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LÍNGUA PORTUGUESA—ENSINO MÉDIO


MATERIAL 1
AVISO: Não precisa imprimir. Pode acompanhar pelo celular e/ou computador.
Responda no seu caderno de Língua Portuguesa.

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podcast explicativo

A ARTE DE ARGUMENTAR
Sobre o Argumento
Para escrever um artigo de opinião é preciso, antes de tudo, ter
uma tese muito clara para defender diante de uma questão
polêmica. Afinal, toda a organização textual do artigo, assim
como sua consistência, estarão subordinadas à defesa dessa tese.
Por isso, todo o artigo deve poder ser resumido por um
argumento central. É com esse argumento que o autor articula
sua opinião pessoal (a tese ou a conclusão de seu raciocínio e os
dados e as justificativas que a sustentam).
O articulista precisa, então, definir seus argumentos de acordo
com o tema escolhido e, portanto, também de acordo com o
público (o auditório) para quem escreve: um artigo para um jornal
de economia, por exemplo, deverá apoiar-se em conceitos e
valores da área, assim como em dados estatísticos, entre outros;
para defender uma lei que esteja sendo criada, um articulista
deve citar exemplos de situações em que a sua aplicação trouxe
melhorias; num debate sobre novos costumes, terá de evocar
valores, lembrar dados históricos, fazer análises comparativas; e
assim por diante. Quanto mais o articulista dominar o tema sobre
o qual está escrevendo e conhecer o perfil e as expectativas do
auditório a quem se dirige, maiores serão as chances de ele
elaborar uma estratégia argumentativa eficaz.
Parte dessa estratégia consiste em perceber com precisão que
tipo(s) de argumento pode(m) funcionar melhor no contexto do
debate. Com base na relação lógica estabelecida entre os dados,
as justificativas e a conclusão ou tese, tem-se um tipo de
argumento.
FONTE: https://www.escrevendoofuturo.org.br/caderno_virtual/etapa/tipos-de-argumento/
index.html
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COMO FAZER
UMA REDAÇÃO
NOTA 1000!!!

AULA: Parte 1: TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

AULA: Parte 2: TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

AULA: Parte 3: TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

AULA: Parte 4: TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

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EXERCÍCIO DE REDAÇÃO
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poema aqui

LEIA ATENTAMENTE O TEXTO


ABAIXO: cota é só a gota
meta de quem pagou e paga

Gota Do Que Não desmedido preço de viver imposto


e agora exige
Se Esgota seu direito a voto
na partição do bolo
cota é só a gota
a derramar o copo
é só a gota
não a mágoa do corpo
de um mar de dívidas
mas energia represada
contraídas
que agora se permite e voa
pelos que sempre tornaram gorda a sua cota
em secular esforço
de superar-se coisa e se fazer pessoa
cota é só a gota afrouxando botas
de um exército
cota é só a gota
para o exercício da equidade
apenas nota de longa pauta
a ser tocada
cota não reforça derrota
com o fino arco
equilibra
em mãos calosas
entre ponto de partida
e ponto de chegada
cota é só a gota
a vitória coletiva
a explodir o espanto
reinventada.
de se enxugar no riso
(Negroesia, p.73-74).
a imensidão do pranto

ela é só a gota
ruindo pela base
a torre de narciso

é só a gota
Emicida fala Ouça a música
entusiasmo na rota sobre o sistema “Cota não é
afirmativa de cotas no esmola”, de Bia
que ameniza as dores da saga Brasil Ferreira
suas chagas de desigualdade amarga
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ATIVIDADES PROPOSTAS

1) Agora redija um texto argumentativo (de 15 a 30


linhas) respondendo a seguinte pergunta:

“Qual a importância das cotas para a equidade de direitos


na sociedade brasileira?”

Grave um podcast lendo o texto argumentativo que


você escreveu no exercício anterior.
Para saber como produzir e colocar
seu podcast resposta no formulário
ou no Classroom, basta você ver o
documento clicando na figurinha aqui

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TEXTO 1
Discurso
Autor: Sírio Possenti,

Instituição: Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP / Instituto de Estudos da Linguagem-IEL,

Discurso é o enunciado ou texto produzido em uma situação de enunciação e determinado pelas


condições históricas e sociais. Nem sempre nos damos conta, mas é relativamente fácil
demonstrar que dizemos “bom dia” ao primeiro encontro, que falamos de eleição em época de
eleição, de Copa de quatro em quatro anos, que lamentamos acontecimentos dramáticos que
acabam de ocorrer, que falamos dos assuntos que estão em pauta (numa conversa ou nos jornais,
conforme o caso), que se fala de gramática nas aulas de Português, de genes nas de Biologia, do
descobrimento do Brasil nas aulas de História, ou em abril. Ou seja: não se diz qualquer coisa a
qualquer momento, ou não fazemos frases “com a palavra pato”, como naquela tarefa da escola de
antigamente.
A situação de enunciação pode ser uma interlocução entre duas pessoas, como uma compra numa
loja. Observe-se a diferença entre uma compra real e uma aula sobre o que dizer ao comprar. Mas
pode ser também uma situação mais ampla, como “época das eleições / da crise política na Europa”.
Em cada caso, as condições definem o que é relevante dizer e como o que é dito é usualmente
compreendido.
Pode-se resumir esta concepção dizendo que todo discurso é situado. Uma longa tradição escolar
analisou textos ou enunciados sem considerar quando foram proferidos, por quem o foram, contra
ou a favor de quais outros enunciados. Isso implicava basicamente uma análise da forma do texto
e de seu conteúdo. Mas levar em conta a situação e o contexto histórico permite compreender
melhor como um texto funciona – o que significa, se apoia ou critica outros etc. Esses fatores
explicam por que algo foi dito (não se falava de vacina nem de direitos das mulheres na Grécia
antiga; a literatura realista propõe linguagem e enredos diferentes dos que propõe a literatura
romântica) e qual é o sentido do que foi dito.
Considerar o discurso é contrapor-se a só considerar o texto e os elementos que o compõem:
quantos parágrafos tem? a qual gênero pertence? Ou a só perguntar pelos sentidos gerais do
texto: em “o menino leu o livro”, o que fez o menino? quem leu o livro? O principal efeito
pedagógico desta concepção é ir além da leitura do conteúdo expresso para descobrir o que
eventualmente está implícito no texto: se é uma informação, uma resposta, a quem se dirige (há
jornais e revistas para grupos sociais diferentes, por exemplo).

Referências bibliográficas:
FIORIN, J. L. O pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2006.

MAINGUENEAU, D. Análise dos textos de comunicação. São Paulo: Cortez Editora, 2000.

MAZIÈRE, F. A análise do discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

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Gêneros do discurso
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Autora: Roxane Rojo,

Instituição: Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP / Instituto de Estudos da Linguagem-IEL.

É vivendo a vida com os textos, isto é, atuando e nos comunicando nos diferentes
campos/ esferas de atividade pelas quais circulamos em nosso cotidiano – em casa,
no trabalho, estudando, informando-nos por meio do jornalismo, consumindo,
apreciando e fruindo obras de arte, divertindo-nos – que enunciamos e
materializamos nossos textos orais, escritos e multimodais. Os gêneros de discurso
nos servem nesses momentos, pois são as formas de dizer mais ou menos estáveis
em nossa sociedade. Todos os cidadãos sabem o que são e reconhecem notícias,
anúncios, bulas de remédio, cheques, livros didáticos, bilhetes etc.
Esses gêneros discursivos são nossos conhecidos e são reconhecidos tanto pela
forma de composição dos textos a eles pertencentes como pelos temas e funções
que viabilizam e o estilo de linguagem que permitem. Os textos pertencentes a um
gênero é que possibilitam os discursos de um campo ou esfera social. Por exemplo, as
notícias, os editoriais e comentários fazem circular os discursos e posições das
mídias jornalísticas. Estes três elementos – forma composicional, tema e estilo – não
são dissociáveis uns dos outros: os temas de um texto ou enunciado se realizam
somente a partir de um certo estilo e de uma forma de composição específica.
O tema é mais que meramente o conteúdo, assunto ou tópico principal de um texto
(ou conteúdo temático). O tema é o conteúdo enfocado com base em uma apreciação
de valor, na avaliação, no acento valorativo que o locutor (falante ou autor) lhe dá. É
o elemento mais importante do texto ou do enunciado: um texto é todo construído
(composto e estilizado) para fazer ecoar um tema irrepetível em outras
circunstâncias. O tema é o sentido de um dado texto/discurso tomado como um
todo, “único e irrepetível”, justamente porque se encontra viabilizado pela
apreciação de valor do locutor no momento de sua produção. É pelo tema que a
ideologia circula.
A forma de composição e o estilo do texto vêm a serviço de fazer ecoar o tema
daquele texto. O estilo são as escolhas linguísticas que fazemos para dizer o que
queremos dizer (“vontade enunciativa”), para gerar o sentido desejado. Essas
escolhas podem ser de léxico (vocabulário), estrutura frasal (sintaxe), registro
linguístico (formal/informal, gírias) etc. Todos os aspectos da gramática estão
envolvidos. E o que é a forma de composição? Ela é, pois, a organização e o
acabamento do todo do enunciado, do texto como um todo. Está relacionada ao que a
teoria textual chama de “estrutura” do texto, à progressão temática, à coerência e
coesão do texto.

Referências bibliográficas:
BAKHTIN, M. M. (VOLOCHINOV). Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo, SP: Hucitec, 1981
(1929).

BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: _____. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra.

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Assista ao vídeo
“LUGAR DE FALA”,
de Djamila Ribeiro,
clicando aqui.

2) O discurso depende do contexto e, por isso não pode ser


lido isoladamente. Diante das leituras do texto e vídeo su-
geridos:

A. Explique o que é “lugar de fala”. Baseie sua resposta


nos textos e dê sua opinião.

B. Qual a importância do “lugar de fala” na garantia dos


direitos dos cidadãos?

Assista ao vídeo
“ESCREVIVÊNCIA”, de
Conceição Evaristo ,
clicando aqui.

3) Explique o que é “escrevivência” e sua relação com os textos


“Gota que não se esgota” e “Cota não é esmola” estudados no
especial ENEM desse mês.

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Clique nas figurinhas e


assista aos vídeos

TEXTO 2
Vozes-mulheres A minha voz ainda
Conceição Evaristo ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e
A voz de minha bisavó ecoou fome.
criança
nos porões do navio. A voz de minha filha
Ecoou lamentos recolhe todas as nossas vozes
de uma infância perdida. recolhe em si
as vozes mudas caladas
A voz de minha avó engasgadas nas gargantas.
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo. A voz de minha filha
recolhe em si
A voz de minha mãe a fala e o ato.
ecoou baixinho revolta O ontem – o hoje – o agora.
no fundo das cozinhas alheias Na voz de minha filha
debaixo das trouxas se fará ouvir a ressonância
roupagens sujas dos brancos o eco da vida-liberdade.
pelo caminho empoeirado
rumo à favela (Cadernos negros 13, p. 32-33)

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Ouça a
explicação aqui

Relembrando:
O eu lírico é um elemento fundamental da poesia. O poema, é um texto
que pertence ao gênero lírico, isto é, uma composição textual escrita
em versos que pode tanto evidenciar a subjetividade ( como as
sensações, emoções, a interioridade de um sujeito) quanto abordar
temas da atualidade seja para refletir e/ou protestar. Mas quem é
esse sujeito? Será esse sujeito é o próprio autor do poema? Seriam,
então, todos os poemas uma parte biográfica da vida dos poetas?

Na verdade, a resposta é não. A poesia e a música são enunciadas pelo


“Eu lírico”, “voz poética”, “sujeito lírico” ou “eu poético” não é
necessariamente o autor, mas sim um “eu fictício”, que pode ou não ter
características do “eu autoral”.

Ouça a explicação

4) No poema “Vozes-mulheres” há presença efetiva


dos conceitos “lugar de fala” (Djamila Ribeiro) e
“escrevivência” (Conceição Evaristo).
Explique essa afirmação.

5) Quais as características do “Eu lírico” do poema


“Vozes-mulheres”? Explique sua relação com os
conceitos de “escrevivência” e “lugar de fala”.

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TEXTO 1: Semântica
Autor: Rodolfo Ilari
Instituição: Universidade Estadual de Campinas-UNICAMP / Instituto de Estudos da Linguagem-IEL.

Como usuários da língua, lidamos o tempo todo com mensagens


que, além de uma forma (isto é, os sons que ouvimos ao
telefone ou os dizeres que lemos num cartaz), têm também um
significado (por exemplo, um cartaz de “Cuidado, escola!” avisa
o motorista de que há uma escola por perto, e pede que ele
guie com mais cuidado).
O trabalho da semântica consiste em explicar o significado
dessas mensagens, e isso pode ser feito, ao menos em parte,
olhando para as palavras que as compõem. Por exemplo, para
entender a frase “Zezinho voltou para casa com um galo”,
precisamos saber que galo significa ora o inchaço que aparece
na nossa cabeça quando a batemos numa superfície dura, ora o
galináceo cuja fêmea é a galinha.
Para explicar as palavras, podemos colocá-las em séries, do
tipo gato-felino-mamífero, canela-perna-corpo, chato-
desagradável-mofino, grande-volumoso-enorme-gigantesco,
encher-esvaziar e muitas outras. Essas séries, às quais
chegamos de maneira intuitiva, baseiam-se sempre em alguma
relação (por exemplo, a classe dos gatos se inclui na dos
felinos, e esta na dos mamíferos; a canela é parte da perna,
que é parte do corpo, etc.); essas relações são semânticas, e
têm muito a nos ensinar sobre o significado das palavras.
Podemos também explicar as palavras por meio de definições.
Uma definição é uma pequena fórmula em que aparecem 1. a
palavra a ser explicada, 2.o verbo ser e 3. uma espécie de
tradução que utiliza outras palavras da língua (por exemplo:
“um alferes era um oficial abaixo de tenente”). Mais de uma
definição é necessária quando a palavra tem mais de um
significado (como no caso de galo e de muitas outras – pense-
se em “decorar o quarto”/ “decorar a lição”, “tocar o teto” /
“tocar violão” etc.).
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Sendo possível usá-las, as definições constituem um recurso


precioso; por isso os dicionários, que reúnem milhares delas,
constituem um importante auxiliar dos profissionais da
linguagem. Mas certas palavras (as chamadas “palavras de classe
fechada”, ou seja, os artigos, as preposições e as conjunções) são
difíceis de definir – não iremos muito longe se tentarmos
completar frases como “se é ...” ou “uai é...”. Nestes casos, o
melhor a fazer é explicar as frases que contêm essas palavras,
procurando esclarecer o que pretendiam as pessoas que usaram
se e uai.
Frases como “O gato comeu o rato” e “O rato comeu o gato”
contêm as mesmas palavras, mas têm sentidos diferentes. Isso
mostra que a organização da frase (a sintaxe) também afeta o
significado. Cabe explicar como isso acontece, examinando, por
exemplo, os efeitos de completar o verbo por meio de termos
integrantes ou de aplicar aos substantivos os artigos ou outros
determinantes. É tarefa da semântica explicar como essas
operações afetam o sentido das frases.
Mobilizamos nossas capacidades semânticas sempre que lidamos
com mensagens verbais, coisa que, na vida moderna, acontece
continuamente. Por isso a escola teria interesse em dar às
questões do sentido e da interpretação uma atenção maior do
que tem dado. Nesta área, mais do que em qualquer outra, vale o
principio de que se pode aprender brincando. É possível ensinar
semântica lançando à classe desafios do tipo “Pensem em cinco
nomes de pássaros” ou “Excluam o objeto que não combina”, ou
mesmo jogando palavras cruzadas. Além disso, muitas anedotas,
mais ou menos inocentes, baseiam-se no duplo sentido de uma
palavra ou de uma construção sintática: rir um pouco e refletir
em seguida sobre a anedota (por exemplo, a do disco voador:
“Havia um camarada que era como um disco-voador: baixo, chato
e ninguém acreditava nele”) pode ser o começo de uma atitude de
atenção para com as ambiguidades e sutilezas do significado, que
o aluno levará consigo pela vida toda.
Referências bibliográficas:
CANÇADO, M. Manual de Semântica: noções básicas e exercícios. São Paulo: Contexto, 2013.
FERRAREZI, C. e BASSO, R. M. Semântica / semânticas: uma introdução. São Paulo: Contexto, 2013.
ILARI, R. Introdução à Semântica: brincando com a gramática. São Paulo: Contexto, 2001.
ILARI, R. Introdução ao estudo do léxico: brincando com as palavras. São Paulo: Contexto, 2003.
ILARI, R. e GERALDI, J. W. Semântica. São Paulo: Ática, 2003.

FONTE:http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/semantica
(Acesso: 20/07/2020)

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Ouça a explicação da
atividade aqui.

6) Após ouvir a explicação, responda:


A atividade 4 pode ser considerada exercício para os estu-
dos de
A. Semântica.
B. Fonologia.
C. Sintaxe.
D. Morfologia.

Justifique sua resposta de acordo com o que estudamos


até aqui.

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Ouça a
explicação aqui

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Ouça a
explicação aqui

7) De acordo com o texto, o que é linguagem?

8) Ligue as caixas que se relacionam:

LINGUAGEM
“imitação da
língua”

Faculdade
Capacidade de cognitiva exclusiva
linguagem. da espécie humana.

Interpretar o Sistema de signos


sentido . mais completo.

Sistema de signos
Sistema de
empregados pelos seres
signos flexível
humanos na produção de
e adaptável
sentido.
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Ouça a
explicação aqui

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explicação aqui

9) Relacione os exemplos ao seu tipo de linguagem:

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Ouça a
explicação aqui

Relembrando:
O eu lírico é um elemento fundamental da poesia. O poema, é um
texto que pertence ao gênero lírico, isto é, uma composição
textual escrita em versos que pode tanto evidenciar a
subjetividade ( como as sensações, emoções, a interioridade de
um sujeito) quanto abordar temas da atualidade seja para refletir
e/ou protestar. Mas quem é esse sujeito? Será esse sujeito é o
próprio autor do poema? Seriam, então, todos os poemas uma
parte biográfica da vida dos poetas?

Na verdade, a resposta é não. A poesia e a música são


enunciadas pelo “Eu lírico”, “voz poética”, “sujeito lírico” ou “eu
poético” não é necessariamente o autor, mas sim um “eu fictício”,
que pode ou não ter características do “eu autoral”.

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Leia atentamente o texto abaixo:


Explicação
Geni Guimarães
Não sou racista.
Sou doída, é verdade,
tenho choros, confesso.
Não vos alerto por represália
nem vos cobro meus direitos por vingança.
Só quero
banir de nossos peitos
esta gosma hereditária e triste
que muito me magoa
e tanto te envergonha.
( Balé das emoções, 1996.)

Ouça a explicação
da atividade aqui.

ATIVIDADE

10) Qual o tema central do texto?


11) Quais as características do “sujeito poético” nesse poe-
ma? Explique.
12) O que a escrita evidencia: subjetividade ou protesto? Ex-
plique ancorando seus argumentos no poema.

Para saber mais, clique aqui

“Geni Guimarães, uma


escritora negra”, de Daniela
Guedes

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Ouça a
explicação aqui

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Ouça a
explicação aqui

13) De acordo com Bagno, que é preconceito linguístico?

14) Preencha adequadamente as lacunas abaixo:


O _______________ resulta da ___________ indevida entre o
modelo idealizado de __________ que se apresenta nas gramáticas
normativas e nos dicionários e os modos de falar reais das pessoas
que vivem na _________________, modos de falar que são muitos
e bem ________________ entre si.

15) Qual a principal fonte de preconceito linguístico no Brasil?

16) Explique o seguinte trecho “o preconceito linguístico deixa claro


que o que está em jogo não é a língua (...)”.

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23

Ouça a
explicação aqui

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Ouça a
explicação aqui

17) Leia atentamente o texto da página anterior.


18) Vamos fazer o estudo do texto passo-a-
passo

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Ouça a explicação
aqui.

TEXTO 2
As feministas têm usado seu poder recém-adquirido nas
sociedades ocidentais para transformar o que antes eram vistos
como os problemas particulares das mulheres em questões
públicas. Eles mostraram como problemas pessoais das mulheres
na esfera privada são de fato questões públicas constituídas
pela desigualdade de gênero da estrutura social. Está claro que
as experiências das mulheres euro-americanas e o desejo por
transformação forneceram as bases para as perguntas,
conceitos, teorias e preocupações que produziram a pesquisa de
gênero. Pesquisadoras feministas usam gênero como o modelo
explicativo para compreender a subordinação e opressão das
mulheres em todo o mundo. De uma só vez, elas assumem tanto a
categoria "mulher" e sua subordinação como universais. Mas
gênero é antes de tudo uma construção sociocultural.
FONTE: http://filosofia-africana.weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/oy%C3%A8r%C3%B3nk%C3%
A9_oy%C4%9Bw%C3%B9m%C3%AD_-_conceitualizando_o_g%C3%AAnero._os_fundamentos_euroc%
C3%AAntrico_dos_conceitos_feministas_e_o_desafio_das_epistemologias_africanas.pdf
(Texto adaptado. Acesso em 20/07/2020)

MULHERISMO AFRIKANA
Conheça o movimento que pensa Ubuntu: Mulherismo AfriKana é uma tomada de decisão contra
toda e qualquer ideologia pautada, moldada e/ou influenciada pela hegemonia branca racista.

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Veja aqui lindas interpretações do poema por


Juliana Barreto e Brenda Lígia.
Intérprete de Libras: Jhonatas Narciso

TEXTO 3
Ainda assim eu me levanto
Maya Angelou Será que você se pergunta
Porquê eu danço como se tivesse
Você pode me riscar da História Um diamante onde as coxas se
Com mentiras lançadas ao ar. juntam?
Pode me jogar contra o chão de Da favela, da humilhação imposta
terra, pela cor
Mas ainda assim, como a poeira, Eu me levanto
eu vou me levantar. De um passado enraizado na dor
Minha presença o incomoda? Eu me levanto
Por que meu brilho o intimida? Sou um oceano negro, profundo na
Porque eu caminho como quem fé,
possui Crescendo e expandindo-se como a
Riquezas dignas do grego Midas. maré.
Como a lua e como o sol no céu, Deixando para trás noites de
Com a certeza da onda no mar, terror e atrocidade
Como a esperança emergindo na Eu me levanto
desgraça, Em direção a um novo dia de
Assim eu vou me levantar. intensa claridade
Você não queria me ver quebrada? Eu me levanto
Cabeça curvada e olhos para o Trazendo comigo o dom de meus
chão? antepassados,
Ombros caídos como as lágrimas, Eu carrego o sonho e a esperança
Minh’alma enfraquecida pela do homem escravizado.
solidão? E assim, eu me levanto
Meu orgulho o ofende? Eu me levanto
Tenho certeza que sim Eu me levanto.
Porque eu rio como quem possui
Ouros escondidos em mim.
Pode me atirar palavras afiadas, FONTE: https://www.geledes.org.br/as-mulheres-
negras-na-construcao-de-uma-nova-utopia-angela-
Dilacerar-me com seu olhar, davis/?gclid=CjwKCAjw97P5BRBQEiwAGflV6RHusw-
Você pode me matar em nome do PlwS25VC9PS2bXvSNg2rprBvZawt6HQsAY-
nyQZXkCljkABoCCysQAvD_BwE
ódio,
Mas ainda assim, como o ar, eu vou (Acesso: 20/07/2020)
me levantar.
Minha sensualidade incomoda?

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Veja o vídeo:
Jaqueline Conceição, mestre em educação e pedagoga,
conta um pouco da trajetória de Angela Yvonne Davis,
ativista e filósofa, uma das mulheres mais procuradas pelo
FBI nos anos 60.

TEXTO 4
COMO AS FEMINISTAS NEGRAS SE RELACIONAM COM AS MULHERES EM
GERAL E COM AS MULHERES NEGRAS EM PARTICULAR

Ângela Yvonne Davis


O movimento feminista é tão diverso que eu não sei se a gente pode falar de
um só feminismo. Nós temos feministas por toda a parte. Temos feministas no
Partido Republicano que são bastante conservadoras politicamente. E mesmo
dentre as feministas negras é preciso reconhecer a grande diversidade existente.
Algumas mulheres negras se referem a si próprias como mulheristas, usando o
termo de Alice Walker. Outras são feministas e fazem um trabalho mais prático,
por exemplo, contra a violência sexual. Há também feministas negras que são
acadêmicas, como Patrícia Hill Collins, que escreveu um livro sobre o pensamento
feminista negro. Dentre todos estes tipos, é evidente que elas não concordam
necessariamente umas com as outras, já que muitas são as diferenças.
O desafio consiste em saber como trabalhar com as diferenças e
contradições. A diferença pode ser uma porta criativa. Nós não precisamos de
homogeneidade nem de mesmice. Não precisamos forçar todas as pessoas a
concordar com uma determinada forma de pensar. Isso significa que precisamos
aprender a respeitar as diferenças de cada pensar, usando todas as diferenças
como uma “fagulha criativa”, o que nos auxiliaria a criar pontes de comunicação
com pessoas de outros campos. Por exemplo, quando se fala, na Grã Bretanha, de
mulheres negras, está se falando de mulheres asiáticas, caribenhas etc. É preciso
aprender a estabelecer a relação entre gênero, raça, classe e sexualidade. Nós
temos que lutar por saúde física, mental, emocional e espiritual.

FONTE: https://www.geledes.org.br/as-mulheres-negras-na-construcao-de-uma-nova-
utopia-angela-davis/?gclid=CjwKCAjw97P5BRBQEiwAGflV6RHusw-
PlwS25VC9PS2bXvSNg2rprBvZawt6HQsAY-nyQZXkCljkABoCCysQAvD_BwE

(Texto adaptado. Acesso em 20/07/2020)

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CONHECENDO INTELECTUAIS
NEGRAS

* Angela Yvonne Davis nasceu em 1944 em Birmingham (Alabama). Militante


das questões raciais e de classe, foi presa em 1970, acusada de participar
de ações armadas promovidas pelos Panteras Negras. Julgada inocente em
1972, depois de quase dois anos de prisão, atualmente é professora do
Programa de História da Consciência da Universidade da Califórnia, em
Santa Cruz, onde busca articular, numa nova perspectiva, as categorias de
classe, raça e sexo, visando a libertação social dos oprimidos.
(1) Conferência realizada no dia 13 de dezembro de 1997, em São Luís
(MA), na Iª Jornada Cultural Lélia Gonzales, promovida pelo Centro de
Cultura Negra do Maranhão e pelo Grupo de Mulheres Negras Mãe Andreza.

Ouça a explicação da
atividade aqui.

19) Após ouvir os podcasts e ler os textos,


responda:
No poema “Ainda assim eu me levanto”, de Maya
Angelou, a voz poética fala de uma característica
fundamental do Mulherismo AfriKana.
Explique qual é essa característica e sua importância
para a comunidade.

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29

RELEMBRANDO...
MORFOLOGIA É O ESTUDO DA ESTRUTURA, DA
FORMAÇÃO E DA CLASSIFICAÇÃO DAS PALAVRAS. A
PECULIARIDADE DA MORFOLOGIA É ESTUDAR AS
PALAVRAS OLHANDO PARA ELAS ISOLADAMENTE E NÃO
DENTRO DA SUA PARTICIPAÇÃO NA FRASE OU PERÍODO.
A MORFOLOGIA ESTÁ AGRUPADA EM CLASSES DE
PALAVRAS OU CLASSES GRAMATICAIS. COMO JÁ
ESTUDAMOS ANTERIORMENTE: SUBSTANTIVO,
ARTIGO, ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO,
ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO E INTERJEIÇÃO.

Morfemas são unidades mínimas de caráter significativo.


Obs.: existem palavras que não comportam divisão em unidades menores,
tais como: mar, sol, lua, etc.

São elementos mórficos:

1) Raiz, radical, tema: elementos básicos e significativos

2) Afixos (prefixos, sufixos), desinência, vogal temática: elementos


modificadores da significação dos primeiros

3) Vogal de ligação, consoante de ligação: elementos de ligação ou


eufônicos.
Observe os exemplos abaixo:

Raiz é o elemento originário e irredutível em que se concentra a


significação das palavras, consideradas do ângulo histórico. É a raiz
que encerra o sentido geral, comum às palavras da mesma família
etimológica.

Afixos são elementos secundários (geralmente sem vida


autônoma) que se agregam a um radical ou tema para formar
palavras derivadas.

Desinências são os elementos terminais indicativos das flexões


das palavras.
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30

Desinências Nominais

Indicam as flexões de gênero (masculino e feminino) e de número


(singular e plural) dos nomes. Exemplos:

alun-o aluno-s

alun-a aluna-s

Pedra
Apedrejar
Pedro
Pedrinha
Pedrinho

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31

ATIVIDADE

20) Após ouvir os podcasts e relembrar o conteúdo, responda:

No trecho:
“Pesquisadoras feministas usam gênero como o modelo
explicativo para compreender a subordinação e opressão das
mulheres em todo o mundo. De uma só vez, elas assumem tanto a
categoria "mulher" e sua subordinação como universais. Mas
gênero é antes de tudo uma construção sociocultural.”
1. Nas palavras “Pesquisadoras” e “feministas” é possível
verificar desinências nominais que indicam o gênero e o
número dessas palavras. Explique quais são essas desinências.

21) A palavra “Elas” é um pronome que retoma um substantivo


expresso anteriormente. Qual seria esse substantivo? E qual
outro substantivo (sinônimo) você usaria?

22) A palavra “gênero” (citada e discutida nos textos) possui


outro significado além de representar o que é feminino e/ou
masculino. Explique, após as leituras, como o “gênero” é uma
construção sociocultural (sociedade + culturas).

Os últimos cinco séculos, descritos como era da modernidade,


foram definidos por uma série de processos históricos,
incluindo o tráfico atlântico de escravos e instituições que
acompanharam a escravidão, e a colonização europeia de África,
Ásia e América Latina. A ideia de modernidade evoca o
desenvolvimento do capitalismo e da industrialização, bem como
o estabelecimento de estados-nação e o crescimento das
disparidades regionais no sistema mundo. O período tem
assistido a uma série de transformações sociais e culturais.
Significativamente, gênero e categorias raciais surgiram
durante essa época como dois eixos fundamentais ao
longo dos quais as pessoas foram exploradas, e
sociedades, estratificadas.
Oyèrónké Oyěwùmí

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32

TEXTO 5 OUÇA A
EXPLICAÇÃO
AQUI.

(...) É fundamental identificar a verdadeira origem dos


problemas que assolam as mulheres africanas do continente e
da diáspora, caso contrário, proporemos falsas soluções. A
origem do problema da subordinação feminina tem cor e ela é
branca. E é contra o sistema de supremacia branca que
devemos lutar, e não contra “o patriarcado”, “o machismo”, “a
misoginia”, “o sexismo” separadamente.

FONTE: https://www.geledes.org.br/10-referencias-sobre-o-
matriarcado-africano-e-o-papel-da-mulher-em-africa/

CLIQUE NAS FIGURINHAS E ASSISTA AOS VÍDEOS.

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33

PARA SABER MAIS


(CLIQUE NAS FIGURINHAS)

Ouça a explicação da

ATIVIDADE atividade aqui.

23) Após ouvir os podcasts e ler os textos:

Elabore um parágrafo argumentativo sobre as


diferenças entre Mulherismo AfriKana e Sociedade
Hegemônica Racista.

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34

Clique aqui e ouça o


podcast explicativo

CONHECENDO INTELECTUAIS NEGRAS


TEXTO 6

Clique na foto
para saber
mais sobre a
obra de Lélia
Gonzalez!

Parte 1 – A mulher reinventada: a construção de um pensamento amefricano/


Arte: Nicole Ballesteros Albornoz américa latina
Lélia Gonzalez: a feminista negra da Améfrica Ladina
postado em 25/07/2020, 8:22

Por Nicole Ballesteros Albornoz


“Eu sou uma mulher nascida de família pobre, meu
pai era operário, negro, minha mãe uma índia analfabeta.
Tiveram 18 filhos e eu sou a 17”.
A feminista, militante, guerreira e intelectual Lélia Gonzalez, atuou na construção
das lutas das mulheres negras, conjuntamente à luta povo negro brasileiro. Neste
25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e do
Dia Nacional de Tereza de Benguela, queremos referenciá-la como uma das precur-
soras do pensamento interseccional no continente. Nas décadas de 1970 e 1980,
Lélia já apontava e confrontava as desigualdades marcadas pela condição de gêne-
ro, raça e classe social, na tentativa de compreender as dominações históricas e
coloniais que persistem atadas à condição de ser mulher latino-americana, e princi-
palmente de mulher negra e indígena.

As contribuições científicas e de luta de Lélia forjaram um legado ímpar na forma-


ção do pensamento político-cultural brasileiro, transcendendo as barreiras trans-
nacionais e transcontinentais. O uso recorrente de “Améfrica Ladina” ao falarmos
de Lélia revela desde “dentro” as conexões entre as experiências de resistências
dos povos originários e da diáspora, e entre os saberes ancestrais dessas mulheres,
dando visibilidade às histórias secularmente apagadas.

Para adentrar na vida e obras de Lélia Gonzalez, a série conta a participação espe-
cial da socióloga, professora e pesquisadora da Universidade Federal Fluminense
(UFF) e da AFRO\Cebrap, Flávia Rios, que atualmente também coordena o Grupo de
Estudos e Pesquisa Guerreiro Ramos (NEGRA/UFF). A entrevistada é uma das au-
toras, junto com o professor Alex Ratts (LAGENTE\UFG), da biografia de Lélia,
obra que integra a Coleção Retratos do Brasil, lançada há 10 anos.

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QUEM FOI LÉLIA GONZALEZ


Lélia nasceu em 1935, em Minas Gerais, filha de mãe indígena, Dona Urcinda
Seraphina de Almeida, e de pai operário ferroviário negro, Acácio Joaquim Almeida.
Ainda jovem, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, logo da contratação de
seu irmão Jayme Almeida como jogador de futebol no clube Flamengo. Lá ela
frequentou o colégio tradicional e de prestígio na capital carioca e, posteriormente,
ingressa na Universidade de Guanabara, hoje, chamada de Universidade Estadual do
Rio de Janeiro (UERJ). Nesta universidade, ela estudou Filosofia, História e
Geografia, momento em que já lecionava na rede pública de ensino.

Foi nesse ambiente acadêmico que Lélia conhece Luiz Carlos Gonzalez, herdeiro de
uma família espanhola, com quem se casa em 1964. A relação inter-racial sofreu
enormes tensões e pressões externas, sendo alvo de discriminação social e racial por
parte da família de Luiz. No ano seguinte do casamento, a discriminação culminou no
suicídio de seu esposo.

Lélia, então, se volta para si, fazendo uma revisão, análise e autoanálise profunda
acerca de sua vida e das marcas internalizadas e subjetivadas que carregava
consigo, passou assim, pelos estudos da psicanálise e do candomblé, pilares (re)
constitutivos de sua transformação.

A mulher reinventada em Lélia buscou transformar o mundo, desbancando e


rompendo as estruturas hierárquicas sexistas e racistas dessa sociedade. Por meio
da explicitação e da ampla compreensão dessas opressões e exploração que delega
às mulheres negras à marginalidade, ela constrói seu horizonte de luta.

Nicole: “Nosso português não é português: é pretuguês”. Lélia foi essa poderosa
influência de originalidade e suas obras resultaram no desvelo da ocultação da
racismo e do sexismo na sociedade brasileira, mas também suas obras mantiveram
intensa criatividade – cultural e política, daí sua conexão com a África, sendo ela a
precursora do saber diaspórico ou da diáspora no continente. Como podemos explicar
as categorias de “pretuguês” e de “amefricanidade” ou “Améfrica Ladina” no
pensamento de Lélia?
Flávia: (...) No Brasil, a gente não chegou a formar, não sei se talvez nos quilombos,
uma experiência de você ter uma língua quase um dialeto autônomo à língua
portuguesa. Então, o processo de criolização da língua no Brasil é complexo. Eu acho
que o pretuguês é uma tentativa dela de compreender esse processo de fusão entre
a língua dominante (*a língua portuguesa) e as várias línguas dos grupos dominados,
principalmente africanos (*como o bantu, , que modificaram a língua, mas que não
conseguiram alterar ao ponto de formar uma nova língua, mas que deixaram suas
marcas. Que marcas são essas? O português de Portugal falava no imperativo, por
exemplo dá-me é um jeito imperativo e autoritário de falar e pelas falas das
mulheres escravizadas (principalmente) ela vai marcar e falar: me dá. Pois, quando
você traz o pronome antes do verbo, você cria uma relação mais afetuosa, menos
hierárquica, na cultura o dá-me soa muito mais imperativo você não tem margem de
negociação, o me dá tem uma doçura maior, embora tenha o mesmo sentido de dar
algo, entregar algo. Ela fala disso, da quebra das palavras, outro exemplo é senhor,
daí tem a construção do nhonhô, que é um jeito africano de falar da língua
portuguesa que você repete a palavra e quebra o som. Ela vai explorando esses
elementos da linguagem que aí ela vai chamar de pretuguês, tudo que vai gerando
diminutivo, tudo que vai levando para uma quebra da palavra dura… Que é o fato, de
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36

você transformar a língua sem que ela se torne uma língua nova, mas era um
processo de criolização – eu poderia chamar assim. E que mostra a influência
cultural e principalmente das mulheres, que são elas que vão ensinar a língua na
prática: a criança está ali, sendo amamentada, cuidada, o jeito como elas vão falando
é como as pessoas vão internalizando. Daí ela traz outros elementos da influência de
língua banta*, as palavras muleque e bunda, esses termos que não são da língua
portuguesa, mas que fazem parte da cultura nacional. Hoje, esses termos dizem de
quem o Brasil é.

Tem também tem aquilo de quando a cultura ocidental padroniza a língua, o


português se entendia que a língua tinha que ser falada numa gramática, padronizada
e tal. E ela defende que há certas construções que não são exatamente erros
gramaticais, mas são ainda essas influências das línguas outras, faladas desde os
séculos 19 e 20, que se perderam, mas que algumas estruturas linguísticas
permaneceram fundidas. Hoje, as pessoas interpretam como se fossem erros, mas
na verdade são ainda os vestígios anteriores e que de algum modo foram passados,
principalmente por que grande parte dessa população não foi escolarizada, tudo era
partir da fala oral. Então, o pretuguês tem a ver com essa oralidade que permitiu a
persistência de uma história pela linguagem falada.
Ela começa a trazer todos esses elementos lacanianos fazendo uma fusão,
demonstrando que esse falar sem querer ou falar “errado” na verdade é trazer um
elemento que estava oculto. Quando isso que está oculto emerge, é preciso analisar
e não apagar e corrigir. A prática de correção, segundo ela, revela os apagamentos e
ocultamentos.

É muito interessante esse tipo de raciocínio que ela elabora e esse mesmo raciocínio
é operado para estudar e pra falar da Améfrica Ladina. Ela vai dizer: que a América
Latina é uma construção eurocêntrica que estabelece a cultura ibérica como sendo a
matriz central, quando ela traz essas inversões – quando ela traz o Ladino e quando
ela traz a Améfrica, ela traz para além do que é ibérico aquilo também que é
africano, que construiu a região!

Então, é nesse sentido das inversões linguísticas, que ela tá tentando tirar do
apagamento: a coisa que foi encoberta, ela tenta a partir da linguagem trazer à tona,
justamente, pra gente olhar, essas categorias são isso, vão contra o ocultamento.
FONTE://catarinas.info/lelia-gonzalez-a-feminista-negra-da-amefrica-ladina/

ATIVIDADE
24) Redija um texto argumentativo (mínimo 15 e máximo 30
linhas) sobre “A importância das intelectuais negras na luta pela
igualdade”.
Elabore utilizando argumentos que você aprendeu nas leituras
realizadas esse ano.
ASSISTA AO
VÍDEO
CLICANDO NA
FIGURINHA.

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37

Ouça a explicação

ATIVIDADE 25 da atividade aqui.

“Não sou racista. “Se afogam no próprio “Minha sensualidade


Sou doída, é verdade, veneno, tão ingênuos incomoda?
tenho choros, confesso. Se a carapuça serve, falo Será que você se pergunta
Não vos alerto por mesmo Porquê eu danço como se
represália E eu cobro quem me deve tivesse
nem vos cobro meus (...)Sociedade em choque, Um diamante onde as
direitos por vingança.” eu vim pra incomodar coxas se juntam?
Aqui o santo é forte, é Da favela, da humilhação
(Explicação, de Geni Guimarães melhor se acostumar imposta pela cor
in Balé das emoções, 1996.) Quem foi que disse que Eu me levanto
isso aqui não era pra mim De um passado enraizado
Se equivocou na dor
Fui eu quem criei, vivi, Eu me levanto.”
escolhi, me descobri
E agora aqui estou!” (Poema “Eu me levanto”, de
Maya Angelou)
(Música “É o Poder”,
interpretada por Karol Conká)

Após ler, ouvir e reler os textos, responda:

Quais as proximidades e diferenças entre as vozes


poéticas nos trechos supracitados? Justifique sua
resposta.

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38

Ouça a explicação
aqui.

Usos sociais da língua escrita


Autor: Antônio Augusto Gomes Batista,

Instituição: Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária – CENPEC,

A expressão usos da língua escrita ou, simplesmente, usos sociais da língua, envolvendo o emprego
das modalidades oral e escrita, parece ter se originado, no Brasil, em torno das didáticas ou das
práticas pedagógicas baseadas na difusão da Psicogênese da Alfabetização, bem como da
linguística de base interacionista, a partir dos anos 1980. Apesar disso, didáticas em parte
semelhantes do ensino da língua oral e escrita se observam desde os anos 1970 nos países de
língua inglesa, com a whole language (ou “linguagem integral”), e de língua francesa, com a
proposta de leiturização. O ponto em comum entre essas distintas abordagens é o de que se deve
partir de situações comunicativas reais – isto é – dos usos sociais da língua – para o domínio da
língua.

Referências bibliográficas:
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas,
1985.
SOARES, Magda Becker. Alfabetização: a (des) aprendizagem das funções da escrita. Educ.
Rev., Belo Horizonte, n. 08, dez. 1988 .
GERALDI, J. W. (org.) O texto na sala de aula. Cascavel: Assoeste, 1984.

FONTE: http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossario

(Texto adaptado. Acesso em 20/07/2020)

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39

26)

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40

Clique aqui e ouça o


podcast explicativo

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41

Ouça a explicação
aqui.

ATIVIDADE 27
1. Dê dois exemplos do uso da linguagem coloquial.

2. Dê dois exemplos do uso da linguagem formal.

3. Existe linguagem correta? Justifique sua resposta.

4. O que seria Variação linguística, de acordo com o texto lido?

5. Anote todas as palavras desconhecidas e procure seus sinônimos e significa-


dos.

6. A Língua Portuguesa possui variação linguística ou tem apenas uma forma de


expressão? Explique.

Para saber mais, veja os vídeos


complementares clicando nas
figurinhas abaixo

Quando se trata de português


AMPLIFICA por Emicida - Preconceito falado, não existe certo e errado
linguístico no dia a dia
O linguista Ataliba Teixeira de
Pode a palavra saudade preservar a mesma Castilho, da Unicamp, fala sobre as
intensidade na tradução para outro idioma? E transformações do português falado
se a língua portuguesa passasse a se chamar no Brasil.
língua brasileira?

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42

Clique aqui e ouça o


podcast explicativo

CONHECENDO INTELECTUAIS NEGRAS

Carolina Maria de Jesus

CLIQUE NA
FIGURINHA E
ASSISTA AO
VÍDEO
“POÉTICAS DA
DIÁSPORA”

CINQUENTA E CINCO ANOS


DEPOIS DA PUBLICAÇÃO DE
QUARTO DE DESPEJO, O
INTERESSE PELA OBRA DA
ESCRITORA CAROLINA MARIA
DE JESUS CONTINUA SE
DESDOBRANDO. CAROLINA
HOJE É REVISITADA SOB
DIVERSOS ÂNGULOS, DADA A
RIQUEZA DE SUA PRODUÇÃO
INÉDITA E DE SUA VIDA DE
ALTOS E BAIXOS. NO VÍDEO
PRODUZIDO PELA EQUIPE DE
PESQUISA FAPESP, A
HISTORIADORA ELENA
PAJARO PERES FALA SOBRE
ASPECTOS DA VIDA E OBRA DA
ESCRITORA, RESSALTANDO A
IMPORTÂNCIA DE VERIFICAR
ASPECTOS QUE VÃO ALÉM
DOS LIVROS E DO PERÍODO EM
QUE A AUTORA VIVEU EM SÃO
PAULO. VEJA COMO SEU
TRABALHO CONTINUA A
INSTIGAR PESQUISAS.

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43

Carolina Maria de Jesus nasceu em


Sacramento-MG, em 14 de março de 1914,
filha de negros que migraram para a cidade
no início das atividades pecuárias na região.
Oriunda de família muito humilde, a autora
estudou pouco. No início de 1923, foi
matriculada no colégio Allan Kardec –
primeira escola espírita do Brasil –, na qual
crianças pobres eram mantidas por pessoas
influentes da sociedade. Lá estudou por dois
anos, sustentada pela Sra. Maria Leite
Monteiro de Barros, para quem a mãe de Carolina trabalhava como
lavadeira.

A escritora foi "descoberta" pelo jornalista Audálio Dantas, na década


de 1950. Carolina estava em uma praça vizinha à comunidade, quando
percebeu que alguns adultos estavam destruindo os brinquedos ali
instalados para as crianças. Sem pensar, ameaçou denunciar os
infratores, fazendo deles personagens do seu livro de memórias. Ao
presenciar a cena, o jovem jornalista iniciou um diálogo com a mulher
negra e favelada que possuía inúmeros cadernos nos quais narrava o
drama de sua indigência e o dia-a-dia do Canindé. Dantas de imediato se
interessou pelo “fenômeno” que tinha em mãos e se comprometeu em
reunir e divulgar o material. A publicação de Quarto de despejo deu-se
em 1960, tendo o livro uma vendagem recorde de trinta mil exemplares,
na primeira edição, chegando ao total de cem mil exemplares vendidos,
na segunda e terceira edições. Além disso, foi traduzido para treze
idiomas e distribuído em mais de quarenta países. A publicação e a
tiragem dos exemplares demonstram o interesse do público e da mídia
pela narrativa de denúncia, tão em voga nos anos 50 e 60.

Carolina publicou ainda mais três livros: Casa de Alvenaria (1961),


Pedaços de Fome (1963), Provérbios (1963). O volume Diário de Bitita
(1982), publicação póstuma também oriunda de manuscritos em poder da
autora, foi editado primeiramente em Paris, com o título Journal de
Bitita, que teria recebido, a princípio, o título de Um Brasil para
brasileiros. Em 1997, o pesquisador José Carlos Sebe Bom Meihy, autor
do volume crítico Cinderela negra, em que discute a vida e a obra da
autora, reuniu e trouxe a público um conjunto de poemas inéditos com o
título de Antologia pessoal. Todavia, nenhuma destas obras conseguiu
repetir o sucesso de público que Quarto de despejo obteve. De acordo
com Carlos Vogt (1983), Carolina Maria de Jesus teria ainda deixado
inéditos dois romances: Felizarda e Os escravos.
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44

Na década de 2000, foi inaugurado no Parque do Ibirapuera, em São Pau-


lo, o Museu Afro-Brasil, cuja biblioteca leva o nome de Carolina Maria de
Jesus. A biblioteca possui cerca de 6.800 publicações com especial desta-
que para uma coleção de obras raras sobre o tema do Tráfico Atlântico e
Abolição da Escravatura no Brasil, América Latina, Caribe e Estados Uni-
dos. A presença afro-brasileira e africana nas artes, na história, na vida
cotidiana, na religiosidade e nas instituições sociais são temas presentes
na biblioteca.

Várias destas obras raras estão disponíveis para leitura no endereço abai-
xo: <http://www.museuafrobrasil.org.br/explore/biblioteca-carolina-
maria-de-jesus>.

PUBLICAÇÕES
Obra individual

Quarto de despejo: diário de uma favelada. Organização e apresentação de Audálio


Dantas. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1960. (Memórias).

Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada. São Paulo: Livraria Francisco Alves:
Editora Paulo de Azevedo Ltda., 1961. (Memórias).

Pedaços da fome. Prefácio de Eduardo de Oliveira. São Paulo: Áquila, 1963.


(Memórias).

Provérbios. São Paulo: [s. n.], 1963.

Publicações Póstumas

Diário de Bitita. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. (Memórias).

Meu estranho diário. Organização de José Carlos Sebe Bom Meihy e Robert Levine.
São Paulo: Xamã, 1996. (Memórias).

Antologia pessoal. Organização de José Carlos Sebe Bom Meihy. Rio de Janeiro: Edi-
tora UFRJ, 1996. (Poesia).

Onde estaes felicidade? Organização de Dinha e Raffaella Fernandez. São Paulo: Me


Parió Revolução, 2014. (Conto, memória e estudos críticos).

Meu sonho é escrever... contos inéditos e outros escritos. Organização de Rafaella


Fernandez. São Paulo: Ciclo Contínuo, 2018.

http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/58-carolina-maria-de-jesus

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TEXTO 1 Clique aqui e ouça o


podcast explicativo

23 de maio.

Levantei de manhã triste porque estava chovendo. [...] O barraco está


numa desordem horrível. É que eu não tenho sabão para lavar as louças.
Digo louça por hábito. Mas é as latas. Se tivesse sabão eu ia lavar as
roupas. Eu não sou desmazelada. Se ando suja é devido a reviravolta da
vida de um favelado. Cheguei a conclusão que quem não tem de ir pro céu,
não adianta olhar pra cima. É igual a nós que não gostamos da favela, mas
somos obrigados a residir na favela.
...Fiz a comida. Achei bonito a gordura frigindo na panela. Que
espetáculo deslumbrante! As crianças sorrindo vendo a comida ferver
nas panelas. Ainda mais quando é arroz e feijão, é um dia de festa para
eles. Antigamente era a macarronada o prato mais caro. Agora é o arroz e
feijão que suplanta a macarronada. São os novos ricos. Passou para o lado
dos fidalgos. Até vocês, feijão e arroz, nos abandona! Vocês que eram os
amigos dos marginais, dos favelados, dos indigentes. Vejam só. Até o
feijão nos esqueceu. Não está ao
alcance dos infelizes que estão no quarto de despejo. Quem não nos
desprezou foi o fubá. Mas as crianças não gostam de fubá.
Quando puis a comida o João sorriu. Comeram e não aludiram a cor negra
do feijão. Porque negra é a nossa vida. Negro é tudo que nos rodeia.
...Nas ruas e casas comerciais já se vê as faixas indicando os nomes dos
futuros deputados. Alguns nomes já são conhecidos. São reincidentes que
já foram preteridos nas urnas. Mas o povo não está interessado nas
eleições, que é o cavalo de troia que aparece de quatro em quatro anos.
...O céu é belo, digno de contemplar porque as nuvens vagueiam e formam
paisagens deslumbrantes. As brisas suaves perpassam conduzindo os
perfumes das flores. E o astro rei sempre pontual para despontar-se e
recluir-se. As aves percorrem o espaço demonstrando contentamento. A
noite surge as estrelas cintilantes para adornar o céu azul. Há várias
coisas belas no mundo que não é possível descrever-se. Só uma coisa nos
entristece: os preços, quando vamos fazer compras. Ofusca todas as
belezas que existe.
A Theresa irmã da Meyri bebeu soda. E sem motivo. Disse que encontrou
um bilhete de uma mulher no bolso do seu amado. Perdeu muito sangue. Os
médicos diz que se ela sarar ficará imprestável. Tem dois filhos, um de
quatro anos e outro de nove meses.
(Quarto de despejo, p. 39-42).

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46

TEXTO 2

CLIQUE
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OUVIR O
TEXTO!

Você faz faxina?’ Perguntou uma mulher, e a resposta foi: “Não. Fa-
ço mestrado”

Luana Tolentino
Hoje uma senhora me parou na rua e perguntou se eu fazia faxina.

Altiva e segura, respondi:

– Não. Faço mestrado. Sou professora.

Da boca dela não ouvi mais nenhuma palavra. Acho que a incredulidade e o
constrangimento impediram que ela dissesse qualquer coisa.

Não me senti ofendida com a pergunta. Durante uma passagem da minha


vida arrumei casas, lavei banheiros e limpei quintais. Foi com o dinheiro
que recebia que por diversas vezes ajudei minha mãe a comprar comida e
consegui pagar o primeiro período da faculdade.

O que me deixa indignada e entristecida é perceber o quanto as pessoas


são entorpecidas pela ideologia racista. Sim. A senhora só perguntou se
eu faço faxina porque carrego no corpo a pele escura.

No imaginário social está arraigada a ideia de que nós negros devemos


ocupar somente funções de baixa remuneração e que exigem pouca esco-
laridade. Quando se trata das mulheres negras, espera-se que o nosso lu-
gar seja o da empregada doméstica, da faxineira, dos serviços gerais, da
babá, da catadora de papel.

É esse olhar que fez com que o porteiro perguntasse no meu primeiro dia
de trabalho se eu estava procurando vaga para serviços gerais. É essa
mentalidade que levou um porteiro a perguntar se eu era a faxineira de
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47

uma amiga que fui visitar. É essa construção racista que induziu uma re-
cepcionista da cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência, a maior
honraria concedida pelo Governo do Estado de Minas Gerais, a questionar
se fui convidada por alguém, quando na verdade, eu era uma das homena-
geadas.

Não importa os caminhos que a vida me leve, os espaços que eu transite,


os títulos que eu venha a ter, os prêmios que eu receba. Perguntas como a
feita pela senhora que nem sequer sei o nome em algum momento ecoarão
nos meus ouvidos. É o que nos lembra o grande Mestre Milton Santos:

“Quando se é negro, é evidente que não se pode ser outra coisa, só excep-
cionalmente não se será o pobre, (…) não será humilhado, porque a questão
central é a humilhação cotidiana. Ninguém escapa, não importa que fique
rico.”

É o que também afirma Ângela Davis. E ela vai além. Segundo a intelectual
negra norte-americana, sempre haverá alguém para nos chamar de
“macaca/o”. Desde a tenra idade os brancos sabem que nenhum outro xin-
gamento fere de maneira tão profunda a nossa alma e a nossa dignidade.

O racismo é uma chaga da humanidade. Dificilmente as manifestações ra-


cistas serão extirpadas por completo. Em função disso, Ângela Davis nos
encoraja a concentrar todos os nossos esforços no combate ao racismo
institucional.

É o racismo institucional que cria mecanismos para a construção de ima-


gens que nos depreciam e inferiorizam.

É ele que empurra a população negra para a pobreza e para a miséria. No


Brasil, “a pobreza tem cor. A pobreza é negra.”

É o racismo institucional que impede que os crimes de racismo sejam puni-


dos.

É ele também que impõe à população negra os maiores índices de analfabe-


tismo e evasão escolar.

É o racismo institucional que “autoriza” a polícia a executar jovens negros


com tiros de fuzil na cabeça, na nuca e nas costas.

É o racismo institucional que faz com que as mulheres negras sejam as


maiores vítimas da mortalidade materna.

É o racismo institucional que alija os negros dos espaços de poder.

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O racismo institucional é o nosso maior inimigo. É contra ele que devemos


lutar.

A recente aprovação da política de cotas na UNICAMP e na USP evidencia


que estamos no caminho certo”

FONTE: https://www.geledes.org.br/voce-faz-faxina-perguntou-uma-
mulher-e-resposta-foi-nao-faco-mestrado/

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ATIVIDADE 28
1. Dê dois exemplos do uso da linguagem coloquial retirados dos textos de Ca-
rolina Maria de Jesus.

2. Reescreva os exemplos supracitados para o uso da linguagem formal.

ATIVIDADE 29
Leia atentamente os trechos e frases retirados dos textos:
No trecho e frases:
1. “Antigamente era a macarronada o prato mais caro. Agora é o arroz e feijão
que suplanta a macarronada. São os novos ricos.”
(Carolina Maria de Jesus)
2.
“É o racismo institucional que alija os negros dos espaços de poder.”
(Luana Tolentino)
3.
“O racismo é uma chaga da humanidade. ”
(Luana Tolentino)
4.
“Dificilmente as manifestações racistas serão extirpadas por completo.”
(Luana Tolentino)

Agora identifique as palavras que podem substituir os vocábulos destacados sem


prejuízo da lógica discursiva:
( ) mácula, ferida, úlcera, desgraça, dano, fístula
( ) superar, ultrapassar
( ) eliminado, extinguido
( ) afasta, expulsa, elimina
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Competência discursiva
Autor: Luiz Carlos Travaglia,

Instituição: Universidade Federal de Uberlândia-UFU / Instituto de Letras e Linguística-ILEEL,

A noção de competência discursiva pode variar conforme o sentido que se dê ao


termo discursivo, mas, de modo mais geral, a competência discursiva é definida como
a capacidade do usuário da língua, que produz e compreende textos orais ou escritos,
de contextualizar sua interação pela linguagem verbal (ou outras linguagens),
adequando o seu produto textual ao contexto de enunciação. Este deve ser
considerado seja em seu sentido restrito, que é a situação imediata em que a
formulação linguística do texto acontece, seja em seu sentido amplo, que é o
contexto sócio-histórico e ideológico. Portanto a competência discursiva representa
o domínio das regras e princípios de uso da língua nas diversas situações.
A competência discursiva pode ser vista como uma hipercompetência que engloba
e afeta as competências linguística e textual, pois permite ao usuário da língua
perceber que as sequências linguísticas tomadas como textos não significam por si
só, mas em função também de elementos exteriores à sequência linguística, como,
por exemplo, entre outros: quem diz o quê; para quem; por quê / para quê; quando
(inclusive em que momento da história); onde; quais são os papéis sociais dos
interlocutores no momento da interação comunicativa verbal; quais suas crenças,
como veem os elementos do mundo de que falam em seu texto; enfim, qual a ideologia
(visão de mundo e crenças) que ‘enforma’ o texto.
A competência discursiva teria a ver com a atuação do usuário da língua em uma
formação discursiva ou sócio-discursiva, entendida de uma maneira bem simples e
mais operacional como o conjunto das formas específicas para estabelecer a
significação, os sentidos que estão em funcionamento em um recorte sócio-histórico-
ideológico de uma sociedade e cultura (“discurso machista”, “discurso neo-liberal”,
“discurso petista”, por exemplo). A competência discursiva, nessa acepção, seria a
capacidade do usuário da língua de reconhecer o que é dizível ou não numa formação
discursiva, tanto para dizer o que pode ser dito quanto para saber o que esperar de
determinado discurso.
O discurso machista diz coisas que o discurso feminista não diz; o discurso
religioso diz coisas que o discurso materialista não diz – saber lidar com isso faz
parte da competência discursiva. Além disso, uma mesma palavra ou expressão pode
assumir sentidos diferentes em formações discursivas diferentes. A palavra
felicidade, por exemplo, ganha sentidos diferentes no discurso publicitário e no
discurso religioso – perceber isso faz parte da competência discursiva.
Para o ensino de produção e compreensão de textos orais e escritos (portanto, no
letramento), é importante atuar levando-se em conta a dimensão discursiva dos
textos em seu funcionamento social, pois sem isso fica impossível considerar o grau
de maior ou menor adequação e propriedade dos textos.

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Verbetes associados: Competência comunicativa, Competência linguística, Discurso, Discurso


institucional , Enunciação / enunciado, Texto.

Referências bibliográficas:
TRAVAGLIA, L. C. Gramática: Ensino plural. São Paulo: Cortez, 2011.

CHARAUDEAU, P.; MAINGUENEAU, D. Dicionário de Análise do Discurso. (Coord. da tradu-


ção: Fabiana Komesu). São Paulo: Contexto, 2004.

TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação - uma proposta para o ensino de gramática. São


Paulo: Cortez, 2009.

FONTE: http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/competencia-
discursiva (Acesso em 20/07/2020)

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ATIVIDADE 30
1. O que é competência discursiva?

2. Qual o conceito de hipercompetência?

Justifique suas respostas.

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Conhecendo Intelectuais negras

Jussara Santos nasceu em Belo Horizonte-MG no dia 12 de setembro de 1963. Filha


de José Luiz dos Santos e Conceição Oscar dos Santos. Licenciada em Letras pela
Universidade Federal de Minas Gerais, concluiu Mestrado em Literaturas de Língua
Portuguesa pela PUC Minas e Doutorado na mesma Instituição. Foi professora do
Projeto Ensino Supletivo de 1º grau do Centro Pedagógico da UFMG, em 1992.
Lecionou também no Ensino Superior. Professora da Rede Pública Municipal de Belo
Horizonte, como pesquisadora da FAPEMIG, integrou o Projeto da PUC Minas
intitulado “Literatura afro-brasileira, equívoco ou uma fratura da linguagem?” É
autora de vários ensaios sobre as questões relacionadas à afro-brasilidade.

Jussara Santos possui poemas publicados em várias antologias, assim como tem
publicado ensaios em revistas literárias. Seu livro de contos De flores artificiais foi
publicado em 2002, pela Editora Sobá. É ganhadora do Concurso de Poemas Rosas de
Abril - UFMG/1993, e do 25º concurso de contos, poemas e ensaios da Revista
Literária do Corpo Discente da UFMG, em 1993.
PUBLICAÇÕES

Obra individual
De flores artificiais. Belo Horizonte: Sobá, 2002. (Contos)
Com afagos e margaridas. Belo Horizonte: Quarto Setor Editorial, 2006. (Contos)
Indira. Belo Horizonte: Nandyala, 2009. 2.ed Belo Horizonte: Azeviche Letras e Artes, 2019.
(Infantojuvenil)
Crespim. Belo Horizonte: Impressões de Minas, 2013. (Infantojuvenil)
Samba de santos. Belo Horizonte: Edições de Minas, 2015. (poemas)
Antologias
Um primeiro instante. In: Revista Literária do Corpo discente da UFMG - Nº 25.
Do jogo e das peças. In: Revista Literária do Corpo discente da UFMG - Nº 25.
Arlequim, arlequim. In: Revista Literária do Corpo discente da UFMG - Nº 25.
Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Organização de Eduardo de Assis
Duarte. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, vol. 3, Contemporaneidade.

http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/548-jussara-santos

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TEXTO 4 podcast explicativo

AO PÉ DO OUVIDO
Jussara Santos
Se pudesse silenciar-me frente a acontecimentos
silenciaria mas todos os dias melancolicamente aconteço.
se pudesse dizer diariamente não a sentimentos
diria mas todos os dias absurdamente amanheço.
digo não à cidade, deixo-a em paz
mas todos os dias revelo-me equívoco
diante de seus ecos.
(.. .não tires poesia das coisas
elide sujeito e objeto...)
grita Drummond,
mas todos os dias dramatizo,
invoco,
indago,
aborreço,
e minto,
minto muito
ouvinte no reino silencioso da palavra que não me quer Surda.

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TEXTO 5
Mandume
Emicida
Eles querem que alguém

Que vem de onde nóis vem


Seja mais humilde, baixa a cabeça
Nunca revide, finja que esqueceu a coisa toda
Eu quero é que eles se-!
(...)
[Drik Barbosa]
Sou Tempestade, mas entrei na mente tipo Jean Grey, xinguei
Quem diz que mina não pode ser sensei?
Jinguei, sim, sei, desde a Santa Cruz, playboys
Deixei em choque, tipo Racionais: Hey boy!
Tanta ofensa, luta intensa nega a minha presença
Chega! Sou voz das nega que integra resistência
Truta rima a conduta, surta, escuta, vai vendo
Tempo das mulher fruta, eu vim menina veneno
Sistema é faia, gasta, arrasta Cláudia que não raia
Basta de Globeleza, firmeza? Mó faia!

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Rima pesada basta, eu falo memo, igual Tim Maia
Devasta esses otário, tipo calendário Maia
Feminismo das preta bate forte, mó treta
Tanto que hoje cês vão sair com medo de bu-uh
Drik Barbosa, não se esqueça
Se os outros é de tirar o chapéu, nóis é de arrancar cabeça
[Amiri]
Mas mano, sem identidade somos objeto da história
Que endeusa herói e forja, esconde os retos na história
Apropriação há eras, desses tá na repleto na História
Mas nem por isso que eu defeco na escória
Pensa que eu num vi?
Eu senti a herança de Sundi
Ah tá, não morro incomum e pra variar, herdeiro de Zumbi
Segura o boom, fi, é um e dois e três e quatro
Não importa, já que querem eu cego eu tô pra ver um daqui sucumbir (não)
Pela honra vinha Mandume
Tira a mão da minha mãe!
Farejam medo? Vão ter que ter mais faro
Esse é o valor dos reais, caros
Ao chamado do alimamo: Nkosi Sikelel, mano!
Só sente quem teve banzo
(Entendeu?) Eu não consigo ser mais claro!
Olha pra onde os do gueto vão
Pela dedução de quem quer redução
Respeito, não vão ter por mim?
Protagonista, ele preto sim
Pelo gueto vim, mostrar o que difere
Não é a genital ou o macaco que fere
É igual me jogar aos lobos
Eu saio de lá vendendo colar de dente e casaco de pele

[Rico Dalasam]
Meme de negro é: me inspira a querer ter um rifle
Meme de branco é: não trarão de volta Yan, Gamba e Rigue
Arranca meu dente no alicate
Mas não vou ser mascote de quem azeda marmita
Sou fogo no seu chicote
Enquanto a opção for morte pra manter a ideia viva

Domado eu não vivo, eu não quero seu crime


Ver minha mãe jogar rosas
Sou cravo, vivi dentre os espinhos treinados com as pragas da horta
Pior que eu já morri tantas antes de você me encher de bala
Não marca, nossa alma sorri
Briga é resistir nesse campo de fardas

(Cêloko Cachoeira!)

[Emicida]
Eles querem que alguém
Que vem de onde nóis vem
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Seja mais humilde, baixa a cabeça


Nunca revide, finja que esqueceu a coisa toda
Eu quero é que eles se-!

Eles querem que alguém


Que vem de onde nóis vem
Seja mais humilde, baixa a cabeça
Nunca revide, finja que esqueceu a coisa toda
Eu quero é que eles se-!
(...)
[Muzzike]
Banha meu símbolo, guarda meu manto que eu vou subir como rei
Cês vive da minha cicatriz, eu tô pra ver sangrar o que eu sangrei
(...)
[Raphão Alaafin]
Canta pra saldar, negô, seu rei chegou
Sim, Alaafin, vim de Oyó, Xangô
Daqui de Mali pra Cuando, de Orubá ao bando
Não temos papa, nem na língua ou em escrita sagrada
Não, não na minha gestão, chapa
Abaixa sua lança-faca, espingarda faiada
Meia volta na Barja, Europa se prostra
Sem ideia torta no rap, eu vou na frente da tropa
(...)
[Emicida]
Dores em Loop-cínio, os cult-cínio, quê?
Ao ver o Simonal que cês não vai foder
Grande tipo Ron Mueck, morô muleque? Zé do Caroço
Quer photoshop melhor que dinheiro no bolso?
Vendo os rap vender igual Coca, fato, não, não
Melhor, entre nóis não tem cabeça de rato
É Brasil, exterior, capital interior
(...)
Vitórias do gueto, luz pra quem serve?
Na trama conhece os louro da fama
Ok, agora olha os preto, chama!
[Emicida]
Eles querem que alguém
Que vem de onde nóis vem
Seja mais humilde, baixa a cabeça
Nunca revide, finja que esqueceu a coisa toda
Eu quero é que eles se-!
Composição: Emicida

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ATIVIDADE 31

1. Explique as diferenças e semelhanças entre as vozes poéticas


de “Ao pé do ouvido”, de Jussara Santos e “Madume”, de
Emicida.

2. Qual a linguagem predominante nos textos: coloquial ou


formal?
Exemplifique.
3. O poema “Ao pé do ouvido”, de Jussara Santos, questiona o
sistema hegemônico. Explique essa afirmação.

4. A música “Mandume”, de Emicida, abriga mais de uma voz


poética. Justifique essa afirmativa identificando as vozes
poéticas explícitas.

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