Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LínguaPortuguesa
Língua Portuguesa
2ª série do Ensino Médio Turma ___________________
2ª série do Ensino Médio Turma _________________________
3º Bimestre de 2017 Data ______ /______ /______
3º Bimestre de 2017 Data _______ / _______ / _______
Escola ________________________________________________
Escola _______________________________________________________________________
Aluno ________________________________________________
Aluno ______________________________________________________________________
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
Um apólogo
Machado de Assis
[...]
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-
se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário.
E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro,
arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para
mofar1 da agulha, perguntou-lhe:
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo
parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e
diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o
balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não
menor experiência, murmurou à pobre agulha: — Anda, aprende, tola. Cansas-
te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na
caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde
me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a
cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
julho de 2017.
Em “Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?”, o conectivo
em destaque introduz uma oração subordinada, que acrescenta ao período a
ideia de
(A) conclusão.
(B) oposição.
(C) tempo.
(D) lugar.
(E) modo.
Questão 02
(A) mostrar à linha que seu lugar deveria ser na caixinha de costura.
(B) ensinar à agulha como se comportar para fazer seu trabalho a contento.
(C) conscientizar a agulha e a linha sobre seus papeis no vestido da baronesa.
(D) servir de exemplo à agulha que abrindo caminho para o sucesso dos outros.
(E) fugir da responsabilidade de ajudar a mucama a coser2 o vestido da baronesa.
(A) trata do relacionamento complicado entre objetos que estão presos dentro
de uma caixa de costura.
(B) objetos falantes reproduzem atitudes e pensamentos humanos para ilustrar
condutas em determinada cultura.
(C) seres humanos são substituídos por coisas e animais que representam
comportamentos exemplares em contextos sociais.
(D) narra fatos comuns no cotidiano das personagens que são objetos disfarçados
de pessoas.
(E) usa personagens humanos para demonstrar costumes e valores sociais
através de uma moral.
Cavador do Infinito
Cruz e Sousa
de 2017.
Questão 05
Nos versos: “E quanto mais pelo Infinito cava/ mais o Infinito se transforma em
lava”, a expressão que introduz o período composto por subordinação acrescenta
ao contexto a ideia de
(A) concessão.
(B) condição.
(C) comparação.
(D) consequência.
(E) proporção.
(A) ironia.
(B) metáfora.
(C) aliteração.
(D) sinestesia.
(E) metonímia.
Cartão de Visita
Criolo
(adaptado)
Questão 08
(A) comparação.
(B) aliteração.
(C) metonímia.
(D) sinestesia.
(E) metáfora.
O Mulato
Aluísio de Azevedo
3
[...]
“Ninguém podia ter melhores intenções do que ele?... Não era um vadio,
nem homem de maus instintos; aspirava ao casamento, à estabilidade; queria,
no remanso de sua casa, entregar-se ao trabalho sério, tirar partido do que
estudara, do que aprendera na Alemanha, na França, na Suíça e nos Estados
Unidos. Faltava-lhe apenas vir ao Maranhão e liquidar os seus negócios. — Pois
bem! cá estava — era aviar4 e pôr-se de novo a caminho!”
Foi com estas ideias que ele chegou à cidade de São Luís. E agora, na
restauradora liberdade do quarto, depois de um banho tépido5 , o corpo ainda
meio quebrado da viagem, o charuto entre os dedos, sentia-se perfeitamente
feliz, satisfeito com a sua sorte e com a sua consciência.
— Ah! bocejou fechando os olhos. É liquidar os negócios e pôr-me ao
fresco!...
E, com um novo bocejo, deixou cair ao chão o charuto, e adormeceu
tranquilamente.
5 té·pi·do - adjetivo
1. Morno, pouco quente, quebrado da friúra.
2. [Figurado] Frouxo; tíbio.
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa Disponível em: <https://www.priberam.pt/dlpo/
t%C3%A9pido>. Acesso: em: 06 de agosto de 2017.
de 2017.
Questão 09
De acordo com o trecho de “O Mulato”, de Aluísio de Azevedo, o pai de Raimundo
Saiu o leão a fazer sua pesquisa estatística, para verificar se ainda era o
Rei das Selvas. Os tempos tinham mudado muito, as condições do progresso
alterado a psicologia e os métodos de combate das feras, as relações de respeito
entre os animais já não eram as mesmas, de modo que seria bom indagar. Não
que restasse ao Leão qualquer dúvida quanto à sua realeza. Mas assegurar-se
é uma das constantes do espírito humano, e, por extensão, do espírito animal.
Ouvir da boca dos outros a consagração do nosso valor, saber o sabido, quando
ele nos é favorável, eis um prazer dos deuses. Assim o Leão encontrou o Macaco
e perguntou: “Hei, você aí, macaco - quem é o rei dos animais?” O Macaco,
surpreendido pelo rugir indagatório, deu um salto de pavor e, quando respondeu,
já estava no mais alto galho da mais alta árvore da floresta: “Claro que é você,
Leão, claro que é você!”.
Satisfeito, o Leão continuou pela floresta e perguntou ao papagaio:
“Currupaco, papagaio. Quem é, segundo seu conceito, o Senhor da Floresta,
não é o Leão?” E como aos papagaios não é dado o dom de improvisar, mas
apenas o de repetir, lá repetiu o papagaio: “Currupaco... não é o Leão? Não é o
Leão? Currupaco, não é o Leão?”.
Cheio de si, prosseguiu o Leão pela floresta em busca de novas afirmações
de sua personalidade. Encontrou a coruja e perguntou: “Coruja, não sou eu o
maioral da mata?” “Sim, és tu”, disse a coruja. Mas disse de sábia, não de crente.
E lá se foi o Leão, mais firme no passo, mais alto de cabeça. Encontrou o tigre.
“Tigre, - disse em voz de estentor - eu sou o rei da floresta. Certo?” O tigre rugiu,
hesitou, tentou não responder, mas sentiu o barulho do olhar do Leão fixo em
si, e disse, rugindo contrafeito: “Sim”. E rugiu ainda mais mal humorado e já
arrependido, quando o leão se afastou.
A fábula “O Rei dos Animais”, de Millôr Fernandes, foi escrita com a finalidade de
Questão 12