Você está na página 1de 5

Der Ring des Nibelungen

Der Ring des Nibelungen (O Anel do Nibelungo) é um ciclo de quatro óperas épicas do
compositor alemão Richard Wagner. Elas são adaptações dos personagens mitológicos das
sagas nórdicas e do Nibelungenlied.
Wagner escreveu o libreto e a música por cerca de vinte e seis anos, de 1848 a 1874.
Entretanto, ele não se dedicou exclusivamente a isso durante esse período. Os dramas
musicais que compõem o ciclo do anel são, em ordem cronológica do enredo: Das Rheingold (O
Ouro do Reno), Die Walküre (A Valquíria), Siegfried e Götterdämmerung (O Crepúsculo dos
Deuses). Apesar delas serem apresentadas como obras individuais, a intenção de Wagner era
apresentá-las em série.
A primeira apresentação de todo o ciclo aconteceu em Bayreuth, 13 de agosto de 1876. Das
Rheingold já havia estreado em Munique em 1869, a contragosto do autor.

Conteúdo

O ciclo é modelado assim como os dramas do teatro grego em que eram apresentadas três
tragédias e uma peça satírica. A história do Anel propriamente dita começa com Die Walküre e
termina com Götterdämmerung, de forma que Das Rheingold serve como um prelúdio.
A música do ciclo é forte, e cresce em complexidade com o desenrolar da história. Wagner
escreveu para uma orquestra de grandes proporções, incluindo novos instrumentos como a
trompa wagneriana, o trompete baixo e o trombone contrabaixo. Ele também construiu um
teatro para apresentar sua obra, o Bayreuth Festspielhaus. O local possuía um palco especial
que combinava os sons da orquestra e dos atores, permitindo-os cantar naturalmente. A
execução completa do ciclo dura cerca de quinze horas, e o tema é épico. Há vários deuses,
gnomos, e outras criaturas mitológicas em volta do anel mágico cuja posse garante poder sobre
todo o mundo. O drama e a intriga continuam por três gerações de protagonistas.
Desde sua estreia, o Anel foi sujeito a diversas interpretações. Em "The Perfect Wagnerite",
George Bernard Shaw interpreta a obra como uma crítica socialista à sociedade industrial e
seus abusos."Wagner 's Ring and its Symbols", Robert Donington interpreta a obra sob ótica da
psicologia junguiana, como demonstração do desenvolvimento dos arquétipos inconscientes da
mente, levando à individuação.

História

Wagner criou a história do anel ao fundir elementos de diversas histórias e mitos das mitologias
germânica e escandinava. Os Eddas forneceram material para Das Rheingold, enquanto Die
Walküre é amplamente baseada na Saga dos Volsungos. Siegfried contém elementos dos
Eddas, da Saga dos Volsungos e da Saga Thidreks. A ópera final, Götterdämmerung, é
baseada no poema do século XII Nibelungenlied, que foi a inspiração original para o Anel.
Ao agregar tais fontes numa história concisa, Wagner também acrescentou diversos conceitos
modernos. Um dos principais temas do ciclo é a luta do amor, o que está associado à natureza,
e liberdade, contra o poder, o que está associado à civilização e à lei. Logo na primeira cena, o
anão Alberich define o tema ao renunciar ao amor, um ato que lhe permite adquirir o poder de
dominar o mundo ao forjar o anel mágico. Na última cena da primeira ópera o anel é retirado do
anão, então ele o amaldiçoou.

Die Walküre

O centro da história é o anel mágico forjado pelo anão Alberich, o nibelungo do título, a partir do
ouro roubado do rio Reno quando as donzelas do Reno se distraíram. Diversas personagens
míticas lutam pela posse do objeto, incluindo Wotan, o chefe dos deuses. Os acontecimentos
são bastante influenciados pelos planos dele, que leva gerações para superar as próprias
limitações.
Valquíria Brunilda, a mais querida das nove pelo pai Wotan, é o tema da segunda ópera. Como
as irmãs, é encarregada de levar para o Valhala as almas dos guerreiros mortos. Ela hesita em
obedecer ao pai, separando os irmãos-amantes que são filhos do Walsung, o próprio Wotan em
forma de lobo. A morte de Sigmundo é exigência da deusa da fidelidade conjugal, Fricka. A
criança que nascerá da união ilegal é Siegfried. O castigo de Brunilda é dormir cercada por um
círculo de fogo, até que alguém que não tenha medo venha resgatá-la.

Siegfried

Götterdämmerung

Em Siegfried, o filho de Siegmund e Sieglinde já é um jovem, que foi criado pelo anão Mime. Em
Götterdämmerung, depois das cenas das nornas, que perdem a capacidade de ver o destino,
Sigurdo se despede de Brunilda para partir a novas aventuras.
Brunilda descobre ter sido traída pelo próprio Sigurdo, embora não saiba a razão, e o acusa em
público. Ela revela a Hagen como assassiná-lo - pelas costas. Depois de uma longa marcha
fúnebre, chega-se à cena final da obra: Hagen mata Guntário para ficar com o anel, mas a mão
do cadáver de Sigurdo impede que ele lhe seja tirado. Brunilda, na longa cena de imolação, faz
com que o ouro e o anel sejam devolvidos às Filhas do Reno e ela mesma se imola, bem como
aos deuses e a Valhala, na purificação final pelo fogo. Hagen morre afogado no Reno, tentando
recuperar o anel.

Método de composição
Assim como com seus libretos, as partituras de Wagner geralmente passavam por uma série de
estágios distintos para chegar do rascunho à obra final; mas por ele ter mudado seu método de
composição musical diversas vezes durante a escrita do ciclo do Anel, não há a mesma
uniformidade na evolução da música assim como observado nos textos. Também, era comum
Wagner esboçar o trabalho em dois ou mais rascunhos simultaneamente, alterando
repetidamente. Por consequência, não é possível estipular a ordem exata em que os vários
temas, leitmotifs e instrumentações foram desenvolvidas. Por outro lado, cada partitura passou
por pelo menos três estágios, podendo chegar a mais.
O primeiro estágio era o rascunho preliminar e suplementar (Einzelskizzen). Antes de começar a
composição propriamente dita, Wagner geralmente trabalha em alguns rascunhos com os quais
poderia desenvolver. Eles geralmente eram fragmentos de frases musicais em folhas de
rascunho; mas alguns chegavam a se tornar longas e elaboradas seções de música. Podiam
ser nomeados, como por exemplo "Fafner", "Waldvogel". Diferente dos rascunhos preliminares
de óperas anteriores, que eram geralmente conjuntos de linhas de texto, o trabalho de
composição no ciclo do Anel era independente do texto. Mesmo havendo rascunhos de partes
vocais, poucos deles continham texto associado.
O segundo estágio era o esboço preliminar (Gesamtentwurf), o primeiro esboço de toda a obra
(no caso das duas primeiras óperas), ou de todo um ato (no caso das duas últimas óperas). Há
geralmente somente uma pauta vocal e mais uma ou duas instrumentais. Os interlúdios
instrumentais são geralmente elaborados em três pautas. O esboço preliminar de Das
Rheingold era similar nos detalhes ao que Wagner compôs para Lohengrin; mas para as três
óperas seguintes havia mais detalhamento, tal qual o esboço desenvolvido de Lohengrin.
O terceiro estágio era o esboço desenvolvido (Orchesterskizze). No caso dos dois primeiros
atos de Siegfried, esboços preliminares foram feitos antes de Wagner proceder às partituras
completas. Nestes esboços intermediários, ele trabalhou em todos os detalhes orquestrais,
incluindo duetos instrumentais. Wagner usou o mesmo termo alemão para o esboço orquestral,
o quarto estágio, na composição do terceiro ato de Sigurdo e em todos os três atos de
Götterdämmerung. Para tais atos, o esboço preliminar foi seguido por uma partitura curta e
elaborada com duas ou três pautas vocais e até cinco pautas instrumentais.
O quinto estágio era o esboço de instrumentação (Partiturerstschrift). No caso das quatro cenas
de Das Rheingold, o esboço preliminar foi seguido pelo que Wagner chamou
Instrumentationsskizze, em que ele trabalhava a maioria dos detalhes orquestrais. Esse novo
esboço era escrito com tantas pautas quanto necessário. O prelúdio instrumental da primeira
cena não está incluído nesse esboço.
O sexto estágio era a partitura completa (Partiturerstschrift), em que a instrumentação estava
completamente detalhada e diferentes pautas eram alocadas para os diversos cantores e
instrumentos. Não houve uma partitura completa para Das Rheingold já que o esboço de
instrumentação já era suficientemente detalhado.
O sétimo e último estádio era a cópia (Reinschrift der Partitur), uma nova versão (limpa) da
partitura completa. Wagner realizou tal trabalho somente para Das Rheingold, Die Walküre e os
dois primeiros atos de Siegfried. Para o terceiro ato de Siegfried e todos os de
Götterdämmerung, não houve a necessidade de tal estágio já que os esboços já estavam à
tinta.

Produções contemporâneas

Gwyneth Jones na apresentação de Der Ring des Nibelungen de 1976 conduzida por Pierre Boulez e
dirigida por Patrice Chéreau.

A apresentação completa do ciclo é feita na maioria dos anos do Festival de Bayreuth, e a


apresentação de uma nova produção se tornou um evento social comparecido por diversas
personalidades contemporâneas, não somente da música. É difícil encontrar ingressos, que
geralmente são reservados vários anos antes.
A obra é um enorme comprometimento para qualquer companhia de ópera, a apresentação das
quatro óperas interligadas requer grande esforço tanto do ponto artístico quanto do financeiro.
Na maioria das casas de ópera, a produção ocorre por diversos anos, de forma que uma ou
duas óperas são adicionadas ao repertório a cada ano; Bayreuth é uma exceção nesse aspecto.
As primeiras produções tentavam manter a visão original de Wagner. A partir do fechamento do
Festspielhaus durante a Segunda Guerra Mundial, produções dos netos do compositor Wieland
e Wolfgang Wagner passaram a ocorrer, enfatizando os aspectos humanos do drama em
abordagens mais abstratas. A produção moderna mais conhecida é provavelmente a de 1976
dirigida por Patrice Chéreau e conduzida por Pierre Boulez. Ambientada na revolução industrial,
ela substituiu as profundezas do Reno por usinas hidrelétricas, além dos deuses representados
por empresários de terno. Essa leitura da obra como uma drama revolucionário e crítica ao
mundo moderno também foi descrita por George Bernard Shaw em The Perfect Wagnerite. As
primeiras apresentações foram vaiadas, mas o público de 1980 ovacionou a obra por noventa
minutos em seu último ano; a produção é atualmente considerada um clássico.
As diferentes produções tendem a ser classificadas em duas categorias: as que tentam seguir
fielmente a visão original de Wagner quanto ao cenário e direção, e as que procurar
reinterpretar a obra para temas modernos, geralmente adicionando elementos estranhos ao
conceito original

Referências na cultura popular


Por sua relevância musical, Der Ring des Nibelungen já foi referenciada em diversos momentos
da cultura popular, incluindo paródias. Uma delas é o desenho animado What's Opera, Doc? de
1957, em que Pernalonga atua como Brunilda e Hortelino Troca-Letras como Sigurdo.
A comediante Anna Russell apresentava seu texto O Anel do Nibelungo (Uma Análise), que
discuta diversos aspectos dos leitmotifs em tom humorístico. Ele chamava a atenção para
elementos sutis que muitos não notavam na ópera. Já Anthony Burgess escreveu uma versão
do ciclo do Anel sob forma de romance, The Worm and the Ring (1961), transpondo a ação para
uma escola de Oxfordshire.
De J. R. R. Tolkien, a série de livros O Senhor dos Anéis aparenta referenciar alguns elementos
do ciclo do Anel; entretanto, o próprio autor negou ter se inspirado no trabalho de Wagner.
Algumas das similaridades se devem ao fato de ambos terem referenciado as mesmas fontes
mitológicas para suas respectivas obras, incluindo a Saga dos Volsungos e o Edda em verso.
Entretanto, pesquisadores sugerem que Tolkien se inspirou em algumas ideias e fontes de
Wagner, como o conceito do anel dar ao seu dono o domínio sobre o universo, e a influência
corrupta nas mentes de quem o possui.
L. Frank Baum era um apreciador da obra de Wagner, e se apropriou de algumas de suas
histórias. Em John Dough and the Cherub, um músico endoidecido grita que é "maior que
Vogner". Em Ozma of Oz, Dorothy retorna à Oz e se junta a uma expedição para resgatar a
família de reféns do Rei Nome, cujo cinto mágico o dava os mesmos poderes do Tarnhelm, o
elmo mágico de Sigurdo. Em The Magic of Oz, Rei Nome, agora deposto, convence alguém
desleal a acompanhá-lo na busca ao cinto mágico.
Trechos específicos da obra também ganharam atenção em diferentes medias. Um destaque
nesse aspecto é a Cavalgada das Valquírias, o início do terceiro ato de Die Walküre. Difundida
por seu uso no filme Apocalypse Now (1979), o trecho é usado como um estereótipo da Grand
Opera.
A saga de asgard do anime Cavaleiros do Zodíaco é repleta de referências a essa ópera desde
os nomes dos guerreiros deuses e aos objetos-chave da saga com o anel dos nibelungos que
Hilda de Polaris usava, a espada Balmung que o protagonista Seiya de Pégaso e seus
companheiros buscavam até as armaduras dos guerreiros deuses usavam que eram repletas de
referências a monstros e animais da mitologia nórdica e elementos dessa ópera

Você também pode gostar