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Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
CHEGOU AO FIM, CARA MENINA
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Eu deveria
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Epílogo
Obrigada por ter lido!
Biografia
Série Escolhas
OBRAS DA MESMA SÉRIE:
Faz de conta que é amor
de conta que acontece
A Eterna Promessa
2021
Todos os direitos reservados.
Criado no Brasil.
Edição: Rafa Alves
Revisão: Larissa O. Gomes.
Designer da capa: Mirella Santana.
Foto da capa: Biaura Fotografia.
Modelo da capa: Ricardo Gimenez
Diagramação: RP Design Editorial.
Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens,
lugares e acontecimentos descritos são produto da imaginação da autora. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Talvez seja assim que as coisas tem que ser, afinal. Talvez, a
melhor decisão teria sido não segurar sua mão quando tudo ficou
escuro aquele dia.
Fui apaixonada por ele por dois anos, ele trabalha no jornal. Sua
mesa fica de frente para a minha, e eu sempre lhe dei o maior mole,
mas ele nunca me dava uma pista sequer. Nenhuma pistinha! E
quando enfim desisti dele... descobri que ele também gostava de
mim. Ele ficou na minha cola, e eu fiquei dividida entre insistir em
algo que um dia eu tanto sonhei, ou dizer "Agora sou eu que não
quero." Mas, tudo parecia certo, o momento e as pessoas ao nosso
favor. Então resolvi me arriscar ao invés de pensar naquele
insuportável e clichê: "E se".
Acho que ele e mamãe, mesmo que ela ás vezes se importe mais
com as coisas materiais do que sentimentais, são os que mais se
preocupam comigo. E foi por isso que não contei a eles do Pedro.
Tudo entre nós estava bem, então não queria que nada
atrapalhasse. Queria tomar minhas próprias decisões.
— Max?
— Ok. Vai lá, estraga sua vida! — ele diz e verifica seu celular.
— Sou que nem a Gi. Louca pra ver quando se apaixonar por
alguém. Aí vai entender como nos sentimos em relação a outra
pessoa.
Max passa seu braço pela minha cintura e beija minha bochecha
também soltando um suspiro.
— Isso não vai acontecer. Sou feliz assim, minha linda. — Max
me solta devagar.
— E as coisas profundas?
— Eu quero sua opinião real! Não quero que pense com seu
amigo lá em baixo quero que pense com os miolos do seu cérebro,
idiota! — Reviro os olhos e tento fechar meu zíper das costas mas
não consigo, e isso me deixa estressada.
— Olha pra você! Você é linda! Não importa que roupa use, ok?
Para de drama porque eu não tenho paciência pra frescura, ok?
Max sorri de lado, e coloca meus cabelos para trás dos meus
ombros.
E então ele se afasta sem olhar pra mim e sai fechando a porta
atrás dele.
Capítulo 2
Sempre quis pintar meu cabelo, ou fazer luzes, mas nada parece
combinar comigo. Então preferi deixá-lo castanho mesmo. Ele bate
até a minha cintura, e os cachos já estão virando apenas ondulações
já que meu cabelo é tão grande que pesa os fios.
10 minutos de atraso.
— Oi?
— Já estou descendo.
— Pedro? — o chamo.
— Claro — sussurro.
Ele liga o som e sorri. Não olha pra mim, não me explica nada,
não pergunta como estou.
Fico aguardando ele mandar mais alguma coisa, mas ele não
manda. Então suspiro e um sorriso bobo toma conta dos meus
lábios.
— Ah, nada não. Era só o Max. — Sorrio e sinto sua mão apertar
meu joelho com mais força.
— Rach...
— Ah, tá, claro! Sem sentido? O cara fica na sua cola desde que
eu te conheço. Não quero que ele fique entre nós.
— Argh! Aquela vez você estava junto e eu nem sabia que ele
estava lá.
— Aquela vez? — ele questiona e ergue a sobrancelha. E eu
percebo o que ele quer dizer. — Tiveram outras?
— Como uma irmã? Pedro, não viaja! Max tem tipo... Umas treze
namoradas, eu não sou o tipo dele, ele não me olha... — Movo
minhas mãos e começo a rir — Assim! Ele não me olha assim!
— Digamos que não está mais encrencado por ter notado e ter
elogiado a tempo.
— Desculpe por ser uma reação tardia — ele diz. — Acho melhor
voltarmos para o carro. E depois pra sua casa.
— Claro, má ideia que tive. Temos a noite toda pela frente. — Ele
segura minha mão e entrelaça seus dedos aos meus.
— Bom... experimenta.
— Não sei como começar — ele diz incerto e respira fundo.
Como assim ele vai para outro país? Ele tem noção que o outro
país tem um oceano de distância entre nós dois? Ele tem noção de
que um oceano é... MUITO, MUITO LONGE?
Por favor, não vá! Por favor, não seja semana que vem! Por favor,
desiste e fica aqui comigo!
Por favor? Fácil assim? Ah, claro, ele acha que é só pedir para eu
não deixar isso atrapalhar a gente e... pronto, esqueci que ele vai
para OUTRO PAÍS?!
— Por favor? — Aumento meu tom de voz. Respiro fundo.
Estamos em um restaurante, não gosto de fazer cena. Ninguém tem
conta com a minha vida. Então, recomeço em um tom mais baixo. —
Pedro, você vai se mudar para outro país!
— Eu sei, é que...
— Olha, isso não vai ficar entre a gente, tá bom? — Ele segura
minha mão por cima da mesa, mas a retiro novamente e cruzo meus
braços para impedi-lo de se aproximar de novo. Estou em surto, não
posso ser tocada. Fecho a cara e ele faz negação com a cabeça. —
Amor, por favor... Eu sei que é chato isso, tá legal? Sei que vai ser
complicado, principalmente no início, quando eu for e...
— Só tenta me entender...
— Pedro!
Como assim ele decide que tem que ser assim? Que é só decidir
tudo e vir aqui e só avisar o que decidiu?
— Eu não estou dizendo que irei decidir por você, seu idiota! —
falo alto e reviro os olhos. — Não acredito que disse isso!
— Bom, você vem com esse papo de que temos que contar
planos e pedir conselhos... Pedir conselhos, Rachel? Eu não preciso
da sua permissão para decidir algo que pode mudar a minha vida
profissional!
— Foi você mesma quem disse isso — ele diz e aponta pra ele —
Que não queria mais ficar comigo assim.
— Eu não disse que não queria você. Eu disse que não quero
essa situação. Ou você acha que tudo bem aceitar que meu noivo
vai para o outro lado do oceano e nem teve o caráter pra me contar o
que estava pretendendo? Joga uma bomba dessa e espera que eu
aceite calada e fique torcendo por você?
— Não. Mas achei que você iria me apoiar! E quem sabe... Sei lá,
ir pra lá também!
Faço negação com a cabeça. Vai ver ele não é outra pessoa. Eu
que fui cega demais para não perceber como ele é de verdade. O
amor cega às vezes.
EU: Tá ocupado?
E dói ainda mais ao ver que ele nem ao menos veio atrás de mim.
Eu sei que seria pior e iríamos brigar, mas... E a merda da
preocupação? Será que ele não sente, não?
— Não sei porque eu acho que tudo um dia vai dar certo pra mim
— solto de uma vez e limpo minhas lágrimas devagar com o lenço
que ele me deu. — Sabe quando tudo dá certo e vai bem e a única
preocupação que a gente acha que tem é com a porcaria de um
jantar em família? Eu nem acredito que eu fiquei tão neurótica por
tão pouco. Não acredito que aceitei sempre. Tão pouco.
Ah, meu Deus! Não que ele precise de roupa... Ele é lindo... É só
que...
— Eu não ia imaginar que você tava vindo pra cá! — ele fala. —
Hoje é sexta feira, é dia de...
Olho para Max e vejo que fica sério ao observar meu rosto.
— Ei — Max me chama e eu olho para meu celular procurando
um uber. — Meu anjo?
Uma mão toca meu ombro, e viro para o lado a tempo de ver Max
se sentando ao meu lado. Franzo a testa e ele deita o rosto de lado e
sorri.
— Que diabos você tá fazendo aqui? — pergunto. — Que droga,
Max!
Ele apenas sorri mais e faz negação com a cabeça. Ergue sua
mão e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, e
em seguida acaricia minha bochecha com seu polegar.
— Max, cadê aquela garota? Vai lá ficar com ela! Não me deixe
pior do que eu estou. Anda, tira a bunda daqui que eu tô me virando
pra ir embora já! — O empurro devagar pelos ombros e ele para de
acariciar meu rosto e segura minha mão em seus ombros com sua
outra mão livre.
— Então.
— Hoje — ele diz. — Prometo não fazer isso hoje. Porque você
precisa de mim.
— Max!
— Max...
— Se mudar?
— Ele vai pra outro país, e quando eu falei que ele tinha que ter
me avisado antes, pra sei lá, conversarmos. Porque, afinal, iremos
nos casar. Ele simplesmente disse que eu não tenho o direito de
decidir o que ele faz da vida. E que que ele está pensando em mim
fazendo isso, no nosso futuro.
Solto um suspiro.
Ele hesita por um momento, até abaixar seus olhos e olhar nos
meus. Prendo a respiração e sorrio para ele ver que está tudo bem.
— Por favor — insisto.
Por fim, Max expira o ar com força e abre sua mão e me deixa
tirar as chaves de sua mão. A coloco em cima da bancada da
cozinha e quando me viro ele está sentado no sofá. Vou até ele e fico
de pé a sua frente.
— Max?
Visto um vestido azul marinho lindo que comprei quando saí com
Gisele, minha melhor amiga. Ele bate pouco acima dos joelhos, me
deixa elegante, e hoje estou precisando me sentir confiante para
melhorar minha autoestima depois de tudo o que aconteceu. Calço
meu sapato de salto alto. Ajeito meus cabelos para trás e passo mais
uma camada de rímel. Em seguida, pego minha bolsa a coloco no
antebraço, e tranco meu apartamento.
— Alô, Rach?
— Oi?
— Rach, não faz isso. Poxa, ele vive pisando na bola... Deixa ele
pra lá. Ele que tem que te procurar. Ele colocou vocês nessa
situação então o interesse maior deve partir dele, ok?
— Beijos.
— Tchau.
MÃE: Oi, meu amor. E aí? Já está tudo decidido para esse
final de semana? Estamos ansiosos! Bom trabalho!
Que ótimo! Como se não bastasse ter que lidar com o fato do
meu noivo estar indo morar em outro país, ainda tenho que procurar
uma desculpa para cancelar esse jantar e momentos legais com a
minha família.
EU: Oi, mamãe. Bom dia! Claro, estou decidindo tudo, ok?
Não se preocupe, vai dar tudo certo! Obrigada, e bom trabalho
também! Diz ao papai e aos meninos que mandei um beijo e que
estou com saudades!
— Ah, mas é que hoje ele tinha uma reunião de manhã, ele já
deve até estar lá tentando fazer a cabeça do Pedro — ela diz e então
se senta ao meu lado no sofá.
— Desistir? Da viagem?
— Rach...
— Eu o amo, Gi.
E qual foi minha surpresa quando ele pediu demissão para ficar
livre para sua vida vida, E Gisele me contou que ele nem ao menos
quis ouvir qualquer acordo que Arthur pudesse propor a ele. Ele nem
quis ouvir algo que poderia ser uma chance para ficar perto de mim.
Não me contou sobre qual foi essa decisão também, nem que
tinha desistido de tudo.
E assim que deu meu horário, corri e bati o ponto, peguei minhas
coisas no meu armário e saí apressada para o estacionamento. Eu
preciso ficar longe de tudo isso. Tudo que me faz lembrar ele, e essa
situação que não existe solução.
— Não acredito que foi embora hoje mais cedo no jornal sem
nem olhar pra mim! — já chego o acusando. — Pedro! Como você...
Por quê?
— Eu não vim aqui brigar com você — ele diz devagar e aperta
as chaves de seu carro em sua mão. — Eu sei que temos muito o
que conversar. Como eu sei também que conversarmos, iremos
brigar, então... Não quero brigar com você.
— Então, acho que a melhor solução pra isso, é eu falar tudo que
quero e você não dizer nada. E depois você diz tudo o que quer e eu
fico calado só ouvindo. E então a gente não briga...
— Não vou fazer isso — digo. — Se você não tem maturidade
para conversar com alguém sem brigar, o problema é seu!
— Não tenho tempo pra isso — ele me corta. — O avião sai daqui
duas horas.
— E não tem sido tudo do seu jeito sempre? — Ergo meu olhar
em sua direção e ele trava.
— Quem sou eu pra fazer você fazer uma escolha estúpida dessa
Pedro? Se pensou assim, realmente não me conhece direito.
— Desculpa, é que...
— Também te...
— Rach...
Pra sempre!
CHEGOU AO FIM, CARA MENINA
Chegou ao fim, menina.
No momento em que ele não notou sua tristeza, seu amor, sua
dedicação... Ali ele perdeu um pedaço do seu coração. Um pedaço
que não será reconstruido, menina, não importa o quanto você
queira, o quanto insiste em ir até ele e lhe dizer o que se entalou na
garganta.
Eu sei que dói ver fotos antigas. Eu sei a vontade que dá, de
fazer o tempo voltar, e de agir da forma diferente.
Mas você é quem és, cara menina. Você é humana, você tem
medos, você sonha, luta, se agarra com todas as forças na palavra
esperança. Você acredita nele, mas acabou. Chegou ao fim.
Aí acabou, ali naquele olhar onde você queria ter visto outra coisa
se não a distância que ele criou de ti.
— Deve ter sido por causa da chuva de hoje — ele diz digitando
algo no celular.
— Rachel?
— Linda?
Vejo Max olhar para a minha mão, e quando não encontra meu
anel, já mata a charada e sabe exatamente o que aconteceu.
— Porra. Não acredito que ele fez isso — ele diz. — Meu, o que o
Pedro tem na cabeça?
Max suspira e pega seu celular, vejo ele digitar uma mensagem e
em seguida começa a mandar um áudio.
— Acho bom você já estar bem longe daqui, se não eu juro que ia
no aeroporto agora quebrar a sua cara.
— Ok, então vamos pra sua casa, compra bebida, e a gente vai e
queima algumas coisas.
— Tipo fotos. Carta ou cartão, qualquer merda que tenha dele lá.
Vamos só beber e queimar coisas.
— Ah, meu Deus! Agora quero socar sua fuça! — Reviro os olhos
enquanto ele cai na gargalhada.
Capítulo 10
O jantar na casa da Gi foi tudo muito divertido. Consegui me
distrair e esquecer que existe um mundo lá fora, ou que existe
qualquer tristeza dentro do meu coração. Assim que ajudo Gi a
limpar a louça, vamos até o quarto e começamos a conversar.
— Que empolgante.
— É... Bom... — ela hesita. — Minha mãe vai saber, mas ela
também vai precisar de ajuda para planejar tudo. Ela não é muito fã
de preparar uma festa, e eu nem posso saber o que é.
— É só ela decidir, depois vou dar umas dicas pra ela. Tem muita
opção legal pra descobrir o sexo. Poderíamos até fazer aquelas
brincadeiras de simpatias idiotas. — Começo a rir e Gi me empurra
pelos ombros.
— Vai ser lindo — Ela diz, segura minha mão e olho pra ela. —
Mas... Eu ficaria muito honrada se a dinda dele ou dela pudesse
ajudar minha mãe com os preparativos.
Ele sai do quarto e me viro para Gisele, que perdeu a noção com
aquele comentário.
— Não precisa surtar, só falei por que realmente achei. — ela diz.
Ele olha feio pra ela que sorri, e sinto um olhar cúmplice ali, como
se ele já soubesse. Me sento no colchão e Max se aproxima se
sentando atrás de mim e me puxa para mais perto. Algo me diz que
eles já estavam planejando me deixar fazer parte desse momento na
vida dela. Isso só prova que eles querem me ver sorrir ao me tirar de
tudo isso. Os amo ainda mais.
— Só não vale contar pra ela ou dar dica, hein, lindinha? — ele
fala rindo e eu concordo imediatamente.
Me traz uma energia nova. Sentir a vida assim, tão perto. Sentir
como tenho as duas pessoas mais especiais que se preocupam por
perto. Solto um suspiro, e somos interrompidos pelo som do meu
celular tocando.
— Oi, mãe.
— Ah, não, tudo bem. Estou na casa da Gi, vim jantar aqui com
uns amigos. Acabei conversando com ela sobre o bebê e me distrai.
— Fala pra ela que mandei um beijo, tá? Para ela e o Max. Ah,
filha, e falando de preparativos...
— Oba, então já irei preparar tudo! Ah, e será uma surpresa, tá?
Espero que gostem da surpresa que estamos preparando.
— Mas uma hora ou outra terá que lidar com isso Rach — ele diz.
— Não agora. Mas vai.
— Max, na boa... Não sei como ainda tenho reputação com você
na minha vida!
Está doendo mais o fato de ser amada por ele, do que amar ele.
É como se ele não sentisse algo forte assim. É neste instante em
que me encontro relembrando das palavras que a Gi proferiu a mim
no serviço: Se sente como se sem ele não conseguisse respirar?
Como se faltasse um pedaço do seu coração? Sente isso tão
intensamente que não sabe onde começa e onde termina?
— Tem sim, roubei algumas coisas suas. Tem uma gaveta só sua
aqui em casa.
— Ok, vou imaginar que gosta de usar porque meu cheiro é muito
irresistível e...
— Max!
— Obrigada — sussurro.
EU: Oi, mãe. Não se preocupe. Está tudo bem. Só não estou
tendo dias legais. Mas agora vai dar tudo certo. Depois
conversamos mais. BJS.
Capítulo 12
Reviro os olhos e corro até ele e bato forte em seu braço, Max,
por sua vez, começa a rir.
Ele fica sério na mesma hora. Parece que sua ficha cai e ele vê
que eu estou falando sério.
— Eu não sei... Acho que eu não tenho medo de nada — ele diz
por fim.
— Qual sentido?
— O de ser amada.
— Sorte sua — ele diz rindo ainda mais alto. — Casar é uma
sentença.
Sorrio para ele e sinto meus olhos pesados por causa do sono. O
banho que tomei finalmente relaxou todo o meu corpo.
— Bom... — começo. — Então que bom que você não tem nada
a perder, aí não precisa ter medo de nada.
THAAAAAAAAAAAAAAAM!
THAAAAAAAAAAAM!
Não! Por favor, pense que eu não estou em casa e vai embora...
Seja uma boa pessoa!
THAAAAAAAAAAAM!
THAAAAAAAAAAAM!
Começo a andar até a porta, e não estou nem aí por estar com
uma regata do Max. Aliás... Nem lembro o momento que tirei o
moletom.
— Ah, mãe... Claro que não, né?! Que isso, entra aí... — Meus
pais entram, e mamãe vai direto para a cozinha.
— Agora o idiota do seu noivo não vai conseguir fugir! — ele fala.
— Cala a boca! É claro que ele não me trata... É claro que não
fazemos só sexo casual, quem você pensa que eu sou? — sussurro
baixinho. — Vocês irão se conhecer, tá legal? Só que... Pra tudo tem
seu tempo!
— Acho bom! — ele diz. Olha ao redor e seus olhos vão direto na
garrafa de tequila em cima da mesinha da sala, assim que olha de
novo pra mim começa a sorrir. — Sério?
— Ainda bem que estou fazendo café! Assim dá pra você acordar
dessa ressaca! — ela resmunga. — Me dá logo essa garrafa! Pra
que você comprou isso, Rachel? Que absurdo! Uma garrafa inteira
só pra você?
Como dizer que ele está do outro lado do país? Como fazer eles
descobrirem que vieram para um jantar que não vai mais acontecer?
— Mãe, eu... — Respiro fundo e eles me encaram com atenção.
Seguro a barra da blusa de Max nervosa. — Precisamos conversar.
Que tal se sentarem?
— Bom, é sobre isso que quero falar mamãe. Sobre ele — digo
de uma vez. — Eu não sei qual será a reação de vocês, espero que
me entendam e fiquem do meu lado. Porque...
Max franze a teste e olha para os meus pais, ele meio que trava
um pouco.
— Ah, saquei — ele fala. — Bom, deveria ter falado com ela
ontem pelo telefone sobre o casamento.
— Que foi?
— Max, você tá tão ferrado comigo, meu irmão! — Luís fala com
raiva e coloca as duas mãos na cabeça.
— O que eu fiz? — Ele se vira pra mim sem entender.
— Mamãe, nós...
— Também fico feliz que tenha gostado de descobrir que sou eu!
— Max diz.
— Não! Eu...
Ele olha pra mim e franze a testa, e então assente e fica calado.
— Pode deixar.
— Não quero olhar pra sua cara agora — ele fala para Max.
— Ah, agora eu vi. Ter que dar satisfação pra irmão? Nunca
precisou.
— Que se dane o que eles vão querer fazer! É a minha vida, Max!
É a minha família! Não dá pra eu contar uma mentira pra depois...
— Pensei que talvez fosse mais fácil você entrar na onda deles...
Daí eles vão embora pra cidade deles. E depois quando estiverem
longe, é só contar pelo telefone. É mais fácil falar e desligar do que
encarar tudo. Já que não tem essa coragem agora.
— Eu... Não quero essa situação. Não quero contar pra eles do
Pedro, mamãe ia ficar uma fera. E eu não quero que eles saibam
que simplesmente fui abandonada. Não quero parecer fraca.
— Rachel...
— Não preciso que me diga que fui idiota e infantil, porque sei
disso, mas acabou que no fim, foi melhor assim. Como sempre, eu
estava certa. Nenhum dos meus relacionamentos estão dispostos a
ficar pra sempre na minha vida.
Coloco minhas mãos no rosto, e por mais que eu odeie isso, Max
tem razão sobre ele embarcar nessa e depois eu só dizer que
acabou, como sempre. Essa explicação seria melhor. Ninguém nem
conhece o Pedro, graças a Deus! Quisera eu não o ter conhecido
também.
— Ok, vai ser fácil — sussurro para Max, me encosto ao seu lado
no muro do restaurante que marcamos com a minha família.
Max tenta não rir, mas perde a batalha e deita a cabeça contra o
muro até as risadas sumirem.
— É porque não existe clima — ele fala e faz negação. — Ei, mas
a gente se ama, isso deve valer de alguma coisa, certo? — Max
pergunta meio incerto.
— Digo o mesmo — ele fala. — Se for pra beijar, que seja a testa,
a bochecha e só.
— Ei, não empaca agora, vai. No futuro, vamos rir disso, linda,
prometo — ele diz.
— Não precisa fazer coisas que não quiser por mim, Max. Eu te
conheço, sei que você não é do tipo que deixa de beber pra levar
mulher em casa — sussurro.
Ele olha pra mim, e sinto um gelo em meu coração. Aquele olhar
sombrio, cheio de coisas que eu não consigo decifrar. O tipo de olhar
que faz com que eu sinta algo que eu jamais pensei que fosse sentir:
como se aquela fosse a primeira vez que visse Max. Nunca vi esse
olhar antes.
— Não foi isso que eu quis dizer — ele fala e então pega o
cardápio e começa a ler a parte dos sucos. Ele passa o polegar
sobre os nomes, e então um V se forma entre as suas sobrancelhas.
Ele desvia o olhar para mim. — Sua mente está barulhenta, estou
sentindo seus pensamentos daqui.
— O que você quis dizer? Acha que eu não conheço você? Max...
— Reviro os olhos. — É sério? Eu estive do seu lado em vários
momentos, tem coisas que só eu sei de você e só você sabe de mim.
— Suspiro.
Olho pra mamãe que sorri pra mim, e então levo um susto
quando sinto Max colocar sua jaqueta sobre meus ombros. Ele se
abaixa e beija o topo da minha cabeça. É um gesto normal pra gente.
Ele sempre cuidou de mim, não importa na frente de quem, ou em
qual situação. Mas minha mãe pareceu ver isso com outros olhos. E
eu apenas sorri como se concordasse com ela de que Max é mesmo
um cara perfeito.
— Quando sentiu que ele era muito mais do que seu melhor
amigo?
Wow! Ok. Eu estava preparada para perguntas de como ficamos
juntos, e de como decidimos nos casar. Mas não me preparei para
dizer o momento em que eu descobri estar apaixonada por Max.
Como saio dessa?
— Como assim?
— E o que aconteceu?
— O que é isso?
— O que você acha? Tequila — ele fala rindo e pega dois copos.
— E foi?
— Não. Sabe, pra falar a verdade foi até natural. Acho que eles
acreditaram mesmo na gente — digo e reviro os olhos. — Até o
idiota do Renato. Como ele pode ser tão lerdo assim? Vocês são
amigos há o quê? Uns oito anos?
— Sei lá, tá mais pra uns onze — ele fala. — Fiquei amigo do seu
irmão primeiro, quando nem sabia que você existia.
Acho que ele não faz ideia do que penso sobre ele. Acho que de
todo mundo em sua vida, eu sou a única que o enxerga como ele
realmente é, sem mentiras, ilusões... Mas acho que ele também não
faz ideia de como eu o vejo, e do que ele significa pra mim.
Pareceu uma eternidade até a semana passar. Minha rotina foi
basicamente ir trabalhar, e depois dar atenção para a minha família
que ainda está na cidade. Mamãe aproveitou que estava em São
Paulo, e me fez ir com ela na 25 de março para comprarmos coisas
para o natal. Ainda faltava um mês, mas ela estava uma pilha porque
não tinha organizado nada.
Minha família sempre foi do tipo que comemora o natal como tudo
deve ser. Monta a árvore, colocamos os presentes debaixo dela. Nos
reunimos, fazemos brincadeiras, a ceia do natal. Mamãe sempre fala
sobre com o que está grata e é assim sempre. Todos os anos. Eu os
amo por isso, por querer sempre reunir a família, renovar e fortalecer
nossos laços.
— Eu acho que você deve levar uma pra você também — mamãe
fala enquanto eu e ela estamos paradas analisando a árvore de natal
de três metros na nossa frente.
— É pra entrar no clima! Vai ver. — Ela fica de frente pra mim e
abre um sorriso. — Ainda me lembro em como ficava feliz ao ver as
luzes e os pisca-pisca.
— Seu pai e eu decidimos voltar para casa — ela diz e sinto meu
coração apertar.
— Mas agora que já vimos o quanto está feliz, até seu pai está
mais calmo. Ele andava meio nervoso, com aquela pancada de
problema no coração, e ver você bem o deixou mais calmo.
— Renato disse que vai ficar. Ele está tentando arrumar emprego,
como você sabe, e queria tentar a sorte aqui.
Ela não sabe em como eu ainda não descobri onde fica aquele
botão que a gente aperta para seguir em frente.
Assim que ela concorda, ouço a buzina alta do outro lado da rua.
Max buzina três vezes e acena pra gente.
— Ela está meio triste porque falei que vou embora amanhã.
— Não posso ficar muito tempo. Agora que sei que está tudo
bem, e a Rachel está bem cuidada por você, posso ir tranquila e
aguentar a saudade até o natal.
Max olha pra mim e parece pensar o mesmo que eu. Nessa
mentira. No meu real estado por trás de toda a encenação, sinto sua
mão apertar mais meu joelho.
— Aposto que quer que eu vá montar a árvore hoje, por isso esse
olhar piedoso de gato de botas — Max fala e começo a rir.
— O que eu ganho com isso? Vai usar aquele vestido vinho para
me inspirar? Você sabe que ele significa na minha cama ou na... —
Ele para de repente e então arregala os olhos e fica imediatamente
sem graça. Acho estranho ver pela primeira vez Max corar. Até que
entendo quando ouço a voz da minha mãe.
— Ok, finjam que não estou aqui — ela fala baixinho e eu começo
a rir ainda mais.
— Sim, senhora. — Ele sorri e assim que vou sair, sinto Max
segurar meu braço, paro e me viro para ele. Seu polegar acaricia
minha pele, e Max sobe sua mão até chegar na minha nuca, onde
sua mão se entrelaça nos meus cabelos. E percebo que mamãe está
nos observando. — Então... — Max me puxa e beija minha bochecha
devagar. — Até à noite.
Por que eu não fiz o que ele começou a me falar? Ele disse para
apenas fingirmos. Mas não, eu só fui e o ataquei. Como se fosse
uma coisa simples entre nós.
Max franze a testa ao me ver, está usando uma calça preta, uma
blusa azul escuro e um moletom cinza. Está de chinelos, como se
estivesse em sua própria casa. Ele segura duas sacolas, e entra me
olhando de um jeito estranho. Assim que ele passa, fecho a porta e
demoro um pouco para me virar.
Reviro os olhos, mas solto uma risada. Max é tão idiota que não
sei como o aguento.
— Ah, Max... Não consigo mentir, não somos do tipo que fica
falando coisas nada a ver, certo? A gente não enrola como todo
mundo.
— Desculpa — sussurro.
— Max? — Ele vê que estou falando sério pelo meu tom e fica
sério de novo.
Próxima vez? O que ele quis dizer com” da próxima vez”? Caso
alguém nos force e a gente acabe fazendo isso para manter as
aparências? Ou fazer isso à toa? Sem motivo algum?
Pego umas sacolas em cima da mesa, e vejo que dentro dela tem
um vinho e meu chocolate preferido. Max sabe que eu amo.
— Ah, cala a boca! — Corro até ele e o empurro. Max cai deitado
no sofá e começamos a rir.
— Ah, ei! — Cruzo meus braços e ele sorri e pisca pra mim.
— Não quero. Me cansei montando isso! Faz anos que não sigo a
tradição de natal da minha família.
— Tá bem.
Solto um suspiro e viro meu rosto de uma vez. Max continua seu
trabalho minucioso. E então ele termina, pega a tomada da minha
mão e a liga. As luzinhas se acendem, perfeitamente ajeitadas como
deve ser no natal.
— Eu sei que sabe — ele diz. — Mas isso não é motivo para
dividirmos as nossas tradições? Eu deixei você entrar no meu
mundinho e ficar perto de mim nesse momento. E já que... — Max se
aproxima de mim e coloca as mãos no meu joelho. — Já que essa
época do ano é para renascer novos laços, acho que seria legal
renovarmos os nossos.
— E você, Max?
— Bom... Minha mãe não é do tipo que vai me arrastar pra lá.
Não liga pra isso — ele fala.
E meu coração se aperta. Conheço Max há anos, e nunca soube
o quão distante da família dele ele era. Nunca soube onde ele passa
o natal.
— Então, que tal a gente fazer essa tradição da sua mãe? — ele
pergunta.
— Ao que especificamente?
Ele não ri. Apenas balança a cabeça concordando e noto que sua
mão ainda em meus cabelos, embolando aos poucos até ele segurar
meu pescoço, e começar a fazer pequenos círculos com seu polegar
pela minha pele.
Será que ele sabe que está tocando bem na parte sensível do
meu pescoço? Devo avisar?
Ele limpa minhas lágrimas e então ergue meu rosto para olhar em
seus olhos.
— Max...
— Nós dois trabalhando juntos, não iria prestar, Max. Mas é claro
que quero. Toda ajuda é bem-vinda. — Renato solta uma gargalhada
e Max revira os olhos sorrindo.
— Claro mãe.
— Eu sei mãe.
É que eu não queria que você fosse embora acreditando que meu
coração está entregue ao de alguém que é uma mentira. — tenho
vontade de lhe dizer.
— Sabe... — Ela se aproxima de mim e segura minhas mãos. —
Eu acho que você e Max são perfeitos um para o outro. Eu sempre
soube, só que me perguntava quando você enfim iria descobrir isso.
Concordo com ela e abraço meu corpo com o frio que está vindo
aqui de fora. Os carros passam rápido, e me pergunto por uma
fração de segundos, onde Pedro estaria nesse momento em
Chicago. Como ele deve estar? Será que ele sente a minha falta?
Será que se arrepende? Ou está no modo "foda-se" e curtindo sua
liberdade e seu sonho? Será que...
— Porque no fundo ela gosta quando você fica assim, perto dela.
Rachel nunca gostou de ser mimada, odiava isso. Se ela gosta tanto
de ter você por perto, está mais do que claro o quanto ela ama você.
Ela nunca deixou ninguém chegar assim tão perto.
Não sei onde enfiar a cara depois disso. Sinto os braços de Max
ficarem rígidos ao redor do meu corpo.
— Bom, eu vou ir ver com seu pai desse táxi, está demorando
demais. — Ela se aproxima e beija minha bochecha e entra pra
dentro.
— Rach?
— Hum?
— Olha pra mim, linda — ele sussurra com aquele maldita voz
grave, que faz meu corpo inteiro se arrepiar.
— O quê? Não, eu só... fiquei sem graça com o que minha mãe
disse.
Max fica um tempo em silêncio. E então olha para baixo. Ele faz
um gesto afirmativo com a cabeça e então ergue os olhos
novamente para mim.
— Sua mãe ainda a pouco disse que nunca viu você agir assim
perto de algum namorado...
— É porque ela nunca me viu com o Pedro — digo o cortando. —
Isso não tem nada a ver com você. É essa situação que me deixa
assim.
— Rach...
— Max...
— É claro que sim — digo. — Mas não acho que falarmos sobre
como o outro está se sentindo é algo relevante. Qual é, Max... Nada
mudou.
Ele assente sem dizer nada e abaixa seu olhar, parece não
querer olhar pra mim, e então vira o rosto, olha para Renato na sala,
que olha pra gente e sorri acenando. Renato começa a rir.
— Vou ter que ir embora, tenho que fazer umas compras ainda lá
pra casa, mas espero que tudo corra bem na viagem. Quando
chegarem lá, avisa a Rachel pra eu ficar sabendo.
— Pode deixar, vou falar com a Rachel para irmos visitar vocês o
quanto antes, tá bom?
— Olha...
— Tem coisas que é tão errado sentir que, sei lá, só queria voltar
no tempo.
— Sou seu irmão, Rach. Só quero ver você bem... E sem medo.
— Rachel...
Não imaginei que fosse ser tão difícil me despedir dos meus pais.
Não tinha noção da saudade que estava até eles virem me ver, e
agora que estão indo embora novamente, me pergunto como foi que
consegui ficar tanto tempo longe.
Assim que minha mãe me abraçou pela décima vez, e o táxi virou
a esquina da minha casa, meu coração se apertou. Senti os braços
de Renato passarem por meus ombros, e ele me puxa para mais
perto, abraço sua cintura e então nós viramos e subimos juntos para
meu apartamento.
— Daqui uns dias é natal e vamos ir pra lá irritar eles de novo —
Renato fala tentando me animar.
— É — sussurro.
— Ei, posso ficar aqui ao invés do hotel né? Amanhã tenho que ir
pegar minhas coisas que ficaram lá. — Ele questiona encostando no
batente da porta.
— Claro que pode, que pergunta! Fica aqui o tempo que quiser.
Vai ser até bom. — Me viro pra ele sorrindo, e estico algumas caixas.
— Coloca em cima do meu guarda-roupa pra mim?
— Vou ajeitar essas colchas no sofá pra você. Sorte sua que meu
sofá vira cama, você vai amar — Comento sorrindo.
— Acho que vou tomar um banho, que tal pedir alguma coisa pra
gente comer?
Vou até a gaveta do meu guarda roupa, e aponto ela aberta para
Renato.
— O que seria isso? — Ele franze a testa.
Ele vai dizer alguma coisa, mas desiste. Então apenas pega uma
calça de moletom e uma blusa folgada e o entrego uma toalha.
Assim que Renato vai tomar banho, eu vou até a sala e arrumo
as colchas no sofá, coloco o travesseiro e deixo tudo pronto para
quando ele terminar. Me sento no sofá e pego meu celular.
EU: Eu sei que hoje foi tudo muito estranho, mas, por favor,
não vamos deixar isso nos afastar.
— Eles já foram tem muito tempo? — Ouço sua voz, mais rouca
do que o normal do outro lado da linha e sinto um tremor percorrer
meu corpo.
— Quem?
— O... — Me levanto e olho em sua direção. — O meu ex.
— Fico feliz que ele esteja te ajudando a passar por essa fase,
pelo menos até as coisas se ajeitarem — ele confessa.
— Eu acho que você tem que falar pra ele, ou se não, mostrar a
ele o que está sentindo.
— Levanta! Anda! — Ela vai até ele e o puxa pelo braço. Arthur
acaba cedendo, sorri e a leva até a pista de dança.
— Tá de boa?
— Acho que eu vou pedir mais um drink pra mim — Renato fala.
— Querem também?
Renato franze a testa e mexe a boca falando sem som. "O que tá
fazendo? É pra ficar sozinha com ele".
Max desvia os olhos da mesa para mim, mas assim que olho em
seus olhos ele para de me olhar novamente, e pega seu celular. Mas
que droga é essa?
— Ok — sussurro.
— O quê?!
Não consegui, foi uma força maior que eu. E eu nunca fui do tipo
que deixa de falar as coisas, quando vejo já foi.
— Não sabia que o Re sabia sobre isso — ele fala. — Tem muito
tempo que ele sabe?
— Não faz isso, por favor — ele pede, sua voz rouca me mata por
dentro.
Seguro um nó na garganta.
Desvio meus olhos dos seus e Max solta um suspiro, solta meu
rosto e deixa seus braços caírem ao redor do corpo.
Fala, por favor! Se abre pra mim! Diz que não estou louca e que
também enxerga uma mulher com desejos na sua frente, não apenas
uma melhor amiga.
Max abre seus olhos, estamos tão perto que posso jurar que seus
olhos são mais claros assim de pertinho. Ele respira fundo, e se
aproxima de mim mais um pouco, suas mãos seguram meus quadris,
e assim que Max olha para a minha boca, sinto que vou desmaiar.
Olha aí, a iminente atração forte que sinto por ele atacando de
novo.
— Gi...
— Então quer dizer que quer paquerar uns caras? Aquele vestido
vinho? — Max abre um sorriso. — Rachel, aquele vestido significa
"Na minha cama ou na sua?" É um convite.
Eu preciso é ser forte e tirar essa atração que sinto por você de
dentro de mim.
— Ah, para com isso — ele diz e estica sua mão e a coloca em
meu joelho. — Você jamais estragaria minha noite.
— É só pra te tirar de lá caso não queira ir... Vai que tem outros
planos e...
Abro a porta e saio logo atrás dele. Ele tranca as portas e liga o
alarme e então se aproxima de mim. Um sorriso surge em seus
lábios e ele meio que trava quando eu tiro meu casaco e ele me vê
usando o vestido vinho. Aquele que decidi usar só quando queria
que alguém me notasse.
Sinto meu corpo começar a tremer. Agora que estou aqui, não sei
porque vim com esse vestido. No fundo eu queria ficar bonita, e de
um jeito meio torto, queria fazer Max notar isso em mim. Queria
apagar a imagem que ele tem de mim como a melhor amiga. E sentir
isso me deixa assustada. Max é meu melhor amigo, eu não posso
sentir essas coisas.
— Hurum.
— E você sabe que eu não quero ninguém te olhando lá dentro,
não é?
Por um lado, tive vontade de sorrir. Mas por outro, eu sentia que
Max estava apenas sendo ele. Meu protetor e piadista como sempre.
Atitude? Max quer que eu seja sexy pelas minhas atitudes? Ah, é
óbvio, né, Rachel? Não adianta se vestir bem e continuar quieta em
um canto apenas esperando tudo acontecer à sua volta. Eu preciso
começar a falar, e ser sincera, principalmente comigo mesma.
Max vira o rosto inteiro na minha direção depois que falo isso.
Tento controlar o ataque que estou tendo por dentro, mas respiro
fundo. Eu preciso voltar a ser aquela pessoa confiante que eu era
antes de estar com Pedro.
Levo minha mão até a dele, e quando estou quase o tocando,
sinto a mão de Max pegar a minha ainda no ar. Ele entrelaça nossos
dedos e olha para Igor. Seu peito sobe e desce rápido. Fico sem
entender o que está acontecendo. Até que Igor sorri e ergue as mãos
em rendição.
— Ela não sabe onde está se metendo — ele fala. — Ela não é
nenhuma dessas que está acostumado.
Max faz negação com a cabeça e franze a testa ao olhar pra mim.
Sei o que ele está pensando. Mas a resposta está tão clara que,
por um momento, sinto que ele sabe melhor do que eu.
Começamos a rir.
MAX: É fácil ser sexy. Tem que falar coisas reais, e fazer isso
soar com outras intenções.
Solto uma risadinha, e paro para pensar. Falar coisas reais e que
pareçam com segundas intenções? O que eu devo falar? Mal
conheço o Igor, não sei que tipo de situação real devo usar.
MAX: Tipo isso..., mas tente ousar mais. Qual é, Rach, você
consegue.
EU: Sabe o vestido que estou usando? Vesti ele pra você.
Sabe o que significa?
Assim que encaminho a mensagem e Max lê, ele olha pra mim.
Parece que tem algo diferente, a atmosfera do lugar mudou. Sinto
tanta coisa nesse olhar que parece que vou morrer do coração.
Engulo em seco e sinto que ultrapassei todos os limites. Essa
brincadeira está parecendo séria demais.
Encaminho a mensagem e sei que ele vai ficar com raiva quando
ler isso. Mas assim que ele me olha e me flagra rindo, ele sabe que é
brincadeira, e isso o faz me lançar um olhar tão selvagem que fico
com medo.
EU: Adivinha.
Sem falar nada, sou apenas guiada pelos meus próprios instintos
e desejos. Levo minhas mãos para trás e desço o zíper do meu
vestido. É uma brincadeira, mas o modo como meu corpo está em
combustão, e o jeito que Max me olha... como se estivesse pegando
fogo e eu fosse a brasa que o incendeia ainda mais. Não parecemos
mais aqueles melhores amigos, por um momento, é como se
estivéssemos nos vendo pela primeira vez. É tão real, palpável.
Max solta um gemido baixo, e então ele se vira pra mim devagar,
e ao me ver ainda com o vestido, parece em conflito.
— Eu sei.
Meu coração parece que vai sair pela minha boca em qualquer
momento. A mão de Max percorre minhas costas, onde ele as coloca
em contato com a minha pele exposta depois que desci o zíper do
vestido, e ele passa suas mãos por dentro do vestido até circular
meu corpo, e me puxa até fazer com que eu encoste em seu corpo,
ele ainda parece confuso, tenta se decidir se realmente continua a
me tocar. Ele me quer, mas ao mesmo tempo tem medo. Então
decido apenas aproveitar o momento, e convencê-lo que vale a pena
nos deixarmos levar por esses sentimentos, desejos e emoções
reprimidas.
— Eu sei.
Max desce sua mão que estava na porta até minha cintura, onde
ele me puxa com força contra ele. Ele segue trilhando beijos por toda
a extensão do meu pescoço, morde levemente, até subir por minha
garganta e chegar ao meu queixo. Experimentando cada pedaço
mínimo do meu corpo, até chegar aos meus lábios. Sinto sua
respiração apressada se unir a minha.
Max encosta nossas testas e assim que abro meus olhos o pego
olhando para mim.
Max sorri e passa seu nariz sobre o meu de um lado para o outro.
E me puxa mais contra ele.
Tombo minha cabeça para trás quando ele morde meu pescoço e
o lambe devagar, e deixo um gemido escapar.
— Talvez seja verdade — digo baixinho, sinto tanta falta de ar
que não sei como fazer pra voltar a respirar.
Max sorri e sei que ele está se deixando levar tanto quanto eu.
Nos olhamos por tanto tempo que parece uma eternidade. Sinto
meu corpo tremer de novo, e Max se aproxima de mim e mordisca
meu lábio inferior. E então sua boca toma posse da minha, faminta,
desesperada. Sua língua invade minha boca em ritmos que deveriam
ser proibidos. Me sinto tão entregue, que me pergunto se é normal
alguém se sentir assim. Minha mão entra debaixo da blusa dele, e o
puxo para mais perto, apertando seu corpo contra o meu e aperto
sua bunda. Max interrompe o beijo e se afasta um pouco sorrindo.
Não perdemos o contato visual. Max estica sua mão até a porta,
e a tranca para ninguém nos incomodar. Sinto suas mãos descerem
por meu corpo e ele segura a barra do meu vestido e começa a subir
para cima.
— Max...
— Não fala que não quer. Eu sei que quer isso tanto quanto eu —
ele implora.
Ergo meus braços para cima e deixo que Max o retire de mim. Ele
o joga em qualquer canto e para na minha frente e vejo seu olhar
vagar por todo o meu corpo.
Chegamos juntos a um clímax tão forte, que não sabia mais como
parar de puxar ele pra mim, não sabia onde começava ele e
terminava eu. Nem quero saber.
Max solta seu corpo contra o meu cansado, e deixo minha
cabeça cair no colchão. Ele não sai de dentro de mim, apenas
respira apressado e sorri. Ficamos um tempo em silêncio até que eu
conseguisse recuperar meu fôlego. E assim que ele se retira,
gememos juntos e sinto um certo vazio.
E agora?
Como explicar para ele que não dá para deixar o que aconteceu
entre nós nesse quarto e simplesmente esquecer? Como explicar
que parece que o que eu sinto conseguiu aumentar grandemente
dentro de mim?
— Se essa não for a porra da batida perfeita, eu juro que não sei
de mais nada.
Meu coração se acelera ainda mais e assim que vou dizer alguma
coisa ouvimos a porta do quarto tentar ser aberta. Arregalo meus
olhos e Max sai de cima de mim. Finalmente percebemos que não
estamos em casa.
Meu Deus! A ficha caiu! Eu realmente estou louca! Acabei de
transar com o Max na casa de um estranho.
Assim que abro a boca para responder, escuto algo que jamais
poderia imaginar.
Max estava com a Vivian ontem? Ele a chamou pra vir? Eles
sempre usam esse quarto como abatedouro?
— Rachel...
Por que ele mentiria pra mim? Ele se encontrou com ela depois
do encontrão do jornal? Ele respondeu que sim naquelas
mensagens?
— Ei, eu posso explicar — ele diz e acaricia meu quadril com seu
polegar.
Mas se for assim... Por que ele ainda está se encontrando com
ela?
Max solta um suspiro e olha para o teto sem saber o que dizer.
Max só a encontra pra uma coisa: sexo. Só isso importa pra ele.
Ele sempre dizia "É a única relação que me importa".
— Você não pode chegar do nada e falar que sente algo por mim,
e aí tudo aquilo aconteceu, e mudou totalmente nossa relação, não
adianta negar.... E aí depois de tudo o que sentimos lá dentro, você
não pode vir me dizer para simplesmente esquecer.
— Quer dizer que nunca percebeu nada nesses meses pra cá?
Senti algo tão forte, que eu nunca senti nem pelo Pedro.
— Tem certeza?
— Não — sussurro. — Eu quero falar, mas é aquilo, sabe? Medo
de falar e se tornar real e doer mais?
— Bom... Não.
— Mas o primo dele achou que eu era a Vivian, porque ela estava
com o Max no sábado, e eles sempre usam aquele quarto como
abatedouro.
— O quê?
— Você ficou com raiva por saber que Max estava com ela
sábado? Ou ficou com raiva de saber que o lugar onde ficaram pela
primeira vez era um tipo de abatedouro dele e você queria que fosse
especial?
Eu e Gi sorrimos.
— Obrigada, Doutor!
— NÃO ME CONTA!
Vai ver eu realmente fui mais uma em sua lista, e agora ele
simplesmente me riscou. Como se eu fosse papéis antigos em uma
reunião que não se precisa mais. E isso me machuca de uma
forma... Seu silêncio... Sua distância... Jamais pensei que fosse doer
tanto assim.
Aperto o celular nas minhas mãos, e assim que o carro para, que
cai minha ficha que estou na porta de casa.
Online.
Dói não ver ele. Dói não vencer o orgulho e ligar, como dói não
receber ligações. Dói não mandar mensagens, como sofro por não
receber. Machuca não procurá-lo e dizer que está doendo, e o motivo
por isso... Como também machuca não ser procurada como se eu
realmente tivesse certeza naquilo que nunca achei que fosse me
importar... A lista de Max, das mulheres que ele fica.
— Pessoal, sei que está em cima da hora, mas hoje meu dia foi
muito corrido. Preciso que me entreguem as matérias para eu
verificar tudo. Vai ser a primeira vez que o jornal vai se dedicar mais
ao site online, então eu preciso revisar junto com vocês para tudo ser
do jeito que queremos, ok?
De repente a sala do Arthur fica sem ar. Eu acho que ele deveria
comprar um outro ar-condicionado. Minhas pernas tremem à medida
que Max atravessa a sala e se senta ao lado de Arthur do outro lado
da mesa. Ele está usando uma calça social e uma camisa verde
clara que faz seus olhos destacarem, um paletó bem moldado ao seu
corpo. Sua barba está bem feita e o cheiro da loção e seu perfume
fazem com que meu cérebro do nada pare de raciocinar. Ele estica a
cadeira e se senta, acomoda seu notebook em cima da mesa e o
liga.
— ... me entregar.
O clima está pesado. Meu coração bate tanto que acho que vou
desmaiar bem aqui. Engulo em seco e tento manter o foco, em
qualquer lugar que não seja Max mordendo seu lábio inferior.
Abre! Abre logo a porta! Vai, abre logo, qual é, por favor! Abre
logo! Como nos filmes, pra eu entrar e fechar a porta e não ter que
olhar pra ele! Por favor...
Ouço seu suspiro, tão profundo que quero sair correndo, mas não
quero parecer fraca e machucada como estou. Não adianta! Ele
mentiu pra mim. Fingiu que eu era especial quando era mais uma na
lista dele. Max não vai me enganar de novo! Não vou ceder ou ser a
boba que acredita! Nada do que ele disser vai mudar o que
aconteceu.
— Linda? — ele sussurra. E isso acaba de vez com meu coração.
— Senti sua falta.
Fico calada. Tento não esboçar o quanto doeu ouvir isso. Sua voz
parece tão cansada, como se ele estivesse querendo se aproximar
mas sem saber como parar de mentir. Ou como me fazer acreditar
novamente nele.
Desce.
— Rachel?
Olho na sua direção e sou sugada por seus olhos. Max está aflito,
exausto. Parece que não sabe o que dizer porque também não sabe
o motivo como eu.
— Rachel...
Desce.
Assim que ouço a voz robótica do elevador olho para frente e vejo
que Max entrou no elevador.
Engulo em seco.
"Se essa não for a porra da batida perfeita... Então não sei de mais
nada". — me lembro dele dizer aquele dia.
Portaria.
Desce.
E assim que ele olha para minha boca, eu travo e ele percebe
minha reação. Seus olhos buscam os meus e solto um suspiro.
Garagem, subsolo.
Sobe.
E as portas se fecham.
Capítulo 30
A mesa está linda. Dividi em duas partes, uma parte cheio de
aviões de brinquedo, para o caso de ser um menino, e uma parte
cheio de unicórnios, se for uma menina. Enchi de vários balões com
os dois tons, e vários balões transparentes com glíter dentro.
Coloquei o bolo brando em cima da mesa e tinha um bebê em cima.
O bolo era branco com várias borboletas de açúcar rosas e azuis.
— Também te amo.
Olho em sua direção e estranho ver ele tão aflito, e assim que ele
suspira e ergue a sobrancelha já sei o que ele quer dizer.
— Arthur...
— Não se magoarem. — Ele me segura quando tento levantar
me mantendo no lugar.
— Sei que se sentiu assim — ele fala. — Confia em mim pra uma
coisa?
— Que coisa?
— Promete pra mim que pelo menos vai tentar? — ele questiona
e se agacha na minha frente e segura minhas mãos.
Gisele chega perto da gente sorrindo e sei que ela sabe muito
bem o que Arthur veio me dizer assim que ela sussurra sem emitir
som, só mexendo a boca "Confia nele".
Por um lado; quero sair de perto de dele por estar tão machucada
e magoada. E por outro, que sente falta, que está doendo, quer que
eu simplesmente converse como dois adultos que somos.
Ele está dizendo o que acho que está? Max estava a fim de mim
antes dessa mentira? Enquanto eu ainda estava com o Pedro? Então
todos os elogios e olhares que eu via da parte dele, não era apenas
brincadeira porque tínhamos intimidade de amigos, mas porque ele
realmente estava me dando sinais?
— Max...
" — Você que pensa — ele disse aquele dia quando achou que
eu estava dormindo. — Eu morro de medo de perder você. "
Sinto uma facada em meu peito. Max está tão ferido, e agora que
percebi que não é raiva da situação, ou porque eu pensava que ele
estivesse com a Vivian. Ele está ferido por eu não confiar nele, por
eu achar que fui mais uma. E então entendo Arthur ao dizer que eu
também o estou magoando. Fiz Max se sentir como se nada do que
ele dissesse fosse verdade.
— Max...
— Você me machucou! Tudo bem que não tenha ficado com ela...
Mas, aquele quarto...
— Não posso mudar as coisas que fiz, Rachel! Mas aí por causa
de um quarto, você achou que eu sou capaz de me aproveitar de
você? Tem noção do merda que eu me senti? — ele diz alto.
— Posso não ser perfeito. Posso ser um inútil. Posso ter pisado
feio na bola com você por ter ficado naquele lugar, ou esconder que
encontrei com a Vivi. Mas você nunca foi qualquer uma pra mim.
Nunca foi mais uma. Nunca faria algo sem você concordar, eu nunca
tocaria em você se não tivesse realmente a fim, eu só...
Max tenta não parecer abalado com as coisas que disse, mas
agora quem está se sentindo um lixo sou eu.
Sinto Max descer seu rosto, seus dentes mordiscam minha orelha
e coloco minhas mãos em seus ombros para me apoiar. Sua boca
desce por meu pescoço, e sinto Max começar a me beijar ali, bem
nos pontos sensíveis. Aperto meus dedos em sua pele e solto um
gemido quando sinto sua língua se deliciar na pele do meu pescoço.
— Max...
Ele está com aquele sorriso debochado nos lábios, mas que
rapidamente passa quando olha novamente para a minha boca.
— Grande coisa... Vem cá. — Ele estica meus pulsos para cima,
e segura minha blusa e assim que começa a levantá-la, abaixo os
braços e Max geme de frustração. — Droga, você estava começando
a entrar no clima.
Minha relação com Pedro nunca foi das mais fortes, percebo isso
porque nunca tive ciúmes, ou raiva e vontade de perder ao mesmo
tempo. Foi uma relação de convivência. Acabou que acostumamos
um com o outro. Não tinha mais aquele fogo que pensei que tivesse.
2
Os dois apertam os palitos no balão com força e eu solto um grito
com o barulho, até que inúmeros papéis cor de rosa preenchem o
lugar, voam para cima, ficam presos no cabelo, e todas as pessoas
que vieram de rosa vibram correndo até Gi e Arthur, que se abraçam
meio rindo, meio chorando, e sinto uma lágrima escorrer por minha
bochecha. Finalmente o amor deles ganhou um nome: Emanuelle. E
vibro de felicidade por eles, por esta família, por poder fazer parte
disso, deles. Max me abraça por trás e beija minha bochecha.
Ele sorri e seus braços me puxam para mais perto, sua boca se
aproxima da minha e ele a beija vagarosamente. Me arrepio só de
sentir os lábios dele contra os meus.
— Hum?
— Ah, Max. — Abraço sua cintura e beijo seu peito, bem em cima
do seu coração. — Eu prometo que fugiremos, mas só depois de
partir o bolo, é de chocolate e foi a Dona Marta quem fez! Max sorri e
arregala os olhos.
— Até agora estou sem acreditar — ele fala. — Mal descobri que
é ela e já tô pensando nos namoradinhos.
Solto uma gargalhada e dou um soquinho em seu ombro.
— Adoro criança! — Max fala sorrindo e olho pra ele que pisca
pra mim e puxa Sofia pela cintura e a pega em seu colo. — Vamos
agora resolver esse problema!
Ele se vira pra mim sorrindo e Sofia me olha com aquela cara
piedosa.
— Por favor, Tia Rach. Não está vendo que ela tá doida pra
comer bolo o mais rápido possível, não? Tenha misericórdia!
— Sei! Ela, né! — Sorrio e Sofia olha pra gente sem entender. —
Tá bom, Sof! Vamos lá embaixo pegar os pratinhos e a faca pra
partirmos o bolo!
— Que coisas?
— Do tipo: como eu fui burra por nunca ter notado você — digo
baixinho e Max desvia os olhos pra mim apenas por um segundo e
sorri, e depois volta a olhar para a rua. — E... — Me aproximo um
pouco dele e acaricio seu rosto e depois passo a mão por seus
cabelos. — No quanto você é uma tentação enquanto dirige. Faz
com que ferre meus pensamentos e fantasie coisas.
— Claro que sim, linda — ele fala. — É que isso nunca aconteceu
comigo antes.
Me viro para ele e mordo meus lábios. Max é o homem mais lindo
desse mundo. Tudo o que eu quero é tocar ele sempre e nunca mais
parar. Sendo assim, solto meu cinto de segurança assim que o
próximo sinal se fecha e me aproximo dele. Inclino em sua direção e
beijo seu pescoço. Max sobe um ombro meio que me impedindo e
sorri. Me aproximo devagar e acaricio seus cabelos, ele me olha pelo
canto do olho e sorri de lado e pisca pra mim, sorrio e beijo
novamente seu pescoço e subo devagar, mordo levemente sua
orelha e Max se contorce tentando se afastar antes do sinal abrir e
ele me empurra gentilmente.
— Rach, por favor, volta para o seu lugar — ele diz com a voz
rouca.
Ele tira a mão do volante e tira minha mão do zíper de sua calça,
encosta a cabeça no banco e me olha sorrindo.
Sorrio ao ver que ele continua com a mão lá, tapando tudo,
impossibilitando minha aproximação.
— Que joguinho?
Desço minhas mãos por seu corpo até chegar no zíper e o abro
devagar. Ele sorri e segura minhas mãos rapidamente, posso ver o
quão no limite ele já está. E eu reprimo um sorriso ao saber que eu
fui quem o fez ficar assim. Max me empurra para trás, e vejo ele
usando uma cueca boxer preta. Max solta um suspiro, e me encara
sorrindo.
— Meu bem, para com isso – diz. — Não sei o que eu fiz para
você querer fazer isso aqui, mas, por favor, Rach...
— Para, estou falando sério! — Ele para de rir e apenas fica com
aquele sorriso de canto de boca.
— Fala.
— Desculpa por ter feito você se sentir daquele jeito aquele dia —
sussurro e coloco minhas mãos ao redor de seu pescoço.
Toco meu nariz com o dele levemente, e depois pego sua mão e
entrelaço meus dedos aos seus. Espero ele olhar nos meus olhos.
— Era pra sentar no meu colo, não ficar nessa posição sexy que
ferra com meus pensamentos.
— Que foi?
— Por quê?
— Digamos que isso tudo é uma baita novidade pra mim. Tanto
no fato de te olhar dessa forma, de perder o controle de tudo com
você... Por de repente eu querer ficar o tempo todo do seu lado e
ouvir você dizendo que está apaixonada, meio que ferrou ainda mais
com minha cabeça.
— Como assim?
— Medo... De mim?
— Max...
— Não preciso que diga algo que sinto com suas atitudes.
Palavras são só palavras.
Ele trava e eu sorrio, e então ele sorri também e sinto meu corpo
inteiro se bambear e arrepiar em resposta.
— E é por isso que isso nem parece real — ele murmura e beija
minha garganta.
— Rach...
Ele franze a testa, mas obedece. Ele se joga mais para trás e
então ele deita na cama. Mas o tempo todo me encarando, em
alerta. Sorrio e vou até sua cômoda, ligo a caixinha de som e coloco
uma música que eu sempre penso nele para tocar. Shallow da Lady
Gaga com o Bradley Cooper, e também deixo para outras músicas
suaves irem tocando também.
Sorrio e então puxo minha blusa para cima, devagar, quando tiro
a jogo para qualquer canto, Max sobe suas mãos até minha cintura,
mas eu apenas sorrio e retiro suas mãos, as levo até acima de sua
cabeça o impossibilitando de me tocar e de se mover. Ele sorri e faz
negação com a cabeça.
— Eu quero que sinta que eu estou aqui, que sinta como eu sou
apaixonada por cada pedaço seu... Quero que sinta que eu não vou
embora, não vai me perder... Me sinta, Max...
Solto suas mãos e ele continua com elas lá. Ele fecha seus olhos
e eu me aproximo, beijo sua testa lentamente, suas têmporas, suas
sobrancelhas, beijo cada uma de suas pálpebras, a ponta de seu
nariz, suas bochechas, beijo sua boca devagar e Max solta um
suspiro quando sua língua começa a brincar com a minha, aprofundo
o beijo e sinto todo o meu corpo se arrepiar. Sinto uma mão de Max
se entrelaçar em meu cabelo e ele intensifica o beijo, e a outra mão
vai descendo por meu corpo, até chegar em minha bunda onde ele
aperta com força e me puxa para mais perto.
— Fica — ordeno.
— Rachel, puta que pariu, você tá tão sexy que não está dando
pra controlar, não. Não consigo manter minhas mãos longe de você.
— Tem quatro dias — ele diz. — Achei que aí seria um lugar que
só veria quem eu quisesse.
— Se faz sentir...
Puxo sua cueca para baixo, o libertando de tudo que sobre seu
corpo perfeito. E a jogo para o lado. E então volto e o beijo seguindo
a linha da tatuagem. Seu membro está duro, inchado e toda vez que
meu cabelo raspa sobre ele, Max geme baixinho. O seguro em
minhas mãos e Max retém seu quadril, se controlando e se
entregando. Movo minhas mãos por toda extensão de seu pênis e
observo Max enquanto ele abre um pouco sua boca para gemer e
mordisca seu lábio inferior.
— Rachel...
Max sem separar nosso beijo, sobe suas mãos, segura as minhas
e as puxa para cima da minha cabeça, como fiz com ele, e sorrimos
juntos em meio ao beijo.
— Max...
— Então é assim?
— Vai fechar os olhos por bem ou por mal. — Ele sorri e vem até
mim.
— Depois de hoje, não quero que se afaste — ele diz. — Não vai
levantar da minha cama mais.
Solto uma risada e sinto ele me puxar para mais perto e beija
meu pescoço sorrindo também contra a minha pele.
— Quero que olhe nos meus olhos quando sentir um orgasmo tão
forte, que não se lembrará de mais nada.
— Max...
— Linda?
— Max...
GI: Bom dia! Não sou burra de não saber que vai demorar a
responder, mas acorda logo que precisamos conversar!
— Ric...
— Como si ocê num tivesse feito issu com a minha! — digo com
a boca cheia de espuma e Max solta uma gargalhada.
— Vou pegar as chaves do carro pra gente ir, se não ele mata a
gente!
— Combinado! — Sorrio.
— Era... O...
Ele não fala mais nada, nem eu. Acalmo meu coração e coloco
minha mão no joelho de Max. Ele me olha de relance e suspira.
— Claro.
Sinto uma facada invadir meu coração. Olho para Max surpresa e
ele apenas franze a testa com meu silêncio.
— Quê? Tá maluca!
— Oi?
— Tipo? — Sorrio.
— Aposto que pra ele não vai ser — Max fala sorrindo.
Abro a boca surpresa e olho para Max. Ele está me olhando aflito,
como se estivesse medo que eu tivesse raiva do que ele fez. Me jogo
em seus braços e o abraço, beijo sua bochecha e ele começa a rir.
— Ele vai ficar muito puto! — comento rindo e Max começa a rir
também.
— Puto é pouco! Ele vai achar que foi corno no namoro inteiro.
— Por que não tenho pena se ele achar isso? Bom que sofre
ainda mais! — digo rindo e Max apenas pisca pra mim.
VIVI: Oi, gato! Estou tentando falar com você há dias... Qual
é? Essa sua amiguinha tá precisando de solidariedade pós
término até hoje? Estou com saudades!
— Ela te incomoda?
— Rachel!
— Então acho que você também está fazendo jus ao seu apelido,
né? — ele diz pegando um pouco do recheio do bolo que fiz e passa
lentamente pelo meu lábio.
— Falando o quê?
— Como assim?
O sítio... Bom, todo ano todo mundo do jornal vai para lá. É um
ritual. Já fui algumas vezes com Pedro sem ser com o jornal, íamos
todos juntos. Lá é tão bom, tranquilo.
— Podíamos chamar a Gi, e o Arthur e talvez a Mand e o Cadu
aceitem. Eles vieram pra cá por causa do chá de bebê. Segunda é
feriado então acho que eles devem ir embora só na segunda. Talvez
topem. Se não toparem, seria ótimo ficar um tempo a sós com você.
Não ia reclamar de jeito nenhum.
Guardo meu celular, vou até o quarto e Renato está com a cara
fechada.
— Por favor, levem uma mulher pra lá, uma amiga, Rachel... Ficar
de vela é foda!
— Posso tentar, mas vai ser difícil. Se não quiser ir pode ficar
aqui no Ap.
— Pegar ou largar!
— MANO, VOCÊ É A MELHOR IRMÃ DO MUNDO! SE NÃO
FOSSE MINHA IRMÃ TE DAVA UM BEIJO!
Ele sorri e me puxa para mais perto, beija minha boca e então me
vira de costas e se acomoda atrás de mim. Suas mãos me seguram
com posse, e dobramos nossas pernas juntos. Me encaixo nele
como a peça de um quebra-cabeças que faltava.
— Promete que qualquer coisa me chama?
E assim que tiro meus sapatos, quase dou um grito de tanta dor
nos pés. Eu tenho que parar de trabalhar de salto, por mais elegante
que seja. Uma hora eu vou morrer por isso. Jogo minha bolsa no
sofá, e vou até meu quarto. É melhor fazer tudo agora e tomar banho
depois e me jogar na cama.
Todos nós do jornal fomos embora, mas ele ficou com Arthur,
para fazer os últimos retoques.
MAX: Acho que ainda demora umas duas horas isso aqui,
linda. Deu um probleminha, e estamos corrigindo. Não se
preocupe comigo.
EU: Ok, faço sim. Mas não demora, tá? Vou tomar um banho
aqui e deitar.
Nem sei quanto tempo se passa até sentir alguém tocando meu
braço.
Abro meus olhos e quase fico cega com a luz. Vejo que Max
tentou me cobrir, mas estou por cima das colchas então não teve
sucesso e foi obrigado a me acordar. Me afasto e ele me cobre.
— Acho que não vou contar, pelo menos não no natal. Eu sei que
devo só falar do Pedro e tal, mas... Essa loucura acabou dando certo
no fim das contas, né? Eu e você estamos juntos de verdade. Acho
melhor contar quando estiver vindo embora do que contar assim que
a gente chegar.
— Ok!
Vou correndo e aperto a campainha, e mamãe vai abrir o portão
pra gente. A abraço com força, matando as saudades, e me sinto em
casa, no meu lar, só por estar nos braços dela.
— Morrendo. — Sorrio.
— Esse com certeza vai ser o meu melhor natal — ele diz, segura
meu rosto e me faz olhar pra ele. — Só de estar do seu lado já vai
ser.
Sorrio e ele se abaixa e beija minha boca devagar e sorrimos
juntos em meio ao beijo.
Max foi com meu pai levar o dinheiro do Peru que está assando.
E eu e mamãe estamos terminando de arrumar as coisas do natal.
Hoje é uma data importante. Além de todo o significado, é a primeira
vez que me sinto compartilhando isso com alguém que amo. Já que
Pedro sempre passou com a família, nunca tivemos nenhum
momento assim juntos.
— Que isso?
Vou até ela e me sento meio sem graça. Então não é sobre o
Pedro? Ela realmente não sabe de nada?
— Ah, não, não aguento mais ver isso — Renato fala rindo e dá
meia volta.
Max me solta, me coloca no chão, e eu me viro enquanto ele me
abraça por trás. Mamãe termina de arrumar a mesa e então me
entrega a caixinha do colar.
— Ué, mas você quer esperar passar o natal para me contar algo
importante. E você é a salvação dessa família.
Mamãe bufa irritada e vai até a cozinha onde meu pai está. Sinto
Max deslizar sua mão até a minha, ele segura e começa a me puxar
em direção ao quarto. E assim que a gente entra, ele fecha a porta e
me olha assustado.
— Tem certeza?
— O teste, Rach.
— Obrigado — ele diz. — Mas tem outras coisas que você pode
fazer para tirar esse estresse. Mas enfim, o lugar não é apropriado.
— Não entendi.
— Que ele não era o cara certo — Max diz e eu franzo a testa. —
E aí você disse que eu não entendia nada sobre o que é amar
alguém. E que quando eu amasse, entenderia o motivo.
— Foi ali.
— Que susto! — digo e Max me puxa por trás para mais perto e
coloca o rosto na curva do meu pescoço, entrelaçamos nossos
dedos e sorrimos juntos para minha mãe que bate outra foto nossa.
— Olha atrás.
— Agora chegou sua vez — ele fala, e cobre meus olhos com as
mãos. — Vai ter que confiar em mim.
— Max...
— Oi?
— Que tal assim... — Puxo seu rosto e beijo sua boca devagar.
— Eu aceito... Quero tudo com você — murmuro e mordo deus
lábios devagar. — Eu te amo, Max!
— Falei pra ela voltar depois do compromisso, mas não sei se...
Sinto meu coração querer sair pra fora do meu corpo. Reúno toda
a coragem para falar e...
— Bom, era pra ser, né, Rach? — Ele aumenta o tom de voz. —
Mas é só eu ir para a cidade da minha promoção do serviço que o
quê? Do nada você resolve me esquecer assim tão fácil?
— É tanta coisa ridícula que saiu da sua boca que eu me
pergunto como tive coragem de ficar com você! — digo o
empurrando pelo ombro.
— Minha mulh...
Max acerta um murro no rosto de Pedro, solto um grito assustada
e Pedro anda uns dois passos para trás.
Papai segura nos braços dela e eles saem da sala, mas não
antes de ver o olhar da minha mãe. Ela estava tão decepcionada e
magoada que quando passa por vira o rosto pra mim, como se
doesse me olhar, e isso acaba com meu coração. Renato solta um
suspiro e começa a andar de costas junto com meu outro irmão.
— Amor...
— Rach... — Ele segura meu braço e tento sair mas ele é mais
forte e me segura.
Max se aproxima e segura o braço dele.
Abraço Max por trás e ele fica como um escudo na minha frente.
— Ela só pode estar louca por ficar com alguém como você.
— Você não pode estar falando sério — ele fala. — Quando ele
for pra cama com outra, e te abandonar como se fosse mais uma,
nem pense em me procurar, porque eu avisei.
Ele fala e então ajeita a jaqueta e sai pela porta a batendo com
força.
Capítulo 38
— Max? — Ergo seu rosto e o faço olhar pra mim. — É óbvio que
não. Eu te amo.
— Ele disse que eu...
É... O quê?
— Mãe, eu...
— Ela acha que eu terminei com ele! — digo aos prantos. — Ele
acha que eu sou uma idiota que traí!
Max segura a barra e sinto ele puxar o vestido para cima, tirando-
o de mim. Em seguida ele coloca meu vestido em cima da mesinha e
pega uma blusa sua em sua mala. Se aproxima e me ajuda a vestir
ela. Sorrio e ele me puxa para mais perto e me abraça.
Eu posso aceitar qualquer coisa justa. Mas se ela pensa que vai
machucar a Rachel de novo, é porque ela não se meteu comigo
ainda.
— E quem você pensa que é pra tratar sua filha daquele jeito? —
Altero meu tom de voz e ela se encolhe. — Sinceramente? Quem
precisa aprender como tratar as pessoas não sou eu.
Não estou aqui para consolar ela. Ela perdeu a minha confiança
em não ficar do lado da filha. E só o que quero é jogar na cara dela
como errou com a Rach.
Miriam olha pra mim e sorri. Segura minha mão e eu aperto a sua
contra a minha.
— Foi graças a isso que me apaixonei por ela, e digamos que ela
também foi sentindo isso. Aos poucos. Ela tinha medo, e eu também.
Mas fui quebrando aqueles muros dela, a gente foi se aproximando.
Não escolhemos isso, só aconteceu.
— Oh, meu Deus! Sinto muito por isso. Me sinto horrível pelas
coisas que falei — ela diz. — Não acredito que ele foi embora sem
que eu desse um murro na cara dele por ter feito minha filha de
boba. Ninguém brinca com ela.
Sorrio e percebo de onde Rachel tirou seu jeito.
— Era isso que ela ia te falar hoje. Ela só queria esperar um dia
mais calmo pra te contar desde o início.
— Eu quero tudo com sua filha, mas quero devagar, não tenho
pressa. Pedi ela em namoro, porque quero viver cada fase de um
relacionamento com ela. Mas... Prometo que só quero vâ-la feliz.
— Não fico mais um minuto nessa casa — ela fala e pega seu
celular para conferir as horas. — Por favor, Max.
— Mãe...
Gi quase caiu para trás quando contei sobre o que ele fez no
natal.
— Ele tem uma sala, como você sabe. Se não estiver lá... — Ela
levanta e vai até a impressora. — Se vira e o encontre sozinho. Eu
tenho mais o que fazer do que ficar bancando a assistente do redator
dessa empresa.
— Não preciso que diga que não é a mesma, sei disso, cacete! —
ele fala. — Eu realmente me arrependo pela cena que fiz na casa
dos seus pais, e sinto muito se te deixei pra trás. Não tem um
segundo que eu não me sinta um otário por ter tomado a pior
decisão da minha vida. — O encaro e Pedro segura meu rosto em
suas mãos. — Eu já tinha tudo só por ter você. E desculpa se fui
burro demais pra perceber tarde demais, mas agora não importa.
Porque eu já te perdi e sei disso.
— Tira as mãos de mim. — Retiro suas mãos e Pedro dá um
passo para trás de afastando. — Só vou te dizer uma coisa: Aquilo
que eu disse na casa dos seus pais sobre não te querer quando
descobri sobre o Max era mentira. Quando você descobrir que ele
está te usando e faz tudo parte do joguinho dele... Saiba que eu vou
estar lá por você.
— Pedro...
— Já vou.
— Ok.
Vou até a sala, bato meu ponto e pego minha bolsa. Deixo todos
me olhando quando passo pelos outros funcionários, e chamo o
elevador. Ligo meu celular e vejo que tem três mensagens não lidas.
Abro primeiro a de Max.
— Ela é só uma amiga. Que mal tem nisso? Eu sei que ela
está sofrendo e tudo mais, mas eu ajudei até agora e depois é
só ir se afastando um pouco até acabar tudo e ela não ver que
menti todo esse tempo. Eu respeito muito ela, mas sabe como
é? Aquelas listas onde sempre tem a primeira do topo? Ela era
aquele tipo que nunca pensei, mas quem resiste? Só não
preocupa que as coisas não vão mudar, ok? Eu não vou te
abandonar só por causa de alguém na lista. Já faz anos que
estou tentando, mas você não precisa se preocupar, sabe como
funciona. Quando tudo acabar... Eu estarei na pista de novo,
como sempre. à noite vou passar na sua casa e a gente
conversa mais, tá bom? Ela nem vai desconfiar. Beijo!
Capítulo 41
MAX
Existem momentos na vida da gente, em que tudo dá tão errado
que nem parece que é real. Parece um daqueles pesadelos ruins
onde tentamos acordar e não acontece. Momentos em que
relaxamos, porque nada mais de ruim vai acontecer, nada mais vai
mudar, e então... acontece. Esses momentos nos perseguem, nos
cegam. Nos questionam. Nos intimidam.
E quando achei que nada mais podia acontecer, mais uma bomba
explode sem nem me dar a chance de me preparar para juntar os
estilhaços.
— Eu estava num bar. Juro, Max, eu não sei direito o que rolou.
Eu estava muito bêbada! — Ela revira os olhos e mexe no cabelo
tentando se lembrar. — E aí eu e as minhas amigas conversamos
com uns caras, e eu apaguei numa hora. Quando vi, já estava sendo
acordada pela Micaela e ela querendo me levar embora.
— E?
Bufo de raiva e pego meu celular, ligo para Rachel pela décima
vez e ela não me atende. Mando mensagem e ela não visualiza.
Mando uma mensagem perguntando onde ela está e ela também
não me responde.
— Não estava falando dela. Mas agora ela pensa que estou! Ela
acha que eu brinquei com ela esse tempo todo e que não significa
nada!
— Sei lá, deve ter uns dois anos aquilo, que merda isso importa,
Vivian?
— Sim.
— Vamos lá ver ela — ela diz e tenta sair mas não deixo.
— Sai da minha frente — digo com raiva, e quando passo por ele
Pedro segura meu braço me impedindo e me puxa para perto da
entrada.
O quê?
MAX: Ei, linda, sei que deve estar puta comigo, mas juro que
não é o que está pesando com a Vivian. Conversei com o Pedro
e ele me disse que voltaram com os planos do casamento.
Relaxa, sei que não é verdade. Mas decidi ir embora, amanhã a
gente conversa melhor. É sério, eu preciso conversar com você.
Te amo. Bjos.
Ele puxa meu rosto para mais perto e sua boca se choca contra a
minha. E assim que ele suspira e sua língua dança contra a minha
em movimentos lentos e perigosos, o puxo pela jaqueta o trazendo
para mais perto. Max me vira contra a porta de algum
estabelecimento fechado e sua boca desce até meu pescoço, e ele
me beija e mordisca minha pele.
Max se paralisa depois que digo isso. Seu corpo fica rígido e
posso notar sua hesitação em me falar algo. Ele olha para baixo,
pensando, e posso ver a batalha que ele luta, até que enfim suspira
desistindo e sorri, ergue seus olhos na minha direção e morde os
lábios devagar.
— Max...
— O que você...
—Eu quero tudo, Rach! — ele sussurra. — Não existe hora certa.
Eu juro que eu queria um jantar cheio de velas e aquelas bobeiras de
flores... Mas, em uma rua qualquer, debaixo de um temporal e
olhando pra você parece tão certo...
Começo a rir e ele também, e então ele morde os lábios e tira sua
outra mão do bolso, e assim que olho para sua mão vejo uma
caixinha preta sendo aberta. E um anel brilha ainda mais quando
algumas gotas de chuvas rebeldes caem sobre ele. Meu coração de
repente para, me esqueço de respirar. Ergo meus olhos em sua
direção e se o mundo se congelasse agora eu ficaria feliz.
— Rachel...
— Casa comigo.
— Ei. — Max ergue meu rosto em sua direção e beija minha boca
devagar. — Eu e você.
É ali que sabe que encontrou a pessoa certa. Quando deseja que
todo o tempo que passaram juntos, durasse sempre um pouco mais.
E tudo isso é graças ao primeiro dia, a primeira conexão criada. E
tudo isso é graças a um primeiro momento, aquele momento, aquele
dia.
instagram: @autorarafaalves
Série Escolhas
1- Faz de conta que é amor. ( Amanda e Cadu )
Depois de se jogar de cabeça em um plano que foi totalmente aceito pelo seu coração,
Amanda não poderia estar mais feliz. Trabalha na vaga dos seus sonhos, se apaixona ainda
mais pelo homem de olhos sombrios e sorriso cafajeste... E, de quebra, conseguiu o pedido
que sempre sonhou.
É, Santo Antônio atendeu todas as suas preces! Cadu é o homem dos sonhos!
E é claro que eles juntos, ainda tem muitos outros momentos á compartilhar.
Faz de conta que Acontece é um spin-off, uma coletânea de contos dos melhores
momentos que ainda estão por vir.
O tão esperado casamento, aquela despedida de solteira, e "Ah meu Deus"
Acho que o destino preparou mais uma surpresa na vida desses dois. Será que eles estão
preparados para embarcar em um novo acordo?
Arthur está em um relacionamento desgastante, parece que vive sua vida todos os dias
no piloto automático, sem poder fazer o que realmente quer. Ás vezes, a vida nos trás
surpresas. Algumas complicadas demais para simplesmente ser esquecida. E nesse
momento é a hora de fazer a escolha certa.
Ela só não esperava que seu mundo fosse desabar por causa dele.
E ele não esperava, que no momento mais delicado de sua vida, fosse perdê-la no
processo.
Mas ás vezes, sua vida pode mudar conforme as escolhas que você faz. E você pode
descobrir que mesmo que os caminhos do destino te levem para um lugar diferente...
Sempre existirá um outro caminho que irá trazê-lo de volta ao começo.