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Título
Dedicatória
1. Prólogo - Declan
2. Makenna
3. Declan
4. Makenna
5. Declan
6. Makenna
7. Declan
8. Makenna
9. Declan
10. Makenna
11. Declan
12. Makenna
13. Declan
14. Makenna
15. Declan
16. Makenna
17. Declan
18. Makenna
19. Declan
20. Makenna
21. Declan
23. Makenna
24. Declan
25. Makenna
26. Declan
27. Makenna
28. Declan
29. Makenna
30. Declan
31. Makenna
32. Declan
Epílogo
ÍNDICE
Título
Dedicatória
1. Prólogo - Declan
2. Makenna
3. Declan
4. Makenna
5. Declan
6. Makenna
7. Declan
8. Makenna
9. Declan
10. Makenna
11. Declan
12. Makenna
13. Declan
14. Makenna
15. Declan
16. Makenna
17. Declan
18. Makenna
19. Declan
20. Makenna
21. Declan
22. Makenna
23. Makenna
24. Declan
25. Makenna
26. Declan
27. Makenna
28. Declan
29. Makenna
30. Declan
31. Makenna
32. Declan
Epílogo
SHAMELESS KING
MAYA HUGHES
Para minhas irmãs que foram praticamente meus burros de carga para esse
lançamento! Eu amo tanto vocês duas, não sei o que faria sem vocês <3
PRÓLOGO - DECLAN
O comitê de formatura da Ri enhouse Prep havia extrapolado
novamente esse ano. Limousines e carros de luxo alinhavam-se na
entrada do edifício. Aqueles carros custam mais do que a minha
casa, mas você não podia dizer isso pela maneira como as pessoas
chamavam nossos nomes enquanto passávamos. Eu e os caras que
estavam nas minhas costas desde nosso primeiro treino juntos, Os
Kings, éramos campeões estaduais - de novo.
Eu estive em todos os bailes desde o primeiro ano. Parecia que até
as meninas mais velhas não tinham nenhum problema em ser vistas
no braço de um calouro, contanto que fosse eu. O barulho da música
nos guiou pela entrada do prédio com um cheiro levemente
suspeito. Estando bem perto da água, o edifício tinha um cheiro
distinto de maresia no ar.
Meu smoking alugado se encaixou bem. Usando minha mágica,
eu tinha feito um acordo com a loja. Diria às pessoas de onde era, e a
loja me emprestou e o alterou de graça. Foi um negócio bem legal.
Eu imaginei que se eu fosse ficar desconfortável na coisa, pelo menos
eu ficaria bem.
E pela maneira como as cabeças se viraram quando entramos, eu
sabia que estava bem. Muitos caras entraram com seus smokings
personalizados, mas eu não me importei porque todos os olhos
estavam em mim e no resto dos Kings. Ri enhouse Prep Kings e
campeões estaduais de hóquei em carne e osso. As pessoas na pista
de dança aplaudiram e gritaram quando entramos pelas portas
duplas do salão de baile.
— Declan! — Alguém gritou de algumas mesas de distância. Um
bando de uhuuus e cantos de “Kings Kings Kings” mais tarde e
finalmente pudemos deixar nosso lugar perto da porta. Se Ford
ficasse mais vermelho, ele estaria pronto para explodir. Ele puxou o
colarinho da roupa. Eles tiveram que encomendar seu smoking
especialmente. Mas ele tinha aquela coisa forte e silenciosa pela qual
as garotas eram loucas. Cabelos pretos, uma carranca séria que
derretia em um instante. Ele odiava a atenção; isso era bom. Eu
poderia absorver mais do que suficiente para todos nós.
O zumbido quente das bebidas que tomamos antes do baile no
Emme significava que eu estava me sentindo bem. Nada muito
louco. Não queríamos ser expulsos, mas apenas o suficiente para
aumentar a diversão.
— O que eu disse? Não precisamos de encontros. — Sorri e meus
olhos percorreram alguns dos decotes mais acentuados de alguns
dos vestidos que nossas colegas usavam. Atravessamos o salão e as
cabeças das pessoas viraram quando passamos por alguns colegas
de classe já sentados. Apertos de mãos foram distribuídos para todos
nós enquanto passávamos.
— Declan, pessoal, por aqui, eu vou mostrar a mesa de vocês. —
Uma das alunas borbulhantes do terceiro ano correu até nós e
passou o braço em volta do de Heath, puxando-o para frente. Revirei
os olhos. Heath nunca teve nem que piscar para fazer as mulheres
bajularem ele. Cabelos loiros também funcionavam para os homens.
Ele era fácil de ver com o visual de surfista na costa leste.
— Tivemos a liberdade de colocar os cartões de vocês em pé na
mesa. Não queríamos que vocês tivessem que procurar seus nomes.
— Ela tinha uma montanha de cabelos loiros empilhados em cima de
sua cabeça. Os cachos estavam tão apertados que parecia que ela
poderia pular de cabeça para baixo como o Tigrão.
Nosso lugar era em uma localização privilegiada no centro das
mesas de dez lugares espalhadas pela pista de dança.
— Tenho a sensação de que vamos dançar muito, — Ford
resmungou, dando uma cotovelada em Colm quando ele se sentou.
Ele parecia tão desconfortável quanto eu. O tecido de seu smoking
estava esticado até o limite em seus ombros - se ele não fosse um
gigante gentil, que dominou a arte de relaxar, eu juro que ele estaria
pronto para se transformar no Hulk a qualquer momento.
— Não se preocupe, grandalhão; ficarei feliz em interceptar
qualquer pedido de dança que alguém jogar no seu caminho. — Eu
levantei meu copo de água para ele como um brinde.
Colm deslizou o cantil de bebida para o meu colo e meus olhos se
arregalaram. Ultimamente, ele era nosso criador de travessuras. Ter
sua vida jogada no caos tinha uma maneira de fazer as pessoas não
agirem exatamente como elas. Sem dúvidas, Emme se meteu em
muitos problemas que o resto de nós, mas com o poder e a influência
de seus pais, ele nunca teve que se preocupar com as consequências.
Heath, Ford e eu éramos bolsistas que sabiam como andar na linha.
— Este é o irmão mais velho quebrando todas as regras? — Eu cobri
minha boca em falso ultraje.
— Cala a boca. Olivia não está aqui, então o que ela não sabe não
a machucará. — Colm se tornou o guardião de sua irmã mais nova
quando seus pais morreram no início daquele ano em um acidente
de carro. Ele sempre assumiu o papel de protetor, mas isso
aumentou agora que Olivia contava com ele.
Tomei minha água e coloquei meu copo embaixo da mesa,
derramando um pouco da vodka nela.
— Declan, posso dançar com você mais tarde? — Uma garota,
Hannah - ou era Anna? - perguntou quando ela passou por mim, nos
braços do seu acompanhante.
Estremeci e dei de ombros para o garoto. Desculpe, cara. Eu
convenci os caras a irem sozinhos. Bem, exceto Emme . É claro que
ele trouxe Avery. Eles estavam juntos desde o segundo ano. Mas
Heath, Ford e Colm estavam ao meu lado na nossa mesa. A luz azul
patinava pelo salão do enorme tanque de peixes que ocupava uma
parede inteira.
Muitas pessoas não podem dizer que tiveram o baile de formatura
em um aquário. Um grupo de outros estudantes se aglomerou em
uma extremidade do tanque, onde um peixe que parecia quase tão
grande quanto Emme estava perto do vidro. Tudo o que faltava era
a barba gigante e espessa.
Essa era uma das nossas últimas noites juntos. O baile, a grande
reunião de estudantes, uma festa final na casa de Emme , e então
estaremos todos indo para a faculdade. Agridoce de certa forma.
Deixando a maioria dos caras para trás. Heath e eu jogariamos
localmente na Universidade da Filadélfia. Colm e Ford iriam para
Boston, e Emme estava sendo reservado sobre seus planos para o
próximo ano.
Alguns aperitivos e uma dose do frasco depois, e o baile estava
realmente em pleno andamento. Emme chegou com Avery no
braço, sorrindo como sempre que ela estava perto dele. O cara estava
tão apaixonado e ele nem se importava. Nós nem sequer falavamos
merda para ele, era assim que era. Avery significava tudo para ele,
fazia sentido quando você tinha pais tão ruins quanto os dele.
O salão esquentou e eu tirei minha jaqueta, colocando-a sobre o
encosto da cadeira, pronto para voltar à pista de dança. Enquanto a
maioria das pessoas esperava que todo mundo estivesse tenso,
parecia que a pouca iluminação e os peixes como público significava
que todos estavam prontos para mostrar seus passos de dança.
— Puta merda! — Alguém atrás de mim disse, e meu olhar
disparou por todo o lugar para descobrir do que eles estavam
falando.
Eu tinha sido atingido no peito com um disco antes, mas nada que
fosse comparado a esse sentimento. Do outro lado do salão, em pé
na frente da entrada, havia uma visão de tirar o fôlego. Não me
lembro de que diabos era a cor do vestido dela, tudo que sabia era
que não conseguia tirar os olhos dela.
Ela ficou parada, mexendo com a pequena bolsa nas mãos e olhou
ao redor da sala.
— Uau, parece que a rainha do gelo finalmente derreteu um
pouco.
Um leve murmúrio percorreu pelas pessoas ao meu redor. Meu
estômago caiu quando minha mente zumbindo tentou processar
tudo. E, como uma revelação em câmera lenta, Makenna Halstead
deslizou aqueles óculos de armação de chifre que ela usava cada
segundo que eu já a vira.
Avery a viu e correu pelo salão, envolvendo os braços em torno de
uma Makenna incrivelmente desconfortável. Era como se agora que
ela soubesse que todos os olhos estavam nela, ela não podia lidar
com a pressão.
Não eram apenas os óculos que estavam faltando. Era também o
coque bagunçado e o olhar do tipo fale-comigo-e-eu-mato-você.
Normalmente, ela andava com os ombros quadrados e um pisar
forte que poderia quebrar ossos. Eu nunca a tinha visto tão... bem.
Ela mordeu o lábio inferior. Foi a primeira vez que a vi parecer
insegura. Eu nunca pensei que seu cabelo loiro avermelhado fosse
tão longo, já que ela sempre o usava para cima. Ela também jurou
que bailes e outras coisas como essa eram uma perda de tempo,
então vê-la aqui fez meu cérebro demorar um pouco para juntar
tudo.
Avery a arrastou para a nossa mesa. Tínhamos alguns lugares
livres. Mak deu um pequeno aceno à todos na mesa.
— Não, você não está usando isso hoje a noite. Você não precisa
deles. — Avery tirou os óculos do rosto de Mak e os empurrou de
volta na bolsa dela.
— Na verdade, eu meio que preciso. — Makenna esticou a mão
para a bolsa e Avery bateu nela para se afastar.
— Não! Tenho certeza de que um desses ótimos jovens homens
ficariam felizes em conduzi-la por aí como seu cão guia, se você
precisar ir a algum lugar.
Os cantos da boca dela abaixaram, mas desta vez seus lábios
estavam macios e brilhantes. Rosa profundo destacou a plenitude
que eu nunca tinha visto antes. Eu balancei minha cabeça. Era sobre
Mak, a Rainha do Gelo, de que estávamos falando.
Ela se sentou em um assento ao lado de Ford, que parecia
completamente satisfeito em estar ao lado de alguém que também
estava feliz em fazer sua melhor interpretação de alguém mudo.
— Se você não dançar pelo menos cinco músicas hoje à noite, eu
juro que vou boicotar nosso projeto final de propósito.
Mak ofegou, como um suspiro horrorizado de mão-no-peito na
vida real com Avery até sugerindo isso.
— Eles nunca encontrariam seu corpo, Avery. — Mak sorriu para
ela com os braços cruzados sobre o peito.
Eu ri no meu guardanapo e Mak virou o olhar para mim.
— Eu tenho certeza que Emme encontraria. Ele é como um cão
de caça quando se trata de mim. — Na hora certa, Emme passou os
braços em volta da cintura dela e levou o nariz até o seu pescoço,
deixando escapar um suspiro alto o suficiente para que todos
pudessem ouvir.
— Sinto o cheiro de alguém que precisa sair daqui e dançar. —
Emme levou Avery para longe da mesa. Avery estendeu a mão,
olhando para Mak várias vezes. Peguei o frasco do local em que
Colm o escondeu e tomei outro gole.
Uma mão longa e esbelta deslizou por cima do meu ombro,
parando no meu peito. — Você me prometeu uma dança. — O
cheiro do hálito quente de Anna no meu pescoço me disse que não
éramos os únicos que escondemos um pouco de bebida hoje à noite.
Não era um bom cheiro nela, e minha pele se arrepiou. Pelo canto do
olho, percebi rosto irritado do acompanhante dela. Eu não queria
brigar hoje à noite.
— Ouça, me desculpe. Eu dançaria, mas já prometi a Mak uma
dança, e você sabe como ela fica quando não consegue o que quer, e
parece que hoje à noite ela me quer.
Os olhos de Mak se arregalaram como discos e sua boca ficou
aberta. Deslizando para fora do alcance da abandonadora-de-
acompanhantes, contornei a mesa e estendi minha mão para Mak.
Olhando atrás de mim para Hannah ou Anna muito irritada e seu
acompanhante ainda mais irritado, Mak talvez avaliou a situação e
não queria estar no meio de um turbilhão de brigas ou bebidas
jogadas, então ela pegou minha mão. Um pequeno choque sacudiu
meu braço no segundo em que minha pele tocou a dela. Foi o mesmo
sentimento que você tem quando fica na fila para ver um filme que
você estava esperando desde sempre. Eu balancei minha cabeça.
Estávamos falando sobre Mak, e ela não parecia nem um pouco
afetada pelos meus dedos em volta dos dela.
— E hoje à noite eu quero você? — Ela levantou uma sobrancelha
para mim quando saímos para a pista de dança com os cantos da
boca levantados um pouquinho.
— Eu improvisei. Eu sei como as pessoas ficam quando não
conseguem um pedaço de mim. — Eu sorri para ela, mas ela apenas
revirou os olhos.
— Provavelmente para o melhor. Hannah pode ser uma
verdadeira puta quando ela não consegue o que quer, o que
provavelmente significa que Edgar está passando uma noite difícil.
Pobre rapaz. — Ela olhou por cima do ombro para Hannah muito
irada, com os braços cruzados sobre o peito.
As pessoas se separaram para nos dar espaço. A música
moderadamente acelerada mudou para uma lenta quase assim que
encontramos nosso lugar.
Ficamos ali olhando um para o outro. Dei um passo à frente e
Mak hesitou antes de passar os braços em volta do meu pescoço. A
sensação estava de volta agora e pior do que antes. Olhando nos
olhos de Mak, eu realmente os vi pela primeira vez. Eles eram do
azul mais brilhante que eu já vi. Talvez fosse a sala ou um truque das
luzes, mas eu nunca tinha visto tantos azuis em um ponto.
Foi o toque suave de seus dedos ao longo do cabelo na nuca que
fez minhas mãos apertarem sua cintura. Do jeito que ela olhou nos
meus olhos, eu nem sei se ela percebeu que estava fazendo isso.
Como se suas mãos tivessem uma mente própria, tentando absorver
um pouco mais de mim. E imaginei que era assim que ela se sentia,
porque meus dedos tiveram a mesma ideia, que puxei a com mais
força contra mim. Seus lábios se separaram e seus cílios tremeram.
O meu coração bateu forte quando mudamos para o nosso
próprio ritmo sob as luzes escuras no centro de um mar de pessoas.
A eletricidade zumbia através do meu corpo, mas eu sabia que não
era apenas a vodka. Tudo tinha a ver com a mulher em meus braços
que geralmente me levava a subir um muro.
— Acho que nunca vi você sem seus óculos antes.
— Acho que nunca te vi de smoking antes. — A língua rosa dela
disparou para lamber o lábio inferior. A umidade deixada para trás
chamou minha atenção, e eu queria ter minha própria amostra de
seus lábios.
— Você nunca esteve no baile antes. — Minhas mãos
pressionaram as costas dela, fechando a menor das lacunas que
estavam entre nós. Por que ela se sentiu tão bem em meus braços? Os
azuis e verdes do aquário caíram sobre nós como se um feitiço
tivesse sido lançado e estávamos vivendo em nossa própria pequena
bolha subaquática.
— Quase não cheguei a este.
— Por que não? — Inclinei minha cabeça para trás, saboreando a
trilha que a ponta de seu dedo ardia ao longo da base do meu
pescoço.
Ela nunca se divertiu. Normalmente, isso também significava que
ninguém mais poderia se divertir e isso me irritava, mas hoje eu só
queria abraçá-la na pista de dança a noite toda.
— Não é realmente a minha coisa, mas achei que era um rito de
passagem e tudo, então decidi vir. — Ela encolheu os ombros.
— Estou feliz que você veio.
Mesmo com o pretexto de que ela me ajudasse a sair de uma
dança com o diabo - também conhecido como Hannah -, ficamos na
pista por uma série de músicas lentas. Pelo menos eu acho que eram
músicas lentas; nosso ritmo não mudou. Foi a primeira vez que
tivemos uma conversa civilizada há anos. Tão estranho que isso iria
acontecer agora. Era como um daqueles filmes do ensino médio que
eu jurei que nunca assisti, mas eu assisti pelo menos algumas vezes,
onde a grande coisa aconteceu entre os dois inimigos.
Minha cabeça caiu um pouco. Era como as sirenes de aviso
tocando um submarino. Meu sangue batia nas veias e eu precisava
provar seus lábios como se precisasse da minha próxima respiração.
Foi um mergulho descontrolado, e eu não sabia exatamente o que
estava fazendo, mas ela não estava se afastando. Ela não estava
empurrando as mãos contra mim ou inclinando a mão para trás para
dar um tapa; se alguma coisa, ela se inclinou para mim ainda mais.
Seus olhos quase se fecharam quando meus lábios se separaram,
tão perto dos dela. Seu corpo ficou rígido e seus olhos se
arregalaram. — Você está bêbado? — Ela empurrou de volta em
meus braços.
Eu os deixei cair. — Não, eu não estou bêbado. Tomei algumas
bebidas, mas é isso. — Dei um passo em sua direção e ela deu um
passo para trás.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, uma voz
estrondosa saiu sobre o guincho da secretária. — E agora é hora de
anunciar nosso rei e rainha do baile. — Uma das meninas do comitê
do baile me agarrou pelo braço. — Precisamos de você na frente,
Declan.
Com uma força que eu não achava que alguém do seu tamanho
pudesse possuir, ela me empurrou do meio da pista de dança. Olhei
atrás de mim para uma Mak com cara de pedra, com os braços
cruzados sobre o peito. Ela estava de volta à nossa mesa e estava
com os óculos no rosto. As coisas estavam de volta como sempre
foram.
As luzes brilhantes penduradas no teto iluminava no meu rosto
enquanto passava em direção ao que, diabos, estavam fazendo no
palco. Eu mantive meus olhos em Mak com os cantos da minha boca
virados para baixo enquanto ela caminhava lentamente em direção
às portas duplas.
— E o rei do baile deste ano é Declan McAvoy! — Alguém
colocou uma coroa na minha cabeça e todos aplaudiram. As portas
se fecharam atrás de Mak, e eu não pude deixar de sentir que era o
fim de alguma coisa. O fim de algo que nem sequer começou. Mas
eu sei uma coisa. Se eu soubesse quanto tempo levaria até segurá-la
novamente, teria aguentado um pouco mais.
2
MAKENNA
Eles não estavam brincando sobre precisar de mais ajuda com esses
turnos no Three Streets Bar & Grill. As mesas no meio do bar eram
iluminadas por pouca luz e as TVs de tela plana estrategicamente
colocadas ao longo das paredes. Havia várias camisas esportivas
assinadas e emolduradas nas paredes de times campeões do
passado. Basquete, futebol americano, algumas camisas de futebol,
mas o hóquei dominava a decoração.
As luminárias de vidro verde pendiam do teto, e o local estava
acabado o suficiente para parecer acolhedor, mas não sujo. Parecia o
tipo de lugar em que os universitários dos filmes passavam o tempo.
No início, havia algumas pessoas nas cabines que ladeavam as
paredes, digitando nos computadores enquanto eles comiam os
cheesesteaks e os pre el, juntamente com outros aperitivos do bar.
Three Streets ficava na esquina de três ruas nos limites do campus.
Era perto do estádio de esportes e existe desde sempre. Os nomes
rabiscados na parede de tijolos do lado de fora são de décadas atrás.
As primeiras horas do meu turno me embalaram em uma falsa
sensação de segurança. Eu não tinha ideia do por que a noite
anterior ao primeiro dia de aula era tão movimentada.
Aparentemente, todo mundo tinha que tomar uma bebida neste
exato momento. Ainda nem eram oito horas e o bar estava quase
sem lugares para sentar.
Limpei o suor da minha testa com um guardanapo e puxei minha
camisa para longe do meu peito, tentando fazer um pouco de ar
circular para a minha pele. Rezei para que o suor não estivesse
grudando o tecido nas minhas costas. Equilibrei uma bandeja com
cinco bebidas e alguns nachos e contornei o bar. Deixando os copos
em uma mesa, anotei o pedido deles antes de voltar correndo para a
cozinha.
Trabalhar como garçonete era muito diferente de trabalhar como
barista. Carboidratos fritos, carne grelhada e um monte de queijo
deslizaram pela passagem na cozinha, onde os chefs colocavam a
comida quando ela estava pronta para a equipe da frente da casa.
Abrindo caminho entre as multidões de-volta-às-aulas, me desviei
dos braços e solavancos dos clientes. Deixei o pedido em uma mesa
no canto mais distante do bar, depois de navegar com segurança até
lá com o mínimo de derramamento. As primeiras duas horas do meu
turno não foram tão loucas. Constante, mas não insana.
Eu me virei, pronta para verificar minha próxima mesa, quando
congelei como se um balde de água fria tivesse sido derramado
sobre minha cabeça. Uma multidão de recém-chegados entraram no
bar e foram direto para a única cabine que ficou vazia a noite inteira.
Todas as cabeças se viraram com a entrada deles, e algumas
rodadas de aplausos e assobios eclodiram de outras pessoas
sentadas e em pé. Ninguém sequer tentou sentar na mesa, e agora eu
sabia o porquê. Jogadores de hóquei. Era o lugar deles. A mesa deles,
bem na minha seção.
E bem no centro estava a única pessoa que eu tentei me convencer
de que não precisaria enfrentar tão cedo. Seu cabelo castanho claro e
encaracolado balançava enquanto ele ria com os outros jogadores.
Seus brilhantes olhos verdes brilhavam como se ele não se
importasse com nada no mundo, e por que deveria? A vida foi
apresentada a ele em uma bandeja de prata, e era loucura da minha
parte pensar que alguma coisa mudaria.
Ele parecia o mesmo de quando estava no ensino médio. Sim,
totalmente o mesmo. Nem um pouquinho diferente. Bem, talvez um
pouco diferente. Ele examinou o bar, absorvendo tudo como um rei
examinando seu domínio. Como se ele tivesse saído das páginas de
algum anúncio de alta-costura para homens de verdade que
praticavam esportes, tinham calos e dirigiam carros velozes. Ele
cortou cada centímetro da juventude e a substituiu por gostosura
dura como uma pedra.
E eu queria estrangulá-lo no segundo em que coloquei os olhos
nele. Seus ombros largos se estreitavam até uma cintura fina e coxas
fortes, que ele malhava constantemente no gelo. Eu não ia nem
chegar perto de sua bunda. De alguma forma, eu mantive meus
olhos desviados daquele local, mesmo que parecesse que um ímã
estava tentando me fazer olhar para lá.
Os caras caíram em sua mesa e todos os olhos estavam neles,
incluindo o meu.
Voltei para o bar e deslizei para o lado de uma das outras
garçonetes do turno da noite.
— Ei, Gretchen, você não gostaria de trocar de mesa comigo? —
Eu balancei a cabeça em direção aos recém-chegados. Ela jogou o
cabelo por cima do ombro.
— Fui avisada por Larry que não tenho mais permissão para
servir as mesas deles.
Minhas sobrancelhas se ergueram. Eu olhei entre eles e ela. — Por
quê?
— Aparentemente, derramar uma jarra de cerveja na cabeça de
um idiota que não atende suas ligações não é um bom atendimento
ao cliente. — Ela fez aspas no ar, provavelmente um dos melhores
usos para isso que eu já vi. Definitivamente não é nem um pouco um
bom serviço ao cliente.
— Ah, ok. — Quase certa de que eu estava trabalhando com uma
psicopata, peguei minha bandeja do bar e caminhei em direção ao
grupo surpreendentemente estóico no canto do bar como uma
prisioneira a caminho de sua execução. Será que ele se lembra de mim?
Parte de mim esperava que não, e a outra parte achava bom ele se
lembrar.
Segurando minha bandeja na minha frente como um escudo,
parei no final da mesa e olhei para os outros caras. Os brilhantes
cabelos loiros de Heath se destacavam entre os outros de cabelos
mais escuros. Ele sorriu daquele jeito preguiçoso quando me viu,
mostrando seus dentes perfeitamente brancos. Todo mundo sempre
dizia que ele patinava tão rápido quanto fazia porque não queria que
ninguém estragasse seu sorriso arrancando um dente.
— Olha se não é a Mak. — Heath apoiou o queixo no punho, seu
sorriso ainda maior quando a cabeça de Declan virou. Seus olhos
estavam arregalados quando ele olhou para mim como se eu fosse o
fantasma do Natal passado.
— Makenna Halstead. — Ele soltou como um xingamento.
— Em carne e osso. Posso anotar seu pedido? — Passei de um pé
para o outro enquanto Heath sorria para mim. Declan me encarou
com um brilho de raiva e algo mais que eu não pude decifrar em
seus olhos, mas que fez minha pele formigar. Eu me segurei para
não olhar para ele. Lidar com ele não estava na minha lista de coisas
que eu queria fazer, muito menos hoje à noite. O resto dos caras
continuaram olhando entre eles e eu, tentando descobrir o que
estava acontecendo.
— Se vocês não estão prontos, eu posso voltar. — Abaixei minha
bandeja e comecei a me afastar quando dedos grossos e calejados
roçaram minha mão como se ele fosse a pegar e depois se lembrou
exatamente quem eu era. Puxei minha mão e envolvi meus dedos em
volta do meu bloco de notas.
— O que vocês irão querer? — Eu me virei para todos os outros
na mesa.
Eles pediram coisas capaz de alimentar uma vila inteira em algum
lugar do mundo, e eu anotei tudo. O tempo todo senti os olhos de
Declan queimando um buraco no meu peito. Cerrando os dentes,
repeti o pedido e corri para a cozinha para entregá-lo. O bar se
encheu ainda mais quando o que parecia ser o resto do campus
chegou. Não resta muito mais tempo no meu turno. O serviço de
mesa termina em breve. Graças a Deus.
A música aumentou e ficou mais difícil ouvir os clientes sobre o
rugido da multidão enquanto assistiam repetições dos jogos de
hóquei da última temporada. Praticamente subindo nas mesas,
anotei meus pedidos finais antes de ir para meus últimos clientes. A
mesa dele. Eu tinha conseguido passar na cabine do Declan, servindo
bebidas e comida rapidamente, como se o chão ao redor da cabine
fosse de lava.
— Está tudo bem. Talvez você encontre algum território não
descoberto na sala de aula.
Todos os caras riram antes de tomarem rapidamente suas cervejas
quando me viram no final da mesa. A mesa ficou um pouco mais
cheia com algumas recém-chegadas.
— Posso pegar mais alguma coisa antes que eles fechem a
cozinha? — Eu levantei minha voz sobre o barulho da multidão.
— Ahh, aperitivos, — disse uma das recém-chegadas, pegando o
cardápio apoiado na mesa, a unha perfeitamente bem cuidada
percorrendo cada item. Bati meu pé dolorido no chão.
— Eu só quero, tipo, uma tira de frango. Vocês podem comer o
resto se eu pegar apenas uma? — Ela piscou os cílios para eles, e de
alguma forma eu consegui não revirar os olhos com tanta força que
eles permanentemente ficariam na parte de trás da minha cabeça. Eu
poderia matar por uma cesta de tiras de frango empanado agora.
Inferno, por que parar nas tiras? Eu devoraria a coisa toda. Meu
estômago já estava roncando.
Um leve murmúrio veio da parte de trás da mesa de uma das
outras mulheres enroladas no braço de Declan. Cerrei os dentes e
tentei manter meu sorriso. Não importava o que ele fazia ou quem
estava ao redor ele. Eu fui jogada de volta ao ensino médio
novamente. Não era da minha conta e eu não me importava.
— Eu não consigo ouvir você. — Coloquei minha mão sobre a
orelha.
— Eu não vou pedir essa bebida nem morto. É melhor você falar
mais alto! — Declan riu e pegou sua cerveja, bebendo tudo até não
restar nada além de espuma. O pomo de Adão dele balançou, e eu
desviei meu olhar enquanto ele tentava me hipnotizar com seus
ombros largos sob a camiseta apertada. Droga, pare de olhar para ele!
Me inclinei sobre a mesa, tentando anotar o pedido dela e dar o
fora dali. Ela riu e colocou a mão no ombro de Declan para se curvar
sobre a mesa e se aproximar.
— Eu vou querer um Bu ery Nipple e um Sex on the Beach. —
Ela girou o dedo em volta dos cabelos e sentou-se novamente no
assento ao lado de Declan, lambendo os lábios e olhando para ele
como se quisesse montá-lo ali mesmo.
— Já está saindo.
Juntei o resto das comidas e das bebidas, atravessei a multidão
intensa e as coloquei na mesa.
— Mas o que você quer dizer com não vai treinar? — Veio um
gemido agudo da mesa. Parecia que ela tinha a capacidade de falar
sobre o volume de um beija-flor quando queria. Declan estreitou os
olhos para Heath, que deu de ombros.
— Está tudo bem. Vou perder alguns treinos até terminar uma
coisa que exigiram de uma aula. — Declan deu uma cotovelada em
Heath, que ignorou como sempre fazia com tudo. Loucura como
muitas coisas mudaram, mas algumas sempre permaneceram as
mesmas.
Parecia que os Kings nem sempre saíam por cima. Deslizei as
cestas de tiras de frango e batata frita e suas bebidas pela mesa, me
sentindo vingada.
— Parece que seu desleixo finalmente alcançou você. — Eu não
pude segurar o comentário ou meu sorriso.
Ele olhou para mim com tudo. Heath abaixou a cabeça e ficou
incrivelmente interessado na cesta de comida que estava sob o nariz.
Os olhos de Declan se tornaram gelos enquanto ele os estreitou para
mim.
— Ei, não diga isso sobre ele! Ele é incrível no gelo! — Seu fã-
clube disparou, mas ele levantou a mão, a silenciando.
— Você reprovou de Stanford, Livros? É por isso que você está
aqui nos servindo cervejas na mesma faculdade em que nem se
atreveu a se candidatar, em vez de estar na Califórnia pegando um
sol. — O punho dele estava cerrado na mesa.
— Minha transferência foi uma escolha, Declan. E não preciso de
fãs para lutar minhas batalhas por mim. Você vai enviá-las para o
gelo quando não for escolhido para o time?
Um dos caras cuspiu sua cerveja, dando um banho nas garotas.
— Ei! — Uma delas gritou. Coloquei a conta sobre a mesa,
esperando receber uma advertência e definitivamente nenhuma
gorjeta, mas estava disposta a pagar esse preço.
O olhar em seu rosto tinha sido suficiente para tornar essa noite
um sucesso para mim. Cantei meu caminho de volta para a cozinha
e fiz tudo da lista de fechamento que Larry havia me dado. Voltei
para o bar e Heath estava encostado na parede do lado de fora das
portas giratórias com a conta e umas notas de dinheiro.
— Sabe, vocês dois estão sempre se alfinetando. Acho que vocês
provavelmente são muito mais parecidos do que pensam. — Os
cabelos loiros dele caíram um pouco sobre os olhos.
— Declan e eu não temos nada em comum. Nunca tivemos.
Nunca iremos ter.
— Talvez. Talvez não. Vejo você por aí, Mak. — Ele me entregou a
conta e desapareceu de volta à massa ondulante de pessoas que
haviam tomado conta do lugar. Contei o dinheiro para ter certeza de
que estava certo e fiquei agradavelmente surpreendida por haver
uma gorjeta completa de 25%. Minha cabeça levantou, mas não
havia nenhum sinal do cabelo cor de mel de Heath em nenhum
lugar para ser visto.
Heath sempre foi um cara adorável, e foi legal da parte dele tentar
suavizar as coisas entre eu e Declan, mas isso não estava
acontecendo. Ser inimiga de um dos clientes regulares
provavelmente não era uma boa ideia, mas ele me irritava de uma
maneira que ninguém mais conseguia. Eu nunca tinha respondido,
mostrado dedo ou xingado ninguém na minha vida, mas por algum
motivo era fácil com Declan.
A única vez que não estivemos na garganta um do outro foi
porque ele estava aparentemente bêbado. Parecia que era a única
maneira que ele conseguia sequer pensar em chegar perto de mim.
Me tocando. Eu balancei minha cabeça, nem um pouco pronta para
mais lembranças me atingirem novamente.
Agarrando uma porção de comida dos funcionários, bati meu
ponto e fui para o meu carro, estacionado nos fundos. O cheiro do
queijo e das batatas fritas flutuava para fora do recipiente e, mesmo
depois de ficar cercada por isso por horas, meu estômago roncou. Eu
estava muito assustada com o meu primeiro dia para comer
qualquer coisa. Grande erro.
Servir montanhas de comida a noite toda era uma tortura.
Cheesesteaks eram uma coisa que eu senti falta na costa oeste. Não
tenho ideia de quem lhes disse que os cheesesteaks tinham pimenta,
mas eles estavam completamente errados. Queijo, carne e cebola
grelhada, se você estava se sentindo chique.
Roubar uma batata aqui ou ali não iria funcionar para mim. Eu
precisava devorar um cheesesteak a vontade. Meus pés doíam e
minhas costas precisavam ser estaladas urgentemente, mas eu tinha
passado por todo o turno ilesa. Meus sapatos estavam sujos de
cerveja dos estudantes mais do que embriagados quando terminei a
noite. Talvez eu devesse investir em uma capa de chuva.
Dirigir até o outro lado do campus com essa carga preciosa não
era uma opção. Fiquei com água na boca quando abri a tampa do
recipiente. Batatas fritas gloriosas, ketchup e o queijo mais
gorduroso me chamavam. Se eu tivesse segurado o pacote na lateral
do meu rosto, juro que teria dito, Mak, estamos esperando por você.
Me sentei de lado no banco do motorista com a porta aberta, os
pés esticados na minha frente. Empurrando um punhado de batatas
fritas na minha boca, eu mal consegui segurar meu gemido. Sal,
carboidratos, ketchup. O que uma garota poderia pedir mais? Tirei meus
sapatos e balancei meus dedos, descansando-os em cima deles. O
calor do verão deu lugar a uma amostra das temperaturas do outono
que chegariam tarde da noite assim.
Meus ouvidos reajustaram ao volume normal do lado de fora. O
estacionamento não estava muito cheio, o que fazia sentido, já que a
maioria das pessoas caminhava de outro lugar do campus para
poder beber até não aguentarem mais. A cerveja ainda era aquela
bebida que eu nunca me acostumei. Tentar uma ou duas vezes ao
longo dos anos tinha sido mais do que suficiente para eu saber que
isso não iria acontecer. Cerveja e eu éramos inimigos mortais.
Um cheesesteak aquecido no microondas e batatas fritas mornas
nunca tiveram um gosto tão bom. O sabor gorduroso e extravagante
era o que eu precisava. Até o pão estava ótimo. É tão bom estar em
casa. Fiz uma dança feliz no meu banco enquanto devorava a coisa
toda. Me recostei no assento e soltei um suspiro. Seria um longo
semestre.
A porta dos fundos do bar se abriu e algumas pessoas saíram.
Suas risadas ricochetearam na parede de tijolos do edifício e ecoaram
no ar quente da noite. Hora de ir. Saltos e tênis faziam barulhos no
chão enquanto as pessoas passavam entre os carros no
estacionamento.
Amassei meu pacote de queijo e batatas, e vi uma lata de lixo a
alguns metros de distância. Levantando minha mão, agitei meu
pulso e observei o lixo amassado atravessar o ar e atingir a borda da
lata. Ele passou ao longo da borda antes de fazer um barulho
satisfatório quando caiu dentro.
— Isso! — Eu levantei meu punho no alto com uma salva de
palmas fingida.
— Belo arremesso, Livros. — Pulei no meu assento enquanto olhei
para o meu fantasma do ensino médio me assombrando no
estacionamento com seus olhos verdes musgo, sardas beijadas pelo
sol e corpo musculoso e elegante, seria gostoso se eu estivesse afim
desse tipo de coisa. Quem diabos eu estava enganando?
Me inclinei e deslizei meus pés doloridos nos meus tênis quase
destruídos.
— O quê? Não posso te elogiar? — Ele se inclinou contra um dos
carros estacionados nas proximidades.
Puxei a língua para fora dos meus tênis de cano alto e nem me
incomodei em amarrá-los.
— Eu teria pensado que os elogios estavam fora da sua bolha
pessoal de auto-absorção que não se estendia além da pista de
hóquei.
— Fico feliz em ver que você aumentou seus níveis de sarcasmo
ao longo dos anos.
— Fico feliz em ver que você não mudou nada desde a última vez
que nos vimos. — Suas palavras ecoaram na minha cabeça: “Saia e
tenha sua pequena e perfeita vida, e eu mal posso esperar até que tudo
desabe sobre você.” Ele não tinha ideia de como era ter dificuldades e
ver as pessoas ao seu redor sofrerem.
— Eu não diria isso. Embora eu saiba que fui construído como um
deus grego no colegial, definitivamente melhorei o molde desde
então. — Olhei para cima quando ele flexionou um braço, irritada
por ter notado a mesma coisa apenas um minuto atrás. Ele poderia
ser gostoso, mas era aí que terminava.
— Essa é sua tentativa de ser amigável ou algo assim? — Inclinei
minha cabeça para o lado, tentando descobrir o que ele queria.
— E por que eu estaria fazendo isso?
— Eu não tenho nenhuma ideia. É você quem está aqui fazendo
conversa fiada.
— Encontrei, Dec. — Uma das garotas da mesa apareceu atrás do
carro em que ele estava inclinado. — Eu não gostaria de esquecer
isso hoje à noite.
Eu nem olhei para ver o que era. Se eu tivesse sorte, era um plug
anal para Declan, e ele teria uma noite difícil. Ele se afastou do carro,
olhando para trás quando eu fechei a porta do meu lado com tudo.
Não querendo que ele pensasse que eu estava fugindo por causa da
sua pequena fã, abaixei a janela.
— Estou trabalhando aqui agora e também vou para a mesma
faculdade que você, mas isso não significa que precisamos nos ver
mais do que o necessário. Se eu for sua garçonete, serei tão gentil
quanto sou com qualquer outro cliente, mas se você me vir andando
no campus, não fique chocado se eu der meia volta e ir por outro
caminho. — Ele continuou olhando para mim como se estivesse
tentando usar meu velho truque de visão a laser contra mim, e me
contorci um pouco no meu assento. — Sem ofensas.
— Não me ofendi.
A garota do carro deu a volta ao seu lado e passou os braços em
volta da cintura dele, se pendurando nele como um enfeite de Natal.
— A propósito, — ela disse, aconchegando-se em Declan como se
fosse uma noite fria de inverno, — você tem um pouco de ketchup
no queixo. — Ela apontou para um local no rosto, espelhando o local
manchado no meu, e minha língua disparou para limpar antes que
eu pudesse parar. Declan abriu a boca como se quisesse dizer algo,
mas subi a janela, mantendo os olhos em frente. Totalmente nem um
pouco irritada por tentar sair como uma super cadela com meu rosto
ensopado de ketchup.
Os dois voltaram para o bar, e eu abaixei minha viseira para
verificar os danos no espelho. Agarrando alguns guardanapos no
console central, balancei minha cabeça. Claro! Esfreguei os restos do
cheesesteak do meu rosto e descansei a testa no volante. Pelo menos
eu só teria que vê-lo depois dos jogos se eles viessem ao bar. Talvez
eu estivesse em um turno com alguém que não tenha sido uma ex
completamente psicopata com um deles e eu poderia trocar de mesa.
Seria bom, e eu poderia lidar totalmente com Declan McAvoy em
pequenas doses. Totalmente.
5
DECLAN
O latejar constante na minha cabeça significou que eu demorei
alguns minutos para perceber que eu não estava sozinho na minha
cama. Caí de costas no travesseiro e estremeci quando a dor
disparou direto pelo meu crânio. Era como se alguém pegasse uma
lata de lixo de metal e a batesse com a maior força e rapidez possível.
Minhas travessuras noturnas voltaram para mim através da névoa
da ressaca. A conversa com o treinador. Esse sentimento de não-
consigo-respirar-porque-acabei-de-ser-expulso-do-time. O buraco
maçante no fundo do meu estômago que Archer descobriria.
Indo para Three Streets e encontrando Makenna Halstead de
todas as pessoas. Como se o universo quisesse me chutar quando eu
caí, ela apareceu com seus grandes olhos azuis por trás daqueles
óculos e atirou suas costumeiras farpas em mim. Ela que se dane!
Foi como o último ano do ensino médio mais uma vez, mas suas
previsões estavam se tornando realidade. Mais realidade do que ela
provavelmente percebeu. Vê-la novamente atrás do bar, sentada em
seu carro, destruindo o Cheesesteak me fez rir. Era como ver a
rainha tropeçar ou algo assim. Ela era humana. O vislumbre disso
que eu vi no baile veio correndo de volta para mim. Ela comeu e
espalhou ketchup por todo o rosto como uma mera mortal. E ela até
pareceu fofa fazendo isso - até que ela voltou ao modo de robô
maligno.
Eu não precisava pensar nela. Eu precisava me recompor e não
estragar as coisas mais ainda. Sair para uma balada depois do bar
não foi um bom plano, e trazer essa garota para casa tinha sido uma
ideia ainda pior. Depois que a loira na minha cama descobriu que
jogávamos hóquei, ela ficou implacável, praticamente fazendo uma
dança erótica no meu colo e sugerindo que eu a ajudasse a ir para a
sua casa em um táxi antes de estar convenientemente trancada do
lado de fora. Não tinha sido uma das minhas ideias mais brilhantes.
Foi um erro sair. Eu tinha aula essa manhã.
Seu cabelo roçou no meu peito, fazendo cócegas na minha pele.
Isso me irritou pra caramba. Eu empurrei sua cabeça de cima de
mim, deixando-a cair na cama.
Ela gemeu e rolou enquanto eu deslizava para fora da cama,
procurando no chão por jeans ou uma calça de moletom. Estupidez
deixar ela passar a noite aqui. Quão longe a maçã caiu da árvore?
Era como se eu estivesse tentando provar que não era melhor que
Archer, me deixando distrair assim. Agora eu tinha que fazer ela ir
embora. Pulei colocando meu moletom e verifiquei a hora no relógio
da minha mesa.
Porra!
Passou das onze. Eu já tinha perdido a minha primeira aula do
dia. Não exatamente entrando no modo responsável. Tirei uma
camisa limpa da minha cômoda e fechei a gaveta com força. Ela
rolou e se esticou. Não há tempo para a rotina da Bela Adormecida.
Corri pelo meu quarto, tirei minha bolsa das costas da cadeira e
joguei na mochila os livros que havia pegado na livraria. Meu celular
não estava em lugar nenhum. Eu remexi em tudo que estava no chão
e na mesa, mas ainda não havia telefone algum. Talvez estivesse lá
embaixo. Com minhas roupas de treino enfiadas na minha mochila,
eu tinha tudo o que precisava para o dia.
Minha cabeça latejava quando peguei meu boné na maçaneta da
porta. Fui até a cama, sem tentar manter meus passos leves.
Qualquer que fosse o nome dela, se sentou com o lençol enrolado no
peito.
— Ei, você acordou cedo. — Um dos cílios postiços dela se soltou
e deu a ela um olhar de pálpebra dupla.
— Eu tenho que ir para a aula. Já estou atrasado. — Ajustei minha
bolsa nas costas no movimento universal de eu-tenho-que-ir-para-
algum-lugar.
— Eu esperava que tivéssemos um pouco de diversão pela
manhã, já que não tivemos nenhuma noite passada. — Seus dedos
roçaram meu cinto, mas eu pulei para trás antes que ela pudesse me
segurar. Desmaiar enquanto ela tirava a roupa foi provavelmente a
melhor coisa que tinha acontecido comigo ontem. Imaginei que ela
teria ido embora, mas parecia que persistência era o seu forte.
— Escute, eu tenho que ir para a aula, então provavelmente é
melhor você se vestir e sair. — Saí do quarto, me certificando de que
não havia nada valioso ou quebrável à vista. — Eu te ligo mais tarde.
— Eu me virei e desci as escadas. Um fraco “Mas você não tem meu
número…” seguiu atrás de de mim enquanto eu descia dois degraus
de cada vez.
Eu bati em Heath ao virar o corrimão na escada, e seu café quente
espirrou nos meus braços.
— Que diabos, cara? — Minha pele vermelha e irritada latejava
para combinar com as batidas na minha cabeça.
— Dormiu até tarde? — Ele esfregou os olhos vermelhos e
bocejou.
— Acidentalmente e agora estou atrasado. Você viu meu celular?
— Olhei em volta da sala de estar.
— Eu acho que está na mesa da cozinha. Estava tocando que nem
um louco quando eu estava tomando meu café. — Ele esfregou os
olhos exaustos.
— Por que você não me acordou? — Eu passei por ele e entrei na
cozinha. Notificação após notificação do Preston. Inclinando minha
cabeça contra os armários, fechei os olhos quando o cômodo girou
ao meu redor. Esse semestre teve um começo incrível.
Mandei uma mensagem rápida para Preston e peguei um copo
térmico, o enchendo até a borda com o néctar dos deuses escuro e
quente. Heath deslizou um copo alto de água fria e algumas pílulas
brancas ao longo do balcão.
— Se você vai passar pelas aulas, precisará disso.
— Obrigado. — Eu bebi a água e as pílulas, coloquei o tampo do
meu copo e saí da cozinha. — A propósito, há uma garota de ressaca
seminua no andar de cima. Certifique-se de que ela não roube nada
ou destrua o local. Você é o cara, tchau. — Eu bati a porta da frente
em seu rosto de olhos arregalados e, descendo as escadas com
cuidado, fui para o campus.
Cheguei à minha segunda aula do dia com segundos de sobra e
peguei um assento na parte de trás, tentando manter a náusea à
distância. Sem querer, eu me vi olhando pela sala e olhando a porta,
pronto para fugir se Mak mostrasse o rosto dela.
De jeito nenhum eu ficaria um semestre inteiro com ela tentando
me assar em pedaços. Meu estômago ameaçou uma revolta pelo
menos algumas vezes ao longo da introdução a matéria a das
expectativas do professor. Eu afundei na minha cadeira com o boné
abaixado, ficando fora do ar pelo resto da aula enquanto o professor
continuava. Isso era importante, mas estar presente era o máximo
que eu ia conseguir dar naquele momento. Eu irei ao escritório do
professor para ter certeza de que ele não achava que eu iria relaxar
durante o semestre.
O sol do meio-dia não me enviou correndo de volta para as
sombras como um vampiro, então minha noite cheia de bebida
estava finalmente desaparecendo. Minha tontura de bêbado foi
lavada com um hambúrguer no almoço, então o mal-estar se foi.
Minha última aula não era até quase cinco, o que significava que
eu tinha tempo para matar. Eu precisava queimar a última gota de
ressaca do meu sistema. Empurrando as primeiras portas duplas da
academia, fui atingido pelo cheiro familiar de suor e metal que
enchia o ar. As preocupações desapareceram. O único lugar que eu
conseguia esquecer completamente o resto do mundo era no gelo,
mas a academia ficava em segundo.
Heath irrompeu pelas portas, com um sorriso largo no rosto,
como sempre, mesmo que estivesse encharcado de suor.
— Seu colchão e lençóis e o resto de suas coisas estavam em uma
pilha carbonizada quando você saiu esta manhã, certo?
Meu estômago caiu quando ele me deu um tapa nas costas,
jogando a cabeça para trás, rindo.
— Não brinque comigo assim.
É
— Relaxa. É isso que você ganha por me fazer pastorear suas
sobras na manhã. Você ficará feliz em saber que a estudante de
história saiu sem muito barulho, mas deixou o número dela para
você.
Eu não estaria usando ele. Havia muita coisa acontecendo na
minha vida, e eu não precisava da distração da atenção feminina
agora.
— Eu te vejo de volta em casa. Quando é a sua última aula? —
Puxei minha mochila no meu ombro mais para cima.
— As cinco horas, mas tenho que ir à estufa para verificar
algumas coisas.
— Por que você não pode se especializar em cinesiologia como
todos os outros atletas dessa universidade?
— São aqueles brotos sensuais. É o que me deixa duro. — Ele
apertou seu pau e colocou a língua para fora, caminhando para trás
até as portas que davam para o lado de fora. Eu mostrei o dedo do
meio para ele e empurrei as portas da academia, ficando cara a cara
com a última pessoa que eu queria ver.
— Poderia ter me avisado, — murmurei baixo, olhando por cima
do ombro para ver Heath acenando pela pequena janela da porta da
academia. Preston deixou cair seus pesos, o clank ecoando na sala, e
andou direto na minha direção.
Larguei minha bolsa no chão, tirei o boné e me preparei para a
discussão iminente que ele estava preparando o dia inteiro.
— Eu sei. Antes de começar, eu sei. Não é a melhor maneira de
começar o semestre. Eu precisava espairecer e as coisas ficaram um
pouco fora de controle ontem à noite.
— Fora de controle? Você quer ficar fora do time? Você quer sair
depois de chegar tão longe?
Passei as mãos pelo rosto e pelos cabelos, entrelaçando os dedos
atrás da cabeça.
— O que você quer que eu diga? Eu estraguei tudo. É o que eu
faço, certo?
Ele se sentou no banco de musculação ao meu lado.
— Você tem uma chance, cara. Você está indo para os
profissionais de uma maneira ou de outra - eu te vi no gelo - mas
você não precisar vir para a faculdade. Você poderia ter ido para as
equipes de desenvolvimento e as ligas secundárias ou ter ido direto
para lá. Você tem a chance de pegar seu diploma e jogar o jogo que
você ama. Você está na reta final.
Ninguém sabia que ser convocado imediatamente era o meu
plano. Tinha sido um bom plano até a vida em sua infinita sabedoria
sentir que eu precisava de um chute nos dentes que me deixou
machucado e ensanguentado. Archer estava lá quase todos os dias, e
todos os dias eu jogava como uma merda. Eu tive sorte que eles me
mantiveram por tanto tempo.
Jogue na mistura a cara da minha mãe quando ela descobriu que
eu entrei na faculdade e isso fez com que aquele pequeno núcleo de
vergonha ficasse um pouco maior. Se a faculdade era onde eu tinha
que estar, eu estava fazendo isso por ela, para que ela pudesse me
ver atravessar aquele palco para pegar o diploma e finalmente parar
de trabalhar tanto.
— Isso não vai acontecer novamente. Eu só perdi uma aula, e a
mais importante não é até hoje à noite.
— Quem você tem? — Ele me entregou um conjunto de halteres
de dezoito quilos.
— Alco . — Eu os levantei, flexionando meus bíceps, deixando a
tensão muscular lavar a última ressaca.
Ele soltou um assobio baixo. — Tenha cuidado. Esse cara tem uma
reputação séria quando se trata de atletas. Ele não vai aceitar merda
nenhuma, especialmente se sabe que você reprovou nessa matéria
antes.
Exatamente o tipo de pessoa que eu precisava para controlar
minha capacidade de jogar durante a temporada.
— Anotado. Você vai primeiro? — Fiz um gesto para o banco de
pesos com dezenas de quilos de pesos pendurados acima dele.
— Inferno, não, Heath saiu sem colocá-los no lugar. Eu gostaria
de usar meus braços pelas próximas semanas, mas fique à vontade.
Vou ver como seus braços vai ficar após esse treino, e talvez deixe
você me ajudar. — Ele sorriu e descansou as mãos na barra de metal.
— Você nem vai levantar isso? Por que diabos eu levantaria?
— Tenho que mantê-lo em boa forma, certo? Além disso, cheguei
cedo e estou quase terminando o meu treino. Você tem alguns erros
sérios para dizimar. Talvez eu deva continuar cansando sua bunda
com esses exercícios e você ficará tão exausto que nem será capaz de
pensar em sair para beber.
— Eu posso pegar qualquer coisa que você puder dar, Cap. — Eu
copiei seu sorriso e deslizei para o banco. Eu poderia não estar
praticando com os caras, mas pelo menos Preston me ajudava. Por
mais que ele me incomodasse e parecesse mais como uma mãe
irritante às vezes, pelo menos eu sabia que ainda fazia parte do time.
O que pareceu doze horas depois, finalmente desisti. Eu olhei
para o relógio; eu mal tinha passado setenta minutos no circuito de
tortura de Preston. Eu nunca pensei que ansiaria pelas sessões do
treinador, mas se era assim que Preston executaria as coisas
enquanto eu estava no banco, eu precisava voltar para o time ontem.
Tudo doía quando entrei no chuveiro.
Houve tempo suficiente para pegar um pouco mais de comida e
verificar quando eu tinha que entregar meus próximos trabalhos e
calendário antes da última aula. Seminário do segundo ano. Na minha
primeira vez, eu tinha acabado de voltar da sessão de hóquei no
verão e do meu primeiro encontro cara a cara com Archer.
Sua voz saiu profunda e áspera atrás de mim quando saí do vestiário
depois de tomar banho. — Você acha que, porque meu sangue está
bombeando em suas veias, você merece uma vaga nesse time?
Minha cabeça levantou e minhas mãos se fecharam em punhos. — Isso
significa que você está me reconhecendo como seu filho?
Ele fez um som áspero e olhou para mim.
“Por que você está aqui? Por que você se importa? Você não se importa
há dezenove anos; por que aparece aqui depois de cada treino?” As palavras
que eu repetia várias vezes na minha cabeça desapareceram no minuto em
que fiquei cara a cara com ele. Ele sempre se escondia na caixa ou nas
arquibancadas enquanto eu praticava com o time e ia embora no segundo
em que meus patins deixavam o gelo.
— Você acha que pode fazer metade do que eu fiz nesse time? Você acha
que alguém se lembrará do seu nome depois que você estragar tudo?
O desejo de limpar seu sorriso presunçoso do rosto quase me dominou.
— Se eu achar, o que diabos isso tem a ver com você? Você não é nada para
mim. Você é um ninguém. — Meu coração batia forte no peito. Eu poderia
enfrentar os melhores no gelo, mas quando se tratava de Archer, o doador de
esperma que fez minha mãe chorar, era como se meu corpo não quisesse
cooperar.
— Você com certeza parece se importar quando está sempre me
procurando nas arquibancadas. Você se importa, filho.
— Nunca mais me chame de 'filho'. — Flexionei minha mandíbula
porque ele estava certo. E eu odiava que eu olhasse, que eu me importasse,
mas ele me chamando de filho... Eu estava a segundos de bater com o punho
na cara dele.
— Você está certo. Um verdadeiro filho meu não estaria lá fora
estragando sua chance com os profissionais.
Eu dei um passo em sua direção, pronto para colocá-lo para fora.
Um dos treinadores colocou a cabeça para fora do escritório e me chamou.
— Declan. Podemos falar com você um minuto? Ei, Travis, o que você está
fazendo aqui?
Minha respiração saiu pesada, quase como um ofego, enquanto eu ficava
frente a frente com meu pai. Apertei tanto minhas mãos que meus dedos
doíam.
— Nada. Absolutamente nada, — ele disse, olhando diretamente para
mim antes de abrir seu sorriso presunçoso que eu já tinha visto cem vezes e
sair com as mãos enfiadas nos bolsos, assobiando.
Lágrimas que eu nunca quis derramar pinicavam meus olhos. Eu vibrei
com raiva, as piscando de volta. Eu nunca deixaria ele me ver chorar.
Nunca derramaria uma maldita lágrima por ele.
Então, eu estava indo aos profissionais mesmo que isso me
matasse, começando na minha próxima aula. O que for preciso. Eu ia
fazer o que fosse preciso e depois limparia aquele sorriso presunçoso
de seu rosto de uma maneira ou de outra.
6
MAKENNA
Meus pés doíam quando saí da cama, desligando o alarme.
Coloquei os meus tênis, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo.
Meu cabelo era uma bagunça, não bem ruivo nem loiro, dependia da
iluminação. Olhando pela janela, peguei meu celular e fones de
ouvido e saí quando o sol surgiu no horizonte. Uma corrida era a
maneira perfeita de começar o dia e colocar minha cabeça em ordem.
Me transferir como veterana tinha sido uma jogada
monumentalmente estúpida. Eu sabia disso quando o fiz, mas havia
momentos em que uma jogada estúpida fazia sentido. Pelo menos na
minha cabeça. O que não fez foi tornar a graduação a tempo tão fácil
quanto deveria ser. Embora eu tivesse mais do que créditos
suficientes de Stanford, havia algumas matérias necessárias que eu
precisava fazer na Universidade da Filadélfia, mesmo que eu já
tivesse bem a frente delas.
Além disso, o programa combinado de bacharelado e doutorado
de medicina significava que eu estava tendo algumas aulas na
faculdade de medicina já que havia sido aceita provisoriamente. Eu
tinha entrado em um programa semelhante em Stanford. Isso
significava que levaria apenas seis anos para concluir a faculdade de
medicina combinando parte dos trabalhos do curso.
Eu consegui finalizar um monte durante o verão, mas havia um
que eu tinha que fazer no campus. Um curso especial oferecido
apenas aqui. Seminário do segundo ano. Isso é embaraçoso. Estar em
uma classe cheia de estudantes do segundo ano quando eu era
veterana não era exatamente a minha ideia de diversão, mas eu
havia feito minha cama; agora eu tenho que deitar nela. Tinha feito
tudo que estava ao meu alcance, trazendo todos os programas do
meu antigo curso para mostrar que eles eram semelhantes e eu tinha
abordado tópicos parecidos. Os reitores não cederam.
O circuito ao redor do campus me fez passar por algumas pessoas
com olhos turvos tropeçando nos caminhos que cruzavam o pátio. O
ar quente do verão passou por mim. Fiz meu caminho pelo campus e
estava ansiosa pela mudança de estação. As cores vibrantes das
folhas de outono eram algo que eu sentia falta na Califórnia.
Grama recém cortada era esmagada sob meus tênis enquanto eu
pegava um atalho de volta para o apartamento. Os pássaros
gorjeiavam no céu da manhã, e eram momentos como esse que eram
tão perfeitos que dificultavam a respiração.
Momentos em que eu olhava em volta para as flores e esquilos
subindo nas árvores e era como se o mundo parasse de se mover por
alguns segundos. As lágrimas sempre vinham nesses momentos. As
limpei com as costas da minha mão e acelerei passando por alguns
caras em roupas amarrotadas e meninas carregando seus sapatos.
Mesmo em uma noite no meio da semana, a maioria das pessoas no
campus haviam voltado na noite anterior, então muitas estavam
fazendo a caminhada da vergonha.
Voltei para o apartamento e minhas colegas de quarto ainda
estavam dormindo. Na ponta dos pés, fui para a cozinha e fiz meu
omelete de clara de ovo e um suco de frutas. Havia alguns e-mails
de professores com algumas anotações do início do semestre. Mexi
no meu celular, verifiquei três vezes minha agenda e terminei minha
comida. Lavando e secando meus pratos, coloquei-os de volta nos
armários e fui para o meu quarto.
Esse apartamento foi um achado. Cada quarto tinha seu próprio
banheiro, o que era praticamente inédito em qualquer lugar em que
um estudante universitário ficasse. Eram três apartamentos de um
quarto só que eles juntaram em um gigantesco. Tracy e Fiona
precisavam de uma terceira colega de quarto, e eu não parecia muito
psicopata, nas palavras delas, então eu consegui ficar com o quarto.
Nós ainda estávamos no modo de eu-estou-tentando-descobrir-se-
você-vai-endoidar-e-me-sufocar-com-um-travesseiro-enquanto-
durmo, mas por enquanto tudo bem. Tomei um banho, vesti as
roupas que havia separado na noite anterior e coloquei um pouco de
maquiagem. Meu celular tocou e eu verifiquei a hora. Perfeito.
Verifiquei meus livros três vezes, pastas e fichários para cada aula
e deslizei minha mochila no ombro. Olhando para mim mesma no
espelho, passei as mãos pela saia e puxei o rabo de cavalo debaixo da
alça da mochila. Seria um bom dia. Fazer essa mudança foi a escolha
certa. Tudo bem, meus pais estavam viajando pelo país em um
trailer e não por perto caso algo acontecesse com papai, mas estava
tudo bem. Tudo ficaria bem. Eu estava bem.
O MAKENNA
zumbido insistente vibrou em algum lugar quase sem parar por cinco
minutos. Grogue, esfreguei os olhos, tentando encontrar meu
celular. Na noite passada, ficamos um pouco aventureiros, e ele
acabou indo parar no chão. Minha cabeça ficou clara e eu me
pendurei na beira do meu colchão, gemendo com meus músculos
doloridos. Declan tinha sido melhor do que qualquer exercício que
eu já tentei.
Ao ver meu celular debaixo da cama, estendi a mão e peguei no
chão. Meu coração bateu forte. Era a minha mãe? A tela brilhou com o
nome DEUS DO SEXO, e soltei um suspiro e toquei em Aceitar. Ele
mudou em algum momento, e levei uma eternidade para perceber.
Eu realmente deveria bloquear esse maldito celular.
— Livros, onde você estava? Atende a sua porta!
— Você estava aqui há duas horas atrás. Você esqueceu alguma
coisa? — Deslizei para fora da cama e olhei ao redor do quarto,
procurando o que poderia ser. A camisa dele estava jogada nas
costas da minha cadeira. Um par de sapatos estava no canto.
— Eu acho que sim, mas vou ter que te ajudar a procurar. — Sua
voz ficou toda rouca, como sempre ficava quando ele estava
tentando me provocar da melhor maneira possível. Andei na ponta
dos pés até a porta da frente, não querendo acordar Tracy e Fiona,
que haviam chegado nas primeiras horas da manhã. Girando a
maçaneta, abri a porta. Cruzei os braços sobre o peito quando uma
rajada de ar frio passou por ele.
— O que você esqueceu? — Eu pulei de pé em pé, tentando
proteger meu corpo com a porta.
— Isso. — Ele entrou e passou os braços em volta de mim e me
levantou do chão. Seu casaco gelado me fez arrepiar.
Chutando a porta fechada atrás dele, ele olhou nos meus olhos
antes de abaixar a cabeça. Seus lábios estavam frios por estarem do
lado de fora, mas rapidamente os aquecemos. Meu corpo formigou
em antecipação ao seu toque. Não por baixo do seu casaco, mas por
baixo das cobertas. Ele riu com os lábios ainda pressionados nos
meus, e alegria e emoção irradiavam dele. Seu sorriso mostrou sua
ansiedade e antecipação.
— Vocês dois não podem ir para um quarto? — Fiona brincou
atrás de nós.
Nós dois viramos a cabeça, a observando enquanto enchia uma
caneca gigante de café. Passei a mão pelo rosto de Declan, o
aquecendo. Ele olhou para mim e eu percebi que ele estava todo
bobo.
— O que foi?
— Estou de volta ao time!
Eu gritei e passei meus braços ao redor dele, o apertando. Sua
felicidade era contagiosa, e não pude deixar de sorrir.
— Graças a Deus. — Nossas cabeças giraram ao mesmo tempo em
que Fiona nos olhou por cima da borda de sua caneca antes de
levantar a mão. — Certo, desculpa. Momento privado. — Ela voltou
pelo corredor para o quarto.
— Eu não poderia ter feito isso sem você. — Ele passou as mãos
para cima e para baixo nos meus braços.
— Você poderia sim. — E eu estava falando sério. Tudo o que
pensava sobre ele quando o semestre começou estava errado.
— Talvez, mas eu sei que não teria sido tão divertido. — Ele deu
um passo para trás, fazendo quase uma dança enquanto me
encurralava de volta ao meu quarto e fechou a porta atrás de nós.
O brilho em seus olhos me disse tudo o que precisava saber sobre
seus planos de comemoração. Meus músculos cansados e doloridos
pareciam prontos para se reunir para um brinde comemorativo.
— Você seriamente vai quebrar minha vagina se continuar assim.
— Coloquei minhas mãos sobre a frente da boxer do meu pijama.
— Eu sei uma maneira de ajudar a te acalmar. — Ele mordeu o
lábio inferior.
Meus olhos se arregalaram e eu balancei minha cabeça. — Ah, não
senhor. Não tenha ideias engraçadas. Não sei que tipo de garota
você pensa que sou. Estamos estritamente aderindo ao sexo pelas
próximas duas horas. Nem mais, nem menos, e então preciso ir
trabalhar.
— Esse é exatamente o tipo de garota que eu pensei que você
fosse, Livros.
Meus joelhos atingiram a beira da minha cama e me sentei. Meu
estômago deu uma cambalhota quando ele se aproximou, abrindo os
botões do casaco.
Ele deslizou as mãos sob o cós do meu short. — Apenas o tipo de
garota que eu
preciso.
É
Avery: É uma longa história. Mas pensei que era melhor ficar
longe.
Eu: Vocês terminaram há quatro anos. Por que não diz a verdade
a ele?
Avery: Não vamos falar sobre isso novamente.
Eu: Você realmente acha que vir comigo ao jogo e assistir Declan
causaria problemas?
Avery: Sim.
Eu: Eu mal consegui te ver. Talvez você possa voltar em breve.
Avery: Talvez, se eu puder tirar uma folga.
Eu: Espero que você tenha toneladas de folgas assim que for
aceita na faculdade.
Avery: Talvez...
Um alerta no meu celular tocou, me deixando saber que havia
menos de dezoito horas para que entregássemos nosso trabalho
final. Eu não tinha ideia do porquê de Alco nos pedir para entregar
tão cedo, mas estava tudo bem comigo. Isso significava que eu teria
mais tempo para estudar para as finais dos meus cursos pré-
medicina.
Um pequeno poço de tristeza me atingiu no estômago. As sessões
semanais de estudo com Declan estavam chegando ao fim. Ainda
não conversamos sobre o que estávamos fazendo juntos. Ele iria
jogar profissionalmente após a graduação, e a faculdade de medicina
não dava muito tempo fora das salas de aula para ter qualquer tipo
de vida. Ele estaria viajando, e os holofotes em que viveu desde o
colegial seriam ainda maiores, com ainda mais atenção em uma
equipe profissional. E mulheres. Ele as tinha bajulando em cima dele
agora, como seria quando fosse profissional?
— Pare de pensar tanto. Você vai quebrar alguma coisa.
Eu pulei quando sua voz cortou minha concentração pesada.
Ele passou pela minha cadeira em uma camiseta e calça jeans
baixa, uma bolsa com alguns dos seus equipamentos e afundou no
banco dobrável do estádio ao meu lado. Inspirei o cheiro gelado do
lugar agora que estava quase vazio. O carrinho de reparação de gelo
deslizou pelo ringue, alisando-o para mais tarde.
— Você gostou do jogo? — Ele olhou para mim, seus olhos verdes
escuros brilhando com partes iguais de exaustão e euforia, como se
ele fosse o cara mais feliz do mundo. Era uma satisfação preguiçosa
causada após um esforço sério, e me fez apertar minhas coxas juntas
contra a pulsação crescente entre elas. Era o mesmo olhar que ele me
dava todas as noites em que desmaíavamos embrulhados um no
outro.
Meu coração apertou, e meus dedos coçaram para tocá-lo, mas me
segurei.
— Você veio dirigindo? — Ele passou o dedo pelo meu braço, o
arrastando ao longo do meu casaco. Os cabelos na parte de trás do
meu pescoço se arrepiaram.
— Sim, eu não queria voltar andando para o meu apartamento à
noite e sabia que o transporte do campus estaria lotado com pessoas
saindo para a noite. — Minha voz saiu mais rouca e faminta do que
eu pretendia.
— Você não vai dirigir de volta. Você vai para a minha casa. —
Não uma pergunta. Uma afirmação. Praticamente uma conclusão
precipitada pelo som de sua voz.
Meu olhar se voltou para o seu, e ele tinha um sorriso preguiçoso
e convencido no rosto. Alguns meses atrás eu ficaria com vontade de
bater nele, mas agora eu queria rastejar em seu colo e mordiscar seu
lábio até que ele me virasse e me pressionasse contra o acrílico ao
redor da pista e me pegasse por trás. Um tremor estremeceu através
de mim, e meus mamilos endureceram. Resistindo ao desejo de
deslizar as mãos entre as coxas para aliviar a dor, mordi o lábio.
— Agora você definitivamente está indo para casa comigo. Você
não pode me olhar assim e morder o lábio como faz quando tenho
meus dedos dentro de você e se safar. Não até eu arrancar pelo
menos três orgasmos de você. — Ele rosnou e enterrou a cabeça no
meu pescoço, passando a mão por baixo do meu casaco enquanto eu
olhava em volta, certificando de que ninguém estava vendo.
Respirei seu cheiro de sabão limpo quando os arrepios subiram
em meus braços. Observá-lo no gelo, patinando com tanta
ferocidade e poder, me fez apreciar ainda mais cada músculo
esculpido e sua incrível resistência. Interrompendo seu ataque ao
meu corpo, ele olhou para mim.
— Você vai voltar comigo, certo? Venha para a festa na minha
casa.
A neblina inebriante em que eu entrava sempre que ele me tocava
desapareceu um pouco.
— Uma festa? — Estar cercada por uma enorme multidão de
pessoas que eu não conhecia não era exatamente o que eu tinha em
mente para a nossa noite. E havia o nosso trabalho final.
— Ainda preciso revisar nosso trabalho final e entregá-lo, e tenho
trabalho amanhã à noite.
— Não é para ser entregue até o meio dia de amanhã. Tenho
certeza de que você já o revisou três vezes e sei que o revisei duas.
Está perfeito. Venha para a festa.
Percorrendo a lista na minha cabeça de motivos por que eu não
poderia ir, morreu nos meus lábios quando ele traçou o polegar ao
longo da pele sensível na parte interna do meu pulso.
— Eu quero apresentar você para os caras. Não como nossa
garçonete, mas como minha namorada.
Uma sensação leve e borbulhante, como a única vez em que tomei
duas taças de champanhe em um brunch de honra em Stanford, fez
uma risada aguda sair da minha boca.
A testa de Declan enrugou e ele soltou meu pulso, a dor brilhando
em seus olhos. Peguei a mão dele de volta e descansei no meu colo,
traçando os sulcos profundos na sua palma e os calos nos dedos.
— Eu não quis rir tipo rir, rir. Foi uma risada de você-me-pegou-
de-surpresa. Tá falando sério? Eu realmente sou sua namorada? —
Inclinei minha cabeça para ele, meio nervosa que fosse algo que eu
tinha imaginado e agora seria sua vez de rir.
— Nunca falei mais sério sobre nada na minha vida, Livros.
Venha para a festa comigo para que eu possa te exibir, te levar para o
andar de cima e fazer todas as coisas sujas que pensei em fazer
desde que te vi sentada aqui nas arquibancadas com esse suéter. É
praticamente obsceno. — Ele passou o dedo pela gola alta do meu
suéter de malha vermelho. Olhei para o meu corpo completamente
coberto e levantei minha sobrancelha para ele.
— Obsceno? — Eu dei risada. — Eu estou parecendo uma freira
nessa coisa.
— Eu sei, mas também sei tudo o que você está escondendo aí
embaixo. Os seios de dar água na boca que eu poderia morder e
chupar a noite toda, e nem vou começar a falar no que está por baixo
desse jeans. Por que você não entrou aqui nua logo?
— Você é louco. — Empurrei seu ombro. Ele se levantou e me
levantou da minha cadeira, pressionando seu peito musculoso
contra o meu corpo.
— Eu sou louco por você, Mak. Vamos lá. — Seu hálito quente se
espalhou pelo meu rosto. Olhei para o gelo atrás dele e assenti com a
cabeça.
— Ok, vamos lá. — Eu sorri para ele, pronta para fazer um
pequeno estrago, ficar um pouco bêbada e ter um sexo sujo, de
contorcer o corpo, e que faz andar igual um cowboy com as pernas
abertas. — Mas me prometa que vamos dormir cedo, para que eu
possa ler mais o artigo antes de enviá-lo.
— Você está me deixando louco, Livros! — Ele pegou os óculos
do meu rosto.
— Ei! — Eu estiquei o braço para pegar eles.
Ele abaixou o ombro e eu olhei para o chão para ver se deixei cair
alguma coisa quando seu ombro cutucou meu estômago. Eu gritei
quando ele me levantou, pendurada por cima do seu ombro. Ele
passou os braços em volta das minhas pernas e seus dedos cravaram
na minha bunda, apertando e o paft de seu tapa ecoou na pista. O
ardor foi agudo e rápido e enviou uma vibração direto para minha
boceta.
— Aí, por que você fez isso? — Esfreguei minha bunda e dei um
tapa na dele com a minha visão perfeita, pendurada em suas costas.
— Isso foi por me olhar daquele jeito. Não pense que não vi seus
mamilos endurecerem. Como se estivessem prontos para cortar
vidro. Você acha que eu ainda não sei como sua mente funciona?
Além disso, ainda temos mais dez posições e lugares para
experimentar em sua lista.
Suas mãos massagearam minha bunda através do meu jeans, e eu
corri meus dedos pelas costas dele. Com meu cabelo caindo no meu
rosto, meu namorado de ombros largos - puta merda, eu tinha um
namorado - me levou para o meu carro, bem estilo homem das
cavernas.