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NEUROPSICOLOGIA
CLINICA II
2023
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NEUROPSICOLOGIA CLINICA II Dânia Martins 2023
1ª AULA 01/02/2023
✓NEUROPSIQUIATRIA:
O funcionamento do SNC é uma coisa muito recente, antigamente existia um hibrido, um conj de médicos
clínicos que se interessavam pelas doenças dos nervos, tanto epilepsia como depressão, tratavam estas
doenças como um todo. Não havia divisão entre orgânico e funcional. Esta divisão surgiu pq a neurologia
a medida que a ciência ia avançando foi associando determinadas partes do corpo a algumas zonas do
cérebro, e depois do Freud houve a separação com a psiquiatria, com o foco no psicodinâmico,
inconsciente, etc., com o enfoque na psicanalise, que dominou a psiquiatria durante décadas. Ate muito
recentemente o cérebro e o SNC eram irrelevantes para a psiquiatra. A psiquiatria voltou a ter influencia
no cérebro quando se introduziu os fármacos da psiquiatria (1950)
Na prática, tudo o que se pode medir objetivamente entende-se que é da neurologia, a crise epilética, por
ex., o que não se consegue perceber muito bem de onde vem, é da psiquiatria.
Com este repensar da psiquiatria depois dos fármacos, a perspetiva mais moderna é que ambas tratam o
cérebro, mas certas doenças têm uma preponderância lesional, certas zonas onde há uma lesão, alteram
a estrutura do cérebro, e estas são mais da neurologia, e outras de uma etiologia mais funcional, mais a
ver com redes neuronais, e estas tratam-se pela psiquiatria.
Tratam o mm órgão mas há certas doenças em que há uma preponderância lesional, o principal foco é
estrutural (danos a nivel da estrutura do cérebro, mais da área da neurologia). Predominam aspetos
psicossociais, não tem a ver com as partes do cérebro danificadas mas sim com redes neuronais que por
vários motivos, psicológicos ou físicos foram alteradas e levam a manifestações e alterações
comportamentais – psiquiatria. É tudo orgânico, mas há orgânicos mais estruturais e orgânicos mais
relacionados com redes e multidominios.
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Dentro da psiquiatria, há um psiquiatra geral com perturbações mentais primárias. (ex. esquizofrenia)
Subdivisão: psiquiatria de ligação: especializam-se na interface entre psiquiatria e o resto da medicina (ex.
um paciente em medicina interna, e demonstra sintomas de perturb mental, ou tem uma pertb mental e
causa sintomas físicos. (disfunção mental secundária) qualquer doença que causa sintomas mentais.
Outra subdivisão neuropsiquiatria: doenças que afetam o SNC, à qual se associam sintomas mentais. Aqui
só se olha para doenças neurológicas associadas a sintomas / alterações mentais.
TCE
TCE traumatismo cranico-encefalico
Lesão estrutural ou fisióloga no cérebro induzida traumaticamente por uma força externa, acompanhada
de várias alterações imediatas:
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Sequelas NP do TCE:
•Alterações da personalidade:
➢ Podem não estar proporcionalmente relacionado com a gravidade do TCE. TCE não foi muito
grave, não teve muito em coma, amnesia curta mas mesmo assim sofreu uma profunda alteração
da personalidade.
➢ Frequentemente o doente não tem insight.
➢ A principal estrutura afetada perante uma alteração de personalidade é o lobo frontal. Com o
balanço de um acidente por exemplo, pode afetar o lobo frontal.
Fase aguda:
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Psicose no TCE:
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A psicose em si é um fator de risco para um TCE, ou seja, é possivel que o doente já tenha uma psicose
antes, e so depois do TCE se verifica a psicose, por outro lado, pode haver uma predisposição genetica
para psicose e o TCE é um fator que despoleta.
• DEPRESSÃO
• MANIA
• ANSIEDADE
Alguns doentes podem ter uma alteração da linguagem, e não conseguem expressão os seus estados
deprimidos.
➢ Quando se faz a avaliação do doente é necessário ter em conta estes aspetos. Flashbacks,
pesadelos à noite sobre o acidente, perceber de onde estão a vir os sintomas, o que pode estar a
suscitar os sintomas.
➢ Efeitos subagudas: horas, semanas após o traumatismo
Um doente que apresente estes três sintomas, é mais provável que venha a ter depressão major.
Pseudopsicopatico:
AVC
Um avc de grandes dimensoes pode resultar em sequelas catastroficas, mas por outro lado pode haver
um avc pequeno numa zona estrategica, por exemplo no tálamo! Se afetar uma area nobre onde passe
muita informaçao pode levar a sequelas muito graves. Ou pode haver multiplos enfartes como na
demencia vascular.
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Alteração de personalidade: É insidioso, cognitivamente o doente pode não estar grosseiramente afetado
e pode passar despercebido num mini mental, por exemplo. Pode ser um prelucio da demencia vascular.
É semelhante ao TCE.
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EPILEPSIA
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Hoje em dia não se conseguiu demonstrar alterações da personalidade resultante de epilepsia, mas
historicamente havia um síndrome de geschwind que
descrevia a personalidade do epilético.
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Rastreio quando se altera a medicação, ou pelo menos uma vez por ano.
PERT NEURODEG
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2ª AULA 08/02/2023
diferentes défices, em tdos os
doentes de esquizofrenia
associadas a redes diferentes no
cérebro
Todas as doenças psiquiátricas costumam aparecer no inicio da idade adulta por volta dos 20 anos.
Estudos de alto risco genético: uma criança sem sintomas, com pais com doenças psiquiátricas major, com
esquizofrenia ou doença bipolar, a criança esta com elevado risco genético, apesar de não ter sintomas.
Se fizermos uma avaliação neuropsicológica a estas crianças, vamos perceber que há diferenças entre
estas crianças e outras crianças sem risco genético! So o facto de ter uma carga genética em risco, já se
detetam diferenças neuropsicológicas quando comparadas com crianças saudáveis, os cérebros daquelas
já é diferente, já as predispõe para essas doenças.
Estudos de cohort (esquecendo o risco genético!) pegamos em 100 crianças e fazemos um estudo ao
longo da vida desde que nascem ate a idade adulta e vamos ver o que as distingue entre aquelas que tem
doenças psiquiátricas e as que não tem. Mas este tipo de estudo é muito caro, envolve muita logística. So
é possível em países com sistemas standardizados de crianças que já fazem avaliações nas escolas por ex.
Estudos de recenseamento: vamos ver as crianças que fazem exames deste tipo nas escolas por ex.
Estudos retrospetivos: vamos ver adultos já diagnosticados com esquizofrenia e vamos ver como é que ele
era no passado. --- COMO?! Pegamos
em 100 doentes com esquizofrenia e
tentamos arranjar relatórios de
performance na escola, académica,
alguma avaliação psicológica que
tenham feito, depois pegamos noutro
grupo de controlo com as mesmas
características demográficas etc, e
comparamos, olhando para tras, os que
tinham esquizofrenia antes, já tinham
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sido referenciadas por exemplo para o psicólogo etc. Vários estudos tentaram elucidar que fatores do
neurodesenvolvimento estão associados a doenças mentais:
•Estudos de alto risco genético:Exemplo: criança saudável mas com pais com uma doença bipolar. A
criança tem um risco genético de ter a doença. A avaliação neuropsicológica antes dos sintomas lá estarem
pode haver diferenças com crianças sem risco genético.
•Estudos de cohort: 100 mil crianças, seguidas durante anso e ver o que acontece. Algumas vao ter
esquizofrenia, p.e. Ao acompanhar este grupo vamos ver o que as distingue.
•Estudos de recenseamento: Ver todas as crianças que fizeram uma avaliação quando entraram na escola.
Utilização de dados já recolhidos por outra pessoa, sistema, instituição.
•Estudos retrospetivos: Crianças que já desenvolveram esquizofrenia e ver se antes havia algum problema
ou algo detetável.
1. Problema teórico: ambiente versus genes (+ nos estudos de alto-risco). Será que o ambiente
também influencia? Os estudos de genes monozigóticos separados à nascença, desenvolvidos em
ambientes diferentes, comprovam isso.
Outra dificuldade na qualidade dos resultados nestes estudos é a idade no momento de avaliação. Porque
o perfil da criança mudam imenso, por ex uma criança de 5 anos e outra de 7 anos, quando comparando
com adultos entre os 45 e os 47 anos! Não se pode comparar aquelas crianças a nível neuropsicológico!!!
As crianças têm de ser todas avaliadas em momentos específicos!!!!
2. A idade no momento da avaliação: as crianças num curto espaço de tempo, o seu perfil
neuropsicológico, muda drasticamente. A grande quantidade de crianças que seguimos têm de
ter a mesma idade.
Os dados normativos têm uma certa variabilidade. E os resultados podem ter alterações tao subtis que
podem ser desvalorizadas, despercebidas.
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Quando comparamos duas crianças, uma que não vai ter DPM e outra que vai ter, esta que vai ter já tem
um perfil neuropsicológico diferente da criança saudável.
3. Qual a trajetória normativa? Os dados normativos têm uma variabilidade, as alterações podem ser
tao subtis que ainda estão dentro da distribuição da normalidade e podem passar despercebido.
Tipicamente, as doenças psiquiátricas major so se diagnosticam na idade adulta, mas há crianças que
manifestam sintomas clássicos, que revelam claramente a doença. A distinção entre idades do ponto de
vista científico não quer dizer nada, é artificial. Há alterações neuropsicológicas em crianças, durante o seu
neurodesenvolvimento, associadas a mais tarde desenvolverem outras patologias. É um argumento a favor
de que algo se passa durante o neurodesenvolvimento, que mais tarde perante certos elementos (p.e.,
elementos stressores) leva a ter doenças.
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Causas de Esquizofrenia:
A disfunção aparenta ser estável. Não é comum um doente com esquizofrenia deteriorar, apenas quando
há consumo de drogas, hábitos de vida pouco saudáveis que levam a uma deterioração cognitiva.
Estes défices
Há perfis diferentes:
Pessoas que ainda não têm sintomas, mas têm alto-risco – alto risco
Perfil neuropsicológico quando estas pessoas têm o primeiro surto psicótico – primeiro surto
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Ponto de vista
funcional: com RMf:
vemos
hipometabolismo nas
áreas pre frontais!
Áreas da memoria de
trabalho!
Há uma concordância
entre estrutura de RMf e
avaliação
neuropsicologia
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O doente mais psicótico não é o doente que tem maior disfunção cognitiva!!!!
Não parece haver uma correlaçao direta da
disfunçao cognitiva com a ocorrencia dos
sintomas.
Doença cronica:
Tendem a ter uma performance pior em situações de dupla tarefa – défice do executivo central
Estudos de exame de analise estrutural vemos que: Doentes com esquizofrenia vs sem esquizofrenia
Concordância entre os achados neurops. Com a a teoria neuropsicol. E com os achados de imagem
estrutural e funcional. Concordância que apostam na hipóteses de défice do executivo central nos doentes
com esquizofrenia na fase cronica. Se calhar não é um défice específico
Primeiro surto psicótico: parece afetar os mesmos domínios, memoria de trabalho principalmente
Gravidade dos défices: alto risco mas sem psicose têm os menores défices; primeiro surto têm défices;
doentes cornicos não se sabe bem se têm os mesmo défices ou não.
Há deterioração? Gravidade dos sintomas? Mais psicose não é igual a mais défice cognitivo
Curto prazo, 1 a dois anos apos o inicio da psicose os défices são os mesmos, não há progressão dos
défices. Vs. A longo prazo, alguns estudos dizem que há progressão dos défices cognitivos mas fatores a
ter em conta, nomeadamente fatores ambientais.
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As pessoas apresentam um viés negativo: a nível de atenção interpretação e memoria as pessoas tem
tendência a favorecer estímulos de caracter negativo!
Apresentando à pessoa com depressão uma lista de palavras e metade tem um caracter emocional
negativo, por ex: tristeza, culpa, dor, etc; a pessoa vai recordar primariamente estas palavras! Tem mais
tendência a dar uma carga negativa a estímulos neutros. O doente com depressão tem um filtro nas suas
funções cognitivas e tudo o que forem estímulos congruentes com a tristeza vao ser mais facilmente
processados.
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TRATAMENTO tanto com medicação como com psicoterapia: reverte estes défices (apesar de poderem
ficar alguns residuais, os chamados de “traço”)
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Quando o SN parassimpático está muito ativo, a diferença de tempo entre cada batimento cardíaco
diminui. Estudos de biofeedback, com uma app no tlm, e dá um score, ou que estas muito stressado ou
muito relaxado, e a medida que o aparelho mede a pessoa vai fazendo exercícios de mindfulness.
Fitas que se compram na amazon para EEG para fazer biofeedback. App: elite HRV mindfulness.
✓ PERTURBAÇAO BIPOLAR
Demência fronto-temporal é a
demência em que as pessoas começam
com dificuldade de interpretar
expressões faciais, ainda antes da
desinibição etc. O que se assemelha a
pessoa com doença bipolar. Mas uma é
pela degeneração, e outra pelo
neurodesenvolvimento.
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Por ex: uma pessoa com episodio de doença bipolar, dorme muito pouco, e sabe-se que a privação de
sono leva a demência.
Os efeitos da medicação confundem os resultados cognitivos, por ex, pelos efeitos sedativos da
medicação.
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1. Comportamentos habituais, o cérebro não deteta algo que seja inesperado, exige pouca energia,
mas o comportamento é adaptado apenas a uma função especifica, por exemplo quando estamos
a conduzir. O cérebro utiliza muito pouca energia e está a agir envolvendo estruturas do cerebelo,
núcleos da base, k repetitivos etc.
2. Quando acontece algo inesperado, tem de haver uma mudança do sistema de hábito para um
sistema mais sofisticado mas lento tb, do comportamento dirigido a objetivos. Envolve mais
estruturas do CPF.
3. Modo default modenetwork: modo standby. Quando a pessoa está sentada, a olhar para a janela,
ou no tlm a fazer algo muito básico ou muito automático, em estado day dreaming → quando
ativamos este modo, estamos a recordar o passado, a projetar no futuro, etc. HABITOS
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✓ ENVELHECIMENTO COGNITIVO
▪ Demências
▪ Perdas de capacidade cognitivas
▪ Gravidade suficiente
▪ Para interferir na funcionalidade
▪ Como perda de autonomia
▪ Alterações na memoria
▪ Irritabilidade
▪ Consciência alterada
▪ Orientação alterada
▪ Alterações no humor
Em qualquer idade e na sequência de qualquer etiologia. A pessoa pode ficar demente apos um tce aos
30 anos.
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o Sem outros sinais neurológicos: Doença de Alzheimer. Doença de Pick. Demência Frontal (fronto-
temporal).
o Com outros sinais neurológicos: Doença dos núcleos da base; Doença espinocerebelosa.; Distrofia
muscular.
Demência fronto-temporal
Demências primarias não temos uma causa conhecida (degenerativas) – distinguir as que não tem outros
sinais neurológicos para alem dos cognitivos, das que tem outros sinais neurológicos que resultam
habitualmente de lesões que não são so corticais.
Importância dos sinais, sintomas e história clínica (é uma situação progressiva ou houve um episodio qq
em que houve um grande decaimento: por ex avc, infeção. Testes neurofisiológicos, neuropsicológicos
(obrigatório) tem sensibilidade e especificidade tao boa como os neurofisiológicos, imagiológicos e
genéticos.
É importante valorizar sempre o nível pre mórbido. A pessoa pode não demonstrar défices consideráveis
nos testes, mas comparando com o nível pre mórbido pode haver fatores relevantes para o diagnostico
Sinais e sintomas
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Sinais e sintomas:
• Sintomas motores.
• Sintomas cognitivos:
o Memória: dificuldade de aquisição, esquecimento, distorção
o Atenção: desatenção, falta de concentração
o Linguagem: anomia, alt fluência, agramatismo, def compreensão
o Orientação
o Programação motora: apraxia
o Funções executivas: dificuldade de julgamento, tomada de decisão, inflexibilidade
cognitiva
o Capacidade visuo-espacial
• Sintomas comportamentais e psicológicos:
o Agressão
o Agitação
o Ansiedade
o Depressão
o Desinibição
o Alterações do ritmo circadiano e perturb. sono
o Delírios
o Alucinações
✓ PERTURBAÇÕES NEURODEGENERATIVAS
Perturbações caracterizadas pela degenerescência progressiva da estrutura e da função
do sistema nervoso central e/ou periférico.
• CARACTERISTICAS COMUNS:
Instalação e Evolução:
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Características:
Genética:
À exceção da doença de Huntington que sabemos que é mutação genética, nas outras doenças
podem ser herdadas ou adquiridas, instalação insidiosa, significa que começa num sítio e se vai
alastrando.
4 estadios de sinais de imagem microscópicos: morrem neurónios. A glia prolifera para tentar
limpar os depósitos que deixam os neurónios que morrem quando há uma atrofia, após morte dos
neurónios, há sempre sintomas.
NAS FORMAS FAMILIARES (doenças herdadas) a doença surge uma década antes das
formas esporádicas. (quando a doença é causada por uma mutação aparece mais cedo, em regra!)
▪ o que dificulta o diagnostico diferencial é a variabilidade fenotípica: casos com a mesma mutação,
mas com apresentação fenotípica diferente!
▪ Podem coexistir características de mais de uma perturbação por ex. ELA e/ou DFT
▪ Temos um marcador biológico para a doença de alzheimer propositadamente
▪ Marcadores neuropatológicos evoluem com o tempo porque a perna neuronal também evolui com
o tempo.
o Em fase inicial, para fase de diagnostico, são mt importantes os sintomas, conhecer história
clinica ou ter evidencia da localização dos primeiros marcadores de atrofia.
NEUROPATOLOGIA
Uma coisa em comum em todos estes casos é o acumular de proteínas anómalas.
“ubiquitina” é um marcador para as células saberem quais são as proteínas anómalas. A partir dos 60 quase
todas as pessoas tem deposito de células amiloides mesmo sem terem doença de alzheimer.
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Diagnóstico:
Neuropatologia:
• Agregados proteicos:
o no núcleo, inclusões como a Huntingtina mutante e ubiquitinada.
o no parênquima e nos vasos, no envelhecimento e em DA, acumulação de Aß.
o nos neurónios, na DP e na DCLewy, acumulação de alfasinucleina ubiquitinada (corpos de
Lewy).
o nos neurónios, na DA, novelos neurofibrilhares de Tau.
o nos neurónios, inclusões de proteina Tau ou corpos de Pick (tau e ubiquitina).
➢DOENÇA DE ALZHEIMER
Causa mais frequente de doença primaria em pessoas com mais de 50 anos.
Atrofias nos núcleos de meynert (que produzem….); núcleos ….; e núcleos de Raph (serotonina)
Tudo o que diminua a função do sistema nervoso vai funcionar como fator de risco. Fatores de risco
vascular poem em risco a pessoa para que os sintomas das doenças se manifestem mais rapidamente.
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1ª fase: quando já há uma p. cognitiva major, o primeiro sinal para a família é falhas de memoria para factos
recentes e falhas no reconhecimento de familiares, perda de noção do tempo, dificuldades de nomeação
de objetos do dia a dia e familiares próximos.
Usam-se muito os critérios, para alem do DSM V, critérios de associações americanas NINCDS-ADRDA
2005, mas hoje sabemos que a px pode estar com doença de alzheimer e ter uma pontuação normal no
teste.
Pre clínico: a px tem queixas mas quando mete não se ve nada. No pre clinico a px já deve ter alterações
na quantidade placas de amiloide e de novelos de TAU. Diagn diferencial: analise de marcadores de
sangue. Imagiologia: estrutural: TAC, RMN (incluindo volumetria do hipocampo), funcional: quais são as
áreas cerebrais metabolicamente ativas;
• 1º: Incapacidade de formação de novas memórias (Memória Episódica) que traduz o envolvimento
da face interna do lobo
• Temporal.
• Afasia-Apraxia-Agnosia-Déficit de abstração, não obrigatoriamente por esta ordem
• Sintomas neuropsiquiátricos: >60%; apatia, ansiedade, depressão, agitação; delírios; alucinações.
• Perda da funcionalidade e perda de autonomia.
o Fase Inicial: falhas de memória para factos recentes, falhas no reconhecimento de familiares;
Desorientação em espaços pouco conhecidos e depois mesmo nos conhecidos; Perda da
noção do tempo; Alterações de linguagem começando por anomia; Dificuldade na
resolução de problemas; Alterações na personalidade, na vida social e no arranjo pessoal;
Perturbações do humor, ansiedade e depressão e depois apatia.
o Fase mais avançada: alterações cognitivas acentuam-se e surgem apraxia, agnosia; a afasia
acentua-se; distorções percetivas; delírios; agressividade; deambulação; perturbação do
ciclo sono-vigília.
o Fase terminal: inércia; incontinência; perda da marcha e da postura ereta; deixa de reagir a
estímulos; estado vegetativo.
Avaliação:
• História clínica e evolução dos sintomas: início, tipo, frequência e evolução
• Testes de diagnóstico clínico
• Avaliação cognitiva
• Avaliação funcional
• AVD/AIVD
• Sintomas Psicopatológicos/Psiquiátricos
• Testes de diagnóstico clínico. Exclusão de causas conhecidas de demência:
o Hemograma- exclui anemia
o Electrólitos no plasma- exclui hipercalcémia
o TSH- exclui hipotiroidismo
o Glucose – exclui hiperglicémia
o Vitamina B12- exclui deficiência vitamínica
o Neuroimagem- diagnóstico diferencial
• Marcadores de patologia:
o Análise do líquor (LCR): ↓Aß 42, ↑T tau e p tau.
o Histopatologia: placas de amilóide e novelos neurofibrilares (> esperado para idade).
Imagiologia:
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Avaliação Cognitiva:
• Testes breves.
• Escalas de demência.
• Baterias.
• Conjuntos de testes.
Perfil Neuropsicológico:
Interesse do Diagnóstico:
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3 sindromes associados: a px ao longo do percurso pode ter uma e depois ter outra.
✓ DEMÊNCIA FRONTO-TEMPORAL:
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✓ DEMÊNCIA SEMÂNTICA
• Sintomas essenciais para o diagnóstico:
o Início insidioso e progressivo
o Discurso espontâneo fluente progressivamente vazio de conteúdo
o Defeito de compreensão de palavras e parafasias semânticas e/ou
o Prosopagnosia e/ou agnosia associativa
o Emparceiramento visual mantido
o Repetição de palavras mantida
o Leitura em voz alta e escrita de palavras por ditado, mantida
• Sintomas que apoiam o diagnóstico:
o Discurso e linguagem: discurso ininterrupto, sem parafasias fonológicas
▪ alexia e agrafia de superfície
▪ Cálculo mantido
o Comportamento: diminuição da empatia
o Sinais neurológicos: ausência de reflexos primitivos contralaterais, acinésia
tremor e rigidez.
• Investigação: neuropsicologia – perda de informação semântica, fonologia mantida
o EEG- normal
o Estudos de imagem estrutural/funcional – alterações no lobo temporal
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DOENÇA DE PARKINSON não vamos aprofundar na aula, o diagnostico como é feito mais com
base em sintomas motores acaba por não ter tanta importância para a neuropsicologia, apesar de em
termos cognitivos vermos alterações nos domínios visuo-espaciais, memoria de trabalho, podemos usar
provas de inibição!
✓ DEMENCIA DE CORPOS DE LEWY o que chama mais a atenção são as alucinações visuais
que não tem nada a ver com as alucinações psiquiátricas. É um quadro a meio caminho entre
parkison e doença de alzheimer o que nos ajuda a distinguir é a avaliação se as pessoas
apresentarem logo de inicio os três sintomas principais. Se não mostrarem, podemos avaliar as
flutuações na cognição, variações na atenção muito grandes em curto espaço de tempo,
alucinações visuais recorrentes e bem formadas e a pessoa tem critica. Quedas repetidas,
diferentes do Parkinson, grande defice nas competências visuo espaciais, defice executivo superior
ao defice de memoria.
▪ Queixas
▪ História clínica: evolução dessas queixas.
▪ Perceber se há uma patologia que esteja a afetar o SNC, por ex diabetes, sódio;
imagiologia: TAC para excluir outras causas, tal como as analises.
▪ Quando começamos a avaliação: para diagnostico diferencial por ex entre demência
fronto temporal ou alzheimer.
Aula 15/02/2023
Vai mais além de que fenómenos físicos que não são criados pela lesão, são relacionados com aspetos
psicológicos.
✓ O QUE É A DOR
30% da população mundial vive com dor crónica. Mulheres vs homens: quem sente mais dor?
Alerta, frustrante, desvaloriza-se, habitua-se. A dor é uma sensação e é tb uma emoção. Se fosse so uma
sensação não teria o efeito protetor, por exemplo de nos alarmar que algo está errado, quando batemos
com o braço, temos dor, para não continuarmos a mover o braço num comportamento disfuncional. A dor
aguda tem um propósito de sobrevivência. É uma experiência desagradável, e normalmente associada a
uma lesão. Mesmo que não haja uma lesão clara, o cérebro pode criar essa sensação. Temos de estudar a
dor em duas populações que não são capazes de exprimir a dor, por ex crianças e recém nascidos, e
idosos com demência. Como é que se avalia a dor nestas populações incapazes de verbalizar? Os recém
nascidos prematuros tem uma repercussão importante em crianças que terão dor crónica, porque ficam
expostos mais precocemente a procedimentos que infligem dor.
Algumas teorias da dor, não é preciso saber com profundidade para a frequência:
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A) Descartes
B) Melzack e Casey
C) Modelo de Craig (a dor é uma emoção homeostática – a função é restabelecer o equilíbrio)
D) Fields (dor como sinal de aprendizagem e motivacional)
30% da população mundial vive com dor crónica, mais do que o cancro, que as doenças cardiovasculares
e que diabetes. Traduz-se num gasto financeiro e num sofrimento.
• A dor é sempre uma sensação e é também uma emoção, ou seja, se fosse só uma sensação ela não
teria um caracter protetor, que serve para nos avisar que algo está errado e que é nocivo para o
nosso organismo (p.e., que algo nos está a queimar).
• A dor está associada a uma lesão mas nem sempre é assim.
Vias de transmissão da dor: espinotalamica temos 6 vias distintas, e uma divisão entre o cingulo e a insula,
porem estas duas estruturas não são exclusivas da dor.
Modulação da dor: modificação da experiência da dor, todos sentimos a dor em função das nossas
características, é sempre uma construção subjetiva. Todos nós em cada momento estamos a sentir dor,
por ex. qual é a necessidade para mudarmos de posição? Porque fica desconfortável porque precisamos
de balancear a carga sobre os músculos articulações etc., fazemos isso automaticamente e não de forma
consciente.
• Transdução – Nocicetores
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o P.e., pode haver doentes com mais recetores ou doentes que não têm os recetores a
funcionar de forma adequada.
• Transmissão – Vias da Dor
• Modulação – Modulação da Dor:
o Modificação da experiência da dor.
• Perceção – A experiência da Dor
o Avaliação da dor.
• A dor é uma experiência modulada por diferentes áreas cerebrais que são ativadas de forma
seletiva, dependendo das diferenças nesses fatores (não é resultado de uma matriz de ativações
estática, como proposto inicialmente).
✓ MODULAÇÃO DA DOR
Se eu conseguir ter um ambiente com música mais agradável pode ter um efeito mais benéfico para o
doente não sentir tanta dor.
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Melzack e Wall 1965 → teoria do portão: a dor não é igual à lesão. Ou sentimos a dor mais intensa, ou
fechamos o portão e não deixamos os inputs dolorosos ascender. Na espinal medula há logo um filtro dos
estímulos dolorosos que são processados.
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Modulação emocional: sistema apetitivo / sistema defensivo (o que estas emoções negativas fazem à
modulação da dor são mais difíceis de antecipar. As vezes são tao más que ficamos em choque e não
sentimos dor, não temos noção da dor). Analgesia induzida pelo stress.
Social Pain Theory: as questões sociais têm um impacto muito maior na modulação da dor do que as
emoções negativas no geral. O nosso sistema consegue utilizar o cíngulo anterior e a insula anterior para
proceder quer um estimulo doloroso físico quer um estimulo doloroso social!
Alguns autores sugerem que de entre os diversos fatores emocionais, as experiências de sofrimento social
poderão ter um papel mais importante na modulação da dor (Social Pain Theory).
• O sofrimento que resulta da perda ou ameaça de uma relação social significativa (Eisenberger et
al., 2003).
• As questões sociais têm um impacto muito maior na dor do que as emoções negativas. As
dimensões sociais são mais relevantes do que as dimensões negativas no geral.
• O sistema de vinculação poderá ter cooptado os recursos do sistema de dor para sinalizar
potenciais riscos para o indivíduo, utilizando para tal a Insula anterior e o cíngulo anterior.
• Estudo: Does Rejection Hurt? Na fMRI Study of Social Exclusion de Naomi et al. (2003).
✓ DOR CRÓNICA
Se persistir por mais de 3 meses transforma-se em dor cronica e começa a ser o problema em si, não se
consegue ignorar. A definição baseada no tempo tem se mostrado em neurociência como uma definição
muito básica! Apkarian foi dos primeiros autores a falar da matriz de dor, que áreas do cérebro se ativam
quando sentimos dor, é pouco estático. Continuou a estudar a dor e hoje em dia a definição que ele
defende é que esta associada a memoria, sem ser capaz de distinguir a memoria da dor, o problema é a
memorização do evento físico, a memoria em si.
A dor depende de vários fatores: lesão, psicológicos: pessoas com depressão tem mais prevalência de
sentir sintomas físicos, stress, catastrofização: pensamentos relacionados com o quão terrível um
acontecimento é envolvendo sensações de desamparo. Fatores sociais, culturais económicos, etc. fatores
de risco associados a maior probabilidade de vir a ter dor cronica.
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p. ex. doentes de fibromialgia: ao estudar o musculo vemos que tem alterações na mitocondria, na
periferia, e é a isso que chamamos de sensibilização periférica, por ex, quando apanhamos um escaldão
os nossos nociorecetores são variáveis, e podem expressar-se mais ou menos.
Sensibilização central tem a ver com o funcionamento da espinal medula. Por ex: dores articulares na mão,
com alterações na espinal medula, esta consegue enviar mais sinais para as vias ascendentes; sendo que
as vias descendentes tb se alteram.
Reorganização cortical: Uma pessoa recebe um estímulo doloroso e o córtex processa esse estimulo de
forma diferente do que se fosse uma pessoa com dor cronica.
px ligada a RM aplicamos um estímulo doloroso, a maior parte de nos sente dor a 47 graus por ex, e essa
pessoa já sente dor ao 42. Vemos que tem mais ativações no cíngulo e insula anterior. A fadiga tb vem
muito associada a dor. O cérebro a dizer que estamos cansados, para que a pessoa se proteja dos
estímulos dolorosos.
• A dor crónica é uma dor que persiste ou mantem-se durante mais de 3 meses. Este tipo de dor, em
alguns pacientes, torna-se no problema clínico predominante (Treede et al., 2019).
• “A dor crônica é uma persistência da memória da dor e/ou a incapacidade de extinguir a memória
da dor evocado por uma lesão inicial” (Apkarian, 2008).
• Filligim (2017):
➢ A prematuridade é um fator de risco, é uma adversidade precoce. O SNC está a maturar, logo, se
somos sujeitos a situações adversas, doenças na infância ou a nível emocional estamos em maior
risco de ter dor cronica no futuro. Desta forma, o sistema emocional desenvolve-se com aquilo que
tem.
o Doenças físicas na infância também é um fator de risco
➢ Fatores de risco neuroanatómicos (Vachon-Presseau et al., 2016):
o São as ligações corticolimbicas de substância branca que estão associadas à predisposição
para ter dor crónica (e não as relacionadas com o processamento da dor). De entre as três
conexões, a primeira para ser a crucial:
▪ Córtex pré-frontal dorsal medial-amigdala-accumbens.
▪ Córtex pré-frontal ventral medial-amigdala.
▪ Córtex orbitofrontal-
amigdala-hipocampo.
▪ Assim como o menor
volume da amígdala
o Os dois fatores destacados
independentes representam 60%
da variância na dor persistente.
o Os polimorfismos dos genes de
opióides a o humor negativo
parecem ter um impacto indireto
nestes circuitos associados ao risco.
Prematuridade: adversidade na forma precoce! O SNC está a maturar e a aprender a lidar com estímulos
exteriores, se tem de lidar com situações adversas, stress parental, procedimentos dolorosos, está em
maior risco de desenvolver dor cronica no futuro → o SN desenvolve-se com as experiências que a pessoa
tem, desde que nasceu!
Alterações nos sistemas cortico-limbicos: CPF dorsal medial amígdala acumbens px com redes ativadas
de forma mais especial, com mais intensidade e maior impacto e necessidade de modificar.
Duas pessoas com a mesma lesão, uma pode ter maior risco de vir a desenvolver dor cronica precisamente
pelos ANTECEDENTES NEUROANATOMICOS (ver ppt) !!!
4 FASES:
1. Predisposição
2. Lesão ou acontecimento desencadeador
3. Período de transição (sobretudo em áreas emocionais no cérebro, sentimos a dor mais subjetiva,
desagradável e relevante)
4. Fase de manutenção (se tivermos dor e não a conseguimos tratar, a pessoa que no final vai ser
completamente diferente do que era → encontramos aqui muitas pessoas com alterações
neuropsicológicas) a dor passou a ser o fator que mais regula o comportamento do individuo e
tem mais dificuldade em ativar os circuitos motivacionais do que antes!
1. Predisposição (fase saudável)
2. Lesão ou acontecimento desencadeador (transição da fase
saudável para a fase de dor aguda)
3. Período de transição (fase de dor sub-aguda)
a. As áreas emocionais tornam-se mais eficazes.
b. A dor começa a ser o fator que mais regula o
comportamento.
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Outra opção é ajudá-las a perceber como é que é a dor, como é que a dor é processada - Artigo de
Moseley.
1. Prognóstico (fazer intervenção com pessoas recém diagnosticadas é muito importante porque
a margem para melhorar é muito maior, do que com alguém com dor há muitos anos)
teoricamente eu posso ter dor cronica e deixar de ter, mas a questão é o tempo, como é que
o cérebro reverte isso? Como é que deixo de dar importância a determinadas coisas que dava
importância sempre? O mesmo se passa com os toxicodependentes, não basta apenas a força
de vontade, o cérebro desenvolveu-se ao mesmo tempo que o indivíduo consumia a
substancia.
2. Nociceptivo
3. Preventivo
4. Diagnostico
É importante ajudar a perceber o que é a dor, “explaining pain” Moseley , explicar a dor a pessoas de
diferentes níveis socio económicos. Como é que os fatores emocionais se encaixam aqui?
Dor crónica como persistência da memória de dor: Cognição e manutenção da dor crónica
O cérebro aprende tao bem que aprende bem para o mal. Isto é, quando é exposto a muitas situações de
dor, associa situações que não são dolorosas a situações de dor (Pavlov).
Uma parte da dor cronica vem destas expectativas que o nosso cérebro vem construindo! Por ex na
amputação do membro, já não está lá mas a pessoa continua a sentir dor nesse local como se ainda tivesse
o membro.
O doente com dor cronica tem dificuldade na tomada de decisão, flexibilidade cognitiva, atenção e
memória. (ligeira diminuição do desempenho!) → a cognição é um fator central da dor!!!!
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TEORIAS:
o Neuromediadores associados à dor cronica;
o Recursos limitados: se eu tiver com dor e me pedirem para fazer cálculos e tarefas de
concentração vou ter um pior desempenho;
o Neuroplasticidade: dor cronica continuada menos recursos para fazer tarefas cognitivas pq
modifiquei os meus circuitos.
MEMÓRIA DA DOR:
Caso HM → HM não tinha dor. Não tinha analgesia congénita!! Tinha reflexos relativamente à dor, mudava
de posição, afastava se de estímulos dolorosos, mas não construía memorias de dor!!
Amígdala e hipocampo permitem a consolidação das memorias quanto mais emocionais elas forem
(acontecimentos de stress ou dolorosos).
Houve mais dois casos em que as pessoas ficaram com amnesia e deixaram de sentir dor.
Por ex, quando mudamos de casa e começamos a bater mais nos objetos, enquanto na casa onde vivíamos
há imenso tempo já não batíamos em nada.
Memória da Dor:
• De acordo com esta hipótese, a dor é aprendida por mecanismos de condicionamento
(associações entre dor e estímulos neutros, não-nocivos).
• Assim, estímulos de natureza externa (pistas externas) neutros poderão ser associados à dor,
tornando-se assim estímulos condicionados. Quando o indivíduo é exposto aos mesmos
posteriormente poderá relembrar as suas experiências de dor, sentido de forma intensa estímulos
que deveriam ser neutros.
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✓ PERFIL NEUROPSICOLOGICO
Teoria bayesiana → Bayesian brain hypothesis
A nossa perceção da dor depende de dois elementos: das nossas expetativas e dos condicionamentos
que recebemos. → Não são conscientes!!!
Ativação da insula e do cingulo anterior Porque aconteceu algo concreto onde ocorreu a lesão,
podem ser mais visíveis ou mais amplas ou menos, mas são
inputs que estão a chegar! Se a pessoa for boa a medir a
dor, e há paradigmas experimentais para medir!; e outro
paradigma para o condicionamento por exemplo com cores
que mostra quem é que fica mais apegado as expectativas.
As pessoas que tomam um fármaco x e melhoram e outras
que não melhoram → as que não melhoram são as que se
desviam mais para os sinais de condicionamento, e as que
melhoram mais estão mais próximas dos sinais sensoriais
ascendentes.
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Uma componente importante aqui é a componente funcional da cognição, que escapa a avaliação
neuropsicológica típica.
FUNÇÕES EXECUTIVAS são a outra dimensão que parece mais envolvida nestas alterações cognitivas em
doentes com dor cronica.
PERFIL NEUROPSICOLÓGICO:
• A cognição: das queixas dos doentes às evidências:
o As queixas cognitivas estão entre as queixas mais frequentemente relatadas pelos
indivíduos com dor crónica e estes problemas têm um impacto na vida real. Os doentes
queixam-se fundamentalmente de “esquecimentos” e falta de concentração.
o As alterações cognitivas na dor crónica têm sido reportadas em diversos estudos (Fisher,
2002; Kaye & Urman, 2011; Turk & Gatchell, 2002).
o Estas alterações parecem ter relação com as redes neuronais que se sabem apresentar
alterações estruturais, funcionais e neuroquímicas na dor crónica, e que são comuns quer à
dor quer ao desempenho cognitivo (Elliot, 2003; Seminowicz & Davis, 2007; Wiech et al.,
2005).
o Por outro lado, a dor perturba a atenção e consome recursos cognitivos que poderiam ser
utilizados noutras tarefas cognitivas.
o A dor interfere com as tarefas cognitivas, mas há algumas evidências de que os doentes
estão mais suscetíveis a distratores mesmo quando estes não envolvem estímulos
dolorosos. Isto acontece sobretudo em tarefas complexas e não nas automáticas.
o É possível que no dia-a-dia os doentes sejam frequentemente “interrompidos” pela dor
clínica.
o Sintomas depressivos, utilização de antidepressivos, e ansiedade relacionada com a dor
estavam associados a queixas cognitivas (McCracken et al.).
o Depressão fadiga, funcionamento físico, catastrofização, entre outros fatores também se
associavam às queixas cognitivas (Roth et al.).
Alterações neuropsicológicas:
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FUNÇÕES EXECUTIVAS:
Como sabemos, o conceito de FE é complexo, envolve muitos componentes cognitivos (e não há acordo
sobre quais são os devem ser considerados nem sobre a forma específica como devem ser avaliados).
Também aqui há o problema do controlo das variáveis confundidoras (como a medicação e sono, por
exemplo). Estas questões, muito importantes em termos de investigação, poderão não ser as centrais em
termos clínicos. Em contexto clínico importa sobretudo caracterizar e compreender o funcionamento
cognitivo de cada indivíduo, bem como o impacto de eventuais limitações na sua vida real.
Utilizaram conceptualizações das FE associadas ao trabalho de Hofmann, Schmeichel, & Baddeley, 2012;
Miyake & Friedman, 2012; Miyake, Friedman, et al., 2000:
Exemplo – Fibromialgia:
A psicoterapia aumenta as redes no córtex pre frontal e vai ajudar a modular a dor tb: envolve o aumento
de controlo, aumento da capacidade de desfocar dos estímulos dolorosos.
• Apesar do grande avanço nos últimos anos sobre os mecanismos da dor e, em particular, da dor
crónica, este conhecimento ainda não se traduziu em semelhante avanço nas terapêuticas.
• Classicamente, as intervenções Cognitivo-Comportamentais e o Exercício Físico são consideradas
as intervenções com maior eficácia nas condições em que a etiologia da dor é desconhecida ou
não tratável diretamente.
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AULA 22.02.2023
Atenção
Para além de um problema conceptual existe um problema funcional. Como separar a atenção dos
processos com que interage, nomeadamente, com a memória e o funcionamento executivo? Não é fácil
separar estes construtos. A atenção é algo muito relevante por ser alterada de maneiras distintas, sendo
que tem processos diferentes, relacionados com o funcionamento cerebral tais como doenças
neurológicas e psiquiátricas e lesões adquiridas.
A atenção é uma função neuropsicológica complexa e por isso difícil de definir. Existem muitos
mecanismos cognitivos envolvidos neste construto – não é um processo unitário. Há vario sub-processos
que intervem em tarefas percetivas, cognitivas e motoras.
Para Luria, a atenção é o processo de seleçao da informação necessária a consolidação dos programas
elegíveis e a manutenção de um controlo permanente sobre eles.
Para alem de um problema conceptual, existe também um problema funcional. Como se separa a
atenção dos processos com que interage? Nomeadamente memoria e funcionamento executivo??a
atenção pode ser alterada de formas distinistas em diferentes processos patológicos relacionados com o
funcionamento cerberal tais como doenças neurológicas e psiquiatricas e lesões adquiridas.
Abordagem histórica:
William James: atenção sensorial (dirigida pelo meio) e a atebçao voluntária (dirigida pelo próprio tanto a
estímulos externos como a atividade interna e pensamentos).
MODELOS COGNITIVOS: modelo filtro de Broadbent; Treisman: modelo de filtro hierárquico; Deutsch e
Deustch modelos de seleção tardia.
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➢ MODELOS NEUROCOGNITIVOS:
Mesulam: a atebção apoia-se numa rede cerebral altamente interconectada e organizada. Estabelece uma
dicotomia entre componentes sensoriais e motores. Em cda uma das operações de rede há sempre um
dos componentes que se destaca do outro, mas nenhum deixa de estar presente em todos os momentos.
A atenção dirigida é uma rede neural em que participam três componentes corticais:
➢ MODELOS CLINICOS
Modelos baseados na descrição fenomenológica das alterações observadas em doentes com defeitos
de atenção. Objetivo: determinar procedimentos práticos de avaliação da capacidade atencional dos
doentes, o seu impacto na vida diária e o desenvolvimento de possíveis estratégias terapêuticas.
1) É importante para saber se o doente dispõe dos recursos atencionais para podermos
continuar com a avaliação. Ex. escala de Glasgow, prova de controlo mentar de
Weschler.
2) A avaliação desta componente fornece informação sobre a capacidade do doente para
detetar e localizar estímulos do ambiente. A lentificação que sofrem os doentes com
défice neste componente faz com que aumentem significativamente os tempos de
reação.
3) A avaliação deste componente proporciona informação sobre os aspetos relacionados
com o controlo voluntários da atenção e do SAS. Os aspetos a explorar: →resistência à
interferência e capacidade de manter um padrão de resposta; → atenção dividida e
capacidade de alternar entre tipos de resposta; →capacidade para lidar com a
novidade, fazer planos de ação e gerar respostas. STROOP. TMT. WCST.
4) Simples na sua realização mas com tarefas lingas e repetitivas.
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alterações produzidas com lesão cerebral e serve como marco teórico para o desenvolvimento de
diferentes materiais e programas desenhados para a reabilitação destes doentes. Descreve aspetos
fenomenológicos dos processos atencionais. O modelo é hierárquico e cada nível requer o correto
funcionamento do nível anterior assumindo que cada componente é mais complexa do que a que
precede.
ALTERAÇÕES PRINCIPAIS:
A atenção é uma função np básica e um pré-requisito para o funcionamento de outras funções cognitivas
complexas. São indispensáveis em qualquer programa de reabilitação. Inclusive pequenas alterações nos
processos atencionais podem dificultar enormemente novas aprendizagens.
Seguindo o esquema de Sholberg y Mateer podemos antecipar as dificuldades que sofre um paciente
que tenha sofrido uma lesão que tenha afetado algum dos componentes descritos.
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• NEGLET: o doente não presta atenção à região do espaço contralateral à lesão. Não é justificada
por aspetos sensoriais ou motores. É só uma questão de atenção! A heminegligencia é mais grave
na fase aguda e vai melhorando. Em fases mais avençadas dá-se um caso menos grave de
heminegligencia “extinção”.
• O TCE é muito heterogéneo, reúne diferentes causas, gravidades e uma ampla gama de
prognostico! As alterações de atenção são prevalentes nestes grupos, juntamente com as de
memoria e FE. Problemas mais frequentes: Dificuldade em manter a atenção; aumento dos tempos
de reação; maior distratibilidade; vulnerabilidade à interferência; falta de persistência;
incapacidade para inibir respostas imediatas inapropriadas; dificuldade de atenção alternada.
• ESQUIZOFRENIA: alterações da atenção são as alterações NP mais comuns, independentes do
estado clinico! Há um défice inibitório na rede anterior.
• DEPRESSÃO MAJOR E PERT. BIPOLAR: na depressão a questão atencional implicaria os processos
controlados e não os automáticos! Há uma focalização excessiva em conteúdos depressivos
ignorando o resto dos estímulos. Alguns autores dizem que depende do estado clínico, outros que
se trata de um fenómeno estável nos três componentes do modelo do Posner.
• ENVELHECIMENTO NORMAL: diminuição da velocidade de processamento, dificuldades
atencionais e memoria de trabalho.
AULA 22/03/2023
Input visual da palavra escrita – giro angular (centro para as imagens visuais e daqui para o centro de
imagens auditivas e centro de imagens motoras sendo que no topo Telhado da casa temos o centro
ideacional para que consigamos ler e escrever de forma eficaz e sem alterações.
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Sintoma mais frequente: anomia. Queixa de linguagem dificuldade em encontrar palavras no discurso,
dificuldade em lembrar dos nomes das coisas.
As afasias de causa conhecida, com uma lesão única e circunscrita que altera aquela região e os circuitos,
pode acontecer que o défice se mantenha cronico ou dependendo de aspetos de diasquises, o doente
pode melhorar e alguns aspetos podem melhorar. Sobretudo as vasculares.
Numa doença neurodegenerativa, o doente num momento tem determinados sintomas, mas seis meses
depois a atrofia e a perda neuronal vão evoluindo, há um defeito que acaba por ser dinâmico, um conjunto
de características inicial podem parecer uma afasia de Broca, e seis meses depois os sintomas já serem
completamente diferentes. Aqui surgem as APP.
Déjerine (1891,1892):
➢ AGRAFIA PURA:
o Defeito de escrita isolado, na ausência de outras alterações da linguagem.
o Resulta da falha de acesso às representações ortográficas de letras e palavras.
▪ Afeta tanto a escrita manual, como a soletragem (oral) ou escrita (por teclado).
o Lesões do lobo parietal esquerdo, podendo também ocorrer por lesão frontal esquerda.
➢ AGRAFIA AFÁSICA:
o Defeitos de escrita surgem assemelham-se às características do discurso afásico.
o O doente apresenta um defeito generalizado de escrita com omissões, substituições e
perseveração de letras.
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➢ AGRAFIA APRÁXICA:
o Alteração da produção manual da escrita (output) → incapacidade para produzir/desenhar
as letras (símbolos).
▪ O doente quer mas não sabe como escrever.
▪ Sem alterações na escrita por teclado ou na soletragem
o Falha de acesso à memória que armazena a forma das letras ou dificuldade em desenhá-las
graficamente e combinar traços individuais no desenho de letras individualmente.
o Pode ocorrer na ausência de outras formas de apraxia (ex. dos membros ou construtiva).
o Lesões lobo parietal superior esquerdo e lobo frontal esquerdo.
➢ AGRAFIA CALOSA:
o Forma rara de agrafia, específica para a mão esquerda.
▪ Associa-se frequentemente a apraxia e anomia tátil da mão esquerda.
o Lesão da parte anterior e medial do corpo caloso, que liga o centro motor da mão esquerda
às representações das letras (no hemisfério esquerdo).
ALEXIA DE SUPERFÍCIE:
ALEXIA FONOLÓGICA:
ALEXIA DE PROFUNDIDADE:
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AGRAFIA DE SUPERFÍCIE:
AGRAFIA FONOLÓGICA:
AGRAFIA ALOGRÁFICA:
Outras alexias/agrafias:
• Alexia Espacial:
o Associada à inatenção hemispacial seletiva (neglect).
o Afeta tanto a leitura como a escrita.
o Tipo de erros mais comuns:
▪ Omissões (p.e., “pato” em vez de “sapato”).
▪ Substituições (p.e., “cato” em vez de “pato”).
• Alexia Frontal:
o Resulta da perturbação dos sistemas que sustentam a atenção mantida e a memória de
trabalho.
o O doente perde, com frequência, o sentido da leitura.
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Síndrome Clínico:
• Forma de apresentação de demência, de início precoce (< 65 anos de idade) que envolve uma
deterioração progressiva e isolada da linguagem.
o Defeito predominante durante a maior parte do curso da doença.
o Ausência ou alterações mínimas de outros domínios cognitivos/comportamentais (Ex.
memória, capacidade visuo-espacial, apatia, desinibição).
o Causada por degenerescência seletiva/focal do hemisfério dominante para a linguagem
(esquerdo).
• Sintomas (síndrome clínico): afasia progressiva mantendo intactas outras capacidades cognitivas;
demência clínica DFTvc, DA, APP.
• Localização cerebral (neuroanatomia): atrofia focal envolvendo diferentes componentes/regiões
da rede de linguagem no hemisfério esquerdo.
• Doença (neuropatologia): existem 3 famílias de patologia que podem causar a APP (DA,
Degenerescência Lobar Frontotemporal (FTLD-TAU e FTLD-TDP-43).
APRESENTAÇÃO CLÍNICA:
• VARIANTE AGRAMÁTICA:
o Agramatismo.
o Discurso laborioso com distorções e erros fonéticos/articulatórios (ex. Apraxia do discurso).
o Disfunção executiva:
▪ Controlo inibitório.
▪ Memória de trabalho.
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• VARIANTE SEMÂNTICA:
o Defeito nomeação por confrontação visual.
o Defeito de compreensão da palavra isolada.
o Incapacidade acesso conhecimento semântico/objetos.
o Agnosia associativa progressiva (extensão a domínios não verbais):
▪ Objetos e faces.
▪ Paladar e olfato.
▪ Sons não-verbais (sotaques/sons do ambiente).
▪ Sinais e conhecimentos aritméticos, e erros de procedimento de cálculo.
o Baixa memória episódica (em teste e diretamente relacionado com a perda do
conhecimento semântico e da anomia).
o Alterações socio-cognitivas primárias (Teoria da Mente, cognição social, empatia):
▪ Redução da capacidade para inferir/reconhecer intensões, crenças falsas, humor e
estados emocionais complexos.
▪ Dificuldade em compreender sarcasmo.
▪ Anosognosia.
o Alterações de personalidade: Desinibição, Rigidez mental, Alteração do comportamento
alimentar/preferências, Comportamentos ritualizados (ex. clock-watching).
o Associada à Degenerescência Lobar Fronto Temporal.
• VARIANTE LOGOPÉNICA:
o Defeito evocação de palavras (discurso/nomeação).
o Incapacidade de repetição frases.
o Parafasias fonológicas.
o Associada à DA.
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FUNÇÕES EXECUTIVAS
FUNÇÕES EXECUTIVAS – termo que tem sido utilizado para uma diversidade de processos cognitivos que
incluem: planeamento, memória de trabalho, auto-monitorização, auto- regulação, atenção, iniciação,
inibição ……… levados a cabo pelas áreas préfrontais dos lobos frontais
É constructo teórico representado por um conjunto de processos mentais que nos permite planear, focar
a atenção, lembrar de instruções, realizar várias tarefas ao mesmo tempo; necessários para podermos filtrar
distrações, priorizar tarefas, estabelecer e adquirir objetivos, controlar os impulsos; analisar os riscos …
Anatomicamente dependente de um sistema neuronal difuso (não há so uma área do cérebro que possa
estar lesada e que possa traduzir uma diminuição do FE. Mas obviamente o córtex pre frontal é o que
desempenha um papel crucial nos mecanismos homeostáticos do FE!)
Não existe um modelo único explicativo!!! Existe é um consenso em aceitar que não há um construto
único!!
o Fria: mais extensa, mais substrato, mais palpável do ponto de vista avaliativo ex: raciocínio verbal,
resolução de tarefas, planeamento.
o Quente: relacionada com o âmbito da emocionalidade. Ex. experiência da recompensa, emoções
e crenças, interpretação pessoal e emocional. Relacionada com a consciência social.
“preparação” → planeamento
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Existe algum consenso em aceitar que o constructo das funções executivas não constitui um conceito
unitário, mas sim a combinação de diversos processos cognitivos que se combinam de múltiplas formas
para operar em diferentes situações
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padrões ou relações entre estímulos; Inclui o raciocínio indutivo e dedutivo; Envolve a capacidade em
perceber relações abstratas subjacentes e analogias; É um sinónimo dos subcomponentes das FEs
raciocínio e resolução de problemas. Ex de Tarefa de avaliação: Matrizes Progressivas de Raven (e
derivados)
Simon Task (Hommel, 2011) – tem por objetivo inibir a resposta a estímulos (A e
B) que surgem no ecrã –
Simon Effect - temos tendência para carregar no botão quando o estímulo surge no lado ipsilateral do ecrã
Delay of gratification task (Kocharska et al, 2001; Sethi et al, 2000) Flanker task (Erikson & Erikson, 1974;
Mullane et al, 2009) Antisaccade task (Lune, 2009; Muñoz & Everling, 2004)
• Go/NoGo task (Luria, 1964) e STOP task (Verbruggen & Logan, 2008) – são tarefas que, em vez do
participante inibir a resposta ao estímulo, inibe a resposta ao não fazer nada, quando aparece um
outro estímulo que não o requerido
Vários estudos de análise fatorial destas tarefas indicam que existem fortes correlações entre a inibição da
atenção (resistência à interferência distratora) e a inibição da ação (inibição de uma resposta preponente)
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Ricardo lopes no são francisco xavier
Primbram acreditava que funções de ordem superior eram distribuídas de modo geral pelo córtex. Através
do estudo clínico de vários doentes com agnosias que Primbram percebeu que as funções cognitivas de
ordem superior residiam em áreas específicas de córtex lesado. → Foi a colaboração entre Primbram e
Lashley que permitiu perceber como a Neurocirurgia e a Neuropsicologia são idealmente adequadas e
complementares.
Patologias:
• Traumatismos Crânio-Encefálicos
• Neurocirurgia Vascular
• Neuro-Oncologia (mapeamento intra-operatório)
• Neurocirurgia Funcional (DBS)
• Psicocirurgia
• Aneurismas Cerebrais (Hemorragias Subaracnoideias)
• Malformações Artério-Venosas (MAVs)
• AVC Isquémico – Craniectomias descompressivas
• AVC –isquémico/transformação hemorrágica - hematoma intraparenquimatoso
• Cirurgia de revascularização
Neuro-Oncologia e Neuropsicologia
Âmbitos:
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Funções Executivas, Lesões Frontais, Síndrome Pré-Frontal
• Não existe uma definição consensual, faz com que possamos ter interpretações mais ou menos completas e
concretas.
• Como avaliar as funções executivas? Vale tudo?
• Falta de uma teoria coerente, não com construtos, mas como mecanismos. Com a dimensionalidade dos
construtos que fazem parte da umbrela da função executiva, e que são 33, então será que devemos pensar
nisto como construtos? Ou serão mecanismos? Vias de comunicação? Como funcionam?
• Porquê função executiva? Quais os objetivos? A que propósito existem?
Não deixa de ser um construto teórico, permite nos compreender os processos de foco de atenção, seguir
ordens/instruções, planear, capacidade multitasking, estabelecer e adquirir objetivos.
Premissas:
FE são anatomicamente de um sistema neuronal difuso, se temos lesões à distancia não há apenas uma área do
cérebro que possa estar lesada e possa traduzir uma diminuição do funcionamento executivo, no entanto, o córtex
pré-frontal desempenha um papel crucial nos mecanismos homeostáticos do FE. Existem determinadas regiões que
estão mais implicadas em diferentes aspetos do FE. Existe algum consenso em aceitar que não há um construto
único.
Componente Fria: é mais extensa, tem mais substrato, é mais palpável a nível avaliativo, raciocínio verbal, resolução
de problemas, planeamento, capacidade de sequenciação.
Componente Quente: relacionado com funções do âmbito da emocionalidade, situações mais abstratas, emoções,
experiência da recompensa, regulação do comportamento social, tomada de decisão envolvendo a analise de uma
situação (processos da teoria da mente com a consciência social).
• Inibição
• Memória de trabalho
• Flexibilidade cognitiva
Todas elas estão dentro dos conceitos que foram criados pelas teorias mais clássicas do funcionamento executivo,
nomeadamente, a teoria de Luria (apresenta três unidades funcionais, em pirâmide, de baixo para cima – tronco
cerebral, lobos temporal/parietal/occipital e os lobos frontais).
Norman e shallice: tentarem construir uma modelo teórico para explicar as FE a partir de um sistema atencional.
2 componentes:
➢ Sistema anterior: tarefas mais rotineiras, por aquilo que é automatizado mas que no fim de contas acabamos
por conseguir ter uma destreza em priorizar
➢ Sistema posterior: regulação das novas tarefas, tarefas não rotineiras, não estão crivadas nos automatismos
Apareceu depois Burgess e os seus colegas que complementaram este modelo entendendo que este conceito esta
relacionado com a realização de multitasking no nosso dia a dia.
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Eles integram três sistemas na monitorização das FE.
Sistema de ativação reticular ascendentes. Sistema de projeção talâmico difuso. Sistema de distribuição fronto-
talâmico.
Identificaram diferentes componentes, a sustentação da atenção (lobo frontal direito), distribuição da atenção
relacionada com o cíngulo e as áreas fronto-orbitarias, que estão implicadas na capacidade adequada do controlo
do impulso, concentração (cíngulo), a supressão (CPFDL).
• CPF é responsável pelos processos relacionados com a memoria de trabalho, mas esta área subdivide se em
regiões que são responsáveis por diferentes tipos de memoria de trabalho: espacial, caracterial, semântica,
raciocínio matemático.
• Tarefa de números e letras, N-back test.
Lobo frontal e seu papel na emoção e no comportamento social particularmente na tomada de decisão. Coloca em
evidencia os compromissos observados consequentemente a uma lesão frontal ventromedial (alterações da
personalidade, problemas emocionais e interpessoais).
AULA
DOENÇAS DESMIELINIZANTES
Doença Desmielinizante - qualquer doença do Sistema Nervoso Central ou Periférico na qual a bainha de
Mielina, que envolve as fibras neuronais, é danificada, prejudicando a condução do estimulo nervoso.
As lesões da Mielina podem causar várias alterações mediante a localização das respetivas lesões.
Como causas existem: Doenças virais; Genética; Agentes infeciosos; Reações auto-imunes; Idiopática
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➢ Leucodistrofia
Doença genética que tem como resultado final a destruição da bainha de
mielina; Existem 52 tipos diferentes de Leucodistrofia e novas continuam a ser
descobertas; Cada Leucodistrofia leva ao comprometimento de zonas especificas do SNC; Nos
estadios iniciais, os sinais clínicos são pouco reconhecidos; As manifestações ocorrem
gradualmente: alteração do tónus corporal, dos movimentos, da marcha, fala, visão, audição,
comportamento e cognição; Alterações cognitivas relacionam-se com a localização e carga
lesional: velocidade de processamento, atenção, funcionamento executivo e memória.
➢ Doença de Balo
Doença rara, mais frequente em pessoas de origem asiática, considerada por alguns autores
como uma variante da EM; Lesões desmielinizantes concêntricas Apresentação: Rapidamente
progressiva por semanas / meses. Com remissão parcial ou total Episódio isolado
➢ Doença de Schilder
Mais frequente na infância Muito rara e neurodegenerativa; surge frequentemente
após um processo infecioso de outra natureza, tendo como primeiro sintoma a
cefaleia; Esclerose cerebral difusa
➢ Esclerose Múltipla
Doença inflamatória, desmielinizante, crónica e
incapacitante que afeta o SNC. Carateriza-se pelo
aparecimento de múltiplas lesões dispersas pela
substância branca. Expressão clínica variável, refletindo, de um modo
geral, a distribuição das lesões. Os sinais e sintomas traduzem
primariamente o envolvimento da substância branca -
fibras mielinizadas. No entanto, existe evidência de envolvimento
neuronal desde as fases mais precoces da doença.
• Atrofia cortical
• Lesões da substância cinzenta
• Não existem sintomas típicos de EM
As manifestações mais comuns resultam da disfunção das vias Motoras e/ou Sensitivas Cerebelosas ou do
Tronco Cerebral Autonómicas; Nervo ótico.
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Assim podemos ter sintomas como: Fadiga motora e/ou cognitiva; Ansiedade; Depressão; Alterações
cognitivas.
De acordo com o tempo e a evolução, as lesões da substância branca podem ter graus variáveis de
inflamação, desmielinização e lesão axonal com perda neuronal e gliose reativa
A ocorrência de novas lesões é traduzida pelo aparecimento de surtos da doença, no entanto estudos com
RM seriadas mostram as lesões desmielinizantes são muito mais frequentes.
A presença de lesões sintomáticas traduz-se por um défice agudo - surto - que se prolonga por dias ou
semanas. Na maioria dos casos surge habitualmente uma fase de recuperação que resulta da redução da
inflamação e da remielinização parcial das vias afetadas. Quando a lentificação da condução não atinge
valores críticos, as lesões podem ser clinicamente silenciosas, revelando-se pelo aparecimento de
sintomas transitórios apenas quando a condução neuronal é prejudicada por outras circunstâncias (ex.: a
subida da temperatura corporal).
As lesões axonais e neuronais mais significativas em fases mais avançadas da doença podem representar
uma consequência das lesões primariamente desmielinizantes - surtos - ou traduzirem um processo
independente associado às fases progressivas da doença. As lesões axonais determinam uma interrupção
completa e irreversível da transmissão a nível neuronal condicionando, portanto, défices persistentes.
Na maioria dos casos a manifestação inicial surge entre os 20 - 40 anos, apresentando um pico de
incidência por volta dos 30 anos → É mais frequente no sexo feminino
É pouco frequente entre os 50 e os 60 anos, sendo nesta faixa etária a incidência maior no sexo masculino.
A EM envolve um processo imuno-mediado onde existe uma resposta anormal do sistema imunitário
diretamente ao SNC. No SNC o sistema imunitário vai originar um processo inflamatório que vai danificar
a mielina, as fibras nervosas e as células responsáveis pela produção de mielima – oligodendrócitos.
Quando a mielina e/ou as fibras nervosas estão danificadas ou destruídas a informação do SNC fica
alterada ou deixa de fluir.
Lesões de áreas do SNC vão levar a sintomas neurológicos diferentes e de gravidade diferente
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Sindrome clínico isolado: primeiro episódio de sintomas neurológicos por inflamação e desmielinização
do SNC. Duração superior a 24h. Lesões em RM CE semelhantes a lesões de EM- maior probabilidade de
um segundo episódio de sintomas neurológicos: surto remissão*
Surto remissão: curso mais frequente da doença. Caracterizado por episódios de instalação clara ou
agravamento dos sintomas neurológicos. Após o surto verifica-se uma fase de remissão parcial ou total
dos sintomas. Embora alguns sintomas remitam e outros possam permanecer não existe progressão da
doença nas fases de remissão. A fase de surto pode ainda ser caraterizada como com atividade vs sem
atividade com agravamento vs sem agravamento. 85% das pessoas com EM são inicialmente
diagnosticadas com a forma Surto-Remissão.
Em diferentes momentos no tempo pode ser ainda caracterizada com atividade vs sem atividade/com
agravamento sem agravamento.
▪ - Injetáveis
▪ - Orais
▪ - Perfusão
Cognição: (alterações) ocorrem entre 40 a 70% das pessoas com EM, independentemente da idade e
sexo. Pode ocorrer em qualquer fase da doença, mesmo em estado inicial. Impacto significativo na vida
do indivíduo e seu sistema familiar. O perfil cognitivo inclui:
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EM+ comportamento:
EM+ humor
➢ - Depressão: desde reativa a Major. Mais de 50% tem um episódio depressivo major. Sem evidencia
de correlação de áreas lesionais com a Sindroma depressiva. Independente da duração ou
incapacidade à doença. Atenção a ideação suicida
➢ - Ansiedade: Como resposta às circunstâncias da vida. Carácter incerto da doença e suas limitações.
Incerteza financeira e preocupação com o futuro. Relacionado com o tratamento. Auto-estima e
auto-desempenho em todos os seus papeis
Concluindo…
Existem várias doenças desmielinizantes do SNC e do SNP As causas podem ser várias como infeções,
reações autoimunes, genéticas idiopáticas. Dependendo da área lesionada assim será a sua repercussão
neurológica. A EM é uma doença inflamatória, desmielinizante, crónica e incapacitante que afeta o SNC
com repercussões que vão para além do próprio. O fenótipo mais frequente de apresentação é o Surto-
Remissão. Cada caso é um caso, não existindo doentes iguais. As alterações cognitivas são uma das
repercussões da EM→ Perfil Cognitivo: alteração da velocidade de processamento, atenção e memória
Avaliação Neuropsicológicas: várias baterias que permitem avaliar desde queixas subjetivas até à avaliação
mais compreensiva das funções nervosas superiores. A reabilitação na EM deve ser feita por uma equipa
multidisciplinar Deve contemplar a Reabilitação dos sinais e sintomas neurológicos, incluindo a cognição,
intervenção psicoterapêutica individual ou em grupo a pessoas com EM e a familiares.
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