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º ano)

Questão de aula – Fernando Pessoa, ortónimo (12.º ano)

Nome: Turma: N.º: Data:

Avaliação: Professor:

Antes de ouvires o excerto, lê com atenção todos


os itens.

Ouve, atentamente, o excerto do programa Ler +, Ler


melhor, sobre Fernando Pessoa, intitulado “A infinita
busca de Fernando Pessoa”, da RTP Ensina1.

Responde, após a primeira audição, aos itens seguintes.

1. Seleciona a opção adequada para completares as afirmações corretamente.

1.1. Fernando Pessoa, no início do excerto, é apresentado como um escritor

(A) com uma atividade literária intensa.

(B) com interesses exclusivamente ligados à pátria.

(C) múltiplo e com tendência introspetiva.

(D) diverso e com tendência vanguardista.

1.2. O facto de Fernando Pessoa ter apenas publicado Mensagem em vida causa, no entrevistado,

(A) revolta.

(B) indignação.

(C) admiração.

(D) lamento.

MPA
1.3. Fernando Pessoa desistiu da Faculdade de Letras, por achar que

(A) precisava de mais tempo para a sua atividade literária.

(B) esta já nada tinha que lhe ensinar.

(C) necessitava de aprofundar a sua veia artística.

(D) esta promovia o estudo autónomo.

1 Disponível em https://ensina.rtp.pt/artigo/a-infinita-busca-de-fernando-pessoa/
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1.4. Apesar de ser um escritor conhecido, o poeta viveu uma vida marcada pela

(A) opulência.

(B) devassidão.

(C) errância.

(D) discrição.

1.5. Na opinião de Arnaldo Saraiva, Fernando Pessoa torna-se um paradigma, tal como Camões,

(A) do passado glorioso do país.

(B) da procura da unidade.

(C) da modernidade portuguesa.

(D) do encontro de sentido do “eu”.

1.6. A poesia de Fernando Pessoa espelha

(A) a rutura do mundo moderno com o antigo.

(B) os dramas existenciais do indivíduo.

(C) a abolição de fronteiras estéticas.

(D) os obstáculos artísticos.

1.7. Em relação aos “grandes nomes da literatura universal”, o poeta procura

(A) igualá-los.

(B) imitá-los.

(C) criticá-los.

(D) superá-los.

1.8. O poeta ortónimo funcionou, na perspetiva do entrevistado, quase

(A) de forma independente.


MPA
(B) de forma dependente.

(C) heteronimicamente.

(D) universalmente.

2. Identifica uma das características que Arnaldo Saraiva refere, no final do excerto, acerca da obra de Fernando
Pessoa (ortónimo e heterónimos).
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Depois da segunda audição do excerto, confirma as tuas respostas.

MPA
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Soluções

12.º ano

ORALIDADE

Fernando Pessoa, ortónimo


Transcrição do registo áudio
Arnaldo Saraiva: Fernando Pessoa quis ser toda uma literatura e foi-o. A sua obra imensa é também muito variada, não só dos
heterónimos conhecidos, mas também a de um autor que é ficcionista, e a ficção principal dele, o Livro do Desassossego, é uma
obra-prima da literatura universal. Além de ficcionista, foi ensaísta de vário tipo. Ele, inclusivamente aqui, sempre um pensador de
Portugal e pensador da política portuguesa ou da realidade portuguesa, mas ele também se interessou, por exemplo, pelo
comércio, pela publicidade, pela astrologia, etc. Ele deixou contos, deixou ensaios, deixou críticas. Fez muitas traduções, algumas
de poetas e algumas de autores esotéricos. Ele foi uma literatura, mas não só uma literatura, foi uma grande literatura. E o que é
curioso é que, em vida, ele publicou apenas a Mensagem e já perto da morte, em 1934, que alguns leem como um livro patriótico,
mas que me faz pensar numa frase dele, que é a seguinte: a nação é a escola presente da supernação futura. Na realidade, a
Mensagem é um livro em que ele talvez tenha querido superar Camões, cumprindo aquilo que ele anunciou em 1912, na revista
Águia, como a chegada à literatura portuguesa de um super-Camões, mas o livro é muito mais do que isso. É um livro épico-
moderno e que se vale de símbolos portugueses, mas para a exaltação do Homem universal ou para a dignificação do Homem
universal. Fernando Pessoa jovem sonhou ser também um autor de literatura inglesa, mas optou depois decisivamente pela
literatura portuguesa, quando veio para a Faculdade de Letras de Lisboa, onde esteve um ano e pouco, porque achava que a
faculdade já não tinha nada a ensinar-
-lhe. Ele descobre a língua portuguesa e torna-se, diríamos assim, o grande autor da literatura portuguesa, que hoje é conhecida
em todo o mundo, apreciado em todo o mundo como umas das sumidades da literatura universal e para nós é um grande clássico.
Mas ele que quis ser toda uma literatura, ele foi também um homem que viveu para escrever toda a vida. Viveu discretamente,
teve muitos quartos em Lisboa, seu lar, mas podia ser um homem rico, porque não lhe faltava talento e dominava línguas, o inglês,
o francês, o que, ao tempo, era raro, e escrevia o inglês perfeito. E, portanto, é para nós uma sorte ter tido este autor, que, de
alguma maneira, dá ao século XX português uma imagem de alta cultura e uma imagem muito impressiva para o mundo. Mas ele,
que disse que a sua pátria era a língua portuguesa, foi também uma espécie de figura paradigmática, como Camões o é, uma
espécie de fundador da nossa modernidade, na medida em que ele pensou toda a vida portuguesa, ele sonhou, é verdade, com
um império, mas um império espiritual de Portugal, que poderia dar um contributo especial a um mundo que, no seu tempo,
começava a ser um mundo de mercadoria, ou o mundo de tipo civilização americana. Na sua teoria e na sua poesia múltipla, em
que fala da condição do homem moderno, em que fala dos dramas, das dificuldades, do sujeito e até das decisões do sujeito, ele
tenta superar outros grandes nomes da literatura universal. Por exemplo, como Alberto Caeiro, ele tenta superar os poetas
bucólicos, gregos e latinos; como Álvaro de Campos, ele tenta superar o Walt Whitman; como Ricardo Reis, ele tenta superar
Horácio. E o poeta ele mesmo, o poeta dito ortónimo, é também um poeta, diríamos, que funciona quase heteronimicamente. Ele
deixou-nos textos inapagáveis, como, por exemplo, “A Tabacaria”, que um jornal francês, Libération, já disse que era o mais belo
poema do mundo. Mas deixou-
-nos com o nome de Álvaro de Campos, ou de Ricardo Reis ou de Alberto Caeiro. E com o nome de Bernardo Soares, obras que
fazem a nossa alegria, mesmo que sejam, às vezes, pessimistas, obras às vezes muito conceptuais, mas sempre muito claras, e
como são também os seus ensaios filosóficos, que ele não descurou. E, portanto, é uma sorte para Portugal e para a cultura
portuguesa, mas também para o mundo, ter tido um génio da qualidade de Fernando Pessoa.
MPA

1.1. (A); 1.2. (C); 1.3. (B); 1.4. (D); 1.5. (C); 1.6. (B); 1.7. (D); 1.8. (C).

2. Uma das características que se destacam da obra de Fernando Pessoa é o seu pessimismo, mas também a sua profundidade
de ideias e conceitos.

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