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Rita Fernandes
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Neuropsicologia
2. Neuropsicologia da Memória
3. Neuropsicologia da Visão
4. Neuropsicologia da Linguagem
5. Neuropsicologia da Ação
6. Neuropsicologia da Emoção
7. Neuropsicologia da Atenção
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1. Introdução à Neuropsicologia Cognitiva
A neuropsicologia cognitiva é considerada um ramo da psicologia cognitiva e não
da neuropsicologia. Isto porque a neuropsicologia cognitiva foca-se na mente e a
neuropsicologia foca-se no cérebro.
Entre a psicologia cognitiva e a neuropsicologia cognitiva a diferença é que
psicólogos cognitivos estudam as funções cognitivas de participantes saudáveis para
entender melhor como funciona o sistema cognitivo normal; e a neuropsicologia
cognitiva, usa os dados de pacientes com distúrbios ou lesões para entender como
o sistema cognitivo normal funciona.
1.1 Modularidade
Fodor (1983) descreveu as características típicas da modularidade:
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1.1.1 Teoria hipotética do reconhecimento visual
Pode consistir em três módulos:
1.2 Pressupostos
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1.2.4 Subtratividade
1.3 Abordagens
Para fazer inferências dos dados e informar a teoria, é necessário comparar os
défices dos pacientes com a teoria e verificar se danos nos módulos na teoria
explicam os défices do paciente.
NOTA: As dissociações duplas são as evidências mais fortes para dois módulos que
têm funções diferentes;
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Um síndrome é um conjunto de sintomas que geralmente co-ocorrem quando
determinada região cerebral está lesionada. A abordagem de estudo baseada em
síndromes procura vários pacientes que apresentam a mesma síndrome de
sintomas. No entanto, a amostra de pacientes terá diferentes combinações de
módulos afetados e consequentemente síndromes com ligeiras diferenças de
sintomas entre si. Portanto, é melhor utilizar estudos de caso para tentar
compreender padrões individuais de sintomas.
Estímulos auditivos
o Sons de animais ou de ferramentas – utilizados para avaliar o
reconhecimento;
o Discurso, palavras e letras – utilizados para avaliar funções da
linguagem;
o Listas de números ou de letras – utilizados para avaliar a memória;
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Estímulos verbais – utilizados para avaliar funções da linguagem e ao mesmo
tempo permitem que se controlem variáveis como a frequência lexical, o
número de letras ou de sílabas, ou o grau de abstração dos conceitos
utilizados;
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2. Neuropsicologia da Memória
A memória permite-nos aprender com a nossa experiência passada,
compreender o presente, integrando a experiência no “aqui e agora” e planear o
futuro tendo em conta essa mesma experiência.
Sem memória passamos a vida a experienciar eventos solitários, sem ligação
entre si. Não somos capazes de integrar os vários eventos, por inexistência de
conhecimento prévio armazenado e vivemos os acontecimentos mais comuns como
se de novas experiências se tratassem, dia-após-dia. Sem memória não sabemos
quem somos, no sentido em que não temos armazenada informação sobre os vários
eventos, pelos quais passámos, e que constroem a nossa identidade.
O esquecimento também faz parte da capacidade adaptativa pois sem ele
teríamos para sempre uma tremenda dificuldade de adaptação ao ambiente.
A neuropsicologia da memória procura explicar as perturbações de memória e
compreender os défices que se verificam quer na aprendizagem quer na capacidade
de recordação. A neuropsicologia da memória procura também compreender de
que forma os padrões observados no défice nos informam sobre o normal
funcionamento de processos mnésicos intactos.
A característica fundamental da memória e que distingue este processo cognitivo
de pensamentos e emoções é a sua dimensão temporal.
Hering (1870) refere que sem a sua dimensão temporal a memória seria um
conjunto desintegrado de momentos. Também Ebbinghaus (1885) dá nota da
dimensão temporal da memória quando propõe a distinção entre memória de curto-
prazo e memória de longo-prazo.
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Estes três processos constituem os 3 R’s da memória:
a) Registo/Codificação – Processamento da informação percebida via canais
sensoriais, no qual a informação sensorial é convertida para uma forma
amodal para que possa ser retida em memória. O registo pode ser modular,
superficial (sensorial) ou profundo (semântica), dependendo do tipo de
processamento.
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Armazenamento – Processo através do qual o traço mnésico é retido de forma mais
ou menos permanente constituindo um engrama;
Engrama – Conjunto de conexões cerebrais duradouras que resultam da excitação
simultânea de uma rede neuronal que pode ser distribuída por diferentes regiões
cerebrais;
Memória de curto-prazo
o Memória sensorial ou imediata (que dura menos de 1 segundo);
o Memória de trabalho (que dura segundos a minutos);
o NOTA: À memória sensorial e memória de trabalho correspondem
um conjunto de armazéns independentes, relativos a cada
modalidade sensorial;
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2.2.1 Memória de Curto-Prazo
A memória de curto-prazo tem uma limitação física, ou seja, uma capacidade de
armazenamento máxima. Quando saturada, ocorre esquecimento que acontece de
duas formas:
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No entanto, a distinção entre memória episódica e memória semântica, tal como
proposta por Tulving, tem vindo a ser questionada ao longo das últimas décadas.
Baddeley (1984) foi particularmente crítico ao modelo de Tulving, acusando o
autor de apenas identificar como memória episódica aquela envolvida nas tarefas
para as quais os pacientes amnésicos apresentam compromisso.
Ou seja, Tulving classifica os défices à posteriori numa determinada categoria, e
a todas as memórias perdidas classificou de autobiográficas. No entanto, nem todos
os eventos que aparentemente constituem memória episódica são perfeitamente
identificáveis no espaço e no tempo. De facto, existem significados associados a
episódios identificáveis no espaço e no tempo (ex. onde estava, o que fiz) e existem
aspetos episódicos associados a significados que não conseguimos identificar no
espaço e no tempo (ex. contexto histórico).
Tulving propõe a memória autobiográfica que corresponde ao que Gillespie
(1937) tinha já anteriormente proposto como memória automática, dado que as
aprendizagens armazenadas neste subsistema ocorrem de forma constante,
repetida e sistemática ao longo dos nossos primeiros anos de vida.
A distinção entre memória episódica e memória semântica proposta por Tulving
tem também sido questionada por casos clínicos de lesão:
2.3 Amnésia
Amnésia – Perda de memória devido a uma perturbação orgânica cerebral, na
ausência de outros défices percetivos ou cognitivos e pode ter origem em
enfartes, tumores, doenças metabólicas, degenerativas, etc.
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A amnésia pode ocorrer por défice em pelo menos um dos processos mnésicos:
Registo, Retenção e/ou Recuperação.
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2.3.3 Amnésia Traumática
Caracteriza-se por amnésia transitória global:
Amnésia Anterógrada;
Amnésia Retrógrada Severa, sem gradação temporal (memória para eventos
recentes está tão comprometida quanto para eventos longínquos);
Amnésia Anterógrada;
Amnésia Retrógrada Severa, com gradação temporal (memórias recentes
estão mais comprometidas do que memórias longínquas);
Memória procedimental intacta;
Em suma, a amnésia não é uma perturbação unitária e homogénea. Diferentes
padrões de amnésia correspondem a diferentes compromissos neurológicos. Ou
seja, diferentes estruturas e eventualmente conectividade distinta, sendo
dificilmente descritas por quadros clínicos generalizáveis.
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2.4 Modelos de memória baseados na forma de acesso às
memórias armazenadas
Os problemas emergentes do modelo de Tulving, nomeadamente a dificuldade
relativa à distinção entre memória episódica e memória semântica na definição do
padrão dos doentes com amnésia diencefálico-medial, dão lugar a modelos
alternativos. Estes modelos alternativos sugerem que a perda ou preservação da
memória é melhor explicada em termos da forma como acedemos aos seus
conteúdos e não tanto em termos de armazéns distintos entre si.
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2.4.3 Limitações
Tanto o modelo de Schacter como o modelo de Jacoby são incapazes de explicar
a relativa preservação de determinado subtipo de memórias, como por exemplo
preservação de memória auditiva-verbal de curto prazo, quando outras modalidades de
memória verbal se encontram comprometidas.
Em suma, até hoje nenhum modelo de memória (armazenamento, acesso ou
modalidade de teste) conseguiu explicar cabalmente o padrão característico da
amnésia.
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3. Neuropsicologia da Visão
O Sistema Visual é extremamente complexo e segregado, com muitos circuitos e
módulos a funcionarem em paralelo. Pacientes com danos em alguns destes circuitos e
módulos permitem a formulação de estudos de caso, estes são importantes para
formular teorias acerca de cognição visual e do funcionamento do cérebro.
O input visual vai desde a retina até ao Núcleo Geniculado Lateral (NGL) através
dos nervos óticos.
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Danos no trato ótico e nos circuitos subcorticais visuais produzem diferentes
défices e cegueira ao campo visual dependentemente de onde é que a lesão ocorre no
circuito.
Estudos com animais têm sido importantes para compreender como é que os
diferentes tipos de informação visual são processadas nos circuitos visuais subcorticais.
Orientação;
Tamanho;
Frequência espacial;
Direção do movimento;
Cor;
Brilho;
Estes vários detalhes da perceção são processados nas colunas segregadas do
V1. Há duas importantes propriedades do V1:
1. Topografia/Mapas Retinótopicos – Partes do campo visual que são
espacialmente próximas também serão espacialmente próximas umas das
outras na V1;
2. Ampliação Cortical – Partes do campo visual mais próximos do centro são
processadas por partes maiores da área V1;
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Lesões na área V1 não provocam apenas a existência de partes cegas no campo
visual, se o estímulo visual for apresentado no campo visual cego os pacientes são
capazes de o discriminar melhor do que seriam se fosse ao acaso (Blindsight).
Para além dos pacientes blindsight atuarem melhor do que seria esperado pelo
acaso, eles em algumas condições (de alto contraste e de movimento do estímulo)
conseguem atuar perto dos 100% sem terem tido a experiência visual do estímulo.
Estudos de neuroimagem têm mostrado que os estímulos presentes no campo
visual cego são processados nas regiões visuais do extraestriado. Pacientes blindsight
podem usar a informação visual não-consciente para realizar ações como alcançar e
pegar em objetos de diferentes formas, tal como, fazer discriminações de direção do
movimento do estímulo.
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3.4 Processamento Tardio do Sistema Visual, o
Reconhecimento de Objetos e a Agnosia Visual
O reconhecimento de objetos requere que as características visuais básicas mas
também as informações semânticas/conceptuais de objetos. Tem sido demonstrado
através de duplas dissociações de agnosia visual que existem dois tipos distintos de
agnosia visual:
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3.5 Organização do Conhecimento de Objetos
Danos nas áreas visuais superiores têm mostrado que algumas categorias de
objetos são processadas nos seus módulos.
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4. Neuropsicologia da Linguagem
4.1 Introdução
A história de cada um faz-se de memória e de linguagem. A linguagem antecede
o pensamento. Assim como sem memória passaríamos a vida a experienciar eventos
solitários, sem ligação; sem linguagem não conseguiríamos comunicar a nossa história,
a nossa vontade e os nossos desejos, a nossa experiência. A linguagem permite-nos
interligar memórias, manter relações. Sem linguagem viveríamos em isolamento.
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4.3.1 Afasias
Habitualmente, as quatro funções cognitivas seguintes surgem associadas aos
diagnósticos de afasia, podendo estar mais ou menos extensamente comprometidas e
emergir como constelações heterogéneas, dependendo da extensão da lesão.
Compreensão auditiva;
Compreensão escrita – leitura;
Produção da linguagem falada;
Produção da linguagem escrita;
Os dois tipos de afasia mais conhecidos são a Afasia de Broca (Afasia de
Produção ou Não Fluente) e a Afasia de Wernicke (Afasia de Compreensão ou Fluente).
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4.3.1.2 Afasia de Wernicke
Afasia de Wernicke – Discurso fluente mas sem sentido, a compreensão auditiva
está comprometida tal como a leitura;
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4.3.1.4 Afasia Global
Afasia Global – Défice na repetição, nomeação, fluência de discurso e compreensão,
em simultâneo devido à lesão que abrange as áreas de Wernicke e de Broca, que são
responsáveis pela linguagem.
4.3.1.5 Síntese
Output Compreensão
Ideia
Escrito/Falado da Mensagem
4.4.1 Componentes
O ARMAZÉM SEMÂNTICO É INDEPENDENTE DO ARMAZÉM LEXICAL OU TEMOS UM
ARMAZÉM ÚNICO?
De acordo com esse modelo básico temos de compreender de que forma quando
vemos um gato:
TIPO I
Vemos um gato;
Compreendemos que é um gato;
Selecionamos a palavra “gato” entre várias palavras que
poderão ficar ativas em simultâneo (ex. felino, animal, cão);
TIPO II
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No entanto, alguns estudos têm sugerido a existência de representações
semânticas e lexicais funcionalmente independentes. Goodglass e Banker, em 1976
identificaram:
Como a independência dos dois sistemas nem sempre foi clara, vários autores se
têm debruçado sobre o estudo desta arquitetura do sistema lexical e verificado a
possibilidade de existência deste armazém único que incluiria quer as representações
semânticas quer as representações lexicais.
EXEMPLO 1: Caso do paciente PW, com afasia anómica, após um AVC na região fronto
parietal esquerda. Características do paciente:
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EXEMPLO 2: Caso da paciente KE apresenta um compromisso inverso ao de PW. KE
apresentava erros semânticos transversais a todas a tarefas lexicais propostas durante
a avaliação neuropsicológica → SISTEMA SEMÂNTICO COMPROMETIDO. Outras
características:
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A observação de pacientes com lesões cerebrais permite tirar conclusões:
EXEMPLO 1: Caso do paciente AF que apresentava as seguintes características:
• Discurso fluente mas sem lógica;
• Défice de nomeação em voz alta;
• Nomeação escrita intacta;
• Ligeiro défice semântico associado;
Estas características demonstram que o paciente tem um défice no acesso ao
léxico através do sistema fonológico. Ou seja, parece que há um acesso ao sistema
ortográfico sem que seja necessário um acesso ao sistema fonológico precedente. Ou
seja, o acesso aos sistemas parece cumprir processos independentes.
EXEMPLO 2: Caso de RGB que após um AVC na região temporal parietal do hemisfério
esquerdo apresenta as seguintes características:
• Discurso fluente e articulado;
• Circunlocuções na nomeação oral e na leitura oral;
• Não apresenta compromisso de compreensão de palavras faladas ou escritas;
• É capaz de definições completas das palavras que deram lugar a erros
semânticos na leitura oral;
• É capaz de definições completas das figuras que originam erros semânticos nas
tarefas de nomeação oral;
• Nomeação escrita intacta (aprox. 100%);
• Nomeação falada comprometida (aprox. 30%);
Estas características demonstram que o paciente tem um défice no acesso ao
léxico através do sistema fonológico sem compromisso semântico e sem compromisso
ortográfico.
EXEMPLO 3: Caso de RCM, compromisso inverso ao de AF e de RGB, que após um AVC
frontal esquerdo que apresenta um défice no acesso ao léxico através da ortografia. Esta
paciente apresenta as seguintes características:
• Erros semânticos na nomeação escrita e soletrar para ditado;
• Sem compromisso na nomeação oral, leitura, emparelhamento de
palavra escrita e figura, e palavra falada e figura (das mesmas palavras
que deram lugar aos erros semânticos);
• Incapaz de ler pseudo-palavras (ex.:Tabela → Talela);
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CONCLUSÃO: A dupla-dissociação entre os pacientes AF/RGB e a paciente RCM
corrobora a independência do sistema ortográfico em relação ao sistema fonológico,
permitindo afirmar que o acesso aos dois sistemas é independente.
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EXEMPLO 1: O caso de Pure-Word Deafness é um caso clássico, onde o paciente após
AVC temporal bilateral, deixou de compreender o que lhe diziam apesar de ter o sistema
auditivo intacto. O paciente:
Conseguia compreender o que lhe era dito pontualmente, quando fixava o olhar
nos lábios do interlocutor (leitura labial), e simultaneamente ignorava o som das
palavras;
Não apresentava qualquer compromisso no discurso (linguagem falada), escrita
ou compreensão de escrita;
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EXEMPLO: A paciente RCM, descrita anteriormente, apresenta:
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5. Neuropsicologia da Ação
O sistema motor é um sistema grande e complexo:
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5.1 Síndrome do Neurónio Motor Inferior
Danos nos neurónios motores inferiores por lesão ou doença originam sintomas
que correspondem à Síndrome do Neurónio Motor Inferior. Esta é caracterizada por:
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Gânglios Basais – Conjunto de estruturas cerebrais subcorticais: o núcleo caudado
e o putamen (juntos formam o estriado), o globus pallidus e a substantia nigra, e são
importantes para a inibição de movimentos potenciais ou inapropriados;
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5.3 Disfunções no Córtex Motor e Parietal
Córtex Motor Primário – Responsável pela execução
de todas as ações voluntárias;
VIAS MOTORAS
Pode dizer-se que existem duas vias motoras relativamente distintas em que
ambas terminam no Córtex Motor Primário e ambas estão envolvidas em ações
voluntárias:
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VIAS VISUAIS DORSAIS
Existem também duas vias visuais dorsais diferentes:
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Os mecanismos neuronais subjacentes às ações voluntárias são relativamente
conhecidos. Relatos de experiências de estimulação no decorrer de cirurgias, mostram
a estimulação do pré-SMA/SMA provoca nos pacientes o "desejo de se mover":
ESTIMULAÇÃO SMA
”Urgência em mover” → Causa movimento
ESTIMULAÇÃO PARIETAL
”Querer mover-se” → Movimento ilusório
ESTIMULAÇÃO NA ÁREA PREMOTOR
Movimento sem consciência
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NEGLIGÊNCIA MOTORA
CAUSA: Danos nas regiões frontal, parietal ou talâmica, e tem sido sugerido
como um défice na intenção motora ou no planeamento motor;
Pacientes subutilizam o seu membro afetado (ex.: braço) apesar de estar
totalmente funcional;
Se solicitados a realizar uma tarefa que requeira os dois braços, eles só usarão
um braço, a menos que especificamente instruídos a usar ambos;
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SINDROME DA MÃO ALIENIGENA
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Em pacientes com o cérebro dividido, o corpo caloso é cortado e os dois
hemisférios não conseguem comunicar:
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LESÃO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL ORBITO-FRONTAL/VENTROMEDIAL – SINDROME DE
DESINIBIÇÃO
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6. Neuropsicologia da Emoção
• 1940 – Goldstein – Descreve pela primeira vez aquilo que designa de Reação
Catastrófica.
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• 1956 – Ironside – Descreve o quadro clínico de Riso e/ou Choro Patológico;
Riso e/ou Choro Patológico – Choro ou riso incontroláveis, com a duração de vários
minutos e dissociado do estado emocional interno.
Desde Goldstein que os clínicos foram distinguindo entre dois tipos de sintomas
emocionais:
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ESTATISTICAS:
AVALIAÇÃO:
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Instrumentos de Avaliação Neuropsiquiátrica
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Inventário Neuropsiquiátrico (NPI)
o Administrado ao Cuidador;
o Concebido para pessoas com demência, pacientes com traumatismo e
lesão cerebral na avaliação de alterações de comportamento;
o Questões são abordadas de uma forma compreensiva e eficiente, através
de um questionário de screening para cada comportamento alvo:
Comportamento ausente – Fim das questões;
Comportamento presente – Questões mais aprofundadas para
verificar sintomatologia específica, a sua frequência e severidade;
a) Lateralidade
Os sintomas depressivos são mais frequentes em pacientes com lesão no
Hemisfério Direito ou no Esquerdo?
Segundo o primeiro estudo sistemático comparativo de Gainotti (1972):
• Reação depressiva catastrófica é mais frequente em pacientes com lesões no
hemisfério esquerdo (frequentemente em pacientes com afasia);
• Reação de Indiferença – Não existe associação com lateralidade, podendo ser
uma reação emocional indireta;
b) Gradiente anterior-posterior
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6.2.2 Episódio Maníaco Pós-AVC
O episódio maníaco define-se por um conjunto de 3 critérios:
CRITÉRIO A:
CRITÉRIO B:
CRITÉRIO C:
LOCALIZAÇÃO:
a) Lateralidade
Maior incidência de episódios maníacos em doentes com lesão no hemisfério
direito;
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6.2.3 Episódio Maníaco (Bipolar I) Pós-Traumatismo
Crânioencefálico
A investigação parece sugerir que o episódio maníaco após traumatismo
crânioencefálico não é uma resposta direta ao compromisso cerebral associado ao
traumatismo. Antes, a etiologia do episódio maníaco nestes casos parece estar
associado a episódios convulsivos pós-trauma.
PREVALENCIA:> 2%.
SINTOMAS:
• Sintomas maníacos;
• Origem em episódios compulsivos;
• Comportamento agressivo e violento;
LOCALIZAÇÃO:
• Região Cortical do Temporal Anterior e Orbito-Frontal Direito (Lesões Corticais);
SINTOMAS:
• Maior compromisso intelectual que pacientes com perturbação maníaca
unipolar;
• Lesões sobretudo subcorticais;
AVALIAÇÃO:
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6.2.5 Perturbação de Ansiedade Pós-AVC
Perturbações de Ansiedade – Perturbações que partilham características de medo
e ansiedade excessivos e alterações do comportamento relacionadas que persistem
para lá dos períodos de desenvolvimento adequados (6 meses ou mais em adultos).
Diferem entre si no tipo de objetos ou situações que induzem medo, ansiedade ou
comportamento associado.
SINTOMAS:
Escala de Hamilton;
GDS-30;
NPI;
FATORES PREDITORES:
Sexo;
Localização da lesão;
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AVALIAÇÃO:
Escalas de Hamilton;
NPI;
LOCALIZAÇÃO:
Regiões Frontais;
Regiões Dorsais;
PREVALÊNCIA: 40%.
SINTOMAS:
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FATORES PREDITORES:
Idade;
Sexo feminino;
Baixa escolaridade;
Lesão;
Défices físicos, cognitivos e emocionais;
LOCALIZAÇÃO:
SINTOMAS:
AVALIAÇÃO:
A avaliação das alterações de personalidade pós-AVC é muito desafiante porque
habitualmente não temos acesso direto ao comportamento do paciente antes da
doença.
• NPI, em particular as questões sobre comportamento desinibido e irritabilidade;
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6.2.10 Psicose e Sintomatologia Psicótica Pós-AVC
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7. Neuropsicologia da Atenção
Ao nível psicológico a atenção é o foco em determinadas propriedades cognitivas
(ex.: informação sensorial, pensamentos e sentimentos), enquanto se suprime outras
propriedades.
Ao nível neuronal, a atenção é a alocação dos recursos neuronais no cérebro. Ou
seja, a excitação de alguns circuitos neuronais e a inibição de outros.
A atenção pode ser direcionada para:
Atenção ≠ Excitação
O tronco cerebral e o tálamo são duas importantes regiões para a excitação, pois
ao distribuírem vários neurotransmissores no cérebro, modelam o nível de excitação.
Os níveis de excitação no estado acordado modelam a atenção, sendo que a
excitação muito baixa ou muito alta afetam a atenção negativamente.
A atenção determina que a informação que experienciamos:
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A atenção tem um lado “negro” que são as suas limitações espaciais e temporais
que afetam a experiencia consciente:
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7.1 Negligência
7.1.1 Negligência Espacial
Causa: Danos no lobo parietal inferior, no giro temporal superior e/ou córtex
frontal inferior, maioritariamente no hemisfério direito;
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Casos de negligência espacial clássica têm
negligência espacial egocêntrica (i.e., negligência
do lado contralesional do ponto de vista do
paciente);
VS.
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7.1.2 Síndrome de Balint
No Síndrome de Balint, os pacientes só conseguem tomar atenção a uma coisa
ao mesmo tempo, sendo que não é importante onde está no espaço.
Causa: Danos no córtex parietal e occipital.
Sintomas:
7.1.3 Extinção
Na extinção, os pacientes negligenciam coisas no espaço contralesional
unicamente quando têm de tomar atenção a algo que ocorra ao mesmo tempo.
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