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FICHA DE 12.

º
GRAMÁTICA
TRABALHO n.º 1 ano

Lê o texto e responde aos itens.

Curiosidade infinita

Sensível, ensimesmado, imaginativo e muito curioso sobre tudo.


Assim era o pequeno Fernando António, que passou uma boa parte da
juventude em Durban, na colónia britânica de Natal. Depois do regresso
definitivo a Lisboa, sozinho, em 1905, seria Pessoa, um mito em
5 construção da literatura portuguesa

É já tradição começar qualquer texto sobre a vida de Fernando


Pessoa com um aviso sobre a dificuldade de bem cumprir essa
tarefa. Afinal, ele passou horas e horas a escrever, a transfigurar-
se em múltiplas identidades, a escapar de uma normal vida
10 quotidiana, a ser genialmente fugidio e, sempre muito reservado
com os outros, a deixar pistas armadilhadas sobre o(s) seu(s)
verdadeiro(s) eu(s). Não vou fugir a essa tradição. Mas, para o
fazer, peço ajuda a duas figuras que se deixaram arrebatar por
Fernando Pessoa, passando horas e horas a lê-lo e a refletir
15 sobre os sentidos da sua obra. Primeiro, Eduardo Lourenço:
“Custa-me imaginar que alguém possa um dia falar melhor de
Fernando Pessoa do que ele mesmo. Pela simples razão de que
foi Pessoa quem descobriu o modo de falar de si tomando-se
sempre por um outro” (em Fernando, Rei da Nossa Baviera). Já o
20 italiano Antonio Tabucchi falava, a propósito da vida quotidiana de
Pessoa, de um “excesso de anonimato, uma quinta-essência de
banalidade”: “Em Pessoa as rotações do motor biográfico descem
ao mínimo (…), parecendo a certa altura já não se ouvir sequer o
ruído do motor, pelo que se levanta a suspeita de que Pessoa
25 tenha morrido antes da sua certidão, deixando ordens para que
Estátua de Fernando Pessoa, na Brasileira,
‘tudo’ continuasse como antes; ou então levanta-se-nos a Chiado, Lisboa.
suspeita de que Pessoa nunca tenha existido, que tenha sido
invenção de um tal Fernando Pessoa, um seu homónimo alter ego.” E, já agora, fica aqui também uma frase
do próprio escritor (escrita em 1914, aos 26 anos) que tantas vezes tentou conhecer-se melhor através das
30 palavras: “Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma
única central realidade que não está em nenhum e está em todos”. Eis Pessoa.
Mas é mais do que certo afirmarmos que Fernando António Nogueira Pessoa existiu e teve uma vida
humana no planeta Terra, dia após dia, entre 13 de junho de 1888 e 30 de novembro de 1935.
Imaginamo-lo no dia 13 de junho de 1893, na festa do seu quinto aniversário, no apartamento da família,
35 onde nascera, no n.º 4 do Largo de São Carlos, em pleno Chiado, Lisboa, com vista para o Tejo, era uma
típica casa da burguesia lisboeta com algumas posses.
Pedro Dias de Almeida, Visão Biografia, 2021, pp. 21-22.

1. Indica a classe e a subclasse da palavra sublinhada na expressão “que se deixaram” (l. 13).
(A) Conjunção subordinativa causal.

1
(B) Locução conjuncional coordenativa.
(C) Pronome pessoal.
(D) Conjunção subordinativa condicional.

2. A função sintática da oração “que passou uma boa parte da juventude em Durban” (ll. 2-3) é
(A) complemento direto.
(B) modificador do nome apositivo.
(C) modificador do grupo verbal.
(D) modificador do nome restritivo.

3. Na expressão “essa tarefa” (ll. 7-8) o determinante demonstrativo retoma


(A) “tradição”.
(B) “começar qualquer texto sobre a vida de Fernando Pessoa”.
(C) “aviso”.
(D) “dificuldade”.

4. O elemento “ele” (l. 8) é um deítico


(A) pessoal que retoma “Fernando Pessoa”.
(B) espacial.
(C) pessoal que retoma “Eduardo Lourenço”.
(D) temporal.

5. A referência deítica de “aqui” (l. 28) é


(A) no dia em que o enunciado foi proferido.
(B) em Durban.
(C) na obra de Fernando Pessoa.
(D) neste texto.

6. Ao longo do texto, as várias repetições da expressão “Fernando Pessoa” contribuem para a coesão
(A) lexical por reiteração.
(B) lexical por substituição.
(C) gramatical frásica.
(D) gramatical referencial.

7. Classifica a oração “que Fernando António Nogueira Pessoa existiu” (l. 32).
(A) Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
(B) Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
(C) Oração subordinada substantiva completiva.
(D) Oração subordinada substantiva relativa.

8. As palavras assinaladas em ““Custa-me imaginar que alguém possa […]” (ll.15-16) e “[…] espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas[…]” (l.30) são, respetivamente,
2
(A) pronome e conjunção.
(B) pronome em ambas as ocorrências.
(C) conjunção e pronome.
(D) conjunção em ambas as ocorrências.

9. A função sintática do pronome “que” assinalado nas frases “[…] uma única central realidade que não está em
nenhum e está em todos” (ll 30-31) e “[…] duas figuras que se deixaram arrebatar por Fernando Pessoa,[…] (ll
13-14) é, respetivamente,
(A) sujeito e complemento direto.
(B) sujeito em ambas as ocorrências.
(C) complemento direto e sujeito.
(D) complemento direto em ambas as ocorrências.

10. O processo de formação das palavras “ quinta-essência” (l.21) e “genialmente”(l. 10) é, respetivamente,
(A) derivação por sufixação e composição.
(B) composição e derivação por prefixação.
(C) composição em ambas as ocorrências.
(D) composição e derivação por sufixação.

3
Soluções:
1. (C)

2.(B)

3.(B)

4.(A)

5.(D)

6.(A)

7.(C)

8. (C)

9. (B)

10. (D)

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