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Caro aluno

Você está recebendo o primeiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares. Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estuda-
dos nos livros 1 e 2, oferecendo um resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões dissertativas que preparam o candidato para as provas de segunda
fase dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas permitem avaliar a capacidade de análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento
adquirido. É também uma oportunidade de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de maneira sistematizada e com linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram
esquecidos.
Bons estudos!

SUMÁRIO
LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias
GRAMÁTICA 3
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 19
LITERATURA 27
REDAÇÃO 43
INGLÊS 65

CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias


HISTÓRIA GERAL 83
HISTÓRIA DO BRASIL 107
FILOSOFIA 131
SOCIOLOGIA 145
GEOGRAFIA 1 155
GEOGRAFIA 2 189

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


BIOLOGIA 1 217
BIOLOGIA 2 253
BIOLOGIA 3 261
FÍSICA 1 277
FÍSICA 2 289
FÍSICA 3 309
QUÍMICA 1 325
QUÍMICA 2 339
QUÍMICA 3 359

MATEMÁTICA e suas tecnologias


MATEMÁTICA 1 371
MATEMÁTICA 2 385
MATEMÁTICA 3 395
© Hexag SiStema de enSino, 2018
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ENTRE
LETRAS

1
LINGUAGENS
CÓDIGOS
GRAMÁTICA
e suas tecnologias

U.T.I.
FORMAÇÃO DE PALAVRAS

formação de palavras Formação por composição


Nos processos de formação de palavras por composição,
As palavras da língua portuguesa são formadas basica- ocorre a junção de dois ou mais radicais. Palavras com
mente pelos processos de derivação e composição, mas significados distintos formam uma nova palavra com um
também por onomatopeia, neologismo e hibridismo. novo significado.
Exemplo: guarda (flexão do verbo guardar;
Formação por derivação sentinela) + roupa (vestuário) = guarda-rou-
No processo de formação por derivação, a palavra primiti- pa (mobiliário).
va (primeiro radical) sofre acréscimo de afixos. São seis os
São dois os processos de formação por composição:
tipos de formação por derivação.
§ Composição por justaposição: quando não ocorre
§ Derivação prefixal: acréscimo de prefixo à pala-
a alteração fonética das palavras. A justaposição tam-
vra primitiva.
bém pode ocorrer por hifenização.
Exemplo: in-capaz.
Exemplos: girassol (gira + sol); guarda-chuva
§ Derivação sufixal: acréscimo de sufixo à pala- (guarda + chuva).
vra primitiva.
§ Composição por aglutinação: quando ocorre alte-
Exemplo: papel-aria. ração fonética, em decorrência da perda de elementos
§ Derivação prefixal + sufixal: acrescenta-se um pre- das palavras.
fixo e um sufixo a um mesmo radical de modo sequen- Exemplos: aguardente (água + ardente); embora
cial, ou seja, os afixos não são encaixados ao mesmo (em + boa + hora).
tempo. Percebe-se facilmente, ao remover um dos afi-
xos, a presença de uma palavra com sentido completo.
Exemplo: in-feliz-mente.
Outros processos
§ Derivação parassintética: acréscimo simultâneo de um Neologismo
prefixo e de um sufixo a um mesmo radical ou à palavra Neologismo é o nome dado ao processo de criação de
primitiva. Em geral, as formações parassintéticas originam- novas palavras. São três tipos: Semântico (a palavra já
-se de substantivos ou adjetivos para formarem verbos. existe no dicionário, mas adquire um novo significado); Le-
Exemplo: en-triste-cer. xical (criação de uma palavra nova, sem necessariamente
§ Derivação regressiva: ocorre redução da palavra pri- seguir regras formais); Sintático (construção sintática que
mitiva. Nesse processo, formam-se substantivos abstratos passa a ter um significado específico).
por derivação regressiva de formas verbais. Exemplo:
Originalmente, a palavra bonde significava certo
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Exemplo: ajuda (substantivo abstrato da deriva-


ção regressiva do verbo ajudar). veículo utilizado como meio de transporte. Hoje,
na variedade linguística utilizada por falantes inse-
§ Derivação imprópria: ocorre a alteração da classe ridos no estilo do funk carioca, foi dado um novo
gramatical da palavra primitiva. significado para a palavra bonde: turma, galera.
Exemplos: (o) jantar – de verbo para substantivo;
(um) Judas – de substantivo próprio para comum.

4
ARTIGOS, SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS

Artigo Preposições
Artigos
uma,
o, os a, as um, uns
Artigo é a palavra que se antepõe a um substantivo (é um umas
marcador pré-nominal), com a função inicial de determiná- a ao, aos à, às — —
-lo ou indeterminá-lo. Subdivide-se em dois grupos: defini- duma,
dos e indefinidos. de do, dos da, das dum, duns
dumas

§ Artigos definidos: determinam o substantivo de ma- em no, nos na, nas num, nuns
numa,
numas
neira precisa. São eles: o(s), a(s).
por pelo, pelos pela, pelas — —
Exemplo: Preciso que você me traga a cadeira
branca. (O artigo definido marca a necessidade
de se pegar uma cadeira determinada.) Substantivo
§ Artigos indefinidos: determinam o substantivo de Classe de palavras variável que dá nome aos seres, obje-
maneira vaga/imprecisa. São eles: um(uns), uma(s). tos e coisas em geral. Os substantivos são classificados em
Exemplo: Preciso que você me traga uma cadeira próprios, comuns, concretos, e abstratos. Eles se fle-
branca. (O artigo indefinido marca a necessidade xionam em número, gênero e grau.
de se pegar uma cadeira qualquer, indeterminada.)
Adjetivo
Artigo combinado com preposições Palavra que acompanha e modifica o substantivo, podendo
A contração de artigos com preposições é um movimento caracterizá-lo ou qualificá-lo.
essencial para a demarcação de sentido em construções
textuais. Muitas vezes, fazer ou não fazer a contração do Nomes substantivos e
artigo com a preposição pode alterar significativamente o nomes adjetivos
entendimento que se tem de um texto. Esses eventos tex-
tuais serão discutidos no próximo tópico (o artigo aplicado No contexto de uma frase, é possível identificar palavras de
ao texto). Ficaremos aqui com as possibilidades de contra- outras classes, entre elas os adjetivos, que se transformam
ção do artigo com a preposição. em nomes (substantivos) desde que precedidas de um artigo.

VERBOS: NOÇÕES PRELIMINARES E


MODOS INDICATIVO E SUBJUNTIVO
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Verbo § Gerúndio
Ela bebeu chá fervendo. (advérbio)
Formas nominais do verbo Fervendo, desligue. (advérbio)

O infinitivo, o particípio (regular e irregular) e o gerúndio § Particípio


são chamados formas nominais do verbo porque podem A feira foi inaugurada. (adjetivo)
funcionar como nomes – substantivo, adjetivo, advérbio. O parque foi inaugurado. (adjetivo)
§ Infinitivo
O comer demais faz mal. (substantivo)
O viver é bom. (substantivo)

5
Modos e tempos verbais § Também pode indicar fato ocorrido até o momento
da declaração:
Os modos verbais traduzem a intencionalidade com que
se emprega a forma verbal. São classificados em indi- Tenho comprado muitos carros iguais a este.
cativo (fato), subjuntivo (desejo, hipótese) e imperativo
(ordem, apelo). Pretérito imperfeito
Quando lemos, falamos ou escrevemos, posicionamo-nos § Indica um processo ocorrido anteriormente ao mo-
em um determinado tempo. No momento do enunciado, mento da declaração, mas contemporâneo a outro
os verbos ocorrem (presente), ocorreram (passado) ou fato passado.
ocorrerão (futuro), dependendo do modo verbal. Eu ouvia samba quando se deu o estouro.
Ele comia quando da sua chegada.
Tempos do modo indicativo
§ É empregado para indicar processo em desenvolvimento.
Presente
Eu dançava quando ele entrou.
§ Indica processo no momento da fala.
Faço minhas escolhas. (atualmente, agora) § Indica processo em continuidade, habitual, constan-
te, frequente.
§ Indica processo habitual, constante, fato real, verdade.
Eu residia nesta casa.
Ela cumpre seus acordos. (ação habitual)
§ Indica processo idealizado, não realizado.
§ Indica processo ocorrido até o momento da declaração.
Pretendíamos ir à Bahia, mas o frio repentino
Moro com meus colegas. não permitiu.
§ Em narrativas históricas (presente histórico), em lugar § Como manifestação de cortesia, de polidez, em lugar
do pretérito perfeito. do presente do indicativo ou do imperativo.
Colombo chega à América e, em 1492, conquis- Queria só um abraço.
ta o Novo Mundo.
§ Em lugar do futuro do pretérito do indicativo.
§ Em acontecimento próximo, em lugar do futuro.
Se ele pagasse, já estávamos (em
Não posso almoçar contigo amanhã.
vez de “estaríamos“) na França.
§ Em expressões condicionais (se...), em lugar do subjuntivo.
Pretérito mais-que-perfeito
Se tudo corre bem, podemos viajar.
§ Indica uma ação passada, um fato concluído que acon-
Pretérito perfeito teceu antes de outro fato (ambos no passado).
§ Indica um processo, algo já realizado, concluído, termina- O trem partira quando ele enfim chegou.
do, sem necessidade de referência à outra ação anterior Ela estivera presente a toda reunião.
ou contemporânea.
Ele dançara muito.
João saiu ontem.
Fiz as compras. § Em construções exclamativas.
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Cheguei. Quem lhe dera tê-la nos braços naquela tarde!


§ Em lugar do pretérito imperfeito do subjuntivo.
§ Indica processo ocorrido antes da declaração expressa
pelo verbo. Nadou como se estivera (estivesse) à beira
Em 1939, Hitler invadiu a Polônia. da morte.

§ É frequente o emprego do pretérito perfeito compos- § É bastante frequente o emprego do mais-que-perfeito


to – presente do indicativo do verbo auxiliar “ter“ ou composto – imperfeito do verbo auxiliar “ter“ ou “ha-
“haver“ e particípio do verbo principal. ver“ e particípio do verbo principal.

Pode indicar ato habitual: Eu tinha falado bastante.


Eu tenho lido bastante. Já havia ocorrido o pior.
Os alunos têm estudado muito.

6
Futuro do pretérito § Como forma polida, em vez do presente.

§ Exprime ação futura em relação ao passado, ação que te- Mas como foi que aconteceram? E eu lhe direi:
ria ocorrido em relação a um fato já ocorrido no passado. sei lá, aconteceram: eis tudo. (Drummond)
Eu iria se você chegasse a tempo. § É frequente o emprego do futuro do presente compos-
to – futuro do presente do verbo auxiliar “ter“ ou “ha-
§ Designa ações posteriores à época em que se fala.
ver“ e particípio do verbo principal.
Ainda ficaria. Esperaria a noite.
Quando você chegar, eu já terei ido.
(Marques Rabelo)
§ Indica ação futura a ser consumada antes de outra.
§ Designa incerteza, probabilidade, dúvida, suposição so-
bre fatos passados. Quando o guarda chegar, já teremos fugido.
Seriam mais ou menos dez horas quando che- § Indica possibilidade de um fato passado.
garam. (Monteiro Lobato) Terá passado o furacão dentro de oito dias?
§ Forma polida do presente para denotar um desejo. § Indica certeza de uma ação futura.
Eu precisaria namorar aquela moça. Se não voltarmos em algumas horas, teremos
§ O futuro do pretérito composto expresso – verbo auxi- perdido a oportunidade.
liar “ter“ ou “haver“ no futuro do pretérito e particípio
do verbo principal. Tempos do modo subjuntivo
Eu teria dito (diria) umas verdades a você.
Presente
§ Indica fato que teria acontecido no passado mediante
§ Expressa hipótese, desejo, suposição, dúvida.
certa condição.
Tomara que você tenha boas festas!
Teria sido diferente, se eu a amasse.
(Ciro dos Anjos) Bons ventos o levem!

§ Indica possibilidade de um fato passado. Pretérito imperfeito


Teria sido melhor não escrever nada.
§ É empregado nas orações subordinadas da oração
(Ruben Braga)
principal em que o verbo esteja no pretérito imper-
§ Indica incerteza sobre fatos passados em certas frases feito, no pretérito perfeito ou no futuro do pretérito
interrogativas. do indicativo.
Ele só teria falado ou também...? Ela desejava que todos morressem.
Esperei que eles fizessem os trabalhos direito.
Futuro (do presente)
Apreciaria que você me beijasse.
§ Indica a ação ainda não ocorrida, mas já declarada
pelo verbo. Futuro simples
Ora (direis) ouvir estrelas! / (...) E eu vos direi: § Designa fato provável, eventualidade futura.
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amai para entendê-las! (Olavo Bilac)


Quando ela vier, encontrará uma bagunça.
§ Empregado para indicar um fato aproximado ou para
enfatizar uma expressão.
Na África, quantos não estarão mortos de fome!
§ Indica incerteza, probabilidade, dúvida, suposição.
Há uma várzea em meu sonho, mas não sei onde
será. (Augusto Meyer)
§ Indica fatos de realização provável.
Vem, dizia ele na última carta; se não vieres depres-
sa, acharás tua mãe morta. (Machado de Assis)

7
VERBOS: MODO IMPERATIVO E VOZES VERBAIS

Modo imperativo Voz passiva analítica


O modo imperativo manifesta ordem, conselho, súplica ou § A voz passiva dos verbos é formada pelo verbo auxiliar
exortação do emissor e pode ser imperativo afirmativo ou ser, conjugado no tempo e na pessoa desejados, segui-
imperativo negativo. do do particípio do verbo principal: A árvore foi cortada
pelo lenhador./ Muitas mansões foram alugadas em Bra-
§ Se beber, não dirija!
sília./ Muita gente ainda vai ser julgada inocente.
§ Dorme, que já está na hora!
§ A voz passiva analítica sempre é formada por tempos
TABELA PARA CONJUGAÇÃO DO MODO IMPERATIVO compostos – ser + verbo principal transitivo direto –,
presente imperativo
imperativo negativo
presente bem como pelos verbos auxiliares ter e haver.
do indicativo afirmativo do subjuntivo
(ainda que) Têm sido (foram) alugadas muitas mansões
eu compro x x
eu compre em Brasília.
(ainda que)
tu compras compra tu* compres tu
tu compres Voz passiva sintética
(ainda que)
ele compra compre você compre você § Formada com o verbo principal transitivo direto na voz
ele compre
(ainda que) ativa, na terceira pessoa do singular ou do plural, acom-
nós compramos compremos nós compremos nós
compremos nós panhado da partícula apassivadora “se“.
(ainda que)
vós comprais comprai vós compreis vós Aluga-se casa.
vós compreis
(ainda que) Alugam-se casas.
eles compram comprem vocês comprem vocês
eles comprem
Compra-se apartamento.
*As duas passagens do Presente do Indicativo para o Imperativo Afirmativo
implicam na perda do “S” final que compõe a construção verbal.
Compram-se apartamentos.

Vozes verbais Voz reflexiva


O fato expresso pelo verbo pode ser representado em três vozes. § Necessariamente formada pelos verbos pronominais
– acompanhados de “me“, “te“, “se“, “nos“, “vos“,
§ João cortou árvores. “se“ –, cuja ação designada parte do sujeito e volta-se
O fato (cortou) é praticado pelo sujeito (João). Por- para ele mesmo.
tanto, o verbo está na voz ativa.
Eu me feri. (O ato e o efeito do ferimento par-
§ Árvores foram cortadas por João. tem e voltam para o “eu”, que é o sujeito.)
O sujeito (árvores) é alvo, ou seja, sofre a ação de Tu te feriste.
João. Portanto, o verbo está na voz passiva.
Ele se machucou.
§ João cortou-se com o machado.
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Nós nos prejudicamos.


O sujeito (João) é alvo (cortou-se) do machado.
Portanto, o verbo está na voz reflexiva. Eles se feriram com faca.

ADVÉRBIOS

Advérbios § Associam-se a verbos para indicar com maior precisão


as circunstâncias da ação verbal.
Os advérbios formam uma classe de palavras invariá- Exemplo: Paula viajou ontem. (O advérbio
veis que se associam a verbos, a adjetivos ou a outros “ontem” indica com maior precisão quando
advérbios, cada qual com intenções bastante específicas. Paula viajou.)

8
§ Associam-se a adjetivos para intensificar o adjetivo já § Interrogativos: onde; aonde; donde; quando; como;
apresentado. por que; empregados em interrogações diretas ou indi-
Exemplo: Roberto ficou bastante preocupado. retas – entende-se por interrogações diretas aquelas em
(O advérbio “bastante” intensifica o adjetivo pre- que as palavras em destaque iniciam uma frase interro-
ocupado.) gativa. As interrogações indiretas, por sua vez, são aque-
las em que os termos destacados não iniciam a frase.
§ Associam-se a advérbios para intensificar outro advér-
bio já apresentado. Interrogação direta Interrogação indireta
Exemplo: O jogador do Corinthians está se Como isso aconteceu? Queria saber como isso aconteceu.

recuperando muito bem. (O advérbio “muito” Onde ela mora? Precisava saber onde ela mora.

intensifica o outro advérbio “bem”.) Por que ela não veio? Quero entender por que ela não veio.
Aonde você vai? Quero saber aonde você vai.

Classificação dos advérbios Donde vem esse rapaz?


Quando que chega a carta?
Necessito entender donde vem esse rapaz.
Quero saber quando chega a carta.
Os advérbios e as locuções adverbiais estabelecem diferen-
tes relações semânticas, que são as seguintes:
Locuções adverbiais
§ De lugar: aqui; antes; dentro; ali; adiante; fora; acolá;
Locuções adverbiais são expressões formadas a partir de
atrás; além; lá; detrás; aquém; cá; acima; onde; perto;
duas ou mais palavras que exercem função adverbial. Em
aí; abaixo; aonde; longe; debaixo; algures; defronte; ne-
geral, são constituídas por uma preposição seguida de ou-
nhures; adentro; afora; alhures; aquém; embaixo; exter-
tra palavra, como substantivo, advérbio ou verbo, que seja
namente; a distância; a distância de; de longe; de perto;
em cima; à direita; à esquerda; ao lado; em volta, etc. capaz de indicar a circunstância.

§ De tempo: hoje; logo; primeiro; ontem; tarde; outro- § De lugar: à esquerda; à direita; de longe; de perto;
ra; amanhã; cedo; depois; ainda; antigamente; antes; para dentro; por aqui, etc.
doravante; nunca; então; ora; jamais; agora; sempre; já; § De afirmação: por certo; sem dúvida, etc.
enfim; afinal; amiúde; breve; constantemente; imediata-
§ De modo: às pressas; passo a passo; de cor; em vão;
mente; primeiramente; provisoriamente; sucessivamente;
em geral; frente a frente, etc.
às vezes; à tarde; à noite; de manhã; de repente; de vez
em quando; de quando em quando; a qualquer momen- § De tempo: à noite; de dia; de vez em quando; à tarde;
to; de tempos em tempos; em breve; hoje em dia, etc. hoje em dia; nunca mais, etc.
§ De modo: bem; mal; assim; melhor; pior; depressa; de- Amanhã precisarei acordar cedinho.
balde; devagar; às pressas; às claras; às cegas; à toa; à Ela mora pertinho daqui.
vontade; às escondidas; aos poucos; desse jeito; desse
modo; dessa maneira; em geral; frente a frente; lado a O advérbio aplicado ao texto
lado; a pé; de cor; em vão; e a maior parte dos que termi-
nam em ”–mente”: calmamente; tristemente; proposi- Em relação aos advérbios aplicados ao texto, existe uma
tadamente; pacientemente; amorosamente; docemente; gradação semântica entre os advérbios frásicos e advérbios
escandalosamente; bondosamente; generosamente, etc. extrafrásicos, além da distribuição de advérbios modais
(terminados em –mente).
§ De afirmação: sim; certamente; realmente; decerto;
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efetivamente; certo; decididamente; deveras; indubita- § Advérbios frásicos: são aqueles que se relacionam com
velmente, etc. um elemento específico da frase. Não apresentam mar-
cas de deslocamento (vírgulas).
§ De negação: não; nem; nunca; jamais; de modo algum;
de forma alguma; tampouco; de jeito nenhum, etc. Exemplo: O veículo corre muito.

§ De dúvida: acaso; porventura; possivelmente; provavel- § Advérbios extrafrásicos: são aqueles exteriores à frase,
mente; talvez; casualmente; por certo; quem sabe, etc. que estão no âmbito da enunciação e, geralmente, des-
locados por vírgula.
§ De intensidade: muito; demais; pouco; tão; em exces-
so; bastante; mais; menos; demasiado; quanto; quão; Exemplo: Ele, infelizmente, não jogou bem hoje.
tanto; que (quão); tudo; nada; todo; quase; de todo; de Observação: os advérbios extrafrásicos atuam
muito; por completo; extremamente; intensamente; gran- como elementos de avaliação do enunciador
demente; bem (aplicado a propriedades graduáveis), etc. acerca do conteúdo enunciado.

9
§ Distribuição textual de advérbios modais (mais de um Errado: Ele saiu calmamente, sorrateiramen-
advérbio terminado em “–mente”) te e rapidamente.
Quando ocorre uma frase que congrega mais de um Certo: Ele saiu calma, sorrateira e rapidamente.
advérbio terminado em “–mente”, deve-se fazer a con-
tração dos advérbios centrais (retirar o termo “– men-
te”) e preservar apenas o último advérbio flexionado.

PRONOMES PESSOAIS

Pronome fim, para apontar a pessoa de quem se fala (3ª pessoa), são
utilizados ele(s) e ela(s).
Pronome é a palavra variável que identifica os participantes De acordo com o posicionamento nos processos sintáticos,
da interlocução (pessoas do discurso), os seres e objetos os pronomes pessoais podem funcionar como:
no mundo, além de eventos ou situações aos quais o dis-
curso faça referência. § Caso reto: são pronomes pessoais que, em uma cons-
trução sintática, ocupam a posição de sujeito ou de
Em geral, os pronomes, operam em conjunto com os subs- predicativo do sujeito.
tantivos (nomes), podendo substituí-los, referenciá-los ou,
ainda, acompanhá-los em um processo qualificativo. Exemplos: Eu fiquei bastante chateado. (sujeito)
O encarregado do projeto sou eu. (predicativo
Pronomes pessoais do sujeito)

Os pronomes pessoais são aqueles que substituem os § Caso oblíquo: são pronomes pessoais que, em uma
substantivos. Eles se caracterizam por evidenciar as três construção sintática, ocupam a posição de comple-
pessoas do discurso. Para designar a pessoa que fala (1ª mento verbal (objeto direto ou indireto) ou
pessoa), são usados os pronomes eu (singular) e nós (plu- complemento nominal.
ral). Para marcar a pessoa com quem se fala (2ª pessoa), Exemplo: Compraram-nos alguns presentes. (O
são utilizados os pronomes tu (singular) e vós (plural). Por pronome é complemento do verbo comprar.)

PRONOMES DEMONSTRATIVOS E POSSESSIVOS

Pronomes possessivos § Os pronomes demonstrativos dividem-se em dois gru-


pos: os variáveis e os invariáveis.
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

São pronomes que acrescentam à pessoa gramatical a § Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
ideia de posse sobre algo. aquela(s).
Exemplo: Este dinheiro é meu. § Invariáveis: isto, isso, aquilo.

Pronomes demonstrativos Relações espaciais


Os demonstrativos são utilizados para situar, no espaço e § Os pronomes este, esta e isto indicam que o item/
no tempo, a pessoa ou a coisa designada. O aspecto funda-
objeto está perto de quem fala.
mental dos pronomes demonstrativos é sua capacidade de
indicar um objeto sem nomeá-lo. Também evidenciam o po- Exemplo: Usarei este lápis (aqui) mesmo.
sicionamento de uma palavra em relação a outras palavras § Os pronomes esse, essa e isso indicam que o item/
ou em relação a um contexto. Esses processos ocorrem em objeto está perto da pessoa a quem se fala.
relações espaciais, temporais e sintáticas. Exemplo: Usarei esse lápis (aí) mesmo.

10
§ Os pronomes aquele, aquela e aquilo indicam que
o item/objeto está afastado tanto de quem fala
Relações Sintáticas
como da pessoa a quem se fala. § O pronome este e suas variantes são utilizados para
anunciar/adiantar o que será dito na sequência frasal
Exemplo: Usarei aquele lápis (ali) mesmo. ou para remeter a um termo imediatamente anterior
(recém-mencionado).
Relações temporais Exemplo (anunciando informação): O maior
§ O pronome este e suas variantes são utilizados para problema está neste relatório: ele não dá conta
indicar tempo presente em relação ao momento em de explicar todos os problemas.
que se fala. Exemplo (retomando termo recente): Não
Exemplo: Esta noite eu vou ao shopping / Neste sei se eu adquiro uma moto ou um carro. Acho que
mês chove bastante. este (último = carro) é um pouco mais seguro.
§ O pronome esse e suas variantes são utilizados para § O pronome esse e suas variantes são utilizados
indicar tempo futuro ou passado recente em relação ao para retomar um termo, uma ideia ou uma oração
momento em que se fala. já mencionados.
Exemplo (futuro): Nessa reunião definiremos Exemplo: Duas vezes por ano, o Sol atinge sua
os parâmetros de venda. maior declinação em latitude. Esse fenômeno é
conhecido como solstício.
Exemplo (passado): Esse aumento da crise
ocorreu em todos os países da América do Sul. § O pronome aquele e suas variantes são utilizados para
retomar um termo mais distante entre dois apresenta-
§ O pronome aquele e suas variantes são utilizados dos em uma sentença (em geral, ele é trabalhado em
para indicar tempo passado distante em relação ao conjunto com o pronome este, que retomará o item
momento em que se fala. mais próximo).
Exemplo: Naquela época ainda havia telefones Exemplo: Na empresa há dois funcionários que
de rua, chamados de orelhões. / Aquelas praças se destacam: Pedro e Rogério. Este pela sua or-
costumavam ser seguras. ganização, e aquele pela sua eficiência.

PRONOMES RELATIVOS, INTERROGATIVOS E INDEFINIDOS

Pronomes indefinidos No exemplo apresentado, o pronome “que” recupera o subs-


tantivo calendário (o antecedente).
Os pronomes indefinidos fazem referência à 3a pessoa do dis- Observação 1: Os pronomes que, o qual, os quais, a qual
curso, dando-lhe caráter indeterminado, vago ou impreciso. e as quais são equivalentes; no entanto, o pronome que é
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

Exemplo: Alguém quebrou os copos da cristaleira. invariável, cabendo em qualquer circunstância, enquanto os
demais necessitam de um substantivo já determinado.
Nota-se que o termo alguém refere-se a uma terceira pes-
soa (de quem se fala), mas não é possível atribuir identi- Exemplo: Esta é a garota com a qual conversei.
dade a essa pessoa, pois a informação é vaga e imprecisa. Observação 2: Para evitar ambiguidades e outros pro-
blemas de sentido, o pronome relativo onde deve ser uti-
Pronomes relativos lizado para recuperar lugares físicos/localidades (regiões,
cidades, ambientes, etc.).
Pronomes relativos são aqueles que se referem a nomes
Exemplo: Este é o armazém onde estocamos
anteriormente mencionados (antecedentes), estabelecen-
os produtos.
do com eles relação.
Observação 3: O pronome relativo cujo não realiza a recu-
Exemplo: A escola tem um calendário que pos-
peração de um antecedente, mas aponta para uma relação
sui muitos feriados.
de posse com o consequente.

11
Exemplo: A mulher cuja casa foi invadida já
está em segurança. U.T.I. - Sala
Observação 4: O pronome quem faz referência a pesso- 1. (FUVEST 2018) Leia o texto.
as e ocorre sempre precedido de preposição. Um tema frequente em culturas variadas é o do desafio
à ordem divina, a apropriação do fogo pelos mortais.
Exemplo: Aquele é o sujeito a quem devo mui- Nos mitos gregos, Prometeu é quem rouba o fogo dos
to dinheiro. deuses. Diz Vernant que Prometeu representa no Olim-
po uma vozinha de contestação, espécie de movimento

Pronomes interrogativos
estudantil de maio de 1968. Zeus decide esconder dos
homens o fogo, antes disponível para todos, mortais e
imortais, na copa de certas árvores – os freixos – por-
Os pronomes interrogativos são utilizados nas formulações que Prometeu tentara tapeá-lo numa repartição da car-
de perguntas diretas ou indiretas. Fazem referência direta ne de um touro entre deuses e homens.
aos pronomes de 3ª pessoa. Os principais pronomes in- Na mitologia dos Yanomami, o dono do fogo era o jaca-
terrogativos são que, quem, qual e quanto (e suas va- ré, que cuidadosamente o escondia dos outros, comen-
riações). Entende-se como pergunta direta aquela em que do taturanas assadas com sua mulher sapo, sem que
o pronome interrogativo aparece no início do questiona- ninguém soubesse. Ao resto do povo – animais que na-
mento (há sinal de interrogação no fim da pergunta). A quela época eram gente – eles só davam as taturanas
pergunta indireta, por sua vez, é aquela em que o pronome cruas. O jacaré costumava esconder o fogo na boca. Os
outros decidem fazer uma festa para fazê-lo rir e soltar
interrogativo aparece em outra posição na frase, e não no
as chamas. Todos fazem coisas engraçadas, mas o jacaré
início (não há sinal de interrogação). fica firme, no máximo dá um sorrisinho.
Betty Mindlin. O fogo e as chamas dos mitos.
Pergunta direta Pergunta indireta
Revista Estudos Avançados. Adaptado.
Quanto custou a Gostaria de saber quanto
reforma da casa? custou a reforma da casa. a) O emprego do diminutivo nas palavras “vozinha”
e “sorrisinho”, consideradas no contexto, produz o
mesmo efeito de sentido nos dois casos? Justifique.
b) Reescreva o trecho “Os outros decidem fazer uma
festa para fazê-lo rir (...). Todos fazem coisas engra-
çadas”, substituindo o verbo “fazer” por sinônimos
adequados ao contexto em duas de suas três ocor-
rências.

2. (UNICAMP 2018) Enquanto viveu em Portugal, o es-


critor Mário Prata reuniu centenas de vocábulos e ex-
pressões usados no português falado na Europa que
são diferentes dos termos correspondentes usados no
português do Brasil. Reproduzimos abaixo um dos ver-
betes de seu dicionário.
Descapotável
É outra palavra que em português faz muito mais senti-
do do que em brasileiro. Não é mais claro dizer que um
carro é descapotável, do que conversível?
Mário Prata. Dicionário de português: schifaizfavoire.
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

São Paulo: Globo, 1993, p. 48.

a) Identifique os dois afixos que formam a palavra “des-


capotável” a partir do substantivo “capota” (cobertura
de um automóvel) e explique a função de cada um.
b) Explique por que o autor considera, com certo humor,
que a palavra “descapotável“ do português europeu faz
mais sentido de que o termo “conversível”, usado no
português brasileiro.

3. (UERJ 2018) MORTE E VIDA SEVERINA (AUTO DE NA-


TAL PERNAMBUCANO)
O retirante explica ao leitor quem é e a que vai
— O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.

12
Como há muitos Severinos, a) Com base nisso, indique a classe gramatical das
que é santo de romaria, palavras sublinhadas, na ordem em que aparecem.
deram então de me chamar b) Em seguida, explique o sentido que o termo severi-
Severino de Maria; na assume na expressão “morte severina”, tendo em
como há muitos Severinos vista a representação que se faz do retirante.
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria 4. (UERJ 2018) Ao oferecer-se para ajudar o cego, o ho-
do finado Zacarias. mem que depois roubou o carro não tinha em mira,
Mas isso ainda diz pouco: nesse momento preciso, qualquer intenção malévola,
há muitos na freguesia, muito pelo contrário, o que ele fez não foi mais que
por causa de um coronel obedecer àqueles sentimentos de generosidade e al-
que se chamou Zacarias truísmo que são, como toda a gente sabe, duas das
e que foi o mais antigo melhores características do gênero humano, podendo
senhor desta sesmaria. ser encontradas até em criminosos bem mais empe-
Como então dizer quem fala dernidos do que este, simples 1ladrãozeco de auto-
ora a Vossas Senhorias? móveis sem esperança de avanço na carreira, explo-
Vejamos: é o Severino rado pelos verdadeiros donos do negócio, que esses
da Maria do Zacarias, é que se vão aproveitando das necessidades de quem
lá da serra da Costela, é pobre. (...) Foi só quando já estava perto da casa do
limites da Paraíba. cego que a ideia se lhe apresentou com toda a natu-
Mas isso ainda diz pouco: ralidade (...). Os cépticos acerca da natureza humana,
se ao menos mais cinco havia que são muitos e teimosos, vêm sustentando que se
com nome de Severino é certo que a ocasião nem sempre faz o ladrão, tam-
filhos de tantas Marias bém é certo que o ajuda muito. 2Quanto a nós, permi-
mulheres de outros tantos, tir-nos-emos pensar que se o cego tivesse aceitado
já finados, Zacarias, o segundo oferecimento do afinal falso samaritano,
vivendo na mesma serra naquele derradeiro instante em que a bondade ainda
magra e ossuda em que eu vivia. poderia ter prevalecido, referimo-nos o oferecimento
Somos muitos Severinos de lhe ficar a fazer companhia enquanto a mulher não
iguais em tudo na vida: chegasse, quem sabe se o efeito da responsabilidade
na mesma cabeça grande moral resultante da confiança assim outorgada não
que a custo é que se equilibra, teria inibido a tentação criminosa e feito vir ao de
no mesmo ventre crescido cima o que de luminoso e nobre sempre será possível
sobre as mesmas pernas finas, encontrar mesmo nas almas mais perdidas.
e iguais também porque o sangue SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira.
que usamos tem pouca tinta. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
E se somos Severinos
O narrador de Ensaio sobre a cegueira emite uma opi-
iguais em tudo na vida,
nião sobre o homem que roubou o carro ao chamá-lo de
morremos de morte igual,
ladrãozeco (ref. 1).
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre a) Considerando os diferentes tipos de narrador, classi-
de velhice antes dos trinta, fique o do romance de José Saramago.
de emboscada antes dos vinte, b) Em seguida, indique o processo de formação da pala-
de fome um pouco por dia vra ladrãozeco e aponte o morfema responsável pela
(de fraqueza e de doença avaliação depreciativa que se faz do ladrão.
é que a morte severina
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

ataca em qualquer idade, 5. (UNESP 2018) Leia o poema de Murilo Mendes


e até gente não nascida). (1901-1975).

NETO, João Cabral de Melo. Morte e vida severina e outros O PASTOR PIANISTA
poemas em voz alta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.
Soltaram os pianos na planície deserta
Onde as sombras dos pássaros vêm beber.
O meu nome é Severino,
Eu sou o pastor pianista,
não tenho outro de pia. (l. 2-3)
E se somos SEVERINOS Vejo ao longe com alegria meus pianos
iguais em tudo na vida, Recortarem os vultos monumentais
morremos de morte igual, Contra a lua.
mesma morte SEVERINA: (l. 40-43) Acompanhado pelas rosas migradoras
No poema, o autor lança mão da mudança de classe de 1
Apascento os pianos: gritam
palavras como recurso expressivo da criação poética. E transmitem o antigo clamor do homem

13
Que reclamando a contemplação, vão esquecer você? ou vão lembrar-se?
Sonha e provoca a harmonia, (Lembrar é que é preciso,
Trabalha mesmo à força, compensa toda fuga.)
E pelo vento nas folhagens, Ou vão amaldiçoá-lo, pais da Bíblia?
Pelos planetas, pelo andar das mulheres, Você não vai saber. Você não volta nunca.
Pelo amor e seus contrastes, (Essa palavra nunca, deliciosa.)
Comunica-se com os deuses. Se irão sofrer, tanto melhor.
(As metamorfoses, 2015) Você não volta nunca nunca nunca.
E será esta noite, meia-noite.
apascentar: vigiar no pasto; pastorear.
1
em ponto.
a) Explique por que se pode afirmar que o verso inicial Você dormindo à meia-noite.
desse poema opera uma perturbação ou quebra do (Menino antigo, 1973)
discurso lógico.
soalho: o mesmo que “assoalho”.
1
b) Sem prejuízo para o sentido dos versos, que ex-
algibeira: bolso de roupa.
2
pressões poderiam substituir os termos “onde”
(2º verso da 1ª estrofe) e “pelo” (4º verso da 3ª estro- a) Identifique uma forma verbal e um substantivo que,
fe), respectivamente? bastante retomados ao longo do poema, ilustram seu
tema.

U.T.I. - E.O. b) Em seguida, valendo-se dessa informação, explique


a oposição entre o último verso e o restante do poema.

1. (UNESP) A questão a seguir toma por base um poema 2. (UERJ) Inocência


de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).
Depois das explicações dadas ao seu hóspede, sentiu-se
Fuga o mineiro mais despreocupado.
— Então, disse ele, se quiser, vamos já ver a nossa do-
De repente você resolve: fugir.
entinha.
Não sabe para onde nem como
— Com muito gosto, concordou Cirino.
nem por quê (no fundo você sabe E, saindo da sala, acompanhou Pereira, que o fez passar
a razão de fugir; nasce com a gente). por duas cercas e rodear a casa toda, antes de tomar a
É preciso FUGIR. porta do fundo, fronteira a magnífico laranjal, naquela
Sem dinheiro sem roupa sem destino. ocasião todo pontuado das brancas e olorosas flores.
1
— Neste lugar, disse o mineiro apontando para o po-
Esta noite mesmo. Quando os outros
mar, todos os dias se juntam tamanhos bandos de graú-
estiverem dormindo.
nas, que é um barulho dos meus pecados. Nocência gos-
Ir a pé, de pés nus.
ta muito disso e vem sempre coser debaixo do arvoredo.
Calçar botina era acordar os gritos
É uma menina esquisita...
que dormem na textura do soalho1.
Parando no limiar da porta, continuou com expansão:
Levar pão e rosca; para o dia.
2
— Nem o Sr. imagina... Às vezes, aquela criança tem
Comida sobra em árvores lembranças e perguntas que me fazem embatucar... Aqui,
infinitas, do outro lado do projeto: havia um livro de horas da minha defunta avó... Pois não
um verdor é que 3um belo dia ela me pediu que lhe ensinasse a ler?
... Que ideia! Ainda há pouco tempo me disse que qui-
eterno, frutescente (deve ser).
sera ter nascido princesa... Eu lhe retruquei: E sabe você
Tem à beira da estrada, numa venda.
o que é ser princesa? Sei, me secundou ela com toda a
O dono viu passar muitos meninos
clareza, é uma moça muito boa, muito bonita, que tem
que tinham necessidade de fugir
uma coroa de diamantes na cabeça, muitos lavrados no
e compreende.
pescoço e que manda nos homens... Fiquei meio tonto.
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

Toda estrada, uma venda 4


E se o Sr. visse os modos que tem com os bichinhos?! ...
para a fuga. Parece que está falando com eles e que os entende... (...)
Fugir rumo da fuga Quando Cirino penetrou no quarto da filha do mineiro,
que não se sabe onde acaba era quase noite, de maneira que, no primeiro olhar que
atirou ao redor de si, só pôde lobrigar, além de diversos
mas começa em você, ponta dos dedos.
trastes de formas antiquadas, uma dessas camas, muito
Cabe pouco em duas algibeiras2
em uso no interior; altas e largas, feitas de tiras de couro
e você não tem mais do que duas.
engradadas. (...)
Canivete, lenço, figurinhas
Mandara Pereira acender uma vela de sebo. Vinda a luz,
de que não vai se separar
aproximaram-se ambos do leito da enferma que, ache-
(custou tanto a juntar).
gando ao corpo e puxando para debaixo do queixo uma
As mãos devem ser livres coberta de algodão de Minas, se encolheu toda, e vol-
para pesos, trabalhos, onças tou-se para os que entravam.
que virão. — Está aqui o doutor, disse-lhe Pereira, que vem curar-te
Fugir agora ou nunca. Vão chorar, de vez.

14
— Boas noites, dona, saudou Cirino. Gulosa,
Tímida voz murmurou uma resposta, ao passo que o jo- abria os olhos para aquele bolo
vem, no seu papel de médico, se sentava num escabelo que me parecia tão bom
junto à cama e tomava o pulso à doente. e tão gostoso.
Caía então luz de chapa sobre ela, iluminando-lhe o
rosto, parte do colo e da cabeça, coberta por um lenço A gente mandona lá de casa
vermelho atado por trás da nuca. cortava aquele bolo
Apesar de bastante descorada e um tanto magra, era com importância.
Inocência de beleza deslumbrante. Com atenção.
Do seu rosto, irradiava singela expressão de encantado- Seriamente.
ra ingenuidade, realçada pela meiguice do olhar sereno Com vontade de comer o bolo todo.
que, a custo, parecia coar por entre os cílios sedosos a Era só olhos e boca e desejo
franjar-lhe as pálpebras, e compridos a ponto de proje- daquele bolo inteiro.
tarem sombras nas mimosas faces. Minha irmã mais velha
Era o nariz fino, um bocadinho arqueado; a boca peque- governava. 3Regrava.
na, e o queixo admiravelmente torneado. Me dava uma fatia,
Ao erguer a cabeça para tirar o braço de sob o lençol, tão fina, tão delgada...
descera um nada a camisinha de crivo que vestia, dei- E fatias iguais às outras 4manas.
xando nu um colo de fascinadora alvura, em que ressal- E que ninguém pedisse mais!
tava um ou outro sinal de nascença. E o bolo inteiro,
Razões de sobra tinha, pois, o pretenso facultativo para quase intangível,
sentir a mão fria e um tanto incerta, e não poder atinar se guardava bem guardado,
com o pulso de tão gentil cliente. com cuidado,
Visconde de Taunay. Inocência. São Paulo: Ática, 2011. num armário, alto, fechado,
graúna – pássaro de plumagem negra, canto melodioso e hábi- impossível.
tos eminentemente sociais Cora Coralina. Melhores poemas. 2. ed. São Paulo: Global, 2004.
livro de horas – livro de preces 1
testo: camada;
secundou – respondeu 2
borralho: brasido coberto de cinzas; cinzas quentes, rescaldo;
lavrados – na província de Mato Grosso, colares de contas de 3
regrar: traçar linhas ou regras sobre;
ouro e adornos de ouro e prata 4
mana: irmã;
lobrigar – enxergar
escabelo – assento Na terceira estrofe, o eu lírico caracteriza a si mesmo,
facultativo – médico quando criança, por meio de um adjetivo.

— Neste lugar, disse o mineiro apontando para o pomar, a) Transcreva esse adjetivo.
todos os dias se juntam tamanhos bandos de graúnas, b) Copie o verso por meio do qual o eu lírico justifica
que é um barulho dos meus pecados. Nocência gosta essa sua característica.
muito disso e vem sempre coser debaixo do arvoredo. 4. (G1 CP2) A POLÊMICA DA USINA DE BELO MONTE
(ref. 1) (fragmento)
Nesta passagem, há duas palavras, de mesma classifica- A polêmica em torno da construção da usina de Belo
ção gramatical, empregadas pelo locutor para indicar a Monte na Bacia do Rio Xingu, em sua parte paraense,
proximidade ou distância do elemento a que se referem. já dura mais de 20 anos. Entre muitas idas e vindas, a
a) Cite essas palavras e identifique sua classificação gra- hidrelétrica de Belo Monte, hoje considerada a maior
obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
matical.
do governo federal, vem sendo alvo de intensos deba-
b) Transcreva o trecho em que uma dessas palavras se tes na região, desde 2009, quando foi apresentado o
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

refere a uma informação presente no próprio texto. novo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) intensifican-
3. (G1 CP2) ANTIGUIDADES (fragmento) do-se a partir de fevereiro de 2010, quando o MMA
[Ministério do Meio Ambiente] concedeu a licença am-
Quando eu era menina biental prévia para sua construção.
bem pequena, Os movimentos sociais e lideranças indígenas da re-
em nossa casa, gião são contrários à obra porque consideram que os
certos dias da semana impactos socioambientais não estão suficientemente
se fazia um bolo, dimensionados. Em outubro de 2009, por exemplo, um
assado na panela com um 1testo de 2borralho em cima. painel de especialistas debruçou-se sobre o EIA e ques-
tionou os estudos e a viabilidade do empreendimento.
Era um bolo econômico, Um mês antes, em setembro, diversas audiências pú-
como tudo, antigamente. blicas haviam sido realizadas sob uma saraivada de
Pesado, grosso, pastoso. críticas, especialmente do Ministério Público Estadual,
(Por sinal que muito ruim.) seguido pelos movimentos sociais, que apontava pro-
Eu era menina em crescimento. blemas em sua forma de realização.

15
Ainda em outubro, a Funai [Fundação Nacional do Ín- TEXTOS PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
dio] liberou a obra sem saber exatamente que impactos
causaria sobre os índios e lideranças indígenas kayapó Texto I – ETNIA (fragmento)
enviaram carta ao Presidente Lula na qual diziam que, Somos todos juntos uma miscigenação
caso a obra fosse iniciada, haveria guerra. Para culmi- E não podemos fugir da nossa etnia
nar, em fevereiro de 2010, o Ministério do Meio Am- Todos juntos uma miscigenação
biente concedeu a licença ambiental, também sem E não podemos fugir da nossa etnia
esclarecer questões centrais em relação aos impactos
socioambientais. Índios, brancos, negros e mestiços
(...) Nada de errado em seus princípios
Exemplos infelizes como a construção das usinas hidrelé- O seu e o meu são iguais
tricas de Tucuruí (PA) e Balbina (AM), as últimas constru- Corre nas veias sem parar
ídas na Amazônia, nas décadas de 1970 e 1980, estão aí Costumes, é folclore, é tradição
de prova. Desalojaram comunidades, inundaram enormes Capoeira que rasga o chão
extensões de terra e destruíram a fauna e flora daquelas Samba que sai da favela acabada
regiões. Balbina, a 146 quilômetros de Manaus, significou É hip hop na minha embolada [...]
a inundação da reserva indígena Waimiri-Atroari, mortan- 1
Maracatu 2psicodélico
dade de peixes, escassez de alimentos e fome para as po-
Capoeira da pesada
pulações locais. A contrapartida, que era o abastecimento
Bumba meu rádio
de energia elétrica da população local, não foi cumprida. 3
Berimbau elétrico
O desastre foi tal que, em 1989, o Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (Inpa), depois de analisar a situ- Frevo, samba e cores
ação do Rio Uatumã, onde a hidrelétrica fora construí- Cores unidas e alegria
da, concluiu por sua morte biológica. Em Tucuruí não foi Nada de errado em nossa etnia.
muito diferente. Quase dez mil famílias ficaram sem suas
terras, entre indígenas e ribeirinhos. Diante desse quadro, Lucio Maia e Chico Science.
In: <http://vagalume.com.br/ chicoscience-nação-zumbi/etniahtml>.
em relação à Belo Monte, é preciso questionar a forma
antidemocrática como o projeto vinha sendo conduzido, 1
Maracatu: dança e música de origem africana, em que se
a relação custo-benefício da obra, o destino da energia a executam passos e sapateados ao som de violas, flautas, cuícas,
ser produzida e a inexistência de uma política energética chocalhos, pandeiros etc.
para o país, que privilegie energias alternativas.
(...)
2
Psicodélico: que remete a coisas muito coloridas.
A persistência governamental em construir Belo Mon- 3
Berimbau: instrumento musical usado na capoeira.
te está baseada numa sólida estratégia de argumentos
dentro da lógica e vantagens comparativas da matriz Texto II – Na Bélgica, presidenta destaca diversidade
energética brasileira. Os rios da margem direita do Ama- cultural brasileira
zonas têm declividades propícias à geração de energia, e
o Xingu se destaca, também, pela sua posição em relação Na abertura do Festival 1Europalia, em Bruxelas, a presi-
às frentes de expansão econômica (predatória) da região denta Dilma Rousseff fez uma homenagem à diversidade
central do país. O desenho de Belo Monte foi revisto e os cultural do Brasil, que estará presente em manifestações
impactos reduzidos em relação à proposta da década de artísticas e culturais na capital da Bélgica. Segundo ela,
80. O lago, por exemplo, inicialmente previsto para ter são exposições desde a pré-colonização até a “vanguarda
foi reduzido, depois do encontro, para Os socioambien- mais experimental em mais de 400 atividades envolven-
talistas, entretanto, estão convencidos de que além dos do as mais variadas linguagens artísticas e manifestações
impactos diretos e indiretos, Belo Monte é um cavalo de regionais do país”.
1
troia, porque outras barragens virão depois, modifican- Para a presidenta Dilma, a cultura é a expressão maior
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

do totalmente e para pior a vida na região. da alma de uma sociedade e, no momento em que o
Fonte: <www.socioambiental.org/esp/bm/indez. mundo precisa reaprender a importância do diálogo, o
asp>. Acesso em: 24 out. 2011. Brasil e a América do Sul têm a oferecer a capacidade
de conviver em paz nessa diversidade.
1
Cavalo de Troia – A lenda do Cavalo de Troia diz que os gre-
gos deram de presente aos troianos um grande cavalo de ma- “A diversidade cultural do Brasil integra nossas raízes
deira como sinal de que estavam desistindo da guerra. O cavalo, históricas. 2Somos um país mestiço, no qual migrantes
porém, escondia, em seu interior, soldados gregos, que, durante a de todas as regiões do mundo somam-se às três ma-
noite, saíram e abriram os portões de Troia para o exército grego. trizes onde surgiram o povo brasileiro: a indígena, a
Este invadiu e dominou a cidade. europeia e a africana. Eis uma mistura que nos orgu-
lha e define. 3Os brasileiros orgulham-se muito de seu
Para expressar seu pessimismo com as mudanças pro- patrimônio cultural e de suas tradições populares, mas
postas, o autor propõe uma equivalência entre o adjetivo também ousam reinventá-los e reinterpretá-los. Mos-
econômica e um outro adjetivo. Que adjetivo é esse e de traremos aqui, na Europalia, 4um pouco dessa cultura
que maneira ele produz tal efeito? viva em movimento permanente.”

16
5
A presidenta avaliou ainda que o Festival Europalia Tive sorte: o barco de meu pai foi minha base, o come-
poderá contribuir para que a Europa supere “os per- ço de meu futuro. À medida que o Calypso percorria os
calços do momento”. Além disso, acrescentou, “é mais mares do mundo, ele passou a abarcar a filosofia de que
um passo no aprofundamento do conhecimento mútuo, a vida em nosso planeta é frágil, e sua beleza, embora
fundamental para a construção do mundo mais demo- aclamada, é perecível.
crático, aberto e plural que todos queremos”.
Meu pai imbuiu em mim a convicção de que não somos
Disponível em: <blog.planalto.gov.br>. Acesso em: 4 out. 2011. donos dos recursos do mundo, apenas seus administra-
1
Europalia: Festival Internacional de Cultura da Europa, que dores. Somos responsáveis pela proteção daquilo que
homenageia, este ano, o Brasil. legaremos a nossos sucessores.
Hoje, tento viver por essa cartilha, mas em minhas
“SOMOS UM PAÍS MESTIÇO (...)” (TEXTO II, REF. 2) viagens me dou conta de quão raramente os adultos
pensam nas gerações futuras. No mundo inteiro, vemos
5. Que substantivo do texto I tem sentido semelhante ao pais que parecem pouco se importar com a condição do
do adjetivo do trecho acima? planeta que seus filhos herdarão.
Poluímos os rios e mananciais que serão a fonte de água
6. (UERJ) AUTORRETRATO FALADO potável de nossos filhos, interferimos com a camada de
Venho de um Cuiabá garimpo e de ruelas entortadas. ozônio, que protege nossos filhos contra os perigosos
Meu pai teve uma venda de bananas no Beco da raios solares. Pusemos em andamento o que parece ser
Marinha, onde nasci. um perigoso aquecimento da Terra, ameaçando nossos
Me criei no Pantanal de Corumbá, entre bichos do filhos com a seca e a calamidade. As crianças por nas-
chão, pessoas humildes, aves, árvores e rios. cer não podem se pronunciar, mas nem por isso somos
Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de menos responsáveis por gerações que não conhecemos.
estar entre pedras e lagartos.
[...]
Fazer o desprezível ser prezado é coisa que me apraz.
Já publiquei 10 livros de poesia; ao publicá-los me Atentem para o caso, agora clássico, de Wezip Alolum,
sinto como que desonrado e fujo para o que tem que ver simplesmente com a lama. Alolum, ha-
Pantanal onde sou abençoado a garças. bitante da aldeia Jobto, na província papua de Madang,
Me procurei a vida inteira e não me achei – pelo era dono de terras com matas nas quais havia um poço
que fui salvo. de lama. Durante gerações sua família ganhou a vida
Descobri que todos os caminhos levam à ignorância. trocando bolas de lama e potes de lodo barrento por ali-
Não fui para a sarjeta porque herdei uma mentos. O poço, sua herança, lhe fora confiado intacto
[fazenda de gado. Os bois me recriam. por seus ancestrais.
Agora eu sou tão ocaso! Um dia chegaram estrangeiros, que lhe pediam permis-
Estou na categoria de sofrer do moral, porque só são para abater árvores nas terras de sua família. “Você
faço coisas inúteis. não precisa mais de lama, agora que tem dinheiro”, dis-
No meu morrer tem uma dor de árvore. seram. Alolum hesitou, mas finalmente concordou.
Manoel de Barros. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.
Contudo, ele não percebera que a companhia pretendia
Já publiquei 10 livros de poesia; ao publicá--los me abater ou queimar todas as árvores, não deixando nenhu-
sinto como que desonrado e fujo para o ma para o replantio. Nunca lhe passara pela cabeça que a
Pantanal ONDE sou abençoado a garças. companhia trataria a terra sem o menor respeito por seu
futuro. Não demorou para que todas as árvores desapare-
a) A palavra “onde”, destacada acima, remete a um ter- cessem e, com a resultante erosão, o poço de lama fosse
mo anteriormente expresso. Transcreva esse termo. afetado.
b) Nomeie também a classe gramatical de “onde”, sub- Seu barro ficou arruinado, seco demais para ser utili-
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

stitua-a por uma expressão equivalente e indique seu zado. Pouco depois, o dinheiro de Alolum acabou. Sem
valor semântico. lama, pela primeira vez na história de sua família ele
estava pobre.
7. (G1 CP2) A DEVASTAÇÃO, UMA HERANÇA PARA AS
Alolum procurou a companhia florestal, exigindo que
FUTURAS GERAÇÕES o reembolsasse pela perda do poço, mas quem paga
Quando fecho os olhos à noite, onde quer que esteja, compensação por lama? No entanto para Wezip Alolum
minha mente volta com frequência ao passado, à época o poço de lama representava o capital herdado de seus
em que o recém-construído Calypso flutuava sob o céu antepassados.
do Mediterrâneo. O barco foi meu lar durante a infân- Ele fora dono e administrador, mas agora não tinha
cia, embora nunca tivesse nele um local só para mim. Eu nada para deixar para seus filhos, e o ciclo de sua famí-
dormia num beliche diferente todas as noites, às vezes lia fora rompido. Alolum foi vítima da falta de visão ao
com minha mãe, às vezes com meu pai, e algumas ve- trocar recursos por dinheiro.
zes dentro da gaveta da cômoda. O Calypso foi minha Mas o que dizer de nós? Ao desperdiçarmos recursos
identidade infantil. naturais não estamos nos comportando irresponsa-

17
velmente em relação a nossos filhos? Quando perce- E eu não sabia que minha história
berem que lhes legamos um sem-número de perigos era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
ambientais, um inventário de recursos completamente Carlos Drummond de Andrade. Poesia completa.
exaurido, o que pensarão de nós, a despeito de nossa Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.
tendência a lhes comprar o que há de melhor ao nosso
alcance? No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos LONGES da senzala – e nunca se esqueceu
O Calypso foi mais que um presente da infância. Ele
(ref. 1)
continua sendo uma herança para mim, um lembrete de
continuidade e o ideal de herança combinada com res- Lá LONGE meu pai campeava
ponsabilidade. Ele é um documento vivo, minha Consti- no mato sem fim da fazenda. (ref. 2)
tuição do amanhã.
Talvez, se modificarmos nossos modos, uma Constitui- Classifique gramaticalmente as palavras sublinhadas e
ção global proteja um dia o ar, a água, as florestas e a aponte a diferença de sentido entre elas.
vida selvagem – nossa herança natural – para futuras
gerações. Nossos filhos talvez a escrevam. 10. (UNICAMP) UM CHAMADO JOÃO

Jean-Michel Cousteau, em reportagem publicada no Jornal da Tarde João era fabulista?


fabuloso?
Releia o seguinte trecho do texto: fábula?
“Meu pai imbuiu em mim a convicção de que não so- Sertão místico disparando
mos donos dos recursos naturais do mundo, APENAS no exílio da linguagem comum?
seus administradores.” Projetava na gravatinha
Reescreva-o, substituindo o termo sublinhado por outro a quinta face das coisas
que mantenha o mesmo sentido. inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
8. (Fuvest) Leia a seguinte fala, extraída de uma peça para disfarçar, para farçar
teatral, e responda ao que se pede. o que não ousamos compreender?
Odorico – Povo sucupirano! Agoramente já investido no (...)
cargo de Prefeito, aqui estou para receber a confirma- Mágico sem apetrechos,
ção, ratificação, a autenticação e, por que não dizer, a civilmente mágico, apelador
sagração do povo que me elegeu. de precípites prodígios acudindo
Dias Gomes. O Bem-Amado: farsa sócio-político-patológica em 9 quadros. a chamado geral?
(...)
a) A linguagem utilizada por Odorico produz efeitos Ficamos sem saber o que era João
humorísticos. Aponte um exemplo que comprove essa e se João existiu
afirmação. Justifique sua escolha. deve pegar.
b) O que leva Odorico a empregar a expressão ”por que
Carlos Drummond de Andrade, em Correio da Manhã,
não dizer”, para introduzir o substantivo ”sagração”? 22/11/1967, publicado em Rosa, J.G. Sagarana.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
9. (UERJ) INFÂNCIA
a) No título, ”chamado” sintetiza dois sentidos com
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. que a palavra aparece no poema. Explique esses dois
Minha mãe ficava sentada cosendo. sentidos, indicando como estão presentes nas passa-
Meu irmão pequeno dormia. gens em que ”chamado” se encontra.
Eu sozinho menino entre mangueiras
b) Na primeira estrofe do poema, ”fábula” é derivada
lia a história de Robinson Crusoé,
em ”fabulista” e ”fabuloso”. Mostre de que modo a
comprida história que não acaba mais.
formação morfológica e a função sintática das três
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

1
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu palavras contribuem para a formação da imagem de
a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu Guimarães Rosa.
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
— Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!
2
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

18
ENTRE
LETRAS

1
LINGUAGENS
CÓDIGOS
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS
e suas tecnologias

U.T.I.
FUNÇÕES DA LINGUAGEM

A teoria das funções da linguagem afirma que a lingua- § Referencial ou denotativa: foco no contexto ou na
gem apresenta funções mais amplas do que simplesmen- referência de mundo (o assunto, situação ou objeto so-
te as de caráter informativo. Nesse sentido, os sistemas bre o qual se fala);
comunicativos seriam pautados por seis funções da lin- § Fática ou de contato: foco no canal de comunicação
guagem, que seriam determinadas a partir de um “foco” ou a partir da abertura de contato (físico ou psicológi-
(ou uma ênfase) que recai em pontos específicos da men- co) com terceiros;
sagem observada. As funções seriam as seguintes:
§ Poética: foco nos modos de elaboração da mensagem
§ Emotiva ou expressiva: foco no emissor, locutor ou e do texto que a compõe;
enunciador (a pessoa que fala ou escreve);
§ Metaliguística: foco no código comunicativo (nas
§ Apelativa ou conativa: foco no receptor ou interlo- bases prévias de comunicação, sejam elas verbais ou
cutor (a pessoa para quem se fala ou escreve, ou, em não verbais).
algumas abordagens, aquele com quem se conversa);

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

A variação linguística é a diversificação dos sistemas de uma § frases inacabadas, porque foram cortadas ou inter-
língua em relação às possibilidades de mudança de seus ele- rompidas;
mentos (vocabulário, fonologia, morfologia, sintaxe). § uso frequente da omissão de palavras;
Exemplo: Eu vou com minha mãe e com meu pai; em-
Linguagem formal versus presta o seu caderno?
linguagem informal § formas contraídas;
a. Norma culta/padrão: é a denominação dada à varieda-
Exemplo: prof, med, refri, facul
de linguística dos membros da classe social de maior prestí-
gio dentro da classe literária. § afastamento das regras gramaticais;

Observação: não se trata da única forma correta. Exemplo: Eu vi ele.

b. Linguagem informal/popular: é a denominação dada § possibilidade de adequar o discurso de acordo com as


reações dos ouvintes.
à variedade linguística utilizada no cotidiano e que não exige
a observância total da gramática. b. Língua escrita: recorre a sinais de pontuação e de
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

acentuação para exprimir os recursos rítmicos e melódicos


Língua falada versus língua escrita da oralidade:

a. Língua falada/oral: dispõe de um número incontável de § uso de descrições ricas;


recursos rítmicos e melódicos – entonação, pausas, ritmo, flu- § obedece às regras gramaticais com maior rigor;
ência, gestos – porque, claro, o emissor (pessoa que fala ou
§ sinais de pontuação e acentuação para transmitir a ex-
transmite uma mensagem numa dada linguagem) está pre-
pressividade oral;
sente fisicamente. Algumas das características principais são:
§ frases longas, apesar de também poder usar frases curtas;
§ frequência da ocorrência de repetições, hesitações e
bordões de fala (“Pois, eu aaa... eu acho que... pronto, § uso de vocabulário mais amplo e cuidadoso;
não sei...“, “Cara, o que é isso, cara?“); § conectivos e estruturas sintáticas para garantir a coe-
§ frases curtas; são textual.

20
Variação diatópica Variação diamésica
Também conhecida como variação regional ou variação Ocorre quando a linguagem apresenta variações de acordo
geográfica, ocorre quando a linguagem apresenta va- com os diferentes “meios” em que ela é usada, entenden-
riações de acordo com o espaço em que ela é operada. do esses “meios” como espaços de uso oral da linguagem
É por meio dessa variação que são estudados os so- (fala) e uso escrito.
taques ou dialetos interioranos (como o dialeto caipira).
Preconceito linguístico
Variação diacrônica Denomina-se preconceito linguístico aquele gerado
Também conhecida como variação histórica, ocorre quan- pelas diferenças linguísticas existentes dentro de um mes-
do a linguagem apresenta variações de acordo com o tem- mo idioma. Ele está associado a diferenças de base lin-
po em que ela é operada. Parte-se do pressuposto de que guística, especialmente as regionais (envolvendo dialetos,
a linguagem é um sistema vivo e constantemente mutável. socioletos, regionalismos, gírias e sotaques). Também é ge-
rado em menor grau pelos outros tipos de variação.
Variação diastrática O preconceito linguístico tem sido muito praticado na atu-
Também conhecida como variação social, ocorre quando a alidade (de modo voluntário e involuntário), sendo forte
linguagem apresenta variações por causa de dois fatores marcador de exclusão social.
mais gerais: fatores socioeconômicos e uso de socioleto (na
Não existe uma forma “certa“ ou “errada“ dos usos da
linguística, um socioleto é a variante de uma língua falada
língua e que o preconceito linguístico, gerado pela ideia
por um grupo social, uma classe social ou subcultura).
de que existe uma única língua correta (baseada na gra-
mática normativa), colabora com a prática da exclusão
Variação diafásica social. No entanto, é necessário lembrar que a língua é
Também conhecida como variação situacional, ocorre quan- mutável e vai se adaptando ao longo do tempo de acordo
do a linguagem apresenta variações de acordo com o con- com as ações dos falantes.
texto/situação em que ela é usada. É verificável quando um Além disso, as regras da língua, determinada pela gramá-
indivíduo, adaptado a um tipo de uso linguístico, é obrigado tica normativa, não incluem expressões populares e varia-
a fazer uma alteração momentânea em seu registro por cau- ções linguísticas, como gírias, regionalismos, dialetos etc.
sa de uma situação de mundo específica.

FIGURAS DE LINGUAGEM

de palavra funcionam a partir da “realização de um em-


Figuras de som ou de harmonia préstimo“ de uma determinada palavra ou expressão que,
As figuras de som ou de harmonia são aquelas formadas por uma aproximação de sentidos, funciona de maneira
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

a partir de parâmetros sonoros da língua. São divididas da específica dentro de um contexto determinado. Observe a
seguinte forma: seguir as principais figuras de palavra do português:
1. Aliteração 1. Metáfora
2. Assonância 2. Comparação ou símile
3. Paronomásia 3. Catacrese
4. Onomatopeia 4. Metonímia
5. Antonomásia ou perífrase
Figuras de palavra 6. Sinestesia
Também conhecidas como tropos (figuras em que ocorrem
mudanças internas ou externas de significado), as figuras

21
Figuras de sintaxe Figuras de pensamento
O objetivo das figuras sintáticas é dar maior expressivida- As figuras de pensamento são formadas a partir do empre-
de ao significado geral de uma frase. As principais figuras go de termos conotativos, contrariando a expectativa do
sintáticas do português são as seguintes: ouvinte. As principais figuras de pensamento são:
1. Hipérbato 1. Antítese
2. Anáfora 2. Paradoxo ou oximoro
3. Pleonasmo 3. Eufemismo
4. Catáfora 4. Ironia
5. Elipse 5. Hipérbole
6. Zeugma
6. Prosopopeia ou personificação
7. Silepse
7. Apóstrofe
8. Anacoluto
8. Gradação
9. Polissíndeto
9. Quiasmo
10. Assíndeto
10. Preterição
11. Hipálage

U.T.I. - Sala
1. (UFJF) Observe a charge abaixo:

Agora, responda:
a) Qual é a temática principal da charge acima?
b) Quais são os elementos verbais e não verbais utilizados na charge para construir o seu significado? Justifique sua
resposta por menção direta a esses elementos.
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

2. (G1 CP2) O SAL DA TERRA Vamos precisar de muito amor


A felicidade mora ao lado
Anda! E quem não é tolo pode ver...
Quero te dizer nenhum segredo
Falo nesse chão da nossa casa A paz na Terra, amor
Vem que tá na hora de arrumar... O pé na terra
A paz na Terra, amor
Tempo! O sal da...
Quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante Terra!
Nem por isso quero me ferir És o mais bonito dos planetas
Vamos precisar de todo mundo Tão te maltratando por dinheiro
Pra banir do mundo a opressão Tu és a nave nossa irmã
Para construir a vida nova

22
Canta! mencionada na carta era a mesma levada pelo escravo,
Leva tua vida em harmonia que o escravo que a levara era exatamente o mesmo a
E nos alimenta com seus frutos quem seu amigo dera a cesta, e que havia uma relação
Tu que és do homem, a maçã... entre a expressão “30” escrita na carta e o número de
figos contidos na cesta. Naturalmente, bastaria imagi-
Vamos precisar de todo o mundo
nar que, ao longo do caminho, o escravo original fora
Um mais um é sempre mais que dois
assassinado e outra pessoa o substituíra, que os trinta
Pra melhor juntar as nossas forças
figos originais tinham sido substituídos por outros figos,
É só repartir melhor o pão
que a cesta foi levada a um destinatário diferente, que o
Recriar o paraíso agora
novo destinatário não sabia de nenhum amigo ansioso
Para merecer quem vem depois...
por lhe mandar figos. Mesmo assim seria possível con-
Deixa nascer o amor cluir o que a carta estava dizendo? Entretanto, temos
Deixa fluir o amor o direito de supor que a reação do novo destinatário
Deixa crescer o amor seria algo do tipo: “Alguém, e Deus sabe quem, man-
Deixa viver o amor dou-me uma quantidade de figos menor do que o nú-
Beto Guedes e Ronaldo Bastos. mero mencionado na carta que os acompanha.” Vamos
Disponível em: <http://letras.terra.com.br>. Acesso em: 05 dez. 2009. supor agora que não apenas o mensageiro tivesse sido
Na quinta estrofe do texto, o uso da linguagem colo- morto, como também que seus assassinos tivessem co-
quial é evidente. Reescreva o verso que exemplifica a mido todos os figos, destruído a cesta, colocado a carta
afirmação, empregando o registro formal. numa garrafa e a tivessem jogado no oceano, de modo
que fosse encontrada setenta anos depois por Robinson
3. (PUC-RJ) No começo de seu “Mercury; Ou: O Mensa- Crusoé. Não havia cesta, nem escravo, nem figos, só uma
geiro Secreto e Rápido“ (1641), John Wilkins conta a carta. Apesar disso, aposto que a primeira reação de Ro-
seguinte história: binson Crusoé teria sido: “Onde estão os figos?”
O quanto 1essa Arte de escrever pareceu estranha quan- Adaptado de: ECO, Umberto. Interpretação e superinterpretação.
São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 47-49.
do da sua Invenção primeira é algo que podemos ima-
ginar pelos Americanos recém-descobertos, que ficaram a) Explique como se ilustra no Texto a relação entre
espantados ao ver Homens conversarem com Livros, e a interpretação de um texto e as circunstâncias de
não conseguiam acreditar que um Papel pudesse falar... sua leitura.
Há um relato excelente a esse Propósito, referente a b) Umberto Eco imagina contextos alternativos para
um Escravo Índio; que, ao ser mandado por seu Senhor a circulação da carta mencionada por John Wilkins.
com uma Cesta de Figos e uma Carta, comeu durante o Explicite o conteúdo que se mantém inalterado nos
Percurso uma grande Parte de seu Carregamento, entre- diferentes contextos imaginados.
gando o Restante à Pessoa a quem se destinava; que,
ao ler a Carta e não encontrando a Quantidade de Figos 4. (UFSC) Leia as citações a seguir e responda à questão
correspondente ao que se tinha dito, acusa o Escravo de proposta.
comê-los, dizendo que a Carta afirmava aquilo contra “Mas muito lhe será perdoado, à TV, pela sua ajuda aos
ele. Mas o Índio (apesar dessa Prova) negou o Fato, acu- doentes, aos velhos, aos solitários.“
sando o Papel de ser uma Testemunha falsa e mentirosa. BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. Rio de
Depois disso, sendo mandado de novo com um Carrega- Janeiro/São Paulo: Record, 2004, p. 486.
mento semelhante e uma Carta expressando o Núme-
“Sinhô e Sinhá num mêis ou dois mêis se há de casá!“
ro exato de Figos que deviam ser entregues, ele, mais
LIMA, Jorge de. Novos poemas. Rio de Janeiro:
uma vez, de acordo com sua Prática anterior, devorou Lacerda Editores, 1997, p. 3.
uma grande Parte deles durante o Percurso; mas, antes
de comer o primeiro (para evitar as Acusações que se “... eu osvi falá que os bugre ero uns bicho brabo...“
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

seguiriam), pegou a Carta e a escondeu sob uma grande CASCAES, Franklin. O fantástico na Ilha de Santa Catarina.
Pedra, assegurando-se de que, se ela não o visse comer Florianópolis: Editora da UFSC, 2004, p. 27.
os Figos, nunca poderia acusá-lo; mas, sendo agora acu-
sado com muito mais rigor do que antes, confessou a “... morreu segunda que passou de uma anemia nos
Falta, admirando a Divindade do Papel e, para o futuro, rim...“
Machado de Assis. Brás, Bexiga e Barra Funda.
promete realmente toda a sua Fidelidade em cada Ta- São Paulo: Martin Claret, 2004, p. 55.
refa.
Poder-se-ia dizer que um texto, depois de separado de Levando em conta as diferentes formas linguísticas
seu autor (assim como da intenção do autor) e das cir- utilizadas pelos autores na composição de suas obras,
cunstâncias concretas de sua criação (e, consequente- comente sobre a linguagem usada como recurso na
mente de seu referente intencionado), flutua (por assim construção dos textos. Para tanto, considere as duas pro-
dizer) no vácuo de um leque potencialmente infinito de posições a seguir:
interpretações possíveis. Wilkins poderia ter objetado a) variação linguística versus erro linguístico;
que, no seu relato, o senhor tinha certeza de que a cesta b) funções da linguagem na literatura.

23
5. (UERJ) COPLAS1 O texto faz parte de uma peça de teatro, forma de ex-
pressão que se destacou na captação das imagens de um
I
Rio de Janeiro que se modernizava no início do século XX.
O GERENTE - Este hotel está na berra2!
Coisa é muito natural! a) Aponte o gênero de composição em que se enquadra
Jamais houve nesta terra esse texto e um aspecto característico desse gênero.
Um hotel assim mais tal! b) A fala do gerente revela atitudes distintas, quando se
Toda a gente, meus senhores, dirige aos criados e quando está só. Identifique o modo
Toda a gente ao vê-lo diz: verbal e a função da linguagem predominantes na fala
Que os não há superiores dirigida aos criados.
Na cidade de Paris!
Que belo hotel excepcional
O Grande Hotel da Capital
Federal!
U.T.I. - E.O.
CORO – Que belo hotel excepcional etc... 1. (UNESP 2018) Para responder à questão, leia o soneto
de Raimundo Correia (1859-1911).
II
O GERENTE – Nesta casa não é raro Esbraseia o Ocidente na agonia
Protestar algum freguês: O sol... Aves em bandos destacados,
Acha bom, mas acha caro Por céus de ouro e de púrpura raiados,
Quando chega o fim do mês. Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...
Por ser bom precisamente,
Delineiam-se, além, da serrania
Se o freguês é do bom-tom
Os vértices de chama aureolados,
Vai dizendo a toda a gente
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Que isto é caro mas é bom.
Uns tons suaves de melancolia...
Que belo hotel excepcional!
O Grande Hotel da Capital Um mundo de vapores no ar flutua...
Federal! Como uma informe nódoa, avulta e cresce
CORO – Que belo hotel excepcional etc... A sombra à proporção que a luz recua...

O GERENTE (Aos criados) – Vamos! Vamos! Aviem-se! To- A natureza apática esmaece...
mem as malas e encaminhem estes senhores! Mexam- Pouco a pouco, entre as árvores, a lua
-se! Mexam-se!... (Vozerio. Os hóspedes pedem quarto, Surge trêmula, trêmula... Anoitece.
banhos etc... Os criados respondem. Tomam as malas, a) Transcreva da primeira estrofe um exemplo de per-
saem todos, uns pela escadaria, outros pela direita.) sonificação. Justifique sua resposta.
CENA II b) Cite duas características que permitem filiar esse
soneto à estética parnasiana.
O GERENTE, depois, FIGUEIREDO
2. (UERJ 2018) MORTE E VIDA SEVERINA (AUTO DE NA-
O GERENTE (Só.) – Não há mãos a medir! Pudera! Se TAL PERNAMBUCANO)
nunca houve no Rio de Janeiro um Hotel assim! Serviço
elétrico de primeira ordem! Cozinha esplêndida, música
01
O retirante explica ao leitor quem é e a que vai.
de câmara durante as refeições da mesa redonda! Um
02
— O meu nome é Severino,
relógio pneumático em cada aposento! Banhos frios
03
não tenho outro de pia.
e quentes, duchas, sala de natação, ginástica e mas-
04
Como há muitos Severinos,
sagem! Grande salão com um plafond3 pintado pelos
05
que é santo de romaria,
nossos primeiros artistas! Enfim, uma verdadeira novi-
06
deram então de me chamar
dade! – Antes de nos estabelecermos aqui, era uma ver-
07
Severino de Maria;
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

gonha! Havia hotéis em S. Paulo superiores aos melho-


08
como há muitos Severinos
res do Rio de Janeiro! Mas em boa hora foi organizada a
09
com mães chamadas Maria,
Companhia do Grande Hotel da Capital Federal, que do-
10
fiquei sendo o da Maria
tou esta cidade com um melhoramento tão reclamado!
11
do finado Zacarias.
E o caso é que a empresa está dando ótimos dividendos
12
Mas isso ainda diz pouco:
e as ações andam por empenhos! (Figueiredo aparece
13
há muitos na freguesia,
no topo da escada e começa a descer.) Ali vem o Figuei-
14
por causa de um coronel
redo. Aquele é o verdadeiro tipo do carioca: nunca está
15
que se chamou Zacarias
satisfeito. Aposto que vem fazer alguma reclamação.
16
e que foi o mais antigo
AZEVEDO, Arthur. A capital federal. Rio de Janeiro:
17
senhor desta sesmaria.
Serviço Nacional de Teatro, 1972.
18
Como então dizer quem fala
20
ora a Vossas Senhorias?
1
espécie de estrofe 21
Vejamos: é o Severino
2
estar na moda 22
da Maria do Zacarias,
3
teto 22
lá da serra da Costela,

24
23
limites da Paraíba. Outro dia vi um Ivanildo fuçando uma lata de lixo à pro-
24
Mas isso ainda diz pouco: cura de comida que sobra dos nossos pratos, mas o dono
25
se ao menos mais cinco havia da lanchonete apareceu para expulsá-lo com um cabo
26
com nome de Severino de vassoura.
27
filhos de tantas Marias Fiquei com a impressão de que mendigos trazem má sor-
28
mulheres de outros tantos, te para o comércio, e que restos de comida não são para
29
já finados, Zacarias,
restos de pessoas.
30
vivendo na mesma serra
31
magra e ossuda em que eu vivia. “Nós, os filhos de Deus, privatizamos até as migalhas”.
32
Somos muitos Severinos Tenho a impressão que os únicos que gostam dos mora-
33
iguais em tudo na vida: dores de rua são os cachorros. Aliás, de raça ou não, não
34
na mesma cabeça grande conheço nenhum cachorro que não tenha um mendigo
35
que a custo é que se equilibra, pra cuidar.
36
no mesmo ventre crescido Moradores de rua são uma espécie rara de seres huma-
37
sobre as mesmas pernas finas, nos: Eles não têm dentes, eles não cortam os cabelos,
38
e iguais também porque o sangue eles não tomam banho, pedem-nos esmolas, dormem
39
que usamos tem pouca tinta. no nosso caminho de casa, e nós, a não ser que peguem
40
E se somos Severinos fogo, simplesmente não os vemos.
41
iguais em tudo na vida, É difícil vê-los. Somos cristãos demais para enxergá-los. E
42
morremos de morte igual, tem mais, dizem que são invisíveis a olho nu.
43
mesma morte severina:
Mas não são, suas sombras miúdas se arrastam em nos-
44
que é a morte de que se morre sas orações, para o deleite da nossa hipocrisia. Fingir que
45
de velhice antes dos trinta, gostamos de deus é a melhor forma de agradar o diabo.
46
de emboscada antes dos vinte,
47
de fome um pouco por dia Um ser humano pegando fogo na calçada e os nossos
48
(de fraqueza e de doença joelhos doendo de tanto rezar pela nossa felicidade ma-
terial...
49
é que a morte severina
50
ataca em qualquer idade, Deus sabe o que faz, a gente não. Devia ser o contrário.
51
e até gente não nascida). Se dependesse de mim, a humanidade (?) já tinha pega-
João Cabral de Melo Neto. Morte e vida severina e outros do fogo há muito tempo. Um por um.
poemas em voz alta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.
VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo
vivendo na mesma serra lindo e inteligente. São Paulo: Global, 2011. p. 67-68.
magra e ossuda em que eu vivia. (l. 30-31)
Segundo o Dicionário Houaiss, ironia é “figura por meio
a) Na descrição da serra, observa-se o emprego de da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender“
uma figura de linguagem. Nomeie essa figura. (2001, p. 1651). Localize no texto de Sérgio Vaz dois casos
b) Indique, ainda, a relação estabelecida entre a per- em que se emprega a ironia e explique a utilização delas.
sonagem e o ambiente, a partir do efeito produzido
por essa descrição. 4. (UNESP 2018) Leia o poema de Murilo Mendes
(1901-1975) para responder à questão.
3. (UFJF-PISM 1) SOMBRAS MIÚDAS
O PASTOR PIANISTA
A história de Ivanildo é que ele simplesmente não tem
história. Morador de rua, virou notícia porque teve corpo Soltaram os pianos na planície deserta
queimado por gasolina e faleceu na última terça-feira Onde as sombras dos pássaros vêm beber.
(27), e é só, mais nada. Eu sou o pastor pianista,
O assassino, conforme as investigações policiais, era ou- Vejo ao longe com alegria meus pianos
Recortarem os vultos monumentais
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

tro morador de rua, e o crime, vejam vocês a ironia da


miséria humana, foi motivado por conquista de territó- Contra a lua.
rio. Dizem que precisavam de mais espaço para viverem Acompanhado pelas rosas migradoras
na rua. Apascento1 os pianos: gritam
Pois é, as calçadas! Há pessoas em guerra pelas calçadas E transmitem o antigo clamor do homem
frias da cidade de São Paulo. Não conheci Ivanildo nem
Que reclamando a contemplação,
o seu algoz piromaníaco, mas tenho uma vaga ideia de
Sonha e provoca a harmonia,
quem sejam os infelizes. Já os vi queimando na retina dos
Trabalha mesmo à força,
meus olhos, numa dessas noites geladas e indignas, em
E pelo vento nas folhagens,
suas casas de papelão que se movem como fantasmas
Pelos planetas, pelo andar das mulheres,
pela nossa imaginação.
Pelo amor e seus contrastes,
Ivanildo não devia ter documentos, tampouco identida- Comunica-se com os deuses.
de. Indigente, deve ter sido enterrado com seus trapos
(As metamorfoses, 2015.)
numa vala qualquer, de um cemitério qualquer, que é o
lugar certo para qualquer um de nós, miserável ou não. apascentar: vigiar no pasto; pastorear.
1

25
a) Na segunda estrofe, verifica-se a personificação PEDREIRO WALDEMAR
dos pianos. Que outro elemento também é personifi-
cado nessa estrofe? Justifique sua resposta. Você conhece
b) Quem é o sujeito do verbo “comunica-se” (3ª es- O pedreiro Waldemar?
trofe)? Justifique sua resposta. Não conhece?
Mas eu vou lhe apresentar
5. (UNESP) A questão focaliza um trecho de um poema
De madrugada
de 1869 do poeta romântico português Guilherme Bra-
Toma o trem da Circular
ga (1845-1874) e uma marcha de carnaval de Wilson
Faz tanta casa
Batista (1913-1968) e Roberto Martins (1909-1992),
E não tem casa pra morar
gravada em 1948.
Leva a marmita
EM DEZEMBROWW Embrulhada no jornal
Se tem almoço,
Olhai: naquele operário
Nem sempre tem jantar
Tudo é força, ânimo e vida;
O Waldemar,
Se o trabalho é o seu calvário
Que é mestre no ofício
Sobe-o de cabeça erguida.
Constrói um edifício
Deus deu-lhe um anjo na esposa,
E depois não pode entrar.
E as filhas são tão pequenas
Que delas a mais idosa (Roberto Lapiccirella (Org.).
Conta dez anos apenas. “Antologia musical popular brasileira”, 1996.)
Tem cinco, e todas tão belas Explique o caráter metafórico do emprego da palavra
Que, ao ver-lhes a alegre infância, rosas na quarta estrofe do trecho reproduzido do poe-
Julga estar vendo as estrelas ma de Guilherme Braga.
E o céu a menos distância;
Por isso, quando o trabalho
Lhe fatiga as mãos calosas,
Tem no suor o fresco orvalho
Que dá seiva àquelas rosas,
[...]
Depois, da ceia ao convite,
Toda a família o rodeia
À mesa, aonde o apetite
Faz soberba a humilde ceia.
[...]
No entanto, como a existência
Não tem em si nada estável,
Num dia de decadência
Este obreiro infatigável,
Por ter gasto a noite inteira
Na luta, cede ao cansaço,
E cai da máquina à beira,
E a roda esmaga-lhe um braço...
Ai! o infortúnio é severo!
Bastou por tanto um só dia
Para entrar o desespero
Donde fugiu a alegria!
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

Empenha em vão tudo, a esmo,


Pouco dinheiro lhe fica,
E não lhe cobre esse mesmo
As despesas da botica.
Pobre mãe, pobres crianças!
Já, de momento em momento,
Vão minguando as esperanças,
Vai crescendo o sofrimento;
(Heras e violetas, 1869)

26
ENTRE
LETRAS

1
LINGUAGENS
CÓDIGOS
LITERATURA
e suas tecnologias

U.T.I.
FUNDAMENTOS PARA ESTUDO LITERÁRIO: ARTE E TÉCNICA

Prosa e poesia fala no poema, não necessariamente correspondente à voz


do autor.
Prosa e poesia são formas diferentes de comunicação lite-
rária. A prosa é mais referencial e se vale do uso do texto Menos grandiosos que os da epopeia, seus temas dizem
corrido organizado da esquerda para a direita no papel respeito ao mundo interior do eu lírico, aos sentimentos,
ocidental sem preocupação com a forma, apenas com o ao individualismo, às relações consigo mesmo. Pronomes
conteúdo e as linhas cheias. e verbos vêm normalmente na primeira pessoa do singu-
lar e predominam emoções, rimas, ritmo, sonoridade das
Já o poema está primordialmente preocupado com a for-
palavras, metáforas, repetições, entre outras figuras de lin-
ma e adquire, no decorrer da história, várias estruturas a
guagem que trazem aos versos musicalidade e suavidade.
partir da lógica do verso, que é a linha do poema, e de
um conjunto deles, denominado estrofe. Estão imersos O gênero lírico é subdividido em: soneto, elegia, ode, madri-
num trabalho de ritmo e rimas que podem ou não seguir gal, écloga etc. São formas poéticas mais afeitas ao gênero
padrões de tamanho e convenção. Os termos “poesia”, lírico.
“poética” e “poeta” derivam dos termos gregos poíesis,
poiêtikê, poiêtês, que significam criar. Natureza das rimas
O que é gênero literário? § Ricas – entre palavras de classes gramaticais diferentes:
Cristina e ensina
Gênero é o modo como se veicula a mensagem literária, § Pobres – entre palavras de mesma classe gramatical:
o padrão a ser utilizado na composição artística. Há gran-
Precisava esconder sua afeição...
des diferenças entre o conteúdo e a forma dos textos. Um
poema não se confunde com um conto, e um romance Na Idade Média, uma imortal paixão
segue padrões bastante próprios em relação a uma peça § Toantes – entre sons vocálicos repetidos:
de teatro, por exemplo. hora e bola; saltava e mata
Na Antiguidade Clássica, Aristóteles conceituou o con- § Aliterantes – entre sons consonantais idênticos
teúdo como elemento constitutivo da representação das ou semelhantes:
paixões, das ações e do comportamento humano. A for-
ma desse conteúdo, a princípio aplicada apenas à poesia, vozes, veladas, veludosas, vozes
compreende três gêneros: épico, lírico e dramático. vagam nos velhos vórtices velozes
§ Consoantes – entre sons e letras repetidos:
O gênero épico terra e serra;
Épico é derivado do grego épos que, entre outras coisas, amoníaco e zodíaco;
significa palavra, verso, discurso. Esse gênero, também
rutilância e infância
chamado de epopeia, nasceu com a Ilíada e a Odisseia,
de Homero. Oriundas das tradições orais, as epopeias § Esdrúxulas – entre palavras proparoxítonas:
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

contam histórias que auxiliam os homens a entender a É um flamejador, dardânico


trajetória de seus povos. uma explosão de rápidas ideias,
que com um mar de estranhas odisseias
Narrados de maneira elevada e com vocabulário grandilo- saem-lhe do crânio escultural, titânico!...
quente e solene, os assuntos históricos sofrem influência
(Cruz e Sousa)
do imaginário e não se privam de recorrer à imaginação,
bem como à mitologia. As epopeias são divididas em “clás- § Agudas – entre palavras oxítonas:
sicas ou primárias” ou de “imitação ou secundárias”. dó e só; fez e vez; ti e vi

O gênero lírico § Preciosas – entre palavras combinadas:


múmia e resume-a; réstea e veste-a;
Esse gênero nasceu na Grécia antiga, cujos poemas eram
águia e alague-a; estrela e vê-la
acompanhados musicalmente pela lira. É o gênero centrado
na expressão do “eu poético” ou “eu poemático” voz que § Versos brancos – verso sem rimas.

28
Classificação das rimas com os personagens dela. O termo teatro deriva do grego
théatron, que significa “ver”, “contemplar”.
§ Monossílabos: uma sílaba.
Esse gênero subdivide-se em tragédia, comédia, drama,
§ Dissílabos: duas sílabas.
auto e farsa.
§ Trissílabos: três sílabas.
§ Tetrassílabos: quatro sílabas. O gênero narrativo
§ Pentassílabos: cinco sílabas ou redondilha menor.
Oriunda do gênero épico, a narrativa organiza uma história
§ Hexassílabos: seis sílabas.
levando em consideração aspectos primordiais de sua es-
§ Heptassílabos: sete sílabas ou redondilha maior. trutura: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho.
§ Octossílabos: oito sílabas. Os gêneros narrativos apresentam-se como:
§ Eneassílabos: nove sílabas.
§ Conto
§ Decassílabos: dez sílabas.
Narrativa curta centrada em um único acontecimento. Apre-
§ Hendecassílabos: onze sílabas.
senta uma ação que se encaminha para uma tensão (clí-
§ Dodecassílabos: doze sílabas ou alexandrino. max) entre personagens, delimitados num tempo e espaço
§ Verso bárbaro: mais de doze sílabas. reduzidos. Exemplos: Amor, de Clarice Lispector; O menino
do boné cinzento, de Murilo Rubião; e A causa secreta, de
Classificação dos versos Machado de Assis.
§ Monossílabos – uma única sílaba. § Novela
§ Dissílabos – duas sílabas. Narrativa situada entre a brevidade do conto e a longevi-
§ Trissílabos – três sílabas. dade do romance. Exemplos: A hora e a vez de Augusto
§ Tetrassílabos – quatro sílabas. Matraga, de Guimarães Rosa; e Os crimes da rua Morgue,
§ Pentassílabos ou redondilha menor – cinco sílabas de Edgar Allan Poe.
§ Hexassílabos – seis sílabas. § Crônica
§ Heptassílabos ou redondilha maior – sete sílabas. Narrativa breve baseada na vida cotidiana, delimitada por
§ Octossílabos – oito sílabas. tempo cronológico curto, em linguagem coloquial e leve to-
§ Eneassílabos – nove sílabas. que de humor e crítica. Exemplos: Comédias da vida priva-
§ Decassílabos ou Medida Nova – dez sílabas. da – 101 crônicas escolhidas, de Luís Fernando Veríssimo.
§ Hendecassílabos – onze sílabas. § Romance
§ Dodecassílabos ou Alexandrinos – doze sílabas. Narrativa longa que discorre sobre um grande conflito cen-
§ Bárbaros – mais de doze sílabas. tral que dá origem a outros secundários, compreendendo
vários personagens em constante conflito psicológico, envol-
O gênero dramático vidos pela trama que caminha para um clímax. Exemplos:
A característica e a finalidade primordiais do gênero dramático Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa; São Bernardo,
(do grego drân: agir) é ser levado à representação, à “ação”. de Graciliano Ramos; e O senhor dos anéis, de J.R.R. Tolkien.

Compreende o gênero teatral, cuja encenação, no entanto, § Anedota


escapa à alçada da literatura propriamente. O eu poético Relato de um acontecimento curioso ou engraçado. Como o
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relaciona-se com um tu/vós, segunda pessoa do discurso, provérbio, a anedota, além da tradição oral, vem inserida em
a plateia. O texto dramático pressupõe essa plateia, que o textos literários. Exemplos: O asno de ouro, do escritor latino
vivencia e tem probabilidade de fruir emoções mediante a Apuleio, é uma constelação de pequenas aventuras picantes.
representação do texto. § Apólogo
Caracterizam o gênero dramático a ausência de narrador, Historinha entre objetos inanimados com moral implícita
o discurso direto – estrutura dialogada – e as rubricas – ou explícita. Um apólogo, de Machado de Assis, trata da
instruções que sinalizam ao diretor e aos atores a postura conversa entre uma agulha e uma linha que discutem so-
no palco, o tom de voz etc. bre a importância delas. Observe o último parágrafo em
Em vez do narrador, o texto dramático conta a história pre- que está implícita a moral:
tendida por meio do diálogo entre os personagens, que “Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete,
estabelecem com o público uma relação direta, a fim de de cabeça grande e não menor experiência, murmurou
comprometê-lo emocionalmente com a história contada e à pobre agulha:

29
– Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para § Fábula
ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na
Difere do apólogo, uma vez que seus personagens são ani-
caixinha de costura. Faze como eu, que não abro cami-
mais. Esse gênero teve ilustres cultores na literatura ociden-
nho para ninguém. Onde me espetam, fico.
tal, como Esopo, Fedro e La Fontaine, cujas fábulas estão
Contei esta história a um professor de melancolia, que reunidas em doze livros.
me disse, abanando a cabeça:
– Também eu tenho servido de agulha a muita linha
ordinária!”

TROVADORISMO E HUMANISMO

Contexto satíricas, intencionalmente críticas e cômicas, também


subdivididas em cantigas de escárnio e de cantigas
§ Idade Média (século XII–XIV). de maldizer.
§ Formação dos países europeus e de suas línguas.
§ Reconhecimento do reino de Portugal, no ano de 1179. Líricas
§ Feudalismo. A poesia lírica diz respeito à lira, instrumento musical da
§ Teocentrismo (Deus como centro do Universo / motivo Antiguidade clássica que acompanhava as canções expres-
de tudo). sando sentimentos.
§ Sociedade com estamentos estáticos: o clero (os padres
= homens de oração), a nobreza e a cavalaria (poder cantigas de amor cantigas de amigo
mundano e defesa militar) e os servos (o povo = tra- eu-lírico masculino, pobre eu-lírico feminino, pobre
balhadores). amor impossível saudade

O código do amor cortês poucos refrãos


ausência de paralelismo
muitos refrãos
paralelismo
Os termos que definiam as relações feudais foram trans- linguagem refinada (amor cortês) linguagem popular
postos para as cantigas, caracterizando a linguagem do
submissão à dama
Trovadorismo: a mulher era a senhora, o homem era o seu “mulher idealizada”
grau de igualdade
“mulher atrevida”
servidor. Eram muito prezadas a generosidade, a lealdade (vassalagem amorosa)
e, acima de tudo, a cortesia. coita d’amor amor correspondido
As cantigas de amor do Trovadorismo desenvolvem um mes- origem em Provença, sul da França península Ibérica (galega)
mo tema: o sofrimento provocado pelo amor não correspon-
dido – a “coita de amor”. Como o princípio do amor cortês é
a idealização da dama pelo trovador, os textos não manifes-
Satíricas
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tam a expectativa de correspondência amorosa. As cantigas satíricas fazem críticas ao comportamento das
As cantigas satíricas passeiam por muitos temas, sempre pessoas em suas ações sociais e usam o humor e o vocabu-
expressando um olhar crítico sobre a conduta de nobres, lário chulo para denunciar alguns nobres e damas.
homens e mulheres, nas esferas individual e social. É bas-
Além disso, a sátira se estende a instituições sociais, censu-
tante comum os trovadores ridicularizarem um nobre que
rando os males da sociedade ou dos indivíduos, quase tudo
se envolve com uma serviçal ou que não percebe a trai-
com tom sarcástico, irônico e obsceno.
ção da esposa.
Cantigas de escárnio Cantigas de maldizer
Tipos de cantiga Crítica sutil Crítica direta

As cantigas trovadorescas são divididas em dois grupos: Linguagem ambígua e velada Linguagem direta e clara
as líricas, que falam de sentimento e são subdivididas em
Vocabulário comedido Vocabulário agressivo
cantigas de amor e cantigas de amigo; e as cantigas

30
Três cancioneiros § Burguesia.
§ Período de transição dos valores medievais para os va-
Os cancioneiros são manuscritos, coletâneas de cantigas lores do Renascimento, ou seja, do teocentrismo para o
com características variadas e escritas por diversos autores. antropocentrismo.
Os mais importantes são os três cancioneiros que concen- § Valorização da cultura.
tram boa parte da produção conhecida dos séculos XII, XIII e
XIV: Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Biblioteca Nacio- Produção literária
nal e Cancioneiro da Vaticana. § Crônicas – histórias curtas sobre o cotidiano dos no-

As novelas de cavalaria
bres que queriam registrar seus grandes feitos. O mais
famoso cronista de Portugal foi Fernão Lopes, nome-
As novelas de cavalaria são os primeiros romances, ado cronista-mor da Torre do Tombo, por D. Duarte.
ou seja, longas narrativas em verso, surgidas no século § Poesia palaciana – poemas compostos em redondi-
XII. Elas contam as aventuras vividas pelos cavaleiros an- lhas, sem o acompanhamento musical, e impres-
dantes e tiveram origem com o declínio do prestígio da sos, feitos para declamação dentro dos palácios; além
poesia dos trovadores. de tratar da vida da corte, retomavam os temas das
Estão organizadas em três ciclos, de acordo com o tema cantigas trovadorescas, porém com preocupação técni-
que desenvolvem e com o tipo de herói que apresentam: ca e novas formas poemáticas, como é o caso do Vilan-
§ Ciclo clássico: novelas que narram a guerra de Troia cete, da Trova e da Esparsa. Toda a produção de poesia
e as aventuras de Alexandre, o Grande. O ciclo recebe palaciana foi reunida num volume chamado Cancio-
essa denominação porque seus heróis vêm do mundo neiro geral, organizado por Garcia de Resende.
clássico mediterrâneo. § Teatro – voltado para temas religiosos e didáticos, ou
§ Ciclo arturiano ou bretão: histórias envolvendo o rei seja, feito para ensinar religião. Representava cenas bí-
Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda. Nessas nove- blicas, vidas dos santos e mártires da Igreja. O teatro
las, podem ser identificados vários núcleos temáticos: a propriamente dito, com texto elaborado, inaugurou-se
história de Percival, a história de Tristão e Isolda, as aven- em Portugal com a obra de Gil Vicente, que mostrou
turas dos cavaleiros da corte do rei Arthur e a demanda peças cheias de sátira à sociedade, com temas tanto
do Santo Graal. profanos, nas farsas, como religiosos, nos autos. Seu
§ Ciclo carolíngio ou francês: histórias sobre o rei teatro desenvolveu essencialmente “tipos sociais”, isto
Carlos Magno e os Doze Pares de França. é, personagens que representavam figuras que desen-
volviam papéis específicos na sociedade e apontavam
Humanismo os defeitos da personalidade humana. A sua crítica al-
cançou desde os mais pobres aos mais ricos ou mais
graduados clérigos. Sua obra aponta o equilíbrio entre
Contexto a razão e a emoção, que norteou a arte do século XV,
§ Século XV – fim da Idade Média. considerando que ele alcançou o século XVI e viveu o
§ Grandes navegações. início e o auge do Renascimento. Por isso, notam-se em
§ Desenvolvimento das cidades e do comércio. sua obra valores teocêntricos e antropocêntricos.
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RENASCIMENTO: CLASSICISMO E LUIS VAZ DE CAMÕES

Classicismo § Descobrimentos.
§ Antropocentrismo (homem como centro das preocu-
pações).
Contexto
§ Renascimento – século XVI – resgate da Antiguida- Produção artística
de clássica. O classicismo seguiu os modelos da cultura greco-latina,
§ Crescimento do comércio e fortalecimento da burguesia. uma vez que representavam o equilíbrio e a perfeição.

31
Nesse sentido, as características gerais do período fo- domínio da coroa espanhola.
ram o racionalismo, o universalismo, a perfeição formal, Em 1572, publicou Os Lusíadas, sua obra-prima. Em 1595,
o resgate da mitologia clássica e o humanismo. foi publicada a obra Rimas, com uma compilação de sua
A Itália foi onde essa tendência renascentista apareceu obra lírica, de versos redondilhos elaborados à maneira
com mais intensidade, sendo o palco desse retorno ao medieval, e também de seus sonetos decassílabos de in-
mundo da Antiguidade, ou seja, fez renascer, desde me- fluência petrarquiana.
ados do século XIII, os ideais de valorização dos gregos e
latinos, dos esforços individuais, da perfeição, da superio-
ridade humana e da razão como parâmetro de observação Camões épico
e interpretação da realidade.
Engenho e arte
Pintura, escultura e arquitetura A obra épica Os Lusíadas é a mais importante epopeia
Na pintura, alguns dos principais traços do Renascimento em língua portuguesa. Teve como modelos estruturais as
foram a noção de perspectiva e a tematização de elemen- epopeias da Antiguidade: a Ilíada e a Odisseia. Entretan-
tos da Antiguidade, bem como a humanização do tema to, Camões introduziu uma novidade, pois, em Os Lusía-
sacro. A técnica era levada em conta acima de tudo, e o das, o herói é coletivo, ou seja, é o povo português;
sombreado realçava a ideia de volume dos corpos. Também ao contrário do que ocorre nas epopeias modelares. Essa
teve início a utilização da tela e da tinta a óleo. modalidade de escrita passou a ser chamada de epo-
Na escultura, o que mais chama a atenção é a busca pela peia secundária.
representação ideal do homem, normalmente retratado nu
a fim de exaltar as formas humanas. Os Lusíadas conseguiu conciliar a mitologia pagã (fruto do
gosto renascentista pelo estudo da cultura pagã) e a mito-
A arquitetura também se inspirou nos traços clássicos, retra-
tando a figura humana e o conceito de beleza dos templos logia cristã (ideologia pessoal do autor).
construídos de maneira harmônica, normalmente cobertos
por uma cúpula. Estrutura da obra
Entre os artistas mais importantes da arte renascentista es- A obra de Camões apresenta 8.816 versos decassílabos, di-
tão Leonardo da Vinci (1452-1519), Michelangelo (1475- vididos em 1.102 estrofes, todas em oitava-rima, organizada
1564) e Rafael Sanzio (1483-1520). em dez cantos. Além disso, existem outras cinco partes:
§ Proposição (canto I, estrofes 1 a 3)
Literatura
O poeta apresenta o que vai cantar, ou seja, o tema dos fei-
O poeta Dante Alighieri, autor da Divina comédia, intro- tos heroicos dos ilustres barões de Portugal, o herói, Vasco
duziu o verso decassílabo, chamado de “medida nova”, o da Gama, e o destino da viagem.
dolce stil nuovo (doce estilo novo), em contraponto à re-
dondilha, considerada como “medida velha”. O poeta Fran- § Invocação (canto I, estrofes 4 e 5)
cesco Petrarca, criador do soneto, influenciou vários poetas
O poeta invoca as Tágides, ninfas do rio Tejo, pedindo a elas
europeus, entre o quais o inglês William Shakespeare e os
para inspirá-lo na composição da obra.
portugueses Luís Vaz de Camões e Sá de Miranda.
Em 1527, Sá de Miranda, retornando da Itália, introduziu § Dedicatória ou oferecimento (canto I, estrofes
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em Portugal a “medida nova”. Contudo, foi Luís Vaz de 6 a 18)


Camões quem se destacou na literatura portuguesa des- O poeta dedica seu poema a D. Sebastião, rei de Portu-
se período. gal na época em que o poema foi publicado, visto como
a esperança de propagação da fé cristã e continuação dos

Luis Vaz de Camões grandes feitos de Portugal.

Luís Vaz de Camões teria nascido em 1524 ou 1525, pro- § Narração (canto I, estrofe 19 até canto X, es-
vavelmente na cidade de Lisboa (talvez Coimbra ou San- trofe 144)
tarém). Morreu em 10 de junho de 1580. Curiosamente, O poeta relata a viagem propriamente dita dos portugueses
o herói da poesia portuguesa expirou quando se iniciou o ao Oriente. O desenrolar dos fatos começa In Media Res, ou
declínio do poderio imperial de Portugal, no mesmo ano seja, no meio da ação, quando Vasco da Gama e sua esqua-
da União da Península Ibérica, em que o país ficou sob o dra se dirigem ao Cabo da Boa Esperança.

32
§ Epílogo poesia delineia um lirismo amoroso platônico, relacionado
indissoluvelmente a uma mulher inacessível, Laura, a que
É a conclusão do poema (estrofes 145 a 156 do canto X),
dedicou perto de 360 sonetos, no seu Cancioneiro.
em que o poeta demonstra cansaço e, em tom melancólico
e pessimista, aconselha ao rei e ao povo português que
sejam fiéis à pátria e ao cristianismo.
A lírica amorosa
O tema amoroso é explorado na lírica camoniana sob du-
Camões lírico pla perspectiva. Com frequência, aparece o amor sensual,
próprio da sensualidade renascentista, inspirada no paga-
nismo da cultura greco-latina. Predomina, porém, o amor
“Tu, só tu, puro amor” neoplatônico, espécie de extensão e aprofundamento da
A obra lírica de Camões compreende poemas feitos na me- tradição da poesia medieval portuguesa ou da poesia hu-
dida velha e na medida nova. A medida velha obedece à manista italiana, em que o amor e a mulher se configuram
poesia de tradição popular, na forma e no conteúdo. São como idealizados e inacessíveis.
exploradas as redondilhas, de cinco ou de sete sílabas (me- Em Camões, percebe-se o conflito entre o sentimento espi-
nor ou maior, respectivamente). ritual, idealizado, e o sentimento de manifestação carnal. O
Os poemas em medida nova são relacionados à tradição amor é, dessa forma, complexo, contraditório.
clássica: sonetos, éclogas, elegias, oitavas, sextinas. Quan- Esses sentimentos contraditórios, bem como certo pessimis-
to ao conteúdo, a poesia lírica clássica se relaciona com mo existencial que marca a poesia lírica de Camões, fogem
o petrarquismo. Francesco Petrarca foi o responsável por ao espírito harmonioso e racional do Renascimento e pre-
fixar a forma do soneto, no século XIV; o conteúdo de sua nunciam o movimento literário do século XVII: o Barroco.

QUINHENTISMO E ESTÉTICA BARROCA

Quinhentismo Barroco
Contexto histórico Contexto histórico
§ Século XVI. § reforma × contrarreforma
§ Início da colonização do Brasil. § no Brasil: ciclo da cana-de-açúcar

Literatura de informação Conceptismo


Textos criados para enviar a Portugal notícias sobre as § clareza dos argumentos
terras descobertas. Esses relatórios, denominados “crôni- § valorização da lógica
cas de viagem”, possuem caráter mais histórico do que
§ bom uso da retórica
literário, e a linguagem é predominantemente referencial
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ou denotativa. § silogismos
Considerada o primeiro documento da literatura no Brasil, § sofismas
A carta, de Pero Vaz de Caminha, inaugurou, em 1500, a
chamada literatura informativa.

Literatura de formação ou jesuítica


Ao lado da prosa informativa, ocorreram manifestações
em poesia e teatro escritas por jesuítas com a finalidade
de catequizar os índios. Essa produção é denominada
literatura de formação, em decorrência do aspecto di-
dático que apresenta. Seus principais expoentes são os
padres José de Anchieta e Manuel da Nóbrega.

33
GREGÓRIO DE MATOS E PADRE ANTONIO VIEIRA

Gregório de Matos Poesia lírica filosófica


A lírica filosófica de Gregório de Matos revela um poeta que,
Gregório de Matos (1633-1696) é o maior poeta barroco tal qual os clássicos, transmite um forte senso do “descon-
brasileiro e um dos fundadores da poesia lírica e satírica no certo do mundo”, ocupando-se com a transitoriedade da
Brasil. Em sua obra, Gregório acolheu a poesia religiosa, os vida, o escoamento do tempo e a fragilidade do homem.
costumes e a reflexão moral. Em relação aos temas, convi-
vem em seus poemas um desenfreado sentimento de sen-
sualismo, erotismo e paixão idealizada. Seus poemas são Antônio Vieira
dados ao gosto pelo jogo de palavras e das brincadeiras.
Antônio Vieira (1608-1697) é a principal expressão do
O “língua de trapo” Barroco em Portugal. Sua obra pertence tanto à literatu-
Irreverente como poeta lírico, Gregório seguiu e ao mes- ra portuguesa quanto à brasileira. Sua característica mais
mo tempo implodiu os modelos barrocos europeus. Foi marcante é a de orador e pregador da fé cristã.
apelidado de Boca do Inferno, graças à sua poesia As qualidades de Vieira como orador são incomparáveis.
satírica, dirigida aos governantes corruptos, a religiosos Dotado de boa formação jesuítica, pronunciou sermões
licenciosos e às hipocrisias da sociedade.
que se tornaram ao mesmo tempo a expressão máxima do
Poesia satírica Barroco em prosa sacra e uma das principais expressões
Não poupa aspecto algum do sistema e do poder, o que faz ideológicas e literárias da Contrarreforma. Pregou no Brasil,
dele um poeta maldito. Provoca os políticos e ridiculariza em Portugal e na Itália, sempre com grande repercussão.
os que viviam para bajular e louvar os poderosos, traços Entre sua vasta produção de mais de duzentos sermões e
que contribuíram para o “abrasileiramento” do Barroco quinhentas cartas, destacam-se:
importado da Europa. § Sermão da sexagésima, proferido na Capela Real de
Poesia lírica: sacra e amorosa Lisboa, em 1655, cujo tema é a arte de pregar.
§ Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal con-
A poesia lírica de Gregório de Matos é idealista, às
vezes emocional, às vezes conceitual, mas frequente- tra as de Holanda, proferido na Bahia, em 1640, posi-
mente preocupada em entender contradições. A lírica ciona-se contra à invasão holandesa.
sacra ressalta o senso do pecado ao lado do desejo do § Sermão de Santo Antônio (aos peixes), proferido no
perdão. O lirismo amoroso é contraditório, marcado pela Maranhão, em 1654, ataca a escravização de índios.
ambiguidade da mulher, vista como uma dualidade entre § Sermão do mandato, proferido na Capela Real de Lis-
matéria e espírito. boa, em 1645, desenvolve o tema do amor místico.

ESTÉTICA NEOCLÁSSICA: O ARCADISMO


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Contexto histórico Características


A partir da segunda metade do século XVIII, junto às
Europa profundas transformações sociais e econômicas que
§ Iluminismo – século XVIII (o século das Luzes). anunciavam revoluções intelectuais nas sociedades euro-
peias, desenvolve-se um novo estilo literário, o Arcadismo.
§ Retomada da cultura clássica.
§ Linguagem simples. O Arcadismo foi chamado também de Neoclassicismo, um
novo Classicismo, em decorrência da retomada dos modelos
Brasil clássicos. As principais características do estilo são:
§ Busca pela perfeição.
§ Inconfidência Mineira. § Referências mitológicas.

34
§ Racionalismo. são amorosa, o sentimento de desamparo e a dor de viver
§ Pastoralismo. impactaram de tal maneira sua poesia que ela acabou se
§ Bucolismo: proposta de uma vida no campo como afastando da estética árcade para se enveredar pelo cam-
alternativa à agitação das cidades e contraponto às po dramático e confessional, fato que inseriu Bocage num
normas sociais e religiosas. contexto pré-romântico.
§ Valorização da cultura greco-latina. A produção satírica de Bocage foi uma das que mais se po-
§ Eu lírico = pastor.
pularizou, embora seja considerada inferior à poesia lírica.
§ Uso de psudônimos.
Foi por meio dessa poesia que o poeta recebeu a alcunha
de “poeta maldito”, uma vez que tratava de temas de na-
Autores de destaque tureza grosseira, vulgar e obscena.
Em Portugal, Manuel Maria Barbosa Du Bocage, que
já prenuncia o Romantismo. Arcadismo no brasil
No Brasil, Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manoel
Os escritores brasileiros do século XVIII assumiram uma
da Costa, Alvarenga Peixoto, Santa Rita Durão e
postura peculiar em relação ao Arcadismo importado de
Basílio da Gama.
Portugal. Por um lado, procuravam seguir os princípios
Os poetas brasileiros, na verdade, refletiam a maneira de estabelecidos pelas academias literárias portuguesas e se
pensar dos europeus, porque estudaram na Europa, apesar inspiravam em escritores clássicos consagrados, como Ca-
de o país ainda ser colônia. mões, Petrarca e Horácio. Ao mesmo tempo, com o intuito
Para recuperar a perfeição e o equilíbrio dos clássicos e do de tornar a literatura da Colônia mais universal e equipa-
Renascimento, era comum entre os autores o uso de cli- rá-la às literaturas europeias, tentavam eliminar vestígios
chês árcades ditos sempre em latim: pessoais ou locais.
§ Carpe diem (aproveitar o dia). Dessa maneira, apresentaram em suas obras aspectos dife-
§ Fugere urbem (fugir da cidade). rentes dos prescritos pelo modelo importado. Na poesia de
§ Locus amoenus (lugar tranquilo). Cláudio Manuel da Costa, por exemplo, a natureza aparece
§ Aurea mediocritas (equilíbrio de ouro, desprezo aos mais bruta e selvagem do que na poesia europeia; o mito
bens materiais). do “homem natural” culminou na figura do índio, persona-
gem das obras de Basílio da Gama e Santa Rita Durão; a
§ Inutilia truncat (cortar o inútil).
expressão dos sentimentos, em Tomás Antônio Gonzaga e
Silva Alvarenga, é mais espontânea e menos convencional.
Arcádias Esses aspectos da poesia árcade brasileira foram mais tarde
As Arcádias eram academias literárias. Em Portugal existi- recuperados e aprofundados pelo Romantismo, movimento
ram duas importantes academias árcades: a Arcádia Lu- que buscou definir uma identidade nacional à literatura.
sitana, que efetivamente deu início ao movimento árcade Além dessa espécie de adaptação do modelo europeu, não
em Portugal, e a Nova Arcádia (1790), da qual participou se pode esquecer da forte influência barroca ainda durante o
o maior poeta português do século XVIII: Bocage. século XVIII. As igrejas de Ouro Preto só tiveram sua constru-
ção concluída quando o Arcadismo já vigorava na literatura.
Manuel Maria Barbosa du Bocage Destacam-se entre os autores árcades brasileiros:
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

Bocage entrou para a história da literatura portuguesa como um § Líricos: Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio
poeta erótico, embora sua poesia lírica árcade seja considerada Gonzaga e Silva Alvarenga.
superior. A obra Rimas, de 1791, valeu-lhe o convite para a Nova § Épicos: Basílio da Gama, Santa Rita Durão e Cláudio
Arcádia, onde usava o pseudônimo Elmano Sadino. Manuel da Costa.
A fase inicial da poesia de Bocage é marcada por formas e § Satíricos: Tomás Antônio Gonzaga.
temas próprios do Arcadismo: o ambiente bucólico (fugere § Encomiásticos: Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto.
urbem), o ideal de vida simples e alegre (aurea mediocritas),
a simplicidade e a clareza das ideias e da linguagem, etc.
Os poetas árcades e a
Idílios marítimos, Rimas (três volumes) e Parnaso bocagia- inconfidência mineira
no reúnem a produção literária de Bocage. Os sonetos de Os escritores árcades mineiros Tomás Antonio Gonzaga,
Rimas são o ponto alto de sua produção. e alguns estudio- Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa participa-
sos chegam a compará-lo a Camões. A solidão, a desilu- ram diretamente do movimento da Inconfidência Minei-

35
ra. Ao voltarem de Coimbra com ideias enciclopedistas extraído da Colônia, mas ajudaram a divulgar o ideal de
e influenciados pela independência dos EUA, eles não um Brasil independente, contribuindo para a organização
apenas se somaram aos revoltosos contra a exploração do grupo inconfidente.
pelo erário régio, que confiscava a maior parte do ouro

ESTÉTICA ROMÂNTICA: PROSA

Romantismo em Portugal § Escreveu romances, poesia e teatro.


§ Viagens na minha terra é um relato-personagem que
Partidários do liberalismo de D. Pedro e antimiguelistas, os registra o pitoresco da terra natal. Trata-se de um mis-
jovens escritores Almeida Garrett e Alexandre Herculano ti- to de diário, literatura de viagens, reportagens e ficção,
veram de exilar-se na Inglaterra e na França, onde tomaram cujo fio narrativo é uma viagem de Lisboa e Santarém.
contato com as obras de Lord Byron, Walter Scott e William É organizada em capítulos que relatam os aconteci-
Shakespeare. mentos e as reflexões do narrador sobre vários assun-
De volta, em 1825, Garrett publicou uma biografia roman- tos, entre os quais amor, política, curiosidades.
ceada concebida em versos brancos chamada Camões. Com
esse poema, introduziu-se o Romantismo em Portugal. Suas Alexandre Herculano
características viriam a firmar-se no espírito romântico: ver-
sos decassílabos brancos, subjetivismo, nostalgia, melancolia § Assim como Garrett, engajou-se na luta ao lado dos
e a grande combinação dos gêneros literários. pedristas (liberais).
O Romantismo português durou aproximadamente 40 § A obra literária de Herculano obedece ao princípio ro-
anos, como nos demais países europeus, o Romantismo mântico de busca da realidade ideal para o país me-
português atrelou-se ao liberalismo e à ideologia burguesa diante a reconstituição das formas sociais mais signifi-
e assumiu compromissos com o novo público leitor. cativas de sua história. Esse historicismo tem sua origem
no romantismo histórico e social do escritor inglês Wal-
Gerações do Romantismo ter Scott e do francês Victor Hugo.

português § A ficção histórica é constituída por 3 obras: O bobo,


que trata da formação de Portugal em meio a uma
Nos anos caóticos de lutas entre liberais e conservadores, os intriga romântica; Eurico, o presbítero, que registra a
românticos foram, pouco a pouco, implementando as refor- situação histórica portuguesa sob o domínio mouro e
mas literárias que modificariam o quadro estético neoclássico
discute criticamente a questão do celibato clerical; e O
português.
monge de Cister, romance que marca o momento his-
O Romantismo português conheceu três momentos distintos.
tórico da centralização política monárquica.
A Primeira Geração (Almeida Garrett e Alexandre Herculano),
entre os anos de 1825 e 1840, muito contribuiu para a con-
solidação do liberalismo no país. 2.ª Geração
A Segunda Geração (Camilo Castelo Branco), ultrarromân-
Camilo Castelo Branco
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

tica, levou o movimento ao exagero, e prevaleceu entre os


anos 1840 e 1860. § Camilo concentrou seus esforços profissionais na car-
A Terceira Geração (Júlio Dinis), de transição para o Realismo, reira de escritor, fonte de seu sustento. Sua vasta obra
marcou presença nos anos de 1860. Nesses três momentos, compreende as temáticas com foco no mistério, nas
a poesia, o romance, o teatro, a historiografia e o jornalismo questões históricas e na crítica aos costumes.
se desenvolveram de forma inédita em Portugal.
§ A novela camiliana atende ao gosto popular, com
1.ª Geração predomínio do ultrarromantismo e do passiona-
lismo, traço distintivo e força artística. O mundo é
Almeida Garrett frustrado sob o ângulo das grandes paixões: Carlota
§ É um dos principais escritores do romantismo português. Ângela (1858), Amor de perdição (1863), Amor de
§ Em 1832, participou do cerco à cidade do Porto, empre- salvação (1864), A doida do Candal (1867), O retra-
endido pelos liberais. to de Ricardina (1868).

36
§ A obra que rompe com as características típicas do § Romances indianistas: O guarani (1857); Iracema
romantismo é Coração, cabeça e estômago, livro que (1865); e Ubirajara (1874).
realiza uma crítica aos costumes como numa antecipa- § Romances regionalistas: O gaúcho (1870); O tron-
ção ao realismo. co do ipê (1871); Til (1871); e O sertanejo (1875).
§ Romances históricos: As minas de prata (dois vo-
3.ª Geração lumes: 1865 e 1866); Guerra dos mascates (dois vo-
lumes: 1871 e 1873); Alfarrábios (1873, composto de
Júlio Dinis O garatuja, O ermitão da Glória e A alma de Lázaro).
§ Romances urbanos (ou “perfis de mulheres”):
§ Criava seus personagens sob a lógica dos tipos sociais
Cinco minutos (1856); A viuvinha (1857); Lucíola
e substituiu o ultrarromantismo pelas antecipações re-
(1862); Diva (1864); A pata da gazela (1870); Sonhos
alistas, em que a oralidade e os comportamentos ob-
d’ouro; Senhora (1872); e Encarnação (1877).
serváveis passaram a figurar em suas narrativas. No en-
tanto, é estudado ainda no Romantismo, por conta do
processo de redenção nas conclusões de suas tramas.
Principais obras
O guarani, 1857, romance histórico-indianista que mostra
§ Suas principais obras são: As pupilas do senhor reitor a convivência entre portugueses e as tribos indígenas da
(1867), A morgadinha dos canaviais (1868), Uma famí- época. A obra se articula a partir de alguns fatos essen-
lia inglesa (1868), Serões da província (1870), Os fidal- ciais: a devoção e fidelidade do índio goitacá Peri a Cecília;
gos da casa mourisca (1871), Poesias (1873), Inéditos o amor de Isabel por Álvaro e o amor deste por Cecília. A
e esparsos (1910) e Teatro inédito (1946-47). morte acidental de uma índia aimoré, provocada por D. Dio-
go, e a consequente revolta e ataque dos Aimorés, ocorre
O romance brasileiro e simultaneamente a uma rebelião dos homens de D. Antô-
nio, liderados pelo ex-frei Loredano, homem ambicioso e
a busca do nacional devasso que queria saquear a casa e raptar Cecília.
Iracema, 1865, romance histórico-indianista que desen-
Nas décadas que sucederam a Independência do Brasil, os
volve a lenda da fundação do Ceará e a história de amor
romancistas se empenharam no projeto de construir uma
entre a índia Iracema e o português Martim. Guardadora
cultura brasileira autônoma, que exigia dos escritores o re-
dos segredos da Jurema, Iracema faz um voto de castidade,
conhecimento da identidade de nossa gente, da nossa lín- que rompe ao tornar-se esposa de Martim.
gua, das nossas tradições e diferenças regionais e culturais.
Abandona sua tribo e segue com ele. Dá à luz um filho –
Nessa busca, o romance se voltou para os espaços nacio- Moacir –, símbolo do homem brasileiro miscigenado. Mar-
nais, identificados como a selva, o campo e a cidade, que tim tem de partir para Portugal por um longo tempo. Quan-
deram origem, respectivamente, ao romance indianista e do regressa, encontra Iracema à morte. Enterra-a ao pé de
histórico (a vida primitiva), ao romance regional (a vida ru- uma palmeira e retorna a Portugal, levando consigo o filho.
ral) e ao romance urbano (a vida citadina). Til, 1871, romance regionalista em que o narrador utiliza
O mais fértil ficcionista romântico brasileiro foi o cearense descrições pormenorizadas da região e de cenários em tor-
José Martiniano de Alencar (1829-1877), cuja meta era no do rio Piracicaba. A história do romance gira em torno
do misterioso nascimento de Berta, uma jovem muito bon-
formar uma literatura nacional autêntica, que rompesse os
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

dosa e bonita que mesmo sendo uma típica heroína român-


vínculos com a lusitana e retratasse a realidade brasileira.
tica, abnega de seus desejos para cuidar daqueles a quem
Esse objetivo foi alcançado.
quer bem. Por trás de tudo isso, o romance mostra uma
visão patriarcal e senhorial presentes no Brasil escravista e
José de Alencar patriarcal. Os preconceitos de classe e as relações de poder
José de Alencar (1829-1877) foi o principal romancista são enfocadas na obra.
brasileiro da fase romântica. Senhora, 1875, romance urbano, é uma das últimas
obras escritas por Alencar. Ao tematizar o casamento como
Sua vasta produção literária compreende vinte romances, forma de ascensão social, o autor deu início à discussão
oito peças de teatro (como Mãe e O jesuíta, encenadas sobre certos valores e comportamentos da sociedade cario-
à época), crônicas, escritos políticos e crítica literária. Em ca da segunda metade do século XIX. Aurélia Camargo é
razão da abrangência de seus romances, eles foram clas- uma moça pobre e órfã de pai, noiva de Fernando Seixas,
sificados de acordo com o tema. bom rapaz, que ambiciona ascender socialmente. Em razão

37
disso, troca Aurélia por outra moça de dote mais valioso.
Aurélia passa a desprezar todos os homens. Eis que, com a U.T.I. - Sala
morte de uma avó, torna-se milionária, e consequentemen- LEIA O TEXTO A SEGUIR PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES
te, uma das mulheres mais cortejadas do Rio de Janeiro. 1 E 2.
Como vingança, manda oferecer a Seixas um dote de cem À SUA MULHER ANTES DE CASAR
contos de réis, sem revelar seu nome, que seria conhecido
Discreta, e formosíssima Maria,
só no dia do casamento. Seixas aceita e se casa. Na noite
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
de núpcias, Aurélia revela-lhe seu desprezo. Seixas cai em Em tuas faces a rosada Aurora,
si e percebe o quanto fora vil em sua ganância. Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:

Outros autores da prosa Enquanto com gentil descortesia


O ar, que fresco Adônis te namora,
romântica brasileira Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:
§ Bernardo Guimarães – criou o romance regionalis-
ta. Tornou artísticos os “casos” da literatura oral, valen- “Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trata a toda ligeireza,
do-se das técnicas narrativas dos folhetins. Suas obras E imprime em toda a flor sua pisada,
mais lidas são O seminarista (1872) e A escrava Isaura
(1875), construídas com temas básicos dos romances Oh não aguardes, que a madura idade,
Te converta essa flor, essa beleza,
de ênfase social de sua época, respectivamente o celi-
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada”.
bato clerical e a escravidão. (Gregório de Matos)
§ Visconde de Taunay – É também autor do romance
1. Explique quais aspectos do tema da efemeridade da
regionalista. Por conta de suas andanças no Mato Gros-
vida revelam aspectos do contexto histórico da estética
so, soube reproduzir com precisão aspectos visuais da barroca. Além disso, determine a estrutura formal do
paisagem sertaneja, especialmente da fauna e da flora poema em seus vários aspectos.
da região. Foi autor do romance Inocência (1872), sua
obra-prima, e de livros sobre a guerra e o sertão, como 2. Leia o trecho a seguir de Luiz Vaz de Camões e deter-
mine de qual obra ele foi retirado. Em seguida, justifi-
Retirada da Laguna (1871).
que do ponto de vista temático e formal sua resposta.
§ Franklin Távora – Nasceu no Ceará e estudou Direito
As armas e os Barões assinalados
no Rio de Janeiro. Foi um dos mais polêmicos e radicais Que da Ocidental praia lusitana,
escritores regionalistas. Rebelou-se contra a “literatura Por mares nunca dantes navegados,
do Sul”, especialmente a de Alencar, seu conterrâneo, Passaram ainda além da Taprobana,
alegando que ele se deixava levar pelos modelos es- Em perigos e guerras esforçados,
trangeiros – nos romances urbanos – e que, ao dedi- Mais do que prometia a força humana,
car-se a romances regionalistas, nem sequer conhecia E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram;
a região retratada – em O gaúcho. Com O cabeleira, (...)
inaugurou um dos veios mais férteis de nossa ficção Não mais, Musa, não mais, que a lira tenho
regional. Trouxe à tona problemas até então pouco co- Destemperada e a voz enrouquecida,
nhecidos em outras regiões do país, como o banditismo, E não do canto, mas de ver que venho
o cangaço, a seca, a miséria, as migrações, mais tarde Cantar a gente surda e endurecida.
retomados e aprofundados por Graciliano Ramos, José O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
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Lins do Rego, Jorge Amado. No gosto da cobiça e na rudeza


§ Joaquim Manuel de Macedo – Foi autor do primei- Duma austera, apagada e vil tristeza
ro romance brasileiro propriamente dito, A moreninha 3. Durante o século XIV, a poesia trovadoresca entra em
(1844), depois de algumas tentativas malsucedidas decadência, surgindo uma nova forma de poesia, total-
no gênero. Embora formado em Medicina, Macedo se mente distanciada da música, apresentando amadureci-
dedicou ao jornalismo e à política. A moreninha confe- mento técnico, com novos recursos estilísticos e novas
riu-lhe ampla popularidade, mantida com a publicação formas poemáticas. Qual é o nome deste momento literá-
rio e qual a determinação dada para a poesia da época?
de outros romances.
§ Manuel Antônio de Almeida – Como escritor, pro- 4. Leia o poema a seguir e determine de qual fase da
poesia do escritor Bocage ela se enquadra. Justifique
duziu uma única obra. O descompromisso com o suces- sua resposta.
so e um grande senso de humor lhe permitiram criar
uma das obras originais do Romantismo brasileiro: Me- Ó retrato da morte, ó noite amiga
mórias de um sargento de milícias. Por cuja escuridão suspiro há tanto!

38
Calada testemunha do meu pranto, 2. Determine as características que justificam sua clas-
De meus desgostos secretária antiga! sificação.

Pois manda Amor, que a ti somente os diga, 3. A estrutura paralelística é, neste poema, particularmen-
Dá-lhes pio agasalho no teu manto; te expressiva, pois revela uma relação importante com o
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto aspecto da temática. Determine qual é esta relação.
Dorme a cruel, que a delirar me obriga:
LEIA O TEXTO A SEGUIR PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES
E vós, ó cortesãos da escuridade, 4 E 5.
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos, como eu, da claridade! Mote:
Perdigão perdeu a pena,
Em bandos acudi aos meus clamores; Não há mal que lhe não venha.
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar meu coração de horrores. Volta:
Perdigão que o pensamento
5. (PUC-RJ) Texto 1 Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Beijei na areia os sinais de teus passos, beijei os meus Ganha a pena do tormento.
braços que tu havias apertado, beijei a mão que te ul- Não tem no ar nem no vento
trajara num momento de loucura, e os meus próprios Asas com que se sustenha:
lábios que roçaram tua face num beijo de perdão. Não há mal que lhe não venha.
Que suprema delícia, meu Deus, foi para mim a dor que (Camões)
me causavam os meus pulsos magoados pelas tuas
mãos! Como abençoei este sofrimento!... Era alguma 4. De que fase da poesia de camões este poema se en-
cousa de ti, um ímpeto de tua alma, a tua cólera e indig- quadra?
nação, que tinham ficado em minha pessoa e entravam
5. Do ponto de vista formal, como pode se classificar o
em mim para tomar posse do que te pertencia. Pedi a
poema classicista de Luís Vaz de Camões?
Deus que tornasse indelével esse vestígio de tua ira,
que me santificara como uma cousa tua! LEIA O TEXTO A SEGUIR PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES
.................................................................. 6 A 8.
Quero guardar-me toda só para ti. Vem, Augusto: eu te es- Passada esta tão próspera vitória,
pero. A minha vida terminou; começo agora a viver em ti. Tornado Afonso à Lusitana terra,
(José de Alencar. “Diva”. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996. p.121.) A se lograr da paz com tanta glória
Quanta soube ganhar na dura guerra,
O texto acima é um trecho do último capítulo de “Diva”,
romance de Alencar que, ao lado de “Senhora” e “Lucí- O caso triste, e dino da memória
ola”, forma a trilogia de “perfis femininos”. Trata-se de Que do sepulcro os homens desenterra,
uma carta escrita por Emília, protagonista da estória, Aconteceu da mísera e mesquinha
ao jovem médico Augusto. A partir da leitura do texto, Que despois de ser morta foi Rainha.
indique as características românticas presentes no frag- (Luis Vaz de Camões)
mento, justificando com exemplos. 6. De que obra de Luis Vaz de Camões o trecho apresen-
tado foi retirado?

U.T.I. - E.O. 7. Qual o ano da publicação da obra em que o trecho


se enquadra?
LEIA O TEXTO A SEGUIR PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

1 A 3. 8. O texto faz menção a uma passagem importante da


obra que se enquadra. Qual é esta passagem e qual o
Ondas do mar de Vigo,
seu significado no todo da obra?
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá1 cedo!
LEIA O TEXTO A SEGUIR PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES
Ondas do mar levado2,
9 A 11.
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo! Eu cantarei de amor tão Docemente,
Martim Codax Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados
1
verrá - virá Faça sentir ao peito que não sente.
2
levado - agitado
Farei que amor a todos avivente,
1. Segundo a tradição da poesia medieval, como pode- Pintando mil segredos delicados,
-se classificar a cantiga de Martim Codax? Brandas iras, suspiros magoados,

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Temerosa ousadia e pena ausente. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Também, Senhora, do desprezo honesto
A primeira vez que vim ao Rio de Janeiro foi em 1855.
De vossa vista branda e rigorosa
Poucos dias depois da minha chegada, um amigo e
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.
companheiro de infância, o Dr. Sá, levou-me à festa
Porém, para cantar de vosso gesto da Glória; uma das poucas festas populares da corte.
A composição alta a milagrosa, Conforme o costume, a grande romaria desfilando pela
Aqui fala saber, engenho e arte. Rua da Lapa e ao longo do cais serpejava nas faldas do
9. De que fase da obra de Luis Vaz de Camões o trecho outeiro e apinhava-se em torno da poética ermida, cujo
a cima foi retirado? âmbito regurgitava com a multidão do povo.
Era ave-maria quando chegamos ao adro; perdida a es-
10. Camões possui temas fundamentais em sua poesia. perança de romper a mole de gente que murava cada
Determine qual a temática predominante no texto “Eu uma das portas da igreja, nos resignamos a gozar da
cantarei de amor tão docemente”? fresca viração que vinha do mar, contemplando o deli-
11. Do ponto de vista formal, como se pode classificar o cioso panorama da baía e admirando ou criticando as
poema acima? Justifique com pelo menos um aspecto. devotas que também tinham chegado tarde e pareciam
satisfeitas com a exibição de seus adornos.
LEIA O TEXTO A SEGUIR PARA RESPONDER À PRÓXIMA
Enquanto Sá era disputado pelos numerosos amigos e
QUESTÃO.
conhecidos, gozava eu da minha tranquila e indepen-
Não só são ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, dente obscuridade, sentado comodamente sobre a
ou espreitam os que se vão banhar para lhes colher a pequena muralha e resolvido a estabelecer ali o meu
roupa; os ladrões que mais própria e dignamente me- observatório. Para um provinciano lançado recém-lan-
recem este título são aqueles a quem os reis encomen- çado-chegado à corte, que melhor festa do que ver
dam os exércitos e legiões ou o governo das províncias, passar-lhe pelos olhos, à doce luz da tarde, uma parte
ou a administração das cidades, os quais já com manha, da população desta grande cidade, com os seus vários
já com força roubam e despojam os povos. Os outros matizes e infinitas gradações?
ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e Todas as raças, desde o caucasiano sem mescla até o
reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem africano puro; todas as posições, desde as ilustrações
temor nem perigo; os outros se furtam, são enforcados, da política, da fortuna ou do talento, até o proletário
estes furtam e enforcam. humilde e desconhecido; todas as profissões, desde o
Padre Antônio Vieira – “Sermão do bom ladrão” banqueiro até o mendigo; finalmente, todos os tipos
12. O jesuíta padre Antônio Vieira ficou famoso por seu grotescos da sociedade brasileira, desde a arrogante
poder de argumentação em função do projeto de coloni- nulidade até a vil lisonja, desfilaram em face de mim,
zação catequética de Portugal. Um de seus instrumentos roçando a seda e a casimira pela baeta ou pelo algo-
era o “silogismo aristotélico”. Determine suas premissas dão, misturando os perfumes delicados às impuras exa-
e conclusão no trecho do “Sermão do bom ladrão”. lações, o fumo aromático do havana às acres baforadas
do cigarro de palha.
13. Qual é o documento que na história da Literatura Alencar, José de. Lucíola. São Paulo: editora ática, 1988, p. 12
pode ser considerado a “Certidão de nascimento da
Literatura Brasileira”? Determine também quem foi o 15. (PUC-RJ) O romance “Lucíola”, publicado em 1862,
responsável por sua autoria e a data de sua publicação. é considerado uma das mais importantes obras de José
de Alencar. Cite TRÊS aspectos que marcam o estilo de
14. (UFLAVRAS) Leia os seguintes fragmentos de “Marí- época a que se filia o autor, tendo como referência o
lia de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga. fragmento selecionado.
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

Texto 1
LEIA OS TEXTOS A SEGUIR PARA RESPONDER À PRÓXIMA
Verás em cima de espaçosa mesa QUESTÃO.
Altos volumes de enredados feitos;
Ver-me-ás folhear os grandes livros, TEXTO I
E decidir os pleitos.
SONETO DO EPITÁFIO
Texto 2
Lá quando em mim perder a humanidade
Os Pastores, que habitam este monte, Mais um daqueles, que não fazem falta,
Respeitam o poder do meu cajado; Verbi-gratia – o teólogo, o peralta,
Com tal destreza toco a sanfoninha, Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:
Que inveja me tem o próprio Alceste.
Não quero funeral comunidade,
Responda: Que engrole “sub-venites” em voz alta;
Em qual dos fragmentos o sujeito lírico é caracterizado Pingados gatarrões, gente de malta,
de acordo com a convenção arcádica? Explique. Eu também vos dispenso a caridade:

40
Mas quando ferrugenta enxada edosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:
“Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada, e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro”.
(BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. In: LAJOLO, Marisa.
(Org.) Literatura Comentada: Bocage. São Paulo: Abril
Cultural, 1980. p. 91. Ortografia atualizada.)

TEXTO II

LEMBRANÇA DE MORRER

Quando em meu peito rebentar-se a fibra,


Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
– Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh’alma errante,
Onde o fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade – é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
[...]
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta – sonhou – e amou na vida.
Sombras do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Mas quando preludia ave d’aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos.
Deixai a lua pratear-me a lousa!
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

(AZEVEDO, Álvares de.Lira dos Vinte anos. In: Obra completa.


Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 188-189.)

Com base nos textos I e II, responda:


a) Quais são as características do soneto de Bocage
(texto I) que nos permitem identificá-lo como satírico?
b) Os poemas de Bocage (texto I) e Álvares de Azeve-
do (texto II) tratam diferentemente do mesmo tema.
Identifique esse tema e explicite as maneiras como
cada autor o trata, relacionando-as com o contexto
de época.

41
ENTRE
FRASES

1
LINGUAGENS
CÓDIGOS
REDAÇÃO
e suas tecnologias

U.T.I.
DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA

DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA: é o gênero textual em que se discute um tema, a partir da defesa de um posicionamento
sustentado por argumentos. Trata-se de um tipo de texto frequentemente exigido nos exames vestibulares do país.

Estrutura da dissertação argumentativa


Trata-se do parágrafo inicial do texto. Ele tem função de situar o leitor a respeito do assunto e da problemática a
INTRODUÇÃO serem tratados e de anunciar o direcionamento a ser desenvolvido ao longo do texto, isto é, a tese.
O desenvolvimento da redação ocorre nos parágrafos intermediários do texto. Eles apresentam os argumentos
DESENVOLVIMENTO selecionados para a defesa da tese.
Trata-se do parágrafo de encerramento da redação. A depender do vestibular, pode apresentar uma reiteração da
CONCLUSÃO tese e dos argumentos desenvolvidos ou apresentar uma intervenção para o problema discutido. (ENEM)

Elementos básicos da dissertação argumentativa


TESE: É o posicionamento a respeito do tema. Trata-se de um período dentro do texto que resume ao leitor qual será o
ponto de vista defendido ao longo da redação. Geralmente, a tese aparece ao final do 01º parágrafo, isto é, da introdução.
ARGUMENTO: É uma ideia que sustenta a tese. Deve ser apresentada e discutida por meio de dados, fatos, citações,
exemplos ou analogias artísticas.

Reflexão Crítica
A elaboração da redação exige um momento de reflexão especial do candidato. Na maior parte dos casos, é mais produtivo
dedicar um tempo maior para a análise do tema e para a seleção dos argumentos que para a própria escrita, uma vez que
a construção de um ponto de vista claro e objetivo é a principal finalidade do texto.
Uma das maneiras de refletir criticamente sobre um assunto é separar o “joio do trigo”. No caso das dissertações xargu-
mentativas, a reflexão pode ser iniciada separando o senso comum do senso crítico. O SENSO CRÍTICO se encarrega
de analisar a fundo as problemáticas discutidas observando seu surgimento, suas causas e seus principais
agentes; o SENSO COMUM, por sua vez, apenas reflete uma opinião superficial ou limitada, usualmente
baseada em hábitos, crenças e preconceitos ou numa visão menos esclarecida sobre determinada situação.

A LINGUAGEM NA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA


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OBJETIVIDADE A linguagem utilizada na redação deve respeitar a norma padrão da língua portuguesa e prezar pela clareza e pela objetivi-
E CLAREZA dade. Os termos que atribuem incerteza e imprecisão às afirmações devem ser deixados de lado.

§ Nota-se que... § É importante abordar...


IMPESSOALIDADE § Observa-se que... § Não se pode esquecer...
§ É possível perceber... § Torna-se fundamental reavaliar ...
Predomínio da
3º pessoa do § Pode-se afirmar... § É necessário rever...
singular § Vale mencionar que... § Passa-se a discutir...
§ Convém ressaltar... § É notável que...

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APRESENTAÇÃO DA OPINIÃO
Vale dizer também que veículos de mídia distorcem as informações fornecidas pelos entrevistados.
ALGUNS VERBOS A elite brasileira ignora a noção de cidadania e, assim, submete os outros a uma relação de hierarquia.
NO PRESENTE
No entanto, tal discurso deturpa a visão da sociedade a respeito de política.

A sociedade civil é conivente com as ações...


ADJETIVOS As ações vinculadas à cultura são inexpressivas...
A adoção de uma postura crítica é essencial aos sujeitos...

Há uma hipocrisia no discurso de parte da classe média brasileira.


SUBSTANTIVOS Logo, nota-se o desprezo da opinião pública em uma questão que deveria ser de interesse coletivo.
ABSTRATOS Assim, esse cenário apenas fortalece o desconhecimento sobre o assunto.

Diante disso, nota-se que o racismo continua presente no cotidiano brasileiro, ainda que parte da sociedade civil negue
sua existência.
VERBOS DE LIGAÇÃO Tornou-se comum negar o próprio discurso.
Além disso, vale dizer que o corpo docente permanece distante do interesse de seus alunos.

ESPECIFICIDADES DO ENEM

Características principais da redação ENEM:


§ Elaborar um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, com tema de ordem social, científica, cultural
ou política. (Geralmente, discute-se problemas da sociedade).
§ Compor o texto a partir de uma tese que seja comprovada por argumentos.
§ Sugerir uma intervenção para o problema abordado. (A sugestão deve respeitar os direitos humanos).

Competências
COMPETÊNCIA 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
Dicas:
§ Esteja muito atento à construção sintática das orações e aos problemas de acentuação, pontuação, concordância
e ortografia;
§ Dê preferência ao emprego de períodos menores, em que as subordinações e orações intercaladas possam ficar mais
claras e organizadas aos olhos do leitor;
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§ Releia o seu rascunho antes de passar a limpo procurando eliminar quaisquer desvios da norma padrão e usos lexicais
da informalidade.
COMPETÊNCIA 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para
desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
Dicas:
§ Leia com MUITA ATENÇÃO o recorte temático proposto, buscando elaborar uma redação que atende integralmente ao
que se pede;
§ Construa seus parágrafos de modo a deixar claro que seu texto possui uma introdução com uma tese, desenvol-
vimento conclusão;
§ Utilize ao menos dois repertórios externos na redação que estejam vinculados ao tema e que sejam provenientes
de outras áreas do conhecimento: literatura, história, sociologia, filosofia, direito, cinematografia, música, etc.

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COMPETÊNCIA 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos
em defesa de um ponto de vista.
Dicas:
§ Construa uma tese que já anuncie ao leitor quais serão seus argumentos:
§ Elabore seus parágrafos de desenvolvimento com sua opinião (introduzida pelo tópico frasal) e com explicações, infor-
mações e fatos que a comprovem.
COMPETÊNCIA 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção
da argumentação.
Dicas:
§ Capriche na coesão entre os períodos e parágrafos de seu texto. Lembre-se que as ideias devem estar sempre muito
bem amarradas;
§ Use a coesão referencial para retomar temos apresentados anteriormente, evitando ao máximo a repetição de palavras.
§ Use os conectivos para ligar seus períodos e parágrafos. Evite repetir conectivos: a pontuação máxima também depende
de um repertório amplo de operadores argumentativos.
COMPETÊNCIA 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direi-
tos humanos.
Dicas:
§ Faça uma proposta concreta. Pense em ações possíveis e evite clichês.
§ Não se esqueça de nenhum dos elementos: AGENTE, AÇÃO, MEIO, FINALIDADE. Lembre-se também de que ao
menos 1 desses elementos precisa estar DETALHADO.

EXEMPLO: REDAÇÃO ENEM 2019 – Nota 1000


Na obra “A Invenção de Hugo Cabret”, é narrada a relação entre um dos pais do cinema, Georges Mélies, e um menino órfão,
Hugo Cabret. A ficção, inspirada na realidade do começo do século XX, tem como um de seus pontos centrais o lazer propor-
cionado pelo cinema, que encanta o garoto. No contexto brasileiro atual, o acesso a essa forma de arte não é democratizado, o
que prejudica a disponibilidade de formas de lazer à população. Esse problema advém da centralização das salas exibidoras em
zonas metropolitanas e do alto custo das sessões para as classes de menor renda.
Primeiramente, o direito ao lazer está assegurado na Constituição de 1988, mas o cinema, como meio de garantir isso, não
tem penetração em todo território brasileiro. O crescimento urbano no século XX atraiu as salas de cinema para as grandes
cidades, centralizando progressivamente a exibição de filmes. Como indicativo desse processo, há menos salas hoje do que
em 1975, de acordo com a Agência Nacional de Cinema (Ancine). Tal fato se deve à falta de incentivo governamental – seja
no âmbito fiscal ou de investimento – à disseminação do cinema, o que ocasionou a redução do parque exibidor interiorano.
Sendo assim, a democratização do acessoao cinema é prejudicada em zonas periféricas ou rurais.
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Ademais, o problema existe também em locais onde há salas de cinema, uma vez que o custo das sessões é inacessível às
classes de renda baixa. Isso se deve ao fato de o mercado ser dominado por poucas empresas exibidoras. Conforme teorizou
inicialmente o pensador inglês Adam Smith, o preço decorre da concorrência: a competitividade força a redução dos preços, en-
quanto os oligopólios favorecem seu aumento. Nesse sentido, a baixa concorrência dificulta o amplo acesso ao cinema no Brasil.
Portanto, a democratização do cinema depende da disseminação e do jogo de mercado. A fim de levar os filmes a zonas periféri-
cas, as prefeituras dessas regiões devem promover a interiorização dos cinemas, por meio de investimentos no lazer e incentivos
fiscais. Além disso, visando reduzir o custo das sessões, cabe ao Ministério da Fazenda ampliar a concorrência entre as empresas
exibidoras, o que pode ser feito pela regulamentação e fiscalização das relações entre elas, atraindo novas empresas para o
Brasil. Isso impediria a formação de oligopólios, consequentemente aumentando a concorrência. Com essas medidas, o cinema
será democratizado, possibilitando a toda a população brasileira o mesmo encanto que tinha Hugo Cabret com os filmes.

Trecho extraído de redação nota 1000 publicada na Cartilha do participante – Redação ENEM 2020

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COMENTÁRIO DO INEP
C1: O participante demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa, uma vez
que a estrutura sintática é excelente e não há presença de desvios em seu texto.

C2: Em relação aos princípios da estruturação do texto dissertativo-argumentativo, percebe-se que o participante apre-
senta introdução em que expõe seu ponto de vista, desenvolvimento de justificativas que comprovam
esse ponto de vista e conclusão que encerra a discussão, demonstrando excelente domínio do texto dissertati-
vo-argumentativo. O tema é abordado de forma completa, revelando uma leitura cuidadosa da proposta
de redação: ainda no primeiro parágrafo, o participante anuncia a problemática ao abordar a centralização das salas
de cinema e o preço elevado dos ingressos que impedem a democratização efetiva do cinema. Observa-se também o
uso produtivo de repertório sociocultural pertinente à discussão proposta pelo participante em mais de
um momento do texto: no primeiro parágrafo, o filme “A Invenção de Hugo Cabret” foi utilizado com o objetivo de
contextualizar o tema, apresentando o cinema como um lugar de lazer; no segundo parágrafo, o participante compara
o que é assegurado pela Constituição Federal com a situação atual do país; e, no terceiro parágrafo, ele se vale de um
argumento de autoridade, encontrado no pensamento de Adam Smith, para fundamentar a justificativa de que o preço
dos ingressos é alto porque há poucas empresas atuando no Brasil.

C3: Percebe-se, também, ao longo da redação, a presença de um projeto de texto estratégico, com informações,
fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, desenvolvidos de forma consistente e bem organizados em
defesa do ponto de vista. No primeiro parágrafo, o participante destaca a importância do cinema como fonte de lazer e
apresenta a situação dessa arte no Brasil: de acordo com ele, o acesso ao cinema é prejudicado porque as salas estão
centralizadas emg randes cidades e o preço dos ingressos é alto. Esses dois aspectos serão aprofundados de forma orga-
nizada, cada um em um parágrafo próprio. No segundo parágrafo, discutem-se as causas da centralização das salas do
cinema nas grandes cidades, o que fez com que as áreas rurais ou periféricas ficassem sem acesso a ele. Já no terceiro
parágrafo, as causas do alto custo das sessões de cinema são apresentadas e detalhadas. No último parágrafo, são apre-
sentadas propostas de solução para os dois problemas discutidos no texto, reforçando a importância de se proporcionar
esse tipo lazer à população brasileira.

C4: Em relação à coesão, encontra-se, nessa redação, um repertório diversificado de recursos coesivos, sem inade-
quações. Há articulação tanto entre os parágrafos (“Ademais”, “Portanto”) quanto entre as ideias dentro de
um mesmo parágrafo (1º parágrafo: “seus pontos centrais”, “essa forma de arte”, “o que”; 2º parágrafo: “mas”, “desse
processo”, “Sendo assim”; 3º parágrafo: “também””, “uma vez que”, “enquanto”; 4º parágrafo: “dessas regiões”, “Além
disso”, “Com essas medidas”, entre outros).

C5: Por fim, o participante elabora proposta de intervenção muito boa: concreta, articulada à discussão desen-
volvida no texto, detalhada e que respeita os direitos humanos ao propor investimentos em salas de cinemas em
lugares afastados e aumento da competitividade entre as empresas exibidoras.
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PLANEJAMENTO DE TEXTO

Siga as orientações abaixo para produzir um projeto de texto produtivo no vestibular:

PASSO 1. Análise do tema


Dedique alguns minutos a refletir sobre o recorte temático. Analise as palavras chaves que aparecem na proposta. Use-as
na hora de introduzir o tema na sua redação. Caso tenha dificuldades, procure transformar esse recorte em perguntas para
ajudar seu planejamento.

TEMA PERGUNTAS POSSÍVEIS

A democratização do acesso Por que o acesso ao cinema não é democratizado no Brasil?


ao cinema no Brasil Essa democratização ocorre efetivamente?

Desafios para a formação Quais são os desafios dessa formação?


educacional de surdos no Brasil Quais problemas a formação desse indivíduos precisa enfrentar?

Eutanásia: entre a preservação à


A eutanásia representa mais uma liberdade de escolha ou um atentado à vida? Por quê?
vida e a liberdade de escolha

PASSO 2. Leitura da coletânea


§ Destaque as informações principais;
§ Analise a fonte de cada um dos excertos;
§ Relacione as informações dadas pela coletânea. Você deve avaliar os posicionamentos dos autores, analisar criticamente
os dados de infográficos, e verificar como todas essas informações aparecem no meio social abordado, podendo criar
orações que ilustrem a reflexão gerada a partir dessas análises.

PASSO 3. Brainstorm
§ Faça uma tempestade de ideias acerca do tema. Anote tudo aquilo que vier na cabeça: exemplos, analogias, compara-
ções, citações, definições, ilustrações, etc.;
§ Defina sua tese: a partir daqui você já sabe qual posicionamento defender.

PASSO 4. Aplicação de critérios de seleção


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§ Selecione os argumentos que apresentem uma relação mais direta com a tese a ser desenvolvida e com a
temática abordada na coletânea;
§ Selecione os argumentos que tenham uma melhor sustentação: exemplo, argumento de autoridade, dado histó-
rico, comparação, etc;
§ Selecione o argumento que possa ser embasado por alguma teoria (sociológica, filosófica).
§ Após selecionar os argumentos e seus respetivos repertórios para comprovação, aproveite e selecione também o
repertório a ser utilizado na introdução para apresentar o tema.

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PASSO 5. Crie uma lista organizada ou um mapa mental com
as ideias que você vai defender em cada parágrafo
§ Organize a ordem se aparecimento das informações em seu texto, inserido frases, orações das ideias que serão apresen-
tadas em cada um dos parágrafos.

LISTA ORGANIZADA POR PARÁGRAFOS

§ Repertório: A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) – todo ser humano tem o direito de ser reconhecido
como pessoa perante a lei.
1.º § Problema: No entanto, essa situação não se concretiza de modo efetivo no Brasil/ muitas pessoas ainda se tornam
vítimas do tráfico humano no país/ tratadas como mercadoria.
§ Tese: O problema ocorre em função do desconhecimento civil sobre o assunto e é reforçado pela ação ineficaz do Estado.

§ Falta de informação entre a população.


2.º § Explicação: Baixa escolaridade + más condições econômicas
§ Exemplo: Caso “Fada madrinha” – Franca SP

§ Ações do Estado são pouco eficazes.


3.º § Explicação: falta de controle sobre os dados/b estratégias de fiscalização
§ Legislação: Isso contraria o Código civil brasileiro que prevê aperfeiçoamento.

§ Intervenção 1: MDH – informar a população sobre os riscos – campanhas em massa (tv/redes/transportes públicos)
– diminuir o número de vítimas
4.º § Intervenção 2: Gov. Federal – aperfeiçoar o sistema de segurança – criação secretaria tecnologicamente especializada no
recolhimento das informações – a fim de desmontar as organizações criminosas com mais facilidade
§ Assim, o Brasil poderá garantir maior proteção, como determina a DUDH.

MAPA MENTAL

2.º) PARÁGRAFO 4.º) PARÁGRAFO


1.º) PARÁGRAFO
Falta de informação Intervenção I:
Repertório: A Declaração entre a população.
Universal dos Direitos Humanos MDH/informar a população sobre
Explicação: Baixa escolaridade + os riscos/campanhas em massa
(DUDH) – todo ser humano tem
más condições econômicas = (tv/redes/transportes públicos)/
o direito de ser reconhecido
como pessoa perante a lei. Exemplo: Caso “Fada diminuir o número de vítimas
madrinha” – Franca SP.
Problema: No entando, essa
situação não se concretiza de
modo efetivo no Brasil / muitas
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pessoas ainda se tornam vítimas


do tráfico humano no país /
tratadas como mercadoria.
3.º) PARÁGRAFO 4.º) PARÁGRAFO
Tese: O problema ocorre em Ações do Estado são Intervenção:
função do desconhecimento civil pouco eficazes.
sobre o assunto e é reforçado Gov. Federal – aperfeiçoar o sistema
pela ação ineficaz do Estado. Explicação: Falta de controle sobre de segurança – criação secretaria
os dados/estratégias de fiscalização tecnologicamente especializada no
Exemplo: Isso contraria o que recolhimento das informações – a
o Código civil brasileiro que fim de desmontar as organizações
prevê aperfeiçoamento. criminosas com mais facilidade.
Assim o Brasil poderá garantir maior
proteção, como determina a DUDH.

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A Declaração Universal dos Direitos Humanos – documento do qual o Brasil é signatário – prevê que todo ser humano
tem o direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei. Todavia, essa situação não se concretiza de modo efetivo
no Brasil, já que muitas pessoas ainda se tornam vítimas do tráfico humano no país, e passam a ser tratadas como mer-
cadoria por diferentes organizações criminosas. Nesse contexto, pode-se afirmar que a dificuldade em se combater tal
questão ocorre em função do desconhecimento civil sobre o assunto e é reforçada em virtude da ação ineficaz do Estado
no controle das ocorrências.
Inicialmente, a falta de informação da população mostra-se como um dos principais entraves no enfrentamento ao
problema. Isso porque pessoas com baixa escolaridade e más condições econômicas são enganadas pelas quadri-
lhas ao buscarem melhor qualidade de vida e, assim, aceitarem falsas promessas de emprego. Um exemplo dessa
articulação foi descoberto no município paulistano de Franca, onde uma quadrilha foi denunciada por traficar jovens
transexuais para fora do país. Na ocasião, os criminosos ofereciam o pagamento da cirurgia de mudança de sexo
como remuneração pelo trabalho, o que sugere a facilidade de tais organizações em se aproveitarem de grupos mais
vulneráveis da sociedade.
Cabe salientar, ainda, que a ineficácia do Estado em coibir a ação dessas quadrilhas acentua a gravidade do proble-
ma. Isso se deve ao fato de, mesmo diante das denúncias, não haver um sistema que organize os dados coletados
por diferentes entidades – como a polícia Federal e delegacias regionais – e, com eles, produza ações estratégicas de
combate às quadrilhas. Esse cenário contraria o Código Civil Brasileiro, que determina a ampliação e aperfeiçoamento
das políticas de repressão ao tráfico humano no país. Nesse sentido, nota-se que o problema também carece de ações
na esfera da administração pública.
Diante desse contexto, é fundamental aprimorar o combate ao tráfico humano no Brasil. Portanto, cabe ao Ministério
da Mulher, Família e Direitos Humanos informar a sociedade a respeito da ação das quadrilhas, por meio da ampliação
em massa de campanhas que alertem sobre os riscos de propostas atraentes, com o objetivo de diminuir o número de
vítimas. Além disso, o Governo Federal deve implantar um sistema de controle das ocorrências desse crime, mediante a
criação de secretarias tecnologicamente preparadas para reunir as informações e repassá-las aos órgãos competentes, a
fim de que estes ajam de modo mais efetivo. Desse modo, o Brasil se aproximará da proteção ao indivíduo prevista pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Redação Modelo - Hexag Vestibulares
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ESPECIFICIDADES DA FUVEST E DA VUNESP

Especificidades da Fuvest
PROPOSTA COM VIÉS Os recortes temáticos costumam trazer discussões mais amplas que abordem questões referentes ao indivíduo
MAIS ABSTRATO/ ou à sociedade como: os limites da arte, a menoridade do homem, a interferência do passado na compreensão
REFLEXIVO do presente, o papel da ciência do mundo contemporâneo, entre outros.

A FUVEST avalia a capacidade do aluno de desenvolver o tema apresentado. De modo geral, o tema não
é avaliado apenas pela sua pertinência à proposta, mas sim pela sua profundidade e articulação com as
DESENVOLVIMENTO ideias sugeridas nos textos motivadores.
DO TEMA E LEITURA
DA COLETÂNEA Nesse sentido, ela exige que o aluno desenvolva o tema de modo profundo, a partir de um ponto de vista crítico,
que transcenda os elementos da coletânea e analise as relações tensivas entre todos os elementos enfocados
na proposta.
Evite fórmulas prontas: procure fugir de estruturas pré-fabricadas e mostre ao leitor que possui competência
para elaborar um texto argumentativo a partir de suas próprias reflexões.
AUTORIA
Autoria dentro da estrutura dissertativa argumentativa: busque a construção de um texto que único que
atenda ao gênero e ao tema proposto.
Fundamente seus argumentos e crie sua introdução a partir de um repertório sociocultural diferente e criativo:
procure selecionar autores, teorias, livros, filmes, etc. que efetivamente tenham uma relação próxima com o tema
REPERTÓRIO PESSOAL
e que acrescentem à discussão realizada. Evite usar “citações-coringa” muito divulgadas na internet como base
de seus argumentos.

Analise o tema de modo aprofundado: Na Fuvest, é fundamental fugir do senso comum sobre o tema abordado.
REFLEXÃO CRÍTICA Sempre procure ler os textos da coletânea e encontrar uma abordagem mais profunda para a temática discutida,
valendo-se, sobretudo, de teorias que possam fundamentar seus argumentos.
Atente à escolha do léxico: A Fuvest valoriza não apenas o uso da norma culta do português, mas também
VALORIZAÇÃO DO
uma seleção vocabular expressiva que contribua para a construção das ideias dentro de um determinado
VOCABULÁRIO
tema. Portanto, procure empregar um vocabulário preciso, conciso e adequado ao tema discutido, evitando
EXPRESSIVO clichês e frases feitas.

Lembre-se das especificidades da FUVEST


§ Proposta que discute temas abstratos, amplos ou atemporais;
§ Coletânea composta por textos de diferentes gêneros: pinturas, poemas, textos da filosofia, sociologia ou história;
DICAS:
§ Evite fórmulas prontas ou muito engessadas: Você não precisa estruturar seu texto com mecanismos de coesão tão
comuns como “Em primeira análise..” etc.
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§ Fundamente seus argumentos e crie sua introdução a partir de um repertório sociocultural diferente:
Evite citações “coringas”. Nesses casos, prefira referir-se ao conceito do autor.
§ Analise o recorte temático e a coletânea de modo profundo: Na FUVEST, o aluno é avaliado pela capacidade
de desenvolver aquele tema. Ou seja, mais do que compreendê-lo, é fundamental estabelecer uma análise profunda
da discussão proposta.
§ Atente à escolha do léxico.

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Especificidades da Vunesp
As provas frequentemente abordam temas sociais, políticos, culturais, econômicos ou científicos que estão em
PROPOSTA COM VIÉS
discussão na mídia, nas esferas legislativas, nas redes sociais, etc. (Uberização/aborto/descriminalização da maco-
MAIS POLÊMICO nha/eutanásia/educação domiciliar/DST entre jovens, etc).
Os excertos escolhidos pela VUNESP costumam apresentar pontos de vista divergentes sobre o assunto em
questão. Essa escolha não é aleatória: ela induz o candidato a criar argumentos que sejam capazes de corro-
POLARIZAÇÃO
borar ou contestar os posicionamentos apresentados na coletânea, fazendo – sobretudo – o uso de ressalvas.
DE IDEIAS Sendo assim, é importante observar se os argumentos escolhidos para sustentar a tese já não estão “invalida-
dos” por um desses excertos da coletânea.
É preciso muita atenção ao ler o recorte temático proposto pela VUNESP. Isso porque ele costuma abordar
um mesmo assunto a partir de recortes diferentes. Exemplo: O voto nulo é um ato político eficaz? (UNIFESP
ATENÇÃO AO
2017)/ O voto deveria ser facultativo no Brasil? (UNESP 2018). Ambos os temas falam sobre votos e eleição,
RECORTE TEMÁTICO mas possuem recortes diferentes. Além disso vale considerar que esse recorte pode ser apresentado em forma
de perguntas ou de afirmações.
Diferentemente da FUVEST, a VUNESP possui um modelo padronizado de apresentação da proposta. Ele
consiste na seleção de 2 a 5 textos que servem de auxílio para a compreensão do tema e para a elaboração
dos argumentos pelo candidato. Como a maior parte desses excertos é proveniente do meio jornalístico,
PADRÃO DE COLETÂNEA entende-se que as propostas da VUNESP dialogam com temas em constante debate na mídia, o que facilita
a construção dos argumentos. No entanto, é importante saber interpretar todos os gêneros textuais: quadri-
nhos, charges, textos filosóficos, poemas, etc, pois – eventualmente – algumas coletâneas são compostas de
diferentes tipos de texto.
Adote um posicionamento claro. É fundamental que o ao ler o recorte temático e a coletânea, você já
ADOÇÃO DE UM
saiba ao menos qual das ideias quer defender. Evite “ficar em cima do muro”, pois corre-se um risco
POSICIONAMENTO
muito alto de cair em contradição. Assuma seu posicionamento, e escolha ao menos dois argumentos
CLARO para provar que você está correto em sua argumentação.

Lembre-se das especificidades da VUNESP


§ Proposta que discute temas contemporâneos diante dos quais o aluno precisa se posicionar;
§ Coletânea composta por visões e posicionamentos polarizados;
§ Recortes temáticos com assuntos polêmicos;
DICAS:
§ Atente ao recorte temático proposto: cuidado com a fuga ao tema.
§ Adote um posicionamento claro: evite cair em contradição ao longo do texto
§ Valorize seu repertório pessoal: procure legitimar suas ideias com repertórios exteriores à coletânea.
§ Capriche no desenvolvimento de seu parágrafo.
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INTRODUÇÃO I: ESTRUTURA

Composição da introdução:
Uso de um repertório para a contextualização do tema, apresentação do recorte temático proposto e apresentação da tese.

1. Repertório: Inicie o texto com algum repertório sociocultural para poder criar uma analogia com o tema a ser
CONTEXTUALIZAÇÃO
discutido. (Literatura; História; Sociologia; Filosofia; Legislação).

2. Apresentação do tema: A partir da analogia estabelecida, apresente o tema da redação. Use palavras próximas
DIRECIONAMENTO ao recorte temático para garantir a compreensão do tema.
3. Tese: Apresente o seu posicionamento a respeito do tema proposto.

Estratégias de introdução
Esse modelo de introdução, usado por muitos alunos, é um dos mais seguros para os que possuem mais
APRESENTAÇÃO dificuldade de iniciar a redação. Ele pode ser iniciado por afirmações, declarações gerais e até mesmo
DA QUESTÃO exemplos a respeito do assunto, seguidos de exposição da problemática que envolve o tema e, finalmente,
a tese do autor.
Esse modelo consiste em apropriar-se de uma imagem/metáfora que, de alguma forma, relacione-se com o as-
sunto em questão. Trata-se selecionar uma imagem (dentro de um universo simbólico) que conduzirá o raciocínio
USO DE IMAGENS a ser construído.
Essa imagem pode ser uma história, uma anedota, um dito-popular, isto é: algo que aparentemente não se
relaciona com o tema, mas que é usado como forma de construir uma analogia.
O uso de dados históricos é um dos modelos mais usados na redação, justamente por ser uma forma segura de
iniciar o período.
DADOS HISTÓRICOS No entanto, é preciso ter cuidado: a informação deve estar diretamente relacionada com o tema e deve ser usada
apenas para introduzir a questão. Muitas vezes, alguns alunos exageram nos detalhes históricos e esquecem o
objetivo principal, deixando a introdução longa e tediosa.
Outra forma produtiva de se iniciar uma redação é a partir do uso de referências da ficção, isto é, menções a
filmes, livros, séries, poemas e até mesmo pinturas. Para empregar essa técnica, é preciso criar uma relação
REFERÊNCIAS entre um aspecto da obra e a realidade do tema abordado, estabelecendo semelhanças, diferenças e outras
FICCIONAIS analogias possíveis.
No entanto, a recomendação é a mesma do uso de dados históricos:a referência ficcional só deve entrar se ela
efetivamente puder criar uma analogia com o tema discutido.
Também é possível introduzir a redação apresentando dados de leis que se relacionem com o tema abor-
dado. É comum encontrar redações que se referem à Constituição Federal Brasileira, ao Estatuto da Criança
USO DE LEIS
e do Adolescente e a outras determinações legais, estabelecendo uma relação entre tais leis e os recortes
temáticos propostos.
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Usar recortes teóricos da filosofia e da sociologia na introdução da redação pode ser uma boa alternativa para o
USO DE TEORIAS seu texto, pois essas áreas dialogam, direta ou indiretamente, com questões sociais, políticas, científicas, culturais
FILOSÓFICAS/ e comportamentais que estão presentes em muitas propostas de redação.
SOCIOLÓGICAS E
DE OUTRAS ÁREAS A dica é tentar selecionar um repertório bem adequado à temática discutida e caprichar na conexão entre esse
repertório e a apresentação do tema. Além disso, é fundamental conhecer bem o conceito e saber escrever o
CIENTÍFICAS
nome do autor da obra, pois isso trará legitimidade e veracidade às analogias estabelecidas.

53
Exemplos de introdução
EXEMPLO ENEM: A BANALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA NO BRASIL

O dramaturgo alemão Bertold Brecht, na peça “A exceção e a regra”, afirma que as pessoas devem desconfiar
1. REPERTÓRIO daquilo que se apresenta como aparentemente natural, já que o cotidiano da sociedade da época estava repleto
de confusões e conflitos capazes de produzir enganos e injustiças no convívio entre os cidadãos.

Embora a concepção do autor esteja presente em uma obra ficcional do início do século XX, é possível dizer
2. APRESENTAÇÃO DO que essa recomendação seria providencial para o momento contemporâneo brasileiro, uma vez que boa
TEMA/PROBLEMA parte da população do país naturaliza a violência contra determinados grupos sem refletir atentamente
sobre tal hábito.

Nesse sentido, pode-se afirmar que a ausência de uma consciência histórica entre a sociedade civil e a legi-
3. TESE timação da violência por parte do Estado são umas das principais razões para a persistência desse processo
de banalização.

EXEMPLO VUNESP: A ESPETACULARIZAÇÃO DA NOTÍCIA NA TELEVISÃO: ENTRE O COMPROMISSO COM A INFORMAÇÃO


E AUSÊNCIA DE POSTURA ÉTICA

Noticiar fatos, eventos ou testemunhos a partir de um relato jornalístico mais apelativo ou emocional não é algo
recente na história da comunicação brasileira. Na passagem do século XIX para o XX, era comum encontrar no-
1. REPERTÓRIO
tícias de violência, suicídio ou atropelamentos sendo apresentadas de modo dramático e até mesmo cômico em
veículos de grande projeção, como no jornal o Estado de São Paulo.

Atualmente, essa mesma lógica baseada no espetáculo ainda pode ser vista na mídia nacional, seja ela impres-
sa ou televisiva, pois muitos jornais, revistas, programas policialescos e até mesmo atrações vespertinas voltadas
2. APRESENTAÇÃO DO a temas variados se valem dessa narrativa chamativa para apresentar os fatos do dia a dia. Nesse contexto,
TEMA/POLÊMICA muitas emissoras de televisão defendem que essa espetacularização se trata apenas de um modo diferente
de informar a opinião pública, marcado, sobretudo, por uma forte ligação com os telespectadores e pelo uso
constante da linguagem popular.
No entanto, convém ressaltar que tais atrações não se mostram tão comprometidas com a informação e, ain-
3. TESE da, rompem com a ética ao explorarem as dores e os traumas dos indivíduos e ao banalizarem discussões
importantes para a vida em sociedade.

EXEMPLO FUVEST: DE QUE MANEIRA A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA LIDA COM AS EMOÇÕES?

O cientista Charles Darwin, em 1872, escreveu o livro “A expressão das emoções nos homens e nos animais”
1. REPERTÓRIO +
buscando evidenciar o modo como as espécies reagiam emocionalmente em diferentes situações. No século
APRESENTAÇÃO
XX, Sigmund Freud também procurou estudar o funcionamento da mente humana e sua relação com as ações
DO TEMA e emoções dos indivíduos.

No entanto, apesar dos avanços e esforços históricos da ciência em compreender o funcionamento das emoções
humanas, pode-se afirmar que o sujeito contemporâneo não apresenta uma relação positiva com tal ques-
2. TESE tão: em vez reconhecer a naturalidade das emoções, a sociedade de hoje recusa tais afetos e assim passa
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

a sofrer graves consequências com essa escolha.

54
INTRODUÇÃO II: ELABORAÇÃO DA TESE

Características
De modo geral, a escrita da tese não costuma ser muito extensa. Em geral, ela é redigida em um ou dois períodos
de modo sucinto a fim de que o leitor consigo identificar facilmente qual será o ponto de vista adotado naquela dissertação.
Além disso, também tem a função de mostrar ao leitor qual será o projeto de texto adotado ao longo da redação,
fazendo possíveis referências aos argumentos a serem discutidos nos parágrafos de desenvolvimento. Essa apresenta-
ção permite ao corretor identificar um planejamento prévio por parte do aluno e também a existência de uma possível progres-
são textual ao longo da dissertação.
Há também um outro detalhe importante, por se tratar de um posicionamento do autor, é fundamental que a tese seja com-
posta por enunciados argumentativos, que possam ser questionados, contestados e que, obrigatoriamente,
pressuponham explicações. Lembre-se das sugestões oferecidas na AULA 02 para redigir suas teses.
TEMA Democratização do acesso ao cinema no Brasil – Enem 2019 – 1ª aplicação

“O cinema, considerado a sétima arte, é um importante meio de difusão do conhecimento, entretenimento e


cultura. Por oferecer tamanha carga intelectual, ele deveria ser de fácil acesso a todos. No Brasil, entretanto,
EXEMPLO percebe-se que, no decorrer dos anos, o acesso a essa arte tornou-se pouco democrático devido
a fatores históricos e à reduzida a atuação estatal para resolver essa problemática.
Trecho extraído de redação nota 1000 do ENEM 2019, publicada na cartilha “Redação a Mil 2.0”
A tese do candidato descreve que o cinema se tornou pouco democrático devido a fatores históricos e devido à
baixa atuação do Estado para promover essa democratização. Da mesma forma, o autor se vale de substantivos
COMENTÁRIO
abstratos e adjetivos “fatores históricos” e “atuação reduzida” para declarar seu posicionamento e determinar
seu desenvolvimento.

TEMA O PAPEL DA CIÊNCIA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO – Fuvest 2020


A produção de conhecimento acompanha o ser humano desde as origens da espécie, paulatinamente, foi pos-
sível transformar a roda em carro e este em avião. No entanto, algumas épocas históricas elucidam mais clara-
mente a valorização da razão e da ciência, fazendo uma ruptura com o passado, como o Renascimento. Inscrito
em um quadrado e em um círculo, o “Homem-Vitruviano” de Leonardo da Vinci sintetiza essa exaltação do saber
EXEMPLO e da potencialidade humana, opondo-se, assim, aos saberes dogmáticos da “Idade das Trevas”. Contudo, a
sociedade contemporânea caminha ao contrário da história da humanidade: vem desvalorizando
a luz da ciência, retornando às sombras do passado.
(Trecho extraído de redação nota 48 da Fuvest 2020 – Estatísticas e desempenho dos
alunos da 108ª turma da Faculdade De Medicina da Universidade De São Paulo.)

O posicionamento adotado pelo autor da redação defende que ciência tem sido desvalorizada, o que tem levado
a sociedade de volta às sombras do passado. É possível perceber que essa tese mostra um ponto de vista claro
COMENTÁRIO
e direto sobre o tema abordado, ao empregar os verbos no gerúndio “desvalorizando a luz da ciência” e “retor-
nando às sombras do passado”.
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

VESTIMENTAS RELIGIOSAS NO ESPORTE: LEGITIMAÇÃO DA OPRESSÃO OU LIBERDADE DE MANI-


TEMA
FESTAÇÃO RELIGIOSA? – Unifesp 2020
Recentemente, uma marca de materiais de esporte optou por suspender as vendas de seu hijab esportivo, um
traje demandado por algumas praticantes de corrida islâmica, o que gerou controvérsias entre segmentos da co-
munidade global. Por um lado, políticos nacionalistas ocidentais, como Aurore Bergé, defendem que a existência
do hijab esportivo é uma legitimação da opressão às mulheres e afronta os valores ocidentais; por outro lado, há
quem enxergue na vestimenta um modo de tornar o esporte acessível às mulheres islâmicas. De qualquer forma,
EXEMPLO a presença de vestimentas religiosas no esporte configura-se em uma liberdade de manifestação
religiosa, uma vez que a opção pelo seu uso é uma escolha individual de cada mulher e permite
que sua integração ao esporte seja acompanhada da preservação de sua cultura.
(Trecho extraído de redação nota 47,727 do vestibular UNIFESP 2020 – Disponível em: Estatísticas dos
estudantes aprovados em medicina na Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo.)

A tese em destaque no trecho acima mostra uma resposta direta à pergunta elaborada pela banca, bem como
COMENTÁRIO traça o desenvolvimento dos argumentos que comprovam essa tese: o fato de se tratar de uma escolha individual
e o fato de tal ação permitir a integração ao esporte acompanhada da preservação da cultura.

55
Exemplos
A) ENEM
§ A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira
A adoção sistemática dessas ações bárbaras é fruto da grande dificuldade do país em combater, no discurso e na prática,
as ações que inferiorizam as mulheres. E tal ineficiência apenas reforça os ciclos violentos, pois transformam a omissão de
todos em uma regra a ser seguida.
§ O Histórico desafio de se valorizar o professor
Nesse contexto, torna-se ainda mais difícil valorizar a profissão docente, pois, apesar de sua importância, ela ainda enfrenta
uma forte estigmatização diante da opinião pública que é reforçada pela ausência de incentivos salariais por parte das
instituições de ensino.

B) VUNESP
§ O fracasso da lei de cotas para deficientes: negligência das empresas ou falha do estado?
No entanto, pode-se afirmar que a ineficácia da lei reside, sobretudo, na falta de interesse das empresas em contratar os defi-
cientes, ao subjugar a capacidade destes em atuar profissionalmente e ao burlar a legislação com a finalidade de não ser punida.
§ Uberização: entre a autonomia do trabalhador e a perda de direitos trabalhistas
Nesse contexto, pode-se afirmar que o processo de uberização, de fato, representa uma perda grave dos direitos trabalhistas,
afetando tanto a saúde quanto a qualidade dos trabalhadores. E a pretensa autonomia conquistada por tais indivíduos nesse
processo apenas legitima a precarização de sua função.

C) FUVEST
Como os temas abordados pela FUVEST trazem sempre abordagens mais amplas, reflexivas e atemporais, é importante
que o aluno treine diferentes formas de elaborar sua tese, seja utilizando alguns verbos no presente, verbos de ligação,
adjetivos ou substantivos abstratos. A melhor solução é trabalhar bem com todos os recursos argumentativos disponíveis
para que sua tese tenha autoria e possa ser clara e objetiva em relação ao tema abordado.
É muito comum ouvir da boca de jovens hoje em dia que são apolíticos ou que a política não os diz respeito.
Ainda assim, o Brasil possui um gigante movimento estudantil que participa das mais variadas discussões e
lutas. É possível não ser engajado – seja por preguiça ou acomodação – mas apolítico, nunca. A
política está presente em toda e qualquer detalhe da vida econômica e social, ela é indispen-
sável e ser apolítico é uma ilusão.
TEMA:
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012 -
PARTICIPAÇÃO Disponível www.fuvest.br (Acesso em 17.07.2017)
POLÍTICA:
INDISPENSÁVEL O surgimento da ciência política remonta à época da Antiguidade, ainda quando os gregos se organizavam em torno
da pólis e começavam a definir os primeiros conceitos de cidadania que, posteriormente, difundir-se-iam pelo mundo.
OU SUPERADA?
É indiscutível a importância da política para a, então, formação da sociedade tal como ela é conheci-
da na contemporaneidade. A partir dela, foram definidos direitos e deveres e, ainda mais relevante,
tornou-se possível a participação do povo nas decisões que dizem respeito à vida em comunidade.
(Trecho extraído de redação modelo do exame FUVEST 2012 -
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

Disponível www.fuvest.br (Acesso em 17.07.2017)

56
TEMA 1: a moradia digna no Brasil
É IMPORTANTE SABER
I. DADO HISTÓRICO RELEVANTE

Lei de Terras, como ficou conhecida a lei nº 601 de 18 de setembro de 1850, foi a primeira iniciativa no sentido de organizar a propriedade privada
no Brasil. Até então, não havia nenhum documento que regulamentasse a posse de terras e com as modificações sociais e econômicas pelas quais
passava o país, o governo se viu pressionado a organizar esta questão.
A Lei de Terras foi aprovada no mesmo ano da lei Eusébio de Queirós, que previa o fim do tráfico negreiro e sinalizava a abolição da escravatura
no Brasil. Grandes fazendeiros e políticos latifundiários se anteciparam a fim de impedir que negros pudessem também se tornar donos de terras.
https://www.infoescola.com/historia

II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE


“Não é somente a sociedade inteira que se torna o lugar da re-produção (das relações de produção e não somente os meios de produção), mas o es-
paço inteiro. Ocupado pelo neocapitalismo, setorizado, reduzido ao homogêneo ao mesmo tempo em que fragmentado, esmigalhado pelo mercado
imobiliário (pois só fragmentos de espaço são vendidos para a clientela), o espaço torna-se a sede de poder e essa capacidade produtiva se estende
ao espaço terrestre. O espaço natural é reduzido e transformado em um produto social pelo conjunto das técnicas, da física à informática; deste modo,
se de um lado o espaço reproduz ativamente as relações de produção, de outro, contribui para sua manutenção e consolidação”.
Henri Lefebvre, filósofo e sociólogo francês. In: Do rural ao urbano.
III. EXEMPLOS DO COTIDIANO

a) O número de mortos em Petrópolis após a tempestade de terça (15.02.2022) chegou a 104 até as 23h30 desta quarta-feira – ao menos 8
vítimas são crianças. Segundo a Secretaria Estadual de Defesa Civil, 24 pessoas foram resgatadas com vida.
Pelo menos 54 casas foram destruídas pelas chuvas que atingiram a região e mais de 370 pessoas foram acolhidas em abrigos improvisados.
“Temporal em Petrópolis deixa 104 mortos; MP registrou 35 desaparecidos” https://g1.globo.com/ (16.02.2022)
b) A tragédia da vez no Brasil está dentro do Estado mais rico do Brasil. A última atualização da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros de São
Paulo contabiliza 39 mortos e 41 desaparecidos nas enchentes que atingiram a região da Baixada Santista, no litoral sul de São Paulo, no início
da semana. Entre as cidades afetadas, Guarujá se destaca com o maior número de vítimas, 27 no total, e é lá que estão os 41 não localizados,
todos moradores de comunidades em regiões populares da cidade que é um dos destinos mais desejados por turistas no litoral de São Paulo. Os
números tornam o desastre natural pior do que a tragédia na barragem de Mariana, em 2015, que vitimou 19 pessoas em Minas Gerais, e é até
agora o mais impactante no verão chuvoso deste ano que já causou enchentes em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.
“Com 39 mortos e 41 desaparecidos, tragédia na Baixada Santista pode ser três vezes maior que Mariana” https://brasil.elpais.com/brasil (06.03.2020)
c) Uma força-tarefa do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, em janeiro de 2019, cinco suspeitos de integrar uma
milícia que age em grilagem de terras. Entre eles, está um major da PM e um tenente reformado. Outras oito pessoas são procuradas, entre elas
um ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). O grupo é suspeito de comprar e vender imóveis construídos ilegalmente na
Zona Oeste do Rio, além de crimes relacionados à ação da milícia nas comunidades de Rio das Pedras, Muzema e adjacências, como agiotagem,
extorsão de moradores e comerciantes, pagamento de propina e utilização de ligações clandestinas de água e energia.
“Major da PM e mais 4 são presos em operação contra milícia que age em grilagem de terras no RJ” https://g1.globo.com (22.01.2019)

IV. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA (PROPOSTA ENEM)
Um estudo da WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis, é focado em três abordagens práticas que as gestões municipais podem se valer para
combater a crise habitacional, com exemplos específicos de diferentes partes do mundo:
§ Participação social como ferramenta para melhorar as condições habitacionais sem afastar os moradores para a periferia.
§ Ampliar o acesso ao aluguel para pessoas em todas as faixas de renda.
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

§ Converter terrenos centrais e não utilizados em empreendimentos de habitação social.


“Iniciativas diversas procuram criar hábito de leitura em um país que lê pouco” http://www.comciencia.br/ / (05.12.2019)

V. ANALOGIA LITERÁRIA

a) Quem reside na favela não tem quadra de vida. Não tem infância, juventude, maturidade.
Carolina Maria de Jesus. In: Quarto de despejo.
b) Esta cova em que estás com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida
É a conta menor que tiraste em vida
É de bom tamanho nem largo nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a parte que te cabe deste latifúndio
(...)
Não é cova grande, é cova medida
É a terra que querias ver dividida
João Cabral de Melo Neto. In: Morte e vida Severina.
57
VI. CITAÇÃO

A ideia do direito à cidade não surge fundamentalmente de diferentes caprichos e modismos intelectuais. Surge basicamente das ruas, dos
bairros, como um grito de socorro e amparo das pessoas oprimidas em tempos de desespero.
David Harvey, Cidades rebeldes, Martins Editora, 2014. Adaptado.

VII. LEGISLAÇÃO

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
Art. 21. Compete à União:
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico;
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm

MULTIMÍDIA
I. VER

§ Era o hotel cambrige – Direção: Eliane Caffé – 2017


Refugiados recém-chegados ao Brasil dividem com um grupo de sem-tetos um velho edifício abandonado no centro de São Paulo. Além
da tensão diária que a ameaça de despejo causa, os novos moradores do prédio terão que lidar com seus dramas pessoais e aprender a
conviver com pessoas que, apesar de diferentes, enfrentam juntos a vida nas ruas.

§ Leva - Documentário sobre a Ocupação Mauá – Direção: Juliana Vicente e Luiza Marques – 2012
No coração de São Paulo pulsa o maior movimento de luta por moradia da América Latina. Famílias desabrigadas ocupam o edifício Mauá,
um dentre muitos ocupados no centro da cidade., O documentário LEVA acompanha a vida de moradores da ocupação e revela a organi-
zação de siglas que se unem numa organização para transformar os espaços abandonados em habitáveis. A estruturação do edifício pelos
movimentos de luta de moradia irá refletir na reorganização e redescoberta das pessoas como indivíduos através do coletivo.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=xn2um8xhc4o

§ “Fim de Semana” – Direção: Erminia Maricato (1976)


Esse documentário trata da autoconstrução em bairros da periferia e municípios da Grande São Paulo. Colhe depoimentos de moradores
de 3 áreas: Taboão – São Bernardo do Campo; Jardim d´Ávila – Osasco e Embu. O filme documenta as condições de vida nessas áreas e
os sacrifícios em que se vêem empenhados os trabalhadores que desejam realizar o “sonho da casa própria”: construir, aos poucos, com a
ajuda de amigos e parentes, nos fins de semana.
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-L1CVRw14J0&feature=emb_logo

II. LER

§ Justiça espacial e o direito à cidade – Ana Fani Alessandri Carlos, Glória Alves, Rafael Faleiros de Pádua (Org) - 2017

III. ACESSAR
https://www.brcidades.org/direito-a-moradia-e-a-funcao-social
http://www.labhab.fau.usp.br/
http://www.direitoamoradia.fau.usp.br/?lang=pt

IV. OUVIR
§ BR Cidades #3 – Desigualdades no Território - Spotify

58
PROPOSTA ENEM

Texto I
Em consonância com o Comentário Geral do Comitê dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da Organização das Nações Unidas – ONU,
moradia adequada não é aquela que apenas oferece guarida contra as variações climáticas. Não é apenas um teto e quatro paredes. É muito mais:
é aquela com condição de salubridade, de segurança e com um tamanho mínimo para que possa ser considerada habitável. Deve ser dotada das
instalações sanitárias adequadas, atendida pelos serviços públicos essenciais, entre os quais água, esgoto, energia elétrica, iluminação pública,
coleta de lixo, pavimentação e transporte coletivo, e com acesso aos equipamentos sociais e comunitários básicos (postos de saúde, praças de
lazer, escolas públicas, etc.).
“Direito à Moradia” http://www.urbanismo.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=9 (Acesso em 18.09.2022)

Texto II
A incapacidade de integrar os segmentos mais pobres da população às cidades é fruto não só do padrão excludente de desenvolvimento, mas
também das políticas de planejamento e gestão urbana, do próprio sistema político que favorece determinados grupos e do regime jurídico que
definiu ao longo do tempo os mecanismos de acesso à terra favoráveis à formação de uma sociedade patrimonialista que, ao fim e ao cabo, difi-
culta o reconhecimento de direitos sociais e estimula mercados de terras especulativos. Tais fatores não ofereceram aos grupos sociais mais pobres
as condições adequadas de acesso à terra e à moradia, provocando a ocupação irregular do solo urbano.
O acesso à terra é um dos nós na urbanização brasileira, e, nas duas últimas décadas do século XX, no bojo da crise econômica mundial que afetou
o país, as barreiras a este acesso pela população de menor renda se exacerbam, estimulando conflitos. Neste período, as desigualdades sociais se
acirram no país e a concentração da pobreza se torna predominantemente urbana.
“A regularização fundiária urbana na Amazônia Legal” Denise de Campos Gouvêa; Paulo Coelho Ávila; Sandra Bernardes Ribeiro.

Texto III

“Omissão” https://amarildocharge.wordpress.com/ (Acesso em 17.02.2022)

Texto IV
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

A ausência de debate sobre o direito à moradia digna é equivalente à ausência de debate sobre desigualdade social e racial. O Estado perpetuou um
modelo habitacional que privilegia a concentração fundiária e distribui os problemas habitacionais e urbanos na população de baixa renda. Mesmo
as iniciativas isoladas, não responderam à necessidade urgente de redistribuição de terra e de renda. O que se vê é uma desigualdade abissal.
E nesse contexto, está exposto à pobreza quem mora em lares de alvenaria e taipa sem revestimento ou feitos de madeira e artigo impróprios. Quem
não tem banheiro, coleta de lixo, rede de esgoto ou abastecimento de água. Quem vive com mais três pessoas por cômodo e gasta demais com
aluguel. O debate sobre outras dimensões de qualidade de vida precisa se ampliar.
Flavia Oliveira. “Moradia digna é debate urgente” https://oglobo.globo.com/ (24.05.2019)

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-ar-
gumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema OS IMPASSES NO ACESSO À MORADIA DIGNA NO BRASIL,
apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos
e fatos para defesa de seu ponto de vista.

59
PROPOSTA VESTIBULAR

Texto I
Menos de 24 horas após decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que prorrogou até 31 de março de 2022
as regras que suspendem as remoções durante a pandemia de covid-19, 248 famílias foram despejadas na cidade de São Paulo, nesta quinta-
-feira (02.12.2021). Em decisão tomada ontem, o ministro determinou que a medida vale para imóveis localizados tanto na zona rural como
na urbana. Mas este não foi o entendimento do Tribunal de Justiça (TJ-SP), que ordenou a retirada dos ocupantes do local na manhã de hoje.
A ocupação Nova Conquista está localizada na Vila Sônia, na zona sul da capital paulista. A maioria das famílias reside no local desde abril e,
segundo os relatos, a ocupação foi a forma encontrada por elas de garantir moradia em meio à situação de vulnerabilidade financeira agravada
pela crise sanitária. O terreno, no entanto, pertence a uma construtora que entrou na Justiça solicitando a reintegração.
De acordo com o Movimento Nova Conquista, a desocupação do terreno deveria ter sido suspensa nesta quinta devido à falta de contrapartida
da prefeitura de São Paulo em garantir um local provisório e seguro para essas famílias. O acolhimento também havia sido determinado pela
Justiça, mas não foi providenciado.
“Famílias são despejadas em São Paulo mesmo após STF estender suspensão de remoções” https://www.redebrasilatual.com.br/ (02.12.2021)

Texto II
A lei brasileira proíbe a invasão de terras, com todas as suas letras, artigos e parágrafos; até agora, em 132 anos de República, ainda não apa-
receu nenhum jurista que tenha sido capaz de descobrir uma exceção, mesmos nos confins mais remotos da legislação, que permita a alguém
invadir alguma terra que não lhe pertence e ficar ali de boa, com direito a não ser incomodado. Pode ser área rural. Pode ser área urbana. Não faz
diferença: é proibido invadir. A Constituição estabelece que no Brasil existe a propriedade privada e que o Estado tem a obrigação de proteger a
sua existência; não há nenhuma dúvida quanto a isso. Também não há dúvida que é um direito constitucional do cidadão receber essa proteção.
Invadir propriedade alheia, segundo a visão corrente no Brasil de hoje, é “justo”. Pronto: o invasor, pelo fato de invadir, passa a ter razão. O
proprietário, pelo fato de ter uma escritura, passa a ser o delinquente.
A última exibição oficial dessa aberração acaba de ser fornecida pelo Supremo Tribunal Federal. As ordens judiciais de despejo contra invasões –
sim, ainda há juízes que reconhecem o direito de propriedade no Brasil – ficam suspensas até o mês de março. A desculpa é a “pandemia”. Até
março, segundo o STF, há pandemia, e havendo pandemia não se pode cumprir a lei. Não tem pé nem cabeça, é claro.
J. R. Guzzo “O direito à invasão” https://revistaoeste.com/ (12.12.2021)

Texto III
Como de costume, ante a inércia do Poder Público, são os ocupantes – e não invasores, como de forma praticamente uníssona a grande mídia
os define – que dão função social à propriedade imóvel inutilizada. Diante de tamanho déficit habitacional, preços inflacionados no mercado
imobiliário –com imóveis vazios sendo instrumentos de especulação – são os ditos invasores que fazem com que a lei seja cumprida, já que o
proprietário e o Poder Público mantêm-se inertes.
Os que criticam os ocupantes, sob o argumento de que seria uma invasão ilegal, com efeito não percebem serem estes que, na verdade, cumprem
o previsto no ordenamento jurídico, uma vez que conferem à propriedade inutilizada uma função social. Ora, se desejam tanto que as leis sejam
cumpridas deveriam apoiar as ocupações, que nada mais são do que o cumprimento da lei e das normas constitucionais. Isso para ficarmos
apenas na questão da propriedade, desconsiderando diversas outras previsões constitucionais que legitimam tais atos de ocupação.
Umberto Abreu Noce. “Ocupar é dar função social à propriedade” http://www.justificando.com (07.05.2018)

Texto IV
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

A invasão de terras urbanas no Brasil é parte intrínseca do processo de urbanização. Ela é gigantesca e não é, fundamentalmente, fruto da ação
da esquerda e nem de movimentos sociais que pretendem confrontar a lei. Ela é estrutural e institucionalizada pelo mercado imobiliário exclu-
dente e pela ausência de políticas sociais. No entanto, a dimensão e os fatos são dissimulados sob notável ardil ideológico.
Ermínia Maricato. “A terra é um nó na sociedade brasileira ... Também nas cidades” Revista Vozes, 1993.

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando
a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

O USO DE PROPRIEDADADES PRIVADAS POR MOVIMENTOS DE MORADIA BRASIL:


ENTRE O DIREITO À MORADIA E O DIREITO À PROPRIEDADE

60
TEMA 2: o desaparecimento de pessoas no Brasil
É IMPORTANTE SABER
I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021, divulgado no mês de julho, o número de pessoas desaparecidas no Brasil no ano
passado foi de 62.587. Em São Paulo, Estado com maior registro de casos, a taxa foi reduzida em 15% em comparação ao ano anterior, mas o número
de 18.342 desaparecidos ainda é preocupante. Para além do dado, os familiares sofrem com esta condição e demandam necessidades específicas
durante o processo de busca pelo ente, conforme revela o relatório Ainda? Essa é a Palavra que Mais Dói, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha
(CICV), também lançado em julho.
“Quase 63 mil pessoas desapareceram em 2020 no Brasil; como reagem famílias?” http://agenciabrasil.ebc.com.br (08.08.2021)

II. DADO HISTÓRICO RELEVANTE


Fundada em 31 de março de 1996, a Associação Brasileira de Busca e Defesa a Crianças Desaparecidas (ABCD) nasceu da iniciativa de duas mães
de crianças desaparecidas, Ivanise Esperidião da Silva e Vera Lúcia Gonçalves.
Elas quiseram criar em São Paulo uma entidade que atuasse em busca de soluções para um problema que atinge milhares de famílias no país, mas
que nem sempre chega ao conhecimento da maioria da população: o desaparecimento de crianças.
Ivanise, que hoje ocupam cargos de presidente e vice-presidente da ABCD, respectivamente, conheceram-se em janeiro de 1996 quando estavam
num grupo de mães de crianças desaparecidas de São Paulo, que foi convidado a participar das gravações da novela Explode Coração.
Para quem não se lembra, a novela, de autoria de Glória Perez, levou para o horário nobre da TV Globo o drama de familiares de pessoas desapa-
recidas, dando origem a uma campanha nacional que resultou na localização de 113 pessoas desaparecidas, entre crianças, adolescentes e adultos.
http://www.maesdase.org.br/Paginas/Institucional.aspx (Acessado em 20.02.2022)
III. EXEMPLOS DO COTIDIANO

Três meninos desapareceram no último domingo (27), em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, depois de saírem para brincar em um campo
de futebol perto de casa. Uma vizinha das crianças, amiga das mães, Ednalda Gonçalves, disse que os meninos tinham o costume de brincar
no campinho e sempre voltavam no mesmo horário para casa. PUBLICIDADE RELACIONADAS Guarda-vida desaparece no mar e é encontrado
em frente a posto de trabalho Menina de 5 anos desaparece e é encontrada morta em SP; padrasto confessa PM resgata adolescente baiana
mantida sob cárcere privado por 4 meses no RJ O desaparecimento foi registrado na delegacia e a Polícia Civil investiga o sumiço de Lucas
Matheus, 8, o primo dele, Alexandre da Silva, 10, e Fernando Henrique, de 11 anos. As crianças moram na rua João Alves, no bairro Castelar, e
saíram juntas de casa e não retornaram mais.
“RJ: Três crianças desaparecem em Belford Roxo após saírem para brincar” https://noticias.uol.com.br/ (29.12.2020)
IV. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA (PROPOSTA ENEM)
(REESTRUTURAÇÃO DA POLÍCIA E TECNOLOGIA)

O Estado pode capacitar profissionais para trabalhar na polícia, implantar o Registro Geral (RG) Nacional, criar banco de dados entre delegacias,
hospitais, institutos médicos legais, albergues, inclusive com imagens das pessoas que circulam ali diariamente”, sugere Lucineide Damasceno.
“Iniciativas diversas procuram criar hábito de leitura em um país que lê pouco” http://www.comciencia.br/ / (05.12.2019)

V. CITAÇÃO

A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar.


Martin Luther King.

VI. LEGISLAÇÃO

Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas e cria o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas.
Parágrafo único. Os deveres atribuídos por esta Lei aos Estados e a órgãos estaduais aplicam-se ao Distrito Federal e aos Territórios.
Art. 2º Para efeitos desta Lei, considera-se:
I - pessoa desaparecida: todo ser humano cujo paradeiro é desconhecido, não importando a causa de seu desaparecimento, até que sua recupera-
ção e identificação tenham sido confirmadas por vias físicas ou científicas;
II - criança ou adolescente desaparecido: toda pessoa desaparecida menor de 18 (dezoito) anos;
III - autoridade central federal: órgão responsável pela consolidação das informações em nível nacional, pela definição das diretrizes da investigação
de pessoas desaparecidas e pela coordenação das ações de cooperação operacional entre os órgãos de segurança pública;
IV - autoridade central estadual: órgão responsável pela consolidação das informações em nível estadual, pela definição das diretrizes da investiga-
ção de pessoas desaparecidas em âmbito estadual e pela coordenação das ações de cooperação operacional entre os órgãos de segurança pública;
V - cooperação operacional: compartilhamento de informações e integração de sistemas de informação entre órgãos estaduais e federais com a
finalidade de unificar e aperfeiçoar o sistema nacional de localização de pessoas desaparecidas, coordenado pelos órgãos de segurança pública,
com a intervenção de outras entidades, quando necessário.
MULTIMÍDIA
I. VER

§ Pelo menos oito pessoas desaparecem por hora no Brasil – https://www.youtube.com/


§ Onde está segunda? – Direção: Tommy Wirkola (2017)
§ A troca – Direção: Clint Eastwood (2008)

II. LER
§ Cartilha de enfrentamento ao desaparecimento – http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Cartilhas/EnfrentamentoDesaparecimento.pdf
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

62
PROPOSTA ENEM

Texto I
Desaparecimento é o sumiço repentino de alguém, sem aviso prévio a familiares ou a terceiros. Uma pessoa é considerada desaparecida quando
não pode ser localizada nos lugares que costuma frequentar, nem encontrada de qualquer outra forma. Não é necessário aguardar algum intervalo
de tempo para que alguém seja considerado como desaparecido.
https://www.prefeitura.sp.gov.br/(29.12.2021)

Texto II Texto III


Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021, além dos pro-
blemas vinculados ao sofrimento emocional da ausência de seus entes, as
famílias também sofrem com outras fontes externas de desgaste. Entre elas,
estão as experiências negativas ocorridas durante ações de busca, a piora da
condição econômica e a percepção de que não há reconhecimento social do
desaparecimento como um problema coletivo e que vai além de experiências
ou dramas individuais. Para Maria Júlia Kovács, professora sênior do Depar-
tamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Persona-
lidade do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, ao Jornal da
USP, a sociedade precisa entender esse problema dentro da esfera coletiva”-
Como todas as questões que envolvem crise, violência, dor e sofrimento, o
problema do desaparecimento atinge a sociedade como um todo e nenhum
núcleo familiar é invulnerável a este problema”, comenta Maria. “É impor-
tante entender que esse é um problema coletivo e de toda a sociedade.”
“Quase 63 mil pessoas desapareceram em 2020 no Brasil;
como reagem famílias” www.uol.com.br/vivabem (08.08.2021)
https://www.facebook.com/cnj.oficial

Texto IV
Há quatro anos o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, responsável pelo anuário, apresenta informações sobre o desaparecimento de pessoas no
País. A medição é feita em parceria com os estados e o Distrito Federal, tomando como base boletins de ocorrência.
A média é de 69 mil casos por ano. Larissa Leite, coordenadora de proteção adjunta no Comité Internacional da Cruz Vermelha que, em 2017, se
juntou ao trabalho do FBSP, explica onde ainda moram as inconsistências.
“Diante de um caso de desaparecimento, um familiar pode registrar mais de um BO. Então pode ser que, dos 79 mil boletins contabilizados em
2019, tenham casos correspondentes à mesma pessoa. Ou ainda que um mesmo boletim trate do desaparecimento de mais de uma pessoa”,
explica. “Sem contar a subnotificação dos casos, já que há famílias que não fazem o registro do desaparecimento.”
Os boletins também não trazem dados exatos de quando o desaparecimento ocorreu e de eventuais descobertas do paradeiro. “Os 39 mil boletins
de encontro que foram reportados ao longo de 2019 podem ser de pessoas que desapareceram em outros anos. Ainda há casos de pessoas encon-
tradas que nem chegaram a ser registradas, dada a solução rápida do caso”, esclarece.
“A busca por Lucas, Alexandre e Fernando reflete um longo e complexo drama brasileiro” https://www.cartacapital.com.br/ (13.02.2021)

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-ar-
gumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema O ENFRENTAMENTO DO DESAPARECIMENTO DE PESSOAS
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

NO BRASIL, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

63
PROPOSTA VESTIBULAR

Texto I
Desaparecimento é o sumiço repentino de alguém, sem aviso prévio a familiares ou a terceiros. Uma pessoa é considerada desaparecida quando
não pode ser localizada nos lugares que costuma frequentar, nem encontrada de qualquer outra forma. Não é necessário aguardar algum inter-
valo de tempo para que alguém seja considerado como desaparecido.
https://www.prefeitura.sp.gov.br/(29.12.2021))

Texto II
Segundo o relatório do CICV, todas as famílias entrevistadas revelaram que o desaparecimento do ente impactou a saúde mental de alguma
forma, desde condições psicológicas até consequências psiquiátricas, em seus diferentes graus de duração e intensidade. Dentre os relatos
presentes no documento ansiedade e depressão são condições comuns entre quase todos os entrevistados. E esse desgaste emocional e físico,
gerado pelo desaparecimento de um ente, está ligado às necessidades que cada um encontra no processo de busca pela pessoa.
De acordo com o órgão internacional, muitos problemas jurídicos e administrativos que familiares de desaparecidos enfrentam não encontram
soluções na legislação nacional atual e sequer há definição jurídica da situação do desaparecido e dos direitos de seus familiares até que se
tenha esclarecido o paradeiro da vítima. Para Maria, a atuação do governo e das políticas públicas devem ser fundamentais nesse processo.
“Como se tem visto, o número de desaparecidos aumenta e é muito importante a atuação pública para identificaras lugares com maior potencial
e frequência de desaparecimentos, além de oferecer um serviço de apoio aos familiares tanto no enfrentamento quanto nas buscas pelo ente
desaparecido.”
“Quase 63 mil pessoas desapareceram em 2020 no Brasil; como reagem famílias” www.uol.com.br/vivabem (08.08.2021)

Texto III
Há quatro anos o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, responsável pelo anuário, apresenta informações
sobre o desaparecimento de pessoas no País. A medição é feita em parceria com os estados e o Distrito Federal, tomando como base boletins
de ocorrência.
A média é de 69 mil casos por ano. Larissa Leite, coordenadora de proteção adjunta no Comité Internacional da Cruz Vermelha que, em 2017,
se juntou ao trabalho do FBSP, explica onde ainda moram as inconsistências.
“Diante um caso de desaparecimento, um familiar pode registrar mais de um BO. Então pode ser que, dos 79 mil boletins contabilizados em
2019, tenham casos correspondentes à mesma pessoa. Ou ainda que um mesmo boletim trate do desaparecimento de mais de uma pessoa”,
explica. “Sem contar a subnotificação dos casos, já que há famílias que não fazem o registro do desaparecimento.”
Os boletins também não trazem dados exatos de quando o desaparecimento ocorreu e de eventuais descobertas do paradeiro. “Os 39 mil bole-
tins de encontro que foram reportados ao longo de 2019 podem ser de pessoas que desapareceram em outros anos. Ainda há casos de pessoas
encontradas que nem chegaram a ser registradas, dada a solução rápida do caso”, esclarece.
“A busca por Lucas, Alexandre e Fernando reflete um longo e complexo drama brasileiro” https://www.cartacapital.com.br/ (13.02.2021)

Texto IV
Milhares de pessoas sofrem com o sentimento provocado pela perda de um ente querido: a ausência. Ela é uma mistura de saudade e de
angustia e pode ser comparado a um buraco sem fundo, segundo o psicólogo Gilberto Fernandes, da ONG Mães do Brasil, instituição que atua
no combate ao desaparecimento de crianças e jovens. “A falta preenche mais que a presença de quem ficou”, diz. PUBLICIDADE O especialista
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

comenta que a pessoa passa viver em função do desaparecimento. Ela procura por vários lugares, fica sem dormir, perde a fome, não tem vontade
de trabalhar e de viver. Muitas vezes ainda existe a questão da culpa.
“Ela se sente culpada porque deixou o filho na padaria e ele não voltou, ou que permitiu que fosse a uma festa” https://www.uol.com.br/vivabem/ (02.02.2021)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a
norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

O DESAPARECIMENTO DE PESSOAS NO BRASIL E O DRAMA VIVIDO POR SEUS FAMILIARES

64
BETWEEN
ENGLISH AND
PORTUGUESE

1
LINGUAGENS
CÓDIGOS
INGLÊS
e suas tecnologias

U.T.I.
OVERVIEW AND ANALYSIS

Tipos de provas vocabulário ou gramática. Além disso, os enunciados e


alternativas dessas questões podem ser apresentados em
No Brasil, existem dois tipos de provas de vestibular que português ou inglês.
são comuns: as provas compostas por questões de múltipla
escolha e as provas compostas por questões dissertativas Provas Dissertativas
com respostas em português. Além desses dois casos, é
A principal característica das provas de Inglês dos princi-
comum encontrar provas de somatória e provas com ques-
pais vestibulares é a prevalência de questões que deman-
tões do tipo certo/errado.
dem domínio de vocabulário e leitura de texto. Questões
objetivas sobre gramática são cada vez mais raras. No
Provas de múltipla escolha entanto, três tópicos ainda são muito comuns: Pronomes,
Os vestibulares brasileiros, em sua maior parte apresen- Conectores e Modal Verbs. Estes temas são pedidos exa-
tam questões de múltipla escolha, sendo que elas podem tamente porque sem esse domínio não se faz uma leitura
demandar habilidades de leitura e compreensão de texto, de texto correta neste idioma.

DO YOU UNDERSTAND? (TEXT INTERPRETATION)

Alguns falsos cognatos § corporate (cabo na hierarquia militar)


§ costume (fantasia)
importantes § deception (fraude, falsificação)
§ devolve (transferir)
§ actual (real, verdadeiro)
§ diversion (desvio)
§ actually (na verdade, na realidade, o fato é que)
§ durex (preservativo)
§ admiral (almirante)
§ eventually (finalmente, por fim)
§ alias (pseudônimo, nome falso)
§ exit (saída, sair)
§ amass (acumular, juntar)
§ fabric (tecido)
§ animus (rivalidade)
§ grip (agarrar algo firmemente)
§ anthem (hino)
§ hospice (albergue)
§ appoint (nomear, indicar)
§ idiom (expressão idiomática)
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

§ argument (discussão, debate)


§ ingenious (engenhoso)
§ beef (carne bovina)
§ inhabitable (habitável)
§ braces (aparelho dental)
§ injury (ferimento)
§ collar (gola)
§ interest (juros)
§ college (faculdade)
§ lecture (palestra, aula)
§ commodity (mercadoria)
§ library (biblioteca)
§ comprehensive (abrangente, extenso, amplo)
§ lunch (almoço)
§ compromise (entrar em acordo, fazer concessão, acordo)
§ mayor (prefeito)
§ condom (preservativo)
§ novel (romance escrito)
§ convict (condenado)
§ office (escritório)

66
§ parents (pais) § retired (aposentado)
§ phony (trapaceiro , mau caráter) § retribution (represália, punição)
§ prejudice (preconceito) § scholar (erudito)
§ preservative (conservante) § sensible (sensato)
§ private (recruta) § service (atendimento)
§ push (empurrar) § support (appoiar, apoio)
§ realize (perceber) § tax (imposto)
§ requirement (requisito) § tenant (inquilino)

WHO IS WHO?

Personal pronouns Exemplos:


Kate loves Brian.
Subject Pronouns Object Pronouns She loves Brian.
I ME
O exemplo acima faz a substituição do nome Kate pelo
YOU YOU pronome She. Observe o exemplo a seguir
HE HIM Brian loves Kate.
SHE HER Brian loves her.
IT IT A diferença entre eles é que no exemplo 1 o nome Kate
WE US tem função de sujeito e foi substituído por um pronome de
YOU YOU
sujeito (She). Já no exemplo 2, o nome Kate tem função de
objeto e foi substituído por um pronome de objeto (her).
THEY THEM
Veja mais exemplos:
Os personal pronouns da língua inglesa podem, com al- Brazilians agree with you.
gumas variações, ser relacionados aos pronomes pesso- We agree with you.
ais da língua portuguesa. O que o português chama de They agree with other Brazilians.
pronomes pessoais do caso reto, a língua inglesa chama They agree with them.
de subject pronouns, e os pronomes oblíquos são análo-
The police officer will adress the issue
gos aos object pronouns.
She/He will adress the issue.
Observe alguns usos dos subject pronouns:
I am Brazilian – Eu sou brasileiro Possessive pronouns
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

You are Brazilian – Você(s) é(são) brasileiro(s)


Possessive Adjective Possessive Substantive
He is Brazilian – Ele é brasileiro Pronouns Pronouns
She is Brazilian – Ela é brasileira MY MINE
It is Brazilian – Isto/Esta coisa é brasileira YOUR YOURS
We are Brazilian – Nós somos brasileiros HIS HIS
They are Brazilian – Elas/Eles são brasileiros(as) HER HERS

Em linhas gerais, a função dessa classe de pronomes nas ITS -------


duas linguagens é similar: pronomes substituem nomes. OUR OURS
Não é comum repetirmos o mesmo nome muitas vezes, YOUR YOURS
mas sim usar um pronome, uma vez que sabemos a quem THEIR THEIRS
tal pronome se refere.

67
Os pronomes desse tópico, como o próprio nome supõe, 3. Após preposições.
introduzem uma relação de posse com um substantivo
Exemplo:
e são bastante semelhantes ao que encontramos na
língua portuguesa. Mas aqui podemos enfrentar alguns They will come with their parents, and we’ll come
problemas. Se por um lado o português apresenta mar- with ours.
cação quádrupla de pronomes (Eu – meu, minha, meus, (Eles virão com os pais deles e nós, com os nossos).
minhas), o inglês apresente marcação simples para eles,
com dois tipos de pronomes possessivos (Adjective e
Substantive), enquanto aquele tem apenas um, o que
Reflexive pronouns
pode gerar algumas dificuldades.
Reflexive Pronouns

Possessive Adjective ou
Myself
Yourself
Possessive Substantive? Himself
Herself
Em alguns casos, pode ser pedido que o vestibulando opte
Itself
entre os dois tipos de pronomes acima mencionados. Além
Ourselves
de ser um ponto que gera uma dúvida razoável, ele tam-
Yourselves
bém é muito solicitado em questões gramaticais.
Themselves
Tenha em mente que os pronomes Possessive Adjectives
(my, your, his, her, its, our, their) são aqueles nor- O uso dos pronomes reflexivos é de certa forma simples.
malmente usados. Você só os substituirá pelos Possessive Ele é utilizado como uma autorreferencia do sujeito. Ao
Substantives (mine, yours, his, hers, ours, theirs) em contrário do que ocorre na Língua Portuguesa, a autorre-
situações específicas. São elas: ferência não faz uso do mesmo pronome do objeto, e sim
1. Quando o substantivo a que se referir o pronome estiver de um específico. É uma referência a si mesmo e que não
omitido/subentendido. possui tradução direta.

Exemplo: Exemplo:
I can’t find my pen. Can I use yours? Farei isso por mim mesmo.
(Eu não consigo encontrar minha caneta. Pos- I will do it by myself (jamais me, como
so usar a sua (caneta)? uma tradução direta poderia sugerir)
2. Quando o substantivo a que se refere o pronome estiver
antes do próprio pronome.
Exemplo:
It belongs to a friend of mine.
(Isto pertence a um amigo meu).

THE HERE AND NOW


U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

Simple present (regra geral) (Você precisa trabalhar melhor)


He needs to work better.
Ao contrário do português, que apresenta múltiplas desinên- (Ele precisa trabalhar melhor)
cias, o inglês tem como regra geral (exceções serão vistas no
She needs to work better.
final deste item) a adição da letra “s” às terceiras pessoas do
(Ela precisa trablhar melhor)
singular (he, she, it). Observe os exemplos a seguir:
To need = precisar, necessitar It needs improvements.
I need to work better. (Isto precisa de melhorias)
(Eu preciso trabalhar melhor) We need to work better.
You need to work better. (Nós precisamos trablhar melhor)

68
You need to work better.
(Vocês precisam trablhar melhor) There to be
They need to work better. A estrutura there to be é usualmente entendida como o
(Eles/elas precisam trablhar melhor) verbo haver, existir, ocorrer. Ele apresenta duas formas no
presente there is (para o singular) e there are (para o plural).
Percebe-se que, enquanto a língua inglesa acrescenta ao
Deve-se acrescentar a partícula not às formas afirmativas
bare infinitive dos verbos (infinitivo sem a partícula ‘to’) a
do there to be para que se obtenham suas respectivas for-
letra ‘s’ aos pronomes de terceira pessoa do singular (he,
mas negativas.
she, it), a língua portuguesa acrescenta várias desinências
ao verbo (preciso, precisa, precisamos etc). Formas interrogativas
Para que se obtenham as formas interrogativas do verbo
Formas negativas do simple present there to be, deve-se apenas inverter a posição do verbo e
A forma negativa dos verbos no simple present segue uma do sujeito.
norma bem simples: acrescente do not (don’t) quando o
sujeito for I, you, we, they; acrescente does not (doesn’t)
quando o sujeito for he, she, it.
Present continuous
Importante: Após o uso dos auxiliares do ou does, utilize (present progressive)
o base form (infinitivo sem o to).
O Present Continuous apresenta enorme semelhança com
o tempo verbal Presente Contínuo da língua portuguesa.
Formas interrogativas Ele é um tempo verbal que serve para expressar ações que
Para que se obtenham as formas interrogativas dos ver- estão acontecendo simultâneas à fala. O Present Conti-
bos no simple present, deve-se fazer uso dos verbos au- nuous (ou Progressive) é formado pelo presente do verbo
xiliares do (para os pronomes I, you, we, they) e does (he, to be (concordando com cada sujeito) mais um outro verbo
she, it), colocados antes dos respectivos sujeitos. no gerund (sufixo ING).
Veja os exemplos:

To be § I am composing a song right now.


(Eu estou compondo uma música neste exato momento.)
O verbo to be não segue as mesmas regras que orientam a § You are listening my music.
maioria dos verbos em inglês. Ele é o único que apresenta (Você está ouvindo minha música.)
três formas de presente. São elas:
§ He is composing a song on his acoustic guitar.
§ I am Brazilian. (Eu sou brasileiro) (Ele está compondo uma música em sua guitarra.)
§ He, she it is from the Netherlands. (Ele/ela/isto é da
§ She is singing in her room.
Holanda.)
(Ela está cantando no quarto dela.)
§ You, we, they are thirsty. (Você(s), nós, eles(as) estão
com sede) § It is working very well.
(Isto está funcionando muito bem.)
Talvez a maior dificuldade ao se lidar com o verbo to be
§ We are watching a very interesting movie.
resida no fato de que, ao ser vertido para o português, ele
(Nós estamos assistindo um filme muito interessante.)
possa ter tanto estar quanto ser como significado, depen-
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

dendo do contexto em que o verbo está inserido. § You are wasting money.
(Vocês estão desperdiçando dinheiro.)
Formas negativas § They are surfing the web on their computers.
(Eles estão navegando na internet em seus computa-
Para se conseguir as formas negativas do verbo to be, deve-se dores.)
apenas acrescentar a partícula not à forma afirmativa.
As formas interrogativas do Present Continuous são dadas
pela inversão do sujeito com o to be.
Formas interrogativas
Para que se obtenham as formas interrogativas do verbo to
Exemplos:
be, deve-se apenas inverter a posição do verbo e do sujeito. § Are you paying attention to the instructions?
(Você está prestando atenção às instruções?)

69
§ Is it working properly? § She is not (isn’t) composing a music.
(Isto está funcionando corretamente?) (Ela não está compondo uma música.)
As formas negativas do Present Continuous são dadas pela § I am not thinking about it.
adição de not às formas do to be. (Eu não estou pensando sobre isso.)

FOCUS ON THE PAST

Simple past cada verbo, independente do sujeito. Seguem-se apenas


alguns exemplos.
§ to take – took (past)
Regular verbs (verbos regulares)
I took the subway to work.
Os verbos regulares são os “queridinhos”dos alunos bra- (Eu peguei o metro para trabalhar)
sileiros por se configurarem de forma mais simples. Para
obter o passado dos verbos regulares, basta acrescentar She took the subway to work.
o sufixo - ED a sua base form (infinitivo sem a partícula (Ela pegou o metro para o trabalho)
to), independentemente de quem seja o sujeito. Observe We took the subway to work.
os exemplos a seguir: (Nós tomamos o metro para o trabalho)
to need (precisar, necessitar) § to go – went (past)
I needed to be smarter You went to school.
(Eu precisei ser mais inteligente.)
(Você foi para a escola)
You needed to be smarter
He went too far.
(Você precisou ser mais inteligente.)
(Ele foi longe demais.)
He needed to be smater.
They went home together.
(Ele precisou ser mais inteligente)
(Eles foram juntos para casa)
She needed to be more careful.
(Ela precisou ser mais cuidadosa.) § to eat – ate (past)
It needed to be practical I ate the whole pizza
(Isto precisava ser mais prático.) (Eu comi a pizza inteiro)
We needed to be more practical. The dog ate our food
(Nós precisamos ser mais práticos(as).) (O cachorro comeu a nossa comida)
You needed to be more practical We ate pasta toguether
(Vocês precisaram ser mais práticos) (Nós comemos macarrão juntos)
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

They needed to be more practical.


(Elas(es) precisaram ser mais práticos(as).) Formas Negativas
Para chegar as formas negativas dos verbos no simple
Irregular verbs (verbos irregulares) past, é preciso acrescentar, após o sujeito e antes do
Encarar os verbos irregulares talvez seja a maior dificul- verbo principal, o verbo auxiliar did e a partícula not,
dade para o estudante brasileiro quando esse se depara independentemente do verbo ser regular ou irregular.
com o simple past da língua inglesa. Nesse aspecto, a
língua inglesa se parece com a portuguesa, apresentan-
Formas interrogativas
do formas verbais variadas (daí o termo irregular), dessa Para se verter uma frase para a forma interrogativa quando
forma, assim como para aprender o português, também um verbo está no simple past é preciso acrescentar o verbo
é necessário memorizar tais formas. Entretanto, tenha auxiliar did antes do sujeito da oração. O verbo principal
em mente que há apenas uma forma de passado para deve permanecer no base form (infinitivo sem to).

70
To be Formas interrogativas
Ao trocar a posição da forma verbal was ou were com o
O verbo to be tem duas formas de passado: was (I, he, she,
it) e were (you, we, they). pronome there, obtém-se a forma interrogativa do verbo
there to be.
Observe os exemplos:
I was at work yesterday.
(Eu estava no trabalho ontem).
Can
O verbo can tem todas as suas formas de passado (incluí-
You were at home yesterday.
(Você estava em casa ontem.) das as de subjuntivo) concentradas na palavra could com
qualquer que seja o sujeito envolvido.
He was an French singer.
(Ele era um cantor francês.) Sophia could play sing very well when she was
a child.
She was an Spanish doctor. (Sophia podia cantar muito bem quando ela era
(Ela era uma médica espanhola) criança.)
The bike (it) was here four hours ago. Two years ago we could buy a car, but today this
(A bicicleta estava aqui há quatro horas atrás.) is impossible.
We were busy yesterday. (Há dois anos nós podíamos comprar um carro,
(Nós estávamos ocupados(as) ontem.) mas hoje isto é impossível.)
They were bought in Russia in 2019. I would go home if I could.
(Eles foram comprados na Rússia em 2019.) (Eu iria para casa se eu pudesse.)

Formas interrogativas Used to


Para chegar as formas interrogativas de passado do Ao se deparar com textos em língua inglesa, o aluno sem-
verbo to be, deve-se trocar a posição do verbo com o pre lida com um problema comum de quem tem português
sujeito da oração. como língua materna: as formas de passado do inglês são
correspondentes aos nossos verbos do pretérito perfeito ou
Formas negativas do pretérito imperfeito? Como devo entender uma frase
como ‘I played very well’? ‘Eu joguei muito bem’ ou ‘Eu
Para chegar as formas negativas do verbo to be no passa-
do, deve-se inserir a palavra not após o verbo. jogava muito bem’?
As frases grafadas em simple past em inglês usualmente

There to be correspondem ao que nós nomeamos como pretérito per-


feito (ex: joguei, comi, bebi). Para se obter o mesmo sig-
Assim como no presente, duas formas de passado para o nificado das nossas sentenças no pretérito imperfeito (ex:
verbo there to be se apresentam: there was (para passa- jogava, comia, bebia), a língua inglesa faz uso da estrutura
do singular) e there were (para passado plural). Veja os used to. Em linhas gerais, ela é utilizada para expressar
exemplos a seguir. uma ação que era verdadeira no passado, mas que não é
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

mais. Observe os exemplos:


There was a restaurant near here.
(Havia/existia um restaurante perto daqui.) I used to play basketball very well. (Eu costuma-
va jogar/jogava basquete muito bem)
There were many restaurants here.
(Havia/existiam muitas restaurantes perto daqui.) She used to be a great singer. (Ela era/costu-
mava ser uma grande cantora)
Formas negativas Did you use to travel to the country when you
Para chegar as formas negativas de passado do there to be, lived abroad? (Você costumava viajar/viajava
é preciso acrescentar a palavra not às formas afirmativas. para o interior quando você morou no exterior?)
I didn’t use to like it, but now I do. (Eu não
costumava gostar disso, mas agora eu gosto)

71
Past continuous Didn’t you talk to him?
(Você não conversou com eles?)
Muito parecido com o caso previamente apresentado do Weren’t you at home yesterday?
present continuous, o past continuous da língua inglesa é (Você não estava em casa ontem?)
um tempo verbal utilizado para expressar uma ação que
estava acontecendo simultaneamente à outra, no passado Wasn’t there a person waiting here?
e é formado por uma forma de passado do verbo to be (Não havia uma pessoa esperando aqui?)
(was ou were) mais um outro verbo de ação acrescido do Couldn’t you ride bicycles when you were 6?
sufixo - ING (gerund). Estude os exemplos: (Você não conseguia andar de bicicleta quando
When you called, I was taking a shower. você tinha 6 anos de idade?)
(Quando você ligou eu estava tomando banho) Apêndice #2: Uso enfático do auxiliar did
Were you sleeping when I called you yesterday? Além das formas interrogativas e negativas,há outro uso
(Você estava dormindo quando eu te liguei para o auxiliar did: o enfático. Veja os exemplos a seguir.
ontem?
I liked the show
She wasn’t paying attention when the teacher (Eu gostei do show)
assigned her homework.
(Ela não estava prestando atenção quando o I did like the show
professor passou a lição de casa.) (Eu gostei muito do show)
Apêndice #1: formas interrogativa-negativas She told you not to be mad
As diversar formas verbais abordadas nesta unidade (sim- (Ela te pediu que não se chateasse)
ple past, to be, there to be e can) mostram, além das for- She did tell you not to be mas
mas apresentadas (afirmativa, negativa e interrogativa) (Ela realmente te pediu/foi muito clara ao
uma quarta forma: a interrogativa-negativa. As formas te pedir que não se chateasse.)
interrogativa-negativas são obtidas a partir das formas ne-
gativas, cada um dos verbos seguindo suas próprias regras. Apêndice #3: Tabela dos 150 verbos mais comuns da
Estude os exemplos abaixo: língua inglesa (regulares e Irregulares). A segunda coluna
apresenta as formas de passado desses verbos, e a terceira
Didn’t they like their new clothes?
coluna, as formas de particípio passado (past participle).
(Eles(as) não gostaram de suas novas roupas?)

LOOKING FORWARD

Existem duas estruturas verbais básicas para se apresentar Those two countries will face a war.
ações futuras em língua inglesa: will e going to. (Aqueles dois países vão encarar uma guerra.)

Will Negativa: Sujeito + WILL NOT


(WON”T) + verbo (base form)
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

É a forma mais comum. Serve para expressar um futuro


mais incerto, sem data definida ou que acontecerá em um
futuro mais distante. Exemplos:
Afirmativa: Sujeito + WILL I will not (won’t) marry to her.
(Eu não vou casar com ela)
+ verbo (base form)
She will never forgive me.
Exemplos: (Ela nunca me perdoará)
I will buy a house Those two countries will not (won’t) face a war.
(Eu vou comprar uma casa.) (Aqueles dois países não vão enfrentar uma guerra)
She will forgive me someday.
(Ela um dia vai me perdoar.)

72
Interrogativa: WILL + Sujeito Negativa: Sujeito + to be (present)
+ verbo (base form) + NOT + going to + verb
Exemplos: Exemplos:
Will you marry her? You are not going to buy it!
(Você vai casar com ela?) (Você não vai comprar isso!)

Will she ever forgive you? People are going to accept any changes.
(Ela algum dia irá te perdoar?) (As pessoas vão aceitar quaisquer mudanças)

Will those two countries face a war? This is going to be designed in China.
(Aqueles dois países enfrentarão uma guerra) (Isto vai ser projetado na China)

WILL: expressa também decisão Interrogativa: to be (present)


pessoal súbita, sem programação. + sujeito + going to + verb
Exemplo: Exemplos:
Are we going to accept his apologies?
“Look that dog! It is very cute. I will buy it!”
(Nós vamos aceitar suas desculpas?)

Observações: Am I going to obey you?


(Eu vou obedecer vocês?)
NUNCA utilize to antes ou depois do verbo auxiliar
WILL. Is Laura going to live abroad?
(Laura vai viver no exterior?)
I will to help you. (incorrect)
I will help you. (correct)
Going to: expressa também ideia de
NUNCA acrescente ‘s’ no verbo auxiliar WILL para as
terceiras pessoas do singular she, he, it.
futuro a partir de evidências notáveis.
She wills help you. (incorrect) Exemplo:
She will help you. (correct) “The sky is cloudy. It is going to rain soon.”
Apêndice #1
Going to Embora muito menos comuns, existem duas outras estru-
turas verbais que também apresentam ações futuras. Estu-
A estrutura verbal going to é utilizada para expressar um de os exemplos abaixo:
futuro mais próximo, com data ou preparação já definidos.
Present Continuous
Afirmativa: Sujeito + to be Exemplos:
(present) + going to + verbo I can’t go to the club with you because I am se-
Exemplos: eing my dentist tomorrow.
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

(Eu não posso ir para balada com você porque eu


I am going to marry her. vou no meu dentista amanhã)
(Eu vou casar com ela.)
They are answering the e-mail very soon.
George is going to take your credibility into (Eles estarão respondendo ao e-mail muito em
account. breve)
(George vai levar em conta sua credibilidade.)
Japan is going to host the 2020 Olympic Games. Simple Present
(O Japão vai sediar os jogos olímpicos de 2020) Exemplos:
Those two countries are certainly going to face Governments are likey to face challenges in a
a war near future.
(Aqueles dois países certamente vão entrar em (Governos estão propensos a ter desafios em um
guerra.) futuro próximo)

73
His schoolmates play basketball every Friday sin- mais comumente encontrado associado aos sujeitos I e
ce 1993. WE. Estude os exemplos a seguir:
(Os colegas de escola dele jogam basquete toda
I shall/will talk to the principal about that.
sexta-feira desde 1993)
(Eu conversarei o diretor sobre isso)
Apêndice #2 We shall/will not pass beyond this point.
O verbo auxiliar SHALL tem a mesma função de WILL, (Nós não iremos além desse ponto)
embora seja muito mais formal e raro. SHALL é muito

SHOULD WE CONTINUE
Os verbos modais são: can, could, may, might, should,
must, ought to, will, shall e would. Should, must, ought
Veja as regras gramaticais dos verbos modais: to, have to
§ Não adicione ‘s’ à terceira pessoa do singular.
Normalmente expressam sugestões, conselhos, ordens,
§ Não são usados verbos auxiliares para frases negativas
proibições e obrigações. Eles são normalmente entendi-
ou interrogativas.
dos em português como os verbos dever (ria) ou ter que.
§ Nunca acrescente a partícula to nem antes nem depois
Todos os verbos desse grupo são verbos auxiliares, ou seja,
de um verbo modal (com exceção de have to e ought to).
não têm sentido sozinhos, mas somente associados ou re-

Can/could, may/might ferindo-se a outros verbos.

Expressam capacidade, habilidade, possibilidade, probabi- Formas negativas


lidade, para pedir e dar permissão e pedir auxílio. Todas As formas negativas dos modal verbs são obtidas através
as leituras possíveis incluem, no português, o verbo poder, da adição da palavra not.
sendo que o verbo can está sempre no presente. Could,
além de ser a forma de passado de can, também pode ser Formas interrogativas
compreendido como futuro do pretérito do verbo can (po- As formas interrogativas dos modal verbs são obtidas atra-
deria, poderíamos). May e might também são usualmente vés da inversão do sujeito da oração e do verbo modal.
compreendidos como poderia, poderíamos etc.

PERFECTION

1. Present Perfect Be quiet, please! I haven’t finished it yet.


(Fique quieto, por favor! Eu ainda não terminei.)
HAVE/HAS + PAST PARTICIPLE
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

Ou seja, eu comecei algo e ainda estou executan-


O Present Perfect é um tempo verbal utilizado para expres- do esta tarefa.
sar uma ação que começou no passado e cujas consequên-
§ Ele é utilizado para expressar ações que têm se repeti-
cias se estendem (e são relevantes) até o momento da fala.
do nos últimos tempos.
Exemplos:
Exemplos:
I have lost my bag
She has worked a lot recently.
(Eu perdi minha bolsa). (Ela tem trabalhado muito recentemente)
Neste caso, meu passaporte continua perdido. I have slept very well since I changed room with
She has left the house my sister.
(Ela saiu da casa). (Eu tenho dormido muito bem desde que eu
Ela saiu da casa e ainda não retornou. troquei de quarto com a minha irmã.)

74
We have been responsible for her for 5 years. sado. Ou seja, caso se faça necessário expressar duas
(Nós somos/temos sido os responsáveis por ela ações não simultâneas no passado, a ação mais antiga
nos últimos 5 anos.) (que aconteceu primeiro) deve ser estar no Past Perfect,
Nós começamos e ainda somos responsáveis por enquanto a mais recente (que aconteceu depois), deve
ele. estar no Simple Past. Estude os exemplos a seguir.

§ Ele é utilizado por ações que acabaram de acontecer Exemplos:


ou estão quase acontecendo. Don’t be mad! When you arrived work, we had
Exemplos: already finished the meeting
(Não fique bravo! Quando você chegou ao tra-
I have just sent you my report.
(Eu acabei de te mandar meu relatório) balho, nós já tínhamos terminado a reunião.)

Rush! The plane has arrived. Portugal and Spain had already signed the
(Apresse-se! O avião está chegando) Tordesilhas treat when Pedro Àlvares Cabral ar-
rived in the Brazilian Coast in 1500.
§ Com as palavras ever (ou never) normalmente expres-
sam-se experiências de uma vida inteira. (Portugal e Espanha já tinham/haviam assi-
nado o tratado de Tordesilhas quando Pedro Ál-
Exemplos: vares Cabral chegou na costa brasileira em 1500)
Have you ever seen a lion?
(Você já viu um leão?) Past Perfect Continuous
Ou seja, desde o nascimento até o momento da
HAD + BEEN + VERB (ING)
fala.
No, I have never seen a lion. O Past Perfect também pode ser utilizado em sua forma
(Não, eu nunca vi um leão) contínua, e, assim como o Present Perfect Continuous, a
Ou seja, desde o nascimento até o momento da ênfase está na duração e continuidade da ação.
fala.
Exemplos:
She has never been abroad
I was short of breath on the phone because I
(Ela nunca esteve no exterior)
had been running in the park.
Present Perfect Continuous (Eu estava ofegante ao telefone porque eu
tinha corrido/ estava correndo no parque.)
HAVE/HAS + BEEN + VERB(ING)
She had been waiting for a long time when
É uma variação do Present Perfect. Ele é utilizado quando you arrived.
se quer enfatizar a continuidade de uma ação que come- (Ela havia esperado/ esteve esperando por um
çou no passado e continua no presente. longo tempo quando você chegou.)
Exemplos:
She has been washing the dishes since she Future perfect continuous
arrived. (Ela está lavando louça desde que ela Mesmo que sejam muito mais raros, é possível que você
chegou) Ou seja, ela não interrompeu a lavagem encontre os dois tempos acima em textos mais sofisticados,
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

em nenhum momento. portanto, vamos aprender um pouco sobre eles. Ambos são
They have been married for 35 years. (Eles es- usados para expressar ações no futuro que se iniciaram em
tão casados há 35 anos.) Ou seja, há 35 anos, algum ponto do passado.
eles estão casados.
Estude os exemplos a seguir:
Past perfect In a near future, Brazil will have hosted the two greatest
events in the world. (Em um futuro próximo, o Brazil terá se-
HAD + PAST PARTICIPLE diado os dois maiores eventos do mundo.) – Future Perfect.
O Past Perfect corresponde ao tempo verbal que a lín- By 2030, I will have been living for 59 years. (Quando
gua portuguesa chama de Pretérito mais-que-perfeito. 2030 chegar, eu terei vivido por 59 anos.) – Future Perfect
A definição e o uso são quase os mesmos. Eles servem Continuous.
para expressar uma ação que está no passado do pas-

75
Formas interrogativas Formas Negativas
As formas negativas dos tempos perfeitos são conseguidas As formas negativas dos tempos perfeitos são consegui-
por meio da inversão do verbo auxiliar to have com o su- das através da adição do advérbio not junto ao verbo
jeito da oração. auxiliar to have, ou em alguns casos por meio da adição
do advérbio never.

U.T.I. - Sala
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO

Climate change: How do we know?

The Earth’s climate has changed throughout history. Just in the last 650,000 years there have been seven cycles of gla-
cial advance and retreat, with the abrupt end of the last ice age about 7,000 years ago marking the beginning of the
modern climate era – and of human civilization. Most of these climate changes are attributed to very small variations
in Earth’s orbit that change the amount of solar energy our planet receives.
The current warming trend is of particular significance because most of it is extremely likely (greater than 95 percent
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

probability) to be the result of human activity since the mid-20th century and proceeding at a rate that is unprece-
dented over decades to millennia.
Earth-orbiting satellites and other technological advances have enabled scientists to see the big picture, collecting
many different types of information about our planet and its climate on a global scale. This body of data, collected
over many years, reveals the signals of a changing climate.
The heat-trapping nature of carbon dioxide and other gases was demonstrated in the mid-19th century. Their ability
to affect the transfer of infrared energy through the atmosphere is the scientific basis of many instruments flown
by NASA. There is no question that increased levels of greenhouse gases must cause the Earth to warm in response.
(https://climate.nasa.gov. Adaptado.)

1. (UNESP 2018) De acordo com o terceiro parágrafo:


a) o que permite que os cientistas obtenham dados sobre a Terra na atualidade?
b) que tipo de dados têm sido obtidos e o que revelam?

76
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO can be distracting. Also, avoid touching your mouth
AID WITH LESS BAGGAGE while talking. Watch yourself in a mirror while talking
on the phone. Chances are you are probably using some
By Silvia Spring of the same gestures in an interview.
The last thing you’d probably expect to see a Malawian 6 Don’t Fidget: There is nothing worse than people play-
drought victim do is whip out her ATM card and pull ing with their hair, clicking pen tops, tapping feet or un-
cash out of a machine. But that’s exactly how some aid consciously touching parts of the body.
recipients in this beleaguered African nation now recei- 7 Preparing what you have to say is important, but
ve 1their monthly entitlements. [...] practicing how you will say it is imperative. The nonver-
It’s a novel development idea that’s catching on around bal message can speak louder than the verbal message
the world. Until recently, most of the world’s relief aid you’re sending.
CAROLE MARTIN
came in the form of material goods like food, water,
http://interview.monster.com/articles/actions
blankets, medicines or building materials, delivered by
international staff that parachute into disaster areas, or
3. (UERJ 2004) Este texto, caracterizado como instrucio-
local NGOs funded by rich donors. But in recent years,
nal, pressupõe o emprego de formas verbais específi-
as the nonprofit world has increasingly come under fire
cas.
for inefficiency, mismanagement and even corruption,
there has been a push for new strategies. Cash aid, whi- Retire uma oração em inglês cujas formas verbais ex-
ch has been delivered to about 100,000 aid recipients pressam a noção de sugestão e conselho:
in countries like Bangladesh, Pakistan, and Ethiopia via
pilot programs, is one of 2them. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
The idea behind cash aid is to cut the cost of aid de- COMICS AS AN AMERICAN ART FORM
livery, reduce opportunities for corruption and theft
of goods, and empower aid recipients by giving them Whether in the Sunday paper or in a critically acclaimed
more control over their own well-being. [...] graphic novel, comics have become a distinctive
(Newsweek, June 11, 2007: 35.)
American art form. Comic strips, comic books, and the
2. (UFRJ 2008) Transcreva do texto os termos que foram characters that people them, are reflections of the cou-
substituídos por: ntry’s culture from the end of the 19th century to the
a) “their” (ref. 1); present.
b) “them” (ref. 2).
1
In the late 1800s, many conditions seemed ripe for the
arrival of a new form of communication that was nei-
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: ther merely literature nor merely graphic art. New and
JOB INTERVIEW: ESCAPE THE PITFALLS more advanced printing presses were allowing newspa-
pers to print more copies, better and faster, making it
1 It begins even before you say your first word in an possible to easily reach an ever-increasing public. Also
interview. By the time the interviewer walks toward at that time, the enormous influx of new immigrants
you, an opinion is already being formed. There you sit from eastern and southern Europe, with little or no
waiting to give your answers to questions you’ve pre- knowledge of the English language, gave the medium
pared for, while you are already being judged by your of visual communication a steady audience.
appearance, posture, smile or nervous look. The new cultural form was characterized by narrative
told in a sequence of pictures, with continuing casts of
NONVERBAL PITFALLS TO WATCH FOR:
characters, and dialogue or text within the picture fra-
2 The Handshake: It’s your first encounter with the in- me. At this point, a new distinction was created that se-
terviewer. The person holds out his hand and receives a parates most comic strips from the pictorial narratives
limp, damp hand in return - not a very good beginning. of previous centuries. Comic strips were designed to
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

Your handshake should be firm, not bone-crushing, and compel the eye to travel forward from panel to panel,
your hand should be dry and warm. whereas earlier drawings were static and mainly served
3 Your Posture: Stand and sit erect. We’re not talking as illustrations for text. This new, kinetic, dimension of
“ramrod” posture, but show some energy and enthu- American comic art was a major departure from the car-
siasm. A slouching posture looks tired and uncaring. toons created at that time in other parts of the world.
Check yourself out in a mirror or on videotape.
2
Many experts designate the “birthdate” of American
4 Eye Contact: Look the interviewer in the eye. You comics as 1895, when the Yellow Kid first appeared.
don’t want to stare, as this shows aggression. Occasion- Among the many comics artists, 3one of the earliest was
ally, glance at the interviewer’s hand as he is speaking. Richard Outcault (1863-1928), who created two of the
By constantly looking around the room while you are field’s important characters, the Yellow Kid (1895) and
talking, you convey a lack of confidence or discomfort Buster Brown (1902), and pioneered the development
with what is being discussed. of the Sunday funnies and the merchandising of comics’
5 Your Hands: Gesturing or talking with your hands is characters. Using his childhood insecurities and failures
very natural. Getting carried away with hand gestures as material, 5Charles Schulz (1922-2000) was the writer

77
and artist of the incomparable Peanuts, which became duals, including three Wari queens.
the most widely read comic strip in the world, inspiring (Disponível em http://news.nationalgeographic.com/
animated cartoons, toys, and reprint books. news/2013/06/pictures/130627-peru-archaeology-wari-
south-america-humansacrifice-royal-ancient-world-photos/.
Gary Trudeau’s (1948- ) Doonesbury made him the most Acessado em 27/08/2013.)
prominent cartoonist-commentator on the political sce-
ne during the 1970s, 4bringing him the 1975 Pulitzer a) Que tipo de ornamento pessoal foi encontrado em um sítio
Prize, the first ever awarded for a comic strip. 7Calvin arqueológico no Peru, do que ele é feito e a quem ele pertencia?
and Hobbes is written and drawn by former political b) Explicite duas informações sobre o povo Wari presentes no texto.
cartoonist Bill Watterson (1958- ), who is known for ha- TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
ving his characters, a manic six-year-old and a level-he-
aded tiger, make abrupt mid-strip shifts from fantasy to HOW TO CLOSE THE ACHIEVEMENT GAP
reality, and from one character’s viewpoint to another.
6
In the approximately 110 year-long-life of comics, they
have encompassed every aspect of American life, from
the down-to-earth to the esoteric. Today, due to cutba-
cks on space for continuity strips in newspapers, artists
no longer have as much size available to include exten-
sive detail in their work and comics have become less
popular with newspaper readers. The impact that the
arrival of the computer age will have on comic artistry
remains to be seen.
Clearly, animation of cartoon characters is making a co-
meback in movies and on digital entertainment websi-
tes. Fans of “the funnies” will be waiting to see.
www.askart.com All over the world, your chances of success in school and
life depend more on your family circumstances than any
4. (UERJ 2009) Observe os fragmentos:
other factor. By age three, kids with professional parents
Charles Schulz (1922-2000) was the writer and artist of are already a full year ahead of their poorer peers. They
the incomparable “Peanuts”, (ref. 5) know twice as many words and score 40 points higher
In the approximately 110 year-long-life of comics, they on IQ tests. By age 10, the gap is three years. By then,
have encompassed every aspect of American life, (ref. 6) some poor children have not mastered basic reading and
math skills, and many never will: this is the age at which
Justifique o emprego das formas verbais sublinhadas. failure starts to become irreversible.
A seguir, retire do texto, em inglês, outro exemplo para
cada uma das noções temporais expressas por essas A few school systems seem to have figured out how to
formas. erase these gaps. Finland ensures that every kid com-
pletes basic education and meets a rigorous standard.
Responda EM PORTUGUÊS. One Finnish district official, asked about the number of
children who don’t complete school in her city, replied, “I

U.T.I. - E.O.
can tell you their names if you want.” In the United Sta-
tes, KIPP (Knowledge Is Power Program) charter schools
enroll students from the poorest families and ensure that
1. (UNICAMP 2014) South America’s Earliest Empire
almost every one of them graduates high school – 80
Images of winged, supernatural beings adorn a pair of heavy percent make it to college. Singapore narrowed its achie-
gold-and-silver ear ornaments that a high-ranking Wari wo- vement gap among ethnic minorities from 17 percent to
man wore to her grave in the newly discovered mausoleum at 5 percent over 20 years.
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

El Castillo de Huarmey in Peru.


These success stories offer lessons for the rest of us. First,
get children into school early. High-quality preschooling
does more for a child’s chances in school and life than
any other educational intervention. 1One study, which
began in the 1960s, tracked two groups of students from
disadvantaged backgrounds. 2Some were given the
opportunity to attend a high-quality preschool;4others
The Wari forged South America’s earliest empire betwe- were not. 3Thirty-five years later, the kids who went to
en 700 and 1000 A.D., and their Andean capital boasted preschool were earning more, had better jobs, and were
a population greater than that of Paris at the time. To- less likely to have been in prison or divorced.
day, Peru’s Minister of Culture will officially announce Second, recognize that the average kid spends about
the discovery of the first unlooted Wari imperial tomb half his waking hours up until the age of 18 outside of
by a team of Polish and Peruvian researchers. In all, the school – don’t ignore that time. KIPP students spend 60
archaeological team has found the remains of 63 indivi- percent more time in school than the average American

78
student. They arrive earlier, leave later, attend more re-
gularly, and even go to school every other Saturday. Si-
milarly, in 1966, Chile extended 5its school day to add the
equivalent of more than two more years of schooling.
Third, pour lots of effort into training teachers. Studies
in the United States have shown that kids with the most
effective teachers learn three times as much as 6those
with the least effective. Systems such as Singapore’s are
choosy about recruiting; they invest in training and con-
tinuing education; they evaluate teachers regularly; and
they award bonuses only to the top performers. 4. (UERJ 2017) Na tirinha, Calvin e seu pai conversam
Finally, recognize the value of individualized attention. sobre um assunto importante.
In Finland, kids who start to struggle receive one-on-one Com base no primeiro quadrinho, indique o que moti-
support from their teachers. Roughly one in three Finnish vou essa conversa. Identifique, ainda, os referentes do
students also get extra help from a tutor each year. If we pronome we no primeiro e no último quadrinho, res-
can learn the lesson of what works, we can build on it. pectivamente.
MOURSHED, Mona; WHELAN, Fenton. How to close the
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
achievement gap. Newsweek, New York, Aug. 23&30, 2010. p. 33.
A few notes about humour
peers: companheiros.
Charlie Chaplin said it best: “A day without laughter is
2. (UFBA 2012) Say to which words or phrases the
a day wasted”. Money might be what makes the world
following words refer to:
go round, but humour is what makes the journey tolera-
• “others” (ref. 4): ble. What better way to acknowledge something than to
• “its” (ref. 5): consume it in jest?
• “those” (ref. 6):
Humor is the spice of life. Fun and laughter help reduce
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: stress, and also help to keep you happy and healthy.
An earthquake rides on a principle of disintegration-the Everybody loves a good laugh, and everybody needs a
disintegration not only of architecture and pavements good reason to laugh once in a while. I have always en-
and lives but also of the entire idea of order of process joyed listening to people tell jokes, and enjoyed telling
and human control. “What can one believe quite safe” jokes too. There are many ways in which comedy can be
asked Seneca, “if the world itself is shaken and its most used in life, but my personal favourite is undoubtedly
solid parts totter to their fall... and the earth lose its observational humour.
chief characteristic stability?” Observational humour is the sort where people make
In March 1933, Albert Einstein was visiting the Long Be- fun of life in general, turning the run-of-the-mill day
ach campus of the University of California. He and his into something people can laugh about. It takes a good
host from the department of geology walked through amount of story-telling skill to turn a mundane, silly
the campus, intently discussing the motions of earth- instance into a funny and witty* remark. Some of the
quakes. Suddenly they looked up in puzzlement to see comedians who have this skill are Mitch Hedberg, Dylan
people running out of campus buildings. Einstein and Moran, Louis C. K., George Carlin, Ed Byrne, and the list
the other scientist had been so busy discussing seismo- goes on.
logy that they did not notice the earthquake occurring
Many people can manage to get out a laugh or two
under their feet.
about aspects of life that pertain to a specific audience
TIME. OCTOBER 30.1989
– for example, an in-joke that only locals will unders-
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

3. (FUVEST) “What can one believe quite safe, if the tand. But it takes something else to execute a brilliantly
world itself is shaken?” funny story about people in general, something that
manages to creep past the cliché bin, which is why I
Reescreva no passado e no futuro.
have a good deal of respect for those comedians.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A sub-section of observational humor is when co-
medians, or regular folk, poke fun at current affairs,
generally serious current affairs, and turn them into
something satirical. 1This is significantly easier than
compiling a whole show, and only requires you to follow
current affairs and have a bit of wit about you. Besides
this, with some skilled wordplay and a good performan-
ce, many a situation can be turned into a joke. The more
grave the actual situation, the funnier and darker the
spin-off story can be, if pun permits.

79
Twitter is one of the current hang-outs for the exchan- lity. We become enchanted and inspired when we open
ges of these situational comics, and word plays spread our senses and our imagination to the song and speech
like wildfire** once they’re out – 2like they did during of the world.
the rescue of the Chilean miners, in october, 2010, for To live in an enchanting world we have to assume a
instance. Many of the jokes come from dedicated come- receptive posture rather than an exclusively active one.
dy spots (such as Sickipedia or Uncyclopedia), but the We can become skilled at allowing the world in, taking
point is that there are many healthy communities and its secrets to heart and finding power outside of our-
opportunities for people to express their farce take on selves. This is the chief teaching of the wise, who have
things. explored the secret potentialities of nature and human
After a while, your mind is always ready to come up with ingenuity in every period of history and in every culture.
a quirky statement about anything; it actually becomes When, emptied of the debris of modernism, we enjoy
habitual – which could be detrimental to your reputation the role of being a conduit for the powers that lie outsi-
if you’re not careful. It’s also really fun as it keeps you de us, the world floods us with its wisdom and support.
on your toes. THOMAS MOORE (http://www.spiritualityhealth.com)
<theamateurobserver.wordpress.com> 6. (UERJ 2006) Observe os seguintes fragmentos:
(*) witty – espirituoso(a) 1) We have even introduced THEM into our arts (ref. 2)
2) It’s tempting to respond to THESE SERIOUS PRO-
(**) spread like wildfire – alastrar-se
BLEMS with remedies (ref. 3)
5. (UERJ 2013) Em blogs, é comum o uso de marcas de As palavras destacadas são exemplos de mecanismo de
primeira pessoa para explicitar a presença do autor. coesão textual.
Retire do texto, em inglês, duas orações que contenham
Indique:
essas marcas.
a) os referentes de THEM no fragmento 1;
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
b) dois dos problemas a que se refere o fragmento 2.
The re-enchantment of everyday life TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Enchantment is both the capacity of the world to charm No fragmento I, do romance O retrato de Dorian Gray,
us and the inspiration that comes upon us when we o personagem Dorian vê pela primeira vez sua imagem
open ourselves to the magic in everyday experiences. retratada em uma pintura.
An enchanted world is alive and rich in personality. It re- 1
Twenty minutes later Hallward stopped painting. He
veals itself to us in its beauty and poetic presence that stood back and looked at the portrait for a few mo-
ultimately make life feel worth living. ments. Then he bent down and signed his name in red
1
Over the years, we have taken such pride in our scienti- paint on the bottom left-hand corner.
fic and technological achievements that we have come to
“It is finished”, he cried.
imagine our entire lives as mechanical. We prize our ratio-
nality and quantifying methods, believing that they offer Lord Henry came over and examined the picture. It was
unmatched reliability. 2We have even introduced them certainly a wonderful work of art.
into our arts and our psychological studies and therapies. “My dear man”, he said, “It is the best portrait of our
But we pay a price for this kind of progress. We have time. Mr. Gray, come over and look at yourself”.
lost much that quickens the heart and nurtures the Dorian walked across to look at the painting. When
imagination. Our arts are marginalized as never before. he saw it, his cheeks went red with pleasure. He felt
Education has been reduced to information gathering that he recognized his own beauty for the first time.
and training. Medicine neglects the soul and spirit, and But then he remembered what Lord Henry had said. His
focuses exclusively on the purely physical dimensions of beauty would only be there for a few years. One day he
the person, using only mechanical and chemical means would be old and ugly.
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

of healing. Politics appears obsessed with power and “Don’t you like it?”, cried Hallward, not understanding
money instead of genuine needs of communities. All of why the young man was silent.
these aspects of modern life hurt the soul and, therefo- “Of course he likes it”, said Lord Henry. “It is one of the
re, decrease our humanity. greatest paintings in modern art”.
3
It’s tempting to respond to these serious problems (...)
with remedies that remain within the paradigm of
“How sad it is!”, said Dorian Gray, who was still sta-
modern culture instead of imagining an altogether di-
ring at his own portrait. “I will grow old and horrible.
fferent way of life. A philosophy of enchantment turns
But this painting will always stay young. It will never be
current values upside down and asks that we step out-
older than this day in June… If only it were the other
side the frontiers of contemporary wisdom. Instead of
way!”
rushing into the future, we might profoundly appreciate
the past, and instead of treating nature as an inert, ina- “What do you mean?”, asked Hallward.
nimate substance - a resource for making the merely “If I could stay young and the picture grow old! For that
physical world, we might grant it its soul and persona- – for that – I would give everything! Yes, there is no-

80
thing in the whole world I would not give! I would give 3
There was a cry, and a crash. The cry was so horrible
my soul for that!” that frightened servants woke and came out of their
rooms. Two gentlemen, who were passing in the Square
“I don’t think you would like that, Basil”, cried Lord
below, stopped, and looked up at the great house. They
Henry, laughing.
hurried on until they met a policeman, and brought him
“I certainly would not, Harry”, said Hallward. back. The policeman rang the bell several times, but
2
Dorian Gray turned and looked at him. “You like your there was no answer. Except for a light in one of the
art better than your friends.” top windows, the house was all dark. After a time, he
3
The painter stared in surprise. Why was Dorian spe- went away and stood in the garden of the next house
aking like that? What had happened? His face was red, and watched.
and he seemed quite angry. (…)
“You will always like this painting. But how long will you
like me? 4Until I start getting old. Lord Henry Wotton is Inside the house the servants were talking in low whis-
perfectly right. When I lose my beauty, I will lose every- pers to each other. 4Old Mrs Leaf was crying. Francis was
thing. I shall kill myself before I get old.” as white as death.
(...) After about a quarter of an hour, they went fearfully
upstairs.
Many years passed. Yet the wonderful beauty that had so
fascinated Basil Hallward stayed with Dorian Gray. Even (…)
those who had heard terrible rumours against him could When they entered the room they found a portrait han-
not believe them when they met him. He always had the ging on the wall. It showed Mr Dorian Gray as they had
look of someone who had kept himself pure. last seen him, young and beautiful. Lying on the floor
Many people suspected that there was something very was a dead man in evening dress. He had a knife in his
wrong with Dorian’s life, but only he knew about the heart. He was old and horribly ugly. It was not until they
portrait. Some nights he would secretly enter the locked saw his rings that they recognized who the man was.
room. Holding a mirror in his hand, he would stand in Adaptado de WILDE, Oscar. The Picture of Dorian Gray.
front of the picture Basil Hallward had painted. He would Harlow: Pearson, 1994.
look first at the horrible, old face in the picture, and then
at the handsome young face that laughed back at him 8. (UERJ 2019)
from the mirror. He fell more and more in love with his (1) It was the portrait that had done everything. (ref. 1)
own beauty. And more and more interested in the corrup- (2) It had killed the painter. (ref. 2)
tion of his own soul.
Identifique os agentes das ações sublinhadas, respec-
Adaptado de WILDE, Oscar. The Picture of
Dorian Gray. Harlow: Pearson, 1994. tivamente, em (1) e em (2). Explique, também, o efeito
produzido pela escolha de tais agentes.
7. (UERJ 2019) No último parágrafo do texto, a forma ver-
bal would é usada em três frases com a mesma função. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Aponte essa função. Justifique, ainda, esse uso de would, Leia um fragmento do romance If today be sweet para
considerando o sentimento de Dorian pelo quadro. responder à(s) questão(ões).
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Neste fragmento, os leitores têm acesso aos sentimen-
O fragmento II, do romance de Dorian Gray apresenta- tos e pensamentos do filho de Tehmina, Sorab, a respei-
do a seguir, apresenta os momentos finais da história, to da esposa (Susan, uma americana), da mãe, da infân-
após o personagem Dorian, durante muitos anos, ter le- cia em Bombaim e da vida como imigrante na América
vado uma vida libertina e de experiências amorais. do Norte.
What worried Dorian was the death of his own soul. Sorab felt the familiar rush of heat in the back of his
Basil had painted the portrait that had destroyed his neck that he felt each time Susan said something cri-
U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

life. He could not forgive him that. 1It was the portrait tical of Tehmina. He heard the frustration in his wife’s
that had done everything. voice, but behind his eyes there was another, older
(…) image – of his mother bent over the kitchen counter
chopping onions, her face flushed from the steam from
A new life! That was what he wanted. That was what he the pressure cooker and the sting of the onions. Do
was waiting for. Perhaps it had begun already. He would you realize that my mother spent – wasted – her entire
never again spoil innocence. He would be good.
youth cooking and taking care of five other people? he
(…) wanted to say to Susan. (...)
He looked around and saw the knife that had killed Ba- It’s just that ... there are some things, some thoughts
sil Hallward. He had cleaned it many times until there so elusive that they wiggle like fish out of the web of
was no mark left on it. It was bright, and it shone. 2It words. Some differences were so great that they were
had killed the painter. Now it would kill the painter’s beyond language, beyond explanation. How envious Su-
work, and all that it meant. It would kill the past. When san had been when he had first told her that his mother
that was dead he would be free. He picked up the knife had always had servants. That the fisherwoman and the
and pushed it into the picture. newspaper boy and the baker and the butcher all made

81
their morning rounds to the house, delivering their wa- there was a conflict between the two women he loved
res. How easy, how luxurious Susan had imagined his most in the world? How to describe to her his first few
mother’s life to be. And yet that‘s not how he remem- years in America, when he had felt that rootlessness
bered her life, at all. 1What he remembered of his chil- that only immigrants feel, so that he felt as if his head
dhood was a blur of ringing doorbells and raised voices was touching the skies of America while his feet were
and his mother’s tired, flushed face and the complaints
rooted in Bombay, as if he was straddling two conti-
of neighbors and the haggling with the vendors and the
arguments with the servants and the chain of unexpec- nents. (...) Sorab wanted to tell Susan about how, for
ted visitors and demanding relatives who dropped in years, he had longed for his life to be seamless, how he
without calling first. And somehow, like the conductor yearned to have all his loved ones under the same roof.
of a mad orchestra, his mother had to manage it all (...). And how, after his mother and father began to visit him
He had never asked and his mother had never said, but in Ohio, he had finally felt whole, complete, seamless.
Sorab knew that Tehmina would have willingly traded
THRITY UMRIGAR. If today be sweet. New
in the servants and the vendors who came to her door
York: HarperCollins Publishers, 2007.
for a dishwasher that didn’t complain, a vacuum cle-
aner that didn’t ask for a raise, a supermarket where 9. (UERJ 2014) Por se tratar de uma narrativa de memó-
the prices were fixed, a clothes dryer that didn’t talk rias, o texto faz uso frequente de dois tempos verbais: o
back, a food processor that chopped onions without le-
pretérito perfeito (simple past) e o pretérito mais-que-
aving a trail of tears in its wake.
-perfeito (past perfect).
He looked at Susan, trying so hard to understand him,
and he felt the gap between them as enormous as the Retire do último parágrafo, em inglês, uma frase que
distance between Bombay and Ohio. How to explain to contém verbos conjugados nesses dois tempos e expli-
his wife the rift that opened up in his heart each time que a diferença de uso entre eles.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


U.T.I. 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias

Os quadrinhos 5, 6 e 7 apresentam uma história criada por Calvin. Considere esta informação para responder às
questões.

10. (UERJ 2013) Indique o tempo verbal mais usado na história escrita por Calvin. Em seguida, retire, em inglês, dois
verbos regulares conjugados nesse tempo.

82
HISTÓRIA

1
CIÊNCIAS
HISTÓRIA GERAL
HUMANAS
e suas tecnologias

U.T.I.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE HISTÓRIA

Historiador e Historiografia naturalmente, seguia uma organização cronológica e utili-


zava acontecimentos marcantes para determinar o fim de
A História é uma ciência humana. Como uma ciência, a um período e o começo de outro. O fim de um período,
História possui métodos para investigar o passado. His- no entanto, não significava o registro de mudanças pro-
toriografia é o termo utilizado para designar o campo de fundas e imediatas, mas indicava a partir daquele marco
estudo, as reflexões e os exames de discursos, narrativas e o acontecimento de mudanças significativas com o passar
pesquisas sobre o passado. O historiador é o profissional do tempo. Apesar de muitos historiadores questionarem a
apto para pesquisar e construir o saber histórico, definindo datação dos marcos de cada período, ela permanece em
linhas de pesquisa, objetivos e, sobretudo, utilizando docu- vigência e é utilizada como mecanismo para organizar o
mentação para a análise do passado. estudo da História e facilitar o ensino.
Para iniciar um trabalho de pesquisa histográfica, o histori- Através de uma concepção eurocêntrica do mundo, difun-
ador precisa utilizar documentação, ou seja, algum elemen- diu-se uma linha do tempo baseada em eventos ligados
to humano que seja um vestígio do período que ele estuda. ao contexto do continente europeu. Esta linha do tempo,
Por exemplo, a utilização de fontes textuais, evidências considerada “oficial”, divide-se tradicionalmente em:
arqueológicas, fontes de cultura material, repre- § Pré-História: Surgimento dos primeiros hominídeos
sentações pictóricas (gênero da pintura, com o objetivo até cerca de 4 mil anos a.C., com o surgimento dos
de representar a aparência visual do sujeito, em geral um primeiros tipos de escrita.
ser humano, embora também possam ser representados
§ Idade Antiga: até 476 d.C. (Queda do Império Romano)
animais) e registros orais.
§ Idade Medieval: até 1453 (Tomada de Constantinopla)
É a partir destes vestígios que o historiador elabora a sua
§ Idade Moderna: até 1789 (Revolução Francesa)
ideia e monta a sua pesquisa com o objetivo de com-
preender o que ocorreu. § Idade Contemporânea: Dias atuais.
Esta linha do tempo é um recorte eurocêntrico e, portanto,

Periodização da História limitada à não oferecer dados para a compreensão históri-


ca e temporal de diversas outras sociedades humanas.
Ao longo do tempo, os historiadores convencionaram-se
a organizar os eventos em períodos. Essa periodização,

“PRÉ-HISTÓRIA”
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

A periodização tradicional divide a História em duas gran- estudo desse período advém, sobretudo, de metodologias
des partes: “Pré-História” e “História”. Ou seja, o critério interdisciplinares.
utilizado por essa visão histórica para dividir os dois perí-
Portanto, o conhecimento desse período advém, por exem-
odos é o surgimento da escrita. Vale destacar, porém, que
plo, dos vestígios e dos estudos arqueológicos e paleon-
essa visão é amplamente criticada. Colocar a escrita como
um critério de divisão se mostra arbitrário e até mesmo tológicos, como pinturas rupestres, instrumentos antigos,
preconceituoso, reduzindo sociedades ágrafas como “infe- restos de fósseis, etc. Com ajuda desses vestígios é possível
riores”. Aliás, como a própria denominação “Pré-História” elaborar teorias sobre esses povos.
explicita, é como se esses povos, por não terem uma cultu- Os historiadores, durante suas pesquisas, fizeram uma
ra literária, nem ao menos teriam, portanto, História. divisão em dois períodos da pré-história, esses perío-
De qualquer forma, estudar esse antigo e importante perío- dos foram denominados como: Período Paleolítico e
do da História humana é uma tarefa bastante complexa. O Período Neolítico.

84
Período Paleolítico Período Neolítico
O período Paleolítico ou também conhecido como Idade da O período Neolítico ou também conhecido como Idade da
Pedra Lascada, ocorreu aproximadamente por volta de 2,7 Pedra Polida ocorre aproximadamente 10 mil a.c. até 3 mil
milhões de anos atrás até 10 mil a.C. a.c., ou seja, ele ocorre desde a Revolução Neolítica até a
criação da escrita.
O Paleolítico foi o maior período da pré-história, esse pe-
ríodo é chamado de Idade da Pedra Lascada porque uma O Neolítico começa pela Revolução Neolítica, processo mar-
das características principais desse período é o começo do cado pelo momento em que alguns agrupamentos humanos
desenvolvimento de ferramentas e de instrumentos de tra- começaram a desenvolver a agricultura e a domesticação dos
balho provenientes da pedra. animais. A partir desse contexto, o processo de sedentarização
se intensificou e os agrupamentos humanos passaram por um
O período Paleolítico foi marcado pelo domínio do fogo, o grande aumento demográfico, transformações que deram ori-
nomadismo (mobilização de grupos humanos sem local fi- gem as primeiras civilizações da humanidade. Ao longo desse
xos), caça em grupo, divisão de tarefas, coletas de recursos processo, por volta de 6000 a.C, o desenvolvimento da meta-
na natureza (frutos e raízes), as primeiras manifestações lurgia e o surgimento de instrumentos de metal acabaram por
artísticas (pinturas rupestres), uso da pele de animais, uso aperfeiçoar ainda mais os utensílios humanos, dando origem
de cavernas como abrigos naturais e o domínio do fogo. ao período denominado “Idade dos Metais”. Ainda nessa
conjuntura de grandes transformações, vale ressaltar que, por
volta de 4000 a.C. teria surgido a cultura letrada, a escrita.

ANTIGUIDADE ORIENTAL

Egito Império Médio (2000-1750 a.C.)


Entre 1800 e 1700 a.C., chegam os hebreus, mas são os
A civilização egípcia se desenvolveu no nordeste da África. A
vida girava em torno do ciclo de cheias e vazantes do rio Nilo. hicsos, vindos da Ásia, que criam as maiores dificulda-
des. Trazem cavalos e carros de combate, que os egípcios
O rio Nilo dividia o Egito em duas partes bem distintas: o
desconhecem. Dominaram a região e instalaram-se no
Alto e o Baixo Egito. O Alto Egito é a região do interior
delta de 1750 a 1580 a.C.
do território, com cerca de 10 quilômetros de largura e
que chega até a primeira catarata. O Baixo Egito é a Império Novo (1580-1085 a.C.)
região do delta, cheia de alagadiços e que se alarga à
Depois da expulsão dos hicsos, a nova fase, de enorme
medida que se aproxima do Mediterrâneo.
desenvolvimento militar, transformou o Egito em potência
Império Antigo (3200-2200 a.C.) imperialista. O Novo Império marca o apogeu da civilização
egípcia.
A história do Egito começa quando as populações que vi-
No reinado de Tutmés III (1480-1448 a.C.), o império atin-
viam às margens do Nilo tornam-se comunidades dedica-
giu sua maior expansão territorial, ampliando-se até o rio
das mais à agricultura do que à caça ou à pesca. No quarto
Eufrates, na Mesopotâmia.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

milênio antes de Cristo, evoluem para pequenas unidades


políticas, chamadas nomos. Formaram-se dois reinos, um Marido da rainha Nefertiti, Amenófis IV empreendeu uma
ao norte e outro ao sul. Por volta de 3200 a.C., o faraó revolução religiosa, provavelmente para anular o poder e a
Menés (ou Narmer) unificou os reinos, com capital em Tínis, autoridade da camada sacerdotal, instituindo o culto mono-
daí o período até 2800 a.C. chamar-se Tinita. teísta ao deus Áton, simbolizado pelo disco solar, chegando
a mudar seu nome para Akhenaton (“aquele que agrada
Os sucessores de Menés organizaram uma monarquia
a Aton”).
poderosa e de maior prosperidade do Antigo Império. En-
tre 2700 e 2600 a.C., foram construídas as célebres pirâ- Tutancáton, seu sucessor, restaurou o deus Amon e pôs fim
mides de Gizé, atribuídas aos faraós Quéops, Quéfren à revolução. Mudou o próprio nome para Tutancâmon.
e Miquerinos, da terceira dinastia, fundada por Djoser em Os faraós da dinastia de Ramsés II (1320-1232 a.C.) enfren-
cerca de 2850 a.C. , com a nova capital era Mênfis. taram novos obstáculos, como a invasão dos hititas, vindos
da Ásia Menor. O Império entrava em declínio. Em 525 a.C.,

85
o rei persa Cambises derrota o faraó Psamético III. A inde- Seus escritores se inspiravam em temas morais, poéticos ou
pendência acabou. Nos séculos seguintes, os povos do Nilo religiosos, como o Texto das Pirâmides e o Livro dos Mortos.
seriam dominados pelos gregos e, finalmente, cairiam nas Tinham três tipos de escrita. Uma sagrada, em túmulos e
mãos do imperialismo romano, em 30 a.C. templos, a hieroglífica; uma versão mais simplificada, a
hierática, em documentos administrativos; e a demócri-
Sociedade e Economia ta, mais popular.
A agricultura de regadio era a principal atividade econô-
mica no Egito Antigo. Estava diretamente ligada às obras hi-
dráulicas que tornavam possível o controle das águas do Nilo.
Mesopotâmia
Mesopotâmia (atual Iraque), é uma palavra de origem grega
A economia egípcia pode ser enquadradada no modo de
que significa “terra entre rios”. Localizava-se numa exten-
produção asiático, em que coexistiam comunidades ca- sa faixa de terra conhecida como Crescente Fértil, entre
racterizadas pela propriedade coletiva do solo e organizadas os rios Tigre e Eufrates
sobre as relações de parentesco, com um poder estatal que
A Mesopotâmia era formada por cidades-Estado com au-
representava a unidade verdadeira ou aparente de tais co-
tonomia religiosa, política e econômica e governadas por
munidades.
um sacerdote.
O Estado organizava as atividades produtivas por meio de
Sua cidade mais famosa foi Acad, que deu origem ao termo
uma rígida estrutura repressiva. A população camponesa pa-
acádios. Estes estabeleceram uma organização centralizada
gava impostos em produto ou em trabalho, numa estrutura
em seu Império, afastando a influência dos sacerdotes. Por
denominada servidão coletiva.
volta de 2330 a.C., o rei semita Sargão unificou as cidades
O governo do Egito antigo era teocrático. O faraó era con- sumérias, criando o Primeiro Império Mesopotâmico.
siderado filho de Amon-Rá, o deus Sol, e encarnação de
Hórus, simbolizado pelo falcão. A nobreza era formada pelos
parentes do faraó, altos funcionários do palácio, oficiais do Sociedade e economia
exército, chefes administrativos e sacerdotes. Marcadas pela agricultura de regadio e pela servidão
Camponeses e artesãos eram a camada inferior da sociedade, coletiva, várias civilizações mesopotâmicas inseriram-se
mas deles dependia a prosperidade do país. Recebiam mí- no chamado modo de produção asiático. A estrutura social
seros pagamentos em forma de produtos, moravam em ca- mesopotâmica assemelhava-se à egípcia
banas, vestiam-se pobremente e comiam pouco. Aquilo que
poupavam, guardavam para o funeral, para garantir uma vida Primeiro Império Babilônico
melhor após a morte. (1800-1600 a.C.)
Cultura e religião Hamurábi foi um dos primeiros reis babilônicos (1728-
1686 a.C.). Ampliou o Império e foi sobretudo um legisla-
Os egípcios eram politeístas, ou seja, adoravam vários deu- dor, responsável pelo primeiro código de leis que se conhe-
ses. Antropozoomórficos esse deuses apresentavam forma ce: o Código de Hamurábi.
de homem e animal. As principais divindades eram: Osíris,
Amon-Rá, Isis, Hórus, Ápis e Anúbis. Império Assírio (1875-612 a.C.)
Para os egípcios, a morte apenas separava o corpo da alma.
Com origem por volta de 1800 a.C., o Império Assírio teve
Por isso, era preciso conservar o corpo. Com essa finalidade,
seu período de maior expansão entre 883 e 612 a.C.,
os egípcios desenvolveram técnicas de mumificação.
conquistando a Síria e o Egito. O Império Assírio chegou
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Ciência e arte ao fim com a invasão e o domínio dos medos.

A arquitetura egípcia é reconhecida pelos seus templos, as


pirâmides, as mastabas e os hipogeus.
Novo Império ou Segundo
Império Babilônico
(612-539 a.C.)
Nabucodonosor (605 a 563 a.C.) tomou Jerusalém em
587 a.C., levou numerosos israelitas cativos para a Babilônia),
conquistou a Síria, a Fenícia e construiu grandiosas obras,
como os Jardins Suspensos da Babilônia e a Torre de Babel. O
Segundo Império Babilônico foi tomado por Ciro em 539 a.C.
Pirâmides de Quéops, Quefren e Miquerinos

86
Cultura e religião Sociedade e economia
Estado teocrático, a religião mesopotâmica tinha cará- A economia era predominantemente agropastoril. Durante
ter politeísta. o Período dos Reis, a terra ficou concentrada nas mãos da
A escrita era em forma de cunha (cuneiforme). Na literatura, aristocracia ligada ao Estado. Camponeses, pastores e uma
as principais obras foram o Poema da Criação e a Epopeia pequena parcela de escravos estavam subordinados a essa
de Gilgamesh. Também avançaram em Matemática, criando aristocracia.
tábuas de multiplicação e divisão. Na astronomia, desenvol-
veram um calendário baseado nos ciclos da Lua. A arquite- Cultura e religião
tura se destacou pela construção de palácios e zigurates.
No Direito, os hebreus produziram o Código Deuteronô-
mio, e sua literatura está contida no Antigo Testamento.
Hebreus Constituíram a única civilização monoteísta da antigui-
dade oriental. Vale dizer que o monoteísmo judaico exerceu
A Palestina, localizada no Oriente Próximo, era formada grande influência sobre o cristianismo e o islamismo.
pelo vale do rio Jordão, as áridas terras da Judeia e a planí-
cie costeira. Inicialmente habitada por cananeus, filisteus e
arameus, foi povoada por volta de 2000 a.C. pelos hebreus,
povo de origem semita.
Fenícios
Segundo a Bíblia, Abraão foi o primeiro patriarca, tendo Os fenícios
conduzido seu povo à terra prometida por Deus, Canaã, A estreita faixa de terra entre as montanhas e o mar Medi-
ou Palestina. De seu neto, Jacó, originaram-se as 12 tri-
terrâneo, atualmente região do Líbano, começou a ser ocu-
bos de Israel.
pada por povos de origem semita por volta de 3000 a.C.
Por volta de 1800 a.C., as secas obrigaram os hebreus a
emigrarem para o Egito. Os hebreus deixaram o Egito rumo
à Palestina por volta de 1250 a.C.
Sociedade e economia
A luta pela reconquista da Palestina desencadeou um pro- Na Fenícia, a agricultura cedeu lugar ao comércio, à pesca
cesso de unificação das tribos hebraicas e centralização e a um rico artesanato. As vastas florestas de cedros e
política, cujo desfecho foi a fundação do reino de Israel. os bons portos naturais favoreceram a atividade marítimo-
-comercial. Isso fez dos fenícios os principais navegantes
As relações comerciais com a Fenícia foram intensificadas.
e comerciantes da antiguidade. Era uma sociedade de
A morte do rei Salomão, em 933 a.C., desencadeou uma
castas constituída por sacerdotes, aristocratas, comerciantes,
crise política conhecida como o cisma hebraico, resul-
tando na divisão do reino em duas partes: o Reino de Judá homens livres e escravos.
(duas tribos), situado ao sul, e o Reino de Israel (dez tri- A Fenícia não constituiu um Estado unificado com um go-
bos), localizado no norte. Em 722 a.C., o Reino de Israel verno centralizado. Agrupavam-se em cidades-Estado,
foi conquistado por Sargão II e transformado em província de governo autônomo e soberano.
do Império Assírio. O Reino de Judá foi conquistado por
Nabucodonosor em 587 a.C. O Templo de Jerusalém foi Cultura e religião
destruído e os hebreus foram levados como escravos para
a Babilônia (Cativeiro da Babilônia). A religião era politeísta, de divindades associadas às forças
da natureza. A principal contribuição dos fenícios foi a in-
Em 539 a.C. termina o Cativeiro da Babilônia. Os hebreus
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

retornam à Palestina, reconstroem o Templo de Jerusalém venção do alfabeto fonético. Criaram 22 sinais dos sons
e se tornam parte do Império Persa. Situados nos territórios das palavras. Com as vogais, tornou-se o alfabeto grego.
da antiga tribo de Judá, os habitantes dessa região passa-
ram a ser chamados de judeus.
Os judeus foram dominados por vários povos. Em 63 a.C.,
Império Persa
a Palestina foi conquistada por Pompeu e transformada em Dois grupos arianos ocuparam o Irã a partir de 2000 a.C.,
província do Império Romano. Em 70 d.C., os judeus se os medos e os persas. Tornaram-se pequenos reinos rivais
rebelaram contra o domínio dos romanos, que destruíram no século VIII a.C.. No século VI a.C., Ciro I, rei dos persas,
Jerusalém, inclusive o Templo, e expulsaram os judeus da conquistou o Reino da Média, provocando a unificação po-
Palestina. A dispersão dos judeus pelo mundo ficou conhe- lítica dos povos do Planalto Iraniano em 550 a.C.
cida como Diáspora.

87
Sociedade e Economia A massa da população era sujeita ao trabalho compulsório
nos sistemas de regadio e/ou nas obras públicas, e ainda
Ocorreu um rápido expansionismo territorial durante o go- tinha que pagar uma pesada tributação.
verno de Ciro I (559-529 a.C.). O dárico, moeda-padrão
cunhada em ouro e prata, facilitou a integração econômica Cultura e religião
das regiões e dos povos do império.
OIs persas desenvolveram uma arquitetura monumental. Ti-
A rede de estradas reais, o dárico e a padronização dos
nham uma religião dualista, em que o deus do bem, Ahura-
pesos e medidas possibilitaram o desenvolvimento das ati-
-Mazda (ou Ormuz), opunha-se ao deus do mal, Arimã. E fun-
vidades comerciais.
damentava-se na crença do Juízo Final, onde o bem triunfaria
A elite persa era composta pelo imperador e sua família e sobre o mal, descritos no livro sagrado Zend Avesta, escrito
por altos burocratas, comandantes militares e sacerdotes. pelo lendário Zoroastro ou Zaratustra.

CIVILIZAÇÃO GREGA

Geografia Período Homérico (séc. XII-VIII a.C.)


O território grego era composto por duas regiões distintas: a
parte continental, ao sul da península dos Balcãs, e a Grécia
insular, que ocupava as ilhas do mar Egeu e a costa da Ásia
Menor. Com a expansão colonial, ela ocupou também a cos-
ta egeia da Ásia Menor e o sul da península Itálica.

Período Pré-homérico
(2000-1200 a.C.)
De origem indo-europeias, os gregos ou helenos chegaram
à Grécia em cerca de 2000 a.C. O nome “homérico” é baseado em dois poemas épicos atri-
buídos a Homero: a Ilíada e a Odisseia.
Antes deles, os aqueus já ocupavam as melhores terras. Os
aqueus formaram os núcleos urbanos de Micenas, Tirinto e Depois do século XII a.C., a célula básica da sociedade
Argos. Os habitantes de Micenas integraram sua cultura à grega era o genos (comunidade gentílica), uma grande
dos cretenses, cuja civilização era bastante avançada, o que família. Os descendentes de um mesmo antepassado vi-
deu origem à civilização creto-micênica. viam no mesmo lar. Cada membro (gens) dependia da
unidade da família, cujo chefe era o páter-famílias. Seu
Com a chegada de novos grupos indo-europeus, os jônios
poder era passado para o filho mais velho.
e os eólios, por volta de 1700 a.C., os núcleos arianos ins-
talados na Grécia foram fortalecidos. Os troianos, outra im- A sociedade era igualitária e sem classes sociais. Os meios
portante civilização pré-helênica, desenvolveram-se ao norte de produção e o resultado da produção pertenciam à co-
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

da Anatólia. Troia tinha uma população aparentada com os munidade. A falta de terras férteis e o crescimento demo-
primeiros gregos, e foi erguida por volta de 1900 a.C. No gráfico levou as comunidades gentílicas a lutas internas e
início do século XII a.C., os gregos destruíram Troia. desagregação. Era o fim do Período Homérico.

Os dórios, último grupo de povos arianos a penetrar na Os gregos passaram do sistema de propriedade coletiva para
Grécia, chegaram enquanto a civilização micênica se ex- o de propriedade privada. Os parentes mais próximos do pa-
pandia em direção à Ásia. Aguerridos, nômades e conhe- ter, os eupátridas, ficaram com as áreas mais férteis; aos seus
cedores de armas de ferro, os dórios arrasaram as cidades parentes mais distantes, os georgóis (agricultores) destirna-
gregas, causando fugas para o interior e para o exterior. ram as restantes. Os denominados thetas (marginais) fica-
Numerosas colônias gregas formaram-se na costa da Ásia ram sem terra. Uma parte deles se dedicou ao comércio e ao
Menor e nas ilhas do mar Egeu. Essa foi a Primeira Di- artesanato. Os demais deixaram a Grécia e fundaram colô-
áspora Grega. nias nos mares Negro e Mediterrâneo, processo conhecido

88
como Segunda Diáspora Grega (século VIII a.C.). A cidade-estado democrática, Atenas.
Foram os eupátridas que originaram a aristocracia grega,
Atenas foi fundada numa planície, a Ática, uma península
cujo poder resultava da posse de terra. Eles uniam-se em ir-
do mar Egeu. Os atenienses se consideravam originários
mandades, as frantrias, que se uniam em tribos. Da reunião
dos povos aqueus, eólios e jônios.
de seus vilarejos surgiu a organização política da antiga
A economia de Atenas, no século VIII a.C., era ainda essen-
Grécia: a cidade-Estado (pólis).
cialmente rural. Mas atividades artesanais e comerciais já
ultrapassavam os limites da Ática. A proximidade de Atenas
Período Arcaico (séc. VIII-VI a.C.) do mar Egeu abriu-a a influências externas, facilitou sua
A evolução e consolidação das cidades-Estado foi o que participação no movimento de colonização e transformou-a
marcou o Período Arcaico grego. Isoladas geograficamente, numa pólis de navegadores e comerciantes.
evoluíram de modos distintos, gerando modelos por vezes Os eupátridas, grandes proprietários de terras, eram a
antagônicos e rivais. camada social dominante. Os georgois eram agriculto-
res donos de terras pouco férteis perto das montanhas. Os
Esparta, a cidade-estado militarista. thetas eram os marginalizados (recebiam menos de 200
Esparta foi uma das primeiras cidades-Estado gregas, fun- medimnos por ano).
dada pelos invasores dórios no século IX a.C. Sem saída Na região litorânea, concentravam-se os artesãos (demiur-
para o mar e isolada pelas montanhas, Esparta era uma gos), trabalhadores livres. Cerca de 100 mil estrangeiros
cidade-estado avessa a influências externas. residiam em Atenas, os metecos, dedicados ao artesanato
A sociedade espartana se dividida em: espartanos ou e ao comércio. A maioria da população de Atenas era de es-
esparciatas, a camada dominante; periecos, agriculto- cravos, que desempenhavam todas as atividades manuais.
res livres, dedicavam-se também ao artesanato e ao co- A primeira forma de governo de Atenas foi a monarquia ou
mércio; hilotas, a camada mais baixa da sociedade es- realeza. No século VII a. C. ocorreu a substituição da realeza
partana, servos pertencentes ao Estado e à disposição dos pelo arcontado, órgão de caráter executivo. Assim o regime
esparciatas para o cultivo da terra. de governo passou de monárquico para oligárquico.
Em 507 a.C., ocorreu uma insurreição do partido popular
Política (demos) e a ascensão de Clístenes ao governo de Atenas.
A economia e sociedade imobilistas explicam o governo
espartano menos progressista e mais conservador. A democracia ateniense
Apenas uma minoria de cidadãos, os esparciatas, partici-
Clístenes, apesar de sua origem aristocrática, traçou um
pava do governo oligárquico, os homoioi (iguais). Seu ob-
governo baseado na isonomia, a igualdade dos cidadãos
jetivo fundamental era conservar o status quo, a situação perante a lei. A primeira medida foi a divisão da população
vigente de privilégios da aristocracia e de dominação sobre da Ática em três zonas: o litoral (parália), o interior (me-
os escravos. sógia) e a cidade (ásty). Cada uma dessas zonas foi divi-
Esparta regrediu culturalmente com as mudanças estru- dida em dez unidades. Da reunião das unidades de cada
turais do século VII a.C. O governo passou a estimular o zona formou-se uma tribo, totalizando dez tribos. A menor
laconismo: falar tudo em poucas palavras, o que limitava unidade de divisão eram as demos, base desse sistema de
a capacidade de raciocínio e o espírito crítico dos falantes. governo, razão pela qual a reforma de Clístenes ficou co-
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Rigidamente militarista, a educação dos esparciatas con- nhecida pelo nome de democracia.
tribuía significativamente para a manutenção dessa estru-
tura política e social fechada. Aos sete anos de idade, os
meninos eram entregues aos cuidados do Estado para que
Período Clássico (séc. V e IV a.C.)
tivessem uma rígida educação militar. Dos dezoito aos ses- Período de hegemonias e imperialismo no mundo grego.
senta anos, serviam no exército. Só depois dos trinta anos, Atenas foi a primeira potência dominante, seguida por Es-
quando então recebiam seu lote de terra e passavam a ser parta e Tebas. A vitória dos gregos nas guerras médicas
cidadãos, poderiam casar. ou pérsicas projetaram a hegemonia ateniense até a Guer-
A fim de evitar mudanças radicais e de garantir o domínio ra do Peloponeso. Filipe II anexou o mundo grego ao Reino
da Macedônia e, na fase seguinte, ao Império Helênico de
da minoria dória sobre a maioria escrava, Esparta perma-
Alexandre Magno.
neceu nesse sistema até o século IV a.C.

89
A hegemonia de Atenas (443-429 a.C.) Cultura e religião
Atenas alcançou seu apogeu sob o governo de Péricles. O con-
Os gregos eram politeísta: cultuavam grandes deuses, que
trole do mar Egeu, o comando da Confederação de Delos e a
habitavam o Olimpo, e os heróis, homens que praticaram
prosperidade econômica contribuíram para o fortalecimento ações extraordinárias e se igualavam aos deuses. Mito-
do partido democrático formado pelos ricos comerciantes e logia é o conjunto dos mitos, as lendas que contam as
armadores. Sob a direção desse partido, Atenas desenvolveu, aventuras de deuses e heróis.
ao mesmo tempo, uma política democrática e imperialista.

Partenon

A Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.)


A Grécia foi assolada por uma terrível guerra, envolvendo
todas as cidades-Estado gregas. A disputa era entre a Liga
do Peloponeso, liderada por Esparta, e a Confederação de
Delos, por Atenas.
Essa disputa entre as duas pólis foi se tornando tão acir-
rada que desembocou em um conflito de grandes propor-
ções. No final do conflito, do qual Esparta saiu vencedora, a
Grécia se encontrava materialmente arrasada, com grande
diminuição de sua população masculina mais jovem e en-
Estátua de Poseidon - o deus dos mares - em Hua Hin, Tailândia.
fraquecida militarmente. Esparta, assim como Atenas, ado-
tou uma política imperialista. Atenas abrigou alguns dos maiores pensadores e artistas
que a humanidade conheceu.
Período Helenístico (séc. IV-I a.C.) A filosofia grega divide-se em antes e depois de Sócrates.
No século IV a.C., Filipe apoderou-se da Grécia. Conhe- Foram pré-socráticos: Tales de Mileto (fim do século VII-iní-
cedor do individualismo das cidades-Estado e de muita cio do século VI a.C.); Pitágoras (582-497 a.C.); Demócrito
astúcia política, respeitou-lhes a autonomia. Assim, foi pro- (460-370 a.C.); Heráclito (535-475 a.C.); e Parmênides
clamado hegemon (líder), com o direito de chefiar uma liga (540-? a.C.). No tempo de Sócrates, predominava a escola
contra os persas, a Liga de Corinto. dos sofistas, que se serviam da reflexão para atingir fins
imediatos, ainda que por falsos argumentos. O maior dos
Filho de Filipe II, Alexandre Magno assumiu o trono com
sofistas foi Protágoras.
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uma Macedônia organizada e bem armada pelo exército,


usou de violência e arrasou as cidades gregas, exceto Ate- Sócrates (470-399 a.C.): fundou a filosofia humanista.
nas. Como líder supremo do helenismo, deveria libertar Platão (427-347 a.C.): principal discípulo de Sócrates, fun-
as cidades da Ásia e levar os gregos à vingança contra os dou a Academia de Atenas.
persas. Alexandre rumou para a Ásia com 40 mil homens, Aristóteles (384-322 a.C): considerado por muitos o
12 mil dos quais na infantaria, o forte de seu exército. maior filósofo de todos os tempos, compreendeu todos os
Recusou o acordo de paz oferecido por Dario III, derrotou-o conhecimentos de seu tempo: Lógica, Física, Metafísica,
em pleno centro do Império Persa em 331 a.C. Já impera- Moral, Política, Retórica e Poética.
dor persa, avançou para a Índia, percorreu a região do rio Marcada pela harmonia, a simplicidade, o equilíbrio e uma
Indo e só não chegou ao Ganges porque os soldados recu- decoração perfeitamente adaptada ao conjunto, a arte
saram-se ir com ele. Aos 33 anos, morreu na Babilônia em grega era religiosa e manifestada em templos e esculturas
323 a.C., deixando um dos mais vastos impérios já criados. representando deuses e passagens mitológicas.

90
A arquitetura grega desenvolveu três estilos: o dórico, mais
antigo, era simples e despojado; o jônico, leve e flexível; o
coríntio, mais recente, era complexo e rebuscado.
A Acrópole é um de seus monumentos mais belos. O es-
plendor da arte grega ainda pode ser admirado nas ruínas
do Partenon e na Acrópole de Atenas.
A Matemática de Euclides e os teoremas de Tales e Arqui-
medes foram incorporados ao patrimônio cultural da hu-
manidade. Hipócrates, o mais ilustre médico da Antiguida-
de, impulsionou o conhecimento do corpo humano.
Atenas e seu regime democrático serviu de exemplo para
todos os povos.

CIVILIZAÇÃO ROMANA

Origens Os escravos não possuíam grande peso na sociedade e


na economia romanas, pois ainda eram pouco numerosos.
Acredita-se que Roma tenha sido fundada por latinos em Isso mudaria em consequência das guerras de expansão,
fuga das invasões etruscas. Roma era um pequeno povo- quando as conquistas externas transformaram a economia
ado na península Itálica influenciado por diversos povos. romana num sistema de produção escravista.

O poeta Virgílio, em sua obra Eneida, leva a crer na mítica


fundação de Roma por Rômulo e Remo, descendentes do Monarquia (séc. VIII-VI a.C.)
guerreiro troiano Enéas. Da fundação de Roma até a implantação da República, exis-
tiu um governo monárquico, em que o rei (rex) tinha função
de chefe supremo, sumo sacerdote e juiz, poderes esses de
origem divina. A realeza apoiava-se no Imperium (comando
supremo) e no Auspicium (conhecimento da vontade divi-
na). Os chefes das principais famílias patrícias assessoravam
o rei e compunham o Conselho de Anciãos e o Senado.
Roma teve sete reis, dos quais os quatro primeiros foram
latinos, e os três últimos, etruscos, de acordo com a tradição
lendária. Durante o período de reinado etrusco, houve uma
série de tentativas dos reis de limitarem o poder patrício ao
A loba capitolina representa a loba das narrativas romanas se aliarem a setores populares. Tarquínio, o Antigo (616-578
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sobre a fundação de Roma.


a.C.), iniciou a construção de grandes obras públicas. Sérvio
Túlio (578-534 a.C.) edificou a primeira muralha de Roma e
Sociedade e economia estabeleceu um regime censitário, dividindo a população em
cinco categorias sociais de acordo com sua renda.
Em razão de sua terra de melhor riqueza e graças ao caráter
aristocrático de sua sociedade, Roma baseou sua economia Por fim, o terceiro rei etrusco, Tarquínio, o Soberbo, edificou
em atividades agropastoris. Grandes proprietários rurais, o Templo de Júpiter e construiu a Cloaca Máxima (sistema
os patrícios, formavam a camada social dominante. Os não de esgoto de Roma). Governou com o apoio dos plebeus
proprietários, clientes, prestavam serviços e beneficiavam- e latinos inimigos dos patrícios. Dessa forma, manteve os
-se da proteção de famílias patrícias. Estrangeiros, artesãos, patrícios praticamente fora do poder político decisório das
pastores, comerciantes e donos de pequenos lotes pouco cidades. Em razão disso, os patrícios conspiraram e o der-
férteis eram os plebeus e não pertenciam a um clã. rubaram por meio de um golpe de Estado, no ano 509 a.C.

91
República (séc. VI-I a.C.) votadas em sua Assembleia tivessem validade, mesmo
dependendo da aprovação do cônsul ou do Senado.
A queda da monarquia foi um ato reacionário dos patrícios, § Terceira revolta (445 a.C.) – a Lei das Doze Tábuas man-
que afastaram a realeza comprometida com as camadas teve a proibição de casamento entre patrícios e plebeus,
populares. O monopólio do poder passou ao patriciado, e a o que levou os plebeus a se revoltarem pelo fim da proi-
plebe ficou à margem. bição, conscientes de que os casamentos mistos quebra-
riam a tradição patrícia de exercer o poder com exclusivi-
dade. A reivindicação foi atendida com a Lei Canuleia,
mas apenas para os plebeus que tinham mais posses.
§ Quarta revolta (367-366 a.C.) – a pressão da plebe re-
sultou na Lei Licínia Sextia, promulgada pelo senado
romano, obrigando que, a cada ano, um dos dois cônsu-
les fosse um plebeu. Mais tarde, em 326 a.C., foi abolida
a escravidão por dívidas por meio da Lei Papiria Poetelia.
§ Quinta revolta (287-286 a.C.) – os plebeus conseguiram
impor aos patrícios a validade das leis votadas na As-
sembleia da Plebe para todo o Estado: era a decisão da
Cícero acusando Catilina no senado
(afresco de Cesare Maccari, século XIX) plebe ou plebiscito.
O Senado era, sem dúvida, uma das mais importantes ins- A preocupação com as leis levou os romanos a desenvolver
tituições da República, pois praticamente detinha o poder, minuciosamente o seu direito. Sendo adotado por vários
apesar das demais instituições. Era composto por 300 se- outros povos europeus, o Direito Romano mantém e
nadores de origem patrícia. Entre outras tarefas, cabia-lhes conserva sua importância até os dias atuais.
eleger os magistrados, autorizar ou não a concessão das
honras do triunfo aos generais vencedores, conduzir a polí- Conquistas, a expansão romana
tica externa, administrar as províncias, dar seu parecer sobre A dominação da península Itálica constitui a primeira fase
a escolha de um ditador e zelar pela tradição e pela religião, das conquistas romanas. Inicialmente, dominaram as tribos
além de supervisionar as finanças públicas. latinas próximas de Roma. A conquista da Campânia, em
Os mais altos magistrados eram os cônsules, responsáveis 290 a.C., região ameaçada pelos samnitas, abriu as portas
pelo comando do exército e pelo controle da administração, para a conquista das cidades gregas do sul da Itália. Poste-
além de exercer o Poder Executivo. Participavam das reuni- riormente, Roma subjugou o norte (Etrúria), cujos domínios
ões do Senado e propunham leis. compreendiam a Itália central e parte da Itália setentrional.
Os romanos demonstraram um talento notável para con-
Seriamente discriminados, os plebeus recebiam sempre a
verter antigos inimigos em aliados e finalmente cidadãos
menor parte dos espólios de guerra; se precisassem contrair
romanos, ao estender seu domínio sobre a península Itálica.
empréstimos, não conseguiam pagar os juros; julgados por
magistrados patrícios e com base em leis orais, os devedo-
res acabavam escravizados por dívida. Há indícios de cinco
As guerras púnicas
revoltas levadas a cabo pelos plebeus, entre 494 e 287 a.C.
§ Primeira revolta (494 a.C.) – a primeira greve de caráter
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social da História, em razão da qual os patrícios tiveram


de conceder a criação dos tribunos da plebe, ma-
gistrados que atuavam em defesa dos direitos
e interesses da plebe no Senado. Em 471 a.C., os
plebeus constituíram a Assembleia da Plebe para ele-
ger seus tribunos, o que aumentou seu poder de veto e
de ação.
§ Segunda revolta (450 a.C.) – os patrícios enviaram repre-
sentantes a Atenas para estudar as leis com a promes-
sa de resolver os problemas da plebe. O resultado foi a
criação do primeiro código de direito escrito em Roma, Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_Púnicas>.
a Lei das Doze Tábuas. A plebe conseguiu que as leis Acesso em: 22 Dez. 2015.

92
Roma travou longa guerra contra Cartago, outra grande vos ou cavaleiros. Ao mesmo tempo em que sua condi-
potência do Mediterrâneo ocidental, assim que consoli- ção plebeia impunha-lhes uma situação de marginalização
dou sua supremacia na Itália. Fundada em 800 a.C. pelos política, sua riqueza tornava-os naturalmente adversários
fenícios, a cidade norte-africana tornara-se um próspero da oligarquia patrícia, fato que também representou um
entreposto comercial. Um império que abrangia a África elemento a mais a conspirar contra a ordem republicana.
do Norte, as regiões do litoral meridional da Espanha, a No rastro das conquistas romanas e da necessidade de uma
Sardenha, a Córsega e a Sicília ocidental. força militar mais eficiente, o exército romano passou por um
O confronto romano-cartaginês acabou se transformando processo de profissionalização, uma força permanente cujos
numa disputa pela hegemonia marítimo-comercial no Me- guerreiros recebiam o soldo para combater (origem do ter-
diterrâneo ocidental e desdobrou-se em três guerras púnicas. mo soldado). Uma força à margem da estrutura republicana,
que alimentou as ambições políticas dos generais.
Em seguida, os romanos ocuparam a Espanha e a Gália
do sul, constituindo a província da Gália. A conquista da Novas lutas sociais assinalaram a crise da República,
região do Mediterrâneo Oriental foi completada por uma desencadeadas por essas transformações em Roma.
rápida sucessão de campanhas militares. No fim do sé-
culo I a.C., o Mediterrâneo havia se transformado num
“lago romano” (mare nostrum = nosso mar). Foram tam-
Crise na república
bém conquistados os reinos do Ponto, Bitínia, Síria, Egito, (133-27 a.C.)
Macedônia e Grécia.
Alguns senadores, depois das transformações resultantes
da conquista do Mediterrâneo, concluíram que a estrutura
A expansão romana e do Estado precisava de reformas. Uma das primeiras medi-
suas consequências das, a votação secreta nas assembleias, permitiu a eleição
de magistrados bem-intencionados, os irmãos Tibério e
Com a expansão, o vasto comércio que se desenvolvia
Caio Graco.
ocupava o lugar antes pertencente à atividade agrícola. A
concorrência com gêneros advindos das províncias e do la- Tibério Graco foi eleito tribuno da plebe e conseguiu a
tifúndio patrício, cujo crescimento dependia da mão de obra aprovação de uma lei agrária que limitava a extensão dos
escrava, levou ao desaparecimento da ampla camada de latifúndios da aristocracia patrícia e autorizava a distribui-
pequenos proprietários. ção de terras para os desempregados. Tibério Graco e mais
de 300 partidários seus foram assassinados e lançados ao
Efeito direto da expansão, o crescimento da escravidão
rio Tibre por proprietários rurais que se opuseram-se à apli-
esteve ligado à miséria da plebe, visto que grande parte dos
cação da lei agrária em 132 a.C.
escravos era prisioneira de guerra. Mesmo abolida a escra-
vidão por dívida, denominada “nexo” na Roma Antiga, ao Caio Graco, irmão mais novo de Tibério, eleito tribuno da
plebeu endividado só restava entregar a terra ao patrício em plebe em 123 a.C, retomou e aplicou a lei de reforma agrá-
troca da dívida. Paulatinamente, Roma entrou em um proces- ria em Cápua e Tarento; permitiu aos cavaleiros o acesso
so de concentração fundiária, com as grandes propriedades aos tribunais que julgavam as finanças provinciais; prome-
patrícias transformadas em latifúndios voltados para a pro- teu a cidadania romana aos aliados itálicos e decretou a
dução extensiva de exportação, ideal para o trabalho escravo. Lei Frumentária, que determinava a venda de trigo a preços
baixos aos plebeus. Reeleito em 122 a.C., mas derrotado
Um processo de êxodo rural, devido à miséria da plebe sem
no ano seguinte, Caio tentou um golpe de Estado, que re-
terra e sem trabalho no campo, acabou concentrando em
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sultou no massacre de seus seguidores. Foi morto por um


Roma uma massa miserável, aumentando a tensão social
escravo, seguindo suas próprias ordens.
e política. Com a finalidade de alienar essa multidão, cuja
potencialidade revolucionária era evidente, o Estado forne-
cia pão, vinho e espetáculos (política do pão e circo). Mario e Sila, duas ditaduras
militares (107-79 a.C.)
Expansão romana A crise da República, agravada pelo fracasso das reformas
Com a conquista do Mediterrâneo, foram criadas condi- propostas pelos irmãos Graco, mergulhou Roma numa
ções para um grande desenvolvimento da manufatura e do sangrenta guerra civil, abrindo caminho para as ditadu-
comércio. A consequência dessa prosperidade econômica ras militares dos generais Mario e Sila. De origem plebeia,
foi a formação de uma nova classe de comerciantes e mi- Mario era o homem mais rico de Roma, um homem novo
litares que enriqueceram com as guerras: os homens no- que, graças à sua riqueza, foi galgando postos dentro do

93
exército romano, no qual chegou a general. Mario foi eleito
para o cargo de cônsul, já que dispunha de grande prestí-
A ditadura de César (48-44 a.C.)
gio entre as camadas populares. O Senado concedia cada vez mais títulos a César. Tais po-
deres permitiram numerosas reformas. César acabou com
Com o apoio do exército, Mario implantou uma ditadura
a guerra civil, começou a construção de obras públicas e
em Roma e, violando as leis, reelegeu-se seis vezes para o
pôs as finanças em ordem.
consulado. Aumentou o poder dos cavaleiros e reduziu a
autoridade do Senado. Tentou unificar o mundo romano, chegou a elevar gaule-
ses ao Senado. Nomeava pessoalmente os governadores
Em 86 a.C, após a morte de Mario, o general Sila, aristocra-
e mantinha-os sob controle, para evitar que espoliassem
ta apoiado pelos patrícios e pelo Senado, assumiu o poder
as províncias.
e proclamou-se ditador perpétuo de Roma. Líder da reação
do partido aristocrático, Sila realizou uma violenta repres- César instigou a plebe contra o Senado a fim de se tornar
são contra os cavaleiros e as camadas populares, restabe- rei, título que era sinônimo de traição depois que o Senado
lecendo os privilégios da aristocracia patrícia e restaurando abolira a monarquia. Sofrendo forte oposição do Senado,
a autoridade do Senado. A crise da República piorou com a que via nele uma clara ameaça graças a sua ambição de
ditadura de Sila, que morreu em 79 a.C. instaurar uma monarquia hereditária, em 44 a.C., Julio Cé-
sar foi assassinado por um grupo de aristocratas liderados
O primeiro triunvirato (60-48 a.C.) por Cássio e Bruto.

A República estava ainda ameaçada por comandantes milita- O segundo triunvirato (43-30 a.C.)
res que se serviam das tropas em seu próprio interesse políti-
co. O Senado não conseguiu impor efetivamente a autoridade Marco Antônio sublevou o povo contra os assassinos de
que lhe fora restituída. Em 60 a.C., Julio César, um político, César, que não tomaram o poder. Cícero aconselhou o
Senado, que entregou o poder ao sobrinho e herdeiro de
Pompeu, um general, e Crasso, um abastado banqueiro,
César, Caio Otávio, que parecia não ter ambições políticas.
compuseram um triunvirato para tomar o poder em Roma.
Os senadores tinham-no como um instrumento em suas
mãos. Otávio atacou Antônio em Módena para, em segui-
da, aliar-se a ele e a Lépido, banqueiro que havia fornecido
dinheiro para a guerra contra os assassinos de César. O
Segundo Triunvirato estava formado.
Em 40 a.C., os triúnviros dividiram novamente o Império
pelo Acordo de Brindisi. A Itália foi considerada neutra. An-
Primeiro triunvirato: (da esquerda para a direita)
Pompeu, Julio César e Crasso tônio ficou com o Oriente; Lépido, com a África; e Otávio,
com o Ocidente.
Pontífice Máximo, questor eleito pela assembleia do povo
e cônsul, Júlio César subiu depressa. Pompeu havia voltado Otávio aumenta suas posses na África ao conseguir elimi-
do Oriente, e o Senado desaprovara seu trabalho de reor- nar Lépido do triunvirato, no ano 36 a.C.
ganizar as províncias orientais. O ambicioso Crasso fez uma
aliança secreta com César e Pompeu a fim de tomar o poder
do Senado: nascia o primeiro triunvirato.
Em 55 a.C., Pompeu ficou com a Espanha; Crasso, com as
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províncias no Oriente; e César, com a Gália (França atual).


Em 53 a.C., Crasso morreu combatendo os partas na Síria,
povo que reconstruiu o Império Persa. Sobreveio uma crise
agravada pela ação de bandos armados que espalhavam o Segundo triunvirato: (da esquerda para a direita)
terror em Roma. Contra as ambições políticas de César, em Marco Emílio Lépido, Marco Antônio e Octavio August
49 a.C., o Senado confiou a Pompeu a defesa da República.
Para garantir a fidelidade de Antônio, Otávio tinha arran-
Julio César entrou em Roma à frente de seus exércitos, jado o casamento dele com sua irmã, Otávia. Porém, An-
pronunciando a famosa frase Alea jacta est, (A sorte está tônio separou-se de Otávia em 36 a.C. para se casar com
lançada), configurando um inegável golpe de Estado. Aba- Cleópatra. Deixou sua herança para ela, nomeada também
lado com o prestígio popular de César, Pompeu fugiu para regente do filho que tivera com César, a quem Antônio con-
a Grécia, onde foi derrotado em 48 a.C. siderava igualmente herdeiro, Cesarion.

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Revoltado, Otávio partiu para combater Antônio. Em Ácio, Dinastias que governaram Roma durante o Alto Império: a
perto da Grécia, Antônio foi derrotado e fugiu com Cleópa- Dinastia Julio-Claudiana (Tibério, Calígula, Cláudio e Nero)
tra para o Egito. Antônio e Cleópatra se suicidaram. estava ligada à aristocracia patrícia romana; a Dinastia
O Egito era considerado por Otávio sua conquista pessoal. Flávia (Vespasiano, Tito e Domiciano) ascendeu ao poder
Apoderou-se do tesouro dos faraós, acumulado durante milê- pelo exército e estava associada aos grandes comercian-
nios, e, com essa fortuna, organizou 70 legiões, o que o tornou tes da Itália central; a Dinastia Antonina (Nerva, Trajano,
indestrutível. Otávio voltou à Roma triunfante, recebido como Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio e Cômodo) ligava-se
um deus. Otávio ganhou o controle das duas maiores fontes às famílias italianas estabelecidas na Espanha e na Gália
de poder: o exército e a plebe romana. Surgia o imperator, uma (o governo dessa dinastia marcou o apogeu do Império
nova forma de governo exercido pelo comandante do exército. Romano); a Dinastia Severa (Sétimo Severo, Caracala, He-
Em 27 a.C., Otávio recebeu o título de Augusto (escolhi- liogábalo e Severo Alexandre) assinalou a transição do Alto
do dos deuses), fato que marcou o fim da República e o para o Baixo Império.
início do principado, inaugurando o culto ao imperador.
O cristianismo
O Império Romano Sob controle romano desde 64 a.C., a região da Palestina
(27 a.C.-476 d.C.) foi o local do surgimento do cristianismo, uma dissidên-
cia do judaísmo.

O Alto Império (27 a.C.-235 d.C.) O cristianismo se fundamenta nas pregações de Jesus, que
se dizia o Messias, isto é, o Filho de Deus. A crença na exis-
O Império Romano se dividiu em duas fases: o Alto Impé- tência de um só Deus, que enviou à Terra seu filho para
rio e o Baixo Império. A primeira fase assinalou o apogeu redimir os homens, era o princípio fundamental do cristia-
do Império Romano. A segunda marcou o declínio do Im- nismo. Foram os discípulos de Jesus, os apóstolos, que
pério Romano e sua destruição pelas invasões germâni- difundiram a nova religião pelo mundo romano.
cas. A cidade de Roma chegou a possuir uma população
No século I da Era Cristã, durante a Dinastia Júlio-Claudia-
de 1,2 milhão de habitantes, e o império abrangia uma
na, começou a perseguição aos cristãos, que, crentes na
área de 5 milhões de km2 em seu auge.
existência de um único Deus, recusavam-se a reconhecer
os deuses oficiais do politeísmo romano e negavam-se a
O governo de Augusto (27-14 a.C.) prestar culto ao imperador. Além disso, graças a sua men-
Otávio Augusto, durante seu governo, assumiu o controle sagem redentora, o cristianismo obteve enorme sucesso
das principais magistraturas, concentrando mais poderes entre os excluídos da sociedade romana, o que lhe rendeu
ainda em suas mãos. Foi reconhecido como Princeps Sena- um caráter subversivo.
tus, ou seja, o líder do Senado (razão pela qual seu governo
também ficou conhecido como principado). Como impera- O Baixo Império (284-476)
dor, assumiu o comando supremo do exército.
A política do pão e circo foi a forma que Augusto encon- Em 313, Constantino (313-337) promulgou o Édito de
trou de apaziguar a plebe romana, distribuindo alimentos gra- Milão, concedendo liberdade religiosa aos cristãos. Em
330, fundou uma nova capital, Constantinopla, no local da
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tuitamente e realizando monumentais espetáculos públicos.


antiga colônia grega de Bizâncio.
Otávio Augusto inaugurou o que os romanos chamavam de
pax romana, período esse em que as províncias romanas Em 391, Teodósio (379-395) transformou o Cristianismo
foram pacificadas, estradas foram construídas, portos foram em religião oficial do Império Romano pelo Édito de
reformados e pântanos foram drenados. Os aquedutos le- Tessalônica. Em 395, dividiu o império em duas unidades
vavam água fresca para grandes parcelas da população ro- político-administrativas: o Império Romano do Ocidente e
mana e o sistema de esgoto eficaz melhorou a qualidade o Império Romano do Oriente.
de vida. Na política externa, as guerras de conquista foram Os bárbaros esfacelaram o Império do Ocidente ao lon-
substituídas pela política de consolidação das fronteiras. go do século V. Os visigodos saquearam Roma em 410, os
Em14 d.C., Otávio morreu, e recebeu a apoteose, isto é, o vândalos, em 455, e, em 476, os hérulos depuseram Rômu-
direito de ter um lugar entre os deuses. lo Augústulo, o último imperador.

95
O Império Romano e a crise A cultura vinda de Roma
O Império Romano começou a declinar a partir do século III.
Entre inúmeras razões, destaca-se a crise do escravismo. A cultura grega influenciou a cultura desenvolvida pelos
Desde o final do século II, as guerras de conquista pratica- romanos. Na religião politeísta, os deuses romanos tinham
mente cessaram, fato que diminuiu muito o número de es- por modelo os deuses gregos. A literatura romana teve
cravos à venda. Com isso, o preço deles foi ficando cada vez grandes nomes: Cícero, Virgílio (Eneida), Horácio, Ovídio,
mais alto. Os proprietários começaram a arrendar partes Tito Lívio e Plutarco. As grandes obras da arquitetura roma-
das suas terras a trabalhadores livres denominados colonos. na foram o Panteon e o Coliseu. Na filosofia, o epicurismo
A partir do momento em que os colonos ganhavam o direi- de Lucrécio e o estoicismo de Sêneca, Epiteto e Marco
to de cultivar a terra, eram obrigados a ceder parte de sua Aurélio deixaram legado. Gaio, Ulpiano e Paulo foram os
colheita para o senhor e a trabalhar, gratuitamente, alguns maiores jurisconsultos romanos.
dias da semana nas plantações do senhorio. Esse novo sis- Os etruscos deixaram muitos legados para os romanos,
tema de trabalho foi denominado colonato. A diminuição mas o maior foi o uso do arco e da abóbada nas cons-
da produção e o declínio do comércio foram resultantes da truções. Esses elementos arquitetônicos permitiram aos ro-
crise do escravismo e do advento do colonato. manos criar amplos espaços internos. Assim, nos edifícios
O desequilíbrio entre a arrecadação fiscal do Estado e sua destinados à apresentação de espetáculos – os anfitea-
despesa com a manutenção do aparelho administrativo e tros – os construtores romanos, usando filas sobrepostas
militar foram a origem da crise financeira. A falta de gê- de arcos, obtiveram apoio para construir o local destinado
neros alimentícios e a inflação provocaram o êxodo urbano ao público. Isso pode ser observado no mais belo dos anfi-
e o despovoamento das cidades. teatros romanos: o Coliseu.
De 235 a 285, grassaram os motins militares e guerras civis,
e muitos imperadores foram assassinados. Ao mesmo tem-
po em que desmoronavam os pilares internos do império,
nas fronteiras do Reno, do Danúbio e do Eufrates, as contí-
nuas pressões externas abriam novas brechas no dispositi-
vo de defesa militar provocadas pelas invasões bárbaras.
Descendentes dos indo-europeus ou arianos, os povos
bárbaros germânicos habitavam os territórios da Europa
Centro-Oriental. Enfraquecido por uma crise mais aguda, o
Império Romano do Ocidente foi destruído pelas invasões
germânicas. Sob o impacto delas, o Império fragmentou-se
e seus territórios foram ocupados por diferentes povos ger-
Coliseu
mânicos, que neles fundaram os Reinos Bárbaros da Idade
Média.

IMPÉRIO BIZANTINO
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Império Bizantino Economia e sociedade


A região oriental, dotada de estruturas econômica, políti-
A morte do imperador Teodósio, em 395 d.C., determinou ca e administrativas mais sólidas, teve mais capacidade de
o fim da unidade do Império Romano, que foi dividido en- absorver a crise do Império Romano. Sua agricultura so-
tre os seus filhos em duas partes: o Império Romano do freu um pequeno declínio, mas a manufatura e o comércio
Ocidente e o Império Romano do Oriente, com sede em mantiveram-se articulados. As levas bárbaras do Oriente
Constantinopla, antiga Bizâncio. Dessa forma, o Império chegaram a ocupar algumas províncias, mas Constantino-
Romano do Oriente se consolidou como Império Bizantino. pla conseguiu manter sua autoridade.

96
O comércio proporcionou o enriquecimento de Bizâncio, dade, representavam uma ameaça ao poder central.
que se tornou a maior metrópole do Oriente. Centro de A corriqueira utilização de ícones nos templos e mesmo
importantes rotas comerciais, a cidade passou a controlar o nas casas era vista por muitos como uma prática idólatra,
intercâmbio de produtos entre o mar Mediterrâneo e o mar ou seja, de adoração de ídolos.
Negro. No setor agrícola, predominavam os latifúndios. A
Igreja concentrava em suas mãos uma ampla porcentagem Com o intuito de enfraquecer o poder dos monges, o im-
da riqueza agrária, tornando os mosteiros as entidades perador Leão III, em 725, proibiu o uso de imagens tridi-
mais ricas do império. mensionais nos templos, determinando sua destruição ou
iconoclastia. O papa manifestou-se declarando herética
A sociedade era urbanizada. Banqueiros, mercadores, ma- a proibição de imagens, aprofundando os desentendimen-
nufatureiros e grandes proprietários de terras constituíam tos entre o imperador e a Igreja.
uma elite extremamente enriquecida. Nas camadas inter-
mediárias estavam os trabalhadores urbanos do comércio
e das manufaturas. No campo, predominavam os servos,
O Cisma do Oriente (1054)
proibidos de saírem das terras onde nasceram. Os escravos O patriarca de Constantinopla era a figura eclesiástica de
realizavam trabalhos domésticos. maior poder no Oriente. Ele recusava a supremacia do
papa sobre sua Igreja, considerando-se o supremo man-
O Estado beneficiou-se do enriquecimento proporciona-
datário do povo cristão.
do pelo comércio, possibilitando seu fortalecimento como
uma monarquia centralizada, despótica, teocrática e here- As inúmeras divergências levaram à separação entre as
ditária. O imperador tinha grandes poderes políticos, além igrejas orientais e ocidentais em 1054. O chamado Cisma
de ser o chefe do Exército e da Igreja, com direito de intervir do Oriente levou à formação de duas igrejas distintas: a
nos assuntos eclesiásticos (cesaropapismo). Igreja Católica Apostólica Romana, dirigida pelo
Papa, e a Igreja Cristã Ortodoxa, liderada pelo Patriarca
O auge do império: Justiniano de Constantinopla.

(527-565 d.C.)
O principal imperador bizantino foi Justiniano (527-565).
Durante seu governo, o poder imperial atingiu seu auge. Os
gastos militares forçaram a elevação dos impostos a níveis
insuportáveis. As pressões da arrecadação desencadearam,
em 532, um violento levante conhecido por Revolta de
Nika, que foi duramente reprimida por Justiniano.
A publicação do Corpus Juris Civilis ou Código de
Justiniano, que serviu de referência para códigos civis de
diversas nações, foi a grande realização de Justiniano no
campo jurídico. O código resultou de uma compilação do
Direito Romano.

A Igreja bizantina
No Oriente, o cristianismo foi integrado à cultura local,
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incorporando aspectos da realidade bizantina, inteiramen-


te diversos da realidade ocidental. Assim, o cristianismo A entrada de Maomé II em Constantinopla,
de Jean-Joseph-Benjamin Constant
oriental passou a ter características próprias, diferencian-
do-se cada vez mais do ocidental, com grande ênfase na
valorização da espiritualidade. Decadência do Império Bizantino
Os cristãos orientais denominavam de ícones quaisquer ima- Além do fortalecimento do poder dos grandes proprietários
gens tridimensionais de Cristo ou santos incorporadas às ce- rurais, do enfraquecimento do poder do imperador e das
rimônias religiosas. Dentre os principais produtores de ícones disputas religiosas, contribuíram para o declínio do Império
encontravam-se os monges, que auferiam grandes lucros Bizantino os constantes ataques que Bizâncio passou a so-
nesse ramo comercial. Isentos de tributação, proprietários de frer, especialmente das cidades italianas, a partir do século
grandes propriedades, exercendo grande influência na socie- XIII, e das investidas de bárbaros e árabes.

97
Depois de um longo cerco, em 1453, os turcos otomanos, mar Istambul e permanecendo, até os dias atuais, como a
comandados pelo sultão Maomé II, conquistaram a cida- maior e mais importante cidade da República da Turquia.
de de Constantinopla, ou Bizâncio, destruindo o Império
A tomada de Constantinopla marcou a transição
Bizantino. Constantinopla tornou-se a capital de outro
da Idade Média para a Idade Moderna.
Estado poderoso, o Império Otomano, passando a se cha-

CIVILIZAÇÃO MUÇULMANA

A Arábia é uma península árida localizada no Oriente Médio. litou a formação de um exército numeroso, que cercou a ci-
Os diversos povos da Arábia estavam divididos em várias tri- dade, preservando apenas a Caaba. Em seguida, Maomé fez
bos; portanto, não formavam um Estado com unidade políti- um acordo com os coraixitas, estabelecendo a peregrinação
ca. Mas tinham elementos culturais comuns, como o idioma a Meca como uma das obrigações da religião muçulmana.
árabe e certas crenças religiosas. A principal cidade árabe era Em 632, Maomé morreu, deixando difundida sua doutrina
Meca, onde havia um santuário religioso, Caaba (casa de religiosa. Ao mesmo tempo, a península Arábica, que era um
Deus), que reunia as principais divindades de toda a Arábia aglomerado de tribos e clãs dispersos, teve sua unificação
(mais de 300 ídolos pertencentes às tribos do deserto). Ali política realizada por meio da unificação religiosa.
estava a Pedra Negra, provavelmente um pedaço de me-
teorito protegido por uma tenda de seda preta, na forma de Expansão islâmica
um cubo, que era bastante venerada, pois se acreditava ter
A partir do século VII, os árabes muçulmanos expandiram-
sido trazida do céu pelo anjo Gabriel.
-se, dominando vasta extensão territorial que se estendia
O santuário ajudou a transformar Meca no centro religioso e da Ásia à Europa, passando pelo Norte da África. Essa
comercial dos árabes, já que a cidade era o ponto de encon- expansão teve origem na unidade política e religiosa
tro de pessoas e de mercadorias de diversas regiões. implantada por Maomé, no início do século VII, quando
O responsável pela unidade política e religiosa da península foi criado um estado teocrático islâmico.
Arábica foi Maomé, criador e divulgador da religião muçul-
mana. Nas suas viagens, Maomé entrou em contato com Fases da expansão
povos e religiões diferentes. Esteve várias vezes no Egito,
Depois da morte de Maomé, os membros mais influentes
Palestina, Pérsia, regiões onde fervilhava o espírito religioso.
dos conselhos municipais das cidades de Meca e Medina
Conheceu principalmente o cristianismo e o judaísmo, so-
decidiram apontar um califa, isto é, um sucessor de Mao-
frendo profunda influência dessas crenças religiosas.
mé, que deveria concentrar em suas mãos o poder político,
Por volta de 610, já com quase 40 anos, Maomé teve sua militar e religioso. O primeiro califa foi Abu Bekr, sogro de
primeira visão do anjo Gabriel, que lhe teria ordenado “reci- Maomé, e os outros três que o sucederam foram também
tar o nome do Senhor” e que “havia um só deus, Alá, e um apontados entre seus familiares.
só profeta, Maomé”. No ano de 622, Maomé teria realizado As conquistas tiveram início com esses califas de Meca. Su-
um milagre para provar que era profeta de Alá: “quebrou” a cessivamente, a partir de 634, a Síria, a Palestina, a Ásia
Lua. Provavelmente tratava-se de um eclipse e talvez Mao- Menor, a Mesopotâmia, a Pérsia, o Egito e a Tunísia caíram
mé tivesse informações sobre o acontecimento, porque tinha
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sob o domínio muçulmano.


muito contato com o Oriente, onde a astronomia era alta-
Alguns anos depois dessas conquistas, o novo império foi
mente desenvolvida.
abalado por lutas internas, e o controle do califado passou
Perseguido pelos coraixitas, que mandaram assassiná-lo, para as mãos de outra família, os Omíadas, que transferiram
Maomé fugiu para Iatreb (Yathrib), cidade rival de Meca, a capital para Damasco, na Síria. Sob a liderança dos Omía-
onde já possuía seguidores. Esse evento ficou conhecido das (660-750), os árabes retomaram o processo de expan-
como Hégira, e é utilizado como marco inicial do calendá- são conquistando territórios na Ásia central (Índia), Norte da
rio muçulmano. Em latreb, Maomé conquistou rapidamente África e península Ibérica. Os muçulmanos só foram conti-
prestígio e poder, controlando a cidade que passou a ser dos na Europa pelos francos, liderados por Carlos Martel, da
chamada de Medina al Nabi – a Cidade do Profeta. dinastia carolíngia, em 732, na Batalha de Poitiers. O domí-
Depois da conquista de Iatreb, o alvo principal passou a ser a nio árabe sobre a costa do Mediterrâneo contribuiu para a
cidade de Meca. O crescente número de seguidores possibi- crise do comércio e a feudalização europeia.

98
Em 750, a dinastia Omíada chegou ao fim, sendo derrota- Outra característica importante do islamismo é o sectaris-
da por uma conspiração interna que inaugurou a dinastia mo, com a formação de seitas rivais desde a morte de Ma-
Abássida (750-1258). A capital passou de Damasco para omé, quando ocorreram sérias divergências em relação à
Bagdá, mudança essa que provocou a primeira divisão do liderança religiosa e política dos muçulmanos. As principais
mundo islâmico. A divisão do Império Islâmico foi uma con- seitas são xiitas e sunitas. Os primeiros aceitam somente o
sequência de sua enorme expansão, obtida em um período Corão como fonte de verdade, bem como um chefe políti-
muito curto de tempo. As seitas religiosas sunita e xiita co religioso descendente de Maomé. Os sunitas admitem,
contribuíram para esse fenômeno. além do Alcorão, os ensinamentos contidos no Suna, livro
de relatos de seguidores próximos de Maomé, bem como
A religião muçulmana admitem que o chefe possa ser escolhido entre os fiéis que
A doutrina islâmica, muçulmana ou maometana é marcada reúnam as virtudes necessárias.
pelo sincretismo religioso. Possui elementos do cristia-
nismo e do judaísmo, de onde provêm suas bases funda- A cultura árabe
mentais. O principal fundamento da religião é o monote- Os árabes foram os responsáveis pela difusão, no Ocidente, dos
ísmo, a crença no Deus único Alá e em seu profeta Maomé. conhecimentos adquiridos pelos impérios bizantino e persa.
Na Astronomia, os muçulmanos traduziram a obra de Ptolo-
meu, que passou a ser conhecida pelo nome de Almagesto.
Na Matemática, desenvolveram a álgebra e a trigonometria,
além dos conhecimentos deixados pelos gregos. Propaga-
ram o sistema numérico arábico, cuja invenção provém dos
hindus. Na Química, descobriram substâncias como o álcool,
o ácido sulfúrico e o salitre. Foram os primeiros a descrever
os processos químicos de destilação, filtração e sublimação.
Caaba, Grande Mesquista em Meca Na Medicina, fizeram importantes descobertas, como o con-
tágio proveniente da água e do solo e o diagnóstico de do-
Os fundamentos da religião estão no livro sagrado – Al-
enças como a varíola e o sarampo. O mais famoso médico
corão ou Corão –, que determina a total submissão do
muçulmano foi Avicena, cuja obra Canon foi o manual mé-
homem à vontade de Alá (Islão).
dico na Europa até o século XVII. Na Literatura, destacam-se
Um aspecto importante da religião islâmica são as inter- os poemas épicos e de amor e contos de aventura, como a
pretações e os significados que foram sendo agregados à coletânea As mil e uma noites e Rubaiat. Nome célebre é
jihad, que passou cada vez mais a ser interpretada como o de Averróis, filósofo de Córdova, que traduziu as obras de
Guerra Santa e vinculada ao expansionismo. Foi graças à Aristóteles para a língua árabe e introduziu-as no Ocidente.
concepção do jihadismo como “esforço” de difusão da fé
Merece destaque a arquitetura de palácios e mesquitas.
no islamismo que a expansão territorial foi estimulada e as
Graças à dominação da península Ibérica, o árabe influen-
conquistas de vários territórios pelos árabes muçulmanos
ciou a formação da língua portuguesa.
foram consumadas.

REINO FRANCO
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Reino Franco À medida que os bárbaros entravam no Império Romano


do Ocidente, formavam reinos que, de maneira geral, não
Rômulo Augusto, o último imperador romano, foi deposto, tinham longa duração. Por esse motivo, os povos germâni-
em 476, por Odoacro, líder hérulo que decretou o fim do cos não resistiram às pressões externas e foram dominados
Império Romano do Ocidente, marco utilizado pelos his- ou destruídos. Entretanto, os francos conseguiram organi-
toriadores para determinar o fim da Idade Antiga e o zar uma estrutura política na Gália. A centralização do po-
início da Idade Média. der foi fundamental para manter a conquista do território,
Os reinos bárbaros atualmente a França. A formação desse reino teve início
no período da Alta Idade Média europeia, a expansão ter-
O encontro entre romanos e bárbaros reuniu características
ritorial ocorreu entre as dinastias Merovíngia e Carolíngia.
culturais de ambos os povos e deu início à estrutura do
sistema feudal.
99
Dinastia Merovíngia (481-751) toridade pessoal, fato aproveitado por seu filho Pepino,
o Breve, que, com o apoio do papa Zacarias, destronou
Chefiados por Meroveu, os francos venceram os hunos no o último rei merovíngio Childerico III, no ano de 751, e
final do século V, na Batalha dos Campos Catalúnicos. Mas proclamou-se rei dos francos, iniciando a Dinastia Car-
a dinastia Merovíngia foi consolidada, efetivamente, por seu olíngia, que perdurou até 987.
neto, Clóvis, a partir da unificação das tribos francas. Clo-
vis reinou durante os anos de 482 a 511. Nesse período, Dinastia Carolíngia (751-987)
aliou-se à Igreja Católica, oferecendo-lhe proteção militar;
Pepino iniciou a administração de seu reinado lutando con-
em troca, obteve o apoio do papado, o que contribuiu para
tra os lombardos na Itália. Os territórios conquistados, no
o fortalecimento da sua autoridade real. Com a morte de
centro da península Itálica, foram cedidos à Igreja, que pela
Clóvis, em 511, o Reino Franco foi dividido em quatro partes,
primeira foi dona de suas terras, concedendo maior poder
entre seus filhos, de acordo com o costume germânico de
ao Papa e fortalecendo ainda mais a aliança entre a Igreja
divisão do poder. Mais tarde, uma nova divisão ocorreu entre
e o reino fanco. Os territórios da Igreja ficaram conhecidos
os netos de Clóvis.
como Patrimônio de São Pedro.
Nesse período, um novo sistema econômico se estruturou
Pepino foi sucedido por seu filho Carlos Magno, em 768,
– o feudalismo –, com a ruralização da economia e o forta-
que governou até 814, tornando-se o mais importante rei
lecimento das relações pessoais entre o rei a seus vassalos. A
franco, concedendo seu nome à dinastia Carolíngia. Carlos
fidelidade ao rei, suserano de um feudo, era estabelecida me-
Magno ampliou as fronteiras do reino franco, anexando a
diante o juramento da vassalagem,composta pelos senhores
Itália lombarda, a Saxônia, a Frísia e a Catalunha, tornan-
feudais e pelos cavaleiros, que assumiam o compromisso de
do-se o único rei da Europa cristã.
servir ao soberano. Em troca, o rei oferecia proteção, terras e
outros bens, mantendo o sistema de servidão e enfraquecen- A expansão foi favorecida pelo apoio da Igreja e da nobre-
za guerreira. O reino de Carlos Magno tornou-se o maior
do o poder dos monarcas merovíngios.
Império Ocidenta, durante o período medieval. No Natal do
O poder nobiliárquico também se baseava no contato direto ano 800, Carlos Magno foi coroado pelo Papa Leão III im-
dos majordomus (mordomos ou prefeitos do palácio) com os perador romano do Ocidente.
reis. Oriundos de famílias nobres, os majordomus passaram
O imperio de Carlos Magno também foi marcado pelo estímu-
a exercer o poder no reino, a partir do comando do exército,
lo imperial ao desenvolvimento cultural. Ocorreu um grande
da administração e divisão das terras e, por fim, da coleta de
incentivo à cultura e às artes, quando houve um florescimento
impostos. Aos reis eram atribuídas funções cerimoniais.
cultural e intelectual, o Renascimento Carolíngio.
Pepino de Heristal, majordomus do Reino da Austrásia,
Em 806, Carlos Magno fez seu testamento dividindo o
conseguiu submeter os outros majordomus, promovendo
império entre seus filhos, conforme o costume sucessório
a centralização do Reino Franco. Mas foi somente com seu
germânico, mas acabou sendo sucedido por seu filho mais
sucessor, Carlos Martel, que os majordomus passaram a ser
novo, Luís I, o Piedoso, que governou de 814 a 841,
considerados reis.
mantendo o império e a estrutura político-administrativa
Carlos Martel conquistou prestígio e poder ao liderar os herdados de seu pai.
francos na vitória contra os muçulmanos na Batalha de
A decadência do Império Carolíngio teve início após a mor-
Poitiers, na França, no ano de 732, contendo o avanço islâ-
te de Luís I, em 841, quando se iniciou um conflito entre
mico sobre a Europa ocidental.
seus filhos pelo trono. Lotário, Carlos e Luís travaram várias
batalhas, arruinando as finanças e enfraquecendo militar-
mente o império.
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Em 843, a disputa foi solucionada com a assinatura do Tra-


tado de Verdun, que estabeleceu a divisão do império en-
tre os netos de Carlos Magno: Lotário recebeu a Lotaríngia,
que correspondia aos Países Baixos, Suíça e Norte da Itália;
a Luis, o Germânico, coube a parte oriental do Império (Ger-
mânia); e a Carlos, O Calvo, coube o território da França. O
Tratado de Verdun marcou, segundo as divisões dos
períodos da História, o final da Alta Idade Média.
Carlos Martel na Batalha de Poitiers. Charles Steubem (1788-1856)
A quebra da unidade política e o enfraquecimento militar
Ao ser considerado pela Santa Sé como o “salvador do favoreceram as invasões externas – magiares, árabes e vi-
cristianismo ocidental”, Carlos Martel fortaleceu sua au- kings –, levando o império franco ao declínio.

100
SISTEMA FEUDAL

Origens do feudalismo O contato dos romanos com os povos de origem germâni-


ca promoveu a troca de hábitos e costumes entre eles, prin-
Na Europa, a Idade Média caracterizou-se pelo surgi- cipalmente num momento de ruralização e de organização
mento de um sistema econômico, político e social de- de uma economia baseada nas atividades agropastoris. As
nominado feudalismo. Esse sistema foi fruto de uma várias tribos germânicas viviam de maneira autônoma, es-
lenta integração entre algumas características de duas tabelecendo relações apenas quando se defrontavam com
estruturas sociais: a romana e a germânica. Esse pro- um inimigo comum, unindo-se, nessas ocasiões, sob o co-
cesso de integração, que resultou na formação do feu- mando de um só chefe.
dalismo, ocorreu no período histórico compreendido As relações entre o suserano e o vassalo, fundamentadas
entre os séculos V e IX. na honra, lealdade e liberdade, tiveram suas origens no
comitatus germânico. O comitato era um grupo forma-
Próximo ao fim do Império Romano do Ocidente, os gran-
do pelos guerreiros e seu chefe com obrigações mútuas
des senhores romanos começaram a abandonar as cida-
de serviço e lealdade. Os guerreiros juravam defender seu
des, fugindo da crise econômica e das invasões germâni-
chefe, que se comprometia a equipá-los com cavalos e
cas. Os senhores rumaram para latifúndios no campo, onde armas. Mais tarde, essas relações de honra e lealdade de-
passaram a desenvolver uma economia agrária voltada ram origem às relações de suserania e vassalagem.
para a subsistência.
A formação do Direito no feudalismo também teve influên-
A nova onda de invasões dos séculos VIII ao X cia germânica. Baseando-se nos costumes orais, e não nas
leis escritas, o direito era considerado uma propriedade do
indivíduo, um direito inerente a ele em qualquer local em
que estivesse. Essa forma do Direito, produto dos costumes
e da sua prática reiterada e constante, sem ser resultado de
um processo formal de criação das leis escritas, é denomi-
nada direito consuetudinário.
As invasões dos séculos VIII e IX aceleraram a lenta integra-
ção entre aspectos da sociedade romana e da sociedade ger-
mânica. Em 711, os muçulmanos, vindos do Norte da África,
conquistaram a península Ibérica, a Sicília, a Córsega e a
Sardenha, fechando o mar Mediterrâneo à navegação e ao
comércio dos europeus. Ao norte, no século IX, os norman-
dos também se lançaram à conquista da Europa. Penetraram
Fonte: 28navegadores.blogspot.com.br/2013_04_01_achive.html no continente europeu pelos rios, saqueando suas cidades.
Fonte: <28navegadores.blogspot.com.br/2013_04_01_achive.html>.
A leste, os magiares (húngaros), cavaleiros nômades originá-
Um grande contingente de romanos de menos posses pas- rios das estepes euroasiáticas, invadiram a Europa oriental.
sou a buscar proteção e trabalho nas terras desses grandes O comércio, com o desaparecimento quase total da moe-
senhores. Para utilizar as terras, eram obrigados a ceder ao da, regrediu ao patamar da troca direta. Com a agrarização
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proprietário parte do que produziam. Dessa forma, nesses da economia, as cidades foram despovoadas, completando
centros rurais conhecidos por vilas romanas, começaram a o processo de ruralização da sociedade. O poder político
ser criados os feudos medievais. Com algumas alterações fu- descentralizou-se em uma multiplicidade de poderes loca-
turas, esse sistema de trabalho resultou nas relações servis lizados e particularistas. O feudalismo se estabeleceu em
de produção, um dos traços fundamentais do feudalismo. sua plenitude.
Com a contínua ruralização do Império Romano, o poder
central foi perdendo controle sobre os grandes senhores
Características gerais
agrários. Gradativamente, as vilas romanas tornaram-se A sociedade feudal era estamental, ou seja, os indivíduos
cada vez mais autônomas, à medida que o poder político nasciam num determinado estamento (grupo social) e difi-
descentralizava-se, permitindo ao proprietário de terras ad- cilmente poderiam ascender a outro; tendiam a permanecer
ministrar de forma independente sua vila. sob a própria condição de nascimento. Segundo a divisão

101
clássica, a sociedade medieval era formada pelos seguintes A terra arável era dividida em três partes: o terreno de plantio
estamentos: clero, nobreza e servos. da primavera, o de plantio do outono e outro que ficava em
Os senhores feudais eram os proprietários ou os possui- pousio (descanso). Esse sistema surgiu na Europa, no século
dores do feudo. Originários da nobreza e do clero, forma- VIII, e ficou conhecido como sistema dos três campos.
vam uma aristocracia dominante. A nobreza se subdividia Nessa sociedade rural, de economia essencialmente
em duques, condes, barões e marqueses. agrária, a propriedade e a posse da terra determinavam a
posição do indivíduo na hierarquia social. A terra era a ex-
Os senhores feudais eclesiásticos, vinculados à Igreja
pressão da riqueza, da influência, da autoridade e do poder.
Romana, também pertenciam à alta hierarquia do clero. Em
Além da obediência e fidelidade por juramento que os servos
geral, eram bispos, arcebispos e abades.
deviam ao seu senhor, as obrigações nas formas de trabalho
O estamento dos dependentes, que compreendia a maioria e produtos eram as seguintes:
da população medieval, compunha-se de servos e vilões.
§ corveia: obrigação de trabalhar nas terras do senhor
Os servos não tinham a propriedade da terra, embora, na
feudal sem direito ao que era produzido;
maioria dos casos, tivessem posse parcial dela, o que justifi-
§ talha: obrigação de entregar parte da produção no
cava o fato de estarem adstritos a ela. É importante obser-
manso servil ao seu senhor;
var que, embora fossem trabalhadores semilivres – donos
de seus instrumentos de trabalhos, sementes, etc. –, apenas § banalidades: pagamento de impostos com produtos
uma pequena parcela do que produziam era destinada ao ou trabalho pelo uso de instrumentos do senhor: ferra-
mentas, moinhos, armazéns;
próprio sustento.
§ capitação: pagamento de imposto per capita dos fa-
Em número reduzido, havia outro tipo de trabalhador me-
miliares dos servos; e
dieval: o vilão. Os vilões não estavam presos à terra e des-
cendiam de antigos pequenos proprietários romanos. Não § mão-morta: pagamento de imposto pelos filhos do
podendo defender suas propriedades, entregavam suas servo morto para que continuassem ocupando as terras
terras em troca de proteção de um grande senhor feudal. fornecidas a seu pai pelo senhor.
O feudo produzia tudo o que necessitava e consumia tudo que
Economia feudal produzia. Era uma economia autossuficiente, organizada
para suprir as necessidades do próprio feudo. O comércio não
As terras eram divididas em domínio senhorial, cuja pro-
desapareceu da Europa, mas era retraído e sem relevância
dução destinava-se ao senhor feudal, manso servil, cujo
econômica. A troca de mercadorias realizava-se semanalmen-
produto do trabalho pertencia aos servos, e terras comu-
nais, isto é, pastos e florestas utilizadas tanto pelos senhores te dentro do próprio feudo, em um mercado junto de uma
como pelos camponeses. O feudo, cujas terras eram des- Igreja, de um castelo ou na própria aldeia. As trocas ocorriam
contínuas, constituía-se como a unidade geral de produção. de bens por bens. O uso de moedas não era frequente.

O senhorio medieval
Manso comum
Os produtos retirados dessas terras eram de uso tanto dos servos quanto dos
senhores. As terras comunais eram constituídas de pastos para criar animais
e de florestas e baldios, onde os camponeses colhiam frutos e raízes, extraíam
a madeira e o mel. A caça nas florestas era exclusiva dos senhores.

No senhorio, em geral, também havia coleiros para armazenar a colheita;


um moinho para triturar os grãos; e fornos para assar os pães.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Domínio Senhorial
Os produtos dessas
terras perteciam
exclusivamente
ao senhor. Nelas
trabalhavam servos
e outros camponeses.
Ali se produzia tudo o
que o senhor necessitava
para manter sua família
e outros dependentes.

Manso servil
Terras destinadas aos servos. Nelas os servos
produziam o que era necessário para a sua
sobrevivência, devendo em troca cumprir
Ilustração atual de
uma série de obrigações para com o senhor.
como poderia ter sido
um senhorio medieval.
Fonte: historiademestre.blogspot.com.br/2014/10/a-idade-media-e-o-feudalismo.html
Fonte: <historiademestre.blogspot.com.br/2014/10/a-idade-media-e-o-feudalismo.html>.

102
Política feudal punha as mãos entre as mãos do suserano e pronunciava
as palavras sacramentais do juramento. Em seguida, o se-
Notadamente durante os séculos de IX ao XII, havia um rei,
nhor permitia que ele se levantasse, beijava-o e realizava
cujo poder era meramente formal.
a investidura com a entrega de um objeto simbólico – um
No feudo, cada senhor feudal era o soberano supremo e punhado de terra, um ramo, uma lança ou uma chave –
detinha o monopólio da força como chefe do exército. Esse que representava a terra enfeudada. Os laços de suserania e
monopólio, porém, não ultrapassava seu pequeno exérci- vassalagem vinculavam toda a nobreza feudal. Nos últimos
to mantido dentro de seus domínios feudais. Quando em anos do século XI, no início das Cruzadas, o feudalismo en-
estado de guerra, havia uma centralização político-militar trou em gradativa decadência. O Renascimento comercial
desses exércitos sob as ordens e comando do rei. fez com que as estruturas feudais fossem progressivamente
Os laços de suserania e vassalagem estabeleciam os modificadas: as cidades ressurgiram, a figura do rei voltou a
vínculos e a hierarquia entre a nobreza feudal. Um senhor ganhar progressiva centralização e a cultura teocêntrica foi
feudal, proprietário de grandes porções de terra, doava gradualmente substituída pela antropocêntrica – o homem
uma parcela dela a outro nobre. O doador passava a ser como centro do Universo.
o suserano, e o recebedor, o vassalo. Essas relações eram
estabelecidas por contrato de direitos e deveres. Entre ou- Cultura feudal
tras obrigações, o vassalo obrigava-se a pôr seu exército A cultura feudal era fundamentalmente teocêntrica, ou
à disposição do suserano, a dar-lhe hospedagem quando seja, caracterizou-se pela visão do homem voltado para
necessário, a contribuir para o dote e o armamento de seus Deus e para a vida após a morte.
filhos. Ao suserano, por seu vez, cabia proteger militarmen-
A moral religiosa condenava o comércio, o lucro e a usura
te o vassalo, garantir a posse do feudo doado, tutelar os
herdeiros e a viúva do vassalo depois de sua morte. Para (empréstimo a juros). As artes, as letras, as ciências e a filo-
oficializar a vassalagem, havia uma série de cerimônias sofia eram determinadas pela visão religiosa imposta pela
conhecida como homenagem. O vassalo ajoelhava-se Igreja, sempre com predominância de temas e inspiração
diante do senhor, com a cabeça descoberta e sem espada, religiosos.

IGREJA CATÓLICA MEDIEVAL


A Igreja católica foi a grande catalisadora dos aconteci- era incontestável. Os pecadores deviam cumprir penitên-
mentos e da vida medieval; nesse período, sua trajetória foi cias, que variavam de orações e jejuns a peregrinações e
marcada pelo crescimento e desenvolvimento em virtude participação nas Cruzadas.
do grande poder conquistado. Um importante instrumento de manutenção do domínio
O crescente poder da Igreja católica na Europa ocidental da Igreja Católica Medieval foi a criação do Tribunal
durante a Idade Média pode ser explicado pelo acúmulo da Santa Inquisição, em 1231, pelo papa Gregório
dos poderes espiritual e temporal. O poder espiritual cor- IX. A principal função do Tribunal era julgar e punir as
responde ao controle sobre a religião e o monopólio da heresias. As penas variavam de simples penitências ao
interpretação das Escrituras Sagradas, permitindo o con- confisco de bens, além da excomunhão, torturas e mor-
trole ideológico e a interpretação da realidade vigente. O te na fogueira.
poder temporal era exercido politicamente como resulta-
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

A Igreja contava com uma rígida organização hierárquica.


do do controle da Igreja sobre um número crescente de Havia o alto clero e o baixo clero; este era composto de
populações que a alimentavam mediante pagamento dos elementos vindos das camadas mais pobres da sociedade;
dízimos, doações, além de outras ações realizadas por fiéis aquele, ligado à aristocracia, detinha os cargos de direção:
crentes da salvação em troca de seus recursos materiais. dele faziam parte o Papa, os bispos, os abades, etc.
A Igreja concentrava uma grande quantidade de terras, re- Os mosteiros eram os responsáveis pela preservação da
sultado da acumulação de um montante significativo de cultura, além de serem importantes centros econômicos. O
riquezas materiais. clero regular era constituído por todos os clérigos consa-
A Igreja era responsável pela educação, mantendo uma grados da Igreja católica, que seguiam as regras de uma
série de escolas nos mosteiros, conventos e, mais tarde, determinada ordem religiosa, dona de sua própria hierar-
nas paróquias. No século XIII, começou a organizar as quia e de títulos específicos.
universidades. Com isso, o poder da Igreja sobre os fiéis

103
U.T.I. - Sala tros em nosso convívio privado, em nossa vida pública
nos afastamos da ilegalidade principalmente por causa
de um temor reverente, pois somos submissos às autori-
1. O filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) definiu a cidada- dades e às leis, especialmente àquelas promulgadas para
nia em Atenas da seguinte forma: socorrer os oprimidos e às que, embora não escritas, tra-
A cidadania não resulta do fato de alguém ter o domi- zem aos agressores uma desonra visível a todos.
cílio em certo lugar, pois os estrangeiros residentes e os Oração fúnebre de Péricles, 430 a.C. In: Tucídides. História da Guerra
escravos também são domiciliados nesse lugar e não do Peloponeso. Brasília: Editora UnB, 2001, p. 109. Adaptado.

são cidadãos. Nem são cidadãos todos aqueles que par- a) Quais as principais características do regime polí-
ticipam de um mesmo sistema judiciário. Um cidadão tico de Atenas?
integral pode ser definido pelo direito de administrar b) Qual a cidade que foi a principal adversária de Ate-
justiça e exercer funções públicas. nas na Guerra do Peloponeso?
Adaptado de Aristóteles, Política. c) Cite e comente as principais diferenças entre elas.
Brasília: Editora UnB, 1985, p. 77-78.
5. (FUVEST 2021) “Assim se realizam, no correr do sé-
Relacionando aquilo que você aprendeu sobre o tema culo IV, a transformação do cristianismo de religião
com o texto acima, quais as duas principais condições perseguida em religião do estado e a transformação
para que um ateniense fosse considerado cidadão na de um deus rejeitado em um Deus oficial. Os homens
Grécia clássica? e as mulheres que vivem na Europa ocidental passam,
em poucos decênios, do culto de uma multiplicidade de
2. Num antigo documento egípcio, um pai dá o seguinte deuses a um Deus único”.
conselho ao filho:
LE GOFF, J. O Deus da Idade Média. Conversas com Jean-Luc
Pouthier. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 19-20.
Decide-te pela escrita, e estarás protegido do trabalho
árduo de qualquer tipo; poderás ser um magistrado de a) Indique uma motivação que levou o Império Ro-
elevada reputação. O escriba está livre dos trabalhos mano a adotar o cristianismo como religião oficial em
manuais [...] é ele quem dá ordens [...]. Não tens na mão seus domínios.
a palheta do escriba? É ela que estabelece a diferença b) Aponte dois exemplos da incorporação de elemen-
entre o que és e o homem que segura o remo. tos do paganismo às práticas devocionais cristãs na
Apud Luiz Koshiba. História – origens, estrutura e processos. passagem da Antiguidade para a Idade Média.
c) Indique duas características do cesaropapismo que
Lendo o texto e lembrando o que você aprendeu sobre se desenvolveu na cristandade oriental.
o tema, argumente sobre a seguinte afirmação:
6. O historiador grego Heródoto (484-420 a.C.) viajou
Nas Civilizações do Antigo Oriente, a Escrita é um dos
muito e deixou vivas descrições com reflexões sobre os
fundamentos da própria ideia de “Civilização”.
povos e as terras que conheceu. Deve-se a ele a seguin-
3. Alguns povos da Antiguidade foram mercadores e te afirmação: “o Egito, para onde se dirigem os navios
gregos, é uma dádiva do rio Nilo“.
praticavam intensamente o comércio marítimo.
a) Qual a relação entre a localização geográfica da “No Antigo Egito, existia uma profunda ligação entre o
Fenícia e as características econômicas de seu povo? meio natural e a vida daquele povo.”
b) Cite o nome de suas três principais cidades. Explique a afirmação acima, relacionando seus conhe-
c) Cite e comente um legado importante que os fení- cimentos sobre o tema com o texto.
cios deixaram na História.
7. “Com relação ao ornamento, Roma não correspon-
4. Vivemos numa forma de governo que não se baseia dia, absolutamente, à majestade do Império e, além
nas instituições de nossos vizinhos; ao contrário, servi- disso, estava exposta às inundações, como também
mos de modelo a alguns, ao invés de imitar outros. [...] aos incêndios. Porém, Augusto fez dela uma cidade
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Nela, enquanto no tocante às leis todos são iguais para tão bela que pode se envaidecer, principalmente por
a solução de suas divergências privadas, quando se tra- ter deixado uma cidade de mármore no lugar onde en-
ta de escolher (se é preciso distinguir em algum setor), contrara uma de tijolos”.
não é o fato de pertencer a uma classe, mas o mérito, Adaptado de: Suetônio. A vida dos doze Césares.
que dá acesso aos postos mais honrosos; inversamente, São Paulo: Martin Claret, 2006, p. 91.
a pobreza não é razão para que alguém, sendo capaz de
prestar serviços à cidade, seja impedido de fazê-lo pela Considerando o texto e o período de Otávio Augusto no
obscuridade de sua condição. Conduzimo-nos liberal- governo de Roma, responda:
mente em nossa vida pública, e não observamos com a) Qual a relação da reurbanização de Roma durante
uma curiosidade suspicaz [desconfiada] a vida privada de o Governo de Otávio Augusto, com aquilo que simbo-
nossos concidadãos, pois não nos ressentimos com nosso lizava a PAX ROMANA?
vizinho se ele age como lhe apraz, nem o olhamos com b) Identifique uma medida social e uma medida polí-
ares de reprovação que, embora inócuos, lhe causariam tica estabelecidas por Augusto para adaptar as tradi-
desgosto. Ao mesmo tempo que evitamos ofender os ou- ções romanas àquele momento histórico.

104
8. Grande parte da presença humana na Terra é explica- 5. Observe a ilustração e leia a citação a seguir. Em se-
da pelos historiadores tendo como referência o termo guida, responda ao que se pede.
"pré-história". Sobre esse período, discorra sobre os
seguintes tópicos:
a) o significado da revolução neolítica;
b) as limitações conceituais do termo "pré-história".

U.T.I. - E.O.
1. A palavra árabe iman significa ‘ter certeza’ e desig-
na fé, no sentido da certeza. A fé, por conseguinte, não
contradiz o conhecimento nem a compreensão. Pelo
contrário, o desejo de saber é uma obrigação religiosa,
e os tempos pré-islâmicos (século VI) na Arábia são cha-
mados pelos islâmicos de jahiliya, ignorância.
Adaptado de: Burkhard Scherer (Org.). As grandes religiões:
temas centrais comparados. Petrópolis: Vozes, 2005, p. 77.

Como a fé e o conhecimento científico estavam relacio-


nados entre si no mundo islâmico na Alta Idade Média? Nascida nos quadros do Império Romano, a Igreja ia aos
poucos preenchendo os vazios deixados por ele até, em
2. (UFPR 2013) Considere a seguinte afirmação sobre o fins do século IV, identificar-se com o Estado, quando o
termo bizantino: cristianismo foi reconhecido como religião oficial. (...)
“É essencial lembrar que bizantino não tem conotação Estreitavam-se, portanto, as relações Estado-Igreja. (...)
étnica, mas civilizacional (...). O termo bizantino foi vul- No Império Carolíngio, a aliança entre os reis e a Igreja
garizado apenas a partir do século XVI, depois do des- foi fundamental para a consolidação de ambos os po-
membramento do império, que, em vida, se via como deres e, por vezes, a Igreja assumia funções que hoje
herdeiro e continuador do império Romano.” consideramos ser do Estado e este por sua vez interfe-
(FRANCO JR., Hilário; ANDRADE FILHO, Ruy de Oliveira. ria nos assuntos religiosos.
O Império Bizantino. SP: Brasiliense, 1987, p. 7-8) FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média. Nascimento do
Em que medida o Império Bizantino pode ser conside- Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2001. p. 67 e 71.
rado herdeiro e continuador do Império Romano? Esta-
beleça as diferenças entre esses dois impérios entre os Sobre as relações entre Estado e Igreja, no período me-
séculos V e VII. dieval, responda:
a) Qual o papel administrativo desempenhado pela
3. (UNICAMP 2014) No Natal de 800, o papa Leão III
Igreja católica durante o Período Medieval?
coroou Carlos Magno como Imperador dos Romanos. O
Imperador recebeu o antigo título de Augusto. b) Como o Poder Real dos francos – merovíngios e
carolíngios – contribuiu para a expansão do cristia-
a) Caracterize a autoridade de Carlos Magno como Im- nismo na Europa ocidental?
perador naquele momento.
b) Apresente dois aspectos do renascimento carolíngio. 6. Qual a importância do ponto de vista geopolítico da-
quele período, o surgimento, estabelecimento e expan-
4. (UNESP 2018) Empunhando Durendal, a cortante, são do Islão a partir do século VII?
O rei tirou-a da bainha, enxugou-lhe a lâmina
Depois cingiu-a em seu sobrinho Rolando 7. O Imperador Justiniano (527-565) entre outras reali-
E então o papa a benzeu. zações, consolidou o conceito e as práticas do Cesaro-
O rei disse-lhe docemente, rindo: papismo, que iriam ter muitas consequências ao longo
do tempo naquela região, particularmente no Leste eu-
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

“Cinjo-te com ela, desejando


Que Deus te dê coragem e ousadia, ropeu e na Rússia.
Força, vigor e grande bravura O que é Cesaropapismo?
E grande vitória sobre os infiéis.”
E Rolando diz, o coração em júbilo: 8. “O aparecimento da polis constitui, na história do
“Deus mo conceda, pelo seu digno comando.” pensamento grego, um acontecimento decisivo (...). O
(La Chanson d’Aspremont, século XII. Apud Georges que implica o sistema da polis é primeiramente uma
Duby. A Europa na Idade Média, 1988.) extraordinária preeminência da palavra sobre todos os
a) Qual é a cerimônia medieval descrita no texto? Iden- outros instrumentos do poder. Torna-se o instrumento
tifique dois versos do texto que contenham elementos político por excelência, a chave de toda a autoridade no
religiosos. Estado, o meio de comando e de domínio sobre outrem
b) Qual é a relação entre o rei e Rolando, personagens (...). Uma segunda característica da polis é o cunho de
do poema? O que essa relação representa no contexto plena publicidade dada às manifestações mais impor-
do feudalismo? tantes da vida social. Pode-se mesmo dizer que a polis

105
existe apenas na medida em que se distinguiu um domí-
nio público, nos dois sentidos diferentes mas solidários
do termo: um setor de interesse comum, opondo-se aos
assuntos privados; práticas abertas, estabelecidas em
pleno dia, opondo-se a processos secretos. Essa exigên-
cia de publicidade leva a apreender progressivamente
em proveito do grupo e a colocar sob o olhar de todos o
conjunto de condutas, dos processos, dos conhecimen-
tos que constituíam na origem o privilégio exclusivo.”
(Jean-Pierre Vernant. As origens do pensamento grego. 1984.)
a) O que era a polis?
b) Por que a PALAVRA é tão importante nesse contex-
to ao qual o autor se refere?

9. O que significa o termo “Mesopotâmia” e qual a rela-


ção entre esse significado e as civilizações que surgiram
nas várias cidades-Estado daquela região?

10. As perseguições aos cristãos no Império Romano


estavam ligadas especialmente a uma atitude dos cris-
tãos com relação à figura do Imperador e que era ao
mesmo tempo política e religiosa.
a) Qual era essa questão?
b) Por que ela era simultaneamente política e religiosa?

11. O documentário O Ateliê de Luzia – Arte Rupestre


no Brasil, dirigido por Marcos Jorge, apresenta as des-
cobertas atuais da arqueologia através dos vestígios
visuais do homem brasileiro. No decorrer do filme, o di-
retor mostra diferentes sítios arqueológicos, como eles
foram descobertos e vestígios que datam dos períodos
paleolítico e neolítico. Segundo a antropóloga Maria
Beltrão, uma das entrevistadas,

A pintura rupestre pode se revestir de intenções no de-


correr dos tempos pré-históricos. Ela pode ser apenas
uma manifestação artística em algum tempo, ela pode
estar escondendo alguma prescrição ecológica, ela
pode demonstrar um autoconhecimento astronômico,
pode estar ligada ao mundo mágico-religioso etc.

Ao final do documentário, o antropólogo Andrei Isnar-


dis faz um paralelo entre as inscrições realizadas pelo
homem pré-histórico e as pichações e grafites nas gran-
des cidades.
Com base nos conhecimentos sobre pré-histórica e man-
ifestações culturais urbanas na contemporaneidade, cite
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

seis similaridades entre os grafismos rupestres pré-históri-


cos e os grafites/pichações realizados na atualidade.

106
HISTÓRIA

1
CIÊNCIAS
HISTÓRIA DO BRASIL
HUMANAS
e suas tecnologias

U.T.I.
FORMAÇÃO DE PORTUGAL E NAVEGAÇÕES ULTRAMARINAS

Portugal e sua formação


Guerra de reconquista
Da guerra dos cristãos contra os mouros (muçulmanos do
norte da África) nasceram os reinos de Aragão, Leão, Castela
e Navarra.
Com a união desses reinos cristãos, iniciou-se a Guerra de
Reconquista, com o objetivo de expulsar os mouros da pe-
nínsula Ibérica.
Henrique de Borgonha (nobre francês), em virtude da sua Batalha de Aljubarrota (1385)
atuação na Guerra de Reconquista, recebeu do rei Afonso
A burguesia, a pequena nobreza e a população pobre
VI, de Leão, em 1094, o condado Portucalense e a mão de
derrotaram os castelhanos na Batalha de Aljubarrota (Pa-
sua filha Tereza. Afonso Henriques foi fruto deste casamento.
deira), consolidando a independência portuguesa em
Ele lutaria contra a submissão do condado Portucalense a
1385. A aliança entre a dinastia de Avis e a burguesia for-
Leão, no ano de 1139, proclamando sua independência
taleceu a centralização monárquica e abriu caminho
e tornando-se o primeiro rei da dinastia de Borgonha.
para as grandes navegações.

A Borgonha (1139-1383)
Foi a primeira dinastia e configurou plenamente as ca- As grandes navegações
racterísticas do feudalismo português. Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente
Sem se mostrar capaz de acompanhar as transformações so- portugueses e espanhóis, lançaram-se aos oceanos com
ciais e econômicas ocorridas em Portugal, a dinastia de Bor- dois objetivos principais: descobrir uma nova rota marítima
gonha se indispôs com a classe dos mercadores, que cresce- para as Índias e encontrar novas terras.
ra bastante nesse período; assim a dinastia de Avis, mais As navegações ajudaram a marcar a passagem da Idade
ligada aos interesses comerciais e urbanos, tomou seu lugar.
Média para a Idade Moderna e impulsionaram o aumento
Portugal era predominantemente agrário, e nos fins do sé- do comércio da Europa com a Ásia e a África. Além disso,
culo XIV, passou a desenvolver uma economia mais voltada resultaram na descoberta, em 1492, de um novo continen-
para a navegação e o comércio. te a ser explorado pelos europeus: a América.

Revolução de Avis (1383-1385) O “Novo Mundo” dividido


A morte de D. Fernando desencadeou uma luta pela su-
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Os reis da Espanha e de Portugal passaram a disputar en-


cessão do trono português, em 1383, e serviu de estopim
tre si a posse das terras descobertas e das terras a serem
para a Revolução de Avis. O rei não havia deixado um filho
descobertas, assim que a notícia do descobrimento da
varão, e sua filha, D. Beatriz, era casada com D. João I, de
América chegou à Europa.
Castela. Se ela herdasse a coroa, o reino se tornaria domí-
nio de Castela e perderia a independência política. Em 1493, os reis da Espanha obtinham o apoio do papa
A nobreza portuguesa era partidária da união com Cas- Alexandre VI, espanhol de nascimento, na edição da Bula
tela, que era feudal. A burguesia, que considerava a per- Inter Coetera. A Bula determinava uma divisão do mun-
da da independência uma ameaça aos seus interesses, do ultramarino, tomando-se por base um limite a 100 lé-
apoiava as pretensões de D. João, mestre de Avis, irmão guas a oeste de Cabo Verde. Portugal ficaria com as terras
bastardo do rei. Quando D. João foi proclamado rei, Cas- a leste dessa linha. As terras situadas a oeste dessa linha
tela invadiu Portugal. imaginária caberiam à Espanha.

108
Tratado de Tordesilhas A expansão ultramarina e suas consequências
§ implantação do trabalho compulsório indígena na Amé-
rica espanhola;
Ilhas
Canárias
§ expansão do comércio europeu;
§ afluxo de metais preciosos para o continente europeu,
Cabo
Verde
ilhas
Equador

que gerou uma enorme inflação na Europa, processo co-


Linhas de demarcação coloniais
nhecido como a Revolução dos Preços, em razão da
desvalorização da moeda e do aumento geral dos preços;
entre Espanha e Portugal nos
séculos XV e XVI.
Linha do Papa Alexandre VI
(Bula Inter Caetera, 1493)

Tratado de Tordesilhas (1494)

§ diversificação dos artigos de consumo: batata, tabaco,


Tratado de Zaragoza (1529)

Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_ cacau e o milho oriundos da América;


Descobrimentos>. Acesso em 23 dez. 2015.
§ destruição das civilizações pré-colombianas astecas e
Devido à insignificância dos territórios lusos, Portugal se opôs incas;
a essa Bula,o que levou a sua revogação e assinatura, em § enriquecimento da burguesia mercantil europeia;
1494, do Tratado de Tordesilhas. Pelos termos do novo § fortalecimento dos Estados absolutistas;
Tratado, deslocava-se para 370 léguas a oeste de Cabo § europeização do mundo, ou seja, a difusão da cultura eu-
Verde o limite entre os domínios portugueses e espanhóis. ropeia (vestimentas, língua, hábitos alimentares);
§ mudança do eixo econômico europeu do mar
Algumas nações europeias não iriam respeitar O Tratado de Mediterrâneo para o oceano Atlântico;
Tordesilhas, pois julgavam injusta a partilha do mundo en- § expansão do mercantilismo;
tre as nações ibéricas. Os países mais contrariados foram: a § implantação do sistema colonial na América;
Grã-Bretanha, o Reino dos Países Baixos e a França. § adoção do trabalho escravo e consequente intensificação
do tráfico negreiro;
§ expansão da fé cristã.

AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA, MERCANTILISMO E


ADMINISTRAÇÃO ESPANHOLA NA AMÉRICA

América pré-colombiana .
Conheciam a astronomia, uma vez que foram encontrados
registros de datas muito antigas. Também conheciam a es-
crita e sistemas matemáticos. Muitos traços e tradições dos
Olmecas olmecas sobreviveram entre as diversas culturas que os su-
Originada na costa sul do golfo do México, a cultura olmeca cederam, como é o caso das culturas dos astecas e maias.
é considerada a primeira cultura elaborada da Mesoaméri-
ca e matriz de todas as culturas posteriores dessa área. As Maias
características marcantes do Império olmeca, que se esten- Ocupando as planícies da península do Iucatã, os maias
deu do México ocidental à Costa Rica, foram a presença de elaboraram uma das mais complexas e influentes culturas
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

centros cívicos religiosos a que se subordinavam áreas da América.


periféricas e a escultura monumental. A economia agrícola considerava o milho um alimento
A população olmeca era bastante desenvolvida. Espalhada sagrado do qual teria se originado o homem. A terra era
pelo império, dividia-se entre uma minoria (sacerdotes, ar- cultivada coletivamente e os camponeses eram obrigados
tífices de elite), que habitava os centros cerimoniais, e a a pagar o imposto coletivo. A pecuária ainda era des-
maioria do povo (camponeses), que vivia nas aldeias. conhecida, e a caça e a pesca atividades complementares.
A arte olmeca se caracterizou pela valor religioso. A escultura Os maias formavam uma sociedade rigidamente hie-
era bastante desenvolvida: monumentais cabeças de pedra rarquizada, em que a posição social era determinada pelo
com rosto redondo, lábios grossos e nariz achatado; estatue- nascimento. Uma elite (militares e sacerdotes) constituía
tas com formas humanas; e outras apresentando uma mistu- o grupo dominante, de caráter hereditário, que habitava os
ra de traços humanos e felinos. numerosos centros cerimoniais circundados pelas aldeias

109
onde vivia a numerosa mão de obra de camponeses sub-
metidos ao regime de servidão coletiva.
Responsável pela política interna e externa e pelo recolhi-
mento do imposto coletivo das aldeias, acredita-se que o
governo maia fosse uma teocracia de caráter heredi-
tário

Pirâmide do Sol

O imperador possuía representação religiosa, militar e políti-


ca, seja por suas conquistas, seja pelo domínio sobre vários
povos, o que tornou o Império Asteca um Estado milita-
rista e teocrático.
Pirâmide de Kukulcán, em Chichén Itzá Construíram obras arquitetônicas colossais: templos e pa-
lácios com terraços em forma piramidal, objetos decorati-
Os maias construíram templos de forma retangular sobre
vos, obras de ourivesaria em prata, ouro e pedras preciosas
pirâmides truncadas com escadarias que se estendiam ao
utilizadas na decoração de palácios e templos. Os astecas
redor de praças. Também edificaram palácios, que provavel-
também se destacaram na astronomia, ao elaborarem um
mente serviam de residências dos sacerdotes. calendário solar que lhes possibilitava planejar as épocas de
Ao preverem os eclipses solares, o movimento dos planetas plantio e colheita.
e elaborarem um calendário cíclico, bem como ao desenvol- A religião asteca era politeísta, com prática de sacrifícios hu-
verem noções avançadas, como um símbolo para o zero e o manos. Na crença asteca, para que o mundo fosse preserva-
princípio do valor relativo, os maias fizeram notáveis pro- do, os deuses exigiam oferendas do bem mais precioso que
gressos na astronomia e na matemática. os homens possuíam: a vida.
Por volta do ano 900, a civilização maia sofreu declínio de
população. Há estudiosos que atribuem o abandono dos Incas
centros maias à guerra, à insurreição, à revolta social, a A região ocupada pelos incas ainda se estendia ao longo
invasões bárbaras, etc. A exploração intensiva de meios de da cordilheira dos Andes, ocupando parte dos atuais territó-
subsistência inadequados, que provocaram a exaustão do rios de Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina.
solo, ao lado dos intensos conflitos entre as cidades-Estado, Originariamente nômades, os incas faziam parte do grupo
são as hipóteses mais prováveis. Até a conquista definitiva quéchua. Entre os séculos XII e XIII, realizaram várias con-
pelos espanhóis, a cultura maia posterior se fundiu com a quistas na região andina (civilizações de Tiahuanaco, Huari
dos toltecas. e Chimu), alcançando seu apogeu na época da conquista
espanhola no século XVI.
Astecas A propriedade era divida em terras do Estado, terras dos sa-
Os astecas ocuparam originalmente a região noroeste do cerdotes e terras comunitárias. Rigidamente estratificadas,
atual México. Guerreiros e expansionistas, dominaram essa sociedade experimentou a formação de classes sociais,
os toltecas e outros povos da região. Construíram palácios, tornando-se estamental. Abaixo do imperador, havia uma
templos, mercados e canais de irrigação e, em 1325, fun- elite de sacerdotes e militares (nobreza); artífices do
daram a cidade de Tenochtitlán, capital do império. Estado, médicos e contabilistas compunham o grupo
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

intermediário; a base da pirâmide social era constituída por


Com destaque para o cultivo do milho, do algodão, do fei- escravos e uma grande massa de camponeses.
jão e do cacau, cuja semente era utilizada como moeda, a
economia era essencialmente agrária.
A sociedade era rigidamente hierarquizada: o imperador e
sua família ocupavam a posição mais elevada da pirâmi-
de social; em posição intermediária estavam os artesãos
e comerciantes; os camponeses e os escravos ocupavam
a base da pirâmide social. A maior parte de terra pertencia
aos sacerdotes e elites locais (líderes dos clãs), enquanto as
comunidades camponesas conservavam pequena parcela Machu Picchu foi, ao lado de Cuzco, um dos dois
para uso familiar. mais importantes centros urbanos da civilização inca.

110
O imperador era considerado um deus (Sapa Inca), descen- O passo final para a melhor administração das terras ame-
dente direto do Sol. Os incas acreditavam em vários deuses ricanas foi sua divisão em Capitanias (terras de menor
vinculados a elementos da natureza. Construíram grandes representatividade econômica) e Vice-Reinos (terras de
templos e faziam sacrifícios animais e humanos. maior valor econômico).
Sem escrita, a cultura era transmitida oralmente. O idio-
ma quéchua serviu de instrumento unificador do Império Mercantilismo
Inca. Um conjunto de nós e barbantes coloridos, denomi-
A estruturação do capitalismo comercial coincidiu com
nados quipus, permitiu aos Incas desenvolverem um en-
a formação dos Estados nacionais, organizando e impondo
genhoso sistema de contabilidade. Na astronomia, foram
uma série de práticas econômicas visando a proporcionar o
autores de um calendário. Na matemática, utilizavam o
acúmulo de metais preciosos como forma de dinami-
sistema numérico decimal.
zar as relações comerciais e fortalecer as moedas nacionais.
Essa política econômica dos Estados modernos ficou conhe-
a conquista espanhola e o cida como mercantilismo.
choque de civilizações A intervenção do Estado na economia e o meta-
lismo (acúmulo de metais preciosos) foram as principais
Os impérios existentes na América foram vistos pelos colo- bases do mercantilismo. A principal forma de obtenção e
nizadores espanhóis como as principais ameaças ao projeto acúmulo de metais era o comércio, o que levou os gover-
de exploração do novo território. Os astecas e os incas fo- nos a estimularem as exportações e a inibirem, mediante
ram os que mais sofreram com o contato com os europeus. protecionismo marcado por altas taxas alfandegárias, as
Uma grande vantagem dos espanhóis sobre os ameríndios importações de artigos estrangeiros, caracterizando, assim,
foi o fato de possuírem armas de fogo, canhões e cavalos, uma balança comercial favorável. Eram muito fortes os
todos elementos desconhecidos na América. Outro fator estímulos governamentais à produção de artigos manufatu-
que contribuiu para uma rápida conquista por parte dos rados cujos preços eram bastante elevados no exterior e nas
europeus foi a disseminação de doenças até então inexis- áreas coloniais.
tentes na América (ex.: gripe).
Chamado também de sistema colonial, o colonialismo
Sob a administração da Espanha figura como parte integrante da política mercantilista. Ele
correspondia ao conjunto de relações entre metrópoles
No início, a Coroa espanhola não desejava gastar muitos e colônias, quando aquelas impuseram uma série de re-
recursos com a exploração das colônias americanas. Assim, strições à economia colonial. As determinações metropoli-
indivíduos que investiam seus recursos particulares para tanas às colônias baseavam-se no monopólio e na comple-
explorar as novas terras eram chamados de adelantados. mentaridade, conhecidas por Pacto Colonial.
Eles ganhavam uma série de prerrogativas jurídicas e milita-
res, como o direito de fundar núcleos de ocupação, explorar Matérias-primas – gêneros tropicais
o solo e erguer fortalezas. Em troca, entregavam um quinto
de tudo o que fosse explorado na América e promoviam a
cristianização dos ameríndios. Colônia Pacto colonial Metrópole

Em 1503, a Coroa espanhola criou as Casas de Contrata-


ção, órgão responsável por fiscalizar a cobrança do quinto.
Manufaturas – escravos
Com o passar do século XVI, a Espanha foi aprimorando seu
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

sistema de administração colonial e foram criadas as Au-


diências, instituições com competência jurídica instaladas
nas mais importantes regiões da América hispânica. Para
centralizar a administração da colônia espanhola, foi criado
o Conselho das Índias em 1524.

111
PERIODO PRÉ-COLONIAL, ADMINISTRAÇÃO
COLONIAL E INVASÕES FRANCESAS

Brasil: período pré-colonial A partir de 1530, a posição de Portugal em relação ao Brasil


mudou. As necessidades portuguesas de garantir a posse
(1500-1530) do território e obter uma nova fonte de lucros que substitu-
ísse o decadente comércio oriental levaram a Coroa a dar
Logo depois do Descobrimento, o Brasil permaneceu ligado início à colonização da nova terra.
à sua Metrópole por umas poucas expedições ocasionais
Para dar início ao empreendimento, foi organizada a expedi-
que aqui chegavam com o objetivo de reconhecer mais
ção comandada por Martim Afonso de Souza, em 1530,
amplamente o litoral ou de explorar o pau-brasil, ma-
com o objetivo de percorrer o litoral e, quando necessário,
deira com possibilidade de comercialização, ou, ainda, de
explorar o interior em busca de ouro e prata, expulsar os
afugentar os franceses, atraídos pela mesma mercadoria.
franceses, criar núcleos de povoamento e aumentar o domí-
As primeiras expedições de reconhecimento e explo- nio português até o Rio da Prata.
ração foram comandadas respectivamente por Gaspar Le-
Em 1532, ao voltar do Rio da Prata, Martin Afonso fundou
mos, em 1501, e Gonçalo Coelho, em 1503.
São Vicente, no litoral do atual estado de São Paulo. São
A crescente presença de franceses exigiu mais esforços para Vicente foi dotado de um engenho para produzir açúcar,
garantir a segurança das novas terras. A mão de obra além de ser o primeiro núcleo de colonização no Brasil.
livre dos índios mediante escambo, que consistia na tro-
ca de objetos de pouco valor – espelhos, miçangas, objetos
de ferro – pelo corte e transporte do pau-brasil até locais
Capitanias hereditárias (1534)
na costa, era favorável aos contrabandistas franceses, que O Estado português adotou o sistema de capitanias he-
não tinham compromisso com o Tratado de Tordesilhas. reditárias. Assim, a iniciativa privada arcaria com os gas-
tos da colonização.
Esses fatores forçaram a colonização do litoral, que mu-
dou radicalmente a política oficial do Estado português e o Em 1534, a costa brasileira foi dividida em quinze faixas
montante de investimentos por parte da burguesia. de terra. Chamavam-se capitanias hereditárias, pois pas-
sariam dos donatários a seus herdeiros. Os donatários
Os portugueses criaram as feitorias – estabelecimentos
dispunham de grandes poderes sobre as terras, inclusive o
fundados no litoral da Colônia para armazenar o pau-brasil
de distribuir sesmarias (porções de terra que permane-
e assegurar a posse do território contra os invasores.
ceriam em poder do sesmeiro e seus descendentes desde
A exploração do pau-brasil era monopólio do rei (Estan- que eles as cultivassem) àqueles que as requeressem para
co Régio), como toda atividade ultramarina. Só poderia estimular a colonização.
se dedicar a ela quem tivesse uma concessão da Coroa,
que cobrava por isso o quinto (20% do lucro adquirido Martim Afonso de Sousa, em São Vicente, e Duarte Co-
com o produto). elho, em Pernambuco, foram os únicos donatários que
tiveram sucesso (em parte porque receberam muita ajuda

Início da colonização brasileira


do rei de Portugal e de banqueiros flamengos). Ataques
constantes de índios, falta de recursos, a longa distância
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(1530-1580) até a Metrópole, as dificuldades de comunicação entre as


capitanias e a descentralização político-administrativa fo-
ram os principais motivos do fracasso do sistema de capi-
tanias hereditárias.

Governo-Geral (1548)
Depois do fracasso do sistema de capitanias, Portugal
criou o Governo-Geral, que deveria corrigir as falhas das
capitanias hereditárias e não extingui-las. O novo órgão
Obra de Benedito Calixto, “Fundação de São Vicente”, mostra a visão deveria centralizar a administração colonial,
do artista sobre a chegada dos portugueses no litoral paulista. sendo o Governador-Geral a maior autoridade da Colônia

112
e representante direto do rei. O sistema de Governo-Geral problemas internos na França colaboraram para a formação
foi criado por D. João III (o colonizador), que, por meio do de um núcleo colonial no Brasil: a França Antártica.
Regimento de 1548, determinou as principais funções do
§ Mem de Sá (1558-1572)
Governo: ajudar os donatários no que fosse necessário;
combater índios e piratas; fundar núcleos de povoamento; O terceiro Governador-Geral iniciou a luta contra os
estimular a catequese e defender a fé cristã e organizar franceses. O Forte de São Sebastião do Rio de Janeiro, que
expedições em busca de metais preciosos. seria o núcleo inicial da cidade do Rio de Janeiro, foi funda-
do, em 1565, pelo sobrinho do governador, Estácio de Sá,
Câmaras municipais para auxiliar na luta contra os franceses. Dois anos depois,
os franceses foram expulsos da região e a França Antártica
As vilas e cidades coloniais eram administradas pelas câ- foi destruída.
maras municipais, que representavam os interesses
de ricos proprietários chamados de homens bons. D. Luís de Vasconcelos, nomeado como quarto Gover-
nador-Geral, não chegou ao Brasil, pois sua esquadra foi
Por vezes, as câmaras municipais gozavam de enorme au-
destroçada por corsários franceses. Também morreram nes-
tonomia, ignorando leis impostas pela capital e apostando
sa ocasião quarenta jesuítas que acompanhavam o gover-
na ausência de qualquer punição, considerando a precarie-
nador. Ficaram conhecidos na história como os Quarenta
dade dos meios de comunicação e transporte.
Mártires do Brasil.
Governadores-Gerais O Brasil foi dividido em dois governos: o do norte, com capi-
tal em Salvador e governado por Luís de Brito Almeida,
§ Tomé de Souza (1549 – 1553)
e o do sul, com capital no Rio de Janeiro e governado por
Primeiro Governador-geral do Brasil. Chegou acompanhado Antônio Salema.
de aproximadamente mil homens (soldados, profissionais,
Luís de Brito Almeida ficou apenas quatro anos no poder. Ele foi
funcionários públicos, etc.) a fim de construir a primeira
substituído por Lourenço da Veiga, que governava quando, em
cidade do Brasil, Salvador, que se tornou a capital, sendo
1580, Portugal e sua Colônia passaram para o domínio espa-
originalmente denominada Salvador da Bahia de Todos os
nhol, na chamada União Ibérica.
Santos.
§ Duarte da Costa (1553-1558)
Conselho Ultramarino
Um novo grupo de jesuítas, dentre os quais o padre José
de Anchieta, desembarcou no Brasil acompanhado do se- D. João IV se tornou rei, pondo fim à União Ibérica depois
gundo Governo-Geral, que, juntamente com Manuel da da restauração do trono português, em 1640, quando foi
Nóbrega, fundou, em 1554, o colégio de São Paulo criado o Conselho Ultramarino, regulamentado em 1642.
de Piratininga, origem do povoado que se transformaria O novo órgão nasceu subordinado à Secretaria de Estado
na cidade de São Paulo. dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos e esta-
va encarregado exclusivamente da administração colonial,
A invasão francesa no Rio de Janeiro, em 1555, foi tam-
concluindo o processo iniciado em 1548 com a instalação
bém um fato marcante desse governo. Ela estava vinculada
do Governo-Geral, sendo um passo decisivo para a centra-
aos problemas enfrentados pelos franceses na extração do
lização administrativa colonial.
pau-brasil por causa do maior policiamento. Além disso,
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ECONOMIA COLONIAL, SOCIEDADE E INVASÕES HOLANDESAS

A cana-de-açúcar § A possibilidade de atrair investimentos externos.


§ Solo e clima favoráveis, especialmente o solo de massa-
(séculos XVI e XVII) pé e o clima quente e úmido do Nordeste.
§ O açúcar era um produto altamente lucrativo.
A cana-de-açúcar foi o produto escolhido para dar início
à ocupação econômica do Brasil por uma série de razões: § A aceitação do produto no mercado europeu.

§ A experiência portuguesa na produção de cana na cos- No Brasil, a atividade açucareira funcionava da seguinte ma-
ta africana (Cabo Verde, Madeira, São Tomé). neira: os portugueses ficavam responsáveis pela produção, e

113
os holandeses financiavam a montagem dos engenhos, bem A substituição da escravidão indígena pela escravidão dos
como controlavam o transporte, o refino e a comercialização negros foi favorecida pela questão da obtenção de escra-
do açúcar, obtendo a maior porcentagem de lucros. vos. Os índios brasileiros eram nômades e seminômades e,
portanto, migravam constantemente. Além disso, a exten-
A primeira grande divisão de terras foi fundamental para
são do território era outro fator que dificultava a captura
determinar o modelo de colonização. Esse modelo ficou co-
de índios. Já os negros eram obtidos na África por meio
nhecido como plantation e baseava-se em três elementos:
de escambos entre os traficantes e os próprios africanos,
grande propriedade (latifúndio), monocultura e tra-
que capturavam negros de tribos rivais e trocavam-nos por
balho escravo (escravismo).
aguardente, rapadura e fumo trazido do Brasil.
O rei simplesmente legalizava a escravidão do índio sob pre-
texto de defendê-lo. Para aprisionar índios, foram organiza-
dos as chamadas bandeiras, expedições que se tornaram
um dos principais fatores da atual extensão do território
brasileiro, principalmente na região mais ao sul do Brasil
Colônia (atual Sudeste).

A organização da produção
do engenho
A grande produção só começa oficialmente com Martim Negros no porão de um navio negreiro
Afonso de Souza, em 1533, em São Vicente. As construções Havia a prática de aborto, infanticídio, suicídio e o banzo”(-
principais são a casa-grande, a senzala, as estrebarias e caracterizando por greve de fome e depressão por conta da
as oficinas. As principais instalações do engenho são: moen- privação da liberdade). Menos comum, mas ocorrente, era o
da, caldeira e casa de purgar. ataque à casa do senhor e a sua família. A resistência negra
A unidade produtora da agromanufatura açucareira era o podia se dar por meio de fugas indivíduais, fugas coletivas e
engenho, que se constituía basicamente de: a formação de quilombos.
§ Casa do engenho: formada pelas instalações desti-
nadas à produção de açúcar. Engenhos e a sociedade
§ Casa-grande: residência, geralmente assobradada, Essencialmente a sociedade colonial era:
onde viviam o senhor e sua família. Nela também mo-
§ Inculta: pois mesmo os membros da elite só recebiam
ravam os empregados de confiança (capatazes) que
o ensino das “letras básicas”, que não passavam do
cuidavam de sua segurança. Era a central administra-
aprender a ler, escrever e contar de modo primário.
tiva das atividades econômicas do engenho.
§ Aristocrática: porque dominada pelos ricos propri-
§ Capela: local das cerimônias religiosas.
etários de terras e de escravos.
§ Senzala: habitação de um único compartimento, rústi-
§ Rural: porque a vida econômica baseava-se na agri-
ca e pobre, onde viviam os escravos.
cultura. A vida urbana ainda era muito incipiente, com
a quase totalidade da população habitando o campo.
§ Escravista: porque a força de trabalho baseava-se
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

na escravidão do índio ou do negro.


§ Sem mobilidade social: porque não havia oportu-
nidade para trabalhadores e escravos saírem de sua
condição e ascenderem socialmente.
Engenho de açúcar movido a água
§ Patriarcal: porque o proprietário rural e pai de família,
Escravidão negreira ao considerar-se responsável pelo provimento material
do lar, impôs a obrigação de ser respeitado e obedeci-
A escravidão dos negros permitia a obtenção de grandes do no âmbito familiar. Esse poder sobre a família era
lucros por parte dos traficantes portugueses, que domina- estendido à sociedade, já que, como dono das riquezas
vam áreas fornecedoras de escravos na África, como Ango- materiais, o senhor considerava toda a população não
la, Goa, São Tomé e, posteriormente, Moçambique. proprietária dependente dele.

114
Invasões holandesas Bahia e a invasão holandesa
(século XVII) (1624-1625)
A Companhia das Índias Ocidentais planejou a conquista
União Ibérica (1580-1640) da Bahia. Para os holandeses, conquistar o Nordeste bra-
sileiro significava assegurar o controle da produção açuca-
Em 1578, ocupava o trono português D. Sebastião, que reira, manter o funcionamento da economia metropolitana
viria a ser o último monarca da Dinastia de Avis. As dificul- e opor-se com eficácia ao embargo espanhol.
dades socioeconômicas e o espírito cruzadista levaram-no a
Atacadas de surpresa, as forças luso-brasileiras, coman-
lutar contra os mouros no norte da África.
dadas pelo bispo D. Marcos Teixeira e pelo governador
D. Sebastião desapareceu, não deixando herdeiros, durante Mendonça Furtado, foram forçadas a uma rápida rendi-
a batalha de Alcácer-Quibir. O velho cardeal D. Henri- ção em maio de 1624. O bispo escapou e refugiou-se no
que, único sobrevivente masculino da linhagem de Avis, as- Arraial do Espírito Santo, nos arredores de Salvador, de
sumiu a regência enquanto não se solucionava o problema onde iniciou a resistência, apoiado pelo governador de
da sucessão. Em 1580, o cardeal-regente morreu. Felipe II, Pernambuco, Matias de Albuquerque.
rei da Espanha, neto de D. Manuel, o Venturoso (o mes-
Embora tivessem obtido com certa facilidade a rendição
mo que organizara a esquadra de Pedro Álvares Cabral),
luso-brasileira, Jacob Willekens e Johan van Dorth, os co-
achou-se no direito de ocupar o trono português.
mandantes das forças holandesas, não conseguiram con-
Portugal ficou submetido à Espanha durante 60 anos. Con- solidar a conquista. Faltou-lhes maior apoio da Holanda
sequentemente, o Brasil também passou para o domínio que, envolvida na Guerra dos Trinta Anos contra a Espa-
espanhol, sofrendo alterações em sua estrutura interna e no nha, não enviou reforços, suprimentos, armas e munições.
seu relacionamento internacional.
A ocupação holandesa ficou ameaçada e não resistiu aos
Em 1580, quando da união das Coroas Ibéricas, Portu- frequentes ataques de grupos de guerrilheiros sediados no
gal viu-se envolvido pelas rivalidades espanholas, so- Arraial do Espírito Santo. Em maio de 1625, os holandeses
bretudo com relação à Holanda. Rebelados desde 1567 foram expulsos da Bahia.
contra os altos impostos e a repressão religiosa do cató-
lico Felipe II contra o calvinismo, os holandeses tiveram
de sustentar longos anos de lutas para preservar sua
Invasão holandesa em
liberdade diante do poderio espanhol. Visando preju- Pernambuco (1630-1654)
dicá-los, Felipe II decretou o fechamento dos portos do Em 1630, os holandeses decidiram atacar a Capitania de
Brasil, de Portugal e de qualquer domínio espanhol aos Pernambuco, a maior produtora de cana-de-açúcar, que
navios e comerciantes flamengos. tinha uma defesa menos eficiente que a da Bahia, além
de ser mais próxima da Europa.
A Holanda não teve outra alternativa senão lançar-se em
busca de mercadorias nas áreas produtoras. Paulatinamen- A resistência foi organizada pelo Governador-Geral Matias
te, a hegemonia holandesa se firmou no Oriente, à custa do de Albuquerque, mas os flamengos não encontraram difi-
recuo dos portugueses que, sem autonomia, dependiam de culdades para ocupar Olinda.
ações espanholas na região. Os holandeses contaram com o apoio de Domingos Fer-
nandes Calabar, profundo conhecedor da região que os au-
Assim, já nos últimos anos do século XVI, os holandeses ti-
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

xiliou em várias batalhas, inclusive na conquista do Arraial


nham atingindo o Oriente pela rota do Cabo, e, em 1602, do Bom Jesus.
fundaram a Companhia das Índias Orientais, que con-
Apesar da resistência, os holandeses conquistaram novas
quistou o monopólio do comércio oriental, compreendido
posições, consolidando sua ocupação de uma área que
entre o Cabo da Boa Esperança e o Estreito de Magalhães
ia do Rio Grande do Norte ao Sergipe. A Companhia das
por todo o Índico e o Pacífico.
Índias Ocidentais passou a organizar a administração da
Os holandeses fundaram, então, a Companhia das Ín- região conquistada.
dias Ocidentais, também conhecida pela sigla em inglês Tanto os senhores de engenho como os holandeses queriam
WIC (West Indian Company), monopolizando o comércio um ambiente de ordem e paz para que pudessem obter lu-
no Atlântico. A luta entre Espanha e Holanda impediu que cros com a atividade açucareira. A Companhia enviou ao Bra-
os holandeses se abastecessem de produtos americanos sil o conde João Maurício de Nassau Siegen, nomeado
como o açúcar e o tabaco. Governador-Geral do Brasil holandês (Nova Holanda).

115
Nassau, um governo habilidoso a Espanha, enfrentando dificuldades econômicas. Essas
dificuldades provocaram mudanças na atitude da Com-
(1637-1644) panhia das Índias Ocidentais em relação ao Brasil, ele-
Maurício de Nassau chegou ao Brasil em 1637 e desen- vando impostos e cobrando dívidas dos senhores de en-
volveu uma habilidosa política administrativa: genho. Os colonos passaram a lutar pela expulsão dos
holandeses, movimento iniciado em 1645 e conhecido
§ Obras urbanas: a cidade do Recife foi remodelada e
como Insurreição Pernambucana. Essa mudança
foram construídas pontes e obras sanitárias.
de atitude levou ao desentendimento entre Nassau e
§ Concessão de crédito: a Companhia concedeu cré-
a Companhia.
ditos aos senhores de engenho, destinados ao reapare-
lhamento dos engenhos, à recuperação dos canaviais e Com o fim da trégua dos dez anos assinada em 1641, Por-
à compra de escravos. tugal passou a lutar abertamente contra os holandeses, que
§ Vida cultural: o governo de Nassau promoveu a vin- se renderam em 1654.
da para o Brasil de artistas, médicos, astrônomos,
naturalistas, etc. As invasões holandesas e
§ Tolerância religiosa: as diversas religiões da po- suas consequências
pulação (catolicismo, protestantismo, judaísmo, etc.) A decadência da lavoura de cana-de-açúcar pode
foram toleradas pelo governo de Nassau. Deve-se notar, ser apontada como a principal consequência da expulsão
entretanto, que a religião oficial era o protestantis- dos holandeses do Brasil.
mo calvinista.
Os flamengos dominaram as técnicas de produção de ca-
Insurreição Pernambucana na-de-açúcar (plantation) e e se estabeleceram na região
das Antilhas. Assim, dominaram completamente o merca-
(1645-1654) do, mas sem depender de Portugal e da produção brasilei-
O trono português foi restaurado com a ascensão de D. ra, que não tinha como vencer a concorrência.
João IV, dando início à Dinastia de Bragança. Portugal as-
Restou a Portugal se aproximar da Inglaterra, que viria a se
sinou, em 1641, uma trégua de dez anos com a Holanda.
aproveitar da crise da lavoura açucareira para colocar Por-
A Holanda se beneficiaria com essa trégua por estar en- tugal sob sua esfera de influência, gerando uma tutela eco-
volvida na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) contra nômica e política que penduraria por quase dois séculos.

BANDEIRISMO, MINERAÇÃO E TRATADOS DE LIMITES

Bandeirismo e expansão em meados do século XVI. Ela faz parte da lógica de


exploração colonial numa região sem condições econô-
micas de utilizar o escravo africano em virtude do seu
territorial alto custos.
Em janeiro de 1554, os jesuítas fundaram o colégio que
Essa empreitada de captura dos índios pode ser dividida
deu origem à vila de São Paulo de Piratininga. Se, por um
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

lado, a localização geográfica de São Paulo dificultava o em duas fases. A primeira vai de meados do século XVI
contato com a região litorânea, por outro facilitava o aces- ao início do século XVII. Nesse período, os grupos de
so ao interior. apresamento, os sertanistas, pouco preparados e inex-
perientes, saíam de São Vicente, alcançavam o povoado
Em São Paulo foi organizada a maior parte das bandeiras de São Paulo e partiam para capturar os índios no inte-
em direção ao interior. A prática comum na região acabou
rior da mata inexplorada e desconhecida.
por dar a São Paulo a futura alcunha de “Terra dos Ban-
deirantes”. No final do século XVII, essas expedições, denominadas ban-
deiras, tornaram-se grandes negócios, verdadeiras empresas
Bandeirismo de apresamento que envolviam centenas de homens e muitos recursos.
A atividade de apresamento de indígenas, com o obje- O tráfico negreiro e os centros de abastecimento de es-
tivo de escravizá-lo, remonta ao início da colonização, cravos na África haviam sido dominados pelos holandeses.

116
Com isso, o apresamento dos indígenas tornou-se muito
Bandeirismo de caça ao ouro ou
cobiçado em razão dos grandes lucros que rendia.
sertanismo de prospecção
Nesse período, os jesuítas de São Paulo tentaram impedir
A perda do grande mercado comprador de mão de obra indí-
a saída das expedições, despertando uma reação imediata
gena em decorrência da crise da economia agrícola obrigou
dos colonos paulistas. Em 1641, tentaram expulsar os je- o bandeirismo a transferir seus esforços para outro objetivo:
suítas de São Paulo, fato conhecido como a botada dos a procura de metais preciosos.
padres para fora.
Percorrendo extensas regiões à procura de índios para es-
Formação de missões jesuíticas
cravizar, os bandeirantes, simultaneamente, abriram cami- O Governador-Geral Tomé de Sousa trouxe para o Brasil, em
nho para a integração e ocupação do interior. 1549, o primeiro grupo de jesuítas, liderados por Manuel da
Nóbrega. O principal motivo de sua presença na América era
A rivalidade entre jesuítas e bandeirantes se estendeu pe- promover a catequese dos nativos. Com esse intuito, funda-
los séculos XVII e XVIII, ficando muito violenta em várias ram vários aldeamentos conhecidos como missões ou redu-
situações, levando os dois lados a recorrer à Coroa Por- ções, onde educavam e catequisavam os nativos.
tuguesa. A contenda entre eles só foi resolvida durante o
Os jesuítas entravam com frequência em atrito com os colo-
governo do Marquês de Pombal, o qual, por não concordar
nos, pois não aceitavam a escravidão indígena. Eram cons-
com as práticas dos jesuítas, expulsou-os do Brasil, mas tantes os ataques de colonos, especialmente bandeirantes,
também proibiu a escravização de indígenas. aos aldeados, com o objetivo de capturar índios para utilizá-
-los como escravos.
Sertanismo de contrato Os jesuítas foram os principais responsáveis pela educação
O bandeirismo, ou sertanismo de contrato, era formado por colonial até sua expulsão, em 1759, de Portugal e do Brasil,
expedições de caráter militar, contratadas por governantes, por ordem do Marquês de Pombal, primeiro-ministro do rei
donatários e proprietários rurais para capturar escravos fu- D. José I.
gidos das lavouras, arrasar quilombos e submeter popula-
ções indígenas hostis. Mineração
O sertanismo de contrato assegurou aos grandes proprie- As primeiras jazidas de metais preciosos foram descobertas
tários de engenhos e plantações do litoral e aos criadores na última década do século XVII, por volta de 1693, por
de gado do sertão a posse de largas extensões de terras. bandeirantes paulistas, no território do atual estado de Mi-
nas Gerais. As expedições para a região das Gerais se mul-
tiplicaram, e a região se povoou rapidamente, tornando-se
Ataque a Palmares o mais importante centro econômico da Colônia no século
Os quilombos eram agrupamentos de escravizados fugi- XVIII. Depois do ouro de Minas Gerais, foram realizadas
dos que resistiam em várias partes do sertão, desde o século descobertas menos importantes no Mato Grosso (1718) e
XVI, tornando-se uma das mais relevantes formas de rebe- em Goiás (1725). Dessa forma, a atividade mineradora deu
lião dos cativos. Palmares, liderado por Zumbi, foi um dos impulso à ocupação do interior do Brasil.
quilombos mais importantes, situado ao sul de Pernambuco, Consequências da mineração
no atual estado de Alagoas..
As minas esgotaram-se no final do século XVIII, e a ati-
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A Coroa contratou um grupo de sertanistas já fixados em vidade mineradora entrou em declínio, bem como toda a
fazendas de gados no sertão da Bahia. Formavam um bando região, uma vez que não existia outra atividade que pu-
de quase mil homens, liderados por Domingos Jorge Velho. desse substituí-la. A mineração provocou profundas trans-
formações e consequências econômicas, sociais, políticas e
Depois de uma primeira tentativa fracassada, os sertanistas
culturais na Colônia.
organizaram uma nova expedição com a ajuda governa-
mental, e um novo ataque iniciou-se em janeiro de 1694. § Aumento populacional, em razão da descoberta das
minas.
Comandados por Zumbi e entricheirados na serra da Bar-
§ Urbanização, com a fundação de vilas e cidades, como
riga, os palmarinos resistiram até a morte. Zumbi e alguns Mariana, Vila Rica, São João del-Rei, Sabará e Congonhas
companheiros ainda conseguiram romper o cerco e fugir, do Campo, onde se desenvolveram atividades tipicamen-
mas foram capturados e mortos algum tempo depois. te urbanas de comércio, artesanato, marcenaria, etc.

117
§ Crescimento e diversificação de um segmento § Tratado de Lisboa (1681): a Espanha reconheceu a
médio na sociedade e ampliação da camada dos ho- Colônia de Sacramento como legítima possessão portuguesa.
mens livres. § Tratado de Utrecht (1713): estabelecia que o rio
§ Mais mobilidade social, pois a mineração possibilitou Oiapoque, ou Vicente Pinzón, seria considerado como
o enriquecimento e a melhoria na vida de muitas pes- limite entre o Brasil e a Guiana Francesa.
soas. § Tratado de Utrecht (1715): assinado entre Portugal
§ Surgimento do mercado interno para abastecer a e Espanha, na cidade de Ultrech, na Holanda, restabe-
região mineradora e desenvolvimento de rotas comer- lecia a posse da Colônia de Sacramento a Portugal, que
ciais. havia sido tomada pelos espanhóis.
§ Melhoria das estradas, com o intuito de favorecer o § Tratado de Madrid (1750): em relação à Colônia de
abastecimento das minas e controlar o fluxo do ouro. Sacramento, vigoraria o velho princípio de direito ro-
§ Mudança do eixo econômico do Nordeste para o mano do “uti possidetis, ita possideatis”, ou seja, as-
Centro-Sul. sim “como possuis, assim possuais”. Quem possui de
fato deve possuir de direito. A propriedade da terra foi
§ Transferência da capital da Colônia de Salvador para atribuída a Portugal, seu ocupante de fato. Portugal, no
o Rio de Janeiro (1763). entanto, aceitaria negociar a Colônia de Sacramento
§ Incentivo às artes, bem como desenvolvimento cultu- recebendo em troca as terras de colonização portugue-
ral da Colônia. sa além de Tordesilhas e uma região denominada Sete
§ Conflitos, como a Guerra dos Emboabas, entre paulis- Povos das Missões, localizada a noroeste do Rio
tas e forasteiros, pelo direito de explorar as minas, sobre Grande do Sul, onde existiam aldeamentos guaranis di-
as quais os paulistas queriam exclusividade. rigidos por jesuítas espanhóis. Portugal aceitou de ime-
§ Aumento da opressão fiscal, em razão da minera- diato. Ficou estabelecido também que, se porventura
ção, que fez aumentar os impostos e acirrar a fiscalização as duas nações entrassem em guerra na Europa, a paz
administrativa, burocrática e militar por parte da Coroa. deveria continuar reinando nas colônias da América.
§ Revoltas, em razão da forte opressão e dos altos im- § Tratado de El-Pardo (1761): assinado entre Es-
panha e Portugal, revogou o Tratado de Madrid. Em
postos, como a Revolta de Vila Rica e a Inconfidência
face da vigorosa resistência dos jesuítas espanhóis dos
Mineira.
Sete Povos das Missões, Portugal teve muitas dificul-
dades para ocupar aquela região, recebida em troca da
Tratados de limites Colônia de Sacramento. De 1754 a 1756, as tropas
Posteriormente ao Tratado de Tordesilhas, de 7 de junho de portuguesas e espanholas atacaram e venceram
1494, Portugal celebrou uma série de outros tratados com um grande número de índios na região. Todavia,
países europeus, visando solucionar problemas de frontei- terminada a luta, o comandante português, Gomes
ras do Brasil Colonial. Freire, julgou seguro apoderar-se da área que ain-
da contava com muitos índios rebelados. Todo o
O Tratado de Tordesilhas foi deixado de lado, uma vez que
Tratado de Madrid perdera sua validade, sendo anulado
os bandeirantes, as missões jesuíticas e os criadores de gado
pelo Tratado de El Pardo.
não o respeitavam mais.
§ Tratado de Santo Ildefonso (1777): no reinado de
As desavenças entre portugueses e espanhóis no Sul giravam
D. Maria I, os portugueses cederam os Sete Povos das
em torno da Colônia de Sacramento, surgida em 1680, na
Missões à soberania espanhola, celebrando o acordo
margem esquerda do rio da Prata. Os portugueses fundaram
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essa colônia comprometendo a segurança de Buenos Aires, que transferia à Espanha o controle exclusivo sobre o
prestes a se tornar vice-reino espanhol. Os espanhóis ataca- rio da Prata.
ram Sacramento e aprisionaram todos os seus ocupantes. § Tratado de Badajós (1801): os conflitos travados
em solo europeu entre Portugal e Espanha surtiram
Colônia de Sacramento efeitos sobre os seus territórios na América e resul-
A Colônia do Santíssimo Sacramento foi fundada em 1680, taram na assinatura do Tratado de Badajós. Embora
na margem esquerda do rio da Prata, próxima a Buenos Ai- ele tenha determinado que a Colônia de Sacramento
res, pelo governador e capitão-mor da capitania do Rio de passaria para a Espanha e tenha se omitido em relação
Janeiro, D. Manuel Lobo. O avanço português em direção aos Sete Povos das Missões, passado algum tempo, os
ao Sul, especialmente na região da Bacia do Prata, visava gaúchos recuperaram a região de Sete Povos e incor-
garantir acesso às minas de prata de Potosí, bem como ao poraram-na definitivamente ao Brasil, em 1804, com o
comércio no estuário platino. reconhecimento da Espanha.

118
CRISE DO SISTEMA COLONIAL, REVOLTAS NATIVISTAS
E MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS

Sistema colonial em crise opunham à escravização dos índios.


Em busca de uma solução para a questão da escassez de mão
A crise do sistema colonial brasileiro resultou, além do co- de obra escrava, a coroa portuguesa criou, em 1682, a Com-
lapso do mercantilismo português, das próprias contradi- panhia Geral de Comércio do Maranhão, que seria responsável
ções internas da colonização. A partir da segunda metade pelo monopólio do comércio de escravos na região pelo perí-
do século XVIII, exatamente por ocasião do apogeu da eco- odo de 20 anos. Ela deveria garantir a entrega, na capitania,
nomia mineradora, as relações e interesses entre a Colônia de 500 escravos negros por ano.
e a Metrópole começaram a apresentar suas contradições. Entretanto, a Companhia Geral de Comércio não cumpriu

Rebeliões nativistas
suas funções de modo satisfatório: trazia poucos e caros
escravos. A companhia também não oferecia valores sa-
As primeiras rebeliões não ocorreram em defesa da inde- tisfatórios pelos produtos produzidos pelos colonos. Esses
pendência do Brasil. Na verdade, eram a expressão dos fatos causaram grande descontentamento e provocaram
conflitos de interesses entre os habitantes da Colônia e uma revolta contra a Companhia e contra os jesuítas.
os portugueses ou reinóis. Essas manifestações, denomi- Comandados por Jorge Sampaio e pelos irmãos Manoel
nadas rebeliões nativistas, por serem comandadas pela e Tomás Beckman, grandes proprietários de terras, auxi-
população “nativa”, a princípio contestavam aspectos liados por outros fazendeiros, expulsaram os jesuítas do
específicos do pacto colonial e não a dominação da Me- Maranhão, fecharam os armazéns da Companhia Geral de
trópole. Elas eram regionalistas e não expressavam uma Comércio e tomaram o poder na capitania.
consciência nacional, uma vez que a ideia de nação foi A revolta levou à abolição do monopólio da Companhia e à
construída posteriormente. nomeação de Gomes Freire de Andrade como novo gover-
nador do Maranhão. Contudo, ao chegar de Portugal em
Aclamação de Amador Bueno (1641) 1685, o governador determinou a prisão e o enforcamento
Em 1641, os paulistas, incitados pelos espanhóis que mo- de Manoel Beckman, líder da rebelião, e a condenação dos
ravam na região, tentaram se desligar de Portugal e acla- demais envolvidos à prisão perpétua ou ao degredo.
maram rei Amador Bueno de Ribeira, membro de uma rica
família de origem hispânica. Guerra dos Emboabas (1708-1709)
O que incomodava os espanhóis era o fato de Portugal ter Os paulistas ficaram profundamente incomodados com
restaurado seu trono e coroado D. João IV, rei que os hispâ- esse grande fluxo de forasteiros em Minas Gerais, uma vez
nicos não reconheciam. que atribuíam a si a façanha de descobridores das minas.
A notícia da coroação do novo rei foi recebida festivamen- Os portugueses, por sua vez, como representantes da coroa
te. Os motivos para isso foram a atitude dos espanhóis de na Colônia, acharam-se no legítimo direito desse privilégio
insuflar a população contra Portugal e o desejo dos pau- e assumiram a exclusividade da exploração das minas.
listas em manter o comércio com a região do rio da Prata. Uma série de conflitos armados ocorreu na região. Derrota-
Um grande número de pessoas se dirigiu à casa de Ama- dos, muitos paulistas saíram da região em direção ao oeste
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dor Bueno, aclamando-o rei de São Paulo. Contudo, gra- de Minas Gerais. Ali, descobriram novas minas e iniciaram a
ças à insistente recusa do aclamado, o ânimo da popu- ocupação dos territórios dos atuais estados de Mato Gros-
lação esfriou e o movimento não chegou a passar de um so e Goiás.
episódio histórico que deixou um legado significativo: a
noção de que era possível unir pessoas contra Portugal. Guerra dos Mascates (1710-1711)
O conflito denominado Guerra dos Mascastes ocorreu
Revolta de Beckman (1684) em função das diferenças de interesses entre os senhores
No Maranhão, a falta de escravos para as plantações tor- de engenho, cuja maioria morava em Olinda, então sede
nou-se um grave problema. A solução encontrada pelos pro- do poder público da capitania de Pernambuco, e os co-
prietários de terras foi a escravização de indígenas. Contudo, merciantes do Recife, de maioria portuguesa, chamados
logo se defrontaram com a resistência dos jesuítas, que se pejorativamente de mascates.

119
Em 1709, Recife ganhou autonomia em relação à Olinda, Gradativamente, foi amadurecendo uma incipiente ideia
uma vez que foi elevada à categoria de vila. Inconformados, da necessidade de defesa da liberdade política, econômica
os senhores de engenho, moradores de Olinda, invadiram e cultural da Colônia. As lutas não mais se restringiam à
Recife e destruíram o pelourinho, símbolo da autonomia da simples resistência aos monopólios ou aos impostos, mas
vila. Os mascates revidaram o ataque, desencadeando uma se voltavam contra o pacto colonial e a favor do rompimen-
série de conflitos entre as duas vilas. to político de dependência da Metrópole.
Os combates só terminaram em 1711, mediante a firme
intervenção das autoridades coloniais. No mesmo ano Inconfidência Mineira (1789)
chegaram à Colônia as novas autoridades enviadas pela
Coroa portuguesa. Embora conciliador, o novo governa- A Inconfidência Mineira foi o primeiro movimento a pregar
dor vindo de Portugal confirmou a autonomia de Recife, a separação política da capitania de Minas Gerais em rela-
que foi transformada em capital de Pernambuco. ção a Portugal, uma vez que a ideia de Brasil ainda não era
consistente. A Inconfidência Mineira ocorreu em 1789, em
Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto. Entre as causas que
Revolta de Filipe dos Santos determinaram o movimento, é possível destacar:
ou de Vila Rica (1720) § os excessos cometidos pelas autoridades portuguesas
para administrar a região das Minas;
Em 1719, devido à criação das casas de fundição em Mi-
§ a decadência da produção de ouro e o sistema de co-
nas Gerais, a circulação de ouro em pó foi proibida, fa-
brança dos quintos. Caso a arrecadação do ouro não
tor que criou diversos inconvenientes para a população
chegasse a 100 arrobas (cerca de 1,5 mil quilos), era
da cidade, que estava acostumada a usá-lo como moeda
decretada a derrama: a diferença que faltava para com-
corrente. Além disso, as casas de fundição tornavam mais
pletar a quantia determinada era cobrada de toda a
efetivo o controle da Coroa portuguesa sobre o imposto do
população pela força das armas;
quinto, ou 20% do ouro encontrado no Brasil. Ao fundir as
barras de ouro, já era realizada a cobrança do imposto. As § as ideias liberais trazidas por brasileiros que estudavam
punições sobre quem fosse pego sonegando o pagamento nas universidades europeias; e
do imposto aumentaram e se tornaram mais severas. § a independência dos Estados Unidos, cujos colonos,
também revoltados contra o sistema fiscal de sua me-
Essas medidas causaram forte impacto sobre os minerado-
trópole, tinham conseguido se libertar da Inglaterra.
res, provocando uma revolta, que eclodiu em 1720, sob a
liderança de Filipe dos Santos. As principais reivindicações Os objetivos dos inconfidentes eram os seguintes:
do movimento eram: redução de impostos sobre a ativida- § estabelecer um governo independente de Portugal,
de mineradora, diminuição dos preços dos produtos cujo abolindo todos os vínculos coloniais;
comércio era monopolizado pelos portugueses e fecha- § adotar o regime republicano;
mento das casas de fundição.
§ instituir o serviço militar obrigatório;
Os revoltosos procuraram o governador das minas – o § adotar uma bandeira com o lema Libertas quae sera
conde de Assumar – e apresentaram suas reivindicações. tamen (Liberdade ainda que tardia);
O governador prometeu atendê-los. Na verdade, ganhou
§ criar indústrias, particularmente a têxtil e a bélica;
tempo para organizar tropas e, em seguida, ordenou que
§ transformar São João del-Rei na sede do governo; e
suas tropas invadissem Vila Rica, prendessem os insurretos
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e reprimissem violentamente qualquer tipo de manifesta- § criar uma universidade em Vila Rica.
ção. Alguns mineradores foram punidos com o degredo e Os inconfidentes foram traídos e denunciados por três partici-
Filipe dos Santos foi enforcado e esquartejado. pantes da conspiração. Eles procuraram o então governador,
Visconde de Barbacena, e delataram o movimento.
Movimentos emancipacionistas Barbacena expediu ordens de prisão contra os inconfidentes
e deu início ao processo de devassa, que durou até 1792.
O aumento do número de profissionais liberais e de ho- Feita a triagem, 30 conjurados, acorrentados e algemados,
mens livres, o desenvolvimento das classes proprietárias, a ouviram a sentença pelos seus “hediondos crimes e infâ-
influência das ideias liberais da Europa e da independência mias” praticados contra Portugal: nove foram condenados
dos Estados Unidos ajudaram a desenvolver na Colônia a à morte na forca, e os outros, ao degredo perpétuo. Sobre
consciência da opressão colonial. Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, considerado lí-

120
der, recaiu a violência maior da devassa: foi condenado à A insatisfação popular foi impulsionada pelos ideais da
morte na forca e ao esquartejamento. Revolução Francesa, pelo sucesso da independência das
Treze Colônias Inglesas, pelas ideias iluministas divulga-
das por lojas maçônicas, como a dos Cavaleiros da Luz,
e pelo propagandista dessas ideias, o cirurgião e filósofo
Cipriano Barata.
A rebelião baiana propunha mudanças verdadeiramente re-
volucionárias na estrutura da Colônia. Pregava a igualdade
de raça e cor, o fim da escravidão (inspirados nos processo
de independência do Haiti) e a abolição de todos os privi-
Bandeira dos inconfidentes que inspirou a légios, o que permite considerá-la a primeira tentativa de
atual bandeira doEstado de Minas Gerais. revolução social no Brasil. No dia 12 de agosto de 1798,
a cidade de Salvador amanheceu com os muros cheios de
Conjuração Baiana ou panfletos. Os rebeldes desejavam conclamar o povo por
meio dos informes espalhados pela cidade.
Revolta dos Alfaiates (1798) Entretanto, a pouca organização e preparação dos rebeldes
Em 1798, ocorreu em Salvador a Conjuração Baiana, resulta- e o grande número de analfabetos facilitaram a rápida ação
do da insatisfação das camadas médias urbanas e da popula- do governo. No dia 25 de agosto, a prisão da maioria dos
ção pobre com o agravamento da crise econômica da região. envolvidos destruiu qualquer possibilidade de levante. Os
Foi um movimento de caráter popular, também denominado líderes negros e mestiços foram presos. Os únicos brancos
Revolta dos Alfaiates (ou Revolta dos Búzios), graças ao consi- detidos foram Cipriano Barata e Aguilar Pantoja. Depois do
derável número de participantes que exerciam essa profissão. julgamento, quatro envolvidos foram condenados à forca:
os mestiços João de Deus Nascimento, Manuel Faustino dos
A situação econômica provocou desemprego, fome e mi- Santos, Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens. Como
séria, além de deixar a região fora do interesse dos comer- sempre acontecia nesses casos, foram executados e esquar-
ciantes, que preferiam enviar seus produtos para o Sudeste tejados para servir de exemplo.
e o Sul, onde encontravam melhores preços.

PERÍODOS POMBALINO E JOANINO

As reformas pombalinas Outro objetivo da política pombalina foi perseguir im-


placavelmente os jesuítas, expulsá-los da Metrópole e
(1750-1777) das colônias e confiscar-lhes os bens.
Entre as alterações na divisão administrativa da Colônia,
Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pom- foi extinto o sistema de capitanias hereditárias, e
bal, foi primeiro-ministro do Rei D. José I entre os anos de o Estado do Brasil foi elevado à categoria de vice-reino,
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1750 a 1777. Influenciado pelas ideias iluministas, procu- com o objetivo de possibilitar maior controle dos exce-
dentes coloniais.
rou realizar em Portugal um governo nos moldes do des-
potismo esclarecido. Quando morreu D. José I, Em 1777, o governo de Pom-
bal apresentava fortes sinais de desgaste. Havia acu-
Os objetivos de Pombal eram: modernizar a administra-
mulado vários fracassos e assistia ao crescimento da
ção pública portuguesa; implementar uma série de medi-
oposição de seus velhos inimigos: clero e nobreza, que
das com o intuito de ampliar e maximizar os lucros pro- tiveram um momento de triunfo com a ascensão de D.
venientes da exploração colonial; e tornar a Metrópole Maria I, adversária das “ideias francesas”, como eram
menos dependente das importações de produtos indus- conhecidas as ideias Iluministas. Pombal foi demitido e
trializados, incentivando a instalação de manufaturas em o novo governo revogou boa parte de sua obra, num
Portugal e na colônias (principalmente o Brasil). processo denominado sugestivamente de Viradeira.

121
Período Joanino (1808-1821) O embarque e fuga da Corte portuguesa para o Brasil foi re-
alizado às pressas, com cerca de 15 mil pessoas fugindo ape-
nas um dia antes das tropas napoleônicas ocuparem Lisboa.
A transferência da Corte
Na manhã do dia 29 de novembro de 1807, partia a esquadra
portuguesa para o Brasil britânica, transportando o Estado luso para o Rio de Janeiro.
No início do século XIX, a Europa estava quase inteiramen- A população portuguesa assistiu atônita a toda essa movi-
te sob o domínio de Napoleão Bonaparte, imperador da mentação. Não podia acreditar que estava sendo abandona-
França. Em 1806, em mais uma investida contra a Inglaterra, da pela Coroa e demais membros do Estado, ficando total-
Napoleão decretou o Bloqueio Continental, obrigando mente desamparada para enfrentar as tropas francesas.
todas as nações da Europa a fecharem seus portos ao co-
Junot, general francês responsável pela tomada de Lisboa,
mércio inglês.
apesar de estar com sua tropa muito desfalcada, não encon-
Portugal era governado pelo Príncipe Regente D. João, pois trou dificuldade para tomar a cidade.
sua mãe, a rainha D. Maria I, encontrava-se impedida de
exercer suas funções por sofrer das faculdades mentais. A abertura dos portos às
Portugal não queria aderir ao Bloqueio Continental porque
a economia portuguesa dependia basicamente da Inglaterra.
nações amigas (1808)
A Inglaterra, por sua vez, também não queria perder seu ve- Ao desembarcar em Salvador, o Príncipe Regente D. João
lho aliado, principalmente porque o Brasil representava um assinou a Carta Régia de 28 janeiro de 1808, determinan-
excelente mercado consumidor de seus produtos. Além disso, do a abertura dos portos brasileiros às nações amigas
Portugal tinha uma grande dívida financeira com a Inglaterra. de Portugal. Essa medida marcou o fim do Pacto Colo-
Pressionado pelo embaixador inglês Lorde Strangford, D. nial, uma vez que extinguiu o monopólio português sobre
João assinou uma convenção secreta com a Inglaterra, me- o comércio brasileiro. No entanto, tal medida tinha caráter
diante a qual a Família Real Portuguesa seria transferida para transitório; deveria vigorar apenas no período em que a
o Brasil escoltada por uma esquadra britânica. O acordo es- Corte portuguesa permanecesse no Brasil.
tabelecia ainda que a Inglaterra teria direito a um porto livre Com a Família Real instalada no Rio de Janeiro, iniciou-se
na Ilha da Madeira e outro em Santa Catarina, bem como um período de desenvolvimento econômico e político no
poderia comercializar livremente com o Brasil. Brasil, criando bases fundamentais para sua independência
política.

A liberdade industrial e outras


medidas econômicas
D. João assinou o Alvará de Liberdade Industrial, per-
mitindo a instalação de manufaturas e fábricas no Brasil
e anulando as proibições impostas pelo Alvará de 1785,
assinado por sua mãe, D Maria I.
Com a criação de algumas manufaturas têxteis e siderúrgi-
cas, ocorreu um relativo surto industrial, mas a medida não
D. João VI. Partida do príncipe regente de Portugal para foi suficiente para promover a industrialização no Brasil.
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o Brasil, 27 de novembro de 1807. Litogravura, de F.


Bartolozzi (gravador) e H.L.E. Vêque (desenhista). Não havia capital suficiente para ser aplicado em fábricas,
o mercado consumidor era pequeno, a concorrência ingle-
Ao tomar conhecimento do acordo anglo-português, Napo-
sa era insuperável, e, principalmente, o investimento do ca-
leão Bonaparte assinou com a Espanha o Tratado de Fon-
pital estava voltado quase exclusivamente para o mercado
tainebleau, estabelecendo a invasão de Portugal por tropas
de escravos.
franco-espanholas, a deposição da dinastia de Bragança e a
divisão das colônias portuguesas entre os dois países. Entre- O Príncipe Regente determinou a criação da Casa da Mo-
tanto, Napoleão rompeu o acordo com a Espanha e, durante eda, responsável pela emissão monetária, e do Banco do
a marcha francesa em direção a Portugal, ocupou o território Brasil, que serviria para atender às necessidades bancárias
espanhol com suas tropas, depondo o rei da Espanha. Ao das elites portuguesas e brasileiras e regulamentar a arre-
mesmo tempo, era iniciada a invasão francesa no território cadação tributária, extremamente necessária para custear
português. o aparelho burocrático montado no Brasil.

122
Tratados de 1810 A Revolução Pernambucana de 1817
Em 1810, Lorde Strangford, representante inglês, e Sousa A presença da Corte portuguesa no Rio de Janeiro deman-
Coutinho, ministro de D. João, firmaram os seguintes acor- dava altos gastos para o Estado e, para sustentá-la, D. João
dos: o Tratado de Aliança e Amizade e o Tratado de promovia constantes aumentos de tributos, elevando
Comércio e Navegação, que estabeleciam: ainda mais o custo de vida e a expropriação dos brasileiros.
§ nomeação de juízes ingleses para julgar os súditos bri- Esse cenário levou alguns segmentos sociais pernambuca-
tânicos que viviam no Brasil; nos, influenciados pelas ideias iluministas, pela Revolução
§ liberdade religiosa para os ingleses (na sua maioria pro- Francesa e pelo liberalismo político do movimento de Inde-
testantes anglicanos); pendência dos EUA, a organizarem um movimento revolu-
cionário cujo objetivo era a independência de Pernambuco.
§ cobrança de taxa de 15% na importação de mercadorias
inglesas, mais baixa que os 16% cobrados das mercado- Os revolucionários pernambucanos queriam a adoção de
rias portuguesas e que os 24% cobrados de mercadorias uma República Federalista, o fim dos monopólios
de outras nacionalidades; comerciais e dos tributos excessivos, a adesão de ou-
§ um porto livre: o de Santa Catarina; tras províncias do norte e nordeste contrárias à presença da
§ proibição da atuação da Santa Inquisição no Brasil, que Corte portuguesa no Brasil e o fim das políticas implemen-
julgava quaisquer desvios da fé católica; tadas pelos portugueses.
§ gradual extinção do tráfico negreiro para a Colônia. Os revoltosos anteciparam o levante, tomando o poder e
instituindo um governo provisório. Enquanto não era con-
O resultado direto desses acordos foi a total abertura vocada uma Assembleia Constituinte, foi instituída uma Lei
do mercado consumidor brasileiro aos produtos Orgânica, que determinava a adoção do regime republica-
ingleses.
no e a liberdade de comércio e de imprensa.
Nos 13 anos em que permaneceu no Brasil, D. João tomou A reação do governo português foi imediata. Enviou
uma série de medidas que contribuíram para o desenvolvi- tropas da Bahia e do Rio de Janeiro, que bloquearam
mento e a autonomia do Brasil: o porto de Recife e atacaram os revoltosos por terra e
§ instalação da imprensa e da Biblioteca Régia; mar. Despreparado, o exército revolucionário foi derro-
§ criação do Horto Real (Jardim Botânico); tado facilmente pelas tropas leais ao governo Joanino.
§ criação das Escolas de Medicina de Salvador e do Rio A política externa
de Janeiro;
O Período Joanino foi marcado por intensos combates
§ criação da Escola de Comércio e da Escola Real de Ar-
visando à defesa do território ou à anexação de alguma
tes, Ciências e Ofícios;
região, sempre usando como pretexto a ameaça francesa
§ financiamento de uma Missão Artística Francesa, lide- ou espanhola.
rada por Joachim Lebreton, que trouxe para o Brasil
Em 1809, com o apoio militar britânico, D. João VI ordenou
pintores como Nicolas Taubay e Jean-Baptiste Debret,
a invasão da Guiana Francesa. Embora tenha sido ane-
o escultor Auguste Taunay, o arquiteto Grandjean de
xado pelo Brasil, o território foi devolvido para a França em
Montigny e o gravador Marc Ferrez; a Missão lançou as
1817, por determinação do Congresso de Viena.
bases para a Real Academia de Belas Artes;
Em 1816, o velho sonho português de estender as fronteiras
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§ fundação da Academia Real Militar e Academia da Ma-


brasileiras até o rio da Prata se tornou realidade com a inva-
rinha;
são do Uruguai. Liderados pelo general Lecor, as tropas lu-
§ criação da Fábrica de Pólvora; so-brasileiras dominaram Montevidéu em 1821. A região foi
§ criação das fábricas de ferro Ipanema (Sorocaba-SP) e anexada ao Brasil com o nome de Província Cisplatina.
Patriótica (Congonhas-MG); Em 1828, ao conquistar sua Independência, ganhou o nome
§ inauguração do Real Teatro São João, no Rio de Janeiro; de Estado Oriental do Uruguai.
§ instalação de novos bairros, sistema de esgoto, drena-
gem dos pântanos e calçamentos das ruas principais Revolução Liberal do Porto (1820)
do Rio de Janeiro. Depois da queda de Napoleão Bonaparte, o seu Império
esfacelou-se. Os governos europeus trataram de se unir
para planejar a reordenação política da Europa. Organizou-

123
-se, então, de 2 de maio de 1814 a 9 de julho de 1815, o Dessa forma, os burgueses que defendiam uma Monarquia
Congresso de Viena, que, de fato, foi uma conferência entre Constitucional começaram a se sentir fortalecidos. Entre
os embaixadores das principais potências europeias com o 1817 e 1818, ocorreu o primeiro levante burguês de cunho
objetivos de reordenar o mapa político da Europa, restabe- liberal; e, em 1820, teve início a Revolução Liberal do
lecer a colonização e tentar reviver o mundo colonial, além Porto, que reivindicava a volta de D. João VI para Portugal
de reconduzir ao trono as famílias reais subjugadas por Na- e a assinatura e o juramento de fidelidade à Constituição
poleão, resgatando o Absolutismo. que seria elaborada, transformando o país numa Monar-
No Brasil, com a morte da rainha-mãe, D. Maria I (1816), quia Constitucional.
D. João foi, em 1818, aclamado rei com o título de D. Quanto ao Brasil, os liberais portugueses resolveram que
João VI. Em Portugal, por sua vez, o rei era representado todas as concessões feitas aos colonos deviam ser anula-
pela Regência do governo militar britânico de William Carr das, uma vez que defendiam a recolonização do Brasil. Sob
Beresford, o que provocava o descontentamento da popu- a ameaça de perder o trono, D. João VI voltou para Lisboa
lação e o acirramento da oposição ao governo do marechal no dia 25 de abril de 1821. Um de seus filhos, D. Pedro,
inglês. ficou como príncipe regente do Brasil.

PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIA DO
BRASIL E DA AMÉRICA ESPANHOLA

Processo de independência integrantes temiam que a luta pela independência cau-


sasse mudanças na estrutura econômico-social do país,
do Brasil como a extinção do escravismo.
§ O grupo dos Radicais Liberais, liderado por Gonçal-
Em 1820 a burguesia de Portugal conseguiu se desven- ves Ledo, defendia que a independência fosse acom-
cilhar da ocupação inglesa, processo que deu início à re- panhada por reformas – abolição da escravatura, esta-
volução liberal e à convocação extraordinária das Cortes belecimento de um sufrágio amplo e mais autonomia
Constituintes de Lisboa para a elaboração da primeira das províncias.
Constituição portuguesa.
Os grupos dos Brasileiros e dos Radicais Liberais se uniram
Depois de algumas hesitações, D. João VI partiu no dia 25 nos anos de 1821 e 1822, lutando pela mesma causa: a
de abril de 1821, deixando D. Pedro como regente no go- independência.
verno do Brasil.
Era importante que houvesse um posicionamento claro do
O caráter recolonizador das Cortes gerou a reação príncipe regente. Pressionado pelo presidente do Senado e
anticolonialista dos brasileiros. Porém, a burguesia da Câmara, comprometeu-se diante do povo a permanecer
portuguesa não permitiu a separação. Por outro lado, a aris- no Basil. Essa decisão foi solenizada no Dia do Fico (9 de
tocracia rural brasileira não podia admitir a volta ao status janeiro de 1822). Além disso, foi convocada uma Assem-
colonial. Os grupos anticolonialistas haviam se fortalecido e bleia Geral e Constituinte.
seus ideais foram propagados e popularizados.
As tropas metropolitanas sediadas no Brasil movimenta-
Perante a ação das Cortes e a regência de D. Pedro, forma- ram-se contra o regente D. Pedro. Em desespero, as Cortes
ram-se três grandes agrupamentos políticos no Brasil:
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

de Lisboa tomaram medidas radicais: declararam ilegítima


§ o Partido Português, formado principalmente por mi- a Assembleia Constituinte reunida no Brasil, o governo do
litares reinóis e por comerciantes portugueses radicados príncipe foi declarado ilegal e ele foi convocado a regressar
nas cidades brasileiras mais importantes, beneficiários imediatamente para Portugal.
da antiga política mercantilista e defensores da política Em agosto de 1822, D. Pedro viajou para São Paulo. José
recolonizadora das Cortes. Bonifácio enviou um mensageiro ao encontro de D. Pedro,
§ o Partido Brasileiro, formado por grandes proprie- no Ipiranga, em São Paulo. D. Pedro proclamou a inde-
tários de terras e de escravos, altos funcionários da pendência em 7 de setembro de 1822.
burocracia governamental e comerciantes brasileiros e O Império de D. Pedro I consolidaria a hegemonia dos lati-
ingleses. Liderado por José Bonifácio, o Partido Brasi- fúndios; o regime de trabalho escravo esvaziaria o ideal re-
leiro era a principal força no processo de independência, publicano, refutando o federalismo e optanado por uma for-
embora fosse caracterizado pelo conservadorismo. Seus ma unitarista, com o poder centralizado no Rio de Janeiro.

124
É possível associar a Independência do Brasil aos interesses federativa, renunciando ao centralismo que provocara
externos, com destaque para a atuação da Inglaterra, uma vez disputas acirradas.
que o país ambicionava a ampliação dos mercados consumi- Na América Central, depois da vitória de Iturbide, os cabil-
dores para seus produtos manufaturados. Ressalte-se ainda dos começaram a declarar sua independência. Em 1823,
que a maior parte da população não participou do processo formaram as Províncias Unidas da América Central.
de independência do Brasil, uma vez que ele foi tão somente Em face da tentativa de domínio da Guatemala sobre os
um acordo entre os detentores do poder econômico e político demais, a união começou a desintegrar-se, originando as
que seria mantido no futuro Império. regiões autônomas da Guatemala, Nicarágua, Honduras, El
A Independência brasileira foi sui generis no contexto ame- Salvador e Costa Rica. Esse processo de separação foi con-
ricano. O Brasil foi o único país, com exceção do México, a cluído somente em 1888.
adotar a monarquia como forma de governo. O processo de
rompimento com a metrópole foi liderado por um represen- América do Sul
tante das elites dominantes, ou seja, por um defensor dos seus
interesses e os de outros países, como os da Inglaterra, por A campanha de Bolívar
exemplo, que não precisava, nem desejava, o apoio popular. Simon Bolívar teve uma importante participação nas in-
O liberalismo da Independência brasileira era essencialmente dependências da Colômbia (1819), da Venezuela (1821),
econômico, não político nem social. O que explica a marginali- do Equador (1830) e da Bolívia (1825). A origem desses
zação popular e a manutenção da escravidão. países não fazia parte do seu projeto, que visava à consti-
tuição de uma nação forte e coesa, formada pela união dos
Os grupos dominantes temiam que a América Portuguesa se povos de uma mesma língua.
fragmentasse politicamente, como ocorria na América Espa-
nhola. Em razão disso, firmaram com D. Pedro um acordo por
meio do qual a monarquia aproveitaria o aparelho burocrático
Independência do Vice-reino de Nova
já instalado, mantendo um governo centralizado e afastando
Granada e da Capitania Geral da Venezuela
os grupos sociais indesejados das decisões políticas. Em 1806, ocorreu uma primeira tentativa de independên-
cia num movimento liderado por Francisco de Miranda.
A independência da Com receio, no entanto, de que se repetissem os aconte-

América espanhola cimentos ocorridos no Haiti, a própria elite criolla aliou-se


ao exército realista. Em 1810 foi instalado um congresso
A Independência das colônias espanholas na América foi eleito num pleito em que apenas os homens com emprego
autônomo e renda poderiam votar. Em 5 de julho daquele
um processo que resultou na fragmentação dos anti-
ano, foi proclamada a independência da Venezuela. A
gos vice-reinos e na criação de diferentes países.
Primeira República tinha uma característica federalista: as
diversas províncias que a constituíam tinham grande poder
México e América Central de decisão e autonomia.
O Vice-Reino da Nova Espanha corresponde à parte do ter- O federalismo foi duramente criticado por Bolívar, que via
ritório do México atual. As notícias a respeito da deposição nele um instrumento fragilizado. A situação em Nova Gra-
de Fernando VII, em 1808, pelas tropas napoleônicas, foram nada era de disputa entre federalistas, que defendiam a au-
o estopim para o acirramento dos conflitos políticos entre os tonomia das diversas províncias, e centralistas, defensores
peninsulares (espanhóis de nascimento), denominados rea- de um poder unitário centralizado. Em 1813, em Caracas,
listas, e os criollos (espanhóis nascidos na América), chama- Bolívar liderou o movimento contra o domínio espanhol.
dos autonomistas. A proposta de subordinação à Espanha A Segunda República também não resistiu e, em 1814,
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

acabou vencendo a disputa contra os autonomistas criollos. Bolívar e seus seguidores voltaram para Nova Granada.
O ambiente de tensão política persistiu no México e na Amé- Em 1819, o exército de Bolívar cruzou os Andes e entrou
rica Central. Em 1821, foi promulgado o Plano de Iguala, na cidade de Bogotá. A repercussão da vitória na Colômbia
que defendia os princípios liberais da Constituição de Cádiz. abriu caminho para negociações e mais apoio ao exército
O plano tinha por objetivo estabelecer a base constitucional bolivariano, que libertou a Venezuela em 1821.
para um Império Mexicano Independente.
A campanha de San Martín e as
O idealizador do Plano de Iguala, assinado na cidade de Igua-
independências da Argentina, Chile e Peru
la, atual Guerrero, Agustín de Iturbide, tornou-se imperador em
1821, marcando a ruptura política definitiva com a Espanha. O libertador da porção meridional do continente foi José
Por ser muito centralista, o Império de Agustín teve curta de San Martín, que nasceu em 1778, na atual província
duração. Em 1824, o México estabeleceu uma república de Corrientes (Argentina).

125
Durante as discussões sobre a legitimidade do governo de enfrentou novos distúrbios e, em 1825, teve início um levan-
Bonaparte na Espanha, Buenos Aires jurou lealdade ao rei te que contou com a ajuda dos argentinos. Em 1828, houve
Fernando VII, mas recusou fidelidade à Junta Central. Nesse o estabelecimento do Estado Oriental do Uruguai,
imbróglio, a cidade, em 1810, declarou-se cabildo abier- livre dos domínios tanto brasileiro como argentino e garan-
to. O vice-rei, que não tinha apoio suficiente, entregou tido pela Grã-Bretanha, que desejava o mercado local para
o cargo e o poder ficou nas mãos do cabildo, que, dessa seus produtos.
forma, iniciava uma nova fase política, desencadeada pela Paraguai
Revolução de Maio. A junta afirmou a igualdade básica
entre indígenas e descendentes de espanhóis e esboçou a A região do atual Paraguai também pertencia à vice-pro-
adoção de princípios liberais. víncia do Prata. No entanto, não se juntou a Buenos Aires
no rompimento com a Metrópole, manifestando apoio à
Após sucessivas juntas de governo e disputas internas, foi Espanha. Pouco depois, em virtude das ameaças argenti-
declarada, em 1816, a independência das Províncias nas, buscou uma forma de convívio com esse país. Retirou
Unidas do Rio da Prata, na cidade de Tucumán. seu apoio à Metrópole e proclamou sua independência
em 1811. No entanto, tropas portenhas foram enviadas
Em 1813, San Martín passou a integrar o exército. Estava em
para reprimir os paraguaios, que conseguiram vencer as
curso a libertação do Peru. As lutas na região do Alto e Baixo forças da futura Argentina. José Gaspar Francia assumiu
Peru não ocorreram como os portenhos supunham. Havia o poder e obteve o título de “Ditador supremo” e, depois,
muito mais resistência leal à Espanha do que se pensava. “Ditador perpétuo”. Francia exerceu o poder até 1840.
Foi nesse instante que San Martín ganhou destaque. Estra-
tegista, elaborou um plano para a libertação do Peru a partir Bolívia
da consolidação da unidade territorial. A proposição de San
Martín era de que a revolução não seria vitoriosa enquanto o Boa parte do território da Bolívia integrava o Vice-Reino do
Peru, realista, não fosse liberado, considerando sua indepen- Prata, região que despertava grande interesse em Buenos
dência fundamental para a liberdade de todo o continente. Aires por causa da prata. As disputas entre realistas e por-
tenhos fez com que os bolivianos passassem a alimentar o
As campanhas de Chacabuco (1817) e de Maipú desejo de um governo independente.
(1818) consolidaram a independência do Chile, ten-
do Bernardo O’Higgins, militar e político chileno, assu- O clima de guerra civil na região levou a uma intervenção
mido o poder. das tropas peruanas. Em 1825, o general Sucre ajudou a
derrotar os partidários da Espanha e promoveu a inde-
Usando Valparaíso, no Chile, como base, em 1820 San Mar-
pendência nomeando o novo país de Bolívia, em
tín e seu exército partiram de barcos para tomar a cidade
homenagem ao líder da independência, Simon Bolívar.
de Lima, então capital do Vice-Reino do Peru. Após cercar a
cidade, finalmente em julho de 1821, San Martín entrou em
Lima e proclamou a independência do Peru no dia 28 A independência do Haiti (1804)
de julho daquele ano, apoiado pelo general Sucre. Em 1789, Santo Domingo (ex-Hispaniola, hoje Haiti) era
uma colônia francesa. Em 1791, parte da população branca
As independências de Uruguai, foi massacrada num levante de escravos. O escravo liberto
Paraguai e Bolívia Toussaint-Louverture liderou esse movimento emanci-
pacionista, enfrentando tropas francesas que vieram em
socorro dos brancos. Toussaint-Louverture saiu vitorioso,
Uruguai
aboliu a escravidão e deu uma Constituição à colônia.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Com os movimentos portenhos de 1810, o território conhe-


cido como Banda Oriental (à direita do rio da Prata) dividiu- Em 1802, Napoleão enviou um exército para derrotar Lou-
-se. Aos poucos, os grupos ligados à Espanha venceram a verture, mas não obteve sucesso. Assinaram um tratado
disputa interna, e os derrotados, liderados por José Gervá- de paz, mas Louverture foi traído, e acabou morrendo em
sio Artigas, apoiavam Buenos Aires por causa do rompi- Paris, no cárcere.
mento com a Metrópole espanhola. O caminho do Uruguai, O movimento emancipacionista foi retomado por Jean-Ja-
que fazia parte do Vice-Reino do Prata, foi a negação da
cques Dessalines, Henri Cristophe e Alexandre Pétion, que
unificação perseguida por Buenos Aires. Nesse contexto de
divisão, Portugal invadiu a Província Oriental, pois desejava conquistaram a independência do Haiti em 1804.
acesso ao rio da Prata e temia a propagação das ideias de in-
dependência. Em 1821, o Uruguai foi incorporado ao Reino
Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Com a independência
do Brasil (1822), a Província Cisplatina, região incorporada,

126
U.T.I. - Sala
1. O triunfo holandês seria coroado com a chegada do conde Maurício de Nassau-Siegen, que desembarcou como
governador em janeiro de 1637. Transformado em mito de nossa história seiscentista, Nassau ficaria também ce-
lebrizado pela missão de pintores e naturalistas que financiou no seu governo. Frans Post (1612-1680) foi o mais
renomado componente da missão nassoviana, dedicando-se à pintura de paisagens, retratando a natureza tropical e
as construções humanas.

Adaptado de: Vainfas, R. “Tempo dos Flamengos: a experiência colonial holandesa”.


In: FRAGOSO, J.L.R.; GOUVEA, M. de F. (Org.). O Brasil colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
a) Quais as principais realizações do Governo Maurício de Nassau?
b) Do ponto de vista colonial, quais as principais diferenças entre a administração holandesa e a administração portu-
guesa no Brasil?

2. No Brasil, costumam dizer que para o escravo são necessários PPP, a saber, pau, pão e pano. E, posto que comecem
mal, principiando pelo castigo que é o pau, contudo, prouvera a Deus que tão abundante fosse o comer e o vestir
como muitas vezes é o castigo, dado por qualquer causa pouco provada, ou levantada; e com instrumentos de muito
rigor, ainda quando os crimes são certos, de que se não usa nem com os brutos animais...
Adaptado de: ANTONIL, A.J. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. 3. ed. Belo Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982. p. 89.
Coleção Reconquista do Brasil. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000026.pdf>. Acesso em: 1 ago. 2012.

De acordo com o texto, como o padre Antonil se posiciona perante a questão da escravidão?

3. Durante o processo de independência do Brasil, não haviam ideias claras sobre o federalismo. Empregava-se “fed-
eração” como sinônimo de “república” e de “democracia. Mas a historiografia oficial da independência procurou
ocultar a existência do projeto federalista, encarando-o apenas como resultado de impulsos anárquicos e de am-
bições personalistas e antipatrióticas.
a) Identifique no texto os dois significados opostos para o federalismo.
b) Qual o projeto político que dominou a conclusão do nossa independência?

4. “A sede insaciável do ouro estimulou a tantos a deixarem suas terras e a meterem-se por caminhos tão ásperos
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

como são os das minas, que dificultosamente poderá dar-se conta do número das pessoas que atualmente lá estão.“
(ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas.)

De acordo com o texto, quais as principais consequências da corrida do ouro no Brasil?

5. No início do século XIX, iniciaram-se as revoltas coloniais na América hispânica, acompanhando os movimentos
separatistas ocorridos no Brasil.
Qual a principal característica do processo de independência das colônias hispânicas e as diferenças marcantes entre
sua emancipação política e a emancipação ocorrida no Brasil?

127
6. As expedições destinadas ao apresamento dos nativos, como se pode observar no mapa abaixo,eram a principal
atividade econômica dos bandeirantes paulistas entre os séculos XVI e XVIII.

a) Qual a relação existente entre as expedições de apresamento e as atividades econômicas realizadas pelos moradores
da Capitania de São Vicente?
b) Cite um efeito dessas expedições para a colônia portuguesa na América nesse período.

7.

a) Identifique e analise dois elementos representados na imagem, ligados ao contexto histórico de Portugal na segunda
metade do século XVIII.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

b) Cite e explique duas medidas tomadas pelo governo português com relação ao Brasil, nesse período.

8. A transformação do Rio de Janeiro em corte real começou apenas dois meses antes da chegada do príncipe re-
gente, quando notícias do exílio real – tão “agradáveis” quanto “chocantes”, cheias de “sustos e alegrias” – foram
recebidas. Entretanto, como descobriram os residentes da cidade, os preparativos iniciais para acomodar Dom João e
os exilados marcaram apenas o começo da transformação do Rio de Janeiro em corte real, pois o projeto de construir
uma “nova cidade” e capital imperial perdurou por todo o reinado brasileiro do príncipe regente. Construir uma corte
real significava construir uma cidade ideal; uma cidade na qual tanto a arquitetura mundana como a monumental,
juntamente com as práticas sociais e culturais dos seus residentes, projetassem uma imagem inequivocamente pode-
rosa e virtuosa da autoridade e do governo reais.
Adaptado de: Kirsten Schultz. Versalhes tropical. 2008.
a) Qual o principal motivo que trouxe a corte portuguesa para o Brasil?
b) Cite duas transformações ocorridas na cidade do Rio de Janeiro com a chegada e presença da corte portuguesa.

128
U.T.I. - E.O. “Aviso ao Povo Bahiense
Ó vós, Povo, que nascestes para ser livres e para gozar
1. Frans Post chegou ao Brasil em 1637 e fazia parte dos bons efeitos da Liberdade, ó vós, Povos, que viveis
do grupo de artistas ligados ao governo holandês sob flagelados com o pleno poder do indigno coroado, esse
o comando de Maurício de Nassau. Paisagens, cenas mesmo rei que vós criastes; esse mesmo rei tirano é
cotidianas e personagens foram os temas principais quem se firma no trono para vos vexar, para vos roubar
representados por Post durante essa época. Observe e para vos maltratar. Homens, o tempo é chegado para a
atentamente a imagem abaixo, de sua autoria, e depois vossa ressurreição, sim, para vós ressuscitardes do abis-
responda às questões. mo da escravidão, para levantardes a sagrada Bandeira
da Liberdade. As nações do mundo todas têm seus olhos
fixos na França, a liberdade é agradável para todos. O dia
da nossa revolução, da nossa Liberdade e da nossa feli-
cidade está para chegar. Animai-vos que sereis felizes.”
Trecho do panfleto revolucionário afixado nas ruas de
Salvador na manhã de 12 de agosto de 1798.
Adaptado de PRIORE, M. del e outros. Documentos de história
do Brasil: de Cabral aos anos 90. São Paulo: Scipione, 1997.

a) Qual a diferença essencial entre as duas conjurações?


Identifique na pintura: a instalação representada; a for- b) Relacione cada uma delas com os respectivos movi-
ça motriz utilizada; a mão de obra predominante e o mentos que as inspiraram.
produto processado.
6. Analise a imagem a seguir.
2. “Por mais de um século, o Brasil foi o principal exporta-
dor mundial de açúcar. De 1600 a 1650, o açúcar respon-
dia por 90% a 95% dos ganhos brasileiros com expor-
tações. Mesmo no período em torno de 1700, quando o
setor açucareiro declinou, ele continuava a representar
15% dos ganhos do Brasil com exportações.”
SKIDMORE, Thomas E. Uma história do Brasil.
São Paulo: Paz e Terra, 1998, p. 36.
Qual o principal acontecimento, ocorrido ainda no
século XVII, que iniciou esse vertiginoso declínio?

3. “A primeira coisa que os moradores desta costa do


Brasil pretendem são índios escravizados para trabalha- DEBRET, Jean-Baptista. Viagem pitoresca e histórica pelo Brasil.
Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1989 s.p. (Figura 144)
rem nas suas fazendas, pois sem eles não se podem sus-
tentar na terra”. Pintada em 1822, esta obra era uma alegoria do Estado
Adaptado de: GANDAVO, Pero Magalhães. Tratado descritivo da brasileiro na época da independência. Com ela se constru-
terra do Brasil. São Paulo: Itatiaia e Edusp, 1982, p. 42 [1576] iu uma imagem positiva do Império e da figura política
Nesse trecho, percebe-se que o autor compactua com do monarca, chamado de “Defensor Perpétuo do Brasil”.
sua afirmação sobre o Brasil do final do século XVI. Com Mas durante o Primeiro Reinado, entretanto, a imagem
base no texto e considerando que Portugal era gover- de D. Pedro foi se modificando.
nado por uma hierarquia social aristocrática e católica, Diante disso e analisando a pintura, cite e explique:
explique por que, quando desembarcavam na Améri-
ca portuguesa da época, os colonos imediatamente a) uma característica do projeto político monárquico
procuravam se utilizar da mão de obra escrava. do Primeiro Reinado;
b) um dos motivos que levaram à mudança da ima-
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

4. “O ser senhor de engenho, diz o cronista, é título a gem de D. Pedro I durante seu governo.
que muitos aspiram porque traz consigo o ser servido,
obedecido e respeitado de muitos.” 7. Os historiadores são quase unânimes em reconhecer
que a atividade mineradora do século XVIII resultou
ANTONIL, A.J. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas
numa forma específica de colonização que a diferencia-
Relacionando esse texto acima com seus conhecimen- va do resto do Brasil.
tos sobre o período colonial no Brasil, faça um comen- FARIA, Sheila de Castro. Dicionário do Brasil colonial.
tário a respeito. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000, p. 397.

5. No Brasil, em finais do século XVIII, havia grande de- Considere o contexto histórico da América portugue-
scontentamento e revolta contra o governo metropol- sa, no que se refere à sociedade e à economia colonial
itano e isso deu origem a rebeliões que questionavam do século XVIII, e diferencie esta forma de colonização
o domínio político português. As rebeliões, que tiveram daquela realizada no Nordeste açucareiro, dos séculos
caráter claramente separatistas, foram as Conjurações XVI e XVII.
Mineira (1789) e Baiana (1798).

129
8. Alguns historiadores afirmam que a história econômi-
ca do Brasil se divide em ciclos econômicos desde o
período colonial até a época atual.
Defina no contexto histórico brasileiro o conceito de
“ciclo econômico”.

9. A solução dada à questão dinástica portuguesa, após


o desaparecimento do rei D. Sebastião em Alcácer-Qui-
bir (1578), teve consequências na Europa e nas colônias.
No contexto da produção açucareira no Brasil, qual foi
a consequência imediata?

10. Os tratados de 1810 trouxeram consequências


econômicas para o Brasil bastante prejudiciais.
Quais foram elas?
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

130
ENTRE
PENSAMENTOS

1
CIÊNCIAS
FILOSOFIA
HUMANAS
e suas tecnologias

U.T.I.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA GREGA

O mundo helenístico se beneficiou do momento histórico, caráter transitório e mutável das coisas – para explicar esse
quando as cidades-Estados na Grécia antiga eram prós- pensamento, emerge a metáfora que “não podemos nos
peros centros comerciais e culturais. Desse modo, favore- banhar no mesmo rio duas vezes”.
ceu-se o desenvolvimento do pensamento humano, isto
é, ocorreu a supremacia do logos, que significa “palavra”, Parmênides de Eleia (530-460 a.C.)
“discurso”, “razão”. O filósofo Parmênides concentrou seu pensamento no

Período pré-socrático imobilismo universal, indo contra o mobilismo de Herácli-


to. Segundo Parmênides, o ser era uno, indivisível, pleno e
ou cosmológico eterno, de modo que não há espaço para o não ser. Visto
que, para o pensador, as coisas não surgiram do nada, isto
Sendo uma explicação racional e sistemática diante da ori-
é, tudo que existe sempre existiu.
gem e da transformação da Natureza, a cosmologia nega
que as coisas tenham surgido do nada, pois a própria Na-
tureza está em transformação. Os pensadores desse perí-
Empédocles (490-430 a.C.)
odo tiveram a preocupação de compreender a physis, ou O pensamento de Empédocles consistia em que as coisas
seja, os aspectos da Natureza ou da nossa realidade, que eram constituídas por quatro elementos: fogo, terra, água
se encontra em movimento. Assim, o termo filósofo signifi- e ar. Ele observa que o amor e o ódio aproximam e afastam
ca “investigador da Natureza”. os indivíduos, caracterizando-os como forças antagônicas
cósmicas. Isso quer dizer que o semelhante atrai o seme-
Tales de Mileto (624-546 a.C.) lhante e o dessemelhante repulsa o dessemelhante, num
Tales é um famoso matemático. Ele foi o primeiro a afirmar movimento eterno – assim, ao se ter harmonia, o amor
que a água era a origem de todas as coisas, sendo a fonte prevalece e, caso tenha desequilíbrio, o ódio está atuando.
originária de explicação da physis. Diante disso, o filósofo inaugura o pluralismo, que orienta
e ordena a Natureza; não mais um único elemento, como
Anaximandro (610-547 a.C.) pensavam os outros filósofos.
Anaximandro foi o primeiro a formular o conceito de uma
lei universal presidindo o processo cósmico total, numa cla- Demócrito (460-370 a.C.)
ra ampliação da visão de Tales. Segundo o pensamento de Demócrito, tudo o que existe
na physis, ou seja, na Natureza, é composto por átomos,
Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.) que eram partículas indivisíveis e eternas. Seu método foi
Heráclito preocupou-se com a questão da transformação, a observação.
ou seja, da physis. A base de seu pensamento consiste no

FILOSOFIA DE ATENAS
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

A cidade-Estado de Atenas tornou-se um centro cultural, recionavam esse conhecimento conforme as suas próprias
feito este ocorrido no século de Péricles, época de maior convicções. Os principais sofistas foram Protágoras de Ab-
florescimento da democracia ateniense. Com o controle de dera (490-421 a.C.), Górgias de Leontinos (487-380 a.C.),
quaisquer ataques de outras cidades, Atenas se favoreceu Pródico de Creos (465-395 a.C.), dentre outros. Apresenta-
econômica e culturalmente, desenvolvendo a Filosofia. vam-se como mestres da oratória, de modo que, para eles,
era possível ensinar as técnicas de oratórias e da persuasão
Sofismo para qualquer cidadão. Devido a isso, muitos jovens procu-
ravam os sofistas para alcançarem status na cidade, onde
Com o crescimento da polis grega, surgiu uma prática edu- o logos era elemento fundamental. Afinal, numa cidade
cacional, em que os seus integrantes eram chamados democrática, o cidadão precisava saber falar e ser capaz de
de sofistas, sábios que vendiam o conhecimento, mas di- persuadir os outros com o auxílio das palavras.

132
Das aparências ao mundo das ideias
Com o pensador ateniense Platão (428-354 a.C.), a Filoso-
fia ganhou uma característica epistemológica. Após a mor-
de Sócrates, ele fundou a Academia, um recinto onde se
discutiam diversos temas, da Matemática, passando pela
Astronomia e até a Música. Na Academia, o conhecimento
deveria ser baseado numa episteme, ou seja, numa ciência,
com o intuito de ultrapassar o plano instável da opinião.
Parthenon

Sócrates (469-399 a.C.) Reminiscência


O filósofo ateniense foi um dos maiores críticos à prática Segundo o filósofo grego, o ato de conhecer as coisas signifi-
do sofismo, pelo direcionamento da verdade pelo sofista, ca, necessariamente, o ato de lembrar, sustentando a hipóte-
além de discordar que eram filósofos, visto que não investi- se da reminiscência, contida no diálogo Ménon. Nesse diálo-
gavam nada, só reproduziam fatos. Sócrates foi um marco go, Sócrates demonstra que, através de um escravo, o homem
na história da Filosofia, por modificar a investigação do só precisa recordar as coisas que sua alma um dia aprendeu.
pensamento, pretendendo direcionar para uma análise do Nesse momento, Platão salienta que a alma é eterna.
indivíduo, e não mais para a compreensão da physis.
Para o filósofo Platão, a concepção de mimesis significa “imi-
Dialética socrática tação”. Nesse momento, o pensador faz uma separação do
conhecimento e da arte, pautando a filosofia como o conhe-
O método de investigação desenvolvido por Sócrates, co-
cimento baseado na verdade, enquanto a arte se postula na
nhecido como dialética, consistia em alcançar a verdade
reprodução, na imitação, de modo a construir uma posição
por meio do diálogo. O objetivo dessa dialética era des-
de superioridade e inferioridade entre esses elementos.
mascarar a falsa sabedoria, chegando a um conhecimento
da natureza do homem.

ALEGORIA DA CAVERNA

O mundo das ideias Alegoria da caverna


Platão apresenta que o conhecimento é elaborado quando Segundo Platão, o filósofo é o sujeito que consegue enxer-
o indivíduo alcança a ideia, rompendo com as aparências, gar as coisas mais claramente do que as outras pessoas.
enquanto que a opinião nasce da percepção da aparência. Para ilustrar essa ideia, surge a alegoria da caverna, conti-
Nesse instante, o filósofo compreende uma separação en- do no Livro VII de A República:
tre dois mundos:.
Um grupo de pessoas acorrentado numa caverna só vê
§ Mundo inteligível: o filósofo encontra os elemen- sombras e julga que elas são a realidade.
tos com o olhar da ciência.
Um homem consegue escapar das correntes e sai da ca-
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

§ Mundo sensível: o homem vê as coisas não muito


verna. Lá fora, ele vê um mundo bem diferente, o mundo
claramente.
real. Ele volta à caverna para contar a novidade ao resto
Com essa concepção, Platão questiona a realidade do mun-
das pessoas, porém, ofuscado pela luz (da verdade), parece
do sensível, pois esse universo está em constante transfor-
abobado. Com isso, os outros prisioneiros não acreditam
mação, o que nos leva ao mundo das incertezas.
na sua versão maluca e acabam matando o pobre infeliz.

A felicidade, segundo Platão


Para o filósofo grego Platão, o conceito de felicidade con-
sistia no resultado final de uma vida dedicada a um conhe-
cimento progressivo. Numa valorização pelo conhecimen-
to, Platão vai interligar a felicidade com a ciência.

133
Dessa maneira, o homem só atingirá a felicidade quando Forma original Forma degenerada
abandonar o mundo sensível em direção ao mundo inteli- Monarquia Tirania
gível. Isso ocorre, pois no mundo inteligível estão as ideias Democracia Anarquia
perfeitas, como a beleza, a coragem, a justiça e a felicidade.
Diante disso, Platão defende que o melhor sistema de gover-
Política no deveria ser a monarquia, associada com o saber filosófico,
visto que somente indivíduos que detêm o conhecimento po-
Para o filósofo, todos os tipos de governo existentes no mun- dem efetuar com melhor desempenho para o coletivo, sem
do são degenerados por natureza, pois a sua forma original sofrerem as interferências do pensar e agir particular. Sendo
tende a ter uma versão degenerada. assim, os melhores governantes seriam os reis-filósofos.
Forma original Forma degenerada
Aristocracia Oligarquia

ARISTÓTELES

Aristóteles (384-323 a.C.) Entre seus textos temos:


§ A Física: aborda a relação dos quatro elementos (ter-
Aristóteles foi o último e mais influente dos grandes filósofos ra, água, ar e fogo) com o planeta Terra. Seus princípios
gregos. Tornou-se o crítico mais feroz do pensamento platônico. não são descritos com exatidão. Porém, essas estrutu-
Em 343 a.C., Filipe da Macedônia confiou a Aristóteles a edu- ras auxiliaram outros experimentos e tecnologias.
cação de seu filho, Alexandre. O jovem imperador da Macedô-
§ A Metafísica: trata da ciência das causas primeiras do
nia, já ganhando as titulações de senhor do mundo conheci-
ser enquanto ser geral. O filósofo define quatro causas
do, mencionou que “Se a meu pai devo a minha existência, a
das coisas:
meu preceptor devo à arte de me saber conduzir. Se governo
1. causa formal (a forma da coisa);
com alguma glória, a ele sou devedor”.
2. causa material (matéria de que uma coisa é feita);
Em 335 a.C., em Atenas, fundou sua própria escola, o Liceu,
3. causa eficiente (a origem da coisa); e
que foi muito superior à Academia.
4. causa final (a finalidade do objeto).
O filósofo deixou muitos escritos, sendo a maioria tratados
bem fundamentados. Dividiu e subdividiu áreas de investiga- § Ética a Nicômaco: apresenta a ética como algo pal-
ção, sendo o primeiro a fazer uma classificação do conheci- pável, não sendo um elemento abstrato. Seguindo a
mento, de modo que versou perante diferentes áreas, como teoria da justa-medida, ou seja, do equilíbrio, o filósofo
biologia, retórica, lógica, ética, dentre outras. demonstra que, ao seguirmos esse equilíbrio em nos-
A crítica para Platão consiste em analisar corretamente os sos atos particulares, conseguimos atingir a felicidade,
fenômenos da natureza, indo além da superficialidade inte- sendo que existe uma inclinação para essa finalidade
ligível, construindo uma nova concepção de conhecimento. última do ser humano. Entretanto, o conceito de felici-
dade varia de indivíduo para indivíduo e de como é sua
vida. Para o filósofo, existem três tipos de vida:
1. vida dos prazeres: onde o ser se torna refém da-
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

quilo que deseja;


2. vida política: onde o ser busca a honra pelo con-
vencimento; e
3. vida contemplativa: onde o ser busca os ele-
mentos dentro de si, o prazer intelectual – essa vida
contém a essência da felicidade.
§ A Lógica: explica que a lógica não é uma ciência, mas
um instrumento para o correto pensar. Para Aristóteles o
bloco de construção básico de qualquer argumento era
Representação de Platão (à esquerda, apontando para cima)
e de Aristóteles (que aponta para baixo)
o silogismo; constituído por premissas e uma conclusão,
desenvolvendo um primeiro estudo da linguagem de

134
argumentação baseada na coerência lógica. Logo, a lógi- Platão, não se interessa por idealizar uma cidade justa.
ca se torna uma ferramenta na busca do conhecimento. Ele classifica as formas de governo em três: o governo
Todos os homens são mortais. premissa 1 de um só indivíduo (monarquia), de alguns (aristocracia)
Sócrates é mortal. premissa 2 e de todos (democracia). Cada um desses regimes polí-
Logo, Sócrates é mortal. conclusão ticos apresenta vantagens e desvantagens, formas boas
e corrompidas. Aristóteles não questionou a escravidão
§ Arte Poética: examina as formas de poesia – epo-
e achava as mulheres despreparadas para a liberdade e
peia, comédia e tragédia –, que tentam imitar a reali-
para os direitos políticos.
dade, porém, de modos diferentes. A poesia é o gênero
literário que mais se aproxima da filosofia, pois tende § A Arte: entende que o Belo é o resultado da justa-me-
para o conhecimento do universal. dida, da simetria. Assim, o Belo faz parte do ser huma-
no, podendo imitar a natureza, mas também abordar o
§ Arte Política: define que o homem é um animal político
impossível e o inverossímil, podendo completar o que
– politikón zoón – que vive naturalmente em sociedade.
falta na natureza.
Ao tratar do tema em Política, Aristóteles, ao contrário de

FILOSOFIA MEDIEVAL

Durante o período que corresponde ao Império Romano e à Para o pensador, Deus é eterno, portanto, está fora do tempo
Idade Média, a filosofia sofreu um processo de reclusão ao – que sempre existiu, num eterno presente; porém, para o
acesso popular, estando cada vez mais reservada a poucos homem, o tempo começou quando o mundo foi criado. Com
nichos intelectuais. Desse modo, entre os séculos V e XV, o intuito de ilustrar esse procedimento, Agostinho propôs
a filosofia e a religião estiveram interligadas intimamente, uma cidade de Deus, feita com as virtudes do homem, e uma
tendo diversas correntes filosófico-católicas que monopoli- cidade do Diabo, constituída pelos vícios do ser humano. Essa
zaram o conhecimento nesse período. ideia está contida em sua obra mais famosa, intitulada A ci-
dade de Deus. Nesse instante, o filósofo direciona os hábitos

Agostinho (354-430 d.C.) das pessoas, com o intuito de conseguir a iluminação divina.

Com Agostinho – figura mundana que, já adulto, se con-


verteu de livre vontade para o mundo espiritual –, a filoso-
fia se mesclou com o cristianismo.

U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Agostinho propôs uma conciliação entre fé e razão. Com a


dualidade platônica, o pensador medieval ressaltou que o
conhecimento se consolida quando o homem tem acesso
ao eterno, ao divino, ou seja, tem acesso ao mundo inteligí-
vel platônico. Ilustração do livro A cidade de Deus, de Agostinho

135
Essa cidade de Deus só pode ser conhecida através da au-
toridade infalível da Igreja. Assim, Agostinho comenta que o
Estado deve subjugar-se ao poder do clero, demonstrando
que o ser humano pode atingir o entendimento mediante
as leituras das Escrituras Sagradas, fato este que propicia a
esse indivíduo a felicidade. Entretanto, nem todos os homens
recebem a graça das mãos de Deus, sendo que somente al-
guns são predestinados à salvação. Agostinho se tornou o
principal filósofo da patrística.

Patrística
A patrística é a doutrina religiosa elaborada pelos pais
ou padres da Igreja (por isso o nome), nos séculos II ao
VIII, que tinha como objetivo ordenar as verdades da fé,
para defender-se dos ataques dos hereges. Para conso-
lidar o dogma religioso, tem uma construção lógica das
ideias. Os inúmeros textos dessa doutrina almejavam
orientar as ações dos indivíduos de dentro e de fora dos
muros da Igreja católica.
O pensamento de Aquino procura apresentar o equilíbrio

Pedro Abelardo (1079-1142) entre a fé e a razão. Para ele, quando há algum desacordo,
a razão é sempre o elemento que se apresenta em equívo-
Na Idade Média, significou uma mudança do pensamen- co, pois a razão que se excede torna-se indiscreta e invade
to dos dominantes, seguiu-se o ideal de ora et labora o terreno exclusivo da fé, que são os mistérios divinos –
(reza e trabalha). Assim, iniciou-se a “querela dos univer- fato que provoca, devido à desconfiança, a impossibilidade
sais”, a qual discutia a relação entre o nome e a coisa, a de demonstrar a existência de Deus. Seu pensamento assu-
linguagem e a realidade. miu a condição de doutrina oficial do catolicismo.
Em sua Summa contra gentilles, Aquino propõe-se a provar
O nome da rosa para um não cristão, mediante um raciocínio natural, a im-
A palavra “rosa” pode sobreviver à morte ou ao desapare- portância do cristianismo e a existência de Deus. Essa obra
cimento da própria rosa; então, a palavra fala até de coisas é considerada um manual de teologia destinado a conver-
inexistentes. Como podemos entender isso? Nesse instan- ter os muçulmanos, evitando, assim, o avanço do islã.
te, acontece uma questão ou querela de como os nomes
dos objetos não estão atrelados com os objetos. Os nomes Escolástica
são elementos arbitrários que rotulam as coisas, não tendo A escolástica foi o método utilizado nos recintos educacio-
nenhuma relação direta com o próprio objeto. nais da Idade Média, durante o século XI, principalmente
Segundo Pedro Abelardo, os universais só existem no inte- nas universidades. Seguindo um modelo romano de ensi-
lecto, mas, ao mesmo tempo, mantêm relação com as coisas no, eram ensinadas Gramática, Retórica, Dialética, Geome-
particulares, à medida que lhes dão significado. Desse modo, tria, Aritmética, Astronomia e Música.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

é como significado que os universais subsistem às coisas. A influência do aristotelismo na escolástica adentra no sé-
Sua obra mais conhecida é Sic et Non (Sim e Não), a qual culo XII, salientando a concepção de divisão de matérias,
revitaliza a dialética, afirmando que esse processo era a em que existem diversos tipos de conhecimento.
via para a verdade e fazia bem à mente.

Tomás de Aquino (1226-1274)


Com Tomás de Aquino, existe um domínio comum à razão
e à fé. Diante de uma forte influência de Aristóteles, buscou
organizar todos os ramos do conhecimento em um sistema
completo. Foi um dos principais representantes da escolás-
tica, uma das escolas medievais.

136
FILOSOFIA POLÍTICA
Diante das transformações sociais e políticas que a Europa surgir em seu caminho. Assim, para conseguir perpetuar-se
passava durante a Baixa Idade Média – conjunto com os no poder, o bom governante precisa, necessariamente, unir
ideais e as ações do Renascimento Cultural, que privile- a virtù e a fortuna.
gia o ser humano e as suas próprias criações –, emerge
um novo ramo na área da filosofia – a filosofia política
–, que se debruça perante os limites e a organização do
Estado frente ao indivíduo. O termo “política” já existia na
polis grega; porém, essa nova concepção representa um
novo olhar perante as relações da sociedade. Os pensa-
dores com maior destaque nessa área foram Maquiavel e
Hobbes.

Nicolau Maquiavel
(1469-1527)
O filósofo da região de Florença é considerado um teórico
Maquiavel, pintura de Santi di Tito, século XV
da política. Com uma observação perspicaz da história dos
governos, Maquiavel analisa as atitudes dos governantes e
como esse Estado é organizado. Thomas Hobbes (1588-1679)
Em sua obra mais conhecida, O príncipe (1513), Maquiavel
tinha como pretensão propiciar a união das províncias ita-
lianas, para garantir a paz nessas terras.
Tendo uma experiência de análise histórica, em conjunto
com uma orientação de valorização do governante, Ma-
quiavel tem a preocupação de saber como os governan-
tes agem de fato e como essas atitudes podem garantir ou
não a sua permanência no poder.

A estrutura do poder para Maquiavel


O poder, segundo Maquiavel, foi adquirido pelo uso da
força excessiva ou pela herança. Entretanto, não significa
que esse poder ficará eternamente para esse ser, pois o
que vai garantir tal poder são suas ações no agrupamento
social. Desse modo, o principal objetivo desse governante
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

é perpetuar-se no poder.
Assim, para o pensador, a figura mais importante dessa so- O filósofo inglês Thomas Hobbes explanou a sua teoria sobre
ciedade é o governante. Isso ocorre, pois esse indivíduo pos- a formação da sociedade. Foi um pensador jusnaturalista,
sui algo que poucos têm: a virtù. isto é, acreditava que os princípios e direitos dos homens
A virtù representa as qualidades que esse indivíduo terá têm-se como ideia universal e imutável de justiça. Hobbes
em determinadas situações, sendo ações ou atitudes que foi uma das bases filosóficas para a consolidação do abso-
devem ser tomadas rápidas, sem prejuízos ao seu maior lutismo europeu.
objetivo, sem precisar seguir qualquer moral religiosa. Em seu livro O leviatã (1651), ele pretende compreender
Só que esse governante também precisa ter ao seu favor a formação da sociedade. Segundo o filósofo, no início,
a fortuna, ou seja, a sorte, de modo que ele não pode, de os homens viviam no Estado de natureza, onde os seres
forma alguma, renegar as situações de sorte que podem sobrevivem num conflito de todos contra todos, onde a re-

137
gra máxima era a lei da sobrevivência. Nesse instante, a
competição entre os indivíduos fazia com que a paz ficasse
O leviatã: o perigo do monstro
cada vez mais longe do convívio humano. Hobbes aponta que nessa sociedade civil insurge um líder
supremo que precisa utilizar-se da força para se manter no
Para romper essa situação de guerra, os homens decidem
poder. O problema é que, tendo o poder legal nas mãos, o
sair do estado de natureza e partir para a sociedade civil,
governante, se não tiver destreza, inclinará para um poder
criando um pacto social entre os integrantes dessa comu-
incontrolável, absoluto, transformando-se num monstro com
nidade, visando à tranquilidade e à paz. O que fundamen-
poderes ilimitados. Aqui, Hobbes compara esse governante
tará esse pacto é a preservação da vida, o grupo decide
incontrolável, tendo o aval das leis criadas por ele próprio,
ceder suas forças (ou armas) para um líder soberano, que
com o monstro que dá título à sua obra, o leviatã (um pei-
deveria cumprir com alguns deveres, como trazer a paz
xe feroz citado no Antigo Testamento), que deve concentrar
para o grupo e o bem comum. Diante desse pacto, os ho-
todo o poder em torno de si, para, assim, ordenar todas as
mens não devem se rebelar contra o governante escolhido,
decisões da sociedade. Isso prejudica completamente a con-
com a intenção de fomentar a tranquilidade desejada.
solidação do pacto social, perdendo com isso o objetivo de
preservação da paz entre os homens.

FILOSOFIA MODERNA

Erasmo de Rotterdam Em seu ensaio mais famoso, intitulado Dos canibais, Mon-
taigne apresenta uma crítica aos europeus, em relação às
(1466-1536) práticas com os povos do Novo Mundo.
Analisa o cotidiano constituído por homens “estranhos” e
Nascido Herasmus Gerritzsoon, o pensador humanista ne-
“absurdos”, mas também “milagres”. O homem é um ser
erlandês faz uma crítica mordaz e feroz sobre a insensibi-
verdadeiro em sua contínua mutação; equívocas são as teo-
lidade dos detentores do poder, sobre a perda dos valores
rias e as convenções sociais e políticas que pretendem apri-
da vida, com uma sátira da sociedade dos séculos XV e
sioná-lo em uma única imagem.
XVI. Assim, ele redigiu o seu Elogio da Loucura.
Nesse caso, a Loucura é uma deusa que se apresenta como
condutora das ações humanas, ou seja, a Loucura domina René Descartes (1596-1650)
o mundo, do modo que a felicidade suprema do homem O francês René Descartes é considerado o pai da filosofia
está nas loucuras que comete. Com isso, Loucura é o próprio moderna. Na intenção de encontrar a certeza de alguma
mundo que o homem construiu, pois os seres se tornam coisa, o filósofo utiliza a sua maior arma – a dúvida –, pro-
medíocres e hipócritas. curando, assim, uma base de certeza em suas próprias fa-
culdades racionais.
A crítica maior recai sobre a Igreja, sua hierarquia e suas ins-
tituições. Assim, Erasmo propõe o retorno da Igreja à simpli-
cidade dos tempos iniciais. Foi considerado o homem mais
erudito de sua época.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Michel de Montaigne
(1533-1592)
O filósofo francês Michel de Montaigne reintroduz a ideia de
investigação crítica permanente, concebeu uma nova manei-
ra de descobrir o conhecimento. O ceticismo cartesiano consiste numa formulação sistemá-
Com formação em Direito, acabou adentrando na política, tica, em que não se trata mais de duvidar por duvidar, mas
sendo prefeito de Bordeaux, entre 1580 e 1581. No fim da de examinar criteriosamente todas as coisas, a fim de nelas
vida, escolheu a reclusão, a fim de escrever a sua maior obra, descobrir elementos sobre os quais possa recair alguma
intitulada Ensaios, niciada em 1572. suspeita. A dúvida é conduzida por um método rigoroso:

138
1. Só aceitar ideias claras e definidas. Descartes supôs que a essência do ser era o pensamento, e
2. Dividir cada problema em tantas partes necessárias à que a mente era separada do corpo. Surgira, assim, o pro-
solução. blema mente–corpo, a qual o corpo tinha os seus próprios
3. Ordenar os pensamentos do simples ao complexo. princípios de movimento, agindo de forma mecânica.
4. Verificar exaustivamente se existe alguma falha.
Em seguida, era necessário comprovar a existência de Deus,
Esse pensamento está contido no Discurso do método: o para garantir que nossas ideias claras e definidas são ver-
homem deve desconfiar de seus sentidos. Descartes, notou
dadeiras e que não estamos sendo iludidos por um gênio
que o único momento de que não se pode duvidar é quando
maligno. Se Deus é perfeito por ter uma causa, o homem, por
pensa, mesmo que pense estar sonhando ou se iludindo. As-
sim, se duvido, penso e, ao pensar, logo, existo. possuir inúmeros defeitos, não pode ser essa causa. Assim,
Deus deve ser a causa de nossa ideia de perfeição dele.

RACIONALISTAS

Baruch de Espinoza A filosofia de Espinoza tinha como propósito esclarecer a


identidade existente entre nossa mente e a natureza. Essa
(1632-1677) identidade só acontece, quando conhecemos a nós mes-
mos e a própria natureza, como uma coisa una. Diante disso,
o conhecimento da natureza se concretiza quando enten-
demos a essência dos objetos.
Espinoza foi um daqueles raros filósofos que, além de acre-
ditar no que dizia, era fiel a seus princípios. Chegou a recu-
sar uma cátedra de Filosofia em Heidelberg, posição que,
por ser oficial, implicava aceitar ideias e limitações oficiais.

Definições de Espinoza
I. Por sua causa entendo aquilo cuja essência implica a
existência e cuja natureza só pode ser concebida como
existente.

O filósofo holandês Espinoza foi um dos grandes raciona- II. Diz-se finita no seu gênero uma coisa que pode ser
listas do século XVII. Em sua obra Tratado teológico-polí- limitada por uma outra da mesma natureza. Por exem-
tico (1670), o filósofo submete o Velho Testamento a uma plo, dizemos que um corpo é finito porque concebemos
rigorosa crítica, baseando-se numa análise gramatical da sempre um outro maior. Do mesmo modo, um pensa-
língua hebraica e na história do povo judeu. A conclusão mento é limitado por um outro pensamento. Mas nem
foi que o conteúdo bíblico não se refere à verdade, mas um corpo pode ser limitado por um pensamento nem
apenas estabelece preceitos de conduta para guiar os ho- um pensamento por um corpo.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

mens, o que reduz a nada todo o esforço da teologia. III. Por substância entendo aquilo que existe em si e por si
Segundo Espinoza, existe uma só substância, que é um prin- é concebido, isto é, aquilo cujo conceito, para ser for-
cípio científico unificador, figurando-se em Deus ou Nature- mado, não precisa do conceito de uma outra coisa.
za, do modo que a mente e a matéria são apenas atributos IV. Por atributo entendo aquilo que o intelecto percebe
da substância única. Deus é a causa primeira e eficiente de como a essência da substância.
todas as coisas, porém, isso não significa que seja o criador,
V. Por modo entendo aquilo que existe em outra coisa
pois, sendo Deus a única substância, nada pode existir fora
pela qual também é concebido.
dele. Assim, Deus é a causa do mundo, mas o mundo existe
em Deus, que é, por isso, causa imanente, isto é, causa que VI. Por Deus entendo o ente absolutamente infinito, isto é,
produz efeito em si mesma. Em outras palavras, Deus é Na- uma substância que consta de infinitos atributos, cada
tureza (Deus sive Natura). um dos quais exprime uma essência eterna e infinita.

139
Destinada aos homens livres, o filósofo trata também sobre
a Ética, obra escrita em axiomas, no ano de 1677. Para Es- U.T.I. - Sala
pinoza, o que os indivíduos pensam reflete diretamente na 1. (UEL) Leia o diálogo a seguir.
sua maneira de viver, colhendo frutos positivos ou negati-
vos de suas ações. Seguindo uma lógica racional, o filósofo Glauco: — Que queres dizer com isso?
tenta provar a natureza racional de Deus. Sócrates: — O seguinte: que me parece que há muito
estamos a falar e a ouvir falar sobre o assunto, sem nos

Gottfried Wiljhelm
apercebermos de que era da justiça que de algum modo
estávamos a tratar.

Leibniz (1646-1716) Glauco: — Longo proémio – exclamou ele – para quem


deseja escutar!
Sócrates: — Mas escuta, a ver se eu digo bem. O princí-
O filósofo alemão Leibniz é uma figura central na história
pio que de entrada estabelecemos que devia observar-se
da matemática e da filosofia, que concebeu as ideias de em todas as circunstâncias, quando fundamos a cidade,
cálculo diferencial e integral, sem sofrer influência dos es- esse princípio é, segundo me parece, ou ele ou uma das
tudos de Isaac Newton. suas formas, a justiça.
PLATÃO. A República. 7. ed. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 1993. p. 185-186.

Com base nesse fragmento, que aponta para o debate


em torno do conceito de justiça na obra A República, de
Platão, explique como Platão compreende esse conceito.

LEIA O TEXTO A SEGUIR PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES


2 E 3.
“... não é fácil determinar de que maneira, e com quem
e por que motivos, e por quanto tempo devemos enco-
lerizar-nos; às vezes nós mesmos louvamos as pessoas
que cedem e as chamamos de amáveis, mas às vezes
louvamos aquelas que se encolerizam e as chamamos de
viris. Entretanto, as pessoas que se desviam um pouco da
Leibniz escreveu prodigiosamente sobre muitos temas das excelência não são censuradas, quer o façam no sentido
áreas filosófica e matemática. O filósofo procurou a harmo- do mais, quer o façam no sentido do menos; censuramos
nia entre elementos aparentemente díspares: o mundo na- apenas as pessoas que se desviam consideravelmente,
tural e o mundo moral; o corpo e a alma; Platão e Aristóteles. pois estas não passarão despercebidas. Mas não é fácil
determinar racionalmente até onde e em que medida
Em sua maior obra filosófica intitulada Monadologia, o pen- uma pessoa pode desviar-se antes de tornar-se censurá-
sador apresenta como a natureza é constituída, de modo a vel (de fato, nada que é percebido pelos sentidos é fácil
salientar uma lógica racional. A força motora da natureza de definir); tais coisas dependem de circunstâncias espe-
é acionada por Deus, que também está contida na própria cíficas, e a decisão depende da percepção. Isto é bastan-
te para determinar que a situação intermediária deve ser
natureza.
louvada em todas as circunstâncias, mas que às vezes de-
Segundo Leibniz, todos os elementos da natureza são com- vemos inclinar-nos no sentido do excesso, e às vezes no
postos por mônadas (do grego monas, que significa “uni- sentido da falta, pois assim atingiremos mais facilmente
dade”, o que é uno), concebidas como verdadeiros átomos o meio-termo e o que é certo.”
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

da natureza, elementos das coisas, fechadas, sem janelas, ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Livro II. São Paulo:
reguladas, em seu funcionamento pela harmonia preesta- Nova Cultural, 1996, p. 150 (Col. Os Pensadores).
belecida, de modo que, cada mônada é diferente e reflete o 2. (UFPR) Agir de modo virtuoso é, segundo Aristóteles,
universo inteiro; porém, não está no espaço e nem no tempo. agir sempre do mesmo modo? Por quê?

Cada elemento que existente no universo é composto por 3. (UFPR) Uma vez que Aristóteles antes define as virtu-
inúmeras mônadas, da sendo que alguns possuem mais que des como disposições de caráter e, na passagem acima,
outras. Deus, por exemplo, também é composto por mô- acrescenta que as virtudes situam-se num “meio-termo”,
nadas, sendo uma substância infinita, perfeita, criadora de de que modo devem ser definidos os vícios? Por quê?
todas as coisas e da harmonia preestabelecida. As mônadas
que compõem Deus, criam as mônadas da natureza.

140
4. (UFU) Os fragmentos abaixo representam três te- TEXTO 2
mas fundamentais que configuram o pensamento de Maquiavel rejeita a política normativa dos gregos, a qual,
Heráclito de Éfeso. ao explicar “como o homem deve agir”, cria sistemas
utópicos. A nova política, ao contrário, deve procurar a
“O deus é dia noite, inverno verão, guerra paz, saciedade
verdade efetiva, ou seja, “como o homem age de fato”.
fome; mas se alterna como fogo, quando se mistura a in-
O método de Maquiavel estipula a observação dos fatos,
censos, e se denomina segundo o gosto de cada.” (Fr. 67)
o que denota uma tendência comum aos pensadores do
“Por fogo se trocam todas (as coisas) e fogo por to- Renascimento, preocupados em superar, através da expe-
das, tal como por ouro mercadorias e por mercadorias riência, os esquemas meramente dedutivos da Idade Mé-
ouro.” (Fr. 90) dia. Seus estudos levam à constatação de que os homens
Os pré-socráticos. São Paulo: Abril Cultural,
sempre agiram pelas formas da corrupção e da violência.
1973, p. 85 e 87. Col. Os pensadores. Adaptado de: ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS,
Maria Helena. Filosofando. 1986.
A partir das citações acima: Explique as diferentes concepções de política expressa-
a) explicite quais são esses temas. das nos dois textos.
b) comente cada um deles de modo a caracterizar a
8. (UFU) Leia a afirmação a seguir e responda.
Filosofia de Heráclito.
A função que Hobbes atribui ao pacto de união é a de
5. (UFU) Há um abismo imenso que separa esta escala fazer passar a humanidade do estado de guerra para o
de valores que Sócrates proclama com tanta evidência estado de paz, instituindo o poder soberano.
e a escala popular vigente entre os gregos e expressa BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro:
na famosa canção báquica antiga: Campus, 1991. p. 43.

O bem supremo do mortal é a saúde; a) Por que, sem o pacto, não há paz entre os homens?
b) Por que a instituição do poder soberano é resulta-
O segundo, a formosura do corpo;
do de uma passagem?
O terceiro, uma fortuna adquirida sem mácula;
O quarto, desfrutar entre amigos o esplendor da juventude. 9. (UFU) Segundo Agostinho de Hipona (354-430), as
ideias ou formas originárias de todas as coisas, razões
JAEGER, W. Paideia. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 528-529. estáveis e imutáveis das coisas de nosso mundo, estão
contidas na mente divina e não nascem nem morrem, e
a) O que é o homem para Sócrates?
tudo o que, em nosso mundo, nasce e morre é formado
b) Qual é a relação entre o que define o homem e a a partir delas. Essas ideias eternas não são criaturas,
máxima délfica “Conhece-te a ti mesmo”? antes, participam da Sabedoria eterna, mediante a qual
Deus criou todas as coisas e são idênticas a Ele. Assim,
6. (UFU) A respeito da fortuna, Maquiavel escreveu: conhecemos verdadeiramente quando nos voltamos
para tais ideias; sendo o fundamento da natureza das
[...] penso poder ser verdade que a fortuna seja árbitra
coisas são também o fundamento para o conhecimento
de metade de nossas ações, mas que, ainda assim, ela
nos deixe governar quase a outra metade. dessas mesmas coisas; assim, por meio delas podemos
formar juízos verdadeiros sobre elas.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Tradução de: Lívio Xavier. São Paulo: INÁCIO, Inês. C.; LUCA, Tânia R. de.
Nova Cultural, 1987. Coleção “Os Pensadores”. p. 103. O pensamento medieval. São Paulo: Ática, 1988, p. 26.

Com base na citação, responda: Levando em consideração o texto acima e a teoria da


a) O que é a fortuna para Maquiavel? iluminação de Agostinho, responda:
b) Como deve agir o príncipe em relação à fortuna? a) O que são as ideias eternas?
b) Qual o seu papel ou função em nosso conhecimen-
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

7. (UNESP) to do mundo?

TEXTO 1 10. (UEL) Leia o texto e o quadrinho a seguir.


Para santo Tomás de Aquino, o poder político, por ser Aqueles que somente por fortuna se tornam príncipes
uma instituição divina, além dos fins temporais que jus- pouco trabalho têm para isso, é claro, mas se mantêm
tificam a ação política, visa outros fins superiores, de muito penosamente. Não têm nenhuma dificuldade em
natureza espiritual. O Estado deve dar condições para a alcançar o posto, porque por aí voam; surge, porém,
toda sorte de dificuldades depois da chegada. Tais prín-
realização eterna e sobrenatural do homem. Ao discutir
cipes estão na dependência exclusiva da vontade e boa
a relação Estado-Igreja, admite a supremacia desta so-
fortuna de quem lhes concedeu o Estado, isto é, duas
bre aquele. Considera a Monarquia a melhor forma de
coisas extremamente volúveis e instáveis.
governo, por ser o governo de um só, escolhido pela sua
Adaptado de: MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe.
virtude, desde que seja bloqueado o caminho da tirania. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 55.

141
a) Desenvolva os conceitos de fortuna e de virtù, em conformidade com Maquiavel.
b) O que diferencia o pensamento político de Maquiavel daquele concebido pela tradição cristã?

U.T.I. - E.O. 4. (UFMG) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles propõe uma


compreensão da amizade em que a semelhança entre
os homens é importante, embora não a caracterize
1. O que significa dizermos que os primeiros filósofos completamente, como se comprova neste trecho:
tinham uma “preocupação cosmológica”?
A amizade perfeita é a dos homens que são bons e afins
2. Em 399 a.C., o filósofo Sócrates é acusado de gra- na virtude, pois esses desejam igualmente bem um ao
ves crimes por alguns cidadãos atenienses. (...) Em seu outro enquanto bons, e são bons em si mesmos. Ora, os
julgamento, segundo as práticas da época, diante de que desejam bem aos seus amigos por eles mesmos são
um júri de 501 cidadãos, o filósofo apresenta um longo os mais verdadeiramente amigos, porque o fazem em ra-
discurso, sua apologia ou defesa, em que, no entanto, zão da sua própria natureza e não acidentalmente. Por
longe de se defender objetivamente das acusações, iro- isso sua amizade dura enquanto são bons – e a bondade
niza seus acusadores, assume as acusações, dizendo-se é uma coisa muito durável. E cada um é bom em si mes-
coerente com o que ensinava, e recusa a declarar-se mo e para o seu amigo, pois os bons são bons em absolu-
inocente ou pedir uma pena. Com isso, ao júri, tendo to e úteis um ao outro. […] Uma tal amizade é, como se-
que optar pela acusação ou pela defesa, só restou como ria de esperar, permanente, já que eles encontram um no
alternativa a condenação do filósofo à morte. outro todas as qualidades que os amigos devem possuir.
(Danilo Marcondes). Com efeito, toda a amizade tem em vista o bem ou o
Com base no texto apresentado, explique quais foram prazer – bem ou prazer, quer em abstrato, quer tais que
os motivos da condenação de Sócrates à morte. possam ser desfrutados por aquele que sente a amiza-
de –, e baseia-se numa certa semelhança. E à amizade
3. (UFPR) Se há, então, para as ações que praticamos, entre homens bons pertencem todas as qualidades
alguma finalidade que desejamos por si mesma, sendo que mencionamos, devido à natureza dos próprios
tudo mais desejado por causa dela, e se não escolhemos amigos, pois numa amizade desta espécie as outras
tudo por causa de algo mais (se fosse assim, o processo qualidades também são semelhantes em ambos; e o
prosseguiria até o infinito, de tal forma que nosso desejo que é irrestritamente bom também é agradável no
seria vazio e vão), evidentemente tal finalidade deve ser sentido absoluto do termo, e essas são as qualidades
o bem e o melhor dos bens. Não terá então uma gran- mais estimáveis que existem.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

de influência sobre a vida o conhecimento deste bem? ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de:
Não deveremos, como arqueiros que visam a um alvo, VALLANDRO, L.; BORNHEIM, G. In: Os pensadores.
ter maiores probabilidades de atingir assim o que nos é São Paulo: Abril, 1979, VIII, 3, 1156b.
mais conveniente? Sendo assim, cumpre-nos tentar de- Com base na leitura desse trecho e em outras informa-
terminar, mesmo sumariamente, o que é este bem, e de ções presentes na obra em referência, explique por que
que ciências ou atividades ele é o objeto. Aparentemente não é toda e qualquer semelhança entre os homens que
ele é o objeto da ciência mais imperativa e predominan- motiva uma amizade verdadeira.
te sobre tudo. Parece que ela é a ciência política.
5. (UNESP) “O homem é o lobo do homem” é uma das
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, 1094a, p. 18-28.
frases mais repetidas por aqueles que se referem a
Que razões Aristóteles alega para justificar a afirmação Hobbes. Essa máxima aparece coroada por uma outra,
de que a ciência mais imperativa e predominante sobre menos citada, mas igualmente importante: “guerra de
tudo parece ser a ciência política? todos contra todos”. Ambas são fundamentais como
síntese do que Hobbes pensa a respeito do estado na-

142
tural em que vivem os homens. O estado de natureza Partindo de uma definição de moralidade como con-
é o modo de ser que caracterizaria o homem antes de junto de regras de conduta humana que se pretendem
seu ingresso no estado social. O altruísmo não seria, válidas em termos absolutos, responda se o pensamen-
portanto, natural. No estado de natureza o recurso à to de Maquiavel é compatível com a moralidade cristã.
violência generaliza-se, cada qual elaborando novos Justifique sua resposta, comentando o teor prático ou
meios de destruição do próximo, com o que a vida se pragmático do pensamento desse filósofo.
torna “solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta,
na qual cada um é lobo para o outro, em guerra de 8. (UFU) Ser vítima de bala perdida é o maior medo atu-
todos contra todos”. Os homens não vivem em coope- al dos cariocas e moradores da região metropolitana
ração natural, como fazem as abelhas e as formigas. O do Rio. Foi o que responderam 57% dos 4500 entrevis-
acordo entre elas é natural; entre os homens, só pode tados em levantamento do ISP (Instituto de Segurança
ser artificial. Nesse sentido, os homens são levados a Pública), órgão ligado à Secretaria de Segurança do Rio,
estabelecer contratos entre si. Para o autor do Leviatã, divulgado na tarde desta terça-feira. [...] um quinto dos
o contrato é estabelecido unicamente entre os mem- entrevistados (21,7%) foi vítima de um dos 21 tipos de
bros do grupo, que, entre si, concordam em renunciar crimes elencados na pesquisa (agressão, furto...).
a seu direito a tudo para entregá-lo a um soberano BELCHIOR, L. Mais da metade dos moradores do RJ
não confia na PM. In: Folha Online, 19/08/2008.
capaz de promover a paz. Não submetido a nenhuma
lei, o soberano absoluto é a própria fonte legisladora. Estatísticas como essas retratam a situação de medo e
A obediência a ele deve ser total. de insegurança geral vivenciada nas metrópoles brasi-
João Paulo Monteiro. Os pensadores. 2000. leiras e conferem atualidade a teorias como a do filó-
sofo Thomas Hobbes. Para ele, a função do Estado e do
Caracterize a diferença entre estado de natureza e vida
corpo político é a de garantir a paz e o direito de cada
social, segundo o texto, e explique por que a é atribuída
um à vida, impedindo o desencadeamento natural da
a Hobbes a concepção política de um “absolutismo sem
guerra de todos contra todos.
teologia”.
A partir da leitura das informações acima, responda às
6. (UFMG) Leia este trecho: seguintes perguntas.
Ouvi dizer a um homem instruído que o tempo não é a) De acordo com Hobbes, os seres humanos são na-
mais que o movimento do sol, da lua e dos astros. Não turalmente sociáveis? Justifique sua resposta.
concordei. Por que não seria antes o movimento de b) Quais seriam, para esse filósofo, as principais ca-
todos os corpos? Se os astros parassem e continuasse racterísticas do homem em estado de natureza?
a mover-se a roda do oleiro, deixaria de haver tempo c) Tendo em vista o fragmento da reportagem publica-
para medirmos suas voltas? [...] Ou, ao dizermos isto, da pelo jornal Folha Online, é correto dizer que o Es-
não falamos nós no tempo, e não há nas nossas pala- tado, hoje, do ponto de vista hobbesiano, cumpre sua
vras sílabas longas e sílabas breves, assim chamadas, obrigação em relação aos cidadãos?
porque umas ressoam durante mais tempo e outras du- 9. (UFU) Leia com atenção o texto abaixo em que o au-
rante menos tempo? tor comenta e cita Santo Agostinho, e, em seguida, res-
SANTO AGOSTINHO. Confissões (Livro XI: o Homem e o ponda as questões apresentadas.
Tempo). Tradução de: SANTOS, J. Oliveira; PINA, Ambrósio
de. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 286.
“Deus cria as coisas a partir de modelos imutáveis e eter-
nos, que são as ideias divinas. Essas ideias ou razões não
Nesse trecho, o autor argumenta contra a identificação existem em um mundo à parte, como afirmava Platão,
do tempo ao movimento dos astros. Apresente o argu- mas na própria mente ou sabedoria divina, conforme o
mento proposto por Santo Agostinho. testemunho da Bíblia.”
7. (UNESP) “Três maneiras há de preservar a posse de Es- “Que a mesma sabedoria divina, por quem foram
tados acostumados a serem governados por leis próprias; criadas todas as coisas, conhecia aquelas primeiras,
primeiro, devastá-los; segundo, morar neles; terceiro, per- divinas, imutáveis e eternas razões de todas as cois-
mitir que vivam com suas leis, arrancando um tributo e as antes de serem criadas, a Sagrada Escritura dá este
formando um governo de poucas pessoas, que perma- testemunho: No princípio era o Verbo e o Verbo estava
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

neçam amigas. Sucede que, na verdade, a garantia mais junto de Deus e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram
segura da posse é a ruína. Os que se tornam senhores feitas pelo Verbo e sem Ele nada foi feito. Quem seria
de cidades livres por tradição, e não as destroem, serão tão néscio a ponto de afirmar que Deus criou as coisas
destruídos por elas. Essas cidades costumam ter por ban- sem conhecê-las? E se as conheceu, onde as conheceu
deira, em suas rebeliões, tanto a liberdade quanto suas senão em si mesmo, junto a quem estava o Verbo pelo
antigas leis, jamais esquecidas, nem com o passar do tem- qual tudo foi feito?”
(Santo Agostinho, Sobre o Gênese, V, 29). COSTA, José Silveira
po, nem por influência dos favores que receberam.
da. A FilosofiaCristã. In: RESENDE, Antônio. Curso de Filosofia.
Por mais que se faça, e sejam quais forem os cuidados, Rio de Janeiro: Jorge Zahar/SEAF, 1986, p. 78, capítulo 4.
sem promover desavença e desagregação entre os habi-
tantes, continuarão eles a recordar aqueles princípios e a) Explique a relação, sugerida neste texto, entre a teo-
ria das Ideias de Platão e o pensamento de Agostinho.
a estes irão recorrer em quaisquer oportunidades e situ-
b) Explique como Agostinho usa essa teoria para expli-
ações”.
car o conhecimento humano, na sua conhecida Doutri-
Adaptado de: Nicolau Maquiavel. Publicado originalmente em 1513. na da Iluminação Divina.

143
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

144
ENTRE
SOCIEDADES

1
CIÊNCIAS
SOCIOLOGIA
HUMANAS
e suas tecnologias

U.T.I.
SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA: AUGUSTE COMTE

A Sociologia surge como um fruto das diversas transfor- Pensando no controle da sociedade, Comte estruturou que
mações do cotidiano, oriundo da Revolução Industrial, que todos os elementos deveriam ter a razão científica como
impulsionou ainda mais as desigualdades sociais entre os norteador dessas ações. Esse pensamento ganhou força na
homens – fato este que modificou as relações interpesso- Europa durante o século XIX, entre governos monárquicos
ais, tendo como referência as relações do trabalho e sua e republicanos. Uma nação que seguiu com toda ênfase o
desvalorização do trabalho humano. pensamento positivista foi o Império Austro-Húngaro.
Diante disso, emerge uma ciência que se preocupava em
oferecer uma explicação para os novos fenômenos sociais. Positivismo no Brasil
Com o início da República, no século XIX, o positivismo
Auguste Comte (1798-1857) ganhou força, principalmente na cidade do Rio de Janeiro.
Com suas características de que existe uma hierarquia, a
Comte introduz o positivismo, corrente filosófica que buscava
qual deve seguir uma ordenação científica, o positivismo
uma reorganização intelectual, moral e política da ordem so-
teve muitos adeptos dos altos oficiais do Exército e algu-
cial, com o intuito de controle de todas as instituições sociais.
O seu pensamento consistia em três estágios, contida em seu mas camadas da burguesia brasileira. Diante disso, a nova
Curso de filosofia positiva: bandeira do Brasil ganhou um lema positivista.

§ Estado teológico: corresponde à infância da huma-


nidade, pois a mente humana se baseia a um conheci-
mento provisório, ilusório, ou seja, tenta explicações da
realidade por meio de entidades sobrenaturais. Segundo
Comte, a religião se encaixa nesse estado, pois ela ini-
cia o processo do conhecimento; porém, é um tipo de
conhecimento não tão confiável.
§ Estado metafísico: as explicações dos fenômenos da
realidade são feitas por entidades abstratas, mas contêm
traços de elementos teológicos. Sendo um estado inter-
mediário para o conhecimento definitivo.
§ Estado positivo: representa a realidade, sendo a for-
ma definitiva. Aqui a ciência predomina, de modo que Bandeira do Império Brasileiro
se busca os fatos e não as causas ou princípios; se pre-
ocupa com o processo do conhecimento, e não com os
motivos dessas causas.

Positivismo
O pensamento científico e experimental é o único guia para
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

o ser humano, de forma que a ciência é a base dessa doutri-


na, com o intuito de organizar todos os elementos da socie-
dade, inclusive a área religiosa.
Em sua obra Sistema de política positiva (1854), Comte cria
a religião da humanidade ou a religião positivista, que tem
como princípios ou diretrizes “o amor, por princípio”, “a Bandeira da República Federativa do Brasil
ordem, por base” e “o progresso, por fim”.
Entre os brasileiros que propagaram o pensamento positivis-
Esse processo evolutivo também recairia entre as ciências
ta, podemos destacar os primeiros presidentes da República
positivas – matemática, física, astronomia, química, biologia
Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, os militares Benjamin
–, e teria como a maior entre essas ciências uma nova ciên-
Constant e Cândido Rondon e o escritor Euclides da Cunha.
cia – a sociologia –, que englobaria todas elas.

146
SOCIOLOGIA CLÁSSICA: ÉMILE DURKHEIM

A Europa passava por um momento de tranquilidade polí- Já as características dos fatos sociais devem ter traços de:
tica e econômica, chamada de Belle Époque, entre o fim da § generalidade: comum a todos ou à maioria dos inte-
Guerra Franco-Prussiana, em 1871, e o começo da Primeira grantes desse grupo social;
Guerra Mundial, em 1914. § exterioridade: não depende do indivíduo; e
Diante da efervescência tecnológica da época, ocorreu uma § coercitividade: se impõe de diversas formas.
grande transformação nos hábitos das pessoas, que dire-
cionou os indivíduos para o consumo de bens de consumos A religião para Durkheim
e o encantamento desses produtos perante os indivíduos.
Émile Durkheim nota que o elemento primordial que entre-

Émile Durkheim (1858-1917) laça todos os seres é a religião, pois, mesmo serem monote-
ístas ou politeístas, todas as religiões separam radicalmente
o mundo profano do mundo sagrado. Ele considera todas as
religiões como iguais, contendo um sistema de crenças e de
cultos, conjuntos de atitudes rituais, nas quais os seus “movi-
mentos são estereotipados”. A religião constrói a sociedade,
na qual “as divisões em dias, semanas (...) correspondem à
periodicidade dos ritos, das festas”, sendo assim uma mani-
festação natural da atividade humana.
A religião, para Durkheim, é uma espécie de especulação de
tudo que escapa à ciência, ou seja, o sobrenatural, possuin-
do assim na sua essência um conjunto de símbolos (os ritos).
Um dos precursores da escola sociológica francesa, o soci- O homem é um ser social, porque pensa por conceitos. A
ólogo Émile Durkheim sofreu uma forte influência do positi- concepção de mito é entendida como a representação de
vismo comteano, contendo traços do funcionalismo social, uma espécie de herói histórico.
em que considera as funções sociais contidas em seu obje-
to de pesquisa, trabalhando a moral, a religião etc. O método científico
Ele compreende a “cultura” como algo coletivo, um elemen- Durkheim inaugura o processo de investigação sobre os
to vivo por assim dizer, que acaba se transformando ao fenômenos sociais, pautado na observação dos fatos. Esse
longo do tempo. Assim, a sociedade se constrói mediante procedimento deve ser guiado por uma análise neutra do
essas transformações culturais, consolidando ou rejeitando pesquisador, pois é necessário a esse observador suprimir
princípios morais e éticos. todos os seus juízos de valores pessoais para que conclusões
não sejam precipitadas. Precisa, ainda, apresentar um retrato
O fato social fiel do objeto analisado, observando todos os elementos que
compõem essa estrutura vista. Nesse momento, Durkheim
Os fatos sociais são maneiras de pensar, agir e sentir que
apresenta a importância da sociologia como a ciência.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

existem independentemente das manifestações individu-


ais, isto é, são ações exteriores ao indivíduo, sendo gene- Nesse processo, é saliente notar que Durkheim aponta al-
ralizados na sociedade, de modo que são dotados de uma guns direcionamentos:
força imperativa e coercitiva perante os indivíduos. § o processo deve ser objetivo;
Segundo Durkheim, existem tipos de fatos sociais: § os fatos analisados podem ser normais ou anômicos; e
§ e como esses fatos se interligam ou afetam os inte-
§ Fato social normal: é o fato social coercitivos, fei-
tos de forma exterior, desencadeando ações coletivas grantes desse grupo estudado.
e gerais. Assim, aconteceram fatos corriqueiros, que serão caracteri-
§ Fato social patológico: é o fato que aponta elemen- zados como normais; e também fatos que fogem desse es-
tos de desequilíbrio. tereótipo de normalidade, que acarretarão anomias sociais,
§ Fato social anômico: é o fato que apresenta uma isto é, coisas estranhas que fogem da normalidade.
ausência de normas e de valores morais.

147
MAX WEBER

Max Weber (1864-1920) Weber faz uma crítica aos positivistas, entre eles Comte
e Durkheim, por não concordar que todos os tipos de ciên-
O alemão Maximilian Karl Emil Weber consolida a ciência cias seguem o mesmo procedimento. Segundo Weber, a
sociológica, analisando os processos do capitalismo na so- sociologia precisa desenvolver procedimentos de investiga-
ciedade contemporânea. Grande parte de seus estudos se ção que permitem verificar os valores e as motivações que
preocupou para o capitalismo e no seu processo racionali- condicionam as ações humanas.
zado, conjunto com um estudo sobre o desencantamento
do mundo. Seus trabalhos desenvolveram descobertas do O poder da religião
papel da subjetividade na ação e na pesquisa social. Weber Weber empreendeu análises comparativas entre as religiões,
não admite que existe uma lei preexistente que regule o com o objetivo de compreender as razões do desenvolvi-
desenvolvimento da sociedade. mento do capitalismo europeu. Ele conclui que o mundo
oriental não oferecia condições para este tipo de organiza-
ção econômica, pois pregava valores de harmonia; enquanto
as religiões cristãs incentivaram o trabalho e a competição.

A dominação
Para Weber, o capitalismo é dominado pela ascensão da ciên-
cia e da burocracia. Weber aponta uma relação entre domi-
Observador da sociedade nantes e dominados, constituídas com bases legítimas.
O sociólogo analisa as estruturas das sociedades, não se
Dominação - É a dominação burocrática no Estado;
concentrando nas particularidades individuais. Apropria-se
de um método compreensivo para suas análises. Para We- - Constituído por formas legais, hierárquicas, mediante
ber, a Sociologia é uma ciência que pretender compreender a Legal uma formação eleita ou nomeada;
- Deve seguir um estatuto.
Ação Social. Toda ação social segue certos requisitos:
§ o ser lhe dá um sentido; - Dominação patriarcal;
Dominação - Controle feito pelo “senhor” perante seus “súditos”;
§ esse sentido se remete ao outro.
Tradicional - Não é possível criar novos direitos diante das nor-
mas da tradição.
Ação Afetiva Determinada por sentimentos

Ação tradicional Determinada por costumes ou hábitos - Dominação por uma devoção afetiva;
Dominação
- Sendo um “líder” que constrói uma imagem de adora-
Ação racional com Determinada por um valor e Carismática ção, controlando seus “súditos”.
relação a valores se realiza pelo mesmo
Determinada pelos fins que
Ação racional com
perseguem, predominantemente
relação a fins na vida econômica.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

SOCIOLOGIA CLÁSSICA: KARL MARX


humanas e os seus hábitos na sociedade. Com isso, Marx vai
Karl Heinrich Marx ser um dos responsáveis em promover uma discussão crítica

(1818-1883) da sociedade capitalista, bem como da origem dos proble-


mas sociais que este tipo de organização social originou.
O filósofo alemão analisou as transformações ocorridas na Segundo Marx, nas sociedades capitalistas, a forma princi-
sociedade durante a Revolução Industrial no século XIX, pal de conflito ocorre entre duas classes sociais fundamen-
quando as máquinas começaram a substituir o trabalho tais: a burguesia e o proletariado. Essa formação assim se
manual dos homens, modificando radicalmente as relações constitui, porque a classe assalariada (o proletariado), que

148
não tendo os meios de produção, cedem a sua força de doria. Quando o trabalhador excede o tempo de trabalho
trabalho em troca de um benefício econômico, sendo parte necessário, ele cria uma riqueza para os donos da produção,
fundamental do enriquecimento da burguesia, ou seja, os denominada mais-valia.
donos dos meios de produção exploram aqueles que não Segundo Marx, o trabalhador acaba sendo alienado pelo
detêm os artifícios, pois só vendem o seu trabalho humano. próprio processo de produção, do modo que esse trabalha-
dor não tem consciência do seu próprio papel na sociedade,
pois ele, devido às suas necessidades, constitui toda a sua
vida em torno do seu trabalho.
Em 1848, redigiu com Friedrich Engels, o Manifesto do Parti-
do Comunista. Nele, Marx convoca o proletariado à luta pelo
socialismo. Nesse período, ocorreram diversas manifestações
de cunho liberal, socialista e democrático, denominada Pri-
mavera dos Povos.
Tipo de fábrica do século XIX Fundou, em 1864, a Associação Internacional dos Trabalha-
Desse modo, o conflito entre essas duas classes acaba ge- dores – depois chamada de Primeira Internacional dos Tra-
rando uma mudança na história da humanidade, pois um balhadores –, com o objetivo de organizar a conquista do
grupo pretende conquistar novas condições, que alguns poder pelo proletariado em todo mundo. Em 1867, publicou
entenderam como direitos, e o outro grupo não pretende o primeiro volume de sua obra mais importante, O capital, na
ceder essas condições, modificando-se a consciência e as qual faz uma crítica ao capitalismo e à sociedade burguesa.
próprias relações humanas. Entretanto, a classe dominante Marx é o principal idealizador do socialismo e do comunismo
(a burguesia) tem maiores chances de construir a história revolucionário. O marxismo – conjunto das ideias político-fi-
como deseja, visto que possuem o poder econômico e polí- losóficas de Marx – propõe a derrubada da classe dominante
tico nas mãos; algo bem diferente da classe proletária, que (a burguesia) por uma revolução do proletariado. Marx critica
não têm esses meios de produção. o capitalismo e seu sistema de livre empresa que, segundo
Mediante a isso, Marx observa que no capitalismo o mer- ele, pelas contradições econômicas internas, levaria a clas-
cado é o centro das relações sociais, sendo que, no mer- se operária à miséria. Propunha uma sociedade na qual os
cado, a força de trabalho é comercializada como merca- meios de produção fossem de toda a coletividade.

SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA: PIERRE BOURDIEU

Pierre Bourdieu (1930-2002) A escola


Para Bourdieu, a instituição escolar é um exemplo de titulari-
Com uma análise das sociedades capitalistas, que privile-
zação de bens simbólicos, pelo seu caráter de reprodutora de
gia a reprodução social, o francês Pierre Bourdieu denota a
costumes desiguais. Isso ocorre, porque a escola transmite
presença de trocas simbólicas.
aos estudantes a forma de conhecimento da classe domi-
nante, tendo um discurso aparentemente neutro e oficial.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

O capital é um conceito que discute a quantidade de acú-


mulo de forças dos agentes em suas posições no campo. Os
quatro tipos de capital humano, a saber:
Econômico Atrelado aos meios de produção e renda.
A saber: institucionalizado, com títulos e diplomas.
Cultural Incorporado: pela forma da expressão oral.
Objetivo: pela posse de quadros ou obras de arte.
O bem simbólico é um conjunto de práticas sociais regidas
Sendo o conjunto das relações sociais que dispõe um
pelo poder, consolidando uma dominação social, que con- Social indivíduo, a reprodução das relações sociais.
tém hierarquias e subdivisões, propagando uma desigual- Atrelado ao reconhecimento, correspondendo ao con-
Simbólico
dade nessa sociedade. junto de rituais, como etiquetas, protocolo.

149
Diante disso, um indivíduo que possui o capital econômi- Camada que comanda o mercado.
co teria mais oportunidades de adquirir e se apropriar dos
outros capitais. Endinheirados Características:
Tem elevado capital cultural e elevado capital eco-
Habitus nômico; controlam e condicionam as ações sociais.

O habitus, para Bourdieu, condiciona que os indivíduos con- Classe que possui capital cultural e
parte do capital econômico.
vivam em um mesmo agrupamento social, tendo estilos de Classe média
vida parecidos, onde os “fatos sociais” se assemelham. O tradicional Características:
Possui a ilusão da meritocracia; domina a
habitus qualifica a relação do sujeito com a sociedade, ten-
classe subalterna (os trabalhadores).
do uma base estratificação de poder.
Camada popular que consegue melhorar a renda.
A violência simbólica Características:
Trabalhadores
Segundo Bourdieu, a violência simbólica é uma violência Não desenvolveram e consolidaram o capital cultu-
“invisível”, concretizada por formas de comunicação, ten- ral; trabalham em 2 a 3 empregos; são pentecostais.
do uma relação de subjugação e submissão, numa típica
Pessoas que abaixo da linha de dignidade.
situação de dominação. Só que o dominado é cúmplice e
aceita essa dominação. Características:
A violência simbólica pode ser tomada pelas instituições da Ralé Serviços braçais, não são valorizados e nem
reconhecidas; não recebem estímulos familiares;
sociedade, como o Estado, a mídia, a escola. Consolidando correspondem a 1/3 da população brasileira;
uma forma de opressão entre os segmentos da sociedade. precisam de proteção do Estado.

Jessé Souza (1960) Segundo Jessé, as desigualdades socioculturais são frutos


de uma reprodução de costumes ordenados por uma elite
O sociólogo desenvolveu uma pesquisa empírica da realida- dominante. Evidenciando, com isso, uma continuidade de
de brasileira que caracterizou quatro classes nessa sociedade, uma divisão social brasileira, que segregam culturalmente e
que segue a mesma lógica do capital humano de Bourdieu: espacialmente boa parte da população.

O PROCESSO CIVILIZADOR: NORBERT ELIAS

Norbert Elias (1897-1990) entendido como um processo transformador de longo pra-


zo nas estruturas da personalidade e do comportamento
O sociólogo alemão inovou no desenvolvimento da teoria individuais. Traçando a evolução histórica dos costumes
social ao elucidar os processos sociais, isto é, os processos humanos, que será codificada no termo habitus, segundo o
de interação humana na sociedade. autor alemão, as estruturas psíquicas individuais são mol-
Tendo uma abordagem crítica, Elias demonstra que os pro- dadas por atitudes sociais.
cessos sociais baseiam-se nas atividades dos indivíduos de Dessa maneira, a concepção de processo civilizador reflete as
diferentes maneiras, construindo teias de interatividade e
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

mudanças nas cadeias de interdependência humana. Assim,


formando as instituições sociais, como a família, a cidade, os hábitos podem ser modificados ao longo do tempo, numa
o Estado e as nações. Seu pensamento analisa as estruturas observação histórica, num processo social civilizador.
sociais não de uma forma estática, mas sempre em desen-
volvimento. Configuração e civilização
O processo civilizador O conceito de configuração pode ser entendido como um
Escrito na década de 1930, esse texto apresenta sua teoria padrão criado pelos homens, desencadeando ações entre
dos processos civilizadores, de modo que ocorre uma aná- esses homens, sendo um padrão flexível, que pode sofrer
lise dos costumes da humanidade a partir da formação do alterações constantemente, ajustando-se conforme a cria-
Estado Moderno, abrangendo também a cultura. ção da instituição social, servindo tanto para o domínio ex-
Norbert Elias salienta que o processo civilizador pode ser terno como para o autodomínio individual.

150
O processo civilizador encontra meios externos e internos de
controle social para limitar os impulsos animalescos. Com as U.T.I. - Sala
formas das leis e do Estado, é uma compreensão civilizatória 1. (UFU) Segundo Aron, para Marx, “o tempo de traba-
para os indivíduos, ao passo que as regras de etiqueta são lho necessário para o operário produzir um valor igual
também uma representação dessa civilização. Tudo isso em ao que recebe sob forma de salário é inferior à duração
prol do convívio humano para conter qualquer tipo de instin- efetiva do seu salário”.
ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico.
to e para não prejudicar o coletivo. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 148.

Karl Mannheim (1893-1947) Com base no trecho, faça o que se pede.


a) A proposição apresentada por Aron está ligada a qual
Sociólogo húngaro, com grande influência do marxismo, conceito dentro da teoria marxista? Explique esse con-
elaborou a sociologia do conhecimento. Sua análise con- ceito.
siste em identificar que o conhecimento está vinculado aos b) Como este conceito, dentro da teoria marxista, pode
interesses sociais das classes. De modo que o conhecimen- ser desdobrado como absoluto e relativo? Explique esses
desdobramentos, caracterizando-os e definindo-os.
to é historicamente relativo.
2. (UFPR) O fragmento abaixo foi retirado do livro O que
Mannheim salienta que o pensamento social só pode ex-
é Sociologia? e refere-se ao pensamento do sociólogo
pressar a vida, e não explicá-la em definitivo, sendo que exis- Max Weber.
tem tendências em criar padrões para uma melhoria de vida.
A Sociologia por ele [Max Weber] desenvolvida consi-
A modernidade, segundo o sociólogo, não tem apenas derava o indivíduo e a sua ação como ponto-chave da
custos e malefícios ao ser humano, ela apresenta novas investigação. Com isso, ele queria salientar que o ver-
esperanças e valores sociais solidários. dadeiro ponto de partida da Sociologia era a compre-
ensão da ação dos indivíduos e não a análise das “ins-
tituições sociais” ou do “grupo social”, tão enfatizadas
pelo pensamento conservador. Com essa posição, não
tinha a intenção de negar a existência ou a importância
dos fenômenos sociais, como o Estado, a empresa ca-
pitalista, a sociedade anônima, mas tão somente a de
ressaltar a necessidade de compreender as intenções e
motivações dos indivíduos que vivenciam estas situa-
ções sociais. A sua insistência em compreender as moti-
vações das ações humanas levou-o a rejeitar a proposta
do positivismo de transferir para a Sociologia a meto-
dologia de investigação utilizada pelas ciências natu-
rais. Não havia, para ele, fundamento para essa propos-
ta, uma vez que o sociólogo não trabalha sobre uma
matéria inerte, como acontece com os cientistas natu-
rais [...]. Vivendo em uma nação retardatária quanto ao
desenvolvimento capitalista, Weber procurou conhecer
a fundo a essência do capitalismo moderno. Ao contrá-
rio de Marx, não considerava o capitalismo um sistema
injusto, irracional e anárquico. Para ele, as instituições
produzidas pelo capitalismo, como a grande empresa,
constituíam clara demonstração de uma organização
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

racional que desenvolvia suas atividades dentro de um


padrão de precisão e eficiência.
(MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia? São Paulo:
Brasiliense, 2011, p. 69 e 72. Coleção Primeiros Passos.)
Com base nos conhecimentos sociológicos, caracterize
a Sociologia na perspectiva weberiana, discorrendo so-
bre os aspectos relevantes dessa perspectiva aponta-
dos no texto-base.

3. (UEMA) Émile Durkheim (1858-1917) é considerado


um dos teóricos fundadores da Sociologia e definiu como
objeto de estudo dessa nova ciência os fatos sociais,
compreendidos como “coisa”. O texto adaptado retrata
as características dos fatos sociais.

151
Não somos obrigados a falar a língua do nosso país, II. A função de um fato social deve ser sempre buscada
usar a moeda vigente ou adaptar-nos à tecnologia mo- na relação que mantém com algum fim social.
derna; mas se assim não o fizermos, nossas vidas serão DURKHEIM, E. As regras do método sociológico.
um fracasso, portanto, não temos escolha, todos nós 5. ed. São Paulo: Editora Nacional, 1968. p. 102.
somos coagidos a acatá-las. Estas decisões não são
determinadas individualmente, são exteriores à nossa Com base nas regras I e II e nos conhecimentos sobre o
vontade, elas já estão prontas na sociedade. fato social, explique como se dá a relação entre indivíduo
e sociedade para Durkheim. Exemplifique essa relação.
BOELTER, C.; PLUMER, E. Sobre o pensamento de Durkheim
e Weber. In: TESKE, Ottmar (Coord.). Sociologia: textos e
contextos. Canoas: Ed. Ulbra, 1999, p. 41. Adaptado. 7. Cada um desses estágios do desenvolvimento da
burguesia se fez acompanhar do correspondente pro-
Explique as características dos fatos sociais, na visão de gresso político. Estamento oprimido sob a dominação
Émile Durkheim, contidas no texto acima. dos senhores feudais, associação armada e autogover-
4. (UEL) Leia o texto a seguir. nante na comuna, ora república municipal indepen-
dente, ora terceiro estamento tributável da monar-
O homem faz a religião, a religião não faz o homem. E a quia; depois, à época da manufatura, contrapeso para
religião é de fato a autoconsciência e o sentimento de a nobreza na monarquia estamental ou na absoluta,
si do homem, que ou não se encontrou ou voltou a se fundamento central de todas as grandes monarquias
perder. Mas o homem não é um ser abstrato, acocorado – a burguesia por fim conquistou para si, desde o es-
fora do mundo. O homem é o mundo do homem, o Esta- tabelecimento da grande indústria e do mercado mun-
do, a sociedade. Este Estado e esta sociedade produzem dial, a exclusiva dominação política no moderno Esta-
a religião, uma consciência invertida do mundo, porque do representativo. O moderno poder estatal é apenas
eles são um mundo invertido. uma comissão que administra os negócios comuns de
MARX, Karl. Crítica à Filosofia do Direito de toda a classe burguesa.
Hegel. São Paulo: Boitempo, 2005. p. 145.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto do Partido Comunista.
Na teoria do pensador Karl Marx, há um conceito que São Paulo: Penguin Classics/ Companhia das Letras, 2012, p. 46.
explica essa inversão da realidade (por conseguinte, da
A partir do texto, responda: Para Marx, qual a relação
consciência) e, em razão dela, da relação do sujeito (se-
entre sistema político e sistema econômico?
res humanos) com aquilo que, objetiva e subjetivamen-
te, ele produz. 8. (UEL) Considere os trechos a seguir.
Com referência às ideias de Marx, responda aos itens A classe operária não pode apossar-se simplesmente da
a seguir. maquinaria de Estado já pronta e fazê-la funcionar para
a) Qual é esse conceito? os seus próprios objetivos.
b) O que significa inverter a relação sujeito-objeto? MARX, Karl. A revolução antes da revolução. São
Paulo: Expressão Popular, 2008, p. 399.
Explique como isso se manifesta na religião.
Também do ponto de vista histórico, contudo, o “pro-
5. (UEL 2017) Max Weber é considerado pioneiro em de- gresso” a caminho do Estado regido e administrado
finir o Estado por duas características fundamentais. A segundo um direito burocrático e racional e regras
primeira é o monopólio legítimo do uso da força física. pensadas racionalmente, atualmente, está intimamente
A segunda reside no fato de que tal monopólio é res- ligado ao moderno desenvolvimento capitalista.
trito a determinado território. O controle das fronteiras,
WEBER, Max. Parlamento e governo na Alemanha
incluindo a permissão de quem pode adentrar e perma- reordenada: crítica política do funcionalismo e da natureza
necer em seu território segundo aquelas características, dos partidos. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 43.
seria prerrogativa do Estado. É necessário lembrar, en- Com base nos trechos, compare as concepções clás-
tretanto, que o conceito de Estado elaborado por We- sicas de Estado formuladas nas obras de Karl Marx e
ber é um tipo ideal. Max Weber.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Com base nessas informações e nos acontecimentos


da recente “crise migratória na Europa”, cujo fluxo de 9. (UFPR) Descreva dois dos principais acontecimentos
refugiados exemplifica alterações significativas dos pa- históricos que favoreceram o surgimento da sociolo-
péis atribuídos ao Estado moderno, cite e explique um gia na Europa do século XIX.
fato que se afasta do tipo ideal de Estado definido por
Weber, apontando para algumas configurações recen- 10. (UNESP) Leia os textos.
tes das ações ou reações dos Estados nacionais.
TEXTO 1
6. (UEL) Émile Durkheim considera o fato social o objeto Ora, a propriedade privada atual, a propriedade bur-
de estudo da Sociologia e propõe regras para explicá-lo. guesa, é a última e mais perfeita expressão do modo de
Duas dessas regras são formuladas da seguinte maneira: produção e de apropriação baseado nos antagonismos
I. A causa determinante de um fato social deve ser bus- de classes, na exploração de uns pelos outros. Neste
cada entre os fatos sociais anteriores, e não entre os sentido, os comunistas podem resumir sua teoria nesta
estados de consciência individual. fórmula única: a abolição da propriedade privada. (…)

152
A ação comum do proletariado, pelo menos nos países 3. Segundo Augusto Comte, a sociedade humana deve
civilizados, é uma das primeiras condições para sua passar por três estados: o teológico, o metafísico e, por
emancipação. Suprimi a exploração do homem pelo ho- último, o positivo. É nesse último estado que, para Com-
mem e tereis suprimido a exploração de uma nação por te, a Sociologia se torna tão importante.
outra. Quando os antagonismos de classes, no interior
a) Qual a razão dessa importância?
das nações, tiverem desaparecido, desaparecerá a hos-
b) Esse tipo de argumento continua sendo válido?
tilidade entre as próprias nações.
Marx e Engels. Manifesto comunista. 1848. 4. Explique qual a importância do conceito de coerção
segundo Émile Durkheim e o conceito de fato social.
TEXTO 2
Os comunistas acreditam ter descoberto o caminho 5. (UFU) Para Weber, a Sociologia é uma ciência que pro-
para nos livrar de nossos males. Segundo eles, o ho- cura compreender a ação social; a compreensão implica
mem é inteiramente bom e bem disposto para com a percepção do sentido que o ator atribui à sua conduta.
seu próximo, mas a instituição da propriedade priva- ARON, R. As etapas do pensamento sociológico.
da corrompeu-lhe a natureza. (…) Se a propriedade São Paulo: Martins Fontes, 1993. p. 465.
privada fosse abolida, possuída em comum toda a ri- Em vista do exposto, faça o que se pede.
queza e permitida a todos a partilha de sua fruição,
a má vontade e a hostilidade desapareceriam entre a) Defina o que é ação social para Weber.
os homens. (…) Mas sou capaz de reconhecer que as b) Caracterize os quatro tipos puros de ação social
premissas psicológicas em que o sistema se baseia são para Weber.
uma ilusão insustentável. (…) A agressividade não foi
6. (UFF) Escrito em 1880, o livro de Friederich Engels,
criada pela propriedade. (…) Certamente (…) existirá
Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico, buscou
uma objeção muito óbvia a ser feita: a de que a natu-
discutir os limites do chamado Socialismo Utópico. Os fi-
reza, por dotar os indivíduos com atributos físicos e
lósofos do Socialismo Utópico acreditavam que a partir
capacidades mentais extremamente desiguais, intro-
da compreensão e da boa vontade da burguesia se po-
duziu injustiças contra as quais não há remédio.
deria transformar a sociedade capitalista, eliminando o
Sigmund Freud. Mal-estar na civilização. 1930. Adaptado.
individualismo, a competição, a propriedade individual e
Qual a diferença que os dois textos estabelecem sobre os lucros excessivos, todos responsáveis pela miséria dos
a relação entre a propriedade privada e as tendências trabalhadores. Como alternativa àquela corrente, Engels
de hostilidade e agressividade entre os homens e as na- e Marx propunham o Socialismo Científico.
ções? Explicite, também, a diferença entre os métodos
ou pontos de vista empregados pelos autores dos tex- Com base nessa informação:
tos para analisar a realidade. a) caracterize a alternativa proposta por Engels e
Marx – o Socialismo Científico – em relação ao papel
U.T.I. - E.O. dos trabalhadores na transformação da sociedade.
b) mencione uma proposta levada a efeito pelos so-
1. Em seu estudo sobre o suicídio, Émile Durkheim pro- cialistas utópicos.
curou chamar a atenção para a dimensão sociológica
deste fato. Assim, “considerando que o suicídio é um 7. (UNESP)
ato da pessoa e que só a ela atinge, tudo indica que
deva depender exclusivamente de fatores individuais e TEXTO 1
que sua explicação, por conseguinte, caiba tão somen-
O positivismo representa amplo movimento de pensa-
te à psicologia. De fato, não é pelo temperamento do
mento que dominou grande parte da cultura europeia,
suicida, por seu caráter, por seus antecedentes, pelos
no período de 1840 até às vésperas da Primeira Guerra
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

fatores de sua história privada que em geral se explica


Mundial. Nesse contexto, a Europa consumou sua trans-
a sua decisão.[...]”. E complementa: “o suicídio varia na
formação industrial, e os efeitos dessa revolução sobre
razão inversa do grau de integração dos grupos sociais
de que faz parte o indivíduo.” a vida social foram maciços: o emprego das descobertas
científicas transformou todo o modo de produção. Em
O suicídio. Estudo de Sociologia.
São Paulo: Martins Fontes, 2000. poucas palavras, a Revolução Industrial mudou radical-
mente o modo de vida na Europa. E os entusiasmos se
a) Explique os tipos de suicídio definidos por
cristalizaram em torno da ideia de progresso humano e
Durkheim.
social irrefreável, já que, de agora em diante, possuíam-se
b) Discorra a respeito da relação estabelecida por
os instrumentos para a solução de todos os problemas. A
Durkheim entre os tipos de suicídio e os tipos de soli-
ciência pelos positivistas apresentava-se como a garan-
dariedade por ele definidos.
tia absoluta do destino progressista da humanidade.
2. Qual o princípio da lei dos três Estados na teoria de Giovanni Reale; Dario Antiseri.
Auguste Comte? História da filosofia. 1991. Adaptado.

153
TEXTO 2 minúsculos pontos de cruzamento da biografia e da
história, na sociedade” (MILLS, 1969, p. 14).
O “progresso” não é nem necessário nem contínuo. A MAIA, João Marcelo Ehlert; PEREIRA, Luís Fernando Almeida.
humanidade em progresso nunca se assemelha a uma Pensando com a Sociologia. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009.
pessoa que sobe uma escada, acrescentando para cada
No fragmento de texto acima, o autor usa o divórcio para
um dos seus movimentos um novo degrau a todos aque-
exemplificar de que forma as experiências individuais se
les já anteriormente conquistados. Nenhuma fração da
conectam com as transformações sociais mais amplas.
humanidade dispõe de fórmulas aplicáveis ao conjunto.
Com base nos conhecimentos sociológicos, caracterize a
Uma humanidade confundida num gênero de vida único
“imaginação sociológica”, discorrendo sobre os aspectos
é inconcebível, pois seria uma humanidade petrificada. relevantes dessa perspectiva apontados no texto-base, e
Claude Lévi-Strauss. A noção de estrutura em etnologia. 1985. Adaptado. mencione e explique outro fato social para exemplificar
a) Considerando o texto 1, explique o que significa o raciocínio da “imaginação sociológica”.
“eurocentrismo” e por que o conceito de progresso
pressuposto pelo positivismo é eurocêntrico. 9. (UFU) Considere a seguinte citação.
b) Por que o método empregado pelo autor do texto 2
É evidente que, tecnicamente, o grande Estado moder-
é considerado relativista? Como sua concepção de pro-
no é absolutamente dependente de uma base burocrá-
gresso se opõe ao conceito de progresso positivista?
tica. Quanto maior é o Estado e principalmente quanto
8. (UFPR) Leia com atenção o fragmento abaixo. mais é, ou tende a ser, uma grande potência, tanto mais
incondicionalmente isso ocorre.
Segundo a citação de Maia e Pereira (2009, p. 7-8), re-
WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. 5. ed.
tirada do livro Pensando com a Sociologia, “em seu fa- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982, p. 246.
moso livro sobre as formas de fazer sociologia, Wright
Mills utilizou a expressão ‘imaginação sociológica’. [...] a) De acordo com a Sociologia de Max Weber, expli-
essa imaginação poderia ser aprendida e exercida por que a diferença entre poder e dominação.
qualquer pessoa educada que se mostrasse curiosa b) Cite os três tipos puros de dominação legítima e
a respeito das relações entre biografia e história. Ou explique cada um deles.
seja, a sociologia não seria simplesmente uma disci-
plina acadêmica ou uma ciência ultrassofisticada, mas
uma forma de argumento público capaz de revelar as
conexões entre as transformações na vida cotidiana e
os processos mais amplos de mudança histórica”. Nas
palavras de Wright Mills: “A ‘imaginação sociológica’
é um ato que permite ir além das experiências e das
observações pessoais para compreender temas públi-
cos de maior amplitude. O divórcio, por exemplo, é um
fato pessoal inquestionavelmente difícil para o mari-
do e para a esposa que se separam, bem como para
os filhos. Entretanto, o uso da ‘imaginação sociológi-
ca’ permite compreender o divórcio não apenas como
problema pessoal individual, mas também como uma
preocupação social. O aumento da taxa de divórcio re-
define uma instituição fundamental – a família”. Cabe
salientar que a ‘imaginação sociológica’ não consisti-
ria simplesmente em aumentar o grau de informação
das pessoas, mas numa “[...] qualidade de espírito que
lhes ajude a usar a informação e a desenvolver a razão,
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

a fim de perceber, com lucidez, o que está ocorrendo


no mundo e o que pode estar acontecendo dentro de-
les mesmos” (MILLS, 1969, p. 11). A imaginação socio-
lógica é uma forma crítica de pensar em sociologia,
que nos permite conectar a nossa experiência vivida
(e a experiência vivida dos outros) no contexto mais
amplo das instituições sociológicas em que ocorre. A
utilização da ‘imaginação sociológica’ se fundamenta
na necessidade de conhecer o sentido social e histó-
rico do indivíduo na sociedade e no período no qual
sua situação e seu ser se manifestam. Mills também
sugere que “por meio da ‘imaginação sociológica’ os
homens podem perceber o que está acontecendo no
mundo e compreender o que acontece com eles, como

154
GEOGRAFIA

1
CIÊNCIAS
GEOGRAFIA 1
HUMANAS
e suas tecnologias

U.T.I.
MOVIMENTOS DA TERRA

Movimentos da Terra Quando um corpo está no periélio, ele tem a maior velo-
cidade de translação de toda a sua órbita.
Do ponto de vista da ciência, a Terra possui um único mo- O afélio, por sua vez, é o ponto da órbita em que um plane-
vimento, que pode, dependendo de suas causas, ser divi- ta ou um corpo está mais distante do Sol. Quando um astro
dido nos seguintes componentes: está no afélio, ele tem a menor velocidade de translação de
§ movimento de rotação em torno de seu eixo; toda a sua órbita, proporcionando invernos mais longos no
HS e verões mais longos no HN.
§ movimento de translação em torno do Sol;
Movimento acelerado TERRA
§ movimentos de precessão e de nutação;
§ movimento dos polos; SOL

§ movimento em torno do centro de nossa galáxia. Periélio Afélio

Os dois primeiros são os principais, pois suas influências


podem ser sentidas diariamente. Movimento retardado

Movimento de rotação Equinócio, solstício


O movimento de rotação ocorre quando a Terra gira em
torno de si mesma, de oeste para leste, isto é, em torno de
e estações do ano
um eixo imaginário que passa por seus polos. A duração Quatro pontos do trajeto de translação são significativos ao
do chamado dia sideral, ou seja, o tempo necessário para a longo do ano: dois solstícios e dois equinócios. Os dois equi-
Terra completar uma volta em torno de seu eixo (360º exa- nócios são os momentos nos quais os raios solares incidem
perpendicularmente no Equador. Dias 21 ou 22 de março e
tos), é de 23 horas, 56 minutos, 4 segundos e 9 décimos.
23 de setembro são datas que marcam, respectivamente, o
Em relação ao Sol, o tempo de rotação médio, o chamado
início do outono e da primavera no hemisfério Sul e o início
dia solar médio, é de 24 horas. O dia solar é compreendido
da primavera e do outono no hemisfério Norte.
como o período entre duas passagens sucessivas do Sol
sobre o meridiano local e varia ao longo do ano, sendo
sempre superior ao dia sideral.

Movimento de translação
A Terra, ao mesmo tempo em que gira em torno do seu eixo,
também realiza o movimento de translação, que consiste em
dar uma volta completa em torno do Sol. Para realizar esse
movimento, ela utiliza cerca de 365 dias – ou precisamente
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. O trajeto per-


corrido com esse movimento é denominado órbita terrestre.
Já os solstícios são os momentos nos quais os raios so-
A órbita terrestre é elíptica, onde o Sol está ligeiramente des- lares incidem perpendicularmente sobre um dos trópicos.
locado em relação ao centro do movimento. Eles ocorrem em 22 de junho, no Trópico de Câncer (no
A Terra está mais próxima do Sol entre 4 a 7 de janeiro e hemisfério Norte), e em 21 de dezembro, no Trópico de
mais distante entre 4 e 7 de julho. Capricórnio (hemisfério Sul). Essas duas datas marcam,
respectivamente, o início do inverno e do verão no hemis-
Periélio e afélio fério Sul, e o início do verão e do inverno no hemisfério
Norte. No dia de solstício, os raios solares tangenciam um
O periélio é o ponto da órbita de um corpo, seja ele pla- dos polos, fazendo com que este tenha 24 horas de luz, e
neta, asteroide ou cometa, que está mais perto do Sol. o outro, 24 horas de escuridão.

156
COODERNADAS GEOGRÁFICAS E FUSO HORÁRIO

Coordenadas geográficas
Meridianos
Os meridianos são linhas imaginárias que ligam os Polos Norte e Sul, formando “meias circunferências” na Terra.
O meridiano de Greenwich divide a Terra em dois hemisférios: ocidental e oriental. A partir dele, é possível traçar diversos
meridianos, até o limite de 180°, tanto para Oeste quanto para Leste, o que totaliza os 360° da “circunferência” da Terra.

Paralelos
A linha imaginária traçada na parte mais larga da Terra é o paralelo de zero grau (0°), cujos pontos são equidistantes dos
polos. Ele foi denominado Equador, o principal paralelo, e divide o planeta em dois hemisférios, Norte e Sul.
Os outros paralelos são traçados seguindo a linha do Equador, tanto para o Norte quanto para o Sul. Além do Equador,
existem quatro paralelos notáveis: no hemisfério Norte, há o Círculo Polar Ártico (90° N) e o Trópico de Câncer (23° N); no
hemisfério Sul, há o Círculo Polar Antártico (90° S) e o Trópico de Capricórnio (23° S).

MERIDIANOS PARALELOS
antimeridiano Polo norte 90º N Latitudes
180º
de Greenwich norte


Greenwich

Equador
© César da Mata/Schäffer Editorial

Latitudes
0º sul
Longitudes Longitudes
oeste leste

Latitude e longitude
§ Latitude é a distância, medida em graus, que separa a linha do Equador de um ponto qualquer da superfície terrestre.
Ela varia de 0° a 90° ao Norte e ao Sul.
§ Longitude é a distância, medida em graus, do meridiano de Greenwich a um ponto qualquer da superfície da Terra. Ela
varia de 0° a 180° a Leste ou a Oeste.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

LONGITUDES LATITUDES

157
Zonas de iluminação
Nas áreas próximas aos polos, onde a curvatura da Terra é
mais acentuada, os raios do sol se distribuem por uma su-
perfície menor, determinando menor concentração de calor.
Nas baixas latitudes (próximas ao Equador), os raios so-
lares tocam perpendicularmente a superfície do planeta,
determinando maior concentração e, consequentemente,
maior aquecimento. Temperaturas médias ocorrem nas
latitudes médias (entre os trópicos e os círculos polares).
1. Zona Tropical ou Tórrida (ou de baixas latitudes) –
situada entre os trópicos.
2. Zona Temperada do Norte (ou de médias latitudes)
– situada entre o Trópico de Câncer e o Círculo Glacial Ár-
tico.
Meridiano 0, marcado no Observatório Real
3. Zona Temperada do Sul (ou de médias latitudes) – de Greenwich, a leste de Londres

situada entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Glacial Definiu-se o antimeridiano de Greenwich, ou seja, a linha
Antártico. de longitude 180º, oposta ao meridiano inicial, chama-
4. Zona Glacial Ártica (ou de altas altitudes) – situada da Linha Internacional de Mudança de Data. Esse
ao Norte do Círculo Glacial Ártico. meridiano divide um fuso em que todos os lugares têm a
mesma hora, mas, a oeste da linha, a data está um dia na
5. Zona Glacial Antártica (ou de altas latitudes) – situa-
frente da data a leste.
da ao Sul do Círculo Glacial Antártico.

Fuso horário
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Dividindo-se os 360º da “esfera” terrestre pelo número de


horas em que a Terra leva para completar seu movimento Fuso horário legal
de rotação, tem-se 15º (quinze graus), ou seja, a cada hora,
a Terra gira 15º. Partindo desse raciocínio, o planeta foi divi-
dido em 24 fusos horários, correspondentes às 24 horas do
Fusos horários do Brasil
dia e limitados por meridianos, distantes 15º uns dos outros. § primeiro fuso (UTC-2): Atol das Rocas, Fernando de
Noronha, Arquipélago de São Pedro e São Paulo, Trin-
O meridiano 0º tem como referência o observatório de
dade e Martim Vaz;
Greenwich. Como a Terra gira de Oeste para Leste, os fusos
à leste de Greenwich têm as horas adiantadas em relação § segundo fuso – horário de Brasília (UTC-3): regi-
ao fuso inicial. Os fusos situados à oeste, por sua vez, têm ões Sul, Sudeste e Nordeste; Estados de Goiás, Tocan-
as horas atrasadas em relação à hora de Greenwich. tins, Pará e Amapá; e o Distrito Federal;

158
§ terceiro fuso (UTC-4): Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima e a parte do Amazonas que
fica a leste da linha que interliga Tabatinga e Porto Acre;
§ quarto fuso (UTC-5): Estado do Acre e a porção do Amazonas que fica a oeste da linha.
70° O VENEZUELA 60° O GUIA NA 50° O 40° O 30° O
FRA NCESA N
SURINA ME
COLÔMBIA
- 4:30 O L
horas RR GUIANA
OC S
AP EA
Linha do Equador NO

AT
L Â

N
TI
AM PA

CO
MA CE
RN
PB
PI
PE
AC AL
10° S TO 10° S
RO SE

MT BA
PERU

DF
GO

BOLIVIA MG
MS ES
20° S 20° S
PA RA GUA I
SP RJ
io
Capricórn
Trópico de

O
CHILE PR

IC
T
PACÍFICO

ÂN
OCEANO

SC L
AT
ARGENTINA RS O
N
A
E

Escala 1:40 000 000


30° S
C

400 200 0 400 km


30° S
O

URUGUA I
Projeção Policônica
70° O 60° O 50° O 40° O 30° O
Brasil: fuso horário
- 5 horas - 4 horas - 3 horas -2 horas

NOÇÕES DE CARTOGRAFIA

Cartografia Escala
§ Escala numérica: representada por uma fração, na
Definições de mapas e cartas qual o numerador indica a distância no mapa, e o de-
nominador indica a distância na superfície real. Uma
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-
escala 1:100.000 (um por cem mil) significa que a su-
ca (IBGE), “carta é a representação no plano, em escala mé-
perfície representada foi reduzida 100 mil vezes. Nesse
dia ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de uma área
caso, 1 cm no mapa = 100.000 cm = 1.000 m = 1 km
tomada de uma superfície planetária, subdividida em folhas
na realidade.
delimitadas por linhas convencionais – paralelos e meridia-
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

nos – com a finalidade de possibilitar a avaliação de por- § Escala gráfica: é uma linha reta graduada, por meio
menores, com grau de precisão compatível com a escala”. da qual se indica a relação da distância real com as
Ainda segundo o IBGE, “mapa é a representação no plano, distâncias representadas no mapa. Por exemplo:
normalmente em escala pequena, dos aspectos geográficos, 1 cm = 100 km.
naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na su- 2 1 0 2 4
perfície de uma figura planetária, delimitada por elementos
físicos, político-administrativos, destinadas aos mais variados km © César da Mata/
Schäffer Editorial

usos, temáticos, culturais e ilustrativos”. A fórmula para calcular a distância real entre dois pontos
§ cadastrais – escalas de 1:500 a 1:10.000; em um mapa é D = E × d, em que D é distância real, d é
§ topográficos – escalas de 1:25.000 a 1:250.000; a distância no mapa e E é a escala.
§ geográficos – escalas de 1:500.000 a 1:1.000.000.

159
Construção e interpretação dos mapas
Orientação no mapa
A maioria dos mapas traz uma rosa dos ventos ou uma seta
indicando o Norte. Quando não há essa indicação, conven-
cionou-se que o Norte está na parte superior do mapa.
N

Elementos de um mapa
§ Título: informa o tema que está sendo representado.
§ Legenda: mostra o significado dos símbolos e é impor-
tante para explicar o que o mapa comunicou visualmente.
§ Escala: indica quantas vezes o mapa foi reduzido,
possibilitando o cálculo das distâncias e das dimensões
reais do espaço representado.

Topografia e curvas de nível


U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Exemplo de curva de nível e perfil topográfico

A interpretação das curvas de nível exige o conhecimento de algumas noções básicas:


§ Quanto maior a declividade do terreno representado, mais próximas são as curvas de nível; elas são mais afastadas na
representação de terrenos pouco íngremes.
§ Há sempre a mesma diferença de altitude entre duas curvas de nível.
§ Pontos situados na mesma curva de nível têm a mesma altitude.
§ Os rios nascem nas áreas mais altas e correm para as áreas mais baixas.

160
Exemplo de uma área maior representada em curvas de nível

Sensoriamento remoto
O sensoriamento remoto é uma tecnologia de obtenção de imagens e dados da superfície terrestre por meio da captação e
registro da energia refletida/emitida pela superfície, sem que haja contato físico entre o sensor e a superfície estudada (por
isso é denominado remoto).
Quando a imagem for capturada, ela será analisada, transformada em mapas ou constituirá um banco de dados georrefe-
renciados, caracterizando o que é chamado de geoprocessamento.

U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Esquema de um SIG

161
Principais projeções Quanto às propriedades
cartográficas § Projeção conforme: preserva os ângulos e deforma
as áreas.
Quanto à superfície § Projeção equivalente: preserva as áreas e altera
os ângulos.
Projeção cônica
§ Projeção afilática: não conserva propriedades, mas
Os paralelos formam círculos concêntricos, e os meridianos minimiza as deformações em conjunto (ângulos, áreas
são linhas retas que convergem para os polos. e distâncias).
§ Projeção equidistante: as distâncias se preservam, e
as áreas e os ângulos (consequentemente, a forma) são
deformados.

Projeção de Mercator ou
cilíndrica conforme
© César da Mata/Schäffer Editorial

Conserva a forma dos continentes, direções e ângulos,


mas altera a proporção das superfícies, principalmente as
regiões de alta latitude.

© César da Mata/Schäffer Editorial


Projeção cilíndrica
© Pearson Prentice Hall, Inc.

Projeção de Mercator.

Projeção de Mecator

Os paralelos e os meridianos são linhas retas que convergem Projeção de Peters ou


entre si.
cilíndrica equivalente
Projeção azimutal, plana ou polar Conserva as áreas das superfícies representadas, apesar
Parte sempre de um ponto para a representação da(s) áre- de distorcer suas formas.
a(s) – por isso é usada para pequenas áreas. Pode ser de
© César da Mata/Schäffer Editorial

três tipos: polar, equatorial e oblíqua (chamada também de


U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

horizontal).
© César da Mata/Schäffer Editorial

Equador
Projeção de Peters.

Projeção de Peters
Eq
ua
do
r

162
ELEMENTOS DO CLIMA E FATORES CLIMÁTICOS

Clima e tempo Tipos de chuvas


O tempo é algo momentâneo, de curta duração. Tempo é
a condição atmosférica de um determinado lugar em um
dado momento.
O clima é algo duradouro, permanente, que não muda de
um momento para outro. Clima é a sucessão habitual dos ti-
pos de tempo num determinado lugar da superfície terrestre.
Representação dos diferentes tipos de chuva

Elementos do clima § As chuvas convectivas ou de convecção (I) são tí-


picas da região intertropical, principalmente na Zona
Equatorial, e de verão, no interior dos continentes, devido
Radiação solar às altas temperaturas. O calor do Sol esquenta o ar, que
Uma parte da energia em forma de radiação eletromagné- tende a subir e a esfriar enquanto sobe. Dessa forma, o
tica emitida pelo Sol é interceptada pelo sistema Terra-at- vapor de água contido no ar esfria e precipita. A evapo-
mosfera e convertida em outras formas de energia, como ração também é intensa; assim, esse ar que sobe carrega
calor e energia cinética da circulação atmosférica. muita umidade; à medida que aumenta a quantidade de
vapor no ar, aumenta também a instabilidade, ou seja, o
Temperatura do ar ar está à beira de atingir o ponto de saturação. A umida-
de elevada de tal forma atingirá níveis muito altos por
Temperatura é a medida da energia cinética média das mo- volta das 15/16 horas, desencadeando tempestades e
léculas ou átomos individuais. A temperatura do ar é va- aguaceiros. A chuva manifesta-se intensamente e é de
riável de acordo com os seguintes fatores: radiação solar, curta duração, sendo fácil identificá-la, pois decorrem
massas de ar, aquecimento diferencial do continente e da de nuvens brancas, densas e algodoadas, os cúmulos.
água, correntes oceânicas, altitude e posição geográfica. Quando há muita umidade, o branco torna-se cinza-es-
curo e a nuvem ganha o nome de cumulonimbus, que
Umidade do ar verterá sua carga de modo particularmente intenso,
acompanhada de tormenta, raios e, às vezes, granizos.
Trata-se da presença de vapor de água no ar. As principais As chuvas são ditas de convergência, pois as massas de
maneiras de descrever quantitativamente a presença de ar sobem com a ajuda de ventos alísios, que convergem
vapor d’água no ar são a umidade absoluta e a umidade para as áreas equatoriais.
relativa (U.R.), que é a relação entre a quantidade de água
§ As chuvas frontais (II) resultam do encontro de duas
existente no ar (umidade absoluta) e a quantidade máxima
massas de ar com características distintas de tempe-
que poderá haver na mesma temperatura (saturação). Isso ratura e umidade. A partir desse choque, a massa de
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

significa que, em vez de indicar a real quantidade de vapor ar quente sobe e o ar esfria, aproximando-se do ponto
de água no ar, esse índice indica quão próximo o ar está de de saturação, originando nuvens e, é claro, chuva. São
se tornar saturado. Quando o ar está saturado, a umidade do tipo chuvisco, à passagem de uma frente quente;
relativa é de 100%. e do tipo aguaceiro, de frente fria. Essas precipitações
são típicas em áreas de baixa pressão, principalmente
Precipitação nas zonas dos trópicos ou temperadas, onde ocorrem
o encontro das massas de ar polares com as massas
Em meteorologia, precipitação descreve qualquer tipo de
de ar tropicais. Caracteriza-se uma frente fria quando
fenômeno relacionado à queda de água do céu. Isso inclui ocorre precipitação pelo ar frio procedente dos polos.
neve, chuva e chuva de granizo. A precipitação é uma parte Contudo, também poderá ser causada por um proces-
fundamental do ciclo hidrológico, sendo responsável por so oposto: uma frente quente e úmida que atropela
retornar a maior parte da água doce ao planeta. massas de ar em região fria.

163
§ As chuvas orográficas ou de relevo (III) são as leste para oeste. Assim, a direção do vento é o ponto cardeal
que derivam de uma subida forçada do ar, quando, no de onde vem o vento: N, NE, E, SE, S, SW, W e NW. As medidas
seu trajeto, apresenta-se uma cadeia de montanhas. básicas do vento referem-se à sua direção e velocidade.
Ao subir, o ar esfria, o ponto de saturação diminui, a
umidade relativa aumenta e dá-se a condensação e,
consequentemente, a formação de nuvens e chuva. Fatores climáticos
Essas chuvas são frequentes nas áreas de relevo aci-
dentado, ao longo de serras, de onde sopram ventos Latitude
úmidos. Um bom exemplo de obstáculo orográfico é
a Serra do Mar em São Paulo. Altitude
Pressão atmosférica
Trata-se da força exercida pelo ar em um determinado pon-
to da superfície. Está intimamente relacionada à tempera-
tura, ao vapor d’água, à altitude e à latitude. Quanto mais
baixa a altitude, maior a pressão atmosférica.

Velocidade e direção do vento


O vento consiste na circulação da atmosfera. Os ventos são
denominados a partir da direção de onde eles sopram. Um O aumento da altitude faz com que o ar se torne mais ra-
vento norte sopra do norte para o sul; um vento leste sopra de refeito e frio.

Massas de ar
Correntes marítimas
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Maritimidade e continentalidade
Relevo
Vegetação

164
DINÂMICAS CLIMÁTICAS

Atmosfera
A atmosfera é uma camada relativamente fina de gases e material particulado (aerossóis) que envolve a Terra. Cerca de 97%
da massa total da atmosfera concentra-se nos primeiros 302 km, contados a partir da superfície terrestre.
§ Troposfera;
§ Estratosfera;
§ Mesosfera;
§ Termosfera.

Circulação geral da atmosfera


§ de nordeste, entre cerca de 30°N e o equador, e de sudeste entre 30°S (os quais existem e chamam-se “ventos alíseos”);
§ de sudoeste entre 30°N e 60°N, e no noroeste entre 30°S e 60°S (os quais existem e chamam-se “ventos de oeste”);
§ de noroeste entre 60°N e 90°N, e de sudeste entre 60°S e 90°S (os quais existem e chamam-se “ventos polares”).
Como a convergência e divergência dos ventos na superfície estão ligados à regiões de baixa e alta pressão. A região de con-
vergência dos alíseos na região equatorial é chamada Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
Analisando essa atmosfera descrita numa seção vertical, observamos o aparecimento de três pares de células de circulação,
na escala global:
§ Célula de Hadley (entre 0° e 30°);
§ Célula de Ferrel (entre 30° e 60°); e
§ Célula Polar (entre 60° e 90°).
Célula polar

Alta polar

Célula de Ferrel
60º Frente polar

Baixa subpolar
Célula
Ventos contra alísios
de
Hadley

A Alta A
subtropical

Zona de
Ventos alísios
convergencial
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Baixa 0º Intertropical
Equatorial (ZCTT)

B
B B

30º
A Alta A
subtropical

60º

165
Fenômenos meteorológicos Furacão, tufão e ciclone
Furacões e tufões são o mesmo fenômeno meteorológico:
devastadores ciclones tropicais.

Tornados Para ser classificado como furacão, tufão ou ciclone, uma


tempestade deve atingir velocidades de vento de pelo
Quanto mais intensas as correntes de ar ascendentes e de- menos 119 km/h. São aglomerados de tempestades que
scendentes dentro da nuvem, maior será a possibilidade de têm origem em oceanos onde a temperatura superficial
formar-se um rodamoinho que evolui para o tornado e que da água está acima de 27 ºC.
aparece como uma protuberância na base da nuvem. Quan-
do ocorrem sobre o mar ou sobre grandes corpos d’água, os El Niño
tornados recebem o nome de tromba d’água.
De tempos em tempos, as águas equatoriais do Pacífico
aquecem de maneira anormal, resultando no aparecimen-
to do fenômeno El Niño, que altera profundamente o clima
em escala planetária. Esse aquecimento manifesta-se nos
meses de setembro/outubro.
No Brasil, os efeitos de El Niño foram sentidos em difer-
entes regiões. O Nordeste foi flagelado por uma forte seca,
enquanto o Rio Grande do Sul enfrentava enchentes. Na
úmida região Norte choveu muito menos do que o espe-
rado, propiciando o aparecimento de grandes incêndios,
como o que devastou 15% do estado de Roraima.

La Niña
La Niña também é um fenômeno cíclico cuja manifestação
opõe-se a do El Niño. Acontece quando ocorre um res-
friamento maior que o normal das águas do Pacífico, em
média, a cada dois ou sete anos, e pode durar aproxima-
damente um ano.
Formação de uma tromba d’água
No Brasil, La Niña alterou o regime de chuvas nordestino e
provocou uma primavera atípica na região Sudeste, com índi-
2 ces pluviométricos maiores do que a média nesse período,
e temperaturas mais baixas que o normal, provocadas pela
sucessão de dias nublados ou chuvosos. As áreas em azul rep-
resentam regiões frias, onde ocorre o fenômeno do La Niña.
Fonte: <https://sealevel.jpl.gov>

3 4
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

As manchas em azul indicam que as águas do


Pacífico equatorial estão mais frias

166
Fonte: enos.cptec.inpe.br
frio

frio
seco e
quente

chuvoso
frio chuvoso seco
seco e frio seco chuvoso
e frio

frio e frio
chuvoso

Dezembro, Janeiro e Fevereiro

chuvoso frio e
chuvoso
frio chuvoso quente e seco
chuvoso
frio
quente
seco
chuvoso

Junho, Julho e Agosto


La Niña e seus efeitos sobre o clima

Os grandes climas do Clima tropical


planeta Terra A amplitude térmica anual é 15 ºC e 20 ºC.
O clima tropical caracteriza-se genericamente pela ex-
Clima equatorial istência de duas estações ou períodos: a estação mais
As temperaturas médias anuais situam-se entre 24 ºC e 27 ºC. úmida e a estação seca.
As chuvas são abundantes o ano todo.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

167
Clima desértico Clima temperado oceânico
A aridez, reforçada pela presença de correntes frias que
§ As temperaturas médias anuais giram em torno de
fornecem pouquíssima umidade para os litorais, é a princi-
20 ºC e a amplitude térmica anual é considerável.
pal característica do clima desértico.
§ Não há meses secos.

Clima mediterrâneo
Podemos afirmar que esse clima tem como características
gerais um verão quente, seco e prolongado e um inverno
suave, chuvoso e curto.

Clima subpolar
As temperaturas médias anuais são muito baixas, e a
média do mês mais quente não supera os 10 ºC; As chuvas
são escassas e a maior parte das precipitações ocorre sob
forma de neve ao longo do ano.

Clima temperado continental


§ Considerável amplitude térmica anual.
§ Pluviosidade é baixa.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Clima polar
A média do mês mais quente não chega a 10 ºC, e a média
do mês mais frio é muito inferior a 0 ºC. As chuvas inex-
istem, e as precipitações ocorrem sob forma de neve.

168
Clima frio de montanha
ou clima de altitude
Todas as precipitações ocorrem sob forma de neve, e as
temperaturas chegam, nos pontos mais frios, a –30 ºC; du-
rante o verão não chegam a 10 ºC.

CLIMAS DO BRASIL

Elementos do clima do Massa equatorial continental (mEc)


Brasil: as massas de ar Quente e úmida.

Frentes quentes e frentes frias


Massa equatorial atlântica (mEa)
§ Frente quente: as frentes quentes deslocam-se do Quente e úmida
equador para os polos. Massa tropical atlântica (mTa)
§ Frente fria: as frentes frias deslocam-se dos polos
Quente e úmida.
para o Equador.
Massa tropical continental (mTc)
O mecanismo das massas Quente e seca.
de ar no Brasil
Massa polar atlântica (mPa)
As massas de ar constituem elemento determinante dos
climas brasileiros porque podem mudar bruscamente o Fria e úmida.
tempo nas áreas onde atuam.
Atuação das massas de ar no Brasil – inverno e verão
O Brasil sofre a influência de praticamente todas as massas de
Brasil - Massas de ar Brasil - Massas de ar
ar que atuam na América do Sul, exceto as que têm origem
Verão Inverno
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

no oceano Pacífico (oeste), cuja influência é limitada pela cor- mEa


Equador mEa Equador
dilheira dos Andes que barra a sua passagem para o interior
do continente. mEc mEc

O mecanismo das massas de ar no Brasil depende da circu-


mEa → Equatorial
lação geral da atmosfera na Terra. atlântica
mEc → Equatorial
continental
Por ter 92% de seu território na zona tropical e estar lo- mTa → Tropical
atlântica
calizado no Hemisfério Sul, onde as massas líquidas (oce- mTc mTc → Tropical
continental
mTc mTa

anos e mares) ocupam mais espaço do que as massas só- mTa mPa → Polar atlântica
mPa
Alísio de
sudeste

lidas (terras), o Brasil é influenciado predominantemente Fonte: educação.globo.com/geografia

pelas massas de ar quente e úmida.

169
Os fatores do clima no Brasil Clima tropical semiárido
Diversos fatores podem modificar os elementos que compõem O clima semiárido abraça uma região, cujo limite apre-
o clima. No caso brasileiro, destacamos a altitude, a latitude, a senta algumas variações nos diferentes mapas. É o clima
continentalidade, a maritimidade e as correntes marinhas, que denominado sertão nordestino.
podem ter maior ou menor influência no clima brasileiro. semiárido

Altitude
Latitude
Continentalidade e maritimidade
Correntes marítimas
Corrente do Brasil e a corrente das Guianas.

Climas do Brasil
Fonte: <profwladimir.blogspot.com.br/2012/09/
mapas-Brasil-clima.html>. (Adaptado)

Clima equatorial Clima tropical úmido


O clima equatorial abrange a região norte brasileira, o norte
do Mato Grosso e de Tocantins e, ainda, o oeste do Maranhão.

Fonte: <profwladimir.blogspot.com.br/2012/09/
mapas-Brasil-clima.html>. (Adaptado)
Fonte: <profwladimir.blogspot.com.br/2012/09/
mapas-Brasil-clima.html>. (Adaptado) Vai da divisa do Paraná e de São Paulo até próximo ao
“cotovelo” do Rio Grande do Norte.
Clima tropical continental
O clima tropical envolve a maior parte da região Cen- Clima tropical de altitude
tro-Oeste, do Sudeste e partes do Nordeste. Nos planaltos e serras do leste e sudeste do Brasil.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Fonte: <profwladimir.blogspot.com.br/2012/09/ Fonte: <profwladimir.blogspot.com.br/2012/09/


mapas-Brasil-clima.html>. (Adaptado)
mapas-Brasil-clima.html>. (Adaptado)

170
Em geral, as precipitações são pouco mais acentuadas que
na região de clima tropical. A região com as maiores médias
pluviométricas do Brasil estão na serra do Mar, no estado de
São Paulo, e o lugar no qual já foram registrados os maiores
índices de precipitação do Brasil é Itapanhaú (próxima à ci-
dade paulista de Mogi das Cruzes), onde já choveu 4500
mm num único ano.
No domínio do clima tropical de altitude, sobreleva-se a
ação da massa tropical atlântica. Além disso, é frequente
a ação da massa polar atlântica. O encontro dessas duas
traz muitas chuvas à região, sobretudo no verão, quando a
mPa faz um caminho quase marinho, chegando carregada
de umidade às regiões serranas.

Clima subtropical
A parte do Brasil ao sul do Trópico de Capricórnio.

Fonte: <profwladimir.blogspot.com.br/2012/09/
mapas-Brasil-clima.html>. (Adaptado)

U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

171
HIDROLOGIA E BACIAS HIDROGRÁFICAS

Introdução à hidrologia
Ciclo hidrológico
Vapor transportado para
terra firme

Precipitação
Transpiração

Evaporação
Percolação Precipitação
Evaporação

Lago

Rio
Terra
Oceano

Fluxo subterrâneo

Mares e oceanos
§ Oceano.
§ 71% do planeta.
§ Pacífico, Atlântico, Índico e Glacial Ártico.
Mares fazem parte dos oceanos. Grandes massas de água salgada cercadas por terra, parcial ou completamente.
§ Mar fechado: é aquele que não possui nenhuma ligação com o oceano.
§ Mar interior (ou Mediterrâneo): possui uma pequena ligação com o oceano;
§ Mar aberto: é aquele que tem grande ligação com o oceano.

Mares da Europa
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Oceano Atlântico Mar do Norte Mar Báltico


Mar da Irlanda

Canal da Mancha

Golfo de Vizcaya
Mar de Azov
Mar Caspio
Mar Negro
Mar Adriático

Mar de Mármara
Mar Mediterrâneo
Mar Egeo

Imagens do mar Cáspio (fechado), do mar do Norte ou de Berents (aberto) e do mar Mediterrâneo (continental)
172
Glacial Ártico

Oceano
Pacífico

Oceano
Oceano Oceano Índico
Pacífico Atlântico

Oceano Antártico

Distribuição dos oceanos no planeta Terra

Ondas e marés
As ondas são produzidas pelos ventos.

As marés correspondem ao movimento diário das águas que avançam e recuam, fenômeno esse resultante de forças gravi-
tacionais que o Sol e a Lua exercem sobre a Terra.

Correntes marítimas
As correntes marítimas são massas menores de água que se deslocam em direções distintas. Elas mantêm suas carac-
terísticas de cor, salinidade e temperatura, ou seja, não se misturam. Esse deslocamento é causado pela ação dos ventos
e pelo movimento de rotação da Terra. Em razão disso, as correntes marítimas se deslocam de acordo com os hemisférios
da Terra. No Hemisfério Norte, seguem no sentido horário e, no Hemisfério Sul, no sentido anti-horário.
Corrente do Golfo, corrente do Brasil, corrente de Humboldt e a corrente de Benguela.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Correntes marítimas – temperatura e direção

173
Degradação e poluição marinha
Derramamento de petróleo, lançamento de esgotos urbanos e de lixo atômico em águas marítimas e oceânicas são preocupantes.
Resultado: contaminação das águas marinhas com prejuízo de pontos turísticos litorâneos, da oferta e da saúde de
peixes.

Infográfico das principais consequências dos vazamentos de petróleo

Águas continentais
Uma pequena parte de toda a água do mundo localiza-se nas áreas continentais. Os rios representam apenas uma pequena
porcentagem delas, e suas águas sempre foram um fator determinante para a fundação das cidades.
Será que as pessoas que vivem em áreas urbanizadas conseguem imaginar qual a origem dos rios que cortam sua cidade?

Diagrama de barras da distribuição da água na Terra


U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

174
Rios Bacias e rede hidrográficas
Rede hidrográfica corresponde ao conjunto de rios de
uma bacia.
Bacia hidrográfica corresponde à rede hidrográfica e à sua
área de captação de água.
Boa porosidade e Tipos de drenagem:
boa permeabilidade
Nível § Exorreica.
hidroestático
§ Endorreica.
§ Arreica.
Aquifero livre
§ Criptorreica.

Camada
impermeável
Fraca porosidade e
fraca permeabilidade A modelagem do relevo
Os rios realizam um trabalho ininterrupto de destruição,
Aquífero cativo transporte e sedimentação, denominado ciclo de erosão
fluvial. Eles escavam seu próprio leito, enquanto que, em
suas margens, a erosão forma as vertentes dos vales por
Camada Boa porosidade e
impermeável boa permeabilidade onde eles correm. A velocidade de suas águas é determi-
Lençol de água freático ou aquíferos nada pela declividade dos terrenos que cortam.
Origem:
§ Pluvial.
§ Glacial.
§ Lacustre.
Lençol freático, se esses lençóis atingirem a superfície, dão
origem às nascentes dos rios.
Alguns nascem do degelo.
Grand Canyon sendo erodido pelo rio Colorado
Existem rios perenes, ou seja, que nunca secam.

Regime fluvial Lagos


A maioria deles é formada por depressões ou falhas preen-
A variação do volume de água dos rios durante o ano.
chidas por águas na superfície terrestre; outros, no entanto,
Fatores também interferem no comportamento de um rio,
como o caso dos lagos do Canadá, possuem origem glacial.
como relevo, cobertura vegetal e natureza do solo.
Os rios que deságuam em outros rios são chamados de Poluição das águas
afluentes. Ponto onde termina o curso de um rio recebe o
Decorrente da expansão das atividades industriais e agrá-
nome de foz.
rias e do crescimento das cidades e da população mundial.
§ Estuário. Principais fontes poluidoras são:
§ Delta.
§ lixo sólido.
§ Mista.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

§ agrotóxicos em geral.
§ esgotos sem tratamento.
§ resíduos das mineradoras.

Foz em estuário e foz em delta Espuma resultante da concentração de detergentes


oriunda do esgoto no rio Tietê

175
Bacias hidrográficas
Principais bacias
hidrográficas do Brasil
Bacia Amazônica
Usina de Belo Monte

Bacia hidrográfica Amazônica


Bacia do São Francisco
Maior bacia hidrográfica do mundo. Nasce no Peru, com o Nasce em Minas Gerais, na serra da Canastra, corta o ser-
nome de Apurimac; ao entrar no Brasil, recebe o nome de tão da Bahia, na divisa com Pernambuco e entre Alagoas e
Sergipe, e deságua no Atlântico.
Solimões. Depois do encontro com o rio Negro, perto de
Manaus, recebe o nome de Amazonas. Navegação, irrigação e produção de energia.
As águas dos rios amazônicos são barrentas, claras e negras.
Transporte hidroviário. É o caso dos rios Madeira, Xingu,
Tapajós, Negro, Trombetas e Jari.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Encontro das águas dos rios Negro e Solimões

Hidrelétricas na Amazônia Bacia hidrográfica do São Francisco


§ Santo Antonio Plenamente navegável até Petrolina, em Pernambuco.
§ Jirau Paulo Afonso, Sobradinho e Itaparica, que são três usinas
§ Balbina hidrelétricas de grande porte.
§ Belo Monte

176
Transposição do rio São Francisco.

Escoamento de recursos minerais na hidrovia Tocantins-Araguaia

Bacia do Prata
É formado pelas bacias dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai.
Banha a área mais desenvolvida e urbanizada do país.

Mapa dos eixos da transposição do rio São Francisco

Bacia do Tocantins-Araguaia
É a maior bacia localizada totalmente em território brasilei-
ro, com 813 mil km2 e formada pelos rios Tocantins e Ara-
guaia. O rio Tocantins nasce em Goiás, ao norte da cidade
de Brasília, percorre 2,6 mil km e desemboca na foz do rio
Amazonas, junto à ilha de Marajó. Usina de Tucuruí, no Pará.
Rio Araguaia nasce na serra das Araras, no Mato Grosso,
próximo à divisa com Goiás, e desemboca no rio Tocantins.
Bacia hidrográfica Platina

Bacia do Paraguai
§ Amplamente navegável;
§ Pequeno potencial hidrelétrico;
§ Pantanal.

Bacia do Uruguai
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Pouco aproveitada para navegação e para geração de


energia. Essa bacia é fronteiriça entre Brasil e Argentina
e, portanto, exige acordos internacionais para a realiza-
ção de projetos.

Bacia hidrográfica do Tocantins-Araguaia Bacia do Paraná


Hidrovia Araguaia-Tocantins tem sido muito questionada Maior potencial hidrelétrico
pelas ONGs em razão dos impactos socioambientais. Garante o abastecimento de energia elétrica para a região
Sudeste, região Sul e Centro-Oeste.

177
Bacias secundárias

As 12 Regiões
Hidrográficas Brasileiras
Amazonas
Tocantins-Araguaia
Atlântico NE Ocidental
Parnaíba
Atlântico NE Oriental
São Francisco
Atlântico Leste
Atlântico Sudeste
Paraná
Paraguai
Uruguai
Atlântico Sul

Fonte: ANA - Agência Nacional das Águas, 2005

Bacias hidrográficas mundiais


U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

178
Grandes rios da África
Rio Nilo e Rio Congo.

Mapa físico da rede hidrográfica do continente africano


U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

179
Principais rios da Europa
Rio Reno é famosa por abrigar o vale do Ruhr, rio Pó, rio Volga e o rio Ródano.

Principais rios da Europa


U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

180
Principais rios da América do Norte
Rio São Lourenço, Colorado, rio Mackenzie, rio Yukon e a bacia do Mississipi-Missouri.

U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Mapa físico da rede hidrográfica da América do Norte

Principais rios da Ásia


Rio Jordão, rios Tigre e Eufrates, rio Huang-ho (rio Amarelo), Yang-tsé (rio Azul), rios Ganges e Indo e rio Mekong.

181
DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS I

Domínios morfoclimáticos Formações arbustivas


Domínio das depressões interplanálticas
Formações florestais do semi-árido do nordeste
Domínio das terras baixas florestadas § clima quente e seco;
da Amazônia (floresta Amazônica) § relevo com predomínio de depressões;
§ clima quente e úmido; § vegetação xerófila e caducifólia;
§ relevo com predomínio de planícies; § solos ricos em sais minerais e pobre em húmus;
§ floresta latifoliada (folhas largas); § ocorrência de brejos em regiões mais úmidas;
§ ombrófila; § produção de frutas;
§ higrófila; § rios intermitentes em sua maioria.
§ perene (sempre verde);
§ densa (de difícil penetração); Domínios dos chapadões recobertos por
§ heterogênea; cerrados e penetrados por mata galeria
§ biodiversa; § clima tropical (chuvas no verão e estiagem no inverno);
§ solos pouco férteis (pouco húmus e muito lixiviado); § relevo planáltico com chapadas;
§ acelerado processo de desvastação; § solos com baixa fertilidade (alta concentração de alu-
§ política de integração intensificam os fluxos migratórios. mínio);
§ 45% devastado em função da expansão agropecuária;
Domínio dos mares de morros florestados § nascentes de rios importantes como o São Francisco.
§ clima quente e úmido;
§ relevo com predomínio de planaltos; Formação herbácea
§ floresta latifoliada (folhas largas);
§ ombrófila;
Domínio das Pradarias mistas
§ higrófila;
do Rio Grande do Sul
§ perene (senpre verde); § clima frio e úmido;
§ densa (de difícil penetração); § terras baixas com colinas (cochilias);
§ heterogênea; § vegetação de gramíneas;
§ biodiversa; § imensa pastagem (favoreceu a pecuária de corte);
§ rizicultura.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

§ ficou reduzida a menos de 7% da cobertura original.

Domínio do planalto das araucárias Formações complexas


§ clima frio e úmido § Pantanal.
§ relevo planáltico; § Mata dos Cocais.
§ floresta subtropical aciculifoliada; § Manguezais.
§ aberta (de fácil penetração);
§ homogênea;
§ restam apenas pouco mais de 10% da mata original;
§ solos férteis (terra roxa).

182
Brasil: domínios morfoclimáticos
U.T.I. - Sala
1. (UFPR 2019) As figuras A, B, C e D abaixo fazem a re-
presentação cartográfica da sede do município de Corné-
lio Procópio, obtidas de distintas bases de dados.

Biomas do Brasil
Formações florestais: vegetação com árvores de grande
porte
§ Floresta Amazônica.
§ Mata Atlântica.
§ Floresta de araucárias.
Formações arbustivas e herbáceas: constituíta por ar-
bustos dispersos e isolados por vegetação rasteira
§ Cerrado
§ Caatinga.
§ Campos.
Formações complexas: ocorrem em áreas de transição
entre formações a apresentam características de duas ou
mais dessas formações
§ Mata dos cocais.
§ Pantanal.
§ Mangue.

Áreas protegidas no Brasil


Unidades de conservação
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

São espaços destinados à conservação de paisagens na-


turais. Existem unidades de uso indireto, onde os recursos
não podem ser explorados. São elas: estação ecológica,
monumento natual, parque nacional, refúgio de Diferencie-as sob o ponto de vista cartográfico e ex-
vida silvestre e reserva biológica. plique por que elas apresentam conteúdos distintos.
Outra categoria é a unidade é a unidade de uso sustentável 2. (ENEM 2014 - adaptado) Quando é meio-dia nos Esta-
(como a reserva extrativista), onde é permitido o uso racional dos Unidos, o Sol, todo mundo sabe, está se deitando na
dos recusos naturais. São elas: área de proteção ambien- França. Bastaria ir à França num minuto para assistir ao
tal, área de relevante interesse ecológico, floresta pôr do sol.
nacional, reserva de desenvolvimento sustentável, SAINT-EXUPÉRY, A. O Pequeno Príncipe. Rio de Janeiro: Agir, 1996.
reserva de fauna, reserva extrativista e reserva parti- A diferença espacial citada é causada por qual caracte-
cular do patrimônio natual. rística física da Terra?

183
3. (UFJF-PISM 1 2021) Considere o trecho e as imagens abaixo e, na sequência, responda:
“O hemisfério norte que vê a (estrela) Polar, não vê o Cruzeiro do Sul. Isso acontece também em Portugal, situado bem
mais ao norte (no entorno de 40° N) do Trópico do Câncer. No entanto, nota-se indistintamente nos dicionários portugue-
ses e brasileiros a presença única do verbo nortear (NORTEar) como orientar-se para o Norte e também dirigir, orientar,
guiar. Na noite do hemisfério sul, o encontro da direção Sul apoiado pelo Cruzeiro do Sul deveria enquadrar apenas na
ideia de ‘SULear-se’, palavra que não consta dos dicionários brasileiros”.
CAMPOS, Márcio D'Olne. SULearvsNORTEar: Representações e apropriações do espaço entre emoção, empiria e
ideologia. (1999). Disponível em: https://www.sulear.com.br/texto03.pdf. Acesso em 27/10/2020.

a) Destaque DOIS aspectos que nos possibilitam afirmar o caráter eurocêntrico da Projeção de Mercator.
b) Joaquin Torres García afirmou que “(…) nuestro Norte és el Sur” (nosso Norte é o Sul) para se referir à sua obra. Diante
do exposto, cite TRÊS aspectos do caráter ideológico-geográfico presente no termo “sulear”.

4. (UERJ 2020)
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Explique a relação causal entre o movimento abordado na tirinha 1 e sua consequência direta, mencionada na tirinha 2.
Aponte, também, o continente de localização dos personagens.

184
5. (ENEM 2010 - adaptado) Pensando nas correntes 7. “El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico carac-
e prestes entrar no braço que deriva da Corrente do terizado por um aquecimento anormal das águas super-
Golfo para o norte, lembrei-me de um vidro de café so- ficiais no oceano Pacífico Tropical, e que pode afetar o
lúvel vazio. Coloquei no vidro uma nota cheia de zeros, clima regional e global, mudando os padrões de vento a
uma bola cor rosa-choque. Anotei a posição e data: La- nível mundial, e afetando assim, os regimes de chuva em
titude 49°49’N, Longitude 23°49’W. Tampei e joguei na regiões tropicais e de latitudes médias”.
água. Nunca imaginei que receberia uma carta com a (Fonte: Copyright ©INPE/CPTEC 1995-2011 ).
foto de um menino norueguês, segurando a bolinha e
a estranha nota. “Os efeitos do ‘El Niño’ no Brasil podem causar prejuízos
KLINK, A. Parati: entre dois pólos. São Paulo: e benefícios. Mas os danos causados são superiores aos
Companhia das Letras, 1998 (adaptado). benefícios, por isso o fenômeno é temido, principalmen-
te, pelos agricultores.”
Defina o conceito de coordenada geográfica.
Laboratório de Meteorologia da universidade Estadual do Maranhão.
Disponível em: WWW.uema.br. Acesso em: 6 de jul. 2009.
6. (CBM/SC 2018) Diariamente, os telejornais e os jornais,
em seus serviços de previsão do tempo, mostram ima- No Brasil esse fenômeno caracteriza-se por provocar:
gens de satélites onde se veem as posições das frentes Estiagem no Sul seguida de estação chuvosa e aumen-
frias e quentes e das áreas de instabilidade, acompanha- to da seca em todo o Nordeste. Considerando o texto
das de informações de interesse meteorológico. A cada Quais outros prejuízos esse fenômeno pode ocasionar?
dia a situação muda, e mesmo dentro de um mesmo perí-
odo de 24 horas podem ocorrer alterações significativas, 8. (AVAJ 2020) Um avião decolou do aeroporto Interna-
exigindo uma observação permanente para entender e, cional de Guarulhos (cidade A; 45°W) às 7 horas com des-
se possível, prever a variação dos elementos que com- tino à cidade B (126°W). O vôo tem duração de oito ho-
põem o complicado mecanismo do clima. Indique quais ras. Que horas serão na cidade B quando o avião pousar?
são os elementos constitutivos do clima.

U.T.I. - E.O.
1. Mapa de fuso horário

U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Fonte: <www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2013/01/fuso-horario-mapa-conceito-em-geografia.jpg>

Um fotógrafo sai do Rio de Janeiro às 18:00 hs do dia 1º (sábado), em direção à Hong Kong. A duração do voo foi de
12 horas. Que horas será no Rio de Janeiro quando essa pessoa chegar no seu destino?

185
2. Os climogramas abaixo representam dois tipos cli- “A Margem da História”.
máticos que ocorrem no Brasil. Observe-os e responda: AB’SÁBER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil:
potencialidades paisagísticas. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2003, p. 73.
Com base no texto, responda:
A qual domínio morfoclimático o texto se refere? Expli-
que suas principais características, levando em conside-
ração os três patamares de vegetação existentes.

5. (UNESP 2018) O sensoriamento remoto é a técnica


que permite a obtenção de informações acerca de ob-
jetos, áreas ou fenômenos localizados na superfície ter-
restre. O termo restringe-se à utilização de energia ele-
tromagnética no processo de obtenção de informações,
as quais podem ser apresentadas na forma de imagens,
sendo as mais utilizadas, atualmente, aquelas captadas
por sensores ópticos orbitais instalados em satélites,
a) Quais são os tipos de clima nas localidades A e B? como ilustrado na figura.
b) Discorra sobre as características dos dois climas e quais
são as massas de ar que atuam nessas localidades.

3. O sabiá no sertão
Quando canta me comove
Passa três meses cantando
E sem cantar passa nove
Porque tem a obrigação
de só cantar quando chove

“Chover, ou invocação para um dia líquido”


Mas o povo que sente na pele os efeitos diretos desse
calor – extensivos à economia regional, pela ausência a) Considerando a fonte de emissão de energia, es-
de perenidade dos rios e de água nos solos – não tem pecifique o tipo de sensor representado na figura e
dúvida em designá-lo simbolicamente por “verão”. Em descreva o seu funcionamento.
contrapartida, chama o verão chuvoso de “inverno”. b) Mencione duas aplicações dos produtos derivados
Tudo porque os conceitos tradicionais para as quatro do sensoriamento remoto.
estações somente são válidos para as regiões que vão
dos subtrópicos até a faixa dos climas temperados, 6. Observe a figura que mostra o esquema de circulação
tendo validade muito pequena ou quase nenhuma para geral da atmosfera e responda:
as regiões equatoriais, subequatoriais e tropicais.
AB’SÁBER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil:
potencialidades paisagísticas. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2003, p. 85.

Como bem exemplificou o professor Aziz Ab’Saber, os


sertanejos costumam chamar o verão de inverno por-
que, irregularmente, a Massa Equatorial Continental
traz chuvas esporádicas à região. A partir do texto e da
música do grupo “Cordel do Fogo Encantado“, explique
a origem da mancha semiárida no Nordeste brasileiro
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

e o por quê desse deficit hídrico, já que a mEc é uma


massa úmida.

4. Os homens que vivem ao longo dos igarapés foram


fadados a conviver com as sombras e a solidão. Trabalha-
ram ou trabalham para alguém que mal conhecem. Na
qualidade de serem gregários, para garantir um tributo
básico da condição humana, transformaram os igarapés
em caminhos vicinais. O “caminho da canoa” do índio a) O que são ventos alísios e contra alísios?
tornou-se a via vicinal dos amazônides, oriundos de mui- b) Qual é a relação dos ventos alísios com o fenôme-
tas procedências étnicas e subculturas em contato. Nin- no El Niño?
guém melhor do que Euclides da Cunha conseguiu fixar
o drama dos habitantes da beira dos igarapés, tal como
está gravado em seus escritos, como o Judas Asverus, de

186
7. Dentre as estratégias de aproveitamento dos recursos hídricos superficiais do Nordeste Brasileiro, admite-se a
transposição de águas entre bacias hidrográficas. Sobre este tema, resolva os itens a seguir.
a) Indique dois possíveis projetos de transposição de águas entre bacias hidrográficas, que são discutidos na mídia.
b) Descreva dois prováveis impactos ambientais negativos resultantes desses projetos.
8. (UNESP) No mapa estão indicadas as principais correntes marítimas.

Explique a influência da corrente do golfo no Atlântico Norte sobre a Europa ocidental, e destaque os motivos das
cidades de Londres e Paris terem invernos mais amenos do que Montreal e Nova Iorque.

9. (UFPR) A bacia hidrográfica como unidade de análise ambiental tem ganhado destaque, o que pode ser exemplifi-
cado com o caso do Brasil, onde, nas últimas décadas, ela tem sido considerada um importante recorte espacial para
o planejamento e para diagnósticos ambientais. Explique o que é uma bacia hidrográfica, apresentando os elementos
que a compõem, e justifique por que ela é utilizada como recorte espacial para diagnósticos ambientais.
10. (UERJ) O potencial de produção de energia hidrelétrica está relacionado a um grupo de fatores naturais que inter-
ferem na construção de barragens em bacias hidrográficas. Observe no mapa abaixo a localização das dez principais
bacias hidrográficas brasileiras:

U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Considerando as características socioambientais da bacia I, cite duas consequências negativas ocasionadas pela cons-
trução de hidrelétricas nessa área.
Indique, ainda, dois fatores que favorecem a geração de energia elétrica nas usinas instaladas na bacia V.

187
GEOGRAFIA

1
CIÊNCIAS
GEOGRAFIA 2
HUMANAS
e suas tecnologias

U.T.I.
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO GEOGRÁFICO

Princípios da Geografia Espaço geográfico


§ Princípio da extensão: Segundo ele, o geógrafo, ao
estudar um fato ou área, deve proceder a sua localiza-
ção e delimitação, utilizando os recursos da cartografia.
Nesse princípio, o importante é localizar fenômenos na
superfície terrestre.
§ Princípio da analogia ou geografia geral: Se-
gundo eles, após a área ser observada e delimitada, o
geógrafo deve compará-la com outras áreas buscando
as semelhanças e as diferenças existentes.
§ Princípio da causalidade: princípio que propõe ex-
plicar as causas do fato observado.
§ Princípio da conexão ou interação: esse princípio
Alexander Von Humboldt
estabelece que os fatos geográficos, físicos ou huma-
nos nunca aparecem isolados; estão sempre interliga- Espaço geográfico, um produto social, fruto das intera-
dos por elos de relacionamento. Seu objetivo é identifi- ções sociais e naturais da superfície terrestre. Esse conceito
car e analisar as relações existentes. possui várias visões conflitantes entre si. No entanto, há
§ Princípio da atividade: o princípio da atividade um consenso: o espaço geográfico representa a interven-
estabelece o caráter dinâmico do fato geográfico que ção do homem sobre o meio, ou seja, um produto (que, de-
deve ser estudado em seu passado para poder ser com- pendendo da abordagem, pode também ser um produtor)
preendido no presente e se ter uma imagem do seu das relações humanas e suas práticas sobre o substrato
futuro. natural.

Determinismo geográfico (Séc XIX)


O homem é considerado um produto do meio, portanto, a
natureza seria o fator determinante do seu modo de vida.

Possibilismo geográfico
(Início do Séc XX)
Seus defensores acreditam na possibilidade de haver influ-
ências recíprocas entre o homem e o meio natural, e que
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

o homem se adapta ao meio natural. Como ser racional,


o homem é elemento ativo e, portanto, tem condições de
modificar o meio natural e adaptá-lo às suas necessidades.

Método regional (1940)


Método que enfatiza a diferenciação de área não a partir
das relações entre o homem e a natureza, mas a partir
da integração de fenômenos heterogêneos em uma dada
porção da superfície da Terra.
Alexander Von Humboldt

190
As análises geográficas pautadas no conceito de lugar con-
cebem o espaço analisado não de uma maneira direta ou
racional, mas por meio da compreensão humana e, muitas
vezes, com base em valores afetivos ou de identidade.

Conceito de Paisagem
“Tudo aquilo que nós vemos, que a nossa visão alcan-
ça, é a paisagem [...]. Não apenas formada de volumes,
mas também de cores, odores, movimentos, sons, etc.”
Milton Santos

Em algumas análises, a paisagem é diretamente definida


como o “aquilo que a visão alcança” ou como o “mundo
conforme a sua aparência externa”. Portanto, a paisagem
Karl Ritter costuma ser definida como formas que se revelam diante
dos nossos olhos na produção do espaço geográfico.
Outras concepções desse modelo são apresentadas a par-
Nova Geografia / Geografia tir da contestação desse conceito. Em muitas abordagens
quantitativa (1950) acadêmicas, a paisagem é concebida não apenas a partir
da visão, mas da multissensorialidade, ou seja, da utiliza-
Uso de técnicas estatísticas e matemáticas para analisar os
ção dos demais sentidos (tato, olfato, paladar e audição).
dados coletados e as distribuições espaciais dos fenômenos.
Além disso, a paisagem é, muitas vezes, reveladora de
Geografia Quantitativa. experiências e atrelada a fatores da expressão humana e
pessoais, o que lhe dá uma dimensão cultural.
Geografia Crítica (1960 - 70)
De orientação marxista.

Paisagem natural

Karl Marx
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Procurava analisar primeiramente os processos sociais, e não Paisagem modificada


os espaciais, o oposto do que se costumava praticar na geo-
grafia teórica quantitativa. Conceito de Território
“[...] o território é um nome político para o espaço
Conceitos importantes de um país. Em outras palavras, a existência de um
país supõe um território. Mas a existência de uma
nação nem sempre é acompanhada da posse de
Conceito de Lugar um território e nem sempre supõe a existência de
um Estado. Pode-se falar, portanto, de territoriali-
“O homem não vê o universo a partir do univer-
dade sem Estado, mas é praticamente impossível
so, o homem vê o universo desde um lugar.”
nos referirmos a um Estado sem território.”
Milton Santos
Maria Laura Silveira e Milton Santos

191
O território, um termo muito empregado no âmbito da política, é normalmente definido como uma área delimitada por
fronteiras. Entretanto, nem sempre essas fronteiras são visíveis ou bem delineadas. Na maioria das abordagens geográficas,
o conceito de território está relacionado a uma configuração de poder. É, por isso, uma área apropriada, uma porção do
espaçogeográfico onde uma relação hierárquica se estabelece.

Conceito de Região
Na Geografia, a região é definida como uma porção superficial designada a partir de uma característica que lhe é marcante
ou que é escolhida por aquele que concebe a região em questão. Assim, existem regiões naturais, econômicas, políticas, entre
muitas outras.
Portanto, a região não existe diretamente, mas é uma construção intelectual humana. No âmbito da Literatura, essa noção
está vinculada ao conceito de regionalismo, que expressa o conjunto de costumes, expressões linguísticas e outros valores
que apresentam variação entre uma região e outra, dando uma identidade coletiva para os diferentes lugares.

GEOLOGIA

As eras geológicas
A história geológica do planeta é dividida em fases chamadas eras geológicas, divididas em períodos.

Escala geológica
Datação (em
Era Período Eventos no Planeta Eventos no Brasil
milhões de anos)
§ Solidificaçãodos minerais e
formação das primeiras rochas
Azoica - cristalinas - 4500 a 3800

§ Inexistência de vida
§ Formação das rochas
magmáticas e metamórficas
Arqueozoico § Formação das serras do Mar e da Mantiqueira 3800 a 2500
§ Formação dos escudos
Pré-cambriana cristalinos

Proterozoico
§ Formação das primeiras rochas § Formação dos escudos brasileiro e guiano 2500 a 590
sedimentares

Cambriano 590 a 500

Ordoviciniano § Glaciação e diastrofismo 500 a 438


§ Formação das bacias sedimentares antigas, do
§ Rochas sedimentares varvito de Itu (SP), e do carvão mineral do sul
Siluriano e metamórficas 438 a 408
Paleozoica do Brasil
Devoniano 408 a 360
§ Início
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

da formação da bacia sedimentar do


Início do processo de formação do Paraná e do São Francisco
Carbonífero 360 a 286
carvão mineral
Permiano - 286 a 248
Triássico 248 a 213
§ Formação das bacias sedimentares do Paraná,
Sanfranciscana e do meio Norte
Jurássico 213 a 144
§ Grande atividade vulcânica § Formação das ilhas de Trindade, Martin Vaz e do
arquipélago de Fernando de Noronha e Penedos
Mesozoica § Formação de baciais de São Pedro e São Paulo
sedimentares
Cretáceo § Derrames basálticos na região Sul 144 a 65

§ Fomação do planalto arenito basáltico

192
Escala geológica
Datação (em
Era Período Eventos no Planeta Eventos no Brasil
milhões de anos)
Formação das grandes
Formação da bacia sedimentar (Ex.: bacia sedimentar
Terciário cadeias de montanhas 65 a 2
Cenozoica Amazônica)
(dobramentos modernos)

Quaternário Surgimento do homem moderno Formação da bacia sedimentar do Pantanal 2 a hoje

A estrutura da Terra
§ Litosfera – camada sólida da Terra formada por minerais e rochas, também chamada de crosta terrestre. Para fins eco-
nômicos, sua utilização limita-se a poucos quilômetros de profundidade, de onde são extraídas algumas riquezas minerais.
§ Hidrosfera – camada líquida formada por oceanos, mares, rios e aquíferos, lagos subterrâneos e água. Os interesses do
homem limitam-se a mais ou menos mil metros de profundidade.
§ Atmosfera – camada gasosa, formada por uma mistura de gases (oxigênio, gás carbônico e nitrogênio). Ela envolve a Terra
e a protege. É dividida em cinco camadas: troposfera, estratosfera, mesosfera, ionosfera e exosfera. A troposfera é a mais
importante, mais próxima da superfície terrestre (onde vive o homem e ocorrem quase todos os fenômenos metereológicos).
§ Biosfera – é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra; ela inclui a biota e os compartimentos terrestres com os quais a
biota interage (Litosfera, Hidrosfera e Atmosfera).

As camadas da estrutura interna da Terra


A estrutura da Terra é formada por camadas de diferentes formações químicas (modelo 1) e físicas (modelo 2).

1) Modelo baseado na composição 2) Modelo baseado na rigidez dos materiais


dos materiais do interior da Terra. do interior da Terra. (B) magma pastoso
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

(A) litosfera ou crosta terrestre

Os dados que se tem a respeito do interior da Terra foram obtidos através de perfurações para extrair petróleo, e não ultra-
passam os 5 mil metros ou 6 mil metros de profundidade. Essas perfurações são executadas em bacias sedimentares, não
alcançando as estruturas rígidas mais profundas.
A divisão da estrutura da Terra foi baseada principalmente nos estudos sobre abalos sísmicos, pois o comportamento das
ondas sísmicas altera-se na passagem de uma camada para a outra em função da natureza dos materiais.

O modelo atualmente aceito da estrutura interna do planeta revela três grandes camadas: o núcleo (NiFe), o manto e a crosta
terrestre (litosfera).

193
Núcleo § Rochas extrusivas ou vulcânicas

Acredita-se que o núcleo da Terra, formado por níquel e fer-


ro, possua uma divisão entre núcleo externo e núcleo
interno. Provavelmente o núcleo externo encontra-se no
estado líquido, envolvendo o núcleo interno que, por estar
submetido a altas pressões, esteja no estado sólido, exibin-
do temperaturas superiores a 5.000 ºC.
Basalto
Manto
O manto, encontrado em estado pastoso ou magmático, é Rochas sedimentares
responsável por 80% do volume total do planeta. As per-
Exemplo: calcário, arenito.
turbações geológicas que atingem a crosta, como terremo-
tos e vulcanismos, são provocadas pela pressão exercida As rochas sedimentares podem ser provenientes da ero-
por ele. Para entender melhor: o magma (composto essen- são de rochas preexistentes e da precipitação de subs-
cialmente de silicatos de magnésio), que é expelido pelas tâncias ou, ainda, de material correspondente a conchas
erupções vulcânicas, é componente do manto. O manto e esqueletos de organismos mortos.
terrestre estende-se desde cerca de 30 km de profundidade
até 2.900 km abaixo da superfície (transição para o núcleo).

Crosta terrestre
A crosta terrestre é subdividida em duas camadas ou crostas:
a crosta oceânica ou inferior (de constituição basáltica, com
predomínio de silicatos de magnésio e ferro – SIMA), que
recobre toda a superfície do planeta, e a crosta continental
ou superior, que fica sobre a oceânica. Na crosta continental
predominam silicatos de alumínio (SIAL), com espessura que
varia de 30 a 70 quilômetros. É formada de rochas – gra-
nitos, migmatitos, basaltos e rochas sedimentares –, seme-
lhantes às que afloram na superfície.
Arenito em Paria Canyon-Vermillion Cliffs Wilderness, Arizona, EUA.
A gênese das rochas
Sua origem pode ser orgânica ou inorgânica e apresentam
composição química definida. Sedimentação num lago
As rochas se classificam em três grandes grupos conforme ou num mar
sua origem e características minerais de textura:

Rochas magmáticas ou ígneas Mais recente


Mais antiga
Exemplo: granito, basalto.
As rochas magmáticas foram formadas em ambiente Ilustração de Bacia Sedimentar, local de ocorrência
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

com temperaturas muito elevadas, o que permitiu a exis- das rochas sedimentares.
tência de materiais rochosos em fusão (magma). Formadas
pela lenta solidificação (cristalização) do magma pastoso. Rochas metamórficas
§ Rochas intrusivas ou plutônicas Exemplo: mármore, calcário. Elas são provenientes das
transformações (metamorfismos) sofridas pelas rochas
magmáticas, pelas rochas sedimentares ou por outras
rochas metamórficas. Essas mudanças ocorrem em fun-
ção das condições de temperatura e pressão no interior
da Terra.

Granito

194
GEOLOGIA DO BRASIL E EXPLORAÇÃO MINERAL

As macroestruturas e suas características


As macroestruturas do relevo terrestre estão representadas pelos escudos cristalinos, pelas bacias sedimentares e pelas cadeias oroge-
néticas; esta última não ocorre no território brasileiro.

Escudos cristalinos
Exemplo: Quadrilatero ferrífero (MG), Serra dos Carajós (PA).
Constituído durante o período Pré-cambriano.
Basicamente, é a porção das placas continentais que, durante um período mínimo de 100 milhões de anos, não sofre ações
diretas do tectonismo e do vulcanismo, o que caracteriza a sua estabilidade. É composto de rochas cristalinas (magmáticas
e metamórficas).
Os escudos são divididos em dois tipos principais de estruturas: os crátons cristalinos e as plataformas.

Bacia sedimentar
As bacias sedimentares começaram a se constituir efetivamente na era Paleozoica. Correspondem a 64% da estrutura
geológica brasileira – Amazônica, Meio Norte (Maranhão e Piauí) e Paranaica (Paraná).

U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Durante esse processo de constituição das bacias sedimentares muitos corpos ou restos de animais mortos e materiais
orgânicos foram “enterrados” pelos sedimentos que foram depositados no fundo dos oceanos. E, conforme as condições de
temperatura e pressão, parte dos restos desses materiais foi conservada, e deu origem aos fósseis.
Contudo, quando a pressão e as temperaturas (geralmente influenciadas pelo aquecimento provocado pelas camadas mais
baixas da Terra) são elevadas, a tendência é que esses restos orgânicos passem pelo processo de litificação e se tornem líquido.
Assim, conforme as condições de armazenamento, esse material acumula-se e transforma-se em petróleo.

195
Cadeias orogenéticas: Combustíveis fósseis
dobramentos modernos
Petróleo
O termo petróleo, a rigor, envolve todas as misturas na-
turais de compostos de carbono e hidrogênio, os chama-
dos hidrocarbonetos, que incluem o óleo e o gás natural,
embora seja também empregado para designar somente
os compostos líquidos. Na natureza ele ocupa os vazios
existentes entre grãos de areia e rocha, ou pequenas fen-
das com intercomunicações. Sua formação ocorre em regi-
ões deprimidas da crosta terrestre depois do acúmulo de
Cadeias do Himalaia sedimentos trazidos pelos agentes erosivos. A teoria mais
aceita é a de sua origem orgânica, ou seja, da deposição
Os dobramentos modernos, também conhecidos como ca- de matéria orgânica e do seu consequente soterramento
deias orogênicas ou cinturões orogênicos, são estruturas geo- em condições de falta de oxigênio, altas pressões e tem-
lógicas que resultaram das ações do tectonismo e correspon- peraturas.
dem à formação de cadeias montanhosas, que apresentam
as maiores altitudes do planeta. Em geral, são compostos por Gás Natural
rochas magmáticas e metamórficas. Como exemplo temos a
Cordilheira dos Andes, na América do Sul, e a Cordilheira do Se os materiais provenientes de plantas e animais são en-
Himalaia, na Ásia, onde se encontra o monte Everest. terrados em profundidade e temperatura suficientes, elesse
transformam quimicamente em petróleo e gás natural. No
Do ponto de vista do tempo geológico, os dobramentos Brasil, a produção de gás Natural se dá predominantemen-
modernos são considerados de origem recente, com cerca te no estado do Rio de Janeiro (52%). Amazonas (19%),
de 250 milhões de anos. Bahia (9%) e Rio Grande do Norte (9%) também são es-
tados produtores.
Figura A
Carvão mineral
O carvão mineral, além de ser insuficiente no Brasil, apre-
senta baixo teor colorífico, alto teor de umidade, cinzas
e sulfeto de ferro. No Brasil, Santa Catarina (62,8%), Rio
Grande do Sul (36,4%) e Paraná (0,8%) são os estados
produtores.

Figura B
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Ações tectônicas das placas convergentes

196
GEOMORFOLOGIA: FORÇAS ESTRUTURAIS E ESCULTURAIS

A dinâmica do relevo Sísmicos


Os agentes modificadores do relevo podem, certamente, Terremoto ou abalo sísmico é uma vibração da superfície
ser divididos em dois grandes grupos, de acordo com as terrestre.
origens de suas ações: os agentes estruturais (internos) e
os agentes esculturais (externos). Agentes externos (esculturais)
Os agentes estruturais, como o tectonismo, o vulcanismo e
Duas formas básicas: o intemperismo e a erosão. O intem-
os abalos sísmicos ocorrem no interior da Terra e atuam de
perismo é responsável pelo desgaste e/ou fragmentação
forma temporária e concentrada.
das estruturas e a erosão é responsável pelo transporte do
Os agentes esculturais, como o intemperismo, as águas cor- material desagregado pelo intemperismo.
rentes, o mar, o vento, os animais, o homem, modificam ex-
ternamente a crosta terrestre e atuam de forma constante. Intemperismo
Teoria da tectônica de placas: Físico, químico e biológico.
o tectonismo
Os movimentos convergentes correspondem ao cho-
Erosão (tipos)
que de duas placas tectônicas que se movimentam uma no Eólica (ventos)
sentido da outra, como é o caso na cordilheira dos Andes,
na América do SuL. No movimento divergente, as plac-
as tectônicas, quando se afastam, formam regiões gerado-
ras de placas. A principal consequência disso é a abertura
do oceano Atlântico.

Dorsal
Médio-Atlântica

Placa ricana Euro Placa


-Asiá
-Ame tica
Norte
Taça ou cálice, em Ponta Grossa, Paraná

Dorsal Mesoatlântica Pluvial


Limites transformantes – um tipo de limite entre placas Fluvial
tectônicas em que elas deslizam e roçam uma na outra. Nor-
malmente não há nem destruição nem criação de crosta.

Agentes internos (estruturais)


U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Vulcanismo
Tectonismo ou diastrofismo
Orogênese O Grand Canyon é um exemplo de intemperismo físico com gênese fluvial.
São os movimentos geológicos que levam à formação
de montanhas ou cadeias montanhosas. Glacial
Epirogênese Marinha ou abrasão
Lento movimento de subida e descida de grandes porções
da crosta. Erosão acelerada (Antrópica)
197
Unidades geomorfológicas Relevo submarino
Principais formas de relevo, relacionadas com a geomor-
fologia local: Plataforma continental
Talude continental ou vertente continental
Região pelágica
Região abissal

§ Planícies; § Escarpas;
§ Planaltos; § Tabuleiros;
§ Depressões; § Chapadas;
§ Montanhas; § Cuestas;
§ Serras; § Inselberg.

CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO

As classificações do relevo brasileiro


A classificação de Aroldo de Azevedo
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

198
A classificação de Aziz Ab’Saber

A classificação de Jurandyr Ross

U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

199
Conceituando as Planalto em intrusões e coberturas
residuais de plataforma
formas de relevo § Planalto e chapada do Parecis.
§ Planaltos residuais Norte-Amazônicos.
Planalto

§ Planaltos residuais Sul-Amazônicos


Planalto em forma de serra (serra da Mantiqueira)

Planaltos em bacias sedimentares


§ Planalto da Amazônia Oriental.

§ Planaltos em cinturões orogênicos.


§ Planaltos e serras do Atlântico Leste-Sudeste.

§ Planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba.

§ Planaltos e serras de Goiás-Minas.


§ Serras residuais do Alto do Paraguai.

Planaltos em núcleos
cristalinos arqueados
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

§ Planalto da Borborema.
§ Planaltos e chapadas da bacia do Paraná.

§ Planalto Sul-Rio-Grandense.

200
Feições de planaltos § Mares de morro.

§ Relevo cuestiforme.

Mares de morros, entre São Paulo e Rio de Janeiro


Frente de cuesta de Botucatu, São Paulo, Brasil

§ Coxilhas.
§ Relevo em chapada.

Canela, Rio Grande do Sul


Chapada Diamantina

§ Serra. Planície
§ Fluvial.
§ Fluvio-marinha.
§ Costeira.
§ Do Pantanal.
§ Amazônica.

Serra da Mantiqueira

§ Inselberg.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Inselberg, Pedra Azul, MG Planície costeira, em Ipanema, Rio de Janeiro

201
Formação de depressões relevantes
na geomorfologia brasileira
§ Periférica.
§ Marginal.
§ Interplanáltica.
§ Relativa.
§ Absoluta.

Planície do Pantanal mato-grossense

Depressão
Depressões absoluta e relativa

SOLOS

Gênese do solo
O solo é a camada superficial de terra arável dotada de vida microbiana. Pode ser espesso ou formado por uma delgada película.
As rochas que afloram na superfície do globo estão submetidas a ações modificadoras dos diversos agentes exodinâmicos. Um
dos processos mais importantes na formação dos solos é a alteração do material inicial, que fica no próprio local sem ser trans-
portado. O que pode ser solo também pode ser rocha decomposta. A diferença primordial é dada pelo estado mais avançado da
decomposição da rocha que não tem vida microbiana. Os solos possuem vida nascida geralmente com a alteração das rochas,
cujas associações vegetais desenvolvem-se com elas.
A pedogênese tem início com o aparecimento da vida microbiana.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

O solo é o único ambiente em que se encontram reunidos em associação íntima os quatro elementos: domínios das rochas
(litosfera); domínio das águas (hidrosfera); domínio do ar (atmosfera); e domínio da vida (biosfera).
É um mundo vivo; pode ser jovem (de formação incompleta), adulto (bem formado), velho e morto (fóssil). Deve ser consi-
derado um quarto reino.

202
O clima na formação dos solos
§ Temperatura;
§ Precipitação pluvial;
§ Deficiência e o excedente hídrico;
§ Latitude.

O solo é um ambiente poroso onde circulam a água e os ga-


ses; atmosfera do solo. Não há luz nem fotossíntese, predo-
minando os processo de respiração ou oxidação. Em conse-
quência, os solos possuem menos oxigênio e muito mais CO2.
Siltes, areias e argilas apresentam proporções que determi-
nam uma das características mais importantes do solo, a
textura, que determinará a facilidade ou não da penetração Na região amazônica: solos bastantes intemperizados, pro-
de raízes, a quantidade de água, a temperatura, a oração e fundos, essencialmente cauliníticos, muito pobres quimica-
o fluxo dos nutrientes. mente, com reações bastante ácidas.
No Nordeste semiárido: solos pouco desenvolvidos, rasos
Intemperismo e ou pouco profundos, cascalhentos ou pedregosos e/ou
composição dos solos com relativa abundância de minerais primários pouco al-
terados e minerais de argila de elevada atividade coloidal.
O intemperismo é o conjunto de modificações físicas (de-
Nos planaltos sulinos: solos com espessas camadas super-
sagregação) e químicas (decomposição) que as rochas so-
ficiais escuras e ricas em matéria orgânica.
frem ao aflorarem na superfície da Terra.
Os fatores que controlam a ação do intemperismo são: Os organismos na formação dos solos
a) clima – que se expressa na variação sazonal da tempe-
Microflora, macroflora, microfauna e macrofauna.
ratura e na distribuição das chuvas;
b) relevo – que influencia no regime de infiltração e dre-
nagem das águas pluviais; O tempo na formação dos solos
c) flora e a fauna – que fornecem matéria orgânica para O tempo é o mais passivo dos fatores de formação.
reações químicas e remobilizam materiais; A idade (cronologia) do solo é a medida dos anos transcor-
d) rocha – que, segundo sua natureza, apresenta resistên- ridos desde seu início até determinado momento, enquanto
cia diferenciada aos processos de alteração intempérica; a maturidade (evolução) é expressa pela evolução sofrida,
e) tempo – que a rocha fica exposta aos agentes intem- manifestada por seus atributos em dado momento de sua
péricos.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

existência. Dessa forma, alguns solos podem apresentar


idade absoluta relativamente pequena e serem bem mais
Tipos de intemperismo maduros do que outros com idade absoluta bem maior.

Classificação dos solos


§ Intemperismo Físico;
§ Intemperismo Químico.
Os solos estão agrupados em três categorias:
O relevo na formação dos solos
§ Infiltração; Zonais
§ Escorrimentos superficiais; Apresentam os horizontes (A, B e C) bem caracterizados.
§ Temperatura e umidade.

203
Interzonais § Litossolos – rasos, sem diferenciação de horizontes.
Relevo acidentado (encostas) e áreas secas (sertão nor-
Características do relevo local ou da rocha de origem. destino).
§ Podzólicos – pouco profundos, vermelhos ou amare-
Azonais los, e típicos de climas úmidos frios.
Referem-se aos solos cujas características não se apresen- § Aluviões – O horizonte superficial é cinzento. Espa-
tam bem desenvolvidas. São geralmente recentes e despro- lham-se por todo o país, preferencialmente nas várzeas.
vidos do horizonte B.
Quanto à origem, os solos podem ser: Problemas dos solos brasileiros
§ Eluviais. § Lixiviação.
§ Aluviais. § Laterização.
§ Avermelhados. § Compactação.
§ Amarelados. § Salinização.
§ Claros.

Horizontes ou camadas do solo


Horizontes são seções horizontais isoladas encontradas no
perfil do solo que sofreram a pedogênese.
Características: padrão granulométrico, composição mine-
ralógica, hidratação e coesão.
A “canga” pode ser observada na parte superior do solo.
Se bem formados, os solos apresentam horizontes, identifica-
dos pelas letras O, A, B e C e situados acima da rocha matriz (R): § Erosão.

Voçoroca no interior paulista

Combate à erosão e ao
esgotamento dos solos
Solos do Brasil
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

§ o terraceamento e as curvas de nível;


§ o reflorestamento;
Os solos férteis de fato ocorrem em pequena quantida-
§ o emprego de adubos e fertilizantes; e
de e compreendem uma parcela relativamente restrita
do território brasileiro. § a rotação de culturas e o pousio da terra.

§ Espessura – profundos.
§ Origem – subdivide-se em: eluviais e aluviais.
Solos férteis do Brasil
§ Terra-roxa.
Grupos de solos § Massapé ou massapê.
§ Latossolos – profundos (espessos), lixiviados e áreas § Salmourão.
tropicais úmidas. § Solos aluviais.

204
PRINCIPAIS TIPOS DE SOLOS DAS REGIÕES BRASILEIRAS

Regiões Tipos e características dos solos

Solos rasos, formados por acumulação de sedimentos fluviais (litos solos aluvionais), com presença de materiais
Norte orgânicos.
1. Várzea
Solos profundos (latossolos), ricos em óxido de ferro e alumínio (apresentando intensa laterização), ácidos, de
2. Tessos e terra firme baixa fertilidade e coloração vermelho-amarela.

Solos profundos (latossolos) argilosos, originários da decomposição do calcário e gnaisse – massapé ou massapê
– de cor escura devido à presença de materiais orgânicos; são férteis e utilizados principalmente no cultivo de
Nordeste cana-de-açúcar.

1. Zona da Mata
Solos resultantes da decomposição do granito e gnaisse em clima semiárido; são rasos (litossolos) e ricos em sais
2. Sertão nordestino e Agreste minerais. No sertão, os solos são mais rasos e sujeitos à erosão devido às chuvas que aparecem concentradas e
torrenciais. No Agreste apresentam maior profundidade e estão menos sujeitos à erosão.

Latossolos – solos profundos de cor vermelho-escuro e vermelho-amarelado, formados em clima subúmido; apresen-
tam lateritas; em geral, são pobres em materiais orgânicos. Cobertos pelos cerrados, são usados principalmente para
Centro-Oeste a pecuária. Solos de terra roxa – principalmente no sul de Mato Grosso do Sul, onde aparecem em manchas. Solos
orgânicos nos vales fluviais no sul de Mato Grosso do Sul e de Goiás.

Latossolos roxos – solos profundos com a presença de óxido de ferro. Ocorrem principalmente no Triângulo
Mineiro e Nordeste de São Paulo.
Terra roxa – manchas de solo rico em materiais orgânicos, formado pela decomposição do basalto e dotado de
Sudeste muita fertilidade. Ocorrem principalmente no Estado de São Paulo.
Salmourão – solo argiloso originado da decomposição de granito e gnaisse em clima úmido. Aparece em áreas
do planalto Atlântico.

Solos pouco desenvolvidos, rasos, de cor avermelhada, formados em clima subtropical e originados de rochas ricas
em ferromagnesianos, o basalto. São os solos da floresta Araucária; Solos lateríticos, rasos, muito meteorizados,
Sul ligados também à presença de basalto, aparecem nas porções elevadas do planalto meridional, do Sudeste do
Paraná até o Norte do Rio Grande do Sul. Litossolos podzólicos de cor acinzentada, ricos em material orgânico e
pouco ácidos. São os solos da Campanha Gaúcha.

PROBLEMAS AMBIENTAIS MUNDIAIS

Oscilação Decadal do Pacífico Oscilação Interdecadal do Pacífico (OIP). Essas mudanças


influenciam na pressão do ar, na temperatura do mar e na
A Oscilação Decadal do Pacífico (ODP) representa as al- direção do vento, fenômenos que podem durar de sema-
terações climáticas da Terra decorrentes das variações de nas a décadas, dependendo da oscilação.
temperatura das águas do oceano Pacífico.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Uma positiva, quando as temperaturas são mais elevadas, El Niño


e outra negativa, quando elas diminuem. Aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico tro-
ODP positiva, a tendência mais considerável são manifes- pical, influenciando diretamente a distribuição da tempe-
tações climáticas do tipo El Niño, na costa do Peru, que cos- ratura da superfície da água e o clima de diversas regiões
tumam ser mais intensas do que a média. Por outro lado, na do planeta.
ODP negativa, a tendência mais considerável são manifes- Ventos alísios. O El Niño faz com que esses ventos soprem
tações climáticas do tipo La Niña, que costumam ser mais com menos intensidade, interrompendo a ressurgência e
frequentes e intensas do que a média de acontecimentos provocando mudanças significativas nos climas de várias
climáticos desse tipo. regiões.
Anomalias.

205
Anomalia de temperatura da superfície do mar – La Niña
dezembro de 1997
Esquema explicativo do funcionamento do La Niña.

Esquema explicativo do funcionamento do El Niño

O La Niña é um fenômeno exatamente inverso ao El Niño.


Em virtude do aumento da força dos ventos alísios, o La
Niña provoca o esfriamento irregular das águas do Pacíf-
ico. No Brasil, o La Niña causa intensificação das chuvas
na Amazônia, no Nordeste e em partes do Sudeste. Na
América do Norte e na Europa, por exemplo, ocorre que-
da das temperaturas.

Aquecimento global
Causas do aquecimento global
Causa do aquecimento global é a intensificação do efeito
estufa, fenômeno natural responsável pela manutenção, a
emissão dos chamados gases-estufa seria o principal pro-
blema em questão.
§ Dióxido de carbono
§ Gás metano
Influência do El Niño § Óxido nitroso
Os Estados Unidos são afetados por secas intensas. Na § Hexafluoreto de enxofre
Índia, as temperaturas sobem consideravelmente, e tem- § CFC
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

pestades torrenciais castigam todo o território australiano.

Efeitos do El Niño no Brasil


§ Norte.
§ Centro-Oeste.
§ Nordeste. O dióxido de carbono (CO2) seria o grande vilão do aquecimento global.
§ Sudeste. § Desmatamento das florestas.
§ Sul. § Poluição dos mares e oceanos.

206
Consequências do aquecimento global Como combater o aquecimento global?
§ aumento das temperaturas dos oceanos e derretimen- Fontes renováveis e não poluentes de energia e diminuir sig-
to das calotas polares; nificativamente ou mesmo abandonar o uso de combustíveis
§ eventuais inundações de áreas costeiras e cidades li- fósseis.
torâneas em razão da elevação do nível dos oceanos; Conscientização social, diminuir a produção de lixo e esti-
§ aumento da insolação e radiação solar em razão do mular a reciclagem.
aumento do buraco na camada de ozônio; Preservação da vegetação dos grandes biomas e dos domí-
§ intensificação de catástrofes climáticas – furacões, tor- nios morfoclimáticos.
nados, secas, chuvas irregulares, entre outros fenômenos
meteorológicos de difícil controle e previsão; e
§ extinção de espécies em razão das condições ambien-
tais adversas para a maioria delas.

GRANDES BIOMAS DO MUNDO

Grandes biomas do mundo

U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Mapa com os principais biomas no mundo

Definições e histórico
§ Ecossistema é um sistema integrado e autofuncionante que consiste em interações dos elementos bióticos e abióticos cujas
dimensões podem variar consideravelmente.
§ Bioma é um conjunto de vida (vegetal e animal) definida pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificá-
veis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, resultando em uma
diversidade biológica própria.

207
Uma cidade como Los Angeles pode ser um ecossistema, mas não um bioma.

Sistema de Holdridge

Florestas tropicais
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

§ Baixas altitudes e próximas do equador, entre os trópicos de Câncer (30o N) e Capricórnio (30o S). No Brasil: floresta
Amazônica e mata Atlântica.

208
§ 6% da Terra, abriga mais da metade das espécies de plan-
tas e animais do planeta.
Florestas temperadas
§ Entre os polos e os trópicos.
§ Decídua.
§ Florestas decíduas caducifólias.

A diversidade biológica é a grande característica das florestas tropicais. Entre os polos e os trópicos, as florestas temperadas
têm as estações dos anos bem definidas.
§ Maior produtividade biológica da Terra.
§ Árvores que alcançam entre 18 e 46 metros de altura. § Solos são abundantes em matéria orgânica
§ Poucas espécies de plantas.

Savanas

§ América do Sul, África e Austrália.


§ Longos períodos de seca com incidência de fogo.
§ A vegetação é herbácea com arbustos espaçados.
§ Bosques e campos.

Campos temperados
A vegetação é herbácea, geralmente baixa.
Queda de folhas forma a serrapilheira, lixiviação, o solo de De todos os biomas, esse é o mais utilizado e transforma-
uma floresta tropical seja pobre em nutrientes. do por ações humanas. Diversos alimentos são produzidos
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

nesses biomas, como arroz e milho, além da criação de bo-


vinos para leite e corte.

Floresta estacional no outono A agropecuária confunde e muda a paisagem dos campos temperados.

209
Desertos
§ Reduzida precipitação.
§ Áreas de alta pressão.
§ Clima é geralmente quente, embora existam desertos frios.
§ Oscilação de temperatura, que pode variar em até 30 °C
entre a manhã e a noite.

§ Árvores de conífera.

Tundra

Os desertos possuem pouca vida animal e vegetal.

§ Vegetação é rara e espaçada.


§ Plantas perenes.

Saguaro

§ A diversidade animal é pequena.

§ Baixa temperatura.
Taiga § Estações de crescimento curtas impedem o desenvolvi-
mento de árvores.
§ Líquenes, musgos, ervas e arbustos baixos.
§ Círculo Polar Ártico, acima dos 57° N.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

§ Um inverno longo e frio, com noites contínuas, e um


verão curto, com temperaturas amenas.

Chaparrais
§ Região do Mediterrâneo.
§ Floresta setentrional de coníferas. § Califórnia.
§ Abaixo do Círculo Polar Ártico, limitando o domínio. § México.
§ Estações bem distintas, com o predomínio do inverno § Chile.
sobre o verão.

210
§ Arbustos e árvores de pequeno e médio porte. Hotspots ambientais
§ O fogo é um fator ecológico relevante.
Em biogeografia, hotspots são pontos ou manchas de altís-
sima biodiversidade.

Moradia na região próxima ao mar Mediterrâneo A mata Atlântica é um dos hotspots ambientais da Terra.

Existência de espécies endêmicas, isto é, restritas a um ecossistema específico, e grandes taxas de destruição do habitat.

U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

Os 34 hotspots ambientais do mundo

211
U.T.I. - Sala
1. (UNICAMP 2022) Nas últimas décadas, os territórios sul-americanos assistiram a grandes transformações. Uma delas
foi a transferência da população para as cidades, o que se deu em velocidade maior do que a que os serviços de in-
fraestrutura conseguiram acompanhar. Isso afetou os ambientes de maneira profunda e contribuiu para o aumento de
desastres naturais.
(Adaptado de Luci Hidalgo Nunes, Urbanização e desastres naturais: abrangência América do Sul. São Paulo: Oficina de Textos, 2015, p. 25.)
A tabela a seguir – retirada da mesma fonte – apresenta algumas metrópoles sul-americanas, situadas na Cordilheira dos
Andes, com população acima de 750.000 habitantes. Apresenta também os riscos de eventos que promovem desastres
naturais.

Metrópoles População 2011 Seca Terremoto Inundação Escorregamento Vulcanismo


Bogotá 8.743.000 sim sim sim sim não
Caracas 3.242.000 sim sim sim não não
La Paz 1.715.000 sim sim sim sim não
Lima 9.130.000 sim sim sim não não
Quito 1.662.000 sim sim sim sim sim
Santiago 6.034.000 sim sim sim não não

A partir do exposto e de seus conhecimentos sobre os fenômenos naturais que podem deflagrar desastres naturais em
aglomerados urbanos na América do Sul, responda às questões a seguir:
a) Quais os agentes endógenos e exógenos responsáveis pelos desastres naturais nas metrópoles indicadas na tabela?
b) Aponte quatro características comuns no processo de urbanização das metrópoles sul-americanas situadas na região
Andina.
2. (UNICAMP 2020) O território brasileiro apresenta uma grande diversidade de formas de relevo. Elas estão agrupadas
em grandes compartimentos identificados como planícies, depressões, tabuleiros, chapadas, patamares, planaltos e ser-
ras. A figura abaixo indica a espacialização de três desses compartimentos.

Considerando a figura acima e seus conhecimentos sobre o relevo brasileiro, responda às questões.
a) Aponte uma semelhança e uma diferença entre as chapadas e os tabuleiros.
b) Qual a importância da Serra do Espinhaço para o setor de mineração do Brasil? Em que estrutura geológica esse com-
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

partimento está situado?


3. (UFPR 2019) Os desastres naturais constituem um tema cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, independen-
temente de residirem ou não em áreas de risco. Ainda que num primeiro momento o termo nos leve a associá-los com
terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, ciclones e furacões, os desastres naturais contemplam, também, processos e
fenômenos mais localizados, tais como deslizamentos, inundações, subsidências e erosão, que podem ocorrer naturalmente
ou induzidos pelo homem.
No [...] Brasil de uma forma geral, embora estejamos livres dos fenômenos de grande porte e magnitude, como terremo-
tos e vulcões, é expressivo o registro de acidentes e mesmo de desastres associados principalmente a escorregamentos
e inundações, acarretando prejuízos e perdas significativas, inclusive de vidas humanas.
(TOMINAGA et al., 2009.)
Nos textos os autores afirmam que o Brasil está livre de fenômenos como terremotos e vulcões. Justifique essa afir-
mativa.

212
4. (UEPI) A Teoria da Tectônica de Placas explica diversos 8. (AVAJ - adaptado)
tipos de estrutura verificados na Litosfera. Observe a
ilustração a seguir.
De acordo com essa teoria, esse desenho esquemático
ilustra o (a):

5. (COMVEST 2003 - adaptado) identifique às formas de


relevo encontradas no bloco-diagrama, obedecendo à
Fonte: http://geoconexaomundo.blogspot.com.br/2012/08/charges-
sequência da ordem alfabética (A, B, C, D e E).
aquecimento-global.html. Acesso em: 26-03-20

Que praticas seriam mais viáveis para minimizar o efei-


to acelerado do aquecimento global provocado pelas
atividades da civilização moderna?

9. (IESES 2017 - adaptado)

6. (IFSUL 2019) “São formas do relevo mais ou menos


planas ou suavemente onduladas, em geral de grande
extensão e que o processo de deposição de sedimentos
supera o de desgaste”.
ADAS, Melhem; ADAS, Sergio. Expedições Geográficas
(6º ano). São Paulo: Moderna, 2015. p. 109.
O fragmento de texto revela o conceito de qual forma
de relevo?

7. (COPEVE / UFAL 2017) A figura mostra os processos Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/15455465/, acesso em:27-03-20
tectônicos que formam o território japonês.
Sobre o perfil dos solos, caracterize cada horizonte do solo:

10. (COPEVE / UFAL 2017)

U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

O mergulho das placas tectônicas mostrado na figura As figuras mostram uma forma de identificar quais sis-
representa o movimento de placas do tipo: remas de dobras?

213
U.T.I. - E.O. 4.

1.

EROSÃO

TRANSPORTE

DEPOSIÇÃO

SEDIMENTAÇÃO

COMPACTAÇÃO
a) Qual é a importância econômica dos escudos cristali-
nos e das bacias sedimentares?
b) Explique o processo de formação das estruturas geo-
ROCHA SEDIMENTAR
lógicas que compõem o relevo brasileiro.
O esquema acima é chamado de diagênese, que descreve 5. Os fenômenos naturais podem acabar em desastres
o processo de formação das rochas sedimentares. Discor- quando há uma relação inadequada entre o homem e a
ra sobre esse processo. natureza. Nas grandes cidades brasileiras, as vertentes
íngremes, consideradas a priori como zonas ilegais para
2. As bacias sedimentares se formaram a partir da era a construção, foram ocupadas por construções precá-
Paleozoica, entrando também pela Mesozoica e pela rias, que acabaram, posteriormente, sendo legalizadas,
Cenozoica. Nesses terrenos, encontramos recursos com- deixando seus moradores em situação de risco.
bustíveis fósseis, como o petróleo, o gás natural e o car- Adaptado de TEIXEIRA, WILSON et alii. Decifrando a
vão mineral. A partir dos seus conhecimentos, explique Terra. São Paulo: Ed. Oficina de Texto, 2000.
a formação do petróleo em áreas oceânicas.

3. A chuva é um dos agentes erosivos mais ativos, pois


provoca enchentes e enxurradas. Dependendo do grau
de intensidade das chuvas, ocorre erosão pluvial do
tipo superficial, laminar, de sulcos e de ravinamento.
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

A figura anterior representa um processo de erosão. De-


fina esse processo e explique por que ele ocorre.
A partir do texto e da foto,
a) indique duas variáveis capazes de explicar o movi-
mento de terra observado na foto;
b) explique como os cortes nas encostas e os aterros
realizados pelos próprios moradores, sem planeja-
mento ou infraestrutura adequada, tendem a agravar
a situação de risco.

214
6. Analise a representação cartográfica do estado de
São Paulo.

a) Caracterize dois fatores naturais do Oeste Paulista que


condicionam o seu grau de suscetibilidade à erosão.
b) Os processos erosivos podem ser minimizados ou con-
trolados com a aplicação de práticas conservacionistas.
Dentre as práticas, cite uma de caráter edáfico e outra de
caráter mecânico.
7. Atividades agrícolas podem degradar os solos, e a in-
tensidade dessa degradação varia conforme a natureza
do solo, uso da terra, tipo de cultura, técnicas utilizadas
e contexto geográfico de clima e relevo. Ao longo de
anos, por exemplo, pode ocorrer a perda de milhares de
toneladas de solos agricultáveis.

Igo F. Lepsch. Formação e conservação dos solos.


Oficina de Textos, 2010. Adaptado.

*Perda por erosão referente a um mesmo tipo de solo.


a) Cite um processo responsável pela degradação dos
solos na zona intertropical brasileira. Justifique.
b) Cite e explique uma medida conservacionista para
U.T.I. 1 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias

diminuir a degradação dos solos.

215
BIOLOGIA

1
CIÊNCIAS DA
BIOLOGIA 1
NATUREZA
e suas tecnologias

U.T.I.
EXPERIMENTO
ORIGEM DA VIDADE REDI

Teorias sobre a origem da vida larvas

Filósofos importantes, como Platão e Aristóteles, aceita-


vam certa explicação sobre a origem dos seres vivos. Dessa
interpretação, surgiu a teoria da geração espontânea ou
teoria da abiogênese, segundo a qual todos os seres vivos
originam-se da matéria bruta de modo contínuo. ausência
de larvas
Essa teoria, entretanto, foi contestada por vários cientistas,
que por meio de seus experimentos provaram que um ser
vivo só se origina de outro ser vivo. Surgiu, então, a atual-
mente aceita teoria da biogênese. frasco aberto frasco fechado com gaze

§ Teoria da abiogênese: os seres vivos originam-se da Experimento realizado por Redi, cujo resultado
reforçou a teoria da biogênese.
matéria bruta de maneira contínua. Principais defen-
sores: Aristóteles, Platão, Needhan, Virgílio, Aldovandro, Pasteur
Kricher e Van Helmont. Louis Pasteur, por volta de 1860, por meio de seus céle-
bres experimentos com balões do tipo “pescoço de cisne”,
§ Teoria da biogênese: os seres vivos originam-se de
conseguiu provar definitivamente que os seres vivos origi-
outros seres vivos. Principais defensores: Redi, Spallan-
navam-se de outros seres vivos. Além disso, constatou a
zani e Pasteur.
presença de micróbios no ar atmosférico.
Este experimento mostra que um líquido, ao ser fervido, não per-
Redi de a “força vital”, como defendiam os adeptos da abiogênese,
Por volta de 1660, Francesco Redi começou a combater a pois quando o pescoço do balão é quebrado, após a fervura do
teoria da geração espontânea. Para isso, colocou pedaços líquido, há aparecimento de seres vivos. O experimento rebate
de carne crua dentro de frascos, deixando alguns abertos e ainda outro argumento dos adeptos da abiogênese: a forma-
outros fechados com gaze. Veja esquema do experimento ção de ar viciado impróprio para a vida. O líquido fervido fica,
ao lado. neste caso, em contato com o ar atmosférico através do pes-
coço do balão e não ocorre o aparecimento de seres vivos, pois
Dessa forma, constatou a presença de numerosos ovos e
as gotículas de água que se acumulam nesse pescoço retêm
larvas de insetos sobre a gaze que fechava o recipiente e a
os micróbios contidos no ar que penetra no balão. A partir dos
ausência deles sobre a carne ali contida. Esse experimento
experimentos de Pasteur, a teoria da biogênese passou a ter
demonstrou que os insetos eram atraídos pela carne e que
preferência nos meios científicos.
o aparecimento de larvas era, portanto, proveniente
EXPERIMENTO dos
DE REDI
numerosos ovos colocados por esses animais. Os resulta- A hipótese da evolução gradual dos
dos de Redi fortaleceram a teoria da biogênese.
sistemas químicos
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Essa hipótese sugere que moléculas orgânicas complexas


larvas
foram formadas a partir de moléculas simples nas condições
da Terra primitiva, antes do aparecimento dos seres vivos. Os
gases amônia (NH3), hidrogênio (H), metano (CH4) e vapor
de água da atmosfera primitiva, ao sofrerem os efeitos das
fortes descargas elétricas provenientes das frequentes tem-
pestades e da influência acentuada dos raios ultravioleta do
ausência
Sol, reagiram entre si, formando moléculas orgânicas sim-
de larvas
ples (aminoácidos, açúcares, álcoois). Essas moléculas teriam
sido, então, arrastadas pelas águas da chuva e se acumulado
nos mares primitivos, onde outras reações teriam ocorrido.
frasco aberto frasco fechado com gaze
Substâncias orgânicas formaram uma “sopa nutritiva’’.

218
As moléculas de proteína aproximam-se, formando vá- tetizam alimentos orgânicos (a partir de substâncias inor-
rios aglomerados proteicos envoltos por várias molécu- gânicas) à custa de uma série extremamente complexa
las de água. Esses aglomerados foram chamados por de reações químicas, exigindo que o organismo também
Oparin de coacervados. seja complexo. Acontece, porém, que a teoria da evolução
Esses coacervados não eram seres vivos, mas sim biológica, contra a qual não há objeções sérias, afirma
uma primitiva organização das substâncias orgâni- que os primeiros seres vivos devem ter sido bastante simples,
cas, principalmente de proteínas. levando muito tempo para se tornarem complexos; portanto,
os biólogos não aceitam a hipótese autotrófica, porque ela
Apesar de isolados, os coacervados podiam trocar subs-
tâncias com o meio externo, sendo que, em seu interior, vai contra a teoria da evolução.
havia margem para inúmeras reações químicas, permitindo
a duplicação e, assim, os primeiros seres vivos. A hipótese heterotrófica
Supõe que a forma mais primitiva de vida se desenvolveu
O experimento de Miller de matéria não viva, formando-se em um ambiente com-
Stanley L. Miller construiu um aparelho que simulava as plexo um ser muito simples, incapaz de fabricar seu alimen-
condições da Terra primitiva e introduziu nele os gases que to. A hipótese heterotrófica supõe que um ser muito sim-
provavelmente constituíam a atmosfera naquela época. ples evoluiu, vagarosamente, da matéria inanimada, e que
Esses gases foram amônia (NH3), hidrogênio (H), metano isso aconteceu há milhões de anos, mas não ocorre mais.
(CH4) e vapor de água. De acordo com a hipótese heterotrófica, a vida teria surgido
ELETRODOS
por meio das seguintes etapas, ilustradas ao lado:
TUBO PARA
CRIAR VÁCUO POLO POSITIVO POLO NEGATIVO
FORMAÇÃO DE AMINOÁCIDOS
AMÔNIA
METANO
HIDROGÊNIO
FORMAÇÃO DE PROTEÍNAS CAPACIDADE DE REPRODUÇÃO
VAPOR D’AGUA
SÁIDA DO VAPOR
FORMAÇÃO DE COACERVADOS APARECIMENTO DE AUTÓTROFOS

CONDENSADOR
ENTRADA DE ÁGUA
SURGIMENTO DE HETERÓTROFOS PREDOMÍNIO DE AUTÓTROFOS

OBTENÇÃO DE ENERGIA APARECIMENTO DE AERÓBIOS


ÁGUA FERVENTE PARA
GERAR VAPOR

Formação de proteínas
RESULTADOS PARA
ANÁLISE Na Terra primitiva, os aminoácidos teriam chegado às rochas
Experimento de Miller carregados pelas chuvas. A evaporação da água teria deixa-
do os aminoácidos secos sobre a superfície das rochas quen-
A água, ao ferver, forma vapor e promove a circulação em tes. Em tais condições, teria ocorrido a formação de ligações
todo o sistema, de acordo com o sentido das setas. No peptídicas (síntese por desidratação) pela evaporação de
balão em que se encontra a mistura gasosa, ocorrem des- água e a consequente formação de proteínas; posteriormen-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

cargas elétricas, simulando os raios que, naquela época, te, tais proteínas seriam levadas aos oceanos pelas chuvas.
deviam ocorrer com frequência.
Então, o experimento de Miller demonstrou que molécu- Surgimento dos heterótrofos
las orgânicas (aminoácidos) poderiam ter-se forma- Pode-se afirmar que não havia camada de ozônio na Terra
do nas condições da Terra primitiva, o que reforça a primitiva, portanto, a temperatura da superfície terrestre era
hipótese da evolução gradual dos sistemas químicos. muito alta.
Nesse cenário, as combinações de elementos simples le-
A hipótese autotrófica vavam à formação de substâncias complexas. Assim, foi
Como todo ser vivo necessita de alimento para sobreviver, possível a formação de seres unicelulares heterótrofos. A
é lógico admitir que os primeiros seres vivos tenham sido única fonte de energia disponível era a própria sopa nutri-
capazes de produzi-lo, isto é, tenham sido autótrofos. Contra tiva (sem O2); portanto, eram heterótrofos fermentadores
essa hipótese, existe uma objeção de que os autótrofos sin- – liberavam CO2.

219
Capacidade de reprodução unicelulares com capacidade de sintetizar matéria orgânica a
partir de matéria orgânica, ou seja, organismos autótrofos.
Graças a sua capacidade de retirar alimentos e energia do
meio e organizar as moléculas em padrões definidos, os Aparecimento dos aeróbios
heterótrofos anaeróbios primitivos teriam crescido gradati-
Os primeiros autótrofos, a partir de um suprimento de CO2,
vamente, a tal ponto que teria surgido a luta pela sobrevi-
enzimas de ATP e aparecimento de uma molécula (talvez a
vência devido a problemas no volume celular.
clorofila, capaz de absorver a energia luminosa), realizariam
Nessas condições, eles teriam perecido ou teriam se dividido, uma primitiva fotossíntese.
como meio de reduzir o volume. Nos organismos bem-suce-
No processo de fotossíntese, liberam-se moléculas de oxigênio.
didos, teriam surgido os ácidos nucleicos, moléculas que con-
Portanto, podemos supor que uma certa quantidade de gás te-
trolam os processos básicos de reprodução e organização. Em
nha-se acumulado gradativamente, durante milhares de anos,
tais condições, o primitivo organismo que tivesse DNA teria
como consequência do aparecimento dos autótrofos. Todavia,
encontrado o meio para se duplicar exatamente, transmitindo
a utilização de oxigênio para a obtenção de energia a partir da
aos seus descendentes o mesmo padrão de organização con-
glicose libera muito mais energia do que a retirada de energia
seguido após todo o tempo de evolução transcorrido.
na ausência de oxigênio, pois a fermentação fornece um sal-
Aparecimento dos autótrofos do energético de apenas 2 ATP, enquanto, na reação com o
oxigênio, o saldo é de 38 ATP. Teriam, então, levado vantagem
Ao longo do desenvolvimento da vida na Terra, houve diversas
os organismos capazes de executar respiração aeróbia, pois,
mutações no material genético dos seres vivos. A partir delas,
assim, retirava-se mais energia do alimento disponível.
há cerca de 2,7 bilhões de anos atrás, surgiram seres vivos

EVIDÊNCIAS EVOLUTIVAS

A ideia de evolução exatamente iguais à época de sua criação. Essa teoria é


conhecida como fixismo.
A evolução biológica consiste no conjunto de modifica- Já o transformismo ou evolucionismo propõe que as es-
ções (mutações) sofridas pelas espécies ao longo de muito pécies são mutáveis, ou seja, modificam-se ao longo do tempo.
tempo. Essas modificações podem permitir à espécie uma

Evidências evolutivas
melhor adaptação ao meio em que vive, ou seja, realizar
com mais eficiência seus comportamentos reprodutivo, ali-
mentar e de exploração de seu habitat.
Portanto, uma espécie evoluída é adaptada ao meio em que Fósseis
vive, não importando o seu grau de complexidade.
Correspondem à principal e mais notável evidência a favor
Logo, é interessante observar que tanto organismos sim-
do transformismo e, portanto, da evolução. São, por definição,
ples, como as bactérias, ou complexos, como os mamíferos,
restos ou vestígios de organismos de épocas remotas conser-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

estão adaptados ao ambiente em que vivem.


vados até a atualidade. Representam uma evidência evolutiva,
As espécies pois mostram-nos que os organismos não foram criados si-
multaneamente, ou seja, há fósseis de diferentes idades.
Espécies consistem em um conjunto de indivíduos, se-
melhantes anato, fisio e filogeneticamente, capazes de Datação radioativa dos fósseis
realizar fluxo gênico entre si por mecanismos reprodu-
tivos diversos, com produção de descendentes com as A idade de um fóssil pode ser estimada pela medição de
mesmas propriedades de transmissão hereditária. elementos radioativos presentes nele ou na rocha em que
está fossilizado. Em princípio, quanto mais profundo o ter-
Conceitos reno, mais antigo é o fóssil.
Durante muito tempo, acreditou-se que os seres vivos que Caso o fóssil apresente substâncias orgânicas em sua cons-
conhecemos hoje, quase 2 milhões de espécies, fossem tituição, sua idade pode ser calculada com razoável precisão

220
pelo método do carbono-14 (14C), um isótopo radioativo ma, evidencia parentesco e, portanto, ancestralidade comum.
do carbono (12C).
Homologias e analogias
Estruturas homólogas apresentam a mesma origem em-
briológica, porém, podem ter destinos funcionais diferentes.
Estruturas análogas apresentam a mesma função ou papel
biológico, porém, apresentam origens embriológicas distintas.
Veja a figura a seguir:

Estudo comparativo ósseo entre membros anteriores (da


esquerda para a direita) de homem, gato, baleia e morcego.

Anatomia comparada
No estudo dos vertebrados, é evidente que existe um padrão
esquelético: um crânio ligado a uma coluna vertebral, que
apresenta uma cintura escapular, nela se conectam os mem-
bros anteriores e uma cintura pélvica, na qual estão conecta-
dos os membros posteriores. Portanto, todos os vertebrados,
apesar de diferentes, apresentam características em comum,
o que mostra parentesco e indica um ancestral comum, que,
por evolução, deu origem a todos os subgrupos.

Embriologia comparada
O estudo embriológico dos animais mostra que quanto mais
inicial é a fase de desenvolvimento do embrião, maiores
são as dificuldades de diferenciação e identificação do
grupo estudado. Isso quer dizer que o desenvolvimen- Representação de homologia e analogia
to embriológico dos animais é extremamente semelhante
A homologia é evidente no processo de formação das es-
nas suas fases iniciais, ocorrendo a diferenciação só mais
pécies, a partir de um ancestral comum, e caracteriza o que
tardiamente. Logo, entre espécies ou grupos evolutivamente
chamamos de irradiação adaptativa.
próximos existe uma semelhança embriológica muito grande
quanto às fases iniciais do desenvolvimento. Estruturas vestigiais
Bioquímica, biologia e Trata-se de características biológicas encontradas em alguns
genética molecular grupos de seres vivos e que não são mais funcionais em ou-
tros grupos. Como exemplo, na espécie humana, podemos ci-
Recentemente, estudos nas áreas da bioquímica, biologia e ge- tar os músculos que movem as orelhas, a membrana nictante
nética molecular têm mostrado que a presença das mesmas pro- nos olhos, o apêndice intestinal, a musculatura abdominal, os
teínas em organismos de grupos diferentes indica semelhança dentes do siso e a presença de pelos cobrindo o corpo.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

no aparato metabólico e hereditário, o que, sem dúvida nenhu-

TEORIAS EVOLUTIVAS

As ideias de Lamarck transmitida aos descendentes, ou seja, hereditariamente


(2). Logo, o lamarquismo está baseado em dois pontos:
Lamarck acreditava que as características necessárias à
1. Lei do uso e desuso
adaptação em um certo ambiente pudessem ser adquiri-
2. Transmissão hereditária de caracteres adquiridos
das, simplesmente, pelo uso intensivo do órgão ou estrutu-
ra envolvida (1), e que essa “transformação” pudesse ser

221
Vejamos, neste exemplo, a aplicação dessa ideia: o compri- apenas selecionando as variações mais aptas preexistentes.
mento do pescoço das girafas pode ser entendido, se atentar- Ele não conhecia os mecanismos de transmissão hereditária.
mos aos esforços diários nas tentativas de alcançar os ramos Isso só foi elucidado com o advento da genética.
mais altos das árvores, que provocariam um desenvolvimento
de ossos e músculos. As girafas com pescoços desenvolvidos Exemplos de vantagens adaptativas
transmitiriam essa característica a seus descendentes. Logo, ao
longo das gerações, todas as girafas teriam pescoços grandes.
Mimetismo
Para Lamarck, portanto, o ambiente tem um papel direcionador Determinados organismos, denominados mímicos, apre-
na modificação das características, ou seja, na adaptação dos sentam características que os confundem com outro grupo
organismos, uma vez que estes se modificam para atender às de organismos, os modelos. Em geral, essa semelhança
necessidades impostas pelo meio. dá-se pelo padrão de coloração, textura, forma corporal,
comportamento, constituição química. Ela confere ao mí-
Darwinismo mico uma vantagem adaptativa. Existem três tipos de mi-
metismo: batesiano, mülleriano e reprodutivo.
Darwin, por sua vez, defende a evolução em si como um
processo lento e gradual de pequenas mudanças, que vão § O mimetismo batesiano (de defesa) consiste na imita-
se acumulando de geração em geração até que resultem em ção de um modelo tóxico ou perigoso por espécies “não
uma grande mudança em relação aos indivíduos ancestrais. repulsivas” ou inofensivas, que se privam de ser predadas.
Em seu livro A origem das espécies, Darwin expôs a sua § O mimetismo mülleriano consiste na presença de
teoria da evolução por seleção natural, tomando como padrões de coloração semelhantes entre espécies tó-
pontos de partida duas observações: xicas ou impalatáveis. Devido a esta coloração de ad-
vertência, ambas ampliam o número de predadores
§ Os organismos vivos produzem grande número de se-
que passam a evitá-las.
mentes ou ovos, mas o número de indivíduos nas po-
§ O mimetismo reprodutivo é bastante comum entre
pulações normais é mais ou menos constante, o que só
plantas que mimetizam a fêmea de insetos e aprovei-
se pode explicar pela grande mortalidade natural.
tam a tentativa de acasalamento para sua polinização.
§ Organismos de mesma espécie, ou então de uma po-
pulação natural, são muito variáveis em forma e com- Camuflagem
portamento, sendo a variabilidade muito influenciada
pela hereditariedade. Trata-se de um conjunto de técnicas e métodos que permite
a um organismo permanecer indistinto do ambiente que o
Portanto, havendo grande variabilidade e grande mortalida-
rodeia. A camuflagem pode ser vantajosa para o predador,
de, uns organismos terão maior probabilidade de deixar des-
que cerca a presa sem ser percebido, e para a presa, que se
cendentes do que outros: a tal tipo de reprodução seletiva,
confunde com o meio, passando despercebida pelo predador.
Darwin chamou seleção natural. Como Darwin demonstrou, a
seleção natural ou “luta pela vida com sobrevivência do mais § Homocromia consiste na coloração semelhante do or-
apto” é o fator orientador da evolução, mas não a causa das ganismo com a do meio onde vive: cascas, galhos e folhas
variações, que ele foi incapaz de descobrir. A dificuldade de de árvores, cor da areia etc.
Darwin só foi resolvida com a descoberta das mutações ex- § Homotipia consiste na semelhança do indivíduo com
postas pelo mutacionismo, no século XX, por Hugo de Vries, a forma de estruturas presentes no meio onde vive. É o
que são responsáveis pela origem das variações. caso dos insetos bicho-folha e bicho-pau, que se asse-
O principal ponto do darwinismo, portanto, é a teoria da melham a folhas e gravetos, respectivamente.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

seleção natural, que é a escolha que o ambiente faz das


características mais aptas. Neodarwinismo –
Portanto, o darwinismo pode ser entendido sob três pon- teoria sintética da evolução
tos básicos:
1. Variabilidade intraespecífica Na época em que Darwin propôs a sua teoria, os mecanis-
2. Seleção natural mos da herança biológica não eram conhecidos. Apesar de
3. Adaptação ter sido contemporâneo de Gregor Mendel – pai da genética
–, eles não se conheceram. Descobertas recentes (século XX),
O meio ambiente e a adaptação nos campos da genética, biologia molecular e paleontologia,
deram origem a uma teoria moderna de evolução conhecida
Segundo Lamarck, o ambiente tem um papel ativo, como neodarwinismo ou teoria sintética da evolução,
pois atua como um fator de modificação das espécies. Para que integra esses novos conhecimentos às ideias de Darwin,
Darwin, o ambiente tem um papel passivo, pois atua esclarecendo principalmente as causas da variabilidade.

222
A moderna teoria sintética da evolução envolve quatro fa- As mutações são aleatórias, ocorrem ao acaso sem que
tores básicos: mutação, recombinação genética, sele- haja relação com a utilidade ou não para que ela venha a
ção natural e isolamento reprodutivo. Os dois primei- ocorrer. Em razão disso, alterações no DNA não são uma
ros determinam a variabilidade genética, que é orientada estratégia do organismo para se adaptar a alguma situa-
pelos dois últimos. Três processos acessórios também atuam ção. No entanto, caso ocorra uma mutação favorável, ela
no processo: migração, hibridação e oscilação genética. será selecionada positivamente; assim, a população desses
A migração é responsável pelo fluxo gênico, que traz à po- indivíduos portadores dessa mutação tenderá a aumentar.
pulação novos genes. A hibridação consiste no cruzamento Observe-se que mutações não são necessariamente bené-
entre popuIações com patrimônios genéticos diferentes. A ficas, podem ser neutras ou prejudiciais para o organismo.
oscilação genética ocorre, quando, em populações finitas pe-
quenas, o equilíbrio de Hardy-Weinberg é alterado pelo ta- A seguir, alguns outros exemplos de seleção natural:
manho da população. Se ocorrer mutação rara, o número de § Melanismo industrial: industrialização na Inglaterra,
portadores da mutação será baixo e, pela sua morte, desa- as mariposas claras e escuras.
parecerá da população. Poderá aparecer novamente, quando
§ Resistência de bactérias a antibióticos.
e se ocorrer nova mutação. Esses fatores podem contribuir
para a variabilidade genética. § Resistência de moscas ao DDT.
Sob a designação de variabilidade, enquadramos as diferen-
ças existentes entre os indivíduos da mesma espécie. As fontes Seleção sexual
de variabilidade são as mutações e a recombinação genética. Seleção sexual é a seleção natural voltada para o encontro
As variações são submetidas ao meio ambiente, que, pela sele- de parceiros e o comportamento reprodutivo.
ção natural, conserva as favoráveis e elimina as desfavoráveis.
Assim, quando as condições ambientais se modificam, algumas Os leões-marinhos machos, por exemplo, brigam entre si para
variações serão vantajosas e permitirão, então, aos indivíduos demarcar um território e, normalmente, o maior e mais forte
que as apresentam sobreviver e produzir mais descendentes do conquista mais fêmeas, logo, deixarão mais descendentes.
que aqueles que não as têm. Resumindo, temos:
1. Variabilidade intraespecífica Seleção artificial
§ mutação A seleção artificial é conduzida pelo homem, consiste na
§ recombinação genética: crossing-over
adaptação e/ou seleção de seres vivos – animais e plan-
2. Seleção natural tas –, cujo objetivo é realçar determinadas características
3. Adaptação desses organismos, como a produção de carne, leite, lã e
frutas.
Porém, a recombinação genética (crossing-over) pro-
move o embaralhamento dessas modificações. As muta- Darwin chegou à conclusão de que a seleção artificial pode
ções ocorrem em todo e qualquer organismo, enquanto ser comparada à exercida pela natureza sobre as espé-
que a recombinação genética só ocorre naqueles que so- cies selvagens.
frem meiose para produzir gametas, nos animais, e espo-
ros, nos vegetais. Logo, os organismos que se reproduzem
sexuadamente apresentam uma variabilidade muito maior
em suas populações do que os organismos que se reprodu-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

zem assexuadamente, uma vez que sofrem meiose.

Tipos de seleção natural


• Seleção direcional: ocorre quando as condições
ambientais favorecem um único fenótipo.
• Seleção estabilizadora: favorece indivíduos de
fenótipos intermediários, eliminando aqueles de
fenótipos extremos.
• Seleção disruptiva: ocorre quando uma popula-
ção é submetida a diferentes pressões do ambien-
te, favorecendo indivíduos com fenótipos extremos.

223
ESPECIAÇÃO

Especiação é o processo evolutivo pelo qual as novas es- POPULAÇÃO INICIAL


pécies se formam. Mas antes de falarmos mais sobre esse
ISOLAMENTO DIFERENCIAÇÃO
processo, falaremos primeiro sobre o que é uma espécie. GEOGRÁFICO PROGRESSIVA

DE LONGA
Melhor do que uma única definição para espécie, que facil- DURAÇÃO
PRESSÕES SELETIVAS
DO MEIO DISTINTAS
mente a associaria a um termo ou conceito, é preferível consi-
derar diferentes definições. Origem das espécies – especiação. Hipóteses:
A × B = sem descendentes férteis > isolamento reprodutivo > são diferentes
§ Definição biológica de espécie: são grupos de po- A × B = com descendentes férteis > há fluxo gênico > subespécies / variedades / raças
pulações naturais potencialmente capazes de se cruzar
(gerando descendentes férteis) e que estão reproduti-
vamente isoladas de outros grupos semelhantes, em
condições naturais.
Entre organismos da mesma espécie, há fluxo gênico,
§ Unidade ecológica: apresenta características pró-
que é consequência da semelhança e identidade genética,
prias e mantém relações bem definidas com o ambien-
além de mesmo número e tipos de cromossomos.
te e com outras espécies.
§ Unidade gênica: dotada de um patrimônio gênico
característico, que não se mistura com o de outras
Redução de fluxo gênico
espécies e evolui independentemente. Uma espécie, por-
A especiação, no entanto, também pode ocorrer em po-
tanto, é o maior acervo de genes possível em condições
pulações sem barreiras extrínsecas específicas para o fluxo
naturais.
gênico. Suponha uma população distribuída em uma am-
Especiação é um evento que separa a linhagem que dá ori- pla faixa geográfica em que o acasalamento não é alea-
gem a duas ou mais espécies distintas, resultado de uma trans- tório. Indivíduos num determinado ponto cardeal não têm
formação gradual de uma espécie em outra (anagênese) ou da chance alguma de se acasalarem com indivíduos de outro
separação de uma população em duas (cladogênese).
ponto. Esse fluxo gênico reduzido não implica isolamento
total dessa população, mas pode ou não ser suficiente para
A origem das espécies caracterizar uma especiação. Provavelmente, a especiação
requer a ocorrência de diferentes pressões seletivas nos
Uma dada população pode ser submetida a uma separação diferentes extremos opostos. Algo assim alteraria a frequ-
em subgrupos a partir de um isolamento geográfico. Esse ência gênica nesses indivíduos, a ponto de eles não serem
isolamento pode ser representado por uma cordilheira, rio,
mais capazes de se acasalarem, caso estivessem reunidos.
lago, cachoeira, deserto, entre outros, e permitirá a formação
de duas subpopulações A e B. Essas subpopulações, ainda
pertencentes à mesma espécie, estão submetidas à seleção Tipos de especiação
natural de seus meios, que são diferentes. Logo, as adapta-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ções surgidas em uma subpopulação podem ser diferentes da Na especiação, o papel crítico mesmo é a redução do flu-
outra e vice-versa. Com isso, teremos uma progressiva dife- xo gênico. A classificação dos modos de especiação de-
renciação ao longo do tempo e enquanto durar o isolamen- pende do quanto as espécies incipientes podem se separar
to, até que, com o fim deste, os indivíduos de novas gerações geograficamente. Observe na tabela a comparação entre
das duas subpopulações podem, então, tentar se reproduzir. alguns dos modos de especiação, que, mesmo diferentes,
No entanto, pode ocorrer que eles não mais se encontrem e podem contribuir para a redução de fluxo gênico.
consigam reproduzir-se, o que quer dizer que estão isolados
reprodutivamente, ou seja, agora pertencem a espécies
diferentes. Porém, mesmo diferenciados, podem conseguir se
reproduzir, significando que não estão isolados reprodutiva-
mente. Deste modo, constituem raças geográficas.

224
Modos de especiação Características Representação

Alopátrica
As populações são geograficamente isoladas.
(alo = outros; pátrica = lugar)

Uma pequena população fica isolada na borda de uma população


Peripátrica (peri = perto)
maior.

Parapátrica (para = ao lado) A população é continuamente distribuída.

Simpátrica (sim = igual) População inserida na população ancestral.

Especiação alopátrica
Ocorre por isolamento geográfico.

Especiação peripátrica
É um tipo de especiação com isolamento geográfico, na
qual a maior população é separada da menor.

Especiação parapátrica
Isolamento geográfico é um mecanismo que não faz parte
desse tipo de especiação. Pode ser devido à adaptação a
essas novas áreas, em que conjuntos de indivíduos, gradu-
almente, tornam-se espécies distintas. A especiação pode
se caracterizar apenas pela distância entre os grupos.

Especiação simpátrica
Contrariamente aos tipos anteriores, a especiação simpátrica
não requer distância geográfica em larga escala para redução
do fluxo gênico entre indivíduos de uma população. A simples
exploração de um novo nicho por uma subpopulação pode
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

contribuir para a redução do fluxo gênico entre indivíduos.

Isolamento reprodutivo
Pode-se dizer que o isolamento reprodutivo é um subprodu-
to da especiação. Resume-se à incapacidade total ou parcial
de os indivíduos de duas subpopulações cruzarem-se. Quan-
do elas entram em contato, o isolamento reprodutivo impe-
de a mistura de genes dessas subpopulações.

Mecanismos de isolamento reprodutivo


Esses mecanismos podem ser classificados em pré-zigóticos

225
e pós-zigóticos. Os mecanismos pré-zigóticos impedem a racterísticas. Cada dicotomia indica um ancestral comum
fecundação, consequentemente, a formação do zigoto. partilhado. Quanto mais próximos os ramos, maior
é o grau de parentesco entre os grupos.
§ Isolamento estacional ou sazonal
§ Isolamento ecológico Linhagem do
táxon A Táxon parafilético Táxon monofilético
(ramo)
§ Isolamento etológico ou comportamental Linhagem do
táxon D
§ Isolamento mecânico ou incompatibilidade anatômica (ramo)
Táxon Táxon Táxon Táxon
A B C D
Nicho é um termo usado para designar a função ou
papel desempenhado pelos organismos de de- X espécie ancestral X
(nodo)
terminada espécie em seu ambiente de vida. Isso
inclui suas necessidades alimentares, a temperatura Y espécie ancestral Y
(nodo)
ideal de sobrevivência, os locais de refúgio, as intera- caráter a (sinapomorfia)
tempo
ções com os “inimigos” e com os “amigos”, os locais
de reprodução, entre outros. Árvore filogenética: relações filogenéticas ou
de parentesco entre os seres vivos

Os mecanismos pós-zigóticos são aqueles que inviabili- A extinção das espécies


zam a sobrevivência do híbrido ou a sua fertilidade. Mes-
A extinção é o desaparecimento completo de uma espé-
mo ocorrendo a cópula, esses mecanismos impedem ou
cie animal ou vegetal, que pode ser ocasionado por proces-
reduzem seu sucesso. Os principais tipos de isolamento
sos naturais ou por interferência humana.
pós-zigótico são:
§ Mortalidade do zigoto
Os processos naturais
§ Inviabilidade do híbrido
§ Esterilidade do híbrido A extinção de espécies acontece naturalmente desde o surgi-
mento da vida no Planeta. Suas principais causas são as mo-
Zigoto é a primeira célula de um novo indivíduo, for- dificações climáticas, como as desertificações, glaciações e al-
mada quando o gameta feminino é fecundado pelo
terações da atmosfera decorrentes das atividades vulcânicas.
gameta masculino.
Elas tornam o meio ambiente desfavorável à permanência de
alguns grupos, que, por seleção natural, desaparecem –
Híbrido é o nome dado a um indivíduo formado pela temos como principal exemplo os dinossauros. A maioria das
união de indivíduos de espécies diferentes. É o resul- espécies, porém, consegue adaptar-se e sobreviver a essas
tado da mistura genética entre espécies distintas. mudanças, porque elas costumam ocorrer lentamente.

Os processos antrópicos (humanos)


Exceção à regra
Nas últimas décadas, o homem vem destruindo habitats de
Apesar de a regra dizer que híbridos são estéreis, há re- grande diversidade biológica, principalmente por causa da po-
gistros de exceções a essa regra com filhotes de mula. luição das águas, solo e ar, do desmatamento, da caça e pesca
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

predatórias e da extração ilegal de espécies vegetais. Essas mu-


danças estão acontecendo numa velocidade maior do que a de
adaptação dos seres vivos. Dessa forma, eles não se ajustam
Cladogramas e parentesco evolutivo às novas condições de vida e desaparecem. Uma das conse-
O processo da evolução determina o relacionamento entre quências da extinção das espécies é o desequilíbrio das cadeias
espécies. Conforme as linhagens (espécies) evoluem e se- alimentares, responsáveis pela transferência de alimento nos
param-se, herdam as alterações e diferenciam seus cami- ecossistemas. A redução drástica dos animais carnívoros, por
nhos evolutivos, é produzido um padrão ramificado de exemplo, pode levar à proliferação dos animais herbívoros e,
relações evolutivas. como consequência, haveria escassez de algumas plantas.
Nesse cladograma, o ramo principal mostra o ancestral
comum, e cada ponto de ramificação são eventos de es-
peciação que dão origem a novas espécies, a novas ca-

226
INTRODUÇÃO À ECOLOGIA

Filogenia dos seres vivos As estruturas da mão também iam sendo selecionadas, que
facilitavam o manuseio do alimento, gerando maior habi-
Da célula primitiva originaram-se todos os seres vivos. lidade. Todos esses fatores, em conjunto, resultaram em um
Portanto, todos descendem de um único ancestral, isto é, cérebro mais desenvolvido. Não devem ser deixados de lado
formam um grupo monofilético. A universalidade do também os custos de se ter um cérebro maior, pois o cérebro
código genético para todas as células sugere essa origem consome muita energia. Apenas para se ter uma ideia, o nosso
comum. Uma origem polifilética implicaria a existência cérebro, em termos energéticos, custa três vezes mais do que o
de vários ancestrais para os seres vivos. cérebro de chimpanzé, e 22 vezes mais do que um tecido mus-
cular em repouso. A taxa metabólica específica (por grama) é
Evolução humana nove vezes maior do que o resto do corpo, como um todo. Para
bancar esse grande gasto, os nossos ancestrais tinham que ter
Você já deve ter reparado que nós, humanos, possuímos uma dieta de melhor qualidade proteica e energética.
um cérebro muito grande, se comparado com outros ma-
A mudança de dieta retroalimenta a expansão cerebral; isso
míferos ou primatas.
significa que, para manter o cérebro, nossos ancestrais tinham
Quando o ancestral do homem teve a necessidade de que comer melhor, tendo que apresentar, portanto, um com-
descer das árvores para sobreviver (isso pode ter ocorri- portamento forrageador (de busca de alimento) mais comple-
do devido a uma mudança no habitat – menos árvores, xo e eficiente, que, por sua vez, fazia uma pressão seletiva para
talvez), teve que lidar com um ambiente relativamente a expansão cerebral.
diferente, onde o bipedalismo permitia algumas vanta- Um ecossistema consiste numa rede complexa de relações
gens. Essa característica, associada à possibilidade de de mútua influência entre a flora, a fauna e os micro-organis-
explorar outros ambientes, abriu novos horizontes para
mos de uma determinada área ou região e todos os elementos
a nossa evolução biológica. A seguir, veremos as vanta-
físicos naturais (geológicos, climáticos etc.).
gens angariadas com isso.
Como nenhum ecossistema natural é completamente separa-
Vivendo em campos abertos, os indivíduos que formavam do de outro, pode-se considerar que todo o Planeta constitui
grupos eram mais favorecidos. Dentre todos aqueles indiví- um imenso conjunto de ecossistemas, a biosfera.
duos ancestrais do homem, havia aqueles que viviam mais
isolados e os que viviam em grupos. Assim, ao longo das Níveis de organização ecológicos
gerações, os indivíduos mais isolados eram mais facilmente
capturados por predadores e não deixavam tantos descen-
organismo > população > comunidade >
dentes como os que viviam em grupo. Estes últimos, mais
ecossistema > bioma > biocora > biociclo > biosfera
protegidos, deixavam um maior número de descendentes,
que tinham a tendência de se manter no grupo.
Um fator essencial para que essa vocalização pudesse existir § Um conjunto de organismos da mesma espécie, que
é uma pré-adaptação para essa característica. Mas o que interage e habita uma dada região durante um certo
período de tempo, constitui uma população.
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é uma pré-adaptacão? Muito simples: são estruturas que


já existem naquela espécie e que permitem que o animal § O conjunto de várias populações de espécies diferentes,
tenha sucesso no novo ambiente. que interage e habita uma dada área durante um pe-
ríodo de tempo, forma uma comunidade biológica,
O bipedalismo ajudaria na cobertura de extensas áreas, ao
mesmo tempo que liberava os membros anteriores desses biota ou biocenose.
animais (braços e mãos) para tarefas de recolher frutas e
Conceitos fundamentais
manusear alimentos. Desse modo, os indivíduos que tinham
mais habilidade em lidar com o alimento foram favorecidos § Habitat é o local mais provável de encontrarmos a
e deixaram mais descendentes, tendo maior sucesso evoluti- espécie. É o local onde vive, ou seja, onde realiza suas
vo. Chamamos isso de uma “pressão positiva” para os mais atividades.
habilidosos, ou seja, aqueles que tivessem mais habilidade § Nicho ecológico é o papel e/ou função que a espécie
teriam vantagem em relação aos que não tivessem tanta ha- desempenha no ambiente. Envolve informações acerca
bilidade, e prevaleceriam em termos de evolução. da sua biologia reprodutiva, alimentar e comportamental.

227
Espécies diferentes podem compartilhar habitats, porém, ni- As setas usadas nos diagramas e esquemas de teias e
chos não. A sobreposição de nichos causa competição inte- cadeias indicam o sentido da matéria e energia. A cadeia
respecífica que pode levar à mútua exclusão – princípio alimentar é formada por três níveis distintos: produtores,
de Gause. consumidores e decompositores. Os produtores são os
O nicho ecológico é caracterizado pelo total de informações organismos clorofilados, como as plantas e algas, os únicos
que podemos ter acerca de uma espécie: quanto à biologia seres vivos capazes de produzir matéria orgânica que servi-
alimentar, à biologia comportamental e à sua reprodução. rá de alimento para toda a biota, por meio da fotossíntese.
Esse material orgânico sustenta, direta ou indiretamente,
Composição e estrutura os organismos consumidores, assim denominados por
dos ecossistemas precisarem “consumir” ou ingerir o seu próprio alimento
(seres heterótrofos).
A zona de transição entre ecossistemas diferentes, chama- Esses consumidores podem ser primários (animais herbívo-
da ecótono, possui características de cada uma das comu- ros) ou secundários, terciários e assim por diante (animais
nidades fronteiriças e específicas nelas existentes. carnívoros). Quando os dejetos desses animais são lança-
Os ecossistemas apresentam dois componentes básicos: o dos no solo e se juntam a toda matéria morta (animal e
biótico, representado pelas comunidades biológicas, e o vegetal) ali presente, entram em ação os chamados orga-
abiótico, representado pelos elementos físicos e químicos nismos decompositores, fungos e bactérias.
do meio.
Os ecossistemas também podem ser subdivididos em pe- Nível trófico
quenas unidades bióticas, conhecidas como comunida- Os organismos em uma cadeia têm à sua disposição
des biológicas. quantidades diferentes de energia no alimento que inge-
O ecossistema é, ainda, caracterizado pelos ciclos da maté- rem. A posição que o organismo ocupa na cadeia é cha-
ria e pelos fluxos de energia. mada de nível trófico. Portanto, quanto mais próximo
do início da cadeia está o organismo, maior é a energia
Cadeias alimentares disponível para este organismo. Logo, o número de níveis
A cadeia alimentar é a sequência de transferências de ma- tróficos em uma cadeia é limitado, visto que as perdas
energéticas de um nível para outro são muito grandes, ou
téria e energia de um organismo para outro, sob a forma
seja, da ordem de 90%.
de alimento.
Os percursos ou trajetos da matéria e energia nos ecossis-
temas são muito distintos. A matéria sempre cicla, en-
quanto que a energia flui. Portanto, fala-se em ciclos da
Cadeia alimentar
matéria e fluxo de energia.

PIRÂMIDES E EFICIÊNCIA ECOLÓGICAS

O fluxo de energia As pirâmides ecológicas


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A energia acumulada na matéria orgânica – chamada de pro- São representações gráficas das relações existentes entre
dutividade primária bruta (PPB), por fotossíntese, pelos os organismos nas cadeias e teias alimentares.
produtores não está totalmente disponível para os herbívoros,
§ Número – mostra a quantidade de organismos em
pois os produtores “gastam” uma parcela – correspondente a
cada nível trófico.
processos metabólicos como a respiração celular (RC) para
se manterem vivos, o mesmo acontece com os primeiros car-
nívoros em relação aos próximos carnívoros. Esse “saldo” é
chamado de produtividade líquida (PL) e é efetivamente a
energia que está disponível para ser “ingerida” pelo próximo
organismo sob a forma de matéria orgânica.
Isso quer dizer que a energia disponível ao longo da cadeia ali-
mentar diminui e as perdas não podem ser reaproveitadas, ou
seja, o fluxo de energia é unidirecional e decrescente.

228
§ Biomassa – mostra a quantidade de biomassa (kg ou
g) em cada nível trófico, ou seja, a massa total de to- Produtividade de um ecossistema
dos os organismos vivos em qualquer área dada ou seu
equivalente em energia. A produtividade de um ecossistema indica a sua capacida-
de de crescimento e de manutenção de espécies.

PPL = PPB – RC
Cadeia terrestre Cadeia aquática
de biomassa de biomassa A produtividade primária de um ecossistema depende, es-
sencialmente, do alto desempenho fotossintético de seus
§ Energia – mostra a energia acumulada em cada nível produtores e, portanto, dos fatores limitantes da fotossínte-
trófico ( cal / g / área). se, como luminosidade, altitude nos terrestres, profundida-
de nos aquáticos, tipo do comprimento de onda luminosa,
temperatura, água líquida disponível, disponibilidade de
Consumidores de
Terceira Ordem nutrientes e pluviosidade.

Consumidores de
A eficiência na transferência de energia de um nível trófico
Segunda Ordem para outro é fundamental, pois as taxas das perdas são enor-
mes, o que impede o acúmulo de biomassa e o crescimento
Consumidores de
Primeira Ordem das populações. Quanto maiores as populações, mais nume-
rosas e interligadas as cadeias alimentares de um ecossiste-
ma, maior, também, será a sua produtividade primária.
Produtores

Energia captada pelo produtor Energia retida Energia perdida


no sistema vivo pelo sistema vivo

RELAÇÕES ECOLÓGICAS

Relações ecológicas Relações harmônicas


nas comunidades Relações harmônicas
intraespecíficas ou homotípicas
As relações ecológicas representam estratégias escolhi-
das pelas espécies e selecionadas ao longo do tempo, para Colônias
melhor se adaptarem aos ambientes, diminuindo as taxas São constituídas por organismos da mesma espécie, que
de competição, explorando de maneira mais eficiente os se mantêm, anatomicamente, unidos entre si. São exem-
recursos neles presentes. plos de colônias homomorfas as colônias de espongiários,
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Divididas em interespecíficas ou heterotípicas, quan- e de colônias heteromorfas a obelia, uma colônia de celen-
do dois ou mais organismos de espécies diferentes estão terados. As colônias polimórficas são estruturadas por vá-
associados, e intraespecíficas ou homotípicas, quan- rios tipos de indivíduos adaptados para funções distintas.
do dois ou mais organismos da mesma espécie estão in- Como exemplo clássico, citamos as caravelas.
teragindo. Sociedades
As interações ainda podem ser classificadas em harmô- São associações de indivíduos da mesma espécie que não
nicas, quando nenhum dos organismos envolvidos sofre estão ligados anatomicamente e formam uma organização
algum tipo de prejuízo, e desarmônicas, quando um dos social que se expressa através do cooperativismo; são re-
organismos envolvidos sofre algum tipo de prejuízo ou presentadas por cupins, vespas, formigas e abelhas.
mesmo a morte.

229
Relações harmônicas interespecíficas Relações desarmônicas
ou heterotípicas interespecíficas ou heterotípicas
Protocooperação Acontecem entre indivíduos de espécies diferentes e com-
preendem: competição interespecífica, predatismo, amen-
Trata-se de uma associação entre duas espécies diferentes, salismo e parasitismo.
na qual ambas se beneficiam:
§ o caranguejo-bernardo-eremita e a anêmona; Competição interespecífica
§ o pássaro-palito e o crocodilo; A competição entre espécies diferentes se estabelece quan-
§ o anu e o gado. do tais espécies possuem o mesmo habitat e o mesmo ni-
cho ecológico.
Mutualismo
Amensalismo
Trata-se de uma associação com benefícios mútuos. É mais
Amensalismo é um tipo de associação na qual uma es-
íntima que a cooperação, sendo necessária à sobrevivência
pécie, chamada amensal, é inibida no crescimento ou na
das espécies, que não podem viver isoladamente.
reprodução por substâncias secretadas por outra espécie,
§ Bacteriorriza é a associação entre as bactérias do gê- denominada inibidora.
nero Rhizobium e as raízes de leguminosas. Nas mi-
crorrizas, tem-se uma associação entre fungos e raízes de Predatismo
árvores florestais. O fungo, que é um decompositor, for- Predador é o indivíduo que ataca e devora outro, cha-
nece ao vegetal nitrogênio e outros nutrientes minerais; mado presa, pertencente a uma espécie diferente. Tanto
em “troca”, recebe matéria orgânica fotossintetizada. os predadores quanto as presas apresentam adaptações
§ Cupins ou térmitas e certos protozoários. para ataque e defesa. A camuflagem dos animais, pela
cor ou forma, assemelham-se ao meio ambiente, com o
§ O líquen é uma associação entre alga e fungo.
qual se confundem. Tanto as presas como os predadores
Comensalismo procuram esconder-se.
No comensalismo, uma espécie (comensal) se beneficia, Herbivoria
enquanto a outra (hospedeira) não leva vantagem alguma.
A herbivoria é uma interação em que um organismo con-
Um caso típico é a rêmora ou peixe-piolho, que vive
some uma planta ou apenas partes.
como comensal do tubarão.

Inquilinismo Parasitismo
Nesse caso, uma das espécies, chamada parasita, vive na
É a associação em que uma espécie (inquilino) procura abri-
superfície ou interior de outra, designada hospedeiro.
go ou suporte no corpo de outra espécie (hospedeiro), sem
prejudicá-la: Esclavagismo ou sinfilia
§ o peixe-agulha e a holotúria; Relação ecológica entre indivíduos que se beneficiam da
§ epifitismo. exploração das atividades, do trabalho ou dos produtos de
outros organismos.
Relações desarmônicas
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

§ Formigas e pulgões ou afídeos


§ Chupim e outros pássaros
Relações desarmônicas
intraespecíficas ou homotípicas Resumo das relações ecológicas
relações harmônicas interespecíficas
Competição intraespecífica
(+ / +)
mutualismo liquens, micorriza, rhizóbio
É a relação que se estabelece entre os indivíduos da mes- vínculo obrigatório
ma espécie, quando concorrem pelos mesmos fatores am- cooperação
(+ / +) paguru e anêmona;
sem vínculo obrigatório ruminantes e aves
bientais, principalmente espaço e alimento. Exemplo de
(+ / 0) epífitas;
competição intraespecífica: territorialidade. comensalismo
indiferença tubarão e rêmora

Canibalismo sociedade divisão de trabalho insetos sociais: abelha, cupins

Canibal é o indivíduo que mata e come outro da mesma espécie. colônia vínculo físico água-viva, corais, bactérias

230
relações desarmônicas interespecíficas relações desarmônicas interespecíficas
(+ / –) (+ / –)
predatismo onça e capivara herbivoria vaca e capim
com morte herbívoro e planta
(+ / –) comer indivíduo da
parasitismo pulga, tênia, esquistossomo canibalismo viúva-negra
com exploração sem morte mesma espécie
(– / –)
competição introdução de espécies competição disputa por recursos leões
sobreposição de nichos
(+ / –)
esclavagismo pulgões e formigas
exploração de trabalho

DINÂMICA POPULACIONAL E SUCESSÃO ECOLÓGICA

Dinâmica populacional O total de nascimentos, em um intervalo de tempo, carac-


teriza a taxa de natalidade (TN), enquanto que o total
de mortes caracteriza a taxa de mortalidade (TM).
A: capacidade suporte do meio
B: potencial biótico I + TN > E + TM
C: crescimento real
D: resistência do meio O contingente está aumentando; logo, há crescimento
populacional.
Curvas de crescimento populacional I + TN < E + TM
No gráfico apresentado, observa-se a dinâmica das duas cur- O contingente está diminuindo; logo, a população
vas representativas do crescimento das populações: “S” e está decrescendo.
“J”. Os habitats fornecem recursos de diversos tipos: água, I + TN = E + TM
refúgio, área mínima comportamental e alimento. Todos O contingente tende a ficar constante; logo, a popula-
esses recursos podem ser compartilhados dentro de alguns ção parou de crescer.
limites que o próprio ambiente determina. A essa caracterís-
tica “limitada” do ambiente chamamos de capacidade de
suporte: o número de espécies, de indivíduos em cada po- A sucessão ecológica
pulação, os tipos de interações entre os organismos também nos ecossistemas
determinam e caracterizam essa propriedade do ambiente.
As comunidades podem sofrer mudanças em sua composição
Resistência do meio (RM) ao longo do tempo, o que caracteriza a sucessão ecológica.
Durante a sucessão, comunidades vão se sucedendo e alteran-
A resistência do meio se traduz na quantidade de impactos
do, significativamente, o ambiente físico.A comunidade que pri-
ou alterações que um meio pode sofrer e suportar.
meiro se estabelece no ambiente é a ecese ou comunidade
Capacidade de suporte (CS) pioneira; os estágios sucessionais seguintes são chamados de
seres; e, finalmente, a comunidade que se estabelece ao final
A capacidade de suporte de um ambiente pode ser entendi- é chamada de comunidade clímax, sendo autossuficiente e
da como o conjunto de limites a que esse meio está imposto.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

homeostática. Ao longo do processo sucessional, aumentam o


número de espécies, habitats, biomassa e interações.
Curva de sobrevivência A sequência de seres que constituem a sucessão primária de
A taxa de sobreviventes ao longo da vida para cada es- uma área rochosa ou de um solo desnudo pode ser a seguinte:
pécie determina a sua curva de sobrevivência, ou seja, em
que momento do ciclo de vida há mais mortes e em que liquens > bactérias > briófitas > gramíneas > samambaias
momentos há maior adaptação à vida. > sequência de arbustos > arvoretas > árvores maiores

Taxas e parâmetros Ao longo da sucessão, teremos aumento do número de es-


O contingente populacional é variável e pode sofrer influên- pécies, de simbioses, de biomassa, de habitats, de produti-
cia de movimentos migratórios. A imigração (I) consiste na vidade primária bruta e da taxa de respiração. A sucessão
chegada de indivíduos à população, enquanto que a emi- nem sempre recupera a formação original, porém alcançará
gração (E) consiste na saída de indivíduos da população. uma composição de espécies e uma estrutura máxima para
as atuais condições.
231
Sucessões primária e secundária O processo é considerado secundário quando os referidos
substratos já foram anteriormente ocupados por uma co-
Fala-se que o processo sucessivo é primário quando ocorre munidade e, consequentemente, contêm matéria orgânica
em substratos (solo, rocha, água ou o corpo de um ser vivo) viva ou morta (detritos, propágulos).
não previamente ocupados por organismos.

U.T.I. - Sala
1. (ENEM - adaptado) Em certos locais, larvas de moscas, criadas em arroz cozido, são utilizadas como iscas para
pesca. Alguns criadores, no entanto, acreditam que essas larvas surgem espontaneamente do arroz cozido, tal como
preconizado pela teoria da geração espontânea. Cite um dos primeiros pesquisadores que refutou esta teoria e qual
foi seu experimento.

2. (PUC - adaptado) Certa espécie animal apresenta uma série de mutações que determinam a variedade de fenótipos
relativos à coloração. Essa diversidade genética, orientada pela seleção natural, garante a adaptação dos indivíduos
dessa espécie a diversos tipos de ambiente. Trata-se de qual teoria evolutiva? Descreva essa teoria.

3. (UFJF - adaptado) As queimadas, comuns na estação seca em diversas regiões brasileiras, podem provocar a
destruição da vegetação natural. Após a ocorrência de queimadas em uma floresta, que tipo de sucessão ecológica
ocorre e por quê? Descreva as fases deste processo e algumas das possíveis vegetações correspondentes.

4. (FEI - adaptado) Num ecossistema, um fungo, uma grama, uma coruja e um coelho podem desempenhar quais papéis em
uma cadeia trófica? Se aumentássemos a população de coruja, o que ocorreria com a quantidade de grama?

5. (UNICAMP - adaptado) A produtividade primária em um ecossistema pode ser avaliada de várias formas. Nos
oceanos, um dos métodos para medir a produtividade primária utiliza garrafas transparentes e garrafas escuras,
totalmente preenchidas com água do mar, fechadas e mantidas em ambiente iluminado. Após um tempo de incubação,
mede-se o volume de oxigênio dissolvido na água das garrafas. Os valores obtidos são relacionados à fotossíntese e à
respiração. Por que o volume de oxigênio é utilizado na medição da produtividade primária?

U.T.I. - E.O.
1. (FUVEST) Acredita-se que organismos semelhantes a bactérias heterotróficas anaeróbicas tenham sido os primeiros
seres vivos a surgirem na face da Terra. Apresente duas justificativas para essa hipótese.

2. (UNICAMP) A evolução biológica é tema amplamente debatido, e as teorias evolucionistas mais conhecidas são as de
Lamarck e Darwin, a que remete a tira do Calvin abaixo.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Quadro 1: Uma das criaturas mais peculiares da natureza, a girafa, está singularmente adaptada ao seu ambiente.
Quadro 2: Sua tremenda altura lhe permite mastigar os suculentos petiscos mais difíceis de alcançar.
Quadro 3: Biscoitos.
a) Como a altura da girafa, lembrada pela tira do Calvin, foi utilizada para explicar a teoria de Lamarck?
b) Como a teoria de Darwin poderia explicar a situação relacionada com a altura da girafa?

232
3. (UFC) Em 1860, Pasteur conseguiu uma vitória para
a teoria da biogênese, enfraquecendo a confiança na
abiogênese, com uma experiência simples e completa.
Analise o esquema dessa experiência, mostrado a se-
guir, e descreva sucintamente o objetivo de cada etapa
como também a conclusão da experiência.

Etapa 1: A solução nutritiva é colocada no frasco.


a) Qual dos seguintes conceitos – ecossistema, ha-
Etapas 2 e 3: O gargalo do frasco é curvado em S ao ca- bitat, nicho ecológico – está implícito nesse gráfico?
lor da chama e a solução é fervida fortemente durante b) Os dados de mortalidade representados nesse grá-
alguns minutos. fico referem-se a que nível de organização: espécie,
Etapa 4: A solução é resfriada lentamente e permanece população ou comunidade?
estéril muito tempo. c) Temperatura e salinidade são fatores abióticos que,
Etapa 5: O gargalo é quebrado. nesse caso, provocaram mortalidade das fêmeas do
camarão-da-areia. Cite dois fatores bióticos que tam-
4. (UFSCar) Em recente artigo publicado on-line na revis- bém possam produzir mortalidade.
ta científica Evolution, pesquisadores identificaram um 7. (UNICAMP) Os navios são considerados introdutores
processo de diversificação gênica nos ecossistemas tro- potenciais de espécies exóticas através da água de lastro
picais de Madagascar, numa população de sapos (Anura (utilizada nos tanques para dar aos navios estabilidade
microhylidae) de habitat montanhoso, em que foram quando vazios). Essa água pode conter organismos de
identificadas 22 novas espécies. diversos grupos taxonômicos. Com certa frequência, le-
a) O que é seleção natural e qual o seu papel na evo- em-se informações relacionadas a essas e introduções:
lução das espécies? I. O mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei), um bival-
b) Segundo o neodarwinismo, além da seleção na- ve de água doce originário do sul da Ásia, chegou ao
tural, quais fatores explicam a diversidade entre as Brasil em 1998 e já infestou rios, lagos e reservatórios
espécies de sapos encontradas? da região Sul e do Pantanal. Além de causar problemas
ecológicos, esse invasor ameaça o setor elétrico brasi-
5. (PUC - MG) O bioquímico russo Oparin, em seu livro A leiro, a agricultura irrigada, a pesca e o abastecimento
origem da vida, admitiu que a vida sobre a Terra surgiu de água devido à sua capacidade de se incrustar em
há mais ou menos 3,5 bilhões de anos. qualquer superfície submersa.
a) CITE dois gases presentes na atmosfera primitiva. (Adaptado de Evanildo da Silveira, “Molusco chinês ameaça
ambiente e produção no Brasil”. http://www.estadao.
b) A que condições estavam submetidos os gases da
com.br/ciência/notícias/2004/mar/18/75.htm)
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

atmosfera primitiva?
II. As autoridades sanitárias acreditam que o vibrião co-
c) Que compostos químicos se originaram a partir dos
lérico, originário da Indonésia, chegou ao Peru através
gases iniciais?
de navios e de lá se espalhou pela América latina.
d) Atualmente, sabemos que seres autótrofos consti- (Adaptado de Ilídia A.G.M.Juras, “Problemas causados pela água de
tuem fonte básica de alimento. No entanto, admite-se lastro”. Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, 2003.)
que os primeiros organismos devem ter sido heteró-
trofos. A partir de onde os heterótrofos conseguiam Além de problemas como os citados acima, a introdu-
seu alimento na Terra primitiva? ção de espécies oferece risco de extinção de espécies
e) Qual o mecanismo utilizado pelos primeiros orga- nativas. Explique por quê.
nismos para obtenção de energia?
8. (FUVEST) Num campo, vivem gafanhotos que se ali-
6. (FUVEST) Analise o gráfico abaixo, relativo à mortali- mentam de plantas e servem de alimento para passa-
dade de fêmeas férteis do camarão-da-areia (Crangon rinhos. Estes são predados por gaviões. Essas quatro
septemspinosa) em água aerada, em diferentes tempe- populações se mantiveram em números estáveis nas
raturas e salinidades, durante determinado período. últimas gerações.

233
a) Qual é o nível trófico de cada uma dessas populações? 13. (UEL - adaptado) Considere o seguinte relato: “O
b) Explique de que modo a população de plantas po- pássaro-palito penetra na boca aberta do crocodilo re-
derá ser afetada, se muitos gaviões imigrarem para movendo os restos de alimento e parasitas encontrados
esse campo. entre seus dentes. Assim, o pássaro obtém o seu alimen-
c) Qual é a trajetória dos átomos de carbono que to e livra o crocodilo de seus parasitas”. Que tipo de inte-
constituem as proteínas dos gaviões desde sua ori- ração ecológica é essa? E como ela é denominada?
gem inorgânica?
d) Qual é o papel das bactérias na introdução do ni- 14. (UNESP - adaptado) Um gavião, que tem sob suas
trogênio nessa cadeia alimentar? penas carrapatos e piolhos, traz preso em suas garras
um rato, com pulgas em seus pelos. Entre o rato e as
9. (FUVEST) Devido ao aparecimento de uma barreira pulgas, entre os carrapatos e os piolhos e entre o gavião
geográfica, duas populações de uma mesma espécie fi- e o rato, que tipo de relações interespecíficas existem?
caram isoladas por milhares de anos, tornando-se mor-
fologicamente distintas. 15. Como é denominada a associação existente entre os
a) Explique sucintamente como as duas populações ruminantes e as bactérias que vivem em seu estômago?
podem ter-se tornado morfologicamente distintas no
decorrer do tempo. 16. (ENEM - adaptado) Os vagalumes machos e fêmeas
b) No caso de as duas populações voltarem a entrar emitem sinais luminosos para se atraírem para o aca-
em contato, pelo desaparecimento da barreira geo- salamento. O macho reconhece a fêmea de sua espécie
gráfica, o que indicaria que houve especiação? e, atraído por ela, vai ao seu encontro. Porém, existe
um tipo de vagalume, o Photuris, cuja fêmea engana e
10. (ENEM - adaptado) Segundo a teoria evolutiva mais atrai os machos de outro tipo, o Photinus, fingindo ser
aceita hoje, as mitocôndrias, assim como os cloroplas- desse gênero. Quando o macho Photinus se aproxima
tos, teriam sido originados de procariontes ancestrais da fêmea Photuris, muito maior que ele, é atacado e
que foram incorporados por células mais complexas. devorado por ela.
Qual característica da mitocôndria que sustenta essa BERTOLDI, O.G.; VASCONCELOS, J.R. Ciências & Sociedade:
teoria? Qual o nome dessa teoria? E qual a função da a aventura da vida, a aventura da tecnologia.
mitocôndria na célula? São Paulo: Scipione, 2000 (adaptado).

11. (UERJ - adaptado) Na maioria dos casos, a energia Qual é o tipo de interação e como é denominada?
de um ecossistema origina-se da energia solar. A figu-
17. (ENEM - adaptado) O menor tamanduá do mundo é
ra abaixo mostra alguns seres componentes do ecos-
solitário e tem hábitos noturnos, passa o dia repousando,
sistema de um lago.
geralmente em um emaranhado de cipós, com o corpo cur-
vado de tal maneira que forma uma bola. Quando em ativi-
dade, se locomove vagarosamente e emite um som seme-
lhante a um assobio. A cada gestação, gera um único filhote.
A cria é deixada em uma árvore à noite e é amamentada
pela mãe até que tenha idade para procurar alimentos. As
fêmeas adultas têm territórios grandes e o território de um
macho inclui o de várias fêmeas, o que significa que ele tem
sempre diversas pretendentes à disposição para namorar!
Ciência Hoje das Crianças, ano 19, n. 174. Nov.2006 (adaptado)
Essa descrição sobre o tamanduá diz respeito ao nicho
Considere que, no lago, existam quatro diferentes es- ecológico ou habitat? Por quê?
pécies de peixes. Cada uma dessas espécies se ali-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

menta exclusivamente de um dos quatro componentes 18. (FUVEST - adaptado) Considere as seguintes compa-
indicados. Qual seria o peixe que teria melhores con- rações entre uma comunidade pioneira e uma comunida-
dições de desenvolvimento, em função da disponibi- de clímax, ambas sujeitas às mesmas condições ambien-
lidade energética? tais, em um processo de sucessão ecológica primária:

12. (FUVEST - adaptado) “O tico-tico tá comendo meu I. A produtividade primária bruta é maior numa comuni-
fubá/ Se o tico-tico pensa/ em se alimentar/ que vá co- dade clímax do que numa comunidade pioneira.
mer/ umas minhocas no pomar (…)/ Botei alpiste para II. A produtividade primária líquida é maior numa co-
ver se ele comia/ Botei um gato, um espantalho e um munidade pioneira do que numa comunidade clímax.
alçapão (…)” III. A complexidade de nichos é maior numa comunida-
(Zequinha de Abreu, Tico-tico no Fubá). de pioneira do que numa comunidade clímax.

No contexto da música, qual é a teia alimentar da qual Comente as afirmativas.


fazem parte tico-tico, fubá, minhoca, alpiste e gato?

234
19. (UNICAMP) O gráfico abaixo ilustra as curvas de 21. (FAMERP) Um ecossistema é composto tanto por
crescimento populacional de duas espécies de mamífe- fatores bióticos (comunidade ou biota) como por fato-
ros (A e B) que vivem na savana africana, um pastador e res abióticos (variáveis físicas e químicas do ambiente).
um predador. Analise o gráfico e responda às questões. Nos ecossistemas, tais fatores estão fortemente rela-
cionados, proporcionando diversas interações entre os
seres vivos e o ambiente físico. Um impacto ambiental
é, essencialmente, uma alteração relevante nos compo-
nentes bióticos ou abióticos dos ecossistemas.
a) A queima de combustíveis fósseis (como o óleo
diesel e a gasolina) em veículos automotores promo-
ve alteração direta em fatores bióticos ou em fatores
abióticos de um ecossistema? Justifique sua resposta.
b) Explique de que maneira uma alteração biótica
em determinado ecossistema pode gerar um impacto
ambiental.
a) Qual curva representa a população do mamífero
predador? Qual das duas espécies tem maior capaci-
dade de suporte (carga biótica máxima)?
b) Cite duas adaptações defensivas contra predação
apresentadas por mamíferos pastadores da savana.

20. (FUVEST) O esquema abaixo representa as principais


relações alimentares entre espécies que vivem num
lago de uma região equatorial.

Com relação a esse ambiente:


a) Indique os consumidores primários.
b) Dentre os consumidores, indique quais ocupam um
único nível trófico.
c) Explique como o aumento das populações das aves
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

pode impactar as populações de mosquitos.

235
BIOLOGIA

1
CIÊNCIAS DA
BIOLOGIA 2
NATUREZA
e suas tecnologias

U.T.I.
TAXONOMIA E REINOS

Os seres vivos podem ter o corpo constituído por uma ou


mais células, sendo chamados de, respectivamente, unice-
Reprodução
lulares, como as bactérias, e pluricelulares (multicelula- Qualquer ser vivo é capaz de reproduzir-se, ou seja, originar
res), como os animais e plantas. organismos semelhantes. A reprodução pode ser assexu-
Membrana Plasmídeo ada ou sexuada. A reprodução assexuada resulta em por
celular Parede celular Flagelo duas células-filhas, exatamente iguais à célula-mãe que as
originou. A reprodução sexuada é feita a partir da mistura
de material genético, o que ocorre geralmente pela fusão
de duas células especializadas denominadas gametas, que
formam o zigoto ou célula-ovo.

Material genético
Grânulo DNA
Ribossomos
Célula bacteriana
Em cada célula aparece uma extensa molécula, o DNA (áci-
Complexidade e organização do desoxirribonucleico), no qual estão contidos os genes.
Passando de pais para filhos, os genes mantêm as caracte-
Os seres vivos são complexos e bastante organizados. Mesmo rísticas específicas de cada organismo.
quando unicelular, o organismo apresenta extrema complexi-
dade, presente tanto na estrutura quanto no funcionamento
da célula. No corpo humano, que é um organismo pluricelular, Evolução
encontramos 200 tipos de célula, que se organizam em qua- O material genético é responsável pelas características de
tro tipos básicos de conjunto, chamados de tecidos: epitelial, um organismo. Mutação é qualquer alteração do material
conjuntivo, muscular e nervoso. Esses tecidos reúnem for- genético que provoca o aparecimento de uma nova carac-
mando órgãos, como a pele, estômago e coração. Por sua vez, terística, conhecida como variação. Quando estas variações
atuando em conjunto, uma série de órgãos passa a constituir são herdáveis, ou seja, passam para as próximas gerações,
um sistema, como é o caso do digestório ou do circulatório. ocorre o processo chamado de evolução: a transformação
sofrida pelos organismos no transcorrer da história da Terra.
Metabolismo
O metabolismo é responsável pelo crescimento, manutenção Biodiversidade: diversidade de
e reparo das células, consequentemente, de todo o organis- espécies e de ecossistemas
mo. Dividimos os processos metabólicos em duas etapas:
Conceito que designa a diversidade biológica existente en-
anabolismo e catabolismo. O termo anabolismo compre-
tre os seres vivos, exprime a riqueza de espécies de uma
ende os processos químicos sintéticos, nos quais substân-
dada região. Engloba, também, a diversificação de habitats
cias mais simples são combinadas para formar outras mais
e ambientes de uma macrorregião.
complexas; o catabolismo abrange processos analíticos, nos
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

quais as substâncias complexas são quebradas, originando


substâncias mais simples e liberação de energia. A longevidade natural das espécies
A probabilidade de que uma dada espécie se torne extinta
em um certo tempo, depois que ela se separa de outras
espécies, pode ser aproximada como uma constante.

A ancestralidade dos seres vivos


Durante os séculos XIX e XX, deu-se maior importância
aos estudos de arqueologia e dos fósseis, o que ocasionou
descobertas a respeito da evolução. As novas evidências
permitiram afirmar que os seres vivos de hoje derivam de
As atividades metabólicas outros que existiram há milhares de anos.

238
A organização das informações e os graus de semelhanças Alguns autores reúnem Eubactéria e Arqueobactéria em
e diferenças são utilizadas nos estudos de classificação um único reino denominado Monera.
dos seres vivos ou taxonomia.
Domínio Reino
Por volta da metade do século XVIII, o naturalista sueco Bacteria Eubacteria
Carl von Linnée, ou Lineu, classificou os organismos segun- Archaea Archaeabacteria
do a estrutura e anatomia dos seres vivos. Esse sistema de Protoctista ou (Protista)
classificação é utilizado até hoje. Fungi
Eukarya
Plantae (Vegetalia)

Os três domínios, os seres Animalia

vivos e os tipos de célula Categorias taxonômicas


A análise das sequências do RNA ribossômico permitiu di- e a filogenética
vidir o mundo vivo em três grandes grupos conhecidos por
Cada uma das categorias usadas na classificação é deno-
domínios, a saber: Bacteria, Archaea e Eukarya. O domí-
minada táxon, assim, o ramo da Biologia que se ocupa
nio Bacteria é constituído pelas chamadas “bactérias verda-
da classificação e nomenclatura é chamado taxonomia.
deiras”, seres procariontes nos quais observam-se as células
A categoria básica na classificação é a espécie. Espécies
primitivas chamadas de procarióticas ou procariotas.
que apresentam características em comum são agrupa-
Archaea é um domínio de organismos conhecidos como ar-
das em um gênero. Os gêneros, agrupados em famílias;
queobactérias, também procariontes e com uma característi-
as famílias, em ordens; as ordens, em classes; as classes,
ca de viver em ambientes inóspitos com grandes salinidades,
altas temperaturas, ácidos e outros. O domínio Eukarya inclui em filos ou divisões (para vegetais); e os filos, em reinos.
todos os demais seres vivos, isto é, protistas (protoctistas), Assim, cada uma das categorias é um conjunto composto
fungos, vegetais e animais. São chamados eucariontes e de vários subconjuntos.
possuem as células eucarióticas ou eucariotas. A célula vege- O sistema de Lineu não considerava a ideia de parentesco
tal se diferencia da animal pela presença da parede celular, entre os seres, pois, para ele, todos os seres haviam surgido
dos cloroplastos e de grandes vacúolos. no momento da Criação Divina.

Tubarão Golfinho Homem


Reino Animal Animal Animal

Filo Cordado Cordado Cordado

Classe Chondrichthyes Mammalia Mammalia

Ordem Elasmobranchii Cetacea Primates

Família Carcharhinidae Delphinidae Hominidae

Gênero Negaprion Delphinus Homo


Espécie Negaprion brevirostris Delphinus delphis Homo sapiens

A definição de quais são as características relevantes é Para que seja padronizada a nomenclatura, deve-se seguir
uma tarefa complexa. Devido à falta de informações e à sempre certas regras:
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

discordância entre os cientistas, o sistema de classificação § os nomes devem estar em latim;


precisa ser constantemente revisado. Atualmente, técnicas
§ o primeiro nome deve ser escrito com inicial maiúscula
modernas permitem que sejam comparadas a composição
e o segundo com inicial minúscula; e
química das proteínas e dos genes que compõem os seres
vivos, elucidando algumas relações de parentesco. § nomes devem ser sempre destacados do texto (em ne-
grito, itálico ou sublinhado).
A nomenclatura binomial
Os reinos
De Lineu foi também a ideia de atribuir uma nomenclatura
a cada organismo. Essa nomenclatura é composta por dois Atualmente, destacam-se dois sistemas de classificação que
nomes: o primeiro indica o gênero e o segundo, a espécie – consideram os seis reinos:
por exemplo: Canis lupus (lobo), na qual Canis é o epíteto § Reino Arquea: as arqueobactérias possuem a capaci-
genérico (gênero) e lupus é o epíteto específico. dade de viver em locais onde as condições de vida são

239
extremamente adversas para a grande maioria dos seres § Reino dos Fungos, que inclui os fungos e líquens, com
vivos. Habitam em locais com grande presença de sal, aproximadamente 47 mil espécies descritas.
extremamente ácidos, baixíssima umidade, ausência de § Reino dos Vegetais, que inclui as plantas, com aproxi-
oxigênio, temperaturas muito elevadas ou muito baixas. madamente 250 mil espécies descritas.
§ Reino Eubacteria, que inclui bactérias e cianobactérias, § Reino dos Animais, que inclui os animais invertebrados
com aproximadamente 5 mil espécies descritas. (com cerca de 992 mil espécies descritas – destas, cer-
PROTEÍNAS VIARIS ESPECÍFICAS
§ Reino dos Protoctistas, que inclui protozoários e algas, ca de 880 mil são artrópodes) e vertebrados (cerca de
com aproximadamente 58 mil espécies descritas. 44 mil espécies descritas). CAPSÍDEO:
PROTEÍNAS VIRAIS ESPECÍFICAS
DNA VIRAL

VÍRUS

Os vírus são uma estrutura que está no limite entre um ser


ENVELOPE:
vivo e a matéria bruta. Não apresentam célula – e assim MEMBRANA BIMOLECULAR DE
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS ESPECÍFICAS
não trazem a unidade básica de vida, não sendo consi- DO VÍRUS

derados seres vivos. Contudo, conseguem se multiplicar CAPSÍDIO: PROTEÍNAS VIRAIS ESPECÍFICAS
quando infectam uma célula, algo que uma matéria sem DNA VIRAL

vida não consegue fazer. Por isso, são alvo de discussão, em H (HEMAGLUTINA)
que alguns autores os consideram seres vivos e outros não. N (NEURAMINIDASE)

Estrutura viral
É formada por uma cápsula proteica, o capsídeo, com di- O vírus é uma partícula basicamente proteica que pode infectar organismos vivos.
versas subunidades, os capsômeros. No interior do cap-
sídeo, há um ácido nucleico que, dependendo do tipo de
vírus, pode ser DNA ou RNA.
O capsídeo, juntamente com o ácido nucleico que ele en-
Classificação
volve, é denominado nucleocapsídeo. Alguns vírus são Os vírus apresentam formas diversas, e os principais crité-
formados apenas por essa estrutura, enquanto outros pos- rios de divisão são:
suem um envoltório ou envelope externo ao nucleocapsí- § os tipos de ácidos nucleicos: diferenciam-se os desoxir-
deo. Esses vírus são denominados vírus encapsulados ribovírus e os ribovírus;
ou envelopados.
§ a simetria do complexo ácido nucleico-cápside (exem-
Envelope consiste em duas camadas de lipídios, deri- plos: bastonete ou esférico);
vadas da membrana plasmática da célula hospedeira, e em
moléculas de proteínas virais, específicas para cada tipo de § a presença ou ausência de um envoltório;
vírus, imersas nas camadas de lipídios. § as propriedades sorológicas do capsídeo e do envoltório; e
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

§ a presença de determinadas enzimas. Alguns ribovírus


apresentam a enzima transcriptase reversa e são co-
PROTEÍNAS VIARIS ESPECÍFICAS
nhecidos como retrovírus.

Reprodução
CAPSÍDEO:
PROTEÍNAS VIRAIS ESPECÍFICAS
DNA VIRAL

São considerados parasitas intracelulares obriga-


tórios, o que significa que somente se reproduzem pela
invasão e possessão do controle da maquinaria de autorre-
produção celular. Parasita refere-se a um organismo que
se aproveita dos recursos de outro ser vivo, o hospedeiro,
para sobreviver.
ENVELOPE:
MEMBRANA BIMOLECULAR DE
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS ESPECÍFICAS
240 DO VÍRUS

CAPSÍDIO: PROTEÍNAS VIRAIS ESPECÍFICAS


DNA VIRAL
Representação ciclo lítico e lisogênico

Mecanismos de
manifestação viral
§ Quando o material genético for DNA.
Esquema de um bacteriófago
O DNA viral passa por uma transcrição, sintetizando
O bacteriófago é um dos vírus mais estudados, dentre os várias moléculas de RNA traduzidas em uma proteína.
quais, aqueles que infectam a bactéria intestinal Escheri- É o caso dos vírus da varíola, da hepatite e da herpes.
chia coli, conhecidos como fagos T.
§ Quando o material genético for o RNA.
Existem dois tipos de ciclo reprodutivo o ciclo lítico e o
ciclo lisogênico. Ambos os casos iniciam-se com o vírus A ação viral pode ocorrer por duas vias, de acordo com
aderindo à superfície da célula bacteriana – há um encaixe o vírus.
específico entre a proteína do vírus e as proteínas da super- Na primeira, os vírus de RNA sintetizam mais RNA tra-
fície da célula – e injetando seu material genético, deixando duzidos em proteínas pelo maquinário da célula hospe-
a cápsula do lado de fora – em alguns vírus, como o cau- deira, como os vírus da gripe, da poliomielite e da raiva.
sador da gripe, a cápsula penetra nas células, é destruída e Na segunda, o RNA é convertido em DNA por meio de
libera o ácido nucleico. A partir desse momento, começa a uma enzima denominada transcriptase reversa.
diferenciação entre ciclo lítico e ciclo lisogênico.
No ciclo lítico, o vírus invade a célula, na qual as funções Viroses
normais são interrompidas na presença de ácido nucleico
do vírus (DNA ou RNA). Por sua vez, ao mesmo tempo que Viroses humanas
o vírus é replicado, comanda a síntese das proteínas que
irão compor o capsídeo. Os capsídeos organizam-se e en-
Principais viroses que acometem
volvem as moléculas de ácido nucleico, produzindo, então, os seres humanos
novos vírus. Ocorre, assim, a lise, ou seja, a célula infectada 1. Gripe
se rompe e os novos vírus são liberados. 2. Hepatite
No ciclo lisogênico, o vírus invade a célula hospedeira, 3. Herpes
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

incorporando o DNA viral ao da célula infectada, fazendo 4. Poliomielite


com que seu DNA torne-se parte do DNA da célula invadi- 5. Raiva
da. Uma vez infectada, a célula continua com suas funções 6. Rubéola
normais, como reprodução e ciclo celular. Ao realizar divisão 7. Sarampo
celular, o material genético da célula sofre duplicação, junta-
8. Varíola
mente com o material genético do vírus que foi incorporado;
9. Catapora
em seguida, são divididos igualmente entre as células-filhas.
Assim, uma vez infectada, uma célula começará a transmitir 10. Caxumba
o vírus sempre que se multiplicar e todas as novas células 11. Dengue
também estarão infectadas. Os sintomas causados por um 12. Febre chikungunya
vírus como este demoram a aparecer em um organismo 13. Febre por zika vírus
multicelular, e suas causas tendem a ser incuráveis. É o caso 14. Febre amarela
do HIV e da herpes. 15. Ebola

241
16. Aids: conhecida também por síndrome da imunode- § uso de curativos impermeáveis em todos os ferimentos
ficiência adquirida, é provocada pelo vírus da imuno de- que eventualmente ocorram;
ficiência humana (HIV – família Retroviridae) e apresen- § impossibilidade de doar sangue; e
ta subtipos 1 e 2. Pode ser transmitida pelo contato com § separação dos seus próprios objetos de uso pessoal,
mucosas corporais, áreas feridas do corpo de um indivíduo como toalha, alicate de unhas e escova de dente; para
portador, esperma, secreção vaginal, leite materno ou san- evitar a contaminação de outras pessoas pelo vírus, e
gue contaminado pelo vírus. A principal via de transmissão a manifestação de infecções oportunistas no paciente.
é o contato sexual (genital, anal ou oral). Mães gestantes
também podem transmitir o vírus ao feto, assim como pelo Vírus HIV
uso de objetos perfurocortantes contaminados e que não
O HIV (vírus da imunodeficiência adquirida) pertence a
estejam devidamente esterelizados. Picadas de mosquito
uma família de retrovírus de mamíferos. Diferentemente do
não são capazes de transmitir o vírus em questão.
herpes vírus, multiplica-se constantemente no hospedeiro,
Como seu próprio nome indica, ele faz com que o sistema apesar de algumas células apresentarem vírus em estado
imunológico (responsável pela defesa do organismo) enfra- latente. Os seres humanos e outros primatas são os únicos
queça – uma vez que ataca os glóbulos brancos, reduzin- hospedeiros naturais do vírus HIV.
do sua quantidade. Assim, o portador do vírus está sujeito a Existem duas grandes famílias de vírus HIV: o HIV-1, que cau-
adoecer com mais facilidade, inclusive por aquelas doenças sa infecções em primatas não humanos, no caso os símios,
que não fariam muito mal a pessoas com boa imunidade. Se encontrados na África ocidental; e o HIV-2, que se subdivide
não tratada, a pessoa fica cada vez mais debilitada podendo em, pelo menos, cinco grandes subfamílias e causa a infecção
morrer. Felizmente, os portadores do vírus têm maior expecta- na população humana pelo mundo.
tiva de vida. A terapia antirretroviral (oferecida gratuitamente O HIV tem como alvo celular os linfócitos T-CD4, respon-
pelo SUS) é capaz de controlar a multiplicação do vírus e, con- sáveis pela proteção do organismo contra agentes infec-
sequentemente, reduzir a destruição dos glóbulos brancos. ciosos que penetrem no indivíduo. Ele utiliza essas células
Com isso, a Aids deixou de ser encarada como uma moléstia e todo o maquinário celular para reproduzir-se, causando
fatal para transformar-se em doença passível de controle. a destruição do sistema imunológico do hospedeiro, o que
Embora possa provocar efeitos colaterais, estas pessoas o torna suscetível a qualquer infecção oportunista, como
podem exercer suas atividades normalmente, exceto em uma simples gripe, podendo levá-lo à morte.
casos que se apresentem incapacitadas, e terão cuidados Todos os tratamentos são associados à supressão da replica-
constantes para o resto de sua vida, como: ção do vírus e à repleção das células CD4 periféricas. Durante
§ uso dos fármacos prescritos; o período gestacional, o bebê está protegido da contaminação
contra o HIV, por conta da placenta, mas, em seu rompimento
§ adoção da camisinha em todas as relações sexuais
e momento do nascimento, o neonatal corre riscos de conta-
(mesmo se tratando de parceiro também HIV positivo);
minação, devido ao contato com o sangue da mãe.

QUADRO RESUMO DAS VIROSES


Doença Transmissão
Catapora (varicela) Contato da pele com as bolhas ou pelo ar, que contenha o vírus Varicela zoster.
Caxumba (parotidite infecciosa) Por gotículas de saliva expelidas pelo doente, que contenham o Paramyxovírus sp.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Vertical (placentária), amamentação materna, ato sexual, de pessoa para pessoa e por transfusão san-
Citomegalia
guínea.
Dengue Picada da fêmea dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus.
Picada da fêmea dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus (tigre asiático). Ocorre quando um indivíduo que
Dengue hemorrágica
teve um tipo de vírus da dengue recebe outro vírus diferente, também da dengue.
A febre chikungunya pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, os mesmos que trans-
Febre chikungunya
mitem o vírus da dengue e da febre amarela

O Aedes aegypti infecta-se com o zika vírus toda vez que ele pica uma pessoa ou macaco previamente infectado.
Assim como ocorre na dengue e na febre amarela, o mosquito não torna-se imediatamente um transmissor do vírus.
Febre por zica vírus Após ser ingerido pelo mosquito, o zika vírus ainda precisa de cerca de 10 dias para multiplicar-se e migrar do sistema
digestivo para as glândulas salivares do Aedes. Só a partir deste momento é que o mosquito passa a ser capaz de
transmitir o vírus durante a picada.

Febre aftosa Via respiratória, inalando o Aphthovirus sp.


Febre amarela silvestre Picada da fêmea dos mosquitos Haemagogus sp ou Sabethes sp contendo o Flavivirus sp.

242
QUADRO RESUMO DAS VIROSES
Doença Transmissão
Febre amarela urbana Picada da fêmea dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus contendo o Flavivirus sp.
Febre hemorrágica do ebola Por meio de secreções corpóreas e sangue contaminado pelo Filovirus sp.
Gripe Contato com o ar contaminado pelo Mixovirus influenzae.
Hantavirose Via respiratória, água e alimentos contendo o Hantavirus sp.
Hepatite Contato pessoa a pessoa; oral-fecal, transfusão sanguínea.
Contato íntimo com indivíduo transmissor, a partir de superfície mucosa ou de lesão infectante contendo, por exem-
Herpes
plo, o Herpes simplex.
Mononucleose Contato íntimo de secreções orais (saliva) contendo o vírus Epstein-Barr, da família Herpesviridae.
Papiloma (condiloma) Vertical (placentária); ato sexual; o agente etiológico é o HPV.
Poliomielite (paralisia infantil) Contato direto com secreções faríngeas de doentes.
Hidrofobia (raiva) Por meio da saliva de animais doentes.
Resfriado Contato com o ar contaminado pelos vírus sincicial respiratório, parainfluenza ou rinovírus.
Rubéola Por meio de gotículas de muco e saliva ou pelo contato direto com as secreções do nariz.
Sarampo Por meio de gotículas de muco e saliva ou pelo contato direto com as secreções do nariz.
Síndrome da imunodeficiência adquiri-
Ato sexual (hétero e homo) sem preservativo, seringa contaminada, transfusão sanguínea, via vertical (placentária).
da (Sida ou Aids, em inglês)
Contato com as secreções das vias respiratórias, com as lesões da pele, das mucosas e com os objetos de uso do
Varíola
doente.

Imunização
Uma das alternativas para a prevenção de algumas des-
sas doenças virais é a vacinação, processo de imuniza-
ção ativa que consiste na inoculação de antígenos mortos
ou enfraquecidos que estimulam a produção de anticorpos
no organismo. Essa primeira produção de anticorpos – res-
posta imune primária – é lenta e pequena. O segundo
encontro com o antígeno desencadeará a resposta imu- Gráfico que representa o processo de vacinação e a quantidade
de anticorpos produzidos pelo organismo.
ne secundária, que é rápida e produz grande quantidade
de anticorpos. Quando o vírus tem uma taxa de mutação e O processo de imunização passiva, conhecido por sorolo-
reprodução muito alta, como é o caso da gripe, o processo gia, consiste na inoculação de anticorpos prontos para ina-
é ineficaz, pois o antígeno muda muito. tivarem os antígenos que estão parasitando no organismo.

REINO MONERA U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Bactérias ca é o citosol (citoplasma). Este possui apenas um tipo de or-


ganoide, o ribossomo, no qual ocorre a síntese de proteínas.
Podem ser encontradas em todos os meios: ar, água, solo Apresenta um único cromossomo constituído por uma molé-
ou mesmo no interior de outros organismos. Isso deve-se cula gigante de DNA unida pelas extremidades (DNA circu-
ao fato de suportarem grandes pressões, temperaturas ele- lar), o material genético encontra-se disperso no citoplasma.
vadas, concentrações osmóticas mortais para outros orga- A célula bacteriana não possui núcleo verdadeiro, uma vez
nismos e valores de pH radicais. que não apresenta a membrana que envolve o material
As bactérias heterótrofas são aquelas incapazes de pro- genético (envoltório nuclear ou carioteca).
duzirem seu próprio alimento. Quando se nutrem de ma- As cianobactérias são produtoras de seu próprio alimento
téria orgânica morta, são conhecidas por decompositoras por meio do fenômeno da fotossíntese, segundo a equação:
ou sapróvoras e, se utilizam matéria viva, são parasitas. A
luz
parede celular que envolve e protege a membrana plasmáti- 6CO2 + 12H2O C6H12O6 + 6O2 + 6H20
clorofila

243
As cianobactérias do passado deram origem aos cloroplas- Mesossomo
tos das células eucarióticas (vegetais e algas).
Invaginações da membrana celular. Possui diversas fun-
ções: papel na divisão celular e na respiração.
Caracterização geral das bactérias
Na maioria das espécies, a proteção da célula é feita por Parede
uma camada extremamente resistente, a parede celular,
havendo imediatamente abaixo uma membrana plasmá- De acordo com a constituição da parede, as bactérias po-
tica que delimita um único compartimento contendo DNA, dem ser divididas em dois grandes grupos:
RNA, proteínas e pequenas moléculas. § Gram-negativas: apresentam-se de cor avermelhada
A habilidade em dividir-se de maneira rápida possibilita quando coradas pelo método de Gram.
populações de bactérias a se adaptar às mudanças de am- § Gram-positivas: apresentam-se de cor roxa quando
biente. Dois grupos de bactérias distantemente relacionados coradas pelo método de Gram.
são reconhecidos: as eubactérias, que são os tipos comuns
encontrados na água, solo e organismos vivos maiores; e as
Cápsula
arqueobactérias, que são encontradas em ambientes real-
mente inóspitos, como os pântanos, fontes termais, fundo do Muitas bactérias apresentam externamente à parede ce-
oceano, salinas, vulcões, fonte ácidas etc. lular uma camada viscosa denominada cápsula. São ge-
ralmente de natureza polissacarídica, e estão relacionadas
Morfologia e estrutura com a virulência da bactéria, uma vez que a cápsula confe-
re resistência à fagocitose.
da célula bacteriana
Cromossomo Esporos
O endosporo é uma célula formada no interior da célula
Cromossomo circular, que é constituído por uma única mo-
vegetativa, altamente resistente ao calor, dessecação e ou-
lécula de DNA circular, tendo sido também chamado de
tros agentes físicos e químicos, capaz de permanecer em
corpo cromatínico.
estado latente por longos períodos e depois germinar, dan-
do início à nova célula vegetativa. A esporulação tem iní-
Plasmídios cio quando os nutrientes bacterianos se tornam escassos,
Esses elementos extracromossômicos, denominados plas- geralmente pela falta de fontes de carbono e nitrogênio.
mídios, são autônomos, isto é, capazes de autoduplicação
independente da replicação do cromossomo, e podem
existir em número variável no citoplasma bacteriano. Os
Nutrição
ribossomos acham-se espalhados no interior da célula e As bactérias podem ser autótrofas ou heterótrofas. As
conferem uma aparência granular ao citoplasma. autótrofas incluem as fotossintetizantes e as quimios-
sintetizantes. As bactérias fotossintetizantes, com cloro-
fila específica, são as cianobactérias.
Bactéria
As bactérias fotossintetizantes apresentam um pigmento
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

plasmídeo
disperso no hialoplasma, conhecido como bacterioclorofila,
cromossomo
e apresentam um fotossistema simples.
bacteriano
Nas quimiossintetizantes, ocorre uma reação química es-
pecífica, que libera energia formando ATP, utilizado na for-
mação de carboidratos, como a glicose.
As bactérias podem realizar respiração celular aeróbia, res-
piração anaeróbica ou fermentação (alcóolica ou láctica).
Plasmídeo bacteriano
Reprodução das bactérias
A reprodução assexuada mais comum nas bactérias é a di-
visão binária.

244
§ Transformação: bactéria absorve moléculas de DNA dis-
persas no meio, provenientes de outras bactérias mortas.
§ Transdução: moléculas de DNA são transferidas de uma
bactéria à outra usando vírus (bacteriófagos) como veto-
res (transmissores).
§ Conjugação: o DNA passa diretamente da bactéria ma-
cho para a bactéria fêmea através de microscópicos tubos
proteicos, chamados pili, que as bactérias “macho” pos-
suem em sua superfície.

Importância das bactérias


As bactérias, juntamente com os fungos, são os principais
decompositores dos ecossistemas. Outro destaque é a parti-
cipação essencial de bactérias na ciclagem do nitrogênio; as
cianobactérias fazem esse papel, também, nos ecossistemas
aquáticos. Quanto à decomposição, pode-se destacar a pos-
sível competição estabelecida, há milhões de anos, entre fun-
gos e bactérias. É conhecido o fato de certos fungos desenvol-
Divisão binária bacteriana verem substâncias que impedem o crescimento de bactérias.
Lembre-se que o primeiro antibiótico conhecido pelo homem
A reprodução sexuada também existe, sendo a consequên-
foi a penicilina extraída de um fungo do gênero Penicillium.
cia da transferência de segmentos de DNA de uma célula
As bactérias são utilizadas, cada vez mais, em tecnologia
doadora (macho) para uma célula receptora (fêmea).
destinada à humanidade. Há tempos, elas são utilizadas
A passagem de segmentos de DNA entre bactérias pode em formação de antibióticos e vitaminas, na produção de
ocorrer de vários modos: laticínios e na produção de vinagre.

Bactérias patogênicas
A seguir, abordaremos as principais doenças causadas por bactérias ao ser humano.

Resumo das bacterioses


DOENÇA TRANSMISSÃO AGENTE INFECCIOSO
Antraz Através da inalação de esporos ou ingestão de alimentos contaminados,
Bacillus antracis
(carbúnculo) ou ferimentos cutâneos.

Botulismo Ingestão de alimentos contaminados (exemplo: enlatados de palmito). Clostridium botulinum

Brucelose
Contato com secreções animais contaminadas; com a placenta; fetos
(febre ondulante ou Brucella sp.
abortados; ingestão de leite cru.
do Mediterrâneo)
Cólera Ingestão de água ou de alimentos contaminados. Vibrio cholerae
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Coqueluche (tosse comprida) Contato direto ou indireto com a saliva do doente. Bordetella pertussis
Difteria
Contato com a secreção do nariz, ou da garganta, ou através do leite cru. Corynebacterium diphteriae
(crupe)
Fasciíte necrosante Penetração através de cortes na pele. Estreptococo do tipo A
Febre purpúrica Contato direto pessoa a pessoa (com conjuntivite) ou indireto por inter-
Haemophilus influenzae
brasileira mediação mecânica (insetos, toalhas, mãos).
Febre tifoide (tifo) Contato direto ou indireto com fezes ou urina do doente. Salmonella typhi
Gonorreia (blenorragia) Contato sexual. Neisseria gonorrhoeae
Lepra (hanseníase) Penetração no organismo pela pele ou mucosas (ex.: nasais). Mycobacterium leprae
Penetração no organismo pelas mucosas, pela pele ferida ou via oral (al-
Leptospirose Leptospira sp.
imentos contaminados).
Lyrre (doença de Lyme) Adesão de carrapatos à pele sucção de sangue. Bonnelia bungdorferi

245
DOENÇA TRANSMISSÃO AGENTE INFECCIOSO
Meningite meningocócica Por via respiratória, quando o doente fala, tosse, espirra ou pelo beijo. Neisseria meningitidis
Peste Picada de pulgas infectadas; pessoa a pessoa. Yersinia pestis
Diplococcus pneumoniae, micoplas-
Pneumonia Por via respiratória; contato pessoa a pessoa; infecção hospitalar.
mas, clamídias, legionelas etc.
Psitacose Por via respiratória: contato pessoa a pessoa. Chlamydia psittaci
Shigelose (disenteria) Ingestao de água ou de alimentos contaminados. Shigella sp.
Sífilis Contato sexual; transfusão de sangue; via vertical (placentária). Treponema pallidum
Tetano Penetração dos esporos através de ferimentos perfurantes. Clostridium tetani
Tuberculose Por via respiratória (inalando o bacilo). Mycobacterium tuberculosis
Uretrite Ato sexual. Chlamydia trachomatis

Arqueas Teoria da endossimbiose e


Elas têm capacidade de viver em ambientes extremos e origem das células eucariontes
são divididas em: halófilas extremas, suportando grandes
salinidades; termófilas extremas, vivendo em temperaturas vegetal e animal
superiores a 100 °C. Algumas crescem em ambientes áci- A célula vegetal originou-se a partir de uma célula pré-eu-
dos com pH igual a zero, são as acidófilas. cariótica heterótrofa. É possível que o primeiro passo tenha
As arqueas vivem tipicamente em ambientes extremos (ex- sido a perda da capacidade de produzir a parede celular,
tremófilas), como fontes termais, fendas vulcânicas, águas para ocorrer a evolução da célula eucariótica. A célula,
extremamente salgadas ou geladas, entre outros. Muitas então, desprovida dessa parede, adquiriu a capacidade de
delas não possuem parede celular, no entanto, há aquelas mudar de forma, crescer e envolver substâncias extrace-
nas quais tal estrutura está presente e são constituídas por lulares através da invaginação da membrana plasmática,
polissacarídeos ou proteínas. Já nas bactérias, a parede está fenômeno conhecido por endocitose. Células procarióticas
sempre presente, sendo composta por peptidioglicanos. de cianobactérias, por meio da fagocitose, são englobadas,
originando os cloroplastos. Aí está formada, ao longo do
Cianobactérias tempo, uma célula eucariótica autotrófica.
A edição número 76 da revista Scientific American Brasil, de
A maioria das bactérias fotossintéticas é denominada cia- 2008, noticiou que pesquisadores da Harvard Medical Scho-
nobactérias, e, durante longos anos, eram conhecidas por ol, nos Estados Unidos, conseguiram construir um modelo da
algas azuis. célula primitiva que surgiu há, aproximadamente, 3,5 bilhões
As cianobactérias são maiores que os restantes dos pro- de anos e que deu início à jornada da vida na Terra. A partir
cariontes, não apresentam órgãos locomotores e reali- dessa célula primitiva, surgiram os dois tipos fundamentais
zam fotossíntese com o auxílio de pigmentos fotossin- de células: um presente em bactérias e cianobactérias; e o
téticos variados, como a clorofila A, os carotenoides outro presente em todos os demais seres vivos conhecidos
(pigmentos amarelos), a ficocianina (pigmento azul) e a atualmente, exceto vírus. Esse feito científico é de extrema
ficoeritrina (pigmento vermelho).
importância, pois pode fornecer informações mais precisas
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Algumas cianobactérias são capazes de fixar o nitrogênio de como esse processo de diversificação aconteceu.
do ar atmosférico, aproveitando esse gás para construir
Diferenças entre as células procarióticas e eucarióticas
suas proteínas.
Célula Célula
Estrutura
Liberação de toxinas procariótica eucariótica
Membraba plasmática Presente Presente
Algumas espécies produzem e liberam toxinas na água que Citosol Presente Presente
podem envenenar outros animais que habitam o mesmo Ribossomos Presente Presente
ambiente ou contaminar a água potável, levando doenças Endomembranas Ausente Presente
aos seres humanos. As mais prejudiciais para os seres Envoltório nuclear Ausente Presente
Mitocôndria Ausente Presente
humanos são as hepatotoxinas e as neurotoxinas.
Presente em
Cloroplasto Ausente
vegetais e algas
Cromossomo 1 por célula 2 ou mais por célula
DNA Circular Linear

246
Teoria da endossimbiose
As provas que confirmam a teoria endossimbiótica da ori-
gem dos cloroplastos e mitocôndrias são:
§ presença do DNA circular, típico de bactérias;
§ presença de ribossomos para a síntese de suas proteínas;
§ capacidade de autoduplicação.

REINO PROTOCTISTA I: PROTOZOÁRIOS

Protoctistas heterótrofos: ocorre o desencistamento. Então, migram para o intestino


grosso e ali se estabelecem.
protozoários A profilaxia é feita pela ingestão de alimentos bem lavados
e/ou cozidos, pela higiene pessoal, pela construção de fossas
A maioria desses seres é heterótrofa, e alguns autores di-
e redes de esgoto e pelo tratamento das pessoas doentes.
zem que são animais. Caracterizam-se por serem unicelula-
res, eucariontes e viverem isolados ou em colônias. Flagelados (mastigóforos)
São divididos em quatro classes, de acordo, principalmente,
São protozoários que se locomovem por meio de flagelos.
com o modo de locomoção ou forma de reprodução típica:
Reproduzem-se por cissiparidade ou divisão binária. Têm
vida livre, sendo abundantes na água doce e nos mares;
outros vivem como parasitas.
Trypanosoma cruzi
Esse protozoário é causador da doença de Chagas, sendo
transmitida ao homem pela picada do inseto Triatoma in-
festans (percevejo barbeiro), que é hematófago e de hábito
paramécio balantídeo tripanossomo
noturno. A picada do inseto não transmite a moléstia,
pois nas suas glândulas salivares não existe a forma infectan-
te. Depois de picar e sugar o hospedeiro, o barbeiro elimina
fezes infectadas com tripanossomos na pele, geralmente no
rosto, daquele. O próprio hospedeiro pode introduzir as fe-
zes contaminadas nas mucosas ou, coçando-se, pode causar
uma escoriação, facilitando a penetração dos tripanossomas.
giárdia ameba Outras formas de contato ocorrem na vida intrauterina, por
meio de gestantes contaminadas, transfusões sanguíneas
Rizópodes (sarcodinos) ou ingestão de caldo de cana; bem mais raras são por in-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

gestão de cremes de açaí ou acidentes com instrumentos


Deslocam-se por pseudópodes e reproduzem-se por cissi-
de punção em laboratórios, por profissionais da saúde. A
paridade. Como exemplo, temos a Entamoeba histolystica,
doença possui uma fase aguda e outra crônica. No local
causadora da amebíase.
da picada, a área torna-se vermelha e endurecida, consti-
Os sintomas mais comuns da amebíase são disenteria agu- tuindo o chamado chagoma. Quando essa lesão ocorre
da com muco e sangue nas fezes, náuseas, vômitos e cóli- próxima aos olhos, leva o nome de sinal de Romaña.
cas intestinais. Existem casos em que a ameba pode passar
Após um período de incubação, ocorre febre, ínguas por
a parasitar outras regiões do organismo, causando lesões
todo o corpo, inchaço do fígado e do baço e um vermelhi-
no fígado, pulmões e, mais raramente, no cérebro.
dão no corpo semelhante a uma alergia e que dura pouco
A contaminação é direta. Ocorre pela ingestão de água ou tempo. Nessa fase, nos casos mais graves, pode ocorrer
alimentos contaminados por cistos. inflamação do coração. Mesmo sem tratamento, a doença
No ciclo, os cistos passam pelo estômago, resistindo à ação fica mais branda e os sintomas desaparecem após algumas
do suco gástrico, chegam ao intestino delgado, quando semanas ou meses.

247
A pessoa contaminada pode permanecer muitos anos ou mesmo o resto da vida sem sintomas, aparecendo que está conta-
minada apenas em testes de laboratório.
Eliminar ou evitar o contato com o vetor e melhorar as condições das habitações (evitando o pau-a-pique) são as melhores
medidas preventivas.

Giardia lamblia
A giardíase é uma parasitose intestinal que tem como agente etiológico a Giardia lamblia. A giardíase se manifesta por azia
e náusea.
A contaminação ocorre quando os cistos maduros são ingeridos pelo indivíduo. Os cistos podem ser encontrados na
água (mesmo que clorada), alimentos contaminados e, em alguns casos, a transmissão pode se dar por meio de mãos
contaminadas.
Para se evitar a giardíase, devem-se tomar as mesmas medidas profiláticas usadas contra a amebíase, uma vez que há
ingestão de cistos.

Leishmania sp
Esse protozoário é causador da Leishmaniose, sendo transmitido pela picada da fêmea do mosquito hematófago Phleboto-
mus (mosquito-palha ou birigui). Entre as principais espécies de protozoários parasitas do gênero Leishmania, destacamos a
Leishmania braziliensis, a Leishmania donovani e a Leishmania tropica.
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Ciclo de vida da leishmaniose

Ciliados
São protozoários que se locomovem por meio de cílios e apresentam reprodução por cissiparidade e conjugação. Um
típico representante é o paramécio. Além dos vacúolos contrácteis, evidenciam os dois núcleos: o macronúcleo, relacionado
com a nutrição; e o micronúcleo, envolvido com a reprodução. O paramécio se reproduz assexuadamente por bipartição e
sexuadamente por conjugação. Nesse caso, acontece a fusão temporária de dois indivíduos, entre os quais se formam pontes
citoplasmáticas para trocas de partes dos micronúcleos. Após a troca e a fusão de micronúcleos, os paramécios separam-se
e dividem-se duas vezes, produzindo um total de oito indivíduos.

248
Esporozoários Esporozóitos
do plasmodium

Esses protozoários não possuem organelas de loco- 1º Vetor

moção, portanto, são parasitas e apresentam reprodução


sexuada por esporulação. Como exemplos, citamos os Hospedeiro Hospedeiro
humano
humano
plasmódios e o toxoplasma. No Brasil, são causadores inicial seguinte

da malária o Plasmodium vivax, Plasmodium falciparium


Infecção
e Plasmodium ovale. Os protozoários são transmitidos hepática 2º Vetor

pela picada da fêmea do Anopheles (mosquito-prego). O Infecção


sanguínea
Toxoplasma gondii causa a toxoplasmose e é transmitido
pela urina de gatos, ratos e também pela ingestão de car- Transmissão
no útero
ne contaminada.
Ciclo de transmissão da malária

Reprodução
Assexuada (divisão binária)
A partir de um indivíduo, ocorre a duplicação do núcleo e
posterior divisão do citoplasma.

Sexuada (conjugação)
Ocorre uma troca de material genético que permite um aumento da variabilidade.

Encistamento
Em condições ambientais desfavoráveis, ocorre o encistamento.

Quadro das principais protozooses


Parasita Classe Doença Local de infecção e sintomas Transmissão Profilaxia
• sangue e fígado
Plasmodium sp. Esporozoário Malária Picada do mosquito-prego Combate ao vetor
• febre terçã, dores de cabeça, sudorese

Medidas de saneamen-
Entamoeba Amebíase • Intestino grosso Alimentos e água
Rizópode to, higiene pessoal e
histolytica (disenteria) • Ulcerações e diarreia contaminados
com os alimentos

Medidas de saneamen-
Giardíase • Intestino delgado Alimentos e água
Giardia lamblia Flagelado to, higiene pessoal e
(disenteria) • Dores abdominais e diarreia contaminados
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

com os alimentos

Medidas de saneamen-
Balantidium Balantidiose • Intestino Alimentos e água
Ciliado to, higiene pessoal e
coli (disenteria) • Diarreia contaminados
com os alimentos

Leishmania Úlcera de • Vias respiratórias Picada da fêmea do Telas, repelentes,


Flagelado
brasiliensis Bauru • Lesões nas mucosas da boca e do nariz mosquito-palha habitações longe de matas

• Uretra e próstata (homem); Higiene pessoal, com


Trichomonas Relação sexual,
Flagelado Tricomoníase vagina (mulher) piscinas e sanitários,
vaginalis sanitários e piscinas
• Uretrite e corrimentos uso de preservativos

Trypanosoma Doença • Sangue e sistema nervoso


Flagelado Picada da mosca-tsé-tsé Combate à mosca
gambiensis do sono • Lesões nas meninges

Evitar contato com


• Mal-estar, prostração, febre; no Fezes de animais
Toxoplasma animais domésticos (fezes
Esporozoário Toxoplasmose feto pode causar retardamento domésticos e via
gondii e urina), principalmente
mental, cegueira e hidrocefalite placentária
para mulher gestante

249
REINO PROTOCTISTA II: ALGAS

Protoctistas autótrofos São considerados os mais importantes produtores no mar


e na água doce. Formam parte do fitoplâncton e são,
São seres eucariotos, unicelulares ou pluricelulares com pig- portanto, alimentos de animais.
mentos fotossintéticos variados, além das clorofilas. Vivem
no mar, na água doce e em ambientes terrestres úmidos. Algas pirrofíceas (filo Dinophyta)
Algas verdes (filo Chlorophyta) As pirrofíceas são algas unicelulares, eucarióticas, fla-
geladas e apresentam uma parede celular impregnada de
São seres unicelulares (isolados ou coloniais) ou plurice- carbonato de cálcio (CaCO3), com clorofila A, xantofilas e
lulares. Os principais pigmentos são as clorofilas A e B e
carotenos. Também são chamadas de dinoflagelados.
os carotenos (laranja) e xantofilas (amarelo). A reserva
é representada por amido e as paredes celulares pos- Podem causar as marés vermelhas, que correspondem a um
suem celulose. aumento do número de indivíduos de uma dada espécie, for-
mando manchas de coloração visível nos mares, devido à alta
Algas pardas (filo Phaeophyta) intensidade. Ocorrem principalmente em águas costeiras ricas em
nutrientes. Esse fenômeno causa a morte de peixes, decorrente do
São pluricelulares, possuem um pigmento marrom-amare- consumo exagerado de oxigênio pelo grande número de indivídu-
lado: a fucoxantina ou xantofila (amarelo), que junto os e produção de toxinas das algas.
com a clorofila (verde) dá a cor parda que as distingue dos
outros filos. Além disso, quando exploradas, são utilizadas Essas toxinas agem no sistema nervoso. Os moluscos geral-
diretamente como adubo, fonte de nutrientes e delas se mente não são sensíveis, mas podem acumular tais toxinas,
extrai o iodo, o ágar-ágar. que podem atingir o homem e outros mamíferos através de
sua ingestão. Alguns gêneros de Dinophyta (Pyrrophyta) apre-
O corpo é revestido por uma mucilagem chamada algina
sentam bioluminescência. Através da oxidação de uma
ou alginato. Essa mucilagem estabilizante é extraída das
substância presente em suas células, na luciferina, pela en-
algas pardas e utilizada na fabricação de sorvetes, carame-
zima luciferase, ocorre a formação de um produto molecular
los e cosméticos.
excitado que libera energia luminosa na forma de fótons.

Algas vermelhas (filo Rodophyta) Euglenoides (filo Euglenophyta)


Conhecidas também pelo nome de rodofíceas, são plu-
São unicelulares, não apresentam parede celular e se loco-
ricelulares. Nos plastos além da clorofila, encontra-se
movem por flagelos. Vivem principalmente em água doce
outro pigmento predominante, a ficoeritrina (verme-
e apresentam um vacúolo pulsátil, que, ao se contrair, ex-
lho), ocorrendo também a ficocianina (azul). As algas
pulsa o excesso de água, por osmose em relação ao meio.
vermelhas podem fornecer ágar (ágar-ágar) e a carra-
gem (carragim), outra mucilagem com finalidade ali- Os seus cloroplastos realizam a fotossíntese, mas, na au-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

mentícia. Algumas espécies revestem-se de carbonato sência da luz e na escassez de reservas nutritivas, os eu-
de cálcio (CaCO3). glenoides são capazes de ingerir partículas alimentares,
que entram pela boca da célula (citóstoma), passam pela
Diatomáceas (filo Bacillariophyta) citofaringe, sofrem digestão de vacúolos digestórios e os
resíduos são eliminados pelo citopígeo, como em unicelu-
Também chamadas de crisofíceas ou algas doura- lares heterótrofos. Essa capacidade e a estrutura de suas
das, a maioria é unicelular e apresentam os pigmentos células assemelha-se muito a alguns protozoários, o que
caroteno (laranja) e xantofila (amarelo), além da clorofi- culminou com o estudo das euglenas também como pro-
la. As diatomáceas têm suas células recobertas por uma tozoários flagelados. Têm uma região chamada estigma,
carapaça chamada de frústula, que é de dióxido de responsável pela percepção de luz. A reserva é um tipo de
silício (SiO2), podendo ser formadas por duas partes amido conhecido por paramilo.
ou valvas que se encaixam.

250
Reprodução nas algas
As algas apresentam processos de reprodução assexuada por cissiparidade (divisão binária), fragmentação de seus talos
e reprodução sexuada (isogamia, anisogamia e oogamia).

Plasto Valva menor


B

Vacúolo Núcleo Valva maior

Representações esquemáticas R
deepresentações
divisão binária em algas de divisão binária em protistas.
esquemáticas

Reprodução sexuada União


Fusão
sexual
citoplasmática

Organismos adultos Fusão dos


núcleos e
haploides (n)
formação
do zigoto (2n)

Zigósporo

MEIOSE

Ciclo sexuado da
alga verde
Organismos jovens unicelular
haploides (n) Chlam ydomonas sp.

A reprodução sexuada é comum em quase todas as algas. Cada organismo pode se comportar como um gameta e, ao se fundirem,
formam um zigoto. Esse zigoto sofre meiose e forma quatro novos indivíduos haploides.

A maioria das algas multicelulares apresenta o fenômeno de alternância de gerações.


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Importância das algas


O fitoplâncton é responsável por cerca de 90% do oxigênio atmosférico. Climaticamente, é importante pela
liberação na atmosfera de DMS (dimetil-sulfeto), substância que age como facilitador na formação de núcleos de con-
densação e, portanto, de chuvas.

251
PORÍFEROS E CNIDÁRIOS

Introdução ao estudo celomados os animais cuja cavidade é o celoma, ou seja,


revestida unicamente por mesoderne.
dos metazoários Em um dos estágios no desenvolvimento embriológico cha-
Esses animais são seres multicelulares e heterótrofos, ou seja, mado gástrula, que corresponde a uma forma tridimensional
obtêm a sua alimentação por ingestão. O reino dos metazo- (semelhante a uma pera) com uma cavidade chamada de ar-
ários é dividido em dois sub-reinos: parazoários, que in- quêntero (intestino primitivo), o qual se comunica com o meio,
cluem as esponjas (poríferos), animais que não apresentam através de uma abertura chamada blastóporo, será formada a
organização em tecidos, e os eumetazoários, que incluem boca, nos seres protostômios (a grande maioria), ou o ânus,
todos os demais grupos, pois suas células se organizam em nos deuterostômios (equinodermos e cordados).
tecidos, órgãos e sistemas.
Chamamos os cnidários, por exemplo, de animais diblásti-
cos, pois formam apenas dois folhetos germinativos: endo-
derme e ectoderme. Já, a partir dos platelmintos, são cha-
mados todos de triblásticos, pois observa-se a presença
de três folhetos embrionários ou germinativos: a ectoderme,
a endoderme e a mesoderme. Nos animais triblásticos
pode-se formar uma cavidade corpórea, que é fundamental
para acomodar órgãos e estruturas internas, para circulação
de substâncias ao longo do corpo, para acolher resíduos ce-
lulares que serão eliminados do corpo e pode, ainda, estar Cladograma dos metazoários

preenchida de líquido sob pressão, que funciona como es-


trutura de sustentação em um esqueleto hidrostático. Cha-
A simetria corporal
mam-se acelomados os animais sem cavidade corpórea; A simetria bilateral corresponde a duas metades semelhan-
pseudocelomados os animais cuja cavidade corpórea é tes; a direita e a esquerda .Na simetria radial, há mais de um
revestida pela mesoderme e pela endoderme; e, finalmente, plano imaginário que divide o ser em metades semelhantes.

Poríferos (Espongiários)
A maioria desses animais é marinha, e não possuem tecidos verdadeiros, que favorece a grande capacidade de rege-
neração.

ESPONJA
VIVA REORGANIZAÇÃO
CELULAR
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

CÉLULAS CAPAZES
DE ORIGINAR
NOVAS ESPONJAS

FORMAÇÃO DE
ESPONJA NOVAS ESPONJAS
DESAGREGADA
ESPÍCULAS

GEMULAÇÃO

REGENERAÇÃO
Esquema representativo da regeneração dos poríferos

252
Estrutura e fisiologia
As esponjas são animais filtradores. Possuem uma cavidade chamada de átrio ou espongiocele, além de coanócitos,
A organização do corpo de um porífero
amebócitos e pinacócitos.

saída de água

ósculo
porócito
espículas
pinacócitos
poros
espículas
entrada
de água átrio
(espongiocela)
amebócito

colarinho coanócito

flagelo

A organização do corpo de um porífero

Existem três tipos estruturais de esponjas – áscon, sícon e lêucon –, que apresentam gradual aumento da superfície de
contato dos coanócitos com a água, de modo que, as esponjas tipo lêucon estão mais adaptadas a promover uma filtração
mais eficiente da água e aproveitam melhor os nutrientes disponíveis.
Câmaras
flageladas

Átrio Átrio

Água Água

Ascon Sycon Leucon

Tipos estruturais das esponjas

Reprodução Cnidários (celenterados)


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As esponjas podem se reproduzir de forma sexuada, quando São organismos com simetria radial, predominantemente
ocorre a união de gametas masculino e feminino, formando um aquáticos marinhos, podem nadar livremente (medusas)
zigoto que origina uma larva ciliada (anfiblástula), ou assexu- ou viver fixos (pólipos), no fundo do mar ou dos rios, sozi-
ada, que pode ocorrer por brotamento, regeneração e através nhos ou formando colônias.
de gêmulas que aparecem mais em esponjas de água doce.
A importância da cavidade digestiva
Sustentação do corpo A presença de uma cavidade digestiva permite ao animal
ingerir alimentos maiores, que gradativamente sofrerão o
Os espongiários possuem um endoesqueleto. O esquele- ataque de sucos digestivos constituídos por enzimas que
to mineral é constituído por espículas calcárias e silicosas ao catalizarão a sua degradação em substâncias menores
esqueleto orgânico, apresenta-se formado por uma densa absorvíveis e utilizáveis no metabolismo, posteriormente,
rede de fibras de espongina. pelas demais células do corpo. Neste grupo, a digestão é,
portanto, extracelular e intracelular.

253
Os cnidoblastos Fisiologia
Tanto os pólipos como as medusas são animais predado- Ainda não possuem sistema respiratório e circulatório definidos.
res, carnívoros que capturam suas presas descarregando
uma substância urticante, presente em células nos tentá- Reprodução
culos: os cnidócitos ou cnidoblastos.
Brotamento
Sistema nervoso difuso A reprodução dos celenterados pode ser assexuada e sexuada.
e o arcorreflexo
Esses animais apresentam reações a estímulos externos,
Metagênese
que os permitem se defenderem ou capturarem sua presa. A alternância de gerações, em que uma fase se reproduz
Trata-se da primeira ocorrência de células nervosas. assexuadamente e a outra sexuadamente, é conhecida
como metagênese. A fase sexuada é representada pela
forma medusoide.

Classificação dos cnidários


CLASSES DE CELENTERADOS
Classe Relação pólipo/medusa Representantes
Hydrozoa Pólipos predominantes Hydra sp (dulcícolas), Obelia sp (colonial), Physalia sp (caravelas e coloniais)
Scyphozoa Medusas predominantes (água-vivas) Aurelia sp
Actinia sp (anêmonas-do-mar) e corais (com exoesquele-
Anthozoa Exclusivamente polipoides
tos calcários que participam da formação de recifes)
Cubozoa Pólipo dá origem à medusa Chironex fleckerí

PLATELMINTOS

Surge a simetria bilateral e a triblastia


Os platelmintos são os primeiros animais nos quais ocorre a simetria bilateral; possuem corpo alongado e dorso ventralmente
achatado. Hábitos de vida são variados: nos de vida livre existem os parasitas que vivem às custas de outros seres, explorando-os
como ecto ou endoparasitas.

Fisiologia
§ Nutrição – o sistema digestório é incompleto. A digestão ocorre nos meios extracelular e intracelular. Existem espécies
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

parasitas, totalmente desprovidas de sistema digestório.


§ Respiração e trocas gasosas – as espécies de vida livre são aeróbias e as trocas são realizadas por simples difusão
entre o epitélio permeável do animal e o meio. Os endoparasitas são anaeróbios.
§ Excreção – célula-flama.
Células-flama
Poros excretores Canal
excretor
Canal
excretor

Tufo de
cílios

Citoplasma
Cordões nervosos Núcleo
longitudinais
Nervos
254
§ Coordenação nervosa – gânglios cerebroides ou um anel nervoso, ligados a cordões nervosos longitudinais.

cordão nervoso

nervos

gânglio cerebral
ocelo
parte
fotossensível

células com
pigmento

nervos para o célula


gânglio cerebral fotossensível

§ Reprodução – normalmente, são hermafroditas ou monoicos com fecundação interna e um desenvolvimento, que
pode ser direto ou indireto. Existem espécies que se reproduzem assexuadamente, principalmente por regeneração.

Classificação dos platelmintos A Taenia sp e doenças


§ Classe Turbellaria (turbelários): seres de vida livre relacionadas
com epitélio ciliado. § A teníase é uma doença provocada pela presença das
Exemplo: planária. formas adultas das tênias ou solitárias (Taenia sagina-
§ Classe Trematoda (trematódios): seres parasitas ta) no intestino delgado humano. A cisticercose é deter-
com epiderme não ciliada e uma ou mais ventosas. minada pela presença das larvas da Taenia solium no ho-
Exemplo: Schistosoma. mem, localizadas principalmente nos olhos e no cérebro.
§ Classe Cestoda (cestódios): seres parasitas com São medidas profiláticas:
corpo dividido em anéis ou proglotes. 1. não comer carne malpassada;
Exemplos: Taenia solium e Taenia saginata.
2. inspeção de matadouros para verificar a presença de

A esquistossomose -
cisticercos na carne;
3. saneamento básico.
Schistosoma mansoni § Cisticercose – é a enfermidade causada pela loca-
lização da larva no organismo do homem, que passa
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A barriga-d’água é uma doença provocada pelo platelminto


a funcionar como hospedeiro intermediário. O homem
Schistosoma mansoni, um verme dioico com nítido dimorfis-
se infesta ingerindo ovos existentes em água poluída,
mo sexual.
hortaliças e frutos contaminados.
As medidas profiláticas mais comuns são:
1. Tratamento dos infestados por meio da destruição dos
vermes no organismo humano.
2. Saneamento básico, que impede que os ovos contami-
nem a água.
3. Combate aos caramujos hospedeiros intermediários.
4. Impedir a penetração das larvas, não tendo contato com
a água contaminada.

255
NEMATELMINTOS

Os asquelmintos (nematelmintos): Fisiologia


o surgimento do tubo § Digestão – sistema digestório completo com
boca anterior e ânus posterior. A digestão é exclusiva-
digestivo completo mente extracelular.
Os nematelmintes são organismos vermiformes, ou seja, de § Excreção – célula H.
corpo cilíndrico, mas não segmentado, com típica simetria § Circulação e trocas gasosas – nas espécies de vida
bilateral e extremidades afiladas. As principais parasitoses livre, a respiração é aeróbia, cutânea e ocorre por difusão
que infestam o homem são: ascaridíase, ancilostomía- simples. Nos parasitas, ocorre a respiração anaeróbia.
se, oxiurose e elefantíase. § Coordenação nervosa – constituído por um anel
nervoso anterior e uma série de cordões nervosos lon-
gitudinais.
§ Reprodução – os nematoides são, com raras exceções,
animais dioicos, quase sempre com dimorfismo sexual.

Ascaridíase
É uma parasitose intestinal cujo agente etiológico é o Ascaris lumbricoides, vulgarmente conhecido como lombriga.

1.
1. Ovos contendolarva
Ovos contendo larvaL33contaminam
contaminam
2 água e/oualimentos;
água e/ou alimentos;
2. Ingestão
2. Ingestão dosdosalimentos
alimentos contaminados
contaminados
1 7 com os
com os ovos
ovoslarvados;
larvados;
3. Passagem do ovo pelo estômago e
3. Passagem do ovo pelo estômago e
8 liberação da larva L3 no intestino
liberação
delgado; da larva 3 no intestino delgado;
6 4.
4. Penetração
Penetração das daslarvas
larvasnanaparede
parede intestinal;
5. Larvas carregadas pelo sistema
intestinal;
porta atécarregadas
5. Larvas os pulmões; pelo sistema porta
atéLarvas
6. os pulmões;
sofrem muda para 4, sendo que
5 3 6. Larvas sofrem muda
posteriormente rompem paraosL4,capilares
sendo e
12 que posteriormente rompem os
caem nos alvéolos, sofrendo nova muda
capilares e caem nos alvéolos, sofrendo
(5).
novaMigração
muda (L5).das larvas para
Migração a faringe;
das larvas para
4 7. Expulsão
a faringe; das larvas pela expectoração
9 ou deglutinação
7. Expulsão das pela
das larvas mesmas;
expectoração
Fezes ouLarvas
deglutinação dasnovamente
mesmas; o duodeno
8. atingem
8. Larvas atingem novamente
transformando-se em adultos. o duodeno
Fêmeas,
9 transformando-se em adultos. Fêmeas,
11 após a cópula, iniciam a ovoposição.
após a cópula, iniciam a ovoposição.
9.
9. Eliminação dosovos
ovospelas
pelas fezes
10 Eliminação dos fezes e
econtaminação
contaminação do ambiente;
do ambiente;
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Ovo infértil 10
10 aa 12.
12.Evolução
Evoluçãodos dosovos
ovos férteis
férteis até se
até se tornarem
tornarem larvados,larvados,
com L3. com 3.
Ovo fértil

Ciclo de vida do Ascaris lumbricoides

Ancilostomose
Também conhecida por amarelão ou opilação, a ancilostomose é uma parasitose causada pelos vermes Ancylostoma duo-
denale e Necator americanus.
A ancilostomose causa no homem intensa anemia, variando a gravidade com o grau de infestação. Por isso, o indi-
víduo parasitado perde cor, tornando-se amarelado (daí o nome amarelão) e fraco. A redução de hemácias afeta o
transporte de oxigênio, afetando o coração e o cérebro, ocorrendo insuficiência cardíaca, sonolência, apatia e confu-
são mental. A profilaxia envolve higiene, saneamento básico e uso de calçados.

256
Filaríase ou elefantíase Enterobiose ou oxiurose
O causador da elefantíase é o verme Wuchereria bancrofti, A enterobiose ou oxiuríase é uma doença intestinal causada
os vermes adultos parasitam os gânglios e vasos linfáticos. pelo nematelminte Enterobius vermicularis, verme pequeno
No Brasil, o principal transmissor é o mosquito Culex fati- e filiforme (formato de fio). O sintoma mais típico é o intenso
gans, vulgarmente conhecido como pernilongo. A filariose prurido anal.
provoca edemas que causam deformações, principalmente
nos membros inferiores.

Ingestão de ovos com


I
embrião pela pessoa
2

Larvas eclodem no
intestino delgado
3

1
D Ovos nas pregas perianais
Adultos no
Larvas nos ovos maturam lúmen do
em 4 a 6 horas. coco. 4
I Estágio de Infecção
prenhas migram para
5 a região perianal à noi-
D Estágio de Diagnóstico te, botando os ovos

Ciclo de vida do Enterobius vermicularis

O bicho-geográfico
Animais silvestres, como o cão e o gato, apresentam parasitas específicos, cujas larvas infestantes só completam o ciclo
quando penetram no hospedeiro próprio. No homem, migrando e realizando um trajeto sinuoso no tecido subcutâneo.
Os agentes etiológicos são o Ancylostoma caninum e o Ancylostoma braziliense.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

257
U.T.I. - Sala mento da função cardíaca? Identifique o grupo ao qual
pertence o causador da doença, assim como os filos do
vetor e do hospedeiro.
1. (UNIFESP - adaptado) Considerando os mecanismos
de replicação do genoma viral, qual a principal diferen- 2. (UNIFESP) Cientistas criaram em laboratório um bac-
ça entre o vírus da gripe e o vírus que causa a Aids? teriófago (fago) composto que possui a cápsula protei-
ca de um fago T2 e o DNA de um fago T4. Após esse
2. Dentro da microscopia existe uma diferença eviden- bacteriófago composto infectar uma bactéria, os fagos
te entre o tamanho de vírus e de bactérias. Qual dos produzidos terão:
dois organismo tem sua ação bloqueada por uso de an-
tibióticos? E em que estruturas esses medicamentos a) a cápsula proteica de qual dos fagos? E o DNA,
podem agir? será de qual deles?
b) Justifique sua resposta.
3. (VUNESP) Ao longo do primeiro semestre de 2004, 3. (UNIFESP) Agentes de saúde pretendem fornecer um
jornais e estações de rádio e TV do interior do Estado de curso para moradores em áreas com alta ocorrência de
São Paulo noticiaram o aumento de casos de cães que tênias (Taenia solium) e esquistossomos (Schistosoma
apresentaram resultado positivo para os testes de de- mansoni). A ideia é prevenir a população das doenças
tecção do agente causador da leishmaniose. Em alguns causadas por esses organismos.
municípios, foram confirmados casos de leishmaniose
humana. Em algumas cidades, o combate à epidemia foi a) Em qual das duas situações é necessário alertar a
feito pela eliminação dos cães infectados. população para o perigo do contágio direto, pessoa a
pessoa? Justifique.
a) A que reino e filo pertence o organismo causador
b) Cite duas medidas – uma para cada doença – que
da leishmaniose?
dependem de infraestrutura criada pelo poder público
b) Como se transmite a doença e por que os cães para preveni-las.
infectados representam perigo ao homem?
4. (FUVEST) Os portadores do vírus HIV, agente causa-
4. (UFSJ - adaptado) As esponjas (poríferos), organis- dor da aids (síndrome da imunodeficiência adquirida),
mos primitivos na escala evolutiva, são insensíveis ao são tratados com os chamados coquetéis antivirais, que
toque. Já as anêmonas e os corais (cnidários) retraem- combinam drogas inibidoras da transcriptase reversa
-se quando os tocamos. A que você atribui esta dife- com drogas inibidoras de proteases.
rença comportamental nos dois grupos de animais? E
a) Por que a transcriptase reversa é essencial para
qual é a célula de defesa dos cnidários?
que o vírus HIV se multiplique?
5. Digestão somente intracelular, ausência dos sistemas b) Como o vírus HIV causa a imunodeficiência em
nervoso, excretor, circulatório, respiratório e órgãos re- humanos?
produtores e de locomoção também ausentes. São es- 5. (UNIRIO - adaptado) Lineu, em 1735, publicou um
sas as características de qual grupo? Dê um exemplo de trabalho apresentando um plano para classificação
animal desse grupo. de seres vivos. Nele estavam propostos o emprego de
palavras latinas e o uso de categorias de classificação
6. (UNICAMP - adaptado) A anemia falciforme é uma do- hierarquizadas. Deve-se também a Lineu a regra de no-
ença genética autossômica recessiva, caracterizada menclatura binominal para identificar cada organismo.
pela presença de hemácias em forma de foice e de- Seguindo as regras proposta por Lineu como devem ser
ficiência no transporte de gases. O alelo responsável escrito os nomes das espécies?
por essa condição é o HbS, que codifica a forma S
da globina. Sabe-se que os indivíduos heterozigotos 6. (UNESP - adaptado) Uma determinada moléstia que
para a HbS não têm os sintomas da anemia falcifor- pode causar lesões nas mucosas, pele e cartilagens é
me e apresentam uma chance 76% maior de sobrevi- transmitida por um artrópode e causada por um pro-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ver à malária do que os indivíduos homozigotos para tozoário flagelado. Qual é o nome da doença, do artró-
o alelo normal da globina (alelo HbA). Algumas regi- pode transmissor e do agente causador?
ões da África apresentam alta prevalência de malária
e acredita-se que essa condição tenha influenciado a 7. (ESAL-MG) Em relação à malária, mencione a forma
frequência do alelo HbS nessas áreas. O que ocorre infectante do parasita e o gênero do transmissor.
com a frequência do alelo HbS nas áreas com alta
incidência de malária? Por quê? 8. (PUC-SP) Na espécie humana, ocorrem várias doenças,
cujos microrganismos causadores estão presentes no san-
gue de pessoas infectadas, podendo inclusive ser transmi-
U.T.I. - E.O. tidos através de transfusões ou por seringas usadas.
a) Cite duas dessas doenças que sejam causadas por
1. (UNESP - adaptado) A doença de Chagas atinge mi- protozoários, indicando para cada uma o nome do
lhões de brasileiros, podendo apresentar, como sintomas, parasita responsável.
problemas no miocárdio, que levam à insuficiência cardí- b) Escolha uma das doenças por você citadas e indi-
aca. Por que, na doença de Chagas, ocorre comprometi- que dois métodos para sua profilaxia.

258
9. (UNESP - adaptado) Considerando as doenças gripe, 12. (UFOP - adaptado) Monteiro Lobato criou o perso-
paralisia infantil, gonorreia, doença de Chagas, ama- nagem Jeca Tatu, o brasileiro do meio rural que andava
relão, cólera, tuberculose e febre amarela, responda: descalço e, por isso, era acometido por uma vermino-
quais delas são passíveis de tratamento com antibió- se que o deixava fraco, pálido (com características de
ticos? Por quê? anemia) e magro. Monteiro Lobato retratava o perso-
nagem: “ele está assim; ele não é assim”. Quais são os
10. (UFC) As verminoses ainda acometem uma grande vermes causadores dos sintomas apresentados pelo
parcela da população, principalmente as de baixa renda. personagem em questão?
Doenças como ascaridíase e amarelão (ancilostomose)
ainda são bastante comuns, principalmente em crianças. 13. (UNESP - adaptado) Maré vermelha deixa litoral em
alerta
a) Qual a característica comum a essas doenças em
relação ao seu modo de contágio? Uma mancha escura formada por um fenômeno conhe-
cido como “maré vermelha” cobriu ontem uma parte
b) Outras doenças bastante comuns são a teníase e a
do canal de São Sebastião (...) e pode provocar a morte
cisticercose, causadas por vermes do gênero Taenia. Qual
em massa de peixes. A Secretaria de Meio Ambiente de
a diferença entre essas duas doenças no que se refere ao
São Sebastião entrou em estado de alerta. O risco para
contágio e ao local de alojamento do parasita? o homem está no consumo de ostras e moluscos con-
11. (MACKENZIE - adaptado) As verminoses representam taminados.
um grande problema de saúde, principalmente nos paí- (Jornal “Vale Paraibano”, 01.02.2003.)
ses subdesenvolvidos. A falta de saneamento, de campa-
nhas de esclarecimento público, de higiene pessoal e de A maré vermelha é causada por qual organismo?
programas de combate aos transmissores leva ao apare-
cimento de milhares de novos casos na população bra- 14. Nos poríferos existem estruturas denominadas gêmu-
sileira. Cite três verminoses causadas por nematódeos. las. Explique o que são e para que servem.

U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

259
BIOLOGIA

1
CIÊNCIAS DA
BIOLOGIA 3
NATUREZA
e suas tecnologias

U.T.I.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA CELULAR

A análise do conteúdo celular revela a existência de com-


ponentes minerais e orgânicos.

Água
§ Solvente universal
§ Termorregulação
§ Transporte de células e de substâncias
§ Eliminação de excretas celulares
§ Função lubrificante

A quantidade de água varia de acordo com a taxa meta-


bólica. Quanto maior a atividade química (metabolismo) de Devido à tensão superficial, alguns insetos são capazes
de pousar sobre a água e não afundar-se.
um órgão, maior o teor hídrico.
A taxa de água, em geral, decresce com a idade e, final- § Adesão – a água tem a tendência de se unir à molé-
mente, com a espécie. Por exemplo, na espécie humana há culas polares.
64% de água, nas medusas 98% e nos esporos e semen- § Capilaridade – fenômeno físico resultante das intera-
tes vegetais, 15%. ções entre as forças de adesão e coesão da molécula
de água. Esse fenômeno é muito utilizado pelas plan-
Outras propriedades da água tas no transporte de substâncias da raiz até as folhas.

§ Coesão – Capacidade de uma substância permanecer


unida.
§ Tensão superficial

Sais minerais
Nos líquidos intra e extracelular, encontramos grande variedade de sais minerais dissociados em cátions e ânions.

Principais sais minerais


Componente dos ossos e dentes. Ativador de certas enzimas, participando de processos como a contração muscular e a
Cálcio (Ca2+) coagulação.

Magnésio (Mg2+) Faz parte da molécula de clorofila; é necessário, portanto, à fotossíntese.


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Presente na hemoglobina do sangue, pigmento fundamental para o transporte de oxigênio. Componente de substâncias
Ferro (Fe2+) importantes na respiração e na fotossíntese (citocromos e ferrodoxina).
Tem concentração intracelular sempre mais baixa que nos líquidos externos. A membrana plasmática, por transporte
Sódio (Na+) ativo, constantemente bombeia o sódio, que tende a penetrar por difusão. Importante componente da concentração
osmótica do sangue juntamente com o K+.
É mais abundante dentro das células. Por transporte ativo, a membrana plasmática absorve o potássio do meio externo.
Potássio (K+) Os íons sódio e potássio estão envolvidos nos fenômenos elétricos que ocorrem na membrana plasmática, na concen-
tração muscular e na condução nervosa.
Componente dos ossos e dentes. Está no ATP, molécula energética das atividades celulares. É parte integrante do DNA
Fosfato (PO4–3) e RNA, no código genético.

Cloro (Cl–) Componente dos neurônios (transmissão de impulsos nervosos).

Iodo (I )
– Entra na formação de hormônios tireoidianos.

262
Carboidratos
Entre os compostos orgânicos, aparecem os polímeros, moléculas gigantes (macromoléculas) formadas por uma cadeia de
moléculas chamadas de monômeros.
Podemos citar os seguintes polímeros: proteínas, ácidos nucleicos e polissacarídeos, cujos monômeros são, respectivamente,
aminoácidos, nucleotídeos e monossacarídeos.
Os glicídios são também conhecidos como açúcares, sacarídeos, carboidratos ou hidratos de carbono. São moléculas compostas
principalmente de carbono, hidrogênio e oxigênio. Apresentam fórmula geral CnH2nOn. São monossacarídeos importantes: gli-
cose, frutose, galactose, ribose e desoxirribose. A junção de dois monossacarídeos dá origem a um dissacarídeo. Quando temos
muitos monossacarídeos ligados, ocorre a formação de um polissacarídeo, tal como amido, glicogênio, celulose, quitina etc.
Os glicídios são a fonte primária de energia para as atividades celulares e possuem também funções estruturais.
PRINCIPAIS MONOSSACARÍDEOS
Carboidrato Papel biológico
Ribose (5C) Uma das matérias-primas necessárias à produção de ácido ribonucleico.

Desoxirribose (5C) Matéria-prima necessária à produção de ácido desoxirribonucleico (DNA).

É a molécula mais usada pelas células para obtenção de energia. Sintetizada pelos seres clorofilados, na fotossíntese. Abun-
Glicose (6C)
dante em vegetais, no sangue e no mel.
Frutose (6C) Muito comum em frutas e, também, apresenta papel fundamentalmente energético.
Galactose (6C) Um dos monossacarídeos constituintes da lactose do leite. Papel energético.

PRINCIPAIS DISSACARÍDEOS
Carboidrato Unidades Fontes Papel biológico
Sacarose glicose + frutose Cana-de-açúcar e beterraba Papel energético
Lactose glicose + galactose Leite Papel energético
Maltose glicose + glicose Vegetais Papel energético

PRINCIPAIS POLISSACARÍDEOS
Carboidrato Unidades Fontes Papel biológico
Amido (n) moléculas de glicose raízes e caules reserva energética vegetal
Celulose (n) moléculas de glicose parede de células vegetais sustentação
Glicogênio (n) moléculas de glicose fígado e músculos reserva energética animal
Quitina (n) moléculas de glicose exoesqueleto de artrópodes sustentação

No corpo, o fígado e o músculo são responsáveis por armazenar glicogênio e o sangue, pela glicose.

Lipídios hidrofóbico (contato com o meio não aquoso).


§ Esteroides: são os lipídeos que formam os hormônios
Compreendem um grupo muito heterogêneo, cuja caracte- sexuais (testosterona, progesterona, estradiol). Outro
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

rística comum é a insolubilidade em água e a solubilidade componente desse grupo é o colesterol. O colesterol
em solventes orgânicos. pode ser classificado quanto ao tipo de lipoproteína
que o transporta.
§ Glicerídeos (ácido graxo mais glicerol): compostos pe-
los óleos e as gorduras. A principal diferença entre os § LDL (lipoproteína de baixa densidade): leva o colesterol
óleos e as gorduras é que os óleos são de origem vege- até o sangue (colesterol “ruim”).
tal e a gordura, de origem animal. § HDL (lipoproteína de alta densidade): tira o colesterol
§ Cerídeos (ácido graxo mais glicerol de cadeias longas): do sangue (colesterol “bom”).
os principais representantes são as ceras. Exemplos: cera O acúmulo de LDL está vinculado com infarto do miocárdio,
do ouvido, maçã (proteção contra desidratação) e outros. pois o aumento de colesterol no sangue pode ocasionar o en-
§ Fosfolípideos (ácido graxo, glicerol e fosfato): princi- tupimento de artérias que nutrem o coração. Dessa forma, não
pais componentes da membrana plasmática. Possuem chega um aporte de oxigênio e nutrientes para as células car-
uma parte hidrofílica (contato com o meio aquoso) e díacas e essas entram em falência, o que caracteriza o infarto.

263
Funções gerais dos lipídios fracos, contribui para os sintomas da artrite, raquitismo,
osteomalácia (adultos). Encontrada no levedo, óleo de
§ Membrana plasmática fígado de bacalhau, gema de ovo, manteiga.
§ Energia § Vitamina E (tocoferol – antioxidante) – promove
§ Reserva energética a fertilidade. Previne o aborto. Atua no sistema nervoso
§ Vitaminas (A, D, E e K) involuntário, sistema muscular e músculos involuntários.
Previne a esterilidade do macho. Oxidação de ácidos
§ Hormônios (andrógenos, progesterona etc.)
graxos insaturados e enzimas mitocondriais. Encontra-
§ Prostaglandinas:ajudam na proteção contra a desseca-
da no óleo de germe de trigo, carnes magras, laticínios,
ção e excesso de transpiração.
alface, óleo de amendoim.
§ Isolamento térmico, elétrico e mecânico § Vitamina K (anti-hemorrágica) – a sua falta retarda
o processo de coagulação. Encontrada em vegetais ver-
Vitaminas des, tomate, castanha, espinafre, alface, repolho, couve,
óleos vegetais.
§ Vitamina A (antixeroftálmica) – evita a “cegueira
noturna”; xeroftalmina, “olhos secos” em crianças; ce-
gueira total. Pode ser encontrada em vegetais amarelos
Metabolismo celular
(cenoura, abóbora, batata-doce, milho), pêssego, necta- Podemos considerar mais duas ideias sobre metabolismo
rina, abricó, gema de ovo, manteiga, fígado. celular: anabolismo – reações químicas de síntese, que a
§ Vitamina B1 (tiamina) – evita a perda de apetite, fa- partir de moléculas menores produzem moléculas maiores;
diga muscular, nervosismo, beribéri (homem) e polineu- e catabolismo – reações químicas de degradação que
rite (pássaros). Encontrada em cereais na forma integral transformam moléculas grandes em unidades menores.
e pães, feijão, fígado, carne de porco, ovos, fermento de
padaria, vegetais de folhas. A glicose e o metabolismo
§ Vitamina B2 (riboflavina) – evita a ruptura da mu- Como já mencionado, a glicose é o combustível mais uti-
cosa da boca, lábios, língua e bochechas. Encontrada lizado pelos seres vivos, substância altamente energética
em vegetais de folhas (couve, repolho, espinafre etc.), cuja quebra no interior das células libera a energia arma-
carnes magras, ovos, fermento de padaria, fígado, leite. zenada nas ligações químicas e produz resíduos, entre eles
§ Vitamina B (PP – ácido nicotínico) – previne a gás carbônico e água.
inércia e falta de energia, nervosismo extremo, distúr- A energia liberada é utilizada na realização de ativida-
bios digestivos, pelagra (homem) e língua preta (cães). des metabólicas.
Encontrada no levedo de cerveja, carnes magras, ovos,
fígado, leite. A energia sob a forma de ATP
§ Vitamina B6 (piridoxina) – evita doenças de pele, Cada vez que ocorre a “desmontagem” da molécula de
distúrbios nervosos, inércia e extrema apatia. Encontra- glicose, a energia não é simplesmente liberada para o
da no lêvedo de cerveja, cereais integrais, fígado, carnes meio. Ela é transferida para outras moléculas – chama-
magras, peixe, leite. das de adenosina trifosfato (ATP) –, que servirão de
§ Vitamina B12 (cianocobalamina) – evita a anemia reservatórios temporários de energia.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

perniciosa. Encontrada no fígado, leite e seus derivados,


carnes, peixes, ostras e leveduras. Proteínas
§ Vitamina C (ácido ascórbico – antiescorbútica) –
As proteínas são polímeros, nos quais os monômeros são
previne escorbuto, inércia e fadiga em adultos, insônia
moléculas de aminoácidos (AA).
e nervosismo em crianças, sangramento das gengivas,
inflamações nas juntas, dentes alterados, escorbuto. En-
contrada em frutas cítricas (limão, lima, laranja), toma-
te, couve, repolho e outros vegetais de folha, pimentão,
morango, abacaxi, goiaba, caju.
§ Vitamina D (ergosterol – precursor da vitamina
D – antirraquítica) – atua no metabolismo do cálcio
e do fósforo. Mantém os ossos e os dentes em bom es-
Estrutura básica do aminoácido
tado. Previne o raquitismo, problemas nos dentes, ossos

264
A ligação química entre dois AA chama-se ligação peptídica, e acontece sempre entre o C do radical ácido de um AA e o
N do radical amina do outro AA. Veja a figura a seguir:

Formação da ligação peptídica


Os aminoácidos podem ser classificados em essenciais, quando não são produzidos pelo organismo e, portanto, devem
estar presentes em sua dieta; e naturais, quando podem ser produzidos pelo organismo.
Aminoácidos naturais Aminoácidos essenciais
Asparagina (Asn) Prolina (Pro) Cisteína (Cis) Metionina (Met) Triptofano (Tri)
Glutamina (Gln) Alanina (Ala) Tirosina (Tir) Isoleucina (Iso) Valina (Val)
Arginina (Arg) Glutamato (Glu) Serina (Ser) Leucina (Leu) Treonina (Tre)
Histidina (His) Aspartato (Asp) Glicina (Gli) Lisina (Lis) Fenilalanina (Fen)

Apesar de existirem somente 20 AA, o número de proteínas possível é praticamente infinito. As proteínas diferem entre si
devido à quantidade de aminoácidos na molécula, aos tipos presentes e a sua sequência na molécula. Duas proteínas podem
ter os mesmos AA nas mesmas quantidades, porém, se a sequência dos AA for diferente, as proteínas serão diferentes.

Estrutura proteica A especificidade das enzimas é explicada pelo modelo da


chave (reagente) e fechadura (enzima). As enzimas são
A sequência dos AA na cadeia polipeptídica é o que cha- reutilizáveis, ou seja, a mesma molécula pode ser usada
mamos de estrutura primária da proteína. diversas vezes. Um inibidor enzimático tem forma seme-
lhante ao substrato (reagente). Encaixando-se na enzima,
As estruturas secundária e terciária são resultantes da
bloqueia a entrada do substrato, inibindo a reação química.
interação entre aminoácidos não adjacentes, principalmen-
te por ligações de hidrogênio: a secundária é a mudança Cinética enzimática
de conformação local da cadeia polipeptídica, enquanto a A temperatura, o pH e a concentração do substrato são
terciária é a sua conformação tridimensional. fatores importantes na determinação da velocidade da
atividade enzimática.
Desnaturação proteica
Vários fatores, tais como temperatura, grau de acidez (pH),
concentração de sais e outros podem alterar a estrutura
espacial de uma proteína, sem alterar a sua estrutura pri-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

mária. Mas a principal consequência é a perda do papel


biológico. Esse fenômeno é chamado de desnaturação.

Funções das proteínas


Uma das funções das proteínas é a função estrutural, pois
fazem parte da arquitetura das células e tecidos dos or-
ganismos. Além da função estrutural, as proteínas atuam
como enzimas ou biocatalisadoras das reações bioquímicas
que ocorrem nas células. Diminuem a energia de ativação
requerida pelas reações, tornando-as mais espontâneas e
aumentando suas velocidades.
Uma mesma enzima não catalisa duas reações diferentes.

265
Hormônios Funções
São substâncias químicas que desempenham a função de O DNA é o material genético propriamente e possui duas
mensageiras e apresentam diferentes naturezas químicas. propriedades fundamentais: replicação e transcrição.

Ácidos nucleicos: DNA Replicação (duplicação)


Ao final, há a produção de duas novas moléculas – filhas,
Composição química cada uma das quais com uma cadeia nova recém-sinteti-
zada e uma outra, que pertencia à molécula-mãe. Por esse
O ácido desoxirribonucleico (DNA) é um polímero defini- motivo, a replicação é chamada de semiconservativa, dado
do como polinucleotídeo, por ser constituído por uma que cada molécula-filha conserva na sua estrutura uma
sucessão de unidades menores, os nucleotídeos. das metades da molécula-mãe.
As bases nitrogenadas pertencem a duas categorias: pú-
ricas e pirimídicas. As púricas são a adenina (A) e a
guanina (G). As pirimídicas são a citosina (C) e a timina
(T). Observe a figura:

Relações de Chargaff
Modelo da Duplicação semiconservativa
A = T e C = G ou A/T = 1 e C/G = 1

Transcrição
Estrutura Na transcrição, o DNA cromossômico sintetiza o RNA nu-
clear, para o qual transcreve a sequência de nucleotídeos
“O corrimão da escada” é constituído por grupos fosfato representada pela mensagem genética. Saindo do núcleo,
ligados a desoxirriboses em uma ligação fosfodiéster. Cada o RNA leva a mensagem genética para os ribossomos.
degrau é formado por uma base púrica (A ou G) ligado a
uma base pirimídica (C ou T). Em cada degrau, as bases são
Ácidos nucleicos: RNA
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

unidas por ligações de hidrogênio.


Existem vírus que apresentam DNA formado por uma ca-
deia única de nucleotídeos. Evidentemente que, neste caso,
Estrutura
não ocorre a relação de Chargaff, pois as quantidades de A O RNA difere do DNA em três aspectos:
e T, bem como de C e G são diferentes. 1. Possui ribose (pentose), em vez de desoxirribose.
2. A base pirimídica uracila ou uracil substitui a timina,
Localização do DNA nas células que não existe no RNA.
3. Sua molécula é formada por apenas uma fita ou cadeia
Evidencia uma cor púrpura e indica os cromossomos no
simples. Portanto, não existe pareamento nem igualda-
núcleo. Pequena quantidade de DNA também é encontra-
de nas quantidades de bases.
da nos cloroplastos e mitocôndrias.
A enzima responsável pelo processo é a RNA-polimerase.

266
Tipos de RNA e suas funções O RNAm é a cópia da mensagem genética, ou seja, do
gene. É enviada para os ribossomos.
Existem três tipos de RNA: RNA-ribossômico (RNAr), RNA-
-mensageiro (RNAm) e RNA-transportador (RNAt), e todos O RNAt tem como função o transporte de aminoácidos do
estão relacionados com o processo da síntese proteica. hialoplasma para os ribossomos, onde são encadeados se-
quencialmente para formar uma proteína.
O RNAr, associado a nucleoproteínas, forma os ribossomos,
organoides citoplasmáticos granulares responsáveis pela
síntese de proteínas.

CÓDIGO GENÉTICO E SÍNTESE PROTEICA

O dogma central da Código genético


genética molecular No caso do código genético, existem quatro símbolos, re-
presentados pelos quatro tipos de nucleotídeos, abreviados
A relação DNA–RNA–proteínas é conhecida como o dog-
pela letra inicial: A, C, G e U.
ma central da genética molecular, que estuda as atividades
gênicas celulares por meio da ação dessas macromoléculas.
§ Replicação – é o processo de replicação do DNA,
Códons de iniciação e terminalização
na intérfase, que determina a divisão celular respon- A síntese de uma proteína é iniciada quando um ribos-
sável pelo crescimento, regeneração e reprodução somo se organiza, no RNAm, sobre o códon de iniciação
dos organismos. AUG. Esse códon codifica o aminoácido metionina (Met),
de forma que todas as proteínas começem com a metioni-
§ Transcrição – por meio da transcrição, o DNA forma
na. A cadeia termina quando o ribossomo atinge um dos
o RNA mensageiro (RNAm), para o qual transcreve a
três códons de terminalização ou finalização representados
mensagem genética, na verdade, uma receita para sín-
por UAA, UAG e UGA.
tese de uma proteína.
§ Tradução – na tradução, o ribossomo, de acordo com
as instruções codificadas no RNAm, seleciona e enca-
Propriedades do código genético
deia os aminoácidos, sintetizando a proteína. O código genético apresenta duas propriedades: degene-
ração e universalidade. Dizemos que o código é degenera-
do porque a maioria dos aminoácidos é codificada por dois
ou mais códons.
O código é universal porque cada códon codifica sempre
o mesmo aminoácido em qualquer organismo, inclusive
os vírus.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Etapas da síntese proteica


§ Transcrição
A primeira etapa da síntese proteica e, portanto, da ação
gênica, é a transcrição, que corresponde à formação do
RNA mensageiro. O gene que codifica uma proteína sinte-
tiza o RNAm. Destacando-se do DNA, o RNAm atravessa
um poro do envoltório nuclear, e atinge o citoplasma, em
que se associa a um ribossomo, formando um molde para
a síntese de uma proteína.
Modelo da ação gênica

267
§ Tradução
Mutação
Conceito
A mutação gênica é uma mudança na estrutura do gene.
Consiste numa alteração na sequência de bases do DNA
ocorrida por um erro no processo de replicação. A mutação
pode alterar o código genético e, consequentemente, uma
característica do organismo.

Tipos de mutação
§ Substituição – consiste na substituição de uma base
por outra, transição, que é a substituição de purina
por purina (A por G ou G por A) ou pirimidina por pi-
rimidina (C por T ou T por C); e transversão, que é a
troca de purina por pirimidina ou vice-versa.
§ Deleção ou deficiência – é a perda de bases.
§ Inserção – é a colocação de um ou mais nucleotídeos.

Modelo representativo da tradução

INTRODUÇÃO À CITOLOGIA

Teoria celular teriam aparecido o retículo endoplasmático, o aparelho de


Golgi, os lisossomos e as mitocôndrias. Pelo mesmo proces-
§ Todos os organismos vivos são formados por células. so surgiria a membrana nuclear, principal característica das
§ Todas as reações metabólicas de um organismo ocor- células eucariontes.
rem em nível celular.
§ As células originam-se unicamente de células preexistentes. Teoria da simbiose de procariontes
§ As células são portadoras de material genético. (teoria endossimbiótica)
Segundo essa teoria, alguns procariontes passaram a viver
Origem das células
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

em simbiose no interior de alguma célula, criando células


mais complexas e mais eficientes. Vários dados apoiam a
A questão da origem das células está diretamente relacio- suposição de que as mitocôndrias e os cloroplastos surgi-
nada com a origem da vida em nosso planeta. ram por esse processo.

Teoria da invaginação da membrana Teoria mista


plasmática (teoria de Robertson)
É possível que as organelas que não contêm DNA, como o
Por mutação genética, alguns procariontes teriam passado retículo endoplasmático e o aparelho de Golgi, tenham se
a sintetizar novos tipos de proteínas, e isso levaria ao desen- formado a partir de invaginações da membrana celular, en-
volvimento de um complexo sistema de membranas, que, quanto as organelas com DNA (mitocôndrias, cloroplastos)
invaginando-se da membrana plasmática, teria dado origem apareceram por simbiose entre procariontes.
às diversas organelas delimitadas por membranas. Assim,

268
Organização celular de seres procariontes e eucariontes
COMPARAÇÃO ENTRE PROCARIONTES E EUCARIONTES
Procariontes Eucariontes
Organismo Bactéria e cianobactéria Protoctistas, fungos, plantas e animais

Tamanho
Geralmente de 1 a 10 micrômetros Geralmente de 5 a 100 micrômetros
da célula
Metabolismo Aeróbico ou anaeróbico Aeróbico e anaeróbico
Núcleo, mitocôndrias, cloroplastos, retículo
Organelas Ribossomos endoplasmático, complexo de Golgi,
lisossomos, ribossomos, centríolos
Longas moléculas de DNA contendo muitas regiões não
DNA DNA circular no hialoplasma
codificantes: envolvidas por uma membrana nuclear
RNA sintetizado e processado no núcleo,
RNA e proteína Sintetizados no mesmo compartimento: hialoplasma
proteínas sintetizadas no citoplasma
Ausência de citoesqueleto, fluxo citoplasmáti- Citoesqueleto composto de filamentos de proteínas, fluxo
Citoplasma co, ausência de endocitose e exocitose citoplasmático, presença de endocitose e exocitose
Divisão celular Cromossomos se separam ligados ao mesossomo Cromossomos se separam pela ação do fuso do citoesqueleto

Organização
Maioria unicelular Maioria multicelular, com diferenciação de muitos tipos celulares
celular
Tempo de
Cerca de 3 bilhões de anos Cerca de 1 bilhão de anos
existência

A organização da célula carioteca. No citoplasma estão presentes um complexo sis-


tema membranoso, organelas membranosas e granulares,
A membrana plasmática além de estruturas proteicas microtubulares e microfilamen-
tosas, que conferem forma à célula.
A membrana plasmática “seleciona” as substâncias que en-
tram na célula e dela saem, de acordo com suas necessida-
des. Diz-se, portanto, que ela possui permeabilidade seletiva.
Membrana plasmática
Consiste de uma dupla camada contínua (uma bicamada) de
O citoplasma e os organoides celulares moléculas de lipídios, na qual as proteínas estão embebidas.

O citoplasma é o constituinte celular mais volumoso; for- Existem três classes principais de moléculas lipídicas da
mado pelo citosol e pelos organoides celulares. membrana: fosfolipídios, esteróis e glicolipídios.
As proteínas de membrana são responsáveis pela maioria
O núcleo das funções, tal como o transporte de pequenas moléculas
Situado, geralmente, na parte central da célula, o núcleo hidrossolúveis pela bicamada lipídica.
apresenta uma membrana, a carioteca, que envolve o cario- Conclui-se, portanto, que a membrana é relativamente fluida,
plasma, líquido (cariolinfa ou nucleoplasma) no qual estão pois as moléculas de proteínas apresentam certa liberdade
imersos o nucléolo e os cromossomos, onde encontram-se de movimentação. Por isso, o modelo de Singer e Nicholson
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

os genes, elementos responsáveis pela coordenação das di- é denominado mosaico fluido.
versas atividades celulares, constituídos por DNA.
Especializações da membrana
A célula procariótica § Microvilosidades
Possui estrutura celular muito simples. Está presente a § Invaginações de base
membrana plasmática e o material genético (cromatina) § Especializações de contato
aparece disperso no hialoplasma, onde a única organela
§ Desmossomos
presente é o ribossomo.
§ Interdigitações
A célula eucariótica § Junções estreitas ou oclusivas
Possui estrutura celular mais complexa, apresentando mem- § Junções comunicantes ou nexos
brana plasmática, o citoplasma e o núcleo envolvido pela § Glicocálix e reconhecimento intercelular

269
Parede celular § Osmose – transporte de água através de uma mem-
brana semipermeável.
A parede celular é uma estrutura rígida. Por isso, as cé-
lulas que a possuem têm menos possibilidade de modi- Transporte ativo (com gasto de energia)
ficar sua forma.
§ Bomba de sódio e potássio
As funções da membrana plasmática
§ Manutenção da integridade celular
§ Reconhecimento intercelular
§ Permeabilidade seletiva

A permeabilidade seletiva e os
transportes de membrana
Transporte passivo (sem gasto de energia)
Funcionamento da bomba Na+ / K+ ATPase.
§ Difusão passiva – neste processo não há consumo
de energia.
§ endocitose (fagocitose ou pinocitose)
§ Difusão facilitada – algumas substâncias passam
§ exocitose (excreção ou secreção)
através da membrana, por transporte passivo, contan-
do, para isso, com o trabalho de proteínas carreadoras
ou permeases (proteínas transportadoras).

CITOPLASMA

Organelas citoplasmáticas Ribossomos Membranas

Ribossomos
São as organelas que sintetizam as proteínas. O ribossomo
consiste em RNA ribossômico e nucleoproteínas estruturais.

Retículo endoplasmático
É uma rede de estruturas tubulares e vesiculares acha- O retículo endoplasmático com suas cisternas.
tadas, sendo que os túbulos e as vesículas são interco-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

nectados uns aos outros. Pode ser dividido em rugoso


(região do retículo endoplasmático em que estão aderi-
Complexo de Golgi
dos vários ribossomos, e que portanto tem capacidade Formado por camadas empilhadas de delgadas vesículas
de sintetizar proteínas) e liso. achatadas.

Funções do retículo endoplasmático Funções do complexo de Golgi


§ Produção de lipídios § Secreção de enzimas digestivas

§ Desintoxicação § Formação do acrossomo do espermatozoide

§ Armazenamento de substâncias § Síntese de glicoproteínas

§ Produção de proteínas § Síntese de glicolipídios

270
§ Formação da lamela média em células vegetais
Peroxissomos
§ Formação do lisossomo
Contêm oxidases e não hidrolases. Enzimas que degradam
gorduras e aminoácidos têm também grande quantidade
da enzima catalase, que converte o peróxido de hidrogênio
(água oxigenada) em água e gás oxigênio.

Mitocôndrias
São formadas por duas bicamadas lipídicas: uma membra-
na externa e uma membrana interna.
As mitocôndrias produzem moléculas de ATP.

Plastos
São orgânulos citoplasmáticos encontrados nas células de
plantas e de algas.
Formação da lamela média em células vegetais
recém-formadas (isso é legendada)
Centríolos
Lisossomos São estruturas citoplasmáticas que estão presentes na maio-
ria dos organismos eucariontes, não ocorrendo nos vegetais
São vesículas responsáveis pelo processo de digestão in-
superiores, fungos complexos e nematoides.
tracelular.
§ Tipos de lisossomo: Função dos centríolos
1. Lisossomo primário;
§ Orientar a divisão celular
2. Lisossomo secundário;
3. Corpúsculo residual; § Originar cílios e flagelos
4. Vacúolo autofágico.
Autofagia – quando os lisossomos digerem uma partícu-
Citoesqueleto
la pertencente à própria célula. O citoplasma de uma célula eucariótica é sustentado e or-
Heterofagia – quando a partícula digerida pelos lisosso- ganizado por um citoesqueleto de filamentos intermediá-
mos é proveniente do meio extracelular. rios, microtúbulos e filamentos de actina.

NÚCLEO
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A intérfase é o período que separa duas divisões e carac-


teriza-se por intensa atividade celular. O envoltório nuclear
Heterocromatina
Carioplasma
Carioteca e o nucleoplasma
(envoltório
nuclear) Também chamado de envelope nuclear, é constituído por
uma dupla membrana com duas lâminas, externa e in-
Poro terna, separadas pelo espaço perinuclear e providas de
uma série de poros. Os poros do envoltório intervêm na
regulação das trocas entre o núcleo e o citoplasma.

Eucromatina Nucléolo

Composição do núcleo celular durante a intérfase

271
O nucléolo A forma do cromossomo
Nucléolos são corpúsculos intranucleares ricos em RNA ri-
1. Telocêntrico
bossômico. A função do nucléolo é a produção dos ri-
2. Acrocêntrico
bossomos. 3. Submetacêntrico
4. Metacêntrico

A cromatina 1 2 3

1. Telocêntrico
4

No núcleo interfásico, os filamentos de DNA (cromonemas) 2. Acrocêntrico


estão representados por um amontoado de grânulos e fila- 3. Submetacêntrico
mentos dificilmente observados ao microscópio óptico. As 4. Metacêntrico
porções enroladas são chamadas de condensadas, e as dis- Tipos de cromossomo
tendidas, descondensadas. Os cromonemas são constituí- 1 2
dos por DNA e proteínas básicas, chamadas de histonas. A duplicação dos cromossomos
A eucromatina aparece descondensada na intérfase, A duplicação cromossômica é feita longitudinalmente e
sendo geneticamente ativa, ou seja, capaz de produzir o acontece no período S.
RNA-mensageiro. A heterocromatina apresenta-se con-
densada, sendo chamada de inativa por não produzir o
RNA-mensageiro.
O número de cromossomos
e a ploidia
A estrutura cromossômica A célula que possui apenas um conjunto simples de cromos-
somos é dita haploide, ou seja, tem apenas um único exem-
Cada cromossomo é constituído por uma única molécula plar de cada tipo de cromossomo. Pode-se dizer, também, que
de DNA associada a proteínas. apresenta apenas um genoma, que é o conjunto das molé-
culas de DNA que a célula possui. Lembre-se que uma molé-
cula de DNA é equivalente geneticamente a um cromossomo.
A célula diploide possui dois conjuntos de cromossomos,
ou pares de homólogos ou, ainda, dois genomas. O geno-
ma é representado por (n).

DIVISÃO CELULAR: MITOSE

Ciclo celular e mitose filamentos de cromatina. Nesta fase, cada filamento ou


molécula de DNA aparece constituído por duas cromátides
O ciclo compreende duas etapas: intérfase e mitose ou unidas pelo centrômero.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

divisão celular. Durante a G2, em menor escala, a célula novamente cres-


ce e sintetiza proteínas necessárias para a divisão celular,
A intérfase como os microtúbulos que formarão o fuso mitótico. A se-
Na intérfase, distinguimos três fases designadas por: G 1, guir, a célula entra em M, etapa que corresponde à divisão
S e G 2. celular, ou mitose.
A fase G 1 (do inglês gap, intervalo) é caracterizada por
dois processos: crescimento e diferenciação. Nesta fase, Características e funções da mitose
acontece a síntese de proteínas, processo que depende da A mitose é o processo de divisão celular que permite a distri-
atividade dos genes. buição dos cromossomos e dos constituintes citoplasmáticos
Em S (S de síntese), há a síntese de DNA, permitindo a da célula-mãe, equitativamente, entre as duas células-filhas.
replicação da molécula e a consequente duplicação dos A mitose é dividida em duas etapas: a cariocinese, ou divi-

272
são do material genético do núcleo, e a citocinese, ou divi-
são do citoplasma. A cariocinese é um processo dividido em U.T.I. - Sala
quatro fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase. 1. O esquema abaixo representa uma célula animal.

Variação da quantidade de
DNA no ciclo celular
PrófasePrófase
até anáfase
e metáfase

Telófase
Anáfase e citocinese
Quantidade de DNA

Cite os nomes das estruturas em 1, 2, 3, 4 e 5 e uma


Telófase
função de cada.

2. (UNIFESP - adaptado) Acidentes cardiovasculares es-


tão entre as doenças que mais causam mortes no mun-
do. Há uma intricada relação de fatores, incluindo os
hereditários e os ambientais, que se conjugam como
G1 S G2 Tempo
fatores de riscos. Considerando os estudos epidemioló-
gicos até agora desenvolvidos, altas taxas de colesterol
Na variação da quantidade de material genético no ciclo celular, note
como, na mitose, a quantidade de DNA se mantém ao final da divisão.
no sangue aumentam o risco de infarto do miocárdio.
a) Em que consiste o “infarto do miocárdio” e qual a
relação entre altas taxas de colesterol e esse tipo de

A mitose e as organelas acidente cardiovascular? Qual tipo de colesterol está


envolvido e por quê?
b) Considerando a relação entre os gases O2 e CO2 e
citoplasmáticas o processo de liberação de energia em nível celular,
explique o que ocorre nas células do miocárdio em
Organelas que se autoduplicam, como é o caso de cloro- uma situação de infarto.
plastos e mitocôndrias, dobram a cada ciclo celular e são 3. (UNIFESP - adaptado) No ano de 2009, o mundo foi
distribuídas pelas células-filhas. alvo da pandemia provocada pelo vírus Influenza A
(H1N1), causando perdas econômicas, sociais e de vidas.
O referido vírus possui, além de seus receptores protei-

Diferenças entre a mitose cos, uma bicamada lipídica e um genoma constituído de


8 genes de RNA. Considerando:
1. a sequência inicial de RNA mensageiro referente a
animal e a vegetal um dos genes deste vírus:
5’ AAAUGCGUUACGAAUGGUAUGCCUACUGAAU 3’
§ Mitose astral e anastral 2. a tabela com os códons representativos do código
genético universal:
§ Citocinese
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

273
Qual será a sequência de aminoácidos que resultará da
tradução da sequência inicial de RNA mensageiro, refe- U.T.I. - E.O.
rente a um dos genes deste vírus indicada em 1?
1. (UNIFESP - adaptado) Recomenda-se frequentemente
4. (UNIFESP) O esquema representa parte da membrana aos vestibulandos que, antes do exame, prefiram alimen-
plasmática de uma célula eucariótica. tos ricos em carboidratos (glicídios) em vez de gorduras
(lípidios), pois estas são digeridas mais lentamente. Além
da função energética, os carboidratos exercem também
funções estruturais, participando, por exemplo, dos siste-
mas de sustentação do corpo de animais e vegetais.
Cite duas estruturas, uma no corpo de um animal e ou-
tra no corpo de um vegetal, em que se verifica a função
estrutural dos carboidratos.
2. (UFSCAR) Há exatamente dez anos, em 13 de abril de
a) A que correspondem X e Y? 1998, nasceu Bonnie, cria de um carneiro montanhês e
b) Explique, usando o modelo do “mosaico fluido” para da ovelha Dolly, o primeiro animal clonado a partir de
a membrana plasmática, como se dá a secreção de pro- uma célula adulta de outro indivíduo. O nascimento de
dutos do meio intracelular para o meio extracelular. Bonnie foi celebrado pelos desenvolvedores da técnica
de clonagem animal como uma “prova” de que Dolly era
5. (FUVEST) No desenho abaixo, estão representados dois um animal saudável, fértil e capaz de ter crias saudáveis.
cromossomos de uma célula que resultou da 1ª divisão
(Folha Online, 13.04.2008.)
da meiose de um indivíduo heterozigótico AaBb.
a) Apesar de gerar animais aparentemente “férteis
e saudáveis”, qual a principal consequência para a
evolução das espécies se a clonagem for realizada em
larga escala? Justifique sua resposta.
b) Como se denomina o conjunto de genes de um
organismo? Qual a constituição química dos genes?

3. (UNIFESP) Alguns antibióticos são particularmente


usados em doenças causadas por bactérias. A tetraci-
clina é um deles; sua ação impede que o RNA trans-
portador (RNAt) se ligue aos ribossomos da bactéria,
Esquematize esses cromossomos, com os genes men- evitando a progressão da doença.
cionados:
a) Que processo celular é interrompido pela ação da
a) no final da intérfase da célula que originou a célula tetraciclina? Qual é o papel do RNAt nesse processo?
do desenho. b) Em que local, na bactéria, ocorre a síntese do
b) nas células resultantes da 2ª divisão meiótica da RNAt? Cite dois outros componentes bacterianos en-
célula do desenho. contrados nesse mesmo local.
c) em todas as células resultantes da meiose que ori- 4. (FUVEST - adaptado) Abaixo está representada a se-
ginou a célula do desenho. quência dos 13 primeiros pares de nucleotídeos da re-
6. (UFPR - adaptado) Abaixo, pode-se observar a repre- gião codificadora de um gene.
sentação esquemática de uma membrana plasmática --- A T G A G T T G G C C T G ---
celular e de um gradiente de concentração de uma pe- --- T A C T C A A C C G G A C ---
quena molécula “X” ao longo dessa membrana.
A primeira trinca de pares de bases nitrogenadas à es-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

querda, destacada em negrito, corresponde ao aminoá-


cido metionina. A tabela a seguir mostra alguns códons
do RNA mensageiro e os aminoácidos codificados por
cada um deles.

Códon do RNAm Aminoácido


ACC treonina
AGU serina
AUG metionina
CCU prolina
CUG leucina
Descreva o transporte por difusão simples e facilitada, GAC ácido aspártico
relacione gasto energético e gradiente de concentração. GGC glicina
UCA serina
UGG triptofano

274
a) Escreva a sequência de bases nitrogenadas do RNA dispersos na superfície da água. Foi então medida a
mensageiro, transcrito a partir desse segmento de DNA. área ocupada por esses lipídios na superfície da água
b) Utilizando a tabela de código genético fornecida, e ficou constatado que ela correspondia ao dobro do
indique a sequência dos três aminoácidos seguintes à valor da superfície das hemácias.
metionina, no polipeptídio codificado por esse gene. a) Que conclusão foi possível depreender desse ex-
c) Qual seria a sequência dos três primeiros aminoácidos perimento, com relação à estrutura das membranas
de um polipeptídio codificado por um alelo mutante des- celulares?
se gene, originado pela perda do sexto par de nucleotí- b) Baseado em que informação foi possível chegar a
deos (ou seja, a deleção do par de bases T = A)? essa conclusão?
5. (UNIFESP) Muitas gelatinas são extraídas de algas. 10. (CEFET-MG) A ilustração abaixo refere-se à composi-
Tais gelatinas são formadas a partir de polissacarídeos ção celular de seres vivos
e processadas no complexo golgiense sendo, posterior-
mente, depositadas nas paredes celulares.
a) Cite o processo e as organelas envolvidos na for-
mação desses polissacarídeos.
b) Considerando que a gelatina não é difundida atra-
vés da membrana da célula, explique sucintamente
como ela atinge a parede celular.

6. (UNIFESP - adaptado) Parte da bile produzida pelo nos-


so organismo não é reabsorvida na digestão. Ela se liga Analisando a figura e a partir de seus conhecimentos
às fibras vegetais ingeridas na alimentação e é eliminada quais são as diferenças de uma célula animal e uma cé-
pelas fezes. Recomenda-se uma dieta rica em fibras para lula vegetal?
pessoas com altos níveis de colesterol no sangue. Qual é 11. (PUC) Preencha de forma correta as lacunas do texto.
a relação que existe entre a dieta rica em fibras e a dimi-
nuição dos níveis de colesterol no organismo? Justifique. No homem, a carência da vitamina ________ provoca a
chamada cegueira noturna, um problema visual caracte-
7. (UNIFESP) Uma fita de DNA tem a seguinte sequência rizado por dificuldade para enxergar em situações de luz
de bases 5’ATGCGT3’. fraca. Essa vitamina é necessária, pois associa-se a prote-
ínas dos bastonetes, os quais são células fotorreceptoras
a) Considerando que tenha ocorrido a ação da DNA- da _________, que permitem a visão da luminosidade.
polimerase, qual será a sequência de bases da fita
complementar? 12. (UFMG - adaptado) Segundo estudo feito na Eti-
b) Se a fita complementar for usada durante a trans- ópia, crianças que comiam alimentos preparados em
crição, qual será a sequência de bases do RNA resul- panelas de ferro apresentaram uma redução da taxa
tante e que nome recebe esse RNA se ele traduzir de anemia de 55% para 13%. Como pode ser explica-
para síntese de proteínas? da essa redução?
8. (UNESP) Um estudante colocou dois pedaços recém- 13. Preencha de forma correta as lacunas do texto.
-cortados de um tecido vegetal em dois recipientes, I e
II, contendo solução salina. Depois de algumas horas, Pessoas que sofrem de osteoporose apresentam a redu-
verificou que no recipiente I as células do tecido vege- ção de ________ no organismo, o que leva a fragilidade
tal estavam plasmolisadas. No recipiente II, as células dos ossos e pode causar fraturas. A dieta do paciente
mantiveram o tamanho normal. Qual a conclusão do deve ser rica em ________ e _______ .
estudante quanto:
14. Qual a diferença entre macronutrientes e micro-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) a concentração das soluções salinas nos recipien-


nutrientes?
tes I e II, em relação ao suco celular desse tecido?
b) O que significa dizer que em I as células estavam 15. (PUC-PR - adaptado) Analise as afirmações sobre avi-
plasmolisadas? taminoses ou doenças de carência, que são formas de es-
tados mórbidos, ou seja, são doenças causadas pela falta
9. (UFPR) O atual modelo de estrutura da membrana
ou carência de uma ou mais vitaminas no organismo:
plasmática celular é conhecido por modelo do mosai-
co fluido, proposto em 1972 pelos pesquisadores Sin- I. O escorbuto é uma doença que se instala pela falta
ger e Nicholson. Como todo conhecimento em ciência, de __________.
esse modelo foi proposto a partir de conhecimentos II. O raquitismo é uma doença que surge pela falta de
prévios. Um importante marco nessa construção foi ____________.
o experimento descrito a seguir. Hemácias humanas, III. A xeroftalmia, que pode levar à cegueira, é conse-
que só possuem membrana plasmática (não há mem- quência da falta de __________.
branas internas) foram lisadas (rompidas) em solução
de detergente, e os lipídios foram cuidadosamente IV. O beribéri é causado pela falta de ____________.

275
16. (UFRN - adaptado) Embora seja visto como um vilão,
o colesterol é muito importante para o organismo hu-
mano. Dê exemplos dessa afirmação.

17. (UERJ) O gráfico a seguir demonstra a distribuição


citoplasmática do número de ribossomos isolados e po-
lirribossomos, em comparação com o número de cadeias
polipeptídicas em formação durante um certo período
de tempo.

a) Defina a relação existente entre os ribossomas iso-


lados e a formação das cadeias polipeptídicas. Justi-
fique sua resposta.
b) Descreva a estrutura das cadeias polipeptídicas e a
dos polirribossomos.

18. (UFF) O esquema a seguir representa a participa-


ção de organelas no transporte de proteínas de uma
célula eucariótica.

a) Nomeie as estruturas indicadas, respectivamente,


pelos números 1, 2, 3, 4, e 5, identificando as orga-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

nelas envolvidas na síntese de enzimas lisossomais.


b) Cite uma função de cada uma das estruturas 1, 2 e 5.

19. (UFRJ) A célula possui diversas organelas com fun-


ções próprias e que, muitas vezes, estão relacionadas
entre si. Dos processos como digestão intracelular, di-
fusão e transporte ativo, em qual deles a mitocôndria
tem participação imprescindível? Explique.

20. Como se dá a ligação peptídica?

276
FÍSICA

1
CIÊNCIAS DA
FÍSICA 1
NATUREZA
e suas tecnologias

U.T.I.
VETORES

Adição de vetores _​_ _​__ ​___›


​   ​² + ​ b ​ 
​ s ​ ​›  ​² = ​ a ​ 

​   ​² + 2 · ​ a ​ 
_​__
​   ​· ​ b ​ 

​___›
​   ​· cosu

Regra do polígono Subtração de vetores


_​__›
​___›
a ​​   
b ​​   
_​__›
a ​​   
​___›
b ​​   
_​__›
​___›
a ​​   
b ​​   

_​›_
s ​​   
​___›
-b ​​   
​___›
_​›_ ​___› ​___› d ​​   
s ​
​   = a ​
​   + b ​​   
_​__›
Regra do paralelogramo a ​​   
M
_​›_
x ​​   
P u
_​__› ​___› _​__› ​___› _​__›
​ d ​ 
​   ​² = ​ a ​ 
​   ​² + ​ b ​ 
​   ​² – 2 · ​ a ​ 
​   ​· ​ b ​ 
​   ​ cos u

_​›_
M Componentes de um vetor
x ​​    _​›_
P u s ​​   
y
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

_​›_
y ​​   
N _​›_ _​›_
 ​a ​ y   ​a ​  
A seguinte relação pode ser usada para calcular o módulo θ
da soma de dois vetores quaisquer. _​›_
 ​a ​ x  x
_​__› _​__›
a ​​    a ​​   
_​›_ ___› _​__› ___›
θ θ s ​​    a   = ax  + ay  

​___› ​___›
b ​​    b ​​    senθ = ay/a → ay = a · senθ
cosθ = ax/a → ax = a · cosθ

278
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS MOVIMENTOS

Velocidade escalar média v<0

S –S
___ ​ = _____
vm = ​ DS ​  2 1 ​  
Dt t2 – t1

Movimentos progressivo

© Rafael Schaffer Gimenes/Schäffer Editorial


e retrógrado
v>0
0 1 2 3 4 5

0 1 2 3 4 5

MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME (MRU)

As velocidades têm a mesma


​ DS ​ = constante i 0
v = vm = ___ 
Dt direção e mesmo sentido
vREL = |vMAIOR| – |vMENOR|

Função horária As velocidades têm a mesma


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

direção e sentidos contrários


​  DS ​  ​  DS ​ 
vm = ___ ä v = ___ vREL = |vMAIOR| + |vMENOR|
Dt Dt
Princípio de Galileu ou
S = S0 + v · t
princípio da independência
dos movimentos
Velocidade relativa
Em um corpo que está sob ação de vários movimentos
DS simultâneos, cada movimento é realizado como se os
vREL = ____
​  REL
 ​   outros não existissem.
Dt

279
vRES = vREL + vARR v2RES = v2REL + v2ARR

vRES = vREL – vARR v2RES = v2REL – v2ARR ou v2RES = v2REs + v2ARR

GRÁFICOS DO MRU

Gráfico horário do movimento § Retrógrado (v < 0): se o movimento é retrógrado,


a velocidade é negativa (reta decrescente) e a partícula
retilíneo uniforme se movimenta no sentido contrário da trajetória.

S = S0 + v ∙ t
v≠0

§ Progressivo (v > 0): se o movimento é progressi-


vo, a velocidade é positiva (reta crescente) e a partícula
se movimenta a favor da trajetória.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

V<0

Gráfico da velocidade do
movimento retilíneo uniforme

v = constante

280
Progressivo Propriedade do gráfico V × t

V>0

N
=

Retrógrado

V<0

MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO

Aceleração escalar média Funções horárias


v –v
am = ​ Dv
___ ​ = _____
​  2 1 ​ 
Dt t2 – t1 v = v0 + a ∙ t

Movimentos acelerado v + v0
vm = _____
​   ​   
2
e retardado

​ 1 ​ ∙ a ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

§ a > 0 e v > 0 ou a < 0 e v < 0 – o movimento é 2


acelerado (a e v têm o mesmo sinal).
§ a > 0 e v < 0 ou a < 0 e v > 0 – o movimento é
retardado (a e v têm sinais diferentes). Equação de Torricelli
Movimento retilíneo v2= v02+2a DS

uniformemente variado (MRUV)

Aceleração constante ⇒ a = am = ​ Dv


___ ​ 
Dt

281
GRÁFICOS DE MRUV

Gráfico da aceleração Propriedade do gráfico a × t


escalar em função do tempo

Propriedade do gráfico V × t

Gráficos da velocidade
escalar em função do tempo
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

=N

a = tgα = ​ Dv
___ ​ 
Dt =N

282
Gráfico da posição em
função do tempo

a > 0 ⇒ concavidade para cima


a < 0 ⇒ concavidade para baixo S’

S’

Aceleração escalar positiva: a > 0

Aceleração escalar negativa: a < 0

QUEDA LIVRE E LANÇAMENTO VERTICAL

Queda livre Lançamento vertical (Solo)


v
v = v0 + |g| ⋅ t tsubida = __
​  0  ​  
|g|

|g| ⋅ t²
S = S0 + v0 ⋅ t + ​  ____
 ​   tsubida = tdescida
2
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

v2
v² = v0² + 2 ⋅ |g| ⋅ DS hmáxima = _____
​  0   ​  
2 ∙ |g|

tqueda = 2 ⋅ tsubida
|g| ∙ t2
DS = ​ _____
   ​ 
2

_____

√​ 2∙DS
tqueda = ​ ____
g ​ ​   

283
LANÇAMENTO HORIZONTAL E OBLÍQUO

Lançamento horizontal
vy = v0y + |g| ∙ t ​ 1 ​  ∙ |g| ∙ t2
Sy = S0y + r0y ∙ t + __
2

______

vy2 = v0y2 + 2|g| ∙ ∆S √ 2 ∙ DSy


tqueda = ​ ______
​ 
|g|
 ​ ​ 
  

Sx = S0x + v0x ∙ t

Lançamento oblíquo do solo


cateto oposto __ v0y
senq = ___________
​  = ​  v  ​ ⇒ v0y = v0 ⋅ senq
 ​ 

hipotenusa 0

cateto adjacente __ v0x


cosq = _____________
​     ​  = ​  v  ​ ⇒ v0x = v0 ⋅ cosq
hipotenusa 0

A = S0x + v0x ∙ tqueda

Sx = S0x + v0x ∙ t

vy = v0y + |g| ∙ t

|g| ∙ t2
Sy = S0y + v0y ∙ t + _____
​   
2
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

vy2 = v0y2 + 2g DSy

tqueda = 2 ∙ tsubida

v0y
tsubida = tdescida = __
​   ​  
|g|

v2 = v0x2 + vy2

v20y
Hmáxima = _____
​    ​  
2 ∙ |g|

284
U.T.I. - Sala U.T.I. - E.O.
1. Um navio parte de um porto navegando 68 km em 1. Em uma brincadeira de caça ao tesouro, o mapa diz
direção leste. Em seguida, para atingir seu destino, na- que para chegar ao local onde a arca de ouro está en-
vega mais 100 km na direção norte. O comandante, ao terrada, deve-se, primeiramente, dar dez passos na di-
perceber um erro de cálculo na trajetória, desloca-se reção norte, depois doze passos para a direção leste,
mais 20 km na direção oeste e 36 km na direção sul, em seguida, sete passos para o sul, e finalmente oito
atingindo, assim, seu objetivo. Determine o desloca- passos para oeste.
mento total do navio em relação ao porto de origem.

2. Um ciclista, ao cruzar um bairro, percorre três ave-


nidas. A primeira avenida (2000 m), o ciclista percorre
com velocidade média de 10 m/s; a segunda avenida
(400 m), com velocidade média de 8 m/s; e a última ave-
nida (1800 m), com velocidade média de 12 m/s. Calcule
a velocidade média do ciclista para cruzar o bairro. A partir dessas informações, responda aos itens a seguir.
a) Desenhe a trajetória descrita no mapa, usando um
3. Dois carros se deslocam numa pista, ambos no mes- diagrama de vetores.
mo sentido e com velocidades constantes. O carro que
b) Se um caçador de tesouro caminhasse em linha
está na frente desenvolve uma velocidade de 28 m/s e
reta, desde o ponto de partida até o ponto de chega-
o que está atrás desenvolve uma velocidade de 33 m/s.
da, quantos passos ele daria?
Num certo instante, a distância entre eles é de 205 m.
Determine em quanto tempo ocorre a ultrapassagem e Justifique sua resposta, apresentando os cálculos en-
as distâncias percorridas por ambos os carros. volvidos na resolução deste item.

4. Um avião supersônico, partindo do repouso, é subme- 2. Um entregador de pizza ao fazer uma entrega, partiu
tido a uma aceleração constante de 5 m/s². Para fazer da pizzaria e percorreu uma distância de 6 km, até virar à
a decolagem, o avião tem que estar a uma velocidade esquerda em uma __ segunda rua, para então percorrer uma
de 200 m/s. Determine o intervalo de tempo necessário distância de 3​√3 ​ km até chegar ao ponto de entrega.
para o avião atingir a velocidade de decolagem e a dis- Dado que as ruas formam entre elas um ângulo de 30°,
tância percorrida na decolagem. determine a distância da pizzaria até ponto de entrega.

5. O gráfico abaixo descreve a posição de um móvel 3. Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, o corredor dos 100
em MRUV. Determine a aceleração e a velocidade ini- metros rasos Usain Bolt venceu a prova com o tempo de
cial do móvel. 9 segundos e 81 centésimos de segundo. Um radar foi
usado para medir a velocidade de cada atleta e os va-
lores foram registrados em curtos intervalos de tempo,
x(m) gerando gráficos de velocidade em função do tempo. O
gráfico do vencedor é apresentado a seguir.
10

U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

0 4,0 8,0 t(s)

6. Em uma cobrança de tiro de meta, o goleiro chuta a


bola a uma velocidade inicial de 20 m/s a um ângulo de
30º com a horizontal. Sabendo que o chute corresponde
a um lançamento oblíquo, determine o alcance máximo Considerando o gráfico de V × t, responda aos itens a seguir.
da bola. a) Calcule a quantidade de metros que Bolt percorreu
Dados: desde o instante 2,5 s até o instante 4,5 s, trecho no
qual a velocidade pode ser considerada aproximadamen-
• g = 10 m/s²
te constante.
• sen(30°) = 0,5 b) Calcule o valor aproximado da aceleração de Usain
• cos(30°) = 0,87 Bolt nos instantes finais da prova, ou seja, a partir de 9 s

285
4. Um carro com uma velocidade de 90 km/h passa pelo ao plano. Considerando que o projétil parte da origem do
km 360 de uma rodovia às 7h40min. Às 9h00min, o sistema de coordenadas, os deslocamentos serão dados
motorista reduz sua velocidade para 60 km/h, perma- em função do tempo (em segundos) por:
necendo assim até 10h40min. Determine a distância
x(t) = v0cos(θ)t e y(t) = v0sen(θ)t – ​​​ 1 __ 2 ​​​gt2
percorrida e a velocidade média do carro.
Fonte: <www.fisica.ufpb.br/prolicen/Cursos/Curso!/mr35Ip.html>
5. Um trem de 60 m de comprimento, com movimento
retilíneo uniforme, demora 1 minuto para ultrapassar a) Esboce o gráfico do deslocamento de y em função
completamente uma ponte de 180 m de comprimento. do tempo.
Qual é a velocidade escalar do trem? b) Qual valor mínimo da velocidade inicial v0 deve ser
imposto ao projétil para que, ao ser lançado com ângulo
6. Se um motorista percorrer uma distância d a 30 km/h, θ = 45°, ultrapasse a muralha de 18 metros__de altura
gastará 2 h a menos do que se a percorrer a 12 km/h. com 2 metros de folga? Use g = 10 m/s2 e √ ​​ 2 ​​  = 1,41.
Qual é o valor de d? c) A que distância da muralha a catapulta se encon-
tra, ou seja, qual o valor de d?
7. Maurício parte de São Paulo, com pretensão de viajar
11. Duas motos A e B passaram, simultaneamente, no
com velocidade constante igual a 80 km/h. Meia hora
instante t = 0, pela posição zero de uma mesma traje-
após a partida de Maurício, seu amigo Pedro parte do
tória retilínea. Suas velocidades escalares variam com o
mesmo lugar, para o mesmo destino. Pretendendo al-
tempo, segundo o gráfico abaixo. Determine o instante
cançar Maurício, Pedro pretende manter uma velocida-
da posição do encontro das motos.
de constante de 100 km/h. Em quanto tempo e em qual
distância de São Paulo, Pedro alcança Maurício? v(m/s) A
8. Um ônibus circular faz determinado percurso em
90 minutos, se manter uma velocidade média de 60
km/h. Quanto tempo seria economizado se o motoris- 8,0 B
ta fizesse o mesmo percurso com velocidade média de
75 km/h?
2,0
9. Em um feriado prolongado, uma família decide passar
uns dias na praia, a 200 km da capital. A mãe sai de casa 0 3,0 t(s)
às 14 h e mantém velocidade constante de 80 km/h. Às
14:45 h o pai sai, e mantém velocidade constante du- 12. Um automóvel passa por um ponto A com veloci-
rante todo o trajeto. Os dois chegam juntos na casa de dade v1 = 20 m/s, mantendo-a constante durante 5 s.
praia. Calcule a velocidade média do pai. Ao final desse intervalo de tempo, sua velocidade cai
instantaneamente para v2 = 10 m/s, que permanece
10. Os professores de História e de Física lançaram um constante por 15 s. A seguir, fica parada durante 20 s e,
desafio a uma turma de terceiro ano do Ensino Médio, finalmente, adquire aceleração constante a durante 10
para que compreendessem alguns métodos de comba- s, alcançando um ponto B.
te em larga escala. O professor de História descreveu Se a velocidade média é vm = 11 m/s (no percurso total),
alguns combates medievais, onde eram feitos cercos a determine a aceleração no último trecho.
castelos de grandes muralhas. Com o objetivo de causar
maior dano aos castelos e assim levá-los à rendição, os
13. Uma partícula inicialmente em repouso descreve
exércitos invasores faziam uso de grandes catapultas,
capazes de atirar enormes projéteis para dentro das um movimento retilíneo uniformemente variado e, em
muralhas dos castelos. 20 s, percorre metade do espaço total previsto. Qual é o
tempo necessário para a partícula percorrer a segunda
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O professor de Física forneceu o seguinte diagrama es- metade do trajeto?


quemático:
14. Um motorista dirige um carro com velocidade constan-
te de 80 km/h, em linha reta, quando percebe uma “lomba-
da” eletrônica indicando a velocidade máxima permitida
de 40 km/h. O motorista aciona os freios, imprimindo uma
desaceleração constante, para obedecer à sinalização e
passar pela “lombada” com a velocidade máxima permi-
tida. Observando-se a velocidade do carro em função do
tempo, desde o instante em que os freios foram acionados
até o instante de passagem pela “lombada”, podemos tra-
çar o gráfico abaixo. Determine a distância percorrida en-
A partir dele, explicou que os projéteis eram lançados tre o instante t = 0, em que os freios foram acionados, e o
com uma velocidade inicial v0 e um ângulo θ em relação instante t = 3,0 s, em que o carro ultrapassa a “lombada”.

286
Dê sua resposta em metros.

15. Um balão sobe verticalmente com movimento uni-


forme. Seis segundos após a partida, o piloto abando-
na uma pedra que alcança o solo 9 s após a saída do
balão. Determine (em metros) a altura em que a pedra
foi abandonada.

16. Um objeto é atirado verticalmente de baixo para


cima com velocidade v0 = 40 m/s. Uma pessoa situada a
75 m de altura o vê passar na subida e, após um intervalo
de tempo ∆t, o vê voltar. Desprezando a resistência do
ar e supondo a aceleração local da gravidade 10 m/s2,
o tempo ∆t decorrido entre as duas observações foi de:

17. Um canhão lança um projétil obliquamente, fazendo


um ângulo de 30° com a horizontal, de uma altura igual
a 55 m. Dado que a velocidade de lançamento é igual
a 100 m/s, determine o alcance horizontal do canhão.

18. Um projétil é lançado obliquamente no ar, com velo-


cidade inicial v0 = 40 m/s, a partir do solo. No ponto mais
alto de sua trajetória, verifica-se que ele tem velocidade
igual à metade de sua velocidade inicial. Qual a altura
máxima, em metros, atingida pelo projétil? (g = 10m/s2)

19. Um atleta, lançador de dardos, na última Olimpíada,


atingiu a marca de 62,5 m. Sabendo que, no instan-
te do lançamento, o ângulo formado pelo dardo e a
horizontal era de 45°, determine a velocidade inicial
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

do lançamento.

20. Um corpo foi lançado horizontalmente de uma al-


tura igual a 320 m com alcance horizontal de 200 m.
Determine a velocidade de lançamento do corpo.

287
FÍSICA

1
CIÊNCIAS DA
FÍSICA 2
NATUREZA
e suas tecnologias

U.T.I.
CALOR SENSÍVEL

Escalas termométricas Simplificando:

372 K u uf – 32
__
​  c ​ = ______
​   ​   
5 9

u uf – 32 ______
__
​  c ​  = ______
​   = ​  T – 273
 ​   ​  
T 5 9 5

Du DuF
___
​   ​c  = ___
​   ​  
5 9

272 K
Duc = DT

u – 0 _______
u – 32 u u – 32
​  a  ​ = ______
__ ​  c   ​ 
= ​  f   ä ___
 ​  ​  c  ​ = ______
​  f  ​   
b 100 – 0 212 – 32 100 180

Diagrama de aquecimento de água


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Capacidade térmica de um corpo (C)

Q
C = ___
​    ​  [ Q = C · Du
Du

290
Calor específico de uma Sistema termicamente isolado
substância (c)

Matematicamente:
Qrecebido = – Qcedido

Qrecebido + Qcedido = 0

Calorímetro real
Qcalorímetro = Ccalorímetro · Du
Ccalorímetro = E · cágua
C=m·c

Q = C · Du
Potência
Q
P = ___
​    ​ 
Q = m · c · Du Dt

MUDANÇAS DE ESTADO

Estado físico da matéria


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Calor latente de mudança de fase


Q = mtransformada · L

291
§ Unidades de L:
Usual: cal/g
S.I.: J/kg
O sinal de L está relacionado à absorção ou à liberação de calor pelo corpo:
L > 0, quando ocorre absorção de calor.
L < 0, quando ocorre liberação de calor.

Diagrama de aquecimento da água

Diagrama de resfriamento da água


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Sobrefusão ou superfusão

Na sobrefusão (ou superfusão), uma substância se encontra no estado


líquido com temperatura inferior a sua temperatura de solidificação.

292
Vaporização § F representa a pressão máxima de vapor (que depende
da temperatura); e
A ebulição é o processo de vaporização que acontece
§ f representa a pressão parcial de vapor na atmosfera
quando a substância atinge uma determinada temperatu-
(que caracteriza o grau de umidade).
ra. Esse processo é turbulento.
A evaporação acontece em qualquer temperatura nos
líquidos, no entanto, especificamente na sua superfície
livre. A água líquida, por exemplo, quando colocada em
um prato, desaparece após determinado tempo, ou seja, a
água é vaporizada (transforma-se em vapor) e misturada
aos outros gases da atmosfera.
A calefação é um processo rápido de vaporização e ocorre Mais energéticas: evaporação
Moléculas de vapor com pouca energia voltam ao líquido.
quando o aumento de temperatura é brusco. Esse processo Moléculas com pouca energia permanecem no líquido.
acontece, por exemplo, ao colocarmos pequenas quantida-
des de água em uma frigideira bem quente. A vaporização
da água nesse caso é bastante rápida, quase instantânea. Diagrama de fase
Evaporação Pressão e estado físico
§ Quanto maior a pressão atmosférica, menor será a
velocidade.
§ A atmosfera, pressionando a superfície do líquido, difi-
culta a vaporização.
§ Quanto mais o líquido for volátil, maior será a
velocidade.
§ Como a área livre é maior, mais moléculas estão nes-
Vapor
sa superfície, o que aumenta a probabilidade de haver
moléculas “escapando” da superfície do líquido.
§ Quanto maior for a temperatura do líquido, maior a
velocidade.
§ As moléculas, com temperatura maior e, portanto, mais
agitadas, têm maior velocidade e, consequentemente,
maior facilidade de “escapar”.
Líquido
§ Quanto mais úmido estiver o ar, maior será a pressão
parcial do vapor e menor será a velocidade. Substâncias mais comuns
Com o ar mais úmido, poderá ocorrer de as moléculas de O comportamento normal do volume em função do estado
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

vapor presentes no ar aderirem à superfície do líquido, físico está resumido na figura abaixo.
condensando-se.

mevaporação A · (F – f)
vevaporação = _______
​   ​   = K_______
​  p  ​   
Dt e

Onde:
§ K representa a volatilidade do líquido;
§ A representa área da superfície livre do líquido;
§ pe representa a pressão externa a que o líquido está
submetido;

293
Estado gasoso e temperatura crítica

Comportamento da água
Observando o diagrama de fases da água, é possível perce-
ber que a curva de fusão é decrescente. Assim, a tempera-
tura de fusão diminui com o aumento da pressão. Logo, é
possível derreter o gelo em uma temperatura menor, caso
ele esteja em uma pressão maior.

TRANSMISSÃO DE CALOR

Condução térmica Fluxo de calor na condução


térmica (lei de Fourier)
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Q
f = ___
​    ​ 
Dt

294
O fluxo de calor (f) que atravessa a barra é diretamente
proporcional à diferença de temperatura entre os extremos
(θ1 – θ2), à área de secção reta (A) e inversamente propor-
cional ao comprimento (L).

A ∙ (θ1 – θ2)
f = k · _________
​​   ​​    
L micro-ondas

Convecção
Convecção é o processo de transferência de calor por meio
do deslocamento de matéria do fluido de um local para outro.

Emissão de radiação
Foi constatado experimentalmente que todas as substân-
cias, a qualquer temperatura acima do zero absoluto, emi-
tem radiação e que a frequência de ondas mais emitidas é
proporcional à temperatura absoluta T.

Baixa temperatura
A convecção, juntamente com a diferença de calor específi-
co entre areia e água, também explica o sentido das brisas
nas proximidades da praia. Média

Alta temperatura

Absorção de radiação
Todo bom emissor de radiação também é um bom ab-
sorvedor. Além disso, os corpos com cores mais escu-
ras emitem e absorvem mais rapidamente a radiação.

U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Efeito estufa
Irradiação ou radiação
As ondas eletromagnéticas propagam-se no vácuo com ve-
locidade de c = 3 × 108 m/s e são classificadas de acordo
com suas frequências ou comprimentos de onda.
Além das ondas de calor infravermelho, as ondas de rádio,
as micro-ondas, a luz visível, a radiação ultravioleta, os raios
X e os raios gama também são ondas eletromagnéticas.

295
EXPANSÃO TÉRMICA DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS

Dilatação linear dos sólidos

∆L 50,1 – 50
tgv =___   aL0 = ​ _______ ​ 
​   ​  ⇒  
∆θ 100 – 0
0,1 0,001
DL = L – L0 ⇒ aL0 = ___
​    ​  ⇒ a = _____ ⇒
​   ​   
100 50
Dq = q – q0 ⇒ a = 2,10–5 °C–1

A experiência mostra que a variação de comprimento DL e a


variação de temperatura Dq são relacionadas por:
Dilatação superficial
DA = A – A0

DL = aL0 ⋅ Dq
DA = b ∙ A0 ⋅ Dq

a = ​ DL ​  1    ​
___ ​ ⋅ ___
L0 Dq

L = L0(1 + a ⋅ Dq)

dilatação relativa = ___


​ DL ​  
L0
___
DL
​   ​ = α ∙ Dθ b=2∙α
L0

Gráfico da dilatação linear A = A0[1 + b ∙ (θ – θ0)]


L(θ) = L0[1 + α ∙ (θ – θ0)]
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Gráfico da dilatação superficial

0
0

tgv = DL/Du = aL0 ​ ∆A ​ = b ∙ A0


tgv = ___
∆θ

296
Dilatação volumétrica Dilatação dos líquidos
DV = V – V0
Coeficientes de dilatação volumétrica
de alguns líquidos a 20 ºC
DV = g ∙ V0 ⋅ Dq Líquido g (ºC–1)
álcool etílico 1,2 ∙ 10–3
gasolina 0,95 ∙ 10–3
glicerina 0,5 ∙ 10–3
g=3∙α mercúrio 18,2 ∙ 10–3

V = V0[1 + g ∙ (θ – θ0)]

Gráfico da dilatação volumétrica


V (θ) = V0[1 + g ∙ (θ – θ0)]
DVlíquido = DVaparente + DVrecipiente

gaparente = glíquido – grecipiente

Dilatação anômala da água

​  ∆V ​ = g ∙ V0
tgv = ___
∆θ

LEI GERAL DOS GASES

Equação de Clapeyron p = 1 atm = 760 mmHg e T = 273 K (0 °C)


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

pV
___
​   ​ = constante
T
Transformações particulares
pV
___
​   ​ = R ⋅ n
T
ou p ⋅ V ______
_____ p ⋅ VB
​  A  ​A 
 = ​  B  ​  

TA TB
pV = nRT

Estado normal de um gás Transformação isotérmica


O estado normal de um gás é definido quando o gás
se encontra nas condições normais de temperatura e pres- pV = constante ou p1V1 = p2V2
são (CNTP).

297
T 2 > T1
T1

T 2 > T1
T1

Transformação isobárica
V V
​ V ​  = constante
__
ou
__
​  1 ​ = ​ __2 ​  Transformação adiabática
T T1 T2

p ⋅ Vg = constante

ou

p1V1g = p2V2g
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Mol
1 mol = 6,023 × 1023 partículas
Transformação isocórica
ou isovolumétrica NA = 6,023 × 1023 partículas/mol = 6,023 × 1023 mol–1

__p __p p
​   ​  = constante ou ​  1 ​ = ​ __2 ​ 
T T1 T2
​ m  ​
n = __
M

298
Mistura de gases perfeitos Lei das pressões parciais
n = n1 + n2
(lei de Dalton)
Sejam p, V, n e T as varáveis termodinâmicas da mistura, p ⋅ V ____
____ p’ ⋅ V ____
p” ⋅ V
​    ​  
= ​    ​  + ​    ​  
pela equação de Clapeyron temos que: T T T
p⋅V
n = ____
​   ​ 
R⋅T p = p' + p"
p ⋅ V ____
p ⋅ V ____
____ p ⋅V
= ​  1   1​ 
​    ​   + ​  2   2​ 
   
T T1 T2

PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

Trabalho realizado por um gás Energia interna


§ Se T aumenta, U aumenta.
§ Se T é constante, U é constante.
§ Se T diminui, U diminui.

​ 3 ​ nRT
U = __
2

​ 3 ​ pV
U = __
2
τG = pG ⋅ DV

pG Primeira lei da termodinâmica


pG

§ Se Q > 0, o sistema recebe calor.


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

§ Se Q < 0, o sistema perde calor.


§ Se τ > 0, o sistema se expande e o gás realiza trabalho.
§ Se τ < 0, o sistema se contrai e o trabalho é realizado
pG
sobre o gás.
Sendo U0 a energia interna inicial do sistema e Uf a energia
interna final, temos:
DU = Uf – U0

Portanto:
DU > 0 ⇔ Uf > U0
DU < 0 ⇔ Uf < U0

299
Transformações particulares § No caso de compressão isobárica, DV < 0 e
DU < 0, ou seja:

Q – t < 0  ou  Q < t


Transformação isotérmica
Q = τ + DU
DU = 0
⇒Q=τ Transformação adiabática
Q = t + DU
Transformação isocórica Q=0
⇒ DU = –t
Q = τ + DU
⇒ Q = DU § Se o gás sofrer uma compressão adiabática:
τ=0
Qv = m ∙ cV ∙ Δu DU = –t
t<0 ⇒ DU > 0
Ou, ainda, o calor molar à pressão constante CV. § Se o gás sofrer uma expansão adiabática:
QV = n ∙ CV ∙ Δu DU = –t
⇒ DU < 0
t>0
Transformação isobárica
​  V ​  = constante
__
T
§ V aumenta ⇒ T aumenta ⇒ U aumenta ⇒ DU > 0
§ V diminui ⇒ T diminui ⇒ U diminui ⇒ DU < 0
Q = τ + DU ⇒ DU = Q – τ

§ No caso de expansão isobárica, DV > 0 e DU > 0, ou


seja:

Q – t > 0  ou  Q > t

SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA

Transformação cíclica DUBC = QBC – tBC

DUCD = QCD – tCD

DUDA = QDA – tDA


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Em um ciclo: DUciclo = 0
Em um ciclo: Q = t
Ciclo horário: tciclo > 0
Ciclo anti-horário: tciclo < 0

tciclo = tABCDA = tAB + tBC + tCD + tDA


Qciclo = QABCDA = QAB + QBC + QCD + QDA
DUciclo = DUABCDA = DUAB + DUBC + DUCD + DUDA = 0
DUciclo = Qciclo – tciclo
DUAB = QAB – tAB Sentido horário

300
Ciclo de Carnot

Sentido anti-horário

Em um ciclo realizado no senti-


do horário: tciclo > 0 e Qciclo > 0

Em ciclo realizado no sentido anti-horário: 1. O gás recebe calor Q1 da fonte quente e sofre uma ex-
tciclo < 0 e Qciclo < 0 pansão isotérmica AB, à temperatura T1.
2. Expansão adiabática BC; o gás atinge a temperatura T2.
Segunda lei da termodinâmica 3. O gás fornece o calor Q2 à fonte fria e sofre uma com-
pressão isotérmica CD, à temperatura T2.
“O calor não pode fluir espontaneamente de um cor- 4. Compressão adiabática DA; o gás volta a seu estado
po de temperatura menor para um outro corpo de inicial, à temperatura T1.
temperatura mais alta.”
__|Q | T2
​  2 ​ = __
​   ​ 
Q1 T1
“O calor flui espontaneamente de um corpo quente
para um corpo frio. O inverso só ocorre com a realiza- T T1 – T2
h = 1 – __
​  2 ​ = _____
​   ​


ção de trabalho.” T1 T1

“É impossível, para uma máquina térmica que opera Máquinas frigoríficas


em ciclos, converter integralmente calor em trabalho.”

U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Q1 + |τ| = |Q2|
Esquema de uma máquina térmica

Q1 = τ + |Q2|

τ = Q1 – |Q2|
t
h = ​ __   ​ 
Q1
t |Q |
h =​  __   ​ = ​ Q1 - |Q2| ______ Q1 ​ ⇒ h = 1 – __
​  2 ​ 
Q1 Q1
t
Pu =​  __    ​
Dt

301
Eficiência de uma
máquina frigorífica
Q
e = __
​  1 ​  
Ciclo de Diesel
|t|
1. Uma compressão isentrópica, isto é, sem o aumento da
Q1 + |t| = |Q2| ou |t| = |Q2| – Q1 entropia do sistema (1-2).
2. Fornecimento de calor à pressão constante (isobárico)
Q1 (2-3).
e = ______
​     ​  
|Q2| – Q1
3. Expansão isentrópica, sem o aumento da entropia do
sistema (3-4).
Refrigerador de Carnot 4. Por fim, uma transformação isovolumétrica, enquanto o
Q |Q2| calor é cedido (4-1).
__
​  1 ​ = __
​   ​ 
T1 T2
Q1 T
eCarnot = ______
​  = _____
   ​  ​  1   ​ 
|Q2| – Q1 T2 – T1

Terceira lei da termodinâmica


As transformações naturais sempre resultam em
um aumento da entropia do universo.

Q
DS = __
​   ​ 
T
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

DS ≥ 0

Ciclo de Otto
1. Admissão isobárica (0-1).
2. Compressão adiabática (1-2).
3. Combustão isocórica (2-3).
4. Expansão adiabática (3-4).
5. Abertura de válvula (4-5).
6. Exaustão isobárica (5-0).

302
INTRODUÇÃO A ÓPTICA GEOMÉTRICA

Classificação dos Princípios da óptica geométrica


raios luminosos § Lei da propagação retilínea da luz
A luz se propaga em linha reta nos meios homogêneos e
transparentes.
§ Reversibilidade dos raios luminosos
Feixe paralelo
A trajetória seguida pelo raio de luz em um sentido é igual,
se o sentido do raio de luz for invertido.
§ Lei da Independência dos raios luminosos
A trajetória de um raio luminoso não é afetada por outro
Feixe divergente
que cruza essa trajetória. Os raios de luz seguem trajetórias
independentes, mesmo que se cruzem.

Propagação retilínea da luz


Feixe convergente

Classificação dos meios


Meio transparente

Sombra e penumbra
Meio translúcido

U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Meio opaco

303
Eclipse solar A cor de um corpo

Eclipse lunar

Câmara escura de orifício

_​  y  ​ = __
y'
x ​ x'  ​

Reflexão e refração da luz


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

304
U.T.I. - Sala 5. O gráfico p × T abaixo representa 4 transformações
termodinâmicas sofridas por um gás ideal. Na transfor-
mação 1 → 2 são adicionados 400 J de calor ao gás,
1. Quando o Sol está a pino, uma menina coloca um lápis levando esse gás a atingir a temperatura de 350 K no
de 7,0 × 10-3 m de diâmetro, paralelamente ao solo e ponto 2.
observa a sombra por ele formada pela luz do Sol. Ela
nota que a sombra do lápis é bem nítida quando ele está
próximo ao solo, mas, à medida que vai levantando o lá-
pis, a sombra perde a nitidez até desaparecer, restando
apenas a penumbra. Sabendo-se que o diâmetro do Sol é
de 14 × 108 m e a distância do Sol à Terra é de 15 × 1010
m, pode-se afirmar que a sombra desaparece quando a
altura do lápis em relação ao solo é de (em m)?

2. Um professor de Física decidiu criar uma escala ter-


mométrica, utilizando para isso um composto líquido
“x” desconhecido. Após criar a escola termométrica, o Determine:
professor fez a medição dos pontos de fusão e ebulição a) a variação da energia interna do gás no processo
da água, em sua escala termométrica denominada es- 1 → 2;
cala Z. O gráfico abaixo determina os pontos anotados b) a temperatura do gás no ponto 5;
pelo professor. Após o experimento o professor deter- c) a variação da energia interna do gás em todo o
minou o calor específico no estado líquido “x” e o calor processo termodinâmico 1 → 5.
latente de vaporização do líquido.
6. Um motor de Carnot opera entre duas fontes de tem-
peraturas a 200 ºC e 20 ºC, respectivamente. Se o traba-
lho desejado for de 15 kJ, determine a transmissão de
calor do reservatório de temperatura alta e a transmis-
são de calor para o reservatório de temperatura baixa.

Th = 200 ºC

Motor

• Dados:
• cx = 0,8 cal/g °C
• Lvx = 30 cal/g TL = 20 ºC
• θvaporização(x) = 80 °C

a) Obtenha uma equação de conversão entre as es-


calas Z e Celsius. U.T.I. - E.O.
b) Determine a quantidade de calor necessária 1. (UFPR 2018) No desenvolvimento de uma certa má-
para vaporizar 50 g do líquido em questão, inicial- quina térmica, o ciclo termodinâmico executado por um
mente a uma temperatura igual a 20 °C. gás ideal comporta-se como o apresentado no diagra-
3. Um abrigo na região da Antártida é mantido em uma ma P × V (pressão × volume) a seguir.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

temperatura de 20 °C devido ao uso de um aquece-


dor elétrico. As paredes do abrigo são todas compos-
tas pelo mesmo material, de condutividade térmica
k = 0,05 J/s.m. °C e de espessura « = 26 cm. Dado que as
dimensões do abrigo são 2 · 3 · 4 m3 e a temperatura fora
do abrigo é de –40 °C, determine a potência do aquece-
dor para manter o abrigo na temperatura de 20 °C.

4. Um recipiente de vidro encontra-se completamente


cheio de um líquido a 0 °C. Quando se aquece o con- a) Qual o trabalho realizado pelo gás durante o
junto até 80 °C, o volume do líquido que transborda processo AB?
corresponde a 4% do volume que o líquido possuía a 0 b) Sabendo que a temperatura do gás no ponto B vale
°C. Sabendo que o coeficiente de dilatação volumétrica TB = 300 K, determine a temperatura do gás no ponto C.
do vidro é 27 · 10–6 °C–1, determine o coeficiente de di- c) O processo DA é isotérmico. Qual a variação de
latação real do líquido. energia interna do gás nesse processo?

305
2. Uma pessoa deseja resfriar 1,0 kg de água, inicialmen- serpentina a 28 ºC e saia dela a 8 ºC. O calor específico
te a 30 °C, usando cubos de gelo de 20 g cada um. do líquido é cL = 1,0 cal/(g · ºC), o calor latente de fusão
a) Sendo o calor específico da água igual a do gelo é LF = 80 cal/g e o calor específico da água é
1,0 cal/g°C, que quantidade de calor, em calorias, CA = 1,0 cal/(g · ºC).
deve ser retirada da água para resfriá-la até 25 °C? a) Qual é a quantidade total de líquido (em kg) que deve
b) Supondo que a troca de calor se dê apenas entre o passar pela serpentina de modo a derreter todo o gelo?
gelo e a água e que o calor latente de fusão do gelo b) Quanto de calor (em kcal) a água (formada pelo
seja igual a 80 cal/g, quantos cubos de gelo devem gelo derretido) ainda pode retirar − do líquido que
ser colocados na água para que a temperatura de passa pela serpentina − até que a temperatura de
equilíbrio seja 20 °C? saída se iguale à de entrada (28 ºC)?
3. O gráfico abaixo representa a temperatura θ (ºC) 6. O diagrama pressão versus volume mostra as transfor-
em função do tempo de aquecimento (t min) da água mações AB e BC sofridas por certa massa de um gás ideal
contida numa panela que está sendo aquecida por um no interior de um recipiente.
fogão. A panela contém inicialmente 0,2 kg de água e
a potência calorífica fornecida pelo fogão é constante.

a) Sabendo que a curva AB é uma isoterma, calcule a


pressão do gás, em pascals, no ponto A.
b) Na transformação BC, a massa do gás recebeu
Dados:
• Lvaporização da água = 540 cal/g uma quantidade de calor igual a 5,0 × 105 J. Deter-
mine a variação da energia interna do gás, em joules,
• CH O = 1 cal/g ºC
2 nessa transformação.
a) Determine a quantidade de calor absorvida pela
água no primeiro minuto. 7. A figura representa o diagrama de fluxo de energia
b) Determine a massa de água que ainda permanece de uma máquina térmica que, trabalhando em ciclos, re-
na panela após 3,7 min de aquecimento. tira calor (Q1 ) de uma fonte quente. Parte dessa quanti-
dade de calor é transformada em trabalho mecânico (τ)
4. A figura mostra um termômetro clínico, cuja escala e a outra parte (Q2 ) trans fere-se para uma fonte fria. A
vai de 35 °C a 42 °C. cada ciclo da máquina, Q1 e Q2 são iguais, em módulo,
respectivamente, a 4 × 103 J e 2,8 × 103 J.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) Quais os valores desses limites de temperatura na


escala kelvin?
b) Supondo que no termômetro a 35 °C haja
500 mm3 de mercúrio, cujo coeficiente de dilatação
volumétrico é 1,8 × 10–4 / °C, e que a distância entre
as marcas de 35 °C e 42 °C seja de 90 mm, calcule
a área da seção transversal do tubo capilar cilíndrico,
em mm2 , entre as marcas das citadas temperaturas, Sabendo que essa máquina executa 3 000 ciclos por mi-
desprezando a dilatação do vidro. nuto, calcule:
5. Um recipiente isolado contém uma massa de gelo, a) o rendimento dessa máquina.
M = 5,0 kg, à temperatura T = 0 ºC. Por dentro desse reci- b) a potência, em watts, com que essa máquina opera.
piente, passa uma serpentina pela qual circula um líqui-
do que se quer resfriar. Suponha que o líquido entre na

306
8. Dois cilindros retos idênticos, um de cobre (coe- 12. Um mergulhador, a 4,0 m de profundidade, ao res-
ficiente de dilatação linear igual a 1,7 × 10–5 °C–1 ) e pirar, solta uma bolha de ar de volume 10 mL. A bolha
outro de ferro (coeficiente de dilatação linear igual a sobe até a superfície, onde a pressão é atmosférica.
1,2 × 10–5 °C–1), têm, a 0 °C, volumes iguais a Considerando que a temperatura da bolha permaneceu
8,0 × 102 cm3 e diâmetros das bases iguais a 10 cm. constante e que a pressão aumenta cerca de 1,0 atm
a cada 10 m de profundidade, determine o volume da
bolha de ar ao atingir a superfície.

13. O diagrama a seguir indica três transformações de


um gás perfeito, sendo uma delas isotérmica. A tempe-
ratura do gás no estado 2 é 360 K. Determine:

a) Determine o aumento do volume do cilindro de ferro,


em cm3 , quando a temperatura varia de 0 °C para 100 °C.
b) A qual temperatura, em °C, a diferença entre as medi-
das dos diâmetro dos dois cilindros será de 2,0 × 10–3 cm?
9. Têm-se duas barras A e B de comprimentos LA = 0,8 LB a) a pressão e a temperatura no estado 3;
à temperaturas TA = TB e de coeficiente de dilatação li- b) o trabalho realizado pelo gás na transformação 1 → 3.
near aA = 5aB, sendo aB = __1
​   ​ ∙ 10−4 ºC−1. Nessas condições,
3 14. Um sistema é composto por um cilindro com êm-
de quanto é o aumento ΔT da temperatura de ambas, bolo móvel, de massa 200 kg e área A = 100 cm2, que
para que as barras alcancem o mesmo comprimento? contém inicialmente 2,4 litros de um gás ideal a 27 ºC.
10. Um motor funciona obedecendo ao ciclo de Stir- Aquece-se o sistema até a temperatura estabilizar-se
ling, no qual um gás ideal é submetido a duas transfor- em 127 ºC. A pressão atmosférica é igual a 105 N/m2.
mações isotérmicas, AB e CD, e a duas transformações Determine o volume final do gás e o trabalho mecânico
isovolumétricas, BC e DA, como mostra a figura. realizado.
Adote g = 10 m/s2

15. Determinada massa de gás monoatômico ideal so-


fre a transformação cíclica ABCDA mostrada no gráfico.
As transformações AB e CD são isobáricas, BC é isotér-
mica e DA é adiabática. Considere que, na transforma-
ção AB, 700 kJ de calor tenham sidos fornecidos ao gás
e que, na transformação CD, ele tenha perdido 750 kJ de
calor para o meio externo.

a) Sabendo que a temperatura do gás na transformação


AB é 327 °C e que a pressão nos pontos B e C valem 8,0
× 105 Pa e 4,0 × 105 Pa, respectivamente, calcule a tem-
peratura do gás, em kelvins, durante a transformação CD.
b) Sabendo que a área S sob a curva da transformação
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

CD, destacada na figura, corresponde a uma quantidade


de energia igual a 3 700 J, calcule a quantidade de calor,
em joules, que o gás libera nessa transformação.
11. Na figura, a plataforma A é sustentada pelas barras
B e C. A 0 ºC, o comprimento de C é três vezes maior que
o de B. Para que a plataforma A se mantenha horizontal
em qualquer temperatura, qual deve ser a relação entre Calcule o trabalho realizado pelas forças de pressão do
os coeficientes de dilatação linear das barras B e C? gás na expansão AB e a variação de energia interna so-
A frida pelo gás na transformação adiabática DA.

B C

307
16. A figura abaixo representa o funcionamento de uma e forneceu a mesma quantidade de calor utilizada na
máquina térmica. etapa anterior. Sabe-se que, no local, água congela a
0 °C o calor latente de fusão da água vale L = 80 cal/g,
TQ = 550ºC e o calor específico da água (tomado como constante
em toda a faixa de temperatura da experiência) vale
c = 1 cal/g° C. Além disso, desprezam-se todas as perdas
de calor para o ambiente, e a capacidade térmica do
recipiente também deve ser desprezada.
Considerando esses dados, determine a temperatura
TF = 27ºC final da massa de água após a segunda etapa.

Calcule hMAQ e compare com hCARNOT. 20. Um aparelho fotográfico rudimentar é constituído
por uma câmara escura com um orifício numa face e
17. Uma máquina de Carnot é operada entre duas fon- um anteparo de vidro fosco na face oposta. Um objeto
tes, cujas temperaturas são, respectivamente, 327 ºC e luminoso em forma de L se encontra a 2 m do orifício e
227 ºC. Admitindo-se que a máquina receba da fonte a sua imagem no anteparo é 5 vezes menor que o seu
quente uma quantidade de calor igual a 1000 cal por tamanho natural. Determine a largura d da câmara.
ciclo, pede-se:
a) o rendimento máximo térmico da máquina;
b) o trabalho realizado pela máquina em cada ciclo;
c) a quantidade de calor rejeitada para a fonte fria.

18. Um cozinheiro precisa de água a 80 °C. Para isso,


coloca 2 L de água a 20 °C em uma panela e leva à
chama de um fogão. Depois de 250 s, quando o siste-
ma atinge 70 °C (etapa 1), o cozinheiro percebe que a
quantidade de água que está na panela não será sufi-
ciente para o que precisa e acrescenta mais uma massa
m2 de água, abaixando a temperatura do sistema para
40 °C. A partir desse momento, ele observa que serão
necessários mais 500 s para que a água na panela atinja
80 °C (etapa 2).

Considerando a potência da chama do fogão constante,


o calor específico da água igual a 4 × 103 J/(kg ∙°C),
a densidade da água igual a 1 kg/L, que todo o calor
fornecido pela chama seja absorvido pela água e des-
prezando as perdas para o ambiente, calcule:
a) o valor da potência da chama do fogão, em W.
b) a massa m2 de água acrescentada à panela duran-
te o processo, em kg.

19. (UFPR 2018) Numa experiência para demonstrar prin-


cípios de calorimetria, um estudante fez o seguinte pro-
cedimento: colocou 100 g de água, na forma de gelo, a
0 °C, num recipiente vazio, e o aqueceu até obter água
a 10 °C. Na sequência, ele removeu aquela quantidade
de água do recipiente e colocou novamente 100 g de
água, só que agora líquida, a 0 °C, no recipiente vazio,
FÍSICA

1
CIÊNCIAS DA
FÍSICA 3
NATUREZA
e suas tecnologias

U.T.I.
PRINCÍPIOS DA ELETROSTÁTICA

Introdução
A eletrostática é o ramo da Física que estuda as proprie-
dades das cargas elétricas em repouso e suas interações.
Os corpos A e B estão eletrizados com quantidades de cargas Q1 e Q2.
Vejamos os princípios que fundamentam a eletrostática. Após a troca de cargas entre os corpos, A e B estão
eletrizados com quantidades de cargas Q’1 e Q’2.

Cargas elétricas
Q1 + Q2 = Q’1 + Q’2 = constante
carga elétrica do próton: e = +1,6 · 10
+ –19
C
carga elétrica do elétron: e– = –1,6 · 10–19 C Essa expressão é válida somente se o sistema for eletrica-
mente isolado.
No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade de
carga elétrica é o coulomb, cujo símbolo é C, em homena-
gem a Charles Coulomb.
Eletrização por atrito
Q = n · |e|

Na qual, a carga Q é positiva, se houver prótons em exces-


so, ou negativa, se houver elétrons em excesso. A quantida-
de de elétrons ou prótons em excesso é dada por n.

Princípio da atração
e repulsão No processo de eletrização por atrito, os corpos ele-
trizados apresentam, ao final do processo, cargas
elétricas de sinais opostos.
Cargas elétricas de sinais opostos se atraem, e cargas
elétricas do mesmo tipo se repelem.

Eletrização por contato


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Princípio da conservação
das cargas elétricas
Em um sistema isolado eletricamente (ou seja, não há trans- A positivo e B neutro estão isolados e afastados; colocados em contato,
durante breve intervalo de tempo, elétrons livres vão de B para A;
ferências de cargas elétricas com o ambiente externo), a
após o processo, A e B apresentam-se eletrizados positivamente.
quantidade de carga elétrica, em excesso, é constante.

310
Na eletrização por indução, o induzido ficará eletrizado
com cargas elétricas de sinais opostos às cargas elétri-
cas apresentadas pelo indutor. A carga do indutor não
A negativo e B neutro estão isolados e afastados: colocados em contato, se altera.
durante breve intervalo de tempo, elétrons
vão de A para B; após o processo, A e B apresentam-
se eletrizados negativamente.

Se um corpo eletrizado A atrair um condutor B, poderá


Eletrização por contato entre esferas condutores de mesmo raio B estar eletrizado com carga de sinal oposto ao de A
ou estar neutro.

Q + Q2 + ... +Qn
______________
​  1
Q’ =   n ​  

Reprodução

Uma pequena esfera


No processo de eletrização por contato, os corpos ele- neutra de isopor
é atraída quando
trizados, ao final do processo, ficam eletrizados com aproximada da esfera
cargas elétricas de mesmo sinal. metálica eletrizada
de um gerador
eletrostático.

Eletrização por indução Reprodução

O filete de água
desvia-se da vertical
ao ser atraído por
um bastão plástico
previamente eletrizado
por atrito com um
pedaço de flanela.

Eletroscópios
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Condutor B, neutro e isolado; aproximando A de B, ocorre indução


eletrostática; ligando
B à terra, elétrons de B escoam para a Terra;
a ligação de B com a terra é desfeita; o indutor A é
afastado e B está positivamente eletrizado.

311
LEI DE COULOMB

Forças entre cargas Força elétrica de várias


elétricas puntiformes cargas puntiformes fixas
Sejam cargas puntiformes fixas Q1, Q2 e Q3. A cada par de car-
As interações eletrostáticas podem ser evidenciadas gas, temos uma
_____
​›
força
_____
​›
elétrica,
_____
​› _____
​›
seja
_____
​›
de atração
_____
​›
ou de repulsão;
pela força percebida entre portadores de cargas elé- logo, temos F ​ ​ 1,2
  , F ​ ​ 1,3
  , F ​ ​ 2,3
  , F ​ ​ 2,1
  , F ​ ​ 3,1
  e F ​ ​ 3,2
  . A força resultante
tricas. Essas interações podem ser atrativas ou repul- elétrica que atua em cada partícula será a soma vetorial de
sivas, sendo atrativas entre portadores de cargas elé- todas as forças que as outras cargas exercem sobre ela.
tricas de sinais opostos, e repulsivas entre portadores
de cargas elétricas de mesmo sinal. De acordo com
a terceira lei de Newton, para cada ação existe uma
reação, de mesma direção, mesma intensidade, senti-
dos opostos e que atuam em corpos diferentes. Assim,
caracterizaremos as forças de interações elétricas.

+ –

+ +

A intensidade da força de interação entre duas cargas _____


​› _____
​› _____
​›
elétricas puntiformes é diretamente proporcional ao Na carga Q1: F ​ ​ e1
  = F ​ ​ 2,1
  + F ​ ​ 3,1

_____
​› _____
​› _____
​›
produto dos módulos das cargas e inversamente pro- Na carga Q2: F ​ ​ e2
  = F ​ ​ 1,2
  + F ​ ​ 3,2

porcional ao quadrado da distância entre as cargas. _____
​› _____
​› _____
​›
Na carga Q3: F ​ ​ e3
  = F ​ ​ 1,3
  + F ​ ​ 2,3

CAMPO ELÉTRICO
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Conceito de campo elétrico

312
Intensidade de campo elétrico

Campo elétrico de uma


carga puntiforme Q fixa
|Q|
E = k0 · ___
​   ​   Carga puntiforme Q > 0.
d² As linhas de força partem das cargas positivas.

Gráfico de E × d

Campo elétrico de várias


cargas puntiformes fixas
Carga puntiforme Q < 0.
As linhas de força chegam às cargas negativas.

+ –

​___›
O campo elétrico resultante E ​​ R   em P, devido às várias ___
​› Duas cargas puntiformes de sinais opostos e módulos diferentes
cargas
​___›
Q
​___› 1 2
, Q , ..., Qn
, é dado pela soma vetorial de  ​
E

​  1,
E ​​ 2  , ..., E ​​ n  , na qual cada campo elétrico parcial é determi-
nado como se a carga correspondente estivesse sozinha:
_​__› _​__› _​__› _​__›
E ​​ R   = E ​​ 1   + E ​​ 2   + ... + E ​​ n  
Esse é o princípio da superposição dos campos elétricos.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Linhas de força Duas cargas puntiformes de mesmo módulo e positivas.


Em N, o vetor campo elétrico é nulo.

As linhas de força são linhas tangentes, em cada


ponto, ao vetor campo elétrico naquele ponto. O
sentido de orientação é o mesmo do campo elétrico. Duas cargas puntiformes de mesmo módulo e de sinais opostos.

313
FORÇA ELÉTRICA E CAMPO ELÉTRICO

Pêndulo eletrostático

F
tgθ = __
​  e ​ 
P

Campo elétrico uniforme (CEU)


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Linhas de força de um campo uniforme

Campo elétrico uniforme entre duas placas eletrizadas

314
POTENCIAL ELÉTRICO

Energia potencial elétrica


Q
Epot = k0 ∙ __
​   ​ q
d

Potencial elétrico
Q
V = k0 __
​   ​ 
d

Epot
V = ___
​ q ​  
Vres = V1 + V2 + V3 + ... + Vn

Potencial elétrico gerado por


uma carga elétrica pontual Equipotenciais

Q⋅q
Epot = k0 ____
​   ​  
d

Epot = q ⋅ V Conjunto de superfícies equipotenciais

Q
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

V = k0 __
​   ​ 
d

Potencial elétrico de
diversas cargas elétricas

Linhas equipotenciais de uma carga pontual Q positiva

315
Linhas de força e potencial elétrico
+

Carga Q > 0

-
Campo elétrico uniforme. As linhas de força estão representadas
por linhas cheias, e as linhas equipotenciais, por linhas tracejadas.
Carga Q < 0

O potencial elétrico diminui no mesmo sentido da


linha de força.

Campo elétrico de duas cargas elétricas opostas

Campo elétrico de duas cargas elétricas positivas

Gráfico do potencial elétrico


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

(Q > 0)

(Q < 0)

316
TRABALHO NO CAMPO ELÉTRICO

Princípio da conservação Trabalho da força elétrica em


da energia um campo elétrico uniforme

Energia não se cria, energia não se perde, energia


apenas se transforma de um tipo em outro, em
quantidades iguais.

Se entre todas as forças que atuam num corpo as úni-


cas que realizam trabalho não nulo são forças con-
servativas, a energia mecânica do corpo é constante.

Trabalho da força elétrica

Carga puntiforme deslocada de A para B sob a ação de uma força elétrica

τAB = F ⋅ d

Deslocamento da carga de prova entre A e B


τAB = q ⋅ E ⋅ d
Epot = q ⋅ VA  e  Epot = q ⋅ VB
A B

τAB = q(VA – VB)

POTENCIAL ELÉTRICO NO CEU E EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO


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Potencial elétrico no
campo elétrico uniforme

Variação da intensidade do campo elétrico


E e variação do potencial elétrico V, em
função da abscissa x tomando em uma
linha de força, e no mesmo sentido desta,
para uma carga geradora positiva.

317
Relação entre o potencial e a No interior de um condutor eletrizado em equilíbrio ele-
intensidade do campo elétrico trostático, o potencial não é nulo e tem o mesmo valor
em todos os pontos.

E⋅d=U

τAB = E ⋅ d ⋅ q

Superfície esférica uniformemente eletrizada


τAB = q(VA – VB) = q ⋅ U

Cálculo do potencial elétrico


​ U ​ 
E = __
d

V ___
1​ __ 1N
m  ​ = ​  C ​ 

Equilíbrio eletrostático Q
Vext = k0 __
​   ​ 
d
Em um condutor eletrizado em equilíbrio eletrostático, as
Q
cargas elétricas em excesso se localizam na sua superfície. Vsup = k0 __
​    ​
R 

Q
Vint = Vsup = k0 __
​    ​
R 

Cálculo do campo elétrico


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Condutor alongado com cargas elétricas


aglomeradas nas suas extremidades

Nos pontos internos de um condutor eletrizado em equi-


líbrio eletrostático, o campo elétrico é sempre nulo, inde- |Q|
pendentemente de sua forma geométrica. Ep = k0 ___
​  2 ​ 
d

318
Gráfico do potencial elétrico Gráfico do campo elétrico de
de um condutor carregado um condutor carregado

Para uma distribuição positiva (Q > 0) Equilíbrio eletrostático entre


duas esferas interligadas

Q’ Q’2
___
​  1 ​ = ___
​   ​ 
R1 R2
Para uma distribuição negativa (Q < 0)

CORRENTE ELÉTRICA

Introdução Sentido da corrente elétrica

U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

O sentido convencional
da corrente elétrica

319
Intensidade da Força eletromotriz (FEM)
corrente elétrica energia elétrica Eelétr
f.e.m. = ____________
​    ​  ⇒ f.e.m. = ___
​   ​ 
carga elétrica |Q|

   Pilha de 1,5 V       Bateria de 12 V

A f.e.m. e a tensão elétrica


e = 1,6 × 10–19 C
f.e.m. = tensão entre os polos ⇒ U = f.e.m.

|Q| = n ⋅ |e|
Símbolo do gerador ideal
|Q|
im = ___
​   ​ 
Dt

|Q|
i = ___
​   ​ ⇔ |Q| = i ⋅ ∆t
Dt

Propriedade gráfica

Voltímetro

Gerador elétrico
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Voltímetro

O gerador elétrico possui dois polos ativos: um po-


sitivo, de maior potencial elétrico, e um negativo, de
menor potencial elétrico. O gerador é capaz de pro-
duzir corrente elétrica em um circuito, e mantém uma
diferença de potencial elétrico entre seus dois polos.

320
Primeira lei de Ohm Segunda lei de Ohm
d.d.p.
__________________
   ​= constante ⇒ __
​    ​ U ​ = constante
intensidade de corrente i r∙ø
R = ____
​   ​
  
A
​ U ​ = R
__
i Em que:
§ R é a resistência elétrica do resistor;
§ r é a resistividade do material;
A intensidade de corrente i e a ddp são diretamente
proporcionais para determinados resistores, mantidos § A é a área da secção transversal do material; e
a uma temperatura constante: § ø é o comprimento do material.
U=R∙i

Resistor ôhmico e não ôhmico


Comportamento de um resistor ôhmico
Diferença de Intensidade Resistência
potencial d.d.p., de corrente do resistor
U (em V) i (em A) R (em Ω)
1,0 0,5 2,0
Resistor em forma de fio cilíndrico,
2,0 1,0 2,0 de comprimento L e área de secção transversal.

3,0 1,5 2,0

4,0 2,0 2,0

5,0 2,5 2,0

Curva característica de um resistor ôhmico

U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

​ U ​ = R
tgu = __
i

321
U.T.I. - Sala Com base no esquema acima, que representa a confi-
guração das linhas de forças e das superfícies equipo-
tenciais de um campo elétrico uniforme de intensidade
1. Considere quatro esferas metálicas idênticas, separa- E = 8,0 ∙ 102 V/m, determine:
das e apoiadas em suportes isolantes. Inicialmente, as es-
feras apresentam as seguintes cargas: QA = 8 C, QB = 4 C, a) a distância entre as superfícies equipotenciais
QC = 0 C (neutra) e QD = –8 C. Faz-se, então, a seguinte VA = 110 V e VB = 80 V;
sequência de contatos entre as esferas: b) o trabalho da força elétrica que age em uma carga
I. Contato entre as esferas A e B e esferas C e D. Após os q = 2,0 · 10–6 C quando deslocada de A para B.
respectivos contatos, as esferas são novamente separadas. 6. Um pássaro pousa em um dos fios de uma linha de
II. Contato apenas entre as esferas C e B. Após o conta- transmissão de energia elétrica. O fio de cobre conduz
to, as esferas são novamente separadas. uma corrente igual a 1∙103 A e a ddp entre os pés do
III. Contato apenas entre as esferas A e C. Após o conta- passarinho é igual a 3∙10–3 V. Determine a distância que
to, as esferas são separadas. separa os pés do passarinho.
Determine a carga da esfera C, após as sequências Dados:
de contatos descritas. • Área da secção transversal do fio = 70 mm2
• Resistividade do cobre: 2,1∙10–2 Ω · mm2/m
2. Duas pequenas esferas A e B, de mesmo diâmetro e
inicialmente neutras, são atritadas entre si. Devido ao
atrito, 6 · 1012 elétrons passam da esfera A para a B. Em
seguida, as esferas são separadas em uma distância de U.T.I. - E.O.
4 mm. Determine a força de interação elétrica entre as
1. A figura a seguir mostra três esferas iguais, A e B,
cargas A e B na situação descrita.
fixas sobre um plano horizontal e carregadas ele-
Dados: tricamente com QA = +20 nC e QB = +8 nC, e C, que
• |e–| = 1,6 · 10–19 C pode deslizar sem atrito sobre o plano, carregada com
• k = 9 ∙ 109 N · m2/C2 QC = –4 nC. Não há troca de carga elétrica entre as es-
feras e o plano. Estando solta, a esfera C dirige-se de
3. Duas esferas A e B de raios desprezíveis, com cargas encontro à esfera A, com a qual interage eletricamente,
QA = +8 ∙ 10–2 C e QB = –3 · 10–2 C, estão separadas por retornando de encontro a B, e assim por diante, até que
uma distância igual a 4 cm. Determine: o sistema atinge o equilíbrio, com as esferas não mais
Dado: k = 9 · 109 N · m²/C² se tocando. Nesse momento, as cargas A, B e C, em nC,
serão, respectivamente:
a) a intensidade do campo elétrico no ponto médio
A C B
entre as partículas.
b) a força elétrica exercida em uma partícula C, com
carga QC = + 2 · 10–2 C colocada no ponto médio
entre A e B. +20 nC –4 nC +8 nC

4. No campo elétrico gerado por uma carga Q = 1,2 · 10–4 C, 2. Tem-se 3 esferas condutoras idênticas A, B e C. As es-
são dados dois pontos A e B, no vácuo, conforme a figura feras A (positiva) e B (negativa) estão eletrizadas com
abaixo. Determine: cargas de mesmo módulo Q, e a esfera C está inicial-
+Q A B mente neutra. São realizadas as seguintes operações:
+ 1) Toca-se C em B, com A mantida à distância, e em se-
q
guida, separa-se C de B.
30 cm
2) Toca-se C em A, com B mantida à distância, e em se-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

60 cm guida, separa-se C de A.
a) os potenciais elétricos de A e de B; 3) Toca-se A em B, com C mantida à distância, e em se-
b) o trabalho da força elétrica que atua sobre uma car- guida, separa-se A de B.
ga elétrica q = 3 · 10–2 C, no deslocamento de A para B. Determine a carga final das esferas A, B e C.
5. O esquema a seguir representa um campo elétrico uni- 3. Duas cargas Q1 (1,8 C) e Q2 (5 C) estão fixas nos pontos
forme e duas superfícies equipotenciais. A e B. Uma terceira carga q é inserida em um ponto p, en-
+ –
+ – tre Q1 e Q2, de acordo com a figura. Determine a distância
B
+ – x entre Q1 e p, em que a carga q fique em equilíbrio.
+ –
+ – Q1 q Q2
A
+ –
+ –
+ – x
+ –
d 16 cm
110 V 80 V

322
4. Sabe-se, atualmente, que os prótons e nêutrons não 8. Considere as cargas puntiformes colocadas nos vér-
são partículas elementares, mas sim partículas forma- tices de um triângulo equilátero. Desenhe o campo
das por três quarks. Uma das propriedades importantes elétrico resultante (direção, sentido e valor do ângulo
do quark é o sabor, que pode assumir seis tipos diferen- com a reta AB) e determine o módulo do vetor campo
tes: top, bottom, charm, strange, up e down. Apenas os elétrico em função de k, q e d no centro do triângulo.
quarks up e down estão presentes nos prótons e nos C
nêutrons. Os quarks possuem carga elétrica fracioná-
ria. Por exemplo, o quark up tem carga elétrica igual a –q
qup = +2/3 e, e o quark down qdown = –1/3 e, em que e é d
o módulo da carga elementar do elétron.
a) Quais são os três quarks que formam os prótons e
os nêutrons?
b) Calcule o módulo da força de atração eletrostática +q +q
entre um quark up e um quark down separados por B A
uma distância d = 0,2 × 10–15 m. Caso necessário, use
9. Um próton é injetado no ponto O e passa a se mover
k = 9 × 109 e Nm2/C2 e = 1,6 × 10–19 C.
no interior de um capacitor plano de placas paralelas,
5. Uma lâmina muito fina e minúscula de cobre, con- cujas dimensões estão indicadas na figura abaixo.
tendo uma carga elétrica, flutua em equilíbrio numa
região de um campo elétrico uniforme, de intensidade
25 kN/C, cuja direção é vertical e cujo sentido se dá de
cima para baixo. Considerando que a massa da lâmina
é igual a 8 mg, determine o número de elétrons em
excesso na lâmina.
Dados:
• carga do elétron: 1,6 × 10–19 C
• g = 10 m/s2
​__›
O próton tem velocidade inicial ​v ​ 0 com módulo 1,0×105 m/s
6. Considere o arranjo de cargas a seguir.
e direção formando um ângulo igual a 45° com o eixo x
P
horizontal. O campo elétrico está orientado na direção do
q2 eixo y conforme mostrado na figura. Considere a massa do
próton igual a 1,6 × 10–27 kg e sua carga igual 1,6 × 10–19 C.
Supondo que somente o campo elétrico uniforme no in-
d terior do capacitor atue sobre o próton, calcule qual deve
90º ser o mínimo módulo deste campo para que o próton
não colida com a placa inferior.

q1 q3 10. A presença de íons na atmosfera é responsável pela


d existência de um campo elétrico dirigido e apontado
Considerando que q2 = q3 = q, determine a razão entre q1 para a Terra. Próximo ao solo, longe de concentrações
e q, para que no ponto p o vetor campo elétrico seja nulo. urbanas, num dia claro e limpo, o campo elétrico é uni-
forme e perpendicular ao solo horizontal e sua intensi-
7. Nos pontos A, B e C de uma circunferência de raio dade é de 100 V/m. A figura mostra as linhas de campo
5 cm, fixam-se cargas elétricas puntiformes de valores e dois pontos dessa região, M e N.
7 μC, 3 μC e 4 μC , respectivamente. Determine:
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a) a intensidade do vetor campo elétrico resultante M


no centro do círculo; E
b) o potencial elétrico no centro do círculo. (Considere
as cargas no vácuo, onde k = 9 × 109 N × m2/C2.) 2,5 m
A N

B
Determine o trabalho da força elétrica para transportar
um elétron do ponto M ao ponto N.
e– = 1,6 · 10–19 C
C

323
11. Três cargas elétricas são dispostas no vácuo de do ponto B é de 200 V, determine a velocidade dessa
acordo com a figura a seguir. Dado que Q1 = 5 ∙ 10–6 C, partícula ao passar pelo ponto B.
Q2 = –8 ∙ 10–6 C e Q3 = 9 ∙ 10–6 C, determine o potencial
elétrico no ponto P.
P

+ 1m
Q1 1m
2m

Q2 Q3 + 16.Um resistor cilíndrico feito de zinco (rzinco = 6 · 10–8 Ω ∙ m),


– apresenta um comprimento de 20 m e área transversal de
6 ∙ 10–5 m2. Determine a resistência elétrica deste resis-
12. Uma partícula A, com carga qA = 2 · 10–7 C, gera tor e a corrente que atravessa o resistor, quando nele
um campo elétrico ao seu redor. Determine o trabalho for aplicada uma d.d.p. de 200 V.
da força elétrica para deslocar um próton de um pon-
17. O feixe de elétrons num tubo de televisão percorre
to p1 (distante 2 cm) de A, até um ponto p2 (distante
uma distância de 36 cm no espaço evacuado entre o
5 cm de A).
emissor de elétrons e a tela do tubo, sendo que a ve-
Dado: K = 9 · 109 N · m2/C2 locidade dos elétrons é aproximadamente 6 ∙ 107 m/s.
Se a corrente no feixe é 2,0 mA, calcule o número de
13. Um elétron penetra numa região de campo elétrico elétrons que há no feixe em qualquer instante. (carga
uniforme de intensidade 360 N/C, com velocidade ini- do elétron = 1,6 . 10–19 coulombs).
cial v0 = 4,0 ∙ 106 m/s na mesma direção e sentido do
campo. Sabendo-se que a massa do elétron é igual a 18. O gráfico da corrente elétrica em função do tempo
9,0 · 10–31 kg e a carga do elétron é igual a –1,6 ∙ 10–19 C, através e de um condutor metálico é dado abaixo. De-
determine: termine a quantidade de carga elétrica que atravessa
uma secção transversal do condutor, de 0 a 5 s.
a) a energia potencial elétrica no instante em que a
i(A)
velocidade do elétron, no interior desse campo, é nula;
b) a distância percorrida pelo elétron até atingir ve- 5
locidade nula.

14. Uma carga pontual de 8 μC e 2 g de massa é lan-


çada horizontalmente com velocidade de 20 m/s num 0 1 4 5 t(s)
campo elétrico uniforme de módulo 2,5 kN/C, com di-
reção e sentido conforme mostra a figura a seguir. A 19. Dois resistores de resistência R1 = 5 Ω e R2 = 10 Ω
carga penetra o campo por uma região indicada no são associados em série fazendo parte de um circuito
ponto A, quando passa a sofrer a ação do campo elé- elétrico. A tensão U1 medida nos terminais de R1 é igual
trico e também do campo gravitacional, cujo módulo é a 100 V. Nessas condições, determine a corrente que
10 m/s2, direção vertical e sentido de cima para baixo. passa por R2 e a tensão em seus terminais.

20. Determine a resistência equivalente, a corrente em


cada resistor e a tensão, para a associação abaixo:

A V0 E 10 Ω 8Ω 5Ω
(m, q)
A B
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

12 V

Ao considerar o ponto A a origem de um sistema de co-


ordenadas x0y, determine as velocidades vx e vy, quan-
do a carga passa novamente pela posição x = 0 em m/s.

15. Uma partícula de massa 2 g, eletrizada com carga


elétrica positiva de 120 μC, é abandonada do repou-
so no ponto A de um campo elétrico uniforme, no qual
o potencial elétrico é 500 V. Devido a ação do campo
elétrico, a partícula adquire movimento e se desloca
até um ponto B. Sabendo-se que o potencial elétrico

324
QUÍMICA

1
CIÊNCIAS DA
QUÍMICA 1
NATUREZA
e suas tecnologias

U.T.I.
MODELOS E ESTRUTURAS ATÔMICAS

O que é átomo? Modelo de Rutherford (sistema


Átomo é o menor componente de toda a matéria existente. solar ou sistema planetário)
Em 1911, Ernest Rutherford, ao estudar a trajetória de par-
Modelos atômicos tículas α (partículas positivas), percebeu que: a) a maioria
das partículas α atravessava a lâmina de ouro sem sofrer
desvio em sua trajetória; b) que algumas sofriam desvio; c)
Modelo de Dalton que outras, em número muito pequeno, batiam na lâmina
e voltavam.
(bola de bilhar)
Em 1808, o professor inglês John Dalton, baseado em suas ex- O experimento de Rutherford
periências, propôs uma explicação para a natureza da matéria.
1. Toda matéria é composta por minúsculas partículas
Lâmina
chamadas átomos. de ouro
Fonte de
partículas alfa
2. Os átomos de um determinado elemento são idênticos
em massa e apresentam as mesmas propriedades químicas. Partículas
alfa
3. Átomos de elementos diferentes apresentam massa e
propriedades diferentes. Detector de
partículas
4. Átomos são maciços e indivisíveis. Não podem ser cria-
dos, nem destruídos.
5. As reações químicas comuns não passam de uma reor- Partículas alfa Núcleo do
átomo
ganização dos átomos.
6. Os compostos são formados pela combinação de áto-
mos de elementos diferentes em proporções fixas.
Átomo de ouro
Modelo de Thomson
(pudim de passas) A partir deste experimento, Rutherford concluiu que:
Utilizando uma ampola de Crookes, o cientista inglês Joseph § o átomo não é uma esfera maciça. Existem grandes es-
John Thomson verificou que o feixe de raios catódicos era paços vazios, visto que a maior parte das partículas α
desviado, sempre indo na direção e sentido da placa carre- atravessou a lâmina de ouro;
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

gada positivamente. Concluiu, portanto, que essas emissões


possuíam cargas negativas, e que elas, as cargas negativas, § o átomo possui uma região central, onde está con-
estavam presentes em toda e qualquer matéria, sendo parte centrada a sua massa. Foi contra essa região, deno-
integrante delas. minada por ele de núcleo, que as partículas α se
chocaram e retornaram;
Desse modo, provou-se que, ao contrário do que Dalton
havia afirmado, o átomo não era indivisível, pois possuía § esse núcleo apresenta carga positiva, pois repeliu a
partícula α – que também possui carga positiva.
uma partícula subatômica negativa, que ficou denomina-
da elétron.
Assim, em 1897, Thomson propôs um novo modelo atômico, Modelo clássico
no qual o átomo era uma esfera formada por uma “pasta“ O físico Eugen Goldstein descobriu, em 1886, o próton,
positiva “recheada“ de elétrons de carga negativa. Esse mo- comprovando que essa partícula apresentava carga posi-
delo ficou conhecido como “pudim de passas“. tiva de valor igual ao do elétron.

326
Em um átomo eletricamente neutro (em equilíbrio
de cargas), o número de prótons (P) é igual ao
número de elétrons (E).

O número atômico (Z) sempre coincide com o


número de prótons (P).

Dessa forma:

A=Z+N

Elemento químico
Modelo de Böhr (modelo quântico)
Elemento químico é o conjunto de átomos com o
Em 1913, o cientista Niels Bohr aprimorou o modelo atô- mesmo número atômico (Z).
mico de Rutherford e foram propostos os seguintes postu-
lados, chamados de postulados de Bohr:
§ Na eletrosfera, os elétrons descrevem sempre órbitas
circulares ao redor do núcleo, denominadas órbitas es- Isótopos, isóbaros e isótonos
tacionárias. Movendo-se em uma órbita estacioná-
ria, o elétron não emite nem absorve energia.
Isótopos
§ Os elétrons só podem ocupar os níveis que tenham
uma determinada quantidade de energia (quantum)
Isótopos são átomos com o mesmo número de
e assumem valores bem determinados de energia em
prótons (P = Z) e diferentes números de massa (A) e
cada órbita estacionária, não sendo possível ocupar es-
de nêutrons (N).
tados intermediários.
§ Ao saltar de uma órbita estacionária para outra, os elé-
trons absorvem ou emitem uma quantidade bem defi- Isóbaros
nida de energia (quantum de energia) e, ao retornar à
órbita de origem, o elétron emite ou absorve um quan-
tum de energia igual ao absorvido em intensidade, na Isóbaros são átomos com o mesmo núme-
forma de luz de cor bem definida ou outra radiação ro de massa (A) e diferentes números de prótons
eletromagnética, como ultravioleta ou raios X (deno- (P = Z) e nêutrons (N).
minado fóton).

Isótonos
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Números atômico e de massa


Observe os dados, a seguir, referentes à composição Isótonos são átomos com o mesmo número de
do átomo. nêutrons (N) e diferentes números de prótons (P = Z)
e de massa (A).

Partícula Massa relativa Carga relativa


Nêutron 1 0

Próton 1 +1

Elétron ​  1  ​ 
_____ –1
1.836 

327
ÍONS E DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA

Íons
Quando um átomo está eletricamente neutro, ele pos- 2 8 18 32 32 18 8
sui prótons e elétrons em igual quantidade.
K

Quando um átomo eletricamente neutro perde ou rece- L


be elétrons, ele se transforma em um íon. M N O P Q

Um átomo neutro que recebe elétrons passa a ficar com Uma das principais características destas camadas é que
excesso de cargas negativas, ou seja, transforma-se em cada uma delas possui um número máximo de elétrons
um íon negativo ou ânion. Por outro lado, se um átomo que pode comportar. Pauling apresentou essa distribuição
neutro perde elétrons, passa a ter excesso de prótons dividida em níveis e subníveis de energia, em que subníveis
e se transforma em um íon positivo ou cátion. são divisões dos níveis ou camadas, representados pelas le-
tras s, p, d, f. Cada subnível também apresenta um núme-
Exemplos: ro máximo de elétrons.
§ Ânion cloreto (Cℓ–):
Diagrama de Linus Pauling

1s2
2s2 2p63s2
-
(K) 1; 2e- 1s 2

3p64s2
3d104p65s2
2s 2
2p 6
(L) 2; 8e -
4d105p66s2
3s2 3p6 3d10 4f145d106p67s2
§ Cátion sódio (Na+): (M) 3; 18e-

4d10 5f146d10 7p6


4s2 4p6 4f14
(N) 4; 32e-

5s2 5p6 5d10 5f14


(O) 5; 32e-

(P) 6; 18e- 6s2 6p6 6d10


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

(Q) 7; 8e- 7s2 7p6

Camadas eletrônicas do átomo: Na figura, as setas indicam a ordem crescente dos níveis
diagrama de Linus Pauling de energia:
Os elétrons são dispostos nos átomos em ordem crescente 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f14 5d10
de energia, visto que todas as vezes que o elétron rece- 6p6 7s2 5f14 6d107p6
be energia, ele salta para uma camada mais externa em
relação à qual ele se encontra, e, no momento da volta Distribuição eletrônica nos íons
para sua camada de origem, ele emite luz, em virtude da
energia absorvida anteriormente. Serão inseridos ou retirados elétrons da camada eletrônica
mais externa (camada de valência).

328
TABELA PERIÓDICA

Organização da Características da
distribuição eletrônica
Localização e
classificação
tabela periódica 3 camadas (K, L, M) 3º período

elétron de maior energia


bloco s elemento (representativo)
Famílias ou grupos
situado no subnível s (3s1)
1 elétron na camada família IA (metais alcalinos)
de valência (3s1) = grupo 1
Hoje, a tabela periódica é constituída por 18 famílias
ou grupos. Cℓ ⇒ 1s2 2s2 2p6 3s 2 3p 5 ⇒ 3 camadas eletrônicas
17
K  L    M (K, L e M); 3º período
Períodos Características da Localização e
Na tabela atual, existem sete períodos (linhas horizontais), distribuição eletrônica classificação
que correspondem à quantidade de níveis (camadas) ele- 3 camadas (K, L, M) 3º período

trônicos apresentados pelos elementos químicos. elétron de maior energia bloco p (elemento
situado no subnível p (3p5) representativo)

Localização na
7 elétrons na camada de
família 7A (halogênios) = 17
valência (3s23p5)

Fe ⇒ 1s2 2s22p6 3s23p6 4s2 3d6 ⇒ 4 camadas eletrônicas


tabela periódica 26
(K, L, M e N); 4º período
A distribuição eletrônica de um elemento permite que de-
terminemos sua localização na tabela. Características da Localização e
distribuição eletrônica classificação
Exemplo de como se pode localizar o elemento químico a 4 camadas (K, L, M e N) 4º período
partir da distribuição eletrônica: elétron de maior energia bloco d (elemento
situado no subnível d (3d6) de transição)
Na ⇒ 1s 2s 2p 3s
11
2 2 6 1

2 elétrons na camada de valência (4s2) + 6


camadas (níveis): K = 2; L = 8; M = 1 família 8B = 8
elétrons no subnível de maior energia (3d6)

PROPRIEDADES PERIÓDICAS

A tabela periódica permite deduzir quais elementos têm


propriedades químicas e físicas semelhantes, e as proprie-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

dades periódicas variam de acordo com o número atômico,


ou seja, assumem valores que crescem e decrescem ao lon-
go de cada período da tabela periódica.
Os gases nobres não se incluem nessa propriedade.

Eletronegatividade
A eletronegatividade não está definida para esses gases.

Eletropositividade
É a tendência que um átomo possui de atrair elétrons. É a capacidade que um átomo tem de doar elétrons.
§ Variação da eletronegatividade: cresce da esquer- § Variação da eletropositividade: ocorre de forma
da para a direita nos períodos e de baixo para cima nas oposta à eletronegatividade e também não está defini-
famílias (grupos). da para os gases nobres.

329
Representação do processo no qual o átomo ganha um
elétron e libera energia.

X(g) + e– → X1–(g) + energia


§ Variação da eletroafinidade: a eletroafinidade va-
ria de acordo com a eletronegatividade, uma vez que
quanto mais eletronegativo for um átomo, maior é a
Raio atômico sua tendência de ganhar elétrons.
§ Variação do raio atômico: nas famílias (colunas
verticais), aumenta de cima para baixo, e nos períodos
(linhas horizontais), cresce da direita para a esquerda.

Outras propriedades
periódicas
Raios iônicos
1. Pontos de fusão e de ebulição
1. Raio do cátion: ao perder elétron, a repulsão da nu-
vem eletrônica diminui, diminuindo o seu tamanho. Variação do ponto de fusão e do ponto de ebulição.

2. Raio do ânion: ao ganhar um elétron, aumenta a re-


pulsão da nuvem eletrônica, aumentado o seu tamanho.

Energia ou potencial
de ionização
É a energia necessária para remover um elétron de um áto- 2. Densidade
mo (ou íon) na fase gasosa.
Variação da densidade.
Obs.: à medida que o íon se torna cada vez mais positiva-
mente carregado, é necessário cada vez mais energia para
retirar um elétron de sua camada mais externa.
§ Variação da energia de ionização: nas famílias e
nos períodos, a energia de ionização aumenta confor-
me diminui o raio atômico
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

3. Volume atômico
É o volume ocupado por 1 mol (6,02 ∙ 1023) de seus
átomos no estado sólido.
Variação do volume atômico.

Eletroafinidade ou
afinidade eletrônica
É a quantidade de energia liberada por um átomo, no esta-
do gasoso, ao ganhar um elétron.

330
LIGAÇÃO IÔNICA

Produzida entre íons positivos (cátions) e negativos


(ânions), logo, um cátion se une com um ânion formando,
Regra para formulação das
assim, um composto iônico, o qual é formado por várias substâncias iônicas
partículas que se distribuem no espaço originando uma
estrutura denominada retículo cristalino.
Ax+ By – ⇒ AyBx

Teoria do octeto
Um átomo é estável se possuir 8 elétrons na camada de
valência, ou 2 elétrons, se a camada de valência for a K. Propriedades das
Átomos tendem a adquirir uma configuração estável, isto é, substâncias iônicas
uma configuração semelhante à de um gás nobre. Para isso, § São sólidos em condições normais de temperatura
os átomos ligam-se através dos elétrons de valência. (25 °C) e pressão (1 atm).
Importante: o número total de elétrons cedidos deve ser
§ São duros e quebradiços.
igual ao número total de elétrons recebidos.
§ Possuem pontos de fusão e de ebulição elevados.
Fórmula eletrônica de Lewis § Em solução aquosa (dissolvidos em água) ou no estado
líquido (fundidos), conduzem corrente elétrica.
Esta fórmula representa os elementos e os elétrons do seu
último nível (elétrons de valência) indicando-os por • ou X. § Seu melhor solvente é a água, pois são polares como ela.

ℓ ℓ

LIGAÇÕES COVALENTE E METÁLICA

Ocorre entre átomos de ametais (não metais) – incluin- Fórmula Fórmula Pares
do o hidrogênio – mediante compartilhamento de pares Classificação
eletrônica estrutural eletrônicos
de elétrons.
A A A–A 1 par eletrônico Ligação simples

2 pares
A=A Ligação dupla
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

A A eletrônicos

Representação da ligação covalente A;A


3 pares
Ligação tripla
A A eletrônicos
a. Fórmula eletrônica, fórmula de Lewis ou estru-
tura de Lewis c. Fórmula molecular
O compartilhamento dos pares eletrônicos é representado Mostra apenas quais e quantos átomos têm a molécula.
por bolinhas (•) dentro de retângulos.
b. Fórmula estrutural plana
Os pares eletrônicos compartilhados são representados por
traços (–), que unem os átomos participantes da ligação.

331
Ligação covalente Ligação metálica
coordenada ou dativa O metal é um aglomerado de átomos neutros e cátions
São ligações covalentes adicionais usando pares eletrôni- mergulhados em uma nuvem (ou mar) de elétrons livres e
cos de um único átomo. É representada por uma seta (é) mantidos unidos.
na fórmula estrutural.
HNO3 Propriedades dos metais
ou 1. Brilho característico.
2. Alta condutividade térmica e elétrica, graças aos
elétrons livres.
Propriedades das substâncias 3. Altos pontos de fusão e ebulição característicos dos
moleculares (covalentes) metais, à exceção do mercúrio.
4. Maleabilidade – os metais são facilmente maleáveis,
1. São encontradas nos três estados físicos. transformados em lâminas.
2. Apresentam ponto de fusão e ponto de ebulição meno-
5. Ductibilidade – os metais também são facilmente
res que os dos compostos iônicos.
transformados em fios.
3. Se puros, não conduzem eletricidade, à exceção do
grafite, que é condutor.
4. Se em estado sólido, apresentam retículos moleculares
ou retículos covalentes.

GEOMETRIA E POLARIDADE MOLECULARES

É o estudo da distribuição espacial dos átomos em uma molécula.

Orientação
Número de
(geometria) Disposição Geometria
nuvensao redor Fórmula eletrônica
das nuvens dos ligantes molecular
do átomo central
(pares eletrônicos)

Sempre
Linear O=C=O
2
H—C;N
Linear
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Angular

2 átomos ligantes Trigonal plana


(triangular) Trigonal plana

332
Orientação
Número de
(geometria) Disposição Geometria
nuvensao redor Fórmula eletrônica
das nuvens dos ligantes molecular
do átomo central
(pares eletrônicos)

Angular

2 átomos ligantes

N Piramidal
4

3 átomos ligantes

Tetraédrica

Tetraédrica

4 átomos ligantes

§ Bipirâmide Trigonal: acontece quando há cinco nu- Ligação entre átomos de diferentes eletronegatividades ä
vens eletrônicas na camada de valência do átomo cen- ligação covalente polar.
tral, todas fazendo ligação química. Para comparar a intensidade de polarização das ligações,
§ Octaédrica: acontece quando há seis nuvens eletrô- recorre-se à escala de eletronegatividade de Pauling:
nicas na camada de valência do átomo central e todas
fazem ligações químicas.

Geometria de íons
A determinação de sua geometria segue exatamente as À luz dos itens já discutidos, pode-se estabelecer a se-
mesmas regras usadas para a geometria das moléculas. guinte relação:

Polaridade molecular
Polaridade das ligações
O acúmulo de cargas elétricas em determinada região é
Polaridade molecular
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

denominado polo, que pode ser de dois tipos: Como se determina a polaridade ou apolaridade de
uma molécula?
a. Experimentalmente
b. Teoricamente
a. Ligações iônicas c. Método alternativo para determinação da polar-
As ligações iônicas apresentam máxima polarização. Toda idade molecular:
substância iônica é polar por natureza. número de nuvens eletrônicas ≠ número de átomos iguais
b. Ligações covalentes ä molécula polar
Ligação entre átomos de mesma eletronegatividade ä número de nuvens eletrônicas = número de átomos iguais
ligação covalente apolar. ä molécula apolar

333
FORÇAS INTERMOLECULARES

São forças de atração que ocorrem entre as moléculas, as


quais determinam os pontos de fusão e de ebulição e a
Segundo caso
solubilidade das substâncias umas nas outras, bem como a Moléculas com mesmo tipo de interação e tamanhos (mas-
tensão superficial e a viscosidade dos líquidos. sas moleculares) diferentes.

§ Forças de dipolo-dipolo ou de dipolo perma- Aumenta a massa molecular.


nente: entre moléculas polares
§ Forças de dipolo instantâneo + dipolo induzi- Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.
do ou forças de London ou forças de Van Der
Waals: ocorre entre moléculas apolares
Terceiro caso
Ligação de hidrogênio Moléculas com mesmo tipo de interação e mesma massa
É um caso particular das forças de dipolo permanente (di- molecular.
polo-dipolo). Ocorre em moléculas que apresentam áto-
mos de hidrogênio (elemento com baixa eletronegativida- Diminui a ramificação.
de) com elementos muito eletronegativos, como o flúor, o Aumenta área de contato entre as moléculas.
oxigênio ou o nitrogênio.
Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.

Temperaturas de fusão (TF ou PF)


e de ebulição (TE ou PE) Solubilidade
Primeiro caso § Substâncias polares tendem a se dissolver em solventes
polares.
Moléculas com tamanhos (massas moleculares) semelhantes.
§ Substâncias apolares tendem a se dissolver em sol-
ventes apolares.
Aumenta a intensidade da interação:
dipolo instantâneo-dipolo induzido <
< dipolo permanente < ligação de hidrogênio

Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

334
U.T.I. - Sala b) Considerando que um ímã AℓNiCo contém o teor
máximo de ferro e os teores mínimos de níquel e alu-
mínio, calcule o número de mols de cobalto em um
1. (UERJ 2020) Na tabela periódica proposta pelo russo
ímã de massa igual a 80 gramas.
Dimitri Mendeleiev, os elementos químicos conhecidos
à época foram agrupados de acordo com a ordem cres- 3. A tabela adiante apresenta os valores das tempera-
cente de suas massas atômicas, deixando-se espaços turas de fusão (TF) e de ebulição (TE) de halogênios e
livres para outros que ainda seriam descobertos. haletos de hidrogênio.
Considere o seguinte fragmento da tabela de Mende-
leiev, no qual estão indicados os símbolos químicos de TF (ºC) TE (ºC)
alguns elementos e suas respectivas massas atômicas. F2 –220 –188
Cℓ2 –101 –35
Rb Sr ? Zr Nb Mo ?
85 87 88 90 94 96 100 Br2 –7 59
I2 114 184
Ag Cd In Sn Sb Te I
108 112 113 118 122 125 127 HF –83 20
HCℓ –115 –85
Símbolo
HBr –89 –67
Massa atômica
HI –51 –35
Atualmente, a tabela de classificação periódica apresen- Dados: H = 1; F = 19; Cℓ = 35,5; Br = 80; I = 127.
ta outro modelo de agrupamento, no qual os elementos
a) Justifique a escala crescente das temperaturas TF
químicos encontram-se organizados por famílias.
e TE do F2 ao I2.
Dentre os elementos presentes no fragmento da tabela b) Justifique a escala decrescente das temperaturas
de Mendeleiev, indique o número de camadas eletrôni- TF e TE do HF e do HCℓ.
cas daquele com maior massa atômica e escreva, ainda, c) Justifique a escala crescente das temperaturas TF e
a fórmula química da substância formada pelo metal TE do HCℓ ao HI.
alcalino terroso e pelo halogênio.
Sabendo hoje que a massa atômica do telúrio é maior 4. (UFJF 2019) Em breve, telas de telefones celulares
que a do iodo, explique por que esses dois elementos serão produzidas com um material capaz de se autorre-
mantêm na classificação periódica atual a mesma posi- generar quando riscado ou mesmo quebrado. Considere
ção que tinham na de Mendeleiev. um composto sólido hipotético, constituído por molécu-
las altamente polares e que contenha apenas átomos de
Dado: carbono, nitrogênio e oxigênio. Quando telas produzidas
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 com esse material forem quebradas, as forças intermole-
1
IA
2,1 2
VIII A
culares serão fortes o suficiente para unir as duas partes:
3
H
1
1,0 4
II A
1,5 5
III A
2,0 6
IV A
2,5 7
VA
3,0 8
VI A
3,5 9
VII A
4,0 10
He
4 as moléculas do material irão se juntar e colar as duas
11
Li
7
0,9 12
Be
9
1,2 13
B
11
1,5 14
C
12
1,8 15
N
14
2,2 16
O
16
2,5 17
F
19
3,0 18
Ne
20 partes, restaurando seu estado original.
Na Mg AI Si P S CI Ar
Agora responda aos itens abaixo:
III B IV B VB VI B VII B VIII B IB II B
23 24 27 28 31 32 35,5 40
19 0,8 20 1,0 21 1,3 22 1,4 23 1,6 24 1,6 25 1,5 26 1,8 27 1,8 28 1,8 29 1,9 30 1,6 31 1,6 32 1,8 33 2,2 34 2,4 35 2,8 36

K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr
39 40 45 48 51 52 55 56 59 58,5 63,5 65,5 70 72,5 75 79 80 84
37

Rb
0,8 38

Sr
1,0 39

Y
1,2 40

Zr
1,4 41

Nb
1,6 42

Mo
1,6 43

Tc
1,9 44

Ru
2,2 45

Rh
2,2 46

Pd
2,2 47

Ag
1,9 48

Cd
1,7 49

In
1,7 50

Sn
1,8 51

Sb
1,9 52

Te
2,1 53

I
2,5 54

Xe
a) Classifique o composto sólido hipotético como iô-
nico ou molecular.
85,5 87,5 89 91 93 96 (98) 101 103 106,5 108 112,5 115 119 122 127,5 127 131
55 0,7 56 0,9 57-71 72 1,3 73 1,5 74 1,7 75 1,9 76 2,2 77 2,2 78 2,2 79 2,4 80 1,9 81 1,8 82 1,8 83 1,9 84 2,0 85 2,2 86

Cs Ba lantanídeos Hf Ta W Re Os Ir Pt Au Hg TI Pb Bi Po At Rn
133 137 178,5 181 184 186 190 192 195 197 200,5 204 207 209 (209) (210) (222)
87

Fr
(223)
0,7 88

Ra
(226)
0,9 89-103
actinídeos
104

Rf
(267)
105

Db
(268)
106

Sg
(269)
107

Bh
(270)
108

Hs
(269)
109

Mt
(278)
110

Ds
(281)
111

Rg
(281)
112

Cn
(285)
113

Nh
(286)
114

Fl
(289)
115

Mc
(288)
116

Lv
(293)
117

Ts
(294)
118

Og
(294)
b) Indique qual força intermolecular seria a responsável
pela autorregeneração da tela do telefone celular.
NÚMERO ELETRONE- 57 1,1 58 1,1 59 1,1 60 1,1 61 1,1 62 1,2 63 1,2 64 1,2 65 1,2 66 1,2 67 1,2 68 1,2 69 1,2 70 1,2 71 1,3

c) Uma opção para se proteger a tela de vidro co-


actinídeos lantanídeos

ATÔMICO GATIVIDADE
La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

139 140 141 144 (145) 150 152 157 159 162,5 165 167 169 173 175
SÍMBOLO
MASSA ATÔMICA
APROXIMADA
89

Ac
227
1,1 90

Th
232
1,3 91

Pa
231
1,5 92

U
238
1,7 93

Np
237
1,3 94

Pu
(244)
1,3 95

Am Cm
(243)
1,3 96

(247)
1,3 97

Bk
(247)
1,3 98

Cf
(251)
1,3 99

Es
(252)
1,3 100

Fm
(257)
1,3 101

Md
(258)
1,3 102

No
(259)
1,3 103

Lr
(262)
1,3

mum é o uso de películas adesivas. Os adesivos são


compostos por substâncias apolares e podem aderir a
praticamente qualquer superfície. Qual força intermo-
2. (FMJ 2022) Ligas de alumínio, níquel e cobalto lecular mantém a película colada ao vidro?
(AℓNiCo) são utilizadas na fabricação de ímãs. Es-
sas ligas contêm metais misturados a uma matriz de
ferro e são usadas em produtos que necessitam de
calibração magnética, como velocímetros. A compo-
U.T.I. - E.O.
sição dos ímãs AℓNiCo é variável, podendo ter entre 1. Descreva as principais características do átomo de
55-63% de ferro, 19-30% de níquel e 12-15% de alu- Dalton, Rutherford e Bohr.
mínio.
a) Qual dos elementos que constituem um ímã 2. Com o auxílio da tabela periódica, responda:
AℓNiCo possui o maior raio atômico? Cite o tipo de a) Qual a quantidade de prótons e de nêutrons pre-
ligação que existe entre os átomos que formam um sentes no núcleo do 137Cs.
ímã AℓNiCo. b) Faça a distribuição eletrônica em camadas desse átomo.

335
3. Três átomos estão representados pelas letras A, B 9. O urucum é material patenteado por uma companhia
e C. xA, x+1B e x+2C pertencem a um mesmo período da cosmética francesa, que detém os direitos de comercia-
tabela periódica e B é um halogênio. Classifique A e C lização do pigmento.
segundo seu grupo e justifique. À medida que a bixina é o principal constituinte da par-
te corante do urucum, responda:
4. O elemento bário pode ser encontrado na forma do
íon Ba2+. Determine quantos prótons e quantos elé- CH3 CH3
trons o íon Ba2+ possui e qual apresenta maior raio H3CO COOH
atômico, Ba ou Ba2+?
O CH3 CH3
5. O cálcio e o bário são elementos que pertencem à
família 2A (grupo 2) da tabela periódica. Mesmo sendo Bixina
da mesma família, seus compostos possuem algumas
Qual dos solventes extrai melhor a bixina do urucum:
aplicações distintas, por exemplo: o carbonato de cálcio
água (H2O) ou clorofórmio (CCℓ3H)? Por quê?
é encontrado nos tecidos ósseos, enquanto o carbonato
de bário pode ser empregado nas armadilhas de ratos 10. Qual a fórmula unitária resultante da combinação
ou na construção civil. Explique por que o raio atômico química entre os átomos de magnésio (Z = 12) e nitro-
do elemento cálcio é menor do que o raio atômico do gênio (Z = 7)?
elemento bário.
11. A afirmativa “as moléculas dos gases SO2 e CO2
6. Sabe-se que quanto maior for o raio atômico, me- apresentam geometria angular e são polares” está cor-
nos eletronegativo é o elemento químico. Assim sendo, reta? Justifique sua resposta.
analise as afirmativas a seguir, identificando, e justifi-
que sua resposta, quando essas forem falsas, por meio 12. Desenhe as fórmulas eletrônicas do H2S e do SO2.
deste critério. Qual o tipo de ligação existente?
I. O potássio (K) é mais eletronegativo que o cálcio (Ca). 13. (EBMSP)
II. O frâncio (Fr) é o mais eletronegativo de todos os
elementos.
III. O carbono (C) é mais eletronegativo que o silício (Si).

7. Na tabela abaixo estão representados alguns elemen-


tos pelas letras A, B, C e D.
a) Coloque-os em ordem crescente de eletronegativi-
dade e de raio atômico.
b) Explique que relação há entre essas duas proprie-
dades periódicas.
O ácido desoxirribonucleico, DNA, é uma macromolécula
que carrega informações genéticas necessárias para a re-
produção e desenvolvimento das células. Essa substância
química é constituída por duas cadeias polinucleotídicas
formadas por grupos fosfato e açúcar desoxirribose al-
ternados, com bases orgânicas ligadas às moléculas de
açúcar e interligadas duas a duas, de maneira específica,
como a interação entre a guanina e a citosina, represen-
tada de maneira simplificada na figura.
8. Alguns produtos químicos, tais como liga de ferro-
Considerando essas informações e a figura, identifique
titânio, benzoato de sódio (C7H5O2Na), hexacloroetano
o tipo da interação intermolecular entre a guanina e a
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

(C2Cℓ6) e cloreto de cálcio (CaCℓ2), podem ser utilizados


citosina e o tipo da interação que une os átomos de ni-
para obter efeitos especiais em fogos de artifício.
trogênio e hidrogênio, nas bases orgânicas, destacando
A tabela a seguir fornece informações relativas à natureza qual dessas interações é a mais fácil de ser “rompida”,
das ligações químicas presentes nesses quatro produtos. justificando a sua resposta.

Produto Natureza das 14. (UNINOVE – Medicina) O oleocantal é isolado a par-


Efeito tir do azeite de oliva extra virgem, é responsável pelo
químico ligações químicas
sabor pungente desse tipo de azeite e possui atividade
A somente iônica estrelas de cor laranja biológica análoga à de agentes anti-inflamatórios.
B somente covalente fumaça (Journal of Chemical Education, 2014.)
centelhas
C metálica
branco-amarelada
D covalente e iônica assovia
Identifique os produtos químicos A, B, C e D.

336
a) Qual tipo de ligação química une os átomos consti-
tuintes da molécula de oleocantal?
b) Com base na estrutura apresentada, classifique o
oleocantal como substância polar ou apolar. Justifique
sua classificação.

15. (UFPR) A estrutura molecular que compõe as fibras


dos tecidos define o comportamento deles, como maciez,
absorção de umidade do corpo e tendência ao encolhi-
mento. As fibras de algodão contêm, em maior propor-
ção, celulose, um polímero carboidrato natural. Já os te-
cidos sintéticos de poliéster têm propriedades diferentes
do algodão. O poliéster é uma classe de homopolímeros
e copolímeros que contém o grupo funcional éster na sua
estrutura, como o politereftalato de etileno.

a) Tecidos de algodão absorvem muito bem a umidade,


diferentemente do poliéster. Com base nas estruturas quí-
micas mostradas, escreva um texto explicando a razão pela
qual a fibra do algodão apresenta essa propriedade.
b) Roupas de tecidos de algodão tendem a encolher após
as primeiras lavagens, principalmente se secas em seca-
doras, diferentemente dos tecidos de poliéster. Isso ocorre
porque as fibras de algodão são esticadas a altas tensões
no processo de tecelagem. Porém esse estado tensionado
não é o mais estável da fibra. Com o movimento propor-
cionado pela lavagem e o aquecimento na secadora, as
fibras tendem a relaxar para conformação mais estável,
causando o encolhimento. Escreva um texto explicando
qual é o tipo de interação responsável por atrair as fibras e
resultar no encolhimento do tecido.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

337
QUÍMICA

1
CIÊNCIAS DA
QUÍMICA 2
NATUREZA
e suas tecnologias

U.T.I.
PROPRIEDADES DA MATÉRIA

Estados físicos da matéria Mudanças de estado físico


§ Estados físicos da matéria, estados de agrega-
ção ou fases são as diferentes formas nos quais a ma-
téria pode se apresentar.
§ Forma e volume são alguns fatores que distinguem
cada um dos estados físicos.

Sólido
§ As partículas estão em agitação térmica mínima.
§ Átomos concentrados em um mesmo espaço físico.
§ Forma e volume são fixos.
Ressublimação

Observação: a vaporização pode ocorrer de três for-

Líquido mas, recebendo nomes específicos:

Ocorre naturalmente num líquido a


§ As partículas apresentam maior agitação térmica.
temperaturas inferiores ao ponto de ebulição.
Evaporação
§ Estão um pouco mais dispersas. É lenta, praticamente imperceptível e
superficial.
§ As substâncias têm volume fixo. Ocorre na temperatura de ebulição, carac-
§ A sua forma pode variar. terística da substância. É rápida, visível, tur-
Ebulição
bulenta e, normalmente, demanda o aqueci-
mento do líquido.
Ocorre quando o líquido entra em contato
com superfícies muito quentes, a temperatu-
Calefação
ras acima do seu ponto de ebulição. É instan-
tânea e violenta.

Temperaturas de
mudança de estado
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Gasoso
§ Estado de maior agitação térmica. Ponto de fusão (PF) e
§ As partículas estão muito afastadas, dispersas no espaço. ponto de ebulição (PE)
§ Forma e volume variáveis. Ponto de fusão (temperatura de fusão) é a temperatura
sob a qual uma substância passa do estado sólido para o
estado líquido. Ponto de ebulição (temperatura de ebuli-
ção) é a temperatura na qual uma substância passa do esta-
do líquido para o estado gasoso a uma determinada pressão.
O fator característico para uma substância ser pura é, à de-
terminada pressão, ter o ponto de fusão constante.

340
Do mesmo modo que no ponto de fusão, quando se determi-
massa 
d = ​ ______ m ​ 
⇒ d = ​ __
na o ponto de ebulição de uma substância pura, não é admis-  ​  v
volume
sível que surjam variações superiores a 1 °C na temperatura.

Densidade ou massa específica


Obs.: para sólidos e líquidos, a densidade geralmente é
expressa em grama por centímetro cúbico (g/cm3 ou
g · cm–3) ou grama por mililitro (g/mL ou g · mL–1).
Para gases, costuma ser expressa em gramas por litro
Densidade é o quociente da massa pelo volume do
(g/L ou g · L–1).
material (a uma dada temperatura).

DIAGRAMAS DE MUDANÇA DE ESTADO

Representações gráficas de mudanças de estado físico.


Substâncias puras
Exemplo 1:
Apresentam dois patamares: trechos horizontais que cor-
Curva de aquecimento da água respondem ao ponto de fusão e ao ponto de ebulição
constantes.

Exemplo 2:
Curva de resfriamento da água
Misturas (homogêneas)
Há variação na temperatura durante as duas mudanças
de estado. Portanto, misturas (homogêneas) não possuem
nem ponto de fusão e nem ponto de ebulição definidos.
Vamos exemplificar com uma solução aquosa de NaCℓ:
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Substância pura × mistura


Substâncias puras são sistemas formados por um único
tipo de substância. Exemplos: água destilada; ferro puro;
gás oxigênio.
Misturas são sistemas formados por, no mínimo, duas
substâncias juntas. Exemplos: água e sal; água e álcool;
ar atmosférico.

341
Misturas especiais § Mistura azeotrópica: comporta-se como uma subs-
tância pura somente durante a ebulição. Assim, apre-
§ Mistura eutética: comporta-se como se fosse uma senta ponto de ebulição constante, mas a sua tempe-
substância pura somente durante a fusão. Portanto, ratura de fusão é variável.
possui ponto de fusão constante, mas a sua tempera-
Exemplo: mistura de álcool etílico (96%) e água (4%),
tura de ebulição varia.
que sofre ebulição (ferve) a 78,1 ºC.
Exemplo: solda de funilaria – mistura de estanho (63%)
e chumbo (37%), que se funde (derrete) a Tf = 183 °C.

PE = 78,1

SISTEMAS

Matéria Molécula
Matéria é tudo o que tem massa e ocupa espaço, pode Um agrupamento de átomos de um mesmo elemento ou de
ser líquida, sólida ou gasosa. elementos diferentes é chamado molécula, caracterizando,
assim, uma substância. Essa pode ser representada grafica-
mente por uma fórmula molecular, que indica o número de
Conceitos fundamentais átomos de cada elemento existente na molécula da substância.

Átomo e elemento químico Substância Fórmula


água H2O
Átomos são as partículas que formam a matéria. Ele-
mento, por sua vez, é um conjunto de átomos com o mes- álcool C2H6O

mo número atômico (Z). cloreto de sódio NaCℓ

Cada elemento químico recebe um nome e um símbolo. açúcar (sacarose) C12H22O11


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

ozônio O3
Veja alguns exemplos a seguir:

Elemento Símbolo
Carbono C Sistemas materiais
Hidrogênio H A uma porção de matéria, damos o nome de sistema.
Sódio (Natrium) Na Sistemas podem ser classificados de duas formas:
Prata (Argentum) Ag § Quanto à constituição (composição) – substância
Chumbo (Plumbum) Pb pura (ou, simplesmente, substância) ou mistura.
Potássio (Kalium) K § Quanto ao aspecto visual (nem sempre confiável, se
usarmos apenas a visão humana para análise) – ho-
mogêneo ou heterogêneo.

342
Substância pura (ou simplesmente § Sistemas monofásicos: têm uma única fase, logo,
são homogêneos.
substância)
§ Sistemas bifásicos (2 fases), trifásicos (3 fases),
1. Substância (pura) simples – formada por um único tetrafásicos (4 fases) e polifásicos (5 ou mais
elemento químico, ou seja, um único tipo de átomo, inde- fases): possuem mais de uma fase, portanto, sempre
pendente da sua quantidade. são heterogêneos.
Exemplos: H2 (hidrogênio); O2 (oxigênio); Fe (ferro); S8
(enxofre) etc. Alotropia
2. Substância (pura) composta ou composto – for- É a característica que alguns elementos químicos possuem
mada por mais de um elemento químico, ou seja, mais de de formar várias substâncias simples diferentes (formas
um tipo de átomo. ou variedades alotrópicas ou, ainda, alótropos).
Exemplos: H2O (água); CO2 (gás carbônico); C6H12O6 (gli- Exemplos:
cose); HCℓ (ácido clorídrico) etc.
Nome da
Elemento Figura no
substância Fórmula Atomicidade
químico espaço
Mistura simples

gás oxigênio O2 diatômico


É a espécie de matéria formada, literalmente, pela mistura
Oxigênio
de duas ou mais substâncias puras.
gás ozônio O3 triatômico

Exemplos:
Fósforo
P4 tetratômico
branco
§ gasolina Fósforo
§ ar atmosférico Fósforo
Pn ou P macromolécula
vermelho
§ álcool hidratado

Tipos de misturas
grafite Cn ou C macromolécula

§ Mistura homogênea – é a que apresenta aspecto


diamante Cn ou C macromolécula
uniforme e propriedades iguais em todos os seus pon- Carbono

tos. São chamadas soluções.


Todas as misturas de quaisquer gases são sempre misturas fulereno C60 macromolécula
homogêneas.
§ Mistura heterogênea – é a que apresenta aspecto não
enxofre
uniforme e propriedades variáveis de um ponto a outro. rômbico
S8 macromolécula

Enxofre
Exemplos: água e óleo (a camada de óleo apresenta pro- enxofre
S8 macromolécula
priedades diferentes em relação à água), água e areia etc. monoclínico
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Matéria

Fenômenos
Substância Pura Mistura
1. Físico: quaisquer transformações sofridas por um mate-
rial, sem que haja alteração na sua composição.
Simples Composta Homogênea Heterogênea
Exemplo: qualquer mudança de estado físico.
2. Químico: quaisquer transformações sofridas por um
Fases de um sistema material, de modo que haja alteração na sua composição.

Fase é cada uma das porções homogêneas que com- Exemplo: a formação de ferrugem, a transformação do
põem um sistema heterogêneo. A fase pode ser contínua vinho em vinagre, decomposição de matéria orgânica.
ou fragmentada.

343
ANÁLISE IMEDIATA

Métodos de separação a) Vira-se lentamente a mistura em um outro frasco;


b) Com o auxílio de um sifão, transfere-se a fase líquida
de misturas para um outro frasco (sifonação).

Para a separação dos componentes de uma mistura, uti-


lizamos um conjunto de processos físicos denominados
análise imediata.

Misturas heterogêneas
Misturas heterogêneas [sólido-sólido]
§ Catação: separam-se os componentes sólidos usando
a mão ou uma pinça.
Exemplo: escolher feijão. § Filtração simples: a fase sólida é separada com o
§ Ventilação: o sólido menos denso é separado por auxílio de papéis de filtro.
uma corrente de ar.
Exemplo: separação dos grãos de arroz de suas cascas.

§ Levigação: o sólido menos denso é separado por uma


corrente de água.
Exemplo: separação, no garimpo, de areia e ouro.

§ Separação magnética: um dos sólidos é atraído por


um ímã.
Exemplo: separação em larga escala de alguns
minérios de ferro de suas impurezas.

§ Dissolução fracionada: um dos componentes sóli-


dos da mistura é dissolvido em um líquido. § Filtração a vácuo: o processo de filtração pode ser
Exemplo: mistura de sal e areia. acelerado pelo uso de uma trompa de vácuo que
“suga” o ar existente na parte interior do kitassato.
Métodos Exemplo
Peneiração ou tamisação: usada para sep-
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Separação de areia
arar sólidos formados por partículas de di-
e cascalho.
mensões diferentes.
Fusão fracionada: usada para separar sólidos Separar uma mistura de
cujos pontos de fusão são muito diferentes. ferro, chumbo e estanho.
Sublimação: é usada quando um dos sólidos,
por aquecimento, sublima (passa diretamen-
Sal (ou areia) e iodo.
te do estado sólido para vapor), e o outro
permanece sólido.

Misturas heterogêneas
[sólido-líquido]
§ Decantação: a fase sólida, por ser mais densa, sedi-
menta-se. Pode ser feita de duas maneiras:

344
§ Centrifugação: é uma maneira de acelerar o proces-
so de decantação, utilizando um aparelho denominado Misturas homogêneas
centrífuga. As partículas de maior densidade, por in-
ércia, são depositadas no fundo do tubo. Misturas homogêneas [sólido-líquido]
O componente sólido encontra-se totalmente dissolvido
no líquido, o que impede a sua separação por filtração.
§ Evaporação: a mistura é deixada em repouso ou é
aquecida até o líquido (componente mais volátil) sofrer
evaporação. Esse processo apresenta um inconveniente:
a perda do componente líquido.
§ Destilação simples: a mistura é aquecida em uma
aparelhagem apropriada, de tal maneira que o compo-
Misturas heterogêneas [líquido-líquido] nente líquido inicialmente vaporiza-se e, a seguir, sofre
condensação, sendo recolhido em outro frasco.
§ Decantação: separam-se líquidos imiscíveis com Termômetro
densidades diferentes.

Misturas homogêneas
[líquido-líquido]
Misturas heterogêneas [gás-sólido]
§ Destilação fracionada: são separados líquidos mis-
§ Decantação: a mistura passa através de obstáculos, cíveis, cujas temperaturas de ebulição são distantes.
em forma de zigue-zague, onde as partículas sólidas
Termômetro
perdem velocidade e se depositam.
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Condensador

Coluna
de fracionamento

Balão

Saída de água
Entrada de água
Bico Bunsen

§ Filtração: a mistura passa através de um filtro, onde o


sólido fica retido.
Observação: a destilação é muito utilizada em indústrias pe-
troquímicas, na separação dos diferentes derivados do petróleo.

345
O esquema mostra o tradicional alambique, usado para preparar bebidas alcoólicas provenientes da fermentação de açúcares ou cereais.

Misturas [gás-gás] § Adsorção: consiste na retenção superficial de gases.


Uma das principais aplicações da adsorção são as más-
§ Liquefação fracionada: a mistura de gases passa caras contra gases venenosos.
por um processo de liquefação e, posteriormente, pela
destilação fracionada.
A liquefação fracionada é utilizada na separação dos Análise cromatográfica
componentes do ar atmosférico: N2, O2 e outros gases.
ou cromatografia
A separação e identificação dos componentes de uma mis-
tura, a partir de colorações diferentes. A cromatografia tem
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

a vantagem de permitir até mesmo a separação de compo-


nentes em quantidades muito pequenas.

346
RADIOATIVIDADE: EMISSÕES RADIOATIVAS
E ENERGIA NUCLEAR

Introdução à radioatividade
Radioatividade é o fenômeno pelo qual um núcleo instável emite espontaneamente determinadas entidades (partículas e
ondas), genericamente chamadas de radiações, transformando-se em outro núcleo mais estável.

Fatores químicos, estado físico, pressão e temperatura não influem na radioatividade de um elemento, uma vez que ela depende,
mas apenas, do fato de seu núcleo ser instável.

(+)
bloco de chumbo

raios
raios
raios
substância radioativa (–)
campo magnético
O esquema mostra o comportamento das radiações , e em um campo eletromagnético.

Das três radiações mencionadas, a gama (g) é a mais penetrante – e a mais perigosa para o ser humano –, a beta (b) tem
penetração média e a alfa (a) é a menos penetrante.

Emissões radioativas
Principais emissões radioativas

Emissão Constituição Massa Carga Representação Velocidade


alfa 2 prótons e 2 nêutrons 4u +2 4 1/10 c
a
+2

beta 1 elétron >0 –1 0 9/10 c


b
–1
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

gama onda eletromagnética 0 0 0 c


0
g
c = velocidade da luz no vácuo = 300 mil km/s

Emissão Constituição Massa Carga Representação


próton 1 próton 1u +1 1
+1
p
nêutron 1 nêutron 1u 0 1
0
n
pósitron “elétron positivo” >0 +1  
 –10 ​b

347
Leis das emissões radioativas Transmutações
1a lei: lei de Soddy § transmutação natural
Ocorre se um elemento químico emitir espontaneamente
– emissão de partículas a uma radiação e transformar-se em outro.

Se um átomo X emitir uma partícula a, seu número de § transmutações artificiais


massa diminui em 4 unidades e seu número atômico Ocorre se as transmutações forem obtidas por bombardea-
diminui em 2 unidades: AZ X 4
+2
a + Z​ A 
– 2  Y.
–4 mento de núcleos estáveis com partículas a, prótons, nêutrons.

As equações nucleares obedecem a um balanço dos números


de massa (A) e das cargas nucleares (Z), que são conservados. Energia nuclear
Energia proveniente dos núcleos atômicos, mediante rea-
ções de fissão e fusão nucleares.

Fissão nuclear
É o processo em que ocorre ruptura do núcleo que é bom-
Exemplo bardeado com partículas.
§ Se um átomo de   ​94​  Pu emitir uma partícula a, ele se
239
§ No processo de fissão ocorre uma reação em cadeia.

transforma em ​92​  U. Essa reação nuclear pode ser re-
235


​ 94P ​  u
presentada por: 239 4    1

2​ ​a
  + 235
​ 92U
 ​ 
0 n

93
36 Kr 1
n

2 lei: lei de Soddy-Fajans-Russel


0

a
235
U

– emissão de partículas b
92 1
0 n

140
93 56 Ba
36 Kr
1
0 n 1
n
Se um átomo X emitir uma partícula b, seu número
93 0
36 Kr

de massa permanece inalterado e seu número atômico 1


n
1
0 n
1
0 n
  
aumenta em 1 unidade:  A​ZX  
0

​  ​  0​b
–1   + Z​ +A1 Y
​  . Nêutron 235
U
92
235
92 U 140
56 Ba 1
n
0
1
0 n

Exemplo
140 93
56 Ba 36 Kr
1
0 n

§ Se um átomo de   ​6​C
14
   emitir uma partícula b, ele se trans- 235

forma em  
U 1

​7N
14
​   . A reação nuclear pode ser representada por:​
92
0 n
140

 C    
Ba

6 ​  ​  0 ​b
  + 14 ​ 7N
 ​ 
14
56
1
–1 0 n

Reação em cadeia do Urânio-235


Os raios gama (g) Na fissão nuclear, a energia desprendida por um reator nu-
§ As emissões, radiações ou raios gama (​0 0​g
   ) não são clear transforma a água líquida em vapor, o qual movimenta
uma turbina que produz energia elétrica mediante um gera-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

partículas, mas ondas eletromagnéticas semelhantes


à luz, cujo comprimento de onda é muitíssimo menor, dor. A energia liberada em uma reação de fissão nuclear é
portanto, cuja energia é muito mais elevada, superando imensamente maior do que as liberadas em reações químicas.
inclusive os raios X.
§ Sem massa nem carga elétrica, eles não sofrem desvio Fusão nuclear
ao atravessar um campo elétrico ou magnético. Fusão nuclear é o processo mediante o qual ocorre a fusão de
§ As emissões g têm sempre um poder de penetração dois núcleos mais leves para formar um núcleo mais pesado.
bem maior que as partículas a e b. Essa reação exige temperatura elevadíssima.
§ Uma emissão g não altera nem o número atômico (Z)
Em 1952, conseguiram realizar a primeira fusão não con-
nem o número de massa (A) do elemento. Em razão
trolada, que constituiu a primeira bomba de hidrogênio.
disso, não se costuma escrever a emissão g nas equa-
ções nucleares. Digamos que a bomba atômica é a “espoleta” da bomba
de hidrogênio, que libera a energia necessária para a fusão.

348
CINÉTICA DOS DECAIMENTOS RADIOATIVOS

Meia-vida ou período de De uma quantidade de material radioativo inicial m 0, após


n meias-vidas decorridas, chega-se a uma quantidade m,
semidesintegração que será dada por:

Vida-média m
m = ___
​  n0 ​ 
2
Curva de decaimento radioativa
Considere uma amostra de material radioativo de massa E o tempo total decorrido Dt, desde o valor inicial m 0 até
inicial m 0. A cada meia-vida decorrida, a massa da amostra se atingir o valor m, será de:
reduz-se à metade.

Dt = n · P

Esquematicamente:

∆t = n · P
m
m = ___
​  n0 ​ 
2
Curva de decaimento radioativo

INTRODUÇÃO À QUÍMICA ORGÂNICA

Origem da expressão de C e de H, na sua maioria. A queima completa dessas


substâncias produz CO2 e H2O; a incompleta produz CO; e
Química orgânica a parcial, apenas C (fuligem).
Torbern Olof Bergman, químico sueco, empregou pela pri-
Ligações covalentes. Em razão disso, as forças de
meira vez a expressão Química orgânica. Ligações e atração intermoleculares predominantes são as
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

forças inter- forças de dipolo instantâneo-dipolo induzido e


§ Compostos orgânicos: substâncias de organismos as forças de atração entre dipolos permanentes,
moleculares
vivos. dentre elas as ligações de hidrogênio.
§ Compostos inorgânicos: substâncias do reino mi- Em princípio, os compostos orgânicos apresentam
neral. pouca estabilidade diante de agentes externos,
Estabilidade
como temperatura, pressão, ácidos concentrados,

Características gerais das Ponto de fusão


entre outros.
Moleculares, na sua maioria, os compostos

moléculas orgânicas e de ebulição


orgânicos apresentam pontos de fusão e ebulição
baixos.

Compostos orgânicos Solubilidade


Os compostos orgânicos, em geral, são solúveis
em solventes apolares e insolúveis em solventes
polares, como a água.
Orgânicos são constituídos fundamentalmente por quatro ele-
As reações orgânicas da maioria das substâncias
mentos: C, H, O e N, denominados elementos organógenos. Velocidade
moleculares e de grande massa molar são lentas.
São dotados de combustão, uma vez que são compostos das reações Por isso, requerem o uso de catalisadores.

349
Características do Classificação dos carbonos
átomo de carbono
De acordo com os átomos
Postulados de Kekulé a ele ligados
1. O carbono teria quatro valências. Um átomo de carbono pode ser classificado de acordo com
2. Os átomos de C poderiam formar cadeias. o número de átomos de carbono diretamente ligados a ele.
3. Os átomos de C poderiam unir-se, utilizando uma ou
§ Primário: ligado a 1 ou a nenhum átomo de carbono.
mais valências.
§ Secundário: ligado a 2 átomos de carbono.
Representação de § Terciário: ligado a 3 átomos de carbono.

cadeias carbônicas § Quaternário: ligado a 4 átomos de carbono.

Exemplos Exemplo
H3C – CH2 – CH2 – CH3 →
P = primário
S = secundário
H3C – N – CH = CH2 → T = terciário
N Q = quaternário

CH3

De acordo com o tipo de ligação (sigma/s e pi/p)


e com o tipo de hibridação (hibridização)
Ligação do
Ligações Hibridação do Ângulo entre
átomo de Geometria Exemplo
estabelecidas átomo de carbono as ligações
carbono
4 simples 4s sp3 tetraédrica 109º28’ CH4
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2 simples e 1 dupla 3s e 1p sp2


trigonal plana 120º H2C = O

1 simples e 1 tripla 2s e 2p sp linear 180º H—C;N

2 duplas 2s e 2p sp linear 180º O=C=O

Classificação das cadeias carbônicas


1. Quanto ao fechamento da cadeia
§ Cadeia aberta ou acíclica: se percorrida num sentido qualquer para chegar a uma extremidade.
§ Cadeia fechada ou cíclica: se houver fechamento na cadeia em forma de ciclo, núcleo ou anel.
§ Cadeia mista: quando um composto apresenta cadeia carbônica com uma parte cíclica e outra parte acíclica ao mesmo
tempo na molécula.

350
§ Cadeia alifática ou Cadeia não aromática: pode
ser cadeia aberta, fechada ou conter ambas. Compostos aromáticos
§ Cadeia alicíclica: é aquela que apresenta cadeia car- Cadeia cíclica com presença do anel aromático (os elétrons
bônica fechada saturada ou insaturada, sem a presen- estão em ressonância).
ça de aromaticidade. 1. Compostos aromáticos mononucleares ou mono-
nucleados: se contiver um único anel benzênico.
2. Quanto à disposição
2. Compostos aromáticos polinucleares ou polinucle-
§ Cadeia normal, reta ou linear: se contiver apenas ados: se contiver vários anéis benzênicos subdivididos em:
átomos de carbono primários e/ou secundários.
§ polinucleares isolados: se os anéis não tiverem áto-
§ Cadeia ramificada: se contiver átomos de carbono mos de carbono em comum;
terciários e/ou quaternários. § polinucleares condensados: se os anéis tiverem
3. Quanto à saturação átomos de carbono em comum.

§ Saturada: se entre átomos de carbono houver apenas


ligações simples.
Resumo das cadeias carbônicas
§ Insaturada: se entre átomos de carbono houver liga-
ções duplas e/ou triplas.

4. Quanto à natureza
§ Homogênea: se entre átomos de carbono houver
apenas átomos de carbono.
§ Heterogênea: se entre átomos de carbono houver
um ou mais átomos diferentes de carbono.

HIDROCARBONETOS

Compostos formados unicamente por carbono e hidro- § Possuem densidades menores que 1 g ∙ cm-3, flutuando
gênio podem ser representados, genericamente, por CxHy, sobre a água.
cuja nomenclatura leva o sufixo o.
Alcenos (alquenos) – fórmula geral CnH2n
Alcanos ou parafinas – fórmula geral CnH2n + 2 Também conhecidos como olefinas, são hidrocarbonetos
São hidrocarbonetos alifáticos saturados com ligações acíclicos contendo uma única ligação dupla entre os
simples. carbonos em sua cadeia carbônica.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Propriedades físicas dos alcanos Propriedades físicas dos alcenos


§ Os alcanos são pouco reativos, porque as ligações en- § São insolúveis em água e solúveis em solventes apo-
tre C – H e C – C são muito estáveis e difíceis de serem lares.
quebradas. § São menos densos que a água.
§ São mais utilizados para a queima (combustão), como § Os pontos de ebulição aumentam de forma igual, se-
combustíveis. gundo o número de carbonos na cadeia.
§ Os alcanos são compostos apolares, apresentando in- § Os alcenos são mais reativos do que os alcanos por
teração dipolo induzido-dipolo induzido entre as mo- possuírem uma ligação dupla, que é mais fácil de
léculas. ser quebrada.
§ Eles são insolúveis em água e solúveis em solventes § Sofrem reações de adição e também de polimerização.
apolares.

351
Alcinos (alquinos) 1C MET 6C HEX 11C UNDEC

– fórmula geral CnH2n – 2 2C ET 7C HEPT 12C DODEC


3C PROP 8C OCT 13C TRIDEC
São hidrocarbonetos acíclicos contendo uma única liga- 4C BUT 9C NON 14C TETRADEC
ção tripla entre os carbonos em sua cadeia carbônica. 5C PENT 10C DEC 15C PENTADEC
Propriedades físicas dos alcinos
§ Infixo: indica o tipo de ligação entre os átomos de
§ São compostos de baixa polaridade. carbono.
§ São insolúveis em água e solúveis em solventes apo-
lares.
§ São menos densos que a água.
§ Têm os pontos de fusão e ebulição crescentes com o
aumento do número de carbonos na cadeia.
§ Os alcinos são preparados em laboratório porque não
se encontram livres na natureza, devido a sua tripla li- § Sufixo: indica a função orgânica. No caso específico
gação, que é muito reativa. dos hidrocarbonetos, o sufixo é o. Alguns sufixos bas-
tante usuais:

Alcadienos (dienos) Função Grupo funcional Sufixo


– fórmula geral CnH2n – 2 Álcool -ol
São hidrocarbonetos acíclicos contendo duas ligações
duplas entre os carbonos em sua cadeia carbônica.
Ácido carboxílico -oico

Cicloalcanos, ciclanos ou
cicloparafinas – fórmula geral CnH2n Aldeído -al

São hidrocarbonetos de cadeia fechada (cíclica) com liga-


ções simples tão somente. Cetona -ona

Cicloalcenos, cicloalquenos, Amina -amina


ciclenos ou ciclolefinas
– fórmula geral CnH2n – 2 Exemplos:
São hidrocarbonetos cíclicos insaturados com uma li- H3C — CH2 — CH2 — CH3
gação dupla.
Nº de
Ligação Função Nome
átomos
Aromáticos (não há fórmula geral)
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

4C ä but simples ä an hidrocarboneto ä o butano


São hidrocarbonetos de cadeia fechada que apresentam
pelo menos um anel benzênico (núcleo aromático). 5 4 3 2 1
H3C — CH2 — C ; C — CH3

Nomenclatura oficial IUPAC Nº de


átomos
Ligação Função Nome

O nome de uma molécula orgânica é composto de três ele- tripla entre os


mentos fundamentais: 5C ä pent carbonos 2 e hidrocarboneto ä o pent–2–ino
3 ä 2 – in

prefixo + infixo + sufixo

§ Prefixo: indica o número de átomos de carbono da


cadeia principal.

352
Nº de
átomos
Ligação Função Nome Nomenclatura de
3C em cadeia
hidrocarbonetos ramificados
hidrocarboneto
cíclica ä dupla ä en ciclopropeno
cicloprop
äo É feita de acordo com as seguintes regras da IUPAC:
1. Localizar a cadeia de átomos de carbono mais

Grupos orgânicos ou radicais comprida (cadeia principal).


2. A numeração da cadeia principal começa onde o
Esses radicais se formam por meio de cisão homolítica, que substituinte estiver mais próximo, ou seja, de modo
é um rompimento de uma ligação covalente, em que cada com que se obtenham os menores números possíveis para
um desses átomos fica com um dos elétrons que antes es- os substituintes. Depois, identifique os substituintes.
tavam sendo compartilhados na ligação. 3. Para montar o nome do composto, o grupo substituinte,
Esses radicais livres são bastante instáveis, ou seja, pos- precedido pelo número que designa a sua localização na
suem vida curta, pois eles possuem elétrons livres ou elé- cadeia (quando necessário), é colocado em primeiro lugar;
trons desemparelhados dos radicais, reagem ativamente o nome da cadeia principal é colocado em último lugar.
com qualquer molécula próxima, formando novos com-
Os grupos devem ser escritos em ordem alfabética.
postos. Quando dois radicais orgânicos ligam-se, forma-se
uma cadeia carbônica.
Exemplo:
Principais grupos ou radicais
Radical Nome
Metil

Etil
4. Quando duas ou mais cadeias de comprimento igual
— Propil ou n-propil competem pela seleção com a cadeia principal, escolher a
que tiver o maior número de substituintes.
Isopropil 5. Quando a ramificação acontecer numa distância igual
em qualquer dos lados da cadeia principal, escolher o
nome em que a soma das posições das rami-
Butil ou n-butil
ficações dá o menor número.

Sec-butil ou s-butil

Isobutil

Para hidrocarbonetos
insaturados (alcenos, alcinos
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Terc-butil ou t-butil

e dienos) ramificados
Vinil ou etenil
Nomenclatura segue a mesma regra dos alcanos ramifica-
dos, com algumas diferenças:
Benzil 1. A cadeia principal é a cadeia mais longa, que deve con-
ter a dupla ou a tripla ligação.
2. A numeração da cadeia é sempre feita a partir da ex-
tremidade mais próxima da ligação dupla ou tripla.
Fenil
3. É necessário indicar a localização da ligação dupla ou
tripla usando o menor número do átomo da ligação
dupla ou tripla.

353
4. Para dienos, as regras de nomenclatura dos alcanos e
alcenos são válidas, sendo diferente somente na hora de
Aromáticos ramificados
selecionar a cadeia principal, que deve conter as duas Se a cadeia principal apresentar apenas um anel benzê-
duplas. nico, ela é chamada simplesmente de benzeno e pode
apresentar um ou mais grupos (ramificações).
Cadeias cíclicas ramificadas
§ Cicloalcanos (ciclanos) – a nomenclatura de ciclo-
alcanos ramificados segue as mesmas regras que a
dos alcanos ramificados, acrescentando o prefixo
– ciclo na cadeia principal, seguindo os seguintes
passos para a numeração das ramificações:
§ Se apenas um substituinte estiver presente, não será
necessário atribuir sua posição. Caso haja duas ramificações, são bastante empregados os
§ Quando dois ou mais substituintes estiverem presentes, prefixos orto- (o), meta- (m) e para- (p), a fim de indicar
numeramos o anel começando pelo substituinte, pri- as posições 1,2 (ou 1,6); 1,3 (ou 1,5) e 1,4, respectivamente.
meiro em ordem alfabética, e o número na direção que
dá aos substituintes o menor número possível. Exemplos:
Exemplo:

§ Cicloalcenos – a nomenclatura de cicloalcenos rami-


ficados segue as mesmas regras que a dos alcenos ra-
mificados, acrescentando-se o prefixo –ciclo na cadeia
principal e seguindo os mesmos passos dos cicloalca-
nos para a numeração das ramificações. Só não será
necessário identificar a posição da dupla, pois sempre
irá começar com C1 e C2.

Exemplo:
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

354
U.T.I. - Sala 4. (FMP 2022 - adaptada) O câncer é uma doença que
se apresenta de diferentes tipos, em localizações e as-
pectos múltiplos, precisando ser estudados para que o
1. (FAMEMA 2018) No transcorrer do ciclo hidrológico, a tratamento seja adequado.
água sofre mudanças de estado físico, dentre elas:
O tratamento do câncer pode ser feito através de ci-
1. passagem do estado líquido para o estado gasoso; rurgia, quimioterapia, radioterapia ou transplante de
2. passagem do estado sólido para o estado líquido. medula óssea. Em muitos casos, é necessário combinar
a) Escreva o nome de cada uma dessas mudanças de mais de uma modalidade.
estado nos espaços indicados a seguir. Os elementos radioativos utilizados em radioterapia
1. _________________________ apresentam características específicas, como radiação
2. _________________________ (especificamente radiação γ) e tempo de meia-vida
curto. As células cancerígenas são mais ‘sensíveis’ à ra-
b) Escreva a fórmula eletrônica da água considerando diação que as células normais e, quando expostas pelo
sua geometria molecular. Cite o número total de elé- tempo e intensidade certa à radiação, podem ser des-
trons presente na molécula dessa substância. truídas. Aplicados ao tratamento, os elementos quími-
2. (UNESP) Uma das formas utilizadas na adulteração cos radioativos mais utilizados são o iodo (iodo-131), o
da gasolina consiste em adicionar a este combustível césio (césio-137) e o cobalto (cobalto-60).
solventes orgânicos que formem misturas homogêneas, A quimioterapia é o método que utiliza compostos quí-
como o álcool combustível. Considere os seguintes sis- micos, chamados quimioterápicos, como, por exemplo,
temas, constituídos por quantidades iguais de: os antimetabólicos e os inibidores mitóticos.
1 - gás oxigênio, gás carbônico e gás argônio; A 6-mercaptopurina é um antimetabólico análogo da
2 - água líquida, clorofórmio e sulfato de cálcio; purina e utilizado no tratamento da leucemia. Esse fár-
3 - n-heptano, benzeno e gasolina; maco foi desenvolvido nos anos de 1950 e, na época de
todos nas condições normais de temperatura e pressão. seu lançamento, foi considerado o fármaco mais poten-
a) Indique o número de fases dos sistemas 1, 2 e 3 e te no combate desse tipo de câncer.
classifique-os como sistema homogêneo ou heterogêneo. a) O iodo-131 é um dos quimioterápicos usados no tra-
b) Se fosse adicionado querosene ao sistema 3, quantas tamento de um tipo de câncer. Sendo emissor de partícu-
fases este apresentaria? Justifique sua resposta. las β (beta), sua atividade ionizante é capaz de induzir a
3. (UNIFESP) A figura mostra o esquema básico da pri- morte celular.
meira etapa do refino do petróleo, realizada à pressão Escreva a reação de transmutação natural do 13153
I, ao emi-
atmosférica, processo pelo qual ele é separado em mis- tir uma partícula β (beta), identificando o número atômi-
turas com menor número de componentes (fraciona- co e o número de massa do novo elemento formado.
mento do petróleo). b) No ano de 2006, um determinado centro médico acon-
dicionou cuidadosamente 400 g do radioisótopo do 60Co.
No ano de 2021, verificou-se que ainda permaneciam
radioativos 50 g desse radioisótopo.
Com base nessas informações, qual a meia-vida apresen-
tada pelo 60Co?

U.T.I. - E.O.
1. Em 1996, o prêmio Nobel de Química foi concedido
aos cientistas que descobriram uma molécula com a for-
ma de uma bola de futebol, denominada fulereno (C60).
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Além dessa substância, o grafite e o diamante também


são constituídos de carbono. Os modelos moleculares
dessas substâncias encontram-se representados abaixo.

a) Dê o nome do processo de separação de misturas


pelo qual são obtidas as frações do petróleo e o nome
da propriedade específica das substâncias na qual se
baseia esse processo.
b) Considere as seguintes frações do refino do pe-
tróleo e as respectivas faixas de átomos de carbono:
gás liquefeito de petróleo (C3 a C4); gasolina (C5 a
C12); óleo combustível (>C20) óleo diesel (C12 a C20);
querosene (C12 a C16).
Identifique em qual posição (1, 2, 3, 4 ou 5) da torre Fulereno Diamante
de fracionamento é obtida cada uma dessas frações.

355 Grafi
Solubilidade Solubilidade
Substância
em água em etanol
KCℓ solúvel insolúvel
Aℓ2O3 insolúvel insolúvel
KOH solúvel solúvel
Uma mistura dessas três substâncias foi separada em seus
componentes, executando-se o seguinte procedimento:
Diamante • Etapa 1: etanol foi adicionado a essa mistura, se-
guindo-se de filtração e o líquido filtrado foi eva-
porado, obtendo-se um dos componentes da mis-
tura inicial.
Grafite • Etapa 2: ao resíduo retido no filtro utilizado na eta-
pa 1, foi adicionada água e a mistura resultante foi
Após observar as imagens anteriores, responda: novamente filtrada, obtendo-se, como resíduo no
a) Qual o tipo de ligação existente? filtro, outro componente da mistura inicial.
b) Qual a relação entre as três estruturas? • Etapa 3: o líquido filtrado na etapa 2 foi evaporado,
obtendo-se o último componente da mistura inicial.
2. Para um químico, ao desenvolver uma análise, é Indique qual componente da mistura é recuperado em
importante verificar se o sistema com o qual está tra- cada uma das etapas do procedimento empregado para
balhando é uma substância pura ou uma mistura. De- a separação da mistura inicial.
pendendo do tipo de mistura, podemos separar seus
componentes por diferentes processos. Assinale as afir- 5. (USCS – Medicina) Em uma cooperativa de recicla-
mativas a seguir, classificando-as em certo ou errado e gem foi triturada uma mistura dos plásticos polieti-
justificando sua resposta. leno tereftalato (PET), polietileno de alta densidade
(PEAD), policloreto de vinila (PVC) e poliestireno (PS),
a) Uma mistura homogênea pode ser separada atra-
cujas densidades são 1,38 g/mL, 0,96 g/mL, 1,25 g/mL
vés de decantação.
e 1,06 g/mL, respectivamente.
b) A mistura álcool e água pode ser separada por fil- A separação dos grânulos plásticos obtidos após a tri-
tração simples. turação foi feita colocando-se a mistura em soluções
c) A mistura heterogênea entre gases pode ser sepa- apropriadas, conforme o esquema a seguir:
rada por decantação.
d) Podemos afirmar que, ao separarmos as fases sóli-
das e líquida de uma mistura heterogênea, elas serão
formadas por substâncias puras.
e) O método mais empregado para a separação de
misturas homogêneas sólido-líquido é a destilação.

3. O gás dióxido de enxofre (SO2) pode ser produzido pela


decomposição do tiossulfato de sódio (Na2S2O3), confor-
me a equação descrita, reagindo com a água da atmos-
fera e produzindo a chuva ácida. Em altas concentrações, a) Cite o nome da técnica empregada na separação
esse gás reage ainda com a água dos pulmões formando dos diferentes tipos de plástico. Para qual tipo de mis-
ácido sulfuroso (H2SO3), o que provoca hemorragias. turas tal técnica pode ser utilizada?
b) Quais são os plásticos correspondentes às letras W,
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

S2O3–2(aq) + 2H3O+(aq) → S(s) + SO2(g) + 3H2O(ℓ) X, Y e Z respectivamente?

Dados: H = 1; S = 32; O = 16. 6. Numa sequência de desintegração radioativa que se


inicia com o  218
​ 84 ​P  o, cuja meia-vida é de 3 minutos, a emis-
a) Cite um procedimento físico que pode ser empre- são de uma partícula alfa gera o radioisótopo X, que, por
gado para separar o enxofre sólido da mistura resul- sua vez, emite uma partícula beta, produzindo Y.
tante da decomposição do tiossulfato de sódio. Justi-
a) Partindo-se de 40 g de Polônio-218, qual a massa,
fique sua resposta. em gramas, restante após 12 minutos de desintegra-
b) Escreva a equação representativa da reação do di- ção? Apresente os cálculos.
óxido de enxofre com a água dos pulmões e determi- b) Identifique os radioisótopos X e Y, indicando suas
ne o teor percentual, em massa, de enxofre presente respectivas massas atômicas.
no produto formado. Apresente os cálculos.
7. O radioisótopo 222 do 86Rn, por uma série de de-
4. (FAMEMA) O quadro fornece informações sobre as sintegrações, transforma-se no isótopo 206 do 82Pb.
solubilidades em água e em etanol de três substâncias Determine o número de partículas alfa e o número
inorgânicas. de partículas beta envolvidas nessas transformações.

356
​ 
8. Na sequência radioativa 216
84​A
   → 212    ​ C → 212
82 B → ​ 83
212
​ 84 
D ​ 82 
  → 208 E,
  12. (UFJF-PISM 2) A quercetina, cuja estrutura química
temos, sucessivamente, emissões de quais partículas? está representada abaixo, está associada com proces-
sos de inibição de inflamação óssea. Com relação à sua
9. O criptônio-89 possui o tempo de meia-vida igual a 3,16 fórmula estrutural bem como a de seu análogo estrutu-
minutos. Dispondo-se de uma amostra contendo 4,0 · 1023 ral A, responda aos itens a seguir.
átomos desse isótopo, responda:
a) Defina o tempo de meia-vida.
b) Para esta amostra, ao fim de quanto tempo restarão
1,0 · 1023 átomos?
10. (EBM-SP) Movimentos como “Outubro Rosa” esti-
mulam a associação entre empresas e profissionais de
saúde com o objetivo de alertar a população sobre a
prevenção e o tratamento do câncer de mama, causa
mais frequente de morte por câncer em mulheres. Um
dos tratamentos do câncer utiliza radioisótopos que
emitem radiações de alta energia, como a gama, 00 γ efi-
cientes na destruição de células cancerosas que são
mais susceptíveis à radiação, por se reproduzirem ra-
pidamente. Entretanto é impossível evitar danos às
células saudáveis durante a terapia, o que ocasiona
efeitos colaterais como fadiga, náusea, perda de ca-
belos, entre outros. A fonte de radiação é projetada
para o uso das radiações gama, já que as radiações
alfa, 24a e beta,-10b são menos penetrantes nos tecidos
e nas células. Um dos radionuclídeos usados na radio-
terapia é o cobalto, 27 60
Co.
Com base nas informações e nos conhecimentos sobre
radioatividade:
a) apresente um argumento que justifique o maior a) Represente a fórmula molecular da quercetina.
poder penetrante das radiações gama em relação às b) Classifique todos os carbonos numerados como
radiações alfa e beta.
primário, secundário, terciário ou quaternário.
b) represente, por meio de uma equação nuclear, o
decaimento radioativo do cobalto 60 com a emissão c) Informe a hibridização dos átomos de carbono nu-
de uma partícula beta, indicando o símbolo, o número merados na estrutura.
atômico e o número de massa do elemento químico
obtido após emissão da partícula.
11. (PUC-RJ) O ácido sórbico é um ácido orgânico, cuja
fórmula molecular é C6H8O2. Ele é uma substância uti-
lizada como conservante de alimentos. Recentemente,
em uma operação deflagrada pela Polícia Federal, foi
constatado que, em algumas amostras de carne bovi-
na, este ácido estava presente em quantidade supe-
rior à permitida pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa).
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Sobre o ácido sórbico e sua utilização como conservan-


te alimentar, responda o que se pede.
a) Indique na estrutura química do ácido sórbico a
hibridização de cada átomo de carbono.
b) Na lista da Anvisa, a quantidade máxima de ácido
sórbico permitida como conservante em carne bovi-
na é de 0,02 g por 100 g de carne. Se uma análise,
em uma amostra de 100 g de carne, indicar a pre-
sença de 40% de ácido sórbico acima da quantidade
máxima permitida, qual é a quantidade de matéria,
em mol, de ácido sórbico presente nessa amostra?
Expresse o resultado sob notação científica.

357
QUÍMICA

1
CIÊNCIAS DA
QUÍMICA 3
NATUREZA
e suas tecnologias

U.T.I.
GRANDEZAS QUÍMICAS

Introdução Massa molecular (MM)


A medida de uma grandeza é feita por comparação com A massa de uma molécula é a soma das massas atômicas
uma grandeza padrão convenientemente escolhida. Dessa dos átomos que constituem essa molécula.
forma, a medida da massa de um corpo é feita comparan-
do-a com a massa de um padrão adequadamente escolhido. Exemplo:
C6H12O6 (C = 12 u, H = 1 u, O = 16 u)
Massa atômica (MA) Massa molecular do C6H12O6:
Unidade de massa atômica (u) MM = (12·6) + (1·12) + (16·6) = 180 u

Átomos individuais são muito pequenos para serem vistos


e pesados. Porém, podemos determinar a massa de um Constante ou número
de Avogadro (Na)
átomo comparando-a com a massa de um átomo de outro
elemento, escolhido como padrão.
​  1  ​ da
Uma unidade de massa atômica (1 u) corresponde a ___ Sejam as seguintes amostras: 12 g de carbono, 27 g de
12
massa de um átomo do isótopo 12 do elemento carbono. alumínio e 40 g de cálcio.
O valor de 1 u é 1,66 · 10–24 g, e corresponde aproximada- Experimentalmente, verifica-se que o número de átomos n,
mente à massa de um próton ou de um nêutron. existentes em cada uma das amostras, é o mesmo, embora
elas possuam massas diferentes. Porém, quantos átomos
existem em cada uma dessas amostras? Várias experiên-
Massa atômica é o número que indica quantas vezes
cias foram realizadas para determinar esse número conhe-
a massa de um átomo de um determinado elemento é
cido como número de Avogadro (Na) e o valor encontrado
​ 1  ​ ​da massa do átomo de 12C.
maior que 1 u, ou seja, ___
12 é 6,02·1023.
Assim, o número de Avogadro é o número de átomos em x
Observação: não confunda massa atômica com número gramas de qualquer elemento, sendo x a massa atômica
de massa! do elemento. Portanto, existem:
§ Número de massa (A) é um número inteiro e positivo, § 6,02·1023 átomos de C em 12 g de C
definido como a soma do número de prótons (Z = P) (MA(C) = 12u)
com o número de nêutrons (N), ou seja, A = + N. § 6,02·1023 átomos de Aℓ em 27 g de Aℓ
O aparelho utilizado na determinação da massa atômica (MA(Aℓ) = 27u)
chama-se espectrômetro de massa.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

§ 6,02·1023 átomos de Ca em 40 g de Ca
(MA(Ca) = 40u)
Massa atômica de um elemento Podemos verificar que a massa de 6,02·1023 átomos de qual-
Um mesmo elemento é constituído, muitas vezes, por áto- quer elemento é numericamente igual a sua massa atômica.
mos de diferentes massas, denominados isótopos.
A massa atômica de um elemento é, então, determinada
pela média ponderada das massas dos isótopos naturais Conceito de mol
que compõem esse elemento: Mol é a quantidade de matéria que contém tanto as en-
tidades (átomos, moléculas, elétrons, partículas etc.) ele-
A1 · %A1 + A2 · %A2 + ... + An · %An mentares quantos os átomos de carbono-12 contidos em
M = ___________________________
​​         ​​ 0,012 kg do carbono-12.
100%
Portanto, é uma quantidade de 6,02·1023 partículas quaisquer.

360
Exemplos: Massa molar de uma substância (M)
§ 1 mol de átomos contém 6,02·1023 átomos.
A massa molar de uma substância é a massa em
§ 1 mol de moléculas contém 6,02·1023 moléculas. gramas de 1 mol de moléculas da referida substância.
A massa molar de uma substância é numericamente
§ 1 mol de íons contém 6,02·1023 íons. igual à sua massa molecular expressa em u.
§ 1 mol de elétrons contém 6,02·1023 elétrons etc.
Massa molar de um íon (M)
Massa molar (M)
A massa molar de um íon é a massa em gramas de 1
É a massa que contém 6,02·1023 unidades. Sua unidade é
mol de íons e é numericamente igual à massa do íon
g/mol (grama/mol) ou g·mol–1. expressa em u.

Massa molar de um elemento (M)


Número de mol (n)
A massa molar de um elemento é a massa em massa em gramas
_____________________
n =  
  
​   ​
gramas de 1 mol de átomos desse elemento, ou seja, massa molar em grama/mol
6,02 · 1023 átomos. A massa molar de um elemento é
numericamente igual à sua massa atômica expressa em m  ​
n = ​ __
gramas. M

FÓRMULAS E LEIS PONDERAIS

Introdução Fórmula percentual


Quando um químico se depara com um material desco-
nhecido, ele procura, através de diversas técnicas físicas e Indica a porcentagem, em massa, de cada elemento
químicas, encontrar a composição desse material. que constitui a substância.

A primeira providência é fazer a análise imediata do mate-


rial; a próxima providência é fazer uma análise elementar
de cada uma delas.
Fórmula mínima ou empírica
Fórmula mínima: indica a menor proporção, em
números inteiros de mol, dos átomos dos elementos
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

que constituem uma substância.

1. Submetido à analise imediata. Fórmula molecular


2. Submetido à analise qualitativa.
3. Submetido à analise quantitativa.
Fórmula molecular: indica o número real de áto-
O cálculo das quantidades das substâncias envolvidas em mos de cada tipo na molécula.
uma reação química é chamado estequiometria, e para
efetuarmos os cálculos estequiométricos, devemos conhe-
Observação: em alguns casos, a fórmula molecular é
cer as proporções entre os elementos que formam as dife-
rentes substâncias. igual à fórmula mínima; em outros, porém, é um múltiplo
inteiro da fórmula mínima.

361
Leis ponderais Tem-se, então:

Relacionam as massas dos participantes de uma reação. mA + mB = mC + mD

Lei da conservação das


massas – lei de Lavoisier Lei das proporções definidas
– lei de Proust
Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se
transforma. Toda substância apresenta uma proporção em massa
constante na sua composição.
Isso significa que, em reação química, a matéria não é cri-
ada nem destruída.
Lei volumétrica – lei de Gay-Lussac
Em um sistema fechado, a massa total dos reagentes
é igual à massa total dos produtos.
Nas mesmas condições de pressão e temperatura, os
volumes dos gases participantes de uma reação quími-
Para uma reação genérica: ca têm entre si uma relação de números inteiros e
A+B
Δ
C+D pequenos.

mA mB mC mD

massas dos reagentes produto

ESTEQUIOMETRIA

Estequiometria é o estudo das relações entre as quanti- substâncias gasosas, fala-se de Condições Normais de
dades de reagentes e/ou produtos numa reação química. Temperatura e Pressão (CNTP) e também em Condições
Essas relações podem ser feitas em mol, massa, volume, Ambiente (CA). O volume molar é próximo de 25 L/mol nas
número de moléculas etc. condições ambientes e 22,4 L/mol nas CNTP.
Roteiro para resolução de
problemas de estequiometria Casos particulares
§ Escrever a equação química da reação envolvida no problema. de estequiometria
§ Acertar os coeficientes estequiométricos da equação.
§ Estabelecer uma regra de três entre as grandezas. Se Excesso de reagente
necessário, fazer a transformação do número de mol
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

As reações químicas ocorrem sempre em uma proporção


para outra grandeza.
constante. Se uma das substâncias que participa da reação
Observação: além da lei de Lavoisier, merece atenção es-
estiver em quantidade maior que a proporção correta, ela
pecial a lei de Proust. As duas leis respondem basicamente
não será consumida totalmente. Essa quantidade de subs-
por todo o cálculo estequiométrico.
tância que não reage é chamada excesso.
A lei de Proust afirma que “as substâncias reagem em pro-
porções fixas e definidas”. Logo, as substâncias não reagem na proporção em
que nós as misturamos, mas sim na proporção em
Cálculos envolvendo volumes que a equação – ou seja, a lei de Proust – determi-
de substâncias gasosas na, e devemos sempre nos lembrar de que é o reagente
Não se aplica a razão entre volumes quando a substância em falta ou reagente limitante (fator limitante) que
se encontra como líquido ou sólido. Ela é usada apenas “comanda” toda a reação, pois, no instante em que ele
para gases e vapores. Em vários problemas envolvendo acaba, a reação será interrompida.

362
Pureza Volume de ar nas reações químicas
Geralmente, os reagentes utilizados nas indústrias não são O ar participa de muitas reações, principalmente nas re-
totalmente puros. ações de oxidação, como as combustões. Na realidade,
Portanto, ao realizar os cálculos estequiométricos da quan- porém, o único componente do ar que reage é o oxigênio,
tidade de produto que será formada ou da quantidade de sendo que o nitrogênio é considerado inerte.
reagente que teremos que usar, temos que levar em con- Dessa forma, quando uma reação se processa com a par-
sideração o seu grau de pureza. ticipação do ar, pode ser necessário encontrarmos fatores
O grau de pureza (p) é dado pela razão entre a massa de como: qual a massa de oxigênio que reagiu, qual o volume
substância pura e a massa total da amostra. do ar utilizado, qual o volume dos gases finais da reação,
quanto de nitrogênio estava presente no ar e nos gases
mpura finais e assim por diante.
p = ________
​ m   
 ​
total (impura)

Misturas de reagentes
%p = p ∙ 100 Somente as substâncias puras têm fórmulas químicas e
somente com elas podemos escrever equações químicas.

Assim, quando for preciso calcular a massa de produto ob- Às vezes, é preciso saber quanto de cada componente deve
tido a partir de um reagente impuro, temos que, primeiro, ser misturado para formar outra mistura de composição
calcular qual é a parte pura da amostra e, depois, efetuar previamente fixada.
os cálculos com o valor obtido. Nesses problemas, a dificuldade fundamental é: as misturas
não são obrigadas a obedecer a uma proporção constante.
Reações consecutivas
Nesse tipo de problema, é indispensável que: 1° caso: quando a composição
§ Todas as equações estejam balanceadas individualmente. da mistura reagente é dada
§ As substâncias “intermediárias” sejam canceladas. O ideal é resolver as equações químicas separadas, efetu-
§ Daí para diante, recaímos num cálculo estequiométrico ando o cálculo estequiométrico também separadamente.
comum.
2° caso: quando a composição
Rendimento da mistura reagente não é
Quando o rendimento da reação não é total, a quantida- conhecida, pelo contrário,
de de produto obtido é menor que a quantidade esperada
teoricamente.
constitui a pergunta do problema
Isso pode acontecer devido a diversos fatores: Neste caso, não podemos somar as equações porque
não conhecemos a proporção. Assim sendo, o caminho
§ Podem ocorrer reações paralelas à que desejamos. é trabalhar com cada equação química separadamente,
§ A reação pode ficar incompleta por ser reversível. como foi feito no 1° caso. Inicialmente, vamos adotar o
§ Podem ocorrer perdas de produto durante a reação, seguinte raciocínio:
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

como ao serem usadas aparelhagens de má qualidade.


Volumes iguais de gases quaisquer, à mesma pressão e
Rendimento (R) é o quociente entre a quantidade de temperatura, contêm o mesmo número de moléculas.
produto realmente obtida em uma reação e a quanti-
dade que teoricamente seria obtida, de acordo com a
equação química correspondente.

Quantidade real
​ _______________  ​
Rendimento =   
  
Quantidade teórica

%R = R ∙ 100

363
LEIS FÍSICAS DOS GASES

Volume molar Equação de estado de um gás


O volume ocupado por um mol de qualquer substância é A partir de estudos experimentais dos gases, o francês
chamado volume molar. Clapeyron estabeleceu uma relação matemática entre as
variáveis de estado de um gás. Essa relação é chamada
Um conjunto de valores de pressão e temperatura padroni- equação de estado de um gás ideal ou equação de
zados no estudo dos gases é: 1 atm e 0 ºC. Essas condições Clapeyron:
experimentais são chamadas condições normais de tempe-
ratura e pressão (CNTP ou TPN).
P ·V = n · R ·T
Experimentalmente, verifica-se que o volume molar de
qualquer gás ou vapor, se medido nas condições normais Da qual:
de temperatura e pressão, corresponde a 22,4 litros.
§ P é a pressão exercida pelo gás e é expressa em milíme-
tros de mercúrio (mm de Hg) ou em atmosfera (atm).
Vmolar (CNTP) = 22,4 L/mol ou 22,4 L · mol–1
§ V é o volume ocupado pelo gás litros (L).
§ T é a temperatura absoluta do gás Kelvin (K).
§ n é o número de mol n = __ ​ m  (mol).
M
§ R é a constante universal dos gases (atm ∙ L ∙ mol-1 ∙ K-1).

TRANSFORMAÇÕES GASOSAS

Em estado gasoso, as substâncias:


7. Um gás tanto ocupa todo o volume do recipiente quan-
1. não apresentam forma definida; to pode escapar dele.
2. não apresentam volume próprio; 8. Os gases são altamente compressíveis. No entanto, sob
3. sofrem grandes variações de volume, se as condições de qualquer aumento de pressão, as partículas se aproxi-
pressão e temperatura a que estão submetidas forem al- mam, reduzindo o volume ocupado.
teradas; 9. A pressão exercida pelos gases é determinada pelo
4. apresentam baixa densidade;
número de colisões por unidade de tempo, entre as
5. exercem pressão: quanto maior a quantidade de gás partículas e as paredes do recipiente, portanto, quan-
em um recipiente, maior a pressão por ele exercida.
to maior a quantidade de gás maior é o número de

Teoria cinética dos gases partículas, o número de colisões e a pressão. A pressão


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

exercida por um gás confinado num recipiente aumen-


1. As partículas de um gás estão em movimento constan- ta com o aumento da temperatura.
te e desordenado. Sob o ponto de vista microscópico, o estado de um gás
2. A velocidade das partículas de um gás é maior quanto é caracterizado por três variáveis: volume, temperatura e
maior for a temperatura. pressão, denominadas variáveis de estado.
3. A força de atração entre as partículas gasosas é prati-
§ Volume – espaço ocupado por uma substância. No
camente nula.
caso dos gases, o volume de uma dada amostra é igual
4. Submetidas à mesma temperatura, moléculas de gases
apresentam a mesma energia cinética média. ao volume do recipiente que a contém.
5. As partículas de um gás movem-se em linha reta. § Temperatura – é a medida do grau de agitação das
6. A distância entre as partículas gasosas é muito maior partículas.
do que o tamanho das partículas. § Pressão – definida como força por unidade de área.

364
Leis físicas dos gases Lei de Charles/Gay-Lussac
Uma dada massa de gás sofre uma transformação se ocor- “À pressão constante, o volume ocupado por uma mas-
rerem variações nas suas variáveis de estado. sa fixa de gás é diretamente proporcional à temperatura
absoluta”.
Lei de Boyle-Mariotte Essa transformação gasosa é chamada de isobárica.

“À temperatura constante, uma determinada massa de gás


ocupa um volume inversamente proporcional à pressão
exercida sobre ele”.
Essa transformação gasosa é chamada de isotérmica.

Experiência de Boyle-Mariotte

Graficamente:

Gráfico pressão-volume

Se a temperatura aumentar, aumenta a energia cinética


das moléculas. Portanto, para manter a pressão constante,
ocorre um aumento do volume.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Conclusão:

V V
​ __1 ​ = ​ __2 ​ 
T1 T2
P1 · V1 = P2 · V2

365
Lei de Gay-Lussac Se a temperatura aumentar, aumenta a energia cinética
das moléculas. Com isso, aumenta também o número de
“A um volume constante, a pressão exercida por uma de- colisões, bem como (e consequentemente) a força aplicada
terminada massa fixa de gás é diretamente proporcional à em uma determinada área, ou seja, a pressão.
temperatura absoluta”.
Conclusão:
Essa transformação gasosa é denominada isocórica, iso-
__P P
métrica ou isovolumétrica. ​  1 ​ = ​ __2 ​ 
T1 T2

Gás ideal × gás real


Um gás ideal é aquele cujo comportamento experimental
obedece às equações matemáticas até aqui vistas.

Equação geral dos gases


Permite conhecer o volume de um gás em determinadas
condições de temperatura e pressão e determinar seu novo
volume em outras condições de temperatura e pressão.

​  P ·  ​
____ V  = cte ä (para determinada massa fixa de gás).
T
ou

P V P2V2
____
​  1  ​1  = ____
​   ​  
Graficamente: T1 T2

MISTURAS GASOSAS
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Equação geral dos


§ Para uma mistura qualquer, contendo dois ou
mais gases, a equação fica assim representada:
gases numa mistura P1 · V1 _____
P2 · V2
_____ P ·V
​   ​   + ​   ​   + ... = ____
​   ​
  
A mistura entre dois ou mais gases sempre constitui um T1 T2 T
sistema homogêneo.
§ Para uma mistura gasosa qualquer, a quantidade Pressão parcial
em mol resulta: Corresponde à pressão que este gás exerceria, caso estivesse
Sn = n1 + n2 + ... sozinho ocupando o mesmo volume e à mesma temperatura
da mistura.

366
P
____ nA n
​  A   ​ =​ ____
n   ​ = PA = = ____
​ n A  ​ . Ptotal
A pressão total do sistema corresponde à soma das PTOTAL TOTAL TOTAL

pressões parciais exercidas pelos gases que compõem


Fazendo relação idêntica com o volume parcial, temos:
a mistura.
Para o gás A: P · VA = nA · R · T
A conclusão acima é chamada de lei de Dalton.
Mostrando matematicamente, temos que: Para a mistura: P ∙ VTOTAL = nTOTAL R ∙ T
V
____ nA nA
PTOTAL = P1 + P2 + P3 + ... + Pn ou PTOTAL = Sp ​  A   ​ =​ ____
n   ​ = VA = =​ ____
n   ​ . Vtotal
VTOTAL TOTAL TOTAL

A pressão exercida pela mistura gasosa está dire-


n
tamente relacionada à quantidade de partículas de § A razão n____
​  A  ​ é chamada de fração molar (X), que cor-
TOTAL
cada gás. Logo, quanto mais partículas de gases houver,
responde a um quociente entre uma quantidade
maior será a pressão parcial de cada gás e, consequente-
de mol e a quantidade total de mol da mistura.
mente, maior será a pressão total.
§ A fração molar é adimensional e é sempre um número
Volume parcial menor que 1.

Corresponde ao volume que este gás ocuparia, caso esti- § A soma das frações molares de cada gás numa mistura
vesse sozinho submetido à pressão P da mistura, na tem- é sempre igual a 1.
peratura T da mistura. V
§ A razão ____
​  A  ​ é chamada de fração volumétrica, que
VTOTAL
O volume que um gás ocupa em uma mistura gasosa corresponde a um quociente entre um volume do
é exatamente igual à soma dos volumes parciais de gás e o volume total da mistura.
todos os gases que compõem a mistura.
A conclusão acima é chamada de lei de § Essa razão é adimensional.
Amagat. Mostrando matematicamente, temos que: § A soma das frações volumétricas é igual a 1.
VTOTAL = V1 + V2 + V3 + ... + Vn ou VTOTAL = Sv
n P VA % em volume
XA = n____
​  A  ​  = ____   ​  ____
​  A  ​=   ​ = ​ ____  ​ 
 =1
Fração molar TOTAL PTOTAL VTOTAL 100%

Relacionando a pressão parcial de um gás A com a pres-


são total da mistura e tirando a razão entre eles, temos:
Para o gás A: PA · V = nA · R · T
Para a mistura: PTOTAL ∙ V = nTOTAL R ∙ T

DENSIDADE DOS GASES, EFUSÃO E DIFUSÃO GASOSA


U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

Densidade dos gases ron, obtém-se a equação:

A densidade é uma grandeza que relaciona a massa e o


​ P · M ​ 
d = ____
volume ocupado por certa amostra de matéria. R·T
d = __​ m ​ 
V
A densidade de um gás pode ser calculada mediante essa ex- Difusão e efusão
pressão, mas, em razão de o volume de um gás ser facilmente A difusão gasosa é o processo espontâneo de transporte
afetado pelas condições de pressão e temperatura, o cálculo de massas gasosas num sistema. As moléculas movem-se
de sua densidade deve considerar os valores dessas grandezas. espontaneamente de modo que o gás sempre ocupe o
Relacionada a expressão d = __​ m ​ com a equação de Clapey- maior volume possível.
V

367
A efusão é o escoamento espontâneo das moléculas gas-
osas através de orifícios, como um gás que atravessa pare- U.T.I. - Sala
des porosas ou tubos capilares na separação de misturas 1. (UNICAMP) O processo de condenação por falsifica-
gasosas. ção ou adulteração de produtos envolve a identificação
Um gás com maior densidade tem velocidade menor do produto apreendido. Essa identificação consiste em
descobrir se o produto é aquele informado e se os com-
que a de outro gás com menor densidade, nas mesmas
ponentes ali contidos estão na quantidade e na concen-
condições de temperatura e pressão. Logo, a velocidade de
tração indicadas na embalagem.
escoamento de um gás é inversamente proporcional à raiz
Dados: citrato de sildenafila (C22H30N6O4S · C6H6O7; 666,7 g/mol)
quadrada de sua densidade. Essa lei é válida tanto para e tadalafila (C22H19N3O4; 389,4 g/mol).
difusão quanto para efusão.
a) Considere que uma análise da Anvisa tenha desco-
berto que o comprimido de um produto apresentava 5,2
___ ==

___
. 10–5 mol do princípio ativo citrato de sildenafila. Esse

√ √
V d M
​  __A  ​ = ​ ​  __B ​  ​  =​ ​  ___B ​ ​   produto estaria ou não fora da especificação, dado que a
VB dA M
==

A sua embalagem indicava haver 50 mg dessa substância


em cada comprimido? Justifique sua resposta.
b) Duas substâncias com efeitos terapêuticos semelhan-
tes estariam sendo adicionadas individualmente em pe-
quenas quantidades em energéticos. Essas substâncias
são o citrato de sildenafila e a tadalafila. Se uma amostra
da substância adicionada ao energético fosse encontra-
da, seria possível diferenciar entre o citrato de sildenafila
e a tadalafila, a partir do teor de nitrogênio (N = 14 g/
mol) presente na amostra? Justifique sua resposta.

2.(UFPR) O carbonato de sódio é um composto largamente


usado para corrigir o pH em diversos sistemas, por exem-
plo, água de piscina. Na forma comercial, ele é hidratado,
o que significa que uma quantidade de água está incluída
na estrutura do sólido. Sua fórmula mínima é escrita como
Na2CO3 · xH2O, em que x indica a razão de mols de água
por mol de Na2CO3. O valor de x pode ser determina-
do através de uma análise gravimétrica. Uma amostra
de 2,574 kg do sal hidratado foi aquecida a 125 °C, de
modo a remover toda a água de hidratação. Ao término,
a massa residual de sólido seco foi de 0,954 kg.
Dados: M(g/mol): Na2CO3 = 106; H2O = 18.
a) Calcule a quantidade de matéria presente no sal
seco. Mostre claramente seus cálculos.
b) Calcule a quantidade de matéria de água que foi remo-
vida pelo aquecimento. Mostre claramente seus cálculos.
c) Calcule a razão entre os resultados dos itens b) e a).
d) Forneça a fórmula mínima do sal hidratado incluin-
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

do o valor de x.

3. (UDESC) Os compostos reduzidos de enxofre, prin-


cipalmente o sulfeto de hidrogênio (H2S), um gás de
cheiro desagradável, são formados por atividade bac-
teriana anaeróbica em “lixões”. Ele pode ser removi-
do do ar por uma variedade de processos, entre eles,
o bombeamento através de um recipiente com óxido
de ferro (III) hidratado, o qual se combina com sulfeto
de hidrogênio:
Fe2O3 · H2O(s) + 3H2S(g) → Fe2S3(s) + 4H2O(ℓ)

Se 208 g de Fe2S3 são obtidos pela reação, qual a quan-


tidade de H2S removida? Considere que Fe2S3 · H2O está
em excesso e que o rendimento da reação é de 100%.

368
4. (FMJ) Para mergulhos profundos, o cilindro de ar com- 7. Um balão de volume constante de 273 L é cheio com
primido deve ser substituído por uma mistura de hélio oxigênio gasoso até alcançar a pressão interna de 4,1 atm
(He), nitrogênio (N2) e oxigênio (O2), conhecida por Tri- a 0 ºC. De acordo com estas informações, determine:
mix. Uma mistura típica recomendada para mergulhos Dados: massa molar do O2 = 32 g · mol–1
a partir de 40 m de profundidade contém 16 % de oxi-
R = 0,082 atm · L · mol–1 · K–1
gênio, 24 % de hélio e 60 % de nitrogênio em volume.
Um cilindro típico com a mistura Trimix contém 75 mol a) o número de mol do gás, no balão;
de N2. b) a massa do gás, no balão.
a) Determine a pressão parcial de gás oxigênio no pulmão de 8. O air bag é uma bolsa de náilon fino, com volume de
um mergulhador utilizando Trimix a 40 m de profundidade, cerca de 80 litros e que, em caso de colisão, é preenchi-
sob pressão de 5 atm. da rapidamente (≅ 40 ms) com N2 gasoso. O N2 gasoso é
b) Calcule a massa de gás nitrogênio presente na mistura proveniente da seguinte sequência de reações:
Trimix em um cilindro típico como o citado no texto. 2NaN3(s) → 2Na(s) + 3N2(g)
10Na(s) + 2KNO3(s) → K2O + 5Na2O(s) + N2(g)

U.T.I. - E.O. Sabendo-se que a massa molar do NaN3 é igual a 65 g/mol


e considerando-se que, nas condições de reação, (I) 1 mol
1. Uma vez que as massas atômicas do oxigênio e do de NaN3 produz, ao final do processo, 1,6 mol de N2 com
sódio são, respectivamente, 16 e 23, então a massa de 100% de rendimento e (II) 1 mol de N2 gasoso ocupa um
23 átomos de oxigênio é a mesma que a de 16 áto- volume de, aproximadamente, 25 litros, calcule a massa
mos de sódio. Essa afirmativa é verdadeira ou falsa? de NaN3 necessária para produzir 4 (quatro) litros de N2
Justifique. nessas condições. Apresente seus cálculos.

2. Considere uma xícara que contém 180 mL de água. 9. Nos frascos de desodorante spray, usavam-se como
Determine, respectivamente, o número de mol de mo- propelentes compostos orgânicos conhecidos como
léculas de água, o número de moléculas de água e o clorofluorocarbonos. As substâncias mais emprega-
número total de átomos (massas atômicas = H = 1,0; das eram CCℓF3 (Freon 12) e C2Cℓ3F3 (Freon 113). Num
O = 16; Número de Avogadro = 6,0 · 1023; densidade galpão abandonado, foi encontrado um cilindro supos-
da água = 1,0 g/mL). tamente contendo um destes gases. Identifique qual é
o gás, sabendo-se que o cilindro tinha um volume de
3. O limite de O3 na troposfera, permitido por lei, é 10,0 L, a massa do gás era de 85 g e a pressão era de
de 160 microgramas por m3 de ar. No dia 30/07/95, 2,00 atm a 27 °C.
na cidade do Rio de Janeiro, foi registrado um índi- Dados: massas molares em (g · mol–1): H = 1, C = 12,
ce de 760 microgramas de O3 por m3 de ar. Quantos F = 19, Cℓ = 35,5.
mol de O3 por m3 de ar foram encontrados acima do
limite permitido por lei, no dia considerado? 10. (UFG) Um cilindro contendo 64 g de O2 e 84 g de
(Dado: 1 micrograma = 10–6 g) N2 encontra-se em um ambiente refrigerado a –23 °C.
O manômetro conectado a esse cilindro indica uma
4. Estudos apontam que a amônia (NH3), adicionada pressão interna de 4 atm. Além disso, o manômetro
ao tabaco, aumenta os níveis de absorção de nicotina também indica um alerta de que as paredes do cilin-
pelo organismo. Nos cigarros brasileiros, nos quais dro suportam, no máximo, 4,5 atm de pressão. Devi-
os níveis médios de amônia são de 14 mg/cigarro, do a uma falha elétrica, a refrigeração é desligada
encontram-se, aproximadamente, quantas moléculas e a temperatura do ambiente, em que o cilindro se
de amônia por cigarro? encontra, se eleva a 25 °C.
Dado: R = 0,082 atm · L · mol–1 · K–1
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

5. Em uma prova de atletismo, um atleta gasta cerca de


a) Calcule o volume do cilindro e a pressão parcial de
720 kcal, o que equivale a 180 g do carboidrato C3H6O3.
cada gás nas condições iniciais em que o cilindro se
A partir dessas informações, é correto afirmar que essa
encontrava.
quantidade de carboidrato corresponde a quantos mol
b) Demonstre, por meio de cálculos, se as paredes do
de carboidrato?
cilindro vão resistir à nova pressão interna, a 25 °C,
6. O hidrogênio, por ser mais leve que o ar, foi muito após a falha elétrica.
usado no passado para encher balões dirigíveis. Con- 11. Recentemente, identificou-se um aumento da con-
tudo, existe um grande risco de explosão. Sabe-se que centração de metanal (CH2O) (formaldeído) no ar da
a produção de hidrogênio pode ser realizada a partir cidade de São Paulo, possivelmente ocasionado por
do metano com vapor de água, segundo a seguinte combustão incompleta em motores de automóveis
reação não balanceada CH4(g) + H2O(g) → CO2(g) + H2(g). adaptados para uso de gás natural. Admita que o gás
Qual a massa de CH4, em kg, consumida nesse processo natural seja constituído exclusivamente por metano e
para produzir um volume de gás hidrogênio nas CNTP que, durante o processo de combustão, 1% dessa subs-
capaz de encher um balão dirigível de 560 m3? tância se converte apenas em formaldeído e água.

369
Determine a massa, em gramas, de metanal formado
quando todo o metano, originalmente contido em um
tanque de 82 L, à temperatura de 300 K e pressão de
150 atm, sofre combustão. Admita que o metano ar-
mazenado no tanque se comporte como um gás ideal.
Dados: R = 0,082 atm · L · mol–1 · K–1; H = 1; C = 12; O = 16.
Reação: CH4 + O2 → CH2O + H2O

12. (UEPG) Foram misturados 5,0 g de cloreto de sódio e


18,0 g de nitrato de prata ambos em solução aquosa, o
que levou à formação de um precipitado branco de clo-
reto de prata. Com relação à reação ocorrida, assinale
o que for correto.
Dados: Na = 23; O = 16; Ag = 108; N = 14.
01) A equação balanceada para essa reação é a se-
guinte: NaCℓ(aq) + AgNO3(aq) → NaNO3(aq) + AgCℓ(s).
02) O reagente em excesso na reação é o NaCℓ.
04) A massa que sobra do reagente em excesso após
a ocorrência da reação é de 3,5 g.
08) A massa do precipitado de AgCℓ formado é de
44,1 g.
16) O reagente limitante da reação é o AgNO3.

13. (UFTM) O cloreto de cálcio, por ser um sal higroscópi-


co, absorve umidade com facilidade. Devido a essa pro-
priedade, é utilizado como agente secante nos laborató-
rios de química e pode ser preparado a partir da reação
de calcário com ácido clorídrico.
CaCO3(s) + 2HCℓ(aq) → CaCℓ2(aq) + H2O(ℓ) + CO2(g)

A partir do resfriamento da solução aquosa de cloreto


de cálcio, resultante da reação apresentada, forma-se
o CaCℓ2(s).
a) Descreva os processos de separação envolvidos na
obtenção do sólido CaCℓ2.
b) Calcule a massa de cloreto de cálcio que pode ser
obtida a partir da reação de 625 g de calcário conten-
do 80% de CaCO3 com excesso de solução de HCℓ.

14. (UNESP) O cloreto de cobalto(II) anidro, CoCℓ2 é um


sal de cor azul, que pode ser utilizado como indicador
de umidade, pois torna-se rosa em presença de água.
Obtém-se esse sal pelo aquecimento do cloreto de co-
balto(II) hexa-hidratado, CoCℓ2 · 6H2O de cor rosa, com
liberação de vapor de água.
U.T.I. 1  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias

aquecimento
sal hexa-hidratado (rosa) sal anidro (azul) + vapor de água

Determine aproximadamente a massa de sal anidro


obtida pela desidratação completa de 0,1 mol de
sal hidratado.
Dados: Co = 58,9; Cℓ = 35,5.

370
MATEMÁTICA

1
MATEMÁTICA
e suas tecnologias
MATEMÁTICA 1

U.T.I.
POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO

Resumo das propriedades Potenciação e radiciação


de potências com radicais
__ __
Sendo a e b números reais e m e n números inteiros, temos: m
​( m​√  a ​  )n​ = ​√  an ​,  em que a ≥ 0, m é um número natural maior
§ P1: am ∙ an = am + n que 1 e n é um número inteiro.
___
m n __ __
​ an ​ = am – n, se a ≠ 0
m
§ P2: __ ​​ √​ a ​ ​​= ​​ a ​​, em que a ≥ 0 e m e n são números naturais
  √    
m·n
√   
a
§ P3: (a ∙ b)m = am ∙ bm maiores que 1.

(  )
§ P4: ​__​  a ​   ​​ = __
​​ am ​​,  se b ≠ 0
m

Racionalização de
m

b b
§ P5: (am)n = am ∙ n
denominadores
Propriedades da radiciação
Situação 1
1ª propriedade § Vamos racionalizar o denominador de ____ ​​  2__   ​​  .
§ Se o índice for ímpar (n é ímpar), o radicando poderá 3​√8 ​ 
__ __ __
dXX 2​√ 8 ​  ___ √
​  2   ​ = ____ ​ ​ 8 ​  ​ = ____
​  2   ​ · ___   ​ = ​ ​ 8 ​ ​  
n
ser qualquer número real: √​  xn ​ = x, x ∈ R. ____ ​ 
3​dXX
8 ​  3​dXX8 ​  d​ XX 8 ​  3 ∙ 8 12
§ Se o índice for par (n é par), o __
radicando deverá ser
n n
um número real não negativo: ​   x  ​ = x, x ≥ 0 (condição

de existência).
Situação 2
__ ​  2   ​ 
§ Vamos racionalizar o denominador de _______ .
Observe que de acordo com essa definição: √2 4 ​  = 2 e não ± 2. d 2 ​ + d​ XX
​ XX 5 ​ 
Nesse denominador, há uma adição de dois números ir-
2ª propriedade racionais. Para racionalizá-lo, vamos multiplicar a fração
___ ___ dXX dXX 
​ ​ 2 ​ – ​ 5 ​ ​. 
por:_______
n n:p
​ am ​ =​ √ am:p ​  , para todo a [ R+, e n, m e p [ N,

d
​ XX2 ​ – d​ XX
5 ​ 
com n ≥ 2, sendo p um número diferente de zero e divisor
dXX dXX __________ 2 · (​ d​ XX 5 ​  )​ _________
2 ​ – d​ XX dXX dXX
comum de m e n. ​  2   ​ 
_______ ​ ​ 2 ​ – ​ 5 ​  ​ 
· _______ = ​  = ​ 2​ 2 ​ – 2​ ​
 ​  5 ​  

=
d
​ XX 5 ​  d​ XX
2 ​ + d​ XX 5 ​  (​ d​ XX
2 ​ – d​ XX ) 2 (
2 ​  ​ – ​ ​ 5 ​  ​
d XX ) 2 2 – 5
3ª____propriedade __
√ 5 ​ – 2​√ 2 ​ 
__
__ __ = ​ 2​
________  ​  

√n​ a ∙ b ​ = √​n  a ​  · √​n  b ​,  para todo a [ R+, b [ R+ e n [ N, 3
com n ≥ 2.
Potência com expoente
4ª__ propriedade
__ fracionário
n


​ __​  a ​  ​= ​ ​ __a ​ ​,   para todo a [ R+, b [​  R​+*​​  e n ∈ N, com n ≥ 2.

  n___
n __
n
b √​  b ​  am/n = √​   am ​ para todo a [ R+, m [ Z e n [ N, com n ≥ 2.
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

EQUAÇÕES DO PRIMEIRO GRAU E PROBLEMAS CLÁSSICOS

Equações
É expressa na forma ax + b = 0, com a i 0.
Toda equação possui um conjunto solução. Conjunto solução é o nome que se dá ao conjunto dos valores que tornam
uma equação verdadeira.

372
Problemas clássicos Então, após pagar R$ 3,00 de estacionamento, temos que:

​ x – 30
_____ ​ x – 30
 – 1 – 3 = 2 ⇒ _____
 ​   ​ 
 = 6
O problema das torneiras 32 32
x = R$ 222,00
Uma torneira enche um tanque em 16 horas e outra, em 12
horas. Estando o tanque vazio e abrindo simultaneamente
as duas torneiras, em quanto tempo encherão o tanque? Solução aritmética
Vendo a situação-problema do fim ao começo, tem-se:
Comentários
Nessa situação-problema, não devemos aplicar a regra de
três, uma vez que as capacidades de trabalho das tornei-
ras são diferentes. A saída, aqui, é identificar as frações do
trabalho que as respectivas torneiras realizam em uma uni-
dade de tempo. No caso, ver a parte do tanque que cada 54
torneira enche em 1 hora. Veja:
§ Se a primeira torneira enche o tanque todo em 16 ho-
​ 1  ​ do tanque.
ras, então em 1 hora ela encherá ___ Resposta: Deborah tinha, inicialmente, R$ 222,00.
16
§ Se a segunda torneira enche o tanque todo em 12 ho-
​ 1  ​ do tanque.
ras, então em 1 hora ela encherá ___
O problema das idades
12 Matheus diz a Gabriel: “Hoje eu tenho o dobro da idade
Solução que tu tinhas quando eu tinha a idade que tu tens. Quando
tu tiveres a idade que eu tenho, a soma das nossas idades
Sendo x horas o tempo que as duas torneira gastarão,
será 90 anos”. Determine a idade atual de cada um.
juntas, para encher o tanque, em uma hora elas enche-
rão __ ​ 1x ​ = ___ ​  1  ​ + ___ ​  1  ​ do tanque.
16 12 Comentários
​  48  ​  = ______
Daí, ___ ​ 3x +  ​ 4x  ⇒ x = ___
  ​ 48 ​ = 6 ​ __6 ​ . Uma boa saída para os problemas de idade é a constru-
48x 48x 7 7
ção de uma tabela contendo as idades dos personagens
Note: __ ​ 6 ​ h = __ ​ 6 ​ · 60 min = ___ ​ 360  ​  min = 51 __ ​ 3 ​ min envolvidos, no presente e/ou no passado e/ou no futuro
7 7 7 7
e, depois, montar equações tendo em vista que a dife-
Resposta: 6 __ ​ 6 ​ horas ou 6 horas e 51 __ ​ 3 ​ minutos
7 7 rença das idades não muda: “se quando Gabriel nasceu,
Matheus tinha x anos, Matheus sempre será x anos mais
O problema das lojas velho que Gabriel, no presente, no passado ou no futuro,
Deborah foi ao shopping-center e entrou em cinco lojas. não importa o tempo”.
Em cada uma gastou R$ 1,00 a mais do que a metade do
que tinha ao entrar. Ao sair do shopping-center, pagou R$ Solução
3,00 de estacionamento e ficou com R$ 2,00. Quanto De-
borah tinha, inicialmente, antes de entrar na primeira loja? Considerando os dados do problema, temos a seguinte tabela:

Solução algébrica Passado Presente Futuro

Sendo x reais a quantia inicial de Deborah, têm-se: Matheus y 2x 90 – 2x


U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

Loja Entrou com... Gastou... Saiu com... Gabriel x y 2x

1 x ​  x  ​+ 1
__ ​  x  ​– 1
__
2 2 Se você não entendeu a construção da tabela anterior, veja
2 ​  x – ​
____ 2   ​ x – ​
____ 2  + 1 ​ x – ​
____ 2  – 1 a sua construção passo a passo:
2 4 4
1. Matheus disse: ”Hoje eu tenho o dobro da idade que tu
3 ​  x – ​
____ 6   ​ x – ​
____ 6  + 1 ​ x – ​
____ 6  – 1
4 8 8 tinhas”. Daí, Matheus, no presente, tem 2x anos e Gabriel,
4 ​ x –  ​
_____ 14   ​  x – 14
_____  ​  
+1 ​ x – 14
_____  ​  
–1 x anos, no passado.
8 16 16

5 ​  x – 30
_____  ​   ​  x – 30
_____  ​  
+1 ​ x – 30
_____  ​  
–1
2. Matheus disse: ”(...) quando eu tinha a idade que tu
16 32 32 tens”. Daí, Matheus tinha y anos no passado (quando o

373
Gabriel tinha x anos), sendo y anos também a idade de
Gabriel hoje, no presente.
3. 1 h e 20 minutos = ​ 1 + ___
60 (  ​ 6 ​ h.
​ 12 ​   ​h = __
5 )
4. Em uma hora de trabalho, o primeiro trator faz ____ ​  1   ​ do
3. Matheus disse: ”(...) quanto tu tiveres a idade que eu te- x–2
nho”. Daí, no futuro, a idade de Gabriel será 2x (a mesma ​  1   ​ e os dois, juntos, fazem __
serviço, o segundo faz ____ ​ 5 ​. 
​  1 ​ = __
x–3 __ 6
​   ​  6
de Matheus hoje, no presente). Daí: 5
4. Matheus disse: “(...) a soma das nossas idades será 90
​  1   ​ + ____
____ ​ 5 ​ ⇒
​  1   ​ = __
anos“. Daí, como no futuro a idade de Gabriel será 2x, a x–2 x–3 6
de Matheus será o que está faltando para completar os 6(x – 3) + 6(x – 2) ___________
5(x – 2)(x – 3)
90 anos, ou seja, a idade de Matheus será (90 – 2x) anos. ⇒ ______________
​       ​ = ​  ⇒
 ​ 
6(x – 2)(x – 3) 6(x – 2)(x – 3)
Observando que, em qualquer tempo, a diferença das res- ⇒ 5x2 – 37x + 60 = 0 ⇒
pectivas idades será sempre a mesma, da tabela tem-se: ⇒ x = 5 ou x = 2,4 (não convém)
I. y – x = 2x – y ⇒ 2y = 3x Assim, o primeiro, o segundo e o terceiro tratores gastam,
Lembra do artifício do problema da perseguição para evitar respectivamente, x – 2 = 3 h, x – 3 = 2 h e x = 5 h. Então,
as frações? se os três, juntos, gastarem y horas para fazer o serviço, em
x = 2k uma hora eles farão:
2y = 3x = 6k ⇔
y = 3k
​ 1y ​ = __
__ ​ 1 ​ + __​ 1 ​ + __ ​ 31 ​ .
​ 1 ​ = ___
II. y – x = (90 – 2x) – 2x ⇒ y + 3x = 90 ⇒ 2 3 5 30

⇒ 3k + 6k = 90 ⇒ k = 10 Resposta: ___ ​ 30 ​ horas.


31
x = 20 e y = 30
O problema da água e do vinho
Logo, hoje Matheus tem 2x = 40 anos e Gabriel, y = 30 anos.
Um barril contém 30 litros de água e outro, 20 litros de
vinho. Tomam-se, simultaneamente, x litros de cada barril
O problema dos tratores e permutam-se. Repetindo a operação várias vezes pode-
Para arar certo campo, um primeiro trator gasta 2 horas a -se comprovar que a quantidade de vinho em cada barril
menos que o terceiro e uma hora a mais que o segundo. se manteve constante, após a primeira troca. Determinar
Se o primeiro e o segundo tratores trabalharem juntos, a quantos litros (x) são trocados em cada operação.
operação pode ser feita em 1 hora e 12 minutos. Quanto
Solução
tempo gastam os 3 tratores, juntos, para arar um outro
campo idêntico, nas mesmas condições? 1. De início, temos:
água = 30 L
Comentários No 1º barril:
vinho = 0
Se, para efetuar um trabalho, gastam-se 3 horas, em uma água = 0
No 2º barril:
​ 1 ​ desse trabalho. Em geral, para efetuar um tra-
hora faz-se __ vinho = 20 L
3
balho, gastam-se x horas, em uma hora, portanto, faz-se __ ​ 1x ​  
desse trabalho. 2. Após a primeira troca, ficamos com:
água = (30 – x) L
Solução No 1º barril: vinho = x L
​  x  ​ 
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Sendo x horas o tempo que o terceiro trator gasta sozi- fração de vinho = ___
30
nho, temos: água = x L
1. Tempo gasto pelo primeiro trator = (x – 2) horas. No 2º barril: vinho = (20 – x) L
2. Tempo gasto pelo segundo trator = tempo gasto pelo ​ 20 – ​
fração de vinho = _____ x  
primeiro trator, menos 1 hora = (x – 3) horas. 20

Note: se o primeiro trator gasta uma hora a mais que o (


​ Lembre-se: fração = ____
parte
​ 
todo
 ​  ​ )
segundo, então o segundo gasta uma hora a menos que A partir da primeira troca, as quantidades de vinho, em cada
o primeiro. barril, permanecem inalteradas. Então, as quantidades
de vinho trocadas são iguais:

374
Vinho que sai do 1º barril = vinho que sai do 2º barril. Uma vez que x é diferente de zero, ficamos com:
Daí, obtemos: __ ​ 20 – ​x 
​  x  ​ = _____  ⇒ x = 12
3 2
___
30 ( 20 )
20 – ​ x 
​  x   ​ · x = ​ ​ _____  ​· x Resposta: 12 litros

EQUAÇÕES DO SEGUNDO GRAU

É escrita na forma ax² + bx + c = 0, sendo a i 0. As so-


luções podem ser encontradas pela fórmula de Bhaskara: Soma e produto das raízes de
uma equação do segundo grau
–b ± dXXXXXXX
x = __________
b2 – 4ac_ x² – Sx + P = 0, sendo que S = – __a​​ b ​​  e P = __a​​ c ​​ .
2a

O termo b2 – 4ac, denominado discriminante, é re- Equações biquadradas


presentado pela letra grega delta maiúscula (D). O valor É expressa na forma ax4 + bx² + c = 0, sendo a i 0.
numérico do discriminante indica a quantidade de raízes Substituindo x² por y, temos x4 = (x²)² = (y)² = y².
reais distintas da equação:
Logo, a equação na variável y é ay² + by + c = 0,
§ Se D > 0 (discriminante positivo), a equação possui com raízes y1 e y2.
_
duas raízes reais distintas. Porém, como x² = y, temos que x = ± √
​​ y ​​ , logo:
__
§ Se D = 0 (discriminante nulo), a equação possui ape- § x1 = √
​​ y1 ​​​  
__
nas uma raiz real. § x2 = – √
​​ y1 ​​  
__
§ Se D < 0 (discriminante negativo), a equação não § x3 = √
​​​ y2 ​​​  
__
possui raízes reais. § x4 = – √
​​ y2 ​​  ​

TEORIA DOS CONJUNTOS

Intuitivamente, conjunto é um agrupamento de elementos.


Formas de representação:
Relações de pertinência
§ x [ A
§ Por extensão: A = {0, 2, 4, 6, 8}.
Lê-se o elemento x pertence ao conjunto A.
§ Por diagramas de Euler Venn.
§ x ∉A
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Lê-se o elemento x não pertence ao conjunto A.


As relações de inclusão , e ÷ relacionam dois conjuntos.
Considerando os conjuntos A e B representados pelo dia-
grama de Venn, temos:

§ Por compreensão: A = {x | x é um número par menor


que 9}.

375
Intersecção de conjuntos
A intersecção de dois conjuntos A e B é o conjunto forma-
do pelos elementos que são comuns a A e a B.
Seja A = {0, 2, 4, 6} e B = {0, 1, 2, 3, 4}, então
A ∩ B = {0, 2, 4}.
Igualdade de conjuntos
Indicamos por A = B, quando os conjuntos A e B possuem Diferença de conjuntos
os mesmos elementos. Sejam os conjuntos A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {2, 4, 6, 8}.
A diferença de conjuntos é definida por
Conjunto universo A – B = {x | x [ A e x Ó B}.
É o conjunto que considera todos os elementos de um de-
Sendo assim, A – B = {1, 3, 5}.
terminado tópico.
Exemplo: o conjunto dos números reais  é um con-
junto universo.

Conjunto unitário
É aquele que possui um único elemento.
Exemplo: S = {2}
Se B , A, a diferença A – B denomina-se complementar
de B em relação a A, e indica-se C​ A B.​  
Conjunto vazio
É aquele que não possui elemento. Há duas formas de re- C​ A B​  = A – B
presentação: { } ou Ø. Por exemplo, se B = {2, 3} e A = {0, 1, 2, 3, 4}, então
C​ A B​  = A – B = {0, 1, 4}.
Subconjuntos

A = {1, 3, 7} Números de elementos em


B = {1, 2, 3, 5, 6, 7, 8}
um conjunto a: n(A)
A , B (A está contido em B) A = {x | x representa os dias de uma semana}, n(A) = 7.
B . A (B contém A)
Conjuntos disjuntos
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Operações Dois conjuntos A e B, não vazios, são disjuntos, se não pos-


suem elementos comuns.
União de conjuntos
A união de dois conjuntos A e B é o conjunto formado por
todos os elementos que pertencem a A ou a B.
Seja A = {0, 2, 4, 6} e B = {0, 1, 2, 3, 4}, então
A ∪ B = {0, 1, 2, 3, 4, 6}. A>B=Ø

376
Números de subconjuntos Simbolicamente, B é subconjunto próprio de A, se B ⊂ A
e B ≠ A.
(conjuntos das partes) Se um conjunto A possui n elementos, então A possui 2n
subconjuntos, que podemos representar por n(P(A)) = 2n(A).
1. O conjunto vazio está contido em qualquer conjunto A,
isto é, Ø ⊂ A, ∀ A.
2. Qualquer conjunto é subconjunto de si mesmo, isto é,
Números de elementos da união
A ⊂ A, ∀ A. n(A ∪ B) = n(A) + n(B) – n(A ∩ B)
3. Chama-se subconjunto próprio de um conjunto A
qualquer subconjunto de A que seja diferente de A.

OPERAÇÕES COM INTERVALOS

§ Intervalo fechado
[a, b] = {x [ R | a ≤ x ≤ b}
Representação geométrica
de intervalos na reta real
§ Intervalo aberto
]a, b[ = {x [ R | a < x < b} [1, 4[

§ Intervalo fechado à esquerda (ou aberto à direita)


[a, b[ = {x [ R | a ≤ x < b}

§ Intervalos “infinitos”
[a, + Ü[ = {x [ R | x ≥ a}
]–Ü, a] = {x [ R | x ≤ a}

INEQUAÇÕES DO PRIMEIRO E SEGUNDO GRAUS

Inequações Ou seja, podemos multiplicar ambos os lados de uma inequa-


ção e obter uma inequação equivalente, porém, se o valor mul-
§ P1: dada a inequação a > b, com a [ R e b [ R, tiplicado for negativo, o sinal da desigualdade inverte.
podemos somar um valor c [ R em ambos os lados da
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Veja a desigualdade a seguir:


inequação e obter uma inequação equivalente.
a > b  e  a + c > b + c  ​  1x ​ < __
__ ​ 1 ​ 
2
possuem o mesmo conjunto solução.
​  1x ​ ≤ __
__ ​ 1 ​ ⇒ 1 ≤ __
​  x  ​
§ P 2: dada a inequação a > b, com a [ R e b [ R e um 2 2
valor c [ R, temos que: Quando não sabemos o valor do x devemos isolar toda
i) se c > 0, a > b  e a · c > b · c, a inequação para um lado e analisar com as proprieda-
são equivalentes; des apresentadas:
ii) se c <0, a > b  e a · c < b · c,
​  1x ​ < __
__ ​ 1 ​  ​ 1x ​ – ​ __
__ 1 ​ < 0 ​ 2 –  ​x 
____  < 0
são equivalentes. 2 2 2x

377
Inequações do 1º grau f(x) g(x)

Denomina-se inequação do 1º grau na variável x


toda desigualdade que pode ser reduzida a uma das 3 1
formas:
ax + b > 0
ax + b > 0
(com a, b [ R e a Þ 0) Logo:
ax + b < 0
§ para x > 3, f(x) é positiva e para x < 3, f(x) é negativa;
ax + b < 0
§ para x > 1, g(x) é negativa e para x < 1, g(x) é positiva.

Sistemas de inequações do 1º grau Construímos, agora, o quadro de sinais:


1 3
O conjunto solução de um sistema de inequações é deter-
minado pela intersecção dos conjuntos soluções de cada f(x)
inequação do sistema.
g(x)

Inequações do 2º grau f(x)g(x)

Denomina-se inequação do 2º grau na variável x toda


A terceira linha do quadro representa o sinal da função
desigualdade que pode ser reduzida a uma das formas:
f(x)g(x).
ax2 + bx + c > 0
§ Se x < 1, a função f(x) é negativa e g(x), positiva, por-
ax2 + bx + c > 0
(com a, b e c [ R e a Þ 0) tanto, o produto entre elas é negativo.
ax2 + bx + c < 0
§ Se 1 < x < 3, ambas as funções f(x) e g(x) são negati-
ax2 + bx + c < 0 vas, portanto, seu produto é positivo.

Inequações-produto § Se x > 3, a função f(x) é positiva e g(x), negativa, por-


tanto, o produto entre elas é negativo.
Dadas duas funções f(x) e g(x), uma inequação-produto é Como queremos (x – 3)(1 – x) > 0, ou seja, não procura-
uma inequação da seguinte forma: mos os valores de x que anulam o produto (x – 3)(1 – x),
f(x) × g(x) > 0 não incluímos as raízes 1 e 3 no conjunto solução:
f(x) × g(x) > 0 S = {x [ R | 1 < x < 3}
f(x) × g(x) < 0
f(x) × g(x) < 0 Observe: ao procurar o conjunto solução de (x – 3)(1 – x) > 0,
poderíamos, também, realizar o produto do primeiro mem-
Para resolver inequações desse tipo, procedemos da seguin- bro e obter –x² + 4x – 3 > 0, de modo a resolver a inequa-
te maneira: ção do 2º grau, obtendo o mesmo conjunto solução.
1o) Fazemos o estudo dos sinais de cada função, separa-
damente. Inequações-quociente
2o) Colocamos os resultados em um quadro de sinais. Dadas duas funções f(x) e g(x), uma inequação-quociente é
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uma inequação da seguinte forma:


3o) Analisamos o sinal do produto das funções, levando em f(x) f(x) f(x) f(x)
___
​    ​ > 0 ___
​    ​ > 0 ___
​    ​ < 0 ___
​    ​ < 0
conta as regras dos sinais da multiplicação de números reais. g(x) g(x) g(x) g(x)
A resolução de inequações-quociente é similar à resolu-
Exemplo ção de inequações-produto.
Resolva a inequação (x – 3)(1 – x) > 0.
A principal diferença na resolução de uma inequação-quo-
Analisaremos o sinal de cada função, separadamente: ciente em relação à inequação-produto é que temos agora
f(x)
§ f(x) = x – 3 uma condição de existência, pois no quociente ___
​   ​  temos
g(x)
§ g(x) = 1 – x que g(x) Þ 0.

378
RELAÇÕES, FUNÇÕES E DEFINIÇÕES

Domínio, contradomínio e Função sobrejetora


imagem de uma função
f : A é B (função que associa valores do conjunto A a
valores do conjunto B)
x é y = f(x) (a cada elemento x [ A corresponde um único
y [ B)
§ Domínio da função: A é conjunto com os valores
possíveis para a variável x. Representado por D.
§ Contradomínio da função: no conjunto B estão os
elementos que podem corresponder aos elementos
do domínio. Representado por CD.
§ Imagem da função: cada elemento x do domínio tem
um correspondente y no contradomínio. A esse valor de y
damos o nome de imagem de x pela função f. O conjunto § Definição: uma função f de A em B é sobrejetora se o
de todos os valores de y que são imagens de valores de x contradomínio (CD) for igual ao conjunto imagem (Im).
forma o conjunto imagem da função.
§ Resumindo: não podem “sobrar” elementos no con-
§ Conjunto imagem da função: representado por Im. tradomínio (CD).

Funções injetoras Função bijetora

§ Definição: uma função f de A em B é bijetora se for


§ Definição: uma função f de A em B é injetora, se a
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injetora e sobrejetora ao mesmo tempo.


todo x1 ≠ x2 do domínio (D) tivermos f(x1) ≠ f(x2) no
contradomínio (CD). § Resumindo:
1. cada x do domínio tem seu y no contradomínio.
§ Resumindo: não pode haver duas flechas convergin-
2. não “sobra” elemento no contradomínio (CD = Im).
do para uma mesma imagem (cada x do domínio tem
seu y no contradomínio).

379
FUNÇÕES DO PRIMEIRO GRAU

Chama-se função do 1º grau toda função definida de R


em R por f(x) = ax + b, em que a e b [ R e a ≠ 0. Estudo do sinal da função
§ a é denominado de coeficiente angular. polinomial do 1º grau
§ b é denominado de coeficiente linear. Estudar o sinal de uma função y = f(x) significa analisar para
quais valores de x do domínio da função a imagem será po-

Proporção na função sitiva, negativa ou nula.


Faça o estudo de sinal da função f(x) = 10 – 5x.
do 1º grau Construindo o gráfico da função, temos:

- -

y – y _____ y –y
tga = _____  ​ = ​ x3 – x2 
​ x2 – x1   ​
2 1 3 2
Proporção (igualdade de frações)

§ a = tga (coeficiente angular)


§ b = coeficiente linear
Do gráfico, temos que:
§ para todo x > 2, a função possui valores de f(x)
negativos;
§ para todo x < 2, a função possui valores de f(x)
positivos;
§ para x = 2, a função f(x) é nula, sendo x = 2, por-
tanto, uma raiz da função.
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

380
U.T.I. - Sala 2014, o número de novos documentos que chegam para
serem digitalizados aumentará 10000 por ano nos pró-
1. (FUVEST - adaptada) Calcule o valor da expressão ximos três anos. Sem novas contratações, em 2017, os
1   ​​ .
___________ funcionários precisarão trabalhar 8 horas por dia sem
​​ 
  
1 + √2 – √3 qualquer tempo ocioso para conseguir processar toda
2. Resolva em : a demanda de 2017.
a) 6x – 3(x – 3) + 2 = 2(3x + 1) a) Qual é o número atual de funcionários da empresa?
b) Quantos documentos deverão ser digitalizados em
b) 4x + 2(x – 6) = 6(x – 2)
2015?
8x
​​  + ​​7  
c) __x​​   ​​   + __x​​   ​​  = ______ c) Representando o ano de 2014 como x = 0, 2015 como
3 5 15
x = 1, 2016 como x = 2 e assim por diante, é possível
3. (FUVEST) Para a fabricação de bicicletas, uma empresa expressar Y (demanda da empresa, em número de docu-
comprou unidades do produto A, pagando R$ 96,00, e uni- mentos para digitalização) em função de x para o período
dades do produto B, pagando R$ 84,00. Sabendo que o to-
de 2014 a 2017, como Y(x) = a + bx. Nesta expressão,
tal de unidades compradas foi de 26 e que o preço unitário
a representa o número de documentos digitalizados em
do produto A excede em R$ 2,00 o preço unitário do pro-
2014. Determine o valor de b.
duto B, determine o número de unidades de A compradas.
4. (FEI) Uma escola de línguas oferece somente dois cur-
sos: Inglês e Francês. Sabe-se que ela conta com 500 U.T.I. - E.O.
estudantes e que nenhum deles faz os dois cursos si-
multaneamente. Destes estudantes, 60% são mulheres
(–5)2 – 42 + ​__1
_______________
0
​   ​   ​
5 (  )
1. (UFRGS) Qual o valor da expressão
   ​​      ​​ ?
e, destas, 10% cursam Francês. Sabe-se que 30% dos 3(–2) + 1
estudantes homens também cursam francês. Qual é o 2. Sejam a, b e c números reais, tais que a = 240, b = 320 e
número de estudantes homens que cursam Inglês? c = 710. Então coloque-os em ordem crescente (exemplo:
5. Com o objetivo de aumentar as vendas, uma fábri- x < y < z).
ca de peças oferece preços promocionais aos clientes __ __
√__ – 1 ______ √
atacadistas que compram a partir de 120 unidades. Du- ​​  ​ 2 ​ 
3. (ESPM) Qual o valor da expressão ______   – ​​  ​__2 ​  + 1
 ​​   ​​  

?
rante esta promoção, a fábrica só aceitará dois tipos de √ √
​ 2 ​  + 1 ​ 2 ​  – 1
encomendas: até 100 peças ou, pelo menos, 120 peças. 4. (ESPM - adaptada) Dê a solução real da equação:
O preço P(x) em reais, na venda de X unidades, é dado
pelo gráfico seguinte, em que os dois trechos descritos _____ 4x
x​​  – ​​2  = ______– 3  
​​   ​​ + 7.
3 7
correspondem a gráficos de funções afins.
5. (Uerj) Em uma escola circulam dois jornais: Correio
do Grêmio e O Estudante. Em relação à leitura desses
jornais por parte dos 840 alunos da escola, sabe-se que:
• 10% não leem esses jornais;
• 520 leem o jornal O Estudante;
• 440 leem o jornal Correio do Grêmio.
Calcule o número total de alunos do colégio que leem
os dois jornais.

6. (UFMA) As figuras a seguir ilustram os gráficos das


funções g1: R → R, g2: R → R,g3: R → R, respectivamente:
I. II.
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

Nestas condições, qual o maior número de peças que se


pode comprar com R$ 9.800,00?
6. A empresa Alpha dedica-se exclusivamente à digi-
talização de documentos. Um funcionário leva 4 horas III.
para digitalizar um documento, a empresa opera duran-
te 250 dias por ano e não há estoque de documentos
antigos para digitalizar. Em 2014, os funcionários têm
uma jornada de trabalho de 8 horas diárias, mas têm
exatamente 2 horas de ociosidade por dia. Em relação a

381
A partir dos gráficos acima, são feitas as seguintes c) Considere que o gráfico das porcentagens de domi-
afirmações: cílios com acesso à internet, nos anos 2008, 2009
I. g1 é sobrejetora. e 2010, seja formado por pontos aproximadamente
II. g2 é crescente. alinhados. Faça uma estimativa da porcentagem de
III. g3 é bijetora. domicílios com acesso à internet em 2010.
Então: 9. (UNESP 2022) De acordo com modelos de projeções
a) II e III são falsas e I é verdadeira. lineares de crescimento, estima-se que, em 2021, o nú-
b) todas são falsas. mero de unidades residenciais verticais já supere o de
c) I e II são verdadeiras e III é falsa. unidades residenciais horizontais na cidade de São Paulo,
d) todas são verdadeiras. como mostra o gráfico.
e) I e III são verdadeiras e II é falsa.
7. (G1 - IFMT 2020) Após passar por um procedimen-
to cirúrgico, Jacó foi aconselhado pela junta médica a
fazer, durante os dois primeiros meses, uma dieta ali-
mentar que lhe garanta uma nutrição mínima diária e
sem sobrecarregar seu organismo, nesta fase pós cirúr-
gica. Jacó deve ingerir 9 miligramas de vitamina C e 50
microgramas de vitamina B, alimentando-se exclusiva-
mente dos alimentos A e D. Cada pacote do alimento A
fornece 2 miligramas de vitamina C e 4 microgramas de
vitamina B. Cada pacote do alimento D fornece 7 mili-
gramas de vitamina C e 10 microgramas de vitamina B.
Consumindo X pacotes do alimento A e Y pacotes do
alimento D, o paciente terá certeza de estar cumprindo
a dieta recomendada corretamente se:
a) 2x + 7y ≤ 9 e 4x + 10y ≤ 50
b) 2x + 7y ≥ 9 e 4x + 10y ≥ 50
c) 2x + 4y ≥ 9 e 7x + 10y ≥ 50
d) 2x + 4y ≤ 9 e 7x + 10y ≤ 50 Usando esses mesmos modelos e os dados em destaque
e) 2x + 10y ≥ 9 e 7x + 4y ≥ 50 no gráfico, a estimativa para 2022 é de que o total de
unidades residenciais verticais supere o de unidades re-
8. (FGV) Você usa a internet? Observe os resultados de sidenciais horizontais na cidade de São Paulo em
uma pesquisa sobre esse tema.
a) 16 mil. b) 40 mil. c) 160 mil. d) 6 mil. e) 60 mil.

10. (UNICAMP) Duas locadoras de automóveis oferecem


planos diferentes para a diária de um veículo econômi-
co. A locadora Saturno cobra uma taxa fixa de R$ 30,00,
além de R$ 0,40 por quilômetro rodado. Já a locadora
Mercúrio tem um plano mais elaborado: ela cobra uma
taxa fixa de R$ 90,00 com uma franquia de 200 km, ou
seja, o cliente pode percorrer 200 km sem custos adicio-
nais. Entretanto, para cada km rodado além dos 200 km
incluídos na franquia, o cliente deve pagar R$ 0,60.
a) Para cada locadora, represente no gráfico abaixo
a função que descreve o custo diário de locação em
termos da distância percorrida no dia.
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

A pesquisa de 2009 foi feita em 500 domicílios e com


2000 pessoas com 10 anos ou mais de idade.
a) Quantos domicílios pesquisados tinham acesso à in-
ternet, em 2009?
b) Em 2009, quantas pessoas disseram que usavam a
internet?

382
b) Determine para quais intervalos cada locadora tem 14. (UNICAMP) Três candidatos A, B e C concorrem à
o plano mais barato. Supondo que a locadora Satur- presidência de um clube. Uma pesquisa apontou que,
no vá manter inalterada a sua taxa fixa, indique qual dos sócios entrevistados, 150 não pretendem votar.
deve ser seu novo custo por km rodado para que ela, Dentre os entrevistados que estão dispostos a partici-
lucrando o máximo possível, tenha o plano mais van- par da eleição, 40 sócios votariam apenas no candidato
tajoso para clientes que rodam quaisquer distâncias. A, 70 votariam apenas em B e 100 votariam apenas no
candidato C. Além disso, 190 disseram que não vota-
11. A função f está definida da seguinte maneira: para riam em A, 110 disseram que não votariam em C e 10
cada inteiro ímpar n, sócios estão na dúvida e podem votar tanto em A como
 x − ( n − 1) , se n − 1 ≤ x ≤ n em C, mas não em B. Finalmente, a pesquisa revelou que
f(x) =  10 entrevistados votariam em qualquer candidato. Com
 n + 1 − x, se n ≤ x ≤ n + 1
base nesses dados, pergunta-se:
a) Esboce o gráfico de f para 0 ≤ x ≤ 6.
a) Quantos sócios entrevistados estão em dúvida en-
b) Encontre os valores de x, 0 ≤ x ≤ 6, tais que f(x) = 1/5 tre votar em B ou em C, mas não votariam em A?
.
12. A quantidade de cópias vendidas de cada edição de b) Dentre os sócios consultados que pretendem parti-
uma revista jurídica é função linear do número de ma- cipar da eleição, quantos não votariam em B?
térias que abordam julgamentos de casos com ampla 15. Sejam os intervalos reais A = {x ∈ ; 2 ≤ x ≤ 6},
repercussão pública. Uma edição com quatro matérias B = {x ∈ ; –2 < x < 4} e C = {x ∈ ; –1 ≤ x ≤ 6}.
desse tipo vendeu 33 mil exemplares, enquanto que
É correto afirmar que:
outra contendo sete matérias que abordavam aqueles
julgamentos vendeu 57 mil exemplares. a (A ∩ C) – B = A ∩ B.
a) Quantos exemplares da revista seriam vendidos, caso b) (A ∩ C) – B = C – B.
fosse publicada uma edição sem matéria alguma que c) (A ∩ B) ∩ C = B.
abordasse julgamento de casos com ampla repercus- d) (A ∩ B) ∩ C = A.
são pública? e) A ∪ B ∪ C = A ∩ C.
b) Represente graficamente, no plano cartesiano, a função
16. (FGV-RJ) O idioma da Álgebra é a equação. Para re-
da quantidade (Y) de exemplares vendidos por edição,
solver um problema que envolva números ou relações
pelo número (X) de matérias que abordem julgamentos
entre quantidades, é conveniente traduzir o problema
de casos com ampla repercussão pública.
da sua linguagem para a linguagem da Álgebra. Resolva
c) Suponha que cada exemplar da revista seja vendido a
estes dois antigos problemas.
R$ 20,00. Determine qual será o faturamento, por edição,
em função do número de matérias que abordem julga- a) Quatro irmãos têm 45 moedas de ouro. Se a quantia
mentos de casos com ampla repercussão pública. do primeiro aumenta em duas moedas, a quantia do se-
gundo diminui duas moedas, a do terceiro dobra e a do
13. (FAMERP 2018) Um animal, submetido à ação de quarto se reduz à metade, todos ficam com a mesma
uma droga experimental, teve sua massa corporal re- quantia de dinheiro. Quantas moedas tem cada um?
gistrada nos sete primeiros meses de vida. Os sete pon- b) Dois amigos decidem, caminhando em linha reta, en-
tos destacados no gráfico mostram esses registros e a contrar-se em algum ponto do caminho entre as suas ca-
reta indica a tendência de evolução da massa corporal sas. Um dos amigos diz ao outro: “Como sou mais velho,
em animais que não tenham sido submetidos à ação caminho a cerca de 3 km por hora; você é muito mais
da droga experimental. Sabe-se que houve correlação novo e, provavelmente, deve caminhar a cerca de 4 km
perfeita entre os registros coletados no experimento e por hora. Então, saia de casa 6 minutos depois que eu sair
a reta apenas no 1º e no 3º mês. e nos encontraremos bem na metade da distância entre
nossas casas”. Qual a distância entre as duas casas?

17. (UFPA 2016) Em uma turma de cinquenta alunos de


Medicina, há dezoito cursando Anatomia, quinze cursan-
do Citologia e treze cursando Biofísica. Seis alunos cur-
sam simultaneamente Anatomia e Citologia, cinco cursam
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

simultaneamente Citologia e Biofísica e quatro cursam


simultaneamente Anatomia e Biofísica. Dezesseis alunos
não cursam nenhuma destas disciplinas.
O número de alunos que cursam, simultaneamente, exata-
Se a massa registrada no 6º mês do experimento foi mente duas disciplinas é
210 gramas inferior à tendência de evolução da massa
a) 31.
em animais não submetidos à droga experimental, o
valor dessa massa registrada é igual a b) 15.
c) 12.
a) 3,47 kg. d) 3,35 kg.
d) 8.
b) 3,27 kg. e) 3,29 kg.
e) 6.
c) 3,31 kg.

383
18. (UFMT) Sejam x e y dois conjuntos com, respectiva-
mente, 5 e 6 elementos. A quantidade de funções inje-
toras com domínio igual ao conjunto x e contradomínio
igual ao conjunto y?

19. (Unicamp 2011) Quarenta pessoas em excursão per-


noitam em um hotel.
Somados, os homens despendem R$ 2.400,00. O grupo
de mulheres gasta a mesma quantia, embora cada uma
tenha pago R$ 64,00 a menos que cada homem.
Denotando por x o número de homens do grupo, uma
expressão que modela esse problema e permite encon-
trar tal valor é
a) 2400x = (2400 + 64x)(40 − x).
b) 2400(40 − x) = (2400 - 64x)x.
c) 2400x = (2400 − 64x)(40 − x).
d) 2400(40 − x) = (2400 + 64x)x.

20. (Fuvest 2022) Os funcionários de um salão de be-


leza compraram um presente no valor de R$ 200,00
para a recepcionista do estabelecimento. No momento
da divisão igualitária do valor, dois deles desistiram de
participar e, por causa disso, cada pessoa que ficou no
grupo precisou pagar R$ 5,00 a mais que a quantia ori-
ginalmente prevista. O valor pago por pessoa que per-
maneceu na divisão do custo do presente foi:
a) R$ 10,00
b) R$ 15,00
c) R$ 20,00
d) R$ 25,00
e) R$ 40,00
MATEMÁTICA

1
MATEMÁTICA
e suas tecnologias
MATEMÁTICA 2

U.T.I.
TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO

Ciclo trigonométrico
Observe como localizar o ângulo de 30º no círculo trigonométrico:

senθ = __a​ b ​  e cossecθ = __​ a ​ 


b 0 < senθ < 1 e 0 < cosθ < 1
cosθ = __a​ c ​  e secθ = __​ ca ​  cossecθ > 1 e secθ > 1
Repare que o ângulo de 30º determina um ponto P na cir-
tgθ > 0 e cotgθ > 0
tgθ = __​ bc ​  e cotgθ = __​ c  ​ cunferência, determinando, assim, o triângulo retângulo OBP.
b
Cada ângulo diferente determina um ponto P distinto na
Razões trigonométricas circunferência, sendo, assim, o seno e o cosseno de um
(valores notáveis) ângulo definido por:
sen θ = ordenada de P
θ (graus) senθ cosθ tgθ cossecθ secθ cotgθ cos θ = abscissa de P
​​ senθ ​​  
tg θ = _____ com cos θ ≠ 0

​ 1 ​ 
d
​ XX
3 ​   d
​ XX
3 ​   dXX cosθ
30º __ ___
​   ​   ___
​   ​   2 ​​ 2​
___ ​​3 ​    d
​ XX
3 ​ 
2 2 3 3
No sistema cartesiano, se a ordenada de P (coordenada
d
​ XX
___2 ​   d
​ XX
___2 ​   em y) se encontra “acima” da origem, o seno do ângulo
45º ​   ​   ​   ​   1 ​dXX
2 ​  ​dXX
2 ​  1
2 2 será positivo, enquanto que se o ordenada de P se encon-
d
​ __
√___
tra “abaixo” da origem, o seno do ângulo será negativo.
​ XX
3 ​   dXX  ​ 3 ​ ​ 
60º ___
​   ​   ​  1 ​ 
__ d
​ XX
3 ​  ​​ 2​
___ ​​3 ​    2 ​​   ​​  Analogamente, se a abscissa de P (coordenada em x) se
2 2 3 3
encontra à direita da origem, o cosseno do ângulo será
positivo, enquanto que se a abscissa de P se encontra à
esquerda da origem o cosseno do ângulo será negativo.

PRODUTOS NOTÁVEIS

No cálculo algébrico, alguns produtos são frequentes, como:


Produto da soma pela
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

(x + y) (x – y) Produto da soma pela diferença de dois termos


diferença de dois termos
(x + y) (x + y) = (x + y)2 Quadrado da soma de dois termos

(x – y) (x – y) = (x – y)2 Quadrado da diferença de dois termos (x + y)(x – y) = x² – y²

Quadrado da soma de dois termos


Fatoração
(x + y)² = x² + 2xy + y²
a(x + y) = ax + ay
(x – y)² = x² – 2xy + y²

386
FATORAÇÃO

Agrupamento Trinômio do segundo grau


1. x2 + ax + bx + ab ax2 + bx + c = a(x – x1) ∙ (x – x2), sendo que x1 e x2 são raízes.
Temos:
novo fator comum Cubo da soma e cubo da diferença
x2 + ax + bx + ab = x (x + a) + b (x + a)
1º grupo 2º grupo
a3 + 3a2b + 3ab2 + b3 = (a + b)3 e

x2 + ax + bx + ab = (x + a)(x + b) a3 – 3a2b + 3 ab2 – b3 = (a – b)3

Diferença de dois quadrados Soma e diferença de dois cubos


x2 – y2 = (x + y)(x – y) a3 + b3 = (a + b)(a2 – ab + b2) e
a3 – b3 = (a – b)(a2 + ab + b2)
Trinômio quadrado perfeito
a2 + 2ab + b2 = (a + b)2 ou a2 – 2ab + b2 = (a – b)2

CONJUNTOS NUMÉRICOS

Conjunto dos números § Conjunto dos inteiros não positivos:


Z– = {x [ Z | x ø 0} = {0, –1, –2, –3, ...}
naturais (N)
N = {0, 1, 2, 3, ...}
Divisor de um número inteiro
Dados a, b e c números inteiros, dizemos que a é divisor
N* = {1, 2, 3, ...} indica-se por asterisco o conjunto dos
de b, se existe c de forma que ac = b.
números naturais não nulos.
Exemplo: 5 é divisor de 10, pois 5 · 2 = 10.

Conjunto dos números Números primos


inteiros (Z) Um número inteiro p é considerado primo, se D(p) = {–1,
Z = {..., –3, –2, –1, 0, 1, 2, 3, ...} 1, –p, p}.

§ Conjunto dos inteiros não nulos: Isto é, possui apenas como divisores o número 1, o número
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

–1, ele próprio e o seu oposto.


Z* = {x [ Z | x i 0} = {..., –3, –2, –1, 1, 2, 3, ...}
§ Conjunto dos inteiros positivos não nulos:
Números racionais
Z+* = N* = {x [ Z | x > 0} = {1, 2, 3, ...}
Os números que podem ser expressos na forma __​ a ​,  em que a
§ Conjunto dos inteiros não negativos: b
e b são inteiros e b i 0, são chamados de números racionais
Z+ = N = {x [ Z | x ù 0} = {0, 1, 2, 3, ...} { 
e seu conjunto pode ser representado por Q = ​ x = __​ a ​ | a [
b
§ Conjunto dos inteiros negativos não nulos:
Z e b [ Z* . }
Z*–= {x [ Z | x < 0} = {–1, –2, –3, ...}

387
Dízima periódica Números irracionais (R – Q)
__
Uma fração irredutível corresponderá a uma dízima peri- Números como ​​√2 ​​ = 1,4142135..., cuja representação de-
ódica quando o denominador apresentar, em sua decom- cimal é infinita e não periódica, são chamados de núme-
posição em fatores primos distintos, pelo menos um fator ros irracionais.
primo diferente de 2 e 5, pois, assim, o denominador não
será divisor de uma potência de base 10. Conjunto dos números reais (R)

​ 7 ​ = 2,333 = 2,​3​ (período = 3)
§ __ É a reunião dos números racionais com os números irracionais.
3

​ 56 ​ = 5,090909... = 5,​09​ (período = 09)
§ ___
11
Método para encontrar a fração geratriz de uma dízi-
ma periódica:

Seja a dízima 0,3333... ou 0,​3​. 
Fazendo x = 0,3333..., temos:

Subtraindo x de 10x, temos:


10x – x = 3,33333 ... – 0,33333...
9x = 3, x = __ ​​ 3 ​​ 
9
 3
Então, 0,​3 = __
​​   ​​  [ Q.
9
Propriedades dos números reais
Propriedades dos 1. Se o número
__ n
​​  a ​​,  com n [ N* e a [ N não é inteiro,

__
números racionais então √n​​   a ​​  é irracional.
2. A soma de um número racional com um número irra-
No conjunto dos números racionais, valem as seguintes
cional é um número irracional.
propriedades:
1. A soma de dois números racionais quaisquer é um 3. A diferença entre um número racional e um número
número racional. irracional, em qualquer ordem, é um número irracional.
2. A diferença entre dois números racionais quaisquer é 4. O produto de um número racional, não nulo, por um
um número racional. número irracional é um número irracional.
3. O produto de dois números racionais quaisquer é um 5. O quociente de um número racional, não nulo, por um
número racional. número irracional é um número irracional.
4. O quociente de dois números racionais, sendo o divisor
diferente de zero, é um número racional.

RAZÃO, PROPORÇÃO E GRANDEZAS PROPORCIONAIS


U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

§ __​  a ​ = __​  c  ​= k, em que k é chamada de constante de pro-


Razão b d
porcionalidade.
Razão entre a e b = __​ a ​. 
b
Grandezas proporcionais
Proporção
§ __​  a ​ = __​  c  ​ ou a × d = c × b
Grandezas diretamente proporcionais
b d
(Lê-se a está para b, assim como c está para d). ​  A ​ = k, em que k é a constante de proporcionalidade.
A ∝ B à __
B

388
Grandezas inversamente proporcionais Essa propriedade se estende para mais de duas outras
grandezas. Por exemplo:
​  1 ​ à A · B = K
A ∝ ____ a. A grandeza X é proporcional às grandezas Y, Z e W.
B
​  X   ​ 
Então, _______ = constante.
Y · Z ·W
Grandezas proporcionais a duas b. A grandeza M é diretamente proporcional às grande-
zas A e B e inversamente proporcional à grandeza C. En-
ou mais outras grandezas ​ M · C ​ = constante.
tão, _____
Se uma grandeza A é proporcional às grandezas B e C, A·B
​  A   ​ = k,
então A é proporcional ao produto B · C, isto é ____ c. A grandeza X é inversamente proporcional às grande-
B·C zas P, Q e R e diretamente proporcional à grandeza S. En-
em que k é constante.
X·P·Q·R
tão,_________
​   ​  = constante.

S

TEOREMA FUNDAMENTAL DA ARITMÉTICA, M.M.C. E M.D.C.

Números primos § Divisibilidade por 5: um número é divisível por 5


quando o último algarismo (das unidades) é 0 ou 5.
Um número natural é definido como primo se ele possui § Divisibilidade por 6: um número é divisível por 6
apenas dois divisores positivos: 1 e ele próprio. quando é divisível por 2 e por 3.

Teorema fundamental § Divisibilidade por 7: um número é divisível por 7


quando a diferença entre o dobro do último algarismo
da aritmética e o número formado pelos algarismos restantes for di-
visível por 7.
Todo inteiro positivo maior que 1 pode ser expresso como
§ Divisibilidade por 8: um número é divisível por 8
um produto de potências de números primos, desconsi-
quando os dois últimos algarismos formarem um nú-
derando a ordem dos fatores de maneira única.
mero múltiplo de 8 e o antepenúltimo for par.

Divisibilidade § Divisibilidade por 9: um número é divisível por 9


quando a soma dos seus algarismos formarem um nú-
Ao utilizar os números em sua forma fatorada em função mero divisível por 9.
de seus fatores primos, podemos verificar se um número a
é divisível por outro número b. § Divisibilidade por 10: um número é divisível por 10
quando seu último algarismo for 0.
Número de divisores de
um número natural Máximo divisor comum (MDC)
Sejam dois números a , b inteiros. Dizemos que b é divisor Dados dois números inteiros positivos A = d · k e B = d · q,
de a se existe k também inteiro, tal que b · k = a. em que k e q são números inteiros, dizemos que o inteiro
d é um divisor (fator) comum de A e B.
Ou seja, k = __​ a ​,  sendo que k deve ser inteiro.
b
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Exemplos:
Critérios de divisibilidade
12 = 6 · 2
§ Divisibilidade por 2: um número é divisível por 2 1. ⇒ 6 é divisor comum de 12 e 18
18 = 6 · 3
quando este é par.
§ Divisibilidade por 3: um número é divisível por 3 42 = 14 · 3
2. ⇒ 14 e divisor comum de 42 e 70
quando a soma dos seus algarismos é divisível por 3. 70 = 14 · 5
§ Divisibilidade por 4: um número é divisível por 4
O MDC é o maior desses divisores.
quando seus últimos 2 algarismos formam um número
divisível por 4.

389
Mínimo múltiplo comum (MMC) MMC e MDC de expressões algébricas
Dados dois inteiros a e b, não nulos, seu mínimo múltiplo MMC
comum, que se indica por MMC (a, b), é o menor elemento
Escolhemos os fatores comuns e não comuns de
positivo do conjunto M(a) > M(b).
maior expoente:
Exemplo
x²y³ (z + 1) e x(z + 1)³
Para os inteiros 10 e 12, temos:
§ M(10) = {..., –30, –20, –10, 0, 10, 20, 30, 40, 50, 60, ...}
§ M(12) = {..., –24, –12, 0, 12, 24, 36, 48, 60, ...} x²y³ (z + 1)³
§ M(10) > M(12) = {..., –60, 0, 60, ...} é conjunto dos Portanto, o MMC entre x²y³(z + 1) e x (z + 1)³ é
múltiplos comuns de 10 e 12. O menor elemento posi- x²y³ (z + 1)³.
tivo de M(10) > M(12) é 60.
Então, mmc (10, 12) = 60. MDC
Técnicas para o cálculo Tomamos os fatores comuns e de menor expoente:

do MDC e do MMC x²y³ (z + 1) e x(z + 1)³


Uma outra maneira de se obter o MDC e o MMC é fatoran-
do, simultaneamente, esses números. Nesse caso, o mdc é
o produto apenas dos fatores comuns, enquanto o mmc é x(z + 1)
o produto de todos os fatores obtidos. Veja:
Portanto, o MDC entre (z + 1)x²y³ e x (z + 1)³ é x(z + 1).
4200 720 600 2
2100 360 300 2
1050 180 150 2
525 90 75 2
525 45 75 3 mdc = 23 · 3 · 5 = 120
175 15 25 3
175 5 25 5
35 1 5 5
7 1 1 7
1 1 1 24 · 32 · 52 · 7 = 25.200 = mmc

PORCENTAGEM

A porcentagem é uma forma usada para indicar uma fra- § Método 3: utilizando a proporção na qual 60 corres-
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

ção de denominador 100 ou qualquer representação equi- ponde a 100% (inteiro) e a parte x corresponde a 45%:
valente a ela.
​  60  ​ = ___
___ ​  x   ​ ä 100x = 2700 ä x = 27
§ Método 1: utilizando a forma fracionária da taxa: 100 45
45% = ___ ​  45  ​ = ___
​  9  ​  Portanto, 45% de 60 é 27.
100 20
​  9  ​ · 60 = x ⇒ x = 27
Fator de atualização
___
20
§ Método 2: utilizando a forma decimal da taxa:
45% = 0,45 Exemplo de fator i > 1
0,45 · 60 = x ä x = 27 ​ A ​ = 1,05.
Sejam A e B dois números tais que __
B

390
Há duas interpretações:
1. A é 5% maior que B; ou
U.T.I. - Sala
2. A é 105% de B (portanto, 5% maior). 1. Na figura abaixo, determine a medida de AB.
A

Exemplo de fator i < 1 D E


​ A ​ = 0,90.
Sejam A e B dois números tais que __
B
1. A é 10% menor que B; ou
2. A é 90% de B (portanto, 10% menor). C B

2. Sendo x um número real, tal que x + x__1


​​   ​​ = 3, obtenha os
Aumentos e descontos valores numéricos de:
a) x2 + __ ​​  1 ​​   .
​  valor novo 
f = _________  ​  x2
valor antigo
​​  1 ​​  . 
b) x4 + __
§ f > 1 é aumento, ganho, acréscimo x4
3. (UNESP) Uma gráfica possui 5 máquinas iguais que
§ f < 1 é desconto, queda, perda, decréscimo produziram juntas uma encomenda de 1200 cartelas de
adesivos em 4 horas. Essa gráfica recebeu uma enco-
§ f = 1 é não houve variação menda de 1300 cartelas desse adesivo, porém, 3 dessas
máquinas não poderão ser utilizadas por estarem em
Aumentos e descontos sucessivos manutenção. Portanto, o tempo necessário para produ-
zir essa nova encomenda será maior do que as anterio-
Para compor vários aumentos e/ou descontos, basta mul- res em quantas horas, minutos e segundos?
tiplicar os vários fatores individuais e, assim, obter o fator
4. (FUVEST) A porcentagem de fumantes de uma cidade
“acumulado”, que nada mais é que o fator de atualização é 32%. Se 3 em cada 11 fumantes deixarem de fumar, o
entre o primeiro e o último valor considerado, independen- número de fumantes ficará reduzido a 12800. Calcule:
temente dos valores intermediários. a) o número de fumantes da cidade;
b) o número de habitantes da cidade.
facumulado = f1 · f2 · f3 · f4 ...
5. (UERJ) Para comprar os produtos A e B em uma loja,
um cliente dispõe da quantia X, em reais. O preço do
O fator acumulado é também um fator de atualização e produto A corresponde a __2
​​   ​​  de X, e o do produto B cor-
deve ser interpretado como tal. 3
responde à fração restante.
No momento de efetuar o pagamento, uma promoção
reduziu em 10% o preço de A.
Sabendo que, com o desconto, foram gastos R$ 350,00
na compra dos produtos A e B, calcule o valor, em reais,
que o cliente deixou de gastar.

6. (UFES) Uma associação de moradores arrecadou 2160


camisas, 1800 calças e 1200 pares de sapatos, que serão
todos doados. As doações serão dispostas em pacotes.
Dentro de cada pacote, um item poderá ter quantidade
diferente da dos demais itens (por exemplo, a quantida-
de de camisas não precisará ser igual à de calças ou à
de pares de sapatos); porém, a quantidade de camisas,
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

em todos os pacotes, deverá ser a mesma, assim como a


quantidade de calças e a de pares de sapatos.
a) Determine o maior número possível de pacotes que
podem ser preparados e qual a quantidade de cami-
sas, de calças e de pares de sapatos que, nesse caso,
haverá em cada pacote. Justifique.
b) Pedro recebeu um pacote de doações com ℓ cami-
sas diferentes, m calças diferentes e n pares de sapa-
tos diferentes. Calcule a quantidade de escolhas, que
ele pode fazer, de um conjunto contendo apenas 1
camisa, 1 calça e 1 par de sapatos do pacote.

391
(x + y)2 – 4xy
___________
U.T.I. - E.O. 4. (UTF-PR) Simplificando a expressão
x ≠ y, obtém-se:
  
x2 – y2
 ​​  com

1. (CP2) Viajar de avião pode ser nada confortável! Uma 5. (G1 - CMRJ 2021) O conhecimento algébrico contri-
das razões é o pouco espaço existente entre as poltro- bui, dentre outras coisas, para a simplificação de ex-
nas, o chamado seat pitch. A Anac (Agência Nacional de pressões algébricas. Dessa forma, para x = 21 e y = 20 o
Aviação Civil) classifica as poltronas das aeronaves de x3 - y3
acordo com a distância entre seus assentos. No entanto, expressão _____________________
valor da       ​​  ​​ é:
x + 2x y + 2xy2 + y3
3 2
para fazer essa classificação, a inclinação das poltronas
não é considerada. Suponha uma aeronave, cuja distân- a) - 1261/32440
cia entre as poltronas (seat pitch) seja 73,6 cm e que b) - 1/1261
a medida do comprimento do encosto do assento seja c) 41/32440
70 cm. Quando a poltrona da frente se inclina 30° em d) 1/41
relação ao seu eixo vertical, o espaço entre os assentos
e) 41/1261
diminui, conforme a figura a seguir.
6. Desenvolva as seguintes expressões:
a) (x + y)3
b) (x – y)3
c) (x + 1)3
d) (x – 1)3
e) (x + x__1​​  ​​  )3
Essa disposição está representada abaixo:
f) (x – x__1​​  ​​  )3

7. (G1 - IFCE 2019) Ana listou em ordem crescente os


primeiros 30 números naturais N que satisfazem às três
condições a seguir.
1) N deixa resto 7 na divisão por 24.
2) N deixa resto 7 na divisão por 32.
3) N é maior que 20.
O primeiro número listado por Ana tem soma de alga-
rismos igual a
a) 4.
a) Determine a medida AB na figura acima, entre o b) 9.
topo da poltrona inclinada e a poltrona __ de trás. __ Utilize: c) 11.

​​ ​ 3 ​ √
​​ ​ 3 ​ d) 12.
sen 30º = __1​ ​  ​​  , cos 30º = ___  ​​   ,  tg 30º = ___  ​​    
2 2 3 e) 15.
b) Determine a altura BC.

2. (CFT-RJ) Três triângulos equiláteros de lado 1 cm es- 8. (ENEM 2020) Para chegar à universidade, um estu-
tão enfileirados, como indicado na figura abaixo. Nes- dante utiliza um metrô e, depois, tem duas opções:
sas condições, determine o seno do ângulo θ. § seguir num ônibus, percorrendo 2,0 km;
§ alugar uma bicicleta, ao lado da estação do metrô,
seguindo 3,0 km pela ciclovia.
O quadro fornece as velocidades médias do ônibus e da
bicicleta, em no trajeto metrô-universidade.

Velocidade média
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

3. Desenvolva: Dia da semana


Ônibus (km/h) Bicicleta (km/h)
a) a(a – 1) Segunda-feira 9 15
b) (a2 – b3)(ab – b)
Terça-feira 20 22
c) (a2 – b)(a2 + b)
d) (a2 + 1)2 Quarta-feira 15 24
e) (a2 – 1)2 Quinta-feira 12 15
f) (x + x__1​​  ​​  )2 Sexta-feira 10 18
Sábado 30 16
g) (1 – x__1​​  ​​  )2
A fim de poupar tempo no deslocamento para a univer-
( 
h) ​​ x2 – __ )x2
​ 1 ​    2​​ sidade, em quais dias o aluno deve seguir pela ciclovia?

392
a) Às segundas, quintas e sextas-feiras. § O valor a ser pago a cada empresa será inversa-
b) Às terças e quintas-feiras e aos sábados. mente proporcional à idade de uso da máquina ca-
c) Às segundas, quartas e sextas-feiras. dastrada pela empresa para o presente edital.
d) Às terças, quartas e sextas-feiras.
As três empresas vencedoras do edital cadastraram má-
e) Às terças e quartas-feiras e aos sábados.
quinas com 2, 3 e 5 anos de idade de uso.
9. (FUVEST) Numa certa população, 18% das pessoas Quanto receberá a empresa que cadastrou a máquina
são obesas, 30% dos homens são obesos e 10% das com maior idade de uso?
mulheres são obesas. Qual a porcentagem de homens a) R$ 3.100,00 d) R$ 15.000,00
na população?
b) R$ 6.000,00 e) R$ 15.500,00
10. (UNESP 2021) Existem diferentes tipos de plásti- c) R$ 6.200,00
cos e diversas finalidades de uso para cada um deles, 12. (FGV) Carolina planeja passar suas férias no Japão.
sendo alguns tipos mais descartados do que outros. O Suas opções para adquirir ienes japoneses (JPY) em es-
esquema mostra a distribuição do plástico descartado pécie a partir de suas economias, em reais (R$) são:
por tipo e a facilidade em reciclá-lo.
I. Comprar dólares americanos (USD) em espécie antes de
viajar e, ao chegar ao Japão, trocar esses dólares por ienes.
II. Levar seus reais em espécie e trocá-los por ienes ao
chegar ao seu destino.
No Brasil, as condições de câmbio de reais por dólares
são as seguintes:
§ Tarifa fixa de R$ 50,00 por operação; taxa de câm-
bio de R$ 2,50 : 1,00 USD.
No Japão, as condições de câmbio são:
§ R$ 1,00 : 38,00 JPY, sem taxa por operação.
§ USD 1,00 : 100,00 JPY, sem taxa por operação.
a) Carolina planeja usar R$ 5.000,00 para adquirir
ienes. Qual das duas alternativas (I ou II) é mais van-
tajosa? Justifique.
b) Para qual valor, em reais, a ser trocado por ienes, as
alternativas I e II são equivalentes?
c) Suponha que Carolina gaste todo o seu dinheiro em
espécie antes do final da viagem e precise pagar uma con-
ta de JPY 1.000,00 usando seu cartão de crédito. Con-
sidere que transações com cartão de crédito no exterior
são taxadas com 7% de IOF e que a operadora do cartão
utiliza a taxa de conversão de JPY 40,00 por real. Nessas
condições, qual terá sido a taxa de câmbio efetiva paga
por Carolina nessa transação, expressa em ienes por real?
Considerando apenas os cinco tipos mais descartados, Quando necessário, aproxime as respostas para duas
temos que os plásticos de fácil ou média dificuldade de casas decimais.
reciclagem correspondem a um valor
a) superior a 86%. 13. (UFSJ) Assinale a alternativa que indica quantos são
b) entre 79% e 86%. os números inteiros de 1 a 21.000, que NÃO são divisí-
veis por 2, por 3 e nem por 5.
c) entre 72% e 79%.
d) entre 65% e 72%. a) 6.300 c) 7.000
e) inferior a 65%. b) 5.600 d) 700
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

14. (EPCAR) Uma fábrica vende por mês 30 camisas ao


preço de 25 reais cada. O custo total de cada camisa
11. (ENEM 2019) Para contratar três máquinas que farão para a fábrica é de R$ 10,00.
o reparo de vias rurais de um município, a prefeitura ela- O gerente da fábrica observou que, a cada redução de
borou um edital que, entre outras cláusulas, previa: R$ 0,50 no preço unitário de cada camisa, são vendidas
§ Cada empresa interessada só pode cadastrar uma 5 camisas a mais.
única máquina para concorrer ao edital; Considerando essas observações, se a fábrica vender 150
§ O total de recursos destinados para contratar o camisas, o lucro obtido na venda de cada camisa é de y%.
conjunto das três máquinas é de R$ 31.000,00; O número de divisores de y é:
a) 6. b) 8. c) 10. d) 12.

393
15. (UNESP) O gráfico representa a distribuição percen- d) Todo número NATURAL é também REAL.
tual do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil por faixas e) Todo número IRRACIONAL é também REAL.
de renda da população, também em percentagem.
19. (UEL) Os povos indígenas têm uma forte relação
com a natureza. Uma certa tribo indígena celebra o Ri-
tual do Sol de 20 em 20 dias, o Ritual da Chuva de 66
em 66 dias e o Ritual da Terra de 30 em 30 dias.
A partir dessas informações, responda aos itens a seguir.
a) Considerando que, coincidentemente, os três ritu-
ais ocorram hoje, determine a quantidade mínima de
dias para que os três rituais sejam celebrados juntos
novamente.
Justifique sua resposta apresentando os cálculos rea-
lizados na resolução deste item.
Baseado no gráfico, pode-se concluir que os 20% mais
pobres da população brasileira detêm 3,5% (1% + b) Hoje é segunda-feira. Sabendo que, daqui a 3.960
2,5%) da renda nacional. Supondo a população brasilei- dias, os três rituais acontecerão no mesmo dia, deter-
ra igual a 200 milhões de habitantes e o PIB brasileiro mine em que dia da semana ocorrerá esta coincidência.
igual a 2,4 trilhões de reais (Fonte: IBGE), a renda per Justifique sua resposta apresentando os cálculos rea-
capita dos 20% mais ricos da população brasileira, em lizados na resolução deste item.
reais, é de:
20. (FAC. ALBERT EINSTEIN - MEDICINA) Certo dia, a ad-
16. (EPCAR) A quantidade de suco existente na cantina ministração de um hospital designou duas de suas en-
de uma escola é suficiente para atender o consumo de fermeiras - Antonieta e Bernardete - para atender os 18
30 crianças durante 30 dias. pacientes de um ambulatório. Para executar tal incum-
Sabe-se que cada criança consome, por dia, a mesma bência, elas dividiram o total de pacientes entre si, em
quantidade de suco que qualquer outra criança desta quantidades que eram, ao mesmo tempo, inversamente
escola. Passados 18 dias, 6 crianças tiveram que se au- proporcionais às suas respectivas idades e diretamente
sentar desta escola por motivo de saúde. proporcionais aos seus respectivos tempos de serviço
no hospital. Sabendo que Antonieta tem 40 anos de
É correto afirmar que, se não houver mais ausências
idade e trabalha no hospital há 12 anos, enquanto que
nem retornos, a quantidade de suco restante atenderá
Bernardete tem 25 anos e lá trabalha há 6 anos, é cor-
o grupo remanescente por um período de tempo que
reto afirmar que
somado aos 18 dias já passados, ultrapassa os 30 dias
inicialmente previstos em: a) Bernardete atendeu 10 pacientes.
a) 10%. c) 5%. b) Antonieta atendeu 12 pacientes.
b) 20%. d) 15%. c) Bernardete atendeu 2 pacientes a mais do que An-
tonieta.
17. O município de Cefetópolis teve no segundo tur- d) Antonieta atendeu 2 pacientes a mais do que Ber-
no da última eleição para prefeito grande número de nardete.
abstenções, 40%. Isso significa que 40% dos eleitores
aptos a votar, não compareceram às urnas.
Considerando os eleitores que compareceram para vo-
tar tivemos a seguinte distribuição:
§ Candidato A: 30% dos votos.
§ Candidato B: 45% dos votos.
§ Votos nulos ou brancos: 25% dos votos.
O TRE divulga os resultados a partir dos votos válidos,
dos quais NÃO são computados os votos nulos ou bran-
cos. Nesse caso de segundo turno, por exemplo, foram
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

computados como válidos apenas os votos recebidos


pelos candidatos A e B.
a) Qual o percentual de votos válidos recebidos polo
candidato A?
b) Considerando o total de eleitores aptos a votar, qual
o percentual de votos recebidos pelo candidato eleito?

18. (IFAL) Marque a alternativa INCORRETA.


a) Todo número NATURAL é também INTEIRO.
b) Todo número NATURAL é também RACIONAL.
c) Todo número NATURAL é também IRRACIONAL.

394
MATEMÁTICA

1
MATEMÁTICA
e suas tecnologias
MATEMÁTICA 3

U.T.I.
INTRODUÇÃO À GEOMETRIA PLANA

Ângulos opostos pelo vértice (OPV) Ângulos determinados por duas


retas e uma transversal

Bissetriz ​_____›
​^​
Dado um ângulo
​^​
A​O ​B,
  dizemos que a semirreta OP ​
​^​ ​^​
​   é bis-
setriz de A​O ​B  se, e somente se, A​O ​P  > P​O ​B  . Ou seja, uma
bissetriz divide um ângulo em dois ângulos congruentes.

Ângulos suplementares adjacentes

Alternos externos:
Ângulo reto
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

396
Alternos internos: Retas paralelas cortadas
por uma transversal

Observação: a e b são congruentes.


Consequências

Colaterais internos:

ÂNGULOS NUM TRIÂNGULO E ÂNGULOS


NUMA CIRCUNFERÊNCIA

Ângulos num triângulo Teorema do ângulo externo

Soma dos ângulos internos


Considere um triângulo DABC e uma reta r paralela ao

lado BC​
​ , contendo o vértice A.
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

u=a+b

Em um triângulo ABC qualquer, o ângulo externo relativo


A soma dos ângulos internos de qualquer a um determinado vértice equivale à soma dos outros
triângulo é igual a 180°. dois ângulos internos não adjacentes a ele.

397
Teorema da soma dos Propriedade da reta tangente
ângulos externos à circunferência
Caso a reta seja tangente à circunferência, o segmento de-
terminado pelo raio e a reta tangente formam, no ponto de
tangência, um ângulo reto.

ae + be+ ge = 360°

Ângulos numa circunferência


Circunferência
É o conjunto dos pontos do plano situado à mesma dis- Propriedade da reta secante à circunferência
tância de um ponto fixo. O ponto fixo é chamado centro.
Considere uma circunferência de centro C e uma reta
Tangentes (um único ponto comum) r secante à circunferência, que forma os pontos A e B.

Secantes (dois pontos comuns)


 
Sendo M o ponto médio de AB​​ , temos que o segmento CM
​ ​ 
será perpendicular à reta secante r.

Ângulos na circunferência
Ângulo central
É um ângulo que tem como vértice o centro da circunfe-
rência e seus lados passam por pontos pertencentes a ela.
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

Externas (nenhum ponto comum)

398
Ângulo inscrito Ângulo de segmento
É aquele cujo vértice é um ponto da circunferência e cujos É um ângulo que tem como vértice um ponto da circunfe-
lados passam por dois outros pontos da circunferência. rência, em um lado secante à circunferência e outro tan-
gente a ela.

Na figura, como a reta t é tangente à circunferência e


o segmento AB é secante, a é um ângulo de segmento.

Propriedade Propriedade
Se um ângulo central e um ângulo inscrito em uma mesma
A medida do ângulo de segmento é metade de medida
circunferência têm o mesmo arco correspondente, então a
angular do arco determinado na circunferência por um de
medida do ângulo central equivale ao dobro da medida do
seus lados.
ângulo inscrito.

RAZÃO PROPORCIONAL TEOREMAS DE


TALES E DA BISSETRIZ INTERNA

Razão proporcional Por Tales, ___


PQ AC ___
​ AB ​ = ___ ​   ​ = ​  PR ​. 
​   ​ e ___
BC QR AB PQ

   

Teorema da bissetriz interna


Quatro segmentos AB​
​ , CD​
​ , EF​ ​ , nessa ordem, são seg-
​  e GH​
​ AB ​ = ___
mentos proporcionais, se existe a proporção ___ ​  EF  ​. 
CD GH

Teorema de Tales A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo divide


o lado oposto a esse ângulo em dois segmentos propor-
cionais aos lados adjacentes a esses segmentos.
Se um feixe de retas paralelas é cortado por duas retas
transversais, os segmentos determinados sobre a pri-
meira transversal são proporcionais a seus correspon-
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

dentes determinados sobre a segunda transversal.

399
PONTOS NOTÁVEIS DE UM TRIÂNGULO

Mediana Bissetriz
É o segmento que contém um dos vértices e o ponto médio Segmento com uma extremidade em um vértice e que divide o
do lado oposto. ângulo interno formado por ele em dois ângulos congruentes.

——  Todo triângulo possui três bissetrizes que se encontram em um


Na figura, o segmento AM​​
​​  é a mediana relativa ao lado BC,
​   ponto denominado incentro, simbolizado na figura pela letra I.
pois BM = CM.
Todo triângulo possui três medianas que se encontram em
um ponto chamado baricentro, simbolizado na figura abai- O centro da
xo pela letra G: circunferência
inscrita ao triângulo
ABC coincide com
seu incentro.

O baricentro divide cada mediana de forma que: Altura


AG = 2GMBC Segmento cuja extremidade é um vértice do triângulo e
BG = 2GMAC que é perpendicular ao seu lado oposto (ou do prolonga-
CG = 2GMAB mento dele).

Assim, conclui-se que é possível dividir a mediana pelo ba-


ricentro das seguintes formas equivalentes:

Em função da distância
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

Em função da
GM (distância do
mediana
baricentro ao lado)

Todo triângulo possui três alturas que se encontram em


um ponto denominado ortocentro, simbolizado na figura
pela letra H.

400
O circuncentro de um triângulo é o centro da circunferência
circunscrita a ele.
Mediatriz
Qualquer segmento de reta que é a reta perpendicular a
um lado do triângulo, passando em seu ponto médio.

Todo triângulo possui três mediatrizes que se encontram O centro da circunferência circunscrita ao
em um ponto denominado circuncentro, simbolizado na triângulo ABC coincide com seu circuncentro.

figura pela letra C.

SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS

Casos de semelhança
1º caso: Ângulo–Ângulo (AA)
Conhecemos dois ângulos dos triângulos em que
​^​ ​^​ ​^​ ​^​
C​A ​B  ≅ C’​A
 ​‘B’
  e​   ≅ A’​B
AB ​C  ​‘C’.
  DABC ~ DA’B’C’

3º caso: Lado – Lado – Lado (LLL)


Conhecemos os três lados dos triângulos em que
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

​  CA  ​  = ____
​  AB  ​  = ____
____ ​  BC  ​. 
A’B’ C’A’ B’C’
DABC ~ DA’B’C’

Se dois triângulos têm dois ângulos correspondentes con-


gruentes, então esses triângulos são semelhantes.
2º caso: Lado–Ângulo–Lado (LAL) DABC ~ DA’B’C’

Conhecemos dois lados dos triângulos e o ângulo formado Se dois triângulos têm os três pares de lados corresponden-
​^​ ​^​
​  CA  ​ e C​A ​B  ≅ C’​A
​ AB  ​  = ____
por eles, em que: ____  ​‘B’.
  tes proporcionais, então esses triângulos são semelhantes.
A’B’ C’A’

401
RELAÇÃO MÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO

Teorema de Pitágoras Terceira relação métrica

c2 = a ∙ m
c
b2 = a ∙ n
b

a
Quarta relação métrica
a² + b² = c²

Segunda relação métrica

h2 = m ⋅ n

b·c=a·h

TRIGONOMETRIA NUM TRIÂNGULO QUALQUER

Lei dos cossenos Área de um DABC qualquer


(fórmula trigonométrica)
​^​ ​^​ ​^​
a2 = b2 + c2 – 2bc cosa
​ c ⋅ bsen​
área (DABC) = _______ A ​  
 ​ ​  a ⋅ bsen​
 = ________  ​C ​   ​  a ⋅ csen​
 = _______ B ​  
 ​  
2 2 2

Lei dos senos


A
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

​  a​^
____    ​​  ​  b​^
= ____ ​  c​^
= ____
   ​​     ​​ 
= 2R
sen​A ​  sen​B ​  sen​C ​  ^
A
b c

^
C ^
B
C a B

402
ÁREAS DOS TRIÂNGULOS

Área de um triângulo em § OP = R (circunraio)


§ a, b, c: medidas dos lados do DABC
função da base e da altura
​ a ⋅ b  ​
área (DABC) = S = ______ ⋅ c 

4R
a ⋅ h ____ b ⋅ h ____c ⋅ hc § Área de um triângulo em função dos lados e
área (DABC) = S = ____
​   ​a 
 = ​   ​b  = ​   ​   
2 2 2 do inraio
§ Área de um triângulo equilátero
​ a² ⋅  ​
d
​ XX
3 ​  
área (DABC) = S = ______  
4
§ Área de um triângulo em função dos três lados

área (DABC) = S = d​ XXXXXXXXXXXXXXXXXX


p(p
   – a) (p – b) (p – c) ​
(fórmula de Heron)
§ Área de um triângulo em função de dois lados
e o ângulo formado entre eles ​^​
b ⋅ c ⋅
_________
área (DABC) = S = ​  senα
 ​    b ⋅ c
_________
= ​  ⋅ sen​
 ​ A ​



2 2
§ Área de um triângulo em função dos lados e do § O: centro do círculo
circunraio (raio da circunferência circunscrita) § P: ponto da circunferência
§ OP = r (inraio)
§ a, b, c: medidas dos lados do DABC
§ p: semiperímetro
área (DABC) = S = p ⋅ r.

§ O: centro do círculo
§ P: ponto da circunferência U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

403
U.T.I. - Sala 6. (UNICAMP) A figura a seguir exibe um pentágono
com todos os lados de mesmo comprimento. Qual é a
medida do ângulo θ?
1. (FGV) Na figura, os pontos A e B estão no mesmo pla-
no que contém as retas paralelas r e s. Responda qual
é o valor de α.

40
α

2. (FUVEST)
U.T.I. - E.O.
1. Determine x, y, z nas figuras a seguir:
a)

a) Na figura 1, calcular x.
b) Na figura 2, calcular y.

3. (UFMG)​ ​ Observe a figura a seguir. Nessa figura,


^ ​^​ b)
AD = BD, C ​​
​​  = 60° e DÂC é o dobro de B ​​
​​ . 
Qual é a a razão AC/BC ?

c)

4. (UNIRIO) Numa cidade do interior, à noite, surgiu um


objeto voador não identificado, em forma de disco, que
estaciona a 50 m do solo, aproximadamente. Um heli-
cóptero do exército, situado a aproximadamente 30 m
acima do objeto, iluminou-o com um holofote, confor- 2. (UFMG) Observe a figura:
me mostra a figura a seguir. Sendo assim, quanto mede
o diâmetro do disco-voador em metros?

Suponha que as medidas dos ângulos PSQ, QSR, SPR,


assinalados na figura, sejam 45°, 18° e 38°, respectiva-
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

5. (UFPR) Uma corda de 3,9 m de comprimento conecta


um ponto na base de um bloco de madeira a uma polia mente. Qual é a medida do ângulo PQS, em graus?
localizada no alto de uma elevação, conforme o esque- 3. (UEL) Na figura a seguir, tem-se os ângulos XYW, XZW
ma a seguir. Observe que o ponto mais alto dessa polia e XTW, inscritos em uma circunferência de centro O.
está 1,5 m acima do plano em que esse bloco desliza.
Caso a corda seja puxada 1,4 m, na direção indicada
abaixo, qual será a distância x que o bloco deslizará?

404
Se a medida do ângulo XOW = 80°, então qual é a soma 8. Considerando as medidas indicadas na figura e saben-
da medida do ângulo XYW com a medida do ângulo XTW? do que o círculo está inscrito no triângulo, determine x.

4. (UFMG) Na figura, os segmentos BC e DE são parale-


los, AB = 15 m, AD = 5 m e AE = 6 m. Qual é a medida
do segmento CE?
O

9. (UNESP) Uma pessoa se encontra no ponto A de uma


planície, às margens de um rio e vê, do outro lado do
rio, o topo do mastro de uma bandeira, ponto B. Com o
objetivo de determinar a altura h do mastro, ela anda,
5. (FUVEST) No triângulo acutângulo ABC, a base AB em linha reta, 50 m para a direita do ponto em que se
mede 4 cm e a altura relativa a essa base também mede encontrava e marca o ponto C. Sendo
​ ​
D o pé do mastro,
​ ​
^ ^
4 cm. MNPQ é um retângulo cujos vértices M e N per- avalia que os ângulos BÂC e B​​C ​​D
  valem 30°, e o A​​
C ​​B

tencem ao lado AB, P pertence ao lado BC e Q ao lado vale 105°, como mostra a figura:
AC. Quanto mede o perímetro desse retângulo, em cm?
C

Q P
Dê a medida da altura h do mastro.

10. (MACKENZIE) Na figura, ABCDEF é um hexágono re-


gular de lado 1 cm. Qual é a área do triângulo BCE, em
A M N B centímetros quadrados?

6. (ESPM) Um mastro vertical é mantido nessa posição


por 3 cabos esticados que partem da extremidade P e
são fixados no chão nos pontos A, B e C, conforme a
figura abaixo. Sendo x, y e z as distâncias respectivas
desses pontos ao pé do mastro, determine o valor de z
em função de x e y.
11. (PUC-MG) Na figura, o triângulo ABC é equilátero e
está circunscrito ao círculo de centro O e raio 2 cm. AD
é altura do triângulo. Sendo E ponto de tangência, qual
é a medida de AE, em centímetros? U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

7. Na figura a seguir, as retas r e s são paralelas. Qual a


medida do ângulo b?
t
r 12. (UNIFESP) Tem-se um triângulo equilátero em que
4x cada lado mede 6 cm. Qual é a medida do raio do círcu-
2x
lo circunscrito a esse triângulo, em centímetros?

b
s
120º

405
__
13. (UNIFESP) Na figura, o ângulo C é reto, D é ponto a) Calcule a medida de AB na situação limite da re-
médio de AB, DE é perpendicular a AB, AB = 20 cm e gulamentação. __
AC = 12 cm. Quanto mede a área do quadrilátero ADEC, b) Calcule o comprimento de AC na situação em que
em centímetros quadrados? a inclinação da rampa é de 5%. Deixe a resposta final
com raiz quadrada.

18. (FGV - adaptada) Na figura, AN e BM são medianas


do triângulo ABC, e ABM é um triângulo equilátero, cuja
medida do lado é 1. Qual é a medida do segmento GN?

14. No terreno ABC da figura, uma pessoa pretende cons-


truir uma residência, preservando a área verde da região
assinalada. Se BC = 80 m, AC = 120 m e MN = 40 m, qual
é a área livre para a construção, em metros quadrados?

19. (FEI - adaptada) Considere o triângulo retângulo ABC


dado a seguir. Sabe-se que a medida do segmento AB é
igual a 3 cm, a do AC é igual a 4 cm, a do BC é igual a 5 cm
e a do BM é igual a 3 cm.

15. (FGV) Na figura abaixo, o triângulo AHC é retângulo


em H e s é a reta suporte da bissetriz do ângulo CÂH. Se
c = 30° e b = 110°, então qual é o valor de x?

Neste caso, qual é a medida do segmento AM?

20. (FUVEST) Uma bola de bilhar, inicialmente em re-


pouso em um ponto P situado na borda de uma mesa
de bilhar com formato circular, recebe uma tacada e
16. No triângulo abaixo, temos AB = BC e ​CD = AC. Se x e se desloca em um movimento retilíneo. A bola atinge
^​ ​ ^​
y são as medidas em graus dos ângulos A ​​
​​  e B ​​
​​ ,  respecti- a borda no ponto R e é refletida elasticamente, sem
vamente, então qual é o valor de x + y ? deslizar. Chame de Q o ponto da borda diametralmente
​ ​
^
oposto a P e de θ a medida do ângulo Q​​P ​​R  .

17. (UNIFESP 2019) De acordo com a norma brasi-


leira de regulamentação de acessibilidade, o rebai-
xamento de calçadas para travessia de pedestres
deve ter inclinação constante e não superior a 8,33%
(1 : 12) em relação à horizontal. Observe o seguinte
U.T.I. 1  MATEMÁTICA e suas tecnologias

projeto de rebaixamento de uma calçada cuja guia


tem altura BC = 10 cm

a) Para qual valor de θ, após a primeira reflexão, a


trajetória da bola será paralela ao diâmetro PQ?
b) Para qual valor de θ, após a primeira reflexão, a
trajetória da bola será perpendicular a PQ?
c) Supondo agora que 30° < θ < 60°, encontre uma
expressão, em função de θ, para a medida a do ân-
gulo agudo formado pela reta que contém P e Q e
pela reta que contém a trajetória da bola após a pri-
meira reflexão na borda.

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