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UNIVERSIDADE REGIONAL DO ESTADO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL

-UNIJUÍ

CAROLINE DE SOUZA LEAL GRÜNEICH

MEMÓRIA E IDENTIDADE: Conceitos para a reflexão sobre a didática de Ciências


Humanas no Curso Normal

Santa Rosa
2017
CAROLINE DE SOUZA LEAL GRÜNEICH

MEMÓRIA E IDENTIDADE: Conceitos para a reflexão sobre a didática de Ciências


Humanas no Curso Normal

Monografia apresenta para obtenção do título de


graduação em pedagogia na Universidade Regional do
Estado Noroeste do Rio Grande do Sul.

Orientador: Josei Fernandes Pereira

Santa Rosa
2017
AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Jesus que teve total influência


na escolha do curso de Pedagogia e do tema dessa monografia.
Agradeço aos meus pais pelo esforço e paciência que tiveram
comigo nestes últimos quatro anos. Agradeço ao professor e
orientador Josei pelo compromisso, dedicação em me ajudar na
elaboração desta monografia. Além destes, agradeço a meus
amigos, professores e colegas pelo apoio e estímulo.
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo pesquisar e investigar no campo empírico e o bibliográfico. Para
conhecer a realidade e as experiências que os alunos do Curso Normal tiveram, na Didática das Humanas, que
favorece a apropriação da identidade deles. Analisar a proposta pedagógica da escola e do professor titular, o
plano de aula e a grade de conteúdos os temas identidade, memória e cultura. E se acorre a interdisciplinaridade
com as demais didáticas específicas do Curso Normal. Por isso, foi realizado um diagnóstico com o professor do
Curso Normal e com os alunos. Para compreender o que eles construíram durante as aulas sobre Ciências
Humanas e os demais conteúdos trabalhados. Na tentativa de encontrar os temas identidade, memória e cultura
sendo desenvolvidos na formação docente destes alunos. Para compreender o valor da apropriação da identidade,
do resgate das memórias e da valorização das muitas formas de cultura. Temas geradores essenciais para
desenvolver com as crianças desde a educação infantil até os anos iniciais até o 5º ano. A pesquisa empírica foi
realizada, através, da observação, entrevista com o professor e os alunos do 3º ano do Curso Normal, na Didática
das Humanas e a leitura do Projeto Político Pedagógico e do Regimento Escolar numa escola estadual localizada
no Município de Santa Rosa/RS. Tendo como critérios de seleção dos sujeitos entre a faixa etária de 16 a 29 anos
de idade matriculados em escola regular do Curso Normal. O resultado da pesquisa constatou que os conceitos
identidade, memória e cultura estão no cotidiano do aluno, na Didáticas das Humanas, no Curso Normal. E o
professor tem conhecimentos a respeito destes conceitos, no entanto, prioriza os conteúdos da grade curricular da
escola ao invés de aprofundar estas concepções.

Palavras-chave: Formação docente; Identidade; Memória; Cultura; Curso Normal.


ABSTRACT

This work aims to research and investigate in the empirical and bibliographic field. To know the
reality and the experiences that the students of the Normal Course had, in Didactics of the Humanities, that
favors the appropriation of their identity. Analyze the pedagogical proposal of the school and the titular teacher,
the lesson plan and the contents grid the themes identity, memory and culture. And interdisciplinarity with the
other specific didactics of the Normal Course. Therefore, a diagnosis was made with the teacher of the Normal
Course and with the students. To understand what they built during the classes on Human Sciences and other
content worked. To find the themes identity, memory and culture being developed in the teacher training of these
students. To understand the value of the appropriation of identity, the retrieval of memories and the appreciation
of the many forms of culture. Generative themes essential to develop with children from kindergarten to early
years up to the 5th grade. The empirical research was carried out, through observation, interview with the teacher
and students of the 3rd year of the Normal Course, in the Didactics of Humanities and the reading of the Political
Pedagogical Project and the School Regiment in a state school located in the Municipality of Santa Rosa / LOL.
Based on the selection criteria of the subjects between the age group 16 to 29 years of age enrolled in a regular
school of the Normal Course. The result of the research found that the concepts identity, memory and culture are
in the student's daily life, in Didactics of Humanities, in the Normal Course. And the teacher has knowledge
about these concepts, however, prioritizes the contents of the curriculum of the school instead of deepening these
conceptions.

Keywords: Teacher training; Identity; Memory; Culture; Normal Course.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7

1 INTERDISCIPLINARIDADE: como a área de Ciências Humanas aborda a identidade


e a memória com as demais áreas do conhecimento.............................................................. 9

1.1 CONHECENDO OS CONCEITOS DE IDENTIDADE E MEMÓRIA


ABORDADOS NAS ORIENTAÇÕES DO ENSINO MÉDIO, NA BASE COMUM
CURRICULAR NACIONAL E NOS PARÂMENTROS CURRICULARES
NACIONAIS................... ..................................................................................................... 10

1.1.1 Concepção de memória e identidade pelas Orientações Curriculares do Ensino


Médio .......................................................................................................................................10
1.1.2 Concepção de memória e identidade pela Base Nacional Comum
Curricular................................................................................................................................12
1.1.3 Concepção de memória e identidade pelos Parâmetros Nacionais
Curriculares.............................................................................................................................13

1.2 A INTERDISCIPLINARIDADE DA CIÊNCIAS HUMANAS COM AS DEMAIS


ÁREAS DO CONHECIMENTO NO CURSO NORMAL .................................................. 15
2.2 A IMPORTÂNCIA DA APROPRIAÇÃO DA IDENTIDADE NOS ALUNOS DO
CURSO NORMAL .............................................................................................................. 22

2.2.1 Atributos que definem a identidade do sujeito professor ........................................ 23

3 A REALIDADE DA ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS DESENVOLVIDA NO


CURSO NORMAL ................................................................................................................. 27

3.1 COMO O PROFESSOR (A) DO CURSO NORMAL TRABALHA A ÁREA DE


CIÊNCIAS HUMANAS ...................................................................................................... 37

3.2 COMO OS ALUNOS DO CURSO NORMAL VÊEM A ÁREA DE CIÊNCIAS


HUMANAS .......................................................................................................................... 32

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 41

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 43

OBRAS CONSULTADAS ..................................................................................................... 45


7

INTRODUÇÃO

Esta monografia de conclusão do Curso de Pedagogia da Universidade Regional do


Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, do campus de Santa Rosa/RS possui o propósito de
compreender os conceitos de identidade, memória e cultura que constitui o ser humano. Isto é,
“Ciências Humanas: desenvolvimento da apropriação da identidade no Curso Normal” tem
como objetivo ressaltar a importância de formar sujeitos com uma identidade própria,
reconhecendo suas diferenças e suas semelhanças. Entendendo este processo como uma
construção, a partir, das interações com o outro. Foram realizados estudos e busca aos dados
no campo empírico e bibliográfico. Propondo a realizar uma observação e entrevista com o
professor e os alunos do Curso Normal, na Didática das Humanas1, numa escola estadual
localizada no Município de Santa Rosa/RS. Os critérios de seleção dos sujeitos foram na faixa
etária de 16 anos de idade matriculados em escola regular, oriundos de zona urbana. Para
conhecer a realidade e as experiências que os alunos tiveram na Didática das Humanas, que
favorece a apropriação da identidade destes, essencial para sua formação como professor,
analisar a proposta do professor do Curso Normal, da Didática de Humanas e o que ela
favorece na apropriação da identidade destes sujeitos e no resgate de memórias.
O primeiro capítulo é resultado do seguinte questionamento: Como as orientações do
Ensino Médio, na Base Comum Curricular Nacional e nos parâmetros curriculares Nacionais
defendem em desenvolver a identidade e no resgate de memórias? E o segundo capítulo
conceitua o que é identidade, memória e cultura e como estes aspectos contribuem para a
formação pessoal e docente, usando bibliografias de autores como Arroyo, Callai, Laraia e
Nóvoa para comprovar está pesquisa.
Por isto, o terceiro capítulo é resultado da pesquisa de campo empírico relacionado
com o que foi desenvolvido durante os dois primeiros capítulos.
A pesquisa deste tema foi realizada porque a base da educação é a formação docente
dos futuros professores, ou seja, o Curso Normal. Na busca em formar futuros profissionais
com identidade e com memórias resgatadas e valorizadas recuperando a autoestima e
autonomia dos mesmos.

1
Foi a forma como o Currículo do Curso Normal foi organizado, separando as áreas do conhecimento por
Didáticas especificas. Por este motivo, a Didática das Humanas tem como objetivo promover a aprendizagem de
como trabalhar as disciplinas de geografia e história com as crianças desde da educação infantil até os anos
iniciais do ensino fundamental até 5º ano.
8

É por esta razão, que convido você a ler a monografia para refletir e repensar a prática
da formação docente na área do Curso Normal e descobrir a importância de construir a
identidade dos alunos, em todas as etapas da escolarização, inclusive, com adolescentes.
9

1 INTERDISCIPLINARIDADE: como a área de Ciências Humanas aborda a identidade


e memória com as demais áreas do conhecimento

Interdisciplinaridade é a interligação de todas as áreas do conhecimento. O


planejamento é construído e pensado, a partir, dos objetivos que se quer alcançar com êxito,
pensando em estratégias para promover o ensino aprendizagem de forma eficaz e na
apropriação de conhecimentos significativos para os alunos. E nestes conhecimentos estão
vinculadas as disciplinas escolares, as várias ciências que, ao longo da história da
humanidade, foram sendo definidas. O foco está na necessidade e nos problemas dos sujeitos,
de forma individual e coletiva que necessitam de soluções. A interligação dessas áreas do
conhecimento é possível numa prática pedagógica que realmente faz sentido para eles e que
seja útil para a vida.
Segundo os PCN,

A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de


conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse
sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e
alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever algo que desafia
uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários
(BRASIL, 2002, p. 88-89).

Tem sido muito discutido a questão da interdisciplinaridade nos espaços escolares,


mas percebe-se que alguns professores continuam com dificuldade de relacionar as áreas do
conhecimento umas com as outras, conectando-as para uma prática que faz sentido para os
alunos, e isto é evidente, principalmente, no Ensino Médio em que existem as disciplinas ou
didáticas divididas nas suas determinadas áreas.
A questão é: Onde está a raiz do problema na dificuldade destes professores de inter-
relacionar as disciplinas? Como pensar numa prática, principalmente no Ensino Médio, que
seja interdisciplinar?
Entre tantas possibilidades, o problema está na formação destes professores. Alguns
cursaram suas áreas do conhecimento sem vivenciarem experiências com outras áreas e
também a ausência de uma prática pedagógica interdisciplinar durante a sua formação na
graduação. Contudo, a raiz do problema não necessariamente está centrada apenas nestas
duas possibilidades, mas em várias outras, como a falta de formação continuada, de pesquisas
10

e aprofundamento do conhecimento, nas repetições dos conteúdos, na preocupação em


cumprir com a grade curricular.
A identidade e a memória são temas geradores que estão presentes no PCN do Ensino
Médio em algumas áreas do conhecimento, como na área das Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias e na área de Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Com as novas exigências que demanda da sociedade atual, os alunos contemporâneos
recebem muitas informações. O preenchimento de linhas e a transmissão de conteúdos já não
funcionam como antigamente. Os alunos estão num mundo complexo e o acesso a
informações aumentou em quantidade, mas a qualidade depende do professor em pensar numa
prática docente de nível interdisciplinar que é fundamental na contribuição da apropriação da
identidade e no resgate das memórias que são temas tão atuais e que necessitam de atenção.
Pois “o desafio é compreender o “eu” no mundo, considerando a sua complexidade atual”
(CALLAI, p.230,2005).
Na área das Linguagens, Códigos e suas Tecnologias uma das competências e
habilidades a serem desenvolvidas é “compreender e usar a Língua Portuguesa como língua
materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria
identidade” (2000, p.95), considerando sua realidade, sua cultura, sua história, suas interações
e formas de expressar pelas diferentes maneiras de linguagens. Interligando a experiência do
aluno com o conhecimento científico, como percebe-se também na área da Ciências Humanas
e suas Tecnologias que tem como objetivo “compreender os elementos cognitivos, afetivos,
sociais e culturais que constituem a identidade própria e a dos outros (2000, p.96).
Considerando a singularidade de cada sujeito, suas diferenças culturais e étnicas, suas
manifestações artísticas enraizadas na história de seus descendentes. Valorizando suas
memórias e experiências. Está linha de pensamento está presente nas Orientações do Ensino
Médio, na Base Comum Curricular e nos Parâmetros Curriculares Nacionais que dará
continuidade neste trabalho.

1.1 CONHECENDO OS CONCEITOS DE IDENTIDADE E MEMÓRIA ABORDADOS


NAS ORIENTAÇÕES DO ENSINO MÉDIO, NA BASE COMUM CURRICULAR
NACIONAL E NOS PARÂMENTROS CURRICULARES NACIONAIS

Estudar memória, cultura e identidade é o interesse principal nas áreas de Ciências


Humanas na tentativa de compreender os fenômenos individuais do ser humano e sociais. O
resgate de memórias e a aquisição da identidade é um tema atual em que, gradativamente, são
11

necessários estudos ainda mais profundos, pois os seres humanos estão sofrendo uma crise de
identidade, pelo "(...) desaparecimento de referências e a diluição de identidades (...)"
(CANDAU, p.10,2011). A identidade é construída pelas memórias selecionadas. A memória é
o gerador da identidade. Sem memória não existe identidade, pois ela precisa das recordações
e de mantê-las conservadas para cada sujeito não esquecer de quem é. Neste sentido, memória
e identidade não significam a mesma coisa, mas uma fortalece a outra, tanto individual como
de forma coletiva2.
Atualmente existem vários documentos que consideram a memória como um dos aspectos
que fortalece a identidade individual e coletiva dos seres humanos. Consistindo em mais uma
reconstrução de acontecimentos passados do que uma lembrança exata dos mesmos. Candau,
afirma que "a memória, ao mesmo tempo que nos modela, é por nós modelada" (2011, p.16).
Isso significa, que as lembranças registradas pela memória são alteradas. Desta forma, as
memórias vão sendo modificadas e ocorrem as reconstruções da identidade. Este processo é
permanente a cada nova experiência, vivencias, com o desenvolvimento da maturidade e os
conhecimentos adquiridos.
A seguir, como os documentos do Ministério da Educação, as Orientações Curriculares do
Ensino Médio: Ciências Humanas e suas tecnologias, a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) e os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio abordam o conceito de
memória e identidade.

1.1.1 Concepção de memória e identidade pelas Orientações Curriculares do Ensino


Médio

Segunda as Orientações Curriculares do Ensino Médio, principalmente, na área de


Ciências Humanas e suas tecnologias, contém direções que contribuem para a construção da
identidade nesta etapa da educação básica. Este documento defende a memória como
“preservação da obra humana” (2006, p.78). Pensa numa proposta pedagógica que valoriza as
memórias da sociedade, através dos alunos, com o objetivo de resgatar e preservar a cultura e
a história desses grupos sociais. Considerado um direito de todo cidadão e com a
intencionalidade de desenvolver “(...) uma aprendizagem significativa e crítica de preservação
e manutenção da memória” (2006, p.79). Resgatando a cultura e a identidade de cada sujeito e
grupo social. Desenvolvendo o respeito pelo outro e suas diferenças.

¹ A identidade de um grupo social.


12

A identidade está presente nas disciplinas de geografia, história e filosofia. Possuindo


em vista valores e princípios a serem abordado na prática escolar, principalmente, na
disciplina de filosofia na política da igualdade que busca o

(...) reconhecimento dos direitos humanos e dos deveres e direitos da


cidadania, visando à constituição de identidades que busquem e pratiquem a
igualdade no acesso aos bens sociais e culturais, o respeito ao bem comum, o
protagonismo e a responsabilidade no âmbito público e privado (...) (2006,
p.25).

Compreende-se que a política de igualdade defende a apropriação da identidade como


um direito de todo o ser humano. Direito de ser respeitado e valorizada as suas diferenças,
sejam valores e princípios, tradições ou costumes, sua forma de se expressar ou pensar. Além
disso, considera a identidade como uma construção que ocorre na interação com os outros, ou
seja, é uma construção social e é um processo continuo que modifica o sujeito e a sociedade.
E o espaço escolar é propicio para esta construção por ser um lugar de sociabilidade, de busca
e prática de tornar acessível o direito humano. Assim como na ética da identidade que deseja
superar o pensamento de individualidade e busca uma sociedade democrática, com o objetivo
de

(...) constituir identidades sensíveis e igualitárias no testemunho de


valores de seu tempo, praticando um humanismo contemporâneo,
pelo reconhecimento, pelo respeito e pelo acolhimento da identidade
do outro e pela incorporação da solidariedade, da responsabilidade e
da reciprocidade (...) (2006, p.25).

A ética da identidade acompanha a política de igualdade, considerando novamente o


respeito e a igualdade de direitos para todos. Superando a sua realidade social, gerando
transformação na sociedade em que está inserido e na apropriação de sua identidade social,
cultural e política.
Na disciplina de geografia tem uma articulação a ser trabalho como conceito de lugar,
a “manifestação das identidades dos grupos sociais e das pessoas” (2006, p.53)3 e como um
dos conceitos de território: “a constituição cotidiana de territórios tem como base, as relações
de poder e de identidade de diferentes grupos sociais que os integram, por isso eles estão
inter-relacionados com conceitos de lugar e região” (2006, p.54)4. Novamente percebe-se a
valorização das identidades de todos os grupos sociais, considerando suas histórias, suas

3
Localizado no quadro 2 de “Conceitos estruturantes e articulações”, que foi feito tendo como referência inicial
o quadro inserido no documento dos PCN do Ensino Médio na área de Ciências Humanas e suas tecnologias, (p.
56), abordado com outras formas de entendimento dos conceitos.
4
Conceitos amplos que o professor tem a autonomia de explorar e aprofundar com diferentes combinações.
13

tradições, costumes, considerado como forma de cultura e patrimônio na história da


humanidade, com a influência dos espaços geográficos. Por isso, a geografia tem o objetivo
de compreender “como os processos de globalização interferem em nossas vidas e na
organização do espaço e à capacidade de reconhecer a identidade e pertencimento dos sujeitos
como autores de suas vidas e da produção do seu espaço” (2006, p.59), ou seja, todo o ser
humano é sujeito histórico e protagonista de sua história. Pertencente ao contexto histórico e
social da humanidade.
A disciplina de história alega que “os sujeitos históricos, que se configuram na inter-
relação complexa, duradoura e contraditória das identidades sociais e pessoais, são os
verdadeiros construtores da História (2006, p.75). Por esta razão, que está disciplina busca
investigar onde estes sujeitos históricos se localizam na história da humanidade e como as
identidades destes sujeitos são construídas. O conceito de memória, por sua vez, afirma-se
que “a questão da memória ou da educação patrimonial se associa à valorização da
pluralidade cultural e ao questionamento da construção do patrimônio cultural pelos órgãos
públicos” (2006, p.78), isso permite deduzir que memória e educação patrimonial refere-se a
uma mesma concepção. Reconhecendo que as memórias coletivas de um grupo social é a
chave principal para definir e identificar a identidade do mesmo. E que há um “lugar de
memórias” (2006, p.78) criada pela sociedade para construir a história do grupo social. Para
finalizar, em uma das articulações do conceito de cidadania anuncia que devesse desenvolver
este reconhecimento das identidades individuais para se compreender a identidade coletiva,
também confirmando ser um direito de todos de sentirem-se pertencentes ao grupo social.

1.1.2 Concepção de identidade e memória pela Base Comum Curricular

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem como uma das competências
específicas na área de Ciências Humanas “reconhecer a si e ao outro como identidades
diferentes, de forma a exercitar o respeito à diferença em uma sociedade plural” (2007,
p.309), com a finalidade de desafiar os alunos a pensar nas diferentes culturas e nas
sociedades que existem, considerando sua história, seu espaço geográfico, suas origens e
mudanças, ou seja, a identidade coletiva. E refletir a identidade individual, sua história,
conhecendo seus ancestrais, as origens de suas culturas, desenvolvendo o sentimento de
pertencimento a um grupo social e como o tempo e o espaço geográfico interferem. Desta
forma, o desenvolvimento da apropriação da identidade pessoal e coletiva serão continuadas e
aprofundadas no Ensino Médio. A memória, na BNCC, é considerada uma questão complexa,
14

pois o desafio é resgatar não apenas a memória individual dos alunos, mas a memória
coletiva. Questionando o passado e o presente, como as diferentes culturas e a valorização
desta diversidade e as memórias de cada povo, língua e nação. As identidades individuais,
constituem a identidade coletiva. Estes documentos têm com o objetivo de respeitar a
singularidade dos alunos e pensando na sua formação cidadã, além de resgatar a história da
humanidade e de cada ser humano.

As lembranças pessoais agregam às narrativas coletivas “a evocação


das experiências íntimas que conferia à epopeia de um grupo a dimensão
singular da experiência pessoal”. Mas mesmo no caso de conflitos que podem
ir até a ruptura definitiva, a memória e a identidade pessoal devem sempre
compor com a memória familiar, que é uma memória forte, exercendo seu
poder para além de laços aparentemente distendidos. Solidariedades
invisíveis e imaginárias vinculam sempre um indivíduo a seus ascendentes: a
memória familiar é nossa “terra”, de acordo com os termos de um informante
de Anne Muxel, é uma herança da qual não podemos nos desfazer e que faz
com que, como diz Rimbaud, percorramos lugares desconhecidos sobre os
traços de nossos pais (CANDAU, 2011, p. 141).

Lembranças são heranças familiares primordiais para a constituição da identidade do


sujeito individual e do coletivo de cada grupo social. A família é patrimônio cultural e nela
estão as raízes culturais e suas manifestações. Por meio dela nos constituímos ser humano e
nos apropriamos da cultura e linguagem materna, modificada e reproduzida a cada nova
geração.

1.1.3 Concepção de identidade e memória dos Parâmetros Curriculares Nacionais do


Ensino Médio

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio acompanham a Base Comum


Curricular Nacional do Ensino Médio, em considerar a singularidade de cada sujeito,
valorizando as experiências vivenciadas e suas memórias. Na busca em romper com a
maneira tradicional de decorar os conteúdos. Compreender que “sem um olhar sobre o
instituído, criamos lacunas, desfiguramos memórias e identidades, perdemos vínculo com a
nossa história, quebramos os espelhos que desenham nossas formas” (2000, p.90), no decorrer
do documento este trecho se repete para que o professor dê mais atenção a este fragmento do
texto.
O PCN do Ensino Médio, valoriza as interações com o outro e sua história.
Compreendendo que a maneira tradicional aumenta o fracasso escolar ao invés de contribuir
15

na formação dos alunos como cidadãos pensantes, pesquisadores e com uma identidade
definida, autoconfiante e consciente que sempre estará em constante construção.
Numa concepção de memória, tem como objetivo resgatar as memórias históricas e
valorizar as culturas de cada povo, sejam indígenas, africanas ou europeias. Nessa mesma
linha de raciocínio, a identidade é considerada ampla e, com as novas tecnologias, podem
surgir outras definições. Com o objetivo de preservar as culturas das diferentes etnias que
compõem o Brasil. Valorizando seus conhecimentos e língua e, além disso, resgatar suas
memórias individuais e coletivas.
A estética da sensibilidade busca desenvolver aspectos que facilitam a apropriação da
identidade dos sujeitos e na valorização da diversidade cultural do país. Numa prática
pedagógica que forme sujeitos com ética num processo de construção e não de repetição.
“Como princípio educativo, a ética só é eficaz quando desiste de formar pessoas “honestas”
“caridosas” ou “leais” e reconhece que a educação é um processo de construção de
identidade” (2000, p.66). Identidades que sejam sensíveis e saibam o seu valor como cidadão,
tendo clareza de seus direitos. Assumindo seu papel na sociedade e que é participante ativo
nela.
Defende também que “a identidade se constitui na convivência” (2000, p.63), nas
diferentes formas de linguagem que sejam significativas para o ser humano. Considera a ética
da identidade “por permanente reconhecimento da identidade própria e do outro” (2000,
p.63). Desta forma, ressalta o compromisso e responsabilidade da escola e do professor para
apropriação da identidade nas crianças e adolescentes neste século XXI. E que o professor
assuma em ser aquilo que deseja que seus alunos sejam. Repensando a sua prática
pedagógica, na busca por uma educação que forma para ser, ao invés, do para fazer e ter.
Formar sujeitos que sabem que são inacabados, que a própria vida vai dar continuidade na sua
formação, mas que o mundo necessita de sujeitos que hoje sejam o que ela carece de ter.
Para finalizar, este documento acredita que é mais importante desenvolver a
autonomia dos alunos, por afirmar a hipótese de que seres humanos exercem os valores por
serem sujeitos autônomos, com autoestima, resultado da constituição da identidade.

1.2 A INTERDISCIPLINARIEDADE DA CIÊNCIAS HUMANAS COM AS DEMAIS


ÁREAS DO CONHECIMENTO NO CURSO NORMAL

No Curso Normal, para atender as necessidades da educação, as áreas do conhecimento


foram organizadas em Didáticas. A área de Ciências Humanas tornou-se Didática das
16

Humanas, é constituído pelas disciplinas de geografia e história. Entre estás e outras


explicações se sucederam a seguir.

1.2.1 Didática das Humanas

A Didática das Humanas foi organizada no Curso Normal com o objetivo de como
trabalhar as disciplinas de geografia e história, de forma interdisciplinar com as demais áreas
também, na educação infantil e nos anos iniciais até o 5º ano. Está didática esta interligada a
áreas da sociologia e filosofia. Anteriormente estava ligada também com a área de ensino
religioso, no entanto, com as alterações na Base Comum Curricular e nas Orientações do
Ensino Médio está disciplina foi separada da área das Ciências Humanas.
Sua principal temática é pensar sobre como as sociedades se organizam no tempo e no
espaço. Ela é fundamental para a formação humana, pois é através das memórias que os
indivíduos constroem sua própria história e reconhece sua identidade. Nela ele compreende
como a vida em sociedade é organizada nos diferentes tempo e espaços e constrói atitudes de
respeito em relação às diferenças culturais. Identifica e entende as transformações e processos
sociais, espaciais, religiosos, culturais e históricos, constituídos, a partir da relação do ser
humano em sociedade com a natureza, na produção, na manutenção e no cuidado com a vida.
O aluno quando chega à escola, principalmente no Curso Normal, já possui sua
própria história, culturas e um contexto social que está inserida. E tem como papel
fundamental instigar o questionamento para que eles construam conhecimentos aprofundados,
a partir, daquilo que já sabem.
A história, é uma das disciplinas que constitui a área de Ciências Humanas e suas
Tecnologias, que possibilita o ensino de saberes relacionados as mudanças sociais, políticas,
éticas, religiosas e culturais durante a linha do tempo da humanidade, comparada à atualidade,
seus avanços positivos e negativos na sociedade.
Nos últimos anos, existe uma preocupação com o ensino desta disciplina, na busca de
uma aprendizagem interdisciplinar com as demais disciplinas, rompendo com a separação
delas, na tentativa de avançar num ensino contextualizado, trazendo para a sala de aula o
cotidiano da criança, aprofundando temas norteadores, a partir, do conhecimento que elas já
possuem. Por isso, é necessário, primeiramente, conhecer seus alunos, sua história e sua
realidade. Valorizar suas experiências vividas e sua cultura, suas ideias, seus conhecimentos e
sua leitura de mundo como ponto de partida para aprofundar estes saberes e tornar intensa a
vontade de buscar mais conhecimentos. Compreendendo o estudo de história, como sendo,
17

presente nas relações sociais, nas lembranças e memórias, nos patrimônios culturais, na
constituição de uma identidade de pertencimento na sociedade em que está inserida e aos
fatos históricos que constitui sua própria história.
Ensinar história é ensinar a ética da identidade, "exigida pelo desafio de uma educação
voltada para a constituição de identidades responsáveis e solidárias, compromissadas com a
inserção em seu tempo e em seu espaço, pressupõe o aprender a ser, objetivo máximo da ação
que educa e não se limita apenas a transmitir conhecimentos prontos" (PEREIRA, p.8,2016).
A aprendizagem desta área, está além, de datas históricas e seus fatos, está no próprio aluno
pertencente e conectado com o mundo. Está no resgate de memórias e lembranças, trazendo
para o ele experiências marcantes e deslumbrantes, visando uma metodologia renovadora e
prazerosa proporcionando aprendizagem significativa, que desperte nele a curiosidade, o
desejo de saber mais, de participar e se envolver neste processo.
Considerar o aluno um sujeito de história, inserida numa sociedade, que pela sua ação,
fez e faz história. Isso significa que: "Os conhecimentos de história são fundamentais para a
construção da identidade coletiva a partir de um passado que os grupos sociais compartilham
na memória socialmente construída” (PAREIRA, p.12,2016). Será neste processo de resgatar
memórias em que os alunos se constituíram seres pertencentes e protagonistas de uma
história.
Desenvolvendo a interdisciplinaridade, história e geografia articulada com as demais
áreas do conhecimento, pois na realidade dos alunos elas não estão divididas por disciplinas,
mas interligadas. Com isso, o objetivo de proporcionar a tomada de consciência de si e do
outro; de que as sociedades têm histórias diversas, que podem ser abordadas, a partir, de
diferentes pontos de vista dos alunos, além de, ampliar as vivências e significados sociais com
reflexões sobre nexos históricos, favorecendo o exercício da cidadania, estudando os
processos de constituição e transformação de valores, saberes e fazeres em diferentes tempos
e espaços, estimular e provocar o respeito às singularidades étnico-raciais e culturais, à
liberdade de pensamento, de ação, de credo religioso, de opções políticas e o exercício da
crítica documental e da natureza da mídia e de outros núcleos de produção cultural.
Interligar o ensino de história com as demais áreas usando diferentes tecnologias a
favor da aprendizagem dos alunos, seja pela pesquisa crítica na formação de investigadores e
pela interação com outros grupos e suas diferenças culturais, na tentativa de romper
metodologias tradicionalistas que engessam e mecanizam a aprendizagem desta área.
Enquanto a geografia foi o primeiro componente curricular a ser estudado na escola e
está em constante processo de mudança. Estudar o “eu” no mundo é fundamental para
18

compreender como os seres humanos entendem, agem e organizam o seu espaço. Além disso,
é essencial analisar como essas ações podem contribuir na transformação do lugar em que os
alunos estão inseridos e como podem ser prejudiciais e até mesmo afetar a própria existência
humana. Considerando que, o ser humano desde que nasce já está inserida num lugar e com
os estímulos dos familiares, já possui noções espaciais. Faz-se necessário compreender como
está disciplina possibilita a leitura de mundo de forma significativa.
A leitura espacial possibilita a criança pensar sobre o seu espaço vivido. Mas para eles
refletirem sobre isso, é necessário instigá-las e orientá-las a não somente olhar o espaço, mas
observá-lo com atenção, analisá-lo, refletir sobre ele e saber descrevê-lo. Como Callai ressalta
que o papel da geografia é saber “ler o mundo da vida, ler o espaço e compreender que as
paisagens que podemos ver são resultado da vida em sociedade, dos homens na busca da sua
sobrevivência e da satisfação das suas necessidades” (2005, p.228-229).
A alfabetização na geografia possui como foco a leitura do mundo da vida. Fazer as
crianças decorar nomes de lugares, capitais e outros conceitos fragmentados e desconexos da
realidade não possuem sentido para elas. Também, simplificar os estudos partindo do eu, do
bairro, na cidade, região, estado, país se torna um ensino linear que desconsidera a
complexidade de um mundo globalizado na qual a criança tem informações e conhecimento
sobre ele. Além disso, o nosso lugar, nossa identidade, nossas culturas, nosso modo de vida, o
que possuímos está relacionado ao mundo inteiro. Por isso, ensinar esse componente
curricular considerando o “eu” no mundo se torna mais significativo. Como diz Callai, “o
problema não é partir do “eu”, mas sim fragmentar os espaços que se sucedem e que passam a
ser considerados isoladamente, como se tudo se explicasse naquele e por aquele lugar mesmo.
A dinâmica do mundo é dada por outros fatores. E o desafio é compreender o “eu” no mundo,
considerando a sua complexidade atual” (2005, p.4). Por esta razão, é necessária uma boa
formação dos alunos do Curso Normal e desenvolver neles esses conhecimentos que depois
eles irão ensinar as crianças. Cooperar na construção do “eu” do futuro profissional docente,
tanto na sua identidade pessoal como na profissional, que juntos formam uma mesma
identidade.
Ressaltar a necessidade de conhecer cada criança, seu contexto social, sua história, a
leitura de mundo que já construiu desde pequena para aprofundá-la, interligá-la com outros
saberes e relacioná-la com a leitura da palavra
A criança já possui uma leitura de mundo desde que nasce e quando possui relações
com o outro é que ela amplia essas noções. Como diz Callai “Ao caminhar, correr, brincar, ela
está interagindo com um espaço que é social, está ampliando o seu mundo e reconhecendo a
19

complexidade dele” (2005, p.8). O professor tem o papel de motivar e instigar os alunos a
construírem conhecimentos no lugar que vivem, nos caminhos que percorrem, pelas
informações que possuem do mundo e usar a leitura das palavras de forma significativa para
ela compreender melhor o seu mundo. “Quando se lê a palavra, lendo o mundo, está-se lendo
o espaço, é possível produzir o próprio pensamento, fazendo a representação do espaço em
que se vive” (CALLAI, 2005, p.7). E alfabetizando o aluno do Curso Normal a ler o seu
próprio mundo da vida para que, a partir, de sua experiência possa compreender a necessidade
de organizar estratégias de ensino aprendizagem aos seus futuros alunos a ler o mundo da
própria vida.
Cabe ao professor a tarefa de incentivar o diálogo, o olhar espacial, a leitura de
paisagens e a pesquisa a fim de que o aluno compreenda as transformações, as histórias do
lugar, das relações dos indivíduos entre eles e com a natureza, suas identidades e culturas.
Sendo assim, “ao ler o espaço, a criança estará lendo a sua própria história, representada
concretamente pelo que resulta das forças sociais e, particularmente, pela vivência de seus
antepassados e dos grupos com os quais convive atualmente ” (CALLAI, 2005, p.11). Usar a
história de vida dos alunos para elaborar o planejamento, a partir, da necessidade deles para
superar seus desafios, medos, inseguranças, os problemas da sua realidade social, na intenção
de haver transformação social e de caráter desses sujeitos.
Aliás, como usar as tecnologias para que as crianças compreendam que as informações
ao serem selecionadas, analisadas e refletidas pode-se construir conhecimentos. E em como
elaborar um planejamento em que este aluno saiba o que, como, quando, por que é para quem
pretende ensinar. Ter consciência dos conceitos e habilidades pretende desenvolver.
Planejando conforme a curiosidade e a necessidade da criança, oportunizando sua
participação ativa na construção do conhecimento, ao invés, de transmitir conteúdo. Para que
desta forma ela tenha prazer em conhecer e construir significados.
20

2 A ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS CONTRIBUI NA APROPRIAÇÃO DA


IDENTIDADE DOS ALUNOS?
A área de Ciências Humanas é uma área do conhecimento conhecida por estudar as
relações sociais, considerando o tempo e o espaço. Está área do conhecimento tenta
acompanhar estas mudanças e estar à frente em busca de respostas. Reconhece a diversidade,
sejam culturais, étnicas, religiosas, biológicas. Visa resgatar memórias e experiências que
constroem a identidade de cada sujeito em sua singularidade. Buscando compreender o
passado para explicar o presente, estuda os conflitos sociais, a cultura e sua diversidade na
sociedade que se modifica constantemente. Considerando estes fatores essenciais na
constituição da identidade de cada sujeito, num processo que se transforma a partir do
conhecimento e das experiências que se vivenciam e apropriam ao longo da vida.
Está área contribui para o sujeito apropria-se de quem é, assumindo e resgatando o
passado para reconhecer o presente e, compreender que suas ações e protagonismo na sua
própria história modicará no tempo e espaço a sua identidade. A visão de mundo, concepções,
modo de viver, de olhar, de agir, modificará também a forma de ser do sujeito.
Até a própria concepção de identidade pode variar de sujeito para sujeito. Depende de
suas experiências e conhecimentos que estes construíram sobre ela. Alguns escritores
acreditam que um único sujeito é composto por várias identidades, outros defendem que há
uma única identidade, no entanto, ela se altera pelas vivências e ações, nas memórias
acolhidas, o tempo e no ambiente em que se está presente, no seu corpo, na sua visão de ética,
em seus princípios, crenças, e outros atributos.

2.1 COMO A ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS PODE CONTRIBUIR NO CURSO


NORMAL PARA A APROPRIAÇÃO DA IDENTIDADE

O objetivo da área de Ciências Humanas quando se trata do sujeito se apropriar da


identidade é num processo constante. Compreendendo que além de reproduzir a herança
cultural de seus antepassados, também é um produtor de novas culturas e modifica as que já
existem.
A cultura é uma herança história, dinâmica, que está em constante modificação, lenta aos
olhos do observador, mas que pode acarretar em preconceito ou conflito quando é deixada de
compreender. A razão disso, é porque o homem é um agente transformador; tudo o que ele
toca se transforma, altera e modifica, tornando-se cultura.
21

A antropologia ampliou o conceito de cultura para além de costumes, tradições, comidas


típicas e vestimentas. Cultura, além de ser uma herança histórica determinando a forma
comportamental do homem, é dinâmica, está sempre se modificando, assim como o
conhecimento sobre si, o outro e do mundo vai sendo alterado, considerado um sistema, uma
forma de uma sociedade se organizar, que envolve valores, regras, princípios, espiritualidade.
E entre tantos outros aspectos, a cultura é um dos atributos que constitui o ser humano. Ele é
um ser cultural. Reprodutor e produtor de cultura. A área de Ciências Humanas compreende o
ser humano como um ser histórico, que possui uma história individual e coletiva.
Pensando nisso, como a área de Ciências Humanas, pode contribuir na apropriação da
identidade e na formação de futuros (as) professores (as) no Curso Normal?
Pois, neste caso, envolve não apenas identidade pessoal, mas também a profissional.
Seria interessante conhecer sua história, as memórias marcantes, experiências, conhecimentos
que até então construíram, saber o que levou eles a escolher fazer o Curso Normal, quais os
atributos que influenciaram, que visão de mundo este sujeito tem, no que ele acredita e até
mesmo como esses alunos aprendem, considerando sua singularidade e suas diferenças.
A questão é, esses alunos têm voz? Os professores têm ouvido eles? Será que o
professor em sala de aula conhece seus alunos? Que concepções estes têm sobre si, o outro e o
mundo?
Quando se trata de Curso Normal, além de ser uma instituição comum, como qualquer
outra, é também formador de docentes que atuaram futuramente na escola e serão mediadores
da aprendizagem e da formação dos seus alunos.
E a área de Ciências Humanas tem cooperado para a formação docente de que forma
no Curso Normal? Instiga a pesquisa ou dá as respostas prontas? Amplia e permite a
possibilidade dos alunos se apropriarem de conhecimentos, em que eles são protagonistas,
possuem voz, são capazes de questionar, de argumentar criticamente de forma eloquente?
Eles percebem a interdisciplinaridade que existe nas aulas do professor do Curso Normal da
Didática das Humanas ligada a realidade desses alunos, considerando sua individualidade e a
coletividade? Suas diferenças são respeitadas e levadas em consideração no momento do
planejamento das aulas?
O que se procura ensinar aos alunos do Curso Normal? Vencer o conteúdo da grade
escolar num ato de aplicar ou transmitir os conhecimentos que possuem aos alunos? Deixando
de considerar o que o aluno sabe, o que ele pode conhecer sem que esteja na escola, refletindo
no nível de importância que este conteúdo possui e aproximando a teoria à realidade e os
desafios que o professor enfrenta em sala de aula.
22

A formação dos alunos do Curso Normal está enfraquecida, prejudicando desde a


formação docente como também o próprio Curso Normal e a educação. Em formar os alunos
em profissionais da docência, não levando em consideração que eles são sujeitos que possuem
uma identidade própria.
Nóvoa, por exemplo, questiona em um de seus textos, “ como é que uma pessoa
aprende a ser, a sentir, a agir, a conhecer e a intervir como professor? ”5. A área de Ciências
Humanas, muito mais do passar os conteúdos que precisam ser trabalhados nas escolas,
necessita-se de ajudar os alunos do Curso Normal reconhecerem-se como sujeitos
socioculturais, que são constituídos de memórias, de histórias e experiências, são únicos.

2.2 A IMPORTÂNCIA DA APROPRIAÇÃO DA IDENTIDADE NOS ALUNOS DO


CURSO NORMAL

Para compreender como o processo de apropriação da identidade ocorre no ser humano,


temos que considerar os vários atributos que contribuem nessa aquisição, como: o
conhecimento, as experiências, a temporalidade, a corporeidade, a sua individualidade e
coletividade, desejos, história de vida, memórias individuais e coletivas, seus sentimentos e
emoções, seu lugar na sociedade, cultura e sociabilidade, a linguagem, suas crenças,
princípios, sua concepção de ética e moral, o ambiente e sua cidadania, protegido por direitos,
porque o ser humano é sujeito político.
Ainda que os sujeitos vivam numa mesma sociedade, com a mesma cultura étnica, em um
mesmo tempo e espaço, linguagem, crença, mesmo assim, são diferentes uns dos outros, em
sua singularidade. Pois, a identidade está nas escolhas que se define, nas memórias e
experiências, nas características biológicas e personalidades, resultando numa história de vida
única e na função ativa que nela se ocupa.
A identidade de cada sujeito

(...) é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro


de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a
experiência adquirida pelas numerosas gerações que o antecederam. A
manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as
inovações e as invenções. Estas não são, pois, o produto da ação isolada de
um gênio, mas o resultado do esforço de toda uma comunidade
(LARAIA,2001, p.24).

Para o sujeito ainda criança esse processo da apropriação da identidade tem início desde
seu primeiro contanto com a família, o mundo, mas principalmente, quando ela está no

5
NÓVOA, António. Firmar a posição como professor Afirmar a profissão docente. Portugal: p.5.
23

ambiente escolar, interagindo com outros da mesma faixa etária e adultos diferentes, fora do
contexto familiar. Sem o outro não existe identidade, pois, este processo vai sendo
construindo, a partir, da comparação com outros sujeitos. Inclusive, no brincar é que ela vai
ocupar um papel ativo no grupo social em que está inserida. Como o professor Josei dizia,
“unbutu significa, eu sou o que sou pelo que nós somos juntos”6. É no coletivo que a
identidade dos sujeitos vai criando forma, assim como a formação como cidadão, se faz no
processo de ensino aprendizagem do conhecimento de seus direitos e deveres, como
pertencente à uma organização, com leis e normas que devem ser obedecidas para que haja
harmonia na sociedade. A escola é fator essencial na aquisição da identidade de todos os
sujeitos, é na construção do conhecimento e das experiências vivenciadas por estes, que
marcou suas vidas, sua infância, sua história, lembranças que provocaram uma reação, um
sentimento, memórias selecionadas que constituem a identidade do sujeito. Tedesco dizia que
“a identidade altera-se com a continuidade das transformações, bem como as produz” (2014,
p.104). Isso significa, que a construção da identidade é um processo permanente, por toda a
vida do ser humano, mesmo depois de adulto.
Direcionando-nos para o professor ou em formação, como neste caso, os alunos do Curso
Normal, por exemplo, ele é um sujeito que está em constante apropriação da identidade, pois
vários atributos contribuem para esta aquisição dinâmica, alguns deles serão citados adiante.

2.2.1 Atributos que definem a identidade do sujeito professor

A corporeidade, o corpo físico é um atributo que define que, diferente dos animais, o ser
humano é único e exclusivo. Ele tem a necessidade de se sentir pertencente, no sentido, de
existência ao lugar em que está inserido.

Ao possibilitar o reconhecimento de si e do outro, a corporeidade


permite a sociabilidade humana, envolvendo aspectos que extrapolam o
biofísico. Inscreve-se na ordem da sociedade e da cultura, demarcando-se
pelos significantes culturais, como bem ilustram os padrões de estética
corporal de variados grupos e social do homem, domínios respectivos da
natureza e da cultura (RODRIGUES,1975 apud TEIXEIRA,1996, p.182).

6
Citação do professor Josei Fernandez Pereira, dita em uma das aulas no componente curricular “Ciências
Humanas na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental I”, no 1º semestre do ano de 2006, na
Universidade Regional do Estado Noroeste do Rio Grande do Sul – Unijuí.
24

Todo o ser humano é diferente fisicamente uns dos outros. Iguais por constituírem
emoções e sentimento, porém, alguns sujeitos são mais emotivos e sensíveis e outros são mais
racionais. E estas emoções e sentimentos influenciam nas escolhas que são definidas por cada
sujeito, a partir, do conhecimento e das experiências construídas durante a vida. Com a
finalidade de alcançar os seus desejos, seus planos de vida e os seus sonhos, que vão sendo
gerados pela capacidade de criar e imaginar.
Inclusive, a imaginação e a criatividade são atributos característicos do ser humano, são
mais dois elementos que nos diferencia dos animais, além da linguagem e da capacidade de
pensar. E como seres políticos e de razão, o ser humano tem a necessidade de delimitar sua
forma de agir, de pensar e de ser no mundo com regras e disciplinas. E quando se trata de
linguagem não é apenas oral, mas todo tipo de expressão e manifestação não-verbal, musical
ou corporal. Seja a fala, a escrita, os gestos ou até mesmo o próprio ato de silenciar, o ser
humano comunica o tempo todo suas emoções, desejos, seu modo de pensar, ser e agir.
Madalena Freire diz que nós seres humanos “comunicamos, simbolizamos, somos sujeitos
simbólicos; comunicamos através da linguagem as nossas faltas, os nossos desejos, as nossas
agonias e as guardamos na memória. Fazemos memória pela linguagem! ” (2001, p.67).
Todo o ser humano está sujeito as experiências vividas, elas não são programadas, mas
resultados de suas escolhas ao definir sua história de vida. Por isso, todos os sujeitos são
protagonistas de sua própria história de vida individual ou como grupo, sociedade,
humanidade. O ser humano é constituído de história, seja o que ocorreu com os seus
antepassados, como na sua própria vida ou na sociedade em que este está inserido. Por isso,
que a área das Ciências Humanas é a ciência que estuda a história do ser humano em sua
individualidade como coletividade, propício para desenvolver a aquisição da identidade
individual ou coletiva. Não se almeja um futuro, sem conhecimento das memórias do passado.
Lembranças seletivas, imaginadas, recriadas, a partir de sua concepção sobre ela, o que
vejo, sinto, penso sobre estás memórias, sejam elas individuais ou coletivas no grupo social,
cada um tem sua maneira de ver a si mesmo, o outro e o mundo.
Sendo que essas memórias e lembranças foram experiências vivenciadas num espaço e
num determinado tempo, num contexto sócio histórico, numa a realidade social, política,
moral e cultural. Afirma-se que o que condiciona um sujeito é o espaço social e de convívio.
Estes ambientes caracterizam os sujeitos que nele estão presentes. Boa parte desses contextos
não foram uma escolha, mas uma consequência da história de seus antepassados, levando em
conta suas tradições, crenças e valores familiares.
25

As experiências do passado tornam-se lembranças, que geram memórias, que viram


história e tradição daquele sujeito e de seu grupo social.

Nele estão artefatos, equipamentos, costumes e linguagens


que persistem para além de sua origem e fabricação. Fatos, feitos,
conhecimentos e significações deixadas por seus antecessores, como
paisagens que não se despregam, circunscrevendo suas experiências
presentes e perspectivas (TEIXEIRA,1996, p.185).

Na escola, o professor depara-se com várias identidades. O desafio é conhecer os seus


alunos, sua história de vida e de seus antepassados para compreender a realidade deles. O
aluno do Curso Normal, além de ser um sujeito em formação para ser futuro professor, ainda
é um aluno que está se desenvolvendo como sujeito e que necessita compreender como este
processo de apropriação acontece para se constituir como alguém com uma história,
protagonista e que, permanentemente, continuará se transformando. E como, também, para
sua prática docente em sala de aula, seja no estágio obrigatório do próprio Curso Normal ou
na carreira profissional.
Cada escola também possui uma identidade, que pode ser conhecida pelo currículo destas
instituições, construída pelos sujeitos que nela frequentam, os professores, os alunos, as
famílias, os gestores e os demais funcionários.
Alguns professores trabalham em escolas diferentes durante um mesmo dia. Cada turma
possui uma característica, uma realidade e que possuem experiências vividas diferentes das
demais. E o profissional docente, além de ser um sujeito sociocultural, ele está inserido em
vários ambientes que vão moldando e condicionando sua identidade, adaptando-se as
inúmeras realidades que este está incluído.
Existe uma troca constante de afetividade, interações, falas, experiências e momentos
marcantes, até mesmo o próprio ato de ensinar e aprender na sala de aula, na sala dos
professores, nas reuniões pedagógicas, na formação continuada, em que este processo de
ensino aprendizagem também contribui na formação da identidade do professor e aluno em
formação docente.
Somando a isto, cada sujeito está num processo sócio histórico, aonde ao longo do
processo de aprendizagem e de desenvolvimento de novos conhecimentos e na ampliação do
entendimento, seus conceitos sobre si, o outro e o mundo se modificam, interferindo em sua
identidade e na realidade em que está inserido.
26

As memórias que se constituem pelas lembranças e esquecimentos, sejam eles individuais


ou coletivas, coopera na apropriação da identidade do sujeito ou da sociedade. A formação da
identidade é um processo em que o sujeito é participante e, não espectador.

A identidade não é dada de uma vez por todas; não é uma aquisição
permanente, assim como não é a memória um bem frágil e precário. A identidade se
faz pouco a pouco, com base na experiência vivida, rememorada, retida anteriormente.
Nesse sentido, a memória é o componente essencial para a identidade do indivíduo e
sua integração social. Para o autor, a memória é dinâmica por excelência, possui
funções de conservar, recriar, garantir futuro, selecionar, transformar, reclamar,
evocar, ocultar, porém, é também uma faculdade de esquecer (TEDESCO,2014,
p.104).

O resgate dessas memórias, é o que vai definir a história de cada sujeito e da


sociedade, colaborando na aquisição da aceitação de um ser único e atuante onde está
inserido. Assim como também, a história do passado vai influenciar na realidade individual
ou coletiva no presente e no futuro que pode ser protagonizado pelo sujeito ou pela sociedade
no âmbito coletivo. Nas aulas de Ciências Humanas, o professor Josei dizia que: "A forma
como encaramos certas situações e objetos está impregnada por nossas experiências passadas"
(PEREIRA, 2016)7.
Compreende-se que são inúmeros os fatores que contribuem para a formação da
identidade do ser humano e na visão de mundo que este tem ao longo do processo de
desenvolvimento. Por este motivo, é necessário que na formação do futuro professor (a) seja
resgatado a identidade destes sujeitos, sua história, suas memórias e compreender a realidade
sócio histórica, incluindo, as formas de cultura, as diferenças étnicas, como o biológico e até
mesmo o aspecto geográfico contribui na formação da identidade individual e coletiva.
O ser humano faz história, é um ser histórico e são os registros das memórias e
lembranças deles que se tornam patrimônio, simbolizando alguma vivência que causou uma
marca significativa. Registramos por meio de fotografias, relatos, registros em forma de
escrita, filmagens e várias outras formas de preservar a história do sujeito. São estes mesmos
elementos que marcam a história daqueles que escolhem fazer o Curso Normal.

7
Citação do professor Josei Fernandez Pereira, dita em uma das aulas no componente curricular “Ciências
Humanas na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental I”, no 1º semestre do ano de 2006, na
Universidade Regional do Estado Noroeste do Rio Grande do Sul – Unijuí.
27

3 A REALIDADE DA ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS DESENVOLVIDA NO


CURSO NORMAL

O Curso Normal pode ser considerado como um dos pilares que constitui a formação do
professor da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental. Contribui na
formação da identidade pessoal e profissional dos alunos. Definindo o papel do professor
norteado pelos valores e princípios escolhidos individualmente e coletivamente, fundamentais
para a prática nos espaços escolares, “(...) aprendemos a importância da formação cívica,
ética, política, a importância da formação de identidades” (ARROYO, 2000, p.81).
Compreendendo a complexidade do ser humano e de sua singularidade. Pensando e
observando como estes sujeitos se apropriam de sua identidade e como as memórias
marcantes de sua vida influenciam em quem se define ser.
Através de pesquisa de campo, foi realizado a observação e uma entrevista com alunos do
Curso Normal. Com o objetivo de compreender como este processo da apropriação da
identidade está ocorrendo na formação profissional e pessoal dos alunos do Curso Normal. A
mesma foi realizada em escola estadual que possui o Curso Normal em seu currículo escolar e
também o aproveitamento de estudos do Curso Normal para aqueles que concluíram o ensino
médio em escola regular e agora possuem interesse em fazer o Curso Normal. O seu objetivo
é formar professores da educação infantil e 1º ao 5º ano do ensino fundamental e preparar
para cursarem um curso superior em algumas das licenciaturas. Com a leitura do Projeto
Político Pedagógico e do Regulamento Escolar da escola possibilitou analisar que a mesma
considera o aluno como um ser histórico, que promove mudanças e cria novas culturas. Tem
como concepção de escola como um espaço de referência para o processo de construção de
conhecimento, que promove a democracia e um espaço para reflexão. Possui como
metodologia a pesquisa da realidade e pressupõe a educação como uma construção social,
histórica e cultural.
A área de Ciências Humanas foi organizada como Didática das Humanas, abordando as
disciplinas de história e geografia numa prática interdisciplinar entre elas.
A pesquisa foi feita, por meio de formulário do Google, com 21 alunos da turma do 3ª ano
do Curso Normal, com idades entre 16 a 29 anos, como mostra o gráfico a seguir:
28

GRAFICO 1 - ALUNOS DO 3ª ANO DO CURSO NORMAL, IDADES ENTRE 16 A 29


ANOS

Fonte: Elaborado pela pesquisadora/2017.

A idade predominante está entre 16 a 18 anos com 90,5%. Totalizando apenas 1 aluno
com idade entre 19 a 21 anos e outro aluno com idade entre 22 a 29 anos. Isto representa que
existem dois alunos repetentes na turma, sendo a maioria dos casos aqueles tipos de alunos
que conciliam a escola e o trabalho, afetando o rendimento escolar.
Os motivos deles optarem em fazer o Curso Normal varia. As alternativas de ser professor
foram de 33,3%, o que é um percentual positivo chegado há 7 alunos. Assim também com
33,3% aqueles em buscam outras possibilidades profissionais. Em seguida, 28,6% querem ter
a formação complementar no ensino médio e um aluno escolheu a alternativa que teria outro
motivo, como o gráfico mostra:

GRAFICO 2: OS MOTIVOS QUE OS ALUNOS TIVERAM PARA FAZER O CURSO


NORMAL
29

Fonte: Elaborado pela pesquisadora/2017.

No Projeto Político Pedagógico da escola afirma que a metodologia é a pesquisa. Por isso,
foi questionado para os alunos a seguinte pergunta: As aulas de Ciências Humanas instigam a
pesquisa?
E entre os 21 alunos, mais da metade deles marcou a alternativa que a pesquisa é instigada
relativamente com 57,1%, em torno de 12 alunos. E na sequência, 19% marcaram a
alternativa afirmando que instigam muito, os outros 19% afirmaram que é instigado muito
pouco e um aluno marcou a alternativa que é instigado pouco a pesquisa nas aulas de Ciências
Humanas. Como mostra o gráfico a baixo:

GRAFICO 3: A PESQUISA É INSTIGADA NAS AULAS DE DIDÁTICA DAS


HUMANAS, NO CURSO NORMAL

Fonte: Elaborado pela pesquisadora/2017.

A próxima pergunta é se existe a iniciativa do professor de Didática das Humanas em


conhecer seus alunos e sua realidade?
Os 21 alunos responderam, entre estes 42,9% deles afirmam que bastante, 28,6%
marcaram a alternativa relativamente, 19% afirmam que pouco busca os conhecer e 9,5%
marcaram muito pouco é a iniciativa do professor em conhecer os alunos e sua realidade. Veja
a seguir:

GRAFICO 4: O PROFESSOR BUSCA CONHECER OS SEUS ALUNOS E SUA


REALIDADE
30

Fonte: Elaborado pela pesquisadora/2017.

E em relação à apropriação de conhecimento e participação do aluno nas aulas, os 21


alunos responderam da seguinte forma: 33,3% dos alunos responderam que as aulas permitem
a apropriação de conhecimento e de sua participação nas aulas. Outros 33,3% afirmam que
em muitas aulas permite a apropriação de conhecimento e a participação do aluno na aula,
mas 23,8% afirmam que algumas vezes as aulas possibilitam e 9,5% raramente permitem a
apropriação do conhecimento e a participação deles nas aulas, como mostra o gráfico a seguir:

GRAFICO 5: A PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO NORMAL NAS AULAS E


NA APROPRIAÇÃO DO CONHECIMENTO

Fonte: Elaborado pela pesquisadora/2017.

A próxima questão foi: Existe a interdisciplinaridade entre as Didáticas? Observando as


aulas e conhecendo os conteúdos, existe a interdisciplinaridade entre as disciplinas de história
31

e geografia, mas com as demais áreas do conhecimento pouco percebe-se, vejamos a seguir o
gráfico da questão:

GRAFICO 6: A INTERDISCIPLINARIDADE DA DIDÁTICA DAS HUMANAS COM AS


DEMAIS DIDÁTICAS ESPECÍFICAS

Fonte: Elaborado pela pesquisadora/2017.

Entre os 21 alunos que responderam está questão, 71,4% afirmam que a


interdisciplinaridade da Didática das Humanas com as demais áreas é relativa. Mas 19% dos
alunos afirmam que percebem bastante a interdisciplinaridade. Um aluno marcou que pouco
percebe e outro marcou que percebe muito pouco a interdisciplinaridade. Apesar da
interdisciplinaridade estar presente entre as disciplinas de história e geografia, é um desafio
que toda a equipe escolar garanta esta interdisciplinaridade entre as várias áreas do
conhecimento.
Construindo uma escola que visa a prática da pesquisa e considera a realidade de cada
sujeito, sua realidade e singularidade no planejamento. Em que todas as Didáticas específicas
são desenvolvidas de forma interdisciplinar, cujo o objetivo é formar e motivar os alunos a
continuarem a carreira profissional docente. Contudo, está não é uma tarefa simples. É
necessário que toda a equipe escolar repense e dialogue como estão formando estes sujeitos
como futuros professores. Isto demanda de tempo e estudos. Requer que toda a equipe
aprenda a ter mordomia, saiba administrar o tempo, planejamento e efetivação destes planos
para se chegar ao resultado desejado.
32

3.1 CONCEITOS DOS ALUNOS DO CURSO NORMAL SOBRE A ÁREA DE CIÊNCIAS


HUMANAS E SEUS CONHECIMENTOS CONSTRUIDOS

Para conhecer melhor o que os alunos do Curso Normal aprenderam durante a Didática
das Humanas e quais os conhecimentos adquiriram até o momento da pesquisa foi feita uma
pergunta para saber qual era seu conceito sobre Ciências Humanas e quais os conhecimentos
adquiridos durantes as aulas de Didática das Humanas, veja a seguir a tabela em que de 21
alunos 17 responderam:
TABELA 1 - CONCEITO SOBRE CIÊNCIAS HUMANAS OS CONHECIMENTOS
ADQUIRIDOS DURANTE AS AULAS DE DIDÁTICA DAS HUMANAS

Conceito sobre Ciências Humanas e quais os conhecimentos


adquiridos durante as aulas de Didática das Humanas
Nº de Conceito e conhecimentos
alunos
8 Tempo
6 Espaço
5 É a aula que ensina como trabalhar história e geografia
2 Aborda assuntos do cotidiano da criança, primordial para a educação dela
2 Conhecimentos necessários para a formação docente
2 A importância para se trabalhar com alunos até o 5º ano do ensino
fundamental
2 É um componente curricular que orienta como o processo de aprendizagem
ocorre para a construção de conhecimento
1 Conhecimentos sobre maquete
1 Aprendeu sobre métodos e quais recursos utilizar
1 Como pode-se trabalhar de forma interdisciplinar as disciplinas de história e
geografia
1 Aprendeu sobre o conceito de história e geografia
1 Localização, cultura e aspectos humanos
1 Cartografia
Fonte: Elaborada pela pesquisadora em 2017.

Percebe-se que a maioria dos alunos teve dificuldade de conceituar o que seria a área de
Ciências Humanas e de descrever os conhecimentos que eles adquiriram durante as aulas da
Didática das Humanas. Apenas uma resposta apareceu a interdisciplinaridade, mas somente
entre as disciplinas de história e de geografia. E está afirmação foi presenciada durante a
observação da aula também. Em que os conteúdos estão engessados e são difíceis de
relacionar com as demais áreas do conhecimento. Impedindo a interligação com as outras
33

Didáticas específicas. A ideia é repensar os conteúdos da grade curricular e refazer de forma


que possibilita a interdisciplinaridade.
No entanto, a maioria possui a compreensão de que a área de Ciências Humanas trabalha
o tempo e o espaço e em como trabalhar as disciplinas de história e geografia com alunos de
até o 5º ano do ensino fundamental.
Apareceu em uma única resposta a definição de Ciências Humanas, como sendo um
componente curricular que trabalha as disciplinas de história e geografia necessário para sua
formação docente e que orienta o processo de aprendizagem para que ocorra a construção de
conhecimento que estão presentes no cotidiano do ser humano. E uma resposta apareceu o
aspecto da cultura e da localização, mas dando a entender que não fazer parte dos aspectos
humanos.
Penso que a área de Ciência Humana estuda não apenas o tempo e o espaço,
desenvolvendo um plano de aula com o objetivo de trabalhar somente estes conhecimentos,
mas acredito que a Ciências Humanas também estuda o sujeito neste tempo e espaço.

Antes de ser um profissional do magistério8 e lecionar uma


determinada disciplina, o professor é uma pessoa que tem as marcas de sua
história de vida e de sua experiência individual e coletiva. O que muitas
vezes não está claro para ele nem para a instituição a que pertence é o papel
da educação na busca da transformação e da humanização do homem
(PIMENTA; LIMA, 2008, p.146-147).

Pensar em identidade requer conhecer a concepção que os sujeitos têm, em sua


singularidade, sobre o que ela compreende por identidade. Por esta razão, foi feito a seguinte
pergunta para os alunos: Qual é o seu entendimento sobre identidade, memória e cultura?
Abaixo, está a tabela 3.1 com os conceitos de identidade com as respostas de 16 alunos
dos 21 que compõem a turma do 3º ano do Curso Normal:
TABELA 2 - OS CONCEITOS DE IDENTIDADE DOS ALUNOS DO CURSO
NORMAL

3.1 OS CONCEITOS DE IDENTIDADE DOS ALUNOS DO CURSO


NORMAL

Nº de Alunos Conceito de identidade

1 Aquilo que a pessoa é biológica e intelectualmente;

8
Antigo Curso Normal.
34

1 Quem eu sou;
1 É o jeito de cada um, é como o sujeito é constituído;
1 Própria de cada indivíduo;
1 É a característica de algum lugar;
1 Determina a visão dos outros sobre mim;
1 Um dos papéis na formação escolar;
1 É sobre si, sabendo que é protagonista de sua própria história por meio de
suas vivências;
4 O eu;
1 É o que faz do sujeito ou “coisa” o que é, característica própria;
1 É aquilo que é particular e característica de cada pessoa;
1 É o que identifica a pessoa, seu nome, endereço...;

Fonte: Elaborada pela pesquisadora em 2017.

O entendimento dos alunos a respeito de identidade é significativo e completamente


diversificado, mesmo que este assunto não tenha sido abordado nas aulas de Didática das
Humanas. Pode-se perceber que estes alunos possuem entendimento limitado sobre o assunto,
mas considerável. Que necessita de aprofundamento.
Ao utilizar todas as concepções dos alunos sobre identidade teremos o seguinte conceito:
Identidade é quem somos, considerando o jeito de cada um, o que o constitui e o que faz do
sujeito alguém com características próprias. Protagonista de sua própria história por meio de
suas vivências. Considerando a visão do outro sobre si e o eu na sociedade, influenciado pelas
características do lugar em que vive, a sua formação escolar, suas características biológicas e
sua intelectualidade.
A identidade está presente no conteúdo destes alunos, a professora trabalhou alguns
conceitos que contempla a formação do sujeito e de se apropriar de quem são, mas passa
despercebido, está oculto a possibilidade de aprofundar estes conhecimentos de identidade e
memória para estes alunos e para a professora. Priorizando os conteúdos que são limitados, ao
invés de buscar entre os conhecimentos obrigatórios, expandir na tentativa de resgatar a
cultura, a diversidade, o reconhecimento da cidadania e a valorização profissional, formando
sujeitos que zelam pela inclusão social e em formar futuras crianças com autoestima,
autonomia e ativas na sociedade.
Por esta razão, é essencial que os alunos do Curso Normal compreendam o papel
profissional do professor partindo do conhecer a si mesmo. No processo de apropriação da
identidade pessoal. Construir, a partir, do ponto de vista de suas concepções e de suas
experiências pessoais e profissionais a identidade profissional de professor. Formando
35

referências que a educação carece na atualidade. Sujeitos com autoestima, autônomos e com
convicção de seu papel na sociedade. Que conhecem sua história de vida e profissional, suas
raízes e origens. É um equívoco continuar formando professores que não tenham a mínima
noção do que é ser professor, por isso, “quando não entendemos bem o que somos é bom
voltarmos para a história em que foi construindo-se nosso ofício” (ARROYO, 2000, p.79).
Com o objetivo de formar professores que não vão cometer os mesmos erros que outros antes
deles cometeram e irão avançar para uma educação melhor e mais digna.
A seguir, a tabela 3.2 com os conceitos de memória dos alunos do Curso Normal:

TABELA 3: OS CONCEITOS DE MEMÓRIA DOS ALUNOS DO CURSO NORMAL


3.2 OS CONCEITOS DE MEMÓRIA DOS ALUNOS DO CURSO
NORMAL
Nº de Conceito sobre memória
alunos
1 São recordações que temos que guardamos;
1 Construção histórica de algo ou alguém;
3 O que passou;
1 Influência a sociedade como ela é atualmente;
1 É aquilo que lembramos de tempos passados;
1 É um dos papéis na formação escolar;
1 Relacionada a recordações;
1 É os tempos passados que ainda são lembrados;
1 O que eu lembro;
1 São as lembranças de cada um, é a capacidade de guardar assuntos na cabeça;
1 Útil, porém traiçoeira;
1 Lugar onde há conhecimento, que de certo modo nos faz refletir e pensar, na
memória somente o que é marcante permanece;
1 Não soube responder
Fonte: Elaborada pela pesquisadora em 2017.

A partir da tabela, percebe-se que os alunos demonstram que possuem um conhecimento


básico sobre o assunto. Entre os 16 alunos que responderam 3 deles responderam que
memória seria o que passou. Mas, juntando todos os conceitos de memória teremos um
conceito mais amplo. Sendo as recordações passadas que todo o sujeito possui, uma
construção histórica de algum fato, pessoa ou lugar. Que influência a sociedade como ela
caracteriza-se hoje. Também é a memória responsável em preservar os conhecimentos que são
construídos e em zelar pelas lembranças.
No entanto, nenhum deles citou que é por meio do diálogo que as memórias são
preservadas e que contribuem na apropriação da identidade coletiva e individual de cada
36

sujeito. Nem a palavra patrimônio que seria um mesmo conceito sobre este. E que são por
meio das memórias de um povo que a história deles e de cada sujeito individualmente é
constituída.
Aparenta que os alunos tiveram mais facilidade em conceituar a identidade do que a
memória, vejamos como eles conceituaram cultura.
A seguir, a tabela 3.3 com os conceitos de cultura dos alunos do Curso Normal:
TABELA 4: OS CONCEITOS DE CULTURA DOS ALUNOS DO CURSO NORMAL

3.3 OS CONCEITOS DE CULTURA DOS ALUNOS DO CURSO


NORMAL
Nº de Conceito de cultura
alunos
2 É aquilo que é passado de geração em geração na sociedade;
1 O que cada pessoa construiu, o seu jeito de ser, o seu modo de viver;
1 Diversidade;
2 Tradições;
1 São os aspectos, costumes e formas de viver de alguém ou de um povo;
1 Rotina;
1 Influência a identidade das pessoas e da sociedade;
1 História e costume de um povo;
1 São costumes, crenças passadas de geração em geração. Coisas que
identificam um povo;
1 São as crenças, ritos, atitudes que adquirimos de nossos antepassados e
praticamos;
1 É um dos papéis na formação escolar;
1 Voltado para conhecimentos, hábitos e costumes;
1 Não soube responder
Fonte: Elaborada pela pesquisadora em 2017.

Analisando os conceitos dos alunos, é considerável suas respostas sobre seus pontos de
vistas sobre identidade, memória e cultura. Apesar da limitação de conhecimento, suas
experiências com estes conceitos estão presentes na sua realidade, o que facilita para
argumentar sobre estes assuntos. Pode-se analisar que a cultura é um conceito também mais
familiar do que o conceito de memória. E que souberam associar com o aspecto da identidade
pessoal e de um povo com mais clareza do que a memória. Compreendendo que identidade e
memória estão interligadas.
Juntando todos os conceitos de cultura dos alunos, pode-se chegar à conclusão de que
cultura é uma construção social, passado de geração em geração na sociedade, sejam
37

tradições, costumes, modos de viver9, crenças, ritos, a história de seus antepassados,


conhecimentos, hábitos e a identidade de determinado povo do qual lhe pertence. O que
interfere na rotina e no modo de viver e de ser de cada sujeito e grupo social.
Para compreender melhor questionei os alunos como os conceitos de identidade, memória
e cultura foram abordados nas aulas de Didáticas das Humanas? E como percebem estes
conceitos interferindo sobre si, o outro e o mundo?
E dos 21 alunos, apenas 7 responderam está questão. Percebe-se que alguns alunos não
conseguiram interpretar a pergunta. Veja na tabela a seguir:
TABELA 5: OS CONCEITOS DE IDENTIDADE, MEMÓRIA E CULTURA FORAM
ABORDADOS NAS AULAS DE DIDÁTICA DAS HUMANAS

Nº de Os conceitos de identidade, memória e cultura foram abordados nas aulas


alunos de Didáticas das Humanas?
1 Possibilitadas a partir de questionamentos e participação no decorrer da aula;
1 De maneira teórica e explicativa;
1 Pouco abordado, não lembro;
1 Não entendi a pergunta.
Fonte: Elaborada pela pesquisadora em 2017.

Enquanto a seguinte questão houve apenas duas respostas: o aluno acredita que tanto o
"eu" como o "outro" e o "mundo" todos têm uma identidade, memória e uma cultura e o outro
respondeu que condiz totalmente com os conceitos anteriores, não deixando com clareza sua
opinião com em relação a verdadeira intenção da pergunta. Estes temas necessitam de
aprofundamento e que seja trabalhada de maneira mais significativa, partindo da própria vida
deles. Usando a experiência deles para aprender a teoria.

3.2 COMO O PROFESSOR (A) DO CURSO NORMAL TRABALHA A ÁREA DE


CIÊNCIAS HUMANAS

O professor da Didática das Humanas é um pesquisador, investigador e inovador. É


necessário que esteja sempre em constante formação, em busca de melhorar sua prática e
construir sua identidade profissional permanentemente. Inclusive, atualizar-se com as
mudanças, mantendo-se sempre atualizado, conhecendo a realidade em sala de aula com
turmas de anos iniciais do ensino fundamental. Sua prática e identidade profissional está

9
Comportamentos.
38

interligada com suas concepções sobre o aluno, o papel do professor, a formação docente, o
Curso Normal e educação.

Considera a participação do aluno na elaboração do planejamento e num trabalho conjunto


com a gestão da escola. A partir destas afirmações, o professor do Curso Normal da Didática
de Humanas foi entrevistado e a observação de sua prática em sala de aula. Resultados desta
pesquisa estão a seguir:

A idade do professor da Didática das Humanas possui entre 45 a 50 anos e atua nesta área
a mais de 25 anos. Possui formação superior em Pedagogia e em duas pós-graduações. Possui
experiência com crianças da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. Admite
que a elaboração de seu planejamento é composta pela participação da gestão da escolar e dos
alunos.
Por meio de pesquisas realizadas anualmente. Também a partir das avaliações das aulas e
está sempre disposto a ouvir sobre como ensinar melhor seus alunos. Afirmando que as
singularidades dos sujeitos em sala de aula são respeitadas, tanto na prática em sala de aula
como na construção do planejamento. Uma prática docente que tem como metodologia da
pesquisa.
A seguir, uma tabela com os conceitos que este professor possui sobre o papel do
professor, aluno, formação docente, Curso Normal, educação, Didática das Humanas e
interdisciplinaridade:
TABELA 6: CONCEITOS DO PROFESSOR NA ÁREA DA DIDÁTICA DAS
HUMANAS

CONCEITOS DO PROFESSOR DA ÁREA DA DIDÁTICA DAS


HUMANAS
Papel do professor É um ensinante que também aprende;

Aluno É um aprendente que também ensina;

Formação docente É um processo contínuo de pesquisas, leituras, reflexões, práticas e


produções;
Curso Normal É um espaço e tempo para construir as primeiras bases necessárias a
formação do educador;
Educação É o curso da vida, é o movimento que nos faz existir enquanto
aprendizes e nos qualifica enquanto humanos;
Didática das Considera o estudo do espaço e tempo perpassando todos os
Humanas conhecimentos;
Interdisciplinaridade Acredita na possibilidade de se trabalhar todos os outros componentes,
a partir, da Didática das Ciências Humanas.
39

Fonte: Elaborada pela pesquisadora em 2017.

Este professor considera o papel do professor como alguém que ensina o que aprende
e aprende o que ensina, neste processo de troca e de interação com os alunos. Considerando o
aluno alguém que aprende e ensina. Busca dar continuidade na formação docente e acredita
que a educação é uma aprendizagem permanente por toda a vida.
Possui entendimento de que a área da Didática das Humanas pode ser trabalha com as
outras áreas do conhecimento. Explorando o tempo e o espaço nas outras disciplinas.
A seguir, a tabela 3.4 com as concepções do professor de Didática das Humanas do
Curso Normal:
TABELA 7: CONCEPÇÕES DO PROFESSOR DE DIDÁTICA DAS HUMANAS
SOBRE IDENTIDADE, MEMÓRIA E CULTURA

3.4 Concepções do professor de Didática das Humanas

Identidade Eu sou! Como me defino, me vejo, me movimento dentro de um processo de


ação-reflexão-ação, próprio e contínuo.
Memória Eu trago! Minha história, meus ancestrais, meus erros, acertos, decisões.
“Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos...”
Cultura Eu faço! O que eu faço com o que fizeram comigo. Na minha luta pela
sobrevivência construo cultura. O que eu absorvo do todo que já foi e ainda
me é oferecido. Cultura é construir-se, é respeitar a si e ao outro. Cultura é
movimento social humano do qual eu faço parte.
Fonte: Elaborada pela pesquisadora em 2017.

Através das concepções sobre identidade, memória e cultura deste professor descobre-se
que possui conhecimentos significativos sobre o assunto e que de forma criativa expôs o seu
entendimento. Inclusive, no conceito de memória usou um trecho de uma música chamada
Sangue Latino do cantor Ney Matogrosso, “(...) minha vida, meus mortos, meus caminhos
tortos (...)”10. Compreende-se de que memória para este professor são os registros dos ganhos
e das perdas, daquilo que se conquista e do que se perde.
Porém, como a área de Ciências Humanas coopera para a formação docente no Curso
Normal? Segundo o professor da Didática das Humanas, que é refletindo o lugar que cada um
ocupa na sociedade. Construindo o sentimento de pertença e compreendendo que o lugar onde
vive está interligado com o universo. O argumento do professor afirma a importância de

10
MATOGROSSO, Ney. Sangue Latino. Disponível
em:<https://www.youtube.com/watch?v=RnbYHUfJhLQ>. Acesso em: 02 de nov. 2017.
40

trabalhar a identidade do sujeito no Curso Normal, a partir da interdisciplinaridade do foco da


Ciência Humanas que é o tempo e espaço e as suas transformações com as demais áreas do
conhecimento.
Em sua prática busca conhecer seus alunos, sua história e realidade sugerindo a
participação dos alunos nos debates coletivos, propondo produções pessoais e na interação
com os mesmos fora da sala de aula e as atividades complementares, como dias festivos
promovidas pela escola.
41

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A apropriação da identidade sem o outro é impossível. O ser humano se constitui, a


partir, do outro e das interações. As memórias de um único indivíduo compõem a memória
coletiva de um povo e a cultura são frutos de suas vivências e experiências, que vão sendo
modificadas e recriadas de geração em geração. A Base Comum Currículo Nacional e as
Orientações do Ensino Médio: Ciências Humanas e suas tecnologias são documentos do
Ministério da Educação que defendem a importância da apropriação da identidade e o resgate
de memórias como um direito de todo o ser humano.
Com as leituras e as vivências em sala de aula a possibilidade da Didática das
Humanas e as outras áreas específicas desenvolverem de forma interdisciplinar a apropriação
da identidade e o resgate das memórias pode ser alcançada. Seria necessário a equipe escolar
repensar e debater sobre como sair do comodismo e refazer a prática docente em sala de aula,
modificando os conteúdos que serão desenvolvidos, para que seja possível interligar as
Didáticas específicas umas com as outras. Refazendo os conteúdos com temas geradores que
possibilitam a interdisciplinaridade com todas áreas do conhecimento. Incluindo a identidade,
a memória e a cultura como indispensáveis de serem trabalhados em sala de aula com as
crianças de educação infantil e os anos iniciais até o 5º ano. Numa educação que está
preocupada com a formação docente. E por que não começar uma formação de qualidade no
Curso Normal? Infelizmente, a maioria dos alunos não irão cursar um ensino superior e estes
mesmos irão ocupar cargas de professores futuramente. Por isso que a formação docente
começa nos espaços escolares do Curso Normal, em que a identidade pessoal e profissional é
essencial na sua formação como cidadão e como futuro profissional docente.
O objetivo desse trabalho foi ressaltar a importância de formar sujeitos com uma
identidade própria, foi alcançada, a partir, dos documentos e bibliografias estudadas. Na
prática, percebe-se que estes temas estão presentes na grade curricular, no entanto, de forma
oculta, nem o professor e os alunos percebem a possibilidade de desenvolve-los em sala de
aula.
A maioria dos alunos e da professora da turma tiveram facilidade de conceituar esses
temas geradores, por que eles estão presente no cotidiano da vida deles. Este é o motivo para
se trabalhar com as crianças desde o início de sua formação. Temas geradores que estão no
dia a dia dos alunos. E valorizar as experiências e vivências deles. Ampliar conhecimentos e
encontrar possibilidades de superação.
42

A metodologia poderia ser explorada também em como as outras Didáticas específicas


contribuem na apropriação da identidade e no resgate das memórias dos alunos e também
conhecer outras realidades em outras escolas que possuem o Curso Normal.
Portanto, refletir e gerar mudanças na formação docente dos alunos do Curso Normal é
ter uma melhor educação. Assim como tive a possibilidade de aprender sobre esses conceitos
no Curso de Pedagogia11, que me marcaram de forma significativa, porque esperar para
desenvolver estes temas geradores no Curso Superior? Por que não pode ser trabalhado no
Curso Normal em interdisciplinar nas didáticas específicas? Na busca de aprofundar estes
conceitos, criando e recriando estratégias de trabalhar com as crianças de educação infantil há
anos iniciais do ensino fundamental até 5º ano.

11
Licenciatura.
43

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