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Disciplina Português
Lê o texto.
“Eu sou um outro”, escreveu Rimbaud. “Contenho multidões”, exclamava Whitman. Fernando
Pessoa fundiu as duas ideias: foi outros, muitos outros, uma multidão de outros. O poeta secreto,
empregado de escritório com uma arca de textos quase infinita em casa, modernista da geração de
Orpheu, não se limitou a inventar os heterónimos; antes criou para si mesmo uma literatura inteira.
Talvez por isso, houve poucos escritores portugueses que se tenham abrigado à sua sombra, que é
dizer também à sombra de Álvaro de Campos, Alberto Caeiro ou Ricardo Reis. Por muito que paire
sobre nós, dominadora, a obra de Pessoa é tão excecional, tão fulgurantemente única, que não
deixou discípulos ou epígonos. No Estrangeiro, tornou-se entretanto o epítome das letras lusas e da
nossa problemática identidade, bem como do nosso imobilismo reflexivo e melancólico, tão bem
fixado nessa obra-prima absoluta que é o inacabado (e inacabável) Livro do Desassossego, de
Bernardo Soares.
O que nos ensinou: o milagre da heteronímia (através da qual antecipou as fragmentações e
desdobramentos da pós-modernidade).
SILVA, José Mário (2008). “Fernando Pessoa (1888-1935)”, in Os 50 Autores mais influentes do Século XX (suplemento da
revista Ler, abril de 2008).
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R) “o que” ?
S) “da pós-modernidade” Complemento do nome
Pela primeira vez, a biblioteca particular de Fernando Pessoa viajou “em bloco” para fora de
Portugal, com 800 dos 1200 títulos da coleção, uma vez que “não viajaram os livros que estavam
em estado mais frágil”, disse à Lusa Clara Riso, diretora da Casa Fernando Pessoa.
“Com a viagem da biblioteca, há a possibilidade de apresentar ao público francês a figura de
Pessoa como grande leitor. Sendo um autor que é muito lido e traduzido, estar aqui na biblioteca é
dar outra possibilidade de aproximação aos textos de Pessoa”, descreveu a responsável,
sublinhando a diversidade de temas que permite ver ”como os interesses de Pessoa têm uma
abrangência tão grande”.
“Fernando Pessoa inspira Festival da Incerteza em Paris” (Em linha). Sapo24(Consult. Em 04-10-2016).
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3.1. Ricardo Reis, nas suas odes, recorre frequentemente a inversões sintáticas. Sublinha
as que estão presentes na ode seguinte.
Da lâmpada noturna
Da lâmpada noturna
A chama estremece
E o quarto alto ondeia.
Os deuses concedem
Aos seus calmos crentes
Que nunca lhes trema
A chama da vida
Perturbando o aspeto
Do que está em roda,
Mas firme e esguiada
Como preciosa
E antiga pedra,
Guarde a sua calma
Beleza contínua.
Vim para baixo às 9, para o escritório do Mayer. Fui ao do Lavado depois, onde escrevi uma carta. –
De noite na Brasileira com Corado (?). Saí com ele, falando sobre vários assuntos num passeio
longo, que foi até a Alcântara e volta.
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