Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Imagine ser traído pelas duas pessoas que você mais confia
entre todas do mundo. Pense nelas cortando o seu coração,
assistindo-o sangrar sem levantarem um dedo para ajudar. Então
idealize como seria lembrar disso dia sim dia não, percebendo que
eles não só te feriram. Te enganaram da pior maneira imaginável, e
o mundo tem uma madeira fodida de nunca permitir que você
esqueça.
A dor nunca acaba; não existe um botão para desligar. Você
só consegue ignorar por um tempo até se tornar uma dormência
permanente na sua alma.
Quando a notícia do bebê de Beau veio à tona, a última coisa
que eu queria era ficar em Chicago, onde o mundo inteiro tinha uma
poltrona na primeira fila para assistir a maior traição da minha vida.
Eu quis socar a parede e quebrar a minha casa inteira, mas em vez
disso, bebi uma garrafa de uísque toda, vomitei minhas entranhas e
fui para a cama.
Sozinho. Exatamente como nas outras noites.
Na tarde seguinte, quando tive condições de abrir os olhos,
encontrei meu telefone no sofá com uma mensagem de Conrad
dizendo que me reservou uma pequena pousada em Lake Geneva
por quatro dias. Acho que ele concordava que eu iria precisar de
tempo para digerir tudo, e a última coisa que desejava era me
encontrar, mais uma vez, em destaque na página inicial do blog
Declarações de uma Maria Patins. Por sorte, quando eu voltar para
casa, os tabloides já terão encontrado outro motivo para se agarrar.
Como se fosse tão fácil.
Desativo as notificações do meu telefone e o silencio pelo
resto do dia. Não atendo ligações dos caras, dos meus pais e nem
de Conrad.
Além da necessidade de ficar sozinho para processar o que
está acontecendo, o sentimento de traição mais uma vez chega
para mostrar a sua cara feia.
Sentado na caminhonete encaro as portas de Brickhouse,
tentando manter minha cabeça fora de lugares onde não quero ir,
enquanto uma tempestade se forma acima de mim, escurecendo o
céu que cobre a pousada. Gotas de chuva grossas e pesadas
começam a cair, batendo contra a minha caminhonete.
De certa forma, a batida ritmada da chuva contra o estanho
do telhado da pousada, é reconfortante. Percebo que,
provavelmente, é a melhor coisa que poderia me acontecer. Eu
preciso de tempo fora de Chicago para clarear a minha mente. Não
estar rodeado de lembranças diárias da mídia e da minha família
sobre tudo que eu passei nos últimos dois anos.
A chuva começa a engrossar lá fora e, se eu não sair agora
vou acabar preso em um pé-d'água. Uma mensagem de alerta
meteorológico vem do meu telefone e parece que a tempestade não
vai passar tão cedo. Dou um suspiro profundo, pego minha mochila
do banco do passageiro e desligo a caminhonete. No segundo que
abro a porta, o vento bate contra ela e a chuva atinge o meu rosto.
Puta merda.
O vento sopra chicoteando quando caminho em direção à
varanda da pousada, até finalmente me abrigar embaixo dela.
Balanço o cabelo, tentando tirar a água dos meus olhos. O céu caiu,
de repente, em uma chuva torrencial.
Envolvo meus dedos na maçaneta da porta e a abro, dando
um passo para dentro. Água de chuva ainda pinga do meu cabelo e
escorre pelos meus olhos, minha camiseta já ensopada e a minha
bolsa enquanto aguardo na entrada. Eu examino a pequena sala,
passando os olhos pelos móveis antigos, e percebo que é muito
mais aconchegante do que eu esperava.
Nessa situação, provavelmente o inferno é muito mais
aconchegante do que lá fora agora.
— Olá, tem alguém para o check-in?
Uma senhora de cabelos grisalhos usando óculos de
armação fina entra na sala. Ela está com um vestido longo, tem um
avental rosa claro coberto de farinha, amarrado ao pescoço, e
parece que acabou de sair da cozinha onde assava alguma coisa.
— Olá, estou aqui para dar entrada. Eu liguei mais cedo… —
baixando a minha voz eu digo: — Briggs Wilson?
— Ah sim, Sr. Wilson. Meu nome é Margaret e eu administro
a pousada. Fico feliz em fazer o seu check-in e te mostrar o quarto.
Eu concordo com a cabeça.
— Obrigado.
Margaret digita no computador do balcão e me olha com um
sorriso, e uma expressão gentil e calorosa.
— Que droga! O computador está fora do ar por causa da
tempestade. Deixe eu anotar aqui e quando o sistema voltar eu faço
o registro.
Com a caneta que estava ao lado do bloco de notas, ela
escreve algumas linhas confusas, depois olha para cima e sorri
amplamente para mim. Me sinto à vontade imediatamente.
— Certo, tudo nos conformes. O café da manhã é as oito, eu
levo toalhas novas todos os dias e, caso precise de alguma coisa,
há um telefone no seu quarto. Como eu estava dizendo, infelizmente
devido à tempestade a internet e os telefones não estão
funcionando, mas esperamos que, em breve, tudo se resolva.
— Sem problemas. Obrigado.
O sorriso dela é terno e verdadeiro.
— Venha comigo para eu poder te mos…
A porta de entrada se abre atrás de mim, uma forte rajada de
vento a empurra contra a parede oposta e por pouco me joga no
chão. Entretanto, a garota que atravessa a soleira, me derruba de
verdade. Ela tromba em mim com tanta força que nós dois vamos
direto para o chão.
A madeira range embaixo de mim quando a atingimos. O
cotovelo dela vai direto para as minhas bolas e eu gemo na mesma
hora. A dor forte irradia para o meu estômago, e me causa ânsia de
vômito.
— Oh, caralho!
Ela deve ter um metro e meio de altura, pelo menos trinta
centímetros a menos do que eu e acabou de nos derrubar no chão
como uma porra de um linebacker,[1] tendo minhas bolas como
vítimas exclusivas.
— Eu sinto muito, oh meu Deus, me desculpe, eu sinto
tannn… — a pequena terrorista se desculpa excessivamente. Eu
mal enxergo o seu rosto escondido atrás de uma cortina de cabelo
loiro, mas vejo vagamente as íris cor de avelã e mel dos seus olhos
arregalados que me encaram.
— Está tudo certo, eu estou bem. Você está bem.
— Oh minha nossa, você está bem, minha querida? —
Margareth pergunta, se agachando ao nosso lado para tentar ajudar
a garota a levantar. A senhora a puxa pelo braço e elas levantam ao
mesmo tempo. Logo que está de pé, afasta os cachos loiros
ensopados do seu rosto e, apesar da aparência de cachorro
molhado eu não posso deixar de notar que … ela é linda pra
caralho.
Ela está completamente encharcada, não há uma parte seca
sequer. Sua blusa amarelo-clara está colada no corpo acentuando
os quadris e as curvas. Vejo o contorno do sutiã de renda, mas
afasto rapidamente o olhar de parecer um pervertido.
Firmo nos meus cotovelos e me levanto da madeira molhada,
ficando de frente para ela e Margareth.
— Mais uma vez, eu sinto muito, muito mesmo. Minha
sandália… acho que ela enganchou na varanda, e o vento, eu
apenas… me desculpe. — Ela sorri e suas bochechas ficam
vermelhas de vergonha. Olhos avelã com manchas douradas,
cabelos loiro claros compridos, arcada dentária perfeita e lábios cor
de pêssego.
Ficar preso no meio do nada durante uma tempestade com
uma linda garota, não é o tipo de sorte que eu tenho, mas foda-se
se eu não vou aceitar.
— Não é grande coisa. Nenhum dano, nenhuma culpa. — Eu
pego minha mochila do chão e Margaret olha para a garota.
— Só um instante, querida. Vou mostrar o quarto para este
hóspede e depois te encontro na cozinha.
A bela loira assente com a cabeça e, sem jeito, acena em
despedida. Sorrio para ela e sigo atrás de Margareth. Caminhamos
por um longo corredor que tem a parede coberta de pinturas antigas
e retratos de pessoas de diferentes épocas.
— Você vai ter que perdoar a minha neta Maddison. Ela é
meio desastrada.
Eu apenas balanço a cabeça.
— Não tem problema, está escorregadio lá fora. Eu sou um
cara grande e quase fui derrubado por aquele vento.
Ela sorri.
— Chegamos. — Ela me leva por um pequeno corredor com
apenas duas portas opostas. Parece bastante privado, exceto pela
porta em frente à minha. Fica em outra ala, separado do restante
dos quartos. Margareth tira uma velha chave mestra do avental e
me entrega. — Este é o seu quarto, se precisar de alguma coisa, me
avise por favor. Será um prazer te ajudar. Espero que o telefone e a
internet voltem a funcionar em breve.
— Sem problemas. Obrigado por me instalar tão depressa.
— Oh, não foi nada querido. Estamos felizes em ter você em
Brickside. Se precisar de qualquer coisa, me diga por favor. — Ela
sorri mais uma vez e passa pela porta.
O silêncio ao meu redor me acalma. Neste momento estou,
literalmente, isolado do resto do mundo, sem internet ou TV a cabo
por causa da tempestade. Tiro meu telefone do bolso e vejo que a
barra de sinal está reta, indicando que estou realmente isolado do
mundo por estar aqui.
Não que eu receba nada além de e-mails ocasionais, poucas
ligações e mensagens. Saí da mídia social alguns anos atrás,
depois que tudo veio à tona. Sinceramente, foi o melhor que já fiz e
não tenho intenção de voltar atrás. Só acompanho o blog da Maria
Patins estúpida – já que pareço ser um sádico e amar um castigo –
e poucos sites de esportes. O resto eu evito e é melhor assim.
Coloco minha bolsa na cômoda e olho em volta. No meio do
quarto há uma cama de dossel com cortinas. Criados
correspondentes ficam em cada lado e o cômodo inteiro parece
acolhedor e confortável.
No fim das contas, pode ser que vir para o meio do nada para
fugir dos seus problemas não seja um problema.
Capítulo Quatro
Briggs
Faz uma hora que estou com a mesma cerveja pela metade e
em temperatura ambiente. Meus olhos encaram o fogo e a minha
cabeça se perde em algum lugar do passado, quando ela entra na
sala.
Sinto sua presença no momento que passa pela soleira da
porta. O cabelo loiro que parecia mais escuro quando molhado pela
chuva, agora está seco e amarrado na nuca. Com as bochechas
rosadas e a testa franzida, uma expressão de concentração define o
seu rosto.
Aproveitando que ainda não notou a minha presença, tiro um
momento para admirá-la. Ela sussurra palavrões enquanto carrega
o seu laptop e tenta se concentrar na tela, até esbarrar direto na
borda da mesinha de madeira.
— Droga! — Então, solta um suspiro frustrado. Uma risada
baixa escapa dos meus lábios, fazendo-a olhar na minha direção.
— Merda, me desculpe. Não percebi que havia mais alguém
aqui — ela praticamente guincha ao observar que não está sozinha.
Mesmo com pouca luz, o brilho do fogo me permite ver suas
bochechas em chamas. — Ah, você é o cara que ataquei mais cedo.
— Ela desliga o computador e franze o nariz em um pedido de
desculpas. — Ainda sinto muito pelo que aconteceu. Eu costumo ser
um pouquinho desajeitada.
— Não foi grande coisa. Não é como se eu nunca tivesse …
— Algo me impede de dizer que toda semana luto no gelo com
caras três vezes maiores do que ela. Há uma grande chance de não
saber quem eu sou. Não o fodido do Avalanche, nem um
profissional qualquer do hóquei. Porra, quando foi a última vez que
me aproximei de alguém que não estivesse cego pelos símbolos de
dólar, durante uma conversa ou entrevista a respeito de hóquei?
Inferno, analisando a primeira reação ao me conhecer, existe
uma grande chance nem mesmo ser uma fã.
Encolho os ombros despreocupadamente.
— Não foi nada. Não se preocupe. De verdade.
— Me deixa pegar outra cerveja para você, pelo menos. Por
minha conta. — Ela acena na direção da minha bebida quente,
depois levanta a mão. — Prometo me comportar direitinho.
— Se você faz questão, mas é sério, eu estou bem.
Ela coloca o computador na mesinha ao meu lado e
desaparece pela porta, voltando um pouco depois com uma garrafa
de tequila e dois copos com tema natalino.
— Uh, na verdade estamos sem cerveja e eu não queria
voltar com as mãos vazias, então eu peguei isso. — Ela levanta a
garrafa e encolhe os ombros.
— Nossa, você está tentando me embebedar… e abusar de
mim? — Eu sorrio.
— Não, oh Deus! De jeito nenhum. Definitivamente não — ela
diz em imediato, obviamente corando com a minha provocação. —
Eu só estava dizendo que tequila é tudo que tem por aqui e, depois
do dia que tive hoje, preciso beber. Além do mais, depois de nosso
primeiro encontro, acho que você merece esta bebida tanto quanto
eu.
Ela coloca a garrafa e os copos perto do seu computador.
Com a proximidade, consigo ver melhor as suas feições . Os
impressionantes olhos cor de mel, os cílios grandes e a boca em
forma de coração que de repente, tenho vontade de devorar.
Ela é linda pra caralho. O tipo de beleza que te atinge no
momento que ela chega no lugar.
— Eu sou Maddison e, honestamente, tive uma semana meio
difícil. Agora quero tomar algumas doses desta merda de tequila
com um completo estranho que não vai me julgar por estar
perturbada.
Gesticulo para ela sentar perto de mim e dou de ombros.
— Eu sou Briggs e ... de forma alguma. Eu não tenho o
hábito de julgar, e agora estou por sua conta. — Espero ver algum
tipo de reconhecimento no seu rosto, mas nada acontece, e eu
respiro aliviado. Ela não faz ideia de quem sou.
— Obrigado.
Quando ela se joga na cadeira e suspira fundo, levanto as
sobrancelhas.
— Eu já ia perguntar se você quer falar sobre isso, mas…
— Não. Eu não quero. Na verdade, falar sobre isso é a última
coisa que quero fazer. Podemos apenas beber e falar sobre
qualquer coisa além dos nossos problemas? — Ela estende a mão
para abrir a tampa, serve duas doses até a borda dos copos e me
entrega uma.
Pego o copo, levanto e mando para dentro. Queima, e não é
bom. É como se a tequila tivesse dez anos e viesse de um posto de
gasolina, mas eu engulo mesmo assim.
— Tudo bem. — Balanço a cabeça para aliviar o gosto ruim.
— É realmente uma merda de tequila. Você acertou em cheio com
ela.
Maddison franze o rosto em desgosto, mas então um sorriso
perverso se espalha em seus lábios rosados, ela joga a cabeça para
trás e gargalha.
— Realmente.
O seu telefone toca enquanto serve outra dose, mas ela o
ignora. Isso me lembra que se o celular dela está funcionando, pode
ser que eu tenha sinal, mas sinceramente…Estou gostando do
silêncio. Não quero checar meu e-mail, responder os textos de
Conrad nem ler todas as mensagens que perguntam se estou bem
ou se preciso de alguma coisa. Só por esse motivo, mantenho meu
aparelho no bolso e concentro minha atenção na mulher sentada à
minha frente.
Ela me entrega outra dose e, juntos, mandamos para dentro
pela segunda vez.
— Deus, pensei que ficaria melhor depois da primeira, mas
não. Seus ombros balançam com um arrepio de corpo inteiro, e o
rosto contorce em desgosto.
— De jeito nenhum. — Eu pigarreio. — Para falar a verdade,
acho que está piorando, se isso for possível.
Assentindo, ela lambe uma gota de tequila do canto do lábio
e eu quase gemo alto.
— Bem, é o que temos e eu sou do tipo de garota "já que vai
fazer, faz direito".
— Tem razão. O ponto positivo é que depois de algumas
doses, provavelmente não sentiremos mais o gosto. — Eu rio e ela
solta uma risadinha. — Bem…Já que vamos terminar essa tequila
repugnante juntos, acho que deveríamos nos conhecer.
O lábio inferior carnudo e rosado, que ela parece mastigar
quando está nervosa é empurrado entre os seus dentes quando
senta de novo na cadeira. Ela se afasta um pouco, hesitante.
— Não tem muita coisa para saber. Você já viu o básico. Sou
capitã de flag football[2] disfarçada, gosto de bebida barata e sou
totalmente desajeitada.
— Você derrubou noventa quilos no chão, estou tentado a
acreditar. Não tenho muita certeza sobre ser desajeitada. Talvez
apenas lhe falte um pouco de coordenação.
Ela sorri de leve e revira os olhos.
— Honestamente, eu gosto do fato de não te conhecer e
você não me conhecer. Deixa as coisas mais interessantes.
— Vou tomar uma dose por isso. — Eu sorrio. Ela não
imagina o quanto gosto da ideia de não ter que ser o que eu não
quero agora. Para ela eu sou algum cara que nunca viu antes,
hospedado na pousada dos seus avós, sem as correntes do meu
passado para ajudá-la a descobrir.
Eu não sou aquele que quase perdeu sua carreira de hóquei
depois de ser traído pelo próprio irmão. Ou o cara que passou noites
incontáveis em uma cela, esperando ficar sóbrio o suficiente para
ser resgatado pelos seus amigos ou seus pais. Ela não me conhece
como aquele que procura briga apenas para sentir alguma coisa.
Aquele que estava tão entorpecido por dentro que a única forma de
sentir era se me machucar.
Ela não conhece aquele cara, ela não faz ideia de quem eu
sou ou pelo que eu já passei.
É libertador.
Seus dedos, cujas unhas estão pintadas de rosa choque,
circulam a borda do copo. Ela pega a garrafa, derrama mais uma
dose para cada um de nós e levanta a mão para um brinde.
— Aos estranhos e à tequila barata.
Nós brindamos e viramos a tequila.
De alguma forma, uma dose se transforma em duas, depois
quatro e então bem, perdi a conta. Uma hora depois sentamos um
ao lado do outro no sofá, nos encarando. Lágrimas descem pelo
rosto de Maddison enquanto ela ri da história que eu conto.
— Então ele corre pela sala com a bunda de fora, e não
vamos deixá-lo esquecer nunca mais.
Ela se dobra toda, rindo e porra, não posso evitar o sorriso
que isso traz ao meu rosto. Ela é contagiante. Engraçada,
audaciosa e tudo que eu não imaginei que ela fosse, quando entrou
pela sala ontem à noite. E o melhor de tudo é … que ela não faz a
menor ideia de quem eu sou. A conexão é cem por cento
verdadeira. Enquanto conversamos sobre nossas vidas e as
pessoas que fazem parte dela, ela não pressionou sobre minha
profissão. Evitamos deliberadamente qualquer tema profundo e,
caralho, está sendo ótimo.
Aproveitar a noite sem compromisso nem expectativa.
Estou perdido em pensamentos quando Maddison me
chama.
— Briggs?
Olho para cima, encontro o olhar dela e perco totalmente o
raciocínio.
— Desculpe, a tequila barata está subindo para a minha
cabeça. O que você disse?
O seu dedo mindinho traça a borda do copo e ela ri.
— Eu estava falando que seus amigos parecem ser ótimos. É
maravilhoso ter um grupo de pessoas que conseguem extrair o
melhor de você, podendo ser espontâneo quando está com eles.
— Sim, com certeza tenho sorte por tê-los.
Pego os copos e a garrafa de tequila atrás de mim e nos sirvo
outra dose. Ela pega o copo da minha mão e viramos o líquido ao
mesmo tempo. Mesmo perdendo a conta de quantas doses
tomamos, ainda tem gosto de lixo.
Provavelmente já passa de uma da manhã, mas ainda não
estou pronto para encerrar a noite. Não estou pronto para me
despedir de Maddison.
— Eu tenho uma ideia. Há menos de meia garrafa sobrando.
vamos acabar com ela de uma forma diferente. Quero que você me
diga uma verdade e uma mentira. Se eu acertar qual é a verdade,
você bebe. Se eu errar, bebo eu — sugiro.
— Tudo bem, mas acho que é uma má ideia. Preciso te
informar que sou extremamente competitiva e odeio perder.— Ela
sorri de forma atrevida e, em expectativa, traz a unha rosa bem
cuidada para os seus lábios.
— Tenho a sensação que você está indo direto para as
minhas bolas. — Rio e reviro os olhos de brincadeira.
— Só tentando pensar em algo realmente bom.
Estou tão atraído por ela que não consigo pensar em outra
coisa além do desejo de deitá-la nesse sofá. Ela é uma corrente de
ar fresco. Sua risada, seu humor, sua sinceridade descarada.
Mesmo pensando que estar aqui com ela é a última coisa que eu
deveria fazer, não estou pronto para dizer adeus e subir as escadas.
Eu quero mais. Disso. Dela.
Excitação arrasta pela minha espinha quando ela geme
baixinho em frustração.
— Merda. Tenho tantas boas que não sei por onde começar.
Okay...Okay. Eu fui capitã do time de xadrez e… eu perdi minha
virgindade no estábulo de uma fazenda.
Arregalo os olhos.
— Time de xadrez?
— Das duas opções, é essa que te surpreende? Vá em
frente, me diga qual delas é a verdade e qual é a mentira.
Eu penso por um minuto. Porra, ela é boa. Eu apostaria
dinheiro naquela cara de pôquer, não revela absolutamente nada.
Me faz imaginar quem realmente ela é. Quem está sob esse
exterior de tirar o fôlego?
— Certo. Vou apostar tudo que tenho nessa. A do time de
xadrez é mentira. A do estábulo da fazenda é verdade.
Seus olhos brilham.
— Desculpe, Casanova, mas você provavelmente não
deveria ir ao cassino tão cedo. Beba.
— Sério? — Eu digo, perplexo. Puta que pariu. — Você foi
capitã do time de xadrez?
Ela acena com a cabeça, sorrindo descaradamente.
— Não se surpreenda tanto. Só porque sou bonita não quer
dizer que não seja inteligente. O meu QI é de 180. Beleza e cérebro.
Ela é. Completamente, caralho. Porra, eu amo essa
confiança. É sensual e raro de ver em uma mulher. Ela está
completamente confortável em sua pele e assume isso.
Tomo a dose que me serve e tento não estremecer quando
ainda queima. Merda, quando essa bosta vai deixar de ser tão ruim?
— Tudo bem, vamos lá. — Eu sorrio. — Fui ao meu baile de
formatura com o meu primo.
Ela arregala os olhos, ergue as sobrancelhas em surpresa e
cobre a boca quando dá uma risadinha.
— O que é tão engraçado, Cérebro?
— Sinto muito, mas se isso for verdade vou precisar de um
tempo para história. Desculpe, desculpe, tudo bem, continue.
Balançando a cabeça, eu rio.
— E, eu falo três idiomas.
— Oh, eu vou ganhar isso! — Ela recosta no sofá, com
bochechas coradas os olhos brilhantes por causa do fogo que está
quase se apagando. É tão linda que tira a porra do meu fôlego.
Minhas mãos coçam para puxá-la para o meu braço e beijá-la até
que ela não consiga mais respirar.
— Vou dizer que a dos três idiomas é mentira.
Fico em silêncio por um momento, depois assinto. É verdade,
eu realmente levei meu primo para o baile.
— Ha! Droga, eu deveria ir a Vegas e apostar todas as fichas.
— Ela solta uma risada baixa e rouca. Quando ela se inclina, à
frente da blusa se afasta e eu tenho um vislumbre dos seus seios
fartos e apetitosos.
Rio para reprimir um gemido.
— Veja, Beleza e Cérebro, não se precipite aqui. Você
ganhou duas rodadas, mas eu estou apenas começando. O jogo
ainda não acabou.
— Só estou dizendo que não parece muito bom para você,
companheiro. — O meu coração acelera no peito com a
provocação. Uma batida constante me faz recordar que, mesmo
depois de tudo, ele ainda pulsa em algum lugar dentro de mim.
Pacientemente, me sento e a espero escolher sua próxima
questão. Meus olhos examinam seu rosto, me familiarizando com a
pequena curva dos lábios quando sorri, e a forma como os olhos
parecem brilhar sempre que ela me provoca.
Ela está gostando da surra que está me dando.
— Okay, okay, eu não apostaria tudo nessa. Estou
aumentando a aposta.
Ela arregala as íris douradas com manchas cor de mel e
levanta as sobrancelhas em questionamento.
— Estou ouvindo.
— Se você ganhar essa rodada eu bebo duas doses, mas se
eu ganhar… eu quero um beijo.
Ouço sua respiração delicada, porém profunda,
completamente surpreendida pelo meu pedido e, por um segundo,
imagino se passei dos limites. Depois de um breve momento de
hesitação, ela endurece sua mandíbula com determinação.
— Estou dentro, Romeu.
No momento que decidi provocá-la com essa… aposta
específica, soube exatamente o que dizer.
— Eu quebrei um recorde mundial e… quebrei o mesmo
braço três vezes.
Ela não vacila. Continua coma mandíbula cerrada e muita
determinação no olhar. É sexy pra caralho. Quanto mais admiro a
sua competitividade, mais espero que ela erre esta, porque não sei
se consigo durar mais um minuto sem beijar aqueles lábios.
Os momentos passam e ela fica em silêncio antes de
finalmente falar:
— Recorde mundial.
— É a sua resposta final?
Ela revira os olhos.
— Sim Regis, agora me faça milionária.
Eu não respondo de imediato. Em vez disso, me inclino para
a frente, diminuindo ligeiramente a distância entre nós. Chego tão
perto que consigo inalar o seu aroma floral, limpo e cítrico e sentir
seu hálito quente em meus lábios.
— Errado. Deveria ter ligado para um amigo.
Observo quando ela engole visivelmente, o pulso do seu
pescoço lateja enquanto me inclino para mais perto. Tudo é
permitido com tequila barata e verdade e mentira, e eu vou coletar
meus ganhos.
Seu olhar fixa no meu.
— Você quebrou um recorde mundial?
Eu sorrio, aceno com a cabeça e encolho os ombros.
— Nunca subestime o Romeu, Cérebro.
E então meus lábios estão nos dela. Eu vou de encontro a ela
do jeito que uma onda agitada e hesitante chegaria na praia. Ela é
suave, doce e, porra, quando os lábios dela movem contra os meus
eu uso todo o meu controle para ir devagar, tomar meu tempo e
saborear o momento. Minha língua mergulha na boca dela,
roubando todos os suspiros e os mantendo como reféns. Suas mãos
deslizam pelo meu cabelo e ela se aproxima, pronta deslizar para o
meu colo.
Eu me afasto rudemente, quebrando nosso beijo. Nós dois
estamos ofegantes, e se ela se sente como eu, seu coração ameaça
sair do peito.
Puta merda, isso foi intenso. Maddison levanta a mão e
arrasta os dedos levemente pelos seus lábios agora inchados.
— Desde que te vi, não consegui parar de pensar em como
seria beijar você.
— Não… não me olhe assim — sussurra.
— Assim como?
Ela suga o ar antes de responder:
— Como estranhos não deveriam se olhar.
— Maddison… — Eu começo, mas ela me interrompe
colocando seu dedo nos meus lábios.
— Posso ser honesta com você?
Com sua pergunta repentina, meu coração martela em meu
peito, e minha garganta parece engrossar.
— Sempre.
Ela vira completamente para mim, puxa as pernas na direção
do seu peito e descansa o queixo nelas.
— Esta é a única conversa, desde que me lembro, que
parece verdadeira. Que não é com algum cara que conheci em
aplicativos e parece ter que mentir sobre tudo para me impressionar.
Apenas parece… sincera. E eu nem mesmo sei o seu sobrenome.
— Eu sei exatamente o que você quer dizer. Faz muito tempo
desde que me senti como se pudesse… não sei, apenas conversar
com alguém da forma que fizemos esta noite.
Quase terminamos a garrafa de tequila, e até perdi a noção
de como já está tarde. Inferno, eu não tinha olhado para o relógio
desde que ela sentou perto de mim.
— Eu posso ser honesto com você? — pergunto. Me
aproximo e meu coração bate forte enquanto espero pela resposta.
Ela acena com a cabeça.
— Sempre.
— Eu não estou pronto para encerrar esta noite com você.
Ela abre os lábios e os umedece com a língua.
— Nem eu.
— Tenho uma ideia. Você vai confiar em mim?
— Eu deveria? Confiar em você? Somos estranhos …
lembra? — responde me desafiando por pedir a uma garota com
quem passei menos do que um dia inteiro para confiar em mim,
mesmo que eu tenha passado os últimos dois anos afastando todo
mundo.
Sem acreditar em ninguém depois que traíram a minha
confiança.
— Tem razão. E se eu prometer me comportar muito bem
pelo resto da noite?
Ela se afasta em silêncio e quase posso ver as engrenagens
girando em sua cabeça.
— Tudo bem. Uma noite Romeu.
Uma noite é tudo que eu preciso.
Capítulo Cinco
Briggs
Maddison
Maddison
Eu respondo rapidamente.
Briggs: Te vejo então.
Acho que hoje é o dia da verdade.
Capítulo Vinte Um
Maddison
Me sinto tão nervosa que minhas mãos estão pegajosas. Eu
limpo as palmas suadas no jeans e me forço a respirar fundo.
Pelo amor de Deus, Maddison, você passou um fim de
semana de sexo quente, suado e incrivelmente bom com o homem
e depois teve a filha dele. Isso não é nada. É só um jantar.
Ou pelo menos é o que eu continuo a dizer, mesmo sabendo
que é muito mais. Passei um dia inteiro preocupada com uma
decisão que já tinha tomado, quando ele confessou seus
sentimentos para mim na minha cozinha.
Eu só precisava ter certeza.
E eu tenho. Eu quero Briggs Wilson desde o momento que
ele entrou na pousada dos meus avós. Aquele foi um dos fins de
semana mais memoráveis da minha vida. E, testemunhar o quanto
ele é incrível e paciente como pai da nossa garotinha? Deixa meu
coração mais mole a cada vez que os vejo juntos.
Vou contar para ele nessa noite, e é por isso que o meu
estômago parece estar amarrado em dez nós. Sinto que vou vomitar
quando eu tiro a lasanha do forno e coloco na prateleira de
resfriamento. Este apartamento é do tamanho de uma caixa de
sapatos, fazer refeições complexas como esta já é estressante por
si só.
— Merda — xingo, quando vejo as bordas o meio queimadas
por ficarem muito tempo no forno. É claro que todas as coisas do
mundo tiveram que dar errado desde que chamei Briggs para jantar
aqui essa noite. Para começar, enquanto eu preparava a lasanha,
passei um pouco do horário de tirar o leite. Logo, meu suéter que
demorei uma hora para escolher, ficou com dois círculos molhados.
O alarme do meu telefone toca.
Quinze minutos. Okay, preciso colocar o pão no forno e
depois está tudo certo.
— Tá pronta pra ver o papai, garotinha Olive? — eu pergunto.
Ela me olha com grandes olhos verdes e sorri, enquanto
mastiga os punhos relaxadamente. É o que mais gosta de fazer. Eu
até combinei com Ty e Kyle um encontro com os titios esta noite,
para eu e Briggs termos tempo para conversar.
Cinco minutos depois de colocar o pão de alho no forno, ouço
uma batida na minha porta. Sabendo que provavelmente são Ty e
Kyle no outro lado, grito ao abrir:
— Graças a Deus!
Só que não são eles. É Briggs, com um sorriso pretencioso.
Ele está muito bonito, vestindo jeans escuro e uma camisa de botão
com as mangas dobradas até o cotovelo. Ele encosta na porta
casualmente.
Eu engulo em seco. Com certeza, um homem ser tão
atraente, é injusto com todas as mulheres. Acho que perdi a fala.
— Fico feliz por você se animar com a minha chegada,
Madds.
— E-eu… — gaguejo e o sorriso dele alarga, enquanto o meu
nervosismo aumenta. — Pensei que fosse Ty. Ele e Kyle vêm
buscar Olive em poucos minutos. Vão ficar com ela esta noite.
Ao mencionar Olive, seus olhos brilham em um forte
contraste com a cor escura da sua roupa.
— Bom, então eu ganho poucos minutos pra ficar com ela.
Felizmente, de alguma forma consegui recuperar a fala.
Limpo a garganta e afasto mais a porta.
— Entre. Me desculpe.
Ele passa pela porta, mas assim que acaba de entrar vira em
minha direção.
— Você parece nervosa, Madds. Tá tudo bem?
Meu coração bate forte contra minhas costelas quando ele
invade o meu espaço. Ele para bem na minha frente, com os cantos
dos lábios levantados em um pequeno sorriso que não faz nada
para acalmar o meu pulso acelerado.
Deus, ele é maravilhoso. A mandíbula forte e afiada me faz
recordar a noite que a tracei com a língua, provando o sabor
salgado da pele dele.
Me arrepio com o pensamento e ele desliza as mãos pela
minha cintura.
— Preciso da sua resposta, Maddison. Eu sou um cara
paciente, mas mal posso esperar para te tocar de novo.
Com isso ele me deixa ir e caminha até o assento Bumbo de
Olive para pegá-la, e eu me derreto em uma poça.
Nunca vou entender como ele consegue me causar essa
reação apenas com palavras simples e um toque leve.
Eu me junto a eles na cozinha e observo como embala Olive
em seus braços. O meu coração não aguenta, está completamente
vulnerável.
— Ei minha garotinha linda. Papai sentiu muitas saudades,
você sentiu minha falta? — Suas mãos gordinhas alcançam a
sombra da barba no queixo dele, e ela balbucia alegremente.
Depois dá uns gritinhos enquanto ele movimenta em círculos, rindo.
Outra batida me interrompe e volto para a entrada. Abro a
porta e Ty e Kyle, finalmente, estão do outro lado. Meus nervos
acalmam só de vê-los.
— Oi amor! — Ty passa por mim à procura de Olive, e Kyle
apenas ri, balança a cabeça e me dá um abraço apertado.
— Oi linda, tá pronta para a noite? — sussurra em meu
ouvido. Eu aceno em seu abraço e quando ele me liberta, afasta o
cabelo do meu rosto bem na hora que Briggs chega atrás de nós.
Limpando a minha garganta, eu os apresento.
— Uh, Kyle, Ty… este é Briggs, meu…
— O pai da sua filha. — Ele sorri, estendendo a mão para
Kyle, agora que Ty pegou Olive.
Eu rio de nervosismo.
— Okay, estou feliz porque foram apresentados. Ty, posso
falar com você por um instante, no meu quarto? Eu só preciso pegar
a bolsa de Olive.
— Há algo em que eu possa ajudar para o jantar, Mads? —
Briggs pergunta antes de sairmos.
— Mads? — Ty me olha com as sobrancelhas erguidas.
— Se você puder abrir o vinho, vai ser ótimo.
Briggs acena com a cabeça e Ty e eu entramos no meu
quarto. Eu fecho a porta e baixo a minha cabeça contra ela.
— Merda. Merda. Droga, Ty, não posso fazer isso. Sinto
como se fosse o meu primeiro encontro de novo. Não faço isto
desde... sei lá, desde sempre. E eu vou falar pra ele essa noite. Vou
falar tudo pra ele.
Ty revira os olhos e coloca Olive na cama, depois se
aproxima e toma meu rosto em suas mãos.
— Tudo vai se acertar, querida. Você está seguindo seu
coração, é a coisa certa a fazer. Acho que assim que contar, tudo
vai ficar bem. Ele também é louco por você. Nesse pouco tempo eu
consegui notar e penso que não vai mudar. Acho que ele não vai a
lugar nenhum.
Espero que ele esteja certo, mas nem mesmo o seu discurso
de encorajamento acalma o bando de borboletas agitadas no meu
estômago.
Inspiro profundamente e expiro em seguida, enquanto Ty me
segura e me instrui. Uma amizade da vida inteira faz isso por você.
Ele me ajuda a ver claramente quando minha cabeça está confusa.
— Eu e Kyle estaremos em casa cuidando de Olive. Se você
quiser falar com ela ou saber como está, o meu celular vai ficar ao
meu lado. Tudo bem?
— Tudo bem. Entendi, aqui a bolsa dela. — Suas mãos
caem, e eu caminho até a bolsa de fraldas que arrumei há pouco
tempo. Posso ter exagerado um pouco, mas tem todos os itens
essenciais. — Coloquei três mamadeiras por precaução, mas acho
que ela só vai tomar duas. Se precisar de mim, estou a uma ligação
de distância.
Ele acena com a cabeça, dá um beijo rápido na minha
bochecha e pega Olive da cama.
— Entendi. Estamos bem, voltamos mais tarde. Te amo,
tchau
Mal tenho tempo para dar um beijo em Olive antes dele
atravessar a porta e me deixar sozinha.
Estou mais calma do que antes, mas ainda sinto que vou
passar mal a qualquer momento.
Tudo, e eu quero dizer tudo, muda quando você tem um
bebê. Eu e Briggs não apenas passamos um fim de semana juntos.
Ele me viu antes de Olive… viu o meu corpo antes da gravidez. Ele
não imagina o que o espera e, no momento que olhar para mim, vai
correr na direção contrária. Meu corpo está cheio de estrias, meus
peitos estão caídos por causa da amamentação, e a pele da minha
barriga está flácida, depois de esticar por causa da gravidez.
Eu gemo.
Tudo vai ficar bem, Maddison. Relaxe. Dando mais uma
olhada no espelho de corpo inteiro atrás da porta, eu aliso meu
suéter e ajeito o cabelo. Volto para a cozinha e encontro Briggs
encostado no balcão, de olho no telefone.
Quando passo pela porta ele me olha, foca a sua atenção no
meu corpo e volta a me encarar.
— Pronto pra comer? — Minha voz sai aguda, e ele dá uma
risada baixa e rouca.
— Sim, quando você estiver. Servi um pouco de vinho.
— Obrigada.
Faço os nossos pratos e sentamos à mesa um em frente ao
outro. Briggs começa a comer imediatamente, sem mencionar o
motivo real do meu convite para esse jantar.
— Meu Deus, é a melhor coisa que já comi. — ele geme em
volta do seu garfo cheio de lasanha. — Bem... quase.
Seus olhos brilham com a insinuação, e meu rosto enrubesce
sob seu olhar.
— Obrigada. É a receita da Nana. Acho que já passou por
três gerações. Na verdade, eu amo a culinária. Só não cozinho mais
por causa do meu trabalho e dessa cozinha minúscula.
— Está deliciosa.
Tomo um longo gole de vinho com o intuito de aliviar a tensão
e, antes que eu perceba, esvazio o copo e me sinto um pouco mais
relaxada. Antes de perder a coragem, falo, tentando nem ao menos
pensar assunto.
— Eu gostaria de tentar levar as coisas... lentamente.
Briggs levanta o olhar na direção do meu, e move o canto da
boca lentamente. Ele pousa o garfo em silêncio, une as mãos sob o
queixo.
— Preciso que você elabore, Mads.
Minhas bochechas queimam enquanto eu engulo o meu
nervosismo.
— Isso. Nós. Juntos. Você tem razão, quero dar uma chance.
Mas acho que deveríamos ir com calma e nos conhecermos melhor,
já que só passamos juntos o fim de semana da concepção de Olive.
— Um fim de semana incrível — diz ele.
Foi, e isso é parte do motivo de eu estar aberta a explorar o
que quer que tenha despertado entre nós.
Eu concordo com a cabeça.
— Foi. O que você disse no outro dia ... sobre não conseguir
esquecer? Eu também não consegui. Mesmo durante a gravidez e
depois do que aconteceu...eu não pude. Mesmo que eu devesse ter
conseguido na época.
Ele estende a mão e gentilmente pega a minha. Sua palma é
quente, e consideravelmente menos pegajosa. Pela primeira vez
nesta noite, eu sinto meu nervosismo aliviar.
— Nunca vou magoar você ou Olive, Maddison. E, se me
permitir, vou te provar todos os dias, linda.
Linda.
Eu limpo a garganta tentando conter minhas emoções e
como mais um pouco de lasanha, enquanto Briggs me serve outro
copo de vinho.
Depois do jantar, ele limpa a mesa e coloca as louças na
máquina. Eu tentei ajudar, mas ele insistiu para que eu desfrutasse
do meu vinho desde que já tinha cozinhado. Três taças para dentro,
e agora me pergunto porque estava tão nervosa.
Encosto minha cabeça no batente da porta, descansando na
madeira ao observá-lo limpar. Talvez seja o vinho, depois de um
tempo sem poder beber, ou pode ser apenas porque o Briggs é
assim...intoxicante. Pura masculinidade, mas estou aprendendo que
sob esse exterior, ele é atencioso e determinado.
O oposto do homem que costumava ser, ou pelo menos
parecia ser. Mais disciplinado.
— Posso sentir os seus olhos em mim daqui. — Logo que ele
vira e nossos olhares se encontram, sinto no meu âmago.
— Só observando.
Ele joga o pano no balcão e caminha em minha direção.
Vagarosamente. Até ficar em frente a mim. Tão perto que eu posso
sentir o cheiro fresco e amadeirado do seu sabonete, e minha
respiração acelera.
— Humm. Quer compartilhar essas observações, Mads?
Eu balanço a cabeça e trago a taça de vinho aos meus lábios
de novo, aproveitando demais disso, para quem disse que queria
levar as coisas devagar. Briggs coloca as mãos nas laterais da porta
atrás de mim e se inclina sem me tocar, mas perto o suficiente para
eu sentir o seu cheiro ao inspirar.
Ele me acalma como o olho de um furacão mantém a
quietude, mesmo durante as tempestades mais caóticas. Mas, de
alguma forma, momentos deixa o meu coração acelerado de um
jeito que não acontecia desde a noite que passei nos braços dele.
— Que tal você me dizer porque estava tão nervosa mais
cedo?
Eu desdenho baixinho.
— Eu? Nervosa? Nunca.
Briggs sorri e, em vez de responder, bebo o último gole do
meu vinho e pressiono a taça no seu peito em provocação. A bebida
agita o meu sangue e me sinto mais confiante. Menos nervosa. Mais
como eu era antes.
— Parece muito com um primeiro encontro, só isso. Os
primeiros encontros são assustadores.
— Um primeiro encontro? Maddison, passei uma noite inteira
dentro da sua boceta, acho que já passámos do primeiro encontro.
Suas palavras sujas causam palpitações no meu núcleo
traidor. Briggs se aproxima mais, passando o nariz por um ponto
sensível no meu queixo que me faz respirar fundo. Sem quebrar o
contato visual, ele pega a taça da minha mão e coloca no balcão ao
seu lado.
— Era pra gente ir devagar, lembra? — sussurro.
— Hum, eu lembro.
Sinto os lábios dele ali, bem debaixo do lugar que passou a
língua antes. O mesmo ponto que me fez arquear contra ele
enquanto afundava dentro de mim.
— Briggs, preciso te contar uma coisa. — minha voz é
apenas um sussurro.
Ele se afasta com os olhos de aço fixos nos meus e, por um
momento, só existe o som da nossa respiração irregular. A tensão é
tão grande que parece sugar todo o ar do cômodo, me deixando
desesperada para inspirar novamente.
Inspirá-lo.
— Preciso te beijar, Maddison, agora — ele ofega.
Meu corpo fica mais quente a cada segundo que passa. O
calor começa nos dedos dos pés e se espalha como fogo.
Então nos chocamos como se ambos estivéssemos em
período de seca. A confissão morre nos meus lábios, quando Briggs
me puxa em sua direção e posiciona os meus braços ao redor do
seu pescoço e cabelo grosso da sua nuca. Ele me beija com força e
empurra a língua na minha boca. Eu a abro, silenciosamente
implorando por mais. Desço as mãos do seu cabelo para o suéter
escuro em seus ombros, e agarro o material macio quando tento
trazê-lo para mais perto de mim. Sinto suas mãos descerem pelas
minhas laterais, passando dos meus quadris para a minha bunda,
enquanto ele me ergue contra a porta. Travo as pernas ao redor da
sua cintura quando ele inclina o meu queixo para aprofundar mais a
língua, roubando a respiração dos meus pulmões.
Tudo acontece muito rápido, eu pisco, e de repente nos
atacamos como adolescentes. Mas a dor maçante entre minhas
coxas, só piora a cada segundo que sua boca quente está sobre a
minha pele. Sua língua, hábil como sempre, traça um caminho
ardente pela minha garganta enquanto ele belisca a minha pele, e
eu arqueio na porta, encostando nele.
De alguma forma, no nevoeiro da luxúria que tomou conta do
meu cérebro, consigo me afastar e encher meus pulmões de ar
enquanto ele desce beijando da minha garganta até o V profundo da
minha camiseta.
Não sei se é o vinho, ou se são os hormônios furiosos que
aparentemente tomaram conta do meu corpo desde que tive Olive,
que me fazem querer mais. Eu preciso de mais. Eu preciso dele.
— Mais — ofego quando os dedos dele forçam o material do
sutiã e roçam os meus mamilos eriçados.
— Espere, espere — diz bruscamente, se afastando e
puxando o ar.
Eu arregalo os olhos.
— O que foi? Não, sem espera. — Eu tento trazê-lo de volta
para mim, mas ele balança a cabeça e geme.
Uma vibração atravessa o seu corpo e passa para o meu
núcleo dolorido.
— Você não faz ideia de como eu te quero, Maddison, do
quanto quero enterrar o meu pau dentro de você. Mas estou
tentando ser um bom homem. Você disse que queria pegar leve.
Com um suspiro profundo, eu encosto a cabeça na porta de
novo e murmuro:
— Retiro tudo o que eu disse. Digo isso com sinceridade, nós
tivemos uma filha antes mesmo de você saber o número do meu
telefone. Isso passa longe de pegar leve, Wilson.
Ele ri.
— Humm, vamos usar apelidos agora? Aprovo. Que tal
Papaizinho em vez disso?
— Minha resposta é não com letra maiúscula — suspiro.
Em vez de continuar, ele me dá um beijo suave e longo na
boca e, lentamente, me abaixa para o chão. Fico com um caso sério
de bolas azuis femininas, mas ele tem razão.
O sexo não me informa tudo o que quero saber sobre ele.
— Confie em mim. Quando for a hora certa, vou adorar cada
centímetro do seu corpo, Maddison. — Desejo emana das suas
palavras, mas não fazem nada além de deixar o meu clitóris
pulsando por antecipação.
— Pare!
Agora ele ri de forma insolente, porque sabe exatamente o
que está fazendo. Ele baixa o olhar para o relógio preto em seu
pulso que só agora eu percebi, porque não fui capaz de tirar os
olhos dele desde que passou pela porta.
— Além disso, Ty e Kyle chegarão a qualquer minuto com
Olive. A última coisa que quero é começar algo que não vou poder
terminar. Queria te perguntar, eu tenho um evento… um evento do
time. Todos os caras estarão lá com suas esposas e namoradas. Eu
sei que é meio precoce, mas você gostaria de ir? É casual.
Eu mastigo meu lábio com nervosismo ao pensar sobre isso.
Estou pronta para enfrentar o time de Briggs? Meu coração fraqueja
com a ideia de eles descobrirem quem eu sou. Dá para imaginar
como eles ficariam bravos? Agora, mais do que nunca, odeio ter
começado o Declarações de Uma Maria Patins. E isso parece ser o
oposto de lento, mas no nosso verdadeiro estilo… parece que
fazemos tudo além de pegar leve.
— Não vou te pressionar, mas eu adoraria que você fosse. E
eu quero que todos conheçam Olive, não apenas os rapazes. As
esposas deles estão morrendo de vontade de vê-la.
Ouço na voz dele o quanto quer que estejamos lá, e por isso,
acabo concordando em última análise.
— Okay, claro.
— Sério? — Seus olhos se iluminam.
Eu concordo com a cabeça.
— Contanto que você tenha certeza.
— Você não tem ideia do quanto eu quero vocês duas lá.
Parece bom demais para ser verdade... pelo menos para mim.
Desde a semana passada, é a segunda vez que ele fica
vulnerável comigo. A segunda vez que a culpa me consumiu tanto
que meus joelhos fraquejaram, como se o chão pudesse se abrir
debaixo dos meus pés.
Já fomos separados por um segredo uma vez e, se eu não
for honesta, vai nos separar novamente.
Capítulo Vinte e Dois
Briggs
— Está nervosa? — eu pergunto. Ela está no banco da
frente da minha caminhonete usando uma regata justa e jeans
escuros apertados que marcam a cintura, e fazem meu pau se
contorcer.
Ela balança a cabeça em negação, mas vejo como mexe os
dedos e mordisca o esmalte roxo das unhas. Mesmo que não
tenhamos feito disso um grande problema... ele é. É a nossa
primeira aparição juntos e, mesmo sendo apenas a equipe e os
familiares, ainda é enorme.
É um grande passo na nossa relação, que ainda é nova.
Mesmo assim, mal posso esperar para apresentar Olive e ela a
todos. Alcanço o console e entrelaço os meus dedos nos dela.
Trago a parte de trás da sua mão até a minha boca e coloco meus
lábios suavemente.
— Não fique nervosa. Eles vão te amar. Na verdade, todos
vão se encantar muito com Olive, e acho que estaremos fora do
radar.
Com isso, ela ri. De forma baixa e feminina, e eu adoro o
som. Tanto que quero ouvir de novo e de novo. Nunca vou me
cansar.
— Isso me faz sentir um pouco melhor — fala baixinho. Ela
passa todo o percurso em silêncio, mas o modo como segura forte
na minha mão me deixa confortável.
Depois de mais alguns minutos, saio da rodovia e passo pelo
portão da garagem de Reed. Ele e Holland são os anfitriões de hoje,
principalmente porque, de todos nós, a casa de Reed é a maior.
Sem falar que Holland adora extravasar com a irmã dele, Emery,
quando o assunto é festa ou confraternização. Bem, na maioria das
vezes é Emery, mas ela sempre faz Holland socorrê-la.
— Nossa! — Madison solta logo que os portões pretos de
ferro se abrem, revelando a casa acadiana de dois andares e meio.
Pintada de um branco brilhante, possui venezianas pretas e uma
varanda ao seu redor. Parece que saiu de uma revista.
Depois que Holland e Reed se casaram, há alguns meses,
eles construíram esta casa juntos. Reed diz que é porque quer mais
filhos, mas Holland fala que é para o entretenimento. Todos nós
sabemos qual é a história real. Reed está obcecado por engravidar
Holland, apesar de eles terem seu sobrinho, Evan, que ele adotou
como filho.
Eu não era um cara ligado em crianças antes de Olive, mas
amo aquele garotinho. Ele é adorável e tem uma obsessão por
animais marinhos.
— Esta casa é maior do que todo o meu complexo de
apartamentos. — Maddison observa com os olhos arregalados e
aperta um pouco mais a minha mão. Eu a puxo gentilmente em
minha direção e beijo os seus lábios suavemente, até senti-la
relaxar contra mim.
— Prometo que vai ficar tudo bem. Vai amar as garotas.
Mais uma vez, ela concorda sem dizer nada. Ansiosa, puxa o
lábio inferior em sua boca. Eu uso meu polegar para afastá-lo e
deslizo levemente sobre seu lábio carnudo. A excitação aumenta
dentro de mim e eu a controlo. Entrar na casa de Reed com uma
ereção é a última coisa que precisamos.
Desligo a caminhonete, abro a minha porta e saio em direção
à de Maddison pra ajudá-la a descer. Ela corre as mãos pelo seu
suéter e ajeita o cabelo enquanto eu pego Olive e o seu bebê
conforto no banco de trás. Ela abre os olhos assim que destravo o
cinto de segurança. Boceja sonolenta e estica os bracinhos sobre a
cabeça. Ela é muito fofa.
Droga, tudo que ela faz é fofo. Ela só tem dois meses e meio
e, mesmo sem saber, faz de mim o que quer.
Maddison pega o saco de fraldas do assoalho, e eu estendo
a minha mão livre para ela segurar.
— Pronta?
Ela balança a cabeça, deslizando a palma úmida na minha.
Juntos, passamos pelo portão que leva ao pátio dos fundos, depois
pela pequena entrada. Quando chegamos, Holland, Emery e Juliet
gritam no segundo que nos veem. Elas vêm correndo até nós e,
imediatamente, começam a falar com Olive.
— Maddison, esta é a Juliet, a mulher do Liam, que foi nosso
treinador há alguns anos.
— Oi, Maddison. Estou muito feliz em te conhecer. Eu mal
posso esperar para segurar essa garotinha doce. Ela é muito fofa.
— Juliet exclama, fazendo cócegas na sola dos pés de Olive, e
recebendo um grande sorriso. Ela ergue o corpo e puxa Maddison
para um abraço apertado, nem um pouco preocupada em agarrar
uma estranha.
No início, Maddison parece um pouco confusa, mas
rapidamente o choque inicial passa e ela retorna o abraço de Juliet,
sorrindo.
— Oi. É tão bom te conhecer! Ouvi falar muito bem de você.
Juliet sorri e abre espaço para Emery. Ela abraça Maddison e
afasta para trás, segurando os ombros para olhar para ela.
— Você é muito gata. Eu disse ao meu irmão que você seria.
As bochechas de Maddison enrubescem com o elogio e,
desta vez, sou eu quem sorri.
Ela é gata. Gata pra caralho e toda minha.
— Er, obrigada. Você também é muito bonita.
Emery sorri.
— Eu sou Emery, a incrível irmã de Reed. Estou muito
contente por você ter vindo.
— Emery! — Reed grita do outro lado do pátio, gesticulando
para ela.
— O dever me chama, mas eu volto para adular esse bebê.
Ela revira os olhos antes de se afastar de Maddison e sair rebolando
na direção dele.
Holland balança a cabeça diante da personalidade barulhenta
e dramática da sua melhor amiga.
— Me desculpe. Ela é uma figura.
— Está tudo bem, preciso sair da minha concha.
— Quando a vi pela primeira vez, ela perguntou se meus
peitos eram verdadeiros e se podia pegar neles — diz Juliet, com as
sobrancelhas levantadas. — Eles são, a propósito.
— E… essa é a minha deixa — digo. Coloco o bebê conforto
de Olive no chão ao lado da sua mãe e dou um beijo rápido nela.
Depois me levanto e puxo Maddison para mim, sussurrando em seu
ouvido: — Vai ficar bem se eu for?
Ela acena com a cabeça contra mim e pressiona os lábios
para o meu rosto não barbeado.
— Até mais, senhoras — falo com um aceno rápido e saio
para cumprimentar os rapazes. Todos estão perto da grelha com
cervejas nas mãos.
— Wilson, e aí, cara? Parabéns pela pequena — Liam diz
quando me junto a eles. Eu ainda me culpo pelas minhas ações e
pelo que aconteceu no seu casamento. Mesmo tendo conversado
com ele e me desculpado mais vezes do que poderia me lembrar,
ainda sinto uma pontada de culpa.
— Obrigado. Ela é a melhor coisa que me aconteceu.
Liam concorda.
— Sei exatamente como se sente. Ken e Ari mudaram a
minha vida. É desnecessário dizer que nunca pensei em me
fantasiar para brincar de festa do chá, mas….tivemos uma festa do
chá real na noite passada — ele ri. — Eu não mudaria isso por nada
no mundo.
É exatamente como me sinto. Minha relação com Maddison é
a coisa mais distante do convencional que existe. Nossa filha é fruto
de um caso de fim de semana e eu não mudaria nada porque foi ele
que nos trouxe Olive. E, de alguma forma, acabei ficando com a
garota, merecendo ou não. Nunca vou deixar de provar que sou
digno dela.
Cumprimento os outros caras com um aperto de mão. Asher
parece ter passado a noite em claro e Graham está mais enérgico
do que nunca.
Hudson parece entediado.
Reed, com o seu avental e uma espátula na mão, é a
verdadeira definição de um pai. Do tipo que usaria um par de
Reeboks.
— Figurino bacana — eu sorrio e recebo um olhar furioso.
O fato de ele estar completamente ofendido me faz rir.
— Não seja desagradável. Foi o meu presente de aniversário
de Holland, e eu vou usar.
Graham ri.
— Você é o retrato do pai de meia idade.
Reed franze a testa, cerra a mandíbula e aponta a espátula
para ele.
— Cala a boca. Eu não tenho corpo de pai de meia idade.
Esses dois brigam mais do que um casal.
Graham se aproxima de Reed, coloca as mãos bochechas
dele e murmura:
— Não tem problema admitir, Davis. Honestamente, as
garotas de hoje curtem corpos de pai de meia idade.
Com o queixo apertado, Reed parece estar a cinco segundos
de enfiar aquela espátula na bunda de Graham, mas Holland, Juliet,
Madison e minha garotinha se aproximam e interrompem a briga.
Quando Maddison caminha para o meu lado, coloco o braço
ao redor dos seus ombros puxando-a para mim. Em seguida, a
apresento à Liam, que é a única pessoa que ainda não conhece.
— Maddison, este é Liam, o marido de Juliet. Os outros
idiotas você já conhece.
Ela assente e me dá uma cotovelada de brincadeira por
chamá-los de idiotas.
— Oi pessoal.
— Oi, posso segurar Olive agora? — Graham pergunta.
— Claro.
Ele passa os próximos dez minutos agachado, tentando
destravar o cinto do bebê conforto porque, aparentemente, algo tão
simples quanto uma fivela de cadeirinha veicular está acima do seu
nível de habilidade. Maddison tenta intervir para ajudar, mas eu a
puxo e sorrio.
— Consegui! — ele murmura, quando finalmente vai
conseguir tirar as alças de Olive e levantá-la em seus braços. Ela é
tão pequena comparada a ele.
— Oi pequena Olive-you, sabia que o Tio Graham te trouxe
um presente muito legal de Vegas? Um dia, quando você for maior,
vou te levar, e podemos fazer todas as coisas que forem proibidas
pelos seus pais.
— Graham — eu o aviso.
Ele sorri e volta a olhar para ela.
— Não se preocupe, não vou contar pra eles.
Olive balbucia alegremente para ele, que a balança em seus
braços com suavidade. A atenção e a gentileza dele com ela me
surpreendeu. Esse cara passa longe de ser paternal, mas é incrível
com ela.
— Se os seus pais, alguma vez, me deixarem tomar conta de
você, vamos fazer tatuagens iguais, O. Acha que vai ser legal?
— Pare de ser inconsequente com o bebê, Adams — Emery
mete o bedelho, tira Olive dos braços dele com cuidado e se
aconchega a ela rapidamente. — Deus, eu amo bebês.
— Eu também — Graham murmura, chocando a todos nós.
— Quer beber alguma coisa, linda? — pergunto a Maddison,
que ri da história de Reed e Liam sobre as últimas travessuras em
que as garotas se meteram, incluindo algo com um tubo de rímel
que está além dos meus conhecimentos.
Ela me olha e eu perco o ar por causa dos seus olhos cor de
mel.
— Claro.
Entrelaço nossas mãos e caminhamos em direção à casa.
Passamos pela piscina enorme, pela casa da piscina e depois
atravessamos até a porta dos fundos que leva diretamente à
cozinha. Logo que entramos, pego uma garrafa de água na
geladeira, mas antes que ela possa tomar um gole, eu a trago para
mim e tomo sua boca.
Parece que já faz uma semana que coloquei meus lábios nos
dela. Concordamos em pegar leve, mas estou desesperado por
essa mulher desde o momento que ela me deixou na pousada.
Saber que ela carregou a minha filha me faz desejá-la ainda mais
agora.
Sempre que ela amamenta Olive, desperta uma parte
primitiva em mim. O meu lado cru, neandertal, nunca antes revelado
aparece quando ela faz as coisas mais simples.
Mandando a real, sou louco por ela.
— Briggs — ela murmura contra os meus lábios, agarrando o
tecido da minha camiseta.
— Mmm — respondo, invadindo a sua boca mais uma vez,
minha língua saboreando cada centímetro dela.
Andando de costas pelo corredor, a arrasto comigo até
entrarmos no banheiro. Fecho a porta atrás dela e me certifico de
trancar.
— Nós não vamos ficar de pegação como adolescentes no
banheiro — ela sussurra pausando, sem fôlego. — Vamos?
Jogo minha cabeça para trás e rio.
— Porra, você é linda, Maddison.
Nós ficamos. Pelos próximos dez minutos nos pegamos no
banheiro como púberes, até a minha barba deixar o seu pescoço
deliciosamente vermelho, seus lábios ficarem feridos e ela ter sido
beijada pra caralho.
— Temos que voltar — ela sussurra, mas não faz nenhum
movimento para se libertar de mim. Eu também não quero me
mexer. Fico ainda mais ansioso para ter tempo a sós com ela, longe
dos olhos dos nossos amigos.
— Qual é o seu encontro dos sonhos? Se pudesse ter
qualquer coisa, o que seria?
Ela me olha pensativa, mastigando o lábio. — Não ria. — Sua
voz é severa, e ela toca no meu peito para passar a mensagem.
— Por que eu riria?
— Porque provavelmente é exagerado e ridículo, mas....
Sempre quis fazer um passeio de helicóptero sobre a noite Chicago.
Adoro as luzes da cidade, elas me deixam à vontade e desde
pequena, sonho sobrevoar à noite. Ela interrompe.
— O que foi?
Ela encolhe os ombros.
— Acho que meu encontro dos sonhos seria com alguém que
se interessasse pelo que eu tenho a dizer. Sobre a minha vida,
meus objetivos, meus sonhos. Quero me conectar com alguém em
um nível mais profundo. Talvez um jantar à luz de velas num
restaurante chique, seguido de um passeio de helicóptero sobre
Chicago.
— Humm. E o que acontece depois do passeio de
helicóptero? — eu digo.
Ela revira os olhos dourados.
— Acho que você já sabe, Briggs Wilson. Pare de tentar me
fazer dizer.
— Eu quero ouvir, linda. Eu quero saber como é o seu
encontro dos sonhos, me diga todos os detalhes sujos e lascivos.
— Eu quero o melhor, mais apaixonado e mais intenso sexo
da minha vida.
Sua voz é rouca e baixa, e vai direto para meu pau. Maddison
sabe exatamente o que suas palavras provocam em mim, porque
ela arrasta a mão do meu peito até o meu abdômen reto, e rígido.
Depois fricciona por cima do cós da minha calça jeans até me fazer
gemer e endurecer sob o tecido grosso.
— Eu me lembro muito bem do quanto a sua língua é incrível,
Briggs.
Ela chega mais até eu poder sentir seus lábios se moverem
nos meus, enquanto fala:
— Mal posso esperar para sentir aquilo de novo.
— É isso, dessa vez vai ser você. Está me deixando louco,
mulher. Deus, como eu te quero.
Ela levanta na ponta dos pés, passa os dedos pelos meus
cabelos e depois beija meus lábios suave e docemente, com os
olhos brilhando de diversão. Está mais do que satisfeita por ter
conseguido essa resposta de mim.
Devassa.
— Depois, linda.
Com isso, ela se afasta, abre a porta e sai como se não
tivesse acabado de me dar o pior caso de bolas azuis da minha
vida.
Nos juntamos a todos lá fora, no momento em Reed tira a
carne da grelha. As garotas estão em volta da mesa com Olive, e
Maddison se junta a elas. Eu vou ver se Reed precisa de alguma
ajuda.
— Posso fazer alguma coisa?
Olhando por cima do ombro na direção das meninas, ele
aponta para a casa. — Abre a porta para mim? Vou levar isso para
todos prepararem seus pratos lá dentro.
Graham e Asher se juntaram às meninas e agora estão em
uma conversa muito acalorada sobre…. coletores menstruais. Acho
que apenas Reed, Hudson, Liam e eu vamos nos preparar para
comer.
Esses caras.
Logo que abro a porta e entramos na cozinha enorme, Reed
coloca a panela com bifes, hambúrgueres e frango na bancada de
mármore, e tira o avental. Poucos minutos depois, as garotas
passam pela porta em fila. Todos nós preparamos nossos pratos e
decidimos comê-los lá dentro.
Nunca faltam mãos para segurar Olive enquanto eu e
Maddison fazemos os nossos pratos. Como estou dirigindo, sirvo
uma taça de vinho para Maddison, e ela sorri ao receber.
— Obrigada, Briggs.
— Disponha, linda.
Emery diz:
— Vocês são muito fofos, esse relacionamento é quase tão
doentio quanto o do meu irmão e Holland.
— Calada, Em! — Reed resmunga, já sentado conosco e
com uma pilha de comida no prato. O cara é bom de garfo.
Minha filhinha finalmente volta para os meus braços. Com
uma das mãos, tiro um pedaço do meu hambúrguer enquanto
Maddison conversa com as meninas. Hoje, tudo foi muito melhor do
que planejei. E isso é bom pra caralho.
Exibir Maddison. Apresentar a minha garotinha a todos.
— Oh Maddison, qual é o seu número? Hoje à noite vou te
mandar uma mensagem sobre o jantar deste fim de semana.
Maddison dita o número dela e eu arqueio as minhas
sobrancelhas.
— Jantar? — eu sussurro no ouvido dela.
— Sim, Juliet e Holland me convidaram para jantar com elas
neste fim de semana. Uma espécie de jantar de meninas. Já ia
verificar se posso levar Olive ou se Ty e Kyle estarão ocupados.
Balanço a cabeça.
— Eu posso cuidar de Olive, linda. — Olho na direção dos
caras. — Sábado vai ter um jantar de garotas. O que vocês acham
de termos um dia de rapazes... e Olive aqui?
Graham abre um grande sorriso e faz cócegas na bochecha
de Olive.
— Definitivamente!
O resto dos caras também concordam, então é isso.
— Resolvido. — Coloco meus lábios na cabeça de Maddison
em um beijo rápido, e ela encosta em mim por um momento. Parece
certo. Certo pra caralho.
Aqui com as minhas garotas, cercado por todas as outras
pessoas que amo, faz parecer que, pela primeira vez em muito
tempo, estou exatamente onde eu deveria estar.
Com a minha família.
Uma coisa que aprendi nos últimos anos é que uma família
não é formada apenas pelas pessoas quem têm o mesmo sangue.
Uma família é formada por pessoas que ficam ao seu lado quando
não sobrou nada.
Que te apanham quando não consegue levantar do chão.
Pessoas que te amam mesmo depois de você ter dado todos
os motivos para o contrário.
Capítulo Vinte e Três
Maddison
Alguns dias se passam enquanto espero para jantar com
Holland e Juliet. Seria mentira dizer que que não estava ansiosa
desde que me convidaram. Apesar de ser amiga te Ty por uma vida
inteira e de ter recebido Kyle de braços abertos quanto ficaram
juntos, ainda é bom passar tempo com duas mulheres que também
são mães e se relacionam com jogadores de hóquei profissionais.
Muita coisa em comum... E tenho certeza que elas têm conselhos
que preciso desesperadamente quando se trata do homem que
derrete as minhas entranhas quando está por perto.
Estou acabando de modelar o cabelo quando vejo Briggs
pelo espelho. Ele entra, desliza as mãos em volta da minha cintura,
e me puxa contra o corpo duro. Afastando o cabelo da minha nuca,
ele planta um beijo molhado e quente contra a pele sensível onde o
meu ombro se encontra com o pescoço. Um ponto que ele sabe que
me incendeia, apenas por ele.
— Que tal a gente cancelar o dia das garotas e dos garotos e
ficar em casa? Só eu, você e Olive?
Eu reviro os olhos e balanço a cabeça em negação.
— Não posso, me desculpe, amor. Prometi a Holland e Juliet.
Além disso, acho que Graham vai ficar muito desapontado se não
passar um tempo com Olive. Ele a ama.
Coloco o modelador de cachos na bancada, para não
queimar nenhum de nós e passo os dedos nas ondas ainda
quentes. Não quero que fique totalmente cacheado, apenas com um
visual praiano.
Briggs geme e deixa a cabeça cair em meu ombro.
— Mal posso esperar para passar um tempo sozinho com
você. Eu amo minha filha, pra caralho, mas também quero muito te
devorar em cada superfície da minha casa.
Por falar nisso... estamos discutindo sobre Olive e eu
mudarmos para casa dele, outra vez. Por mais que eu queira, a
parte lógica em mim diz que é muito rápido, que não exploramos o
nosso relacionamento suficientemente ou que não nos conhecemos
bem para um passo tão grande.
Briggs logo me lembrou que não seria diferente, pois sempre
fizemos tudo ao contrário.
Meu contrato termina no final do mês, e a decisão está
pesando sobre mim.
Quero estar com Briggs, no espaço dele, com Olive. Sem
falar que a casa é dez vezes maior do que o meu apartamento,
completamente livre de vizinhos do andar de cima que transam
como estrelas pornô detestáveis, e tem um chuveiro que funciona
sem quebrar as peças quando tentamos ligar.
Eu apenas... preciso ser honesta com ele logo. Não posso
continuar guardando este segredo. A cada segundo que passa,
sinto que vai nos destruir. Continuo me dizendo que vou encontrar o
momento certo e deixar de ser covarde. Mas esse momento perfeito
existe? O momento certo para quebrar o coração do homem que
você está se apaixonada?
— Os rapazes estão aqui, linda. — Ele me vira na direção
dele, desliza as mãos pelo meu queixo, e me dá um beijo tão doce
que uma parte de mim simplesmente murcha com a suavidade dos
seus lábios. Depois ele afasta as mãos e eu fico sentido a falta
delas. Ele sai pela porta do banheiro e, no último segundo, vira com
o cabelo caindo nos olhos. Confusão estampa o rosto dele.
— Onde está aquela coisa que você prende? Para carregar
Olive?
Demoro um minuto para perceber do que ele está falando.
— O porta-bebês?
Ele concorda com a cabeça.
— Aquela coisa de carregar bebês, para eu colocar nela.
Parte de mim derrete no chão com o pensamento de Briggs
usando-o com a nossa filha. Esse homem alto e sexy, com cara de
poucos amigos, orgulhoso por carregar a sua garotinha, deixa os
meus ovários meio animados.
— Tá me olhando assim, por quê? — Ele franze a testa.
— Só pensando se a gente deve ter outro bebê — eu brinco,
e seus olhos escurecem de desejo.
— É só me dizer quando, e vou alegremente colocar outro
bebê na sua barriga, Maddison. — fala asperamente.
— Oh Deus, vai logo. Não posso com isso agora. Tá na parte
de cima do armário do corredor. Tchau.
Ele ri.
— Tchau, linda. — Com isso ele sai e eu fico ponderando se
perdi a minha mente, e se tudo isso é culpa de Briggs.
Holland escolheu um lugar que eu estava morrendo de
vontade de ir, desde a abertura. Mas é quase impossível conseguir
reservas, a menos que você conheça alguém... influente. Porém,
acho que quando você é casada com um dos melhores jogadores
de hóquei da cidade (na verdade do país), você consegue fazer isso
acontecer.
Joy Lounge é um lounge no centro de Chicago, que tem um
bar na cobertura com algumas das melhores vistas da cidade. Ela
não poderia ter escolhido um ambiente mais confortável e
descontraído para a nossa noite de meninas.
— Não acredito que você conseguiu uma mesa aqui! — eu
grito enquanto caminhamos pela entrada.
Seu rosto se ilumina.
— Eu tava louca de vontade de vir desde a inauguração.
Quando eu disse a Reed sobre a nossa noite de meninas, ele pediu
um favor ao seu amigo Roddy. Acho que ele e sua irmã são os
proprietários.
— Uau! — Juliet exclama. Ela usa um vestido de festa preto e
justo, com saltos que deixam suas panturrilhas lindas. Holland tem
olhos esfumaçados e delineados, veste uma calça de alfaiataria e
um top que amarra na cintura e tem as mangas caídas nos ombros.
As duas estão maravilhosas e, de repente, me sinto
malvestida com saia lápis e top liso.
— Vocês estão incríveis! — digo a elas. Aguardamos
enquanto a hostess localiza a nossa mesa e Holland olha para a sua
roupa.
— Obrigada. Pra ser sincera, essas calças disfarçam a minha
barriga, e eu sou totalmente a favor. — Holland fala, gesticulando
para a faixa amarrada ao redor da sua cintura.
Juliet levanta a mão.
— Garotas, um pronunciamento: o único jeito de caber nessa
coisa é usar uma cinta que corta a minha circulação e segura todas
as minhas sobras. Vamos ser verdadeiras.
Isso faz a minha preocupação desaparecer imediatamente,
as duas são naturalmente lindas. Eu esqueço que elas também são
mães e, como eu, também têm inseguranças. Isso me faz sentir
imensamente melhor.
— Que bom! Fico feliz com o comentário de vocês, essa foi a
única roupa que encontrei e que gostei mais ou menos. Engordei
muito depois de Olive. Sinto falta do meu corpo de antes.
Juliet se aproxima e coloca a mão no meu braço.
— Você não está sozinha, garota. Acredite em mim, estamos
juntas nessa. Se você precisar desabafar ou chorar porque não
consegue fechar o seu jeans, conte conosco.
— Sim, exatamente o que ela disse. O que vocês acham de
darmos uma olhada no lugar enquanto esperamos?
Holland enlaça o braço ao meu e, quando assinto,
improvisamos um tour pelo salão. Pegamos o elevador até o bar da
cobertura, que tem grandes bancos de madeira em forma de U com
confortáveis almofadas estampadas . Em uma parede à nossa
direita, a palavra "alegria" está escrita no meio das flores mais lindas
que já vi. Uma grande quantidade de garotas tira selfies e fotos em
grupo lá.
— Nossa, esse lugar é incrível! Estou muito feliz por
conseguimos vir — Holland fala, empolgada. Encontramos um
banco vazio no lado mais silencioso do bar, mas ainda é bem
iluminado pelas luzes espalhadas por todo o piso.
— Aqui seria perfeito. O que vocês acham? — Juliet
pergunta, gesticulando para o local.
— Com certeza.
Meu telefone toca dentro da bolsa, e eu o pego rapidamente
enquanto Juliet e Holland analisam o menu de bebidas.
Não consigo segurar o sorriso quando vejo que é uma
mensagem de Briggs.
Briggs: Tô com saudade pra caralho.
Maddison
Os lábios desse homem deveriam ser um pecado. Na
verdade, há muitas coisas sobre Briggs Wilson que devem ser
completamente imperdoáveis. O jeito dele me olhar me dá a
impressão de que me engoliria inteira com apenas uma mordida,
como o grande lobo mau, ou a forma que seus lábios conhecem
cada parte de mim e me fazem ganhar vida.
Um fio de eletricidade move pelo meu corpo, uma corrente
tão forte que sinto da cabeça até os dedos dos pés. É uma tão
poderosa, que poderia me fazer gozar com um simples toque. Ele
arrasta a língua para cima da minha coxa e suga, definitivamente
deixando uma marca.
Outra das mesmas que adornaram a minha pele na última
vez que passámos a noite juntos.
Me lembro de observar o quanto se destacavam no meu
corpo, e de desejar não me ter afastado, mesmo sabendo que era a
coisa certa a fazer. Agora, recordo vividamente o que senti ao me
marcar.
Me reivindicar.
Nunca esqueci a sensação de ser acariciada com a língua
daquela forma. Passei mais noites do que deveria, desejando
desesperadamente poder ficar com ele mais uma vez. Mas Olive
era minha principal preocupação, os meus desejos e a minha
esperança realmente não tinha importância.
Estou nua e completamente exposta para ele na cama. Ele
se ajoelha na borda, entre as minhas pernas e enterra a cabeça no
meio das minhas coxas. Sinto o olhar dele vagando sobre mim,
deixando rastros de fogo.
— Sonhei com essa boceta — ele sussurra contra a carne da
minha coxa. — Linda e rosada pra caralho, sempre disposta e
molhada para mim.
Se existe a possibilidade de explodir apenas com
preliminares, estou a caminho de uma morte prematura. Uma que
aceitarei com prazer nesse momento se a pulsação entre as minhas
pernas for aliviada.
Meu clitóris pulsa com a pressão dos lábios dele nas minhas
coxas, em sincronia com as batidas do meu coração.
— Deus, eu quero te olhar por horas.
Ele me abre bem com os dedos, e eu observo o desejo nos
seus olhos.
Apesar de ter ficado nervosa e constrangida por usar a
lingerie para ele, no segundo que apareci na sua frente, ele fez tudo
certo. Tudo para me deixar confiante. Sensual. Desejada.
Eu tento ser paciente e agarro o lençol da minha cama
quando ele segue com os lábios nas minhas coxas, chegando cada
vez mais perto do lugar onde quero que eles estejam.
Eu preciso desses lábios. Desesperadamente, mais do que
tudo que precisei na vida.
— Quer que eu coloque minha boca em você, Maddison?—
ele pergunta entre as minhas pernas, com olhos azuis acinzentados
que encontram os meus. Sua voz é baixa, grave, e atinge o fundo
da minha alma e reflete na pulsação entre minhas as pernas. Por
conta própria, minhas coxas se apertam tentando encontrar alívio.
— Quero que seja uma boa garota e coloque as mãos na
cama. Não tire até eu falar, okay?
— Okay.
Como recompensa pela minha paciência, ele passa a língua
delicadamente pela minha boceta. Depois me abre com os dedos
mais uma vez, lambendo de uma forma tão lenta e sensual, que faz
as minhas costas arquearem para fora da cama.
Ele envolve o meu clitóris com os lábios e chupa.
— Oh Deus! — eu grito ao soltar os lençóis e entrelaçar os
dedos no cabelo dele.
— Mãos na cama, Maddison! — ele ordena. Deus, é possível
esse homem ficar ainda mais sexy? Bastam poucas palavras dele
para me excitar.
Nem são as palavras que me deixam com mais tesão, é o
tom superior e autoritário que usa.
Ele continua entre as minhas pernas, mas se inclina e paira
sobre o meu corpo com uma mão em cada lado da minha cabeça,
tão próximo que a sua expiração sopra nos meus lábios.
— Eu quero que confie em mim, linda. Você consegue? —
ele pergunta. — Não apenas com o coração, com o seu corpo
também.
Se ainda havia algum tipo de apreensão dentro de mim, suas
palavras acabaram de aliviar. Desde que Olive nasceu, o tempo
todo ele me provou ser um bom homem. E agora? Preciso mostrar
que confio nele. Totalmente.
Em todos os sentidos.
Eu balanço a cabeça devagar.
Ele sorri, me levanta pelos braços e rapidamente me vira de
bruços. Desliza as mãos até a minha cintura, levanta o meu quadril
e separa minhas pernas levemente. Depois empurra a metade
superior do meu corpo para o colchão, deixando a bunda para cima.
Leva à mão na gravata já meio folgada, rapidamente desfaz o nó e a
retira do pescoço.
— Preciso que seja uma boa menina, Maddison, ou vou ter
que usar isso para te deixar quieta. — Ele desliza a gravata de cetim
pela minha bunda, delicadamente. O material é macio como uma
nuvem e eu fico arrepiada.
— Tudo bem?
Eu concordo, virando minha bochecha no colchão para olhar
nos olhos dele. Nunca estive tão excitada na minha vida. Percebo o
quanto estou molhada. Se não tivesse tão enlouquecida de tesão,
me envergonharia por sentir a umidade escorrer da minha boceta
enquanto eu estou deitada e exposta para ele.
Briggs aparece atrás de mim e agarra a minha bunda. Cada
nádega se encaixa perfeitamente em suas grandes palmas, então
ele me abre mais e geme.
— Você é perfeita, e é minha, Maddison — ele sussurra,
lambendo do clitóris até o local sensível, apertado e nunca tocado
por ninguém, antes que eu possa responder.
Um som carente e estranho escapa dos meus lábios quando
começa a se banquetear comigo. Ele acaricia meu clitóris com a
língua, movimentando repetidamente até eu me empurrar contra a
sua boca, com as mãos tão agarradas ao lençol, que os nós dos
dedos ficaram brancos.
Estou enlouquecendo. Minhas vistas ficam escuras e
embaçadas quando um orgasmo ameaça me atingir por completo.
— Boa garota, mãos no colchão. Não goze até eu mandar,
Maddison.
Cada vez que ele fala "boa garota", minha boceta comprime e
meu clitóris palpita.
Eu nunca soube o quanto gostava de elogios até eles saírem
dos lábios de Briggs. O quanto precisava ouvi-lo me chamar de boa
garota e dizer como sou perfeita.
Isso me deixou ainda mais ardente, com uma sensação na
pele de estar queimando por dentro.
— Você gosta quando te chamo de boa garota, Maddison?
Eu sei que gosta. A sua boceta está pingando para mim — ele
sussurra, em seguida, enterra a cabeça entre as minhas pernas
enquanto me come por trás.
— Por favor — eu imploro enquanto ele dá atenção ao meu
clitóris carente —, por favor, Briggs.
Ele empurra um dedo dentro de mim. Eu aperto ao seu redor
e ele empurra mais fundo, friccionando na carne hipersensível do
meu ponto G. Eu passei anos tentando encontrar esse lugar, e
Briggs o encontra assim que enfia os dedos dentro de mim.
— Porra, você é muito apertada, Maddison — ele geme. Olho
para trás e o vejo esfregar o pau por cima da calça. Estou muito
perto de desobedecê-lo e gozar.
— Tão perto que vou perder o controle a qualquer momento.
Ele desliza outro dedo dentro de mim. Então dobra os dois
para cima e traz a boca para o meu clitóris, me chupando e fodendo
com os dedos.
— Goze na minha língua — diz ele.
Quando roça os dentes no meu clitóris, eu explodo.
Grito contra os lençóis, gozando tão forte que, por um
momento, meu corpo sacode, minhas costas arqueiam na sua boca,
e eu me liberto.
— É isso aí, linda. É isso, caralho!
O poder do orgasmo me faz tremer. Briggs sabe exatamente
como tocar o meu corpo enquanto extrai cada grama do meu prazer,
até me transformar em uma pilha de ossos. Eu desabo na cama,
minhas pernas estão muito pesadas para me segurar por mais
tempo.
Briggs se aproxima e afasta o cabelo ensopado de suor (e
agora emaranhado) do meu rosto.
— Foi bom pra você, ou fui longe demais?
— Não. — Eu coloco o dedo nos seus lábios que ainda
brilham com a minha umidade. Ela reveste a barba curta do seu
queixo e de repente eu o quero novamente, mesmo tendo acabado
de conseguir o meu primeiro orgasmo depois de meses. — Foi
perfeito. Amei cada segundo.
Ele acena com a cabeça e um pequeno sorriso aparece no
canto dos seus lábios. Ele chupa o meu dedo com diversão,
circulando a língua ao redor da ponta. Isso me remete ao que
gostaria de fazer agora, se tivesse um pouco de energia dentro de
mim.
— Bom, sabe por quanto tempo esperei por isso? O quanto
eu sonhei desde aquela noite na pousada? Quantas vezes eu
fantasiei esse exato momento?
Aceno com a cabeça. Sei exatamente o que ele quer dizer
porque eu também esperei. Embora não devesse, sonhei com ele
durante meses. Com o sabor da sua língua e a sensação dos seus
lábios roçando o meu corpo.
Ele para na frente da cama e começa a desabotoar a camisa
branca engomada. A cada botão que ele abre, a peça se afasta
mais do seu corpo, expondo a extensão plana de seu peito. As
marcas do abdome que tento contar, mas me perco em torno de
seis, quando a trilha de cabelos escuros abaixo do seu umbigo,
aparece.
É chamado de caminho da felicidade por uma razão, e, de
repente, quero traçá-lo com a língua. A excitação sobe pelo meu
corpo quando ele se despe na minha frente. Mal posso acreditar que
esse homem é meu.
— Pare de me olhar assim, linda — ele diz com voz rouca,
abre o cinto e o deixa cair no chão assim que desabotoa o botão da
calça e abaixa o zíper.
É como um show exclusivo para mim, e minhas coxas se
apertam em antecipação. Apoiada nos cotovelos, puxo meu lábio
inferior entre os dentes e olho para cima com expressão de flerte.
— Assim como?
Seus olhos estão escuros e exalam calor.
— Como se quisesse ser fodida.
As palavras sujas me fazem ofegar em antecipação. É isso o
que eu quero, desejo mais do que tudo. Descaradamente, abro um
pouco as pernas e exponho o meu centro que ainda pulsa por causa
da sua boca. Noto que o seu pequeno fio de determinação se
rompe.
Ele desliza a calça junto com a cueca pelos quadris, depois
as chuta de lado ficando na minha frente, completamente nu.
Meus olhos se arregalam ao verem como ele é grosso e o
quanto está duro, apontando para mim. Um pouquinho de liquido
pré-ejaculatório escorre da ponta. Como consegui esquecer o
quanto ele é grande e vigoroso?
— Não vou mentir, linda, isso está fazendo muito bem para o
meu ego. — Sua voz interrompe o meu escrutínio.
— Mas você tem que olhar para mim. — Eu me sento direito
e os meus olhos ficam no mesmo nível do seu pau. Eu o encaro
com um olhar provocante enquanto o peito dele se movimenta.
Sobe e desce. Continuamente.
— É justo que eu também tenha uma chance.
Estendo uma mão trêmula e acaricio a pele aveludada do seu
pênis. Quando o seguro com carinho, ele solta um silvo sufocado e
joga a cabeça para trás imediatamente, tomado de prazer.
Nunca vi nada mais sexy na minha vida. Briggs tem uma
masculinidade natural, sem dizer uma palavra ele consegue toda a
atenção.
Os seus gemidos fazem a minha espinha arrepiar.
Estou em êxtase. Completamente absorvida pelo seu cheiro,
pelo seu toque… por ele.
Levo os lábios para o seu pau e traço a língua pela da parte
de baixo da cabeça grossa, enquanto envolvo minhas duas mãos ao
redor do seu comprimento.
Ele se inclina ligeiramente e torce os meus mamilos sensíveis
com os dedos, rolando-os entre o polegar e o indicador, e eu juro…
quase me desfaço apenas com isso.
— Você é tão sensível — ele murmura. — Eu amo isso.
Continuo a provocá-lo, deslizando a língua na sua fenda e
provando a gota salgada que brilha sobre ela. Meus lábios circulam
a sua cabeça em um "O" que o faz gemer e agarrar o meu cabelo.
— Linda, por mais que eu queira que você faça isso
diariamente pelo resto da minha vida, eu preciso estar dentro de
você.
Ele nem me permite começar e puxa a minha boca para fora
dele, com gentileza. Se inclina e sela os lábios sobre os meus me
beijando com força, incitando a excitação dentro de mim, deixando o
meu fogo ainda mais ardente.
Meu corpo está muito sensível depois de uma noite inteira de
toques e promessas silenciosas.
Ternamente, Brings me deita de novo na cama à sua frente e,
mesmo que eu veja a fome nos seus olhos, leva o seu tempo.
Ele não se apressa.
— Eu quero apreciar esse momento — diz com voz rouca, ao
ler a minha mente. — Você finalmente é minha.
Eu concordo e desço as mãos pelo seu peito, passo pelo
abdome trincado, e roço as unhas pela fina faixa de pelos que
fazem o meu núcleo formigar em antecipação.
Quando posiciona em cima de mim ele traz os lábios para o
meu queixo, trilhando um caminho pela minha orelha. Minhas mãos
afundam nos músculos dos seus antebraços quando ele o suga o
meu lóbulo.
A necessidade me deixa tão zonza que o quarto começa a
girar ao meu redor. Meus olhos se fecham enquanto eu respiro,
tentando acalmar o terremoto dentro do meu peito.
— Eu preciso de você, Briggs. Por favor.
Ele levanta a cabeça, seu olhar determinado captura o meu,
ele acena com a cabeça e entrelaça as nossas mãos. Na sequência,
ele as levanta acima da minha cabeça, e gentilmente, empurra o
pau para dentro de mim. Quando fricciona a cabeça no meu clitóris,
um prazer ofuscante corre pela minha espinha.
Sinto que não aguento mais nenhum momento de
provocação. Estou tão tensa que vou explodir.
Ele libera uma das minhas mãos, guia o seu pau para a
minha abertura e empurra levemente para dentro, fazendo nós dois
sibilarmos. A sensação dele dentro de mim, esticando o meu corpo
com aquela cabeça grossa não deveria ser tão gostosa.
Ele agarra os meus quadris e impulsiona gentilmente. Me
segura com muita ternura como se eu pudesse quebrar com o seu
toque. Enfim, ele estoca mais fundo e me enche completamente,
circulando os quadris e se esfregando no meu clitóris sensível.
É quase demais. O prazer cresce dentro de mim, ameaçando
detonar a qualquer momento.
— Oh Deus, Briggs! — eu grito, enquanto ele entra devagar e
profundamente dentro de mim.
Seu toque é gentil e possessivo.
Doce e perverso.
Desesperado e paciente.
Muito parecido com quem ele é. Briggs Wilson não é nada do
que pensei, e ainda é muito mais.
Levantando mais a minha perna para encaixá-la no seu
quadril, ele começa a me foder.
Embora ainda seja tudo o que preciso desesperadamente, é
cru, passional e íntimo de uma maneira só nossa.
O jeito dos seus lábios percorrerem minha pele e os
grunhidos que se misturam aos meus gemidos de prazer.
Ele é um enigma e eu estou perdendo a batalha de não me
apaixonar por ele.
De repente, sai de dentro de mim e me vira de barriga para
baixo. Depois me agarra pela bunda e me puxa em sua direção.
— Amo quando você fica nessa posição — ele geme
enquanto alinha o seu pau, mergulhando de novo dentro de mim e
deixa a cabeça cair nas minhas costas. — Perfeita pra caralho.
Não consigo formar palavras neste momento. Não com ele
tão fundo dentro de mim, me preenchendo toda e roubando
qualquer pensamento racional.
Ele tira quase tudo para fora, empurra para dentro de novo,
me fodendo com tanta força que meus seios balançam a cada
impulso. Ele me fode duro, de forma natural e despreocupada. O
descontrole dele faz desse momento, o mais erótico da minha vida.
— Eu vou — respiro. — Eu vou gozar.
Meus olhos apertam enquanto me quebro, me desfaço sob o
toque dele. O orgasmo se constrói a cada impulso dos seus quadris
contra os meus. Ele ainda está atrás de mim, profundamente
enraizado quando goza com um rugido.
— Caralho, Maddison — ele ofega e agarra os meus quadris
com tanta força que, provavelmente, terei hematomas amanhã. E eu
quero cada um deles.
Desejo que ele marque o meu corpo exatamente como
naquela noite.
Estou subindo, cada vez mais extasiada. O poder desse
orgasmo me faz tremer. Finalmente, depois que a emoção pós-
orgástica passa pelo meu corpo, desço do meu êxtase e me conecto
de novo com a Terra.
Existe orgasmo e existe… seja lá o que aconteceu.
Euforia.
Briggs trilha um caminho de beijos na minha coluna e sai de
dentro de mim. Sinto como se a cama me engolisse com a sua
partida. Eu me afundo no colchão, de repente exausta demais para
me sustentar por mais tempo. Quando Briggs volta para o quarto
estou quase dormindo. Sinto um pano morno e reconfortante entre
as minhas pernas quando ele me limpa, e depois deita ao meu lado.
Ele me pega em seus braços e me segura contra o peito, os
nossos corações ainda acelerados.
— Sei que esse não é o melhor momento, mas eu acho…
que você e Olive deveriam morar comigo.
— Briggs… — eu começo, mas ele me cala com um beijo.
— Ouça, o seu contrato encerra daqui a três semanas, e
acabei de ver uma coisa questionável crescendo debaixo da pia
quando fui pegar aquele pano. Eu não estou falando pra você casar
comigo. Só estou dizendo que tenho aquela casa enorme com
espaço suficiente pra vocês duas, e que assim eu vou ter mais
tempo com Olive. E com você.
Esta não é a primeira vez que discutimos isso, e
honestamente... minhas desculpas estão completamente
desgastadas. Talvez seja porque eu estou saciada e na euforia do
meu orgasmo, ou porque ele está certo e eu estou cansada de viver
aqui com Olive.
Ela merece uma casa melhor, e Briggs está disposto a dar a
ela.
— Tudo bem.
Ele olha para mim com um sorrisão de menino.
— Sério?
Eu concordo com a cabeça.
— Mas eu ainda acho que deveríamos levar cada coisa no
seu tempo.
— Nós vamos, linda. Nós vamos.
Só que... se nos mudarmos, agora mais do que nunca, sei
que preciso conversar com ele sobre eu ser a Maria Patins. Tenho
que parar de temer o que vai acontecer. Eu sei o que devo fazer e,
deixar para depois só vai piorar. E mesmo assim... continuo a adiar
o inevitável, por medo de perdê-lo.
A última coisa que penso antes de adormecer, quente e
segura nos braços dele, é que logo estaremos instalados e tudo
será resolvido. Eu vou contar para ele. Está passando da hora.
Capítulo Vinte e Seis
Briggs
— Esta foi uma ideia do caralho. — Graham sorri com o peito
inchado de orgulho enquanto amarramos Olive a ele no porta-
bebês. Abaixando a cabeça ligeiramente, ele diz a ela: — Sabe,
Olive-you, esta pode ser a melhor ideia que eu já tive. Pode ser que
saiamos daqui com uma nova tia.
Eu reviro os olhos. Posso jurar que a paternidade me trouxe
muita paciência e essa é a única coisa que salva Graham no dia a
dia.
— Eu não acredito que você vai deixar ela ir com ele —
Asher resmunga, claramente irritado por não ter conseguido.
— Uh, ele não me pediu, foi pra Maddison. Ela me obrigou.
— reclamo. O idiota sabia exatamente o que estava fazendo e foi
direto na mãe. Não foi de nenhuma ajuda, Maddison ter me olhado
com aqueles olhos dourados que me roubam o ar. Sem falar que ela
estava aninhada nos meus braços depois do melhor sexo de toda a
minha vida.
Eu fui enganado.
— Podem me culpar? — Graham tampa os ouvidos de Olive.
— Vocês, idiotas, sempre monopolizam a minha garota. Às vezes,
eu tenho que tomar algumas providências.
Ele remove as mãos e belisca suas bochechas levemente
enquanto ela ri.
— Me fale de novo. Como você finalmente convenceu
Maddison a se mudar para a sua casa? — Hudson pergunta.
Encolho os ombros.
— O contrato dela venceu e aquele lugar é um desastre
ambulante. Sempre tem alguma merda estragada e o cara da
manutenção só fala que vai arrumar. Eu já consertei mais coisas no
tempo que estou por lá, do que ele provavelmente arrumou desde
que ela alugou o apartamento — resmungo. — Sem falar sobre
Paul, um ator pornô que mora no apartamento acima do dela. Já
chegou ao ponto de atrapalhar o sono de Olive.
As sobrancelhas de Hudson se levantam de surpresa.
— E você ainda não fez uma visitinha a ele? Estou chocado.
— Estou tentando fazer escolhas melhores. Sabe como é,
por causa de Olive.
Ele concorda com a cabeça.
— Nobre.
— Certo, estão prontos pra ir? — Graham pergunta, com as
mãos nos quadris e Olive bem amarrada ao peito. Quando ele se
sacode um pouco, ela balança para cima e para baixo e ri.
Na próxima semana, Olive e Maddison se mudarão
oficialmente. Isso quer dizer que eu e os caras temos menos de sete
dias para transformar a minha casa de solteiro em um lar habitável
para uma família com um bebê. Honestamente, passei mais noites
no sofá de Maddison do que na minha cama nos últimos meses.
Espero conseguir convencê-la a dormir comigo em uma cama de
verdade.
Uma que não tenha um astro pornô logo acima nem um
respiradouro mofado.
— Qual é o plano?
Estamos parados em frente a uma loja para comprar os
móveis de Olive, enquanto Maddison foi almoçar com Ty e Kyle. Eu
não disse a ela que compraria, mas espero que ela concorde.
Combinamos de nos encontrar depois.
— Nós entramos e saímos. E ninguém, especialmente
Graham, toca em nada.
Graham revira os olhos, mas acena com a cabeça.
Hoje é um dia que Reed deveria estar aqui, mas ele foi levar
Evan em uma viagem de homens. É a primeira vez que vai pescar,
então eu vou ter que lidar com esses caras sozinho.
Passamos, nós quatro, pela entrada da loja e logo seguimos
as indicações para o setor de móveis de bebês.
Surpreendentemente, levamos menos de vinte minutos para
escolher um conjunto, pagar por ele e providenciar a entrega em
domicílio.
— Nossa, isso foi rápido — diz Hudson. Ele tem andado
quieto ultimamente, e eu faço uma nota mental para verificar o que
está acontecendo, quando estivermos sozinhos novamente.
— Foi mais fácil do que eu pensei — concordo.
— Isso quer dizer que precisamos levar Olive para o treinador
e o resto da equipe conhecerem — eu digo, ao pegar o meu
telefone. Envio uma mensagem rápida para Maddison, avisando que
terminamos um pouco mais cedo e que encontraremos com ela no
rinque.
Caminhamos até a caminhonete, tiramos Olive do porta bebê,
colocamos na cadeirinha e seguimos para o rinque. O tráfego é
leve, e chegamos no estacionamento assim que ela adormece no
seu bebê conforto.
Veja bem, não estou dizendo que fiquei mole, porque eu não
fiquei. Ainda sou másculo e controlo as minhas emoções.
Ver os meus melhores amigos, meus irmãos por escolha,
amarem a minha filha da mesma maneira que eu… me traz uma
sensação desconhecida e, quando olho para trás, vejo que Olive
adormeceu com a mãozinha enrolada no dedo de Graham,
enquanto ele descansa a mão no assento do carro.
É fofo pra caralho.
Não que eu vá dizer isso a ele, mas eu não consigo deixar de
notar.
Eu estaciono na minha vaga e dou a volta no carro para tirar
o bebê conforto de Olive. Como um profissional, devo acrescentar.
Sabe, quando descobri que ia ser pai, além de me emocionar
e ficar feliz pra caralho, eu também me apavorei. Tive que absorver
em um intervalo de cinco minutos, mas eu também entendi que
crianças podem não ser fáceis, mas são indulgentes.
Olive não precisa que eu seja perfeito, apenas que eu seja
um bom pai. E cada dia que passamos juntos é um aprendizado,
todos os dias aprendo algo novo.
Para começar, compreendi como separar um bebê conforto
da base de um assento veicular. Felizmente, tivemos alguns meses
de prática, e agora é como uma segunda natureza.
Encontramos o treinador Evans no escritório do rinque. Ele
estava em uma conversa acalorada ao telefone, mas prontamente
encerrou ao nos ver entrar com Olive.
— Caramba nunca pensei que um dia fosse conhecê-la
Wilson.
Eu sorrio.
— Ela é uma garota difícil de superar. Pergunte ao Graham.
Graham resmunga com o meu comentário, e olha para o
telefone. Em seguida diz ter algo para resolver e sai da sala.
O treinador Evans é o substituto de Liam e eles não poderiam
ser mais diferentes. É alto e o peito e os ombros largos, fazem
parecer que pertence a um campo de futebol. Tem cerca de
sessenta anos, cabelos grisalhos e um nariz ligeiramente torto.
Ele também é um dos melhores treinadores que já tivemos.
Leal, determinado e paciente, nos empurra além dos nossos limites,
porque sabe do que somos capazes. Liam e eu ficamos amigos, ele
me apoiou no momento mais difícil. Odiei vê-lo ir embora, mas sei
que a família sempre vem em primeiro lugar.
— Ela parece um anjo, Wilson. É uma bonequinha. Tem
certeza que você fez uma coisinha tão perfeita? — ele sorri, me
provocando descaradamente.
Eu ironizo.
— Acredite em mim, ela é a cara da mãe.
— Não, o nariz e o queixo definitivamente são seus, mas os
olhos são de Maddison — Hudson intervém.
Conversamos com o treinador por mais alguns minutos antes
de voltarmos para a pista. Hudson e Asher vão atrás de Graham,
enquanto procuro por Maddison.
Eu a encontro perto do gelo, conversando com um dos caras
da manutenção. Ela ouve atentamente o que ele diz, depois joga a
cabeça para trás e ri. Ele se aproxima e coloca a mão no braço dela,
isso a faz insegurança borbulhar dentro de mim.
Não lembro de ter me sentido assim, é a primeira vez.
Ciúmes.
Mesmo quando descobri a respeito de Beau… e… eu não
fiquei enciumado. Na verdade, nem me importei que ela tenha me
largado para ficar com o meu irmão. Estávamos juntos por
comodismo, para passar o tempo. Era confortável e, como ambos
sentíamos dessa forma, por que mudar?
Eu não tive vontade de rasgar a garganta do meu irmão
porque ele estava dormindo com ela. Eu quis cortá-la porque ele
traiu a relação de confiança que existia entre nós. Ele quebrou um
vínculo de uma vida, e isso não tem como reparar.
É por isso que odeio Beau e não tenho a menor intenção de
perdoá-lo.
— Ei, linda — eu digo com um sorriso largo, ao me
aproximar.
Os olhos de Devon encontram com os meus. Ele se encolhe
um pouco e volta a olhar para Maddison.
— Oh, como vai, Wilson? Acabei de comentar sobre Olive
com Maddison. Ela é muito fofa. Parabéns.
Eu resmungo um obrigado e aceno com a cabeça, aliviado
por ele sair em direção contrária.
Maddison levanta uma sobrancelha.
— O que foi isso?
— O que foi o que?
— Você foi grosseiro com ele. — Ela cruza os braços em
cima do peito e estreita os olhos. — Espere aí, você está com
ciúmes? Briggs… enciumado?
Há um tom de provocação na voz dela, mas eu apenas dou
de ombros.
— Você é minha.
Digo simplesmente, porque essa é a verdade, ninguém mais
vai tocar no que é meu. Delicadamente, acomodo o bebê conforto
de Olive no chão. Puxo Maddison para mim e coloco os meus lábios
nos dela, em um beijo voraz que, com certeza, vai mostrar para
Devon que ele não tem a mínima chance por aqui.
E, se ele olhar para ela de novo, vou partir todos os seus
membros.
Maddison se afasta sem fôlego, e olha para mim, passando
as mãos nos meus ombros.
— Você é insano. Sabe disso, não é?
— Talvez sim. Talvez não. Escute, eu quero te apresentar
para algumas pessoas e depois tenho uma surpresa na minha casa
pra você. Estava pensando em ficar por lá essa noite, o que você
acha?
Ela fica alguns instantes em silêncio, depois concorda,
balançando a cabeça.
— Eu adoraria.
Eu deslizo uma mão na dela e pego Olive com o braço
oposto. Ando pela pista apresentando-a para vários membros da
equipe e para a esposa do treinador que veio encontrá-lo para o
almoço. Finalmente, conectamos Olive no assento de novo e
dirigimos os trinta minutos até minha casa.
Maddison fica quieta durante todo o trajeto, mas eu concedo
esse tempo para ela processar. Há muita mudança ao mesmo
tempo e, mesmo que ela esteja bem com o que está acontecendo,
eu sei o quanto pode ser difícil se ajustar.
Quando chegamos em casa, abro o portão da garagem e
entro.
— Pronta?
Ela acena com a cabeça, parecendo apreensiva.
— Estou nervosa.
Eu rio.
— Vamos acomodar Olive e depois mostro pra você.
Maddison salta da caminhonete e pega Olive do seu
transportador. Pego a bolsa de fraldas e, juntos, entramos pela porta
que leva à cozinha.
— Minha garotinha doce está acordada — ela arrulha,
passando a mão sobre o cabelo loiro encaracolado de Olive. Acho
que ele vai escurecer, já mudou depois que ela nasceu.
— Perfeito, assim ela pode ver a surpresa da mamãe.
Maddison me olha e eu apenas sorrio.
— Vamos, por aqui — eu digo, conduzindo-a pelo corredor e
subindo as escadas que levam ao segundo andar.
No segundo andar fica a suíte principal e mais dois cômodos.
Um deles será o quarto de Olive.
O outro eu deixei especialmente para Maddison.
Paro diante da porta e viro em direção a ela e Olive.
— Não é grande coisa.
Ela me olha ceticamente. Eu abro a porta e revelo o interior
do cômodo, um escritório elegante e feminino que foi projetado para
Maddison. Eu sei que trancou esse semestre da faculdade, mas ela
precisa de um espaço onde se sinta criativa e possa trabalhar sem
interrupção.
Com o diploma de jornalismo, muitas oportunidades vão
surgir. Como ela e Olive virão morar comigo, eu quis preparar um
espaço que fosse só dela. Para estudar, se dedicar ao trabalho ou
qualquer coisa que desejar.
— Briggs — ela sussurra, com a voz rouca e baixa. —
Você… o que… — ela interrompe e gira em um círculo completo,
passando os olhos por cada superfície.
No meio do cômodo há uma mesa rústica branca, equipada
com um iMac novinho em folha, uma impressora, cadernos, canetas
e tudo mais que ela possa precisar. Nas paredes, as obras de arte
combinam com o resto da decoração.
— É brilhante, confortável e exatamente o que eu imagino
para o lugar de trabalho de Maddison.
— Não surte, linda. Eu só quis que você tivesse um lugar
para poder trabalhar sem interrupções, e que fosse só seu. — Eu
aponto para o móvel embutido na parede do lado direito. — Essa
estante é para colocar os seus livros. Você disse que gosta de ler e
eu reparei que no seu apartamento tinha uma pequena prateleira.
Ainda carregando Olive, Maddison corre em minha direção e
joga os braços ao redor do meu pescoço, pressionando forte contra
mim. Envolvo o braço nas suas costas e a seguro.
— Obrigada. É … é muito. Não sei como aceitar. — ela fala
baixinho.
— Bem, já está pronto, linda. Não tem como devolver. Agora
você vai ter que usar ele.
Quando ela se afasta, seus olhos estão cheios de lágrimas.
Ela funga de forma suave, enquanto elas descem calmamente pelo
seu rosto.
— Ei — eu digo, afastando uma lágrima. — Não chore. Não é
nada.
Ela balança a cabeça repetidamente.
— Não, é tudo, Briggs. É a coisa mais atenciosa que alguém
já fez por mim. Não sei o que fiz para te merecer, eu não sou digna
de você.
— Você merece o mundo e eu vou fazer tudo que puder para
dar ele a você, Maddison.
Se ela soubesse até onde eu iria pela felicidade delas. Eu
sou capaz de qualquer coisa por ela e Olive. Eu moveria a Terra se
fosse necessário.
— Obrigada, Briggs, por ser o homem mais maravilhoso do
mundo. Espero que saiba o que isso significa para mim.
Eu concordo com a cabeça. Para mim, é só mais um detalhe
para deixá-la feliz e confortável.
Mas ela estar aqui? Significa tudo para mim.
Capítulo Vinte e Sete
Maddison
— Meus braços parecem gelatina — eu gemo, me afundando
no sofá felpudo de Briggs, com os músculos doendo de tanto
carregar caixas. Okay, os caras fizeram a maior parte do trabalho,
mas estou seriamente fora de forma.
Eu deveria ter levado o retorno à academia mais a sério,
enfim #vidademãe. Acho melhor usar os meus minutos livres para
recuperar o sono ou tomar um banho de espuma do que me matar
em uma esteira. É um defeito que vou ter que viver com ele.
Parte de mim ainda tenta entender o fato de que estou
morando com Briggs agora. Desde que discutimos sobre isso, eu
tenho pensado muito, e logicamente... sim, faz sentido. Mas se é um
passo enorme em qualquer relacionamento, imagine em um que
carrega segredos.
Porém, deixando minhas preocupações de lado, é o melhor
para Olive, para Briggs e para mim, com o fim do meu contrato de
aluguel. Não havia a mínima chance de eu querer renová-lo e, com
a instabilidade atual do mercado imobiliário, definitivamente, foi a
atitude mais inteligente.
— Pelo menos tudo está aqui e nós já terminamos — Briggs
diz, puxando o meu pé cansado e dolorido para o seu colo, e
massageando o arco sensível.
— Oh Deus, isso é o paraíso — sussurro. Eu não tenho
energia nem para abrir os olhos agora.
Ponto para o papai do bebê.
Os nossos últimos dias foram... incríveis. Ao contrário do que
imaginei, e acho que o tempo está voando. Passo a noite acordada,
rolando na cama e tentando descobrir o que dizer para consertar a
bagunça que, com certeza, eu criei para nós.
— Acha que hoje seria uma boa noite para usar a banheira
de hidromassagem? — Briggs diz, levantando a sobrancelha.
Banheira de hidromassagem? Como perdi isso no grande
tour?
— Okay, passei totalmente despercebida quando você me
mostrou a casa. Acho que é porque caberiam três apartamentos do
tamanho do meu aqui. Vou precisar de um mapa.
Briggs solta uma risada baixa e rouca.
— Você se acostuma, linda. Vai ser ótimo pra você e Olive.
Você não terá que lidar com coisas quebrando o tempo todo, e não
temos vizinhos barulhentos. Sem mencionar que eu quero vocês
duas aqui. Estou muito feliz.
Este homem merece toda a felicidade.
Eu concordo com a cabeça.
— Eu também estou feliz. Foi muito atencioso da sua parte,
decorar o quarto de Olive. Eu amei.
— Eu estava ansioso, com medo de você não gostar.
Podemos pintar ele juntos? Eu não quis considerar apenas rosa ou
lilás, porque ela é menina. Pode ser que ela goste de amarelo. —
Ele encolhe os ombros, de repente envergonhado, e eu subo no seu
colo.
Com uma coxa dolorida de cada lado do quadril dele, eu dou
um beijo macio e doce nos seus lábios, mostrando o quanto eu
aprecio o fato de ele sempre pensar em mim e Olive.
— Você é maravilhoso, Briggs — sussurro contra seus lábios,
inalando seu cheiro limpo e amadeirado.
Ele se afasta, mas seus olhos azul-claros se prendem nos
meus, procurando por algo que não consigo identificar, e o canto da
sua boca se levanta em um pequeno sorriso.
— Suba, coloque aquelas porcarias de menina no banho, e
relaxe. Depois de dar uma olhada em Olive, levo uma taça de vinho
pra você.
Balanço a cabeça.
— Briggs, não. Eu tenho muita coisa pra fa…
Ele coloca o dedo nos meus lábios, me puxa para ele e me
beija até eu perder o fôlego. Com a sua mão enorme, bate na minha
bunda e me faz rir.
— Vá. Não foi uma sugestão, linda.
Oh, então ele é o Alfa Briggs esta noite. O meu favorito.
Eu o beijo de novo e saio do seu colo antes que me bata
outra vez. Depois, sigo as suas instruções e faço o meu caminho até
a escada enorme que dá acesso ao quarto principal.
O espaço de Reed é exatamente como eu imaginei: limpo e
organizado. Em tons neutros quentes. No centro, há uma enorme
cama king-size feita de carvalho escuro, ladeada por criados
combinando.
Masculino e ao mesmo tempo confortável e convidativo, com
um toque de requinte.
Amei.
Corro os olhos pela cama. Lembrar que a dividiremos faz
renascer em mim uma excitação familiar.
Ela não é só de Briggs, é a nossa cama. É nela que
dormiremos todas as noites, com exceção daquelas que ele estiver
na estrada durante a temporada.
Balançando a cabeça, entro no cômodo depressa. Não posso
deixar meus nervos me dominarem e, eventualmente estragarem a
nossa primeira noite na casa.
O banheiro principal é elegante e luxuoso, assim como o
quarto. Toda a decoração é contemporânea, com um toque
masculino nas cores. Eu caminho até a banheira de hidromassagem
e quase gemo alto ao ver os jatos ao redor dela.
Esta pode ser a minha nova parte favorita da casa de Brig...
quer dizer, da nossa casa.
Minha outra parte favorita é a sala de cinema do no porão. É
equipada com enormes cadeiras confortáveis que parecem te
abraçar quando você afunda nelas, e uma tela de projeção que
ocupa toda a parede. Já estou sonhando com todos os programas
do Hallmark que vou assistir lá.
Eu olho na caixa das coisas de banheiro que trouxemos do
meu apartamento e não vejo nenhuma espuma de banho ou
sabonete que eu embalei.
Merda! Briggs deve ter guardado, mas não sei onde. Procuro
por todo armário e não encontro nada além de papel higiênico extra
e coisas de homens.
Fecho as gavetas e volto para o corredor. Estou prestes a
descer as escadas para procurar Briggs quando ouço um murmúrio
suave vindo do quarto de Olive. Calmamente, vou até lá e espio do
canto da porta.
Briggs carrega aquele pequeno corpo, sentado na cadeira de
balanço que comprou exclusivamente para ela. O ambiente está
escuro. A única luz vem das minúsculas bailarinas que são
projetadas no teto, e mal ilumina os dois. Ele a encara com muito
amor. Há tanta adoração no olhar dele, que falta ar nos meus
pulmões.
Não quero que ele saiba que estou aqui, testemunhando este
momento. É tão puro, tão perfeito que eu não quero atrapalhar. Eu
cubro a minha boca para abafar o soluço que ameaça sair dos meus
lábios.
Enquanto a balança, ele acaricia a bochecha dela com o
polegar, sempre a olhando nos olhos.
— Sabe o quanto o papai te ama, bonequinha Olive? Mais do
que você poderia imaginar. Eu faço qualquer coisa para te ver sorrir.
Qualquer coisa para te fazer feliz. Você sabe disso? Que em
qualquer situação, o papai sempre vai estar ao seu lado. Que eu
nunca vou te deixar, independentemente da idade que você tenha,
mesmo quando achar que o papai não é mais tão legal e não quiser
que eu lhe dê beijos de boa noite ou te carregue nas costas. Eu vou
te amar ainda mais.
Oh Deus, meu coração. Sinto a ardência das lágrimas
quando elas inundam os meus olhos. Observá-lo balançar a minha
filha, fazendo carinho no rosto dela com tanta ternura está
enfraquecendo os meus joelhos.
— E sabe o que mais, Olive? Um dia, eu vou casar com a
mamãe.
Respiro sob a palma da minha mão com as palavras dele.
— Eu sou louco por ela tanto quanto sou por você. Um dia,
quando tiver irmãos e irmãs para brincar com você, ainda será a
minha garota favorita. A minha eterna garota. Papai te ama mais do
que tudo.
Em algum momento durante a conversa, os olhos de Olive
fecharam e ela adormeceu nos braços do pai, completamente
acalentada pelo som da sua voz. Quando ele se levanta para
colocá-la no berço, enxugo as lágrimas e volto rapidamente para o
banheiro antes que ele descubra que o ouvi.
Eu ligo a água quente, adiciono um pouquinho da fria, me
dispo depressa e entro na água com cautela. Quando a banheira
enche, eu desligo a torneira e ligo os jatos.
Se eu não estivesse com nós no estômago, poderia até
aproveitar. Mas a cada respiração, parece que eles ficam mais
apertados.
Eu me sinto culpada, já passou da hora e postergar mais só
vai piorar tudo. Deito encostada na banheira, fecho os olhos e tento
respirar de forma calma e regular. Os jatos me acalmam e eu
adormeço.
— Linda — sussurra Briggs.
Abro os olhos lentamente, ergo a cabeça e o vejo parado
acima de mim.
— Oh Deus, eu dormi. Me desculpe.
Tento sair da água agora morna, mas ele coloca uma mão
firme no meu ombro.
— Fique.
Ele abaixa, exibindo os músculos do antebraço quando
desliga os jatos e deixa a água drenar. Depois liga a água quente
mais uma vez. Quando ele levanta o corpo e tira a camisa puxando
a gola pela nuca, fico com a boca seca.
Não importa quantas vezes tenha visto ou tocado nesse
corpo, eu jamais vou deixar de me admirar com a visão dele. É a
perfeição representada por uma barriga reta que termina em um V
estreito debaixo do cós da sua calça jeans. Eu o observo
desabotoar a calça, abrir o zíper e empurrá-la pelos quadris junto
com a cueca preta apertada. Logo que termina, entra na banheira
comigo.
Ela é enorme, projetada para mais de uma pessoa. Mas
mesmo estando um pouco constrangida, amo que sejamos apenas
nós dois.
Ele senta de frente para mim, com as costas apoiadas perto
da torneira. Me posiciona entre as suas pernas e massageia a sola
do meu pé, dando uma atenção maior ao arco dolorido, como hoje,
mais cedo.
— Você tá quieta hoje, aconteceu alguma coisa?
Eu concordo com a cabeça.
— Apenas cansada. Sobrecarga sensorial.
Sua mão permanece no meu pé. Eu balanço a cabeça com
entusiasmo e estreito os olhos de brincadeira.
— Se você parar…
Ele começa a esfregar novamente, rindo e eu afundo ainda
mais em seu toque.
— Eu tô muito feliz em ter você aqui, Madds. Me sinto
realmente em casa.
Nunca falha, Briggs sempre sabe exatamente o que dizer
para me fazer derreter e tornar massinha em suas mãos. Em vez de
responder, me levanto e sento no seu colo. Eu me inclino para perto
e meus mamilos roçam no peito dele quando o beijo docemente nos
lábios. Suas mãos acariciam a minha bunda, sobem pelas costas e
ele me pressiona ainda mais contra ele.
— Eu também — sussurro me afastando.
Neste momento, não quero falar. Não quero pensar no
segredo que pode nos separar. Não quero sentir a ansiedade no
meu estômago ao pensar em perdê-lo.
Era para ser uma aventura, um caso de fim de semana e
depois seguiríamos caminhos separados. Mas agora... é muito
mais.
Sei, sem sombra de dúvidas, que estou me apaixonando por
Briggs Wilson e não há nada que eu possa fazer para impedir isso.
Só quero me perder nos seus braços. Amanhã vai ser o dia
que vou contar para ele. Vou confessar tudo e rezar para ele não me
odiar e ficar comigo.
Meu beijo se torna mais intenso e mais desesperado. Ele
puxa os lábios dos meus e olha para mim.
Ele avança no meu mamilo e o afunda na sua boca. Eu
arqueio o meu corpo na direção dele e enfio a mão no seu cabelo. A
sensação de sua língua enquanto ele se esbanja com o bico eriçado
do meu mamilo é incrível.
— Briggs — gemo alto. Meus quadris se contorcem no colo
dele a cada puxão do meu mamilo. — Eu não posso esperar,
preciso de você — imploro.
Preciso dele dentro de mim, agora. Fico de joelhos e me
afundo na água, pressionando a cabeça do pau dele na minha
entrada. Coloco as minhas mãos no ombro dele enquanto as dele
pairam na minha cintura.
Me abaixo lentamente, centímetro por centímetro, até ele me
preencher completamente. Ele baixa a cabeça no meu peito e geme
quando atinge o ponto mais fundo dentro de mim.
— Porra, linda, você vai me matar.
Eu não respondo, apenas giro os meus quadris e passo a
montá-lo. Balanço em cima dele, lento e profundamente. A água da
banheira espirra para os lados quando afundo cada vez mais.
Gememos em sincronia.
As mãos de Briggs guiam o meu quadril para cima e para
baixo do seu pau. O ritmo é tortuosamente lento enquanto ele me
beija em todos os lugares que os seus lábios conseguem alcançar.
Meus mamilos, a parte inferior macia do meu peito e minha
clavícula. Uma trilha de fogo sobe pelo meu pescoço quando ele
mordisca a minha orelha.
Foram esses pequenos toques que me incendiaram.
O sexo lento, combinado à forma que meu clitóris roça o osso
púbico dele a cada movimento do meu quadril, me deixa o mais
tenso possível.
Sinto o orgasmo crescer dentro de mim. Cada vez mais.
Cega de prazer e nocauteada pelo fogo que vem do meu
interior, me movimento freneticamente. Estou desesperada para me
conectar com Briggs e sentir o seu gozo me marcando como sua.
Quando ele passa do nível da água e esfrega o polegar no
meu clitóris, enquanto puxa meu mamilo muito sensível, eu
explodo.
Jogo a cabeça para trás e grito. Aperto os meus olhos
enquanto fogos de artifício irrompem atrás de minhas pálpebras. O
meu corpo se contrai, vibrando de prazer e a energia do meu
orgasmo me traz leveza e euforia. Segundos depois, ouço o gemido
profundo e gutural de Briggs, antes dele empurrar e se deixar levar.
Seus quadris avançam lentamente enquanto ele goza.
Sêmen quente se espalha, cobre o meu interior e o meu prazer
aumenta ainda mais.
Assim que consigo enxergar o quarto novamente e minha
frequência cardíaca diminui, abro os olhos e encontro Briggs me
observando com um pequeno sorriso.
Ele também sentiu. Não foi só sexo.
Briggs e eu fizemos amor, e independentemente do que
acontecer amanhã, nunca esquecerei deste momento. Me inclino
para frente e deito a cabeça no ombro dele, ele passa os braços ao
meu redor e me segura firmemente. Ficamos abraçados assim até a
água escoar. Escuto o ritmo constante do seu coração, contando
cada batida e rezando para conseguir nos salvar antes que seja
tarde demais.
Capítulo Vinte e Oito
Briggs
FIM
Sobre a autora
sac@grupoeditorialreserver.com.br
Site: www.reservereditora.com.br
Instagram: @selo_lovestory
@selo_reservereditora
[1]
O linebacker é uma posição na defesa que tarefa é impedir o ataque. O linebacker se alinha atrás dos
defensores de linha e costuma ser o capitão da defesa.
[2]
Nascido a partir de uma variação mais suave do futebol americano, o Flagbol, tem por objetivo avançar
territorialmente em direção a zona de pontuação do campo adversário, buscando concretizar o
touchdown. (pontuação máxima) . Sua origem é dos Estados Unidos.
[3]
É uma analogia entre as palavras Baby (bebê) e Roller (tipo de patins) e a expressão idiomática High
Roller (grande apostador).
[4]
Uma espécie de cadeirinha para bebês. Tem o formato parecido com um andador, mas não se movimenta
e possui brinquedos.
[5]
É um correio elegante virtual.