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Antero de Quental ou o mestre metafísico
«A literatura, como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta.» Esta frase de
Fernando Pessoa define exemplarmente, ao mesmo tempo, a vida e a obra de Antero de Quental,
tão admirado por Pessoa. Mas o grande drama do poeta é que, se para ele a vida não bastava, a
literatura ainda menos. Daí a impossibilidade para Antero de a literatura ser apenas uma forma de
5 confissão (como o foi para António Nobre, por exemplo) e, portanto, de total compensação do
irrealizável na vida. Longe de ser confissão, a literatura foi para Antero, através das várias fases
da sua obra, antes de mais, uma forma de revolta e de exigência absoluta do pensamento para lá
do relativismo do sentimento. Como diz Oliveira Martins no prefácio aos Sonetos: Antero é «um
poeta que sente, mas é um raciocínio que pensa. Pensa o que sente; sente o que pensa. Como
10 diria mais tarde Fernando Pessoa de si mesmo: «O que em mim sente está pensando.»
Mas a Antero faltava a ironia niilista1 de Pessoa para dar a este drama pensamento-sentimento
uma feição essencialmente lúdica. Para Antero, pensar e sentir deveriam conjugar-se para um
mesmo fim: agir. E agir como um condutor de povos, como um iluminado.
Se não chegou a ser um condutor de povos, Antero foi, no entanto, o mestre incontestado e
15 incontestável da Geração de 70, o seu supremo inspirador, o seu símbolo trágico. […]
E também um grande mestre do soneto, forma que, sendo estrita, tão plenamente acompanha
o tumulto íntimo da derradeira fase da vida do poeta. Nesses sonetos, Antero concentrou não só
as contradições da sua obra […], mas também as da sua vida […].
MACHADO, Álvaro Manuel, 1998. A Geração de 70. 4.ª ed. Lisboa: Presença (pp. 38-39 e 45)
2. Em «Esta frase de Fernando Pessoa define exemplarmente, ao mesmo tempo, a vida e a obra de
Antero de Quental» (ll. 2-3) exprime-se a modalidade
(A) apreciativa.
(B) epistémica com valor de probabilidade.
(C) deôntica com valor de obrigação.
(D) deôntica com valor de permissão.
5. Na frase «Mas a Antero faltava a ironia niilista de Pessoa» (l. 11), a palavra «a» é
(A) um pronome e um determinante, respetivamente.
(B) uma preposição e um determinante, respetivamente.
(C) uma preposição, em ambos os casos.
(D) um determinante, em ambos os casos.
6. As expressões «de povos» (l. 14) e «o mestre incontestado e incontestável da Geração de 70»
(ll. 14-15) desempenham as funções sintáticas de
(A) complemento do nome e complemento direto, respetivamente.
(B) modificador restritivo do nome e predicativo do sujeito, respetivamente.
(C) complemento do adjetivo e complemento direto, respetivamente.
(D) complemento do nome e predicativo do sujeito, respetivamente.
9. Transcreve o sujeito da frase: «O que em mim sente está pensando.» (l. 10).
1. (C)
2. (A)
3. (C)
4. (B)
5. (B)
6. (D)
7. (C)
8. Oração subordinada substantiva relativa.
9. «O que em mim sente».
10.
a. Modificador apositivo do nome.
b. Sujeito.