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PERIGOSAS

Acheron - Nacionais - Apollymi


PERIGOSAS

Copyright © 2017 April Kroes

Promises
1ª Edição

Capa: April Kroes


Diagramação digital: April Kroes
Imagens da capa: gettyimages.com

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens e acontecimentos que aqui serão descritos, são
produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos
reais é mera coincidência. Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. É
proibido o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer
meios, sem o consentimento escrito da autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº. 9.610./98 e punido pelo artigo
184 do Código Penal.

Todos os direitos reservados.

Edição Digital | Criado no Brasil.

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Índice

Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
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Capítulo 30
Capítulo 31
​Bônus Tyler
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Bônus Violet
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Epílogo
Bônus Especial
Agradecimentos
Contato

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Epígrafe

“Às vezes nós achamos que temos todas as certezas e na verdade tudo que temos não se
passam de dúvidas. E então você se pergunta, o que deve fazer, para onde deve correr e como
agir. Mas ao invés de fazer alguma coisa, você fica parada, olhando para trás enquanto a vida
se esvai. E agora o que fazer? Correr contra o tempo ou escolher perder?”
— Amber Miller

“É difícil dar segundas chances. É ainda mais difícil pedir por elas. Uma chance de fazer
isso de novo, sabendo o que você sabe agora, o que você aprendeu. Uma chance de fazer isso
completamente diferente. Uma chance de consertar nossos erros, de tentar fazer dar certo. Uma
chance de começar de novo do zero.”
— Meredith Grey, Grey’s Anatomy

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“Em uma outra vida, eu seria sua garota nós manteríamos todas as nossas promessas
seriamos nós contra o mundo.”

The One That Got Away – Katy Perry

Eu sempre me perguntei o porquê de fazermos promessas sem saber se somos capazes de


cumpri-las. Somos seres humanos permitidos a errar e aprender com nossos erros, mas não
permitidos a prometer um futuro do qual nós não sabemos.
E o meu problema era que eu confiava demais em quem me prometia às coisas.
E esse foi o meu maior erro.

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Sete anos atrás...

— Liam! — exclamo, chamando a sua atenção. Ele desliga o carro e vira o rosto para me
olhar. — Dá para você me responder para onde estamos indo? — pergunto impaciente.
— Já chegamos e a resposta é não, Sunshine — ele responde rápido, tira a chave da ignição
antes de abrir a porta e sai do carro.
— Argh! Como isso é irritante — resmungo irritada, e abro a porta sem esperar que ele faça
isso por mim.
Isso é uma das coisas que eu odeio no Liam, as suas surpresas.
Liam e eu temos um elo que carregamos desde a infância, nós somos melhores amigos e
hoje talvez até mais que isso, mas acima de tudo, nós somos uma família.
Nossos pais se conheceram na faculdade e juntos fundaram uma das maiores empresas de
publicidade de Manhattan a M&W Management Publishes. Temos pais publicitários e mães
arquiteta e designer de joias. E apesar de nossos pais serem bem reconhecidos atualmente, Liam
e eu escolhermos profissões diferentes.
Segundo Liam, ele será o melhor cirurgião no qual já ouvimos falar. E eu? Bom, eu escolhi
ser designer de moda. Acho que geneticamente eu herdei o dom de desenhar que a minha mãe e
avó materna possuem. Acreditem, as mãos delas são mágicas.
Voltando ao presente, eu sou apaixonada pelo meu melhor amigo de infância, vulgo Liam.
Embora às vezes eu queira matá-lo. Ele nunca foi apenas um amigo para mim, não depois do
nosso primeiro beijo, eu juro que eu tentava vê-lo como amigo conforme fomos crescendo, mas
depois que ele me beijou uma, duas, três e muitas outras vezes, essa tentativa se tornou falha.
Desde então temos algo e não temos ao mesmo tempo.
Nós mantemos essa amizade colorida desde nossos quinze anos, hoje temos dezessete e
apesar de Liam ser oito meses mais velho do que eu, acredite ele age como se ainda estivesse no
início da adolescência. O que para mim, isso é a única coisa que se torna desagradável, afinal, já
passamos da idade de nos decidirmos sobre o que somos e o que temos. Assim como nossos
irmãos, Ally e Benjamin, que namoravam desde os dezesseis anos e hoje estão noivos.
Mas o que eu esperava? É o Liam, o capitão do time de basquete e um dos mais populares
da escola. Aquele que atraí qualquer uma, inclusive aquelas, aquelas... Argh! Sinto raiva só de
pensar.
Respiro fundo e saio do carro, batendo a porta em seguida.
— Por que você está tão irritada? — ele pergunta, se colocando ao meu lado e segura firme
em minha mão.

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— Por que você não trouxe aquela Barbie de peruca? — indago, me referindo a loira que
estava em sua volta durante a cerimônia da nossa formatura.
Eu não sei se estava grata pelo colegial que fechava seu ciclo na nossa vida hoje à noite ou
por dar adeus a essas meninas na vida do Liam.
— Você está com ciúmes, Sunshine?
— Não, capitão — ironizo, e ele solta uma risada gostosa.
— Por que você está me chamando assim?
— Não é assim que elas te chamam?
Mais uma vez sou presenteada com o som da sua risada que tanto amo. Ele começa a me
arrastar em direção a saída do estacionamento de um prédio desconhecido no centro de
Manhattan.
— Sunshine, eu nem sei quem era aquela garota. Você é a minha melhor amiga, posso te
contar um segredo?
Meu coração se aperta, com a frase você é a minha melhor amiga. Eu sempre seria a sua
melhor amiga, nada além disso.
— Que segredo? — pergunto, tentando não transparecer que sua frase me abalou.
Liam solta a sua mão da minha e enlaça seu braço em minha volta me puxando para si.
Tento controlar a minha respiração descompassada quando seu rosto se aproxima do meu, ele
afasta meu cabelo para o lado deixando meu pescoço exposto e encosta seus lábios nele, traçando
beijos até a minha orelha, me causando uma onda calorosa de arrepios.
— Eu gosto das ruivas, principalmente da minha ruiva — ele sussurra em meu ouvido. — O
que eu tenho para você, para nós, hoje é mais importante do que qualquer coisa. Eu não as
quero, Sunshine. Eu quero você.
Mordo meu lábio inferior, para evitar que um sorriso bobo apareça em meus lábios e fico
fitando-o, procurando indícios de que ele esteja brincando comigo.
— Por que me encara tanto? Já ouviu falar que quem encara pede beijo? — retruca,
sorrindo.
Eu podia sentir os olhos dele queimando sobre mim esperando que eu esboçasse alguma
reação, eu não reagi só contive a minha vontade de questionar o que ele queria dizer com nós.
Não quero criar falsas expectativas.
— Não, nunca ouvi. Que eu saiba é quem dá língua pede beijo — retruco. Novamente seus
olhos estão em mim e com um sorriso tentador.
Eu fico me perguntando como ele pode ser tão lindo e ao mesmo tempo tão cretino.
Consigo descrever cada traço dele sem precisar olhá-lo, Liam tem uma beleza que deixaria
qualquer mulher aos seus pés. Quando eu olho para o seu rosto liso, a primeira coisa que me

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chama atenção são seus olhos castanhos, às vezes tenho quase certeza que ficam tão negros
quanto à noite e combinam perfeitamente com a sua pele bronzeada, assim como seu cabelo
preto devidamente alinhado para o alto. E por último, a minha parte favorita nele, seus lábios. Eu
amo seus lábios carnudos e avermelhados, que o tornam mais sexy — do que já é — toda vez
que ele morde ou passa a língua nos lábios.
— Se eu quiser te beijar, assim como eu quero e muito fazer isso agora, não vai ter bico ou
língua como pretexto para fazer isso Sunshine, eu apenas irei fazer.
Engulo em seco e fico em silêncio, eu nunca reajo bem quando ele é direto e cru nas
palavras.
— Gosto quando te deixo sem respostas — ele fala, com um sorriso presunçoso no rosto.
Caminhamos em silêncio até o hall de entrada do luxuoso prédio, eu ainda me perguntava o
que estávamos fazendo aqui.
— Boa noite Carl — ele saúda o porteiro, que o responde cordialmente de volta. — Está
tudo pronto para mim?
— Claro senhor Wahlberg, tudo conforme o senhor solicitou — o senhor informa.
— Muito obrigado, Carl.
— Tenham uma boa noite senhor e senhora Wahlberg — ele responde, acenando.
Senhor e senhora Wahlberg?
— Para você também, Carl — Liam responde, e eu aceno para o senhor simpático à nossa
frente.
Caminhamos em direção ao elevador, que só se abriu com o cartão que ele tinha em mãos.
— Você já pode me contar o que viemos fazer aqui? — pergunto curiosa, após as portas do
elevador se fecharem.
— Ainda não, falta pouco para você descobrir — ele responde automaticamente —, mas
não quero que pense que eu a trouxe aqui com segundas intenções — completa.
Ele estava impaciente, olhando para o alto e encarando o painel do elevador que apontava o
andar.
— Você confia em mim?
— Você sabe que eu confio — afirmo sem precisar pensar.
É claro que eu confio nele, eu sempre vou confiar.
— Bom... então você vai ficar quietinha agora, que eu vou vendar seus olhos — ele informa
e se aproxima, ficando atrás de mim.
Liam me vendou e quando o som indicando que chegamos no andar soou, ele segurou em
minha mão e me conduziu para fora do elevador. Me deixei ser guiada por ele, seja lá para onde
ele estivesse me levando.

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— Chegamos — ele murmura em meu ouvido.


Sem falar uma palavra, inspiro o aroma do lugar, que tem um cheiro doce e floral.
— Você é a primeira a vir aqui, eu queria que fosse a primeira a conhecer, assim como
tenho algo especial para você bem aqui. Só mais alguns passos e eu já tiro a venda de você.
Ele me conduz e eu apenas o sigo, segurando forte em sua mão. Seus passos se cessam me
fazendo parar junto, posso sentir uma brisa fraca bater em meu rosto, isso me faz confirmar que
de fato estamos em algum apartamento na cobertura.
— Se não fosse você eu diria que está me sequestrando — brinco, para aliviar a tensão que
eu me encontrava.
Suas mãos seguram em minha cintura e ele me vira de frente ou de costas para ele, não sei
ao certo em qual direção eu estou, só sei que ele está perto. Perto demais.
— Eu adoraria sequestrar você qualquer dia desses — ele murmura em meu ouvido. A
venda é retirada dos meus olhos e Liam solta as suas mãos da minha cintura. — Pronto. Seja
bem-vinda, ao meu lar Sunshine.
Meus olhos dispararam em curiosidade por todo apartamento. Apesar do cheiro floral, a
decoração dele é tão Liam.
Viro-me para ele, ainda tentando entender o que estávamos fazendo. Seus olhos me
examinavam e eu podia sentir mesmo se estivesse longe o bastante, o quanto ele estava tenso.
— É tão grande e bonito — murmuro admirada.
Ele sorriu e seus olhos encontraram os meus, havia algo a mais naquele olhar. Eu conhecia
todos os tipos de olhares que Liam possuía, mas esse olhar, esse era diferente.
Era como se eu fosse a preciosidade em pessoa, um objeto único e raro no qual ele queria
muito. Liam estava me apreciando e eu estava perdida naquele olhar.
— Fico feliz que tenha gostado, mas ainda há muito para ver.
Ele segurou em minha mão mais uma vez e foi me guiando na direção das portas de vidro,
quando coloquei os pés na varanda, ele me soltou, deixando-me sozinha.
Meus olhos iluminaram-se com tudo que eu estava vendo, o deque que levava até a piscina
tinha um caminho de rosas e cravos pelo chão. Mais à frente tinha uma mesa baixa, com
almofadas de seda mista espalhadas pelo tapete de chenile e algodão, comida japonesa estava
exposta à nossa espera, ele havia montado a nossa própria noite oriental de uma forma
romântica.
Uma música começou a tocar no fundo e eu a reconheceria até mesmo se estivesse sendo
tocada de trás para frente. You And Me[1] tomava conta dos meus ouvidos e isso me fez sorrir
abobalhada, por ele ter se lembrado do quanto eu amo essa música. Música essa que eu julgo
como nossa, mas ele não sabe disso.

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Me viro para chamar por Liam e o encontro caminhando em minha direção sem o blazer
que usava minutos atrás. Ele estava apenas com a sua camisa social branca e com dois ou mais
botões abertos revelando seu peito nu.
Ele estava incrivelmente lindo assim, à vontade e vindo para mim.
— Não acredito que tudo isso aqui é para mim. Por quê? O que isso significa? — Giro meu
corpo olhando em minha volta sem esconder meu sorriso.
Ele segura em minhas mãos e me puxa para si, quebrando todo espaço que havia entre nós.
— Você faz muitas perguntas e às vezes as perguntas são as que menos importam. Quando
eu comprei esse apartamento, eu queria que você fosse a primeira a estar aqui comigo, mas
também queria marcar a minha mudança para cá com algo que eu já deveria ter feito há muito
tempo, só nunca soube como, onde e nunca tive coragem. Eu confesso que eu sempre tive medo
de estragar seja lá o que é, que nós temos e também não queria perder a minha melhor amiga.
Seu lábio inferior treme em nervosismo, ele respira fundo e sem tirar os olhos dos meus ele
continua:
— Minha sorte é que eu tenho uma cunhada muito habilidosa que me ajudou a encontrar o
momento certo para fazer tudo isso, dê os créditos a Ally, menos os créditos pelas flores e a
comida é claro, mas o resto foi ela. E não, ela não veio aqui, apenas me disse como fazer tudo e
eu fiz.
Sinto as batidas do meu coração se acelerarem, eu estou tão perplexa que não sei o que
falar.
— Eu poderia começar por quando eu te conheci, mas isso é muito clichê, embora o que eu
esteja fazendo agora também seja. — Ele faz uma careta e meu corpo treme em ansiedade pelo o
que está por vir.
Eu preciso ouvir e saber que eu estava errada em achar que Liam não sentia nada por mim.
Eu preciso saber que ele também me ama.
— Hoje quando fui à floricultura encomendar as flores, uma senhora estava explicando para
outra cliente o significado de cada uma delas, eu atentamente prestei atenção. O cravo branco
significa amor puro, ingenuidade, inocência, e ele foi uma das minhas escolhas por esse motivo.
Quando nós éramos crianças você se tornou a minha pessoa favorita no mundo, quando você
caiu e ralou o joelho ali estava eu para ser seu super-herói, para ser seu anjo e seu protetor,
éramos crianças, mas eu já sabia que era com você que eu queria estar quando crescesse... Amor
puro, ingenuidade, inocência marcam o crescimento e o início, do que as rosas vermelhas
significam para mim em relação a você: paixão, romantismo, amor e dedicação.
Liam aperta suas mãos frias nas minhas, sorrio lhe passando confiança para continuar. Seu
olhar inseguro e hesitante estava me deixando nervosa tanto quanto ele.

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— Isso tudo foi crescendo dentro de mim com o tempo e eu tentei ignorar. Eu não queria
aceitar que estava me apaixonando pela minha melhor amiga, você é a minha pessoa favorita no
mundo Sunshine, você é a minha garota. Amber eu amo você, amo desde quando eu enterrei a
sua boneca na areia por você dar mais atenção para ela do que para mim, eu não suporto vê-la
beijando alguém que não seja eu, me corrói a ideia de ver você deixar outro tomar meu lugar na
sua vida. Eu nunca me imaginei fazendo uma coisa dessas para uma garota, você sabe que eu não
sou dessas coisas, estou acostumado com as meninas me rondando, mas elas não são, nunca
foram e jamais serão você. E é você que eu amo, é você que eu quero comigo.
Ele me ama. Ele disse que me ama. Meus olhos já estavam repletos de lágrimas e eu juro
que tentei conter todas elas, mas já era tarde demais quando elas vieram a cair.
— Eu quero estar com você Amber, quero casar, ter filhos, eu quero uma vida com você.
Eu sei que você tem seus medos. Isso é novo para você, assim como é para mim, mas eu
prometo... prometo não falhar com você, te amar todos os dias um pouco mais que o anterior.
Ainda seremos melhores amigos só que agora melhor do que já somos, nós somos tão bons
juntos Sunshine, seremos só eu e você, seremos nós. Eu ainda serei o seu melhor amigo e nunca
vou deixá-la se sentir sozinha, eu sempre estarei ao seu lado como estive todo esse tempo, eu te
prometo a minha vida, o meu amor, a minha fidelidade. Eu jamais estaria fazendo isso se não
tivesse certeza do que eu quero agora e se eu não tivesse planos para nós. Eu nunca vou
decepcioná-la Amber, eu prometo para mim mesmo nunca ousar te perder, porque sem você eu
não sei quem eu sou direito. E só basta você dizer que sim e eu te prometo que você nunca vai se
arrepender. Nunca.
E foi aí que tudo começou. Foi aí que eu me perdi, com essa maldita promessa.

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“Você diz que precisa de mim depois


você vai e me derruba.”

One Republic – Apologize

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Amber

O cheiro da maresia invadindo as minhas narinas e a casa vizinha vazia e escura, me faz
divagar em lembranças da minha infância. As luzes que hoje estão apagadas, sempre se
mantiveram acesas até que as luzes da minha casa se apagassem. Hamptons definitivamente, é a
minha segunda casa.
Quando criança minha irmã Ally, e eu costumávamos correr por toda a praia na companhia
de Liam e Benjamin. A praia se tornava pequena demais para nós quatro, mas como tudo não são
flores, um dia tudo isso acabou. Antes éramos quatro, nos tornamos três e hoje, restou apenas eu.
Nós crescemos rápido demais, tomamos rumos diferentes. Cada um tinha seus planos,
sonhos e metas a serem alcançadas. Com isso eu aprendi que uma amizade não se constrói só
com presença, se constrói com um conjunto de coisas que nós nos prometemos em um juramento
quando adolescentes: honestidade, reciprocidade, companheirismo e nunca, jamais, abandonar
um ao outro.
Bom, essa parte honestidade acho que eles esqueceram em algum lugar ou ela não se cabia
a mim, pois essa foi à primeira promessa que havia sido quebrada. Não só pela pessoa que eu
mais confiei e me entreguei um dia, mas sim por todos eles, inclusive a minha própria irmã.
E esse é o problema das promessas, elas sempre são quebradas. Eu deveria saber disso.
— Querido, não pode beliscar a comida antes do jantar.
— É só um pedacinho de queijo.
Ouvir meus pais me fez acordar do transe que eu me encontrava, é estranho estar de volta
em casa depois de cinco anos longe. Fugir não foi lá a minha melhor decisão, mas escolher ser
designer de moda e cursar na melhor faculdade de Londres, a Central Saint Martins, essa sim foi
a minha melhor escolha.
Decidida a surpreendê-los, abro a porta devagar para que meus pais não me ouçam e com
cuidado arrasto minhas malas para que as rodinhas não façam muito barulho. A última vez que
eu os vi em carne e osso, foi na minha cerimônia de formatura, na qual apenas eles foram, Ally
por algum motivo não pode ir.
Meus pais não viam a hora de me ter de volta em casa. Mamãe tentou me comprar com a
sua loja de joias, dizendo que as portas estavam abertas para que eu pudesse criar uma linha de
roupas em nome da Piaget, mas eu precisava de mais tempo e eles respeitaram isso.
Observo o cômodo e meus olhos estudam cada objeto dentro dele, eu gostava de Londres,
mas nada se comparava a estar em nossa casa. Onde você tem raízes criadas e lembranças
inesquecíveis.

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Caminho em silêncio pela aconchegante sala, tudo estava intacto como eu me lembrava.
Meus dedos tateiam a estante onde ficam os quadros de fotos de família, meu peito se aperta
conforme eu vou olhando foto por foto, mas tinha uma foto em especial. A única foto que tinha o
poder de abalar as minhas estruturas, nossos olhares se encontravam na foto e nosso sorriso
parecia combinado, mas nós sabíamos que não era. Ele tinha o dom de me fazer sorrir só de olhá-
lo e automaticamente eu recebia o mesmo sorriso de volta. Naquela época eu morria de amores
por Liam, quando ele ao menos sabia disso. Éramos apenas dois adolescentes descobrindo como
era bom cometer erros juntos.
Faço o meu caminho até a cozinha e encosto-me à parede de braços cruzados, observo meu
pai segurar na mão da minha mãe enquanto ela passava em sua frente e puxá-la para dançar. Eles
dançaram por incansáveis minutos, até que a minha mãe se soltou e voltou a sua atenção para a
salada que estava fazendo. Não demorou muito para meu pai se aproveitar do seu momento de
distração e roubar mais um pedaço de queijo.
Um estalo ecoou na cozinha e tive que levar a mão na boca para conter o riso que ousava
escapar. Minha mãe havia batido na mão do meu pai por roubar o pedaço de queijo.
— Enzo, você vai acabar com o queijo antes mesmo do jantar — minha mãe o repreende.
Antes que meu pai possa respondê-la, pigarreio chamando a atenção deles.
— Espero que tenha queijo o suficiente para mim também — falo, sem conter um sorriso ao
ver o olhar descrente no rosto dos dois.
Após se recuperarem da surpresa papai foi o primeiro a vir me abraçar, me senti completa e
definitivamente em casa depois que seus braços me cercaram com tamanha força.
— Minha menina, eu nem acredito que você está aqui. Meu Deus, é você mesmo — papai
diz emocionado. — Nós sentimos tanto a sua falta.
Sorrio emocionada e me aconchego ainda mais em seus braços. A saudade foi a minha
maior inimiga, mas eu precisava desse longo tempo para me recuperar de tudo que aconteceu.
— Você não sabe como é bom estar de volta em casa papai, como é bom estar em volta dos
seus braços — murmuro em um fio de voz.
Ouço um soluço alto, levanto a cabeça do peito do meu pai e vejo a minha cópia perfeita
quando eu ficar mais velha, intacta me olhando. Seus olhos brilhavam de emoção, eu não tive
outra reação, a não ser me soltar dos braços do meu pai, para morar no abraço da minha mãe.
— Ah mamãe — choramingo. — Eu senti tanto a sua falta.
— É difícil acreditar que você está mesmo aqui filha, eu estou tão feliz. Minha menininha
está novamente em casa Enzo, nossa pequena garotinha! — mamãe exclama entre soluços, e eu a
aperto mais ainda em nosso abraço.
Eu saí de casa depois da cerimônia de casamento de Ally e Benjamin. Estava na hora de

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seguir em frente sozinha, meus pais não aceitaram quando deram por minha falta, mas depois
eles entenderam que eu precisei fazer isso por mim.
Eu precisava dar um rumo na minha vida e recomeçar em um lugar que não me lembrasse
do que eu costumava ter aqui.
— Mamãe, não chora. Eu estou aqui e nunca mais vou embora — falo, tentando acalmá-la.
Meu pai vem até nós duas e nos cerca com seus braços.
— Você está aqui filha, você está aqui — ela repetia sem parar.
Permanecemos por milésimos segundos abraçados. Ainda era difícil para eles acreditarem
que eu realmente estava aqui, mas eu estava. Lar, eu estava em meu lar.
— Eu amo vocês, obrigada por me entenderem e respeitarem meu espaço. Vocês são os
melhores pais do mundo, eu sou tão sortuda por ter pais tão maravilhosos que nem vocês, eu os
amo muito, muito. — Beijo o rosto do meu pai e da minha mãe, sem conter as minhas lágrimas.
— Ter você aqui é muito mais do que nós poderíamos imaginar, nem por cima do meu
cadáver você irá ficar longe de mim de novo — minha mãe diz, fazendo-me rir e chorar ao
mesmo tempo.
Meu pai nos solta e, com a ponta dos dedos minha mãe seca meu rosto e beija minha testa.
Seu sorriso se alarga quando olha para algo atrás de mim.
— Será que cabe mais uma nesse abraço? — Ouço a voz da minha irmã e me afasto dos
meus pais para olhá-la.
— Ally! — exclamo sorrindo, e caminho ao seu encontro para abraçá-la.
Ally é completamente o meu oposto, enquanto eu sou naturalmente ruiva, ela é loira dos
olhos azuis e um pouco mais alta do que eu. Ela herdou a boa genética do meu pai e eu daria
tudo para ter os olhos dela, apesar de amar meus olhos verdes.
— Como eu pude ficar sem seu abraço durante anos Am? Eu senti tanto a sua falta. — Ela
funga em meu ouvido.
Eu sei que no fundo ela se sente culpada por eu ter ido embora. Levou meses, mas eu a
perdoei, não só a ela como o Benjamin também.
— Eu também senti a sua, Ally — falo, me soltando do seu abraço e virando para olhar
nossos pais.
Nossos pais nos olhavam sorrindo emocionados. Acho que até eles acreditavam que nós
duas nunca mais nos falaríamos, mas Ally é a minha irmã e eu a amo com tudo de mim. Nós
sempre seremos família. E família ama, cuida e protege.
— E então... — Coço a garganta chamando a atenção deles e dissipando o clima emotivo
que se instalava na cozinha. — Precisa de ajuda para terminar o jantar?
— Não querida, está quase tudo pronto. Pode ir para o seu quarto tomar um banho, acredito

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que vocês duas tem muito assunto para colocar em dia — mamãe responde, e cutuca no braço do
meu pai antes de voltar ao que estava fazendo minutos antes de eu chegar.
Me despeço dos meus pais com um beijo no rosto e saio da cozinha, com Ally e seus braços
enlaçados em minha cintura.
Passo pela sala e pego a minha mala, Ally faz o mesmo com a dela. Subimos em silêncio, o
que eu acho estranho já que ela não é assim. Entre nós duas, ela sempre foi a mais tagarela.
Abro a porta do meu quarto e antes de entrar, paro no batente da porta observando-o.
Tirando a roupa de cama que é nova e limpa, tudo está exatamente como eu deixei na última vez
em que estive aqui. Entro no meu quarto e Ally entra logo depois de mim, deixando sua mala no
canto da porta e se sentando na minha cama.
— Am, me desculpa por ter sido uma péssima irmã, por não ter ido na sua formatura e nem
visitá-la na semana passada como eu havia prometido, eu não estou podendo andar de avião por
enquanto — ela lamenta, me olhando com os olhos lacrimejando. — Eu sinto muito por ser uma
irmã tão ausente Am, eu sinto muito por tudo.
— Ei, tudo bem você não ter ido me ver, em compensação nos falávamos sempre Ally e
não tinha nada melhor que te ter perto de mim de alguma forma, não se sinta mal por isso e você
não tem culpa de nada entendeu? De nada, já passou, eu te desculpei e agora estamos aqui, juntas
de novo e nada vai nos separar. — Sorrio confiante, ela precisa saber que eu realmente estou
feliz por ela estar aqui, que estou feliz por estar em casa de novo. — E qual é o seu problema
agora com o avião? Pensei que seu medo havia passado.
Timidamente, Ally passa a mão por cima da barriga e a alisa. Sua boca se curvou em um
sorriso tímido, revelando o motivo que a impediu de ir me ver.
— Eu vou ser tia! — exclamo entusiasmada e ela me repreende, colocando o dedo
indicador em seus próprios lábios pedindo por silêncio. — Como você pôde me esconder uma
coisa dessas, Ally?
— Ninguém sabe ainda, considere isso como um presente de boas-vindas — ela se explica,
sorrindo. — Eu quero que você seja a madrinha dele ou dela.
— Mas é claro que eu aceito! Você me convidando ou não, eu já ia ser mesmo.
— Você voltou muito convencida.
Sorrio culpada e abro a minha mala, separando peças íntimas e um vestido fino de cetim.
Ouço Ally soltar um pigarro e a olho, a tempo de vê-la revirar os olhos.
— Eu prometo não demorar no banho. — Dou a minha palavra.
— Tudo bem, hoje te darei um desconto.
Faço uma careta para ela e caminho para o banheiro. Era como se meus pais tivessem
adivinhado que eu viria para casa, havia roupão e toalhas limpas no banheiro. Paro na frente do

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espelho e abro a gaveta do armário da pia em busca de algo que eu pudesse prender o meu
cabelo.
Mesmo com a porta fechada, eu podia ouvir o salto de Ally rangendo no piso amadeirado.
— Ally, qual é o problema? — indago alto o suficiente para que ela pudesse me ouvir.
— Eu não sei como você vai reagir a isso, mas todos estão vindo para cá — ela informa.
— O que? — Abro a porta do banheiro a tempo de vê-la saindo correndo do meu quarto.
Ela se foi, soltou a bomba e se foi antes que eu pudesse falar qualquer coisa.
Volto para dentro do banheiro e me tranco no único refúgio que tenho no momento.
— Tudo bem, vai ficar tudo bem, vai ocorrer tudo bem e nada vai acontecer — repito para
mim mesma diversas vezes, enquanto encaro meu reflexo no espelho.

Cinco anos atrás

Era sexta-feira e eu ainda estava na cama, hoje eu podia me dar o luxo de acordar tarde.
Eu estava feliz só por saber que hoje era dia do Liam vir para casa, havia pedido mamãe para
faltar à loja hoje, pois queria ficar à espera dele.
Um ano e três meses tinham se passado desde que Liam havia ingressado em Harvard sem
mim, ou melhor, escondido de mim. Esse foi o motivo da nossa primeira briga séria, nós
havíamos concordado que entraríamos no próximo ano, ele esperaria por mim e bom... não foi o
que aconteceu.
Uma parte de mim, aquela egoísta que não o queria longe, não queria aceitar isso de
forma alguma e lá se foi alguns dias longe dele por puro orgulho meu. A outra parte racional,
disse que ele fez a coisa certa. Diferente de mim, Liam estava correndo atrás dos próprios
sonhos e eu deveria ter incentivado ele a fazer isso.
A parte mais decepcionante disso tudo, foi que todos sabiam, menos eu. Saber disso pelo
seu pai, durante um jantar em família foi como um soco no estômago. Eu tinha que aceitar que
Liam estava de mudança e dessa vez, sem mim.
No fim das costas a briga se tornou um mero detalhe diante a distância que nós
enfrentamos hoje em dia, e esse era o lado negativo, a maldita distância. Boston fica há quatro
horas de Manhattan de carro. Enquanto eu me divido entre a rotina do meu trabalho para ir
visitá-lo, ele se divide entre os estudos e vir me ver, coisa que tem se tornado impossível
ultimamente.
Eu tenho passado bastante tempo adquirindo experiência na empresa da minha mãe, onde

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fica a criação de todas as joias maravilhosas. Isso me mantém distraída e apaixonada, apesar
de estar me adaptando a desenhar todos os tipos de joias e conhecer todas as pedras, desenhar
roupas era o meu maior dom. Portanto eu me escrevi em Harvard em designer de moda e estou
no aguardo da resposta. Isso não só por Liam, mas por mim também. E se eu não for aceita em
Harvard existem outras universidades próximas que eu posso tentar, como a universidade de
Boston e Yale.
Ouço meu celular tocar e tateio o criado mudo ao lado da minha cama procurando por ele.
Era uma nova mensagem do Liam.

Liam
Aconteceu um imprevisto, os caras me colocaram no grupo de trabalho deles e tem que
ficar pronto para ser entregue na segunda. Eu não vou poder ir hoje, me desculpa Sunshine.
Te ligo mais tarde, eu te amo.
Seu Liam.

Respiro fundo antes de respondê-lo, eu não devia ficar surpresa com isso. É a segunda
semana seguida que ele não vem, mas tudo bem eu o entendo é final de semestre e ele deve estar
atarefado, não posso culpá-lo.

Amber
Oh, tudo bem baby. Eu te vejo no próximo final de semana.
Estou com saudades.
Com amor, Amber.

Aguardo uns minutos por uma nova mensagem e nada. Estranho, ele sempre retorna
minhas mensagens falando qualquer besteira só para não ficar sem falar comigo,
principalmente quando não pode vir me ver, talvez ele realmente esteja com muitas coisas para
fazer.
— Por que está com essa cara? — Ally pergunta entrando no meu quarto.
— Que cara? — devolvo e ela aponta para minha testa, me fazendo perceber que eu estava
com ela franzida. — Nah, o Liam não vai poder vir para cá esse final de semana, disse que tem
trabalho para fazer.
— De novo?
Confirmo balançando a cabeça, a expressão no rosto de Ally muda para uma carranca
feia, mas ela logo trata de se recompor e força um sorriso. Talvez ela tenha ficado desapontada

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assim como fiquei, nós tínhamos combinado de irmos jogar boliche no sábado, já que era o
único dia que o Benjamin podia.
— Não seja por isso, vamos fazer uma noite das meninas hoje e amanhã vamos nós três
jogar boliche, quem disse que precisamos jogar só em dupla? O que você acha? — ela pergunta,
tentando me animar.
— Você tem plano B para tudo né? — resmungo, sorrindo. — Sorte a sua que eu não tenho
nada melhor para fazer, vou dar a vocês o prazer de desfrutar perder para mim no boliche.
Ally bufa revirando os olhos e se senta na cama.
— Eu preciso da sua ajuda. Preciso não, necessito!
Levanto minha sobrancelha em sinal de questionamento, eu estou sem entender o motivo da
sua necessidade.
— Quero fazer uma surpresa para o Ben e, como eu sei que você é ótima nisso... Vai me
ajudar. — Ela não pergunta apenas me intima com o seu olhar.
— Surpresa para o que mesmo, posso saber?
— Domingo nós completamos quatro anos juntos.
— Quatro, sério? Vocês são ruins de conta ou eu que não sei em qual ano estamos? Vocês
se estão juntos desde que tinham dezesseis anos Ally, hoje você tem vinte e dois. Não seriam seis
anos? Não sabia que ainda se comemorava meses de namoro depois de estar noiva.
— Aí Amber, você é tão estraga prazeres, me deixa comemorar, eu gosto de surpreendê-lo.
Somos namorados, noivos, somos amantes e eu conto pela data que ele me pediu em namoro, eu
tinha dezoito na época, não faz tanto tempo assim — ela se explica, me fazendo revirar os olhos.
— Tudo bem, eu vou tomar banho para acordar, assim eu penso melhor e te ajudo — falo
me dando por vencida e levanto da cama.
— Só não morre no banheiro — Ally pigarreia impaciente.
Ela sempre diz isso e como sempre eu a ignoro e vou para o banheiro.
Enquanto estou no banho, fico pensando em alguma forma de ajudá-la. E então, tenho uma
ideia não para ela, mas para mim. Sorrio animada com a ideia e saio do banheiro enrolada no
meu roupão e ainda encontro Ally sentada na minha cama falando no celular com uma cara
nada boa. Assim que me vê ela se despede e desliga o telefone.
— Acabou a água para você já ter voltado? — pergunta zombando.
— Não meu amor — ironizo. — Apenas tive uma ideia e resolvi me adiantar se eu quiser
chegar ainda hoje em Boston para ver o Liam — falo animada.
— O que?! — ela exclama.
Estreito meu olhar em sua direção, sem entender o motivo de tamanha surpresa e espanto.
— Você não pode ir para lá. Eu desmarquei tudo com o Benjamin para ficar com você Am,

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você não pode me deixar sozinha — ela diz mais calma, mas com preocupação estampada no
rosto.
— Ally, você tem o Ben e faz duas semanas que eu não vejo o Liam eu estou com saudades
dele. Você pode entender isso? — indago, estranhando sua atitude.
Por silêncios Ally pensou, pensou e pensou, seu lábio se curvou em um meio sorriso e ela
se aproximou, me envolvendo sem seus braços e me abraçando.
— Você está menstruada? — pergunto, ainda estranho a forma que ela está agindo.
— É que eu te amo muito Amber, me liga assim que chegar e se precisar de mim.
Assinto concordando e a vejo caminhar cabisbaixa em direção à porta. Antes que ela saía,
eu a chamo e ela me olha.
— Eu também amo você!

Quatro horas e meia depois eu já estava desembarcando no aeroporto de Boston e pegando


um táxi direto para o apartamento do Liam.
Eu mal esperei o táxi parar em frente ao prédio, pulei para fora do carro, arrastando a
minha mala pequena, apenas deixando no banco de trás uma gorjeta bem generosa pela corrida.
Era quase dez da noite e eu estava torcendo para que Liam não estivesse dormindo. O porteiro
autorizou a minha entrada logo que me viu, ele já me conhecia pelas diversas vezes em que
estive aqui.
Fui direto para o elevador que não estava nem um pouco vazio como eu esperava que
estivesse. Eu pretendia retocar a minha maquiagem enquanto subia, mas já vi que isso se tornou
impossível, havia cinco pessoas no elevador, duas meninas e três garotos. As meninas estavam
um tanto vulgares e os garotos pareciam ser de algum tipo de fraternidade, devido à roupa que
estavam vestidos.
Quando fui apertar o botão para subir para a cobertura o mesmo já estava pressionado,
estranho, até onde eu sabia só havia um apartamento por andar e aquele andar pertencia
somente ao Liam. Subi em silêncio e mais uma vez meu celular não parou de tocar. Durante o
trajeto de táxi até aqui, Ben e Ally me encheram de mensagens e provavelmente são eles que
estão ligando. Eu sei que prometi que ligaria assim que chegasse, mas não precisa ser
exatamente agora.
Me despertei assim que comecei a ouvir as vozes ao meu lado se animarem, antes mesmo
das portas se abrirem era possível ouvir o som da música alta do lado de fora.
E o que eu não sabia e nem estava preparada, era para uma das maiores decepções que eu
já tive na minha vida. E o pior? Ally e Benjamin sabiam e não me falaram nada. Absolutamente
nada. Eu me senti usada, enganada e enojada pelos meus melhores amigos.

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Perdoar não significa esquecer. E eu nunca esqueci do que eles fizeram comigo. Nunca.

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“Eu me apaixonei, agora não sinto nada nunca me senti tão pra
baixo quando estava vulnerável. Eu fui um tolo quando deixei
você derrubar minhas paredes?”
Justin Bieber – Love Yourself

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Amber

Fazia cinco anos que eu não via os meus ex-sogros, que agora são apenas os sogros da
minha irmã. E apesar de ter um amor imenso por Harry e Emma, eu não me sentia preparada
para revê-los. Pensar nesse jantar e na hipótese de encarar Liam depois de tanto tempo me
causava náuseas.
Nesses cinco anos longe, aprendi e entendi que nossas famílias não tinham culpa do que
aconteceu, eles nem mesmo sabiam. Perdoar sempre é preciso, essa foi uma das lições que meus
melhores amigos, Tyler e Liz me ensinaram. E eles foram um dos maiores motivos pelo qual eu
não quis voltar logo após o término da faculdade, eu não queria ter que deixá-los.
Nós três precisávamos de um tempo só nosso após a faculdade, precisávamos curtir tudo
que não foi possível devido ao compromisso que tínhamos com trabalho e estudos. E mesmo
estando aqui eu não os deixei, com muito esforço consegui convencê-los a se mudarem comigo e
eu mal posso esperar para tê-los aqui.
Passo minhas mãos suadas no tecido do meu vestido e encaro o reflexo da nova Amber no
espelho do meu closet. Mordo meu lábio inferior e fecho meus olhos em busca de concentração,
eu estava apreensiva e nervosa. Minutos atrás eu estava me sentindo confortável e em casa,
bastou poucas palavras e um nome entrar em minha mente para me deixar desnorteada.
Você consegue Amber, você consegue.
Acordo do meu torpor com uma batida na porta do quarto, me olho pela última vez no
espelho e checo se a maquiagem está apresentável o suficiente para esse jantar.
— Pode entrar!
Saio do closet a tempo de ver meu pai colocar a cabeça na porta, olhar para um lado e para
o outro a minha procura. Quando me vê, ele abre um sorriso que me passa a paz que eu
precisava. Lembrar a felicidade dos meus pais ao saberem que eu estou aqui me torna confiante.
— Querida você está linda — diz abobalhado. — Sua mãe pediu para que eu viesse te
chamar para jantar. Está tudo bem?
— Está sim pai, vamos? — falo confiante.
— Se você não se sentir à vontade e quiser ficar aqui, eu falo que você estava cansada pela
longa viagem e trago algo para você comer. Você não precisa ir se não estiver pronta.
Seus olhos azuis me estudavam em silêncio, meu pai nunca soube o real motivo pelo qual
eu e Liam terminamos, mas sempre soube que algo grande havia acontecido e nunca me
pressionou para que eu contasse. Isso é uma das coisas que eu amo nele, seu dom de ser
compreensível mesmo sem saber os meus problemas.

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— Pai, está tudo bem. Eu estou bem e de volta em casa, nada vai me fazer ir para longe
dessa vez. Logo Liz e Tyler estarão comigo, e eu não poderia querer nada mais que isso. Você
deu um emprego para o meu melhor amigo, tudo isso para me ter por perto mais uma vez. Eu
cresci papai, aos seus olhos eu sei que serei sempre a sua garotinha — falo, colocando o dedo no
meio da sua testa enrugada, ele sorri e eu completo: —, mas eu cresci, estou bem e não há nada
que possa me levar para longe de vocês de novo, eu voltei para ficar! E eles são nossa família
agora, muito mais agora que antes e eles sempre foram bons para mim certo? Então eu tenho que
fazer o mesmo por eles.
Solto o ar que eu havia prendido durante esse discurso, eu só não sabia se eu estava
tentando passar confiança para o meu pai de que tudo estava bem ou para mim mesma.
— Estou muito orgulho da mulher que você se tornou, querida. Você é o meu maior tesouro
— ele diz, encostando seus lábios na minha testa e a beijando em seguida.
— Eu amo você papai e nada de competir com o Harry hoje!
— Eu não posso prometer isso. Vamos? — Ele me oferece seu braço.
Balanço a cabeça negativamente e seguro sem seu braço, sem conter meu sorriso. Papai
sempre teve ciúmes do Harry, seja comigo ou com a Ally. Harry sempre nos tratou como se
fossemos suas próprias filhas, segundo ele, somos as filhas que ele não pode ter.
Desci a escada aos risos das piadas sem graças que meu pai contava, eu sabia que ele estava
fazendo de tudo para que eu pudesse me sentir confortável.
A nossa casa de praia de Hamptons era enorme e isso me fez sentir falta do meu
apartamento em Londres, não era pequeno, mas também não era exageradamente grande, era
aconchegante. Ao chegar à sala percebo três pares de olhares surpresos sobre mim, Ben, Emma e
Harry me olhavam da mesma forma que meus pais e minha irmã me olharam mais cedo. Tentei
sorrir, mas tive a impressão que meu sorriso não foi lá grande coisa quando nenhum deles
sorriram de volta para mim.
— Cabeça de fósforo. — O sussurro surpreso de Benjamin me arrancou um sorriso sincero,
eu senti falta desses apelidos ridículos que ele me arrumava.
— Em carne e osso — brinco, sem me soltar do meu pai. Era ele que estava me mantendo
de pé.
— Amber! Meu Deus, querida. — Emma foi a primeira a dar um passo na minha direção,
meu pai me soltou para que ela pudesse me abraçar. Seus braços finos me envolveram, me
esmagando em um abraço terno e cheio de saudade. — É inacreditável, você mudou tanto que eu
quase não a reconheci.
Seu aperto se afrouxa e ela me solta do seu abraço, segurando em minhas mãos, Emma
sorria radiante.

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— Estou feliz em vê-la de novo Emma. — Um pigarro me faz virar o rosto na direção de
Harry, que me encara de braços cruzados. — Estou feliz em ver todos vocês de novo — falo, me
corrigindo e recebo seu sorriso satisfeito.
— Não ganho um abraço também? — ele resmunga.
— É claro, big Harry! — Sua boca se curvou em uma linha dura, quando eu menciono seu
apelido. Emma solta a minha mão, deixando-me livre para abraçar Harry, que me abraça tão
apertado quanto ela.
— Seu pai não lhe ensinou que é antiético chamar as pessoas por apelidos?
Dou uma risada, eu sabia que ele não iria perder a chance de alfinetar.
— Acredito que tenha sido o mesmo ensinamento que você deu ao seu filho — meu pai
retruca.
— Agora que eu voltei, já pode me dar meu cachorro que havia me prometido — falo, o
relembrando da sua promessa.
— É bom tê-la de volta, Sunshine. — Meu corpo estremece com a menção do apelido,
percebendo minha reação, ele me solta. — Você ainda se lembra do cachorro? Já faz tempo não?
— ele indaga, descontraído e sorridente.
— Estou apenas cobrando uma dívida não paga a uma criança — retruco o fazendo rir.
— Eu disse para não prometer coisas a crianças, ainda mais um cachorro — meu pai ralha.
Harry havia me prometido um cachorro, quando eu achei um perdido na praia e não quis
devolver para o dono. Anos se passaram e nem um sinal do cachorro que ele me prometeu.
— Vamos resolver essa dívida pendente — ele fala, se afastando de mim para que Ben
pudesse me abraçar.
Abraçar não, me sufocar com seus abraços exagerados como sempre.
— Sentimos sua falta cabeça de fósforo, você não faz ideia do quanto. Mais uma vez me
desculpa por fazer você passar por isso, eu poderia ter impedido — sussurra em meu ouvido
antes de me soltar.
— Primeiro — belisco seu braço e ele solta um grunhido baixo —, isso é pelo apelido
idiota. — Segundo, página virada. Eu estou bem e estou aqui. — Sorri, mais para mim mesma do
que para ele. — E a propósito eu também senti a sua falta, babaca.
Estávamos todos ali, ou melhor quase todos. Faltava apenas uma pessoa e no fundo eu me
sentia aliviada por não vê-lo agora.
O jantar ocorreu tudo bem, fui bombardeada de perguntas sobre a faculdade, Liz e Tyler.
Eles passaram o jantar ouvindo meu resumo de tudo que eu fiz nesses últimos anos e eu os ouvi
contar como estavam as coisas em Manhattan, em momento algum mencionaram o nome dele e
eu agradecia silenciosamente por isso.

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— Huh... Eu... — Ally pigarreou nervosa. — Eu quero falar uma coisa para vocês.
Ally tinha seu lábio inferior apertado entre os dentes, seu nervosismo era visível de longe.
— Aconteceu alguma coisa Ally? — Harry pergunta, preocupado com o nervosismo dela.
— Eu não acho que exista uma ocasião mais especial que essa agora que estamos todos
juntos de novo — ela diz, olhando para mim. Sorrio lhe incentivando a continuar. — Nós
estávamos tentando por meses e todas tentativas foram falhas, desistimos e quando eu menos
esperava aconteceu.
— O que aconteceu? — Benjamin pergunta, confuso.
— Eu estou grávida — ela informa de uma vez, e olha para ele sorrindo. — Nós estamos
grávidos.
Ben que estava sentado na minha frente, ali permaneceu, intacto.
— Nós conseguimos ter um bebê? — A alegria na sua voz era tão perceptível quanto a sua
surpresa.
— Sim amor, nós conseguimos — ela confirma, sorrindo singela para ele.
— Vocês ouviram isso? Eu vou ser pai — ele exclama feliz.
— Finalmente o netinho que nós tanto queríamos. — Emma comemora com a minha mãe.
— Ben não poderia ter encontrado alguém melhor que você para nos dar essa alegria Ally,
fico muito feliz por vocês — Harry diz, sorrindo orgulhoso.
— São tantas coisas boas acontecendo em um só dia. Primeiro a nossa filha de volta e agora
vamos ter um netinho correndo pela casa Enzo — minha mãe diz emocionada.
— Ainda não acredito que a minha menininha cresceu e vai ter um bebê. Eu nunca deveria
ter virado seu amigo — meu pai resmunga e olha diretamente para Harry, que ri
escancaradamente.
— Pai, aceita que você seus cabelos brancos estão chegando — retruco, fazendo todos
rirem.
— E que perdeu todas as suas filhas para os meus filhos — Harry alfineta.
— E você não fica atrás, vovô — meu pai debocha.
— Temos que preparar o enxoval, lembra quando planejávamos isso Emma? Não vejo a
hora de começar a fazer isso novamente — minha mãe exclama animada.
— Mulheres — meu pai resmunga.
O resto da noite girou em torno da revelação surpresa da Ally, eu estava muito feliz por
esse novo passo na vida dela e do Benjamin. Passo esse que eu não pretendo dar nem mesmo em
um futuro próximo, teve uma época em que eu pensava em ter filhos, eu tinha planos e nomes,
mas hoje isso está muito longe do que eu quero para mim. E ter um sobrinho ou uma sobrinha,
supre a vontade dos meus pais de serem avós.

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Liam e eu dividiríamos o mesmo sobrinho, e isso só reforçou o que eu sempre soube. Juntos
nós somos uma família e hoje independente do que aconteceu, continuamos sendo uma família.

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“Querida, por favor, sem promessas porque nós não vamos


manter nossas promessas e eu sei as consequências.”
No Promises – Shawn Mendes

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Amber

Na manhã seguinte acordei determinada a tomar um banho de mar, assim que levantei fui
tomar um banho e escolher um biquíni, o que não foi tão difícil, pois havia uma sacola na gaveta
junto de um bilhete.
Sabia que esses biquínis aqui não devem caber mais nesse traseiro que você tem né? Por
Deus Amber! Você tinha dezesseis anos quando os usava, mas como sou uma ótima irmã
separei um para você. Divirta-se e não se afogue.
Ps: Saí com papai e mamãe, fomos fazer compras para o almoço, Ben está na casa dos
pais, se precisar de algo me ligue ou chame por ele. Amamos você.
Ally.
Sorrio com o bilhete e o guardo na gaveta do criado mudo ao lado da minha cama.
Deus eu realmente estava precisando de um biquíni novo.
O biquíni é na cor azul Royal, minha irmã melhor que ninguém sabe que o azul cai muito
bem em meu tom de pele e realça os meus cabelos vermelhos.
Após colocar meu biquíni e vestir uma saia de praia. Pego o protetor, uma toalha, meu
celular e o fone de ouvido, por último coloco meus óculos de sol no rosto. Desço as escadas e
vou direto para a cozinha em busca de algo para beliscar, pego apenas uma maçã, porque se eu
comer algo agora vou acabar não almoçando e meus pais prezam muito almoço e jantar em
família.
Dou uma última mordida na maçã e jogo o que sobrou dela na lixeira, antes de fazer o meu
caminho até a praia.
Estendo a toalha na areia e olho na direção do mar, o sol estava perfeito para quem
precisava pegar uma cor, a areia macia estava quente e a brisa do mar convidativa. Praia sem
dúvidas era o meu lugar favorito no mundo depois de Paris. Tiro a minha saia de praia e deixo
junto com as minhas coisas em cima da toalha, caminho na direção do mar, sentindo o cheiro da
maresia invadir minhas narinas e o vento jogar meu cabelo em meu rosto.
Aproximo-me, colocando meus pés na beirada do mar. A água gelada me faz dar um
pulinho para trás recuando.
Gelada ou não uma hora vou ter que entrar. Penso comigo mesma.
E contando até dez, entro de uma vez no mar, mergulhando logo em seguida. Há quem diga
que quanto mais tempo passamos dentro d’água gelada, ela vai ficando menos gelada.
Volto a superfície e observo a praia, havia poucas pessoas sentadas na areia em frente as
suas casas. E isso era o que eu mais gostava de Hamptons, as pessoas eram mais reservadas e não

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ficavam competindo com você por algum lugar na areia.


Saio do mar tirando o excesso de água do meu cabelo e volto para o meu lugar, seco minhas
mãos na minha própria saia antes de pegar meus óculos de sol e o celular.
Checo minhas ligações e mensagens, e solto um suspiro frustrado, estou sem notícias do
Tyler e da Liz desde ontem, não consigo falar com eles e isso está me deixando preocupada. Eles
estão bem Amber. Repito mentalmente para mim mesma e me deito na tolha, colocando o fone
no ouvido em seguida, nada melhor que música para relaxar e distrair a mente.
Música era algo que não podia faltar no meu dia, ouvir ou tocar qualquer coisa melhorava
meu dia a cem por certo. Eu toco violão e piano desde meus dez anos, eu insisti para que os meus
pais me colocassem nas aulas enquanto Ally, queria porque queria fazer balé. Cantarolo
baixinho, até que sinto uma bola cair em cima de mim, acertando em cheio o meu rosto.
Imediatamente tiro o fone de ouvido e me levanto, pronta para arremessar de volta a bola no
indivíduo que a jogou em mim.
De repente eu perdi a minha voz, o ar sumiu e minhas pernas fraquejaram, quando seus
olhos castanhos encontraram os meus.
— Amber? — O sussurro surpreso e aterrorizado fez o meu mundo girar de cabeça pra
baixo.

Eu não estava pronta para ouvir essa maldita voz.

Cinco anos atrás

Eu não estava acreditando no que meus olhos estavam vendo, o apartamento de Liam tinha
mais gente do que meus dedos poderiam contar. Se eu não conhecesse bem os móveis, eu diria
que entrei no apartamento errado, mas não era o apartamento errado. Era o apartamento do
meu namorado, banhado de pessoas que eu desconhecia, bebendo, dançando e fumando.
Resolvi procurá-lo por todos os cômodos do apartamento, fui empresada por aquelas
pessoas a procura dele e nada, continuei procurando até parar em frente ao banheiro. Abri a
porta, mas no momento que meus olhos subiram e se depararam com aquela cena eu preferia
não tê-la aberto.
Liam estava com uma loira no banheiro a segurando pela cintura e seus braços estavam
em volta do seu pescoço, enquanto ela estava tentando avançar em cima dele, dando vários

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selinhos na boca dele e apertando sua ereção por cima da sua calça jeans. Ouvi um grunhido
saindo de sua boca e em seguida ele a mandou parar, mas ela não parou, apenas continuou o
que estava fazendo.
E por Deus! Ela mal conseguia ficar em pé e mesmo assim queria avançar nele, no meu
namorado, meu Liam. Meu estômago embrulhou com aquela cena e ele só percebeu que eu
estava ali, quando alguém gritou pedindo licença para passar, pois eu estava no caminho e
então seus olhos encontraram os meus.
A única coisa que eu consegui fazer foi sorrir, pedir desculpas por interromper e fechar
novamente a porta. Saí correndo dali passando por todos e quando coloquei os pés no corredor,
senti meu mundo cair.
Eu queria correr parar o mais longe possível dali, quanto mais eu andava parecia que o
elevador mais longe estava.
— Amber, espera — Liam gritava, pelo corredor vindo atrás de mim. — Não é o que você
está pensando, eu posso explicar.
— Será mesmo que você pode explicar? Existe uma explicação para isso? — gritei de
volta, enquanto continuava correndo, correndo para longe dele e de toda a sua mentira.
Seus passos me alcançaram e suas mãos me seguraram, me afastei dando um passo para
trás. Eu não esboçava reação alguma, eu apenas não sentia, não sentia nada.
— Sim, tem! Não é o que parece, ela estava passando mal e eu fui ajudá-la, foi só isso eu
juro. Não aconteceu nada — ele tentou se explicar, com a voz e olhar tão calmos que se eu não
tivesse visto eu acreditaria.
— Não era o que eu estava pensando? Não perca seu tempo explicando o porquê de não
ter ido me visitar dois finais de semana seguidos e o porquê da sua casa estar com mais pessoas
do que um prostíbulo, na verdade a sua casa virou um! Não tente me explicar porque você
estava com outra no seu banheiro, se eu não tivesse chegado talvez estivessem no quarto, não
tente explicar o que eu vi. Porque eu não quero saber, porque eu não ligo, porque eu não me
importo e porque eu não quero mais saber de você — cuspo essas palavras sentindo a dor que
elas causavam em mim, elas doíam muito mais em mim do que nele. — E, por favor, não venha
atrás de mim. Não me procure. Apenas me deixe ir, por favor.
— Amber eu... eu amo você. — Seus olhos se encheram de lágrimas e desde que ele abriu a
boca para se explicar, essas foram as suas únicas palavras sinceras. — Eu não vou desistir de
você, Sunshine, eu nunca vou desistir de você, eu vou te deixar ir com a única certeza de que eu
não a traí da forma que você está pensando. Eu jamais faria isso com você, eu prometi que eu
nunca te decepcionaria, eu te prometi que jamais te trairia. Tem sim explicação para tudo que
você viu hoje, mas eu não vou te impedir de ir se você quiser.

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— Você me prometeu tantas coisas que assim como essa não cumpriu, você prometeu que
independente da distância você faria as coisas darem certo, mas nada deu certo desde que você
foi embora, você prometeu que não iria para faculdade sem mim, você prometeu que jamais iria
mentir para mim e adivinha só? Você mentiu, não uma, mas duas vezes! Você prometeu nunca
me magoar, me trair, você prometeu que jamais mentiria e porra Liam, o que você fez? O que
você fez com a gente? — questiono com a voz embargada, a essa altura eu já não conseguia
mais segurar as lágrimas que insistiam em cair.
— Me perdoa Amber, me perdoa.
Ele apenas chorava pedindo para perdoá-lo. Tarde demais, tarde demais.
— Só me responde uma coisa. E não minta, chega de mentiras. — O olhei no fundo dos
olhos e ele apenas assentiu. — Ally e Ben sabiam? Diz que eles não sabiam, diz.
Engano meu, seu olhar já dizia tudo. Minha irmã e meu cunhado, meus melhores amigos,
sabiam de tudo como eu presumia.
— Pera lá Amber, você está falando como se eu tivesse te traído e eles compactuaram com
isso. Não foi assim! Sim, eu menti sobre não poder ir te ver esse final de semana e o passado
porque aquela menina que você viu no banheiro comigo é irmã do Henry, e eles estão passando
por problemas em casa e eu ofereci meu apartamento para ficarem. Eu confio no meu amigo,
mas não confio nela por aquele motivo que você viu no meu apartamento, você viu o estado
dela, aquela garota só tem dezessete anos e está passando por problemas com depressão por
causa do ex-namorado Amber! O Henry não tem mais controle sobre isso, tudo que acontece
com os pais deles, respinga mais nela do que nele e ela acaba fazendo merdas atrás de merda.
Como eu sabia que você iria ficar chateada comigo por não ir te ver, porque eu prometi que
iria, eu disse que tinha trabalho e por isso eu não fui o final de semana passado.
— E preferiu mentir para mim? Fez meus amigos mentirem também e esconder isso de
mim? Quanto tempo tem isso Liam? Quanto tempo essa menina mora com você? — Deslizo meu
corpo pela parede e me sento no chão colocando minhas mãos em meu rosto, soluço alto e
pouco me importo se tem alguém nos vendo. — Não me toque, saia de perto de mim, termine a
sua explicação que leva a Ben e Ally, eu só quero saber isso — grito quando Liam tenta me
tocar, o fazendo recuar.
— Ben passou aqui na volta de uma conferência do trabalho e os encontrou aqui, eu
expliquei o que estava acontecendo e ele me fez prometer que eu te contaria porque você não ia
gostar de saber que tinha uma menina morando debaixo do mesmo teto que eu. E concordei,
porque eu não iria esconder isso de você por mais tempo, ele disse que não me perdoaria se eu
te fizesse sofrer e nem eu me perdoaria Sunshine... Mas a semana se passou e eu fiquei com
medo de você ter a mesma reação que agora, tem quase um mês que ela está aqui e todas as

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vezes que você vinha para cá ela e Henry saíam. Eu tinha medo de você ter uma impressão
errada sobre ela, porque ela quando está sob efeito das drogas age daquela forma, ela não tem
ninguém além do Henry, ninguém que se importe e por isso se apegou a mim de uma forma que
eu nem sei explicar.
— Eu vi a forma que ela se apegou — ironizo.
— O Henry disse que dessa semana não passava e que eles iriam embora, pois ele não
queria me causar problemas. E aí hoje quando cheguei da faculdade não havia ninguém em
casa e tinha vários maços de cigarro em cima do sofá. Como eu podia sair daqui e deixar a casa
com ela assim? Liguei várias vezes para o Henry e ele disse que estava com a mãe no hospital,
que ela não estava muito bem e perguntou pela irmã dele, foi aí que eu percebi que nem ele
sabia onde ela havia se metido. Não quis preocupá-lo, a mãe dele já não estava bem, ele não
precisava se preocupar com a irmã que sumiu do nada.
Liam fecha o punho e soca a parede do corredor, dou um pulo me levantando do chão
assustada com sua perca de controle.
— Não quis preocupá-lo, mas olha só quem se ferrou? Saí de casa para procurá-la, não a
achei e nem o porteiro havia visto ela sair. Quando voltei, o apartamento estava desse jeito que
você está vendo e ela jogada no sofá desmaiada, todos estavam gritando e dançando, ninguém
ali por ela. Por isso eu estava no banheiro, eu só estava ajudando, Amber. Eu jamais trairia
você.
Eu juro que entendia o fato dele querer ajudar o amigo, mas jamais vou entender o fato
dele ter mentido para mim. De eu ter visto ela o beijando e o tocando, são coisas que não tem
volta e nada muda o que eu vi. Aconteceu e acabou.
— Eu só te fiz uma pergunta, não pedi uma explicação — falo tentando manter minha voz
firme, engulo o nó formado em minha garganta e seco meu rosto com a palma da minha mão. —
Nada que você tenha me dito vai mudar o fato de ter mentido para mim, já passou pela sua
cabeça que eu poderia ter ajudado? Sua explicação sobre o que aconteceu não é nada perto do
que eu vi.
Dou as costas para ele e vou em direção ao elevador entro assim que o mesmo se abre e
aperto o botão do térreo, sinto seu toque em minhas costas e me afasto. Suas mãos estão
impedem as portas de se fecharem.
— Amber...
— Chega Liam, chega! Eu posso ter aceitado você se mudar para cá sem me avisar,
entendi que era o seu sonho. Eu não iria ser egoísta com você quanto a isso, eu também tinha
meus sonhos, mas eles incluíam você, só que eu não fazia parte dos seus sonhos. Eu não estava
encaixada neles, mas eu não podia ser egoísta porque eu amava você. Assim como você me

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colocou em segundo lugar quando fez as suas escolhas sozinho, você me colocou agora mais
uma vez por causa de um amigo que te pediu um favor e que você não podia compartilhar com a
sua namorada. Eu sou a porra da sua melhor amiga além de sua namorada Liam, eu não sou as
garotas do ensino médio que você apenas se divertia, eu era a sua garota. Acabou Liam.
Ele afasta as mãos das portas do elevador e antes delas se fecharem, ouço as suas
palavras:
— Eu te amo Amber, eu sempre vou te amar.
Eu ainda continuei dentro do elevador, esperei, esperei e esperei. Esperei que ele viesse
atrás de mim em algum momento, mas ele não o fez. Apenas me deixou ir e eu nunca mais voltei.

— V-você — gaguejo, sem tirar meus olhos dos dele.

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“E eu desistiria da eternidade para te tocar pois eu sei que você


me sente de alguma maneira. Você é a mais próxima do paraíso
que sempre estarei.”
Iris – Goo Goo Dolls

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Liam

Esses olhos... Eu estava perdido no mar verde que eram os seus olhos.
— V-você — ela gaguejou, em choque.
Eu ainda não conseguia tirar os meus olhos dela. Cinco anos longe e ela ainda consegue ter
o mesmo efeito em mim.
— Amber — sussurro baixo o suficiente para ela ouvir.
Seus lábios tremem em busca de palavras, mas nada sai. Observo ela se abaixar e pegar a
bola na areia, respirando fundo ela joga a bola com toda a sua força no meu peito e eu a agarro.
— Mantenha essa porcaria longe de mim — ela diz, entredentes.
— Calma cabelo de fogo, não foi a intenção. Nós não sabíamos que era você, pensei que
havia saído com seus pais — Ben diz, aparecendo do meu lado.
Bufando, ela se virou para olhar para ele. O vento soprou e fios dos seus cabelos voaram
pelo seu rosto, observei atentamente ela virar o rosto na direção contrária do vento e tirar as
mexas que atrapalhavam sua visão.
Eu estava fascinado por cada movimento que ela fazia, seja com os olhos tentando não me
olhar ou com os lábios enquanto falava com o Benjamin.
— O meu cabelo de fogo não está tão visível assim hoje? — ela retruca, cínica.
Reprimo a minha vontade de rir da pseudodiscussão deles e continuo os observando.
Velhos hábitos nunca mudam.
— Não o suficiente — Ben, provoca.
— Argh! Você é irritante Benjamin. Vocês estragaram meu dia de praia, muito obrigada
seus inúteis. — Ainda brava, ela nos lança um olhar raivoso, pega suas coisas no chão e sai
pisando duro.
Pateticamente, eu sorri da sua bravura e não tirei os olhos dela até que entrasse em casa.
Quando as portas se fecharam e ela sumiu do meu campo de vista, voltei meu olhar para Ben o
fuzilando com os olhos, ele já entendeu meu recado.
— Não me olha assim, eu iria te contar antes do almoço já que seria inevitável não vê-la,
mas já que se viram antes. — Ele dá de ombros e me olha, com um sorriso debochado no rosto.
— Querido irmão, a cabeça de fósforo voltou e dessa vez para ficar!
Bufo alto e miro a bola em seu rosto, atirando-a em seguida.
— Aí isso doeu — resmunga, me atirando a bola de volta e eu a agarro no ar antes que bata
em mim.
— Se tivessem me dito que ela estava aqui eu teria vindo na quinta. Por que não me

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contaram antes? — questiono, enquanto caminho pela areia em direção a nossa casa.
— Porque nem nós sabíamos, você não sabe a surpresa que foi chegar para o jantar e me
deparar com ela. E fala aí, nossa menina dos olhos verdes cresceu né? — Seu sorriso é orgulhoso
ao falar dela.
— Nossa? A sua não estou vendo por aqui — respondo com desdém. — E sim ela está
tão... tão diferente que nem sei explicar. E claro, está mais linda do que já era.
Não dá para negar que o tempo só cooperou na sua beleza, ela está mais madura
fisicamente, gostosa para ser mais exato. Tudo nela sempre me encantou, agora não seria
diferente, mas não vou comentar isso na frente do meu irmão, porque ele vai confirmar e eu vou
querer partir a cara dele ao meio.
— Diz que ela também está gostosa — ele diz, como se pudesse ler meus pensamentos. O
repreendo com o olhar e atiro a bola em sua direção novamente, mas dessa vez ele a agarra e
entramos em casa. — Foi só para descontrair e quanto a você, não quero você perto dela ou vou
ter que deixar seu olho roxo como na última vez?
Sim, Ben me deixou com um olho roxo depois que Amber foi embora e que descobriu o
motivo que a fez tomar essa decisão, eu mereci aquele soco. Ele sempre a tratou como se fosse
uma irmã e eu no lugar dele faria a mesma coisa comigo.
— Eu não vou repetir o mesmo erro duas vezes Bem, e se minha presença fizer mal a ela,
eu não vou ficar por perto. Nunca me perdoei pela dor que eu causei e por tê-la perdido. Jamais
me permitiria fazer isso mais uma vez.
Meu irmão assente e fica calado pensativo, me sento no sofá e deito a minha cabeça para
trás fechando os olhos.
— Eu sei que você ama aquela garota Liam, você teve essa pose de garanhão, saindo
praticamente todos os dias de folga e pegando cada dia uma mulher diferente, mas você nunca
esteve com ninguém depois dela, você sofreu assim como ela sofreu, foram dores diferentes, mas
eu te vi sofrer irmão. E se você realmente ama aquela garota e quiser lutar para tê-la de volta,
você tem meu apoio. Mas não vai achando que Amber ainda é aquela garotinha de cinco anos
atrás, hoje ela é uma nova mulher e se você não fizer isso certo eu sinto muito te dizer que já tem
gente na fila e nessa fila você está em último lugar — ele diz e sai da sala subindo as escadas
sem me dar a chance de falar qualquer coisa.
As palavras de Ben foram como um soco no estômago para mim, mas eu precisava disso
para me motivar e eu vou lutar pela minha garota, nem que seja a última coisa que eu faça, eu já
prometi muitas coisas nas quais eu não cumpri. Mas desistir dela é uma promessa que eu fiz a
mim mesmo e eu não desistirei, ao menos que ela não me queira mais, eu vou lutar por ela nem
que seja a última coisa que eu faça nessa vida.

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Não foi fácil ver as portas do elevador se fechando e Amber indo embora por elas. Eu
poderia ter ido atrás dela naquele momento, ter feito as coisas diferentes, mas ir foi uma escolha
dela. Somente dela.
O que eu fiz meses depois que terminamos foi um erro e uma escolha minha. Mais uma vez
eu a fiz sofrer e dessa vez foi totalmente culpa minha.
Acordo dos meus pensamentos com meus pais entrando em casa com as mãos cheias de
sacolas. Me levanto do sofá e vou ajudar a minha mãe com as sacolas que estava carregando e
deixo um beijo em seu rosto.
— Obrigada querido — minha mãe diz me beijando de volta, vou para a cozinha e deixo as
sacolas na bancada. Encontro meu pai tirando as coisas da sacola e guardando.
— Pai, como vai?
— Vou bem meu filho, como foi no plantão? — pergunta me dando um aperto de mão
assim que se livra de todas as sacolas.
— Foi cansativo, mas essa semana irei trabalhar em escala normal, chegaram médicos
novos então não vou precisar ficar fazendo plantões para cobrir a falta de algum médico.
— Você precisa mesmo de um descanso filho, está mais cansado que eu com meus 55 anos,
cuidado com a calvície, mulheres não gostam de homens carecas. — Ele ri e eu o acompanho
rindo junto.
— Eu acho charmoso — minha mãe opina e meu pai a encara. — Pode deixar as coisas nas
sacolas mesmo filho — ela diz para mim. — Irei usar agora para fazer a sobremesa do almoço,
vamos almoçar nos Miller hoje.
— Então você acha homens carecas charmosos? Eu não sou careca, onde você viu homens
carecas Emma? — meu pai questiona e eu cruzo os braços permanecendo entre os dois, meu pai
com ciúmes? Essa eu quero ver.
— Querido você sabe eu só tenho olhos para você, mas no momento Vin Diesel é um
careca charmoso não? — pergunta olhando para ele, que bufa em resposta, me fazendo rir.
— Eu vou tomar um banho mãe, me avisa quando for a hora para ir — falo interrompendo
o debate dos dois.
Saio da cozinha de fininho da cozinha e subo para o meu quarto, me trancando no mesmo.
Olho para a minha janela, que fica na mesma direção da sacada do quarto de Amber. Não sei
porque eu esperava que ela estivesse ali.
As coisas não são mais como antes Liam, aceite isso.
Deito na cama e faço um resumo mentalmente do rumo que a minha vida tomou nesses
últimos anos, eu concluí a faculdade dos meus sonhos, conquistei tudo que eu sempre almejei, fiz
escolhas das quais eu não me orgulho e trabalho em um dos melhores hospitais de Manhattan, o

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Hospital Mount Sinai. Além disso tenho o meu novo apartamento que fica a duas quadras do
hospital, para que em caso de emergência eu não tenha que levar muito tempo para me deslocar
até lá.
E por último, uma das conquistas que eu mais orgulho, em breve estarei inaugurando a
minha própria clínica. Não só para atender particular, mas para atender a pessoas que não tem
condições de pagar um bom tratamento médico.
É... Acho que no final, depois de tantas coisas ruins acontecendo uma atrás da outra, eu
estou no caminho certo. Eu só preciso dela para as coisas ficarem melhores ainda.
Embora eu não tenha sentido nada vindo de Amber, nada além da surpresa que era nítida
em seu rosto quando me viu. Seu olhar em minha direção era vazio, sem emoção alguma.
Será que ela não sentiu a mesma coisa que eu senti, quando a vi? Ou já me esqueceu? Será
que encontrou alguém? Me torturo com esses pensamentos, até que me lembro do que o Ben me
disse, sobre eu ser o último da fila. Se existe uma fila e ele disse que me apoia para reconquistá-
la é sinal de que ela não está com ninguém, se ela tivesse Ben jamais permitiria que eu me
aproximasse dela.
Ouço a porta do meu quarto se abrir e observo Ally entrando sorrindo. Sorrio de volta para
ela assim que ela se aproxima.
— Levanta — comanda e eu me levanto para ela se sentar, Ally bate nas pernas para que eu
deite a cabeça nelas e eu apenas faço. — Bom garoto — ela diz debochada.
— Se fazer cafuné eu vou dormir — falo, assim que ela começa a fazer carinho em meu
cabelo.
— Se dormir eu te acordo na base dos tapas, eu vim aqui para receber um pouco de atenção
— reclama e puxa alguns fios do meu cabelo — E aí qual vai ser? Vai dormir ou vai conversar
comigo? — indaga e me olha sugestiva, puxando meu cabelo novamente, me fazendo franzir o
cenho de dor.
— Desse jeito eu vou ficar careca — resmungo e ela puxa meu cabelo novamente. Afasto
minha cabeça das suas mãos e a encaro. — Já lhe falaram que você é a pior cunhada que existe?
Se não estou dizendo agora, isso é chantagem — falo, sorrindo com a cara de desdém que ela
faz.
— Sou a sua única cunhada, então não existe essa comparação — ela diz convencida. —
Então, você a viu? — pergunta se referindo a irmã.
— Sim eu a vi e não sei se fico feliz por isso. Ela está tão indiferente — falo, a olhando nos
olhos.
Diferente de Amber, Ally tem o cabelo loiro puxado para o loiro escuro é uma cor diferente
e bonita, seus olhos ora são verdes e ora azuis, devido a sua mãe que tem olhos verdes e seu pai

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azul, ela saiu puxando os dois lados de uma vez, além dessas diferenças, ela é dois anos mais
velha que Amber e eu. Ally tem a mesma idade do Ben, vinte seis anos, costumo falar que é
quase trinta, uma velha, só para irritá-la. Eu sou apenas oito meses mais velho que Amber, tenho
vinte e quatro, enquanto Amber, hoje tem vinte e três.
— Dá um desconto para ela, acabou de chegar depois de cinco anos longe de casa e se ela
mostrou estar indiferente é porque você ainda a afeta, ela sofreu muito com tudo isso.
— Não Ally, é um indiferente de não se importar, eu a olhei nos olhos e vi que a minha
presença não a afetou em nada, era como se eu nem estivesse ali para ela. Eu a conheço melhor
do que ninguém e Amber é a pessoa que mais demonstra as coisas só com o olhar. Consegue
entender o que eu quero dizer?
Ela balança a cabeça assentindo e fica em silêncio.
— Eu estou feliz por tê-la de volta, não vejo mais aquela dor no olhar que ela carregava
quando vocês terminaram. Eu sei que quando amamos alguém de verdade nós nunca
esquecemos, não estou dizendo que ela te esqueceu, mas sim, quero dizer que ela está bem agora.
Mas e você está feliz? — indaga me encarando.
Engulo em seco com a pergunta da Ally, eu estou feliz? Eu sou feliz? Se eu for parar para
pensar no que eu fiz todos esses anos e contar com todas as garotas que chamei de Amber na
cama e fora que me afundei mais no trabalho do que em casa. A resposta é não sei. Antes de vê-
la eu achava que era feliz, agora não sei mais.
Ally têm me conhecido melhor do que ninguém, quando eu pensei que ela me apontaria um
dedo e odiaria, ela fez o contrário. Me repreendeu, mostrou que eu errei e permaneceu ali do meu
lado. Ben que foi mais explosivo, brigamos e ele me deu um soco no olho, mas depois de um
tempo tudo fico bem entre nós dois.
— Huh... — Ally coça a garganta e continua me observando. — Como eu pensei, você tem
que ser feliz com ou sem ela. Se vocês voltarem ou não, você tem que ser feliz, já pensou na
hipótese de vocês nunca voltarem? O que você vai fazer da sua vida?
— Eu vou lutar para tê-la de volta até ter e certeza de que ela não me ama mais, quando eu
tiver certeza disso, eu vou seguir a minha vida. — Minha garganta se forma um nó que as
palavras quase não saem. — Eu vou ter que seguir uma hora. Com ou sem ela.
— Eu só não quero que você crie esperanças, assim como não quero ver a minha irmã
machucada mais uma vez. E eu sei que você não vai fazer isso de novo. Eu confio em você. —
Ela sorri e me passa uma confiança que só ela consegue, em seguida me dá um beijo no rosto e
se levanta. Eu vim te chamar para almoçar, vamos?
— Espera aí mocinha, quando você ia me contar que eu vou ser titio? — Levanto da cama
faço uma cara de desapontado colocando a mão no peito e ela ri da minha falsa cena dramática.

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Logo que eu cheguei aqui, Ben veio me receber com um sorriso largo no rosto me contando
a novidade de que um bebê está chegando na família em breve. Eu sou louco por crianças e saber
que meu irmão nos dará essa alegria completou o meu dia.
— Eu sabia que o Ben ia te contar e eu queria que ele te contasse primeiro para ele ter a
emoção de contar como sempre. Sabe que ele gosta de ser o primeiro a te contar novidades —
ela se explica, dando de ombros. Passo meus braços em sua volta e beijo sua testa, juntos saímos
do meu quarto. — Vou ir chamar o Ben, te encontro lá em baixo.
Ally caminha em direção ao quarto do Ben, antes que eu desça as escadas noto que eu
esqueci meu celular no quarto e volto para buscá-lo e vejo duas ligações perdidas de Henry,
mensagens de grupos e muitas outras do Brandon e Henry. Respondo as mensagens dos dois
dizendo que não posso falar no momento e que esse final de semana estou em Hampton.
Saio do meu quarto e desço a escada, encontro meu irmão e Ally aos amassos na sala. Eles
não se enjoam?
— Vão para o quarto, não sou obrigado assistir isso uma hora dessas — resmungo passando
por eles.
Ando em direção à porta e saio de casa, ouço os dois rindo atrás de mim me acompanhando.
— Você está precisando de sexo, está ranzinza demais — Ben diz e Ally concorda com a
cabeça.
Mando um dedo do meio para os dois e deixo que eles passem a minha frente a caminho
para a casa vizinha. Ally abre a porta para que entrássemos, entro logo depois de Ben e uma voz
suave cantando está ecoando pela casa toda, reconheço a música Iris.
— É a Amber cantando, meu pai ligou escondido as caixas acústicas da sala de música, ela
estava cantando Beatles e você sabe como meu pai é fã, faz tempo que ela está tocando e nem
notou que chegamos. Estamos tão surpresos quanto vocês, nós não sabíamos que ela cantava, só
que tocava, afinal ela fez aulas — Ally explica antes que Ben ou eu perguntássemos algo.
— Não sabia que ela cantava e tão bem assim, você sabia? — Ben perguntar olhando para
mim.
— Eu não sabia que ela cantava e ela só fez aulas quando mais nova, ainda assim não
tocava para ninguém.
Me deixo divagar ouvindo essa voz, não me importaria de ficar ouvindo ela o dia inteiro e
me pego sorrindo.

And I don't want the world to see me


(E eu não quero que o mundo me veja)
Cause I don't think that they'd understand

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(Porque eu não acho que eles entenderiam)


When everything's made to be broken
(Quando tudo é feito para ser quebrado)
I just want to you know who I am
(Eu só quero que você saiba quem sou eu)
And you can't fight the tears that ain't coming
(E você não pode lutar contra as lágrimas que não virão)
Or the moment of truth in your lies
(Ou o momento de verdade em suas mentiras)
When everything feels like the movies
(Quando tudo se parece como nos filmes)
Yeah, you bleed just to know you're alive
(É, você sangra apenas para saber que está viva)

A voz ecoava em meus ouvidos e a letra se passava em minha cabeça, eu não sei se havia
um motivo para ela estar cantando essa música, no momento a única coisa que eu sei é que:
— A voz dela é linda... — murmuro, divagando ouvindo sua voz.
— Quer um babador aí? — Ally debocha e eu a olho com desdém prestes a responde-la,
mas ela sai da sala antes que eu a responda, ela sabe que eu a mandaria ir à merda.
A música acaba e em seguida outra começa a tocar, eu não consigo definir qual música é,
mas não me importaria de ficar ali só para escutá-la cantando. A voz dela desperta em mim tudo
aquilo que eu sempre tive certeza que sentia.
— Vamos indo, eles estão no jardim, tenta se aproximar dela durante o almoço, faz
perguntas sei lá, apenas tenta. É um bom começo não? — Ben pondera e eu aceno positivamente.
— Se ela não fugir de mim e das perguntas que eu fizer... Você viu como ela está? —
pergunto e ele assente. — Mas vou tentar — falo determinado.
Ben balança a cabeça assentindo e sai da sala, vou atrás dele, não me sinto mais à vontade
para ficar aqui sozinho. Caminhamos em silêncio até o jardim onde encontramos os pais dela,
Stella e Enzo sorriem ao nos ver e Stella vem de braços aberto me receber.
— Que bom que você veio, sentimos sua falta ontem no jantar — diz sorrindo e eu a abraço
e beijo em seu rosto.
— O hospital ontem estava uma loucura, não pude abandonar o plantão, mas vim assim que
saí — explico a ela sorrindo, ela assente entendendo o motivo da minha falta na noite anterior.
— Tudo bem querido, o importante é que a família está completa agora! — exclama sem
esconder a animação e felicidade por ter Amber de volta em casa.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Assim que ela se afasta cumprimento Enzo com um aperto de mão.


— Sente-se fica à vontade, você já é de casa — Enzo diz, piscando o olho.
Me acomodo em uma das cadeiras da mesa do jardim e fico observando aquele quintal, nos
divertíamos tanto aqui, terei histórias para contar para meu sobrinho. Sorrio com esse
pensamento e nem percebo que uma Amber sorrindo aparece no jardim.
Seu perfume já não é mais o mesmo, se fosse eu teria sentido a sua presença a milhares de
distância, mas ainda assim, meu corpo reagiu a ela ao notar sua presença.
— Cansou de cantar florzinha? — Ben pergunta divertido e eu apenas presto atenção no
quanto ela é bonita até mesmo quando cora.
— Não acredito que vocês estavam me ouvindo — ela diz sem acreditar e olha para o pai e
a mãe. — Qual de vocês fizeram isso? Ai que vergonha. — Corada, ela tampa seu rosto com as
mãos e seu pai as afasta.
— Foi o seu pai, sabe que ele ama Beatles e quando ouviu foi direto ligar as caixas, ele
sabia que se aparecesse você ia parar — Stella responde.
— Vergonha de que? Tenho uma cantora dentro de casa que canta muito melhor que
grandes nomes da música, você estava cantando muito bem filha, vou querer ouvir todos os dias,
foi o dinheiro mais bem gasto de toda a minha vida — Enzo diz orgulhoso e lhe dá um beijo no
rosto a deixando mais envergonhada ainda.
— Eu ouviria todos os dias também, mesmo se fosse ruim, só para ter a chance de ouvir a
sua voz mais uma vez.
Percebo o olhar de todos em mim inclusive o de Amber com os olhos arregalados e
surpresos.
Droga! Pensei alto, alto demais.
— Eu concordo com o Liam, você canta muito, pagaria para ir a um show seu, desde
quando canta? — Ally pergunta me salvando da gafe que cometi, já disse que a amo? Ela sempre
me salva.
— Nem é para tanto Ally, é mais um hobbie e canto para mim mesma, não era para vocês
ouvirem — ela diz ainda envergonhada e encara Ally que está com a sobrancelha erguida ainda
esperando a resposta. — É a minha válvula de escape desde que fui embora, eu canto para me
sentir melhor e libertar os males. É bom... revigorante.
— Enquanto as crianças conversam entre si, vou pegar a comida para colocar na mesa e
você — Stella aponta para Enzo —, cuide das bebidas — diz e se retira.
— Mulheres... — Enzo balança a cabeça e olha para Ben. — Cuidado para essa aí não ser
mandona igual à mãe.
— Essa aqui é adestrada sogrão, mandona já basta a minha mãe — Ben diz zombeteiro e

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Ally o repreende dando um tapa em seu braço.


— Eu vou te ajudar mãe — Amber diz e presumo que ela está tentando fugir.
— Deixa que eu vou ajudá-la — minha mãe informa e antes de se virar para sair chama
meu pai. — Querido? — Meu pai a olha. — Você pode ir buscar as sobremesas em casa?
— E deixar as crianças sozinhas? — meu pai indaga e recebe um olhar matador da minha
mãe. Se dando por vencido, ele nos deixa a sós.
Ficamos em um silêncio desde então, ninguém se opôs em dizer qualquer coisa.
Encaro Amber e penso em falar algo que a fizesse entrar no assunto e com isso ter sua
atenção para mim, mas não consigo pensar em nada para falar e ela está ocupada demais com seu
celular, já que desde que se sentou não desgruda dele.
— Liam, agora que Ally está gravida nós precisamos marcar pré-natal essas coisas, quero
que me indique uma médica mulher, porque eu não quero que você olhe para as partes íntimas da
minha mulher — Ben diz sério e eu jogo a cabeça para trás gargalhando e as meninas me
acompanham.
— Mesmo se eu quisesse olhar para as partes íntimas da Ally, não sou eu que vou fazer isso
— tento explicar para ele, mas sou interrompido por Amber que ri sem parar.
— Pelo amor de Deus, o tempo comeu seu cérebro? Quem cuida de mulher grávida é
obstetra e seu irmão é cirurgião geral — ela responde, ainda rindo junto com Ally.
Então ela sabe qual é a minha profissão, eu poderia ser cardiologista ou neurologista como
Brandon, o que a leva pensar que eu realmente escolhi ser cirurgião geral? Sorrio por dentro com
o fato dela saber isso sobre mim e meu próprio irmão não.
— Como eu ia explicando e a Amber te explicou, eu sou cirurgião geral, mas tem uma
obstetra excelente no hospital, vou marcar uma consulta com ela para vocês — informo.
— Isso seria ótimo, eu ainda não pesquisei nada sobre, eu não estou preparada
psicologicamente para acordar de madrugada para amamentar, tem uma coisa pequenininha
crescendo dentro de mim vocês fazem ideia do quanto isso é estranho e ao mesmo tempo
emocionante? — Ally diz em êxtase, passando a mão na barriga.
— Espera o emocionante até o dia que você ficar três vezes maior que a tia Nice — Ben
gargalha e Amber bate na mão dele.
— Essa foi muito boa, imagina ela tentando passar na porta e você tendo que mandar
aumentar o tamanho da porta — ela diz rindo junto com Ben, dois idiotas.
— Se vocês continuarem com isso eu vou acabar chorando, meus hormônios estão a flor da
pele e vocês estão zoando da minha cara, eu vou parar de falar com os dois e torcerei para que
peguem aquele negócio no olho, como é mesmo o nome Liam? — Ally indaga em um resmungo,
fazendo os dois pararem de rir e ela sorri se dando por vencida.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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— Tersol Ally. Isso me inclui? Porque não sei se você sabe, mas eu trabalho e não posso
ficar com tersol e nem me da atestado — falo tentando entrar na conversa deles.
— Você não, é o único que salva desse complô deles dois — Ally diz sorrindo e dando um
beijo no meu rosto.
— Está aí uma desvantagem de ser médico, se você ficar doente além de saber cuidar de si
mesmo não pode se dar atestado, vai ter que ir a outro para conseguir atestado, que sem graça —
Amber diz naturalmente. E eu fico feliz por ela estar interagindo como se fossemos amigos?
Conhecidos? Que droga, mas é melhor que nada e um bom começo ou ela está assim por que me
esqueceu?
— É claro que é melhor quando tem alguém cuidando da gente e não é porque eu sou
médico que quer dizer que eu não queira ser cuidado por alguém — falo em duplo sentido, tanto
posso ser cuidado com outro médico profissional ou por alguém, ou melhor, por ela.
— Mas a sua especialidade é cuidar dos outros, antes mesmo de se formar já fazia isso —
retruca em tom de desdém, eu entendo ao que ela se refere, a Maya, irmã do Henry.
Não adianta responder algo sobre isso e bater nessa tecla e não tem porque falar da Maya,
ela não está mais entre nós. Maya morreu há dois anos de overdose e nem menciono isso, deixa
ela pensar no que quiser.
— A Maya morreu, se você está se referindo a garota que é irmã do Henry, saiba que ela
morreu, Amber — Ally diz e eu a encaro balançando a cabeça negativamente.
Isso não é da conta de Amber e nem lhe diz respeito.
— Pois é, passado não?! Como você disse, ela morreu, faz tempo e isso é passado, o que
significa que existe coisas que devem ficar lá atrás — falo em um tom rude cortando o assunto e
evitando olhar para Amber, mas não deixo de perceber ela engolindo em seco.
— Eu sinto muito — ela diz com o lábio torcido.
— Você não tem que falar que sente muito para mim, ela não era nada minha para você
falar isso — retruco e ela assente voltando a sua atenção para o celular sorrindo ao colocá-lo no
ouvido para ouvir algo.
Ben e Ally estão ao meu lado falando algo que não consigo decifrar o que é, pego meu
celular e respondo a mensagem do Henry falando que eu não sei o que estou perdendo em
Manhattan. Com certeza se trata de mulher. Balanço a cabeça negando como se ele pudesse ver
isso e sorrio. Esse cara é uma figura, ele e Ally são as pessoas que mais me ajudaram quando
Amber se foi, se não fosse eles eu não sei como eu estaria, psicologicamente falando.
Henry mesmo passando por problemas em casa sempre esteve ali para mim.
Meus pais e os pais de Amber voltam para o jardim colocando as coisas na mesa para
almoçamos. O pai de Amber trouxe cervejas e eu fico imensamente grato por ele ter trago, estava

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precisando mesmo de uma. Pego uma cerveja e observo todos pegando uma também, menos
Ally, que está com uma tromba enorme por não poder beber.
— Isso é injusto, todos deveriam estar bebendo suco e água porque eu não posso beber —
ela resmunga emburrada.
— Bem lembrada filha, irei pegar água e suco de laranja para você — Stella diz e sai para
pegar o suco e água para Ally.
— Não seja por isso, eu bebo por você — falo passando a cerveja na cara de Ally e ela
cruza os braços irritada.
— Sai daqui, não quero mais falar com você, agora você está incluso na lista do tersol —
Ally rosna irritada.
Rio da cara dela e dou um gole na minha cerveja e observo Stella voltando apenas com a
jarra de suco e mais um prato na mão e colocando na mesa.
— Ué mãe, tem oito pratos aqui para que mais um a mais? — Ally pergunta.
— Precisamos de um prato a mais, temos visita — Stella diz, sorrindo animada.
Visita? Não conhecemos muitas pessoas intimamente aqui em Hampton para convidarmos
para almoçar conosco, nossos almoços ou qualquer coisa que fosse entre nós aqui, sempre foram
bem íntimos. Todos parecem pensar a mesma coisa que eu, pois olham para Stella esperando que
ela diga quem é.
— Eu. Não. Acredito. Tyler! — Amber exclama pausadamente e se levanta correndo e pula
no colo de um homem que aparece no jardim o abraçando.
Cuspo a minha cerveja instantaneamente. Mas que porra é essa?
— Sabe a fila? Então, você acaba de olhar para alguém que faz parte dela — Ben diz em
um tom baixo para que nossos pais não ouçam.
— Quem é ele? — questiono desviando o olhar de Amber, para Ben e Ally.
— É Tyler, amigo dela de Londres, ele está vindo morar aqui, acho que vai passar uns dias
com ela até achar um apartamento e é provável que ele vá trabalhar na empresa do papai. Ele é
publicitário também.
— Huh... Amigo, entendi.
Amigo? Amigos não olham do jeito que ele olhou para ela. Ele a quer, eu sei disso.
— Relaxa cara e muda essa carranca de quem comeu e não gostou porque eles estão vindo
aí — meu irmão diz, acenando com a cabeça para os dois que caminham de volta para a mesa
que está exposta se juntando a nós.
— Espero não estar atrapalhando vocês... — Stella o interrompe antes mesmo dele terminar
de falar.
— Que isso meu filho, junte-se a nós, jamais atrapalharia, Amber não parava de falar de

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você e da Liz desde que fomos visitá-la, você é mais que bem-vindo em nossa casa — ela diz
terna.
Sim você está atrapalhando seu otário, está atrapalhando um almoço de família da qual você
não faz parte. Penso semicerrando meus olhos, mas logo desvio meu foco dele para Amber que
começa a falar.
— Ouça a mamãe ela é sábia — Amber diz sorrindo e dando um tapinha nas costas do
amigo. — Pessoal esse é o Tyler, meu amigo de Londres que está de mudança para Manhattan,
Tyler essa é a minha pequena-grande família.
Percebo que a sua animação foi de 0 a 10 em segundos com a presença dele.
— Essa é a Ally minha irmã, o ser que está ao lado dela é Ben. — Ela os apresenta
apontando para cada um conforme fala os nomes. — Ao lado de Ben está seus pais, Emma e
Harry e ao lado da minha irmã está Liam irmão de Ben.
Amber termina de apresentar cada um de nós para seu amigo e eu apenas aceno com a
cabeça enquanto Ally diz que ele é bem-vindo aqui por todos, por todos uma vírgula, só se for
por ela.
— Você esqueceu de nos apresentar querida — Enzo resmunga ao meu lado com o olhar
estreito a Amber.
— Como se vocês não se conhecessem né papai, passaram a maior parte do tempo
conversando e me deixaram de lado, se isso não é se conhecer me diz o que é então — retruca
entre dentes. — Seja legal, senhor Enzo.
— Aquilo foi conflito de interesses — Enzo diz brincando e olha para o meu pai. — Harry
esse é o rapaz que eu te falei.
— O jovem promissor de Londres? É um prazer conhecer você, ouvi muitas coisas boas
sobre você garoto, inclusive dei uma olhada no seu portfólio, você é bom. Seja bem-vindo a
nossa empresa, que não é aqui nesse quintal é claro — meu pai diz humorado e estende a mão
para dar um aperto de mão em Tyler que faz o mesmo.
— O prazer é todo meu senhor Harry, vai ser uma honra trabalhar para vocês. Não vejo a
hora de começar — o tal Tyler diz.
— Se me chamar de senhor mais uma vez não vai começar tão cedo — meu pai brinca e
volta ao seu lugar.
— Como o senh... Como você quiser — Tyler diz.
Me sinto sobrando nesse momento, parece que todos já se familiarizaram com ele menos
eu, perdi a fome e a vontade de continuar aqui, mas não vou dar esse gosto a ele de passar a tarde
com ela. Não vou mesmo.
— Chega de conversa e vamos comer né rapazes, deixa os negócios para segunda-feira —

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Stella resmunga e todos concordamos com a cabeça e começamos a nos servir.


Durante o almoço não pude deixar de ficar observando a interação de Amber e Tyler, aquilo
estava me dando nos nervos.
— Amber o Tyler te falou que está em um hotel? Eu ofereci um dos quartos para ele ficar,
mas ele está relutante. Tente convencê-lo a aceitar, temos muitos quartos e não é justo ele fazer
gastos desnecessários — Stella comenta.
Torço em pensamentos para ele não aceitar, quem se importa com ele estar em um hotel?
Eu não.
— É Ty, minha mãe tem razão nós temos quartos de sobra e você não tem o direito da
escolha, após o almoço iremos buscar suas coisas e trazer para cá. — Ele ia interrompê-la, mas
ela continuou — Além do mais, temos planos para hoje à noite — ela completa sorrindo e da um
gole em seu suco.
— Você é uma chantagista nata — Tyler retruca.
— Aprendeu comigo — Enzo diz orgulhoso.
— Tive que aprender a barganhar com o melhor — ela confirma. — Mas o Tyler vai ficar
querendo ou não.
— Dizer que você o tem nas mãos seria um eufemismo — Enzo retruca.
— Diante a esse debate eu vou ficar, mas porque eu quero — ele cede fazendo Amber bater
as mãos de entusiasmo.
O que? Ele vai dormir no mesmo teto que ela? Mas que porra de planos eles tem? E por que
ela está dando esse sorriso para ele? E por que ele está sorrindo de volta para a minha garota?
Minha garota. Chega até ser estupido e sem sentido dizer isso agora. Ela não é mais a minha
garota, está mais que claro que a minha garota se foi há cinco anos.

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“Quando nós estávamos apaixonados, as coisas


eram melhores do que são.”
Into Your Arms – The Maine

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Amber

Em Londres, tocar e cantar era o que me acalmava, me fazia esquecer os problemas e me


fechar em um mundo onde só existia eu e as músicas que eu mais gostava de ouvir. Agora eu só
preciso encontrar a minha calmaria.
Abro a porta da sala de música que meu pai fez especialmente para mim, para que eu
ficasse treinando durante a nossa estádia aqui em Hamptons, entro e fecho a porta na chave para
que ninguém me interrompa, agora eu preciso mais disso que nunca. Liam está perto, perto
demais.
Música me acalma, música me renova.
Pego o violão no suporte e antes de começar a tocar, giro as tarraxas e passo os dedos nas
cordas até encontrar a nota padrão de afinação. Em seguida, arrasto o pufe mais próximo para me
sentar. Começo tocar músicas antigas como as do Beatles, que passei a gostar de algumas
músicas por causa do meu pai.
E logo depois escolho Iris[2], essa música me levou a fossa nos primeiros meses em que eu e
Liam terminamos, ela tem a letra linda, expressa como eu realmente me sinto agora.
Toco mais uma música para finalizar e já me sinto muito melhor do que quando entrei aqui,
olho as horas no meu celular e vejo que já são quase uma da tarde, meus pais devem ter chegado
e o almoço deve estar pronto pelo tempo que eu fiquei aqui dentro.
Coloco o violão com cuidado no suporte e destranco a porta da sala, ao por meus pés no
lado de fora ouço vozes e risos. Todos já estavam aqui e eu nem se quer havia tomado banho, eu
ainda estava de biquíni e com resíduos de areia, sem contar que meu cabelo está todo
embaraçado por conta da água salgada.
Sem que alguém perceba a minha presença, corro para o meu quarto indo diretamente para
o banheiro. Tento não demorar mais do que o necessário no banho e quando termino, visto o meu
roupão e começo a luta interna de ir procurar algo para vestir nas malas — que eu ainda não
havia desfeito —, já que iremos embora amanhã pela tarde eu não vi necessidade de desfazê-las.
Opto por vestir um short jeans desfiado e um cropped meio ombro na cor preta, em seguida
retiro o excesso de água do meu cabelo com a toalha e para finalizar passo um perfume, nada de
maquiagem para um almoço simples a luz do dia e em família. Calço meus chinelos e finalmente
desço antes que eu fique sem almoço, estou morta de fome.
— Cansou de cantar florzinha? — Ben pergunta em tom divertido assim que eu chego ao
jardim. Coro com a sua pergunta, não sabia que tinham me ouvido cantar.
— Não acredito que vocês estavam me ouvindo — falo perplexa, ainda morrendo de

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vergonha e encaro meus pais, pois sei que um deles ligou a caixa acústica da sala de música. —
Qual de vocês fizeram isso? Ai que vergonha. — Levo as minhas mãos ao meu rosto tampando o
mesmo envergonhada por todos terem me ouvido cantar, papai puxa as minhas mãos e afastando
e me olha sorrindo abobalhado.
— Foi o seu pai, sabe que ele ama Beatles e quando ouviu foi direto ligar as caixas, ele
sabia que se aparecesse você ia parar — mamãe responde, sem esconder o sorriso do rosto.
— Vergonha para que? Você estava cantando muito bem, vou querer ouvir todos os dias —
papai diz se gabando e exalando orgulho. Ele beija minha testa e puxa a cadeira para que eu me
sente.
Me sentei de frente para Ben, que está ao lado de Ally e Liam logo ao lado dela.
— Eu ouviria todos os dias também, mesmo se fosse ruim, só para ter a chance de ouvir a
sua voz mais uma vez — Liam divaga e meu rosto se contorce em surpresa. Não acredito no que
acabei de ouvir.
É idiota, estava cantando para esquecer o efeito que você causa em mim, babaca número
dois. Era assim que eu o chamava, Ben é babaca número um e ele número dois, se juntar os dois
não da um.
— Eu concordo com o Liam, você canta muito, pagaria para ir a um show seu, desde
quando canta? — Ally pergunta tentando tirar o foco que até então era Liam, ou melhor, o que
ele havia dito.
— Nem é para tanto Ally, é mais um hobbie e canto para mim mesma, não era para vocês
ouvirem — respondo, fugindo da sua pergunta. Eu odeio quando Ally começa com seus
questionamentos. — É a minha válvula de escape desde que fui embora, eu canto para me sentir
melhor e libertar os males. É bom... revigorante — admito.
Nossos pais nos deixaram a sós, até parece que ninguém iria perceber que eles estavam
forçando a nossa reaproximação, não falo a minha e do Liam, mas sim de nós quatro.
Em partes funcionou, nós ficamos jogando conversa fora e falei mais do que devia quando
mencionei algo relacionado à irmã do Henry, acabei descobrindo que a menina que agora tem
nome e se chama Maya morreu, senti muito por ter tocado nesse assunto, que pareceu ser uma
ferida aberta para o Liam.
A última vez que a vi foi no casamento de Ally — três meses depois do nosso término — e
como eu não aceitei ser madrinha junto com Liam ele a levou e eu entrei junto com um amigo de
Ben. Não preciso nem falar o quanto me doeu vê-lo entrando com ela na igreja né? E não para
por aí, na festa eles estavam juntos, quando falo juntos era literalmente juntos, com direito a
beijos, sussurros no ouvido e trocas de carícias. Ally jurou de pé junto que não sabia que ele a
levaria, nem mesmo Ben sabia e mais uma vez ele partiu meu coração.

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Mesmo que o que eu havia visto no apartamento dele em Boston meses antes “não era o
que eu estava pensando”, como ele havia me dito. Tudo o que aconteceu no casamento mostrou
o contrário do que ele tentou me provar naquela noite.
E foi isso que declarou o nosso fim definitivo, foi o que acabou de vez com todas as
chances de voltarmos, no fundo por mais que eu não admitisse eu tinha esperanças que
pudéssemos esclarecer as coisas e recomeçar. Que boba eu fui.
Me lembrar disso me corrói por dentro, me faz dar um salto no passado. O que me fez
esquecer isso foi a surpresa que eu tive ao ver Tyler, aparecendo no jardim na hora do almoço, eu
estava tão feliz que pouco me importei com a cara nada boa que o Liam fazia, seria ciúmes? Eu
não tenho nada com o Tyler e mesmo se tivesse isso não é da conta dele certo? Foi bom saber
que de alguma forma eu ainda mexo com ele.
Após o almoço comemos o mousse de maracujá que Emma fez e é o doce preferido do
Liam, certamente ela fez por causa dele. Como tinha dito que ia com o Tyler buscar as coisas
dele no hotel, resolvi me adiantar não havia mesmo necessidade de ele ficar em um hotel quando
temos quarto de sobra aqui.
— Vocês me dão licença, mas eu e o Tyler estamos de saída, quanto antes irmos buscar as
coisas dele melhor — falo me antecipando, antes que eles me prendam aqui.
— Quer que eu leve vocês até lá querida? — papai pergunta.
— Não precisa pai, não quero incomodar o senhor e quero mostrar algumas coisas da
cidade ao Tyler, mas aceito a chave do seu carro. — Dispenso a sua ajuda, eu quero espairecer e
com meu pai por perto isso vai ser bem difícil de acontecer.
— Está pendurada no chaveiro da cozinha — ele informa, dando um gole em seguida na
sua cerveja.
— Obrigada pai — agradeço sorrindo para ele e antes de sair me despeço dos demais. —
Foi bom almoçar com todos vocês, nos vemos mais tarde né?
— Claro, vamos nos ver constantemente agora florzinha — Ben responde por todos e eu
faço careta em menção ao apelido tosco que ele me chama desde pequena. Na verdade, quando
se trata de apelidos, Benjamin possui vários relacionados a minha pessoa.
— Agradeço pelo almoço senhor e senhora Miller, estava muito bom — Tyler diz se
despedindo dos meus pais.
— Você sempre será bem-vindo em nossa casa para almoçar Tyler, já é de casa — minha
mãe diz para ele, que sorri agradecido em resposta.
Puxo o Tyler pela mão para sairmos logo dali, eu podia sentir os olhos de Liam queimando
em mim. Não via a hora de ficar longe daquele olhar.
— Amber... — meu pai me chama antes de eu me retirar.

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— Sim pai? — indago.


— Toma cuidado, querida — diz com carinho.
— Tomarei papai. — Solto um beijo no ar para ele e saio do jardim com o Tyler.
Passo pela cozinha e pego a chave do carro que estava pendurada no chaveiro da cozinha e
vou para a garagem, ao abrir a porta da BMW do papai deslizo para o lado motorista e espero o
Tyler abrir a porta do carona e se acomodar. Dou partida assim que ele entra e ao virar a esquina
solto um suspiro aliviada por estar longe dos olhares de Liam, olho para Tyler que me encara
confuso.
— O que? — pergunto rindo de nervoso.
— Eu tenho duas perguntas na verdade e as duas levam a mesma resposta, então qual
pergunta você quer que eu faça? — pergunta com a sobrancelha arqueada.
— Sei lá, qualquer uma — respondo em modo automático, dando de ombros e volto a olhar
para frente. — Qual é o hotel que você fez check-in?
— Crowne Plaza — responde e me olha pensativo. Ele está me analisando, eu sei, conheço
esse olhar há três anos. — Eu sei que o motivo de você estar assim envolve o moreno, como que
é o nome dele mesmo? Huh... Liam certo? Não tem nem como negar porque ele tinha sangue nos
olhos, só faltava uma arma e atirar na minha cabeça. Mas o que eu quero saber é por que ou o
que aconteceu.
Xeque-mate Tyler, foi direto na ferida.
Eu nunca contei para Tyler sobre o Liam, motivo? Quando eu o conheci já havia se passado
dois anos e Liam já não fazia mais parte da minha vida e o que eu sentia não me atormentava
mais, até agora. Então, não achei que fosse necessário Tyler saber sobre ele, a única que sabe
tudo é a Liz. Conheci a Liz assim que entrei na faculdade, fizemos uma amizade logo de cara,
diferente de mim ela morava com os pais em Londres e com muito esforço e muita luta
conseguiu concluir a faculdade de moda, assim como eu.
Volto a minha atenção para o Tyler enquanto dirijo e vejo que ele ainda espera que eu o
responda, ele não vai desistir tão cedo. Respiro fundo me rendendo e olho para estrada.
— Liam é meu ex-namorado... — Olho para ele esperando que ele esboce alguma reação,
mas ele continua do mesmo jeito esperando a história ser contada. — Nós terminamos porque eu
achei que ele havia me traído, só que ele negou e acho que até hoje se eu perguntar ele negaria.
— Aperto com força o volante só de lembrar do que havia acontecido.
— Uau, quem trai uma beldade dessas? — brinca e eu o encaro séria. — É sério isso?
Como foi isso?
— Eu tenho cara de que estou brincando? Ele foi aceito em Harvard e como Boston ficava a
quatro horas de carro de Manhattan ele se mudou. No início eu não sabia que ele planejava se

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mudar, com o tempo tudo se acertou e nos víamos todos os finais de semana, algumas vezes eu ia
vê-lo e outras ele vinha, mas havia dois finais de semana que ele não vinha e muito menos eu ia.
Ele me dizia que estava com trabalhos para ser entregues e que iria se reunir com seu grupo para
fazer, mas em um desses finais de semana eu decidi ir vê-lo com o propósito de fazer uma
surpresa. — Engulo em seco lembrando. — Ao chegar no apartamento estava tendo uma festa e
lotado de pessoas, procurei ele por todos os cantos e o último lugar que eu não o esperava
encontrá-lo era no banheiro agarrado a uma criança, tá ela não era bem criança era dois anos
mais nova do que eu.
Na época eu tinha acabado de completar dezenove anos e Liam prestes a fazer vinte.
— E só porque ele estava com ela no banheiro você acha que ele a traiu? Tudo bem que
seria meio óbvio que ele estaria fodendo com outra no banheiro, até eu acho isso. Mas se ele
negou poderia estar falando a verdade não acha? Você deu o benefício da dúvida para ele? —
Tyler começa a me encher de perguntas, mas o interrompo quando ele abre a boca para fazer
mais uma.
— Meu Deus Ty, uma pergunta de cada vez. E sim eu acho, ela estava tentando beijá-lo e
ela o tocava, isso não é algo que amigos fazem e eu acho que se ele não tivesse me visto parado
na porta teria cedido, ele explicou o ocorrido e disse que não seria capaz de me traiu, mas ele
mentiu para mim, ele me prometeu.
Sem que eu perceba sinto minhas lágrimas rolarem pelo meu rosto, lágrimas essa que jurei
nunca mais derramar por ele, limpo minhas lágrimas com a costa da minha mão e continuo:
— Mas e se eu não tivesse aparecido Ty? Por um momento eu quis aceitar a explicação
dele, mas esse, “mas” é o que não me deixou em paz, se eu não tivesse chegado ele poderia sim
ter transado com ela eu senti como se tivesse atrapalhado algo. Ele deixou outra o tocar, ele
deixou Ty.
— Amber! Cuidado com a faixa, o sinal está vermelho — Tyler grita e eu freio o carro em
cima da faixa de pedestres e com isso sou jogada para frente batendo a testa no volante, em um
surto de raiva, dor e mágoas, começo a socar o volante sem parar. Como eu odeio, odeio e odeio
ter sido tola. — Passa para cá, não vou deixar você dirigir nesse estado — diz apreensivo.
Tyler sai do carro e dá a volta, passo para o lado dando espaço para ele entrar e sentar onde
eu estava.
— Desculpa Amber, desculpa por te fazer lembrar disso — lamenta enquanto da partida no
carro.
Encosto minha cabeça no banco e viro para o lado, fitando as ruas e as pessoas andando
pela calçada.
— Ele pode não ter me traído nesse dia, mas no casamento da Ally, três meses depois ele a

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levou, levou a mesma garota para o casamento da minha irmã e do irmão dele, ele estava com ela
Tyler. Eu o vi beijando-a, embora não estivéssemos mais juntos eu me senti traída no exato
momento que ele entrou na igreja com a pessoa que causou nosso término. E sabe o que eu fiz
nesse dia? Eu sorri, sorri para minha família, sorri para a família dele e sorri para mim mesma
dizendo que estava tudo bem, quando na verdade eu estava estraçalhada por dentro, eu sorri do
começo do casamento até a hora que eu não aguentava mais sorrir, eu peguei o buquê sabia? —
Rio amargurada
— Eu peguei aquele maldito buquê e eu não conseguia me imaginar pegando um buquê
sem ele ao meu lado, mas foi o que aconteceu e o pior não foi ter sentido a ausência dele e sim o
olhar de todos a minha volta de pena, pena por eu estar ali sozinha, no mesmo ambiente em que
meu ex estava com outra e por ironia do destino ainda pegar o buquê da noiva sem nem ter um
namorado. E o que eu fiz depois disso foi ainda pior, eu fugi. Saí assim que começou a valsa dos
noivos e todos estavam distraídos, eu fui para casa fiz as malas e deixei um bilhete para os meus
pais. Apenas disse que os amava muito, que não era para se preocupar comigo, que estava tudo
bem, eu não disse meu destino, muito menos se voltava. Não me despedi de ninguém, não ia
conseguir ir se eu fizesse isso e eu não queria que ninguém me impedisse de ir. Então fui para
Londres e só contei para os meus pais quando já estava lá há duas semanas — concluo e sinto o
olhar dele sobre mim, mas não o olho de volta.
— E você ainda o ama? — questiona.
Eu ainda o amo? Não. Ou amo?
— Confesso que lembrar de tudo que ocorreu me faz muito mal, mas amar? Não acho que
eu ainda o amo, eu não sinto mais aquelas borboletas no estômago quando ele está por perto,
hoje à presença dele de certa forma me incomoda. Só tenho uma admiração por ele, por ele ter
conquistado tudo que sempre quis, mas não consigo mais olhar para ele como eu o olhava antes.
Eu não sou mais a mesma Amber, assim como ele não é mais o mesmo Liam. Há carinho, claro
que há, mas não o suficiente para eu voltar a ter algo com ele. Temos muitas histórias juntos, nos
conhecemos desde que éramos crianças de colo, crescemos juntos, fizemos praticamente tudo
juntos, então não tenho como ignorar isso, infelizmente — respondo sincera.
Eu me sinto mais leve após desabafar isso, olho para o Tyler que agora está focado em
achar uma vaga para estacionar o carro.
— Bom... Isso é o que você diz, mas é o que seu coração diz?
— Ele diz que você tem que calar a boca, pode estacionar aqui mesmo. — Aponto uma
vaga à frente que deve ser proibida. — Vai ir buscar suas coisas e eu fico aqui esperando, só
ligar o alerta que não tem problema.
Ele assente e sai do carro encostando a porta.

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— Em cinco minutos estou de volta.


Faço um ok com a mão e ele se vai, fico aguardando enquanto penso no meu desabafo com
ele, eu realmente estava precisando desabafar tudo isso, estar de volta em casa e com Liam por
perto traz à tona tudo isso de novo. Eu estou incomodada, é como se eu não tivesse finalizado
esse ciclo e precisasse fazer isso para ficar bem. Vou perguntar para o Tyler se ele acha que eu
tenho que finalizar algo inacabado para fechar esse ciclo com o Liam.

Tyler volta coloca suas malas no porta malas e sua mochila no banco traseiro e entra no
carro com um sorriso idiota no rosto.
— Qual foi desse sorriso? — questiono.
— Enquanto fechava a minha conta a recepcionista puxava vários assuntos e por fim me
deu o número dela. Ela pareceu legal, por que não? — Ele dá de ombros enquanto liga o carro e
curva uma rua para fazer o retorno.
— Mas como assim você mal chegou aqui e já está melhor do que eu arrumando encontro?
— Finjo estar ofendida com esse acontecimento.
— Oh baby, se você quiser arrumar um encontro eu arrumo para você, mas primeiro você
tem que encerrar seja lá o que você tem com aquele Luiz.
Gargalho alto e ele me encara sem saber o porquê da minha crise de riso.
— É Liam, L i a m — soletro para ele e o encaro. — Eu estava pensando nisso, acha
mesmo que devo conversar com ele e finalizar o que acabou de uma vez por todas?
— Acho e você pode fazer isso antes mesmo de irmos embora amanhã né, porque eu não
quero você chorando pelos cantos, vou ser obrigado a arrebentar a cara dele por te fazer chorar.
— E como você espera que eu faça isso hoje? Tínhamos planos se lembra?
— Disse certo, tínhamos, porque agora meus planos são com a morena gostosa que me deu
o número minutos atrás — informa me dispensando.
— Não acredito que você está me trocando. — Faço bico e ele aperta rindo.
— Vamos ter muitas oportunidades para sairmos e você precisa disso tanto quanto eu
preciso transar.
— Meu Deus Tyler, eu não preciso saber quais são seus planos com ela mais tarde. — Bato
no seu ombro assim que ele desliga o carro após o estacionar em frente à minha casa. — Tudo
bem, eu vou fazer isso, só preciso me preparar.
Me preparar emocionalmente e psicologicamente. Faz cinco anos que eu não falo com
Liam.
— E eu vou estar aqui para você, caso precise de um ombro para chorar. Mas eu pretendo é

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te fazer sorrir, não te quero chorando como hoje, nunca mais.


Tyler sai do carro pegando suas malas e eu pego sua mochila no banco traseiro e saio do
carro. Entro em casa junto com o Tyler, meus pais estão na sala vendo um filme. Mamãe está
deitada no colo do meu pai e eu fico observando o quanto o relacionamento dos dois é lindo,
meus pais se apaixonaram quando mamãe tinha a minha idade, vinte e três anos e papai tinha
vinte e sete, quatro anos de diferença, mas com muito amor e muita dedicação. Papai estava
noivo de outra, mas quando se apaixonou pela minha mãe largou a outra e fez de tudo para ter a
minha mãe, segundo ele foi aquela coisa do amor à primeira vista e eles nem se quer haviam
trocado um beijo na vida, resultado disso veio Ally e um ano depois eu.
— Seu quarto vai ser o da segunda porta à direita, pode ficar à vontade, eu já subo.
Faço menção para o Tyler subir com as malas e coloco a mochila dele na escada para que
eu possa levar depois e vou até meus pais, beijo o topo da cabeça do meu pai e ele segura a
minha mão acariciando-a e minha mãe logo me nota e me lança um sorriso largo, como o de
Ally. Os traços são idênticos.
— Eu amo muito vocês, já disse isso hoje? Eu só queria dizer que eu sou muito sortuda por
ter dois pais maravilhosos como vocês — falo com a voz embargada e meu pai beija a minha
mão e a aperta contra seu peito.
— Também te amamos querida, nós é que temos muito orgulho de você, você é exatamente
como imaginávamos que seria, não poderíamos querer uma filha melhor que você. Você e Ally
são únicas para nós — mamãe diz e eu dou a volta no sofá e me abaixo em sua frente deixando
um beijo em seu rosto.
— Só queria dizer isso e não vou atrapalhar o filme de vocês. Estarei lá em cima com o
Tyler.
— Filha, você tem alguma coisa com esse rapaz? — papai pergunta.
— Não pai, ele é apenas meu amigo mesmo. Meu melhor amigo, inclusive hoje ele vai sair
com uma garota que conheceu no hotel — resolvo explicar, meu pai não demonstra, mas ele
sempre foi muito ciumento.
— Então tudo bem, não vou precisar mandar você dormir com a porta aberta. — Reviro os
olhos com essa suposição do meu pai. Tyler e eu? Nunca.
— Você dizia a mesma coisa sobre o Liam, eu só quero me certificar que você não vai
escapar de novo — ele murmura.
Eu sei que meus pais gostam muito do Liam e o tem como filho, mas sei também que eles
devem ter ficado muito decepcionados com o que aconteceu no casamento da Ally, embora eles
não saibam o motivo pelo qual terminamos, eles apenas acham que terminamos por causa da
distância.

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— Ele é diferente do Liam pai, é só amigo mesmo. Um erro não se comete duas vezes.
— Querido a Amber já é grandinha, já passou dessa fase de você mandar ela dormir com a
porta aberta, não é como se ela nunca tivesse namorado e se ela está dizendo que ele é só um
amigo, ele é só um amigo — mamãe diz repreendendo meu pai.
— Valeu mãe, a conversa está boa, mas estou me retirando — falo antes que esse assunto
piore.
Mando beijo no ar para os dois e caminho em direção à escada pegando a mochila, subo a
escada correndo e encontro Tyler o telefone falando todo meloso, ah pelo amor de Deus. Reviro
meus olhos, jogo a mochila na cama e me jogo sobre ela logo em seguida, fico fitando o teto.
— Pronto tudo marcado para hoje à noite com a morena gostosa — diz deitando-se ao meu
lado.
— Você ao menos sabe o nome dela por acaso ou vai chamá-la de morena gostosa
pessoalmente? — pergunto o olhando.
— O nome dela é Violet, tem vinte e cinco, ajuda os pais no hotel quando eles vêm passar
uns dias aqui em Hamptom, mora em Manhattan, é solteira e está interessada no seu amigo
gostoso aqui.
— Pediu endereço, sobrenome e documentos também não? E quanto ao gostoso não sei,
tenho nada a declara sobre isso.
— Você até pode tirar a prova, mas depois que finalizar as coisas com o vizinho da casa ao
lado — retruca provocativo.
— Como você sabe que ele mora na casa ao lado? — indago.
— Eu abri a porta do quarto errado, você falou segunda porta a direita, mas essa porta era
do seu quarto e o Luiz estava olhando diretamente para o seu quarto da janela.
— Oh, eu quis dizer porta ao lado da segunda porta a direita, não acredito que ele ainda fica
me olhando da janela — falo surpresa e levanto a cabeça e olho na direção da janela. Não há
ninguém na sacada da casa vizinha e é claro que não teria, é a sacada do quarto do Benjamin. —
É como dizem né, velhos hábitos nunca mudam. Não gostou mesmo dele para errar mais uma
vez o nome né? — questiono e deito a cabeça novamente na cama.
— Nada contra, mas só de saber que ele foi o motivo do seu choro e que você poderia ter
nos matado se não tivesse freado o carro e isso leva a ele, sim eu não fui com a cara daquele
babaca que deixou uma mulher como você escapar assim — ele dá de ombros e olha para o
relógio —, irei pegar a Violet ás oito, e já são cinco o que você recomenda? — pergunta se
deitando ao meu lado.
Sorrio com suas palavras, Tyler é um amor de pessoa quando quer, mas quando não quer...
Sai de perto.

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— Roupa? — pergunto e ele assente. — Vista o que você trouxe de melhor e que tal você
levar ela para jantar em um restaurante italiano que tem na cidade e depois vocês fazem sei lá,
qualquer coisa? — sugiro.
— Bem pensado, levo ela para jantar, peço ela para me mostrar a cidade e depois vamos ver
no que vai dar.
— Ótimo, irei para o meu quarto ligar para Liz, não a respondo mais desde o almoço e ela
deve estar querendo me matar pelo vácuo. Descansa um pouco, a viagem foi longa e passa no
meu quarto quando terminar de se arrumar, quero aprovar seu look.
Rolo para o lado depositando um beijo no rosto dele e me levanto.
— Pode deixar mandona.
Saio do quarto para que ele possa descansar, a viagem de Londres para Nova York em um
voo normal com sete horas já acho longa, imagina ainda com conexão para vir para Hampton?
Eu não sei nem como eu consegui ficar de pé até o jantar quando cheguei aqui. Entro no meu
quarto fechando a porta e me jogo na cama. Permito-me olhar para as portas de vidro da minha
sacada, levanto-me para abri-las e não consigo evitar em reparar que Liam realmente está em sua
sacada, só que não olhando diretamente para a minha, agora está olhando em direção ao mar e
falando no telefone, o que me faz lembrar que eu tenho que ligar para Liz.
Pego meu celular e ligo para Liz no facetime, no segundo toque ela já atende.
— Ora, ora quem resolveu parar de ignorar a melhor amiga — diz com deboche.
— Sem drama Lizzie, estava ocupada e com o Tyler, você sabia que ele vinha?
— Imaginei que ele fosse quando me pediu seu endereço e então como estão às coisas aí?
— Ah é verdade, havia dado para Liz o endereço daqui e da casa de Manhattan caso ela quisesse
vir antes de eu encontrar o apartamento e eu estava tão nervosa que nem perguntei ao Tyler como
que ele conseguiu me achar aqui.
— Estão bem, tem muitas coisas que preciso te contar, mas por telefone não dá. Quero
muito que você venha logo, vou começar a procurar um apartamento na segunda, mas seria legal
se você viesse para me ajudar a procurar, não sou só eu que vou morar lá né.
— Aí amiga, queria muito ir sim, mas só vou conseguir ir na terça, meu contrato do estágio
acaba só na segunda e eu preciso entregar uns documentos que trouxe para terminar de analisar
em casa, sabe que se eu pudesse estaria aí. E sobre o que você precisa conversar tem a ver com o
seu ex-namorado certo? — Faço careta com a sua pergunta e assinto com a cabeça e desvio o
olhar para a sacada onde Liam estava a uns minutos atrás, agora está vazia.
Liz e eu fazíamos estágio em uma agência de modelos, mas sai assim que começaram a ter
interesse pela loja da minha mãe e empresa do meu pai, eles queriam patrocínio e o interesse só
aumentou depois que foi aberta a filial da Piaget em Londres. Odeio pessoas interesseiras, me

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enoja.
Já Liz continuou porque ela realmente precisa desse emprego, mesmo que o salário não seja
bom o suficiente para ela ajudar seus pais em casa, por isso a chamei para trabalhar comigo, aqui
ela será reconhecida, ganhará bem e será valorizada.
— Sim, tem e eu só quero falar sobre isso com você pessoalmente. Vem na terça, ficaremos
na casa dos meus pais até acharmos um lugar. — Me animo com a possibilidade de ela realmente
vir na terça.
— Vou pensar e conversar com meus pais, estando tudo bem para eles eu te aviso e nos
vemos na terça. Agora eu tenho que desligar, porque se eu quiser estar aí mesmo na terça, terei
que terminar essas papeladas todas — ela diz mostrando uma pilha de papéis em cima de sua
escrivaninha. — Acredita que o John empurrou todos contratos das modelos novas para mim? Eu
acabei de começar e nem sei se vou dar conta. Ele ainda me mandou mensagem perguntando se
posso pegar outros que ficaram pendentes na casa dele, porra é final de semana e eu estou
atolada de trabalho — resmunga chateada.
— Você vai dar conta sim e saia de lá em grande estilo, manda o John se ferrar e diz que foi
presente meu — brinco, mas sei que ela não faria isso, Liz é louca e sem filtro às vezes, mas com
trabalho é certinha demais e John é meu antigo chefe e um tremendo otário.
— Pode apostar que vou fazer e vou gravar — ela diz determinada.
— Duvido — falo pausadamente.
— Você vai engolir essas palavras e ainda vai me pagar um café, Nova Iorquino.
— Ok, um café para a Liz informal no trabalho — zombo.
— Idiota — ela manda um dedo do meio e ri —, eu preciso realente ir beijos. Eu amo você.
— Também amo você.
Encerro a chamada e me jogo na cama fechando os olhos.

Acordo com alguém batendo na porta do meu quarto, coço meus olhos e me levanto para
abrir, tinha adormecido e se não fosse por essa benção divina que me acordou com batidas eu
ainda estaria dormindo. Abro a porta e encontro um Tyler de regata em gola V com uma jaqueta
de couro preta por cima, calça jeans, tênis, com cabelos perfeitamente alinhados e muito
cheiroso. Tyler não precisa fazer muito esforço para ficar bonito ele é alto, seu corpo é
totalmente proporcional não muito magro, mas também não muito musculoso, ele nunca foi fã de
academia, ia comigo, mas reclamando. Seu rosto é fino, olhos grandes e sua pele é muito clara,
às vezes brinco que ele consegue ser mais branco que eu, já que no sol ele fica um camarão,
resumindo ele é muito bonito a sua beleza por si só já faz o trabalho todo, talvez seja por ele ser

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brasileiro e tem um certo charme.


— Uau, isso tudo só para a morena do hotel? — falo dando passagem para ele entrar.
— E para você se quiser gata — brinca. — Tenho só mais vinte minutos e aí o que achou?
— Acho que você está maravilhoso e que se eu tivesse em uma boate eu te pegava — falo
rindo. — E como que você vai ir buscá-la?
— É o melhor elogio depois da sua mãe e respondendo a sua pergunta, aluguei um carro,
seu pai me ofereceu o dele, mas não quero incomodar mais do que já estou incomodando.
— Muito inteligente e gentil da sua parte, mas não nos incomoda de forma alguma e para
ele querer te oferecer o carro, é sinal que gostou mesmo de você. E não vou te atrasar, vá antes
que ela desista de você antes mesmo de você chegar lá.
— Quais são as chances dela me dá um bolo? Zero, ninguém resiste ao charme do brasileiro
aqui — diz se gabando e passa a mão no cabelo. — E a propósito, já falou com Luiz?
Desisto de fazê-lo falar o nome do Liam certo e sim Tyler é brasileiro e estudou
comunicação em Londres e se gaba por isso, pois as mulheres acham um charme, mais um
motivo para ele ter esse ego nas alturas.
— Ainda não, se você não percebeu eu estava dormindo antes de você chegar e você me
acordou — resmungo, como se não fosse óbvio.
— Perdoe-me bela adormecida — diz indo em direção à porta e abrindo. — Esse príncipe
encantado aqui que não é para o seu bico vai se retirar — debocha e antes que ele saia pego um
travesseiro e arremesso contra ele, que fecha a porta no mesmo instante fazendo com que o
travesseiro bata na porta fechada.
— Babaca! — Rio involuntariamente.
Pego meu celular colocando uma música qualquer e dirijo-me para o banheiro, coloco meu
celular em cima do armário da pia, logo vou me despindo e entrando na banheira, ia tomar uma
ducha, mas se eu for mesmo falar com o Liam eu preciso estar com cabeça fria e relaxada. Fecho
meus olhos e penso em mil e umas coisas que eu poderia falar com ele, mas a verdade é que eu
quero ouvir dele primeiro e depois falar. Preciso saber se vale a pena dizer alguma coisa, não vou
falar algo antes dele.
Saio do banho e me enrolo no roupão, escovo os meus dentes e ao sair do banheiro vou até
a porta da sacada para fechá-la, está ventando e eu acabei de sair do banho. Quando estou prestes
a fechar a porta, Liam aparece na sacada do seu quarto e me encara com um meio sorriso nos
lábios, apenas aceno a cabeça para ele e fecho as portas e em seguida puxo as cortinas. Pego uma
calça moletom preta e uma blusa de manga comprida para vestir, já que está ventando e eu vou
sair para falar com ele, antigamente quando queríamos nos encontrar nós piscávamos duas vezes
a luz do quarto e nos encontrávamos no píer da praia.

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Já vestida olho para o relógio e já são quase nove horas, me olho no espelho e fico
encarando meu reflexo, quero ter a certeza se é isso mesmo que quero fazer, meu estômago
embrulhado e está me dando calafrios, deve ser fome, mas não quero comer algo antes de ir falar
com ele, não sei nem se consigo comer alguma coisa.
Respiro fundo e apago e acendo a luz duas vezes seguida decidida a ir conversar com ele,
feito isso pego um casaco em cima da cama que havia separado e abro a porta do meu quarto a
fechando atrás de mim assim que saio, desço a escada e a casa está um silêncio, meus pais já
devem estar dormindo ou assistindo televisão no quarto, porque sem sinal deles por aqui. Abro a
porta de casa e a fecho com cuidado para não fazer barulho que possa chamar atenção dos meus
pais, caminho lentamente pela areia indo em direção ao píer. Liam ainda não está lá o que me faz
temer se ele recebeu o recado ou não, ou se recebeu e apenas ignorou. Ele não faria isso ou faria?
Me debruço sobre a barra de madeira que tem no píer observando o mar e a lua cheia refletindo
na água, esse lugar a noite tem uma vista incrível.
— Oi... — Dou um pulo, assustada ao ouvi-lo pigarrear atrás de mim.
— Nossa você me assustou — falo com os lábios torcido o encarando —, pensei que não
viria.
— E por que eu não viria? — pergunta.
Ele se acomoda ao meu lado se debruçando na madeira e me olha, seus olhos estão negros
de uma forma que eu não consigo definir, estão intensos. Ele está com o seu cheiro natural pós-
banho, apenas cabelo lavado com shampoo, sabonete e desodorante. Reconheceria seu cheiro
pós-banho de longe é um cheiro único que só ele tem.
— Não sei, apenas pensei. — Mordo meu lábio em ansiedade.
— Pensou errado — ele desvia o olhar soltando uma respiração pesada que devia estar
presa desde quando chegou —, eu esperei anos por esse momento Amber, anos. E então, por
onde quer começar? — pergunta em um murmúrio.
— Que tal pelo começo? — sugiro e ele assente.
E lá vamos nós de volta ao maldito começo de onde tudo desandou.

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“Seu rosto é tudo que vejo, o seu toque é tudo de que


preciso me desperte com seus lábios, chegue perto de
mim. Oh baby, eu preciso de você.”
Magic – Colbie Cailat

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Amber

Respiro fundo e me certifico de que estou pronta para qualquer coisa que esteja por vir, eu
preciso passar por isso, nós precisamos passar por cima de tudo isso.
— Você quer começar ou eu começo? Porque sinceramente eu não sei como começar. —
Desvio meu olhar do dele e volto a encarar o mar que é quase imperceptível enxergar já que está
a noite.
— Eu não tenho problemas em começar, seja do começo ou o fim, eu só não sei o que você
quer saber ou o que você quer ouvir de mim, Amber. — Sua voz sai baixa e eu volto a olhá-lo.
— Por que não começa pela festa na sua casa? Por que não mandou todos irem embora? —
sugiro ao mesmo tempo em que pergunto o que de fato eu quero entender.
— Porque como eu disse para você, quando eu cheguei minha casa estava da mesma forma
que você encontrou, eu gritei pedindo para todos saírem e que a festa tinha acabado, mas quem
disse que alguém me ouviu? E é claro que se a Maya não estivesse caída no sofá eu teria
expulsado todos de lá nem que fosse com ajuda da polícia. Eu realmente quis ajudar aquela
menina Amber, era a irmã do meu melhor amigo, Henry nunca virou as costas para mim e você
pode não conhecê-lo, mas sabe de todas às vezes em que ele esteve ao meu lado — procuro
vestígios em seu olhar de que estivesse mentindo, até agora ele estava mesmo sendo sincero —,
eles estavam com problemas em casa, a mãe estava doente e o pai não sabia mais o que fazer e
acabou morando mais no trabalho do que em casa para não lidar com a doença da esposa e com
isso esqueceu que tinha uma adolescente dentro de casa que também precisava de cuidados.
Liam solta um suspiro cansado, que se eu não estivesse tão perto não ouviria por causa do
barulho das ondas e esse era um dos problemas, eu estava perto demais. Continuo em silêncio
esperando que ele continue e assim ele faz quando vê que eu não tenho nada a questionar, por
enquanto.
— Era Henry para cuidar de duas. Duas pessoas Amber, era a mãe dele com um câncer
recém-descoberto e uma irmã problemática que tinha vício em bebidas e drogas. Consegue parar
para pensar por um minuto que isso era um peso demais para um garoto de dezenove anos
carregar nas costas? Porque se não, eu consigo, eu pensava nisso todos os dias e eu fiz pela Maya
o que faria por Ally e o que Henry faria se fosse uma irmã minha ou até mesmo você!
— Então por que não me contou? Por que não evitou que aquilo tudo acontecesse? Só me
diz Liam, por quê? — Viro de frente para ele e cruzo meus braços o encarando. —Podia ter sido
diferente se tivesse me contado, eu poderia ter ajudado você a ajudar essa garota de alguma
forma.

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— Porque a Maya me amava, Amber — cospe entre dentes.


No momento que ele pronunciou essas palavras foram como um soco no estômago, ela o
amava? Eu já cheguei a pensar nessa hipótese, mas a verdade é muito diferente de apenas
cogitar.
Ele me fita por um momento como se estivesse tentado me ler antes de continuar e eu
assinto com a cabeça dando permissão para que ele continue.
— Eu não sei como e nem o porquê de ela gostar de mim, eu nunca soube para falar a
verdade. Sempre que eu ia à casa do Henry ela me recebia toda sorridente e estava sempre
arrumada como se quisesse me impressionar, sempre fez de tudo para chamar a minha atenção,
mas eu nunca me liguei, eu não prestava atenção nisso. Ela era uma criança, ela tinha apenas
dezessete anos quando eu a conheci.
— Tinha dezessete anos, mas não te impediu de beijá-la no casamento. — Solto uma risada
sarcástica diante da sua explicação descabida.
— Eu nunca a quis, eu nunca olhei para mulher alguma da forma que eu olho para você, por
Deus Amber, você me conhece — ele diz exasperado, mas se recompõe logo em seguida. —
Enquanto eu estive com você eu não tinha vontade de estar com nenhuma outra, eu só queria
você. Nem mesmo no colegial eu era assim, ficava com umas e outras sim, assim como você
ficava com outros caras — ele faz uma careta engraçada e contenho a vontade de rir —, por que
eu ia ser um canalha justo quando estava com você? Eu não cometeria esse erro. Eu aceitaria
magoar qualquer outra pessoa menos você, mas foi inevitável não? Eu escolhi não contar, foi um
erro esconder isso, eu nunca contei porque eu sabia que você ia ficar com ciúmes e insegura por
eu estar longe, eu sabia que a partir do momento que eu contasse as coisas mudariam, iríamos
viver de brigas e já não bastava estar longe fisicamente iriamos estar longe completamente, eu
não queria isso para nós Amber, eu não queria que você precisasse sentir essas coisas todas
porque eu sempre fui seu. Eu nunca deixei de ser e ela era apenas uma garota, uma criança, não a
olhava com outras intenções, você tem que acreditar em mim — suplica em um tom baixo.
— Então por que a levou no casamento? Era o casamento da minha irmã porra. Sabe como
eu me senti? Era para ser eu, era para sermos nós! — falo contorcendo meu rosto em repulsa.
Seus olhos piscam e ele solta um riso amargurado.
— É vergonhoso admitir isso, mas foi para te provocar, tudo que eu fiz foi para ter a sua
atenção naquele dia, pensei que se você talvez me visse com outra e acreditasse que tinha me
perdido lutaria por nós, não teria desistido mais uma vez e daria mais uma chance. Antes do
casamento eu nunca havia beijado a Maya. Eu não queria te perder eu não podia. Eu esperei
durante meses por você, eu esperava que você voltasse ou que aparecesse na minha porta a
qualquer hora, mas não aconteceu. Você não me atendia, seus pais diziam que você não queria

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me ver, Ruth batia a porta na minha cara e até na casa dos meus pais você deixava de ir até
mesmo quando eu não estava só para não se encontrar comigo. Você que desistiu Amber, você
que resolveu tudo por nós dois sem nem ao menos conversar, você foi embora antes mesmo de
colocar um ponto final no que tínhamos. Quer dizer, você colocou por nós dois e foda-se o que
eu queria. — Ri irônico e me encara. — Foram três meses até o casamento de Ally e ainda assim
você nunca me procurou.
Um nó se forma em minha garganta e eu sei que ele tem razão, eu o ignorei por meses e
esses meses se tornaram anos, entretanto eu não posso dar o braço a torcer.
Eu não vou chorar, eu não vou fraquejar, eu sou forte e eu sou melhor que isso, repito para
mim mesma e aproximo-me dele deixando pouco espaço entre nós e olho dentro dos seus olhos.
— Você me perdeu no momento em que eu o vi entrar na igreja com ela, você me perdia
um pouco mais cada vez que a beijava. Você preferiu me fazer sofrer e me sentir traída mesmo
que não tivéssemos mais nada, mas sim por ter aparecido lá com uma garota, ela te amava tem
ideia do quanto beijar você pode ter significado algo para ela? Você é um imaturo. Eu só
precisava de tempo, eu ia atrás de você no casamento Liam, eu queria ir semanas depois que
terminamos, entretanto achei o casamento a melhor opção, a poeira já havia passado, eu ia
ingressar em Harvard no semestre seguinte, tudo para estar perto e com você. Eu desisti de você
no momento em que eu fui embora — murmuro sem forças, engolindo a vontade de chorar. —
Satisfeito? Você e a sua ideia brilhante te fizeram me perder.
— Eu estava sendo infantil e eu só fui perceber o quanto eu fui um burro tarde demais. Eu
corri atrás de você depois sabia? Mas era tarde demais, você já tinha pegado um taxi, então
resolvi ir até a sua casa assim que deixei a Maya com o irmão dela e ninguém atendeu. Perguntei
aos vizinhos se alguém havia te visto e um deles disse que você pediu um táxi e saiu com malas e
aí eu aceitei que eu tinha estragado tudo. Eu fiz tudo errado e te perdi. — Assimilo suas palavras
e fico analisando seu rosto.
Ele ergue sua mão tocando meu rosto, como se reconhecesse seu toque meu corpo se
ascende e meus olhos se fecham enquanto ele aninha meu rosto em sua mão.
— Você está gelada, está com frio? — pergunta e eu abro os olhos para olhá-lo.
— Um pouco — admito.
— Quer entrar e continuar isso outra hora? Porque para mim tanto faz. — Ele dá de ombros
e me encara esperando a resposta.
— Eu quero terminar isso, eu preciso você entende? E não vai ser um frio que vai me
impedir isso. Eu esperei cinco anos por isso.
— Mas você vai ficar doente, toma. — Ele tira seu casaco ficando apenas de blusa de
manga e me estende o casaco. — Veste isso e vamos sair daqui, estamos a muito tempo tomando

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essa brisa fria do mar, aqui o vento sempre vai soprar mais forte.
— E você não está com frio? — questiono, enquanto caminho pelo píer em direção a areia
da praia.
— Não tanto quanto você, a ponto de estar gelada — informa e com um meio sorriso no
rosto. Evito olhá-lo e ando de cabeça baixa, encarando meus pés até pisar na areia.
— Podemos ir para a casa da piscina e ligar o aquecedor o que acha? Assim podemos
terminar de conversar — sugiro e seu olhar é confuso.
— Você quer mesmo terminar com isso né? — questiona.
— E você não? — questiono de volta.
— Não é como se eu quisesse me livrar do que eu sinto por você, cinco anos não fizeram
isso, não vai ser hoje — responde em tom áspero.
Assinto e em silêncio caminhamos para a casa da piscina que fica nos fundos da minha
casa, abro a porta e dou espaço para ele entrar e entro logo depois fechando a porta. Liam se
senta no sofá e eu sento ao lado dele dobrando minhas pernas para o lado e encostando meu
cotovelo no sofá, coloco o caso dele em meus pés que estão gelados, pego o controle do ar que
estava na mesa de centro e ligo no aquecedor. Ele olha ao redor e sorri e eu o encaro sem
entender o motivo do sorriso.
— Isso aqui não mudou muito, continua do mesmo jeito que deixamos todas as vezes em
que estivemos aqui.
Ah sim, ele estava lembrando disso, vínhamos muito aqui quando queríamos privacidade e
foi nessa casa da piscina que eu perdi a minha virgindade, com ele é claro.
— Sim, muitas lembranças, mas são só isso, lembranças — falo o cortando e seu sorriso
murcha. — Eu não tenho mais nada para falar, eu queria muito ter o que falar, mas eu não tenho.
Eu queria ouvir de você, entender tudo o que aconteceu coisa que eu deveria ter feito antes, agora
eu ouvi tudo e eu entendi. E eu não tenho mais nada a dizer — confesso.
— Diz que ainda tem esperanças para nós ou que seremos amigos pelo menos, eu não sei se
consigo ser seu amigo Amber, mas vou fazer de tudo para tentar ser, só para poder te ter na
minha vida. Porque eu não vou te deixar escapar mais uma vez, Sunshine.
Sua voz rouca soou em meus ouvidos despertando em mim desejos que eu pensei que não
teria novamente. Não por ele. É errado se sentir atraída ao mesmo tempo que estou me correndo
por dentro com tudo que foi me dito? Eu não sei, mas a minha vontade é me atirar em seus
braços e beijar seus lábios carnudos até perder o fôlego. Mas não estou pronta para isso, não
ainda.
— Amigos Liam, podemos tentar ser amigos — minha voz quase me trai ao sair embarga
—, vamos esquecer o que aconteceu, passar uma borracha no passado e começar a andar para

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frente.
— Amigos? Ok. É um bom começo não acha? Temos histórico bom com a nossa amizade.
— Fala sério nunca fomos amigos, só amigos. Éramos amigos com benefícios.
— E agora também seremos amigos com benefícios? — retruca com um sorriso presunçoso
no rosto.
— Mas é claro... que não — respondo convicta de que sermos amigos e só. — Estico meu
pé para dar um chute nele, mas ele o segura antes mesmo do meu pé chegar na lateral da sua
coxa.
— Tente na próxima, eu sabia que você ia fazer isso.
— Virou vidente agora? — Sem nem perceber estou revirando meus olhos e ele sempre
odiou que eu fizesse isso.
— Está revirando os olhos para mim? É isso mesmo?
Não tive tempo de responder, Liam está fazendo cócegas em meus pés e eu me explodo em
gargalhadas.
— Para Liam, eu vou grit... — Não consigo nem falar e ele já volta a fazer cócegas me
fazendo rir novamente. — Vou acabar fazendo xixi nas calças.
— Parei, parei — diz levantando seus braços em forma de rendição. — Pensei que tivesse
planos com seu amigo hoje. Ou eu faço parte desses planos?
Ele dá ênfase a palavra amigo, levanto um dedo pedindo um minuto para me recuperar da
crise de risos e o encaro.
— Sim você faz parte desses planos, quer dizer, fez de última hora. Pois esse amigo ao qual
você se refere saiu para pegar uma morena gostosa que eu aposto que ele vai acabar chamando
ela assim ao invés do nome.
— Hm, interessante. E porque eu faço parte desse plano? — Ele começa a fazer uma
massagem deliciosa no meu pé e me olha esperando a resposta.
— Segundo o Ty, ele acha que eu ainda sinto algo por você ou que ainda existe algo entre
nós, ele disse que eu precisava encerrar esse ciclo para depois querer estar com outra pessoa.
Porque enquanto esse ciclo entre a gente estivesse inacabado eu não vou conseguir seguir em
frente — explico cautelosamente para que ele entenda o que eu quero dizer.
— Então por isso fez tanta questão de terminar essa conversa — ele afirma e eu confirmo
assentindo. — E então? — pergunta.
— E então o quê? — pergunto de volta fazendo ele bufar.
— Conseguiu o que queria? — indaga seco e eu aproveito para puxar meu pé.
— Consegui esclarecer as coisas, colocar um ponto onde havia vírgulas e sanar minhas
dúvidas. Quanto ao que eu sinto, por hora eu quero te matar por tudo que eu senti quando a única

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coisa que precisava ser era a gente fazer o que fizemos agora pouco, mas ao invés disso você foi
idiota, babaca e fez tudo errado. Ainda somos uma família e vivemos muitas coisas juntos, não
tem como apagar o que vivemos mesmo que os sentimentos não sejam os mesmos, eu gosto de
você Liam. Mas não como você gostaria que ainda fosse, eu precisava encerrar seja lá o que
ainda tivéssemos, talvez fosse essa conversa inacabada que começou no corredor do seu
apartamento, mas hoje eu sei que esse ciclo foi fechado e agora me sinto mais leve, me sinto eu.
Sinto-me segura para te dar a chance de ser meu amigo outra vez.
Não era o que eu queria dizer, mas eu não posso simplesmente deixá-lo entrar de volta na
minha vida fácil assim, eu ainda estou muito magoada com o que aconteceu e agora somando as
coisas que eu ouvi, preciso de um tempo e saber se eu ainda o quero na minha vida como amigo.
Eu sei que propus isso, mas as chances de encontrá-lo em Manhattan são mínimas já que ele
trabalha no hospital de Hopkins em Baltimore.
Também não posso me enganar e acabar dando falsas esperanças para ele agora, dizendo
que vamos ficar juntos se amanhã eu posso não querer estar com ele. Não sei nem o que ele tem
feito nesses cinco anos, não sei se ele continua sendo a mesma pessoa que eu deixei aqui quando
fui embora. Mas que ele ainda me ama está estampado na cara.
— Que bom para você então — ele diz com desânimo. — Eu só preciso ter certeza de uma
coisa e se eu estiver certo Amber, eu não vou desistir — afirma se aproximando de mim.
— De que? — pergunto e ele está muito próximo, próximo demais.
Sua mão passa pela lateral do meu rosto acariciando-o e desliza para a minha bochecha
enquanto seu polegar contorna meus lábios, eu queria evitar o que eu sabia que estava prestes a
acontecer, mas eu queria. Queria tanto quanto ele, eu ansiava por isso desde que coloquei meus
olhos nele e quando ele disse que sempre foi meu. Senti-lo próximo a mim depois de tanto tempo
é tão estranho e ao mesmo tempo confortável, eu achava que seria impossível algo do tipo
acontecer depois de tudo, mas agora estamos aqui e eu sei o que vem a seguir. E eu quero isso
agora mesmo que eu possa me arrepender depois. Eu não posso negar que Liam me atrai em
todos os sentidos.
O primeiro toque dos seus lábios nos meus foi apenas isso, um toque, mas um suave toque
provocante e tentador enquanto ele roçava de um lado pro outro seus lábios nos meus,
instantaneamente minhas mãos foram parar em sua nuca puxando levemente seus cabelos, ele me
puxa para si me colocando em seu colo e acabando com qualquer espaço que existia entre nós e
eu não reluto, seus lábios se pressionam nos meus e eu dou passagem para a sua língua passar,
um grunhido escapa dos seus lábios e posso sentir o gosto de menta em sua boca, me permito
relaxar e degustar do sabor de menta em sua boca ao intensificar nosso beijo, havia saudade,
paixão, carinho, amor e muito desejo de ambas partes.

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As mãos de Liam se agarraram na barra da minha blusa, seus dedos esbarraram no meu
umbigo, calor e frio me atravessaram simultaneamente, sinto sua ereção já se formando em baixo
de mim e eu precisava parar, precisava antes que fosse tarde demais. Com muito pesar decido
afastar meus lábios dos seus e encosto minha testa na sua, meus olhos estavam fechados e a
minha respiração descompassada fazia com que meus ombros subissem e descessem rápidos
demais, suas mãos ainda passeavam pelo meu quadril fazendo meu corpo estremecer com seu
toque, um sorriso se esboçou em seu rosto e sorrio de volta.
— Disso, eu precisava saber disso — murmura em resposta a minha pergunta e desliza uma
de suas mãos da minha cintura para a maçã do meu rosto.
— Não podemos continuar você sabe — sussurro tentando me conter e me levanto do seu
colo, sento na outra ponta do sofá.
— Eu sei, eu só precisava saber e agora não tenho mais dúvida, eu acho que já vou indo.
Não.
Liam me dá um beijo no rosto e se levanta do sofá indo em direção à porta e antes dele abrir
eu o chamo. Não estou com sono e também não quero que ele vá embora agora, o Tyler ainda
não chegou, pois ele me avisaria quando chegasse e eu não quero esperar por ele sozinha.
— Você pode ficar mais um pouco comigo? Até o Tyler chegar pelo menos, eu estou sem
sono e não quero ficar sozinha.
— Não precisa nem pedir duas vezes, eu fico. — Sorri abertamente para mim e volta a
sentar do meu lado.
Eu sabia que o que tínhamos acabado de fazer era errado, mas era melhor se arrepender do
que fiz ou me martirizar por algo que não fiz?

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“Você me mostra uma porta aberta depois fecha


ela na minha cara eu não aguento mais.”
Mercy – Shawn Mendes

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Liam

Estar aqui com Amber só me faz pensar em duas coisas nesse momento.
Um eu a quero de volta.
Dois eu precisava beijá-la para ter certeza de ainda existia amor, de que ainda estava ali e
após nosso beijo eu tive mais do que certeza que por ela eu lutaria até o fim.
Embora ela esteja fria e indiferente, eu senti que Amber ainda me ama e eu vou fazer de
tudo para reconquistá-la.
Aceitar ser seu amigo não é algo que me dá gosto, mas se eu quiser tê-la de volta essa é a
melhor forma de fazer as coisas darem certo, confesso que fiquei com muito medo de não sentir
sentimento algum da parte dela quando a beijasse.
Eu só aceitaria mesmo ser seu amigo se eu ainda tivesse um pingo de certeza que ela ainda
sente algo e para a minha felicidade e surpresa, ela ainda sente. Não sei o quanto ela sente, mas
eu senti que ainda existia algo, ela reagia aos meus toques, ainda há esperanças e eu não vou
desistir.
Agora aqui estou eu, sentado ao lado dela após ela me pedir para ficar, estou ouvindo ela
me contar como foi a vida dela em Londres.
— Bom, eu não saia muito, embora a Liz e o Tyler insistissem bastante, passava a maior
parte do meu tempo livre desenhando, academia e comendo tudo que perdi na academia. — Ela
sorri como se estivesse revivendo as lembranças em sua mente. — Enfim, eu não fiz nada
demais, além de coisas que já fazia aqui, como estudar, boates, cinema, conhecer pessoas novas e
conhecer vários pontos turísticos, é claro. Mas e você? Me conte sobre você.
O que eu tenho para contar? Que peguei mais mulheres nesses cinco anos do que qualquer
outra coisa? Que me tornei algo que eu não me orgulho muito? Depois que superei vivi para o
trabalho e essa se tornou minha rotina desde que ela se foi? Quais são as chances de ela desistir
até de falar comigo só de eu mencionar que fiquei esperando o tempo todo por ela?
— Trabalho mais do que fico em casa e quando estou em casa vou a academia, quando não
estou a fim de ir faço meus exercícios em casa mesmo, às vezes saio com os caras para beber e
jogar conversa fora — pegar mulher também, mas deixo isso de fora por enquanto — e também
nos reunimos no meu apartamento e jogamos sinuca, bebemos, essas coisas — falo resumindo
como tem sido a minha rotina.
— Sinuca? Uau, sempre tive vontade de aprender jogar, mas acho que é mais fácil eu
acertar a bola em alguém do que na boca do buraco — confessa me olhando e eu solto um riso
baixo pela sua confissão.
— É sério tá? Eu tenho uma coordenação motora péssima, nem academia resolveu —
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informa rindo junto comigo.


— Eu te ensino qualquer dia se você quiser... O que você pretende fazer agora? Voltar a
morar com os seus pais? — pergunto curioso.
— Eu já me acostumei a morar sozinha, pretendo ter algo apenas meu. Na segunda irei com
o Tyler procurar um apartamento para ele e vou aproveitar e olhar um também, anotarei os que
eu mais gostar e vou esperar a Liz chegar para juntas decidirmos, já que eu a convidei para morar
comigo e quero que ela se sinta em casa.
— Pensei que ele fosse ficar com você por um tempo ou na casa dos seus pais. — Jogo
verde para saber se rola alguma coisa entre eles, mesmo que ele tenha saído com alguém hoje
isso não o impede de a querer.
— Tyler não vai querer ficar mais que um dia na casa dos meus pais e na minha casa menos
ainda. Ele vai querer sua própria casa para fazer de abatedouro, não sei por que vocês homens
são assim, tudo bem levar uma garota para casa, mas um dia uma loira, outro uma morena e por
aí vai. Ridículos, existe motel para isso, casa é algo pessoal, um lugar seu. Por que vocês têm que
ser assim?
Engulo em seco com suas palavras, parece até que ela me definiu nesses cincos anos.
— Porque é melhor do que se envolver com alguém quando se nutre sentimentos por outra
pessoa e não quer esquecê-la, ou quando você não quer mesmo nada sério com ninguém porque
ainda não achou a pessoa certa. Existe essas duas hipóteses, você estar com alguém amando
outra pessoa não é algo certo de se fazer, só de você assumir um relacionamento é algo que
deixaria qualquer pessoa com esperanças, sentimentos é algo sério. — E a minha é a primeira
hipótese, é claro.
O silêncio foi instalado entre nós após eu dizer essas palavras e minutos depois foi
quebrado pelo barulho que vinha do estômago de Amber, a olhei com uma de minhas
sobrancelhas erguidas e ela me deu um sorriso amarelo enquanto corava.
Depois de tanto tempo ela ainda tinha vergonha de mim.
— É... Desculpa por isso — pede um pouco constrangida e tentando não rir. — Eu não
como nada desde o almoço, meu estômago deve estar sentindo falta de algo dentro dele.
— Que tal uma pizza? — sugiro e sorrio tentando fazer ela se sentir à vontade perto de
mim, assim como costumava ficar.
— São que horas? Acha que ainda dá tempo de pedir? — questiona.
— São dez horas em ponto — respondo após verificar a hora no celular. — Então, qual vai
ser?
— Marguerita — ela pensa por um minuto —, mussarela também, por favor.
Fico encarando a cara de pidona dela como se fosse uma criança implorando pelo seu doce

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favorito, sorrio para ela e peço duas pizzas pelo aplicativo do celular, uma metade marguerita e
mussarela e outra doce de chocolate com M&M’s que eu sei que ela adora, com uma coca cola
para acompanhar.
— Pronto pedido feito, donzela.
— Obrigada, você salvou a minha vida e vai alimentar a solitária que existe dentro de mim.
— Ri e pisca duas vezes batendo seus cílios. — Ainda são dez horas e eu pensei que já fosse
tarde.
— Desculpa te desapontar Sunshine, mas vai ter que me aturar por mais umas horas ainda,
seu amigo ainda deve estar bastante ocupado.
Seu sorriso se abre, mas se fecha assim que percebe que eu estou observando-a, deve ser
porque a chamei de Sunshine mais uma vez.
Amber ganhou esse apelido do meu pai — com o tempo só eu passei a chamá-la assim —,
por causa dos seus cabelos que sempre brilharam muito no sol. Acabou se tornando um apelido
íntimo e sempre usava esse apelido quando estávamos a sós, como agora.
Sabe o filme Pequena Miss Sunshine? O filme não tem nada a ver com Amber, mas o título
cabe inteiramente nela, quando criança ela era muito pequena a menor entre nós quatro.
Entretanto sempre foi muito paparicada e mimada por todos pela sua meiguice e simpatia, ela era
o xodó.
— Huh... Eu vou em casa pegar o dinheiro para pagar o entregador.
— Amber, eu que sugeri a pizza, então eu que vou pagar, não precisa fugir de mim só
porque eu te chamei de Sunshine, isso não vai acontecer de novo.
— Não? — Sua voz sai um pouco mais alta e me pega de surpresa. — Quer dizer, não tem
problema me chamar de Sunshine, eu gosto — diz sorrindo sincera.
— O que você acha de irmos esperar a pizza na frente para não correr o risco de apertarem
a campainha e acordar seus pais? — sugiro mudando de assunto, não quero constrangê-la mais
ainda.
— Eu acho que é uma boa ideia — concorda.
Peguei meu casaco no sofá e levantei estendendo uma mão para Amber se levantar e ela
aceitou, vesti meu casaco e sai andando em direção à porta abrindo para que ela pudesse passar e
sai logo depois dela fechando a porta atrás de mim. Caminhamos em silêncio até a frente da casa
principal e nos sentamos na escadinha da entrada.
— Lembra que enterramos uma caixinha aqui? — pergunta olhando em direção ao mar.
— Será que ela ainda está enterrada ali? Alguém pode tê-la encontrado — respondo em
dúvida.
Realmente tenho essa dúvida, tem muitos anos que enterramos a caixinha ali, tínhamos

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doze anos e Ally e Ben quatorze.


— Não sei, pode ser que ainda esteja, mas só podemos abrir juntos e não acho que Ally vá
querer abrir agora, vamos ter que esperar outra ocasião para isso.
— Verdade — murmura —, tenho muita curiosidade sobre isso, nem lembro o que eu
coloquei lá.
— Eu menos ainda — concluo.
Somos interrompidos com o entregador de pizza chegando, me levanto ficando de pé e pego
a carteira no meu bolso, após acertar o pagamento da pizza, pego as caixas e Amber vem me
ajudar pegando o refrigerante. Voltamos para a casa da piscina em silêncio, coloco as caixas em
cima da mesa de centro e ela faz o mesmo com o refrigerante, me sento enquanto ela vai até a
cozinha e pega dois copos e se senta ao meu lado.
— Não peguei pratos, porque não tínhamos essa frescura de comer com talheres, bom, eu
ainda como na mão, não sei você — diz um pouco acanhada.
— Velhos hábitos nunca mudam não? — indago sorrindo. — Eu ainda não peguei essa
frescura de Ally — informo e ela tenta conter um sorriso.
— Essa outra caixa não é o que eu estou pensando ou é? — pergunta, apontando para a
caixa menor com um sorriso largo no rosto.
— Se para receber esse sorriso eu só precisava ter comprado pizza de chocolate com
M&M’s eu teria feito isso antes, irei fazer isso sempre agora.
— Nah, besta. Eu não acredito que você ainda lembra — diz surpresa, ainda mantendo seu
sorriso no rosto.
— Lembro de tudo que envolve você — atiro sem pensar. — Agora vamos comer.
— Obrigada. — Seu olhar havia um brilho, eu não sei se era impressão minha, mas ela
estava à vontade e contente.
Passamos a noite comendo, conversando sobre algumas curiosidades que ela tinha dos meus
anos de residência — que foram três —, trocamos indicações de filmes e séries, mesmo que eu
não veja nenhuma aceitei todas só para ela continuar tagarelando. O assunto só se encerrou
quando o Tyler mandou mensagem dizendo que havia chegado, com muito pesar nos
despedimos, cada um foi para seu canto. E eu só queria saber quando eu teria a chance de passar
mais tempo com ela de novo.

Voltamos para Manhattan hoje pela manhã, cada um seguiu o seu caminho e eu vim direto
para o meu apartamento. Estou deitado na minha cama, perdido em pensamentos, todos eles me
levam a Amber. Queria poder voltar no tempo e aproveitar mais cada minuto que passei ao seu

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lado na casa da piscina. Ainda existia algo entre nós, eu podia sentir que a nossa conexão não foi
totalmente perdida, tive completa certeza disso quando nos beijamos. Ela também queria, eu
sabia.
Queria voltar atrás e ter pedido seu número, eu cogitei essa ideia nos minutos que
sucederam o nosso beijo, mas acho que fiz certo em não pedir. Não quero que pareça que estou
indo rápido demais ou até forçando a barra.
Encaro o porta-retrato no criado-mudo ao meu lado, é uma foto minha com Amber, ela
nunca sai daí, nem mesmo quando a Maria, minha empregada-mãe, arruma o meu quarto eu a
deixo trocar de lugar. Passo meu dedo indicador na foto, é uma das melhores memórias que
tenho de nós dois juntos. Foi tirada no ano novo, meses antes de eu ingressar em Harvard. Eu
sinto tanta falta dela, que chega a doer.
Pego meu celular ao lado do porta-retrato e mando uma mensagem para o Bem, pedindo o
número dela. Com muito receio e milhares de condições, entre elas pedindo para que eu não faça
nenhuma merda, ele me passa o número dela. Amanhã eu mando alguma mensagem para ela ou
ligo, sei que essa hora ela deve estar descansando já que amanhã vai ter um dia agitado.
Adormeci pensando em Amber e acordo com batidas ao som da campainha e batidas
inconstantes na porta.
Quem diabos está batendo na minha porta essa hora? Tateio o criado-mudo em busca do
meu celular, desbloqueio ele para visualizar a hora. E porra, dormi demais. Em plena segunda-
feira eu estou acordando às duas da tarde, coisa rara na minha vida. As batidas na porta se
cessam, acredito que a pessoa desistiu e foi embora, resolvo ir para o banheiro e tomo uma ducha
gelada para despertar e aliviar a minha ereção matinal. Saio do banheiro com a toalha enrolada
na cintura e dou de cara com a Maria arrumando meu quarto.
— BU!
Maria grita e quase cai para trás se assustando e eu caio na gargalhada.
— Jesus — ela fala com a mão no peito e afastando o cabelo do rosto. — Não faça mais
isso menino. — Com a mão na cintura e brava ela me encara.
Maria não é só a minha empregada é como uma mãe, já é da família. Está comigo desde
que morava em Boston, quando decidi voltar para Manhattan a trouxe comigo, ela aceitou desde
que eu a ajudasse encontrar uma casa rápido para ela e a sua família. Como eu ainda mantinha o
outro apartamento e não tinha mais vontade de morar nele pois tudo nele me lembrava Amber,
eu dei para que ela pudesse morar. Com muita insistência ela aceitou e disse que me pagaria o
aluguel, que até hoje ela insiste em pagar, o dinheiro que ela deixa as escondidas antes de ir
embora volta para sua conta todo mês.
Quem é mais esperto agora Maria? Rá.

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— Você sabe quem estava batendo na porta? — pergunto, sabendo que não havia sido ela.
—Foi aquele brutamonte loiro, ele estava quase botando a porta abaixo quando eu cheguei,
pensei que não estivesse em casa já que não o ouviu — ela diz, se referindo a Henry. Ela sempre
implica com ele e Brandon assim por dois motivos, são grandes e esfomeados.
— Estava dormindo Maria, fui dormir tarde ontem. Onde ele está?
— Aquele lá não pode ver um rabo de saia, está atrás das vizinhas novas — diz balançando
a cabeça negativamente.
Vizinhas novas? Não sabia que o apartamento da frente estava disponível para alugar, aqui
no prédio tem dois apartamentos por andar e a cobertura também era dividida por dois
apartamentos. Se eu soubesse que estava vazio teria falado com Henry e Brandon, esses dois já
não saem daqui de casa, mais fácil seria se morassem aqui na frente logo. Mas gostei da palavra
vizinhas. Não que eu estivesse interessado nelas, nem as conheço e agora Amber está de volta...
Sem chances de me envolver com alguém.
— Vizinhas? Quantas são? — pergunto para Maria e ela me olha de braços cruzados.
— Você não está pensando em já abordar essas meninas não está? — Dou de ombros e ela
nega com a cabeça. — Elas parecem ser meninas direitas meu filho, não vá se meter em
encrenca. Vou fazer seu café e chamar o menino Henry para tomar também.
Desde que me envolvi com uma enfermeira do hospital, na qual acabou nutrindo
sentimentos por mim. Maria sempre deixa claro seu recado, não se envolva em encrencas. Mal
sabe ela que a minha maior encrenca está de volta.
— Eu não vou fazer nada Maria, eu juro — falo, cruzando os dedos na frente dos lábios.
— Você disse isso semana passada e a menina Sienna estava batendo na porta no dia
seguinte — ela relembra.
— E você a colocou para correr.
— É meu dever cuidar de você, agora vá vestir algo descente.
Após dizer isso Maria sai do meu quarto e eu pego uma box na gaveta e visto, coloco
apenas uma bermuda em seguida e vou para a sala.
Avisto Henry sentado na banqueta e debruçado na bancada da cozinha tagarelando
enquanto Maria fazia alguma coisa no fogão.
— Mas você não tem botão de desligar a essa hora da manhã? — falo, entrando na cozinha
e puxando a banqueta ao seu lado para me sentar.
— Já são quase três horas e você já acorda com mau humor? Talvez precise ver as vizinhas
que se mudaram para frente da sua casa, duas gostosas.
— Você já se perguntou se alguma delas te quer? — Maria diz, colocando dois pratos de

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panquecas na nossa frente e da às costas indo à geladeira pegando a jarra de suco.


Solto uma gargalhada e empurro Henry de lado. Maria sendo a melhor pessoa sempre.
— Maria, já disse que te amo hoje? — indago.
Ela nega com a cabeça e coloca duas xícaras de café e dois copos na bancada e para
olhando para nós dois sentados à sua frente.
— Assim você acaba comigo Maria, que tipo de garota não iria me querer?
— Do tipo delas que nem o nome você sabe por que elas não te falaram — Maria debocha,
e me olha. — Eu não sabia que você estava em casa meu menino, então não fiz nada para o
almoço. Ainda tenho que ir ao mercado fazer compras hoje, não tem problema se você comer
alguma coisa congelada tem?
Balanço a cabeça negando enquanto tomo um gole do suco.
— Maria você se preocupa demais, eu como uma lasanha ou uma pizza, qualquer coisa. —
Viro-me para Henry. — E como assim você não sabe o nome delas? — questiono com a
sobrancelha erguida, ele nunca deixou passar nem o nome, essas meninas só podem ser mais
espertas que ele.
— Eu me esqueci de perguntar, mas elas me deixaram ajudar com as caixas, já é grande
coisa — ele diz dando de ombros.
— Está vendo? Você é o tipo de cara que elas não querem. Estou indo fazer compras, não
façam bagunça e não assuste as meninas, elas são adoráveis — Maria pondera.
— Maria, você sabe o nome delas me conta — Henry afirma e olha para Maria com cara de
pidão.
Foco no meu café, não tenho interesse nas vizinhas novas, meu interesse está ligado em
apenas uma pessoa e essa pessoa não iria morar no mesmo prédio que o meu, nem mesmo se
fosse a única opção no mundo.
— Sei, mas não vou te contar, se quiser descubra, tchau meninos.
Maria sai da cozinha e Henry me olha bufando.
— Você vai ir lá comigo fazer a média dando boas-vindas para as vizinhas.
— Não estou interessado nelas — falo enquanto enfio um pedaço de panqueca na boca.
— Mas você nem as viu, vai mudar de ideia assim que as ver.
— A Amber voltou e se eu a quero de volta, não tenho que me envolver com outras e eu
não quero. Vai sozinho.
— Espera, como assim a sua ex está de volta? Aqui? — questiona de boca cheia.
Balanço a cabeça enquanto tomo meu café e ele arregala os olhos sem acreditar no que
acabei de confirmar.
— Não brinca e vocês já se viram? Como que foi? — questiona curioso.

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Conto para Henry tudo que aconteceu entre mim e Amber durante o café, desde a bola que
eu acertei nela até a manhã de domingo que foi quando eu a vi pela última vez antes de virmos
embora e cada um ir para o seu canto.
— Porra cara, se ela ainda te ama você tem que lutar por ela, mas não acho certo você se
privar enquanto ela só quer ser a sua amiga, você se privou durante muito tempo no começo
quando ela se foi, você se transformou naquilo, você sabe. Primeiro tenha certeza que o local em
que você está pisando ainda é o mesmo que você morou anos atrás.
É até engraçado Henry me aconselhando usando metáforas, eu entendo a sua preocupação
comigo e sei o motivo dela, mas não serei mais aquele cara que eu me tornei depois que Amber
foi embora.
— Eu não estou dizendo que vou me privar, mas não quero ficar com ninguém por
enquanto, se eu ver que não vai ter volta e que ela vai insistir nessa de amigos e ignorar o que
sente, eu vou fazer o mesmo.
— Nisso eu concordo com você, boa sorte então — deseja, apertando meu ombro.
— Vou quebrar seu galho e vou falar com as vizinhas — falo dando um último gole no meu
café.
— Você não precisa fazer isso se não quiser, mulheres não faltam nessa cidade.
— Mas você quando quer uma vai até o fim.
Levanto e dou a volta na bancada, coloco as coisas sujas na pia e olho para o Henry.
— Vou escovar os dentes e enquanto isso lave se quiser que eu vá com você.
Ele dá de ombros e se levanta para fazer o que eu pedi.

— Eu não acredito que estamos mesmo fazendo isso — resmungo e aperto a campainha do
apartamento vizinho.
— Elas são bonitas, você tem que ver com os próprios olhos.
Não demorou muito para a porta se abrir e uma mulher, muito bonita por sinal, de cabelos
castanhos nos atende sorrindo.
— Acredito que você tenha voltado para ajudar e trouxe ajuda, mas já subimos todas as
caixas. Quem sabe ajuda uma próxima vizinha que estiver se mudando — ela diz afiada e com
um sorriso debochado no rosto.
Essa era esperta, muito esperta. Tenho quase certeza que ela sabia qual era a jogada do
Henry. Pigarreio e ganho a sua atenção, que até então estava focada apenas em Henry.
— Eu ao menos não vim ajudar — falo e ela se surpreende. — Eu sou seu vizinho e esse é
meu amigo Henry, ele falou sobre ter vizinhos novos e eu quis vir dar boas-vindas, eu não sabia

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que o senhor Bentley havia se mudado — explico a garota que muda seu olhar de mim para o
Henry e abre um sorriso.
— Oh... Que gentileza a de vocês, onde eu morava as pessoas não eram tão receptivas
assim, desculpe ter parecido ser meio grossa — diz demonstrando sinceridade.
— Não precisa se desculpar, nós entendemos e se precisar de algo estamos na porta à frente
— Henry diz apontando.
Estamos? O olho intrigado e ele mexe as sobrancelhas apontando para a garota.
— Eu acho que precisaremos de uma ajudinha sim, tem um quadro que não consigo
pendurar na parede da sala e acho você tem a altura exata — ela diz em um tom pensativo e nos
dá espaço para entrarmos. — Fiquem à vontade.
Ao entrar olho ao redor e percebo a diferença daqui para o meu apartamento, o tamanho é o
mesmo, a decoração que faz toda a diferença, é mais delicada, tinha uma decoração sofisticada e
familiar. Os moradores antigos tinham bom gosto.
— E então onde está o quadro? — Henry pergunta.
— Está por aqui no meio dessa bagunça embrulhado, vou procura-lo, só um instante.
— Você disse que haviam duas, cadê a outra? — cochicho baixo só para ele ouvir.
— Eu não sei, quando eu saí ela estava aqui, por que agora está interessado? — questiona
cochichando de volta e dá de ombros.
Enquanto ela procura o quadro eu e Henry ficamos observando, Henry não tira os olhos da
bunda da garota, cutuco ele com o braço e ele entendeu meu recado, estava olhando
descaradamente.
— Liz, eu não acredito que o apartamento do Ty já está em perfeito estado, é só dormir e o
desgra... — ela para de falar no mesmo segundo em que eu me virei para olhá-la.
Ela estava paralisada nos encarando.
— Amber? — pergunto baixo sem acreditar.
— Huh... Liam, o que você faz aqui? — pergunta de volta, sem esconder a sua surpresa —
Aliás, como sabia meu endereço? Não tem nem uma hora que estou aqui e que passei o endereço
para os meus pais.
— Liam? Aquele Liam? — a amiga dela pergunta atrás de mim.
Amber apenas assente e continua me olhando.
— E então? — ela indaga com uma de suas sobrancelhas arqueada.
— Eu moro na frente da sua casa, sou seu vizinho, eu acho. E o Henry me fez vir até aqui
dar boas-vindas e saber se precisavam de ajuda — esclareço para que ela não entenda de outra
forma, vai que ela acha que eu vim dar em cima das possíveis vizinhas.
— Ah sim... Então ele é o Henry? — Ela deita o pescoço para o lado e acena de volta com a

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mão para Henry.


— Sim, ele é o Henry que por sinal está interessado na sua amiga — murmuro baixo.
Sua boca se abre em surpresa e observa a interação de Henry e da amiga.
— Ah, Liz vai gostar de saber disso. Pensei que ainda morasse no outro apartamento — ela
diz e percebo curiosidade por trás da sua voz.
— Ele agora é da Maria, a minha empregada. Dei de presente para ela, não me sentia mais à
vontade lá.
— Aquela senhora adorável é a que trabalhava para você? — Confirmo com um aceno. —
Nossa como esse mundo é pequeno.
— É para você ver. — Dou um sorriso torto para ela e procuro para o Henry que já não está
mais ao meu lado e nem a amiga de Amber, Liz. — Para onde eles foram?
— Devem ter ido para o outro cômodo, a maioria das coisas o Tyler trouxe e foi jogando
em qualquer canto, enquanto estamos aqui nos matando ele já está com o apartamento dele todo
arrumado, mas claro comprar apartamento todo mobiliado é fácil. — Ela dá de ombros e anda
pelo apartamento pegando uma caixa e abrindo tirando algumas coisas.
— Mas vocês nem tem tantas coisas aqui assim para arrumar ou tem?
— Não, nem vamos passar a noite aqui hoje. Amanhã os móveis que escolhemos chegam,
essas caixas são livros, itens pessoais mesmo, só viemos hoje para trazer essas coisas.
— Se precisar de ajuda estou aqui para ajudar — ofereço e ela sorri.
— Obrigada — ela agradece, sem tirar o sorriso do rosto.
— Amber, qual o nome da boate que vamos hoje mesmo? — Liz diz entrando na sala.
A cor do rosto de Amber some e ela olha de Liz para mim com os olhos saltados. Então
quer dizer que enquanto eu deixo de ficar com alguém para reconquistá-la ela vai curtir em
boates? Eu não tenho direito de ficar com raiva por isso ou tenho? É lógico que não, mas ainda
assim não gostei de saber disso.
— Cielo, vamos a Cielo — ela murmura em um tom quase inaudível e volta a tirar as coisas
dentro da caixa.
— Vocês querem ir conosco? — Liz pergunta.
— Não, obrigado.
— Sim!
Eu e Henry falamos ao mesmo tempo e eu o fuzilo com o olhar.
— Você tem algo mais importante para fazer hoje? Eu acho que não — Henry pergunta e
afirma ao mesmo tempo.
— Eu acho que você deveria ir, vai ser legal — Liz diz.
Queria que essas palavras tivessem saído da boca de Amber e não da amiga dela, o que só

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prova que ela não quer que vá e que o convite vindo da amiga dela foi uma péssima ideia.
Será que só eu que estou percebendo isso e esses dois insistindo não percebem? Será que o
beijo não significou nada para ela da mesma forma que significou para mim? Quer saber, se ela
quiser ficar comigo que ela fique por vontade própria e porque me ama, não porque eu estou
correndo atrás disso.
— Tenho plantão no hospital hoje e não posso faltar, inclusive tenho umas coisas para fazer
em casa. Vejo vocês por aí — minto descaradamente e Henry balança a cabeça negando.
Olho para Amber que me encara com os olhos cerrados por saber que eu estou mentindo
sobre isso, apenas a ignoro e me afasto indo em direção à porta.
— Foi um prazer conhecer você Liz, vai gostar desse prédio e qualquer coisa que vocês
precisarem pode chamar. Caso eu não esteja em casa a Maria sempre está, e não vai hesitar em
ajudar vocês.
Abro a porta e saio a fechando atrás de mim, solto um suspiro e entro em meu apartamento.
Jogo-me no sofá e fico olhando para o teto pensativo.
Qual é o problema dela? Amigos saem para boates juntos, não?
Ouço a porta do meu apartamento sendo aberta e bater logo depois, Henry. Tinha que ser.
— Se você veio tentar me convencer a ir com você eu não vou Henry, já basta eu ter ido
com você bater na porta delas, se arrependimento matasse eu já estaria morto. Não percebeu o
quanto não sou bem-vindo à vida dela de novo? Nem sair comigo ela quer. O que adiantou fugir
de um apartamento por causa dela se ela vem morar na minha frente? O mundo dá voltas meu
caro, o mundo dá voltas — desabafo irritado.
— Não é o Henry. E se minha presença te incomoda tanto assim a ponto de sair de um
apartamento para outro e agora eu estar aqui também, eu procuro outro isso não é um problema
para mim, mas se é para você resolvemos isso.
Levanto do sofá e encaro uma Amber irritada na minha frente.
— O que te leva pensar que você não é bem-vindo na minha vida? — ela questiona.
— A forma que você ficou quando a sua amiga nos convidou, depois não falou nada e ainda
agir como se não tivesse acontecido aquele beijo, é o meu ponto de vista e você não vai mudar
isso — retruco dando de ombros.
— Aconteceu Liam, aconteceu e eu não me arrependo. Você é tão bem-vindo na minha
vida que chega a me dar raiva o quanto eu o quero nela, mesmo que seja como amigo — ela
exclama exasperada.
Amigo, de novo essa palavra. Em poucas vezes que ela falou eu já estou cansado de ouvir
essa palavra.

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“Nós fizemos estas memórias para nós mesmos onde nossos


olhos nunca se fecham nossos corações nunca estiveram
partidos e o tempo está congelado para sempre.”
Photograph – Ed Sheeran

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Amber

Logo que chegamos de Hampton pela manhã, me despedi de Ally e Ben e fui com meus pais
para casa junto com o Tyler, que passaria essa noite conosco amanhã iremos procurar um
apartamento para ele e eu vou dar umas pesquisadas em um para mim.
— Você não me contou como que foi a sua noite — Tyler diz assim que entra no meu
quarto e fecha a porta.
— Não teve nada demais, conversamos, colocamos os pingos nos “is”, comemos pizza
enquanto você não chegava e só.
— Só? Não rolou nada, além disso? — indaga curioso.
— Bom, nos beijamos, mas não é algo que eu queira falar, seremos amigos e se formos para
ser algo, além disso, só o tempo dirá e as atitudes dele também ou você achava que eu ia
conversar com ele e tudo ia ficar bem, logo estaríamos juntos de novo depois de cinco anos? —
pergunto erguendo uma sobrancelha para ele.
— Pensei que vocês fossem se dar uma chance de novo e não serem bff — diz em tom de
deboche.
— Estou dando uma nova chance sim, uma chance para ele ser meu amigo e não para nós,
não agora. Eu ainda estou magoada, por mais que agora que conversamos eu enxergue que o que
aconteceu não foi nada demais, ele ter escondido as coisas de mim beijado outra mesmo que
tenha sido para me provocar, doeu e muito. Doeu o ouvir admitir mais do que ter visto, a garota o
amava. Faz ideia? Mas enfim, já tem em mente como quer seu apartamento? — pergunto
mudando de assunto.
— Eu ainda acho errado você se martirizar por algo que aconteceu anos atrás, não é assim
que se dá uma nova chance e se recomeça algo... — começa e eu o repreendo com o olhar. Ele
entende meu recado e muda de assunto. — Tudo bem, o apartamento. É para isso que eu vim
aqui eu dei uma olhada em alguns pela internet e achei um mobiliado e quero que dê uma olhada,
para ver se a localização é boa e se o lugar também. Acho que alugar algo mobiliado é melhor
para mim, não quero ter trabalho de comprar móveis e vendendo meu apartamento de Londres
poderei comprar um maior depois.
— Acho bem pensado e uma excelente ideia, vou pegar meu notebook para poder ver
melhor o local.
Levanto da cama e pego meu notebook em cima da escrivaninha e sento novamente na
cama me encostando na cabeceira e dobrando meus joelhos para apoiar o notebook. Bato no
espaço ao meu lado para o Tyler ficar mais próximo e dou o notebook na mão dele logo depois

Acheron - Nacionais - Apollymi


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que digito a senha.


— Acha que eu deveria ter pegado o número dele? — pergunto enquanto observo ele
entrando no site de uma imobiliária.
— Você acha que deveria? — ele retruca.
— Não sei, só passou essa ideia pela cabeça, não é como se eu quisesse manter ele numa
zona neutra da minha vida.
— Então deveria ou você acha que essas coincidências de sempre encontrar ele por causa
da família de vocês vai acontecer sempre? Ele é médico Amber, as chances de vocês se
trombarem agora em casas vizinhas são bem mínimas, ele não mora com os pais.
— É você tem razão deveria ter pedido, agora já era. — Dou de ombros.
— Acredito que sua irmã tenha, para de drama. — Ele revira os olhos e me dá o notebook
de volta. — É esse, o que achou?
Passo as fotos do apartamento observando cada uma delas atentamente.
— Bom o local é bem localizado, tem mercado, farmácia e restaurantes próximos e não fica
muito longe da empresa do papai. Deveria ficar com ele.
E eu acho que ele deveria mesmo, o apartamento é muito bom, tem dois quartos e todos
dois é suíte, banheiro social, cozinha americana, sala, sala de jantar e ainda um quarto de
empregada que dá para ele fazer de escritório ou qualquer outra coisa.
— Vou marcar para irmos ver amanhã, o que acha?
— Perfeito, mas agora estou com fome.
— Jesus Amber, almoçamos não tem nem duas horas direito.
— Mas eu estou com fome, ansiedade me deixa assim. Vamos sair para comer algo? Por
favorzinho.
Depois de tanto implorar ele acaba cedendo e saímos de casa para comermos algo, rodamos
tanto para parar no Subway o que fez Tyler reclamar desde que estacionou o carro até a entrada
do lugar.
— Não acredito que me fez vir ao subway com tantas outras opções por aqui — resmunga
atrás de mim segurando a nossa bandeja enquanto procuro uma mesa em um lugar que esteja
menos cheio.
— Subway é mais saudável e foi a primeira coisa que eu bati o olho. Aquele lugar ali
próximo ao ar, vem.
Me sento na cadeira e Tyler se senta à minha frente, pego meu sanduíche e dou uma
mordida me deliciando e Tyler faz o mesmo, quando vai abrir a boca para falar algo seu celular
começa a tocar, ele ignora, mas toca de novo então resolve pegar e olhar antes de atender.
— Quem é? Não me diga que é a tal morena?

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Seu celular para de tocar e ele retorna à ligação.


— Não a Violet ainda está em Hampton e só volta para casa amanhã, a propósito estou
pensando em chamá-la para sair de novo, nenhum de nós queremos compromisso e algo sério no
momento, gostei do jeito dela, temos coisas em comum, ela parece ser uma pessoa legal para
manter aquela amizade pega e não se apega, que tal? — pergunta e me olha, esperando a minha
opinião.
— Eu acho que essa coisa de pega e não se apega nunca acaba bem, mas como vocês
acabaram de se conhecer e não tem nada a mais envolvido nisso tanto faz. Então quem era? —
Seu celular toca mais uma vez antes que ele possa me responder.
— Ei Liz — ele faz gestos com a mão como se quisesse falar “respondido a sua pergunta?”.
Levanto meus olhos surpresa por Liz ter ligado para ele hoje e para mim não. Continuo
comendo meu lanche e por hora tomo um pouco do meu suco enquanto Tyler ainda está no
telefone.
— Liz isso não vai rolar, ela está comigo e sentada na minha frente, estamos no subway.
Ele faz uma pausa deve estar ouvindo, ela fala pra caramba, ela e Ally vão se dar bem.
Sorrio com esse pensamento e me pergunto o que eu tenho haver com o assunto deles e qual o
problema eu estar por perto? Odeio segredos.
— Certo, então quando estiver lá me liga. Ok Liz, até mais. — Ele desliga e solta um
suspiro.
— Ela fala muito e muito rápido né?
— Eu não sei como você a aguenta 24 horas com a bateria ligada.
— Isso se chama costume, sabe a Ally? Então, é idêntica. E o que ela queria? — pergunto.
— Ela está no avião e chega aqui em uma hora, era para ser surpresa, mas a sua fome
estragou a surpresa dela.
— Como assim ela está vindo? Isso é sério? — questiono quase gritando com tamanha
empolgação e Tyler confirma com a cabeça, sorrio.
Eu não acredito que a minha Liz está chegando, felicidade define esse momento agora, era
o que eu mais queria. Mas me lembro de que ela viria só na terça-feira, alguma coisa aconteceu
que a fez mudar de ideia.
— Mas ela não viria só na terça?
— Parece que ela se estressou e resolveu pedir demissão por telefone ontem. E pela forma
que ela está foi em grande estilo.
— Não quero nem imaginar o que ela aprontou.
— Se você terminar isso aí rápido bonita, vamos chegar antes do desembarque dela — ele
diz de boca cheia.

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— Já vou acabar, mas não precisa falar de boca cheia é nojento.


Falar com Tyler é a mesma coisa que nada, ele continuou fazendo e mastigando de boca
aberta me arrancando altas risadas e todos nos olhavam como se fossemos loucos.

Já estamos no carro a caminho do aeroporto, liguei para Liz duas vezes já e só da caixa
postal. Ela já deve estar no avião já que o Tyler disse que ela ligou antes da última conexão dela.
— Quando você vai para o Brasil visitar seus pais?
— Talvez no próximo feriado que tiver, meu pai quer que eu leve umas coisas daqui para
ele, o coroa está pior que as minhas sobrinhas e suas listas de brinquedos.
— E elas como estão?
Os pais do Tyler ainda moram no Brasil precisamente no Rio de Janeiro e o pai dele é
advogado, sua mãe já se aposentou e vive paras netas o que me lembra minha vó materna que
mora em Phoenix, ela era assim comigo e com a Ally. As sobrinhas do Tyler são as coisas mais
fofas que eu já vi na vida, Analua e Gabriela, na última vez que o Tyler foi e eu fui junto, elas
pediram brinquedos e eu anotei tudo, agora quando o Tyler for eu vou mandar para elas.
— Tagarelas como sempre, ligadas nos duzentos e vinte e sempre perguntam por você. —
Ele sorri e desvia o olhar da estrada para me olhar. — Você mimou elas demais, imagina quando
o bebê da sua irmã nascer?
— Vai ser estragado demais por todos nós. — Sorrio para o Tyler. — Quero voltar com
você na próxima vez, para ver elas, agora não dá para ir, mas na próxima eu vou. Vou comprar
os brinquedos que elas haviam me pedido.
— Eu não acredito que você anotou — diz incrédulo e balançando a cabeça assentindo. —
Você não precisa dar nada a elas.
— Anotei, mesmo entendendo pouco o que elas pediam, você vai ter que voltar a me dar
aulas de português e eu vou dar sim, elas merecem Ty.
— Você sabe que elas pedem muitas coisas e não vou poder passar com tudo isso no
embarque.
— Agora você leva o que puder e na próxima vez eu levo o restante, que divide em suas
malas e nas minhas, problema resolvido.
— Não seria você se não arranjasse jeito para tudo não é mesmo?
Tyler estaciona o carro no estacionamento do aeroporto e corremos para a área de
desembarque, demoramos um pouco no trânsito e por sorte ela ainda não desembarcou.
Pouco mais de trinta minutos, finalmente a Liz aparece na nossa vista. Corro para abraçar a
minha amiga deixando o Tyler para atrás.

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— Eu não acredito que você está aqui, é sério isso ou eu estou sonhando? — falo ainda
abraçada a ela.
— É claro que eu estou aqui bobinha, três dias Am, ficamos apenas três dias longe e parece
que foi uma eternidade.
— Eu também estou aqui. — Tyler pigarreia e nós duas nos afastamos para olhar para ele,
trocamos um olhar cumplice e avançamos em cima do Tyler dando um abraço triplo.
— Vocês são os melhores amigos do mundo — Liz diz com a voz embargada.
— Own — eu e Tyler fazemos som com a boca ao mesmo tempo e Liz se afasta.
— Tá bom, já chega de melação, vamos embora que daqui a pouco seremos expulsos daqui
— ela resmunga.
— Estava demorando para verdadeira Liz aparecer — Tyler pondera.
— Verdade né? Liz sendo Liz — concordo com ele.
— Vou levar para o lado pessoal se continuarem com isso — resmunga de braços cruzados.
A Liz é assim, bipolar. Ás vezes é um amor de pessoa e outras vezes é grossa como se isso
fosse a identidade dela e tem a língua afiada. Muitas vezes eu queria ser como ela, a Liz sai se
acaba em festas fica com quem quer e faz o que bem entender, ela é livre e sem impedimentos,
nunca envolveu sentimentos com ninguém, ela costuma ter amizades coloridas, mas quando a
pessoa está se apegando ela corre. Com a Liz é assim que as coisas funcionam.

Quase uma hora depois chegamos a minha casa, Liz foi muito paparicada pelos meus pais
que adoraram saber que ela estava aqui — no caminho liguei para a minha mãe avisando que
tinha mais uma hóspede e é claro que a minha mãe ficou animada, ela ama casa cheia — agora já
em meu quarto com Liz e Tyler, ela faz muitas perguntas sobre o Liam e conto para ela tudo que
aconteceu enquanto Tyler rolava os olhos a cada minuto não aguentando mais ouvir a mesma
coisa. Quando finalmente acabo de contar ele grita um amém e eu apenas o ignoro.
— Não acredito que você o beijou, mas não rolou sexo — Liz diz e me olha com cara de
paisagem. — Francamente amiga você fala como se não quisesse que isso rolasse, vamos ser
francas, você ainda o ama e está na sua testa, está caidinha por ele e doida para que ele se
enfiasse nas suas pernas, não sei por que não juntar o útil ao agradável.
— Fácil assim? Já disse mil vezes que eu não fiquei cinco anos longe para chegar e resolver
as coisas em um dia — me defendo.
— Nisso de resolver em um dia eu concordo com você plenamente, mas uma hora isso vai
acontecer e você sabe que vai, quando acontecer você não vai resistir porque você o ama tanto
quanto ele te ama. Chega de viver de passado Amber, nós temos que viver o agora, vai dizer que

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não se arrepende de ter passado mais tempo com ele? — indaga.


— Eu já disse isso para ela — Tyler diz concordando plenamente com ela. Ótimos amigos
eu arrumei.
— Como vocês são insuportáveis, calem a boca e chega desse assunto. — Pego meu
travesseiro e taco no Tyler e outro na Liz.
— O que vamos fazer amanhã? Dei uma olhada em umas casas noturnas e achei uma que só
tinha comentários excelentes, mas me recomendaram uma muito boa e é nela que vamos — Liz
intima.
— Amanhã iremos ver o apartamento do Tyler e como você chegou vamos procurar o
nosso também, amanhã é segunda nem rola de sair — falo tentando fugir.
— Amber você às vezes parece uma velha de noventa anos, só reclama — ela resmunga e
cutuca Tyler.
— Onde já se viu sair em uma segunda feira? Quando começarmos a trabalhar quero ver se
você vai pensar nisso — tento me defender, sei que discutir esses assuntos com ela é em vão, ela
sempre dá um jeito.
— Quando começarmos a trabalhar é diferente, mas ainda não começamos e como a sua
mãe falou só precisamos começar na próxima segunda, essa semana ela disse que vai nos dar
uma folga para organizarmos a nossas vidas e a mesma coisa o Tyler, então estamos livres. Tyler
você topa? — pergunta o olhando para ele e ele assente sem saída.
— Dois contra um baby, diga que vai.
Desisto de argumentar contra eles e me dou por vencida, não quero nem ver o que ela vai
aprontar amanhã, espero que amanhã já tenhamos encontrado um apartamento, porque se eu for
sair e beber, não quero que meus pais me vejam no estado que eu costumo chegar.
— Ok, vocês venceram, eu vou onde que é? — pergunto contragosto.
— Uhul, você precisa beijar na boca. Nome da boate é Cielo — ela informa animada.
— Concordo Amber, você precisa ficar com pessoas diferentes para saber se o que rolou
entre você e Liam foi só coisa de momento ou se ainda gosta dele mesmo — Tyler opina.
Agora ele tem voz né?
— E como que eu vou saber isso? — pergunto curiosa.
— Muito fácil, se você ficar com alguém e se não pensar nele em momento algum é porque
o que rolou entre vocês foi coisa de momento, muito tempo sem vê-lo causa isso e vocês tiveram
uma coisa no passado então isso pode ter mexido com você, mas também poderia ser carência
sua. Mas se você ficar e pensar nele, eu não preciso nem responder, você já sabe né?
Assinto sabendo que ele pode ter razão, agora resta saber em qual opção eu me enquadro.

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Pela manhã fomos com o Tyler visitar o apartamento, se por foto tínhamos gostado,
pessoalmente gostamos mais ainda, ele acabou fechando negócio e alugando o apartamento, uma
vez que o corretor disse que outras pessoas queriam vê-lo. Em seguida o mesmo corretor nos
levou em um prédio quase vizinho — ficava uma rua depois — onde disse que havia uma
cobertura vaga onde os antigos moradores se mudaram há pouco tempo. Enquanto Liz e Tyler
inspecionam o apartamento todo, eu fico olhando pela janela encarando a visão que eu tenho da
estátua da liberdade, eu estou com meus pensamentos longe, o que o Tyler falou faz muito
sentido e embora eu queira muito que ela esteja errada sobre ter sido coisa de momento eu quero
que ela esteja certa, que louco não?
Escuto de longe Liz rindo toda derretida com o corretor, balanço a cabeça em negação
sorrindo, ela não perde uma mesmo. Vou até o Tyler que está olhando todos os cômodos
enormes do apartamento.
— E aí o que você achou? — ele pergunta assim que eu chego perto.
— Para falar a verdade não prestei muita atenção no que o corretor falou e o que você
achou? — pergunto querendo saber a sua opinião.
— Notei que sua cabeça está em outro lugar, quer conversar sobre isso? — pergunta e eu
balanço a cabeça negando. — Tudo bem então, o apartamento é sofisticado, fica em uma
localização muito boa e essa vista que você tem da janela? Os quartos principais além de serem
com suíte tem closet o que é a sua cara e da Liz. Você só precisa mobiliar do seu jeito e morar,
não tem nada aqui que você não gostaria é tão sofisticado quanto à casa dos seus pais.
— Pelo visto fez a lição de casa direitinho.
— O que eu posso fazer se eu sou muito detalhista. — Dá de ombros.
— Acho que irei ficar com ele, papai mandou ficar com algo que eu realmente goste e que
fosse me fazer em sentir em casa, ainda insistiu para pegar o cartão dele para comprar as
mobílias disse que era o meu presente de boas-vindas e que não aceitaria um não como resposta.
— Então o que falta para fechar o contrato?
— A Liz... — Não completo a frase, a própria chega gritando.
— Sim, diga que vamos ficar com ele é maravilhoso, Amber.
Liz está dando pulinhos de alegria e batendo palmas o que me faz revirar os olhos, parece
até uma criança.
— Senhor... Como é o seu nome mesmo? — pergunto esquecida para o corretor.
— Sem formalidades, tenho idade para ser seu irmão. Pode me chamar de Dylan — o
corredor diz.

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— Huh, sim Dylan. Iremos ficar com ele — falo sorrindo e Liz se explode em alegria.
— É uma ótima escolha senhorita Miller, mas não estou com os contratos desse imóvel
aqui, como eu disse ele foi desocupado há pouco tempo e nem mesmo anunciamos, eu posso
preparar o contrato para você assim que estiver pronto, tudo bem para você?
— Sem formalidades Dylan, pode me chamar de Amber, tenho idade para ser sua irmã —
retruco usando suas próprias palavras e ele sorri sem graça. — Por mim tudo bem, iremos
comprar mobílias, podemos nos encontrar no shopping?
— Como quiser Amber. Então temos um negócio fechado?
— Mais que fechado — Liz responde por mim, animada.
— Podemos ir donzelas? Ainda tenho que buscar minhas malas e posso ajudar vocês a
trazer algumas coisas para cá também — Tyler diz chamando nossa atenção.
— Podemos, o Dylan tem que ir fazer o contrato e nós temos muito o que fazer, isso inclui
você dona Liz.
Puxo a Liz que estava descaradamente flertando e trocando número com o corretor pela
mão e saio porta a fora com ela indo em direção ao elevador. Aperto o botão chamando o
elevador e escuto Liz bufar ao meu lado, a encaro e ela dá de ombros.
— O que foi? O cara era um gato tá, não podia deixar passar, primeiro contato que tenho
com um americano, Deus é muito bom. Já estou gostando daqui.
— Você não tem jeito garota — falo rindo e balançando a cabeça negativamente.

Horas depois estávamos dentro de uma loja comprando tudo que precisávamos para o
apartamento, desde mobília para sala aos quartos. Deixei que Liz escolhesse tudo o que queria
para o seu quarto e algumas coisas para a nossa sala de criação — além dos nossos quartos há
mais dois e um deles será nosso canto de trabalho e outro será para as visitas mesmo, ou seja, o
Tyler, mesmo que ele more há uma quadra, sei que vamos querer ele por perto e que durma às
vezes conosco sempre que ele puder — na verdade a deixei ela escolher praticamente tudo
sozinha, pois ela quer me surpreender e eu nem faço tanta questão sobre isso, ainda não estou
com a cabeça aqui.
— Nem acredito que acabamos de escolher tudo — falo ao passar o cartão na maquininha
da loja.
— Acabamos? Eu escolhi, parece que seu corpo está aqui, mas você não está. O que está
acontecendo com você? — Liz pergunta, me olhando preocupada.
— Eu disse a mesma coisa, mas ela não quer falar sobre — Tyler diz, dando de ombros.
— Eu estou bem ok? Vocês não precisam se preocupar, eu estou com fome talvez seja isso,

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que horas são?


— São quase onze horas e eu já marquei com o Dylan de encontrá-lo aqui, expliquei que
nem paramos para comer ainda e ele entendeu.
— Mas não perde tempo mesmo hein — alfineto ela e pego meu cartão de volta logo após a
compra ser aprovada.
— Tenho olhos para enxergar e boca para beijar — retruca.
Saímos da loja dando risadas e indo para a praça de alimentação do shopping e assim que
chegamos Liz já avista Dylan em um restaurante e sai apressada na frente, olho para Tyler que
passa seus braços ao redor do meu pescoço e junto continuamos andando.
— Não seria a Liz se já não estivesse atacando né?
— Tenho pena dele, olha o sorriso que está dando para ela, mal sabe que com ela não tem
remember.
— Já disse que sou grato por não ter interesse em nenhuma de vocês?
— Dessa forma você fere meus sentimentos, pensei que tínhamos chance — falo fingindo
mágoa.
— Eu prefiro as mulheres mais voluptuosas sabe? Nada contra ao seu corpo, que por sinal
que belo corpo. Você é como uma irmã para mim, te dou uns quinze anos e meu pau também,
chega a brochar.
Tyler brinca e eu dou uma leve mordida em seu pulso que está próximo ao meu ombro.
— Calma baby, isso doeu.
Nos acomodamos nas cadeiras vazias ao lado de Liz e Dylan que estavam um de frente para
o outro e encerraram o assunto assim que chegamos.
— Estava chamando o Dylan para ir conosco na Cielo, mas ele não pode, o que é uma pena
— Liz diz em seu tom falso e sorri cínica.
A encaro sem entender e ela me dá um olhar de quem me explica depois.
— É uma pena mesmo, mas em uma próxima quem sabe você não vá? — digo para parecer
simpática.
— Tenho um trabalho final para entregar na faculdade, estou no período final e não posso
deixar a desejar — Dylan diz se explicando.
Agora eu entendi o problema da Liz, ele é mais novo e ainda está na faculdade, mas ainda
assim não vejo problema nisso já que ela não tem interesse em algo a mais com ele além de uma
ficada.
— Você faz faculdade de que? — Tyler pergunta.
— Faço arquitetura, meu pai é arquiteto e dono da imobiliária, eu apenas o ajudo e com isso
ganho experiência — responde.

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— É uma profissão interessante — Tyler diz por fim.


Aceno chamando o garçom e peço um risoto Tailandês e um suco de abacaxi com hortelã
para acompanhar, enquanto os demais fazem seus pedidos.
— Aqui está o contrato — Dylan diz me passando uma pasta e eu a pego — leia com calma
e assine as duas cópias do contrato, uma ficará comigo.
Abro a pasta e retiro o contrato e começo a ler atentamente enquanto a comida não vem
impaciente para continuar lendo pego a caneta e assino as duas cópias, depois eu leio direito.
Não acho que há nada de errado, já que o Tyler assinou o mesmo contrato que eu, apenas
endereço e valores diferentes.
— Quais são as chances de eu estar assinando algo onde eu passo todos meus bens para o
seu nome? — falo brincando e passo a pasta com uma das cópias do contrato para ele.
— Se a sua amiga tiver incluída nos seus bens, acho que noventa por cento de chance —
atira nos fazendo ficar boquiabertos com a sua reposta.
— Uau, eu não sei nem o que falar — Liz diz.
— Eu acho que estamos sobrando — falo para o Tyler.
— Nós sempre sobramos — ele responde.
— Pera aí, vocês não são um casal? — Dylan pergunta confuso.
— Não — respondo erguendo a minha sobrancelha. — O que te fez pensar isso?
— Esse grude todo de vocês faz qualquer um pensar isso, Am — Liz diz.
— Mas nós não somos, apenas amigos, melhores amigos — falo sorrindo cumplice com o
Tyler.
— Então está certo, só amigos — Dylan debocha e eu o encaro feio fazendo-o se calar.

Estamos no apartamento subindo caixas e mais caixas, Tyler nos ajudou a trazer grande
parte delas, mas recebeu uma ligação importante e precisou ir e disse que logo voltaria.
Resolvemos trazer nossas coisas aos poucos para cá, o que acabou se tornando tudo, trouxe
minhas roupas, algumas coisas do meu quarto como livros, decoração e fotos. Liz apenas trouxe
as malas dela já que é a única coisa que ela tem aqui. Ao chegar ao nosso andar, um homem
grande, muito grande mesmo e por sinal muito bonito, estava parado em frente à porta vizinha
apertando a campainha e batendo na porta sem parar. Olho para Liz confusa e ela solta um
pigarro, chamando a atenção do rapaz para nós que nos olha hipnotizado.
— Eu... É... Meu amigo está em casa e não atende e tenho algo importante para falar com
ele, desculpe se assustei vocês — diz nos encarando.
— Não precisa se desculpar, entendo perfeitamente como que é. — E entendo mesmo, Liz

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já me trancou muitas vezes no lado de fora.


— Nos assustou mesmo já estava pensando em chamar a polícia — Liz diz encarando o
loiro.
— Não sou um vândalo — diz sorrindo de lado e olha para as caixas em nossas mãos. —
Vocês precisam de ajuda? Não sabia que tinha apartamento vago aqui.
— Seria muita gentileza da sua parte nos ajudar — Liz responde, sorrindo e dá uma
piscadela olhando para mim.
Balanço a cabeça negativamente, essa Liz.
— Me passa essa caixa aqui — ele diz e pega a caixa da mão dela colocando no chão, logo
depois pega a que estava na minha mão e empilha em cima da outra e pega novamente as duas
caixas de uma vez nos braços.
Abro a porta e dou passagem para ele entrar com as caixas e assim ele faz e as coloca em
cima da bancada da cozinha. Liz e eu entramos logo depois e ficamos encarando o loiro de
cabelos compridos de costas para nós duas, a cada movimento que ele fazia nós duas ficávamos
o acompanhando com os olhos, ele tem um corpo espetacular não dá para negar e é impossível
não olhar.
Ele se vira de frente e encontra nós duas o secando, sorrio envergonha e Liz continua o
secando descarada como sempre.
— Tem algumas caixas para pegar lá em baixo? — pergunta olhando diretamente para Liz.
A
— O que você perguntou? — ela diz acordando dos seus pensamentos.
— Perguntei se tem mais caixas para subir — diz com um sorriso divertido no rosto.
— Tem sim, é... Qual seu nome mesmo? — eu pergunto.
— Meu nome é Henry.
Henry, mesmo nome do amigo do Liam, será? Não pode ser, não existe só um Henry aqui,
reviro os olhos internamente e sorrio para o loiro a minha frente.
— Muito obrigada por se oferecer para nos ajudar, Henry.
— O prazer é todo meu — responde e seu olhar ainda está na Liz que cora com o duplo
sentido das suas palavras.
Sério isso?
— Liz vem comigo que eu quero te mostrar umas coisas. — Espero ele sair e a puxo em
direção as escadas e subo com ela.
— Ele estava te despindo com os olhos, só faltava te comer na minha frente.
— Ele é gato, gato e quente. Você viu aqueles olhos? E aquele cabelo dele? É melhor que o
meu.

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Dou risada e nego com a cabeça, meu Deus será que um dia essa menina vai sossegar?
— E por que você me trouxe aqui para cima? Tem nada aqui — reclama descendo
novamente as escadas.
— Se eu não afastasse vocês, ele não iria sair daqui eu espero que ele tenha ido buscar as
caixas, porque eu não aguento mais, meu corpo está todo dolorido.
— Não vem inventar dor para não sair à noite viu?
— E quem disse que eu ia fazer isso? — falo com desdém e ouço vozes no corredor.
Henry com um rosto tampado por caixas e uma senhora mais ou menos na idade da minha
mãe, aparecem em nossas vistas. Ela também carrega uma caixa.
— Maria essas são as vizinhas novas — ele diz entrando no apartamento com as caixas e
colocando-as no chão.
— Licença, desculpa sair entrando, quis ajudar para ele não ter que descer novamente, fico
feliz que ele esteja ajudando em algo, Deus faz milagres — ela diz com humor e sorrindo para
mim e para Liz. — Sou a Maria, trabalho no apartamento da frente. — Sorrindo simpática, ela se
apresenta.
Antes que eu pudesse responder, Henry pergunta a Maria pela chave e ela lhe entrega. Não
demorou muito para ele sair do meu apartamento.
— Eu sou Amber e essa é a Lizzie, muito prazer em conhecê-la Maria — me apresento para
ela.
— Pode me chamar de Liz, Maria. Lizzie é um nome muito feio — diz fazendo careta.
— Que bobeira menina, é um nome muito bonito — Maria diz, sorrindo.
Ficamos conversando um pouco com a Maria, que parece ser uma senhora muito simpática
e alegre, minutos depois dela ir embora a campainha tocou novamente, não desci para abrir a
porta. Eu estava ocupada no meu quarto arrumando algumas das minhas roupas no closet.
Ouço vozes no andar de baixo e presumo que Liz tenha atendido, deve ser o Tyler.
Termino de pendurar às últimas peças de roupas na arará e desço, reclamando do Tyler
propositalmente, achando que era ele que estivesse lá em baixo, mas ao colocar os pés na sala
dou de cara com ninguém mais e ninguém menos que Liam, que por ironia do destino é o meu
vizinho e o Henry é o tal Henry mesmo.
Não posso negar que saber que ele é o meu vizinho mexeu demais comigo, Liz chamá-lo
para sair conosco porque está interessada no Henry também não foi muito legal, não que eu não
queira que o Liam saia conosco, mas eu queria tirar ele da minha cabeça por uma noite e eu
pretendia isso hoje, eu quero saber o que se passa dentro de mim. É um direito meu saber ao
certo o que eu sinto por ele, mas percebo que a forma que eu reagi quando ela fez o convite o
deixou chateado.

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Henry e Liz estão me encarando de cara fechada. Liz está com os braços cruzados e eu já
sei o que ela quer que eu faça. Ir até ele.
Antes que eu saia pela porta Henry segura no meu braço me fazendo parar.
— Eu sei que você guarda muita mágoa dentro de si por causa de tudo que aconteceu, mas
isso ficou lá atrás no passado quando você resolveu ir embora há cinco anos e quando
terminaram, eu me culpei pelo o que aconteceu entre vocês, só que eu aprendi que me martirizar
não ia trazer você de volta para ele, não iria aliviar a dor dele e tudo que ele passou. Eu não te
conheço, não sei dos seus problemas e nem como você se sentiu, mas eu sei dele. — Ele aponta
na direção da porta indicando o apartamento de Liam no outro lado. — Você carrega isso com
você e é um direito seu, mas enquanto você continuar com isso dentro de si você nunca vai
conseguir seguir em frente, seja com ele ou com outro. Ele é o meu melhor amigo Amber, te
conheço há menos de uma hora, mas eu sei que ainda existe algo dentro de você pela forma que
o olha, então seja lá o que você for falar para ele, cuidado. Porque ele a ama.
Tento assimilar as palavras que Henry havia me dito, eu não sei o que falar, se meu mundo
girou mais uma vez por causa dessas palavras? Girou, mas eu não posso negar que em partes ele
está completamente certo.
Me solto da mão de Henry e caminho em direção à outra porta do outro lado do corredor.
Bato ou entro de uma vez? Quando me dou por mim já estou dentro do apartamento dele,
enquanto ele está deitado no sofá olhando para o nada.
— Se você veio tentar me convencer a ir com você eu não vou Henry, já basta eu ter ido
com você bater na porta delas, se arrependimento matasse eu já estaria morto. Não percebeu o
quanto não sou bem-vindo à vida dela de novo? Nem sair comigo ela quer. O que adiantou fugir
de um apartamento por causa dela se ela vem morar na minha frente? O mundo dá voltas meu
caro, o mundo dá voltas — resmunga irritado, muito mais do que eu costumada me lembrar.
— Não é o Henry. E se minha presença te incomoda tanto assim a ponto de sair de um
apartamento para outro e agora eu estar aqui também, eu procuro outro isso não é um problema
para mim, mas se é para você resolvemos isso.
Agora quem está irritada sou eu, como assim ele desfez de algo por mim?!
— O que te leva pensar que você não é bem-vindo na minha vida?
— A forma que você ficou quando a sua amiga nos convidou, depois não falou nada e ainda
agir como se não tivesse acontecido aquele beijo, é o meu ponto de vista e você não vai mudar
isso — retruca dando de ombros.
— Aconteceu Liam, aconteceu e eu não me arrependo. Você é tão bem-vindo na minha
vida que chega a me dar raiva o quanto eu o quero nela, mesmo que seja como amigo! —
exclamo exasperada.

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Ando até a sua frente e o encaro, sei que a palavra amigo não o alegrou, então tento
amenizar a situação.
— Eu quero você na minha vida, é importante para mim ter você nela. Eu só não sei lidar
com essas suas aparições repentinas, seria muito mais fácil se eu tivesse uma bola de cristal que
avisasse sempre que você fosse aparecer, eu não estava preparada para te encarar todos os dias,
eu não estava preparada para isso — confesso.
— Parece que algo sempre está nos puxando de volta um para o outro — admite. — Ter
você como minha vizinha é a última coisa que eu achava que aconteceria.
— Por que, você não queria? E que história é essa de desfazer do apartamento?
— Você não sabe o quanto eu quero muitas coisas — murmura se aproximando mais de
mim e levando mão até a maçã do meu rosto. — Eu não aguentava mais ficar em um lugar que
me lembrava de você, as noites que eu passei lá depois que você se foi foram as piores noites da
minha vida, eu via você em cada cômodo daquele lugar e lá não seria um lugar no qual eu levaria
outra garota que eu estivesse saindo, constrangedor estar em cada cômodo onde eu estive com
você, iria estar com outra pensando em você.
— Então você se mudou só para não ter que ir para cama com outra no apartamento que
fazia você lembrar-se de mim? Para tentar me esquecer com outra, em um lugar que não levaria
você a pensar mim! — A última frase saiu mais como afirmação do que pergunta, me afasto dele
e engulo o nó que se formou em minha garganta.
— Não Amber, foi uma suposição! — exclama e me puxa de novo para mais perto — Eu
nunca estive com outra mulher da forma que você está pensando, não no sentindo sentimental,
nunca quis te esquecer, eu prometi para você quando as portas estavam se fechando que eu ia
lutar por você e eu vou lutar por você custa o que custar.
— Você já me prometeu muitas coisas e muitas dessas promessas foram quebradas.
— Se você quer ficar vivendo de passado vive sozinha, eu não aguento mais.
Ele está certo, Henry, Liz e Tyler também. Todos estão certos. Eu tenho que parar de olhar
para trás.
— Vamos conosco hoje, eu sei que você não tem nada para fazer, sei quando está mentindo
— falo ignorando o que ele havia dito e mudando o assunto.
— Você não quer que eu vá, vi isso nos seus olhos.
— Vai continuar insistindo nisso? — Bufo e me sento no sofá reparando na decoração do
apartamento dele.
— Tudo bem, eu vou — diz jogando as mãos para o alto exasperado.
— Você iria de qualquer jeito mesmo, o Henry está a fim da Liz e não iria te deixar em paz
— concluo e dou de ombros.

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— Onde vocês pretendem ir mesmo? — pergunta interessado.


— Na Cielo, sairemos às dez. Nós vamos com o Tyler, já que dormiremos lá.
— Por que vão dormir lá? — pergunta franzindo sua testa.
— Se você não reparou não temos nada dentro de casa além daquelas caixas, eu não quero
dormir nos meus pais porque sabe se lá em qual estado vou estar pós-boate, quero poupá-los de
preocupação também — falo como se fosse óbvio. — E também amanhã pela manhã virão
entregar e montar os móveis cedo, eu quero tudo impecável e no seu devido lugar amanhã
mesmo.
— Se vocês quiserem podem dormir aqui tem um quarto sobrando.
— Não precisa se incomodar, o Tyler mora perto, vamos ficar por lá mesmo.
— Você que sabe, mas se precisar sabe que estou à sua disposição.
Ele dá de ombros e se senta do meu lado, mais uma vez noto suas tatuagens no braço —
coisa que ele não tinha quando estávamos juntos —, tenho vontade de perguntar quando ele as
fez e se tem significados, mas algo me impede de fazer isso.
— Obrigada — agradeço por ele ter oferecido um de seus quartos.
— Não tem que agradecer — responde sorrindo.
A porta do apartamento se abre, chamando nossa atenção e Maria entra, cheia de sacola de
supermercados.
— Cheguei menino... — Ela para de falar assim que me vê e sorri abertamente para mim
que sorrio de volta.
Liam se levanta e vai ajudá-la pegando algumas sacolas que estão na porta, me levanto e
vou fazer o mesmo, para ajudá-la e sigo eles para a cozinha.
— Maria eu já disse para você interfonar que eu desço para te ajudar a subir — ele diz a
repreendendo e ela o ignora tirando as coisas das sacolas que estão em cima da bancada.
— Você já comeu menino? — ela pergunta minutos depois de ignorá-lo.
— Agora resolveu parar de me ignorar? — ele retruca.
— O porteiro sempre me ajuda a subir, não vejo necessidade de te tirar do que está fazendo
para descer e me ajudar, muitas vezes você não está aqui. — Ela olha para mim. — Vejo que já
conheceu a menina Amber, olha minha filha se quiser um conselho eu já aviso logo corre — ela
diz quase em um sussurro, eu só faço é rir.
— Eu estou aqui. Só para lembrar e eu estou ouvindo — ele diz tirando as compras das
sacolas junto com Maria.
— Obrigada pelo conselho Maria, vou manter distância. — Pisco para ela e Liam bufa.
— Como se você precisasse de avisos para manter distância — ele provoca com desdém. —
Maria ela não é uma desconhecida para mim — ele diz e acena para que eu sente na banqueta da

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bancada da cozinha e assim eu faço.


— Ela é a menina do porta-retratos, eu sei — revela e ela pisca para ele.
— Porta retrato? — Debruço meus braços na bancada e apoio meu queixo e fico olhando
para os dois.
— E por que não me disse que era ela a vizinha quando comentou de manhã? — Liam
pergunta franzindo a testa. — Maria você não é sonsa assim, tem convivido muito com Henry.
— Acho que você merecia ver por si mesmo, meu menino. Fico feliz por finalmente te
conhecer Amber.
— Eu também fico dona Maria, gostei muito da senhora — falo sincera.
— Sem dona e sem senhora? Só Maria — diz sorrindo.
— Depois que dá intimidade ela fica abusadinha e ainda com a língua afiadíssima — Liam
resmunga ao meu lado.
— Aposto que não é nada que você não mereça — falo irônica.
— Não mesmo, sou um anjo você sabe — retruca de volta.
— Anjo? Faz-me rir, agora eu quero saber que porta retrato — insisto e Liam pragueja algo
ao meu lado e eu me viro para encará-lo.
— Quem disse porta retrato? — indaga desconversando.
— Você é péssimo desviando de assunto. — Reviro os olhos e ele encara Maria, que se vira
guardando o restante das compras.
— Não sei do que está falando — ele insiste.
— Querido vá mostrar a ela o porta-retrato enquanto eu faço um lanche para vocês e
aqueles dois lá que parecem que vão se engolir naquele apartamento, isso não é hora de almoçar
mais — ela diz se referindo a Liz e Henry e só agora eu lembro que eles estão esse tempo todo
sozinhos.
— Não se preocupe Maria, Liz não é pior que homem quando quer, eles vão ficar bem —
falo tentando a tranquilizar.
— O Henry também não é diferente — Liam pondera. — Acho que eles vão se dar bem
então pelo visto.
— Acredito que sim, Liz é muito focada na vida profissional, às vezes chega até a agir em
modo automático como se fosse um robô, até mesmo comigo e com o Tyler ela é bem fechada,
vai ser difícil seu amigo ultrapassar essa barreira dela.
— É definitivo, eles vão se dar muito bem. — Ele dá de ombros e segura minha mão me
fazendo levantar da banqueta e me puxa. — Vamos lá ver o tal retrato.
Me deixo ser levada por ele e enquanto ando ao seu lado reparo seu apartamento todo e me
lembro da mesa de sinuca.

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— Alguém disse que em ensinaria a jogar sinuca, pretendo cobrar em breve, vizinho —
ironizo. Esse destino tem cada coisa.
— Esperarei ansioso pela sua cobrança — provoca e sorri ladino.
Algo em sua voz e no seu sorriso faz meu corpo acender, sei o que se passou pela cabeça
dele e não nego que pela minha também.
Subimos a escada e ele abre a primeira porta, seu quarto. Olho ao redor e vejo que ele
manteve a mesma decoração do outro apartamento, apenas os móveis são diferentes.
— Então você me traz logo para o seu quarto? — falo em tom de brincadeira.
— Estar no meu quarto é um mero detalhe, o lugar para o qual queria te levar se encontra a
poucos centímetros de nós — ele diz sussurrando próximo ao meu ouvido com sua voz rouca,
me causando arrepios.
Respiro fundo e me afasto dele.
— Proposta tentadora garotão, mas eu passo.
— Não vou oferecer duas vezes, Sunshine.
— Não vai ser preciso, quando eu quiser estar nela eu mesma irei procurar — provoco
estalando a língua no céu da boca e o vejo se enrijecer e engolir em seco.
Reprimo um riso e me sento na cama jogando meu corpo para trás, ao olhar para o lado vejo
o porta-retratos que Maria estava falando em cima do criado mudo, pego o porta-retratos e olho
para a nossa foto, toco meu dedo na foto contornando-a, me lembro desse dia, foi no nosso
primeiro ano novo. Começamos a namorar exatamente no dia da nossa formatura e o ano novo
era dois meses depois.
Três meses depois que começamos a namorar ele foi para a faculdade. Tínhamos apenas
dezessete anos, éramos tão novos. Sorrio olhando a foto, parecíamos tão... tão felizes.
— Gosto dessa foto — falo assim que eu sinto o colchão afundando ao meu lado e ele vira
o rosto para mim, me olhando.
— É a minha preferida, eu amo seus sorrisos, mas nessa foto o seu sorriso era um sorriso
diferente.
— Sorriso de quem estava grata por tudo que aconteceu no ano que havia passado e que
tinha acabado de passar o ano novo com a pessoa que ama, e à meia noite quando os fogos
estouraram desejou por mais anos assim — respondo em um fio de voz.
Sinto meus olhos marejarem e me viro para ele o olhando. Sua mão toca meu rosto fazendo
carinho.
— Ei, isso ainda não acabou, isso não é o fim para nós, nós vamos passar por isso juntos
porque agora eu estou aqui, estou aqui para te ajudar a superar o que aconteceu. Eu estou aqui
para você Amber, ainda vamos ser felizes, tão felizes quanto antes, seja juntos ou não. Se for sua

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escolha ser feliz com outra pessoa eu vou ficar feliz por você, sou egoísta por te querer só para
mim, por não querer que ninguém te olhe, mas nunca vou ser egoísta a ponto de não te deixar ser
feliz com alguém que não seja eu.
Não consigo segurar minhas lágrimas que escorrem pelo meu rosto, ele as limpa e me puxa
me abraçando forte e deitando minha cabeça em seu peito, choro mais ainda por não conseguir
distinguir o que eu estou sentindo.
— Não chora Sunshine, nós vamos com calma, deixa as coisas irem acontecendo. Eu amo
você, só não se esqueça disso.
Eu também amo você, Liam. Eu poderia falar, mas não faço. E é em seus braços que eu
choro tudo que não chorei nesse tempo todo em que estive longe, até pegar no sono.

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“Eu estou sentada, com os olhos bem abertos e eu estou com essa
coisa na minha cabeça. Me perguntando se eu desviei de uma
bala ou acabei de perder o amor da minha vida.”
I Don't Wanna Live Forever – Zayn ft. Taylor Swift

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Liam

Ouvir Amber chorar foi uma das piores coisas que eu poderia ouvir e presenciar hoje, é como se
uma parte de mim chorasse junto com ela. Ela está magoada e quebrada, e eu nunca a vi assim.
Sei o quanto tudo que aconteceu nesse final de semana a abalou e eu estar perto dela seja
fisicamente ou em pensamentos só pelo o que aconteceu no final de semana a desestabiliza
totalmente, agora percebo o quanto Amber está confusa com o que sente, ela precisa de tempo e
espaço para se acostumar comigo novamente e se é disso que ela precisa eu farei de tudo para
que ela tenha tempo e espaço sem passar dos meus limites. As coisas de agora em diante serão
do jeito que ela decidir e do jeito que ela quer que seja.
Seu choro para e sua respiração vai se acalmando aos poucos, aperto mais meus braços em
volta dela e inspiro seu cheiro, ela se aninha em meu peito e agora eu sei que ela adormeceu.
Tento afastá-la do meu corpo com cuidado para que ela não acorde e puxo um travesseiro
colocando de baixo de sua cabeça, levanto e saio do quarto em silêncio e caminho para a cozinha
onde encontro Maria de costas para mim preparando nossos lanches.
Cautelosamente me aproximo em silêncio e paro atrás dela.
— Maria! — grito em seu ouvido.
Ela grita e pula para trás quase caindo e eu a seguro nos braços rindo, pode passar anos,
mas ela sempre cai nos meus sustos.
— Meu Deus menino, quase parti dessa para melhor — diz com a mão no coração.
— Vou parar de fazer isso com frequência e mais de uma vez no dia, combinado?
— Não quero tratar nada com você, não vai cumprir nosso acordo — resmunga brava e se
afasta de mim para colocar um bolo no forno.
— Assim você me magoa. — Finjo cara de desapontamento e ela me atira o pano de prato
que estava em sua mão. — Agora você me fez me sentir agredido.
Ela se vira para mim e coloca as mãos na cintura com uma colher na mão.
— Você vai se sentir outra coisa se não sair da minha cozinha agora — ameaça, com a
colher na mão e me empurra até a bancada. — Você sabe por que colocamos essa bancada aqui?
Vou responder por você, da bancada para trás é seu território, da bancada para a frente é meu
território — termina de falar e aperta a minha bochecha antes de se virar e voltar ao que estava
fazendo.
— Não está mais aqui quem entrou na sua cozinha, vossa excelência — falo segurando o
riso e ela só me dá um olhar mal-encarado e eu sei que é para eu não ousar a rir.
Maria é hilária, essa levanta até defunto com suas ameaças. Uma vez ela me acordou com

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balde de água gelada e gelo para me acordar, depois disso eu aprendi uma coisa: nunca mais
devo me jogar no sofá da sala de ressaca e com uma garrafa de Whisky na mão e várias outras
garrafas de bebidas vazias caídas pelo chão.
— Cadê a menina? — pergunta.
— Ela dormiu enquanto conversávamos, achei melhor a deixar descansar um pouco,
parecia muito cansada.
— Fez bem filho, o que você acha de ir lá chamar os outros dois antes que eles façam você
sabe o que... — diz e eu assinto, sabendo ao que ela está se referindo.
— Boa ideia, não quero que Amber brigue comigo depois por causa do Henry, você sabe
como que ele é, embora ela tenha dito que a amiga dela é do mesmo jeito que ele é.
— Mas melhor evitar né filho, essa menina é importante para você e dessa vez estou aqui
para puxar suas orelhas, vá enquanto eu termino de assar o bolo e fazer os pãezinhos recheados
que você gosta.
— Você está certa, já volto.

Abro a porta do apartamento de Amber e dou de cara Henry, que está na sala ajudando Liz
a colocar uns livros na estante que é embutida na parede. Agora não tem mais tantas caixas
espalhadas pela casa, exceto a que Liz está esvaziando que é a caixa de livros.
— Que bom que vocês estão aqui e eu não precisei procurar em outros cômodos.
— Não estávamos fazendo nada demais, já vocês eu não sei... Demoraram muito — Henry
diz com um sorriso sacana no rosto. Idiota.
— Ei e cadê a Amber? — Liz pergunta.
— Isso se ela não estiver no banho gatinha — ele diz e troca um olhar malicioso com ela e
eu logo os corto.
— Não aconteceu nada do que vocês estão pensando, apenas conversamos e ela estava
muito cansada e dormiu, achei melhor não acordá-la até o lanche que a Maria está preparando
ficar pronto, inclusive vim chamar vocês — explico.
— Uau, você deu uma canseira nela então, dormir sem tomar banho após essa — ela faz
aspas com as mãos —, conversa.
Reviro meus olhos irritado com esses dois, definitivamente eles se merecem.
— Eu não devo explicações a vocês dois, apenas vim chamá-los para comermos algo.
— Não se irrite irmão, estamos brincando. Está tudo bem entre vocês? — Henry pergunta.
— Não sei e eu não quero saber, muito menos forçar ela a nada, vou deixar as coisas como
estão e irem acontecendo.

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— Ela te ama — Tyler diz se aproximando e eu o olho confuso, de onde ele saiu? — Ela só
é orgulhosa e difícil de lidar, mas todos nós sabemos que ela só precisa de um tempo para se
decidir e enxergar isso, não fomos tão receptivos na primeira vez que nos vimos, mas saiba que
não tenho nada contra você, apenas faça as coisas certo dessa vez.
— E-eu — gaguejo sem saber o que falar. Ele estende a mão e eu a pego dando um aperto
de mão o cumprimentando. — Foi mal se eu não fui bem receptivo naquele dia, achei que
vocês... — ele me interrompe.
— Eu entendo não precisa se explicar, eu confesso que só fiquei com raiva de você quando
a vi se quebrar na minha frente ao falar de você, ela quase ultrapassou o sinal fechado e só para
você saber que se tivesse acontecido algo com ela, eu teria quebrado a sua cara, embora não
tivesse culpa.
— Eu no seu lugar faria o mesmo comigo.
— Eu sei que sim — ele diz por fim e sorri de canto.
Um silêncio estarrecedor fica na sala e eu só consigo pensar no que o amigo dela acabou de
me falar, Amber podia ter sofrido um acidente por minha causa, por estar sofrendo.
Mas de duas coisas eu tenho certeza.
Uma Amber ainda me ama e seus amigos confirmaram isso.
E dois ela está malditamente quebrada e precisa de mim para consertá-la.
— Terminei de pendurar as roupas no closet do primeiro quarto — uma voz familiar invade
o cômodo e eu procuro a dona da voz para encará-la.
— Violet?
— Doutor Liam? — sua voz sai quase como um sussurro.
— De onde vocês se conhecem? — Tyler pergunta.
— O que faz aqui? — pergunto confuso — Violet é enfermeira do hospital que eu trabalho.
E estamos fora do hospital, doutor é meio careta — explico, olhando de Tyler para ela.
— Claro, Liam. — Sorri sem graça e olha para Tyler. — Sou amiga do Tyler e eu estava
por perto quando encontrei ele, então ele me convidou para conhecer a Liz e outra que não está
aqui — explica um pouco acanhada.
Ah sim, a tal morena. Violet é uma das enfermeiras do hospital, a única que não olha para
mim com más intenções, sempre conversamos bastante pelos corredores e em plantões, ela é uma
pessoa admirável.
— É bom para você conhecer pessoas novas, fico feliz por isso — falo sorrindo e ela
retribui o sorriso.
— Eu estou com fome — Henry diz com tédio.
— Vamos todos lá para casa que a Maria já deve estar nos esperando.

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— Eu já estava de saída, tenho umas coisas para resolver em casa — Violet diz e Tyler abre
a boca para dizer algo, mas antes das palavras saírem de sua boca eu o interrompo.
— Nada disso Violet, vamos todos lá para casa, isso inclui você e Tyler. Todos são bem-
vindos e a Maria gosta da casa cheia e gostará mais ainda se elogiarem o bolo dela, então façam
isso, por favor, que ela é brava — falo e eles riem.
— Vocês estão rindo porque não conheceram a ira daquela mulher, ele está falando sério
aquela mulher é uma f...
— Como é que é Henry Carter? — Maria questiona de longe e entra no apartamento. — Eu
sou o que?
Todos rimos menos o Henry que foi pego no flagra falando dela.
— Eu ia dizer uma fofa, que você é uma fofa Maria — ele responde com uma desculpa
esparramada, sorrindo amarelo.
— Gostei mais ainda dela, parece que é a única que coloca vocês no chinelinho — Liz diz
rindo.
— Nem assim querida, eles são terríveis — Maria responde. — A mesa já está arrumada, só
vim chamá-los.
— Já estávamos indo — eu falo andando para o lado de Maria e a acompanho até a porta e
chamo os demais com a cabeça.
Entro em meu apartamento e dou passagem para todos entrarem e fecho a porta, Maria
arrumou as coisas na mesa redonda que fica na varanda da cobertura e próxima a piscina, ela
sempre faz isso quando temos visita, ela fala que para lanchar ou até almoçar, tem que ser na
vista que eu tenho da cobertura — que é o rio Hudson e a estátua da liberdade — e ao ar livre.
Conduzo todos até a cobertura e peço que se sentem e se sirvam à vontade e assim eles fazem.
— Não sei se devo chamar a Amber para comer, ela parecia muito cansada — falo
enquanto me sirvo com uma fatia de bolo.
— Ela não dormiu direito à noite, eu a sentia rolar a cama toda. Ela foi a primeira a acordar,
melhor deixar ela descansar mais um pouco — Liz diz.
— Eu não sabia que ela tinha problemas para dormir — falo intrigado.
— E não tem, mas parece que algum doutor tem tirado o sono dela — Liz diz com deboche.
— Eu não sei se isso é bom ou ruim. — Dou de ombros e pego um copo colocando suco.
— Vai por mim, para ela é bom — Tyler diz e volta a sua atenção ao assunto que está tendo
com Henry e Violet.
Sorrio ao saber que os amigos da Amber nos apoiam e que agora estamos todos reunidos
aqui como se fizéssemos parte do mesmo círculo de amizade a anos.
— Poxa ninguém esperou por mim.

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Uma Amber sonolenta aparece em nossa vista bocejando.


— Liam já ia te buscar — Liz diz me cutucando.
— Já estava indo mesmo, só ia terminar de tomar meu suco — não que eu estivesse
mentindo, parte era verdade eu ia chamá-la, mas a Liz disse para deixá-la dormir mais um pouco.
— Eu perdoo vocês dessa vez — diz se sentando em uma cadeira ao lado da Liz e para
olhando para Violet com a testa franzida. — E você quem é?
— É a Violet — Tyler diz e ela abre um sorriso estendendo a mão para Violet que faz o
mesmo.
— Oi Violet, fico lisonjeada de conhecer a morena que tirou o Tyler de mim no sábado —
Amber diz em tom de brincadeira e se serve com uma fatia de bolo de chocolate.
— Não foi a minha intenção roubá-lo de você, ele insistiu muito e eu não tive como não
dizer não, eu também queria — Violet confessa envergonhada.
— Não precisa se preocupar Violet, ela está brincando e passou a noite conversando
comigo na praia — falo, tentando amenizar a vergonha dela, caso contrário ela irá se fechar.
Violet é muito conservada.
E isso chama a atenção de Amber, que estava com a boca cheia e agora me olha sem
entender.
— Vocês se conhecem? — pergunta com a sobrancelha arqueada.
— Trabalhamos no hospital Mount Sinai, sou enfermeira da ala dele — Violet se explica.
— Pensei que você estava em Hopkins — Amber se vira para mim e come mais um pedaço
de bolo.
Como ela sabe que eu estava no hospital de Hopkins? Não vou falar que eu deixei o meu
emprego lá para poder voltar para casa na esperança que ela viesse embora algum dia.
— Eu apenas quis ficar mais perto de casa — respondo e dou de ombros.
— Jurava que Hopkins era seu sonho depois de Harvard ou Yale, estranho.
Ela me olha com uma cara de quem não engoliu e continua comendo sem tirar os olhos de
mim, sinto um chute forte em minha canela e solto um grunhido. Olho de cara fechada para
Henry que sorri disfarçando e isso chama mais uma vez a atenção de Amber para mim.
— Ele pediu transferência no final da residência para cá, porque queria estar perto quando
você voltasse, ele tinha esperanças que você voltasse antes, então veio para casa.
— Henry, cala essa maldita boca — chamo a atenção dele e ele ignora.
— É verdade? — ela questiona e todos na mesa param para me encarar.
— Sim é verdade — respondo seco e desvio meu olhar do dela e pego o pãozinho que a
Maria fez.
— Eu... Hm — Amber tenta falar algo, mas eu a impeço balançando a cabeça

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negativamente e ela se cala.


Não quero que ela fique com isso na cabeça e mais confusa que já está, a última coisa que
eu quero é que ela se sinta culpada por algo, quando ela não tem culpa de nada.
— Está combinado mesmo mais tarde? — Liz pergunta mudando o foco da mesa.
— Eu sei que eu vou e você Liam? — Henry diz.
— Provavelmente — respondo.
— Então todos nós iremos — Liz diz animada.
Ficamos conversando um bom tempo sobre o que cada um gosta de fazer, Liz era a que
mais falava e demonstrava entusiasmo de estar morando agora aqui em New York.
— Não quero atrapalhar, mas só vim avisar que já deu meu horário e estou indo. Boa noite
para todos vocês, espero que tenham gostado do bolo e dos pãezinhos — ela diz com um sorriso
angelical no rosto.
— Boa noite Maria — todos dizemos em coro e acabamos rindo.
— Isso aqui está maravilhoso — Liz diz com um pão na mão.
— Maria você me ganhou com esse bolo de chocolate, está maravilhoso — Amber diz com
satisfação e eu sorrio sabendo que a minha menina gostou do seu bolo preferido feito pela Maria.
— Como eu só vou estar aqui na quarta, farei um bolo especialmente para você.
— Aceitarei com muito bom agrado, não me ofereça chocolate que eu não nego mesmo —
Amber diz.
— Vou anotar isso, agora vou indo que tenho outros meninos para cuidar — Maria se
despede mais uma vez de todos e antes de sair beija meu rosto e se vai.
— Está tudo muito lindo, estou adorando e enchi a barriga. Só que nós também precisamos
ir, somos três para se arrumar e Amber demora por nós todos — Liz diz.
— Falou a que não demora também — Amber retruca.
— Não mais que você baby, parece que desce pelo ralo e volta umas mil vezes — Liz
provoca de volta.
Amber apenas a responde com um dedo.
— Eu também preciso ir, tenho muitas coisas do trabalho para deixar arrumado — Violet
diz se levantando.
— Eu levo você em casa depois que deixar as meninas no meu apartamento — Tyler se
oferece.
— Não é necessário, eu estou de carro — responde.
— Então vamos, porque eu quero ser a primeira a tomar banho, odeio esperar a Amber —
Liz diz apressada.
— Vocês estão me dando dores de cabeça, podem indo na frente, Liz tem que pegar nossas

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coisas no apartamento — Amber diz.


Todos fazem o que ela pediu inclusive Henry que sai dizendo que me encontra na Cielo.
Noto que Amber está meio desconfortável e algo me diz que ela não está muito animada em sair
hoje.
— Está com dor de cabeça? — indago, resolvendo cortar o silêncio.
— Não, só queria que eles fossem logo. — Dá de ombros e pega mais uma fatia de bolo e
come.
— Para onde vai essa comida toda que você come? — Pergunto para descontrair.
— Você sabe que eu tenho problemas de ansiedade, mas não estou ansiosa... então, sei lá.
— Por que algo me diz que você não quer sair hoje?
— Porque é a verdade, só que eu não tenho escolha. Vou por vontade própria ou vou
arrastada.
— Quando você quiser ir embora me avisa que eu te levo e te deixo no Tyler — proponho a
ela.
— Não vou atrapalhar a diversão de ninguém.
— Você não vai atrapalhar é o mínimo que eu posso fazer por você, então aceite e prometa
que quando estiver se sentindo desconfortável vai me chamar para te trazer — peço torcendo
para que ela aceite. Por quê? Eu não sei.
— Tudo bem, mas só se eu estiver muito, mas muito entediada e desconfortável — diz e se
levanta. — Eu vou indo, nos vemos mais tarde.
Me levanto e a acompanho até o andar de baixo, abro a porta para que ela passe e antes de
se virar e ir Amber deixa um beijo em meu rosto.
— Obrigada por ter me deixado dormir na sua cama e desculpa por aquilo.
— Aquilo? — pergunto sem entender.
— É aquilo... Você sabe. — Ela dá às costas e abre a porta do seu apartamento.
Fecho a porta atrás de mim e volto até a varanda e recolho as sobras do lanche em cima da
mesa, após levar tudo para cozinha, guardar as sobras — que provavelmente comerei quando
chegar mais tarde — e lavar. Após terminar de secar e guardar tudo vou para o meu quarto e me
dirijo para o banheiro para tomar banho.

Já faz pouco mais de meia hora que Henry me ligou dizendo que já estava com o pessoal na
Cielo e eu ainda estava relutante entre ir ou não, mas Amber me vem à cabeça e eu sei que em
algum momento ela vai me pedir para levá-la para casa. Então aqui estou eu dentro do meu carro
com destino a boate que fica no outro lado de Manhattan, de longe posso notar a fila para entrar e

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se eu tiver sorte de encontrar um lugar vago para estacionar, a fila talvez não tenha aumentado.
Azar meu, depois de quase meia hora na fila e depois de muitas ligações de Henry e uma de
Violet querendo saber onde eu estava finalmente estou dentro da boate que está lotada, encontro
Henry sentado no bar observando a pista de dança, meu olhar vai de encontro ao mesmo ponto
em que ele tanto observa, Amber e Liz dançando na pista de dança.
Não preciso falar que ela estava fodidamente sexy naquele vestido preto colado ao seu
corpo e dançando daquele jeito. Estou duro só de vê-la dançando malditamente sexy ao som de
Something Just Like This do The Chainsmokers. Seu corpo se balançava no ritmo da música e
ela jogava as mãos para o alto, parei para escutar o trecho que fazia todo sentido em minha vida
nesse momento.

She said: Where'd you wanna go?


(Ela disse: Aonde você quer ir?)
How much you wanna risk?
(Quanto você quer arriscar?)
I'm not looking for somebody
(Eu não estou procurando por alguém)
With some superhuman gifts
(Com dons sobre-humanos)
Some superhero
(Um super-herói)
Some fairytale bliss
(Uma felicidade de conto de fadas)
Just something I can turn to
(Apenas algo para que eu possa recorrer)
Somebody I can kiss
(Alguém que eu possa beijar)
I want something just like this
(Eu quero algo assim)

Henry está tão hipnotizado olhando Liz que nem se quer notou a minha presença ao seu
lado, com muito custo dou as costas para a pista de dança e peço um Bourbon ao barman.
Tentarei não beber muito já que vou voltar dirigindo para casa.
— Nossa cara, você está aí — Henry grita ao meu lado devido ao barulho da música.
— Não... Eu tenho um irmão gêmeo ou que tal você está vendo uma miragem de tantos

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copos que já bebeu? — falo irônico.


— Ainda estou no meu segundo copo, fiquei no bar porque estava te esperando, sabia que
viria para cá assim que chegasse.
— E onde está o Tyler e a Violet? — pergunto.
— Estão na área vip — responde apontando o dedo para os dois que estavam sentados em
uma das mesas no andar de cima, Tyler acena para mim oferecendo um copo de bebida.
— Eu sei que você está doido para abordar a Liz, eu vou sentar com o Tyler e a Violet.
— Você que sabe. — Henry dá de ombros e some no meio da multidão.
Atravesso o enorme salão da pista de dança passando por um montueiro de pessoas e subo
as escadas que levam até a área vip, olhando agora daqui de cima vejo o quanto está superlotado
esse lugar.
— Por que vocês estão aqui ao invés de estarem na pista com os outros? — pergunto assim
que chego à mesa em que Tyler e Violet estão.
— Subimos tem pouco tempo, viemos dar uma pausa, mas já iremos descer e você por que
não está lá? Ou melhor, por que não está fazendo companhia para Amber? — Tyler pergunta
sugestivamente.
— Não quero forçar as coisas entre nós dois, resolvi que as coisas serão do jeito que ela
quer que seja.
— Bom... Se você prefere assim, que assim seja — ele fala se levantando e puxando Violet
junto.
— Liam, nós vamos voltar para pista, caso queira beber algo ainda tem bebidas no balde —
ela diz.
— Valeu, mas não pretendo beber hoje, estou de carro e pretendo voltar para casa sã —
explico e ela assente, em seguida saindo com Tyler para a pista de dança.

Olho ao redor a procura de Amber, mas não a encontro, apenas vejo Henry e Liz dançando
e agora Tyler e Violet que se juntou a eles, mas nenhum sinal de Amber. Onde ela se meteu?
Continuo a procurando e a encontro no bar, tem um cara próximo dela, próximo demais e eles
estão conversando e rindo.
Como assim tem um cara perto dela? E agora está sussurrando no ouvido dela. Mas que
droga eu vim fazer aqui? Era para isso que ela queria que eu viesse? Ela só pode estar brincando.
Que saber? Amber que se foda, se ela não se importa por que eu tenho que me importar?
Pego uma bebida dentro do balde e dou um gole na mesma, constato que é cerveja pelo gosto,
não tinha intenção de beber, não por mim, mas por ela caso quisesse ir embora mais cedo, só que

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agora não importa mais.

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“Eu só quero tudo isso, mas sem pressa então nós podemos
fazer amor ou podemos simplesmente foder.”
We Can Make Love – SoMo

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Amber

Liz e eu estamos nos arrumando para irmos à boate, embora meu ânimo ainda esteja muito
menos que cinquenta por cento não custa nada fazer esse esforço pela Liz, durante o caminho
para a casa do Tyler tentei tirar dela diversas vezes o que rolou entre ela e Henry no tempo que
eu estive no apartamento de Liam, entretanto ela nega que aconteceu algo além de provocações
alegando que se cedesse fácil à noite não teria graça, mas duvido muito, afinal é a Liz. Nesse
exato momento estou na dúvida entre dois vestidos tubinhos um azul com decote em V nos
peitos ou em um preto com decote aberto nas costas.
— Qual dos dois eu coloco? — pergunto segurando os dois vestidos pelo cabide.
— O segundo — responde apontando para o vestido com o detalhe em V nas costas e volta
a se maquiar.
Eu sempre me enrolo para me arrumar e hoje mais ainda já que dormi durante a tarde, eu
estava muito cansada tanto psicologicamente quanto fisicamente. Visto o vestido e me olho no
espelho, caiu perfeitamente bem destacando as curvas do meu corpo — que sabe se lá como eu
não engordei desde que cheguei aqui de tanto que comi — começo a me maquiar enquanto Liz,
ainda está atrapalhada com seus cabelos, Liz tem o cabelo tão bipolar quanto ela, por ora ele está
escorrido e por outra ele está ondulado, no momento ela está tentando manter ele uniforme em
cachos o que parece que está sendo difícil, pois hoje ele escolheu ficar escorrido.
— Por que diabos não trouxemos a babyliss? Droga — resmunga impaciente.
— Seria porque eu não preciso e você não lembrou.
— Garotas vocês já estão prontas? — Tyler grita do corredor e antes mesmo que eu grite de
volta para respondê-lo ele aparece na porta. — Uau, vocês estão gatas, se eu não estivesse
acompanhado eu pegaria as duas.
— Sorry baby, mas a única que está disponível hoje à noite é a Amber — Liz diz após
finalmente seus cabelos ficarem com belos cachos nas pontas.
— Posso saber com quem a senhorita está se engraçando em menos de vinte e quatro horas
que chegou aqui? — ele pergunta erguendo uma sobrancelha.
— Tyler, meu pai ficou em Londres, só para te avisar mesmo — atira.
— Começa com H e termina com Y. — Pisco para o Tyler que logo pesca quem é.
— É só porque o Dylan não pode ir, mas futuramente ele não me escapa — ela diz.
— Aham tá, só quero ver — falo e termino de me maquiar. — Eu estou pronta.
— Tem algum problema se a Violet dormir aqui hoje? Ela mora um pouco longe e amanhã
ela trabalha, ficaria longe para ela — Ty pergunta.

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— Está vendo? E você pega no meu pé e fala de mim, entre eu e o Ty, quem você aposta
que vai se amarrar primeiro? Aposto minhas economias que ele vai se amarrar até a bunda com a
Violet.
— Eu quero é que vocês calem a boca e que sejam felizes do jeito que for. E não Ty, ela
pode dormir aqui só acho que ficaria meio desconfortável para vocês fazerem algo, afinal você
tem apenas um quarto e eu e a Liz dormiríamos com você, mas como ela vem acho melhor irmos
para casa dos meus pais.
— Eu não vou deixar de abrigar as minhas melhores amigas para abrigar uma garota que
estou saindo.
O apartamento do Tyler é perfeito para um cara solteiro e que mora sozinho, eu sei o quanto
ele queria que a Violet viesse, assim como sei que ele não quer que eu e a Liz durma em outro
lugar, não vou deixar que meu amigo deixe de ficar com a sua garota por nós.
— Amber e eu podemos dormir no Henry, ele tinha oferecido o apartamento dele, parece
que o amigo dele viajou com a noiva, algo assim — Liz diz.
— Como assim ele te ofereceu o apartamento dele para dormir? Isso você não me contou
— indago e ela entende o que eu estou insinuando.
— Não é o que você está pensando, você sabe que eu não sou assim de transar de primeira e
eu não preciso fazer isso para dormir na casa de alguém, tudo bem que é até estranho quando
uma mulher diz que vai dormir na casa de um cara. Mas quando eu expliquei para ele que
iriamos dormir no Tyler e não no nosso apartamento ele disse que se quiséssemos poderíamos
dormir no quarto que está sobrando eu neguei é claro, mas agora estamos precisando certo? E
não é como se ele fosse fazer algo conosco, Liam o mataria né, Amber é minha apólice de seguro
de vida — explica dando de ombros.
— Vamos discutindo isso no caminho porque já demoramos demais com vocês se
arrumando — Tyler diz saindo do quarto e nós o seguimos.
— Não vou dormir na casa de um cara que eu acabei de conhecer — falo para Liz já dentro
do carro.
— Liam o conhece há anos, se ele não fosse confiável ele o deixaria se aproximar da gente?
— Não sei Liz e continua sendo não.
— Aí Amber, você é careta — diz emburrada.
Embora Liz tenha razão quando a Liam não deixar o Henry se aproximar se ele não fosse
confiável, eu ainda prefiro ir para a casa dos meus pais do que ir para a casa do Henry, não acho
que ele vá fazer algo conosco, mas não aceitei dormir na casa do Liam quando ele me ofereceu,
por que aceitaria dormir na casa de um amigo dele? Certamente ele não ia gostar nada disso. Liz
se quiser pode dormir lá, mas eu sei que vou para casa dos meus pais.

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— Também amo você — falo para ela que faz uma careta para mim, me viro para Tyler que
está dirigindo. — Está decidido Ty, Violet vai dormir na sua casa já que fica mais perto do
hospital, ela já nem queria ir porque ia trabalhar e nós insistimos quando a deixamos há algumas
horas atrás. Nada mais justo — completo, dando por encerrado esse assunto.

Entrar na Cielo foi bem fácil graças a Liz, ela mal chegou à cidade e já fez amizade com o
segurança, segundo ela, eles vieram no mesmo voo e ele que recomendou a boate. Tenho que
dizer que foi muito bem recomendado, nunca tinha vindo nessa boate — embora eu não ia muito
em boates depois que Liam foi para a faculdade e depois que terminamos, bom nem preciso
comentar — a boate é bem moderna, tem uma decoração futurística, o bar é bem iluminado e as
luzes em volta dele piscam conforme as batidas das músicas. Seguimos para área Vip que a Liz
conseguiu para nós, olhando daqui de cima já se nota a pista de dança lotando aos poucos, um
barman se aproxima e Liz pede um balde de cerveja, whisky, vodka e cherry coke para mim, eu
não consigo não beber cherry coke antes de beber qualquer coisa, embora hoje eu não esteja com
a mínima vontade de beber, ainda mais que irei para casa dos meus pais, pensando bem posso ir
para Ally também.
— Amber acorda — Liz diz estralando os dedos no meu rosto e eu a encaro sem entender.
— Você está parada olhando para o nada e olha ali quem chegou.
Olho para onde Liz está apontando e vejo Henry passando pelo bar com o celular na mão,
nenhum sinal do Liam, pensei que eles viessem juntos.
— Ele deve estar nos procurando — falo e pego minha cherry coke assim que o barman
deixa o balde com as bebidas em cima da mesa.
— Deixa ele ficar me procurando mais um pouco, isso deixa as coisas melhores, vamos ver
o quanto ele está interessado. — Ela dá de ombros e tira uma cerveja do balde.
— Ty cadê a Violet? — pergunta dando um gole na cerveja em seguida.
— Se não for essa morena que está atrás de você eu não sei quem é então — ele diz
divertido.
Viro-me para olhar e Violet vem sorrindo em nossa direção e Henry logo atrás dela.
— Não acredito, acabou a graça — Liz diz ao ver Henry.
— Que graça? — Violet pergunta se aproximando.
— A graça de ver o Henry nos procurando achando que dei um bolo nele.
— Meu Deus Lizzie, você é impossível — resmungo, não aprovando essa atitude dela.
— Não me chama de Lizzie que me dá até medo, parece um xingamento.
— Ela é sempre assim ou é impressão minha? — Henry pergunta.

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— Ela é sempre assim — Tyler e eu respondemos ao mesmo tempo.


— Engraçadinhos vocês, toma você fica mais bonito de boca fechada — Liz diz
empurrando uma garrafa de cerveja para Henry.
— Cerveja? Fala sério.
— O bar fica ali em baixo querido, ao menos que você queira algo melhor desça e peça —
ela diz com desdém e ele pega a cerveja da mão dela.
— Henry, tem vodka, whisky e energético aqui, só não toca na minha cherry coke — falo
em tom de ameaça e ele ri.
— Cherry coke Jessica Rabbit? Passo.
Faço careta para o apelido, Jessica Rabbit, sério?
— É o ritual dela, sempre bebe cherry coke, não conta para ninguém, mas ela é viciada —
Liz responde por mim.
— Cadê seu amigo? — Tyler finalmente pergunta o que eu não tenho coragem de
perguntar.
— Eu não sei, já liguei para ele três vezes e ele não atendeu, deve ter desistido de vir — diz
dando de ombros.
— Estranho Liam nunca foi de perder uma balada — Violet diz e eu finjo não prestar
atenção.
Desde quando ele não é de perder balada?
— Sério? Parece que a de hoje não o interessa tanto assim então — Tyler diz.
— Acredito que hoje é bem mais interessante que todas as outras coisas que ele fez nesses
últimos anos — Henry diz enquanto termina sua cerveja.
— Ele me disse que viria estranho, talvez não o interesse mesmo, não sabia que Liam era
baladeiro assim — falo e sou interrompida por Liz.
— Eu amo essa música, vamos dançar comigo — ela diz puxando Henry pela mão e
descendo em direção a pista de dança.
— Cada louco com a sua loucura. — Dou de ombros e volto a minha atenção a Violet, eu
quero saber mais sobre o que Liam faz, não é da minha conta, mas estou curiosa.
— Como eu ia dizendo, sempre marcamos no hospital de irmos a pubs, boates e o Liam
sempre está, ou melhor estava, ele só não ia quando fazia plantão. Agora que ele não vai mais
precisar fazer plantão acredito que ele vai ter mais tempo para ele o que era bem raro mesmo. —
Ela dá um gole na sua bebida e complementa. — Não consigo me sentir mal por dizer isso, mas
graças a Deus ele não vai mais fazer tanto plantão, as outras enfermeiras parecem cachorras no
cio atrás dele, chega a ser nojento, uma vez tive que escondê-lo em uma sala da pediatria onde se
dão banho nos bebês, porque uma louca que ele ficou estava no pé dele, não sei o que elas veem

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de tão inédito nele, sério. Não sei se é porque somos amigos demais que eu nunca o vi de forma
diferente, ou sei lá, só sei que ele merece descanso do trabalho e delas. E eu de escondê-lo.
— Uau é uma história e tanto não? — Não consigo disfarçar que saber isso me incomodou,
mas ignoro.
Tyler cochicha alguma coisa no ouvido dela e ela me olha entortando os lábios.
Linguarudo.
— Amber eu não sabia que vocês tinham algo — ela diz em tom de arrependimento.
— Violet você não tinha como saber, isso foi a cinco anos atrás, muito tempo, não precisa
se repreender por isso tudo bem? Eu vou dançar vocês vão ficar aqui?
— Nós vamos ficar mais um pouco e já vamos Am — Tyler diz e Violet concorda.
Termino de beber minha cherry coke dando um gole de uma vez e desço, para a pista de
dança.
Ah qual é? Você também ficou com outros caras, saiu e se divertiu Amber, ele também tem
esse direito, me repreendo antes mesmo que eu comece a pensar demais.
Sinto alguém pegar na minha mão e sou puxada para o meio das pessoas, Liz. Está tocando
Party Monster – The Weeknd é uma das poucas músicas dele que me faz querer dançar ao invés
de ouvi-lo durante o sexo — embora eu não saiba o que é sexo a muito tempo — tem algumas
músicas dele que serve para esse momento. Me jogo de cabeça na pista de dança dançando com a
Liz e me desviando de todas as mãos que param sobre a minha cintura, não estou no clima para
isso hoje, mesmo que a Liz ache que eu tenho que ficar com alguém.
Tyler e Violet se juntam a nós para dançar e só agora noto que Henry não está aqui, será
que ele foi encontrar o Liam? Tento não pensar nisso e me divirto com meus amigos.

Perdi a total noção de quanto tempo eu fiquei dançando na pista sem me importar com
nada, é como se as músicas estivesse me desconectando de tudo, Tyler e Violet saíram para
pegar bebidas me deixando sozinha com Liz, que novamente me puxa quando começa tocar a
nossa música, Something Just Like This do The Chainsmokers, jogo minhas mãos para cima
deixando a música me levar, nós duas dançamos e cantamos até que a música acaba e Henry se
aproxima de nós.
— Onde você estava? — Liz pergunta alto o suficiente para que eu também possa ouvir.
— Esperando o Liam no bar — responde na mesma altura.
Liz o puxa mais para perto e eu me afasto já imaginando o que está por vir, caminho até o
bar e peço um Dry Martini ao barman e sento o esperando. Não demora muito e ele volta com
dois drinks e eu o olho sem entender, havia pedido apenas um.

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— O rapaz de azul ali no canto mandou para senhorita. — Ele acena com a cabeça na
direção em que o loiro está.
O loiro sorri acenando com a bebida em sua mão e eu reprimo um sorriso me deliciando da
bebida que eu havia pedido, não vou beber algo oferecido por um desconhecido vai que tem algo
dentro, ainda não estou louca como a Liz a ponto de aceitar. Empurro a bebida para o lado e viro
meu rosto em direção à pista de dança, observo Liz e Henry dançando juntos, não sei, mas acho
que isso entre eles ainda vai dar merda.
— Espero não estar atrapalhando seus devaneios.
Me viro instantaneamente ao ouvir uma voz rouca próximo ao meu ouvido, fico
completamente imóvel ao dar de cara com o loiro que havia oferecido a bebida. Ele é muito
bonito por sinal, seus olhos eram azuis hipnotizantes os cantos da sua boca carnuda se ergueram
e eu continuei a encará-lo em silêncio.
— Pode ficar tranquila não tem nada na bebida, o barman que preparou — diz me
empurrando de volta a taça.
— Eu não havia pensado nisso, apenas não estou querendo beber muito hoje — minto e ele
ergue a sobrancelha.
— Quem sai em uma segunda-feira para uma boate e não tem a intenção de beber? Vamos
fingir que eu acredito. — Ele piscou ao falar e eu tenho quase certeza que ele estava debochando.
— A minha amiga, só vim por ela, não há nada que me interesse aqui nem mesmo as
bebidas — respondo desviando o olhar para o lado.
— Talvez eu possa fazer você mudar de ideia — sussurra em tom sedutor meu ouvido.
— Eu estou acompanhada — minto mais uma vez.
— Estou te observando a um bom tempo na pista de dança e vi que a sua amiga está
acompanhada, já não posso dizer o mesmo de você — retruca sorrindo.
Lembro-me do que a Liz me disse na noite anterior sobre ficar com outra pessoa para saber
se o que eu sinto por Liam é momentâneo ou real, não queria ficar com alguém hoje, não depois
da conversa com o Liam no quarto dele. Mas esse sorriso, essa voz é de molhar calcinha.
— Certo você me pegou, estou mentindo quanto a isso. Eu realmente não estou a fim de
ficar com alguém hoje.
— Direta no ponto. Estou pensando aqui no quanto é idiota a pessoa que te deu um bolo.
— E quem disse que eu levei um bolo e que estou esperando alguém? — Levanto o olhar e
vejo outro sorriso em seus lábios.
— A gata tem garras, primeiro que se não estivesse levado um bolo, você não estaria aqui
no bar como se soubesse que a pessoa estaria aqui. — Abro a boca para protestar, mas ele
levanta o dedo me silenciando. — Não terminei de falar boneca, segundo que você respondeu

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bem na defensiva. Mas não tem problema, vou te fazer companhia o resto da noite.
Fico sem respostas e ele se senta na banqueta ao meu lado.
— Sou Aiden e você é? A não ser que queira que eu te chame de boneca pelo resto da noite.
— Amber — respondo seca e viro o resto da bebida na boca.
— Amber, nome bonito — ele diz e pede mais duas bebidas para o barman.
— Essas duas bebidas são para você né? Porque eu não vou pôr mais nenhum pingo de
álcool na boca.
— Você é sempre assim com as pessoas que se interessam por você? — pergunta curioso.
— Assim como? — pergunto de volta.
O barman volta com as bebidas e ele me oferece, apenas nego com a cabeça. Realmente não
vou mais beber.
— Fica na defensiva e falando em modo automático.
— Só não estou em um dia muito bom, não era meu desejo estar aqui.
— Então por que veio?
— Eu já te respondi isso, respondendo novamente vim pela minha amiga e meu amigo e por
falar nesse motivo que me fez vir, irei procurá-los.
— Fica mais um pouco vai — pede.
— Você tem dez minutos — falo e ele sorri.

Conversei com Aiden por mais tempo que os dez minutos de limite que coloquei entre nós,
ele me falou que é advogado e me contou um pouco sobre a sua vida, quando falei que morava
em Londres ele ficou surpreso disse que estava em Londres no mês passado a negócios pela
empresa do pai. Dou um último gole no Martini que eu havia pedido, eu sei que disse que não ia
beber mais só que acabei cedendo.
— Tem certeza que você tem que ir? Seus amigos estão acompanhados pelo o que você
disse — ele diz tentando me convencer.
— Eles estarem acompanhados não é um problema e devem estar me procurando também.
— Então é isso, foi bom te fazer companhia Amber.
— Obrigada pela a sua não muito agradável companhia — falo sorrindo e ele retribui com
um sorriso divertido no rosto.
Antes de me levantar ele puxa a banqueta em que estou sentada para mais perto dele e
segura em minha mão esquerda. Viro meu rosto em direção à pista de dança para evitar que ele
tente me beijar ou qualquer coisa do tipo, uma coisa pontuda desliza na palma da minha mão e
logo para, posso sentir seus lábios próximos ao meu ouvido me causando arrepios na nuca, sinto

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como se a temperatura do ambiente tivesse caído e respiro fundo prendendo a minha respiração.
— Nos vemos por aí quando precisar conversar e se estiver interessada em um novo amigo,
já sabe o que fazer — ele sussurra em meu ouvido e solta a minha mão.
Me levanto e dou dois passos à frente ficando um pouco distante dele, olho para a minha
mão e vejo os sete dígitos de um número de celular nela. Mordo meu lábio prendendo um sorriso
e viro-me dando um tchauzinho e saio dali com uma certeza: Eu não consigo querer outra pessoa
porque no momento à única pessoa que eu quero é o Liam, por mais que o Aiden fosse quase um
Deus grego, era no Liam que eu pensava durante a nossa conversa e quando eu olhava para os
seus lábios. Eu não preciso ficar com alguém para ter certeza do que eu sinto por ele, eu o amo e
os outros são só os outros perto dele.
Ando até a área vip à procura de Tyler e Violet, mas ao chegar lá dou de cara com Liam
conversando com duas mulheres, assim que eu me aproximo ele me nota e sua cara está fechada,
olho com desdém para as duas mulheres ao seu lado.
— Se vocês derem licença essa mesa tem mais gente para sentar e olha que legal, não
pertence a vocês duas, então se retirem, por favor — falo com um sorriso sarcástico no rosto e
me viro para Liam.
Seus olhos negros me atravessaram e estavam frios, por um segundo senti meu coração
parar, ele nunca me olhou dessa forma. As duas mulheres saíram da mesa rebolando e eu me
sento de frente para ele, que continua com seu olhar frio sobre mim, senti meu estômago se
apertar e desviei meu olhar. Qual é o problema dele e por que ele chegou e não foi falar comigo?
Esse silêncio está me matando.
— Cadê o pessoal? — pergunto para quebrar o silêncio.
— Por aí, os amigos são seus, você que deveria saber — responde seco e eu desisto de
tentar puxar conversa com ele, sua frieza está me matando.
Levanto da mesa e o encaro, seu olhar continua o mesmo e eu nem se quer sei o motivo
dele estar me tratando assim. Respiro fundo e engulo em seco o nó que se formou em minha
garganta.
— Avisa para eles que eu estou indo embora, vou pegar um taxi.
Falo e saio correndo dali passando pelo meio das pessoas, sinto minhas pernas fraquejarem
no caminho, mas continuo firme até a saída.

Dez minutos se passaram e eu ainda estou no lado de fora da boate esperando algum táxi
passar na rua e até agora não passou nenhum, a rua está deserta e o único som que se ouve é da
música abafada da boate, pego meu celular e olho a hora, são duas horas da manhã e eu só queria

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tomar um banho e a minha cama, só quero esquecer o olhar de Liam em mim. Ainda não consigo
decifrar aquele olhar é um misto de desprezo com frieza, eu não sei o que eu fiz para ele agir
assim, meus olhos marejam e eu olho para o céu a fim de evitar que minhas lágrimas rolem pelo
meu rosto, mas se torna impossível, seco meu rosto com a minha mão e reparo nos sete dígitos
que Aiden anotou ali, por que eu não pensei nisso antes?
Teclo o número no meu celular, eu preciso de uma carona e ele é minha única saída a não
ser que eu volte para boate e estrague a noite dos demais só porque eu quero ir embora. Ligo para
o número e rezo mentalmente para que ele me atenda, dois toques e não atende, quando estou
prestes a tentar novamente sinto uma mão em meu braço e congelo, mas não me viro.
— Pode levar meu celular, mas não faça nada comigo — falo levantando o meu braço livre
com o celular na mão.
— Eu não quero seu celular — Liam diz.
— Merda, Liam! Quase me mata do coração. — Me viro para olhá-lo e ele está segurando o
riso.
Idiota! Não sei o que tem de engraçado nisso. Cruzo os meus braços apertando-os no meu
peito e o encaro séria.
— O que? Foi engraçado, você tinha que ver a sua cara — fala soltando a risada que estava
presa.
— Uhum. — É o único som que sai da minha boca enquanto eu continuo o encarando.
— Vem eu vou te levar para casa, essa hora é difícil de passar táxi e acho que a Liz te
deixou de mão — diz segurando a minha mão e me levando junto consigo.
— Não quero atrapalhar a sua noite Liam, pode voltar e se divertir. — Minha voz da ênfase
ao divertir e ele para de me puxar e me olha.
— E como a senhorita pretende ir embora?
— Uma hora algum táxi vai ter que passar.
— Amber eu disse que te levaria embora caso quisesse ir e eu não estou me divertindo,
preferia não ter vindo — diz e volta a andar comigo ao seu lado em direção ao seu carro e aperta
o botão de alarme destravando o carro.
— Pensei que estivesse se divertindo muito e em dose dupla ainda — jogo para ele, com
um sorriso irônico e abro a porta entrando no carro.
Antes de fechar a porta ouço Liam bufar no lado de fora, ele abre a porta e entra dentro do
carro a fechando em seguida, ele coloca a chave na ignição e me olha sério.
— Não me diverti tanto quanto você no bar — atira e liga o carro saindo daquele local.
Ele está com ciúmes?
— Então é esse o problema? — pergunto.

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— Não existe problema algum Amber, não sei do que você está falando — responde cínico.
— O cara do bar, é por isso que você estava me olhando daquele jeito? Estava não, ainda
está.
— De que jeito? — pergunta, me olhando com desdém.
Antes que eu o responda meu celular toca, número desconhecido então resolvo atender,
pode ser a Liz.
— Alô?
— Olha só quem me ligou, até que não demorou a ligar, boneca. Já está com saudades?
Aiden, reviro os olhos e olho para Liam que presta atenção na estrada.
— Apenas liguei porque, hum... Precisava de um favor, mas já consegui. Obrigada mesmo
assim e não estou com saudades, nem te conheço — falo como se fosse óbvio e reviro meus
olhos mais uma vez.
— Mas pode conhecer boneca, podemos sair qualquer dia desses, eu disse que quero ser seu
amigo. O que acha?
— Eu tenho que desligar, tchau Aiden!
Antes que ele responda finalizo a ligação, não vou aceitar sair com ele na frente do Liam e
não só por esse motivo, eu realmente não quero. Olho para Liam que está com sua feição nada
boa, seus dedos se apertam no volante deixando os nós dos seus dedos brancos, ele está com
raiva, muita raiva. Será que ele ouviu a conversa? Merda, mil vezes merda.
— Liam? — Chamo e ele não me olha continua em silêncio, toco em seu braço em cima de
uma tatuagem e sem perceber estou traçando-a com a ponta dos dedos. — Liam! — o chamo
mais uma vez.
— Que droga Amber, o que você quer?! — exclama alto.
Sua voz grossa me faz estremecer e me encolher no banco, devagar, afasto a minha mão do
seu braço.
— Para essa merda de carro agora — falo entredentes e ele me ignora. — Liam eu mandei
você parar! — grito e ele me olha.
— Eu vou te levar para casa Amber, infelizmente ou felizmente vai ter que me aturar e
aturar até amanhã. Desculpa desapontar e ser eu ao invés do seu novo amigo a te ajudar.
— Como assim até amanhã? Eu não queria te pedir ajuda exatamente pela forma que você
está me tratando agora, antes era só com o olhar, agora não basta me olhar com desprezo tem que
falar também? Se você não parar o carro agora eu vou pular.
Ele para o carro no acostamento e soca o volante, olho para ele assustada.
— Porra Amber, eu não queria gritar com você, mas esse cara conseguindo sua atenção é
muito mais do que eu consegui nesses últimos dias. Eu não sei o que deu em mim, me desculpa.

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Balanço a cabeça assentindo e ele volta a dirigir agora um pouco mais calmo. Ele está com
ciúmes e eu o entendo, só nunca o vi tão vulnerável até porque ele nunca se explodiu assim.
— Você está com fome? — questiona.
— Um pouco — confesso sem olhá-lo.
— Vou parar no drive thru do Mc Donald’s, tudo bem para você?
— Sim — respondo seca e sinto seu olhar sobre mim, mas não o olho de volta.
Meu celular vibra em meu colo e é uma mensagem de Liz, como se fosse meio óbvio e em
partes eu já sabia, ela vai dormir no Henry agora faz sentido o que o Liam disse, mas não sei se
será uma boa dormir na casa dele, ainda mais depois do que acabou de acontecer. Respondo que
está tudo bem e mando-a usar camisinha, não quero ser tia. Solto um suspiro e dessa vez eu o
olho e seu olhar ainda está em mim.
— Era a Liz, avisando que vai dormir no Henry, mas disso você já sabia — falo antes que
ele pense que é Aiden de novo.
— Não sabia, apenas cogitei já que Violet vai dormir com o Tyler, até ofereci um quarto
vago para ela ficar, mas ele disse que o apartamento dele estava vazio já que vocês decidiram
dormir no Henry — diz com desdém. — A Liz dormir no Henry eu até entendo, mas por que
você ia dormir lá? Eu te ofereci meu apartamento Amber, se não quisesse ficar perto de mim era
só falar.
— Por Deus Liam, olha as merdas que você fala! Se eu pudesse eu quebrava seus lindos
dentes. Eu não disse que ia dormir na casa dele, eu não quis por motivos óbvios, não o conheço
direito e eu iria para casa dos meus pais ou para Ally. Não fica pensando que eu quero afastá-lo
de mim.
— Eu não sei mais o que pensar Amber — ele fala ao parar o carro na fila do drive thru, e
olha para a janela.
— Olha para mim — seguro em seu queixo o fazendo virar para mim e subo a minha mão
para o seu rosto —, apenas... apenas não pensa nada e nenhuma besteira.
— Ok — ele diz ainda seco e anda mais um pouco na fila de carros.
Minha mão ainda está em seu rosto e eu não sinto vontade nenhuma de afastá-la e sim de
acariciá-lo e é o que eu faço, seus olhos ainda estão grudados nos meus e percebo que seu olhar
frio não está mais ali, seus olhos castanhos estão suaves agora, sorrio para ele que vira o rosto
fazendo com que a minha mão se afaste do seu rosto.
— O que você vai querer? — pergunta, quando só tem um carro a nossa frente.
— O de sempre, você pergunta como se não soubesse.
— Às vezes seu gosto mudou, nem tudo é sobre você na minha vida Amber. Acha que eu
gosto de ficar lembrando o tempo todo do que você gosta? Não é uma escolha minha — ele diz e

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eu arregalo os olhos e recuo com sua resposta.


— Quero uma Mc Oferta Mcnifíco, mas suco de uva no lugar do refrigerante e McFlurry de
Ovomaltine.
Após falar o que eu quero, eu fico em silêncio, não sei para que pedi a Mc Oferta perdi
totalmente a fome. Queria me afundar apenas no sorvete, se ele queria me afetar com as palavras
ele conseguiu e acertou em cheio.
Liam faz nossos pedidos e a atendente não disfarça os olhares nele que sorri sem vergonha
para ela, após o pedido feito ele dirige mais uns metros até parar na outra janela, ele ergue sua
mão com a notinha do pedido para entregar a mais uma atendente que parece que vai comê-lo
vivo, mas ao invés de pegar a porra da notinha a atendente segura em sua mão e permanecesse
assim por uns minutos, bufo e me levanto me erguendo sobre o corpo de Liam que me olha sem
entender nada, pego a notinha da sua mão e olho para a atendente.
— É para ontem querida, eu estou com fome, você vai pegar a porra dessa nota e nos
entregar o pedido ou quer arrancar a mão dele para levar para casa de brinde? — falo irritada e
um pouco mais alto que o normal e só agora ela me nota.
Não... Senh... Senhora, já vou pegar o seu pedido — responde com a voz tremida pegando a
notinha da minha mão e antes dela se virar eu a chamo.
— Ei querida?
— Sim senhora, posso ajudar em algo mais?
— Pode sim querida, primeiro limpe a sua baba, segundo coloca muito ketchup, por favor
— termino de falar e ela apenas assente e sai.
Volto a sentar no meu lugar e olho para Liam que me encara prendendo um riso, não
acreditando no que acabei de fazer. Nem eu mesma estou acreditando, a que ponto eu cheguei?!
— E você cala a boca, me leva para casa dos meus pais — falo de cruzando os braços e
olhando para frente.
— Está muito tarde para você chegar à casa dos seus pais e eles vão querer saber por que
chegou sozinha sem a Liz, vou te levar para a minha casa.
— Você ainda vai ter mão para abrir a porta da sua casa? — pergunto irônica.
— Acho que a Brianna não vai se importar em abrir a porta — responde com desdém.
Brianna?
— A atendente, nome dela é Brianna está no botão da blusa — responde meus pensamentos
e dá de ombros.
— E falando na desgraça... — falo ao ver a atendente voltando com nossos pedidos.
— Brianna um nome muito bonito.
Liam diz para ela que sorri e suas bochechas ruborizam, ele pisca para a garota ao pegar o

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refrigerante e o suco primeiro e colocar no suporte do carro, quando vai pegar a sacola com os
lanches e o McFlurry mais uma vez a mão dela trava na dele.
— Ah faça-me o favor, estou com fome. — Puxo a mão dele e pego a sacola de papel com
os lanches da mão dela que bufa enquanto Liam gargalha ao meu lado. Dou um soco no peito
dele e olho para a atendente. — Tenha uma boa noite Brianna, a nossa será ótima — falo e sorrio
irônica.
Liam continua rindo até a saída do Mc Donald’s, respiro fundo para não jogá-lo porta a fora
e conto mentalmente até dez.
— Nome lindo? Sério? — indago em um resmungo, o olhando incrédula.
— Tinha esquecido o quão sexy você fica com ciúmes.
— Eu não estava com ciúmes.
— Então o que foi aquilo? — pergunta me olhando.
— Vai se foder! — É só o que eu falo e ele torna a rir.
Não espero por Liam, pego os nossos lanches e deixo os líquidos para ele trazer, tiro meu
salto e seguro na outra mão que está vaga e saio andando na frente para chamar o elevador, ainda
estou irritada com a interação dele com as atendentes, ridículo, mil vezes ridículo. Quando o
elevador chega entro rapidamente e aperto o botão para fechar a porta antes que ele chegue,
quando ela está prestes a fechar Liam coloca seu corpo na frente e passa por ela, a impedindo de
fechar, bufo irritada e ele sorri convencido como se quisesse dizer “vai ter que me aturar”.

Ao entrarmos em seu apartamento, coloco os lanches na bancada e Liam faz o mesmo com
o suco e o refrigerante, o McFlurry ele guarda na geladeira e eu agradeço mentalmente por ele se
lembrar de fazer isso, caso contrário viraria água. Me sento na banqueta e ele retira nossos
hambúrgueres e batata frita da sacola, e apenas quatro sachês de ketchup, ele segura o riso
jogando os sachês para mim, que atendente filha da puta. Ele se vira e pega um prato no armário
e ketchup na geladeira e coloca na minha frente.
Ele está pegando isso porque ao mesmo tempo em que eu como o hambúrguer eu como a
batata, encho de ketchup na tampa da caixinha e passo a batata nele e como, isso quando não
passo no molho do hambúrguer.
— Está pegando isso por quê? Não é como se eu gostasse que você fizesse algo que não te
agrada, como por exemplo, lembrar-se das coisas que eu gosto — devolvo quase nas mesmas
palavras que ele usou comigo antes.
— Eu gosto de lembrar Amber, mas não o tempo todo, principalmente quando estou com
raiva de você — diz se sentando ao meu lado e tirando seu hambúrguer da caixinha. — E eu não

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queria falar aquilo, eu ainda estou irritado com você.


— Você não queria falar muitas coisas hoje — murmuro antes de dar uma mordida na
minha batata.
— Eu sei — ele finaliza e comemos juntos em silêncio.
— Está mais calmo? — pergunto ao vê-lo passar batata no ketchup que está em meu prato.
— Estou Amber. Eu odeio esse sentimento de posse sobre você quando nem mesmo a tenho
— responde em um suspiro.
— Não é só você que odeia isso — falo e ele fica em silêncio.
Após terminarmos de comer resolvi deixar o McFlurry para depois do banho, Liam me
levou até o quarto que vou ficar, me deu uma blusa e uma boxer para vestir. E agora já de banho
tomado, visto sua boxer que ficou um pouco larga e está caindo em mim, tenho que ser franca ou
eu estou magra demais, ou o Liam que ganhou mais corpo do que acostumava ter, antigamente
elas caiam como uma luva em mim, desisto de tentar vestir sua boxer e visto a blusa que como
era de costume continua um vestido em mim e abaixo do joelho, não vou ficar sem nada então,
decido ir até meu apartamento pegar uma, mas não antes de tomar meu sorvete porque agora
estou com muita vontade.
Pego a chave do meu apartamento e saio do quarto e desço as escadas, Liam está sentado
com um short no sofá da sala já de banho tomado e pensativo, não me lembro de Liam dormir de
short samba canção ele odiava essas coisas, mas bom, pode ter mudado né. Dou de ombros e
passo por ele que sorri ao me notar e vou para cozinha, coloco minha chave em cima da bancada
e pego meu McFlurry na geladeira, encosto-me na bancada e dou uma colherada no mesmo.
— Estava rezando para você esquecer-se do sorvete para eu pegá-lo para mim — Liam diz
encostado de braços cruzados na parede.
— Mesmo se eu tivesse esquecido eu lembraria ao passar por aqui já que vou ao meu
apartamento, mas posso ser boazinha e dividir com você — falo oferecendo uma colher com
sorvete para ele que se aproxima de mim aos poucos.
— O que você vai fazer no seu apartamento?
— Hm... Nada demais, só pegar escova de dente — minto, não vou falar para ele que eu
estou completamente nua por de baixo da sua camisa é meio que constrangedor.
— Coloquei uma escova nova no banheiro do seu quarto, eu sei quando você está mentindo
— diz olhando nos meus olhos e pegando a colher do sorvete da minha mão e tomando o sorvete
que estava nela. — Desembucha, o que vai fazer lá? — questiona mais uma vez, só que agora tão
baixo que eu quase não escutaria se ele não estivesse tão perto.
Coloco o copo do sorvete em cima da bancada e ele cola nossos corpos que estavam
separados apenas pelo copo em minha mão.

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— Quer ir para lá para ficar longe de mim não é isso?! — ele pergunta ao mesmo tempo em
que afirma e coloca seus braços um em cada lado do meu corpo me prendendo entre ele e a
bancada.
— Não Liam, você tem que parar de pensar que tudo é para me afastar de você, eu não
quero me afastar de você, droga. Parece que você é que quer que eu faça isso, se quiser eu farei.
Eu nunca o vi tão desesperado dessa forma e isso está me assustando — confesso e seu olhar se
estreita cauteloso.
— É que para mim ainda é surreal você querer estar perto depois de cinco anos longe,
foram cinco anos Amber e não cinco dias e agora você está tão perto... — diz subindo sua mão
pela lateral do meu corpo me causando arrepios e para sua mão em minha nuca e acaricia minha
bochecha com seu polegar. — Parece até ser surreal você estar aqui agora.
— Mas eu estou e eu não vou ir embora, não mais.
Ele sorriu, o meu sorriso favorito e não consegui deixar de retribuir o sorriso. Nossos
corpos não estavam separados por nada, o único som a se ouvir naquele momento era o de nossas
respirações, Liam me puxa me levantando contra seu corpo, sinto minha intimidade bater em
contato com a sua barriga, arfo e seus olhos se arregalam ao notar que eu estou completamente
nua por baixo de sua camisa. Subitamente ele me sentou na bancada e se pôs no meio das minhas
pernas, meu rosto estava na mesma altura do dele, seu olhar felino era de questionamento e
luxuria ao mesmo tempo, certamente a essa altura meu rosto estava vermelho sangue.
— Amber, você está... — balbucia, mas não consegue terminar de completar o que ia falar.
— Era isso que eu ia fazer no meu apartamento, sua boxer, huh... ela ficou caindo em mim
— explico envergonhada.
— Por Deus, Amber. — Ele grunhe passando sua mão pelas minhas coxas. — Se você não
sair dessa bancada agora e ir se vestir, eu não sei se vou conseguir me controlar com você assim.
— Não quero que se controle, eu quero Liam — admito, isso é algo que vinha rondando
minhas fantasias mais íntimas havia vários dias.
Sua boca dirigiu-se para o meu pescoço, pressionando os lábios suavemente na minha pele
e me causando arrepios, sua mão se aperta em minha coxa e seu toque me fez sentir um calor que
desceu até minhas pernas e eu as envolvo em sua cintura o prendendo. Seus lábios finalmente
encontram os meus, meu coração estava disparado, mas não me importei nem um pouco, apertei
minha boca contra a sua e ele me dá passagem para a minha língua passar, o gosto de baunilha
misturado com a calda de chocolate ainda estavam presentes em sua boca o que me fez desfrutar
ainda mais do êxtase de ter sua boca na minha. Suas mãos queimam em minha pele.
E foi aí que eu tive uma certeza: Eu o queria muito mais do que eu imaginava.

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“Eu posso ver em seus olhos porque eles nunca mentem pra mim eu
posso sentir o seu corpo tremer e o calor entre suas pernas.”
I Feel It Coming – The Weeknd

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Liam

Eu não preciso nem dizer o quão duro eu estou só de saber que Amber está nua por debaixo da
minha camisa e ouvir de sua própria boca que me quer, me fez perder todos os sentidos. Tomo os
lábios macios de Amber mais uma vez e chupo sua língua me degustando do gosto de chocolate
que está sobre ela, minhas mãos que antes estavam em suas coxas agora estão em sua cintura por
debaixo da minha blusa que ela usa, deslizo uma mão pelo seu corpo subindo até chegar ao meio
de seus seios, arrasto minha mão para o lado direito e toco seu mamilo que está enrijecido, eu o
aperto e o esfrego com meus dedos, Amber arfa soltando um gemido entre o beijo e afasta nossos
lábios.
Por um momento achei que ela tinha se arrependido, mas mudei esse pensamento quando
envolveu meus cabelos em seu dedo. Me lançando um sorriso sedutor e com um olhar suave, ela
morde meu lábio puxando para si e o soltando em seguida. Deslizo meus lábios pela sua
mandíbula até chegar em seu pescoço e passo a língua por ele e distribuo leves mordidas que faz
Amber se curvar. Suas mãos deslizam em minhas costas e sinto seus dedos se dedilhando pelas
minhas tatuagens de um lado para o outro, aperto o seu seio e a ouço gemer mais uma vez, afasto
suas pernas e levo a minha outra mão de encontro a sua boceta e passo meus dedos pelos lábios
dela e porra! Ela está encharcada.
Meus dedos encontram seu ponto sensível e sinto as unhas de Amber me arranharem, ela
joga sua cabeça em meu ombro e beija meu pescoço, estímulo seu clitóris e o aperto em meus
dedos a fazendo se contorcer em cima da bancada, sua respiração quente e descontrolada em meu
pescoço me causa arrepios e quando sua respiração se acalma penetro dois dedos de uma vez e
tiro, Amber choraminga e eu a penetro novamente, mas dessa vez não recuo, movimento meus
dedos em um ritmo lento e levo meus olhos de encontro a Amber. Seu olhar transborda desejo e
seu corpo inquieto em cima da bancada denuncia o quanto ela está impaciente com o ritmo lento
dos meus dedos, sorrio provocativo para ela e encosto meus lábios no dela.
— Agora você vai gemer na minha boca.
Sussurro entre seus lábios e enfio minha língua em sua boca, beijando-a com mais
intensidade, movimento meus dedos mais rápidos dentro de Amber, que deixa escapar seus
gemidos entre o beijo e rebola seu quadril na tentativa falha de se movimentar em meus dedos.
— Liam... — ela geme, afastando seus lábios do meu e chamando a minha atenção para ela.
— Eu... não vou aguentar mais.
Tiro meus dedos de dentro de Amber que me olha confusa e a pego no colo, suas pernas se
enroscam na minha cintura e eu subo com ela para o meu quarto, as chances de Amber gozar em
cima da bancada são muito prováveis e Maria me mataria caso notasse uma mancha que fosse
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em sua cozinha.
Abro a porta e a empurro com o pé a fechando. Ando com Amber na direção da cama e a
deito sobre ela, devagar eu subo em cima dela, seguro na barra da sua camisa e vou levantando.
Fico estático observando, seu corpo por completo até parar meu olhar em seus seios, que agora
estão um pouco maiores do que eu me lembrava, seu mamilo rosado e enrijecido chama a minha
atenção, retiro a blusa e jogo para o lado.
Beijo seu pescoço e desço meus lábios pelo seu ombro deslizo de um para o outro o
beijando até chegar ao meio dos seios de Amber, passo a minha língua pelo meio de cima pra
baixo e a olho, seus olhos estão fechados e suas mãos estão apertando o lençol. Volto a minha
atenção ao seu seio e sopro o mamilo, passo a ponta da minha língua em movimentos circulares e
chupo seu mamilo para dentro da minha boca, Amber joga a cabeça para trás vociferando alguma
coisa, encosto minha ereção na sua boceta e ela geme, dou atenção ao seu outro seio e desço
meus lábios pela sua barriga até chegar de encontro com a sua boceta, abro as pernas de Amber e
passo a língua nos seus grandes lábios e deslizo para o seu clitóris e o chupo para dentro da
minha boca, passo minha língua por seu clitóris em movimentos circulares e a penetro com a
língua me deliciando do sabor que só Amber tem.
Entro e saio com a minha língua conforme Amber rebola seu quadril em minha boca e não
demora muito seu corpo se tenciona e ela solta um grito fino e se explode em minha boca. Sugo
seu líquido para a minha boca e deposito um beijo em sua boceta e subo de encontro a Amber,
ela sorri maliciosamente e abaixa meu short de dormir — que por sinal eu odeio e só coloquei
por respeito a ela dormir aqui — revelando meu pau que salta para fora, os olhos de Amber
agora estão verdes escuros e arregalados.
Enquanto estávamos juntos Amber nunca o tocou e eu também nunca pedi e nunca forcei,
não que eu nunca quisesse, mas jamais iria obrigar ela fazer algo que não se sente preparada
ainda e à vontade. Eu me sentia satisfeito com o que tínhamos.
— Você sabe que não precisa...
Não termino de falar, pois sua mão já está tocando nele, ela movimenta sua mão subindo e
descendo lentamente, mas de uma forma gostosa, solto um grunhido alto e Amber sorri satisfeita.
— O que você ia dizendo? Eu não preciso o que mesmo? Quer que eu pare? — Ela aperta
meu pau em suas mãos e eu solto um suspiro negando com a cabeça.
— Huh... como eu pensei — diz e me empurra para o lado, vindo para cima de mim.
Seus lábios passeiam pela cabeça do meu pau e deslizam até a metade dele, sua boca se
abre e ela enfia meu pau lentamente em sua boca, me olhando. PORRA!
Solto um gemido rouco e tiro seus cabelos que estão caindo em seu rosto e os seguro, ela
chupa com vontade o engolindo até onde aguenta, ora ela passa a cabeça em seus lábios para me

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provocar e ora passa a língua.


— Porra Amber. — Solto um grunhido e ela me olha sorrindo ainda brincando com ele,
quando foi que ela aprendeu a fazer isso? Será que? Afasto esses pensamentos e a puxo para
cima. — Nós vamos conversar sobre isso depois, mas agora... eu quero você.
Pego uma camisinha na gaveta do criado mudo e rasgo com os dentes, desenrolo-a em meu
pau e seguro nele passando pela boceta de Amber, ela geme e me olha convidativa e eu a penetro
devagar. Solto um grunhido com o aperto que sinto ao entrar todo dentro dela e ela geme
novamente desconfortável. Faço menção e sair de dentro dela e ela nega com a cabeça e prende
suas pernas em minha volta.
— Você tem certeza? — pergunto a olhando e ela move seu quadril e solta um gemido de
satisfação em resposta.
Deito meu corpo sobre o dela e começo a estocá-la devagar, aos poucos aumento meus
movimentos e Amber arranha minhas costas sem dó enquanto geme, sinto sua boceta se apertar
em volta do me pau.
— Liam, mais... Por favor... — Amber choraminga chamando meu nome entre os gemidos
o que me faz urrar e ir cada vez mais fundo.
— Você é tão apertada Sunshine, não sei se vou aguentar muito tempo — murmuro rouco.
A cada estocada que eu dava, sentia Amber se apertar mais em mim, nossos gemidos é o
único som que ouvimos, além do movimento dos nossos corpos. O suor já era visível tanto em
mim quanto em Amber, sua boceta se contrai e eu sei que ela também está perto.
— Goza comigo, Sunshine, vem para mim — sussurro em seu ouvido e dou mais uma
estocada funda e gozo dentro dela, continuo estocando lentamente agora e ela estremece gozando
junto comigo.
Deixo um beijo casto nos lábios de Amber e ela sorri e acaricia meu rosto, seus cabelos
estão uma bagunça e há fios grudados em sua testa devido ao suor, assim como nossos corpos
estavam.
— Banho? — sugiro para ela que sorri preguiçosa.
— Preciso de uma calcinha — diz rindo.
— Não me importaria se você ficasse sem — falo e sinto um tapa em meu braço. — Aí,
isso doeu.
— Era para ter doido mesmo, você pode ir tomar banho que eu vou ir ao meu apartamento
pegar uma calcinha e um pijama para eu dormir.
— Eu prefiro você com as minhas blusas, você antes já ficava gostosa com elas, agora está
mais ainda — falo passando a mão pela lateral do seu corpo e dou um selinho nela. — Não vou
deixar você andar pelo corredor sem calcinha, eu pego uma calcinha para você enquanto isso

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você pode ir tomar banho, mas se quiser me esperar...


— Vai logo Liam. — Ela me empurra de cima dela e levanta, correndo para o banheiro.

Depois que peguei as calcinhas e uma roupa para Amber no seu apartamento, sim, peguei
mais de uma para caso ela queira tomar banho de manhã e caso ela precise demais futuramente,
embora eu tenha uma calcinha dela em especial guardada comigo, sempre é bom ter mais. Nós
tomamos banho juntos e foi apenas banho mesmo, agora estamos deitados na cama e Amber está
analisando todas as minhas tatuagens.
— Queria ter coragem para fazer uma, mas eu corro de agulha — diz e passando o dedo
pelas asas que tem em meu peito.
— Podemos trabalhar nesse seu medo, o que acha de um dia ir fazer? — pergunto.
— Eu acho uma boa ideia, em um dia bem distante. Não tem problema você ser todo
tatuado no seu trabalho?
— Não, eu trabalho de jaleco e ele cobre a maioria delas e tatuagem não define o quão bom
profissional a pessoa é e eu sou um excelente médico.
— Eu acho sexy.
— O que? Tatuagens ou médico?
— Como eu sou gulosa, os dois — responde rindo.
— Ah que bom, pois eu serei o seu único médico mocinha.
— Não gosto de ir a médicos, mas posso fazer um esforço por você, quem sabe você me
ensina a anatomia do corpo...
— Acho que você precisa de uma consulta, posso fazer umas particulares com você em sua
casa ou na minha, que dá na mesma coisa, um checkup completo, o que acha? — sugiro a
olhando.
— Huh, tentador, mas vou pensar — diz sorrindo.
— Eu quero te perguntar uma coisa — falo, alisando o braço dela.
— Que coisa? — indaga receosa e olha para mim com a testa franzida.
— Você já esteve com alguém depois de mim? Você sabe... — falo e ela balança a cabeça
entendendo o sentido da minha pergunta.
— Sim, com vários — ela responde na lata e meu maxilar trinca.
— Como é que é? — questiono.
— É claro que não seu idiota, eu fiquei sim com outros, mas não da forma que você está
perguntando, você foi o único, sempre foi você eu não sei o que te faz pensar o contrário, já você
eu nem pergunto, já sei a resposta — responde e abaixa a cabeça.

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Seguro em seu queixo e a faço olhar para mim.


— Desculpa por perguntar isso, só de pensar em outro te tocando e você o tocando, eu fico
fora de mim. É que você hoje fez algo que nunca tinha feito antes e me passou pela cabeça que
você tivesse feito em outro. Mas fico feliz de ser mais uma vez o seu primeiro — explico para
ela ignorando o que ela disse sobre mim e beijo sua testa.
— Eu sempre tive vontade de fazer, mas não sabia como e também tinha vergonha de errar
e fazer algo que te machucasse, você gostou? — pergunta envergonhada.
— Se eu gostei? Acho que eu quase ter gozado na sua boca responde por si só, me segurei
bastante para evitar que isso acontecesse, eu gostei Sunshine, porra gostei muito. — Rosno e ela
abre um sorriso e se aninha em meu peito envergonhada.
— Eu estou com sono, vamos dormir — diz mudando de assunto.
— Dorme que eu vou velar seu sono — falo e levo minha mão em seu rosto e faço carinho
no mesmo.
Sinto a respiração de Amber diminuindo aos poucos.
— Dormiu? — pergunto.
— Quase e você? — pergunta de volta.
— Ainda não chegou para mim, mas dorme Sunshine, dorme.
— Uhumm — resmunga. — Eu amo você, Liam.
— Você o quê? — pergunto só para ter certeza de que ouvi certo, mas não tenho respostas.
Ela dormiu.

Acordo na manhã seguinte com cabelos vermelhos esparramados em meu rosto, Amber
dorme tranquilamente ao meu lado, ela parece um anjo dormindo, o meu anjo. Inspiro o cheiro
doce dos seus cabelos e deposito um beijo sobre ele, me levanto da cama sem movimentos
bruscos para não a acordar e sigo para o banheiro, preciso tomar um banho para aliviar a minha
ereção matinal. Tomo uma ducha rápida, quero fazer café antes que Amber acorde, escovo meus
dentes e saio do banheiro com a toalha enrolada na cintura, entro em meu closet e visto uma
boxer, seguida de uma bermuda, calço meus chinelos e desço para cozinha, vou ver o que posso
fazer para agradar Amber logo pela manhã.
Tive que ir à padaria, já que hoje não é dia da Maria vir para cá, eu não sou um desastre na
cozinha, mas não quero estar com cheiro de ovo ou de algum outro ingrediente quando ela
acordar, comprei o bolo favorito dela, pães e croissant que sei que Amber adora e arrumei a
mesa, agora só falta coragem para acordá-la. Subo para o quarto e ela agora dorme agarrada ao
meu travesseiro, me debruço sobre ela afastando seus cabelos do seu rosto, deslizo meus lábios

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pela sua bochecha a enchendo de beijos, Amber sorri preguiçosa e abre seus lindos olhos verdes
que já me hipnotizam logo pela manhã.
— Acorda dorminhoca — sussurro em seu ouvido.
— Só mais um pouquinho — Amber resmunga e fecha os olhos novamente.
— Nem mais um minuto, se você continuar nessa cama eu não vou deixar você sair mais
dela e bom... não é uma má ideia.
— Tá, você venceu, chato — diz e abre os olhos me fitando e eu dou um beijo em seus
lábios. — Sai Liam, eu estou com mau hálito, isso é nojento.
Reviro meus olhos, como eu já disse velhos hábitos nunca mudam e esse é um que Amber
carrega.
— Você continua chata. — Beijo sua testa e me afasto. — Agora se levante que eu estou te
esperando para tomarmos café, espero que esteja faminta.
— Vou tomar banho, volto em dez minutos — diz se levantando da cama e eu não deixo de
observar o quanto Amber está gostosa. — Para de me olhar com essa cara.
— Que cara? — pergunto, com um sorriso divertido no rosto.
— Essa cara de quem quer me jogar de volta na cama e me foder — responde e taca o
travesseiro em mim e sai para o banheiro. — Dez minutos Liam, não me apresse! — grita do
banheiro.
Não foram exatamente dez minutos que Amber levou no banheiro, mas sim quarenta
minutos o que me deixou irritado, após sair do meu closet vestindo um short que parece ser do
tamanho da palma da minha mão e uma regata, ela vem até a mim e senta em meu colo.
— Maldito short, estou arrependido de ter pegado a primeira peça de roupa que vi pela
frente — resmungo e ela ri.
— Não exagera, não é tão curto assim — diz passando seus dedos entre meus cabelos.
— Imagina, não vou discutir isso com você, agora vamos comer.
Levanto Amber do meu colo e entrelaço nossos dedos, descemos as escadas e fomos direto
para a sacada onde a mesa estava posta com o nosso café, puxo a cadeira para Amber sentar e me
sento em sua frente, espero ela começar a comer para perguntar sobre nós, como ficaremos a
partir de agora e também quero saber se o que ela disse antes de dormir não foi da boca para
fora.
— Precisamos conversar não?! — pergunto enquanto me sirvo com café.
— Sim, precisamos — afirma.
— O que você disse antes de dormir, quer dizer... você se lembra do que me disse? Eu
preciso ter certeza de alguma coisa Amber, preciso saber que não foi coisa da minha cabeça e o
que aconteceu ontem foi tão real quanto você estar aqui agora.

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— É real Liam, não estou brincando de casinha com você e muito menos de gostar. O que
aconteceu ontem foi algo que eu venho reprimindo para mim há muito tempo e aconteceu, foi
maravilhoso e eu realmente quis aquilo, quis estar aqui eu realmente quero tent... — Amber é
interrompida e meu olhar vai direto para o filho da puta que nos interrompeu nesse momento.
Henry!
— Bom dia pombinhos — grita da cozinha e caminha até nós junto com Liz.
Mas que diabos ele tinha que chegar agora? Amaldiçoo a mim mesmo por ter dado uma
cópia da chave para esse desgraçado.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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“E mesmo que o tempo nos leve para lugares diferentes. Eu ainda


serei paciente com você. E eu espero que
você saiba que eu não vou te soltar.”
Cold Water – Justin Bieber

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Amber

Finalmente meu apartamento está em ordem. Ao acordar pela manhã Liam já tinha feito café
para nós dois, que foi interrompido por Henry e Liz chegando, nós quatro tomamos juntos e logo
após viemos para meu apartamento já que vieram nos entregar e montar os móveis. Agora que
tudo está no seu devido lugar, estou esparramada no sofá que só agora eu notei que é de muito
bom gosto da Liz, ele é grande e em formato de L parece que foi feito na medida exata para a
nossa sala.
Liam e eu ainda não conversamos depois do que aconteceu hoje pela madrugada, não
tivemos oportunidade para definir o que vai ser de nós já que fomos interrompidos e muito
menos depois que ele veio nos ajudar. Ele foi embora tem alguns minutos e eu não quero que se
instale um clima chato entre nós dois e já vou deixar logo claro que se formos tentar algo é para
ir aos poucos. Sou interrompida dos meus pensamentos por Liz que não para de falar.
— Am o que acha de ir ao cinema? Podemos ver a Autópsia ou Ouija o que acha? —
pergunta animada.
— Eu odeio filmes de terror, você sabe disso! Não sei por que pergunta Lizzie.
— Aí fala sério Amber — resmunga. — O que pode acontecer? Nada, eu vou estar do seu
lado, por favorzinho, vamos — pede, juntando suas mãos implorando.
— Eu não deveria ir, já que me deixou para dormir na casa do Henry, mas vou porque sei
que você não vai parar de encher a porra do saco. — Acabo cedendo e ela dá pulinhos
comemorando.
— Você é a melhor amiga do mundo — ela diz e eu sorrio convencida.
— Sou a única amiga que você tem, lógico que tenho que ser a melhor — falo como se
fosse mais óbvio do que já é. — Por que você não chama o Henry? — pergunto.
— Não quero ir com ele, quero fazer programa com a minha melhor amiga, está me
dispensando? — pergunta e eu não me convenço da sua resposta, algo a mais tem.
— Claro que pode, mas vem cá. — Me levanto me sentando no sofá e a chamo para que se
deite em meu colo. — Qual é o problema?
— Nós somos parecidos demais entende? Ele é muito legal, brincalhão quando quer e sério
quando precisa ser. Eu nunca encontrei alguém tão gostoso e bom de cama como ele, aquele lá
sabe usar o que tem — reviro os olhos com seu comentário desnecessário e ela ri continuando
—, embora não tenham sido muitos, mas você entendeu? Ele é como se fosse uma cópia minha e
eu gosto disso, temos gostos em comum, ele não quer nada sério com ninguém e eu também não
quero, ele me diverte e eu o quero como amigo, mas também quero ficar com ele quando sentir
vontade, só não quero que isso estrague nossa amizade quando eu não quiser mais ficar com ele,
Acheron - Nacionais - Apollymi
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sem dúvidas quero a amizade que poderemos vir a ter. Iria ficar estranho o clima entre nós, acho
que se em outra vida eu fosse homem eu seria o Henry.
Dou risada e ela me acompanha, sem dúvidas ela é uma cópia do Henry feminina, durante a
tarde percebi o quanto os dois são parecidos e se tornaram cúmplices em vinte e quatro horas.
Mas resumindo o desabafo dela, ela quer repetir e não quer se apegar.
— Por que vocês não ficam na zona neutra e mantém a amizade e se for da vontade dos
dois de ficarem vocês ficam? E quando quiserem sair juntos e ficar com outras pessoas diferentes
isso também é decisão de vocês e acredito que isso não seja um problema para vocês certo?
— Você está certa, vai ser isso mesmo que eu vou fazer e como foi com o moreno rebelde
ao lado? — pergunta e eu sei que minhas bochechas coraram pelo sorriso atrevido que Liz tem
no rosto e seus olhos arregalados. — Vocês transaram! — ela afirma convicta.
Não respondo nada, apenas nego com a cabeça.
— Sim, vocês transaram! Amber me conta tudo, não acredito que ia deixar essa passar sem
me contar.
Ela levanta a cabeça do meu colo para me olhar e essa é a minha deixa para me levantar e ir
correndo para o meu quarto, mas não adianta já que ela vem correndo atrás e entra no meu quarto
depois que eu entro. Ela senta em minha cama e me lança um olhar questionador, solto um
suspiro e me dou por vencida.
— Nós ficamos, acabou rolando e só — falo enquanto entro no meu closet.
Pego uma calça jeans preta, uma blusa azul ombro nu e uma jaqueta de couro preta que eu
tanto amo, volto ao quarto e coloco em cima da cama. Liz me encara com desdém.
— O que? — Olho sem entender.
— Você dorme com seu ex-namorado ou seria atual? Não sei. Dorme com ele e só fala “nós
ficamos, acabou rolando e só”? Pode me contando direito essa história.
Reviro meus olhos e enquanto volto ao closet para pegar uma botina continuo contando
para Liz como que aconteceu, conto dos ciúmes dele, do meu ataque com a atendente do Mc
Donald’s até a parte em que ela e Henry atrapalharam nosso café da manhã.
— Eu ainda estou passada, em êxtase, primeiro sexo de vocês depois de cinco anos e tinha
que dar início logo na cozinha?! Não poderia ser algo mais selvagem?
— Cala a boca Lizzie e saia do meu quarto, não vou falar sobre isso com você e se você
demorar a se arrumar eu não vou te esperar, irei tomar meu banho e me arrumar. Se eu estiver
pronta primeiro que você eu vou voltar para o quarto e vou dormir — falo apontando para a
porta.
— Eu prometo não demorar, juro de dedinho que vou tentar fazer o máximo possível — diz
se levantando e saindo do meu quarto.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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— Esse foi um dos piores filmes de terror que eu já vi na minha vida — Liz diz assim que
saímos da sala do cinema.
— Mas não foi você que quis tanto ver a autópsia? — falo provocando-a.
Liz e eu tivemos que tirar no ímpar ou par para ver qual filme iriamos ver. Eu queria
velozes e furiosos oito e ela cismou que queria ver a autópsia. Eu odeio filmes de terror e gritei
do começo ao fim já Liz, a fodona que não tem medo de nada, também fez o mesmo, irônico
não?
— Agora eu estou arrependida, nunca mais vamos ver nada de terror e se eu ousar opinar
sobre algum filme você me lembra disso ok?
— Eu acho ótimo, filme de terror só é bom quando se tem alguém para agarrar e que no
caso não é você — falo e ela faz careta.
— Eu só fiz isso porque eu senti muito medo mesmo, agora chega desse assunto eu estou
com fome e estou louca para ir no Panda Express, li em um site que uma porção dá para duas
pessoas e que a comida de lá é muito boa — diz assim que entramos no estacionamento do
shopping.
— Liz temos que parar de comer porcarias, amanhã vou procurar uma academia já viu o
quanto comemos besteiras desde que chegamos aqui? Isso faz mal também, vamos comer algo
natural hoje final de semana podemos comer coisas assim.
— Meu Deus, alguém já te falou que você está na profissão errada? Você deveria ser
nutricionista e ia ser uma das chatas viu, comer é vida. Amo comer e eu tenho boca para isso —
diz e abre a porta do carro e entra e eu faço o mesmo.
— Eu não sou tão chata assim, você tem que aceitar que de fato estamos comendo mais
besteiras do que estamos acostumadas, mas hoje, só hoje — dou ênfase ao só —, iremos comer
nesse Panda Express.
— Então vamos logo que o Tyler quer o carro dele antes da meia noite — diz e eu aceno
dando partida e saindo do estacionamento do shopping.
Nós estamos usando o carro do Tyler enquanto eu ainda não compro o meu, ele nos
emprestou com a condição de entregá-lo antes da meia noite já que ele decidiu começar amanhã
na empresa do meu pai, mesmo que meu pai tenha dito para ele começar apenas na segunda, ele
quer ir para se acostumar e familiarizar com o lugar. Sei que ele vai estar em boas mãos, tem Ben
lá para auxiliá-lo e papai é muito receptivo assim como Harry.
— Agora entendi porque Nova York é uma cidade que nunca dorme — Liz diz olhando a
aglomeração de pessoas pelas calçadas. — São nove horas da noite e essas pessoas não tem casa

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não?
— Olha quem fala, você não tem casa não? — Devolvo a pergunta para ela e ela me olha
debochada. — Se acostume é assim todos os dias, ainda não viu Vegas.
— Como assim você já esteve em Vegas e não me contou? — exclama empolgada e eu dou
de ombros.
— Era despedida de solteira da Ally, não que eu quisesse ir e você sabe por que, mas fiz
isso por ela e até que foi legal — explico e estaciono o carro na 1st Avenue. — Segundo o gps,
chegamos.
— Graças a Deus, eu estou com muita fome mesmo e sobre Vegas, precisamos ir, só que
dessa vez você vai se divertir de verdade.
— Podemos planejar isso — falo e ela sorri já se animando para algo que nem sabemos
quando vai acontecer ainda, Deus por que ela é assim? — Vamos balofa, saio do carro e dou a
volta esperando Liz na calçada, assim que ela sai ligo o alarme e andamos pela calçada, Liz
comenta sobre todas as lojas em que passamos, não cala a boca um minuto se quer, só comida
mesmo para fazer ela calar a boca.
— Ali, o Panda — ela fala e sai me arrastando até entramos no Panda Express.
— Se você tivesse dito que era comida chinesa eu teria vindo sem reclamar — falo assim
que entro e observo o local.
— Eu havia esquecido esse detalhe, vamos levar para comer em casa e vamos comer com o
Tyler, isso aqui está lotado.
— Olha que legal, o cérebro dela está funcionando agora — falo irônica e ela me empurra
para o lado.

Fizemos nossos pedidos e agora estou no apartamento do Tyler com Liz, Violet e por
incrível que pareça, Henry. Por sorte trouxemos três porções grandes já que não tínhamos ideia
de como era o tamanho e agora que estamos comendo. E de fato é como a Liz disse, uma grande
dá para duas pessoas comer. Henry veio para cá porque não nos encontrou em casa e tinha
combinado com a Liz de ir lá para casa ver filme conosco, só que a tapada esqueceu.
— Isso aqui é muito bom, se eu soubesse da existência desse lugar teríamos ido lá ao invés
de rodar a cidade toda e parar no subway. — Tyler ainda joga na cara que eu o fiz dirigir pela
cidade para ir ao subway.
— Subway é mais natural — me defendo.
— Qual é o problema com subway? Eu amo comer lá, troco subway por hambúrguer —
Violet diz e eu sorrio cumplice para ela.

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— Alguém que me entende viu?


— Amber a nutricionista encubada, até parece que não come besteira, quando está com
ataque de ansiedade come igual uma porca — Liz diz fazendo todos rirem.
— Mas aí eu como com um motivo válido, não tenho culpa — falo e tomo minha amada
cherry coke.
— Agora eu entendo porque o apartamento do Liam em Boston vivia cheio de cherry coke
— Henry diz e eu sorrio culpada.
— Ela é muito viciada, isso porque só gosta de comer coisas naturais — Tyler debocha.
— Liz temos que parar de comer porcarias — Liz tenta forçar a voz para me imitar, mas a
única coisa que consegue é nos fazer gargalhar.
— Gente, agora que eu estou notando, mas cadê o Liam? — Violet perguntou.
— Ele disse que precisavam dele no hospital — Henry respondeu.
— Estranho, porque eu tinha plantão e estava lá desde manhã, mas fui liberada agora a
noite e não o vi e nem o nome dele estava no quadro, mas pode ser que ele tenha ido por algum
paciente dele — Violet diz.
— Quem precisa de Liam quando tem nós por perto? — Liz diz dando de ombros.
— É quem precisa? — Henry concorda abraçando a Liz de lado.
Eu preciso. E eu o queria aqui.

Eu e Liz viemos embora quase uma hora da manhã, Tyler não queria que ninguém fosse
embora já que ficamos jogando uno e mimica, porém, ele precisava descansar já que iria
trabalhar e Liz também, ela cismou que quer ir conhecer a loja e a empresa onde tudo funciona, a
verdade é que ela é muito inquieta e não consegue ficar parada um segundo, então ela ficou
combinado dela ir com a minha mãe pela manhã, sorte da minha mãe que Ally tem o mesmo
ritmo que Liz, porque senão ela ficaria louca.
— Am? — Liz me chama antes de entrar no seu quarto e eu me viro para olhá-la. — Você
está com aquilo que a Violet disse sobre o Liam na cabeça? — pergunta.
— Eu ainda não tive tempo para pensar nisso, estávamos brincando e distraídas, não tenho
que ficar pensando nisso. — Eu estou sendo sincera, eu não pensei sobre isso, mas sei que
quando me deitar mil pensamentos virão.
— Então tá bom, eu só fiquei preocupada com você se isso iria criar minhocas na sua
cabeça e te fazer mal. Você sabe que eu te amo né?
— Eu também te amo, boa noite Liz — falo sorrindo e ela acena entrando em seu quarto.
Liz não é muito de demonstrar sentimentos e de dar abraços. Às vezes queria ter o dom de

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ler os pensamentos das pessoas para saber o que se passa naquela cabeça oca dela.
Entro em meu quarto tomo um banho rápido e faço a minha higiene, eu estou muito
cansada, fui dormir tarde, arrumamos o apartamento e ainda fui arrastada para o shopping, eu só
preciso de descanso e mais nada, só que não consigo dormir, meus pensamentos voam para Liam
e eu queria que ele me procurasse, mandasse uma mensagem, ele não fez nada disso. Talvez, só
talvez, ele deve estar pensando o mesmo que eu e esperando isso de mim. Tateio o criado mudo e
pego meu celular e penso no que mandar para ele.

Amber
Senti sua falta hoje à tarde, por que não veio com o Henry?

A mensagem foi entregue e eu rezo para que ele ainda esteja acordado.
Cinco minutos depois meu celular vibra, mas não é ele. Liz criou um grupo e colocou todos
nós, tinha que ser ela. Nego com a cabeça e mando uma mensagem no grupo.

Amber
Vai dormir, Lizzie!

Liz
Estou com medo! Tentei dormir, mas
o filme me vem à cabeça :(

Amber
Se você me ouvisse mais não estaria com medo...

Henry
Não seja por isso gata, minha cama tem um espaço para você,
mas se quiser eu durmo na sua sem problema algum.

Reviro meus olhos, ninguém merece esses dois.

Amber
Poupe-me da intimidade de vocês!
Liz vem dormir comigo.

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Liz
Só estava esperando você pedir, abre a porta.

Amber
Está aberta, meu amor.

Henry
Duas gatas gostosas dormindo juntas? Queria estar nesse meio,
podíamos fazer sanduba, Amber é o tomate, Liz o peito
de peru e eu sou o queijo.

Dou risada e Liz entra no meu quarto com o travesseiro na mão rindo também, esse Henry...
Liz
Por que você tem que ser o queijo?

Liz deita do meu lado e tem um ataque de risos com a resposta do Henry.
Henry
Simples, Amber é ruiva e tomate é vermelho, Liz é perua
e eu sou o mais gostoso por isso tenho que ser o queijo.

Amber
Garoto, cala a boca e vai dormir.

Escrevo aos risos junto com Liz.


Henry
Vocês acham que eu não percebi ontem vocês duas me secando né?
Estava gritante no olhar de vocês: como ele é gostoso.

Liz
Tenho que concordar com você, estávamos olhando
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mesmo, mas depois que te conhecemos o interesse


passou, da Amber principalmente.

Henry
Não acho que seu interesse tenha passado, no final da noite
você terminou em meu apartamento, gata.

Liam
Huh...

Liz
Olha só quem resolveu aparecer...

Meu coração disparou só de ler o nome de Liam no grupo, não demorou muito e ele
responde a minha mensagem no privado.

Liam
Tive um problema para resolver no hospital e cheguei em
casa agora, queria poder ter ficado com vocês e com você principalmente.

Amber
Entendi... Espero que seu problema
tenha sido resolvido.

Liam
Não foi, mas ainda vai ser. Vou dormir
e você deveria fazer o mesmo.

Amber
É o que vou fazer, preciso estar de pé cedo.
Vou almoçar com Ally e Ben.

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Liam
Bom almoço para vocês.
Boa noite Sunshine, sonha comigo. Amo você.

Sonha comigo? Ele some e o máximo que ele fala comigo é isso?
Amber
Idem. Boa noite, Liam.

Já que é para sermos secos um com o outro, seca serei. Alguma coisa estava acontecendo
para Liam agir dessa forma e eu não estava gostando nada disso.

Eu ainda não tinha vindo à casa de Ally e Ben depois que eles casaram, eles moram em um
apartamento próximo ao Central Park, não muito longe do meu, segundo Ben se fosse comprar
um apartamento ao invés de uma casa, onde seus futuros filhos não iriam ter um quintal para
brincar, então que fosse próximo ao Central Park assim o poupava de trânsito e poderia vir
passear e ensiná-los a andar de bicicleta. Esses eram os planos de Ben e Ally há cinco anos e
olha para eles agora, prestes a realizá-los.
Sou recebida por Ruth que me abraça bem apertado e eu retribuo seu abraço com muito
carinho, Ruth é como uma mãe, não só para mim, mas para Ally também.
— Olha só para você — diz segurando na minha mão e me fazendo dar uma volta. —
Como está muito bonita, minha filha, se não fosse por esses olhos doces e seu cabelo eu não te
reconheceria.
— Ruth eu mudei, entretanto ainda não sei reagir a elogios — falo com as minhas
bochechas coradas e Ruth ri.
— Deveria ser acostumada, vai dizer que nenhum rapaz te elogia? Se não o fazem é porque
são cegos ou eles têm sérios problemas. — Balanço a cabeça e dou risada junto com Ruth que
envolve seus braços em minha cintura e caminha comigo pelo enorme apartamento.
— Sua irmã está tomando banho o menino Ben disse que vem para o almoço, ele fez
questão de vir almoçar em casa o que não acontece sempre.
— É muito amor por minha pessoa não acha?
— Olha só quem chega à minha casa, já com o ego ocupando todo espaço existente — Ally
diz aparecendo na sala e vindo até a mim e me abraça fungando. — Ainda não acredito que você
está aqui.
— Você não vai chorar vai? — pergunto.

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— São os hormônios, estão me deixando assim.


— Sinto pena do Ben e da Ruth.
— Ruth diz a ela que eu não sou uma gravida enjoada.
— É verdade minha filha, Ally ainda não está enjoada, entretanto não posso deixar de
concordar com você, coitado do menino Ben quando ela começar com os desejos — Ruth diz
humorada.
— Eu não estou te entendendo dona Ruth — Ally diz fingindo estar ofendida.
— Eu não quero saber de nada, estou indo para a minha cozinha terminar o almoço de
vocês, ainda tenho que ir para a casa da sua mãe — Ruth diz com as mãos abanando e beija a
minha testa antes de sair da sala.
— E eu não ganho beijo também? — Ally grita da sala e Ruth grita de volta falando que ela
já recebeu o dela.
Sorrio e me sento no sofá.
— Então... como está sendo morar no mesmo prédio que Liam?
— Normal, nada de extraordinário por enquanto.
— Vocês estão se dando bem pelo visto.
Por que Ally sempre presume as coisas já afirmando ao invés de simplesmente perguntar?
— Quase isso, saímos juntos na segunda, ele nos ajudou na mudança na terça e depois disso
não o vi mais, tenho tido mais contato com o Henry que é amigo dele, do que com ele mesmo. —
Dou de ombros, me sentindo desconfortável por não ter o mesmo do Liam.
— Pelo menos vocês não estão se matando, isso já é um grande passo. — Sorri com
expectativas e a olho fazendo careta.
— Não crie expectativas, pois será em vão — falo e ela desfaz o sorriso murchando na
hora.
Nem eu quero criar expetativas, imagina deixar com que os outros criem?
— Eu torço para que vocês se acertem e voltem a ficar juntos, se isso não acontecer vou
apoiar da mesma forma e torcer pela felicidade de vocês.
— Eu sei disso Ally.
— O Ben vai passar por aquela porta em, três, dois. — E a porta se abre revelando Ben
sorridente de terno e gravata.
Olho para Ally tentando entender como ela sabia que ele ia chegar. Nunca consegui me
acostumar com Ben vestindo roupa formal, ele parece um pinguim.
— Ele sempre coloca a chave errada na porta, faz barulho — Ally responde à pergunta que
eu nem precisei fazer.
— Olha se não é a florzinha — Ben diz dando um beijo casto nos lábios de Ally e depois

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bagunça meu cabelo.


— Eu odeio esse apelido — falo entredentes.
— Jura? Mas eu não, florzinha — diz sorrindo irônico.
Eu já perdi a conta de quantos apelidos eu tenho vindo do Ben, os mais usados são florzinha
das meninas superpoderosas e Ariel por causa do meu cabelo, nanica por eu ser a menor entre
eles quando criança.
— Qual a sua idade mental? Deixa-me adivinhar, cinco? — indago sarcástica.
— Meu Deus, vocês dois parem — Ally intervém.
— Você sabia que vai ter duas crianças dentro de casa? — pergunto.
— Eu estou vendo que eu vou ter três contando com você — Ally diz e Ben ri.
— Tá rindo de que seu babaca? — Pego uma almofada e atiro em Ben, acerto em cheio nele
que me devolve e eu a seguro.
— Na próxima não escapa — ameaça, afrouxando a gravata.
— Estou me tremendo de medo. — Balanço as minhas mãos em deboche e Ally revira os
olhos.
— Amor, eu vou ter uma reunião importante na semana que vem, não vou poder ir com
você na consulta, não tem como remarcar?
— Foi muito difícil conseguir marcar com essa obstetra, tive que dizer para a secretária que
era irmã do Liam e com muito esforço ela conseguiu abrir uma exceção para mim.
— Merda. — Ele grunhe insatisfeito. — Eu não quero perder o primeiro ultrassom do meu
filho.
— Não precisa se preocupar, estava pensando em chamar Amber para ir comigo. — Ally
segura à mão dele o confortando e me olha. — Você pode ir comigo na consulta? — pergunta.
— Mas é claro que eu vou, nem precisava pedir Ally — falo sorrindo.
— Então a florzinha vai com você e vai gravar tudo para mim, da entrada do hospital até a
saída.
— Está achando que isso é o que? O nascimento da criança para eu gravar Ally entrando e
saindo do hospital? De menina superpoderosa fui rebaixada a paparazzi agora? — pergunto e
Ally cai na gargalhada junto com Ben.
— Não fica assim florzinha — Ally provoca e eu lhe lanço um dedo do meio.
— Vou ver se Ruth precisa de ajuda que eu estou com fome. — Dou ênfase ao fome e me
levanto indo para a cozinha, deixando os dois idiotas rindo.
— Volta aqui florzinha, você é péssima na cozinha — Ben diz rindo.
Babaca, dois babacas. Coitado do meu bebê que ainda nem nasceu e tem que aturar dois
pais idiotas.

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“Se você pudesse sentir as batidas do meu coração agora


elas te acertariam como uma marreta.”
Sledgehammer – Fifth Harmony

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Amber

A semana passou voando já é sexta-feira, Liz e eu já começamos a trabalhar oficialmente, quer


dizer eu comecei a Liz já estava indo há uma semana. As coisas estão indo bem, entretanto eu
posso dizer que não estou cem por cento satisfeita, eu quero algo inovador e novo no mercado,
embora minha mãe tenha me dito que as peças estão lindas e já vai providenciar a confecção
delas, Liz é claro está ligada nos duzentos e vinte, e está muito animada com esse novo passo em
sua vida.
Hoje eu não fui trabalhar, pois havia combinado com meu pai de ir comprar o meu carro,
mas ele me ligou de última hora desmarcando, então decidi vir à academia e estou saindo dela
agora. Na semana passada Liz e eu fizemos a matrícula em uma academia perto do meu
apartamento mesmo, costumamos ir à noite depois do trabalho, só hoje mesmo que eu vim pela
manhã, comecei com crossfit e corri um pouco mais de meia hora na esteira, resumindo: estou
morta. É uma frase de sedentária, mas é como eu realmente me sinto.
Não vejo o Liam há uma semana, quase duas para falar a verdade, não nos vemos desde a
terça passada — o dia em que ele me ajudou com a minha mudança e após aquela mensagem —
nem mesmo nos cruzamos no elevador, corredor e muito menos na casa da Ally no almoço que
teve lá no domingo com as nossas famílias, não sei se ele está trabalhando muito ou sei lá,
ocupado com outras coisas. Às vezes penso que ele está me evitando já que Henry esteve há dois
dias no apartamento conosco, embora eu quisesse muito perguntar por Liam, não o fiz. Eu moro
na frente do apartamento dele e se ele quisesse me procurar procuraria, não? A verdade é que eu
não sei.
Por falar no Henry, nos aproximamos bastante nesses últimos dias, ele é muito divertido e
não sei como é possível existir uma cópia viva da Liz, da boca deles só sai merda, conversamos
também sobre a irmã dele na qual ele disse sentir muita falta e foi impossível não me sentir
mexida quando ele disse que o Liam sempre esteve ao lado dela a ajudando e ela o ajudando
também, que os dois se ajudaram muito. Liam era o que a mantinha sóbria e quando ele viajava
para visitar os pais, ela tinha recaídas por causa das amizades que tinha. Quando ela veio a óbito,
Liam não estava perto, só recebeu a ligação e não teve tempo de dizer adeus.
Só de pensar nisso meu estômago embrulha e ouvindo o Henry falar sobre isso eu só tive
certeza de uma coisa: a vida é muito curta para desperdiçarmos com coisas fúteis e eu jamais iria
querer partir sem dizer adeus às pessoas que eu amo, desde então venho pensando muito sobre eu
e Liam, só que com esses sumiços dele prefiro não pensar.
Entro no Starbucks e logo sou atendida por uma atendente simpática, peço o de sempre e
logo ela volta com meu maravilhoso frappucino de chocolate, saio do Starbucks já bebendo e
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caminhando pela calçada, reparo nas vitrines das lojas, as roupas me agradam só que todas são
padronizadas, roupas que cabem em mim e em pessoas com o corpo mais o menos parecido com
o meu, mas por exemplo em uma futura Ally grávida não caberia, em uma mulher com uns
quilos a mais também não caberia.
É isso! Já sei por onde vou começar na loja da mamãe, não vou desenhar apenas roupas
com tamanhos únicos padrão serão de todos os tamanhos. Sorrio sozinha na rua com essa ideia e
resolvo apressar meus passos para entrar no prédio, mas me esbarro em alguém antes mesmo de
colocar os pés na entrada do prédio, meu frappuccino cai no chão se derramando em meus pés.
— Droga! — murmuro olhando meu tênis branco e rosa de academia todo sujo de
chocolate. — Você não olha por onde anda não? — Dessa vez falo gritando e levanto meu olhar
para a pessoa que esbarrou em mim e ele está de cabeça baixa limpando seu terno.
— Você sujou meu terno e nem por isso estou surtando, mal-educada — resmunga e
levanta a cabeça me olhando, essa não.
— Tinha que ser você, é cego por acaso? — pergunto em tom áspero
— Também estou feliz por te ver de novo, Amber e obrigado por perguntar, eu estou bem
também e você? Já vi que está ótima — diz irônico.
— Nah, engraçadinho você não? Agora me dá licença Aiden, que eu estou com pressa.
— Por que a pressa, boneca? Você não ligou depois daquela ligação, eu fiquei esperando
uma ligação ou até mesmo uma mensagem que fosse sua.
— Eu andei muito ocupada esses dias Aiden, não tive tempo para muitas coisas, hoje que
eu parei para fazer algo para mim mesma e no momento eu não estou a fim de conhecer alguém
entende?
— Amber, eu quero ser seu amigo e não te levar para minha cama da noite para o dia, que
tipo de pessoa você acha que eu sou? — ele pergunta ofendido e eu me sinto mal por ter
insinuado isso.
— Desculpa é que não sou acostumada com homens próximos a mim querendo amizade se
é que me entende — falo e dou um sorriso de lado.
— Só te desculpo se aceitar sair comigo qualquer dia desses, eu vou te provar que eu não
sou o que você pensa. — Meu queixo cai com essa atitude e ele me olha esperando a resposta,
com uma de suas sobrancelhas arqueadas.
— Não sei se vai dar, tenho que ver — falo mordendo meu lábio em dúvida se aceito ou
não. Meu celular toca em minha bolsa e eu o pego, é Ally, levanto um dedo para ele pedindo um
minuto e ele assente.
— Oi, Ally.
— Amber onde você está? Minha consulta é daqui a quarenta minutos e você disse que me

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encontraria aqui no hospital há vinte minutos e adivinha? Cheguei aqui e estou sozinha.
— Meu Deus Ally, eu perdi totalmente a noção da hora, em vinte minutos eu estarei aí.
— Você é uma péssima irmã e uma péssima madrinha, Amber vem logo essas mulheres
aqui estão me assustando, eu vou enlouquecer — choraminga e eu rio imaginando a cara dela
dizendo isso.
— Tudo bem Ally, já estou indo. Me espera, beijos.
— Vinte minutos Amber, você tem apenas isso.
Encerro a ligação e olho para Aiden que está me encarando.
— Eu tenho que ir, combinei com a minha irmã de ir à consulta com a obstetra dela —
explico.
— E você está atrasada pelo visto? — ele supõe.
— Acertou em cheio e eu ainda tenho que tomar um banho, pegar um táxi e correr para o
hospital, tenho que ir Aiden — falo e saio andando de costas olhando para ele. — Eu te ligo
qualquer dia ok? Eu prometo.
— Não prometa o que não vai cumprir, mas vou esperar — ele fala um pouco alto e eu
entro no prédio.

Nunca tomei um banho e me arrumei tão rápido como fiz agora, quinze minutos. Esse foi o
tempo recorde que eu levei para tomar banho e me arrumar, agora eu tenho vinte minutos para
chegar ao hospital e eu ainda estou sem carro. Se eu tivesse dado ouvidos ao meu pai que insistia
e muito nesses últimos dias para que eu comprasse logo um carro, eu não estaria nessa situação
agora. Eu simplesmente enrolei por pura preguiça, mentira a parte da preguiça, eu passei a maior
parte do meu dia ontem desenhando e vendo séries com Liz, quando ela chegou da empresa da
minha mãe.
Saio apressada do prédio e espero por um táxi na calçada, deveria ter pedido um Uber, bato
na minha testa com o quanto sou lerda e pego meu celular, mas ao olhar a hora vejo que vai ser
em vão pedir um Uber, uma vez que até ele chegar aqui pode ter passado os doze minutos que
me restam.
— Vai uma carona? — Aiden pergunta um pouco mais à frente encostado em um carro.
Penso se vai ser uma boa pegar carona com um estranho, olho para trás para ver se vem
algum táxi e volto a olhar para Aiden, mordo minha bochecha pensando — eu tenho essa mania
— e acabo cedendo.
— Consegue chegar ao Mount Sinai em — olho para o meu celular e vejo a hora —, dez
minutos? — pergunto.

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— Está falando com piloto de fuga — brinca e abre a porta do carro para que eu possa
entrar.
— Que cavaleiro, nem parece que derrubou meu frappuccino em mim minutos atrás —
murmuro e entro no carro.
— Eu te pago outro se esse for o problema — diz com um sorriso presunçoso no rosto e
fecha a porta.
Não o respondo, não quero dar esperança a ele de que vamos sair, eu quero me acertar com
o Liam e se isso acontecer, manter uma amizade com Aiden, sendo ele o rapaz da boate que
despertou uma fúria de ciúmes nele, não é uma opção.
Fizemos o caminho até o hospital em silêncio, chegamos faltando dois minutos para a
consulta.
— Obrigada, fico te devendo uma — falo e em um momento de espontaneidade, beijo o
rosto de Aiden que nem acredita no que eu acabei de fazer. Abro a porta do carro e saio
disparada para dentro do hospital.
Meu celular toca, é Ally mais uma vez. Ignoro sua ligação e peço informações na recepção,
não faço ideia de onde encontrá-la, pego o elevador do hospital e seguindo instruções da
recepcionista, pressiono o botão para o quarto andar. Novamente meu celular volta a tocar e
resolvo atender a ligação sem ao menos ver de quem era o número.
— Ally eu já estou subindo. — Quando termino de falar as portas do elevador se abrem
revelando Ally brava parada na minha frente.
— Não é Ally, mas se for preciso ser a sua irmã para ganhar a sua atenção pode me chamar
de Ally quantas vezes quiser — Aiden brinca.
Saio do elevador e Ally faz gestos com as mãos sem entender e querendo saber quem é.
— Você está muito engraçadinho hoje, eu não estou podendo falar muito, então diz logo o
que você quer — falo acompanhando Ally e me sento na poltrona ao seu lado.
Na sala de espera tem mais quatro mulheres grávidas e Ally olha de uma para outra com
seus olhos verdes azulados arregalados. Seguro a vontade de rir.
— Você saiu correndo e deixou cair a sua chave.
— Deixei? — Abro a minha bolsa e vasculho dentro dela e respiro aliviada ao ver a chave
do apartamento dentro da bolsa. — Se você queria arrumar um motivo para me ligar errou,
minha chave está comigo — falo e ele ri do outro lado da linha.
Olha a foto que eu acabei de te mandar. Depois nos falamos, manda um beijo para a sua
irmã.
— Você é muito abusado mesmo, tchau Aiden.
Encerro a chamada e olho para Ally que pede explicações com os olhos.

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— É um cara que eu conheci na boate na segunda, esbarrei com ele na rua e ele me deu
carona até aqui, disse que eu esqueci a chave no carro dele, mas minhas chaves estão comigo. —
Balanço a minha chave mostrando para ela e a guardo junto com meu celular na bolsa.
— Ele realmente deve estar a fim de você Am, se está insistindo é porque ele gostou de
você — Ally diz no seu tom calmo e delicado. Como ela consegue ser assim? Eu sou totalmente
o contrário dela, sou explosiva e impulsiva, de delicada só a cara mesmo.
— Eu falei para ele que não quero me envolver com ninguém e ele disse que quer ser meu
amigo.
— E então? — indaga curiosa.
— E então o que Ally? — devolvo a pergunta e somos interrompidas pela médica que nos
chama.
— Ally Wheeler? — A médica chama e nós nos levantamos.
— Sou eu — Ally responde.
— Podem me acompanhar, por favor.
Ela nos da passagem para entrar em seu consultório e entra logo atrás de nós fechando a
porta. Sento em uma cadeira e Ally em outra, seguro a sua mão, sei o quanto ela está nervosa por
ser a primeira consulta e Ben não estar aqui a deixa mais nervosa ainda. E isso me faz recordar
do seu pedido de gravar tudo, sem deixar passar nada. Muito babão mesmo.
— Bom dia, senhora, Wheeler? Parente do doutor Liam? — pergunta a médica, se sentando
a nossa frente.
— Pode me chamar de Ally. Eu sou cunhada dele na verdade — Ally responde sorrindo.
— Claro, fico feliz por atendê-la. Então Ally, vejo aqui no seu prontuário que você está
grávida, você tem ideias de quantas semanas você está?
— Não faço a mínima ideia doutora hum... — Ally faz uma pausa e olha para o crachá da
médica. — Zara, tem uma semana que eu descobri que tem uma vida dentro de mim, a ficha
ainda não caiu — responde.
— Entendi perfeitamente, quando fiquei grávida do meu primeiro filho a minha ficha
também não havia caído, só caiu quando o segurei em meus braços — a médica diz, sorrindo. —
Muitas pessoas não notam por estarem menstruando, o que não é o seu caso certo? — pergunta e
Ally nega com a cabeça.
— Graças a Deus — murmuro para mim mesma.
— Graças a Deus o que, Am? — Ally pergunta.
Merda, eu fiz de novo? Tenho que parar de pensar em voz alta.
— Graças a Deus que a sua atrasou e você descobriu, porque você é desatenta e Ben
também. Imagina se não notasse? — minto e ela acredita.

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Graças a Deus por quê? Pôr motivos óbvios, é sinal que ela pode ser casada e convenhamos
Zara é linda, trabalha no mesmo hospital que Liam e como ficou muito óbvio ela o conhece.
Respirei até aliviada agora. Volto a prestar atenção na consulta da Ally.
— Vou pedir para você se trocar e se deitar, vamos descobrir de quanto tempo você está e
ouvir o coraçãozinho do bebê — a médica diz e dá uma camisola hospitalar para Ally que pega e
vai se trocar.
— E você? Está animada para ser titia e treinar para a sua vez? Sua irmã me disse que você
ainda não tem filhos — pergunta simpática.
Como Ally conta minha vida para uma estranha? E onde eu estava com a cabeça que não
prestei atenção nisso?
— Não pretendo ter filhos no momento, na verdade eu nunca fiz planos concretos para ter
um e nem sonhei em ter, soou insensível né? — pergunto e ela nega com a cabeça. — Mas não
vejo a hora de mimar muito a minha sobrinha ou sobrinho — completo sorrindo.
— Entendo você Amber, posso te chamar assim? — pergunta e eu assinto. — Sua irmã
disse que você é mais nova que ela dois anos, na sua idade eu só pensava em estabilizar a minha
vida e nada de filhos por isso entendendo você completamente, mas quando vem é uma alegria,
um amor inexplicável.
— Espero que demore muito para vir então — falo e Ally volta vestida naquela camisola
horrorosa, pego meu celular e tiro uma foto e ela bufa.
— Se você mandar para o Ben eu vou te matar, Amber — diz ao se deitar na cama.
— Tarde demais, fui rebaixada a paparazzi esqueceu? — retruco e me levanto para sentar
na cadeira ao lado da maca onde Ally se deitou.
— Podemos começar? — Zara pergunta.
— Sim, estou ansiosa — Ally responde empolgada.
— Como eu te expliquei, vou fazer uma ultrassonografia e se não conseguirmos ver nada
através dela, vou fazer uma transvaginal.
— Isso não vai machucar o bebê, vai?
— Não Ally, é só outra forma de ver seu bebê e se ele também tem algumas anormalidades,
mas nada com que você deva se preocupar está bom?
— Tá bom — Ally diz apreensiva.
Zara pega um gel e espalha pela barriga de Ally, após terminar de passar ela pega o
aparelho de ultrassonografia e começa a passear com ele pela barriga de Ally que se olharmos
bem já tem um relevo alto.
— Olha o que temos aqui. — Aponta para o monitor e eu pego meu celular e coloco na
câmera para registrar tudo para o Ben. — Temos um bebê de treze semanas já formado, aqui é a

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mãozinha do seu bebê Ally, a cabeça está ali — diz apontando para um borrão que quase não
enxergo direito. — E vamos ver se ele ou ela já quer se amostrar para a mamãe.
— Doutora — interrompo e ela me olha. — Quanto ao sexo do bebê ela não quer saber
agora — olho para Ally que me olha sem entender e eu volto a olhar para Zara —, o pai do bebê
iria querer estar presente, ele não veio hoje, mas não para de encher de mensagens e acho que ele
vai ficar feliz em estar aqui no momento que for revelado o sexo — explico e Ally se lembra de
Ben.
— Como eu pude esquecer-me desse detalhe. — Ela bota a mão na testa envergonhada e
joga a cabeça para trás. — Então Zara, eu vou querer saber junto com o Ben.
— E eu acho que seu bebê também concorda, ele não quer se relevar está esperando pelo
papai, vamos ouvir o coração agora? Eu gosto de deixar o coração por último, muitos pais ouvem
de primeira e acabam se deixando levar pela emoção e não prestam atenção em nada depois, é
muito importante sabermos que nosso filho está saudável e bem formado — explica.
E um som de batidas fortes ecoa na sala, Ally aperta a minha mão e eu a olho sorrindo.
Parece ser besteira, mas quando ouvi o coração do bebê me bateu uma emoção muito forte, eu
nunca pensei que a minha irmã, a pessoa que cuidava de mim, que me dava carinho — além do
Liam — na hora de dormir, vai ter um bebê. E esse bebê terá pais maravilhosos, avós
maravilhosos e a tia mais babona do mundo. Quando dou por mim estou chorando junto com
Ally e o som se cessa.
— Seu bebê tem um coração muito forte, ele é muito forte, eu enviei uma cópia dessa ultra
para a minha residente e vou lá pedir para que ela grave para você levar para o seu marido,
enquanto isso vou dar um tempo para você se trocar e volto para te passar vitaminas, medir sua
pressão. Combinado?
— Sim, obrigada— Ally diz ainda com a voz embargada.
— Não há de que — diz sorrindo e sai da sala.
— Eu vou ter um bebê Am, eu vou ter um bebê — Ally diz e eu acho que só agora ela caiu
em si e viu que realmente tem um bebê dentro dela.
Me levanto e a puxo para um abraço.
— Nós vamos ter um bebê Ally, eu não vejo a hora dele ou dela nascer, titia já ama muito
— falo e Ally chora mais ainda. Hormônios...
Ally já trocou de roupa e agora estamos sentadas esperando por Zara que ainda não voltou.
— Am, quando ela voltar você pode esperar lá fora? Quero perguntar algo a ela e não quero
que seja na sua frente — pergunta.
— O que tem perguntar na minha frente? — pergunto sem entender.
— É constrangedor eu falar sobre sex... — Eu a interrompo com um pigarro.

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— Tá, eu realmente não quero saber sobre você e o Ben transando, ainda mais com meu
sobrinho na sua barriga, eu vou esperar lá fora. — Reviro os olhos só de imaginar as coisas que
ela quer perguntar.
— Eu sabia que você ficaria de qualquer forma mesmo.
— Desculpa a demora, vamos continuar — Zara entra na sala e se senta na sua cadeira.
— Doutora Zara, foi um prazer conhecê-la, eu irei esperar a Ally lá fora agora, se você não
se importa.
— Tudo bem, foi um prazer Amber, pode me chamar só de Zara, aguardo agora você vir se
consultar comigo daqui a um tempo.
Queria dizer que isso não ia acontecer tão cedo ou que nunca ia acontecer, mas não quero
ser insensível de novo e ainda mais na frente da Ally. Então apenas sorrio e saio da sala.
Estou em pé andando pelos corredores do hospital, fiquei sentada o tempo todo naquela sala
e agora que saí não vou sentar e esperar de novo. Eu odeio hospital e estou agradecida por não
ter visto nada que envolva sangue até agora, continuo andando e passo por um corredor e avisto
Liam, penso em ir falar com ele, mas desisto quando uma mulher loira se aproxima toda
sorridente para cima dele. Eu já deveria esperar isso né? Faz uma semana e ele nem se quer me
procurou, talvez agora as coisas façam sentido. Fico observando de longe eles conversando e eles
parecem ser bem amigos, mas a única coisa que me incomoda é a forma que ela está se
insinuando para ele e com a mão em seu braço.
Ignora Amber, apenas ignora.
Meu consciente grita, mas eu não consigo, não depois do que aconteceu e mais ainda depois
dele ter “sumido” talvez ela seja o motivo dele ter sumido de vista por dias.
— Amber, vamos? — Ally fala um pouco distante e acaba chamando a atenção da loira e
de Liam.
Desvio o meu olhar rapidamente antes que ele perceba que eu estava o olhando.
— Sim vamos, por favor — falo a última palavra em um sussurro e acho que Ally não
percebe minha vontade de sair daqui logo, já que assim que nota Liam — que agora está mais
próximo de nós e sem a loira — ela vai até ele.
— Não sabia que você estava por aqui hoje. Se eu soubesse que estaria aqui, teria te
chamado para ir na consulta comigo caso Amber não tivesse chegado a tempo — diz o
cumprimentando com beijo no rosto.
— Eu não faço mais plantões, vou estar por aqui sempre, embora tenho banco de horas
cheio e posso folgar, ainda assim prefiro vir — ele explica sem tirar os olhos de mim, mas não
fala nada.
Idiota, babaca.

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E quando abre a boca para dizer algo Ally já o atropela, obrigada Ally. Me livrou de ouvir
qualquer asneira que fosse da boca dele, se ele quisesse falar comigo já teria dito um oi que
fosse.
— Nós estamos indo almoçar, quer ir com a gente? — Ally pergunta e ele olha o relógio em
seu pulso.
— Meu expediente encerra em meia hora, onde vão almoçar? — Liam pergunta
interessado.
— Nós te esperamos, o que é meia hora para quem ficou quase uma hora esperando uma
pessoa atrasada aí...
— Ally eu vou te esperar no estacionamento, por favor, não demora, eu estou com o corpo
todo dolorido, só quero comer e dormir — falo olhando para Ally, mas não preciso estar olhando
para Liam para saber que seu olhar está em mim.
— Você está passando mal? — O escuto perguntar.
— É de tanto se matar na academia a ponto de esquecer-se da minha consulta — Ally diz e
eu a ignoro dando as costas, só escuto Liam chamar pelo meu nome, mas mesmo assim o ignoro.
Chamo o elevador e cruzo os braços esperando por ele. Ao abrir a mesma loira que estava
com o Liam sai dele.
— Insuportável. — Ouço a voz de Violet, que sorri para mim e me puxa para dentro do
elevador. — O que você veio fazer aqui?
— Ally tinha consulta hoje e eu vim acompanhá-la — explico.
— E não ia nem me fazer uma visita? Poxa feriu meus sentimentos. — Ela coloca mão no
peito fazendo drama.
— Nem me passou pela cabeça que você estaria aqui hoje.
— Só faço plantão às vezes é bem raro fazer, faço para acumular banco de horas também,
vai hoje ao pub com a gente? — pergunta.
Violet, Tyler, Henry e Liz combinaram de sair hoje à noite para beber e como sempre, estou
inclusa.
— Vou, estou precisando mesmo espairecer, quer ir lá para casa? Pode dormir lá também se
quiser — sugiro.
— Tyler combinou de me buscar aqui quando ele saísse do trabalho, vou pedir para ele me
deixar na sua casa então, hoje ficarei com vocês — ela diz animada e eu me animo um pouco.
Violet é muito legal e eu espero que ela e o Tyler fiquem sério mesmo, ele merece uma
pessoa assim, por mais que eles se conhecem há pouco tempo eu sei que com mais tempo eles
podem construir algo.
— Vou avisar a Liz, ela só vai sossegar quando te ver lá em casa já sabe né?

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— Onde que a desliga?


— Até hoje procuro por esse botão... Vi, por que você disse aquilo, daquela garota que saiu
do elevador? — pergunto curiosa.
— Ela é minha amiga, mas às vezes é insuportável, não é algo que você gostaria de saber
— ela diz e para o elevador que só faltava um andar para chegar ao térreo.
— É a tal enfermeira que você havia dito que fica atrás do Liam né? Eu os vi junto Violet,
eu quero saber, eu preciso saber onde eu estou pisando.
— Não é ela, mas eles já tiveram algo. Amber, não se deixa enganar pelo o que viu, ele a
ignora o tempo todo, isso é passageiro quando aparecer alguém mais interessante ela desiste dele
— ela diz dando de ombros e aperta o botão do elevador de novo. — Eu não quero te ver
cabisbaixa, hoje é dia de levantar o copo e gritar cheers drink.
— Não vou ficar, você vai ver — falo determinada e as portas do elevador se abrem.
— Eu vou para cá — ela diz apontando para o lado esquerdo. — E você?
— Estacionamento — informo.
— Nos vemos mais tarde então? — pergunta.
— Nos vemos mais tarde — concordo sorrindo.
Ela sai para um lado e eu por outro a caminho do estacionamento. Avisto o carro de Ally e
ela ainda não desceu. Me encosto no capô do carro e tateio meu celular na bolsa, chego as
mensagens e abro a mensagem de Aiden, realmente esqueci uma chave com ele, reconheci pelo
meu chaveiro da Torre Eiffel e é a do meu escaninho da academia.

Aiden
Ainda acha que foi uma desculpa para te ligar? Se eu quiser ligar só para ouvir a sua
voz ou te dar uma cantada eu ligo, boneca. Já disse que eu não sou como os outros.

Amber
Eu acho graça da sua petulância, quero a minha chave de volta.

Aiden
Que tal a chave, um frappuccino e um pedido de desculpas pelo esbarrão no Starbucks
amanhã? Por minha conta!

Sorrio com a sua mensagem.

Amber

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Você não desiste? Vou pensar no seu caso e se eu for, é claro que é por sua conta, você
que esbarrou em mim e esqueceu-se de acrescentar na sua lista um tênis novo também, o
meu já era.

Aiden
E você manchou meu terno, estamos quites, boneca.

Reviro meus olhos sorrindo e guardo meu celular quando vejo Ally se aproximar com
Liam.
— Está sorrindo sozinha? — Ally pergunta e Liam me olha curioso.
— Pensei que não ia descer nunca — reclamo.
— Você parece uma velha, ninguém merece — diz destravando o alarme do carro.
— Eu encontro vocês no restaurante — Liam diz.
— Se você chegar primeiro escolhe uma mesa descente, você e Amber tem mania de
escolher mesas no fundo que são horríveis para sair depois — Ally resmunga.
— Horrível é você estar comendo e atrair a atenção de todo mundo a sua volta — me
defendo e faço uma careta para ela
— Essa é a minha deixa para me retirar — diz e antes de se virar encara Ally. — Já sei,
mesa descente e blá, blá, blá — termina de falar e caminha até o seu carro.
Suspiro aliviada por ele não ir conosco, entro no carro de Ally e espero por ela.

— Que tensão foi essa entre vocês dois? — Ally começa com seu interrogatório desde já,
reviro meus olhos querendo que ela não insista em falar sobre ele, mas é em vão. — Eu acho
bom você me responder, caso contrário irei insistir até você falar, poxa Am você costumava me
contar as coisas, eu me sinto trocada pela Liz. Eu sinto falta da minha irmã.
Agora ela fez com que eu me sentisse culpada, Ally era a minha confidente, mas depois do
que aconteceu eu me fechei bastante e acabei perdendo esse contato que eu antes eu tinha só com
ela.
— Ok, você venceu. — Ela comemora e me olha sorrindo. — Antes você vai me prometer
que não vai fazer mais perguntas, irei te falar e você vai responder sem perguntas e acabou.
— Sério isso? — A encaro e ela bufa. — Prometo, satisfeita?
— Muito. Nós ficamos na segunda, terça ele sumiu depois que me ajudou com a mudança.
E eu não o vi mais, nem se quer me mandou uma mensagem, então eu mandei e quando ele me
respondeu o achei seco, muito seco. Eu não o via desde então, se ele quer agir como se nada

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tivesse acontecido, azar o dele, porque eu não sou assim e não vou agir assim. Ou ele está dentro
ou está fora, é um ou outro — desabafo e solto um suspiro de alívio.
— Como assim vocês ficaram? E você foi à minha casa no dia seguinte do ocorrido
almoçar comigo e não me disse nada?
— Sério que de tudo que eu disse você só prestou atenção nisso? E qual a parte de sem
perguntas você não entendeu?
— Eu estou frustrada com você ter escondido isso de mim. Você não pediu a minha
opinião, embora eu vou dar mesmo assim. Você está certa e é um direito seu agir dessa maneira,
eu não acredito que ele está agindo assim depois de terem ficado, garota você é um espetáculo
em forma de mulher e acredito que o cara que te ligou não discorda disso, pela voz dele já posso
imaginar que é um homem daqueles.
— Ally! — a repreendo rindo e tenho que concordar ela está mais que certa. Aiden é um
partidão.
— O que foi? Eu só disse a verdade. — Dá de ombros e desliga o carro assim que estaciona
em frente ao restaurante.
— Eu vou aguardar o Ben aqui fora e ligar para a mamãe, se o Liam não estiver lá dentro
escolha uma mesa.
— Você é tão mandona — resmungo e ela me ignora colocando o celular na orelha.
Amo ser ignorada, dou as costas e me dirijo até o restaurante, logo que entro já avisto Liam,
sentado em uma mesa no meio do restaurante, que não está tão cheio assim e eu agradeço por
isso, ando o mais devagar possível até chegar à mesa e solto um suspiro frustrada por ter chegado
tão rápido mesmo andando devagar. Tiro minha bolsa do meu ombro e me sento-me à mesa
colocando a bolsa na cadeira vaga ao meu lado, pego o cardápio o colocando na frente do meu
rosto e ignorando o olhar de Liam, que está sobre mim.
— Eu sei que eu deveria ter ligado, mandado uma mensagem ou até mesmo aparecido na
sua porta, mas esses dias tem sido muito corrido para mim — ele começa se explicando.
Continuo o ignorando e foleando o cardápio, corrido? Pelo o que Maria me disse ele chegou
cedo e que isso vai ser constante agora, o que tem de corrido nisso? Maria esteve em meu
apartamento ontem para levar o prometido bolo de chocolate e ficamos conversando por horas e
ela deixou escapar isso.
— Amber eu estou falando com você — ele diz em um tom ríspido e abaixa o cardápio
revelando meu rosto.
— Que tal “Oi Amber, tudo bem com você? Quanto tempo não?” Mas deixa que eu faça
isso — falo áspera e o olho com desdém. — Eu estou muito bem, obrigada. E você como está?
Não precisa responder, sei que você também está bem e muito bem. O que você estava falando

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mesmo?
— Você só pode estar testando minha paciência. Não finja que não me ouviu, sei que ouviu
— resmunga irritado.
— Não o ouvi, estava entretida com o cardápio pode repetir, por favor? — minto na cara de
pau o observando balançar a cabeça impaciente, mordo meu lábio prendendo minha vontade de
rir. — Não entendo o motivo da sua impaciência, eu que deveria estar não? Afinal eu que fui
ignora depois que passamos a noite juntos, não você. Até porque mesmo se você quisesse ser
ignorado, você não passa despercebido não é mesmo?
Seu olhar se estreita e eu sei que a indireta foi recebida com sucesso. Pego seu copo que
está a minha frente com água e sorrio dando um gole.
Amber 1 x Liam 0.

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“Caso reste apenas um porque você sabe, você sabe, você sabe que eu
te amo eu te amei o tempo todo e eu sinto sua falta.”
Far Away – Nickelback

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Liam

Amber quando quer se torna uma pessoa difícil de lidar e no momento ela está testando a minha
paciência e conseguindo mandar ela para o espaço.
— Eu não te ignorei eu estive ocupado, em breve você vai descobrir o porquê, agora, por
favor, chega desse clima entre nós, eu senti a sua falta.
Eu sei que Amber está dizendo isso por ter me visto com Sienna no hospital. Me envolver
com Sienna foi um erro, ela trabalha no hospital e raramente nos esbarramos e hoje foi um dia
daqueles, ela não fica no meu pé o tempo todo, mas sempre que me vê quer conversar.
— Você o que? Repete, eu não estou ouvindo direito. — Seu tom de deboche me irrita, mas
ignoro não quero brigar.
— Acredite se quiser, não vou repetir nada — falo, dando de ombros.
— Sabe Liam, eu acho irônico que você ficou falando o tempo todo que eu agi como se o
beijo que aconteceu em Hamptons não tivesse acontecido. Agora você faz a mesma coisa, me diz
o que te torna diferente de mim em relação a isso ou com você isso não vale?
— Eu não estou fingindo que nada aconteceu, só estou esperando um momento para
conversamos e ainda não ficamos sozinhos para que isso acontecesse, estamos a sós agora, mas
daqui a pouco não vamos mais estar e isso não é algo para se conversar em poucos minutos.
— Se você diz...
Chamo o garçom que está passando no momento e peço mais uma água.
— Cadê a Ally?
— Disse que ia esperar Benjamin e se ele não chegou, ela ainda deve estar no telefone com
a minha mãe.
— Está sem carro? — pergunto já que não a vi de carro e Ally disse que ela chegou em
cima da hora, como a vi esperar Ally no carro presumo que esteja sem.
— Eu não entendo muito de carros, não preciso explicar porque você sabe disso... Pretendo
ir logo escolher um, não aguento mofar à espera de um táxi e Tyler não é obrigado a ser meu
motorista e de Liz.
O garçom retorna trazendo a água que eu havia pedido e noto seu olhar de cobiça em
Amber, solto um pigarro chamando sua atenção para mim e ele se afasta da mesa.
— Posso te dar uma carona quando formos embora e se quiser eu vou com você escolher
um carro. Convenhamos, você além de não entender de carro, tem mau gosto.
— Tenho mau gosto mesmo, você que o diga — atira e me dá um sorriso cínico.
Coloco a mão no peito fingindo ofensa, é até engraçado Amber na defensiva.

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— Não achou mau gosto quando estava em baixo de mim gem...


— Demoramos? — Ally me interrompe e Amber me fuzila.
— Nenhum pouco — respondo a olhando se sentar com Ben ao lado, que está com a pasta
da ultrassom em mãos.
— Sobre o que estavam conversando?
— Sobre o quanto Amber ge... Au! — Amber havia chutado minha perna.
— Sobre carros, estávamos conversando sobre carros — Amber finaliza.
— Seu pai já comprou seu carro sereia, hoje na empresa ele estava falando com Tyler sobre
isso.
— Podemos pedir? — Ally pergunta olhando o cardápio e eu concordo com a cabeça.
— Graças a Deus, me poupou de escolher algo que eu não sei.
— Já disse que você tem mau gosto é só questão de tempo para aprender a ter bom gosto
por carros — volto a falar dando de ombros e dou um gole na minha água e Amber chama o
garçom de novo.
— Eu tenho o que? — questiona e sinto seu pé se deslizando pela minha perna e parando
em cima do meu pau.
Não. Por esse caminho não, Sunshine.
— Tem mau gosto — repito e ela mexe seu pé em cima dele.
— Repete.
— Vo-você... — gaguejo sem conseguir terminar a frase.
Era impossível com o pé de Amber se movendo em cima do meu pau, que agora por causa
dela está duro e eu claro excitado. Seguro seu pé e tiro ele de cima de mim, ela sorri vitoriosa e
se vira para o garçom que anota o pedido de Ally.
— Eu desisto de tentar ver isso aqui, só tem um borrão, cadê meu filho? Liam me mostra
onde está meu filho nesse papel aqui, só estou enxergando riscos.
Amber solta uma risada acompanhada de Ally e eu me seguro para não rir, Ben continua
tentando decifrar a ultrassom e eu pego da sua mão e viro ao contrário, estava de cabeça para
baixo.
— Está vendo esse círculo aqui? — pergunto apontando para a foto e Ben assente. — É a
cabeça do bebê, isso aqui é o pé... mão e ele não está com as pernas abertas para sabermos o
sexo.
— Você explicando assim parece ser fácil, por que não me explicou antes se viu que estava
de cabeça para baixo?
— Estava engraçado ver você tentando ver isso.
— Você é um idiota.

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— Vocês podem escolher o que querem? Eu estou com fome e seu filho também — Ally
resmunga.
Faço meu pedido e presto atenção no assunto de Amber e Ally.
— Vocês não pensam em morar em uma casa? — Amber pergunta.
— Não, eu gosto de apartamento e já estou acostumada, Ben também prefere, foi escolha
nossa.
— Por que a pergunta cabelo de fogo, não gostou do nosso apartamento?
Dou risada da forma que Ben a chama, sem querer acabo roubando sua atenção.
— Apelido novo? Que eu me lembre fui rebaixada a paparazzi.
— Que eu saiba te fiz uma pergunta — ele a ataca.
— Você é um babaca! Respondendo a sua pergunta eu gostei do apartamento, só que sei
lá... Quando eu tiver um filho e espero que demore muito para isso, quero uma casa, que tenha
um quintal grande para ele brincar e correr, não que eu não vá leva-lo ao parque para passear ou
brincar. Mas para ele ter um lugar em casa para brincar livremente com seus brinquedos, jogar
bola, essas coisas.
— Seu futuro marido, ou seja, meu irmão aqui — Ben aponta para mim com o dedo. —
Curte um apartamento e uma cobertura, acha que o filho de vocês vai brincar onde, palito de
fósforo?
Nós já conversamos sobre filhos antes, mas não sobre isso, ela nunca me contou essa
vontade.
—E quem disse que ele vai ser meu marido? — contrapõe e eu a olho, ela tem um sorriso
provocativo no rosto e embora essas palavras causaram algo em mim que não sei decifrar, sei
que ela está de birra com Ben.
— Benjamin e Amber, chega disso — Ally intervém os cortando e eu queria ver até onde
isso iria.
Em outra hora irei perguntar se existe um pingo de verdade no que ela havia dito.
Por ora, Amber e Ben se calaram.
— Lembram-se da caixa que enterramos em Hamptons? — pergunto mudando o assunto,
Ally estreita seu olhar em minha direção.
— Mas isso tem muito tempo — Ben responde.
— Acho que já passou da hora de desenterrarmos ela — concluo.
— Mas nem sabemos se ela ainda está no mesmo lugar, faz tanto tempo — Ally diz.
— Não custa tentar, eu quero muito ver o que tem lá, eu não lembro o que coloquei —
Amber comenta.
— Não precisa nem ver para saber que tem algo relacionado a Liam, cabeça de fósforo —

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Ben provoca.
— Que tal você calar a boca? — falo sugestivamente para Ben.
— É Ben, ouve o seu irmãozinho cala a boca. Então, podíamos ir no próximo final de
semana — Amber sugere.
— Por mim tanto faz, podemos ir qualquer dia — Ally dá de ombros. — Até que enfim a
comida está vindo, eu estou com muita fome.
— Normal, você e Amber sempre estão com fome — Ben cutuca.
— Você está insinuando que nós comemos muito? — Amber pergunta erguendo sua
sobrancelha.
— Você que está dizendo isso, não eu...
— Acho bom mesmo que você não esteja insinuando isso, caso contrário, esse vai ser o
único filho que você vai ter feito e você não quer isso não é mesmo? — ela diz em toma de
ameaça.
Ben ri debochado e Ally bate palma aliviada quando o garçom coloca nossos pratos na
mesa e eu olho para o de Amber, só tem saladas. Quem se alimenta só com folhas?
— Você vai comer só isso? — pergunto.
— Sim, é o suficiente para mim. Vou voltar com a dieta que fazia em Londres, preciso
manter meu corpo senão já era, eu como muito quando estou ansiosa então se eu não me
controlar viro uma bola.
— Eu acho que você deveria ir ao nutricionista primeiro — Ally tira as palavras da minha
boca.
— Concordo com Ally, pelo menos coma algo reforçado no almoço e algo leve no jantar,
falta proteína nisso ai — falo receoso que Amber dê um fora tanto em mim quanto em Ally, ela é
cabeça dura demais, ainda mais com médico.
— Vocês dois são muito chatos, mas eu vou a um nutricionista, só não quero comer nada
pesado já que vou beber mais tarde, quero evitar de comer algo que venha me fazer mal — ela
explica.
— Vaca come capim mesmo, deixe-a comer em paz — Ben se intromete fazendo Amber
bufar e tacar uma bolinha de papel que não sei de onde ela tirou nele.
— Eu só não jogo esse capim na sua cara porque é desperdício.
— Às vezes eu me pergunto como vai ser Ben e Amber com essa criança quando nascer,
vou cuidar de três crianças, só você para me salvar — Ally diz sorrindo para mim.
— Sou o melhor cunhado do mundo, diz ai.
— Menos, me lembrem de nunca alimentar o ego do Liam.
— Muito engraçado Ally, muito engraçado.

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Olho para Amber que come satisfeita a sua salada e sorrio, até comendo ela é linda. Eu sou
um otário mesmo, por tê-la perdido.

Terminamos o nosso almoço e agora estamos indo em direção ao estacionamento, Ally e


Amber estão tagarelando sobre roupas, Ben foi embora primeiro já que tinha uma reunião hoje
com uma marca que a empresa vai patrocinar. Marcamos de ir a Hamptons no próximo final de
semana já que Amber quer levar Liz, Tyler, Violet e Henry.
— Amber quer carona? Já que vamos para o mesmo lugar e Ally... — Não termino de falar
ela me interrompe.
— Ally se importa se eu for embora com Liam? — pergunta e eu olho para Ally pedindo
com os olhos para ela negar.
— Não, é até melhor para mim eu estou um pouco cansada — diz sorrindo e abraça Amber,
me olha e eu leio seus lábios: — Está me devendo uma.
Se eu contar quantas coisas Ally me deve nem se compara ao que ela fez por mim agora.
Espero Ally e Amber se despedirem e puxo Ally para um abraço e deposito um beijo em
sua testa.
— Cuidado no caminho e cuide bem do meu sobrinho.
— Já estou cuidando muito bem dele, hoje vou começar a tomar as vitaminas — diz e beija
meu rosto se afastando. — Dirija com cuidado e eu amo vocês.
— Nós também amamos você — Amber responde.
— Eu não me lembro de ter dito que a amava, está respondendo por mim por quê?
— Eu sei que você me ama Liam, só não me ama mais que ama Amber, mas ama — Ally
grita abrindo a porta do seu carro e antes de entrar pisca para mim.
Ally manobra seu carro e antes de dar partida buzina acenando, seguro a mão de Amber
entrelaçando nossos dedos e ela tenta se soltar, mas não a deixo fazer isso.
Caminho de mãos dadas com Amber até onde meu carro está estacionado e agora deixo que
ela afaste sua mão da minha, destravo o alarme do carro e quando Amber vai abri-lo eu travo
novamente e ela se vira para me encarar irritada, me aproximo dela em poucos passos e ela recua
para trás, suas costas batem na porta do carro e eu coloco meus dois braços ao redor para impedir
que ela saia.
— Abre logo essa merda Liam, eu quero ir embora — resmunga.
— Acha que eu vou deixar passar o que você fez lá dentro? — pergunto e aproximo meu
rosto do seu pescoço e deslizo meus lábios pela sua mandíbula, traço um caminho até o lóbulo da
sua orelha a ouço ofegar. — Vai ter volta, mas antes vamos conversar — falo e mordo o lóbulo

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de sua orelha.
Amber solta um suspiro baixo e para finalizar, humedeço meus lábios com a língua e deixo
um beijo molhado no pescoço e me afasto sorrindo, me dando por satisfeito. Isca mordida
Sunshine.
Destravo o alarme do carro e a encaro.
— Agora pode entrar, sereia.
— Até você? Vai se foder Liam — grita e abre a porta entrando no carro e a batendo com
força de propósito.
Cerro meus dentes e dou a volta no carro e entro. Amber está com um sorriso provocativo
no rosto e eu já sei que isso só acabou de começar.

Abro a porta do meu apartamento e puxo Amber comigo antes que ela fuja para o seu,
caminho com ela até o sofá e me deito sobre ele a puxando para se deitar junto comigo, seu
queixo está apoiado em meu peito e ela me encara.
— Está com sono? — pergunto.
— Não, só quero ficar deitada aqui um pouco, está confortável — responde deitando a
cabeça em meu peito e eu mexo em seus cabelos.
— Quer perguntar alguma coisa?
— Não sei se quero saber as respostas.
— Esse sofá é pequeno para nós dois, vem. Vamos para o quarto e eu vou te dar as
repostas, mesmo que não pergunte.
Espero que ela se levante e faço o mesmo, seguimos para o meu quarto e Amber se deita na
minha cama enquanto eu tiro minha roupa e fico apenas de cueca. Estou com cheiro de hospital e
preciso mais do que nunca de um banho, entretanto quero tirar essa cara emburrada de Amber, as
chances de entrar no banheiro e ela sair pela porta são grandes se ela continuar assim e eu não
quero que ela vá embora.
Apoio meu joelho na cama e puxo Amber pelo calcanhar e inclino meu corpo sobre o dela
ficando entre suas pernas.
— Pode começar a perguntar — falo e roço a minha barba em seu queixo.
— Se você continuar assim vou acabar não me concentrando na pergunta, embora eu sei
que você sabe do que se trata.
— Sienna.
— Então nome dela é Sienna? Gosto peculiar o seu por nomes não? Brianna, Sienna e a
próxima qual vai ser? — diz com sarcasmo e eu acho graça.

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— Amber, a próxima se chama Amber. E ela de longe é a melhor coisa que eu já tive em
minha vida.
— E Sienna? — pergunta.
— Amber, antes de qualquer coisa quero que saiba que isso foi antes de você voltar tudo
bem? — Ela assente enquanto passa a mão em meu rosto. — Eu e Sienna tínhamos um rolo, não
da forma que você está pensando, nunca namorei depois de você. — Toco sua testa enrugada e
ela suspira aliviada. — Nós ficávamos uma vez ou outra, nada, além disso. Ela se apegou e era
impossível não nos encontrarmos no hospital, eu sempre deixei mais que claro que nutria
sentimentos por alguém e que não queria me envolver em relacionamento algum, decidi colocar
um ponto final nas expectativas dela antes de ir a Hamptons e desde então não ficamos mais.
Amber eu amo você e nunca quis que alguém ocupasse o seu lugar.
— E por que você sumiu desde terça-feira? E quando me respondeu foi todo seco, por que
aquela atitude? — questiona ainda na defensiva.
— Eu estava de cabeça quente por causa de uns problemas e essa semana foi bem corrida
mesmo, sobre ser seco mal chego em casa e tenho que ficar lendo aquelas baboseiras de vocês no
grupo. Você teve interesse no Henry? — pergunto a olhando sério e ela ri da minha cara.
— Henry? Fala sério, ele é lindo e eu realmente achei ele aquilo tudo — faz gestos com a
mão tentando explicar o tamanho em si do Henry —, mas ele não faz meu tipo, eu gosto de
homens tatuados, morenos, com uma boca carnuda. — Traça seus dedos pelo meu lábio e puxa
meu rosto para si o aproximando do seu. — Que tenha doutorado e seja incrivelmente sexy de
jaleco.
— E esse homem é merecedor de você? — pergunto, passando meus lábios no dela e
entrando em seu jogo.
— Isso as atitudes dele que me dirão conforme o nosso tempo juntos, mas no momento eu
quero correr contra o tempo e aceitá-lo de corpo e alma.
— Eu sei que eu te prometi muitas coisas e muitas delas não foram cumpridas, mas no
momento eu não posso te prometer muita coisa, mas te ofereço sem medo todo o meu amor.
Amber sorri e toma meus lábios em um beijo apaixonado, sua língua colide com a minha e
traçamos uma briga de quem domina mais, suas mãos estão inquietas se deslizando pelas minhas
costas e indo até a minha nuca me provocando arrepios, ouço-a suspirar quando pressiono meu
corpo no dela, interrompo o beijo e abro os olhos encarando uma Amber carrancuda, sorrio e
beijo seus lábios.
— Eu preciso de um banho, estou com cheiro de hospital e se continuarmos... Bom, você já
sabe.
— E se eu te acompanhar no banho? — pergunta sugestivamente com um sorrisinho

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pervertido no rosto.
— Eu não sei o que você fez com a antiga versão da Amber, mas posso me acostumar com
essa sua nova versão atrevida.
— Ela continua aqui, só cresceu.
Me levanto e seguro na mão de Amber a levantando da cama e a puxando para mim,
encosto nossas testas e beijo a ponta do seu nariz.
— Não cresceu tanto assim, ainda sou maior que você. — Meço nosso tamanho e ela ri.
— Muito engraçado, falou o gigante, você é um idiota.
— Você fica muito mais bonita quando está com a boca na minha, então me deixe fazer as
honras.
Beijos seus lábios macios, enquanto vou a empurrando para trás, andando em direção ao
banheiro.
— Se isso foi uma tática para me fazer parar de te chamar de idiota, precisa mais do que
isso — provoca, mordendo meu lábio e passa suas unhas pelo meu peitoral.
— Você é uma diaba, Amber. — Tiro a sua blusa jogando em algum canto do banheiro
assim que entramos nele.
— Posso ser o que você quiser. — Ela se afasta, liga a torneira da banheira e volta sua
atenção para mim e começa a tirar o restante de suas roupas.
Solto um grunhido e sinto minha boca salivar, quando foi que Amber ficou tão ousada
assim? Eu me lembro dela ser tímida em relação a sexo e até mesmo em ficar nua na minha
frente. E olha agora... Está se despindo na minha frente e eu estou tão duro e sedento por ela, mas
não quero levar as coisas hoje para o lado do sexo. Não quero que ela se sinta da mesma forma
que sentiu esses dias e o que temos não é só sexo. Amber é a mulher da minha vida e eu não sei o
que eu fiz para merecê-la e ainda merecer uma segunda chance de fazer as coisas certas dessa
vez.
— Porra Amber, você não sabe o quanto eu estou me segurando para não voltar com você
para o quarto e te jogar na cama ou te fazer minha aqui mesmo.
— Eu sei, mas guarde sua vontade para outro dia ou mais tarde, só vamos tomar banho. —
Pisca e sorri para mim provocativa.
Amber é uma diaba e vai ser o meu inferno.
— Vai ter volta e vou cobrar em dobro por isso e pelo que fez no restaurante.
— Eu não sei do que você está falando.
Vamos jogar Amber.
Puxo o cós da minha cueca boxer e a deslizo pelas minhas pernas, olho para Amber que
está prendendo seu lábio com o dente e sorrio vitorioso, provou do próprio veneno.

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Passo por Amber, entro na banheira e deito minha cabeça no encosto da mesma e fecho
meus olhos, vamos ver quem morde a isca primeiro. Embora eu queira tomar banho para relaxar,
mas com Amber aqui não sei se, ela e relaxar combinam na mesma frase. Sinto respingos de
água bater em meu rosto e as costas de Amber se encostar em meu peito, abro minhas pernas
para que ela se acomode no meio delas e passo meus braços em sua volta. Amber remexe
encostando sua bunda em meu pau e eu solto um suspiro.
— Saiba que sua provocação não funcionou.
— Não mesmo? Eu estava de olhos fechados, mas podia sentir seu olhar de cobiça em mim.
— Nem estava te olhando.
— Vamos fingir que eu acredito e que eu não te provoquei nenhum pouco.
— Que seja. — Dá de ombros e deita sua cabeça em meu peito.
Pego o sabonete líquido e passo pelo ombro de Amber, deslizo minha mão pelo meio dos
seus seios indo até a sua virilha e subo novamente a minha mão. Observo Amber apertar suas
pernas e ouço um gemido baixo escapar da sua boca.
— Aquilo que você falou no restaurante é verdade ou só foi para provocar o Ben? —
pergunto enquanto continuo a ensaboando.
— Sobre você ser o pai dos meus filhos? Um pouco dos dois.
— Explique isso — peço e ela se vira para mim se sentando em meu colo.
— Assim você não ajuda.
— Eu não penso em ter filhos — diz me ignorando. — Antes eu pensava, mas não agora, se
acontecer por mim tudo bem. Mas por escolha minha? Não, eu não quero agora. Eu amadureci
bastante, eu descobri que eu não tenho que colocar a minha felicidade na mão de uma pessoa,
isso é errado. Eu tenho que me amar. E o motivo para ser sincera é que se dessa vez não der certo
Liam, não terá outras vezes, não haverá mais chances para você. Eu te amo, eu o amo tanto que
eu estou me permitindo estar aqui com você agora, o amo a ponto de dizer que por você eu teria
filhos se for a sua vontade, que com você eu tenho essa vontade, mas eu não sei do amanhã,
Liam. O amanhã não nos pertence, então, por favor, faça valer a pena, não transforme essa
chance que eu estou dando para nós em um erro, não me faça achar que aceitar você na minha
vida de novo foi outro erro, faça valer a pena cada minuto, porque eu quero fazer valer a pena a
minha vida toda com você. Eu quero reconstruir minha vida e meu tempo perdido com você,
eu... eu não suportaria me machucar de novo, eu só quero você e quero que me queira também.

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“Eu vou fazer você sentir esse amor, fraquejar em seus joelhos beijar
seu corpo desde sua cabeça direto até seus pés.”
Ride – SoMo

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Amber

— Eu a quero Amber, eu a quero muito mais do que queria há cinco anos, perder você foi como
se parte de mim tivesse ido junto. Eu não tinha vida até terminar a faculdade, eu só vinha visitar
meus pais e voltava para casa, minha rotina era faculdade e casa. Eu evitava olhar nos olhos dos
seus pais, pois me sentia culpado pela dor da saudade que eles sentiam de você, quando a família
se reunia lá estava seu lugar vago, os primeiros meses que você se foi foram os piores meses da
minha vida, eu reprovei um semestre e por ser um bom aluno o professor me deu uma nova
chance, eu vim embora por você. Eu prometi que não desistiria de você e ao menos essa
promessa eu cumpri, cá estou eu ainda querendo você, ainda amando você. Eu nunca desistiria
de você nem mesmo se eu quisesse Amber, você é a pessoa mais importante da minha vida e eu
quero ter filhos com você, quero a casa dos seus sonhos. — Liam diz colocando uma mecha do
meu cabelo atrás da orelha e faz uma pausa para beijar uma lágrima que escorre pelo meu rosto.
— Quero ver a nossa menininha dos olhos verdes como os seus correndo pela casa, quero ver o
nosso menino jogando bola e acertando suas coisas e você gritando por cada caco quebrado, eu
quero fazer de você à mulher da minha vida oficialmente um dia, porque a mulher da minha vida
você já é. Eu quero tudo isso, mas no seu tempo. Eu só quero estar com você seja como for.
Não havia palavras que explicassem o que eu senti ao ouvir tudo isso de Liam, era um
misto de felicidade com desejo, com coisas que eu nem sei explicar ao certo. Só sei sentir.
— Eu amo você.
— Eu amo que você me ame, porque eu sou louco por você, Sunshine — diz sorrindo e
deixa um beijo casto em meus lábios.
Agora eu sei que estou no meu lugar favorito, lugar de onde nunca deveria ter saído, o meu
lar. Os braços de Liam.
A verdade é que eu me sentia culpada por parte do que aconteceu conosco, eu que terminei,
eu que me senti traída. Penso que se eu tivesse parado para escutá-lo nas vezes em que ele me
procurou nada do que aconteceu no casamento de Ally e Ben teria acontecido. Nós poderíamos
ter resolvido tudo isso e estarmos juntos até hoje ou não, mas tudo o que eu passei me levou a ser
que eu sou hoje. Mas aconteceu e agora temos a chance de mudar isso e recomeçar tudo de novo.

Esse foi o banho mais demorado que eu já tomei na minha vida — e olha que todos meus
banhos são demorados — foi impossível resistir a Liam me provocando entre os beijos e
acabamos transando, ou melhor, como disse Liam, no banheiro nós fizemos amor, no quarto nós
fizemos sexo.
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Agora estamos deitados na cama, os braços de Liam me apertam em seu corpo, eu me sinto
uma idiota no momento, pois não consigo tirar o sorriso que está estampado em meu rosto.
— Quais são seus planos para sábado?
— Por enquanto, nada por quê?
— Quero te levar a um lugar.
— Que lugar? — pergunto e me viro para olha-lo curiosa.
— Segredo, por ora o que acha de aprender a jogar sinuca? — propõe mudando de assunto.
— Não vai adiantar eu insistir para me contar certo?
— Você é uma mulher muito sábia.
— Você é um homem insuportável — devolvo. — Bom, vamos jogar né.
Dou de ombros e levanto da cama.
— Para de olhar para a minha bunda — repreendo Liam que olha descaradamente para a
minha bunda, eu estou vestindo apenas uma blusa dele e minha calcinha.
Liam se levanta vindo em minha direção me pegando no colo e me joga em suas costas de
cabeça para baixo.
— A visão daqui está interessante, porém — falo olhando para a bunda dele e a aperto. —
Me coloca no chão agora, eu vou acabar vomitando.
— Mas já vai vomitar? Nem saímos do lugar ainda — diz e dá um tapa em minha bunda me
fazendo soltar um gemido. — Preparar, apontar...
— Liam não!
Grito, mas já é tarde demais, Liam sai correndo disparado comigo de cabeça para baixo,
fecho meus olhos e tapo a minha boca. Odeio quando ele faz isso, isso sempre me deixou
enjoada porque ele corre me balançando de um lado para o outro, de propósito é claro.
Entramos no enorme cômodo que fica a sinuca, uma mesa de pebolim e um tiro ao alvo
pendurado na parede, mas o que me chamou a atenção é o bar com uma adega que tem ali.
— Não entendi porque o seu apartamento é maior que o meu.
— Meu apartamento não é maior que o seu, apenas fiz uma reforma e desfiz de um quarto
durante a reforma, o que o faz parecer maior que o seu. E pelo o que eu sei você continua com
todos os quartos e do jeito que os antigos moradores deixaram — explica indo até o suporte para
tacos pegando dois.
— Primeiro antes de tudo, é a escolha dos tacos, você tem que sentir o peso deles, se você
sentir pesado você escolhe outro até que o peso dele te agrade. Segundo o tamanho, tem que
conciliar tamanho e peso. E terceiro confie no seu taco — explica e se aproxima medindo o meu
tamanho com o taco e estende ele para mim que pego de bom grado. — Segura e faça
movimentos com ele, o tamanho está ótimo, mas veja o peso em suas mãos. Leve ou pesado?

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Faço o que ele pede, movimento o taco em minha mão e não vejo diferença, não está leve e
também não está pesado. Está normal.
— Nada de diferente, é normal.
— Não está sentindo ele nem leve e nem pesado? — Nego com a cabeça — Confortável
pelo menos?
— Acho que sim, não me incomoda — desdenho.
— Então vamos começar com esse e caso não te agrade podemos escolher outro até você se
sentir confortável com um.
— Está bom esse mesmo — falo e me viro para a mesa de sinuca e ouço Liam rir atrás de
mim — O que foi? — pergunto sem entender o motivo da risada.
— Você está segurando o taco errado, como se estivesse prestes a jogar hóquei. Vou te
ensinar.
Ele deixa seu taco encostado na mesa de sinuca e me vira de frente para mesa de sinuca
novamente, encosta seu corpo no meu segurando em minha cintura e desliza seus braços pelos
meus e segura na minha mão por cima do taco.
— Agora inclina um pouco seu corpo para baixo — murmura em meu ouvido. E eu me
curvo sobre a mesa fazendo o que ele pede. — É assim que se segura.
— Se a sua intenção é ficar atrás de mim para me instigar está funcionando. — Dou uma
cotovelada nele e me afasto indo para o outro lado da mesa. — E agora o que eu faço?
— Apenas olha e presta muita atenção.
Observo Liam se inclinar sobre a mesa de sinuca com o taco em mãos e espalmar sua mão
esquerda sobre a mesma, posiciona o taco em apoio na sua mão esquerda mirando a bola de
bilhar branca e puxa o taco para trás, presto atenção em cada movimento que ele está fazendo e
vejo que ele para me observando, me dá um olhar e sorriso desafiador.
— Escolhe uma bola — pede e eu olho para o triângulo que contém quinze bolas.
— A azul. — Seu sorriso aumenta e eu ergo a minha sobrancelha, tá achando que é a bola
azul da frente, iludido. — Azul número onze, meu amor — falo irônica, eu escolhi a última bola
da ponta do triângulo.
— Não é um desafio para mim, posso acertá-la sem problema algum. — Ele continua me
olhando e dá um puxão com o taco e o desliza sobre seus dedos, sem tirar os olhos de mim.
Acompanho a bola que bate em uma ponta a outra, esbarra em algumas bolas e acerta a
maldita bola número onze. Engulo em seco com a sua jogada. Ele é bom.
— É assim que se joga — diz vindo em minha direção sorrindo.
— Você vai ter que me ensinar fazer isso um dia — falo apoiando meu queixo no taco.
— Tente você agora, você vai conseguir. — Me incentiva e acena para a mesa.

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Me inclino sobre a mesa e posiciono o taco como Liam havia me ensinado, foco a minha
vista na direção da bola branca e depois de mirar na bola verde que era a mais próxima para
acertar, puxo o taco, meu braço foi para a frente e o taco deslizou por entre meus dedos,
acertando a bola branca, que por sua vez avançou, batendo em todos os cantos da mesa e em
nenhuma bola, a bola continuo rolando pela mesa e caiu no buraco. Escuto a risada de Liam que
agora está no bar pegando algo para beber.
— Não tem graça seu babaca — exclamo e ele ri mais ainda.
— Um dia você vai ficar boa Sunshine, irei treiná-la para isso.
— Eu não quero mais jogar. — Cruzo meus braços em meu peito e Liam caminha em
minha direção com uma cherry coke na mão e beija meus lábios.
— Desfaz esse bico perdedora, vou te transformar em uma ganhadora e depois você vai
jogar com o Henry e ganhar dele por mim. — Vamos continuar, a prática leva a perfeição.
— Tudo bem.
Liam voltou até a mesa e abaixou o taco, ensaiou uma vez a tacada e acertou com força a
bola branca. Ela atingiu a verde que eu havia escolhido e bateu em mais duas bolas para dentro
da caçapa.
— Agora é oficial, não quero mais jogar. — Jogo meus braços para o alto soltando o taco
de minha mão e o seguro antes que ele caia no chão, ando até o suporte e guardo o taco. — Não
nasci para jogar isso.
— Que feio dona, não sabe perder, cadê o seu espírito esportivo? — zomba e faz mais uma
jogada.
— Não me lembro de ter tido um dia.
Ando até ele e encosto-me à mesa observando sua atenção na mesa e mais uma vez ele
acerta outras bolas.
— Eu acho que você deveria ser mais paciente, treinar mais se quiser — diz, me puxa para
si colando seu corpo ao meu e me levantando pela cintura me pondo sentada na mesa, abro as
minhas pernas e o acômodo entre elas. — Eu vou gostar de ser seu professor particular —
pondera deslizando sua mão pela minha perna.
— Vou pensar no seu caso, o que eu ganho aceitando isso? — pergunto estalando minha
língua no céu da boca, deslizo minha mão pelo seu braço tocando em sua tatuagem e traçando ela
com meu dedo até o seu peito.
— A recompensa é você que escolhe, mas acredito que saiba que será muito bem
recompensada. — Seus lábios traçam caminhos pelo meu pescoço e deslizam em direção a
minha boca.
— Então você é ciente de que irei cobrar por isso — falo com meus lábios próximos aos

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seus, passo a minha língua pelo seu lábio e sorrio.


Liam me beija e eu recebo seus lábios de muito bom grado, dando passagem para a sua
língua entrar em minha boca, laço a minha língua na sua e aprofundo mais o nosso beijo, minhas
mãos deslizam pelo peito nu de Liam enquanto as suas estão tocando em minha virilha e a
apertando, prendo-o entre minhas pernas o puxando mais para mim, mas por causa da mesa não é
possível. Eu estou tão excitada quanto antes, eu o quero e não vai ser a mesa que vai impedir isso
de acontecer.
A mão de Liam afasta a minha calcinha para o lado e passa o dedo em minha intimidade e
dedilha o meu clitóris me fazendo gemer entre o nosso beijo, seus dedos atrevidos abrem meus
grandes lábios e se aprofundam entre eles, deslizando para cima e para baixo, espalhando a
umidade. Eu estava sedenta pela atenção dele, instantemente mordo seu lábio e subo minha mão
direita, até seus cabelos os apertando entre meus dedos, Liam afunda seus dedos me penetrando e
eu solto um gemido alto, sentindo seus dedos entrando e saindo com flexibilidade e eu contraio
minha intimidade em seus dedos.
Sua boca desce sedenta pelo meu pescoço, ele passa a sua língua em círculos, chupa e
morde, jogo minha cabeça para trás dando mais acesso ao meu pescoço e puxo seu cabelo.
Desfaço o laço de minhas pernas em sua cintura e deslizo uma de minhas pernas pela sua e subo
tocando em seu membro, com meu pé puxo o cós de sua boxer e com um pouco de dificuldade
consigo descê-la com meu pé. Liam cessa o movimento dos dedos dentro de mim e me pega em
seu colo caminhando com certa dificuldade pela sua boxer estar até o meio de suas pernas, dou
risada e ele me encara.
— Está rindo porque não é você né — diz se desfazendo da sua cueca e a afastando para o
lado com o pé.
— Comigo isso não aconteceria, você já teria retirado a minha calcinha antes que isso
pudesse acontecer.
Ele se senta no sofá, me sentando em seu colo deixando minhas pernas uma de cada lado do
seu corpo, suas mãos percorrem pelo meu corpo, parando em minhas nádegas e logo em seguida
dá um tapa ardente sobre ela me fazendo soltar um grito baixo. Rebolo em seu colo pressionando
minha intimidade em seu membro e o ouço suspirar, seguro em seu queixo e o puxo para um
beijo ardente traçando nossas línguas em uma dança sensual, solto seu queixo e deslizo minha
mão em direção ao seu membro e o seguro em minha mão sentindo a sua quentura e eu o aperto,
subo e desço minha mão por ele, fazendo Liam arfar. Sua mão vai para o meu cabelo me
puxando mais para si, enquanto a outra que estava em minha bunda, puxa a minha calcinha para
cima com certa força e isso aperta a minha intimidade, um suspiro escapa da minha boca e ele
continua puxando a minha calcinha para cima até rasgá-la com a sua mão, ele sorri satisfeito

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entre o beijo e sobe sua mão para os meus seios, ora brincando com um e ora o outro.
Posiciono seu membro na entrada da minha intimidade e encosto-o sobre ela me arrancando
suspiros e Liam coloca sua mão sobre a minha e brinca passando e batendo seu membro em
minha intimidade me fazendo gemer a cada segundo que me provoca.
— Amor, por favor — choramingo.
— Não ouvi você, Sunshine — retruca com um sorriso malicioso.
— Eu preciso... — minha voz falha em um gemido ao sentir seu membro entrando em mim,
mas Liam, segura meu quadril com as duas mãos me impedindo de me mover e também não se
move.
— Do que você precisa Sunshine, fala para mim — sua voz sai rouca.
— De você, eu preciso de você dentro de mim. Agora! — exclamo agoniada.
— Seu desejo é uma ordem.
Liam dá uma estocada, duas estocadas, três estocadas, nos fazendo gemer e para me
travando novamente. Eu posso sentir seu membro todo dentro de mim e minha intimidade o
comprimindo-o, mas ainda assim Liam está a me provocar pois começa a me mover lentamente
para cima e para baixo.
Estou começando a suar, ergo meus braços e puxo a blusa tirando-a do meu corpo, olho
para Liam que está me olhando mordendo o lábio e o puxo pela nuca e colo nossos corpos, seus
lábios tocam meu ombro distribuindo beijos molhados por ele, essa é a minha deixa. Começo a
me movimentar em cima do seu membro subindo, descendo e rebolando, nossos corpos se
colidem com meus movimentos, fecho meus olhos com força e aperto seu braço com as minhas
unhas, as mãos de Liam agarram minha cintura ajudando nos movimentos e me impulsionando
para cima fazendo seu membro sair e entrar repetidas vezes.
Nossos gemidos ecoam por toda a sala, sua boca cai sobre meu seio chupando e mordendo
meu mamilo enrijecido e traçando caminho com a sua língua até o outro e repete os mesmos
movimentos, dessa vez mordiscando o mamilo, tento reprimir um grito que ousa escapar da
minha boca, mas é em vão. Liam solta uma de suas mãos da minha cintura e leva até meu clitóris
me estimulando, a cada ida e vinda que faço com meu corpo em cima dele sinto que estou perto.
Meu corpo é jogado para o lado e Liam sobe em mim e me penetra de uma vez, me
arrancando gemidos, minhas unhas cravam em sua pele e prevejo isso o deixando com marcas.
Seus lábios pressionam os meus abafando meus gemidos, comprimo mais uma vez minha
intimidade em volta de seu membro o apertando e o ouço praguejar algo seguido de um grunhido
baixo.
Meu corpo se tenciona, eu me rendo gozando e arrastando minhas unhas pelo braço dele.
— Amber... Porra Sunshine, você é gostosa demais. — Ele grunhe estocando mais uma vez

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e sinto seu líquido quente me preenchendo, rebolo meu quadril e me pressiono mais nele, seus
movimentos cessam e eu abraço seu corpo tentando controlar minha respiração.
Eu estou totalmente entregue ao prazer e a Liam. Eu sou dele, assim como ele é
completamente meu.

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“Eu me lembro como se fosse ontem o primeiro beijo e eu soube que


você tinha mudado o jogo. Você me tinha exatamente onde você queria
e eu estou nessa.”
Baby Love – Nicole Scherzinger

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Amber

O corpo de Liam ainda está sobre o meu, nossas respirações agora estão um pouco mais calmas,
ele está traçando sua mão por todo meu corpo, eu já perdi a conta de quantas vezes o mandei
parar caso contrário, vamos começar tudo de novo...
— O que nós somos agora? — questiono, nós não falamos se vamos continuar de onde
paramos ou se vamos ser amigos com benefícios, coisa que não me agrada.
— Você é minha Amber, minha melhor amiga, minha namorada, minha mulher, minha.
— Isso é um pedido de namoro, de casamento ou o que? Se for qualquer pedido saiba que a
resposta é não, peça direito — brinco revirando meus olhos e o ouço bufar.
— Eu pensei que já tínhamos voltado no banheiro — diz se sentando e me puxa novamente
para o seu colo, sua mão toca meu rosto acariciando-o enquanto me olha. — Eu não sei mais
fazer essas coisas, eu nunca soube fazer para falar a verdade e você sabe disso. Mas quando se
trata de você eu me esforço para tentar, na verdade tudo que eu faço é por você. Você disse que
nunca mais irá embora e eu nunca mais vou deixar você partir, então, se você manter a sua
promessa eu mantenho a minha. Amber, você aceita namorar comigo de novo?
— Você não precisava pedir porque a resposta já é sim desde o banheiro, só queria ver a
sua reação mesmo.
— Ahh Amber, o que eu faço com você?
— Se eu te falar o que fazer não vamos sair daqui hoje. — Dou um sorriso malicioso e ele
beija meus lábios.
— Alguém em casa? — A voz de Henry ecoa pelo corredor e eu arregalo os olhos
encarando Liam.
— Por que diabos você deu a chave da sua casa para ele? Eu estou nua e ele pode entrar
aqui a qualquer momento, faça alguma coisa — resmungo.
— Nem me lembre disso, eu estou arrependido desde terça de ter dado a chave para ele, se
eu mandar você correr para o banheiro corre risco dele te ver da mesma forma e eu não quero
que ele a veja nua — murmura irritado.
— Não acho que tenha alguém em casa. — Agora é a voz da Liz.
— O carro dele está no estacionamento, ou esse filho da puta está dormindo ou...
— Amber — os dois falam juntos parados na porta boquiabertos nos olhando, me encolho e
escondo meu rosto no pescoço de Liam que me abraça tampando meu corpo.
— Uau, nossa... Uau de novo, perdi até a fala — Liz exclama boquiaberta.
— Tenho que concordar com a Liz, uau Rabbit está em forma — Henry diz, fazendo um ok

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com a mão.
Se fosse em outro momento eu acharia graça da reação da Liz, mas nesse momento não tem
graça.
— Saiam daqui, porra — Liam resmunga, pegando a blusa que estava no chão com o pé e
veste em minha cabeça, passo meus braços pela blusa e agora me sinto menos desconfortável.
Mas sei que devo estar vermelha como nunca.
— Não adiantou esconder, nós já vimos tudo — Liz brinca e Liam pega uma almofada do
sofá atirando na direção da porta, eles correm nos deixando a sós.
— Aí que vergonha. — Tapo meu rosto com as minhas mãos e Liam as puxa.
— Calma amor, você que já está vestida, vá para o quarto e troque de roupa que eu já estou
indo.
Eu me levanto catando os restos de algo que era para ser uma calcinha no chão, pego a
boxer de Liam e jogo para ele e ando até a porta e olho de um lado para o outro observando se
eles estão no corredor e por sorte não estão.
Caminho em passos rápidos e encontro os dois na sala que ao me verem seguram o riso.
— Vocês dois calem a boca — falo apontando para eles e subo as escadas correndo com
receio deles verem que eu estava sem calcinha. Meu Deus, que vergonha.
Entro no quarto de Liam e vou direto para o banheiro, tiro a blusa e entro debaixo da ducha,
ouço a porta do quarto ser aberta e logo depois a voz de Liam me chamando.
— No banheiro — grito para que ele possa me ouvir.
Liam entra no banheiro e se desfaz da sua boxer e entra na ducha junto comigo.
— Trate de se comportar, agora é só um banho — falo entre dentes e ele gargalha.
— Me desculpa por isso — murmura, sorrindo torto.
— Você não tem culpa — falo e selo nossos lábios. — Você subiu do jeito que estava?
— Sim, não tinha outro jeito — responde e dá de ombros.
Não demoramos muito no banho, por sorte Liam pediu que Liz trouxesse roupas limpas
para mim e assim ela fez. Descemos para encontrar Liz e Henry e os dois estavam na sala de
jogos jogando pebolim.
— Eu nunca mais vou ver esse sofá da mesma forma que eu via antes — Henry diz assim
que nos vê entrando. — Tanto lugar para vocês transarem, tinha que ser justo aqui no nosso
cantinho?
— A casa é minha e eu transo onde eu quiser, inclusive em cima da sua mesa de pebolim —
Liam responde e Henry abraça a mesa.
— Ninguém toca na Harper.
— Harper? — Liz pergunta.

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— É uma ex-namorada dele — Liam responde.


Empurro Liz para o lado e seguro em um dos controles dos bonecos.
— Eu quero jogar.
— Você não me disse que já teve uma namorada — Liz diz olhando para Henry com a
sobrancelha arqueada.
— Não achei que fosse algo necessário e faz muito, muito tempo — explica.
— E você coloca o nome dela na sua mesa de pebolim? — questiona.
Olho para Liam sem entender o que está acontecendo e ele se aproxima de nós e fica ao
lado de Henry.
— Faz muito tempo mesmo, ele colocou o nome dela enquanto estava bêbado, desde então
começamos a tirar com a cara dele por causa disso e o nome acabou pegando — Liam explica
para Liz.
— Está com ciúmes? — pergunto.
— É está com ciúmes gata? Não seja por isso eu coloco seu nome no meu p...
— Eu não quero saber onde você vai colocar o nome dela — falo o interrompendo.
— Calma Rabbit eu ia falar Playstation e depois de hoje você não pode falar nada não é
mesmo? — Sorri irônico e Liam dá uma cotovelada nele.
— Vamos jogar né — Liam diz por fim.
O jogo ficou daquela forma eu e Liz contra eles dois e por mais irônico que seja, nós duas
ganhamos. Costumávamos jogar isso com o Tyler, pelo menos existe algo em que nós duas não
somos tão ruins assim já que na sinuca formamos duplas com nossos respectivos pares e fomos
uma tragédia. Henry joga tão bem quanto Liam, deixamos eles jogando sozinhos e ficamos
marcando a pontuação, e foi uma disputa bem acirrada.

Depois daquele episódio na casa do Liam aturei muitas piadas de Liz e Henry, embora eles
tenham ficado felizes por estarmos juntos de novo, eles ainda nos zoam às vezes. Hoje é sábado
e Liam me ligou avisando que está saindo do hospital e vai passar aqui para me buscar, ainda não
sei aonde que ele vai me levar e até desisti de ficar perguntando, sei que ele não vai me falar. Por
sorte eu já estou arrumada, não quero que ele fique me esperando, ele deve estar cansado e fazer
com que me espere já é abuso demais, ontem ele teve que fazer plantão e só saiu hoje.
Hoje ainda temos jantar na casa dos meus pais, nada muito importante, apenas jantar para
reunir a família. Chamei Liz para ir comigo, mas ela já tinha planos com Henry, eu estou sendo
trocada legal, entretanto fico feliz por ela ter companhia para a vida agitada que ela gosta de
levar.

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Liam e eu decidimos não contar agora para os nossos pais que voltamos, por enquanto vai
ficar só entre nós e nossos amigos, nem mesmo Ally e Ben saberão. Só quando for a hora certa,
isso por motivos óbvios de que eu não quero que meus pais fiquem preocupados comigo e
achando que irei sair pela porta e nunca mais voltar.
Meu celular vibra e eu corro para pegá-lo em cima da cama, mensagem do Liam avisando
que chegou, há também mensagens de Aiden que eu me esqueci de responder.
Aiden e eu temos nos falado bastante por mensagem, apesar disso ele não insiste mais em
me chamar para sair e ele parece ser uma boa pessoa. A chave do meu escaninho ele deixou na
recepção da minha academia e eu agradeci imensamente a ele por tê-la devolvido.

Liam estaciona seu carro em frente a um prédio branco de dois andares somente, parece ser
uma casa, mas olhando agora todos os detalhes não é uma casa já que tem uma instalação de
outdoor não acabada aqui.
Saio do carro antes que Liam ouse abri-la para mim.
— Você é apressada e como sempre estragando meu cavalheirismo. — Bufa e segura em
minha mão entrelaçando nossos dedos. — Eu quero que você seja a primeira a ver uma de
minhas conquistas, eu estou orgulhoso de mim mesmo e espero que você também sinta orgulho
de mim. — Sorri esperançoso e eu sorrio de volta para ele.
— A última vez que você me disse algo do tipo e agiu assim estava prestes a me pedir em
namoro.
— E você disse sim, o melhor sim que eu poderia ter recebido. E o mais gostoso também.
Sorrimos cúmplices um para o outro, como se estivéssemos pensando na mesma coisa:
aquela noite foi muito especial para nós dois.

Sete anos atrás


Eu não consigo conter as lágrimas que insistem em descer, eu estava sendo pedida em
namoro pela pessoa que eu amo e o melhor ele também me ama. Eu não podia ganhar um
presente de formatura melhor que esse.
— A resposta é não né? Eu sabia que seria uma má ideia, mas quis me arriscar, Ally disse
que daria tudo certo e eu acreditei não era para ter acreditado, eu desconfiava que você não
quisesse nada além de amizade comigo, você gosta de outra pessoa é isso?
Liam anda de um lado para o outro nervoso e eu só penso rir, mas não faço, como ele pode
ser tão cego a ponto de não enxergar que eu também o amo? Que eu sempre estive aqui

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esperando por ele?


— Ei... Olha para mim. — Minha mão sobe até seu rosto e eu fico acariciando-o tentando
tranquilizá-lo. — Quem disse que eu não sinto o mesmo? Eu me pergunto como você pode ter
sido cego durante esses anos todos, eu sempre fui apaixonada por você, você é o único que não
enxergava isso, lógico que é sim, mil vezes sim. Eu aceito namorar com você.
Rapidamente Liam me puxa para si e gruda seus lábios nos meus me beijando
intensamente, sua língua passa pela minha sugando-a para dentro de sua boca, seus braços
caem pela minha cintura e eu me aninho mais ao seu corpo, enquanto minhas mãos passeiam
pela sua nuca se deslizando pelas suas costas, Liam caminha comigo nos braços e me deita no
tapete nos mantendo centímetros afastados do nosso jantar. Suas mãos afastam as almofadas ao
meu lado e volta de encontro ao meu corpo, ele explora cada centímetro do meu corpo com suas
mãos me tocando em todas as partes, eu estou quente, muito quente e excitada. Nosso beijo se
cessa e seus lábios deslizam facilmente pela minha mandíbula traçando caminhos até o meu
pescoço me causando arrepios. Suas mãos sobem meu vestido de formatura aos poucos até
parar em minha cintura.
— Por Deus Liam, eu te quero — balbucio.
Seus lábios que estavam em meu pescoço vão parar em minha orelha.
— Hoje não Sunshine, em outra ocasião tão especial quanto essa. Mas prometo te dar o
melhor orgasmo que você já teve na sua vida — sua voz rouca soa em meu ouvido me deixando
extasiada.
— Eu nunca tive um — falo sincera.
E é verdade, nunca ninguém me tocou tão intimamente.
— Então eu vou ser o seu primeiro. — Um sorriso esperançoso se brotou em seu rosto. —
Você vai ser a minha perdição Amber — dito isso ele toma minha boca para si novamente e
solta um gemido em meus lábios.
Posso sentir sua ereção batendo em minhas pernas e eu desejo tanto senti-lo dentro de
mim, mas sei que não vai ser hoje, eu quero estar preparada para isso, quero surpreendê-lo
tanto quanto quero que isso aconteça logo.
Seus lábios caem em meu ombro distribuindo beijos sobre ele e com a sua mão abaixa a
alça do meu vestido que era meio ombro caído, deixando meus seios à mostra, Liam os encara
com adoração e logo sua boca abocanha meu seio esquerdo enquanto a sua mão se fecha sobre
o direito, ele suga, lambe e morde meu seio, fazendo com que um gemido agudo saia de minha
garganta, posso sentir meu sexo formigando e como se ele tivesse adivinhando a minha
necessidade sua mão desce do meu seio para as minhas pernas e ele apalpa a minha intimidade
por cima da calcinha e começa a movimentar a mão para cima e para baixo. Sua boca decide

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agora dar atenção ao meu outro seio, fecho as minhas pernas em sua mão e ele me olha, seus
olhos transmitem desejo, luxúria. Seus dentes se raspam no mamilo e ele abre as minhas pernas
novamente, ouço um barulho de tecido se rasgando, provavelmente da minha calcinha. Seus
dedos passam por cima dos lábios da minha intimidade e logo estão abrindo eles e tocando no
meu clitóris, arfo com seu toque e ele toca mais uma vez e começa a circular seus dedos sobre
ele me fazendo gemer cada vez mais alto.
— Você está tão molhada Amber, está tão pronta para mim.
— Me tome para você, me faça sua. — Minha voz sai como um sussurro.
Liam introduz um dedo dentro de mim e instantaneamente fecho meus olhos sentindo um
pouco de incomodo, nunca havia tido esse tipo de contato com ninguém e nem comigo mesma.
Abro meus olhos novamente e seus olhos estão em mim, não quero que ele ache que isso me
machucou e então apenas falo:
— Não se atreva a parar! — exclamo impaciente.
Então ele sorri e começa a movimentar seu dedo dentro de mim em um vai e vem calmo e
prazeroso, com seu polegar ele estimula meu clitóris e introduz mais um dedo me fazendo soltar
um grito, que foi abafado pelos seus lábios que me atacam assim que eu abri a minha boca, eu
estou tão molhada que seus dedos entram e saem com toda facilidade, quando ele vê que já
estou acostumada começa a movimentá-los mais rápido. Afasto nossos lábios e jogo a cabeça
para trás, sinto que eu estou quase lá e se ele continuar nesse ritmo eu não vou aguentar me
segurar, ele se abaixa e se acomoda entre as minhas pernas, deixando sua mão esquerda em
minha bunda e beija minha virilha e traçando seus beijos até chegar em minha intimidade, sem
tirar os dedos de mim ele para de movimentá-los, sua língua me invade, passeia pelo meu
clitóris em movimentos circulares e suga os para dentro de sua boca o chupando.
— Oh Deus, Liam... — chamo pelo nome dele entre gemidos e ele me lança olhar de
satisfação.
Seus dedos voltam a se movimentarem dentro de mim e seus dentes raspam meu clitóris,
mordo meu lábio tentando conter meus gemidos e levo minha mão até o seu cabelo,
entrelaçando meus dedos nele. O observo tirar seus dedos melados de dentro de mim e chupá-
los, minha boca saliva com essa imagem que agora vai ficar gravada em minha mente, seus
lábios voltam a sua atenção para a minha intimidade pulsante e agora ele enfia a língua dentro
de mim, puxo seu cabelo e rebolo meu quadril, ouço um gemido sair da sua boca, seus dedos
voltam a dar atenção ao meu clitóris. Com a sua outra mão livre, ele aperta a minha bunda com
os dedos e me puxa mais para si e eu posso sentir os movimentos que a sua língua faz dentro de
mim, enquanto minhas pernas tremem e eu explodo em prazer, soltando um gemido alto.
Liam suga todo meu líquido e sobe seu corpo vindo com o rosto de encontro ao meu. Seu

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sorriso de satisfação está tão estampado na cara quanto o meu, ele me dá um beijo rápido e
volta a me olhar.
— As estrelas e a lua agora são provas de que você é minha, apenas minha. Seu gosto já
era meu predileto antes mesmo de experimentar, agora é o meu favorito.
Coro com as suas palavras e desvio o olhar admirando o céu, só agora que eu fui prestar
atenção no quanto o céu está estrelado e na lua cheia, tão linda.
— Não fica com vergonha, embora você fica irresistivelmente sexy corada, não quero que
fique com vergonha do que acabamos de fazer, se eu pudesse criar uma oitava maravilha do
mundo seria você como está debaixo de mim agora. — Acaricia meu rosto sorrindo. — Espero
que você tenha gostado, eu estou muito feliz de ser o seu primeiro e quero ser o seu primeiro em
muitas outras coisas na sua vida, não suporto a ideia de outro te tocando. Você é minha.
— Não poderia ter sido melhor, você sempre vai ser o meu primeiro e mesmo que você já
tenha tido outras... Você nunca vai precisar de duas, eu sempre serei a sua número um —
murmuro baixinho um trecho de uma música da Beyoncé — que por sinal é a minha favorita —
que se encaixou perfeitamente nesse momento.
— Você já é a minha número um — fala sorrindo e eu sorrio junto. — E a propósito, agora
isso aqui me pertence.
Observo restos de tecido rendado branco em sua mão, era a minha calcinha e ao se mexer
para guardar no bolso ainda podia sentir a sua ereção em minhas pernas. Eu quero retribuir o
que ele fez por mim a minutos atrás, embora eu nunca tenha feito isso, eu quero retribuir, afinal
ele é homem e é claro que isso deve estar o incomodando.
— Se quiser eu posso te ajudar a aliviar — falo apontando para a sua ereção.
— Por mais que seja tentador só de imaginar sua boca sobre ele, hoje não. Eu sei que você
nunca fez isso e não quero que se sinta na obrigação de retribuir porque eu fiz em você, só de te
ver gozando para mim eu me sinto satisfeito, não quero que seja desconfortável para você, ainda
vamos fazer muito disso aqui e quando você quiser eu não vou deixar passar como hoje, porque
Amber, só de te imaginar com a boca sobre ele eu fico duro. Vem — ele se levanta estende sua
mão para mim e eu seguro me levantando —, vamos comer que eu estou faminto.

— Eu ainda a tenho comigo até hoje.


— O quê? — pergunto sabendo ao que ele está se referindo, mas quero ter certeza.
— A sua calcinha, eu nunca me desfaria dela.
— Para quem se desfez do apartamento e não se desfazer da calcinha me deixa surpresa.
Não me deixa surpresa, mas não perco a oportunidade de alfinetar. Ninguém mandou ele

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me dizer que não conseguia morar mais no apartamento porque todos os cômodos faziam ele se
lembrar de mim, que era uma tortura e que ele não iria conseguir nem levar outras para lá por
causa disso, só de lembrar que ele já esteve com muitas outras me dá raiva.
— Desfaz esse bico. — Toca em meus lábios. — Eu já te expliquei que não foi exatamente
por isso, agora vem aqui.
Sigo seus passos em direção à porta e ele solta a minha mão para abri-la e me dá passagem
para entrar.
Olho ao redor e há uma recepção, assentos, algumas portas fechadas, me viro para Liam
sem entender e ele dá de ombros.
— É a minha clínica.
— Como assim é sua clínica? — questiono.
— Esse foi o motivo que eu fiquei ocupado na terça-feira, às coisas aqui estavam a todo
vapor precisavam de mim aqui, eu decidi montar uma clínica para pessoas que não tem
condições de pagar por um tratamento particular e nem possuem plano, claro que tenho apoios de
outros profissionais. Aqui atenderemos de tudo, desde as crianças há pessoas de mais idade, não
vai haver restrição quanto a nada, teremos ótimos profissionais aqui além de mim, já que durante
a manhã ficarei no hospital e aqui no período da tarde.
— Amor isso é maravilhoso. — Corro até ele selando nossos lábios e o abraço. — Eu
realmente estou muito orgulhosa de você, isso é um gesto muito bonito. Poucos têm uma
generosidade dessas.
— Eu estou feliz por saber que você me apoia, eu não poderia estar mais feliz. — Seu
sorriso me contagia e eu acabo sorrindo também, ele está feliz e eu estou feliz por ele. — Vamos
conhecer o resto do lugar.
— Só conhecer né? — pergunto e ele solta um risinho.
— A menos que você queira inaugurar igual inaugurou o apartamento...
— Eu acho melhor você calar a boca, não quero fazer nada aqui, é a sua clínica respeita
seus futuros pacientes — falo séria e ele ri da minha cara, é muito idiota mesmo.

Conhecemos toda a clínica, que tem um espaço enorme e bastante confortável para os
pacientes, sem contar que no andar de baixo há uma parte dedicada para fisioterapia contendo
uma piscina para hidroginástica e outras funções. Minha vontade era entrar naquela piscina
quente.
Após sairmos da clínica almoçamos em um restaurante e viemos para casa. Liam está muito
cansado e eu o convenci a tomar banho sozinho, já que ele foi bastante relutante e queria que eu

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tomasse banho com ele, se eu fizesse isso estaríamos no banheiro até agora. Ele está deitado em
minha cama e eu estou aninhada em seu peito, o som da sua respiração descontrolada chama a
minha atenção e eu o olho.
— Você está bem? — pergunto.
— Sim, só quero te contar uma coisa e estou com receio de sua reação — diz se virando
para mim e me olhando, suas pernas me envolvem e ele me puxa mais para si.
— Se você não me contar não tem como saber como eu irei reagir.
— Eu havia chamado a Violet para trabalhar comigo na clínica, por enquanto ela não pode.
Minha única opção era ela e a Sienna, são duas pessoas profissionais e que não só me
acompanham, mas acompanham todos os outros que também irão trabalhar na clínica, eles já
estão acostumados com elas e elas com eles. Eu espero que você não fique chateada com isso.
— Não, tudo bem. Eu entendo e eu confio em você e no que me disse, se você me disse que
o que havia entre vocês acabou eu acredito e ponto final.
— Mas se te incomodar eu procuro outra pessoa, não quero que mais nada fique entre nós e
o que eu puder fazer para evitar que isso aconteça eu farei — garante e eu sorrio. — Quando algo
estiver te incomodando você me avisa que resolveremos.
— Por enquanto a única coisa que está me incomodando é você que não dorme, você
precisa descansar amor, temos jantar mais tarde com nossos pais.
— Não vamos ficar muito tempo lá não né? — pergunta.
— Eu não sei, mas podemos vir embora mais cedo para você descansar mais.
— Eu não quero vir embora para descansar Am, quero vir embora para ficar com você e
aproveitar o que eu não posso agora porque estou cansado — murmura alisando a minha perna
com uma de suas mãos.
— E quais são seus planos para hoje?
— Programa de casal, vamos assistir uma dessas séries chatas que você gosta ou filmes? —
propõe me olhando.
— Que milagre, sem sexo? — pergunto não acreditando em sua proposta.
— Se você me quiser não vou negar fogo — responde me fazendo rir.
— Sabia que estava faltando algo nessa sua proposta, mas com uma condição — imponho e
ele estreita seu olhar esperando que eu continue. — Que você durma agora, seus olhos estão
muito vermelhos e eu sei que você está com sono.
— Seu pai disse para Ben que Ally era mandona, mas discordo dele. A mandona é você —
diz rindo e eu lhe dou um tapa o fazendo rir mais ainda.
— Agora dorme, eu estarei bem aqui ao lado desenhando.
— Por que você tem que ir para outro cômodo? Fica aqui. — Me aperta em seus braços

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beijando meu pescoço, me causando arrepios.


— Eu não quero incomodar com meu barulho ou quando eu estiver falando e xingando em
voz alta.
— Eu vou estar dormindo pode ter certeza que não vou me incomodar, agora vá pegar suas
coisas e traga a sua bunda de volta para cá. — Me solta do seu aperto e em seguida me dá um
beijo casto nos lábios.
— Quem é a mandona agora? — questiono, me levantando da cama.
— Continua sendo você — responde, me fazendo revirar os olhos.
Saio do quarto e me dirijo ao quarto ao lado que é destinado as minhas criações, olho para a
minha mesa de trabalho que está uma bagunça com lápis de colorir espalhado, pastas, strass, fitas
e glitter. É muita coisa para levar e do jeito que eu sou desastrada vou sujar meu quarto todo e
isso não é uma opção que eu cogito, pego apenas as pastas, folhas brancas e as pranchetas para
arriscar alguns rabiscos e volto para o meu quarto.
Quando volto para o quarto, Liam já está dormindo e abraçado ao meu travesseiro. Coloco
minhas coisas na mesa com cuidado para não fazer barulho e caminho em direção a ele que está
dormindo, passo à costa da minha mão em seu rosto e sorrio o olhando dormir, o cubro com a
coberta e me afasto pegando meus óculos e meu celular em cima do criado mudo ao lado da
cama, volto para a mesa e me sento. É hora de pôr as mãos à obra.

Estou no meu terceiro desenho e não faço ideia de quanto tempo eu estou sentada aqui
desenhando, agora eu estou desenhando uma bota de cano longo e trabalhando nos mínimos
detalhes dela, Liam ainda dorme tranquilamente em minha cama e eu estou satisfeita por ele
estar descansando. Ajeito meus óculos que escorrega do meu rosto e volto a me concentrar nos
detalhes do desenho para finalizá-lo. Está tão linda, que acho que ficarei com essa bota para
mim.
A verdade é que eu tenho muito ciúmes de tudo que eu desenho e tenho vontade de ficar
com tudo, Liz diz que é bobeira, mas não consigo não amar os desenhos que faço.
Sinto braços em minha volta e os lábios de Liam beijam meu pescoço.
— Você está sexy demais com esses óculos. — Sua voz rouca me provoca arrepios e eu me
viro de lado na cadeira para olhá-lo. — Uau, você está muito mais que sexy com esses óculos,
você está quente.
— Eu estou uma nerd com esses óculos, mas obrigada?!
— Então você é a minha nerd sexy. — Segura em minha mão e me levanta da cadeira, meu
corpo se choca com o seu corpo quente. — Se não precisássemos sair daqui a alguns minutos eu

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juro que te foderia aqui mesmo.


— Olha o palavreado — repreendo-o batendo em seu ombro.
— Ninguém liga para o palavreado que eu uso quando está nua e na cama — provoca, com
um sorriso presunçoso no rosto. — Eu vou ir para casa tomar banho, dar um jeito nisso aqui. —
Meu olhar vai para o volume em sua calça e eu mordo meu lábio. — Não me olha assim, senão
nós iremos nos atrasar.
— Sobre isso, acho melhor irmos cada um em seu carro. — Sua feição se fecha e eu solto
um suspiro. — Eu ainda nem entrei direito no carro que meu pai me deu, certamente ele vai me
perguntar se eu já andei nele e se gostei.
— Não é só por isso e tudo bem, vamos em carros separados, mas quando chegarmos em
casa, você é minha — sentencia e beija meus lábios.
— Eu vou tomar banho para me adiantar, caso contrário não vamos sair daqui às oito
nunca.
— Não sei qual a diferença de sairmos daqui em carros separados se vamos chegar juntos
da mesma forma.
— Chegar juntos em carros separados é diferente de chegar no mesmo carro quando agora
eu tenho um, isso se torna íntimo.
— Tudo bem. — Dá de ombros se dando por vencido e caminha em direção à porta. — Não
mereço nem um beijo de despedida já que só vou poder te beijar quando chegarmos de lá?
— Prefiro que fique com saudade para a matarmos depois o que acha? — sugiro em tom
provocativo.
— Eu acho que eu tenho um monstro como namorada e o pior é saber que eu que criei esse
monstro — responde sorrindo.
Caminho em sua direção e dou apenas um beijo casto em seus lábios e me afasto, Liam
tenta me puxar de volta, mas eu corro para o banheiro e me tranco.
— Você não perde por esperar Amber. — Ouço-o gritar e sorrio.

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“Não gosto do jeito como ele está te olhando estou começando a


achar que você também o quer,vi estou louco?”
Jealous – Nick Jonas

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Liam

Cheguei primeiro que Amber na casa dos seus pais, desde que cheguei Ally só estava a risinhos
indiretamente com Ben.
— Qual é o problema de vocês? — questiono, embora eu saiba que tem a ver comigo.
— Qual é? Você está bem e confortável demais por estar morando sob o mesmo andar que
Amber, o que está rolando? — Ben indaga desconfiado e Ally mantém a mesma expressão
desconfiada no rosto.
— Não está rolando nada, nos vemos e conversamos pouco — minto, mesmo que parte
disso seja verdade em relação aos últimos dias.
— Vocês moram no mesmo prédio e não se veem? — questiona mais uma vez ainda não
acreditando no que eu havia dito.
— Se Liam está dizendo que não se veem eles não se veem, para de ser chato Benjamin —
Ally chama a atenção dele, que ainda está intrigado.
— Ally sempre sendo a minha salvação.
— Ela puxa seu saco isso sim, que eu saiba o marido dela sou eu — Ben resmunga.
— Sem ciúmes amor, apenas não queria deixar Liam numa situação desconfortável. — Ally
me olha e algo me diz que ela sabe o que aconteceu entre Amber e eu.
— Cadê os velhos? — pergunto mudando o assunto antes que eles acabem descobrindo
algo.
— Eles estão em reunião via conferência com algum cliente ou sócio eu não entendi direito,
e nossas mães estão com eles — Ally responde deitando sua cabeça no ombro de Ben.
— Já disse que eu odeio o trânsito dessa cidade? — A voz de Amber reclamando chama
nossa atenção e eu me viro para olhá-la.
— Por que você não usou seus superpoderes florzinha? — Ben zomba, e ela tira sua bota do
pé e atira nele.
— Na próxima vez que vier com apelidos não vai ser minha bota que vai parar na sua cara
Benjamin — grita nos fazendo rir.
— Amor, vai deixar a sua irmã me bater?
— Não me meto entre vocês dois. — Ally levanta a mão abanando, como quem quer dizer
“vão vocês para lá”.
— Vocês dois parecem que nunca crescem — falo olhando de Amber para Ben agora. —
Ben já é de se esperar, o cérebro dele parece menor a cada dia, mas você Amber? Quantos anos
você tem? Cinco?

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Amber me encara e se senta ao meu lado.


— Não sei quantos anos eu tenho, entretanto estou ficando com alguém que não acha isso
quando está comigo na cama — retruca e estala sua língua no céu da boca e logo após morde o
canto do seu lábio.
Ela sabe que isso me provoca e está fazendo de propósito.
— Você está saindo com alguém? — Ally pergunta de boca aberta. — Não me diga que é o
tal carinha da boate que te levou no hospital aquele dia?
Meu rosto vira de imediato e encaro Amber, acredito que se fosse possível meu pescoço
teria virado como a menina do exorcista agora.
— Ally! — Amber exclama a repreendendo.
— Não sabia que era segredo, não está mais aqui quem falou — Ally levanta as mãos se
rendendo e se cala.
Eu continuo encarando Amber a procura de respostas e mesmo se ela quisesse me dar todas
as respostas, não seria agora e nem aqui.

O jantar segue normal, embora eu ainda estava com o que Ally disse na cabeça. Amber tem
contato com o cara da boate e desde quando isso?
— Liam seu pai está falando com você. — Amber me dá uma cotovelada me trazendo de
volta par ao jantar.
— Você disse que tinha algo a nos contar filho. O que é? — meu pai pergunta.
— Eu gostaria de compartilhar com todos vocês antes de compartilhar isso com outras
pessoas, vocês são a minha família e sempre irão vir em primeiro lugar — falo olhando para
todos e sorrio cúmplice para Amber. — Eu venho trabalhando em um projeto a bastante tempo e
depois de meses ele finalmente saiu do papel, estou abrindo uma clínica para ajudar aos que não
podem arcar com despesas de um tratamento médico no hospital, ficou pronta na quinta-feira e
eu pretendo inaugurá-la em breve.
— Isso é sério? — Ben pergunta sorrindo e eu assinto. — Não acredito que o bunda mole
do meu irmãozinho agora tem a sua própria clínica, meus parabéns isso é tão incrível... É tudo
que você sempre quis.
— Filho essa notícia é incrível, tão incrível quanto o seu gesto, eu estou muito orgulhosa de
você, nós estamos — minha mãe diz trocando um olhar cúmplice e sorrindo carinhosamente para
o meu pai.
— Isso merece um brinde meu filho — Enzo diz entusiasmado do outro lado da mesa e
chama por Ruth, que aparece em seguida na sala de jantar. — Ruth traga um champanhe, hoje é

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uma ocasião especial.


— Não é necessário... — Tento interferir, mas ele levanta a mão e eu sei que não adianta
tentar medir forças com ele.
— Concordo com o papai, é uma ocasião especial e ela merece ser comemorada — Amber
finalmente fala alguma coisa depois de ficar em silêncio durante o jantar todo.
— Amber opinando em alguma coisa? Havia até esquecido que ela estava aqui — Ally
debocha.
— Eu achei que alguém já havia riscado a cabeça de fósforo e por isso o silêncio — Ben
entra na onda de Ally. — Ai! Caralho Amber — grita com expressão de dor.
A minha garota está com um sorriso vitorioso no rosto, certamente chutou as canelas de
Ben.
— Benjamin Wheeler Davis olha a boca — minha mãe chama a atenção dele.
— Mas mãe... — Ben balbucia e minha mãe o interrompe.
— Sem mais Benjamin!
Amber leva seu copo até a boca tentando disfarçar o riso, entretanto não consegue e se
explode em uma gargalhada fazendo todo o líquido em sua boca espirrar em Ben, e isso faz todos
nós rirmos da cena e ela mais ainda.
— Meu Deus Ben, eu juro que foi sem querer — Amber diz, tentando se desculpar aos
risos, enquanto Ben limpa seu rosto com o guardanapo.
— Dessa vez eu vou deixar passar cabelo de fogo.
Ruth volta para a sala de jantar com as taças e o champanhe.
— Ruth nós iremos para sala, sem condições de continuar aqui depois do que Amber fez,
estou até com nojo — Enzo diz segurando o riso e olha para Amber. — Desculpa filha, mas é a
verdade.
— Nem ligo, só porque estou bem satisfeita mesmo, estava uma delícia o jantar Ruth.
— Obrigada minha menina — Ruth agradece sorrindo singela para Amber, que sorri de
volta.
— Então todos para sala? — Stella nos chama e todos nos levantamos.
Amber é a primeira a se levantar, vai até Ruth e a abraça. Eu me levanto depois que todos
estão de pé e meus pais veem em minha direção, minha mãe me abraça.
— Você é o nosso orgulho filho, depois de tudo que aconteceu eu jamais esperaria que você
iria dar essa volta por cima e se tornar o que se tornou hoje, eu não poderia estar menos feliz que
isso. — Ela sorri ao me soltar do abraço. — Não vejo a hora de conhecer a sua clínica, por que
não me chamou par ajudar a decorar? — indaga com uma carranca.
Minha mãe é formada em arquitetura e é apaixonada por decoração, ela quem ajudou a

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Maria com a cozinha e com todos os demais detalhes do meu apartamento e o mesmo com o de
Ben.
— Eu queria fazer uma surpresa e não seria uma surpresa se você soubesse dela.
— Querida para de querer interferir na vida dos nossos filhos, nós temos que aceitar que
eles já estão crescidos e não querem mais saber dos pais — meu pai fala dramático, abraçando a
minha mãe de lado e a solta. — Eu também estou muito orgulhoso filho, tenho muito orgulho do
homem que você se tornou nesses últimos anos, nunca pensei que eu fosse ver novamente isso
em você, saiba que eu nunca perdi as esperanças em você, eu sabia que uma hora você iria
retomar a sua vida de onde havia parado, é tão satisfatório para um pai ver o seu filho crescendo
e conquistando tudo que deseja, eu só... nem sei mais o que falar, só vem cá. — Sua mão se
estende e quando vou apertá-la meu pai me puxa para um abraço.
Eu e meu pai sempre nos demos muito bem, entretanto nunca fomos tão afetivos como
agora nos abraçando. Eu me transformei em uma coisa uma coisa na qual eu me envergonho até
hoje e ainda os fiz passar por isso junto comigo.
Depois que eu me reergui e terminei a faculdade, eu consegui o emprego dos meus sonhos,
mas o larguei quase um ano depois, Hopkins, eu estava largando meu sonho e ele jamais pensou
que eu fosse segui-los novamente, já que parte desse sonho — que é a clínica — incluía
Hopkins, minha intenção era abrir uma clínica lá por perto.
Eu estava perdido nessa época e nem meus pais tinham controle sobre isso.
Amber aparece na sala de jantar e sorri envergonhada ao me ver com meus pais, só agora
que me dou conta que todos se foram e só nós três estávamos aqui.
— Eu... eu vim chamar vocês, estão só esperando por vocês na sala, não quis atrapalhar —
diz ainda envergonhada.
— Não nos atrapalhou querida, nós já estamos indo — minha mãe diz e cutuca meu pai e os
dois saem andando.
— Espero que esteja em casa pela manhã, uma surpresa vai aparecer em sua porta — meu
pai diz ao passar por Amber e solta uma piscadela.
— Do que ele estava falando? — Amber questiona assim que meus pais saem de perto.
— Eu não faço ideia — respondo e dou de ombros, caminho até ela e toco em seu rosto. —
Eu quero tanto beijá-la, entretanto eu ainda quero saber o que Ally quis dizer com a história do
rapaz da boate, tem se encontrado com esse cara?
— Sério que vai querer começar uma briga logo aqui? — questiona com a sobrancelha
arqueada.
— Eu não quero começar briga alguma, só quero saber o que está acontecendo, mas se não
quiser falar tudo bem.

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— Falamos disso em casa está bem? — Assinto e dou um beijo rápido em seus lábios. —
Vamos antes que eles venham nos buscar.

Amber e eu voltamos para casa em carros separados, assim como fomos para casa de seus
pais. Durante todo o caminho eu tentei tirar da cabeça que Amber se encontrou com o rapaz da
boate e que ele ainda a levou ontem no hospital. Droga.
Por que diabos eu tive que ficar ocupado essa semana com os últimos ajustes da clínica?
Quando eu cheguei em nosso prédio eu vim direto para o meu apartamento, não quero
entrar em uma briga com ela por causa dos meus ciúmes, não quero que ela me veja com raiva,
nunca quero que isso aconteça. Eu não sei quem sou quando a raiva toma conta de mim.
E embora tenhamos nos resolvidos Amber ainda mantém um muro em sua volta e eu não
quero subir esse muro a um tamanho que eu não vou conseguir subir.
Ela ainda está quebrada e nós estamos nos reconstruindo aos poucos.
Dou mais uma tragada no cigarro e solto a fumaça pela boca, o vento da sacada joga de
volta a fumaça em meu rosto, ouço a porta bater e passos vindo em minha direção. Amber está
de pantufas e enrolada em seu quimono.
Seu olhar vai direto para o cigarro em meus dedos, ela me olha, mas não questiona e nem
eu falo nada.
— Desde quando você fuma? — ela resolve perguntar.
— Desde que você foi embora — afirmo dando de ombros.
— E o pulmão como vai? Você é um médico deveria saber o quanto nicotina faz mal à
saúde.
— Amber eu só fumo quando me dá vontade e para passar o estresse, não é como se eu
fumasse um maço de cigarro por dia, não exagera. Eu sei dos riscos e eu não chego perto nem
1% de ter câncer por causa disso.
Já fiz coisas piores e você nem sabe disso. Penso, mas não estou pronto ainda para falar
sobre isso com ela.
— Que seja, ainda não gosto de você fumando cigarro. Com o que está estressado? —
pergunta se sentando na borda da piscina e colocando seus pés na água.
— A verdade? — devolvo a pergunta e a olho.
— A verdade sempre é bom né? — alfineta e depois sorri para amenizar. — Eu sei do que
se trata, não precisa disso, você sabe né?
​— Então me conta — peço e ela me olha sorrindo ao ver que eu estou apertando a ponta do
cigarro no cinzeiro em cima da mesa para apagá-lo e o deixo ali.

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— Eu não me lembro de você ser tão ciumento assim, na verdade você não era assim. —
Continua me olhando e agora com sua testa franzida.
Me sento ao seu lado na piscina e toco na ruga em sua testa.
— Eu fiquei cinco anos sem você, eu entendo que eu levei você a fazer isso, mas foram
cinco malditos anos e agora você está aqui duas vezes mais bonita e gostosa do que já era e claro,
não é só por isso. Você é muito mais que isso. — Relaxo meus braços e solto um suspiro. — Eu
me sinto inseguro como nunca estive um dia e porra, eu sou homem não deveria me sentir
inseguro eu deveria me garantir não? É mais comum mulheres se sentir assim.
— Você está sendo machista, entretanto eu entendo o que você quis dizer. Estamos bem
agora e no momento isso é o que importa — afirma e olha para seus pés que estão batendo na
água da piscina.
— Não sou machista, só quis dizer que é mais comum ver mulheres dessa forma do que
homens. Estamos bem, mas eu ainda quero saber, não me faça me corroer com essa dúvida
maldita na cabeça Amber. — Ela volta a me encarar e suspira cansada.
— Eu queria que você tivesse um pouco mais de confiança, não em mim, mas em você
mesmo. Aiden é apenas meu amigo eu não vejo problemas nisso e não acho que seja algo que
você deva se preocupar, até parece que eu fiquei com ele e você agindo dessa forma faz parecer
isso.
— Mas eu vi vocês na boate aquele dia... e depois ele te dá uma carona? Vocês já se
conheciam?
— Não nos conhecíamos antes da boate, eu o conheci aquele dia e eu estava a sua espera,
mas você nem procurou por mim. Ele me fez companhia, conversamos e só, acha mesmo que se
ele quisesse algo comigo iria ficar conversando ao invés de ir atrás de outras? A boate estava
lotada e certamente garotas para ele não iriam faltar, não vou mentir que no início ele mandou o
barman me entregar uma bebida, porém eu recusei.
— Ele quis te conquistar na conversa — falo e ela nega com a cabeça.
— Não Liam, você vê maldade em tudo, ele simplesmente sentou do meu lado depois que
viu que eu não ia beber a bebida, puxou assunto e depois percebeu que não ia conseguir nada
comigo, ainda te achou um idiota por ter me dado um bolo e você foi um idiota mesmo. Ele foi
muito legal comigo e me fez companhia, se ele queria me conquistar com a conversa ele desistiu
no momento em que viu que eu tinha interesse em outro.
Seu olhar me analisa e eu penso em algo para falar, mas ela me impede continuando de
onde parou.
— Seu olhar me fez me sentir muito mal depois daquilo, você me olhou com repulsa ou
nojo eu não sei definir, eu só queria ir embora daquele lugar e o táxi não vinha, pedir sua ajuda

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depois daquela forma que me olhou estava fora de cogitação então eu liguei para o número que
ele anotou em minha mão, só que ele não atendeu. Ele estava tão interessado em mim como você
pensa, que não perdeu tempo e foi curtir o resto da noite e nem me atendeu, depois daquele dia
eu nunca mais falei com ele. Até o dia da consulta da Ally. Eu esbarrei com ele na saída da
academia, sujei o terno dele com meu frappuccino. — Abro um sorriso e Amber me dá um leve
empurrão. — É sério eu sujei ele todo, deu até pena, embora eu tenha sujado meu tênis também,
então ficamos quites. Nos esbarramos e conversamos sobre eu nunca ter ligado depois daquele
dia da boate, eu dei um fora nele e me surpreendi pois ele disse que queria ser meu amigo e que
não era desse tipo de cara no qual eu estou acostumada, minha pergunta para mim mesma foi
“com que tipo de cara eu estou acostumada?” Não tive tantos assim. Depois ele me deu carona
pois eu estava atrasada e não conseguia um táxi e só, não nos vimos depois disso, mas nos
falamos por mensagens. Não é nada com que você deva se preocupar, ele não é uma Sienna na
versão masculina — provoca e sorri sarcástica.
— Se ele fosse iria adorar se enfiar no meio das suas pernas — murmuro irritado. — Não
teve tantos caras, com quantos caras você esteve nesses cinco anos, Amber? — pergunto e eu
não sei se quero saber a resposta.
Ela para pensativa com a mão no queixo, porra. Ela não sabe quantos a ponto de precisar
parar para pensar? Porra!
Eu já estou bufando de raiva por dentro, mas não deixo transparecer, Amber nunca me viu
dessa forma e agir assim só vai espantá-la mais ainda.
— Foram tantos assim?! — questiono intrigado e ela se vira sorrindo.
— Não seu idiota, só queria te irritar mesmo, embora eu não saiba quantos mesmo.
— Como é que é? — exclamo perdendo o controle e ela me empurra agora com mais força
me fazendo cair na piscina. — Merda Sunshine, está fria. — Pigarreio assim que subo a
superfície.
— Foi só para te acordar mesmo, seus ciúmes te cegam — debocha e eu me aproximo dela
ficando entre suas pernas.
— Continue contando, agora estou interessado nas suas aventuras amorosas em Londres —
ironizo e subo minha mão tocando em sua perna fazendo-a se arrepiar.
— Eu não estive com tantos caras assim, foram poucos, entretanto eu nunca parei para
contar, não achei que fosse tão importante assim e eram só caras de uma noite e tchau, nada com
compromisso. Eu estava focada em meus estudos e em um relacionamento sério com Ty...
— Em um relacionamento sério com quem Amber? — grito e ela afunda minha cabeça na
piscina.
— Deus, me dá paciência que se ele continuar assim eu vou matá-lo afogado, me perdoa sei

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que é pecado, mas tira esses ciúmes do meu namorado, por favor — ela suplica e solta minha
cabeça me permitindo emergir.
— Desse jeito você vai ficar viúva antes mesmo do casamento — balbucio me tremendo.
— Você fala demais, não tive outra opção, nem me deixou terminar de falar, agora eu que
não vou falar mais nada, não enquanto você se acalmar, que diabos você tem? — Bufa irritada.
— Você e o Tyler? — questiono mais uma vez.
— Não Liam! Que droga, eu e Liz sempre dissemos que somos um triângulo, meu
relacionamento era com Liz e Tyler na brincadeira, passávamos mais tempo em casa e saindo
nós três juntos. Era raro eu sair na intenção de ficar com outras pessoas meu foco era minha vida
profissional, merda!
Puxo Amber de uma vez pelo calcanhar fazendo ela cair na piscina, não demora muito e
uma Amber com o baby-doll grudado no corpo marcando seus seios enrijecidos pelo frio e brava,
emerge me encarando.
— Você é um cretino, eu acabei de tomar um banho quente sabe quais são as chances de eu
ficar hipertensa? Eu odeio ficar doente — resmunga manhosa e eu a puxo para os meus braços e
tiro o seu quimono encharcado e jogo na beirada da piscina.
— Chances de ter hipotermia, Sunshine. Hipertensa é quem tem problema de pressão —
explico, segurando o riso —, mas olha que sortuda, eu te esquento e eu sou médico, se você ficar
doente eu vou cuidar de você, tudo por você. — Beijo o topo da sua cabeça e a abraço forte.
— Tratamento vip? Eu mereço depois de ter me jogado na piscina.
— Você que começou e você também fica melhor de boca fechada, estava parecendo Ally
quando não cala a boca.
— Está me chamando de faladeira? — resmunga tremendo de frio, e eu a pego no colo e
saio com ela da piscina.
— Um pouco, hoje você está demais. Mas vejamos, eu não tenho ciúmes do Tyler, desse
cara da boate eu tenho um pouco menos agora. Eu não me importo que você tenha amizades Am,
só me importo em perder você mais uma vez e isso não está em questão no momento.
— Única pessoa que pode me tirar de você, é você mesmo, não seja burro. — Sorri e sela
nossos lábios.
Entro em casa com Amber e a coloco no chão.
— Vou pegar toalhas secas e uma roupa para você. — Faço menção em sair, mas ela me
segura.
— Não precisa, vamos para o meu apartamento e nos secamos lá. Eu quero dormir na
minha cama hoje e de preferência com você do meu lado, você disse que ia assistir séries comigo
— me lembra.

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— E eu vou, mas preciso de roupas secas para mim, vou me trocar e trazer uma toalha para
você se secar também, assim não inunda seu apartamento.
— Está bem, só não demore.
— Não vou demorar.

Secos e aquecidos é como nos encontramos agora, estamos deitados assistindo Grey's
Anatomy, Amber suspira a cada minuto quando aparece um médico e agora eu entendo o porquê
de algumas mulheres que vão ao hospital ficam nos chamando de doutor dos sonhos, quando
contei isso a Amber ela se engasgou de tanto rir.
— Então suas pacientes te chamam de doutor dos sonhos? Poxa, pensei que eu seria a
primeira e te chamar assim — diz manhosa e fazendo bico.
Amber manhosa é igual aqueles bebês bochechudos em que temos vontade de morder,
apertar. Só que com Amber a vontade começa com morder, apertar e vai muito além.
— Chamam, mas você é a única pessoa da qual eu quero ouvir isso então pode me chamar
se isso significa você se derreter toda por mim igual faz por esses aí — desdenho e ela me bate.
— Olha como fala dos meus maridos, olha essa cena eu amo essa parte presta atenção —
manda e eu me volto para a televisão.
Um dos médicos entra no elevador com o outro médico que Amber suspira ainda mais. E
em seguida entra uma mulher, depois outra e depois outra. Todas três exs dele. Porra.
Amber está se enfartando de rir da cena e eu me pergunto quantas vezes ela já assistiu essa
série.
— Quantas vezes você já viu essa série?
— Terceira vez com essa, quando acaba a temporada atual eu volto de novo, depois de você
eu só sofro por Grey's Anatomy, quem precisa sofrer por homem quando se tem Shonda Rhimes
para massacrar seu coração?
— Assiste série de médicos e ainda tem medo de ir a eles e corre de hospital, vai entender.
— Casos a parte né meu amor, casos a parte — ironiza e desliga a televisão.
— Ué, por que desligou? — questiono.
— Por que agora eu estou com sono e antes de dormir eu quero aproveitar para dar uns
amassos em meu namorado, que é muito melhor que o Derek e o Mark juntos é o meu Mc
Dresteammy — murmura e eu a puxo para um beijo.

Na manhã seguinte acordo com a campainha tocando sem parar, Amber ainda dorme ao

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meu lado sem se incomodar se tem alguém quase arrebentando o dedo na campainha ou não, mas
também a noite ontem foi longa e eu estaria do mesmo jeito que ela se não fosse essa campainha
dos infernos.
Me levanto da cama e passo a mão no meu rosto, ouço a campainha mais uma vez, seja lá
quem for essa pessoa não desiste.
Ando o mais rápido possível até a porta e quando abro há um entregador com uma caixa
grande e várias sacolas nas mãos.
— Entrega para Senhorita Amber Miller — anuncia.
— É aqui mesmo, eu recebo por ela.
— É só assinar aqui e aqui. — Aponta para o x marcado no papel e me estende uma caneta.
Assino o papel e agradeço ao entregador. Largo as sacolas em cima do sofá e a caixa
também, não vejo a hora de voltar para cama e voltar a dormir ao lado da minha garota.
Quando estou subindo às escadas e caixa rola e cai do sofá fazendo um barulho, me
aproximo cautelosamente e ouço grunhidos baixos saindo de dentro dela.
A caixa mais uma vez se mexe rolando e eu a seguro a sacudindo, o barulho para. Dou de
ombros e a coloco no sofá e novamente ouço o grunhido vindo dela.
Eu só posso estar ficando louco.
Decido abrir a caixa e quando a abro uma bola de pelos brancas pula de dentro dela e corre
desesperado pela casa sem nem me dar tempo de ver o que é.
— Mas que merda é essa?

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​“As minhas três palavras têm dois significados mas tem uma
coisa na minha mente é tudo por você.”
Lego House – Ed Sheeran

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Amber

São nove horas da manhã e eu sou obrigada a abrir meus olhos e levantar da cama, culpa dos
barulhos estranhos pelo apartamento, Liam não está do meu lado então já sei quem está fazendo
a bagunça lá em baixo.
Saio do meu quarto e caminho em direção as escadas, do topo da escada vejo Liam
correndo de um lado para o outro, franzo minha testa tentando entender do que ele está correndo,
mas não contesto, fico parada observando tentando não rir para chamar a sua atenção.
— Droga! — esbraveja e se abaixa para olhar em baixo da mesa de centro.
Ouço latidos baixinho e desço a escada correndo, quase tropeço no último degrau.
— Merda — resmungo e isso chama a atenção de Liam.
— Te peguei! — grita, se levantando com um filhotinho branco de maltês em mãos.
— Ai meu Deus que coisa mais linda. — Dou pulinhos e avanço para pegá-lo do colo de
Liam. — De onde ele saiu?
— Entregaram há pouco e eu estava tentando pegar essa coisa que não parava de fugir. —
Suspira cansado.
— Não chama ele assim, não é a coisinha mais linda que você já viu? — pergunto e ele
revira os olhos.
— Pede para não o chamar de coisa e está chamando ele de coisinha, no diminutivo, nossa
muita diferença — desdenha e vai para a cozinha.
Brinco com essa coisinha que está em meu colo e olho sacolas e mais sacolas em cima do
sofá, olho para Liam de realce, ele continua indiferente quanto ao cachorro.
— Veio junto com ele, nem me atrevi a abrir e se não fosse essa coisa rolando dentro da
caixa e me assustando eu jamais iria adivinhar que era um cachorro, uma hora dessas teria
morrido sufocado — explica enquanto vasculha a geladeira.
— Aí credo, você é tão insensível. Vamos ver o que tem aqui para você bebê — murmuro e
me sento no sofá abrindo as sacolas.
Tem tudo que é tipo de coisas para cachorro, uma caminha acolchoada, brinquedos,
roupinhas e produtos de higiene. Em outra sacola há um bilhete junto com um cartão.
Querida Amber,
Lembro-me da garotinha ruiva de sardinhas e olhos verdes que arrancava risos e suspiros
de sustos, emoções e felicidades de todos. Quando essa garotinha ficava triste e chorava todos
se comoviam e faziam de tudo para colocar novamente um sorriso em seu rosto e em uma dessas
vezes em que você chorou, fez birra eu lhe prometi um animalzinho e naquele dia você me

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devolveu um sorriso tão inocente e grandioso que fez com que eu me sentisse culpado todos
esses anos por não ter lhe dado o que eu havia prometido. Hoje essa culpa me abandona e eu
espero que você esteja feliz e que esteja dando novamente o mesmo sorriso que me deu anos
atrás. Desfrute do seu novo brinquedo, ou seria filho?
É muito bom tê-la de volta Little Sunshine.
Com carinho,
Harry.
Sorrio abertamente ao terminar de ler o cartão, guardarei em minhas coisas com muito
carinho, Harry sempre sendo um paizão, ele é um sogro que qualquer pessoa iria quer ter.
Alguém tem dúvidas de que ele irá mimar muito o bebê da Ally?
— Esse cachorro chegou agora e está roubando você e ganhando mais carinhos do que eu
que dormi com você — Liam resmunga de boca cheia.
— Você não começa, Laerte — repreendo-o e ele me olha confuso.
— Quem é Laerte? — questiona cruzando os braços enquanto me encara ainda com a
expressão confusa no rosto.
— Quando eu ficava com ciúmes Tyler me chamava assim, é um personagem de uma
novela brasileira e ele era muito ciumento. Às vezes eu ficava bem possessa com algumas coisas
e ele me denominava nível Laerte — explico a ele que solta os braços aliviado.
— Pensei que fosse alguém que você conhecia. Você passou muito tempo no Brasil com o
Tyler?
Nego com a cabeça.
— Nós ficamos quase um mês, ele tinha umas coisas pendentes e foi renovar o visto, maior
parte do tempo fiquei tendo aulas com as sobrinhas dele, acredita que as meninas mal vão à
escola e eu que estava recebendo aulas? Chega até ser irônico isso, o Brasil é um país muito
bonito, as pessoas são bonitas e calorosas. — Me levanto indo até a cozinha com uma tigela
amarelinha em mãos e segurando o cachorrinho com a outra.
Como ele é novinho irei dar leite para ele, vou procurar um veterinário ou melhor, daqui a
pouco vou ligar para Harry para agradecê-lo e vou perguntar onde foi o veterinário que ele o
comprou para levá-lo lá sempre que houver problemas.
Coloco a tigela na bancada ao lado de Liam e pego leite na geladeira e despejo pouca
quantidade na tigela, coloco em um cantinho na cozinha e solto o cachorrinho do meu colo.
— Pessoas? Homens inclusos? — questiona.
— Liam, eu não vou ficar falando de homens com você e se você quer saber se eu fiquei
com algum brasileiro eu já o respondo, sim, eu fiquei e era primo do Tyler. Acabamos aqui? —
indago impaciente.

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— Tanto faz — ele diz tentando não transparecer que ficou abalado.
— Liam, por que você faz isso? Eu não fico o tempo todo querendo saber o que você fez
enquanto eu não estive por perto, me incomodaria saber e eu sei que você se incomoda também,
podemos deixar isso de lado?
Dou uma última olhada na pequena bola de pelo que está bebendo o leite e volto a olhar
para Liam, que segura seu sanduíche, me aproximo rápido e dou uma mordida em seu sanduíche
antes mesmo que ele o leve a boca.
— Ok, vamos esquecer isso.
— Huh, bom — murmuro, mastigando o sanduíche e Liam me devolve com um sorriso, se
vira e pega outro prato com sanduíche em cima da pia.
— Mesmo não recebendo nem um bom dia e nem beijos, fiz um sanduíche para você —
resmunga desviando seu olhar do meu e aponta com o queixo para o cachorro bebendo leite. —
Essa coisa pode beber isso?
— Eu não sei, vou ligar para o seu pai para agradecer pelo presente e pedir o nome do pet
shop que ele comprou. — Puxo uma banqueta e me sento.
Liam se levanta e volta no mesmo instante com dois copos e uma caixa de suco.
— Então foi o meu pai que te deu essa coisa? — pergunta surpreso.
— Sim, ele estava me devendo e para de chamar ele de coisa — o repreendo e ele sorri
pensativo.
— Você e Ally são as filhas que ele sempre quis ter — pondera e eu concordo com um
murmúrio, despejo suco em meu copo e no dele. — Irei chamá-lo de coisa ao menos que essa
coisa tenha um nome, o que não é o caso.
— E vocês os filhos que meus pais queriam, irônico não? Meus pais têm duas filhas e seus
pais dos filhos, o destino é bem engraçado embora eu o ache inconstante. — Olho para a
pequena bolinha branca se deliciando com o leite e volto a olhar para Liam. — Me ajuda com
um nome.
— O que eu ganho com isso? — pergunta sugestivo.
— Podemos negociar — falo me aproximando meus lábios dos dele, beijo seus lábios e
deslizo minha boca pelo seu pescoço dando beijos molhados. — Bom dia, mon amour —
sussurro arrastando um francês desajeitado.
— Está bem mais gostoso de se ouvir agora essas palavras do que antes, ficou com uma
puxada inglesa sexy no final, achei que não iria ouvir isso saindo da sua boca tão cedo. — Seu
sorriso doce me cativa e me faz sorrir também, ele está feliz e embora eu ainda tenha lá meus
medos de me machucar de novo, eu estou feliz também.
No nosso último ano do colegial, passamos as férias em família na casa dos meus avós

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paternos na França e eu estava disposta a aprender a falar francês a todo custo já que viajávamos
para lá sempre que dava, eu não aguentava mais ficar sem entender cem por cento do que as
pessoas falavam comigo. E mon amour, foi a palavra mais fácil de se aprender e a que segundo
Liam era gostoso de ouvir essas palavras saindo da minha boca.
— Vamos pensar em um nome. — Mordo meu sanduíche e olho de canto para Liam que
está pensativo.
— Você não sabe nem o sexo dessa coisa Amber.
Olho para Liam de olhos saltados, eu não tinha pensado nisso até então, eu seria uma
péssima, péssima mãe se esse cachorro fosse uma criança de verdade.
Não seu cuidar nem de mim mesma, eu vou acabar matando esse cachorro.
— Eu me esqueci desse mero detalhe.
— Termina de comer que eu vou pegar meu celular e ligar para o meu pai.
— Não — grito o impedindo de se levantar. — Como vai explicar que está na minha casa e
que sabe do cachorro? Eu vou ligar para ele — explico com a voz mais calma agora.
— Eu não estou gostando nenhum pouco de continuar escondendo as coisas da nossa
família, uma hora vamos ser pegos na nossa própria mentira — resmunga se levantando, retira
seu prato e copo de cima da bancada e os coloca na pia.
— Não estamos mentindo para eles, apenas esperando para ver como as coisas vão ficar
entre nós dois Liam, se amanhã ou depois acabar o que eles vão pensar? Como irão ficar? —
questiono o olhando de costas para mim enquanto termina de secar o prato que acabou de lavar.
— Então é isso que você espera de nós? Que acabe amanhã ou depois? Está sendo
previsível com algo que nem você mesma sabe? Pelo visto eu estou nessa sozinho. — Quarda o
prato no armário e se vira para mim. — Sozinho eu não vou continuar Amber. — Ele me dá as
costas e caminha em direção as escadas.
— Liam — grito o chamando, mas ele não me olha, apenas levanta a mão me pedindo para
parar e sobe as escadas.
Que merda, você é uma burra, Amber.
Minha consciência grita, apoio meus cotovelos em cima da bancada e afundo meu rosto em
minhas mãos.
Pensa em algo para consertar essa burrada que você falou, anda Amber.
Mais uma vez minha consciência me chama.
Me levanto, pego o resto do meu sanduíche e jogo no lixo, coloco o prato e o copo na pia.
Subo para o meu quarto e nenhum sinal de Liam nele, provavelmente deve estar no
banheiro. Fico tentada entre ir até lá, entretanto decido dar esse tempo a ele, apenas pego meu
celular e disco o número de Harry que atende no terceiro toque.

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— Espero que tenha gostado da surpresa — exclama ao atender a ligação.


— Está brincando? Eu amei é o melhor presente que eu já ganhei até hoje, não conte isso
para o meu pai. Muito obrigada Harry, estou tão feliz.
Ouço sua risada do outro lado da linha.
— Será o nosso segredo querida Sunshine, ele ainda não detonou a sua nova casa? —
questiona.
— Então é ele? Eu estava na dúvida do sexo e querendo saber o que dar para ele comer,
você poderia me passar o endereço do pet onde o comprou para que eu possa ir perguntar o que
posso dar a ele ou ela? Por mim tanto faz o sexo, estou feliz com meu novo bebê.
Ouço a porta do banheiro ser aberta, Liam sai com uma toalha enrolada na cintura, mordo
meu lábio o olhando e ele percebe, pois, um sorriso de canto aparece em seu rosto.
— É um garotão, claro que posso Sunshine — sorrio por mais uma vez ele me chamar pelo
apelido que me deu na infância —, mas entre as coisas que foi com ele há uma lista com o que
ele pode comer nos primeiros meses, os cuidados que você terá que ter por conta da sua alergia
também, mas espero que você não tenha problemas, eu pedi recomendação do veterinário de um
cachorro que não soltasse pelos e que não lhe causasse uma crise alérgica.
— Poxa, eu não vi isso! Vou procurar de novo, eu fiquei tão encantada que fui abrindo tudo
em cima do sofá, provavelmente deve estar no meio da bagunça que eu mesma fiz. Muito
obrigada por se preocupar comigo, faz um bom tempo que eu não tenho mais reação alérgica,
mas nada que um antialérgico resolva.
— Mas você odeia vacinas, ou vou ter que te segurar para tomar? — Harry indaga rindo.
— Por ele eu faço esse esforço de tomar, mas se quiser me ajudar segurando a minha mão,
estou aceitando — respondo, sorrindo.
— Mandarei por mensagem o endereço e telefone de qualquer de forma.
Meu olhar ainda permaneceu em Liam, até que ele vestiu a sua roupa e saiu do meu quarto
se despedindo de mim com um beijo no rosto.
Passei mais uns minutos falando com Harry que me arrancou muitas gargalhadas o agradeci
mais uma vez e finalizei a ligação.
Jogo meu celular em cima da cama, prendo meu cabelo em um coque desajeitado e desço as
escadas a procura do coisa.
Olha eu o chamando de coisa também.
Encontro ele no canto da sala deitado em sua caminha de barriga para cima, Liam deve tê-lo
colocado ali.
As coisas não estão mais em cima do sofá, em cima dele agora só tem o bilhete de Harry e
um papel dobrado ao meio. Abro o papel e lá estão as indicações que Harry havia me falado,

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também tem o número e endereço do petshop, número de veterinário vinte e quatro horas em
caso de emergência. No final da folha tem uma letra que eu conheço muito bem, de Liam.
Os remédios e as coisas de higiene estão no banheiro do andar de baixo, os brinquedos
dele deixei no quartinho de empregada já que está vazio e é pequeno, perfeito para ele sem
atrapalhar suas coisas.
Da lista a única coisa que faltou você colocar para ele foi a água, cachorros também
sentem sede Sunshine, leite alimenta, mas água é essencial, precisa comprar ração.
Por que ele não ficou para me dizer isso ao invés de escrever? Isso eu vou tirar a limpo já,
já. Volto ao meu quarto e guardo a carta de Harry junto com o receituário do cachorro.
Tomo um banho demorado e relaxante, visto um short jeans, uma blusa soltinha e penteio
meus cabelos que agora estão molhados e cheirosos. Estava agoniada por não tê-lo lavado ontem
depois do episódio da piscina, Liam disse que faz mal lavar o cabelo a noite ainda mais que a
água da piscina estava gelada e nós tomamos banho quente, portanto ele não me deixou lavar a
cabeça, ele tirou o excesso de água dos meus cabelos com a toalha e depois os secou totalmente
com secador.
Sim ele mesmo secou e penteou os meus cabelos, antes de nos deitarmos para ver Grey's
Anatomy e eu ainda não engoli o fato das pacientes dele chamá-lo de doutor dos sonhos, por
mais que ele seja o homem dos sonhos, ele é meu.
Antes de sair do meu apartamento dou uma checada no coisa e coloco uma bolinha para ele
brincar, quando eu voltar espero estar com uma ideia de nome para ele, fecho a porta do meu
apartamento e encaro a porta da frente.
Dou um passo à frente e no mesmo momento a porta abre e Sienna sai do apartamento de
Liam, ela me olha de soslaio, acena para Liam e some pelo corredor. Encaro Liam de braços
cruzados e me viro para voltar ao meu apartamento, mas sou impedida por Liam que me puxa
pelo cós do meu short para dentro do seu apartamento.
— Vamos conversar antes que você comece a maquinar coisas na sua cabeça — pede ao
fechar a porta, ando até o sofá e me jogo nele ainda de braços cruzados e evitando olhar para ele.
Solto meus braços, eu estava parecendo uma criança birrenta de braços cruzados.
— Está vendo essa pilha de papel? — pergunta apontando para a uns papeis na mesa de
centro da sala, assinto evitando olhá-lo. — Sienna acabou de sair do plantão e veio trazer alguns
prontuários clínicos de pessoas que precisam de tratamento médico e não tem condições
financeiras.
— Aham — murmuro e solto meus braços.
Liam senta na mesa em minha frente, pega a pasta e ergue para mim.
— Leia e verá, não tenho motivos para mentir para você. — Solto um risinho irônico e ele

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completa. — Não mais.


— Tá, não quero saber. — Pego pasta da sua mão e a coloco de volta no lugar e o encaro.
— Sabe de uma coisa? Eu estou cansado, acho que a partir do momento em que você aceita
a estar de novo com a pessoa e dar uma chance a ela, você passa uma borracha ou tenta deixar de
lado tudo aquilo que aconteceu, você recomeça de novo — exclama bravo e passa sua mão em
seus cabelos. — Você fica o tempo todo apontando as coisas que eu fiz indiretamente ou sendo
irônica, eu amo você Amber, mas não preciso disso e não vou viver nisso.
— Não é de uma hora para outra que eu vou fingir que esqueci de tudo, as coisas não são
assim Liam. Acho que nós fomos rápidos demais, eu fui rápida demais, agi pelo coração ao invés
de ouvir a minha razão. — Me levanto do sofá e passo por Liam, caminho em direção a porta e
antes de a abrir eu o olho. — Acho que de mais tempo é o que nós precisamos.
— Você sempre decide por nós dois e as coisas são sempre do seu jeito né? Você decide e
eu sou obrigado a aceitar, minha opinião nunca importou, então vá como na última vez Amber,
eu cansei de tentar sozinho.
Liam me dá as costas e vai em direção a sala de jogos.
Abro a porta e saio do seu apartamento e encaro a minha porta à frente, vou ou não vou
atrás dele?
Por fim, decido entrar em meu apartamento e olho para aquela bolinha branca como a neve,
não havia pensado nisso, mas Snow me parece ser um bom nome, por ora ele vai se chamar
Snow.
Pego-o no colo e subo para o meu quarto e me deito na cama o trazendo junto, pego meu
celular e checo para ver se tem alguma ligação, entretanto só há mensagens do grupo, Liz, Tyler
e Aiden.
Respondo a Liz que perguntou o que eu achava de lasanha para o almoço e que marcou com
todos de almoçarmos aqui, falo que está tudo bem e que acho uma ótima ideia.
Tyler está resmungando que eu o deixei de lado, puro drama e pura mentira, ele que tem
trabalhado demais e faz apenas dois dias contando com ontem e hoje que não nos vemos.
E por último Aiden perguntando se eu ainda estou viva.
Respondo a todos e marco almoço com o Aiden amanhã, mas é claro que eu não vou
sozinha, isso tornaria um encontro e por mais que Aiden não insista mais em mim e nem tenta,
não quero que pense que é isso, então levarei a Liz comigo.
Acredito que esse almoço será divertido e Aiden tem se mostrado um bom amigo,
conversamos bastante nesses últimos dias e ele merece uma chance já que demonstrou mesmo
querer ser meu amigo.
Quanto a Liam, eu não sei o que será de nós agora. A quem eu quero negar né? Eu o quero,

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mas ainda tenho medo. Eu sei o que eu quero, mas meu medo me impede de dar passos à frente e
eu queria que ele entendesse isso, como ele não me entende eu o farei entender.
Volto ao apartamento de Liam e lá está ele jogando sinuca, fico escorada na porta
observando suas jogadas até que ele percebe a minha presença.
Ele me olha e volta a jogar sem falar nada.
— Você vai me ignorar por mais quanto tempo? — Ele continua em silêncio e eu solto um
suspiro. — Tudo bem, me dou por vencida.
Dou dois passos à frente e hesito antes de começar a falar.
— Vou começar com o mais importante, eu sei o que eu quero e eu te amo. E é disso que eu
tenho medo, tenho medo por querer tanto você e por amar você de uma forma tão intensa quanto
antes, é como se tudo estivesse intacto mesmo depois de tudo que aconteceu. Eu tenho medo de
mim, tenho medo do que eu sinto e de como isso pode acabar porque eu não quero que acabe,
Liam. Hoje nós dois estávamos da forma que deveríamos estar todos esses anos, da forma que eu
imaginei que estaríamos, nós somos tão bons juntos que isso é algo que eu não quero perder. Ver
Sienna saindo pela porta fez meu coração temer por alguns segundos, minutos atrás éramos
como um casal que moravam juntos e tinha um cachorro como filho. Se algo der errado, esse
amor vai acabar me matando — desabafo.
E percebendo minhas bochechas molhadas, lágrimas que eu nem havia percebido descer,
Liam larga o taco de sinuca em cima da mesa e se aproxima. Seus dedos tocam minhas
bochechas e secam minhas lágrimas, seu corpo me envolve em um abraço colhedor e eu me
aperto a ele.
— Eu odeio vê-la chorando, odeio mais ainda saber que eu sou o causador de tamanha dor
em você, eu a amo tanto, tanto... Nós vamos dar certo, juntos vamos fazer isso acontecer, eu não
posso mudar o passado e as minhas atitudes, mas podemos tornar o dia de amanhã e o nosso
futuro melhor que hoje. — Levanta meu rosto me fazendo olhar para ele e sorri, seu sorriso me
conforta, mas não consigo sorrir de volta. — Eu amo você Sunshine.
Seus lábios tocam os meus e eu me deixo levar pelo toque macio deu seus lábios, minha
língua ganha passagem para dentro da sua boca e eu traço a sua língua engatando em uma dança
envolvente e provocativa, deixo escapar um gemido da minha boca e Liam me encosta na parede
mais próxima e aprofunda o nosso beijo.
Deslizo uma de minhas mãos até a sua nuca e enrolo meus dedos em alguns fios de seus
cabelos, Liam morde levemente a minha boca e eu chupo a sua língua, ele desliza sua mão por
uma de minhas pernas e a segura subindo-a até o seu quadril, sua mão passeia pela minha coxa
até a minha virilha, seu aperto em minha virilha me faz arfar.
Nossas respirações estavam ofegantes e eu não tinha a mínima vontade de parar de beijá-lo,

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até a campainha começar a soar incansavelmente.

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“Você e eu e mais ninguém sentindo coisas que eu nunca senti.


O jeito que você me colocou sob o seu encanto.”
Touch – Little Mix

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Liam

Eu não queria e nem tinha vontade de parar o beijo, ser interrompido era algo que eu já deveria
estar acostumado, ao menos dessa vez tocaram a campainha antes de entrarem.
— Droga — resmungo ainda com os lábios colados em Amber.
— Temos que ir, almoço será lá em casa e eu vou ajudar a Liz a fazer a lasanha —
murmura afastando nossos lábios.
— Eu já disse que odeio quando eles nos atrapalham? — pergunto.
— Um dia chegará a vez deles, nós daremos o troco.
​— Com certeza eu darei e da melhor forma. — Sorrio malicioso.
— Devo me preocupar com o seu grau de perversão? — pergunta arqueando a sobrancelha.
— No quarto talvez...
— Você não existe. — Nega com a cabeça e em empurra para trás me afastando, e seu
olhar percorre por todo meu corpo. — Te espero lá, coloque uma blusa de preferência.
— Está com ciúmes Sunshine? — questiono.
— Não, apenas evitando que você ouça os comentários constrangedores de Liz, mas se não
se importar em ouvi-los por mim tanto faz, eu não tenho ciúmes de você com nossos amigos
Liam.
— Por via das dúvidas irei colocar uma camisa.
— Como eu imaginei.
— Eu nunca vou me cansar de você, sabia disso?
— Sabia, mas é bom ouvir.
Amber esperou que eu vestisse uma blusa, enquanto eu vestia ela mandou mensagem para
Liz avisando que já estávamos descendo e que a porta estava aberta, resolvemos fazer o almoço
aqui, já que enquanto elas cozinham eu e Henry ficaremos jogando sinuca.
— Desde quando você cozinha? — questiono.
— Desde que fui morar sozinha, aprendi a me virar. Não sou uma Ruth ou Maria, mas eu
arraso na cozinha.
— Quando eu vou experimentar seus dotes culinários? Só os seus que eu quero dizer.
— Qualquer dia desses.
— Eu vou cobrar isso, pode certeza que eu vou.
Saímos do meu quarto e do lado de fora já se ouve risadas e a voz de Liz tagarelando com
Henry, Tyler, Violet.
Antes de descermos a escada, damos de cara com, Brandon?

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O sorriso do meu amigo se abre ao me ver e Amber o encara medindo dos pés à cabeça, seu
olhar me deixa confuso se é de surpresa, assustada ou algo mais... Brandon chama atenção de
qualquer uma, não seria diferente se chamasse a atenção da minha namorada.
Enlaço a cintura de Amber com meus braço e comprimento Brandon com um toque de
mãos.
— Até tinha esquecido que você ainda existia — murmuro sem humor.
— Eu fico uma semana fora e você já está me traindo? — Brandon diz, olhando para
Amber.
— Você me trai todos os dias com a Paige, não tem direito de reclamar. — Dou de ombros.
— Eu mereço essa atenção agora, já que você o roubava de mim quase sempre. — Paige
aparece por trás de Brandon sorrindo.
Suspiro aliviado que Paige está aqui, se eu fiquei com ciúmes do meu melhor amigo? Sim
eu fiquei, ridículo da minha parte? Também é.
Embora eu e Amber estejamos juntos e bem, eu nunca vi outro homem que não fosse eu,
chamar atenção dela.
E isso só prova mais ainda que amor não é suficiente para manter duas pessoas juntos
quando ainda há mágoas, eu preciso muito mais do que isso para ter ela cem por cento para mim
de novo.
Odeio pensar que outro pode vir e tomá-la de mim, que esse olhar que ela deu para Brandon
outros podem recebê-lo quando eu não estou por perto.
— Já que Liam é sem educação e não vai nos apresentar, eu sou o Brandon. — A voz de
Brandon me desperta do meu transe e eu solto a cintura de Amber para que ela possa
cumprimentá-lo.
— Amber, eu ouvi muito de você esses dias — Amber diz e olha para Paige. — E você é a
Paige, como se não fosse óbvio. — Ela sorri e cumprimenta Paige com um beijo no rosto.
Como assim ouviu muito dele? Me questiono, mas ignoro.
É o Brad e ele tem uma noiva e a ama Liam, isso é besteira.
— Finalmente eu conheci a famosa Amber, já tomamos um porre olhando para suas fotos e
ouvindo cada momento em que elas foram tiradas — Brad diz com humor e Amber ri.
— Certamente irei querer saber mais sobre isso durante o almoço — ela diz e me olha
sorrindo.
— Eu estava indo levar a Paige ao banheiro, o de baixo estava ocupado, não atrapalhamos
vocês né? — Brad pergunta.
— Que isso cara, você não atrapalha, já Henry...
— Eu vou ajudar a Liz na cozinha antes que ela queime tudo, ela é quase um desastre —

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Amber beija meus lábios.


— Estou ouvindo isso tocha humana — Liz grita fazendo todos rir.
— Como é que é Lizzie? — Ela desce as escadas em direção a cozinha.
— Eu nem vou perguntar o que vocês dois vão fazer no meu banheiro, vamos fingir que eu
não sei que a Paige sabe onde fica o banheiro e que você só veio mostrar onde fica.
— Mano, você fica quieto e não empata. — Brad dá um soco de leve em meu ombro e eu
rio.
— Usem camisinha — murmuro e desço as escadas.
Camisinha... Droga, isso me fez lembrar que na sexta, na sala de jogos nós não usamos
camisinha e nem sei se ela está tomando anticoncepcional, o que eu acho menos provável já que
ela não tinha uma vida sexual ativa.
— Vocês dois não se desgrudam, não cansam de trepar? — Henry pergunta assim que me
vê.
— Eu que deveria estar fazendo essa pergunta a você, eu namoro. E você e a Liz não
cansam de trepar? Já não se desgrudam, só faltam se assumir — retruco, me sento ao lado de
Henry e fico observando ele e Tyler jogando Xbox.
— Eu não quero ser tio tão cedo, só para avisar a vocês dois — Tyler resmunga sem tirar os
olhos da televisão.
— Imagina um mini cabeça de fogo correndo por esse apartamento, droga perdi de novo —
Henry resmunga.
Sorrio com o pensamento de um filho com Amber tomando conta do espaço vazio em meu
apartamento e correndo por todos os cantos. Isso me faz lembrar mais uma vez que não usamos
camisinha na sexta-feira.
— Já volto — falo para Tyler e Henry.
— Lá vai o bundão atrás da namoradinha — Henry debocha e Tyler ri.
— Presta atenção no jogo e deixa os dois — Tyler chama atenção dele.
— Devo uma ao Tyler só por isso.
— Você me deve muitas Liam, muitas — Tyler diz um sorriso no rosto. — Ganhei,
perdedor! — Ele grita comemorando.
— Quem perdeu agora? — Brandon aparece na sala sem Paige ao seu lado.
— Cadê a Paige? — pergunto intrigado.
— Banheiro... Ela realmente foi ao banheiro — explica e olha para a televisão. — Minha
vez, seus bundões.
Reviro meus olhos e levanto, dou a volta pelo sofá e puxo o cabelo de Henry e saio
correndo para a cozinha.

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— Quantos anos vocês acham que eles três têm juntos? — Violet pergunta para Amber e
Liz.
— Eu daria cinco anos para cada um e isso inclui a Liz, ela é igual — Amber diz.
— Vocês podem falar mal de mim quando eu não estiver presente? — Liz resmunga.
— Eu concordo com a Liz, não tenho cinco anos — resmungo de braços cruzados olhando
as três.
— Só puxa o cabelo do Henry e sai correndo, como se fosse uma criança querendo dizer:
você não me pega — Amber diz enquanto mexe na panela. — O que você está fazendo aqui? —
questiona e me olha.
— Quero falar com você rapidinho.
— Vocês acabaram de descer e você já quer roubar a minha amiga de novo? Ainda fomos
muito legais em não atrapalhar a foda de vocês, de novo — Liz reclama segurando uma colher na
mão.
— Nós não estávamos fazendo nada, Violet você pode mexer no molho enquanto eu vou ali
conversar com ele? Eu não vou demorar — Amber pede e Violet para o que estava fazendo e
assume a colher que Amber segurava.
— Espero que vocês não vão parar no quarto — Liz murmura.
— Cala boca Lizzie, foca em colocar o macarrão na travessa — Amber ordena e vem em
minha direção.
Puxo Amber para a sacada e fecho a porta de vidro para que os outros não nos ouçam.
— É tão importante assim que não podia falar depois e nem na frente das meninas? —
pergunta.
— Um pouco, eu poderia falar depois, mas não consigo tirar isso da cabeça.
— Então?
— Eu estava conversando com Brandon logo após que você desceu e acabei me lembrando
que não usamos camisinha na sexta-feira quando transamos na sala de jogos, eu não sei se você
está tomando remédios, foi um descuido. Eu sei que você não quer filhos — solto de uma vez.
— Ei, calma... — Se aproxima e enlaça seus braços em meu pescoço. — Liz sempre
mantém pílulas do dia seguinte em casa, eu havia tomado uma, sem preocupações ok?
Solto um suspiro aliviado e ela ri.
— Não é você que pensa em ter filhos? — questiona humorada.
— Penso, mas você não quer e isso acontecer sem você querer não é algo que eu desejo que
aconteça.
— Na hora certa vai acontecer, só tenha calma — me tranquiliza e alguém bate no vidro da
porta chamando nossa atenção. — Sem mim essa lasanha não sai, tenho que ir. Na próxima vez

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encapa a porra do seu pau. — Gargalho ao ouvi-la falar isso e soa incrivelmente excitante essas
palavras saindo da boca dela.

Casa cheia, mesa cheia. É como meu apartamento se encontra, todos estamos na mesa, já
comemos, repetimos e todos elogiaram a lasanha de Amber com participação de Liz e Violet.
Segundo o idiota do Brandon, foi tipo um feat, já que Liz e Violet só ajudaram e Amber que
fez tudo.
— Agora você pode me contar a história do porre do Liam — Amber pede a Brandon que
me olha procurando saída.
Dou de ombros, não vai ter como esconder as merdas que eu fiz depois que ela se foi, uma
hora ou outra ela vai ficar sabendo. Não por essa história, provável que ela ache que foi apenas
um porre. É o que qualquer pessoa que não conviveu comigo nessa época vai achar, então assinto
para Brandon contar.
— Sério que você vai deixar ele contar? — Henry pergunta de testa franzida.
— Foi só um porre, o que tem demais? — dou ênfase no que falo para que ambos entendam
e foi apenas um de muitos porres.
— Estávamos voltando da aula e Liam havia perdido mais um dia. — Brandon começa a
falar e me olha, dou permissão para ele continuar, isso em partes ela já sabe. — E adivinhem só?
O bonitão estava sentado no sofá, soluçando, eu pensei que ele estava com soluço, eu até peguei
água. Quando o vi de frente ele estava com uma garrafa de Bourbon em mãos, resmungando
entre soluços coisas que eu nem sabia o que era.
— Na verdade ele estava conversando com a foto como se fosse a própria Amber — Henry
o interrompe.
— O cara estava alucinado, falava coisas desconexas como “eu te ajudo com as malas”,
“por favor, não me deixa, me perdoa”, eu e Henry nos olhávamos e perguntávamos que mala. A
gente não sabia se riamos da cena ou se íamos ajudar. Por fim, depois de uma luta com ele,
conseguimos enfiar ele em baixo da água fria e depois ficou tudo bem.
Eles resumiram, entretanto, contaram a maior parte do que aconteceu de fato, esse foi o
primeiro porre depois que ela se foi.
— E eu achei que os porres da Amber e Liz fossem mais interessantes — Tyler conclui.
— Não tomamos porres assim, você é exagerado, convenhamos que somos muito melhores
bêbadas — Liz diz e Amber concorda batendo em sua mão.
— O que elas fazem bêbadas? — pergunto curioso.
— Essa eu quero ouvir — Henry e Violet dizem ao mesmo tempo.

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— Preparem as pipocas que o assunto hoje é sobre os porres alheios — Brandon exclama.
— Paige, segura seu macho — Henry resmunga.
— Não me meto entre vocês, vocês o fazem me trocar pela companhia de vocês e agora
quer que eu me meta nessa relação? Estou fora — Paige responde.
— Vamos, vamos a história das alcoólatras um e dois — Violet diz animada.
— Que rufem os tambores — Henry grita batendo as mãos na mesa.
— Que minha mão vá parar na cara desses idiotas — Amber diz batendo as mãos uma na
outra.
— Conta logo Tyler, difama nossa imagem, faz isso com as suas melhores amigas — Liz
resmunga em tom dramático.
— Vou começar com um dos porres épicos, tem muitos, mas esse é o meu preferido —
Tyler diz olhando para Amber e Liz. — E tinha que ser estrelado por Amber, que acha que é uma
modelo, incorpora a Gigi Hadid e quer subir em cima das mesas do bar e desfilar, não bastou
desfilar e tentar fazer baliza com a garrafa na cabeça, nós fomos expulsos do bar por causar
reboliço, não satisfeita no caminho ela fez uma placa de pole dance, começou a tirar a roupa e a
placa ficava próximo do Big Ben. Não preciso falar que estava lotado de pessoas naquele lugar e
todas se rodearam em volta dela né? As pessoas jogavam dinheiro no chão como se estivessem
mesmo vendo uma atração. Ela gritava “fode, fode essa buceta”.
Todos nós olhamos para Tyler sem entender o que ele tinha acabado de falar, eram palavras
em outra língua, português para ser mais preciso.
— É um bodão no Brasil — Tyler nos explica o significado nos fazendo rir. — Eu não
sabia se segurava a Liz ou corria para tirá-la de lá, eu soltei a Liz e a deixei escorada em um
casal de idosos, corri para pegar Amber que só sossegou quando bateu de testa na placa e caiu
sentada.
Amber escorrega seu corpo pela cadeira envergonhada e tapa seu rosto com as mãos.
— Aquela não era eu — resmunga ainda com os olhos tapados.
— Não era mesmo, era a Amber Hadid — Liz debocha rindo.
— Você quer falar de que mesmo? Você amarrou o casaco no pescoço e saiu correndo
pelas ruas dizendo que era a mulher maravilha e que ia pular do Big Ben — Amber tira as mãos
do rosto, ela está estupidamente linda corada.
— Desde quando mulher maravilha tem capa? — Paige pergunta.
— É o que todos nós queremos saber, você sabe que se pulasse do Big Ben não ia restar
nem sua capa para contar história né mulher maravilha? — Henry debocha de Liz.
— Eu gostaria muito de ver essas meninas bêbadas. Eu não queria estar na sua pele,
imagina não poder encher a cara porque sem você, as duas não são ninguém — Brandon diz para

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Tyler.
— Amigos são para essas coisas, fazer o que. — Tyler dá de ombros.
— Vocês são ridículos, eu estava arrasando de mulher maravilha, mesmo com um casaco
amarrado no pescoço — Liz se defende.
— Gata, se você quiser eu compro uma fantasia para você usar comigo, vai ser a minha
mulher maravilha, o que acha? — Henry propõe.
— Pelo amor de Deus, vocês dois parem — Amber pede.
— Você perdeu o direito de pedir alguma coisa em relação a isso quando nós vimos vocês
transando — Henry alfineta com um sorriso sarcástico no rosto.
— E você vai perder seus dentes se continuar falando sobre isso — falo entre dentes.
— Não sei nem do que você está falando — Henry responde sonso.
— Então né, os meninos lavam a louça e nós vamos ficar de molho, merecemos depois
desse almoço maravilhoso que fizemos — Liz diz, cortando o assunto.
— Você quis dizer que Amber fez feat você e Violet né — Brandon indaga.
— Daqui a pouco vai sair uma música chamada lasanha feat VioLiz — Henry brinca.
— Queremos a cozinha um brilho e se não limparem direito vão fazer de novo, a Maria não
é empregada de vocês — Liz resmunga se levantando e as outras fazem o mesmo.
— Empoderamento feminino isso aqui? — Tyler questiona.
— Sim e não se meta conosco — Violet diz. — Vamos também Paige, larga esses embustes
aí.
Paige se levanta e acompanha as meninas nos deixando a sós.
— Eu não tenho direito de escolha? — Brandon pergunta.
— Não — Tyler, Henry e eu falamos juntos.
— Embora eu tenho, pois você me deve uma e vai fazer a minha parte — Tyler diz dando
tapinhas em meu braço e se levanta.
— Onde você vai? — pergunto.
— Violet tem plantão mais tarde e eu combinei de irmos ao cinema após o almoço —
explica.
— Outro bundão — Henry resmunga.
— E você é outro, só não está vendo isso ainda, quero estar sentado na primeira fileira
quando você estiver arreado pela Liz — Tyler atira e sai.
— Correu né — Henry grita para que ele possa ouvir.
— Qual é o milagre da Paige estar aqui?
Aproveito para perguntar a Brandon já que estamos sozinhos, Paige mora em Miami e é
bem raro ela passar o domingo aqui em Manhattan já que é professora de dança e dá aulas

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durante a semana.
— Eu também achei estranho, no máximo essa hora ela estaria no voo voltando para casa
— Henry diz.
— Ela vai embora amanhã cedo, não tinha voo livre para hoje. — Brandon dá de ombros.
— Espero que meu banheiro esteja em ordem.
— Vocês transaram no banheiro dele naquele tempo em que subiram? Todo mundo transa
nessa casa menos eu — Henry reclama frustrado.
— Não seus idiotas, Paige está atrasada e foi fazer um teste para ter certeza, eu quis estar
junto para dar suporte, mas ela me expulsou do banheiro e eu desci. Ela disse que só vai me falar
o resultado em casa, acho que foi negativo já que ela está calma, pior que eu já estava ficando
animado com a ideia de ser pai — Brandon lamenta.
— Boa sorte nos próximos meses sem sexo — Henry diz debochado, olha para porta por
um segundo e volta a nos olhar. — Cara, eu gelei quando você começou a contar sobre o Liam.
— Eu só comentei e na esportiva, não imaginei que ela fosse querer saber, foi mal cara —
Brandon me olha pedindo desculpas.
— Eu não vou esconder isso dela, irei contar, só tenho medo de como ela vai reagir a isso,
eu aprendi da pior forma que omitir as coisas tem uma consequência nada boa e não que isso seja
algo que eu sou obrigado a contar a ela, mas eu vou contar por causa da nossa família, eles
sabem, menos ela — falo em um suspiro.
— Vocês vão lavar essa louça hoje ou amanhã? — Amber aparece na porta resmungando.
— Essas mulheres hoje estão abusadas né? — Henry resmunga recolhendo os pratos da
mesa, enquanto Brandon pega as garrafas de cerveja. — Você pega os copos e vai guardar as
coisas, Brandon seca. Aproveita que está aqui e vai tirar a mesa também — Henry coordena e sai
com Brandon.
— Estou sendo mandado dentro da minha própria casa — resmungo e Amber caminha até
em minha direção e senta de lado em meu colo.
— Para de reclamar, só hoje. — Pede apertando seus olhos e sorri.
— Eu até que estou sendo menos reclamão e também é só hoje. — Coloco seus cabelos
para o lado e deslizo meus lábios pelo seu pescoço. — Se não fosse eles, nós já estaríamos no
quarto uma hora dessas.
— Você disse certo estaríamos, mas não estamos e vamos respeitar as visitas. — Ela se
movimenta em meu colo e logo se levanta.
Porra. Amber.
— Vou ir ver o Snow é o tempo que vocês terminam de arrumar as coisas e vamos ver um
filme — diz como se nada tivesse acontecido.

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— Você é o demônio, já te disse isso?


— Posso ser o que você quiser que eu seja, até mesmo um demônio — sussurra
provocativa.
Essa garota será a minha ruina, mais uma vez.

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“Estou vendo a dor, estou vendo o prazer ninguém além de você além de
mim, além de nós, corpos juntos. Adoraria te abraçar perto de mim, esta
noite e sempre, adoraria acordar ao seu lado.”
Pillowtalk – Zayn Malik

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Amber

O meu final de tarde em pleno domingo se encerrou em um almoço agradável com meus amigos
e amigos do Liam reunidos, nunca havia me sentido tão bem assim em meio a tantas pessoas,
sempre era só eu Liz e Tyler ou eu, Ally, Ben e Liam. Agora somos o dobro.
Algo que me chamou muita atenção durante aquele almoço foi a semelhança gigantesca
entre Brandon e Aiden, eles se parecem muito, mas deve ser apenas impressão minha.
Estou sentada na minha cama brincando com o Snow enquanto Liam não sai do banheiro, já
tem um tempo que ele foi tomar banho para dormirmos, ele insistiu para tomarmos banho juntos
logo depois que transamos, mas eu queria dar um pouco de atenção ao mais novo morador da
casa.
Snow está todo manhoso deitado em minha cama enquanto eu faço cócegas em sua barriga,
não posso tocar nele que ele já se assanha todo.
Essa semana será bem corrida, tem a inauguração da clínica do Liam, a ida para Hamptons
no final de semana e eu estou pensando em chamar Tyler e Liz para ir também, Liz eu nem
preciso saber a resposta, ela já disse que iria até mesmo se eu não a chamasse.
— Agora eu posso ter a atenção da minha namorada? — Liam pergunta.
— Você estava aí? Eu não ouvi a porta abrir. — Pego Snow no colo e bato na cama para ele
se deitar.
— Acabei de sair do banheiro, ele não vai dormir no nosso meio ou vai?
Seu rosto está com uma expressão engraçada, sorrio negando com a cabeça e coloco Snow
em sua caminha ao lado da minha cama.
— Satisfeito agora? — pergunto.
— O suficiente — responde e sorri de canto —, podemos conversar antes de dormir? Eu
queria te contar uma coisa.
— Claro que podemos, eu já estou curiosa. Só me deixa lavar a minha mão.
Corro para o banheiro e lavo a minha mão, afinal eu ainda sou alérgica a pelos e faz muitos
anos que eu não tenho reação alérgica a eles, não posso dar bobeira.
— Eu tenho muito medo da minha alergia voltar — falo ao voltar para o quarto e me deito
ao lado de Liam, que me puxa pela cintura colando nossos corpos.
— Acredito que sua alergia era devido a cachorros que soltam pelos e que tem pelos muito
grandes, caso ela ataque novamente existem métodos para isso, você sabe — ele explica.
— Eu sei, mas eu corro de vacina, entretanto agora que eu tenho o Snow, por ele eu faço
esse esforço. Mudando de assunto, o que você quer me contar? — pergunto e sua expressão

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muda de distraído para preocupado.


— Eu não quero que você fique com medo de mim, que me olhe de outra forma, quero que
você continue do jeito que sempre foi comigo e que me olhe como você sempre me olha, você
me promete que vai fazer isso? Você tem que me prometer Amber, não vou suportar você me
olhando de outra forma por causa do que eu vou te falar — pede em uma súplica.
​— Eu prometo — afirmo.
— Quando os meninos falaram no almoço sobre eu estar bêbado era verdade. O que eles
não contaram é que eu meu consumo de bebidas alcoólicas passou a ser excessivo, era constante
eu estar alcoolizado em casa, eu não comia, não bebia e eu mal dormia. Eu só vivia para beber,
isso durante três meses seguidos, Henry não teve outra saída senão contar aos meus pais que não
pensaram duas vezes em voar para me ver. — Ele engole em seco e fecha os olhos. — Eu me
arrependo de ter feito meus pais passarem por isso, por me verem daquela forma.
— Você não precisa terminar.
Eu encosto sua cabeça em peito e deslizo minha mão pela maçã do seu rosto o acariciando,
seu maxilar está rígido e isso demonstra o quanto ele está tenso.
— Eles me trouxeram de volta para casa e eu comecei a fazer tratamento, levou um tempo
até a poeira abaixar, eu me recuperei e voltei para a faculdade um ano depois. Eu reprovei um
semestre por isso, me esforcei muito com ajuda de alguns professores para me tornar quem eu
sou hoje, eu passei a ser um novo Liam, talvez isso explique e agora você entenda meu ciúme
excessivo, minha insegurança e meu temperamento forte, coisa que eu não era antes. Antes que
você fale alguma coisa — ele abre os olhos e me encara —, não quero que se culpe, nada disso
foi culpa sua. Foi culpa minha, muitas coisas que aconteceram entre nós. Eu poderia ter te
esperado para ir à faculdade, mas eu fui um egoísta e pensei só em mim e no que eu queria, eu
não pensei em você e nem se isso nos faria bem. Eu poderia ter feito tanta coisa Sunshine... Mas
eu não fiz.
— Eu só queria entender porque vocês não me contam as coisas, por que escondem de
mim? Eu não estou perguntando se todos sabiam porque isso é bem óbvio, mas por que ninguém
me contou? Eu não sei se eu tinha esse direito de saber, mas poderiam ter me contado — falo
frustrada.
— Eu pedi para que não te contassem, Ally no começo passava maior parte do tempo
comigo e um dia eu estava mexendo no celular dela e vi suas redes sociais, você estava sorrindo
em todas as fotos. — Sorrio de canto e ele me olha. — Você estava feliz Amber, eu conheço
todos seus sorrisos, inclusive esse sorriso forçado que você está dando agora para não chorar,
você estava seguindo. Eu só não pensei que iria doer tanto assim ter que deixá-la ir, mas foi o
que eu fiz. Quando você voltou Ally veio me perguntar se eu já tinha te visto, você estava

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diferente, seu olhar era indiferente, antes quando você me olhava seus olhos ficavam um tom
mais escuro eu nunca soube se era coisa da minha cabeça, mas seu olhar direcionado a mim era
único. Hoje quando você me olha é como se estivesse olhando para qualquer pessoa, assim como
olhou para Brandon e assim como vai olhar para outros. E eu não me importo se você olhar para
todos assim, desde que eu tenha você comigo. É louco eu dizer isso, eu sei.
— Shh... Para de falar besteira, eu fiquei assustada ao ver o Brandon, eu nunca o vi e demos
de cara com ele do nada. Outro ponto, estamos nessa juntos, juntos Liam. Eu amo você, posso
não confiar como antes, posso não estar tão entregue como antes, mas eu sei que eu o amo, você
sente o que eu sinto? Você consegue acreditar quando eu falo que eu amo você? Estamos juntos
nessa e o que aconteceu ontem já é passado, somente o hoje e o amanhã talvez, nos pertence.
Vamos viver isso.
— Eu só não quero que um dia você me veja em meus surtos de raiva, eu ainda estou
trabalhando em melhorar isso, faço consultas duas vezes na semana durante meu horário de
almoço com a psicóloga, eu me transformo Amber, eu... eu não sei quem me torno. — Silêncio
seus lábios com meus dedos.
— Vou repetir mais uma vez, vamos viver isso — repito para ele sorrindo.
— Vamos viver isso. — Ele sorri de volta e me beija.

Com beijos e carícias, foi a forma que eu fui acordada essa manhã, Liam foi o primeiro a
despertar já que pegaria cedo no hospital e depois seguiria para a sua clínica.
— Nos vemos no almoço? — pergunta, enquanto eu termino de calçar meu peep toe.
— Eu marquei de almoçar com a Liz e um amigo hoje, mas se quiser se juntar a nós.
Omito que esse amigo é Aiden, sei que é errado, mas não quero Liam surtando logo pela
manhã, entretanto o convido para almoçar também, vai que ele para com os ciúmes ao conhecer
Aiden.
— Passe um tempo com seus amigos, eu vou agilizar as coisas da inauguração de amanhã,
nos vemos à noite então?
— Sim, nos vemos a noite — confirmo sorrindo e saímos do meu quarto.
— Uh casal, se quisermos passar no Starbucks temos que correr, estamos atrasadas Am —
Liz diz.
— Eu só vou colocar comida para o Snow e aí podemos ir.
— Deixa que eu faço isso, eu ainda tenho tempo — Liam se oferece e eu assinto.
— Liz vai tirando o carro que eu te encontro. — Jogo as chaves do meu carro para ela. —
Não vá arranhar meu carro, ele tem poucos dias de vida.

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— Muito engraçadinha você, foi para rir? — debocha abrindo a porta. — Não demore
afogando a sua boca na do bonitão aí.
— Some logo Lizzie — resmungo e ela sai batendo a porta. — Então... um beijo de bom
dia eu não recebo? — pergunto a Liam.
— Isso você já recebeu quando acordou, aliás, recebeu vários beijos de bom dia —
responde se aproximando e me prendendo contra a parede —, mas que tal um beijo que diga:
pense em mim o dia todo?
— É uma proposta tentadora — murmuro quase em um sussurro. — Entretanto estou
atrasada e se você não o fizer agora, só fará a noite.
— Você joga muito baixo Sunshine — resmunga.
Uma de suas mãos vai em direção a minha nuca, seus dedos se agarram em alguns fios do
meu cabelo e ele me puxa para o mais perto possível dele, nossos corpos se colam e seus lábios
atacam os meus com voluptuosidade, sua outra mão traça um caminho pelo meu corpo me
acendendo por dentro, enquanto a sua língua toma a minha e entramos na briga com nossas
línguas de quem comanda mais.
Deixo a minha bolsa escorregar pelo meu ombro e cair no chão, agarro minhas mãos na
blusa de Liam tentada a levantá-la, mas ele me impede e impulsiona seu corpo no meu fazendo
seu membro duro tocar em minha intimidade por cima do meu jeans, um gemido escapa de
minha boca e eu chupo e mordo seus lábios cessando nosso beijo.
— Acho que funcionou, entretanto, o feitiço virou contra o feiticeiro, não será só eu que
vou pensar em alguém o dia todo — sussurro me referindo ao seu membro ao descolar nossos
lábios.
— Eu penso em você a todo momento — sua voz rouca invade meus ouvidos —, mas agora
vá antes que eu a impeça de sair pela porta.
Me abaixo pegando a minha bolsa no chão e não perco a oportunidade de apalpar seu
membro, Liam solta um grunhido e eu me afasto correndo em direção a porta, antes de abri-la eu
paro e o encaro.
— Eu não iria me impor se quisesse me impedir de sair, mas já que isso não aconteceu, nos
vemos mais tarde — o provoco e antes de sair pela porta e a fechar atrás de mim ouço ele
resmungar alguma coisa.

— Liam sabe que você vai almoçar com o cara da boate? — Liz questiona assim que
entramos no prédio da empresa da minha mãe.
— Eu não contei que era o Aiden, disse que era com você e um amigo, o que não é mentira

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já que Aiden é meu amigo. Ele está tão possessivo ultimamente que eu só quis evitar estresse
logo pela manhã — explico e ela abre a boca em menção a dizer algo, mas logo a fecha. — Não
finja que Henry não te contou sobre Liam ter se tornado um alcoólatra, agora eu entendo um
pouco da sua possessão, do medo de perder. Liam nunca foi assim, acredita que ele ficou com
ciúmes do Brandon?
— Henry me contou tem pouco tempo e não cabia a mim a te contar isso, até queria e
contaria se fosse algo que interferisse na sua vida ou a fizesse sofrer, você sabe. Mas isso é um
problema dele e um assunto particular que cabia a ele contar a você, fico feliz que ele tomou a
iniciativa de te contar sobre isso, Henry falou que não foi nada fácil vê-lo se afundar nas bebidas.
E como assim ele ficou com ciúmes do Brandon? — questiona mais uma vez, agora com a sua
testa enrugada.
Abro a porta da sala em que divido com Liz e sento em minha mesa e espero Liz entrar e
fechar a porta para contar.
— Brandon é muito parecido com Aiden, eu fiquei assustada e eu o olhei bastante, Liam
percebeu e é claro que ficou com ciúmes. Ele não disse que ficou com ciúmes, só disse que
percebeu. — Liz senta de boca aberta na cadeira a minha frente ao invés de ocupar o lugar em
sua mesa.
— Você sentiu atração pelo Brandon? — Surpresa é como a voz de Liz saiu. — Ou você
sente atração pelo Aiden e pelo Brandon se parecer com ele, você se sentiu atraída?
— Liz eu não sei. Não sei se atraída foi como eu me senti. Surpresa eu fiquei de verdade,
isso nunca aconteceu comigo enquanto eu estava com o Liam, eu sempre tive olhos apenas para
ele. Eu sinto como se o tivesse traindo quando reparo em outros.
— Você não está o traindo Am, você acabou de voltar depois de cinco anos, se acertaram e
estão tentando fazer dar certo. Você ainda guarda mágoas do que aconteceu, podem ter se
passado anos, mas você ainda se lembra como se fosse ontem, confiança não nasce novamente
de uma hora para outra, é como se Liam fosse um novo homem em sua vida que você está
acabando de conhecer, você não vai confiar logo de cara e muito menos se entregar totalmente.
O que eu quero dizer é que vocês estão se conhecendo novamente, se entregando aos poucos,
isso é normal. Não se sinta mal por isso tudo bem? Não guarde mais mágoas, você tem que se
livrar disso para poder seguir em frente. — Liz sorri pegando em minha mão e a apertando. —
Você sabe que eu sempre vou estar aqui para você, dê essa chance a você mesma e a ele também.
— Eu estou dando — afirmo sorrindo.
— Eu espero que você esteja dando mesmo... Mãos à obra né? Temos muitas coisas a fazer,
quero te mostrar uns rabiscos que eu fiz. — Ela levanta animada pegando uma pasta em cima de
sua mesa.

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Enquanto Liz me mostra seus novos desenhos, fico refletindo no que ela falou, no que Liam
me confidenciou e eu chego a uma conclusão.
Não foi só eu quem saiu magoada desse relacionamento, o que Liam fez trouxe
consequências tanto para mim quanto para ele.
Eu tenho que mostrar a ele que independente do que tenha acontecido no passado, ficou no
passado. Eu vou focar somente nisso a partir de agora, esquecer de uma vez por todas tudo que
aconteceu e me entregar de corpo e alma a minha nova vida, ao meu novo relacionamento e a
mim mesma.

Entro no restaurante com Liz, marquei com Aiden às onze em ponto, eu estou um
pouquinho atrasada.
— Eu espero que esse Aiden seja um gostosão para fazer meu almoço valer a pena, trocar
Mc Donald’s por isso aqui não foi uma decisão fácil — Liz resmunga andando atrás de mim.
— Depois fica se queixando dos pneus na barriga, só come besteira.
— Nutricionista Amber atacando no momento.
— Olha ele ali. — Aponto na direção de Aiden. — Não seja atirada Lizzie, pelo amor de
Deus. Tome vergonha na cara — peço.
— Olha aquela silhueta de costas, já quero na minha agenda.
Prefiro não falar mais nada, tentar entrar em um consenso com Liz quanto a isso é a mesma
coisa que nada.
Andamos até Aiden que estava sentado em uma mesa mexendo impaciente no celular,
certamente achou que levou um bolo.
— Espero não ter demorado muito — falo assim que apareço em seu campo de visão e ele
sorri.
E que sorriso...
— Achei que não viesse, mas fico feliz que tenha vindo — ele se levanta e me cumprimenta
com um beijo no rosto.
— Essa é a Liz, minha melhor amiga, espero que não se importe que eu tenha trago
companhia, ela é de Londres e não conhece quase nada aqui — explico.
— Eu sei, é a sua amiga da boate. Prazer Liz, sou Aiden — se apresenta para Liz que se
derrete toda quando ele beija seu rosto.
— O prazer é todo meu e que prazer... — Liz murmura para Aiden o deixando sem graça.
Cutuco Liz com o cotovelo e ela dá de ombros.
— Sentem-se, não vamos almoçar em pé né — Aiden brinca para descontrair.

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Nos sentamos e o garçom vem nos trazer o cardápio.


— O que você sugere? E sugira algo bom que compense a minha troca pelo Mc Donald’s
— Liz pergunta ao garçom e fazendo Aiden rir.
— Ignora a Liz, ela é assim vinte e quatro horas por dia — falo.
— Eu estou acostumado, tenho uma irmã e um irmão, minha irmã ainda não chegou nesse
nível pois ainda é uma criança, já meu irmão sem comentários — Aiden diz sorrindo relaxado.
— Irmão? Qual o nome do seu irmão? — Liz é direta na pergunta. — Desculpa está
perguntando é que você é a cara de um conhecido nosso.
— Não precisa se desculpar. O nome dele é Brandon eu não acharia estranho se o
conhecessem, já que ele mora aqui e eu moro mais em Miami do que aqui em Manhattan.
Então não é só coincidência e a semelhança que eu vi neles não era coisa da minha cabeça.
— É esse aqui? — Liz mostra uma foto em seu celular para ele e ele confirma com a
cabeça. — Que mundinho pequeno, uma cidade desse tamanho e nós encontramos um conhecido
a cada esquina — murmura.
— De onde vocês o conhecem? — Aiden pergunta.
— Ele é melhor amigo do meu namorado
— Ele mora com um amigo nosso.
Liz e eu falamos juntas e ela me olha de cara fechada. Questiono-a de testa enrugada, mas
ela me ignora.
— Pelo visto se acertou com o babaca que a deixou plantada no bar aquele dia — ele supõe
olhando para mim.
— Sim, basicamente isso — confirmo sem detalhes.
— O que vocês vão pedir? Ou preferem ir ao Mc? — Aiden pergunta olhando para mim e
para Liz. — Eu tenho que admitir que eu odeio almoços assim, eu me sinto em almoço de
negócios, adoraria comer um bom fast food.
— Deus ouviu as minhas preces, vamos ao Mc Donald’s. — Liz bate as mãos animada.
— Por mim tanto faz, eu também não sou fã de almoçar em lugares assim, ainda mais
quando está cheio, Liz e eu costumamos almoçar perto da empresa ou pedimos comida e
comemos em nossa sala — falo dando de ombros.
— Mas ela é a senhora fitness, nada de comer fast food em dia de semana. — Ela faz uma
concha com a mão em volta da boca e cochicha: — Ela é bem chata, ás vezes acha que fez
nutrição ao invés de moda.
— Que ela é chata eu descobri à primeira vista, agora que é neurótica isso é uma novidade
— Aiden brinca.
— Já gostei dele só por concordar comigo, meu estômago está gritando de fome, por favor,

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vamos — Liz dramatiza.

O Mc Donald’s não ficava muito longe, então fomos andando mesmo para evitar trânsito,
Liz estava falando no telefone com seus pais e foi andando a frente deixando Aiden e eu para
trás.
— Como estão as coisas no trabalho? — Pergunto quebrando o silêncio.
— Estão a mil por hora, semana que vem eu irei viajar a trabalho e não sei quanto tempo
vou ficar fora, tenho que fechar uns contratos para alguns clientes e ir em busca de novos
contratos também, nada de muito novo.
— Sua vida é bem agitada, você nunca para?
— Olha para mim, eu tenho vinte e cinco anos e quero chegar aos trinta com uma vida
totalmente estabilizada e quando isso acontecer eu estarei aposentado e de férias rodando o
mundo — me explica sorrindo.
— Uau, seria o sonho de qualquer pessoa não?! Mas seus pais também devem te ajudar
bastante, pelo o que você disse, seu pai tem uma empresa.
— Melhor coisa é você conquistar as coisas que você mais deseja, é lutar por isso, não tem
graça ter as coisas de mãos beijada, você acaba não tendo o gosto de conquistar algo com seu
próprio esforço e nem sabe a felicidade e a sensação de que fez a coisa certa, então se isso
responde à sua pergunta, não, meus pais não me ajudam, tudo que eles têm são deles e só. Eu
conquistei tudo com meu próprio esforço, trabalho por conta própria assim como ajudo meus
pais e não aceito nada em troca, eu tenho meu próprio escritório e meus próprios clientes e meu
pai é um dos meus clientes.
Isso me faz refletir, desde que comecei a trabalhar na loja da minha mãe venho sentido que
algo não se encaixa em minha vida lá, Liz se sente radiante e já eu me sinto normal, como se eu
já estivesse acostumada com aquilo.
E agora tudo faz sentido após ouvir o que Aiden falou. Liz comemora, comenta as coisas
eufórica porque tudo que ela tem feito não foi de mão beijada, não estava pronto e foi dado nas
mãos dela, ela é uma funcionária como qualquer outra conquistando seus objetivos e eu? Eu sou
a filha da dona.
Eu sabia que algo não estava completo e se encaixando na minha vida, agora eu sei o que é.
— Por que essa ruga na testa? — Aiden questiona.
— Não é nada, só estava pensando no que você falou e refletindo, eu fico feliz por você
conseguir tudo que almeja, seu irmão parece ser assim também.
— Brandon sempre gostou de medicina, eu fui o único que segui os passos do meu pai,

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embora meu pai seja advogado e não se convenceu de que Brandon gostava daquilo, ele se sentiu
mais confortado quando eu decidi que iria fazer direito, meu pai queria alguém de confiança ao
seu lado, e é por isso que ele é meu cliente, ele só confia em mim para fechar contratos e tratar
com clientes muito importantes.
— Isso é muito legal, às vezes eu acho que tem uma peça faltando no quebra cabeça da
minha vida e você acabou de me ajudar a achá-la, eu só preciso colocar meus pensamentos em
ordem e depois dar o xeque e mate.
— É assim que se fala boneca, saiba que você tem um novo amigo e que está a sua
disposição — ele se oferece sorrindo galanteador.
— Se eu precisar da sua ajuda é óbvio que eu vou chamar mesmo. Até que você é um
pouco legal, mas só um pouco mesmo — ressalto sorrindo.
— Eu sei que você me achou muito mais que isso, mas vamos fingir que eu acredito.
— Você é bem convencido para o meu gosto.
— E você é muito azeda, você chupa limão, boneca?
— Eu não vou nem te responder o que eu chupo, pois sou muito educada e você cala a
boca.
Aiden dá um risinho em resposta e encontramos com Liz em frente ao Mc Donald’s.
— Mãe eu estou morrendo de fome ou eu como ou eu falo com você, por favor mãe, você
sabe que eu odeio que me atrapalhem a comer... está bem, eu também amo vocês — resmunga e
desliga o telefone.
Liz é bastante afetiva com os pais, o que ela tem de fria em relação a homens e outras
pessoas que não conhece muito bem, ela tem de manteiga derretida pelos pais. Que são duas
pessoas incríveis por sinal.
— Eu estou doida para encher a barriga com esse Big Mac — Aiden diz ao se sentar na
mesa com a bandeja do seu lanche.
— Aquela atendente ficou olhando para nós com cara de quem comeu e não gostou — Liz
diz apontando para a atendente.
Brianna.
Sorrio internamente sabendo o motivo disso.
— Deve ser falta de sexo, só acho. — Dou de ombros e mordo meu Mc Fish.
— Se for falta de sexo avisem a ela que eu estou à disposição para resolver seu problema,
ela é gostosa — Aiden brinca dando um gole em sua Coca-Cola.
— Certamente ela vai querer, não pode ver um macho — murmuro baixo.
— O que você disse Am? — Liz pergunta.
— Nada, só pensei alto. — Sorrio forçado para Liz e volto a comer meu lanche.

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Foi bem agradável passar o horário de almoço com Aiden e Liz, quanto mais tempo
conversávamos, menos vontade de voltar para a empresa eu sentia.
— Am, podemos conversar um minuto? — Ally pergunta entrando na minha sala. — Oi
Liz, senti sua falta no almoço, não tinha ninguém para tagarelar comigo — lamenta ao
cumprimentar Liz.
— Podemos, é alguma coisa com o bebê? — pergunto preocupada.
— Sim e não. Queria saber se tem problema para você adiarmos a ida a caça a caixa em
Hamptons por enquanto, eu comecei a entrar na fase dê enjoos e eu não gostaria de ir viajar
assim enjoada e ficar atrapalhando vocês o final de semana todo, sei que irão se preocupar,
podemos ir mais à frente o que acha? Mas você pode ir com seus amigos, não deixe de ir por
isso.
— Por mim tudo bem Ally, eu não tenho pressa. Talvez seja melhor esperar mais um tempo
para você ir mesmo, eu ainda não tinha chamado ninguém, só a Liz, mas essa aí eu nem precisei
chamar.
— Lógico que não precisa, já sou da família sua mãe me adotou, baby.
— Agora eu tenho duas irmãs chatas? Deus está me castigando por algo que eu não sei o
que é.
— Nos chama de chata, mas não vive sem a gente — Ally debocha. — Eu só vim falar isso
com você, eu tenho muitas papeladas e umas contabilidades para fazer antes das cinco, vejo
vocês depois.
— Até mais lindinha — Liz diz humorada e acena para Ally.
— Lindinha? — pergunto rindo.
— Sim, se você é a florzinha ela é a lindinha.
— E deixe-me adivinhar, você é a docinho? — pergunto.
— Não me envolve nisso — rebate.
— Ok docinho — debocho.
Terminamos nossos afazeres antes do nosso horário, resolvemos ir embora e engatar em um
treino leve na academia, mas acabou não sendo tão leve assim já que havia um personal novo e
Liz já foi logo criando amizade, o que nos levou a fazer novas séries de exercícios como
primeiras alunas dele. Minha vontade era de matar a Liz.
— Meu corpo todo dói, eu não sinto nem as minhas pernas — resmungo com Snow no colo
e me jogo no sofá ao lado de Liz.
— Você tem um Mc Steamy na porta da frente para cuidar de você não sei do que está
reclamando, eu não tenho nem um big mac, querida.
Solto uma gargalhada e taco a almofada em Liz.

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— Não o chame assim você também.


— Quem mais chama ele assim?
— Algumas pacientes o chamam de doutor dos sonhos e ele só foi entender o porquê depois
que viu um episódio de Grey's comigo.
— Que otário. Ele é o que? Uma mistura de Mc Dreamy com Steamy? Uau, você é sortuda.
— Para você ele é uma mistura de nada com nada. Foque só no seu big mac.
— Por falar em big mac, adorei o Aiden, ele é muito divertido e tem uma queda por você.
— Ela faz uma pausa. — Queda não, abismos.
— Não acho que tem e sim ele é muito legal.
— É porque você não enxerga, mas ele te respeita e muito, ele não procurou saber do seu
relacionamento, ele não fez perguntas e nem se demonstrou interessado. Muito maduro, talvez
seja por isso que você não percebeu, mas ele te olhava e sorria olhando para você o tempo todo.
— Você está blefando.
— Se você diz...
— Liz vai fazer comida, eu estou quebrada e a culpa é sua, então já sabe.
— Claro, vou fazer para você reclamar depois que eu queimei ou que alguma coisa faltou
tempero, eu sou péssima — resmunga fazendo careta.
— Eu vou fazer macarrão que é mais prático, estou com vontade de tomar vinho também,
ainda bem que compramos bastante.
Levanto do sofá com dificuldade e deixo Snow ao lado de Liz. Ando devagar até a cozinha,
quando eu falo que meu corpo todo dói, não estou brincando, parece que um trator passou por
cima de mim várias e várias vezes.
Pego as coisas necessárias para preparar o macarrão e coloco a água para ferver, enquanto
espero a água ferver pego uma taça e me sirvo com o vinho que estava na geladeira.
Minutos mais tarde já estou terminando de preparar o macarrão, chamo por Liz que levanta
em um pulo do sofá, antes mesmo de chegar a cozinha a campainha toca.
— Vou atender só porque você fez a comida — diz e vai abrir a porta.
Coloco os pratos e talhes em cima da bancada, taças e me viro para pegar o vinho na
geladeira.
Braços enormes me envolvem enquanto estou de costas pegando o vinho na geladeira e eu
solto um gemido de dor.
— Eu ia te falar para não fazer movimentos bruscos, ela está toda quebrada — Liz diz.
Me viro para Liam e tento sorrir, mas a dor que eu estou sentindo não me deixa.
— Você tem que pegar mais leve na academia, Amber — Liam diz em tom preocupado e
coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Eu vou pegar um analgésico para você

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tomar depois que comer.


— Eu não quero tomar remédio — falo manhosa e ele rir abafado.
— Mas você vai tomar, daqui a pouco você nem vai estar mais sentindo dor, vai comer que
eu vou em casa buscar o remédio. — Ele beija minha testa e se afasta saindo do meu
apartamento.
Coloco o vinho em cima da bancada e puxo uma banqueta para me sentar.
— Quero um Mc Steamy para cuidar de mim também — Liz diz enquanto se serve.
Liam entra novamente no apartamento com uma cartela de remédio em mãos, balançando
para mim.
Ele sabe que eu tenho pavor de remédio e mesmo assim provoca.
— Eu vou afundar a sua cara no seu prato se continuar o chamando assim — ameaço Liz
apontando meu garfo para ela. — Mc Steamy só o Mark.
— Quem é Mark? — Liam pergunta de braços cruzados e eu o ignoro.
Puxo uma banqueta para ele se sentar ao meu lado e aponto com a cabeça para ela pedindo
que ele sente. Ele faz o que eu peço.
— Mark é o hiper, mega gostosão de Grey's Anatomy — Liz explica.
— Nossa, que interessante. — Revira os olhos com desdém.
Enrolo um pouco de macarrão no garfo e o levo na direção da boca de Liam.
— Abre, foi eu que fiz, então sem riscos de uma intoxicação alimentar — peço e ele abre a
boca pegando o macarrão do garfo.
— Quer dar comida na minha boca também não? Eu estou com dor no braço — Liz pede na
cara de pau.
— Por mim, que você fique com câimbra no braço! Por todas as dores que eu estou
sentindo por sua culpa — atiro.
— Eu não sabia que os exercícios seriam tão puxados assim, amanhã a gente passa por ele e
vamos fingir que nem o vimos.
— Do que vocês estão falando? — Liam pergunta e eu empurro meu prato para ele comer.
— Não vai comer?
— Eu não estou com fome.
— Por que pegaram tão pesado nos exercícios se não aguentam?
— Porque havia um personal novo e Liz não sossegou até conversar com ele.
— Resumindo, fomos cobaias dele em seu primeiro dia. Nos fodemos, literalmente — Liz
completa.
— E você e o Henry? — ele indaga.
— O que tem? — Liz levanta o olhar para ele e o encara desconfiada.

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— O que tem? Vocês não se desgrudam. — Ele volta a comer e algo me diz que ele está
jogando para saber alguma coisa dela e levar para ele.
— Somos amigos, amigos que se pegam quando sentem vontade, apenas isso — ela
esclarece.
— Amigos, sei — falo enquanto tomo meu vinho.
— E como foi o almoço de vocês hoje? — Liam pergunta.
— Foi legal, Liz nos fez ir ao Mc Donald’s depois de estar dentro do restaurante.
— Convenhamos que nos divertimos muito mais no Mc Donald’s do que naquele
restaurante fino — Liz completa.
— Isso eu tenho que concordar com você.
— Com quem vocês almoçaram?
— Nós almoçamos com o Aiden — falo o olho em seu rosto procurando alguma reação e
até agora não há nenhuma.
— Aiden, aquele da boate? — pergunta e eu confirmo com a cabeça.
— Huh, interessante — diz e enfia o garfo com macarrão na boca.
Está aí uma reação que eu estava esperando, ciúmes. Sabia que ele não ia ficar quieto por
muito tempo.
Olho para Liz pedindo ajuda para amenizar e ela engole o macarrão e olha para Liam.
— Sabia que ele é irmão do Brandon? — Liz diz chamando a atenção de Liam. — Muita
coincidência não acha?
— Não sabia que o irmão do Brandon estava por aqui, na verdade nem me lembrava dele,
não o conheci, só conheço a pequena Cara — Liam se explica.
— Eles são muito parecidos, se não fosse pelo corpo e idade eu diria que são gêmeos.
Fico em silêncio degustando do meu vinho, já sei que mais tarde tem e eu não estou com
paciência para fazer Liam engolir seus ciúmes e se sentir seguro.

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“Nós somos como as ondas que balançam pra frente e pra


trás. Às vezes eu sinto como se estivesse me afogando. E você
está lá para me salvar.”
Malibu – Miley Cyrus

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Liam

Descobrir que o almoço de Amber foi com o rapaz da boate e por ironia do destino ele é irmão
do meu melhor amigo, foi demais.
Agora está explicado a forma que ela olhou para Brandon, ele o lembrava e ela se sente
atraída por ele. Por ora decido me manter indiferente diante a essa situação, não quero perder o
controle com meus ciúmes e causar uma briga entre nós, melhor esquecer esse assunto.
Amber sai do banheiro após fazer suas higienes e se deita ao meu lado. Aninho ela em meus
braços com cuidado e acaricio seu rosto, obriguei ela e Liz a tomarem o remédio para dor, o
remédio as deixou um pouco sonolentas.
— Que horas é a inauguração amanhã? — Amber pergunta entre um bocejo.
— Marquei para três horas, não muito cedo e também não muito tarde o que acha?
— Para um coquetel está ótimo demais, vou poder dormir até um pouco mais tarde então.
— E já era para você estar dormindo Sunshine, eu vou esperar você dormir e vou para casa.
— Você podia ficar — resmunga.
— Eu vou levantar cedo e não quero te acordar, e também não quero correr o risco de
esbarrar em você enquanto durmo e te machucar mais ainda.
— Me convenceu com essa resposta toda cuidadosa.
— Eu tenho que cuidar de você mesmo. — Beijo a sua testa. — Agora dorme, vou zelar
pelo seu sono.
Fiquei deitado com Amber até ela adormecer, quando saí Liz ainda estava acordada avisei
que estava indo embora e pedi que ela fechasse a porta.
Tomo um banho assim que chego em meu apartamento, pego alguns prontuários e dou uma
olhada nos casos antes de ir dormir.

Minha mãe e Sienna estão indo de um lado para o outro com os preparativos do coquetel,
minha mãe se ofereceu para organizar tudo e eu prontamente aceitei ela sempre fica à frente
dessas coisas quando tem algo da empresa do meu pai. Sienna se ofereceu para ajudá-la e minha
mãe aceitou, é claro.
Não vai ser uma coisa grandiosa, é uma inauguração simples com a equipe médica que vai
trabalhar aqui, alguns funcionários e nossos familiares e amigos mais próximos, amanhã a clínica
estará aberta oficialmente para o público e eu estou bem animado com isso.
Sinto duas mãos vendarem meus olhos e eu as toco para adivinhar quem é. A pele macia

Acheron - Nacionais - Apollymi


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não engana a dona delas, mas finjo que não sei.


— Adivinha quem é? — A voz sai grossa me fazendo rir.
— Ally, nem mesmo se você quisesse mudar o tempo da sua voz iria conseguir — falo
ainda rindo.
— Errou, não era Ally — Amber diz sorrindo e Ally ri no fundo.
Olho sem entender para Amber e depois para Ally, ela sabe sobre nós ou não sabe?
— Pegamos você — Ally diz andando até a mim. — Chamei Amber para te fazer uma
pegadinha, mas você é sem graça, embora tenha errado.
Não errei, eu sabia que era Amber, só precisava fingir que não sabia. Touché.
— Eu não tenho culpa se senti o anel no dedo de Amber e achei que fosse você, afinal você
é a única que usa anel na mão esquerda e além disso, Amber não usa anel — concluo.
Ainda não usa, mas ainda vai usar.
— Como você sabe que eu uso anel e ela não? — Ally pergunta desconfiada.
— Porque eu acabei de olhar para a mão dela — minto descaradamente e Ally olha para as
mãos de Amber.
— Ah... — diz dando de ombros. — Eu espero que tenha muitas coisas boas para comer,
nós estamos com fome. — Ela passa a mão na barriga que agora está um pouco mais visível por
conta do vestido justo que ela está usando.
— Se não fosse o meu sobrinho eu ia te deixar passar fome.
— Credo, você é tão insensível, seu ranzinza — resmunga batendo em meu braço.
— Eu vou ver se a Emma precisa de ajuda — Amber diz.
— Por que vieram tão cedo? — pergunto a olhando.
— Ally é apressada quis vir cedo, nem respeitou as minhas dores, foi logo me arrastando da
cama — Amber resmunga cruzando os braços.
— Você já tinha dormido demais — Ally se defende.
Queria perguntar a Amber se ela se sentia melhor e se conseguiu dormir bem, mas Ally está
aqui.
— E você é insuportável, por que não chamou a Liz?
— Eu não pensei nisso — Ally sorri amarelo. — Me desculpa, não vai haver próxima vez.
— Pois não vai mesmo, vou proibir sua entrada no meu prédio.
— Não vai adiantar florzinha, tenho um cunhado que mora no mesmo prédio que você e
tenho passo livre por lá — diz cantando vitória e sorrindo debochada para Amber.
Solto um pigarro chamando a atenção das duas.
​— Eu estou indo — Amber diz se retirando e me deixando a sós com Ally.
Merda, não queria que ela saísse de perto de mim.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Ainda tem Sienna, será que ela sabe que Sienna também veio ajudar?
— No que você está pensando? — Ally pergunta chamando a minha atenção.
— Em nada, estou pensando em nada. Cadê o pau no cu do seu marido? — pergunto me
referindo a Benjamin.
— Está na empresa ainda e vai passar em casa antes de vir, como anda as coisas entre você
e Am? — Ally pergunta erguendo a sua sobrancelha.
— Estão indo, nos vemos poucos e falamos o essencial, ela está se soltando aos poucos,
mesma coisa de sempre — minto para Ally, embora seja verdade a última parte, Amber aos
poucos vem se soltando.
— Eu torço para que vocês fiquem juntos você sabe né?
— Lógico que eu sei Ally e eu espero que isso aconteça algum dia.
Me sinto mal por estar enganando Ally e todos os outros, mas é uma vontade de Amber e
não minha.
Saio com Ally em direção a parte de trás da clínica onde há um amplo quintal e é onde está
sendo organizado o coquetel.
Meus olhos quase saltam do meu rosto quando vejo Sienna com alguns copos se
aproximando de Amber que está arrumando a mesa.
Sienna puxa assunto com Amber que a responde, observo as duas interagindo de longe e
percebo quando Amber me olha de cara fechada.
Que merda Sienna fez?
Decido me aproximar das duas e Sienna logo se espanta.
— Precisam de ajuda? — pergunto e encaro Sienna que não perde tempo e morde o canto
da boca.
Amber a olha de rabo de olho e sorri cínica para mim.
— Está tudo em ordem por aqui, inclusive eu já terminei — Amber diz seca.
— Eu preciso de ajuda por aqui se você não se importar — Sienna pede e se eu não tivesse
transado com ela poderia até cair nesse papo inocente, mas sei que é uma ajuda só para ficar
perto de mim.
— Sabe o que é Sienna, eu havia combinado de mostrar a clínica para Amber, vou
aproveitar agora que não tem muitas pessoas e fazer isso, acho que você dá conta disso não?
Caso não dê, pode chamar Ally, ela não vai hesitar em te ajudar — falo saindo pela tangente.
— Vou pedir a ajuda dela sim, obrigada de qualquer forma — ela diz decentemente.
Vejamos bem, Sienna é uma mulher legal, madura e se eu não a tivesse levado para a minha
cama seríamos amigos como Violet é minha amiga. O problema com Sienna foi termos ficado e
repetido várias vezes — afinal ela era meu estepe e eu estava em uma fase que não queria me

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envolver e nem procurar mulher alguma, mas sou homem e tenho necessidades — e acho que
isso a deixou com expectativas de que algo pudesse acontecer entre nós e essa obsessão acabou a
tornando insuportável e a afastando de Violet, que até então falava com ela, hoje não mais.
Seguro a mão de Amber a afastando de perto de Sienna, ela puxa sua mão tentando se soltar
do meu aperto, mas eu não a solto.
Entro em uma sala qualquer com Amber e agora sim a solto, ela cruza seus braços e se
apoia na mesa branca que havia ali, não faço a mínima ideia de a quem vai pertencer essa sala,
mas a ideia de Amber deitada nua sobre essa mesa branca já me deixa com pensamentos
pecaminosos. Sorrio malicioso e Amber revira os olhos percebendo o que se passa pela minha
cabeça. Porém ignoro, daqui a pouco nossa família vai estar aqui e seria constrangedor demais
eles descobrirem sobre eu e Amber após nos ouvir transar nessa sala.
— Por que você está com essa cara Sunshine? — pergunto andando até ela e quebrando o
espaço que havia entre nós, levo a minha mão direita até o seu rosto e coloco uma mexa do seu
cabelo atrás da orelha.
— Não sei que cara é essa que você se refere, bonitão — Amber ironiza.
— O que Sienna te falou Amber? — pergunto acariciando seu rosto com o meu polegar. —
Merda Amber, ela não significou nada eu te juro, não tive nada com ela além do que já te contei
— explico e suplico por dentro para que ela acredite em mim.
— Não só ela significou nada né, mas todas as outras também foram nada e entre todas
Sienna foi a única que você continuou mantendo um caso e olha que engraçado, ela trabalha com
você aqui agora também. — Ela solta um suspiro e se senta na mesa. — Eu sei que estou me
comportando como uma idiota, é que meu sangue subiu quando ela me reparou olhando para
você e comentou que você era muito bonito, gostoso e difícil, e ainda me deu um toque — ela ri
seco —, disse que você era difícil porque ama outra e que ela já te olhou da forma que eu estava
te olhando, disse que não vale a pena perder meu tempo, que você as usa e depois descarta, ainda
disse que ficou com você a par de tudo, você amava outra e ela respeitava isso.
— Amber... — Tento interferir, mas ela não deixa.
— Se não quisesse que ela criasse esperanças não ficasse mais vezes Liam, ela disse para
não dar corda para você só porque é legal, bonito, gostoso, porra ela te chamava assim? E sabe o
pior? Ela não parece ser uma pessoa ruim e que vai ficar no seu pé, ela disse que está seguindo
em frente, mas que ainda não superou e eu não sei se isso é bom ou ruim, ela só aceitou o
emprego porque ela precisa e ajuda a irmã com as despesas do sobrinho. Liam eu sinto ciúmes é
tosco eu dizer que me sinto insegura por ela além de ser bonita, ser tão madura assim? E ela nem
sabia quem eu era.
Amber desabafa com os olhos marejados, eu fui um idiota eu sei.

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— Shhh, amor olha para mim — peço e no momento em que ela me olha uma lágrima
escorre por sua bochecha e eu a seco com meu dedo. — Eu sempre sou um idiota e faço muitas
merdas, Sienna foi um erro e eu reconheço isso, reconheço que ultrapassei os limites ficando
com ela mais vezes, mas ela foi só isso Amber, uma garota como as outras que eu já fiquei e
levei para a cama, não me orgulho de estar falando isso para você, porra eu a amo, você é a
minha namorada e eu juro para você que parei de ficar com ela quando percebi que estava indo
longe demais, ela nunca demonstrou nada para mim, eu não enxergava até que Violet me alertou.
Pego a mão de Amber e coloco em meu peito e aperto a sua mão.
— Você é insegura e eu também sou, eu tenho medo que você saia correndo e embarque em
um avião, nem que seja para uma cidade ao lado. Sente isso? — pergunto me referindo a sua
mão no lado do meu peito em que fica o coração. — Dói como um inferno só de pensar que eu
posso errar a qualquer minuto e te perder, eu não sou perfeito, mas eu não quero errar. Eu
entendo a sua insegurança e eu estou aqui na sua frente quase gritando para todos, que eu amo
você, não se importe com Sienna. Se ela está seguindo a vida dela é ótimo, pois eu estou com a
mulher que eu amo recuperando o tempo perdido. Eu não posso apagar o que eu fiz nesses
últimos anos, mas sei que a partir do momento em que Ben acertou a bola em você naquela areia,
minha vida começou do zero ali.
Amber abre um sorriso largo, mas não qualquer sorriso, era a porra do sorriso que fodia
comigo. Seus braços se enlaçaram em meu pescoço e seus lábios tocaram os meus, sua língua
pediu passagem para adentrar em minha boca e eu a enlacei beijando Amber como se fosse a
última coisa que eu fosse fazer na vida, era um beijo totalmente apaixonado e com entrega, eu
podia sentir, Amber estava se entregando de corpo e alma e demonstrando isso através do beijo.
Encerro o beijo com mordidas em seu lábio macio que agora está vermelho, prendo seu
lábio entre meus dentes e Amber sorri fazendo seu lábio escapar pelos meus dentes.
— Eu te amo, Liam. Eu te amo muito mais do que amei cinco anos atrás.
E essas palavras foram como música para os meus ouvidos.

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“Ninguém vê, ninguém sabe. Nós somos um segredo, não


podemos ser expostos é como isso é, é como isso será longe dos
outros, perto um do outro.”
Uncover – Zara Larsson

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Amber

Três meses haviam se passado desde que eu havia voltado. Semanas se passaram depois da
inauguração da clínica e eu ainda estava com um pingo de ciúmes de Sienna, um pingo não,
como diz Liz eu estava com uma goteira em uma casa inteira!
Eu confiava no que Liam havia me dito, eu confiava e acreditava nele. Uma parte de mim
sabia que ele não tinha mais nada com Sienna, já outra parte gritava como se fosse um letreiro
em letras neon a palavra, perigo. Eu confiava nele e não nela, embora ela não demonstrava
ameaça alguma, meus ciúmes sempre entravam em alerta, entretanto fomos superando isso aos
poucos.
Já que a aparição de Sienna em nossas vidas eram constantes, principalmente agora que ela
estava trabalhando com Liam em sua clínica particular. Violet não podia e segundo a própria, por
mais que fosse difícil para ela mesma admitir, Sienna era muito boa no que fazia e alguém de
confiança melhor que Sienna ou a própria Violet, Liam não encontraria no hospital.
Entretanto a cada dia ficava mais insuportável ter que aturar o olhar de Sienna o cobiçando
ou quando ela aparecia em seu apartamento trazendo prontuários ou algo que ele precisava
assinar, eu estava ficando irritada, embora entendia. Era o trabalho dela e eu tenho que admitir
que só estou assim porque soube sobre eles, caso contrário eu não estaria me importando.
Liam nunca foi flor que se cheire e eu sempre soube disso, pois sempre estive ali, eu era a
sua pessoa e em todos os momentos — exceto nos últimos cinco anos — eu estive ao lado dele.
Eu estava tentando conviver com a ideia de que eu tinha que aceitar que agora eles
trabalham juntos com mais frequência que antes. Sienna durante período da manhã e tarde ficava
na clínica e durante algumas tardes e noite estava no hospital, já Liam não trabalhava todos os
dias na clínica, se dividia entre hospital e a clínica, já que na clínica há outros médicos que se
juntaram a ele.
Então passávamos a maior parte de seu tempo livre juntos e até na academia Liam ia
comigo. Aiden já não era um problema tão constante assim, só quando Liam pegava meu celular
e lia nossas conversas, não havia nada demais, entretanto só de eu mandar até um emoji de dedo
do meio para Aiden já era algo para Liam, sem contar que ele surtou quando leu “boneca”, é a
forma que Aiden se refere a mim, eu cansei de explicar que Aiden está viajando e ele só foi se
convencer disso quando viu a foto que Aiden me mandou direto da Califórnia.
Quanto aos nossos pais, bom eles ainda não sabem, mas como agora estamos realmente
firmes e temos certeza que dessa vez vai dar certo, pretendemos contar em breve.
Ally desconfia, porém faz a sonsa. Ela levantou suspeitas quando fomos ao médico para
descobrir o sexo do bebê que foi um episódio hilário diga-se de passagem.
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Uma semana antes...


— Am, se o Ben chorar ou desmaiar eu quero que você registre esse momento — Ally diz
quando entramos na sala após a doutora Zara nos chamar e pedir para Ally ir se vestindo que já
voltava.
Ally gostou tanto dela que insistiu para que Liam conseguisse encaixá-la na agenda de
Zara, alegando que não aceitava outra a não ser Zara para fazer seu pré-natal. A barriga de
Ally está redondinha, mais visível que antes e seus desejos bem mais loucos que ela.
Sinto pena de Ben, já que na semana passada ela sentiu vontade de comer sabonete, sim
sabonete!
— Pode deixar Ally, eu não vou perder a chance de registrar esse momento por nada —
falo olhando para Ben que torce o nariz para mim.
— Eu acho bom você manter esse celular dentro da sua bolsa tocha humana — Ben atira.
Meu celular toca e o nome de Liam aparece no visor da tela.
— Oi amor... — Me viro rapidamente para Ally e Ben que estão me encarando com seus
olhares curiosos. — Nossa, pensei que fosse o Tyler, o que você quer Liam? — Disfarço e Ben
dá de ombros, já Ally ficou com aqueles olhos azuis esverdeados de gavião em mim.
— Eles estão perto? Onde vocês estão? — Liam pergunta em um sussurro.
— Sim, já estamos no hospital e acabamos de entrar na sala, se quiser vir descobrir de
primeira qual é o sexo do bebê sugiro que corra, Zara pediu licença um minuto e já está
voltando — informo e no mesmo momento a porta se abre.
Liam entra sorrindo na sala e eu desligo o celular, meu olhar cai por todo seu corpo e eu
não posso nem mesmo negar que ele fica muito gostoso e excitante de jaleco, mas disfarço a boa
checada que eu havia dado em Liam quando ouço Ally reclamar que está ansiosa.
— Por que ela está demorando tanto? — Ally resmunga.
— Calma baby, ela já deve estar vindo — Ben a tranquiliza.
— Liam, será que você não pode mexer nessa coisa aqui e descobrir logo? — ela insiste em
se apressar para saber o sexo do bebê.
— Não posso Ally, é contraordens médicas, eu vou chamá-la tudo bem? — ele pergunta e
ela assente.
Minutos depois a porta se abre e Zara entra sorridente na sala.
— Perdoe-me pela demora Ally, meu filho me ligou para contar que seu primeiro dentinho
caiu, ele estava em uma alegria que só, perguntando se a fada do dente irá deixar dinheiro para
ele em baixo do travesseiro — Zara se explica e se senta em uma cadeira ao lado de Ally.

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Zara prosseguiu com os procedimentos de sempre, gel na barriga e passeava com o


aparelhinho de ultrassonografia pela barriga de Ally.
— Olha quem está com a perninha aberta — Zara exclama sorrindo e aponta para tela. —
Temos palpites?
Liam e eu nos aproximamos da tela que Ben havia se apossado e tentamos enxergar algo
no meio daqueles borrões, mas ainda assim não dava para ver nitidamente nada.
— Olha doutora, eu só estou vendo uma cabeça enorme em forma de capacete, os braços,
pernas e barriga, cadê o pau ou a boceta do meu filho ou filha? — Ben pergunta sem medir o
vocabulário nos fazendo rir.
— Eu acho que ela gosta da voz do papai, olha ela se mexendo — Zara fala e olhamos para
a tela.
O bebê realmente estava fazendo uma festa na barriga de Ally, Zara colocou o som das
batidas do coração do bebê para que pudéssemos ouvir, dessa vez o som parecia bem mais forte
e alto, como se estivesse batendo duas vezes a mesma batida e depois soava outra, o que tornou
tudo mais emocionante e calou um pouco a voz de Ben já que falava o tempo todo só para o
bebê se mexer mais ainda.
— Então sem palpites? Liam? — Zara pergunta.
— Eu acho que é um meninão — Ben diz sorrindo.
— É um menino — Liam concorda.
— As duas nem precisam falar que acham que é uma menina, por que é óbvio que irão
falar isso, bando de puxas sacas — Ben diz com desdém.
— As duas acertaram então, são duas menininhas — Zara exclama e Ben cai para o lado,
duro no chão.
Liam e eu não aguentamos e explodimos em gargalhadas, acompanhado de Zara que não
conseguiu conter o riso. Ally ainda estava em choque.
— Você disse duas? — Ally pergunta de olhos arregalados.
— Ben acorda. — Liam bate no rosto de Ben e passa algodão com álcool em seu nariz para
acordá-lo. — Para de ser bunda mole e acorda.
— Sim Ally, você quer que eu espere Benjamin recordar a consciência para que eu possa
explicar o que aconteceu? — pergunta.
— S-sim... melhor — Ally gagueja.
Liam levanta Ben escorado em seu ombro e o senta novamente na cadeira.
— Estranho, eu jurava que ouvi você falar que eram dois bebês doutora — Ben fala rindo e
quando vê que estamos sérios e que é verdade seus olhos se arregalam. —Dois? Como isso, Ally
não era só um? Como plantou outro filho aí dentro do nada? — pergunta exasperado.

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— O segundo bebê estava escondido atrás do primeiro bebê por estarem nas mesmas
placentas isso é possível, quando fizemos os ultrassons anteriores a bebê não se mexia e nem
estava com as pernas abertas, você se lembra Ally? — pergunta e Ally confirma. — Quando ela
se mexeu ao ouvir a sua voz Benjamin ela revelou a irmãzinha, que agora vocês também podem
ver, olhem ali na tela.
Depois desse ocorrido, tudo ficou esclarecido e embora os dois ainda estão atônitos,
ficaram na sala conversando com Zara que ia passar uma nova dieta para Ally e explicar o
cuidado que ela deve ter agora com essa mais nova descoberta.
Me sento na poltrona ainda em choque e Liam se senta ao meu lado.
— Meu Deus Liam, dois bebês de uma vez — exclamo colocando a mão na boca.
— Quero ver como vai sair duas crianças de uma vez, Ally é tão pequenininha, vai ter que
ser cesárea — Liam diz e é cortado pela voz de Ben.
— É lógico que vai ser cesárea, acha que vou deixar um homem ou mulher ver a boceta da
minha mulher? — Ben resmunga.
— Mas não vai ser a Zara que vai fazer o parto? — pergunto sem entender.
— Ela disse que o bebê vai nascer pelo mês de setembro e talvez ela tire férias pois ela está
com férias vencidas e o todo poderoso pediu que ela tirasse — Ben explica com desdém.
— Am, eu vou embora com o Ben, estou com medo dele desmaiar no volante ou sei lá o que
pode acontecer, ele ainda está em choque, você pode ir no meu carro e amanhã pego com você
na empresa tudo bem? — Ally me estende as chaves do seu carro.
— Tudo bem, já estava de carona mesmo. — Dou de ombros e pego a chave do seu carro.
Benjamin, Ally e eu estávamos saindo do hospital quando meu celular vibrou com uma
mensagem de Liam, pedindo para que eu o esperasse até o fim do seu expediente que agora
faltava menos de duas horas para acabar.
Eu me despedi de Ally e Ben, eles entraram no carro e eu entrei no carro de Ally para
disfarçar e funcionou. Saí do carro, o travando e entrei novamente no hospital.
Liam já me esperava no elevador com um sorriso sedutor no rosto, sua mão encontrou a
minha e ele entrelaçou nossos dedos, fomos para uma sala vazia, ouvi o barulho das chaves, ele
havia nos trancado e vinha em minha direção e passava a língua no lábio enquanto mantinha
aquele sorriso pervertido no rosto.
— Lembra na inauguração da clínica quando fomos para a sala vazia? — pergunta e eu o
respondo balançando a cabeça. — Eu imaginei você deitada naquela mesa Sunshine e foi uma
visão de me tirar o ar, agora estamos aqui e eu vou tornar aquela visão uma realidade.
Ele me empurra para trás e minha bunda encosta na mesa e eu me sento sobre ela, Liam se
afasta minhas pernas se colocando no meio delas e joga meus cabelos para o lado e o segura

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firme em sua mão, seus lábios molhados encontram o caminho do meu pescoço e desce até o
decote da minha blusa me provocando arrepios constantes. Minhas mãos percorrem pelo
abdômen definido de Liam e para em seu peito, deslizo minhas unhas pelo seu peitoral e um
grunhido ecoa pela pequena sala, Liam está irresistível com esse uniforme e com o estetoscópio
em volta do seu pescoço, não quero tirar a sua roupa, quero que ele fique assim, nessa visão de
um médico sexy, o meu médico sexy.
Liam puxa meu vestido pela barra e se desfaz dele no mesmo instante em que eu levanto
meus braços, um xingamento sai de sua boca quando ele constata que eu estou apenas de
calcinha, hoje eu decidi não colocar o sutiã, já que meu vestido era de alcinha.
Com cuidado Liam afasta todas as coisas que haviam em cima da mesa e retira outras
como o notebook e coloca em cima da cadeira, ele me deita em cima da mesa e encosta seus
lábios beijando minha virilha e sobe eles beijando todo o meu corpo até chegar em meus seios
enrijecidos.
— Tente não gemer muito alto. — Sua voz rouca me faz fechar as minhas pernas e apertar
uma na outra a procura de alívio, eu estou tão excitada que eu gozaria só com essa voz. — A
todo instante tem pessoas passando pelo corredor, se comporte e seja uma boa menina, vamos
escutar seu coração, Sunshine.
O toque frio do estetoscópio no meio dos meus seios fez meus pelos se eriçarem ainda mais,
Liam ia de um lado para o outro passando o estetoscópio em volta dos meus seios, passou em
volta do mamilo e jogo o estetoscópio para o lado e sua boca tomou conta do meu seio, mordi
meu lábio tentada a não deixar gemido algum escapar, mas foi em vão. Liam mordia, chupava e
brincava com a sua língua em meu seio, ora fazia em um e ora fazia no outro, a atenção que
meus seios estavam recebendo me enlouquecia ainda mais. Minha mão direita se agarrou ao
colarinho do seu uniforme azul escuro e o puxei para um beijo desesperado e intenso, eu
precisava do toque dos seus lábios, eu precisava de muito mais, eu precisava dele.
Sua mão arrastou a minha calcinha pelas minhas pernas, seus dedos encontraram o
caminho para a minha intimidade e logo fui invadida por dois deles, seus dedos entravam e
saiam devagar me fazendo soltar gemidos entre o beijo, Liam chupava a minha língua e dava
leves mordidinhas, ele estava me torturando e se ele queria brincar, nós iriamos brincar. Fechei
as minhas pernas em sua mão o impedindo de movimentar seus dedos dentro de mim e alcancei
seu membro com o meu pé, eu deslizava para cima e para baixo meu pé em seu membro duro
por cima da sua calça, um grunhido escapou de sua boca interrompendo nosso beijo. Liam tirou
meu pé de cima do seu membro e abriu novamente minhas pernas, seus dedos giraram dentro de
mim e seu polegar agora estimulava meu clitóris, eu me segurei na mesa com toda a força que
eu tinha da mesma forma que quase perdi toda essa força quando seus lábios e sua língua

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tomaram conta do meu clitóris enquanto seus dedos ainda trabalhavam no delicioso vai e vem.
— Liam... se você continuar assim eu não vou aguen... — Minha voz saiu um fiasco e foi em
vão, pois no mesmo segundo, a sua língua me invadiu e suas mãos se agarraram em meu quadril
me puxando mais para si, meu corpo todo se tencionava e parecia que quanto menos eu tentava
não gemer, mais os gemidos ousavam em escapar da minha boca.
Eu não tinha mais forças para me segurar na mesa, mais uma vez eu implorei e ele só
cedeu quando viu que eu estava prestes a chegar no meu ápice, então o desgraçado se levantou,
passando a língua nos lábios.
— Eu nunca vou me cansar de sentir esse gosto Sunshine. — Ele faz menção em tirar o
jaleco e se desfazer do uniforme, mas imediatamente eu o impeço.
— Eu quero você assim, eu quero foder com o Doutor Liam e não só com o Liam — falo e
seus olhos ganham um tom mais escuro que o normal, exalavam luxúria.
— Eu ainda não sei lidar com esse seu jeito depravado, mas confesso que a cada dia eu me
surpreendo e amo mais — dito isso ele abaixa sua calça junto de sua boxer e seu membro pula
para fora.
Liam maneja seu membro em sua mão, fico observando essa cena com meus lábios preso
entre os dentes.
— Levanta, se apoia na mesa e fica de quatro Sunshine — pede e eu faço o que ele pediu.
Suas mãos deslizaram pelas minhas costas e pararam em minha bunda, um tapa foi dado
sobre ela e mais uma vez os lábios de Liam tocaram em minha intimidade, sua língua sobe e
desce em movimentos rápidos me deixando ainda mais encharcada, depois de muita tortura senti
a cabeça do seu membro se encostando em minha intimidade, por instinto eu rebolo roçando a
minha intimidade sobre ela fazendo Liam dá um tapa novamente em minha bunda e em seguida
ele me invadiu de uma vez quando eu menos esperava. Um grito mesclado com gemido escapa
da minha boca e Liam grunhe. Ele não se movimenta, apenas fica parado dentro de mim e
agarra sua mão em meus cabelos e a outra brinca com o mamilo.
Sem muitas delongas ele começa a se movimentar em um vai e vem lento e devagar, aos
poucos foi aumentando a velocidade do vai e vem e estocando seu membro todo dentro de mim,
eu podia sentir seus testículos baterem em minha bunda por conta dos seus movimentos rápidos.
Eu rebolo em seu membro acompanhando seus movimentos, nossos gemidos ecoam pela sala e a
hipótese de alguém nos ouvir me deixou mais acesa ainda. Ferro, foi o gosto que tomou conta da
minha boca por causa do sangue, mordi tanto meus lábios na intenção quase falha de reprimir
os gemidos a cada investida que Liam me dava.
Ele saiu de dentro de mim e depois me invadiu novamente de uma vez, minhas unhas fazem
barulhos estridentes ao serem arrastadas pela mesa, minha respiração está descontrolada tanto

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quanto a dele e para provocar eu voltei a rebolar e ele cessou os movimentos tirando seu
membro de dentro de mim.
Chão, foi onde fomos parar no minuto seguinte, Liam se deitou no chão e eu montei em
cima dele, suas mãos seguraram meu rosto e ele me puxou para um beijo desesperado, enquanto
passa seu membro na entrada da minha intimidade se encaixando nela, suas mãos descem para
a minha bunda agarrando em minhas nádegas, comecei a fazer movimentos de vai e vem em seu
membro, minha respiração estava descontrolada, suor escorria pelo meu corpo. Eu subia e
descia enquanto ele fazia impulsos com seu quadril afundando seu membro todo dentro de mim.
— Você é tão apertada... tão gostosa Sunshine, vem comigo — disse arfando.
Aumento a intensidade das reboladas em seu membro e Liam gruda seus lábios nos meus e
dá uma última estocada com tamanha força, me fazendo desfalecer em seus braços e goza junto
comigo. Ele se sentou e seus braços me envolveram em um aperto forte, minhas pernas
circundam sua cintura e agora Liam se movimenta lentamente dentro de mim, seus lábios ainda
estão grudados nos meus, mas seu pager bipa, nos fazendo voltar a nossa realidade, que de fato
não era em uma sala médica de um hospital.

Nossa vida está uma maravilha nesses últimos três meses, era como se eu tivesse
recuperado esses cinco anos nesse pouco tempo. Era sexta-feira e nós dois, quer dizer três —
Snow estava em meu colo — estávamos deitados no sofá do meu apartamento assistindo um
filme quando Liz entrou disparada batendo a porta fazendo Snow se assustar e pular do meu
colo, ela subiu as escadas correndo e Henry logo chegou logo atrás.
Liam e eu nos entreolhamos e olhamos para Henry.
— Que diabos aconteceu entre vocês? — Liam pergunta e Henry se senta no nosso meio.
— Essa menina é doida, isso sim. — Dá de ombros e pega o balde de pipoca. — Eu não a
entendo, se eu fico com outras garotas ela se irrita, mas ela pode ficar com outros caras e eu fico
só olhando de braços cruzados? Coitada dela se ela acha que comigo as coisas são assim, nós não
temos nada para se privar, ela não quer, eu não quero, simples. Agora ela fica fazendo doce e de
cara feia para qualquer garota que se aproxima, eu que pergunto que diabos está acontecendo
com ela — Henry desabafa e eu olho para Liam que está segurando o riso.
— Eu sabia que isso iria acontecer a qualquer hora, vocês se apegaram um ao outro, acho
que demorou para acontecer, três meses e vocês não se desgrudavam, mesmo ficando com outras
pessoas no final da noite vocês acabavam juntos, estão tão cegos que não enxergam que esse
lance de, não me apego, somos versão do sexo oposto um do outro, os juntou — Liam diz e
Henry ri debochado.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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— Você só pode estar brincando com a minha cara né? Rabbit diga para ele que ele está
blefando — Henry me pede e eu torço meu nariz negando.
— Ele está certo Henry, vocês se gostam, mas não enxergam isso se você quer se enganar
com a mentira, tudo bem, vamos fingir que não estamos vendo nada e que Liam está realmente
blefando — falo e ele encosta as costas no sofá e deita a cabeça, seus cabelos loiros se espalham
pelo sofá e noto uma manchinha vermelha em seu pescoço. — Isso é um chupão Henry? Depois
não quer que ela se irrite.
— Não tem nem porque ela se irritar, foi ela mesma que deixou essa merda em mim, está a
dias assim sorte que meu cabelo esconde — ele se explica.
— Sério que você vai ficar agora aqui no nosso meio por causa da sua discussão de relação
com a Liz? — Liam pergunta e eu e Henry, o encaramos.
— Sim ele vai.
— Eu vou.
Eu e Henry respondemos ao mesmo tempo e Liam bufa.
— Eu já estou perdendo a minha namorada para um cachorro e agora para o meu melhor
amigo, o que é mais um na lista não é mesmo?! — Liam dramatiza jogando os braços para cima
e eu me levanto do sofá parando na frente dos dois.
— Já que todos vamos ficar em casa por hoje, eu vou fazer pizza, quem vai me ajudar? —
pergunto e Henry e Liam me olham, mas não movem um dedo para se levantar do sofá.
Pego a almofada e taco nos dois, eles riem e continuam imóveis.
— Não é mais fácil você pedir uma pizza? — Liam pergunta.
— Seria mais fácil se você e Henry não comessem uma ou duas pizzas sozinhos, é mais
fácil por outros motivos também, mas eu estou com vontade de fazer, não posso? Porque se tiver
alguma objeção, vocês dois podem levantar essa porcaria de bunda e sair da minha casa agora —
falo irritada.
— Claro Sunshine, você pode tudo — Liam fala segurando o riso.
— O que essas mulheres têm hoje? Tpm? — Henry pergunta para Liam.
— Cala a sua boca Henry. — Jogo novamente a almofada nele enquanto Liam ri. — Peçam
a pizza que eu vou ver com ela está. Vem Snow, vamos ver a tia Liz — chamo e o pego no chão
e me viro em direção às escadas com Snow no colo.
— Está vendo? É o cachorro para lá e para cá o tempo todo e agora você chega
atrapalhando seu desgraçado. — Ouço Liam resmungar com Henry quando coloco meus pés no
primeiro degrau.
— Simples, coloque uma coleira e dá na mão dela, porque cachorro você já é — Henry o
responde e ganha um murro de Liam.

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Balanço a cabeça rindo e subo às escadas.


Eu gosto da forma em que todos nós estamos próximos, como nos tornamos unidos e eu
tenho medo que de uma hora para outra tudo isso se estrague. Afinal, quando um lado cai o
outro se divide junto.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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“Eu vou aproveitar este momento pra mostrar o quanto você é


importante pra mim. Porque você é tudo que eu preciso.”
Dance For You – Beyoncé

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Liam

Às vezes me pego pensando que se eu não tivesse ido para Boston, Amber e eu estaríamos no
mesmo lugar onde estamos agora, exatamente da mesma forma e fazendo as mesmas coisas ou
não, poderíamos estar com Ally e Benjamin, formando a nossa família.
Três meses se passaram voando, foram os três meses mais corrido da minha vida, mas
também os três melhores meses que eu já tive. Eu me dividia entre hospital, clínica e Amber.
Eu tentava não a sufocar, mas todo o tempo livre que tínhamos passávamos junto ou
saíamos com nossos amigos, nossa rotina tem sido essa e melhor que isso só casando.
Casar... Essa vontade tem tomado muito meus pensamentos.
Encaro Henry sentado ao meu lado mexendo em seu celular com cara de tédio.
— Me conta o que está rolando entre vocês, a mim você não enganada então pode começar
a desembuchar enquanto eu peço as pizzas — sentencio a ele que bufa ao meu lado e joga o
celular para o lado.
— Eu já pedi as pizzas e eu não quero falar disso — ele diz impaciente.
— Desde quando você não me conta as coisas? Você está gostando da Liz, é isso? —
questiono e ele me olha de realce.
— O problema não é se — ele deu ênfase ao se —, eu gosto dela. E sim ela gostar de mim,
você fala que Amber é o diabo isso porque não se envolveu com a Liz, perto dela a Amber é um
anjo. Essa mulher não gosta de ninguém a não ser dela mesma, sabe qual é o problema dela? Ela
não quer, mas também não quer que ninguém tenha, eu sou solteiro e não devo satisfações a
ninguém, eu vou levar para a minha cama quantas eu quiser e ela não tem nada a ver com isso —
desabafa em um suspiro.
— Eu também não te devo satisfações alguma, eu beijo quem eu quiser Henry, eu fodo com
quem eu quiser, eu sou minha, apenas minha e você não tem o direito de interferir na minha vida
e dizer com quem eu devo ficar ou não, você quase esmurrou o Dylan seu imbecil — Liz grita ao
descer o último degrau da escada junto com Amber.
— Sabe de uma coisa? — Amber diz olhando para os dois — Vocês que se resolvam, o
mais cômico é que os dois se conheceram com o lema de não me apaixono, não vou me
envolver, somos parecidos demais, vamos nos dar bem e somos a dupla perfeita. E olha que
legal, se apaixonaram um pelo outro em três meses, noventa dias nesse lema e o próprio lema de
vocês os uniu, vocês se resolvam ou continuem nesse lema, mas vão discutir isso bem longe de
mim — ela finaliza impaciente.
— Eu não tenho nada para conversar com ele — Liz pestaneja e Amber a interrompe.

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— Sim, você tem! Liam e eu vamos subir e quando descermos eu espero que vocês tenham
se resolvido ou não, que seja — ela afirma e faz sinal com as mãos me chamando.
— Nos chamem quando a pizza chegar e não se matem — falo ao me levantar do sofá e
acompanho Amber até seu quarto.
Ela solta Snow que está com uma roupinha ridícula de super-homem e se deita na cama, eu
me deito ao seu lado e a puxo para deitar em meu peito, ela se acomoda jogando uma de suas
pernas em cima das minhas.
— Eu sabia que isso iria acontecer, já era meio previsível — falo, acariciando o braço de
Amber que está em volta do meu corpo.
— Eu tinha dúvidas, ela já ficou com alguém igual está ficando com o Henry e nunca nutriu
sentimento por ele, ela nunca quis se apegar a ninguém e está assustada por ser justo o Henry, ela
gosta da amizade dele acima de qualquer coisa — ela explica.
— Eles são iguais a nós, você também se sentia assim — concluo.
— Não é igual Liam, porque mesmo se nós não déssemos certo, existia e existe una ligação,
temos a nossa família e crescemos juntos, tudo isso já existia antes mesmo de nos apaixonarmos
e eles o que tem além do que construíram nesses três meses? Nada.
Ela pontua e eu tenho que concordar, antes de qualquer coisa Amber e eu sempre fomos
muito ligados à família, se voltamos hoje é por nossa família ainda se manter unida, caso
contrário é mais que provável que nem contato teríamos.
— Você como sempre está certa Sunshine. — Me viro ficando por cima dela e a olho nos
olhos. — Deixe que eles se resolvam, enquanto isso nós podemos aproveitar um pouco, que tal?
— Seguro em seu queixo levantando seu pescoço e toco seus lábios macios com os meus.
— Isso seria uma boa ideia, mas... eles vão nos ouvir — responde enrolando seus dedos em
alguns fios do meu cabelo.
Ergo meu braço até o criado mudo ao lado da cama, pego o celular de Amber e o emparelho
via bluetooth à sua caixa beats, Amber pega o celular da minha mão e eu a olho franzindo a
minha testa.
— Eu amo essa música — explica e aos poucos a música vai ganhando a voz da Beyoncé.
— I just wanna show you how much I appreciate you (eu só quero te mostrar o quanto eu te
admiro) — canta o trecho da música mordendo os lábios no final.
— Você não faz ideia do quanto isso foi sexy e me fez ter pensamentos propícios agora —
murmuro roçando meus lábios nos dela e arrastando eles para a sua bochecha.
— Huh... Isso me soa como algo bom — ela murmura sorrindo.
Deslizo minha mão pelo seu corpo enquanto subo a outra até a sua nuca e enlaço meus
dedos em seus cabelos. Passo a minha língua nos seus lábios e a olho, seus olhos estão fechados

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e sua respiração descontrolada, mordo seu lábio e chupo para dentro da minha boca, colando
nossos lábios em seguida. Sua língua pede passagem, tomando conta da minha boca e traçando a
minha língua em uma dança envolvente, meus dedos escorregam em seus cabelos enquanto as
mãos de Amber, passeiam pelas minhas costas dedilhando-a com as pontas dos seus dedos,
minha mão sobe vagarosamente sua blusa, afasto nossos lábios contra minha vontade e a dela
que choraminga, mas logo abre um sorriso de satisfação me motivando a continuar, enrolo meus
dedos em seu cabelo e o puxo inclinando sua cabeça para trás dando-me passagem livre para o
seu pescoço.
Meus lábios passeiam pelo seu pescoço com beijos molhados ao mesmo tempo em que eu
arrasto a minha barba pela sua pele lhe provocando arrepios, Amber arfa soltando um gemidinho
de satisfação, deslizo meus lábios até o seu queixo dando beijos e leves mordidas que se guiaram
até seus lábios novamente. Solto minha mão de seu cabelo e escorrego-a pelo seu corpo até a
barra da sua blusa e termino de retirá-la, meus olhos caem pelos belos peitos de Amber
escondidos pelo seu sutiã de renda vermelho, ela ficava tão quente quanto já é em qualquer peça
vermelha. Ela solta um suspiro e morde os lábios de uma forma fodidamente sexy e provocativa,
solto um grunhido e tomo seus lábios em um beijo lento e desesperado, eu a beijava como se
fosse a última vez que estivesse a beijando, a tocava com seu fosse o último toque, eu sentia um
formigamento em meus dedos toda vez que a tocava em alguma parte do seu corpo, só
interrompemos o beijo por falta de ar.
Amber rola na cama me atirando para o lado e sobe em cima de mim, minhas mãos grudam
em sua cintura enquanto ela rebola incansavelmente em meu colo me provocando, com as mãos
ágeis ela se desfaz do seu sutiã, minhas mãos queimam em seu corpo e sobem em direção aos
seus seios, toco meus dedos polegares no mamilo de cada seio e faço movimentos circulares
neles e os aperto, Amber geme jogando a cabeça para trás e eu a puxo de volta fazendo-a se
abaixar deixando seus lábios há centímetros dos meus. Apalpo seus seios e mais uma vez ela
geme e rebola em cima do meu pau, minha ereção se aperta no tecido da minha bermuda, abaixo
meus lábios e passo a minha língua no mamilo rosado de Amber e mordisco em seguida, seus
cabelos caem sobre meu rosto e com a outra mão eu os seguro enrolando em meus dedos, forço
meu pau contra a sua boceta e ela se contorce afastando seus seios da minha boca e se levanta do
meu colo.
Em segundos Amber se desfez das poucas peças que nos restava e agora estava me
torturando enquanto maneja meu pau em suas mãos e rebola em cima dele. Eu que não ia deixar
ela me provocar e ficar de mãos abanando, um de seus seios está em minha boca, seu mamilo
está vermelho de tanto que eu o chupei, mordi e lambi. Quando ela insinuou penetrar meu pau
em sua boceta eu a virei paro o lado e tomei o controle, um gritinho de surpresa saiu de sua boca

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e sua língua contornou meus lábios.


— Pensei que ia demorar mais para tomar alguma atitude — ela diz com um sorriso
pervertido nos lábios.
— Esteja pronta para brincar agora Sunshine, porque agora você vai implorar — murmuro e
dou um beijo estalado em seus lábios.
Meus dedos se afundam na boceta molhada de Amber, seu corpo se arqueia com as
estocadas dos meus dedos em sua boceta, a música ainda está ecoando pelo quarto mesclada com
os gemidos dela, me abaixo no meio de suas pernas e tento afastá-las, mas Amber as apertas e eu
levanto meu rosto para encará-la.
— Facilite meu trabalho Sunshine, eu disse que quero ouvir você implorar — falo a
relembrando minhas palavras, ela não quer dar o braço a torcer, mas nunca consegue não ceder.
— Você é um filho da puta, vai ter volta.
Ela atira cedendo quando eu finamente encosto meus lábios em sua boceta, minha língua
desliza pelo seu clitóris de cima para baixo até a entrada da sua boceta, penetro dois dedos e
inicio um vai e vem enquanto chupo seu clitóris e o mordisco levemente, Amber mergulha suas
mãos no lençol da cama e eu afundo ainda mais meus dedos dentro dela, minha língua circula
pelo seu clitóris traçando o caminho até a sua boceta, retiro meus dedos e a invado com a minha
língua desesperadamente como uma criança chupando uma bala, agarro minhas mãos em suas
pernas e flexiono a boceta de Amber em minha boca.
— Liam, por favor, por favor — choraminga puxando meu cabelo tentando me puxar para
cima, mas continuo imóvel degustando da sua boceta.
Meus dedos se apertam em seu clitóris e eu afasto meus lábios de sua boceta volto a chupá-
la penetrando a minha língua bem lentamente.
— Liam... Porra... — Um gemido alto sai de sua boca e Amber desfalece gozando em
minha boca, dou uma última chupada em sua boceta e passo a língua e beijo seu clitóris, espalho
beijos pelo corpo todo de Amber até chegar em sua boca.
— O que você quer Sunshine? — pergunto em um sussurro, enquanto brinco com meu pau
em seu clitóris e deslizo até a sua entrada.
— Você Liam... eu o quero tanto, tanto — responde gemendo.
— Eu te amo, Amber, eu te amo.
Apenas senti a necessidade de falar nesse momento que eu a amava, era como se fosse a
última vez que eu estava a tocando e eu tinha essa sensação a todo momento.
Me posiciono e penetro apenas a cabeça do meu pau em sua boceta e ela choraminga entre
seus gemidos, soco meu pau que entra de uma vez em sua boceta, soltamos um gemido uníssono
e Amber arqueia seu corpo para trás, sua boceta se aperta em meu pau e eu começo a entrar e sair

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em movimentos rápidos e bruscos, as mãos de Amber se apertam em minhas costas e logo sinto a
ardência, suas unhas se arrastam pelas minhas costas e ela me olha com malícia.
Eu sei o que ela quer e tudo que eu puder fazer por ela para recompensar o tempo perdido
eu farei.
A cada nova estocada eu já sentia que estava quase chegando no meu limite, Amber tentava
abafar os gemidos mordendo meu ombro ou com a boca em meu pescoço, todas tentativas sem
muito sucesso. Estávamos totalmente entregues e pouco nos importando se iriam nos escutar.
Seguro em suas pernas e a trago para o meu colo, suas pernas abraçam a minha cintura e eu
aperto meus braços em volta do seu corpo, Amber posiciona meu pau em sua entrada e desce
deslizando sobre ele rebolando em meu colo, grunhidos escapam da minha boca e minhas mãos
encontram o caminho até a sua bunda e eu as aperto e forço Amber parar com seus movimentos,
quando ela recupera o fôlego eu estoco meu pau dentro dela a impulsionando para cima, sua
cabeça cai para trás e eu estoco mais uma vez, trago seu rosto para perto do meu e beijo seus
lábios reprimindo seus gemidos.
— Goza comigo Sunshine — sussurro em seus lábios.
Sua boca se afasta da minha e ela morde e beija meu pescoço, suas mãos se apoiam em meu
ombro e ela sobe e desce em meu pau com rapidez, Amber se desfaz gozando em meu pau e eu
chego ao meu limite em seguida, gememos juntos e eu me agarro ao seu copo, seus lábios
mordem o lóbulo da minha orelha e ela volta a rebolar lentamente me torturando.
— You'll never need two cause I'll be your number one (você nunca vai precisar de duas,
porque eu sempre serei a sua número um) — ela cantarola ofegante em meu ouvido.
Aperto o corpo de Amber no meu cessando seus movimentos e nos deito na cama de lado,
afasto meu pau de sua boceta e coloco sua perna em minha cintura, antes mesmo que ela
choramingue já estou a invadindo de novo com uma única estocada. Ela grita e geme arranhando
meus braços sem pudor. Se não fosse a música certamente Henry e Liz ouviriam os gemidos de
Amber.
Ficamos parados em silêncio e nessa posição por mais alguns minutos, nossas respirações
estavam descompassadas, o som das músicas do celular de Amber ainda soava pelo quarto.
— Não quero sair daqui — Amber choraminga em um suspiro.
— Nem eu, queria poder ficar desse jeito para sempre — falo passando meus dedos em seu
lábio.
— Seria o meu sonho? — ela diz sorrindo.
— Por que eu estou sentindo como se fosse a última vez que eu estou te olhando, te
tocando, te beijando? — pergunto em um sussurro.
— Porque você é um bobo e seu mal deve ser fome, eu não quero sair daqui, mas estou com

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muita fome.
— O que você acha de irmos ver se a pizza chegou, comer e depois voltarmos para terminar
o que acabamos de começar? — sugiro e um sorriso malicioso aparece em seu rosto.
— Eu acho uma ótima ideia, queimar calorias pós pizza.
— Você está na profissão errada mocinha.

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“Seu amor me eleva como o hélio, seu amor me eleva quando


estou para baixo. Quando eu acerto o chão você é tudo que eu
preciso.”
Helium – Sia.

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Liam

Quando descemos os olhares foram todos direcionados a nós, Henry, Liz, Tyler, Violet e
Brandon estavam sentados em círculo no chão da sala jogando pôquer.
— Olha os pombinhos ou seria coelhos no cio? — Brandon zomba arrancando risadas de
todos.
— Falou o coelho pai — atiro de volta para Brandon. — O que vocês estão jogando? —
pergunto antes que voltem a falar sobre mim e Amber.
Brandon descobriu que seria pai no mesmo dia em que almoçou lá em casa, Paige o contou
só quando estavam a sós e no final de semana seguinte eles nos contaram que estavam grávidos.
Nem preciso falar que Brandon está todo bobão e cauteloso o tempo todo já que Paige mora em
Miami, eles ainda estão decidindo se vão morar lá ou aqui, Brandon diz que estão estudando as
opções e propostas de empregos.
— Pôquer enquanto a pizza não chega — ele fala e abre espaço para que eu me sente ao seu
lado.
— A pizza não chegou ainda? — Amber pergunta se sentando no espaço que Brandon
deixou para mim e eu me sento ao seu lado.
— Nós pedimos mais pizzas por isso a demora, vocês subiram e eles mandaram mensagem
avisando que iriam vir para cá para combinar o horário de amanhã — Henry explica apontando
com o queixo para nossos amigos. — Se eu soubesse que vocês iam fazer aquela barulhada toda
teríamos ido para o seu apartamento e esperado vocês por lá.
— Vocês ouviram tudo? — Amber pergunta constrangida.
— Do começo ao fim, nem Beyoncé abafou seus gemidos — Violet a responde segurando o
riso.
— Teve direito a dança? — Tyler pergunta e Amber nega com a cabeça envergonhada.
— Quando eu quiser assistir um pornô espiarei pelo buraco da fechadura — Liz brinca.
— Para que pornô gata? Você sabe onde eu moro e o número do meu telefone — Henry diz
e ela revira os olhos.
Pelo visto os dois ainda não estão muito bem.
— Vocês não respeitaram nem o filho de vocês. — Liz muda de assunto e Amber a olha
alarmada.
— Meu Deus, Snow, esqueci que ele estava com a gente — Amber diz e se levanta
correndo em direção a escada.
— Vamos parar com esse assunto, todo mundo aqui fode seus paus no cu, vocês dois

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principalmente já ouvi as meninas que vocês pegam gemendo pior que cantora de ópera gritando
— falo apontando para Brandon e Henry e todos caem na gargalhada.
— Bem a cara do Henry gostar de mulheres escandalosas mesmo — Liz cutuca.
— Não começa vocês dois — Tyler intervém o que me faz deduzir que eles estão se
engalfinhando o tempo todo durante o jogo.
— Que horas sairemos amanhã? — Violet pergunta se referindo a nossa ida a Hampton.
— Eu marquei com Ally e Ben às cinco, quero chegar lá assim que o sol nascer e pegar um
sol, dessa vez sem bolas na cara — Amber responde sem perder a chance de me alfinetar
também e se senta novamente ao meu lado com Snow no colo.
— Já disse que não foi eu quem joguei a bola em você — me defendo.
— Eu me recuso a acreditar que vocês vão a Hampton só para desenterrar uma caixinha de
pertences — Brandon diz.
— Não é uma caixinha qualquer, tem lembranças, memórias lá — Amber explica sorrindo.
— Eu quero muito saber o que tem dentro dela.
— Nós não vamos só para isso também, vamos para nos distrair e nos divertir, você deveria
ir conosco — o chamo, mesmo sabendo que esse babão não vai, ele está indo para Miami todo
final de semana ficar com Paige, que está impossibilitada de vir para cá já que está ensaiando sua
turma para um festival de dança.
— Queria poder ir, mas não dá você sabe — ele responde dando de ombros.
— Eu quero jogar — Liz fala gritando e eu tapo os meus ouvidos. — vocês vão jogar ou
vão atrapalhar nosso jogo? Se for, podem subir para o segundo round.
— Eu acho uma boa ideia, vamos Sunshine? — sussurro no ouvido de Amber e ela sorri
tímida.
— Se aquiete Liam, vamos jogar — responde selando nossos lábios.
— Argh, que grude! — Violet exclama.
— Olha outro casal que não se assume falando de nós — Amber cutuca os lábios de Violet
se repuxam.
Ela gosta dele. E ele gosta dela. Porém não estão juntos.
Por quê? Eu não sei.
— Você fica mais bonita de boca fechada, Sunshine — Tyler debocha.
— Só eu posso chamá-la de Sunshine — o advirto.
— Sunshine — ele fala provocando e Amber ri.
— Crianças — Liz resmunga de braços cruzados nos encarando. — Não quero mais jogar.
— Não acho que alguém tenha te perguntado alguma coisa sobre você querer ou não —
Henry a provoca e leva um beliscão no braço.

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— Toma distraído — Brandon caçoa.

A noite foi resumida em; pôquer, guerra de pizza, risadas e Liz e Henry brigando o tempo
todo.
Agora pela manhã não foi diferente, os dois se engalfinharam até na hora de decidir quem
iria no carro de quem, Amber veio comigo, uma vez que meu carro não há espaço para
passageiros. Liz teria que ir com Henry ou com Ally e Ben, mas se ela fosse com Ally e Ben,
Amber também teria que ir já que eles ainda não sabem que reatamos, entretanto ela acabou
cedendo e indo com Henry.
— Só espero que eles não se matem no caminho e nem que ela o faça perder a direção.
Foi o que Amber disse assim que saímos de Manhattan.
Quando chegamos aqui em Hamptons, Liz estava descabelada e vermelha. E se eles se
mataram, só se foi um no outro, fora isso não teve tragédia alguma.
— Podemos ir caçar o tesouro agora? — Ally diz dando pulinhos com aquela barriga
enorme.
— Amor, para de pular como se fosse uma mamãe canguru, você não é — Ben a adverte.
— Eu estou tão animada, quero desenterrar logo e depois ir aproveitar esse dia de sol lindo
com os outros.
— Eu também, comprei biquínis novos e estou louca para usá-los — Amber diz ao meu
lado.
— Biquínis? E novos? Gostaria de vê-los, você sabe... para saber se eles são bonitos e se eu
os aprovo em seu corpo — sussurro baixo para que só Amber possa escutar.
— Snow que é um cachorro e vocês que estão no cio? — Ben indaga nos fitando com um
olhar desconfiado.
— Por falar no Snow, eu esqueci de colocar comida para ele e eu não sei do que você está
falando Benjamin — Amber diz, ignorando Ben.
— Você é sonsa cabeça de fósforo — Ben murmura.
— Não começa vocês dois, Snow está na cozinha e bem alimentado, isso se ele não estiver
dormindo também, ele é preguiçoso igual a mãe — Ally diz sorrindo. — Amor, eu quero ir
colocar o maiô, mas preciso de ajuda.
— Olha lá, depois insinua que nós estamos no cio, único casal que eu vejo aqui são vocês
— ironizo e Ben devolve com um dedo.
— Feriu meus sentimentos, irmão — zombo e ouço Amber e Ally bufarem ao mesmo
tempo.

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— Vamos ir fazer uma vistoria nos seus biquínis também, Sunshine — falo logo após Ally
e Ben subirem.
— Só se você me deixar inspecionar a sua sunga — diz com um sorriso sapeca nos lábios
—, mas é só isso que iremos fazer mesmo, vestir nossas roupas de praia, você sabe que Ally e
Ben desconfiam. Não vamos dormir juntos também, então sossega — adverte.
— Isso é o que nós veremos — desafio-a e me levanto a pegando no colo.
— Liam, você não vai subir correndo comigo, eu estou passando mal, por favor —
choraminga.
E eu recuo a colocando no chão ao me lembrar que ela reclamou de estar enjoada durante o
trajeto para cá, ela estava até pálida, por sorte eu ando com minha maleta de remédios e lhe dei
um para enjoos.
— Eu nem ia correr Sunshine — minto descaradamente.
— E eu nem ia te mostrar meus biquínis Liam — ironiza
— Que mentira mais deslavada Sunshine. Eu sei que você está doida para que eu desate os
nós do seu biquíni — sussurro em seu ouvido.
Amber se aproxima e desliza seus lábios pelo meu pescoço, morde o lóbulo da minha
orelha.
— Você não perde por esperar ao ver o biquíni vermelho que eu comprei — sussurra em
meu ouvido e sai correndo em direção as escadas e eu a sigo.
— Eu espero que você não esteja brincando comigo Sunshine. Porque se estiver, eu vou
desatar outra coisa e não é dos seus biquínis que eu estou falando.
— Você não vai desatar só os meus biquínis baby, espere só até ver o que eu comprei para
usar a noite — provoca estalando a língua no céu da boca.
— Porra, Sunshine. Você vai me enfartar assim — murmuro e enlaço sua cintura.
— Eu espero que você tenha um desfibrilador em seu carro então, doutor.
É certo, hoje eu enfartaria.

Amber

Quando éramos crianças as coisas pareciam ser muito mais fáceis do que são, como por
exemplo sonhar com coisas bobas e indefinidas, ser um jogador de baquete, dançarina, cantora e
empresário. Mas à medida em que fomos crescendo e amadurecendo, perdemos nossos sonhos,
vontades e desejos de nos tornamos essas coisas.
— Você tem certeza que está enterrada aqui, Ally? — Liam pergunta para Ally e aponta
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com uma pá de brinquedo para um local especifico na areia.


— Nós enterramos entre a sua casa e a minha, se não estiver nessa parte, significa que a
caixa não existe mais — explica em tom desanimado.
— Vamos nos dividir, cada um pega uma pá no baldinho ali e vai cavando buracos nessa
direção, fica mais fácil ao invés de todos nós cavarmos um lugar só — Ben sugere e eu acho uma
boa ideia.
— Foi uma ideia inteligente, nem acredito que veio de você — zombo e pego uma pá no
baldinho. — Sério que vamos cavar com uma pá de brinquedo? Vamos ficar o dia todo cavando
por acaso? — questiono erguendo uma sobrancelha para Liam.
— Você tem uma ideia melhor? — devolve o questionamento.
— Pá de jardinagem seria uma ótima ideia não acha? Uma vez que Ally não pode nem fazer
esforço e para cavar ela vai ter que ficar abaixada, somos três e não quatro. E eu quero curtir o
mar hoje ainda.
— Eu vou procurar essa bendita pá lá em casa e vocês procuram aqui — Ben diz e sai
andando em direção a enorme casa branca.
— Você vai buscar e eu fico com a Ally — ordeno a Liam.

Já cavamos três buracos e nenhum sinal dessa caixa, estou começando a ficar arrependida
de ter perdido meu tempo procurando, não viemos aqui só por ela, viemos para passar um final
de semana entre amigos e para nos distrair.
— Achei — Ben grita há poucos metros de onde estou.
Que bom, eu já estava perdendo as esperanças.
— Eu espero que você tenha achado mesmo, caso contrário irá cavar sozinho — resmungo
jogando a pá na areia e caminho em sua direção.
— Calma Ariel, você já vai tomar seu banho de sol — ele debocha.
— Eu estou cansada, eu mal dormi à noite, passei mal durante a viagem, estou com fome e
quero descasar, você não vai me dar um desconto? — pergunto sabendo que não, não haverá
desconto.
— Talvez outro dia, amanhã quem sabe?! Vamos abrir logo isso aqui e na sombra, não
aguento mais esse sol, única pessoa que suporta o calor aqui é você tocha humana.
— Deixe-a quieta Ben, ela não está nem hoje — Ally o repreende.
— Você sabe que não adiantou nada você pedir isso né? — murmuro e ela assente.
— Mas não custava nada tentar — responde dando de ombros.
Liam me olha de soslaio e eu sorrio disfarçadamente para ele, é um saco nos esconder dos

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nossos próprios irmãos.


Nós quatro caminhamos até a varanda e nos sentamos no piso de madeira, Ben coloca a
caixa no meio e eu fico a encarando por alguns segundos, em nenhum momento se passa pela
minha cabeça o que pode ter ali dentro.
— Quem quer abrir? — Ally pergunta.
— Não é um bicho que vai sair de dentro dessa caixa Ally — resmungo com desdém.
— Eu vou abrir isso logo — Liam diz impaciente.
— Então abra — Ally pede.
Liam abre a caixa e dentro dela há diversas fotos nossas, cartas, pulseiras e alguns
brinquedos.
— Vocês acharam a caixa? — Violet pergunta vindo em nossa direção.
— Com muito custo, mas achamos — Ben a responde.
— Como está a água? — pergunto.
— Está uma delícia, posso ver com vocês o que tem aí? — pergunta e eu assinto.
— Senta aqui do meu lado. — Me afasto dando espaço para que ela se sente e Ally pega
uma carta dentro da caixa.
— Olha esse desenho nessa carta — Ally exclama sorrindo. — É seu amor. — Ela vira o
papel com um desenho indecifrável cheio de rabiscos.
— Que merda seria isso? — Liam pergunta.
— Acho que nem seus filhos, que ainda não nasceram, saberiam decifrar esse desenho —
falo e pego outra carta dentro da caixa.
— Deixe-me ver isso aqui. — Ele pega o papel da mão da Ally e observa de testa franzida.
— Isso aqui era para ser um carro espacial, eu era péssimo. — Ele dobra o papel e coloca em
cima da tampa da caixa, e pega outra carta dentro da caixa.
— Eu abro a que eu peguei primeiro ou você abre? — pergunto a ele.
— Ninguém vai abrir nada, porque nós também queremos ver — Liz grita e eu nem havia
notado que ela estava por perto. — Meninos, eles acharam o tesouro perdido — debocha,
chamando Tyler e Henry.
— Agora temos plateia para abrir uma caixa de infância — eu resmungo e abro o papel em
minhas mãos, esse realmente é uma carta e a letra é minha, leio o começo da carta, que na
verdade é uma página do meu diário, olho para todos que estão me olhando querendo saber do
que se trata. — Eu não vou mostrar para vocês, é minha e tem algo muito pessoal aqui. — Dobro
o papel e Liam o pega da minha mão.
— Já sabemos que tem a ver comigo Sunshine, não vai fazer diferença ler ele para todos —
ele diz abrindo o papel.

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— Se você diz, então tá bom né. — Dou de ombros. — Abre o seu Benbaca.
— Só depois que Liam ler em voz alta para todos nós o que tem na sua cartinha, leia para
nós querido irmão — Ben ironiza.
Eu sei que Liam não vai gostar nada do que tem na carta, entretanto eu tenho que me
mostrar indiferente a isso na frente dos nossos irmãos.
— Querido diário, hoje meu dia na escola foi bem interessante — Liam começa a ler a
página do meu diário. — Tem um menino novo na minha sala, ele é bastante legal e disse que
meus cabelos são os mais bonitos que ele já viu, disse também que eu pareço com a pequena
seria, assim como o chato do Benjamin me chama, mas eu gosto quando o Nick fala que eu sou a
sua pequena sereia. — Ele para de ler e dobra o papel. — Não tem mais nada de interessante
nesse papel, Ben leia o seu — Liam diz mal-humorado.
— Então Rabbit tinha um amorzinho de infância e não era o charlatão do Liam — Henry
zomba e Liam o fuzila com o olhar.
— Minha pequena seria — Tyler entra na onda de Henry, certamente para provocar Liam.
— No final eu disse que eu gostava de você — murmuro para que só ele ouça.
— Ainda estou bravo, Amber — resmunga de volta.
Eu não acredito que ele está com ciúmes de uma página do meu diário, eu tinha apenas
onze anos na época. Tudo bem, que o Nick continuou estudando comigo durante o colegial, mas
ele tinha namorada.
Ben abre o seu papel e começa a rir estrondosamente.
— É um desenho e acho que somos nós quatro aqui, parecemos extraterrestres, olha a
cabeça desse aqui. — Ele aponta nos mostrando o desenho papel. — Não dá para saber se é
homem ou mulher.
— Esse desenho é meu, olha como eu já desenhava bem — Ally exclama sorridente.
O desenho era horroroso, literalmente falando.
— Amber também desenhava bem amor, acho que até melhor que nós todos, se você
desenhasse bem, hoje estaria fazendo roupas como ela e não na contabilidade — Ben diz
cortando a empolgação de Ally, que lhe dá uma cotovelada na costela.
— Hoje eu posso não desenhar bem, mas antes eu arrasava nos desenhos, isso aqui está
perfeito! Eu vou mostrar aos nossos filhos.
— Você vai é assustar meus sobrinhos com essa caricatura aí — Liam desdenha.
— Liam é o único que não tem carta nem recadinho? — Liz pergunta olhando dentro da
caixa.
— Não, ele nunca foi dessas coisas, mas já isso aqui — Ally pega a minha boneca quebrada
e mostra para Liz. — Foi obra dele, porque Amber brincava com a boneca e não dava atenção

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para ele.
Todos dão risada da minha boneca, pobre coitada. Eu gostava tanto dela.
Continuamos pegando nossos pertences dentro da caixinha, havia muitas fotos, desde que
éramos bebês até nossos doze anos, que foi a idade em que enterramos a caixa, também
encontramos nossas pulseiras da amizade que meu pai havia trago para nós em uma de suas
viagens.
Muitas risadas foram dadas quando viram nossas fotos de halloween, estávamos com
fantasias iguais, cada um era um esqueleto e eu era o menor e desnutrido de todos.
Após o almoço nós todos fomos para a praia, eu estava deitada de costas na areia, quando
pingos de água gelada começaram a cair em minhas costas.
Me viro, colocando minha mão na frente do sol e encaro Liam sorrindo divertido para mim.
— Você está atrapalhando meu bronzeado, está tampando o resto do sol — reclamo e ele se
deita em cima de mim, sem jogar seu peso todo em cima do meu corpo. — Liam sai, você está
todo molhado.
— Você reclamou de estar na frente do sol, mas não falou nada sobre não poder deitar com
você — murmura, jogando meu cabelo para o lado e passa seus lábios pela minha nuca, meu
corpo todo se aquece e eu me viro com toda a força que eu tenho o derrubando de costas na
areia. — Essa merda está quente.
— Problema é seu. — Volto a me deitar de costas e viro meu rosto para olhar para Liam. —
Vai ficar deitado na areia mesmo?
— Já estou sujo Sunshine, não vai fazer diferença. Você não acha que está vermelha demais
não? Tipo, literalmente vermelha? — zomba e eu lhe dou um tapa no braço.
— Você podia passar mais protetor em mim — sugiro e ele abre um sorriso cheio de
segundas intenções, reviro meus olhos. — Sem abusar Liam.
— Estou bem longe de fazer isso — ele diz cínico.
— Am, vamos entrar na água? — Liz me chama.
— Vamos! — Me levanto e olho para Liam. — Que peninha, deixa para passar na próxima
vez — provoco e saio andando com Liz em direção ao mar.
— E você e Henry? — pergunto quebrando o silêncio.
— O que tem eu e Henry? — pergunta de volta.
— Estão bem de novo ou não? Pelo o que eu vi, vocês parecem bem, até demais — falo me
referindo a troca de olhares deles durante ao almoço.
— Eu não quero me apaixonar por ele Am, me apaixonar por alguém está fora de cogitação
e você sabe disso, mas há alguma coisa nele que sempre me puxa quando ele está por perto,
quando ele está longe eu não me importo tanto assim, mas quando ele está perto tudo gira em

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torno dele — ela diz entrando no mar.


— Você já é apaixonada por ele, só não enxerga isso, vai ficar se negando até quando? Ou
vai esperar outra vir e tomar seu lugar? Eu não vou dar colo para ninguém chorar, sou péssima
nisso e é sua tarefa fazer isso por mim.
Solto um gritinho baixo quando entro de uma vez no mar, a água está muito gelada e meu
corpo todo se arrepia, estou com água até a cintura e não pretendo ir além disso. Amo praias,
mas odeio águas geladas.
— Você está viajando Am, eu não gosto dele — ela insiste e eu dou de ombros, não adianta
ficar querendo fazer cego enxergar.
— Então tá bom, já que você não gosta dele, não vai se importar que ele esteja conversando
com duas mulheres ali na areia né — minto só para ver a reação dela.
— O que? Onde? — pergunta em voz alta, procurando por Henry.
Henry não está ali, foi pegar a rede para jogar vôlei com Tyler e Ben, na areia só está Liam
e Violet conversando.
— Pensei que não se importasse, quer prova maior que essa que você gosta dele, Lizzie?
Nem precisa, porque você sabe que gosta e não quer aceitar isso, ele pelo menos aceita que gosta
de você, já você trata isso como um absurdo.
— Eu só tenho medo de me machucar, eu nunca tive um relacionamento de verdade por
causa disso e Henry aparece e faz tudo ser diferente.
— Eu sei como você se sente, mas não vai saber se arriscar concorda? — pergunto e ela
assente mordendo os lábios. — Então vai que o bonitão cabeludo é seu, baby.
— Se der errado, promete que você vai estar ali para me amparar? — ela pede e eu sorrio
confirmando.
— Mas que pergunta idiota, é claro que eu vou estar mesmo sabendo que as chances de isso
acontecer são mínimas.
Liz joga água em meu rosto e começamos uma guerra de água, uma jogava água na outra.
— Huh, olha quem está vindo para te esquentar nessa água gelada — falo me referindo a
Henry que está vindo em nossa direção. — Eu vou deixar vocês sozinhos.
— Não Am, fica aqui, por favor — ela suplica.
— Isso é algo entre vocês, considere isso como um agradecimento por ter me deixado
dormir na casa do Liam. — Pisco um olho para ela e sorrio cinicamente, vou saindo da água e no
caminho jogo água em Henry que faz o mesmo me jogando água de volta.
— Só não te afogo porque você está no seu habitat natural — Henry desdenha e mergulha
antes que eu jogue água em seu rosto novamente.
Saio do mar apertando meus cabelos na mão, retirando o excesso de água e caminho até

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onde os meninos estão posicionados para jogar vôlei.


— Você também joga? — pergunto para Violet.
— Um pouco, costumava jogar com meus primos, mas isso faz muitos anos e você?
— Eu sou péssima com esportes, literalmente péssima.
— A única bola que ela maneja bem são as minhas — Liam se intromete nos fazendo rir.
— Fica de boca fechada, você fica mais atraente. — Estreito meu olhar a Liam e ele ignora.
— Homens são assim mesmo, seu amigo não é diferente — Violet diz ainda rindo.
— Tyler é um príncipe perto de Liam, que está mais para sapo, mas não conte a ele que eu
disse isso — murmuro.
— A rede está montada, vamos jogar — Ben exclama chamando a atenção dos demais e eu
me afasto deles, já que eu estava dentro da marcação de campo que eles fizeram na areia.
— Vai me ver jogar Sunshine? — Liam pergunta ao se aproximar.
— Eu acho que vou pegar Snow e brincar com ele na areia, ele só dorme.
— Tal mãe e tal filho não? Se bem que... ele está mais parecendo filho da Ally que seu, vai
lá ver a cena — Liam diz sorrindo, faço menção em sair e ele me segura —, mas antes, me dá um
beijo de boa sorte.
— Você sabe que eu não preciso te beijar para você ganhar né? Você vai ganhar mesmo
assim. — Ele sorri convincente. — Benjamin está por perto, sem beijos.
— Estou odiando isso — resmunga.
— Eu também estou odiando não poder ficar perto de você, te beijar, te tocar, mas mais
tarde isso será compensado tudo bem? — proponho e ele sorri concordando.
— A noite. — Ele acena e se afasta.
Me afasto olhando o jogo começar e caminho pela areia até a entrada de casa, olho para trás
e observo todos a minha volta. Liz ainda está no mar conversando com Henry, parece que tudo
está acontecendo da forma que tinha que acontecer, tudo está em seu devido lugar.
Sorrio para mim mesma e entro dentro de casa, passo pelo hall de entrada da sala e sigo
direto para a varanda que fica no quintal, avisto Ally dormindo tranquilamente no sofá inflável
que há ali e Snow está no chão mordendo o chinelo de Ally.
— Não pode morder o chinelo da tia Ally, isso é feio — murmuro baixo ao pegá-lo no colo.
Faço o caminho de volta para a praia com Snow no colo e o solto na areia assim que coloco
meus pés nela, o vento assopra meus cabelos em meu rosto e um calafrio toma conta do meu
corpo, o tempo está mudando.
Solto Snow na areia e pego a minha canga e amarro na cintura, não vai adiantar muita coisa.
Snow está brincando com um pedaço de graveto que há ali, ele parece bravo já que tenta agarrar
o pequeno graveto com os dentes e não consegue, embora ele tenha três meses, ele ainda é bem

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pequenininho, já o levei ao veterinário — contra vontade de Liam — e ele deixou claro que o
Snow é um cachorro de pequeno porte, não vai crescer mais que isso e que eu podia ficar
tranquila que ele não iria destruir a minha casa como o cachorro do Marley e Eu.
Afasto o graveto da boca do Snow e ele começa a pular e latir tentando pegá-lo da minha
mão.
— Você quer brincar com a mamãe quer? — pergunto abaixando o graveto para que ele
possa pegar e quando ele faz menção em abocanhar eu levanto novamente, ele rosna bravo e eu
dou uma risada — Vem pegar, bebê.
Ando de costas chamando Snow com o graveto e ele corre atrás de mim, quando ele se
aproxima eu jogo o graveto na direção onde estávamos anteriormente e ele corre para ir pegá-lo.
Ficamos brincando como gato e rato por bastante tempo, eu nem percebi quando Ally se
aproximou ao lado de Ben e os demais logo atrás. Snow que latiu avisando que eles estavam
próximos.
— Eu não sabia que uma sereia era apta a adestrar um cachorro, você fala a língua deles
também, Ariel? — Ben pergunta humorado.
Levanto o dedo em sua direção e ele se finge ofendido.
— Não falo a língua deles, mas acredito que pessoas do seu nível falam — falo o fazendo
gargalhar.
— Essa doeu — diz levando as mãos até o peito.
— Eu acho que o tempo vai dar ruim — Tyler diz com a bola na mão.
— Eu também acho, provavelmente irá chover mais tarde — Violet diz olhando para o céu.
— Ao invés de sairmos hoje à noite, podemos ficar em casa mesmo, fazer besteiras e
inventar alguma brincadeira, o que acham? — Liz propõe ao lado de Henry.
Procuro Liam entre eles e não o encontro, franzo a testa confusa, mas logo o avisto saindo
da casa dos seus pais.
— Então vamos levantar acampamento e lá dentro resolvemos o que vamos fazer — Ally
coordena.
Pego Snow no colo e ando até Liam, enquanto os outros estão entrando dentro de casa em
um falatório.
— Huh, você está bem suado, sinal que o jogo foi bom — falo ao analisá-lo.
— Não tão bom quanto ver você correndo pela praia com Snow — ele diz passando seus
braços em volta do meu pescoço.
— Então você estava me observando doutor? — questiono e ele dá um sorriso culpado.
— Foi inevitável, até levei uma bolada no rosto. — Ele vira o rosto mostrando a
vermelhidão. — Um beijo se acertar quem foi.

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— Benjamin é claro — falo convicta de que foi Ben, é bem a cara dele fazer isso.
— Errado, foi Ally — afirma.
— Ally jogando? Não acredito. — Dou risada imaginando a cena.
— Ela insistiu e não queríamos deixar ela jogar por causa da barriga dela, mas Ben acabou
cedendo e entramos em um complô de jogar desajeitado só para ela se irritar e desistir, e aí eu te
vi e não prestei atenção mesmo, ela se irritou antes mesmo do jogo começar e arremessou a bola
na minha direção. — Liam ri me acompanhando e entramos dentro de casa.
— Pelo menos você pode me olhar na frente deles que eles irão achar normal, não vão
suspeitar, agora nos ver próximos assim vão estranhar e muito, tenho inveja de você por não
poder te olhar descaradamente e sem pudor.
— Quando eles não estiverem por perto você pode tirar casquinha Sunshine, eu deixo. —
Liam sorri convincente e Snow rosna para ele. — Não rosna enquanto seu pai está cobiçando a
mamãe, cachorro malcriado.
Reprimo um riso bobo ao ouvir Liam se denominando pai de Snow, coisa que eu nunca
havia ouvido, até hoje.
Liam subiu as escadas enquanto eu fui dar uma volta pelo jardim com Snow e colocar
comida para ele, depois disso eu fui direto para o meu quarto e o encontrei sentado na minha
cama, decidimos que iríamos ficar todos na casa dos meus pais, não havia necessidade de
usarmos as duas casas, uma que todos nós estávamos em casal — entre aspas, porque Liam e eu
estamos em quartos separados — e dois que iríamos embora no domingo pela noite.
— Eu vou tomar banho e você fique aí mocinho, se vier não vamos sair do banheiro tão
cedo. — Olho para Liam que agora corre para o banheiro e se tranca lá dentro.
— Liam, isso não é justo eu falei que ia primeiro — reclamo batendo na porta.
— Você demora muito mais do que eu Sunshine, seu cabelo dá trabalho, eu prometo não
demorar — diz do outro lado da porta.
Me dou por vencida e me deito na cama, algo em baixo de mim vibra, me sento constatando
que é o celular de Liam, eu nunca peguei seu celular para mexer sem que ele estivesse por perto,
mas para tudo existe uma primeira vez.
Desbloqueio o aparelho e abro a notificação do instagram, é uma marcação da selfie que
Liz fez com todos nós hoje. Curto a foto e saio do aplicativo, depois de tanto mexer em um
aplicativo ou outro, abro a galeria de fotos e vou nas mais antigas, há diversas fotos e vídeos de
Liam com alguns filtros do snapchat, mas um vídeo entre vários outros e uma foto em especial
me chama atenção.
Liam estava com a irmã do Henry, aqui em Hamptons. Na foto eles estavam sorrindo, abro
o vídeo e coloco o volume no baixo, era realmente Hamptons, a casa dos meus pais aparece no

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fundo, Liam está a filmando e ela coloca a mão na frente impedindo que ele faça isso, em
seguida ela joga areia nele e ele vira a câmera mostrando seu rosto e o dela, ambos fazem careta
para a câmera, mas as marcas escuras abaixo dos olhos de Liam não passam despercebidas, se
conheço bem são olheiras.
O vídeo acaba em poucos segundos e eu passo para outro vídeo, nesse Ben e Henry estão
nele, eles estão jogando vôlei contra Ally e Maya, meus olhos se apertam vendo aquela cena e
uma vontade súbita de chorar me inunda.
Fecho o aplicativo e bloqueio novamente o celular e deixo como estava. Me levanto da
cama e procuro algo confortável para vestir em minha mala, meus olhos queimam e eu sei que
mais cedo ou mais tarde eu vou acabar chorando, mas no momento eu não quero que Liam saia
do banheiro e encontre resquícios de que eu chorei.
Pego um short de moletom e uma blusa de manga curta, uma lingerie qualquer e fecho a
mala, eu tinha planos para hoje à noite, mas esses planos serão adiados agora.
Me movo até a porta do banheiro e bato na mesma, Liam resmunga algo que não consigo
ouvir direito.
Engulo o nó que se formou em minha garganta e faço o possível para conseguir soar
normal.
— Liam, eu vou tomar banho no banheiro dos meus pais, eu preciso muito usar o banheiro
— falo e saio rapidamente do quarto antes que ele abrisse a porta e deixasse eu usar o banheiro.

Eu pensei que tomar banho aliviaria meus pensamentos, ledo engano, eu estou tentando
entender o que eu vi.
Eu não sei se estou no direito de questionar o que era aquilo, afinal eu fui embora, eu o
deixei e não tínhamos mais nada, mas uma parte de mim quer saber se eles tiveram algo mesmo
que Liam tenha me dito com todas as letras que não, parte de mim passou a duvidar disso a partir
de agora.
Estou na varanda me balançando na cadeira redonda de balanço pendurada no teto, está
chovendo e meu olhar está nos pingos de água que caem sem parar na piscina.
Liam veio me chamar para entrar assim que deu por minha falta, disse que estava frio
demais para eu ficar aqui fora só de short e blusa, pedi mais uns minutos e ele queria ficar, ele
não havia entendido que eu queria era ficar sozinha. Depois que ele percebeu o quão longe
estava meu olhar, apenas deu às costas sem me dizer nada, voltou trazendo uma blusa de frio e
saiu.
É errado eu me sentir dessa forma pela minha irmã nunca ter me contado sobre isso? Por

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Liam não ter mencionado em nossas conversas? Talvez não fosse algo que fizesse diferença ser
mencionado, mas ainda assim é algo que eu teria gostado de saber.
— Rabbit, vamos lá! Todos estamos te esperando lá dentro, vai dormir aqui fora? Que eu
saiba o único cachorro que tem aqui é o Snow e ele não dorme no lado de fora — Henry brinca
entrando no meu campo de visão.
— Eu já vou entrar — murmuro o olhando, só agora percebo o quanto a irmã dele se
parecia com ele.
— Você disse isso há quase meia hora atrás e eu não sou seu namorado que engole suas
desculpas meia boca — ele diz parando o balanço e se acomoda ao meu lado. — Vamos me
conte, eu ouço o que você tem para falar, se quiser ouvir o que eu acho você me pergunta e
depois sairemos daqui fingindo que nada disso aconteceu, o que acha?
Propõe e eu aceito, afinal qual melhor forma de saber sobre isso se não perguntando a uma
fonte confiável?!
— É errado eu sentir ciúmes de uma pessoa que nem está mais entre nós? — O olho
envergonhada pela forma que saiu a pergunta. — Calma, deixa eu reformular o que eu quero
dizer.
— Eu tenho todo tempo do mundo, só hoje, depois eu passo a cobrar por hora — brinca e
prende sua cabeleira loira em um coque no alto da cabeça.
— Eu estava mexendo no celular do Liam, eu sei isso é muito errado, droga. — Solto um
suspiro atrás do outro e continuo. — Achei umas fotos e vídeos, deveria ter uns quatro ou três
anos atrás? Sei lá, mas eram víde...
— Já sei onde você quer chegar, você achou os vídeos e fotos do dia de ação de graças? —
pergunta me cortando.
— Eu não sei se era ação de graças, era vídeo e fotos na praia, por que eu nunca soube
disso? Eu sei que é tolice minha estar me importando com uma coisa que faz tanto tempo, mas...
eu não sei nem te descrever a confusão que está dentro da minha cabeça, por ora eu só queria não
me assim — desabafo e Henry solta um suspiro.
— Minha mãe havia falecido a pouco mais de cinco meses, meu pai se isolou, se antes ele
já estava se isolando no trabalho quando ele perdeu a minha mãe se tornou pior, Liam já havia
vindo embora e você sabe o motivo. — Balanço a cabeça assentindo, as bebidas. — Quando ela
faleceu ele ainda estava em tratamento, mas não pensou duas vezes e foi para o enterro da minha
mãe, ela o adorava — ele sorri com a vaga lembrança —, ela o tinha como filho e Maya e eu, o
tínhamos como irmão. Quando você foi embora o estado dele foi deplorável, mas havia algo em
Maya que o fazia estar vivo de novo, não estou dizendo que ele a amava ou gostava dela como
mulher, mas ele via nela alguém que eu nunca soube decifrar quem, até o dia em que ele bêbado

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confidenciou que a inocência dela o lembrava você e que quando ela estava por perto ele se
sentia como o adolescente de anos atrás. Maya não era uma pessoa ruim, ela tinha seus demônios
e eu me sinto culpado por isso, eu negligenciei a irmã que eu tinha dentro de casa, meu pai só
viajava a trabalho, eu me tornava o homem da casa enquanto ele estava fora e a maior parte do
tempo eu passava com amigos, eu nunca percebi que Maya fugia durante a noite, era meu dever
protegê-la e eu falhei miseravelmente. — Ele grunhi e balança a cabeça negando algo.
— Não foi culpa sua, você era um adolescente Henry, não tinha como você adivinhar que a
sua irmã fugia durante a noite, não se culpe por isso — tento consolá-lo.
— Hoje eu sei que não é minha culpa, mas é algo que eu poderia ter mudado, eu devia ter
notado como ela mudava o comportamento de uma hora para outra, a forma que estava se
vestindo, eu devia ter notado tudo isso, ela era uma garota. Ela era tão linda, tinha uma vida
inteira pela frente Amber, como alguém se destrói assim? Quando minha mãe morreu ela estava
a um bom tempo sóbria, eu vi meu melhor amigo se afundar em bebidas e ir para longe se cuidar,
eu não podia fazer nada por ele, mas eu podia fazer pela minha irmã... Liam nos convidou para
passar o natal e o feriado com ele, nós viemos e foi o nosso último natal juntos, não aconteceu
nada Amber, sua família nos acolheu muito bem, Liam ainda não estava cem por cento bem, suas
olheiras eram perceptíveis de longe, ele estava mais magro, mas no final de semana que
passamos aqui sua fisionomia mudou para melhor, o que Maya sentia por ele era apenas coisa de
adolescente, conforme ela amadureceu passou, eles se tratavam como irmãos, você não tem
porque se sentir mal por causa disso — ele termina de falar e sorri para mim.
Henry já havia me contado sobre Maya, entretanto não havia sido tão abertamente como
agora.
— Agora eu estou me sentindo uma vaca de uma vadia, por ter te feito relembrar tudo isso e
por me sentir assim, me desculpe — murmuro.
— Você não tem que me desculpar, você tem que perdoar a si mesma Amber, como você
pode estar em um relacionamento no qual fica o tempo todo andando para trás pensando no que
já aconteceu? Você tem que passar uma borracha nisso não acha? — questiona.
— Sabe, quando eu coloquei os pés em Londres eu senti um vazio, acreditei que fugir fosse
a solução dos problemas e que o tempo curaria, isso é uma mentira desgraçada. O tempo não
cura nada e fugir não resolve, talvez meu erro tenha sido esse, não encarar meus problemas de
frente e fugir, eu me culpo por isso, se talvez eu tivesse ficado às coisas poderiam ter sido
diferentes, poderíamos não estar juntos hoje, mas teria sido diferente. Não teve um dia no qual eu
não me lembrava dele, até quando eu beijava outros eu pensava nele, acredita que uma vez na
hora H eu simplesmente travei? — Henry joga a cabeça para trás rindo e eu bato em seu braço.
— É sério isso? — pergunta, tentando segurar a risada.

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— Eu estava quase nua em baixo do cara e simplesmente o empurrei para o lado e vomitei,
eu estava nervosa, meu estômago estava embrulhado as lembranças invadiam a minha mente, eu
simplesmente não consegui, foi frustrante. — Abano minhas mãos rindo.
— Que nojo, eu nunca mais iria querer te ver na minha frente, isso além de frustrante é
broxante.
— Ele ainda me ligou no dia seguinte e mandou mensagem perguntando se estava tudo
bem, eu o ignorei é claro, não tinha cara para encará-lo caso quisesse sair comigo de novo. Foi
horrível.
— Imagino... Podemos entrar agora né? Consegui te fazer rir da sua própria lembrança,
acredito que você esteja melhor — conclui se levantando do balanço e me estende a mão.
Seguro na mão de Henry e levanto do balanço em um pulo.
— Obrigada — falo antes de começarmos a andar.
— Não precisa agradecer, leve isso como uma forma de agradecimento. — Sorri e beija
minha mão.
— Agradecimento por? — questiono.
— Eu não sei o que você falou, mas funcionou. — Ele abre a porta de vidro que dá de
encontro com a cozinha e juntos entramos.
— Você só pode estar se referindo a... — Não completo a frase, Henry está assentindo e
sorrindo contente. — Ai meu Deus, Lizzie como é que você não me conta uma coisa dessas? —
grito indo para sala, todos estão sentados com baldes de pipoca em mãos, a mesa está cheia de
chocolate e outras besteiras.
— Nossa, para onde vai essas besteiras que vocês estão comendo? Me admiro você, Liam,
médico e se entupindo de glicose. — Me sento ao lado do Tyler, enquanto Henry se acomoda ao
lado de Liz. — Você ainda não me respondeu Lizzie.
— Não sei nem do que você está falando, doutora nutricionista — ela responde de boca
cheia.
Que sonsa.
— Am, não faz mal comer isso vez ou outra — Tyler interrompe colocando um punhado de
pipocas em minha boca. — Fica de boca fechada fica.
— Você está ciente que isso não vai impedir ela de tagarelar sobre o quanto pipoca é
gorduroso e não faz bem né? — Liz pergunta.
— Vou encher ela de pipoca até ela ficar quietinha — Tyler responde dando de ombros.
— Quem precisa de inimigos quando há vocês? Deixa que eu mesma respondo, ninguém —
resmungo e Tyler coloca mais pipoca em minha boca enquanto todos riem.
— Não tem graça — falo cuspindo de propósito a pipoca da minha boca no balde de pipoca

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de Liam que estava ao meu lado. — Ops, foi sem querer. — Sorrio falsa.
— Eu beijava a sua boca todos os dias Amber, acha que eu não comeria pipoca mastigada
da sua boca? — pergunta arqueando uma de suas sobrancelhas.
— Isso é nojento.
— Eu não comeria... mas se eu comesse, não teria adiantado nada você cuspir aqui dentro.
— Aí que nojo vocês dois, meus filhos até se reviraram aqui dentro — Ally resmunga
mudando a posição que está sentada.
— Amber tinha que ser nutricionista, ainda dá tempo de voltar para a faculdade e se formar
antes de ser uma idosa — Ben opina oferecendo o balde dele para Liam. — A comida chinesa já
deve estar chegando, você não vai comer né palito de fósforo? Engorda e sobra mais para mim
— provoca sabendo que eu amo comida chinesa ou japonesa.
— Mas é claro que eu vou comer, estou faminta e é bem mais saudável do que comer
pipoca e chocolates.
— Aham — Ben e Liz murmuram ao mesmo tempo.
— Cala a boca vocês dois.
— Amber a estilista nutricionista, até rima nutricionista com estilista — Ben caçoa.
— Eu acho que podíamos brincar de mimica, assim como fizemos no apartamento do Tyler
aquela vez, o que vocês acham? — Violet propõe, me cortando antes que eu respondesse Ben.
— Boa ideia Vi, poderia ser nós garotas contra eles — Ally levanta do sofá animada.
— Ty, sai daqui — Violet diz, empurrando Tyler do sofá. — Amber e Liz venham para cá,
vamos nos separar em grupo para não rolar cola entre casal, quer dizer, entre grupos — ela se
corrige ao lembrar sobre eu e Liam.
— Mas nós nem pensamos nisso — Henry se defende.
— E eu nasci ontem, Henry — Violet o responde.
— Vamos começar por ordem alfabética — Liz diz se levantando e pegando o celular em
cima da mesa de centro e colocando no aplicativo do jogo — Amber, solta o Tyler e vem logo
para cá, Henry sai daqui.
Contra vontade, faço o que Liz pede, me sento entre Violet e Ally, enquanto Liz mexe no
celular.
— Ally e Ben começa, Ally eu vou segurar o celular no alto da minha cabeça, quando eu
sacudir o celular ele vai mostrar o que você tem que imitar, só você vai saber o que é, enquanto
isso as meninas vão tentar adivinhar, se elas acertarem você faz um sinal ou diz que acertou, que
ai eu irei mudar para outra mimica e será a vez de Ben, entendeu como funciona? — Liz explica
as regras do jogo e Ally assente que entendeu. — Então vamos começar.
Liz fica de costas para todos nós e Ally está na sua frente.

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— Pode começar — Ally comanda e Liz sacode o celular.


Ally começa fazer movimentos com o corpo jogando os braços para frente, os meninos
estão rindo, que de fato está muito engraçado os movimentos desengonçados de Ally por causa
da sua barriga de cinco meses.
— É um pássaro — Liz grita, Ally nega com a cabeça, fazendo os meninos rirem mais
ainda. — É um ganso.
Ally nega novamente e eu continuo quieta tentando decifrar que merda é essa que ela está
tentando imitar.
— Referência Ally, faz referência.
Foi a vez de Violet protestar e ela começa fazer ondas com a mão.
— Barco — eu falo, mas erro também.
— Nadar — Violet diz e Ally volta a fazer movimentos com os braços e aperta o nariz e se
abaixa cautelosamente por causa da barriga. — Nadador?
— Isso — Ally grita pulando.
— Ally, para de pular — Ben a repreende.
— Aí que saco, não posso nem comemorar — resmunga vindo até nós e se sentando.
— Vamos Benjamin, sua vez — Liz o chama e ele se posiciona a frente dela.
Passamos a noite toda brincando e só paramos para comer, conversamos a madrugada
inteira sobre coisas aleatórias e marcamos uma nova viagem, mas dessa vez iremos para o Brasil,
convite do Tyler e nem preciso dizer que todos se animaram né?
Combinamos que viajaríamos assim que houvesse um feriado próximo e que Ally pudesse
ir também. Afinal, ainda estamos em maio e o próximo feriado que teríamos seria no dia quatro
de julho, dia da independência. Julho... isso me faz lembrar que faltam exatamente dois meses
para o meu aniversário. Vinte de julho, nunca quis tanto que esse dia demorasse para chegar, eu
deveria estar animada por esse ano ser diferente, mas parte de mim se acostumou com a forma
que eu comemorei nos anos anteriores.

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“Porque éramos apenas crianças quando nos


apaixonamos. Não sabíamos o que era. Eu não vou
desistir de você dessa vez.”
Perfect – Ed Sheeran

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Amber

Na manhã seguinte acordo com a luz do sol batendo em meu rosto através de uma fresta da
persiana do meu quarto, rolo para o lado da cama e está vazio, o quarto está silencioso, constato
que Liam não está no banheiro também.
Tateio o criado mudo ao lado da cama em busca do meu celular, são onze e meia da manhã,
eu dormi muito mais do que deveria, mas se eu for parar para pensar na hora em que fomos
dormir ontem, acordar esse horário ainda é considerado cedo.
Depois que subimos, Liam e eu ainda ficamos acordados, ele me interrogou é claro, sobre o
motivo de eu ter me isolado e eu apenas desconversei. Não queria criar um conflito por algo
bobo e egoísta da minha parte, faz anos e é egoísmo meu pensar só em mim agora que estamos
juntos novamente e esquecer que apesar dos pesares, ele também sofreu. Ele acreditou que não
era nada e me fez vestir a lingerie vermelha que eu até tinha esquecido que comentei com ele.
Não preciso comentar que esse foi o motivo que nos fez ir dormir mais tarde que os outros
né? Se é que eles foram dormir mais tarde, pelo menos eu sei que Ally e Ben dormiram assim
que subiram, como eu sei disso? Um que Ally estava cansada e dois que ela está proibida de
fazer sexo até o nascimento dos bebês, a gravidez dela é estável, porém a médica mandou não
abusar, uma vez que o segundo bebê estava escondido. Eu brinco com ela dizendo que nunca
sabemos se há um terceiro naquela barriga, não é mesmo?
Desbloqueio meu celular e sorrio ao ver mensagens de Aiden, estava com muitas saudades
de falar com ele esses dias, ele havia avisado que estaria bastante ocupado em uma conferência,
mas a verdade é que, embora ela seja prepotente eu me acostumei a falar com ele quase todos os
dias. Respondo as suas mensagens e marcamos de almoçarmos juntos no próximo final de
semana, já que ele estará de volta na cidade, bloqueio meu celular e me levanto da cama em um
pulo indo direto para o banheiro.

Não há sinal de ninguém pela sala e a casa está um silêncio, aposto que saíram e me
deixaram sozinha. Ando até a janela que dá de frente para a praia e afasto a cortina, observo se
eles estão na praia, mas me frustro ao ver que não há ninguém também.
Eu realmente estou sozinha.
Minha barriga ronca e eu faço o meu caminho até a cozinha, me deparo com um buquê de
rosas e um bilhete em cima da bancada que fica no meio da cozinha.
Sunshine, estou te esperando na casa da piscina para tomarmos café.
Liam.
Acheron - Nacionais - Apollymi
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Sorrio ao terminar de ler o bilhete e o guardo no bolso do meu short jeans.


Antes de ir ao encontro de Liam, coloco as rosas em um jarro com água e procuro por Snow
pela casa, mas nenhum sinal dele. É outro que abandonou.
Caminho sorrindo até a casa da piscina, mas meu sorriso morre ao abrir a porta e não
encontrar ninguém, além de uma mesa farta com café da manhã e mais um bilhete.
Ainda não, está muito frio Sunshine. Mas vamos esquentar as coisas? Me encontre no píer.
Liam.
Ele só pode estar brincando mesmo, estou com fome, com um pouco de sono ainda e ele
quer brincar de pega-pega?
Saio da casa da piscina irritada e comendo uma fatia de bolo, saco vazio não para em pé e
se Liam continuar brincando eu vou cair desmaiada antes mesmo de encontrá-lo.
Tiro minha sandália, deixando-a na areia e corro contra o vento da praia até o píer, de longe
avisto Liam com Snow que está vestindo uma roupinha que eu nem sei de onde saiu, por sorte o
tempo não está nublado o dia hoje está tão bonito e quente quanto ontem, dá para enxergá-los
perfeitamente de longe.
Os lábios de Liam se abrem no mais lindo sorriso que eu já vi na minha vida ao me ver, o
meu sorriso favorito.
— Vai até a mamãe como a gente ensaiou a semana inteira, não me decepcione garoto —
Liam diz, soltando Snow que vem correndo em minha direção.
No momento em que vi Snow correndo até a mim, eu tive três reações uma delas foi: ele vai
cair na água, vou matar o Liam se algo acontecer com o meu bebê.
E a segunda foi sorrir, ao ver que a roupinha que ele estava usando era um terno para
cachorros e terceira e última, ouvir Liam falando dengoso com ele.
Snow roça as patinhas no meu pé e lambe, me abaixo para pegá-lo e seu rostinho levanta
encontrando o meu no momento em que eu me levanto com ele em meu colo, Snow balança o
pescoço agoniado, no seu pescoço há uma coleira com um anel.
Meu Deus, não é qualquer anel, é uma aliança. É um Tiffany & Co, o mais lindo que eu já
vi na minha vida. E olha que eu sempre vejo os catálogos deles, mas nunca havia visto esse.
No bolso do mini terno do Snow tem mais um bilhete, pego o bilhete e só agora noto que as
minhas mãos estão tremendo, olho para Liam e sorrio nervosa.
Você quer ser para sempre meu raio de sol? Sunshine, aceita se casar comigo?
Não consigo controlar minhas lágrimas quando Liam pega Snow do meu colo e tira o anel
da coleira, e se ajoelha na minha frente.
— Eu não me orgulho do que nós vivemos enquanto estávamos separados e muito menos
do que eu fiz nos últimos meses em que antecederam a sua partida. Mas hoje, hoje somos duas

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pessoas diferentes de anos atrás, nos amamos tanto quanto antes e por você eu seria capaz de
muitas coisas, nós estamos a tanto tempo juntos contando desde que éramos bebês, e agora eu
quero muito mais do que isso Sunshine, eu quero te fazer mais minha do que você já é. Eu quero
muito mais, eu preciso de mais, eu não quero te encher de promessas e muito menos oferecer
algo além do meu amor, mas tudo que eu puder fazer por você eu farei e tudo que eu puder te dar
eu lhe darei, custe o que for. ​Eu não tenho muito o que falar, para ser sincero eu não sei o que
falar e não quero te encher de palavras bonitas, quero te encher de atitudes todos os dias e fazer
você se apaixonar por mim novamente cada dia de uma forma diferente. Eu só espero que você
aceite, mas se você não achar que ainda é cedo e não quiser...
Meus olhos marejam e eu puxo ar entre os dentes tentando controlar minha vontade de
chorar.
— Sim, sim. Eu aceito! — grito meio trêmula o interrompendo. — É claro que eu aceito,
meu Deus é a coisa mais linda que você já fez depois do pedido de namoro para mim.
— Então eu acho que agora posso me levantar né? Eu estou sentindo minhas pernas
dormentes e minha coluna estalando.
Reprimo uma risada assentindo e ele se levanta.
Liam segura em minha mão esquerda e desliza o anel pelo meu dedo.
Olho admirada para o anel com uma pedrinha de topázio imperial delicada em cima na cor
vermelha, era um vermelho bem clarinho, por pouco alcançaria um tom rosa.
— São seus cabelos Sunshine, eu amo seus cabelos, amo mais ainda o quanto eles ficam
iluminados no sol — Liam diz ao me ver olhando para o anel, eu não consigo dizer nada, apenas
assinto e sorrio, minha voz está embargada e eu estou tentando ao máximo não chorar
descontroladamente, mas isso se tornou impossível quando sinto os dedos de Liam secando uma
lágrima em minha bochecha, eu ando muito sensível ultimamente.
— Snow, eu posso beijar a minha noiva agora? — pergunta olhando para Snow que apenas
late preguiçoso e deita a cabeça em meu braço. — Acho que ele quis dizer que sim.
Liam espreme seus lábios nos meus e sua língua toma a minha boca tomando conta de cada
centímetro dela, me permito degustar do gosto de menta em sua língua a chupando com gosto e
aprofundo mais o beijo. E ele leva sua mão de encontro ao meu cabelo e o aperta entre seus
dedos, um gemido escapa da minha boca, ele morde meu lábio, me puxando e apertando seu
corpo no meu, mas um latido agonizante faz Liam se afastar xingando e amaldiçoando Snow.
Dou uma risada baixa e faço carinho em Snow, que solta um ruído dengoso.
Olho para Liam que está com seus lábios avermelhados e inchados.
— Estou começando a me arrepender de ter contado com a ajuda desse maldito cachorro —
Liam resmunga e pega Snow do meu colo. — Você é um cachorro muito mal com o papai, não

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pode empatar foda e nem beijo, estamos entendidos?


— Liam! — o repreendo rindo.
— Vamos para casa Sunshine, só não vamos poder terminar o que começamos, Liz nos deu
apenas a manhã para enrolar Ben e Ally nas compras e passeio pela cidade.
Solto um suspiro frustrada e enlaço minha mão na de Liam e andamos juntos na direção da
casa.
— Já podemos contar a eles né? — pergunto e me abaixo para pegar meu chinelo na areia.
— E para nossos pais também, podemos marcar um jantar com todos e anunciar que
estamos juntos de novo e noivos dessa vez. — Liam sorri em expectativa.
— Então vou ter que esconder meu lindo anel por uns dias ainda?
— Podemos contar para Ally e Ben, isso não é necessário.
Liam abre a porta de casa e solta Snow no chão.
— Nah, vamos contar para todos juntos, que seja uma surpresa. — Me viro para Liam e
agarro na borda da sua blusa o puxando para mim, Liam me empurra para trás e minhas costas
batem na parede, seus lábios tocam meu pescoço enquanto sua mão passeia pela minha perna e
se crava em minha bunda a apertando. — Pensei que não iríamos poder continuar o que
terminamos há uns minutos — murmuro enlaçando sua cintura com uma de minhas pernas e
envolvendo meus braços em seu pescoço.
— Mas mudei de ideia, vamos fazer isso e fazer rapidinho, não aqui e sim lá na casa da
piscina.
Sorrio de volta para Liam, que sorri cúmplice para mim e me puxa para o seu colo.

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“E é difícil amar de novo quando a única forma que tem sido.


Quando o único amor que você conhece simplesmente foi
embora.”
Kiss Me Slowly – Parachute

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Liam

Uma semana depois...

— Liam, estamos precisando de você na sala de cirurgia — Eric me chama.


— O que temos? — pergunto ao me levantar da poltrona da sala dos médicos com meu café
em mãos.
— Um acidente de carro, duas meninas, um casal para ser mais exato.
Termino de tomar meu café enquanto Eric me passa todas as informações que sabe sobre o
caso, jogo o copo vazio na lixeira e entro na sala de preparatório cirúrgico com Eric ao meu lado.
Uma auxiliar de enfermagem já estava a nossa espera e nos estende uma máscara, coloco-a e me
dirijo ao lavatório.
— Localizaram parentes ou contatos próximos? — questiono, enquanto passo antissepsia[3]
em minhas mãos e braços.
— Não senhor, segundo a outra que está mais consciente, elas estavam a caminho do
aeroporto, a primeira garota não conseguiu falar muitas coisas, segundos depois ela apagou e a
levamos para a outra sala de cirurgia, ela está com a doutora Elle, a segunda é a que está ali. —
Eric aponta para a mesa de cirurgia através do vidro.
— Meu Deus — murmuro baixo e olho para Eric perplexo. — Quantos anos ela tem?
— Não sabemos, mas não daria mais que vinte e um ou vinte e dois.
Lavo minhas mãos após higienizá-las devidamente, sacudo-as para retirar o excesso de água
e entro na sala, duas enfermeiras vem ao meu encontro e secam as minhas mãos e eu coloco a
luva.
Olho para a garota que está inconsciente deitada na mesa de cirurgia, metade do seu rosto
está deformado, seu braço direito está com uma lesão crítica deixando seu osso úmero[4] a
mostra. Ela é muito nova, nem mesmo daria vinte anos, seus ferimentos são graves e se ela tiver
muita sorte conseguiremos recuperar o braço dela.
— O que vocês acham que causou isso no rosto dela? Os paramédicos disseram que a
batida não foi tão grave assim, a outra garota não está tão lesionada como essa. — Craig, outro
médico e cirurgião cardiovascular, indaga do outro lado da mesa, ele está analisando as feridas
em aberto. — A pancada dela foi forte, o airbag não acionou, o que ocasionou a colisão do
peitoral maior com o volante.
— Eu palpito que o carburador do carro tenha feito esse estrago no rosto dela, o braço pode
ter sido esmagado com o impacto da batida, o que nos leva ao ponto de que ela estava dirigindo e

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sem cinto — Eric diz ao meu lado esquerdo. — Ela deve ter sido jogada para frente e depois de
volta para trás com o impacto, isso explica a lesão no músculo supra-espinhal[5].
Olho para Eric assentindo, gostei desse cara, bem observador.
— Muito bom Eric, muito bom — falo, sem conter um sorriso no rosto, ele lembra a mim
quando estava na residência.
— Tragam todo sangue O negativo que vocês puderem, vamos precisar bastante e chamem
a neuro, há uma fratura intracerebral[6] — Craig pede a uma das enfermeiras.
— Eric, gazes, por favor — peço a ele que me atendente prontamente.
— Bisturi. — Estendo a mão direita e uma enfermeira coloca o bisturi em minhas mãos. —
Nós vamos te tirar dessa — murmuro olhando a garota que agora tem uma máscara com tubos na
boca.

Eu queria poder dizer que a cirurgia foi um sucesso, queria sair daquela sala com um sorriso
vitorioso no rosto, mas não foi o que aconteceu. Nora tinha vinte e dois anos e não sobreviveu.
Eu nunca havia me sentido tão impotente em um caso como esse, Nora teve taquicardia
ventricular três vezes, mas a última permaneceu instável e infelizmente ela não resistiu. Ela me
fez lembrar de Maya, sua pele clara e seus cabelos loiros trouxeram a imagem de Maya para mim
no momento em que Eric apontou através do vidro.
Eu tive meus altos e baixos durante dois anos, Maya sempre esteve ao meu lado em casa
momento, mesmo de longe, ela não perdia a chance de poder em ajudar de alguma forma. Já
havia visto ela em seus piores momentos, Henry e eu brigávamos com ela, ela parava e depois
voltava de novo. Mas eu nunca tinha parado para pensar que um dia seria eu na mesma situação
que ela, e pior, que seria ela a me ajudar e ter força de vontade para me tornar novamente o Liam
que eu tinha que ser, que eu precisava ser e que Amber merecia ter.
Só que infelizmente ela não pôde se tornar a menina que queria ser e dar o orgulho que
tanto queria dar ao Henry. Vinte e dois anos era a idade que Maya teria hoje, mesma idade que
Nora tinha.
Volto a minha atenção para os olhos que me observam à espera de que eu continue o que
estava falando a uns minutos atrás.
— Algumas pessoas podem até pensar que Maya foi influência para o meu consumo
excessivo de álcool, mas o que elas não sabem é que ela foi quem me tirou disso com a ajuda dos
meus pais e de um ótimo profissional, quando eu perdi a minha namorada e a vi entrando
naquele elevador eu pensei que nunca mais a veria novamente, eu queria descontar toda a minha
raiva e frustação na primeira pessoa que eu visse na minha frente, lógico que eu não fiz isso. Eu

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queria culpar Maya, mas ela também não tinha culpa, a culpa era apenas minha.
Faço uma pausa e respiro fundo.
— Eu nunca achei uma forma de extravasar tudo que eu estava guardando para mim, até
que eu a perdi de vez. Beber todo estoque de bebidas que eu tinha no meu apartamento naquele
dia após o casamento do meu irmão pareceu ser uma ótima opção, por que não afogar todas as
minhas frustações e raiva bebendo? Eu gostei tanto disso que droga... Eu passei a fazer isso
sempre, faltava aulas para beber e claro, as bebidas abriram portas para o cigarro, até mesmo
experimentei maconha, mas só uma vez. — Olho para a carteira de cigarro fechada em minha
mão e jogo na lixeira ao lado, seus olhos atentos me acompanham e noto um meio sorriso se
formar em seus lábios. — Eu chegava em casa carregado, precisei até de uma babá, Henry
cuidava de mim, virei mais um peso para o meu melhor amigo que tinha problemas mais
importantes, eu me senti um fodido egoísta por isso.
Ava continua a me olhar atentamente e seu olhar estuda todas as minhas feições e ela anota
algo em seu caderno, como sempre faz em todas as nossas consultas, só que essa é diferente de
todas as outras, eu estava me libertando do meu passado por partes.
— Vamos, continue... você está indo muito melhor do que em todas as outras vezes hoje, se
você não quiser continuar, tudo bem. Mas eu preciso que você continue, isso é um progresso
Liam e um progresso muito grande que trabalhamos durante todos esses anos, eu estou pronta
para te ouvir, então bote para fora. Eu sei que você vai se sentir melhor se eu não ficar lhe
estudando com o olhar, então finja que eu não estou aqui. Só por hoje — Ava diz, ajeita o óculos
no rosto e abaixa a cabeça anotando algo em seu caderno.
— Dez de dezembro, eu recebi uma ligação de Henry, ele estava no hospital. Maya havia
acabado de dar entrada com overdose, Henry estava descontrolado, nervoso e chorando bastante,
eu não pensei duas vezes antes de pegar o primeiro voo apenas com a roupa do corpo e ir até ele,
mas isso não foi o suficiente, eu não fui capaz de chegar a tempo de me despedir, eu não fui
capaz de segurar a mão dela para que ela não partisse sozinha, tudo que Maya não queria era
ficar sozinha, ela já se sentia só o tempo todo. — Viro meu rosto para o lado encarando a parede
de cor salmão da sala, meus olhos percorrem por todo local, mas evito contato com Ava, não
quero ceder as minhas fraquezas. Mordo meus lábios tentando resistir as lágrimas, mas é em vão,
uma listra corta meu rosto e o gosto salgado chega em minha boca, seco minha lágrima
rapidamente e volto a olhar para Ava.
— E justo no momento em que ela precisava da minha presença ali, eu não estava. Ela
morreu, levando consigo uma parte de mim dentro dela. Maya estava grávida de algumas
semanas, ela não me disse que estava grávida, acredito que nem mesmo ela sabia sobre a
existência do bebê, mas eu tenho certeza que era meu, na semana que ela veio me visitar eu

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estava em abstinência de Amber, tinha visto fotos e vídeos dela em seu perfil do Instagram por
uma conta fake que eu havia feito, enquanto ela estava lá vivendo a vida dela e feliz, eu estava
me afundando na minha. Eu não desisti, só deixei o tempo me guiar e naquele dia, Maya foi
minha por uma noite, mas ela sabia que era por Amber que eu ansiava e por Amber que eu
chamava. Éramos duas almas perdidas procurando reconforto um no outro, duas pessoas
impossibilitadas de ter quem amamos. Eu não tive coragem de contar isso para Amber, nem
mesmo minha família sabe, apenas Henry e Brandon. Eu ainda sou um fraco e mentiroso.
Engulo em seco e Ava volta a me olhar.
— Eu só queria poder voltar no tempo, trazer a Maya para o Henry de volta, poder ter meu
filho ou filha em mãos, tirar toda a preocupação e dor de cabeça que causei a minha família e ir
atrás da minha garota em Londres.
Eu me sinto culpado pela morte de Maya, se eu estivesse ao lado dela nada disso teria
acontecido, ela estaria viva e eu teria um filho, um filho... eu poderia não ter Amber comigo, mas
teria um novo motivo para sorrir e ser feliz, uma criança é uma dádiva e mesmo eu sendo um
irresponsável naquela época, um filho mudaria tudo. Mesmo que a consequência desse ato seria
nunca mais ter Amber na minha vida.
— Liam, nós passamos por essas consultas durante três anos e nesses três anos você nunca
falou explicitamente sobre isso como agora, o que te fez mudar de ideia? — Ava pergunta me
olhando.
Ava é a minha psicóloga há três anos, quando terminei meu tratamento a clínica me
redirecionou para ela e estamos nesse elo de paciente e amigos até hoje, acabamos criando esse
laço de amizade, se tem uma pessoa que sabe tudo sobre a minha vida, muito mais do que Amber
sabe, essa pessoa é a Ava.
— Porque agora eu me sinto livre desse Liam que eu fui um dia, porque ao ver aquela
garota na mesa de cirurgia me fez repensar no que Maya diria hoje para mim, agora eu estou
liberto disso e eu tenho a minha garota comigo, ela me apoia, me ama e me incentiva, mesmo
que ela não saiba disso, ela me incentiva cada dia mais a ser quem eu deveria ter sido todos esses
anos. Eu precisava desabafar e tirar todo passado de mim.
Mesmo que Amber viva nele, eu precisava deixar o passado para trás.
— Eu estou feliz por você Liam, quanto tempo sem os tabacos?
— Desde que ela voltou, há três meses e meio, mas teve uma única vez que fumei, foi assim
que voltamos, ela me repreendeu por isso. — Sorrio ao me lembrar do dia que estava fumando
na piscina a Amber me fez apagar o cigarro. — Depois disso nunca mais.
— E bebidas? — questiona.
— Apenas o de sempre, bebo socialmente, mas nada com o que se preocupar, tenho

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controle.
— Certo. Você disse que ninguém além dos seus amigos sabe sobre o bebê que era seu,
acha que é certo esconder isso da pessoa com quem você divide a cama e à qual você acabou de
pedir em casamento? Em algum momento ela vai descobrir isso e eu espero que seja por você
contando a ela, você já começou da forma errada, escondendo isso e isso é uma questão muito
importante no relacionamento de vocês, trará fantasmas do passado à tona, o que você acha que
ela vai fazer quando descobrir sobre isso Liam? Isso é errado e se você quer mesmo Amber
como a sua mulher, terá que começar a desenterrar de uma vez por todas o passado. Está ciente
disso?
Assinto calado. O que eu posso dizer além de assentir? Nada. Ava está certa e dessa vez eu
tenho que fazer as coisas darem certo e do jeito certo, mais do que eu já venho fazendo.
Contando todas as verdades.
Mas o que me prende é o fato de Amber não estar cem por cento dentro, ela diz que está,
aceitou casar comigo, mas ainda mora no passado, fisicamente ela está aqui, mas
emocionalmente e em pensamentos está no passado. Eu tenho que contar a verdade, mas da
forma certa e no momento certo, isso é delicado para mim.
Ava anota todas as informações em seu caderno e faz mais algumas perguntas, e logo
depois finaliza nossa sessão.
Ao sair da clínica de Ava encontro Amber à minha espera sentada no capô do meu carro
lendo um livro.
— Demorei muito? — pergunto ao me aproximar dela.
Amber fecha o livro e em um impulso, pula do capô do carro e me olha assustada.
— Nossa, que susto! — Ela afasta seus cabelos que caíram em seu rosto, impedindo-a de
me enxergar e me olha. — Quer me matar do coração? E sim, você demorou hoje.
— Eu disse que não precisava vir, eu te encontraria no pet shop depois. — Puxo Amber
pela cintura colando nossos corpos e levo a minha mão direita até o seu pescoço e enlaço meus
dedos nos fios dos seus cabelos da nuca.
— Mas eu quis vir, sua voz parecia abatida na ligação, fiquei preocupada, deixei o carro
com Liz e peguei um táxi assim que terminamos o nosso expediente. Aliás, o que você tem?
Estou achando você meio cabisbaixo.
— Não é nada com o que você deva se preocupar. — Beijo seus lábios e afasto minha boca
da dela logo em seguida lhe dando um sorriso. — Vamos buscar aquela bola de pelos fedorenta.
— Já disse para não fala assim do meu bebê. — Ela me empurra e pega a bolsa e o livro em
cima do capô do carro. — Vou ensinar ele a te morder, quem sabe assim você o respeite.
— Você já faz isso por ele Sunshine, inclusive, hoje vai me morder?

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— Eu nem vou te falar o que eu vou fazer hoje com você, me dá a sua chave. — Ela
estende a mão pedindo e eu me nego a dar a chave do meu querido filho para ela. — Anda Liam,
me dá a droga da chave.
— Você acha que eu vou dar meu filho nas suas mãos? — indago.
Mas nem em sonhos eu vou dar meu carro na mão de Amber. Ninguém além de mim o
dirige.
— Se você não me dar as chaves agora eu vou entrar em greve por tempo indeterminado e
nada de beijos também, você escolhe.
— Isso é golpe baixo, se tiver um arranhão no meu filho eu é que vou ter um ataque
cardíaco — pego a chave do meu bolso e jogo para ela, que apanha no ar.
— Você vai sobreviver a isso, a não ser que você queira deixar sua namorada recém-noiva à
solta por aí.
Quando eu falo que Amber joga baixo e é um demônio, eu não estou brincando. Prova disso
é o que ela acabou de fazer e como sempre, tudo que ela me pede e dou, por ela eu sou capaz de
fazer tudo.

— Você não vai me contar o que aconteceu? — Amber pergunta ao me ver saindo do
banheiro, após meu banho.
Eu sabia que Amber não iria desistir de saber o que me deixou com pensamentos tão longe
depois do meu expediente, durante o caminho para o pet shop e a volta para casa ela não
perguntou nada e também não conversou comigo, fizemos o caminho em silêncio. Ela sabia que
eu precisava de um tempo, mas não é aquele tipo de tempo que geralmente as pessoas precisam
ficar sozinhas. Eu precisava de um tempo com meus pensamentos e com ela por perto, isso me
fez entender o porquê ela quis dirigir o meu carro — coisa que ela nunca se opôs em fazer —
Amber é uma mulher maravilhosa e eu sou muito sortudo por tê-la.
— É coisa do trabalho, você quer mesmo saber?
— Se é algo que te abala ou incomoda, sim.
Solto um logo suspiro e me deito ao seu lado na cama a puxando para o meu peito, é
automático minhas mãos irem parar no cabelo de Amber, e aqui estou eu alisando seus cabelos
ruivos e sentindo-os entre meus dedos.
— Eu amo o seu cabelo.
— Se você continuar por esse caminho eu vou dormir, não desvia o assunto.
— Eu estou falando sério, não estou desviando o assunto.
— Ok, eu sei que você ama o meu cabelo, assim como eu amo quando você está de barba, é

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tão sexy e sedutor, mas agora me conta.


— Teve um acidente hoje a caminho do aeroporto, eram duas jovens, uma loira e uma
morena. Elas namoravam e estavam indo para casa da loira, depois de meses que a família a
rejeitou finalmente aceitaram a opção sexual dela, no caminho tudo aconteceu e a loira veio parar
na minha mesa de cirurgia, ela foi a que mais tinha lesões, pois estava dirigindo sem cinto e
bateu em um poste de iluminação, ela não resistiu. Eu... — Sinto um nó se formando na garganta
e fito o teto. — Eu nunca me senti tão impotente diante de uma situação dessas, eu queria estar lá
para conversar com a família e explicar todos os procedimentos que foram feitos, eu queria dizer
que fizemos de tudo para salvar a vida dela... Mas eles ainda não haviam chegado, estavam
pegando um voo para cá, devem estar chegando nesse momento. Quando Eric me detalhou toda
a história depois de conversar com a outra garota assim que ela acordou, eu só pensei em uma
coisa.
Olho para Amber que tem seus grandes olhos verdes sobre mim.
— Eu não quero esconder mais isso da nossa família Amber, nós não sabemos o dia de
amanhã e nem o que pode acontecer daqui a uns minutos, eles aceitando ou não eu quero que
saibam, o que eu acho meio impossível já que eles torcem por nós. Eu só penso que se eles
tivessem dado apoio, aceitado, talvez aquela menina estaria viva, estaria na sua casa e com a
namorada, todos estariam bem.
— Nossa. — Percebo Amber engolir em seco e puxar uma respiração funda. — Eu... eu
sinto muito pela namorada dela e pela família, é uma história muito triste. Nós vamos contar aos
nossos pais, eu quero que eles saibam, quero compartilhar com eles o quanto eu estou feliz com
você. Mas não é só isso que te deixou assim né? — questiona, virando seu corpo e deitando seu
queixo em meu peito enquanto me encara.
— Não. Você me conhece malditamente bem. — Dou um meio sorriso e Amber fecha seus
olhos batendo os cílios fazendo uma cara um tanto fofa. — Eu lembrei da Maya, talvez seja esse
o motivo da sensação de impotência.
— Você quer conversar sobre isso? — ela pergunta.
​Eu sabia que Amber não tinha muito o que falar desse assunto e que de certo modo isso a
incomodava, portanto resolvo pôr um fim nisso logo.
— Eu estou bem agora, estou em casa e com você. Isso passou, foi só momentâneo, eu só
estou exausto.
— Eu vou deixar você dormir, enquanto isso eu vou para o meu apartamento terminar
alguns rabiscos que eu comecei e parei — ela diz, beija meus lábios e se levanta da cama. —
Maria deixou bilhete, tem comida pronta e é só esquentar, mas duvido muito que se você dormir
agora vai acordar para comer algo, então coma antes de dormir.

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— Não precisa se preocupar Sunshine — murmuro e a chamo com a mão, Amber se


aproxima e eu seguro em uma de suas mãos e a puxo em um único impulso para cima de mim, o
corpo de Amber cai sobre o meu e como uma corrente de eletricidade meu corpo corresponde ao
dela. — Eu não quero que você vá.
— Eu moro mais no seu apartamento do que no meu. — Um sorriso se estampa em meu
rosto e Amber revira os olhos. — E não é só isso, tenho mesmo que terminar algumas coisas,
prometo tentar estar aqui quando você acordar, embora amanhã seja sábado, eu só queria
hibernar.
— Você anda muito dorminhoca. — Amber toca minha testa franzida e sorri.
— Deve ser porque alguém às vezes não me deixa dormir todas as horas que eu necessito,
fico com horas de sonos acumulados. Daqui a pouco fica maior que o seu banco de horas no
hospital.
— Sobre isso... o que acha de uma semana em Paris no seu aniversário?
Eu tenho passado do meu horário no hospital e feito plantões constantemente, e não que
isso seja um sacrifício ou algo que eu não goste. Porém, Amber colocou na cabeça que eu tenho
trabalhado demais e que isso está me fazendo mal, segundo ela eu não me alimento direito, não
durmo as horas necessárias que preciso dormir e fico indisposto. Não duvido que ela tenha razão
já que me divido entre o hospital e a clínica, ainda mais agora que eu sou responsável por alguns
residentes no hospital, além de ser bastante conturbado às vezes, é gratificante essa minha
conquista. Eu me sinto totalmente satisfeito pelo andamento da clínica e da minha vida
profissional e pessoal.
— Huh. — Esse som que ela faz com a boca após contornar meus lábios com o dedo, me
faz soltar um grunhido baixo. — Tentador não? Gostei dessa ideia.
— Ótimo, irei providenciar nossa pequena viagem.
Amber sorri e eu a puxo para um beijo, mas ela se desvencilha deixando apenas um beijo
casto em meus lábios e se levanta.
— Bom descanso nazista. — Reviro meus olhos bufando e ela solta uma risada. — Eu
venho te ver antes de dormir, eu te amo.
Ela sibila a última palavra e sai me deixando sozinho.
Definitivamente eu estou morto de cansado e com a mente conturbada, mas ficar sozinho
sem Amber não era uma opção agradável.

Dois dias depois...

Entro no apartamento de Amber com Henry e, me deparo com Liz e Amber chorando

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copiosamente assistindo alguma série que elas gostam provavelmente.


Henry o bundão em pessoa, ainda não se acostumou ou nem sabe ainda que o motivo do
choro delas é por causa do que estão assistindo, já que ele corre até Liz e Amber e se ajoelha na
frente delas.
— Por que vocês estão chorando? — Henry pergunta.
Relaxo meus braços e levo as sacolas de comida japonesa para a mesa de centro da sala,
Henry está com uma de suas mãos no rosto de Liz e a outra no de Amber secando suas lágrimas.
Pego o controle da televisão em cima da mesa e a desligo, colocando-o de volta no lugar, Amber
e Liz me olham na mesma hora fungando o nariz.
Me aproximo de Amber e bato na mão de Henry que afasta a sua mão rindo.
— Sai, que da minha namorada cuido eu — resmungo e isso o faz rir mais ainda
acompanhado de Liz.
Sento no sofá e puxo Amber para o meu colo e ela deita seu rosto em meu pescoço, me
causando arrepios ao senti-la respirando próxima a ele.
— Eu só estava tentando fazer elas pararem de chorar, até agora não sei porque diabos elas
estão assim — Henry murmura.
— Grey's Anatomy, me admiro você não saber que a sua namorada chora por outros
homens e nenhum deles é você — alfineto-o.
— E você me diz isso na maior naturalidade? Logo você que quase arrancou a minha mão
agora?
— Como a minha namorada diz, eu dou o Mc Dresteammy, ela chora por eles, mas eu sou
uma mistura dos dois galãs dessa série, se você fosse médico quem sabe não seria um deles?
— Graças a Deus ele não é um médico, ele já tem um ninho sem ser um, imagina sendo?
Deixa esse posto para você mesmo, Doutor Bonitão — Liz murmura.
— Alguém aqui está com ciúmes? — Henry indaga.
— Acho bom você calar a boca — Liz resmunga entre lágrimas.
— Sunshine, me diz o motivo do choro de hoje? — peço a Amber que afasta seu rosto me
olhando.
Seus olhos estão avermelhados e seu rosto está ruborizado, ela olha para Henry e sorri.
— Não fica preocupado Henry, acontece isso toda vez que alguém morre — ela explica e se
vira para mim novamente. — A Lexie morreu e o Mark também. — Ela solta um soluço baixo.
Reviro meus olhos e passo a mão em seus cabelos acariciando-os. Ela está chorando muito
mais que o normal, quando ela assiste essa série, ela chora, mas não o bastante quanto agora, isso
me comove ao mesmo tempo em que me preocupa, ela anda muito sensível ultimamente.
— Mas vocês não viram esse episódio no mês passado? Ainda choram mesmo que tenham

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visto? — indago.
Liz assente já mais calma e Henry continua olhando embasbacado.
— Eu não sei lidar com isso não, vocês estão falando outra língua. — Henry vira seu rosto
para mim e cruza os braços. — Desde quando você está por dentro desses assuntos?
— Desde que eu tenho uma namorada que me obriga assistir com ela e me chama de nazista
só porque eu botei meus residentes para fazer uns trabalhos extras na clínica. — Dou de ombros.
— Tá, eu sou o excluído, foda-se. Estou com fome — Henry resmunga.
— O que vocês trouxeram? — Amber olha curiosa para as sacolas em cima da mesa e
Henry vai até uma delas e a vira de cabeça para baixo jogando todos os biscoitos da sorte em
cima da mesa.
— Comida japonesa, Rabbit — ele a responde.
— Eu já disse que amo vocês? — Liz salta do sofá e se senta no tapete fofinho do chão e
abre as outras sacolas.
Snow late chamando a atenção e só agora eu noto que ele estava deitado próximo ao sofá.
— Não lembro de você ter dito que amava nenhuma vez — Henry diz e Liz arregala os
olhos como se tivesse caído a ficha sobre isso —, mas é válido, mesmo que inclua o Liam nesse
“vocês”.
Henry não percebeu a fisionomia de Liz e ela sorri aliviada por isso, acho que ela não
esclareceu para ele tudo o que sente ainda, o lance deles é complicado.
— Você não vai se levantar para comer também? — pergunto para Amber.
— Você está me expulsando do seu colo? — indaga de volta toda manhosa e fungando o
nariz.
Reprimo minha vontade de rir do quanto ela ficou fofa e engraçada agora.
— Não Sunshine, eu só quero que você coma, você disse que estava com fome na
mensagem.
— Mas eu quero comer aqui, posso? — pede ainda manhosa.
Sorrio e contenho a minha vontade de beijá-la, levá-la para o quarto e fazer amor com ela,
amor é o que eu tenho vontade de fazer com Amber manhosa desse jeito, ela fica tão linda
fazendo essa carinha de inocente.
— É claro que pode, Sunshine...
Um telefone começa a tocar em cima da mesa e Liz o pega e estende para Amber, que pega
o aparelho da mão de Liz e atende sem olhar.
— Alô? — Amber pergunta e espera a resposta do outro lado da linha.
— Aiden! — ela exclama pulando animada do meu colo com um sorriso no rosto. — Eu
passei o dia todo longe do celular, acabei não vendo as suas mensagens, mas é claro que eu vou.

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Vai? Para onde?


Questiono-me intrigado, levanto do sofá e sento do lado de Liz no tapete.
Liz me olha e pega uma caixinha de comida com dois hashi e me entrega.
Abro a caixinha resmungando baixo e sinto os olhares de Liz e Henry sobre mim.
— O que? — pergunto.
— Nada, você que está aí resmungando por causa de ciúmes — Henry diz.
— Eles são só amigos, você sabe que ela te ama — Liz diz e coloca um sushi na boca.
— Eu até tento me convencer disso, mas...
— Mas? — Liz questiona e eu olho para trás onde Amber conversa animadamente com o
amigo.
— Mas o Brandon sem querer deixou escapar na semana passada que o irmão dele estava
vindo para cá e que ia passar uns dias lá no apartamento enquanto procura um por aqui. — Viro
meu rosto olhando para Henry, que explica e Liz o olha sem entender o que tem demais nisso. —
E aí que ele falou que se vermos ou ouvirmos coisas estranhas pela casa... é o irmão dele e que
talvez ele levasse garotas para lá ou até mesmo a garota que ele está a fim daqui de Manhattan,
segundo Brandon, o irmão dele está a fim dessa garota a muito tempo.
— Pode não ser ela — Liz começa a falar, mas para ao ver minha sobrancelha erguida em
sua direção. — Eu... eu nem sei o que falar, acho que é melhor eu calar a boca e comer —
finaliza, enfiando mais um sushi na boca.
— Eu sei que eles não são mais que amigos, mas ele querê-la é demais para mim.
— Posso falar a verdade? — Assinto e Liz estuda a minha fisionomia. — Se ele quisesse
algo com ela além de amizade e até mesmo roubar um beijo dela, ele já teria feito isso, não estou
dizendo que ela vai gostar disso ou vai retribuir, estou dizendo que oportunidade para ele ter
feito isso não faltou e espaço da parte de Amber para ele fazer isso também não faltou. — Me
engasgo com a comida e Liz bate em minhas costas, lhe lanço um olhar de “como é que é?” E
ela suspira. — Estou dizendo que Amber é lerda e não vê as coisas como nós de fora vemos. Ele
a respeita e respeita o namoro de vocês, Amber ama você e deixa isso claro para qualquer
pessoa. Mas não descarto que ele gosta dela de uma forma diferente, eu não sei explicar como é,
mas é até diferente de como você olha para ela... mas tenho certeza que Amber não é essa mulher
que ele está a fim.
Eu não gostei de saber isso. Era para ter aliviado meus ciúmes? Porque se era, não adiantou.

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“Eu quero estar onde você está. Em tempos de


necessidade eu só quero que você fique.”
Find-Me – Boyce Avenue

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Amber

Eu sei que não deveria ter atendido a ligação de Aiden na frente de Liam, mas nós estávamos a
tanto tempo sem nos falarmos que eu me empolguei. E Liam tem que aceitar que Aiden e eu
somos amigos, ele gostando ou não.
Finalizei a ligação deixando marcado um almoço com o Aiden na segunda-feira, Aiden
ainda está viajando e chega no final de semana, mas como esse final de semana eu tenho jantar
na casa dos meus pais, adiei nosso encontro para segunda-feira.
Me viro para encarar meus amigos e meu namorado sentados no chão da minha sala e noto
que Liam está um pouco apreensivo, solto um suspiro baixo e me aproximo do grupinho e me
sento ao lado dele, que está comendo calado seu yakisoba.
— Espero que tenham deixado algo para mim — murmuro quebrando o silêncio.
— Do jeito que você está comendo igual uma porca ultimamente, eu me pergunto se o que
temos aqui é o suficiente para você — Liz diz, distraída brincando com seu hashi.
— Você está muito engraçadinha hoje. Henry, me dá um biscoito — peço e ele pega dois
biscoitos da sorte e me estende.
— Obrigada.
Liam ainda continua comendo calado ao meu lado, Liz a mesma coisa, apenas Henry tem
seu olhar atento sobre mim, eu o olho intrigada e ele desvia o olhar para Liam e sibila as palavras
“ciúmes” e “puto”.
Dou de ombros, Liam tem que aprender a lidar com esses ciúmes em excessos que tem em
relação a Aiden.
Abro a embalagem de um dos biscoitos e quebro-o no meio. Puxo o pequeno papel branco e
olho a minha frase da sorte.
— O que diz ai Am? — Liz Pergunta levantando a cabeça.
— Aqui diz: Amizade e Amor são coisas que podem virar uma só num piscar de olhos.
Leio em voz alta e Liam se engasga com seu yakisoba, bato levemente em suas costas e ele
me encara.
— O que? — questiono.
— Nada, apenas achei bem futurística essa frase — desenha seco e pega sua cerveja em
cima da mesa de centro.
Antes que eu responda o que eu acho que ele quis dizer, Liz me interrompe.
— Abra o outro Am, eu vou abrir um também.
Assinto e abro o outro biscoito, mas diferente da outra vez, não leio em voz alta, fico com a

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frase para mim em silêncio.


Há três coisas que jamais voltam; a flecha lançada, a
palavra dita e a oportunidade perdida
Engulo em seco e guardo o papel em meu bolso, não quero deixar o clima mais pesado.
— Você não vai abrir nenhum biscoito? — pergunto a Liam, para desviar o foco de mim.
— Eu não preciso de um biscoito da sorte Sunshine, eu já tenho você comigo — murmura
me fazendo sorrir, ele pega um biscoito em cima da mesa e abre o pacote. — Por via das
dúvidas, vamos abrir esse comigo.
Seguro em uma ponta do biscoito e Liam segura na outra e juntos quebramos o biscoito, o
papel cai no tapete e eu pego virando a parte escrita para nós dois lermos juntos.
As pessoas se esquecerão do que você disse e do que você
fez, mas nunca se esquecerão de como você as fez sentir.
O corpo de Liam se enrijece ao meu lado e eu amasso o papel.
— É só um biscoito supersticioso, ignore — falo beijando o seu pescoço e traçando meus
lábios até os seus depositando um beijo casto em seus lábios.
— Eu acho que isso está sendo impossível hoje, essas frases estão fazendo sentido — ele
murmura.
— Não estão Liam, esquece isso — peço e ele volta a comer.
Pego uma caixinha em cima da mesa e a abro olhando o que tem dentro. Sorrio que nem
uma criança que acabou de ganhar seu doce.
— Está sorrindo por que Rabbit? — Henry pergunta.
— Vocês trouxeram camarão ao molho agridoce para mim, eu estava com tanta vontade de
comer isso essa semana.
— E está feliz por isso? — Liz questiona de testa franzida.
— Sim, eu amo camarão, vocês deveriam saber disso — resmungo sem esconder o sorriso
do rosto.
— Mas cadê aquele julgamento que engorda e tudo mais? — ela indaga.
— Lizzie cala a boca e me deixa comer feliz! — exclamo, encosto minhas costas no sofá e
pego o garfo que estava na mão de Liz para comer, embora ela goste muito de comida japonesa,
nunca se deu bem com o hashi.
— Ei! — resmunga me olhando. — Eu só não vou reclamar sobre isso porque eu estou farta
e se eu comer mais eu explodo.
— E ia ficar reclamando atoa que eu não iria lhe devolver.
— Gente, o Tyler sumiu né? — Henry muda o assunto e eu assinto, pois estou de boca
cheia. — Ele e a Violet terminaram o... sei lá o que eles tinham, mesmo?

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— Ao que parece sim, eu estive com ela hoje no hospital e ela não me parecia nada bem,
ainda a convidei para vir para cá hoje e ela deu várias desculpas — Liam responde.
— Estranho, é óbvio que eles se gostam e ficam tentando driblar o que sentem um pelo o
outro — Liz murmura.
— Eu acho que isso é muita falta de comunicação entre eles, eles não se abrem um com o
outro sobre o que sentem e nem colocaram em pauta o que estavam tendo. Tyler já não ficava
com mais ninguém desde que eles começaram a ficar direto, o problema do Tyler é ser muito
cabeça dura para perceber quando está a fim de alguém, eu disse para ele que não tinha porque
esperar mais se ele estava gostando dela, e o que ele fez? Foi lá e terminou.
— Para que esperar mais? Já não basta você que esperou cinco anos? — Henry debocha e
eu devolvo com uma careta.
— Liz cala a boca do seu namorado — resmungo.
— É o que eu vou fazer mesmo, mas lá em cima. — Liz brinca e olha sugestiva para Henry,
que se levanta estendendo a mão para ajudá-la a se levantar. — Vamos subir agora? Você nem
terminou de comer — indaga confusa.
— Eu perdi a fome e o que vamos fazer lá em cima é mais interessante — murmura,
olhando de mim para Liam, que está com a cara fechada comendo.
Eu sei o que Henry está tentando fazer e Liz não demora muito para perceber o mesmo. Já
que ela segura na mão de Henry e se levanta.
— Tchau pombinhos — Liz acena e sai com Henry em direção as escadas.
Termino de comer o meu camarão e pego mais uma caixinha em cima da mesa e a abro,
dessa vez é yakisoba que tem dentro, não era o que eu queria, mas mesmo assim está de bom
grado.
— Liz não estava brincando com disse que você está comendo muito ultimamente e
dormindo também — Liam diz, me observando comer.
— Você está me chamando de porca? — pergunto.
— Jamais te chamaria disso, pensei em panda, mas como você se auto chamou de porca...
— ele responde cínico e pega uma latinha de cherry coke em outra sacola para mim e a abre. —
Só foi uma observação. Panda só come e dorme.
— Eu estou com fome, academia hoje foi cansativo, eu fiz funcional duas vezes seguidas,
uma sozinha e na segunda vez para acompanhar a Liz, depois fui para esteira e engatei em uma
aula de Zumba — explico.
— Você não deveria se esforçar mais do que seu corpo suporta, não vou mais chamar sua
atenção quanto a isso, mas quando estiver morrendo de dores e resmungando, eu vou te levar no
hospital e se for necessário, ainda deixarei você passar a noite lá — informa irritado e dá de

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ombros.
— Você não faria isso comigo, faria? — indago.
— Pode apostar que sim — afirma, fazendo meu corpo estremecer só de imaginar uma
picada de agulha.
​ s olhos atentos de Liam me estudam enquanto eu como o yankisoba. Olho para ele que
O
agora tem um sorriso em seu rosto.
— Tem algum problema se eu for almoçar com o Aiden na segunda-feira? — pergunto indo
direto ao assunto, antes que ele comece.
— Que diferença faz? Você já aceitou, não vejo diferença nisso e onde minha opinião muda
algo na sua escolha. — Liam dá de ombros e paro de comer soltando o garfo dentro da caixinha e
colocando-a de volta em cima da mesa.
— Eu não entendo, eu juro que não entendo.
— O que você não entende, Amber?
— Ótimo, está bravo — resmungo, me levantando e pegando as sacolas e as caixas vazias
em cima da mesa, caminho em direção a cozinho, Liam vem logo atrás trazendo as latinhas de
refrigerantes vazias.
— Eu não estou bravo, por que acha que eu estou? — pergunta, jogando as latas no lixo e
se vira para mim. — Ainda vai beber? Está cheia. — Ele balança a minha lata de cherry coke e
eu nego com a cabeça.
— Você me chamou de Amber, só me chama assim quando está bravo — pontuo com uma
voz baixa e manhosa, que nem eu mesma me reconheço, devo estar com o pé no meu período,
única explicação, embora já tenha vindo esse mês. — Eu odeio quando você fica assim,
acabamos indo dormir cada um no seu canto e só nos falamos no dia seguinte.
Guardo na geladeira as caixas de comida que sobraram e jogo as vazias no lixo. Liam
segura em minha cintura e me para, me puxando para si e colando nossos corpos.
— Me desculpe... eu não quis soar bravo, eu não estou Sunshine — ele solta um suspiro
pesado e me olha —, não vejo problemas em você sair para almoçar com seu amigo, mas não me
pede para não sentir ciúmes que isso tem se tornado impossível nesses últimos dias.
Liam fecha a cara e eu sorrio para a sua feição cheia de marra que toma conta do seu rosto,
agora com a barba crescendo. Isso o torna tão másculo, eu já disse que o prefiro com barba e
com os cabelos grandes, como estão agora, ele cismou que queria cortar suas madeixas, cortar
não, raspar, mas depois de muito pedir ele acabou deixando como está, não muito grande e nem
muito pequeno.
Olhando para ele emburrado agora, o faz parecer uma criança que não ganhou seu
brinquedo preferido.

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— Por que não vai comigo? Assim você coloca um ponto final nesses ciúmes sem
cabimentos — proponho e ele nega com a cabeça.
— Eu prefiro ficar de longe mesmo, assim evito de afundar a cara dele no meio do próprio
prato durante o almoço — resmunga entre dentes.
Dou uma risada da sua carranca e me desvencilho do seu aperto em minha cintura e seguro
em sua mão.
Guio Liam até o meu quarto e após entrarmos eu fecho a porta.
— Eu vou dormir em casa, ainda tô puto — Liam resmunga cruzando os braços acima do
peito.
— Se você estivesse puto mesmo nem estaria aqui, doutor. Para de drama que não é do seu
feitio.
— Mas eu estou puto.
— Defina puto — peço e me viro em direção ao banheiro.
Puxo a minha escova de dentes do suporte e coloco o creme dental nela para escovar meus
dentes.
Enquanto escovo os dentes fico observo Liam, que até agora não definiu o quanto está puto,
o que significa que foi só ciúmes passageiros e passou. Liam se despe ficando apenas de cueca
boxer.
Não perco a oportunidade de cobiçá-lo com os olhos antes dele se deitar na minha cama.
Meus olhos estão fixos no V denominado por mim, como caminho da perdição. Afinal, o
namorado é meu e eu posso.
Termino de escovar meus dentes e faço a minha limpeza de pele rapidamente e saio do
banheiro. Caminho devagar até a cama e pulo em cima de Liam, que envolve seus braços em um
aperto na minha cintura e me vira para o lado, me deitando de frente para ele, encaixa seu corpo
no meu e suas pernas entre as minhas.
— Eu estou puto porque você estava toda manhosa e gostosa comigo e só foi ele te ligar
que você se animou toda. Esqueceu até que não queria sair do meu colo, eu estou puto porque ele
gosta de você e você sabe disso. Eu estou puto por você esquecer de mim quando está com ele —
murmura, fitando meus olhos.
— Aiden gosta de mim? — Tento segurar um riso que inevitavelmente escapa. — De onde
saiu isso? Ele não gosta de mim e mesmo se gostasse, é com você que eu estou. Para com isso.
— Eu não vou mais falar sobre isso com você, se você não enxerga que ele gosta de você
eu acho até ótimo. Assim ele continua no escuro.
Reviro meus olhos e ergo meus braços até o abajur em cima do criado mudo ao lado da
cama e o desligo.

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— Vamos dormir que o seu mal é sono.


— Dormir? Mas já Sunshine? — ele pergunta em meu ouvido e morde o lóbulo da minha
orelha me causando arrepios.
Suas mãos encontram o caminho até os meus seios por debaixo da minha blusa — que por
sinal é a dele que eu vesti assim que tomei banho quando cheguei do trabalho, eu a uso para
dormir — seus dedos tocam o meu mamilo que estão estremecidos e eu solto um gemido baixo.
Liam dedilha seus dedos, brinca e puxa o meu mamilo, não consigo evitar os gemidos que
escapam da minha boca só com esses toques.
— Está sensível Sunshine? — Liam pergunta com a sua voz baixa e levanta a sua perna,
pressionando seu joelho em minha intimidade. Ele afasta o joelho substituindo-o pela sua outra
mão que estava em meus seios, Liam só mantém sua mão por cima do meu minúsculo short, mas
não ousa fazer nenhum movimento, apenas fica com a mão parada ali enquanto me olha
atentamente. Ele ameaça abaixar meu short, mas não o faz.
— Você ainda não respondeu Sunshine.
Arfo perdendo a paciência e em um impulso estou em cima dele, levanto meus braços e tiro
a sua blusa do meu corpo e a jogo para o lado. Seus olhos me encaram perplexos, suas mãos
pressionam a minha cintura impulsionando seu membro rígido em minha intimidade, me
movimento em um vai e vem e um grunhido baixo escapa da sua boca.
— Quem está sensível agora?
Liam ergue sua mão direita levando-a em direção a minha nuca agarrando a mesma e
enrolando seus dedos em alguns fios do meu cabelo, ele puxa meu corpo para baixo e passa a
língua em meus lábios de um lado para o outro.
— Você quer brincar? Então nós iremos brincar — Liam sussurra e toma meus lábios com
urgência.
Eu acho que nunca vou me sentir saciada do toque dos seus lábios, seu gosto, seu cheiro,
seus toques e principalmente dele. A verdade é que eu nunca vou me cansar dele por completo.

Algo úmido encosta em meu pé descoberto pela coberta e se desliza por ele para baixo e
para cima me causando cócegas, dou uma risada abafada e enterro meu rosto no travesseiro.
— Snow deixa a mamãe em paz.
Ouço a voz rouca de Liam e tateio a cama com a mão, o lado em que ele dormiu está vazio
e frio, o que me faz constatar que ele está acordado a um bom tempo.
Eu ainda estou com os olhos fechados, mas sinto quando Snow para de lamber meu pé e se
aninha ao meu lado e sinto a presença de Liam muito próxima.

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— Acorda dorminhoca — ele sussurra em meu ouvido após jogar meu cabelo para um lado
só.
Abro os olhos e viro meu rosto para encará-lo e recebo um sorriso lindo de Liam, que está
vestindo um samba canção e uma blusa, duas coisas que ele não gosta muito quando está em
casa, mas usa quando não está sozinho e como ele dormiu no meu apartamento, ele os usa por
respeito a Liz, por mim ele podia andar nu que eu não me importaria.
— Só mais um pouquinho, por favor — choramingo.
— Hoje ainda é quarta-feira, eu deixei você dormir meia hora a mais Sunshine. Sábado eu
prometo que vou deixar você dormir bastante. — Liam beija minha bochecha, meus lábios e
desce seus lábios pelo meu pescoço.
— Huh. — Solto um gemido preguiçoso. — Eu duvido — murmuro e contra minha
vontade me levanto da cama.
— Eu prometo Sunshine, sábado será o seu dia de descanso, você está precisando mesmo
— ele diz me observando enquanto eu entro no banheiro.
— Você sabe que não é muito bom com promessas né? E que se não me deixar dormir até
pelo menos uma hora da tarde eu vou te deixar sem sexo por pelo menos um mês! — o ameaço
apontando minha escova de dentes na sua direção.
— Você e suas ameaças — resmunga. — Essa promessa eu vou manter e como vou — diz
humorado, levantando seus braços em rendição.
— Como eu pensei. E você seu pestinha — aponto para Snow agora e Liam o pega no colo
—, para de lamber meus pés, espero não acordar assim no sábado.
— Tá vendo amigão? Sobrou para nós dois agora. Essa mulher ainda vai nos deixar louco,
mas deixa eu te contar um segredo — Liam finge sussurrar ou realmente sussurrou algo para
Snow.
Ignoro a cena fofa dos dois e volto para a minha atenção para o que eu vim fazer no
banheiro.
Sábado é sagrado. Eu ando muito sobrecarregada essa última semana. Por dois motivos.
Um, Liam.
E segundo e último, o trabalho.
Eu não estou satisfeita e isso é claro e está estampado na minha cara. Liz e eu separamos
algumas peças para coleção que estávamos montando, mas sabe quando você não está satisfeita e
sabe quando algo não está se encaixando? É o que eu sinto sempre que entro na empresa da
minha mãe.
Eu sinto como se lá não fosse o meu lugar, tudo está sendo adaptado para que eu possa
assumir a parte das roupas, bolsas e sapatos. Mas eu sinto como se eu estivesse mudando ou me

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apossando de algo que já estava feito e que sempre teve seu legado, o que a Piaget é. Eu já estou
chegando com tudo pronto e bonitinho, nada foi conquistado e isso não me agrada.
Quando eu fiz a faculdade de moda eu confesso que eu fiquei muito eufórica nos primeiros
dias após a formatura e não via a hora de poder ter minha própria loja, meu ateliê de criação, ter
minha própria equipe e crescer com meus próprios esforços, foi isso que eu idealizei para mim e
é isso que eu quero.
— Você vai ficar a vida toda escovando só os dentes?
Levo um susto quando vejo Liam parado na porta, já vestido para matar as pacientes.
— Eu nem tinha percebido que estava a tanto tempo assim só escovando os dentes —
confesso, um minuto mais tarde após terminar de escovar os dentes.
— Você anda com os pensamentos longe ultimamente.
— Você sabe o motivo...
— Sabe o que eu acho? — Me apoio na pia e olho para ele erguendo a sobrancelha para que
ele continue. — Que você deveria seguir seus sonhos, você é livre para fazer o que quiser, sonhar
e seguir os seus sonhos. Você deve fazer o que quer Sunshine, fazer até acertar e se errar faz de
novo e continua tentando até se sentir satisfeita. Eu acredito em você — ele sorri, mas não é
qualquer sorriso, é um sorriso lindo e encorajador, sem dúvidas Liam é o meu melhor apoio —,
eu não entendo muito bem de desenhos, não entendo o que são aquelas coisas brilhosas e muito
menos o que era aquele pedaço de alfinete que você disse que não era alfinete, que agarrou no
meu pé. O que eu quero dizer é que você é capaz e tem a Liz, sua fiel escudeira o que você
decidir fazer ela sempre vai estar ao seu lado.
Abro um sorriso tão grande que eu poderia dizer que estou parecendo o coringa, pulo no
colo de Liam que me envolve em seus braços musculosos sem dificuldade alguma.
— Obrigada por me apoiar, ouvir isso foi muito importante para mim. Eu te amo — falo
enchendo seus lábios de beijos.
— Eu sempre vou te apoiar Sunshine, seja lá qual for a sua escolha, agora vá terminar de se
arrumar que a Liz está tagarelando pra caralho lá em baixo e sozinha — informa rindo.
— Henry não dormiu aqui? — pergunto.
— Não, você sabe que ele dormir aqui é raro já que ele tem estado bem ocupado no
trabalho também e o apartamento dele fica a uma quadra da empresa em que ele trabalha —
responde enquanto me observa tirar a roupa para tomar um banho rápido.
— Eu tinha me esquecido desse mero detalhe.
— Eu... — Liam engole em seco. — Eu acho que vou te esperar lá em baixo com a Liz.
— É uma pena você ter acordado primeiro do que eu, poderíamos estar desfrutando desse
banho juntos — murmuro e abaixo a minha calcinha devagar deixando-a escorrer pelas minhas

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pernas, seguro-a com o pé e atiro na direção de Liam. — Te vejo lá em baixo, amor.


Empurro Liam para fora do banheiro e fecho a porta em sua cara sob seus protestos.
Dou uma risada e entro em baixo da ducha me deliciado do meu banho morno.

— Bom dia Liz! — minha mãe cumprimenta Liz assim que entra em nossa sala.
— Bom dia Stella, como você está?
— Eu estou bem, querida. Espero que você vá no jantar em nossa casa no sábado, pode
levar o Henry, ele sabe que sempre será bem-vindo — minha mãe a convida e Liz assente. Ela se
vira para mim. — Filha, podemos conversar rapidinho?
— Claro mãe — falo fechando o catálogo de tecidos que eu estava olhando.
— Eu vou levar umas anotações para Ally e tomar café com ela, eu havia lhe prometido,
assim vocês podem ficar à vontade — Liz diz pegando um bloco de papel e saindo pela porta.
Minha mãe se senta na cadeira a minha frente e sorri, pegando em minha mão.
Seus dedos acariciam a minha mão e pairam sobre o anel que Liam me deu. Merda. Eu
havia me esquecido de tirá-lo. Puxo a minha mão rapidamente torcendo para que a minha mãe
não tenha notado que é um anel de noivado da Tiffany & Co.
— Amber, não adianta esconder esse anel, deixe-me ver. Quero ter certeza se é o que eu vi
— ela pede ainda com a mão estendida e aberta esperando pela minha.
— Mãe... — Ela revira os olhos e volta a me encarar.
Estendo a minha mão colocando-a em cima da palma da mão da minha mãe e ela passa os
dedos pelo anel, analisando cada detalhe dele e me olha sorrindo. Se tem alguém que entende de
joias, esse alguém é ela. São anos e anos tocando à frente da empresa, não é de se espantar se ela
souber o significado desse anel.
— Seus olhos estão brilhando querida e eu tenho percebido esse brilho no seu olhar a dias.
Vocês voltaram — afirma com um sorriso no rosto, não afirmo e nem nego e o seu sorriso se
abre ainda mais. Sorrio de volta não conseguindo negar o que está bem na minha cara. — Acho
que esse sorriso diz tudo, mas não entendo. Por que esconderam de nós? — questiona
desapontada e eu logo trato de explicar o motivo.
— Nós queríamos saber se iria dar certo primeiro, eu não queria que vocês ficassem
preocupados comigo ou com medo que eu fosse embora se algo não desse certo. Eu só queria ter
certeza para depois compartilhar com vocês, nós pretendíamos contar essa semana, marcar um
jantar em família e contar, como tem esse jantar com sócios da empresa do papai no sábado,
adiamos... Mas agora a senhora sabe e eu estou muito feliz em poder te contar isso, eu não estava
aguentando mais esconder.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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— Nós nunca iríamos te julgar meu amor, nós sempre iremos te apoiar e estar com você
acima de qualquer coisa. — Ela sorri e coloca sua outra mão por cima da minha e a aperta. —
Nós te amamos, Amber e é isso que família faz, elas apoiam uns aos outros.
— Eu sei mamãe, eu amo muito vocês — falo tentando conter a minha emoção.
— Então esse anel é... — indaga e eu assinto a interrompendo.
— De noivado, ele me pediu em casamento no final de semana em que fomos a Hamptons.
Foi tão lindo e escondido — murmuro baixo.
— Ally e Ben não sabem disso né? Eles não comentaram nada, se soubessem um dos dois
já teria nos contado.
— Você é a primeira a saber — minto, o que tecnicamente é verdade, da família ela é a
primeira a ter ciência desse assunto.
— Guardarei esse segredo a sete chaves. — Minha mãe solta a minha mão e se recompõe
deixando a emoção de lado. — O que eu queria falar com você é sobre o jantar de sábado, como
o seu pai anda bastante ocupado ele pediu que eu conversasse com você.
— Algum problema? — questiono.
— Não querida. Você sabe que você tem 15% das ações da empresa, assim como Ally,
Liam e Benjamim. E como seu pai irá fechar um novo contrato com uma empresa, ele precisa da
assinatura de todos acionistas e pediu para que eu lhe informasse isso, nós sabemos que você não
gosta de se envolver com as coisas da empresa e que não quer essas ações, mas isso é a sua
herança — minha mãe explica com seu jeito angelical de ser.
— Tudo bem mãe, como a senhora mesmo disse, eu não gosto de me envolver, sei que
tanto meu pai, quanto Harry são competentes no que fazem e sei que minhas ações nas mãos
deles estão seguras, diga ao papai que está tudo bem. — Sorrio e ela se levanta dando a volta na
mesa e beija o topo da minha cabeça.
— Eu estou muito feliz por você minha menina.
— Obrigada mãe. — Levanto a minha cabeça e a olho sorrindo.
— Bom, eu vou deixar você voltar as suas tarefas, podemos almoçar juntas?
— Às onze está bom? Eu sei que é cedo, mas nesse horário a minha barriga já está
roncando.
E muito. Meu inconsciente grita.
— Perfeito querida! — exclama sorrindo. — Nos vemos às onze.
Minha mãe se vai e eu tiro o anel do dedo e guardo na bolsa, antes que eu me esqueça dele
e Ally descubra.
Ignoro o bocejo que escapa da minha boca e volto a minha atenção para o catálogo de
tecidos.

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“Você me dá tudo, qualquer coisa que eu poderia sonhar. E pelo menos é o


que parece, pode ser que eu não saiba o que é bom para mim.”
The Feeling – Justin Bieber feat. Halsey

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Amber

Sábado chegou e Liam realmente me deixou dormir até mais tarde, eu acordei e já passava das
duas da tarde. Nós almoçamos com o Tyler, Liz e Henry, mas parecia que Tyler estava conosco
apenas fisicamente, pois mentalmente a cabeça dele estava na Violet.
Ele gosta dela, mas ainda não aceita isso. Entendo que tudo isso é novo para Tyler e que
isso não estava nos planos dele, assim como Henry não estava no de Liz. Entretanto eu costumo
acreditar no destino e tenho a certeza de que nada que aconteceu entre eles e até comigo mesma,
não foi por acaso.
Tyler estava tão confuso quanto Violet sobre o que sentia que ambos assustados resolveram
se afastar, ela por achar que ainda amava outro e ele por não saber lidar com isso. Liam diz que a
dor vive estampada no rosto de Violet, até de mim e da Liz ela se afastou para evitar contato com
o Tyler. Isso já faz duas semanas.
Voltando ao presente, Liam dorme enquanto eu estou desenhando como de costume no
quarto ao lado, diferente de mim, Liam fez plantão e ao sair foi direto para a clínica. Ele precisa
de férias, me espantei quando Violet comentou em Hamptons que Liam não tirou suas férias
vencidas até hoje, o que depender de mim isso vai mudar, em breve.
Faço uma pausa e vou até meu quarto, pego meu celular e vejo que há uma nova mensagem
de Aiden, uma foto na verdade, resolvo abri-la para ver o conteúdo.
É uma foto de Aiden com smoking da cor vinho grafite e ele não está nada mal.
Aiden é muito bonito, não é porque eu estou com Liam que vou ser a cega.

Aiden
Com ou sem a gravata borboleta?
Eu odeio ter que usar essas coisas.

Amber
Depende da ocasião, eu acho bonito das duas formas, se for algo
muito formal vá com a gravata borboleta e se for algo mais íntimo
eu prefiro você sem e com o smoking aberto.

Acontece que desde que Aiden e eu começamos a conversar muito por mensagem e que eu
critiquei uma roupa que ele havia usado, ele me pede opiniões no que vai vestir, até mesmo na
hora de sair com as garotas.

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Aiden
Eu me sinto um pinguim com essa roupa, odeio essa
merda de gravata borboleta já disse que eu não vou
casar só por causa dessa merda?

Reprimo um riso para não acordar Liam, e respondo Aiden.

Amber
Ninguém mandou ser um advogado super-requisitado
agora aguente essas meras formalidades.

Aiden
E você esperava que eu me formasse em que? Moda também boneca?
Amber
Você é péssimo com roupas então não, você não serve para ser um
estilista nem mesmo se quisesse. Quem te contrataria? Eu não

Aiden
É por isso que eu tenho você, para escolher as roupas para mim.
Vou tomar banho e me arrumar antes que eu me atrase.
Nos falamos depois.

Amber
Talvez nos falamos depois. Divirta-se

Olho a hora no celular e são quase cinco e meia, ainda tenho mais um tempo antes de ir me
arrumar para o jantar no qual nem sei com que roupa ir.
Acordo Liam com beijos no pescoço e faço o caminho com meus lábios até chegar em sua
boca, ele murmura algo indecifrável e abre os olhos, um sorriso preguiçoso aparece em seus
lábios.
— Desculpa te acordar, mas acho melhor começarmos a nos arrumar — falo enquanto o
observo, até acordando esse homem é lindo.
— Eu não me importo de ser acordado por você Sunshine — Liam murmura com a voz

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rouca e vira meu corpo para o lado ficando por cima de mim.
— Não é? — indago mordendo meus lábios ao observar seu corpo e ele acena confirmando.
Quando eu menos espero, seus lábios se chocam contra os meus com fome e urgência,
enquanto a sua língua busca pela minha com necessidade, minha mão encontra o caminho para
os seus cabelos e meus dedos se perdem entre eles, puxo o cabelo de Liam quando sinto sua
ereção em minha intimidade por cima do meu short.
As mãos de Liam exploram cada canto do meu corpo e param em meus seios por baixo da
minha regata, ele aperta cada um dos meus seios me fazendo arfar e mover meu quadril em busca
de algum contato com sua pélvis, meus mamilos eriçados são o seu foco agora, e ele não perdoa
quando tira a minha blusa de uma só vez e abocanha meu mamilo direito, ele chupa, morde,
lambe como uma criança sedenta pelo seu doce e meus gemidos o estimula a continuar, só que
dessa vez Liam muda sua atenção de um seio para o outro, enquanto ele chupa meu seio
esquerdo ele aperta o direito em sua mão.
Deslizo minha outra mão pelos seus braços dedilhando suas tatuagens e desço a minha mão
de encontro com seu samba canção e com dificuldade o puxo para baixo com a ajuda dos meus
pés, sinto sua ereção em minha barriga e aperto a bunda de Liam antes de subir a minha mão
novamente, e a subo arranhando suas costas. Liam afasta seus lábios do meu mamilo, beija meu
obro até chegar em meu pescoço.
Seu rosto sobe de encontro com o meu e ele me olha nos olhos profundamente. Naquela
pausa, um sentimento sinistro e desesperador pareceu me envolver como uma sombra, mas que
logo foi embora quando seus lábios tomaram os meus novamente, nossas línguas dançam, eu
aproveito para chupá-la para dentro da minha boca e tomar o controle do beijo, e eu o beijo com
tudo de mim.
Liam se desfaz do meu short o tirando junto com a minha calcinha, seus dedos
mergulharam no náufrago que estava a minha intimidade de tão molhada que eu estava, arqueio
meu corpo para trás no momento em que Liam circula seus dedos em meu clitóris e os enfia de
uma vez dentro de mim, um gemido alto sai dos meus lábios, cravo minhas unhas em seu braço o
apertando. Liam tem seus olhos em mim, atento a cada movimento que meus lábios fazem a cada
gemido que sai da minha boca, seus dedos trabalham em um vai e vem lento e gostoso, levo a
minha mão livre até o seu membro e a deslizo por toda extremidade dele, envolvo seus testículos
em minha mão e os massageio, Liam solta um grunhido baixo e soca seus dedos com força
dentro da minha intimidade, aperto seus testículos com delicadeza e subo a minha mão até a sua
glande, círculo meus dedo indicador por ela, sinto o líquido pré-ejaculatório escorrendo pela sua
glande e aproveito para espalha-lo pelo seu membro deslizando minha mão por ele e subindo,
iniciando uma masturbação lenta, Liam vai para frente e para trás, como se estivesse fodendo a

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minha mão.
— Se você continuar, eu não vou aguentar — ele murmura e solta um rosnado, após sentir
meu aperto em meu membro — Amber, para.
— Mas eu não estou fazendo nada... — Mordo seu lábio inferior e chupo para dentro da
minha boca, prendendo-o entre meus dentes.
— Foda-se! — Liam vocifera e tira seus dedos de dentro de mim e afasta a minha mão do
seu membro.
Sua glande encosta em minha entrada e Liam brinca com ela em meu clitóris, pincelando-o
para cima e para baixo.
Sem paciência envolvo minhas pernas em seu quadril e movo o meu quadril de uma forma
que deixe seu membro já posicionado, espero pelo movimento de Liam e ele não o faz, apenas
fica me olhando com aquele maldito sorriso lindo e divertido no rosto. Solto um gemido
frustrada.
— Amor, por favor... eu quero você, eu preciso sentir você, eu estou necessitada de você —
peço choramingando e ele cede.
Liam me preenche com uma estocada forte, fecho meus olhos gemendo e não perdoo
quando arrasto minhas unhas pelo seu ombro o arranhando.
— Porra, Liam. Se move — resmungo.
— Eu estou apenas te admirando Sunshine — sua mão agarra em meus cabelos da nuca e
seus lábios deslizam-se pela minha barriga até chegar em meus seios —, mas não vou negar o
seu pedido.
Liam começa a se movimentar sorrateiramente enquanto toma meus mamilos em sua boca.
Agarro os cabelos dele puxando-os e seus movimentos se intensificam, mordo forte o meu lábio
reprimindo meus gemidos e aperto mais as minhas pernas em seu quadril, ele entende que é de
mais que eu preciso, que é mais que eu quero. E ele me dá sem pensar duas vezes.
Ele larga meu mamilo e morde meu queixo arranhando-o com seus dentes, puxo seus
cabelos novamente trazendo seus lábios para os meus e o beijo intensamente cessando meus
gemidos, Liam leva a sua mão até a minha bunda e dá um tapa ardente e afunda seus dedos nela
apertando-a.
Nossos corpos não estavam separados por nada além de uma nesga de ar, nossas respirações
estavam descompassadas e se tivesse mais alguém em casa poderia se ouvir o som da fricção dos
movimentos de Liam, que no mesmo segundo me faz virar de costas e ficar de quatro.
Posicionando-se atrás de mim, ele trilha beijos pelas minhas costas até o meu ombro, desce
novamente beijando minhas costas até as minhas nádegas. Os seus lábios escorregam para a
minha intimidade e sua língua pincela minha entrada e desliza para os meus grandes lábios que

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agora tem seus dedos os afastando, e dando total liberdade para a sua língua, seus dedos apertam
meu clitóris e sua língua se arrasta de encontro com o mesmo e toma meu clitóris em sua boca,
com uma única chupada Liam faz meu corpo se tencionar e com que eu jogue minha cabeça para
trás, aperto o lençol da cama e não meço esforços em rebolar em sua boca.
Seus lábios degustam da minha intimidade, minhas pernas tremem e mais uma vez sua mão
pesa em minha bunda me dando um tapa.
— Não goze ainda, Sunshine — Liam diz ao afastar seus lábios e dedos da minha
intimidade e posiciona seu membro o empurrando de uma vez para dentro de mim, grito
sentindo-o me preencher nessa posição.
Seus movimentos dessa vez são rápidos e demorados, contraio minha intimidade apertando
seu membro, Liam geme e segura em meu cabelo entrelaçando-o em seus dedos e o puxa,
acompanho em seus movimentos rebolando meu quadril e me seguro para não me entregar ao
prazer quando ele entra e sai repetidas vezes.
Aperto o lençol da cama com mais força e meus gemidos se intensificam, me deixando a
mercê e eu gozo me entregando ao prazer deixando escapar junto um gemido alto, Liam agarra
em minha cintura envolvendo seus braços e estoca uma, duas, três e quatro vezes seu membro e
goza em seguida.
Ele nos deita novamente, só que de lado dessa vez, seu membro ainda me preenche,
diminuindo o movimento de suas fricções, ele para e continua dentro de mim, meu peito sobe e
desce, e eu tento controlar a minha respiração que está descompassada.
— Eu amo essa visão que eu tenho de você — Liam diz com a voz rouca.
— Que visão? Essa toda suada pós sexo? — questiono.
— Também, mas a de satisfeita e completamente entregue a mim que eu estou falando —
responde.
— Huh. Eu não quero ir — resmungo sem vontade de ir a esse jantar.
— Eu também não Sunshine, mas temos que ir, pelo nossos pais e por nós também, vamos
contar a eles hoje.
— Eu sei que temos.
Liam retira seu membro de dentro de mim e me olha com os lábios torcidos.
— O que foi?
— A camisinha, esqueci completamente dela, mais uma vez. Vamos passar na farmácia e
comprar a pílula para você.
Sorrio com a sua preocupação e receio da minha reação, não é a primeira vez que não
usamos camisinha para nos prevenir, sempre acontece de esquecemos. Liam não nega a vontade
que tem de ser pai um dia, porém respeita a minha vontade de não querer filhos no momento.

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— Por que você está sorrindo ao invés de ficar brava por isso? — Liam questiona com o
cenho franzido.
— Porque eu acho muito lindo quando você se preocupa com isso e por deixar sua vontade
de lado para poder atender as minhas. E eu estou tomando anticoncepcional desde a nossa
conversa na sua casa — explico e ele assente.
— Quando foi que você foi no ginecologista para pegar receita do remédio Amber? — Seu
semblante é sério e eu reviro os olhos.
— Eu não fui, você sabe que eu corro de médicos. Eu peguei a receita da Liz e estou
tomando o mesmo anticoncepcional que ela, então está tudo bem.
— Eu acho isso errado, cada organismo aceita um tipo de anticoncepcional diferente, mas
se você está dizendo que está tudo bem então tá bom.
Olho para o relógio em cima do criado mudo e são quase sete horas, olho para Liam que
percebe que já deveríamos estar quase prontos, e me levanto da cama.
— Eu te busco às sete e meia em ponto, quando falo em ponto é em ponto mesmo —
sentencia colocando seu samba canção.
— Qual é o problema de vocês com o tempo que eu levo para me arrumar? São nem sete
horas ainda, portanto eu não irei demorar. — Eu espero. — Só tenho que escolher o que usar,
odeio esses jantares.
— Até hoje não entendo o porquê nossos pais nos sentenciam a ir.
Eu nunca participei, então não questiono isso, afinal estava longe demais para poder
participar disso.
— Nós temos ações lá, mesmo não querendo nós temos e somos herdeiros, talvez seja por
isso. — Dou de ombros e Liam me beija rápido e se afasta.
— Preciso ir, senão eu não saio daqui hoje. — Ele abre a porta do quarto, antes de sair pela
mesma ele vem até a mim e novamente me beija. — Agora eu vou mesmo.
— Estarei pronta às oito.
— Nem meia hora a mais que às oito Sunshine, sabe como é se chegarmos atrasados — diz
e sai do meu quarto fechando a porta e me deixando sozinha agora.

Estamos chegando à casa dos pais de Liam, o jantar antes ia ser lá em casa, mas de última
hora minha mãe me ligou avisando que houve mudanças de planos e por sorte, de horário
também, já que eu estava bastante atrasada.
Optei por um vestido Valentino, ele é longo e na cor vinho escuro com decote em V na
frente, e uma fenda aberta na perna, meu cabelo está todo de um lado só e fiz uns cachos para dar

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um volume a mais, para completar uma maquiagem simples, mas que realçasse meus olhos e
uma bolsa de mão vinho também, nos pés optei por um salto agulha da cor prata, para
neutralizar.
Liam por sua vez está sexy e muito gostoso, com uma camiseta em gola V branca e um
blazer preto de dois botões por cima. Ele usa uma calça jeans preta escura e seus cabelos estão
alinhados, Liam odeia usar blazer, mas acredito que seja para cobrir um pouco as suas tatuagens.
Ele estaciona seu carro e desce dando a volta para abrir a porta para mim, que dessa vez
decidi esperá-lo para não o irritar.
Entramos na casa dos pais do Liam e há poucas pessoas espalhadas pela enorme sala de
estar, no máximo tem umas seis pessoas aqui. Ally assim que nos vê entrando vem andando o
mais rápido que consegue a nosso encontro.
Linda é a palavra que define a minha irmã, a gravidez só a deixou mais bonita e seu vestido
preto destaca a sua barriga de cinco meses que a faz parecer estar com sete ou oito meses.
— Vocês demoraram muito, pensei que não iam vir — exclama quando chega próximo a
nós, seu olhar cai para nossas mãos que estão juntas, e certamente notou o anel em meu dedo,
seu sorriso se abre. — Eu não acredito, quando isso aconteceu?
— Depende do que você está perguntando — Liam a responde.
— Espera, me expliquem isso que eu não estou entendendo — ela pede confusa. — Eu já
suspeitava, mas não acredito que isso — ela aponta para o anel em meu dedo —, aconteceu sem
nós por perto, eu estou feliz porque vocês voltaram, mas ainda quero entender.
— Nós voltamos no dia da sua primeira consulta Ally, só queríamos tempo para saber se ia
dar tudo certo e o pedido foi feito em Hamptons, mas será oficializado hoje, pois farei
novamente perante a presença de você e de Enzo principalmente — Liam explica resumidamente
para Ally.
— Quem voltou com quem? — Ben aparece com uma taça de champanhe e outra com um
líquido transparente que presumo ser água e dá para Ally.
— Eles amor, eles voltaram — Ally responde animada.
— Então nosso plano deu certo, somos os melhores cupidos — Ben diz convencido.
— Como assim plano? — questiono olhando de Ally para Ben e depois para Liam.
Isso tudo foi um plano?
— Eu juro que não sei do que eles estão falando — Liam diz me olhando apreensivo.
— É, aquela cena toda na praia foi obra minha e da Ally. Eu sabia a cor do seu biquíni e eu
acertei a bola em você de propósito — Ben fala sorrindo.
— Como é que é? — Olho incrédula para Ally e para Ben. — Vocês não tinham esse
direito, tudo bem que agora estamos juntos de novo, mas não era direito de vocês se meterem

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entre nós, vocês nem sabiam se eu estava preparada para vê-lo e ainda mais daquela forma que
foi. Eu não estava pronta, eu agradeço pela intenção de vocês e sei que vocês queriam o melhor
para nós, mas vocês não podem achar que podem consertar tudo sempre. — Liam passa seus
braços em minha volta e eu olho para Ally que encolhe os ombros, me afasto dos braços de
Liam. — Eu não estou brava com vocês, só que isso não se faz e se eu não quisesse mais voltar
com ele? E se agora não estivéssemos juntos e por causa desse plano eu estivesse sofrendo
agora? Vocês mais uma vez agiram sem pensar em mim.
— Amber, pega leve que eles não fizeram por mal — Liam diz chamando a minha atenção
e eu o encaro.
— Pegar leve? Nunca fazem por mal, não é? Assim como não fizeram por mal há cinco
anos escondendo as coisas de mim. Se quisessem consertar algo pensassem nisso antes de terem
mentido para mim, porque isso pode ter passado, mas não teve conserto! Eu preciso beber —
cuspo essas palavras e saio andando deixando os três para trás.
Espero que nenhum deles venham atrás de mim, eu estou chateada. Como eles podem agir
dessa forma sem se importar em como eu estou e como eu me sinto? Se eu estou bem ou não,
eles não se importam. Cinco anos longe só os fizeram se importar mais ainda com Liam. Não sei
se eu estou sendo dramática demais, mas é como eu me sinto. Na verdade, é como venho me
sentindo ultimamente, dramática e sensível demais.
— Amber, não precisava agir assim com ela. — Liam aparece ao meu lado e eu paro de
andar para olha-lo.
— Me responde uma coisa? — Ele assente. — E se não tivesse dado certo e se o que eles
fizeram tivesse me machucado mais ainda e me afastado de vez de você, como você se sentiria?
— questiono.
Seu olhar foge do meu e eu sei que eu o peguei com essa pergunta.
— Pois é Liam, tudo tem consequência e por sorte isso deu certo e nós estamos juntos de
novo. Eu só estou chateada, por que eles nunca pensam em mim? Por que não se importam
comigo?
— É lógico que eles se importam com você Sunshine, eles só queriam seu bem e nos
ajudar, eles não iriam fazer isso se soubessem que isso te afetaria de uma forma ruim. Vamos
esquecer isso, já passou, graças a Deus estamos bem e deu tudo certo. — Liam beija o topo da
minha cabeça e eu sorrio assentindo.
— Eu vou procurar a minha mãe, vem comigo?
— Pode ir Sunshine, eu vou procurar meus pais também, te encontro em alguns minutos. —
Liam beija meus lábios e se afasta.
Atravesso a sala e pego uma taça de champanhe na bandeja de um garçom que estava

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passando e continuo andando até que me esbarro em alguém.


— Olha quem gosta de se esbarrar em mim.
Levanto meu olhar e encontro Aiden na minha frente sorrindo.

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“Eu estive ignorando este nó na garganta eu não devia


estar chorando, lágrimas são pros fracos.”
What Now – Rihanna

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Amber

Encaro Aiden parado em minha frente e reparo em sua roupa. Ele está sem a gravata borboleta e
eu particularmente prefiro ele sem, está muito melhor.
— Você por aqui? — questiono surpresa.
— Vim lhe trazer este humilde presente — responde gesticulando com a mão para ele
mesmo.
Gargalho da sua referência ao Chaves.
— O que você está fazendo aqui?
— Não vai nem me convidar para tomar uma xícara de café? — pergunta erguendo a
sobrancelha.
— Acredito que aqui não tenha café.
— Você tem razão. — Ele dá de ombros e coloca suas mãos no bolso da sua calça. — Estou
em um jantar de negócios com meu pai, com cliente da empresa dele, um velho amigo e você o
que faz aqui?
— Meus pais estão dando esse jantar — explico e sua boca se forma em um “oh” surpreso.
— Seus pais são Emma e Harry? Achei que eles só tivessem Ben — pergunta confuso.
— Não, meus pais são Stella e Enzo, esses são meus...
Sogros.
— Querida você chegou. — Minha mãe me interrompe e eu e viro para olhá-la e dar um
beijo em seu rosto. — Você está maravilhosa. Vejo que já conheceu Aiden, ele é filho mais novo
de um cliente e amigo de longa data do seu pai.
— Sim mãe, já nos conhecemos. Eu estava a sua procura, cadê o papai?
— Está no escritório conversando com o Andrew, pai do Aiden.
— Se vocês não se importam eu vou ver como anda as coisas na cozinha, Amber faça-o se
sentir à vontade — mamãe diz e antes de sair ela me puxa e cochicha em meu ouvido. —
Bonitão ele não?
— Mamãe! — repreendo-a e olho para Aiden que está sorrindo, certamente ouviu o
cochicho da minha mãe que não deve ter sido tão baixo assim. Minha mãe se afasta de nós e vai
cumprimentar outras pessoas.
— Desculpa por ela, nem sempre ela é assim.
— Eu causo isso nas pessoas, inclusive em você, só não admite isso. Vai beber isso? —
pergunta olhando para a taça em minha mão.
— Havia até me esquecido que eu estava com isso em mãos — Aiden pega a taça da minha

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mão virando todo o líquido em um só gole. — Isso era meu — resmungo.


— Depois você pega outro, estava me dando nervoso ver você segurar essa taça como quem
não quer nada.
Dou de ombros e olho ao redor a procura de Liam, e não o encontro.
— Espero que nosso almoço esteja de pé na segunda-feira — Aiden me lembra do almoço
que temos marcado.
— Desde que você me surpreenda e que não seja Mc Donalds, por mim tudo bem.
— Irei anotar essa sugestão. — Aiden pisca.
Um senhor se aproxima com o meu pai em nossa direção.
— Querida, você está deslumbrante, se perguntarem a quem você puxou, diga que puxou ao
seu pai — meu pai diz humorado e beija meu rosto. — Andrew, me permita te apresentar a
minha filha, Amber.
— Não caia na mentira do seu pai dizendo que você o puxou, você é muito mais bonita que
esse velho charlatão — Andrew diz nos fazendo rir. — Fico feliz em finalmente conhecer você
Amber agora que já está crescida, a última vez que eu a vi, você estava no colo desse velho ao
seu lado.
— Eu fico lisonjeada pelo elogio, obrigada. — Sorrio tímida e Aiden beberica outra taça de
champanhe e me olha sorrindo. — Prazer em conhecê-lo senhor Andrew.
— Tão educada quanto a Ally, mas me chame apenas de Andrew, pelos anos que eu
conheço e aturo o seu pai, mereço me sentir anos mais novo que ele sem esse “senhor”.
— Velhos nunca aceitando a idade — Aiden murmura ao lado do pai.
— Se você chegar aos cinquenta anos como o seu velho aqui, com tudo em cima e com uma
bela esposa ao lado, meu filho você não vai precisar de mais nada. — Andrew o responde. —
Esse é o meu filho Aiden.
Andrew nos apresenta e Aiden revira os olhos.
— Pai, nós já nos conhecemos — ele resmunga.
— Isso é ótimo, pelo menos agora vai ter alguém para Amber conversar nos próximos
jantares e reuniões, ela nunca gostou, diz que é entediante. — Meu pai entra no meio da
conversa.
— Eu não posso discordar dela quanto a isso — Aiden diz.
— Alguém aqui concorda comigo — murmuro.
— Achei vocês, fui no escritório e não os encontrei, o jantar já vai ser servido — minha
mãe aparece e meu pai passa os braços em volta dela a abraçando.
— Eu irei atrás da minha esposa, que foi roubada pela Emma, se vocês me derem licença —
Andrew informa. — Amber querida, foi um prazer te conhecer, espero lhe ver mais vezes. — Ele

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estende a mão para me cumprimentar e eu estendo a minha colocando-a sobre a palma da sua
mão, Andrew se curva e beija as costas da minha mão. — Muito bonito o seu anel.
Isso chama não só a atenção do meu pai, quanto a de Aiden também, os dois olham para o
meu dedo anelar esquerdo.
Aiden logo se afasta junto com seu pai e meu pai pigarreia ao meu lado.
— Liam? — indaga.
— Sim pai, iriamos contar hoje, após o jantar quando estivesse só a família, mas já que vai
ser inevitável não notarem, nós estamos juntos de novo — explico, deixo de fora a parte em que
Liam me pediu em casamento, mesmo que o anel seja de noivado, ele disse que quer pedir
novamente e dessa vez ao meu pai, então não vou estragar pelo menos essa parte contando agora.
— Você está feliz? — ele pergunta.
— Eu estou pai, mais feliz que nunca. — Sorrio para o meu pai, que sorri de volta.
— Então é isso que importa, a sua felicidade. Vamos para a sala de jantar. — Meu pai passa
o braço em volta da minha cintura e anda comigo e mamãe ao lado. — As duas de cinco
mulheres da minha vida ao meu lado, eu não poderia ser mais sortudo.
— Duas de cinco? — mamãe indaga.
— Não podemos esquecer das gêmeas da Ally querida — papai a responde e ela sorri
assentindo.
É pedir demais um amor como o dos meus pais?
Encontro com Liam na porta da sala de jantar, com uma taça em mãos. Quando me vê, ele
termina de beber todo o liquido e anda em minha direção sorrindo forçado.
Merda. Provavelmente já conheceu Aiden e está puto por dentro e tentando não demonstrar
por fora.
— Tudo bem? — pergunto.
— Por que não estaria? — ele devolve a pergunta, estranho seu tom de voz.
— E eu sei?
— Está tudo bem, Sunshine. — Sorri mais uma vez forçado.
Falso. Acha que me engana.
Arqueio a minha sobrancelha e ele dá de ombros ignorando meu questionamento.
— Meus pais já sabem sobre nós dois — falo mudando de assunto, enquanto andamos até a
mesa de jantar.
— Os meus também, Ally e Ben fizeram o trabalho por nós.
— Então por eles tudo bem?
— Sim e pelos seus pais? — ele pergunta receoso.
— Por eles tudo bem também, sabe que meus pais têm você como um filho.

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Liam puxa a cadeira para que eu possa me sentar, e se senta ao meu lado.
— Eu sei disso Sunshine, mas isso não muda o fato deles terem ficado cinco anos sem você
por um erro meu.
— Shh, isso é passado — repreendo e olho em volta da mesa.
Aiden está na ponta há umas quatro cadeiras depois de mim, ele sorri estendendo a sua taça
com vinho em minha direção e eu retribuo o seu sorriso.

O jantar não seguiu fora do padrão, chato como todos jantares de negócios são.
No final papai e Harry chamou por mim e por Ally, para acompanha-los até seu escritório,
Andrew e Aiden também nos acompanharam, os demais convidados e Liam ficaram na sala de
estar com nossas mães.
— Amber, Ally já sabe do que se trata o contrato que vocês vão assinar, Ben a explicou,
nós estamos abrindo uma nova filial em Miami e também fechando um contrato com o Andrew e
Aiden, que será o advogado da nossa empresa — Harry me explica.
— Isso é incrível, vai expandir a W&M, mas quem vai ficar responsável pela empresa de
Miami? — questiono e Harry olha para o meu pai que assente, dando autorização para ele falar.
— Tyler — Harry responde.
— O que? Isso é mentira, o Tyler não iria se mudar para outra cidade sem me falar. — Rio
sem humor.
— Quando ele soube da nova filial na semana passada, perguntou se poderia ser transferido
para lá, eu pensei que você soubesse dessa vontade dele — meu pai me explica.
— Acho que eu sou sempre a última a saber das coisas por aqui — respondo seca. — Onde
que eu assino?
— Você vai ter tempo para conversar com ele querida, talvez você consiga convencê-lo a
ficar — meu pai murmura e me entrega uma caneta. — Você precisa assinar na última linha das
quatro páginas.
Pego a caneta de sua mão e assino os papéis e lhe devolvo a caneta.
— Ainda vão precisar de mim aqui? — pergunto.
— Não querida, pode ir — Harry responde.
Abro a porta e saio, fechando-a logo em seguida.
Fico parada no corredor pensando no que eu acabei de descobrir, Tyler não me contou que
pretendia se mudar. Mas por que? Eu queria matá-lo por ele pensar em me deixar, eu não estou
pronta para ficar sem ele na minha vida. Já basta ele estar afastado morando há uma quadra do
meu apartamento, agora imagina a quilômetros de distância?

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— Amber, você está bem? — Aiden pergunta e eu me viro para olhá-lo.


— Estou. — Tento sorrir, mas sai um sorriso forçado.
— Você está assim por causa do seu amigo ir embora? — pergunta.
— Isso também, eu não quero que ele vá embora, você entende? — Solto um suspiro. —
Tyler foi tudo que eu tive nos cinco anos que fiquei fora, além de Liz é claro. Mas ele sempre
esteve ali e eu sinto que eu vou precisar dele tanto quanto antes.
— Entendo, mas você pode conversar com ele, pedir para ele ficar. Ele pode ficar por você
não acha?
— Ele quer fugir, quando temos isso em mente não há nada que nos faça mudar de ideia.
— Pelo visto você entende muito de fugir — Aiden diz encostando as costas na parede e eu
faço o mesmo.
— Você nem imagina o quanto — murmuro.
— O que está acontecendo aqui? — Ouço a voz irritada de Liam atrás de mim e me viro
para olhá-lo.
— Estamos conversando se você não percebeu e você está atrapalhando — Aiden responde
irônico sem olhar para ver quem é que falou isso.
— Então quer dizer que eu estou atrapalhando? Eu pensei que eu tinha lhe dito para ficar
longe. — Me viro para Liam que está muito próximo de mim, seus dentes estão trincados e de
punhos fechados. O hálito de álcool é nítido.
— Eu não vou repetir de novo o que eu disse sobre isso, tenho preguiça — Aiden responde
olhando para Liam e dá de ombros.
— Como é que é? Você pediu para ele se afastar de mim? É isso mesmo? Você é
impossível. — Nego com a cabeça rindo sem humor.
Antes que Aiden abra a boca para falar algo de novo eu o paro.
— Já chega vocês dois, estão parecendo duas crianças, me dão licença.
Empurro Liam do meu lado e passo por Aiden indo direto para o jardim, me sento no banco
e fico observando o céu estrelado.
Que merda eu fiz para merecer isso? Droga.
— Pode me explicar o que foi aquilo? — Liam exige aparecendo na minha frente, evito
manter contato visual com ele e encaro o nada.
— Aquilo o que? — pergunto de volta.
— Aquilo que eu vi, aquela intimidade toda que vocês têm um com o outro — replica.
— Aquilo que você viu foi uma conversa entre amigos, apenas isso Liam. — Desvio o
olhar para encará-lo.
— E amigos bebem na taça um do outro? Engraçado que se fosse eu ali deixando outra

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mulher beber na minha taça seria imperdoável. Assim como foi no banheiro há cinco anos.
Respira, respira. Ele só está com ciúmes. É só mais uma crise.
— Maya estava te beijando Liam, ela estava se jogando para cima de você, isso sim é
inadmissível, você quer mesmo comparar? — indago.
— Aquilo não foi motivo para você desconfiar de mim, para você me dar as costas e
simplesmente decidir que acabou ali. Não vou negar meu erro, mas não vou me sentir culpado
por tê-la ajudado, isso nunca. Você sabia, não sabia?
— O que você está insinuando? — exclamo.
— Que você sabia de tudo, que ele é irmão do Brandon, mas talvez você já soubesse disso e
por isso a surpresa ao conhecer o Brandon, ficou com medo de ser ele na minha casa. Você sabia
que ele estaria aqui, combinaram a cor da roupa também ou foi mera coincidência? — questiona
apontando para o meu vestido.
— Por Deus Liam! Eu nem sabia que ele estaria aqui e eu escolhi esse vestido sem nem
pensar na cor, está querendo apontar um erro em mim para tentar diminuir o que você fez? Se
está, lamento. Pois eu não fiz nada demais, Aiden não é Maya, ele é meu amigo eu conheci
aquele dia na boate e depois nos esbarramos na rua e ele me deu carona para a ultrassom da Ally,
nos tornamos amigos no decorrer dos dias e depois da carona eu só o vi no almoço, nada além
disso. Eu não sabia que ele era irmão do Brandon, quer você acredite nisso ou não. Eu não tenho
te devo nada! — grito, me levanto do banco.
— Não ouse enfiar Maya no meio disso, uma coisa não se relaciona à outra. Chega de viver
no passado Amber, eu estou farto! — ele grita de volta e se aproxima.
— Por quê? O que torna Maya diferente de Aiden, Liam? Ela ser uma mulher que abriu as
pernas para o meu namorado? Ou ela estar morta? — cuspo as palavras sem pensar.
— O que a torna diferente de Aiden é que ela está morta! Morta, Amber. Não só ela como
meu filho, satisfeita? Maya estava grávida e filho era meu. Henry perdeu uma irmã e eu perdi um
filho! E ainda assim isso não é algo que lhe diz respeito, você não tem o direito de falar sobre
ela, você não a conheceu, não a viu em seus melhores e piores momentos. Você não é melhor
que ela para julgá-la, pois no momento está comigo, mas sente atração por outro! — exclama
irritado. — Não é Aiden que é igual a Maya, é você. A única que é comprometida e ainda assim
tem atração por outro cara é você, não eu.
Não consigo digerir as palavras de Liam, não consigo pensar mais que duas vezes, minha
mão já estava em seu rosto. Engulo o nó que se formou em minha garganta e o olho sem emoção
alguma.
Filho. Liam e Maya teriam um filho.
Um filho.

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— Isso por você ter mentido para mim — falo me referindo ao tapa. — Quando Liam?
Quando você ia me contar?
— Quando eu estivesse pronto, Amber. Acha que é fácil dizer a alguém que você perdeu
um filho antes mesmo dele nascer? Acha que é fácil? Você não sabe, porque acha que é a única
que sofreu com o nosso término, é a única que olha para a dor de si mesma. Acontece que nada
gira em torno de você o tempo todo. Eu aguentei essa merda demais Amber, mas aguentei por
você. — Ele aponta para mim. — Foi tudo por você!
— Você ter engravidado outra foi por mim?
— Esse é o seu maior erro. Fingir que segue em frente quando olha para trás, ao mesmo
tempo que dá dois passos à frente, dá vinte para trás, você sempre vai voltar aonde paramos
cinco anos atrás, você sempre vai trazer isso à tona. Por que simplesmente não pode aceitar e
seguir em frente? Por que não aceita e vai ser feliz? Você se sente traída? Eu me sentia assim
todos os dias, todas as noites em que eu dormia e você ficava trocando mensagens com ele, todas
as vezes em que você me deixava de lado para atender uma ligação dele, todas as vezes em que
você sorria derretida para ele do outro lado da linha e todas as outras vezes em que você dizia
que eu deveria ser seguro, quando você mesma não me passava segurança. Você só me passava
instabilidade, me deixava vulnerável aos meus ciúmes. Você é a culpada por você mesma não
seguir em frente. Não eu.
— Você ia ter um filho com outra, um filho — retruco dando ênfase ao filho. — Quem é
você para falar de alguma coisa?
— Não ouse falar do meu filho, você não sabe de nada. Absolutamente nada! — grita
exasperado. — Eu que pergunto, quem é você para falar do meu filho Amber? Uma pessoa que
vive assombrada pelo passado, que tem medo de arriscar e tentar, uma pessoa vazia e...
Não espero ele terminar de falar e mais uma vez minha mão acerta seu rosto.
— Sabe de uma coisa? Dar outra chance a você foi um erro. Um maldito erro, a pessoa que
você é hoje é digna de pena. — Não aguento mais segurar minhas lágrimas que insistem em cair.
Eu sou tão fraca.
— Amber, filha o que está acontecendo? — Minha mãe me chama.
Olho ao redor e todos estão ali olhando para esse espetáculo que se formou entre eu e Liam.
Vejo novamente aquele olhar de pena no rosto da minha família. O mesmo olhar que recebi há
cinco anos no casamento de Ally.
— Parem! — grito e olho para os meus pais. — Apenas parem, eu estou cansada está bom?
Estou cansada de vocês me olharem como se eu fosse uma menina indefesa, que a qualquer hora
vai pegar suas malas e embarcar em um avião e ir embora, vocês me tratam e me olham como se
eu fosse um objeto muito valioso, que deve ter total cuidado senão a qualquer momento pode

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cair e quebrar. Eu não sou um objeto, eu não tenho mais dezenove anos. Eu sou uma mulher
agora e sei lidar com meus próprios problemas, então parem de me olhar com esse olhar que eu
não aguento mais.
Tiro o anel do meu dedo e passo por Liam, bato o anel em seu peito e o olho nos olhos.
— Eu não sei lidar com o fato de você ter um bastardo. Eu não posso lidar com isso. Você
não é digno de tamanha coisa.
Me afasto passando por todos, ando às cegas pelo jardim e indo em direção a porta de
entrada da casa. Procuro pela mulher que estava na porta pegando os casacos e pertences de mão
que os convidados não queriam ficar segurando para guardar e pego a minha bolsa.
Tiro meus saltos e saio correndo em direção a saída sem olhar para trás.
Eu só preciso de uma pessoa agora. De mim mesma.

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“Porque eu dei tudo o que eu tinha. Para te mostrar o que significa


o que eu tenho dito. Eu sei que eu estava sendo tolo.”
Can't Have You – Jonas Brothers

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Liam

As poucas pessoas que haviam ali nos olhavam. Muitos olhares curiosos e outros como o dos
meus pais e Enzo de reprovação, Stella, Ben e Ally mantinham o mesmo olhar, mas com
decepção. Até mesmo Aiden me olha com reprovação e decepção, mas por quê? Ele não deveria
estar feliz?
Benjamin anda em minha direção e eu levanto a minha mão pedindo para que pare.
— Não fale nada — resmungo ríspido e passo por ele.
Nenhum deles podem me julgar, nenhum deles. Só eu sei o que eu aguentei.
Corro para dentro da casa dos meus pais atrás de Amber, mas é tarde demais.
— A senhorita Amber já saiu, senhor — a mulher parada na porta me avisa.
Merda, Amber está sozinha e sem ter como voltar para casa. Isso me preocupa apesar de
tudo.
— Posso fazer algo para ajudar o senhor? — a mulher pergunta.
Não me dou o trabalho de respondê-la, apenas nego. Ela não tem culpa do meu humor estar
azedo.
— Eu disse para você não beber, porra — Ben brada vindo em minha direção e agarra em
meu suéter. — Que merda você fez de novo?
— Não bebi tanto assim tá legal? Eu estou bem e sóbrio — resmungo, empurrando
Benjamin para longe.
— Sóbrio? Você fede a whisky. Eu não sei o que você fez, eu sou capaz de esmurrar a sua
cara mesmo sendo seu irmão. Eu vou te levar para casa.
— O que eu fiz? Apenas cansei. Eu não vou sustentar um relacionamento onde só eu estou
dentro. Amber quer viver no passado, então que ela viva. Mas sozinha. Eu estou fora.
— Você não sabe o que está falando.
Benjamin tateia o bolso da minha calça e pega a chave do meu carro no meu bolso. Eu não
me movo do lugar, apenas o observo marchar em direção a saída e me olha friamente.
— O que você está esperando para vir porra? — grita. — Eu estou me segurando e muito
para não acertar a sua cara como você merece.
— Então faz! — grito o desafiando e Benjamin caminha em minha direção em passos
duros.
— Já chega! — meu pai grita aparecendo na porta. — Eu não criei dois animais selvagens.
Benjamin leva seu irmão para casa, Ally vai ficar com os pais por hoje. E você? — Meu pai fala
direcionado a mim. — Nós dois teremos uma longa conversa amanhã. — Eu não preciso olhar

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para o meu pai para saber que a decepção está estampada em seu rosto, seus olhos não chegam
aos meus, ele tem seu olhar em Ben.
Mas pela primeira vez em muitos anos, esse olhar de decepção e repreensão não me atinge,
não mais.
Dou as costas para o meu pai e passo por Benjamin esbarrando em seus braços de
propósito. Estou errado? Estou. Mas foda-se! Acima de tudo, eu estou cansado.

— Você vai me contar que porra você fez dessa vez? — Benjamin insiste quando da partida
no carro.
— Por incrível que pareça meu adorado irmão, eu não fiz merda alguma, posso ter a ferido
com as palavras, mas não fiz nada de errado — resmungo e abro o porta luvas do carro.
Há uma garrafa de Bourbon guardada ali. Eu tinha outros planos para essa garrafa. Cedo eu
havia lhe dado um presente, para que ela usasse hoje à noite, após o jantar. Nossos planos eram
outros, mas agora nada importa mais.
Abro a garrafa e a viro em minha boca dando uma golada de uma vez.
Benjamin toma a garrafa da minha mão.
— Você não vai beber mais Liam, é assim que você quer consertar a merda que você fez?
Você já se olhou no espelho? Eu não sei se eu estava tão certo assim quando acreditei que você
tinha parado com esse maldito hábito — reclama me olhando pelo canto do olho.
— Você não entende, não há nada mais para consertar. Não existe conserto para nós. Não
mais. Apenas faça o seu papel e me leve para casa, não foi para isso que você veio? Então cala a
porra da sua boca e dirige — retruco de volta e pego de volta a garrafa da sua mão.
Benjamin não me impede, apenas resmunga que eu vou me arrepender disso mais tarde.

Saí do carro com a garrafa quase vazia em mãos, minha fiel companheira dessa noite. Ben
sai em seguida, pega a garrafa da minha mão e passa os braços em minha volta para que eu me
escorasse nele.
Silêncio era a nossa companhia. Ben ficou mudo até a entrarmos no lobby do meu prédio.
— O senhor precisa de ajuda? — Tom, o porteiro pergunta ao nos ver entrar.
— Só chame o elevador, por favor — Ben pede e ele apenas faz o que lhe foi pedido.
O elevador chega e Benjamin se vira para o porteiro mais uma vez e estende a garrafa que
está abaixo da metade.
— Se livra dessa porcaria também e obrigado.

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Tom assente e entramos no elevador, continuamos em silêncio até o meu andar.


Me solto dos braços de Ben ao ver as portas do elevador se abrirem. Saio do elevador
andando em tropeços e me escoro na parede do corredor para não cair.
— Deplorável o seu estado — Ben murmura e me ajuda a andar até a porta do meu
apartamento. — A chave Liam.
Eu não faço a mínima ideia de onde eu a guardei, começo a rir e chorar descontroladamente
quando meus olhos desviam para a porta à frente, que está fechada.
Amber.
Eu sinto vontade de gritar, de ir até lá.
O som das portas do elevador se abrindo me acorda e só agora noto que Ben já abriu a porta
do meu apartamento e está me esperando.
— Eu te disse para não terminar de ferrar com ela — Tyler grita caminhando em minha
direção e acerta um soco em meu rosto me fazendo cair nos braços de Ben. — Fique longe dela,
isso é só um aviso. — Ele se afasta e entra novamente no elevador que estava parado à sua
espera, provavelmente não está sozinho.
— Você mereceu — Ben diz me puxando para dentro do apartamento, ele anda comigo até
a sala, me joga em cima do sofá e volta para fechar a porta. — Espero que você se contente com
o sofá, pois é aí que você vai ficar.
Ben sai sala me deixando sozinho no sofá, mas não demora muito e ele volta com uma
compressa de gelo em mãos e estende em minha direção. Ele não diz nada, apenas fica em
silêncio me encarando.
Eu sei, eu mereci aquele soco. Eu merecia muito mais que apenas um soco pelas palavras
que usei, mas não me arrependo das verdades que foram ditas e não me sinto culpado.
Há quem diga que homens não choram, se ainda existem pessoas que acreditam nesse
pensamento chulo, eu estou aqui com uma compressa de gelo em meu rosto e me deixando tomar
pelas lágrimas que parecem que vão me queimar em forma de punição.
— Eu tive um filho Ben, não sei nem se eu posso dizer tive. Ele não chegou a nascer e
morreu antes mesmo que eu soubesse da sua existência. — Fecho meus olhos e estremeço com
as lembranças que vem à tona.

Dois anos atrás...

— Liam? Liam, atende essa merda.

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A gravação de Henry na caixa postal me deixa em alerta. Meu amigo está gritando e em
desespero. No minuto seguinte eu retorno a sua ligação e recebo a pior notícia que eu poderia
receber hoje.
Maya deu entrada no hospital com overdose.
Eu corri o mais rápido que eu pude para o aeroporto e peguei o único voo que me levasse
até Boston, foi o voo mais longo que eu já peguei em toda a minha vida.
Sabe quando você precisa muito chegar em algum lugar e nada parece cooperar para que
isso aconteça? Foi o que aconteceu nesse momento. O voo havia duas escalas, ainda assim com
essa escala eu chegaria em duas horas no máximo, mas não foi o que aconteceu. Ao invés de ser
duas escalas, foram três, a terceira foi a mais longa de todas.
Quando o avião pousou eu corri, o que foi um alivio ter saído só com minhas roupas do
corpo e sem mala alguma. Entrei no primeiro táxi vazio que localizei, durante todo o trajeto eu
só pedia a Deus para dar mais uma chance a Maya de mudar isso, de consertar as coisas.
Desci do táxi correndo, deixando uma nota de vinte dólares no banco, não me importei em
pegar o troco.
Entrei no Hospital General e encontrei Brandon e Henry sentados na cadeira, ambos de
cabeça baixa.
— O avião atrasou e eu só consegui chegar agora e... — Não completo a frase, os dois
levantam a cabeça para me encarar e a dor que eu vejo nos olhos de Henry é aquela mesma dor
em que os professores da faculdade dizem que vamos encontrar nos olhos dos parentes e amigos
quando formos informar a hora do óbito.
Não. Não pode ser. Meu inconsciente grita.
— Não há nada que puderam fazer por ela — Brandon começa explicando baixo. — Eles
disseram que fizeram de tudo, que pelo estado em que ela chegou. Ela... ela aguentou muito, o
sistema respiratório dela estava entupido e isso acelerou o coração dela, causando uma...
— Taquicardia ventricular — murmuro, caindo sentado ao lado de Brandon. — Isso é
culpa minha, e-eu — gaguejo e olho para Henry —, tinha que estar aqui para ela, eu prometi
que nunca a abandonaria.
— Liam, você fez tudo que podia por ela, você deu uma nova chance a ela quando nem eu
mesmo acreditava, não se culpe — Henry sussurra. — Ela ingeriu muito mais do que o corpo
dela pudesse aguentar.
— Eu quero vê-la, eu preciso segurar a mão dela, eu preciso...
— Você não está entendendo cara — Brandon me interrompe. — Já foi dada a hora do
óbito, os aparelhos foram removidos, estamos aguardando o corpo dela ser liberado.
— Um dia, eu havia a prometido que seguraria a sua mão até a dor passar, eu dei a minha

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palavra que estaria com ela, eu não posso acreditar que ela se foi e eu não cumpri uma merda
de promessa, eu falhei com ela, assim como eu falhei com... — Minha voz embargada me
atrapalha a continuar.
— Eu sei cara, ela sabe que você tentou — Brandon diz.
Eu havia feito promessas a Amber e minha omissão me fez falhar com cada uma delas. Fiz
uma promessa a Maya e falhei por ser tarde demais para dizer adeus.
Horas mais tarde estávamos no meu apartamento de Boston, Maria nos esperava com café,
bolo e pães na mesa.
Seu abraço foi acolhedor, tanto para mim, quanto para Henry.
Ele estava devastado. Doía muito mais nele que em mim. Muito mais.
Sentei a mesa com Brandon, Henry foi tomar um banho para tirar o cheiro de hospital. Por
mais que eu estivesse com fome, eu não conseguia comer.
— Tem uma coisa que você precisa saber.
— O que eu preciso saber? — questiono Brandon.
— Maya estava grávida de três semanas — responde cauteloso.
Engulo em seco com a sua resposta. Três semanas. Cinco semanas atrás ela estava comigo
e Henry em Hamptons.
Balanço a cabeça negando meus próprios pensamentos, não pode ser. Maya não estava
esperando um filho meu, ela não faria isso com o próprio filho. Nos falamos há dois dias e ela
não me contou nada, ela estava bem. Estava indo bem na faculdade, ela estava feliz. Não.
— Henry ainda está tentando assimilar as coisas, tentando lidar com a perda, ele não só
perdeu a irmã hoje, perdeu um sobrinho que nem ele sabia que existia.
— E eu um filho — murmuro para mim mesmo.
— Como? — Brandon se engasga com o pedaço de bolo e me olha intrigado.
— Há cinco semanas Maya estava comigo, foi ação de graças e eles ficaram lá em casa
por três semanas. Faz três semanas que eles voltaram, não tem como ser de outro, a conta bate
Brandon, o filho que Maya esperava era meu.
— Eu já desconfiava disso. — A voz de Henry soa atrás de mim.
Sua aparência melhorou de 1 a 10, não é uma das melhores, mas em vista do estado que eu
o encontrei quando cheguei aqui, está melhor.
— Eu não sabia que ela estava grávida, eu... — tento me explicar, mas Henry me corta
levantando sua mão me pedindo para parar.
— Você acha que eu também não sei disso? Nem ela mesma sabia, você foi bom para ela
Liam, foi muito bom para ela e eu não sei como agradecer por tudo que você fez não só por
mim, mas por ela. Nós agora só temos que lhe dar uma despedida digna e da forma que ela

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merece, não se culpe, se tem alguém que tem que se sentir culpado, esse alguém sou eu.

Passo a mão no meu rosto secando minhas lágrimas e olho para Benjamin.
— Todos os dias eu ia visitar o tumulo dela Ben, enquanto eu estive em Boston, não houve
um dia que tenha deixado de ir visitá-la, eu não pude cumprir a promessa de não a deixar só no
leito do hospital, mas eu cumpri a que eu fiz de não deixá-la sozinha até o final da minha
faculdade e residência. Eu prometi que só a deixaria quando viesse embora caso ela não viesse
também e eu cumpri.
— Eu não fazia ideia disso, eu sinto muito por ela, por você e pelo bebê — diz baixo. —
Foi por isso que vocês brigaram?
— Também — confesso em um suspiro. — Ela não supera, o problema todo foi esse e isso
nos levou ao bebê, ela não sabia e eu não estava pronto para contar, eu nunca estive pronto para
enfrentar isso, ainda é uma ferida aberta, foi uma perda, Benjamin... E Amber — rio sarcástico
—, ela não consegue andar para frente sem olhar para trás, ela não consegue estar comigo sem
pensar no que já aconteceu, Amber não amadureceu e nem mudou, ela apenas se esconde e nos
mostra o que queremos ver. Eu sabia, sabia desde o começo que ela não havia superado, ela
aceitou estar comigo porque me amava, porque queria tanto quanto eu, mas o mais importante
ela não fez, superar e esquecer. Ela apenas estava comigo pela necessidade de ter alguém, o
costume, ela não queria ficar só — minha voz sai baixa e eu olho para Ben que ergue a
sobrancelha pedindo que eu continue.
— Se ela não teve ninguém além de mim nos últimos anos era óbvio que quando ela me
visse os sentimentos aflorariam mais uma vez, ela aceitaria qualquer coisa que eu propusesse a
ela só pela conveniência de não ficar só. Ela aceitou casar comigo, mas ela não estava pronta. Eu
fui paciente porque esperava que em algum momento ela mudasse e enxergasse o que ela estava
fazendo. Isso estava me machucando Benjamin e não ia ser por amor a ela que eu aguentaria
isso. As coisas não são mais como eram antes. Não mais.
— Isso... huh, isso é demais para mim, eu não suportaria estar com alguém que me ama,
mas não segue em frente junto comigo. Eu me sentiria como se ela me amasse e não amasse ao
mesmo tempo, eu ficaria a cegas em meu próprio relacionamento — diz ele.
— Eu me sinto assim toda vez que ela fala com Aiden perto de mim, toda vez que ela não
se incomoda por estar me incomodando. Eu estava cansado, estou cansado e queria dormir —
finalizo, dando a entender que eu não quero mais falar disso.
— Você sabe que pode sempre conversar comigo e contar comigo para o que precisa certo?
— indaga e eu assinto. — Vai ficar bem sozinho?

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— Vou cara, eu não estou tão ruim assim — asseguro. — Volte para sua mulher e não se
preocupe comigo. — Levanto-me do sofá para ir para o quarto. Eu consigo andar até lá sozinho.
— Certo. — Ele se levanta e pega as chaves do meu carro em cima da mesa de centro. —
Eu ainda acho que você mereceu o soco, trago de volta o seu carro amanhã. — Antes de me dar
as costas ele me abraça e ao me soltar me dá um leve soco no braço, o olho intrigado. — Foi por
ter escondido isso tudo de nós. Boa noite, irmão.
— Boa noite só se for para você — retruco. — Cuide bem do meu carro, quero ele de volta
amanhã cedo.
Espero Benjamin sair para trancar a porta do apartamento, antes de fechá-la, olho pela
última vez para a porta do apartamento de Amber e engulo em seco.
Eu me sinto como se estivesse virado essa página sobre meu filho e de Maya, sinto como se
tivesse tirado um peso das minhas costas ao compartilhar o que tanto me agoniava e me fazia
mal. Bastardo é uma coisa que essa criança nunca seria, poderia não ser fruto de amor de um
homem e uma mulher, como o que eu sinto por Amber. Mas seria fruto de um amor de irmãos,
uma amizade, seria real e ele seria muito amado.
Amber tem que entender que eu não sou mais o Liam do passado, que as pessoas mudam,
crescem e amadurecem. Meu único erro hoje foi ter cansado de bater nessa tecla de aceitar as
coisas que ela impõe só para estar ao lado dela.
Ela não merece se auto machucar, assim como eu não mereço viver em um relacionamento
em que só eu via futuro enquanto ela andava para trás.
Fecho a porta do meu apartamento, deixando para trás tudo aquilo que Amber carrega com
si mesma, o passado.

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“Deveria ter sido nós. Poderia ter sido algo real, agora nunca
saberemos com certeza. Nós éramos loucos, mas incríveis,
querido nós sabemos.”

Should Have Been Us – Travis Atreo

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Amber

Eu não tinha a quem recorrer naquele momento se não a ele, eu estava sem dinheiro, sem carro e
sem carona. Por sorte ele estava por perto quando veio me buscar após a minha ligação, eu não
queria ser um peso a mais para ele cuidar, mas no momento em que ele saiu do carro e me olhou
com seus olhos curiosos, meu mundo desabou em sua frente.
Meu choro era desesperador e agoniante. Tyler estava tão assustado que eu me senti um
tanto culpada por despejar as minhas dores em cima dele, logo ele que não sabe lidar com as
suas.
Ele me levou para casa, não me fez perguntas, apenas me deu o espaço que eu precisava.
Ele mais do que ninguém naquele momento sabia que o melhor a se fazer era me deixar dentro
da minha própria bolha imaginária, mas seu olhar denunciava que queria saber o que estava
acontecendo, além da sua preocupação. Difícil foi convencê-lo a me deixar só e fazê-lo acreditar
que eu iria ficar bem.
Eu não iria ficar bem porra nenhuma. Não naquele momento.
Na verdade, eu não sabia o que eu estava sentindo, eu não sabia o que estava se passando
dentro da minha cabeça, apenas as palavras de Liam se repetiam o tempo todo. Eu ainda não
sabia decifrar as dores que eu estava sentindo, eu só queria tirar aquilo tudo de dentro de mim, eu
só queria entender onde foi que erramos dessa vez. Onde foi que eu errei.
Se Maya estivesse viva Liam teria um filho. Essas duas últimas e pequenas palavras ecoam
na minha mente a cada segundo. Um filho.
Depois que Tyler me deixou só em meu apartamento, eu desliguei meu celular e ignorei
todas as mensagens que Aiden e Ally haviam me deixado, tomei um banho para lavar a alma,
deixei minhas lágrimas irem embora pelo ralo, não me sinto bem, mas aliviada, por enquanto,
seria a palavra certa.
Entro em meu closet após o meu banho visto a blusa mais larga que eu tenho e uma
calcinha. Olho ao redor, tudo aqui exala ao cheiro de Liam, há algumas roupas dele penduradas,
outras dobradas misturadas as minhas e um frasco do seu perfume, o meu preferido. Me
aproximo do seu jaleco branco e inspiro o seu cheiro, isso me corrói ainda mais e logo estou
chorando novamente. Me dói, dói saber que eu vou ter que aprender a viver sem esse cheiro, não
só a esse cheiro, mas aprender a viver sem ele. Me dói saber que eu me doei por completo mais
uma vez.
Olho meu estado deplorável em meu próprio reflexo no espelho do closet. Eu grito, grito
para amenizar o que eu estou sentindo, grito para afastar a dor. Grito comigo mesma para reagir a
isso, mas não funciona.
Acheron - Nacionais - Apollymi
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Decepcionada, ressentida, ferida e traída.


É um misto de sensações que eu não sei definir.
Eu não quero mais ser essa Amber ingênua e que as pessoas fazem o que querem.
— Eu não aguento mais — grito e pego o frasco do perfume dele e jogo com toda força que
eu tenho em meu próprio reflexo no espelho.
Estilhaços de vidro caem no chão.
— Am? Eu acabei de chegar e ouvi um barulho. — Ouço as suas batidas na porta do meu
quarto. — Am, eu sei que você está em casa, a luz está acesa, você está transando é isso? — Liz
me chama novamente, mas eu não a respondo.
Levo as costas da minha mão na boca abafando meu choro e soluço alto, mas é em vão.
— Eu estou entrando, espero que você nem o Liam estejam pelados. — Isso foi o suficiente
para entregar onde eu estava, ouvir o nome dele me faz cair de joelhos no chão e chorar mais
ainda. — Am? O que houve?
Liz corre até a mim e me abraça.
— O que está acontecendo, por favor me diz, se você não falar eu não vou saber como te
ajudar. Você está me assustando, por favor me diz, vocês brigaram, foi isso? — Liz levanta o
meu rosto me fazendo olhá-la e eu nego com a cabeça.
— Eu não consigo. Dói Liz, dói como nunca doeu antes. Eu... não consigo — murmuro em
desespero e ela me abraça novamente, um soluço agoniante escapa da minha garganta e sou
amparada por Liz, que me aperta mais ainda em seus braços me fazendo desabar.

Eu não sei como eu fui parar em minha cama, mas acordo com Liz sentada na ponta da
minha cama me olhando. Sua íris está vermelha, entregando que ela teve uma noite mal dormida,
por minha culpa.
— Oi... — ela murmura baixo.
— Como eu vim parar aqui? — pergunto no mesmo tom que ela.
— Você adormeceu no meu colo, Henry estava aqui e me ajudou a colocar você na cama.
— Liz segura em minhas mãos e sorri. — Eu sinto muito, o Henry me contou o que aconteceu,
você não está sozinha Am, nunca vai estar.
— Você acha que eu estou errada? — indago sentindo um nó se formando em minha
garganta.
— Em partes sim, não vou passar a mão na sua cabeça ou defendê-lo, mas ele não está
errado quando diz que você não consegue seguir em frente.
— Em partes? Ele mentiu Liz, mentiu! — exclamo.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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— Amber, ele omitiu uma coisa que não fazia bem a ele, algo que ele vai carregar para o
resto da vida, foi errado ele omitir? Foi, mas nem eu e nem você, sabemos a dor que é perder um
filho, o que é carregar isso consigo todos os dias. Você já imaginou se fosse com você? Ir deitar
e imaginar se seria um menino, uma menina, com quem iria se parecer, você não sabe...
— Chega, eu não aguento mais — a interrompo.
— Eu só quero que você seja sensata e que fique bem.
— Eu estou bem — minto e forço um sorriso. — Eu vou ficar bem.
— Eu vou fazer de tudo para que você fique e me dê um sorriso verdadeiro na próxima vez
que falar que está bem, eu amo você Am. Você é a minha melhor amiga, a irmã que eu nunca
pude ter, nós vamos passar por isso juntas, no passado eu não estive com você, mas agora eu
estou e eu nunca irei deixá-la, eu sou a sua wonderwall[7].
Me emociono com as suas palavras e lhe dou um sorriso de verdade dessa vez.
— Eu amo você. Because maybe, you're gonna be the one that saves me. And after all,
you're my wonderwall (porque talvez você é aquela que me salva e no final de tudo você é a
minha protetora) — sussurro um trecho da nossa música com a voz embargada e Liz me abraça.
Nós duas ficamos abraçadas e chorando por alguns minutos, até que ela se afasta e me olha
tensa.
— Eu estava esperando você acordar, eu não sei como te falar isso... mas o Liam está na
sala e quer falar com você.
— Manda ele ir embora, eu não tenho nada para falar com ele.
— Ele disse que não vai sair enquanto não falar com você.
Merda.
— Junte todas as coisas dele que está no meu closet e coloque em uma caixa por favor? —
peço e ela assente.
Me levanto da cama e vou para o banheiro, pego a minha escova de dentes no suporte e o
creme dental, aplicando-o em seguida na escova, escovo meus dentes distraidamente e sem
pressa. Ele se quiser que espere.
Termino de escovar meus dentes alguns minutos depois e jogo uma água no meu rosto e me
encaro no espelho.
— Você não vai chorar, você vai se forte, vai ouvi-lo, vai sorrir e dizer que está tudo bem,
se ele pedir desculpas você vai aceitar e por fim, da sua vida embora ele irá.
Repito essas palavras a mim mesma e desço.
Liam está sentado no sofá de cabeça baixa, com o rosto entre suas mãos. Henry está ao seu
lado e se levanta ao me ver, isso faz com que Liam repare que eu estou aqui.
— Henry, você pode ir ajudar a Liz no meu quarto, por favor? — peço e ele assente.

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— Claro Rabbit. — Henry se levanta, passa por mim deixando um beijo em minha testa e
sobe.
Liam se levanta e anda em minha direção, agora consigo notar um roxo meio avermelhado
em sua bochecha. Prendo a minha respiração e engulo a minha vontade de perguntar como ele
arrumou aquilo, provavelmente tenha sido Ben ou até mesmo Aiden, não duvido. Não sei que
fim ele teve ontem depois que eu saí correndo o deixando no jardim.
— Não tem desculpas e explicações para o que você fez, mas se você está aqui é porque
tem algo a falar. Então eu irei ouvir — minha voz sai dura e isso me surpreende.
Ótimo Amber, continue assim até o final dessa conversa.
— Eu não estou arrependido de nada do que eu disse Amber! Muito menos arrependido de
ter omitido algo que não dizia respeito a você, eu iria te contar, mas no meu tempo, quando eu
estivesse preparado para enfrentar isso, mas eu não queria que isso estragasse tudo mais uma
vez. — Liam respira fundo, seu olhar vacila e ele olha para todos os cômodos do apartamento até
voltar seu olhar ao meu. — Mas não é por isso que eu estou aqui, eu lhe devo desculpas pelo
Aiden. Por ter pedido que ele se afastasse de você, quando se trata de você eu fico possesso, eu
não sei o que acontece comigo quando eu coloco na cabeça que eu vou te perder, eu não
conseguia me imaginar sem você ao meu lado, doeu ver você conversando e sorrindo para ele,
assim como doeu todas as vezes em que você parava o que estivéssemos conversando ou fazendo
para atendê-lo, mesmo de longe ele tinha sua atenção, mesmo de longe ele ganhava seus sorrisos
e admiração. E eu lidava com isso dia após dia, mas eu aceitava.
— Você está blefando — começo a falar, mas ele me interrompe.
— Vê-lo bebendo da sua bebida, aquela intimidade toda mexeu demais comigo, só tive
mais certeza ainda que era de você que o Brandon estava falando, você é a garota que o irmão
dele gosta e o próprio admitiu isso. — Liam coloca as mãos no bolso do seu jeans e abaixa seu
olhar. — E eu não posso fazer nada para mudar isso, quem não amaria você não é mesmo? E
amar você demais e não enxergar o passo que estávamos dando foi o meu erro dessa vez e eu o
assumo sem vergonha alguma, meu erro foi aceitar tudo por amar você. Eu aceitei que
voltássemos rápido demais, sem enxergar de imediato a sua necessidade de ter alguém e não de
estar comigo, eu só fui perceber isso dias depois, mas eu estava feliz e acreditei que dentro da
minha felicidade caberia nós dois, mas isso não era o suficiente para você não é mesmo? Nunca
é, mas eu não me arrependo por ter sido sincero com você e dito tudo que eu precisava falar
ontem. Eu não me arrependo, Amber.
Ele volta a me olhar e eu não consigo enxergar nada além de dor e vazio em seus olhos,
mas em mim também dói. Me sinto incapaz de abrir a boca para falar algo a não ser chorar.
— Eu não quero viver de um relacionamento em que se alimenta de um passado. Eu não

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quero ter que olhar para você e me sentir inseguro a cada segundo, eu não quero uma namorada
que está comigo e não está ao mesmo tempo.
Balanço a cabeça incapaz de falar alguma coisa, minhas lágrimas cedem e eu só queria
gritar e pedir para que ele ficasse para arrumar essa bagunça, mas dessa vez ele está certo, eu sei
que ele está, só não quero admitir isso.
Liam se aproxima e desliza uma de suas mãos até o meu rosto e acaricia a minha bochecha.
— Liam, eu... — balbucio sem conseguir falar, não consigo dizer o que ele quer e precisa
escutar, porque eu sou fraca, porque eu estou errada.
— Eu amo você Sunshine, eu nunca vou me perdoar por mais uma vez ter machucado você,
eu sou um idiota a maioria das vezes, erro muito mais do que acerto e até mesmo ajo como um
louco, mas eu não posso me sentir culpado e viver carregando uma culpa de algo que aconteceu
há cinco anos. Eu não posso me arrepender por ter sido sincero com você sobre como me sinto,
mesmo que isso me custe ficar sem você. Mas tudo que eu faço é por você, mas o meu tudo não
é o suficiente para você — diz se afastando.
— Você ia ter um filho Liam, um filho com outra. E se ela estivesse viva? Eu ia ter que
lidar com você criando uma criança com outra? Ia olhar para vocês dois e ver o quanto
formariam uma família feliz se não fosse por mim, eu ia ser a madrasta de uma criança fruto de
uma traição, um bastardo. Você esperava que eu aceitasse isso Liam? Porque se esperava, você
não me conhece — me exalto, me corroendo de raiva.
Ele vai me deixar, ele está desistindo de nós e isso me machuca, mais uma vez estamos nos
deixando por alguém.
Seu olhar é perplexo, sua boca abre e fecha diversas vezes em busca de palavras.
—É a segunda vez que você chama uma criança inocente de bastardo, bastado Amber!
Você tem razão, eu não te conheço mais. — Ele ameaça dar as costas, mas volta. — Por quê? Me
diz, por que você aceitou estar comigo se esperava o pior Amber? Me diz — ele grita e seu grito
me assusta, me fazendo recuar com um passo para trás. — Você está cega a ponto de não
enxergar seus próprios erros, seu próprio defeito!
— Você acha que se eu soubesse a bagagem que vinha com você eu aceitaria? Um filho,
uma mentira e ainda seu problema com as bebidas, você é um alcoólatra e o erro é meu? — grito
de volta deixando minha raiva incendiar meu corpo, mas me arrependo no mesmo segundo em
que a palavra alcoólatra sai da minha boca, Liam mantém uma expressão impassível, eu consegui
atingi-lo em cheio. E não era a minha intenção.
Respirações descompassadas, é tudo que se ouve no silêncio que se instalou na sala.
Mais um minuto se passou e nenhum de nós se movia do lugar. O peito de Liam subia e
descia em ritmo acelerado, ele respirava fundo tentando se controlar.

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— Vendo por outro ângulo agora, eu afirmo com todas as letras, estava melhor sem você
Amber — ele finalmente fala quebrando o silêncio, seu olhar se torna frio e não se desprende do
meu. — Sabe a pessoa que eu sou hoje? Parte eu devo a ela, Maya, que sempre acreditou em
mim, não me virou as costas e nem me julgou pelos meus problemas, ela sempre esteve ali, e
onde você esteve? Você estava do outro lado do mundo. Eu sou a porra de um alcóolatra e você a
porra de uma garota que ainda não acordou para a vida. Ledo engano o meu, em pensar que você
compartilhava das mesmas vontades que eu. Você aceitou casar Amber, quem aceita casar com
um alcóolatra e uma pessoa que só erra?
Um riso irônico escapa da sua boca e eu temo pelo o que pode sair dela nos próximos
segundos.
— Sabe qual foi o seu erro Amber? Não superar. Você não superou o passado, o tempo
todo arrumava um jeito de jogar na minha cara e fazê-lo vir à tona novamente.
— Vo-você está tentando me culpar? — gaguejo incrédula.
— Não, estou admitindo que eu errei! Errei em voltar com você. Mas eu não errei sozinho.
Eu te pedi para não olhar para mim dessa forma que você está me olhando agora! Eu pedi
Amber, pedi que procurasse me entender, eu te contei do inferno que eu passei quando você se
foi, enquanto você estava lá feliz e vivendo a sua vida de universitária de Londres. Eu — ele
aponta para si mesmo —, tentei, eu dei tudo de mim dessa vez para não errar, não falhar, porque
eu sabia que eu era capaz de errar em algum momento, de fazer algo errado, mas eu te alertei
sobre isso, você sabia da porra do meu problema e mesmo que isso não justifique nada que eu
tenha feito, porque realmente não justifica, eu não estava bêbado. Você sabia! — Seu grito me
faz estremecer e as lágrimas rolarem em desespero pelo meu rosto. — Você o tempo todo falava
para mim que eu deveria ser seguro, que você me amava, mas cadê a porra da segurança que
você nunca passou? Devia ser você a me passar segurança sobre eu ser o único, mas ao invés
disso você despejava em minha frente seu encontro com seu amigo, suas ligações e mensagens.
Eu aceito a porra do meu erro, assumo e não estou contente, muito menos orgulhoso disso, mas
você tem que saber lidar com o seu.
Tento segurar um soluço e dou um passo em sua direção, mas ele recua para trás me
evitando. Eu não consigo dizer uma palavra se quer.
— Cadê o amadurecimento que o tempo te deu? Não existe, sabe por quê? Porque você
fugiu ao invés de enfrentá-los de frente, você foi covarde, Amber! Desistiu de nós e eu não a
julgo por isso, até entendo, mas você também desistiu de você quando foi embora, desistiu e foi
fraca e esse é o motivo de você sempre jogar as coisas na minha cara. Você não enfrenta você
mesmo, seus próprios fantasmas. Você nunca superou que foi fraca e isso te corrói, nunca foi
capaz de tal ato porquê fugiu. Então não me culpe pelo nosso relacionamento ter se afundado,

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você teve participação. Apenas aceite que é tão humana quanto eu. Como é aquele lema da série
que você assiste mesmo? “É melhor ficar sozinho e se sentir um sucesso, do que em um
relacionamento e se sentir um fracasso o tempo todo.” Não é isso ou eu estou errado aqui? O
Liam que eu sou hoje, é melhor sem você.
— Saia da minha casa. Agora! — grito apontando na direção da porta e ele faz o que eu
peço sem olhar para trás.
Ao ouvir o barulho da porta batendo eu não reprimo um grito agoniado pelo soluço do meu
choro.
Liz desce com Henry, que têm em mãos a caixa com os pertences de Liam. Ele coloca a
caixa em cima do balcão da cozinha. Não me dou o trabalho de secar minhas lágrimas, está
doendo, tudo em mim dói, sinto que em algum momento eu irei explodir.
— Henry, não — Liz diz, tentando pará-lo enquanto ele caminha em minha direção.
— Sabe Amber, isso não é uma briga onde temos que escolher lados e mesmo assim, eu
cogitava a ficar do seu lado, péssima escolha a minha huh? Ele é o meu melhor amigo e ainda
assim eu escolheria ficar ao seu lado, ele omitiu, está errado, mas agora eu vejo o quanto você
também está. Ele — Henry aponta na direção da porta, por onde Liam passou há alguns minutos
—, nunca soube dissolver isso, eu lembro até hoje o estado dele ao saber que não só a minha
irmã havia morrido, mas sim o filho deles também. Eu lidei e o ajudei com sua dor dia a pós dia,
eu não sabia o que ele estava sentindo, mas o mínimo que eu poderia fazer, era estar ao lado dele.
Os únicos que sabiam sobre o bebê era eu, Brandon e ele mesmo. Ele nunca se abriu sobre isso,
nem comigo e nem com o Brandon, o bastardo ao qual você se referiu minutos atrás era o meu
sobrinho, filho da minha irmã, que nem teve a chance de vir ao mundo, você não a conheceu
Amber, mas eu a conheci, eu a peguei no colo enquanto pude e a colocava para dormir todas as
noites na minha cama enquanto nossa mãe estava hospitalizada, porque ela tinha medo do
monstro em baixo da cama. Ela era adorável, apesar de tudo, ela tinha um coração gigante, ele
dizia que ela o lembrava você, mas hoje eu não enxergo em você nada de bom que eu via em
você e nela. Eu sinto muito pela minha irmã ter feito um estrago na sua vida, mas não posso
sentir muito por ela ter feito da vida dele melhor quando você se foi.
Um soco. Um soco doeria muito menos do que isso.
— H-Henry — gaguejo entre soluços e respiro fundo. — Eu não queria dizer isso, eu estava
com raiva, eu só... me desculpa.
— Não queria, mas disse. — Ele me dá as costas, pega a caixa com as coisas do Liam e
anda na direção da porta. — Liz, se precisar de mim sabe onde me encontrar — diz para Liz e
abre a porta, saindo pela mesma e a batendo em seguida.
Liz estava parada com a mão na boca olhando para tudo que havia acabado de acontecer.

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Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, me recompus e me virei para ela.
— Eu preciso ficar sozinha — falo olhando na direção da escada, eu encarava tudo, menos
os olhos dela. — Se alguém ligar ou aparecer na porta procurando por mim, diga que não sabe
onde eu estou, eu não quero falar e ver ninguém. Vai ficar com o Henry, diga que eu sinto muito,
muito mesmo, por favor.
— E o Tyler? Ele ligou... — Liz pergunta.
— Eu vou ligar para ele depois, por ora eu preciso ficar sozinha. — Ela concorda com um
murmúrio, eu não preciso olhá-la para saber que eu também a decepcionei.
Subo correndo para o meu quarto e fecho a porta atrás de mim, encosto a minha cabeça na
porta e bato minha mão na minha testa várias vezes.
— Burra, burra, burra — repito para mim mesma e como se tivesse sido atingida por uma
avalanche de fraqueza, meu corpo escorrega até o chão.
Abraço os meus joelhos na altura do peito e deito a minha cabeça neles, choro por me sentir
incompleta e pela certeza de que sim, eu tive culpa, tanto quanto ele teve, nós dois erramos e
acabamos com o que tínhamos de melhor, um ao outro.
Um adeus nos força a esquecer alguém que nos traz ou trouxe tanta felicidade.

Cinco dias depois

Os sábios dizem que precisamos cair antes de voar e eu nunca parei para pensar ou notar o
quão alto eu estava voando, mas agora eu estou vendo o tamanho da minha queda.
Estou quebrada.
Despedaçada.
Arruinada.
Outra vez.
Lembro-me de ter dito ao meu pai que um erro não se comete duas vezes, erro meu. O ápice
da minha queda foi dar uma segunda chance a Liam, foi confiar e me entregar de bandeja fácil.
Fácil demais para alguém que já havia me machucado há cinco anos.
É errando que se aprende, é o que venho repetido a mim mesma há três dias.
Foram os cinco dias mais longos da minha vida, eu não saio de casa, não atendo o telefone
e não falo com ninguém. Nem mesmo com a Liz, só respondo um “ok, tá bom e obrigada”. Eu
não suporto mais esse olhar de pena, eu não aguento mais me olhar no espelho e ver que eu fui
fraca. Cinco anos não me fizeram mais forte, me tornaram mais fraca do que eu era.
Arrumamos um lado e caiu outro. Liam melhorou em muitos aspectos, mas nosso

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relacionamento despencou em muitos outros.


Não enxergar isso antes de embarcar de novo nesse relacionamento foi o meu erro, eu agi
pelo coração, eu me deixei levar, eu estava com tanta abstinência de Liam que eu só queria
recuperar os cincos anos, recomeçar e agi como se só o fato dele ser o Liam, o homem que sou
apaixonada fosse o suficiente.
Mas não era. Eu sempre ia carregar comigo a dor que me foi causada, mas isso não é um
erro ou é?
Será que foi eu que realmente errei em tudo? Talvez, só talvez, seja eu o problema. Liam
pode ter mudado e se tornado bom demais para mim.
E a verdade é que o amor não é o suficiente. Nunca foi e nunca será. Eu não tenho ido
trabalhar, não estou preparada ainda para encarar de frente os olhares da minha mãe e de Ally.
Liz chega todos os dias me conta as novidades, mas quando vê que eu não estou me importando
muito ela se afasta e vai para o seu quarto.
Esses cinco dias tem se resumido em: eu sentada no sofá com uma blusa que cabe duas de
mim dentro, short, meião, pipoca e vinho. Fico assistindo séries, nada de séries depressivas no
momento, de sofrida já basta a minha vida. Tyler me faz companhia todos os dias quando chega
do trabalho, ainda não conversei com ele sobre a transferência dele para Miami, pretendo falar
com ele hoje sobre isso.
A porta do apartamento se abre relevando Liz e Henry muitos animados com sacolas na
mão. Henry se joga ao meu lado soltando um suspiro cansado, ele pega um punhado de pipoca
do meu balde e leva até a sua boca.
Eu fico feliz por ele ter me ouvido, agradeço por ele ter sido maduro o suficiente para sentar
e conversar. Acima de tudo me desculpar pelas palavras duras que eu usei. Henry com certeza
devia ser um irmão incrível.
— Você não se cansa disso? — indaga, apontando para a pipoca e a taça de vinho em
minha mão.
— Não, se está me alimentando ótimo — respondo indiferente, dando de ombros.
— Como que te alimenta? Vale lembrar que ontem você vomitou a merda a fora? — Henry
me relembra do súbito mal-estar de ontem. — Me admiro você a neurótica com comida saudável
se empanturrar de pipoca.
— Foi só um mal-estar, passou. Além do mais, é pipoca sem óleo e feita na pipoqueira, é
mais saudável que pipoca com manteiga ou óleo.
— Ainda bem que eu trouxe comida de verdade, há quantos dias você não sabe o que é
comida mesmo? Deixa eu ver aqui. — Liz volta da cozinha contando nos dedos da mão. —
Cinco Amber, você não se alimenta a cinco dias. Será que eu vou ter que falar com a sua mãe

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sobre isso?
— Você não ousaria — resmungo, passando o balde de pipoca para Henry.
— Posso pensar se vou te dedurar ou não, enquanto jantamos — Liz chantageia.
E foi o que fizemos assim que Tyler chegou, jantamos. Liz estava sorrindo e bastante
animada por eu estar interagindo mais que os outros dias que passaram.
Após o jantar fomos ver um filme e eu posso dizer que eu me senti um pouco melhor, pela
primeira vez depois de cinco dias eu senti que eu não estava sozinha. E então eu sorri, sorri e
criei forças para mudar a minha vida a partir de agora.

No dia seguinte acordei um pouco enjoada e indisposta, eu comi tanto ontem e Liz comprou
sorvete só para me amansar, o que funcionou, mas agora tudo que eu comi está fazendo um
reboliço em meu estômago, estou nauseada.
Depois que esse mal-estar passou, eu tomei um banho, vesti uma calça jeans, blusa de
manga comprida e calcei um tênis, estava frio em Manhattan hoje, então me agasalhei com um
moletom antes de sair de casa com Liz, como de costume nós fizemos a nossa parada no
Starbucks, eu estava enjoada demais para beber ou comer qualquer coisa, apenas esperei por Liz
no carro e depois fomos a caminho da empresa da minha mãe.
— Eu encontro você daqui a pouco, eu preciso resolver uma coisa — falo me despedindo
de Liz que entra em nossa sala, ou melhor a minha ex sala a partir de agora.
Pego o meu celular na bolsa, depois de seis dias sem contato algum com ele resolvo voltar à
vida, ligo o meu celular e jogo de volta dentro da bolsa. Dou meia volta pelo caminho que eu fiz,
passo por algumas pessoas que me dão bom dia e eu as cumprimento com um meio sorriso.
— Bom dia senhorita Amber, que bom vê-la por aqui — a secretária da minha mãe diz ao
me ver.
— Bom dia, minha mãe está? — pergunto.
— Sim, ela acabou de chegar e está com a sua irmã. Pode entrar. — Sorrio agradecida para
ela e me afasto.
Ótimo, vou enfrentar Ally e a minha mãe em uma tacada só, e depois vou embora mais
rápido que o flash. Assim eu espero.
Paro em frente à sala da minha mãe e respiro fundo antes de bater. É agora ou nunca,
Amber.
Bato na porta e ouço a voz da minha mãe dando permissão para entrar. Levo a minha mão
que está tremula na maçaneta e a giro, abro a porta e olho para as duas mulheres à minha frente
me olhando surpresa. Dou um passo adentrando na sala e fecho a porta.

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— Bom dia, eu queria falar com você mãe — falo antes que ela ou Ally digam alguma
coisa.
— Você não está pensando em ir embora está? — Ally questiona com os olhos estreitos.
Agora tudo é “eu vou embora”? Tá aí o motivo pelo qual eu não queria contar para nossas
famílias por enquanto, demoramos tanto esperando o momento certo que ele se tornou o
contrário.
— Meu Deus, mas vocês só sabem me olhar com esse olhar e pensar nisso? Eu não vou
embora Ally, minha vida não gira em torno de Liam. Eu não tenho mais dezenove anos, fugir
não adiantou nada antes, por que agora adiantaria? — falo exasperada. — A propósito eu estou
me demitindo, não era dessa forma que eu queria falar com você mãe, mas é isso. E não, não é
por causa do Liam. É por mim.
Ally fica calada me olhando e minha me olha ressentida. Eu não deveria ter dado essa
notícia assim, mas Ally não me deu oportunidade.
— Amber, por quê? As coisas não estão do jeito que você queria? Filha eu entreguei isso
nas suas mãos, você pode mudar, fazer o que quiser se não estiver bom — minha mãe diz
tentando me convencer.
— O problema não é isso mãe.
— Então é qual?
— O problema é o que eu quero para mim, e isso tudo aqui é seu — falo apontando em
minha volta. — Você lutou, você conquistou e é merecedora disso tudo. Eu quero ter o mesmo
gosto da conquista e eu nunca vou ter isso aqui, eu nunca vou crescer se eu não sair de baixo das
suas asas. Eu te amo e sou muito grata por tudo que você fez mãe.
— Se isso é o que você quer e vai te fazer feliz. — Minha mãe dá um meio sorriso triste e
faz menção em se aproximar, dou um passo para trás e ela entende meu recado, eu preciso de
espaço. — Amber filha, eu amo você — murmura cabisbaixa.
— Eu sei mãe, eu sei. — Dou um meio sorriso para ela e gesticulo com a mão na direção da
porta. — Eu tenho que ir agora.
Dou as costas e caminho em direção a porta, abrindo-a, e antes sair porta afora olho para
Ally que continua estática me olhando com os olhos marejados.
— E Ally?
— Sim, Am? — choraminga, fungando o nariz.
— Obrigada por nunca ter sido a irmã que eu precisei que você fosse.
Saio da sala da minha mãe com a alma mais leve, revigorada. Sorrio para mim mesma me
incentivando e pego meu celular.

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Amber
Onde você está?

Mando mensagem para Aiden, enquanto caminho em direção ao elevador.

Aiden
Você não sabe mais o que é
celular? Pensei que a próxima coisa que
eu saberia sobre você, seria convite para
o seu enterro.

Balanço a cabeça negativamente e não contenho um meio sorriso com a sua mensagem.

Amber
Sempre engraçado você,
hahaha
Preciso de você, não exatamente
de você, dos seus serviços. Onde
posso te encontrar?

Aiden
Sinto muito em te informar, mas
hoje eu estou de folga, vai ter que se
contentar apenas com o Aiden casual
hoje.

Amber
Idiota.
Eu estou falando sério, onde você
está? Pouco me importo se você
está de folga ou não, vai me ajudar
por bem ou por mal.

Entro no elevador que havia acabado de chegar e espero pela sua resposta que não vem.
Quando chego no térreo recebo a sua resposta.

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Aiden
Estou no Brandon, vou te ajudar
só porque me sinto culpado pelo
ocorrido de sábado. Onde te encontro?

Amber
Te vejo em — olho para a hora
no celular — meia hora. Espero
que esteja vestido decentemente!

Saio do meu carro e entro no prédio onde Brandon mora, o porteiro me reconhece pelas
vezes em que estive aqui e me deixa entrar sem precisar ser autorizada.
Entro no elevador e subo direto para o quinto andar, que é o andar do apartamento dos
meninos. Saio do elevador e caminho até a porta do apartamento, aperto a campainha e logo sou
atendida por Maria que abre um enorme sorriso ao me ver.
Merda.
— Oi menina Amber. —Maria me puxa para um abraço e eu a abraço sem esboçar
nenhuma reação.
Fui pega de surpresa, fazer o que?! Eu nem tinha me lembrado que hoje era quinta-feira, dia
da Maria aqui.
— Oi Maria — cumprimento-a ainda da porta.
— Entre menina, os meninos estão conversando enquanto tomam café.
Meninos? Brandon também está em casa? Mil vezes merda, pior que isso será que pode
ficar? Agora já estou aqui não tem mais volta.
Maria me dá passagem para entrar e eu dou dois passos entrando no apartamento.
— Fique à vontade, eles estão na sala de jantar. — Assinto para ela sorrindo sem graça e
começo a batalha entre ir e não ir.
Por fim decido ir até a sala de jantar, o que eu não contava era com três pares de olhares em
mim assim que me veem.
— Rabbit, resolveu sair da toca? — Henry brinca.
— Amber, que agradável visita. Junte-se a nós para tomar café. — Brandon vem me
receber com um beijo no rosto.
Agora olhando para ele e para Aiden no mesmo ambiente, noto o quanto são mais parecidos
ainda.

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— Muito obrigada, mas eu estou de saída já. E você também. — Aponto para Aiden.
Brandon olha sem entender e volta a se sentar na cadeira. Henry apenas fica alheio ao olhar
confuso de Brandon.
— Depois te explico — Henry diz para ele.
— Quando você disse que precisava da minha ajuda eu não achei que você estava falando
sério. — Aiden olha no relógio em seu pulso e volta a me olhar. — Você disse meia hora, voou
até aqui?
— Mas que situação estranha essa aqui, como assim vocês se conhecem? — Brandon
indaga me fazendo rir da sua cara confusa.
Me sentei a mesa junto a eles e explico a Brandon como conheci Aiden, poupando Henry de
fazer isso.
— O que você está fazendo aqui ainda? Já era para ter ido se arrumar, vamos sair —
resmungo para Aiden impaciente.
— Se você não está vendo, eu estou tomando café, o que significa que eu estou com fome
— Aiden responde.
— Que eu me lembre você me deve um frapucchino além de um tênis novo, pode começar
a pagar o frapucchino. E aliás, eu não vou pagar pelos seus serviços, será de graça pelo meu tênis
manchado.
— Mas um tênis não paga nem a metade do meu serviço — Aiden resmunga.
— Mas você tem parcela de culpa no meu término, então sim. Isso paga o seu serviço —
falo com um sorriso cínico.
Henry e Brandon param de comer e me olham boquiabertos.
— O que? Não disse nenhuma mentira. — Dou de ombros.
Aiden se levanta se rendendo, pede licença como bom educado que é e sai.
— Isso é verdade? — Brandon pergunta.
— Sim e não — respondo rápido.
— Eu não entendi — ele diz confuso.
— Nós terminamos por culpa dele mesmo — falo me referindo a Liam. — Aiden só foi o
motivo dos ciúmes, mas deixe ele achar o contrário, eu não vou pagar pelos serviços dele.
— Não sabia que você era mão de vaca Rabbit — Henry diz rindo.
— Eu estou desempregada, é diferente.
— Como assim desempregada? Você não pode se demitir, não é a chefe? — Brandon
pergunta.
— Não só posso, como eu fiz. A propósito, Henry você pode buscar a Liz hoje? Eu não sei
quanto tempo vou demorar.

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— Claro, sem problemas. Só de você ter saído de casa eu fico feliz — Henry responde
sorrindo.
Diferente do olhar da minha família, o olhar de Henry não é de pena, ele é sincero e quando
ele diz que está feliz eu sei que é verdade, vejo isso em seus olhos.
— Obrigada pela paciência que você teve comigo e me desculpa mais uma vez. — Ele sabe
que estou me referindo ao dia em que me exaltei demais e falei sobre Maya.
— Isso já passou, você se desculpou e está tudo bem agora — ele diz se levantando e
pegando seu sobretudo na cadeira, vem até a mim e beija a minha testa. — Você tem a mim
também a partir de agora, Rabbit. Tenho que ir, se precisar de qualquer coisa me ligue. — Sorrio
assentindo.
— Você está bem com tudo isso? — Brandon pergunta.
— Não estou, mas vou ficar Brandon. Eu vou ficar.
— O quanto ele bebeu aquela noite? Não estou culpando a bebida isso não tem justificativa,
mas sei que ela influência e misturado com o que ele devia estar sentindo, bom você sabe...
— Eu não sei Brandon, eu não vi o quanto ele bebeu, nem estava por perto. Mas entendo o
que você quer dizer, só que foi melhor assim, isso abriu meus olhos para um novo horizonte e me
fez perceber muitas coisas.
— Eu espero que por onde quer que você esteja trilhando seu caminho a partir de agora,
você seja feliz.
— Eu vou ser — afirmo sem certeza.
— Está de pé o meu casamento né? — ele pergunta, levantando uma de suas sobrancelhas.
Eu não sei o que responder, Liam e eu seríamos padrinhos, mas depois de tudo isso, eu não
sei.
— Eu não sei Brandon, desculpe — respondo sincera e ele balança a cabeça concordando.
Me senti mal por isso agora, é um dia importante para ele e para Paige.
— Estou pronto — Aiden aparece na sala vestido com calça jeans escura, touca e uma
regata preta uma jaqueta jeans por cima — muito informal?
— Não, está ótimo, está um gelo lá fora mesmo — falo aprovando sua roupa.
— Mesmo se não estivesse eu iria com essa você querendo ou não. Estou de folga, só para
te lembrar mais uma vez — resmunga devolvendo quase as mesmas palavras que eu havia usado
com ele na mensagem.
Me despeço de Brandon e poucos minutos depois estava sentada em uma mesa do
Starbucks na companhia de Aiden.
— Você está mesmo bem? — Era a segunda vez que ele me perguntava isso em menos de
cinco minutos.

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— Sim Aiden, eu estou bem. Não te chamei aqui para você ficar questionando sobre eu
estar ou não bem.
— Na verdade você não me chamou. Você foi até meu recinto e me arrastou.
— Eu te dei meia hora, foi o tempo que levei para chegar até lá e te arrastar. Não diga que
eu não avisei.
Dou de ombros e me recosto na cadeira tomando um gole do meu café.
— Certo, boneca. Já que eu tenho culpa pelo término do seu, hum? Noivado? — Assinto
para ele com cinismo. — Vamos direto ao que você quer.
— Bom. Eu estou desempregada como eu disse. — Aiden solta um riso baixo e eu o
encaro. — Qual o problema?
— Você pode se demitir de algo que você tem por direito?
— Sim e foi o que eu fiz, não sei qual o problema nisso. Continuando. Você lembra a
primeira vez em que almoçamos juntos? Você estava me contando sobre seu emprego e suas
conquistas, desde então aquilo ficou na minha cabeça e eu me senti incompleta profissionalmente
falando. Eu não estava feliz e me sentindo realizada. — Os olhos de Aiden me estudam em
silêncio. — Eu quero correr atrás do que eu posso conquistar, eu quero lutar por isso. Eu quero
que você faça um contrato de venda, eu vou vender as minhas ações da empresa do meu pai.
Aiden me olha surpreso e engole em seco.
— Você tem certeza?
— Acha que o dinheiro de 15% de ações seriam o suficiente para poder abrir um ateliê e
consequentemente uma loja?
— Eu acho que sim, não entendo da sua profissão. Mas o dinheiro seria o suficiente para
você comprar ou alugar um local amplo que dê para transformar em um ateliê e em loja, algo
acoplado. Assim você não teria muitos gastos e ao mesmo tempo que produz, fica de olho na
loja. Só estou com uma pulga atrás da orelha, por que isso só agora?
— Porque eu criei coragem. Eu achei que cinco anos longe me tornaria mais forte e
amadurecida, mas eu estava enganada, fugir não é a solução dos problemas, fugir só me tornou
covarde e medrosa, quando eu voltei eu já tinha tudo pronto e de mãos beijadas entregue pela
minha mãe, eu não sei porque eu aceitei, talvez fosse pelo acômodo de sempre ter as coisas já
resolvidas. E isso me fez perceber que isso não me ensinou a amadurecer e nem a crescer, isso só
acrescentou e só manteve a Amber inofensiva e acolhida pelos pais, me fez ver que eu nunca
andei com as minhas próprias pernas. Meus pais sempre me guiaram por onde andar.
A verdade é que algumas coisas que Liam havia me dito me fez refletir bastante sobre as
minhas escolhas e meu ideal. Uma parte de mim já queria isso e ele sabia, ele sempre me apoiou
quanto a isso, mas depois que ele deixou claro tudo o que pensava, fez algo dentro de mim

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florescer.
— Então eu estava certo quando disse que de fugir você entende bem — Aiden afirma.
— Aham, e o que me diz?
— Eu não sei se seu pai vai gostar de saber disso, boneca.
— Você está trabalhando para mim ou para ele? — questiono com uma sobrancelha erguida
e ele engole em seco. — Como pensei. Consegue redigir esse contrato hoje ainda?
— Precisa com tanta urgência assim? — questiona.
— Sim. — Ele olha o relógio em seu pulso e me olha novamente. — Então? — indago
impaciente.
— Te entrego em nosso próximo encontro que será no almoço. Exatamente daqui há três
horas.
— Perfeito! — exclamo animada.
— Fico feliz por você estar bem de verdade.
— Como dizia Cristina Yang: Essa história de finais felizes e para sempre não existe.
Vivemos em um mundo real, eu tenho que levantar a cabeça e seguir em frente. Eu vou ficar
bem, você vai ver — falo me levantando e Aiden me acompanha com o seu olhar.
— Cristina o que? — pergunta.
— Esquece, eu tenho que ir, há algumas coisas que eu quero fazer, só tenho três horas até o
almoço, então vou correr.
— Vou mandar o endereço do restaurante por mensagem, disse que ia te surpreender né?
Estou te devendo o almoço de segunda, irei pagá-lo hoje.
— Certo. E Aiden, você não teve culpa pelo fim do meu namoro ou noivado, que seja. Você
não tem culpa do Liam ter se tornado o que é hoje — falo sorrindo torto. — Te vejo mais tarde.
— Nos vemos mais tarde — confirma e se despede com um aceno.
Olho para o alto e encaro o céu azul e nublado de Manhattan.
Hoje a minha nova vida começa.

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“Tudo que você tem que fazer é ficar.


Então fique.”

Stay – Zeed feat. Alessia Cara

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​Tyler

Não estava sendo fácil, eu tentava segurar a barra tanto por mim, quanto por ela. Por mais errada
que Amber estivesse eu não poderia deixar de estar ao lado dela, eu nunca a deixaria.
— Eu só espero que ela reconheça isso antes que seja tarde demais — falo para Liam, que
está sentado ao meu lado em uma sala privada do hospital.
— Já é tarde demais Tyler, eu não espero mais nada dela — retruca sentido pela nossa
conversa.
O silêncio foi a minha resposta.
Liam não está diferente de Amber, está pior e tão na merda quanto e eu o entendo. Ele abriu
mão de quem amava, assim como eu fiz.
E faria novamente, até que ela estivesse pronta para mim.
Entretanto, ele está seguindo a sua rotina normal, sua aparência está meia abatida e o sorriso
que mantém em seu rosto ora ou outra quando alguém o cumprimenta é tão falso quanto uma
nota de três reais, em termos brasileiros, é claro.
Resumindo, ele está um caco, mas está fazendo a coisa certa. Ele está vivendo.
Depois que tudo se acalmou, eu decidi procurar por Liam e pedir desculpas pelo soco que
eu havia lhe dado. Após analisar os fatos e ouvir ambos os lados do que aconteceu, eu soube
distinguir quem está certo ou errado e eu não iria proteger Amber dos seus atos dessa vez. Os
dois erraram e ela erra mais ainda, por insistir na “razão” que só ela pode ter, em não enxergar o
que Liz e eu dissemos a ela desde o começo, ela tinha que deixar o passado para trás, não podia
deixá-lo interferir na sua vida e ela fez, ela deixou que o passado tomasse conta de cada medo
dela.
Julgo ser errado o que ela fez por motivos óbvios, a garota pivô disso tudo está morta e
Liam é completamente apaixonado por ela. Homem algum aguentaria se doar o tempo todo e a
recíproca e não ser a mesma.
— Eu vou indo nessa, tenho que resolver umas coisas na empresa — falo quebrando o
silêncio, que havia se instalado.
— Você já se decidiu? Ela precisa de você Tyler — Liam pergunta, e eu sei que ele está se
referindo a minha transferência para Miami.
— Ela podia ter ficado, ir foi uma opção que eu dei a ela, mas entre ir e ficar ao meu lado,
ela preferiu me deixar. O amor é paciente, eu não Liam. E é por isso que eu te entendo.
— Huh... Estamos tão ferrados não?! Mas você não respondeu se vai mesmo ir embora.
— Se eu decidi ficar, não vai ser por mim. Mas por Amber e Liz, elas são tudo que eu
tenho, eram tudo antes de Violet aparece e continuam sendo tudo, elas sempre virão antes de
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qualquer pessoa na minha vida.


O olhar de Liam se estende, suas sobrancelhas se arqueiam e eu me pergunto se ele está
com ciúmes e questionando em silêncio o que eu sinto por Amber ou Liz.
— Eu poderia jurar que aquele dia no jardim quando você apareceu, seu olhar para Amber
não é o mesmo que você tem hoje.
— Ora Liam, Amber faz o tipo de qualquer um e com todo respeito, não há quem se
sentisse atraído por ela, mas por incrível que pareça eu sei quando a mulher exala perigo e
confusão, ela tinha estampado isso na cara desde que a conheci, ela deixou de fazer meu tipo a
partir daí.
Não vou negar que quando conheci Amber fiquei encantado, de longe ela era a ruiva mais
bonita que eu já vi, quando me aproximei dela eu não esperava que nós nos tornaríamos o que
somos hoje, não era a minha intenção de início, mas hoje tudo o que somos e construímos com o
passar dos anos é tudo o que eu mais prezo. Amo Amber e Liz assim como amo meus irmãos, ou
até mais pela nossa convivência constante.
— Se ao menos todos tivessem o mesmo faro para perigo como você, talvez estaríamos
bem — retruca se referindo a Aiden.
— Ele gostar dela não significa que ela sente o mesmo por ele, não acho que ela se sinta
atraída de verdade, acho que ela está confusa, ela deixou as coisas que aconteceram no passado a
cegar a um ponto em que nada que eu fale, vai mudar o que ela pensa e acha — falo, deixando
claro meu ponto de vista.
— Ela dar total liberdade para ele sabendo que ele gosta dela, já significa muita coisa —
contrapõe e eu bufo, sei que ele tem razão, mas se ele continuar pensando assim isso vai afastá-lo
mais ainda.
Liam mexe as sobrancelhas e pigarreia como se quisesse apontar algo atrás de mim.
E então eu ouço a voz que me aterroriza em sonhos.
— E-u... Eu não sabia que havia gente aqui, eu já estou de saída.
Meu corpo não move um músculo para fazer o esforço de virar para vê-la, não que eu não
quisesse olhar em seus olhos, mas porque tudo em mim está petrificado só de ouvir a voz dela.
— Sente-se Violet, eu sei que está no seu horário de descanso antes de pegar o próximo
turno, não é como se fossemos desconhecidos para você — Liam provoca e me lança um sorriso
ladino.
— Se não for atrapalhar vocês... — ela diz baixo.
— Não vai atrapalhar, nós já terminamos por aqui. — Finalmente consigo falar alguma
coisa, mas ainda não consigo encará-la.
— Terminamos? Eu lembro de ter lhe dito que vou mandar uns documentos da clínica para

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você entregar ao meu pai para mim, inclusive vou procurar Sienna, os documentos devem estar
com ela — Liam diz se levantando, eu sei o que ele está tentando fazer. Antes de sair pela porta
ele pergunta a Violet: — Onde Sienna está? — indaga.
Péssima hora para dar uma de cúpido Liam, péssima hora. Eu deveria lhe dar outro soco,
dessa vez seria muito mais que merecido.
— Pediatria 1 — Violet responde, Liam agradece e sai nos deixando a sós.
Me levanto no mesmo momento em que Violet ia andar até a poltrona que Liam estava
sentado e acabo esbarrando nela.
— Ty... — começa e eu a encaro engolindo em seco.
— Eu já vou indo. — Me afasto sem tirar os olhos dela.
— Eu sinto sua falta — Violet murmura e se aproxima quebrando o espaço que eu havia
colocado entre nós. — Você tem algum tempo livre? Sabe, para conversarmos — propõe.
— Eu realmente preciso ir, Enzo quer falar comigo e...
— Eu amo você Tyler — ela diz baixinho, quase se tornando inaudível. — Eu gosto de
quem eu sou quando estou com você, eu gosto das sensações esquisitas que você me causa, eu
precisei ficar sem você para entender que é você que eu amo e não ele, eu nunca o amei e agora
eu sei disso. Tudo bem você ir embora, eu sei que você está indo para Miami, Liam me contou.
Mas eu quero que você vá com a certeza de que quando você me deu a escolha de ficar ou ir, eu
fui, mas não por ter dúvidas de amar outra pessoa, eu fui por medo do que eu estava sentindo,
mas eu voltei com a certeza de que eu amo você.
— V-você me ama? — gaguejo e ela assente com a emoção contida nos olhos.
— Por favor Tyler, se tiver uma chance de você ficar e de consertarmos isso, fique, fique
por nós.
— Violet eu...
— Eu estou vendo meu amigo sofrendo — ela diz me interrompendo —, como eu nunca vi
alguém sofrer na minha vida, de outro lado vejo a sua melhor amiga da mesma forma. Eles
esperaram cinco anos para se reencontrarem e para mais uma vez se separarem, eu não quero
esperar cinco ou mais anos para estar com você e depois brigarmos. Que quero esses anos e
muito mais deles junto com você, quero brigar e fazer as pazes todos os dias eu não quero o
mesmo para nós, Ty eu só preciso que você diga que me quer também.
Tento assimilar o que acabara de ouvir e encaro Violet, que aperta as mãos uma na outra de
nervoso.
Eu esperei tanto tempo para ouvi-la dizer essas palavras que agora parece que não são reais,
parece que eu tive um blefe e que daqui a uns segundos eu vou acordar e ela não estará mais
aqui.

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— Tudo bem, eu já entendi a sua resposta — murmura e me dando um meio sorriso ela se
afasta devagar.
Antes que ela se vire totalmente em direção a porta, eu seguro em sua mão e a puxo para
perto de mim e juntando seu corpo ao meu.
— Eu te amo Violet, eu não deixaria você escapar de mim nem por um decreto. Nós vamos
passar muito mais que cinco anos brigando e fazendo as pazes, mas a briga que eu mais anseio e
não vejo a hora de acontecer, é a que brigaremos pela escolha do nome dos nossos filhos.
— Então isso é um sim? — pergunta ​com os olhos brilhando. Faço carinho em seu queixo
com o meu polegar e sorrio confirmando.
— Isso é mais do que um sim, Violet — murmuro e fecho meus os olhos, me inclinando
para pressionar seus lábios macios e quentes nos meus. — Dessa vez você vai ter que me aturar!
— afirmo com a certeza de que ela nunca mais escapará de minhas mãos e nem eu das mãos
dela.

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“Me dói cada vez que eu vejo você e percebo o


quanto eu preciso de você.”
I Hate U, I Love U – Gnash feat. Olivia O’brien

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Amber

Depois do encontro com Aiden no Starbucks, eu fui dar uma volta pela cidade, entrei em uma
loja e comprei uma máquina de costura portátil, sim daquelas que você pode levar para qualquer
lugar e não tem dor de cabeça para arrumar onde colocar por ela caber em cima de qualquer
coisa.
Passei em uma loja onde tinha tamanha variedade de tecidos, comprei vários, desde aos
tecidos mais finos aos mais comuns, fiz uma compra de tudo que eu precisava para me arriscar
no que eu tinha em mente.
Depois dessa minha volta pela cidade eu almocei com Aiden como combinado, ele havia
me mandado mensagem pedindo dados do comprador das ações e ele próprio se encarregou de
estipular o valor que valeria as minhas ações, decidi que venderia apenas 10%, os outros 5%
cairiam em mãos de outra pessoa merecedora disso.
Andei apressadamente até a entrada do enorme prédio da empresa do meu pai. Passei pela
recepcionista que me saudou com uma boa tarde e um sorriso singelo e corri em direção ao
elevador que por sorte estava no térreo. Depois de chegar no sétimo andar, meu andar de destino,
saí do elevador me deparei com a recepcionista, que era nova por sinal, pois seu olhar em minha
direção foi de desdém, provavelmente devido a roupa que eu estava vestido, eu ainda estava
vestindo moletom, calça jeans e um tênis. Meus cabelos estavam desgrenhados e minha cara de
morta não ajudava, já que não me dei o trabalho de me maquiar hoje. Eu parecia uma adolescente
em tempos de colegial.
Pensei em ir direto para a sala do Tyler ou direto para a do Harry, mas eles poderiam estar
em alguma reunião ou ocupados. Decidi por fim ir até a sala do meu pai, mas fui parada pela
recepcionista assim que dei um passo para seguir no corredor oposto.
— Bom dia? — a recepcionista fala um pouco mais alto chamando a minha atenção, me
viro para ela e a encaro. — Posso ajudar?
— Sim, quero ver Enzo Miller — a informo.
Ela aperta o headset no ouvido e pede para a pessoa que está na linha aguardar e volta a
atenção para mim.
— O senhor Enzo está ocupado no momento, você pode aguardar ou deixar um recado com
seu nome e telefone para que ele a retorne — informa com desdém.
— Certo, eu o vejo depois. E o Harry? — pergunto ignorando a sua postura antiética.
— Ele também está ocupado senhora. Eles só atendem pessoas com horários marcados e
lamento informar, mas a senhora não é um tipo de pessoa que costuma a vir aqui — ela diz em

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um cinismo que quase passa despercebido.


— Você só pode estar brincando comigo. — Sorrio irônica.
Nunca que meu pai ou o Harry descriminariam quem entra ou deixa de entrar nessa
empresa, meus pais nunca foram assim e Harry muito menos.
— Não senhora, são ordens que eu estou repassando, a não ser que você tenha um horário
marcado, caso tenha eu peço que a senhora aguarde. Senão, peço que deixe recado.
— Por Deus, eu não preciso disso. — Lhe dou as costas e caminho pelo hall daquele andar,
onde fica as salas da presidência do Harry e do meu pai. A minha cota de estresse foi atingida
com sucesso.
— Senhora você não pode entrar sem autorização — a recepcionista diz vindo atrás de mim
e eu continuo andando.
Senhora? Ela realmente só pode estar brincando.
Olho em volta e vejo que a mesa de Lana, secretaria do Henry e do meu pai está vazia, ela
deve estar no horário de almoço, então concluo que tanto Harry quanto meu pai não estão em
reuniões e fora de sala. Caso estivessem, Lana estaria em sua mesa.
Ignoro os protestos da inconveniente e bato na porta de Harry, abro-a logo após ouvi-lo
solicitar a entrada. A recepcionista assume a minha frente.
— Senhor, me desculpe. Eu tentei impedi-la de entrar, mas ela não me ouviu. Eu já acionei
os seguranças — ela diz de uma só vez tentando recuperar o fôlego.
— Nossa Harry, o que aconteceu com a Jasmim? Vocês já tiveram pessoas melhores. —
Empurro-a para o lado, passando a sua frente e finalmente Harry me vê e se levanta. Pisco meu
olho para Harry antes de olhar para a morena que me encarava com raiva. — E você está
demitida — falo séria segurando a minha vontade de rir ao ver seu rosto perder a cor.
— Você não pode fazer isso — ela resmunga, ainda mantendo a pose autoritária e olha para
Harry pedindo socorro.
Harry a encara de braços cruzados e balança a cabeça positivamente para mim. Posso notar
que ele está reprimindo a vontade de rir, mas ele se mantém impassível e me dá um olhar
cúmplice para que eu continue no controle.
— Não só posso, como eu fiz. — Essa frase estava virando a minha frase do dia, perdi a
conta de vezes que a disse hoje. — Você está demitida, precisa que eu desenhe para você
entender? — indago sugestiva, com uma de minhas sobrancelhas arqueada.
— Mas... Como assim? Senhor? — ela balbucia e em desespero procura pelo olhar de
Harry.
— Megan, Amber é filha do Enzo, ela não só pode mandar você embora, como fez. Ela não
precisa ser anunciada para entrar aqui e muito menos de seguranças, dispense os seguranças e

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por ora, termine seus afazeres e depois venha até a minha sala para fazermos seu acerto, irei
entrar em contato com o RH. Você está dispensada — Harry diz e ela assente de cabeça baixa.
Em seguida se vira me dando as costas e marcha em passos duros porta a fora e a fecha.
— Ah Amber... — Harry vem em minha direção e me abraça forte.
Sabe quando eu disse que Ally nunca foi a minha irmã quando eu precisei? Eu tive o Harry
para me dar o abraço que eu esperei por todas às vezes que viesse dela.
Quando ele soube do nosso término, ele estava à minha espera no aeroporto, eu esperava
Ally, Benjamin ou até mesmo meus pais, mas nunca Harry. Ele me esperou de braços abertos e
me segurou neles até que eu parasse de chorar. Emma estava no carro nos esperando, mas em
momento algum ela disse algo, apenas me deu um sorriso lindo e acolhedor. Eu não sei se eles
sabiam o que havia acontecido e nem quem pediu que eles fossem me encontrar no aeroporto,
mas quem quer que tenha sido, tem a minha eterna gratidão. Meus pais não seriam capazes de
lidar com aquela Amber transtornada, eu os faria sofrer junto comigo e jamais me perdoaria se
um dia eles cogitassem odiar Liam por isso, apesar de tudo, Liam é incrível ou mais que isso.
— Eu sinto muito por meu filho ser um idiota. Eu queria poder ter evitado, eu só... queria
que você voltasse a sorrir de novo Sunshine.
— Eu estou bem — falo me afastando dele e tento sorrir, mas é em vão. — E se puder, eu
não quero falar disso.
— Claro, sente-se. — Harry apontou para o sofá no meio de sua sala. — Primeiro me conte
o que foi aquilo com a Megan — ele diz, sem esconder o sorriso do rosto.
Sento-me no sofá e explico ao Harry o que aconteceu nesse pequeno tempo, ele fica tão
incrédulo com a atitude de sua nova funcionária.
— Eu vou demiti-la, nós não treinamos nossos funcionários para tratar as pessoas assim,
isso é um absurdo — ela resmunga decepcionado. — Eu peço desculpas por ela Amber, irei
tomar as devidas providencias.
— Não Harry, eu falei brincando, não demita a coitada por minha causa, mas isso foi bom
para ela aprender como tratar as pessoas.
— Eu vou dar uma advertência a ela e conversar seriamente sobre isso, não tolero esse tipo
de tratamento aqui dentro, mesmo se não fosse você, ela não tinha esse direito, aqui somos todos
iguais, independente do status de vida financeira.
— Eu sei Harry, faça como achar melhor, só não me deixe com a consciência pesada por
ser a culpada da demissão de alguém.
— Tudo bem. E o que devo a honra da sua adorável visita? Deveria ter vindo para almoçar
conosco, almoçamos em família, seu pai iria adorar, ele está preocupado com você. Todos nós
estamos.

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— Como você pode ver, eu estou bem. Não estou do outro lado do país — brinco, mas ele
não ri. — Ok, isso não tem graça.
— Não mesmo — ele confirma sério.
— Eu vim aqui, porque eu quero vender as minhas ações. — Retiro as folhas do contrato da
minha bolsa e o entrego. — E eu quero vender para você.
— Como assim vender? Você está precisando de dinheiro? Sabe que pode me pedir ou
pedir ao seu pai, Amber. Eu não estou te entendendo — indaga confuso e olha os papéis.
— Eu não quero o dinheiro de vocês e nem vínculo com a empresa, isso aqui é de vocês,
por mais que eu seja uma das herdeiras, eu não quero — falo negando com a cabeça.
— Você sabe que isso não muda o fato de que amanhã ou depois se seu pai morrer você vai
ter parte das ações dele da mesma forma né? — indaga.
— Sim, mas hoje, no presente meu pai está mais vivo do que eu e, eu preciso do dinheiro.
Quero vender para você porque não existe pessoa melhor que você para comprá-la. Você é da
família e de confiança. Vender para o meu pai é a mesma coisa que pedir dinheiro a ele, você
sabe que ele vai assinar, vai repassar o dinheiro e eu vou continuar com as ações. Eu quero me
tornar independente Harry, eu vou montar minha própria loja.
— Tem certeza que esse dinheiro é para isso? — questiona desconfiado.
— Eu juro Harry. Eu não quero esse dinheiro para ir embora como você pensa. — Reviro
os olhos.
— Não revire os olhos para mim mocinha. Olha Amber, eu sei que a atitude dele foi errada,
ele não deveria ter feito aquilo naquela ocasião, vocês deveriam ter deixado seja lá qual fosse o
assunto para depois, eu sei que mais uma vez ele te decepcionou e estragou todas as chances que
vocês. Mais uma vez ele quebrou suas expectativas e eu lamento muito por ele ter se comportado
dessa forma e justo com você — Harry murmura e eu assinto, deixando-o continuar —, mas você
ainda o ama e isso não é errado, não estou dizendo para dar outra chance a ele, jamais te pediria
alguma coisa dessas, mesmo que ele seja o meu filho. Isso é ultrapassar os seus limites, mas
estou pedindo para você agir com o seu coração e se você não quer mais e pretende esquecê-lo,
eu só te peço que por favor, não vá embora. Por nós que somos a sua família e peço também pelo
meu filho, eu não aguentaria vê-lo se destruindo novamente. — Sua voz embargada faz meu
coração se apertar, seguro em sua mão e sorrio tentando confortá-lo.
— Harry, você tem a minha palavra. Eu não irei a lugar algum. Eu prometo.
— É o que eu espero, o seu lugar é aqui comigo e com a sua família. Agora me deixe ver
esse contrato — ele pede mudando de assunto. Ele volta a olhar os papéis e me olha novamente.
— Mas aqui só tem 10%, os 5% restante você vai manter? — questiona após analisar os papéis.
— Não, eles estão destinados a outra pessoa.

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Harry apenas assente, retira a caneta do porta-canetas que havia na mesa de centro, e assina
as duas vias do contrato.
— Certo, eu vou pedir para a Lana transferir o valor para a sua conta, você quer aguardar?
— Eu estou o dia inteiro fora, só quero um banho e descansar, eu sei que o dinheiro estará
na minha conta, porque eu confio em você. Então eu não tenho com o que me preocupar — falo
sorrindo.
— Se você quer assim, mas de qualquer forma te ligarei para dizer que a transferência foi
concluída.
Me levanto do sofá e Harry se levanta em seguida e me abraça mais uma vez.
— Obrigada, Harry. — Fecho meus olhos e o aperto com toda força que tenho e ele ri.
— Pelo abraço? — indaga.
— Não só por isso, mas por tudo. Obrigada — falo sincera e abro meus olhos para olhá-lo.
— Você não tem que agradecer, eu tenho uma dívida com você que eu não sei se vou ser
capaz de pagar, eu não sei se um dia você vai voltar a sorrir como antes — ele murmura baixo.
— Você não tem culpa e nem que responder pelos atos dele. Bom — falo me afastando,
dando-lhe um beijo estalado na bochecha —, eu preciso ir.
— Apareça sempre que quiser Amber e desculpe mais uma vez pela Megan.
— Tudo bem, eu prometo visitar você novamente em breve. Só espero não ser barrada
novamente — brinco e ele me devolve com uma careta.
— Ela será demitida de verdade se fizer isso — Harry sentencia e me acompanha até a
porta, abrindo-a para mim.
— Então você vem ver o charlatão do Harry, mas não vem ver o seu querido pai — meu pai
diz em tom dramático parado na porta, fazendo Harry sorrir provocante para o meu pai. — Eu
tive que vir conferir com meus próprios olhos se era verdade.
— Estava nos meus planos vê-lo também, ia passar lá agora para te dar um olá. Você não é
dramático assim pai. — Meu pai me puxa para os seus braços, me abraça de lado e dá uns passos
para longe de Harry comigo.
— Isso não vai impedi-la de vir me ver novamente Enzo, aceite, sua filha me ama — Harry
diz rindo.
— Você deveria aproveitar que essa coisa aí ainda levanta e fazer uma filha para você e
parar de roubar as minhas — meu pai resmunga sobre o ombro olhando para Harry.
Reviro meus olhos com tamanha infantilidade deles e me deixo ser arrastada pelo meu pai.
Entramos na sala do meu pai e ele me solta, me encara de braços cruzados.
— Como assim você pediu demissão? Sabe o que eu aturei sua mãe e Ally choramingando
durante duas horas seguidas? Você não tem pena do seu amado pai? Que tipo de filha faz uma

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crueldade dessas com os ouvidos do próprio pai? — resmunga indignado.


Gargalho alto e me deito no sofá da sala do meu pai, que é tão confortável quanto o da sala
de Harry.
— Eu estava infeliz pai, mas agora tudo vai se ajeitar e eu só quero que você fique do meu
lado como sempre. Você pode fazer isso por mim? — pergunto sem olhá-lo.
— Você sabe que não precisa nem pedir isso — meu pai diz vindo se sentar na ponta do
sofá e coloca meus pés em seu colo —, mas não estava brincando quando disse que o que você
fez foi uma crueldade comigo, mais cruel ainda é vir ver o Harry e não me ver, depois do que eu
passei com as duas choronas da família eu merecia ser mimado, estou na idade e daqui a pouco
parto dessa para pior e minha filha nem me deu um beijo de despedida.
— Meu Deus Enzo, como o senhor anda muito dramático — falo sorrindo e me sento ao
seu lado, encho sua bochecha de beijos.
— Agora está melhor, está perdoada por hoje — ele diz sorrindo.
— Eu deveria agradecer pelo seu perdão? — indago.
— Oh sim, deveria e muito — retruca, apertando meus pés.
Engatamos uma conversa animada sobre o que eu vim fazer aqui hoje, contei para o meu
pai todos meus planos e quais serão meus próximos passos, pedi sigilo total. Por ora eu sorri e ri
como não fazia nesses últimos dias, meu pai tinha esse dom de deixar as coisas mais leves. Ele
não ficava fazendo perguntas que saberia que eu não ia responder, e eu amava isso nele, ele não
tocava na ferida aberta.
Entretanto eu não me segurei e desabei em seu colo depois de tantas risadas, meu pai
apenas pediu para que eu chorasse tudo que eu precisasse naquele momento e que depois ele
recolheria meus pedaços e me faria rir novamente e foi o que ele fez.
Me despedi poucas horas depois do meu pai e voltei para o meu apartamento.
Eu havia acabado de estacionar meu carro e não tinha forças para trazer todas as coisas que
comprei então, deixei no carro e decidi que depois pediria a Liz para me ajudar a pegar.
Passo pela portaria e pego algumas correspondências.
— O elevador acabou de descer e se a senhorita demorar vai perder essa viagem — Tom, o
porteiro diz e eu o agradeço apertando sua bochecha.
Tom odeia quando eu faço isso e eu é claro, faço para irritá-lo.
Mas nem morta que vou esperar o elevador subir quinze andares e depois voltar. Subir de
escadas depois dessa correria toda que foi meu dia, nem pensar.
— O elevador! — grito na esperança que uma alma caridosa o segure. Enquanto termino de
pegar as correspondências e saio andando em direção ao elevador.
Meus olhos estão nas cartas em minhas mãos, há uma em especial como se tivesse em um

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embrulho, rasgo-a e vejo as passagens para Paris, um nó se forma em minha garganta e eu


engulo em seco, misturando as passagens no meio de outras cartas.
Continuo andando e vendo as cartas, ao parar na porta do elevador eu só consigo ver o pé
que está segurando a porta, meus olhos sobem devagar e param diretamente nos olhos de Liam
que me fitam. Não há mais ninguém no elevador além dele.
Minhas pernas tremem e eu engulo em seco encarando seus olhos castanhos. Eram apenas
seis longos dias sem olhar em seus olhos.

​Eu estou bem. Aqui estava eu repetindo isso pela milésima vez desde que havia saído
daquele elevador.
Dou um gole generoso em meu vinho tinto e levo um punhado de pipoca na boca.
— De novo isso? Já chega Rabbit — Henry diz passando por trás do sofá e mexendo em
meu cabelo no mesmo instante em que para atrás de mim e toma o balde de pipoca de minhas
mãos.
— Como assim você se demite e me deixa para trás? E eu sou a última a saber? — Liz entra
em minha frente de braços cruzados.
— Conversaremos sobre isso em breve. Você pode sair da frente da televisão, por favor? —
peço e ela solta os braços.
— Eu sei que você está aprontando alguma coisa e eu vou descobrir.
— Henry seu lindo, você por obséquio poderia levar a sua namorada para tomar um banho e
relaxar? — peço dando o meu melhor sorriso.
Liz sai bufando da sala.
— O que foi isso? — Henry pergunta.
— Essa é a sua namorada com tpm. Boa sorte — respondo dando de ombros.
— Devo comprar chocolates ou você me aconselha a ir embora?
— Eu falaria para você ir embora enquanto dá tempo, mas chocolate é uma boa ideia,
porque eu também quero.
— Você é uma péssima conselheira Rabbit. Péssima — ele diz colocando o balde de pipoca
em cima da mesa de centro. — Não vou demorar — avisa e caminha em direção a porta.
— Eu nunca disse que era boa. E não esquece de trazer meu chocolate — falo alto para que
ele possa ouvir.
Minutos depois que Henry saiu a campainha tocou, me levantei do sofá e contra vontade
abri a porta, Tyler estava parado na minha frente, dei passagem para ele entrar e seu olhar não
passou despercebido pela minha pipoca e vinho em cima da mesa de centro da sala.

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— Continua se alimentando disso? — questiona com a sobrancelha erguida.


Lá vem outro.
— Estou com preguiça de fazer comida, mas se te faz se sentir melhor, hoje eu almocei
comida de verdade. E o que você tem aí? — pergunto olhando para as sacolas em sua mão.
Tyler anda até a cozinha e eu o sigo, ele coloca as sacolas em cima do balcão e tira duas
latas de dentro de uma das sacolas.
— Uma está de tpm e a outra está com o coração partido. Dizem que coração partido se
cola com chocolate. Ou melhor...
— Brigadeiro! — exclamo alto o interrompendo animada.
— Exatamente — afirma.
— Mas quem foi que disse essa frase? Nunca ouvi falar — pergunto, erguendo uma de
minhas sobrancelhas.
— Eu. Acabei de inventar — Tyler responde sorrindo.
— Enquanto você faz o brigadeiro eu vou terminar de assistir essa série aqui.
Antes que eu me vire totalmente para voltar à sala Tyler me puxa pela cintura.
— Nada disso mocinha. Brigadeiro vai ser a sobremesa e você vai fazer o jantar, eu não vou
me alimentar só de brigadeiro.
— Tenho outra escolha? — indago.
— Não. Agora lave as mãos e faça algo bom. Depois nós dois iremos conversar —
coordena.
— Sim senhor! — resmungo.
Preparei frango frito com purê de batata, Tyler já havia terminado de fazer o brigadeiro a
tempo, mas antes mesmo que eu pudesse pedir ajuda, ele saiu dando a desculpa que ia em casa
tomar um banho.
— Esse cheiro está divino Rabbit — Henry diz entrando na cozinha com uma sacola
pequena em mãos. — Trouxe o chocolate.
— Quando foi que você entrou que eu não vi? — pergunto intrigada.
— Você estava tão entretida aí na cozinha e cantarolando que duvido que tivesse visto
mesmo. Você canta bem — ele diz, puxa uma banqueta e se senta.
— Já me disseram isso.
— Você se encaixa em muitas outras profissões, porque moda?
— Desde pequena eu tinha uma fissura por desenhar roupas, eu desenhava para as minhas
bonecas, minha mãe as tornavam reais, eu não podia nem chegar perto de uma agulha que ela
surtava. — Sorrio ao me lembrar, pego os pratos no armário e me viro para Henry. — Eu odiava
não poder ter o prazer de cortar ou costurar algo, mas entendia a preocupação dela, quando fiz

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quinze anos meu dom para o desenho começou a se aperfeiçoar, ao invés de desenhar roupas
para as bonecas eu passei a desenhar em formas maiores, nessa idade eu tinha certeza que era
isso que eu queria para mim, eu não me via fazendo outra coisa a não ser desenhar. Era só me
trancar no quarto, colocar uma boa música para tocar e tudo fluía. Música e desenhar se tornaram
as minhas duas paixões. E você, quando soube que iria querer ser um engenheiro?
— Eu não soube, apenas arrisquei.
— E você gosta do que faz?
— No começo eu achava meio chato, mas todo esforço valeu a pena. Eu amo o meu
trabalho e a profissão que eu escolhi.
— Eu quero poder dizer isso em breve.
— Eu não entendi.
— Você vai entender em breve — falo sorrindo. — Vai me ajudar a colocar a mesa ou ficar
parado aí com essa cara de paisagem?
— Hora ruim para ter aparecido na cozinha? — retruca se levantando.
— Foi uma péssima hora — afirmo.
Arrumamos a mesa para jantar enquanto conversávamos sobre o primeiro trabalho dele,
Henry me confidenciou muitas coisas nas quais eu me senti muito feliz por ser uma das poucas
pessoas a saber, ele confiava em mim e mal sabe ele que eu confio nele tanto quanto.
Liz desceu no mesmo momento em que Tyler chegou com uma pequena bolsa de viagem,
eu estranhei, mas me lembrei que ele disse que dormiria aqui hoje, então trouxe as suas coisas.
Fizemos uma refeição maravilhosa, a sensação de que faltava alguém sempre passava
quando Henry falava alguma coisa engraçada e me fazia rir, creio que Tyler também se sentia da
mesma forma, seu olhar às vezes divagava.
— Hora da sobremesa. — Tyler vem trazendo da cozinha o prato com brigadeiro e quatro
colheres.
— O que é isso? — Henry pergunta olhando para o prato.
— Brigadeiro — eu e Liz falamos ao mesmo tempo.
— Nunca ouvi falar — Henry responde.
— É um doce muito comum no Brasil. Para você é chocolate — Tyler diz.
— Estão esnobando a barra de chocolate que eu trouxe para vocês duas? — Henry finge
indignação.
— Meu amor, não tem como competir com o brigadeiro — eu o respondo.
— E eu acho bom vocês comerem tudo, não foi fácil encontrar por aqui tudo que eu
precisava para fazer — Tyler resmunga e coloca o prato em cima da mesa e dá uma colher para
cada um.

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— Eu teria orgasmos múltiplos só comendo esse doce — Liz diz enquanto passa a colher
no prato pegando o doce.
— Vamos juntar o útil ao agradável, o que acha? — Henry propõe.
Liz acena com a cabeça e estende a colher com brigadeiro para Henry, que abre a boca
aceitando o doce.
Ficamos nos deliciando dessa maravilha brasileira e conversando sobre o nosso dia. Eu me
sentia razoavelmente bem.
— Isso aqui é fantástico — Henry diz ainda comendo.
— Vocês podem ficar com esse prato aí, que eu e a Amber vamos subir — Tyler diz se
afastando.
— Mas eu nem comi o brigadeiro direito — choramingo.
— Eu fiz um para nós separado também. — Tyler dá as costas indo até a cozinha e volta
com um prato menor em mãos.
— Agora sim eu subo feliz — falo me levantando da cadeira. — Boa noite seus bundões.
— Tenha uma boa noite Rabbit — Henry diz, enquanto Liz apenas sorri mostrando os
dentes sujos de chocolate que ela acumulou ali de propósito, ela sempre faz isso.
— Que nojo, Lizzie — resmungo fazendo uma careta.
Tyler e eu subimos para o meu quarto. Ele se jogou na minha cama com o prato em mãos e
eu fiz o mesmo, me sentando ao seu lado e recostando as costas na cabeceira da cama. Liguei a
televisão do meu quarto e coloquei na mesma série que eu estava assistindo horas atrás na sala.
— Então você vendeu mesmo as suas ações? — Tyler questiona depois de eu ter feito um
resumo do meu dia. — Eu pensei que Harry estava blefando.
— Ele não estava, foi o que eu fiz e espera um segundo. — Coloco a colher no prato que
está na mão dele e me levanto da cama.
Entro no meu closet em busca pelo segundo contrato que o Aiden havia me dado, pego-o
dentro da minha bolsa e volto para o meu quarto, dessa vez me sento de frente para Tyler com os
papéis em mãos.
— Nesses cincos dias eu não sei pelo o que eu mais chorei, parte de mim estava chorando
pelo Liam e outra parte também chorava pelo meu melhor amigo que decidiu ir para Miami logo
agora. — Tyler faz menção em falar e eu levanto um dedo o calando, mesmo com a minha voz
embargada eu prossigo: — Quando ouvi que seria você a ficar à frente da empresa eu senti uma
angústia tão forte e ao mesmo tempo um orgulho imenso dessa responsabilidade estar justo em
suas mãos. Eu não quero perder você Tyler, é egoísmo demais te pedir para ficar e nunca mais
me deixar? Quando você casar, vai ter que fazer um quarto na sua casa para mim, pois eu vou
com você, eu já aviso logo. Eu estou um caos, minha vida está um caos, mas eu entendi que é o

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seu futuro e eu não poderia estar mais orgulhosa, você é o melhor amigo que eu poderia ter!
Vendi 10% das ações e os 5% restantes é seu Tyler, passei para o seu nome. — Estendo o papel
para ele e aproveito para secar minhas lágrimas. — Eu sei que você vai fazer esse número
multiplicar, eu acredito na sua capacidade, acima de tudo eu acredito e confio em você, queria
poder lhe dar muito mais que isso, mas nada, nem mesmo esses 5% que vale sei lá quantos
dólares, eu não entendo de valores de ações, pagaria o que você é e faz para mim.
Tyler solta um suspiro baixo e engole em seco, em seguida coloca o prato com as colheres
em cima do criado mudo e me puxa para um abraço.
— Eu nunca vou te deixar Am, eu não vou mais para Miami — ele diz em meu ouvido e eu
me afasto dos seus braços.
— Como não? Por minha causa? Você vai sim! — rebato negando com a cabeça. — É claro
que você vai — afirmo.
— É sobre isso que íamos conversar, eu decidi ficar, eu ainda não tinha certeza se ia,
apenas me candidatei.
— Eu não vou fingir que estou mal por você não ir, posso comemorar? — pergunto
sorrindo e seco meu rosto com as costas da mão.
— Sim Am, você pode. — Sorri satisfeito. — E quanto aos 5%, não posso aceitar.
— Você não só pode, como aceitou, falsifiquei sua assinatura, se contente com 5% e não
discuta comigo.
— Que bosta de advogado foi esse que aceitou uma assinatura falsa? — indaga sem
acreditar no que eu disse e olha a sua assinatura no papel.
Pego um travesseiro e levanto ficando de pé na cama, bato com o travesseiro no Tyler e
pulo na cama.
— Foi o Aiden, mas ele nem sabe que eu fiz isso e você ainda está discutindo isso por quê?
— Bato nele novamente.
— É guerra que você quer? — Tyler sorri vingativo e se levanta.
Com um travesseiro em mãos Tyler bate com ele em mim, enquanto eu tento fugir das suas
investidas pulando de um lado para o outro na cama e o acerto nas pernas.
Nossas risadas e meus gritos chamam a atenção da Liz, que aparece no quarto com o rosto
todo amassado e esfregando os olhos.
— O que vocês estão... — Ela para de falar quando seus olhos focam em mim e no Tyler
em cima da cama. — Vocês estão brincando de guerra e não chamaram a melhor adversária? Já
volto!
— Deu merda — falo e bato o travesseiro no peito do Tyler fazendo-o dar um passo para
trás.

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Liz volta com o seu travesseiro e sobe em cima da cama.


— Estamos ferrados agora — Tyler diz e logo é golpeado por Liz e seu travesseiro duro. —
Porra Liz, isso não é um travesseiro. É uma pedra.
— Se tem guerra de travesseiro, tem Liz e o travesseiro trapaceiro dela — resmungo e levo
uma travesseirada no rosto. — Devagar com essa pedra.
Acredito na frase que quem tem amigos, tem tudo. E nesse momento eu tenho tudo.

Acordei com dor pelo meu corpo todo, as pernas de Liz estavam em cima de mim e eu
estava deitada no peito de Tyler e Liz no outro lado e ainda assim as pernas dela estavam em
mim.
Abro os olhos e me forço a enxergar alguma coisa. Olho para o relógio em cima do criado
mudo e são quatro da manhã, ainda. Eu posso muito bem voltar a dormir e fazer isso o dia todo.
Porém, opto por me levantar da cama e faço isso com o máximo de cuidado possível para não
acordar Tyler e Liz, após me livrar dos braços e pernas que me cercavam, visto meu quimono e o
amarro em minha cintura.
Decidi vir até o meu carro e pegar as coisas que eu havia comprado no dia anterior e
deixado ali. Como a essa hora não há movimento pelo hall de entrada do prédio e muito menos
no elevador, eu desci de quimono mesmo e consegui enfiar todas as sacolas e a caixa com a
máquina no elevador em apenas duas viagens até o estacionamento, minha salvação foi o
porteiro que me ajudou segurando o elevador no térreo.
— Obrigada Tom — agradeço a ele que acena sorrindo.
— A senhorita gostaria de ajuda até o seu andar? — ele pergunta olhando novamente para o
montueiro de sacolas dentro do elevador e eu sorrio amarelo, me sinto culpada pelo trabalho que
vou dar a esse senhor, mas não nego que vou precisar de ajuda pelo menos para segurar o
elevador no meu andar enquanto eu tiro todas as coisas de dentro.
— Pensei que já tivéssemos conversado sobre esse senhorita e se não for muito incômodo,
eu quero sim Tom.
— Incômodo algum — ele afirma.
Entramos no elevador e nem precisei apertar o botão para subir, já estava pressionado, Tom
deve ter feito isso por mim e eu sorrio agradecida. Aguardo impacientemente e totalmente
envergonhada pelo incômodo, mal dá para nos mexermos no meio de tantas sacolas em nossos
pés, eu exagerei bastante. Eu não só comprei tecidos, como comprei algumas roupas para mim e
os presentes para as sobrinhas do Tyler que eu havia prometido, eu sei que não faço ideia de
quando ele irá visitá-las, mas o problema não é quando ele vai ir e sim quando eu iria colocar os

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pés na rua para ir comprar, decidi matar dois coelhos em uma única tacada.
Para a minha alegria falta apenas um andar, me abaixo e pego o máximo de sacolas que
consigo com as suas mãos, as portas se abrem e eu me levanto para sair do elevador e me deparo
com Liam encostado na parede.
Ótimo, duas vezes no mesmo dia.
Estranho ele estar acordado essa hora, porém ignoro esse questionamento em minha mente.
— Bom dia — Liam diz com o olhar direcionado a mim e abre um meio sorriso.
— Bom dia, senhor — Tom responde saindo logo atrás de mim e pegando mais algumas
sacolas.
— Bom dia — o respondo seca, só porque Tom está por perto, não sou uma sem educação e
não iria demonstrar isso na frente desse senhor adorável que está me ajudando.
— O senhor se importaria de esperar só mais uns minutos o elevador? — Tom pergunta. ​
— Claro que não Tom, eu vou ajudá-los — ele se oferece e antes que eu diga que não
precisamos da sua ajuda, ele entra no elevador e pega o restante das sacolas com a mão direita e
a caixa coloca em baixo do braço esquerdo.
Pela caixa ser pequena e pouco pesada não foi um sacrifício para ele, com esses braços
grandes, largos e musculosos... Tá Amber, chega. Sabemos onde esses pensamentos a levarão.
Caminhamos em silêncio pelo corredor até pararmos em frente à porta do meu apartamento,
eu havia a deixado encostada, então só a abro e me viro para olhar os dois homens que se
prontificaram a me ajudar.
— Como a senhorita têm mais dois braços para ajudá-la eu tenho que ir, não posso deixar a
portaria sem ninguém — Tom diz colocando as sacolas no carpete do lado de fora do
apartamento.
— Obrigada Tom, fico te devendo mais uma. Um café e rosquinhas talvez? — Sugiro, já
que dinheiro eu não posso dá-lo em forma de agradecimento, segundo Tom ele não faz mais que
o seu trabalho e quando Liz tentou pagá-lo por ajudá-la no mês passado ele recusou e disse que
se sentia ofendido com isso.
— O café e as rosquinhas eu não dispenso. Sua dívida estará paga com eles — ele diz
sorrindo. — Tenha um bom dia senhorita.
— É Amber Tom, Amber — resmungo e ele se despede com um aceno.
Solto as sacolas das minhas mãos no chão do meu apartamento, porém permaneço no lado
de fora, pego as outras sacolas que Tom deixou ali e sinto que estou sendo observada pelos olhos
de Liam a cada movimento que eu faço.
— Pode deixar aqui na porta mesmo, eu vou levá-las para dentro — falo sem olhá-lo.
— Eu posso te ajudar levando até lá dentro Sunshine, não é um incômodo algum. — Meu

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corpo todo treme ao ouvir esse apelido, engulo em seco e o encaro.


— Amber para você. E já que insiste, coloque a caixa em cima do sofá por favor.
— Certo, Amber — sua voz sai ríspida e eu espero ele passar por mim, deixar as sacolas e
caixas em cima do sofá, quando termina, ele volta passando por mim novamente.
— Obrigada — falo sem conseguir encará-lo.
— Não foi nada, Amber. Bom dia — ele diz seco e me dá as costas deixando rastros do seu
perfume, que eu não economizo na respirada que eu dou para senti-lo.
Continuo na porta parada o observando em frente ao elevador, ele está olhando para as
portas de metal, como se adivinhasse que está sendo observado, ele vira o rosto para o lado e me
encontra o olhando. Ele força um sorriso, mas sem sucesso, só consigo enxergar os traços de um
sorriso triste malformado em seus lábios. Entro no apartamento e fecho a porta cautelosamente.
Meu apartamento tem o cheiro dele agora e isso não é bom, não é bom ter Liam morando
perto de mim no momento. Talvez nunca será. Merda.

Estou trancada dentro do quarto que fiz de ateliê me arriscando a costurar uma saia, fiquei
vendo uns vídeos tutoriais e até que não é difícil de usar essa máquina. É um pouco mais dás seis
da manhã e até agora nenhum sinal de Liz ou Tyler.
Ao som de Unconditionally eu penso em tudo que aconteceu na minha vida em três meses,
apenas três meses que voltei e a minha vida deu um salto e virou de cabeça para baixo
novamente, parece até coisa de louco, mas eu sinto uma súbita vontade de rir do estado
lamentável em que a minha vida se encontra.
Continuo a acertar alguns detalhes da saia, de uma coisa eu tenho certeza: costura não é o
meu forte.
— Amber? — Ouço a voz de Tyler seguida de uma batida na porta, abaixo um pouco o
volume da música no celular.
— Pode entrar — falo e ele abre a porta.
— Acordou junto com os galos? — questiona me olhando de braços cruzados, sua testa se
forma um vinco quando eu me viro para olhá-lo e ele nota a máquina.
— Está costurando? — Assinto e ele gargalha. — Você parece uma velha de óculos e
costurando enrolada com esse pedaço de fio no pescoço.
— Isso se chama metro, para tirar medidas e não fio. Ainda é cedo não? — indago o
olhando.
— É cedo, mas nós dois temos uma viagem marcada e o voo sai exatamente daqui há duas
horas. Você tem meia hora para se arrumar, comemos algo no caminho.

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— Como? — questiono confusa e me levanto, tiro o metro do meu pescoço e o coloco em


cima da mesa e encaro Tyler.
— Eu tenho que ir renovar meu visto, vai vencer e você queria ir se lembra?
— Claro — falo incerta. — Sorte que comprei os presentes das meninas.
— Eu já lhe disse que você acostuma elas muito mal — Tyler resmunga torcendo o nariz.
— Ande, precisamos ir.
— Porque você não me avisou ontem? Eu nunca vou conseguir arrumar as malas em meia
hora Tyler. Nunca. — Dou ênfase ao nunca e ele me responde dando de ombros. — Você vai me
ajudar a pegar tudo que eu preciso, qual é o clima no Brasil? — questiono, mudando meu humor
para animada só de pensar em pegar uma cor em praias brasileiras.
— Se eu soubesse que viajar fosse fazer você se animar eu teria a levado antes, só assim
para você esquecer de você sabe quem.
Meu sorriso morre com a menção ao Liam. As lembranças de hoje de manhã voltam junto
com as demais lembranças desses últimos meses.
— Merda, eu não queria que você se lembrasse e ficasse assim — Tyler diz e se aproxima
para me abraçar.
— Eu o vi hoje e eu tive tanta vontade de socá-lo, de gritar o quanto eu estou sentindo a
falta dele e o quanto estou sofrendo por isso, por que amar dói? Por que eu ainda insisti nele
quando voltei? Por que os cinco anos que passei fora não foram o suficiente para que eu pudesse
esquecê-lo? Por quê? — Soluço deitando minha cabeça no peito de Tyler, minhas lágrimas
molham a sua camisa e o som de Perfect toma conta do silêncio do meu choro me fazendo chorar
mais ainda.
We are still kids, but we're so in love
(Nós ainda somos crianças, mas estamos tão apaixonados)

Fighting against all odds


(Lutando contra todas as possibilidades)

I know we'll be alright this time


(Eu sei que nós ficaremos bem desta vez)

Darling, just hold my hand


(Querida, só segure minha mão)

Be my girl, I'll be your man

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(Seja minha garota, eu serei seu homem)

I see my future in your eyes


(Eu vejo meu futuro em seus olhos)

— Isso são perguntas que eu não sei responder, mas um dia você terá as repostas. Vai ficar
tudo bem. — Tyler beija o topo da minha cabeça e acaricia meus cabelos. — Chora tudo o que
você tem para chorar, respira fundo e quando pisarmos em solo brasileiro você vai sorrir, vai
viver a sua vida como deve ser vivida, você vai deixar toda sua dor aqui e esquecê-la assim que
sair do avião. Eu não vou te deixar cair, nunca mais.
Seco as minhas lágrimas e repito para mim mesma todas as palavras do Tyler e o olho
sorrindo.
— Eu te amo.
— Eu te amo mais. Agora vá se arrumar antes que eu desista de te levar comigo. Liz e eu
estávamos arrumando suas coisas, só veja se esquecemos algo.
Saio do quarto animada e entro no meu quarto que fica logo ao lado, Liz está saindo do meu
closet com umas peças de roupas em mãos, ela as dobra e coloca na mala que está em cima da
cama.
— Vocês não existem, é sério. Eu não seu o que seria de mim sem vocês.
— Nós sabemos disso, mas não se acostume — Liz diz e se vira para mim. — Eu espero
que essa viagem lhe faça bem e que você volte de lá uma Amber renovada e feliz, se isso não
resolver eu mando você de volta para o útero da sua mãe — Liz brinca me fazendo rir.
— Eu não iria me importar de voltar para o útero.
Não desde que eu pudesse mudar a minha história com o Liam.
— Certo, vai tomar um banho e dê um jeito nesse seu cabelo que está parecendo um ninho e
sem brilho.
— Você consegue ser mais insuportável de manhã — resmungo.
— Isso não te impede de me amar, como você mesma disse, você não seria nada sem mim.
Nem o Snow seria e nem será nada sem mim nesses quatro dias. Não invente de ficar mais que
isso, eu não sou babá de cachorro e nós temos planos para final de semana e seu aniversário.
Ignoro-a totalmente e entro no banheiro fechando a porta.
Eu havia esquecido do meu aniversário é daqui há um mês e algumas semanas e eu não
estou nenhum pouco feliz, assim como não estive feliz nessa data nos outros anos. Mas diferente
dos outros anos que eu não tinha motivos para comemorar por estar longe da minha família. Esse
ano eu achei que eu tinha, ele me deu um motivo para comemorar, nós. Ele me devolveu a

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alegria por essa data e a tirou sem que eu esperasse, agora eu entendo as passagens para julho.
Nós iríamos viajar e passar meu aniversário em Paris. Droga.
Porque tudo de alguma forma me leva de volta a ele?

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“Tudo o que está quebrado, deixe o vento levar. Que tal você
apenas ser você e eu ser eu mesmo?”
Let It Go – James Bay

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Amber

Eu já não aguentava mais estar dentro do avião, meu estômago estava me sabotando, tudo que eu
havia comido estava querendo voltar pelo mesmo lugar de onde entrou.
— Ty? — chamo baixinho, para não assustá-lo.
Ele se remexe, mas continua em seu sono pesado. Bufo irritada e desafivelo meu cinto, me
levanto tentando não esbarrar em Tyler e ando pelo minúsculo corredor.
— Senhora? — Sou parada pela comissária de bordo no caminho que pretendia fazer até o
banheiro. — Vamos pousar em dez minutos, a senhora precisa voltar para o seu lugar —
informa.
— Eu não estou me sentindo bem — explico gesticulando com a mão. — Eu só preciso ir
ao banheiro, vou demorar menos que dez minutos, eu realmente não estou me sentindo... —
Bem.
Não tive tempo de concluir o que eu estava dizendo, minha ânsia veio com tudo e eu só tive
tempo de apressar meus passos até o banheiro.
Passei muito mais do que dez minutos aqui dentro do banheiro, meu rosto estava pálido e
até mesmo depois de jogar uma água nele, eu ainda parecia uma morta-viva. Sento-me na
privada de tampa fechada, fecho meus olhos e puxo uma lufada de ar, tentando me recompor aos
poucos eu ouço batidas fracas na porta.
— Amber, você está aí? — pergunta Tyler.
Me levanto e abro a porta, dando de cara com ele e a comissária de bordo, sorrio amarelo
para ela. Afinal, eu disse que demoraria menos que dez minutos. Olho para Tyler que está me
encarando preocupado.
— Eu já estava indo — aviso.
— O avião já pousou — ele informa.
— Pousou comigo no banheiro? — indago e desvio o olhar para a comissária. — Por mais
que seja perigoso, obrigada. Eu estou bem melhor agora e acho que não teria conseguido me
recompor em menos tempo — falo sincera e ela assente respondendo alguma coisa em
português.
Minha testa se forma um vinco e só agora minha ficha cai, Tyler deve ter falado em seu
idioma nativo e ela deve ter deduzido que eu também falava português.
— Vamos, Gael já está nos esperando no desembarque — Tyler segura em minha mão e
puxa para fora do banheiro.
— Se você falasse que seria ele a vir nos buscar, eu teria ao menos retocado a minha

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maquiagem — falo e ele para se virando para mim e me encara por uns segundos.
— Nossa cara, você está horrível — retruca. — Eu disse para você não exagerar nos doces,
por hora. — Tyler solta meu cabelo do rabo de cavalo e penteia seus dedos nele.
Reviro meus olhos impaciente enquanto Tyler continua dando um de hair style.
— Muito melhor, agora você está apresentável.
— Eu deveria agradecer?
— Deveria e por isso aqui também — diz e empurra uma pastilha de menta na minha boca.
— De nada. — Pisca para mim e sorri ladino.

Horas depois Gael já estava estacionando o carro na garagem do apartamento em que era do
Tyler, o apartamento ficava localizado na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Como
Tyler só vem ao Brasil de seis em seis meses, Gael pegou para si o apartamento que antes dividia
com o primo.
— Tem um problema. — Gael pigarreia, retirando nossas malas do carro.
— Solta logo de uma vez — Tyler diz e pega uma de minhas malas da mão do primo.
Olho de um para o outro esperando a resposta de Gael e não deixo de admirar sua silhueta
e a sua beleza, que parece que triplicou nesse último ano. Vou simplificar, Gael, 22 anos,
moreno, pele bronzeada, olhos castanho-claro, porte físico de um atleta, que é o que ele é, ele faz
natação e isso explica seus ombros largos, judô e é personal trainer particular. Como dizia a Liz:
se eu morasse no Brasil, com toda certeza contrataria os serviços dele.
— O terceiro quarto eu transformei na minha academia particular — ele informa —, mas
não seja por isso, Amber você pode dormir no meu quarto se quiser — complementa e dá aquele
sorriso e uma piscadinha que borraria a calcinha de qualquer outra.
— Mas nem pensar — Tyler intervém. — Ela pode dormir comigo no meu quarto. Pega a
outra mala dela e deixa de conversa fiada Gael — ordena em um resmungo.
— Por que você traz a sua casa inteira se vai ficar quatro dias? — Gael pergunta para mim e
eu dou de ombros. — A não ser que você queira passar uma temporada comigo aqui, não vou
intervir na sua escolha.
O jeito de Gael em deixar as coisas mais leves me faz rir, porque funciona de fato. Ele tem
esse humor contagiante e de fazer as pessoas se sentirem à vontade.
Após pegarmos as minhas duas malas e a pequena mala de rodinhas do Tyler, subimos para
o apartamento deles. Eu me joguei no enorme sofá cinza logo que Gael abriu a porta e nos deu
passagem para entrar.
— Vocês estão com fome? Eu não tenho nada preparado, mas posso pedir algo para

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comermos — Gael sugere.


— Sim, por favor. Eu quero churrasco, minha barriga chega a roncar só de pensar — falo e
Tyler me olha dos pés à cabeça com a mão no queixo, me analisando. — O que foi? — indago.
— Nada, só estou te olhando — diz dando de ombros e se vira para Gael. — Eu acho que
ela está grávida. — Com uma cara indiferente, ele pronunciou as últimas palavras
propositalmente em português para que eu não entenda.
— Está brincando né mano? — Gael diz em sua língua nativa e olha de Tyler para mim e
vice-versa. — Você acabou de estragar meu futuro romance, eu já estava até pensando em nomes
para nosso shipper Ambel ou Gaember, sabe que eu tenho um crush nela desde a primeira vez
que a vi. Não acredito que depois de tanto tempo ela está namorando e grávida. Eu te odeio
Tyler — resmunga fazendo Tyler rir.
— Cala boca Gael, ela está solteira e você não vai chegar perto dela — Ty rebate mais uma
vez em português.
— Vocês podem falar a minha língua? Eu estou aqui, só para lembrar — resmungo irritada
por estar de fora do assunto.
— Estávamos falando sobre mulheres — Tyler desconversa e vem em minha direção. —
Por que não vai tomar um banho enquanto a comida não chega? — sugere.
— Não tenho escolha ou tenho? Vocês estão de segredinhos e estão me deixando de fora —
retruco e contragosto me levanto do sofá e puxo a minha mala.
Eu espero que esses dias aqui valham a pena.

Liam

Sete dias haviam passado. Sete malditos dias. Todos eles sem ela ao meu lado. E por mais
orgulhoso que eu seja, dessa vez não tinha volta. Não enquanto Amber se manter fechada e
enxergando apenas o que ela acha e julga ser certo.
— Bom Liam, há uma semana atrás você estava bem — Ava diz olhando para o seu
caderno em mãos, anota algo e olha novamente para mim. — O que aconteceu para você estar de
volta aqui?
— Eu mesmo... foi isso que aconteceu — respondo-a e desvio o meu olhar olhando para a
estante cheia de livros da espaçosa sala e desvio olhando para a janela que tem uma vista
panorâmica do outro lado do rio Hudson.
— Você quer falar de uma vez sobre isso ou ir por sessões? Eu estarei pronta para ouvi-lo
se quiser começar — Ava diz calmamente, seu tom era o que ela costumava usar quando sabia
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que a coisa era séria.


​ Você acredita em predestinação Ava? — Não espero a sua resposta e continuo. — Eu

acredito, acredito que eu estava predestinado a ela e ela a mim, acredito que não foi acaso e nem
coincidência de nossos pais serem amigos, eu poderia ter namorado qualquer menina do colegial
ou até mesmo da faculdade, mas desde sempre era ela, sempre foi ela.
— Você está falando da...
— Amber — eu a interrompo, quase nunca eu falava de Amber em minhas sessões e isso
chama a atenção de Ava, que larga o caderno de lado e agora eu tenho toda a sua atenção e
autorização para falar o que quiser. — Eu a amo e isso é fato, mas eu a amo com tudo que há em
mim — engulo o nó que se forma em minha garganta —, se eu pudesse eu daria a minha vida
pela dela, eu a encontrei no elevador ontem e eu tive vontade de me bater diversas vezes ao olhar
nos olhos dela, vazios, tristes e solitários. Por que eu a machuco? Por que eu insisto em amá-la se
isso a machuca? Por que eu insisto em alguém que só sabe andar para trás? Eu queria poder tirar
a dor dela de alguma forma, mas eu estou tão ferrado quanto ela, ela não me quer nem por perto
e ela nem precisa dizer isso, seu olhar assustado me diz isso, é como se eu fosse a porra do lobo
mau e ela a chapeuzinho vermelho. — Solto uma risada seca, comparar Amber a chapeuzinho
vermelho é até engraçado por causa dos seus cabelos vermelhos. — Hoje eu tive vontade de
beber e jogar toda essa frustração para fora, mas não o fiz, mas fumei um cigarro e na metade eu
o joguei fora.
— O que fez você parar? — questiona.
— Ela. — Sorrio torto, e olho para as minhas mãos inquietas em cima da minha perna. —
Isso não a faria feliz e nem se orgulhar de mim, ela não iria ficar feliz em saber que eu voltei a
ter recaídas com as bebidas, não que eu tenha vontade, porque disso eu não tenho vontade
mesmo. Mas tudo que eu faço é por ela, se eu quero me tornar uma pessoa melhor é por ela. Ela
sempre mereceu muito mais do que eu poderia lhe oferecer e eu quero ser esse cara, mesmo que
ela não me queira mais, eu quero ser. Mesmo que não seja para ela, eu quero ser para mim, para
os meus pacientes e para meus filhos no futuro. Hoje você acredita que um garotinho no hospital
perguntou o que meus filhos acham dos meus desenhos pelo corpo? Ele perguntou se eu podia
levá-lo para fazer um também, eu disse que outro dia quem sabe.
— E o que te chamou a atenção nesse garotinho?
— Nenhum paciente nunca havia me perguntado sobre filhos, nem mesmo quantos eu
queria ter ou se eu tinha. E esse garotinho me perguntou e eu senti algo dentro de mim ascender,
esse era um tipo de diálogo que eu gostaria de ter com meu filho se ele... se ele estivesse vivo.
Até mesmo com meus filhos com Amber e hoje a única certeza é que dela eu só terei aquele
olhar, vazio e silencioso.

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— Você quer contar o que aconteceu?


Assinto e ergo meu braço até a mesa de centro e pego o copo d'água, dou um gole na água e
encaro a Ava.
— Eu estava com ciúmes e isso me encorajou a soltar tudo aquilo que eu guardava. Eu a
feri mais uma vez e dessa vez foram com as minhas palavras verdadeiras, a verdade a machucou.
Entretanto, eu não me arrependo de ter dito as demais coisas, ela merecia ouvir, ela precisava
enxergar que as coisas não são da forma que ela idealiza, ela tinha que enxergar Ava. Mas a
única coisa que ela enxergou foram os meus defeitos — falo contorcendo meu rosto em repulsa
—, afinal, não seria Amber se não fizesse isso né? Apontar meus erros e defeitos e não ver que
ela mesma estava pisando em ovos.
— Nossa. Isso é...
— Eu sei — falo seco —, mas não tem mais volta.
Ava assente e volta a pegar o seu caderno.
— Nós vamos voltar a trabalhar no seu excesso de impulsividade e agora nos seus ciúmes,
se você quer a mulher da sua vida de volta você tem que fazer a coisa certa e trabalhar nos seus
ciúmes. Um conselho? De Ava para Liam como amigos e não pacientes — indaga e me analisa
meu rosto.
— Sim? — Ergo a minha sobrancelha esperando pela sua resposta.
— Se mude, saia de perto dela e dê o espaço necessário que ela precisa. Morar no mesmo
prédio que ela não vá amenizar o sofrimento de nenhum dos dois, ela voltou há três meses,
quando havia ido embora para fugir do que sentia por você, não é justo com ela tamanha tortura
certo? — Assinto concordando e Ava sorri. — Então faça isso por vocês, você não sabe o que ela
deve estar sentindo e passando com isso tudo. Dê o espaço e tempo que ela precisa.
— Eu... eu só tenho que pensar sobre isso.
— Você tem todo tempo todo mundo, só não espere ela ir para o outro lado do mundo de
novo. E agora falando como sua psicóloga e sua amiga. O quanto você bebeu?
— No momento em que brigamos? Não muito, estava sóbrio. Eu não sei o quanto bebi
depois — assumo.
— Liam, você não pode sair bebendo toda vez que sentir ciúmes da sua namorada, você
tem que se lembrar que é um médico. Que têm pacientes e uma clínica que dependem de você, o
amor não é o fim do mundo e nem o fim de uma vida. Mas você tem vidas em suas mãos e
outros na clínica que dependem de você e da sua ajuda, você quebrou todo o orgulho quando
ignorou alguns julgamentos e preconceito de pais e até mesmos seus próprios pacientes por ter
tantas tatuagens, o que era mesmo o que pensavam? Que você era novo demais, devia ser um bad
boy que comprou o diploma e não sabia o que fazia. Você é um dos melhores médicos cirurgiões

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que há naquele hospital, você passou na prova de residência em primeiro lugar, sua inteligência,
esforço e capacidade o levaram onde está hoje. Se orgulhe disso e se Amber não voltar para
você, lembre-se que você tem um motivo pelo qual vale a pena e muito lutar. Sua carreira e seu
amor pelo o que faz. Vá para casa e pense nisso. — Ava fecha o caderno e se levanta.
— Mas já acabamos? — pergunto me levantando.
— Por hoje sim, tenho certeza que quando você chegar em casa vai pensar em tudo o que
eu te falei. Você também precisa de tempo e ele também. Aproveite o resto do seu dia de folga.
— Ele? — questiono sem entender.
— Seu coração Liam, você precisa pensar no que é melhor e o certo a se fazer.
— Tudo bem. Obrigado mais uma vez Ava.
— Você sabe que não precisa agradecer, é a minha profissão e eu amo o que eu faço. Assim
como eu sei que você ama o que faz.
— Nos vemos na semana que vem, tenha um bom final de semana, Ava. — Sorrio e aceno
para ela.

Saí do consultório de Ava há mais de meia hora e ainda estou pensando no absurdo que ela
me propôs, eu não consigo ficar longe de Amber, se mudar está fora de cogitação, mas não posso
negar que Ava está completamente coberta de razão. Já é doloroso o suficiente não poder tocá-la
e falar com ela, se mudar vai ser doloroso ainda, só não mais do que vê-la indo embora para
outro país, minha mente grita e só de pensar nisso eu entro em desespero.
Abro a porta do meu carro e antes de sair, pego a caixa do Starbucks e o copo de
frappuccino, trouxe para Tom em forma de agradecimento por tê-la ajudado hoje de madrugada.
Saio do carro e fecho a porta, acionando o alarme logo em seguida. Caminho para o hall de
entrada do prédio e encontro Tom sentado ao seu posto atrás da bancada da recepção.
— Boa tarde, Tom — saúdo me aproximando da bancada e colocando a caixa e o café na
superfície dela. — Trouxe as suas rosquinhas e o café, é o meu agradecimento por hoje mais
cedo.
— Não era necessário senhor Liam, eu só estava fazendo o meu trabalho — Tom diz
sorrindo e se levanta ficando de frente para mim através do balcão.
— Mas eu faço questão e se você não aceitar eu tenho certeza que aqueles dois ali fora —
falo apontando para os seguranças do prédio —, irão aceitar sem protestos. Apenas aceite.
— Só vou aceitar porque a senhorita Amber viajou e eu não iria ganhar tão cedo essas
rosquinhas — ele brinca sorrindo e me olha. — Por que está com essa carranca no rosto? —
questiona.

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Eu nem tinha percebido que eu estava com uma carranca, como disse Tom. Mas como
assim Amber viajou? Ela foi embora de novo? Não. Não pode ser.
— Você sabe se ela foi sozinha?
— Ela foi com aquele rapaz que vem sempre aqui com ela e a senhorita Liz.
Tyler.
— Ela disse para onde ia? — questiono pela última vez.
— Não senhor — Tom responde confuso.
— Obrigado Tom, espero que goste das rosquinhas. Tenha uma boa tarde — falo seco e
ando em direção ao elevador e entro.
Será que Amber decidiu ir com Tyler para Miami? Meu pai havia me dito na noite fatídica
daquele jantar que o Tyler havia pedido a transferência para a filial que irá abrir em Miami, não
me espantaria se ela fosse com ele, eu só... Não estou pronto para dizer adeus mais uma vez.
Saio do elevador e saco meu celular do bolso, mando uma mensagem para Liz enquanto
caminho até a minha porta.

Liam
Onde você está?

Liz
Estou em casa com Henry, porque?

Liam
Amber foi embora? De novo? Diz que é uma
brincadeira e que ela está em casa.

Meus dedos tremem à espera da sua resposta, mas resolvo não esperar por ela, toco a
campainha do apartamento de Amber e espero.
— Eu sabia que você iria bater na porta no segundo em que soubesse sobre a viagem — Liz
diz ao abrir a porta e me dá passagem para entrar, entro olhando ao redor a procura de Henry e o
encontro sentado no sofá enquanto passa um filme na televisão.
— Eu ganhei a aposta, me dá os meus vinte dólares — Henry resmunga e Liz vai até ele
pega a carteira em cima da mesa de centro da sala e retira os vinte dólares de dentro dela e
estende para ele. — Você está me pagando com o meu próprio dinheiro?
— Não, estou fazendo um empréstimo da sua carteira e pagando o que eu lhe devo — diz
irônica.

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— Vocês estão apostando meu sofrimento? — pergunto andando até eles e me sento ao
lado de Henry, dando-lhe um murro no seu braço.
— Estamos — Liz confirma.
— Ela foi embora de novo? — pergunto engolindo em seco, Liz assente.
— Ela foi para o Brasil com o Tyler, a essa hora já devem estar na metade do caminho, eu
sinto muito — Liz faz uma cara sofrida e olha para Henry que está com os olhos atentos na
televisão.
Ela. Foi. Embora. De novo.
Puxo o ar que me falta e afundo o meu rosto em minhas mãos, ela não pode ter feito isso
mais uma vez, ela não pode ter feito isso comigo, com nós.
Henry solta uma bufada baixa e em seguida se explode em uma gargalhada e eu levanto o
rosto para olhá-lo, Liz o fuzila com o olhar e quando direciona seu olhar para mim novamente
ela o acompanha nas risadas, franzo a minha testa olhando para os dois rindo como uma hiena.
— Estamos brincando seu idiota, ela só foi se distrair, ela estava precisando disso — Liz
explica cessando os risos.
— A porra do seu papel Henry, faça a porra do seu papel — resmungo irritado e volto a
olhar para Liz. — Tem certeza que ela volta?
— Sim Liam, ela vai voltar. Para Manhattan, não para você — Liz brinca sorrindo, cerro
meus dentes e estreito meu olhar a ela. — Tá bom, parei de brincadeira. Foi só para descontrair
— ela diz levantando as mãos.
— Olha cara, não estou dizendo que o que você fez foi errado, você sabe disso e eu não
preciso ficar falando para você todas as vezes em que estamos juntos, mas eu sou o seu melhor
amigo e escute bem o que eu vou te falar, está prestando atenção? — Henry pergunta.
— Não, estou olhando para a televisão — resmungo irônico e Henry revira os olhos. — Eu
só não entendo o que eu fiz de tão errado assim. Dizer como eu me sentia e a que ponto nosso
relacionamento chegou é errado? — questiono.
— Dê o tempo que ela precisa, não estou dizendo para dá um tempo de mais cinco anos —
ele faz uma careta e volta a falar —, só respeite o tempo dela, está recente. Nós concordamos
com algumas coisas que você disse. — Henry olha para Liz e ela acena com a cabeça
concordando também.
— O seu erro foi não saber como falar com ela, você não soube a hora e nem o momento
certo de falar, eu entendo que ela não enxerga que também é humana e erra. Mas você tem que
trabalhar nesses seus ciúmes, a sua falta de confiança, não nela, mas em você mesmo foi o que
cooperou, digamos que o Aiden gosta mesmo dela, ele sabe que vocês terminaram, ele já teria
batido na porta na primeira oportunidade, mas ele não fez. Ela que bateu na porta dele e não foi

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para ficar com ele ou se declarar como você deve imaginar, foi para pedir ajuda.
— Como assim ela bateu na porta dele? E como você não me diz isso? Cadê a porra do seu
papel de amigo Henry? — questiono.
— Está vendo? É esse o seu problema! — Liz exclama e empurra meu ombro. — Você
explode do nada Liam, a pessoa não termina de falar e você já vem com tons acusativos, você
cria coisas dentro da sua própria cabeça, você quer enlouquecer? Enlouqueça sozinho, sabemos
que vocês dois se amam, mas enquanto você continuar desse jeito e agindo assim nunca vai dar
certo, você dois precisam mudar.
— Eu só... não consigo me controlar quando eu sei que ela o olha de forma diferente
também, isso nunca havia acontecido antes. Nunca.
— Só dê o tempo que ela precisa... — Liz diz apertando meu ombro em uma forma de me
confortar.
— Não — Henry a interrompe. — Me desculpa Liz, eu sei o que você vai falar, mas não,
ele não vai esperar mais por ela. Eu vi o meu melhor amigo esperar por anos uma pessoa que não
ligava, que não mandava mensagem e que nem aparecia, eu o via deixando seus sonhos para trás,
cinco anos é tempo o suficiente para uma pessoa aprender com seus próprios erros. Esse cara
aqui — Henry me lança um sorriso torto —, não chega nem aos pés do cara que a Amber deixou
aqui, ele superou duas perdas. — Ele faz uma pausa o que chama a atenção indesejada de Liz
para esse assunto e continua. — Lutou pelo o que queria e contra os problemas sem ninguém ao
lado quando Maya se foi, ele cresceu tanto que hoje é um dos melhores médicos que existe
naquele hospital, isso se não for o melhor. Eu gosto da Amber, porra eu a amo como se fosse a
minha irmã, mas ele não vai esperar por uma pessoa que não consegue deixar seus medos para
trás com medo do Liam errar, quando é ela mesma que está errando. Eu sinto muito, mas ela vai
ter que aprender a lidar com isso e eu espero que não seja tarde demais.
Liz engole em seco e assente.
— Eu concordo com você, eu só... eu só não quero vê-la sofrer, por mais errada que ela
esteja — Liz murmura e nos olha mordendo os lábios.
— O que eu faço? — pergunto agoniado para os dois, mudando o foco do assunto.
Liz se ajoelha em minha frente e segura em minhas mãos que estão trêmulas e frias, ela
esfrega suas mãos nas minhas.
— Você vai fazer o que o Henry disse, vai dar o tempo que ela precisa e vai seguir a sua
vida em frente sem pará-la por causa dela, ela fará o mesmo e eu posso te garantir isso, você vai
melhorar seu temperamento. — Ela olha para Henry que assente algo em silêncio e volta a me
olhar. — Você sabe que esse é o seu ponto fraco e está se tornando seu maior defeito no
momento, está sendo o seu inimigo.

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Ouço as palavras de Liz e sinto algo dentro de mim ruir, apenas assinto da mesma forma
que pisco repetidas vezes tentando segurar minhas lágrimas que queimam em meus olhos.
— É da minha melhor Amiga que estamos falando e eu nunca a encontrei tão vulnerável no
sábado, foi triste e tão doloroso, eu a amo Liam e jamais me perdoaria se eu não estivesse
chegado a tempo para abraçá-la naquele momento. Eu quero que você deixe vocês dois de lado e
foque em você, na sua melhora, nós sabemos que aqui dentro de você. — Ela leva sua mão
direita até o meu coração. — Ainda existe um Liam confiante e equilibrado, sabemos que isso
que eu estou sentindo bate por ela, não estou pedindo para você desistir e sim parar de tentar
agora. Nesse momento e por um tempo, apenas a deixe ir e se ela voltar acredite; é porque é para
ela ser sua, é para tudo se encaixar no lugar que pertence. Só seja o homem incrível que eu sei
que você é e que ainda existe dentro de você, não deixa o Liam impulsivo tomar conta de você,
nós estamos aqui com você — murmura com seus olhos estão marejados, e ela afasta a mão do
meu peito e toca em meu rosto secando a minha lágrima, Liz sorri me reconfortando. — Você
nunca estará sozinho, assim como ela não está e nunca mais estará. Somos uma família agora,
independentemente de qualquer coisa, nós temos uns aos outros.
Fecho meus olhos absorvendo todas as palavras de Liz e misturando-as junto as que Ava
havia me dito e apenas assinto. Ela solta as minhas mãos e eu seco meu rosto, não me
envergonho de chorar na frente deles, não é a primeira vez e nem será a última que Henry me vê
nesse estado, mas para Liz isso é uma novidade e eu não me envergonho disso.
Eu estou chorando porque eu amo a sua melhor amiga e amar é isso, deixar a pessoa livre
para seguir em frente com ou sem você. E é o que eu estou fazendo.
Estou deixando Amber livre.

Me desfaço da última caixa e retiro minhas coisas de dentro dela, meu novo apartamento é
do jeito que eu exatamente precisava, pequeno e nada de ser na cobertura, fica no sétimo andar e
tem apenas um quarto com suíte e um closet, um escritório pequeno, mas confortável, um
banheiro para visitas, sala de jantar e a cozinha é americana acoplada a sala e foi aprovada pela
Maria. Meu apartamento agora pertence ao Henry que ficou feliz de ter ficado com a sala de
jogos, ou melhor, com tudo que há dentro daquele apartamento, com o dinheiro que o vendi para
Henry aluguei esse aqui e fica a uma quadra do hospital, o que facilita em casos de emergência,
não tenho planos e nem pretendo comprar um apartamento no momento.
Já faz dois dias em que tive aquela conversa com Liz e eu não me lembro a última vez que
eu havia chorado tanto como naquela noite, eu chorei agarrado ao travesseiro de Amber e em sua
cama, pedi a Liz um tempo em seu quarto e ela entendeu o meu pedido e me deu todo o tempo

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que eu precisava.
Eu estava me despedindo da mulher que eu amo.
— Menino, você quer ajuda com essas duas últimas caixas? Eu já terminei no seu quarto, a
cozinha está em ordem, está quase tudo no lugar menos essas caixas — Maria diz ao cruzar a
sala.
— Não Maria, pode deixar que eu termino de arrumar o restante das coisas, não está na sua
hora?
— E eu ia embora sem colocar a minha cozinha em ordem? — pergunta com suas mãos na
cintura.
Sorrio e vou até a ela e beijo seu rosto.
— Obrigado por me salvar da minha bagunça Maria, mas por favor, vá para casa já está
tarde e tire o resto do dia amanhã de folga, não quero te ver aqui dona.
— Eu tenho direito de escolha? — pergunta e eu nego com a cabeça, ela bufa e aperta a
minha bochecha. — Escute aqui, eu deixei uma lasanha no forno para você, quando eu chegar
aqui depois de amanhã eu quero ver aquela travessa vazia e você uns cinco quilos mais gordo,
estamos entendidos? — Ela solta a minha bochecha e eu passo a mão por cima da região
alisando-a.
— Nossa Maria, assim você arranca um pedaço. — Seu olhar se estreita e eu engulo em
seco. — Estamos entendidos — respondo antes que ela aperte novamente minha bochecha.
— Então eu irei para casa com a mente livre de preocupação. — Ela se aproxima e beija a
minha bochecha. — Descanse meu menino, você tem amanhã para arrumar essas coisas e aceite
o convite do menino Henry para sair, você precisa disso.
— Eu vou reconsiderar pensar sobre isso. Obrigado Maria. — Sopro um beijo na sua
direção e ela sorri acalentada.
Ela assente e se afasta se despedindo novamente, pega a sua bolsa em cima do balcão da
cozinha e caminha até a porta.
— Se você for ficar em casa eu te desejo uma boa noite e se você decidir sair, espero que se
divirta. — Ela sorri e abre a porta, sai por ela e a fecha logo em seguida.

Eu havia custado a pegar no sono naquela noite, eu ainda estava me acostumando com meu
novo quarto, mas nem o sono que eu estava sentindo me impediu de meter o pé na estrada para ir
ao meu destino, Boston.
Eu sei que Amber chega hoje de viagem, tem uma comissão de boas-vindas à sua espera,
Henry já havia falado que não poderia me acompanhar por causa disso. Não me importei muito,

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talvez fosse melhor que eu estivesse aqui sozinho.


Meu apartamento já estava fechado a meses, ou melhor a alguns anos. Faz tempo que eu
não venho aqui, com muito custo abro a porta e a deixo ir até o final, ainda fico de fora
observando o hall de entrada que dá para a sala. Eu amava esse apartamento, amava cada canto
dele e amava quando ela vinha ficar aqui comigo. É agora que eu posso dizer aquela frase clichê
que eu era feliz e não sabia?
Aperto a alça da minha mochila sobre o ombro e solto um suspiro antes de entrar no meu
antigo apartamento, não sei porque eu o mantive. Talvez só por precaução de algo, que eu não
sei o que é.
Solto a minha mochila no sofá e abro as portas de correr de vidro que dá para a piscina.
Fecho meus olhos e inspiro o ar de Boston.

4 anos atrás...

— Liam? — Maya me chama e eu levanto a cabeça para olhá-la. — Você está muito tempo
com a cabeça no sol, faz mal.
— Eu estou bem — falo e mergulho até a outra ponta da piscina, onde ela está. —
Satisfeita? Molhei a cabeça agora.
— Um pouco — informa inquieta. — Eu huh... eu sei que depois de amanhã é o seu
aniversário e tenho um presente para você.
— Mas você deveria me dar só na segunda não? — indago a olhando. Maya dá de ombros
e com um de seus braços livre, já que o outro está para trás, escondendo o meu presente. Ela
pega o roupão na cadeira e me estende.
— Não posso te dar o seu presente enquanto você estiver molhado, vai molhar ele. — Ela
continua com o roupão estendido e eu me dou por vencido e saio da piscina.
Visto o roupão e sacudo a cabeça, espirrando água do meu cabelo nela de propósito.
— Agora posso saber que presente é esse? — pergunto, levantando uma sobrancelha e viro
meu rosto para o lado tentando olhar o que é.
— Ei — ela me repreende dando um passo para trás —, eu nunca vou me cansar de pedir
desculpas pelo o que aconteceu, já faz um ano, eu sei. Mas eu sempre vou me culpar por isso e
por tudo que você vem passando, eu recebi a minha parte da herança agora que já sou de maior,
bom você sabe... Com a ajuda de um nerd da faculdade eu consegui umas informações, aqui está
tudo o que você precisa — finaliza e me estende um embrulho quadrado azul.

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— O que eu preciso? — indago curioso e pego o embrulho de sua mão.


Amber não caberia nesse embrulho pequeno, penso comigo mesmo.
— Abra, nunca ouviu que não pode fazer desfeita aos presentes? — brinca. — Mas eu acho
melhor você fazer isso sozinho, espero que você faça a coisa certa — diz e antes de sair, deixa
um beijo em meu rosto.
Caminho para dentro de casa e fecho a porta de vidro assim que passo por ela. Sento-me
no sofá e abro com cuidado o embrulho que Maya me deu.
A primeira coisa que cai em cima do sofá é um cartão. Abro-o sem dar muita atenção ao
que tem dentro do embrulho.

Há duas coisas que minha mãe havia me ensinado antes de morrer.


Uma delas é dar valor a quem está ao nosso lado.
E a segunda, bom. Estou trabalhando nela, começando por você.
Você é uma pessoa boa Liam, digno de tanta coisa e não enxerga isso.
Obrigada por ser meu irmão mais velho, por cuidar de mim e do Henry. Por ter prometido
a minha mãe que sempre cuidaria de mim, é ela me contou, mas está na hora de cuidar de você e
como você tem sido um filho rebelde, risos. — Sim estou rindo ao lembrar das suas rebeldias. —
Restou a mim e a Henry cuidar de você.
Lembra quando eu havia te perguntado se você tivesse a chance de ir atrás dela, se você
iria? E você me respondeu que iria sem pensar duas vezes.
Eu só espero que agora você não pense nem a primeira.
Abra e descubra o segredo.
Com amor e gratidão, Maya.

Passagem, endereço e fotos de Amber era o que tinha naquele embrulho. Eu sorri para o
nada, passei muito tempo tentando e em vão conseguir o endereço de qualquer pessoa que ela
tivesse mantendo contato, mas ninguém além dos seus pais sabia onde ela estava. E agora eu
tenho em mãos o que me levará até ela.

Havia sido em vão, todo o esforço que Maya teve para conseguir o endereço dela foi em
vão.
Não havia sido Amber, Liz e nem mesmo Tyler que abriu a porta quando eu toquei a
campainha. E sim um outro homem.
Nunca perguntei a Amber sobre isso, talvez ela ficaria com raiva por Maya ter descoberto o

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endereço dela e me dado, hoje eu sei que todos os pensamentos que eu tive naquele momento
sobre Amber e quem quer que fosse aquele cara, foram em vão.
Eu poderia ter deixado meu orgulho de lado e ter dito ao cara que sim, eu esperaria Amber
terminar o banho, mas quais eram as chances de eu esperar e depois ela me enxotar de lá e
confirmar tudo aquilo em que meus pensamentos trabalhavam naquele momento? Eu recuei e
vim embora. Todos os dias eu a acompanhava pelas redes sociais, nenhuma foto com aquele
rapaz havia sido postada, nada que desse pistas de quem ele era.
Maya ficou no meu pé, ou melhor, no meu ouvido durante o mês inteiro reclamando que
deveria ser um amigo, que eu tinha que ter esperado mesmo que fosse para ser enxotado, pelo
menos eu teria tentado, esse dentre tantos outros sermões ela havia me dado.
Naquele dia, parado na porta do apartamento dela, enquanto ela tomava banho e outro me
atendia, eu me senti no lugar dela.

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“Não há como recomeçar, sem um encerramento. Você pegaria de


volta sem hesitar, e é assim que você sabe que atingiu a sexta fase
da separação.”
Six Degrees Of Separation – The Script

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Liam

Vir ao cemitério é algo que eu ainda faço, ao menos uma ou duas vezes no mês eu me deslocava
de Manhattan até Boston para visitar o túmulo de Maya e da sua mãe, dona Sônia.
Hoje trouxe Gérberas para as duas, elas precisam de um pouco de cor e na casa de tia Sônia,
nunca faltou cor. Vivia cheia delas por lá. Sento entre o túmulo das duas, fica lado a lado e
coloco o buquê sobre ambos túmulos e passo a mão na lápide delas.
— Vocês teriam orgulho do Henry, muito orgulho e ele mandou dizer que ama vocês —
murmuro.
Passo um tempo sentado, como se eu estivesse fazendo companhia a elas.
— Sabe Maya, se hoje você perguntasse se eu iria atrás de Amber, eu diria que não. Me
pergunto se alguma vez esse foi o tipo de resposta que você esperava sair da minha boca, mas
acredito que não. Você era sonhadora, acreditava em conto de fadas e no amor, acho que se eu
respondesse que não, você faria com que eu dissesse sim. Talvez se eu não tivesse ido atrás teria
sido diferente, eu ainda seria só o Liam sem álcool e seguiria minha vida, seria eu aqui e ela lá.
Um novo começo, uma nova vida, sem Amber e ela o mesmo sem Liam. Nós poderíamos ter tido
um cachorro no apartamento, como você queria. Poderíamos ter passado férias em Paris, ido a
Califórnia, feito tudo que eu evitava fazer por me lembrar dela. Só poderia ter sido diferente e
ainda assim, você estaria aqui e eu não iria ter que dizer a sua mãe que falhei. — Solto um
suspiro e olho para a lápide de Sônia onde contém a sua foto. — Eu nunca vou me cansar de
pedir desculpas por ter falhado com você, nunca.
Eu não me sinto culpado pela morte de Maya, não carrego culpa comigo e nunca carreguei,
mas acredito poderia ter sido diferente.

2 anos atrás...

Dia de ação de graças.

— Você acha que é uma boa ideia trazê-los? — Ben indaga, enquanto procura um lugar
para estacionar o carro perto do aeroporto.
— Por que não seria? Só por que costumamos passar dia de ação de graças com os seus
sogros? Olha Benjamin, eu não pedi permissão para que eles passassem esse dia com todos
reunidos e muito menos disse que os levaria. Convidei eles para passar ação de graças comigo
na nossa casa. Não vejo algo de errado nisso, a casa é dos meus pais e como o almoço sempre é
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na casa deles eu não vejo problema — falo bufando.


— Eu sei cara, eu só perguntei. Você sabe, ela não vem e eles ficam com esperança dela vir
todo ano e se ela chegar... — começa, mas eu o interrompo levantando a mão.
— Mas ela não vem Benjamin, ela nunca vem. Nem tudo é sobre Amber. Eles são meus
amigos e acabaram de perder a mãe, você sabe o que é isso? Não sabe, porque nós dois temos
pai e mãe dentro de casa. Amber sabe o que é isso? Não sabe, porque tem pai e mãe e ainda
assim fica longe. Ela não sabe o que é perder alguém que amamos para a morte, nós dois não
sabemos, mas eles sabem.
— Eu não estou contra você, ninguém está. Nós vamos fazer eles se sentirem em casa, nós
prometemos — Ben diz, colocando a mão em meu ombro. — Eles são da família agora.

Horas mais tarde...

— Nós podemos ter um cachorro no apartamento quando você voltar? — Maya pergunta
ao ver duas crianças passeando com um filhote na beira da praia.
— Maya, não inventa — Henry a repreende.
— Mas eles são tão bonitinhos e inofensivos, por favor. — Ela me olha com cara de pidona
e juntando as mãos uma na outra. — Por favor, por favor? — pede mais uma vez.
— Não dessa vez, Maya — informo, lhe dando um meio sorriso.
— Você é um filho da puta de um ranzinza, vai ficar velho rápido, sabe aquele vizinho do
andar de baixo que bate com a vassoura no teto quando ouve barulho? — indaga e eu e Henry
assentimos. — Será você e você se continuar azedo por causa do término com a Harper — ela
diz apontando para Henry, que a pega no colo e a joga nas costas.
— Ranzinza é? Vamos ver se vai pedir clemência ao ranzinza quando ele jogar você na
água — Henry diz e sai correndo com ela nas costas em direção ao mar.
Tudo em Maya me fazia lembrar Amber, as incertezas, a ingenuidade, a bondade, a
alegria, entusiasmo, as broncas e a tranquilidade só de estar perto. E tudo isso me fazia odiá-la
em dias ruins.
Ela me trazia de volta tudo que eu queria esquecer.

Levanto-me e fico de frente para as duas, me agacho e beijo dois dedos meus e levo até a
foto do túmulo de Sônia e faço o mesmo com o de Maya.
— Eu amo vocês — sussurro me despedindo delas.
Saio do cemitério e entro no meu carro que estava estacionado logo na entrada, dou partida

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no carro e faço o caminho para o meu apartamento.


Durante o trajeto observo casais passando de mão dadas pelas ruas de Boston, lembro-me
dos primeiros meses de namoro com Amber e os últimos meses, em que éramos nós a fazer esses
passeios por aqui. Mesmo que eu tenha errado em vir para Harvard sem contar a ela que havia
sido aceito, eu não me arrependo, Amber não sabia o que queria direito, diferente de mim que
sonhava desde cedo em ser médico, eu não podia parar a minha vida aos 17 anos quando eu sabia
e tinha certeza das minhas escolhas, uma delas era a medicina e outra era ela. E ela sempre soube
disso.
Mas havia sido aqui que tudo havia terminado. Dois anos após o início do nosso namoro
Amber havia me deixado e levado consigo uma parte de mim, me deixando com uma parte que
nem mesmo eu sabia que existia ou conhecia.

3 anos atrás – 1 ano antes de Maya morrer...

— Hey garotão — Harper me cumprimenta e senta ao meu lado, sendo seguida por Paige.
— Mais uma vez matando aula? — Paige indaga e olha para o cigarro aceso em minha
mão.
— Dessa vez não — Harper responde por mim e enfia um nacho na boca. Paige bate o pé
no chão impaciente em busca de respostas.
— Eu fiz a prova e saí mais cedo — respondo encurtando a resposta mais longa.
— Só? — indaga desconfiada.
— Ele está de ressaca, ou você não tem um bom faro? Todo mundo percebeu que ele estava
assim e o professor mandou ele vir embora logo depois da prova — Harper responde a resposta
mais longa.
— Se vocês me derem licença... — falo me levantando. — Eu vou dormir.
— Dormir? Você fede a bebida Liam, vai tomar um banho, antes que eu chame os meninos
para te dar — Paige resmunga.
— Isso, vão procurar o namorado de vocês, mas não para cuidarem de mim e sim para
cuidarem de vocês, me deixem em paz — falo cansado desse cerco.
— Já chega! — Harper diz se levantando. — Você quer ir dormir? Vai. Você quer acordar
e sair para encher a cara e voltar sendo carregado? Vai também. Quer acordar na manhã
seguinte e ir para a aula de ressaca? Ótimo. Enquanto você está aí se destruindo aos 20 anos, o
que ela está fazendo? Eu não sei e você não sabe, mas garanto que bebendo, fumando e
deixando as prioridades e carreira de lado que não é. Liam acorda, falta apenas um ano para

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terminarmos e iniciar a residência, você perdeu quase todas as provas, o que você quer para sua
vida? E quando ela voltar? Você vai ser o espelho de tudo aquilo que o destruiu.
— Harper, cala a boca — falo entredentes.
— Ou o que? — ela grita se exaltando. — Você vai se rebelar e quebrar tudo igual fez
quando voltou de Londres? O que aconteceu lá não deve ter sido algo muito bom para você ter
chegado transtornado e ficado assim. Eu julgava você como uma das pessoas mais inteligentes
que há naquela sala de aula, eu te observava de longe e pensava “eu quero ser igual a ele”,
você era um garoto quando entrou aqui, mas um garoto que tinha uma mente brilhante e de um
adulto, mas hoje você voltou a ser um garoto, mas não aquele garoto, é um inconsequente,
alcoólatra e infeliz. E eu sinto muito por você ser assim — lamenta e pega a sua bolsa em cima
do sofá. — Vamos Paige, há coisas que não somos nós que temos que colocar na cabeça dele e
sim ele mesmo.
Paige se levanta com os olhos saltados e antes de se virar me abraça.
— Você precisava disso — murmura em meu ouvido. — E vai tomar um banho, você fede.
— Beija meu rosto e vai atrás da Harper.

Naquela época eu estava me comportando mesmo como um idiota e precisava ouvir tudo
aquilo de Harper, depois daquele dia meus pais e amigos interviram e eu comecei meu
tratamento.
Durante o trajeto avisto um estúdio de tatuagens, estaciono na vaga mais próxima e desço
do carro, aciono o alarme e caminho até a porta de entrada do estúdio e entro no mesmo. Sou
atendido por uma mulher de cabelos verdes e com o rosto coberto de piercings, há uns anos atrás
eu acharia isso bizarro, mas depois que fiz a minha primeira tatuagem, a cada estúdio que eu
entrava para fazer uma nova isso se tornava algo normal e banal para mim.
— Boa tarde — ela cumprimenta por trás do balcão. — Em que posso ajudar?
— Eu quero fazer uma tatuagem. — Sou direto e ela me olha da cabeça aos pés e me dá um
sorriso.
— Tem horário agendado? — pergunta e eu nego com a cabeça. — Vou ver o que eu posso
fazer por você.
— Obrigado — falo e ela sai entrando em uma portinha.
Enquanto espero o seu retorno dou uma olhada nos desenhos do catálogo e nenhum me
chama atenção.
— Consegui uma exceção para você, mas vai ter que esperar mais meia hora, se importa?
— Não, está ótimo, ainda não sei o que fazer — respondo sem tirar os olhos dos desenhos.

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— Suas tatuagens têm algum significado? — ela pergunta olhando para o meu braço e
mãos.
— Uma sim, outras fiz no ato de rebeldia — falo, sorrindo sem graça.
— Geralmente as pessoas fazem algo significativo e que não irão se arrepender depois, mas
bom, você deve saber disso, seu braço é quase uma HQ — diz humorada. — Talvez você goste
desses desenhos aqui. — Ela se abaixa e pega uma pasta mais grossa e coloca em cima do
balcão.
Dou uma olhada nos desenhos e nada me agrada, enquanto ela me faz perguntas para
preencher meu cadastro eu continuo à procura da tatuagem perfeita.
— Tem alergia a alguma coisa? É hipertenso? — Nego com a cabeça. — Qual o seu nome?
— Liam — respondo só o primeiro nome, pego a pasta e resolvo me sentar na poltrona que
havia ali.
Desisto de procurar algo nessa pasta e a fecho, colocando na poltrona livre do meu lado.
Pego meu celular no bolso, leio e respondo algumas mensagens, principalmente do Brandon e da
Paige que a todo momento me lembram do casamento deles. Saio do aplicativo de mensagens e
me pego vendo os álbuns de fotos, Amber organizava cada um deles por nome ou data, só tem
fotos dela ou nossas dos últimos três meses, raras são algumas minhas — tiradas por ela quando
eu estava distraído — e do Pierre, meu paciente, que se diz ser meu melhor amigo. Sorrio vendo
as fotos dele fazendo careta e desenhando enquanto esperava o resultado do seu exame, junto
comigo e com a sua mãe.
Pierre tem sete anos e sua apêndice estava alta, mas ele encarou a notícia de que precisaria
passar por uma cirurgia com um sorriso no rosto e pedindo para eu que fizesse um desenho em
seu braço, segundo ele, queria ter um desenho igual ao meu quando acordasse. Com a
autorização dos seus pais, desenhei dedos cruzados em seu antebraço direito, igual à que eu
tenho, representando sorte. Esse foi o meu melhor dia, depois que Amber e eu havíamos
terminado.

2 anos atrás – Semanas antes de Maya morrer.

— O que você tanto olha para o mar? — pergunto, vendo-a encarar o mar pela milésima
vez da sacada do quarto.
— Eu não estou olhando para o mar, estou vendo os pássaros — Maya responde virando
seu rosto para mim. — Eu gosto deles, da forma que eles são livres para fazer o que quiser e
voar, eu gostaria de poder voar. — Ela sorri para mim.

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— Se você voasse seu nome seria galinha — brinco, arrancando um riso dela.
— Muito engraçado, nós estamos bem? — ela indaga e volta a olhar o mar.
— Nós estamos bem? — devolvo a sua pergunta.
— Eu não quero que você ache que eu espero algo de você por causa do que aconteceu
entre nós ontem à noite, eu hum... nós somos amigos e eu sei onde estou pisando e em qual lugar
na sua vida estou, eu não quero que você se afaste de mim por achar que eu ainda sou aquela
criança apaixonada por você, eu não sou mais essa pessoa — responde, soltando um suspiro
baixo.
— Eu não vou me afastar de você Maya, eu fiz uma promessa a sua mãe e não só por isso,
mas porque eu preciso de você, foi errado e nós estávamos sob efeito do álcool e de decepções,
mas sabíamos o que estávamos fazendo, não se culpe por isso, está tudo bem, nós sempre
seremos amigos — garanto a ela.
— Olha, eles estão em bando, mas ainda assim são livres para voar sem direção. — Aponta
para o bando de pássaros voando próximo ao mar. — São lindos não? — pergunta admirada.
— São sim — afirmo.
— Você acredita em anjos, Liam? — pergunta.
— Não sei se acredito, por quê? — pergunto de volta.
— Eu acredito que pássaros são como um, eles têm asas e quando um se aproxima de mim
eu penso ser a minha mãe olhando por mim, você me acha louca por isso?
— Não, todos nós temos crenças Maya, você não é louca por ter a sua. — A puxo mais
para perto e a abraço. — Sua mãe sempre vai estar olhando por você, sempre.

— Está pronto? — Sou tirado das minhas lembranças pela mulher de cabelos verdes.
— Sim — respondo.
— Maravilha, conseguiu se decidir? — pergunta olhando para a pasta fechada ao meu lado.
— Sim e não está aqui — respondo, pegando a pasta ao meu lado e devolvendo para ela.
— E então o que você vai fazer? — pergunta curiosa.
— Asas de anjos — a respondo sorrindo.

Amber

Os quatro dias haviam se passado tão rápidos que eu nem havia notado, hoje é terça-feira e
a minha vontade de ir embora não existia, minha vontade de ficar em solo brasileiro só
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aumentava a cada minuto que eu me lembrava que teria que encarar a minha realidade, espero
impacientemente Tyler voltar do banheiro, o que não demora muito, já que ele acabou de se
sentar ao meu lado.
— Será que tem alguém sentado ao lado desta bela moça? — Tyler pergunta e afivela o
cinto do avião.
— Estava ocupado, mas deixa eu te contar um segredo. — Chamo-o com a mão e ele
aproxima seu rosto do meu. — Eu prefiro você ao meu companheiro de viagem, você é bem
mais sexy. — Tyler ri estrondosamente e eu levo a minha mão até a sua boca abafando seu riso.
— Nós vamos ser expulsos desse voo se você continuar assim.
— O que eu posso fazer se você flerta muito mal — retruca.
— Eu flerto mal? Eu mandei muito bem, não sei nem quantas bocas eu beijei nas vezes em
que saímos.
— Mas eu sei — Tyler diz e pega o pacote de amendoim da minha mão, pega alguns e leva
até a boca.
— Quantos então, senhor sabe tudo? — questiono erguendo a minha sobrancelha.
— Nenhum — ele afirma e volta a rir.
Reviro os meus olhos e belisco o seu braço, Tyler solta um grunhido e eu sorrio satisfeita.
— Seu primo não conta? E os dois rapazes daquela boate também não? E também tem
aquele seu outro primo, como é o nome dele mesmo?
— Você pegou o Gael? — Tyler fala alto chamando a atenção de outros passageiros.
— Tyler! — o repreendo.
— Quando foi isso que eu não vi? Onde eu estava? Eu não acredito Amber! — diz
surpreso.
— O quê? Não foi para me divertir que você me trouxe? Pois foi o que eu fiz. — Dou de
ombros e abaixo a minha máscara de dormir, tampando meu rosto.
— Você ficou com os outros caras da boate porque estava bêbada. Agora o Gael foi por
qual motivo? — questiona, levantando a máscara e me encara.
— Ele é bonito, atraente, tem uma boa lábia, conversa muito bem em inglês e tem porte
para ser modelo e é muito gostoso, ele tem aquela coisa...
— Eu não acredito que você vai me contar sobre a sua intimidade com o meu primo —
Tyler resmunga.
— Eu não fiz nada demais com o seu primo. — Dou de ombros. — Apenas nos beijamos e
muito — falo sorrindo e solto um suspiro apenas para irritá-lo ainda mais.
— Tá, chega. O que será que a Liz vai achar dessa sua mudança? — ele pergunta mudando
de assunto.

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— Apenas da minha? Você também cortou os cabelos. Eu acho que ela vai gritar, vai achar
que é miragem, mas vai gostar.
— Meu cabelo nem fez tanta diferença assim, já o seu se darmos as proporções óbvias.
Você está careca, Amber! — Tyler dramatiza.
— Você é exagerado, eu gostei de mim assim e você? — indago, querendo saber a opinião
dele.
— Eu acho que você fica bonita de qualquer jeito — responde e eu abro um sorriso largo.
— Então é isso que importa. Eu vou dormir, me acorde quando chegarmos — informo e
puxo a máscara novamente.
— Eu ia pedir que você fizesse isso por mim — retruca.
— Então vamos dormir, ainda tem dez horas de voo, acredito que um de nós iremos acordar
antes de pousar e se isso não acontecer, alguma aeromoça vai nos acordar. Tenho certeza.
— Está certo. Bons sonhos, sereia.
Sorrio, Tyler adotou o apelido sereia desde que eu coloquei os pés na areia da praia de
Ipanema.
Viro meu rosto para o lado da janela e levo meus pensamentos aos dias ensolarados nas
praias de Ipanema e Copacabana, no cinema e parque com as sobrinhas do Tyler, Gael e os
meninos da boate, como eu queria prolongar esses quatro dias, parece que voou, só porque eu
estava de fato curtindo.
Não posso negar que Gael contribuiu e bastante para que meus dias fossem menos tediosos.
Quando bati o olho nele tive a certeza de que ele era a pessoa certa para o que eu iria precisar.
Fiz uma boa jogada com ele e o Tyler ainda diz que eu não sei flertar, deixa ele pensar nisso até
ver o touchdown que eu marquei.
Seguro a minha vontade de rir disso e me entrego ao sono.

— Você não avisou para a Liz que estamos chegando não né? — pergunto ao Tyler assim
que entro no carro.
Tyler deixou o carro dele no estacionamento que o aeroporto disponibiliza, portanto não
vamos ter que esperar por um táxi para chegarmos em casa.
— Não, era para ter avisado? — ele pergunta.
— Melhor assim, não tinha necessidade de ela vir também. Estamos de carro — falo o
óbvio.
Tyler dá partida e eu deito a cabeça no vidro do carro e observo o movimento das ruas de
Manhattan, esse tempo longe me fez bem. Muito bem e eu não poderia estar melhor

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emocionalmente e psicologicamente, devo isso ao Tyler e sei que tem dedo do meu pai por trás
disso também.
Meu celular vibra em minhas mãos e eu o pego. As notificações não param, o grupo que a
Liz criou ainda existe, agora tem a Violet nele e Liam ainda participa, eu não me opus quanto a
isso, todos criaram um laço e somos amigos, uma coisa não tem nada a ver com a outra.
As mensagens do grupo são de Liz, Henry e Tyler, Liam falou poucas vezes hoje. Agora
quem se prontificou em mandar mensagem foi Henry.

Henry
Um pub para animar e levantar
cadáver na sexta?
Liz
Eu topo.
Violet
Eu ainda não me recuperei do
porre desse final de semana e você
quer me arrastar para outro? Não
rola. Saio de um plantão na sexta de
manhã, só vou querer dormir.
Tyler
Sexta? Vocês saíram na sexta?

Na mesma hora olho para Tyler com o celular na mão.


— Presta atenção no trânsito e não no que a Violet fez no final de semana. Seu fofoqueiro.
— O sinal está fechado — ele diz e volta a atenção para o celular e eu faço o mesmo.

Liz
Sim, fomos beber. Estava tendo
um show ao vivo muito bom, podemos
ir nesse final de semana.
Henry
Rabbit, vai?

Amber
Pode apostar que eu vou e a Violet também.

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Respondo convicta de que irei sim sair com os meus amigos.

Violet
Eu não vou mesmo.

Amber
Você saiu e eu nem estava aqui,
não é justo você ter saído com eles e
comigo não.

Liz
A Violet fica dizendo que não vai, mas
está mais confirmada que a cerveja
Tyler
Hum.. Amber está nesse nível, alguém
precisa pará-la ela beijou a boate toda.

Henry
Ela estava bebâda?

Violet
Vocês saíram? Haha

Ela devolve a pergunta que ele fez, essa é a minha garota!


Amber
Eu não estava bêbada e sim nós saímos.

Respondo sorrindo e bloqueio o celular. Olho para Tyler que agora dirige calmamente.
Eu fico feliz por eles terem voltado, eu mesma me senti inconformada com o término
repentino deles, ela havia deixado claro que estava confusa e ainda não se sentia pronta. Então
Tyler resolveu pular fora, mas eu sempre senti que ela gostava dele, ela só precisava de um
tempo para descobrir isso.
— Vocês deveriam tentar. Se não der certo pelo menos tentaram. É assustador, eu sei. Mas
só tente, não custa nada e eu gosto dela — tento convencê-lo da conversa que tivemos ontem à
noite na praia, sobre eles morarem juntos.

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Ele quer morar junto com ela e ao mesmo tempo não quer, mas no momento eu acho que
seria ótimo para eles e eu sei que ele se incomodou com o fato dela ter saído na sexta-feira, mas
ele também saiu, então não há motivos para isso.
— Nós já conversamos sobre isso Amber — pondera sem tirar os olhos da estrada.
— Sim, eu sei que conversamos sobre isso, mas não se esquece dessa nossa conversa. Você
prometeu pensar com carinho sobre — contraponho.
— E eu vou pensar — afirma, dando um meio sorriso.
Abro a conversa do Aiden que está eufórico desde quando eu disse que estava chegando,
segundo ele achou o que eu procurava e não via a hora de me mostrar.

Amber
Pub sexta e eu não aceito não
como resposta. Estou falando desde
já para você não dizer que o chamei
em cima da hora.

Aiden
Voltou mais abusada que já era, onde reverte isso?

Amber
Sinto muito em desapontá-lo, mas não
tem reversão. Nasci assim.

Aiden
É uma pena, acho que só você nascendo de novo.

Amber
Idiota!

Aiden
Sou e você adora.

Amber
Acorda que você ainda está dormindo.
Estou chegando em casa. Falo com você depois.

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Aiden
Tenho compromisso mais tarde, estarei indisponível
por tempo indeterminado para você. Até mais boneca.

Amber
Não esqueça as camisinhas!

Tyler estaciona o carro em frente ao prédio, abro a porta e salto para fora do carro com
euforia, estou com saudade do Snow e doida para apertá-lo. Espero por Tyler na calçada,
enquanto ele dá a volta no carro e abre o porta-malas, retira as minhas duas malas de dentro e as
coloca na calçada. Puxo uma mala pela alça e arrasto pelo hall de entrada do prédio. Tyler vem
logo atrás puxando a outra.
— Boa noite Tom — o cumprimento com um aceno.
— Como foi de viagem senhorita? Gostei do cabelo — Tom pergunta sorrindo alegre.
— Obrigada Tom. Foi incrível. Eu não queria vir embora, você já conhece o Brasil? Se
ainda não, deveria.
— Ainda não tive a oportunidade de ir conhecer, mas está na minha lista.
— Fez bem em colocá-lo na lista. — Olho para Tyler que está segurando a porta do
elevador. — Nos vemos por aí Tom, eu não esqueci das suas rosquinhas e o café.
— Não esquente, o senhor Liam já pagou a sua dívida no mesmo dia trazendo as rosquinhas
e o café. E você está pagando agora com essa sua alegria — Tom diz sorrindo.
— Irei agradecê-lo por isso depois. Boa noite Tom. — Aceno um tchau para ele e arrasto a
mala até entrar no elevador.
Estou surpresa pelo Liam ter feito isso pelo Tom.
Chegamos ao meu andar e corro pelo corredor apostando corrida de malas com Tyler.
Parecemos duas crianças, mas só parecemos mesmo.
— Eu acho que eu vou vomitar. — Respiro fundo duas vezes seguidas tentando controlar o
embrulho em meu estômago e olho para Tyler tentando recuperar o fôlego.
— De novo? Você vomitou quase o final de semana todo e passou mal no avião, se
continuar assim eu vou te levar no médico, não pode ser efeito da bebida até hoje — diz
desconfiado.
— Pensando bem, eu já estou me sentindo melhor — minto e forço um sorriso para ele.
— Frouxa, não pode ouvir a palavra médico que corre — provoca.
Mando-lhe um dedo do meio e abro a porta do meu apartamento, entro puxando a mala

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comigo e largo-a no canto, procuro por Snow no apartamento e não o encontro.


Eu não queria voltar para casa, mas eu senti tanta falta dessa coisinha branca. Na próxima
vez eu irei levá-lo comigo.
— Parece que não tem ninguém em casa — Tyler murmura.
— Eu vou ver se a Liz está lá em... — Não completo a minha fala, sou atingida em cheio
pela ânsia de vômito, tapo meus lábios com a mão e corro na direção do banheiro e coloco todo
almoço e amendoim que comi durante o voo para fora. Sinto às mãos de Tyler tentando segurar o
meu cabelo, mas alguns fios escapam de suas mãos.
— Está vendo? Eu disse para não cortar careca esse cabelo, em momentos assim como que
eu seguro o seu cabelo? — Tyler descontraí e eu não tenho chance de responde-lo, já estou
botando a merda a fora de mim novamente. — Nós vamos ao médico, Amber.
Puxo um pedaço de papel e passo em minha boca, me levanto encarando Tyler e me viro
para pia.
— Eu estou bem, foi só um enjoo. Deve ser por causa do voo.
Forço um sorriso e abro o armário, pego a minha escova de dentes — que eu deixo no
banheiro daqui de baixo por pura preguiça de subir às vezes só para escovar os dentes —, aplico
o creme dental na escova e a levo até a minha boca, escovo meus dentes encarando Tyler através
do espelho, sua expressão é de preocupado. Faço uma careta para ele que finalmente desfaz a
carranca e deixa um sorriso se formar no canto do seu rosto.
— Eu vou ver se a Liz está lá em cima — ele diz e sai do banheiro me deixando sozinha.
Termino de escovar meus dentes e cuspo a espuma na pia, lavo a minha boca e o meu rosto
com sabonete e em seguida seco meu rosto na toalha. Saio do banheiro e volto para sala.
Tyler está sentado na banqueta da cozinha com um comprimido e um copo d'água em mãos.
— Vem aqui e tome sem reclamar. É para enjoos. — Ele estende o copo e o comprimido
que está na palma da sua mão.
Resmungando, vou até a ele e pego o comprimido da sua mão e escondo de baixo da língua
e bebo a agua em seguida. Deixo o copo em cima da bancada.
— Engole, espertinha — ele manda segurando o riso.
— Você é um saco — falo depois de engolir o remédio. — Cadê a Liz?
— Ela não está em casa, mandou irmos no apartamento do Liam, que agora é do Henry —
Tyler diz pausadamente.
— Como assim agora é do Henry? — questiono sem entender.
— Ela não explicou, eu só disse que não ia te levar no apartamento dele e ela disse que não
tinha problemas já que o apartamento agora é do Henry. Felizmente ou infelizmente, Liam não é
mais seu vizinho — ele explica e dá de ombros.

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— Ótimo. Então vamos lá? — Tento soar indiferente, mas não nego que não esperava por
isso.
— Por mim, tanto faz.
No mesmo momento em que abro a porta para sairmos do meu apartamento, Liz e Henry
abrem a porta do apartamento da frente, Liz está com Snow no colo que logo se agita ao ver.
— Calma rapaz, você vai poder matar a saudade dela — Liz diz soltando Snow no chão e
ele vem correndo ao meu encontro. Me abaixo pegar Snow e ouço o grito da Liz. — Cadê o resto
do seu cabelo?
Levanto com Snow no colo e passo a minha mão livre em meu cabelo, que agora mede
abaixo do queixo, apenas um pouco acima do ombro, eu não queria cortar, mas havia uma parte
de mim que ansiava e buscava por essa mudança. E com a ajuda das sobrinhas do Tyler — coisa
que ele considerou loucura na hora — eu escolhi o corte que elas escolheram.
— Obra de Analua e Gabriela — Tyler responde por mim.
— Você deixou as meninas cortarem seu cabelo? — Liz coloca a mão na boca espantada.
— Eu gostei, te deixou com ar de mais madura Rabbit — Henry expõe a sua opinião.
— Eu deixei que elas escolhessem o corte. Obrigada Henry — agradeço sorrindo e aperto
Snow em meu colo. — Não está tão ruim assim, está? — pergunto direcionada a Liz.
— Você está linda, você é linda, mas isso vai levar um tempo para eu me acostumar — ela
responde e se aproxima de mim e leva a sua mão no decote da minha blusa, o afastando um
pouco para o lado. — Porra, olha esse bronze. Tyler eu quero ir para o Brasil também, por favor.
— E eu? — Henry pergunta de braços cruzados.
— Acho que posso deixar um espaço para você na mala — Liz responde e ele a agarra pela
cintura a abraçando por trás.
— Nem louco que você vai para o Brasil se aventurar nas praias sem a minha presença ao
seu lado, iremos juntos — Henry diz.
— Bom, eu tenho que ir. Amanhã o dever chama e a sereia está entregue sã e salva — Tyler
diz e beija meu rosto, faz o mesmo com a Liz e aperta a mão do Henry. — O jantar é você que
faz amanhã. — Tyler diz andando de costas em direção ao elevador sem tirar os olhos de Liz,
que concorda com a cabeça.
— Não esqueça de trazer um bom vinho e refrigerante, estamos precisando abastecer a
geladeira — ela grita para ele que acena positivo com a mão.
— Vamos ficar parado aqui fora esperando criar raiz ou vamos entrar? — Henry retruca.
— Vamos entrar que eu quero saber de tudo, inclusive que história é essa de ter beijado
todo mundo? — Liz indaga.
Entramos e eu fiz um resumo de tudo que aconteceu no Brasil, Liz ficava empolgada e

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Henry só sabia revirar os olhos. Liz não tinha limites e nem mesmo se incomodava em elogiar os
rapazes na frente de Henry. Me despedi deles pouco mais de uma da manhã, eu precisava dormir,
tinha compromisso marcado com Aiden no dia seguinte.


Resultado da noite anterior? Acordei atrasada, cansada e exausta. Saí de casa em tempo
recorde para encontrar Aiden, o relógio já marcava dez e meia e eu não estava nem na metade do
caminho, Aiden já havia me ligado duas vezes impaciente com a minha demora.
Cinco minutos depois eu estacionei meu carro em uma avenida bastante movimentada, saí
as presas do carro e encontrei Aiden em pé na calçada de braços cruzados me encarando.
Quando me aproximo ele me puxa para um abraço apertado e me solta em seguida.
— Senti a sua falta, embora a sua demora tenha me matado — ele resmunga e passa a mão
em meus cabelos. — Gostei da mudança, lhe caiu muito bem, aliás, o que não lhe cairia bem?
— Huh... Me elogiando? Eu perdi a hora, me desculpa — disse, sorrindo culpada. — Eu
também senti a sua — confesso sem tirar o sorriso do rosto.
— Tudo bem, vamos que estamos atrasados.
Aiden segurou na minha mão e me arrastou pela calçada, paramos em frente a um prédio
comercial de dois andares. A frente do prédio era uma loja, havia uma enorme vitrine de vidro
que deixava em evidência isso, o espaço estava completamente vazio, havia uma senhora lá
dentro e quando nos viu, veio até as duas portas de vidro que se abriram quando ela se
aproximou.
— Oi Sarah, desculpa a demora alguém perdeu a hora hoje — Aiden diz para a senhora que
sorri assentido. — Amber essa é a Sarah, e Sarah essa é Amber que eu falei.
— Sim tudo bem, prazer em conhecê-la Amber. — Sarah estende a mão para mim e eu a
aperto.
— O prazer é todo meu — disse afastando minha mão, olho para Aiden sem entender ainda
o que estamos fazendo aqui.
— Vamos entrar, não se trata de negócios na rua — Sarah nos chama e entramos no espaço
vazio.
Agora dentro do lugar, olho melhor e esse lugar sem dúvidas precisa de uma nova pintura,
fora isso ele está totalmente conservado.
— Primeiro deixe-me explicar o que estamos fazendo aqui — Aiden diz chamando a minha
atenção.
— Sim, por favor — peço e mordo meu lábio tentando conter a minha ansiedade.
— Quando você me procurou na semana passada pedindo ajuda você sabia exatamente o
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que queria fazer, só não sabia por onde começar. Pois eu estou te dando a chave para o seu
começo, Sarah é uma cliente muito antiga e está vendendo esse espaço e quando eu vi as fotos eu
precisava vê-lo pessoalmente antes de te trazer aqui, é perfeito para você abrir a sua loja e ter o
seu próprio negócio, no andar de cima há mais uma sala vazia no mesmo tamanho dessa aqui, lá
você poderá usar da forma que você quiser, será o seu refúgio e onde tudo cria vida, será um
lugar apenas seu. E aqui — Aiden gesticula com às mãos olhando ao redor —, será onde você
vai começar o início do seu sucesso, onde irá receber suas clientes Amber. Eu encontrei o lugar
perfeito para você.
Engulo em seco absorvendo as palavras de Aiden, eu não sei o que dizer. Eu iria procurar
com calma um lugar exatamente como esse, mas Aiden fez tudo isso por mim, se deu o trabalho
e isso é muito mais do que eu poderia esperar.
— Eu não sei o que dizer... só meu Deus. — Olho admirada para Aiden e fecho o espaço
que há entre nós o abraçando. — Obrigada por me ajudar, mais uma vez.
— Você não tem que agradecer — ele sussurra em meu ouvido e em seguida beija meu
rosto.
Solto Aiden do meu abraço quando percebo que fiquei tempo demais abraçada a ele, olho
para Sarah que sorri nos olhando.
— Eu vou ficar — disse diretamente para Sarah que balança a cabeça assentindo. —
Quanto você quer nesse espaço?
— Cinquenta mil dólares, mas podemos negociar — responde e eu engulo em seco. —
Venha vamos dar uma olhada no segundo andar, você precisa vê-lo antes de fecharmos o
contrato, te garanto que vai gostar.
Sarah toma a frente nos guiando, diminuo meus passos e ando devagar ao lado de Aiden.
— Qual é o problema? — ele pergunta me olhando.
— Isso é mais do que eu posso no momento, se eu cometer a loucura de comprar esse
espaço, ele ficará da mesma forma que está, o dinheiro para investir vai praticamente todo na
compra — murmuro baixo só para Aiden ouvir.
— Você vendeu as suas ações por duzentos mil dólares, acha que não será o suficiente? —
Aiden questiona.
— Eu não acho Aiden, eu tenho certeza. Coloca no papel, esse lugar precisa de uma pintura
nova — aponto ao redor onde claramente dá para se notar a tinta desbotada da parede —, precisa
de um ar condicionado, aqui é muito quente, isso são as coisas que precisam ser colocadas aqui.
Agora vou listar as coisas que eu preciso, manequins, araras, provador. — Conto nos dedos da
mão e quando vou citar mais coisas Aiden me para.
— Cala essa maldita boca e só vem, vamos conhecer o andar de cima. — O encaro perplexa

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e ele me puxa pela mão. — Você pensa demais, deixa essas coisas para o depois.

2 semanas mais tarde...

— O que você fez? — gritei me levantando da cama na mesma hora.


Estou no celular com Aiden e ele acaba de me informar que fechou contrato com a Sarah.
Sei que o local seria perfeito para a minha futura loja, mas eu não fechei o contrato por motivos
óbvios e agora Aiden me liga dizendo que fez justamente o que eu não iria poder fazer.
— Se você abrir a porta para mim eu acho que posso te explicar melhor — Aiden
resmunga.
Corro descendo as escadas e quase tropeço no último degrau, eu desci tão rápido que acabei
ficando tonta, me seguro no corrimão da escada tentando me recuperar da tontura e respiro fundo
antes de marchar até a porta e abri-la para Aiden.
— Você está pálida, qual é o seu problema? — ele pergunta me fitando dos pés à cabeça.
— Só desci a escada rápido demais, estou me sentindo meia zonza ainda — disse, dou
passagem para Aiden entrar e gesticulo com a mão. — Entra, sinta-se à vontade.
— É melhor você se sentar. — A mão de Aiden afasta a minha da maçaneta da porta e a
fecha. — Você está gelada Amber.
Aiden anda comigo até o sofá e sem soltar as minhas mãos ele me senta, esfrega suas mãos
nas minhas me esquentando e me olha atentamente. Observo seus olhos esverdeados me
encarando e forço um sorriso.
— Tem certeza que você está bem? — ele pergunta
— Estou com cara de quem não está bem? — devolvo a pergunta.
— Não está mais aqui quem perguntou — diz levantando as duas mãos no ar em sinal de
rendição.
Reviro meus olhos bufando e o encaro.
— Estou esperando você começar a se explicar, aproveita que eu ainda estou te dando esse
direito.
— Huh, ela está nervosinha — debocha.
— Por que você fez isso? — questiono.
— Porque é o que você precisa, estou te ajudando — afirma sem pestanejar.
— Não Aiden, era o seu dinheiro, por que você fez isso? Você vai pedir de volta esse
dinheiro e rasgar esse contrato.
— Ei boneca... eu estou investindo em você, se for te fazer se sentir melhor leve isso como

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um empréstimo e quando você estiver alavancando e em condições, você me paga ou então


seremos sócios, mas eu fiz o que tinha que ser feito e a coisa certa, você ainda vai me agradecer
por isso — ele diz sorrindo convencido.
Reviro os olhos por seu convencimento e o encaro tentando esconder um sorriso.
— Ok, sócio e isso foi um empréstimo. Irei precisar de seus serviços para algumas coisas,
então como você é sócio não vou precisar pagar. Ótimo. — Pisco o olho para ele que gargalha.
— Eu trouxe um catálogo de cores para você escolher para pintar, você só precisa escolher
as cores. — Ele estende uma pasta com tabela de cores, antes de me entregar ele me olha dos pés
à cabeça. — E você precisa se vestir em meia hora, vamos sair.
— Vamos? — indago arqueando uma de minhas sobrancelhas.
— Em vinte minutos agora, contados — responde e guarda de volta em sua maleta a pasta
com a tabela.
— Eu acabei de acordar, preciso comer alguma coisa e estou meia zonza ainda, e você
ainda quer que eu me arrume em vinte minutos? Vinte, Aiden? — resmungo.
— Se você quiser ver como está o andamento da reforma da loja é o tempo que você tem,
caso contrário nem ligo — diz, dando de ombros e bate o dedo no relógio. — Tic tac, o tempo
está passando.
— Irritante — retruco e o empurro no sofá.

De propósito eu demorei muito mais que vinte minutos, demorei vinte e nove o que foi o
suficiente para irritá-lo. Aiden é muito pontual e odeia atrasos, tudo com ele tem hora e momento
exato para fazer e irritá-lo com a minha desordem a partir de hoje virou meu passatempo
preferido.
Entramos em uma discussão na loja de tintas para decidir em qual cor seria melhor para a
loja, Aiden queria uma cor forte e eu queria uma clara, acabamos decidindo que seria uma cor
quase vinho destacasse a cor gelo que eu escolhi para todas as paredes.
Quando levamos as tintas para a loja fiquei de queixo caído ao me deparar com seis homens
trabalhando em alguns reparos, olhei para Aiden sorrindo, eu literalmente havia ganhado o meu
dia.
Aiden deixou as tintas para que eles iniciassem a pintura e fomos ao shopping, comprei
tudo que eu precisava e ainda sobrou uma quantia significante do meu dinheiro, daria para
contratar costureiras próprias para a loja e isso já me fazia transbordar de felicidade.
— Você só precisa de uma marca. — Aiden me tira dos meus devaneios.
— Eu pensei que talvez você pudesse me ajudar nisso, eu sou péssima com nomes.

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— Por que você não usa seu apelido, Sunshine? — ele fala debochado e eu o olho
procurando vestígios de que esteja brincando, mesmo que ele tenha debochado.
Mas não havia vestígio algum de que ele estava brincando, Aiden estava prestando atenção
no semáforo e ainda assim estava sério ao volante.
Sunshine... essa palavra saindo de sua boca não teve sentido algum, não o mesmo que tem
quando ouço da boca de Liam.
— Não é uma opção — falo e meu estômago ronca o fazendo rir. — Você precisa me
alimentar, desde que me sequestrou em casa, você não fez uma pausa para me alimentar.
— Você está ficando uma mentirosa de carteirinha, você que não quis. Estava tão eufórica
para comprar as coisas que deixou isso para depois, sua sorte é que tem um Walmart ali na
esquina. — Ele aponta para o letreiro enorme do hipermercado na esquina.

Estávamos na fila do mercado que por sinal estava imensa, uma fila desse tamanho para
passar apenas cinco coisinhas, olhei ao redor procurando um caixa com uma fila menor e não
encontrei, exceto a de prioridade, um sorriso se abriu em meus lábios e eu olhei para Aiden como
se tivesse tido a melhor ideia do mundo.
— Não, não e não, eu não quero nem saber o que você está pensando — Aiden diz ao notar
meu olhar e sorriso direcionado a ele.
— Você não tem escolha, me dá a sua jaqueta — peço e ele me encara de testa franzida. —
Anda logo — resmungo.
— Não quero saber o que você vai aprontar — retruca, tirando a jaqueta do seu corpo e me
entregando.
— Você não precisa saber, já vai ver — informo com um sorriso ladino no rosto.
Pisco para ele e saio andando disfarçadamente entrando em um setor razoavelmente vazio
do mercado. Graças a Deus o meu moletom é larguinho, caso contrário estaríamos ferrados,
embolo a jaqueta de Aiden formando uma bola e enfio por de baixo da minha blusa, ajeito meu
moletom e passo a minha mão por cima da minha falsa barriga de grávida.
— Deus me perdoe por esse pecado, eu sei que mentir é feio, desde já me perdoa — peço
alisando a minha barriga e volto até Aiden.
— Vamos para a outra fila — falo assim que paro a sua frente, Aiden me olha estranho e
me mede dos pés à cabeça, quando seu olhar passa pela minha barriga seus olhos se arregalam
ele explode em uma gargalhada e eu o belisco. — Para de rir, assim vão perceber, saiba disfarçar.
— Isso dói — resmunga passado a mão no braço que eu havia beliscado. — Eu não vou
mentir coisa nenhuma, podemos ser presos por falsidade ideológica, podemos pegar até cinco

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anos de cadeia, você está louca? Ai mesmo que você não vai ter filhos para contar histórias.
É um arregão mesmo, já esperava isso de Aiden, então eu o ignoro, pego a cesta que
contém nossas besteiras e vinho e lhe dou as costas.
Ando um pouco devagar, afinal eu estou grávida. Tenho que fingir bem, Ally anda igual
uma pata às vezes.
Não dou cinco segundos para Aiden vai vir atrás de mim.
Um...
Dois...
Continuo andando até o caixa prioritário.
Três...
Quatro...
— Se você for presa, vai precisar de um advogado — a voz de Aiden soa atrás de mim.
Cinco.
Não contenho o sorriso que se abriu em meu rosto ao ouvir sua voz. Eu sabia que ele viria.
Ele sempre vem.
Nas duas últimas semanas Aiden tem me acompanhado em tudo, academia, corrida noturna
no Central Park e às vezes em séries, estamos bem mais próximos que o normal.
Entro na fila logo atrás de um casal de idosos que nos olha sorrindo admirados. Seus olhos
caem para as duas garrafas de vinho tinto em minha cesta e torcem os lábios.
— Não são meus, meu marido gosta de beber com os amigos nos finais de semana, mas as
besteiras são minhas, você sabe... desejo de grávida — explico a senhora de cabelos grisalhos
que volta a me olhar sorrindo.
Ela nem precisou perguntar nada para eu me explicar, seus olhos preocupados já
denunciavam seus pensamentos.
— Desculpe querida — a senhora diz envergonhada. — É que esses jovens de hoje em dia
não têm juízo algum, você está com quantos meses? É uma bela grávida.
— Obrigada. — Sorrio envergonhada e olho para Aiden que está me olhando com aquela
cara de “eu avisei que ia dar merda”. — Querido você pode segurar a cesta, por favor? Meu
braço está doendo.
Mentira, meu braço estava doendo nada, só queria que ele segurasse mesmo. Idiota.
— É claro boneca, tudo por você e pelo nosso bebê. — Ele está sorrindo e eu não sei se é de
deboche ou se ele está sorrindo de verdade. — Ela está com seis meses — ele responde a senhora
por mim e pega a cesta, aproveito para lhe dar uma cotovelada. — Merda, Amber — ele
sussurra.
— Vocês formam um lindo casal o filho de vocês será lindo como os pais — ela diz e o

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sorriso de Aiden se alarga mais ainda. — Não é querido? — pergunta ao seu marido que está
distraído.
— Será se puxar os olhos e a beleza da mãe, seus olhos me lembram o mar — o marido
dela responde e ela o cutuca. — Querida você acha que eu vou achar um homem bonito? É
lógico que eu vou falar da beleza da mãe — ele diz nos fazendo rir.
— Minha esposa é muito bonita sim e o senhor está coberto de razão — Aiden diz me
abraçando de lado e beijando a minha testa.
O casal sorri de maneira melosa e andam a frente, chegou a vez deles. Graças a Deus.
— Que venha com muita saúde o bebê de vocês — ela diz sorrindo e passa a suas compras
com a ajuda do marido.

— Meu Deus Aiden, eu estou me sentindo muito mal agora — falo ao entrar no carro e me
desfazer de sua jaqueta. — Viu como ela nos olhava? Com tamanha satisfação e os elogios?
— Quem inventou essa história foi você e foi hilário ver a sua cara quando ela perguntou de
quanto tempo você estava — ele diz rindo.
— E você nem poupou em me castigar né? Seu ridículo. — Jogo a jaqueta em sua direção e
ele a agarra.
— Não é todos os dias que eu tenho a honra de tirar uma com a sua cara.
— Engraçadinho. — Abro o pacote de batata chips e o coloco entre minhas pernas. — Não
vou te oferecer também! — retruco e levo uma batata até a boca.
— Não é à toa que está gorda — murmura baixo.
— Eu estou o que, Aiden? — falo alto chamando a sua atenção.
— Está cheinha, tenho notado isso em você — diz me analisando.
— Só por causa disso, hoje iremos correr muito mais que ontem, duas voltas no parque e
sem reclamar.
— Ah não, você só pode estar brincando.
— Pode apostar que não — retruco, sorrindo vitoriosa.

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“E nós sabemos que somos obstinados e que nosso coração


se foi. E o tempo nunca está certo.”
Roman Holiday – Halsey

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Liam

Diferente da outra vez na qual eu me esqueci de quem eu era e me perdi na bebida, dessa vez eu
vou continuar seguindo em frente e com o que eu sempre idealizei para mim.
Sou um homem formado em medicina, bem estruturado e estabilizado, tenho a minha
própria clínica, meus pacientes e um cargo a zelar. Na outra vez a única coisa que eu tinha foi
embora, eu não vou me deixar cair por Amber, não mais.
Passei por muitos preconceitos por ser um médico coberto de tatuagens pelo corpo, mas
isso nunca me impediu de chegar aonde eu queria chegar. Eu amo Amber, amo tanto que isso às
vezes toma conta de mim, me cega, me corrói e me estraga para qualquer outra pessoa.
Não penso em me relacionar com outra pessoa a não ser ela, mas se isso um dia acontecer
vai ser no tempo certo e hora certa. Vai acontecer porque tem que acontecer e não por que eu
quis ou estou à procura.
— Podemos ir almoçar agora? Estou faminta — Sienna murmura me tirando dos devaneios.
— Claro, eu avisei a Violet que estamos indo, mas ela disse que tem um imprevisto — falo
e levanto-me do sofá da sala dos médicos em que eu estava deitado e saio da sala acompanhado
de Sienna.
Sienna e eu voltamos a ficar bem próximos nessas últimas semanas, ela está saindo com um
residente — é segredo, mas eu só descobri porque os peguei na saída de incêndio aos beijos —
que foi transferido para cá, ela como amiga se mostrou ser uma pessoa que eu jamais imaginei
que ela seria. Amiga, companheira, conselheira, confidente e boa ouvinte.
Duas semanas, nove dias e... bom as horas eu não sei. Mas esse é o tempo que eu estou sem
Amber e confesso que eu tive que me segurar e muito para não procurar saber como ela está
através do Henry, ou até mesmo arrumar uma desculpa para visitá-lo na intenção de esbarrar com
ela.
Patético, eu sei.
— De quem é a conta hoje? — Sienna brinca.
— Pelo o que eu me lembre a conta deveria ser do Craig, mas como ele não está... passa a
ser sua hoje — retruco.
— Nah, engraçadinho você. Se eu ganhasse o que vocês ganham eu não seria tão mão
fechada quanto vocês — resmunga humorada.
— Eu mão fechada? — Finjo indignação e ela sorri.
— Não você, mas o Craig...
— Ouvi meu nome, o que tem eu? — As portas do elevador acabaram de se abrir revelando

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Craig olhando de mim para Sienna de braços cruzados.


— Estamos indo almoçar, quer ir conosco? — ela desconversa e entra no elevador e eu faço
o mesmo.
— Onde vocês vão almoçar? — Craig pergunta.
— Vamos no — não termino de falar, Sienna solta um pigarro interrompendo e eu a olho
sem entender.
— Vamos no Per Se — ela diz e pisca o olho e eu continuo confuso, nós não vamos a esse
restaurante. Eu odeio lugares muito cheio e ela sabe disso.
— Nah, muito obrigado. Esse restaurante só cabe ao meu bolso em ocasiões especiais,
deixa para próxima — responde.
— Eu não disse? Mão fechada — ela conclui sua teoria e dá de ombros, enfia suas duas
mãos nos bolsos do seu jaleco e se vira de frente olhando para cima onde fica o painel do
elevador marcando o andar.
— Você acabou de me chamar de pão duro? — ele a questiona.
— Não foram essas palavras, mas pão duro também se qualifica — ela retruca.
— Eram isso que estavam falando de mim? Só por isso eu vou nesse restaurante — Craig
resmunga e me encara. — Mas você também vai pagar a conta.
Solta uma gargalhada e balanço a cabeça.
— Craig, para de ser miserável. Você ganha mais do que eu, você trabalha em dois
hospitais, se duvidar você compra esse hospital todo e ainda vai ter dinheiro — pontuo.
O que não deixa de ser mentira, Craig trabalha em dois turnos, aqui pela manhã e no
Bellevue em alguns plantões, ele só não trabalha mais que isso porque Donna o largaria. O cara
vive para a esposa e o trabalho, se ele não fosse casado eu poderia dizer que ele passaria 24 horas
trabalhando.
— Falou o homem que tem uma clínica, um pai empresário, uma mãe designer de interiores
e é chefe clínico — ele desdenha.
— Esqueceu de um detalhe aí — Sienna intervém, ganhando nossa atenção. — Ele não é
mão fechada.
— E nem eu — Craig se defende. — Vou provar isso a vocês.
E ele provou mesmo, por incrível que pareça Craig pagou a conta do Per Se sozinho e
Sienna ainda trouxe sobremesa para Violet e depois foi para a clínica.
​O dia no hospital estava bastante agitado hoje, não fui nem para a clínica, entretanto liguei
para lá e Sienna disse que por lá estava tudo calmo e sob controle ao contrário daqui.
Entro na sala de TC que se encontra vazia e me acomodo em uma cadeira, solto um suspiro
aliviado ao me sentar, eu preciso descansar, estou a base de cafeína e não durmo há vinte e seis

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horas? Nem eu sei quanto tempo faz que eu não durmo, debruço meus braços na mesa e deito a
minha cabeça entre eles, ninguém vai me pegar aqui nesse horário ou vai? Retiro o que eu disse,
no mesmo instante a porta se abre, praguejo em pensamentos a pessoa que passou por aquela
porta e levanto a cabeça para ver quem foi o desgraçado que atrapalhou meus cinco segundos de
sono.
— Eu esperava entrar aqui e encontrar uma gostosa, mas não você — Eric zomba.
Eric é um residente na beirada dos seus vinte e três anos, ele está dividido entre ser
neurocirurgião e cardiologista, são duas profissões admiráveis e ele muito capaz de exercer cada
uma delas.
— Estava tentando dormir, mas graças a você isso não foi possível — resmungo irritado.
— Há quanto tempo você não dorme? — pergunta puxando a cadeira e se sentando ao meu
lado.
— Mais de vinte e seis horas, faltam só mais duas horas para eu ir embora — comento e ele
assente mexendo no computador.
— Olha esse exame, que incrível é o maior tumor que eu já vi — informa apontando para o
monitor.
— Você deveria escolher neuro, a última vez que eu vi alguém olhar para um tumor com
tamanha adoração e não pesar pelo paciente foi o...
— Achei você aqui — Brandon diz entrando na sala e fechando a porta.
— Brandon — murmuro.
— O que tem eu? — ele indaga curioso.
— Estava falando para o Eric, que a última pessoa que eu vi olhar para um tumor dessa da
forma em que ele está olhando, foi você e isso na nossa residência — explico e ele olha para o
tumor que Eric estava analisando.
— Caralho, olha esse tumor — ele exclama, seus olhos chegam a brilhar de alegria. — Eric,
avisa para o paciente que iremos prepará-lo para cirurgia e reserve a sala, eu já encontro você.
— Sim doutor Ferragni, aviso ao senhor quando tudo estiver pronto — Eric informa e pega
o iPad em cima da mesa e sai.
— Ele é bom — comento com Brandon.
— É uma pena ele ainda ter dúvidas, ele é muito bom — confirma sem tirar os olhos do
tumor. — Eu não acredito que eu escolhi a melhor profissão do mundo, olha esse tumor. É uma
obra de arte.
— Vocês nem sentem pesar pelo paciente ter um tumor e correr risco de morte? — indago e
com isso ganho a sua atenção.
— Claro, isso quando o tumor é inoperável ou quando o quadro do paciente não permite

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que ele opere, mas isso meu caro amigo, é operável, meu paciente é saudável e nós iremos salvar
a vida dele — diz convencido.
— E o que você ainda faz aqui ao invés de ir preparar o seu paciente? — retruco e cruzo
meus braços o observando.
— Meu casamento — murmura.
— O que tem? Desistiu? — brinco.
— Não, você sabe... Você e Amber eram par um do outro, agora não estão mais juntos,
quem vai ser seu par? Sei que ela não vai ser, eu posso arrumar uma de última hora para você e...
— Está tudo sob controle, já tenho um par — minto, não quero deixar Brandon mais
nervoso do que já está. O casamento dele é domingo e ele está se corroendo de ansiedade.
— Obrigado Deus — ele diz juntando as mãos e olhando para cima. — Paige disse que me
mataria e não teríamos lua de mel se eu não lhe arrumasse um par, até que foi fácil. Hoje posso
dormir em paz.
— Então era isso que estava tirando seu sono e não o casamento? — pergunto, achando
graça da situação.
— Também, mas você salvou a minha pele — diz e o seu pager bipa. — Tenho que ir e vai
para casa, você está ficando com umas olheiras horríveis, tô sabendo que está aqui há mais de
vinte e quatro horas.
— Eu vou mesmo, estou cansado — afirmo e ele assente.
Saio junto com Brandon da sala de TC, eu ainda não tenho companheira para o casamento
dele, mas irei dar um jeito nisso agora mesmo. É claro que diferente da outra vez, eu não vou
levar alguém que eu sei que magoaria Amber.

Meu par não era ninguém mais e ninguém menos que Violet, eu a chamei e ela não recusou,
ela sabia que estaria quebrando meu galho e ela me devia uma. Graças a mim Tyler não teve
saída e eles voltaram.
— Tudo bem para você sentar-se à mesa com eles? — Violet pergunta.
Depois da cerimônia íntima do casamento do Brandon na praia, viemos todos para a
luxuosa casa dos pais dele em Los Angeles — lugar onde foi o casamento —, foi uma cerimônia
simples e para os mais íntimos, Paige estava com seus seis meses de gravidez e não queria algo
grandioso.
A mesa a qual Violet se refere, estão sentados, Henry, Liz, Tyler e Amber.
E não acho que minha presença lá seria uma boa coisa, Violet disse que Amber pareceu
bem desapontada quando ela informou que seria meu par, mas é isso que eu não entendo, ela

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teria aceitado ser meu par?


— Não Violet, eu já estou indo para casa, estou com uma enxaqueca forte, só irei me
despedir dos noivos.
— Você tem certeza? — indaga e eu assinto. Ela se afasta e antes de ir em direção a mesa
ela me olha. — Então minha dívida está paga e melhoras para a sua falsa enxaqueca — diz
sorrindo cínica.
— Cuidado para não tropeçar na sua língua com esse salto — retruco e ela me devolve com
uma careta.
Procuro por Brandon e Paige por todo salão e os encontro na mesa com seus familiares,
incluindo Aiden, Brandon nota a minha presença e acena com a mão me chamando conforme eu
me aproximo.
— Não me diga que já está de saída? — Paige faz uma cara emburrada.
— Você disse que ficaria — Brandon reclama.
— Mas eu fiquei, você sabe que tenho tido uma crise de enxaqueca por conta dos meus
turnos no hospital — falo dando um meio sorriso. Isso se tornou uma desculpa perfeita. — Eu
estou feliz por vocês.
— E eu feliz por não ter que dividir mais o meu namorado com você — Paige retruca e
Brandon pigarreia. — Eu quis dizer marido, é tão estranho dizer isso depois de anos me referindo
a ele como namorado — ela diz rindo.
— Parece até um xingamento, esposa — ele concorda e faz uma careta.
— Com o tempo vocês se acostumam, não abuse demais dele na lua de mel e respeitem o
meu afilhado — falo apontando para a barriga dela que está visível.
— Não vamos fazer nada que você não faria — Brandon desdenha.
— Certo, não quero nem saber o que eu não faria — falo os fazendo rir. — Aproveitem a
lua de mel e traga-o de volta inteiro para mim.
— Nós iremos ligar para você e colocá-lo no meio da nossa cama — Paige diz. — Jantar na
nossa nova casa quando chegarmos de viagem? — propõe.
— Perfeito, vejo vocês daqui há um mês? Sério que vocês vão passar as férias todas de lua
de mel?
— Vamos — Brandon confirma acenando com a cabeça. — Temos um roteiro de viagem.
— Estou liberado para ir agora? — pergunto.
— Isso parece até uma despedida, meus hormônios estão acabando comigo eu vou chorar
— Paige choraminga. — Anda logo, me abraça para eu te deixar ir embora.
— Amor, nós vamos morar praticamente do lado dele, não tem motivos para choro —
Brandon intervém.

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— Cala boca. — Ela o afasta para o lado e me abraça. — Eu torço para que um dia seja
você e depois o Henry, meu Deus, eu amo vocês. — Ela funga e eu passo as mãos no seu cabelo
a confortando.
Sim, a gravidez deixou Paige sensível, ela não era assim. Pensa em uma Liz versão 2.0? Era
a Paige na época de faculdade.
— Tá chega de abraçar a minha mulher — Brandon resmunga e eu solto Paige.
— Sem ciúmes você também, há Liam para todos — retruco e Paige nos junta em um
abraço triplo.
— Nós estamos ficando velhos. — Ouço a voz de Henry que se junta ao abraço.
— Vocês estão me sufocando, mas eu amo vocês — Paige resmunga e todos nós nos
afastamos. — Eu queria que a Harper tivesse aqui — ela choraminga e Brandon a abraça. Elas
eram muito unidas na época da faculdade, é compreensível que ela sinta falta da sua melhor
amiga.
— Eu vou jogar o buquê — ela falta alto dessa vez, chamando a atenção de todas as
mulheres do salão.
— Essa é a minha deixa para ir embora — falo e me despeço mais uma vez deles.
Eu estou muito feliz por ver meus melhores amigos de faculdade seguindo suas vidas da
forma que deve ser, eu os vi se formando, conquistando seus objetivos, vivendo seus sonhos,
casando e agora construirão sua família. Eu não poderia estar mais feliz, Paige encontrou a
pessoa certa, alguém que vai lidar com suas loucuras de pintar o cabelo sempre e Brandon
encontrou alguém que desse cor a sua vida.

Amber

Uma semana havia se passado desde o casamento de Brandon, eu fiquei decepcionada pois
em algum momento, passou pela minha cabeça que Liam me procuraria, afinal eu era o seu par,
pensei que ele faria isso pelos amigos dele, mas ao invés disso ele deu seu jeito e chamou Violet,
no fundo eu sei que ele fez isso por mim.
A loja e o atelier estão em ordem, Aiden pediu meu voto de confiança e eu não me
arrependo de ter lhe dado, está tudo do jeito que eu imaginei ou melhor.
Liz está tão radiante quanto eu, ela não parada de anda e rodar pela loja inteira.
— Você gostou? — Aiden pergunta.
— Você está brincando certo? — Ele balança a cabeça negando. — Eu amei, isso é incrível
— murmuro olhando para a luminária de cristais que fica no meio da loja.
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A minha loja está do jeito que eu sempre sonhei e eu não posso reclamar da arquiteta
escolhida por Aiden, que não poupou esforços.
São “dois andares”, o de baixo para todos os clientes e um andar somente meu, onde posso
comandar tudo e deixar do jeito que eu bem entender. Apenas eu tenho passagem, pois ali é o
meu cantinho, minha intimidade e apenas as pessoas mais íntimas terão acesso.
O andar de baixo é largo em comprimento e pequeno em altura, do jeito que eu queria. As
cores que predominam são calmas e serenas: o dourado com branco. Lustres, papel de parede na
cor dourada, duas vitrines e entre elas, as portas de entrada — de vidro. Entre os corredores e
espaços vagos, têm diversas araras com diferentes tipos de roupas femininas e masculinas,
camisas, vestidos, calças, roupas íntimas e as mais diversificadas peças.
O segundo andar, é a minha sala. Não há paredes e sim, vidros opacos. Eu consigo ver tudo
do que se passa do lado de fora, porém, os vidros são escuros o suficiente para quem está do lado
de fora, não conseguir ver o que acontece aqui dentro. Uma mesa no mesmo tom de dourado das
paredes e prateleiras espalhadas pela sala com diversas fotos minhas com meus amigos, família e
Liam.
Mesmo que nós estejamos separados, ele participou de grande parte de minha vida e merece
o seu lugar aqui em minha prateleira.
— Fico contente que tenha gostado — ele diz satisfeito.
— Eu não quero nem saber quanto você investiu nisso aqui — informo reparando em cada
detalhe desde a entrada até a parte de dentro.
— Que bom, porque eu não iria mesmo falar — retruca sorrindo.
— Quando nós podemos começar? — Liz pergunta ao se aproximar.
— Isso aí já não é comigo. — Aiden levanta a mão se rendendo. — Vou fazer umas
ligações, já volto — informa e se afasta deixando-me a sós com Liz.
— Eu não acredito que você escondeu isso de mim esse tempo todo — Liz resmunga.
— Qual a graça da surpresa se ela for descoberta? — retruco e a empurro para o lado. — Eu
estou com fome.
— Você sempre está com fome, não esquece que hoje iremos sair e semana que vem é o seu
aniversário, precisamos combinar algo.
— Eu não quero fazer nada no meu aniversário Lizzie, vai ser um dia comum como
qualquer outro. Uma, pelo menos uma vez me deixe ter o direito da escolha — falo e ela dá de
ombros, foi a mesma coisa que nada. Eu não tenho escolha, eu nunca tenho.

Almoçamos com Aiden e ele nos deixou a par de toda a burocracia que ele havia resolvido

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da loja, Liz a cada segundo soltava gritinhos de alegria, acho que não era só eu que estava me
sentindo no caminho errado enquanto estava na loja da mamãe. Nós viemos para casa, mas eu só
tive tempo de tomar um banho, vestir minha roupa da academia e ir malhar, Aiden me esperou,
já que ele também ia, agora ele mora no apartamento que era do Brandon, o que o poupou de
procurar um lugar para morar.
Tem pouco mais de uma hora que eu cheguei morta, exausta, cansada e desfalecida da
academia, não consigo dormir, mas também não quero levantar da cama. Ouço a porta se abrir e
observo uma sombra caminhando na ponta dos pés pelo meu quarto.
— Acorda Amber, precisamos nos arrumar, Henry daqui a pouco vem nos buscar. — Liz
puxa meu pé descoberto.
— Eu não estou dormindo Liz, queria, mas não estou. Se você não estivesse brincando com
o Snow e fazendo ele latir alto, eu estaria dormindo — resmungo de mau-humor.
— Eu não estava brincando com ele. — Viro meu rosto para encará-la e ela revira os olhos.
— Tá tudo bem, talvez eu tenha dado chocolate demais para ele e jogado a minha sandália para
ele brincar.
— Liz! — Solto um grunhido e jogo o travesseiro nela. — Para de entupir meu cachorro de
chocolate sua cadela, eu já disse que faz mal, não é você que paga o veterinário quando ele passa
mal.
— Mas o que eu posso fazer se ele ficou me olhando sentadinho com os olhinhos pidões?
Eu não resisto.
— Compre um cachorro para você e faça isso com o seu e me deixa dormir.
Puxo a coberta cobrindo meu rosto e no mesmo instante sou descoberta.
— Anda, levanta! — exclama. — Nós vamos sair e temos um motivo para comemorar.
— Você é insuportável — resmungo.
— E ainda assim você me ama.

Eu havia tomado um banho para lavar a alma definitivamente, eu enrolei o máximo na


tentativa falha de fazer Liz desistir, já que ela estava pronta na penúltima vez em que havia
batido na porta do banheiro. Não satisfeita com a minha demora, ela bateu pela última vez para
avisar que ia na frente e que Henry me levaria.
Eu realmente não tinha como fugir, eu ia ter que ir.
Estou terminando de fazer a minha maquiagem, resolvi vestir algo bem confortável nada de
vestidos ou saias, afinal vou a um pub beber e jogar conversa fora com amigos e não a uma
boate. Portanto vesti uma calça de couro preta, um cropped de alças branco e peguei uma jaqueta

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de couro preta, tentei cachear meus cabelos e não deu muito certo, devido ao meu novo corte de
cabelo, mas ele ficou ondulado o que me deixou satisfeita. Não exagerei na maquiagem também,
tentei me deixar o mais natural possível e ainda optei por um batom marrom clarinho, quase
nude.
Ouço uma batida na porta do meu quarto e dou permissão para entrar enquanto termino de
esfumaçar meu olho.
Sei que é Henry e sei que ele está me procurando. Seus passos ficam próximos do closet até
que paran.
— Uau Rabbit, você está um espetáculo — diz fazendo um sinal de ok com a mão.
— Obrigada?! — retruco sorrindo.
Eu já nem reclamo mais desse apelido, é perca de tempo e até me acostumei, às vezes até
Tyler e Violet soltam esse apelido “sem querer”, é o que eles dizem.
— Está pronta? Só falta você e eu fiquei te esperando — pergunta e não sei porque
pressinto que tem algo a mais no motivo dele me esperar e Liz ter ido na frente.
— Só vou calçar algo, um minuto.
Faço sinal com o dedo e entro no meu closet, fico na dúvida entre um peep toe vermelho e
um coturno, na dúvida calço o coturno, nuca se sabe o quanto eu irei beber hoje e cair de salto
não está nos meus planos.
Me olho no espelho, embora eu esteja parecendo uma roqueira com meu batom mate vinho
e com essa roupa, eu estou satisfeita. Antes de sair do meu closet, pego minha bolsa tiracolo
volto para o quarto e coloco documento, carteira e meu celular.
Olho para Henry escorado na parede com as mãos no bolso, seu olhar acompanha todos
meus passos, ele está incomodado com algo sei disso pois seus lábios estão retorcidos. O
convívio com fez com que eu conhecesse todas suas faces, manias e gestos.
— Você já pode começar a falar, tem vinte minutos até chegarmos lá, que tal começar? —
sugiro enquanto passo por ele saindo do quarto e ouço seus passos atrás de mim.
— Eu acabei comentando com o Liam sem querer, eu sei que é chato e ele é meu amigo,
acabei o convidando, sei que era só nós e você está animada, não sei se fiz o certo — diz olhando
para o chão.
— Ele é seu amigo antes de todos nós, claro que fez o certo é não é incômodo algum para
mim estar no mesmo lugar que ele, somos adultos e maduros, embora eu o evite, isso não quer
dizer que vou deixar de ir a locais em que ele também está — falo segura e Henry me olha,
sorrio para ele passando sinceridade no que eu acabei de falar, pois realmente eu fui sincera.
Não quero ficar entre a amizade deles e nem acabar chateando o Henry mais uma vez.
— Então já que está tudo bem — ele anda até a porta e a abre para que eu passe —, as

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damas primeiro — diz e eu passo a sua frente.


Saímos do meu apartamento às pressas, quando caí em si, já estávamos estacionando o
carro.
— Não sei o que ainda rola entre vocês, mas espero que se resolva como na outra vez quase
foi resolvido — diz passando um de seus braços em minha volta e me puxando para si enquanto
segurava a porta do carro para que eu saísse. — Sou amigo dele, mas também sou seu amigo
agora e você pode contar comigo.
Saio do carro e paro em sua frente, Henry beija minha testa e em seguida fecha a porta do
carro.
Eu sinto de longe a sua proteção toda vez em que ele beija a minha testa ou se preocupa
comigo. Não sei se ele cuida de mim a pedido de Liam, mas é reconfortante toda vez em que ele
me ouve e me aconselha.

Caminhamos até a entrada do local, era um pub totalmente diferente de todos que já haviam
me arrastado até agora, esse era maior, parecia uma boate. Da entrada, já podia localizar a mesa
em que todos estavam sentados, mas não foi isso que chamou a minha atenção e também não é
Liam que está sentado na mesa, mas sim um panfleto dizendo que hoje é dia de karaokê ao vivo.
Agora sim está explicado o tamanho do lugar, meus olhos encontram o palco, uma pista livre e a
multidão de pessoas sentadas em mesas espalhadas em uma área mais à frente. Eu estava
cogitando a ideia, não pelo prêmio que eles estão oferecendo: o melhor e escolhido pelo público
não paga a conta.
O prêmio em si não me interessa e cantar menos ainda por ter um público olhando e para
avaliar, a não ser que a bebida me de coragem.
Henry e eu nos juntamos ao pessoal, antes de me sentar eu tiro minha jaqueta e não preciso
olhar para Liam para saber que seu olhar está em mim, eu ainda sinto nossa conectividade de
longe.
Sento no meio de Liz e Henry, comprimento todos na mesa e inclusive Liam que me
devolve com um sorriso.
— Como vai? — Liam pergunta.
— Vou bem e você? — pergunto de volta.
— Já tive dias melhores — responde sorrindo torto.
— Eu não tive tempo de agradecer pelas rosquinhas e o café do Tom, obrigada — agradeço
lhe dando um meio sorriso.
— Você sabe que não foi nada — diz dando de ombros.

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Nossa conversa não se estendeu depois disso, não sei se eu fico grata ou decepcionada.
Não quero ver a cara de Liam quando Aiden chegar aqui, eu o chamei durante o caminho
para cá, porque assim como os demais aqui sentados ele é meu amigo e se Liz disse que temos
algo a comemorar, Aiden faz parte disso.
Pego meu celular para chegar se tem alguma mensagem dele e tem uma de cinco minutos
atrás avisando que já estava saindo de casa.
— E traz uma cherry coke para a Jean Grey aqui — Henry complementa após fazer seu
pedido ao garçom.
— Cancela a cherry coke, uma dose de tequila, gim e uma de vodka com gelo e uma tônica,
por favor — peço interrompendo Henry e todos na mesa param o que estavam fazendo e me
olham.
O garçom anota os pedidos e sai para buscá-los e eu me viro para olhar o olhar de todos na
mesa.
— Eu não ouvi direito, você não vai beber a cherry coke antes de qualquer coisa? — Tyler
pergunta.
— Não sei porque o espanto, velhos hábitos mudam e eu estou mudando esse. Agradeça ao
Gael. — Pisco para o Gael que está ao lado do primo e de Liz.
O que não era mentira, aprendi vários hábitos com ele no tempo em que passamos juntos no
Brasil, foram apenas quatro dias, mas que me trouxeram bastante aprendizado.
— Não me envolva nisso — Gael que estava em silêncio, retruca.
Gael chegou essa semana, ele irá ficar no apartamento do Aiden por enquanto, lá tem
quartos de sobra agora que Henry tem seu próprio apartamento e Brandon se casou. Ele irá
trabalhar para mim na loja, além de ser o modelo, o primeiro de muitos que virão.
— Isso é estranho — Liz começa e eu a olho sem entender o que ela acha estranho. — É
que você sempre fez isso e convenhamos que você bebe a cherry coke, bebida alcoólica, água e
depois cherry coke e por aí vai, sempre nessa ordem para não ficar muito bêbada — completa.
E é verdade, se eu beber um pouco de cherry coke e água, ficar tomando um pouco dos dois
enquanto ingiro bebida alcoólica eu me mantenho um pouco mais sã.
Entretanto beber cherry coke é algo que não está nos meus planos, não hoje. Se é para me
divertir que eu vim, me divertir eu irei.
— Eu quis mudar, não me olhem com essas caras — falo, dando de ombros.
O garçom trouxe as bebidas, eu ignorava o olhar de Liam sempre que podia, mas era
inevitável não olhar para ele vez ou outra e pegá-lo olhando para mim. Notei que ele não estava
bebendo nada que fosse alcoólico, Liam era o único da mesa que estava bebendo refrigerante.
— Am? — Violet me chama e eu a olho.

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— Oi baby. — Ela sorri e faz menção com a cabeça na direção da entrada do pub e meu
olhar segue a mesma direção, acompanho seu olhar e vejo Aiden entrando, sorrio por saber que
ele veio.
— Era isso que eu ia te falar, ele parecia perdido procurando algo — ela diz e quando seus
olhos encontram o de Liam, ela disfarça dando um gole na sua bebida.
— Ele deve estar me procurando. — Aceno com a mão para Aiden, que acena de volta
assim que me vê e caminha em minha direção.
Escuto Liam bufar e o ignoro. O garçom chega com mais bebidas e eu logo pego as minhas
e coloco em cima da mesa. Passo o dedo no sal que veio em um prato ao lado do limão para
beber a tequila, coloco o dedo na boca e viro de uma vez o líquido do copo e em seguida chupo o
limão.
— Calma boneca, desse jeito você vai beber hoje por nós dois — Aiden diz assim que
chega a nossa mesa.
Reviro meus olhos e me viro para encará-lo.
— Não vou ficar bêbada com uma tequila — informo.
— Isso é o que você está dizendo agora — diz e beija meu rosto e eu sinto minhas
bochechas queimarem por esse gesto e pelo olhar de Liam em nós. Porém eu o ignoro.
— Vem, sente-se — falo depois que Aiden cumprimenta a todos.
Meus olhos percorrem toda mesa a procura de um lugar vago para que ele possa sentar e o
único vago é ao lado de Liam, merda.
Aiden dá a volta na mesa e senta ao lado de Liam, meu olhar vai para os dois e eu sorrio
constrangida por isso. Sei que Liam tem ciúmes, sem motivos, mas tem e se fosse uma situação
invertida eu não gostaria se fosse comigo. Me sinto culpada por isso, mas que culpa eu tenho se
eu não sabia que ele viria?
— Vou pedir algo para você beber e já volto — falo e viro o meu copo de vodka, Liam me
olha de cenho franzido e eu dou de ombros.
Levanto e dirijo-me até o bar, o garçom está arrumando umas bebidas na bandeja e eu pego
um copo com um líquido verde e bebo. O garçom me olha e eu o ignoro estou nervosa. Mais
uma vez me pego olhando para o palco, agora tem um rapaz cantando.
— Coloca na conta daquela mesa ali — falo, ao apontar a mesa para o barman depois de ter
pego mais um copo da bandeja do garçom. — E também uma garrafa de Bourbon e um combo
de Heineken e Gim, por favor — peço e volto a atenção ao palco.
O rapaz canta bem, Ed Sheeran caiu bem na voz dele, mas não é um tipo de música que
esse local pede, ao menos que você esteja sofrendo ou amando alguém.
— Não me diz que é você que vai beber isso tudo? Você não tem cara de quem toma um

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porre ou tem? — o barman pergunta e eu me viro para olhá-lo.


— Estou criando coragem, apenas.
E é verdade, embora estar sob o olhar de Liam e ele estar sentado ao lado do meu mais
novo amigo, que por sinal ele odeia, me deixa nervosa com a confusão que pode e não pode
acontecer.
Liam com ciúmes é algo que nem sei explicar e faz apenas um mês que terminamos, o que
torna as coisas piores.
— Se você criar coragem use isso. — Ele me dá uma ficha com um número, quatro.
— Para que eu vou querer isso? — pergunto.
— Eu estou vendo o quanto você está observando o palco, algo me diz que algo lá está te
chamando, se você precisa de coragem estou te dando um incentivo — diz apontando para a
ficha na minha mão. — E isso aqui é para te encorajar — complementa colocando mais um copo
com bebida a minha frente.
Pego o copo e cheiro a bebida, é cranberry. Sorrio agradecida e tomo.
— Obrigada — murmuro.
— Quando precisar de coragem sabe o lugar certo a procurar — diz piscando e eu assinto.
Se ele flertou comigo eu não sei, mas que ele é bonito é.
Volto para a mesa me sentando em meu lugar, todos estão entretidos conversando e meus
olhos quase saltam não acreditando no que vejo. Liam e Aiden interagindo na mesma conversa,
pior ainda concordando em algo.
— Concordo com você, eu não tenho nada contra o feminismo, acho legal as mulheres
serem pró a esse ato, entretanto existe algumas que esquecem o motivo desse movimento e saem
extrapolando nas coisas que falam — Aiden diz em resposta a Liam.
Solto um pigarro chamando a atenção de todos para mim.
— Sobre o que vocês estão falando?
— Sobre feminismo e machismo — Violet me coloca a par do assunto.
— Pensei que você fosse ficar flertando com o barman até a hora de irmos embora — Tyler
alfineta e os olhares aguçados e Liam e Aiden estão sobre mim.
— Quem está flertando? Eu só fui fazer uma pergunta e pedir mais bebidas — explico
olhando para Tyler.
— Falando no barman — Henry exclama apontando com a cabeça para o barman que vem
com o balde de bebidas em nossa direção.
— Huh — Liz diz olhando para o barman que agora está colocando a bebida em nossa
mesa.
— Se precisarem de algo a mais só chamar — ele diz olhando diretamente para mim e se

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retira.
— Se precisarem de algo a mais é só chamar — Tyler debocha fazendo todos rirem
inclusive eu.
Eu não sei se Liam está rindo porque achou graça ou por puro deboche, embora seja
engraçado a situação que meus amigos estão criando ela não é real e Liam ainda é recente e isso
certamente o incomoda.
— Vocês perceberam que há garçons para servir e ele veio pessoalmente trazer a bebida na
nossa mesa? — Gael provoca.
Que falso. Fuzilo-o com o olhar e ele se cala.
— Chega desse assunto, vocês são insuportáveis — chamo a atenção deles e pego uma
cerveja e dou um gole.
— Vai com calma Rabitt — Henry diz e eu o ignoro mandando-lhe um dedo do meio. —
Eu não vou cuidar de ninguém bêbada — Henry rebate.
— Eu não estou bêbada, ainda — falo e me levanto da mesa e vou até o barman e coloco a
ficha na sua frente. — Eu quero, agora.
— O filho do dono é aquele que está no palco agora, nome dele é Zac, é só ir até ele e falar
que quer cantar, escolhe a música que ele te explica como funciona o resto.
Me viro olhando para outro homem que está em cima do palco, ele canta bem, muito bem.
Ele está cantando Pompeii, algumas pessoas estão de pé cantando junto e outras cantando da sua
mesa, engulo em seco, acho que vou desistir. Eu nunca cantei em público, muito mal Liz e Tyler
me viam cantando.
— Eu acho que não quero mais. — Me viro para o barman e coloco a garrafa de cerveja em
cima do balcão.
— Isso não é só pelo prêmio ou é? — pergunta com a sobrancelha erguida e eu nego. —
Pois você vai lá, vai cantar dando seu melhor e vai colocar seja lá o que for isso para fora, agora
menina. — Ele empurra um líquido marrom em minha direção e eu o bebo, tequila pura desceu
rasgando em minha garganta. Ele bate na mão e dá a volta no balcão me puxando com a mão em
direção ao palco
— Eu nunca fiz isso — confesso.
— Para tudo tem a primeira vez gata, relaxa e respire fundo — aconselha e para no meio
caminho olhando para Liam que nos encara. — Meu Deus, aquele homem lindo está olhando
para cá.
— Espera, você é gay? — pergunto.
— Querida como você não percebeu? Baby, minha calça é mais apertada que a sua e não
notou meu olhar de cobiça para os dois rapazes sentado à sua frente? Eu entendo sua tensão gata,

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os dois são gatos demais e apaixonados por você, uma coisa dessas não acontece comigo, por
que Deus?! — pergunta e eu dou risada.
— Está tão na cara assim que eles gostam de mim?
— Mais na cara que isso é que eu vou pegar aquele gato ali — ele aponta na direção de um
rapaz moreno na direção da porta —, no final da noite. — Agora vá em frente e não me
decepcione, arrasa. E a propósito meu nome é Cooper.
— Obrigada Cooper, irei te procurar assim que eu descer daqui e se eu for péssima você vai
me pagar uma bebida e se eu for ótima você vai me pagar uma bebida também — falo e nós dois
rimos.
— Trato feito, boa sorte. — Pisca e aperta a minha mão.
Vou até o homem que antes estava cantando no palco e agora está sentado em uma mesa.
— Zac? — Sai mais como uma pergunta e ele levanta seu olhar para me olhar.
— Pois não? — pergunta sugestivo.
— Eu quero cantar, se eu puder é claro — falo aflita.
— Humm, teremos uma anfitriã hoje, qual música você vai cantar?
— Pra falar a verdade eu ainda não sei — respondo torcendo meu lábio.
— Enquanto você pensa outro se apresenta na sua frente, mas pensa logo para eu ver se a
banda vai saber tocar a música ou você pode usar um playback.
Assinto e tento pensar em uma música ideal para cantar. Enquanto penso, outra pessoa sobe
ao palco para se apresentar.
— Eu já sei — falo alto e decidida.
— Qual vai ser a música? — ele pergunta próximo ao meu ouvido, por causa do som alto.
Respondo em seu ouvido qual música quero.
Ele para pensativo e me encara.
— Você fez uma excelente escolha, serão três finalistas e o desempate será feito pela
plateia, então vai e anime essas pessoas loucas a ponto de chegar à final, não fique nervosa,
tenho certeza que você vai se sair bem, moça bonita. — Ele sorri e pisca.
Eu poderia achar que dessa vez o flerte foi real, mas depois de saber que o barman é gay e
ele não estava flertando comigo e sim sendo simpático, eu não acho mais nada.
— Por mim tudo bem. — Forço um sorriso tentando parecer confiante.
— Irei preparar o palco para você. — Ele se levanta e sai do meu campo de visão.
Me sento onde ele estava sentado minutos atrás e batuco meus dedos na mesa impaciente.
Não demorou muito e ele voltou com dois microfones e me estende um.
— Qual é o seu nome? — pergunta.
— Zoë — minto é o primeiro nome que vem na minha cabeça.

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— Você está mentindo — afirma convicto.


— É Amber, mas não quero que todos saibam meu nome para não ficarem chamando
depois entende? — explico.
— Não vou anunciar seu nome ao te chamar, mas suba no palco seja lá como for Amber e
me surpreenda — pede sorrindo presunçoso. — Espero que você realmente saiba cantar, estou
apostando minhas fichas em você.
— Você não vai se arrepender disso.
— Vamos fazer um acordo se você me surpreender — informa e sem me dar tempo para
respondê-lo ele sobe ao palco, faz o anúncio e me chama com os olhos.
É tarde demais para desistir?

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“Não posso ir para casa sozinha de novo. Preciso de


alguém para aliviar a dor.”
Habits (Stay High) – Tove Lo

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Liam

Eu reconheceria aquela voz a milhares de quilômetros de distância, mas ainda não acreditava no
que ela havia acabado de fazer.
— Dez dólares, eu disse que ela subiria ao palco — Gael, primo do Tyler diz estendendo a
mão para Liz que contragosto coloca o dinheiro na mão dele.
— Eu ainda não acredito — Tyler murmura perplexo.
Todos nós observávamos de pé e com uma certa distância, Amber cantando e levando o
público a loucura.
— Ela está bêbada? — Aiden pergunta ao meu lado.
— Não muito — respondo cético, sem tirar os olhos do palco.
You're gone and I gotta stay
(Você foi embora e eu tenho que ficar)
High all the time
(Chapada o tempo todo)
To keep you off my mind
(Para mantê-lo fora da minha mente)
Uh, uh, uh, uh
High all the time
(Chapada o tempo todo)
To keep you off my mind
(Para mantê-lo fora da minha mente)
Uh, uh, uh, uh
Spend my days locked in a haze
(Passando os dias trancada em uma névoa)
Trying to forget you babe
(Tentando esquecer você, querido)
I fall back down
(E eu caio novamente)
Gotta stay high all my life
(Tenho que ficar chapada a vida toda)
To forget I'm missing you
(Para esquecer que estou sentindo a sua falta)
Uh, uh, uh, uh

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Eu não sei se a música significava algo, mas se ela significasse isso mostrava o quão
desestabilizada Amber ainda estava pelo nosso término.
— Huh, que direta — Aiden murmura ao meu lado.
— Por que você não fica quieto? — retruco e ele dá de ombros.
— Porque eu acho que vocês dois ficam é perdendo tempo achando que são melhores
separados, vocês estão uma merda — responde.
— Logo você que gosta dela, me dizendo isso? — indago.
— O que adianta eu gostar se ela não sente o mesmo? — devolve.
— Mas ela se sente atraída por você, isso já é alguma coisa.
— Isso eu não posso discordar — diz com um meio sorriso no rosto. — Ainda acho vocês
dois errados.
— Não me lembro de ter lhe dado o direito de achar alguma coisa — atiro e ele se cala.
— Vamos fazer um teste, eu vou beijá-la e se ela gostar, você estava certo e se ela não
gostar você vai me arrumar o contato de uma amiga do Brandon — ele propõe.
— Eu não quero fazer teste nenhum, quero nem ver quando ela souber da sua ideia absurda,
tem álcool demais na sua mente.
Até parece que eu vou aceitar um absurdo desses, ele beijar a Amber para me provar algo?
Fora de cogitação, não consigo nem pensar e imaginar a cena.
— Você que sabe, eu ia sanar a sua dúvida e não pense que eu esconderia isso dela, com ela
eu sou sincero, diferente de algumas pessoas — provoca.
— Tão sincero que ainda deixa ela acreditar que você só a vê como amiga, isso te torna
covarde — devolvo.
— Eu posso gostar dela sim Liam, mas todo mundo vê que ela te ama, entrar nessa seria dar
um tiro no alvo errado, eu não quero Amber só por uma noite ou um dia. Eu a quero ao meu
lado, mas não sou eu que ela quer ao lado dela, eu sou paciente, mas não tolo. — Seus olhos
agora estão vidrados em Amber pulando e cantando no palco. — Eu não tenho chances e mesmo
se tivesse, abro mão dela, não torço por vocês. — Ele volta a me olhar e eu o olho intrigado.
Se ele não torce por nós, ele torce por quem?
— Eu torço pela felicidade dela — responde à pergunta que eu mesmo me fazia.
— Ao menos isso — resmungo baixo.
— Vai, Amber — Liz grita de onde estamos.
A música já está chegando ao fim, apenas se ouve a voz de Amber e os acordes baixos da
música.
Staying in my play pretend

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(Continuo no meu faz-de-conta)


Where the fun ain't got no end
(Onde a diversão não tem fim)
Ooh
Can't go home alone again
(Não posso ir para casa sozinha de novo)
Need someone to numb the pain
(Preciso de alguém para aliviar a dor)
— You're gone and I gotta stay high all the time — Liz e Violet cantam em coro junto com
Amber e as demais pessoas que estavam ao nosso redor.
Estava sendo demais para mim, não dava para continuar ali faço menção em sair e Aiden
me olha estreitando os olhos.
— Faz um favor para mim? — pergunto e ele cruza os braços acima dos peitos e me olha
desconfiado, mas assente. — Cuida dela, não por mim, mas por ela — falo e dou um tapinha em
suas costas e me afasto.
Passo pela multidão de pessoas que se dispôs a ficar em pé para o show que Amber está
dando, quando chego na saída do pub olho para trás e encontro seus olhos em cima do palco me
observando, lhe dou um sorriso encorajador e saio, mas dessa vez sem olhar para trás.

Acordei no dia seguinte com a porta do meu quarto sendo esmurrada sem parar, levantei
praguejando quem quer que fosse a pessoa que quase estava colocando a porta abaixo.
— Eu espero que não seja você Henry — resmungo enquanto visto o meu samba canção.
Como não tenho respostas, caminho até a porta e quando a abro dou de cara com a última
pessoa que eu não queria ver nem se me pagassem.
Aiden.
— Ah não — resmungo contragosto. — Que merda você está fazendo aqui? — questiono e
coloco a cabeça para fora do quarto e vejo Maria no corredor sorrindo amarelo. — Maria, você
fica deixando estranhos entrar dentro da minha casa?
— Eu só deixei porque ele disse que era urgente e para de ser besta menino, ele não é
estranho — retruca e joga o pano de prato no ombro e sai.
Saio do meu quarto, passando por Aiden e caminho até a sala, ele vem no meu encalço,
paro no meio da sala e o encaro de frente. Antes que eu pudesse perguntar o que ele queria, ele
solta a merda em cima de mim.
— Amber sumiu! — exclama preocupado.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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— Como assim sumiu? — questiono coçando meu queixo.


— Sumindo? — indaga e eu estreito meu olhar para ele. — Eu a deixei em casa depois que
saímos do pub do Zac, hoje de manhã acordei com o Henry batendo na minha porta procurando
por ela, a minha esperança era que ela tivesse vindo para cá ou sei lá.
— Primeiro que ela não sabe onde eu moro, segundo que merda cara! — Sento no sofá e
apoio meus braços no joelho e afundo meu rosto em minhas mãos, pensando em onde ela deve
ter se metido. — Já ligou para ela? Procurou na casa dos pais?
— Já e já, eu apareci por um acaso na casa dos pais dela com a desculpa de que precisava
entregar uns documentos ao Enzo, não ia preocupá-los à toa — diz e eu já estou com o telefone
fixo no ouvido tentando ligar para ela, mas o telefone só da caixa postal. Desligo o telefone com
raiva e olho para Aiden. — Eu disse que já havia tentado ligar para ela, ela desligou o telefone.
— Você não está ajudando.
— Desculpe, eu só estou preocupado... Não faz ideia de onde ela possa estar? — indaga e
eu nego com a cabeça.
— Vamos para o apartamento dela — falo e ele assente.
— Você vai vestido assim? Nada contra, mas não é uma visão agradável.
— Eu acho bom você não estar mais dentro do meu apartamento quando eu voltar.
Nos últimos trinta minutos eu agi em modo robô, troquei de roupa, Maria me obrigou a
colocar alguma coisa no estômago, dirigi até o apartamento de Amber e caminhei devagar até o
seu apartamento, a cada passado que eu dava esperava que ao abrir a porta a encontrasse lá, mas
não foi o que aconteceu.
Eu encontrei uma Liz em desespero, um Tyler preocupado e um Henry com os olhos mais
perdidos que cego.
Não faço ideia de onde ela pode ter se enfiado, não há lugar onde ela possa ter ido em
vésperas do seu aniversário, ela nem tinha planos para esse ano, a não ser que...
— Já sei — exclamo chamando a atenção de todos que me olham atentamente.
— O quê? — Liz questiona fungando o nariz.
— Um minuto — peço e tiro meu celular do bolso.
— Vai ligar para quem? — ela pergunta.
Me afasto dela e dos demais, indo até a sacada quase nunca usada. Entro em contato com a
agência de viagens na qual eu havia comprado as passagens para Paris, minha única esperança no
momento é que ela tenha usado a passagem, ao menos saberei que ela está bem caso minha
suspeita se confirme.
Depois de longos minutos na linha a atendente me informa que foi realizado uma troca de
passagens, com destino a Phoenix, agradeço pela ajuda e desligo o telefone.

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Agora eu sei onde ela está. Te peguei Sunshine.


Volto para a sala e os olhos aflitos de Liz me encaram.
— Descobri onde ela está — afirmo convicto.
— Onde? — Tyler pergunta se levantando do sofá.
— Em Phoenix.
— Em Phoenix? — todos indagam ao mesmo tempo.
— O que ela foi fazer em Phoenix? — Tyler volta a perguntar.
— Os avôs maternos dela moram lá, provavelmente ela quis dar um tempo de Manhattan e
espairecer — falo e Tyler assente, como se a ficha tivesse caído.
— O aniversário dela — ele murmura.
— Isso é culpa minha, eu fiquei falando que tínhamos que fazer algo contra a vontade dela
— Liz volta a chorar e Henry a abraça.
— Não é culpa sua Liz, ela só queria ficar sozinha — Tyler intervém.
Depois que todos se acalmaram por saber o paradeiro de Amber, decido ir embora.
— Aiden, posso falar com você um segundo? — pergunto e ele assente.
Vou com ele para fora do apartamento e fecho a porta para que ninguém possa ouvir o que
eu vou falar com ele.
— Tem papel e caneta aí? — pergunto e ele nega.
— Para que vou andar com papel e caneta? — retruca.
— Belo advogado você é — ironizo. — Anote no celular o endereço.
Falo para ele o endereço dos avós de Amber e ele me olha intrigado.
— Por que não vai você mesmo lá? — indaga.
— Porque é de mim que ela está fugindo — respondo cético. — Só não a deixe sozinha e
vê se não a perde de vista dessa vez, otário. — Dou-lhe as costas e saio andando na direção do
corredor.
— Liam — Aiden me chama vindo até a mim, pressiono o botão do elevador torcendo
para que ele chegue logo, mas a única coisa que chega é Aiden, bufo impaciente e o encaro. —
Por que você está fazendo isso?
— Porque eu a amo demais para permitir que ela continue sofrendo por minha causa, a amo
demais a ponto de abrir mão dela para não ter que vê-la indo embora. — O som das portas do
elevador me salvam e eu dou um passo entrando no mesmo, ele ainda me encara. — Mais
alguma coisa? — questiono.
— Não — diz negando com a cabeça.
— Então se você me dá licença, eu tenho mais o que fazer.
Aperto o botão do térreo e vejo as portas de metal se fechando deixando Aiden para trás.

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Eu só preciso que Amber esteja bem, mais nada.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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“Eu preciso de algum abrigo para minha própria


proteção, querido. Estar comigo mesma. Claridade, paz,
serenidade.”
Big Girl Don’t Cry – Fergie

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Amber

Vinte de julho, meu aniversário. Você já se sentiu como se nada na sua vida fizesse sentido? Já
se sentiu como um peixe fora d'água? Eu estou me sentindo assim nesse exato momento, eu levei
cinco anos para colocar a minha vida nos eixos e em menos de cinco meses ela virou uma
bagunça novamente.
Eu me odeio por ainda amá-lo.
Eu me odeio por me colocar nessa situação.
Eu sei que a culpa é inteiramente minha.
E eu odeio aniversários.
Eu saí do meu apartamento na manhã seguinte do meu magnífico porre de sexta-feira, sem
que ninguém pudesse me ver, vim para um lugar o mais longe o possível de todos e que não
fosse tão longe assim, não estava disposta a passar mais do que três horas dentro de um voo, eu
estava muito enjoada, coisa que eu posso culpar claramente a bebida. Depois de uma hora e meia
em um voo sem escalas meu destino final foi a casa dos meus avós em Phoenix e aqui estou eu,
dois dias depois, deitada debaixo das cobertas assistindo a um seriado qualquer.
Eu sei meus pais já devem estar preocupados a essa altura por não conseguir me ligar e por
passarem mais um ano longe de mim no meu aniversário, mas como a boa filha que eu sou,
mandei mensagem avisando que iria viajar com o Gael e passaríamos o dia fora para comemorar
meu aniversário. Gael me acobertou e em troca lhe dei uma das passagens com destino a Paris
que Liam havia comprado para o meu aniversário. A outra eu troquei e vim para Phoenix.
Eu sei que se eu contasse a verdade aos meus pais, eles contariam para Ally, que contaria
Liz ou para Ben, que contaria para Liam e por aí vai.
Já Liz, Tyler, Aiden e Henry devem estar surtando nesse exato momento ao constatar que
eu não estou em casa.
Eu não sou boba e desliguei meu celular, assim como desativei meu buscar iPhone, quero
ver alguém me encontrar. Eu preciso de reabilitação e nada melhor do que estar bem com si
mesma e é disso que eu preciso no momento. Estar bem comigo mesma.
Eu tenho plena consciência dos meus atos, esses dois dias eu lavei a minha alma de tanto
chorar e refletindo em como foram os últimos cinco meses, nem eu acreditei que já fazia esse
tempo todo que eu havia voltado para casa. Como passa rápido, cinco meses que voltei e dois
meses em que estou sem Liam, parece que o número cinco é o meu carma não?!
Mas voltando ao presente, eu refleti sobre a minha vida, sobre eu e Liam e sobre meus atos,
viver no passado era o meu maior erro e foi a minha maior queda, eu deveria ter dado o meu
melhor assim como ele estava dando, o melhor e tudo dele, hoje sou convicta de que ele merece
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muito mais do que eu tenho a oferecer e não o contrário.


E quanto ao meu aniversário, eu não comemoro há bastante tempo, eu não me sentia
completa nessa data, faltava minha família ali comigo e eu não dava o braço a torcer para ir até
eles, acabei me acostumando a tratar esse dia como qualquer outro normal, Liz que é agitada e
fazia de tudo para me tirar de casa junto com Tyler, foi assim os últimos anos.
Uma parte de mim esperava que esse ano fosse diferente, entretanto acabou sendo como
todos os outros e não tem Liz e Tyler para me fazer mudar de ideia sobre comemorar.
Batidas na porta interrompem o meu seriado, pauso o episódio e peço para entrar, minha vó
entra no quarto sorridente e animada, não seria a minha vó se ela não estivesse dessa forma, Ally
tem a quem puxar.
Minha vó é ruiva assim como eu, seus olhos verdes-azulados são a calmaria que eu
precisava, ela é uma pessoa incrível e cada vez tenho mais certezas de que mamãe herdou a
maior parte da gênese dela, não que meu avô seja uma pessoa totalmente diferente da minha vó,
ele também é um ótimo avô tanto quanto ela, mas a minha vó... eu não sei explicar é como se
tivéssemos uma conexão e ela me acolhe como ninguém.
Quando eu cheguei aqui há dois dias meus avós ficaram tão felizes que me contagiaram e
eu fiquei feliz junto com eles, eu me senti bem, viva e animada. Mas hoje tudo foi pelo ralo ao
me lembrar que é meu aniversário.
— Querida, você tem que sair dessa cama — vovó diz ao se acomodar no espaço vazio da
cama. — Hoje é seu aniversário, o que acha de fazer o seu bolo preferido da vovó e irmos andar
por aí? — sugere com um sorriso que me deixa incapaz de negar qualquer pedido vindo dela.
— Eu vou, mas só por causa do bolo! — exclamo me levantando e ela ri. — Isso é golpe
baixo vovó, está usando comida para me comprar, isso não é justo.
— O mundo não é justo querida, por que logo eu seria? — indaga humorada.
— Você está certa vovó, eu vou tomar um banho e me arrumar, podemos ir no City Hall
Grill? Diz que sim, sim.
Pareço uma criança implorando doce para os avós, mas não... só estou implorando para ela
me levar para comer mesmo.
— Estava em nossa rota, mas antes venha cá — ela pede e eu me sento ao seu lado. — Eu
não sei o que se passa dentro dessa sua cabecinha, também não questionei o motivo de ter pedido
sigilo total sobre estar aqui, também não sei o que se passa bem aqui — ela toca em meu peito no
lado em que fica o coração —, mas eu sei que ele está ferido e você se fere também fazendo isso,
Amber eu fui a primeira pessoa a te pegar no colo depois do seu pai, você era tão pequenininha
que cabia em um braço só e olha só para você hoje querida, você se parece tanto comigo quanto
a sua mãe se parecia quando mais nova, você é jovem, bonita, bem sucedida e merece ser feliz,

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por que vocês jovens ficam lutando tanto contra isso? Eu não sei o que ele fez querida e não
precisa me contar, mas pega uma balança e pesa o que ele fez e seus sentimentos, qual pesaria
mais? Vale a pena lutar contra o que sente? As pessoas cometem erros o tempo todo, mas se não
tem alguém para estar ali apontando os erros, mostrando como acertar ela não vai saber onde é
que está errando e sempre vai repetir. Machuca, dói e nos destrói, mas você se destrói muito mais
assim, se você não quer mais e pretende seguir em frente, não vai ser dessa forma que vai
conseguir, mas se uma parte de você ainda acha que vale a pena tentar, por que sofrer então?
— Eu não sei vovó — falo com a voz embargada e encolhendo meus braços. Suas palavras
me acertaram e me aliviaram na mesma intensidade. — Eu só queria que fosse diferente, eu
estou decepcionada comigo por ter cedido rápido, nós voltamos rápido demais e eu não
enxerguei que a única pessoa que não havia mudado e superado tinha sido eu, eu vovó. Passamos
três meses juntos e não teve um dia se quer que eu não tenha pensado no que tinha acontecido
antes, eu estou magoada por tudo vovó, por não termos dado certo antes e menos ainda agora,
por eu amá-lo e isso não ser o suficiente para ficarmos juntos, deveria ser, tinha que ser —
desabafo em um soluço e ela me abraça.
— Só depende de vocês torná-las diferente, não vai ser diferente nunca se vocês sempre
caminharem pelo mesmo caminho, você tem que cuidar de você primeiro e depois dos outros,
você também tem que perdoar sua irmã e Benjamin.
Balanço a cabeça assentindo, sem forças para falar algo. Meus olhos ardem e eu não
consigo conter as minhas lágrimas.
— Eu já os perdoei vovó, não tenho o que perdoar — murmuro baixo e ela rola os olhos.
— Você não os perdoou de coração, você perdoou da boca para fora, mas ainda se frustra e
se chateia. — Vovó segura em minha mão e a aperta, seus olhos me olham de uma forma como
se pudessem enxergar o fundo da minha alma e solta um suspiro longo. — Isso não é perdoar.
— Eu não consigo olhar para eles e não ver que eles me colocaram em segundo lugar, eu
me chateio por não esquecer, entendo o Ben querer o melhor para o irmão e ficar ao lado dele,
mas Ally é a minha irmã. — Desvio o meu olhar e olho para as nossas mãos juntas, eu sei que
ela tem razão, mas existe tanta coisa dentro de mim desabando que eu não sei o que fazer.
— Amber, as coisas aconteceram a muito tempo e você ainda fica vivendo nisso, você já se
perguntou o por que as coisas não deram certo? Querida eu não vou mentir para você e nem te
impedir de enxergar o que está bem na sua frente, mas viver no passado nunca lhe trará
felicidade, amadurecer consiste em deixar isso para trás e você precisa deixar isso no passado, é
onde tem que ficar — vovó diz soltando a minha mão e se coloca de pé.
— Eu sei vovó, só é difícil — falo fungando meu nariz.
— Pense nisso tudo bem? Enquanto você se prepara eu vou fazer um chá, ainda não esqueci

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que você passou mal ontem mocinha. Seu avô está preocupado e quer levá-la ao médico, então
vamos cooperar para evitar esse transtorno. Combinado? — pergunta sorrindo.
— Combinado vovó! — confirmo sorrindo.

Vovó e eu fizemos muitas compras, ela me ajudou na escolha de alguns objetos de


decoração para a loja. Antes de irmos embora eu me entupi de burritos no City Hall, sinto como
se eu estivesse engordado tudo o que botei para fora ontem, o que fez vovó sorrir satisfeita por
eu estar me alimentando bem.
Depois do nosso passeio e de nossas conversas antes de sairmos de casa e durante o passeio,
eu me senti bem mais leve e contemplada, vovó sabe muito bem o que dizer e fazer para que as
pessoas se sintam bem, conversei com ela tudo que eu mais temia e que eu precisava colocar
para fora.
Estaciono o carro na garagem da pequena casa de cor rose, vovó nunca gostou muito do
luxo de ter uma casa grande, ela gosta do pequeno e confortável, isso é o suficiente para ela e o
vovô.
Saio do carro e pego as sacolas de compras no porta-malas, vovó pega as duas restantes e
eu fecho o porta-malas.
— Acho que temos visita — ela diz passando a minha frente com as sacolas em mãos.
— Estamos esperando alguém? — questiono olhando um conversível preto estacionado na
calçada.
— Nós nunca esperamos alguém querida — vovó responde —, mas vamos descobrir logo
quem é.
Ao entrar dentro de casa me deparo com a última pessoa que eu pensei que me encontraria
sentado ao lado do meu avô, como ele me encontrou eu não sei, mas seu rosto se alivia e abre um
sorriso ao me ver.
— Eu sabia que acharia você. — Aiden vem em minha direção e me envolve em seus
braços musculosos com um abraço apertado.
— Como você me achou aqui? — sussurro em seu ouvido.
— Tenho meus contatos. — Ele me solta e sorri convencido.
Vovó pigarreia ao meu lado e eu me viro para olhá-la, surpresa e admirada é como ela se
encontra ao ver Aiden. Tudo bem vovó, eu te entendo. Aiden causa isso nas pessoas,
constantemente.
— Aiden essa é a minha vó Ruby e vejo que já conheceu aquele velho rabugento ali que
quer me levar ao médico — falo me referindo ao meu avô Robert.

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— É um prazer conhecê-la senhora Ruby. — Aiden cumprimenta a minha vó beijando a sua


mão e sorri galanteador para ela.
— Esse velho rabugento aqui ao qual você se refere está preocupado com a sua saúde, essas
crianças crescem e perdem o respeito pelos mais velhos, Ruby dê um jeito nessa garota — vovô
resmunga, levantando sua bengala na minha direção nos fazendo rir.
— Vou deixar vocês a sós, estarei na cozinha fazendo seu bolo. Sinta-se em casa Aiden,
você está convidado para comer uma fatia do bolo da Amber e jantar conosco — vovó o convida.
— E quem disse que eu quero dividir meu bolo? — indago e vovô bufa da sala.
— Essa menina está comendo mais que um elefante, Ruby algo está errado — vovô
resmunga sem tirar os olhos da televisão.
Mas que diabos ele está prestando atenção aqui com esse volume alto?
— Não seja gulosa querida e a audição dele é melhor que a nossa, você sabe disso — vovó
responde à pergunta que eu fiz mentalmente. — Querido, por que você não larga essa televisão e
vem me ajudar? Deixa os garotos conversarem.
— Não é preciso vovó, eu vou para o jardim tudo bem? — pergunto e ela assente. — Você
me espere aqui que eu já volto — falo para Aiden.
Levo as sacolas na cozinha e as coloco em cima da mesa, vovó entra logo em seguida com
seu olhar questionador.
— Vovó, ele é um amigo e é filho de um amigo e cliente muito antigo do papai, ele é só um
amigo — reforço antes que ela faça a pergunta que tem em mente.
— Mas eu nem ia dizer nada — ela diz colocando as outras sacolas em cima da mesa. —
Eu só esperava que fosse qualquer outra pessoa, menos um amigo aparecer aqui.
— Eu sei que você se refere ao Liam vovó e ele não vai vir atrás de mim. Sabe por quê?
Porque eu errei tanto quanto ele e me colocando no lugar dele, deve doer muito mais do que dói
em mim, eu apontei erros dele quando na verdade quem estava errada e errando era eu mesma,
ele estava certo e vivendo no presente. Eu estava vivendo dentro do passado esse tempo todo. E
eu não quero que ele venha!
— Eu não teria tanta certeza assim — ela diz dando de ombros e começa a desempacotar as
coisas da sacola.
— Mas eu tenho. Estarei no jardim se precisar de mim — falo e saio da cozinha, passo por
Aiden parado na entrada da sala e seguro em sua mão o puxando para que me seguisse. — Você
tem muito a me explicar.
Sento com Aiden no sofá do jardim — que mais parece uma cama — abaixo do pergolado.
— Como você me achou aqui? — questiono intrigada com a sua aparição repentina.
— Liam, ele que descobriu seu paradeiro. Eu só não entendi o porquê disso — ele explica

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cauteloso e me estuda com o olhar.


Fico desapontada por Liam saber que eu estava aqui o tempo todo e não ter sido ele a vir
atrás de mim.
— Eu só queria ficar sozinha, eu odeio meu aniversário e odeio mais ainda o estado
lamentável que eu me encontro.
— Amber, você não está sozinha.
— Eu sei que não, eu só precisava... sabe? — Ele assente e desvia seu olhar.
— Seus amigos também estão preocupados, mas não cabe a mim dizer que você está bem e
sim a você. A quanto tempo você está passando mal? Não venha me dizer que foi a bebida, ouvi
falar que você estava mal antes do show de sexta-feira, na quarta quando fui na sua casa você
estava pálida e agora pouco seu avô me disse que você passou muito mal ontem.
— Eu estou bem, não tem necessidade de um médico — minto com um sorriso forçado.
— Você acha que não tem necessidade de um médico. Você não quer ir, tudo bem... mas
tem necessidade de outra coisa para tirar uma dúvida que não só eu venho tendo, mas seus
amigos também.
— Que dúvida? — indago.
— De que você está grávida — ele termina de falar e eu solto uma gargalhada da sua
suposição descabida, mas logo paro quando vejo que ele está mesmo falando sério. — Eu não
estou brincando — afirma me encarando sério.
— Isso é impossível, eu tomo remédio e a minha menstruação só atrasou por causa do
anticoncepcional. A Liz disse que é normal no começo, mas no mês passado veio para mim então
é impossível. Vai por mim, eu não estou grávida. — Deito no sofá e fito os enfeites do pergolado
evitando olhar para Aiden.
— É mesmo dona esperta? Você sabe que seu organismo pode não ter se adaptado ao
anticoncepcional? Existem vários outros de marcas diferentes, uns funcionam para algumas
pessoas e outros não surte efeito.
— Você parece o Liam falando — resmungo e cruzo meus braços.
— Não me compare com ele. — Aiden rosna e eu o volto a olhá-lo.
— Então para de ficar falando que eu estou grávida, não é algo que eu desejo para mim —
retruco.
— Eu vou me calar, mas depois não diga que eu avisei — retruca de volta.
Ficamos em um silêncio constrangedor depois disso. A chuva caía devagar lá fora e o vento
frio me atingia em cheio me causando arrepios.
— Bom... — Aiden murmura quebrando o silêncio. — Eu tenho que voltar para o hotel, eu
vou ficar até amanhã.

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— Não vá... fica — peço em um tom tão baixo, que se ele não estivesse tão perto de mim,
não ouviria. — É o meu aniversário, então eu acho que tenho direito a um presente e vovó o
convidou para o jantar.
— Pensei que você tinha me dito que não gosta de aniversários — Aiden retruca voltando a
sorrir.
— Nah, você venceu — resmungo o fazendo rir.
— Mas eu tenho um presente para você, está no meu carro.
— Aquele não é o seu carro.
Eu sei que não é o carro dele, eu conheço muito bem seu Audi e ele não é preto e sim prata.
— Se eu aluguei é meu, quem vai me dizer o contrário? — retruca e eu fico em silêncio. Ele
se levanta e meu olhar acompanha cada movimento que seu corpo faz ao se espreguiçar em pé.
— Vamos lá buscar o seu presente. — Seguro em sua mão que está estendida para mim e me
levanto do sofá, ficando de pé ao seu lado.
— Espero que tenha acertado no meu presente, porque se for como as suas roupas... —
Torço meu nariz em sinal de desgosto.
— Não tenho um gosto tão ruim assim, tenho? — questiona.
Balanço a cabeça negando e caminhamos pelos fundos da casa em direção ao seu carro que
está estacionado na calçada.
— Promete não me xingar quando abrir o embrulho. — Não foi uma pergunta, foi uma
intimação.
— Ok, prometo — falo ao chegarmos próximo ao carro.
Aiden sorri satisfeito e abre a porta do carro, pega uma caixa quadra vermelha com um laço
dourado, no banco do carona e me entrega.
— Só abra quando estiver em casa, não quero correr o risco de você me bater agora.
— Por que eu te bateria?
— Você me bateria por dois motivos.
— Dois? — questiono de sobrancelha erguida.
— Sim, dois — Aiden afirma.
— Um é o presente e o segundo motivo? — questiono novamente.
Se houve uma resposta saindo da sua boca eu não sei, a única coisa que eu consigo frisar no
momento, são os lábios de Aiden colidindo com os meus.
Meu coração bate descompassado, sua língua me força a abrir a boca e eu queria me bater
por isso, mas eu não estou o impedindo de fazer isso, ao invés de impedir eu abro a minha boca
de bom grado recebendo a sua língua desesperada pelo encontro da minha.
Aiden mantem seu corpo encostado no carro e leva uma de suas mãos até o meu rosto,

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fecho meus olhos com o seu toque e ele me puxa para si, quebrando de uma vez todo o espaço
que havia entre nossos corpos, sua outra mão sobe para o meu rosto acariciando-o e desliza de
encontro a minha nuca, seus dedos se perdem no meio dos meus cabelos e ele os puxa, sua língua
passa por cima da minha e em seguida ele chupa a minha língua me fazendo gemer em sua boca,
tornando o beijo mais intenso ainda.
Porra. Eu gemi na boca dele.
Sua mão em volta do meu corpo se aperta de uma forma possessiva nos prendendo mais um
ao outro, seus lábios chupam e mordem o meu lábio inferior. Ele afastou seus lábios, depois em
um impulso me beijou de novo.
O que eu acabei de fazer? Merda.
— Esse é o segundo motivo — Aiden murmura com seus lábios colados aos meus e afasta
nossos rostos descolando nossos lábios, abro meus olhos o fitando.
— Isso não devia ter acontecido — murmuro baixo e me afasto do seu contato.
— Eu não vou dizer que me arrependo disso Amber, estaria mentindo se o fizesse. Não sei
com que tipo de homens você está acostumada. Mas no momento eu só quero que você coloque
uma coisa na sua cabeça. Eu. Não. Sou. Eles — pausadamente ele murmura as últimas palavras.
— E nem vou ser, saiba que nada mudou entre nós. Nos vemos amanhã? — pergunta e eu
assinto, atordoada e ainda assimilando suas palavras e o que havia acabado de acontecer.
Percebendo meu estado de confusão, ele deposita um beijo em minha testa antes de entrar
em seu carro e sai me deixando de pernas bambas.
Aiden é como um jogo e por mais difícil que pareça, eu não quero dar game over. Ele faz
parte da minha vida agora, mas não como ele quer.
Entro em casa correndo e batendo a porta, meus avós que estavam próximos a janela dão
um pulo, meu queixo caí ao ter ciência do que eles estavam fazendo.
— Eu não acredito nisso vovó — falo indignada. — Do vovô eu até esperava isso, mas da
senhora? Vocês estavam me bisbilhotando? — Vovó abre a boca para falar algo, mas eu a
interrompo.
— E não falem nada. — Cruzo os braços e finjo estar brava com eles.
— Querida, seu amigo não vai ficar para jantar conosco? — Vovô indaga se fazendo de
cínico e ironizando o amigo.
— Aiden é só um amigo vovô. — Ele me olha debochado e vovó o cutuca com o braço. —
É sério!
— Nós acreditamos querida — vovó diz prendendo um riso.
— Nós também éramos na adolescência né Ruby? — ele indaga para vovó que não esconde
o sorriso. Ela devia estar se lembrando da adolescência deles, provavelmente.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Reviro meus olhos bufando e deixo os dois a sós, subo correndo para o meu quarto e tranco
a porta para evitar que eles me bisbilhotem mais uma vez.
Sento na cama com o embrulho em mãos e o desfaço no mesmo segundo, abro a tampa da
caixa branca e concluo que Aiden estava certo, eu o mataria por dois motivos.
Um, pelos quatro testes de gravidez que há dentro dela.
Dois, pelo beijo. Do qual em partes eu não me arrependo.
Pego o meu celular que não saiu de cima do criado mudo desde que cheguei aqui em
Phoenix, penso duas vezes antes de ligá-lo novamente, contragosto eu resolvo ligar, ignoro as
mensagens dos meus amigos e da minha família, vou direto na minha conversa com Aiden.

Amber
Você estava errado, eu não te
bateria... Eu te mataria!
Aiden
Fico feliz que tenha gostado do meu
presente. Pensei que estaria me odiando por
causa do beijo, mas vi que não. Sinto-me
melhor agora.

Amber
Eu estou te odiando!
Quatro testes? Sério isso Aiden?

Posso imaginar Aiden rindo e rolando os olhos nesse momento.


Aiden
Foi só para não haver contradição.
Gostou da surpresa?
Amber
Eu vou fazer a merda desse teste só
para jogar na sua cara que eu não estou
grávida!
Aiden
Não foi o que eu perguntei, mas... De nada :)
Amber

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Eu te odeio!
Aiden
Eu sei que não odeia.

Desligo o celular novamente e o jogo com força em cima da cama, abro a caixinha da
Tiffany, pelo menos algo bom tem que ter nela. Pego o saquinho de veludo que havia dentro da
caixinha e desfaço o laço, virando-o na palma da minha mão, um colocar ouro rose com duas
pedrinhas de diamantes caem em minha mão, é tão lindo que eu fico surpresa do Aiden saber
escolher algo tão delicado assim. Não que ele tenha mal gosto, mas Aiden é do tipo que não sabe
o que comprar para uma mulher, prova disso foi quando eu o ajudei escolher o presente da sua
irmã.
Coloco o cordão em meu pescoço e sorrio tocando no mesmo, eu poderia agradecer e dizer
que eu amei o presente, mas só pelo abuso dele comprar quatro testes de gravidez eu não o farei.
Que petulante.
Pego os testes e suspiro fundo, vamos logo tirar essa dúvida que está me correndo por
dentro agora, eu só espero que eu saia do banheiro com a certeza de que não estou grávida.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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“Quem vai te amar? Quem vai lutar? Quem vai cair


para trás?”
Skinny Love – Birdy

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Amber

A recepcionista já havia avisado que eu estava aqui e autorizado a minha entrada, por que diabos
Aiden demorava para abrir a porta? Soco mais uma vez a porta impacientemente, minhas
lágrimas deixam a minha vista embaçada e na segunda tentativa de socar a porta quase acerto o
rosto de Aiden, eu deveria ter acertado. A culpa é dele.
— O que houve com você. — Aiden me puxa para dentro do seu quarto do hotel e fecha a
porta.
Eu continuo parada encostada a porta mesmo depois de fechada e despejo no chão a caixa
que ele havia me dado com os quatro testes de gravidez.
— Isso está errado, diz que é mentira — peço em um fio de voz. — É algum tipo de
brincadeira, pegadinha, você deu esses testes com defeito, diz para mim que é mentira.
Meu corpo escorrega pela porta e me sento no chão abraçando as minhas pernas, meu olhar
está nos testes caídos em minha frente. Todos quatro positivos, nem um se quer deu negativo.
— Calma, vai ficar tudo bem... — Aiden tenta me tranquilizar e eu nego com a cabeça, ele
se abaixa, pegando os testes e olhando-os, seus olhos se arregalam e ele murmura um palavrão
baixo. — Eu queria que isso aqui estivesse errado.
— Eu também! — falo contragosto e abaixo a minha cabeça escondendo-me do meu choro.
— Ei... — Aiden levanta a minha cabeça e segura em meu queixo. — Você não está
sozinha, eu te disse isso há minutos atrás. Eu não vou te deixar sozinha, podemos ir a um médico
para confirmar, mas esses testes são 99% precisos, eu perguntei quando comprei, infelizmente
para você isso é uma péssima notícia, mas existem tantas mulheres que querem ter essa dádiva e
não conseguem, você tem a chance de colocar uma criança no mundo Amber, isso é algo divino.
— Eu não sei cuidar nem de mim mesma, como que eu posso cuidar de uma criança? É
uma vida em minhas mãos Aiden, eu não quero essa responsabilidade para mim. Eu não posso,
não quero. — Nego freneticamente com a cabeça e volto a chorar.
— Você não está pensando em... eu não consigo nem completar usando essa palavra,
Amber isso é sério! — Aiden exclama e se levanta nervoso.
— Eu não estou pensando em nada, só quero sair daqui. Minhas coisas estão na recepção do
hotel, me leva embora, por favor — sussurro ainda fitando os testes no chão.
— Você confia em mim? — pergunta e se abaixa novamente, sua mão acaricia meu rosto,
secando as minhas lágrimas e eu olho nos seus olhos, assentindo. Sim, eu confio nele. — Acho
que consegui piorar seu aniversário não? Vou dar um jeito nisso, só vamos fingir por enquanto
que está tudo bem, só por hoje.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Aiden me levanta e me guia até a sua cama, me sentando sobre ela. Ele se afasta, pega os
testes no chão junto com a caixa e entra no banheiro, quando volta está sem nada em mãos, ele
pega a sua mochila em cima de uma poltrona no canto do quarto e entra novamente em meu
campo de visão.
— Vamos comemorar o seu aniversário por hora, amanhã nós vamos a um médico
confirmar isso.

Oito horas depois...


Eu reconheceria esse lugar mesmo se eu estivesse a milhas de distância. Estamos em Los
Angeles, não fizemos check-in em um hotel, Aiden tem uma casa aqui e é nela que estamos. Eu
tomei um banho para relaxar assim que chegamos e dormi durante o voo todo.
Não tem como fingir que não há uma criança dentro de mim, não posso fingir que isso não
aconteceu e que não estou vivendo um pesadelo.
Acaricio a minha barriga na frente do espelho, não vejo mudanças em meu corpo, mas eu
sei que é real, como eu pude deixar isso passar despercebido assim? E Liam? Como eu vou
contar para ele?
Abaixo a minha blusa e abro a porta encontrando Aiden no corredor.
— Está pronta? — pergunta animado.
— Estou! — Forço um sorriso e seguro em sua mão, que está estendida para mim.
Nós vamos ao píer de Santa Monica, Aiden disse que isso me animaria e jurou salvar o meu
aniversário, me pergunto que tipo de salvamento tem esse dia, por mim ele já foi por água
abaixo.
— Gostei do cordão em você e olha que eu experimentei em outra antes — Aiden começa a
engatar em um assunto para me distrair.
— Então está me dando um cordão em que outra foi usada como cobaia ou de alguém que
lhe devolveu após perceber o canalha que você é? — Finjo indignação.
— Quase isso — responde sorrindo, enquanto saímos de casa.
A casa de Aiden não fica longe do píer, é só atravessar a rua e andar alguns metros — que é
o que estamos fazendo agora — andamos até a areia da praia, ele parou para tirar o chinelo que
usava e eu aproveitei para fazer o mesmo. Sentir a areia macia em meus pés, de alguma forma
fez o meu humor melhorar. Eu sempre gostei muito de praias.
— Em qual brinquedo vamos andar primeiro? — Aiden pergunta.
— Acredito que no estado em que eu estou, não tenho muitas escolhas não é mesmo? —
Sorrio de canto e ele assente.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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— Não vejo problemas para você ir na roda gigante, o que acha?


— Nah, eu acho que por mim tudo bem, o que é uma roda gigante para quem bebeu na
sexta-feira? — Dou de ombros.
— Então vamos. Quem chegar por último paga — Aiden grita e sai correndo em minha
frente.
Corro atrás dele e chego por último, mas de uma forma ou outra ele iria pagar mesmo, não
fez diferença. O único que estava com carteira e dinheiro ali era ele, não eu.
Andamos na roda gigante e depois fomos para a barraca Whac-a-Mole, fiz Aiden jogar
diversas vezes até ganhar um urso de pelúcia para mim, eu me senti nas nuvens e por um
momento eu realmente havia esquecido que agora eu carregava uma responsabilidade enorme
dentro de mim.
— Como você se sente? — Aiden pergunta se sentando ao meu lado na areia.
— Sinceramente? Um pouco melhor, me pergunto se isso ainda pode ficar pior.
— Talvez um filho seja o que você precisa, acredito que Deus — ele diz olhando para cima
—, não nos dá um cargo do qual não podemos ser capazes de segurar, se ele te deu essa
responsabilidade é porque acha que você consegue. Eu também acredito nisso.
— E o que eu vou fazer com a loja? Nós estamos começando agora Aiden, nem mesmo
abriu, eu moro em um apartamento e nem um quarto para receber uma criança eu tenho.
— Você não acha que é muito cedo para isso não? — ele questiona, me oferecendo seu
pacote de batatas fritas.
— Eu só estou preocupada e assustada... — Pego um punhado de batatas no pacote.
— Eu te entendo, mas você tem o pai dessa criança para ajudar, além dos seus amigos. —
Faço uma careta negando e ele me encara. — Eu não acredito que você vai esconder isso dele, o
cara é um babaca de ciumento, mas ele tem o direito de saber.
— Eu vou contar, só preciso de um tempo para me acostumar com isso. Eu não posso
simplesmente chegar e jogar uma bomba em cima dele, está sendo demais para mim, imagina
para ele.
— Amber, isso não é desculpa. Eu posso não gostar dele... — O encaro e ele revira os
olhos. — Tá, eu não gosto dele, mas ele não vai te virar as costas por causa de um filho.
— Eu sei — murmuro e desvio o olhar para o mar.
— Você o ama. E ele te ama. — Aiden afirma. — Eu achei que um dia você gostaria de
mim, ou que desse certo. Eu cheguei a imaginar isso, mas o beijo destruiu a minha imaginação
fértil — admite sem esconder seu bom humor quanto a isso.
— Eu fico pensando, se fosse em outras circunstancias ou talvez até mesmo no passado,
outra vida ou em uma vida em que Liam não estivesse presente na minha, eu certamente me

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apaixonaria por você. — Dou um meio sorriso e me viro para olhá-lo. — Depois do Tyler ou até
antes, não conte isso a ele, você é o homem mais maravilhoso e atencioso que eu já conheci.
Você é lindo, tem esse olhar que transmite uma calma imensurável, não há tempo ruim com
você, sua aura é brilhante, um verdadeiro gentleman. E francamente? Eu iria amar ser
apaixonada por você. Mas infelizmente as coisas não são como nós queremos não é mesmo? Eu
o amo e só o tempo pode mudar isso. Eu sinto muito por você não ter entrado na minha vida
antes.
— Talvez se eu entrasse a sua vida poderia estar da mesma forma que está agora, nós não
podemos controlar o destino — ele murmura.
— Você acredita muito nisso né? — pergunto.
— Sempre acreditei e até hoje não teve algo que me fez mudar meu ponto de vista e no que
eu acredito — ele responde sorrindo.
— Sabe o que é mais irônico? — Dou uma risada baixa.
— O que? — Aiden questiona.
— Que dias atrás estávamos fingindo estar grávidos em uma fila no mercado e agora a
realidade cai em cima de mim — respondo sem conter a minha risada abafada.
— É o destino. — Empurro Aiden na areia e me levanto.
— Sai dessa — retruco, dando passos para trás. — Quem chegar por último irá pagar a
comida agora — grito antes de correr.
— Mas você está comendo como uma leoa, onde é que eu fui me meter? — grita a dois
passos de me alcançar, à beira do mar.
Molho meus pés na água do mar e chuto meu pé na direção de Aiden, jogando respingos de
água nele.
— Então você quer brincar né? — indaga ameaçador e dá um passo na minha direção.
— Eu sou uma mulher grávida e você não pode fazer nada comigo — rebato e dou alguns
passos para trás.
— Vamos ver se não posso. — Ele se afasta, indo até a areia e deixando seus pertences
nela.
— Ah merda, essa não — falo e corro quando o vejo vindo correndo na minha direção.
Minha corrida havia sido em vão, ele me alcançou e me segurou em seus braços, me
levantando no ar e entrando no mar, até a água bater acima dos seus joelhos.
— Diz agora que eu não posso fazer nada com você — provoca e eu nego com a cabeça. —
Como eu imaginei, mas pena que se eu soltar você... — Ele me solta e eu caio na água e
submergindo logo em seguida. — Cai — ele completa rindo.
— Aiden eu vou te matar — ameaço indo atrás dele.

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Passamos a noite na praia, me empanturrei de cachorro quente, pizza, coca cola e batata
frita, não era saudável, mas era o que tinha naquele momento. Estávamos os dois sentados na
beira da praia encarando o sol que estava se pondo, nos dando uma das vistas mais lindas que eu
já vi na minha vida.
— Obrigada — murmuro, com a cabeça deitada em seu ombro e sem tirar os olhos da vista
deslumbrante do sol.
— Você não tem que agradecer a mim por estar aqui, tem que agradecer a ele — responde
encostando a cabeça na minha.
— Eu sei, eu sei.

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“Ninguém disse que seria fácil. Mas também não


disseram que seria tão difícil.”
The Scientist – Coldplay

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Amber

Nas semanas que sucederam a minha descoberta eu ainda estava em negação, não
completamente em negação... Só era difícil aceitar.
Eu ainda não havia ido ao médico como havia prometido aos meus amigos. Aiden ficava no
meu pé e de complô com Tyler, me obrigavam a comer mais que o normal.
Liz estava empolgada, até mesmo diria que mais empolgada que todos os outros juntos. E
isso, bom, isso me irritava.
Ninguém entendia o que eu sentia, ninguém entendia o conflito que havia dentro de mim,
eu não tenho capacidade alguma de criar uma criança, nem mesmo cuido de mim e eu faço
questão de lembrar a eles todos os dias sobre isso. Assim como estou reforçando isso nesse exato
momento.
— Amber você tem que ir ao médico, precisa de acompanhamento, fazer pré-natal e o mais
importante, você tem que contar ao Liam. — Viro-me para encarar Tyler, que está debruçado
sobre a bancada da cozinha me encarando.
Enfio a colher com iogurte e cereais na boca e finjo ignorá-lo.
Acontece que já se passou um mês desde que eu descobri que estou grávida, Liam nem
sonha com isso e eu não sei por onde começar a contar, até onde eu sei, ele não só mudou de
apartamento, ele mudou de número também. Sinal que, a Amber fujona da vez não sou eu.
— Eu sei que você está me ouvindo, eu estou falando sério — Tyler resmunga.
— Tudo bem, você venceu — falo, me dando por vencida. — Eu vou marcar hoje mesmo
uma consulta, mas você vai comigo. — Eu o intimo a ir, afinal ele e Aiden estão me obrigando a
ir, como Aiden está viajado a trabalho, Tyler responde por ele.
— Sabe de uma coisa? — indaga e eu levanto a sobrancelha o encarando. — Você foi
irresponsável, você não, vocês. Cresça Amber e arque com essa responsabilidade que está em
suas mãos, você não está pronta, nós te entendemos, respeitamos seu tempo e te demos espaço,
você teve um mês, um mês inteiro para se familiarizar com essa novidade e ainda assim você age
como se esse bebê não existisse, age na maior naturalidade como se não estivesse grávida. Está
sendo irracional e inconsequente, eu estou perdendo a paciência. Aceita que você está grávida,
que você vai ser mãe e que tem alguém dentro de você sim! É tarde mais para arrependimentos e
se você não contar para o Liam, conto eu. Só não espere para ser tarde demais para se arrepender
de não ter dado valor ao seu filho desde o começo — ralha, soltando um suspiro nervoso.
Fico em silêncio encarando Tyler, ele explodiu e eu não esperava menos que isso.
Respiro fundo e me aproximo da bancada, coloco o pote do iogurte em cima da mesma e o
encaro.
Acheron - Nacionais - Apollymi
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— Eu ainda não estou pronta, eu nunca estive pronta ok?! Ter um filho não estava em meus
planos, não tem nem um mês que eu finalmente consegui conquistar e fazer algo que eu gosto
Tyler, pela primeira vez em anos seu senti como se estivesse fazendo a coisa certa. — Desvio
meu olhar do dele e batuco com a ponta dos meus dedos na bancada. — Eu tenho medo, tenho
medo de ser uma péssima mãe, tenho medo do que estar por vir, eu tenho tanto medo Ty. Eu não
estou pronta — murmuro a última parte mais para mim mesma do que para ele.
A mão de Tyler alcança a minha e ele segura firme.
— Olha para mim — pede e eu faço. — Você não está sozinha, eu estou com você, Liz está
com você, Henry, Aiden, Violet e Liam também. Todos nós estaremos com você.
— Você acha que... — Minha voz vacila e eu engulo em seco. — Que ele vai querer? —
questiono me referindo a Liam.
— Você sabe que ele não vai recusar nada que venha de você Am, vocês não estão juntos,
mas ele a ama. Estarem separados não muda o fato dele amar você, vocês podem muito bem criar
essa criança juntos mesmo estando separados.
Tomando uma longa respiração, aceno positivamente, Tyler sabe usar as palavras e muito
bem.
— Tudo bem? — indaga e eu assinto. — Violet marcou uma consulta para você hoje com a
mesma obstetra da sua irmã. Vá tomar um banho que eu vou levá-la, ok?
— Não tenho outra opção ou tenho? — contraponho.
— Não — ele nega, com um sorriso no rosto. — Faça o que você consegue fazer melhor,
em quinze minutos. O tempo está passando.

Cerca de uma hora depois já estávamos no hospital, a assistente da Zara — como ela
gostava de ser chamada, sem o doutora —, chamou por mim. Assim que os olhos de Zara batem
em mim um sorriso carregado daquele típico eu avisei, está estampado em seu rosto.
— Eu te disse que nos veríamos em breve — diz ao me dar passagem para entrar em sua
sala.
Viu, eu tinha razão.
Violet entrou comigo na sala, enquanto Tyler resolveu ficar esperando no lado de fora.
— Mas não é algo que eu queria, continuo pensando da mesma forma, mas aconteceu, só
basta aceitar e amar essa criança que está vindo — explico me adiantando.
— Está certo, vou pedir para que você vá se trocar e para que depois se deite.
Assinto dando um meio sorriso e pego aquela roupa linda — para não dizer ao contrário —
e vou ao banheiro me trocar.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Após me despir, me olho no espelho do banheiro, já dá para notar minha barriga mais
cheinha e redondinha, meu umbigo já está diferente, um sorriso escapa do meu rosto e eu deslizo
minha mão até o meu ventre, tocando pela primeira vez depois de tanto tempo. Esse era um tipo
de contato que eu evitava, até mesmo olhar essa pequena bola que minha barriga havia se
formado eu evitava.
Fico por um tempo acariciando a minha barriga e tendo o momento que eu tanto me recusei
a ter, em seguida troquei de roupa o mais rápido que eu pude, quanto mais rápido eu trocasse,
mais rápido isso seria. Hospitais significam remédios e agulhas, me causam pânico.
Voltei para a sala e me deitei na maca obstétrica, Violet se sentou ao meu lado e segurou
em minha mão sorrindo e me encorajando a cada segundo, tentei sorrir de volta, mas estava
nervosa demais para isso.
— Sua irmã passou por aqui essa semana, mas não mencionou sobre você estar grávida —
Zara comenta, colocando um par de luvas.
— Nem eu mesma sabia — informo e ela sorri sem graça.
— Então vejo que você não faz ideia também de quanto tempo está né? Me sinto de volta a
primeira consulta da sua irmã. Suas sobrinhas vão nascer já ganhando um priminho ou uma
priminha, isso não é um máximo? — ela indaga animada e cobre minha cintura para baixo com
uma toalha e levanta a camisola hospitalar, em seguida espalha aquele gel gelado e melecado em
minha barriga. — Sua barriga não é tão imperceptível olhando agora desnuda, está grandinha, a
quanto tempo você descobriu? Já dava para notar indícios, seu umbigo mudou e nesse ponto aqui
— ela aperta abaixo do meu umbigo—, é onde o seu bebê está e já deve estar muito bem
formado.
— Tem um mês — respondo. — Mas como eu não notei isso no começo? Eu continuei
fazendo as coisas que eu costumava fazer normalmente, academia, passei a correr no parque e
também ingeria bebidas alcoólicas — falo bastante envergonhada.
— Às vezes quando a paciente leva muito tempo para se adaptar a novidade de ser mãe e
aceitar isso, não enxerga as mudanças no próprio corpo Amber, isso é normal. Eu tenho
pacientes que de início agiram igual a você, isso é psicológico, mas depois foi só alegria e eu te
garanto que depois de hoje você não vai sair daqui diferente delas. Quanto aos exercícios físicos
não causam danos ao feto quando é algo leve, se você pegou muito pesado em treinos foi um
milagre não ter ocorrido nenhum sangramento e até mesmo um aborto e a bebida em excesso
prejudica o bebê de certa forma, mas se até aqui você não sentiu nada fora do normal que são os
enjoos matinais e tonturas, está tudo bem. Iremos ver agora se há algo a mais com o que se
preocupar. Você pode ficar tranquila que está em boas mãos, tudo bem?
— Tudo bem — concordo apreensiva.

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— O pai não vem? Talvez você se sentiria mais segura com ele por perto, eu posso espera-
lo se você quiser.
O corpo de Violet se tenciona ao meu lado e eu aperto forte a sua mão.
— Não, ele não vem — afirmo.
Zara assente e passa o aparelho de ultrassonografia pela minha barriga, mordo meu lábio
apreensiva e ela aponta para o aparelho.
— Como eu imaginei — ela diz e desvia o olhar do monitor e me olha sorrindo. — Temos
um bebê grande e formado, com vinte semanas, o que equivale a dezoito semanas de vida. Você
está grávida de cinco meses, Amber — comemora sorrindo e isso me assusta e muito.
— O quê? — exclamo e aperto forte a mão de Violet, que resmunga. — Isso é impossível,
Ally com cinco meses estava com uma barriga enorme, agora ela tem sete e parece que vai
explodir, isso está errado.
Olho mais uma vez para o monitor me negando a acreditar que eu estou grávida, pelas
minhas contas, cinco meses bate desde a primeira vez que transei com Liam, isso é impossível.
Nós usamos camisinha no quarto, no banheir... O banheiro.
— Amber, eu entendo o seu espanto, entretanto não há como comparar uma gestação
gemelar com uma normal, mas como você informou, você continuou fazendo suas atividades
físicas normais e isso além de ser um tanto saudável manteve seu corpo em forma, esse foi um
dos motivos pelo qual você não notou a diferença do seu corpo, o que me chama atenção é você
não ter notado os atrasos menstruais — ela me explica de forma cautelosa.
— Tá, espera, deixa eu ver se eu entendi. — Levanto a minha mão pedindo um tempo e
começo: — Eu menstruei durante dois meses, nesse período eu já estava grávida então? — Zara
assente. — E eu estou grávida de cinco meses? — questiono.
— Sim, Amber — confirma sorrindo. — Há casos de pessoas que menstruam mesmo
estando grávidas, isso não é algo anormal. Nós vamos escutar o coração do seu bebê agora, em
seguida farei um pedido de uma ecografia morfológica. Onde você poderá ver os dedos, pés,
mãos, descobrir o sexo e ver se há alguma anormalidade, mesmo processo que fizemos com a
sua irmã na primeira vez que vieram aqui.
— Ai meu Deus, eu acho que eu vou vomitar — murmuro, fazendo Violet e Zara rirem. —
Violet cadê o apoio que você ia me dar? — resmungo.
— Você está quase esmagando a minha mão, quer apoio maior que esse? — ela indaga e no
minuto seguinte um som baixinho atinge a sala, não é tão forte quanto os dos bebês da Ally,
afinal eram dois. Mas é alto o suficiente para que eu possa ouvir e me deixar levar pela emoção.
Tem um bebê dentro de mim.
Tem uma vida dentro de mim.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Esse é o coração do meu bebê.


Aperto a mão de Violet mais uma vez e a olho sorrindo, não evitando de deixar minhas
lágrimas acumuladas rolarem pelo meu rosto.
— Eu vou ter um bebê, eu vou ser mãe — murmuro baixo.
— Sim Am, você vai ter um bebê — Violet reafirma sorrindo abertamente para mim.
— Os batimentos estão estáveis — Zara diz após o som se cessar. — Eu vou te receitar as
vitaminas, vou pedir que você aguarde só mais uns minutinhos e já te chamo novamente para
descobrimos se teremos um garotão ou uma garotinha. Quem sabe mais gêmeos? — supõe.
— Eu... eu posso chamar o pai do bebê? — pergunto, surpreendendo não só Zara como
Violet, que afaga a minha mão me apoiando na minha decisão.
— É claro que pode Amber, ficarei feliz em conhecê-lo. —Sorri, retirando as luvas e a
toalha que cobria meu corpo da cintura para baixo. — Pode ir se trocar, enquanto isso farei as
recomendações médicas para você, marcarei retorno para iniciamos seu pré-natal, você está bem
atrasada mocinha— diz humorada e se levanta.
Eu faço o mesmo com a ajuda de Violet e vou me trocar.
Minutos depois, estou sentada na sala de espera com Tyler, estou contando para ele tudo
que foi me dito durante a consulta e ele está tão incrédulo quanto eu sobre a quantidade de tempo
em que eu estou, mas diferente de como eu cheguei aqui, eu estou sorrindo de orelha a orelha.
Ouvir o coração do meu bebê aflorou algo dentro de mim que não tinha florescido nem mesmo
quando toquei em minha barriga.
Eu só quero que ele ou ela saiba, que é muito amado, não importa qual seja o sexo.
— Você estava comendo como uma porca, eu confesso que tinha minhas dúvidas.
— Você está me chamando de porca Tyler Lewis? — indago.
— Eu? Você que está dizendo isso — responde cínico.
— Terei o prazer de dizer para sua futura esposa, que inclusive está caminhando em nossa
direção. — Aponto para Violet. — Que ela está comendo como uma porca, quando estiver
grávida.
— Quem é uma porca? — ela indaga, ao se sentar ao lado de Tyler.
— Tyler disse que eu estava comendo igual uma porca e que desconfiava por isso —
resmungo.
— Eu também achei isso estranho, hora você reclamava de comidas gordurosas e que
engorda e outra estava se empanturrando de besteiras, eu me perguntava por onde andava a
Amber nutricionista, eu não a via desde Hampton — Violet pontua.
— Como você não percebeu as mudanças em seu próprio corpo? — Tyler indaga.
— Não houveram tantas mudanças e eu menstruava normalmente, só atrasou uns meses e

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eu achei que fosse por causa do anticoncepcional da Liz, ela disse que era normal atrasar. — Dou
de ombros e me viro para Violet. — Você o achou? — pergunto.
— Ele está em uma cirurgia, mas pedi para Sienna informá-lo que estávamos aqui. —
Reviro os olhos com a menção do nome de Sienna. — Vai dar tudo certo Am, logo ele estará
aqui.
— Tudo bem se ele não vier, oportunidades para contar não faltarão.
Mas eu queria que ele estivesse aqui.

Zara nos chamou novamente, dessa vez Tyler fez questão de entrar também, ele estava
curioso para saber qual era o sexo do bebê. Liam ainda não havia aparecido, o que me deixou um
tanto apreensiva. Eu já estava deitada e novamente com aquela roupa hospitalar, quando batidas
na porta interromperam Zara, que estava explicando como funcionava essa ultrassonografia.

— Entre, por favor — Zara diz, se virando para porta e, quando ela se abre Liam coloca a
cabeça para dentro e seus olhos encontram imediatamente os meus.
— Precisa de alguma coisa, Dr. Wheeler? Ou também está curioso para saber qual é o sexo
do bebê? — pergunta, provavelmente Zara não sabia sobre eu e Liam, se soubesse não falaria
isso com tamanho entusiasmo. — Entre. — Ela o chama com a mão.
Não Zara, por esse caminho não.
Liam permanece parado na porta e pela forma que segura com força a maçaneta, ele não
está nem um pouco feliz.
— O-o que você disse? — gagueja, questionando Zara ou a mim. Não sei.
— Entre Liam — ela insiste para que ele entre e dessa vez ele o faz.
Ele vem em nossa direção apreensivo, sem desprender o olhar do meu. Ele para ao lado da
maca obstétrica onde eu estou deitada.
Em choque, é como ele se encontra nesse momento.
— Você disse que o pai viria, ele não vem também? — Zara quebra o silêncio.
— Eu estou aqui — Liam murmura, deixando a situação um tanto constrangedora para
Zara, que me olha com um pedido de desculpas.
— Acho melhor nós esperamos lá fora — Tyler diz em um pigarro. — Vamos Vi. — Ele
sai da sala com Violet em seu encalço, ambos sem reação, tanto quanto eu.
— Quanto tempo? — Liam indaga, fujo do seu olhar questionador e olho para Zara,
esperando que ela entendesse que precisávamos ficar a sós. — Eu perguntei quanto tempo,
Amber.

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— Eu... — Não consigo formular a frase.


— Eu vou deixar vocês a sós, me chamem quando estiverem prontos, tudo bem? — Zara
nos interrompe e eu assinto. Agradecendo-a mentalmente por isso.
Me levanto um pouco da cama, ficando recostada nela e o encaro, ainda em busca de
respostas Liam balbucia.
— Eu ainda estou esperando por sua resposta.
— Cinco meses — respondo a sua pergunta.
— Não foi isso que eu perguntei — retruca, passando a mãos no rosto de olhos fechados.
Ouço o som da sua respiração pesada e ele abre os olhos para me encarar.
— Antes de qualquer coisa, não quero que pense que eu ia esconder isso de você ou tirar
seu direito de pai — falo e ele assente, deixando que eu continue. — Descobri no meu
aniversário, eu não estava pronta para essa responsabilidade, não tem nem uma hora que a minha
ficha caiu de que eu realmente vou ser mãe. Eu só... só não sabia como te contar, me desculpe.
Nós não estamos mais juntos e se você não quiser, tudo bem, mas eu o quero. — Sinto minhas
mãos soarem em aflição e agonia, Liam me encara perplexo e em silêncio.
— Como você pode pensar que eu rejeitaria um filho, só porque não estamos mais juntos
Amber? — Seu olhar é questionador, mas logo se alivia. — É um filho nosso e não vou dar as
costas para essa responsabilidade, nós vamos ter um bebê! — exclama com um sorriso
permeando a sua voz. E isso me faz respirar aliviada.
— Eu estava com tanto medo, eu não sei se consigo passar por isso sozinha. Eu pedi a
Violet para te chamar, eu não queria fazer isso sem você — explico.
— Nós vamos fazer isso juntos. — Ele segura em minha mão e beija a minha testa
carinhosamente. — Vou chamar a Zara.
Liam enviou um chamado para Zara e enquanto a esperamos permanecemos em um silêncio
agoniante.
Eu não falava nada e ele menos ainda. Parecíamos dois estranhos que teriam um filho
juntos, nada além disso.
— Desculpa a demora, vim o mais rápido que eu pude. Esbarrei com Brandon no corredor,
ele está voltando de férias essa semana — Zara entra na sala se explicando.
— Ele é um tremendo pau no... — Aperto a mão de Liam o repreendendo e Zara ri.
— Até eu queria uma lua de mel no Maui, ele estava me mostrando as fotos, lembrarei de
colocar esse lugar no roteiro das minhas férias também — ela diz se sentando em sua cadeira
próximo ao monitor ao meu lado e colocando novamente o par de luvas.
— Estão prontos? — questiona e assentimos uníssonos. Ela espalha pela segunda vez no dia
o gel pela minha barriga e desliza o aparelho sobre ela.

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Meu nível de nervosismo aumento, não só pelo fato de estar descobrindo o sexo do meu
bebê e sim por Liam estar aqui.
— Tem certeza que são cinco meses? — ele indaga, olhando curioso para a minha barriga.
— Olhe você mesmo. — Zara aponta para o monitor. — Eu já expliquei para ela que ela
precisa se alimentar mais, cuidar da anemia, tomar as vitaminas, mas como ela manteve a rotina
de exercícios físicos sem o conhecimento da gravidez, o corpo dela se manteve em forma por
alguns meses, não é nada com o que se preocupar, mas mudaremos isso, certo Amber?
— Certíssimo — afirmo sorrindo.
— Muito bom — murmura e desce com o aparelho em direção ao meu umbigo. — Vejamos
o que tem aqui. — Sorri olhando para o monitor, faço o mesmo e observo nitidamente as
perninhas do meu bebê abertas. — Olha! Teremos um garotão para proteger as duas priminhas
— exclama animada.
Observo o ponto em que Zara circulou no monitor onde aponta o sexo exato do bebê. Sorrio
emocionada para tela e desvio o olhar para Liam, que tem os olhos contidos pela emoção e um
sorriso largo em seu rosto.
Eu juro que não entendia aquela emoção toda de Ally e Benjamin, mas agora eu entendo e
não existe sensação melhor do que essa. Só que pena que durou pouco.
Em um segundo eu estava sorrindo emocionada para Liam e encarávamos o monitor onde
mostrava nosso bebê, em outro meu sorriso morria ao ver Zara mexendo em várias outras coisas
para que tampassem a imagem e desligando o monitor como se estivesse em desespero.
— Qual é o problema? O que há de errado? — questiono e não tenho respostas.
— Zara, o que está acontecendo? — Liam indaga também.
Uma parte de mim queria gritar por respostas, outra parte pedia para ter calma e dizia para
mim mesma que tudo iria dar certo.
— Eu... eu não quero te deixar preocupada por um erro meu Amber, a ressonância vai me
mostrar com mais clareza o seu bebê — ela tenta me acalmar, mas é em vão, a sua atitude me
assustou e a forma em que assimilei essas palavras me diziam que não seria coisa boa.
— Eu não estou te entendendo, seja clara porque para mim você está falando outro idioma,
eu tenho direito de saber o que está acontecendo, é contra ética esconder as coisas do paciente.
Certo? — questiono levantando meu corpo para encarar os olhos de Liam, que se mantém
impassível o que me faz temer. Engulo o nó que se forma em minha garganta e volto a olhar para
Zara. — Então?
Após pensar muito ela volta a ligar o monitor onde a imagem estava congelada.
— Está vendo essa região? — Aponta e com a outra mão em cima do mouse traça uma seta
sobre o local, ela me olha e eu assinto. Eu não vejo nada além de alguns borrões, mas sei que tem

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algo só pelo fato dela ter circulado aquele determinado ponto. — Aqui foi identificado anomalias
fetais em seu bebê Amber, a malformação fetal incompatível com a vida, mas que permite
desenvolvimento fetal adequado. A ressonância vai confirmar a suspeita que eu tenho por conta
desse determinado ponto, tudo bem?
Não entendo nada do que ela está falando, é como se meus ouvidos estivessem entupidos e
isso tornou a minha visão turva, em desespero procuro pelos olhos de Liam em busca de
conforto, mas não é o que eu encontro, seus olhos estão fixos no ultrassom e por mais que eu
queira que seja lá o que ele esteja vendo, esteja errado. Eu sei que não é.
Só percebo que estou chorando quando sinto as mãos de Liam em meu rosto enxugando as
minhas lágrimas.
Eu estou com medo e isso me espanta.

Fiz a ressonância magnética fetal, enquanto esperava por Zara com os resultados, pedi ao
Tyler que fosse para casa, apenas dei a notícia de que era um menino e fiquei sentada desolada
ao lado de Liam, esperando por respostas.
Respostas essas que eu esperava que fossem boas.
Liam me envolve em seus braços e deita a minha cabeça em seu peito, o tempo todo ele
repete que vai ficar tudo bem. Isso me conforta, tê-lo ao meu lado me apoiando era o que eu
precisava nesse momento, não estava nos meus planos ter um bebê, mas sei que nos dele estava e
era ao meu lado que eu imaginava que ele estaria quando viéssemos na primeira consulta e eu sei
que ele está onde gostaria de estar.
A porta se abre e vejo Zara entrando com uma pasta em mãos.
— Desculpa a demora Amber, estava esperando um amigo analisar junto comigo antes de
vir até você. — Ela olha para Liam e desvia o olhar para mim, as notícias não são boas, já que
Liam apertou mais ainda seus braços em volta do meu corpo.
— Qual é o problema que você encontrou no meu bebê? — pergunto firme.
— Amber, as notícias infelizmente não são boas — murmura em um tom baixo e estende a
ultrassom para Liam, que a pega com a mão livre. — Você quer tomar uma água antes? —
oferece.
Sabe quando você passa tanto tempo em frente a uma televisão assistindo uma série médica
e se pergunta se um dia ela terá finalidade na sua vida? Pois hoje está tendo na minha, por mais
que seja série, as feições dos médicos quando irão dar uma notícia ruim a um paciente ou a
família do mesmo após óbito são as mesmas feições que Zara tem nesse exato momento.
— Eu quero que você me conte. — Olho para Liam que mantém a pasta em mãos, mas não

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a abre.
— Zara, por favor comece — Liam pede em um tom baixo.
Ela abre a outra pasta que tem em mãos, coloca em cima da mesa e vira na minha direção as
fotos. Ela pega uma caneta em mãos e aponta para a primeira foto.
— Esse aqui é o seu bebê Amber, aqui você pode ver que não há nada fora do normal do
pescoço para baixo, está bem nítido. Temos mãos, pés, tronco, dedos e joelhos. — Assinto dando
espaço para que ela continue. — Através da ressonância evidenciamos membros curtos e falta de
mineralização óssea, mais pronunciada no crânio, há uma deformidade da calota craniana à
mínima pressão do transdutor no abdome materno. — Ela faz uma pausa e me olha antes de
prosseguir, assinto para que continue, ainda estou sem entender qual é o problema. — Seu bebê
tem anencefalia. Eu sinto muito, Amber. Sinto muito mesmo — sussurra.
— Anen o que? — Minha voz sai embargada.
— Liam, faça ela beber um pouco de água e nós continuaremos conversando sobre isso. —
Ele me entrega um copo com água e eu o pego com as minhas mãos trêmulas. Bebo a água em
um só gole e continuo olhando para Zara à espera de respostas.
O silencio me corrói por dentro e no minuto seguinte ele é quebrado, quebrando junto um
sentimento que nem eu mesma sabia que existia dentro de mim.
— A anencefalia é uma má formação rara do tubo neural, caracterizada pela ausência
parcial do encéfalo e da calota craniana, proveniente de defeito de fechamento do tubo neural nas
primeiras semanas da formação embrionária, seu bebê não tem um cérebro, eu sinto muito por
ser eu a te dizer isso.
Pisco por diversas vezes tentando digerir o que me foi dito e nada. Eu ainda não entendo
nada do que está acontecendo.
— Mas tem uma cura para isso certo? — questiono. — Nós podemos fazer algo, algum
tratamento...
— Sunshine... — Liam interrompe.
— Não Liam, eu quero ouvir dela! — grito e encaro Zara. — Me diz o que nós podemos
fazer — peço entredentes.
— Nada Amber, não há nada a ser feito. Não existe cura ou tratamento padrão para a
anencefalia e o prognóstico para estes pacientes é a morte.
Morte.
Morte.
Morte.
— Diz que é uma brincadeira, que tem alguma coisa de errada nesse exame — peço para
Liam, em um desespero contido me afasto dele. — Diz para mim que ela está errada, diz. —

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Bato compulsivamente no peito de Liam e ele não me para, apenas aceita todos os socos que lhe
transfiro. — Você é a porra de um médico e não pode fazer nada para salvar a vida do nosso
filho? É a vida do nosso filho Liam, é o nosso bebê.
Ele segura em meus braços impedindo que eu continue lhe batendo e fita meus olhos, a dor
está estampada em seus olhos.
— Eu sinto muito Sunshine — sussurra. — Não há nada que eu possa fazer para mudar
isso.
Levo minhas mãos até a minha boca para abafar o grito que se formou em minha garganta,
choro copiosamente sem conter a dor que se alastrava dentro de mim e que eu nem fazia ideia
que eu estava sentindo, eu não sabia o quanto estava já amando essa criança, até receber essa
notícia que mudaria a minha vida.

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​“E eu quero que você saiba. Eu vou segurar você acima


de todos.”

Good To You – Marianas Trench

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Liam

Em um segundo eu me sentia o cara mais sortudo do mundo, no minuto seguinte eu vi essa


felicidade se dissipar em minha frente.
O choro de Amber me desfalecia, eu não podia demonstrar fraqueza em sua frente, não
naquele momento. Amber precisava de força e de alguém para apoiá-la, se eu desmoronasse
junto a ela, certamente ela não aguentaria. A trouxe para o meu apartamento, após a consulta ela
ficou desolada, só parou de chorar depois que tomou o calmante natural que Zara havia
receitado, de início ela não queria, mas só foi falar que o estado em que ela estava não fazia bem
ao bebê que ela aceitou.
Agora eu estou aqui, parado na porta do meu quarto a observando dormir em minha cama.
A ficha ainda não caiu, nós seremos pais. Seriamos pais.
Fecho a porta com cuidado e me dirijo até a sala, ajo em modo automático sentando-me no
sofá, apoio meus dois cotovelos em minha perna e escondo meu rosto entre minhas mãos. E
chorei.
Chorei a perda de um filho, chorei pela minha incapacidade de não poder fazer nada, chorei
por vê-la sofrer.
Mais um filho que a vida me tira.
Zara nos deu a opção de induzir o parto, em outras línguas, ela nos deu a opção do aborto.
Segundo ela deveríamos aproveitar que ainda é cedo e pode não haver complicações futuras para
Amber. Não foi fácil ouvir isso.
Amber não quis, eu não quero e não é o que faremos. Ele ainda é o meu filho, o nosso filho.
Desperto do meu transe com o meu celular vibrando em meu bolso, deve ser Brandon, eu o
chamei para vir aqui e pedi que avisasse ao invés de tocar a campainha, por mais que eu confie
em Zara e eu sei que os exames não estão errados, eu quero ouvir de outra pessoa, eu quero dar
um motivo de dúvida não para Amber, mas para mim.
Brandon é neurocirurgião, se tem alguém que vai me dar uma certeza convicta disso, esse
alguém é ele.
Pego meu celular no bolso e verifico a mensagem, é ele.
Me levanto do sofá e apresso meus passos até a porta, abro-a dando espaço para ele entrar.
— E aí cara. — Me cumprimenta entrando no meu apartamento. — Como você está? —
pergunta.
— Bem na medida do possível, sente-se — falo, apontando para o sofá, enquanto ando até o
pequeno bar no canto da minha sala. — Com gelo ou sem gelo? — pergunto, me referindo ao

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Whisky.
— Com gelo, uma pedra — responde e olha para a pasta onde consta uma cópia dos exames
de Amber. — Posso? — pergunta e eu assinto.
Preparo as bebidas e caminho até Brandon, estendo-lhe um copo e me sento ao seu lado.
Beberico a minha bebida enquanto Brandon continua analisando às radiografias.
— Mas que droga, cara. Amber é a paciente do bebê que tem anencefalia. — Ele não
perguntou, apenas afirmou e a falsa esperança que havia dentro de mim que houvesse algo errado
naqueles exames se dissipou. — Zara me mostrou esses exames quando nos encontramos no
corredor do hospital, ela também queria ter certeza, eu não consigo imaginar como você está se
sentindo.
Brandon fecha a pasta e coloca em cima da mesa de centro novamente.
— Eu só queria que tivéssemos uma chance de mudar as coisas.
— Você sabe que eu faria qualquer coisa que estivesse ao meu alcance para reverter isso se
fosse possível, não sabe? — indaga.
— Eu sei cara, eu sei — respondo.
Ficamos os dois em silêncio encarando o nada e bebendo.
— Você seria um ótimo pai — Brandon quebra o silêncio.
— Às vezes me pego me perguntando como seria se eles não tivessem morrido, eu estaria
sem a mulher que eu amo, mas seria pai e isso de uma forma me deixaria feliz — murmuro.
— Henry com certeza estragaria o sobrinho, Benjamin então, nem se fala. Essa criança seria
completamente o mimo da casa.
— Eu me pergunto porque comigo e porque duas vezes. Acho que Deus não me quer pai.
— Sorrio meio torto e bebo mais um gole do Whisky. — Ela não merecia isso, Brandon, ela não
merecia — falo me referindo a Amber.
— Nenhuma das duas mereciam, a diferença é que Maya acabou com a própria vida, ela fez
porque quis, estava ciente do que estava fazendo quando ingeriu uma grande quantidade de
drogas, ela só não sabia que estava grávida. E Amber, bom, nós não podemos explicar o
inexplicável, ela merecia muito mais, muito mais — ele finaliza e coloca a mão em meu ombro o
apertando. — Ela é forte vai ficar tudo bem.
— Eu me sinto culpado, a todo instante, todos os dias e hoje a culpa me consumiu mais
ainda. Pela segunda vez eu tenho algo em minha frente em que não posso fazer nada para mudar,
só aceitar — lamento inconformado.
— Essa é a última vez que falaremos sobre isso — resmunga irritado. — Eu estou cansado
de você e Henry se culparem, você mais do que ele. Maya não era uma criança Liam, ela sabia
dizer sim e não, se eu te oferecesse uma bebida agora e você sabendo que não pode, você tentaria

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lutar ou seria covarde? — questiona e eu não preciso falar para ele saber a minha resposta, eu
lutaria sim, lutaria até o último segundo. — Todos temos vícios em algo e ela tinha o dela, mas
isso não ameniza as escolhas que ela fez, foi a saída que ela encontrou para os problemas dela e
que infelizmente não foi a escolha mais sensata. Nós tentamos, eu tentei, você tentou, Henry
tentou e os médicos dela tentaram, a única pessoa que podia salvar ela mesma era ela, você já
passou anos demais se martirizando por isso, está na hora de dar um basta nisso. Pense que foi
melhor assim, mesmo que isso tenha custado a vida do seu filho.
Um barulho que vem do lado oposto da sala nos chama atenção.
— Des-desculpa. — Imediatamente Brandon e eu viramos a cabeça na direção de onde
vinha a voz que gaguejava.
Amber estava parada no batente da porta, pelo seu semblante tenho a certeza de que ela
ouviu tudo, ou quase tudo.
— Eu estou de saída, se precisar de mim me liga — Brandon diz se levantando do sofá e eu
faço o mesmo.
— Obrigado por ter vindo cara, só obrigado — falo apertando sua mão, ele me puxa para
um abraço, como se soubesse que era disso que eu precisava.
— Vai dar tudo certo, só cuida dela. Ela precisa de você — ele murmura e se afasta,
caminhando até Amber. Ele fala alguma coisa com ela e em seguida a abraça também.
Observo a interação deles e Amber assentir com a cabeça seja lá o que ele tivesse falando.
Enquanto Brandon conversa com ela, decido ir até a cozinha dando-lhes privacidade.
Ligo o micro-ondas para esquentar a comida que deixei guardada dentro dele. Eu havia
pedido a comida logo após chegarmos do hospital, ela não quis comer antes, mas agora vai. Ela
precisa. Pego um copo no armário, colocando-o em cima do balcão da cozinha, em seguida abro
a geladeira e pego a caixinha de suco de laranja, e encho o copo. Arrumo tudo em uma bandeja e
retiro a comida do micro-ondas antes mesmo dele apitar e coloco junto com o copo de suco.
Volto para sala com a bandeja em mãos e não encontro mais Brandon.
Amber está sentada no sofá encarando a pasta com seus exames.
— Agora somos só eu e você — murmuro chamando a sua atenção. — Você vai se
alimentar direito primeiro e se você tiver perguntas, enquanto você come eu estarei respondendo
todas elas — me antecipo a dizer calmamente.
Coloco a bandeja em cima da mesa de centro a sua frente, sento ao seu lado e pego o copo
suco e lhe entrego.
— Eu não estou com fome — diz em um tom baixo, recusando o copo.
— Tente, faça isso por ele — insisto, apontando para a sua barriga, ela assente, ainda
contida e pega o copo da minha mão dá um gole e o devolve para mesa.

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Olho-a colocar a bandeja em seu colo e encarando a comida, ela encara, respira fundo, mas
por fim acaba comendo.
Sorrio satisfeito e sou pego no flagra.
— Eu não estava ouvindo a sua conversa — começa e para puxando uma longa respiração.
— Eu acordei e não sabia onde estava, só segui as vozes e então... Eu ouvi o que você disse e
acabei ficando parada ouvindo o resto, nós nunca conversamos abertamente sobre isso depois
que... você sabe, desculpa.
— Eu vou começar te explicando o que de fato aconteceu certo? — indago e sua cabeça
balança concordando. — Maya e eu tivemos juntos por uma única noite, nós dois estávamos
desolados e acabamos... — Não sei como terminar a frase, é algo que ela não gostaria de saber e
eu não quero relembrar isso.
— Continua, mas vai ao que de fato interessa, eu não quero saber sobre como vocês fizeram
um filho — resmunga impaciente.
— Aconteceu e juro que foi a única vez, depois disso ela foi embora e não nos vimos mais.
Eu não sabia que ela estava grávida, eu nem mesmo me lembrava de não ter me prevenido com
ela, mas pelo tempo em que ela estava grávida era meu.
— E o que aconteceu?
— Ela estava grávida quando morreu Amber, a overdose não só tirou a vida dela como tirou
a vida do bebê também, eu me nego a cogitar a ideia de que ela sabia que estava grávida, ela não
faria isso com o próprio filho, isso seria desumano demais. Eu conhecia aquela garota e ela não
faria isso. Quando eu soube era... era tarde demais, eu não pude me despedir, eu não estive com
ela e tudo que ela não queria era ficar sozinha e ela morreu sozinha, sem ninguém ao lado, ela
não teve a chance de se despedir nem mesmo de Henry. E olhar nos olhos do seu melhor amigo
você sendo um estudante de medicina e entender que nada poderia ser feito, é a pior coisa do
mundo. A mesma coisa eu sinto quando...
— Quando você olha para mim — murmura baixo e afasta a bandeja com o prato mal
tocado, colocando-a de volta em cima da mesa de centro.
Pego o copo de suco de laranja que ela havia colocado de volta na mesa para comer e
entrego a ela, vai lhe fazer bem já que ela mal tocou na comida.
— Sim — afirmo em um sussurro. — Eu queria que você pudesse segurar nosso filho nos
braços, eu queria que pudéssemos criar ele juntos, do nosso jeito estranho, mas eu queria.
— Eu agora posso dizer que eu sei o que você sente. — Ela afaga a barriga com a não
desocupada. — Ele está aqui e ao mesmo tempo não está e no momento em que for a hora dele
nascer, ele vai existir e deixar de existir no mesmo segundo. Mas por que esconder? Por que não
dividir sua dor com alguém? Eu... eu nunca esconderia algo do tipo de você. E você como

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sempre escondendo as coisas de mim.


Solto um riso irônico, como depois de meses ela ainda não consegue aceitar e admitir que
erra pelo menos uma vez? E ainda dizer que não esconderia? E ela fez foi o quê?
— Não seja hipócrita Amber, não seja.
— Liam, eu sou estou sendo. Eu soube há um mês e escondi por não saber o que fazer, por
não querer, eu não estava pronta, mas eu não iria esconder uma coisa grave como essa de você,
eu não ia te deixar no escuro para sempre, se não fosse hoje, uma hora eu iria contar, não sei
quando, mas iria e o Tyler estava me obrigando a isso também — ela se defende.
Eu queria lhe dar as costas e me levantar, mas o nó que se forma em minha garganta me faz
querer gritar a merda fora de mim.
— Diferente de Maya, você tinha a escolha de contar, Maya nem mesmo sabia e você
sabia! Eu não tive a chance de poder ajudá-la porque eu não sabia da existência da criança e não
havia nada que eu pudesse fazer para trazê-los de volta. Mas com você eu poderia e posso te dar
todo o apoio e suporte, podíamos ter descoberto isso antes, ter cuidado de você e da sua saúde o
pior é que você sabe disso. Eu poderia ter te ajudado e juntos passaríamos por tudo isso desde o
começo, não estaríamos descobrindo agora para perdê-lo daqui há quatro meses, ainda tem a sua
anemia, você está anêmica e isso é algo que está no meu alcance. Eu sei que é idiota falar isso, é
idiota e rude da minha parte, mas eu queria ter esperanças coisa que no começo nós ainda
teríamos, afinal seria cedo demais para identificarmos a doença. Nós iriamos nos iludir achando
que nosso filho seria saudável, mas teríamos uma ponta de esperança — grito, perdendo a calma
que eu estava tentando manter. — Eu sou a porra de um médico como você mesma disse, mas
não poderia fazer nada para salvar nosso bebê, mas poderia fazer por você, poderia cuidar de
você, nós podíamos ter deixado as diferenças de lado e ter feito a coisa certa por ele, você tirou
esse direito de mim Amber! — Tomo uma longa respiração e passo minha mão trêmula pelo meu
cabelo, volto a olhá-la e rio amargurado.
— Mas não foi o que você quis certo? Você preferiu ir pelo caminho mais fácil e mentiu
para alguém que estaria ali para apoiá-la, você sabe que ninguém melhor do que eu cuidaria de
você, caso contrário não estaria aqui. Então isso não te torna diferente de mim, só me mostrou
um lado egoísta que eu não sabia que você tinha.
— Eu já disse que eu não o queria Liam, eu não queria um filho e hoje acordei ainda não o
querendo. Eu o ignorei por um mês como se ele nem existisse, além de não estar preparada, eu
tinha medo, estava sozinha e tínhamos terminado, eu não queria que você se sentisse obrigado a
assumir um filho que talvez nem quisesse.
— Eu nunca iria dar as costas para um filho Amber, uma criança inocente. Isso nunca.
Silêncio.

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Silêncio.
E silêncio.
— Em algum momento você pensou em tirar essa criança? — questiono, eu não havia
pensado nessa hipótese. Mas ela nunca quis um bebê e acabou de reafirmar que não me contou
porque não queria e não estava pronta. Eu não vi só dor em seus olhos hoje cedo enquanto Zara
mostrava os exames, eu vi algo a mais e agora enxergo o que era, remorso.
Seu olhar foge do meu e eu não preciso ouvir da sua boca a resposta. Ela faria. Ela faria
sem pensar em mim e nele.
— Porra! — rosno. — É o nosso filho Amber, nosso filho. Meu filho com a mulher que eu
amo, eu não iria negar essa criança, pelo contrário. Eu ia amá-la tanto quanto eu amo você.
— Eu sei que eu errei, eu não sabia para onde correr. No dia que descobri eu me perguntava
como eu conseguiria fazer isso sozinha, eu só queria a sua presença e ouvir a sua voz dizendo
que ia ficar tudo bem. — Ela volta a me olhar e noto seus olhos marejados. — Eu o amei tanto
no momento em que eu ouvi o som do seu coração, tanto... eu não queria perdê-lo, eu não queria
que isso acontecesse. Eu ia te contar Liam, eu juro que eu ia te contar, porque eu iria querer você
comigo existindo essa doença ou não.
Puxo-a para um abraço e deixo-a colocar a sua dor para fora. Encosto meu queixo em sua
cabeça e fecho os olhos. O soluço de Amber é o único som que eu ouço, não me intimido ao
deixar de lado a minha barreira e chorar junto a ela.
— Você vai me contar tudo a partir de agora? — indaga e eu assinto com a cabeça. — Sem
mais mentiras?
— Sem mais mentiras, Amber. Embora isso não tenha sido algo seu e que envolvesse você,
eu sinto que deveria ter lhe dito a muito tempo, mas...
— Você ainda sente a dor da perda — ela murmura, me interrompendo.
— Isso — afirmo e passo a mão em seus cabelos.
— Eu beijei o Aiden no dia que eu descobri que estava grávida — ela solta de uma vez e se
afasta.
Não falo uma palavra se quer. Apenas a encaro, esperando por respostas.
Eu não acredito que aquele desgraçado de fato a beijou e a verdade? Eu preferia não saber.
Mas saber por ela isso e não por ele deve ser um bom sinal, ou não.
— Ele apareceu de surpresa na casa dos meus avós e isso você sabe — começa e eu aceno
para que continue. — Ele me deu um presente, disse que era para abrir só quando ele não
estivesse por perto caso contrário eu iria matá-lo por tamanha audácia, antes dele entrar no carro
ele disse que tinha outro presente e então...
— Ele te beijou — afirmo e ela confirma com lágrimas nos olhos e desvia o olhar.

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Droga, porque ela está se auto machucando com isso?


— Olha para mim — peço e ela não faz. — Sunshine olha para mim — peço mais uma vez.
— Eu falei tanto de você e me corroía por meses o julgando pelo passado e nunca parei
para pensar em como você se sentia, no quanto você estava certo, eu precisava quebrar o tabu
que existia dentro de mim se era real o que você dizia que eu sentia por ele ou não, mas você
sabe que eu sabia que era verdade e então eu só caí em mim quando ele me beijou e eu não o
impedi, eu não o impedi Liam — choraminga.
— E você gostou? Quer dizer, você sente alguma coisa por ele? — pergunto e ela balança a
cabeça negando.
— Isso só me confirmou que eu não sentia nada além de amizade, nós confundimos as
coisas ou eu mesma me confundi por viver presa ao passado, eu me sinto tão... tão suja por amar
você e ter feito você passar por isso. Liam eu amo você, eu não gosto dele mais que amigo e ele
me beijou sabendo disso, nem mesmo ele sente algo por mim mais.
Eu sei.
— Está tudo bem Sunshine, você precisa descansar.
— Você não está com raiva de mim? — indaga.
— Eu não tenho motivos para ter raiva de você, nem mesmo se eu quisesse — afirmo,
colocando uma mexa do seu cabelo atrás da orelha. — Agora você irá voltar para o quarto e
descansar, se você não estiver com sono vai ficar deitadinha assistindo essas baboseiras que você
assiste de repouso absoluto, ok?
— Você é bom — ela murmura assentindo. — Bom demais para mim.
Ledo engano seu Sunshine, somos bons demais para nós mesmos.

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“Você deveria saber, eu queria que fosse eu, não você.”


Take On The World – You Me At Six

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Amber

As semanas foram se passando e viver um dia após o outro sabendo da complicação que a minha
gravidez se encontrava não estava sendo fácil. Eu precisava manter a minha mente ocupada, se
eu parar para pensar eu vou surtar e se eu surtar vou chorar e é disso que eu tenho medo. Porque
se eu começar eu não vou parar.
Eu sei que não estava nos meus planos ter um filho agora, sei dos meus atos antes de
descobrir a gravidez e da minha reação após ela, tudo isso me enlouquece, é como se eu estivesse
sendo castigada por tudo que eu fiz ou deixei de fazer.
Vim para o trabalho contra a vontade de Liz e protestos de Liam, Aiden e Tyler. Agora eu
tinha quatro babás no meu pé, Liz disse que dava conta da loja sozinha, não tão sozinha assim, já
que ela tinha Gael e Cooper para ajudá-la, eu gostei tanto do Cooper que precisei voltar naquele
pub para agradecer e trazê-lo para minha vida também. Há pessoas que nos encanta logo de cara
e ele foi uma dessas.
Estava fazendo um balanço da loja quando meu celular toca, eu podia apostar o que fosse
que era Liam.
— Não vai atender? — Gael indaga passando por mim e colocando uma caixa em cima da
enorme mesa de vidro da minha sala.
Minha sala havia se tornado tudo, era onde eu descansava, fazia planejamentos e fazia
reuniões, mas não só eu usufruía dela, todos tinham passagem livre para ela, sempre tinha um ou
outro aqui dentro, deitado no sofá, comendo ou apenas divagando e hoje era o Gael, não só
divagando, mas de babá a mando de Tyler.
— Eu acho que de babá já basta você não? — indago.
— Vai que esse filho seja meu — brinca e pisca o olho.
— Acho que isso seria meio impossível, estou com quase seis meses e até onde eu me
lembro eu estive com você depois — retruco e ele dá de ombros.
— Sabe milagre da virgem Maria? — indaga e eu assinto. — Então, poderíamos chamar de
milagre da Amber Maria, sem o virgem é claro — diz me fazendo rir de doer a barriga.
Sim doer a barriga, era assim que eu me encontrava a qualquer esforço que eu fazia, mesmo
tomando as vitaminas, fazendo o repouso necessário e não fazendo muito esforço, tudo em mim
doía. Minha barriga estava um pouco maior e o bebê mexia muito mais que um bebê normal, e
isso me machucava e muito. Não só por ele chutar forte e o tempo todo, mas por saber que ele
era assim por não ter coordenação motora por falta de cérebro.
Eu tentava ser forte, mas estava sendo difícil.
— Você é completamente idiota — murmuro, jogando a caneta que estava na minha mão,
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em sua direção e ele desvia.


— Atende logo essa merda — resmunga rindo, quando meu celular volta a tocar.
Contra a minha vontade atendo o telefone sem olhá-lo, não precisava fazer isso para saber
quem era, eu estava certa.
— Você não tem outra paciente que precisa de cuidados de verdade para perturbar não? —
pergunto em tom áspero.
— Estou ligando para a minha favorita — retruca do outro lado da linha.
Não tínhamos voltado, mas Liam estava mais presente ainda na minha vida e mesmo que eu
não diga em voz alta, eu estava amando isso, eu sabia que não tínhamos mais volta, mas todos os
dias eu sentia como se nós estivéssemos dando um novo passo e começando algo novo.
— Pois bem doutor, eu comi tem umas três horas, tomei as vitaminas corretamente e fiquei
deitada em repouso como você pediu.
— Boa menina, agora desce para irmos tomar café.
— Eu não acredito que você veio me inspecionar de perto.
— Pois acredite e desça devagar.
Não tive tempo de responder nada, a ligação foi encerrada no mesmo segundo.
— Ele desligou na minha cara — reclamo para Gael.
— Vocês são um casal estranho — ele diz se espreguiçando e deitando no sofá.
— Você acabou de ganhar o vale do cala essa boca — resmungo.
Pego a minha bolsa e saio da sala deixando Gael descansando por lá, fiz ele pegar tantas
caixas que veio da produção da nova coleção da loja que me deu até pena do coitado.
Desci e encontrei Liam em uma conversa entretida com Liz.
— Sobre o que vocês estão conversando? — pergunto atrapalhando a conversa deles.
— Nada demais, estava perguntando para Liam como anda as coisas na clínica e se ele está
contratando, que a minha chefe é insuportável e eu estou a ponto de pedir demissão — brinca.
— Você acabou de descrever claramente o John — comento.
— Eu sei — concorda com descaso. — Ele era insuportável. Vou ajudar o Cooper a
terminar de atender as duas senhoras ali, nos vemos depois. Tchau Liam — ela se despede dele e
sai.
— Tchau, Liz? — indaga para o nada. — Eu ainda não me acostumei com esse jeito louco
dela.
— Acredite, nem eu — admito o fazendo rir.

Liam e eu tomamos café em uma cafeteria próxima da loja, ao mesmo tempo em que era

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estranho a forma em que estávamos nos dando bem era reconfortante saber que ele estava ao
meu lado, conversamos e entramos em um consenso de que não podíamos deixar a nossa família
de fora do que estava acontecendo, eu estava grávida e esconder isso deles não era certo. Eu não
estava cem por cento bem com Ally novamente, mas estávamos caminhando bem, eu acho.
Estava terminando de fazer uns retoques na minha maquiagem, quando Liz entrou no meu
quarto avisando que Liam havia chegado, íamos contar hoje aos meus pais e aos pais dele, nada
mais justo, eu só não estou pronta para bater mais uma vez na tecla de que meu bebê irá morrer.
O caminho para a casa dos meus pais não foi constrangedor e nem banhado pelo silêncio
como eu pensei que seria, Liam o tempo todo conversava sobre alguma coisa, ele estava animado
contando dos seus novos residentes que iriam chegar, percebi que isso o distraía e ouvi-lo me
distraía também.
De início quando chegamos a casa dos meus pais e durante o jantar eles não notaram nada
de diferente em mim devido a bata larga que eu usava. Eles também não estranharam o fato de
que Liam e eu havíamos chegado juntos.
— E então vocês voltaram? — meu pai pergunta.
— Não — Liam e eu respondemos em uníssonos.
— Vocês são estranhos — Harry pondera do outro lado da mesa com a mão no queixo,
puxando alguns fios da barba. — Ally você disse que queria nos contar algo, o que era?
— Nós marcamos hoje o parto da gêmeas — Ally diz em euforia.
Ally estava completando seu oitavo mês e havia decidido que o parto não seria normal e
sim cesárea, gravidez gemelar é complicada e no caso dela acharam melhor dessa forma, uma
vez que uma gêmea escondida atrás da outra deixou tanto ela, quanto Benjamin paranoicos e
com medo de ter mais um escondido.
— Para quando filha? — mamãe pergunta contente.
— Para o dia 5 de outubro mãe — ela responde deixando mamãe emocionada. É no
próximo mês e um dia depois do aniversário dela.
— Teremos festa em dose dupla — Emma comemora junto com a minha mãe.
— Mãe, nós também temos novidades — Liam diz chamando a atenção de todos na mesa.
— Eles voltaram, já imaginava — Harry diz contente e olha para o meu pai. — É o destino
meu caro amigo, você sempre vai ter que dividir tudo comigo.
— Eu estou grávida — falo de uma vez, não aguentando mais essa agonia e olho para Harry
e depois para o meu pai. — E nós não estamos juntos, somos adultos e maduros, aprendemos
com nossos erros e estamos bem assim.
Todos ficaram em silêncio e que foi quebrado por Ally, que sorria de orelha a orelha com a
notícia.

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— Am, eu meio que já sabia, mas não foi proposital. Eu estive em uma das últimas
consultas com a Zara essa semana e ela mencionou a sua gravidez, mas quando ela percebeu que
nós, eu e Ben, não sabíamos de nada, ela desconversou. Eu quero que vocês saibam que nós
estamos muito felizes por você. Chloé e Claire irão amar ter um priminho ou uma priminha para
brincar e correr pela casa, eu já fico imaginando o que eles vão aprontar juntos, não é legal? Eles
vão ter quase a mesma idade, vão poder fazer tantas coisas juntos. — Enquanto falava e revelava
os nomes das gêmeas que até então era surpresa, Ally abaixava a mão e pegava algo no chão ao
lado da sua cadeira, ela levanta a mão, deixando visível uma pequena caixa. — Eu queria ser a
primeira a te dar isso e...
— Ally... — Liam tenta impedi-la e segura firme em minha mão. Ela continuava falando.
Eu já não ouvia mais nada e estava com a visão turva pelas lágrimas que se acumulavam em
meus olhos. Pisco freneticamente evitando que eu caia aos prantos e respiro fundo, tentando
controlar o turbilhão de emoções que eu estava sentindo.
— Eu sei que ainda não estamos cem por cento bem... — termina e estende a caixa em
minha direção e eu não faço menção em pegar.
— Meu bebê não tem um cérebro. É anencéfalo — solto de uma vez e a encaro. — Ele não
vai brincar com as suas filhas Ally, ele não vai poder correr pela casa e nem usar seja lá o que for
que você está dando, porque ele não tem um maldito cérebro!
Silêncio e olhares eram direcionados em minha direção e eu só sabia encarar a caixa que
agora estava em minha frente que parecia ser de um sapatinho.
— Am eu não sabia, e-eu... — ela gagueja. — Eu não sei o que falar, não há tratamento,
nada que possa ser feito? Nós precisamos fazer alguma coisa — ela diz direcionada a Liam.
— Nós? — retruco engolindo o bolo que se formou em minha garganta e sentindo meu
peito inflar.
— Eu sinto muito, Am. Eu... — começa.
— Pare e não comece. — Levanto a minha mão livre em sinal para ela parar. — Não
venham me olhar com essa cara de pena, nenhum de vocês. — Percorro meu olhar por toda a
mesa e volto a olhar para Ally. — E nem você, eu não consigo mais suportar isso, chega! Toda
vez que eu olho para você eu vejo suas gêmeas lindas e saudáveis, parecidas com você e com
traços do Ben, elas vão chorar, vão andar, sorrir e brincar. Eles serão saudáveis e toda vez que
fizerem birra papai e mamãe ou Enzo e Emma estão ali para mimá-los quando não conseguirem
algo de vocês. Toda vez que eu olho para você vejo o quanto você é sortuda de ter duas crianças
saudáveis e eu não posso ter o meu, porque ele vai morrer, já é dado como morto no mesmo
segundo que nasce. E tudo isso me faz querer gritar e correr para longe. Eu queria estar feliz por
você, mas não posso. — Balanço a cabeça negativamente, tento controlar as minhas lágrimas e

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solto a mão de Liam.


— Eu não posso porque eu não consigo, não há espaço para isso com tanta dor que eu estou
sentindo desde que descobri isso. — Gesticulo com as mãos e pisco, deixando que uma lágrima
role pelo meu rosto. — Então não venha dizer que nós precisamos fazer algo, não quando você
não sabe o que é isso e tem duas crianças dentro de você que sairão daí de dentro com uma vida
pela frente e nem dizer isso como se nós não tivéssemos nos feito a mesma pergunta que você.
Liam é um médico e não há nada que pode ser feito. Se vocês me derem licença, eu perdi a fome
— finalizo me levantando da mesa e saindo da sala de jantar às pressas.
Quando dei por mim, eu já estava dentro do carro de Liam ocupando o lado do motorista e
chorando copiosamente, eu não aguentava mais a dor que eu estava sentindo.
Uma batida no vidro do carro me faz levantar a cabeça e virar para o lado, Liam estava
parado me fitando com seus olhos preocupados. Destravei a porta e passei para o lado do carona
e em seguida, ele abriu a porta e entrou, ficamos os dois olhando para o nada através do
retrovisor.
Ele solta uma respiração pesada e eu viro meu rosto para olhá-lo.
— Péssima ideia ter vindo não? — diz ainda olhando para frente.
— Me leva para casa? — peço e ele assente, ligando o carro —, mas eu quero ir para a sua
casa.
— Tudo bem, eu te levarei para a minha casa.

Depois de um banho calmo, silencioso e o mais demorado de toda a minha vida, vesti uma
camisa grande que o Liam havia me dado e deitei na cama ao lado dele. Ele está fitando o teto
pensativo, isso durou longos minutos até ele notar que eu o observava.
— Não quer assistir suas séries? — pergunta se virando para mim, me encarando frente a
frente e eu nego com a cabeça.
​ Você acha q-que — gaguejo e ele levanta uma de suas sobrancelhas em sinal de

questionamento. — Que a culpa é minha? Que nosso bebê é assim por minha causa? Eu sei que é
culpa minha, tudo que eu fiz nos últimos meses antes de saber da gravidez levou a isso, eu bebi,
continuei indo para a academia, eu pegava pesado e por minha causa nosso filho está morto, ele
está morto Liam — sussurro a última frase e solto um soluço.
— Shh... — Ele tenta me acalmar. — Amber olha para mim — pede e eu balanço a cabeça
negando, não consigo olhar em seus olhos sabendo que eu posso ser a culpada. — Por favor
Sunshine, olha para mim — pede mais uma vez e relutante eu levanto meu rosto e o olho nos
olhos.

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— Escute bem o que eu vou te falar e só vou falar essa vez, você não tem culpa e nem deve
se martirizar por isso, não cabe a nós ficar questionando e querendo respostas para algo que às
vezes até mesmo para a medicina é inexplicável, você não tem culpa entendeu? Não tem! E ele
não está morto, ainda, nós vamos passar por isso juntos e viver um dia de cada vez como se deve
viver, cada gravidez é única e você tem que aproveitar cada minuto que resta dessa, nós vamos
aproveitar cada segundo juntos — diz inclinando seu rosto na minha direção e encostando sua
testa na minha. — Você só tem que me prometer de que vai se cuidar, por favor.
Engolindo o nó formado em minha garganta e emocionada com as suas palavras, eu assinto
e fecho meus olhos, chorando em silêncio.
— Eu prometo — sussurro depois de um tempo e abro meus olhos para encará-lo.
— De dedinho? — indaga me arrancando um sorriso.
— De dedinho! — afirmo convicta e enlaço meu dedo mindinho no dele, selando mais uma
de nossas promessas.
— Eu vou cuidar de vocês, o tempo todo e a todo momento, eu prometo — diz convicto e
beija a minha testa.
Ao se afastar de mim, aproveito nossa proximidade para contornar com os dedos a sua mais
nova aquisição de tatuagem, ela era linda.
— O que elas significam? — pergunto sem tirar os olhos das asas.
— Meu filho. Maya gostava muito de observar os pássaros, dizia que eram como anjos, eu
nunca acreditei, até perder um — responde em um murmuro baixo.
— Demorou para você superar e aceitar? — pergunto sem tirar meus olhos dos dele.
— Sim — ele responde sem hesitar. Eu não precisei ser clara na pergunta, ele sabia ao que
eu me referia.
— Eu não consigo — sussurro baixo e desvio o meu olhar, encarando a sua tatuagem de
asas no peito.
— Você deixa doer e depois supera para poder olhar para frente. Depois acostuma —
murmura no mesmo tom e me puxa para mais perto, para que eu me aninhasse em seus braços.
— Obrigada por isso, ou por tudo. Eu sinto muito por nós — murmuro e levanto meu rosto
para olhá-lo.
— Eu também Sunshine — ele diz de olhos fechados. — Eu também.

Acordo com barulho de algo caindo no chão e pela segunda vez, Liam não está no quarto,
mas diferente da primeira vez em que eu havia acordado quando ele estava no banho era
madrugada, agora são quase onze horas da manhã. Eu dormi muito mais do que imaginava.

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Fico mais uns minutos deitada na cama e decido me levantar. Eu preciso ir para casa, eu
não tenho nada aqui e a única roupa que eu tenho para vestir é a que usava ontem e a camisa de
Liam que usei para dormir.
Saio do seu quarto caminhando em passos calmos pelo corredor que liga o quarto até a
cozinha.
— Liam? — chamo entrando na sala e ouvindo barulhos vindo da cozinha, que ficava a
poucos metros.
Sem respostas, caminho até a cozinha onde os barulhos são um tanto irritantes, mas o cheiro
é bom. Ao pisar os pés nela me deparo com Sienna que se levanta de trás da bancada com uma
frigideira em mãos e uma panela na outra.
O que ela está fazendo aqui?
Ela não está surpresa em me ver, ao invés de demonstrar espanto, ela sorri.
— Eu te acordei? Me desculpa, eu estava tentando fazer o café da manhã e...
— Onde está o Liam? — questiono, a cortando.
Não estou interessada no que ela estava fazendo, eu não sabia que ela tinha liberdade para
entrar e sair do seu apartamento quando bem entender. Muito menos sabia que eles estavam sei
lá... juntos?
— Ele saiu cedo — responde se virando para o fogão e quebrando dois ovos na frigideira.
— Precisavam dele no hospital, era uma emergência, eu estava saindo do plantão quando ele
chegou e perguntou se eu podia te fazer companhia até que ele voltasse — ela explica.
— Eu não preciso de uma babá — retruco e ela se vira para mim.
— Você não gosta de mim, tudo bem e eu entendo. — Ela vira os ovos sem olhá-los, seus
olhos ainda estão em mim. — Mas você deveria ser menos ingrata e eu não estou fazendo isso
por você, estou fazendo por ele.
Engulo em seco e ela sorri satisfeita, desliga o fogo e joga os ovos mexidos em um prato
onde tem bacon e torradas.
— Ele deixou um kit higiene para você e roupas para que pudesse trocar, está no sofá. Eu
sou péssima na cozinha, a Maria não vem hoje e é o máximo que eu sei fazer — diz colocando o
prato em minha frente.
— Eu não estou com fome — falo me sentando na banqueta e ela se afasta indo até a
geladeira e pegando uma caixa de suco.
— Você acha isso legal? — indaga, agindo em modo robô e eu ergo a minha sobrancelha a
questionando em silêncio. — Argh, ele deve te amar muito mesmo para aturar isso — resmunga.
— Quantos anos você tem? Cinco?
Sienna encheu dois copos de suco e estendeu para mim, penso em recusar, mas estou com

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sede e fome. E existia a promessa que eu fiz a Liam, eu me cuidaria, então aceito o copo.
— O que eu acho legal, Sienna? — pergunto em um tom áspero, bebo um pouco do suco
enquanto espero por sua resposta.
— Amber, certo? — pergunta e eu assinto. — Então Amber, eu saí de um plantão de trinta
e duas horas, não sei o que é cama durante quase dois dias e não sei o que é comer algo que não
seja comida de hospital, então se você puder ficar calada enquanto comemos eu agradeço — diz
de uma só vez e respira fundo para recuperar o fôlego. — Uau, isso foi um tanto...
— Grosseiro — completo.
— É — afirma rindo. — Mas não me sinto mal por isso.
Sienna comeu em silêncio enquanto eu mal conseguia tocar no que ela havia feito. Me
pergunto porque logo ela está aqui e não outra pessoa? Porque ele pediu que ela viesse ficar
comigo? Será que eles estão juntos e ele pediu que ela ficasse comigo até que ele chegasse só
para ela ter certeza de que nós não temos mais nada?
— Para de me olhar com essa cara — ela resmunga, me trazendo de volta para o presente.
— Eu tenho que ir embora, não sei nem o que estou fazendo aqui ainda.
— Nós não estamos juntos, eu tenho namorado sabia? Eu sei que é desconfortável estar sob
o mesmo teto com alguém que já se relacionou com o seu namorado, mas eu tenho alguém e eu o
amo. Liam confia em mim para estar aqui e como eu disse, é por ele que eu estou aqui.
— Ele é meu ex-namorado, ex — informo e ela dá de ombros.
Ela respira fundo e para o que está fazendo para ficar de frente para mim.
— Eu acho errado o que você está fazendo.
— Eu não estou fazendo nada — me defendo.
— Está, isso de guardar para você tudo que está passando e esconder até mesmo dele, ele é
seu ex-namorado como você mesma fez questão de deixar isso claro, mas eu estou dizendo que
você podia ter ele do seu lado mesmo assim, mas você fica se fechando para as pessoas que
amam você. Isso não é lidar, isso é se esconder.
Pigarreio em protesto, mas ela continua.
— Não podemos nos dar o luxo de ignorar nossas emoções, esperando que simplesmente
elas desapareçam. Isso nos destrói e o único meio de superamos isso é sentindo e sofrendo,
lidando e aceitando, mas sozinha não é o certo, não tenha medo Amber, você precisa dele.
Absorvo o que Sienna disse e balanço a cabeça concordando.
— Você está certa, eu não estava pronta e agora menos ainda.
— Tudo que você precisa é acreditar, você consegue — diz, e coloca sua mão por cima da
minha me encorajando. — Você consegue — repete sorrindo.
— Obrigada Sienna. — Sorrio agradecida.

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Eu não esperava nada vindo de Sienna, muito menos um sorriso e um apoio, mas fui grata e
sincera quando lhe devolvi um sorriso, fui grata por ela ter sido legal, enquanto o tempo todo eu
fui rude com ela.

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“E está acabado e eu estou afundando. Mas


não estou desistindo.”
Never Let Me Go – Florence + The Machine

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Liam

Apesar de todas as nossas diferenças, de todos os nossos problemas e acima de qualquer coisa,
Amber precisava de mim.
Eu sempre divagava enquanto ela dormia me perguntando como ela ficaria grávida de um
filho nosso, sempre imaginei o quão linda ela ficaria e o tamanho da sua barriga, mas não é nada
se comparando ao que eu vejo agora. Apesar do semblante triste e aparência cansada, ela está
muito mais linda do que eu pensei que ficaria. Passo meu dedo indicador em uma mecha
encaracolada do seu cabelo e sinto-o se soltar dos meus dedos quando chega a ponta, eu amava
seus cabelos longos, mas o seu novo corte lhe caiu bem.
Acordei cedo para ir ao hospital, troquei o horário da cirurgia que faria na parte da tarde
para o primeiro horário da manhã, tenho planos de levar Amber para um passeio surpresa. Só
espero que ela não invente em sair de casa hoje, caso contrário vou ter que ir buscá-la onde é que
ela esteja.
Ela custou a pegar no sono, eu levantei para tomar banho, quando voltei, notei que ela
estava quase acordando, ela sentiu a minha ausência e chamava baixinho pelo meu nome, eu me
senti no dever de deitar ao lado dela até que ela dormisse novamente, desde então estou deitado
ao seu lado zelando pelo seu sono. Levanto-me com cuidado para não acordá-la e saio do meu
quarto em silêncio.

Eu realmente precisava vir ao hospital hoje, minha rotina estava cada vez mais apertada,
cirurgias, residentes novos chegaram e eu me doava ao máximo para ensiná-los da melhor forma
como eles merecem, mesmo que eu terminasse o dia exausto.
— Como estão as coisas? — Violet pergunta, enquanto caminhamos pelo saguão do
hospital.
— Estão bem — respondo, sem entender essa pergunta repentina.
— Tem certeza? — ela insiste.
Paro de caminhar e fito Violet.
— Se você quer falar algo, apenas fale. Não fica me rondando até chegar onde quer.
— Hum, eu só... Estava inspecionando. A Sienna mandou mensagem avisando que estava
na sua casa e perguntou se devia se preparar com armaduras, como você deixa a Sienna entrar lá
com a Amber lá? Cacete Liam, isso não vai prestar.
— Pensei que fosse algo mais importante. — Reviro meus olhos e subo um degrau da
escada.
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— O que você está aprontando? — indaga subindo as escadas atrás de mim


— Violet minha querida, é o seguinte. Amber estava desestabilizada demais para ficar só,
não tinha a quem pedir para ficar com ela e eu tenho lá minhas dúvidas sobre o comportamento
dela. Como saber se Amber mudou? É só fazê-la confrontar o passado e veremos o resultado.
Não tem como ela confrontar Maya, isso é óbvio, mas Sienna é alguém do meu passado certo?
— indago e ela assente. — Então pronto, se Amber não a matar ou se meu apartamento estiver
de pé, ótimo. Ela precisa aprender lidar com as coisas, eu encaro o Gael e Aiden quase sempre e
nem por isso eu arrumei oportunidades de jogar na cara dela. Isso é tudo questão de seguir em
frente.
— E superar — ela completa.
— Exato! E superar — confirmo. — Te vejo no almoço — falo me despedindo dela e vou
de encontro aos meus residentes que estão me esperando no lugar de sempre.
Olho para os quatro novos residentes a minha frente, duas meninas e dois meninos.
— Bom dia — murmuro os encarando e eles me respondem em uníssono. — Venham
comigo. — Faço menção para o lado com a cabeça e dou as costas para eles, seguindo pelo
corredor do hospital.
— Eu ouvi falar que ele é foda, um dos melhores — um deles cochicha baixo.
— Ele era Hopkins, tinha que ser no mínimo bom, uma amiga que faz residência lá, me
disse que aquele hospital está de portas abertas para ele a hora que ele quiser voltar, ele era o
melhor da turma dele e adiantado por um ano — uma voz feminina e familiar murmura, sorrio ao
ouvi-la.
Paro em frente a porta da sala e antes de abri-la me viro para eles, que freiam os passos se
esbarrando uns nos outros.
— Desapegam de tudo que vocês já viram em documentários e na faculdade, isso aqui
agora é a realidade. Nós aqui iremos ensinar a vocês tudo que vocês não aprenderam lá,
ensinaremos vocês a serem os melhores, vocês estão aqui para isso e para dar o melhor de si —
falo em voz firme e levo a mão até a maçaneta da porta. Antes de abri-la informo: — Sejam
bem-vindos ao melhor ano da vida de vocês, só se tem o primeiro ano uma vez, então doem-se e
não matem ninguém — brinco e abro a porta dando espaço para eles passarem, os quatro passam
a minha frente e olham ao redor boquiabertos.
— São de verdade? — uma das meninas pergunta e eu assinto. Olho para a menina que me
perguntou e franzo meu cenho, ela não deveria estar aqui.
— Sim doutora Lawson, são de verdade — respondo ainda intrigado.
— Isso aqui é uma espécie de necrotério hospitalar? — outro pergunta.
— Não. — Nego com a cabeça. — São corpos autorizados para doação dos órgãos, se

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dividam em duplas e cada dupla escolha um.


Eles fazem o que eu peço, observo as duas meninas se dividindo e para a minha surpresa
elas se dividiram cada uma com um dos meninos, imaginei que elas fossem querer formar uma
dupla. Mas era típico dela mesmo, escolher o que julga ser o mais inteligente assim como ela.
Me aproximo ficando no meio das duas macas onde contém dois corpos, coloco as minhas
mãos dentro dos bolsos do meu jaleco e observo os quatro.
— Lâmina quinze — falo e eles me olham. — Vocês vão abrir o corpo — explico. —
Peguem a lâmina quinze.
— Você — falo para o moreno a minha esquerda —, qual o seu nome? — pergunto.
— Enrico Barone — ele responde.
— Ok doutor Barone, eu vou precisar do coração. E você? — indago para a outra menina,
ao me virar para a maca a minha direita.
— Elena Mills.
— Certo, doutora Mills e você? — pergunto ao último garoto.
— Roni Carter — ele responde.
— Doutora Mills, você ficará com os olhos e você doutor Carter, fígado.
— E eu, o que eu vou fazer? — Lawson pergunta.
— Você, vem comigo — falo. — Estarei de volta em minutos e espero que vocês me
surpreendam — informo aos outros.
É claro que eu não vou deixá-los sozinho perfurando dois corpos que possuem órgãos que
salvarão a vida de outras pessoas, bipo para Eric assim que saio da sala com a residente a puxo
para o canto.
— O que você está fazendo aqui? — questiono e ela não me olha.
— Eu fui reprovada na prova final. — Dá de ombros e levanta seu rosto me encarando. —
Nem todo mundo é um senhor cérebro vou para Hopkins como você — retruca.
— Você poderia ter me pedido ajuda Harper, não é porque você e Henry terminaram que eu
iria me negar a te ajudar, ainda mais com estudos — informo e seus ombros se encolhem.
— Eu sei, mas depois que Maya morreu, tanto você quanto ele se afastaram, estavam de
luto eu só achei que não fosse o momento certo — murmura.
— Quantos anos faltam para você terminar essa residência? — questiono.
— Esse é o meu último ano.
— Tudo bem, volte para dentro, eu vou ver o que eu posso fazer por você.
— Mas Liam, eu...
— Sem, mas Harper, você era uma das melhores alunas depois de mim, na prática você era
a que mais se destacava e deve ter havido algum motivo para que você tenha sido reprovada,

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você foi a melhor tutora que eu já tive e se hoje eu sou um dos melhores como você disse aos
seus colegas, foi porque você me ajudou a recuperar minhas notas quando eu voltei do
afastamento.
— Não, você conseguiu por mérito seu, Harvard te deu uma nova chance.
— Eles me deram uma nova chance, mas não conhecimento, dias de estudos e de pesquisas,
você e Brandon sim. Apenas volte e não precisa fingir para eles que você não sabe usar um
bisturi, fizemos isso juntos em Hopkins. — Ela hesita antes de entrar na sala e me abraça.
— Eu senti tanto a sua falta — murmura e me olha agradecida.
— Eu também, agora vá Harper — resmungo e ela entra na sala novamente.

Encontrei Brandon nos corredores do hospital e falei com ele sobre a Harper, juntos fomos
até o diretor do hospital, com muito custo e ganhando um voto de confiança, conseguimos uma
nova chance para Harper fazer a prova de residência, eu acredito na capacidade dela e ela é capaz
e muito boa no que faz, sempre foi uma ótima aluna e dedicada. Ela se destacava na residência,
ainda estou surpreso por ela ter sido reprovada na prova.
— Eu ainda não consigo acreditar que a Harper foi reprovada, ela não me disse nada, logo a
Harper cara — Brandon diz, enquanto andamos pelos corredores do hospital. Estranho o fato
dele dizer que ela não disse nada, pensei que ele não a via a tempos.
— Eu também estou tão pasmo quanto você, será que o Henry sabe? — pergunto.
— Acho que não, apesar deles terem terminado de uma forma amigável, não tem tanto
contato quanto antes.
— É, tem razão. — Dou de ombros e tiro meu jaleco ao entrarmos na sala feita
especialmente para os médicos guardarem seus pertences.
— Para onde você vai agora? — pergunta curioso.
— Eu deveria ter ido almoçar com a Violet, mas vou pegar a Amber para sairmos, tenho
algo em mente — falo tirando a blusa verde escura do uniforme do hospital e vestindo a minha
em seguida.
— Então vocês estão juntos mesmo? — indaga com a mão no queixo.
— Não.
— Mas o Aiden disse que...
— Seu irmão é um fofoqueiro e mal informado, ele também te disse que a beijou?
— Disse, ele está saindo com a Harper — ele responde dando de ombros.
— Como? — pergunto sem acreditar.
— Isso mesmo que você ouviu, ela é a tal amiga que ele ficou no pé querendo o número,

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desde que Paige reencontrou Harper aqui e a levou para jantar conosco no antigo apartamento,
Aiden se interessou. Por isso acho estranho ela não ter comentado que estava aqui no Mount
Sinai, desde quando havia segredos entre nós?
— Isso foi a dois anos Brandon, as coisas mudaram agora. Eu tenho que ir.
— Manda um beijo para Amber, nos vemos depois — ele diz dando um soco no meu braço
e se afasta.
Maldita mania do Brandon de cumprimentar as pessoas ou se despedir com soco no braço
ou tapa nas costas.

Saí às pressas do hospital e fui direto para o meu apartamento, por um milagre ele estava
intacto, sem nada quebrado, totalmente do jeito que eu deixei e em silêncio. Não havia sinal de
nenhuma das duas no apartamento, aproveitei para tomar um banho nesse tempo e quando estava
saindo do banheiro enrolado com a toalha na cintura, ouvi um barulho vindo da cozinha.
Parece que tudo hoje resolveu dar errado e ainda me atrasar, praguejando, saí do meu quarto
e caminhei até a sala, parando na metade do caminho para a cozinha ao me deparar com Amber
sentada na banqueta da cozinha e Sienna do outro lado bebendo água.
— Onde vocês estavam? — indago.
Os olhos de Sienna se arregalam ao me ver e Amber se vira para me olhar. Seus olhos
descem pelo corpo e demoram na toalha em minha cintura, ela sobe o olhar me encarando e bufa
baixinho.
É acho que não foi uma boa ideia vir até aqui só de toalha.
— Estávamos almoçando, não tínhamos muitas opções por aqui — Sienna responde
enquanto Amber só me encara.
— Eu vou vestir alguma roupa — falo
— É bom — Amber resmunga baixo e quando percebe que não foi tão baixo assim me dá
as costas.
Dou de ombros e saio da sala, vai entender essa mulher.
Depois que me vesti, voltei para a sala e não encontrei mais Sienna, Amber estava falando
no celular e se despede da pessoa ao me ver.
— Era a Ally — ela diz, batendo o celular na palma da outra mão.
— E está tudo bem entre vocês agora? — pergunto.
— Sim, almocei com ela e Sienna, mas ainda assim ela quis me ligar para ter certeza que
estava tudo bem, você sabe, jeito da Ally de ser.
Assinto confirmando.

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— Eu pedi um táxi e só estava esperando você aparecer para ir embora.


— Você não vai embora — falo alarmado. — Quer dizer, não ainda, vamos sair.
— Mas eu nem tenho roupas aqui e estou com essa roupa desde ontem...
— Amber, às vezes você fala demais — resmungo e me aproximo dela. — No meu closet
há uma sacola, Liz separou uma roupa para você, só não demore.
— O que você está aprontando? — questiona.
— Nada, vai logo.
Não adianta falar não demora para Amber, é em vão. Como eu sabia que ela ia demorar,
aproveitei para comer algo, fazer testes na máquina fotográfica que Liz havia emprestado e
dispensar o táxi que havia chegado para buscá-la, eu fiz tudo isso em uma hora e já estava
ficando sem paciência quando ela apareceu, linda.
— Eu sei que eu demorei muito e que você deve...
— Você está linda — falo a interrompendo.
— Eu estava tentando me acostumar a me ver assim no espelho, mas obrigada. — Ela sorri
tímida.
Amber estava vestindo uma saia longa branca, com uma blusa branca também, que eu
qualificaria um sutiã, não tampava nada além dos seios, não gostei disso, mas ela estava linda.
Mais linda ainda porque deixava em evidência a sua barriga de grávida. Eu estava me sentindo
um babão ao admirá-la, Amber grávida definitivamente é ainda mais linda do que eu pensava ou
idealizava.
— Valeu a pena a espera.

Eu havia decido que iria tirar o dia para distraí-la, quarenta e cinco minutos depois eu
estava estacionando na praia de Coney Island no Brooklyn, eu sei o quanto Amber gosta de praia
e isso fará bem a ela.
— Eu queria tanto poder andar nos brinquedos — ela diz ao sair do carro e olhar para o
parque. — Em Los Angeles só andei na roda gigante.
— Você andou na roda gigante sabendo que estava grávida? — pergunto e ela assente. —
Aiden é tão irresponsável quanto você — resmungo.
— Uma volta na roda gigante não faria mal — ela se defende.
— Mas você não devia, você podia passar mal e mais irresponsável ainda foi você andar
com a quantidade de tempo em que você já estava, quatro meses pelas minhas contas, um aborto
poderia ser causado no seu estado Amber — falo pegando a bolsa que havia guardado um casaco
para ela caso sentisse frio e a máquina fotográfica.

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— Eu não podia prever que meu filho é doente Liam, não tinha como saber e eu estou bem
— ela diz cabisbaixa.
— Eu exagerei, me desculpa — falo fechando a porta do carro e acionando o alarme. Me
aproximo dela e a seguro pela mão.
— Não tiro a sua razão, nem mesmo se me culpasse... — Pigarreio a interrompendo e a
encaro feio.
— Nós já conversamos sobre isso, viemos aqui para distrair, pode fazer isso por mim? Por
nós?
— Posso! — responde com um sorriso no rosto.
— Era isso que eu queria ouvir.
Caminhamos até a areia e solto a mão dela, deixando-a ir na frente, enquanto ela caminhava
eu tirava fotos e mais fotos dela, eu queria que Amber tivesse registros de momentos bons dessa
gravidez e não carregasse consigo quando isso acabasse os momentos ruins.
Entre um clique e outro, eu parava para observar Amber pela lente da máquina fotográfica,
quando ela percebia que eu estava muito tempo a olhando eu tentava disfarçar, mas acontece que
estava se tornando impossível não olhá-la.
— O que tanto você fica me olhando? — pergunta sem tirar os olhos dos meus.
— O quanto a gravidez lhe cai bem — respondo e ela sorri.
Aproveito esse momento, que se tornou raro e tiro mais uma foto.
Eu só queria que ela passasse o resto dessa gravidez sorrindo e feliz, por mim, por ela e por
ele.

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“Eu não vou dormir até que você esteja segura por dentro.”
Safe Inside – James Arthur

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Amber

Um mês havia se passado e Chloé e Claire haviam nascido, meu peito se encheu de amores pela
alegria da minha irmã, as coisas iam bem depois do ocorrido no jantar. Toda vez que eu olhava
para as minhas sobrinhas eu ficava imaginando como seria segurar meu filho nos braços e eu
fazia o máximo para não demonstrar isso na frente de alguém, eu estava feliz por finalmente eu e
Ally estarmos bem, como costumávamos ser antes.
Eu vim passar o dia com ela e com as gêmeas, nossos pais estavam em Miami resolvendo
assuntos pendentes da empresa, na verdade meu pai estava, mamãe só foi acompanhá-lo.
Benjamin acabou que ficou encarregado de tudo ao lado do seu pai, mas o tempo em que ficava
em casa ele babava o tempo todo nas meninas.
— Minha menina, é assim mesmo, quando uma sente fome é normal a outra sentir ao
mesmo tempo — Ruth explicava para Ally, que amamentava Claire, enquanto Chloé chorava em
seu berço.
Ally estava tendo bastante dificuldade para amamentar as duas ao mesmo tempo, quando
uma estava quase terminando de mamar a outra chorava e ela tinha que se virar em duas para
conseguir colocar e segurar as duas no braço.
— Am, você pode pegá-la para mim? — pede e eu assinto.
Com muito cuidado pego a Chloé no berço e a balanço no meu colo, ainda não consigo
decifrar com quem elas se parecem, mas o cabelo loiro meio acobreado com certeza é da Ally.
Ela não para de chorar nem por um segundo.
— Ally, tenta colocar ela no outro peito — falo e ela faz cara de dor.
— Só de pensar já sinto dor, meu mamilo está doendo e machucado eu não consigo Am,
mamãe disse que é normal doer no começo, mas o lado esquerdo é o que menos dói no momento,
eu já vou pegá-la — diz e ao afastar Claire do peito ela começa a chorar também.
— Eu tenho uma ideia — Ruth diz alternando o olhar de mim para Ally e para as bebês,
mas fica em silêncio.
— Diga mulher, que seu silêncio está me matando — falo a fazendo rir.
— Dá você mamar a ela.
— Q-quê? — gaguejo sem acreditar na loucura que ela acabou de falar.
— Isso mesmo que você ouviu, já sai leite? — pergunta e balanço a cabeça negando.
— Só uma água estranha — respondo.
— Isso é colostro minha menina. É normal e alimenta o bebê por ser rico em vitaminas,
conforme ela for puxando, vai estimular o leite a sair — Ruth explica e eu tento assimilar as suas

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palavras.
— Você se importa? — Ally pergunta.
Ok, dar mamar a Chloé, você consegue.
— Eu não sei se consigo — murmuro sem parar de balançar Chloé.
— Você consegue Am — ela me incentiva.
Decidida a tentar, Ruth pega Chloé do meu colo e eu me sento na outra poltrona do quarto
das meninas, após eu me preparar, ela me entrega a bebê e eu tento fazer com que ela consiga
pegar meu mamilo.
Ela suga com uma força que me faz fechar os olhos de dor, mas alguns minutos depois a
dor ameniza. Olho para Ally e Ruth que me olham sorrindo e volto a olhar para a pequena que
suga meu seio com vontade.
— Eu sabia que você ia conseguir — Ally murmura.
— Agora que o problema foi resolvido, eu vou fazer o almoço antes que os meninos
esfomeados cheguem — Ruth diz se referindo a Benjamin e Liam, que não sai daqui desde que
as meninas nasceram, há uma semana.
— Obrigada Ruth — falo ela se aproxima dando um beijo em minha testa.
— Eu tenho orgulho de você minha menina — murmura e logo após sai, me deixando a sós
com Ally.
Em silêncio, ficamos amamentando as meninas, quando nos falávamos as duas paravam de
mamar e abriam o olho como se tivessem atentas a nossa conversa. Tão pequenas e já
fofoqueiras.

No final da noite, vim para casa. Snow estava me fazendo companhia deitado em minha
cama, já que Liz estava em um jantar com Henry. Depois de tantas brigas por causa da Harper,
ela finalmente soltou o eu te amo que ele tanto esperava ouvir, mas ela só sossegou quando de
fato, viu com os próprios olhos a garota com Aiden.
— Snow, você às vezes podia falar, a casa não é a mesma sem a louca da Liz, imagina
quando ela casar com o tio Henry? Será apenas nós dois.
Ele parece me entender, porque late, salta da cama e para na porta do quarto arranhando a
mesma enquanto choraminga.
— O que foi meu amor? — pergunto achando estranho, ele só fica assim quando quer
alguma coisa.
Me levanto da cama devagar, minha barriga no início do sexto mês quando começou a ficar
um pouco maior, passou a incomodar bastante, principalmente pesava e havia vezes em que doía,

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eu precisava sentar e tentar não me movimentar tanto até a dor passar. Caminho até a porta e a
abro, minha boca se abre em surpresa ao encontrar Liam parado encostado na parede de frente
para a minha porta.
— Como você entrou aqui? — pergunto e ele levanta a sacola que tem em mãos.
— Comida e eu ainda tenho a cópia da chave — responde e eu dou passagem para ele
entrar no quarto.
Quando ele entra, Snow corre em seu encalço. Cachorro traíra.
Fecho a porta e volto a me deitar na cama, aproveito para puxar a coberta, eu estava só de
sutiã e um short de seda largo, metade das minhas roupas não cabiam mais em mim e eu estava a
ponto de tornar as blusas de Liam meu novo pijama.
— Eu trouxe para você, apesar de que prefiro vê-la assim — ele diz me estendendo uma
blusa sua, como se adivinhasse meus pensamentos.
— Assim? — indago.
— É, mostrando a barriga, você fica linda grávida — responde sorrindo de lado.
— O que você trouxe para comer? — desconverso, eu não sei lidar com Liam fofo e
galanteador desse jeito. Ele está sendo maravilhoso para mim, mas eu sei que é só por causa da
gravidez.
— Um pouco de tudo que você gosta — responde abrindo as sacolas.
Enquanto comíamos ele me contava como foi o dia no hospital, ainda falou que Liz fez
Henry dar para Aiden a Harper — a mesa de pebolim dele — e é bem a cara dela fazer isso
mesmo. Segundo ele a própria Harper contou a história rindo horrores.
Quando acabamos, ficamos vendo filmes a espera que Liz chegasse, mas ela mandou
mensagem avisando que não dormiria em casa, então Liam dormiria aqui hoje. Eu entendia que a
preocupação não só dele, mas a preocupação de todos, começou com as minhas dores e piorou
ainda mais quando as dores se intensificaram, eu cheguei a ponto de achar que não aguentaria
levar essa gravidez até o fim. Mas a Harper esclareceu que isso era da má formação e do bebê
mexendo conforme ele vai crescendo dentro de mim.
— Hoje eu amamentei a Chloé — falo quando o vejo sair do banheiro. — E foi tão...
incrível e estranho ao mesmo tempo, toda vez que eu olhava para ela, imaginava ele nos meus
braços, isso é tão cruel Liam. — Me sento na cama e encosto minhas costas na cabeceira. — Por
que comigo? Eu me pergunto isso todos os dias.
— Eu não sei todas as respostas Sunshine...
— Eu peguei algo ruim que está acontecendo comigo e fiz algo bom, algo bom de verdade
pela filha da minha irmã, eu posso fazer isso por muitos outros. — Liam se senta de frente para
mim, me dando atenção total. — Eu não posso comprar nada para o nosso filho, não posso nem

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mesmo cogitar em desenhar algo sem pensar nele, não posso preparar o quarto dele e muito
menos me perguntar qual será a cor do cabelo dele? Preto ou ruivo? Meus olhos ou os seus?
Sinto minhas pálpebras pesarem com as lágrimas se acumulando em meus olhos.
— Eu queria tanto tirar toda a dor que você está sentindo — ele diz baixo e toca em meu
rosto, acariciando o mesmo.
— Eu quero tirar algo bom disso tudo, assim como eu fiz hoje, é a vida do meu bebê, do
nosso bebê. Eu sei que você também tem que querer, mas eu quero... — murmuro com a voz
embargada e continuo: — E isso é o que mais importa para mim no momento, eu li que há mães
que doam órgãos de bebês que vem a óbito, nosso bebê não tem cérebro, mas ele é saudável, eu
tenho me cuidado, tomado as vitaminas e minha anemia está controlada, nós estamos fortes, eu
quero doar os órgãos para que ele possa salvar a vida de outros bebês.
Liam afasta a mão do meu rosto e se levanta, o observo passar as mãos no rosto, seu peito
sobe e desce conforme a sua respiração se acelera.
— Amber isso... isso é assassinato — ele diz em um sussurro. — É impossível declarar
morte cerebral porque não há cérebro, vai ter que esperar a hora do óbito dele para declarar
morte natural.
— Mas isso torna impossível a doação dos órgãos, vai ser tarde demais e vai ter passado
tempo, tem que ser logo após o parto, eu me informei com a Harper e com o Brandon.
— O que? — ele exclama. — Eles concordaram com isso? Eu não estou dizendo que é
errado você querer isso, mas... É o nosso menininho.
Pela primeira vez desde que descobrimos a doença do bebê eu vejo Liam desabar na minha
frente, de uma forma assustadora ele chora de costas para mim, para que eu não o veja chorar, eu
só o ouço e isso que me assusta, ele sofrer sozinho por não querer que eu sofra junto.
— Liam olha para mim — peço e ele nega com a cabeça. Viro paro o lado, colocando meus
pés no chão para me levantar e ir até a ele, mas antes que eu faça ele se vira com o rosto molhado
e se ajoelha na minha frente.
Ele abraça a minha cintura e beija a minha barriga enquanto chora. Aproveito a
oportunidade para passar a mão em seus cabelos e afagar seu rosto.
— Não há mal algum em chorar e você está sendo tão forte por nós dois Liam, até mesmo
os mais fortes choram, você não é o primeiro e não será o último. Não esconda a sua dor de mim,
não me deixa de fora, nós prometemos passar por isso juntos e estamos fazendo isso. — Ele me
olha, seu olhar está perdido, assim como ele.
— Eu-eu não sei o que fazer — gagueja entre lágrimas.
— Eu só quero que você aceite, que faça isso por nós, por favor, estou implorando a você.
— Não é que eu não quero Amber, isso vai além do que eu posso fazer, precisamos de

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autorização do hospital para fazer isso.


— Eu sei que não há cura para o nosso filho Liam, todas as noites eu vou dormir e espero
acordar e tudo isso ser uma mentira, um pesadelo, mas não é. — Mordo meu lábio e balanço a
cabeça negando, enquanto minhas lágrimas rolam pelo meu rosto. — Embora a gravidez não foi
planejada, não era uma situação em que eu não queria meu bebê. Podemos tornar isso tudo uma
coisa boa.
— O que podemos tornar uma coisa boa, Amber? O quê? Porque eu não vejo nada bom na
morte do nosso filho — exclama em desespero.
— No Brooklyn, pertinho de nós há uma bebê de quatro semanas, ela precisa de transplante
múltiplo de órgãos, na sua aclamada Hopkins há uma recém-nascida que precisa de pulmões
novos, ela tem hipertensão pulmonar e respira com ajuda de aparelhos, seus pais nunca a
pegaram no colo e só podem vê-la através da incubadora. Em Chicago tem um bebê de vinte
semanas, ele nasceu cego de um olho, mas pode enxergar com córneas novas. Harper me
mostrou uma paciente do hospital de vocês que se chama Katie, sua filha Ariel, tem um ano e
seis meses e está na máquina de circulação extracorpórea — engulo o soluço em forma de choro
que vem em minha garganta e olho para Liam, que chora silenciosamente —, porque precisa de
uma válvula no coração. O nosso filho pode salvar todos esses bebês, ele vai ser o responsável
por vários outros deixarem o hospital e crescerem, eles vão poder viver fora de uma cama
hospitalar. Eu sei que o que eu estou pedindo é inimaginável para muitos, mas também é tudo
que as outras mães poderiam sonhar. Você é o pai dele e eu estou pedindo a você que faça isso,
se eu aceitei, por que você não pode aceitar?
— Eu prometo que farei isso por vocês — diz e beija a minha barriga. — O papai não vai
poder ensiná-lo a fazer muitas coisas, não vou te ensinar a ser o melhor jogador de basquete e
treiná-lo para ser o capitão do time, não vou te ensinar a andar de bicicleta, não vou encher a sua
carteira de camisinhas — brinca me fazendo rir. — Não faremos tantas outras coisas, mas isso,
nós faremos juntos. Você tem que prometer a ser bonzinho com a mamãe e não a machucar tanto
assim, chuta, mas chuta com calma para conseguirmos ir até o final, você não pode ouvir, mas eu
quero que saiba que você é muito amado e sempre será. Eu queria que você pudesse ouvir a sua
mãe cantar todas as noites para você igual ela faz quando está tomando banho, o papai fica atrás
da porta ouvindo, você iria amar o som da voz dela. A música te acalma, assim como faz com
ela. Meu filho, eu queria poder lhe dar a vida, eu faria qualquer coisa por você meu pequeno. É
surreal e incondicional esse amor. Eu prometo que vou cuidar da mamãe quando você se for, irei
fazer de tudo para ela ficar bem e ela vai ficar, porque ela é forte e você deu a ela algo muito
mais forte do que ela poderia imaginar sentir um dia, o amor de mãe.
Liam termina seu discurso e se levanta, me deitando na cama e se deita ao meu lado. Não

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falamos nada, apenas ficamos deitados e em silêncio, essa só foi a pior noite em que passamos
juntos desde então, não havia armadura. Ambos estávamos desarmados e lidando com a dor da
perda.

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“Se eu deitasse aqui, se eu apenas deitasse aqui. Você deitaria


comigo e esqueceria do mundo?”
Chasing Cars – Snow Patrol

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Liam

“Tem uma coisa que dizemos quando alguém morre. Nós a dizemos para a família do paciente.
Nós dizemos, sinto muito pela sua perda. É uma frase horrível, vazia. Nem começa a cobrir o
que está realmente acontecendo com eles. Ela nos deixa ter empatia sem nos forçar a nos sentir
devastados. Nos protege… De sentir aquela dor. A dor escura, que te sufoca, implacável… Do
tipo que pode te comer vivo. E todos os dias, eu agradeço a Deus por isso. Nós não podemos
chegar muito perto. Se sentirmos pelo menos um pouco do amor, da felicidade e da esperança
para nossos pacientes que estão dizendo adeus… Nós nunca funcionaríamos. Então dizemos,
sinto muito pela sua perda. E esperamos que isso ofereça algo. Algum tipo de conforto. Algum
tipo de paz. Um pouco de fechamento. Algo bom. Algum pedacinho da beleza no meio de um
lugar escuro. Um presente inesperado… Justamente quando mais precisamos.” – Meredith Grey

A coisa mais difícil na medicina é quando olhamos para os ponteiros do relógio e dizemos:
Hora do óbito.
É a situação mais difícil para nós e dolorosa para quem ouve que perdeu um pai, uma mãe,
um tio, um irmão e um filho.
Somos treinados para ver a pior situação possível, eu nunca pensei que eu estaria em uma
situação dessa, mas veio o destino e me fez viver e sentir a dor da perda de um filho não uma,
mas duas vezes. Dessa vez está sendo ainda pior que a outra, na primeira vez eu não sabia da
existência da criança e quando eu soube era tarde demais.
E dessa vez, bom, confesso que não estava sendo fácil. Dormir e acordar sabendo que hoje
você é pai e amanhã você pode não ser é algo que martela em minha cabeça.
Você deixa de ser pai quando a pessoa morre?
A verdade é que sempre seremos pais. Não importa o que aconteça, nós sempre seremos
pais.
Mas nem a faculdade e nem a residência haviam me preparado para o que estava prestes a
acontecer nas horas seguintes.
Dor, angústia e sofrimento.

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“Eu não vou deixá-la cair. Você nunca vai estar sozinha. Vou te
abraçar até a dor passar.”
Never Gonna Be Alone – Nickelback

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Amber

Dor, agonia, aflição e desespero.


— Foco Amber, você consegue. Você conseguiu até aqui, você é uma vencedora só por
isso — murmuro para mim mesma, enquanto mordia meus lábios tentando amparar a dor. O
gosto de ferro invadia meus lábios todas as vezes em que eu o mordia.
Dói, tudo em mim doía em intervalos de cinco em cinco minutos. As contrações me
acertavam em cheio, mas a maldita bolsa não estourava. Eu andava de um lado para o outro pelo
quarto-apartamento do hospital tentando fazer isso passar.
— Você está bem? — Liam pergunta.
— Eu tenho cara de quem estou bem, Liam? — retruco com raiva. — Era para ser um
momento feliz não? Ai droga. — Cravo minhas unhas e aperto seus braços com força ao sentir
mais uma contração. — Isso não poderia ser mais fácil?
— É isso que acontece quando se tem um bebê — ele responde e eu o solto empurrando
para longe.
— Nós não teremos um bebê — informo. — Saia daqui e me deixa sozinha, você não está
me ajudando.
— Sunshine eu só quis descontrair.
— Saiaaa — grito e sinto outra contração mais forte que a outra. Ele tenta se aproximar e eu
me afasto. — Por favor — peço mais uma vez e mesmo relutante em me deixar sozinha, ele sai.
Depois que Liam saiu continuei andando de um lado para o outro carregando o suporte de
ferro de soro junto comigo, se isso fosse de plástico eu já teria o amassado em segundos devido a
tanta força que eu estava o apertando.
— Ai meu Deus — grito e me curvo abaixando a cabeça, levando a outra mão na barriga.
— Você não pode cooperar? — falo para minha barriga.
— Rabbit? — Ouço os passos de Henry, mas não levanto a cabeça para olhá-lo, a dor
passou, ficar nessa posição fez a dor passar. — Você vai ficar andando de um lado para o outro
mesmo?
— Quanto mais eu fico parada, mais demora, mais dor eu sinto. Quem foi o gênio que
decidiu que para parir deveríamos sentir dor? — resmungo.
— Se você quer fazer essa pergunta se ajoelha. — Levanto meu rosto para fitá-lo
procurando resquícios de brincadeira. — Junte as mãos e reza.
— Você é ridículo — falo soltando um riso fraco.
— Henry, explica para essa teimosa que se ela não tomar remédios ou fazer algo para
intervir ela vai ficar em trabalho de parto até a bolsa estourar — Liam diz atrás de Henry.
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— Eu tenho cara de médico por acaso? — ele retruca e se senta no sofá.


— Depois eu que não estou ajudando — Liam começa, mas é interrompido pelo meu grito.
— Para de ser teimosa, deixa eu te ajudar. — Ele segura em minha mão e massageia minhas
costas.
Eu tenho vontade de chorar e gritar toda a dor que eu estou sentindo.
— Tira a mão de mim — choramingo. — Se você me tocar, eu vou chorar e se eu chorar eu
não vou parar. Eu te pedi para se forte por nós dois e se eu fizer isso. Você vai vir a ruir junto. Eu
quero ser forte e quero passar por isso, eu não quero sentir demais, não quero chorar — murmuro
baixo.
— Amber, você está sendo forte. — Encaro seus olhos marejados e nego com a cabeça. —
Eu não vou te soltar, não vou te deixar, você não está sozinha, prometemos passar por isso juntos
se lembra?
— Não, você é péssimo com promessas, por que manter logo essa? — pergunto, mordendo
meus lábios que estão trêmulos.
— Porque essa não é só por você — ele responde e me abraça de lado, me ajudando a
manter meu corpo em pé.
— Como você consegue? — pergunto e ele me olha com uma sobrancelha arqueada.
— Consigo o quê? — Continua a me olhar confuso.
— Ser forte assim o tempo todo, como consegue?
— Eu não consigo...
Grito mais uma vez o interrompendo, ao ser atingida por uma contração, seguida de outra
mais forte e no mesmo instante um líquido quente escorre pela minha perna.
Olho para Liam alarmada, ele está estático com seus braços em minha volta.
— Henry — grito o chamando e ele se levanta. — Tira ele daqui, chama a Zara e a Violet,
por favor — peço e da porta do quarto Henry chama por Violet dizendo que a bolsa estourou.
— Eu não vou te deixar sozinha Amber — Liam diz convicto.
— Por favor — peço e ele nega com a cabeça.
Desisto de lutar contra sua vontade quando sou atingida novamente por uma pontada, meu
corpo se curva para frente e Liam me pega no colo e sai do quarto comigo às pressas.
— Coloca ela aqui, o quarto já está preparado — Violet informa e segura a cadeira de rodas
para que Liam me coloque sentada. Ela se abaixa na minha frente e segura em minhas mãos. —
Vai ficar tudo bem, eu vou estar com você o tempo todo.
Assinto freneticamente com a cabeça, há cinco minutos eu só queria que a bolsa estourasse
logo e que isso passasse, achei que seria menos doloroso.
Mas agora eu só queria que ele pudesse ter uma chance.

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“O amor nos salvará. Se nós apenas chamarmos ele não


nos pedirá nada.”
Love Is Not A Fight – Warren Barfield

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Violet

Eu nunca pensei que eu pudesse sentir uma dor tão grande pela perda de alguém como eu estou
sentindo nesse momento, estou sentindo por Amber e por Liam.
E isso dói e nem imagino o quanto está doendo neles.
Doutora Zara havia preparado um quarto para realizar o parto de Amber, ela quis que ela se
sentisse confortável e que fosse menos desesperador do que estar em uma sala fria, sem vida e
com aparelhos em volta. Quando entramos em uma sala cirúrgica, nem sempre saímos de lá com
uma notícia boa, muitas pessoas deitaram na mesma mesa com uma esperança, achando que
tinham uma chance e nem todas elas voltaram vivas de lá. E Zara não quer que isso se torne mais
mórbido que já é.
E nesse momento, tudo que Amber precisa é de apoio, segurança, estabilidade e nós. Tudo
foi preparado para que ela se sentisse bem. Para que a dor fosse amena.
Liz, Tyler, Brandon e Henry estavam sentados em uma poltrona do lado de fora, próximo
ao quarto.
Assim que me vê atravessando o corredor, Tyler vem ao meu encontro e me abraça, eu
havia ido trocar de roupas para entrar no quarto, uma vez que Amber solicitou que eu estivesse
ao lado dela e não deixasse, já que Liz não pode entrar. Nem mesmo Liam ela queria por perto,
mas o que ele tem feito por ela desde que descobriu sobre o bebê é a coisa mais linda que eu já
vi.
Ele está segurando o mundo dela nas costas e sendo forte, por ele e por ela.
— Ela vai ficar bem? — ele pergunta.
— Ela vai ficar bem amor, ela vai ficar — murmuro e beijo seus lábios. — Não acha
melhor ligar para os pais dela?
— Ela não quer, ela não vai ser capaz de suportar ver eles aqui depois de perder um filho e
se eu ligar todos irão querer vir e tem Ally, não vai ser bom para ela... Você sabe — ele diz e eu
aceno com a cabeça concordando.
Do lado de fora ouvimos o grito de Amber, me afasto de Tyler e olho de realce para Liz.
Ela está com a cabeça deitada no ombro de Henry e chorando baixinho. Henry tenta
consolá-la, mas a verdade é que palavras nunca serão o suficiente em momentos assim.
— Eles precisam de mim — informo a Tyler e antes de ir na direção da sala, ele beija meus
lábios e se afasta.
— Cuide da minha menina — diz eu assinto, vendo-o voltar a se sentar no seu lugar.
Entro correndo na sala ao som de um gemido de dor, Amber está fazendo força para que o
bebê saia.
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Visto a máscara cirúrgica e me aproximo dela, sua mão direita se estende para mim e eu a
seguro, força, é disso que ela precisa. Liam está do seu lado esquerdo segurando na outra mão e
com a sua própria mão livre, ele passa em volta da cabeça dela, a ajudando empurrar.
— Violet, pensei que você não vinha — ela choraminga.
— Eu disse que estaria aqui não disse? — Sorrio tentando confortá-la e ela me dá um
sorriso que não chega aos seus olhos.
— Eu estou tentando ser forte — ela para engolindo em seco —, mas não consigo, não com
ele aqui — diz se referindo a Liam.
— Mais uma vez Amber — Zara diz e só agora presto atenção na sua presença.
— Você vai conseguir — afirmo e a ajudo ir para frente mais uma vez empurrando a
barriga.
— Violet... — ela chama e eu a olho. — Eu vou mesmo ter um bebê? — indaga e eu assinto
e vejo a mulher que o tempo todo se manteve forte, dissolver na minha frente.
— Você vai ter um bebê — confirmo contendo a emoção em minha voz.
— O meu bebê vai morrer.
— Eu sei Am, eu sinto tanto por você... Mas ele é um guerreiro e fará tantas coisas boas.
Você sempre será a mãe dele e ele sempre será seu filho, ele ficará para sempre aqui — Toco em
seu peito no lado do seu coração. — Você sempre vai carregá-lo com você, você é forte e todos
nós te amamos — murmuro e mais uma vez Liam e eu a empurramos para frente a pedido de
Zara.
— Ele tem um nome. — Ela para de falar tentando cessar seu choro, eu e Liam olhamos
para ela, ele tão surpreso quanto eu. — Luca, eu sonhei com ele e ele era tão... tão lindo.
— É um nome lindo — falo emocionada ela geme de dor novamente. — Você sabe o
significado do nome Luca? — pergunto para fazê-la se distrair da dor, ela nega com a cabeça. —
Luca quer dizer iluminado, aquele que traz a luz, ele está trazendo a luz para a sua vida, vamos
pensar dessa forma? Ele é a sua luz e agora você precisa trazer ele para fora, você consegue? —
falo e ela assente.
— Quase lá... Mais uma vez — Zara pede novamente.
— Eu tenho que empurrar, mas dói muito, eu não consigo — choraminga.
— Sunshine, você tem que empurrar para dor passar — Liam diz com a voz embargada. —
Já vai passar, segura em mim.
Olho para Zara que faz sinal com a cabeça, o bebê já está saindo. Já estive em cirurgias com
ela o suficiente para saber que esse sinal significa para emburrar que o bebê já está em suas
mãos.
— Agora Amber, empurra — falo.

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Ela empurra mais duas vezes seguida e Zara puxa o bebê.


Não se ouve choro, não se ouve nada.
Apenas silêncio.
Amber cai para trás deitada e Liam a abraça.
Os dois choram e eu entendo o motivo.
Quando bebês nascem, eles geralmente choram como se não houvesse amanhã. É alto, é
chocante e é o normal de se esperar quando damos à luz a um bebê. Muitas mães sonham com
esse momento e não veem a horar de ouvi-los chorar, é o sinal de que ele nasceu e está bem, e
elas começam a sentir três sensações diferentes: Afeição, aceitação, e amor incondicional.
Mas o bebê dela não chora e não vai viver.
Os auxiliares da doutora Zara terminam de fazer os procedimentos e limpam todo o quarto.
Solto a mão de Amber e vou até Zara, que está do outro lado do quarto através de uma
cortina, limpando o bebê que está na incubadora, não consigo conter as minhas lágrimas ao olhar
o pequeno Luca.
Eu nunca havia visto um bebê anencéfalo e é uma das imagens mais tristes que eu já pude
presenciar em todo esse tempo. Ele não tem a cabeça completamente formada, da metade da sua
testa para cima não existe nada, na verdade ele não tem nem testa, não há cabelos, sua calota
craniana não existe.
— Eu trouxe uma toquinha para colocar nele, ela quer segurá-lo — Zara sussurra.
— Mas não temos muito tempo, ele tem que ir para cirurgia — murmuro baixo para não
chamar a atenção deles.
— Eu sei, mas vamos arriscar até ele soltar o primeiro zunido e logo depois levamos ele
correndo, já avisei a todos e eles estão a postos, a espera dele. E você está dispensada, não
precisa participar, eu sei que está sendo difícil para todos vocês, fique ao lado dos seus amigos,
ela precisa de todos vocês.
Concordo com a cabeça e ela coloca a toquinha com cuidado nele e o enrola no lençol. Zara
o pega nos braços e passa ele para os meus.
Nino o pequenino em meus braços e me viro para levá-lo até os seus pais.
Amber e Liam me olham, e eu sorrio passando o bebê para o colo de Amber.
— Não temos muito tempo, então... — Zara começa. — Nós vamos deixar vocês a sós.
— Obrigado — Liam diz, com uma aparência desconhecível.
Zara sai primeiro e antes de fazer o mesmo, deixo um beijo na testa de Amber.
Saio do quarto sentindo minhas lágrimas escorrendo pelo meu rosto, sou surpreendida por
Tyler que me puxa para os seus braços. Choro copiosamente me apertando no braços dele em
busca de conforto.

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Sem me soltar, Tyler me leva até onde estão os outros e me senta na poltrona e se agacha
em minha frente, segurando as minhas mãos, que estão trêmulas.
— Eu acabei de ver ela fazer a coisa mais difícil que eu já vi alguém fazer em toda minha
vida, eu nunca havia presenciado uma cena tão forte, dói como se fosse meu, como se eu
estivesse no lugar deles, eu... — Minha voz falha e meu olhar está longe. Não olho para ninguém
a minha volta, nem mesmo para Tyler.
— Está tudo bem Violet, prometemos a ela que seriamos forte por ela — Liz diz e me olha.
— Obrigada por ter segurado a mão dela, por ter estado lá para ela.
Fungo e solto uma de minhas mãos da mão de Tyler e a levo até o meu rosto, secando às
minhas lágrimas.
— Esse bebê... ele fará coisas maravilhosas pelo mundo, tão pequeno e já fazendo uma
coisa tão grandiosa. Luca, ela o chamou de Luca — falo e olho para Tyler e depois para os
outros. — Ele é iluminado. É a luz dela.
Um silêncio foi instalado nesse momento, o andar todo estava em silêncio, nem mesmo
meu choro e de Liz se ouvia.
E então eu entendi, nós estávamos nos despedindo em silêncio.

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“E eu vou me levantar, apesar da dor. E eu vou me levantar e eu vou fazer


isso milhares de vezes novamente. Por você...”
Rise Up – Andra Day

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Amber

Eu não estava aguentando manter os olhos abertos, ao mesmo tempo em que algo me puxava
para a escuridão, algo me puxava para a claridade. E eu sei o que era.
Era o pequeno embrulho no lençol que Violet havia colocado em meus braços minutos
antes de sair do quarto.
Eu estava segurando o meu filho, o meu Luca.
Levanto a cabeça procurando pelo olhar de Liam que logo encontra o meu. Seus olhos estão
irreconhecíveis, vermelhos, cheios de lágrimas, carregado de dor e emoção.
Dói nele, da mesma forma que está doendo em mim.
Volto a olhar para o nosso bebê e com uma longa puxada de ar e os braços de Liam em
minha volta, crio coragem para afastar o lençol do seu rostinho.
Seguro minha súbita vontade de chorar e sorrio para o pequenino em meus braços, ele é o
meu bebê e o mais lindo que eu já vi.
Uma toquinha branca foi colocada em sua pequena cabeça e com todo cuidado eu a afasto,
deixando à mostra seu rosto por completo, minhas mãos tremem e a emoção toma conta de mim,
um choro agoniante saiu da minha garganta. Meu filho era perfeito, mesmo sem cérebro. Ele era
perfeito.
Tentando controlar a minha mão que tremia, toquei em seu pequeno rosto angelical e o
acariciei, em seguida tracei os contornos da sua cabeça, ou do que deveria ser uma.
— Ele é nosso — sussurro baixinho e abaixo minha cabeça, levando meus lábios até a sua
bochecha para beijá-la.
— É o bebê mais lindo que eu já vi em toda a minha vida — Liam murmura com a voz
tremula e tomada pela emoção. Com um dedo Liam segura na mãozinha de Luca e a balança. —
Ei... É o papai que está falando. Você se lembra de todas as nossas conversas garotão?
Isso só me faz chorar, como foi em todas às outras vezes em que ele conversava com a
minha barriga. Luca era perfeito, com ou sem cérebro ele é perfeito, por seu meu, por ter sido
amado e por ter nos feito lutar por ele, por ser fruto de um amor sólido e verdadeiro. Ele fará
tantas coisas boas pelo mundo a fora, que isso de alguma forma me conforta. Cada criança terá
uma parte do meu pequeno Luca e um dia eu quero poder abraçar cada uma delas.
— A mamãe e o papai te amam muito — falo, e um zunido baixinho escapa dele e Liam me
aperta mais ainda em seus braços. — Nós te amamos muito Luca, nós nunca iremos esquecer de
você, nunca.
— Você é nosso iluminado. Nós sempre amaremos você — Liam complementa.

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Mais um zunido se ouve e Liam bipa Zara, que no mesmo instante entra na sala, como se
estivesse só esperando ser chamada.
— Amber, eu preciso levá-lo senão, não irá dar tempo, mas se você quiser eu posso deixá-
lo — ela diz e eu nego com a cabeça.
— Só mais um segundo — Liam pede a Zara que assente e eu lhe dou um sorriso
agradecida.
Pego a toquinha e coloco novamente em sua cabecinha.
Eu tenho que dizer adeus, mas dói... tanto.
— Oi, eu sou a sua mamãe. Eu quero começar pedindo perdão, perdão por todas as vezes
em que chorei quando devia sorrir por saber da sua existência dentro de mim, perdão por todas as
vezes em que gritei dizendo que isso era um erro, mas depois foi só amor, mas me perdoa. Nós
tivemos uma longa jornada juntos não é campeão? A mamãe não vai poder segurá-lo nos braços
mais uma vez, nem cantar para você na hora de dormir, te ensinar a andar, falar e deixar o papai
te estragar, a mamãe não vai poder tantas coisas, mas há uma coisa que eu sempre vou fazer, eu
sempre vou te amar, todos os dias e a todo minuto. Você é tão forte meu pequeno... tão pequeno
e já nasceu fazendo uma coisa grandiosa, você irá salvar muitas vidas meu amor e acredito que
esse tenha sido o seu propósito. — Engulo o nó formado em minha garganta e olho para Liam
que está entregue as lágrimas, ele apenas nega com a cabeça, eu sei. Está sendo demais para ele e
ele não consegue se despedir. — Eu vou ser forte, eu prometo, eu vou ser forte por você, eu vou
levantar todos os dias e lembrar que você esteve aqui, que você me deu um novo propósito, você
me ensinou a viver de novo e a lutar, você me deu forças e eu vou continuar a fazer tudo isso por
você.
Um soluço alto ecoa na sala e eu não sei se foi eu ou Liam, apenas continuo.
— Você tem um irmãozinho ou uma irmãzinha e também vai conhecer a mamãe dele. Você
estará bem com eles, vai com Deus meu pequeno Luca — murmuro, beijo a pequena bochecha
branca e o entrego para Zara, que emocionada pega ele do meu colo.
Depois disso, tudo que aconteceu segundos depois se tornou borrões, minha visão se
escureceu e eu adormeci.


Eu havia recebido alta dois dias depois, mas eu me perguntava como eu viveria depois
disso? Como seria a minha vida agora? O que eu faria?
Eu não tinha respostas para nenhuma de minhas perguntas, o que nós fazemos depois que
perdemos um filho? A gente segue em frente e finge que nada aconteceu ou nos fechamos em
nossa própria bolha e vivemos o luto?

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Mas eu havia lhe feito uma promessa, em seus últimos minutos de vida. Eu prometi que
seria forte.
O caminho até em casa está sendo calmo, silencioso e insuportável. De minuto a minuto eu
percebia o olhar de Tyler em mim pelo retrovisor, Liz fazia menção em virar o pescoço para
olhar para trás a todo segundo, mas não o fazia. Talvez por medo de como eu reagiria e Henry?
Bom, Henry parecia um coadjuvante nesse momento, estava ao meu lado segurando a minha
mão, tentando me passar segurança, mas não estava funcionando, ele estava nervoso e suas mãos
soavam frias, talvez por ele se sentir no mesmo lugar e posição de anos atrás.
Meus amigos não sabiam o que me falar, eu não sabia o que falar, então o silêncio se tornou
uma pergunta e uma resposta ao mesmo tempo.
Eu estou com frio, embora o ar do carro não esteja ligado e nem fazendo frio em Manhattan
nesse momento, estou com um moletom que Liz trouxe antes de sair do hospital, ele me engole,
mas me deixa confortável e me esquenta, mas ainda assim, eu estou com frio.
Tyler entra no estacionamento do meu prédio e estaciona o carro, Henry sai e para na porta
segurando-a para que eu possa sair, assim eu faço. Saio do carro e Henry me acolhe em um
abraço de lado, Liz e Tyler estão andando em nossa frente, Liz está com minha bolsa e tagarela
alguma coisa sem parar.
Eu queria Liam agora, eu queria que ele estivesse aqui, mas respeito a sua vontade de ficar
sozinho. Acontece que eu me acostumei a tê-lo por perto e a sua calmaria que faz tudo ficar bem,
até mesmo quando não está.
— Está tudo bem? — Henry pergunta mesmo sabendo que a resposta é não, não está tudo
bem.
— Está — afirmo, minha voz sai firme. Se não fosse em um momento delicado da minha
vida até eu mesma acreditaria que sim, está tudo bem. — Podemos fingir que está? Não fiquem
agindo como se a cada passo que eu der eu vou me machucar, vocês são tudo que eu tenho, por
favor — murmuro baixo para que só ele possa ouvir.
— Eles estão preocupados Am, todos estão, eu vou ver o que eu posso fazer para evitar que
eles a tratem assim, Tyler é fácil, mas Liz vai ser difícil. — Solta um suspiro cansado.
Assinto e em silêncio, caminhamos até o elevador e só de ninguém ter olhado para mim na
portaria, me reconfortou. Entramos no elevador e o silêncio que nos acompanhava morre, Tyler
cantarola algo baixinho enquanto o elevador sobe, Henry e Liz estão na troca de olhares.
O elevador para e saímos dele, Liz vai na frente e abre a porta do apartamento, Tyler entra e
eu travo na porta sem coragem para entrar.
Eu quero o Liam.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Eu continuo na minha luta interna até que vejo Snow latindo e vindo em minha direção,
Henry se abaixa e o pega para mim, colocando ele no meu colo. Sorrio agradecida e por fim
decido entrar no apartamento abraçada a Snow.
Em silêncio faço caminho até o meu quarto e antes de abrir a porta, não consigo mais
segurar as minhas lágrimas, coisa que eu fiz e lutei internamente durante todo o caminho até
aqui. Aperto Snow em um abraço e um soluço alto e agonizante escapa da minha boca, eu estou
chorando por todo esse tempo em que eu segurei a minha vontade de chorar.
Choro por no começo não ter aceitado, tê-lo rejeitado.
Choro por tê-lo amado tanto quanto amei o seu pai.
Choro por tê-lo perdido e começado a amá-lo tarde demais.
Snow late e pula do meu colo, braços são envolvidos ao meu redor.
— Ei, shhh... vai ficar tudo bem, eu estou aqui com você, não chora Am, não chora — Liz
tenta me acalmar e me abraçando forte.
— Eu o quero de volta Liz, eu o quero, traz ele para mim — falo entre soluços.
Não havia nada que ela poderia dizer, nem um deles além de Liam sabiam o que eu estava
sentindo.
Os dias foram se passando e todos os dias se tornava difícil dormir e levantar da cama,
havia noites que eu acordava gritando e com Liz me sacudindo para que eu acordasse, outras em
que eu não dormia e ficava andando pela casa e aquelas que eram ainda piores, noites na qual eu
me trancava no banheiro durante o banho e chorava sentada na banheira.
Eu não comia, eu não dormia, eu só chorava.
Como Liam estava? Era o que eu me perguntava todos os dias.
Meus pais vieram me ver, Ally, Benjamin e seus pais também, Aiden passou por aqui com
Harper, até mesmo Brandon e Paige, menos ele.
Meu celular tocava todas as noites, sempre era número não identificado, ficávamos em
silêncio e eu sabia que era ele. Não dizíamos nada um para o outro, apenas ouvíamos nossa
respiração e desligávamos. Isso durou dias, semanas e meses.
E então eu me levantei, encontrei forças e me lembrei da minha promessa.
Eu vou ser forte por você.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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“Eu estava rezando para que você e eu pudéssemos ficar


juntos.”
A Drop In The Ocean – Ron Pope

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Liam

Mais uma vez eu me pergunto: Você deixa de ser pai quando a pessoa morre?
O que nós somos e nos tornamos agora depois que tudo isso passou?
Dois meses se passaram desde o nascimento do Luca e com ele veio o natal, ano novo e
estamos na segunda semana de janeiro. Eu ainda não conseguia procurar por ela, eu me sentia
incapaz. Se eu me mantivesse por perto seria difícil para ela, seria difícil para mim, nós nunca
nos levantaríamos para seguir em frente juntos, nós juntaríamos nossa dor e sofreríamos juntos e
não foi isso que nós prometemos a ele.
Prometemos que seriamos forte, que seguiríamos em frente e é isso que estamos fazendo.
Me afastei do hospital por dois meses e meio, hoje eu retornei, mesmo não me sentindo
pronto eu voltei. Tudo estava normal e eu agradecia por ninguém vir perguntar se eu estava bem,
acredito que isso seja obra de Brandon. Todos os dias ele me visitava, Maria me inspecionava e
até deixou de ir para cada dele ou do Henry para cuidar de mim.
Eu não conseguia acordar todos os dias e pensar hoje é um novo dia, para mim todos os dias
se tornaram iguais, era como se eu tivesse parado no tempo e revivia todos os dias o mesmo dia.
Mas não era eu que precisava de cuidados, era ela. Eu procurava saber todos os dias como
ela estava, soube dos seus pesadelos, das noites mal dormidas, das crises de choro no banheiro e
da minha falta que ela sentia. Eu queria ir até ela e ser seu alicerce, mas se eu fizesse isso,
iríamos ruir, eu não estava melhor que ela. Nós precisávamos ser fortes, tínhamos que ser.
Passei a ligar todas as noites, não trocávamos uma palavra se quer, às vezes ela dormia e eu
ficava acordado só para ouvir a sua respiração e zelar seu sono mesmo de longe. Algumas noites
ela acordava gritando e era assustador, outras só silêncio, mas hoje, não foi assim. Hoje ela falou.
— Liam? Eu sei que é você, diz alguma coisa — sua voz sai baixa do outro lado da linha.
— E-eu — gaguejo.
— Você?
— Eu não sei o que falar — admito.
— Posso contar para você como foi o meu dia?
Sua voz sai animada, isso me conforta e acende algo dentro de mim.
— Pode Sunshine, como foi o seu dia? — pergunto curioso para saber o que ela fez.
— Eu fui ao hospital visitar a Ariel, ela recebeu a válvula que precisava e já não está mais
dependente dos aparelhos, ver a felicidade daqueles pais se tornou a minha, eu a peguei no colo.
Eu peguei alguém que tem a parte do nosso filho no colo e foi surreal, gratificante ver o sorriso
no rosto daquela garotinha Liam, nosso filho fez isso por ela, por que não podemos ficar feliz,
nem que seja por um momento pela partida dele quando ele fez tantas coisas boas?
Acheron - Nacionais - Apollymi
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Eu fiquei sabendo dessa garotinha, Harper — que enfim passou na prova e se tornou
pediatra — havia me avisado e chamado para conhecê-la, eu não consegui por pensar em Amber,
mas saber que ela foi forte e conseguiu me faz feliz.
Porque antes de qualquer coisa vinha ela, tudo era ela. Até mesmo antes da minha dor.
— Eu estou feliz Amber, por você e pela Ariel.
— Mesmo?
— Mesmo! — afirmo.
— Eu tenho que desligar, foi bom ouvir a sua voz, eu senti a sua falta. Sai Snow, não pode
mexer nas coisas da mamãe.
Ouço-a brigar com ele e reprimo minha vontade de rir.
Rir... algo que eu não fazia a meses. Eu tive vontade de rir.
— Eu também senti a sua.
— Promete não se afastar?
— Eu prometo.
— Então, até mais Liam.
— Até mais Sunshine.
Ficamos por mais uns segundos em silêncio na ligação e ela desligou.
Sabe quando você olha uma foto e sorri somente por se lembrar de algo que significa muito
para você? Sou eu olhando para as fotos que tirei de Amber grávida na praia. Não tem um dia
que eu não olho para essa foto, ela olhava para o mar distraída e sorria.
Ela estava feliz e agora ela está feliz de novo, ele devolveu a felicidade dela.
Essa semana eu parei para pensar no verdadeiro significado do adeus e sempre chego na
mesma resposta. O adeus é só alguém dizendo que que já saiu da sua vida faz tempo e só você
não percebeu. Então eu percebi que o Luca não me disse adeus e não foi esse alguém. Porque ele
nunca saiu da minha vida e nunca vai sair.
Eu sempre vou amá-lo, eu sempre vou sentir a sua falta e eu sempre serei o seu pai.
Não importa quanto tempo passe, eu sempre serei o seu pai.
Minutos depois chegou uma mensagem, com uma foto em anexo.
Era Amber me convidando para o desfile de lançamento da marca de sua loja. Nome que
até então ela resolveu mudar e manter em segredo.
Amber
Eu espero que você vá! É daqui a um mês e
será uma grande coisa.
Liam
O que você está aprontando?

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Amber
É segredo.
Boa noite, Liam.
Liam
Boa noite, Sunshine.

Eu estava sem sono e ainda eram dez horas, aproveitei para estudar e dar uma lida em
alguns relatórios da clínica, no tempo em que fiquei ausente Brandon ficou dando total suporte
com a ajuda de Violet e Sienna, mas Eric assumiu seu posto já que Paige ganhou o bebê no início
do mês.
Meu celular vibra em cima da mesa chamando a minha atenção.
Amber
Liam?
Olho para a hora no celular, é pouco mais de meia noite, o que ela ainda faz acordada?
Liam
Ainda acordada?
Amber
Sim, eu não consigo dormir.
Liam
Pesadelos?
Amber
Eu não tenho mais pesadelos há duas noites.
Liam
Então o que é?
Amber
Nós! Como nós ficamos depois de tudo isso?
Engulo em seco com a sua pergunta. Como nós ficamos? Eu não sei.
Liam
Eu não sei... Tudo aconteceu muito rápido.
Nós não tivemos tempo para poder digerir nosso
término Sunshine, veio a sua gravidez, que nos
aproximou e muito. Mas aquilo não era nós, quer
dizer, era... mas era nós por ele, juntos por ele e não
porque sabíamos e queríamos estar juntos. Nós
precisamos de mais tempo. Precisamos saber o que
queremos antes de arriscar mais uma vez.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Amber
Eu entendi o que você quis dizer...
Precisamos estar só, encontrar nós
mesmos antes de nos encontrar um no
outro.

Liam
Exatamente isso, mas isso não significa
que eu não ame mais você. Eu só quero que
você viva a sua vida e tenha certeza das suas
escolhas.

Amber
E como que eu vou saber que estou
preparada?

Liam
Isso não sou eu que tenho que
saber e sim você. Está tarde
Sunshine, vá dormir.

Não sei se ela acatou o que eu disse e foi dormir, não tive mais respostas dela então
continuei o que estava fazendo.
Querer Amber não estava mais acima de todas as outras coisas em minha vida, não mais.
Ela precisava fazer as suas escolhas primeiro, para depois saber distinguir o que queria para si
mesma e não cabia a mim escolher isso por ela.
Dizem que amar hoje em dia se tornou comum, mas o que não se tornou comum é ser
amado.
— Se isso o que sinto aqui realmente for amor, eu vou esperar por você Sunshine, eu vou
esperar o tempo que for preciso, se o que eu sinto for verdadeiro, não importa eu espero um,
dois, três meses… Pode parecer estranho, mas para mim não é, estranho mesmo seria seguir em
frente sem ter você por perto — murmuro para mim mesmo.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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“Eu estive na escuridão por semanas e percebi que você é


tudo que eu preciso.”
Need The Sun To Break – James Bay

Acheron - Nacionais - Apollymi


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Amber

1 mês depois...
Eu acredito que Deus sabe de todas as coisas, Aiden estava certo quando me disse que Deus
não me daria algo do qual eu não fosse capaz de suportar, a verdade é que Deus me deu algo
muito maior pelo o que valia a pena lutar.
​No início eu me sentia desolada por dentro, mas não podia dizer que estava pior que Liam,
era a primeira vez que eu sentia a dor de perder um filho, já ele estava sentindo pela segunda vez.
Nós dois precisávamos de um novo começo, de um recomeço e nos reconstruir, mas não juntos.
Eu demorei para voltar a minha rotina, como academia e trabalho, mas aos poucos foi se
encaixando e a minha vida estava seguindo novamente, e eu estava muito feliz, acabei de sair da
casa da pequena Ariel, de todas as crianças que receberam os órgãos do meu pequeno, ela era a
mais próxima, eu a visitava todos os dias e ajudava com medicamentos do seu tratamento, ela
ainda precisava se medicar, é muito nova e ficou muito tempo em um hospital, o que a fez ficar
com imunidade baixa.
Meu dia estava sendo uma correria, à noite teria o desfile e eu deveria estar com Liz,
ajudando-a na orientação dos modelos, mas sei que Gael é bastante competente e irá ajudá-la e
tem o Cooper, que vem se mostrado um excelente estilista e olha que nem faculdade para isso ele
fez.
Eu confio em Liz e acredito que ela fez ótimas escolhas para os novos modelos, ela me
garantiu que iria mandar fotos dos modelos gostosos. Isso me faz rir ao lembrar da pequena
discussão dela e Henry durante o nosso almoço ontem. Segundo ele, já que ela iria olhar para o
corpo de outros homens, mais que justo ele avaliar as mulheres. Liz só faltou enfiar a faca em
Henry com o olhar que ela lhe deu.
Eu estou muito feliz pela forma que as coisas estão indo em nossa loja e eu devo isso ao
Aiden, agradeço a ele todos os dias, ou quase todos, agradecimentos e bajulações demais faz o
ego dele inflar.
Hoje eu posso dizer que me sinto feliz e satisfeita no lugar que eu estou, vivo com aquela
sensação de conquista e que estou fazendo a coisa certa. E hoje eu vejo as coisas de outra forma,
não era justo minha mãe mudar um padrão de suas lojas e expandir ela para algo que não era sua
especialidade, ela estaria mudando o estilo da sua marca só para me agradar e aquilo de fato não
estava me agradando em nada. Então eu agradeço por ela ter feito isso por mim e pelos três
meses em que empregou a minha melhor amiga que precisava mais do que eu de um emprego,
agora nós estamos caminhando em passos e caminhos certos. Lado a lado, como sempre foi
nesses últimos anos e como deve ser.
Acheron - Nacionais - Apollymi
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Agora eu tinha um desfile para começar e um anúncio a fazer.

— Você está deslumbrante filha — meu pai diz ao me receber de braços abertos, na portaria
do meu prédio.
Eu mesma havia desenhado o meu vestido. Ele é longo e com mangas compridas, onde o
tecido tem a transparência predominante e mostra partes da minha pele branca coberta apenas
pela minha calcinha da cor preta e do tecido que cobre meus seios, fora isso o tecido é totalmente
transparente. O vestido é de cor preta — para dar realce aos meus cabelos ruivos, que está
penteado para um lado só — e as rendas e bordados são os detalhes mais femininos e delicados
que compunham o vestido, além do decote e o fato do vestido ser justo ao corpo, que deixava
tudo com um charme a mais e com um ar sexy. Nos pés uso um salto agulha Jimmi Choo na cor
preta. Não abusei muito na maquiagem, mas fiz o máximo para realçar meus olhos e um batom
vermelho no tom de vinho.
Estamos a caminho do Lotte New York Palace, hotel em que fizemos a locação para o
desfile. Decidi ir acompanhada da minha família, parte disso eu devo a eles e eu não poderia
estar mais feliz em tê-los ao meu lado. Eu esperava que Liam realmente fosse, ele havia me
garantido que ia.
Não demorou muito para chegarmos, falei com todos os meus amigos e nenhum sinal de
Liam até o momento. Fui arrastada por Liz para um corredor cheio de portas, nelas haviam
plaquinhas indicando que era camarim e banheiro. Liz abriu a porta do nosso camarim e nervosa
andava de um lado para o outro.
— Calma Lizzie, assim você vai me deixar nervosa também — falo indo até ela e
segurando em seus braços a parando. — Eu estou ficando tonta com você indo de um lado para o
outro e isso não faz bem para o bebê.
Sim, bebê. Descobri durante o almoço que Liz está grávida, eu estou feliz por esse novo
passo na vida dela e do Henry, e saber que ela omitiu isso só para estar ao meu lado, me apoiar e
me dar suporte enche meu coração. Eu a amo tanto e sem dúvidas, ela e Tyler foram as melhores
coisas que me aconteceu em Londres, eu os amo e sem eles eu não seria nada, sou louca por eles
e pela nossa amizade.
— Eu estou nervosa Am, olha a quantidade de pessoas que tem ali fora — murmura
exasperada, reviro meus olhos e sorrio. Ela está exagerando, não tem tantas pessoas assim, não
está nem no horário ainda. — Tudo bem, é exagero, mas ter mais que dez pessoas na expectativa
para o desfile, já me assusta. Não entendo como você está tão confiante assim.
— Eu estou confiante porque eu confio em você e sei que você deixou tudo perfeito. — Um

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sorriso se forma no canto dos seus lábios e ela passa a mão no pequeno relevo em sua barriga. —
Tudo vai dar certo e eu tenho uma surpresa para você.
— Você está cheia de surpresas hoje e me escondendo tudo, está esquecendo que eu estou
grávida, um susto e essa criança nasce — resmunga e cruza os braços.
— Você está exageradamente exagerada hoje — falo e ela bufa se sentando, essa é a minha
deixa. — Merda, espera um pouco. Esqueci meu celular no carro do papai — minto e saio de
fininho pela porta.
Os pais da Liz estavam aqui em Manhattan desde ontem, eles já queriam vir visitá-la e a
ideia de fazer a surpresa no dia do desfile caiu como uma luva.
— O que você está fazendo perambulando pelo corredor, boneca? — Aiden me surpreende
em um susto.
— Aí caramba, não faz isso que eu posso ser hipertensa — falo com a mão no peito. — Eu
estou atrás dos pais da Liz e você o que faz por aqui? — pergunto.
— Eu vim atrás da minha estilista favorita, para ela ver se a minha roupa está aos pés desse
evento — debocha e segurando com as duas mãos na ponta do seu blazer preto ele dá uma
voltinha.
Por baixo do blazer, Aiden veste uma camiseta social de botões branca e uma calça jeans
escura, já que ele odeia calça social e nos pés, ele calça um Louboutin também preto. Mas como
eu já havia dito, não se pode alimentar o ego dele.
— É, até que não está nada mal — falo o analisando.
— Só isso? Me arrumei tanto para receber só um nada mal? — indaga fingindo
desapontamento.
— Se contente com isso — retruco.
— A bela dama me daria a honra de acompanhá-la até o salão? — pergunta estendendo a
mão para mim e eu a pego.
— Cadê a Harper? — pergunto.
— A mesa de pebolim ou a minha namorada? — indaga me fazendo rir.
— A humana, é claro — respondo o óbvio.
— Plantão, mas virá para comemorar — ele responde.
Fomos para o salão principal onde será o desfile e me surpreendo ao ver metade das
cadeiras já ocupadas, garçons passam o tempo todo servindo champanhe e coquetéis, Liz
realmente pensou em todos os detalhes, desde as cores, DJ e iluminação. Encontrei seus pais
conversando com Henry, pelo visto eles aprovaram o genro, os cumprimentei e disse que a Liz
os aguardava, Henry os levou até ela ciente de que era uma surpresa.
Dei algumas voltas pelo salão e fui arrastada para um canto pelo Gael.

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— Me diz que você já tem a resposta — diz ansioso.


— Tenho — afirmo sorrindo.
— E então? — indaga inquieto.
— Você, eu vou levar você comigo, o Cooper ficará melhor aqui e ajudando a Liz na minha
ausência e você sabe, ele tem namorado e a viagem vai ser longa, nós nunca estaremos em um
lugar por mais de uma ou duas noites, seria demais para ele e você é um cafajeste, combina mais
contigo viajar pelo mundo.
Viajar pelo mundo a fora era o que aconteceria comigo e com Gael a partir de amanhã,
vamos representar a Privilège nos desfiles de outras marcas e fechar alguns contratos com outras
lojas que querem comercializar nossa marca.
— Você está falando sério? — pergunta e eu assinto. — Meu Deus, eu te amo — diz me
abraçando e tirando meus pés do chão e me rodando no ar.
Um pigarro chama a nossa atenção e quando olho para o lado, quase perco o ar ao ver a
pessoa que eu tanto esperei.
Liam.
Gael me pôs no chão e se afastou, nos deixando a sós.
— Eu pensei que você não ia vir — murmuro.
— Eu disse que viria e aqui estou eu — diz abrindo os braços. — Você está linda.
— V-você também está muito bonito — gaguejo e pisco meus olhos, sem acreditar que ele
está mesmo aqui.
Eu nem havia reparado na roupa em que ele usava, eu só conseguia olhar em seus belos
olhos castanhos que me prendiam por completo. Com muita dificuldade desviei o olhar e reparei
em sua roupa, ele estava vestindo uma camisa slim azul de botões, com as mangas dobradas até o
cotovelo deixando as suas tatuagens visíveis, a blusa tinha um corte ajustado na cintura, que
trazia um estilo moderno a roupa e...
Liam pigarreia chamando a minha atenção, sem ao menos me deixar terminar de analisá-lo
por completo.
— E então? — pergunta.
— E então, o quê? — indago confusa.
— Eu te perguntei se meus pais já haviam chegado — ele responde.
— Não perguntou não.
Ou perguntou?
— Perguntei, mas você estava viajando enquanto reparava na minha roupa — retruca
sorrindo.
— É-é... é um belo sapato — desconverso.

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— Mas você nem olhou para os meus pés — pondera segurando o riso.
— Liam, cala a boca — resmungo.
— Achei você aqui — Liz aparece eufórica. — Já vamos começar, você que vai abrir o
desfile esqueceu? Todos estão esperando por você. — Ela se vira para Liam e sorri. — Oi Liam,
que bom que você veio.
— Eu não perderia por nada — ele responde.
— Bom, eu tenho que ir. Nos vemos depois? — pergunto.
— Nos vemos depois — concorda com a cabeça.
Acompanhei Liz até o camarim onde todos os modelos se concentravam, fiquei bastante
emocionada ao vê-los usando roupas que foram desenhadas por nós duas, era um sonho se
tornando realidade.
— Eu vou ser bem breve, porque eu não quero chorar e se eu chorar vou borrar a
maquiagem — falo e todos eles riem. — Eu quero agradecer pela participação de cada um de
vocês que estão aqui, é a realização do nosso sonho e não seria possível sem vocês para torná-los
reais, é o primeiro de muitos desfiles que nós faremos juntos, isso eu posso garantir, isso nos
torna a família Privilège e eu desejo toda sorte aos iniciantes que estão começando agora, se eu
piscar eu choro. — Eles riem mais uma vez e eu abano meu rosto com a mão tentando evitar que
eu realmente chore — Boa sorte a todos vocês e arrasem na passarela.
Finalizei meu breve discurso sendo aplaudida por todos os quinze modelos que Liz havia
selecionado, eu estava muito feliz e não se emocionar foi impossível.
Minutos depois fui chamada para subir na passarela e dar início a abertura do desfile.
Parada de frente para a multidão a minha frente, eu estava nervosa e tentando não gaguejar ou
vomitar. Dei uma rápida olhada para a primeira fileira onde a minha família está e me emociono
ao ver vovó e vovô junto com os meus pais. Uma surpresa e tanto.
Respirei fundo tentando não chorar e comecei o meu discurso, dando-lhes boa noite e
agradecendo a todos pela presença aqui hoje. E fui direto no ponto crucial que era o verdadeiro
motivo do desfile e a notícia que eu tinha para dar a todos.
— É uma noite importante para mim, não só para mim, mas para a minha melhor amiga e
sócia Lizzie Gravel, e muitas outras pessoas que trabalharam junto comigo e que estão por trás
disso aqui. Eu só tenho uma palavra que possa descrever tudo que eu estou sentindo hoje,
gratidão. Eu gostaria de aproveitar essa noite, em que lançamos mundialmente nossa primeira
coleção, para dizer o propósito de tudo isso aqui. — Respiro fundo procurando forças para
continuar e meus olhos percorrem por todos da minha família e amigos, que sorriem para mim,
me encorajando a seguir em frente. — Quando eu descobri que estava grávida eu repetia para
mim mesma que eu não queria o bebê, eu entrei em pânico, foi uma coisa bem horrível de se ver

Acheron - Nacionais - Apollymi


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e se dizer, na minha cabeça eu pensava: eu não sabia nem cuidar de mim mesma, o que não é
uma mentira.
Solto um riso nervoso e sou acompanhada por um coro de risadas, volto a encarar a
pequena multidão a minha frente.
— Eu não estava preparada, era algo que naquele momento eu não queria para mim, então
eu chorei, chorei e chorei. Gritei comigo mesma e por um momento, só por um momento, eu
odiei Deus. Me perguntava porque ele havia feito isso comigo e então um amigo me disse: Deus
não nos dá algo que não somos capazes de lidar se aconteceu é porque ele acha que você é
capaz, ser mãe é uma dádiva e muitas pessoas não a têm. Bom, na primeira coisa ele estava
completamente errado e quanto a segunda ele estava certo.
Engulo o nó que se formou em minha garganta e procuro o olhar de Aiden, que me encoraja
e no mesmo segundo desvio o meu olhar e prendo-o nos olhos de Liam, que tem seus olhos
avermelhados em mim.
Não chore, por favor.
É só o que eu peço mentalmente, se ele o fizer, eu também desabarei.
— Eu passei uma semana absorvendo a ideia de que seria mãe, eu ainda não acreditava que
havia alguém crescendo dentro de mim, eu ainda não aceitava, na semana seguinte eu resolvi, ou
melhor, fui obrigada a ir à primeira consulta do meu bebê. Quando você vai a uma consulta com
uma obstetra você espera ouvir coisas boas, sair de lá com um sorriso de orelha a orelha sabendo
que seu bebê é saudável. Mas não foi o que aconteceu comigo e naqueles exatos minutos de
apreensão quando eu notei que havia algo errado, eu entrei em desespero, meu bebê foi
diagnosticado com anencefalia. — Pisco meus olhos duas, três e quatro vezes impedindo que as
lágrimas que se acumularam em meu rosto caíssem. — Para quem não sabe anencefalia é a falta
da calota craniana, meu filho não tinha um cérebro, ele não sobreviveria. Se lembram quando eu
disse antes que meu amigo estava errado sobre Deus só nos dar algo que somos capazes de lidar?
Eu não fui capaz de lidar com a dor. Acho que em algum momento Deus ouviu todas as vezes
em que eu dizia que não era capaz e o tirou de mim, o meu castigo não foi estar grávida, eu
estava errada sobre isso. Meu castigo foi não poder segurar o meu bebê no colo mais que cinco
minutos, foi não poder vê-lo crescer.
Faço uma pausa e seco rapidamente a lágrima que escapara, solto um longo suspiro e
prossigo:
— Quatro meses foi o tempo em que me restava com ele dentro de mim, eu o descobri a
tempo de amá-lo e lutar por ele. Nós sabíamos que uma hora ou outra eu ia ter que dizer adeus,
mas eu ainda tinha esperanças de que fosse um erro médico ou de que era apenas um pesadelo.
Eu só não esperava que eu fosse realmente dizer adeus, Deus me deu alguém para amar

Acheron - Nacionais - Apollymi


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incondicionalmente e isso me fez querer lutar por crianças que realmente precisam de ajuda, meu
filho não tinha um cérebro, mas ele era saudável e pôde salvar a vida de tantas outras crianças
que precisavam, hoje eu tenho um pedacinho dele em muitas outras crianças por aí. E meu
propósito hoje é usar o fundo arrecadado do desfile e doá-lo para a instituição que presta suporte
e tratamentos a crianças que precisam de ajuda. Hoje está acontecendo algo bom aqui e iremos
transformá-lo em algo melhor ainda. Acho que talvez esse tenha sido o propósito do meu bebê na
minha vida, poder fazer por outras pessoas o que eu e nem mesmo médico algum poderia fazer
por ele. Salvá-lo. — Concluo meu discurso recebendo aplausos de todos, inclusive da minha
família que aplaudiam, mas ao mesmo tempo tinham o olhar tomado pela emoção. Afinal, eles
acabaram de descobrir sobre isso.
— E é com o maior prazer e orgulho que eu os apresento a coleção de inverno da Privilège
— chamo, aplaudindo e desço do palco antes que a primeira modelo entrasse.
Procuro por Liam e não o encontro no meio das nossas famílias e de outras pessoas.
Ele tinha ido embora.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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​“Porque tudo o que você é tudo que sempre


precisarei.”
Tenerife Sea – Ed Sheeran

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Liam

Eu estava orgulhoso da pessoa que Amber havia se tornado nos últimos meses, se houvesse outra
palavra com um significado maior que orgulhoso, eu a usaria. Ela definitivamente amadureceu,
aprendeu com os próprios erros, cresceu e se tornou a mulher que queria ser. Conquistou seu
espaço, seu sonho e agora só resta a ela trilhar seu próprio futuro.
Ela se tornou a mulher que eu esperava que ela tivesse se tornado quando voltou. Forte,
determinada, generosa, altruísta e corajosa.
Vê-la falar do nosso filho com tanta coragem, amor e devoção por tudo que passou, fez o
meu coração se encher de orgulho e amor por essa mulher, ela seria uma excelente mãe, mesmo
achando que não estava preparada, que não seria, ela seria.
Saí no mesmo instante em que ela terminou o discurso de abertura do desfile, eu precisava
de ar, eu precisava colocar de uma vez por todas para fora a dor que eu ainda carregava em mim,
agora eu podia me libertar dessa dor, porque ela se libertou, ela conseguiu achar conforto em
todas as coisas boas que o nosso filho fez e agora eu também posso fazer o mesmo.
Antes eu me perguntava: Quem eu sou depois que tudo isso aconteceu?
E hoje eu sei responder.
Eu sou o Liam que eu sempre quis ser.
O Liam confiante, vulnerável, médico, amigo, filho. E o Liam pai.
Mas tudo poderia ser diferente, só poderia...
— Mais uma — peço ao barman, que está ocupando o posto de Cooper, amigo de Amber.
— Dia ruim? — ele pergunta e despeja mais uma dose de martini em meu copo.
— Eu diria péssimo, mas já tive piores. — Dou de ombros, pego o corpo e o balanço,
observando o líquido se movendo de um lado para o outro.
Parece até a minha vida, ora vai para frente e ora vai para trás.
— Você não deveria estar no desfile, uh?
— Não sou muito fã dessas coisas e você não foi?
— Alguém precisava tomar conta desse lugar, depois que o Cooper saiu, isso aqui não
funciona mais sem mim.
— Compreendo.
— Bom, eu vou levar o balanço para o chefe, vai ficar bem sozinho?
— E eu preciso de uma babá? — questiono arqueando uma sobrancelha.
— Está com cara de que precisará em breve, mas cuidarei disso — ele responde, joga o
pano que estava em seu ombro na bancada, pega um bloco de anotações e antes de se virar para

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sair me encara. — Só tente não beber a garrafa toda.


Reviro os olhos bufando e volto a encarar o copo em minhas mãos.
Não estou bebendo tanto assim, é o meu segundo copo e nem mesmo estou com vontade de
beber, só precisava ficar em um lugar onde ninguém, poderia me encontrar.
Mais alguns minutos se passaram e Evan ainda não havia voltado. Eu já estava ficando
entediado e sentindo falta de alguém para conversar.
Afasto o copo ainda cheio para o lado, debruço meus braços no balcão e deito a cabeça nos
meus braços. Definitivamente eu não estava com saco para nada, muito menos para beber, eu
estou psicologicamente exausto e cansado fisicamente.
Ouço alguém arrastar a banqueta ao meu lado, a pessoa ocupa o lugar ao meu lado, mas não
me dou o trabalho de levantar o rosto para ver quem é, provavelmente deve ser Evan, o pub não
tem muito movimento a essa hora da tarde.
— Você foi levar o balanço, ou foi literalmente produzir um? — indago.
Silêncio é o que eu ganho em resposta. E é quebrado no segundo seguinte pelo som do copo
batendo no balcão.
— Bem fraco isso aqui não?
Levanto a minha cabeça e viro meu rosto para o lado para fitá-la.
— O que você está fazendo aqui? — questiono intrigado.
— Evan avisou para Cooper que você estava aqui e que talvez precisaria de ajuda para ir
embora — Amber responde.
— E você decidiu que eu precisaria de uma babá? Eu estou bem, obrigado — retruco com
desdém.
— Eu não decidi nada, acho que você é grande o suficiente e pode se cuidar sozinho —
retruca de volta. — Mas acho que seria melhor se eu tivesse mandado Benjamin ou seu pai vir
até aqui.
— Eu estou bem, inclusive você bebeu o meu segundo copo. E não vou pagar por ele.
— Deixa eu te contar um segredo. — Ela se aproxima do meu ouvido e sussurra: — Nós
dois sabemos que você vai pagar mesmo assim.
E sim, ela estava certa. Eu pagaria mesmo assim.
Amber tira o sobretudo que cobria sua regata e calça jeans rasgada. Me surpreendendo ao
ver que ela não está mais no vestido em que usava na hora do desfile.
— Você fez mágica para trocar de roupa ou o que? — questiono curioso.
— Se eu ia vir a um bar fazer companhia ao meu adorável ex-namorado, eu deveria estar
com uma roupa confortável e bom, já não aguentava mais usar aquele vestido — responde dando
de ombros e pegando a garrafa de martini e enchendo o copo.

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— Seu adorável ex-namorado aqui. — Aponto para mim mesmo. — Não precisa da sua
modesta companhia, não precisava ter largado tudo para vir atrás de mim.
Não sei porque, mas sinto que eu estava entrando no jogo de Amber, agora qual jogo eu não
sei e onde ela queria chegar menos ainda.
— Você não tem escolha — retruca e vira o copo. — Foi um belo desfile não? — pergunta
sorrindo para o nada.
— Sim, foi — afirmo, sem tirar meus olhos dela. — Vamos lá Amber, me diz o que você
está fazendo aqui?
— Eu só não queria que você ficasse só, você nunca me deixou sozinha, nem mesmo
quando eu queria.
— Porque você precisava de mim — afirmo. — E porque eu queria — completo a fazendo
sorrir.
— Você gostou do nome? Privilège? — indaga bebericando o líquido do copo.
— É francês, diferente e bonito, gostei — respondo.
— É como eu me sinto por ele ter passado em minha vida, privilegiada de ter tido a
oportunidade de ser mãe por alguns minutos de uma criança milagrosa, porque é o que ele era,
ele fez milagres na vida de outras pessoas que não tinham mais esperanças. Eu estou muito feliz
Liam, queria que você pudesse tirar essa dor de você e ficar feliz também, você carregou o meu
mundo nas suas costas e está na hora de se libertar dele. Eu penso nele todos os dias e isso me
fortalece, eu sei que estou fazendo a coisa certa — diz com a voz embargada.
Engulo em seco o nó que se forma em minha garganta e acaricio seus cabelos, que estão
crescendo e voltando ao seu antigo tamanho.
— Eu também penso nele sempre, imagino ele brincando e correndo com as gêmeas da
Ally e com os outros filhos que teríamos, porra, eu imagino tanta coisa que dói. Mas eu estou
feliz Sunshine, eu estou feliz por você e muito orgulhoso — falo com um sorriso no canto dos
meus lábios.
— Eu ainda idealizo nós. Eu quero tornar isso real — diz, sem tirar os olhos dos meus.
— Eu não estou pronto para o que ficar com você implica, Amber. Não estou pronto para
toda essa merda que você resolve carregar consigo de anos atrás. E você também não está pronta
para isso e eu não sei se um dia estará. — Tento soar o mais sincero possível de uma forma que
não vá magoá-la.
— Você está decidindo por mim? — questiona.
— Eu estou decidindo por nós — afirmo convicto.
— Eu estou saindo para uma jornada de viagens em breve em divulgação da marca, não sei
por quanto tempo, a mais curta é de duas semanas, eu volto em duas semanas e se a sua decisão

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ainda for a mesma eu entenderei, eu só... — ela não completa, ela engole em seco assim que me
vê levantar da banqueta.
— Não precisa continuar, eu sei onde isso vai nos levar. Eu só quero que você seja feliz,
viva a sua vida Sunshine, construa a sua carreira. Se complete primeiro e depois dê prioridade a
outras coisas, viaja, conheça novas pessoas e novos horizontes, o mundo é que será pequeno
demais para você e não o contrário Little Sunshine — falo e ela sorri, mas um sorriso que não
alcança seus olhos. — Estarei no mesmo lugar quando você voltar, eu só não posso parar a
minha vida por amar você, não mais, essa é a nossa deixa para seguirmos em frente sem o outro.
Amber assente e eu a assisto lutar contra si mesma e a vontade de chorar.
— Precisa de carona? — pergunto.
— Não, eu vim de carro — responde mordendo o lábio inferior. Eu sabia que ela estava
mentindo, mas eu não iria esquentar a cabeça com isso, ela queria ficar só e eu entendo. Eu
também queria ficar sozinho.
Nem eu mesmo estava acreditando no que havia acabado de fazer.
— Seja feliz, Sunshine. — Antes de me afastar dela, lhe dou um beijo demorado em sua
testa. — Eu amo você — murmuro. E assim eu me despeço de uma pessoa que fez parte da
minha vida por tantos anos, que foi a minha metade, minha melhor amiga e o amor da minha
vida.
Eu já sabia sobre essa merda toda, ela estará indo embora, viajar por um ano. Ela nunca terá
um lugar fixo para ficar, todas as noites irá dormir e acordar em cidades diferentes e não é a vida
que eu quero para mim. Eu não sou do tipo que hoje quero estar aqui e amanhã só Deus sabe
onde. Sair para viajar por lazer dessa forma é uma coisa, mas a trabalho e tudo o que isso implica
é outra coisa. E porra, definitivamente a instabilidade que Amber carrega no momento, não é o
que eu quero para mim.
Não depois de tudo que passamos juntos.
E a maneira que eu encontrei para eternizar o seu amor foi deixando-a livre.

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“O coração dela está quebrando em minha frente. Eu não tenho escolha


porque não direi adeus outra vez.”
This Love – Maroon 5

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Amber

Naquele momento eu só esperava que ele me pedisse para ficar, que me impedisse como ele fez
há cinco anos, mas eu sabia que o eu quero que você seja feliz, era Liam me libertando e me
deixando livre, livre dele e para fazer as minhas próprias escolhas.
Ainda assim, eu queria que ele me impedisse, eu soube naquele momento que aquele eu te
amo, havia sido uma despedida. Aquela saudosa despedida que deveria ter sido feita há cinco
anos.
Já faz mais de uma hora que Liam me deixou sentada no bar sozinha e as pessoas
começaram a chegar, não me importei de ser a solitária com cara de choro sentada sozinha. Evan
hora ou outra vinha pegar bebidas e conversava comigo, isso me fez me sentir menos só.
— Hey boneca, você por aqui. — Ouço a voz de Aiden e me viro dando de cara não só com
ele, mas com todos meus amigos.
— Evan, prepare o balde que eu cheguei — Liz grita ao avistar Evan servindo a uma mesa.
— Prepara o refrigerante para ela! — Henry exclama.
Nós havíamos marcado de comemorar o sucesso do desfile aqui. Uma vez que Cooper
trabalhava aqui durante à noite.
Liz sai à procura de uma mesa e os outros vão atrás dela, aqui costuma lotar e quanto antes
eles acharem um lugar melhor. Continuo sentada cabisbaixa e Aiden puxa a banqueta em que
Liam estava sentado horas antes e se senta.
— Eu estou acompanhada — retruco sorrindo.
— Eu não estou vendo ninguém aqui com você — retruca de volta com um sorriso no rosto.
— Sou Aiden e você é?
— Amber — respondo sem tirar o sorriso do rosto, ao relembrar o diálogo da primeira vez
que nos vimos.
— Amber, nome bonito. Levou um bolo? — indaga curioso.
— Quem te garante que ele estava aqui comigo? — atiro e ele revira os olhos. — Ele foi
embora.
— E o que você está fazendo aqui? — pergunta mais uma vez.
— E onde mais eu deveria estar, Aiden? — Bufo e o encaro cética.
— Com ele — rebate.
— Vamos, Am — Tyler me chama antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.
Desço da banqueta e olho para Aiden que está me olhando com cara de que vai aprontar
algo. Ele desce e estende a mão para mim e eu a seguro, andamos até a mesa onde os outros se
encontram acomodados e noto que nem Violet e nem Harper estão aqui. Mas Violet estava no
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desfile, olho para Tyler confusa e me sento ao seu lado.


— Cadê a Violet? — cochicho em seu ouvido.
— Precisaram dela no hospital, mas ela disse que daqui a pouco está aqui — ele responde.
— Foi um belo desfile não? — Liz indaga sorrindo.
— E o discurso também — Henry grita da ponta da mesa.
— Eu proponho um brinde — Aiden diz apressado.
— Mas já? Acabamos de chegar e com que bebidas, bonitão? — Liz ironiza o bonitão, nos
fazendo rir.
— Liz, tenha paciência. Evan está sozinho, os outros funcionários ainda não chegaram —
falo repreendendo-a.
— Isso foi uma indireta senhorita? — Cooper indaga, sentado ao lado de Gael.
— Ai meu Deus, não! — exclamo. — Às vezes esqueço que você trabalha aqui e hoje é sua
folga, vai comemorar conosco e isso foi uma ordem.
— Olha a patroa querendo ser autoritária — Gael debocha.
— Que eu saiba nós não estamos em expediente de trabalho e ela não nos manda fora do
local de trabalho, ou seja estamos fora da loja, baby — Cooper provoca.
— Ah é mesmo? Que eu saiba Gael irá me acompanhar em todas as viagens e talvez você
em algumas, acho que mandarei em vocês fora do local de trabalho sim. — Sorrio vitoriosa e os
dois se calam.
— Ela não sabe brincar, rapariga — Gael resmunga em português e eu cerro meus dentes na
sua direção.
Não estou fluente ainda, mas nos últimos meses venho aprendendo mais coisas.
— O que você disse? — Cooper indaga. — Gato repete que foi muito sexy.
Reprimo um riso, ignoro-o os dois e divago olhando para todos na mesa.
— Eu vou lá pegar as bebidas antes que eu vire pó sentado nessa cadeira — Tyler resmunga
e se levanta.
— Por favor, quero meu refrigerante! — Liz exclama.
Pego meu celular na bolsa para olhar as horas, ainda é cedo. Nem são oito horas ainda e eu
já me sinto cansada, o dia foi agitado.
— Você está bem? — Levanto meu rosto para olhar Aiden e guardo meu celular.
— Eu estou bem, não se preocupe. — Sorrio para a sua testa enrugada.
— Conseguiu conversar com eles? Sua mãe não parava de chorar enquanto você falava —
pergunta e eu assinto.
Logo que o desfile acabou e que subi na passarela junto com Liz e os modelos, eu agradeci
a presença de todas as pessoas presentes ali e aos que se mobilizaram com a doença e

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procuraram a Liz atrás de informações para fazer doações, isso foi muito gratificante para mim.
Mais gratificante ainda foi ter o apoio da minha família, foi maravilhoso ter apoio
transmitido por abraços e carinhos.
— E por que ele foi embora? — Aiden questiona, se referindo a Liam.
— Acho que foi um adeus, definitivamente acabou e eu nem tive tempo de me despedir da
forma que eu gostaria...
— E o que você está esperando para fazer isso? — Tyler me interrompe, colocando o balde
de bebidas em cima da mesa e senta-se ao meu lado.
O fato dele ter feito isso por nós dois e não ter me dado direito de escolha? Penso, mas não
falo nada.
— Eu concordo com o Tyler, você deveria ir — Aiden pontua.
— Mas nós estamos comemorando algo e... — Tyler me interrompe novamente ao levantar
com a garrafa de cerveja em mãos e me estende uma.
— Vamos fazer um brinde, não só a esse desfile de hoje, mas a conquista das minhas
meninas — ele diz olhando para mim e desvia o olhar para Liz. — A cada passo que elas deram
e eu acompanhei de perto, eu as vi crescer ano após ano. Das duas a Liz foi a que mais deu
trabalho, apesar que Amber bêbada supera e é um caos.
Dou risada acompanhando os demais e Tyler continua:
— Apesar do trabalho que dá cuidar de vocês, eu estou muito orgulhoso. Seus pais também
estão e se eles estivessem aqui nessa mesa agora, eles diriam:
— A vida é um sonho. Viva seu sonho baby, viva o seu sonho — eu e Liz falamos ao
mesmo tempo.
— Você deixou a Liz infantil para trás e se tornou a mulher que muitas deveriam ser, você
será uma excelente mãe e eu estou muito orgulhoso, cara — ele aponta para Henry —, se você
não casar com ela eu mesmo caso, que Violet não ouça isso.
— Não venha cortejar a minha mulher — Henry resmunga e abraça Liz.
— Eu gosto das enfermeiras — Tyler se defende e se vira para mim. — E você... é tão
difícil encontrar palavras para falar de você, se aquele cara não quiser ficar com você, chame o
Gael para resolver o seu problema de falta de sexo durante a viagem — brinca.
— Pula logo para o brinde gato, eu já estou no final da cerveja, quando você terminar de
falar não vai ter uma gota mais para brindar — Cooper resmunga se levantando e erguendo a sua
garrafa que está realmente abaixo da metade.
Me levanto depois que todos fazem o mesmo e ergo a minha garrafa intacta.
— Um brinde as duas irmãs que a vida me deu e a duas das mulheres mais importantes da
minha vida, que os próximos desfiles sejam um sucesso e as conquistas que virão. Um brinde a

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Privillège — Tyler finaliza.


Brindamos e bebemos nossa cerveja, minutos depois Aiden e Tyler voltaram a buzinar no
meu ouvido.
Sabe quando você tem um diabinho lado a lado? Eu tenho dois.
— Vocês não se cansam? — indago.
— O que você ainda faz aqui? — Tyler devolve.
— Seu voo não sai amanhã à tarde? O que está impedindo de ir se despedir da forma que
queria? — Aiden retruca.
— Não vai me ligar chorando depois — Tyler cantarola.
— Calem a boca vocês dois! — exclamo e me levanto pegando a minha bolsa pendurada na
cadeira. — Eu vou, mas não porque vocês dois estão pedindo e sim porque eu quero.
— Aham — ambos resmungam e eu reviro os olhos, já caminhando para a saída do pub.
Por sorte havia pego a chave do meu carro com a Liz. Procuro onde ela estacionou o carro e
quando o acho, destravo o alarme e entro, ligo o carro dando partida e indo diretamente para o
meu prédio, com diversos pensamentos desgovernados dentro de minha mente.
Um lado me diz que eu não posso fazer isto, pois irei sofrer ainda mais com a minha partida
para longe dele, enquanto o outro lado implora para que eu me despeça do jeito certo.
Assim que estaciono o carro na garagem, enquanto saía do carro e o trancava, envio uma
mensagem a Henry, lhe pedindo para descobrir para mim onde Liam estava, que eu iria até o
inferno atrás dele. Antes de me dizer, Henry me envia emojis de capetinhas sorrindo
maliciosamente e eu apenas retribuo com um revirando os olhos.
Caminhando pelo lobby do prédio, sigo direto para o elevador não cumprimentando
ninguém, já excitada de ansiedade. Dentro dele, aperto freneticamente o número do meu andar,
como se isso fizesse o elevador subir ainda mais rápido, porém, sei que é perca de tempo.
Quando o mesmo começa a subir e a música irritante se inicia, a mensagem de Henry chega, me
garantindo que Liam está em casa e sozinho. Ainda bem que ele me lembrou disto, imagina se eu
chego para me despedir de Liam e o encontro com alguém? Minha dignidade iria para o lixo
logo em seguida.
Entro em meu apartamento, indo direto para o meu quarto, com Snow atrás de mim latindo,
pedindo por atenção, mas eu apenas lhe dou um pouco de carinho antes de entrar no banho.
Retiro minhas roupas numa velocidade que eu nunca achei que alcançaria e me enfio debaixo do
fluxo de água quente. Me lavo em partes estratégicas e saio do banho minutos depois, não molhei
meus cabelos para não fazer escova e demorar ainda mais. Já em meu closet passo o perfume que
ele mais gosta em meu pescoço, seios, barriga e virilha. Visto um lingerie preta, com detalhes em
renda e minúscula em comparação aos meus seios e quadris. Foi um presente que ganhei de

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Liam na noite em que terminamos há cinco meses atrás. Sorrio melancolicamente, mas acho um
propósito para usá-la. A visto e procuro um sobretudo para esconder a lingerie pelo tempo que
for preciso. Faço uma maquiagem que realce meus olhos verdes, com uma sombra mais escura e
passo um batom vermelho no tom mais claro que tenho em meus lábios, para não ficar tão
evidente o que estou querendo em procurá-lo, mas ainda assim eu quero marcá-lo. Calço o par
de saltos scarpin que gritam foda-me! E irá expressar o que sinto neste momento.
Sei que estou colocando minha dignidade e sanidade em risco, mas eu irei arriscar mesmo
assim. Eu ainda o amo e mereço uma despedida de verdade. Nós merecemos.

Assim que cheguei próximo ao prédio de Liam, eu tentei desistir. Deixar tudo para trás e
seguir meu caminho longe dele. Mas quando coloquei meus pés no lobby do seu prédio, a
coragem que eu nem sabia que existia dentro de mim aflora e eu caminho confiantemente até o
porteiro, pedindo para me anunciar. Após o mesmo confirmar a minha subida, que Liam estava
esperando por mim e dar uma conferida em meu corpo, ele sorri e me indica o elevador.
Dentro do elevador, eu mentalizo e rezo para que tudo dê certo nessa minha façanha e que
eu não caia em perdição e faça alguma besteira com Liam. Não quero deixá-lo pior do que já
está.
Assim que a portas de metal de abrem, eu saio de dentro do elevador e caminho pelo
corredor até encontrar Liam encostado na porta, com uma calça moletom cinza e camisa de
mangas branca, mas que está apertada e realça seus músculos. Assim que me vê, arregala os
olhos e sua respiração acelera, fazendo com que eu me sentisse totalmente poderosa.
— O que aconteceu, Sunshine? Nós já...
Não falo uma única palavra, apenas o ignoro e passo por ele, parando no meio da sua sala
de estar, de costas para ele. Ouço a porta ser fechada, mas ele ainda continua distante, temendo o
que eu vim fazer aqui após a nossa conversa tensa no bar.
Meu Deus, o que estou fazendo?
Não, sem inseguranças. Eu o quero e terei.
Pela última vez.
— Amber?
Me viro e me desfaço do sobretudo, ficando de lingerie e saltos na sua frente. Liam ofega e
eu me aproximo do seu corpo, que está rígido e tenso. Coloco minhas mãos em seus ombros e
minha boca faz caminho em seu maxilar, encontrando o lóbulo de sua orelha, a qual dou uma
mordidinha e vejo sua pele se arrepiar, me fazendo sorrir.
— Me dê uma despedida de verdade. Eu o quero e sinto que você me quer também... Uma

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última vez, Liam.


Eu não precisei falar duas vezes.
Liam puxa meus cabelos e seus lábios encontram os meus em um beijo cru e faminto, como
se eu fosse a água e ele fosse um homem que caminhava há dias no deserto. Suas mãos passeiam
por meu corpo e eu solto gemidos inaudíveis, por ainda estar indecisa sobre essa ideia louca,
porém, tudo se esvai no momento em que seus dedos abaixam meu sutiã e encontram meus
mamilos sensíveis. Solto gemidos mais altos e Liam desce suas mãos, suspendendo minhas
coxas e eu enlaço sua cintura com minhas pernas, não abandonando sua boca em momento
algum.
​— Quarto? — Liam pergunta sem descolar os lábios dos meus.
— Se for para marcar algo, eu quero marcar todos os cantos do seu apartamento e da sua
vida — respondo em um sussurro.
— Ahh Sunshine... a minha vida já foi marcada por você a muito tempo.
Dito isso ele toma meus lábios novamente com voluptuosidade, nos leva até o sofá e me
senta em seu colo, posicionando minhas pernas uma de cada lado do seu corpo.
Afasto meus lábios dos dele e o olho no fundo dos seus olhos. A intensidade do seu olhar
me acende. Levanto a sua blusa e me desfaço dela no mesmo segundo, perco meu olhar em seu
corpo o admirando e gravando cada parte em minha mente. Desde as suas tatuagens que eu
aprendi a amar, até aos dedos dos seus pés.
Passo a língua em meus lábios e os aproximo do seu peito, tocando a sua pele macia e
quente, beijo cada tatuagem exposta dele espalhada por ali. Ele solta grunhidos baixos e desliza
as mãos pelas minhas costas, aquecendo ainda mais a minha pele e desata o meu sutiã.
Traço os beijos até o seu ombro, subo meus lábios beijando seu pescoço, bochechas e por
último beijo a sua boca. Sinto seu toque macio em meus seios, me fazendo jogar minha cabeça
para trás e soltar gemidinhos e suspiros de excitação. Ainda com uma de suas mãos em minhas
costas, ele me segura, inclina a cabeça e toca meu mamilo direito com seus lábios, traçando a
língua por toda extremidade dele e chupando com gosto e vontade.
Meu corpo começa a ganhar vida e se movimentar em cima dele, a cada caminho que seus
lábios fazem pelo meu colo e de um seio para o outro, meu corpo se move muito mais em cima
dele.
Ele morde meu mamilo me fazendo arfar e em um impulso se levanta do sofá, comigo em
seu colo.
— Eu quero você em minha cama Sunshine, lugar que é seu por direito — ele sussurra em
meu ouvido e aproveita para morder o lóbulo da minha orelha.
Liam me leva para o seu quarto e com muita destreza, me deita em sua cama e subindo

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devagar na mesma, ele beija meus pés e sobe os beijos pelas minhas pernas, até chegar em minha
virilha. Sem me tocar com as mãos, ele beija cada centímetro do meu corpo, sem poupar uma
parte que fosse. E quando seu rosto encontra o meu, ele apenas fica imóvel me olhando.
— Eu vou sentir falta de te olhar assim, de tocá-la assim — murmura rouco e desliza a mão
pela lateral do meu corpo até chegar em meu quadril e apertá-lo. Seus lábios deslizam pelo meu
queixo e param no canto da minha boca, com os lábios bem próximos aos meus ele sussurra: —
Isso não é um adeus definitivo Sunshine, é um até logo.
Eu não consigo responder, as palavras me faltam neste momento e eu apenas solto um
gemido contido, me controlando para não deixar minhas lágrimas virem à tona.
— Leve-me para o nosso mundo, Liam.
Liam beija meus lábios mais uma vez, enquanto seus dedos encontram o meu monte de
vênus e em seguida, meu clitóris. Solto um gemido alto dentro de seus lábios quando o sinto me
estimular.
— Céus, Sunshine — rosna e eu remexo meus quadris, buscando a minha liberação. Liam
me estimula rapidamente e eu fecho meus olhos quando sinto que o orgasmo vem forte e
massacrando o resto de sanidade que existia em mim.
Minha respiração é ofegante e a dele não é muito diferente. Seus dedos se afastam de minha
intimidade e eu solto um gemido de frustração, ouvindo sua risada rouca e baixa.
— Ainda não acabamos, Amber.
Abro meus olhos e sorrio maliciosamente, passando as mãos por seus cabelos
desgrenhados.
Ah, como ele é sexy!
— Não? — Mordo o lábio e Liam sorri. — Bem, prove-me então.
— Com todo o prazer — sussurra, me levando a níveis altíssimos de prazer.
Liam se afasta do meu corpo e fica de pé no fim da cama, não tirando os olhos dos meus.
Para provocá-lo abro minhas pernas à sua frente e me masturbo, mordendo meu lábio inferior
sedutoramente — eu acho — e Liam retira sua calça e cueca em tempo recorde, deitando em
cima de mim novamente, retirando minha mão e me penetrando fundo e sem piedade. Solto um
grito em forma de gemido e Liam sorri em meu pescoço, respirando sofregamente.
— Não me provoque, Sunshine. E eu espero não ter te machucado, porque eu não irei parar
tão cedo.
Remexo meus quadris e Liam solta um gemido em minha pele.
— Eu não disse em momento algum para parar ou que havia me machucado.
— Minha garota — rosna e eu tento não levar estas palavras para o meu coração, mas é
uma missão perdida.

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Liam segura em meus quadris e me penetra fundo e rapidamente. O som da junção dos
nossos corpos, os meus gemidos altos e seus rosnados baixos são extremamente eróticos e me
deixam cada vez mais excitada e louca pelo meu segundo orgasmo, que não demora a dar sinais.
— Liam... mais...
Liam aumenta as investidas contra mim e quando sua mão encontra caminho em meu
clitóris, é o meu fim.
O ar falta em meus pulmões.
O grito não sai, minha garganta o prende.
Minha vagina lateja.
Minhas unhas o arranham.
Logo em seguida, Liam se derrama dentro de mim, urrando meu nome no quarto escuro e
logo depois, o único som que podemos ouvir é nossas respirações descontroladas e ofegantes.
Liam se retira de dentro de mim e puxa minha mão na direção do banheiro.
— Segundo round, só que agora, será muito mais delicado. Você merece tudo o que é de
melhor, Sunshine.
Meus olhos se enchem de lágrimas e eu o abraço fortemente, não querendo esse fim para
nós. Liam segura minhas coxas e me segura no colo novamente, nos levando para o banheiro.

Olhos inchados, apenas de sobretudo e nada mais, deixo o apartamento de Liam.


Um bilhete repousava na bancada de sua cozinha, junto com uma bandeja de café da manhã
completa.
Eu chorava porque sabia que não teria um retorno.
Eu chorava pela despedida de nossos corpos.
Eu chorava por nunca mais poder vê-lo.
Era, definitivamente, um adeus.
Adeus, Liam.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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“Espere eu ainda te quero. Volte, eu ainda preciso de você.


Me deixe pegar a sua mão, eu vou consertar tudo juro te
amar por toda minha vida.”
Hold On – Chord Overstreet

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Liam

Eu esperava acordar no dia seguinte e sentir um peso em meus braços, ou uma cabeça deitada em
meu peito e seus cabelos vermelhos espalhados pelo meu rosto e travesseiro.
Mas não foi o que aconteceu.
Quando eu acordei pela madrugada ela ainda estava deitada em meus braços, levantei, fui a
cozinha, deixei bilhete para Maria preparar um café da manhã especial e voltei para cama. Mas
ao acordar pela manhã eu me frustrei ao notar o que ela tinha feito, sabe quando você é homem e
não quer nada além de uma noite com alguém e sai pela tangente antes da pessoa dar por sua
falta? Foi o que Amber fez.
Ela havia ido embora, simplesmente foi embora sem se despedir. Apenas me deixando um
bilhete e o café da manhã que a Maria havia preparado para nós. Releio o bilhete mais uma vez
enquanto faço o caminho de volta para o meu quarto.
De todas as promessas mal cumpridas,
ter você foi a melhor coisa.
Sento-me na cama e passo a mão no rosto ainda sem acreditar, quando afasto minha mão do
rosto, noto manchas vermelhas na palma da minha mão. Rapidamente me levanto e vou até o
banheiro, ao levantar meu olhar para me olhar no espelho, me deparo com as palavras, Je t'aime,
mon amour. Riscado em vermelho, mesmo vermelho que tenho em meu rosto.
Por uma parte nítida do espelho consigo visualizar meu rosto, há marcas do batom de
Amber por todo meu rosto, mas em um lugar em especial me chamou a atenção.
Toco meu peito e sorrio para parte do meu reflexo no espelho. Ela havia deixado um beijo
no meio da minha tatuagem de asas.
Amber havia marcado a minha vida e ela sabia disso. E agora ela deixou sua marca em mim
e eu irei eternizá-la.

Depois que eu saí do estúdio de tatuagem — onde eu fiz uma réplica do beijo que Amber
havia deixado no meio da minha outra tatuagem, que agora virou um beijo de asas —, recebi
mensagens do Henry, perguntando se eu iria com eles ao aeroporto me despedir de Amber. Se
ela quisesse se despedir, se ela quisesse que eu estivesse lá, ela não teria ido embora de manhã,
ela não teria deixado a bandeja de café que a Maria preparou em cima da bancada com um
simples bilhete.
Uma parte de mim queria ter ido ao seu encontro e me despedido. Mas sei que se eu
estivesse lá, talvez ela não teria ido e por mais que eu a ame e queira estar junto dela, Amber não
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está preparada ainda, talvez nunca esteja preparada para mim. E dessa vez eu não a impediria de
ir, ela tem que viver seu sonho, sua vida e seguir seus próprios passos. Amber precisa disso para
crescer e não seria eu a tirar isso dela.
É possível duas pessoas se amarem e não ser o suficiente? Infelizmente cheguei à conclusão
que realmente é possível acontecer isso.

5 meses sem Amber...

Hospital, clínica, casa do Benjamin e casa.


Essa tem sido a minha rotina desde então. Paparicar Chloé e Claire tem sido meu melhor
hobbie, eu havia pensado que meus pais seriam babões, mas acabei de ter e certeza de que eu sou
mais babão ainda.
— Qualquer dia desses eu vou deixar elas na sua casa e vou sair com o Benjamin — Ally
brinca ao me ver dar corda mais uma vez no móbile que fica pendurado no berço das meninas.
Faço isso no berço de cada uma, elas choram e eu puxo mais uma vez, elas sorriem e eu
sorrio também. Estou repetindo esse processo tem mais de meia hora e não me canso de fazer
isso se for receber o sorriso com dois dentinhos apontando para nascer.
— Você sabe que eu não vou me importar se fizer isso, mas acho que não conseguiria dar
conta de duas sozinho.
O que é verdade, elas estão com sete meses e espertas demais, engatinham a casa toda e
deixam Ally e Benjamin loucos as procurando.
— E você sabe que Benjamin não deixaria nem morto você ficar com elas, aquele lá respira
ciúmes.
— Acho que no lugar dele eu não seria diferente, ainda mais com duas meninas, embora eu
seja louco para ter uma.
— Ainda mais se ela puxar a mãe e herdar os olhos verdes ou os cabelos vermelhos — ela
murmura e eu viro meu rosto para encará-la. — O quê? Fala sério, faz meses que ela se foi, você
ainda pensa nela e não vai atrás porque não quer, você sabe todos os passos dela o que você
espera para ir atrás dela?
Fico pensando e não encontro respostas para a sua pergunta, eu simplesmente não sei o que
responder.
— Como eu pensei — resmunga contragosto e com seu nariz arrebitado como a irmã
costumava fazer. — Pode olhar elas enquanto eu vou tomar banho? — pergunta e eu assinto, a

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vendo sair pela porta.


Puxo mais uma vez a corda do berço de Claire, que começa a choramingar baixo e divago
pensando na pergunta sem resposta de Ally.
Às vezes abro a porta do meu quarto e está aquela bagunça, para achar algo é preciso um
bom tempo. Olho para um lado, olho para o outro e logo penso “preciso dar um jeito nessa
bagunça, voltar as coisas para o seu devido lugar”. Não é que eu queira dar uma faxina, só
preciso fazer as coisas voltarem a ser como era antes. Confesso que bate aquela preguiça ou a
vida está corrida e deixo para depois. Vou deixando para depois, até que chega um momento que
vejo que não tem mais como adiar, que isso passou a ser uma desculpa a ser usada para poder
absorver a falta que ela fazia na minha vida.
Fico me perguntando se é só a minha vida que se assemelha tanto com meu quarto ou tudo
a minha volta.

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“Eu me lembro de anos atrás. Alguém me disse que eu deveria ter.


Cuidado quando se trata de amor, eu tive.”

Impossible – Shontelle

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Amber

Muitas pessoas acreditam e acham que só porque duas pessoas se amam muito devem e tem que
ficarem juntas, mas não é assim que funciona. O amor não é tudo.
Nunca foi e nunca será.
Eu levei um tempo para entender isso, aprendi da pior forma? Sim. Mas eu aprendi e hoje
me tornei quem eu sou graças a isso.
Como o Tyler sempre me diz: Mares calmos nunca fizeram boas sereias. E você não é
qualquer sereia, Amber.
Sorrio só de lembrar do meu amigo me falando isso após me deixar no aeroporto há dois
meses.
Eu estou viajando pelo mundo representando a Privilège, nesse um ano e dois meses viajar
foi o que eu mais fiz. Não sei o que é estar em casa mais e atualmente me divido entre a minha
nova vida em Los Angeles onde tenho uma segunda filial da minha loja e uma casa bem próxima
a praia de Santa Monica e a minha antiga vida em Manhattan, onde estão as pessoas que eu amo,
a minha família e meus amigos.
Eu estou feliz e satisfeita com a minha vida hoje. Eu estou orgulhosa de mim mesma.
Hoje o meu destino está sendo Paris. O amanhã ainda é indeciso, isso foi uma das coisas
que eu mais levei tempo para aprender e aceitar, a indecisão do dia de amanhã, viver o hoje é o
que eu tenho feito desde que aprendi a fazer isso.
Talvez Liam estivesse certo quando havia me dito que não estava pronto para essa vida que
eu iria levar, nem eu mesma estava pronta no começo. Foi assustador e difícil se acostumar aos
fusos horários.
— Senhorita, podemos ir? — Gael meu fiel escudeiro me chama e eu assinto.
— Você sabe que não precisa ficar de babá, não é? — indago.
— Eu não tenho nada de interessante para fazer por aqui senhorita Amber, onde mais um
velho como eu iria? — Gael retruca me fazendo rir.
— Você é mais novo que o meu pai Gael, é dois anos mais novo que eu, não exagera. E se
você falar senhorita mais uma vez, eu vou quebrar os seus dentes — resmungo cerrando meus
dentes.
Gael ri dando de ombros e fecha a porta do quarto. Fizemos o caminho até saída do hotel,
um alfinetando o outro, isso não é novidade.
— Vai procurar um rabo de saia para você e deixa o meu — falo enquanto andamos em
direção a saída e entramos no táxi que eu havia pedido. — Quando voltamos desse desfile eu
quero você bem... bem longe de mim. E espero que esteja se divertindo.
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— É irônico me mandar sair e se divertir, quando você mesma fica no quarto trancada.
Convenhamos que você está em uma posição que não pode exigir nada.
— Gael, eu sou a sua chefe e você está aqui comigo a trabalho, portanto eu mando e
desmando nesse seu rabo bonitinho a hora que eu quiser.
— E você adora esse rabo bonitinho — Gael murmura.
— Eu acho que você deveria calar a boca — retruco impaciente.
Era sempre assim, Gael me irritava, me distraía, cuida de mim a mando de Tyler e Henry e
ainda me controla quando saímos. Não me envolvi mais com ele, depois que ficamos pela
primeira vez quando eu fui ao Brasil, nunca mais aconteceu. E o lado bom nisso tudo é que não
afetou a nossa amizade, que hoje é tão forte quanto antes.

O desfile foi bem longo e eu suspirava a cada nova coleção de primavera que passava pela
passarela, já Gael suspirava a cada hora que entrava um rabo de saia.
Durante o desfile eu tive a impressão de ser observada, comentei com Gael e ele disse que
seria impossível eu não me sentir assim, já que havia várias pessoas ao meu redor e de frente
para mim. Eu concordei com ele, mas agora andando pelas ruas de Paris a sensação de ser
observada me toma novamente e o medo se apodera de mim. Eu deveria ter deixado Gael vir
comigo, mas estamos aqui há dois dias e só trabalhamos, ele merecia um pouco de diversão,
coisa que eu tenho que voltar a conhecer, qualquer dia desses eu vou embarcar com Gael em suas
aventuras.
Eu passei muito tempo da minha vida amando e vivendo em pró de uma pessoa, até mesmo
quando ela não estava por perto e eu sempre arrumava alguém para jogar a culpa.
É normal do ser humano colocar a culpa em alguém. E a minha culpa sempre era colocada
no destino. Eu sempre quis ele, até então ele sempre me quis, porém não era pra ser. Eram anos
que deviam ser esquecidos de uma hora para outra.
Não existe dor maior do que a de perder o seu grande amor. Até então ambos
acreditávamos que no final tudo iria dar certo. Algo que aprendi com tudo isso é que
relacionamento deixa marcas que talvez o tempo nunca cure. A única coisa que posso dizer é
que chegou um momento em que eu não me reconhecia mais, achei que nunca seria capaz de
esquecer, de superar.
Talvez eu pensasse isso por medo, medo de que eu realmente superasse, seguisse em frente
e isso fizesse com que eu o esquecesse e deixasse de amá-lo, eu não sei porque, mas sei que foi o
que eu mais quis que desse certo. Apostei todas as minhas fichas e levei um tempo para aprender
como recomeçar. Talvez o destino tenha cooperado para que desse certo, mas o amor não foi

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suficiente para aguentar as dificuldades. Talvez fosse o contrário, o destino estava nos ajudando
e nós estragamos tudo. Eu com a dor de não estar junto, de pedir uma resposta e viver presa ao
passado e ele com seus planos e certezas.
Eram tantas coisas que deviam ser seguidas, porque ele tinha aquela sensação que tudo tem
que ter uma ordem. E eu por outro lado não concordava.
Acho que queríamos ser tão perfeitos que estragamos o que tinha de melhor em nós. E com
toda certeza aquilo que vivemos quando eu voltei não era amor, era apenas duas pessoas que
tinham vontade de alguém. Duas pessoas que simplesmente se perderam no meio dos seus
sentimentos. Eu tento colocar as palavras certas para expressar o que sinto, mas é algo tão
complicado, tão difícil. É meio que uma bagunça que foi boa e ao mesmo tempo não. E depois
de toda essa bagunça estou aqui tentando me reorganizar novamente.
Eu amava o Liam, mas a vida segue e seguir em frente faz parte.
Eu sei que eu havia dado a ele algo com que ele pudesse sonhar quando estávamos juntos,
mas a verdade é que ele estava “nessa” e eu não. Eu não namorava o Liam do presente eu estava
namorando e tinha acabado de ficar noiva do Liam do passado, eu dei e tirei algo dele ao mesmo
tempo naquela época.
A última vez que eu o vi, foi a cinco meses, no aniversário dos gêmeos da Ally. Foi
inevitável não sentir toda aquela turbulência em meu estômago e em meu coração, mas aí eu
lembro da forma que eu fui embora da casa dele há um ano atrás, sem me despedir e sem olhar
para trás.
Ele estava certo, tempo foi o que eu precisava.
Nós não nos falamos, apenas trocamos olhares durante o aniversário, nada mais. A última
vez que tivemos um diálogo de verdade foi no ano novo, um mês após eu começar a minha
rotina fixa de viagens e me mudar para Los Angeles. Não pude passar o ano novo com minha
família e amigos, mas em nenhum momento eles esqueceram de mim, Liz me fez uma vídeo
chamada e eu pude estar com todos eles mesmo de longe. Meu coração quase parou quando eu o
vi na tela do meu celular.
— Eu sinto a sua falta, eu queria que você estivesse aqui. A Itália é linda — murmuro sem
conter um sorriso ao falar com ele.
— Eu também estou sentindo a sua falta Sunshine — Liam diz em um fio de voz.
— Será que um dia você vai estar pronto? — pergunto e o ouço hesitar do outro lado da
linha e soltar um suspiro. — Tudo bem, eu entendi.
— Você precisa de você mesmo antes de precisar de alguém.
— Não diga isso... Eu preciso de você.
— Sunshine, ouça o que eu vou te falar — ele diz e faz uma pausa esperando a minha

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resposta. Faço um som com a boca concordando enquanto o encaro pela tela do celular. — Eu
amo você Amber, esperei cinco anos por você, cinco anos para que você me quisesse e esperei
todos os dias para que você passasse pela porta. Eu me senti completo só com a sua presença,
mas você mesma não estava completa. Você me ensinou coisas valiosas Sunshine e uma delas foi
que, você não tem que se completar a uma pessoa, não sou eu que tenho que te completar. É
certo que duas pessoas que se amam se completam de diversas formas, mas não da forma que eu
estou te falando. Você tem que estar segura, bem com você mesmo antes de se juntar a alguém,
você tem que crescer sozinha para depois somar e crescer com outra pessoa. Só que eu não vou
esperar, eu não posso esperar por suas mudanças, nós merecemos muito mais que isso, nós
merecemos essa chance de recomeçar.
Foram duras as suas palavras, admito. Ele estava completamente certo e hoje reconheço
isso mais do que nunca. Eu nunca respondi o que ele havia me dito, na hora senti meu coração
parar, pela segunda vez Liam havia dito não para nós e sim para minha liberdade.
Ele estava sendo o Liam altruísta que sempre foi.
Mesmo arrasada eu fiz o que ele queria que eu fizesse e sabia que eu fiz a coisa certa, que
por onde quer que o meu destino me guiasse eu estava fazendo a coisa certa. Você sabe que é
verdadeiro quando no final das contas as duas pessoas que se amam terminam juntas e eu não
sabia se isso cabia a nós.
Eu precisava de mais, eu precisava me sentir pronta.
Paro no sinal esperando que ele se feche, os carros passam em uma velocidade que quase se
tornam imperceptíveis e isso faz com que meus cabelos voem para o meu rosto. Afasto cabelo do
meu rosto e volto a olhar para frente, e então eu o vejo, ele está parado do outro lado da rua com
as mãos no bolso do sobretudo preto, tão lindo quanto antes estava.
Ele sorri para mim e acena positivamente com a cabeça, meu sorriso se abre no mesmo
momento em que o sinal fecha.
Atravesso a rua e ele faz o mesmo, passamos um pelo outro e trocamos novamente sorrisos
e olhares.
E foi aí que eu senti que ele estava pronto. Eu estava pronta.
Nós estávamos prontos para seguirmos em frente.

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“É melhor você me beijar. Antes que nosso


tempo se acabe.”
XO – John Mayer

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Liam

6 anos mais tarde


— Tio Liam — grita, o pequeno individuo fantasiado de homem de ferro, que corre em
minha direção e abraça a minha perna.
O pego no colo jogando-o para o alto, o som de sua risada estridente ecoa pelo corredor.
— Ora se não é o meu pequeno homem de ferro — falo, bagunçando seus cabelos negros.
— Eu gosto do Batman, mas a mamãe não achou a fantasia e teve que ser o homem de ferro
— informa emburrado.
— Vince? O que o papai falou sobre isso com você? A mamãe vai ficar chateada se ouvir
você dizendo que não gostou do presente dela — Tyler o repreende quando chega em nosso
encalço.
— Você faz muita pressão com essa criança, Ty — falo, olhando para Vince que está com o
semblante triste. — O tio Liam vai dar de presente para você, mas você tem que me prometer
uma coisa tudo bem? — indago e ele balança a cabeça confirmando.
— Se não cumprir o que se promete o que acontece Vince? — Tyler indaga, nos
observando de braços cruzados.
— A mamãe vai dar vacina do bumbum e o Vince vai chorar, porque vai doer. Vince não
gosta de vacinas — o garoto responde, repreendo a vontade de rir e olho para Tyler.
Não duvido nada que ele use isso para chantagear a pobre criança.
— Eu vou comprar para você a fantasia do homem de ferro, nem que eu tenha que rodar o
país inteiro atrás dessa fantasia para você. — Ele se agita no meu colo comemorando. — Mas,
com uma condição, você não pode dizer para a sua mãe que não gostou do presente dela e vai lá
onde ela está agora e vai dar um abraço nela. Depois vai agradecer pelo presente, estamos
entendidos? — questiono.
— Sim... sim! — grita em meu ouvido e eu coloco no chão. No mesmo instante ele sai
correndo pelo saguão do hospital a procura de Violet.
— Já não basta você estragar os seus, agora quer estragar o meu filho, vai estragar as suas
sobrinhas — Tyler resmunga.
— Ben já faz isso por mim e por ele — informo e nós dois rimos. O que não é mentira, uma
vez que Ben fica de quatro pelas gêmeas, que hoje tem sete anos. — O que ele faz aqui esse
horário? Não deveria estar na escola?
— Hoje foi dia de festa da fantasia cara, as crianças saem mais cedo. Se você está aqui,
quem foi buscar... — Não espero Tyler terminar de falar, tiro o meu jaleco e empurro em seu

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peito e ele o segura.


— Porra. — Rosno. — Eu esqueci completamente disso, pede a Violet para me manter
informado sobre qualquer emergência.
— Emergência você vai ter, se não sair daqui agora — ele diz humorado.
— Vai rindo, isso é porque não é com você — retruco.
— Minha mulher é bem convincente quando diz: Tyler, se algo acontecer com o Vince
você é um homem morto está ouvindo? Hormônios da gravidez, você sabe como é. — Dá de
ombros. — O que você ainda está fazendo aqui? Acho que vou fazer uma ligação aqui rapidinho
— ameaça.
— Você não viu isso acontecer — grunho e saio correndo antes que eu chegue mais
atrasado ainda na escola.

Vinte e cinco minutos depois estacionei em frente à escola das crianças, suspiro aliviado ao
notar que ainda haviam muitas outras crianças saindo.
Saio do carro e caminho até o portão, onde sou logo reconhecido e uma professora ou sei lá
o que ela é, traz as crianças para mim.
— Você está atrasado — a primeira a aparecer na minha frente resmunga mal-humorada
torcendo o nariz.
— Tão pequenininha para um humor tão gigante — retruco apertando seu nariz e sou
ignorado.
Espero os outros dois se aproximarem, pego as mochilas dos três e em correntinha de mãos
dadas, os três caminham ao meu lado na direção do carro estacionado na calçada. Abro a porta
para que eles entrem e a fecho em seguida, assim que entro no carro aciono a trava de segurança,
ao menos isso eu não posso esquecer.
— Pelo menos disso você se lembra — um deles resmunga. Só não sei qual.
Hoje definitivamente não é o meu dia. Espera... deixa eu ver, é sim. É o meu aniversário e
até agora só aconteceu coisas desagradáveis.
Eu estava sendo ignorado o caminho todo até em casa e isso nunca tinha acontecido antes,
eles eram bem-falantes e hoje todos me ignoravam. Coisa que durou pouco tempo.
No mesmo segundo em que a paz imperava no carro durante o trajeto, ela desmoronou.
— Um, Dois e Três, parem já! — exclamo chamando a atenção das três crianças sentadas
atrás de mim.
— Mas pai... — os três choramingam juntos, me fazendo sorrir.
— Chega, Dois toma conta de Um e Três — resmungo.

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— A mamãe disse para você não nos chamar assim — Um resmunga de braços cruzados.
— Sua mãe diz muitas coisas que o papai não obedece — falo, fitando do retrovisor a dona
da voz de braços cruzados, sorrio com essa imagem, ela é a cara da mãe quando está emburrada.
— Ela disse que você é um malcriado — Três diz.
— Papai é malcriado que nem você — Um diz para o outro ao lado dela rindo.
— Você é uma bobona — Dois resmunga e bota língua para Um ou seria Três? — Pai, por
que você me chama de dois se eu sou o único menino entre elas?
— Por que vocês estão agitados assim hoje? — retruco fugindo da pergunta.
— Você se atrasou papai — Um responde por todos.
— E vocês estão assim por um atraso de trinta minutos? — pergunto franzindo a
sobrancelha.
— Sim! — os três respondem em uníssono.
— Tio Tyler foi buscar Vince, tia Liz foi buscar Miá e nós ficamos — Um começa, sendo
atrapalhada pelo som do celular que começa a tocar.
— Isso não vai acontecer de novo, o papai promete — dou-lhes a minha palavra e eles
assentem logo voltando a atenção para o desenho que algum deles colocou no iPad que fica no
suporte do carro.
Conecto o celular ao som do carro e atendo a ligação.
A ligação fica muda por um momento, o que me é estranho e antes que eu pudesse
perguntar quem é, as crianças começam a falar alto, aproveito que o sinal fechou e olho para trás
e solto um suspiro.
— Dois, para de implicar com a sua irmã, devolve o iPad para o suporte — chamo a
atenção dele.
— Mas pai, elas só querem ver esses desenhos de princesas — diz, emburrado.
— Liam, o que eu disse sobre chamar as crianças assim? — Volto a olhar para frente.
— Mamãe — os três falam gritando animados. — Ele está chamando a gente assim o tempo
todo — Um me entrega.
Fofoqueira. Vai ficar sem o sorvete escondido da noite.
— Meus amores, a mamãe está morrendo de saudade! — exclama. — Pode deixar que a
mamãe vai colocar o papai de castigo.
Ah não, castigo de novo não. Sempre que ela me coloca de castigo eu acabo dormindo
sozinho no quarto e ela vai para o quarto de hóspedes e dorme com os três na cama me deixando
sozinho, mas depois eu dou um jeito e me enfio entre eles. Essas são as melhores noites para
mim, em que dormimos todos juntos.
— Eu até chamaria pelo nome deles se eu soubesse quem é quem, mas adivinha? Os três

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estão vestidos de Mickey e eu não sei diferenciar quem é quem — retruco.


— Meu Deus, amor. — Sua gargalhada preenche o carro, me fazendo sorrir. Eu sempre vou
amar todos os sons que sai da boca dela. — Como você confunde o Syon? Ele é o único menino
Liam! — exclama e posso sentir daqui a sua indignação.
— Os três estão com orelhas de rato baby, não tenho culpa. Eu disse para você colocar Um
e Três de CTRL+C e CTRL+V, e deixar Dois neutro. Você não me ouviu... — me defendo.
Quando eu chamo eles pelo número eu só sei quem é Syon, afinal ele é o Dois, sempre está
no meio delas e o único menino, então não tenho como me enganar quanto a ele. Agora Um e
Três é complicado, elas são idênticas, desde o cabelo até a cor dos olhos.
— Liam, Zöe é a Minnie que está com o laço rosa e Amy é a de vermelho — explica como
se fosse o óbvio e olho rapidamente para trás, só agora eu noto a diferença do laço da touca de
orelha das meninas.
— Elas deveriam usar plaquinhas quando se vestem igual — resmungo. — Eu ainda
preferiria a ideia do copiar e colar ou os três anões, zangado, feliz e mestre parece até que esses
nomes foram dados pensando neles, hoje eles estão nesse estilo, Zöe está zangada, Amy feliz
como sempre e Syon fazendo o papel de mestre e irmão mais velho como eu ensinei. — Mais
uma vez ela ri.
— Syon não é o mais velho, Zöe que é!
— Mas finja que é cacete, ele tem que ficar de olho em quem se aproxima delas e ele
precisa se sentir mais velho para isso.
— Isso é uma mentira deslavada, você que não sabe quem nasceu primeiro. Você é um
péssimo pai — brinca.
— Eu sei quem nasceu primeiro, só não quero que Zöe seja mais mandona que já é —
murmuro. — Eu sou um ótimo pai — afirmo e ouço seu riso debochado.
— Três anões — brinco os chamando e ganho a atenção dos três. — A mamãe está dizendo
que eu sou um péssimo pai, o que vocês acham disso? — pergunto estreitando meus olhos para
os três atrás de mim.
Vão ficar sem sorvete se falarem que sim — sibilo para eles.
— É o melhor — confirmam em um grito.
— Acho que alguém aí está errada — provoco. — Como estão as coisas aí na clínica? Eu
deveria ir te ajudar, mas teve uma cirurgia de emergência.
— Foram calmas, nada com o que se preocupar — informa.
E eu acho estranho, ela havia me ligado mais cedo desmarcando o almoço, dizendo que
surgiu um problema na clínica, mas que não era para eu me preocupar que ela resolveria por
mim.

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Sienna mentiu para mim em algo, isso está estranho e as histórias não batem. Eu estive na
clínica ontem e estava tudo bem.
— Tem certeza? — pergunto desconfiado e desligo o carro logo que eu estaciono em frente
em casa. — Eu posso passar aí com as crianças, chegamos em casa agora, mas daqui até aí são
quinze minutos — sugiro.
— Não precisa, eu já estou indo para casa também, nos vemos logo. Eu amo vocês — se
adianta.
— Amo você também, crianças dizem para a mamãe que vocês a amam.
— Te amamos mamãe — os três respondem.
— Eu quero ver vocês logo — choraminga. E eu pigarreio. — Tudo bem, eu vou desligar.
Desligo sem esperar que ela desligasse, ela não ia desligar nunca.
Saio do carro e abro a porta para as crianças saírem também. Espero cada um soltar o cinto
de segurança e saírem do carro, pego as mochilas deles, enquanto eles saem correndo em direção
a porta.
— Zöe não corre — falo, fechando a porta do carro e acionando o alarme em seguida.
Não adianta falar não corre que é aí que elas correm mesmo. Os três pararam em frente a
porta e ficaram à minha espera para que eu abrisse.
— O papai está tão lerdinho hoje — Amy murmura para os outros.
— Até você Amy? — indago surpreso.
— Desculpa papai — ela diz olhando para os pés e cruzando as perninhas.
— Só depois que você encher o papai de beijos.
— Eu faço, mas antes eu preciso fazer pipi.
— Tudo bem princesa, não precisa ser agora.
Abro a porta e os três correm para dentro de casa como se tivessem jatos nos pés.
— Três anões — chamo por eles. Enquanto subo as escadas. — Onde vocês estão? — Não
tenho respostas.
Procuro por eles por todos os cômodos do andar de cima e não os encontro, eles
simplesmente sumiram pela casa, imaginei que eles estivessem no quarto de brinquedos, mas não
estão.
— Amy, onde vocês estão? Grita para o papai saber — peço mais uma vez, mas é em vão.
Hoje com três filhos, posso dizer que sei o que Ben passava quando Claire e Chloé
engatinhavam e iam parar em baixo da mesa, cama ou escondidas na cozinha. Comigo não foi
diferente, já encontrei Zöe debruçada no vaso sanitário e rindo, quando fui ver do que ela estava
rindo, me deparei com meu celular dentro da privada.
Syon com um ano se escondia em baixo das saias da Maria e Amy era a mais quietinha, não

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dava tanto trabalho assim, tirando a vez que ela jogou o carrinho na cabeça da Zöe de birra e que
fez Snow de boneca, até hoje ele corre dela quando se aproxima.
Mas Zöe, bom... Ela não é fácil, de todos é a mais geniosa, é a junção perfeita minha e da
mãe quando damos choque.
— Papai, a Zöe tá puxando meu cabelo.
Viu, eu disse.
— Zöe não puxa o cabeço da Amy — grito de onde estou e meus olhos percorrem por todo
o lugar a procura deles. — Péssima hora para brincarem de esconde-esconde, se vocês não
aparecerem eu não vou dar sorvete escondido da mamãe.
— Papai, você está contando nosso segredo — Syon fala alto e rindo. Ouço vozes, mas eu
não sei distinguir de onde vem o som.
Procuro eles pela sala, em baixo da mesa da sala de jantar, na cozinha e o último lugar que
me vem à cabeça para procurar é o jardim, de ondem vem um ruído que pode ser ouvido antes
mesmo que eu chegue às portas de vidro que leva até o jardim e estranho.
As persianas estão abaixadas, não me lembro de ter deixado o controle no baixo onde os
três poderiam alcançar e por incrível que pareça o controle não está no baixo, está em cima da
bancada da cozinha. Pego o controle e pressiono o botão para levantar as persianas, espero
impaciente e enquanto ela se levanta fito através do vidro a piscina e isso é o que mais me
preocupa, as crianças e piscina. Jamais me perdoaria se algo acontecesse com elas.
Quando finalmente as persianas se suspendem, passo pela porta às cegas e em desespero.
— Surpresaaa!
Gritos vindo do meu lado esquerdo me surpreendem, fazendo com que eu vire meu rosto e
me depare com as três criaturinhas sapecas sem as fantasias e cada segurando um balão. Meus
pais, sogros amigos e a minha mulher estavam em minha frente.
— Papai, papai... — Os três correm e abraçam as minhas pernas.
— Por favor papai, não tira nosso solvetinho — Syon diz ao soltar a minha perna e suas
irmãs fazem a mesma coisa.
Me agacho na frente deles e os chamo com a mão para se aproximarem.
— Continua sendo nosso segredo, mas o papai vai ter que mudar os dias do sorvete e
horário — sussurro baixinho só para eles ouvirem.
— Plomete? — Zöe pergunta.
— Prometo.
Um pigarro chama a nossa atenção, não preciso levantar a cabeça para saber de onde veio
esse som.
— Ih o papai vai ficar de castigo — Zöe murmura sorrindo sapeca e sai na companhia dos

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outros dois quando Vince os chama para brincar.


Aproveito para me levantar e encarar a ruiva brava e de braços cruzados em minha frente.
— O que foi Sunshine? — indago sonso.
— Então você fica dando sorvete para o trio escondido? — pergunta, fingindo estar brava,
mas o vestígio de sorriso no canto dos seus lábios a entrega.
— Eu vou ficar de castigo? — retruco e enlaço a sua cintura com a minha mão direita a
puxando para mim. — Se eu for ficar de castigo é mentira deles, mas se eu não for, confesso que
pode ser verdade.
— Você é mesmo impossível — murmura e encosta levemente seus lábios nos meus. —
Feliz aniversário, para o melhor pai e marido do mundo, seu presente está lá em cima —
completa e circunda seus braços em meu pescoço.
— Eu não preciso de presente, eu já tenho o melhor presente de todos e isso eu ganhei há
seis anos... Vocês — concluo e beijo seu maxilar. — Agora eu vou te beijar.
— Por favor — exige sorrindo e eu a beijo, antes que ela ousasse falar qualquer coisa.
Beijar Amber era sempre como beijá-la pela primeira vez, tudo com ela era único, seus
beijos, seus toques, seus sorrisos, ela é única.

Depois que me despedi de todos, limpei a bagunça que ficou pela casa, enquanto Amber foi
colocar as crianças para dormir, elas brincaram e pularam tanto no pula-pula que se cansaram.
Subo para o nosso quarto e me deparo com a cena mais linda e privilegiada que eu vejo
quase todos os dias, os quatros dormem na cama, Zöe está deitada em um braço e Amy em outro,
Syon o mais esperto está deitado em cima da mãe, com cabeça encostada em seu peito. Os três
brigam pela atenção dela e todos três conseguem ter 100% da atenção total dela, nenhum deles
recebem mais ou menos, eles recebem por igual.
A maternidade caiu muito bem em Amber, ela é uma mãe incrível e dedicada. Eu tenho
muito orgulho de vê-la se superar nesse quesito a cada dia que passa e isso só foi possível graças
ao nosso pequeno Luca, que a ensinou amar como uma mãe e brigar como uma leoa.

Seis anos antes.

Eu estava na cidade escandalosa, despudorada e absurdamente linda, Paris.


Paris estava sendo uma rota para o meu novo começo.

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Estou seguindo seus passos desde que a observei deixar o hotel, tão linda quanto antes,
Amber estava sorrindo estonteante. Meus olhos não a perderam de vista em momento algum,
desde o início do desfile, no qual eu a observava de longe da última fileira, até o final.
Agora ela está caminhando sem rumo pela movimentada rua Avenue Montaigne, eu sigo
atrás dela, mas do lado oposto para que ela não me note, seu olhar passeia ao redor duas vezes
seguidas, esperta como sempre, deve ter percebido que está sendo seguida.
Decidido a ir até ela e parar com essa caça ao tesouro, paro de frente para faixa de
pedestres à espera do sinal se fechar, entre um carro e outro que passa correndo, eu a vejo.
Parada olhando em minha direção, quando ela finalmente nota a minha presença eu sorrio e
aceno com a cabeça, o sinal se fecha, mas meus olhos ainda estão nela e no seu sorriso que se
abre direcionado a mim. E então ela dá um passo à frente
Vem para mim Sunshine.
Não aguentando a agonia, atravesso a rua e passo por ela, nossa troca de olhares foi clara
e objetiva. Estava bem aqui na minha frente o meu novo começo, nós estávamos prontos um
para o outro. Nós mantivemos a nossa troca de olhares até estarmos novamente andando na
calçada, agora juntos e lado a lado.
— Oi, sou Liam e você? — murmuro acompanhando seus passos.
— Amber, mas pode me chamar Am ou Sunshine. Como preferir — responde com um
sorriso no rosto.
— Gostei de Sunshine é um belo apelido.
— Gosto de como ele soa na sua boca.
— E gostaria de sair comigo um dia desses? Para beber ou comer alguma coisa? Prometo
que sou confiável e a deixarei segura em casa.
Ela para de andar e se vira para mim, estamos frente à frente e parece que meu coração
vai saltar a qualquer minuto. Ah Sunshine, que saudade...
— Até gostaria, mas infelizmente eu estou indo embora.
— Embora? — indago surpreso.
— Sim, embora — responde firme. — Minhas viagens se encerraram e eu estou voltando
para Manhattan, deixei pessoas lá e alguém que eu quero muito recuperar.
— E esse alguém vale esse esforço? — questiono, analisando seu rosto.
— Esse alguém vale a minha vida — afirma convicta.
— Então eu acho que vou voltar para Manhattan e te esperar lá — retruco segurando
minha vontade de beijá-la.
— Você não ousaria — resmunga entre dentes e dá um puxão em meu sobretudo, me
puxando para mais perto de si.

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— Nah, pode apostar que sim, vai ter uma ruiva batendo na minha porta me procurando,
acho que eu preciso arrumar a bagunça que está o meu apartamento e esconder as coisas em
baixo da cama ou do tapete, você acha que se eu te levar comigo dá para escondê-la em baixo
da cama, antes dela chegar? — provoco e ela solta uma risada sarcástica.
— Acho que ela ficaria muito brava.
— Perfeito, gosto quando ela está brava, ela se torna sexy e determinada.
— Liam, cala a boca — rosna. — E me beija.
— Prazer em lhe conhecer, Sunshine.
Me inclinei para beijar a sua boca, sem me importar com as pessoas que passavam a nossa
volta. Naquele momento só existia nós e a nossa saudade, não havia espaço para mais ninguém.
Eu sentia falta dos seus lábios macios e quentes, dos seus toques e do calor do seu corpo. Eu
amava tudo em Amber e não me importaria em recomeçar a minha história no livro da vida, se
ela estivesse ao meu lado.
Nós voltamos para a nossa vida normal em Manhattan, ela trabalhava sem parar na loja e
eu na minha clínica e às vezes no hospital, nos víamos em meio as nossas correrias, mas quase
todos os finais de semanas um estava no apartamento do outro. Decidimos começar da forma
que deveria ser, tivemos nosso primeiro encontro em Paris, a deixei na porta do hotel após
nosso jantar, tivemos outra primeira vez e depois que viemos para Manhattan a pedi em namoro
e a benção do Enzo. Concluindo, estamos namorando há seis meses e tudo agora parece estar
no seu devido lugar.
Estava prestes a me deitar para dormir quando a campainha tocou, o que me é estranho, já
que são mais de dez horas da noite de uma segunda-feira chuvosa. E eu não esperava por
ninguém, havia me despedido de Amber por telefone há meia hora, essa hora ela devia estar
dormindo...
Ou não... — concluo meu pensamento ao abrir a porta direto sem olhar pelo olho mágico e
me deparar com Amber.
O sorriso que havia estampado no meu rosto ao abrir a porta e vê-la morre de imediato,
quando meus olhos caem para as duas malas em sua volta. Volto a olhar para ela em busca de
explicação.
— Você pode me explicar o que está acontecendo e o que é isso? — questiono nervoso.
Ela não pode estar pensando em me deixar de novo, não pode.
— Eu estava procurando uma forma de fazer isso, mas eu estava ansiosa demais e... — Ela
para de falar e se ajoelha no chão sem tirar seus olhos do meu. — Eu venho pensando que talvez
nós começamos da forma errada a muitos anos atrás, mas aí eu me pergunto há uma forma
certa para o amor? Existe um padrão que nos diga e ensina a forma certa de amar? Porque eu

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acho que não, se existe eu desconheço, porque o amor que eu sinto por você ultrapassa todos os
limites e todas as barreiras. Nós nos separamos duas vezes e voltamos todas as duas e se isso é
uma forma errada de amar uma pessoa, eu quero continuar amando errado para sempre. Eu
amo você Liam, eu passei até a gostar um pouquinho — ​ela mostra o espaço pequeno entre o
polegar e o indicador —, mas só um pouquinho de médico por amar você, eu gosto da sua voz
rouca quando você acorda pela manhã e dos seus cabelos desgrenhados, gosto de olhar seu
rosto amassado e marcado, gosto de quando você acorda reclamando que comeu meu cabelo ou
quando reclama que eu acordei primeiro que você e o deixei sozinho. Eu gosto de tudo que há
em você, amo cada pedaço seu, até mesmo o podre, como por exemplo a sua comida, que é
péssima.
Sorrio balançando a cabeça com a sua frase descabida. Eu não acredito que ela está
fazendo isso.
— Eu tenho planos e eu não me vejo sem você em todos os planos que eu tenho. Eu vou
amá-lo todos os dias da minha vida, minha casa é em seus braços e eu não me enxergo morando
em outra casa que não seja as suas, eu trouxe as minhas escovas, quer dizer, as nossas escovas.
Me aceita como sua mulher e me deixa te amar como nunca ou como sempre amo. Eu quero
estar na sua cama, na sua vida. Deixa eu ser o seu mundo, porque você é meu. Casa comigo
Liam, e eu espero que você aceite e que aqui tenha lugar para nós. — Ela levanta a mão que
estava escondida em suas costas, com quatro escovas de dentes e me olha sorrindo. Meu sorriso
se abre mais ainda e continuo parado estático na porta assimilando tudo que acabei de ouvir. —
Casa comigo? — ela pergunta.
— Q-quatro escovas? — gaguejo ainda sem entender.
— Eu acabei de te pedir em casamento e essa é a única coisa que você fala? — resmunga
impaciente. — Eu não quero saber, você vai casar comigo sim — afirma ainda brava e eu
seguro em sua mão a levantando.
— Sunshine eu casaria com você até mesmo contra sua própria vontade, eu amo você.
Você tem meu sim e teria mais que um dele — sussurro com meus lábios próximos aos dela. — E
por que quatro escovas? — questiono e ela coloca as escovas na frente dos meus olhos, sendo
três delas infantil.
— Eu estou grávida — responde com os olhos marejados. — Há três partes de você aqui
dentro de mim Liam, três.
— Três? — ​pergunto, sem conter um sorriso.
Amber assente com lágrimas escorrendo pelo rosto e eu a abraço, levantando seus pés do
chão e rodopio com ela em meus braços.
— Eu vou ser pai, nós vamos ser pais! — exclamo alto, pouco me importando se há

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vizinhos ao lado.
— Você vai acordar os vizinhos — ela me repreende rindo entre lágrimas.
— Estou nem aí para os vizinhos, eu vou ser pai, eu estou feliz pra caralho! — exclamo
mais alto ainda.

Amber

Atualmente...

Braços envolvem a minha cintura e beijos molhados são espalhados pelo meu ombro nu.
— Está pronto? — pergunto.
— Arran, as crianças também, só falta você — informa e se afasta.
— Eu já estou descendo — aviso e ele assente.
Terminei de pentear o meu cabelo e desci, as quatro pessoas mais importantes da minha
vida, me esperavam sentados no sofá da sala. Eu amava a minha família e os trigêmeos foram o
melhor presente que eu podia ter ganhado um dia.
— Mamãe, olha o que eu fiz para o meu irmãozinho — Amy vem correndo em minha
direção mostrar o desenho que havia feito.
— É muito lindo, ele vai adorar — murmuro tentando conter a emoção da minha voz.
Amy desenhou todos nós, inclusive Snow e Luca.
Quando as crianças fizeram cinco anos, Liam e eu resolvemos contar sobre o Luca, eles
estavam naquela fase de perguntarem o porquê de tudo e perguntaram porquê o papai, tinha duas
fotos diferentes da mamãe grávida, porque a barriga estava maior e outra menor, e se eles
estavam na mesma barriga, quem estava na outra...
Ter que explicar não foi uma situação difícil, mas difícil mesmo foi segurar eles e a vontade
que eles passaram a ter de conhecer o irmãozinho. Então todos os domingos íamos juntos ao
cemitério. Fizemos uma lápide para o nosso pequeno iluminado, Luca. E todas as vezes que
íamos lá a emoção tomava conta, era uma forma de tê-lo conosco e presente, não só em nossa
vida e coração. Mas na vida da nossa família, nós queríamos deixar a marca de que ele esteve
aqui. De que ele sempre vai estar aqui.

Já no cemitério, observo as crianças sentadas em volta da lápide do Luca, elas conversam


com ele como se ele as respondessem, Amy mostra o desenho, Syon deixa um carrinho
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semelhante ao seu em cima da lápide e Zöe cantarola baixinho uma música que aprendeu na
escola.
Eles o amam, assim como nós os amamos.
— Eu amo você e a nossa pequena-grande família — murmuro para Liam, que tem seus
braços em minha volta.
— Eu amo você Sunshine e amo mais ainda por ser você a mãe dos meus filhos.
Nós o perdemos, mas ganhamos três dádivas para amar, ensinar, cuidar e proteger. Acima
de qualquer coisa, acima de qualquer promessa.
Às vezes é preciso parar e recomeçar a nossa história, corrigir alguns erros e seguir com a
cabeça erguida.

FIM

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“Querida, nós achamos o amor bem aqui onde estamos. E nós


achamos o amor bem aqui onde estamos.”
Thinking Out Loud – Ed Sheeran

Liam

Cinco meses, cento e cinquenta e dois dias, algumas horas e essas palhaçadas que
romanticamente as pessoas contam. Esse era o tempo que eu e Amber estávamos namorando.
— O que você está aprontando? — Benjamim pergunta impaciente, enquanto estaciona o
carro na floricultura mais próxima do centro de Hampton.
— Alguma coisa para comemorar os cinco meses de namoro — respondo como se fosse o
óbvio e saio do carro.
Ben saí do carro e após conferir se eu fechei mesmo a porta, ele a trava.

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— Então o que está aprontando? — pergunta novamente.


— Por que vocês sempre perguntam, “Liam, o que você está aprontando?” Eu não faço
nada — resmungo.
— Porque a última vez que você pensou em fazer alguma coisa, a florzinha quase foi parar
no hospital! — exclama me fazendo rir ao lembrar do episódio do mês passado.
— Eu não tive cem por cento de culpa quanto a isso, ela que saiu correndo atrás do
cachorro e eu não tive culpa! Eu juro que eu tentei impedi-la, mas você sabe...
Para comemorar o nosso quarto mês de namoro, resolvi levar Amber ao parque, ela ama
andar nos brinquedos e jogar aqueles jogos de alvos que costumam ter nas barracas, mas ela
nunca consegue acertar nada. Coordenação motora zero. Então ela viu uma garotinha passeando
com um cachorro que por sinal era maior que ela mesma, o cachorro se desprendeu da coleira e
fugiu, Amber, a heroína saiu correndo atrás do cachorro. Resultado, a alergia dela estragou nossa
comemoração, Amber ficou de cama e tomando anticorpos.
— Amber, sendo Amber — ele concorda, dando de ombros. — O que viemos fazer aqui?
Flores de novo?
— Sim, mulheres amam rosas. Eu li em um site, mas essas não serão para presenteá-la,
serão para surpreendê-la.
Eu passei o dia inteiro ignorando Amber, para todos os efeitos eu estou em Boston e além
de ter “esquecido” nosso dia, não pude vir. Entramos na floricultura e eu só precisei dizer que
vim buscar uma encomenda e informar o meu nome. Passo dois era revelar fotos, Benjamin ficou
encarregado disso enquanto eu ia em outra loja comprar o presente dela.
Amber sempre foi desapegada de bem materiais, ela gosta do simples e do bonito e isso às
vezes era um empecilho em questão de presenteá-la.
Entrei na primeira loja que eu avistei, mas ao entrar, tentei sair devagar e de costas sem que
fosse notado. Tantas lojas para Ally trazer Amber, ela tinha que vir logo nessa?
Continuo andando de costas até estar totalmente fora da loja. Solto a respiração ao pisar na
calçada e ando para o mais longe possível daquela loja, não posso correr o risco dela me ver
aqui.
Meu celular toca e eu tateio meu bolso a procura dele, atendo Benjamin que diz que está
com as fotos em mãos me esperando no carro, peço que ele espere mais uns dez minutos e
durante o caminho até outra loja, tenho uma ideia que irá sem dúvidas surpreendê-la.

— Você vai mesmo fazer isso? — Ben indaga e eu assinto com um sorriso no rosto. — Ela
vai te matar, você sabe né? — Assinto mais uma vez, ciente de que Amber antes mesmo de ver

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do que se trata o presente, irá me decapitar.


— O pessoal que eu contratei acabou de mandar uma mensagem dizendo que está tudo
pronto, a piscina está do jeito que eu pedi que deixassem, a casa também e o senhor que contratei
para navegar o barco está a postos. Agora só falta ela — informo, terminando de calçar o meu
tênis.
— Ally disse que ela ainda está incrédula que você esqueceu a data de hoje e não para de
resmungar que você nem ligou. — Ele ri, enquanto me observa entrar e sair do banheiro. — Para
de ficar se olhando no espelho, vai acabar quebrando-o de tanto que você se olha.
— Eu estou nervoso e começando a me arrepender de ter inventado isso, ela deve estar
soltando fogo pelas ventas.
— Isso ela solta sem precisar ficar brava com você — Ben pondera e eu balanço a cabeça
negativamente.
— Vocês não crescem mesmo — resmungo e olho a hora no celular.
Está na hora.

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Amber

Eu não estava acreditando que sim, ele esqueceu que hoje completamos cinco meses de namoro,
não me importaria se ele tivesse só esquecido, mas não basta esquecer, ele não falou comigo o
dia inteiro! Estou irritada, porque eu estou com saudades dele.
— Não Ally, eu não vou sair para lugar algum com você hoje — resmungo irritada. — Vai
você e o Benjamin, já não basta você ter me arrastado para fazer compras hoje? Eu não estou em
um dia bom.
— Por favor, vamos. Você vai ficar sozinha em casa? Vai se alimentar de quê? Não tem
saída a não ser ir comigo — ela argumenta. Solto um grunhido frustrada e desligo o secador a
encarando.
Ela tem razão, viemos sozinhas com Ben para Hamptons e como seria só para passar o final
de semana, optamos por não trazer a Ruth e nem fazer uma grande compra no mercado, só
trouxemos o necessário, ou seja, besteiras.
— Onde vocês vão? Tenho que estar no mínimo apresentável — falo me dando por vencida
e volto a secar o meu cabelo.
— Vamos no East, o de sempre. Você sabe... — diz dando de ombros. — Você podia
colocar aquele vestido que compramos hoje, ficou lindo em você. Eu vou esperar por você na
casa ao lado, Ben está atrasado e eu preciso ir apressá-lo e você não demore.
— Tudo bem.
Solto um suspiro cansada e observo a minha pele corada através do meu reflexo no espelho.
Passei a manhã inteira tomando sol na praia, acho até que exagerei no tempo em que fiquei
deitada na areia, mas eu estava precisando pegar uma corzinha e o resultado foi maravilhoso.
Termino de secar meu cabelo e procuro entre as sacolas pelo vestido azul que comprei hoje
enquanto estava fazendo compras com Ally, me desfaço do roupão em que eu vestia e visto o
vestido.
Gosto de como o vestido se ajustou ao meu corpo, ele se mesclou formidavelmente
destacando as curvas que eu estava ganhando graças à academia. O vestido é acima dos meus
joelhos, manga curta e ombro nu, deixando meu colo à mostra e isso pede um cordão. Entro em
meu closet e procuro pela caixinha de joias no meio da bagunça que eu fiz, quando a encontro
sento-me à frente da penteadeira. Escolho o meu cordão preferido, minha mãe fez especialmente
para mim, na verdade ela fez um para mim e para Ally, com cores e designers diferentes. O meu
cordão tem uma pequena pedrinha de esmeralda, segundo a minha mãe ela simbolizava a cor dos
meus olhos e o mar, que eu tanto amo. Coloco o cordão e em seguida faço uma maquiagem leve,
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não há motivos para tanta grandiosidade, afinal é apenas Ally e Ben.


Quarenta minutos depois, estou pronta e com uma bolsa de mão preta em mãos, esperando
Ally e Ben na sala.
Já faz mais de dez minutos que eu estou sentada os esperando, já liguei para ambos e o
celular está desligado, eu só espero que eles não tenham ido e se esquecido de mim, parece que
hoje tiraram o dia para me esquecer.
Um barulho vindo da frente da casa chama a minha atenção, já está escuro e isso me deixa
um pouco receosa. Não há tantos vizinhos por aqui, ainda mais nessa época.
Cautelosamente, me levanto do sofá deixando a minha bolsa em cima do mesmo e devagar
caminho até a porta, tentando não fazer barulho ao pisar com o salto, da janela não consigo
enxergar nada, está tudo escuro e não há luz alguma acesa e isso me assusta como o inferno. Nós
sempre deixamos as luzes acesas. Faço o caminho até a cozinha e abro a primeira porta do
armário e pego uma panela, segurando-a com as mãos um pouco tremidas, volto para a sala, tiro
meus saltos e caminho até a porta, abro-a tentando fazer o mínimo de barulho possível.
Ouço passos, ouço o mar, não vejo ninguém, minhas pernas tremem, mas não vou vacilar,
já estou aqui. É agora ou nunca.
Dou mais alguns passos até estar totalmente na frente da casa e sinto uma mão tocar em
meu ombro, não tenho nenhuma outra reação a não ser fechar meus olhos e começar a bater em
quem quer que seja com a panela.
— Me solta, não toca em mim, s-seu... — gaguejo não encontrando as palavras certas para
usar e as luzes ascendem automaticamente após um clique, acerto pela última vez a pessoa.
— Porra Sunshine, sou eu! — Abro meus olhos ao ouvir a sua voz, Liam está com os
braços na frente do rosto para se proteger. — Calma, solte a panela — pede e eu faço, jogando a
panela no chão e pulando em seus braços.
— Por que você fez isso comigo? — murmuro o abraçando apertado e inspiro o cheiro do
seu perfume. — Deus Liam, eu senti sua falta.
— Aí... Acho que para quem nunca apanhou, essa foi uma bela surra. Você é boa com a
panela — retruca e solta um grunhido baixo, mas não me solta dos seus braços.
— Eu te machuquei? — Me afasto dos braços dele e o encaro, Liam tem um sorriso no
rosto e nega com a cabeça.
— Me desculpe Sunshine, se eu soubesse que isso iria te assustar eu não teria feito.
— Você estava o tempo todo aqui? — pergunto e ele afirma com a cabeça. — Eu não
acredito, que fiquei o dia todo achando que você estava longe e você estava aqui! — resmungo.
— Eu juro que foi por uma boa causa, vem — murmura e beija meus lábios rapidamente. E
em seguida, segura em minhas mãos e me conduz para dentro de casa.

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Passamos direto pela sala e fomos para a cozinha, pela vista panorâmica das janelas de
vidro da cozinha, enxergo uma iluminação clara, Liam me puxa até as portas de correr que se
abrem automaticamente.
Há balões brancos espalhados pelo chão junto a rosas vermelhas, fazendo um caminho até a
piscina.
— Vá Sunshine, busque o seu presente — ele diz sorrindo e solta a minha mão.
— Você não vem? — pergunto e ele nega com a cabeça.
— O presente é seu, estarei observando você a cada passo. Não esqueça de estourar os
balões maiores que estão pendurados. — Ele aponta para os balões em formato de coração.
São três balões de coração pendurados no ar e um quarto dentro da piscina.
Sigo o caminho indicado pelos balões e rosas e paro no primeiro balão, Liam está ao meu
lado e me estende um alfinete para que eu o estore. Assim faço e um papel cai no chão, me
abaixo para pegá-lo e o ouço assoviar atrás de mim.
— Idiota — falo, me levantando e puxando meu vestido que subiu um pouco pela forma
que eu me abaixei.
— Gostei do vestido, odiei o tamanho — resmunga.
— Fico feliz por ter gostado. — Sorrio ignorando o que ele havia dito por último.
Desenrolo o papel que estava enrolado como se fosse um canudo e leio o que está escrito.
— Poder ler em voz alta Sunshine.
— Boa menina, siga em frente. Sério? — indago o olhando.
— Está escrito aí? — indaga de volta e eu aceno confirmando. — Então é seríssimo. — Seu
tom despreocupado me faz rir e volto a andar.
Estouro o segundo balão e pego o papel esperando uma outra gracinha, mas esse me acerta
em cheio, me fazendo engolir em seco.
Eu amo você e se o que estamos fazendo é um erro e dos grandes.
Eu agradeço por ter me permitido errar.
Você seria o melhor erro de todos.
— Eu queria te beijar agora, mas você não vai deixar certo? — pergunto o olhando.
— Você é muito inteligente — responde sorrindo.
— Eu sou paciente. Segure e não os perca, eu quero guardar. — Estendo a mão para lhe
entregar o papel junto com o outro.
Caminho até chegar próxima a piscina e estouro o último balão pendurado, Liam dessa vez
pega o papel para mim e me entrega. Agradeço com um sorriso e antes ler me viro para ele.
— Antes de ler o que tem aqui eu quero dizer que eu amo você. Eu amo você. Eu amo tanto
você que antes mesmo de ser você, já não havia mais espaço para mais ninguém em minha vida,

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talvez você estava certo quando me disse que o destino nos quis juntos desde a infância, poderia
ser qualquer outra pessoa, até mesmo o Benjamin. Mas foi você e sempre vai ser você. Quando
você está longe eu só sei sentir falta — murmuro e respiro fundo tentando controlar a emoção em
minha voz. — Eu sinto falta de te sentir por perto, sinto falta dos seus beijos, do seu abraço, do
seu carinho e do seu olhar. Sinto falta da calmaria que você me passa só de estar por perto. Mas
quando você está presente, tudo se completa, toda sensação de vazio se vai e se preenche. Você
me completa e para hoje eu só quero os carinhos de ontem. Para daqui em diante, eu quero você,
para sempre.
— Sunshine... — ele murmura e faz menção em se aproximar, mas eu o empurro com a
mão o afastando. — Eu quero beijar você — resmunga irritado.
— Sem beijos agora — retruco e me sinto vingada, por querer beijá-lo a minutos atrás e não
poder.
Abro o papel e leio em voz alta o que está escrito.
— Ben costuma te chamar de tocha humana, cabelo de fogo e palito de fósforo, ambas
coisas que incendeia. Dizem que o amor é como fogo que arde sem se ver e você está ardendo
em meu peito. Teu amor já é o bastante para a minha sobrevivência e você é o que me dá grandes
motivos para sorrir e nunca olhar para trás! — Termino de ler com a voz embargada e sorrio.
Liam inclina seu rosto em minha direção e beija o canto da minha boca e se afasta, com um
sorriso divertido no rosto.
— Agora o último Sunshine, temos todo o tempo do mundo para ele — informa de braços
cruzados me analisando.
Olho para a piscina e pela fita que prende o grande coração que boia na água, me agacho e
o puxo. Quando enfim estou com o balão em mãos estouro e deixo o alfinete no chão enrolado
aos restos dos balões estourados.
— Fim da linha sereia, mergulhe e busque o seu presente. Liam! — exclamo o olhando e
ele está sorrindo em expectativas. — Você fez mesmo isso?
— Fiz, como eu disse, temos todo o tempo do mundo — reafirma as palavras.
Olho para a piscina e não enxergo nada dentro, só pode ser mais uma brincadeira dele.
— Irei acender as luzes da piscina, enquanto isso você já pode entrar e eu estou falando
sério.
Bufo ainda incrédula e sem muita demora, abaixo o zíper do meu vestido e me desfaço dele,
ficando apenas de calcinha e sutiã, por sorte não está tão frio assim hoje e eu agradeço ao tempo
e a Deus por isso.
Coloco o pé na piscina e sinto o frescor da água, até que não está tão gelada assim.
— Eu não acredito que você vai me fazer molhar o cabelo — resmungo para Liam.

Acheron - Nacionais - Apollymi


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— E eu estou começando a me arrepender de ter que fazer você entrar dentro dessa piscina
com essa lingerie.
— Já dizia Newton, tudo que vai volta — atiro, prendo meu cabelo em um coque e entro de
uma vez na piscina tentando não molhar meu cabelo.
Sinto algo pegar em meus pés e solto um grito, fazendo Liam gargalhar.
— O que é isso? — pergunto e olho para o fundo da piscina. — Caixas?
— Seu presente. Vá pegá-lo, para isso você vai precisar mergulhar Sunshine, não adiantou
prender o cabelo.
— Eu já disse que odeio as coisas que você apronta?
Não espero por sua resposta, mergulho de olhos abertos e avisto seis caixas do mesmo
tamanho no fundo da piscina, como ele colocou elas aqui e elas não boiaram, eu não sei. Ergo
meu braço e pego uma das caixas que estava amarrada em algo e volto a superfície, os olhos de
Liam me olham curiosos.
Abro a caixa e me sinto frustrada ao vê-la vazia.
— Próxima tentativa, Sunshine — ele diz segurando o riso e eu jogo a caixa para fora da
piscina e mergulho novamente pegando outra e novamente estava vazia.
Foi assim com as duas últimas caixas que abri e novamente com a quarta em minhas mãos.
Irritada, atiro na direção de Liam que não para de rir por um segundo se quer.
— Não tem graça, eu não vou mais ficar brincando de ser sereia — resmungo e quando vou
sair da piscina escorrego e caio na água de novo e isso o faz rir mais ainda.
— Argh! — grito batendo a mão na água. — Isso que não tem graça.
Sem saída, mergulho e busco a última caixa, nado até a escada e submerjo. Saio da piscina
pisando duro com a caixa em mãos.
— Não vai abrir Sunshine? — Liam pergunta.
— Não, sei que está vazia — retruco e jogo a caixa para ele.
Me abaixo para pegar meu vestido no chão e quando me levanto e viro para o lado, Liam
está ajoelhado com a caixinha aberta na mão.
— Ai meu Deus! — exclamo sem conter a euforia e felicidade dentro de mim. — A-acho
que eu vou vomitar — gaguejo e pisco meus olhos.
Um anel, um lindo e maravilhoso anel de ouro branco.
— Calma Sunshine, não é um pedido de casamento... ainda. Um dia ainda irei colocar um
anel em seu dedo e você será minha esposa — murmura sorrindo.
— Pede logo em casamento, vocês são muito devagar. — Ouço a voz de Benjamin e viro
para o lado o procurando com o olhar. Benjamin e Ally estavam na janela da casa vizinha nos
observando. — Inclusive, bela calcinha florzinha — zomba e Ally lhe dá um beliscão.

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— Respeita a minha irmã — ela resmunga.


— E precisava me beliscar? — ele indaga.
— Precisava!
— Vocês dois podem nos dar licença? — peço impaciente e não preciso pedir mais uma
vez, Ally sai puxando Ben e novamente estamos a sós. — Então, onde estávamos?
— Na parte que você coloca o seu presente no dedo e eu te beijo da forma que esperei para
fazer o dia inteiro. — Sorrio de maneira melosa e ele se levanta após colocar o anel em meu
dedo.
— Então faça! — exijo.
E sem hesitar nem por um segundo, ele me beija.

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Liam

Confesso que foi divertido ver a cara de Amber a cada caixa vazia que ela pegava no fundo da
piscina, mas ver seu olhar brilhar ao ela achar que eu ia pedi-la em casamento, não que eu não
pretenda fazer isso um dia. Porque eu ainda irei casar com ela e juntos formaremos uma família,
mas saber que ela almeja isso já é algo bastante satisfatório.
Enquanto tomo seus lábios nos meus Amber geme e porra... Isso é sexy pra caralho saindo
da boca dela.
Aprofundo mais o nosso beijo e aperto seu corpo ainda mais ao meu, sem deixar nem
mesmo uma nesga de ar nos separando, pouco me importo se estou me molhando. Deslizo minha
mão a sua nuca, meus dedos se entrelaçaram em seus cabelos, minha mão esquerda foi parar em
sua cintura a apertando. Nossas respirações estavam agitadas, o peito de Amber subia e descia e
gemidos escapava de sua boca me deixando excitado, isso não ia prestar, não aqui.
Afasto nossos lábios e encosto minha testa na de Amber e aproveito para beijar a ponta do
seu nariz, isso a faz sorrir.
— Vamos para casa da piscina, ainda não acabou — murmuro e ela acena concordando.
Sua respiração ainda está descompassada, enquanto andamos de mãos dadas a observo
espremer as pernas uma na outra, mas finjo não notar.
Entro com Amber na casa da piscina, solto a mão dela e vou até o banheiro, pego o roupão
que Ally já havia deixado preparado mais cedo e volto para a sala a entregando. Ela se veste e
me olha sorrindo ruborizada.
— Então? — indaga.
— Você é muito curiosa Sunshine — pondero e ela sorri culpada.
A conduzo até o quarto e ela não protesta e nem questiona nada. Fico atrás dela, esperando
que ela mesma abra a porta e se depare com o que eu havia preparado.
— Devo me preocupar com o que você tramou aqui? — pergunta.
— Não — afirmo e a observo abrir a porta e soltar um suspiro surpreso.
Apenas as luzes das velas iluminavam o quarto. Amber leva as duas mãos até a boca e se
vira para me olhar.
— Isso é tão lindo... — sussurra emocionada.
— Veja de perto, é melhor — falo e ela segura em minha mão, me levando junto com ela
para próximo da cama.
Eu preparei algo bem nostálgico para Amber, peguei todas as fotos possíveis que tínhamos
juntos, desde a infância até o presente e pedi que Ben revelasse. Então com a ajuda de uma

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agência que trabalha com eventos e datas especiais, arrumei todos os preparativos para essa
noite, a ideia da piscina e das fotos foram minhas, eu só falei o que eu queria e eles me
entregaram tudo pronto.
A cama está cheia de balões de coração flutuando, o que está segurando eles são as fotos
amarradas na ponta da fita. Cada foto, um momento, uma frase atrás.
Amber está lendo uma por uma nesse exato momento.
— Você gostou? — pergunto e ela assente contendo um soluço e seca as lágrimas que
escorrem do gosto.
— Não era para você chorar Sunshine — murmuro e a puxo para meus braços e deito sua
cabeça em meu peito.
— Eu estou feliz, eu sou a mulher mais feliz do mundo! Você sem dúvidas é o melhor
namorado que alguém poderia ter.
Sorrio satisfeito por ter alcançado meu objetivo. Ela sabe que tudo que eu puder fazer por
ela e estiver ao meu alcance eu farei.
— Eu te amo — ela murmura e beija meu pescoço. — Eu amo você por completo e eu
quero ser completamente sua, assim como eu sei que você é completamente meu.
Seus lábios percorrem pelo meu pescoço, traçam caminho pela minha nuca e sobe para a
minha orelha, ela morde o lóbulo da minha orelha me fazendo soltar um grunhido baixo.
Circundo meus braços em sua cintura e a aperto em meu corpo, Amber afasta o rosto do meu
pescoço e me olha, seus olhos reluzem de excitação, ela beija e morde meu queixo, até encontrar
o caminho para a minha boca e ataca meus lábios ferozmente.
O beijo era quente e cheio de desejo, minha língua pede passagem para a sua boca e ela me
dá de bom grado e me beija lentamente, enquanto passa a língua por cima da minha e a suga para
dentro da sua boca. Ando para trás com Amber e afasto minha mão de sua cintura, com uma mão
afasto os balões para o lado, deixando a cama livre e a deito em cima da cama, cessando nosso
beijo. Subo em cima da cama e a observo abrir seu roupão e me encarar.
— Amber eu acho melhor nós não... — Sou interrompido quando ela me puxa novamente
para um beijo e me solta.
— Eu quero, eu quero ser sua Liam. Mais do que já sou, me faça sua — ela sussurra em
meus lábios.
— Você tem certeza disso? — pergunto a encarando.
— Eu tenho, você não? — Seu olhar desvia do meu e eu levanto seu rosto a fazendo voltar
a me olhar.
— Amber você é a minha certeza. Nunca tenha dúvidas sobre isso. Eu aceitaria até
migalhas de você e sim eu quero isso tanto quanto você, mas quero fazer as coisas direito, no seu

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momento e de uma forma especial.


— Mais especial que essa? Não existe e é impossível ser mais especial que isso tudo aqui.
— Ela aponta para os balões. — Somos nós, essa é a nossa história, a cada queda de bicicleta que
eu dava e que você cuidava dos meus ralados, minha boneca quebrada, sua proteção, seus
carinhos, tudo Liam, tudo em minha vida e em mim tem um pedaço de você e todos os dias com
você serão especiais, não há nem rótulos para definir o quanto eu sou grata por ter você na minha
vida e por você ser você. Cada pedacinho de mim anseia por você e é de você que eu preciso e
não do especial. — Engulo em seco suas palavras e tento controlar minha respiração e as batidas
do meu coração, que estão descompassadas. — Porque você é muito mais que isso. Eu não lhe
comprei um presente então...
— Você quer me presentear com a sua virgindade? — Tento segurar o riso, mas não
consigo.
— Não, eu quero te presentear com tudo de mim! — afirma convicta.

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Amber

Beijar Liam era como se fosse uma necessidade, como se fosse o ar que eu precisava para
respirar, eu não conseguia não o querer, ainda mais agora que suas mãos estão passeando pelo
meu corpo como se estivesse explorando algo novo.
Ele separou as minhas pernas e se acomodou entre elas, seus lábios desceram pelo meu
pescoço dando beijos ávidos até chegar em meu colo e distribuir beijos até chegar em meus
seios, Liam beija os meus seios aparentemente visíveis por cima do bojo do sutiã e isso faz uma
onda de excitação percorrer o meu corpo e em poucos segundos ele se desfez do meu sutiã
atirando-o para longe. Seus olhos percorreram pelo meu corpo, agora só coberto pela minha
calcinha, seu peito sobe e desce e ele engole em seco.
— Você quer mesmo fazer isso?
— Mais do que qualquer coisa — afirmo convicta.
Seus olhos ganham um novo tom, mais escuro do que já era.
— Você nunca vai se arrepender disso Sunshine, nunca — murmura e abaixa a cabeça e
coloca um de meus mamilos na boca.
— Ahhh. — Solto um suspiro mesclado com um gemido.
Liam chupa com força e vontade e passa a língua em volta do meu mamilo, sinto um
incômodo entre as minhas pernas e não consigo continuar mantendo-as abertas. Tento fechar as
minhas pernas em busca de alivio mesmo com ele no meio delas, mas não consigo. Ele arrasta os
lábios para o outro mamilo dando total atenção a ele, enquanto mantém a sua mão massageando
o outro, solto grito baixo e seguro forte em seu braço, a imagem de Liam se degustando dos
meus mamilos era a coisa mais sexy que eu já vi. Fechando meus olhos e deixando essa sensação
tomar conta de mim, não controlo os gemidos que escapa de meus lábios e nem os movimentos
automáticos que meus quadris começam a fazer por debaixo do seu corpo em busca de algo, algo
que eu sei bem o que é no momento exato que sinto a ereção de Liam bater sobre a minha
intimidade.
Percebendo a minha euforia, Liam levanta seu rosto e seus lábios voltam a encontrar os
meus, ele chupa meus lábios e morde, soltando um grunhido em minha boca. Escorro a minha
mão pelo seu braço a guia até a barra da sua blusa, vou subindo-a aos poucos, exploro as suas
costas com a palma da minha mão tocando em sua pele quente. Ele se afasta, levantando metade
do seu corpo e me olha com um sorriso nos lábios e em seguida ele retira a sua blusa e ela ganha
o mesmo fim que o meu sutiã, que deve estar em algum canto do quarto. Contemplo a visão que
de Liam com o seu peitoral nu e repuxo meus lábios dando-lhe um sorriso. Eu estava cobiçando
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o meu namorado e eu queria gravar essa imagem para sempre na minha mente, Liam de longe
era o cara mais lindo que eu já vi.
Como eu o queria.
Ele voltou a se deitar e meu corpo se tenciona com o contato do seu peitoral nu e quente em
meus mamilos rijos. Suas mãos deslizam pela lateral do meu corpo acariciando-o e param em
minha perna direita e ele a levanta, deixando-a dobrada, seus dedos traçam caminhos até a minha
virilha e delicadamente ele passa o dedo indicador pela dobra dela e o desliza de cima para
baixo. Meu corpo estava completamente aceso em contato com o dele, eu estava pegando fogo,
literalmente. Seu corpo se pressionava ao meu de modo que sua ereção pressionasse a minha
intimidade me fazendo latejar e gemer, eu já estava molhada antes disso, agora mais ainda.
Sem muito esforço ele puxa a minha calcinha para baixo, se desfazendo da mesma e em
seguida levanta da cama, retira seu tênis, calça jeans e fica apenas de cueca boxer em minha
frente.
— Liam... — sussurro e ele volta para a cama, engatinhando até ficar novamente no meio
das minhas pernas, suas mãos tocam em minha intimidade e seus olhos se fecham e se abrem
com uma satisfação estampada neles.
— Sunshine, você está tão quente — murmura com a voz rouca e passa o dedo na ponta do
meu clitóris. Seus lábios beijam e mordem meu pescoço.
Mais um dedo se desliza para a minha intimidade pulsante e sem delongas ele me penetra,
seus dedos entram e saem incontrolavelmente, meu corpo retesa em cima da cama e me contraio
apertando seus dedos, meus gemidos baixos o estimulam a continuar e posso sentir seus dedos
ganhando mais agilidade.
Liam e eu tivemos experiencias com preliminares o suficiente durante nosso namoro, mas
nenhuma se compara a essa.
Cada vez era melhor que a outra, ele se superava, as sensações que eu sentia com seu toque
eram sempre melhores que os outros e diferentes, era tudo demais. Eu não quero que ele pare,
mas eu preciso de mais. Eu quero muito mais.
—Liam... — chamo-o entre um gemido. — Quero tudo que você tem para me oferecer.
Tudo.
— Você vai ter.
Ele se abaixa e sua cabeça fica no meio das minhas pernas, ocupando o lugar onde seu
corpo estava segundo atrás. Ele distribui vários beijos pela minha intimidade e em seguida toma
meu clitóris em sua boca, chupa, passa a língua em volta dele em movimentos circulares e como
se eu estivesse levando um choque meu corpo se curva na cama. Minhas unhas arranham suas
costas e clamo por seu nome em meus gemidos, com um impulso movo meu quadril

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impulsionando a minha boceta em seus lábios e no mesmo segundo ele me invade com a sua
língua. Seus dedos circulam em meu clitóris me causando uma sensação gostosa e amistosa,
ainda não satisfeito ele introduz um dedo enquanto me chupa despudoramente.
— Ahhh, Liam! — grito entre um gemido.
Rebolo meu quadril em busca da minha libertação e agarro com força o lençol da cama,
meus olhos se reviram e um tremor toma conta do meu corpo enquanto Liam continua a me
chupar. E como uma avalanche, meu corpo se explodiu em êxtase, ainda sem afastar sua boca da
minha boceta, Liam brinca com a sua língua no meu clitóris.
— Liam, pare... eu preciso de mais.
Sem protestar, Liam se levantou e retirou a sua cueca boxer, pegou um preservativo no
bolso da calça jeans e tornou a subir na cama e se inclinar por cima de mim. Sua mão direita se
enfiou no meu cabelo, fazendo uma massagem deliciosa e ele me olhou intensamente nos olhos.
— Sunshine, se eu fizer algo errado, te machucar eu só peço que me avise — pede com seu
olhar cauteloso. — Eu não vou me perdoar se machucar você.
— Shhh. — Pressiono meu dedo indicador nos seus lábios. — Eu estou pronta e eu confio
em você, eu quero! — reafirmo mais uma vez.
— Mas me prometa que você irá me pedir para parar se te machucar — ele pede mais uma
vez e eu aceno confirmando.
— Eu prometo — afirmo com toda certeza e o observo rasgar a embalagem de preservativo
com os dentes e vestir seu membro.
Porra, ele é muito grande. Muito grande mesmo. Eu acho que vou ficar com urina solta a
semana inteira ou quem sabe para sempre. — Penso e dou uma risada do meu próprio
pensamento.
— Do que você está rindo? — Liam pergunta curioso.
— Do quanto eu irei urinar depois que você entrar em mim — respondo e ele joga a cabeça
para trás gargalhando.
— Meu Deus, Amber! — exclama ainda rindo. — Você sabe que isso não vai acontecer
certo?
— Nunca se sabe — murmuro e ele balança a cabeça negativamente segurando o riso.
Se inclinando em cima de mim, Liam cobre meu corpo com o seu e mordisca meu lábio e o
chupa, senti seu membro sendo pincelado em minha intimidade úmida e molhada, mas aos
poucos senti algo sendo encostado e se forçando para dentro dela. Mordi meu lábio em
expectativa enquanto ele me observava.
Acho que ele ainda travava uma luta interna entre fazer e não fazer isso, mas na dúvida, ele
foi delicado quando penetrou apenas a cabeça do seu membro. Aos poucos ele forçou um pouco

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mais e parou para me analisar, seu olhar era intenso e cheio de desejo.
— Ahh. — Fechei meus olhos e urrei de desconforto e um pouco de dor quando Liam
entrou completamente dentro de mim.
Doía, mas era uma dor suportável e gostosa, meu corpo desejava mais que isso.
— Te machuquei? — Balanço a cabeça negando e mordo forte o meu lábio.
— Continue, por favor — choramingo e esfrego-me em seu corpo para que ele entenda que
está tudo bem.
— Sunshine, porra... Você é t-tão apertada — ele geme quando finalmente se movimenta e
estoca fundo dessa vez.
Mais uma vez doeu e eu tentei não pensar na dor, foquei meus olhos em Liam, que estava
me observando, seus lábios me atacaram com volúpia, seu corpo começou a ganhar movimento
para frente e para trás enquanto enroscava a língua na minha e se degustava dela. Liam estocava
suavemente e aos poucos a dor foi passando e uma sensação gostosa tomou conta de todo o meu
corpo. Apertei sua cintura com as pernas, ele recuou para trás e voltou a me preencher com tudo
de si, gritei seu nome e cravei minhas unhas em suas costas sem me importar se estava o
arranhando ou machucando. Liam se deslizava para dentro de mim me levando à beira do
abismo.
O som da fricção do atrito dos nossos corpos era audível em meio aos sons de nossos
gemidos e respirações aceleradas. Seus braços me apertam e ele beija e morde o lóbulo da minha
orelha enquanto continua entrando e saindo de dentro de mim. Minhas mãos correm pelas suas
costas e até a sua bunda, aperto-a sem dó quando ele me estoca profundamente. Abro a boca
soltando o ar que prendia. Comprimo a minha intimidade apertando seu membro e isso fez Liam
investir ainda mais nas estocadas.
— Sunshine — gemeu arremetendo para cima e apertando a minha cintura. — Você é... —
Ele faz uma pausa ao sair de dentro de mim. — Muito gostosa — grunhe voltando a me
preencher.
Eu estava perto, muito perto de cair na beira do precipício e não me importaria em levar
Liam comigo.
— Aah, Liam! — Solto um gemido e ergo o meu quadril e sinto a pressão se aumentando
dentro de mim.
Liam estoca uma última vez urrando alto e me arrancando um gemido aliviado. Soube que
nós dois estávamos entregues ao prazer.
Eu queria dar prazer para ele como tinha recebido, mas eu sabia que não seria hoje que isso
aconteceria. Liam não iria permitir, para ele eu já tive o bastante hoje.

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Liam saiu de dentro de mim com cuidado, retirou o preservativo dando um nó na ponta e
me olhou preocupado.
Minha respiração estava entrecortada, meu corpo estirado na cama e suado.
— Você está bem? — ele pergunta beijando meu ombro e acariciando meu cabelo.
— Maravilhosamente bem — respondo sorrindo, seguro em seu rosto e acaricio sua
bochecha. — Obrigada.
— Obrigada? — pergunta sem entender.
— Por ter me feito uma mulher realizada e tornado isso especial, porque foi especial de
qualquer forma Liam, por ser você.
— Eu te amo, Sunshine — ele murmura e pressiona seus lábios nos meus. — Mas temos
que nos arrumar e ir para nosso último destino.
— Mais surpresas? — indago.
— Sim, mais surpresas.
Ele se levantou da cama, pegou o preservativo e foi ao banheiro jogá-lo fora.
— Você se importa se eu te pedir para me dar banho? — pergunto preguiçosa.
— Você se importa se eu tomar junto? — retruca com um sorriso amistoso no rosto.
— Nem um pouco.

De banho tomado e com uma roupa confortável e vestindo um moletom, saio com Liam da
casa da piscina, caminhamos até a praia, estava muito escura e mal podíamos ver o mar, o que
clareava um pouco era as luzes do píer que refletiam na água.
Liam e eu andamos até o píer, onde tinha um Iate nos esperando.
— Você não cansa de me surpreender não é mesmo?
— Eu amo fazer isso.
Ao nos aproximarmos do gigante barco, um marujo nos saúda.
— Boa noite, senhor e senhora Wheeler.
Senhor e senhora Wheeler?
Olho para Liam sorrindo e ele cumprimenta o senhor com um aperto de mão.
— Amber esse é o Mike, ele nos levará para um passeio noturno e segundo as
recomendações é o melhor marujo local para nos levar a um passeio noturno.
— Oi Mike — o cumprimento e ele apenas bate continências.
Entramos no Iate e não demorou muito para sairmos do lugar, Liam me levou até o quarto
que tinha uma mesa farta com comida.
— Eu tive que mandar mensagem para Benjamin e Ally encomendar a comida novamente,

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porque nós demoramos e você sabe...


— Você desperdiçou a comida? — indago incrédula.
— Não, o Mike comeu e Benjamin e Ally também.
Assinto com um sorriso e olho ao redor do quarto do Iate, admirando-o. O quarto é enorme
e todo branco com alguns detalhes dos móveis na cor de marfim, não quero nem ver como são os
outros aposentos.
— Você pensou em tudo não?
— Quase tudo, não havia pensado no que acabou de acontecer.
— Me sinto mal por não ter comprado nada para você — assumo e me sento na cadeira que
ele puxa para mim.
— Você não tinha como saber que eu viria, eu te enganei direitinho não? — Sorri
convencido e se senta em minha frente.
— Eu estava quase saindo daqui e indo até você — murmuro sincera e ele me olha com os
olhos surpresos e sorri mais ainda.
— Você faria isso por mim?
— Não há nada que eu não faria por você.
Enquanto comíamos a comida italiana que Ally havia pedido, conversávamos um pouco
sobre a nossa semana. Quando terminamos de comer, nos deitamos um pouco e fomos
surpreendidos por batidas na porta.
— Sim? — Liam indaga.
— Está quase na hora senhor — Mike avisa.
Hora de quê?
— Vamos Sunshine e você não vai precisar mais do casaco.
Levanto-me da cama e me desfaço do casaco, Liam estende a mão para mim e saímos do
quarto. Fomos para frente do barco, onde tinha uma parte acolchoada para se deitar ou sentar e
ao lado uma taça com morangos, chocolate e chantilly. O céu já estava mais claro e agora dava
para notar o mar.
Nos sentamos e me recostei no encosto que tinha, Liam pegou a taça de morangos e
colocou em nosso meio.
— Você pensa em ter filhos Sunshine? — ele pergunta depois que coloca um morango em
minha boca.
Balanço a cabeça concordando e termino de comer o morango para respondê-lo.
— Gostaria de ter apenas um ou um casal, deve ser ruim ser solitário. Eu fico pensando que
mesmo se Ally ou eu, não existíssemos, uma de nós teria você e o Ben. E você? — pergunto,
aceitando mais um morango.

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— Quando eu estiver bem-sucedido, com o emprego dos meus sonhos e com você do meu
lado, talvez — responde e agora foi a vez dele se degustar com um morango.
— Eu gosto de como isso soa — murmuro.
— Se tivéssemos um filho hoje, qual nome você daria?
— Para menina Zöe e para menino Syon — respondo sorrindo.
— Syon — ele repete testando o nome e faz uma careta. — Que nome estranho Amber.
— Syon significa aquele que tem sorte e é feliz. É diferente, pequeno e eu gosto. Soa como
se ele fosse único. — Dou de ombros e ele me encara sorrindo. — O que foi? — indago.
— Nada, eu gostei. E Zöe? — ele pergunta segurando o riso.
— É o nome da boneca que você quebrou, infeliz! — exclamo. — Eu a amava.
— Você nunca vai esquecer isso?
— Só esquecerei no dia que nós tivermos a nossa Zöe.
— Nós vamos ter Sunshine, vamos ter nosso Syon primeiro e depois a Zöe.
— Por que depois? — indago.
— Eu tenho que preparar o Syon para ficar de olho nela — responde na cara de pau.
— Liam! — o repreendo e ele enfia mais um morango em minha boca.
— Olha Sunshine o sol está nascendo, vem cá. — Ele se levanta e me estende a mão.
Seguro em sua mão e me levanto, Liam me levou até a grade do Iate e me abraça por trás, o
som das ondas e dos pássaros juntos era uma melodia agradável e mais agradável e lindo ainda
era o sol que estava se pondo sobre o mar.
— Promete que teremos a nossa Zöe?
— Eu prometo que teremos uma família Sunshine. A nossa família, não importa quantos
sejam e quantos nomes estranhos e de bonecas eles tenham. Eu prometo que nós seremos apenas
nós. Para sempre.
— Eu amo você.
— Je t’aime, Sunshine.

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Agradecimentos

Eu queria começar agradecendo as pessoas que mais me incentivaram, acreditaram em mim e me


apoiaram desde o começo: Thayla Xavier, Oak Grace, Ellie Collins, Evilane Oliveira. Acreditem,
sem vocês ao meu lado parte desse livro não existiria. Eu amo vocês.
Agradeço principalmente aos meus leitores, foram vocês que tonaram isso real e me
trouxeram até aqui, eu sou IMENSAMENTE GRATA, por cada página lida e por cada
comentário que me motivaram a querer dar cada vez mais o meu melhor por vocês e para vocês.
Eu devo isso a cada um de vocês!
Só obrigada, obrigada e obrigada.

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[1]
Música da banda Lifehouse.
[2]
Música da banda Goo Goo Dolls.
[3]
Antissepsia cirúrgica das mãos é o procedimento que tem como objetivo eliminar a microbiota transitória
da pele e reduzir a microbiota residente.
[4]
É o maior e mais longo osso do membro superior.
[5]
É um dos quatro músculos do manguito rotador, e também abduz o braço no ombro.
[6]
É um tipo de sangramento intracraniano que ocorre no tecido cerebral ou nos ventrículos.
[7]
Música da banda Oasis, tradução para o português: protetora.

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