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Tradução: Line

Revisão: Alline B.

Leitura Final: Luna

Formatação: Ariella
“As rainhas más são as princesas que nunca foram salvas. "

- Malévola
Bem-vindo ao reino deles.

Chamam-me de piranha sem coração.


Uma manipuladora maligna.
Uma princesa malvada que gosta de magoar as pessoas.
Eles dizem-me que aconteceram coisas terríveis.
Coisas que mudaram a minha vida para sempre.
O único problema é...
Não me lembro de nada disso.
Prólogo

Eu aponto para a caixa de sapatos contendo minhas novas


sapatilhas de balé. ─ Tem certeza de que pegou as certas?
Se eles não forem exatamente as mesmas que Julianna tem, isso só
vai dar a ela mais munição para tirar sarro de mim.

Mamãe suspira pesadamente enquanto leva o celular ao ouvido e


entrega à senhora do balcão seu cartão de crédito. ─ Positivo.

Ela está mais nervosa do que o normal hoje.

Provavelmente por causa da briga que ela teve com meu irmão mais
velho, Cole, esta manhã.

Evidentemente, ele queria entrar para a equipe de futebol infantil,


mas mamãe disse que não, porque ele está indo mal em todos os testes
na escola.

Irritada, eu olho para o gêmeo de Cole, Liam.

─ Por que Cole sempre tem que estragar tudo?

Espero que ele concorde porque Cole o irrita ainda mais do que me
irrita, mas Liam simplesmente dá de ombros.
Graças a Cole, começando pela mamãe e deixando todos de mau
humor, tudo parecia errado hoje.

Eu não gostava disso.

─ Podemos pegar um pouco de sorvete?

Liam torce o nariz em desgosto.

Ele afirma que o sorvete é muito frio e deveria ser banido do planeta.

Eu discordo de todo o coração.

─ Vamos. ─ eu gemo, virando meu aborrecimento para ele. ─ Parei


de comer carne por você, não me faça desistir de sorvete também.

Três meses atrás, ele decidiu que queria se tornar vegano para salvar
os animais. No entanto, ele logo percebeu que amava muito queijo, então
decidiu se tornar vegetariano.

Porque eu o amo - e porque o vídeo que ele me fez assistir de vacas


sendo abatidas me deu pesadelos - eu concordei em me juntar a ele.

Mas sorvete é onde eu traço o limite.

Liam cruza os braços em desafio. ─ É muito ge...

─ Não, não é...

─ Será que vocês dois poderiam parar de brigar? ─ Nossa mãe rebate
enquanto ela rapidamente assina o recibo e joga o telefone na bolsa. ─
Não vamos comprar sorvete.
Uau.

─ Mas mãe...

─ Bianca, por favor. ─ Ela aponta para as sacolas de compras cheias


de malha. ─ Mais uma palavra sua e que Deus me ajude, vou devolver
tudo que acabei de comprar.

Minha boca ficou aberta em estado de choque.

Não foi só ideia dela ir ao shopping hoje comprar minhas novas


sapatilhas de balé e collant - ela nunca, nunca gritou comigo.

Embora ela amasse todos os seus filhos, era sabido que eu era sua
favorita e Liam era o segundo lugar.

Desde que eu conseguia me lembrar, nós três sempre tivemos uma


conexão forte.

Como se fosse uma deixa, Liam pega minha mão.

Cole podia ser um idiota grande e gordo às vezes.

Alguns dias ele era tão mau que ela acabava ficando em seu quarto
por vários dias.

Ela alegava que estava doente, mas todos nós sabíamos.

Mamãe não estava doente. Ela estava triste.

Pena que Jace - nosso irmão mais velho - não estava aqui.

Ele sempre soube o que dizer e o que fazer.


Dado que nosso pai estava trabalhando o tempo todo, parecia que
Jace era mais um pai para mim do que nosso pai de verdade.

No entanto, eu só tinha uma mãe... e agora ela estava com raiva de


mim.

O que me deixou triste.

Sua expressão suaviza um pouco quando ela me olha novamente. ─


Bianca.

Não. Isso não era justo.

Eu não era como Cole. Eu nunca disse que a odiava ou briguei com
ela.

Eu sempre disse que a amava... que ela é minha pessoa favorita.

Eu pensei que fosse a dela também.

Soltando minha mãe da de Liam, eu saio furiosa da loja.

─ Bianca, volte aqui. ─ ela grita atrás de mim, mas eu sigo meu
ritmo.

De uma só vez, ela agarra meu braço. ─ Me desculpe.

─ Você não é mais minha pessoa favorita. ─ eu digo através das


lagrimas.

─ Você não quer dizer isso, filha.

Ela tinha razão. Eu não queria.


Nossa ligação era inquebrável.

Mas mesmo assim, a maneira como ela havia me tratado, doeu.


Muito.

Como Liam, eu era sensível também. Só que diferente dele, eu não


deixava isso a mostra.

Porque minha mãe havia me dito que eu precisava ser forte.

Mais forte do que ela era.

Me virando, ela limpou minhas lagrimas com as mãos. ─ Eu te amo.

Eu olho para baixo, direto para o chão, não querendo encontrar seu
olhar. ─ Eu te amo também.

A parede de gelo que construí derreteu quando ela envolveu seus


braços em mim.

Ela sempre cheirava a baunilha e coco, e seus abraços eram a


melhor coisa do mundo.

Como um casulo.

─ Você ainda quer aquele sorvete?

Eu aceno, me agarrando a ela como um Coala.

Pelo canto do olho, vejo Liam emburrado.

Eu amo meu irmão mais do que qualquer coisa, mas ele tem essa
mania chata de querer que todos pensem como ele.
No fundo, eu sabia que isso era por causa da sua ansiedade, mas às
vezes eu ficava sem paciência.

Minha mãe sempre entendia isso.

Nove em cada dez vezes, ela foi capaz de impedir os colapsos de Liam
antes que eles acontecessem.

Ela tirou um braço de mim e o envolveu. ─ Vamos comprar


panquecas também, filho. Okay?

Panquecas eram as favoritas de Liam. Mas somente as duas


primeiras.

De acordo com ele, as outras não eram fofinhas e não tinham o


mesmo gosto. Esquisito.

Felizmente, Liam concordou. ─ Tá bom.

Mamãe se levantou. ─ Vamos levar essas sacolas para o carro e ir


para a casa de waffles no final da rua.

Eu comecei a protestar, mas ela completou. ─ Eles também servem


sorvete lá, Bianca.

Sim, mas não o sorvete cremoso que eu queria.

Tanto faz. Eu negociaria.

Nós começamos a andar, mas ela parou abruptamente e olhou seu


relógio. ─ Mer... Saco.

─ O que?
─ Eu preciso parar na escola primeiro.

Liam e eu nos olhamos.

─ Porque?

─ Para que ela possa inscrever Cole no futebol. ─ Liam declara com
uma expressão azeda.

─ Mas eu achei que você havia dito não a ele.

Ela aperta a ponte do seu nariz. ─ Ele realmente quer isso. Eu nunca
o vi tão... vocês querem saber? Eu sou a mãe e o que eu digo é o que vale.
Eu vou inscrever seu irmão no futebol.

Liam bufa. ─ Você sabe que ele vai se cansar em uma semana.

Liam estava certo. Cole tinha a tendência de desistir das coisas


rapidamente.

Mamãe bagunça seu cabelo. ─ Então, se ele cansar, quem sabe você
possa tomar o seu lugar.

Liam olha para ela como se tivesse crescido uma nova cabeça em
seu ombro enquanto íamos para o carro. ─ Nunca. Esportes são um saco.

Mamãe ri. ─ Eles não são tão ruins. ─ havia um brilho em seus olhos
quando ela olhou para mim. ─ Quem sabe, talvez você possa ser uma
líder de torcida um dia como sua mamãe.

Huh?
─ Havia lideres de torcida na Índia? ─ Liam e eu perguntamos ao
mesmo tempo.

Ela ri de novo. ─ Claro que sim. Admito, que elas não se vestem
como as lideres de torcida aqui da América, mas...

O som de seu telefone tocando a interrompe.

─ Segurem esse pensamento. ─ diz ela, levando o celular ao ouvido.


─ É o seu pai.

Eu faço barulhos de beijo simulado.

Meu pai pode trabalhar muito, mas não há como negar o quanto ele
a ama.

Ele mandou entregar flores e chocolates para ela quase todos os dias
na semana passada.

Liam faz beicinho. ─ Gostaria que papai nos deixasse ir para a Índia.

─ Mamãe vai me levar um dia. ─ digo presunçosamente enquanto


entramos no carro.

A boca de Liam cai aberta. ─ Não é justo. ─ Ele olha para a mamãe.
─ Você tem que me levar para a Índia também.

Mamãe o cala enquanto sai do estacionamento.

─ Ela não pode. ─ eu o informo. ─ Vamos fazer uma viagem de mãe


e filha. Apenas garotas...
─ O que diabos é isso? ─ a voz do meu pai explode nos alto-falantes
do carro.

Liam e eu trocamos outro olhar. Papai nunca grita com mamãe.

─ Você sabe ler, não é? ─ Mamãe diz secamente.

─ Rumi. ─ ele diz, seu tom sombrio. ─ Fale comigo. Diga o que está
acontecendo... por que você quer isso.

─ Não posso agora, Jason. Você está no viva-voz e eu tenho seus


filhos no carro comigo.

─ Quer o que? ─ Liam sussurra em meu ouvido.

Eu estava tão confusa quanto ele. ─ Eu não faço ideia.

─ Estou no Texas para uma reunião. ─ afirma papai. ─ Mas voarei


para casa logo depois, ok?

─ Tudo bem. ─ mamãe diz a ele. ─ Mas não vai mudar nada. Já me
decidi.

─ Rumi... ─ papai implora, como se o nome dela fosse seu salva-


vidas. ─ Por favor, não faça isso. Eu te amo...

─ Desculpe, Jason. Estou dirigindo por um túnel. Tenho que ir.

Com as sobrancelhas franzidas, Liam olha em volta. ─ Que túnel?


─ O que foi isso? ─ Liam sibila.

Mamãe nos disse para esperar no carro enquanto ela corria para
dentro da escola para inscrever Cole no futebol.

Repito minha declaração anterior. ─ Eu não faço ideia.

Eu tinha apenas oito anos. Como diabos eu deveria saber sobre o


que nossos pais estavam discutindo?

Liam projeta o queixo. ─ Mamãe está voltando.

Eu atiro meu olhar para fora do para-brisas, onde com certeza ela
está caminhando de volta para o carro, segurando seu telefone celular
contra sua orelha.

Mas pela aparência de seus olhos vidrados e rosto tenso... não é uma
conversa feliz.

─ Ela está brigando com o papai de novo. ─ diz Liam, afirmando o


óbvio.

─ Devemos fazer algo?

─ Como o quê?

De repente, mamãe para de andar.

─ Você tem alguma ideia do que desisti por você? ─ ela grita,
agarrando as pontas de seus longos cabelos escuros.

Meu estômago embrulha.


─ Índia. ─ Liam e eu dizemos ao mesmo tempo.

Mamãe deixou sua família - e sua carreira como atriz de Bollywood


- na Índia para ficar com ele, e ela nunca mais voltou.

A última vez que viu sua família foi no dia do casamento.

Os olhos de Liam se estreitam. ─ Não sei por que papai não deixou
que ela os visitasse. Eles são a família dela.

Eu tinha uma ideia do porquê, mas ainda não estava pronta para
compartilhar o que ouvi recentemente.

─ Talvez ele a esteja protegendo de alguma coisa?

─ Protegendo-a de quê?

Agora ou nunca. ─ Semana passada eu ouvi papai...

Um soluço alto me interrompe no meio da frase.

Ah, não.

Mamãe estava chorando histérica no estacionamento de nossa


escola.

─ Merda. ─ Liam diz. ─ Devemos ir lá?

Eu começo a concordar porque os episódios da mamãe - como Jace


se referiu a eles - não são algo que ela gostaria que fosse exibido, mas
mamãe começa a andar novamente.

─ Espere. Ela está vindo.


Meu alívio dura pouco, porque ela começa a chutar a lateral do
carro. ─ Eu ia desistir de tudo por você!

─ Mãe o que você está fazendo? ─ Liam meio que sussurra e grita, o
pânico crescendo em sua voz enquanto ela continua chutando seu
Mercedes.

O que quer que meu pai estivesse dizendo a ela, estava deixando
mamãe em um acesso de raiva de adulto.

A pior birra que eu já vi.

─ Você não pode fazer isso comigo! ─ ela grita, batendo os punhos
contra o capô. ─ Você prometeu que nos casaríamos e ficaríamos juntos
para sempre.

Sim, nossa mãe definitivamente não estava bem agora.

─ Talvez devêssemos pegar o telefone da mamãe e ligar para Jace?


─ Eu sugiro.

Ele saberia o que fazer.

Liam acena com a cabeça. ─ Sim. ─ Ele me olha com cautela. ─


Como?

Eu não tinha a mínima ideia.

─ Ela está do seu lado do carro, Liam. Abra sua porta e agarre ela.

Meu irmão me olha como se eu tivesse pedido a ele para matar uma
píton. ─ Nuh-uh.
Covarde.

─ Bem. Eu vou fazer isso... ─ começo a dizer, mas o barulho fica


pior.

─ Ela vai quebrar a janela. ─ Liam diz, deslizando para o meu lado.

─ Ela vai quebrar a mão.

─ Não faça isso comigo! ─ mamãe grita tão alto que nós dois
estremecemos. ─ Eu te amo, Mark.

Liam e eu trocamos um olhar de olhos arregalados.

Quem diabos é Mark?

─ Estou bem. ─ diz mamãe, tentando limpar as manchas de rímel


com as costas da mão.

Ela joga a cabeça para trás e ri. ─ Está tudo bem.

Eu agarro a mão de Liam. Não estava tudo bem.

Mamãe não estava agindo como ela mesma.

─ Posso usar seu telefone? ─ Liam questiona, seguindo o plano de


ligar para Jace.

─ Não. ─ mamãe responde.

Sério? Não imaginaria.


Eu olho para fora da janela em confusão. ─ Onde estamos indo?

─ A casa dos waffles é para o outro lado. ─ Liam a lembra.

─ Não se preocupe. ─ mamãe diz. ─ Haverá muitas panquecas e


sorvete em breve.

O rosto de Liam se ilumina. ─ Vamos para a Disney World?

Eu belisco seu braço.

Eu não tinha ideia de para onde ela estava nos levando, mas não era
para a Disney.

─ Mãe. ─ eu começo. ─ Eu te amo.

Sempre que eu a lembrava do quanto a amava, geralmente ajudava


a acalmá-la.

─ Eu também te amo, filha.

─ Você está indo muito rápido. ─ diz Liam. ─ Desacelere.

─ Vai ficar tudo bem, bebê. ─ Um novo conjunto de lágrimas rola por
seu rosto. ─ Tudo ficará bem.

Suas palavras não ofereceram alívio a nenhum de nós.

Liam agarra minha mão com mais força e sussurra: ─ Você acha que
ela está nos sequestrando?
Abro a boca para lembrá-lo de que mamãe não era um homem
assustador do noticiário, ela era nossa mãe e, portanto, não poderia nos
sequestrar... mas então eu percebo que ele pode ter razão.

Meu coração está quase batendo forte no meu peito. Por mais que
reclame da minha família, eu os amava e precisava que todos nós
estejamos juntos.

─ Onde estamos indo? ─ Eu resmungo, minha voz tremendo.

Se eu soubesse para onde ela estava nos levando, poderia ligar para
Jace e Cole e dizer a eles o que estava acontecendo.

─ Para algum lugar sem dor. ─ ela responde quando o carro começa
a desviar.

─ Onde? ─ Eu insisto, uma sensação ruim agitando meu estômago.

Parece uma eternidade antes que ela responda.

Quando ela o faz, sinto um arrepio na espinha.

─ Céu.

A bile sobe pela minha garganta e os cabelos da minha nuca se


arrepiam.

Pela primeira vez na minha vida, finalmente acreditei.

Isso não era normal. Mamãe estava doente.

─ Não. ─ eu engasgo. ─ Eu não quero ir para o céu.


Eu queria entrar no balé.

Eu queria ter um gato.

Eu queria me formar no ensino fundamental.

Eu queria ver papai, Jace e Cole para que eu pudesse dizer a eles
que os amo.

─ Mãe, por favor... ─ eu imploro. ─ Você está apenas tendo um dia


ruim.

─ Uma vida ruim. ─ Ela soca o volante com o punho. ─ Tantas coisas
foram tiradas de mim. ─ Soluços fortes e feios enchem o carro. ─ Eu me
recuso a ficar sem vocês.

Acontece que ser a favorita da mamãe tinha suas desvantagens.

─ Você não precisa viver sem nós. ─ Liam diz a ela. ─ Nós nunca te
deixaremos.

─ É verdade. ─ eu asseguro a ela. ─ Nós te amamos.

Mais do que tudo... mas eu não queria morrer.

─ Fechem os olhos. ─ ela instrui enquanto solta o cinto de


segurança. ─ Tudo vai acabar logo. Eu prometo.

Liam solta minha mão e cobre os olhos enquanto o carro acelera. ─


Mamãe, pare!

─ Mamãe, por favor, não faça isso! ─ Eu grito, envolvendo meus


braços em volta do meu irmão. ─ Eu amo vo...
Capitulo Um
Minha garganta parece uma lixa, mas não é nada em comparação
com a dor surda que me percorre.
Mãe.

Liam.

O pensamento faz meu corpo estremecer quando abro os olhos.

Um teto branco e uma forte iluminação fluorescente me


cumprimentam.

Onde estou?

Onde eles estão?

Só então percebo que alguém está segurando minha mão... mais ou


menos.

Mãe?

Dói virar a cabeça, mas faço isso mesmo assim.

A confusão me empala quando vejo uma garota com longos cabelos


castanhos e óculos - que por alguma razão desconhecida está pintando
minhas unhas de um rosa brilhante.
Seus olhos castanhos quentes se arregalam e ela pula tão rápido
que deixa cair o frasco de esmalte. ─ Oh meu Deus. Você está... merda.
Você está acordada.

Não tenho certeza de quem ela é, mas ela parece super animada em
me ver.

Ela também é muito baixa para um adulto. Apenas alguns


centímetros mais alta do que eu.

Lentamente, observo meu ambiente e percebo que devo estar em um


hospital.

─ Você é uma enfermeira? ─ Eu resmungo, minha voz soando ainda


mais profunda e áspera do que eu me lembrava.

Ela pisca. ─ Eu sou Saw - quer saber? Deixe eu chamar uma


enfermeira. ─ Com as mãos tremendo, ela pega o celular. ─ Eu disse a
seus irmãos para almoçarem no refeitório mais cedo, mas vou dizer a eles
para voltarem aqui imediatamente. ─ Sem parar para respirar, ela sai da
sala. ─ Você fica bem aqui. Eu já volto, ok?

Não é como se eu pudesse ir a qualquer lugar, mesmo se quisesse.

Entre todos os IVs, tubos e máquinas, sem mencionar a dor...

Uau.

Minha mão está... diferente. Não apenas por causa do esmalte que
a enfermeira estranha usou, mas está maior do que eu me lembrava e
minhas unhas são mais longas.
Eu inclino minha cabeça para baixo. Minha nossa.

Minha mãe me disse que eu não teria esses por pelo menos mais
quatro anos.

─ Oi, querida. ─ uma mulher vestindo uniforme diz enquanto entra


na sala. ─ Meu nome é...

Antes que ela possa terminar a frase, um homem vestindo um jaleco


passa por ela. ─ Eu sou o Dr. Jones.

Essa é a única apresentação que recebo antes que ele corra para a
minha cama e ilumine meus olhos. Nossa.

Ele aponta o dedo para mim. ─ Siga meu dedo.

─ Onde estão minha mãe e meu irmão?

Colocando um estetoscópio sobre meu peito, ele franze a testa. ─


Qual o seu nome?

Ele já não deveria saber disso?

─ Bianca.

─ Último nome?

Sinceramente? ─ Covington. C-o-v—

─ Quando é seu aniversário?

─ Primeiro de junho.

─ Que ano?
─ Dois mil e dois.

─ Muito bom. ─ Suas sobrancelhas franzem em preocupação. ─ Você


sabe qual é a data de hoje?

Eu tive um branco. ─ Não...

─ Bianca! ─ algum homem late enquanto entra no quarto.

Ele é alto com pele bronzeada e cabelo escuro curto e seus olhos são
castanhos como os meus. Só que ele tem olheiras ao redor, como se não
dormisse há semanas.

Ele também tem muitas tatuagens.

Eu estremeço interiormente. Ele é meio assustador.

─ Puta merda. Você está acordada. ─ diz outro homem atrás dele
antes que os dois cerquem minha cama como dois guardas armados.

O segundo cara também é alto, com cabelo escuro e curto. Só que


ao contrário do outro, ele é pálido e seus olhos são de um verde muito
perceptível... assim como os do meu pai.

Por alguma razão estranha, sinto que deveria conhecê-los, mas isso
não faz sentido porque nunca os vi.

─ Como você está se sentindo? ─ um deles pergunta.

Como se eu estivesse em um universo alternativo. ─ Eu...

Antes que eu possa responder, a enfermeira estranha e baixinha de


antes entra.
─ Meus irmãos estão a caminho?

Ela engole visivelmente. ─ Sim.

Esperançosamente eles estarão aqui em breve.

Meus olhos pulam entre os dois caras. Eles parecem tão perplexos
quanto eu.

─ O que há de errado com ela? ─ cara assustador late.

Uau. Pode ser mais rude?

Eu volto minha atenção para o médico porque eu mesma preciso de


algumas respostas. ─ Onde está minha mã...

─ Bianca! ─ uma voz que eu realmente reconheço exclama.

Eu respiro um suspiro de alívio enquanto observo o homem.


Finalmente, um rosto familiar.

─ Papai. ─ eu engasgo.

Tudo é tão confuso. Eu não sei o que está acontecendo ou onde


mamãe e Liam estão.

Meu pai corre e envolve seus braços em volta de mim. Ele está me
abraçando com tanta força que dói, mas eu não me importo.

Ele é a única pessoa nesta sala que eu reconheço, e não posso deixar
de me agarrar a ele, como se ele fosse meu salva-vidas.

─ Eu estou assustada.
Com o canto do olho, vejo os dois homens trocando um olhar.

Por motivos que não entendo, parece que os aborreci de alguma


forma.

─ Tudo vai ficar bem, querida. ─ meu pai me garante. ─ Deus, estou
tão feliz que você está bem.

─ Onde está a mamãe? ─ Eu questiono. ─ Ela está bem? E quanto a


Li...

─ Mamãe? ─ um dos rapazes exclama. ─ Bianca, a ma...

─ Todo mundo lá fora. ─ instrui o médico.

Tento sair da cama, mas uma dor aguda percorre meu corpo.

─ Você não. ─ O médico aponta para a mulher que está vestindo


jaleco. ─ A enfermeira Dawn ainda precisa tomar seus sinais vitais.

Como se fosse uma deixa, a enfermeira se aproxima da minha cama.

─ Oi querida. Como você está? Há algo que eu possa fazer por você?

Lembrando que minha garganta parece um deserto, eu digo. ─ Posso


beber um pouco de água?

─ Claro. ─ Ela pega um termômetro. ─ Eu só preciso medir sua


temperatura primeiro, certo?

Não estou realmente em posição de recusar.


Depois que ela mede minha temperatura junto com alguns outros
sinais vitais e verifica meu IV, ela me entrega um pequeno copo de água.

Parece o paraíso... até que ouço pessoas discutindo do lado de fora


da minha porta.

─ Está tudo bem? Estou com problemas?

A enfermeira me dá um sorriso tranquilizador. ─ Claro que não,


querida.

Eu tomo outro pequeno gole de água. ─ Por que dói me mover?

Uma ruga se forma entre suas sobrancelhas. ─ Você tem uma pélvis
fraturada.

Caramba. ─ Oh.

Ela ajusta o travesseiro embaixo de mim. ─ A boa notícia é que você


está se recuperando lindamente e, enquanto isso continuar, você poderá
começar a fisioterapia em algumas semanas.

Isso é ótimo e tudo, mas tenho questões muito mais urgentes com
que me preocupar.

Limpando a garganta, faço a pergunta que ninguém parece estar


respondendo. ─ Você sabe onde minha mãe e meu irmão estão? Eles
estavam no carro comigo quando... ─ Minha boca se fecha antes de eu
terminar essa frase. ─ Eles estão bem?
Ela dá um tapinha na minha mão. ─ Eu vou lá fora falar com o
médico. Você está com dor agora? Existe alguma coisa que eu possa fazer
por você? Suco? Talvez um pouco de sopa?

Eu balancei minha cabeça.

A única coisa que quero é que ela responda à minha pergunta, mas
ela sai vagarosamente da sala.

Alguns momentos depois, o médico, meu pai e os dois caras que eu


não conheço voltam para dentro, só que desta vez há um novo rosto.

Uma garota magra de cabelos loiros e olhos azuis.

Ela está segurando a mão do cara assustador e esfregando suas


costas... consolando-o.

Por quê?

Eu olho para meu pai. ─ O que está acontecendo?

Ele começa a falar, mas o Dr. Jones o interrompe.

─ Antes de entrarmos nisso, preciso fazer algumas perguntas, ok?

Novamente, não estou em posição de recusar.

─ Bola, árvore e pássaro. ─ afirma o Dr. Jones enquanto olha para


o relógio. ─ Eu quero que você se lembre dessas palavras.

Esquisito. ─ OK.
Ele digita algo em seu tablet. ─ Bianca, você pode me dizer onde você
está?

Eu olho em volta. ─ No hospital... eu acho.

─ Muito bom. ─ Ele aponta para meu pai. ─ E quem é este homem
ao meu lado?

Essa é fácil. ─ Meu pai.

Ele continua digitando coisas em seu tablet. ─ E os outros dois


cavalheiros na sala?

─ Eu não faço ideia. ─ Eu os olho com cautela. ─ Eu deveria?

O cara assustador estremece e a garota com o cabelo com mechas


azuis beija seu ombro.

Uma pontada de culpa me atinge. Todos eles parecem tão chateados.

─ Eu... eu sinto muito.

─ Você não tem do que se desculpar. ─ Dr. Jones me assegurou.

Os olhos do meu pai encontram os meus. ─ Você não fez nada de


errado, querida.

Eu não fiz, mas...

O pânico sobe pela minha garganta.

Mamãe também não fez nada de errado. Ela não estava agindo como
ela mesma.
Ela nos ama. Ela nunca nos machucaria de propósito.

Outro pensamento horrível me atinge.

Eles a levaram embora? Colocaram-na em algum lugar onde nunca


mais poderei vê-la?

─ Eu... hum.

A sala começa a balançar e o copo d'água escorrega da minha mão.

─ Onde está minha mãe?

Eu preciso vê-la, então eu saberei que ela está bem.

O cara assustador dá um passo à frente, só que não parece tão


assustador agora.

Ele parece tão apavorado quanto eu, apesar das próximas palavras
que saíram de sua boca.

─ Tudo ficará bem.

O outro cara com olhos verdes penetrantes caminha até o outro lado
da minha cama. ─ Nós cuidaremos de você.

Eu não entendo nada disso. ─ Quem são vocês?

O assustador começa a falar de novo, mas o Dr. Jones levanta a


mão.

─ Bianca, você pode me dizer quantos anos você tem?


─ Oito... ─ Eu começo a responder até que olho para baixo
novamente. Certamente não tenho o corpo de uma criança de oito anos.
Eu realmente não me sinto como uma... seja lá o que isso signifique. ─
Eu acho? Não tenho mais tanta certeza.

Dr. Jones levanta os olhos de seu tablet. ─ Você consegue se lembrar


das palavras que eu pedi para você lembrar antes?

Eu examino meu cérebro. ─ Bola, árvore e pássaro.

Ele sorri. ─ Muito bom. ─ Ele olha para meu pai. ─ Quero fazer mais
alguns testes, mas parece que a memória de curto prazo dela ainda está
intacta.

─ Memória de curto prazo? ─ Repito, sem entender.

─ Isso é bom, certo? ─ cara assustador pergunta.

O médico acena com a cabeça antes de voltar sua atenção para mim.
─ Você consegue se lembrar de algo sobre o acidente?

Balançando minha cabeça, eu aperto minha boca fechada.

Eu não quero que mamãe tenha problemas.

Não foi culpa dela.

Papai franze a testa. ─ Nada mesmo?

─ Por que ninguém me diz onde minha mãe está? ─ Eu olho entre
os dois caras que estão em lados opostos da minha cama. ─ E quem são
eles? Porque eles estão aqui? O que eles querem de mim?
─ Nós somos seus irmãos. ─ o cara que se parece com meu pai diz.

─ Cole. ─ a enfermeira baixinha sibila. ─ Acalme-se, antes que você


a assuste.

Muito tarde.

─ Vocês não são meus irmãos.

O cara assustador tenta alcançar minha mão, mas eu a puxo de


volta.

─ Bianca, eu sei que é confuso e sei que você está com medo, mas é
verdade. ─ Seus olhos castanhos suavizam um pouco. ─ Eu sou Jace.

─ E eu sou Cole. ─ o outro cara declara.

Não. Jace e Cole não são tão velhos.

─ Isso não é possível. Jace tem onze e Cole tem dez... Liam também.

Lágrimas brotam dos meus olhos. Eu preciso ver o Liam. Ele nunca
mentiria para mim.

─ Eu conheço meus irmãos! ─ eu grito, a frustração subindo pela


minha garganta. ─ Vocês não são meus irmãos! ─ Minha visão fica
embaçada quando eu olho para meu pai. ─ Vá buscar meus irmãos de
verdade e minha mãe.

Dr. Jones bate palmas. ─ Ok, acho que é o suficiente por agora.
Todos precisam dar a ela algum espaço e tempo para processar. ─ Ele
começa a conduzi-los para fora do quarto. ─ Eu preciso fazer mais alguns
testes. Se Bianca estiver com vontade, vocês podem vir visitá-la mais
tarde.

─ Eu não vou embora! — meu pai insiste. ─ Ela está confusa e


precisa de alguém...

─ Ela precisa de alguém que não seja um pseudo-pai. ─ alguém


grunhe antes que os dois que afirmam ser meus irmãos corram de volta
para o quarto.

─ Quando você tinha seis anos, caiu do trepa-trepa, abriu o queixo


e precisou de cinco pontos. ─ diz o assustador tatuado. ─ Isso assustou
a mamãe pra caralho. Ela chorou mais do que você.

Eu esfrego a leve cicatriz embaixo do meu queixo enquanto a


memória corre pela minha cabeça. ─ Como você...

─ Porque você é minha irmãzinha. ─ Ele pega minha mão


novamente. ─ Fui a primeira pessoa a te abraçar quando você voltou do
hospital. A primeira pessoa a vê-la dar os primeiros passos na sala, junto
à lareira. Eu sei quase tudo sobre você, Bianca. Por exemplo, como você
dormiu com um urso de pelúcia chamado Sr. Wiggles até os doze anos.
─ Visivelmente perturbado, ele aponta para Cole. ─ Ou como, quando
você tinha sete anos, Cole estava jogando bola na casa e quebrou o vaso
favorito da mamãe, mas disse à mamãe que foi você.

Isso é verdade. Deus, eu estava tão brava com ele por isso.
─ Puxa, obrigado, idiota. ─ Cole diz antes de se dirigir a mim. ─ Tudo
bem, certo. Eu culpei você por quebrar o vaso. ─ Ele dá um tapa no peito.
─ Mas quem levou a culpa quando você roubou a caixa inteira de sorvete
da sacola da mamãe e vomitou no cachorro da Sra. Garcia cinco minutos
depois?

─ Liam. ─ Jace e eu dissemos ao mesmo tempo.

A mandíbula de Cole funciona. ─ Certo. Mas mamãe sabia que Liam


odiava sorvete, então ela não acreditou nele. Ela me culpou.

Eu não posso deixar de rir. Cole ficou puto quando teve que dar à
Sra. Garcia sua mesada semanal para que ela pudesse dar banho e
cuidar do cachorro, mas eu disse a ele que ele me devia pelo vaso.

Não havia como eles saberem dessas coisas se não fossem Jace e
Cole.

Eu olho para Jace que está finalmente sorrindo, e não posso


acreditar que não percebi até agora. ─ Você tem o sorriso da mamãe.

Eu volto minha atenção para Cole em seguida. ─ E você se parece


com o papai.

Ele balança as sobrancelhas. ─ Só muito mais bonito, certo?

Uma risada voa para fora de mim novamente porque isso é


totalmente algo que Cole diria.

É quando me ocorre. ─ Espere um minuto... se vocês estão todos


crescidos. Quantos anos eu tenho?
Eles trocaram um olhar nervoso antes de Jace responder. ─ Dezoito.

A notícia parece dez mil tijolos na cabeça.

─ Estou no hospital há dez anos?

─ Não exatamente. ─ Cole murmura antes de Jace lançar a ele um


olhar de advertência.

─ O que? ─ Tento me sentar na cama, mas a dor torna isso


impossível. ─ O que isso significa?

Cole suspira. ─ Você está aqui há um mês.

Isso só me deixa mais confusa.

─ Como isso é possível? Se eu tenho dezoito anos, como você afirma,


isso significa que o acidente aconteceu há dez anos. Mas se eu só estou
aqui há um mês... ─ Paro no meio da frase porque há algo muito mais
importante que preciso que eles me digam. ─ Onde está a mamãe? Onde
está o Liam? Por que eles não estão aqui?

Não tem como mamãe não estar aqui.

Jace aperta minha mão. ─ Eu sei que você está confusa, mas tudo
ficará bem.

─ Onde ela está?

Estou cansada de ver todos ignorando minhas perguntas sobre ela.

Sobre eles.
Eu me viro para Cole. ─ Onde...

─ Cole, não. ─ Jace avisa.

Por que ninguém me conta a verdade? ─ Por quê...

Oh, Deus.

A expressão inconsolável no rosto de Jace e Cole torce minhas


entranhas.

─ O que aconteceu com ela?

Onde eles a estão escondendo?

─ A mamãe... ─ Jace começa, mas sua voz trava no meio da frase.

─ O acidente... ─ Cole diz, sua voz um sussurro quebrado. ─ Mamãe


não sobreviveu.

─ Não! ─ eu grito, recusando-me a acreditar. ─ Você está mentindo.

Ela não pode ter morrido.

Ela não me deixaria.

─ Bianca...

É a última coisa que ouço antes que a dor afunde suas garras
afiadas em meu coração... e tudo fica escuro.
Capítulo Dois

Minhas pálpebras parecem pesos de papel, mas não é nada


comparado à pedra de angústia em meu peito.
Ela se foi.
Eu nunca vou vê-la novamente.
─ Eu disse que ela precisava de tempo para processar tudo. ─ algum
homem diz severamente.

Parece que ele está parado do lado de fora da minha porta.

─ Ela merecia saber a verdade. ─ argumenta alguém que se parece


muito com Cole.

─ Era muito cedo. ─ Jace sussurra. ─ Ela não aguentou.

─ Precisamente. ─ diz o homem. ─ Eu nem mesmo sei a extensão da


lesão cerebral dela ainda e vocês dois apenas... ─ Ele suspira longa e
profundamente. ─ Pense em sua irmã como um quebra-cabeça quebrado.
Ela tem certas peças, mas não o suficiente para compor a totalidade.
Agora, sua realidade é apenas isso. Sua realidade. O único acidente de
que ela se lembra é aquele com sua mãe. Seu cérebro está preso naquele
trauma e é importante para sua família entender isso, porque se ela
conseguir sua memória de volta...
─ O que você quer dizer com se? ─ Jace late.

─ Você está me dizendo que essa amnésia é permanente? ─ Alguém


que soa como meu pai pergunta.

Há outro longo suspiro. ─ Não há como saber agora. Mas você tem
que ter cuidado para não alimentar as informações dela...

─ Por quê? ─ Cole pergunta. ─ Se ela não consegue se lembrar, por


que contar a ela é uma coisa tão ruim?

─ Porque você está dando a ela suas memórias e pensamentos


tendenciosos. Você não está dando a ela a chance de se curar e se lembrar
por si mesma. O cérebro é um órgão muito complexo e muito sensível.
Influenciar sua memória e pressioná-lo muito, muito rápido só vai piorar
as coisas.

─ Então o que deveríamos fazer? ─ Jace pergunta. ─ Como podemos


ajudá-la a melhorar?

─ Tempo e paciência. Muito disso. Suas memórias - se ela as


recuperar - podem ser distorcidas, mas é importante não discutir ou
corrigi-la. ─ Ele limpa a garganta. ─ Nesse meio tempo, tomei a liberdade
de entrar em contato com o Dr. Wilson. Ele é um psicólogo de primeira
linha, com muita experiência em trabalhar com pacientes com lesões
cerebrais e amnésia. Dada a gravidade do estado mental de Bianca e o
que aconteceu, acho importante que ela converse com alguém.
Felizmente, ele concordou em vir ao hospital para se encontrar com ela
esta semana.

Meus olhos se abrem enquanto o Dr. Jones entra no quarto e


caminha até a minha cama. ─ Olá, Bianca. Como você está se sentindo?

Como se eu tivesse sido atropelada por um ônibus.

─ Cansada.

Ele concorda. ─ É o sedativo.

─ Sedativo? Por quê...

Eu paro de falar enquanto imagens de mim arrancando minha


intravenosa e então socando Jace e Cole piscam na minha cabeça.

Uma dor aguda se infiltra em meu coração. ─ Minha mãe... ela está...

Eu não consigo dizer as palavras.

Dizer as palavras em voz alta só lhes dará crédito.

Em vez disso, vou até o médico.

Não porque quero machucá-lo.

Eu só quero que ele me dê algo para me deixar entorpecida.

Algo para me ajudar a esquecer a verdade cavando em minhas veias.

Não só minha mãe está morta...

Ela matou Liam.


Capítulo Três
Passado

─ Estou com s-s-saudades dela. ─ sussurra Liam.

Desde o acidente, ele desenvolveu uma gagueira horrível.

De acordo com a Dra. Young, a terapeuta de nossa mãe, é devido ao


trauma não apenas do acidente, mas também de perder a mãe.

Inclinando minha cabeça, me viro para olhar para meu irmão. ─ Eu


também.

Já se passou quase um mês desde que mamãe faleceu e cada dia


parece mais difícil do que o anterior.

Liam suspira. ─ V-v-você acha que ela está feliz no céu?

─ Acredito que sim.

Uma lágrima rola por sua bochecha. ─ E p-p-por que ela nos deixou?
E p-p-por que n-n-não éramos bons o suficiente?

─ Eu não sei. ─ eu respondo honestamente, enxugando suas


lágrimas com minha manga.

Ele funga. ─ Eu q-q- quero contar ao p-p-papai.


O pânico sobe pela minha espinha. ─ Você não pode.

Seu rosto se contrai. ─ P-p-por quê?

─ Pare de ser burro. Você sabe porquê.

Mamãe nos amava. Ela não merece ser lembrada por seus erros.

No entanto, se as pessoas descobrissem a verdade, é só por isso que


se lembrariam dela.

Eles vão culpá-la e dizer coisas maldosas sobre ela.

Além disso, minha família já está muito triste por perder a mamãe e
saber o que realmente aconteceu naquele dia, só vai piorar a dor de todos.

Liam e eu fizemos um pacto para protegê-la e ele não tinha


permissão para quebrá-lo.

─ Às vezes você tem que mentir para proteger as pessoas que ama,
Liam.

Foi algo que ouvi na TV um dia, mas nunca fez sentido para mim até
o acidente.

Até depois que ela se foi.

─ Eu sei. Só é t-t-tão difícil às v-v-vezes. ─ Seu lábio inferior treme.


─ E as p-p-pessoas na e-e-escola... elas... ─ Ele balança a cabeça. ─ Não
importa.

Liam era conhecido por ser sensível, mas havia algo mais
acontecendo aqui.
─ O que está acontecendo?

Ele se vira, como se estivesse tentando evitar meu olhar, mas eu não
o deixo. ─ Você pode me dizer qualquer coisa, Liam. Você sabe disso.

Agora que mamãe se foi, ele era oficialmente meu melhor amigo em
todo o mundo.

Eu sempre guardaria seus segredos.

Ele aponta para o rosto. ─ Eles continuam me chamando de m-m-


monstro.

Meu coração dobra sobre si mesmo. Liam não apenas ficou gago com
o acidente, mas também com algumas cicatrizes faciais causadas pelo
vidro.

Isso fez com que o rim que perdi parecesse um passeio no parque,
porque pelo menos eu poderia esconder meu ferimento.

Liam não teve tanta sorte.

Eu traço a grande cicatriz rosa sobre sua bochecha, desejando que


eu pudesse fazê-la desaparecer. ─ Você não é um monstro.

Ele era a coisa mais distante de um. Ele era gentil e compassivo... e
triste.

Assim como mamãe.

─ S-s-sim, eu sou. ─ Ele franze a testa. ─ Ninguém gosta de m-m-


mim.
Estou prestes a lembrá-lo de que sua família gosta dele, mas então
ele sussurra: ─ E-e-exceto ela.

─ Quem?

Ele sorri. ─ Dylan.

Oh, merda. Eu cai nessa.

Cerca de uma semana atrás, Jace trouxe para casa uma garota que
conheceu na escola.

Os dois ficaram inseparáveis desde então.

Cole o provocou sobre gostar de sua nova amiga, mas Jace afirma
que ela é realmente boa em videogames.

Visto que ele vence Dylan toda vez que eles jogam, estou começando
a ter minhas dúvidas.

Então, novamente, se ele gostasse dela, ele provavelmente a deixaria


vencer. Eu acho.

Eu não tenho certeza de como funciona. Acho que todos os meninos


são nojentos e têm piolhos.

─ E-e-ela é tão bonita. ─ diz Liam. ─ E e-e-e-e-esperta e l-l-legal. E


e-e-ela não g-g-g-goza de mim. ─ Seu sorriso cresce. ─ E-e-ela é perfeita.

Quero lembrá-lo de como mamãe sempre nos disse que ninguém é


perfeito, mas não adianta. Ele está tão longe que não há como falar com
ele.
Eu reviro meus olhos. ─ Você está caidinho mesmo, cara.

Pior do que caidinho. Ele está praticamente obcecado por ela.

Ele não discute. ─ Eu vou c-casar com ela um dia. Você vai ver.

Oh, merda. Se eu não o impedir agora, ele continuará falando sobre


ela até o amanhecer.

─ Aqui está uma ideia. Que tal você não me obrigar a ouvir você falar
sobre Dylan pelo resto da noite.

─ Tanto faz. ─ Ele estuda meu rosto. ─ P-p-por que não f-f-f-falamos
sobre como você ainda está com muito medo de entrar no c-c-carro?

Não. Não vai rolar.

Eu coloco minha mão em minha orelha enquanto saio da cama. ─ O


que é isso, Jace? Você precisa de ajuda para lavar roupa?

Eu prefiro fazer uma vida inteira de tarefas do que falar sobre meu
medo recente de carros.

Liam franze a testa. ─ Bianca...

Eu não ouço o resto de sua declaração porque saio correndo pela


porta.
Capítulo Quatro

─ Liam não morreu. ─ eu grito enquanto meus olhos se abrem. ─ Ele


não poderia ter morrido. Falei com ele depois do acidente.

Ele ainda está vivo.

É um pequeno raio de esperança em uma montanha de tristeza, mas


é tão bom.

Como um arco-íris após uma tempestade.

De pé ao pé da minha cama, Jace e Cole trocam um olhar.

─ O que você quer dizer, com você falou com ele? ─ Cole pergunta.

─ No meu sonho... eu acho. ─ Eu balancei minha cabeça. ─ Eu não


sei, mas parecia real.

Muito real.

Jace se senta na cadeira ao meu lado. ─ Sobre o que vocês dois


conversaram?

Já que não posso contar a eles o que aconteceu com mamãe por
causa do nosso pacto, digo a eles a segunda melhor coisa.

─ Dylan. Ele tem uma queda por ela.


Jace estremece. ─ Oh.

Cole suga uma respiração afiada. ─ Sim, isso não foi um sonho.

─ Eu sei. ─ exclamo, a excitação correndo por mim. ─ Ele está vivo.


─ Pela primeira vez em três dias, sorrio. ─ Onde ele está?

É estranho que ele não tenha vindo me ver. Então, novamente, talvez
ele tenha, e eu não percebi por causa de todos os sedativos.

Jace e Cole trocam outro olhar antes de Jace falar.

─ Liam não morreu durante o acidente, mas...

─ Ele está na escola. ─ Cole interrompe. ─ Ele tem estado ocupado


com seus exames e outras coisas, mas estará pronto para vê-la em breve.

Estou tão feliz que poderia chorar. ─ Sério?

Jace atira em Cole um olhar assassino. ─ Lá fora. Agora.

Não tenho ideia do que se trata, mas não importa.

Liam está vivo.

─ Ei. ─ Sawyer - que aparentemente não é uma enfermeira, mas a


noiva de Cole - me cumprimenta da porta. ─ Posso entrar?

Verdade seja dita, não posso acreditar que ele conseguiu agarrar
alguém tão incrível como Sawyer, mas estou feliz por ele.

Dado que posso usar a companhia, aceno para ela entrar. ─ Claro.
Evidentemente, ela não está sozinha, porque a garota que está
sempre perto de Jace está bem atrás dela.

Não tenho certeza do que fazer com a amiga de Jace, porque ela é
super quieta e reservada.

Então, novamente, eu tenho pirado e atacado todos nos últimos


cinco dias, então eu realmente não posso culpá-la.

─ Como você está se sentindo? ─ Sawyer pergunta, dando um passo


hesitante em minha direção.

─ Melhor. ─ O aborrecimento influencia meu tom. ─ Mas estou


ficando realmente enjoada de gelatina, pudim, maçã e sopa de vegetais.

Estou começando a pensar que é a única merda que servem neste


maldito hospital.

Ela levanta o polegar atrás dela. ─ Eu posso ir buscar algo para


você...

─ Não. ─ eu digo com pressa. ─ Por favor, não saia. Eu amo meus
irmãos e tudo, mas eles podem ser um pouco...

─ Protetores? ─ Surpreende Sawyer.

─ Arrogantes? ─ a outra garota interrompe.

Eu não posso deixar de rir, porque é óbvio que as duas os conhecem


bem. ─ Exatamente. ─ Envergonhada, decido trazer o elefante para a
sala. ─ Me desculpe por estar agindo como uma louca. Eu só...
─ Não precisa se desculpar. É totalmente compreensível. ─ disse
Sawyer enquanto se sentava na cadeira ao lado da minha cama.

Eu não posso deixar de notar o quão bonita ela é. Talvez não no


sentido convencional, como uma modelo, mas da maneira que realmente
conta.

Por dentro.

Parece que ela quer me dar um abraço, mas pensa melhor. ─ Você
já passou por muita coisa.

Há uma bondade que emana dela e não posso deixar de me sentir à


vontade em sua presença.

Não tenho certeza de por que ou de onde está vindo, mas algo me
diz que ela é uma boa pessoa e posso confiar nela.

─ Não admira que meu irmão esteja apaixonado por você. ─ Eu me


levanto nos cotovelos, tentando me esticar um pouco porque ficar
acamada é uma merda. ─ Você não é apenas linda, mas parece muito
fácil de conversar.

Sabendo que tenho que fazer um esforço com a garota de Jace


também, eu volto meu foco para ela.

Ao contrário de Sawyer, que está vestindo um cardigã e saia longa,


esta garota está vestindo jeans apertados, botas e o que parece ser uma
velha camiseta preta com um decalque desbotado.
Sua roupa ficaria estranha em qualquer outra pessoa, mas de
alguma forma, ela faz funcionar.

─ Você tem um ótimo estilo. ─ Dou a ela um sorriso genuíno para


que ela não pense que estou mentindo. ─ Talvez quando eles me deixarem
sair daqui, possamos ir às compras juntas algum dia.

A garota e Sawyer trocam um olhar de olhos arregalados que parece


durar para sempre.

Isso é... enervante. ─ Eu disse algo errado?

Eu só estava tentando causar uma boa impressão e conhecê-las um


pouco.

─ Não. ─ Sawyer me garante. ─ Você não disse nada errado.

Sawyer olha para ela, fazendo-a falar.

A garota cruza os braços. ─ Eu vou ver como Jace está.

Não é preciso ser um gênio para descobrir que essa garota não é
minha maior fã.

Eu não entendo porque, porque nós quase nem nos conhecemos.

Talvez seja hora de mudar isso.

Decido começar com o básico. ─ Sinto muito, nunca ouvi seu nome
antes.

A garota para, e olha para mim. ─ Dylan.


Eu estudo suas características pelo que parece uma eternidade e é
quando me ocorre.

Bem, merda.

Ela é a Dylan.

─ Você é a namorada de Jace? ─ Eu esclareço enquanto ela corre


para a porta.

Ela para abruptamente. ─ Sim.

─ Eles moram juntos. ─ acrescenta Sawyer.

Se for esse o caso, ela deve fazer Jace feliz. Só espero que não tenha
prejudicado a felicidade de Liam.

Um pensamento peculiar me ocorre.

Talvez seja por isso que ele não apareceu.

Talvez doa muito vê-los juntos.

─ Como meu irmão se sente sobre isso?

Dylan levanta uma sobrancelha. ─ Tenho certeza que Jace...

─ Não Jace. ─ eu esclareço. ─ Como Liam se sente sobre você e Jace


estarem juntos?

Ela tem que saber que ele está apaixonado por ela. É óbvio para
qualquer pessoa.
A garota fica pálida, como se tivesse acabado de ver um fantasma, e
então rápida como um raio... ela se vai.

Meus olhos se voltam para Sawyer. ─ Eu não...

─ Ei. ─ Jace disse, entrando no quarto. Ele aponta para a bandeja


que está segurando. ─ O almoço está aqui.

─ O que é isso?

Eu realmente espero que não seja sopa de vegetais ou outra maçã.

Ele inspeciona a bandeja. ─ Bem, tem pudim de chocolate. ─ Ele


coloca a bandeja na mesa ao meu lado. ─ E a sua favorita - sopa de
vegetais e uma maçã.

Ugh. Em breve vou me transformar em maçãs e sopa de legumes.

─ Obrigada. ─ Estendendo a mão, pego a colher, optando pelo pudim


de chocolate. ─ Não estou tentando ser maldosa nem nada, mas não acho
que seja uma boa ideia ela vir mais aqui.

Ela fugiu como um morcego do inferno quando mencionei Liam, o


que só pode significar uma coisa.

Ela machucou Liam.

As sobrancelhas de Jace se contraem. ─ Quem?

─ Dylan.

Ele aperta a mandíbula, como um tique. ─ Por quê?


─ Porque ela é a razão pela qual Liam não apareceu. Ele não quer
ver vocês dois juntos, Jace, e eu não posso culpá-lo. Não pode ser fácil
ver seu próprio irmão estar com a garota que você ama.

Seu rosto cai. Há tanta agonia em seus olhos que me faz querer
retirar as palavras.

Mas eu não vou. Porque alguém tem que defender Liam.

Seja sua voz quando ele não tiver uma.

─ Sim. ─ ele diz suavemente. ─ Sim, tudo bem. Se é isso que você
quer, direi a ela para não vir mais.

─ Jace. ─ Sawyer o encara. ─ Eu realmente não acho que...

Ele levanta a mão, interrompendo-a. ─ Eu vou verificar... ─ Sua frase


desaparece enquanto ele sai do quarto.
Capítulo Cinco

─ Eu não estava tentando magoa-lo. Eu amo Jace e quero que ele


seja feliz. Só não quero que Liam sinta que não pode ficar perto da família,
sabe?

O Dr. Wilson - ou Walter, como ele me disse para chamá-lo - anota


algo em seu caderno. ─ Deixe-me ver se entendi. Você acha que se Dylan
mantiver distância, Liam virá te visitar?

─ Acredito que sim. ─ Uma pontada de tristeza dispara em meu


coração. ─ Jace e Liam não eram apenas irmãos, eles eram amigos. Não
deve ser fácil para Liam vê-lo com Dylan.

─ Só para ter certeza de que entendi, em sua mente, manter Dylan


longe de Jace protege Liam.

Eureka. Finalmente, ele está começando a entender.

─ E Jace. ─ eu esclareço. ─ Considerando que ela machucou Liam,


quem pode dizer que ela não machucará Jace um dia também?

Ele cruza as mãos. ─ Entendo. ─ Ele limpa a garganta. ─ Agora que


resolvemos isso por enquanto, acho que é importante falarmos sobre sua
mãe.
E assim, a dor envolve meu coração, me apertando com tanta força
que mal posso respirar.

─ Você disse que eu não precisava falar sobre nada que não
quisesse. ─ eu o lembro.

─ Está correto.

─ Bem, eu não quero falar sobre ela. Hoje não.

Nem nunca.

Isso dói muito.

─ Você já descobriu por que ela ainda não está comendo, doutor? ─
Cole interrompe da porta do meu quarto.

Dr. Wilson olha para mim. ─ Você não está comendo?

Como se fosse uma deixa, Jace aparece atrás de Cole. ─ Não desde
ontem de manhã.

Fofoqueiros.

O psiquiatra ajusta seus óculos. ─ Por que você não está comendo,
Bianca?

─ Não estou com fome, Walter.

A verdade é que estou morrendo de fome, mas estou tão cansada do


que eles estão servindo aqui.
E claro, Jace e Cole me trouxeram comida de fora, mas não é nada
melhor.

Apenas um monte de frutas, vegetais e outras coisas nojentas, sem


graça e saudáveis.

Se eu não soubesse melhor, pensaria que eles estavam


subliminarmente tentando me fazer perder peso, mas de acordo com
minha enfermeira, eu nunca estive acima do peso e perdi três quilos
desde que cheguei aqui.

Portanto, eu realmente não tenho certeza por que eles estão


empurrando toda essa porcaria saudável na minha garganta todos os
dias, mas eu gostaria que isso parasse.

Walter acaricia o queixo como se estivesse pensando em algo. ─ Se


você pudesse ter qualquer coisa no mundo para comer agora, o que seria?

Demoro menos de dois segundos para responder. ─ Um


cheeseburger grande e gorduroso com bacon e ketchup e maionese. ─
Rolo minhas unhas na grade da minha cama. ─ E uma porção grande de
batatas fritas e picles.

Meu estômago ruge para a vida, rosnando em aprovação.

─ Entendo. ─ diz Walter, anotando algo mais em seu caderno.

As bocas de Jace e Cole se abrem.

─ Você quer um hambúrguer? ─ Cole exclama. ─ Tipo, o de verdade?


Bem, eu certamente não quero um falso.

─ Você tem certeza? ─ Jace pergunta.

─ Positivo. ─ Uma pontada de culpa me atinge. ─ Eu sei que vocês


querem que eu coma coisas saudáveis e outras coisas, mas...

Cole começa a rir. ─ Não, não queremos.

Fiquei confusa. ─ Vocês não querem?

Jace balança a cabeça. ─ Bianca, você é vegetariana e uma fanática


por alimentos saudáveis. ─ Os lábios de Jace se contraem. ─ Não consigo
nem me lembrar da última vez que você comeu uma batata frita.

Isso é novidade para mim. ─ Sério?

─ Sim... ou pelo menos você era. ─ Ele olha para Walter. ─ Isso é
normal?

Ele concorda. ─ Não é incomum para aqueles com ferimentos na


cabeça terem mudanças de personalidade e outras coisas.

Jace e Cole trocam um olhar.

─ Faz sentido. ─ Cole murmura.

Jace acena em concordância. ─ Definitivamente.

Eu odeio sentir que sou o alvo de uma piada interna da qual não
tenho absolutamente nenhuma lembrança. ─ Se importam de
compartilhar?
Dando de ombros, Jace enfia as mãos no bolso de seu moletom. ─
Não é nada ruim. Você só tem estado um pouco... você sabe... diferente.

─ A palavra que você está procurando é... legal. ─ murmura Cole.

Espere aí.

Eu ataquei meu pobre médico e enfermeira, sem mencionar eles na


semana passada e eles acham que isso era bom?

Cole começa a falar novamente, mas Jace coloca a mão em seu


ombro. ─ Vamos deixar essa conversa em segundo plano por um minuto,
para que possamos ir comprar aquele hambúrguer para ela.

Cole sorri. ─ Devíamos ir buscar um para ela no Fatty's.

Não tenho ideia do que seja Fatty’s, mas comerei quase tudo, desde
que não seja saudável.

─ É o melhor hambúrguer que você vai comer. ─ Cole declara


enquanto se dirigem para a porta. ─ Tem certeza que quer picles? Você
costumava ter fobia deles.

─ Fobia de picles?

Jace ri. ─ Sim. Quando você tinha cinco anos, enfiou na cabeça que
picles eram na verdade rãs mortas em uma jarra, e você ficava com medo
de comê-los.

Não tenho nenhuma lembrança disso. ─ Isso é tão esquisito.

Sem falar que não faz sentido.


─ Nem me fale. ─ diz Cole. ─ Mas era engraçado pra caralho ver você
gritar para as pessoas pararem de comer rãs, sempre que mamãe e papai
nos levavam a um restaurante.

Eu imagino.

Walter se levanta. ─ Eu tenho outro compromisso, mas o que você


acha de eu passar por aqui em alguns dias para que possamos conversar
mais?

─ Certo. ─ Eu aponto para minha cama. ─ Estarei aqui.

Me perguntando quem é a garota que eu costumava ser e o que


aconteceu com ela.
Capítulo Seis
─ Há algo que eu possa fazer por você? ─ Sawyer pergunta. ─
Qualquer coisa?
Além de trazer minha mãe de volta dos mortos e localizar Liam...
não.

Eu fico olhando para o teto. ─ Não.

─ Que tal você me deixar fazer sua maquiagem? ─ ela sugere. ─ Ou


pintar as unhas de novo?

Com a maneira como ela sempre menciona maquiagem e unhas,


estou começando a pensar que deveria gostar muito dessas coisas.

─ Não, obrigado. ─ Virando minha cabeça, eu olho para ela. ─


Sawyer?

─ Sim?

─ Onde está o Liam?

Já se passou uma semana desde que descobri que ele está vivo, mas
ainda não há sinal do meu irmão.

O mundo parece frio e solitário sem ele.

Como se alguém desligasse o sol.


Ela franze a testa. ─ Eu...

O que quer que ela fosse dizer desaparece, quando Cole entra no
quarto.

─Ei. ─ Ele aponta para o saco de papel com manchas de gordura,


que está segurando. ─ Eu trouxe um hambúrguer com batatas fritas para
você. ─ Ele sorri. ─ Sem picles.

─ Não, obrigado.

Eu fecho meus olhos, silenciosamente desejando que todos me


deixem em paz.

─ O que há de errado?

─ Ela sente falta de Liam. ─ Sawyer diz a ele.

Mais do que saudades.

Eu sinto que perdi uma parte vital de mim mesma.

─ Estou muito cansada. ─ resmungo, esperando que entendam a


dica.

─ Vamos deixar você dormir um pouco. ─ Sawyer aperta minha mão.


─ Se precisar de alguma coisa, nos avise.

Eu preciso do Liam.
Passado...

─ Você a-a-acha que mamãe f-f-foi para o céu? ─ Liam sussurra na


escuridão.

Eu olho para o rosto sombrio do meu irmão. ─ É claro que ela foi
para o céu. Por que você pensaria de outra forma?

Já se passaram quase seis meses desde que nossa mãe morreu e a


dor não melhorou.

Às vezes dói tanto que forço Liam a dormir no meu quarto.

Afugenta os pesadelos.

─ Drew Harrison. ─ Liam me diz com naturalidade. ─ Ele d-d-disse


que se a-a-alguém c-c-cometer s-s-suicídio, eles vão para o inferno.

─ Drew Harrison é um idiota. ─ Eu baixei minha voz para um


sussurro para que apenas ele pudesse me ouvir. ─ Além disso, mamãe
não cometeu suicídio.

As sobrancelhas de Liam franzem. ─ Sim, e-e-ela...

─ Não, ela não cometeu. ─ eu argumento, acendendo a pequena


lâmpada na minha mesa de cabeceira. ─ Ela não queria morrer naquele
dia. Ela só queria que a dor acabasse. Grande diferença.

Tinha que haver.


Virando no meu colchão, ele olha para o teto do meu quarto. ─ Sim,
acho que você está c-c-certa. ─ Ele solta um suspiro pesado. ─ Bianca?

─ Sim?

─ Quem você acha que é o Mark?

Meu coração aperta. ─ Eu não faço ideia.

E eu não tenho certeza se quero saber.

─ Ela d-d-disse que o amava. ─ Liam sussurra.

─ E daí?

Mamãe era uma boa pessoa. Ela amava muitas pessoas.

Ele me lança um olhar penetrante. ─ E q-q-quanto ao papai?

─ E o papai?

Não tenho ideia do que ele está insinuando.

Sua testa se enruga. ─ E se p-p-papai n-n-não fosse o único h-h-


homem que m-m-mamãe amava?

A raiva fica tão espessa na minha garganta que praticamente me


sufoca.

Antes que eu possa me impedir, lanço meu punho em seu braço. ─


Papai é o marido dela, idiota.

─ Ai! ─ Liam grita. ─ E i-i-isso dói.

Eu o soco novamente. Mais forte dessa vez. ─ Retire o que disse.


─ Não. ─ Carrancudo, ele sai da cama. ─ Eu q-q-quero d-d-dizer ao
papai a verdade.

Um nó de pavor se forma no meu estômago. ─ Você prometeu.

Lágrimas nublam seus olhos. ─ E m-m-mãe sempre prometeu q-q-


que e-e-ela nos amava. ─ Ele bate o punho no peito. ─ Mas ela nos deixou.
Ela t-t-tentou nos m-m-ma...

Eu cubro sua boca com a mão antes que ele termine essa declaração.

─ Ela estava doente, Liam. O tipo de doença, que ninguém pode


enxergar porque estava em seu cérebro.

Tenho pesquisado todo tipo de coisa desde o acidente.

Tentando descobrir o que havia de errado com ela.

Por que ela sentiu que ir embora, era a única opção.

Eu não entendo muito disso ainda, mas havia algo errado com a
mente da minha mãe.

Não funcionava como deveria e a deixou muito triste.

Tão triste que nada a faria feliz.

Nem mesmo seus próprios filhos.

─ Talvez eu também esteja doente. ─ Ele olha para o chão. ─ Às v-v-


vezes eu p-p-penso em ir embora como e-e-ela fez.
Uma bola de dor toma conta do meu coração, enviando tudo em uma
espiral.

Ele não pode.

Liam é o único que me entende.

Eu começo a tremer enquanto as lágrimas correm pelo meu rosto. ─


Você não pode estar falando sério.

Tristeza pisca nos olhos de Liam, mas ele não diz uma palavra.

Não. Ele não pode fazer isso.

Ele é minha pessoa favorita.

─ Você não pode me deixar. ─ eu engasgo, minha voz saindo como


vidro quebrado. ─ Você não pode. Você é minha pesso...

De uma só vez, ele envolve seus braços em volta de mim, me


abraçando com força.

─ Eu sei. Eu e-e-estava sendo e-e-estúpido. Me d-d-desculpe.

Não está bom o suficiente.

─ Prometa. ─ eu assobio, levantando meu dedo mindinho. ─ Prometa


que você vai ficar comigo. Não importa o quão ruim fique ou o quanto
doa.

Eu preciso que ele jure que ficaremos juntos nisso. Sempre.


O alívio me preenche quando ele liga seu dedo mindinho ao meu. ─
Prometo.
Capítulo Sete
O quarto está escuro quando abro os olhos e a bandeja de comida
intacta na minha mesa me diz que devo ter dormido durante o jantar.

Eu pego o novo telefone que Jace me deu, porque o meu foi destruído
no acidente, mas eu noto uma figura alta e sombria em minha visão
periférica.

─ Jesus.

─ H-h-hey.

Quase engulo minha língua quando percebo. ─ Puta merda. Liam?

Apesar da dor que percorre meus quadris e coxas, sento-me na


cama.

─ Você está aqui.

Sem surpresa, a versão adulta de Liam se parece com seu gêmeo


idêntico.

Deus, há tantas coisas que quero dizer, mas não tenho ideia por
onde começar. Parece uma eternidade desde que o vi.

─ Como v-v-você está se s-s-sentindo? ─ ele pergunta depois que


passa outro momento.
─ Ok, eu acho... considerando tudo. ─ Eu dou a ele o maior sorriso
que posso reunir. ─ Melhor agora que você está aqui.

─ Isso é... ─ Ele limpa a garganta. ─ I-i-isso é bom.

Decido conversar um pouco para quebrar o gelo. ─ Como está a


escola?

Ele encolhe os ombros. ─ Bem.

Ele é muito menos falante do que eu me lembro.

Então, novamente, eu também não teria ideia do que dizer a alguém


que perdeu a memória.

─ Eu tenho uma coisa chamada amnésia retrógrada. ─ digo a ele,


porque não tenho certeza do que mais falar.

A preocupação delineia suas feições. ─ Eu sei.

Um silêncio constrangedor se estende entre nós pelo que parece uma


eternidade e não posso deixar de me perguntar por que minha pessoa
favorita, de repente me parece um estranho.

─ Você está com raiva de mim?

Preciso saber por que as coisas parecem tão estranhas entre nós.

Por que ele não me olha nos olhos.

Por que ele parece tão miserável agora.

Como se ele se odiasse por estar aqui.


Balançando-se sobre os calcanhares, ele enfia as mãos nos bolsos
da calça de moletom. ─ Não.

Meu coração afunda porque o Liam de que me lembro era um


mingau que teria me envolvido em um grande abraço de urso e me
garantido que estava tudo bem.

Este Liam é desapegado e distante.

Quase frio.

Como se ele não aguentasse ficar perto de mim.

Olhando para ele, eu estudo seu rosto.

Ele tem as mesmas características nítidas, o mesmo cabelo preto


como tinta, os mesmos olhos verdes, a mesma pele pálida com
cicatrizes... espere um minuto.

─ Suas cicatrizes. Elas sumiram.

Seus olhos se arregalam. ─ U-uh... eu usei um c-c-creme r-r-


realmente bom.

A sensação de afundamento na boca do estômago se intensifica.

Posso não me lembrar da maioria das coisas, mas confio em meus


instintos o suficiente para saber que isso parece errado.

─ Liam?

─ Sim?
─ Por que você está agindo tão diferente?

Ele cruza os braços. ─ Eu não estou agindo diferente.

Liam parece tão surpreso quanto eu, quando um soluço rompe a


tensão.

Tudo na minha vida está de cabeça para baixo, então não sei por
que esperava menos, quando se tratava dele.

Talvez seja porque sempre pensei nele como minha constante e,


portanto, nunca imaginei que nosso vínculo pudesse ser quebrado.

Mas foi.

─ Sinto muito. ─ eu sufoco, enxugando minhas lágrimas com as


costas da minha mão. ─ Eu estou realmente...

O abraço vem então, mas também parece diferente.

─ Por favor, não chore. ─ ele sussurra. ─ Eu não queria te machucar.

Ele parece tão sério, sou eu quem está me sentindo mal agora.

─ Não é sua culpa. Minhas emoções estão em todo lugar


ultimamente. ─ Pego um lenço de papel da caixa. ─ Sinto como se alguém
tivesse enfiado minha vida em um globo de neve e sacudido.

Só que em vez de criar algo encantador e bonito... É apenas uma


bagunça grande e feia.

─ Eu sei que tudo está uma merda agora. ─ Ele beija o topo da minha
cabeça. ─ Mas você vai ficar bem.
Eu gostaria de ter a perspectiva brilhante que ele tem. ─ Não tenho
tanta certeza disso.

─ Qual é. ─ Ele sorri. ─ Você é uma Covington, caramba. Somos


idiotas resilientes que sobreviveram às piores coisas imagináveis, então
nos levantamos e perguntamos ao universo se isso era tudo que eles
tinham, porque ele batia como uma vadia.

Eu começo a rir... até que percebo.

Não apenas ele não está mais gaguejando, isso soa exatamente como
algo que Cole diria.

Eu fico olhando para o logotipo em sua camiseta.

Liam não gosta de esportes, portanto, ele estaria morto se fosse pego
usando uma camiseta do Patriots.

─ Você não é o Liam.

Cole tem o bom senso de parecer envergonhado. ─ Você está certa.


─ Ele solta um suspiro. ─ Eu não sou.

Eu fecho meus olhos contra a onda de raiva fluindo por mim. ─ Por
que diabos você fingiu ser...

A porta se abre e a luz se acende.

─ Tudo certo? ─ Jace questiona, seu olhar pingando entre nós.

Cole tenta falar, mas não dou chance a ele.


─ Não, não está. ─ Eu olho para Cole. ─ Cole me enganou me fazendo
pensar que ele era Liam.

Jace parece que está usando cada grama de sua força para não
andar e estrangulá-lo. ─ Você fez o que? ─ Com os olhos estreitados, ele
dá um passo mais perto. ─ Por que diabos você faria isso?

Murmurando uma maldição, Cole aperta a ponte de seu nariz. ─ Eu


só estava tentando ajudar...

─ Ajudar? Como diabos fingir ser Liam vai ajudá-la a se recuperar?


─ Jace ruge. ─ Eu disse que precisávamos ouvir os médicos.

Bem, merda. Jace parece bravo o suficiente por nós dois.

No entanto, eu não preciso dele para lutar essa batalha por mim,
porque embora eu não entenda por que ele fingiu ser seu irmão gêmeo; é
óbvio que Cole não queria fazer mal.

Estou prestes a dizer a ambos para se acalmarem, mas Cole


resmunga: ─ Eu sei que devemos ouvir os médicos, mas ela estava
realmente chateada antes. Eu pensei... eu não sei. Eu estava apenas
tentando dar a ela um pouco de normalidade antes...

─ Antes do que? ─ Eu questiono, porque está claro que fui deixado


no escuro sobre algo.

Ou melhor, alguém.

─ Onde está o Liam?


─ Bom trabalho, idiota. ─ Jace murmura antes de olhar para mim.
─ Está tudo bem.

─ Não minta para mim. ─ Eu olho para Cole. ─ Por que você estava
fingindo ser Liam?

Jace lhe lança um olhar assassino. ─ Corredor. Agora.

─ Não. ─ eu estalo. ─ Que Deus me ajude, é melhor um de vocês me


dizer o que...

Dor pulsa em minhas têmporas. É tão grave que me deixa sem


fôlego.

Algo está errado.

Jace está dizendo algo, mas eu não o ouço.

Estou com muito medo.

Eu bato na mesa da bandeja. ─ Me deixem entrar!

Passado

─ O que está acontecendo? ─ Eu grito, o medo quase me


paralisando.
─ Desça as escadas e ligue para o 911! ─ Jace grita do outro lado da
porta do quarto de Liam.

Estou com tanto medo que mal consigo respirar.

O que aconteceu com ele?

Com o coração e o estômago cheios de terror, desço as escadas


correndo com as pernas trêmulas e vou direto para o telefone na cozinha.

Meus dedos tremem tanto que deixo cair o telefone antes de digitar
os números.

─ 911, qual é a sua emergência? ─ alguma senhora na outra linha


atende.

─ Eu preciso... ─ Minha voz está tão nervosa que mal consigo falar.

Limpo minha garganta e tento novamente. ─ Eu preciso de uma


ambulância para meu irmão. ─ Lembrando do tempo que mamãe passou
dois dias inteiros me ensinando nosso endereço em caso de emergência,
acrescento rapidamente: ─ Nós moramos em 101 Royal Manor Lane. Por
favor, venha rápido.

─ Entendi. Você pode me dizer o que aconteceu, querida?

Ela não me ouviu antes?

─ Algo está errado com meu irmão. Ele tem doze anos.

─ Ok, querida. Uma ambulância está a caminho. Você sabe o que


aconteceu para que eu possa contar aos paramédicos?
─ Não sei. ─ grito. ─ Ninguém quer me dizer. Por favor, rápido.

Eu rapidamente largo o telefone e volto para cima.

Eu preciso ver o Liam.

Eu posso faze-lo se sentir melhor.

─ A ambulância está a caminho. ─ Eu bato na porta. ─ Me deixar


entrar.

Eu preciso ter certeza de que ele está bem.

─ Desça as escadas. ─ Jace grita.

─ Não!

Eu nunca o deixaria de jeito nenhum, especialmente se ele estiver


com dor.

É quando ele mais precisa de mim.

─ Eu quero ver Liam.

─ Bianca, desça as escadas. ─ Jace grita novamente, mas sua voz


não soa bem.

Ele está chorando.

Meu estômago cai e o pânico sobe pela minha espinha.

Jace nunca chora.

─ Liam!! ─ Eu grito, batendo na porta com mais força. ─ Liam, venha


aqui!
Eu tenho que vê-lo.

Meu coração aperta como um torno e as lágrimas obstruem minha


visão. ─ Eu quero ver Liam.

Por que eles não me deixam vê-lo?

Eu começo a chutar a porta. ─ Liam!

Estou aqui, Liam.

Eu estou bem aqui.

Tudo vai ficar bem.

Estamos nisso juntos.

A maçaneta gira e eu não perco mais um segundo. Abro com toda a


força que tenho.

Força, que me deixa em uma grande rajada um segundo depois.

Isso não pode estar acontecendo.

Isso não é real.

Cinco minutos atrás, Jace estava fazendo seu prato favorito -


panquecas.

E agora…

Eu grito tão alto que meus ouvidos zunem quando vejo seu corpo
rígido e tingido de azul deitado no chão de seu armário.
─ Liam! ─ Seu nome sai de minhas cordas vocais, queimando
minhas entranhas.

Me responda.

Acorde e me responda.

Mas ele não pode.

─ Droga. ─ Jace sibila.

Uma onda profunda e ampla de dor se espalha pelo meu peito,


agarrando-me pela garganta até que estou tremendo.

Ele jurou com o dedo mindinho.

De uma só vez, Cole me pega e se dirige para a escada.

Eu chuto e grito todo o caminho para baixo, não querendo ficar longe
da minha pessoa favorita.

Mesmo que ele não esteja mais aqui.

─ Sinto muito. ─ sussurra Cole.

Tudo o que posso fazer é chorar. Como se minhas lágrimas e agonia


sozinhas pudessem trazê-lo de volta.

Mas elas não vão.

Porque Liam quebrou sua promessa.

Quebrou o que restava de mim.


Capítulo Oito

Dando-me um sorriso esperançoso, Jace aperta meu braço. ─ Nós


trouxemos o café da manhã.

Como se fosse uma deixa, Cole mostra um saco de papel. ─ Salsicha


e ovos.

Eu fecho meus olhos, desejando que eles vão embora.

─ Já se passou mais de uma semana, Jace. ─ Cole murmura. ─ Ela


não vai sair dessa.

Jace suspira. ─ Eu sei.

Eu respiro fundo e agonizante quando seus passos desaparecem,


desejando que isso levasse toda a dor para longe.

Ele me deixou sem avisar.

Num segundo estávamos esperando ele se juntar a nós no café da


manhã e fazendo planos para ir ao shopping... e no próximo segundo ele
tinha ido embora.

Assim como a mamãe.

─ Que se foda. ─ Jace grunhe antes de eu ouvir os passos voltando


para o meu quarto. ─ Eu não vou perdê-la também.
─ Vá embora. ─ eu engasgo.

Eu não quero falar.

Eu não quero respirar.

Eu não quero viver em um mundo em que ele não exista mais.

Se Deus tivesse alguma compaixão, ele teria me levado também.

Jace cruza os braços. ─ Não.

Cole corresponde à sua postura. ─ Nos obrigue.

A teimosia deles seria quase cômica se meu coração não parecesse


que alguém passou um maçarico nele.

─ Ele me deixou. ─ eu sussurro, uma nova onda de agonia crescendo


em meu peito.

Ele sabia que eu não poderia sobreviver sem ele.

Ele sabia que eu não sobreviveria sozinha.

─ Ele deixou a todos nós. ─ Cole diz, elevando-se sobre mim.

Cole sempre foi um idiota temperamental, mas agora ele está me


irritando mais do que o normal.

Eu olho para ele. ─ Vá embora.

─ Cole está certo. ─ Jace interrompe e a dor refletida em seus olhos


reflete a minha. ─ Mas por mais que doa, você tem que encontrar uma
maneira de continuar.
Como?

Como diabos você continua vivendo quando as duas pessoas mais


importantes da sua vida estão mortas?

Como você acorda para enfrentar um novo dia sem a constante


lembrança de tudo que você perdeu?

Como você supera toda a dor?

Fácil. Você não supera.

Porque o tempo não cura todas as feridas.

Só deixa cicatrizes em você.

─ Eu não posso. ─ Eu não me incomodo em enxugar a lágrima que


desliza pela minha bochecha. ─ Não tenho motivo para isso.

Não mais.

Eu não tenho a mamãe, não tenho o Liam... e as únicas memórias


que tenho me causam um coração cheio do que parece ser um sofrimento
contínuo.

Um estrondo me faz pular.

─ Foda-se. ─ Jace morde, fervendo de raiva.

─ Eu...

Ele dá um soco no peito com o punho. ─ Você tem a nós, Bianca.


Você ainda nos tem.
Algo desconfortável se agita na minha barriga.

Culpa, eu percebo.

Porque o olhar de coração partido em seu rosto me diz o quanto o


que eu disse o magoou.

Percebo a expressão ferida de Cole e estremeço interiormente.


Machuca os dois.

─ Eu sei o quanto você sente falta deles. ─ Cole encolhe os ombros,


impotente. ─ Mas Jace e eu... ainda estamos aqui. Isso tem que contar
para alguma coisa, certo?

Arrependimento e vergonha se enredam em meu peito. Nunca quis


fazê-los sentir como se não importavam.

─ Eu sinto muito.

Mesmo que perder mamãe e Liam doa como o inferno, tenho dois
motivos muito importantes para tentar colocar um passo à frente do
outro e me recompor.

─ Não se desculpe. ─ Jace disse. ─ Apenas esteja aqui conosco. ─


Seu olhar pula entre Cole e eu. ─ Porque mesmo que eles tenham partido,
ainda somos uma família.

Assentindo, Cole volta seu foco para mim. ─ Olha, eu não vou
prometer ser um irmão perfeito como Liam foi e Jace é. Mas farei o que
for preciso para ajudá-la com isso. Combinado?
Eu inclino meu queixo para encontrar seu olhar. ─ Combinado.

─ Bom. ─ Ele aponta para a sacola contendo meu café da manhã. ─


Agora coma isso antes que esfrie.

Eu olho para Jace. ─ Ele é sempre tão mandão?

Seus lábios se contraem. ─ Sim. ─ Ele tira o sanduíche do café da


manhã da sacola e o coloca na minha bandeja de comida. ─ Ele herdou
de mim. Agora coma.

Estou dividida entre querer rir e querer abraçá-los.

Eu olho para meus irmãos. Paramos de dizer isso depois que mamãe
morreu, mas realmente preciso que eles saibam como me sinto. Apesar
da minha mágoa por perder Liam, ainda sou grata por eles estarem aqui
e por serem igualmente importantes para mim.

─ Eu amo vocês.

A surpresa cruza o rosto de Jace antes que ele se recupere. ─ Amo


você também.

─ Droga, irmãzinha. ─ Cole revira os olhos. ─ Essa amnésia deixou


você mole pra caralho.

Eu arranco um pedaço do sanduíche e jogo nele. ─ Idiota.

Seu sorriso é só dentes. ─ Sim, mas você me ama de qualquer


maneira.

Eu amo.
Eu dou uma boa mordida na minha comida, em seguida, limpo
minha boca com um guardanapo. ─ Obrigada por...

─ Alguém está se sentindo melhor hoje. ─ a enfermeira gorjeia da


porta. Ela aponta para a cadeira de rodas à sua frente. ─ Quer dar um
passeio nessa coisa?

Dado que estou confinada a uma cama há quase seis semanas,


parece o paraíso.

Eu não conseguiria segurar meu sorriso mesmo se tentasse. ─


Absolutamente.

Estou tão animada com a partida que tento me levantar sozinha.


Infelizmente, minhas pernas parecem espaguete e, em vez disso, tropeço.

─ Uau. ─ Jace disse, correndo para me pegar antes que eu caísse de


bunda. ─ Vai com calma, durona.

Cole chega ao meu lado oposto. ─ Você está bem agora, Bambi?

Minha mente diz sim, mas meu corpo discorda veementemente.

Eu balancei minha cabeça. ─ Eu não consigo. É muito cedo.

Jace não vai aceitar. ─ Não, não é. Você consegue.

Cole aperta meu braço com mais força. ─ E nós pegamos você.

Eu sei.

─ Ok. ─ eu cedi. ─ Vamos fazer isso.


Capítulo Nove

─ Tem certeza de que não quer aju...

Fecho a porta do banheiro antes que Sawyer possa terminar a frase.


Não é que eu não esteja grata por sua oferta de ajuda, eu só quero poder
ir ao banheiro em paz pelo menos uma vez. E graças ao início da
fisioterapia, fui atualizada para muletas, o que significa que, finalmente,
eu posso.

Se tudo correr bem, espero ter alta em breve.

Vou mancando até o banheiro quando vejo meu reflexo no espelho e


congelo.

Puta merda.

Mesmo que meu cérebro tenha finalmente aceitado o fato de que eu


tenho dezoito e não oito, não pensei muito sobre como poderia ser minha
aparência.

─ Uau.

Apoiando uma muleta contra a pia, toco o vidro, apenas para ter
certeza de que não estou alucinando.
Cabelo escuro comprido, pele bronzeada, olhos castanhos grandes,
maçãs do rosto salientes, nariz ligeiramente arrebitado e lábios carnudos.

A última lembrança que tenho da minha aparência, era o epítome


da aparência estranha... mas agora?

Agora, eu me pareço com ela.

Virando minha cabeça levemente, eu olho para a cicatriz que desce


ao lado do meu pescoço. Tem cerca de dez centímetros de comprimento
e para na minha clavícula. A cor rosa desbotada me diz que deve ser nova.

Lembro-me vagamente do médico me dizendo que eu passei pelo


para-brisa durante o acidente e um caco de vidro se alojou no meu
pescoço, não pegando minha artéria carótida por menos de um
centímetro.

Respirando fundo, eu levanto minha camisa, inspecionando a


cicatriz no meu abdômen. Aquela que me custou um rim graças a um
estilhaço durante o acidente com minha mãe. Não apenas parece menor
do que eu me lembro, mas também está um pouco desbotada.

Mas ainda é uma lembrança gritante do dia em que minha mãe tentou
me matar.

Empurrando esse pensamento para longe e voltando meu foco para


algo positivo, levanto mais minha camisa, verificando a mercadoria.

Meus seios não são enormes nem nada, mas definitivamente não
estou desapontada com o que a mãe natureza me deu.
Quero examinar o resto do meu corpo, mas minha bexiga começa a
protestar contra o meu pequeno espetáculo erótico, então cuido dos
negócios antes de voltar para o meu quarto de hospital.

Eu pego meu pai, irmãos, Sawyer e meu médico tendo o que parece
ser uma discussão bastante acalorada.

Oh, merda.

─ Você nunca está em casa. ─ Jace late para nosso pai. ─ Não há
como você cuidar dela.

Por mais que eu odeie ouvi-los discutir, Jace tem razão. Com
amnésia ou não, há uma coisa que definitivamente me lembro sobre meu
pai.

Sua ausência.

Dito isso, ele realmente tem intensificado seu jogo ultimamente e


tem me visitado muito.

Papai empina o queixo. ─ Posso tirar uma folga do trabalho.

Cruzando os braços, Jace o encara. ─ Não. Ela vai ficar comigo e


com Dylan em nosso apartamento. Assim, podemos cuidar dela.

Estou tentada a lembrá-lo de que não sou uma criança, mas sei que
o coração de Jace está no lugar certo e ele está apenas cuidando de mim.

Papai está visivelmente irado agora. ─ Da última vez que verifiquei,


eu era o pai aqui, Jace.
Jace bufa. ─ Somente quando for conveniente...

─ Parem! ─ Eu grito, porque eu honestamente não aguento mais um


segundo disso.

Todo mundo se vira para olhar na minha direção.

─ Olá, Bianca. ─ Dr. Jones me cumprimenta e não há como errar na


pena em seus olhos. ─ Estávamos discutindo planos para sua alta.

Normalmente eu ficaria feliz com a notícia, mas não quando está


fazendo minha família brigar assim.

Eu olho para papai e Jace. ─ Podemos fazer isso sem brigar?

Sawyer me dá um sorriso simpático. ─ Bianca está certa. Briga não


é o que ela precisa agora, e não vai fazer nada melhorar. Na verdade, por
que não perguntamos a ela o que ela quer e onde gostaria de ficar?

─ Posso ficar com você? ─ Eu brinco, embora parte de mim esteja


falando sério.

Eu sei que Jace ama Dylan, mas algo sobre ela me incomoda e não
tenho certeza do porquê. Desnecessário dizer que a perspectiva de morar
com ela não é exatamente algo que esteja ansiosa.

Sawyer olha para Cole. ─ Quero dizer, temos um sofá-cama em


nosso apartamento.

As sobrancelhas de Cole se erguem. ─ Sim. ─ Seus olhos encontram


os meus. ─ Você pode ficar conosco se quiser...
─ Ela vai ficar comigo e com Dylan. ─ Jace interrompe. ─ Nosso
apartamento tem um quarto extra.

─ Um quarto em que ela não tem absolutamente nenhuma


lembrança de ter estado. ─ Papai se vira para o Dr. Jones. ─ Você disse
antes que estar em seu ambiente típico pode ajudar com sua amnésia,
correto?

Dr. Jones acena com a cabeça. ─ Sim, embora não necessariamente


garanta que ela terá sua memória de volta.

─ Mas estar em sua própria casa dá a ela uma melhor chance de


isso acontecer, certo?

Outro aceno de cabeça. ─ Certamente não seria uma coisa ruim.

Papai olha para Jace. ─ Então está resolvido. Bianca está voltando
para casa.

Jace range os dentes com tanta força que estou surpresa que eles
não se transformam em pó. ─ Você tem certeza de que Nádia vai aceitar
bem?

Ele cospe o nome dela como se fosse uma comida rançosa.

─ Nádia? ─ Repito, olhando entre eles. ─ Quem é Nádia?

─ A noiva do papai. ─ Cole murmura, seu nariz arrebentando em


desgosto.

Oh.
─ Eu não... eu não tinha ideia.

Sinceramente, não tenho certeza do que dizer ou como devo me


sentir sobre isso.

Quer dizer, eu quero que meu pai seja feliz e já se passaram dez
anos desde que mamãe morreu, então não é como se eu esperasse que
ele colocasse sua vida amorosa em espera ou algo assim.

Mas parte de mim - uma grande parte - não pode evitar sentir uma
pontada de tristeza avassaladora.

Ela deveria estar aqui.

Correção - eles deveriam estar aqui.

─ Ficamos noivos alguns meses atrás. ─ explica papai. ─ E Nádia


não está morando na casa ainda. Embora eu gostaria que ela se mudasse
logo para que ela possa me ajudar a cuidar...

─ Sobre a porra do meu cadáver, velho. ─ Jace rosna. ─ De jeito


nenhum vou deixar sua patroa brincar de mãe para minha irmãzinha.
Além disso, você sabe tão bem quanto eu que a merda nunca daria certo
se Bianca estivesse em seu estado de espírito correto.

Eu não posso evitar, mas recuei com suas palavras.

A culpa dá cores à expressão de Jace. ─ Desculpe, não foi isso que


eu quis dizer. Eu só... mesmo que você não consiga se lembrar das coisas,
Cole e eu lembramos. Acredite em mim, deixar Nádia brincar de madrasta
não é algo que você gostaria. ─ Ele solta um suspiro pesado. ─ Só estou
tentando cuidar de você.

Eu sei que ele está.

─ Ele está certo. ─ acrescenta Cole, apoiando-o. ─ Você não confia


em muitas pessoas, Bianca. ─ Ele olha para papai. ─ Inferno, a única
coisa que qualquer um de nós sabe sobre Nádia é que ela é a prostituta
que você costumava sair furtivamente de casa depois que sua rapidinha
acabava.

Caramba. Isso foi... duro.

─ Colton. ─ Sawyer sibila. ─ Pare de ser um idiota.

─ Nádia nunca foi minha rapidinha, e ela certamente não é uma


prostituta. ─ meu pai ferve. ─ E a única razão pela qual vocês três não
sabem nada sobre minha noiva é porque todos vocês se recusam a ficar
perto dela.

Por mais que me doa concordar, ele tem razão. Realmente não
parece que fizemos qualquer movimento para conhecer essa mulher com
quem papai vai se casar.

Embora, verdade seja dita, se minhas escolhas são viver com Jace e
Dylan contra papai e esta mulher Nádia, eu tenho que seguir meu
instinto.
Eu olho para meu pai. ─ Eu não me oporia em conhecer Nádia um
dia. ─ Meu olhar se fixa em Jace. ─ Mas, enquanto a oferta ainda for
válida, prefiro morar com você e Dylan.

Viver com Jace é muito mais confortável do que viver com uma
mulher que não me lembro de ter conhecido e meu pai sobre quem eu
também não sei muito.

Jace sorri. ─ Bom. Porque Dylan e eu realmente queremos que


você...

─ Espere. ─ papai interrompe, como se estivesse pensando em algo.


─ Que tal nos comprometermos?

Eu estou no jogo. ─ Compromisso parece bom.

Jace não compartilha do meu entusiasmo. ─ Que tipo de


compromisso?

Papai acaricia o queixo. ─ Existem sete quartos em casa, o que


significa que há espaço mais do que suficiente para todos. ─ Ele olha para
todos nós. ─ Por que você e Cole não voltam? ─ Ele limpa a garganta. ─
Claro que vocês podem convidar Sawyer e Dylan também.

As narinas de Jace dilatam. ─ Você perdeu a sua maldita men...

─ Não é uma má ideia. ─ interrompi.

Não só adoro a ideia de passar mais tempo com minha família e


Sawyer, mas estar em casa pode ajudar a consertar minha memória,
como o Dr. Jones disse.
Infelizmente, Jace é rápido em contrariar. ─ É uma ideia terrível,
Bianca. Eu sei que você não se lembra, mas há uma razão pela qual me
mudei logo depois de me formar no ensino médio.

Meu rosto cai. ─ Oh.

Minha decepção deve ser tangível porque ele suspira. ─ Mas eu


quero dar a você a melhor chance de recuperação, então eu farei isso. ─
Ele encara papai. ─ Sob duas condições.

O suspiro de papai é expansivo. ─ Quais?

─ Um: eu estou fazendo isso por Bianca, não por você, então não
pense que isso resolve a merda entre nós. E dois: Nádia não vai se mudar
para a casa da mamãe enquanto estivermos lá.

Posso dizer que papai quer discutir, mas ele é um homem inteligente
e pela primeira vez coloca os filhos em primeiro lugar. ─ Ela não vai se
mudar até depois do casamento. Você tem minha palavra.

Cole olha para Sawyer. ─ Você está pronta para uma mudança
temporária de endereço, Soldado da Bíblia?

Ela puxa o lábio inferior entre os dentes. ─ Eu não sei.

─ Por favor. ─ eu imploro, embora eu provavelmente não tenha o


direito. ─ Não me lembro da nossa amizade, mas algo me diz que
realmente gostaria de ter você por perto. ─ Eu agito meus dedos. ─ Vou
até deixar você pintar minhas unhas.
Sinto uma proximidade com a garota, que não consigo explicar. Além
disso, ela tem uma aura muito boa.

Com isso, ela ri, dobrando-se como uma cadeira de jardim barata. ─
Ok, tudo bem. Se você realmente me quiser lá... eu farei isso.

Soltando minhas muletas, jogo meus braços em volta dela. ─ Você é


a melhor.

Ela congela brevemente antes de me abraçar de volta. ─ Oh. Hum...


isso é... bom.

Cole ri. ─ Eu disse que ela ficou mole.

E assim, a sensação incômoda em meu intestino está de volta com


uma vingança.

Quem diabos é Bianca Covington?


Capítulo Dez

Meus olhos estão arregalados enquanto eu observo tudo. ─ Este é o


meu quarto?

É muito diferente do que eu lembro.

Quando eu tinha oito anos, bichos de pelúcia e bonecas enchiam o


grande espaço.

Agora são... livros, produtos de cabelo, esmalte de unha,


maquiagem, sapatos e o que parece ser um closet gigantesco.

Lançando meu olhar ao redor, não posso deixar de notar a


penteadeira rosa de três espelhos no canto mais distante.

Tudo no meu quarto está em vários tons de roxo. Exceto aquilo.

─ Foi da mamãe. ─ Cole diz como se respondesse à minha pergunta


silenciosa.

Isso faz sentido. Rosa era sua cor favorita.

Costumava ser minha também.

Como se lembrando dos tempos felizes, o rosto de Jace se ilumina.


─ Ela amava aquela coisa. Lembro-me da emoção em seu rosto quando
meu pai a presenteou um ano no Natal. Era de um...
─ Antiquário da França. ─ eu termino para ele enquanto a memória
flutua na minha cabeça. ─ Eu adorava vê-la passar batom pela manhã.

Ela sempre foi tão cuidadosa. Tão precisa.

Tão perfeita.

E eu não queria nada mais do que ser igual a ela.

Mancando até a minha cama queen size, toco a colcha roxa de seda.

Dez anos atrás, eu tinha um edredom com unicórnios.

Agora tudo é diferente.

Até as paredes eram roxas agora.

Ajustando minhas muletas, vou cambaleando até meu armário.

Tento abri-lo, mas está preso.

─ Aqui. ─ Jace disse, me entregando um controle remoto.

Uma porta com controle remoto para um armário? ─ Por que diabos
eu precisaria disso?

Cole solta uma risada. ─ Você não queria que ninguém roubasse
suas roupas.

Posso ver o por que, no momento em que abre.

Puta merda.

Mesmo para o olho destreinado, não há como esconder o fato de que


tudo aqui é muito caro e muito designer.
Também é muito pequeno e chama a atenção.

Bem, tudo menos as cinco camisas brancas de botão e saias xadrez.

─ Esse é o meu uniforme da escola?

Eu realmente espero que eles digam sim, porque são as únicas


roupas normais aqui.

─ Sim. ─ Jace responde. ─ Você está pronta para o seu grande dia
amanhã?

Nem mesmo perto.

Evidentemente, sou uma veterana da Royal Hearts Academy.

Eu estava preocupada em ter que repetir o ano porque perdi os


primeiros dois meses de escola, mas meu pai me garantiu que conversou
com o diretor e enquanto eu mantiver minhas excelentes notas, terei
permissão para terminar o ano e me graduar com o resto da minha
turma.

Jace e Cole deixaram escapar que falar com o diretor era um código
para preencher um cheque para a escola.

De qualquer forma, estou feliz que minha ausência e acidente não


afetarão minha formatura a tempo.

Embora eu esteja nervosa por ter que explicar a todos que estou com
amnésia.
A surpresa me enraíza ao ver uma saia de líder de torcida azul e
branca, uma blusa combinando e um conjunto de pompons.

─ Eu sou líder de torcida?

Exatamente como mamãe queria.

─ Nah, irmãzinha. Você é a capitã das líderes de torcida. ─ reflete


Cole.

Eu aponto para minhas muletas. ─ Isso pode ser um problema.

Tristeza pisca nos olhos de Cole. ─ Sim.

─ Mas ei. ─ Jace disse. ─ Você era próxima das garotas do time,
então tenho certeza de que quem quer que seja a nova capitã vai deixar
você andar com elas.

Cole bufa. ─ Não é provável.

─ Quer calar a boca? ─ Jace murmura. ─ Estou tentando não


assustar ela.

E lá vão eles falando sobre mim como se eu nem estivesse no cômodo


de novo.

─ Por que eu ficaria assustada?

─ Porque a Royal Hearts Academy não é uma escola normal. ─ diz


Dylan da porta.

─ É o inferno na terra. ─ acrescenta Sawyer com um


estremecimento. ─ Todo o lugar está repleto de crias ricas do mal, cujo
único talento consiste em roubar os cartões de crédito dos pais e lançar
insultos rudes aos menos afortunados.

Droga. Isso não soa como um lugar que eu gostaria de estar.

Eu engulo em seco. ─ Sério?

Jace solta um suspiro. ─ Nem é tudo isso.

─ Desculpe. ─ Sawyer diz. ─ Mas eu gostaria de saber no que estaria


me metendo se fosse ela. ─ Olhando na minha direção novamente,
Sawyer acrescenta: ─ Sinto muito por te assustar. ─ Ela aponta para o
meu uniforme de líder de torcida. ─ Veja pelo lado positivo, você é muito
bonita e popular, então tenho certeza de que você ficará bem.

─ Ela era popular. ─ murmura Dylan.

Quando todos nós olhamos para ela, ela dá de ombros e diz: ─


Bianca está com amnésia, o que significa que ela está em desvantagem e
oficialmente, é carne fresca para eles. ─ Ela aponta para si mesma. ─ E
como alguém que também foi a novata durante seu último ano, acho que
é justo lhe dar alguns conselhos.

Sou toda ouvidos. ─ O que?

─ Seja indiferente e não aceite nenhuma merda de ninguém porque


aqueles abutres vão pular em você como moscas na merda amanhã.

Meu estômago se revira. ─ Oh.


─ Ela é uma Covington, querida. ─ Jace argumenta. ─ Ninguém vai
mexer com ela.

Apesar de suas palavras tranquilizadoras, vejo apreensão gravando


suas feições.

Cole se joga na minha cama e suspira. ─ Ninguém iria mexer com


ela se ainda estivéssemos lá... mas não estamos. ─ Ele olha para Jace. ─
O que significa que não podemos mais protegê-la.

Jesus. Eles estão fazendo este lugar parecer uma maldita zona de
guerra, em vez de uma instituição educacional.

─ Vou ficar bem. ─ garanto a todos.

Além disso, quão ruim poderia ser?


Capítulo Onze

Jace me para no momento em que abro a porta do carro. ─ Você


precisa de dinheiro para o almoço.

─ Ah, certo.

Ele me entrega uma nota de cinquenta dólares. ─ Aqui.

Eu pisco ─ Uh... deve ser o dinheiro do almoço do mês, certo?

─ Não. ─ Dylan diz do banco do passageiro. ─ Não se você quiser


uma refeição decente neste lugar.

Atirando para ele um sorriso agradecido, coloco-o na bolsa e coloco


minha mochila nos ombros.

─ Obrigada por me dar uma carona. Vejo vocês às três.

Pegando minhas muletas, pulo em um pé só.

Assim que Jace sai do carro.

─ O que você está fazendo?

Ele encolhe os ombros como se não fosse grande coisa. ─ Levando


você para dentro. ─ Batendo no peito, ele olha ao redor do estacionamento
que está cheio de pessoas. ─ Porque eu sou o irmão mais velho dela. E
eu vou acabar com todos vocês, seus merdinhas, se vocês mexerem com
ela.

Não levando sua ameaça a sério, algumas crianças próximas


começam a rir.

─ Cara, você esteve aqui uns quarenta anos atrás. ─ grita um cara.
─ Ninguém dá a mínima para você.

Mais risadas. Perfeito.

O calor percorre minhas bochechas. Eu literalmente quero que o


chão me engula. Ou melhor, engolir Jace para que ele pare de me
envergonhar.

Olho para Dylan atrás por ajuda.

Felizmente, ela é rápida na compreensão. ─ Pare com isso, Jace.


Bianca vai ficar bem.

Meu irmão não aceitou. ─ Eu estarei de volta em um minuto.

Dylan aponta o dedo para ele. ─ Venha aqui.

Quando ele o faz, ela sussurra algo em seu ouvido que faz com que
seus olhos se tornem escuros e turvos de luxúria.

Que nojo.

Jace olha para mim. ─ Pensando bem, acho que você pode lidar com
isso sozinha.
─ Obrigada. ─ murmuro para Dylan enquanto Jace pula para o
banco do motorista.

Parece que eu estava errada sobre ela porque ela é realmente muito
legal.

Respirando fundo, eu me arrasto pelo caminho para dentro do


prédio.

Parece que os olhos de todos estão em mim o tempo todo e há uma


tonelada de sussurros me seguindo.

Coisas como. ─ Achei que ela tivesse morrido?

Ou ─ Não acredito que ela voltou. Caitlyn vai pirar.

E. ─ Olha aquela cicatriz horrenda em seu pescoço.

Estou tão focada em manter minha cabeça baixa e não fazer


nenhum aceno, que esbarro em alguém no caminho para o meu armário.

─ Olhe por onde anda, aberração. ─ alguma garota gorjeia.

─ Desculpe. ─ eu murmuro para a loira bonita e esguia.

Com sua maquiagem impecável e cabelo perfeitamente penteado, ela


parece que pertence a uma capa de revista.

Não posso deixar de notar o grupo de garotas igualmente bonitas em


torno dela como uma matilha de lobos.

Pronta para atacar.


Eu olho a bolsa de ginástica azul e branca que ela está segurando.
Combina com a que tenho no meu armário. Ao lado dos meus uniformes
e pompons de líder de torcida.

─ Você é uma líder de torcida?

Se for assim, essas são as garotas de quem eu deveria ser amiga.


Embora pareçam o oposto de amigáveis agora.

A garota franze o rosto. ─ Uau. Esse acidente deve ter levado todas
as células do seu cérebro também.

As pessoas começam a se reunir ao nosso redor, formando um


círculo.

─ Cara, Caitlyn tem coragem. ─ grita um cara.

─ Vamos, Bianca. ─ outro cara grita. ─ De a ela o que merece.

Eu não quero brigar. Eu só quero encontrar meus amigos e passar


por este ano letivo em paz.

─ Caitlyn, certo? ─ Meus ombros caem. ─ Olha, eu acho que


começamos com o pé errado. As coisas estão um pouco confusas para
mim, desde que sai do hospital e estou com amnésia...

Caitlyn dá um passo em minha direção, me fazendo recuar.

─ Vamos deixar uma coisa bem clara, aberração. Eu não dou a


mínima para você e nem ninguém aqui. Para todos nós, você morreu
naquele acidente junto com sua pequena amante lésbica.
Minha cabeça gira.

Morreu?

Amante lésbica?

─ Alguém morreu? ─ Eu questiono, não entendendo.

Jace e Cole nunca me disseram nada sobre o acidente.

Então, novamente, dada a maneira como eu reagi à morte de mamãe


e Liam, por que eles diriam?

Meu coração dobra sobre si mesmo.

Outra morte.

Minha garganta trava. Eu não consigo respirar.

─ Eu... uh. Eu tenho que ir.

Eu sinto que vou vomitar.

Correção: com certeza vou vomitar.

Meu estômago embrulha enquanto a bile sobe pelo meu esôfago.


Preciso ir ao banheiro antes de vomitar na frente de todos. ─ Saia, por
favor.

─ Não me diga para me mover, vadia. ─ sibila Caitlyn.

OK tudo bem. Eu vou me mover.

Só que eu não posso... porque o bando de garotas se espalha, me


impedindo de sair.
Não não não. ─ Por favor, sa...

É tarde demais.

Meu estômago se revira em uma grande onda e, antes que eu possa


me conter, estou vomitando meus flocos de milho nos sapatos de Caitlyn.

As pessoas começam a gargalhar.

─ Droga. A vadia está de volta. ─ alguém gargalha.

─ Sinto muito. ─ eu digo entre tosses secas. ─ Sinto muito, mes...

Ela me empurra, mas como eu não estou muito boa com os pés
ainda, eu balanço e me equilibro.

Um pouco antes de acabar escorregando na minha própria poça de


vômito.

─ Ai credo. Isso é tão nojento. ─ lamenta alguém.

Alguma garota faz um som de engasgo fazendo com que todos riam.

─ Que desastre.

Nenhum argumento aqui, porque é exatamente o que eu sinto agora.

Eu tentei de tudo para me limpar no banheiro, mas ainda há um


cheiro fraco de vômito que permanece na minha saia.
Um que ninguém não pode deixar de apontar sempre que entro em
uma sala de aula.

Ficou tão ruim que eu não tive escolha a não ser mandar uma
mensagem de texto para Jace e perguntar se ele poderia deixar outro
uniforme para mim.

Ele o fez, é claro, mas não fez nada para impedir os sussurros e
comentários maliciosos.

Eu entrei aqui hoje querendo tanto me reconectar com meus amigos


e me encaixar, mas sou oficialmente uma pária.

Acabei passando meu almoço no banheiro porque as pessoas se


recusaram a me deixar me juntar a eles em suas mesas.

Para alguém que era tão popular, a velha Bianca não parece ter um
amigo de verdade à vista.

E essa nova Bianca?

Bem, ela é totalmente solitária.

A única coisa que posso fazer é me desculpar com Caitlyn e me


oferecer para comprar sapatos novos para ela.

Inferno, talvez ela e eu - junto com o resto da equipe - possamos ir


ao shopping e fazer compras depois da escola.

Podemos fofocar, elas podem me contar tudo que perdi desde que
parti, e posso conhecê-las novamente.
Fomos todas amigas uma vez, o que significa que elas devem ter
gostado de mim em algum momento.

Eu só preciso encontrar o momento certo para abordar Caitlyn e o


resto da equipe para que possa discutir essas coisas.

Felizmente, tenho minha chance quando elas entram no banheiro.

Jogando o resto do meu sanduíche em uma lata de lixo próxima, eu


cortei meu olhar para ela.

─ Olha, Caitlyn, eu realmente sinto muito...

Um soco forte na minha bochecha me fez ver estrelas.

Atordoada, seguro minha bochecha agora latejante. ─ Que diabos?

─ Tranque a porta. ─ instrui Caitlyn.

Eu ouço o clique fraco da trava e o grupo restante de meninas forma


um círculo apertado ao meu redor.

Pego minhas muletas que estão encostadas na pia, mas elas são
arrancadas de mim. ─ Não tão rápido, vadia.

Eu olho em volta para todas elas. Não tenho certeza do por que elas
estão sendo tão más comigo, mas o puro ódio em seus olhos me diz que
tudo o que aconteceu entre nós é ruim.

Muito ruim.

─ Eu não...
Outro soco forte na minha bochecha faz minha cabeça girar.

Passado

Eu bato palmas. ─ Vamos lá, vadias!

Juro por Deus, essas putas sem valor não conseguiriam dançar para
sair de um saco de papel.

A coreografia nem é tão difícil.

Aperto um botão no alto-falante e a música inunda o ginásio. ─


Novamente.

Um gemido de irritação percorre meu peito enquanto vejo Amber


virar e balançar na direção errada, batendo direto em Caitlyn.

Claro, isso causa um efeito dominó e envia o resto da linha oscilando


e balançando como galhos de árvores em um furacão.

Só que muito menos gracioso.

─ Ah, pelo amor de Deus. ─ Minhas mãos se fecham em punhos. ─


Suas filhas da puta idiotas.
Eu marcho até Amber. ─ Me lembre novamente por que diabos você
está no meu time quando você é estúpida demais para distinguir sua
esquerda de sua direita. Você acabou de arruinar toda a formação, idiota.

─ Talvez se você desse um tempo para ela, isso não teria acontecido.
─ rebate Caitlyn. ─ Já estamos praticando há três horas sem nem mesmo
um gole de água.

Eu olho para ela. ─ Ah, você quer um pouco de água? ─ Pegando


minha garrafa de água da mesa, despejo o conteúdo sobre sua cabeça. ─
Que tal isso?

Todas engasgam quando isso encharca seu cabelo e camisa, mas eu


não me importo.

Estou muito cansada dessas idiotas esperando esmolas e caronas


gratuitas.

Essas vadias têm que aprender.

O mundo real não é justo e quanto mais cedo elas perceberem isso,
melhor.

Porque se elas querem manter seus lugares no meu time, elas vão
ter que trabalhar muito para isso, porque ser uma líder de torcida é mais
do que um uniforme bonito e pompons.

Com as mãos nos quadris, desço a fila, dando a cada uma delas suas
críticas diárias.

─ Renée, você sabe contar?


A confusão tinge seu rosto. ─ Uh, sim.

─ Então por que você está sempre um segundo atrasada em seus


saltos?

Claramente envergonhada, ela olha para baixo. ─ Eu não sei.

─ Bem, eu sugiro que você descubra isso, porra. Caso contrário, você
estará do lado de fora da escola amanhã de manhã vestindo uma
camiseta que diz: “Não sei contar até três porque sou uma idiota”.

Eu movo para baixo na linha. ─ Courtney, quantas vezes eu tenho


que dizer a você para apontar os dedos do pé durante um toque no dedo
do pé?

Seu lábio inferior treme. ─ M-me desculpe.

─ Sim, uma desculpa esfarrapada para uma líder de torcida. ─ Eu


faço um golpe de caratê com minhas mãos. ─ Toques no dedo do pé são
diferentes de segurar suas pernas no ar, enquanto seu namorado feio
trepa com você, em sua caminhonete de merda, por quarenta segundos.
Suas pernas precisam estar retas e os dedos dos pés, apontados o tempo
todo. Não me faça ter que te dizer de novo.

Suspirando, passo para a próxima garota. Morgan. Ela tem sido um


espinho na minha vida desde que a conheço e não merece estar aqui.

No entanto, ela tem um certo talento.

Pena que não envolve líderes de torcida.


É apenas uma das muitas razões pelas quais eu roubei a vaga de
capitão do time dela.

─ Eu não vou adoçar isso, vaca. Perca dois quilos e meio ou vou tirar
sua bunda gorda do time. ─ Me inclinando, assobio: ─ Não me importo
com o que você oferece desta vez.

Morgan não é realmente gorda, mas não está em forma como o resto
de nós, o que significa que seus saltos não são altos o suficiente e são
perceptíveis.

Ela começa a falar, mas eu levanto minha mão, focando na próxima


garota.

A responsável por fazer com que todas caíssem antes. ─ Amber, me


dê sua mão direita.

Quando ela o faz, desenho a letra D com uma caneta preta. Então
desenho a letra E à sua esquerda.

Talvez isso ensine à idiota a diferença entre direita e esquerda.

Como ainda estou tão empolgada, escrevo a palavra estúpida em sua


testa para garantir.

─ Não lave até me convencer do contrário. Entendeu?

Com os olhos marejados, ela balança a cabeça.

Eu passo para a última garota. Caitlyn.


No ano passado, ela realmente votou em mim para ser a capitã do
time, em vez de Morgan, mas este ano é como se ela estivesse
determinada a lutar comigo a cada passo do caminho.

Felizmente para ela, não posso expulsá-la do time porque ela é boa.

Muito boa.

Posso, no entanto, colocá-la em seu lugar.

─ E você. Eu realmente espero que você não esteja planejando ser


uma líder de torcida profissional porque a única coisa em que você será
boa é abrir as pernas. Assim como sua mãe garimpeira.

Flashes de fogo saltam em seus olhos e eu a desafio com a minha


boca, porque a mando embora com o rabo entre as pernas.

Eu fico desconfortavelmente perto de seu rosto. ─ Tem algo a dizer?

Ela abre a boca como se tivesse, mas pensa melhor.

Meu sorriso é perverso. ─ Garota esperta.

Bato palmas e ligo a música. ─ De novo, bonecas gordinhas.


Capítulo Doze

A dor latejando em meu crânio é tão forte que minha visão fica
embaçada.

Há tantos chutes e socos vindo em minha direção, não há como


desviar de todos eles.

A única coisa que posso fazer é me enrolar como uma bola no chão
enquanto elas continuam me dando o que mereço.

Não admira que todas me odeiem tanto. Eu era totalmente horrível


com elas.

Alguém se inclina sobre mim. Amber, eu acho.

Ela pega um Sharpie1 e começa a rabiscar algo na minha testa.

─ Eu sinto muito.

Uma onda de dor passa pela órbita do meu olho. ─ Cale-se.

Um grito sai da minha garganta quando outra pessoa agarra um


punhado do meu cabelo e outra garota tapa meu nariz.

1
Caneta permanente
Um momento depois, o líquido enche minha boca. Eu engasgo e
cuspo a água, tentando colocar um pouco de ar em meus pulmões, mas
não adianta.

Caitlyn ri como se fosse a coisa mais engraçada que ela já viu. ─


Está gostando da água? ─ Ela se inclina. ─ O que? Você quer um pouco
mais?

Meus pulmões queimam e manchas brancas se formam na frente


dos meus olhos.

Eu vou morrer.

E a pior parte é... não posso nem as culpar pelo que estão fazendo.

Porque eu criei isso... criei elas.

Ou melhor, ela fez.

Finalmente, a tortura termina.

─ Diga a qualquer um que fizemos isso com você, e será dez vezes
pior da próxima vez. ─ sussurra Amber.

Dói tanto que nem consigo falar.

Caitlyn agarra minhas muletas. ─ Eu seria legal e devolveria isso,


mas você é uma vadia malvada que não merece nada.

Ela passa minhas muletas para outra garota. ─ Queime-as. ─


Agachando-se, ela cospe na minha cara. ─ Nunca mais respire em nossa
direção, entendeu?
Lágrimas brotam dos meus olhos e eu aceno.

Eu me sinto tão humilhada, tão abatida.

Tão inútil.

Cacarejando, Amber tira uma foto minha em seu telefone. ─ Ah,


como os poderosos caíram.

─ Elas fizeram o quê? ─ meu pai fala alto ao entrar no quarto do


hospital.

O mesmo de onde tive alta há três dias.

Que tal a ironia?

Por outro lado, a maior parte dos danos está na forma de hematomas
que fazem meu rosto e corpo parecerem um retrato pintado por números.

Bem, além da costela quebrada que lateja a cada respiração.

─ Elas pularam nela, caralho. ─ Jace explica, ficando mais irado a


cada segundo.

─ Me lembre novamente de qual é a pena de prisão por contratar um


assassino para matar um grupo de vagabundas do ensino médio? ─ Cole
grunhe.
Sawyer esfrega suas costas. ─ Eu sabia que Bianca nem sempre era
agradável, mas atacá-la em um banheiro é apenas...

─ Além, de foder tudo. ─ Com a expressão cheia de nojo, Dylan olha


para mim. ─ Quer que eu dê a elas um gostinho do próprio remédio?

Por mais que eu aprecie sua oferta, não acredito que dois erros
façam um acerto.

Algo me diz que não posso dizer o mesmo sobre meu antigo eu.

Jace fecha os punhos. ─ Não podemos deixá-las escapar impunes.

─ Precisamos chamar a polícia — Os olhos verdes de Cole brilham


de raiva. ─ Prender essas vadias.

Papai pega seu telefone. ─ Ah, acredite em mim, filho, quando eu


acabar com elas...

Eu rapidamente o detenho antes que ele faça o telefonema. ─ Eu não


quero que você chame a polícia.

Por melhor que seja ouvi-los se dando bem pela primeira vez, não é
isso que eu quero.

Cinco pares de olhos piscam em confusão.

Jace olha para mim como se tivesse brotado outra cabeça em mim.
─ Por que não?

Eu respiro fundo e solto. ─ Porque eu mereci.

Isso não ajuda em nada a esclarecer sua confusão.


─ Bianca. ─ Sawyer diz suavemente. ─ Ninguém merece isso.

Ela está errada. ─ Eu concordaria, mas enquanto elas estavam...


vocês sabem, me batendo. Eu tive um flashback. ─ Limpo as palmas das
mãos úmidas na saia. ─ Eu - uh. Eu fui muito má com elas. ─ Lágrimas
obstruem minha visão porque me sinto uma pessoa horrível. ─ Tornei
suas vidas miseráveis e acho que elas me atacaram hoje para se proteger
e se certificar de que eu sabia que elas não tolerariam mais isso.

E eu não posso culpá-las nem um pouco.

Sawyer e Dylan trocam um olhar.

O fato de ninguém pular em minha defesa me diz tudo que preciso


saber.

A velha Bianca estava podre até o núcleo.

Infelizmente para mim, sou eu quem paga pelo comportamento dela.

Meu estômago rola com meu próximo pensamento. Só Deus sabe


quantos inimigos tenho na escola.

Finalmente, Jace fala: ─ Bianca, entendo o que você está dizendo,


mas ainda temos que fazer algo. O que elas fizeram foi... extremo.

Cole acena em concordância. ─ Eu não me importo com o quanto


você foi uma vadia com elas no passado, isso não dá liberdade para elas
te atacarem da maneira que fizeram. Pelo amor de Deus, você precisa das
muletas para se locomover. Você não poderia se defender mesmo se
quisesse.
─ É exatamente por isso que elas fizeram isso. ─ sussurra Dylan,
parecendo imersa em pensamentos. ─ Elas queriam atacar enquanto ela
estava caída.

Sawyer solta um suspiro irritada. ─ O que significa que não foi um


erro impulsivo que saiu do controle. ─ Seu rosto se contrai. ─ Foi
calculado.

Cole esfrega a testa. ─ Cara, quem diria que as garotas podem ser
tão vingativas.

Sawyer e Dylan olham para ele como se dissessem, “Duh”.

Papai levanta o telefone. ─ Vou mandar prendê-las por agressão e


colocá-las atrás das grades. ─ Tristeza pisca em seus olhos. ─ Querida,
eu sei que nem sempre... ─ Sua voz some e ele tenta novamente. ─ Eu
preciso ter certeza de que você está segura e aquelas garotas paguem pelo
que fizeram com você.

A expressão de Jace suaviza e pela primeira vez ele não está olhando
para nosso pai como se ele fosse sujeira na sola de seus sapatos.

─ Espere. ─ eu digo enquanto o pensamento me ocorre. ─ Acho que


tenho uma solução melhor.

Se Caitlyn e o resto das líderes de torcida querem que eu vá embora


e toda a escola tenha uma noção preconcebida de mim por causa de como
eu era... talvez, seja melhor eu ir para um lugar novo.
Assim, esta Bianca pode recomeçar e não ser julgada pelo que fez e
como tratou as pessoas no passado.

─ Eu quero mudar de escola.

Jace e papai trocam um olhar perplexo.

─ Por quê? ─ Cole pergunta. ─ Todos seus amigos... ─ Eu posso ver


o momento exato em que isso ocorre para ele. ─ Certo.

Papai balança a cabeça. ─ Absolutamente não. Royal Hearts


Academy é uma escola de muito prestígio. Uma que parece espetacular
nas inscrições para a faculdade. Não vou deixar essas garotas arruinarem
o seu futuro.

Jace encolhe os ombros. ─ Além disso, a única escola para a qual


você poderia se transferir é a Royal Manor High.

─ E acredite em mim, você não quer ir lá. Esse lugar está cheio de
gangues e bandidos do lado ruim da cidade. ─ Cole estreita os olhos. ─
Sem falar que o time de futebol deles é péssimo.

É tudo que posso fazer para não revirar os olhos.

─ Fiquei no RHA por quatro horas e fui atacada no banheiro. ─ eu


os lembro. ─ Além disso, ir para um lugar novo me daria um novo
começo...

─ Não. ─ papai argumenta. ─ Está fora de questão.


Agitada, caio na cama do hospital. Está claro que ele não vai ceder
sem lutar, e eu já tive o suficiente de lutas por um dia.

─ Ainda assim, não quero que elas sejam presas... ─ Começo a dizer
até me lembrar de algo que Caitlyn me disse. ─ O acidente...

Eu não consigo nem mesmo dizer as palavras.

As sobrancelhas de Jace se comprimem. ─ O que há de errado?

Os músculos das minhas costas se contraem quando eu forço uma


respiração instável. ─ Alguém morreu?

Jace exala bruscamente e dá um passo em minha direção, se


aproximando de mim como se eu fosse uma bomba que está prestes a
explodir a qualquer minuto. ─ Onde você ouviu isso?

Eu digo a ele a verdade. ─ Caitlyn. Ela disse que meu... ─ Faço uma
pausa porque ainda estou tentando entender isso. Então, novamente,
nada sobre minha vida anterior me surpreende mais, então eu acho que
não está totalmente fora de questão. ─ Ela disse que minha amante
lésbica morreu no acidente.

Desnecessário dizer que todo mundo está sem palavras.

Incluindo eu, porque não me lembro de nada sobre essa garota.

Jace fecha a boca, como se estivesse tentando decidir as palavras


certas para dizer.
Eu olho para Cole em busca de respostas, mas ele está bem trancado
também.

Eu tento Sawyer em seguida, mas ela olha para seus pés.

─ Alguém pode me dizer o que aconteceu.

─ Nós realmente não sabemos. ─ Jace responde depois que mais um


minuto passa. ─ Não estávamos lá.

Compreensível, mas eles ainda precisam saber mais do que eu. ─


Mas todos vocês sabem o que aconteceu depois, certo? ─ Eu pressiono a
mão na minha barriga trêmula. ─ Ela... ela morreu?

Linhas se esticam ao longo da boca de Cole, como se ele estivesse


tentando ao máximo não falar. Eu silenciosamente imploro a ele para me
dizer a verdade porque depois de fingir ser Liam, ele me deve muito.

─ Hayley não sobreviveu. ─ ele finalmente sussurra.

Apesar do fato de que não consigo me lembrar do nome, meu coração


dispara de tristeza.

Outra morte.

Estou começando a sentir que há um mau presságio sobre minha


cabeça e quem eu amo está destinado a encontrar o ceifador.

─ Oh, meu Deus.

Minha cabeça gira. Eu não aguento mais.


─ Eu sei que tudo está uma merda agora. ─ Jace disse, me puxando
para perto. ─ Mas estamos todos aqui para ajudá-la.

Por quanto tempo?

Quanto tempo antes que eles acabem mortos também?

Eu nem mesmo me preocupo em enxugar minhas lágrimas.

Eu apenas as deixo cair.

Qual é o sentido de viver quando todas as pessoas de quem gosto


morrem?

Jace olha para nosso pai. ─ Pensando bem, talvez um novo começo
não seja uma ideia tão ruim.

A expressão de papai é solene. ─ Eu cuidarei disso.


Capítulo Treze

Se eu pensei que Jace era superprotetor me deixando no RHA no


meu primeiro dia, não é nada comparado à maneira como ele está sendo
quando me deixa no Royal Manor High.

Só que desta vez, ele não está com Dylan.

Ele está com Cole.

E os dois estão me deixando louca.

─ Não fale com ninguém. ─ Jace diz. ─ Eu não me importo se eles


parecem legais.

Quero lembrá-lo de que será difícil para mim fazer novos amigos
dessa maneira, mas então Cole diz: ─ Se alguém lhe oferecer drogas, não
aceite.

Minha nossa. Eles não podem estar falando sério.

─ Diga não às drogas. ─ murmuro. ─ Entendi.

─ Se alguém tentar te levar a algum lugar sozinha. ─ Jace grunhe,


sua mão apertando ao redor do volante. ─ Fuja porque é uma armadilha.

─ Mas não antes de chutá-los nas bolas. ─ Cole olha para mim. ─
Porque você nunca sabe. Eles podem ser do tráfico sexual.
Minha boca se abre. ─ Vocês dois já terminaram?

Jace para em um local vazio e desliga o motor. ─ Não. ─ Ele se vira


para me encarar. ─ Trouxe algo para você.

─ O que?

Ele puxa um objeto de metal do bolso. Um segundo depois, uma


pequena lâmina aparece.

Eu olho para ele em descrença. ─ Você está me dando uma faca?

─ Um canivete. ─ ele corrige. ─ Mantenha-o com você para proteção.

Eu olho em volta. Além de todos estarem vestidos com roupas


normais e do som fraco de rap estridente à distância, parece exatamente
com o estacionamento da Royal Hearts Academy.

Portanto, não estou menos segura aqui do que estava lá.

Eu ajusto minha mochila e pego minhas muletas. ─ Eu não vou


carregar uma faca.

Não aceitando não como resposta, Jace o enfia na minha bolsa. ─


Apenas se precisar.

Porque eu sei que não adianta discutir com ele quando ele está
assim, eu abro a porta do carro e saio.

─ Quer que eu acompanhe você...

─ Não. ─ eu estalo, interrompendo-o. ─ Eu vou ficar bem.


Porque ninguém conhece a velha Bianca aqui.

Eu bato a porta com minha muleta. ─ Obrigado pela carona.

Cole coloca a cabeça para fora da janela do passageiro. ─ Lembre-


se, se alguém mexer com você, dê um chute na virilha e ligue para gente.

─ Entendi. ─ Eu agito meus dedos. ─ Tchau.

Não é que eu não goste, só preciso de um pouco de espaço para


respirar.

Eles não fazem nenhum movimento para sair, o que sem dúvida
significa que vão me ver entrar.

Suspirando, ajusto minhas muletas e começo a mancar pelo


estacionamento.

Eu olho ao redor. Se eu pensei que meu armário estava cheio de


roupas reveladoras, não é nada comparado com o que algumas dessas
meninas estão vestindo.

Há tanta pele nua que me sinto deslocada em meu jeans e na


camiseta que peguei emprestados de Dylan.

Estou tão focada em todos os outros, em vez de onde estou andando,


que bato em alguém ao entrar no prédio.

─ Cuidado, vagabunda. ─ uma garota zomba.

Observo seu corpo magro, cabelo castanho comprido e cacheado,


maquiagem dramática e unhas pontudas longas para caramba.
A garota parece que pode facilmente chutar minha bunda daqui até
o outro lado da cidade se ela quiser.

─ Sinto muito.

Ela fica desconfortavelmente perto do meu rosto. ─ Você deveria


mesmo.

Eu quero gritar porque parece que não importa que escola eu


frequento, sempre há uma Queen B.

Percebo o pequeno grupo de meninas atrás dela. E seus minions.

─ Vamos, Mercedes. ─ uma delas pede. ─ Chute a bunda dela para


que possamos ir.

A garota - que presumo que seja Mercedes - sorri presunçosamente


enquanto me avalia da cabeça aos pés. ─ Parece que alguém já fez isso.

Sim, e não estou com vontade de repetir a dose.

─ Olha, eu realmente não quero problemas. ─ Eu aponto para o


papel em minha mão. ─ Eu só quero encontrar meu armário.

Antes que eu possa impedi-la, ela arranca o papel da minha mão e


o esquadrinha.

Seus olhos escurecem antes de estreitarem.

Estou prestes a perguntar qual é o problema, mas ela rasga o papel


em pedaços e passa por mim.
Impressionante.

─ Se você tiver alguma dúvida ou preocupação, quero que fique à


vontade para vir diretamente a mim. ─ disse a Sra. Rodriguez, a diretora.

No segundo em que entrei no escritório para um novo horário, ela


me chamou dentro da sala dela.

E tem falado sem parar desde então.

─ Obrigada. ─ Eu olho para o relógio. A aula vai terminar a qualquer


minuto. ─ Eu provavelmente deveria ir.

─ Não tão rápido, ainda estou esperando seu aluno amigo.

─ Meu aluno amigo?

Não tenho ideia do que isso seja.

─ Sim. ─ Ela limpa migalhas de donut da boca e lambe o dedo. ─


Seu pai me contou sobre suas circunstâncias únicas, e eu senti que a
melhor coisa a fazer era arranjar para você alguém do Programa de
Assistência de Pares. Dessa forma, você terá alguém para acompanhá-la
em todas as suas aulas nos primeiros dias e te mostrar tudo.

─ Oh. ─ Considerando tudo; não parece uma ideia terrível. ─


Obrigada...
Ela olha além de mim. ─ Aqui está ele agora. ─ Freneticamente, ela
acena com as mãos. ─ Ei, Stone, entre. Eu gostaria que você conhecesse
Bianca Covington.

Stone tem em torno de 1,70m, com uma constituição esguia, cabelo


preto curto, uma mandíbula esculpida e bem... um rosto muito atraente.

No entanto, é a raiva abrigada em seus olhos castanhos escuros que


sugam todo o oxigênio da sala.

Não tenho ideia de quem ele é, mas o veneno por trás de seu olhar é
enervante.

─ Oi. ─ Eu estendo minha mão, esperando ser legal. ─ Eu sou


Bianca.

─ Caralho.

Tá bom então.

Sra. Rodriguez quase engasga com seu donut. ─ Stone, algum


problema?

─ Sim, existe. Sinto muito, Sra. Rodriguez, mas você vai precisar
encontrar outra pessoa. Eu não posso...

─ Por quê? ─ Eu interrompo. ─ Por que você não pode me mostrar a


escola?

A raiva em seus olhos castanhos aumenta um pouco. ─ Só pode


estar brincando comigo.
Ele me conhece? Porque parece que sim.

E se for esse o caso, preciso saber o que fiz para irritá-lo, porque não
quero enfrentar outra situação como a do RHA.

─ Olha, eu não sei o que fiz para te chatear...

─ Jesus Cristo. ─ Sua mandíbula funciona. ─ Você é uma figura.

Com isso, ele sai correndo do escritório.

─ Eu sinto muito. Ele nunca foi assim... ─ Sra. Rodriguez começa a


dizer, mas eu já estou correndo atrás dele.

Bem, tanto quanto posso com minhas muletas.

─ Stone, espere. ─ eu grito. ─ Por favor.

Ele continua caminhando.

─ Olha, eu sinto muito por tudo o que eu possa ter feito a você.

Isso o fez se virar. ─ Sério?

Eu pisco ─ Sim?

Fazendo uma careta, ele se inclina. ─ Tudo bem, pare com essa
merda. Que porra você realmente está fazendo aqui?

Respirando fundo, digo a verdade. ─ Há alguns meses, sofri um


acidente de carro e, além de uma fratura na pelve, estou com amnésia.
Eu só consigo me lembrar de pequenos pedaços da minha vida e esses
pedaços vêm ao acaso. Eu costumava frequentar a Royal Hearts
Academy, mas aparentemente irritei um monte de gente lá e... ─ Eu
aponto para meu rosto ainda machucado e olho roxo. ─ Este foi o
resultado.

Pronto. Está tudo na mesa.

Ele começa a gargalhar. ─ Cara, eu sempre soube que você era uma
lunática, mas isso? ─ Ele levanta as mãos. ─ Este é um nível totalmente
novo.

Dizer que estou confusa seria um eufemismo. ─ Lunática?

─ Sim. ─ Ele gira o dedo em volta da orelha. ─ Doida varrida.

─ Eu sei o que significa lunática, só estou tentando descobrir por


que... ou melhor, o que fiz para que você se sentisse assim sobre mim.

Encostado em um armário, ele estuda meu rosto pelo que parece


uma eternidade. ─ Você está me zoando, certo?

Eu belisco a ponte do meu nariz. ─ Não, eu não estou brincando com


você.

Sua língua encontra sua bochecha. ─ Bem, para começar, que tal a
vez que você photoshopou um pau de bebê no meu corpo e, em seguida,
espalhou como herpes para toda a nossa classe de calouros?

Eu estremeço.

Bianca com certeza fez um monte de merda.


Ele começa a marcar as coisas com os dedos. ─ Houve também uma
vez em que você e seu irmão apareceram no meu trabalho e agrediram
meu chefe - sobre quem você espalhou mentiras - antes que seu irmão
me espancasse sem motivo.

Bem, merda. ─ Oh.

─ Sim, oh. ─ Ele faz uma careta. ─ E eu ainda não esqueci aquela
noite na marina... ─ Ele desvia o olhar. ─ Pensando bem, isso não é
importante. Tudo o que importa é que também resultou em Cole me
atacando mais uma vez no meu trabalho.

O olhar magoado em seu rosto me diz que o que quer que tenha
acontecido naquela noite realmente importa. ─ O que aconteceu na
marina?

Um músculo em sua mandíbula se contrai. ─ Não se faça de boba,


Bianca. ─ Um olhar ameaçador aparece em seus olhos quando ele se
inclina. ─ Por último, mas não menos importante, não vamos esquecer o
fato de que você e sua família psicopata arruinaram a vida do meu irmão.

─ Arruinamos a vida do seu irmão? ─ Repito, sem entender. ─ Como?

Ele ri, mas não há uma gota de humor. ─ Você sabe que ele não teve
nada a ver com o que Liam...

Meu coração torce com a menção do nome do meu irmão. ─ Você


conheceu Liam?
Não tenho ideia do que fazer com a expressão em seu rosto. ─ Bem
não. Eu não conheci, mas Tommy sim.

Tommy.

A dor é uma forte pulsação em minhas têmporas. Eu sinto que algo


está tentando romper a superfície, mas não consegue.

─ Stone?

─ O que? ─ ele rosna.

─ Como minha família arruinou a vida do seu irmão? E o que Liam


tem a ver com isso?

Stone inclina a cabeça como se estivesse tentando me ver de um


novo ângulo. Seja lá o que ele vê faz sua expressão suavizar. ─ Você
realmente não se lembra, não é?

Eu balanço minha cabeça. ─ Não. Como eu disse, estou com


amnésia.

Com um suspiro, ele arranca o papel da minha mão e o examina. ─


Vai entender, porra.

─ O que?

─ Não só temos a mesma aula de inglês no primeiro período, mas


nossos armários ficam próximos um do outro.

─ Oh. ─ Meus dentes prendem meu lábio inferior. ─ Olha, eu sei que
você deve me odiar pelo que minha família fez ao seu irmão, mas você
acha que consegue me mostrar onde estão nossos armários e talvez uma
aula ou duas? ─ Eu encolho os ombros, impotente. ─ Já estou confusa o
suficiente e...

─ Eu vou te ajudar. ─ Suas narinas dilatam-se com uma inspiração.


─ Com duas condições.

─ Quais?

─ Um: não me pergunte sobre nosso passado, porque isso só me


irrita e me lembra por que eu não deveria estar ajudando você para
começar. E dois: depois de hoje, prometa que ficará bem longe de mim.

Eu não gosto do som disso, mas que outra escolha eu tenho? ─ Com
toda certeza.

Ele projeta o queixo. ─ Seu armário está aqui, Bourne.

Eu pisco ─ Bourne?

Ele me olha como se eu fosse um marciano. ─ Jason Bourne.

Isso não deixa nada mais claro. ─ Eu deveria saber quem é?

─ Identidade Bourne.

Ainda desenhando no vazio. ─ Isso é como um videogame ou algo


assim?

Ele ri e, desta vez, é genuíno. ─ Você nunca viu os filmes Bourne?

─ Talvez. ─ Eu encolho os ombros. ─ Eu não faço ideia.


─ Certo. ─ Ele bufa quando paramos na frente do meu armário. ─ A
ironia.

Giro a fechadura para a combinação correta e ela se abre. No


entanto, não há como tirar minha mochila e manter o equilíbrio ao
mesmo tempo. Não quando ainda confio nas minhas muletas para me
apoiar.

Felizmente, Stone vem ao meu socorro e tira minha mochila dos


meus ombros para mim.

Um arrepio sobe pela minha espinha no segundo em que fazemos


contato. ─ Obrigada.

Minhas mãos ficam suadas e tenho certeza de que estou corando.

Felizmente, Stone não parece notar porque está olhando para o


relógio. ─ Estamos atrasados para a aula.

A aula é a última das minhas preocupações agora.

Stone deixa cair uma bandeja de comida na minha frente. ─


Aproveite.

Eu inspeciono a carne acinzentada desagradável e um montão de


purê de batata. Definitivamente, não é nada como os almoços que servem
na Royal Hearts Academy. ─ Obrigada, mas eu poderia ter pegado
sozinha.

Ele olha minhas muletas enquanto se senta à minha frente. ─ De


verdade?

Ele tem razão.

Pegando meu garfo, opto pela mais segura das duas opções e
procuro nas batatas. Elas têm o gosto de serem feitos de papelão. ─ São...
interessantes.

Ele enfia uma garfada de carne na boca. ─ Desculpe, não está a sua
altura, princesa. Talvez você devesse voltar para sua escola particular
rica e chique.

Suas palavras doem.

Mas não tanto quanto ouvi-lo me reduzir a nada mais do que uma
princesa mimada.

Eu olho para o meu prato. ─ Você nem me conhece.

Inferno, eu nem me conheço.

Por um breve momento, algo pisca em seus olhos antes que fiquem
duros. ─ Oh, mas eu conheço.

Eu quero discutir com ele, mas noto um grupo de garotas se


aproximando de nossa mesa pela minha periferia.
─ Podemos conversar um minuto? ─ a garota que rasgou meu
horário esta manhã pergunta a Stone.

Eu espero que ele vá atender, mas ele não o faz. Na verdade, ele
parece totalmente irritado por ela estar aqui. ─ Eu já disse a você,
Mercedes. Não temos nada para conversar.

Mercedes não parece se importar nem um pouco com essa resposta,


no entanto, ela desconta sua irritação em mim.

Inclinando-se, ela bate a mão na mesa. ─ Acho que você encontrou


uma nova puta, hein?

Tenho aprendido coisas novas sobre mim todos os dias. Hoje aprendi
que sei um pouco de espanhol.

E que já estou farta da merda das pessoas. ─ Primeiro, eu não sou


uma vagabunda. E segundo, você realmente não deveria falar sobre você
dessa forma.

Os lábios de Stone se contraem em diversão.

Mercedes vira a cabeça como uma cobra. ─ Desculpe?

Juntando meus dedos, eu calmamente explico para ela. ─ Você disse


que Stone encontrou uma nova puta. Portanto, só podemos deduzir que
você deve ter sido a primeira puta dele. ─ Pegando meu garfo, engulo um
pedaço de batata. ─ Como eu disse, você realmente não deveria falar
sobre você dessa maneira.

Ou de mim.
─ Oh, merda. ─ um de seus minions zomba. ─ Você vai deixá-la te
desrespeitar desse jeito, Mercedes?

Por que, oh, por que toda garota má parece ter uma ajudante idiota
incitando ela o tempo todo?

─ Inferno, não. ─ Mercedes parece que quer me estrangular. ─ Eu


não sou puta de ninguém, idiota.

─ Não fui eu quem disse que você era. ─ eu a lembro. ─ Foi você.

Está claro que nossa pequena disputa verbal é demais para ela
aguentar.

─ Vadia, vou acabar com você.

Ela se lança sobre mim, mas Stone se levanta, colocando-se entre


nós. ─ Eu tenho algum tempo antes do trabalho hoje. Me encontre no
estacionamento depois da escola.

Isso parece acalmá-la um pouco. ─ Sim, tudo bem. ─ Ela vira seu
olhar furioso para mim. ─ Isso não acabou, puta.

Meu sorriso é todo dentes. ─ Pela última vez, não sou uma pu...

─ Bianca?

Eu olho para Stone. ─ Sim?

─ Ela está indo embora. Deixe-a ir.

─ Certo.
Mercedes e sua equipe se afastam e Stone se joga de volta em seu
assento.

─ Quanto tempo vocês dois namoraram?

Ele congela. ─ O que te faz pensar que nós namoramos?

Ele deve estar brincando comigo.

─ Posso não me lembrar da maioria das coisas, mas sou inteligente


o suficiente para saber, que quando uma garota age assim, é porque ela
está com ciúmes.

Ele apunhala sua carne misteriosa com o garfo. ─ Cinco meses. ─


Ele dá uma mordida e limpa a boca com um guardanapo. ─ Eu terminei
as coisas com ela algumas semanas atrás.

Há um lampejo estranho de decepção no meu peito.

─ Cinco meses é como uma eternidade no colégio. Você deve ter


realmente se importado com ela.

─ Sim. ─ Ele limpa a garganta. ─ Mas pegar ela transando com meu
irmão quando ele estava nos visitando no mês passado colocou um fim
nisso.

Uau. Às vezes, simplesmente não há palavras.

─ Eu... uh. Eu sinto muito.


─ Não sinta. ─ Dando de ombros, ele abre a garrafa de sua bebida
esportiva. ─ Como Tommy disse, pelo menos descobri que ela não era leal
antes que as coisas ficassem ainda mais sérias entre nós.

Quero ressaltar que Tommy também não parece muito leal, mas é
óbvio que ele é muito próximo de seu irmão.

Dado que sou próxima dos meus, não posso culpá-lo por isso.

Ele suspira. ─ Podemos conversar sobre outra coisa? Falar sobre


minha ex traidora está arruinando meu apetite.

Compreensível.

─ Certo. ─ Buscando no meu cérebro uma conversa fiada, eu digo:


─ Você decidiu que faculdade quer estudar?

Seu rosto se ilumina como o 4 de julho. ─ É uma possibilidade


remota, mas espero entrar no programa de pré-medicina da Duke’s
Heart.

Bem, caramba. ─ Pré-medicina, hein? Isso é...

Ele me interrompe revirando os olhos. ─ Pode parar, princesa. Estou


bem ciente de que poucas pessoas pobres, como eu, acabam se tornando
médicos. Como eu disse, é um tiro no escuro.

─ Eu ia dizer que isso é incrível.

Ele estreita os olhos como se esperasse que eu dissesse outra coisa.


─ E?
─ E o que?

Me avaliando, ele se recosta na cadeira. ─ Qual é, você não vai fazer


piada sobre eu não ter que me preocupar porque sou meio asiático e,
portanto, devo ser super inteligente?

Sinceramente, não tenho ideia do que dizer sobre isso.

Na verdade, eu tenho.

─ Não vou fazer uma piada racista, porque piadas racistas nunca
são engraçadas. Em segundo lugar, eu não julgo as pessoas ou sua
inteligência com base em sua raça ou etnia. E eu com certeza espero que
ninguém me julgue com base na minha.

Embora algumas pessoas o façam, infelizmente.

Minha mente voa de volta para a época em que mamãe levou Liam e
eu ao shopping e uma mulher gritou que ela e seus filhos ingratos
deveriam voltar para a Índia porque não éramos queridos aqui.

Minha mãe tinha orgulho de ser indiana e queria que nós também
tivéssemos orgulho disso. Ver o olhar arrasado em seu rosto quase me
matou.

Houve também o momento, na segunda série, em que deveríamos


fazer uma apresentação sobre nossas árvores genealógicas e de onde
viemos, e um dos meus amigos sugeriu que eu me concentrasse no lado
do meu pai, da Irlanda, em vez de na minha mãe, porque as pessoas iriam
rir de mim.
As pessoas podem ser tão idiotas.

A culpa dá cor à expressão de Stone. ─ Eu sinto muito. Acho que


você, entre todas as pessoas, sabe como é.

─ Sim.

Um silêncio desconfortável se estende entre nós pelo que parece uma


eternidade.

─ Eu sei que você acha que me conhece, Stone, mas... ─ Eu paro de


tentar, mas no final das contas não consigo encontrar as palavras certas
para expressar como eu me sinto.

─ Mas o que? ─ ele insiste.

Eu empurro minha bandeja de comida pela metade. ─ Acho que só


espero que você me dê a chance de mostrar a você, a nova Bianca, porque
eu realmente preciso de um amigo.
Capítulo Quatorze

─ Você estava quieta no caminho de carro para casa. ─ Jace observa


enquanto entramos pela porta da frente. ─ Como foi a aula?

─ Ah, você sabe... bem.

Dado que Jace e Cole já são superprotetores o suficiente, eu


definitivamente não vou contar a ele sobre Stone DaSilva.

Meu coração dá um pequeno salto. Apesar de apenas prometer me


ajudar por um dia, ele me acompanhou até minhas aulas e almoçou
comigo novamente hoje.

Eu estaria mentindo se dissesse que não gostei do nosso tempo


juntos.

Ou que ele não era incrivelmente fofo.

Inclinando minhas muletas na escada, prossigo a longa manobra até


meu quarto.

─ Uau. ─ Cole grita quando passa por mim na escada. ─ Onde está
o fogo?

Merda. ─ Nenhum fogo. ─ Eu finjo um bocejo. ─ Eu só estou


cansada.
E por cansada, quero dizer que quero subir e fazer uma pequena
pesquisa.

Oque me lembra.

─ Jace?

─ Sim?

─ Você conseguiu consertar meu laptop?

Evidentemente, tem algum tipo de vírus. Felizmente, os


computadores são a especialidade de Jace e ele está consertando isso
para mim.

Ele balança a cabeça. ─ Ainda não. Estou trabalhando nisso.

Droga.

─ Devo devolvê-lo até o final da noite, no entanto.

─ Obrigada.

Com isso, continuo minha longa jornada subindo as escadas.

Eu solto um suspiro de alívio no momento em que entro no meu


quarto... mas o momento é curto porque ouço uma batida na minha
porta.

Eu abro, com a intenção de exigir que meus irmãos me dêem algum


espaço, mas para minha surpresa é Sawyer do outro lado.

─ Oi.
Eu levanto uma sobrancelha. ─ Oi.

─ Quer dar um tempo? ─ Sawyer aponta para o prato de brownies


que ela está segurando. ─ Eu venho trazendo presentes.

Sim, ela veio. E eles têm um cheiro fantástico.

─ Com uma oferta dessas, como posso dizer não? ─ Eu gesticulo


para ela entrar. ─ Entre.

Depois de encostar minhas muletas na mesa de cabeceira, eu me


jogo na cama e gesticulo para o prato de guloseimas.

Eu sei que Jace e Cole disseram que eu era uma louca por comida
saudável antes do acidente, mas eu simplesmente não entendo como
alguém pode viver sem chocolate.

Sawyer o entrega. ─ Eles têm gotas de chocolate.

É como música para meus ouvidos. ─ Você é uma deusa.

Rindo, Sawyer se senta na minha cama. ─ Então, já fez novos


amigos?

Eu congelo, debatendo se devo ou não contar a ela sobre Stone. Eu


sei que éramos amigas antes, mas essa coisa toda é tão nova para mim.

Além disso, há o fato de que minha família aparentemente arruinou


a vida de seu irmão e tudo.

Deus, estou tão cansada de todo esse drama.

─ Hum... mais ou menos.


Ela estuda meu rosto. ─ Mais ou menos?

Bom Deus, é como se ela pudesse ver através de mim.

─ Ok, tudo bem. É um menino. ─ eu deixo escapar. ─ Pare de me


perfurar, senhorita.

Seus lábios se contraem. ─ Sem pressão para contar, eu prometo. ─


Seu sorriso é genuíno. ─ Se valer a pena saber, estou feliz por você.

─ Não fique. ─ Eu suspiro pesadamente. ─ Ele é incrível e


impressionante, e legal quando quer, mas ele tem uma ex-namorada
louca chamada Mercedes que quer chutar minha bunda toda vez que me
vê. ─ Eu enrugo meu nariz. ─ Ah, e aparentemente Jace e Cole o odeiam,
então as chances de nós sermos qualquer coisa além de inimigos são
inexistentes.

Amo meus irmãos, mas às vezes eles estragam tudo.

A confusão se espalha por seu rosto. ─ Por que diabos Jace e Cole o
odiariam?

Eu pego meu brownie. ─ Não tenho certeza, mas tem algo a ver com
o irmão dele. ─ Eu gemo internamente. ─ Aparentemente, nós
arruinamos a vida dele, o que não é justo porque Stone é...

─ Stone? ─ Sawyer quase grita. ─ Stone DaSilva?

Quase engasgo com a comida. ─ Você o conhece?


Ela sai da cama e começa a andar. ─ Bem, sim, ele... uh... ele é
lavador de pratos, ajudante de garçom e recepcionista em meio período
na Cluck You.

Mundo pequeno. ─ Então você sabe o quão fofo e incrível ele é.

Ele também é um trabalhador árduo, pelo que parece.

─ Certo.

Um sorriso toca meus lábios. Considerando que eles são colegas de


trabalho, posso fazer um monte de perguntas sobre ele.

Seu ritmo ganha velocidade. ─ Droga, de todas as coisas.

Não é preciso ser um gênio para descobrir que ela tem conhecimento
de algo que eu não.

─ Sawyer?

─ Sim?

─ O que está acontecendo?

Ela para de andar e olha para mim. ─ Você disse que Jace e Cole
arruinaram a vida do irmão dele?

─ Sim. Isso é o que Stone disse.

Ela estremece. ─ Sim, isso não é... ─ Ela levanta um dedo. ─ Eu volto
já. Não vá a lugar nenhum.

Eu a olho com cautela enquanto ela se dirige para a porta. ─ Ok.


Um momento depois, ela retorna com uma Dylan igualmente
confusa a reboque. ─ O que está acontecendo?

Colocando um dedo sobre os lábios, Sawyer fecha a porta. ─


Houston, nós temos um problema.

Dylan olha para mim. ─ Que tipo de problema?

Eu encolho os ombros. ─ Não faço ideia.

Tudo o que fiz foi contar a ela sobre um garoto de que gosto na
escola. Eu não tenho certeza porque ela está sendo tão exagerada em
tudo.

Sawyer baixou a voz para um sussurro. ─ Cole e Jace ainda estão


em casa?

─ Não. ─ diz Dylan. ─ Eles foram para a academia. ─ Seu nariz


enruga. ─ Você pode me dizer o que...

─ Bianca tem uma queda por Stone DaSilva.

A boca de Dylan cai aberta. ─ Desculpe, o que?

─ Ei. ─ eu estalo. ─ Eu disse isso em segredo.

Sawyer inclina a cabeça. ─ Eu sei e normalmente eu nunca trairia


sua confiança, mas isso é realmente um grande negócio. Especialmente
porque Stone fez você acreditar que Cole e Jace arruinaram a vida do
irmão dele.
Os olhos de Dylan se estreitam em pequenas fendas. ─ Ah, aquele
desgraçado filho da puta...

─ Ok, já deu. ─ Fechando o punho, eu soco meu colchão. ─ É melhor


alguém falar logo o que está acontecendo.

Estou tão cansada de ser mantida no escuro sobre tudo.

Dylan aperta a ponte de seu nariz. ─ Eu não tenho certeza porque


aquele idiota te disse isso, mas Jace e Cole não arruinaram a vida de seu
irmão. ─ Ela respira fundo. ─ Tommy basicamente assumiu como missão,
arruinar a vida de Liam.

Sinto como se estivesse mergulhada em um tanque de água gelada.


─ O que? Como?

Dylan se senta na minha cama. ─ Tommy atormentou Liam. Todos


os dias ele zombava de sua gagueira e cicatrizes e o provocava com aquele
apelido ridículo.

─ Que apelido?

─ História. ─ ela sussurra, sua voz soando tão abalada quanto eu.
─ Porque a história sempre se repete.

Meu estômago se revira com a repentina onda de memórias. ─ Liam


costumava voltar para casa com lágrimas nos olhos.

Quebrava meu coração vê-lo tão chateado.

Eu literalmente queria matar Tommy por machucá-lo.


Dylan acena com a cabeça solenemente. ─ Eu sei.

─ Não foi só isso que ele fez. ─ observa Sawyer.

Dylan encara Sawyer. ─ Jace não quer que nós...

─ Eu sei, mas ela tem o direito de saber o que aconteceu naquela


noite.

Ela está certa.

Eu olho para as duas. ─ Contem tudo.


Capítulo Quinze

Eu vou matá-lo.

Stone estava certo, nós arruinamos a vida de Tommy... mas apenas


porque ele arruinou a vida de Liam primeiro.

Um arrepio percorre meu corpo quando penso em todas as coisas


vis e cruéis que ele fez com ele.

Principalmente na noite anterior à sua morte.

Eu aperto a mão no meu peito. Liam nunca me contou.

Assim como a maior parte de sua dor, ele a manteve bem escondida.

Ele não me deu chance de salvá-lo.

Minhas entranhas se retorcem de raiva. O fato de que eu estava


começando a ter sentimentos por alguém que poderia estar lá defendendo
uma pessoa tão vil e má me faz querer lavar meu coração com alvejante.

É exatamente por isso que eu peguei um Uber para Cluck You logo
após chutar Sawyer e Dylan para fora do meu quarto.

Eu quero enfrentar o idiota cara a cara.

Estou tremendo de adrenalina enquanto marcho para o trabalho de


Stone.
Demoro dois segundos para localizá-lo de pé no balcão.

Eu não penso, apenas ajo.

Equilibrando-me em minhas muletas, pego o objeto mais próximo e


jogo nele. ─ Seu idiota.

Stone se abaixa na hora certa, errando por pouco o porta-


guardanapos que lancei em sua cabeça. ─ Jesus Cristo. Qual é o seu
problema?

─ Você. Você mentiu para mim, Stone. Você me olhou bem nos olhos
e mentiu. ─ Odeio a forma como minha voz treme, mas não tenho controle
sobre isso. ─ Eu pensei que éramos amigos. Eu pensei...

─ Bianca, é o suficiente. ─ Sawyer grita, correndo para dentro do


prédio. ─ Eu sei que você está chateada, mas esta não é a hora nem o
lugar.

Stone bufa. ─ Devia saber que eles iriam chegar até você mais cedo
ou mais tarde.

Abro a boca para repreendê-lo, mas um homem mais velho e baixo


acenando com uma vassoura grita: ─ Eu disse para você nunca mais vir
aqui.

Não tenho ideia do que ele está falando.

─ Relaxe, Sr. Gonzales. ─ disse Sawyer. ─ Ela estava saindo.

Ha. Pouco provável. ─ Não, não estava.


Ele aponta o dedo na minha cara. ─ Saia agora ou chamarei a
polícia.

─ Chame. ─ eu grito.

Stone tira o avental e o joga no balcão. ─ Estou fazendo uma pausa


de dez minutos.

O Sr. Gonzales levanta as mãos. ─ Não. Sem pausa para você. Você
fez com que aquela garota malvada viesse aqui e arruinasse meu negócio
de novo!

De novo?

Stone olha para Sawyer. ─ Cobre para mim?

Sawyer está visivelmente indignada. ─ Você está louco?

─ Por favor. ─ ele insiste. ─ Eu preciso falar com Bianca. ─ Ele cruza
os braços. ─ Além disso, você me deve, por nunca apresentar queixa
contra seu namorado.

Ela aponta para seu anel de noivado. ─ Noivo. ─ Mesmo que esteja
claro que ela não quer, ela cede. ─ E tudo bem, você pode falar com ela,
mas eu juro por Deus, se você a chatear, eu vou te machucar.

É uma ameaça inútil, já que Sawyer não machucaria nem uma


mosca, mas agradeço o sentimento.

Stone gesticula para eu segui-lo de volta.


Uma vez que estamos do lado de fora, eu liberto toda a minha raiva
reprimida sobre ele.

─ Tommy intimidou Liam todos os dias de sua vida. Ele zombava de


sua gagueira, de suas cicatrizes. ─ Minha dor é uma coisa tangível,
agarrando-me pela garganta. ─ Na noite antes de morrer, ele enganou
Liam para que ele entrasse em um armário e pudesse ver Dylan - a garota
por quem ele estava apaixonado - com meu irmão. E se isso não bastasse,
ele apontou e riu de suas lágrimas depois que eles voltaram para o
ginásio.

Tenho que pressionar a mão contra o estômago porque estou


passando mal. Muito mal. ─ Então ele abaixou as suas calças na frente
de todos os seus colegas de classe e zombou de seu pênis.

Lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto agora. Não consigo


imaginar o quão humilhado Liam se sentiu naquele momento. Agora faz
sentido porque fiz o que fiz com Stone. Eu queria que Tommy
experimentasse como é colocar um alvo nas costas do seu irmão sem
motivo e não ser capaz de fazer nada a respeito.

─ Como você pode ficar aí defendendo alguém tão malicioso? Tão


mau.

─ Porque ele é meu irmão. ─ ruge Stone. ─ Meu pai está na prisão
desde que eu tinha oito anos e Tommy praticamente me criou. ─ Ele bufa.
─ Além disso, é você quem está falando, princesa. Seus irmãos também
não são exatamente pessoas honestas. Acredite em mim, eles tiveram sua
cota de terror.

Enorme diferença. Meus irmãos nunca escolheriam alguém como


Tommy escolheu Liam. ─ Meus irmãos nunca...

─ Ah sim? ─ Stone argumenta, dando um passo em minha direção.


─ Tudo bem, vamos falar sobre todas as merdas que eles fizeram às
pessoas.

─ O que...

─ Pouco depois da morte de Liam, Jace o caçou na floresta e


ameaçou estuprá-lo com um taco de baseball antes de matá-lo. Tommy
teve que implorar e implorar para que ele poupasse sua vida. Não que ele
tivesse muita vida depois disso, porque todos o culpavam pelo suicídio
de Liam, e ele teve que mudar de escola. ─ Estreitando os olhos, ele
continua. ─ Quando Dylan voltou para a cidade, Jace colocou pôsteres
da foto do pai dela em toda a escola. ─ Sua mandíbula aperta. ─ E seu
irmão Cole? Bem, além de me bater duas vezes, ele chamou Sawyer de
gorda na frente de seus colegas de classe e a fez se sentir tão mal consigo
mesma que ela se viciou em Adderall para perder peso e quase morreu.

Eu me sinto mal por um motivo totalmente novo agora. ─ Como você


sabe tudo isso?

─ Porque quando os Covingtons fazem merda, todo mundo na cidade


fala sobre isso. ─ Seu sorriso é cruel. ─ Você quer me julgar e me chamar
de pessoa terrível por defender meu irmão, mas você não é diferente,
princesa.

Isso pode ser verdade. No entanto, Liam é a linha que você não
cruza.

Nunca.

─ Ele era uma boa pessoa. ─ eu sussurro.

─ Você está brincando...

─ Liam. ─ eu sufoco. ─ Liam era uma boa pessoa. Mais do que bom.
Ele era bom e gentil. Compassivo. Ele não merecia a tortura que Tommy
infligiu a ele. ─ Eu o olho diretamente nos seus olhos. ─ E eu não posso
ser amigo de alguém que não pode ver isso.

Eu não vou. Não importa o quanto possa doer.

Eu não sei o que fazer com a expressão em seu rosto. ─ Devidamente


anotado.

Mesmo que minha família não tenha começado esta guerra, eu estou
terminando.

Eu tenho que fazer isso.

─ Acho que isso é um adeus, então.

Vai entender. O único amigo que fiz, é aquele que não posso manter.

Ele começa a entrar, mas para. ─ Bianca?


─ O qu...

Lábios macios se chocam contra os meus em um beijo carinhoso que


chia da minha cabeça aos pés.

─ O que você está fazendo? ─ Eu sussurro contra sua boca.

Com olhos tristes, ele se afasta. ─ Dizendo adeus.


Capítulo Dezesseis

Eu procuro por Sawyer na lanchonete, pretendendo pedir uma


carona a ela para que eu possa ir para casa e pensar sobre o que fiz.

Correção, o que ele fez.

Eu não posso acreditar que Stone me beijou.

E o pior de tudo... eu gostei.

Realmente gostei.

Meu estômago embrulha quando vejo Sawyer tendo o que parece ser
uma discussão acalorada com seu chefe.

Não querendo que o Sr. Gonzales me veja e ameace me chutar para


fora novamente, manco meu caminho para o banheiro.

Ainda posso sentir seu beijo demorando em meus lábios.

Batendo minha cabeça, eu me esforço para parar de pensar nisso.

Stone e eu não podemos ser nada mais do que inimigos.

Seria uma traição a Liam.

Stone não é Tommy - minha mente argumenta.


Eu sacudo o pensamento da minha cabeça. ─ Estúpida, estúpida,
estúpida.

Estou prestes a enviar uma mensagem de texto para Sawyer e


informá-la onde estou me escondendo, mas a porta se abre.

─ Ah, meu Deus. É você.

Eu observo seu cabelo loiro na altura do queixo, olhos castanhos e


corpo alto.

Eu não tenho ideia de quem é essa garota.

Eu inclino minha cabeça para o lado, estudando-a. Pensando bem,


ela parece vagamente familiar. Eu simplesmente não consigo identificá-
la.

─ Deus, estou tão feliz que você está bem.

A próxima coisa que sei é que seus braços estão em volta de mim e
minhas muletas estão caindo no chão.

Estou surpresa por dois motivos. Um, esta é a primeira pessoa fora
da minha família que parece legitimamente feliz em me ver após o
acidente.

E dois, aparentemente, tenho uma amiga.

Ela segura meu rosto com as mãos. ─ Eu sei que a última vez que
nos vimos você disse que estava acabado, mas...

Seus lábios se chocam contra os meus.


Que. Porra. Está. Acontecendo.

Hoje é o dia que todo mundo beija a Bianca e bagunça a cabeça dela?

Eu prontamente me afasto. ─ Desculpe, quem é você?

─ Muito engraçado. ─ ela murmura, sua boca encontrando meu


pescoço.

Passado

Eu me sento no capô do carro dela e aponto para o uniforme de líder


de torcida que estou vestindo. ─ Se você quer um lugar de volta no time,
você vai ter que merecê-lo.

Morgan fica branca como um lençol. ─ Como?

É tudo que posso fazer para não rir. A garota tem sido um espinho
na minha vida desde o ano passado. Entre zombar de mim a cada chance
que tinha, constantemente ameaçando me expulsar do time, assim que
ela se tornasse a capitã oficial... e outras coisas, era o suficiente para me
fazer pensar em despejá-la em um tanque de ácido sulfúrico.

Mas agora a maré mudou e, aos poucos, estou tirando tudo dela.

Sua posição como capitã das líderes de torcida.


Suas amigas.

Sua popularidade.

E no final desta noite... eu terei cada grama de sua dignidade


também.

Raiva misturada com ciúme corre em minhas veias.

Há apenas uma coisa que ela tem que eu quero.

Claro, é a única coisa que não posso ter.

Por enquanto.

Deitando de costas contra o para-brisa, eu abro minhas pernas. ─


Provando sua lealdade a mim.

Eu não estou esperando que ela realmente faça isso.

Não, tudo isso é apenas parte do meu joguinho de foder com a


cabeça dela.

A CIA não tem nada como minhas formas de tortura.

Ela pisca. ─ O que você quer que eu faça?

Idiota do caralho. Claro, eu teria que soletrar para ela. ─ Lamba


minha boceta, vadia.

Um sorriso se estende pelo meu rosto enquanto espero que ela


recuse, para que eu possa dizer que ela nunca estará no meu time e para
desfrutar de seu novo status social de perdedora.
Morgan morde o lábio inferior, seus olhos examinando a marina
vazia. ─ Aqui?

Hmm. Não é a resposta que eu esperava, mas concordo com ela


porque se eu for a única a desistir, tudo isso será em vão.

─ Sim. ─ Enganchando meus polegares nas laterais da minha


calcinha, eu deslizo para fora dela. ─ Bem aqu...

Uma sacudida de prazer misturada com choque me percorre


enquanto ela abaixa a cabeça e começa a lamber minha boceta como uma
sobremesa decadente.

Puta merda.

Não há muitas coisas que me surpreendem, mas isso certamente me


surpreende.

Uma respiração me deixa em uma grande corrida enquanto ela


continua me lambendo.

Droga... ela é boa.

Boa pra caralho.

De jeito nenhum esta é a primeira vez que ela faz isso.

Agarrando sua nuca, eu a forço a olhar para mim. ─ Você gosta de


comer boceta, não é?

Seus olhos semicerrados e a maneira como sua língua sai para


provar outra vez me dizem tudo que preciso saber.
Irônico, visto que seu pai é um senador rico que odeia abertamente
gays.

O prazer chia pela minha espinha enquanto sua boca quente faz
uma sucção ao redor do meu clitóris. ─ Porra. Bem desse jeito.

Ela geme, seus movimentos ganhando velocidade e eu juro que vejo


estrelas.

Jesus Cristo. Ela é boa pra caralho.

─ Oh, Deus. ─ eu suspiro, me contorcendo contra seu rosto. ─


Pensando bem, talvez possamos resolver algo.

Ao contrário de Morgan, não gosto de garotas, mas não tenho


nenhum problema em oferecer minha boceta para ela de vez em quando.

Porque no final do dia, não importa de quem é a boca responsável


por isso, um orgasmo ainda é um orgasmo.

Dito isso, não sou burra o suficiente para não aproveitar a


oportunidade para fazer uma pequena chantagem por segurança.

Alcançando meu telefone, pressiono o botão de gravação.

É quando percebo um movimento com o canto do olho.

Meu estômago aperta quando vejo uma figura escura e sombria nos
observando.

Com um telefone na mão.

Ocorre-me que tenho duas opções.


Posso fazer Morgan parar e mandá-la para casa.

No entanto, se eu fizer isso, sem dúvida alertará nosso pequeno


perseguidor de que estou atrás dele e lhe dará a oportunidade de registrar
isso.

Portanto, é melhor deixá-la acabar comigo antes de confrontá-lo.

Descendo, agarro sua nuca. ─ Mais.

Sua boca trava em meu clitóris e minhas pernas começam a tremer


enquanto ondas de prazer me rasgam como um tornado em um campo
vazio.

Meu orgasmo é tão intenso que quase esqueço que há uma


aberração nos observando.

Até que ele entra em foco e eu perceba que ele não é apenas uma
aberração aleatória, afinal.

Ele é Stone DaSilva.

Meu arqui-inimigo.

Filho da puta. Isso estava de mal a pior.

─ Vá para casa. ─ digo a Morgan enquanto deslizo para fora do capô


de seu carro. ─ Agora.

Sua boca cai aberta. ─ Sério.

─ Sim. ─ eu assobio.
Eu preciso que ela saia para que eu possa cuidar de Stone sozinha.
Eu não quero que ela saiba que ele estava nos gravando porque ela vai
pirar e tornar tudo pior e então ele nunca vai desistir de tudo.

Eu só tenho que argumentar com ele.

E se isso não funcionar... bem, não me oponho a usar outras táticas


para conseguir o que quero.

A expressão de Morgan está cheia de dor enquanto ela sai dirigindo...


ao mesmo tempo que Stone começa a fugir.

Não tão rápido, idiota.

Respirando fundo, vou atrás dele.

Dado que estou em boa forma, estou em seus calcanhares em


segundos.

─ Puta que pariu. ─ ele exclama quando eu caio em cima dele.

─ Me dê o telefone. Agora.

Ele tem coragem de rir. ─ Sem chance.

Lutamos na doca por quase um minuto.

Infelizmente, termina com ele em cima de mim, me prendendo no


chão. ─ Você é uma verdadeira figura, sabia disso?

Eu estreito meu olhar. ─ Você gostou do show?

A protuberância pressionando contra mim me diz que sim. Nojento.


Sua expressão endurece. ─ Você quer dizer aquele em que você
manipulou aquela pobre garota...

─ Morgan não fez nada que não quisesse.

A menos que ele seja cego, é óbvio que tudo o que aconteceu entre
nós foi consensual.

Grunhindo, ele se levanta. ─ Eu ouvi tudo, Bianca. Você deu a


entender que não daria a ela um lugar na equipe a menos que ela lhe
desse prazer. ─ Ele aponta o dedo na minha cara. ─ Existe uma palavra
para isso, você sabe.

Até parece. ─ Você deve ter perdido a parte em que ela estava
claramente se divertindo. ─ Eu deixo cair meus olhos em sua virilha. ─ E
pelo que parece, ela não era a única.

Eu juro que ouço seus dentes estalarem. ─ Essa não é a questão.

Mãos nos quadris, eu olho para ele. ─ Então, por favor, diga, qual é
o sentido de sua pequena birra moral, DaSilva?

Ele geme. ─ Estou tão cansado de todos vocês, os malditos


Covingtons, pensando que são os donos do mundo e podem fazer o que
quiserem com as pessoas. ─ Torcendo o rosto, ele aponta para o telefone.
─ Mal posso esperar para lhe dar uma dose do seu próprio remédio.

É, isso não vai acontecer.

─ Você sabe que se mostrar às pessoas, também estará arruinando


a vida de Morgan, certo?
Ele encolhe os ombros como se não fosse grande coisa. ─ Vou borrar
o rosto dela. ─ Seus dentes brilham brancos. ─ Não posso dizer o mesmo
de você.

Bem, merda. Ele claramente pensou nisso.

Não é um problema. Todo mundo tem um preço.

Até idiotas morais como Stone.

─ Quanto você quer?

Ele me olha como se eu fosse louca. ─ Você honestamente acha que


pode me comprar?

Duh.

─ Você é pobre pra cacete. ─ eu o lembro. ─ Claro que posso comprar


você. ─ Pegando meu próprio telefone, faço login na minha conta do
PayPal. ─ Apenas me diga quanto será necessário, para fazer este
pequeno problema desaparecer, para que ambos possamos seguir em
frente com nossas vidas.

Ele ri, mas não há humor. ─ Uau.

─ Uau o quê?

Ele passa por mim. ─ Não se preocupe, princesa. Tenho certeza de


que todos os nojentos do Pornhub vão adorar ver você gozar tanto quanto
eu.

Ele está quase no fim do cais quando eu grito: ─ Então você gostou.
Eu sabia.

Mostrando-me o dedo do meio, ele continua andando.

Pensando rápido, corro até o seu carro antes que ele entre. ─ Olha,
tem que haver algo que você queira.

Seu olhar é francamente venenoso. ─ Eu não quero nada de você.

Isso não é possível.

A bile sobe pela minha garganta quando fica claro para mim o que
vou ter que fazer para pegar o telefone dele.

Não tenho escolha, porque não vou deixá-lo colocar esse vídeo em
um site pornô.

Pego sua mão e a coloco no meu peito. ─ Todo mundo quer alguma
coisa, Stone.

Incluindo perdedores intrometidos e falidos como ele.

Ele puxa a mão de volta como se tivesse sido queimado. ─ Não estou
interessado.

A barraca em sua calça jeans me diz que isso é mentira.

─ Você tem certeza disso? ─ Arrastando um dedo em seu estômago,


eu me inclino. ─ Tem certeza que não quer me forçar a ficar de joelhos?
─ Eu lambo a concha de sua orelha. ─ Faça a princesa má te chupar.

Quando eu tinha quatorze anos, paguei cem dólares a Bradly


Benson para me ensinar a fazer um bom boquete.
Ele havia recentemente se revelado gay, então eu descobri que ele
era a melhor pessoa para pedir.

E ele foi.

Ele também foi a melhor pessoa para minhas aulas práticas.

Portanto, sou capaz de fazer coisas com Stone que vão fazer sua
cabeça girar e seus dedos do pé se enrolarem.

Pobre e doce Stone, parece que está lutando uma batalha interna
consigo mesmo.

Seria quase cômico se não fosse tão sério.

─ Vamos, Stone. ─ Eu coloco a mão em seu pau, que está crescendo


em seu jeans. ─ Pare de ser um bom menino e me ensine uma lição.

Eu estou totalmente esperando que ele me rejeite, mas para minha


surpresa, ele grunhe. ─ Fique de joelhos.

Isso é dois para dois esta noite.

Só que este é muito pior.

Porque é Stone DaSilva.

O irmão mais novo do pedaço de merda mais vil do planeta.

A humilhação colore minhas bochechas enquanto eu caio de joelhos


e ele abaixa o zíper.

Esta foi uma ideia terrível.


Mas é tarde demais, porque eu já concordei e ele está puxando o pau
para fora.

Para o crédito de Stone, é um pouco maior do que o falso pau de


bebê que coloquei em fotos dele com o photoshop quando ele frequentou
a Royal Hearts Academy.

Abro minha boca e faço uma pausa.

Minhas dúvidas sobre fazer isso são o suficiente para fazer minhas
entranhas se agitarem.

Stone deve sentir isso porque diz: ─ Esqueça. Eu não quero que você
faça algo que você não...

Eu o coloco em minha boca o máximo que consigo.

Eu preciso desse vídeo.

Ele dá um soco na lateral do carro com o punho enquanto eu me


engasgo com seu pau. ─ Porra.

Já que começou, agora termina.

Dito isso, não posso negar a sensação doentia de prazer que sinto
por tê-lo à minha mercê assim.

Posso estar de joelhos, mas é óbvio que ele não está no controle.

Eu estou.
Seu rosto se contorce quando eu o levo fundo na garganta
novamente, tentando o meu melhor para descobrir onde ele colocou seu
telefone, já que ele não o está mais segurando.

Ele geme. ─ Porra, Bianca.

Eu sei.

Colocando ambas as suas mãos na parte de trás da minha cabeça,


começo a apalpar seus bolsos.

Ruídos baixos e ásperos saem dele enquanto ele fode meu rosto. ─
Merda.

Meu coração bate mais rápido. Cada centímetro dele está duro e
tenso com a excitação, pronto para explodir a qualquer momento.

Concentre-se, Bianca.

A decepção bate como um tijolo na minha cabeça enquanto procuro


no seu primeiro bolso e não encontro nada.

Eu o levo mais fundo, sugando-o forte e rápido enquanto cavo meus


dedos em sua bunda.

Prêmio.

Pego seu telefone do bolso de trás ao mesmo tempo que um jato


espesso de esperma enche minha boca.

Levantando, limpo o canto da minha boca.


Então eu cuspi seu esperma em seu rosto. ─ Uau. Isso não demorou
muito.

Raiva misturada com nojo aperta suas feições enquanto ele levanta
a camisa e enxuga o rosto.

Aproveito a oportunidade para ir para as docas, correndo o mais


rápido que posso.

No segundo que estou perto da água, jogo o telefone dele.

Eu ouço seus passos atrás de mim, mas já está afundando.

Missão cumprida.

─ Você está atrasado. ─ eu o informo.

─ E você tem dezessete anos. ─ ele zomba.

Não tenho ideia do que minha idade tem a ver com qualquer coisa.

Eu me viro para encará-lo. ─ Onde você quer chegar?

─ Você poderia ter chamado a polícia e me prendido. Ou ligado para


seus irmãos e pedido que cuidassem de mim. ─ Ele dá um passo mais
perto. ─ Mas você não fez isso... você me deu um boquete em vez disso.
─ Eu odeio o sorriso arrogante em seu rosto. ─ O que significa que você
queria chupar meu pau, Bianca Covington.

Jesus. A audácia.

─ Não, eu não...
Não tenho chance de terminar minha frase porque ele me empurra
para a água.
Capítulo Dezessete

─ Morgan. ─ eu quase grito quando ela começa a desabotoar minha


camisa.

É claro que a antiga eu não teria problemas em usá-la, mas essa


Bianca?

Ela não está realmente sentindo isso.

Ela também não quer ferir seus sentimentos.

─ Você é incrível. ─ digo a ela, empurrando-a gentilmente para longe.


─ Mas eu... tudo é tão... ─ Gesticulo entre nós. ─ Eu não posso fazer isso.

Seu rosto cai. ─ Ah.

─ Não é você. ─ digo rapidamente. ─ Sou eu. Desde o acidente, não


tenho sido eu mesma.

Isso não é mentira.

─ Certo. ─ diz Morgan. ─ Eu não queria... Eu estava tão animada


por ver você. ─ Ela pega minhas muletas e as entrega para mim. ─ Como
você está?

Essa é uma pergunta difícil.


─ Eu, uh... estou passando por um momento difícil. ─ digo a ela
honestamente.

─ Sim, posso imaginar. ─ Ela exala bruscamente. ─ Não consigo


acreditar que Hayley está morta.

A culpa pinica meu peito porque ela era a última pessoa na minha
mente.

Mesmo sendo amigas.

Caramba, mais do que amigas, se os rumores forem verdade.

─ Sim. ─ eu digo suavemente. ─ Eu sei.

As feições de Morgan se torcem, como se ela estivesse contemplando


algo. ─ Bianca?

─ Sim?

Ela torce as mãos. ─ Eu simplesmente não entendo por que você


estava com Hayley naquela noite, quando eu disse a você o que ela estava
fazendo...

─ Aí está você. ─ Sawyer diz. ─ Estive procurando por você por toda
parte.

Volto minha atenção para Morgan porque preciso saber. ─ O que


você quer dizer? O que Hayley estava fazendo?
─ Bianca. ─ Sawyer rebate, seu olhar pulando entre nós. ─ Cole e
Jace estão explodindo meu telefone perguntando onde você está. Eu
preciso levar você de volta para casa antes que eles vejam.

Nenhuma surpresa nisso.

Eu olho para Morgan. ─ Eu tenho que ir, mas posso te ligar mais
tarde para que possamos conversar mais sobre isso?

Como ela sabe o que aconteceu na noite do acidente, tenho um


monte de perguntas para ela.

Morgan concorda. ─ Sim, claro.

Depois de programar o número dela no meu novo telefone, saio


mancando porta afora. ─ Pronta, quando você estiver.

Estamos na metade do caminho para fora do restaurante quando


Sawyer murmura uma maldição. ─ Eu esqueci minha bolsa. Eu volto já.

Estou prestes a me oferecer para ir com ela, mas vejo Stone


limpando os balcões.

Bastava dizer, que agora sei exatamente o que aconteceu na marina.

Como se sentisse meu olhar, ele ergueu os olhos.

Olhos quentes se movem sobre mim como lava, enviando uma onda
de calor por mim.

A velha Bianca pode não gostar de Stone... mas a nova Bianca gosta
muito.
Pena que ter sentimentos por ele trai as pessoas de quem mais gosto.

─ Então, eu disse a Morgan que se ela quisesse uma vaga no time,


ela teria que me chupar. O que eu não sabia, era que Stone estava à
espreita e gravando a coisa toda. Eu não tive escolha a não ser dar um
boquete nele, para confiscar seu telefone e destruir a gravação. ─ Eu
levanto minhas mãos. ─ Bem, eu não. A velha Bianca.

Aquela que estraga tudo.

Dr. Wilson - ou Walter, como costumo chamá-lo, pisca. ─ Entendo.

Ele prontamente anota algo em seu bloco de notas.

Eu solto um suspiro. ─ De qualquer forma, Morgan disse algo sobre


não entender por que eu estava com Hayley na noite do acidente. Eu
queria um esclarecimento, mas Sawyer entrou e disse que meus irmãos
estavam procurando por mim. ─ Suspirando, acrescento: ─ Era para eu
ligar para Morgan mais tarde e descobrir o que aconteceu, mas ela não
me atendeu.

E ela tem me ignorado desde então.

Uma sensação densa e pesada empurra meu peito. ─ Estou


começando a pensar que pode não ser uma coisa tão ruim, no entanto.

Walter levanta os olhos de seu bloco de notas. ─ Por que?


Eu digo a ele a verdade. ─ Porque a velha Bianca só causou
problemas. Talvez seja melhor eu tentar seguir em frente com minha
vida... bem, a que tenho agora.

Talvez o acidente tenha sido a maneira do universo, de me dar uma


segunda chance.
Capítulo Dezoito

Um baque alto me tira dos meus pensamentos.

Eu olho para o livro que deixei cair. Ótimo.

Tento me curvar e manobrar o máximo que posso para agarrá-lo,


mas acabo chutando-o para o outro lado do corredor.

─ Bom trabalho, desastrada. ─ murmuro para mim mesma.

Odeio essas muletas idiotas.

Eu olho em volta para ver se alguém pode me ajudar, mas não há


um rosto amigável à vista.

Voltando ao meu armário, pego um livro para uma aula diferente.

─ Acho que isso pertence a você.

A voz de Stone derrete na minha pele como manteiga ao sol do meio-


dia.

Me recusando a fazer contato visual, olho para o chão enquanto pego


meu livro dele. ─ Obrigada.

─ Então, é assim agora, hein?

Tem que ser.


A raiva enche sua voz. ─ Você nem vai olhar para mim?

─ Você sabe que não podemos ser amigos. ─ Pressionando minha


testa contra meu armário, eu fecho meus olhos. ─ Não torne isso mais
difícil do que já é.

Ele se inclina perto o suficiente para que eu possa sentir o cheiro de


seu sabonete com aroma de laranja e a canela de seu chiclete. ─ Você é
uma covarde de merda.

O insulto faz minhas entranhas se revirarem.

─ Diga que o que Tommy fez foi errado. ─ A raiva percorre minhas
bochechas e me encontro olhando feio para ele. ─ Olhe nos meus olhos e
diga que ele é um pedaço de merda sem coração.

Que ele é o responsável pelo que aconteceu com Liam.

E se houvesse alguma justiça no mundo, seria Tommy naquela


sepultura, em vez de meu irmão.

Stone fica em silêncio.

Eu passo mancando por ele. ─ Parece que não sou a única covarde.

─ A quem esse carro pertence? ─ Eu pergunto a Jace enquanto ele


para na garagem.
O Mercedes conversível rosa tem ocupado espaço na nossa garagem
desde que cheguei aqui e nunca vi ninguém dirigi-lo.

Sua expressão é inescrutável quando ele responde. ─ Seu.

─ Meu? ─ Eu questiono.

─ Sim.

Isso não faz sentido. ─ Eu não dirijo.

Pelo que eu sei, nunca dirigi.

Sua mãe morrendo em um acidente de carro fez isso com você.

Jace olha o carro em questão. ─ Papai te deu no seu aniversário de


dezoito anos.

Não tenho certeza do por que ele fez isso, mas é uma vergonha, um
carro tão bom e caro ficar parado lá e apodrecer.

─ Bem, se você quiser dar uma volta, fique à vontade. ─ Saindo de


seu veículo, fecho a porta do carro. ─ Não é como se eu fosse dirigir tão
cedo.

Ou nunca, por falar nisso.

Passado
─ S-s-sente no c-c-carro por um m-m-minuto. ─ Liam insiste
enquanto me arrasta para o carro do nosso pai.
Cruzando meus braços sobre meu peito, eu bato meu pé. ─ Não.

Eu nunca vou colocar os pés dentro de um carro novamente.

Carros matam pessoas.

Eu estreito meus olhos. ─ Por que você não para de me incomodar


com isso?

Ele faz beicinho. ─ Porque eu estou c-c-cansado de ir e voltar da


escola todos os dias. Estou c-c-cansado de nunca i-i-ir a lugar nenhum
d-d-divertido. ─ Ele chuta uma pedra na calçada. ─ Já se passaram nove
m-m-meses.

Nove meses, oito dias e quatro horas.

─ Você pode ir a lugares sem mim. ─ eu o lembro.

Caramba, Jace e Cole fazem isso o tempo todo.

Ele me olha como se eu fosse louca. ─ Isso não é d-d-divertido.

─ Nem ficar presa dentro de algo que vai me matar.

Ele me agarra pelos ombros. ─ Eu sou seu i-i-irmão mais v-v-velho.

Não tenho ideia de onde ele quer chegar com isso. ─ Duh. Onde você
quer chegar?

─ Eu nunca d-d-deixaria nada de r-r-ruim acontecer com v-v-você.


─ Eu luto contra o desejo de lembrá-lo de que nós dois estávamos no
acidente que matou mamãe quando ele me girou. ─ F-f-feche os olhos.
Não. Ele não pode me enganar. ─ Eu não vou cair nessa, Liam.

Ele bufa. ─ C-c-confia em mim.

─ Juro por Deus, se você me empurrar naquele carro, vou dar um


soco na sua cara.

─ Eu n-n-não vou. ─ Ele enlaça seu dedo mindinho com o meu. ─


Promessa de m-m-mindinho.

Droga. Nada superava uma promessa de mindinho. Era o Santo


Graal das promessas.

Mas ainda assim, eu não queria entrar naquele carro. ─ Liam...

─ F-f-feche os olhos. P-p-por favor.

─ Tudo bem. ─ eu cedi. ─ Eu vou fazer isso. Mas se você...

Minha frase cai no esquecimento quando ele coloca algo em volta do


meu pescoço.

─ O que você está fazendo?

─ A-a-abra os olhos.

Eu apalpo o cordão preto fino, inspecionando o pingente de prata


pendurado nele.

Embutido no metal está um homem marchando pelo oceano


enquanto segura um cajado. Após uma inspeção mais detalhada, noto
que ele também está carregando um bebê nas costas.
─ O que...

─ É S-s-são C-c-cristóvão. ─ Liam me diz. ─ Ele deve p-p-proteger os


v-v-viajantes.

Eu quero protestar e dizer a ele que um pedaço de metal não salvará


ninguém, mas ele parece tão feliz. Como se ele tivesse acabado de
descobrir a cura, para finalmente me consertar.

Eu não tenho coragem de desaponta-lo.

─ Não acredito que você fez isso para mim.

Ele encolhe os ombros como se não fosse grande coisa. ─ C-c-claro


que s-s-sim. Eu te amo.

Eu pisco, sem saber como responder.

Mamãe sempre dizia que nos amava e que era importante falarmos
todos os dias, mas desde que ela morreu...

Paramos de dizer isso.

É como se nosso amor tivesse morrido com ela.

Com uma respiração instável, eu alcanço a maçaneta da porta e


subo no banco de trás. ─ Tudo bem, eu vou fazer isso. Mas apenas por
um minuto.

Seu sorriso é tão brilhante que poderia rivalizar com o sol.


Capítulo Dezenove

─ Vamos. ─ Jace reclama da porta do meu quarto. ─ Você vai se


atrasar para a escola.

A escola pode esperar.

Eu freneticamente continuo procurando em minha caixa de joias e


em cada canto da minha cômoda, mas não encontro nada.

─ O que você está procurando?

─ Você se lembra daquele pingente de São Cristóvão que Liam me


deu quando éramos crianças?

Jace concorda. ─ Sim.

Eu olho para ele. ─ Sumiu.

Junto com o amuleto de penas de prata, fiz um par logo após sua
morte.

Foi minha maneira de reconhecer que ele era meu anjo da guarda.

Já que eu nunca o teria tirado, tem que estar por aqui em algum
lugar.

A menos que…
Meu coração cai. ─ Você acha que eu perdi no acidente?

Não tenho nenhuma lembrança disso, é claro, mas não está


totalmente fora de questão assumir que pode ter caído quando passei
pelo para-brisa.

Jace aperta meu ombro. ─ Vou te dizer uma coisa, depois que eu
deixar você na escola, vou correr até a delegacia de polícia e o hospital
para ver se ele está lá.

Eu envolvo meus braços em torno dele. ─ Você é o melhor, sabia


disso?

Sinceramente, não conseguiria passar esses últimos meses sem ele


e Cole ao meu lado.

Eu posso estar quebrada, mas nossa família é mais forte do que eu


jamais possa me lembrar.

Mamãe ficaria orgulhosa.

─ Eu sei. ─ Ele me bate de brincadeira na cabeça com a banana na


mão. ─ Coma isso no caminho para a escola.

Como uma mariposa para a chama, meus olhos pousam em Stone.

Ao contrário do resto dos alunos no refeitório, Stone não está


sentado com um grupo.
Ele é um solitário que guarda para si mesmo.

Parece que temos isso em comum.

Desviando meu olhar, eu olho para minha bandeja. O almoço de hoje


é pizza, que é preferível à porcaria de costume que eles servem. No
entanto, não faz nada para levantar meu ânimo.

Sinto falta dele.

Mesmo que eu não devesse, porque ele está relacionado àquele


maldito e nojento vil responsável pela dor de Liam.

Estou prestes a desistir do almoço, mas Mercedes e seu grupo de


cadelas cercam meu espaço como formigas em um picolé.

Aqui vamos nós.

A ironia. Desde o acidente fatal da minha mãe, eu odiava a marca de


carros Mercedes.

Acontece que os humanos não são muito melhores.

─ Carmen disse que viu você na Cluck You outro dia. ─ Antes que eu
possa lembrá-la que é um país livre e perguntar qual é o problema,
Mercedes bate a mão na mesa, fazendo minha bandeja chacoalhar. ─ Eu
só vou te dizer uma vez, puta. Fique longe do meu homem ou você vai
conhecer essas mãos.
Quero perguntar se ela é cega porque Stone e eu não nos falamos
há mais de uma semana, mas isso só daria a impressão de que estou me
curvando diante dela.

Foda-se isso. Prefiro engolir vidro quebrado.

Eu expulso um suspiro irritado. ─ Eu sinto muito. Da última vez que


verifiquei, Stone tinha terminado com você e estava solteiro. ─ Eu dou a
ela um sorriso doce e açucarado. ─ Portanto, ele não pode ser seu homem.

Uma de suas minions bufa. ─ Droga, Me. Ela te pegou nessa.

─ Cale a boca. ─ Mercedes se encaixa antes de voltar sua atenção


para mim. ─ Estamos nos resolvendo.

Eu odeio a sensação de afundamento na boca do estômago. Isso é


novidade para mim.

Ela gira a cabeça. ─ E se você sabe o que é bom para você, você vai
deixá-lo em paz. Não me faça ter que te dizer de novo.

Eu poderia concordar, então ela iria embora, mas ela me pegou em


um dia ruim.

─ Uau. ─ eu murmuro, fingindo surpresa.

─ Uau o quê?

─ Estou apenas surpresa, só isso. ─ Eu encolho os ombros


inocentemente. ─ Eu realmente não achei que ele iria te perdoar, por
foder com o irmão dele. ─ Meu sorriso é só dentes. ─ Puta.
Antes que eu possa piscar, ela pega minha lata de refrigerante, joga
na minha cabeça e a esmaga contra meu crânio. ─ Cadela.

Suspiros e murmúrios enchem o refeitório e através da minha névoa


efervescente, vejo seus dedos se fecharem em um punho.

Eu me preparo para o impacto.

Mas isso nunca acontece.

─ Deixe-a em paz. ─ Stone late, puxando-a para longe.

Mercedes luta um pouco, mas Stone - e suas palavras - são mais


fortes do que ela. ─ Eu disse que tínhamos acabado.

Sua expressão confunde. ─ Só porque ela...

─ Bianca não tem nada a ver com isso. Eu não quero mais você,
Mercedes. Você precisa enfiar isso na sua cabeça dura e parar de agir
como uma perseguidora obcecada.

─ Aí. ─ alguém grita.

O constrangimento de Mercedes é tangível, embora ela esteja se


esforçando para não demonstrar. ─ Foda-se você. ─ Seus olhos
endurecem. ─ E seu pau pequeno.

O refeitório explode em gritos e uivos.

A dor passa pelos olhos de Stone e antes que eu possa me conter,


grito: ─ Não, ele não tem. ─ Usando a mesa como apoio, eu levanto. ─
Acredite em mim, eu já vi. ─ Eu dou uma piscadela para ela. ─ Deve ser
sua boceta larga.

Mercedes se lança para cima de mim novamente, mas desta vez um


segurança vem em meu socorro e a leva embora.

Não demora muito para que as pessoas concentrem sua atenção em


outro lugar.

Os olhos de Stone caem sobre mim. ─ Você está bem?

─ Estou com dor de cabeça agora, mas vou viver.

Ele tira o moletom e o entrega para mim. ─ Aqui.

Visto que estou coberta de refrigerante pegajoso, aceito com


gratidão. ─ Obrigada.

Ele me dá um breve aceno de cabeça antes de voltar para sua mesa.


Capítulo Vinte

Estou aqui apenas para devolver o moletom.

Pelo menos é o que eu continuo dizendo a mim mesma enquanto


manco para a Cluck You.

Quando Sawyer mencionou que iria trabalhar para ajudar a


alimentar os sem-teto depois do jantar de Ação de Graças, perguntei se
ela poderia me dar uma carona.

Não demorou muito para localizar Stone. Ele está afundado até os
cotovelos em purê de batata e molho. Dando a todos que passam por ele
uma porção generosa com um grande sorriso em seu rosto bonito.

Maldito seja por ser gentil e ridiculamente fofo.

Maldito seja meu coração ainda mais por falhar uma batida.

Tento me aproximar dele, mas o Sr. Gonzales me para no meio do


caminho. ─ Você... fora.

Droga.

─ Qual é, Sr. G. ─ Stone grita de sua estação. ─ É o Dia de Ação de


Graças.
Quando está claro que o Sr. Gonzales não vai desistir, acrescento: ─
Eu esperava poder ajudar.

Bem, na verdade não. Mas ei, por que não? Está muito lotado e
parece que eles precisam de um par extra de mãos.

As sobrancelhas de Stone erguem-se de surpresa. ─ Sério?

─ Absolutamente. ─ declaro.

Seu chefe pode não gostar muito de mim, mas abrir seu restaurante
para alimentar os sem-teto e menos afortunados no jantar de Ação de
Graças é louvável e seria incrível fazer parte disso.

O Sr. Gonzales reflete sobre isso por um momento antes de dizer: ─


Tudo bem. Mas apenas hoje. Sem exceções. ─ Ele puxa uma rede de
cabelo do bolso. ─ Põe isto.

Eu ajusto a rede de cabelo na minha cabeça e fico na estação de


molho ao lado de Stone. É um pouco difícil de manobrar devido às minhas
muletas, mas consigo fazer funcionar e entrar no ritmo de servir as
pessoas.

Eu posso sentir os olhos de Stone queimando em mim como brasas


o tempo todo.

─ O que?

Seus lábios se contraem. ─ Nada.

Besteira. O olhar que eu dou a ele transmite meus pensamentos.


Ele coloca um pouco de purê de batata em sua colher gigante. ─
Nunca pensei que veria Bianca Covington usar uma rede para o cabelo e
alimentar os sem-teto.

─ Bem, estou feliz por estar aqui. ─ Depois de colocar um pouco de


molho no prato de uma mulher e desejar a ela um feliz dia de Ação de
Graças, decido confessar tudo. ─ Embora verdade seja dita, não foi esse
o motivo oficial de eu vim aqui hoje.

Sua expressão se torna peculiar. ─ Ah sim? ─ Ele serve a próxima


pessoa. ─ Então, por que você está oficialmente aqui?

Eu cortei meu olhar para ele. ─ Você. ─ Tentando encobrir minha


confusão, aponto para minha bolsa no chão. ─ Quero dizer, seu moletom.
Eu queria devolver.

Colocando a colher na mesa, ele se aproxima. ─ É mesmo?

Oh, merda. Sou grata por minhas muletas, porque minhas pernas
estão definitivamente se transformando em gelatina.

─ Sim. ─ Eu desvio meu olhar. ─ Achei que você pudesse querer de


volta.

Felizmente, algumas pessoas fazem fila em nossas estações e


rapidamente começamos a trabalhar enchendo seus pratos.

─ Bianca? ─ ele diz depois do que parece uma eternidade.

─ Sim?
─ Ele estava errado.

Sua voz está tão baixa que quase não o ouço.

─ O que?

Preciso ter certeza absoluta de que entendi o que ele está dizendo.

Sua expressão é dolorida enquanto ele se repete. ─ Ele estava errado.


─ Ele solta um suspiro. ─ Inferno, Bianca. Muitas pessoas foram as
culpadas naquela noite. Dylan por enganar Liam e ir ao baile com ele.
Jace por nunca confessar seus sentimentos por Dylan... mas
principalmente, Tommy. ─ Finalmente, ele olha para mim. ─ Ele nunca
deveria ter intimidado ele. ─ Sinceridade envolve sua voz. ─ E, se é que
vale de algo, eu realmente sinto muito pelo que aconteceu com seu irmão.
Parece que ele era uma ótima pessoa.

Meu coração se dobra sobre si mesmo. Ele era.

Estou tão chocada com a admissão sincera de Stone; quase deixo


cair minha concha.

Mesmo que o que ele disse seja verdade, eu sei como deve ter sido
difícil para ele admitir.

─ Obrigada. ─ eu sussurro, minha voz trêmula de emoção. ─ Eu...


uh. Isso significa muito.

Também fortalece os sentimentos que tenho por ele.


Ele se volta para seu purê de batatas. ─ E só para deixarmos claro,
que eu não disse isso, apenas para fazer você falar comigo novamente.
Eu realmente quis dizer...

─ Você quer sair hoje à noite? ─ Eu deixo escapar.

Eu não posso deixar de querer estar perto dele.

Especialmente agora que sei que ele está do lado certo das coisas.

Seu sorriso é tortuoso. ─ Bem, não posso acreditar. Você está me


convidando para sair, Bianca Covington?

─ Talvez. ─ Eu dou a ele um sorriso tímido. ─ Depende.

Ele ergue uma sobrancelha. ─ De que?

─ Se você vai dizer sim ou não.

Por favor diga sim.

Ele encolhe os ombros. ─ Desculpe, não posso esta noite.

Bem, o tiro saiu pela culatra.

Engolindo um pedaço de decepção, eu digo. ─ Ah. ─ Eu olho para a


panela de molho. ─ Eu entendo...

─ Já tenho planos de assistir Identidade Bourne com essa garota que


adoro, depois do trabalho.

Eu não conseguiria tirar o sorriso do meu rosto se tentasse.

Há apenas um problema com nossos planos iminentes.


Eu atiro meu olhar para Sawyer, que está alegremente cantarolando
canções de Natal e cortando fatias de peru.

Algo me diz que ela também é o tipo de garota que gosta de deixar
suas luzes de Natal acesas até fevereiro.

─ Eu já volto. ─ digo a Stone antes de mancar até onde ela está.

─ Eu preciso de um favor.

Ela ergue os olhos. ─ Não se preocupe. Eu tenho tudo sob controle.


Alfonso, o chef, está fazendo mais molho e...

─ Eu não preciso de mais molho. Eu preciso que você me cubra,


enquanto eu saio com Stone esta noite.

Seus olhos se tornam enormes. ─ Como é que é?

─ Ele admitiu que Tommy estava errado.

Ela para de cortar o peru. ─ Ok...

─ Stone é um cara bom, Sawyer. Você mesma disse isso. E eu sei


que não faz sentido, mas eu gosto dele de verdade.

─ Sério?

Eu sufoco um gemido. ─ Sawyer.

Ela enxuga as mãos em uma toalha. ─ Eu não sei. Eu odeio mentir.


Principalmente para Cole. Depois do meu ataque cardíaco, prometi a ele
que nunca mais mentiria...
─ Por favor. ─ eu imploro. ─ Além disso, não é como se isso fosse
uma mentira ruim. Estou indo ao apartamento de Stone para assistir a
um filme. Eu estarei fora três horas no máximo.

Ela torce as mãos. ─ Eu realmente não quero mentir, Bianca.

─ Eu sei, mas você sabe como Jace e Cole são superprotetores. Eles
vão perder a cabeça se descobrirem que estou saindo com Stone, o que
realmente não é justo, porque ele é um cara bom. Além disso, pensei que
éramos amigas?

Se isso não a convencer a me ajudar, não sei o que o fará.

─ Nós somos amigas. ─ Ela sopra o ar com as mãos, como se


estivesse tentando respirar mais. ─ Tá bom. Eu vou cobrir vocês. Vou
apenas dizer aos seus irmãos que você... ─ Suas sobrancelhas se juntam.
─ Espere um minuto. É a noite de Ação de Graças. Nada está aberto.

Porcaria.

Pensando rápido, digo: ─ E a biblioteca? Você pode dizer a eles que


estou estudando.

Ela pisca. ─ Tenho certeza de que está fechada.

─ Sim, mas Cole saberia disso?

Cole está longe de ser burro, mas não é segredo que - ao contrário
de sua noiva - ele prefere esportes a estudos.
Ela pensa sobre isso por um momento. ─ Provavelmente não. ─ Ela
balança a cabeça. ─ Mas Jace pode.

Maldito Jace. O cara é um detetive.

Eu penso um pouco sobre isso e decido que a melhor coisa a fazer é


ficar o mais próximo possível da verdade.

─ Diga a eles que estou saindo com um cara da escola. ─ Eu dou a


ela um sorriso irônico. ─ Tecnicamente, não é uma mentira... apenas uma
pequena omissão.

Ela me lança um olhar penetrante. ─ Sim, tenho certeza de que dizer


a qualquer um deles que você está saindo com um cara qualquer da
escola, vai soar como um peido na igreja.

Ela tem razão.

─ Diga a eles que é uma menina. ─ Eu estalo meus dedos quando se


trata de mim. ─ O nome dela é Mercedes.

Afinal, a pirralha foi útil.

─ Tá bom. ─ Ela lança seu olhar para Stone, que está ouvindo nossa
conversa com interesse expresso. ─ Mas não há nenhuma maneira de
você pedir a Stone que a leve mais tarde, porque se eles o virem, vão
perder a cabeça. ─ Ela esfrega as têmporas. ─ Vou buscá-la no
apartamento dele e levá-la para casa. ─ Ela aponta dois dedos para os
olhos e depois para Stone. ─ Você tem três horas, DaSilva. Não faça eu
me arrepender.
Stone coloca a mão sobre o coração. ─ Serei o cavalheiro perfeito.
Você tem minha palavra.

Apoiando minhas muletas contra a parede, jogo meus braços em


volta dela. ─ Você é a melhor. Estou tão feliz por sermos irmãs.

─ Eu também. ─ Ela prende o lábio inferior entre os dentes. ─ E


como sua futura irmã mais velha, vou lhe dar alguns conselhos sérios.

─ O que?

─ Você precisa contar a seus irmãos sobre Stone. Mais cedo ou mais
tarde.

─ Eu vou.

Eventualmente.
Capítulo Vinte e Um

─ Eu entendo por que você me chamou de Jason Bourne agora. ─


digo a Stone. ─ É exatamente assim.

No momento, estamos esparramados no futon em seu quarto


assistindo os créditos rolarem.

Olhos escuros me avaliam. Não tenho certeza do que ele vê, mas sua
expressão fica triste. ─ Droga. Deve ser muito difícil. ─ Ele inala
profundamente. ─ Isso me deixaria louco não saber as coisas que
aconteceram ou o que me transformou na pessoa que sou hoje.

Ele não está exatamente errado.

Só tudo que descubro sobre a antiga eu me faz gostar menos de mim


mesma.

─ Sim, mas... ─ Paro de falar porque não tenho coragem de dizer


isso. Além disso, estou com medo de que ele não entenda. ─ Deixa pra lá.

Ele inclina meu queixo, me forçando a olhar para ele. ─ O que?

─ Quanto mais eu descubro sobre mim... mais difícil é. ─ Eu engulo


contra o caroço que se forma na minha garganta. ─ Não apenas por ter
perdido minha mãe e Liam, mas eu não era uma pessoa muito boa antes.
─ Eu encontro seu olhar de frente. ─ E eu odeio ter flashbacks de quem
eu costumava ser, porque gosto da Bianca que sou agora.

Um pequeno sorriso se abre enquanto ele encosta sua testa na


minha. ─ Eu gosto dela também.

Sentindo-me ousada, sussurro: ─ Você gosta dela o suficiente para


beijá-la de novo?

Sua resposta vem na forma de um beijo lento e doce que envia


arrepios em minha pele.

Eu abro minha boca, silenciosamente implorando por mais, mas ele


não cede.

Ele continua me beijando como se eu fosse a coisa mais delicada e


frágil que ele já segurou em seus braços.

É assim que eu sei que ele não vai me machucar.

Que estou segura com ele.

Eu gemo quando finalmente - finalmente - sua língua entra na


minha boca.

Estou tão envolvida com o que está acontecendo entre nós que mal
ouço a batida na porta.

─ Stone, estou em casa. ─ grita uma voz de mulher.

Eu me afasto. ─ Quem é essa?

─ Minha colega de quarto.


Ele nunca mencionou nada sobre ter um colega de quarto antes.
Muito menos uma colega de quarto que seja uma garota.

Meu ciúme deve ser evidente porque ele ri e diz: ─ Você deveria ver
seu rosto agora. ─ Inclinando-se, ele acrescenta: ─ Não se preocupe. Ela
também é a mulher que me deu à luz e me criou.

─ Porcaria. ─ Eu pulo de pé porque beijar o filho dela na cama, no


escuro não é a primeira impressão que quero que a mãe dele tenha de
mim.

─ Relaxa. Minha mãe é legal. ─ Saindo da cama, ele se dirige para a


porta. ─ Eu vou dizer oi. Você pode vir conhecê-la se quiser.

Uma onda de nervosismo me atingiu. ─ Estou bem aqui.

─ Como quiser.

No momento em que ele sai, lamento minha decisão.

Se eu quiser conhecer mais Stone, um bom lugar para começar seria


me apresentando aos membros de sua família.

Bem, os membros da família dele que eu posso aguentar.

Me recompondo, saio mancando de seu quarto e vou até a cozinha.

Onde encontro Stone ajudando sua mãe a guardar os mantimentos.

Calma aí, coração.

─ Oi. ─ eu digo nervosamente.


Assustada, a pequena mulher se vira. Ela tem quase um metro e
meio de altura, cabelo escuro liso e lindos olhos escuros. Sua pele é
perfeita e seus traços são delicados.

Eu posso ver de onde Stone herdou sua boa aparência, porque ela é
absolutamente linda.

Ela também é muito quieta.

Piscando, ela olha para Stone.

─ Esta é a Bianca. ─ explica ele. ─ Ela é a garota de quem estava


falando.

O fato de ele falar com sua mãe sobre mim é... uau.

O olhar de sua mãe se move rapidamente em minha direção antes


de retornar às suas compras.

De alguma forma, sinto que ela me mastigou e cuspiu em um único


olhar de desprezo.

O que diabos Stone disse a ela?

Querendo que ela goste de mim, tento novamente. ─ Existe alguma


coisa que você precisa de ajuda? Posso fazer alguma coisa?

Ela balança a cabeça. ─ Não, obrigada.

Que novidade.

Stone se aproxima e aperta meu ombro. ─ Relaxa.


Isso é fácil para ele dizer. A mãe dele já gosta dele.

Estou pensando no que fazer a seguir, quando meu telefone vibra


com uma mensagem recebida.

Sawyer: Estou aqui fora.

Eu olho para Stone. ─ Sawyer está aqui.

Ele parece tão desapontado quanto eu. ─ Vou acompanhá-la.

Eu dou um sorriso para sua mãe. ─ Foi bom conhecê-la.

Ela não diz nada.

Impressionante.

─ Tenho certeza de que sua mãe me odeia. ─ digo a ele enquanto


descemos as escadas.

Ele não parece muito preocupado com isso.

─ Ela é minha mãe. ─ diz ele quando chegamos lá embaixo. ─


Portanto, ela odeia automaticamente, qualquer mulher que seu filho
traga para casa.

Bem, isso é reconfortante. ─ Ótimo.

Estou quase saindo para o estacionamento, mas ele me interrompe.


─ Se você aparecer mais por aqui, sei que ela vai gostar de você tanto
quanto eu. ─ Seu rosto se contorce. ─ Bem, talvez não tanto quanto eu,
porque isso seria estranho.

Uma risada me escapa até que repasso o que ele disse. ─ Se eu


aparecer mais por aqui? O que isso deveria significar?

Enfiando as mãos nos bolsos, ele desvia o olhar. ─ Você sabe


exatamente o que isso significa, Bianca.

─ Não, eu não sei.

Vou precisar que ele esclareça antes de começar a pensar o pior.

Ele solta um suspiro pesado. ─ Eu não sou como os outros caras.


Não tenho interesse em transar e sumir ou perder meu tempo com
alguma garota que não merece.

É difícil não ficar ofendida. ─ Você acha que está perdendo seu
tempo comigo?

─ Eu não sei. ─ A intensidade em seus olhos aumenta um pouco. ─


Me diz você.

Eu dou a ele a verdade. ─ Eu gosto de você Stone, mas essa conversa


está confusa. O que exatamente você quer de mim?

Não tenho certeza de como a velha Bianca era com meninos e


relacionamentos, mas essa Bianca definitivamente é péssima.

─ Eu não quero jogar. ─ Ele se aproxima. ─ Se vamos fazer isso,


então quero você toda.
Como posso dar a alguém tudo de mim quando nem mesmo eu tenho
tudo de mim?

Como se sentisse minha luta interna, ele diz: ─ Esqueça. É óbvio


que você não quer a mesma coisa.

─ Eu quero você, Stone. ─ eu sussurro. ─ Eu sou muito ruim nessas


coisas, sabe?

Estendendo a mão, ele acaricia minha bochecha com o polegar. ─


Bem, felizmente para você, eu sou muito bom nisso. ─ De uma só vez, ele
me puxa para seus braços. ─ Eu só preciso que você confie em mim.

─ Eu confio em você.

Eu não tenho razão para não fazer.

Ele inclina meu queixo. ─ Então me diga que você é minha.

Minha mente diz que estamos indo muito rápido, mas meu coração
quer tudo o que ele está oferecendo.

─ Eu sou sua. ─ eu digo.

As bordas de seus lábios se curvam. ─ Claro que você é.

Ele fecha a distância entre nós, selando a confirmação com um beijo.


Capítulo Vinte e Dois

Eu olho para Dylan do outro lado da mesa de jantar. ─ Passe as


ervilhas.

Não tenho certeza se ela percebe a tensão em minha voz, mas Jace
definitivamente percebe.

─ Tudo certo?

─ Está tudo bem. ─ cerro por entre os dentes enquanto Dylan me


entrega a tigela.

Não está tudo bem.

Minha mente continua voltando ao que Stone disse na semana


passada sobre Dylan ir ao baile com Liam.

Ela o enganou.

Ela tinha que saber o que Liam sentia por ela, e ainda assim, ela foi
ao baile com ele.

E mesmo que não fosse sua intenção machucá-lo, não há como


negar o fato de que ela definitivamente foi com Liam para machucar Jace.

De qualquer forma... ela queria machucar um - ou ambos - dos meus


irmãos.
É algo que nunca vai me agradar. Nunca.

Limpando a boca com o guardanapo, papai olha em volta da mesa.


Ele tem jantado muito conosco ultimamente. É bom tê-lo por perto.

─ Como está indo? Está gostando da sua nova escola?

─ Eu gosto de lá.

Especialmente agora que Stone e eu estamos juntos.

Cole enfia uma garfada de bolo de carne na boca. ─ Sawyer disse


que você fez uma nova amiga.

Eu aponto meu olhar para ela. Ela prometeu que manteria o nosso
relacionamento em segredo por mais um tempo.

─ Mercedes. ─ Sawyer diz firmemente, me cutucando por baixo da


mesa.

Droga. Eu realmente preciso melhorar nessa coisa de mentir. ─ Ah,


certo.

Jace toma um gole de sua bebida. ─ Bem, estou feliz que você esteja
fazendo alguns amigos.

─ Você deve trazê-la algum dia. ─ Dylan interrompe. ─ Eu adoraria


conhecê-la.

Não sei dizer se ela sabe de mim ou não, mas não gosto disso.

E eu definitivamente não gosto dela. Não mais.


Eu esfaqueio meu bolo de carne com meu garfo. ─ Sim, e ei, você
sabe o que mais pode ser divertido? Você ir ao baile de boas vindas da
escola e ela então ficar com seu irmão pelas suas costas.

Papai começa a engasgar com a comida.

Sawyer cospe sua bebida.

E Dylan fica branca como um lençol.

─ Qual diabos é a o seu problema? ─ Jace late.

Eu me levanto tão rápido que quase derrubo minha cadeira. ─ Ela.


Ela deliberadamente usou Liam e estamos todos sentados aqui, como
uma grande família feliz, agindo como se ela não fosse parcialmente
responsável pelo que aconteceu com ele.

Não tenho certeza de onde vem toda essa raiva, mas estou tremendo
com a força dela.

Dylan deixa cair o guardanapo no prato. ─ Acho que já vou subir


para dormir.

Eu gostaria que ela fosse embora permanentemente.

─ Eu vou com você. ─ Sawyer rapidamente oferece.

Bato meu polegar no peito. ─ Eu também estou saindo.

Eu começo a me afastar, mas papai e Cole se levantam.

─ Não. ─ digo a eles. ─ Eu quero ficar sozinha.


Com isso, bato a porta do pátio, fechando-a e vou para o quintal.

Eu sei que Jace a ama, mas odeio que ele não veja o papel que ela
desempenhou em tudo isso.

É como se ele estivesse cego pelo amor.

Com um gemido audível, tiro meu celular do bolso e mando uma


mensagem para Stone, porque ele é a única pessoa que vai entender
minha indignação por Dylan.

Bianca: Ei.

Stone: Não posso falar agora, Bourne. Ocupado no trabalho.

Bem, isso acaba com isso.

Enfiando meu telefone no bolso de trás, caminho até a grande


piscina.

Eu estava morrendo de vontade de nadar, mas não tenho permissão


até que meu médico libere.

O lindo pôr do sol rosa reflete na água e não posso deixar de admirar
como ele é lindo.

Pena que Liam não está aqui para ver.


Mesmo que haja uma montanha de tristeza em meu coração, a
principal emoção que está me dominando agora é a confusão.

Por que ele não falou comigo naquela noite?

Por que ele não me contou o que aconteceu?

Contávamos tudo um ao outro.

Por que - na noite em que ele mais precisava de mim - ele não
estendeu a mão?

Eu começo a chorar tanto que a piscina se transforma em nada além


de um borrão.

Não querendo que ninguém me ouça ou me veja desmoronar, eu


manco sobre os paralelepípedos, indo em direção à casa de hóspedes.

Apesar do espaço vazio e das paredes nuas, uma sensação de calma


toma conta de mim no minuto em que fecho a porta.

Não tenho lembranças deste lugar. Não consigo pensar em nenhum


laço emocional.

No entanto, por alguma razão inexplicável, parece que essas paredes


abrigam todos os meus segredos.

Toda minha dor.

Não tenho certeza de qual é a razão por trás do meu novo conjunto
de lágrimas agora.

Tudo que sei é que dói como o inferno.


É como se houvesse um buraco físico em meu peito que nunca pode
ser preenchido.

Falta uma parte vital de mim.

Uma onda de exaustão toma conta de mim e cambaleio até a única


peça de mobília em todo o lugar.

O colchão do quarto.

E então eu soluço até que não haja mais lágrimas para chorar.
Capítulo Vinte e Três

Com os dedos trêmulos, digito o nome de Hayley no mecanismo de


busca.

Instantaneamente, meu laptop exibe uma série de resultados.

Sua data de nascimento e e-mail. Um artigo de nosso jornal local


que lista todas as pessoas de sua turma de formandos. Há até uma foto
dela de quando ela era líder de torcida na Royal Hearts Academy, um link
para sua página do Instagram e seu obituário.

No entanto, não há absolutamente nada nos resultados da pesquisa


sobre nosso acidente.

Nem mesmo uma estação de notícias local cobriu isso.

Hmm. Estou prestes a tentar uma pesquisa diferente, quando


alguém bate na minha porta.

─ Entre. ─ digo a Sawyer.

─ Você tem que contar a eles logo. ─ Sawyer sibila, fechando


rapidamente a porta do meu quarto atrás dela. ─ Guardar esse segredo
de Cole está me matando.
Eu fecho meu laptop. ─ Eu vou. Eu só quero... ─ Me pegando, eu
balanço minha cabeça. ─ Você não entenderia.

Seus olhos castanhos suavizam. ─ Tente.

─ Eu quero guardar para mim um pouco mais.

Stone tem sido a luz no final de um túnel muito longo e muito escuro
e ser forçada a dizer adeus a isso vai doer muito.

Eu quero mais tempo.

─ Ok, você está certa. ─ Suas feições se confundem. ─ Eu não


entendo.

Eu reprimo a vontade de dizer que disse isso a ela e, em vez disso,


contar a verdade.

─ Meus irmãos são tudo para mim. O que significa que nunca vou
colocar ninguém antes deles. Nunca.

─ Ainda não estou entendendo.

─ Eles nunca ficarão bem comigo saindo com ele, Sawyer.

E porque eles são minha família e eu os amo... Vou fazer o que eles
quiserem e ficar longe.

Não importa o quanto isso possa me machucar.

Uma carranca profunda aparece em seu rosto. ─ Querida... não.

Agora sou eu que não entendo.


─ Sim, vai ser uma merda no começo. Seus irmãos vão enlouquecer
e fazer seu papel fraterno superprotetor e mandar você ficar longe dele.
─ Caminhando até mim, ela segura meu rosto em suas mãos. ─ Mas,
Bianca. Seus irmãos amam você. E eu sei que acima de tudo - incluindo
qualquer orgulho ou raiva que possam sentir - eles querem que sua
irmãzinha seja feliz. Todos nós queremos.

Acho que nunca pensei nisso antes. ─ Você realmente acha isso?

Ela sorri. ─ Eu sei que sim.

─ Vou contar a Jace e Cole em breve. ─ informo Stone.

No momento, estamos deitados em sua cama, assistindo a outro


filme da série Jason Bourne.

Acontece que Stone é um grande cinéfilo.

Ele se vira de lado, de frente para mim. ─ Ah sim?

─ Sim. ─ Eu corro meu dedo em seu estômago. ─ Depois do Natal.

Sua testa se enruga. ─ Por que não antes?

─ Não quero estragar as festas.

Acho que é o mínimo que posso fazer antes de lançar a bomba de


todas as bombas.
─ Uau. ─ Sua mandíbula trava. ─ Não sabia que estar comigo estava
arruinando sua vida.

Não foi isso que eu quis dizer. ─ Stone...

─ Tanto faz. ─ Ele fica de mau humor. ─ Eu entendo, eu


simplesmente odeio que tenhamos que nos esgueirar o tempo todo.

─ São apenas mais duas semanas. ─ Eu beijo a ponta do seu nariz.


─ Depois disso, você não será mais meu segredo sujo.

Seus olhos brilham com más intenções. ─ Segredo sujo, hein?

A energia na sala muda, fazendo com que os músculos das minhas


coxas se contraiam.

Stone tem sido o epítome de um cavalheiro, nunca me pressionando


por nada além de um beijo. Mas o olhar que ele me dá me diz que ele está
pronto para mais.

Eu também estou.

Ele segura meu seio, apertando suavemente. ─ Isso está bem?

Mais do que bem. ─ Definitivamente.

Fechando a distância entre nós, ele me beija.

Arrepios explodem ao longo da minha carne quando sua mão desce,


deslizando pela pele nua acima do cós da minha calça jeans.

Ele se afasta. ─ Estou machucando você?


Minha pélvis é a última das minhas preocupações. Além disso, está
quase curado.

Eu balancei minha cabeça. ─ De modo algum.

Na verdade, eu não me importaria se seu toque fosse um pouco mais


forte.

O som dele baixando meu zíper é tão alto que quase ecoa.

Minha respiração engata quando ele lambe dois dedos e desliza a


mão dentro da minha calcinha.

Sorrindo, ele passa a ponta do polegar ao longo do meu clitóris. ─


Você gosta disso?

Mordendo meu lábio, eu aceno.

Ele repete o movimento, enviando pequenos arrepios ao botão


sensível.

─ Você quer mais?

Claro que sim. ─ Sim.

Seus movimentos são tão lentos, tão suaves.

─ Stone.

Eu preciso de mais. Mais profundo, mais rápido, mais forte.

Mas ele não quer.


Stone continua me construindo, deliberadamente extraindo cada
centímetro do meu prazer.

Muito ligeiramente, ele acelera seus movimentos pouco a pouco,


levando-me à beira do precipício.

Ele estuda meu rosto enquanto me trabalha. ─ Você vai gozar pra
mim?

Passado

─ Ontem ela usava um vestido amarelo. ─ Liam olha para mim. ─


Ela parecia t-t-tão b-b-bonita que me deu borboletas no estômago.

É preciso tudo em mim para não revirar os olhos. Sua paixão por
Dylan está se tornando totalmente consumidora.

Com as sobrancelhas franzidas, ele cruza o braço sob a cabeça. ─ E


i-i-isso é q-q-quando eu percebi.

Virando-me, eu o encaro. ─ Percebeu o quê?

A lágrima escorrendo por sua bochecha perfura meu coração. ─ Que


eu n-n-nunca serei bom o s-s-suficiente p-p-para ela.

─ Liam, isso não é verdade.


Se eu pudesse ter qualquer superpoder em todo o mundo, seria para
meu irmão se ver como eu o vejo.

Porque se ele visse, perceberia o quão incrível é.

Quando outras crianças são más - Liam é legal.

Quando outras crianças são estúpidas - Liam é inteligente.

E quando outras crianças estão seguindo seus amigos mesquinhos


e estúpidos porque eles têm muito medo de serem eles mesmos, Liam
sempre segue seu coração.

Ele é a pessoa mais corajosa que já conheci.

O mundo é muito melhor e mais brilhante com ele nele.

Outra lágrima cai. ─ S-s-sim, é. ─ Ele enxuga as lágrimas com a


manga. ─ Eu sou uma a-a-aberração.

─ Você não é uma aberração.

─ Todos na e-e-escola d-d-dizem que s-s-sou. ─ ele argumenta. ─


Sempre que T-t-tommy f-f-faz p-p-piada c-c-comigo, todos riem. Ninguém
nunca o i-i-impede. ─ Mais lágrimas caem. Tantas que elas encharcam o
travesseiro. ─ Porque eu sou um p-p-perdedor.

Suas palavras perfuram meu coração. Tommy é um idiota babaca


que precisa levar uma surra.

─ Liam...
─ Eu entendo agora porque m-m-mãe s-s-se matou. ─ A agonia em
seus olhos me faz querer desmaiar. ─ N-n-nós n-n-não a amamos o s-s-
suficiente.

A dor corta meu peito.

Eu amava nossa mãe.

Tanto, que luto contra a raiva que tenho por ela diariamente.

Tanto, que a cada dia que passa eu gostaria de ter feito algo -
qualquer coisa - para salvá-la.

Tanto, que gostaria que fosse eu quem tivesse morrido em vez dela,
porque talvez, apenas talvez, Liam não ficasse tão chateado o tempo todo
e eu não teria que continuar pressionando ele para manter em segredo o
verdadeiro motivo de sua morte.

─ Eu n-n-nunca vou ter uma n-n-namorada. ─ Liam continua, seus


soluços crescendo com cada palavra. ─ Eu n-n-nunca vou me casar. ─
Ele está tão perturbado que começa a tremer. ─ Nenhuma garota n-n-
nunca vai me b-b-beijar. Porque n-n-ninguém n-n-nunca vai m-m-me
amar.

Eu pressiono meus lábios nos dele.

Não porque ele me dá borboletas como Dylan dá a ele, mas porque


eu quero que ele saiba que não importa o que aconteça, eu sempre o
amarei e ele sempre será bom o suficiente.

Liam merece ter tudo o que quiser e mais um pouco.


Ele afasta a cabeça. ─ Que nojo. ─ Enojado, ele limpa a boca com as
costas da mão. ─ O q-q-que há de errado com v-v-você?

Não tenho certeza.

Tudo que sei é que ele estava sofrendo e sentindo que ninguém
jamais iria amá-lo, então eu queria provar que ele estava errado.

Porque, embora eu não o ame assim, eu o amo mais do que qualquer


outra pessoa em todo o mundo.

Ele é minha pessoa favorita.

No entanto, o olhar de repulsa que ele está me dando diz que eu


estraguei tudo seriamente.

─ Eu estava apenas tentando ajudar. Você estava triste, então eu


queria fazer você...

─ Nojento. ─ Ele pula da cama como se estivesse pegando fogo. ─ V-


v-você não pode fazer c-c-coisas como a-a-aquilo, Bianca. V-v-você é
minha i-i-irmã.

Estou prestes a prometer com o dedo mindinho que nunca vou fazer
isso de novo, mas não posso, porque ele sai correndo do meu quarto,
batendo a porta atrás de si.
O vômito sobe pela minha garganta e eu me levanto, empurrando a
mão de Stone para fora do caminho.

Oh, Deus.

O que eu fiz? Que porra eu fiz?

─ Você está bem? ─ Pergunta Stone. ─ O que acabou de acontecer?

O que aconteceu é que sou doente.

Doente, doente, doente.

─ Eu... ─ eu tento falar, mas a bile enche minha boca.

Eu só estava tentando fazer Liam se sentir melhor, mas não há como


explicar isso a Stone.

Ou a qualquer um.

Porque ninguém nunca vai entender.

Minhas intenções eram boas... mas minhas ações estavam erradas.

Muito erradas.

Oh, Deus. Eu não consigo respirar.

É muita coisa.

A velha Bianca - tudo que ela fez - é demais para eu aguentar.

Ela é como um veneno lento me matando pedaço por pedaço, e eu


quero que ela vá embora.

─ Bianca. ─ Stone diz lentamente. ─ Alguém te machucou?


Eu deveria negar e dizer a verdade.

Mas não posso, porque ele não vai entender.

Ninguém irá.

Abotoo minhas calças rapidamente. ─ Eu tenho que ir.

Ele envolve seus dedos em volta do meu pulso, me parando. ─ Você


pode me dizer qualquer coisa.

Isso não.

─ Por favor, pare. ─ eu sufoco.

─ Certo. ─ Beijando minha testa, ele envolve seus braços em volta


de mim. ─ Que tal ficarmos aqui um pouco?

Eu deixo cair minha cabeça em seu peito, respirando seu cheiro.

─ Você está bem. ─ ele sussurra. ─ Está tudo bem.

Mas não está.

Porque acho que finalmente sei o motivo pelo qual Liam não veio até
mim na noite em que se matou.

E eu não tenho mais ninguém para culpar além de mim mesma.


Capítulo Vinte e Quatro

─ Eu sinto tanto a falta dele. ─ Dylan engasga. ─ Tanto.

Meus ouvidos se animam e eu paro no meio do caminho, escutando


sua conversa com Sawyer.

─ Eu sei. ─ disse Sawyer.

Há uma longa pausa e então...

─ Por que você não vai vê-lo?

─ Eu não posso. ─ Dylan suspira. ─ Jace conhece minha


programação como a palma de sua mão. Não há nenhuma maneira de eu
ser capaz de fugir sem que ele questione meu paradeiro.

Uma faísca de raiva ilumina minha barriga.

Essa pequena vagabunda.

Meu irmão foi a melhor coisa que já aconteceu com ela e ela o está
traindo?

─ Eu posso cobrir para você. ─ sugere Sawyer. ─ Podemos dizer a


ele que vamos ter um tempo para garotas no shopping.

Minha boca fica aberta em estado de choque.


Uau. Para alguém que me deu tanta merda sobre confessar aos meus
irmãos sobre Stone, Sawyer tem muita coragem se oferecendo para cobrir
Dylan para que ela possa fugir e trepar com outra pessoa.

─ Obrigada. ─ diz Dylan. ─ Você é...

─ Puta duas vezes! ─ eu grito, mancando para a sala de estar. ─


Como diabos você pôde trair Jace!

Empalidecendo, Dylan pula do sofá. ─ Trair Jace? O que...

─ O que diabos está acontecendo? ─ Jace pergunta atrás de mim.

Eu me viro para encará-lo. ─ Eu ouvi sua namorada fazendo planos


para ver um cara pelas suas costas.

As sobrancelhas de Jace se erguem de surpresa. ─ O que?

Dylan e Sawyer abrem a boca para falar, mas eu não dou chance a
elas.

─ Dylan continuou falando sobre como ela sentia falta de um cara e


então Sawyer se ofereceu para protegê-la para que ela pudesse ir vê-lo
sem você suspeitar de nada.

A mandíbula de Sawyer praticamente bate no chão. ─ Wow.

─ Wow nada. Ajudar Dylan a trair meu irmão foi errado e você sabe
disso.

─ Não estou traindo seu irmão. ─ grita Dylan.

─ Você estava fazendo planos para vê-lo? ─ Jace pergunta.


Ele está tão visivelmente irado e machucado que um nó se forma no
meu peito.

A raiva atravessa as feições de Dylan e me faz querer socá-la porque


ela não tem o direito de ficar com raiva.

─ Sim, eu estava. ─ ela sibila. ─ Deus, estou tão cansada de você


nunca entender de onde eu venho. Ele é meu...

─ Dylan. ─ Jace rosna. ─ Aqui não.

Bufando, ela olha para mim. ─ Certo.

Dou um passo em sua direção. ─ Você quer saber? Eu acho que você
deveria ir.

Ela já machucou um irmão e eu não vou ficar aqui e deixá-la


machucar outro.

Sobre a porra do meu cadáver.

Ela pega sua bolsa da mesa de centro. ─ Essa é uma ótima ideia. ─
Ela olha para Jace. ─ Eu voltarei para pegar o resto da minha merda mais
tarde.

Seu rosto cai. ─ Você está indo embora?

Os olhos de Dylan ficam vidrados. ─ Sempre pensei que poderíamos


sobreviver a qualquer coisa. ─ Sua voz cai para um sussurro doloroso. ─
Mas não tenho certeza se vamos conseguir superar isso.

Com isso, ela sai pela porta.


Quebrando o coração do meu irmão no processo.

─ Foda-se ela. ─ eu digo. ─ Ela não merece você.

─ Você não sabe do que diabos está falando, Bianca. ─ Jace fala.

Rosnando, ele joga o copo que está segurando na parede, fazendo


com que se estilhace e Sawyer pule.

Em seguida, ele se afasta, quase trombando com Cole, que está


entrando na sala.

Olhando em volta, Cole dá uma grande mordida no sanduíche em


sua mão. ─ O que eu perdi?

Cruzando os braços, Sawyer me fuzilou com o olhar. ─ Sua irmã está


causando problemas. ─ Abro a boca para me defender, mas então ela diz:
─ Achei que você tivesse mudado para melhor, mas está claro que não.

─ O que isso deveria significar?

─ Se você abrisse seus olhos e seu coração e parasse de odiá-la por


dois segundos, você perceberia o quanto Dylan ama Jace e sua família.
─ ela retruca. ─ A garota está colocando sua própria dor de lado, para
estar aqui para Jace e você, e... ─ Um gemido irritado rasga de sua
garganta. Não me lembro de alguma vez tê-la visto tão chateada antes. ─
Você estava errada, Bianca. Errada pra caralho.

Estou prestes a perguntar do que ela está falando, mas ela passa
por mim.
─ Soldado da Bíblia. ─ Cole grita atrás dela, mas ela acena para ele.

Ele se vira para mim. ─ O que diabos você fez?

Eu não faço ideia. No entanto, algo me diz que errei seriamente.


Capítulo Vinte e Cinco

─ Obrigada. ─ Fecho a porta do carro. ─ Se eu não sair em vinte,


você provavelmente deveria chamar a polícia, porque uma de nós
provavelmente matou a outra.

Cole bufa. ─ Devidamente anotado.

Esfrego minhas palmas suadas na calça jeans e pego minhas


muletas do banco de trás.

Eu não planejava ir ao apartamento de Jace e Dylan, mas quando


perguntei a Sawyer onde ela poderia estar, para que eu pudesse falar com
ela, ela cedeu e me disse que estava aqui.

Posso não gostar de Dylan pelo que ela fez no passado, mas estou
disposta a ouvir o lado dela das coisas porque Jace está tão miserável
sem ela que é difícil olhar para ele.

Respirando fundo, bato na porta de seu apartamento.

Ela abre um momento depois.

Os olhos de Dylan estão inchados, como se ela tivesse chorado o dia


todo. ─ O que você quer?

─ Podemos conversar?
Seus olhos se estreitam. ─ Depende, você vai me chamar de puta de
novo?

Eu encolho os ombros. ─ Só se você estiver traindo meu irmão.

Ela dá um passo para o lado, gesticulando para que eu entre. ─ Eu


nunca trairia Jace.

A sinceridade em seus olhos me diz que é a verdade.

Mas se for esse o caso, não sei o que fazer com o que ouvi esta
manhã.

Eu manco até o sofá e me sento. ─ Então, quem era esse cara de


quem você tanto sentia falta e queria ver pelas costas dele?

Suspirando, ela aperta a ponte do nariz. ─ Meu pai.

Me deixou confusa. ─ Hã?

Ela abre a geladeira, tira duas garrafas de água e me entrega uma.

─ Meu pai está na prisão de novo.

As palavras de Stone de algumas semanas atrás passam pela minha


cabeça.

Eu amo Jace, mas colar fotos de seu pai em toda a escola foi uma
merda.

Eu também estava tirando conclusões precipitadas.

─ Eu sinto muito.
Ela se estatela no outro lado do sofá. ─ Sim, eu também.

Um pensamento estranho me ocorre. ─ Por que você precisaria


esconder de Jace que quer ver seu pai?

Jace é tão família, então não faz sentido para mim.

Não tenho certeza do que fazer com a expressão em seu rosto. ─


Porque ele quer que eu fique longe dele.

─ Por quê?

─ Hum... ─ Ela engole em seco. ─ Bem... vamos apenas dizer que ele
cometeu um erro muito grave e seu irmão não pensa mais que ele é uma
boa pessoa.

─ Mas ele ainda é seu pai. Sua família.

Jace é a pessoa mais teimosa que já conheci, mas não posso vê-lo
proibindo Dylan de ver seu próprio pai.

Mas se ele fez, bem... acho que posso ver por que ela queria se
esgueirar.

─ Eu sei. ─ ela sussurra, tristeza cintilando em seus olhos.

Faz sentido agora porque Sawyer disse que ela está colocando sua
própria dor em banho-maria para estar ao lado de Jace.

De mim.

A garota tem lidado com muita coisa.


─ Cara, eu realmente estraguei tudo, hein?

Um pequeno sorriso toca seus lábios. ─ Mais ou menos. ─ Ela


encolhe os ombros, aquela tristeza voltando novamente. ─ Mas Jace e eu
seríamos obrigados a esclarecer isso mais cedo ou mais tarde.

Eu sei que ela só está dizendo isso para me fazer sentir melhor, mas
não faz.

Na verdade, isso só me faz sentir pior... sobre tudo.

Querendo saber o quão errada eu estive sobre outras coisas, não


posso deixar de perguntar: ─ Por que você não rejeitou Liam quando ele
convidou você para ir ao baile?

Eu preciso saber se ela o usou intencionalmente para se vingar de


Jace.

Ela exala bruscamente. ─ Porque eu não tinha ideia, de que Liam


gostava de mim assim. Ele me disse que queria ir como amigo e isso é
honestamente o que eu pensei que éramos.

Não tenho certeza se acredito nisso. ─ Você tinha que saber que ele
tinha uma queda por você.

Ela me olha nos olhos. ─ Eu não sabia. Liam sempre foi bom e doce
comigo, mas nunca pensei que fosse nada mais do que Liam sendo Liam,
porque ele era assim com quase todo mundo. ─ Seus olhos se fecham. ─
Além disso, meus sentimentos por Jace eram tão intensos... ele era tudo
que eu podia ver. ─ Ela olha para baixo. ─ Ele é tudo que eu sempre quis
ver.

Meu coração dói por Liam. Ele nunca teve uma chance.

─ Ah.

─ Bianca?

─ Sim?

─ Se eu pudesse mudar tudo naquela noite, eu mudaria. ─ Seus


olhos se enchem de lágrimas. ─ Quase todas as noites eu ficava acordada
desejando que meu pai nos fizesse mudar uma noite antes, porque então
tudo seria diferente. ─ Ela enxuga as lágrimas com as costas da mão. ─
Eu amo Jace, mais do que qualquer coisa ou qualquer pessoa... mas se
eu tivesse que desistir dele, para que ele ainda pudesse ter Liam... eu o
faria. ─ Um soluço sufocado escapa dela. ─ Eu juro por Deus, eu faria.

Agora, sou eu que estou chorando.

Eu entendi tudo errado por tanto tempo.

A morte de Liam não foi culpa dela.

Foi apenas uma reviravolta horrível de eventos que terminou em


uma terrível tragédia.

E ouvi-la dizer que desistiria de Jace, se isso significasse que


teríamos Liam de volta...

Não é algo que uma pessoa má diria.


─ Eu posso ver por que Liam amava você. ─ Eu cortei meu olhar
para ela. ─ E por que Jace ama.

Ela funga. ─ Obrigado por finalmente me ouvir.

─ Dylan?

─ Sim?

Os nervos vibram em meu estômago porque sempre há uma chance


de ela mandar eu ir me foder e ela teria todo o direito neste momento. ─
Podemos ser amigas?

Ela me dá um pequeno sorriso. ─ Eu realmente gostaria disso.

Eu tomo um gole da minha água. ─ Bem, agora que resolvemos


isso...

O som da porta se abrindo me interrompe no meio da frase.

Um segundo depois, Jace entra como um homem em uma missão.

Os olhos de Dylan se arregalam e ela se levanta. ─ O que você...

Ela não tem chance de terminar a frase porque Jace a beija como se
ela fosse o oxigênio que ele precisa para respirar.

Dylan parece totalmente tonta quando eles se separam. ─ O que...

─ Eu disse que queimaria o mundo antes de perder você de novo e


eu estava falando sério.

Com isso, ele a beija novamente.


Saindo do sofá, gesticulo em direção à porta. ─ Eu vou indo.

Ambos estão tão envolvidos em seu pequeno festival de amor que me


ignoram.

Bom.
Capítulo Vinte e Seis

─ Ouvi dizer que há uma festa na casa de Jordan Romano amanhã


à noite. ─ informo Stone no almoço. ─ Talvez possamos ir.

Eu sei que ele não gosta de sair com o pessoal da nossa escola - ou
qualquer outra pessoa - mas eu frequento a Royal Manor High há quase
um mês e estaria mentindo se dissesse que não quero socializar um
pouco.

Fazendo uma careta, Stone morde um pedaço de frango. ─ Jordan


Romano é um idiota. ─ Ele toma um longo gole de sua bebida esportiva.
─ Seus amigos também.

Eu não posso esconder o lampejo de decepção que sinto. ─ Ah.

─ Acredite em mim, Bourne, você não perderá nada. Apenas um


bando de perdedores ficando bêbados e chapados. ─ A preocupação
estraga suas feições. ─ Além disso, às vezes as festas que ele dá, saem do
controle e eu realmente não quero você por perto.

Adoro que ele esteja tentando me proteger, mas preciso interagir com
outras pessoas além dele e de minha família.
─ Mais uma razão para você vir comigo. ─ Eu pisquei meus cílios,
esperando que ele cedesse. ─ Dessa forma, você pode ser meu guarda-
costas.

─ Eu não vou, Bianca. ─ Ele empurra a bandeja do almoço. ─ Você


também não deveria.

Eu entendo o que ele está dizendo, mas estou cansada de assistir


filmes em seu quarto o tempo todo. ─ Mas eu...

Pegando sua mochila, ele se levanta. ─ Eu tenho que ir. Estou


ajudando o Sr. Reiss no laboratório de química e ele me quer lá mais
cedo.

Eu olho para minha bandeja de comida cheia. ─ Certo.

Ele desliza dois dedos sob meu queixo, virando meu rosto para olhar
para ele. ─ Não fique brava comigo, Bourne. É só porque me importo com
você. ─ Inclinando-se, ele beija meus lábios. ─ Muito.

Eu sei que sim.

Eu avalio minha roupa no espelho.


O material preto é macio e sedoso, e o comprimento super curto faz
minhas pernas parecerem ter quilômetros de comprimento. Além disso,
os saltos de tiras com os quais combinei são incríveis.

Ainda está faltando alguma coisa.

Eu vasculho meu armário. A maioria das roupas da velha Bianca


não é meu estilo, mas até eu tenho que admitir que ela tem algumas
peças ótimas aqui.

Como a jaqueta roxa escura.

Um sorriso se estende em meus lábios enquanto eu olho no espelho


pela segunda vez. O toque de cor era exatamente o que eu precisava.

Depois de aplicar brilho labial e verificar meu telefone para ver onde
está meu Uber, pego minhas muletas e desço as escadas.

─ Para onde você está fugindo? ─ Jace questiona quando ele me vê.

Porra.

Eu mordo meu lábio inferior, pensando no que devo dizer a ele.

─ Mercedes e eu... vamos jantar fora. ─ Eu lambo meus lábios


nervosamente enquanto me lembro da época. ─ Um jantar tarde da noite.

─ Ah.

Jace embaralha seus pés como se quisesse dizer algo, mas ele está
hesitante por algum motivo.

Finalmente, ele fala. ─ Bianca?


─ Sim.

─ Nunca conversamos sobre isso antes, e talvez devêssemos.

Ele está me perdendo. ─ Falou sobre o quê?

Ele solta um suspiro. ─ Acho que o que estou tentando dizer é que
se você e essa garota, a Mercedes são mais do que amigas... não quero
que sinta que não pode trazê-la aqui. ─ Seus olhos cortaram para os
meus. ─ Gay, hetero, bi... seja lá com o que você se identifique. Você é
minha irmãzinha e sempre vou te amar e apoiar.

Oh, puxa.

Suas palavras são tocantes, mas só servem para fazer eu me odiar


por mentir para ele.

Então, novamente, se eu confessasse e dissesse a ele a verdade sobre


o namoro com Stone, ele não seria tão favorável.

Ele seria totalmente homicida.

Dou um beijo em sua bochecha. ─ Você é um irmão incrível, Jace.

─ Isso significa que você finalmente vai trazê-la para casa, para que
eu possa conhecê-la?

Eu engulo em seco. ─ Com certeza.

Arquive isso em nunca.


A música está bombando, e as pessoas estão amontoadas dentro da
casa de Jordan como sardinhas quando eu chego.

Quase instantaneamente, lamento ter vindo aqui sozinha.

Especialmente quando um cara bêbado cambaleia até mim.

─ Olá bebê. O que uma gostosa como você está fazendo sozinha?

Nojento.

─ Eu tenho namorado. ─ digo a ele, esperando que ele me deixe em


paz.

Ele olha em volta. ─ Ele está aqui?

─ Ele está na outra sala. ─ eu digo antes de ir embora.

─ Ei. ─ outro cara me cumprimenta.

Já que ele não me cumprimentou com ‘Ei, baby,’ eu decido ser legal.
─ Ei.

Ele aponta para minhas muletas. ─ O que aconteceu?

─ Acidente de carro.

Estremecendo, ele toma um gole de seu copo. ─ Droga. Isso é


péssimo. ─ Inclinando-se, ele sussurra: ─ O que você acha de subirmos
para que eu possa beijá-la melhor.

Sério?
─ Passo.

─ Vadia. ─ ele murmura enquanto eu passo por ele.

Estou prestes a entrar na cozinha, porque está bem menos lotado,


mas vejo Mercedes e suas amigas.

Eu rapidamente viro para o outro lado e saio pelas portas do pátio.

Onde eu vejo um monte de pessoas sentadas em uma mesa...


cheirando alguma substância pulverulenta branca.

─ Quer um tiro, linda? ─ algum cara pergunta. ─ É uma merda


muito boa.

Sim, não é minha praia. ─ Não, obrigada.

Suspirando, eu me arrasto no meio da multidão de pessoas


dançando na sala de estar e subo as escadas para encontrar um
banheiro.

Passado

─ Deus, estou tão bêbada. ─ Hayley fala enquanto eu a levo escada


acima na casa de Christian.

─ Eu também.
Ao contrário do álcool que atravessa seu sistema, estou bêbada por
pura vingança.

Puxando um punhado de seu longo cabelo loiro, eu a puxo para


outro beijo.

Sua língua avidamente roça a minha, e posso sentir o gosto do rum


Malibu em seu hálito.

─ Uau. ─ ela sussurra contra a minha boca. ─ Você beija tão bem.

Ugh. Eu definitivamente não posso dizer o mesmo sobre ela.

Os beijos de Hayley são tão desleixados quanto ela... e isso significa


muito.

Giro a maçaneta da primeira porta que encontramos e a encontro


vazia.

Fechando atrás de mim, eu digo: ─ Vá para a cama.

─ Por q...

Eu a beijo com mais urgência enquanto nos conduzo de volta para


a cama. Um momento depois, estamos caindo no colchão, comigo em
cima dela.

Arqueando minhas costas, eu aperto minha pélvis contra a dela


enquanto deslizo meus lábios ao longo da sua garganta.

O perfume que ela usa é tão barato e ruim quanto ela.

─ Isso é tão bom. ─ ela respira.


Seguindo o plano, coloco minha mão entre suas pernas. A renda de
sua calcinha está quente e úmida contra meus dedos. ─ Está prestes a
se sentir ainda melhor.

Hesitação pisca em seus olhos. ─ Eu nunca fiz isso antes... você


sabe... com uma garota.

─ Eu também. ─ Eu deslizo o comprimento de sua boceta sobre a


renda molhada. ─ Mas, como dizem, há uma primeira vez para tudo.

E às vezes, pessoas inocentes têm que pagar pelos pecados dos


outros.

Sorrindo, ela puxa para baixo a parte de cima do meu vestido,


expondo meu peito.

Sua língua circula meu mamilo antes de sugar sua boca em torno
dele. ─ Você tem seios realmente bonitos.

Cristo. Mesmo sua conversa suja é chata pra caralho.

Lentamente, eu deslizo para baixo em seu corpo até que estou


ajoelhada na frente dela. ─ Você é sexy pra caralho.

Tão sexy quanto um canal.

Ela ri. ─ Você se viu? Você é tipo... fora deste mundo, linda. Tão
exótica.

Dou o meu máximo para não revirar os olhos.


Eu pressiono meus lábios no interior de sua coxa. ─ Você sabe o que
seria realmente quente?

Apoiando-se nos cotovelos, ela olha para mim. ─ Você me chupar?

Prefiro foder minha boceta com um cacto.

Enganchando meus dedos nas laterais de sua calcinha, eu deslizo


por suas longas pernas. ─ Se você me desse um pequeno show.

Ela pisca. ─ Você quer que eu brinque comigo mesma?

Mordendo meu lábio, eu aceno.

Ela vacila. ─ Eu nunca fiz isso na frente de ninguém antes.

Sem surpresa. A garota é tão atraente e excitante quanto papel


higiênico molhado.

O que diabos ele viu nela?

Gemendo por dentro, movo minha cabeça entre suas pernas,


beijando seu osso púbico. ─ Se você quer que eu lamba essa boceta, você
tem que me mostrar como você gosta.

Ela geme. ─ Droga. Isso parece tão...

─ Faça. ─ Eu raspo meus dentes ao longo de sua carne, esperando


que ela sinta a picada. ─ Será divertido.

Separando suas coxas, ela circunda sua entrada com o dedo. ─ Tipo
isso?
─ Dê-me mais, sexy. Esfregue esse clitóris para mim.

Com a cabeça caindo para trás, ela faz o que peço. ─ Deus, estou
tão bêbada agora.

Não, ela não está. Se ela estivesse tão bêbada, estaria vomitando ou
desmaiada... não me pedindo para cair em cima dela.

Ela só quer uma muleta para culpar suas ações - neste caso, brincar
com uma garota - para que ela não tenha que assumir a
responsabilidade.

Pelo menos eu assumo minhas merdas.

─ Simples assim, querida. ─ Sorrindo, pego meu telefone da bolsa e


pressiono o botão de gravação. ─ Continue.

Fechando os olhos, ela empurra os quadris, esfregando o clitóris


com mais vigor. ─ É tão bom.

Eu não conseguiria segurar meu sorriso mesmo se tentasse. A idiota


gosta tanto do que está fazendo que não tem a menor ideia do que estou
fazendo.

─ Boa menina, Hayley. ─ eu gemo enquanto viro a câmera um pouco


para cima, certificando-me de ter um vislumbre de seu rosto. ─ Agora me
mostre que vadia suja você é e como você pode fazer essa boceta gozar
para mim.

Alguns momentos depois, ela teve um orgasmo com um


estremecimento furioso, gemendo meu nome.
Faço uma nota mental para bipar meu nome e disfarçar minha voz
antes de enviá-lo para todos os sites pornôs em que consigo pensar.

─ Foi divertido. ─ Seu peito sobe com exalações profundas e gotas


de suor escorrem por sua testa. ─ Você vai cair em mim agora?

Nah, vou arruinar a porra da sua vida, vadia.

Sua e dele.

Deslizando meu celular de volta na minha bolsa, eu me levanto. ─


Não posso, boneca. O mano número dois continua explodindo meu
telefone perguntando onde eu estou, então tenho certeza que alguém o
avisou sobre nossa pequena sessão de amassos lá embaixo. ─ Eu sopro
um beijo para ela. ─ Obrigada pelo show, no entanto. Talvez possamos
fazer isso de novo algum dia.

Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda.
Capítulo Vinte e Sete

Mas. Que. Porra. É. Essa.

Dois pensamentos me atingiram em rápida sucessão.

Um - Hayley e eu definitivamente não éramos amigas, porque eu


claramente a odiava por algum motivo. E dois - dado o meu ódio severo,
por que diabos eu estava no carro com ela naquela noite?

Esfregando minhas têmporas, deixei escapar um grito silencioso.

Eu sabia que meu antigo eu, era fodido, mas isso é... armar para ela
assim...

Me deixa doente.

Especialmente porque nunca terei a chance de me desculpar.

Eu arruinei a vida dessa pobre garota... e agora ela não tem mais
uma.

Jogando um pouco de água fria no rosto, me forço a respirar.

Uma vez que estou calma o suficiente, pego minhas muletas e manco
de volta escada abaixo.

Posso não ser capaz de dizer a ela que sinto muito, mas não é tarde
demais para ir para casa e fazer a coisa certa.
─ Alguém chame a polícia! ─ uma garota grita quando entro na sala
de estar.

Os nervos se acumulam na minha barriga enquanto observo dois


caras no que parece ser uma discussão muito acalorada.

─ Eu quero meu dinheiro. ─ um cara late.

─ Eu disse a você. ─ o outro cara diz. ─ Não estou com ele agora.

O primeiro cara puxa uma arma da cintura e atira uma bala no teto,
fazendo meus ouvidos zumbirem tanto, que automaticamente os cubro
com as mãos. ─ Então eu acho que você não me dá escolha, filho da puta.

Puta merda. Stone me disse que essas festas saíam do controle, mas
eu não achei que ele queria dizer isso.

Meus olhos se voltam para a porta da frente. Fica a cerca de 2,5


metros de onde estou, o que significa que posso facilmente sair.

─ Ninguém se move. ─ o cara com a arma zomba. ─ Estou prestes a


mostrar a todos vocês o que acontece quando vocês fodem comigo.

Não tenho certeza sobre todos os outros, mas definitivamente não


preciso de uma demonstração. Eu estou bem.

Meu coração está batendo tão forte que tenho medo de que saia
batendo forte do meu peito.

Stone estava certo. Eu nunca deveria ter vindo aqui.


─ Fique de joelhos. ─ ele instrui, apontando sua arma para o outro
cara.

Oh, Deus. Ele vai atirar nele bem aqui na frente de todos.

O som da arma engatilhando ecoa por toda a sala enquanto ele a


segura contra a têmpora.

Eu não posso assistir. ─ Por favor, não...

─ Polícia. ─ uma voz profunda ecoa do outro lado da porta da frente.


─ Abra.

─ Oh, merda. ─ alguém grita. ─ Corre.

Um pandemônio completo irrompe quando todos começam a correr


em direção às saídas.

Exceto eu... a garota com muletas.

Felizmente, a maioria das pessoas corre para trás, o que significa


que a porta da frente está totalmente aberta quando os policiais invadem.

Freneticamente, pego meu telefone na bolsa enquanto passo


mancando por eles.

Stone atende no segundo toque.

─ Ei...

─ Eu deveria ter escutado você. Havia um cara com uma arma e


ele...
─ Espere, o que? ─ Stone grita. ─ Onde diabos você está?

─ Eu vim à festa no Jordan...

─ Você está falando sério? ─ Ele grita. ─ Eu disse para você não ir.

Eu quero discutir com ele, dizer que falou que eu não deveria ir, mas
agora não é hora para semântica.

─ Você pode vir me buscar? Por favor.

─ Estou indo.

Vejo o Chevy vermelho de Stone na extremidade oposta da rua em


tempo recorde.

Estou prestes a chegar, mas ele sai do carro, seus passos largos
corroendo o chão entre nós em um piscar de olhos.

Sua raiva é tão tangível que praticamente posso sentir o gosto. ─


Você é estúpida ou algo assim? Que parte de não vá à festa, você não
entendeu?

Uau. Eu sei que ele está chateado, mas isso é... excessivo.

─ Eu não sou idiota. Eu...


A repulsa estraga suas feições enquanto ele me olha de cima a baixo.
─ Que porra você está vestindo? Esse vestido é tão curto que
praticamente posso ver sua boceta. ─ Seus olhos escurecem quando eles
se conectam aos meus. ─ Você parece uma maldita vagabunda.

Meu estômago se revira com suas palavras e eu expulso um suspiro


que dói.

Eu pensei que estava bonita.

─ Você quer saber? Esqueça. Vou encontrar minha própria carona


para casa.

Eu abro o aplicativo do Uber no meu telefone, porque não quero


estar perto dele agora.

Eu começo a me afastar, mas seus dedos envolvem meu pulso, me


parando. ─ Espere.

─ Para quê? Quer me dizer que sou estúpida de novo?

─ Eu estava errado.

O remorso genuíno em seus olhos me diz que ele quis dizer isso, mas
ainda assim.

O que ele disse doeu. Muito.

Tento fugir de novo, mas minhas muletas e seu aperto de ferro em


meu pulso tornam isso impossível.

─ Olhe para mim, Bourne.


Eu fecho meus olhos. ─ Eu não quero.

Isso dói muito.

Ele fecha a pequena distância que existe entre nós, segurando


minha bochecha. ─ Eu sinto muito.

Eu olho para ele. ─ Você me chamou de vagabunda.

─ Eu sou um idiota. Um idiota estúpido e ciumento. ─ Apoiando sua


testa contra a minha, ele sussurra: ─ Eu sou um lixo... e você é perfeita.
Sinto que estou constantemente esperando pelo dia em que você vai
acordar e perceber o erro que é estar comigo.

Acontece que sua pequena profecia autorrealizável se tornou


realidade. ─ Bem, parabéns. Simplesmente aconteceu.

Tento me afastar novamente, mas ele me segura com mais força. ─


Eu estraguei tudo, Bianca. Mas isso nunca vai acontecer novamente. Eu
prometo.

Cada fibra em mim está me dizendo para perdoá-lo, mas há uma


vozinha irritante na minha cabeça que não ajuda, mas me pergunto se
isso é um aviso de algum tipo.

─ Mais uma chance. ─ ele insiste, como se sentisse meu dilema


interno. ─ Dê-me mais uma maldita chance.

Posso sentir meu coração desmoronar. ─ Stone...


─ Por favor. ─ Ele enquadra meu rosto com as mãos. ─ Eu não quero
perder você.

Eu também não quero perdê-lo.

Ele é a única coisa boa que saiu desta situação horrível.

Além disso, a forma como ele agiu antes, não é o normal dele. Em
absoluto.

Todo mundo comete erros.

─ Diga que não perdi você. ─ Seus olhos estão implorando,


implorando-me para não acabar com o que temos. ─ Me diga que não
terminamos.

─ Não terminamos. ─ eu sussurro.

Porque o coração quer o que quer.


Capítulo Vinte e Oito

─ Ele costumava bater nela. ─ sussurra Stone.

Estamos deitados em sua cama, uma confusão emaranhada de


braços e membros em volta um do outro.

Meus dedos, que acariciavam seu estômago, param. ─ Quem?

Fechando os olhos, ele inala profundamente. ─ Meu pai. ─


Desespero misturado com raiva colorem sua voz. ─ Às vezes, ele batia
tanto nela, que minha mãe ficava coberta de hematomas por semanas...
algumas vezes ele até quebrou o braço dela.

Meu coração bate forte e dolorido contra meu peito.

Não apenas para a mãe de Stone, que teve que suportar algo tão
brutal e terrível, mas por Stone que também teve que passar por isso.

Faz ainda mais sentido porque eles são tão próximos.

─ Eu sinto muito.

Ele olha para mim. ─ Esta noite me assustou, porque eu soei


exatamente como ele.

Meu estômago dá uma guinada estranha e doente.


Ele inclina meu queixo. ─ Mas vou garantir que isso nunca aconteça
novamente. ─ Seus lábios encontram minha testa. ─ Porque eu me
importo com você. Demais.

Eu acredito nele.

Eu também não posso deixar de pensar. ─ Você disse que seu pai
está na prisão, certo?

─ Sim.

O pensamento dele saindo e machucando a mãe de Stone


novamente não me cai bem. ─ Quando ele sai?

─ Só daqui a dois anos. ─ Sua expressão fica dura. ─ Considerando


todas as merdas que encontraram em seu carro quando o prenderam,
estou surpreso que ele não tenha conseguido mais.

─ Que merda?

─ Ele era traficante de drogas. ─ ele cospe. ─ Um maldito traficante


de drogas.

Isso é definitivamente uma novidade para mim. ─ Ah.

Seus dedos se fecham em punho. ─ Odeio traficantes de drogas...


quase tanto quanto odeio ele. ─ Ele corta seu olhar para o meu. ─ Um dia
depois de ele ser preso, disse à minha mãe que queria ser médico. Dessa
forma, eu sempre poderia cuidar dela e da minha família da maneira
certa.
E essa é apenas uma das muitas razões pelas quais gravito para ele
como uma mariposa para uma chama.

Stone poderia ter seguido o mesmo caminho que seu pai fez, mas
não o fez.

Ele é um dos bons.

Alcançando, eu corro minha mão ao longo de sua mandíbula. ─ Se


vale de alguma coisa, estou orgulhosa de você por não seguir os passos
dele.

Ele pressiona seus lábios nos meus. ─ Isso significa muito.

Deslizando meu nariz ao longo de seu pescoço, eu o inspiro. ─ Você


significa muito para mim.

Ele me beija novamente, lento e profundo.

Arrepios sobem pela minha espinha enquanto ele desliza a palma da


mão pela minha coxa. ─ Você não tem ideia do que faz comigo.

Um gemido baixo escapa dele quando sua mão mergulha dentro da


minha calcinha.

─ Você está tão molhada. ─ ele murmura contra minha boca.

─ Mais. ─ eu digo, empurrando meus quadris.

Ele mergulha dois dedos dentro de mim.

─ Jesus, você é tão apertada. ─ ele geme, trabalhando mais rápido.


Meus olhos se fecham contra a pressão. Isso é tão bom.

Bom pra caralho.

─ Oh, D... ─ Uma imagem de Hayley se infiltra em minha mente e


eu pulo. ─ Hayley.

Preciso encontrar uma maneira de me livrar desse vídeo.

Stone está compreensivelmente confuso. ─ O que...

─ Você tem um computador que eu possa usar?

Ele aponta para o pequeno laptop em sua mesa no canto mais


distante da sala. ─ Sim claro. Mas por que você precisa de um agora?

Deixando de lado minhas muletas, sento-me em sua mesa e abro


seu laptop. ─ Qual é o seu site pornô favorito?

Considerando que ele é um cara de dezoito anos, ele é a pessoa


perfeita para se perguntar.

Ele parece ainda mais confuso enquanto aponta para sua ereção
furiosa. ─ Confie em mim, o que estávamos fazendo, deixou meu pau
duro como pedra. Você é mais quente do que qualquer pornografia.

Eu riria se não fosse uma situação tão terrível. ─ Não é por isso que
eu estava perguntando. ─ Eu olho para o chão. ─ Tive outro flashback na
festa.

─ O que aconteceu?
Não quero contar a ele porque não quero que ele me julgue, mas
preciso de alguém em quem confiar.

─ Foi ruim. ─ eu o advirto. ─ Muito ruim.

Sua expressão fica séria. ─ Bianca, seja o que for, você pode me
dizer.

Respirando fundo, coloco tudo para fora. ─ Como de costume, só


tenho alguns pedaços, mas pelo que percebi, Hayley e eu estávamos nos
agarrando em uma festa e eu a levei para cima para ficarmos juntas.

É seguro dizer que tenho toda a atenção de Stone.

─ Ok, então você ficou com uma garota... de novo. Nada demais.

─ Ficar com uma garota não é o problema. ─ eu o interrompo. ─ Eu


estava intencionalmente a seduzindo e depois enganando ela. ─ Fecho os
olhos porque não suporto olhar para ele enquanto conto a próxima parte.
─ Eu a fiz se masturbar na minha frente e enquanto seus olhos estavam
fechados e ela estava... você sabe, eu a gravei. ─ Eu engulo em seco. ─ E
então eu enviei o vídeo para um monte de sites pornôs.

De pé, Stone passa a mão no couro cabeludo. ─ Droga. Isso é…

Minhas entranhas se enrolam de vergonha. ─ Completamente


fodido.

─ Sim... sim, é. ─ Ele esfrega a mão no rosto. ─ Mas aquela era a


velha Bianca. ─ Seu olhar colide com o meu. ─ Não é mais quem você é.
Ele está certo... mas mesmo assim.

─ Eu sei. ─ Eu volto minha atenção para seu laptop. ─ Mas eu


preciso encontrar todos os sites pornográficos onde enviei o vídeo e
excluí-los.

É a coisa certa a fazer.

─ Ok, bem, o maior site pornô é o Pornhub.

Eu rapidamente digito o nome no mecanismo de busca, ignorando


todos os seios e vaginas que aparecem na tela. ─ Existe um login. ─ Eu
olho para ele. ─ Acho que é assim que se carrega um vídeo?

Stone pisca. ─ Quer dizer, não tenho experiência em enviar vídeos.


Eu apenas os assisto - não importa, isso não é importante. ─ Ele encolhe
os ombros. ─ Faça login e veja o que acontece.

Eu começo a digitar meu e-mail, em seguida, faço uma pausa, minha


mente fica em branco. ─ Eu tenho um problema.

─ O que?

─ Não consigo lembrar minha senha.

Felizmente Jace foi capaz de redefinir todas as minhas senhas para


meu e-mail e sites de mídia social quando consertou meu laptop, mas
acho que a velha Bianca não era estúpida o suficiente para usar seu e-
mail normal para isso.

Seria muito fácil rastrear ela... nós.


Deus, eu odeio isso.

─ Não sei o que fazer. ─ Meus ombros caem em derrota. ─ Não há


como corrigir isso se não sei qual e-mail usei e qual seria minha senha.
─ Eu estalo meus dedos quando se trata de mim. ─ Há um mecanismo
de busca no site. Talvez eu possa simplesmente digitar o nome dela ou
algo como, jovem loira gostosa se masturba...

─ É, isso não vai funcionar. ─ Seu olhar se volta para dentro. ─ Em


primeiro lugar, duvido que você tenha usado o nome real de Hayley no
assunto do vídeo. E dois - se você digitar jovem loira gostosa se masturba
ou qualquer variação disso no mecanismo de pesquisa, você obterá
milhares de resultados. Levará semanas para classificar todos eles. ─ Ele
solta uma risada sem humor. ─ Além disso, se você conseguir encontrá-
lo, não há garantia de que os proprietários do site responderão ao seu e-
mail ou retirarão o vídeo. ─ Ele exala longa e profundamente. ─ Por mais
que eu odeie dizer isso, porque sei o quanto você deseja consertar isso, é
melhor deixar para lá.

Eu odeio isso. Odeio muito.

─ Eu sou uma pessoa realmente péssima.

─ Você não é. ─ Stone argumenta. ─ O seu eu antigo era.

É justo, mas não me faz sentir melhor com o que fiz.

Ou torne qualquer coisa menos confusa.


─ Falando no passado, ainda não entendo por que estava com ela
naquela noite, quando aparentemente a odiava...

Paro de falar porque uma miniatura na parte inferior da tela do


computador chama minha atenção.

É um pouco granulado... mas definitivamente sou eu.

Meu queixo cai quando eu clico nele e um vídeo meu, deitada no


capô do carro de Morgan com minhas pernas abertas enquanto ela está
em cima de mim começa a rodar.

Um milhão de emoções diferentes me atingiram de uma vez.


Nenhuma delas é bom.

─ Que diabos é isso, Stone?

Seus olhos se arregalam. ─ Eu posso explicar isso.

Eu me viro para encará-lo. ─ Eu joguei seu celular na água. Como


você ainda tem isso?

Eu pensei que tinha destruído.

Ele parece envergonhado. ─ Mandei o vídeo por e-mail para mim


mesmo antes de você pegar o aparelho.

Não tenho certeza de como me sentir sobre isso.

Na verdade, eu sei.

Apesar de ser o sujo falando do mal lavado e o carma pelo que fiz a
Hayley, estou chateada.
A velha Bianca pode merecer isso, mas eu não.

─ Por que diabos você...

─ Porque eu queria mantê-lo.

Eu olho para ele.

─ Para mim. ─ ele enfatiza. ─ Não para enviar a mais ninguém, eu


juro.

Ainda não faz sentido para mim. ─ Porque o...

─ Eu me masturbo com isso, ok? ─ ele estala, as pontas das orelhas


ficando rosa. ─ E eu entendo porque você está chateada, mas ninguém
mais viu isso. ─ Ele me olha nos olhos. ─ Essa é a verdade, juro por Deus.

Bem, isso é... interessante.

─ Eu pensei que você me odiava... você sabe, antes do acidente.

Pelo menos foi essa a impressão que tive em nosso primeiro


encontro.

O que eu consigo lembrar.

─ Eu odiava. ─ Cruzando os braços sobre o peito, ele se joga de volta


na cama. ─ Mas eu também queria você. ─ Suas pálpebras baixam. ─
Muito.

Oh. ─ Realmente?

Seu pomo de Adão balança. ─ Sim.


Eu provavelmente não deveria estar tão excitada, por ele guardar
um vídeo meu, que não tinha o direito de filmar, mas não consigo evitar.

Imagens de Stone se masturbando com o vídeo são... quentes.

Realmente quente.

Alcançando a bainha do meu vestido, tiro sobre a cabeça até ficar


com nada além de meu sutiã e calcinha. ─ Já pensou em mim tirando a
roupa para você?

Ele lambe os lábios. ─ Às vezes.

Lentamente, eu caminho até ele. ─ E quanto à minha boca em seu


pau?

Há uma inspiração aguda. ─ Bianca...

Eu abro o fecho do meu sutiã e o deixo cair no chão. Eu


provavelmente deveria estar envergonhada, mas a maneira como Stone
está olhando para mim agora - como se eu fosse a garota mais bonita que
ele já viu - me enche de uma confiança que eu não sabia que tinha.

Um gemido baixo e torturado o deixa enquanto ele estende a mão e


aperta meu peito. ─ Deus, você é tão perfeita.

Eu não sou, mas ele me faz sentir como se eu fosse.

Afundando de joelhos, puxo seu zíper para baixo e o puxo para fora.

Ele está duro e pronto para mim.


Eu dou a ele um empurrão lento e provocador. ─ Diga-me, o que
mais você pensa quando se trata de mim.

─ Apenas fantasias típicas. ─ Ele engole visivelmente. ─ Você e eu...


você sabe.

Não, eu não sei. Mas eu quero.

Abaixando minha cabeça, eu lambo a gota perolada de líquido de


sua cabeça. ─ Você pode ser mais específico?

Quero ouvir todas as palavras sujas e quentes vagando por sua


mente.

Ele geme enquanto eu lambo seu comprimento. ─ O que você está


fazendo agora... eu penso sobre isso.

Esticando minha boca sobre a larga cabeça de seu pau, eu gemo,


enviando vibrações pulsando por ele.

Stone quase salta da cama. ─ Porra.

Levando-o o mais fundo que posso, eu olho para ele.

─ Jesus Cristo. ─ ele murmura enquanto ele bate no meu rosto. ─


Você é boa pra caralho. ─ Seus movimentos se aceleram. ─ Tão bo...

Um líquido salgado enche minha boca e, ao contrário da última vez,


eu engulo.
─ Merda. ─ Sem fôlego, ele desaba contra a cama, mas não antes de
eu me aventurar em seus braços. ─ Eu não estava esperando... ─ Ele
segura minha bochecha. ─ Você quer que eu retribua o favor?

Balançando minha cabeça, eu acaricio seu peito.

Eu só quero que ele me abrace.

Porque o passado... todas as coisas ruins que eu já fiz...

Nada disso importa quando estou com ele.


Capítulo Vinte e Nove

A luz do sol penetra por uma fenda na cortina, despertando-me do


meu sono.

O pânico sobe pela minha espinha enquanto olho ao meu redor.

─ Merda.

Eu não posso acreditar que adormeci aqui.

Eu rapidamente cutuco Stone, que ainda está dormindo ao meu


lado. ─ Acorde.

Saltando de seu futon, procuro minhas roupas.

Bocejando, ele esfrega os olhos sonolentos. ─ Que horas são?

Meu olhar vagueia para o relógio na mesa de cabeceira enquanto eu


deslizo em meu vestido da noite passada. ─ Pouco depois das seis da
manhã

O que significa que Sawyer provavelmente ainda está dormindo e


não será capaz de me pegar.

Uma rápida olhada no meu telefone me diz que Jace ligou três vezes
na noite passada, Cole ligou uma vez e Sawyer me mandou mensagem
duas vezes perguntando se eu estava passando a noite com ‘Mercedes’.
Porcaria.

Stone dá um tapinha no espaço vazio ao lado dele. ─ Nesse caso,


volte para a cama.

Eu fico boquiaberta com ele. ─ Você está louco? Eu preciso que você
me leve para casa.

─ Agora?

─ Sim, agora. ─ Pego minhas muletas que estão encostadas na


parede ao lado de sua cama. ─ Ainda pode haver tempo para entrar
sorrateiramente, sem meus irmãos perceberem que eu não voltei para
casa.

Então, novamente, Liam e eu sempre dormíamos tarde, enquanto


Jace e Cole preferiam acordar bem cedo. Esquisitos.

Pulando de pé, Stone pega suas chaves da mesa de cabeceira. ─


Vamos lá.

─ Parece muito silencioso. ─ Stone observa quando passamos por


minha casa. ─ Acho que é seguro parar na garagem.

─ Não. ─ eu assobio. ─ Eles podem ver você. ─ Eu atiro meu olhar


para fora da janela do passageiro. ─ Estacione mais ruas abaixo.
─ Você ainda precisa de muletas para andar, Bianca. ─ ele bufa. ─
Eu não vou estacionar tão longe.

Abro a boca para lembrá-lo de que minhas muletas irão embora em


uma semana, mas não adianta discutir.

Quanto mais rápido eu entrar e subir para o meu quarto, melhor.

Como as luzes ainda estão apagadas e não há nenhum sinal de


atividade acontecendo na casa, agora é o momento perfeito.

─ Tudo bem. ─ eu cedi. ─ Estacione na garagem. Mas não fique e me


observe entrar. No segundo que eu estiver fora do carro, você precisa virar
essa merda e sair.

Seus lábios se contraem. ─ Entendi, Brian O'Conner.

─ Brian O'Conner?

Ele me olha como se eu fosse um cadete espacial. ─ Velozes e


furiosos.

Ainda não entendi. ─ Velozes e Furiosos?

Suspirando, ele para na minha garagem. ─ Nós realmente


precisamos trabalhar em seu filmes...

─ Que porra está acontecendo aqui? ─ Cole ruge.

Ah, merda.

Eu viro minha cabeça para enfrentar um Cole muito suado e muito


irado, que parece que acabou de correr uma maratona.
Sem esperar por uma resposta, ele leva o celular ao ouvido. ─ Jace,
saia aqui fora agora. Bianca acabou de chegar com a porra de Stone
DaSilva.

Droga.

Abro minha janela. ─ Relaxe, Cole. Não é...

Ele bate no capô. ─ Eu juro por Deus se você machucá-la, eu vou te


matar.

Oh, pelo amor de Deus.

Stone parece ofendido. ─ Eu nunca faria mal...

─ O que diabos você está fazendo com minha irmãzinha, DaSilva? ─


Um Jace sem camisa e descalço explode enquanto voa pela calçada. ─
Você tem um desejo de morte filho da puta, vadia?

É seguro dizer que a merda oficialmente atingiu o ventilador.

A mão de Stone aperta em torno de seu volante. ─ Não, eu não tenho


um desejo de morte. ─ Ele deve, porque ele sorri. ─ Eu estava
simplesmente deixando minha namorada na casa dela.

─ Stone. ─ eu estalo.

─ O que? ─ ele diz quando eu saio de seu carro. ─ Eles iam descobrir
sobre nós em breve, Bianca. Você mesmo disse.

Sim, mas eu não queria que eles descobrissem assim.


Cole ri, mas não há um pingo de humor. ─ Tive algumas concussões
e, portanto, devo estar tendo alucinações, porque poderia jurar, que você
acabou de dizer namorada. ─ Suas narinas dilatam. ─ Mas não há
nenhuma maneira, da porra da minha irmã mais nova, namorar você,
seu idiota patético e insignificante.

Ele grita a última parte tão alto que poderia acordar os mortos.

Uma Sawyer sem fôlego, vestida com um roupão de banho, corre


para fora. ─ Que diabos... ─ Ela vê o carro de Stone e empalidece. ─ Ah,
merda.

Ah, merda com toda certeza.

Os tiques da mandíbula de Jace. ─ Diga que ele está mentindo,


Bianca.

Eu não posso.

Expirando profundamente, eu digo: ─ Ele não está.

Cole segura sua orelha. ─ Sinto muito, devo estar alucinando de


novo, o quê?

─ Ele não está mentindo. ─ eu digo, mais alto desta vez. ─ Stone e
eu estamos namorando.

Jace cambaleia para trás como se eu tivesse acabado de dar um soco


nele.

Cole se vira para Sawyer. ─ Chame uma ambulância.


Ela empalidece. ─ Você está bem?

─ Estou bem, Soldado da Bíblia. ─ Ele se lança para o carro de


Stone. ─ Mas ele não vai estar depois que eu terminar com ele.

Sawyer e eu rapidamente nos colocamos entre eles.

─ Sinta-se à vontade para sair a qualquer hora. ─ eu digo a Stone.

─ Não até que seus irmãos psicóticos se acalmem e eu saiba que


você está bem.

Isso só deixa Cole mais furioso e ele ataca novamente. ─ Eu vou te


mostrar o psicopata.

─ Pare com isso, Colton. ─ Sawyer diz, suas mãos empurrando seu
peito. ─ Brigar com Stone não resolverá nada.

─ Talvez não. ─ ele rosna. ─ Mas com certeza vai fazer eu me sentir
bem.

Antes que eu possa impedi-lo, Stone sai do carro. ─ Você quer lutar
comigo novamente, Covington. ─ Ele dá um tapa no peito em um convite.
─ Vá em frente. Chute minha bunda para sempre. ─ Seus olhos se voltam
para mim. ─ Mas isso ainda não mudará o fato de que eu amo sua irmã.

Minha boca se abre. ─ Você me ama?

─ Sim. ─ Ele engole em seco. ─ Sim, eu amo.

Sawyer faz o sinal da cruz e começa a murmurar o que parece ser a


oração da Ave Maria.
Minha cabeça gira. Stone me ama.

Os olhos de Cole se voltam para mim. ─ Por favor, me diga que isso
não está acontecendo, porra.

─ Quanto tempo? ─ Jace late. ─ Há quanto tempo você está


mentindo na minha cara, enquanto anda furtivamente com esse lixo?

─ Desde o dia de Ação de Graças. ─ eu sussurro.

─ Um mês. ─ Jace morde. ─ A porra de um mês, em que você está


me enganando. ─ Ele aponta para Cole e Sawyer. ─ Nós.

Sawyer esfrega suas têmporas. ─ Olha, eu sei que vocês dois estão
com raiva, mas Stone é um cara bom e ele a faz feliz...

─ Como você sabe? ─ Cole pergunta.

─ Eu... uh. ─ Ela murmura uma maldição. ─ Eu já sei sobre eles há


algum tempo.

A traição no rosto de Cole se aprofunda. ─ E você não me contou?

─ Não é culpa de Sawyer. ─ eu rapidamente interrompo. ─ Ela


continuou me incentivando a confessar, mas eu a fiz prometer não dizer
nada, até que eu estivesse pronta. Inferno, ela nem queria nos cobrir,
mas eu...

─ Você os cobriu? ─ Cole grita, olhando para Sawyer. ─ Para ele?

Oh, merda. Coisa errada a dizer.


A culpa marca as bochechas rosadas de Sawyer. ─ Eu sei que você
está chateado, mas Bianca é minha amiga e ela precisava de alguém para
conversar.

Ele bate no peito com o polegar. ─ Eu sou seu noivo. ─ A mágoa


distorce suas feições. ─ Seu noivo, para quem você jurou que nunca mais
mentiria.

O rosto de Sawyer cai. Ela parece tão indefesa que meu coração
dispara.

─ Sinto muito, Colton...

─ Para com isso. Eu nem quero estar perto de você agora. ─ Seus
olhos caem sobre mim. ─ Qualquer um de vocês.

Com isso, ele sobe a calçada.

O lábio inferior de Sawyer balança. ─ Eu... hm. Eu vou voltar para


dentro.

Stone projeta o queixo. ─ Eu também vou. ─ Ele se inclina como se


quisesse me beijar, mas faz uma pausa quando percebe que Jace ainda
está lançando punhais para ele. ─ Eu te ligo mais tarde.

Um minuto depois, ele sai da nossa garagem.

Eu olho para Jace, que está em silêncio.

─ Diga algo.

Grite comigo. Exija que eu termine com ele. Alguma coisa.


Ele encolhe os ombros, impotente. ─ O que diabos você quer que eu
diga, Bianca?

A pura dor gravada em suas feições me faz querer desmaiar e


morrer.

Ele começa a se afastar, mas para abruptamente.

─ Eu realmente sinto falta dela.

Não tenho ideia de quem ele está falando. ─ De quem?

─ Minha irmã. ─ Seus olhos cortaram para os meus. ─ Aquela que


pode mentir para todos em sua vida, mas nunca mentiria para mim.

Com isso, ele vai embora.

Eu esperava que ele ficasse com raiva... desapontado.

Mas nunca esperei que ele olhasse para mim como se eu o tivesse
esfaqueado pelas costas.

E eu definitivamente nunca pensei que quebraria sua confiança.


Capítulo Trinta

Uma alma tão negra quanto o céu noturno.

Lábios tão vermelhos quanto o sangue que ela procura.

A garota que os deixa correndo com medo.

Ela é um lindo pesadelo.

Eu fico olhando com admiração para as palavras rabiscadas no


pequeno pedaço de papel.

Por um lado, eu deveria estar ofendida porque Stone acha que minha
alma é negra, mas por outro?

É tão assustadoramente lindo que corta direto no meu coração.

Eu rapidamente pego meu telefone.

Já se passaram três dias desde que o inferno começou, mas ainda


conversamos todos os dias na escola. No entanto, eu estaria mentindo se
dissesse que não sinto falta do nosso tempo sozinhos.

Especialmente depois de ler isso.

Ele atende no segundo toque. ─ Hey.


─ Oi. ─ Eu não posso deixar de sorrir. ─ Então, eu estava lavando
roupa hoje e encontrei uma coisinha que você enfiou no bolso da minha
jaqueta outra noite.

─ Hã?

─ O poema. ─ eu o lembro. ─ Jesus, Stone. Não tinha a mínima ideia


de que você escrevia poesia. É perfeito. Um pouco escuro e distorcido...
mas lindo.

Um lindo pesadelo.

─ Oh... aquilo. ─ Ele limpa a garganta. ─ Estou feliz que você gostou.

─ Gostei? ─ Meu coração bate tão forte que parece que pode ficar
marcado nas minhas costelas. ─ Eu amei.

Eu esfrego o local sobre o órgão, que ainda está batendo


descontroladamente no meu peito. Eu o amo.

Mas não quero dizer a ele algo tão importante pelo telefone.

Prefiro dizer a ele como me sinto, cara a cara. Quando chegar o


momento certo.

─ Então. ─ ele diz, mudando de assunto. ─ As coisas estão melhores


hoje?

Não. ─ Mesma coisa.

Ele suspira. ─ Eles não podem proibir você de me ver, você sabe.
Você tem dezoito anos.
Se fosse assim tão simples. ─ Eles não estão me proibindo de ver
você.

Isso exigiria que eles realmente falassem comigo.

─ Então, não estamos nos vendo porque você não quer. ─ ele retruca.
─ Entendi...

─ Não é assim. ─ digo a ele. ─ É apenas... complicado.

Eles são minha família e odeio magoá-los.

E por mais que eu me importe com Stone, vê-lo sem a aprovação


deles, parece que estou cometendo uma traição.

─ Eu sei o quão importante eles são para você, Bianca. Confie em


mim, eu entendo. Acho que estou apenas esperando ser importante para
você também.

Meu coração torce. ─ Você é.

─ Então venha aqui no Natal, para que eu possa ver minha


namorada fora da escola. Vamos jantar tarde da noite depois que minha
mãe sair do trabalho. ─ Ele bufa. ─ Estou encarregado de cozinhar, mas
prometo que vou tentar o meu melhor para fazer algo comestível.

─ Ok. ─ Eu duvido que tudo ficará bem em dois dias, mas eu


realmente quero ver meu namorado no feriado. ─ Eu estarei aí.

Só preciso falar com meus irmãos primeiro.


Eu abordo Cole primeiro porque ele é... bem, o mais acessível.

─ Desculpe, eu não falo com traidores. ─ ele me cumprimenta depois


que bato em sua porta.

Eu sufoco meu aborrecimento. ─ Podemos conversar? Por favor.

Amuado, ele gesticula para eu entrar. ─ Acho que sim.

Eu olho ao redor de seu quarto. Sawyer não está aqui, mas


felizmente, as coisas dela ainda estão. ─ Onde está Sawyer?

Seu mau humor se aprofunda. ─ Trabalho.

Há uma ligeira irritação em seu tom.

─ Cole. ─ Eu dou uma olhada nele. ─ Sawyer não mentiu para você
porque ela queria. Ela mentiu porque eu implorei. Inferno, eu
praticamente a obriguei a isso.

Fazendo beicinho, ele cruza os braços. ─ Eu sei.

─ Então o que...

─ Porque você não me contou. ─ ele late. ─ Eu sei que não sou o
melhor irmão e Liam era o seu favorito e você considera Jace seu pai. Eu
só queria... ─ Sua frase desaparece.

─ Você queria o quê?


─ Eu gostaria que você se sentisse confortável o suficiente para
confiar em mim. Embora isso seja estupidez, porque não é como se
estivéssemos unidos antes do seu acidente - provavelmente, porque você
ainda estava nutrindo raiva pela maneira como tratei Liam quando ele
estava vivo. ─ Ele agarra a nuca. ─ Eu não sei. Acho que esperava que,
já que você está com amnésia, pudéssemos apertar o botão de reset em
nosso relacionamento e começar de novo.

Sua confissão fez meu coração apertar. Não importa o quão próxima
eu era de Liam ou o quão próxima eu seja de Jace, Cole ainda é meu
irmão.

Eu dou a ele um sorriso esperançoso. ─ Não vejo razão para ainda


não podermos fazer isso.

Ele levanta a cabeça um pouco. ─ Sim?

Assentindo, eu dou a ele um sorriso. ─ Sim.

Ele levanta uma sobrancelha. ─ Vamos dar o abraço estranho agora


ou podemos pular isso?

Eu finjo desapontamento. ─ Droga. Eu estava ansiosa por isso.

Abrindo bem os braços, ele suspira dramaticamente. ─ Tudo bem,


certo. Venha aqui.

Rindo, eu envolvo meus braços em torno dele. ─ Posso não me


lembrar muito sobre nosso relacionamento antes do meu acidente. Mas,
se é que vale de alguma coisa, você foi um ótimo irmão depois. ─ Eu faço
uma careta. ─ Um pouco superprotetor...

─ Um pouco? ─ ele grunhe. ─ Vou ter que melhorar meu jogo então.
Chame aquele punk...

─ Cole. ─ eu digo enquanto nos separamos. ─ Por favor, não bata no


meu namorado.

─ Cristo. ─ Zombando, ele aperta a ponte do nariz. ─ Ainda não


consigo acreditar que você está namorando Stone DaSilva.

─ Ele me faz feliz. ─ eu sussurro. ─ Muito feliz.

Outro escárnio. ─ Sim, bem, é melhor ele saber o que é bom para
ele.

Meu coração dá uma dancinha esperançosa. ─ Isso significa que


você aprova?

Cole faz uma careta. ─ Aprovar? Não. ─ Dando de ombros, ele


acrescenta: ─ Mas porra, Deus sabe que já tive minha cota de merdas
idiotas, então acho que você tem o direito de fazer merdas idiotas
também.

Caramba, valeu.

Dado que isso é o melhor que vou conseguir dele por agora, deixo de
lado.

No entanto, ainda há uma coisa que quero corrigir.


─ E você e Sawyer? Vocês não vão terminar por causa disso, certo?

Ele parece horrorizado. ─ Terminar? Porra, não. Isso não é uma


opção. Ainda estou com raiva, por ela ter escondido isso de mim, mas sei
que seu coração estava no lugar certo. Sempre está. ─ Ele revira os olhos.
─ É apenas uma das muitas razões pelas quais estou apaixonado por ela.

Isso é um alívio.

Atirando-lhe outro sorriso, fecho a porta de seu quarto.

No entanto, meu alívio dura pouco quando vejo Dylan. ─ Em uma


escala de um a dez, quão ruim está o humor dele hoje?

─ Cerca de um oito. ─ Ela aperta meu ombro. ─ Eu continuo


lembrando a ele, que ele está sendo um idiota teimoso, então tenho
certeza que ele vai voltar... mais cedo ou mais tarde.

Sim, mas quando? Jace não disse uma única palavra para mim
desde o incidente na garagem.

─ Certo.

─ Apenas dê tempo a ele. ─ Seu nariz enruga. ─ Eventualmente, ele


vai descongelar e falar com você.

Infelizmente, estou ficando sem tempo. O Natal é em dois dias.

Arriscando-me, bato na porta de seu quarto.

─ O que? ─ Jace late do outro lado.

─ Posso entrar?
Silêncio.

─ Você não pode me ignorar para sempre, você sabe disso, não é?

Nada.
Capítulo Trinta e Um

─ Pare de ser um idiota com ela, Jace. ─ eu ouço Dylan sibilar no


corredor. ─ É Natal, pelo amor de Deus e você apenas a fez chorar.

─ Não é minha culpa. ─ Jace argumenta. ─ Tudo o que fiz foi


perguntar se ela estava mentindo quando te elogiou pelo presunto que
você fez. Dado seu histórico estelar, era uma questão legítima.

Limpo minhas lágrimas com um lenço de papel. Não tenho certeza


de quanto tempo ele está planejando ficar com raiva de mim ou dar socos
às minhas custas, mas não aguento mais.

Dylan rosna. ─ Juro por Deus, se você não se levantar e se desculpar


agora, eu vou...

─ Você vai o quê? ─ Jace zomba.

─ Sabe aquela coisa que deixei você experimentar semana passada


- a coisa que você realmente gostou? Bem, vai ser um dia frio no inferno,
antes de eu deixar você tentar novamente.

Sim, definitivamente não quero saber a que coisa ela está se


referindo.
Jace suspira. ─ Tudo bem, vou pedir desculpas, mas não vai mudar
nada. Ainda estou chateado por ela ter mentido.

─ Jesus. ─ exclama Dylan. ─ Recomponha-se. Com tudo que ela


passou, a última coisa que ela precisa, é que você dê as costas para ela
porque ela cometeu um erro. Além disso, você e eu sabemos, que ela só
mentiu, porque independentemente de sua amnésia, ela ainda adora o
irmão mais velho e não queria que você ficasse chateado com ela.

─ Tanto faz. ─ ele resmunga.

─ Pare de ser tão teimoso e conserte isso. ─ Dylan pede. ─ Porque o


Jace que eu conheço e amo, faria qualquer coisa por sua família e admite
quando estraga tudo.

Um momento depois, ouço passos descendo as escadas seguidos por


uma batida forte na minha porta.

Eu abraço meu travesseiro no meu peito. ─ O que?

─ Posso entrar? ─ Jace pergunta.

─ Acho que sim.

Verdade seja dita, eu deveria ignorá-lo como ele me ignorou, mas ao


contrário dele, eu sei o quanto dói.

Eu, entretanto, viro minha cabeça e coloco meu nariz no ar quando


ele entra. Tome isso, idiota.

Ele faz um barulho irritado com a garganta. ─ Sério?


Eu não o justifico com uma resposta.

Seu suspiro é cansado e resignado enquanto ele anda pelo meu


quarto, pegando e colocando vários objetos na minha cômoda. ─ Eu
nunca quis uma irmã.

Jesus. Isso é apenas maldade.

Eu olho para ele, e ele tem a audácia de rir. ─ Me deixe terminar.

─ Bem. Ao contrário de você, estou disposta a ouvir.

─ Quando mamãe me disse que estava tendo uma menina, tive um


acesso de raiva e chorei por dois dias.

─ Por quê?

─ Porque eu queria irmãos. Eu não queria lidar com uma irmã com
quem nunca poderia me identificar. ─ Ele me lança um olhar. ─ Mas no
dia em que mamãe colocou você em meus braços, esse intenso senso de
obrigação, se apoderou de mim e eu jurei ali mesmo que sempre
protegeria você. ─ Zombando, ele balança a cabeça. ─ Eu não sabia disso
naquela época, mas Deus é um comediante, porque minha irmãzinha
acabou sendo exatamente como eu - insanamente teimosa e cautelosa,
mas ferozmente leal àqueles que ama. ─ Ele encontra meu olhar. ─
Inferno, provavelmente deveríamos ser nós os gêmeos em vez de Cole e
Liam.

Meu coração parece que vai explodir do meu peito.


Odeio brigar com ele, mas ainda mais do que isso, odeio saber que
quebrei sua confiança e destruí nosso vínculo.

─ Eu nunca quis te machucar. ─ eu sussurro. ─ E me mata saber


que eu fiz isso.

Com as mãos nos bolsos, ele balança a cabeça. ─ Eu sei.

Eu olho para ele. ─ Você nunca vai me perdoar?

Ele sorri. ─ Eventualmente.

Eu jogo meu travesseiro nele. ─ Idiota teimoso.

Ele joga de volta para mim. ─ Mas só porque estou chateado, não
significa que te amo menos.

─ Eu também te amo, idiota.

O humor ilumina seu rosto. ─ Que bom que resolvemos isso.

Ele se dirige para a porta, mas eu o detenho.

Por mais feliz que eu esteja por termos conversado, nossa conversa
ainda me deixa insegura e há algo que eu realmente preciso que ele saiba.

─ Jace?

─ Sim?

─ Stone não é o irmão dele.

O canto de sua boca se curva e seu olhar se torna glacial. ─ O que


te dá tanta certeza?
Eu digo a ele a verdade.

─ Porque eu não estaria com ele se ele fosse.


Capítulo Trinta e Dois

─ Olhe para você. ─ declara Stone enquanto subo as escadas para


seu apartamento. ─ Nada de muletas.

─ É um milagre de Natal. ─ Dou um pequeno giro quando o alcanço.


─ Eu ainda tenho que ir com calma, mas estou feliz por não ter mais que
arrastá-las comigo.

Curvando-se, Stone beija meus lábios. ─ Estou feliz por estar aqui.

─ Eu também. ─ Apalpando sua bochecha, eu o puxo para outro


beijo. ─ Feliz Natal.

─ Você é o melhor presente de Natal de todos os tempos. ─ ele


murmura contra meus lábios.

Eu aponto para o presente que estou segurando. ─ Nesse caso, acho


que você não quer isso, hein?

Não tenho certeza do que fazer com a expressão em seu rosto. ─ Você
me deu um presente?

Eu bato na cabeça dele com a caixa. ─ Claro que sim, bobo. ─


Colocando em suas mãos, eu digo. ─ Abra.

─ Agora mesmo?
─ Sim. ─ eu quase grito.

Mal posso esperar para ver seu rosto quando ele desembrulhar o
DVD autografado de Identidade Bourne.

─ Puta merda. ─ Seus olhos se arregalam. ─ Essa é a assinatura de


Matt Damon?

Eu aponto para o outro autógrafo ao lado dele. ─ E do diretor.

Ele me envolve em um abraço tão forte que rouba todo o ar dos meus
pulmões. ─ Você é incrível, sabia disso? ─ Sua voz cai um pouco. ─ Eu
me sinto uma merda por não ter comprado nada para você agora.

Bem, isto é constrangedor. Não porque estou chateada por ele não
ter me dado um presente - verdade seja dita, eu nunca esperei que ele
desse, devido sua situação financeira e tudo - mas eu sei como Stone é e
não quero que ele se culpe por isso.

─ Está tudo bem... ─ eu começo a dizer, mas ele me interrompe.

─ Estou brincando, Bourne. ─ Ele puxa uma pequena caixa do bolso


e a entrega para mim. ─ Claro que comprei algo para você.

─ Posso abrir aqui?

─ Sim.

Eu rompo em um sorriso enquanto rasgo o pacote de presente... até


ver o que há dentro.
Um milhão de sentimentos diferentes me atingem enquanto olho
para o pingente de São Cristóvão em uma corrente de prata.

─ Isso é... ─ Minha respiração para em meus pulmões. ─ Não


acredito que você fez isso.

Ele roça minha bochecha com o polegar. ─ Eu sei o quanto isso


significou para você e como você ficou chateada quando percebeu que ele
tinha sumido.

Eu não estava chateada... Eu estava totalmente arrasada.

Era como se minha alma tivesse sido destruída, porque perdi um


pedaço tão especial de Liam.

Meu batimento cardíaco acelera, uma corrida de emoções puxando


meu peito.

É tão atencioso... tão lindo.

─ Eu sei que não é o mesmo que Liam comprou para você...

─ Eu te amo. ─ eu sussurro, meu coração fixando residência na


minha garganta.

O acidente foi horrível, horrível... mas algo bom saiu disso.

Ele.

Meus olhos se enchem de lágrimas enquanto eu olho para ele. ─ Eu


realmente amo você.

Tanto que não consigo imaginar não o amar.


Seus olhos enrugam nos cantos enquanto ele o prende em volta do
meu pescoço. ─ Eu também te amo.

O beijo que ele me dá faz meus dedos do pé se curvarem e meu


coração disparar.

─ Como foi sua tentativa de jantar? ─ Eu questiono enquanto nos


separamos.

Ele estremece. ─ Bem, isso depende.

─ De que?

─ Se você gosta do seu peru bem passado ou não.

Oh, cara.

Uma risada borbulha do meu peito enquanto nos dirigimos para a


porta de seu apartamento. ─ Não se preocupe, tenho certeza de que não
é tão ruim.

E se for? Bem, podemos sempre pedir pizza.

Espero que ele abra a porta, mas ele não abre.

─ O que há de errado?

Ele olha para baixo. ─ Eu deveria ter te contado antes de você sair
de casa, mas fiquei com medo de que você não aparecesse e realmente
queria te dar o seu presente.

A culpa em seu rosto fez meu coração torcer. ─ O que aconteceu?


Seus ombros caem. ─ Ele nos disse que não viria, mas acho que
mudou de ideia.

─ Quem?

─ Tommy.

Dou o máximo de mim para não apunhalar o filho da puta com meu
garfo.

Tommy - que, francamente, parece uma merda com seus olhos


vidrados e aparência desgrenhada - ri. ─ Não acredito que você está
namorando um Covington.

Até sua própria mãe parece aborrecida com ele. ─ Tommy, pare de
ser rude com nossa convidada.

Não é exatamente um ramo de oliveira ou algo assim, mas vou pegá-


lo.

─ Sério? ─ ele zomba. ─ Mãe, nossa convidada e sua família


espalharam um monte de boatos sobre mim e me expulsaram da escola...
depois que o irmão dela me atacou na floresta. ─ Tommy se vira para
mim. ─ Você sabe que não foi minha culpa, certo? ─ Ele enfia uma
garfada de comida na boca. ─ Inferno, eu tentei ajudar o garoto deixando-
o ver que seu próprio irmão estava apunhalando-o pelas costas.
Com a cabeça girando, minha mão aperta meu garfo.

Eu vou matá-lo.

Stone pega uma segunda porção do recheio. ─ Você é quem fala.

Tommy revira os olhos. ─ Não me diga que você ainda está chateado
com aquela vadia da Mercedes. Como eu disse, eu te fiz um favor. ─ Ele
pisca para mim. ─ Além disso, você tem esse belo traseiro agora.

Os tendões do pescoço de Stone distendem-se. ─ Cale a boca,


Tommy.

Estendendo a mão, Tommy dá um tapa nas costas dele. ─ Relaxa


cara. Você sabe que estou apenas brincando. ─ Ele mira seu olhar sobre
mim novamente. ─ A propósito, por favor, envie a Dylan minhas
condolências.

Desnecessário dizer que estou confusa. ─ Condolências pelo quê?

Piscando, ele enfia mais comida em sua boca. ─ Por morar com o
seu irmão de merda...

─ Jesus Cristo. ─ Stone se grita. ─ Você não vai calar a boca?

Eu olho a faca que Stone usou para cortar o peru queimado e debato
internamento sobre mergulha-la em seu peito.

─ Você quer saber? Você está certo, estou sendo um idiota. ─ Ele
ergue o copo. ─ Vamos brindar ao casal feliz.

A contragosto, Stone e sua mãe ergueram seus copos.


Eu, no entanto, não movo um músculo.

O babaca percebe. ─ Qual é, vamos lá. ─ Eu quero tirar o sorriso


estúpido de seu rosto. ─ Não seja assim. Somos praticamente uma família
agora.

O pedaço de merda de cachorro nunca será minha família.

Mudando de assunto, ele fala arrastadamente: ─ Se é que vale de


algo, estou feliz que você sobreviveu àquele acidente de carro. ─ Ele
assobia. ─ Pena que a garota Hayley não. Ouvi dizer que encontraram
partes do corpo dela espalhadas por toda parte...

Meu estômago se contrai e fecho os olhos.

─ Thomas. ─ sua mãe sibila. ─ Estamos na mesa de jantar.

─ Você está certa, mãe. Eu sinto muito. ─ Enxugando a boca com o


guardanapo, ele afirma: ─ De qualquer forma, ouvi dizer que vocês duas
costumavam sair...

─ Maldição. ─ grunhe Stone, parecendo que estava a um fio de


cabelo de perder a cabeça completamente. ─ Pelo amor de Deus, pare.

Finalmente, o idiota cede, voltando sua atenção para o irmão. ─


Como está indo a escola? Você entrou naquele programa pré-medicina?

Stone dá um longo gole em sua bebida. ─ Não vou saber por mais
alguns meses.
─ Não se preocupe. ─ Ele aperta seu ombro. ─ Você é muito
inteligente, irmão. Você consegue.

Apesar de sua irritação, Stone sorri um pouco.

Tommy vira seu olhar para mim. ─ Mas eu estou supondo que se ele
não fizer isso, você vai dar um fora na bunda dele, hein?

Jesus. A coragem dele.

─ Você... uau.

─ O que? ─ Ele aponta o garfo para mim. ─ Todos nós sabemos que
a única razão pela qual alguém como você está com Stone é porque ele
está crescendo.

Ele mastiga a comida lentamente, metodicamente. Como se ele


estivesse evocando seu próximo golpe brutal. Infelizmente, é voltado para
Stone.

─ Não venha chorar para mim quando ela se cansar de ficar na favela
e passar para outro otário. ─ Tomando um gole de sua cerveja, ele estreita
os olhos. ─ É assim que meninas como ela funcionam.

Stone baixa os olhos para seu prato.

É claro que Tommy atingiu um nervo.

Eu pensei que poderia fazer isso. Achei que se Stone pudesse


suportar o que meus irmãos o fizeram passar, eu poderia ser forte o
suficiente para suportar lidar com ele.
Mas eu não posso.

Não quando ele está machucando alguém de quem gosto.

─ Você é uma verdadeira peça, Tommy. ─ Levantando-me, jogo o


guardanapo no prato. ─ Eu sei que você não entende o conceito, porque
você tem um cacto onde seu coração deveria estar, mas estou apaixonada
pelo seu irmão. E nem você, nem seus insultos estúpidos, vão mudar o
que sinto por ele.

Com isso, vou até o banheiro para jogar um pouco de água fria no
rosto e me lembrar de que cometer homicídio é errado.

Estou arrumando meu batom quando a trava da porta clica.

─ Estarei pronta em um minuto...

As palavras morrem na minha garganta quando vejo Tommy. ─ Bem,


se não é a pequena prostituta de Covington.

Estou na minha última discussão com o babaca. ─ Coma merda e


morra.

Eu vou passar por ele, mas ele fica na frente da porta, bloqueando-
a.
─ Saia do meu caminho.

Ele não se move. ─ Relaxa. Eu só quero conversar.

De alguma forma, eu duvido muito disso. ─ Bem. Vamos falar sobre


quão idiota...

─ Você realmente ama meu irmão?

Sua pergunta me choca. Não por causa do que ele está pedindo, mas
pela sinceridade por trás disso. Como se ele estivesse realmente
preocupado com o bem-estar de Stone.

Ele não merece, mas eu digo a verdade de qualquer maneira. ─ Sim.


─ Eu encontro seus olhos. ─ Eu realmente amo.

Soltando um suspiro, ele balança a cabeça. ─ Ok.

Tento sair de novo, mas ele me pressiona contra a pia, mantendo-


me ali com a força de seu corpo.

─ Que porra você está fazendo? ─ Tento afastá-lo, mas ele é mais
forte do que eu. ─ Sai de cima de mim, porra.

Ele agarra meu rabo de cavalo com tanta força que grito. ─ Você e
seus irmãos são a escória, Covington. E se você acha que vou ficar parado
e deixar você machucar meu irmão, você está louca, sua vadia.

─ Ei, não se preocupe, Tommy. ─ Eu mostro a ele alguns dentes. ─


Assim que eu contar aos meus irmãos que você me atacou, você nunca
mais vai ficar de pé.
Sua língua encontra sua bochecha. ─ Então, acho melhor fazer isso
valer a pena, hein?

A bile sobe pela minha garganta enquanto ele enfia a mão na minha
saia e bate sua boca contra a minha.

─ O que diabos está acontecendo aqui?

Stone parece tão ferido, tão traído... isso suga todo o oxigênio da
sala.

─ Como eu disse. ─ Tommy zomba. ─ Você não pode confiar em uma


vagabunda.

Meu estômago dá um nó porque sei o quão ruim isso parece.

Também sei que não há como Stone acreditar na minha palavra


contra a de seu próprio irmão.

Porque eu não faria.

Eu balancei minha cabeça. ─ Isto não é...

Eu não tenho a chance de terminar minha frase, porque o punho de


Stone voa no rosto de Tommy. ─ Você, filho da puta.

Tommy tenta se defender, mas ele não é páreo para a raiva que Stone
desencadeia sobre ele. O próximo soco é tão forte que o sangue escorre
de seu nariz.
Agarrando-o pela gola da camisa, Stone empurra seu irmão contra
a parede. ─ Nunca mais toque nela de novo, seu mentiroso, pedaço de
merda, drogado.

Uau.

Não fazia ideia de que Tommy estava drogado, embora agora faça
muito sentido. Não que isso desculpe seu comportamento.

Tommy começa a tossir. ─ Você realmente vai acreditar naquela


putinha em vez do seu próprio irmão?

A resposta de Stone vem na forma de um chute forte na virilha.

Tommy uiva de dor, mas Stone ainda não terminou com ele.

Ele começa a arrastá-lo pelos cabelos em direção à porta da frente.


─ Terminamos, porra. Estou cansado de te defender. Cansado de lhe
emprestar dinheiro o tempo todo. Cansado de você destruindo tudo de
bom na minha vida. ─ Sua voz falha. ─ Cansado de ser seu irmão.

Tommy tenta argumentar, mas Stone o empurra porta afora e fecha.

─ Você não pode me expulsar. ─ Tommy bate na porta. ─ Eu sou


sua família.

A dor ilumina o rosto de Stone e ele fecha os olhos, seu corpo


afrouxando contra a moldura. ─ Não mais. ─ Ele olha para sua mãe que
está chorando. ─ Se você deixá-lo entrar de novo, eu vou embora.
Ela acena com a cabeça antes de desaparecer em um ataque de
soluços.

Com o peito arfando, seu olhar desliza para mim. ─ Você está bem?

─ Você está?

Não consigo imaginar o quão difícil deve ter sido para ele.

─ Honestamente? ─ Ele balança a cabeça. ─ Na verdade, não.

Eu envolvo meus braços em torno dele, abraçando-o com força. ─


Eu não sabia que ele estava drogado.

─ Eu também não. ─ ele sussurra. ─ Não até recentemente.

─ Eu sinto muito.

É tudo o que consigo pensar, porque não sei as palavras certas para
dizer ou como tornar isso melhor para ele.

─ Você não tem nada para se desculpar. ─ Ele segura minha


bochecha. ─ Ele te machucou?

─ Não. ─ Pelo menos não fisicamente. ─ Estou bem.

Graças a ele.

─ Obrigada por impedi-lo.

Por me escolher.
Estremecendo, ele aperta sua mão. ─ O filho da puta tem uma
cabeça dura. ─ Ele projeta o queixo em direção à cozinha. ─ Vou pegar
um pouco de gelo.

Enquanto ele faz isso, eu pego meu telefone e começo um chat em


grupo com Jace e Cole.

Eu preciso que eles saibam que Stone não é nada como seu irmão.

Bianca: Stone acabou de espancar Tommy.

Cole: Isso é surpreendente. Stone bate como uma garota.

Jace: E você está nos dizendo isso porque...

A irritação se aloja na minha garganta enquanto digito minha


próxima mensagem.

Bianca: Porque ele fez isso por mim. Tommy me encurralou no


banheiro e tentou me atacar, mas Stone me protegeu. Ele bateu em sua
bunda e o chutou para fora de casa.

E da sua vida.
Um segundo depois, meu telefone vibra e o nome de Jace ilumina
minha tela.

Eu atendo rapidamente.

─ Ei...

─ Coloque Stone no telefone. ─ Jace grunhe. ─ Agora.

O tom letal de sua voz deixa claro que não há espaço para discussão.

Com as pernas trêmulas, vou até Stone e entrego-lhe meu celular. ─


Jace quer falar com você.

Stone aperta a ponte do nariz. ─ Claro que quer. ─ Ele leva o telefone
ao ouvido. ─ Olha, cara. Já entrei em uma briga hoje e não estou
procurando outra... ─ Sua testa se franze. ─ Sim eu fiz. O que... ─ Sua
mandíbula tica. ─ Porque eu a amo.

Há uma longa pausa... e então. ─ Ok.

Estou na ponta da cadeira quando ele desliga.

─ O que ele disse?

─ Ele me perguntou se o que você disse era verdade... e então ele me


perguntou por que eu bati no meu irmão e o chutei para fora. ─
Colocando um saco de ervilhas congeladas em seu pulso, ele dá de
ombros. ─ E então ele disse obrigado e me disse que não iria chutar a
minha bunda na próxima vez que eu te deixar em casa.

Evidentemente, consegui dois milagres neste Natal.


Capítulo Trinta e Três

Fecho meu pó compacto e coloco-o na bolsa enquanto meu Uber


para na frente do Cluck You.

─ Obrigada. ─ digo ao motorista enquanto saio do carro, meus saltos


vermelhos batendo na calçada.

Stone deve sair do trabalho a qualquer minuto agora, mas como


ainda estou banida para sempre, sou forçada a esperar por ele do lado
de fora.

O som de alguém assobiando atrai minha atenção.

Estou prestes a repreender o idiota, mas quando me viro, vejo Cole


sentado no banco do motorista da van de Sawyer. Provavelmente
esperando ela sair do trabalho também.

─ Você parece elegante. ─ ele grita.

Dado que estou usando um dos minivestidos de seda caros da velha


Bianca e levei quase duas horas para ficar pronta esta noite, espero que
sim.
Eu caminho até a van. ─ É meu aniversário de três meses com Stone.
─ Eu não posso deixar de sorrir. ─ Vamos jantar fora depois do turno dele
para comemorar.

Eu estaria mentindo se dissesse que não estou animada em


realmente sair para algum lugar pela primeira vez.

Também estou animada para dizer a ele que fui aceita no programa
de psicologia da Duke’s Heart. Eu e meu antigo eu, podemos ser
diferentes, mas a psicologia parece ser algo que ambas amamos.

Qualquer réplica espertinha que Cole queria fazer cai no


esquecimento, e eu agradeço.

Stone e meus irmãos não são exatamente amigos e eu duvido que


eles sejam próximos, mas pelo menos ele pode entrar em casa agora e
eles pararam de ameaçar matá-lo sempre que se cruzam.

─ Bem, podemos muito bem esperar por eles juntos. ─ Cole aponta
para o banco do passageiro. ─ Entre.

Um cheiro que só pode ser descrito como celestial atinge minhas


narinas quando subo no banco do passageiro. ─ Deus, isso cheira tão
bem.

─ Cara, eu sei. ─ Cole concorda com um beicinho. ─ É uma merda


do caralho que eu seja proibido de ter um pouco. ─ Seu beicinho se
aprofunda. ─ Sr. Gonzales nem mesmo deixa Sawyer me dar uma sacola
daquelas que dão para o cachorro.
Eu conheço o sentimento. Stone também não tem permissão para
trazer sobras para casa, o que é uma merda, porque estou morrendo de
vontade de saber se o gosto é tão bom quanto o cheiro.

─ Me conte sobre isso. ─ Eu dou a ele um olhar penetrante. ─ E


quero dizer isso no sentido literal, porque não me lembro de alguma vez
comer aqui.

Cantarolando, ele encosta a cabeça no assento. ─ Oh cara. O melhor


frango frito que já comi. Úmido e crocante... crocante perfeito quando
você morde.

Meu estômago ronca. Droga.

─ Malditamente incríveis. ─ Dando uma pequena sacudida em sua


cabeça, ele ri. ─ Jace, Oakley e eu costumávamos vir aqui depois que
fumávamos...

─ Oakley? ─ Eu questiono porque não me lembro de ter ouvido o


nome antes. ─ É um amigo seu?

O sorriso desaparece de seu rosto. ─ Sim. ─ Uma mistura de tristeza


e pesar cintilou em seus olhos verdes. ─ Sim... ele era.

Estou prestes a perguntar o que aconteceu, mas Cole atira seu olhar
para fora do para-brisa. ─ Ai está minha garota.

Uma alegre, embora visivelmente exausta, Sawyer caminha até o


lado de Cole na van e lhe dá um beijo. ─ Sua garota muito cansada. ─
Ela boceja. ─ Trabalhar em dois turnos consecutivos chutou minha
bunda. ─ Ela olha para mim. ─ Stone vai sair a qualquer minuto. Uma
das máquinas de lavar louça quebrou e ele está consertando.

Estremeço por dentro ao imaginá-lo agachado, as mangas


arregaçadas nos antebraços, com uma ferramenta na mão.

Há algo tão quente em um homem que sabe consertar coisas.

─ Como foi o seu dia? ─ Sawyer pergunta ao meu irmão.

Cole começa a contar a ela, mas Sawyer boceja novamente.

Com os olhos arregalados de remorso, ela bate a mão na boca. ─


Senhor, isso foi rude da minha parte. Eu sinto muito.

Cole não parece nem um pouco ofendido. ─ Que tal te levarmos para
casa e para a cama? ─ Não perco a maneira como seus olhos brilham
quando ele diz a última palavra.

Nojento.

Sawyer acena enfaticamente. ─ Sim, por favor.

Depois de trocar de lugar com Sawyer e trocar tchau com eles, vejo
Stone saindo de Cluck You.

Correndo, eu envolvo meus braços em torno dele. ─ Feliz aniversário.

Com o corpo relaxado, ele me aperta com força e me inspira... como


se precisasse desse abraço mais do que o próximo batimento cardíaco.

─ Tudo certo?
Não tenho certeza do que fazer com sua expressão quando nos
separamos, mas ele definitivamente não está feliz.

─ Não. ─ Franzindo a testa, ele olha para seus sapatos. ─ Não entrei
no programa de pré-medicina. ─ Ele bufa. ─ Eles me colocaram em uma
lista de espera.

Ah, merda.

O olhar cabisbaixo em seu rosto perfura meu coração.

No entanto, a esperança ainda não está perdida.

─ Eu sei que é uma pena entrar na lista de espera, mas ainda há


uma chance...

─ Não, não há. ─ ele retruca. ─ Você acha que Duke’s Heart vai
preferir algum filho da puta pobre, como eu, por um bando de idiotas
ricos cujos pais têm conexões? ─ Com a cabeça baixa, ele vai até o carro.
─ Eu sabia que isso iria acontecer. Nem sei por que me incomodei em
tentar para começar.

Ele tentou porque quer o melhor para si mesmo.

Ele tentou porque é determinado e trabalhador.

Ele tentou porque não é do tipo que desiste, apesar de quaisquer


obstáculos em seu caminho.

É apenas uma das muitas razões pelas quais o amo.


Enquadrando seu rosto com minhas mãos, eu digo. ─ Você é incrível
e inteligente...

─ Pare. ─ Ele remove minhas mãos. ─ Eu não preciso ou quero sua


pena.

Não é pena... é amor.

Mas ele está tão chateado agora, sentindo que o universo está contra
ele, que ele não consegue diferenciá-los.

─ Stone?

─ O que? ─ ele mói.

─ O que eu posso fazer?

Porque tem que haver algo.

Sobrancelhas escuras se juntam e seus ombros se curvam. ─ Nada.


─ Voltando-se para o carro, ele entra. ─ Eu só quero ficar sozinho.

Eu ignoro a decepção em meu peito enquanto o motor ruge para a


vida.

─ Entre. Vou deixá-la em casa.

Parte de mim quer discutir porque não quero deixá-lo sozinho esta
noite, mas acho que pode haver uma maneira de ajudá-lo, afinal.

Eu sei que Stone detesta adolescentes ricos cujos pais têm


conexões... mas sua namorada é um deles.
E ela vai usar isso a seu favor.

─ Papai está em casa? ─ Eu pergunto a Jace quando passo por ele


na escada.

─ Sim, na verdade. Ele está em seu escritório. ─ Eu continuo


subindo as escadas, mas ele me impede. ─ Eu vi sua carta de aceitação
da Duke’s Heart na mesa da cozinha. ─ Seu rosto se ilumina. ─ Estou
orgulhoso...

─ Podemos conversar mais tarde, Jace? Eu realmente preciso falar


com o papai.

Por mais feliz que esteja por frequentar a faculdade com meus
irmãos e suas namoradas, ainda não posso comemorar.

Não até que eu saiba que Stone estará lá também.

Ele pisca. ─ Sim, claro. Está tudo bem?

─ Não, mas estará.

Passando por ele, corro escada acima e entro no escritório do meu


pai.

─ Olá papai. Você tem um minuto?


Ele pressiona um botão em seu telefone. ─ Para você? Eu tenho um
milhão. ─ Respondendo ao receptor, ele diz: ─ Nádia, querida. Terei que
ligar de volta em breve. Bianca precisa falar comigo. ─ Ele sorri. ─ Eu te
amo.

Ouvi-lo dizer a outra mulher, que não é minha mãe, que a ama
provavelmente deveria me deixar com raiva, mas é difícil quando vejo
como Nádia o deixa feliz.

Meu peito dá um nó.

Ele merece alguém que o ame incondicionalmente.

Depois de desligar o telefone com Nádia, ele olha para mim. ─ E aí,
querida?

Com o coração batendo rápido, vou até a cadeira vazia em frente à


sua mesa e me sento. Não descobri o que dizer exatamente, mas meu pai
é a melhor pessoa para me ajudar, porque ele é dono da maior empresa
farmacêutica do país... o que significa que ele tem muitos contatos na
indústria médica.

─ Meu namorado, Stone...

Seus olhos verdes se estreitam. ─ O menino DaSilva.

É preciso tudo em mim para não gritar, porque a única coisa que
Jace, Cole e meu pai parecem concordar, é que eu nunca deveria ter
permissão para ter um namorado.
─ Sim, Stone DaSilva. ─ Não posso deixar de ficar inquieta porque
estou nervosa. ─ Ele se inscreveu no programa de pré-medicina da Duke’s
Heart.

Meu pai parece impressionado. ─ Bom para ele. É um programa


difícil, mas também um dos melhores do país. Muitos ótimos médicos
saíram de lá.

Eu me sento direito. ─ Eu sei, e ele batalhou muito para isso. ─ Eu


lambo meus lábios secos. ─ No entanto, ele descobriu hoje que estava na
lista de espera.

Ele esfrega o queixo, me avaliando. ─ Ok.

É hora de parar de falar em círculos e ir direto ao ponto. ─ Acho que


estava esperando... você sabe, com todas as suas conexões...

─ Você quer que eu veja se consigo colocá-lo no programa. ─ ele


conclui com um suspiro.

Eu respiro fundo. ─ Sim.

Parece uma eternidade antes que ele fale. ─ Bianca, você sabe que
eu te amo, mas me pedindo para fazer um favor para algum garoto...

─ Ele não é um garoto, pai. ─ Eu fico de pé, minha frustração


aumentando. ─ Eu o amo. ─ Cruzando meus braços sobre o peito, eu o
encaro. ─ Stone é a pessoa mais batalhadora que já conheci e ele merece
estar nesse programa. ─ Eu soco meu dedo na madeira de mogno de sua
mesa. ─ Tudo que estou pedindo é um telefonema para que lhe deem uma
chance. ─ Eu jogo minhas mãos para cima. ─ Mas se você não quiser me
ajudar, tudo bem. Porque vou descobrir outra maneira de fazer isso
acontecer.

Os sonhos de Stone são meus sonhos e venha o inferno ou maré


alta, ele vai entrar nesse programa.

─ Uau. ─ meu pai sussurra.

Eu olho para ele. ─ Uau, o que?

Ele fica sentado lá - olhando para mim - pelo que parece uma
eternidade antes de finalmente falar. ─ Você me lembra muito sua mãe
agora. Ela sempre foi tão apaixonada pelas coisas - as pessoas - em que
acreditava.

Meus músculos travam e meu coração dá um aperto. ─ Ah.

Esfregando o rosto com a mão, ele se recosta na cadeira. ─ Este


jovem é muito importante para você, hein?

Eu o olho diretamente nos olhos. ─ Eu não estaria aqui pedindo sua


ajuda se ele não fosse.

Um suspiro derrotado escapa dele. ─ Vou fazer algumas ligações


amanhã.
Capítulo Trinta e Quatro

Eu mal posso conter a excitação correndo por mim quando Stone


abre a porta de seu apartamento.

Ele não sabe ainda, mas meu pai conseguiu colocá-lo no programa
pré-medicina.

Eles enviarão sua carta de aceitação esta tarde, mas eu queria ser a
primeira pessoa a dizer a ele.

Ele se anima um pouco quando me vê. ─ Ei...

─ Eu tenho que te dizer uma coisa, mas eu preciso que você me


prometa que não vai ficar chateado. ─ eu deixo escapar.

Eu sei como Stone é e não quero que ele fique chateado porque
minha família mexeu com alguns fios. Eu quero que ele seja feliz, porque
com ou sem cordas, ele ganhou isso.

Ele levanta uma sobrancelha. ─ Ok. ─ Ele gesticula para que eu o


siga até seu quarto. ─ Não vou mentir, no entanto. Você está me
assustando.

─ Não tenha medo. ─ digo a ele, fechando a porta atrás de nós. ─ É


uma coisa boa. ─ Eu sorrio tanto que dói. ─ Uma coisa muito boa.
─ Bem, se for esse o caso, você já pode desembuchar isso, Bourne?
O suspense está me matando.

Certo.

─ Bem, outra noite eu conversei com meu pai e disse a ele que você
estava na lista de espera e como isso não era justo... e ele concordou.

Não é bem verdade, mas perto o suficiente.

O ar em meus pulmões fica mais rarefeito enquanto eu reúno


coragem para contar a ele a parte mais importante. ─ Ele acabou fazendo
alguns telefonemas e... você está oficialmente inscrito no programa de
pré-medicina da Duke’s Heart.

Eu me preparo para ele começar a gritar, mas ele não começa.

Na verdade, é bom que ele esteja sentado em sua cama agora, porque
parece que vai desmaiar.

─ Puta merda. ─ ele diz depois de um minuto. ─ Você está falando


sério?

Eu concordo. Eu aceno com tanta força que estou surpresa por


minha cabeça não cair. ─ Sim. Eles estão enviando sua carta de aceitação
hoje e tudo mais. Só queria ser a primeira pessoa a te dizer, porque sei o
quanto isso significa para você.

Correndo em minha direção, ele me levanta do chão tão rápido que


grito.
─ Obrigado. ─ Ele dá beijos nas minhas bochechas, meus lábios,
minha testa. ─ Puta merda. Não acredito que estou dentro.

Qualquer ansiedade que eu estava guardando sobre Stone ficar


louco se dissipa quando envolvo minhas pernas em volta de sua cintura.
─ Eu te amo.

Caminhando conosco em direção à cama, ele nos senta. ─ Eu te amo.

Há tanta alegria em seu rosto que meu coração voa. ─ Você merece
isso, Stone.

Ele me beija lenta e profundamente, como se eu fosse a coisa mais


preciosa do mundo. ─ Você é incrível, Bianca.

─ Você também.

O desejo sombreia seus olhos antes que ele me beije novamente, sua
língua penetrando na minha.

Meu peito arfa, meus mamilos raspam em seu peito com cada
respiração que eu dou enquanto ele continua me beijando até o
esquecimento.

Gemendo, ele se mexe e fica deitado em cima de mim. Eu


instintivamente separo minhas coxas e ele se coloca entre elas.

Arrepios explodem ao longo da minha carne enquanto ele esfrega


contra o ponto que incendeia todas as minhas terminações nervosas.
Meus dedos agarram a barra da minha camisa e eu deslizo sobre a
minha cabeça, precisando de menos roupas e mais pele entre nós.

Stone aperta meu seio com uma mão, enquanto a outra vai para o
zíper da minha calça jeans. ─ Isso está bem?

Eu a deslizo para baixo em meus quadris antes de chutá-la. ─ Mais


do que bem.

─ Bom.

Minha calcinha segue o exemplo um momento depois.

─ Jesus, Bourne. ─ Seu olhar escurece com luxúria enquanto ele


olha para o meu sexo exposto. ─ Você é tão linda.

Eu puxo o elástico de sua calça de moletom e seu pau salta para


fora, duro e pronto para mim.

─ Stone?

Sua garganta balança em um gole. ─ Sim?

Eu olho para ele. ─ Eu quero você dentro de mim.

Stone tem sido paciente, nunca me pressionando para nada que eu


não estivesse pronta para fazer, mas isso parece certo.

Certo pra caralho.

Eu envolvo meus dedos em torno dele, dando um puxão lento em


seu pau enquanto ele tira um preservativo de sua mesa de cabeceira. ─
Você tem certeza?
─ Positivo.

Minha boca fica seca, desejo e necessidade enrolando em mim


enquanto eu o vejo rolar sobre seu comprimento.

E é quando me ocorre.

─ Não me lembro de alguma vez ter feito sexo. ─ digo em voz alta
enquanto ele se alinha com a minha entrada.

Stone fica imóvel, minha confissão o confunde visivelmente. ─ Você


é virgem?

Eu não deveria rir, não é engraçado. Mas a ideia de a antiga eu ser


virgem é totalmente risível, dado o que sei sobre ela.

Inferno, provavelmente transei com metade da cidade.

─ Acho que não. ─ eu sussurro.

Mas meu passado - quem eu costumava ser - não importa mais. Não
mais.

─ Devo parar? ─ Pergunta Stone.

A cabeça de seu pênis me cutuca, desesperada para entrar.

─ Não. ─ Abrindo mais minhas pernas, passo minha mão ao longo


de sua mandíbula. ─ Eu quero fazer novas memórias.

Com ele.

─ Eu te amo. ─ ele murmura, deslizando lentamente dentro de mim.


O primeiro impulso é tão diferente, tão desconhecido e novo que me
rouba o fôlego.

─ Você está bem? ─ Stone sussurra, pequenas gotas de suor


brotando ao longo de sua testa.

─ Melhor do que bem. ─ Eu pressiono minhas mãos em suas costas,


incentivando-o a continuar. ─ Continue.

E ele faz, me fodendo em golpes lentos e constantes que nos fazem


sugar o ar como se fosse o último.

─ Você é tão gostosa. ─ ele murmura. ─ Gostosa pra caralho.

A boca de Stone encontra a minha no meio do impulso. Seu beijo é


exigente e carente, como se ele não pudesse se cansar. ─ Diga que me
ama.

─ Eu te amo. ─ eu respiro, correndo minhas unhas para cima e para


baixo em suas costas.

Ele empurra novamente, mais forte desta vez. Seus olhos quase
negros de necessidade. ─ Diga-me que você me quer.

Nossos olhares colidem. ─ Eu quero você.

A declaração o faz grunhir enquanto seus movimentos ganham


velocidade. Posso sentir seu corpo se esticando e seus músculos se
contraindo, sua respiração agora saindo em ofegos curtos e frenéticos. ─
Oh, porra.
Minhas coxas se contraem. Estou tão perto de gozar, posso
praticamente sentir o gosto do meu orgasmo iminente.

Alcançando entre nós, eu impacientemente toco meu clitóris.

Um gemido ofegante me escapa, minhas pernas tremem enquanto a


tensão é liberada e ondas de prazer disparam pelo meu corpo.

Um segundo depois, Stone geme meu nome antes de desabar em


cima de mim. ─ Isso foi incrível.

Eu faço um zumbido de acordo na minha garganta enquanto


recupero o fôlego e ele sai da cama.

Eu observo sua forma nua enquanto o vejo depositar a camisinha


na lata de lixo.

─ Você tem uma bunda bonita. ─ comento quando ele se junta a


mim na cama novamente.

Uma risada escapa dele, e o som é como música para meus ouvidos.
─ Obrigado. ─ Ele cruza os braços em volta de mim, me colocando em
seu peito. ─ Ainda não consigo acreditar que entrei.

Eu decido que agora é o momento perfeito para compartilhar minhas


boas notícias. ─ Eu não te disse antes, mas fui aceita no programa de
psicologia da Duke’s Heart.

Sorrindo, ele olha para mim. ─ Este é realmente o melhor dia de


todos.
─ Eu sei. ─ Eu passo meus dedos ao longo de seu estômago. ─ Ouvi
dizer que eles têm dormitórios mistos no campus, então talvez
possamos...

─ Eu não posso dormir no campus. ─ Seu rosto cai. ─ Minha ajuda


financeira cobre apenas as aulas.

Meu coração afunda. Lá se vai essa ideia.

A menos que…

─ Deixe-me falar com meu pai de novo, a empresa dele concede


bolsas e...

─ Não. ─ Stone late, sentando-se na cama. ─ Eu não preciso do seu


pai para vir ao resgate novamente.

Uau. Isso machuca. Muito.

Eu abraço os lençóis mais apertados ao meu redor. ─ Calma, Stone.


Eu estava apenas tentando descobrir uma maneira de vivermos perto um
do outro, já que nossas agendas serão agitadas no próximo ano e mal
teremos tempo para nos ver.

Um pensamento horrível me atinge. Talvez distância seja o que ele


deseja.

Eu mentalmente dou um tapa na minha cara porque isso é uma


conversa maluca. Stone não me deu nenhuma indicação de que deseja
terminar as coisas.
Muito pelo contrário, na verdade.

─ Eu sei. ─ Pulando de pé, Stone volta a vestir a calça de moletom.


─ É exatamente por isso que quero que você se mude para cá.

Eu fico olhando para ele, silenciosamente ponderando se o sexo que


acabamos de ter mexeu com seu cérebro.

─ Você quer que eu me mude para cá? ─ Repito, certificando-me de


que o entendi.

─ Sim. ─ Zombando, ele coloca a mão sobre o coração. ─ Oh, me


desculpe, princesa. Este apartamento não é bom o suficiente para você?

O apartamento está bom... é a mulher que lhe deu à luz, que vive
nele, que pode representar um problema potencial.

─ Sua mãe nem gosta de mim. ─ eu assobio. ─ Portanto, tenho


certeza de que ela odiaria a ideia de eu morar aqui.

Ele parece ofendido. ─ Minha mãe gosta muito de você.

Isso é um monte de besteira.

─ Você sabe, eu poderia realmente acreditar nisso se a mulher se


importasse em dizer mais do que duas palavras para mim.

Inferno, seus vizinhos falam mais comigo do que ela.

─ Ela sempre foi quieta. ─ Estreitando os olhos, ele aponta o dedo


para mim. ─ Pare de pensar que você é tão especial, que as pessoas
precisam estender o tapete vermelho e beijar sua bunda sempre que você
aparecer.

A raiva pura, queima minha barriga e eu saio de sua cama e procuro


por minhas roupas, porque discutir quando você está totalmente nua
parece estranho.

─ Pare de me tratar como se eu fosse algum tipo de pirralha esnobe,


quando você sabe que eu não sou assim. ─ Eu visto meu jeans. ─
Resumindo, mesmo que sua mãe gostasse de mim - o que ela não gosta.
Eu quero morar no campus para ter a experiência completa da faculdade.
─ Eu abro meus braços. ─ Mas, ei, me mate por querer que meu
namorado fizesse parte disso, certo?

Ele aperta a mandíbula. ─ Bianca...

─ Apenas deixe meu pai lhe dar a bolsa, Stone. ─ Eu puxo minha
camisa sobre a cabeça. ─ Desta forma, podemos...

─ Eu não sou seu maldito caso de caridade! ─ ele ruge tão alto que
eu pulo. ─ Ao contrário de você e o resto de sua família rica, mimada e
arrogante, não preciso que seu pai me entregue tudo em uma bandeja de
prata.

Doeria menos se ele me desse um tapa na cara.

Meus irmãos e eu podemos estar bem graças ao nosso pai, mas


trabalhamos muito para as coisas que queremos.
Inferno, quebrei minha bunda para manter minhas boas notas para
que pudesse entrar no programa de psicologia. Jace trabalha seu cérebro
e dedos até os ossos criando videogames e nunca aceitou um centavo do
meu pai, depois dos quatorze anos. E Cole trabalha duro no campo de
futebol - sofrendo por meio de jogos e práticas cansativas enquanto leva
seu corpo a um limite que a maioria não consegue - dia após dia.

O fato de que Stone apenas nos reduziu a um bando de idiotas


pretensiosos, superficiais, ricos e poderosos, mostra o que ele realmente
pensa sobre nós.

Isso também o torna um hipócrita.

─ Você precisou do meu papai para entrar no programa pré-


medicina. ─ digo antes que possa me conter.

Eu imediatamente me arrependo das palavras no segundo em que


elas saem da minha boca, mas é tarde demais.

─ Uau. ─ Ele recua, sua mandíbula aperta. ─ Não demorou muito


para você jogar isso na minha cara, hein?

Droga. Foi um golpe baixo. Um que eu realmente não quis dizer, mas
ele também não deveria ter dito essas coisas.

─ Eu sinto...

─ Vá se foder. ─ ele ferve.

Tanto faz. Eu não vou ficar aqui e continuar pedindo desculpas a ele
se ele vai ser assim.
Pego minha bolsa do chão. ─ Eu estou indo para casa.

Ele me considera como se eu não fosse nada mais do que lixo na


beira da estrada. ─ Bom.

É trágico como, em um piscar de olhos, o melhor dia pode se


transformar no pior.
Capítulo Trinta e Cinco

A batida na porta do meu quarto me acalma do loop constante de


pensamentos que passam pela minha mente.

As coisas ruins que Stone disse.

As coisas cruéis que eu disse de volta.

Como amar alguém tanto assim, dá a essa pessoa o poder de


machucar você.

E como é irônico, que a única pessoa que pode consertar meus


pedaços quebrados, seja a mesma responsável por causar o dano em
primeiro lugar.

─ Entre. ─ eu resmungo, minha voz rouca de todo o choro.

Tudo estava perfeito com Stone e eu...

Até que não estava.

A porta se abre, revelando um Jace preocupado do outro lado. ─ Seu


namorado está lá embaixo. ─ Com as mãos enfiadas nos bolsos da calça
jeans, ele anda dentro do meu quarto. ─ Ele está com a aparência de que
alguém matou seu cachorro. O que aconteceu?

Essa é a questão... nem eu sei.


Num segundo estávamos fazendo amor - voando alto - enquanto
compartilhamos este momento incrível juntos... e no próximo estávamos
caindo.

É como se meu coração estivesse em uma constante montanha-


russa

Os momentos baixos são brutais, mas os altos são tão bons - tão
viciantes - que vale o preço do ingresso.

Mas é isso? uma vozinha no fundo da minha cabeça sussurra.

Ignorando aquela voz negativa - porque nada de bom vem dela - eu


olho para meu irmão. ─ Nós brigamos.

Jace me dá um olhar penetrante, como se ele pudesse ver através


da besteira dessa forma, apenas as pessoas que realmente se preocupam
com você podem. ─ Eu imaginei isso. ─ Ele se senta na beira da minha
cama. ─ Sobre o que vocês brigaram?

Não tenho certeza de como responder a isso. Eu não posso dizer a


ele sobre pedir ao nosso pai para colocar Stone no programa de pré-
medicina porque Jace já pinta Stone em uma luz ruim e eu não quero
colocar combustível no fogo.

Eu, no entanto, posso lhe dar parte da verdade.

A parte que importa.

─ Stone foi aceito no programa de pré-medicina da Duke’s Heart. ─


eu começo. ─ E desde que eu entrei na Duke’s Heart também, eu trouxe
a possibilidade de nos mudarmos para um dormitório misto, para que
pudéssemos nos ver mais. No entanto, Stone disse que sua ajuda
financeira não cobre os dormitórios. ─ Eu respiro fundo. ─ Então, eu
simplesmente mencionei que a empresa do papai dá bolsas e eu poderia
conseguir uma para ele... mas então ele surtou e me acusou de fazer ele
um caso de caridade.

Jace esfrega o queixo, parecendo perdido em pensamentos antes de


falar. ─ Bem, por mais que eu queira ficar do seu lado... também entendo
o lado dele.

Dizer que estou surpresa - e um pouco ofendida - seria um


eufemismo. ─ Ta brincando né? Qual é o problema de ele aceitar a bolsa?

Especialmente se nos permitir nos ver mais. Porque não é isso o que
mais importa no final do dia?

Jace ri. ─ Porque os homens têm uma coisinha chamada orgulho. ─


Sua expressão fica séria. ─ Queremos cuidar de nossa garota e apoiá-la...
não o contrário.

Ele deve estar brincando comigo. ─ Uau, isso é um pouco sexista.

─ Não é sexista. ─ ele argumenta. ─ Os homens são biologicamente


programados para cuidar de si mesmos e cuidar do que é deles. É assim
que amamos. ─ Suas sobrancelhas estão tensas. ─ E embora Stone possa
não ser minha pessoa favorita no mundo, eu respeito sua forte ética de
trabalho. ─ Ele estremece. ─ Dito isso, deve ser um golpe muito grande
para o ego se você está lutando financeiramente, e sua garota sugere que
seu pai rico se apresse para consertar tudo, porque você não é capaz de
dar a ela o que ela quer... mesmo que ela esteja bem intencionada.

Na verdade, nunca pensei sobre isso assim, embora provavelmente


devesse ter. Stone tem tudo a ver com cuidar das pessoas que ama.

É apenas uma das razões pelas quais eu o amo.

Eu saio da minha cama. ─ Vou descer e falar com ele.

Jace começa a dizer algo, mas eu não o ouço porque dou uma corrida
louca para a escada.

Encontro Stone parado na porta da frente, parecendo tão triste e


magoado que meu coração recua.

─ Sinto muito. ─ nós dois dizemos ao mesmo tempo.

Um nó sobe na minha garganta. ─ Eu não quis dizer...

─ Não. Eu que estava errado. ─ Stone interrompe. ─ Eu ataquei


quando você estava apenas tentando me ajudar. ─ Ele dá um passo em
minha direção. ─ Mas no momento em que você saiu, percebi algo
importante... algo que nunca esquecerei.

Meu coração acelera quando ele dá mais um passo. ─ O que?

─ O amor que tenho por você é mais importante do que qualquer


coisa... incluindo meu orgulho. ─ Uma nota determinada entra em sua
voz. ─ Porque eu não posso perder você, Bianca. Eu me recuso.
─ Eu também não quero perder você.

─ Bom. ─ O sulco em sua testa se aprofunda. ─ Eu não vou aceitar


o dinheiro da bolsa, mas se você realmente quer morar no campus, eu
não vou impedi-la. ─ Ele inclina meu queixo. ─ Porque eu quero que você
tenha tudo o que quiser.

Eu encontro seus olhos, meu coração pulando uma batida. ─ O que


eu quero é você.

Ele fecha a distância entre nós, me beijando com tanta adoração que
meus joelhos ficam fracos.

─ Prometa que você é minha. ─ ele sussurra contra meus lábios. ─


Prometa-me que você sempre será minha e que superaremos tudo o que
a vida jogar em nós.

Como de costume, Stone tem essa maneira de me fazer sentir que


vou perder a oportunidade de uma vida, se não for junto.

Mas eu quero isso.

Eu olho para ele. ─ Eu prometo.

Porque quando você ama alguém - realmente ama - você não pode
ver um futuro sem ele.

Mesmo que você não se lembre do seu passado.


Epilogo

Três meses depois...

─ Pronta para se formar? ─ Jace pergunta da entrada do meu


quarto.

Eu me dou uma última olhada no espelho. ─ Um segundo.

Pego um batom vermelho na penteadeira e aplico um pouco.

Não para mim, mas para a velha Bianca. Ela trabalhou duro para
este momento, e esta é minha pequena maneira de compartilhar isso com
ela.

─ Cara, é tão estranho ver você nessa coisa. ─ Cole comenta, ao lado
de Jace.

Eu me viro para olhar para ele. ─ Meu capelo e beca?

─ Não. ─ Ele move a mão para cima e para baixo. ─ Um capelo e


uma beca vermelhos em vez dos azuis que usamos.

─ Ainda estamos orgulhosos de você, no entanto. ─ Jace diz


enquanto olha para o relógio. ─ Mas se apresse porque papai, Sawyer e
Dylan estão esperando no carro e já estamos cinco minutos atrasados.
Eu rapidamente limpo meus lábios com um lenço de papel. ─ Pronto.

─ Espere. ─ Cole diz. ─ Eu tenho que tirar a arma do cofre.

Minha boca se abre. ─ O que? Por quê?

Ele pisca como se a resposta fosse óbvia. ─ Para proteção.

─ Ah, pelo amor de Deus. ─ Jace murmura enquanto belisca a ponte


de seu nariz. ─ Você não vai levar uma arma para a formatura de Bianca.

Cole fica de mau humor. ─ Bem. Mas não reclame comigo quando
alguém ameaçar estourar sua bunda.

Eu não posso deixar de rir porque minha família é louca.

Mas eu os amo.

Meu telefone vibra com uma mensagem recebida no momento em


que minha bunda bate no assento.

Stone: Você estava linda lá em cima.

Um sorriso se estende em meus lábios enquanto eu mando uma


mensagem de volta.
Bianca: Você também.

Stone: Você sabe que é a melhor coisa que já me aconteceu, certo?

Meu pulso acelera algumas batidas. Stone pode ser tão doce às vezes
que me tira o fôlego.

Bianca: Tenho certeza de que é o contrário.

Eu vejo os pontos se formarem na parte inferior da minha tela antes


de desaparecerem completamente.

Bianca: Vamos, DaSilva. Não me faça esperar. O que está em sua


mente?

Stone: Você.

Minhas bochechas esquentam quando olho para a fileira.

Inclinando levemente a cabeça, ele olha na minha direção.

Não tenho certeza do que fazer com sua expressão, mas ele parece
nervoso, o que é claro me deixa nervosa.
Eu rapidamente digito meu próximo texto.

Bianca: Coisas boas, espero.

Stone: Sempre.

O alívio flui por mim e estou prestes a responder, mas meu telefone
vibra com outra mensagem.

Stone: Não acredito que nos formamos.

Um toque agridoce passa pelo meu peito.

Bianca: Eu sei. Mesmo que eu não consiga me lembrar dos últimos


quatro anos, é louco saber que tudo acabou.

O locutor no pódio gesticula para que nos levantemos para que


possamos mover nossas borlas.

Eu rapidamente fico de pé, meus polegares ainda pairando sobre o


teclado do meu telefone.
Bianca: Parece o fim de algo enorme.

Juntando-me aos meus colegas de classe, mudo minha borla para o


outro lado do capelo.

Um momento depois, nós os jogamos para o alto e todos aplaudem.

─ Ou é o começo? ─ Stone diz atrás de mim.

Eu rapidamente me viro. ─ O que...

Meu coração está na minha garganta quando Stone puxa o que


parece ser uma caixa de joias... logo antes de se ajoelhar.

─ Bianca Covington, casa comigo?


Epilogo Bônus

Dylan
Aviso: Siga com precaução.

Esfrego as palmas das mãos suadas na calça enquanto me sento do


outro lado do vidro e espero que o tragam.

O som da porta pesada se abrindo faz meus nervos saltarem como


fritura em óleo quente.

Eu realmente não quero ser a primeira a dizer isso a ele... mas ele
tem o direito de saber.

Meu estômago embrulha quando o vejo entrar arrastando os pés


pela porta em seu macacão laranja.

Seu cabelo está um pouco mais longo e a barba por fazer, tem pelo
menos uma semana... mas seus olhos enviam uma pontada de tristeza
em meu coração.

Eles estão mais turvos... como se estar neste lugar sugasse a vida
deles.

Para fora dele.


E o que estou prestes a dizer só vai piorar sua miséria.

Mas eu não posso não contar a ele.

Ele pega o telefone e o leva ao ouvido enquanto se senta. ─ Eu disse


para você não vir. ─ Sua voz é áspera, muito parecida com ele. ─ Eu não
quero que você me veja aqui.

Você pensaria que ele me conhece melhor do que isso.

─ E eu te disse que éramos uma família, Oakley.

Continua...

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