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Curso de Psicanálise Clínica


NEUROSES E
PSICOSES

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Neurose e Psicose Mestrado em Psicanálise Social

Neurose e Psicose

Por: Douglas Naegele Barbiratto


Curso: Mestrado em Psicanálise Social
Disciplina: Neurose e Psicose

RESUMO
Discutir a categoria de estrutura para organizar os dados oriundos da clínica
psicanalítica. Examinar a consistência que resulta da aplicação dessa categoria no
sentido de resumir a variada fenomenologia clínica em dois quadros básicos: a neurose
e a psicose.

Especificação e detalhamento dos dois quadros clínicos e descrição da “ação” da


estrutura que os determina.

Diferença entre neurose e psicose

Na neurose o indivíduo além de saber que é um neurótico, ele tem plena consciência dos
seus atos, mas não consegue controlá-los, já os psicóticos não têm essa consciência, eles
perdem a noção da realidade.

Os sintomas mais freqüentes de um neurótico são:

• Insatisfação geral, excesso de mentiras, manias, problemas com o sexo, dentre


outros. Exemplos deles é o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
• Depressão e a Síndrome do Pânico.

Já a psicose é marcada por fases de delírios e alucinações. Podemos dar como exemplo
de psicose a Esquizofrenia, o Transtorno Bipolar e o Autismo.Há cura para a neurose, já
para a psicose não há cura definitiva.

Neuroses são distúrbios leves com poucas distorções da realidade tratada principalmente
pelo psicólogo. É a desordem na personalidade que gera angustia e inibe suas condutas,
é um conflito intra-psíquico.

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Sintomas:

• Insatisfações gerais
• Manias
• Problemas relacionados à área sexual
• Excesso de mentiras (mitomania)

Classificação:

Angustia:

• Crises de choro imotivado


• Depressão
• Pensamentos suicidas
• Doenças psicossomáticas

Fóbica:

• Um objeto é a razão da angustia


• Mania de perseguição
• Fixação pelo objeto

Obsessiva - Compulsiva:

• Pessoa sistemática e metódica


• Manias de limpeza
• Não aceita ser o que é

Histérica:

• Pessoas emotivas ao extremo

• Já as psicoses é uma doença mental grave que afeta a personalidade na zona


central do eu.

• Delírios: falsa realidade percebida (acredita em conspiração contra ele se vê


duas pessoas simplesmente conversando ou se julga Deus).

• Alucinações: escuta vozes ou tem visões. Acredita que fontes externas


controlam seus pensamentos. O escutar vozes é o mais comum.

Nove pontos a serem considerados:

1. Autonomia psíquica: neurose apresentaria perda parcial, pouco implicando a


personalidade, psicose com maior perda de autonomia, interferindo mais na
personalidade;

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2. Gravidade do quadro: neurose seria menos grave que a psicose, o que faria o leigo
pensar que ela devesse ser tratada por filósofos ou psicólogos clínicos, e psicose,
mais grave, tratada por psiquiatras;

3. Causa presumida: neurose seria preferentemente psicógena ou funcional, e


psicose preferentemente somatógena ou orgânica;

4. Setores da psique: neurose comprometeria a emoção, e psicose, a razão e a


vontade + ação.

5. Consciência da realidade: o neurótico não a perderia, o psicótico, sim;

6. Consciência da doença, estreitamente relacionado ao conceito anterior: o


neurótico a teria, o psicótico não;

7. Comportamento social: o neurótico permaneceria socialmente organizado, o


psicótico não;

8. Sensibilidade à psicoterapia: os psicóticos seriam refratários a ela;

9. Sinais e sintomas: seriam distintos e característicos para a neurose, e, para a


psicose.

Porém, esses critérios aparentemente tão claros, são falhos, porque não resistem a
uma crítica mais acurada.

A psicose não tem cura definitiva, a ingestão de remédios provocam a estabilização


da doença que, entretanto, pode voltar a se manifestar, em surtos de cada vez maior
intensidade, é marcada por fases de delírios e alucinações,(estágios lúcidos/críticos)
durante os quais a pessoa pode desenvolver estados de dupla personalidade
inconscientemente, ou seja, a própria pessoa não sabe que tem esta dupla
personalidade.

Na neurose o indivíduo sabe que é neurótico e consegue distinguir seus desvios, ou


seja, tem consciência deles, mas não consegue evitá-los.

Já o psicótico não é capaz de tal discernimento, confundindo-se quanto à ele mesmo.

Um caso típico de neurose é o kleptomaníaco, ou seja, a pessoa que não consegue


controlar sua compulsão por realizar furtos.

Considera-se uma pessoa psicótica quando seu funcionamento mental interfere


consideravelmente em sua maneira de enfrentar a vida.

Os problemas manifestam-se na forma de incapacidade de reconhecer a realidade,


nas alterações de humor e ou déficit intelectual.

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Os neuróticos podem agir de modo "normal", os psicóticos são incapazes de cuidar


de si.

As neuroses também são classificadas da seguinte forma:

1) Distúrbios de ansiedade (fobia, pânico e distúrbios obsessivos compulsivos) :

- Fobia : medo excessivo ou absurdo. O fóbico se sente impotente para controlar


seus sentimentos.

- Pânico : surgem de repente sem prévio aviso, sendo comum se manifestar com um
terror incontrolável. Durante o ataque a respiração fica difícil, surgem tremores e
tensão muscular. A ansiedade e irritabilidade podem levar a uma depressão.

- Distúrbios Obsessivos Compulsivos : São considerados como neurose quando não


servem a nenhum propósito construtivo, são desgastantes e atrapalham a
vida(relacionamentos).

2) Distúrbios Psicossomáticos:

Essa desordem caracteriza-se por problema físico, mas seus sintomas não
apresentam bases orgânicas. No entanto como o conhecimento médico está longe de
ser completo os sintomas de uma verdadeira doença podem ser erroneamente
diagnosticados como conversão somática.

3) Distúrbios Dissociativos:

São caracterizados por alterações de consciência. Amnésia, fuga e personalidade


múltipla.

Esses distúrbios são raros.

4) Distúrbios Afetivos:

• Depressão: Estado mais intenso e prolongado que a tristeza. É típico sentir-


se sem remédio e rejeitado, ocorre em alguns o sentimento de morte e
pensamentos de suicídio.

• Distúrbio Bipolar: Crises decorrentes de profunda depressão e mania


(euforia e excitação), neste aspecto os indivíduos ficam em êxtase e com
incrível autoconfiança, ao mesmo tempo podem se irritar facilmente. O falar
é rápido, manifestam idéias de grandeza, ao serem irritados ou zangados
podem ficar extremamente violentos.

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Os que têm o distúrbio afetivo quase sempre pensam ilogicamente, transformam


problemas sem importância em verdadeiras catástrofes.

PSICOSES (Esquizofrenias):

São estados que ocorrem no mundo todo. Não se tem um consenso sobre o que seja
essa doença. Define pela perturbação do pensamento.

Alguns sintomas dos distúrbios esquizofrênicos:

• Alteração na percepção
• Desordem do pensamento
• Desordem emocional
• Delírios e alucinações
• Afastamento da realidade
• Comportamento estranha e distúrbios da fala

a) Esquizofrenia Paranóide:

Apresenta um certo grau de visão da realidade. A principal característica e a mania


de perseguição.

b) Distúrbios de Personalidade:

Demonstração de ser anti-social ou psicopatia: os psicopatas não manifestam a


noção do que é certo ou errado. Não tem medo e podem cometer o mesmo erro
muitas vezes, mesmo sofrendo severas punições.

A neurose a psicose e onde se dá o seu conflito.

Freud descreve em sua obra os numerosos relacionamentos dependentes do ego. Sua


posição intermediária entre o mundo externo e o id e seus esforços para comprazer a
todos os “seus senhores” ao mesmo tempo.

Nesse esforço para atender ao “mundo externo”, ao id e ao superego, surgem tensões e


conflitos. Assim, a neurose é o resultado de um conflito entre o ego e o id, ao passo que

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a psicose é o desfecho análogo de um distúrbio semelhante nas relações entre o ego e o


mundo externo.

Freud explica que todas as neuroses transferenciais se originam de recusar-se o ego a


aceitar um poderoso impulso pulsional do id, ao ajudá-lo a encontrar um escoador ou
motor, ou de o ego proibir àquele impulso o objeto que visa. Em tal caso, o ego se
defende contra o impulso pulsional mediante o mecanismo do recalque. O material
reprimido luta contra esse destino. Cria para si próprio, ao logo de caminhos sobre os
quais o ego não tem poder, uma representação substitutiva (que se impõe ao ego
mediante uma conciliação) – o sintoma. O ego descobre a sua unidade ameaçada e
prejudicada por esse intruso e continua a lutar contra o sintoma. Tudo isso produz o
quadro de uma neurose. O ego entrou em conflito com o id, a serviço do superego e da
realidade, e esse é o estado de coisas em toda neurose de transferência.

Na amência de Meynert – uma confusão alucinatória aguda que constitui talvez a forma
mais extrema e notável de psicose – o mundo exterior não é percebido de modo algum
ou a percepção dele não possui qualquer efeito. Normalmente o mundo externo governa
o ego por duas maneiras: em primeiro lugar, através de percepções atuais e presentes
sempre renováveis; e, em segundo lugar, mediante o armazenamento de lembranças de
percepções anteriores, as quais, sob a forma de um “mundo interno”, são uma possessão
do ego e parte constituinte dele.

Na amência, não apenas é recusada a aceitação de novas percepções; também o mundo


interno, que, como copia do mundo externo, até agora o representou , perde sua
significação (sua catexia). O ego cria automaticamente um novo mundo externo e
interno, e não pode haver dúvida quanto a dois fatos: que esse novo mundo é
constituído de acordo com os impulsos desejosos do id e que o motivo dessa
dissociação do mundo externo é alguma frustração muito séria de um desejo, por parte
da realidade – frustração que parece intolerável. A estreita afinidade dessa psicose com
os sonhos normais é inequívoca. Uma precondição de sonhar, além do mais, é o estado
de sono, e uma das características do sono é o completo afastamento da percepção e do
mundo externo.

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Sabemos que outras formas de psicose, as esquizofrenias, inclinam-se a acabar em uma


hebetude afetiva – isto é, em uma perda de toda participação no mundo externo. Com
referência à gênese dos delírios, inúmeros analistas nos ensinam que o delírio se
encontra aplicado como um remendo no lugar em que originalmente uma fenda
apareceu na relação com o mundo externo.

Assim, as neuroses de transferências correspondem a um conflito entre o ego e o id; as


neuroses narcísicas, a um conflito entre o ego e o superego, e as psicoses, a um conflito
entre o ego e o mundo externo.

A perversão.

Perversão - "Desvio em relação ao ato sexual "normal", definido este como coito que
visa a obtenção do orgasmo por penetração genital, com uma pessoa do sexo oposto
(hoje a psicologia tem outra concepção com relaçao a este assunto).

Diz-se que existe perversão quando o orgasmo é obtido com outros objetos sexuais
(homossexualidade, pedofilia, bestialidade, etc.) ou por outras zonas corporais (coito
anal, por exemplo) e quando o orgasmo é subordinado de forma imperiosa a certas
condições extrínsecas (fetichismo, sadomasoquismo); estas podem proporcionar por si
sós o prazer sexual.

De forma mais englobante, designa-se por perversão o conjunto de comportamento


psicossexual que acompanha tais atipias na obtenção do prazer sexual.

No texto “Fetichismo” Freud narra que teve a oportunidade de estudar analiticamente


certo número de homens cuja escolha objetal era dominada por um fetiche. Não
obstante seja reconhecido pelos seus adeptos como anormalidade, raramente é sentido
por eles como sintoma de uma doença que se faça acompanhar por sofrimento. Por via
de regra, mostram-se inteiramente satisfeitos com ele, ou até mesmo louvam o modo
pelo qual lhes facilita a vida erótica. Nesse sentido, portanto, o fetiche aparece na
análise como uma descoberta subsidiária.

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Um exemplo extraordinário de uma escolha de um fetiche é o caso de um jovem


alemão, criando na Inglaterra, e que ao retornar à Alemanha, já havia praticamente
esquecido o idioma materno, o alemão. Ela havia “escolhido” certo “brilho do nariz” a
uma precondição fetichista. O fetiche, originado na sua primeira infância, tinha que ser
entendido em inglês e não em alemão. O brilho do nariz, em alemão, “Glanz auf der
Nase” era na realidade “vislumbre (glance) do nariz”. O nariz constituía assim o fetiche,
que incidentalmente, ele dotara, à sua vontade de um brilho luminoso que não era
perceptível a outros.

Assim, o fetiche é um substituto do pênis. Mas não um substituto de qualquer pênis,


mas de um pênis específico. É um substituto do pênis da mulher, da mãe, que o
menininho outrora acreditou e que não deseja abandonar. Isso ocorre por que se a mãe
havia sido castrada, havia perdido o pênis, ele mesmo, o menino, corria o risco de
perder seu próprio pênis. A que ele se recusa a aceitar.

Qualquer objeto pode tomar este lugar: sapatos, roupas íntimas, pé, veludo (que lembra
os pelos pubianos da mãe), etc.

Em suma:

NEUROSE – Recalque – (Verdrängung). Conflito “Ego X Id”. Sintomas: Histeria,


Neurose Obsessiva, Fobias. – “Não sabe por que está acontecendo”.

PSICOSE – Rejeição – (Verwergung). Conflito "Ego x Mundo Externo". Delírios e


Alucinações: Paranóia, Esquizofrenias, Transtorno Bipolar, Hipocondrias, Autismo.
"Tem certeza absoluta por que está acontecendo".

PERVERSÃO – Recusa – (Verleugnung). Fetiche: Principio do gozo (Pedofilia,


Voyerismo, Exibicionismo).

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A perda da realidade na neurose e na psicose.

As características que diferenciam uma neurose de uma psicose, é o fato de numa


neurose o ego, em sua dependência da realidade, suprimir um fragmento do Id (da vida
pulsional), ao passo que, em uma psicose, esse mesmo ego, a serviço do Id, afasta um
fragmento da realidade. Assim, numa neurose o fator decisivo seria a predominância da
influência da realidade, enquanto numa psicose esse fator seria a predominância do Id.
Na psicose a perda de realidade estaria necessariamente presente, ao passo que na
neurose, segundo parece, essa perda seria evitada.

De qualquer maneira, temos que admitir que a neurose também perturba a relação do
paciente com a realidade, na medida que ela, a neurose, o afasta de alguma maneira do
contato com a realidade. E nos casos mais graves, significa concretamente uma fuga da
vida real.

A contradição, pois, existe apenas enquanto mantemos os olhos fixados na situação no


começo da neurose, quando o ego, a serviço da realidade, se dispõe ao recalque de um
impulso pulsional. Porém isso não é ainda a própria neurose. Ela consiste antes nos
processos que fornecem uma compensação à parte do Id danificada – isto é, na reação
contra o recalque e no fracasso do recalque. O afrouxamento da relação com a realidade
é uma conseqüência desse segundo passo na formação de uma neurose, e não deveria
surpreender-nos que um exame pormenorizado demonstre que a perda da realidade afeta
exatamente aquele fragmento de realidade, cujas exigências resultaram na repressão
pulsional ocorrida.

No caso da psicose, ocorre algo análogo ao processo da neurose, embora, é claro, em


distintas instâncias da mente. Assim, poderíamos esperar que também na psicose duas
etapas pudessem ser discernidas, das quais a primeira arrastaria o ego para longe, dessa
vez para longe da realidade, enquanto a segunda tentaria reparar o dano causado e
restabelecer as relações do indivíduo com a realidade, às expensas do Id. E isso se faz
pela criação de uma nova realidade que não levanta mais as mesmas objeções que a
antiga, que foi abandonada. O segundo passo, portanto, na neurose como na psicose, é
apoiado pelas mesmas tendências. Em ambos os casos serve ao desejo de poder do Id,

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que não se deixará ditar pela realidade. Tanto a neurose como a psicose são, pois,
expressão de uma rebelião por parte do Id contra o mundo externo, de sua indisposição
– ou, caso preferirem, de sua incapacidade – a adaptar-se às exigências da realidade. A
neurose e a psicose diferem uma da outra muito mais em sua primeira reação
introdutória do que na tentativa de reparação que a segue.

Na neurose, um fragmento da realidade é evitado por uma espécie de fuga, ao passo que
na psicose, a fuga inicial é sucedida por uma fase ativa de remodelamento; na neurose, a
obediência inicial é sucedida por uma tentativa adiada de fuga. Ou ainda: A neurose não
repudia a realidade, apenas a ignora; A psicose a repudia e tenta substituí-la.

Existe, portanto outra analogia entre uma neurose e uma psicose no fato de em ambas a
tarefa empreendida na segunda etapa ser parcialmente malsucedida, de vez que o
instinto reprimido é incapaz de conseguir um substituto completo (na neurose) e a
representação da realidade não pode ser remodelada em formas satisfatórias (não pelo
menos em todo tipo de doença mental).

Na psicose, ela incide inteiramente sobre a primeira etapa, que é patológica em si


mesma e só pode conduzir à enfermidade. Na neurose, ela recai na segunda, sobre o
fracasso do recalque.

Em suma, depende se o ego rendeu-se à sua lealdade perante o mundo real ou à sua
dependência do Id.

Isso é possibilitado pela existência de um mundo de fantasia, de um domínio que ficou


separado do mundo externo real na época da introdução do princípio da realidade.

É deste mundo de fantasia que a neurose haure o material para suas novas construções
de desejos e geralmente A PERDA DA REALIDADE NA NEUROSE E NA PSICOSE
encontra esse material pelo caminho da regressão a um passado real satisfatório.

Dificilmente se pode duvidar que o mundo de fantasia desempenhe o mesmo papel na


psicose, e de que aí também ele seja o depósito do qual derivam os materiais ou o
padrão para construir a nova realidade.

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Vemos assim, que tanto na neurose como na psicose interessa a questão não apenas
relativa a uma perda da realidade, mas também a um substituto para a realidade.

Como disse certa feita um professor da Faculdade de Psicologia: O psicótico sabe que 2
+ 2 é igual a 5 e vive tranqüilo com essa verdade. O neurótico sabe que 2 + 2 é igual a
4, mas não concorda com isso de jeito nenhum e vive sofrendo por isso.

A 1ª e 2ª Tópicas.

TÓPICA – Teoria ou ponto de vista que supõe uma diferenciação do aparelho psíquico
em certo número de sistemas dotados de características ou funções diferentes e
dispostos numa certa ordem uns com relação a outros, o que permite considerá-los
metaforicamente como lugares psíquicos de que podemos fornecer uma representação
figurada espacialmente.

Fala-se correntemente de duas tópicas freudianas, sendo a primeira aquela em a


disposição principal é feita entre Inconsciente, Pré-consciente e Consciente, e a segunda
a que distingue três instâncias: o Id, o Ego e o Superego.

Inconsciente – (das Unbewusst, unbewusst) - O adjetivo inconsciente é por vezes usado


para exprimir o conjunto dos conteúdos não presentes no campo efetivo da consciência,
isto num sentido descritivo e não tópico, quer dizer sem se fazer discriminação entre os
conteúdos dos sistemas pré-consciente e inconsciente.

No sentido tópico, inconsciente designa um dos sistemas definidos por Freud no quadro
da sua primeira teoria do aparelho psíquico. É constituído por conteúdos recalcados aos
quais foi recusado o acesso ao sistema pré-consciente-consciente pela ação do recalque.

Podemos resumir do seguinte modo as características essenciais do inconsciente como


sistema (ou Ics):

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a) Os seus conteúdos são representantes das pulsões.

b) Estes conteúdos são regidos pelos mecanismos específicos do processo primário,


principalmente condensação e deslocamento.

c) Fortemente investidos pela energia pulsional, procuram retornar à consciência e à


ação (retorno do recalcado); mas só podem ter acesso ao sistema Pcs-Cs nas formações
de compromisso, depois de terem sido submetidos às deformações da censura.

d) São, mais especialmente, desejos da infância que conhecem uma fixação no


inconsciente.

No quadro da 2ª Tópica freudiana, o termo inconsciente é usado, sobretudo na sua


forma adjetiva; efetivamente, inconsciente deixa de ser o que é próprio de uma instância
especial, visto que qualifica o id, e, em parte, o ego e o superego. Mas convém notar:

a) As características atribuídas ao sistema Ics na primeira tópica são de um modo geral


atribuídas ao Id na Segunda.

b) A diferença entre pré-consciente e o inconsciente, embora já não esteja baseada numa


distinção intersistêmica, persiste como distinção intra-sistêmica (o ego e o superego são
em parte pré-conscientes e em parte inconscientes).

Pré-consciente – (das Vorbewuste, vorbewusst) – Como substantivo, designa um


sistema do aparelho psíquico nitidamente distinto do sistema inconsciente (Ics); como
adjetivo, qualifica as operações e conteúdos desse sistema pré-consciente (Pcs). Estes
não estão presentes no campo atual da consciência e, portanto, são inconscientes no
sentido descritivo, mas distinguem-se dos conteúdos do sistema inconsciente na medida
em que permanecem de direito acessíveis à consciência (conhecimento e recordações
não atualizados, por exemplo).

Do ponto de vista metapsicológico, o sistema pré-consciente rege-se pelo processo


secundário. Está separado do sistema inconsciente pela censura, que não permite que os

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conteúdos e os processos inconscientes passem para o Pcs sem sofrerem


transformações.

No quadro da 2ª Tópica freudiana, o termo pré-consciente é sobretudo utilizado como


adjetivo, para qualificar o que escapa à consciência atual sem ser inconsciente no
sentido estrito. Do ponto de vista sistemático, qualifica conteúdos e processos ligados
ao ego quanto ao essencial, e também ao superego.

Consciente – (Bewusst) – No sentido descritivo: qualidade momentânea que caracteriza


as percepções externas e internas no conjunto dos fenômenos psíquicos.

Segundo a teoria metapissicológica de Freud, o consciente seria função de um sistema,


o sistema percepção-consciente (Pc-Cs).

Do ponto de vista tópico, o sistema percepção-consciente está situado na periferia do


aparelho psíquico, recebendo ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as
provenientes do interior, isto é, as sensações que se inscrevem na série desprazer-prazer
e as revivescências mnimésicas. Muitas vezes Freud ligo a função percepção-c0nsciente
ao sistema pré-consciente, então designado como sistema pré-c90nsciente-consciente
(Pcs-Cs).

Id – (Es ou Isso) – Uma das três instâncias diferenciadas por Freud na sua Segunda
teoria do aparelho psíquico. O Id constitui o pólo pulsional da personalidade. Os seus
conteúdos, expressão psíquica das pulsões, são inconscientes, por um lado hereditárias e
inatos, e por outro, recalcados e adquiridos.

Do ponto de vista econômico, o Id é, para Freud, o reservatório inicial da energia


psíquica; do ponto de vista dinâmico, entra em conflito como o ego e o superego que,
do ponto de vista genético, são as suas diferenciações. (Das ich – o ego – e Das Es – o
Id).

Ego – ou Eu – (Ich) – Instância que Freud na sua Segunda teoria do aparelho psíquico,
distingue do Id e do Superego.

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Do ponto de vista tópico, o ego está numa relação de dependência tanto para com as
reivindicações do Id, como para com os imperativos do superego e exigências da
realidade. Embora se situe como mediador, encarregado dos interesses da totalidade da
pessoa, a sua autonomia é apenas relativa.

Do ponto de vista dinâmico, o ego representa eminentemente, no conflito neurótico, o


pólo defensivo da personalidade; põe em jogo uma série de mecanismos de defesa, estes
motivados pela percepção de um afeto desagradável (sinal de angústia).

Do ponto de vista econômico, o ego surge como um fator de legação dos processos
psíquicos; mas, nas operações defensivistas, as tentativas de legação da energia
pulsional são contaminadas pelas características que especificam o processo primário:
assumem um aspecto compulsivo, repetitivo, irreal.

A teoria Psicanalítica procura explicar a gênese do ego em dois registros relativamente


heterogêneos, quer vendo nele um aparelho adaptativo, diferenciado a partir do Id em
contato com a realidade exterior, quer definindo-o como o produto de identificações que
levam à formação no seio da pessoa de um objeto de amor investido pelo id.

Relativamente à primeira teoria do aparelho psíquico, o ego é mais vasto do que o


sistema pré-consciente-consciente, na medida em que as suas operações defensivas são
em grande parte inconscientes.

Do ponto de vista histórico, o conceito tópico dos ego é o resultado de uma noção
constantemente presente em Freud desde as origens do seu pensamento.

Superego – Supereu – (Über-Ich) – Uma das instâncias da personalidade tal como


Freud a descreveu no quadro da sua Segunda teoria do aparelho psíquico: o seu papel é
assimilável ao de um juiz ou de um censor relativamente ao ego. Freud vê na
consciência moral, na auto-observação, na formação de ideais, funções do superego.

Classicamente, o superego é definido como o herdeiro do complexo de Édipo; constitui-


se por interiorização das exigências e das interdições parentais.

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Certos psicanalistas recuam para mais cedo a formação do superego, vendo esta
instância em ação desde as fases pré-edipianas (Melanie Klein) ou pelo menos
procurando comportamentos e mecanismos psicológicos muito precoces que seriam
precursores do superego (Glover, Spitz, por exemplo).

Como árbitro moral internalizado o Superego se desenvolve em função do sistema de


recompensas e punições colocado pelos pais. Para obter recompensas e evitar punições
a criança aprende a conduzir-0se de acordo com as normas ditadas pelos pais.

O Superego tem como que dois subsistemas: a “consciência” – onde estão as punições e
o “ideal do ego” onde estão as ações merecedoras de aprovação.

O mecanismo de internalização chama-se INTROJEÇÃO.

O Id – é o sistema original da personalidade psíquica; é a matriz a partir da qual o ego e


o superego se diferenciam. O Id é formado pelos aspectos psicológicos herdados e
presentes no nascimento, inclusive as pulsões. É o reservatório da energia que põe em
funcionamento os outros sistemas. Está em relação estreita com os processos corporais,
dos quais retira sua própria energia. Freud chamada o Id de “a verdadeira personalidade
psíquica”, por que ele representa o modo inteiro da experiência subjetiva e não tem
conhecimento da realidade objetiva.

• O Id não tolera aumentos de energia ...... Vide Princípio do Prazer .. Para isso ele
dispõe de:

• Ação reflexa;

• Processo Primário (formação de imagens, por exemplo de comida para uma


pulsão de fome).

• Realização do desejo.

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As alucinações e visões dos psicóticos são também exemplos do processo primário.

Como uma pessoa não pode viver de imagens, inicia-se o desenvolvimento do


“Processo Secundário”.

Quando isso acontece inicia-se a formação do segundo sistema da personalidade


psíquica: o Ego.

O Ego – O Ego existe porque as necessidades do organismo requerem transações


apropriadas com o mundo objetivo da realidade. Assim uma pessoa faminta precisa
aprender a diferenciar uma imagem mental do alimento, do alimento mesmo. A
diferença básica entre o Id e o Ego, é que o Id só conhece a realidade subjetiva da
mente, enquanto que o Ego faz a distinção entre as coisas da mente e as do mundo
exterior.

O Ego conhece o “Principio da Realidade”, e opera por meio do “Processo


Secundário”.

O principio da realidade suspende temporariamente o principio do prazer, porque este é


satisfeito quando o objeto é encontrado e assim a tensão foi reduzida. O principio de
realidade verifica se uma experiência é real ou falsa, isto é, se tem existência externa ou
não, ao passo que o principio do prazer interessa-se apenas em saber se uma experiência
é desagradável ou agradável.

Pelo “Processo Secundário” o Ego formula um plano para a satisfação da necessidade e


depois o testa geralmente por uma espécie de ação, para ver se funciona ou não.

O Ego é o executivo da personalidade psíquica porque controla as portas de entrada para


a ação, seleciona os aspectos do meio aos quais reagirá e decidem quais são as pulsões a
serem satisfeitas e de que modo. No desempenho dessas altas funções executivas o Ego
tem que procurar integrar as exigências muitas vezes antagônicas do Id, do superego e
do Meio Externo. Esta é uma tarefa difícil que pesa sobre o Ego.

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Devemos levar em consideração, entretanto, que o ego é a parte organizada do Id, que
existe para realizar os desejos do Id e não para frustrá-los e que toda a sua força se
origina do Id. Ele não tem existência á parte do Id, nunca se torna completamente
independente dele. Seu papel principal é o de intermediário entre as exigências
pulsionais do organismo e as condições do ambiente. Seus objetivos constituem em
manter a vida do indivíduo e garantir a reprodução da espécie.

O Superego – O terceiro e último sistema da personalidade a desenvolver-se é o


superego. Ele e o representante interno dos valores e idéias tradicionais da Sociedade,
transmitidos pelos pais e reforçados pelo sistema de recompensas e castigos imposto à
criança. O superego é a arma moral da personalidade psíquica; representa mais o ideal
que o real e luta mais para a perfeição que para o prazer. Sua preocupação principal é
decidir se alguma coisa é certa ou errada, de modo que o indivíduo possa agir em
harmonia com os padrões autorizados pelos agentes da sociedade.

Como árbitro moral internalizado o Superego se desenvolve em função do sistema de


recompensas e punições colocado pelos pais. Para obter recompensas e evitar punições
a criança aprende a conduzir-0se de acordo com as normas ditadas pelos pais.

O Superego tem como que dois subsistemas: a “consciência” – onde estão as punições e
o “ideal do ego” onde estão as ações merecedoras de aprovação.

O mecanismo de internalização chama-se INTROJEÇÃO.

PULSÃO – é uma representação psicológica inata de uma fonte somática de excitação.


A representação psicológica chama-se desejo, e a excitação corpórea chama-se
necessidade.

“O ego serve a três senhores”.

O Ego é o executivo da personalidade psíquica porque controla os portas de entrada


para a ação, seleciona os aspectos do meio aos quais reagirá e decide quais são as
pulsões a serem satisfeitas e de que modo. No desempenho dessas altas funções

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executivas o Ego tem que procurar integrar as exigências muitas vezes antagônicas do
Id, do superego e do Meio Externo. Esta é uma tarefa difícil que pesa sobre o Ego.

“O Superego é o herdeiro do complexo de Édipo”.

É por que podemos assegurar que a instalação do Superego pode ser classificada como
exemplo bem-sucedido de identificação com a instância parental. O fato que fala
decisivamente a favor desse ponto de vista é que essa nova criação de uma instância
superior dentro do Ego está muito intimamente ligada ao destino do complexo de Édipo,
de modo que o superego surge como o herdeiro dessa vinculação afetiva tão importante
para a infância. Abandonando o complexo de Édipo, uma criança deve renunciar às
intensas catexias objetais que depositou em seus pais e é como compensação por essa
perda de objetos que excite uma intensificação tão grande das identificações com seus
pais, as quais provavelmente há muito estiveram presentes em seu Ego.

Uma investigação atenta mostra que o superego é tolhido em sua força e crescimento se
a superação do complexo de Édipo tem êxito apenas parcial. No decurso do
desenvolvimento, o superego também assimila as influências que tomaram lugar dos
pais – educadores e professores, pessoas escolhidas como modelos ideais. Normalmente
o Superego se afasta mais e mais das figuras parentais originais; torna-se digamos assim
mais impessoal. E não se deve esquecer que uma criança tem conceitos diferentes sobre
seus pais, em diferentes períodos de sua vida. À época que o complexo de Édipo do
lugar ao superego, eles são algo de muito extraordinário; depois, porém, perdem muito
desse atributo.

O Funcionamento da 2ª Tópica, ou seja, a dinâmica entre o Ego, o Id e o Superego.

Id – (Es ou Isso) – Uma das três instâncias diferenciadas por Freud na sua Segunda
teoria do aparelho psíquico. O Id constitui o pólo pulsional da personalidade. Os seus
conteúdos, expressão psíquica das pulsões, são inconscientes, por um lado hereditárias e
inatas, e por outro, recalcados e adquiridos.

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Do ponto de vista econômico, o Id é, para Freud, o reservatório inicial da energia


psíquica; do ponto de vista dinâmico, entra em conflito como o ego e o superego que,
do ponto de vista genético, são as suas diferenciações. (Das ich – o Ego – e Das Es – o
Id).

Ego – ou Eu – (Ich) – Instância que Freud na sua Segunda teoria do aparelho psíquico,
distingue do Id e do Superego.

Do ponto de vista tópico, o ego está numa relação de dependência tanto para com as
reivindicações do Id, como para com os imperativos do superego e exigências da
realidade. Embora se situe como mediador, encarregado dos interesses da totalidade da
pessoa, a sua autonomia é apenas relativa.

Do ponto de vista dinâmico, o Ego representa eminentemente, no conflito neurótico, o


pólo defensivo da personalidade; põe em jogo uma série de mecanismos de defesa, estes
motivados pela percepção de um afeto desagradável (sinal de angústia).

Do ponto de vista econômico, o Ego surge como um fator de legação dos processos
psíquicos; mas, nas operações defensivistas, as tentativas de legação da energia
pulsional são contaminadas pelas características que especificam o processo primário:
assumem um aspecto compulsivo, repetitivo, irreal.

A teoria Psicanalítica procura explicar a gênese do ego em dois registros relativamente


heterogêneos, quer vendo nele um aparelho adaptativo, diferenciado a partir do Id em
contato com a realidade exterior, quer definindo-o como o produto de identificações que
levam à formação no seio da pessoa de um objeto de amor investido pelo Id.

Relativamente à primeira teoria do aparelho psíquico, o Ego é mais vasto do que o


sistema pré-consciente-consciente, na medida em que as suas operações defensivas são
em grande parte inconscientes.

Do ponto de vista histórico, o conceito tópico do Ego é o resultado de uma noção


constantemente presente em Freud desde as origens do seu pensamento.

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Superego – Supereu – (Über-Ich) – Uma das instâncias da personalidade tal como


Freud a descreveu no quadro da sua Segunda teoria do aparelho psíquico: o seu papel é
assimilável ao de um juiz ou de um censor relativamente ao ego. Freud vê na
consciência moral, na auto-observação, na formação de ideais, funções do superego.

Classicamente, o superego é definido como o herdeiro do complexo de Édipo; constitui-


se por interiorização das exigências e das interdições parentais.

Certos psicanalistas recuam para mais cedo a formação do superego, vendo esta
instância em ação desde as fases pré-edipianas (Melanie Klein) ou pelo menos
procurando comportamentos e mecanismos psicológicos muito precoces que seriam
precursores do superego (Glover, Spitz, por exemplo).

A constituição do Ego, do Superego, etc...

O Id – é o sistema original da personalidade psíquica; é a matriz a partir da qual o ego e


o superego se diferenciam. O Id é formado pelos aspectos psicológicos herdados e
presentes no nascimento, inclusive as pulsões. É o reservatório da energia que põe em
funcionamento os outros sistemas. Está em relação estreita com os processos corporais,
dos quais retira sua própria energia. Freud chamada o Id de “a verdadeira personalidade
psíquica”, por que ele representa o modo inteiro da experiência subjetiva e não tem
conhecimento da realidade objetiva.

O Id não tolera aumentos de energia ... Vide “Princípio do Prazer”... Para isso ele dispõe
de:

• Ação reflexa;

• Processo Primário (formação de imagens, por exemplo de comida para uma


pulsão de fome).

• Realização do desejo.

As alucinações e visões dos psicóticos são também exemplos do processo primário.

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Como uma pessoa não pode viver de imagens, inicia-se o desenvolvimento do


“Processo Secundário”.

Quando isso acontece inicia-se a formação do segundo sistema da personalidade


psíquica: o Ego.

O Ego – O Ego existe porque as necessidades do organismo requerem transações


apropriadas com o mundo objetivo da realidade. Assim uma pessoa faminta precisa
aprender a diferenciar uma imagem mental do alimento, do alimento mesmo. A
diferença básica entre o Id e o Ego, é que o Id só conhece o realidade subjetiva da
mente, enquanto que o Ego faz a distinção entre as coisas da mente e as do mundo
exterior.

O Ego conhece o “Principio da Realidade”, e opera por meio do “Processo


Secundário”.

O principio da realidade suspende temporariamente o principio do prazer, porque este é


satisfeito quando o objeto é encontrado e assim a tensão foi reduzida. O principio de
realidade verifica se uma experiência é real ou falsa, isto é, se tem existência externa ou
não, ao passo que o principio do prazer interessa-se apenas em saber se uma experiência
é desagradável ou agradável.

Pelo “Processo Secundário” o Ego formula um plano para a satisfação da necessidade e


depois o testa geralmente por uma espécie de ação, para ver se funciona ou não.

O Ego é o executivo da personalidade psíquica porque controla os portas de entrada


para a ação, seleciona os aspectos do meio aos quais reagirá e decide quais são as
pulsões a serem satisfeitas e de que modo. No desempenho dessas altas funções
executivas o Ego tem que procurar integrar as exigências muitas vezes antagônicas do
Id, do superego e do Meio Externo. Esta é uma tarefa difícil que pesa sobre o Ego.

Devemos levar em consideração, entretanto, que o ego é a parte organizada do Id, que
existe para realizar os desejos do Id e não para frustrá-los e que toda a sua força se

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origina do Id. Ele não tem existência á parte do Id, nunca se torna completamente
independente dele. Seu papel principal é o de intermediário entre as exigências
pulsionais do organismo e as condições do ambiente. Seus objetivos constituem em
manter a vida do indivíduo e garantir a reprodução da espécie.

O Superego – O terceiro e último sistema da personalidade a desenvolver-se é o


superego. Ele e o representante interno dos valores e idéias tradicionais da Sociedade,
transmitidos pelos pais e reforçados pelo sistema de recompensas e castigos impostas à
criança. O superego é a arma moral da personalidade psíquica; representa mais o ideal
que o real e luta mais para a perfeição que para o prazer. Sua preocupação principal é
decidir se alguma coisa é certa ou errada, de modo que o indivíduo possa agir em
harmonia com os padrões autorizados pelos agentes da sociedade.

Estrutura da Personalidade de Jung.

A personalidade total ou psique, como é chamada por Jung, consiste de vários sistemas
isolados, mas que atuam uns sobre os outros. Os principais são o ego, o inconsciente
individual e seus complexos, o inconsciente coletivo e seus arquétipos, a persona, a
anima ou animus, e a sombra. A estes sistemas interdependentes acrescentou as atitudes
de introversão e extroversão, e as funções do pensamento, do sentimento, da sensação e
da intuição. Finalmente, há o self, que é personalidade plenamente desenvolvida e
unificada.

O Inconsciente Individual.

O Incs. Individual é uma região adjacente ao ego. Consiste de experiências que foram
reprimidas, suprimidas, esquecidas ou ignoradas, e de experiências inicialmente muito
fracas para impressionar conscientemente o indivíduo. Os conteúdos do inconsciente
individual, assim à semelhança do material pré-consciente de Freud, são acessíveis à
consciência, e há muitas permutas entre o inconsciente individual e o ego.

Complexos.

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O complexo é um grupo organizado ou constelação de sentimentos, pensamentos,


percepções e memórias que existem no inconsciente individual. Ele tem um núcleo que
age como uma espécie de magneto, atraindo ou fazendo girar em tono de si várias
experiências.

Por exemplo, o complexo maternal. O núcleo procede, em parte, das experiências


raciais com mães e, em parte, da experiência da criança com sua mãe. Idéias,
sentimentos e memórias relacionadas à mãe são atraídos para o núcleo e formam um
complexo. Quanto mais possante for à força que emana do núcleo, mais experiências
atrairá para si. Assim, alguém cuja personalidade é dominada por pensamentos acerca
de mãe é tido como tendo um forte complexo relacionado com a figura materna...

Um complexo pode comportar-se como uma personalidade autônoma, que tem vida
mental e dinamismo próprio. Pode apoderar-se do controle da personalidade, utilizar a
psique para seus próprios fins, como Tolstoi, do qual se diz ter sido dominado pela idéia
da simplificação, e Hitler pela ambição do poder.

O núcleo e muitos dos elementos a ele associados são sempre inconscientes, mas
qualquer das associações e mesmo o próprio núcleo podem tornar-se conscientes, o que
ocorre muitas vezes.

O Inconsciente Coletivo.

O conceito de inconsciente coletivo, ou transpessoal, é um dos mais originais e


controvertidos aspectos da teoria da personalidade de Jung. É o mais poderoso e
influente sistema da psique e, em casos patológicos, eclipsa o ego e o inconsciente
individual.

O inconsciente coletivo parece ser o depósito de traços de memória herdados do


passado ancestral do homem, um passado que inclui não somente a história racial do
homem e de uma espécie separada, mas também seus ancestrais pré-humanos e animais.
O inconsciente coletivo é o resíduo psíquico do desenvolvimento evolutivo do homem,
um resíduo que se acumulou em conseqüência de experiências repetidas durante várias

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gerações. É quase inteiramente destacado de qualquer coisa individual e é,


aparentemente, universal. Todos os seres humanos têm, mais ou menos, o mesmo
inconsciente coletivo. Jung atribui a universalidade do inconsciente coletivo à
semelhança da estrutura do cérebro em todas as raças humanas, semelhança esta que é
devida, por sua vez, à evolução humana.

Memórias ou representações sociais não são herdadas como tais; o que herdamos é a
possibilidade de reviver experiências das gerações passadas. São predisposições que nos
põe em situação de reagir para com o mundo de um modo seletivo. Essas predisposições
são projetadas no mundo. Por exemplo, já que os seres humanos sempre tiveram mães,
cada criança nasce com a predisposição para perceber a mãe e reagir frente a ela. O
conhecimento da mãe, adquirido individualmente, é a realização de uma potencialidade
herdada, que foi construída no cérebro humano pelas experiências passadas da raça.

Assim como o homem nasce com a capacidade de ver o mundo em três dimensões e
desenvolve esta capacidade através da experiência e de treino, de igual modo nasce com
muitas predisposições para pensar, sentir e perceber de acordo com padrões e conteúdos
definidos, que se caracterizam, através de experiências individuais. Assim, temos
predisposições para sentirmos medo do escuro e de cobras, porque no passado os
primitivos encontraram muitos perigos no escuro e foram vítimas de cobras venenosas.

O inconsciente coletivo é o alicerce racial herdado de toda a estrutura da personalidade.


Sobre ele estão erigidos o ego, o inconsciente individual e todas as outras aquisições
individuais.

Assim, a forma do mundo, no qual nascemos, já é inata como imagem virtual. Essa
imagem virtual torna-se uma idéia, ou percepção concreta, por sua identificação com
objetos no mundo que a ela correspondem. Nossa experiência do mundo está moldada
em larga escala, pelo inconsciente coletivo, embora não completamente, pois, se assim
fosse, não poderia haver variação e desenvolvimento.

As duas regiões inconscientes da mente, a individual e a coletiva, podem ser de grande


auxílio para o homem. Ele (o inconsciente) contém possibilidades que são impedidas de
penetrar na mente consciente, porque tem à sua disposição todos os conteúdos

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subliminais, todas aquelas coisas que foram esquecidas ou desprezadas, como também a
sabedoria e a experiência de séculos incontáveis, que repousam em sues órgãos
arquetípicos. De outro lado, a sabedoria do inconsciente é ignorada pelo ego, o
inconsciente pode romper o processo racional consciente, apoderar-se fortemente dele,
distorcendo-o. Sintomas, fobias, ilusões e outras manifestações irracionais resultam de
processos inconscientes negligenciados.

A Persona.

Os componentes estruturais do inconsciente coletivo são chamados por vários nomes:


arquétipos, dominantes, imagens primordiais, imagos, imagens mitológicas e padrões
comportamento. Um arquétipo é uma forma de pensamento universal (idéia) que
contém uma grande parte de emoção. Essa forma de pensamento cria imagens ou
visões que correspondem, na vida normal de vigília, a alguns aspectos da situação
consciente. Por exemplo, o arquétipo de mãe produz uma imagem materna, que está
identificada com a mãe atual. Em outras palavras, o bebê herda uma concepção pré-
formada de uma mãe genérica, que determina em parte como perceberá sua mãe.

Assim, a experiência do bebê é o produto conjugado, de uma lado, de uma


predisposição interna para perceber o mundo de certo modo e, de outro, da natureza real
desse mundo. Os dois determinantes completam-se porque o próprio arquétipo é um
produto de experiências da raça com o mundo, e estas experiências, em grande parte,
são as mesmas para qualquer indivíduo, vivendo em qualquer época e em qualquer
parte. Isto significa que a natureza das mães – o que elas fazem – permaneceu quase a
mesma através da história da raça e, portanto, o arquétipo mãe que o bebê herda
coincide com a mãe real.

Persona – A persona é a máscara usada pelo indivíduo em resposta às solicitações da


convenção e da tradição sociais e às suas próprias necessidades arquetípicas internas. É
o papel que a sociedade lhe atribui, a parte que a sociedade espera que ele presente na
vida. O propósito da máscara é produzir uma impressão definida nos outros e, muitas
vezes, embora não obrigatoriamente, dissimula a natureza real do indivíduo. A persona
é a personalidade pública, aqueles aspectos que ostentamos ao mundo ou que a opinião
pública fixa por trás da fachada social.

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Se o ego se identifica com a pessoa, como freqüentemente o faz, o indivíduo torna-se


mais consciente da parte que está representando do que de seus sentimentos genuínos.
Torna-se alienado de si mesmo e toda a sua personalidade toma um aspecto superficial
ou bidimensional. Ele torna-se a mera aparência de um homem, um reflexo da
sociedade, em vez de um ser humano autônomo.

O núcleo do qual se desenvolve a pessoa é um arquétipo. Como todos os outros,


origina-se de experiência da raça; nesse caso, as experiências consistem de interações
sociais, nas quais a afirmação de um o papel social serviu ao homem para um fim
através de sua história com animal social.

A importância do SELF.

O Self – Em seus primeiros escritos, Jung considerou o self como equivalente à psique
ou personalidade total. Entretanto, quando ele começou a explorar os fundamentos
raciais da personalidade e descobriu os arquétipos, encontrou um que representava luta
do homem pela unidade. Esse arquétipo expressa-se através de vários símbolos, sendo
o principal deles a mandala, ou circulo mágico. Em seu livro “Psychology and
Alchemy”, Jung desenvolve uma psicologia da totalidade baseada no símbolo da
mandala. O principal conceito dessa psicologia de unidade total é o self.

O self é o ponto central da personalidade, em torno do qual todos os outros sistemas se


organizam, formando constelações. Ele sustenta a união desses sistemas, e fornece
unidade, equilíbrio e estabilidade à personalidade.

Se imaginarmos a mente consciente tendo o ego como centro, opondo-se ao


inconsciente, e se nós agora acrescentarmos à nossa imagem mental o processo de
assimilar o inconsciente, podemos julgar esse assimilação como um tipo de
aproximação entre consciente inconsciente, onde o centro total da personalidade não
mais coincide com o ego, mas com um ponto a meio caminho entre consciente e
inconsciente. Esse será um novo equilíbrio, um novo centro da personalidade total, um
centro virtual, que, tomando em conta sua posição focal entre consciente e inconsciente,
assegura para a personalidade um alicerce novo e mais sólido.

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O self é o alvo da vida, um alvo pelo qual as pessoas sempre lutam, mas raramente o
atingem. Como todos os arquétipos, motivam comportamento do homem, e fazem com
que ele procure a integração, especialmente pelos caminhos fornecidos pela religião. As
verdadeiras experiências religiosas são as que mais se aproximam da natureza do self, e
as figuras do Cristo e Buda são as mais altas expressões do arquétipo do self. Não é
surpreendente constatar que Jung descobriu o self em seus estudos e observações acerca
das religiões orientais, nas quais o esforço pela unidade e identidade com o mundo,
através das várias práticas ritualísticas, como a ioga, é mais adiantado do que nas
religiões ocidentais.

Antes de o self emergir, é necessário que os vários componentes da personalidade se


desenvolvam plenamente. Por essa razão, o arquétipo do self não se torna evidente até
que o indivíduo tenha atingido a idade madura. Nessa época, ele começa a fazer um
sério esforço para mudar o centro da personalidade, de ego consciente para aquele que
está a meio caminho entre o consciente e o inconsciente. Essa região a meio caminho
entre o consciente e o inconsciente é o domínio do self.

O conceito de self é, provavelmente, a mais importante descoberta psicológica de Jung,


e representa a culminância de seus estudos intensivos dos arquétipos.

Anima, Animus e Sombra.

É geralmente aceito que o homem é essencialmente bissexual. No plano fisiológico, o


macho e a fêmea produzem ambos os hormônios sexuais masculinos e femininos. No
plano psicológico, encontra-se em ambos os sexos características masculinas e
femininas. A homossexualidade é apenas uma das condições, talvez a mais óbvia de
todas, que deu origem à concepção da bissexualidade humana.

Jung atribui a arquétipos o lado feminino da personalidade do homem e o lado


masculino da personalidade da mulher. O arquétipo feminino no homem é chamado
anima, o arquétipo masculino na mulher, animus. Esses arquétipos, embora possam ser
condicionados pelos cromossomos e glândulas sexuais, é o produto de experiências

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raciais do homem com a mulher, e da mulher com o homem. Em outras palavras,


vivendo com mulheres, através do tempo o homem adquiriu características femininas;
vivendo com o homem, a mulher tornou-se masculinizada.

Os arquétipos, além de levar um sexo a revelar características do sexo oposto, atuam


como imagens coletivas que ajudam cada sexo a compreender os membros do sexo
oposto. O homem apreende a natureza da mulher em virtude de sua anima, e a mulher, a
natureza masculina em virtude de seu animus. Mas a anima e o animus podem também
induzir a incompreensão e discórdias, se a imagem idealizada de mulher com uma
mulher real, mas, se não levar em conta as discrepâncias entre o ideal e o real, pode
sofrer um amargo desapontamento quando perceber que as duas não são idênticas. Deve
haver um compromisso entre as necessidades do inconsciente coletivo e as realidades do
mundo externo, a fim de que o indivíduo se ajuste razoavelmente bem.

A Sombra – O arquétipo da sombra é formado pelos instintos animais que o homem


herdou em sua evolução através das formas mais primitivas de vida. Conseqüentemente,
a sombra, em primeiro lugar, caracteriza o lado animal da natureza humana. Como
arquétipo, a sombra é responsável pela concepção do homem acerca do pecado original;
quando é projetada externamente, torna-se o diabo ou um inimigo.

O arquétipo sombra é também responsável pelo aparecimento, na consciência e no


comportamento, de pensamentos, sentimentos e ações desagradáveis e socialmente
reprováveis. Estes podem ser ocultos do público pela persona ou reprimidos no
inconsciente individual. Portanto, o lado obscuro da personalidade, que deve sua origem
a um arquétipo, penetra nos aspectos particulares do ego, bem como, em grande parte,
nos conteúdos do inconsciente individual. um arquétipo, penetra nos aspectos
particulares do ego, bem como, em grande parte, nos conteúdos do inconsciente
individual.

A sombra, com seus instintos animais vitais e impetuosos, dá à personalidade uma


forma ampla ou uma qualidade tridimensional. Ela ajuda a aperfeiçoar a pessoa.

Causalidade e Teleologia.

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A idéia de um alvo que guia o destino do homem é, essencialmente, uma explanação


teleológica ou finalista. O ponto de vista teleológico explica o presente em termos de
futuro. De acordo com esse ponto de vista, a personalidade é compreendida em termos
do seu destino, e não de sua origem. De outro lado, o presente pode ser explicado pelo
passado. Este é o ponto de vista da causalidade, que assegura que os acontecimentos
presentes são a conseqüência ou efeito de condições ou causas antecedentes. Olhamos o
passado do homem com o fito de avaliar seu comportamento presente.

Assim, o presente não é apenas determinado pelo passado (causalidade), mas também
pelo futuro (teleologia). No seu esforço de compreensão, o psicólogo tem que ter duas
faces.

Com uma, olha o passado e com outra, o futuro do homem. As duas perspectivas
combinadas dão um quadro completo do homem. De uma lado, ela (a mente) oferece
um quadro do patrimônio do passado e, de outro, um quadro do conhecimento criador
de tudo o que está para vir, na medida em que a psique cria seu próprio futuro.

Progressão e Regressão; Sublimação e Recalque e Função Transcendente.

Progressão e Regressão – O desenvolvimento pode seguir um movimento progressivo


ou regressivo. Por progressão Jung quer dizer que o ego consciente está se ajustando
satisfatoriamente às exigências do mundo externo e às necessidades do inconsciente. Na
progressão normal, forças opostas estão unidas em um fluxo coordenado e harmonioso
de processos psíquicos.

Quando o movimento de avanço é interrompido por uma circunstância frustradora, a


libido é impedida de ser investida em valores extrovertidos ou orientados para o meio
externo. Como conseqüência, a libido regressa ao inconsciente e é investida em valores
introvertidos. Assim, valores objetivos do ego são transformados em valores subjetivos.
A regressão é a antítese da progressão.

Entretanto, Jung acredita que um deslocamento regressivo de energia não tem,


necessariamente, um mau efeito permanente sobre o ajustamento. Na verdade, pode até

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ajudar o ego a achar um modo de contornar o obstáculo. Isso é possível porque o


inconsciente, tanto o individual quanto o coletivo, contém o conhecimento e a sabedoria
do passado individual e racial que havia sido reprimido ou ignorado. Realizando uma
regressão, o ego pode descobrir conhecimentos úteis no inconsciente, que o habilitarão a
superar a frustração. O homem deve dar atenção particular aos seus sonhos, pois
revelam material inconsciente. Na psicologia Junguiana, o sonho é considerado como
um sinal a apontar o caminho para a compensação por uma condição frustrada.

A interação entre progressão e regressão no desenvolvimento pode se compreendia


através do seguinte exemplo. Um jovem, que se libertou da dependência familiar,
encontrou-se diante de um obstáculo insuperável. Voltou-se para os pais á procura de
conselho e encorajamento. Esse retorno pode não ser físico, mas sua libido pode
regredir ao inconsciente e reativar ali as imagens dos pais. Essas imagens podem
proporcionar-lhe o conhecimento e o encorajamento de que necessita para superar a
frustração.

Sublimação e Recalque – A energia psíquica é deslocável. Isto significa que pode ser
transferida de um processo num sistema particular a outro processo no mesmo ou num
diferente sistema. Essa transferência é feita de acordo com os princípios dinâmicos
básicos de equivalência e entropia. Se o deslocamento é governado pelo processo de
individuação e pela função transcendente, ele é chamado sublimação. A sublimação
descreve o deslocamento de energia dos processos mais primitivos, instintivos e menos
diferenciados para processos cultural e espiritualmente mais elevados. Por exemplo,
quando a energia é retirada do impulso sexual e investida em valores religiosos, diz-se
que a energia foi sublimada. Sua forma foi mudada no sentido de que um novo tipo de
trabalho está sendo realizado; nesse caso, o trabalho religioso substituiu o trabalho
sexual.

Quando a descarga de energia, através de canais pulsionais ou sublimados, é bloqueada,


diz-se que foi reprimida (recalcada). A energia recalcada não pode desaparecer logo;
tem de ir para algum lugar, de acordo com o principio de conservação da energia.
Conseqüentemente, passa a residir no inconsciente. Acrescentando-se energia ao
material inconsciente, o inconsciente pode tornar-se mais carregado do que o ego
consciente. Quando isso acontece, a energia do inconsciente tenderá a fluir para o ego,

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de acordo com o principio da entropia, e a romper o processo racional. Em outras


palavras, o processo inconsciente, intensamente carregado de energia, tentará quebrar a
repressão e, se for bem sucedido, o indivíduo se comportará de modo irracional e
impulsivo.

A sublimação e a repressão são opostas quanto ao caráter. A sublimação é progressiva, a


repressão é regressiva. A sublimação faz com que a psique se mova para diante, a
repressão faz com que se mova para trás. A sublimação serve à racionalidade, a
repressão produz a irracionalidade. A sublimação é integradora, a repressão é
desintegradora. A repressão é regressiva, adverte Jung, e, portanto, ela deve habilitar o
indivíduo a encontrar respostas para sues problemas em seu inconsciente e, assim,
continuar.

Função Transcendente – Quando a diversidade tiver sido alcançada pela ação do


processo da individuação, os sistemas diferenciados serão integrados pela função
transcendente.

Essa função é dotada da capacidade de unir todas as tendências opostas dos diversos
sistemas e de trabalhar para a meta ideal de totalidade perfeita (individualidade). O alvo
da função transcendente é a revelação do homem essencial e “a realização, em todos os
seus aspectos, da personalidade originariamente oculta no plasma germinal do
embrião; a produção e o desdobramento da totalidade potencial original”.

Outras forças na personalidade, sobretudo o recalque, podem opor-se à ação da função


transcendente; porém, a despeito de qualquer oposição, o impulso de desenvolvimento
unificador e empreendedor ocorrerá, ou no nível consciente, ou no inconsciente. A
expressão inconsciente de um desejo de integração encontrada em sonhos, mitos e
outras representações simbólicas. Um dos símbolos que está sempre aflorando em
mitos, sonhos arquitetura, religião e artes é o símbolo da mandala. A mandala é uma
palavra sânscrita que significa circulo. Jung fez estudos exaustivos da mandala, pois é o
perfeito emblema da unidade e da totalidade nas religiões orientais e ocidentais.

Individuação.

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Processo de Individuação – A tendência da personalidade no sentido de uma unidade


estável constitui um aspecto central da psicologia de Jung. O desenvolvimento é um
desdobramento da totalidade indiferenciada original com a qual o homem nasce. O
objetivo final desse desdobramento é a realização da individualidade.

Para atingir esse objetivo, é necessário que os vários sistemas da personalidade se


tornem completamente diferenciados e plenamente desenvolvidos. Se algum aspecto da
personalidade é negligenciado, os sistemas mal desenvolvidos e negligenciados agirão
como centros de resistência, que procurarão captar a energia dos sistemas mais
desenvolvidos.

Se forem desenvolvidas demasiadas resistências, o indivíduo se tornará neurótico. Isto


pode acontecer quando os arquétipos não se expressam através do ego consciente, ou
quando os envoltórios da pessoa se tornam tão espessos que sufocam o resto da
personalidade. Um homem que não providencie alguma saída para seus impulsos
femininos ou uma mulher que abafe suas inclinações masculinas está armazenando
perturbações, porque a anima ou o animus, sob estas condições, tenderão a encontrar
meios indiretos e irracionais de se expressarem.

Para ter-se uma personalidade saudável e integrada, deve-se permitir a cada sistema que
alcance o grau mais intenso de diferenciação e desenvolvimento. O processo pelo qual
isto se realiza chama-se processo de individuação.

Algumas discordâncias entre FREUD e JUNG.

Jung:
1. Sonhos – interpretação em série.
2. Libido – energia da vida.
3. Incs, Coletivo.
4. Teleologia e Causalidade.
5. Self, Individuação, Equilíbrio.
6. Instinto Simbólico – ARQUÉTIPOS.

Freud:

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1. Sonhos – interpretação, um de cada vez.


2. Libido sexual.
3. Incs. dif. (Pré.Cs + Cs) = Ego
4. Causa.
5. Mal-Estar (“Principio do Prazer”)
6. Simbólico.

Bibliografia:

Freud, S. “Neuropsicoses de defesa” [1884]. ESB. Rio de Janeiro: Imago Editora,


1982.
________ “Novas Observações sobre as neuropsicoses de defesa” [1896]. ESB. Rio de
Janeiro: Imago Editora, 1982.
________ “Neurose & Psicose” [1924]. ESB. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1982.
________ “Perda de Realidade na neurose e na psicose” [1924]. ESB. Rio de Janeiro:
Imago Editora, 1982.
Lacan, J. “De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose” [1966].
In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editores, 1998.

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