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Lista de Exercícios de Gramática – Prof.

Edy – Colégio Anglo São Paulo


Regência – Concordância – Pontuação

REGÊNCIA

1. (Unesp 2019) Leia o poema de Manuel Bandeira (1886-1968) para responder à(s)
questão(ões)a seguir.

Poema tirado de uma notícia de jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num
barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
(Libertinagem & Estrela da manhã, 1993.)

a) Em que verso se verifica um desvio em relação à norma-padrão da língua escrita


(mas recorrente na língua oral)? Reescreva o verso, corrigindo esse desvio.

b) Cite duas características, uma de natureza temática e outra de natureza formal, que
afastam esse poema da tradição parnasiano-simbolista.

2. (Fgv 2014) Examine as seguintes frases e, em seguida, reescreva-as, eliminando os


problemas de redação que nelas ocorrem:

a) Nunca e ninguém tomaram conhecimento da crise que cansei de me referir, nas


páginas desse jornal, temeroso e inutilmente.

b) É sabido que no século XX da história humana houve mais desenvolvimento


científico e tecnológico que todas as outras épocas juntas produziram.

3. (Fgv 2014) Texto para a próxima questão

Os enunciados de uma obra científica e, na maioria dos casos, de notícias,


reportagens, cartas, diários etc., constituem juízos, isto é, as objectualidades
puramente intencionais pretendem corresponder, adequar-se exatamente aos seres
reais (ou ideias, quando se trata de objetos matemáticos, valores, essências, leis etc.)
referidos. Fala-se então de “adequatio orationis ad rem”*. Há nestes enunciados a
intenção séria de verdade. Precisamente por isso pode-se falar, nestes casos, de
enunciados errados ou falsos e mesmo de mentira e fraude, quando se trata de uma
notícia ou reportagem em que se pressupõe intenção séria.
O termo “verdade”, quando usado com referência a obras de arte ou de ficção, tem
significado diverso. Designa com frequência qualquer coisa como a genuinidade,
sinceridade ou autenticidade (termos que, em geral, visam à atitude subjetiva do
autor); ou a verossimilhança, isto é, na expressão de Aristóteles, não a adequação
àquilo que aconteceu, mas àquilo que poderia ter acontecido; ou acoerência interna no
que tange ao mundo imaginário das personagens e situações miméticas; oumesmo a
visão profunda - de ordem filosófica, psicológica ou sociológica - da realidade. Até
nesteúltimo caso, porém, não se pode falar de juízos no sentido preciso. Seria
incorreto aplicar aos enunciados fictícios critérios de veracidade cognoscitiva. [...] Os
mesmos padrões que funcionammuito bem no mundo mágico-demoníaco do conto de
fadas revelam-se falsos e caricatos quando aplicados à representação do universo
profano da nossa sociedade atual [...]. “Falso” seria também um prédio com portal e
átrio de mármore que encobrissem apartamentos miseráveis. É esta incoerência que é
“falsa”. Mas ninguém pensaria em chamar de falso um autêntico conto de fadas,
apesar de o seu mundo imaginário corresponder muito menos à realidade empírica do
que o de qualquer romance de entretenimento.
Anatol Rosenfeld, literatura e personagem. In: A. Candido et. al. A personagem de ficção.

* adequatio orationis ad rem: adequação da linguagem ao assunto.

Reescreva as seguintes frases do texto, conforme a instrução entre parênteses que


acompanha cada uma delas:

a) “termos que, em geral, visam à atitude subjetiva do autor” (substitua o verbo “visar”
por “ter como foco”, fazendo as alterações necessárias);

b) “apesar de o seu mundo imaginário corresponder muito menos à realidade


empírica” (substitua “apesar de” por “embora”, fazendo as alterações necessárias).

4.
MÚSICA E POESIA
Luciano Cavalcanti

A relação entre música e poesia vem desde a antiguidade. Na cultura da Grécia


Antiga, porexemplo, poesia e música eram praticamente inseparáveis: a poesia era
feita para ser cantada. 1Deacordo com a tradição, a música e a poesia nasceram
juntas. De fato, a palavra “lírica”, de ondevem a expressão “poema lírico”, significava,
originalmente, certo tipo de composição literária feitapara ser cantada, fazendo-se
acompanhar por instrumento de cordas, de preferência a lira.
A partir de então, configuraram-se muitos momentos em que a música e a poesia se
uniram.2Segundo Antônio Medina Rodrigues, “a grande poesia medieval quase que foi
exclusivamenteconcebida para o canto. 3O Barroco, séculos além, fez os primeiros
ensaios operísticos, que iriamrecolocar o teatro no coração da música. 4Depois
Mozart, com a Flauta mágica ou D. Giovanni,levaria, como sabemos, esta fusão ao
sublime”.
Durante muito tempo, a poesia foi destinada à voz e ao ouvido. Na Idade Média,
“trovador” e“menestrel” eram sinônimos de poeta. 5Seria necessário esperar a Idade
Moderna para que ainvenção da imprensa, 6e com ela o triunfo da escrita, acentuasse
a distinção entre música epoesia. A partir do século XVI, a lírica foi abandonando o
canto para se destinar, cada vez mais, àleitura silenciosa.
Entretanto, mesmo separado da música, o poema continuou preservando traços
daquelaantiga união. Certas formas poéticas, ainda vigentes, como o madrigal, o
rondó, a balada e acantiga aludem diretamente às formas musicais. Se a separação
de poetas e músicos dividiu ahistória de um gênero e outro, a poesia não abandonou
de vez a música tanto quanto a músicanão abandonou de vez a poesia.
[...]
(Disponível em e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/ 2993/2342.Acesso: terça-feira, 12 de novembro de
2013) [adaptado]

“O Barroco (...) fez os primeiros ensaios operísticos (...)” (referência 3)


Reescreva o trecho acima, substituindo a forma verbal “fez” pelo verbo“assistir” no
sentido de ‘presenciar, ver’, no mesmo tempo e modo, de acordo com o
portuguêsescrito padrão.

5.

Na tirinha, tem-se no último balão:

“Esqueci minha jaqueta.”

Reescreva o período acima, substituindo o verbo esquecer por esquecer-se, segundo


a norma padrão, mantendo o tempo e o modo da frase acima.

6. (Ufscar 2006)

Partimo-nos assim do santo templo


Que nas praias do mar está assentado,
Que o nome tem da terra, para exemplo,
Donde Deus foi em carne ao mundo dado.
Certifico-te, ó Rei, que se contemplo
Como fui destas praias apartado,
Cheio dentro de dúvida e receio,
Que a penas nos meus olhos ponho o freio.
(Camões, Os Lusíadas, Canto 4º - 87.)

Nessa estrofe, há um verbo empregado com uma regência diferente da que se usa
nos dias de hoje, no português do Brasil.

a) Identifique essa construção.

b) Redija uma frase com esse mesmo verbo, utilizando a sua regência atual.

7. (Ita 2005) Considere o texto a seguir.

VOCÊ SE ENCONTRA DENTRO DE UM PARQUE NACIONAL, POR ISSO EVITE:


- FAZER - fogo e fogueiras; barulho, buzinar e som alto; não saia das trilhas ou dos
pontos de visitação; pichar, escrever, riscar, danificar imóveis, placas, pedras e
árvores; lavar utensílios e roupas nos rios.
(Folheto do Parque Nacional de Itatiaia)

a) Identifique a inadequação sintática.


b) Rescreva o texto, eliminando tal inadequação. Faça as modificações necessárias.

8. (Fgv 2005) Estamos comemorando a entrega de mais de mil imóveis. São mais de
1000 sonhos realizados. Mais de oito imóveis são entregues todo dia. Quer ser o
próximo? Então vem para a X Consórcios. Entre você também para o consórcio que o
Brasil inteiro confia.
(Texto de anúncio publicitário, editado.)

Na passagem - o consórcio que o Brasil inteiro confia - deve ser acrescentada uma
preposição. Reescreva a passagem acrescentando essa preposição.

9. (Fgv 2005) O artista Juan Diego Miguel apresenta a exposição Arte e Sensibilidade,
no Museu Brasileiro da Escultura (MUBE) de suas obras que acabam de chegar no
país.
Seu sentido de inovação tanto em temas como em materiais que elege é
sempre de uma sensação extraordinária para o espectador.
Juan Diego sensibiliza-se com os materiais que nos rodeam e lhes da vida com
uma naturalidade impressionante, encontrando liberdade para buscar elementos no
fauvismo de Henri Matisse, no cubismo de Pablo Picasso e do contemporâneo de
Juan Gris. Uma arte que está reservada para poucos.
Exposição: de 03 de agosto à 02 de setembro das 10 às 19h.

O primeiro parágrafo do texto deve ser reescrito, para apresentar maior clareza. Além
disso, a regência do verbo "chegar" contraria a norma culta. Reescreva o parágrafo,
com o objetivo de torná-lo mais claro e adequar a regência do verbo referido.

10. (Fgv 2005) Leia abaixo um fragmento de Música ao Longe, de Érico Veríssimo.

HORA DA SESTA. Um grande silêncio no casarão.


Faz sol, depois de uma semana de dias sombrios e úmidos.
Clarissa abre um livro para ler. Mas o silêncio é tão grande que, inquieta, ela
torna a pôr o volume na prateleira, ergue-se e vai até a janela, para ver um pouco de
vida.
Na frente da farmácia está um homem metido num grosso sobretudo cor de
chumbo. Um cachorro magro atravessa a rua. A mulher do coletor aparece à janela.
Um rapaz de pés descalços entra na Panificadora.
Clarissa olha para o céu, que é dum azul tímido e desbotado, olha para as
sombras fracas sobre a rua e 6depois se volta para dentro do quarto.
Aqui faz frio. Lá no fundo do espelho está uma Clarissa indecisa, parada,
braços caídos, esperando. Mas esperando quê?
Clarissa recorda. Foi no verão. Todos no casarão dormiam. As moscas
dançavam no ar, zumbindo. Fazia um solão terrível, amarelo e quente. No seu quarto,
Clarissa não sabia que fazer. De repente pensou numa travessura. Mamãe guardava
no sótão as suas latas de doce, os seus bolinhos e os seus pães que deviam durar
toda a semana. Era 7proibido entrar lá. Quem entrava, 1dos pequenos, corria o risco de
levar palmadas no lugar de costume.
2
Mas o silêncio da sesta estava cheio de 3convites traiçoeiros. Clarissa ficou
pensando.
8
Lembrou-se de que a chave da porta da cozinha servia no quartinho do sótão.
Foi buscá-la na ponta dos pés. Encontrou-a no lugar. Subiu as escadas
devagarinho. Os degraus rangiam e a cada rangido ela levava um sustinho que a fazia
estremecer.
Clarissa subia, com a grande chave na mão. Ninguém... Silêncio...
Diante da porta do sótão, parou, com o coração aos pulos. Experimentou a
chave. 9A princípio não entrava bem na fechadura. Depois entrou. Com muita cautela,
abriu a porta e se viu no meio duma 10escuridão perfumada, duma escuridão fresca
que cheirava a doces, bolinhos e pão.
11
Comeu muito. Desceu cheia de medo. No outro dia D. Clemência descobriu a
violação, e Clarissa levou meia dúzia de palmadas.
Agora ela recorda... E de repente se faz uma grande 4claridade, ela tem a
grande ideia. "A chave da cozinha serve na porta do quarto do sótão." 5O quarto de
Vasco fica no sótão...
Vasco está no escritório... Todos dormem... Oh!
E se ela fosse buscar a chave da cozinha e subisse, entrasse no quarto de
Vasco e descobrisse o grande mistério?
Não. Não sou mais criança. Não. Não fica direito uma moça entrar no quarto
dum rapaz.
Mas ele não está lá... que mal faz? Mesmo que estivesse, é teu primo. Sim,
não sejas medrosa. Vamos. Não. Não vou. Podem ver. Que é que vão pensar? Subo a
escada, alguém me vê, pergunta: "Aonde vais, Clarissa?" Ora, vou até o quartinho das
malas. Pronto. Ninguém pode desconfiar. Vou. Não, não vou. Vou, sim!
(Porto Alegre: Globo, 1981. pp. 132-133)

a) Na referência 8, o que justifica o uso de preposição após o verbo "lembrar"?

b) Transcreva a frase, mas utilize outra regência do verbo "lembrar" admitida pela
norma culta.

CONCORDÂNCIA

11. (Ita 2002) Leia com atenção a seguinte frase de um letreiro publicitário:

Esta é a escola que os pais confiam.

a) Identifique a preposição exigida pelo verbo e refaça a construção, obedecendo à


norma gramatical.

b) Justifique a correção.

12. (Fgv 2017) Leia o texto.

(...) expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na
minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos,
era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por
onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce
que chovia – peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão
triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no
discurso que proferiu à beira de minha cova: – “Vós, que o conhecestes, meus
senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda
irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar
sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um
crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas
entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado”.
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi
assim que cheguei à cláusula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o
undiscovered countryde Hamlet, sem as ânsias nem as dúvidas do moço príncipe,
mas pausado e trôpego como quem se retira tarde do espetáculo. Tarde e aborrecido.
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

a)Identifique uma expressão do texto por meio da qual o narrador manifesta sua ironia.
Justifique.

b)Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza
parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm
honrado a humanidade.

Reescreva esse trecho, fazendo as modificações necessárias, de acordo com as


seguintes instruções:

- substitua “vós” por “vocês”;


- mantenha os verbos no mesmo modo e tempo;
- substitua as palavras sublinhadas por sinônimos adequados ao contexto.

13. (Pucrj 2017)

TEXTO 1

O conceito de Trabalho Decente

Trabalho Decente, para a OIT (Organização Internacional do Trabalho), é um


trabalho produtivo e adequadamente remunerado, exercido em condições de
liberdade, equidade e segurança, e que seja capaz de garantir uma vida digna a todas
as pessoas que dependem do seu trabalho para viver. Trata-se, portanto, do trabalho
que permite satisfazer às necessidades pessoais e familiares de alimentação,
educação, moradia, saúde e segurança. É também o trabalho que garante proteção
social nos impedimentos ao exercício do trabalho (desemprego, doença, acidentes,
entre outros) e assegura renda ao chegar à época da aposentadoria (Conferencia
Internacional del Trabajo, 1999).
É um trabalho no qual as relações entre cada trabalhador ou trabalhadora e
seus empregadores ou empregadoras estão devidamente regulamentadas por lei,
especialmente no que se refere aos direitos fundamentais no trabalho, e
autorreguladas através de acordos negociados em um processo de diálogo social em
diversos níveis, o que implica o pleno exercício do direito da liberdade sindical, assim
como o fortalecimento das diferentes instituições da administração do trabalho e das
formas de representação e organização dos atores sociais (MARTINEZ, 2005).
A noção de Trabalho Decente integra, portanto, as dimensões quantitativa e
qualitativa do emprego. Ela propõe não só medidas de geração de postos de trabalho
e de enfrentamento do desemprego, mas também de superação de formas de trabalho
que se baseiam em atividades insalubres, perigosas, inseguras e/ou degradantes ou
que geram renda insuficiente para que os indivíduos e suas famílias superem
situações de pobreza. Tal conceito de trabalho afirma a necessidade de que o
emprego esteja também associado à proteção social e à noção de direitos do trabalho,
entre eles os de representação, associação, organização sindical e negociação
coletiva.
A noção de Trabalho Decente é uma tentativa de expressar, numa linguagem
cotidiana, a integração de objetivos sociais e econômicos, reunindo as dimensões do
emprego, dos direitos no trabalho, da segurança e da representação, em uma unidade
com sentido e coerência interna quando considerada na sua totalidade.
Qual é a diferença entre o conceito de Trabalho Decente e conceitos mais
tradicionais, como o de trabalho de qualidade? Sua principal novidade é ser
multidimensional, ou seja, acrescentar à dimensão econômica, representada pelo
conceito de um emprego de qualidade, novas dimensões de caráter normativo, de
segurança e de participação/representação (MARTINEZ, 2005).
É importante assinalar que essa diferença conceitual determina diferentes
políticas, ou melhor, uma diferente articulação de políticas em termos de emprego e
mercado de trabalho e destas com as políticas econômicas e sociais. A integração e a
coerência entre a política sociolaboral e a política econômica são essenciais para a
geração de Trabalho Decente. Enquanto a política econômica cria condições para o
crescimento e a geração de empregos, a política sociolaboral, integrada com a política
econômica, cria as condições para que o emprego gerado incorpore as distintas
dimensões do conceito de Trabalho Decente (LEVAGGI, 2006).
Ao definir a promoção do Trabalho Decente como o aspecto central e
integrador de toda a sua estratégia, a OIT reafirma o seu compromisso com o conjunto
dos trabalhadores e trabalhadoras e não apenas com aqueles que têm um emprego
regular, estável, protegido – no setor formal ou estruturado da economia. A promoção
do Trabalho Decente (ou a redução dos déficits de Trabalho Decente) é um objetivo
que deve ser perseguido também em relação ao conjunto das pessoas – homens,
mulheres e jovens – que trabalha à margem do mercado de trabalho estruturado:
assalariados não regulamentados, tradutores por conta própria, terceirizados ou
subcontratados, trabalhadores a domicílio, etc. Todas as pessoas que trabalham têm
direitos – assim como níveis mínimos de remuneração, proteção e condições de
trabalho –, que devem ser respeitados. Essa noção, portanto, inclui o emprego
assalariado, o trabalho autônomo ou por conta própria, o trabalho a domicílio, assim
como a ampla gama de atividades realizadas na economia informal e na economia de
cuidado (RODGERS, 2002).
Existe uma forte relação entre o conceito de Trabalho Decente e a noção da
dignidade humana. Com efeito, tal como discutido por Rodgers (2002), o trabalho é o
âmbito para o qual confluem os objetivos econômicos e sociais das pessoas. O
trabalho supõe produção e rendimentos. Mas significa, também, integração social,
identidade e dignidade pessoal. O vocábulo decente expressa algo que é ao mesmo
tempo suficiente e desejável. Um Trabalho Decente significa um trabalho no qual o
seu rendimento e as condições em que este se exerce estão de acordo com as nossas
expectativas e as da comunidade, mas não são exageradas, estão dentro das
aspirações razoáveis de pessoas razoáveis. [...]
Trata-se do trabalho exercido atualmente e de suas expectativas de futuro; das
condições em que este se exerce; do equilíbrio entre a vida doméstica e a vida
familiar; de um trabalho que permita manter os filhos na escola, evitando que eles
sejam levados ao trabalho infantil. Trata-se da igualdade de gênero e raça/etnia, da
igualdade de reconhecimento e da possibilidade de que as mulheres, os negros e
outros grupos discriminados possam optar e assumir o controle sobre as suas próprias
vidas. Trata-se das capacidades pessoais para competir no mercado, manter-se em
dia com as novas tecnologias e preservar a saúde – física e mental. Trata-se de
desenvolver as qualificações empresariais, de receber uma parte equitativa da riqueza
que se ajuda a criar e de não ser objeto de discriminação. Trata-se de poder
expressar-se e ser ouvido no lugar de trabalho e na comunidade.
Adaptado de ABRAMO, Laís. Trabalho Decente, informalidade e precarização do trabalho. IN: DAL ROSSO, Sadi e
FORTES, José Augusto Abreu Sá (org.). Condições de trabalho no limiar do século XXI. Brasília: Épocca, 2008. p. 40-
41.

TEXTO 2

Olhou as cédulas arrumadas na palma, os níqueis e as pratas, suspirou,


mordeu os beiços. Nem lhe restava o direito de protestar. Baixava a crista. Se não
baixasse, desocuparia a terra, largar-se-ia com a mulher, os filhos pequenos e os
cacarecos. Para onde? Hem? Tinha para onde levar a mulher e os meninos? Tinha
nada!
Espalhou a vista pelos quatro cantos. Além dos telhados, que lhe reduziam o
horizonte, a campina se estendia, seca e dura. Lembrou-se da marcha penosa que
fizera através dela, com a família, todos esmolambados e famintos. Haviam escapado,
e isto lhe parecia um milagre. Nem sabia como tinham escapado.
Se pudesse mudar-se, gritaria bem alto que o roubavam. Aparentemente
resignado, sentia um ódio imenso a qualquer coisa que era ao mesmo tempo a
campina seca, o patrão, os soldados e os agentes da Prefeitura. Tudo na verdade era
contra ele. Estava acostumado, tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava.
Não havia paciência que suportasse tanta coisa.
Um dia um homem faz besteira e se desgraça.
Pois não estavam vendo que ele era de carne e osso? Tinha obrigação de trabalhar
para os outros, naturalmente, conhecia o seu lugar. Bem. Nascera com esse destino,
ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim. Que fazer? Podia
mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar de situação espantar-se-
ia. Tinha vindo ao mundo para amansar brabo, curar feridas com rezas, consertar
cercas de Inverno a Verão. Era sina. O pai vivera assim, o avô também. E para trás
não existia família. Cortar mandacaru, ensebar látegos - aquilo estava no sangue.
Conformava-se, não pretendia mais nada. Se lhe dessem o que era dele, estava certo.
Não davam. Era um desgraçado, era como um cachorro, só recebia ossos. Por que
seria que os homens ricos ainda lhe tomavam uma parte dos ossos? Fazia até nojo
pessoas importantes se ocuparem com semelhantes porcarias.
Na palma da mão as notas estavam úmidas de suor. Desejava saber o
tamanho da extorsão. Da última vez que fizera contas com o amo o prejuízo parecia
menor. Alarmou-se. Ouvira falar em juros e em prazos. Isto lhe dera uma impressão
bastante penosa: sempre que os homens sabidos lhe diziam palavras difíceis, ele saía
logrado. Sobressaltava-se escutando-as. Evidentemente só serviam para encobrir
ladroeiras. Mas eram bonitas. Às vezes decorava algumas e empregava-as fora de
propósito. Depois esquecia-as. Para que um pobre da laia dele usar conversa de
gente rica? Sinhá Terta é que tinha uma ponta de língua terrível. Era: falava quase tão
bem como as pessoas da cidade. Se ele soubesse falar como Sinhá Terta, procuraria
serviço noutra fazenda, haveria de arranjar-se. Não sabia. Nas horas de aperto dava
para gaguejar, embaraçava-se como um menino, coçava os cotovelos, aperreado. Por
isso esfolavam-no. Safados. Tomar as coisas de um infeliz que não tinha onde cair
morto! Não viam que isso não estava certo? Que iam ganhar com semelhante
procedimento? Hem? Que iam ganhar?
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 1986. p.95-97.

a)Justifique a concordância de gênero empregada em “autorreguladas”, no 2º


parágrafo do Texto 1.

b)Transcreva do último parágrafo do Texto 2 o substantivo que revela a opressão


exercida sobre Fabiano naquele contexto.

c)O verbo haver apresenta comportamentos distintos nas frases a seguir. Explique por
quê.

i) Haviam escapado, e isto lhe parecia um milagre. (2º parágrafo do Texto 2)


ii) Não havia paciência que suportasse tanta coisa. (3º parágrafo do Texto 2)

14. (Pucrj 2016)


Há dois aspectos imprescindíveis a qualquer discurso que queira, hoje, tratar
do significado da nação.
O primeiro é relativo à dimensão simbólica da ideia de nação, entendida menos
como território, mais como repertório de recursos identitários. Sobre o papel de
constructo cultural e simbólico que a ideia de nação representa, temos autores que
convergem sobre a arbitrariedade de sua gênese (a nação como invenção histórica
arbitrária, de Gellner; como invenção da tradição, de Hobsbawm; como comunidade
imaginada, de Anderson). Porém, independentemente do reconhecimento de sua
função ideológica ou de legitimação política, o que hoje se enfatiza na ideia de nação
é a forte carga simbólica e o caráter cultural que carrega. Dizer, então, que os
sentimentos de pertencimento são culturalmente construídos não significa
necessariamente que eles se fundem em manipulações mistificadoras ou subficções
arbitrárias. O acento recai, sobretudo, na sua capacidade de fundar uma comunidade
emocional, de agir como conectores de um “nós” nacional.
O segundo aspecto é relativo à separação que se verifica, no contexto
contemporâneo, dos vínculos que pareciam indissoluvelmente ligar sociedade e
estado nacional. A relação identificatória entre estado-nação e sociedade perdeu a
obviedade e naturalidade, quando, no contexto da globalização, tornaram-se
manifestas diversas formas de socialidade completamente desvinculadas do estado-
nação: a “explosão” da complexidade social, no momento emque outras agências de
produção de significados (as religiões, o mercado, a indústria cultural, etc.) competem
com o estado-nação, o que acaba por minar irreversivelmente sua centralidade e
capacidade de integração social.
LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Ficção televisiva e identidade cultural da nação. In: Revista Alceu Nº 20. Rio de
Janeiro: Editora PUC--Rio, 2010. p. 11-12. Disponível em: <http://revistaalceu.com.puc-
rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=32>. Acesso em: 21 jul. 2015. Adaptado.

a)O texto apresenta duas visões distintas que, hoje, encontram-se relacionadas ao
conceito de nação. Estabeleça adiferença entre elas.

b)Com relação ao trecho abaixo, faça o que é solicitado a seguir.

A relação identificatória entre estado-nação e sociedade perdeu a obviedade e


naturalidade, quando, no contexto daglobalização, tornaram-se manifestas diversas
formas de socialidade completamente desvinculadas do estado-nação.

i) Justifique o emprego da forma verbal “tornaram-se” na 3ª pessoa do plural.


ii) Reescreva o trecho, iniciando-o por “É possível que”. Faça as modificações
necessárias.

15. (Fgv 2016) Leia a charge.

Na fala da personagem, a concordância verbal está em desacordo com a norma-


padrão da língua portuguesa.

a) Explique por que a concordância na frase está em desacordo com a norma-padrão,


esclarecendo o que pode levar osfalantes a adotá-la.

b) Escreva duas versões da frase da charge: na primeira, substitua a expressão “a


gente” por “Nosso clube é um dos que”; na segunda, substitua o verbo “ter” pela
locução “deve haver” e passe para o plural a expressão “uma proposta irrecusável”.

16. (Fgv 2016) No primeiro aniversário da morte de Luís Garcia, Iaiá foi com o marido
ao cemitério, afim de depositar na sepultura do pai uma coroa de saudades. Outra
coroa havia ali sido posta, com uma fita aonde lia-se estas palavras: – A meu marido.
Iaiá beijou com ardor a singela dedicatória, como beijaria a madrasta se ela lhe
aparecesse naquele instante. Era sincera a piedade daviúva. Alguma coisa escapa ao
naufrágio das ilusões.
(Machado de Assis. Iaiá Garcia, 1983. Adaptado)

a) No texto, há duas passagens que foram transcritas em discordância com a norma-


padrão da língua portuguesa. Transcreva-as e faça as devidas correções.

b) Explique que sentido assume a preposição “com” na formação das expressões nas
passagens “Iaiá foi com o marido ao cemitério” e “Iaiá beijou com ardor a singela
dedicatória”.

17. (Uerj 2016)


VAGABUNDO

Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,


Fumando meu cigarro vaporoso;
Nas noites de verão namoro estrelas;
Sou pobre, sou mendigo e sou 1ditoso!

Ando roto, sem bolsos nem dinheiro


Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas,
E quem vive de amor não tem pobreza.
(...)

Oito dias lá vão que ando cismado


Na donzela que ali defronte mora.
Ela ao ver-me sorri tão docemente!
Desconfio que a moça me namora!...

Tenho por meu palácio as longas ruas;


Passeio a gosto e durmo sem temores;
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.

O degrau das igrejas é meu trono,


Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta,
E a preguiça a mulher por quem suspiro.

Escrevo na parede as minhas rimas,


De painéis a carvão adorno a rua;
Como as aves do céu e as flores puras
Abro meu peito ao sol e durmo à lua.
(...)

Ora, se por aí alguma bela


Bem doirada e amante da preguiça
Quiser a 2nívea mão unir à minha,
Há de achar-me na Sé, domingo, à Missa.
Álvares de Azevedo
Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.

1
ditoso − feliz
2
nívea − branca

Oito dias lá vão que ando cismado (v. 9)

Justifique a flexão do verbo na terceira pessoa do plural. Em seguida, reescreva o


verso, deacordo com a norma-padrão, substituindo o verbo “ir” pelo verbo “fazer”.

18. (Fgv 2016) Leia o texto para responder à questão.

Havia já quatro anos que Eugênio se achava no seminário sem visitar sua família. Seu
pai já por vezes tinha escrito aospadres pedindo-lhes que permitissem que o menino
viesse passar as férias em casa. Estes porém, já de posse dos segredosda
consciência de Eugênio, receando que as seduções do mundo o arredassem do santo
propósito em que ia tão bem encaminhado,opuseram-se formalmente, e responderam-
lhe, fazendo ver que aquela interrupção na idade em que se achava omenino era
extremamente perigosa, e podia ter péssimas consequências, desviando-o para
sempre de sua natural vocação.
Uma ausência, porém de quatro anos já era excessiva para um coração de mãe, e a
de Eugênio, principalmente depoisque seu filho andava mofino e adoentado, não pôde
mais por modo nenhum conformar-se com a vontade dos padres. Estesportanto, muito
de seu mau grado, não tiveram remédio senão deixá-lo partir.
(Bernardo Guimarães. O Seminarista, 1995)

Analise a frase inicial do texto: “Havia já quatro anos que Eugênio se achava no
seminário sem visitar sua família.”

a) Por que os padres não permitiam que Eugênio visitasse a família? De que
argumentos se valeu a mãe dele para conseguirque o liberassem?

b) Reescreva a frase, conforme as orientações: inicie-a com “Eugênio”; introduza entre


o sujeito e o verbo a oração indicativade tempo, substituindo o verbo “haver” por
“fazer”. Realize os ajustes necessários.

19. (Pucrj 2015)


A imaginação

A imaginação é provavelmente a maior força a atuar sobre os nossos sentimentos –


maior e mais constante do que influências exteriores, como ruídos e visões
amedrontadores (relâmpagos e trovões, um caminhão em disparada, um tigre furioso),
ou prazer sensual direto, inclusive mesmo os intensos prazeres da excitação sexual. O
que esteja realmente acontecendo é, para um ser humano, apenas uma pequena
parte da realidade; a maior parte é o que ele imagina em conexão com as vistas e
sons do momento.
A imaginação constitui o seu mundo. O que não quer dizer que seu mundo seja uma
fantasia, sua vida um sonho, nem qualquer outra coisa assim, poética e
pseudofilosófica. Isso significa que o seu “mundo” é maior do que os estímulos que o
cercam; e a medida deste, o alcance de sua imaginação coerente e equilibrada. O
ambiente de um animal consiste das coisas que lhe atuam sobre os sentidos. Coisas
ausentes, que ele deseje ou tema, provavelmente não têm substitutos em sua
consciência, como as imagens de tais coisas na nossa, mas aparecem, quando por
fim o fazem, como satisfações de necessidades imperiosas, ou como crises em seu
espreitar e reagir mais ou menos constante. [...]

No centro da experiência humana, portanto, existe sempre a atividade de imaginar a


realidade, concebendo-lhe a estrutura através de palavras, imagens ou outros
símbolos, e assimilando-lhe percepções reais à medida que surgem – isto é,
interpretando-as à luz das ideias gerais, usualmente tácitas. Esse processo de
interpretação é tão natural e constante que sua maior parte decorre de modo
inconsciente.
LANGER, Suzanne K. Ensaios filosóficos. São Paulo: Cultrix, 1971. p.132-133; 135-136. Apud ARANHA, M. L. de
Arruda & MARTINS, M. H. Pires. Filosofando: introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 2003. p. 367.

a) Segundo o texto, quais são os dois componentes usados pelas pessoas para
interpretar o mundo?

b) Há dois desvios gramaticais no período abaixo. Reescreva-o, fazendo as devidas


correções.
Coisas ausentes não interferem no comportamento dos animais, onde eles só temem
o que lhes despertam os sentidos.

20. (Pucrj 2015) O uso da palavra amigo inicia aos quatro anos de idade; melhor
amigo, a partir da infância média e adolescência. A amizade infantil caracteriza-se por
afeto, divertimento e reciprocidades: mútua consideração, cooperação, bom manejo de
conflito, benefícios equivalentes em trocas sociais; gostar um do outro, ou seja,
desejar passar mais tempo na companhia prazerosa um do outro. As amizades de
crianças mais velhas e adolescentes incluem lealdade, confiança e intimidade,
requerem interesses comuns e comprometimento, tanto para manter os amigos como
para formar novas amizades (Bukowski et al., 1996; Hartup, 1989).

Amizades adultas caracterizam-se por homogeneidade de traços de personalidade,


interesses, sexo, idade, estado civil, religião, status ocupacional, etnia, renda,
escolaridade, gênero, número de amigos, duração da amizade e tipos (Bell, 1981;
Blieszner & Adams, 1992; Fehr, 1996). A maioria das pesquisas aborda adultos
jovens, geralmente estudantes universitários entre 18 e 30 anos. Esta tendência não
decorre apenas da facilidade para coletar dados nas universidades, mas também do
fato de que, nesta etapa, as amizades são mais evidentes. Na adolescência a amizade
amadurece, passa a envolver confiança, lealdade e intimidade. Na adultez jovem,
torna-se mais importante no contraste com o restante da vida adulta, que a restringe
com demandas profissionais, românticas e familiares (Fehr, 1996;Rawlins, 1992).

SOUZA, Luciana Karine de & HUTZ, Claudio Simon. Relacionamentos pessoais e sociais: amizade em adultos.
Psicologia em Estudo. Maringá, PR, v. 13, n. 2, abr./jun. 2008. p. 257-265. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/pe/v13n2/a08v13n2.pdf>. Acesso em 3 ago. 2014.

a) Justifique o emprego da vírgula em “O uso da palavra amigo inicia aos quatro anos
de idade; melhor amigo, a partir da infância média e adolescência.”
b) Reescreva os trechos abaixo atendendo às modificações propostas em cada item a
seguir. Faça as alterações necessárias.

I. As amizades de crianças mais velhas e adolescentes incluem lealdade, confiança e


intimidade, requerem interesses comuns e comprometimento. Inicie o trecho com
Talvez.

Talvez________________________________________________________________

II. “Esta tendência não decorre apenas da facilidade para coletar dados nas
universidades, mas também do fato de que, nesta etapa, as amizades são mais
evidentes.” Substitua o verbo decorrer por ocorrer, mantendo a ideia expressa no
trecho.

Esta tendência ocorre____________________________________________________

PONTUAÇÃO

21. (Fuvest 2019) Leia os textos.

Texto I

Devo acrescentar que Marx nunca poderia ter suposto que o capitalismo preparava o
caminho para a libertação humana se tivesse olhado sua história do ponto de vista
das mulheres. Essa história ensina que, mesmo quando os homens alcançaram certo
grau de liberdade formal, as mulheres sempre foram tratadas como seres socialmente
inferiores, exploradas de modo similar às formas de escravidão. “Mulheres”, então, no
contexto deste livro, significa não somente uma história oculta que necessita se fazer
visível, mas também uma forma particular de exploração e, portanto, uma perspectiva
especial a partir da qual se deve reconsiderar a história das relações capitalistas.
FEDERICI, Silvia, Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. S.l.: Elefante, 2017.

Texto II

Em todas as épocas sociais, o tempo necessário para produzir osmeios de


subsistência interessou necessariamente aos homens, embora de modo desigual, de
acordo com o estádio de desenvolvimento da civilização.
MARX, Karl, O capital.São Paulo: Boitempo, 2017.

a) Existe diferença de sentido no emprego da palavra “homens” em cada um dos


textos? Justifique.

b) Explique o uso das aspas em “’Mulheres’”, no texto I.

22. (Fuvest 2020)


A reinvenção da vírgula

No começo de 1902, Machado de Assis ficou desesperado por causa de um erro de


revisão no prefácio da segunda edição de suas Poesias completas. Dizem que chegou
a se ajoelhar aos pés do Garnier implorando para que o editor tirasse o livro de
circulação. O aristocrático e impoluto Machado, quem diria. Mas a gralha era mesmo
feia. O tipógrafo trocou o E por A na palavra cegara, o revisor deixou passar, e vocês
imaginam no que deu.
No nosso caso, o erro não foi nada de mais, nem erro foi para falar a verdade, apenas
um acréscimo besta de pontuação, talvez dispensável, ainda que de modo algum
incorreto. Vai o revisor, fiel à ortodoxia da gramática normativa, e espeta duas vírgulas
para isolar um adjunto adverbial deslocado, coisa de pouca monta, diria alguém, mas
suficiente para o autor sair bradando aos quatro ventos que lhe roubaram o ritmo da
sentença. Um editor experiente traria um cafezinho bem doce, a conter o ímpeto
dramático do autor de primeira viagem, talvez caçoando, “deixa de onda”, a lembra-lo
– valha-me Deus! – que ele não é nenhum Bruxo do Cosme Velho*. E assimlhe
cortando as asas antes do voo.

* Referente a Machado de Assis.

Disponível em https://jornal.usp.br/artigos/a_reinvencao_da_virgula/. Adaptado.

a) Qual o sentido da palavra “espeta”, destacada no texto, e qual o efeito que ela
produz?

b) Explique o significado, no texto, da expressão “cortando as asas antes do voo”.

23. (Fuvest 2019) Leia o texto.

Tio Ben cravou pouco antes de falecer: “grandes poderes nunca vêm
sozinhos”. E não há responsabilidade maior do que tirar a vida de alguém. Isso, no
entanto, não significa que super-heróis tenham a ficha completamente limpa. Na
verdade, uma olhada mais atenta nos filmes sobre os personagens confirma uma
teoria não tão inocente – a grande maioria deles é homicida.
Foi pensando nisso que um usuário do Reddit, identificado como T0M95,
resolveu planilhar os assassinatos que acontecem nos filmes da Marvel. Nos 20
longas, que saíram nos últimos 10 anos, foram 65 mortes – e 20 delas deixaram
sangue nas mãos dos mocinhos.
Vale dizer que o usuário contabilizou apenas mortes relevantes à história: só
entraram na planilha vítimas que tinham, pelo menos, nome antes de baterem as
botas. Nada de figurantes ou bonecos criados em computação gráfica só para dar
volume a uma tragédia. Ficaram de fora, por exemplo, as centenas que morreram
durante a batalha de Wakanda, em “Vingadores: Guerra Infinita”, ou a cena de
“Guardiões da Galáxia” que se consagrou como o maior massacre da história do
cinema.
https://super.abril.com.br/cultura/quantos_assassinatos_cada_heroi_e_vilao_da_marvel_cometeu_nos_cinemas.
Adaptado.

a) Qual o sentido das palavras “cravou” e “planilhar” destacadas no texto e qual o


efeito que elas produzem?

b) Substitua os dois-pontos do trecho “Vale dizer que o usuário contabilizou apenas


mortes relevantes à história: só entraram na planilha vítimas que tinham, pelo menos,
nome antes de baterem as botas” por uma conjunção e indique qual a relação de
sentido estabelecida por ela.

24. (Unesp 2019) Leia o trecho do ensaio “A transitoriedade”, de Sigmund Freud


(1856-1939), para responder à questão a seguir.

Algum tempo atrás, fiz um passeio por uma rica paisagem num dia de verão,
em companhia de um poeta jovem, mas já famoso. O poeta admirava a beleza do
cenário que nos rodeava, porém não se alegrava com ela. Era incomodado pelo
pensamento de que toda aquela beleza estava condenada à extinção, pois
desapareceria no inverno, e assim também toda a beleza humana e tudo de belo e
nobre que os homens criaram ou poderiam criar. Tudo o mais que, de outro modo, ele
teria amado e admirado, lhe parecia despojado de valor pela transitoriedade que era o
destino de tudo.
Sabemos que tal preocupação com a fragilidade do que é belo e perfeito pode
dar origem a duas diferentes tendências na psique. Uma conduz ao doloroso cansaço
do mundo mostrado pelo jovem poeta; a outra, à rebelião contra o fato constatado.
Não, não é possível que todas essas maravilhas da natureza e da arte, do nosso
mundo de sentimentos e do mundo lá fora, venham realmente a se desfazer. Seria
uma insensatez e uma blasfêmia acreditar nisso. Essas coisas têm de poder subsistir
de alguma forma, subtraídas às influências destruidoras.
Ocorre que essa exigência de imortalidade é tão claramente um produto de
nossos desejos que não pode reivindicar valor de realidade. Também o que é doloroso
pode ser verdadeiro. Eu não pude me decidir a refutar a transitoriedade universal, nem
obter uma exceção para o belo e o perfeito. Mas contestei a visão do poeta
pessimista, de que a transitoriedade do belo implica sua desvalorização.
Pelo contrário, significa maior valorização! Valor de transitoriedade é valor de
raridade no tempo. A limitação da possibilidade da fruição aumenta a sua
preciosidade. É incompreensível, afirmei, que a ideia da transitoriedade do belo deva
perturbar a alegria que ele nos proporciona. Quanto à beleza da natureza, ela sempre
volta depois que é destruída pelo inverno, e esse retorno bem pode ser considerado
eterno, em relação ao nosso tempo de vida. Vemos desaparecer a beleza do rosto e
do corpo humanos no curso de nossa vida, mas essa brevidade lhes acrescenta mais
um encanto. Se existir uma flor que floresça apenas uma noite, ela não nos parecerá
menos formosa por isso. Tampouco posso compreender por que a beleza e a
perfeição de uma obra de arte ou de uma realização intelectual deveriam ser
depreciadas por sua limitação no tempo. Talvez chegue o dia em que os quadros e
estátuas que hoje admiramos se reduzam a pó, ou que nos suceda uma raça de
homens que não mais entenda as obras de nossos poetas e pensadores, ou que
sobrevenha uma era geológica em que os seres vivos deixem de existir sobre a Terra;
mas se o valor de tudo quanto é belo e perfeito é determinado somente por seu
significado para a nossa vida emocional, não precisa sobreviver a ela, e portanto
independe da duração absoluta.
(Introdução ao narcisismo, 2010. Adaptado.)

a) Explique sucintamente a diferença entre a visão de Freud e a visão do jovem poeta


sobre a transitoriedade do belo.

b) Transcreva do segundo parágrafo uma oração em que a ocorrência de vírgula


indica a supressão de um verbo. Identifique o verbo suprimido nessa oração.

25. (Ufu 2018)


As interrupções frequentes e o tom quase irônico dos congressistas deixavam
claro que estávamos assistindo ao mais bem produzido “puxão de orelha” da história
da internet. A imagem do jovem empresário acuado, sendo constrangido perante os
“representantes do povo”, é poderosa: algo está sendo feito.
O prazer quase sádico que se sente com a reprimenda é justificável: em sua
saga para tornar o mundo mais “aberto e conectado”, o Facebook já errou muito. Com
os erros, costumam vir as desculpas e, com elas, algumas mudanças. O que não
muda é o modelo de negócios da empresa que, graças à coleta massiva de dados de
usuários, pode oferecer sofisticadas ferramentas de direcionamento de anúncios,
serviço esse que é responsável por grande parte de sua invejável receita de US$ 40,6
bilhões, só em 2017.
O que parece não ter ficado claro é que Zuckerberg não construiu tudo isso
sozinho. O Facebook só existe – e continuará existindo – da forma como ele é porque
o Congresso dos EUA nunca implementou um modelo regulatório que protegesse
satisfatoriamente a privacidade dos usuários de internet. Sempre que surgiram
propostas nesse sentido, elas foram sumariamente rechaçadas.
ANTONIALLI, Dennys. Audiencias de Zuckerberg no Congresso dos EUA foram teatro de cúmplices. O Estado de S.
Paulo. 12 abr. 2018. Disponível em: <https://goo.gl/RP447U>. Acesso em: 12 abr. 2018.

Considerando-se o emprego das aspas no texto, discorra sobre a opinião do autor


com relação aos temas abaixo. Indique outros elementos, retirados do texto, que
justifiquem sua resposta.

a) Facebook.

b) Congresso norte-americano.

26. (Fuvest 2017) A praga dos selfies

De uma coisa tenho certeza. A foto pelo celular vale apenas pelo momento.
Não será feito um álbum de fotografias, como no passado, onde víamos as imagens,
lembrávamos da família, de férias, de alegrias. As imagens ficarão esquecidas em um
imenso arquivo. Talvez uma ou outra, mais especial, seja revivida. Todas as outras,
que ideia. Só valem pelo prazer de fazer o selfie. Mostrar a alguns amigos. Mas o
significado original da foto de família ou com amigos, que seria preservar o momento,
está perdido. Vale pelo instante, como até grandes amores são hoje em dia. É o
sorriso, o clique, e obrigado. A conquista: uma foto com alguém conhecido.
W. Carrasco, “A praga dos selfies”. Época, 26.09.2016.

a) Para que o emprego da palavra “onde”, sublinhada no texto, seja considerado


correto, a que termo antecedente ela deve se referir? Justifique sua resposta.

b) Reescreva a frase “Todas as outras, que ideia.”, substituindo os dois sinais de


pontuação nela empregados por outros, de tal maneira que fique mais evidente a
entonação que ela tem no contexto.

27. (Pucrj 2017) Os filósofos chineses viam a realidade, a cuja essência primária
chamaram tao, como um processo de contínuo fluxo e mudança. Na concepção deles,
todos os fenômenos que observamos participam desse processo cósmico e são, pois,
intrinsecamente dinâmicos. A principal característica do tao é a natureza cíclica de seu
movimento incessante; a natureza, em todos os seus aspectos – tanto os do mundo
físico quanto os dos domínios psicológico e social –, exibe padrões cíclicos. Os
chineses atribuem a essa ideia de padrões cíclicos uma estrutura definida, mediante a
introdução dos opostos yine yang, os dois polos que fixam os limites para os ciclos de
mudança: “Tendo yangatingido seu clímax, retira-se em favor do yin; tendo o
yinatingido seu clímax, retira-se em favor do yang”.

Na concepção chinesa, todas as manifestações do tao são geradas pela interação


dinâmica desses dois polos arquetípicos, os quais estão associados a numerosas
imagens de opostos colhidas na natureza e na vida social. É importante, e muito difícil
para nós, ocidentais, entender que esses opostos não pertencem a diferentes
categorias, mas são polos extremos de um único todo. Nada é apenas yinou apenas
yang. Todos os fenômenos naturais são manifestações de uma contínua oscilação
entre os dois polos; todas as transições ocorrem gradualmente e numa progressão
ininterrupta. A ordem natural é de equilíbrio dinâmico entre o yine o yang.
CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação. São Paulo: Editora Cultrix. 1982. Tradução de Álvaro Cabral, pp. 32-33.

Mantendo o sentido dos trechos em destaque, reescreva-os atendendo ao que é


solicitado. Faça as modificações necessárias.
a) Não use gerúndio:

“Tendo yang atingido seu clímax, retira-se em favor do yin; tendo o yin atingido seu
clímax, retira-se em favor do yang”.

b) Inicie por “A interação”.

“Na concepção chinesa, todas as manifestações do tao são geradas pela interação
dinâmica desses dois polos arquetípicos.”

c) Proponha uma nova pontuação para o trecho abaixo, substituindo apenas o sinal de
ponto e vírgula e os travessões.

“A principal característica do tao é a natureza cíclica de seu movimento incessante; a


natureza, em todos os seus aspectos – tanto os do mundo físico quanto os dos
domínios psicológico e social –, exibe padrões cíclicos.”

28. (Fuvest 2017) Considere a imagem abaixo, extraída da apresentação do filme A


Amazônia, que faz parte da campanha “A natureza está falando”.

No áudio desse filme, a atriz Camila Pitanga interpreta o seguinte texto:

Eu sou a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. Eu mando chuva


quando vocês precisam. Eu mantenho seu clima estável. Em minhas florestas,
existem plantas que curam suas doenças. Muitas delas vocês ainda nem descobriram.
Mas vocês estão tirando tudo de mim. A cada segundo, vocês cortam uma das minhas
árvores, enchem de sujeira os meus rios, colocam fogo, e eu não posso mais proteger
as pessoas que vivem aqui. Quanto mais vocês tiram, menos eu tenho para oferecer.
Menos água, menos curas, menos oxigênio. Se eu morrer, vocês também morrem,
mas eu crescerei de novo...

a) Por estar em primeira pessoa, o texto constitui exemplo de uma determinada figura
de linguagem. Identifique essa figura e explique seu uso, tendo em vista o efeito que o
filme visa alcançar.
b) No referido áudio, é possível perceber, no final da locução da atriz, uma entonação
especial, representada na transcrição por meio de reticências. Tendo em vista que
uma das funções desse sinal de pontuação é sugerir uma ideia não expressa que
cabe ao leitor inferir, identifique a ideia sugerida, neste caso.

29. (Fgv 2017) Leia o texto para responder à questão a seguir.

Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua casa
para pensar no passado. E no pensamento como que ouvia o vento de outros tempos
e sentia o tempo passar, escutava vozes, via caras e lembrava-se de coisas... O ano
de 81 trouxera um acontecimento triste para o velho Maneco: Horácio deixara a
fazenda, a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo, onde se casara com a filha
dum tanoeiro e se estabelecera com uma pequena venda. Em compensação nesse
mesmo ano Antônio casou-se com Eulália Moura, filha dum colono açoriano dos
arredores do Rio Pardo, e trouxe a mulher para a estância, indo ambos viver num
puxado que tinham feito no rancho.
Em 85 uma nuvem de gafanhotos desceu sobre a lavoura deitando a perder
toda a colheita. Em 86, quando Pedrinho se aproximava dos oito anos, uma peste
atacou o gado e um raio matou um dos escravos.
Foi em 86 mesmo ou no ano seguinte que nasceu Rosa, a primeira filha de
Antônio e Eulália? Bom. A verdade era que acriança tinha nascido pouco mais de um
ano após o casamento. Dona Henriqueta cortara-lhe o cordão umbilical com a mesma
tesoura de podar com que separara Pedrinho da mãe.
E era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia, a lua passava
por todas as fases, as estações iam e vinham, deixando sua marca nas árvores, na
terra, nas coisas e nas pessoas.
E havia períodos em que Ana perdia a conta dos dias. Mas entre as cenas que
nunca mais lhe saíram da memória estavam as da tarde em que dona Henriqueta fora
para a cama com uma dor aguda no lado direito, ficara se retorcendo durante
horas,vomitando tudo o que engolia, gemendo e suando de frio.
Érico Veríssimo. O tempo e o Vento, “O Continente”, 1956.

Observe o emprego da vírgula nas passagens destacadas a seguir e responda ao que


se pede.

- “Foi em 86 mesmo ou no ano seguinte que nasceu Rosa, a primeira filha de


Antônio e Eulália?” (3º parágrafo)
- “E era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia, a lua passava
por todas as fases, as estações iam e vinham, deixando sua marca nas árvores, na
terra, nas coisas e nas pessoas.” (4º parágrafo)

a) O que justifica o emprego da vírgula na passagem do 3º parágrafo?

b) Que diferença há nas duas construções do 4º parágrafo para explicar o emprego


das vírgulas?

30. (Uel 2016) Leia o texto a seguir.

O Encanto Feminista

Em seu primeiro discurso na ONU como embaixadora da Boa Vontade para


Mulheres, a atriz britânica de 24 anos Emma Watson surpreendeu. Famosa por
interpretar a astuta Hermione – a melhor amiga do bruxo Harry Portter – a atriz jogou
um novo encanto sobre o feminismo. Conquistou repercussão mundial e sua fala
acabou se transformando em ação de marketing contra o site 4chan, que
recentemente abrigou fotografias de artistas nuas como Jennifer Lawrence e Kim
Kardashian, e mobilizou anônimos e famosos a aderir à campanha “HeForShe”. O
principal ponto de seu discurso foi o chamamento aos homens para entrarem na
causa. Disse a atriz que o feminismo não pode ser confundido com ódio aos homens e
que a participação masculina é essencial para que a igualdade de gêneros seja
alcançada. “Se não se obriga um homem a acreditar que precisa ser agressivo, a
mulher não será submissa. Quero que os homens se comprometam para que suas
filhas, irmãs e mães se libertem do preconceito e também para que seus filhos sintam
que têm permissão para ser vulneráveis, humanos e uma versão mais honesta e
completa deles mesmos”, disse.
(BOECHAT, R. IstoÉ. 1 out. 2014. Semana. ano 38. n.2340. p.23.)

Observe, a seguir, a pontuação utilizada em três fragmentos do texto.

I. Famosa por interpretar a astuta Hermione – a melhor amiga do bruxo Harry Portter –
a atriz jogou um novo encanto sobre o feminismo.
II. Conquistou repercussão mundial e sua fala acabou se transformando em ação de
marketing contra o site 4chan, que recentemente abrigou fotografias de artistas nuas
como Jennifer Lawrence e Kim Kardashian, e mobilizou anônimos e famosos a aderir
à campanha “HeForShe”.
III. Quero que os homens se comprometam para que suas filhas, irmãs e mães se
libertem do preconceito e também para que seus filhos sintam que têm permissão para
serem vulneráveis, humanos e uma versão mais honesta e completa deles mesmos.

A partir da leitura do texto e dos três fragmentos, responda aos itens a seguir.

a) Explique e compare o uso dos travessões duplos no fragmento I com o uso das
vírgulas no fragmento II.

b) Compare o uso das vírgulas nos fragmentos II e III.

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