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Intertextualidade

Intertextualidade

Intertextualidade é a relação (diálogos)


entre textos. É o processo implícito ou explícito
de incorporação de um texto em outro para:

* Reproduzir o sentido incorporado;


* Transformar esse sentido.
Atualmente, os artistas apropriam-se de desenhos,
charges, grafismo e até de ilustrações de livros para
compor obras em que se misturam personagens de
diferentes épocas, como na seguinte imagem:

Romero Brito Andy Warhol.


“Gisele e Tom” “Michael Jackson” Funny Filez
“Monabean”
Atualmente, os artistas apropriam-se de desenhos,
charges, grafismo e até de ilustrações de livros para
compor obras em que se misturam personagens de
diferentes épocas, como na seguinte imagem:

Pablo Picasso.
“Retrato de
Andy Warhol.
Jaqueline Roque
“Marlyn Monroe”.
com as Mãos
Cruzadas”.
Intertextualidade
Implícita
Quando o produtor não indica a fonte do
texto ao qual faz referência, assumindo, assim,
que o leitor identificará essa citação por meio do
conhecimento de mundo que possui. Caso o
leitor não tenha esse conhecimento, sua
interpretação, provavelmente, estará
comprometida.
Intertextualidade
Implícita
eu quero paz:
uma trégua do lilás-neon-Las Vegas
profundidade: 20.000 léguas
"se queres paz, te prepara para a guerra"
"se não queres nada, descansa em paz"
"luz" - pediu o poeta
(últimas palavras, lucidez completa)
depois: silêncio
Engenheiros do Hawaii
Intertextualidade
Implícita
Na letra da canção há uma referência a um
famoso provérbio latino: si uis pacem, para
bellum, cuja tradução é Se queres paz, te
prepara para a guerra, exemplificando, assim,
aquilo que chamamos de intertextualidade
implícita, pois não foi feita a citação do texto-
fonte.
Intertextualidade
Explícita
Quando fazemos referências e citações no
texto escrito ou falado, deixando claro a quem
nos referimos.
Epígrafe

Do grego epi (superior) + graphé (escrita),


trata-se de uma escrita superior que introduz
a outra. São comumente utilizadas antes de
poemas, na abertura de livros, resenhas, teses
e em outros textos acadêmicos. Realiza uma
ligação de sentido entre o conteúdo da
epígrafe e do texto posposto.
Epígrafe
Epígrafe
Referência ou alusão

Trata-se da rememoração de algum fato,


imagem, obra, autor, personagem ou
personalidade anterior. Em Dom Casmurro,
por exemplo, a leitura dá-se por meio de
várias referências ao mundo da ópera, da
poesia, do romance, do teatro shakespereano
e também da Bílblia.
Bom Conselho
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade

Chico Buarque
Referência ou alusão
Citação
É a transcrição do texto alheio, marcado
por aspas. As citações - na produção textual -
são feitas para apoiar uma hipótese, sustentar
uma ideia ou ilustrar um raciocínio. Sua
função é oferecer ao leitor o respaldo
necessário para que ele possa comprovar a
veracidade das informações fornecidas e
possibilitar o seu aprofundamento.
Questão 03 (UERJ)

(In: CARVALHO, Nelly de. "Publicidade: a linguagem da sedução". São Paulo: Ática, 2003.)
Questão (UERJ)
A citação de um conto infantil - "Chapeuzinho
Vermelho" - desperta a simpatia do consumidor
para o produto anunciado ao compartilhar
conhecimentos. .
Na propaganda apresentada, esse conto é
retomado pelo uso da seguinte estratégia:

a) eliminação de seu personagem original


b) valorização de seu conteúdo moralizante
c) confirmação de seu final feliz
d) subversão de seu enredo
GABARITO: D
Paráfrase

É quando o texto de um autor é utilizado


por outro sem a marcação das aspas,
“apropriando-se” das falas do outro. Não se
trata de plágio, porque a intenção do autor é
retomar o texto, para endossá-la, ou seja,
tem-se a reescritura de textos, trabalhando-
se com ideias em comum.
Enem 1999
Quem não passou pela experiência de estar lendo um
texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros? Os
textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse
fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os
seguintes textos:
I. Quando nasci, um anjo torto Desses que vivem na sombra
Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma
poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964)
II. Quando nasci veio um anjo safado O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado A ser errado assim Já de
saída a minha estrada entortou Mas vou até o fim.
(BUARQUE, Chico. Letra e Música.
São Paulo: Cia das Letras, 1989)
III. Quando nasci um anjo esbelto Desses que tocam
trombeta, anunciou: Vai carregar bandeira. Carga muito
pesada pra mulher Esta espécie ainda envergonhada.
(PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)
Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem
intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de
Andrade, por:
(A) reiteração de imagens.
(B) oposição de ideias.
(C) falta de criatividade.
(D) negação dos versos.
(E) ausência de concordâncias.
GABARITO: A
Paródia

Neste caso, também há uma apropriação


do texto de outro, porém, não o endossa, mas
sim subverte-o, satirizando o próprio tema do
texto ou utilizando-o para satirizar um outro
contexto. Em outras palavras, a paródia é uma
imitação, e normalmente possui intenção
crítica ou humorística.
Paródias em textos
No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra


tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião. Rio de Janeiro: José


Olympio, 1972.)
Eu tropecei agora numa casca de banana.
Numa casca de banana!
Numa casca de banana eu tropecei agora.
Caí para trás desamparadamente,
E rasguei os fundilhos das calças!
Numa casca de banana eu tropecei agora.
Numa casca de banana!
Eu tropecei agora numa casca de banana!

(FONSECA, Gondim da. “Contramão; os nossos atuais gênios


poéticos”. Apud: ANDRADE, C. Drummond de. Uma pedra no
meio do caminho: biografia de um poema. Rio de Janeiro: Ed. do
Autor, 1967.)
Nova Canção do Exílio (fragmento)

Nossas várzeas têm mais flores


nossas flores mais pesticidas.
Só se banham em nossos rios
desinformados e suicidas.

Nossos bosques têm mais vida


porque nas cidades se morre.
Quando não é assaltante ou vizinho
é um motorista de porre.

Nossos bancos têm mais juros


nossos corruptos mais favores
nossos pobres mais desgraças
nossa vida mais amores.
Luís Fernando Veríssimo
Paródia em imagens
Paródia em músicas
Seu Jorge
Burguesinha e Pobrezinha

https://www.youtube.com/watch?
v=-yOXG35T-lI
Tá no ar – A TV na TV
Musical da vida corrompida

https://globoplay.globo.com/v/474
9672/
Comédia MTV

https://www.youtube.com/watch?
v=fobgl-Nf4oc

https://www.youtube.com/watch?
v=0XifYy3Ihv0
Gaiola Das Cabeçudas

A de Aleijadinho
B de Beethoven
C de Camões
D de Dostoiévski
E de Einstein
F de Foucault
G de Godard
H de Hemerto Pascoal
I de Ionesco , é teatral
J de Jung
K de Karl Marx
L é Lord Byron
M Machado de Assis
N de Nietzsche
O de Olavo Bilac
P Platão
QI coificiente dos irmãos
R de Rousseau
S Saramago
T de Tiradente tem para ele feriado
U de Ulisses
W de Weber
Y é o cromossomo que não tem na mulher
X de Xuxa
Z de Zaratrusta
O V não esqueci , Toca um Vilvadi aí!
Toca o Vivaldi
É o Goethe,
É o Goethe,
É o Goethe
Daquele jeito
Li tudo do Leon Tolstoi
Li tudo do Leon Tolstoi
Surra de Schubert
Surra de Schubert
Eu vou pro MAM ver a Tarsila
Agora escrevo Orelha e ninguém vai me segurar
Qual a diferença entre o Lutero e Kant?
Um é Iluminista e o outro Protestante
Stanislavski compõe o personagem
Brechet quebra a parede com a plateia interage
Penso Logo Existo,
Penso Logo Existo
Descartes quem disse isso
Mona Lisa !
É nois
Tipo Gioconda,
Tipo Gioconda !
Nessa dança tem que ter uma invenção,
Nessa dança tem que ter notoriedade
Pergunta número um :
Quem escreveu 1984?
George Owell ! George Owell ! George Owell !
Pergunta número dois :
Quem é o cineasta espanhol amigo Salvador Dali?
Buñuel ! Buñuel ! Buñuel !
Buñuel ! Buñuel !Buñuel !
Pergunta número três :
Quem é o autor do livro "o Príncipe" ?
Maquiavel ! Maquiavel ! Maquiavel !
Maquiavel ! Maquiavel ! Maquiavel !
Pergunta número quatro :
Qual o prêmio mais importante do mundo ?
Nobel ! Nobel ! Nobel !
Nobel ! Nobel ! Nobel !
Prêmio Nobel!
Agora quero ver pra terminar , quem vai saber ?
A pergunta número cinco : Quem foi que inventou o telefone ?
Graham Bell ! Graham Bell ! Graham Bell ! Graham Bell !
Graham Bell ! Graham Bell ! Graham Bell ! Graham Bell !
Alô ?
Português heroi, navegante e o Cabral !
Para tudo ! É terra vista !
O bonde segue sua Nau!
segue sua Nau!
O bonde segue sua Nau !
segue sua Nau!
O bonde geral na Nau!
Geral na Nau ! segue geral na Nau !
Geral na Nau ! Geral !!
Segue geral na Nau !
Segue sua Nau!

Comédia MTV
Gaiola das Cabeçudas - Aula nº 2

Catedrático, "bora" discutir Foucault! (4x)


Sivuca, vem aqui com o acordeão, vou botar ele no colo e dá
acorde com as mãos.
Sivuca, vem aqui com acordeão, vou botar ele no colo e dedar
com a maior pressão.
Toca Sivuca, toca Sivuca, toca o acordeão.
Ipad é o c*, se cai ele não segura.
Eu não quero capa mole, p* eu quero a capa é dura!
Dança do Aa!
Dança do Aa!
Ela define a cor dos olhos do seu filhinho! (2x)
Dos olhos do seu filhinho!
É o Maurice Bérjat, Bérjat, Bérjat, Bérjat! (2x)
Falei que era gay, dançava diferente, trabalhou com
Laurent pra gente dançar.
É o Maurice Bérjat, Bérjat, Bérjat, Bérjat!
Sabe aquele dia que a poesia toma conta de mim, assim
Rima rica e os decassílabos até o fim.
Lendo no meu quarto Fernando Pessoa, queridinho do Harold
Bloom, melhor de Lisboa.
Fígado com vários furos, alcoolismo foi sério, foi
parar no cemitério.
Pamparamparamparam, Pessoa, paramparam, Fernando,
paramparam, Pessoa.
Filósofo, epistemológico que também era alemão,
É claro que é o Kant, meu irmão!
Várias ideias vindas de sua convicção, é claro que é o Kant
meu irmão!
Guimarães Rosa fez contos e romances, poliglota,
sertanista importante.
Neologismos, obras-primas, regionalização, descreveu as
veredas desse grande sertão (2x)
Se me vê assistindo novela, desliga a TV que tá
errado.
O que eu quero, é um livro bem grosso, um filme cabeça
ou um documentário.
Ela lê, ela escreve, elas dão uma rimada, elas estão
poetizadas! (2x)
An an ham, Pensador é do Rodin! (2x)
E=mc², Einstein no seu quadrado! (2x)
Catedrático, "bora" discutir Foucault! (2x)
Eu só quero é ser feliz, comprar a coleção toda do
Machado de Assis, e poder me organizar, na minha
prateleira os "nacional" tem seu lugar.
Eu só quero é ser feliz, feliz, feliz, feliz, como de
Assis, e poder me organizar, na minha prateleira os
"nacional" tem seu lugar.
É o Aleijadinho, não tinha uma das mãos, esculpia em Minas,
barroco e religião.
É o Aleijadinho, jadinho, Aleijadinho
(Geral no braço só)
No passinho, no passinho, no passinho do Proust é
culto! (2x)
Tem o sublinhar, o itálico e o Bold
Aperta o boldinho, aperta o boldinho, minha fonte é do
boldinho,
Aperta o boldinho, aperta o boldinho, Courier New é do
boldinho.
Já cansada de Picasso, eu quero algo mais legal,
Eu quero é Dalí, porque Dalí é surreal, surreal, surreal,
surreal, surreal, porque Dalí é surreal.

Comédia MTV
Posto, Pressuposto,
Subentendido e Inferência
Observe o exemplo:
Pedro deixou de fumar.
Posto: Pedro não fuma mais.
Pressuposto: Pedro fumava antes.

Subentendido: se a frase fosse dita a algum


fumante, poderíamos ter como subentendido
um conselho implícito, pois subentendido é
uma inferência baseada naquilo que o locutor
pretendeu transmitir ao interlocutor.

Obs.: Inferir é uma conclusão a que se chega


a partir de outra já conhecida.
1. Pressupostos – são ideias expressas de maneira explícita
(clara), que surgem a partir do sentido de certa palavra.
Ex.: “O aluno ganhou o seu terceiro notebook na prova do
SAERJ”. .
# O que a palavra “terceiro” pressupõe? .
Que o aluno já ganhara outros 2 antes. .

2. Subentendidos – são insinuações, não marcadas no


texto, em que o sentido só é observado no contexto, isto é,
“nas entrelinhas”. .
Ex.: “O aluno ganhou notebook na prova do SAERJ de novo!”
# O que está subentendido nesta fala dita em tom de
indignação? .
Que a pessoa sente uma certa inveja com a conquista do
outro. Note que, em outro contexto, poderia ser sinônimo de
admiração, por exemplo.
No texto, empregam-se, de modo mais evidente, dois
recursos de intertextualidade: um, o próprio autor o torna
explícito; o outro encontra-se em um dos trechos citados
abaixo. Indique-o.

a) ( ) “Você é um horror!”
b) ( ) “E você, bêbado.”
c) ( ) “Ilusão sua: amanhã, de ressaca, vai olhar no espelho ver
o alcoólatra machista de sempre.”
d) ( ) “Vai repetir o porre até perder os amigos, o emprego, a
família e o autorrespeito.”
e) ( ) “Perco a piada, mas não perco a ferroada!”
Resolução
• Na frase: “Perco a piada, mas não perco a ferroada!”, o
trecho intertextual implícito refere-se à afirmação do autor
de que ele perde a piada velha, mas sua personagem
feminina não perde a oportunidade de humilhar o marido.

RESPOSTA CORRETA:
E
“Perco a piada, mas não perco a ferroada!”
ENEM 2009
Texto 1

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra


Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra [...]

ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro/São Paulo:


Record, 2000. (fragmento)
Texto 2
A comparação entre os recursos expressivos que constituem
os dois textos revela que

a) ( ) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser


vulgarizado por histórias em quadrinho.
b) ( ) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas
linguísticas o tornam uma réplica do texto 1.
c) ( ) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes,
caracteriza-os como pertencentes ao mesmo gênero.
d) ( ) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da
intertextualidade, foram elaborados com finalidades distintas.
e) ( ) as linguagens que constroem significados nos dois textos
permitem classificá-los como pertencentes ao mesmo gênero.
A comparação entre os recursos expressivos que constituem
os dois textos revela que

a) ( ) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser


vulgarizado por histórias em quadrinho.
b) ( ) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas
linguísticas o tornam uma réplica do texto 1.
c) ( ) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes,
caracteriza-os como pertencentes ao mesmo gênero.
d) ( X ) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da
intertextualidade, foram elaborados com finalidades distintas.
e) ( ) as linguagens que constroem significados nos dois textos
permitem classificá-los como pertencentes ao mesmo gênero.
UEPB – 2014

Da charge abaixo, pode-se inferir que:


a) ( ) Há uma crítica formulada que satiriza o tema da violência na
contemporaneidade num processo de paródia.
b) ( ) Trata-se de um fato verídico narrado pelo imaginário criativo
do povo.
c) ( ) Remete a uma situação corriqueira na vida de muitas pessoas.
d) ( ) Faz referência às relações entre as pessoas e o modo de usar
cartões.
e) ( ) Provoca um efeito de sentido que banaliza a temática da
violência.
Gabarito: A
As referências a clonagem de cartão de banco e a sequestro seguido
de pedido de resgate transportam a tradicional história do
―Chapeuzinho vermelho e o lobo mau para a atualidade,
configurando uma paródia crítica, condizente com o anúncio.

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