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Blaine:
Minha vida está me sufocando.
Filho perfeito, atleta estrela, aluno ideal. Estou sobrecarregado – desfazendo-me
pelas costuras.
Até Silas virar meu mundo de cabeça para baixo.
Meu segredinho sujo.
Ele é minha fuga perfeita da realidade. Posso me soltar e me sentir bem, para
variar. Ele me faz sentir vivo pela primeira vez.
Mas ele sempre será alguém que eu desprezo. Ele é arrogante, a epítome de um
Bad boy e, ainda assim, quanto mais fazemos isso, mais difícil fica ignorar meus
sentimentos crescentes. Ele não é o que eu esperava, mas é exatamente o que
preciso.
E agora que o tive, me recuso a deixá-lo ir.
Para Ari e Mads. Obrigado por lidar com nosso caos.
CONTEÚDO E GATILHOS
Esteja ciente de que esta história foi escrita com algumas 'gírias' e dialetos
quebrados para autenticar e dar uma representação completa dos personagens.
Silas
Oito anos de idade
Silas
— Vamos! Vamos, porra! — Eu rosno, dando um último soco antes de sair
correndo pela rua. Ouço passos apressados enquanto as pessoas tentam me
alcançar e espero que Bunky esteja atrás de mim.
— Depressa! — Raid grita pela porta aberta do passageiro do meu carro,
gesticulando para que eu entre.
Eu mergulho, pulando no console do meio e me acomodando no banco de
trás. Sem dúvida terei um hematoma, mas dificilmente será notado pelos meus
outros acompanhantes da luta. Bunky pula no banco do passageiro e fecha a porta
no momento em que Raid pisa no acelerador, correndo para longe, e ouço algumas
pancadas fortes quando coisas atingem meu carro.
— Jesus, isso foi por pouco, — Raid murmura enquanto muda de marcha,
seus olhos saltando entre a estrada e o espelho retrovisor.
— Eu vi, — concorda Bunky, apoiando a cabeça no encosto. Bem, foda-se.
Ele não consegue ficar calmo agora. Eu me inclino para frente, batendo na lateral
da cabeça do idiota, e ele geme, rapidamente me lançando um olhar duro antes de
estender a mão para esfregar o local. —Que diabos, Silas?
— Seu idiota! O que você estava pensando? — Eu gritei, tentando entender
o fato de que meu melhor amigo é tão inteligente quanto uma caixa de pedras. —
Estávamos em território inimigo e você agiu como um idiota.
Bem, não é realmente um território inimigo, mas um clube onde várias
gangues gostam de procurar pessoas para vender drogas. No geral, é um lugar
sombrio.
— Ele não estava pensando. Esse é o ponto, — Raid diz antes de estender a
mão no console do meu carro e tirar meu maço de cigarros. —Porra, minhas mãos
estão tremendo. Achei que éramos homens mortos.
— Não brinca, — resmungo, tentado a bater em Bunky novamente.
— Em minha defesa, eu não sabia que o irmão dela iria aparecer!
Eu gemo, caindo de volta na cadeira mais uma vez, e então solto um longo
suspiro. Eu juro, quando eu disse que queria algo novo na minha vida, não quis
dizer quase morrer. — O fato de você saber quem ela era torna tudo muito pior.
— Como eu poderia não saber? Ela tinha o símbolo da cobra em sua jaqueta.
Eu só queria testar a concorrência, — diz ele, sem se preocupar em esconder o
sorriso malicioso.
— Ah, pelo amor de Deus. — Desta vez eu me inclino para frente e bato nele
novamente. Ele tinha isso vindo.
— Você pode parar? — ele rosna, me lançando um olhar.
— Fique feliz por ser eu. Você vai se divertir mais tarde. Boa sorte explicando
isso para Badge — digo, sabendo que seu pai adotivo vai enlouquecer com ele
quando descobrir. — Se ele não matar você, Whaley o fará. Ele vai ficar chateado.
Ele pensa sobre isso, pegando seu próprio cigarro do que aparentemente
agora é o pacote comunitário, antes de encolher os ombros. — Eh, duvidoso.
Whaley sabe como é.
— Duvido muito, — digo, revirando os olhos ao ver o quão estúpido ele está
sendo. Whaley é sempre muito fácil com Bunky e isso fica evidente em seu
comportamento imprudente.
Quero dizer, quem desaparece quando estamos fazendo um corre?1 Achei
que Bunky estava apenas usando o banheiro ou algo assim, mas não. Ele estava
namorando a irmã de um membro de uma gangue rival nos fundos do clube.
Felizmente, percebi isso e mandei Raid buscar meu carro, mas nossa fuga estava
longe de ser tranquila. O irmão entrou e ficou louco porque um Ace estava tocando
sua irmã. Logo estávamos em uma briga maldita.
Estico a mão e toco meu lábio rasgado. Eu levei um bom soco também.
Desgraçado.
— Droga, minha adrenalina ainda está alta. — Bunky se vira para olhar para
mim com aquele sorriso largo e levemente maníaco dele.
Balanço a cabeça e pressiono as palmas das mãos nos olhos com tanta força
que as estrelas dançam atrás das minhas pálpebras. — Você é louco, sabia disso?
— Sempre fui.
— Mas ele está certo, Bunk. Você precisa diminuir um pouco o tom, — diz
Raid, rapidamente lançando um olhar aguçado enquanto empurra os óculos no
nariz antes de voltar os olhos para a estrada. — Whaley pode ser tolerante com
você agora, mas nem sempre será.
Aceno em direção a Raid. — Sim, o que ele disse.
— Apenas deixe-me me preocupar com Whaley, certo? — Bunky responde,
jogando a cinza do cigarro para mim. — Eu sei quais são meus limites.
— Se você diz, — Raid resmunga antes de jogar o filtro do cigarro pela janela.
Blaine
Que idiota!
Cerro os dentes enquanto caminho até meu armário, plenamente consciente
de que estou atrasado para a aula, mas sem pensar duas vezes em minha presença
perfeita. Ainda estou pensando na minha última interação com Silas. Ele realmente
acha que tentei atropelá-lo de propósito? Posso desprezá-lo, mas não sou um
lunático como o amigo dele, Bunky.
Estamos sempre assim. Tudo o que tenho que fazer é passar por ele e ele tem
um problema. Ele tem feito isso desde o momento em que nos conhecemos no
primeiro ano, quando eu acidentalmente tropecei nele no refeitório – e foi
realmente um acidente, não importa o quanto ele insistiu que não foi.
Ainda me lembro da maneira como ele olhou para mim e como seus grandes
olhos castanhos fixaram os meus. Era como se todo o ar tivesse sido sugado da sala.
A intensidade da minha reação a ele simplesmente me pegou de surpresa, e eu sabia
que não seria algo que eu iria esquecer tão cedo. Eu nunca tinha experimentado
nada parecido antes. Eu estava tão perdido, tão extasiado, que levei um momento
para voltar à realidade.
Depois que o torpor passou, tentei ajudá-lo, mas ele não aceitou. Ele
empurrou minha mão, levantou-se na minha cara e ameaçou 'me foder'. Fiquei tão
chocado com a explosão que não consegui nem falar, apenas fiquei ali de queixo
caído e sem saber como proceder.
Não ajudou o fato de meus amigos estarem rindo como se tivessem
participado da piada. Seus olhos em mim, a pressão para me conformar e a
agressividade de Silas me deixaram incapaz de fazer qualquer coisa além de vê-lo
ir embora. Quando tentei me desculpar no dia seguinte, ele ficou furioso.
Percebi então que não havia nada que eu pudesse fazer para mudar a opinião
dele sobre mim, e eu não iria ficar ali e fazer papel de bobo.
Então foi assim que tudo começou e, três anos depois, não melhorou.
Silas traz à tona o que há de pior em mim. É como se eu tivesse uma fúria
crua que está enterrada tão profundamente dentro de mim e pronta para ser
liberada no segundo que ele estiver próximo. A pior parte é que ele sabe que está
me afetando, não importa o quanto eu tente esconder. Ele está sob minha pele, e a
cada dia eu chego mais perto de agir impulsivamente e dar uma surra nele.
Deus, papai adoraria isso. Seu premiado show de pônei representando – o
que as pessoas pensariam?
Depois de pegar minhas coisas no armário, vou em direção à aula de
Química. Tenho esperança de que o professor goste de mim o suficiente para não
me marcar como atrasado. Felizmente, ele não faz isso. Isso é bom porque é outra
coisa que não funcionaria no que diz respeito ao meu pai.
A aula é boa, previsível. Faço todas as coisas que se espera de mim. Levanto a
mão para responder perguntas quando ninguém mais o faz, ajudo colegas que não
conseguem fazer as equações mais fáceis e faço questão de perguntar sobre o dever
de casa desta noite.
E eu odeio cada segundo disso.
Saio da aula assim que o sinal toca e vou trocar os livros para minha próxima
aula. Quando estou alcançando meu armário, sou jogado contra a estrutura de
metal, minha respiração fica presa, arrepios indesejados subindo pelo meu braço.
Olho para trás, estreitando os olhos quando vejo que é Silas. Ele olha por cima do
ombro enquanto se afasta, me enviando um de seus sorrisos arrogantes, tão sem
remorso. Eu odeio o que aquele olhar faz comigo, me estimulando e me enviando
em uma espiral de pensamentos, tudo ao mesmo tempo, na qual me recuso a me
aprofundar.
— Cuidado para onde você está indo, — eu sibilo, esfregando o local que
ainda queima com seu toque.
Ele se vira, andando para trás enquanto levanta as sobrancelhas e encolhe os
ombros. — Não vi você aí, menino de ouro. Acho que a escola precisa dar destaque
para você.
Estou a segundos de explodir quando uma voz irritante encontra meus
ouvidos, me impedindo de ser estúpido.
— Ele está incomodando você?
Resmungo internamente antes de me voltar para Kent, o idiota mor e,
infelizmente, meu colega de equipe. Ele está sempre tentando se aproximar de mim,
sem perceber que não estou muito interessado em ser seu "amigo". Ele age como se
eu não soubesse que ele está fervendo de ciúmes, que ele faz um péssimo trabalho
para esconder. Ele me irrita muito. Não gosto de pessoas falsas e ele é a definição
disso.
Ele está com Maybelline. Matança dupla. Essa garota vem tentando ficar
comigo há anos, não porque ela realmente gosta de mim, mas porque ela acha que
pegar o quarterback estrela vai torná-la uma estrela.
Quero gritar para Kent me deixar em paz, mas não posso fazer isso porque
tenho uma imagem a manter. A porra perfeita do Blaine Yates. Eu coloco o sorriso
mais falso que consigo, sabendo que provavelmente pareço um maníaco, não que
eu me importe. — De jeito nenhum. Provavelmente foi um acidente.
— Considerando que foi Richards, duvido muito. — Kent bufa, aquele
sotaque pomposo cobrindo suas palavras.
— Certifique-se de tomar cuidado, B, — Maybelline me diz, com os olhos
arregalados com falsa preocupação enquanto agarra meus braços com suas unhas
parecidas com navalhas. — Eu ficaria arrasada se algo acontecesse com você. Você
sabia que ele quase me atropelou na aula hoje? Eu poderia ter ficado gravemente
ferida.
— Eu não teria deixado isso passar, — diz Kent, quase como se estivesse
tentando me superar, estufando seus peitorais imaginários e mostrando seu
domínio com suas metafóricas penas de pavão. — Eu colocaria o lixo do trailer no
lugar dele.
— Tem certeza de que está bem, Blaine? — Maybelline pergunta.
Estarei melhor se todos me deixarem em paz.
Mais uma vez, finjo ser algo que não sou e sorrio para ela. — Obrigado,
Maybelline, mas vou ficar bem.
Os dois me lançam olhares incrédulos, mas estou pronto para me afastar
deles e seguir para a próxima aula. Já cheguei atrasado uma vez hoje, não preciso
que isso aconteça de novo. Dou essa desculpa a eles enquanto saio correndo e vou
para a segunda aula. Ainda estou atrasado, a campainha toca quando estou prestes
a entrar na sala de aula. O Sr. Reynolds perdoa meu atraso facilmente, como eu
sabia que ele faria.
Porque eu sou o perfeito Blaine, porra, Yates.
— Boa corrida, Blaine.
— Bom trabalho. Iremos até o fim este ano se você continuar jogando assim.
Meus companheiros de equipe batem em minhas ombreiras e dão tapinhas
em minhas costas em agradecimento enquanto suas palavras sussurradas de
aprovação se enrolam em torno de mim como uma cobra sufocando a vida de sua
presa.
— Você viu a forma dele? O garoto está indo a lugares grandes.
— Eu sei que o pai dele deve estar orgulhoso, — diz o treinador quando passo
por ele, dando-me um sorriso impressionado.
Tento ao máximo recuperar o fôlego, sem saber se é a adrenalina, o pânico
ou os olhares constantes em mim que me fazem sentir tão exposto.
Minha pulsação acelera na minha cabeça e meu corpo fica pesado a cada
passo que dou em direção à mesa de bebidas. Mais alguns companheiros me
elogiam quando passo por eles, mas isso me faz estremecer internamente, assim
como todos os outros. Eu não digo nada porque nunca sei o que dizer sobre coisas
assim. Tenho certeza de que as pessoas às vezes confundem minha quietude com
idiotice, mas na verdade fico desconfortável com todos os elogios.
Minha mão treme levemente quando seguro o copo de papel sob o bocal do
refrigerador laranja, observando o Gatorade amarelo derramando nele com falsa
fascinação, precisando me concentrar em algo diferente do escrutínio das pessoas
ao meu redor.
Estou me afogando.
Estou sufocando.
Estou morrendo um pouco mais por dentro a cada maldito dia.
Bebo minha bebida, fechando os olhos quando o sabor cobre minha língua.
Ainda odeio a sensação de estar sob um microscópio. É como ter uma centena de
pequenas aranhas rastejando por toda a minha pele, fazendo-me arrepiar e apertar
a garganta.
Ser o Quarteback titular do Brookshire High já me traz bastante atenção,
depois acrescento que sou filho do prefeito Yates e - bum - alerta a mídia. Não
consigo nem espirrar sem que alguém nesta pequena cidade saiba disso. Chame
isso de um pouco dramático demais, mas, caramba, às vezes parece assim.
— Você está bem? — Landon, meu melhor amigo e companheiro de equipe,
pergunta quando desliza ao meu lado, igualmente encharcado de suor.
Dou de ombros porque não faz sentido mentir para ele. Landon é a pessoa
que está mais perto de conhecer meu verdadeiro eu enterrado sob essa fachada. Ele
sabe o quanto eu odeio essa merda de ser o centro das atenções e ter pessoas
gravitando em relação a mim - porque acham que isso os tornará populares por
associação, não porque realmente gostem de mim.
Afasto o pensamento, virando-me para olhar para Landon enquanto esboço
um sorriso falso. — Sim, estou bem.
Ele bate seu ombro no meu, seu rosto cético. — Eu sei que a atenção incomoda
você. Não demorará muito até que você não precise mais lidar com as besteiras do
ensino médio.
Sim, e estou mais que pronto. Papai e Landon não têm ideia de que não irei
para a Universidade da Geórgia para jogar bola na faculdade depois da formatura.
Se todas as cartas derem certo, devo receber minha carta de aceitação antecipada
em Yale e as bolsas acadêmicas integrais de várias organizações diferentes para
acompanhá-la.
Portanto, o estigma do atleta idiota pode se foder. Os atletas não podem ser
inteligentes? Bem, eu sou. O melhor da minha turma, quadro de honra, e isso passa
despercebido porque sou incrível no futebol e odeio isso.
— Meses que passarão tão devagar que posso praticamente ver os segundos
passando, — murmuro, passando a mão pelo meu cabelo molhado de suor.
— Você ficaria surpreso. Quem sabe? Talvez algo interessante aconteça este
ano para tirar sua mente das coisas, — diz ele, com um sorriso alegre no rosto. Eu
sei que ele está apenas tentando ajudar, mas não funciona, não quando a liberdade
está tão próxima e ao mesmo tempo tão distante.
— Você está prevendo o futuro? — Eu bufo, levantando uma sobrancelha
enquanto olho para ele. — Você viu isso na sua bola de cristal mágica?
Ele zomba e me dá um empurrão. — Idiota.
Eu o empurro de volta, o que se transforma em uma luta total de empurrões
e esquivas. Depois do quinto empurrão forte que quase me deixou deitado na
grama, levanto as mãos em sinal de rendição. — Certo! Ok! Eu sou! Malditos
linebackers, — eu gemo quando minha risada morre, esfregando o ponto agora
dolorido abaixo das minhas costelas.
— Você deveria ter pensado melhor, Yates. Eu sou muito mais forte que você.
— Sim, é verdade, — eu digo, pegando outro copo e enchendo-o com
Gatorade antes de me voltar para Landon com um sorriso malicioso nos lábios. —
Mas eu corro mais rápido.
Então jogo o conteúdo gelado do copo para ele e salto pela grama em direção
ao vestiário. Enquanto corro, posso ouvir sua maldição em voz alta antes do som de
seus pés batendo atrás de mim.
Três
Silas
Depois do dia escolar mais longo da história, vou para a loja com os rapazes.
Whaley não está lá, mas Badge e Fox estão, e nós batemos nossas palmas com as
deles quando passamos.
Trabalho na loja quase todas as tardes, limpando, acompanhando faturas,
processando alguns pagamentos e ajudando nas trocas básicas de óleo quando
necessário. Não é nada sofisticado, mas dinheiro é dinheiro e preciso dele o máximo
que puder.
— Estarei lá atrás com Badge e Fox, — Bunky me diz, tirando seu casaco e
colocando-o atrás do balcão.
— Você está trabalhando naquela velha Harley?
Algumas semanas atrás, ele encontrou uma motocicleta velha no ferro-velho
quando foi buscar peças com Badge e Fox. Ele comprou por capricho e não tem
feito nada além de trabalhar nela sempre que pode.
— Sim, sinto que finalmente estou chegando a algum lugar, — ele diz
enquanto se afasta.
Deslizo para trás da mesa e me sento no banquinho no momento em que Raid
se inclina sobre o balcão, baixando a voz para um sussurro enquanto ele fala
merda. — Ele está mentindo. Ele não vai chegar a lugar nenhum com aquela
maldita motocicleta. Inferno, nem tenho certeza se o próprio Fox poderia consertar
isso. É lixo. — Eu rio disso. O irmão adotivo de Bunky, Fox, é o melhor mecânico
que temos. Se ele não consegue consertar, ninguém consegue. Raid revira os olhos,
recuando e batendo no balcão com os nós dos dedos antes de começar a se afastar.
— Mas vou ajudá-lo de qualquer maneira, porque é isso que eu faço.
Raid e Bunky estão sempre brigando um com o outro e são uma fonte diária
de entretenimento para mim... Bem, eles e Blaine.
Eu zombei, irritado comigo mesmo por pensar em Blaine. Juro que ele sempre
consegue entrar na minha cabeça nos piores momentos.
Apertando botões do teclado com muita força, entro no computador,
esperando que meu trabalho mantenha minha mente longe de coisas nas quais não
deveria pensar. Vejo que há quatro veículos prontos para retirada e faço ligações
para avisar os proprietários. Esta é a única parte do trabalho que não gosto.
Conversar com as pessoas não é meu forte.
Embora todos tenham pavor de Whaley, sua loja é a única em três condados,
então ele consegue muitos clientes. A maioria dos clientes de Whaley são ricos e,
embora isso seja bom para o negócio, tendem a pensar que são melhores do que
nós. Daí o arrogante 'você não pode trazer meu carro para mim?' resposta que
acabei de receber de Martha Waters ao telefone agora há pouco. Reviro os olhos,
desligando depois de dizer 'não' e que horas a loja fecha hoje.
Não me interpretem mal, sou grato pelo trabalho e por Whaley porque se
não fosse por esta loja, eu teria mais coisas para esperar todos os dias, mas juro que
algumas pessoas tornam isso difícil por não razão. Você pode imaginar ser rico e
miserável? Como isso é possível? Eu descobriria uma maneira de comprar um
bastão da felicidade. Isso tem que ser uma coisa real, certo?
A campainha acima da porta toca um momento depois e eu olho para cima
e vejo um homem mais velho entrando. Ele está vestido com esmero em seu terno
sofisticado de algum designer que nem consigo pronunciar.
— Posso ajudar? — Eu questiono, notando o quão deslocado esse homem
parece em nossa loja suja.
— Ei, garoto, onde está Whaley? É urgente. — Ele me dá um aceno
impaciente, como se isso fosse fazer Whaley aparecer magicamente.
Esse homem conseguiu me irritar em dois segundos, o que provavelmente é
um novo recorde. Minha sobrancelha se arqueia enquanto examino ele, tentando
descobrir quem diabos ele pensa que é. Ele deve ter muita coragem para exigir ver
Whaley daquele jeito. — Ele não está aqui. Você precisa de alguma coisa?
Ele suspira e fica em frente ao balcão. — Meu nome é Jack Leslow. Recebi
uma ligação sobre meu carro... Você sabe, o Maserati.
É preciso tudo de mim para conter minha réplica. Esse cara não pode estar
falando sério. Ele sabe quantos carros passam por aqui? Quantos Maseratis eu vi
este mês? Ele não é especial.
— Certo, — murmuro, digitando seu nome no computador e examinando as
anotações que Whaley tem sobre seu carro. — O motor está ruim. — Vou direto ao
ponto, não querendo prolongar nenhuma conversa com esse idiota. — Você vai
precisar de um novo. — Imprimo o papel, pego uma caneta e deslizo ambos para
ele. — Assine aqui.
Ele olha para ele com desgosto antes de empurrá-lo de volta para mim com
um dedo, esboçando um sorriso. — Onde está Whaley? Sem ofensa, garoto, mas
prefiro ouvir a opinião de alguém menos irritado.
Eu suprimo a vontade de mandá-lo se foder. Eu corro pela loja de Whaley
desde que era pequeno e aposto que sabia muito mais sobre carros naquela idade
do que aquele homem de terno de grife, estilo perfeito e mãos macias.
— Esta fatura veio do próprio Whaley. Ele teve que sair um pouco. Devo
revisar os custos com você e ver que caminho você deseja seguir. — Empurro a
fatura para ele mais uma vez, sem me surpreender quando um sorriso malicioso
sai de seus lábios. Cuidado, senhor, seu lado idiota está aparecendo.
Ele tira os óculos dos olhos, apertando a ponta do nariz como se isso fosse a
coisa mais inconveniente que ele já encontrou. — Quanto tempo ele estará de
volta?
Encolho os ombros, cruzando os braços sobre o peito. — Não sei. Ele está
cuidando de alguns negócios.
Enfatizo a palavra, esperando que ele consiga uma pista. Ah, e ele faz. Seu
corpo enrijece e ele coloca os óculos de volta.
Claramente, a reputação de Whaley o precede. Obrigado porra.
— Certo, — diz ele, cantando uma música totalmente diferente agora
enquanto tira seu cartão platina e rabisca rapidamente uma assinatura na fatura.
— Basta fazer o que for mais rápido. Quanto tempo antes de estar pronto?
Eu insiro suas informações no sistema antes de devolver o cartão. —Vou
prosseguir e encomendar as peças que Whaley listou. Levará cerca de uma semana
para trazê-los. Assim que chegarem, ele começará a trabalhar nisso imediatamente.
Então eu acho que cerca de três semanas.
— Você consegue as peças mais rapidamente? Preciso dele de volta o mais
rápido possível.
— Eu posso, mas vai custar caro.
Ele me acena, o ouro do seu relógio brilhando nas lâmpadas fluorescentes.
— Isso é bom. O custo não importa.
Deve ser legal. — Vou fazer uma anotação para Whaley então.
— Obrigado, garoto, — ele chama novamente, a campainha tocando quando
ele sai.
— Não sou uma maldita criança, — eu cerro os dentes. Não só tenho dezoito
anos, como também não sou criança há muito tempo. Inferno, eu nem tenho
certeza se já fui uma.
Pegando a fatura, eu a examino e faço um pedido urgente das peças antes de
arquivá-la.
As próximas horas passam em uma névoa de pessoas, e logo, estou virando a
placa para ‘fechado’ e trancando a porta. Depois faço alguns telefonemas,
informando aos clientes que seus carros estão prontos para serem retirados
amanhã, antes de ir para a parte de trás para fazer a limpeza.
Quando termino, pego um cigarro e vejo Raid e Bunky ainda trabalhando na
Harley, as peças espalhadas ao redor deles como confetes. Raid não estava
mentindo, essa coisa é uma merda.
— Sem sorte, hein? — pergunto, sentando-me em um balde virado de cinco
galões do lado de fora da porta da garagem.
Bunky zomba, passando o antebraço no rosto antes de afastar o cabelo
molhado de suor. — Porra, não. Badge continua me dando dicas, mas na maioria
das vezes ele me deixa fazer isso sozinho.
— Ei, estou tentando ajudar, — Raid acrescenta, roubando meu cigarro para
dar uma tragada e devolvendo-o.
— Se é que você pode chamar isso de ajuda, — Bunky joga para trás,
levantando-se de sua posição agachada e jogando a chave inglesa no chão. — Isso
é mais difícil do que pensei que seria.
— É por isso que Badge está ensinando você. Você vai aprender. Falando
nisso… Onde está Badge? — Eu questiono, procurando por ele e Fox. — Eles foram
embora?
— Sim, eles foram. Tinham que fazer algo por Whaley. — Ele estica os braços
com seu sorriso característico cobrindo seus lábios. — E não é como se eu estivesse
com pressa. Não tenho nada além de tempo.
Às vezes me pergunto o que se passa na cabeça de Bunky. A maneira como
ele sorri e o olhar distante que ele tem às vezes, é como se ele estivesse um pouco
perturbado. Não, nem um pouco, completamente. Bunky é muito louco e tóxico pra
caralho, mas ele é nosso, então nós lidamos com isso.
— Então... — Eu me levanto, apagando meu cigarro. — Como posso ajudar?
— Honestamente, estou prestes a desistir. De qualquer maneira, tenho que ir
para casa, — ele me diz enquanto limpa as mãos com um pano velho.
— Legal, então vou deixar vocês em casa, — digo.
Nós três limpamos, fechamos as portas da garagem e eu mando uma
mensagem rápida para Whaley para avisá-lo que terminei o dia. Quando recebo
de volta sua resposta com o polegar para cima, percebo o quão paralisado
realmente me sinto.
Escola, trabalho, casa.
Lave, enxágue, repita.
QUATRO
Blaine
Estou exausto.
Considerando que completei um dia inteiro de aula, pratiquei a todo vapor e
passei o tempo depois disso no Conselho Estudantil, não há razão para que eu não
deva estar morto.
Atravesso a porta da frente, meu corpo gritando para desabar na cama e
esquecer todo o dever de casa que tenho. Talvez eu possa tirar uma soneca rápida,
tomar um Red Bull e passar outra noite inteira para terminar minhas coisas.
O aperto no meu peito volta de repente e minha língua fica seca e pesada na
boca. Deixo cair minha bolsa de equipamentos, agarrando o corrimão da escada
quando começo a suar. Porra, agora não. Esses ataques de pânico têm acontecido
com mais frequência ultimamente e já superei isso.
Aperto os olhos, desejando que as sensações se afastem. Tento me lembrar
que estou bem, que tudo é temporário e que só preciso de mais um empurrão e
tudo estará acabado.
Assim que finalmente consigo recuperar os sentidos, pego minha bolsa e subo
as escadas, mas uma voz estrondosa interrompe minha fuga.
— Filho, como foi o treino?
Paro e me endireito imediatamente. Não pensei que meu pai chegaria em casa
tão cedo porque ele geralmente fica até tarde no escritório durante a semana. Viro-
me lentamente para a sala de estar, tentando controlar minhas feições e rezar para
que ele não tenha apenas testemunhado meu surto. Tenho certeza de que mamãe
está em algum lugar com as amigas no bar de vinhos local, então não preciso me
preocupar com ela, não que normalmente faria. Seminários de Pilates e meditação
– sejam lá quais forem – são suas prioridades.
É irônico, realmente. Papai se preocupa muito com as coisas erradas,
enquanto mamãe se preocupa muito pouco com tudo.
O rosto do papai não revela nada, não que normalmente faça. Herdei dele
minha aparência - do cabelo loiro aos olhos acinzentados - e às vezes é assustador
o quanto somos parecidos. Apesar disso, não poderíamos ser mais diferentes. Papai
adora a personalidade que passou anos cultivando, e também gosta do fato de seu
filho ser o menino de ouro da Brookshire High. Odeio admitir, mas ele é como o
resto deles. Tudo o que ele vê em mim é o que ele quer ver, e nunca tive forças para
desafiar isso. É mais fácil assim.
— Pai, — eu digo, tentando o meu melhor para sorrir tão genuinamente
quanto posso, porque é isso que se espera de mim, antes de pegar minha mochila
de ginástica caída. — Foi bem.
Ele cantarola, me dando um aceno lento enquanto caminha até o pequeno
carrinho de bar que mantemos perto das portas do pátio. — E o Conselho
Estudantil?
— Ainda vice-presidente. — Eu tenho uma mordida involuntária em minhas
palavras. Quando ele levanta uma sobrancelha estoica, limpo a garganta e
enrubesço. — Hum, desculpe, senhor.
Ele suspira cansado, servindo-se de um pouco de uísque antes de caminhar
até o sofá. — Você está cansado. Entendo. Cindy tem deixado refeições adequadas
para você?
Eu concordo. Nossa governanta-cozinheira sempre prepara um café da
manhã, almoço e jantar decentes. Embora meus pais nunca estejam presente para
realmente estar comigo. Papai está muito ocupado administrando a cidade e
mamãe está muito ocupada fazendo... bem, fazendo seja lá o que ela faz o dia todo.
Não acho que eles pretendam ficar distantes, só acho que não sabem nada
melhor. Mas papai é o pior. Embora eu possa encarar a apatia e o desinteresse de
mamãe com cautela, as expectativas rígidas de papai são duras.
— Você ouviu alguma coisa da Universidade da Geórgia? — ele questiona,
finalmente com algum interesse em seus olhos, os cantos deles enrugando de
excitação.
Mais uma vez, balanço minha cabeça. Então mordo o interior da minha
bochecha enquanto me balanço desajeitadamente sobre os calcanhares. —Ainda
não.
Ele parece desapontado, mas dá de ombros. — Bem, continue com o trabalho
duro. Tenho certeza que eles enviarão alguns olheiros para ver seus jogos em breve.
Lembre-se, basta manter a cabeça no lugar e você será um recruta indispensável.
É nesse momento que desejo ser mais corajoso, ousado e indiferente, porque
assim poderia contar a verdade ao meu pai. Eu poderia dizer a ele que não importa
o que aconteça, não irei para a universidade cuidadosamente selecionada para
jogar bola na faculdade. Eu poderia dizer a ele que já me candidatei a bolsas
acadêmicas nas universidades com os melhores programas de pré-medicina. Eu
poderia admitir que não quero entrar na NFL, mas sim ser médico. Eu poderia
confessar meu ódio ao futebol e implorar para que ele entendesse que só quero
fazer algo com um propósito.
Mas sou fraco e assustado e muito condicionado agora. Então tudo que faço
é sorrir e acenar com a cabeça. — Sim senhor.
Espero como um cachorrinho treinado, parado desconfortavelmente na
entrada, antes que ele incline a cabeça para me dispensar. Então subo rapidamente
para o meu quarto, soltando um suspiro forte assim que fecho a porta atrás de mim
e deixo cair minha bolsa no chão. Em vez de mergulhar imediatamente no meu
dever de casa, vou para minha mesa e ligo meu computador. Uma vez ativado, vou
para o meu navegador e clico na guia mais usada que salvei.
Bem-vindo à Universidade de Yale!
Não consigo evitar o sorriso que se estende pelo meu rosto. Eu sei que é
apenas a saudação cafona normal em todas as páginas da universidade, mas essas
palavras me enchem de esperança. Yale. É onde eu quero estar. Quero estar
rodeado de pessoas como eu – inteligentes, motivadas, dedicadas a melhorar o
mundo – e só de pensar que estarei lá em menos de um ano já me ilumina.
Estarei longe de Brookshire, das sanguessugas que querem me sugar, da
pequena cidade que me mantém em um pedestal, de Silas que não faz nada além
de me confundir e irritar, e até mesmo do meu pai que quer uma cópia plástica
perfeita como filho.
Não percebo que meus olhos estão fechados e que estou desmaiando
lentamente até levantar a cabeça e perceber que são três da manhã. Eu me
amaldiçoo enquanto fecho meu laptop antes de ir até meu frigobar pegar um Red
Bull.
Acho que é hora de ser o menino de ouro.
CINCO
Silas
Quinta-feira significa dia de pagamento e com isso vem Bunky, Raid e meu
ritual semanal para jantar no Kelly's Diner.
O lugar está lotado quando chegamos, o que não é surpreendente,
considerando que este é o melhor ponto de encontro da cidade. Eu pessoalmente
odeio esse lugar superlotado, mas eles têm a comida mais barata e ainda gostosa.
Entramos, pegando uma cabine vazia no canto mais distante.
— O que você está comprando? — Bunky pergunta, olhando para o quadro
de especialidades do dia na parede.
Não sei por que ele se incomoda, sempre compramos a mesma coisa porque
é um dos mais baratos do cardápio. — Provavelmente apenas um hambúrguer e
batatas fritas.
— Sim, eu também, — diz Raid, no momento em que Liza, minha cunhada,
chega até nós.
— Estava me perguntando quando você apareceria. Está ficando tarde, —
afirma ela, colocando três águas na nossa frente.
— O trabalho atrasou. — Eu olho para ela, observando seu coque bagunçado,
bochechas encovadas e olhos cansados. — Quando você vai sair?
— Não até tarde. Sua mãe está assistindo June, então troquei com outro
servidor para ganhar algum dinheiro extra.
Concordo com a cabeça, mordendo o lábio enquanto continuo a observá-la,
fazendo uma nota mental para conseguir alguma comida para levar para casa.
— Você comeu? — Não posso deixar de perguntar, sentindo que preciso
cuidar dela também.
Ela revira os olhos e então me dá um tapa na cabeça com seu bloco de
pedidos. — Sim, pai. Estou bem. Agora, me dê seu pedido. Preciso voltar ao trabalho,
— ela retruca, pegando a caneta do avental e rabiscando nosso pedido assim que
contarmos a ela. — Tudo bem. Eu vou entregar. Não deve demorar muito.
Enquanto a observamos partir, uma pontada de remorso me atinge. Eu me
sinto mal. Tudo o que aconteceu com Ryker foi uma besteira, e mesmo que eu
soubesse que isso aconteceria porque ele não conseguia se recompor, isso não torna
tudo menos fodido. O ruim é que ele nem estava roubando nada para Whaley. Meu
irmão idiota tinha os dedos pegajosos habituais e foi pego pela última vez. Não há
mais tapas no pulso como advertência.
— Ela parece cansada, — diz Raid, como se estivesse lendo minha mente.
Observo enquanto ele tira o papel do canudo antes de colocá-lo no copo. — Ela
parece bem, apesar das circunstâncias.
— Sim,— eu confirmo, pegando meu próprio canudo e arrancando a
embalagem lentamente, tentando manter minhas mãos ocupadas.
Não gosto de falar do meu irmão. Isso me deixa triste e muito bravo ao mesmo
tempo. Eu o odeio por seu descuido. Ele deveria estar aqui cuidando de sua família.
Em vez disso, ele está apodrecendo atrás das grades com o nosso velho.
— Acho que vou pintar a Harley de preto e prata. Posso adicionar alguns
adesivos de fogo também quando terminar, — Bunky acrescenta aleatoriamente, e
estou grato por sua capacidade de me ler.
— Você já tem um nome para ela? — pergunto a Bunk.
— Ainda não. Acho que saberei quando terminar.
Raid bufa enquanto limpa os óculos com a barra da camisa. — Bem, você tem
um tempo para descobrir então.
Droga, tiros foram disparados.
A expressão de Bunky passa de irritada a indiferente antes que ele finalmente
dê de ombros. — Sim, você provavelmente está certo. Badge me disse que não estava
ajudando muito com isso. Se for esse o caso, levarei anos para terminar. Achei que
era bom em reconstruir, caramba, faço isso com Badge desde que me lembro, mas
trabalhar com alguém é muito diferente de seguir carreira solo.
— Ele não permitiria que você fizesse isso se não achasse que você poderia.
Basta manter isso em mente, — digo a ele honestamente.
— Bem, acho que o tempo dirá.
Alguns minutos depois, Liza vem deixar nossos pratos. — Precisa de mais
alguma coisa?
Eu balanço minha cabeça. Mesmo que eu precisasse de algo eu não pediria,
porque me sentiria mal fazendo ela correr por mim. — Não, estamos bem.
— Legal. Voltarei daqui a pouco. Aproveitem, pessoal.
Pego o pacote de maionese, sacudindo-o duas vezes antes de adicioná-lo ao
meu hambúrguer. Há um frasco de mostarda sobre a mesa e coloco uma
quantidade generosa no prato, mergulhando uma batata frita na pilha antes de
comê-la.
— Isso é nojento, — diz Bunky com a boca cheia de hambúrguer.
— Eu poderia dizer a mesma coisa sobre isso, — retruco, apontando para o
prato dele. — Ketchup é nojento.
— Nunca disse que não era, — ele responde, passando uma batata frita no
ketchup e enfiando-a na boca para provar seu ponto de vista.
— Isso é um monte de...
O som de vidro quebrando nos fez todos se virar na direção da ruptura. Vejo
Liza do outro lado da lanchonete, parecendo nervosa enquanto tenta se afastar do
idiota. Kent. Ele está com a mão no braço dela, tentando puxá-la para mais perto
dele. Como diabos eu não percebi que os atletas haviam chegado?
Levanto-me e saio do meu lugar, atravessando a lanchonete antes mesmo de
ter a chance de pensar sobre isso.
— Eu a deixaria ir se fosse você, — rosno quando chego a eles.
O lábio de Kent se ergue para o lado enquanto ele olha para mim como se
achasse que isso era algum tipo de piada. Juro que um dia desses vou perder a
cabeça com esses idiotas.
— Você não me ouviu, idiota? — Eu disse. Deixe. Ela. Porra. Ir. — Eu digo
cada palavra lentamente, meu rosto contraído e corpo tenso, querendo que ele veja
o quanto estou falando sério.
Kent deixa cair o braço dela e depois levanta as mãos fingindo se render.
— Estávamos apenas conversando. Nada para se preocupar, — diz ele,
apontando por cima do ombro para a mesa cheia de caras da nossa escola. — Certo,
pessoal?
Meu olhar examina os jogadores e minha irritação aumenta com cada par
de olhos que encontro, até pousar em ninguém menos que Blaine Yates. Meus
punhos cerram ao meu lado e posso sentir minhas unhas cravando minha pele.
Claro que esse idiota está por trás de tudo. Esse idiota pensa que pode fazer o que
quiser com pouca ou nenhuma consequência por causa de quem é seu pai.
— Eu não deveria estar surpreso que você estivesse por trás dessa merda, —
eu cuspi, dando um pequeno passo em sua direção.
Seus olhos se arregalam enquanto seu queixo cai, parecendo tão
pateticamente confuso que isso me irrita ainda mais. — Seriamente? Eu não fiz
nada.
Sinceramente, acho que é isso que mais me emociona. Em vez de aceitar meu
desafio, ele se faz de idiota. Ele é perfeito, perfeito demais para pensar que fez algo
errado, e eu odeio isso. Eu quero que ele revide, quero que ele fique bravo, quero
ver o cara perfeito que ele afirma ser libertado e perder o controle...
Mas ele não faz isso. Ele nunca faz isso e eu não aguento isso.
— Não é o que seu amigo estava dizendo. — Faço um gesto para o resto dos
atletas na mesa. — Você gosta de mexer com garotas enquanto elas tentam
trabalhar, hein?
— Você está falando demais, — diz ele, olhando para mim com espanto.
Há um leve tom em sua voz agora, mas seu comportamento não muda muito,
e isso só me alimenta. Sei que não é racional e não sei exatamente por quê, mas
quero que ele lute comigo. A parte sã de mim está dizendo que é por causa do que
aconteceu com Liza, mas isso pode ser apenas uma desculpa. Quero que algo me
desencadeie, algo que justifique o acúmulo de toda a minha agressão contra ele.
Porque o maldito Blaine Yates perfeito faz alguma coisa comigo.
Dou outro passo, preparado para pular sobre a mesa e agarrar sua bunda se
for preciso.
— Acho que você precisa aprender uma lição sobre boas maneiras.
Claramente, sua mãe não lhe ensinou nada. — Tento dar outro passo, mas a mesa
me impede.
— Não foi isso que aconteceu. — Seu rosto se contrai levemente enquanto
ele pensa em seu próximo movimento. — Você teve muita coragem de falar sobre
minha mãe. Devo dizer algo sobre a sua?
OK. Eu merecia. Eu sei que sim, mas isso não importa. A fúria incandescente
acende todos os nervos do meu corpo e preciso expulsá-la. Rosno, avançando para
agarrá-lo, mas sou parado por Bunky e Raid enquanto eles me puxam de volta.
Estou cuspindo fogo e pronto para atacar, tão tenso que levo um momento para
perceber que Liza está parada na minha frente, com o dedo cutucando meu peito
enquanto fala.
— Blaine não fez nada. Calma, Silas. Você não pode fazer isso aqui. Você vai
se meter em problemas. — Ela tenta dizer isso baixinho, mas sua voz percorre o
restaurante agora mortalmente silencioso.
Olho em volta e percebo que atraímos a atenção de todos aqui. Até todos os
funcionários pararam de trabalhar, não querendo perder o drama que se
desenrolava. Besteira típica de cidade pequena. Foda-me.
— Isso mesmo, Silas. Você não gostaria que eu ligasse para meu pai, o xerife,
não é? — Kent provoca. Este bastardo e seu pai bandido são uma combinação feita
no Sétimo Círculo do Inferno.
— Vá em frente e ligue para ele. Vou prestar queixa contra você por tentar
tocar minha bunda, — diz Liza, e vejo vermelho novamente.
Olho para Liza, a fúria crescendo dentro de mim mais do que antes. —Que
porra você disse? — Então olho para Kent. — Você tentou agarrar a bunda dela?
Eu nem penso, apenas voo para frente, quebrando o controle de Raid e Bunky,
acertando meu punho no nariz de Kent. O som de ossos quebrando soa alto e a
adrenalina correndo por mim faz meu sangue cantar.
SIM!
Só consigo acertar um golpe antes de ser arrancado dele, mas o estrago já
está feito. Kent está sangrando muito, o colarinho da camisa coberto de vermelho.
Raid e Bunky estão me arrastando em direção à saída, e eu deixo, observando Blaine
pegar uma pilha de guardanapos e pressioná-los no nariz de Kent. Blaine olha para
mim, olhos estreitados e lábios curvados, mas eu apenas o desligo.
— Mantenha a porra das mãos para você, idiota! — Grito com Kent pouco
antes de a porta da lanchonete se fechar.
Uma vez lá fora, afasto Bunky e Raid dos braços e ando por todo o prédio
antes de caminhar até meu carro. Então entro no porta-luvas para pegar um maço
de cigarros fechado e bato na palma da mão para fechá-lo. Meus nós dos dedos
queimam, mas não me importo. Mal consigo pensar direito.
Liza não é minha namorada, mas é do meu irmão, o que significa que tenho
que cuidar dela enquanto ele está preso. Eu serei amaldiçoado se alguém foder com
ela sob meu comando.
Retiro o plástico e o papel alumínio da embalagem, retiro um e acendo. Meus
olhos se fecham quando a fumaça enche meus pulmões. Sim, isso é a porra do
paraíso. O único pedaço do céu que provavelmente conhecerei. Abro os olhos e
estendo o pacote para Bunky e Raid. Agradeço por nenhum dos dois falar, apenas
aceita o cigarro oferecido antes de se sentar ao meu lado.
Ficamos assim, encostados no carro enquanto espero Liza sair e me avisar
que o xerife está a caminho. Essa foi a única razão pela qual não fui embora. Não
tenho dúvidas que o bocetinha chamou o papai para vir cuidar de mim.
Poucos minutos depois, Liza sai com um saco pendurado entre os dedos. Olho
para ela e dou outra tragada.
— Desculpe, — murmuro, jogando as cinzas fora e esperando por uma
bronca.
Ela balança a cabeça com uma carranca simpática enquanto olha para mim
com aqueles olhos de ‘mãe’. — Você não deveria ter feito isso.
Dou de ombros, sabendo muito bem que faria essa merda de novo. —Ele não
deveria ter mexido com você.
Ela solta um longo suspiro. — Não, ele não deveria ter feito isso, mas eu estava
cuidando disso. — Ela estende o saco para eu pegar, e eu o faço, balançando a
cabeça em agradecimento. — Eu empacotei sua comida. Pegue e saia daqui. Blaine
vai levar Kent ao hospital. Eu ameacei Kent, então ele não vai contar ao pai, mas
você precisa ter cuidado. Você não pode simplesmente sair por aí batendo nas
pessoas. Isso vai te causar muitos problemas. Eu sei que não é grande coisa para
você, mas pense na sua mãe.
Eu odeio que ela esteja certa. Jogo a bituca no chão, esmagando-a com a bota
antes de balançar a cabeça novamente.
— Obrigado. — Puxando minha carteira, passo para ela duas notas de vinte.
É mais dinheiro do que a nossa conta teria sido, mas me sinto mal por causar uma
cena no trabalho dela.
— Está bem. Agora vá, — diz ela, pegando o dinheiro. Antes de dar dois
passos, ela para mais uma vez e se vira para mim. — Ei, Silas?
— Sim?
— Obrigada, — ela me diz, com um pequeno sorriso aparecendo em seus
lábios antes de voltar para dentro.
Claro, eu poderia ter me metido em problemas e Liza parecia chateada, mas
ela sabe que é porque eu me importo.
Entramos no meu carro, mas antes que possamos sair do local, vemos Blaine
saindo com Kent de aparência devastada. A propósito, Kent está se apoiando em
Blaine, você pensaria que quebrei a perna dele em vez do nariz. Inferno, da
próxima vez eu talvez faça.
A putinha vai levar tudo o que tenho. Observo enquanto Blaine o leva até sua
caminhonete e o leva para dentro antes de ir para o lado do motorista. Ele olha para
cima e hesita por um segundo quando nossos olhos se encontram. Sua mandíbula
está cerrada e ele parece estar a cinco segundos de se desfazer antes de piscar e a
expressão desaparecer.
Caramba!
Pela primeira vez, quero vê-lo perder a cabeça. Eu quero ver para o que todo
mundo é tão cego. Não há como alguém ser tão perfeito quanto ele o tempo todo.
Blaine agarra a maçaneta da porta e entra antes de dar ré e ir embora.
— Você está bem? — Bunky pergunta, chamando minha atenção.
Honestamente, não sei o que poderia dizer a ele. Nunca vou entender por que
Blaine sempre provoca essa reação em mim. E, sinceramente, duvido que queira
saber.
Limpando a garganta, aceno com a cabeça e depois saio do meu lugar. —
Sim, estou bem. Vamos sair daqui.
Blaine
Blaine
Meu alarme toca muito cedo e eu gostaria muito de poder tirar uma folga
por doença. Eu ficaria na cama e dormiria se pudesse, mas sei que isso não é
possível. É outro dia e, como sempre, espera-se que eu esteja no meu melhor.
Antes de ir para o banho, tento repetir a rotina pré-jogo do meu pai, que
pulei ontem à noite. Faço algumas flexões, algumas afirmações cafonas no espelho
e assisto apenas alguns minutos das minhas fitas de jogos antigos. Ainda estou meio
adormecido quando entro no chuveiro, então espero que isso me acorde.
Uma vez feito isso, me visto e pego minhas coisas, desço para tomar café da
manhã. Cindy preparou uma bela refeição, mais do que mamãe, papai e eu
poderíamos comer. Meus pais já estão sentados à mesa. Papai está de óculos,
segurando o jornal diário enquanto toma seu café. Ao lado dele, minha mãe está
folheando seu telefone, sem dúvida acompanhando as fofocas locais enquanto
finge comer o bagel que está na sua frente.
— Bom dia, — eu digo, indo até a geladeira pegar um Red Bull.
— Bom dia, querido, — mamãe murmura, sem sequer olhar para cima.
— Você está pronto para o jogo desta noite? — Papai pergunta, dobrando o
jornal, e o peso do seu olhar quase me faz desmoronar.
Concordo com a cabeça, trêmulo, pegando uma banana da mesa. —Sim. Vai
ser bom.
Ele me olha como se não acreditasse em mim. — Você joga no Linton High
hoje à noite. Eles têm uma boa equipe este ano, pelo que ouvi.
Linton High tem sido nosso rival desde o início dos tempos. Sempre há muitas
idas e vindas neste jogo. Isso me deixa nervoso. Principalmente porque se
perdermos, sei que será 'culpa' minha. Bem, talvez não para todos os outros, mas
definitivamente para o meu pai. Ele estará me dando sermões por dias sobre todas
as coisas que eu poderia ter feito diferente. Ou todas as coisas que ele teria feito de
forma diferente. Ele fará isso mesmo se vencermos. Nunca jogo bem o suficiente no
que diz respeito a ele.
Eu esboço um sorriso, buscando confiança. — Está no papo. Vai ser bom. —
Felizmente, meu telefone toca naquele momento e eu faço questão de pegá-lo e
verificá-lo. — Desculpa pai. Falaremos sobre isso mais tarde. Preciso correr ou vou
me atrasar.
Ele balança a cabeça, pegando seu jornal mais uma vez. —Tudo bem.
— Tchau, querido, — minha mãe chama, ainda sem olhar para mim, e
preciso de tudo em mim para não revirar os olhos.
Mais uma vez, fico impressionado com o quão pouco importo para meus pais.
Gostaria que tivéssemos mais pontos em comum, mas em vez disso, sinto-me como
um intruso na minha própria família. E o pior? Não consigo nem me importar.
Quão fodido isso me deixa? A maioria das pessoas se esforça para ser aceita por
suas famílias e, ainda assim, aqui estou eu, pronto para dar o fora e nunca mais
olhar para trás. Se não fosse pela briga inevitável que eu sabia que estava por vir,
eu já teria mandado meu pai se foder há muito tempo. Eu simplesmente não tenho
isso em mim. Chame isso de derrota. Chame isso de medo. De qualquer forma, não
estou disposto a lidar com mais besteiras do que já faço.
O trajeto até a escola é tranquilo e os corredores estão superlotados quando
chego, o que me deixa nervoso.
Eu gostaria que o dia já tivesse acabado.
Aceno para várias pessoas, batendo em algumas palmas, algumas delas
esfregando minha jaqueta para dar sorte. Eu sei que é estranho, mas as superstições
são uma grande coisa aqui, então já estou acostumado com isso. Felizmente,
Maybelline não está no armário dela, que, claro, fica bem ao lado do meu.
Eu giro a fechadura, digito a combinação e abro a porta antes de trocar
alguns livros quando uma voz encontra meus ouvidos. — A que horas você chegou
em casa ontem à noite?
Bato meu armário, virando-me para olhar para Landon, que está encostado
na fileira de metal ao meu lado. — Depois das onze. O pronto-socorro estava
lotado.
Landon pode ouvir a irritação em minha voz e estremece com simpatia. —
Isso é uma merda. Estou surpreso que você tenha ficado. Eu simplesmente teria
deixado ele se virar.
— A única razão pela qual não fui embora foi porque não confiava em Kent
para não inventar alguma história elaborada para ficar melhor. Não suporto Silas,
mas Kent estava esperando por aquele soco.
Não me preocupo em contar a ele sobre meu breve lapso de julgamento que
quase me fez dar um soco em Kent. Landon não precisa saber o quão perto eu estava
de explodir, de liberar tudo que mantive enterrado. Ele é meu melhor amigo, mas...
eu simplesmente não consigo.
Ele acena concordando. — Bem, como ele explicou o nariz então?
Eu rio, cruzando os braços sobre o peito enquanto me inclino contra o metal
frio. — Disse que acertei ele com uma bola de futebol quando a estávamos
passando. O pai dele comprou. Kent não queria que o treinador o colocasse no
banco por lutar.
— Como se o treinador fosse jogar com ele. — Ele bufa, nós dois sabemos que
Kent só está no time por causa de seu pai. — Eu juro, esse cara é um pedaço de
merda. Ele tem sorte de que Ryker não tenha visto isso.
Com a menção de Ryker, meus pensamentos vão para Silas e meus dentes
cerram involuntariamente. É como se não importasse o quanto eu tentasse escapar
dele, ele estava sempre lá, me provocando. Aperto os punhos, rolando a cabeça
sobre os ombros, e tento tirá-lo dos meus pensamentos. Eu me recuso a deixá-lo
chegar até mim. Ele não vale a energia.
O primeiro sinal toca e Landon e eu começamos a caminhar para a aula.
— Então, — ele começa, manuseando a alça de sua mochila. — Há uma
fogueira depois do jogo hoje à noite no terreno abandonado. Você está dentro?
Viro-me para Landon, balançando a cabeça, embora já tenha medo disso.
Não posso exatamente dizer não, não quando se espera que eu apareça. — Sim,
estarei lá.
— Tudo bem, — ele diz com um sorriso. — Será uma boa maneira de
comemorar depois de vencermos.
— Que porra? — Murmuro, dando-lhe um empurrão brincalhão. —Agora
vamos perder. Você acabou de nos azarar.
Ele ri, olhando para mim com diversão. — Não é assim que funciona, mano.
— Olá, as superstições dos jogos são reais. Você não viu todas as pessoas me
fazendo uma massagem? Pergunte a qualquer atleta profissional se precisar de
mais garantias.
— Achei que você não se importasse com nada disso.
— Eu não. Só estou dizendo...
Sou interrompido pela sensação de um ombro duro batendo no meu. É tão
duro e inesperado que me tira o equilíbrio e me faz tropeçar em Landon. Viro-me
rapidamente, pronto para ver o agressor, apenas para encontrar Silas em retirada.
Seu rosto parece muito presunçoso para o meu gosto.
Aquele filho da puta.
Nossos olhos ficam parados por um instante. Mais uma vez, aqueles malditos
olhos. Eles são tão escuros que são quase pretos, profundos e abrangentes. Eu olho
para eles e sinto que estou caindo, caindo, caindo e depois batendo no nada. A
extensão do efeito dele sobre mim faz minha raiva explodir contra a porta da jaula,
tentando encontrar a saída. A maneira como ele me faz sentir faz algo comigo,
tirando todo o meu pensamento racional e razão.
A fúria está saindo de mim em ondas e algo dentro de mim chega perto de
explodir completamente. Dou um passo em direção a ele, pronto para que toda
aquela besteira reprimida dos últimos anos exploda, mas sou interrompido pelo
aperto firme de Landon em meu braço.
— O que você está fazendo? — ele sussurra, apertando-me ainda mais
quando tento me afastar. — Parece que você está pronto para cometer um
assassinato. Eu sei que ele te irrita por mexer constantemente com você, mas você
tem que continuar ignorando isso. Por enquanto, pelo menos.
Porra, ele está certo. Olho ao redor, percebendo que ganhamos um pouco de
atenção, e estremeço internamente com minha momentânea falta de autocontrole.
Não posso fazer isso, ainda mais aqui com um pátio cheio de gente nos observando.
Sim, isso poderia ter sido ruim se Landon não estivesse aqui. Eu relutantemente
desvio meu olhar do olhar presunçoso de satisfação de Silas para me concentrar
novamente em Landon antes de continuar apressadamente pelo corredor. — Um
destes dias…
— Sim, e eu vou ajudar você a encontrar uma maneira de se vingar dele, —
ele diz, me alcançando facilmente. — Você tem muita coisa acontecendo agora
para cair no saco de merda dele.
Não consigo evitar, eu rio. — Um saco de merda?
— Achei que fosse autoexplicativo, — ele bufa com uma risada. —Esse cara
é um desastre esperando para acontecer e não de uma forma fofa.
Levanto uma sobrancelha. — Existe um jeito fofo?
Ele me ignora enquanto continuamos em direção à aula. — Ele tem
autodestruição estampada nele, como um furacão catastrófico se preparando para
destruir tudo em seu caminho.
Uau, isso foi... profundo. Honestamente, isso me deixou confuso e minha
perspectiva de Silas mudou um pouco. — Você realmente acha que ele tem tanta
merda acontecendo?
Landon bate na têmpora. — A mente é uma coisa poderosa. Com o tipo de
vida em que ele cresceu e toda a merda a que provavelmente foi exposto... — Ele
encolhe os ombros. — Eu ficaria mais surpreso se ele não estivesse completamente
fodido. Você sabe?
Ah, isso é verdade. Sinceramente, não quero nem pensar nisso. De jeito
nenhum Landon vai me fazer sentir mal por Silas Richards. Eu serei amaldiçoado
antes que isso aconteça.
— Quando diabos você ficou tão perspicaz? — Eu provoco, com uma pitada
de sarcasmo em meu tom.
— Você está tirando sarro de mim? — ele pergunta, parecendo um pouco
ofendido.
Aperto o indicador e o polegar, deixando apenas um pouquinho de espaço
entre eles. — Um pouco.
— Ei, tanto faz. Marque minhas palavras. Estou dizendo a você. Esse cara vai
arruinar vidas. Esperançosamente, já estaremos longe quando isso acontecer.
Espio por cima do ombro mais uma vez, mas Silas não está mais visível no
meio do enxame de outros estudantes. — Sim, — murmuro, virando-me. — Há
muito tempo.
Mas, pela primeira vez, a ideia de partir não me agrada completamente, e
não tenho certeza do porquê.
OITO
Silas
Outro dia passa como um borrão e, em pouco tempo, o último sinal toca e
estou indo em direção aos fundos da escola para encontrar Bunky.
Ele está no meio de uma venda quando me aproximo, então me encosto no
prédio de tijolos e espero por ele enquanto ele troca produto por dinheiro com
alguns caras. Um deles está me avaliando e eu levanto uma sobrancelha, divertido
quando ele se mexe desconfortavelmente. Ele claramente nunca fez isso antes. O
cara coloca um maço de dinheiro na mão de Bunky, depois pega a sacola
rapidamente e sai apressado com seu amigo.
— Eu adoro carne fresca, — diz Bunky, guardando o dinheiro enquanto se
aproxima de mim. Ele parece desequilibrado, como sempre, seu cabelo é uma
bagunça loira desgrenhada, grandes olhos azuis arregalados de travessura e seu
sorriso tão grande que não parece real.
— Você cobrou demais? — Não acho que ele faria isso, mas não posso ter
certeza com ele, já que ele é um curinga2.
— Nah, adoro o medo que eles emitem. — Ele inspira profundamente, como
se estivesse cheirando algo delicioso, e depois solta o ar lentamente. — É inebriante.
Sempre viciado em adrenalina. Ele gosta de ultrapassar limites e voar pelas
bordas, o que irrita Whaley regularmente.
Blaine
3 Pessoa que finge ser algo que não é ou finge gostar de algo para fazer parte de um grupo.
— O que você está fazendo aqui? — Eu pergunto, sem graça enquanto tento
ao máximo ignorar a vibração no meu estômago quando ele sorri.
Um olhar arrogante surge no rosto de Silas enquanto ele sustenta meu olhar.
— Eu fui convidado.
— Acho isso difícil de acreditar, — Landon murmura, tomando um gole de
seu copo.
— O que é que foi isso? — Bunky pergunta, com a sobrancelha levantada
enquanto ele olha para Landon. Ótimo, exatamente o que precisamos, uma briga
com o psicopata da escola.
— Eu disse que acho difícil acreditar que alguém teria convidado vocês aqui,
— diz Landon, sem perder o ritmo e quase se aproximando deles.
Bunky dá um passo em direção a Landon, mas Silas levanta a mão,
interrompendo com sucesso seu movimento para frente.
— Nada disso. Temos coisas para fazer. Não podemos ter problemas com você
esta noite, podemos? — Silas diz a Bunky antes de olhar para mim. — Divirta-se
esta noite.
Quando ele se vira para sair, o sorriso que ele me dá é tudo menos genuíno.
Que idiota.
— Esta é outra razão pela qual não suporto ir a essas festas. — Lanço um
olhar furioso para Landon.
Ele levanta as mãos em sinal de rendição. — Não fique bravo comigo. Eu não
sabia que eles estariam aqui. Além disso, não é minha culpa que Silas esteja
querendo isso com você.
Estou tenso, irritado e pronto para ir. — Ele é um idiota.
— Percebi que você tem deixado ele te afetar muito mais ultimamente.
— Estou cansado das besteiras dele, — murmuro, mas minha voz se perde
quando uma multidão de pessoas nos cerca. Então é tudo apenas uma atuação
depois disso.
Conversas aleatórias e sorrisos forçados. Estou me afogando em um mar de
fingimento – uma realidade fabricada da qual não participei na criação – e isso me
tira pedaços até que não reste mais nada.
Já cansei disso.
Sinto que poderia fugir agora e Landon nem perceberia porque está muito
envolvido com Maybelline. Bruto. Eu a vi tentar chamar minha atenção, mas
simplesmente a ignorei. Eu me sinto mal por Landon. Ele está deixando ela usá-lo
porque ele realmente gosta dela, mesmo sabendo que ela só quer um jogador de
futebol e que qualquer um de nós servirá.
Outra razão pela qual realmente não confio nos relacionamentos. A maioria
das pessoas só quer algo de você. Nada é genuíno hoje em dia.
— Vou mijar, — digo, dando um tapinha nas costas dele.
Ele acena com a cabeça e eu vou até a linha das árvores. Há um caminho
entre as árvores que posso seguir para voltar ao meu carro. Está muito escuro lá
fora, e agora que as luzes da festa se apagaram, não consigo ver nada. Pego meu
telefone, clicando na lanterna.
Quanto mais me afasto da música e das pessoas, mais silencioso fica, e eu
gosto disso. É disso que eu gosto. Silêncio calmo e pacífico. Apenas só. Olho para
cima, vendo algumas estrelas logo depois das copas das árvores, e inspiro e expiro
lentamente, tentando absorver o que posso neste curto espaço de tempo.
Continuo por uma pequena clareira, desligo a lanterna e empurro o celular
para longe. A abertura no topo das árvores permite que as estrelas e a lua emitam
luz suficiente para que eu possa ver.
Enquanto caminho, me perco na cabeça. Pensamentos sobre a formatura, o
verão, o próximo ano – todos os planos para o meu futuro passam diante dos meus
olhos. Tão perto, mas tão longe do alcance ao mesmo tempo.
O som de um galho quebrando atrás de mim me tira dos meus pensamentos
e me viro rapidamente, avistando Silas a alguns metros de distância. Apesar de estar
muito sombreado, eu reconheceria aquele rosto em qualquer lugar. Dia, noite, não
importa. Se eu fosse cego, ainda seria capaz de identificar Silas no meio da
multidão. É impossível escapar dele, não importa o quanto eu tente, e eu realmente
me ressinto dele por isso.
Eu gemo, a cabeça caindo sobre meus ombros. Por que ele está aqui de novo?
— Você está me seguindo? — Eu mordo, a frustração óbvia em meu tom.
— Dificilmente, — ele diz, soltando uma risada como se achasse minha
pergunta divertida. — Eu já estava aqui. Vi você passando...
E ele decidiu parar e falar comigo porque? — Okay, certo. Você estava
sentado aqui sozinho na floresta enquanto todos os seus amigos estavam lá na festa?
Eu não acredito nisso de jeito nenhum.
Ele dá uma tragada no cigarro, a brasa brilhante lançando um brilho em suas
feições enquanto ele me olha pensativamente. — Bem, não era isso que você estava
fazendo?
— Eu estava indo embora, na verdade, não que isso seja da sua conta.
— Bem, vá em frente.
Eu pisco, confuso. — Vá em frente, o quê?
— Saia. Você não vai machucar meus sentimentos. — Ele me dá um aceno
de desdém. — Tchau, menino de ouro.
Perplexa, balanço a cabeça e começo a andar, apenas para parar e voltar.
Estou cansado das merdas dele. Ele sempre tem algo inteligente a dizer e eu superei
isso. A próxima coisa que sei é que estou cara a cara com Silas um segundo depois,
a fúria tomando conta. — Que porra é o seu problema comigo?
Ele solta um pouco de fumaça diretamente no meu rosto e eu cerro os dentes,
pronta para derrubá-lo. — Eu não gosto de idiotas arrogantes e egocêntricos que
pensam que suas merdas não cheiram mal. Você anda por aí como se fosse melhor
que todo mundo. Bem, adivinhe? Só porque seu pai tem dinheiro e governa a cidade
não o torna melhor, apenas o torna um privilegiado.
Estou tão chocado com sua declaração que levo um momento para
responder. Porque que porra é essa? Seu aparente ressentimento por mim se baseia
apenas em especulação. Eu o odeio pela maneira como ele me faz sentir, mas ele
me odeia por causa de uma mentira que criou dentro de sua cabeça. O que ele disse
não poderia estar mais longe da verdade. Dou um passo para trás, as mãos
amarrando atrás da minha cabeça enquanto olho para ele. — Isso é treta. Você não
sabe nada sobre mim. Você inventou todas essas ideias na sua cabeça maluca.
— Uma pá é uma pá, — diz ele com muita convicção.
Bem, dois podem jogar este jogo.
— Sim. Então, e você?
Ele joga a ponta do cigarro no chão, pisando forte com sua bota desajeitada.
— Quanto a mim?
— Você carrega um peso no ombro do tamanho de um planeta, tratando
todos os outros como lixo para se sentir melhor consigo mesmo. Você se faz de
durão, mas não é. — Seus olhos brilham, mas eu não paro. — Você é patético.
Sua mandíbula aperta e ele estreita o olhar enquanto dá um pequeno passo
em minha direção. — Cale-se.
Ah, ele está bravo agora? Consegue distribuir, mas não aguenta... levar. Não
vou mentir, estou muito feliz por ter chegado até ele. Ele está sempre me irritando
e agora é minha vez de comandar o show.
— Você é fraco.
— Cale a porra da boca! — ele rosna, e eu sorrio, amando cada segundo
disso.
— Você só finge uma fachada porque não quer que as pessoas vejam quem
você é de verdade. O pedaço quebrado de humano que está enterrado sob a
fachada. — Não tenho ideia se estou falando de mim ou dele agora.
— Você está errado!
Ele ocupa meu espaço, me apoiando contra uma árvore, e a casca prende
minha camisa, machucando minhas costas, mas não me importo. Isto é muito
importante. Muito grande. Eu posso simplesmente sentir isso.
Ele está olhando para mim com olhos selvagens e dentes cerrados, parecendo
que está prestes a perder o controle. Eu me pergunto por um breve momento se fui
longe demais. Se ele realmente vai criar coragem e me bater. Meu coração está
batendo forte quando olho em seus olhos, minhas mãos estão fechadas ao meu lado
enquanto ele olha.
— O que você vai fazer, Silas? Bater em mim? Você finalmente vai ser um
homem e...
Ele bate a mão na minha boca, me esmagando ainda mais na árvore. Sua
outra mão segura a frente da minha camisa enquanto ele diminui a distância entre
nós, todo o comprimento do seu corpo alinhando-se perfeitamente contra o meu.
Eu estendo a mão, agarrando seus antebraços por reflexo, pronto para quebrar seu
aperto.
Só que eu não faço.
Eu não o empurro. Eu não faço nenhum movimento. Acho que nem estou
respirando. Estou aqui parado, pendurado por um fio enquanto espero que ele dê
o próximo passo.
A tensão entre nós está ardendo como um inferno ardente.
DEZ
Silas
Blaine
Silas
— Silas?
Pisco, desviando o olhar da tela do computador para onde Whaley está
parado perto de mim.
Merda, há quanto tempo ele está aí?
— Você está bem?
— Sim, desculpe-me. Eu me perdi. Não dormi muito ontem à noite, — digo
a ele, esfregando meus olhos doloridos.
Esse é o eufemismo do século. Eu não dormi ontem à noite por causa do jeito
que Blaine atormentou meus pensamentos. Inferno, ele ainda está. Estou
literalmente tão perdido na minha cabeça, pensando na maneira como seu rosto se
transformou em algo inebriante quando ele gozou. Aqueles pequenos sons que ele
emitia e os gemidos suaves, mas profundos, que passavam por seus lábios.
Balançando a cabeça, tento limpar a imagem mental.
Whaley inclina a cabeça para o lado, franzindo as sobrancelhas. —Tem
certeza que está bem?
Eu apenas aceno para tranquilizá-lo. Não é como se eu fosse contar a verdade
a ele de qualquer maneira. Por mais que eu respeite Whaley, falar sobre
relacionamentos é muito estranho.
— Estou bem. Então, do que você precisava?
— Não se preocupe com isso, Whaley, — Raid acrescenta enquanto pula e se
senta no balcão, derrubando minha prancheta no processo. — Eu cuido disso.
Lanço um olhar furioso, prestes a mandá-lo se foder, quando Bunky entra na
conversa em seguida. — Oh, isso é assustador. Você é péssimo com computadores.
Ainda não tenho certeza de como você está passando em tecnologia.
Ok, preciso colocar a cabeça no lugar porque nem sabia que eles estavam
aqui.
— Eu não sou tão ruim assim. Posso lidar com algumas faturas, — zomba
Raid, lançando a Whaley um olhar penetrante enquanto aperta um botão no
teclado e dá vida à tela. — Veja?
Tudo o que posso fazer é revirar os olhos. Raid arruinaria todo o meu sistema
em minutos se eu deixasse. — De jeito nenhum. Você não está estragando algo que
passei anos aperfeiçoando.
— Vocês não têm fé em mim, — ele murmura, levantando os óculos com
raiva.
— Não quando se trata dessas coisas, — digo a ele, voltando-me para Whaley
novamente. — Ok, o que você precisa que eu faça? Eu cuidarei disso agora.
Ele aponta para a prancheta que Raid ainda não pegou. — Você fará um
pedido parcial? Preciso de pressa em duas coisas.
— É, eu entendi.
— Obrigado. Eu e os outros caras estamos prestes a sair. Tranque às três se
eu não voltar — diz ele, dando um passo em direção à porta. —Algumas entregas
serão canceladas, mas é isso. Todos os clientes terminaram o dia.
Concordo com a cabeça, conhecendo o procedimento.
— Ei, espere! — Bunky grita, dando um passo apressado em direção a
Whaley e, na pressa, quase derruba os dois no chão. De alguma forma, Whaley
pega o filho da puta antes que ele caia. Bunky nem se desculpa, apenas dá um soco
no ombro dele e começa a falar com ele como faria comigo. — Posso pedir algumas
coisas para minha motocicleta? Eu pagarei por isso.
Não consigo descobrir se esse cara deseja morrer ou simplesmente não se
importa que Whaley possa colocá-lo para dormir com um único movimento.
Talvez ele queira que Whaley o nocauteie. Algumas pessoas têm fetiches
estranhos e não estou aqui para julgar. É a única maneira de entender por que
Bunky sempre tenta irritar Whaley.
Whaley olha para ele antes de soltar um longo suspiro e recuar. Então ele
olha para mim com uma expressão ilegível. — Peça o que ele quiser e coloque na
minha conta.
Eu olho para ele em estado de choque enquanto ele se afasta e sai da loja.
Seriamente? Achei que ele pelo menos reagiria ao soco no ombro. Ninguém põe as
mãos em Whaley sem aprender uma lição.
— Eu serei amaldiçoado. Ele realmente deixa você se safar de qualquer coisa,
— Raid resmunga, saltando do balcão e pegando a prancheta. — É por isso que
você está tão desequilibrado. Ele não mantém você na linha como faz com o resto
de nós.
O idiota apenas sorri mais e encolhe os ombros como se isso não fosse grande
coisa. — O que posso dizer? — Ele pisca para nós, aquele sorriso levemente
desequilibrado permanecendo em seus lábios enquanto ele levanta um ombro
novamente. — Ele simplesmente gosta mais de mim do que de vocês.
Então ele olha para onde Whaley acabou de sair, grandes olhos de coração
perfurando sua forma em retirada.
Ok, que porra é essa?
Abro a boca para perguntar o que ele quer dizer quando alguém entra
correndo pela porta, chamando minha atenção. Eu fico rígido, pulando da cadeira,
pronto para lidar com a interrupção, mas paro quando vejo que é Blaine.
Ele está marchando em minha direção, com o rosto vermelho e irritado
enquanto para no balcão. Ele parece tão deslocado aqui – perfeitamente limpo com
seus jeans e camisa polo – e isso me faz esquecer momentaneamente de perguntar
o que ele está fazendo aqui.
— Você, — Blaine grita, apontando um dedo em minha direção. — Eu
preciso falar com você agora.
Sua exigência deveria me irritar, mas o tom rosnado parece muito
semelhante ao de quando eu o estava masturbando. Então, em vez disso, me abaixo
para ajustar discretamente meu jeans antes de limpar a garganta e levantar uma
sobrancelha. — Você se perdeu?
Se olhares pudessem matar eu estaria morto no chão. Tenho certeza de que
Blaine está tentando me fazer pegar fogo com os olhos.
— Eu. Preciso. Falar. Com. Você. — Ele diz cada palavra enquanto olha para
mim, e não vou mentir, gosto de como ele está bravo. Aquela parte de mim que está
sempre ansioso por uma luta ganha vida, pronto para o que quer que ele esteja
prestes a lançar em meu caminho.
— Você quer falar comigo? — Bato um dedo no meu peito, adorando a
maneira como seu rosto se contorce um pouco mais. Esse visual de um Blaine
alterado é meio quente.
Espere? De onde diabos isso veio? Blaine não é quente...
Estou olhando para ele com uma expressão confusa porque minha cabeça
confusa me mostrou exatamente o quão fodido isso realmente é.
— Eu juro por Deus...
— Não há Deus aqui, QB, ou você esqueceu em qual território você entrou?
— Bunky joga fora com aquele sorriso demoníaco no rosto. — O que você acha,
Raid? Devemos mostrar a ele?
— Poderíamos mostrar a ele, — Raid provoca, dando um passo em direção a
Blaine. Isso não impede meu cara nem um pouco. Ele apenas olha para eles,
completamente despreocupado antes de me perfurar com seu olhar cinzento.
E sim, eu oficialmente perdi a cabeça, porque meu cara? Bruto. A única coisa
que ele é para mim é minha fonte diária de entretenimento. Eu fodo com ele porque
posso, porque gosto, não porque eu realmente o queira. O fato de ele ter me
masturbado é apenas um bônus adicional. Qualquer um poderia fazer isso. Uma
mão é uma mão…
— Chega, — respondo, percebendo que preciso impedir meus amigos.
Bunky e Raid se viram para olhar para mim. Eu deixei eles se divertirem, mas
não com Blaine. Nunca com ele. Ele é só meu para brincar e eles sabem disso.
Dou a volta no balcão e seguro o braço de Blaine, arrastando-o para trás. —
Você vem comigo.
— Deixe-me ir, — ele grita, batendo na minha mão enquanto eu o puxo. —
Eu posso andar sem você me puxar, pagão.
O insulto só me faz sorrir. — Ah, estamos usando nomes de animais de
estimação agora? Passamos da segunda base? Preciso levar você para um encontro?
— Você quer que as pessoas ouçam você? — Ele rosna, olhando por cima do
ombro. — E vá se foder, a propósito, isso não foi um elogio. Você ao menos sabe o
que é um pagão?
— Ninguém vai me ouvir e já fui chamado de coisas piores na minha vida.
Agora cale a boca e ande, não tenho o dia todo. — Eu nos levo para os fundos,
abrindo a porta do armário de suprimentos antes de empurrá-lo para dentro.
Então fechei a porta atrás de mim, acendi a luz e girei a fechadura antes de
me encostar nela. Ele apenas fica ali parado, parecendo estranho enquanto seus
olhos percorrem a sala.
— O que você quer? — pergunto, cruzando os braços sobre o peito quando
ele finalmente olha para mim. — Você me queria? Você me tem.
— Eu não quero você, — ele sussurra, os punhos cerrados ao lado do corpo.
— Eu só quero conversar.
Eu abro meus braços, dando-lhe a palavra. — Então fale.
— Então cale a boca por um segundo.
— Não sei o que você quer de mim...
De repente, Blaine colocou a mão em volta da minha garganta, pressionando
para baixo, e a fúria crua em seu rosto é algo que eu nunca vi antes. Nunca imaginei
que ele pudesse ser assim, tão pronto para me matar.
— O que você está fazendo? — Eu suspiro, não porque estou com medo, mas
porque o aperto que ele exerce em minha garganta é tão forte que mal consigo
respirar.
Seus olhos se arregalam de horror quando ele puxa a mão para trás e se afasta
vários passos de mim enquanto seus punhos fecham e abrem. Então ele inspira
profundamente antes de estender a mão e esfregar a nuca, recusando-se a
encontrar meu olhar. — Então, há muito óleo, — ele diz ao expirar, mudando um
pouco enquanto olha em volta novamente.
Que porra foi essa? Acho que acabei de levar um golpe.
Primeiro, parece que ele está pronto para me matar, e agora, ele está... o quê?
Ansioso? Será que o alto e poderoso Blaine Yates realmente tem outras emoções
além de sua fachada arrogante?
— Não diga, — eu zombo, esfregando minha mão contra minha dor de
garganta brevemente. — Óleo em uma loja mecânica? Eu nunca teria imaginado.
Ele fica mais tenso, e aqueles olhos assustadores dele - um cinza esfumaçado
misturado com o mais gelado dos azuis - perfuram-me. — Ah, cale a boca. Isto é
estranho.
É isso? Bom, isso significa que estou fazendo meu trabalho. — Você é quem
queria conversar.
— Sim, lá fora ou algo assim. Eu não sabia que você ia me arrastar para algum
lugar, tão... — ele para, os olhos dançando pelo espaço de doze por doze.
— Isolado? — Termino por ele, dando alguns passos à frente, determinado a
chegar até ele ocupando seu espaço. — Por quê? Eu te deixo nervoso?
Estico a mão e arrasto-a pela frente de sua camisa, provocativamente. Eu
nunca toquei nele assim. Uma batida de ombro é uma coisa, mas isso é diferente.
Independentemente disso, meu cérebro fodido em Blaine gosta, especialmente
quando sua respiração falha e seu peito se levanta.
Sim, eu gosto muito disso.
— Pfft, não, — ele murmura, afastando minha mão e me empurrando um
passo para trás. — E o que você está fazendo? Já ouviu falar de espaço pessoal?
— Qualquer coisa que você diga. — Eu sorrio arrogantemente. — Mas você
não pareceu se importar muito com isso ontem à noite.
Suas bochechas ficam vermelhas e seu pomo de adão balança
tentadoramente enquanto ele desvia o olhar. Ele pode tentar esconder os olhos, mas
sei que ele está se lembrando assim como eu. Como estive a manhã toda.
Isso mesmo, Blaine, lembre-se de todas as coisas que fiz com você no escuro.
Lembre-se do quanto você gostou.
Como um farol me chamando, eu me inclino, inclinando meus lábios sobre
os dele rapidamente. Ele responde instantaneamente, abrindo-se para mim quando
enfio minha língua em sua boca. Então ele quase me inala, soltando um suspiro
agudo que engulo avidamente. Seus lábios são tão macios, a língua tem um leve
gosto de chiclete e...
— Ai! Que diabos! — Eu recuo, os olhos arregalados e a mão voando para
minha boca latejante.
O idiota me mordeu!
— Foda-se, Silas! Não vamos fazer isso! — Ele estende a mão e limpa a boca
com raiva. — O que você tem?
Levanto uma sobrancelha, incapaz de esconder minha confusão. —Não é por
isso que você está aqui?
Sinto a atração gravitacional em direção a ele e sei que ele também deve estar
sentindo isso. Não há como eu estar lendo errado. Nos últimos anos, Blaine nunca
apareceu aqui. Quais são as chances de ele ter feito isso no dia seguinte ao nosso
encontro? E para falar comigo? Sim, ele está mentindo descaradamente.
— Não! — Seu queixo está rígido e seu rosto está vermelho, o que me dá uma
onda de excitação.
Droga, brigar com Blaine e obter essas respostas é inebriante. Eu vivo pela
reação dele. Ainda assim, dou um passo para trás e lhe dou algum espaço, embora
não saiba por quê. Acho que eu não sinto vontade de ser um idiota pela primeira
vez. — Então, o que você quer?
Ele limpa a garganta, pressionando sua camisa já sem amassados. —Para
dizer para você ficar longe de mim.
Eu não conseguiria conter a risada, mesmo que quisesse. Ele está falando
sério? — Você veio aqui para me dizer para ficar longe de você? Em que mundo
isso faz sentido?
Suas bochechas coram novamente quando ele percebe o quão estúpido isso
parece, mas ele não recua. — Eu disse o que vim dizer. Estou indo embora.
Não tão rápido.
Ele me empurra para longe da porta, mas sou rápido demais para ele. Eu
aperto suas costas, forçando seu peito contra a madeira, mantendo-o ali.
Oh, esta é uma posição com a qual eu poderia me acostumar.
— Sabe, se você queria fazer isso de novo... tudo que você precisava fazer era
pedir, — eu sussurro enquanto passo meus lábios ao longo de seu pescoço.
Sua pele é quente e preciso de tudo em mim para reprimir meu gemido. Ele
solta um pequeno barulho, me mostrando que está tão afetado quanto eu. Eu sorrio,
grato pela outra noite não ter sido apenas um acaso. Ele me quer tanto quanto eu
o quero. Eu deveria questionar isso, mas talvez o maldito Blaine seja o caminho a
seguir.
— Quer me encontrar mais tarde? — Murmuro contra sua pele antes de
chupá-la com força. A ideia de marcá-lo é muito satisfatória.
Ele hesita por um momento, o único som no pequeno espaço é sua respiração
ofegante.
— Vamos, você sabe que quer, — eu provoco, implorando mentalmente para
ele apenas dizer sim.
Ele precisa dizer sim porque virou a mesa para mim ontem à noite e agora
quero mais. Muito mais do que quer que isso seja. É normal desenvolver uma nova
obsessão pelo seu inimigo? Nunca ouvi nada tão ridículo. Mas não estou bravo com
isso, não quando o resultado é tão delicioso.
Ele ainda está em silêncio, e vejo seus dedos cavando na madeira, deixando
marcas de garras. Essa evidência seria igualmente quente nas minhas costas. Porra.
Ele está tremendo debaixo de mim e, para quebrar ainda mais sua
determinação, começo a passar as mãos em sua barriga. — Blaine?
— Onde? — ele resmunga, e o som é como música para meus ouvidos. Estou
puxando-o, pronto para agarrá-lo.
— Quatro horas? Estacionamento da escola? Vou te levar para algum lugar.
— Continuo meu ataque à sua pele, mordendo e beliscando a base do seu pescoço.
Eu gosto deste lugar. É sutil o suficiente para que ele possa esconder, mas em algum
lugar onde aqueles idiotas de seus companheiros de equipe possam ver e saber
como o garoto de ouro perfeito caiu em desgraça.
— Isso parece o início de um filme de terror ruim, — ele resmunga,
obviamente ainda tentando resistir. — Vai me oferecer doces e me perseguir pela
floresta também?
Agora, isso não parece uma má ideia.
— Você quer me encontrar ou não? — Eu digo, incapaz de esconder minha
irritação com meu pau semi-duro, precisando saber se ele terá alguma ação mais
tarde.
Filho da puta desesperado.
Ele hesita, limpando a garganta, e tenho certeza de que ele vai dizer sim, até
que ele recua, me empurrando para longe dele e abrindo a porta. Ele sai, me
lançando um olhar antes de partir... sem nunca me dar uma resposta.
Eu sorrio para mim mesmo.
Você pode correr, Blaine, mas saiba que adoro perseguir.
TREZE
Blaine
Silas
Por que diabos estou trazendo ele para o meu lugar?
Eu me amaldiçoo durante todo o caminho até lá, os olhos deslizando da
estrada para o espelho retrovisor enquanto observo Blaine me seguindo como se eu
estivesse com medo de perdê-lo ou algo assim. Isso é tão estupido. Desde quando
me importo tanto com Blaine? Estou culpando meu pau por isso. Ele só quer gozar,
porque num mundo normal isso não estaria acontecendo.
Dou a última curva, seguindo a estrada de terra até o fim, como já fiz
inúmeras vezes antes. Depois de vir aqui pela primeira vez quando eu tinha oito
anos, Whaley me deu permissão para visitar este lugar sempre que eu quisesse. Ele
diz que quase nunca vem aqui, e acredito nisso porque nunca o vi. Também nunca
vejo mais ninguém aqui. Está longe o suficiente do parque principal para ficar
completamente isolado. Além disso, Whaley reivindicou este lugar para si, então
ninguém se atreve a vir aqui. Isso faz com que seja o lugar perfeito para eu escapar.
Então, por que estou permitindo que Blaine Yates se infiltre no meu espaço?
Mudando meu carro para estacionar, pego um cigarro e acendo, fechando
os olhos e deixando a sensação da nicotina percorrer meu corpo. Talvez isso me
ajude a relaxar? Geralmente acontece, só preciso sair...
TOC Toc toc.
Meus olhos se abrem e viro minha cabeça para encarar Blaine. Então abro a
porta, batendo nele com o metal no processo.
Ele revira os olhos e depois cruza os braços enquanto olha ao redor. Pulando
do carro, eu mesmo faço uma varredura, me perguntando o que ele vê. Eu
perguntaria, mas acho que me irritaria ouvi-lo dizer alguma merda sobre o meu
santuário. Este lugar pode não parecer muito, mas é meu, uma grande parte da
minha casa, e alguém cagando nisso vai me irritar. Vou até o trailer, lançando um
olhar para Blaine por cima do ombro quando percebo que ele não se moveu.
— Você está vindo? — Eu questiono, dando mais algumas tragadas na minha
fumaça antes de jogá-la no chão e apagá-la.
Ele engole visivelmente, mudando de um lado para o outro antes de me
seguir. Ele está nervoso de novo? Isso é tão estranho. Eu nunca esperei que ele fosse
do tipo que se preocupa. Afinal, com o que alguém como ele precisa se preocupar?
Ele tem a vida perfeita. Deve ser bom nunca ter que se preocupar com dinheiro ou
com uma longa lista de responsabilidades. Não vou mentir, invejo isso.
Não estou dizendo que mudaria minha vida pela dele, mas seria bom poder
comprar um refrigerante no posto de gasolina só porque eu queria e não pensar
em como poderia usar esse dinheiro para outra coisa.
Subo cambaleando os degraus de concreto, usando minha chave para
destrancar o trailer enferrujado. Já viu dias melhores por fora, mas por dentro não
está tão ruim, já que limpei um pouco.
É pequeno, com uma pequena cozinha, um banheiro inútil e um sofá-cama.
É o suficiente para mim, e eu estive pensando em me mudar completamente para
cá, mas não há água corrente, e a ideia de não poder tomar banho sempre que
quero me dá coceira na pele.
Sou muitas coisas, mas sujo não é uma delas.
Tirando minha jaqueta, jogo-a no balcão antes de me sentar no sofá e
observar Blaine parado na porta. Ele nem fechou ainda, apenas olhando
nervosamente ao redor como se algo fosse aparecer e agarrá-lo.
— Feche a porta e entre. Você está deixando todo o ar quente sair. — Aponto
para a unidade portátil de ar condicionado que mal cabe na janela fechada com
tábuas. — Você não precisa se preocupar. Eu não vou morder. — Faço uma pausa,
franzindo os lábios. — Bem, isso não é verdade. A ideia de morder você parece
muito boa, honestamente.
— Você acaba por dizer o que quer, hein? — Ele zomba de aborrecimento e
finalmente fecha a porta. — Nenhuma preocupação no mundo? Como você está
tão calmo sobre isso?
— É apenas sexo. Por que você está transformando isso em algo que não é?
— Ele morde o lábio inferior, evitando contato visual comigo enquanto leio nas
entrelinhas. — É porque eu sou um cara? Se isso faz você se sentir melhor, também
nunca fiz isso com um cara. Eu assisti pornografia a três, então vi algumas coisas.
Por que diabos estou tentando tranquilizá-lo? Quem se importa? Sexo é sexo.
Não é o fim do mundo. Dois paus, duas bucetas, um de cada, múltiplos de cada…
O objetivo será sempre o mesmo.
Para gozar.
Sua sobrancelha se levanta e ele cruza os braços sobre o peito enquanto me
observa. — Essa é a única parte disso que você acha estranha?
— Não acho nada disso estranho, — digo honestamente. A ideia cresceu em
mim e agora só quero gozar com ele.
Seus olhos se arregalam de surpresa. — Mas não somos amigos.
— E isso é um problema porque? — Eu realmente não vejo problema aqui.
— Isso não está atrapalhando você nem um pouco? — Ele pergunta, olhando
para mim como se eu fosse louco.
— Por que isso aconteceria? Sexo raivoso é quente, e sexo com ódio é ainda
mais quente. — Sua boca se fecha, claramente não esperando que eu diga isso. Vou
até ele então, prendendo-o contra a porta como fiz antes na loja. — Pare de pensar
demais nisso. Apenas relaxe. Solte-se. Viva um pouco.
Há um brilho em seus olhos com minhas palavras, e ele olha para meus lábios
pouco antes de sua garganta engolir em seco. Porra, por que isso é tão sexy? Ele se
inclina para frente, mas não me beija, apenas aproxima nossos lábios.
Ele está me provocando? Eu não acho que ele percebe o quão perto estou de
agarrá-lo e jogá-lo contra a parede.
— Devíamos ter limites, — ele sussurra com voz rouca, seu hálito de chiclete
soprando em minha boca.
Eu bufo. — Sim, não conte a ninguém que estamos transando, fim.
— Estou falando sério, — ele retruca enquanto me empurra para trás.
Suspiro, voltando para o sofá e me sentando. — Não quero soar como um
idiota... — Faço uma pausa, sem realmente me importar se faço isso ou não, porque
sou, na verdade, um idiota. — Não há realmente nenhum limite para mim no que
diz respeito ao sexo. Quero dizer, não gosto de esportes aquáticos, jogos sangrentos
ou queimaduras, sem ofensa, se essa é a sua praia, mas todo o resto é um jogo justo.
— Jogo de sangue? — Ele olha para mim com horror. — Que tipo de coisa
você está assistindo? Eu não sabia que isso era uma coisa.
— Fiquei fascinado pela história do colar de sangue com Angelina Jolie
quando tinha treze anos. — Eu dou de ombros. — Nem é preciso dizer que uma
pesquisa do Google me levou por um caminho sombrio.
Ele empalidece, balançando a cabeça em descrença. — Quem gostaria de
algo assim?
— Não faço ideia, mas cada um na sua. Eu não estou julgando.
Não dizemos nada por alguns instantes, ele ainda encostado na porta e eu
olhando para ele do sofá. Tenho certeza de que ele está pensando no assunto, e meio
que espero que ele dê meia-volta e vá embora, mas ele me surpreende quando
avança, colocando uma perna sobre cada uma das minhas e montando no meu
colo.
Porra, sim.
Tenho quase certeza de que não estou mais respirando quando minhas mãos
pousam em suas coxas. Estou apenas observando-o, esperando que ele decida o que
fará a seguir. Ele se inclina para frente, apoiando as mãos em meus ombros, e
preciso de tudo em mim para não reclamar sua boca primeiro. Eu fiz o último
movimento, então agora é a vez dele. Preciso saber se ele realmente quer isso tanto
quanto eu.
Seus olhos estão aquecidos, observando cada centímetro do meu rosto antes
que ele se incline ainda mais e roce seus lábios nos meus. É um beijo experimental,
um leve movimento de bocas que me faz apertar suas coxas. Eu quero
desesperadamente virá-lo neste sofá. Eu me pergunto se ele lutaria comigo como
fez na floresta?
Porra, isso foi quente como o inferno.
Eu luto para flexionar meus quadris, não querendo parecer muito ansioso,
mas ele está me matando com essa merda lenta.
Depois de algumas escovadas, ele aprofunda o beijo e estou pronto, abrindo
para ele ao primeiro golpe de sua língua. Quando suas mãos começam a deslizar
pelo meu peito, movo as minhas, apreciando a sensação da espessura sob as palmas.
Nunca pensei que gostaria de um corpo duro e sólido, mas neste momento nada
deveria me surpreender.
Ele geme enquanto balança levemente em mim e é quando sinto seu pau duro
pressionando contra o meu. Sim, foda-se essa merda lenta. Eu preciso de mais,
agora. Chegando entre nós, começo a trabalhar desfazendo nossas calças.
— Precisamos tirar isso, — murmuro contra seus lábios, não querendo
quebrar nosso contato, mas precisando libertar a mim e a ele.
Ele balança a cabeça rapidamente, já ofegante quando dá um tapa em minhas
mãos para desabotoar suas calças. Uma vez que nossos dois paus estão fora, posso
praticamente ver sua boca salivando. Eu rio, passando um dedo aumentando seu
comprimento enquanto eu o provoco. — Você está olhando para isso como se
quisesse naquela boca bonita.
— Eu...— ele para, seus olhos cinzentos fixando-se nos meus com uma
expressão de incerteza.
Nunca, na minha imaginação mais selvagem, pensei que Blaine Yates iria
querer chupar meu pau, mas a julgar pela maneira como ele estava olhando para
meu pau, é exatamente isso que ele quer fazer.
Envolvo minha mão em sua nuca, aproximando nossas bocas. Ele se derrete
no beijo, e não posso acreditar na porra do gemido que o deixa quando mordo seu
lábio inferior antes de aliviar a dor com a língua. Minhas mãos vagam por todo ele
- seu peito sólido, suas coxas incríveis, sua bunda incrível - e o tempo todo ele se
contorce e choraminga como um cachorro no cio.
Quando eu me afasto, a primeira coisa que ele faz é olhar para o meu pau, e
eu sei que sou eu quem vai fazer essa merda rolar. — Você vai apenas ficar olhando
ou vai fazer alguma coisa com isso?
Isso o tira do transe. Ele estreita os olhos para mim, zombando enquanto
empurra meu peito. — Eu não estou chupando seu pau.
— Por quê? — Eu provoco, deslizando minhas mãos sob sua camisa e
subindo por suas costas, nos aproximando mais uma vez. — Você está assustado?
— Por que eu deveria estar com medo? Não é tão impressionante, — ele
morde.
Ok, viva em negação, Blaine.
Agarro um punhado de seu cabelo, puxando sua cabeça para trás. Agradeço
a marca escura que deixei em seu pescoço antes de ceder e beijá-lo e depois falar.
— Prove.
Ele leva um momento para lutar contra meu aperto, mas quando está livre,
ele me surpreende mais uma vez quando desliza do meu colo e cai de joelhos. Porra,
isso é tão quente. O menino de ouro perfeito está de joelhos para mim, e isso me
enche de uma onda de poder que vai direto para o meu pau.
Ele vai desligar o letreiro que ilumina a sala, mas eu balanço a cabeça. —
Deixe ligado. — Não gostaria de estragar a fantasia, não é? Ele me dá uma olhada,
mas lentamente encolhe os ombros de volta. Estendo a mão, enterrando meus dedos
em seu cabelo, puxando sua boca para mais perto de onde ela precisa estar. — Vá
em frente. Você sabe que você quer.
— Vá se foder, — ele retruca, e eu mordo minha língua para parar meu
sorriso. Ele lambe os lábios antes de voltar o olhar para o meu pau. Posso dizer que
ele não sabe bem por onde começar ou o que fazer, mas o meu pau está pronto
para ser chupado e estou ficando impaciente. Estou com tanto tesão e pronto para
explodir a qualquer segundo.
Blaine Yates parece perfeito. Ele tem o corpo perfeito e a vida perfeita, mas
finalmente encontrou algo em que não é bom.
E eu adoro essa merda.
— Aqui, — eu digo, agarrando a base do meu pau e inclinando-o em direção
a ele. — Apenas chupe.
— Não me diga o que fazer, — ele rosna, afastando-se do aperto que tenho
em seu cabelo e batendo na minha mão. — Se você quer que seu pau seja chupado,
você vai calar a boca.
— Então faça isso já, — eu reclamei. — Vá em frente ou saia.
Ele me cala quando se muda e escolhe a opção A, envolvendo seus lábios em
volta de mim, e Jesus Cristo, isso é tão bom. Só aquela pequena sucção molhada já
faz meu pau estremecer, implorando para gozar. Eu me contenho, recusando-me
a ser um cara rápido no gatilho5.
Ele leva algumas chupadas antes de encontrar sua confiança, tomando mais
de mim com os olhos fechados, cantarolando em meu comprimento como se fosse
sua coisa favorita no mundo. Em pouco tempo, ele tem um ritmo constante,
balançando a cabeça para cima e para baixo em meu comprimento naturalmente.
Os barulhos que ele faz... Porra, são eles que fazem isso por mim. O fato de
ele gostar tanto disso também ajuda.
— Simplesmente assim, — gemo, querendo jogar a cabeça para trás, mas não
querendo perder nada. — Tão bom pra caralho. Que boca tão quente.
ATLETA ARROGANTE
Você deve estar brincando comigo.
QUINZE
Blaine
Meu queixo cai enquanto olho para o papel marcado em vermelho na minha
frente.
— Você geralmente é melhor do que isso, — diz a Sra. Taylor, fazendo uma
careta para mim enquanto bate o dedo na minha mesa antes de ir para o próximo
aluno. — Da próxima vez, você deveria estudar mais.
Mas é isso. Eu estudei. Eu sempre estudo. Enquanto olho para o grande C no
meu teste de inglês, lembro-me de cada segundo agonizante que passei bebendo
Red Bull e lendo suas notas irritantemente específicas sobre Hamlet. Eu sei tudo
sobre o falso surto psicótico do cara e como ele é um idiota de primeira classe.
Estou chocado. Eu sei que, pensando bem, C não é uma nota terrível, mas não
é do meu feitio. Não sou um aluno mediano, sou o melhor aluno. Eu arraso em tudo
que faço, e esse teste estúpido não deveria ter sido a exceção.
Posso sentir meu coração começar a bater rapidamente, minhas palmas
suadas enquanto elas estão sobre minha mesa. Meu pé bate no chão tão rápido que
a garota ao meu lado me lança um olhar irritado, o que só alimenta meu
nervosismo crescente.
Eu não posso fazer isso.
— S-Sra. Taylor, — gaguejo, tentando manter a compostura enquanto
levanto a mão. Eu preciso sair daqui.
Ela se vira para mim, com preocupação em seus olhos enquanto para de
devolver os testes. — Sim, Blaine?
— Posso usar o banheiro, por favor?
— Claro, — ela diz facilmente. A Sra. Taylor normalmente não nos deixa sair
durante a aula, algo sobre o tempo dela ser tão precioso quanto o nosso, mas eu
sabia que ela abriria uma exceção para mim.
Saio rapidamente da cadeira e vou direto para o banheiro no final do
corredor. Felizmente, não há ninguém aqui, então me deixo cair contra a pia. Eu a
aciono, tentando ver se jogar um pouco de água fria no meu rosto ajudaria, mas
não adianta. Minha língua ainda está grossa e seca, e engolir está se tornando um
problema.
Eu caio no chão, apoiando as mãos na cabeça enquanto balanço de um lado
para o outro, tentando acalmar meus pensamentos e coração acelerados. Preciso de
algo para me distrair disso. Eu preciso... não sei, porra! Eu só preciso parar de me
sentir assim por um segundo.
Sem nem pensar, pego meu telefone com dedos desajeitados. Não tenho
controle sobre o que estou fazendo enquanto abro meus contatos e eu mando uma
mensagem para a última pessoa que gostaria que me visse assim.
EU
Encontre-me no banheiro do corredor inglês.
IDIOTA
Vá se foder.
Não, isso não vai funcionar. Não sei por que, mas preciso dele agora. Não de
um jeito amoroso, venha me salvar ou qualquer coisa. Eu preciso de uma liberação.
Preciso que toda essa tensão reprimida, ansiedade e pânico avassalador sejam
levados embora.
Preciso ser outra pessoa por um segundo. Alguém que não está preocupado
com o que um C fará em seu quadro de honra, ou preocupado com o que os comitês
de bolsas de estudo pensarão de algo menos do que um GPA perfeito.
EU
Não seja um idiota. Venha aqui.
Quando ele não atende, xingo e guardo meu telefone. Claro que ele não vem.
Em primeiro lugar, fui uma idiota por ter mandado uma mensagem para ele,
especialmente quando disse que ele seria o primeiro a entrar em contato.
Felizmente, eu me distraí o suficiente para não me sentir mais perto de desmaiar,
então isso é uma vantagem. Fico com as pernas trêmulas, olhando meu rosto pálido
no espelho, e me preparo para voltar para a aula até que a porta do banheiro se
abre.
— É melhor que isso seja bom pra caralho ou eu vou chutar sua bunda.
Pisco para Silas em estado de choque. Ele realmente veio? Eu tinha certeza de
que ele simplesmente iria me ignorar e fazer qualquer merda que ele fizesse
durante o dia escolar, se é que ele frequentava as aulas.
Agora que ele está aqui, não hesito.
É quase patético o modo como marcho até ele e bato nossos lábios. Ele grunhe
contra minha boca, quase caindo de bunda, mas estou lá para segurá-lo pelos
quadris. Afasto meus lábios e o arrasto para trás comigo, empurrando nós dois para
uma das cabines apertadas e trancando-a atrás de nós.
— Você não parece muito bem, — diz ele, com os lábios inchados e os olhos
estreitados em suspeita. — Você está chapado?
Eu o forço a sentar no assento fechado do vaso sanitário, montando nele
enquanto pego a fivela do cinto. — Cale a boca, eu preciso gozar.
Ele levanta uma sobrancelha com o meu desespero, mas qualquer coisa que
ele estava prestes a dizer é cortado quando eu puxo seu pau para fora e começo a
acariciá-lo. Ele joga a cabeça para trás enquanto eu me liberto. Cuspo em nossos
paus, deixando-nos bem e lisos antes de pegar nós dois em meu punho.
— Porra, — ele geme, empurrando minha mão. — Prefiro fazer isso do que
dormir na sala do Sr. Herald.
— Eu. Disse. Cale. A. Boca, — eu grito, socando cada palavra enquanto nos
empurro com mais força, meu único objetivo é gozar.
Quando ouvimos a porta do banheiro se abrir, ele se senta, abrindo a boca
para dizer alguma coisa, mas bato minha mão em seus lábios. Eu não me importo
quando os passos chegam. Eu não pisco quando alguém tenta abrir a cabine em
que estamos, xingando quando eles sacodem a porta antes de passar para a
próxima. Não me importo que Silas tenha esse brilho triunfante nos olhos, como se
de alguma forma ele tivesse me superado.
Eu não dou a mínima para nada além de esquecer o quão pesado é o peso da
minha vida sobre meus ombros.
Mas preciso de outra coisa. Estou tão perto de gozar, mas algo está me
impedindo. Todas essas sensações não são suficientes. Preciso de algo que me ligue
à realidade, que me faça sentir como se estivesse vivo.
— Morda-me — sussurro no ouvido de Silas, tirando minha mão de sua boca
antes de bater seu rosto na curva do meu pescoço. — Porra, me morda.
Silas nem hesita enquanto crava os dentes na minha pele. É tão difícil conter
o gemido que quero deixar escapar quando as estrelas explodem atrás dos meus
olhos e eu gozo. Tudo dentro de mim vibra enquanto eu desligo por um segundo,
todas as coisas que estavam me arrastando para baixo desaparecem. Eu sei que
devo estar com um sorriso atordoado no rosto, mas não dou a mínima.
Isso é exatamente o que eu precisava.
Levanto-me, pego papel higiênico para me limpar e depois me aconchego.
Eu ouço por um momento e quem estava aqui conosco deve ter saído porque não
ouço nada agora. Viro-me para sair quando um aperto forte em meu braço me
impede.
— Que porra é essa, Blaine? — Silas pergunta maldosamente com uma
expressão irada no rosto. Ele ainda está sentado no vaso sanitário, seu pau duro
vazando e vermelho. — Quanto a mim?
— E você? — Eu mordo de volta, arrancando meu braço dele.
— Você não vai terminar?
Eu bufo. Má escolha de palavras, Silas. — Eu fiz.
Seus olhos se arregalam quando a compreensão de que não vou ajudá-lo a
gozar o atinge. — Seu maldito...
— Até mais, idiota, — digo, encolhendo os ombros enquanto saio da cabine
e volto para a aula, me sentindo dez vezes melhor do que antes.
DEZESSEIS
Blaine
Blaine
7É um brinquedo sexual usado como um buraco, ou nesse caso como é chamado manga sexual, pois
envolve o pênis.
dentes. Apesar de dizer a ele para fazer o trabalho sozinho, ainda quero que ele
goze. Quero a satisfação de saber que ele se desfez por minha causa.
— Sim, — eu gemo, passando os dedos pelos seus cabelos. — Eu não sabia
que tinha a boca perfeita esperando para chupar meu pau. Porra, simples assim.
Dou-lhe outro momento para respirar. Ele ainda não bate no chão, não com
as mãos ocupadas.
— Continue, — ele resmunga, seus olhos cheios de nada além de luxúria
aquecida enquanto ele lambe os lábios inchados. — Porra. Continue falando.
Eu sorrio, zombando dele enquanto deslizo de volta para sua boca esperando.
— Ah, então você gosta de ser tratado assim? Se eu soubesse que isso seria tudo o
que seria necessário para calar sua boca, eu já teria colocado você em seu lugar há
muito tempo. — Ele geme em volta do meu pau, fechando os olhos enquanto eu o
sinto tentando gozar furiosamente. — O que foi, Silas? Está com problemas? Não
quer admitir que está engasgado com o pau do menino de ouro?
Isso é bom demais. Estou muito perto de gozar. Minha visão está embaçada,
tudo lindamente nebuloso enquanto a sucção úmida de sua boca me leva ao
nirvana. Quando ele engole perto de mim, eu rosno, agarrando suas bochechas
para ajudar a guiar seus movimentos.
— Deus, Si, — eu grunhi, tão perto, mas não é o suficiente, mas eu sei
exatamente o que preciso para chegar lá. — Abra seus malditos olhos. Veja quem
está fazendo você se sentir assim.
No segundo em que aqueles olhos castanhos se abrem, tudo está perdido. Não
lhe dou nenhum aviso enquanto explodo em sua garganta, todo o meu corpo se
contorcendo com a força do meu orgasmo. Quando o sinto estremecer e tremer
debaixo de mim, sei que ele está gozando também, e a satisfação de ser a causa
disso faz com que outro surto fraco surja.
Eu finalmente saio, caindo no chão ao lado dele enquanto tento recuperar o
fôlego. Jesus, porra. Sinto como se tivesse acabado de correr uma maratona. Viro-
me para olhar para Silas, que está passando por momentos tão difíceis quanto eu,
tentando recuperar o fôlego.
— Você está bem? — Eu gaguejo, aproveitando o brilho de ter sido tão duro.
— Demais?
Ele está ofegante, os olhos ainda aparentemente fora de foco quando ele
limpa a boca com as costas da mão coberta de esperma. — Foda-se, Blaine. Desde
quando você ficou com a boca tão suja?
— O quê? Não gostou? — Eu zombo, sabendo muito bem que ele fez isso.
— Eu não disse isso.
Exatamente.
Eu rio, cruzando as mãos atrás da cabeça, os olhos fechados enquanto relaxo.
Todas as preocupações, todas as ansiedades, todas as coisas triviais do meu dia
desapareceram. Tudo o que resta sou apenas eu, aproveitando o que acabou de
acontecer.
Eu abro um olho para olhar para ele novamente, e o idiota está sorrindo junto
comigo, balançando a cabeça com uma risada silenciosa. Quando ele vira a cabeça
e percebe que estou olhando para ele, o sorriso não desaparece. Ficamos ali deitados
- cinza e marrom colidindo - pensando em tudo e em nada.
— Não sabia que você tinha isso dentro de você, — ele admite, enfiando a
mão no bolso para pegar um cigarro e um isqueiro.
— Há muita coisa que você não sabe sobre mim. — Encolho um ombro
enquanto o vejo acender, franzindo o nariz quando o cheiro me atinge. Essa é a
única desvantagem de tudo isso. Eu odeio o fato de ele fumar. Mesmo que haja algo
sexy no sabor dele, aquele veneno pode matá-lo um dia.
Por que diabos eu me importo com isso?
Ele cantarola, mordendo o canto do lábio enquanto pensa em suas palavras.
— Vai me dizer o que aconteceu para fazer você ficar todo Incrível Hulk comigo?
Quer dizer, não estou reclamando, mas isso me pegou de surpresa.
Eu endureço com isso. Isso não é algo que fazemos. Mesmo que eu não tivesse
nenhum problema em confiar ao meu inimigo sobre meus malditos problemas,
tudo que eu queria era escapar deles. Vou abrir a boca para dizer a ele que não é
nada, mas o toque do telefone dele me interrompe.
Ele não quebra o contato visual comigo enquanto pega e atende, o cigarro
pendurado precariamente entre os lábios. — O quê?
O que quer que a pessoa do outro lado da linha diga faz Silas estremecer. Ele
geme, fechando os olhos antes de se levantar. Ele segura o telefone entre a bochecha
e o ombro e enfia o cigarro no canto da boca enquanto puxa as calças para cima.
— Que porra é essa, Raid? Eu não faço essa merda. Vá procurar Bunky... espere, ele
o quê?
Silas aperta a ponta do nariz, pega o telefone e me lança um olhar antes de
me virar as costas, como se isso tornasse sua conversa mais privada.
— Não importa o que eu estou fazendo. Eu não vou... — Ele faz uma pausa,
xingando baixinho enquanto começa a dar uma tragada no cigarro. — Bem. Envie-
me os malditos detalhes. Da próxima vez, não vou cobrir sua bunda. Onde posso
retirar o pacote?
Raid fala um pouco mais antes de Silas desligar. Espero que ele se volte para
mim e peça desculpas ou algo assim, mas, em vez disso, fico surpreso quando ele
se aproxima de mim e me puxa pela minha garganta. Então ele me aproxima de
seu rosto, o cheiro de fumaça permanecendo em seu hálito. — Você não ouviu
nada. Me entendeu?
Concordo com a cabeça estupidamente, muito preocupado com o brilho de
preocupação em seus olhos para retaliar. — Entendi.
Ele bufa, mastigando o interior da bochecha um pouco, procurando a
verdade em minhas palavras antes de me dar um breve aceno de cabeça. — Bom.
— Ele me surpreende novamente quando beija meus lábios antes de se afastar. —
Eu tenho que sair.
— Tudo certo? — pergunto, tardiamente me perguntando por que me
importo e desejando nunca ter perguntado nada.
Ele me lança um olhar, arqueando uma sobrancelha enquanto dá a última
tragada em seu cigarro antes de apagá-lo. — Está tudo bem. Eu só preciso resolver
uma coisa.
Dou-lhe outro aceno de cabeça. Eu não esperava que nos abraçássemos nem
nada, mas tenho que admitir que estou irritado. Não, não estou chateado, estou
desapontado. Não é porque estou gostando desse idiota, só não quero ir para casa
ainda e encarar a realidade.
Papai e suas críticas, mamãe e sua apatia, Landon e suas curiosidades, lição
de casa e datas de entrega, fitas de futebol e jogos.
Posso sentir meu peito começar a apertar. Está acontecendo. Já posso sentir
as pontas dos meus dedos ficando dormentes. Em um minuto, não poderei respirar.
Estarei me afogando, incapaz de emergir, preso...
— Você vem ou o quê?
Percebo que ele está olhando para mim, fazendo com que minha ansiedade
aumente ainda mais. Porra, espero que ele não tenha notado. Quando examino seu
rosto, ele parece impassível como sempre, um pouco impaciente. — Eu o quê?
— Você vem comigo ou não? — Ele suspira, revirando os olhos enquanto
olha para o telefone.
Estou chocado e aéreo ao mesmo tempo que ele perguntou. Não sei
exatamente o que Silas precisa fazer, mas não pode ser bom. Não estou alheio ao
fato de que os Aces se envolvem em alguma merda criminosa. Também não é
preciso ser um idiota para adivinhar o que é uma corrida.
O pensamento me excita, no entanto. O perigo que Silas me apresentou
balança como uma cenoura na minha cara. Eu não deveria sentir essa emoção
aguda com a ideia de fazer algo precipitado. Eu não sou assim. Sou perfeito, Blaine
Yates. Eu deveria apenas zombar e ir para casa, abrir meu livro de cálculo e me
preparar para passar a noite. O nervosismo que eu sentia já desapareceu há muito
tempo, substituído pela necessidade de ser imprudente.
Eu quero correr o risco do que Silas está me proporcionando tão
abertamente?
Porra, sim.
DEZOITO
Silas
Depois de passar pela loja para pegar algum dinheiro, vou até uma cidade
para fechar o negócio. Felizmente, Whaley e os membros mais velhos tinham ido
embora, ou eu teria me divertido tentando explicar por que Blaine Yates estava no
banco do passageiro do meu carro.
Ainda não consigo acreditar que o trouxe para fazer uma corrida. Deve ser
porque a boca dele me colocou sob algum feitiço estranho de pau, porque todas as
outras razões não fazem sentido. Havia algo na maneira patética como ele manteve
a cabeça baixa mais cedo que fez meu estômago apertar desconfortavelmente. Ele
parecia um cachorrinho que levou um chute e eu não pude deixar de me sentir
mal.
Ninguém mais poderia fazer essa corrida. Whaley normalmente não faz isso
e todos os membros mais velhos e experientes saíram da cidade com ele ontem à
noite. Isso acontece às vezes e quando acontece, Bunky geralmente faz o trabalho.
Ele desapareceu, como faz aleatoriamente, e Raid foi procurá-lo, então o único que
sobrou para o serviço sou eu.
Olho para Blaine, que está olhando pela janela para os campos que passam,
e me pergunto por que o trouxe novamente. Todas as razões pelas quais eu odeio
ele ainda estão de pé. Ainda acho que ele parece perfeito demais, que sua vida
arrogante e pretensiosa o transformou em uma espécie de robô. Ele só está me
usando para gozar, e quando terminarmos para sempre, ele vai olhar para trás,
para nosso tempo juntos e ficar mortificado por ter fodido comigo. Eu estou bem
com isso. É a mesma coisa comigo, ele é só um pouco divertido para passar o tempo.
Vou fazê-lo esperar no carro durante o acordo. Não devo demorar muito
para entrar, pegar o produto e sair de lá.
Estou dedilhando o polegar no volante, a letra de alguma música do Five
Finger Death Punch flutuando pelos alto-falantes, tentando e falhando em não me
estressar com a corrida ou com Blaine estando comigo.
Puxando outro cigarro, estou prestes a acender quando a voz de Blaine me
para. — Outro? Realmente? Você acabou de fumar no trailer.
Essa é outra coisa que ele faz que me irrita. Não sei onde ele quer me dizer o
que fazer. É a minha vida, meus pulmões, e se eu quiser fumar, eu fumarei. Minha
mãe já está me perseguindo o suficiente por causa disso. Sinceramente, acho que
não faço isso muito. É mais por tédio do que qualquer outra coisa. Eu poderia
desistir se realmente quisesse.
Lanço um olhar rápido e arqueio a sobrancelha antes de voltar meus olhos
para a estrada, me perguntando quem ele pensa que é para me dizer isso. — O que
isso tem a ver com você?
Ele solta um pequeno barulho antes que eu o veja encolhendo os ombros pelo
canto do olho, e então olha para sua calça jeans. — É nojento.
— Você não parece se importar quando minha língua está na sua garganta,
— eu digo de volta, grato por isso o calar.
Espio Blaine e noto o modo como ele abre e fecha os punhos. Eu o irritei? Eu
não queria, e... Espere, por que diabos eu me importo? Irritá-lo costumava ser meu
um pouco de satisfação diária e isso não deve mudar porque ele me deu alguns
boquetes.
Boquetes realmente bons, mas isso não vem ao caso.
Limpando a garganta, eu me esforço para pensar no que dizer, mas não
consigo responder. Por que isso é tão difícil? Não é como se estivéssemos
namorando. Porra, não. Posso dizer o que quiser e não importará, como sempre.
— Então, você nunca me respondeu antes, — começo, curioso. — O que
deixou você de tão mau humor?
— Apenas alguma besteira sobre a qual prefiro não falar. — Ele suspira,
inclinando-se para frente e apertando um botão do rádio.
Fico de queixo caído de horror quando ele começa a mexer nas minhas
estações predefinidas cuidadosamente selecionadas. —Ei! Você não sabe que é
melhor não mexer com a música de um cara? Essa é a regra número um para ser
passageiro do carro de alguém.
— Toda essa merda de metal está me dando dor de cabeça, — ele reclama,
folheando as estações. — Eu não sei como você aguenta isso.
— Não é uma merda. Sua falta de gosto musical é, — respondo antes de
praticamente revirar os olhos quando ele para em alguma estação de música
country. — Realmente? Country?
— É Luke Bryan e muito melhor do que as suas coisas. — Ele bufa,
aumentando o volume.
Então ele começa a cantar bem alto e desafinado a letra de alguma música de
caminhão. Não sei se rio ou me encolho de como isso é horrível. Depois que a
música termina, apertei o botão mudo, passando o dedo nos ouvidos.
— Estou surpreso que não haja sangue. Eu tinha certeza de que meu tímpano
havia quebrado. — Eu desvio e quase bato quando ele me acerta na lateral com o
punho, mas consigo corrigir o carro antes que isso aconteça. — Porra! Cuidado!
Eu quase nos tirei da estrada!
Ele ignora o fato de que quase morremos, estreitando os olhos enquanto olha
para mim. — Não seja um idiota e talvez eu não reaja assim.
— Mas eu sou um idiota, — eu aponto prestativamente, caso ele de alguma
forma tenha esquecido.
Ele leva um segundo, mas ele abaixa o olhar. Posso ver que ele está lutando
contra um sorriso pela forma como seu lábio superior se contrai. —Não vou
discutir isso.
Balanço a cabeça, concentrando-me novamente na estrada. O carro está
cheio de um silêncio constrangedor, então deixo escapar o primeiro pensamento
na minha cabeça. — Você está nervoso?
Eu o ouço se mexer, mas não olho, relaxando ainda mais no meu banco para
mostrar que realmente não me importo.
Porque eu não.
— Porque eu estaria?
Agora eu olho para ele sem acreditar. — Você sabe no que estamos nos
metendo, certo? Tipo, você não me seguiu cegamente?
Blaine e eu nunca conversamos abertamente sobre merdas de gangue antes,
mas ele precisa saber o que é um Ace. Ele vê todos os membros mais velhos andando
pela cidade e conhece a reputação por trás deles, certo? Vender drogas para
estudantes do ensino médio é apenas a cereja do bolo desta cidade.
— Então? — Ele encolhe os ombros, ainda parecendo que não se importa.
Tenho que admitir: ou ele tem bolas do tamanho do Texas ou é um bom
mentiroso. Vou com o último, considerando que já vi as bolas dele na vida real e
elas são de tamanho médio.
— Então, merda de gangue pode ser um pouco intensa... — Paro, sem saber
o que dizer. Existem regras e limitações para as coisas que posso dizer a ele sem
quebrar o código da irmandade.
— Bem, duvido que algo aconteça. Você está apenas pegando coisas? Não é
como se você estivesse lutando ou brigando... tendo um confronto? Como diabos
você costuma chamar isso — diz ele com tanta indiferença que nem sei como
responder.
Isso realmente não é grande coisa para ele? Eu odeio não poder lê-lo, que ele
esteja sempre tão preso às suas emoções. Eu gostaria que ele mostrasse sua mão e
deixasse o verdadeiro Blaine brilhar como ele faz quando está de joelhos por mim.
Eu ajusto meu pau, afastando esses pensamentos. Este não é o momento de
ficar todo duro. Eu preciso me concentrar. Whaley já ficaria chateado se soubesse
que eu estava levando um estranho comigo, mas estragar tudo também?
Sim, posso muito bem cavar minha própria cova.
— Então, o que você está pegando? — ele pergunta, todo feliz e merda, me
fazendo questionar se ele perdeu a cabeça.
— Drogas, — eu digo sem expressão, sorrindo quando vejo seus olhos se
arregalarem ligeiramente.
— Oh…
— Oh? Achei que você não estava preocupado com isso? O que aconteceu?
Mudou de ideia, Blaine? Não aguenta? — Eu jogo a isca, mesmo que eu não o culpe
por desistir. Isto não é uma coisa pequena. É uma grande coisa que poderia estragar
o futuro dele se alguém descobrisse.
— Eu aguento qualquer coisa, — ele murmura, cruzando os braços sobre o
peito.
Maldito seja ele e sua capacidade de jogar minha mente na sarjeta.
— Qualquer coisa, hein? — Arrisco olhar em sua direção, apreciando o
rubor rosado em suas bochechas. É outra coisa dele que estou odiando um pouco
menos. Eu ainda o desprezo, mas não seu rosto. Sim, isso é uma coisa. Tento me
convencer disso pelo resto da viagem.
Não demora muito para que eu entre no estacionamento do clube, gire a
chave e desligue a ignição. Vou dizer a Blaine para ficar parado e quase me cago
quando ele agarra a maçaneta e abre a porta.
Retiro minha declaração anterior. O filho da puta tem bolas do tamanho do
Canadá.
Estendo a mão sobre ele, fechando a porta, sem me importar se eu bater em
seu braço no processo.
— O inferno? — Ele estremece, esfregando o cotovelo. — Isso dói.
— Você não pode entrar, — eu deixo escapar, arregalando os olhos enquanto
pressiono a fechadura da porta como se isso magicamente o mantivesse lá dentro.
— Oh. — Talvez seja o meu tom, mas sua irritação se transforma em
compreensão quando ele olha ao redor do estacionamento. Ele pisca, como se
percebesse pela primeira vez o quão séria é toda essa situação. — Eu não pensei
nisso.
Não me diga.
Grunhindo, vou até o banco de trás e pego minha jaqueta, vestindo-a. —
Você espera aqui. Não vou demorar muito.
Sua expressão não muda, mas posso ver uma pequena mudança nela. É quase
como se ele estivesse preocupado comigo, mas isso não é possível porque esse não
é o nosso modus operandi.
— Quanto tempo? — ele pergunta, agarrando as calças como se estivesse
nervoso.
Dou de ombros, abrindo a porta e saindo do carro. — Não muito. — Fazendo
uma pausa, aponto um dedo em sua direção, lançando um olhar sério. — E eu estou
falando sério, Blaine. Mantenha sua bunda nesta porra de carro.
Fechei a porta, cortando tudo o que ele estava dizendo, e depois entrei. Isso é
uma merda séria. Uma parte de mim está preocupado que ele vá estragar tudo para
mim, mas a outra parte de mim está preocupado... com ele. É como se esse tipo
estranho de possessividade passasse por mim, me enviando direto para o modo
protetor. É perturbador pra caralho, e não tenho tempo para descobrir por que a
ideia de Blaine entrando aqui me assusta pra caralho.
Definitivamente um feitiço estranho de pau.
Meus olhos dançam pelo estacionamento, tentando ver se reconheço alguma
das motos ou carros. Claro que não, não estou familiarizado com todas as pessoas
que fazem corridas. Claro, raramente faço coisas, mas geralmente é com meus
amigos, não sozinho.
Há um segurança na porta que me acena sem sequer um olá – minha jaqueta
fala por si. Pego meu telefone, leio as instruções do Raid e vou para o bar. Peço uma
bebida ao barman coberto de tatuagens e com cara de quem prefere estar em
qualquer lugar que não seja aqui.
Ele balança a cabeça, colocando um guardanapo na minha frente. —Simples
ou duplo?
— Simples.
— Com ou sem gelo?
— Gelo, — digo a ele facilmente, sabendo que faz parte do código.
— Um segundo, — ele me diz, contornando o bar e indo para o fundo.
Eu espero, olhando em volta com uma expressão entediada, embora meu
interior esteja gritando para dar o fora daqui. Não é que eu tenha medo de ser pego
e cumprir pena. Isso não me perturba nem um pouco. É estar aqui em geral que
me dá nojo.
As drogas, prostitutas, drogados e outras gangues. Isso como um todo não é
minha praia e prefiro fazer qualquer outra coisa por Whaley.
O cara volta um momento depois, me entregando um saco de papel e uma
bebida para viagem, assim qualquer um pensaria que só entrei para pegar meu
pedido de comida. Agradeço ao cara, passando-lhe o dinheiro antes de pegar
minhas coisas.
Reta final.
Levantando-me do banco, estou prestes a ir até a porta quando alguém se
aproxima de mim, me fazendo parar. É preciso tudo de mim para conter o gemido
que quer se libertar.
— Bem, bem, bem. Veja o que o gato arrastou. — Gunnar está na minha
frente, flanqueado por outros Vipers, e é uma sorte minha encontrá-los sem meus
amigos aqui para me apoiar.
— Onde está o louco? — Ele questiona como se estivesse lendo minha mente.
Ele olha para a esquerda e depois para a direita enquanto procura Bunky.
Maldito Bunky. Ele realmente tinha que dormir com a irmã desse cara na
última vez que estivemos aqui?
— Ele está ocupado, — eu digo, mantendo minha voz firme.
Não estou preocupado com esse cara. Passei anos treinando com Whaley e
poderia colocá-lo no chão em segundos, mas não quero lutar e chamar muita
atenção para mim. Especialmente com o saco de cocaína com o qual estou tentando
sair pela porta.
Não se esqueça de Blaine.
Eu balanço minha cabeça. Não posso deixar Blaine atrapalhar meu foco
agora. Ele está no carro. Ele está bem. Eu deveria ser aquele com quem estou
preocupado, especialmente com os amigos de Gunnar parecendo ansiosos por uma
briga.
— Certo. — Gunnar suspira antes de me dar um pequeno sorriso. —Talvez
eu deva passar a mensagem através de você? Acha que pode contar algo para mim?
O gemido que estou lutando para liberar quase escapa. Eu não quero fazer
isso. Enfio a sacola dentro da jaqueta, colocando a bebida desnecessária de volta no
balcão, me preparando para o inevitável. Gunnar está tentando acertar as contas e,
infelizmente para ele, está escolhendo a pessoa errada para fazer isso. Ele
aprenderá hoje.
Eu fico mais ereto, totalmente preparado para bater na garganta desse filho
da puta quando seus olhos se arregalam e um largo sorriso cobre seus lábios.
— Que porra alguém como você está fazendo em um lugar como este?
Juro por Deus, é melhor que Gunnar não esteja falando com quem eu acho
que ele está falando. Viro-me e meu sangue gela quando vejo Blaine.
Filho da puta, ele não escuta merda nenhuma.
— Você se perdeu? — Mordo de irritação, esperando que Blaine possa sentir
o quão chateado estou. Baixo um pouco a voz para que só ele possa me ouvir. — O
que diabos há de errado com você? Eu disse para você esperar no maldito carro.
Ele balança a cabeça, olhando para mim, sem perceber ou se importar com
Gunnar e seus amigos. — Eu não sou a porra de um cachorrinho. Você não pode
simplesmente me deixar no carro enquanto faz algumas tarefas. Você disse que isso
não demoraria muito.
Gunnar suspira impacientemente atrás de nós. — Espere? Vocês dois são
amigos ou algo assim?
— Não, — Blaine e eu respondemos ao mesmo tempo. Nós nos voltamos um
para o outro, nenhum dos dois se afastando de nossos olhares.
— Volte para o maldito carro, Blaine, — eu sibilo, empurrando seu peito com
ambas as mãos.
Ele os afasta com força. — Foda-se.
— Que diabos é isso? Uma briga de amante? Você é gay, Silas?
— Oh, vá se foder, — Blaine finalmente grita para Gunnar. — Quem diabos
é você?
— Ninguém importante. — Agarro seu braço e o puxo para a porta. —
Vamos.
— Ainda não terminamos, — Gunnar rosna, e estou perto de nocauteá-lo.
Blaine me puxando me distraiu momentaneamente. Eu me viro, preparado para
pegá-lo e jogá-lo por cima do ombro para dar o fora daqui quando, no segundo
seguinte, a dor explode na minha bochecha direita, fazendo-me cambalear para
trás e cair no chão.
— Diga a esse idiota, Bunky, que da próxima vez que ele tocar na minha
irmã, ele estará pedindo guerra.
Estou atordoado demais para falar, esticando a mão para esfregar a ferida no
rosto. Droga, o idiota me deu um soco. Eu tropeço para ficar de pé, me sentindo
completamente chateado. Estou pronto para queimar a porra do lugar quando uma
voz familiar tingida de raiva encontra meus ouvidos.
— Você não bateu nele!
Blaine. Merda. Preciso tirá-lo daqui. Recuso-me a pensar que estou
realmente preocupado com a possibilidade de ele se machucar. Não. Ele só está
fodendo tudo. Vou ter uma grande confusão para explicar a Whaley quando ele
voltar, e não posso permitir isso.
Meu olhar se levanta, observando o atleta irritado que está olhando para
Gunnar como se estivesse prestes a rasgá-lo membro por membro. Não me
interpretem mal, é a coisa mais quente que já vi, mas estou totalmente
despreparado para isso.
Assim como estou totalmente despreparado quando Blaine perde a cabeça.
DEZENOVE
Blaine
Não tenho muita certeza do que acontece a seguir. Nem tenho certeza se
minha mente desempenha um papel em qualquer decisão consciente atualmente.
Tudo que sei é que quando aquele idiota dá um soco em Silas eu perco o controle.
A raiva que eu sentia aumenta dez vezes dentro de mim. Vejo suas bocas se
movendo, palavras sendo trocadas, e sei que este é o momento em que Silas e eu
devemos partir, mas algo dentro de mim se rompe, como um elástico puxado
demais.
— Você não bateu nele!
Num momento estou parado ali e no outro estou derrubando o bastardo no
chão. Eu levanto meu punho, baixando-o com força, ouvindo ossos quebrando sob
a força do meu soco. Eu não paro por aí. Eu continuo andando até que mãos me
puxam para trás e eu estou tropeçando para longe do homem. Eu luto contra o
controle sobre mim, não estou pronto para que isso acabe. Eu sinto como se um
monstro tivesse sido solto e não ficará satisfeito até que esse filho da puta esteja
sangrando no chão do bar.
Estou atordoado, completamente perdido na raiva desenfreada e na fúria
cega enquanto olho para o homem que acabei de foder. O nariz dele é quebrado,
isso é certo, com sangue escorrendo e acumulando-se na parte superior da camisa.
Um de seus olhos já está fechando e...
Isso é um dente?
— Merda, — diz Silas, ainda me segurando enquanto vira a cabeça para
todas as pessoas que nos cercam. — Temos que ir.
Concordo com a cabeça em silêncio, incapaz de dizer ou fazer qualquer coisa
além de deixá-lo nos levar para fora do clube. Ameaças nos perseguem e garrafas
são atiradas em nossa direção, mas conseguimos escapar de todos que tentam nos
pegar.
Assim que saímos, corremos para o carro, e Silas xinga quando tenta abrir a
porta, mas ela não cede. — Que merda, Blaine! Você está louco?
— O quê? — pergunto, olhando por cima do ombro para os motociclistas
que emergem da entrada. — Estamos discutindo seriamente sobre isso agora?
Ele xinga novamente, procurando as chaves e finalmente destrancando a
maldita porta. — Ninguém teria fodido com isso!
— Realmente? — grito, entrando e batendo a porta no momento em que uma
garota maluca verifica a janela. — Dirija já!
— Droga! — Ele liga o carro e sai do estacionamento.
Não solto um suspiro de alívio até que estejamos longe o suficiente para que
eu possa relaxar, e mesmo assim sinto que meu sangue ainda está bombeando cheio
de adrenalina. Puta merda.
Não sei o que estava pensando ao entrar lá. Eu deveria ter ficado com a bunda
no carro, como Silas disse, mas estava ficando impaciente, sentado ali sozinho. Eu
também estava ficando um pouco chateado porque o que quer que ele estivesse
fazendo estava demorando tanto. Sem mencionar que minha ansiedade estava às
alturas pensando em todas as hipóteses - preocupado que ele estivesse de alguma
forma ferido. Então, eu não pensei bem. E isso é tão preocupantemente diferente de
mim.
Acabei de dar uma surra naquele cara. Ainda não consigo acreditar que fui
eu. Deixo cair a cabeça no banco, fechando os olhos e esperando pelo inevitável.
Silas vai ficar chateado.
Eu me sinto mal por ter estragado alguma coisa para ele. Ele disse que isso
era um grande problema... E se ele tiver problemas por causa disso?
Mas por que diabos eu me importo com isso? Posso sentir remorso pelo que
fiz, mas não me importo com o que acontece com ele.
Balanço a cabeça, tentando limpar a bagunça dentro da minha cabeça. Talvez
eu devesse apenas quebrar o gelo. Deixe-o ficar furioso e pronto.
Sim, isso deve funcionar. Abro a boca para falar, mas ele me interrompe após
a primeira palavra. — Então...
— Cale a boca, — ele responde, sem se preocupar em olhar para mim
enquanto continua a dirigir.
— Silas, eu não quis fazer...
Ele bate a mão no volante, me encarando com um olhar de aço. —Cale a boca,
Blaine. Não fale.
Meu orgulho me diz que não deveria, mas afundo na cadeira. Algo
semelhante ao medo toma conta de mim, mas isso é ridículo porque não tenho
medo de Silas. Apesar de como somos, não acho que nos machucaríamos mais. Bem,
sexualmente talvez, mas isso não vem ao caso. Ele não me assusta, mas... talvez a
ideia de parar o que estamos fazendo seja o que faz. Ele parece tão lívido - aquela
veia raivosa em seu pescoço latejando - e percebo que pode ser isso. Esta noite foi
a última vez que o terei?
Parece uma perda.
Que porra é essa? Mais uma vez, minha mente está vomitando pensamentos
malucos. Não deveria importar se Silas quer desistir. O objetivo era apenas tirar um
ao outro de nossos sistemas, nada mais.
Então por que me importo tanto?
Ficamos em silêncio por um longo tempo depois disso. Estou tão perdido em
meus pensamentos que não percebo que Silas parou no acostamento até que ele se
inclina sobre mim para enfiar um saco com alguma coisa no porta-luvas. Franzo
as sobrancelhas enquanto olho para a noite. Eu não consigo ver merda nenhuma.
Estamos no meio do nada, cercados por nada além de vastas planícies e...
Essas são vacas?
— Onde estamos? — pergunto, lançando um olhar nervoso para Silas. Não
é aqui que ele me mata, certo? Sou muito jovem para morrer, especialmente tendo
vacas como testemunhas.
— Saia do carro.
Meus olhos se arregalam. — Eu não acho...
Sou interrompido pela porta do carro dele batendo na minha cara. Mais uma
vez, minha mente se recusa a tremer diante de Silas Richards, mas sua hostilidade
gélida é algo que nunca vi antes.
Silas não cozinha. Ele explode.
Engulo em seco quando saio do carro, olhando furtivamente para as vacas,
me perguntando se esta é a primeira vez que testemunham um homicídio culposo
ou se já são veteranas experientes. Vou até a frente do carro e encontro Silas, com
os punhos cerrados ao meu lado, na tentativa de esconder meu nervosismo. O que
quer que ele vá dizer e o que quer que vá fazer, eu posso...
Ele ataca, sua boca inclinando-se sobre a minha com uma fome que nunca
experimentei dele antes. Eu gemo quando ele enfia a língua na minha boca,
gostando de como isso é desesperador e desleixado. Dentes se chocam contra
dentes, e só recupero os sentidos quando ele dá um tapa na minha bunda.
— Puta que pariu, Blaine, — ele geme, as mãos me apalpando e puxando
nossos corpos, pressionando sua ereção óbvia contra a minha. —O que é que foi
isso?
— Eu-me desculpe, — gaguejo, ainda um pouco chocado por não estar
comendo comida8 de vaca agora. — Eu não sei...
Ele me silencia com outro beijo e depois se afasta, mordendo o lábio inferior
com um sorriso malicioso enquanto aqueles grandes olhos castanhos brilham de
luxúria. — Não se desculpe. Foi tão quente. — Estou atordoada demais para falar.
Não ajuda quando Silas se abaixa um pouco e me levanta do chão, forçando-me a
envolver minhas pernas em sua cintura enquanto ele me carrega até o capô do
carro. — Do jeito que você bateu naquele filho da puta, — ele ronrona, me
colocando no capô enquanto seus lábios descem pelo meu pescoço e suas mãos
sobem pela minha camisa. — Qual é a sensação de ter sangue nas mãos?
Só quando ele aponta é que olho para os nós dos meus dedos. A pele está
rasgada – vermelha e irritada.
Silas não se importa. Silas... gosta, se o jeito que ele está rastejando pelo meu
corpo e beijando cada centímetro exposto de mim que ele pode servir de referência.
Ele me viu perder a calma e está me recompensando. A escuridão, a violência, a
sede de sangue, nada o assusta. Isso me deixa ansioso para perder a cabeça
novamente se esta for a recompensa que recebo.
8 Aqui no Brasil dizemos, comer capim pela raiz quando alguém morre. kkkk
— Parece... — Estremeço quando ele chega ao meu caminho feliz, desejo
correndo por mim quando ele deixa beijos molhados e desleixados na minha pele.
— É uma sensação muito boa.
Ressuscitando mesmo. Como se eu fosse uma pessoa totalmente nova agora.
Ele me libertou.
— Você perdeu o controle, — ele afirma, desabotoando minha calça jeans e
lentamente abaixando meu zíper, em seguida, voltando para cima para que seu
rosto paire sobre o meu. — O que aconteceu, Blaine? Não gosta de idiotas
homofóbicos?
Meu peito está arfando, a respiração soprando pelos meus lábios com força
enquanto ele me levanta. — Ele deu um soco em você e isso me irritou. Ninguém
fode com você além de mim.
Eu não deveria ter admitido isso, mas agora é tarde demais para voltar atrás.
As mãos de Silas ainda estão em volta do meu pau enquanto ele olha para
mim, a boca aberta em estado de choque. Seu olhar perscrutador está cheio de algo
que não consigo identificar, mas que é substituído por fogo ardente e um sorriso
arrogante.
— Bem, — ele fala lentamente, agarrando meu pau completamente antes de
dar um longo golpe. — Deite-se e deixe-me fazer você se sentir bem.
Sua boca engole meu pau, e isso me faz deixar cair a cabeça contra o capô
do carro. Não me atrevo a assumir o controle desta vez, deixando-o liderar o
caminho enquanto ele balança a cabeça para cima e para baixo, sua língua
enrolada em volta da minha cabeça, suas bochechas encovadas para que ele possa
me chupar o mais para trás que puder.
— Merda, Silas, — eu gemo, me abaixando para enfiar meus dedos em seu
cabelo bagunçado, os dedos dos pés se curvando quando uma mão vai brincar com
minhas bolas. — Isso é tão bom.
Ele aparece, olhando para mim com um sorriso maligno. Então ele se levanta,
desabotoando lentamente as próprias calças, e eu fico assistindo o strip-tease com
baba na boca. A maneira como ele lambe os lábios molhados, como a franja cai na
testa e obscurece os olhos famintos, e aquela sarda que decora o topo da garganta.
Droga, ele é tão lindo...
Espere o quê?
— Eu quero tentar uma coisa, — ele diz, voltando em minha direção. —
Sente-se, Blaine.
Concordo com a cabeça, pronto e ansioso para seguir com o que quer que
ele tenha planejado. Quando ele junta nossos pênis em suas mãos calejadas, eu
gemo. Sim. Isso. Ele cospe em nosso comprimento combinado para facilitar o
deslizamento.
— Eu vou te foder, — ele sussurra enquanto estende a mão livre e agarra
minha garganta, mas é diferente de qualquer momento que ele já fez antes. Ele não
pressiona nem estrangula, mas me segura gentilmente, esfregando o polegar na
parte inferior da minha orelha. É tão estranho, mas não me importo. — Você quer
isto?
A ideia de ter o pau de Silas perto da minha bunda me deixa nervoso, mas
algo dentro de mim borbulha com a ideia de estar de joelhos por ele. Eu não acho
que estou pronto para isso, apesar de estar gostando do que estamos fazendo agora.
Mas se ele continuar nos fodendo nesse ritmo tortuosamente lento, não acho
que estaria acima de implorar para gozar.
— Silas, porra. Mais rápido. — Quando ele nos solta, odeio o jeito que
lamento a perda. Vou alcançá-lo, mas ele dá um tapa em minhas mãos. —Eu
quero...
— Apenas relaxe, — ele diz. — Me veja.
Concordo com a cabeça, preso em seus olhos e na forma como ele ainda está
segurando minha garganta. Ainda estou maravilhado com o fato de ele não ser
cortado9, fazendo seu pau parecer um presente pronto para ser desembrulhado.
Eu me pergunto se ele está apenas tentando me torturar um pouco mais, mas
então ele dá um passo à frente, pressionando nossas cabeças uma contra a outra, e
estou prestes a perguntar o que ele vai fazer até que - com um movimento do
polegar - ele arrasta o prepúcio sobre o corpo cabeça do meu pau.
Santo filho da puta Jesus Cristo.
— Si! — Eu grito, arqueando as costas quando ele começa a me foder de
verdade. A pele se estende pela ponta do meu pau e o envolve em um calor delicioso.
Estou envolvido por Silas, uma parte dele, e isso ameaça me levar ao limite.
— Sim? — ele questiona, mas sua voz está tensa, como se isso estivesse
afetando ele tanto quanto está afetando a mim. — Você gosta?
— Eu amo, porra, — eu gemo, agarrando seus ombros para me segurar, o
que acaba puxando-o para mais perto de mim. Eu escovo meus lábios em seu
pescoço, sacudindo minha língua para provocar a sarda escura em sua garganta.
— Onde – porra – onde você aprendeu isso?
— Pornografia, — ele murmura, apertando ainda mais antes de me foder
mais rápido. — Mal posso esperar para você me encher de esperma. Vá lá, Blaine.
Goze para mim.
Silas
— Terra para Silas, — Bunky grita, acenando com a mão na frente do meu
rosto para chamar minha atenção, e eu saio do meu torpor.
Bunky, Raid e eu estamos escondidos atrás da escola, tomando nossa versão
de ‘almoço’, fumando enquanto esperamos o próximo sinal tocar para podermos
terminar o dia.
— Cara, — o rosto de Bunky está contraído de confusão enquanto ele me
avalia, — o que diabos esta te sugando para o outro mundo ultimamente? Você
está agindo de forma estranha.
— E já faz um tempo. Eu te contei essa merda, mas você não acreditou em
mim, — Raid acrescenta zombeteiramente, fazendo com que minha atenção se
volte para ele.
— Você está falando sobre mim? — Eu mordo um pouco agressivamente. Eu
sei que ele não está dizendo que eles estavam falando merda, mas foi assim que eu
interpretei.
Raid levanta as mãos em sinal de rendição. — Só dizer que você esteve
distante, é tudo. Nada de ruim.
— Sim, relaxe. Não foi sério — Bunky acrescenta, batendo seu ombro no meu.
Eu olho para eles, observando suas expressões sinceras, e então relaxo contra
o prédio de tijolos. — Desculpe, minha culpa. Eu simplesmente tenho muita coisa
acontecendo na minha cabeça. Nada com que se preocupar. Tenho certeza que vou
superar isso em breve.
É Blaine, é claro, mas duvido seriamente da última parte da minha
declaração.
Não sinto que tenha arranhado a superfície da minha coceira e realmente
não vejo isso acontecendo há muito tempo. Ele fez algo comigo, abriu caminho sob
a superfície da minha pele, e parece impossível arrancá-lo.
Vou me pegar pensando em Blaine nos piores momentos. Estarei na loja
tentando terminar o trabalho e aqueles malditos olhos cinzentos surgirão na minha
cabeça, zombando de mim com pequenas manchas azuis neles. Estarei saindo com
Bunky e Raid e me lembrarei do jeito que Blaine choraminga quando eu o faço
gozar. É muito inconveniente.
Depois do que aconteceu no clube na semana passada, minha atitude em
relação a ele começou a mudar. Não muito, mas o suficiente para começar a me
perguntar se as razões pelas quais o odeio são válidas. Quero dizer, ele bateu em
Gunnar por mim. Não só isso, mas não consigo parar de pensar em toda aquela
merda que ele disse depois que o fiz gozar. É óbvio que ele tem alguns demônios
internos, e me vejo querendo explorá-los. Não apenas pelos meus próprios motivos
distorcidos.
Suspiro, puxando um cigarro e acendendo enquanto me concentro em Raid
e Bunky. Bem, tento pelo menos. Não é minha culpa que o produto da minha
obsessão me envie uma mensagem um momento depois, me afastando
mentalmente dos meus amigos novamente.
ATLETA ARROGANTE
O que você está fazendo?
Essa é outra coisa nova: enviar mensagens de texto quando não temos motivo
real para isso. No início, isso me irritou, mas agora uma parte estúpida de mim está
ansiosa por isso.
Coloco meu cigarro entre os lábios, lançando um rápido olhar para Bunky e
Raid, que estão ocupados demais discutindo sobre a última série da BMW para
prestar atenção no que estou fazendo.
EU
Almoço nos fundos da escola, você?
ATLETA ARROGANTE
Tentando não arrancar o olho de Kent com meu garfo. O cara me irrita.
EU
Agora, isso não é legal. Eu pensei que ele era seu amigo?
ATLETA ARROGANTE
Amigo? Dificilmente. Eu gosto mais de você do que dele e isso quer dizer
alguma coisa.
Ai.
EU
Ah, lábios de açúcar, você não gosta de mim? Estou devastado.
ATLETA ARROGANTE
Estamos fazendo nomes de animais de estimação agora? Devo inventar um
para você também?
Reviro os olhos, querendo ressaltar que ele me chama de 'Si' pelo menos uma
vez por dia. Outra coisa que surpreendentemente não me irrita. Ninguém, exceto
minha mãe, me chama assim, e sempre que alguém o faz, eu sempre o corrijo. Não
pergunte por quê, mas sinto que há algo muito íntimo em encurtar meu nome.
Como se você precisasse realmente me conhecer para me chamar assim, e acho que
ninguém realmente conhece... mas talvez Blaine esteja começando a conhecer.
Não sei. Não consigo fazer sentido.
EU
Se eu dissesse sim, o que você escolheria?
ATLETA ARROGANTE
Hmm… isso é difícil. Você não parece um namorado ou um amor.
EU
Obrigado porra por isso.
ATLETA ARROGANTE
Hahahaha.
ATLETA ARROGANTE
Você parece um fanboy. E se eu te chamasse de garoto do Blaine? Tem um belo
toque. Poderia até colocá-lo em uma camiseta.
ATLETA ARROGANTE
Ah, na verdade não é uma má ideia.
ATLETA ARROGANTE
Eu deveria te dar minha camisa reserva, é basicamente a mesma coisa.
ATLETA ARROGANTE
Ah, você ficaria tão fofo.
Eu olho para a tela, observando enquanto seu nome cai repetidamente, suas
mensagens ficando mais estranhas quanto mais ele continua.
EU
Pare, por favor, dói. Não mais.
ATLETA ARROGANTE
Eu pediria desculpas, mas estaria mentindo.
ATLETA ARROGANTE
Eu gostaria de não ter um jogo mais tarde. Quero ver você.
Eu também.
Veja, é tudo tão estranho.
— Temos muitos produtos para vender. Eu não sei o que fazer com isso.
Aqueles malditos Vipers estão começando a levar alguns dos nossos clientes
regulares. Whaley disse que está tudo bem no final, mas estou percebendo que o
estoque está começando a aumentar, — diz Bunky, me puxando de volta para a
conversa.
— Eu sei. — Raid acena com a cabeça, apagando a fumaça. — Eu notei isso
aqui também. Não está acontecendo muita coisa.
— E se você tentasse no jogo hoje à noite? — Eu jogo fora, ganhando olhares
curiosos deles. Sim, eu não os culpo. Não sei que porra estou fazendo, para ser
honesto. — Pense nisso. Todas aquelas crianças ricas vêm assistir ao jogo das duas
escolas. Aposto que você poderia facilmente obter lucro esta noite.
Parece uma situação em que todos ganham. Posso fazer algumas vendas para
Whaley e ver Blaine sorrateiramente também. Sim, isso é muito estranho, mas acho
que preciso parar de questionar meu processo de pensamento e apenas deixá-lo
seguir em frente. Quero dizer, qual é a pior coisa que poderia acontecer?
— Isso pode funcionar, — Bunky reflete, pensando enquanto olha para Raid.
— O que você acha?
Raid olha entre nós, com um brilho curioso escondido atrás dos óculos de
armação metálica. — Funciona para mim. Só precisamos ter cuidado para não ser
pegos.
— Pronto, — Bunky e eu concordamos.
Olho para o meu telefone, percebendo que ainda não respondi a Blaine, e
então digito algo rápido, clicando em enviar antes que mude de ideia.
EU
Estarei no seu jogo mais tarde.
ATLETA ARROGANTE
...
ATLETA ARROGANTE
Você está falando sério?
ATLETA ARROGANTE
Puta merda! Você precisa da minha camisa!
ATLETA ARROGANTE
Você vai usá-la para mim?
ATLETA ARROGANTE
Droga, essa imagem mental é quente. Você está tão quente pra caralho em nada
além das minhas roupas.
ATLETA ARROGANTE
Sim, preciso que isso aconteça em algum momento.
EU
Foda-se, não para a camisa.
EU
Tenho que ir. Até mais.
Guardo meu telefone, percebendo a expressão investigativa de Raid. Só então
percebo que estou sorrindo como uma idiota. Limpo a garganta antes de afastá-lo,
para que ele não faça nenhuma pergunta. — Vocês estão prontos para ir?
— Sim, — diz Bunky, ficando de pé e esticando os braços sobre a cabeça. —
Vamos acabar com essa merda.
Raid ainda está olhando para mim de forma estranha, mas acena com a
cabeça mesmo assim. — Sim vamos lá.
Suspiro, desejando poder contar aos meus amigos o que estava acontecendo.
Não gosto de esconder coisas deles, mas não sei se eles entenderiam esse novo vício
que tenho por Blaine. Duvido que eles se importariam se eu estivesse dormindo
com um cara, mas também não tenho muita certeza, e isso me deixa hesitante. Não
quero perder meus amigos por algo que é apenas temporário. Independentemente
de todos esses sentimentos aleatórios que estou tendo, tudo isso acabará
eventualmente.
Os Aces, minha irmandade? Isso é para sempre e não quero estragar tudo,
então por enquanto vou manter Blaine para mim.
É mais fácil assim.
Horas depois, ainda estou tentando descobrir por que achei que isso seria
uma boa ideia. Eu odeio futebol - todos os esportes, na verdade - mas há algo ainda
mais idiota nisso. Talvez sejam os anos de ódio acumulado por Blaine que tornem
minha aversão tão forte. Não tenho muita certeza, mas tudo que sei é que observá-
lo caminhar pelo campo com seu uniforme está me fazendo sentir todo tipo de
coisa ao sul.
Malditas calças de futebol por fazerem sua bunda parecer tão bonita.
Contenho um gemido, pensando em como ele deixou a camisa no meu carro
para eu encontrar depois da escola. Quase tive um enfarte ali mesmo no
estacionamento quando o vi no banco do motorista. Acho que nunca me movi tão
rápido em minha vida como quando o coloquei debaixo do assento antes que
alguém pudesse vê-lo. Pelo amor de Deus, pensei que Blaine estava brincando sobre
a coisa toda da camisa. Eu nunca esperei que ele realmente fizesse isso.
Eu serei amaldiçoado se algum dia usar isso. Isso é muito ridículo. Eu me
recuso a participar dessa merda de espírito escolar.
Balançando a cabeça, tento me concentrar no jogo, resistindo à vontade de
acompanhar cada movimento de Blaine em campo. Preciso ter cuidado com o
quanto o observo. Além disso, estou recebendo cada golpe, arremesso e desarme
que o outro time está dando no meu cara defensivamente. Não dou a mínima se for
um jogo, não gosto que mexam no que é meu.
Que porra é essa? Blaine não é meu. Ele não é nada meu.
Em algum momento, o idiota joga um beijo com o dedo, e é a coisa mais brega
que já vi alguém fazer. Ele é um idiota, mas a multidão está engolindo isso, torcendo
como se ele tivesse feito aquele movimento por eles. Isso faz meu interior queimar.
Se ao menos eles soubessem que isso era destinado apenas a mim. Duvido que eles
estariam torcendo tão alto então.
— Você está realmente assistindo essa merda? — Bunky pergunta,
agarrando-se à cerca e pulando como um lunático. Ela range alto, e estou meio
surpreso que a maldita coisa não caia no chão sob seu peso.
— Desça antes que você derrube essa merda e sejamos multados, — eu
mordo, agarrando a parte de trás de sua jaqueta e puxando-o para baixo.
— Puritano, sempre estragando minha diversão — ele grunhe, me dando
aquele sorriso maluco dele.
— Devíamos estar voando fora do radar, — Raid interrompe, derrubando
Bunky para o lado. — E não é isso.
Bunky inspira profundamente antes de soltar o ar lentamente. — Estou
entediado. Podemos dar uma volta ou algo assim? Vender algumas coisas? Estou
ficando impaciente.
Olho para o campo, tentando descobrir o que está acontecendo. Eles estão no
meio de uma crise – ou como diabos você chama isso – então Blaine nem vai notar
que eu saí. Balançando a cabeça, faço um gesto para que Bunky comece a andar.
— Lidere o caminho.
Acontece que foi um grande erro quando, nem cinco minutos depois, estou
rolando no chão com um membro do Viper enquanto trocamos golpes, lutando
para ganhar vantagem. Esse idiota é enorme, provavelmente tem uns bons quinze
quilos a mais que eu, mas estou me segurando. Esses filhos da puta tiveram coragem
de aparecer em nosso território para roubar mais clientes. Whaley realmente terá
que fazer algo sobre isso. Eles estão cruzando muitos limites agora.
Eu luto com o cara debaixo de mim e recuo, prestes a bater meu punho em
seu rosto novamente quando sou arrancado no segundo seguinte e jogado para o
lado. Levantando-me bruscamente, giro em modo de defesa, esperando que haja
alguém avançando em minha direção, mas congelo quando vejo o prefeito Yates
flanqueado por três guardas de segurança.
Foda-me. Está definitivamente não é a atenção que precisávamos esta noite e
do pai do cara com quem estou transando, nada menos.
— Você tem algum tato? — O prefeito Yates late, os olhos saltando entre nós
três. Acho que a outra gangue se espalhou como baratas. Que atitude idiota, mas
não posso dizer que estou surpreso.
Meus olhos passam pelas pessoas intrometidas ao nosso redor, deixando-me
saber quanta atenção ganhamos com essa façanha. Merda, espero que eles não
façam uma pesquisa, porque se o fizerem, Bunky estará realmente fodido com a
quantidade de produto que tem com ele agora.
— Foi minha culpa, — eu digo, querendo toda a atenção sobre mim. Eu não
me importo de passar a noite em uma cela, se é isso que é preciso para tirar meus
rapazes daqui ilesos. — Eu aceito a punição. Você pode deixá-los ir. Eu comecei
tudo.
Ouço Raid e Bunky protestarem, mas os interrompo com um aceno de mão,
precisando que eles fiquem quietos e me deixem cuidar disso.
O prefeito Yates me olha com os olhos cheios de tanta emoção que nem tenho
certeza de qual delas se destaca mais. Há uma camada de nojo, aborrecimento e
raiva, mas também há pena. De todos os olhares, esse é o que mais me irrita. Não
preciso da pena de ninguém. Não há nada de errado com a maneira como vivo
minha vida, mesmo que não esteja de acordo com o padrão dele.
— O que estão fazendo aqui? — ele pergunta, e seus olhos se voltam para
meus amigos. — Até onde posso ver, nada de bom. Este é um evento escolar. É muito
importante para vários jogadores da equipe. O fato de vocês estarem aqui faz com
que não só eles, mas também a nossa escola, fiquem mal vistos.
— Acho que é um país livre, — rosna Bunky. — Podemos ir aonde quisermos.
Droga, por que ele não pode simplesmente ficar de boca fechada pelo menos
uma vez? Nesse ritmo, ele acabará na prisão por posse e venda nas dependências
da escola. Isso é tipo, até cinco anos ou algo assim.
Estendendo a mão, tiro o cabelo da testa, tentando parecer calmo, mas meu
interior está gritando. Eu juro que esse filho da puta vai ser a minha morte. Whaley
precisa intervir logo ou então estará perdido. Acabaremos mortos ou apodrecendo
em pouco tempo.
O prefeito Yates dá um passo ameaçador em direção a ele, os olhos cheios de
raiva enquanto enfia o dedo no peito de Bunky. — País livre ou não, esta é a minha
cidade e eu tenho a palavra final sobre quem pode estar nela.
Não sei se é uma ameaça ou algo assim, mas não precisamos de nenhum
motivo para o prefeito farejar nossa casa.
Observo o perigoso interruptor nos olhos de Bunky. Ele é como um daqueles
gremlins fofos que você não deveria alimentar depois meia-noite ou eles ficarão
furiosos e matarão você. Já sei que se não o tirar daqui no próximo segundo, ele
será levado num carro da polícia por assassinar o prefeito. Ótimo, será divertido
explicar isso para Blaine.
Desculpe, Bunky matou seu pai... Sim, vejo que isso está dando certo.
Dando um passo entre eles, estendo os braços para trás e seguro os pulsos de
Bunky, tentando mantê-los ao lado do corpo para que ele não recue.
— Senhor, você está certo, — eu cedi, dando a ele o que espero ser um sorriso
sincero e não ameaçador. — Nós simplesmente vamos embora.
O prefeito Yates me encara e tudo que posso fazer é olhar de volta,
percebendo que Blaine será exatamente assim daqui a mais de vinte anos. Droga, o
prefeito é meio gostoso. Pena que ele é um idiota de primeira classe. Eu me pergunto
como a mãe de Blaine aguenta isso.
Depois do olhar mais longo e estranho da história, ele dá um passo para trás,
acenando para nós. — Vocês têm sorte, hoje é uma noite importante para meu filho
e não posso mais lidar com vocês, ou estaríamos tendo uma conversa bem diferente.
— Ele se volta para os seguranças, dizendo-lhes que nos escoltem para fora antes
de nos olhar mais uma vez. Não quero vê-los novamente em um evento como esse,
entenderam? Vocês estão proibidos de participar de atividades relacionadas à
escola a partir de agora.
Posso sentir que Bunky quer dizer alguma coisa, mas não deixo, já o
arrastando para longe do prefeito com Raid a reboque. Nós nos safamos muito
facilmente e mesmo que ele tenha dito um monte de merda que me irritou, vou dar
uma chance a ele. Não há razão para brigar com ele por pensar que somos um lixo
e, honestamente, Bunky não deveria estar tão bravo. Esta não é a primeira vez que
somos banidos de algo relacionado à nossa aparência ou a quem somos.
Não conversamos no caminho para o meu carro. O silêncio entre nós é denso
de tensão e frustração enquanto voltamos para o estacionamento de trailers. Tento
não me perder na cabeça, mas isso é impossível, pois penso em Blaine. Esta noite
apenas cimentou todas as razões pelas quais devemos continuar sendo apenas
amigos de merda, o que é bom porque eu estava começando a perder isso de vista.
Aqui estava eu, confundindo sexo com sentimentos e essas merdas.
Não é nada típico de mim, mas Blaine me faz esquecer meu lugar na
sociedade. Com ele, posso ser apenas Silas e não o bandido que todos me chamam.
É legal, mas também é só uma fantasia, porque não importa o que aconteça, eu sou
um bandido.
Não importa o quanto eu goste de fingir que enquanto estou no escuro as
coisas são diferentes, sei que no fundo não são. Elas nunca serão.
VINTE E UM
Blaine
Agora é o intervalo e não acredito que estamos liderando por vinte pontos.
Meus companheiros me dão tapinhas nas costas porque estou arrasando. Acho que
posso dizer com segurança que é o melhor que já joguei.
— Você está pegando fogo esta noite! — Landon comemora, pulando nas
minhas costas e quase me derrubando no chão. — Quer deixar uma impressão,
hein?
— Saia de cima de mim, — eu brinco, encolhendo os ombros. — Algo
parecido.
Ele me arrasta para o lado, puxando-me para perto da mesa de bebidas, e
então me olha com curiosidade. — Sério, cara. Quero dizer, não estou bravo. Você
parece ótimo, mas é estranho. De repente você está tão interessado nisso. E aí?
Prendo a respiração, tentando decidir se devo contar a ele. Devo explicar que
estou jogando meu melhor jogo porque Silas está na arquibancada assistindo? Que
eu quero me exibir para ele porquê... Bem, foda-se se eu sei. Eu não consigo
explicar sozinho. Só quero que Silas veja como sou bom.
A vontade de dizer a Landon que estou mais feliz do que nunca é tão forte.
Seria fácil contar tudo a ele e me faria sentir melhor finalmente ceder e contar ao
meu amigo mais próximo todas as merdas que pesam sobre mim há tanto tempo,
mas algo me impede.
Não sei se é covardia ou orgulho, mas me faz mentir, o que só aumenta minha
culpa crescente no que diz respeito a Landon. Eu sou um amigo de merda. — Só
estou tentando terminar a temporada com uma boa memória.
Ele franze os lábios e depois abre a boca como se fosse dizer alguma coisa,
mas o treinador nos chama dois segundos depois, então ele não consegue falar.
Enquanto o treinador nos dá dicas, principalmente nos parabenizando pelo nosso
desempenho, procuro Silas. Franzo as sobrancelhas quando não o vejo, meu peito
dá uma pequena sacudida engraçada quando percebo que ele se foi.
Droga, por que estou tão decepcionado?
Tento mascarar meus sentimentos, mas Landon percebe. Ele não diz nada
porque agora não é o momento, mas sei que ele quer. Acho que Silas ficou
entediado. Entendo. O futebol não é para todos e estamos vencendo de qualquer
maneira, mas pensei que talvez ele quisesse...
Não, isso é ridículo. Ele não é meu namorado solidário. Ele é meu inimigo
com benefícios e preciso me lembrar disso.
Endireito os ombros e mantenho a cabeça erguida, determinado a não deixar
que isso me incomode e atrapalhe meu jogo. Mas quando corremos de volta para
o campo, odeio o fato de olhar para as arquibancadas mais uma vez, esperando que
desta vez os resultados sejam diferentes.
Só que não é. Ele ainda não está lá.
Nós ganhamos.
Isso não é surpreendente, considerando o quanto estávamos à frente, mas
ainda é ótimo. A torcida está enlouquecida, torcedores vindo das arquibancadas
para parabenizar o time, mas não estou com espírito de festa.
— Nós conseguimos, porra! — Landon comemora, batendo na lateral do meu
capacete antes de eu tirá-lo. — Festa hoje à noite, vadias! — ele chama todos os
jogadores.
Balanço a cabeça, tentando manter um sorriso no rosto. — Não eu, não esta
noite.
— Oh vamos lá. — Ele faz beicinho enquanto balança meu braço. —Cara,
acabamos de ganhar a porra do campeonato! Precisamos comemorar!
— Não, — digo novamente, um pouco mais insistente desta vez. Sei que ele
ficará desapontado e sei que é esperado que eu apareça durante a comemoração,
mas não dou a mínima. Não estou com vontade de festejar.
— Vamos conversar? — ele pergunta, de repente sério, e se não me engano
um pouco chateado. — O que está acontecendo?
Seu tom só alimenta minha crescente irritação. Por que ele deve estar bravo?
Ganhamos o maldito jogo, quem se importa se eu ficar de fora de uma festa pela
primeira vez?
— Nada está acontecendo, — eu mordo de volta. — Vá se divertir esta noite
e veja se consegue um bônus com Maybelline novamente. Faça o que quiser, mas
me deixe fora disso.
Flashes de dor aparecem no rosto de Landon antes que ele dê de ombros,
dando um passo para trás e cruzando os braços sobre o peito enquanto olha para
mim. — Certo. Você sabe onde me encontrar quando decidir que vale a pena
compartilhar qualquer besteira que esteja acontecendo.
Quando ele vai embora, fico me sentindo um idiota. O que há de tão errado
em não querer sair e comemorar? Eu amo Landon, mas às vezes gostaria que ele
respeitasse o fato de que nem sempre quero sair para festejar.
A torcida já diminuiu, mas ainda tem algumas pessoas que vêm me dar os
parabéns. Tento procurar Landon, sabendo que deveria tentar consertar isso, mas
sou engolido pela comoção.
Mais uma vez me lembro de que todos querem algo de mim. Eles querem
pegar e pegar e pegar até não haver nada para dar. Eles não se importam comigo.
Eles só se importam que eu ganhei outro campeonato em Brookshire. Já cansei
disso.
Eu quero Silas.
Silas pode não se importar comigo, mas pelo menos posso ser mais eu mesmo
quando estou perto dele.
Eu coloco minha fachada – sorrindo, rindo, apertando mãos – quando tudo
que eu quero é desaparecer.
Finalmente, recebo uma folga quando as pessoas começam a perder o
interesse, todas indo para a festa da qual Landon falou anteriormente. Vou para o
vestiário para me trocar, sem conversar, e depois saio. O plano é ir direto para
minha caminhonete e mandar uma mensagem para Silas, por mais patético que
isso me torne, até notar meu pai me esperando na saída.
Ótimo, esta é a última coisa com a qual quero lidar agora.
Ele tem um sorriso largo no rosto, parecendo tão orgulhoso que quase
poderia confundi-lo com genuíno. Ele me envolve em um abraço sem palavras, me
sacudindo, e posso senti-lo vibrando de excitação.
— Isso foi excelente, filho, — diz ele enquanto se afasta. — Você
definitivamente chamou a atenção de alguns olheiros. Você viu eles?
Eu balanço minha cabeça. Não era a eles que eu estava prestando atenção,
não que eu fosse contar isso ao meu pai. — Eu estava muito focado em jogar.
— Boa decisão. Felizmente eles chegaram aqui depois que a briga começou.
— Ele suspira exasperado enquanto balança a cabeça. — Essas crianças estúpidas...
Eu levanto uma sobrancelha para isso. — Briga?
— Sim. Algum tipo de briga de gangues. Não sei por que eles trouxeram isso
para cá, entre todos os lugares.
Meu coração para quando penso na última vez que Silas se envolveu em uma
'briga de gangues'. — O que aconteceu? Quem estava nela?
Ele me olha surpreso, mas responde mesmo assim. — Como eu vou saber?
Tudo o que vi foi o garoto Richards espancando alguém.
— Algum deles ficou ferido? — Pergunto engolindo em seco, incapaz de
esconder a preocupação em meu tom.
Eu sei que Silas consegue se defender numa luta, mas não posso deixar de me
perguntar se ele está bem.
— Acho que não. Eu os fiz ir embora. Eu não queria que eles causassem uma
cena maior. Juro, eles deveriam prendê-los e acabar com isso.
— Não diga isso, — respondo, e percebo meu erro depois que as palavras
saem da minha boca.
Papai olha para mim com curiosidade, a cabeça inclinando um pouco. — E
isso é importante para você porquê?
Eu me esforço para encontrar uma resposta. Definitivamente não vou dizer
a ele que me importo porque Silas e eu estamos transando há um tempo. Além disso,
honestamente não tenho ideia de por que me importo, mas me importo. Eu me
importo muito.
— Ele não é uma pessoa má, — digo a ele, na defensiva e sem me preocupar
em esconder isso.
— Certo. — Papai bufa antes de revirar os olhos. — Você vê o que há de bom
em todos, não é?
Sua demissão me irrita.
— Ninguém é ruim de verdade, — afirmo, lembrando as palavras de Silas e
me perguntando se isso causará em meu pai o mesmo tipo de revelação que causou
em mim. Pela reação dele, aposto que errou completamente o alvo. Como podemos
ser tão parecidos e ao mesmo tempo tão diferentes?
— Se você diz, — diz ele, depois me lança outro olhar demorado, tentando
me avaliar como se eu fosse apenas mais um de seus eleitores. — Você está pronto
para ir para casa?
Não, de jeito nenhum. Não quero estar perto de pessoas, mas também não
quero ficar sozinho. Pela segunda vez esta noite, o mesmo pensamento flutua em
minha mente.
Eu quero Silas.
— Há uma fogueira, — eu deixo escapar. — Eu ia para lá.
Ele acena com a cabeça, um pequeno sorriso no rosto. — Bom. Você deveria
estar comemorando. Lembre-se, nada de bebida e nada de drogas.
— Sim senhor. — Eu aceno facilmente.
Ele me dá um tapinha nas costas e solto um suspiro de alívio quando ele sai.
Então vou para minha caminhonete, jogo minha bolsa de equipamentos na
caçamba e entro rapidamente. Pego meu telefone no bolso e vou para minhas
mensagens antes de ligar a caminhonete.
EU
Ei. Vamos nos encontrar em nosso local?
IDIOTA
Já estou à sua frente.
Silas
Estou andando por todo o trailer, esperando Blaine chegar aqui, me sentindo
um pouco nervoso. Estou irritado comigo mesmo por ter ido ao jogo, mas também
frustrado por ter caído em algum tipo de ilusão de que Blaine e eu somos mais do
que realmente somos.
Eu nem gosto do cara... ou pelo menos é isso que estou dizendo a mim mesmo
para fazer tudo isso fazer sentido na minha cabeça. Eu me sinto tão em conflito,
confuso e tudo isso é estúpido. Tão estúpido. Gosto de saber minha posição em
relação às pessoas e, até recentemente, eu tinha uma boa noção da realidade, ou
assim pensava.
Agora estou cambaleando, me perguntando há quanto tempo estou me
enganando. Será que em algum momento das últimas semanas ele me afetou?
Aninhou-se através de uma pequena fenda no meu exterior duro e agora nunca
serei capaz de me livrar dele?
Este não sou eu. Eu sou o maldito Silas Richards. Ninguém está me
transformando em um namorado apaixonado. Eu serei amaldiçoado antes que isso
aconteça.
Não sei quanto tempo pensei que essa coisa com Blaine duraria, mas já chega.
Faremos uma última foda, nos despediremos e fingiremos que isso nunca
aconteceu. Embora esse pensamento me deixe com o estômago um pouco enjoado,
sei que é isso que precisa ser feito.
Uma dúzia de passos depois, Blaine finalmente está abrindo caminho para
dentro do trailer, com os olhos arregalados enquanto eles se arrastam sobre mim
um pouco freneticamente. Levanto uma sobrancelha, sem saber por que ele está
tão em pânico.
Ele solta um suspiro, vindo até mim e segurando suavemente meu queixo
antes de inclinar meu rosto de um lado para o outro para olhar para mim. Ele
estremece de simpatia quando vê o corte na minha testa e o corte no meu lábio. —
Você precisa limpar isso.
Dou de ombros, tentando ignorar a sensação estranha que acabou de surgir
no meu estômago, e meus pensamentos anteriores de acabar com isso vão para
segundo plano por enquanto. Eu farei isso, mas esperarei até a noite acabar. — Já
tive pior.
— Você tem um kit de primeiros socorros? — Ele pergunta, passando
suavemente os dedos pelo hematoma em meu queixo, apenas me confundindo
ainda mais com seu toque suave.
— No banheiro, — eu digo, minha respiração um pouco entrecortada pelo
jeito que ele está olhando para mim. — Sob a pia.
Ele acena com a cabeça, indo recuperá-lo rapidamente. Quando ele volta, ele
me empurra no sofá e se senta ao meu lado. Ele não parece ser ele mesmo, com as
mãos tremendo um pouco enquanto abre o kit e o vasculha. O que há com ele?
— Está tudo bem? — Eu me pego perguntando, mesmo que não devesse me
importar.
Ele limpa as mãos com um pano com álcool antes de abrir outro para o meu
rosto.
— Estou bem. — Ele me diz enquanto enxuga minha testa com o lenço, me
fazendo estremecer.
Ele não parece bem, no entanto. Seu tom é trêmulo e ele não está agindo como
ele mesmo.
— Qual é o problema? O sangue está te assustando? — provoco, querendo
tornar o momento menos tenso.
Ele revira os olhos, pressionando o lenço no meu rosto com um pouco de
força demais, e não posso deixar de estremecer com a dor. — Seria estranho para
um futuro médico ter medo de sangue, não seria?
Minhas sobrancelhas franzem de surpresa com isso. — Você quer ser
médico?
Como eu não sabia disso? Quer dizer, acho que não faria isso. Não
conversamos muito, e é por isso que não entendo todos esses sentimentos fodidos
que tenho sentido por ele ultimamente.
— Sim, meu pai não sabe disso, mas vou para Yale no outono. Foda-se o
futebol e foda-se o sonho que ele tem empurrado para mim durante toda a minha
vida, — ele morde com raiva antes de me dar um sorriso falso. — Desculpe.
— Não se desculpe, parece que você está agarrado a isso há algum tempo. —
Deixe sair. Não vou mentir, meio que me sinto mal por ele agora. Parece ser muita
coisa para lidar.
Ele balança a cabeça, abrindo outro lenço e continuando com a limpeza no
meu rosto. — Se eu desvendasse toda a minha bagagem emocional, ficaríamos aqui
a noite toda.
— Eu tenho tempo. — Eu não deveria dizer isso, especialmente quando
momentos atrás eu estava dizendo que precisava voltar ao sexo puramente, mas
agora, acho que ele precisa de alguém para ouvi-lo. Por alguma razão, quero ser
esse alguém para ele.
Ele faz uma pausa, seus olhos alternando entre os meus. Não sei o que ele vê,
mas deve ser o que ele está procurando, porque no segundo seguinte ele está
deixando escapar todas as coisas que estão dentro de sua cabeça.
— Acabei de ultrapassar a longa lista de expectativas do meu pai. Desde que
me lembro, sempre tive que ficar na linha. Mesmo quando criança, havia coisas
que eu não tinha permissão de fazer só por causa de quem meu pai era. Foi
exaustivo. Ainda é cansativo. Sempre esperaram que eu fosse tão perfeito, que fosse
tudo o que todos querem que eu fosse. — Ele suspira e balança a cabeça. Ele está
tentando forçar um sorriso, fingindo como se fizesse tudo o que querem dele.
Foda-se isso.
— Você não precisa fazer isso comigo, — eu sussurro, alcançando seu pulso
e esfregando meu polegar contra seu pulso. — Sem besteira, Blaine.
Seus olhos se arregalam um pouco e ele morde o lábio inferior. —Estou tão
cansado, Si. Cansado de sempre ter que fazer a coisa certa, cansado de ser o garoto-
propaganda e cansado do futebol. Sei que sou ótimo nisso e sei que o plano do meu
pai provavelmente funcionaria, mas não quero isso.
— Aposto, — murmuro, percebendo o quanto ele carrega nos ombros. —
Isso é uma merda.
— Certo? — Ele ri, voltando à sua tarefa enquanto se concentra no meu lábio
ferido. — Eu costumava sempre questionar as probabilidades. Tipo, me pergunto
quais eram as chances de cada esporte que eu poderia ter escolhido, eu escolheria
aquele? O destino tem um jeito engraçado de aparecer e distorcer nossos planos,
hein?
Ele termina de me limpar e coloca o kit de primeiros socorros de volta no
banheiro antes de jogar o lixo fora. Não sei o que estou sentindo, mas é quase como
se eu quisesse lhe dar a garantia de que ele não está sozinho. Que as coisas nunca
acontecem como planejamos.
Eu deveria saber, considerando que ele nunca deveria fazer parte da minha.
— O destino pode ser fodido. Eu sei tudo sobre isso, — digo quando ele entra
na sala novamente.
— Realmente? — Sua sobrancelha se levanta e ele inclina a cabeça para o
lado. — Isso te fodeu também?
— Eu não diria que me ferrou, mas isso me fez questionar por que as coisas
são como são. — Respiro fundo enquanto olho para minhas mãos. — Eu tinha oito
anos quando meu pai foi preso.
— Ah Merda. Sinto muito...
Aceno com a mão desdenhosa, interrompendo-o, não querendo que ele tenha
pena de mim. Não é esse o objetivo disso. — Não, foi há muito tempo. Eu só… Não
me entenda mal, eu amo meus amigos, minha casa, minha mãe. Essas pessoas
podem não parecer muita coisa, mas cada um tem sua própria história. Há mais
neles do que as pessoas pensam. Este simplesmente não era meu plano para sempre.
— Faço uma pausa, tentando descobrir como me abrir com ele sem revelar muito.
— Você sabe que eu tenho um irmão mais velho, certo?
— Sim. Ryker, certo? — ele pergunta, sentando-se ao meu lado novamente.
— Bem, ele se tornou o homem da casa em certo sentido. Abandonou a escola
cedo, começou a trabalhar para Whaley, fazendo muitas das mesmas coisas que eu,
mas ele fez... outras coisas também. — Droga, isso é difícil. Não posso quebrar a
confiança de Whaley contando muito a Blaine sobre minha família, mas quero que
ele me entenda melhor.
— Se você for criado nisso, terá a opção de ser iniciado na gangue quando
tiver dezoito anos. Se você se enquadra na categoria como eu, Bunky e Raid, você
ganha passe livre até a formatura para decidir. De qualquer forma, Ryker se juntou
e basicamente assumiu o lugar do nosso velho, envolvendo-se mais no lado
comercial das coisas.
Mordo o lábio, me sentindo vulnerável porque nunca falei sobre isso antes.
Bunky e Raid sabem como é, visto que os verdadeiros pais de Bunk estão fora de
cena e os pais de Raid estão sempre fodidos demais para prestar atenção nele. Nós
três não precisamos conversar sobre nossas complicadas situações familiares. Tudo
não precisa ser dito.
Eu continuo, minha mente pensando no que dizer. Eu distraidamente mexo
nas correntes douradas em volta do meu pescoço, as minhas e as que pertenceram
a Ryker.
— De qualquer forma, foi assim por um tempo. Meu irmão acabou sendo
estúpido, pensando que o patch de Aces o tornava invencível. Ele foi preso por furto
- nada a ver com Whaley. Ele foi estúpido sozinho e agora está cumprindo quinze
anos na Prisão Lancaster. A esposa e a filha dele tiveram que morar comigo e com
a mamãe.
— Droga, isso é uma merda, — diz Blaine, olhando para mim com
preocupação. — Então onde é que isso deixa você?
— Essa é a pergunta de um milhão de dólares, não é? — Forço uma risada.
— Sinto-me obrigado a aderir. Como se fosse parte do meu destino. Quer dizer, eu
uso a jaqueta do meu pai há anos, como se já fosse membro, de qualquer maneira...
— paro, tentando organizar meus pensamentos. —Então, acho que é aí que isso me
deixa. Preso para cuidar da minha família, preencher o papel que me foi deixado.
Nunca serei mais do que Silas Richards, o bandido, o membro de uma gangue, e
não há nada que alguém possa fazer a respeito.
— Você é mais do que isso, sabe? — Blaine sussurra, suas mãos fazendo
aquela coisa de agarrar as calças que ele sempre faz.
Eu bufo e balanço minha cabeça. — Obrigado, mas você não precisa mentir.
Nós dois sabemos que é verdade.
— Você é... — Ele se interrompe enquanto umedece os lábios, quase como se
estivesse tentando descobrir o que dizer a seguir. Ele contempla isso por um
momento antes de engolir em seco e pegar minha mão. — Você é mais do que isso
para mim.
Porra, lá vai ele, dizendo todas as coisas certas. É daí que vêm todos esses
sentimentos. Às vezes, a merda que ele diz... simplesmente faz sentido. Não sou eu
quem deveria fazê-lo se sentir melhor?
Droga, seus olhos. Essas profundezas azul-acinzentadas me sugam e me
afogam como uma tempestade. Eu me inclino, dando um beijo suave em seus lábios,
algo que nunca fiz antes. Embora seja ele quem sapateia na linha da intimidade, eu
nunca o faço, então isso é realmente um grande negócio. Talvez eu não esteja
pronto para deixá-lo ir, afinal.
Movo meus lábios lentamente, tentando transmitir o que estou sentindo
apenas com minha boca, rezando para que de alguma forma, de alguma maneira,
ele esteja me entendendo. Que ele perceba o quanto essas palavras significam para
mim. Que ele entende, mesmo que isso nunca devesse ser mais do que apenas foder,
em algum momento ele me atingiu e eu não quero que isso acabe. Na verdade não.
É assustador todas essas coisas que estou sentindo. É tão estranho e sei que há
uma chance de tudo isso explodir na minha cara, mas não posso mais lutar contra
isso.
Eu não posso lutar com ele.
E quando finalmente aceito esse fato e deixo ir, realmente sinto vontade de
viver.
VINTE E TRÊS
Blaine
Silas
Blaine
Blaine
IDIOTA
Vamos nos ver hoje à noite?
10 Jaqueta de time.
Merda. Esqueci que planejamos nos encontrar em nossa casa e assistir o mais
novo filme de zumbi que acabaram de colocar no Netflix. Eu rapidamente digito
uma resposta.
EU
Desculpe! Podemos fazer isso amanhã? Fiz planos para conversar com
Landon.
Silas sabe um pouco sobre a pequena briga que tive com meu amigo mais
próximo, quando ele perguntou espontaneamente por que eu não estava saindo
com o outro atleta idiota. Ele parecia bastante simpático, então tenho certeza que
ele ficará bem com isso.
IDIOTA
Você está me abandonando para sair com outro cara? Cuidado, bebê. Sou
possessivo com o que é meu.
Sim, e eu adoro isso nele. Eu coro quando penso no chupão no meu pescoço.
EU
Não seja idiota. Você sabe que não é nada.
IDIOTA
Amanhã?
EU
Tome cuidado. Posso pensar que você gosta de mim ou algo assim.
IDIOTA
Vá se foder. Eu terei sua bunda amanhã.
EU
Você não quer dizer 'ver'?
IDIOTA
Eu disse o que disse.
Porra, eu adoro quando ele está dentro de mim. É como se ele se tornasse uma
espécie de fera. Ainda não falamos sobre eu transar com ele, mas estou mais do que
satisfeito com a forma como as coisas têm estado.
Viro a esquina em direção à minha caminhonete e seguro um gemido quando
vejo Kent sentado na carroceria. Eu juro, seu traseiro preguiçoso deveria planejar
isso. Mostrar a ele como é o trabalho de verdade.
— O que você está fazendo? — pergunto, fazendo sinal para que ele se mova
para que eu possa pegar a caixa na parte de trás. — Você deveria aparecer às nove
para nos ajudar a montar.
Ele dá de ombros. — Tive uma noite longa.
Eu zombei. Tenho certeza de que sua madrugada consistiu em se encontrar
entre as pernas de qualquer líder de torcida que tivesse padrões baixos o suficiente
para deixá-lo transar com ela. Pego a caixa e inclino a cabeça em direção ao campo.
— Vamos. Estamos abrindo os portões e precisamos de ajuda para distribuir as
cestas.
— Onde vocês estão se organizando? — ele pergunta, e me surpreende que
ele realmente se importe.
— Centro do campo, — eu digo, olhando para ele com curiosidade. —Por
quê?
— Nada. — Seus olhos brilham enquanto ele me avalia. — Só sei o quanto
você gosta daquele lugar.
Eu congelo, quase derrubando a caixa. Que diabos? Ele não pode saber disso.
Quero dizer… Kent é um idiota. Não há como ele saber o que aconteceu ontem à
noite.
— O que você está falando? — Eu questiono, tentando esconder o pânico
crescente em meu tom.
Seu rosto se abre em um sorriso de merda que faz meu estômago revirar. —
Acho que você sabe exatamente do que estou falando.
— Por que você simplesmente não diz logo? — Eu grito, deixando cair a
caixa e me aproximando dele. Eu me recuso a me deixar ser pressionado pelo
inseguro, ciumento e mesquinho Kent Masterson, entre todas as pessoas. — Diga.
Ele balança a cabeça, nem um pouco intimidado pelo meu tom. — Boa sorte
para voltar para casa esta noite, capitão.
Ele dá a volta em mim e vai embora, e não posso fazer nada além de ficar
olhando para ele enquanto ele se afasta.
O que diabos isso significa? O que está acontecendo em casa? Eu não
entendo. Eu gostaria que minhas pernas não parecessem pesos de chumbo de cem
quilos me segurando no lugar, ou então eu iria apressá-lo e exigiria saber o que
diabos ele quer dizer.
Meu coração está batendo forte dentro do peito e sinto o suor escorrendo
pelas minhas costas enquanto os nervos me invadem. E se ele realmente souber?
Mas isso é impossível. Ninguém nunca vem ao campo à noite. Eu já saberia quantas
vezes já fiz isso. Ele deve estar falando besteira.
O mundo está girando ao meu redor e não consigo me convencer de que está
tudo bem. Eu caio no chão, apertando meu peito enquanto uma onda de pânico
toma conta. Minha visão fica embaçada e sinto que vou vomitar. Mantenho a
cabeça entre as coxas, tentando fazer uma contagem regressiva a partir de dez,
nivelando minha respiração, mas meu coração está batendo tão alto que posso
ouvi-lo em meus ouvidos.
Meu celular toca novamente e eu o pego. Por algum motivo, prendo a
respiração, mas é apenas uma selfie de Silas na loja. Ele está coberto de manchas de
graxa e óleo, mas, caramba, ele parece tão sexy.
IDIOTA
Quero tanto te foder em um desses carros chiques. Sinto sua falta, bebê.
Meu pânico diminui um pouco ao ver o rosto do meu cara, mas isso não faz
com que meu ataque desapareça completamente. Tento dar toda a minha atenção
à imagem, desejando que minha respiração diminua e meu cérebro pare sua espiral
descendente.
Concentre-se em Silas, Blaine. Concentre-se apenas em Si.
Ele está com um daqueles macacões que os mecânicos usam. Está meio fora
e pendurado na cintura, expondo seu peito magro e nu. Ele tem um carro chique
ao fundo, e tento imaginá-lo me fodendo no banco de trás, coberto de graxa,
parecendo um filme pornô ambulante. Seu cabelo está penteado para trás como
um bad boy dos anos 50, mas ele tem aquele sorriso lindo no rosto que eu adoro.
Meu namorado. Ele odiaria admitir, mas ele é doce pra caramba. Assim que
consigo respirar adequadamente novamente, balanço a cabeça, enviando-lhe uma
foto em troca e dizendo que também sinto falta dele.
O pânico ainda está lá, persistindo no fundo, mas de alguma forma consigo
me levantar do chão e voltar para o campo. Este não é o momento nem o lugar para
um surto. Tenho um papel a desempenhar e serei amaldiçoado se deixar Kent foder
minha cabeça. Terei que lidar com ele mais tarde.
Apesar dos meus membros trêmulos e do estômago embrulhado, eu avancei.
Como sempre faço.
Como eu sei que tenho que fazer.
VINTE E SETE
Blaine
Entro pela porta da frente, exausto, mas satisfeito com a forma como o dia
foi. Uma grande multidão compareceu para a arrecadação de alimentos e alguns
estudantes que não fazem parte da equipe também se ofereceram como
voluntários. Eu mando uma mensagem rápida para Landon quando entro na
cozinha, dizendo que vou pegar algo para comer e tomar banho e que avisarei
quando vir.
Não vi o carro da mamãe na garagem, então posso presumir que ela passou
a noite fora. O carro do papai está aqui, mas ele provavelmente está no escritório.
Pego um sanduíche pré-preparado que Cindy fez e subo as escadas. Então entro no
meu quarto e sou pego de surpresa ao ver meu pai sentado na minha cama.
— Ei, — eu começo, confuso como o inferno enquanto o observo. Por que ele
está no meu quarto? Ele nunca entra aqui. Sua cabeça está baixa, as costas arfando
enquanto ele olha para o que quer que tenha nas mãos. Sou cauteloso quando
observo sua forma, tentando descobrir o que aconteceu. — Pai? Está tudo bem?
Ele levanta a cabeça e não posso acreditar no ódio que vejo em seus olhos. O
olhar duro que ele me dá me faz encolher voltar. Ele se levanta, jogando alguns
papéis em mim, curvando os lábios enquanto me olha com desgosto, fazendo-me
estremecer. — Você me diz.
Eu lentamente me abaixo e pego os papéis, me perguntando o que diabos está
acontecendo, e meu coração para quando vejo o que são.
São fotos minhas e do Silas, no campo.
Deixo cair meu sanduíche, meus joelhos cedendo com a vontade de cair no
chão.
Não não não…
Há dezenas de imagens impressas em páginas separadas - Silas e eu
escapando pela cerca, eu no colo de Silas enquanto olhamos para as estrelas, nós
deitados lado a lado - mas aquelas que me fazem querer que o mundo me engula
todo são muito piores.
São Silas e eu em posições muito comprometedoras. Eles não são da melhor
qualidade, mas isso não diminui a mortificação de meu pai ao vê-los.
Maldito Kent.
Era disso que ele estava falando antes. Por que diabos ele estava lá em
primeiro lugar? Ele nunca está em campo tão tarde. Ele realmente me odeia tanto
assim? O que diabos ele está ganhando com isso? Eu sabia que ele estava com
ciúmes de mim, mas isso é baixo até para ele. Acho que realmente não deveria estar
surpreso, mas estou.
Eu não posso ficar preso nisso. Não quando meu pai parece tão perto de
explodir, não com a forma como meu coração está batendo forte no meu peito, e
não com a forma como minha respiração está soprando rapidamente pelos meus
lábios. Porra, não posso ter um ataque de pânico agora. Faço minha contagem
mental, apertando ainda mais os papéis em minhas mãos enquanto tento me firmar.
Eu diria a ele que não é o que parece, mas obviamente é. Não há como
esconder o fato de que somos Silas e eu nessas fotos, e seria estúpido negar isso
agora. Então, mesmo estando apavorado, acho que é hora de admitir a verdade e
torcer pelo melhor. Silas e eu não estamos mais apenas brincando e não há razão
para mantermos isso em segredo para sempre.
— Silas e eu estamos juntos, — digo sem rodeios, endireitando o peito, pronto
para a resposta dele. — Lamento que você tenha descoberto dessa maneira, mas
estamos namorando. Eu realmente gosto dele e se você vai fazer alguma merda
homofóbica...
— Homofóbico? — meu pai pergunta, olhando para mim com espanto. —
Você acha que eu me importo que ele seja um cara?
Eu congelo, suas palavras me surpreendendo profundamente. — Você não
faz?
— Não, — ele diz exasperado, com o corpo todo rígido de tensão. —O que
me importa é que seja Silas Richards.
— Silas é ótimo, — digo a ele, sabendo que a reputação do meu namorado o
precede, mas ele é mais do que todo mundo pensa. — Se você o conhecesse...
Ele zomba, me interrompendo, seus olhos praticamente esbugalhados. Então
ele abre os braços, com um tom cheio de raiva enquanto olha para mim com
desgosto. — Se eu o conhecesse? O que eu iria saber? O fato de ele ser um futuro
criminoso em formação? Que ele está desperdiçando sua vida? Que ele vai
simplesmente arrastar você para baixo com ele?
Minha raiva aumenta com cada palavra que ele vomita. Silas não é nenhuma
dessas coisas. Ele é perfeito. Bem, não, ele não é. Ele tem muita bagagem e pode ser
um idiota, mas é meu idiota. Meu namorado perfeitamente imperfeito e eu não
deixarei meu pai cagar nele.
— Ele não é assim! — Eu discuto, cruzando os braços sobre o peito enquanto
papai começa a andar. — Silas é melhor do que metade das pessoas com quem você
me cercou durante toda a minha vida. Ele é real e genuíno e me faz sentir eu
mesmo.
— Ele vai arruinar o seu futuro! — ele grita, com o rosto vermelho de fúria.
— Ele é um lixo de trailer, Blaine! Por que você não consegue ver isso? Claro, você
vai se divertir agora, mas ele vai acabar te fodendo. Todos aqueles malditos Aces só
se preocupam uns com os outros!
Não, Silas não faria isso. Talvez antes eu tivesse cedido, mas não agora,
principalmente porque conheço Silas. Eu sei quais são suas esperanças e sonhos e
sei as coisas que o mantêm acordado à noite. Ele se preocupa com os Aces, mas
também se preocupa comigo, e me recuso a acreditar que seja preciso haver uma
escolha.
— Eu realmente gosto dele, — eu digo, precisando que meu pai me entenda
pela primeira vez. Não vou recuar como sempre faço. Estou falando sério e ele
precisa respeitar isso. — Ele tem sido nada além de bom para mim. Você não
percebeu como estou muito mais feliz? — Quero dizer, talvez ele não tenha,
considerando que ele está sempre muito ocupado o tempo todo, mas ainda tenho
esperança de que talvez ele me pegue pelo menos uma vez.
Essa ilusão se desfaz rapidamente, no entanto, quando ele abre a boca um
segundo depois e fala sobre isso.
— É com isso que você se importa? Quão feliz você está? — Ele zomba
novamente, parando de andar incessantemente para me olhar com descrença. —
Você pareceu ser sempre.
— O que mostra o quanto você não sabe sobre seu próprio filho, — respondo,
irritado.
— Aparentemente, eu não conheço você. — Ele me encara com um olhar e
marcha até minha mesa. Ele pega uma pilha de papel e coloca em minhas mãos. —
Eu também encontrei isso.
Olho para o que está em minhas mãos e só agora percebo que as fotos
escandalosas estão espalhadas ao meu redor no chão, viradas para cima, onde as
deixei cair. É como uma faixa de aviso ao meu redor na forma de nus. Bom, e que
se dane também, porque vejo as cópias dos meus pedidos de bolsas acadêmicas. Eu
as joguei na lata de lixo assim que enviei os originais, e meu sangue queima com o
que isso significa. — Você estava bisbilhotando meu quarto?
— Eu precisei! — ele rebate, nem um pouco arrependido. — Primeiro, você
está namorando um bandido e agora está se candidatando a isso? Por que você está
fazendo mais inscrições quando sabemos que está conseguindo uma bolsa de
estudos para a Georgia?
Tem que ser agora. Eu estive esperando e ganhando tempo, mas esta noite é
a noite para todos os tipos de revelações, aparentemente, então foda-se.
— Eu não vou para a Georgia, — afirmo com firmeza, tentando não sentir a
culpa condicionada quando ele engasga. — Pai, não é grande coisa.
Ele levanta a mão brevemente e fecha os olhos, os dentes cerrados enquanto
tenta se acalmar, mas seu tom ainda sai mordaz. — Onde você aplicou?
— Yale, Princeton, Harvard...
Seus olhos se abrem em confusão e aborrecimento. — Essas escolas não têm
o tipo de programa de futebol que a Georgia tem.
— Isso é porque não vou jogar futebol. — É melhor cortar o cordão enquanto
estou nisso. Vamos deixar tudo aberto.
Essa é a gota d'água para ele, porque a próxima coisa que sei é que ele grita
e joga minha cadeira do outro lado do quarto antes de se virar para avançar em
minha direção, fazendo-me recuar.
— O que você quer dizer com não está jogando futebol? — Seu tom é
mortalmente calmo e é o suficiente para causar arrepios na minha pele.
Eu nunca o vi assim antes. Suas palavras lentas e deliberadamente frias
tiveram o efeito pretendido, e toda a preocupação e pânico dentro de mim
explodiram mais uma vez. Eu estava tentando ser forte, mas ele está fazendo de
tudo. Odeio admitir que realmente tremo. Preciso me manter firme e lembrar que
tudo ficará bem. Tem que ser. Esta é a minha vida, o meu futuro, e mereço ter a
palavra final sobre o que acontecerá com isso.
— Eu quero ser um médico. Eu não quero ir para a NFL. — Pareço tão
esperançoso, desejando que ele me entendesse.
— Mas com tudo pelo que você trabalhou...
— Isso foi tudo pelo que você me fez trabalhar! Tudo que você sempre quis!
Você nunca se preocupou em perguntar se eu queria! — Não posso deixar de ficar
mais frustrado quanto mais conversamos porque ele não está me ouvindo e sei que
preciso me manter firme.
— Você é um atleta estrela, Blaine, com tantas promessas. Tudo o que fiz foi
lhe dar um roteiro perfeito para o sucesso que você está arruinando! — Sua
mandíbula está cerrada, em tom defensivo, como se eu escolher não seguir seu
plano o machucasse fisicamente.
— É Yale, pai! — Eu quase grito, precisando que ele entenda. — Não é como
se eu estivesse desistindo. Estou apenas escolhendo uma carreira diferente. Muito
boa também. Por que você não pode se orgulhar disso?
Por que nunca sou o suficiente?
— Passe mais alguns meses com aquele garoto Richards e veremos até onde
você realmente chega.
— Suficiente! — grito, jogando as mãos para o alto, apesar das inscrições
para a faculdade ainda estarem em minhas mãos. — Silas não tem nada a ver com
isso! Tudo o que você sempre quis foi um pônei de exibição trotando atrás de você
para fazer você se sentir bem consigo mesmo! Esta é a minha vida e vou escolher o
que fazer com ela!
Nós dois estamos sem fôlego, um na cara do outro, e nenhum de nós diz nada.
Eu não sou o maldito Blaine Yates perfeito que ele pensa que sou, e ele precisava
ouvir a verdade. Vou seguir a vida que quero, incluindo Silas, e ele precisa
concordar com isso.
Depois de um minuto, suspiro, sabendo que nada será realizado hoje. Eu
queria sair com Landon, mas o que quero mesmo agora é ver Silas e contar a ele o
que aconteceu. Provavelmente é melhor dar algum espaço ao papai também.
Amanhã de manhã poderemos conversar sobre isso como adultos razoáveis.
Tiro as fotos e jogo-as no lixo, junto com os formulários, antes de olhar papai
nos olhos. — Vou sair um pouco.
A mandíbula de papai está cerrada enquanto ele olha para mim como se
nunca tivesse me visto antes. É quase como se ele não me conhecesse, e ele não
conhece, mas de quem é a culpa?
— Você vai ver Silas?
— Sim, — admito, porque não faz mais sentido mentir. — Voltarei mais cedo.
Ele balança a cabeça, os olhos cheios de algo que não consigo ler. —Se você
vai estragar sua vida, faça isso em seus próprios termos. Não se preocupe em voltar
até que você resolva sua merda.
Congelo no meio do caminho para pegar meu sanduíche enquanto as
palavras do meu pai passam por mim. Ele está... ele está me expulsando? Se eu for
até Silas, isso significa que estou escolhendo entre os dois?
De repente fico cheio de raiva porque não precisa ser assim. É só porque
papai não consegue lidar com isso, que eu poderia querer algo que ele não planejou
para mim. Por um breve segundo, penso em ficar. Eu sei que poderia
potencialmente acalmá-lo e, dessa forma, também não teria que lidar com as
consequências.
Eu não vou fazer isso. Esta é uma escolha. Sou eu colocando o pé no chão e
deixando-o saber que ele não vai mais ditar minha vida. Cansei de interpretar o
papel que me foi imposto.
Então, com uma última olhada para meu pai, me viro e saio. Deixo para trás
as besteiras, deixo para trás a fachada e, embora esteja apavorado, deixo para trás
tudo o que já conheci. Então eu mando uma mensagem para Landon para não vir,
dando-lhe alguma desculpa idiota e esperando que ele não fique bravo, mas não
posso pensar nisso agora.
Eu só preciso do Silas.
VINTE E OITO
Silas
Verifico meu telefone pela décima vez em trinta minutos, incapaz de parar o
movimento incessante da minha perna quando vejo que ainda não tenho nenhuma
mensagem nova de Blaine. Desde que começamos a conversar o tempo todo, ele
nunca ficou tanto tempo sem me mandar uma mensagem pelo menos alguma coisa.
Eu sei que ele tinha planos, mas não tenho notícias dele há horas. Ele sempre me
envia alguma mensagem agora. Então o fato de não ter recebido nada está me
deixando nervoso.
Clicando no botão do meu telefone novamente, quase deixo cair a maldita
coisa quando vejo que ainda não há nenhuma mensagem. Porra, estou ficando
louco. Nunca, em um milhão de anos, eu teria pensado que estaria aqui, pronto
para perder o controle por causa de alguém, mas estou.
Jogando meu telefone no balcão, aperto um botão no teclado, dando vida ao
computador. Tenho algumas faturas que preciso cuidar para Whaley, mas meu
cérebro não está nisso. Depois da minha décima tentativa de tentar e não conseguir
fazer um pedido de peça, desisto.
Eu gemo, deixando minha cabeça cair para frente e batendo contra a
bancada com um baque. Sim, isso foi estúpido, e me arrependo instantaneamente
quando a dor surge na minha cabeça, mas estou disposto a aceitar qualquer coisa
que tire minha mente inquieta do meu namorado, que está claramente tentando
me estressar.
— Você está bem? — Whaley questiona, e eu me levanto da minha posição
de descanso, surpreso. Todo mundo está aqui trabalhando, mas eu não esperava
que alguém aparecesse na frente.
— Sim, desculpe, foi só... — Eu nem sei o que dizer, honestamente. Estou
perdido.
— Você estava apenas... — Ele inclina a cabeça para o lado, fazendo sinal
para eu continuar.
Dando de ombros, aponto para o computador. — Fiquei frustrado com a
tecnologia por um momento. Estou bem.
— Realmente?
— Sim. — Estou tentando parecer tranquilizador, mas não consigo dizer se
ele acredita em mim ou não com seu tom neutro. Fico feliz quando ele o deixa cair,
me dando mais algumas faturas antes de voltar para o fundo mais uma vez.
Tento começar a trabalhar então, mas é muito difícil, especialmente quando
mais quinze minutos se passam e ainda não há nada de Blaine. Estou começando a
ficar chateado e preocupado neste momento. Duas coisas que me fazem sentir
irracional pra caralho. Esse é o comportamento típico de um namorado? Será assim
que vai ser daqui para frente? Eu serei amaldiçoado.
— O que está acontecendo com você? — Bunky pergunta, saltando para
sentar no balcão e em cima da pilha de faturas que eu ainda não havia arquivado.
— O que você quer dizer? — Pergunto distraidamente, olhando para o meu
telefone como se aquelas três bolhas mágicas fossem aparecer de repente e
desviando o olhar quando isso não acontece. — Estou bem.
— Whaley disse que você parecia estranho hoje, como se algo estivesse em
sua mente. Me mandou aqui para verificar você, — ele me diz, inclinando-se para
olhar melhor meu rosto antes de cutucar minha bochecha. — Não sei, você parece
bem para mim.
Dou um tapa em sua mão e aponto para a pilha de faturas em que ele está.
— Porque estou bem. Agora mexa sua bunda, você está bagunçando meu trabalho.
— Você ainda não vai nos contar, hein? — Raid diz, encostando-se no balcão
oposto de onde estou, os olhos me perfurando.
Eu não recuo, mantendo seu olhar apesar de me sentir cauteloso. Inspiro
profundamente, expirando lentamente e fazendo o meu melhor para manter o tom
mesmo quando falo em seguida. — O que você quer dizer?
— Sim, o que você quer dizer? — Olho para Bunky, notando a forma como
seus olhos oscilam entre nós. — Estou perdendo alguma coisa?
Raid suspira, ignorando a expressão confusa e um pouco irritada de Bunky.
— Somos irmãos, Silas. Uma família. O que quer que esteja acontecendo, você
deveria saber que pode nos contar. Não importa o que seja.
Meu coração está batendo forte dentro do meu peito e eu mordo o interior
da minha bochecha enquanto tento descobrir o que devo fazer. Eu me sinto uma
merda por eles ainda não saberem, mas o que devo dizer? Sinto que eles não vão
me pegar, e com a preocupação que estou sentindo agora, não acho que seja o
melhor momento para contar a eles sobre Blaine.
Abro um sorriso antes de responder: — Não se preocupe, estou bem.
Raid não vai permitir isso. Ele parece irritado... e talvez até desapontado? —
Você realmente vai continuar jogando esse jogo, hein?
A maneira como ele está olhando para mim, combinada com suas palavras,
está me fazendo sentir com cerca de meio metro de altura e isso me inunda de
culpa.
Eu amo os dois e odeio esconder coisas deles, mas parece necessário,
especialmente quando Blaine deveria ser nada além do meu segredinho sujo. Mas
agora somos mais, então devo poder contar aos meus amigos o que está
acontecendo. Eu deveria ser capaz de compartilhar toda a merda, loucura e
sentimento bom entre Blaine e eu.
E eu quero me gabar. Blaine é meu namorado e tenho orgulho disso. Tenho
o cara mais gostoso em meus braços, que também é inteligente e gentil. Todos
deveriam ter inveja de nós.
Dane-se!
Solto um longo suspiro antes de estender a mão e esfregar minha nuca,
prestes a confessar quando a porta da loja se abre um segundo depois. Meu cara
entra, parecendo frenético pra caralho, com lágrimas secas escorrendo pelo rosto
e cabelo despenteado como se ele tivesse passado os dedos por ele uma dúzia de
vezes.
Ah, porra, não!
Eu me levanto e dou a volta no balcão tão rápido, o assassinato brilhando
atrás dos meus olhos. Eu nem sei o que aconteceu, mas sei que estou prestes a virar
Christian Bale, em um psicopata americano atrás de alguém.
— O que aconteceu? — pergunto, incapaz de conter a fúria em meu tom. —
Apenas me diga a porra de um nome e farei com que eles se arrependam de ter
nascido.
— S-Si, — ele gagueja, lágrimas dançando em seus olhos enquanto ele tenta
controlar sua respiração irregular. Não sei se ele está tendo um ataque de pânico
ou algo assim, mas sei que ele precisa se acalmar.
Não me importando com quem está por perto, eu apenas ajo, sabendo que
Blaine precisa de mim e ele é mais importante do que salvar a aparência agora.
Envolvo um braço em suas costas, puxando-o contra mim enquanto minha outra
mão segura sua cabeça. Então pressiono meus lábios no local ao lado de sua orelha,
passando os dedos pelos seus cabelos, tentando acalmá-lo. Seus braços me
envolvem também, e ele aperta o tecido da minha camisa, como se estivesse
tentando se ancorar em mim.
— Você está bem. Eu sei que é assustador, mas prometo que está tudo bem.
Apenas relaxe. Concentre-se em mim, — eu sussurro, deixando meus lábios
roçarem sua pele com cada palavra. Eu o embalo suavemente quando os soluços se
libertam, e cada choro devastador que ele solta me destrói. — Bebê, você está
seguro. Eu prometo, você está seguro.
Repito essas palavras sem parar, beijando seu rosto, orelha, pescoço, em
qualquer lugar onde meus lábios pousem enquanto tento oferecer a ele todo o
conforto que posso. Não sei quanto tempo ficamos ali na frente da loja, eu o
embalando, o beijando, o segurando enquanto ele volta da histeria, mas não o deixo
ir, nem uma vez.
Não quando consigo sentir o olhar ardente dos meus amigos enquanto nos
observam, e não quando alguém entra pela porta da frente precisando de ajuda. Eu
simplesmente não me importo.
Fodam-se todos agora. A única pessoa que importa é Blaine.
Demora vários minutos, mas ele finalmente se acalma, recuando e
enxugando o rosto para livrar-se das lágrimas, mas eu não o deixo ir. Eu mantenho
minhas mãos em seus lados, na esperança de colocá-lo de volta no lugar.
— Droga, — ele resmunga, os olhos caindo para o chão, recusando-se a olhar
para mim. — Desculpe.
Não vou deixá-lo ficar envergonhado agora. Essa merda foi assustadora pra
caralho para mim e nem fui eu quem teve o ataque de pânico. Eu sei que deveria
ser o mesmo para ele, se não pior.
— Ei. — Inclino seu queixo, forçando-o a olhar para mim. — Não se
desculpe. Você não fez nada de errado.
Tento transmitir com meus olhos o quanto ele significa para mim e como o
que acabou de acontecer não muda nada entre nós. Eu me inclino, dando um beijo
em seus lábios, amando o pequeno suspiro que ele solta e também tentando ignorar
os suspiros coletivos que ouço ao fundo. Definitivamente chamamos a atenção de
todos na loja, não apenas de Raid e Bunky. Eu me concentro no meu cara,
precisando tirá-lo daqui e levá-lo para o nosso espaço seguro o mais rápido
possível.
— Você dirigiu? — Pergunto-lhe suavemente, ainda passando os dedos pelos
seus cabelos.
— Sim. — Ele funga e limpa o nariz com as costas da mão. Droga, eu quero
gritar com ele por dirigir quando ele está assim, porque ele poderia ter se
machucado. Mas não vou, porque ele já está muito sensível agora e não quero
piorar as coisas.
— Venha comigo, — murmuro, agarrando seu braço e continuando a
ignorar as pessoas na loja enquanto o levo para o meu carro antes de abrir a porta
do passageiro. — Entre.
— Onde estamos indo? — Ele pergunta, seus olhos vermelhos e inchados
cheios de confusão quando ele finalmente olha para mim.
— Vou perguntar a Whaley se posso tirar folga o resto do dia, e você vai ficar
sentado aqui até eu voltar. Então vamos para o nosso lugar e você vai me contar o
que aconteceu, — eu digo, ganhando um aceno dele. Quando ele não se move, eu
o pego pelos quadris e o ajudo a entrar no carro, sendo calmo pra caralho antes de
colocá-lo no cinto.
Ele morde o lábio inferior enquanto olha para mim, e não posso deixar de
beijá-lo mais uma vez. Eu o avisei que voltarei antes de fechar a porta e voltar para
a loja.
Ainda tenho horas restantes de trabalho antes de sair, mas não me importo.
Nada poderia me manter aqui por mais um segundo do que o necessário. Não
quando Blaine precisa de mim.
Abrindo a porta, me deparo com três olhares curiosos e quase entrei em
pânico quando percebo que um deles é Whaley.
Merda, porra, droga.
Vejo vários outros caras que estão trabalhando nos fundos me espiando da
esquina, e seria engraçado se eu não estivesse prestes a cagar nas calças de tanto
nervosismo. Sou grato por nenhum deles parecer chateado, crítico ou totalmente
enojado.
— Whaley... — eu começo, minhas bochechas estão quentes e meu estômago
um pouco enjoado, sem saber o que esperar. — Eu preciso ir.
Ele balança a cabeça, olhando para a porta atrás de mim. — Quem era
aquele?
Penso em mentir por um momento antes de perceber que seria inútil e
estúpido. Eles literalmente me viram confortar, abraçar e beijar Blaine. Acho que é
justo dizer que ele é importante para mim.
Endireitando meus ombros, faço o meu melhor para parecer imperturbável
enquanto mantenho seu olhar de frente. — Meu namorado.
Assim que as palavras saem da minha boca, sinto como se o maior peso tivesse
sido tirado dos meus ombros. Eu não percebi o quanto manter esse segredo estava
me afetando.
Whaley me deixa no limbo por dez segundos e sinto um suor frio escorrendo
pela minha pele antes que ele sorria. — Espero conhecê-lo adequadamente em
breve.
Oh, obrigado, porra. — Claro.
Eu relaxo visivelmente. Meus joelhos tremem e quase caio no chão de alívio.
Eu também não sabia o quanto precisava dessa aprovação da minha família.
Sinto-me tão livre, como se pudesse respirar facilmente depois de anos
vivendo apenas pela metade. Não posso evitar o fato de sorrir como uma idiota.
Quando Bunky levanta uma sobrancelha diante da minha expressão e Raid bufa
divertido, eu os deixo de lado por serem tão intrometidos.
Bunky me envolve em um abraço no segundo seguinte antes de se afastar e
me dar aquele seu sorriso travesso. — Eu não posso acreditar que você está
escondendo essa merda. Deveria ter sabido quando você não queria mais festejar
comigo.
— Eu disse que ele estava escondendo alguma coisa, — diz Raid, empurrando
os óculos para cima do rosto enquanto cruza os braços sobre o peito. — Você não
acreditou em mim.
— Você está bravo por eu ter escondido? — Pergunto-lhe. Ele balança a
cabeça, mas não diz mais nada, então eu empurro. — Mas você sabia?
— Você não é sutil e é péssimo em se esconder. Eu descobri semanas atrás,
mas a gota d'água foi você usar o anel dele no pescoço. Você realmente achou que
ninguém notaria?
Bunky franze a testa. — Espere, eu não percebi.
— Isso é porque você é um maldito lunático, Bunk. Sua cabeça está muito
louca para prestar muita atenção ao mundo ao seu redor, — Raid brinca, batendo
suavemente na nuca dele.
— Raid! — Whaley estala, fazendo com que toda a nossa atenção se volte
para ele. Que diabos? Os olhos de Raid se arregalam quando ele observa Whaley
com surpresa, e eu observo o pomo de adão de Whaley balançar, como se ele
estivesse tentando recuperar a compostura. Ele abre a boca para dizer algo antes
de balançar a cabeça, como se quisesse clarear seus pensamentos. — Não é culpa
dele… Apenas pare de ser tão espertinho.
— Sim, cuidado com o que fala, — Bunky provoca, rebatendo Raid de
brincadeira.
Estremecendo ligeiramente, Raid lança a Whaley um último olhar nervoso,
claramente sem entender o que aconteceu. Bem, isso somos dois. Ele então olha
para mim antes de forçar um sorriso e apontar para a porta. — Ok... falaremos
sobre isso mais tarde. Seu cara provavelmente está pirando no carro pensando que
você está levando uma bronca aqui. Vá ver como ele está.
A maneira como ele diz que meu cara faz coisas engraçadas comigo, e não
consigo nem começar a explicar o quanto adoro isso. Droga, eu realmente sou um
idiota apaixonado.
Mas estou aqui para cada segundo.
Eu sorrio, amando a facilidade com que eles aceitaram isso, me aceitaram. Eu
deveria ter pensado melhor, mas o medo é uma coisa poderosa e não tenho medo
de admitir que estava com medo de perdê-los.
— O que você está esperando? — Whaley pergunta, apontando o queixo
para a porta. — Vá cuidar dele. Eu vou te encontrar quando precisar de você.
Eu teria ido embora sem a aprovação de Whaley, mas agora que a tenho,
praticamente corro até o carro. Quando vejo o rosto cheio de lágrimas de Blaine e
a maneira como seus dedos tremem contra a calça jeans, vejo o assassinato
novamente.
VINTE E NOVE
Silas
Silas
Silas
ATLETA ARROGANTE
Si, não consigo parar de pensar no que aconteceu com sua mãe. Eu estou tão
envergonhado!
EU
Acalme-se, bebê. Está tudo bem, como eu te disse.
ATLETA ARROGANTE
Onde você está? Podemos correr até a loja e pegar alguma coisa para ela?
Eu olho para cima, vendo que Raid conseguiu pressionar Kent contra a
parede ao meu lado com Bunky abrindo e fechando seu canivete no rosto pálido de
Kent.
Embora eu odeie mentir para Blaine, ele não precisa do estresse extra de saber
o que estou fazendo.
Agora, preciso dar uma lição a esse filho da puta.
EU
Estou resolvendo algo com Raid e Bunky. Encontro você em nosso lugar daqui
a pouco. Então talvez eu leve você para comprar algo para ela.
ATLETA ARROGANTE
OK :)
Porra, ele é outra coisa. Meu namorado é a pessoa mais genuína do planeta e
isso torna o que estou prestes a fazer muito mais importante. Isso torna
absolutamente necessário.
Depois de conversar com mamãe, cheguei à escola durante o almoço e
rapidamente contei aos rapazes a situação de Kent. Eles ficaram chateados, para
dizer o mínimo, e concordaram em me ajudar a ficar sozinho com ele depois do
último sinal.
Kent está gritando e tentando se libertar, mas isso não acontece. Quando
Bunky pressiona a parte cega da faca contra a bochecha de Kent, saboreio o medo
que vejo em seus olhos. Eu quero mais disso. Eu preciso disso. Não só para Blaine,
mas também para mim.
— Qual é o problema, Kent? — Eu provoco, guardando meu telefone no bolso
enquanto passo na frente dele. — Pode espalhar um monte de besteira, mas não
aguenta as consequências?
Sua mandíbula aperta e seus olhos mudam do medo para a raiva em um
segundo momento. — Eu não fiz nada.
— Devo dizer que nunca me importei muito com um mentiroso, — digo a
ele, estalando os nós dos dedos com um sorriso no rosto.
Então eu recuo e dou um soco no estômago dele, aproveitando o grunhido
alto que ele solta.
— Vá se foder, — ele tosse enquanto tenta proteger o estômago, mas Bunky
e Raid o seguram com força pelos braços, deixando-o indefeso contra meu ataque.
— Isso é sobre o quê?
— Isso é sobre o quê? — Raid bufa, torcendo o braço de Kent até ele
choramingar antes de olhar para mim. — Esse cara é um idiota, Silas?
Bunky sorri maliciosamente enquanto me anima. — Dê um soco nele de
novo!
— Você fez merda, Kent, — eu digo, cada palavra saindo venenosa. Agarro
um punhado de seu cabelo e empurro sua cabeça para trás para ficarmos olho no
olho. Seu peito está arfando, os olhos semicerrados, mas vou dar-lhe algum crédito
porque ele não foge do nosso olhar, embora seu corpo esteja tremendo de medo.
Nós podemos resolver isso.
Balanço a cabeça e envolvo minha mão em seu pescoço, apertando com força
até seu rosto ficar vermelho. — Blaine.
Isso é tudo que preciso dizer antes que ele perceba. Posso ver um lampejo de
incerteza em seus olhos, mas ele não deixa que isso o detenha. Na verdade, isso o
torna estupidamente ousado. — Seriamente? Isso é sobre ele? Não achei que você
se importaria com as fotos ou com aquela vadia...
Meu punho atinge seu estômago novamente antes mesmo de eu perceber o
que está acontecendo. Meu sangue está vibrando com o desejo de matar. Esse
pedaço de merda não pode pensar que vou deixar isso passar. Depois de todos os
problemas que causou, ele deveria estar me implorando para não destruir seu
mundo.
— Eu não sei se você é realmente corajoso ou apenas muito estúpido. De
qualquer maneira, você estragou tudo e está precisando de todo o autocontrole que
posso reunir para não o despedaçar, pedaço por pedaço. — Eu fervo, meu aperto
em sua garganta com força enquanto o forço a manter meu olhar. — Eu deveria
simplesmente deixar você machucado e quebrado na varanda do seu pai.
Tenho certeza de que pareço perturbado, mas é exatamente assim que me
sinto agora. Estou grato por meus amigos estarem aqui, porque se não estivessem,
não tenho dúvidas de que Kent já estaria sangrando até a morte na calçada por
foder não só comigo, mas também com meu namorado.
— Escute, — ele chia, como se de repente percebesse a posição em que está.
— Podemos conversar sobre isso.
Balanço minha cabeça lentamente enquanto deixo cair minha mão. —Eu não
quero conversar. Eu quero fazer você sangrar.
— Tudo por ele? — ele pergunta, rindo com falsa confiança. — Aquela
bucetinha merecia...
Ele não consegue terminar a frase antes que eu dê um soco na cara dele. A
porra da coragem que ele tem. Quem deu a ele o maldito direito de falar sobre
Blaine daquele jeito? Eu bati nele de novo, mas antes que eu pudesse realmente
agredi-lo, fui arrastado de volta.
Eu luto contra Raid, mas ele balança a cabeça, quase derrubando os óculos
no processo. — Silas, pare.
— Eu vou te matar! — grito com Kent, quase acertando o nariz de Raid
enquanto balanço os braços no ar. — Não fale sobre ele desse jeito de novo!
— Silas, você pode parar? — Raid sibila, parecendo sem fôlego enquanto luta
para me manter afastado. — Pense sobre isso.
É tarde demais para isso. Entre a falta de remorso de Kent por destruir todo o
maldito mundo do meu cara, e sua boca arrogante, estou farto.
— Me deixe ir! — grito, quase livre de Raid quando Bunky bloqueia meu
caminho.
— Eu cuido disso, — ele me diz, e o brilho calculista em seus olhos me assusta
um pouco. Ele não espera que eu responda, porque quando Kent tenta correr,
Bunky o agarra pelas costas de seu casaco e o puxa de volta. — Onde você pensa
que está indo?
Os olhos de Kent se arregalam. Embora todos nós, Aces, tenhamos uma
reputação, Bunky é de longe um dos piores. Todos nós sabemos o que as crianças
da escola pensa dele. Doido. Psicopata. Maníaco. Ele é muito mais, mas faz jus a
todas as coisas que as pessoas o descrevem.
— Isso é o que vai acontecer, — Bunky começa, pressionando Kent contra a
parede novamente com uma mão no peito, a outra girando a faca entre os dedos.
— Você vai deixar Blaine em paz.
O peito de Kent está arfando, mas o idiota tenta se manter firme, apesar do
medo ainda em seus olhos. — Ou o que... Porra!
— Ou isso, — Bunky responde rindo enquanto olha para sua obra, um fio
fino de sangue caindo da bochecha de Kent, onde ele o cortou. — Isso, Kent. Se não
fosse por Raid, você estaria a caminho do hospital agora mesmo, porque nosso
garoto aqui quer que você suma. Portanto, deixe Blaine, comporte-se e nada disso
acontecerá novamente.
— Foda-se! — Eu grito, balançando a cabeça, mais uma vez lutando contra
o domínio de Raid sobre mim. — Eu vou bater na bunda dele...
Bunky me interrompe quando me lança um olhar por cima do ombro.
Embora eu não goste de ser intimidado assim, especialmente quando se trata do
meu próprio namorado, posso dizer que ele tem tudo sob controle. É a única razão
pela qual não o afasto e termino o trabalho.
— Você entende, Kent? — Bunky pergunta, com um tom maluco antes de
manchar o rosto de Kent com sangue. — Estou aqui para ajudá-lo. Você não
consegue ver isso?
Ele estremece, claramente não gostando do Maluco Bunky. — Você...
— Eu não acabei! — Bunky rosna, agudo e desequilibrado. Ele balança a
cabeça, soltando um suspiro alto antes de rir novamente. — OPA, desculpe. Quase
me perdi ali por um segundo. O que eu estava dizendo?
— Estamos ajudando ele. — Raid obviamente odeia essas palavras tanto
quanto eu, mas é inteligente o suficiente para seguir o exemplo de Bunky.
— Certo! — Bunky diz, estalando os dedos. Ele faz uma dança estranha e feliz
enquanto torce o pescoço de Kent para empurrar seu rosto contra a parede de
tijolos. Então ele se aproxima para sussurrar em seu orelha. — Porque da próxima
vez que você olhar para Blaine da maneira errada, não estaremos aqui para
protegê-lo de Silas. Me entende?
Kent leva um momento, mas ele concorda, não exibindo mais aquela bravata
confiante de antes. Não, ele está com medo. Com medo de Bunky e sua faca, com
medo de Raid e seu olhar ameaçador e, o mais importante, com medo de mim e do
que ele sabe que farei.
— Vá. — Bunky fecha a faca e dá um passo para trás. Então ele olha para
Raid e para mim antes de gemer dramaticamente, voltando ao seu estado normal.
— Estou entediado agora. Podemos ir? — Deveria me assustar o quão
drasticamente sua personalidade muda, mas é apenas uma parte de quem ele é, e
me acostumei com isso ao longo dos anos.
Não foi assim que pensei que seria, mas ainda estou satisfeito. Sem qualquer
tipo de tortura física extrema, Bunk conseguiu transmitir nossa mensagem em alto
e bom som e, enquanto ainda estou furioso, posso deixar passar por enquanto.
Nossa mensagem é exatamente isso. O fato de eles estarem lado a lado
comigo, prontos para defender a honra do meu bebê, significa mais para mim do
que fazer o trabalho sozinho.
Kent corre em seguida, olhando por cima do ombro para se certificar de que
não o estamos seguindo. Muito bem.
Quero que ele durma com um olho aberto pelo resto da vida, sempre
temendo que eu esteja logo atrás dele.
Quando estamos sozinhos, Raid finalmente me solta antes de bater palmas
em meus ombros enquanto me olha. — Você está bem?
— Bem. — Dou-lhe um aceno de cabeça antes de me virar para Bunky. —
Obrigado por isso.
Ele bate no meu ombro com o dele, seus lábios se curvam levemente enquanto
me olha. — Você estava prestes a acabar com aquele filho da puta. O que
aconteceria com Blaine se você fosse preso?
Blaine era tudo em que eu conseguia pensar, mas Bunky tem razão. Devido
à minha raiva, não tive a visão de pensar claramente em minhas ações. Estou feliz
que eles estivessem aqui porque Blaine precisa de mim.
— Você realmente gosta dele, hein? — Raid diz maravilhado. — Eu juro que
nunca vi você agir assim com alguém antes.
— Não, não é só isso. Nosso garoto tropeçou e se apaixonou, — Bunky brinca,
dando um soco em meu ombro.
— Por que diabos todo mundo continua dizendo que estou apaixonado? —
Eu questiono, desejando não ter parado de fumar para poder acender.
Porra, Blaine. Ele me deixa louco.
— Quem mais disse isso? — Raid pergunta enquanto caminhamos para o
meu carro.
— Mamãe, — eu digo com um gemido.
Bunky ri. — Então você precisa saber que essa merda é verdade.
Faço uma breve pausa antes de meu olhar se voltar para eles, minha
expressão confusa. — Mas como? Eu nunca estive apaixonado antes. Como eu iria
saber?
— Não tenho ideia. Eu também nunca me apaixonei, — Raid reflete com um
encolher de ombros.
— Bem, obrigado por nada, — murmuro, entrando no meu carro com eles
no reboque. Jogo minha cabeça para trás contra o assento, jogando os braços sobre
os olhos. Minha mente está acelerada, um milhão de pensamentos fervilhando em
minha cabeça enquanto penso nos últimos meses com Blaine.
Estamos apaixonados? É por isso que estou agindo assim? Há uma diferença
entre amar alguém e estar apaixonado por essa pessoa. Eu amo Bunky e amo Raid,
mas eu estaria disposto a ir tão longe por eles?
— Apaixonar-se é como fazer bungee jumping, — Bunky começa. O tom de
sua voz faz minha cabeça torcer para ler sua expressão.
Que porra é essa? Eu nunca o ouvi soar assim antes. Há uma expressão
distante em seus olhos quando ele olha pela janela. Olho para Raid no banco do
passageiro para ter certeza de que ele também está vendo isso. Sim, Raid parece tão
assustado quanto eu.
— Bunk, — Raid diz, estendendo a mão para segurar seu braço. —Você está
bem?
— Você tem essa sensação de leveza enquanto seu estômago embrulha
enquanto você voa pelo ar, — Bunky sussurra, sem nem mesmo nos reconhecer.
— Há um momento em que você está tão cheio de adrenalina, tão pronto para a
queda livre, mas você também está tão nublado de medo porque, você sabe, no
fundo, há cinquenta por cento de chance de você cair no chão e acabar em uma
bagunça quebrada e destruída.
Que porra é essa? — Bunky, o quê...?
— É a coisa mais emocionante e aterrorizante que você já fez, e mesmo
sabendo que pode terminar em desastre, isso não o impede de mergulhar,
mergulhar no limite, porque mesmo que termine em devastação completa, pelo
menos você pode experimentá-la.
Olho para Bunky, tentando descobrir o que devo dizer sobre algo assim.
Primeiro de tudo, isso foi profundo pra caramba e nada parecido com o cara que
eu conheço, mas também...
— Quando diabos você foi fazer bungee jumping? — Raid deixa escapar, as
sobrancelhas franzidas em confusão. — E espere aí, você está apaixonado? Por
quem? Preciso saber todos os detalhes sobre isso. Você está realmente me
confundindo agora.
— Esse não é o ponto, — ele retruca, afastando a mão de Raid. Ele se vira para
olhar para mim e me lança o olhar mais sério que já vi. Isso faz meu estômago
revirar. — Você sente isso por Blaine? Você sente que arriscaria tudo – arriscaria
a queda – só para ter certeza de que ele está bem? Você pularia sem olhar, Silas?
Eu engulo em seco. Eu iria…
Blaine é tudo para mim. De alguma forma, chegamos aqui. Quando penso na
minha vida, não consigo mais imaginar como seria sem ele. Estou obcecado pelo
cara. Obcecado pelo cheiro dele, pelo jeito que ele ri e pelo jeito que ele me faz
sentir. Se isso não é amor… não sei o que é.
TRINTA E DOIS
Blaine
Parece que passou uma vida inteira desde que fui expulso, embora só tenham
se passado duas semanas. Olho para o meu telefone e vejo que meu pai me mandou
uma mensagem, mais uma vez, perguntando se estou pronto para deixar meu
pequeno experimento com Silas para trás e voltar para casa.
Foda-se isso.
Papai diz que está tudo bem comigo gostar de homens, mas o fato de ser Silas
é o que o incomoda. Acrescente a isso que eu basicamente caguei nos sonhos dele
ao optar por não ir para a Georgia, o que ele de alguma forma pensa ser culpa de
Silas. Ele espera que eu desmorone como sempre faço, mas não vou desistir disso.
Depois da noite em que deixei minha família e no momento em que Silas me
deixou entrar nele... percebi que o que temos é especial. Silas é meu namorado, e
os sentimentos que tenho por ele se tornaram algo avassalador, mas da melhor
maneira.
IDIOTA
Quando você volta pra casa?
Eu sorrio com as palavras. Casa. É assim que ele chama o nosso lugar. É onde
estamos hospedados, já que o trailer dele é muito apertado para acomodar mais
pessoas. Mesmo que não fiquemos com lá, Silas diz que sua mãe concorda com isso.
Ainda não tive a oportunidade adequada de conhecê-la como um bom namorado
deveria, mas Silas me garantiu que faria isso acontecer.
Tenho que admitir que, apesar da situação horrível, foi bom dividir espaço
com Silas. Claro, o ronco dele às vezes me acorda no meio da noite, mas a maneira
como ele me puxa para me aconchegar depois compensa. A água que Whaley
conectou está gelada, mas desde que Silas e eu tentamos economizar água (palavras
dele, não minhas), não tem sido tão ruim. Estou vendo todas as suas pequenas
peculiaridades e hábitos diários, e eles não estão fazendo nada além de me fazer
cair ainda mais. Basicamente, estou de ponta-cabeça pelo cara.
Acho que posso até estar…
Ei, vá devagar, Blaine.
Suspiro, sem saber se Silas sente o mesmo. Não começamos isso para nos
apaixonarmos um pelo outro, mas, caramba, é assim que parece.
Afastando os pensamentos, eu digito uma resposta.
EU
Isso pode demorar um pouco. Você deveria jantar sem mim.
Mais uma razão para amar Silas. Desde que papai me interrompeu, Silas tem
pago toda a minha comida. Ele zomba sempre que agradeço, como se gastar seu
dinheiro suado comigo não fosse nada, mas é tudo para mim. Fiz questão de
agradecê-lo com muito sexo quente. Tanto que meu buraco ainda está dolorido por
causa da surra que ele me deu esta manhã antes da escola.
IDIOTA
Deixe-me saber como foi.
Ele pode me ler mesmo quando não estou perto dele. Estou nervoso diante da
casa de Landon, sabendo que isso tem que acontecer de uma forma ou de outra.
Não sei por que escondi isso dele por tanto tempo, mas ele precisa saber. O que
sinto por Silas não irá desaparecer tão cedo, ou nunca, e quero compartilhar essa
notícia com Landon.
Eu disse a Landon que viria com antecedência, então ele me encontrou do
lado de fora antes que eu pudesse bater.
— Ei, cara, — ele diz, sorrindo enquanto me dá um abraço de irmão. Então
ele se afasta e aponta o polegar para dentro de sua casa. — Os pais estão fora. Quer
tomar uma cerveja e jogar NCCA?
Não gosto muito de beber, mas, honestamente, a coragem líquida parece uma
ótima ideia no momento. Abrindo um sorriso, aceno com a cabeça em
concordância. — Vamos fazer isso.
Ele me leva pela sua casa e mais uma vez fico maravilhado com o quão
aconchegante ela é. Os pais de Landon são ricos, mas isso não transparece. Tudo
em sua casa, desde o sofá um pouco desgastado até as pequenas bugigangas em
todos os lugares, faz com que pareça habitável, como se alguém realmente se
importasse o suficiente para se colocar na decoração. É uma grande diferença da
minha casa, que parece ter sido tirada de uma revista.
Ele vai até a cozinha e pega duas cervejas para nós antes de subirmos. Ele já
preparou o jogo e colocou nossos velhos pufes em frente à televisão, e sinto muita
saudade do passado. Realmente já faz muito tempo desde que fizemos isso.
— Sem trapaça desta vez, — ele provoca enquanto abre sua cerveja.
Eu zombei, abrindo o meu antes de tomar um longo gole. — Eu te disse um
milhão de vezes, você não pode trapacear neste jogo.
Ele me entrega um controle, sem desistir. — Tenho certeza que você de
alguma forma encontrou uma maneira de fazer isso.
Reviro os olhos e coloco minha cerveja na mesa para que possamos começar
a jogar. Como previsto, eu chuto a bunda dele e ele reclama o tempo todo sobre
como devo ter desbloqueado algum truque secreto que não compartilhei com ele.
Bebemos nossas cervejas e, como sou um peso leve, estou um pouco tonto quando
terminamos a primeira rodada do nosso jogo.
— Vamos novamente? — ele pergunta, gesticulando para o jogo.
Seguro o controle com força na mão, sabendo que este é o momento que eu
estava esperando. — Na verdade, eu esperava que pudéssemos conversar.
— Falar, hein? — ele diz, me olhando enquanto aponta para minhas roupas.
— Finalmente vai explicar toda a merda que está acontecendo com você? — Ele
faz uma pausa, os olhos vagando por mim. — E por que você está se vestindo como
uma estrela do rock?
Dou uma olhada nas minhas roupas. Sim... não é meu melhor visual, mas não
voltei para minha casa desde todo o incidente com meu pai, então tive que usar as
roupas de Silas. Embora tenhamos tamanho semelhante, ainda sou maior que ele.
Depois de rasgar acidentalmente as últimas camisetas pretas lisas, tive que usar
algumas das camisas antigas de sua banda. Eles são todos muito justos e pareço um
pouco maluco quando os combino com meu letterman e Nikes.
— Sim, — murmuro, tomando outro gole de cerveja para ter confiança. É
melhor arrancar o Band-Aid. — Na verdade, tem tudo a ver com isso. Meu pai me
expulsou.
Seus olhos se arregalam quando ele derruba a cerveja e xinga quando ela cai
no controle, mas ele não se preocupa em limpá-lo. — Que porra é essa? Você está
brincando.
— Estou falando sério, — digo a ele, apertando e abrindo os dedos da minha
mão livre. — Ele me expulsou.
— Por quê? — ele questiona, balançando a cabeça um pouco confuso
enquanto tenta entender.
— Bem…— Aqui vai. — Estou meio que namorando Silas Richards.
Um, dois, três...
— O quê? — ele grita, pulando e olhando para mim como se eu tivesse duas
cabeças. — Uau, não. Não, não, não. Você odeia aquele cara. Nós odiamos esse cara.
O que você quer dizer com você está namorando ele?
— Exatamente o que parece. — Fico um pouco nervoso quando ele não diz
nada em troca. — Como se estivéssemos namorando. Nós nos beijamos e essas
merdas... Não sei, Landon. Nós namoramos como pessoas normais namoram, mas
não publicamente.
— Você fode? — ele pergunta, os olhos ainda cheios de surpresa.
A cerveja que eu estava bebendo sai da minha boca e meu queixo cai
enquanto minhas bochechas ficam vermelhas. — Eu... você não pode perguntar
isso, — gaguejo, limpando a boca rapidamente e colocando a garrafa no chão.
— Posso saber que você era virgem, mas não posso saber se você fodeu? —
Ele balança a cabeça, maravilhado. — As regras do melhor amigo determinam que
você me conte todos os detalhes.
Mordo meu lábio inferior, percebendo que ele tem razão. Se os papéis fossem
invertidos, eu também ficaria curioso. — Sim, nós transamos.
— Quem faz o que? — ele questiona, batendo os dedos como se quisesse
mostrar o que ele quis dizer. Oh infernos não. Isso é informação demais, até para
ele.
Dando-lhe um aceno de desdém, não posso deixar de revirar os olhos diante
de sua franqueza. — Ok, você definitivamente não pode perguntar isso.
— Beeem. — Ele se senta novamente em seu pufe antes de se inclinar em
minha direção, os cotovelos apoiados nos joelhos e um brilho nos olhos. Amável.
— Como isso começou?
— Lembra da fogueira depois do jogo do Linton? — Quando ele acena com
a cabeça, eu continuo, feliz por finalmente contar tudo isso. — Bem, nós meio que
acabamos brincando. Depois disso, decidimos continuar. Uma coisa levou à outra
e agora estamos namorando.
— Bem, porra. Eu não estava esperando por isso. — Ele faz uma pausa para
tomar um gole de sua bebida. — Você o ama?
Meus olhos se arregalam quando abro e fecho a boca. Bem, ele realmente está
usando o cartão de melhor amigo e me fazendo todas essas perguntas pessoais. —
Eu...
— É por isso que seu pai te expulsou, certo? Porque você está namorando
Silas? — ele dispara a próxima pergunta rapidamente, me interrompendo.
— Não, — começo, sabendo que a próxima parte também será um choque
para ele. — Quero dizer, sim, mas há mais. Ele descobriu que não vou aceitar uma
bolsa de futebol para a Georgia e sim me inscrever em Yale.
— Puta merda, — ele suspira, jogando as mãos para o alto, a voz cheia de
irritação. — Algum outro segredo que você queira me contar enquanto está nisso?
Por que eu não sabia dessas coisas?
Posso ver que ele está ficando chateado e tem todo o direito de ficar. Eu
escondi tanto dele nos últimos meses, mais do que você esconderia de um melhor
amigo. Ele sempre foi tão leal, tão bom, tão inabalável em nossa amizade. Eu sei que
deixei a bola cair, mas como já estamos aqui, é melhor abrir tudo e contar tudo a
ele.
— Tenho ataques de pânico, — deixo escapar, querendo contar tudo. —
Realmente ruins. Às vezes fico tão sobrecarregado com tudo o que se espera de
mim. Às vezes eu ataco porque não aguento. Às vezes eu só quero gritar a plenos
pulmões para que todos vão se foder e me deixem em paz.
Seu rosto cai e ele parece magoado. — E você sentiu isso comigo?
— Nunca, — digo, balançando a cabeça rapidamente e tentando tranquilizá-
lo com a verdade. — É só que você estava do lado errado. Isso não é culpa sua. Eu
deveria ter sido honesto com você desde o início.
— Sim, você deveria ter feito isso, — ele afirma, cruzando os braços sobre o
peito. — Eu sou seu melhor amigo. Por que você achou que eu não ficaria bem com
tudo isso? Você presumiu que eu não te apoiaria? Porque isso meio que me irrita.
— Acho que sim, mas muito disso decorre da merda com meu pai, —
murmuro, torcendo os dedos em torno do tecido da minha calça jeans. — Eu só não
queria que você me olhasse de forma diferente. Eu não queria que isso arruinasse
nossa amizade, mas parece que consegui isso sozinho. Sinto muito, Landon. Eu não
queria que nada disso acontecesse.
Ele mexe as mãos por um minuto antes de olhar para mim, o lábio
ligeiramente levantado. — Desculpas aceitas. Só não esconda essa merda de mim
novamente. Você estava me preocupando.
Eu me inclino para frente e bato em seu ombro, esperando que ele perceba o
quanto estou realmente arrependido. Nunca pretendi que as coisas chegassem tão
longe, mas ter o apoio dele significa muito para mim. — Eu prometo, nunca mais
vou esconder mais nada de você.
Ele balança a cabeça antes de apertar meu pulso, os olhos cheios de alegria
mais uma vez. — Então, você nunca respondeu minha pergunta.
Eu enrugo meu nariz e sento em confusão. — Qual deles?
— Você ama Silas?
Minha respiração realmente fica presa. Eu realmente não sei o que dizer a
ele. Estou chegando lá? Isso está certo? Eu nunca estive apaixonado antes, então
não tenho muita certeza de como deveria ser.
Você se sente constantemente em alta quando ele está por perto? Quando
todos os seus pensamentos giram em torno dele? Ele é a pessoa com quem você
quer compartilhar tudo? E se ele for apenas a pessoa que faz você se sentir mais
você mesmo?
Se as respostas forem sim, então estou apaixonado por Silas Richards.
— Acho que sim, — sussurro, sentindo o peso dessas palavras em meus
ombros, mas não é sufocante. Em vez disso, é quase reconfortante.
— Você vai contar a ele? — ele pergunta.
Eu balanço minha cabeça. — Não sei se ele sente o mesmo. Não quero agir
cedo demais e assustá-lo.
Ele pensa sobre isso por um momento antes de rir. — Quer que eu bata nele
por você, se ele não o fizer?
Eu coro e o desligo. — Não. Agora, alguma outra pergunta?
— Você chupou o pau dele? Qual é a sensação? É como chupar um pirulito
carnudo?
Jogo um travesseiro próximo em sua cabeça, desejando que ele cale a boca,
mas grato por ele estar sendo tão bom com tudo isso. — Não estou dizendo isso a
você, e eca. Bruto. Nunca mais descreva assim.
Meu telefone toca e ele olha para ele com um olhar astuto. — É ele?
Eu verifico e vejo que é realmente Silas. Ele está sentado no trailer, com a mão
na virilha e um beicinho no rosto.
IDIOTA
Você já terminou? Estou com tesão e quero foder.
IDIOTA
Tudo bem, também estou com saudades de você. Apresse-se e venha aqui para
que possamos nos abraçar ou algo assim.
O grande e mau Silas Richards é muito mais pegajoso do que você imagina.
Landon olha por cima do meu ombro e bufa. — Sim, ele está totalmente
apaixonado.
Eu zombo e deixo seu comentário de lado, mas algo em meu coração se enche
de esperança, porque se Silas realmente estiver apaixonado por mim... Bem,
seríamos dois tolos apaixonados.
E nada soa melhor do que isso.
TRINTA E TRÊS
Blaine
Blaine
Silas
Silas
Eu nunca pensei que iria gostar dessa merda de namoro bonitinho, mas eu
meio que gosto disso.
— Você gosta disso? — Blaine pergunta, como se estivesse lendo meus
pensamentos, apontando para nosso milkshake Oreo que está na nossa frente. Ele
tem algumas migalhas no lábio inferior, então me inclino para ele e as lambo,
apreciando a forma como sua respiração falha.
— Si...— ele sussurra, perseguindo meus lábios.
— Não, — eu digo, tomando um gole do meu canudo antes de apontar para
ele. — Você queria pedir essa merda, você vai beber.
Ele se aconchega ao meu lado, apoiando a cabeça no meu ombro. —Eu disse
que poderíamos pedir Cheesecake de Morango.
— Mas você não gosta de Cheesecake de Morango.
— Eu teria comido por você, — ele murmura cansado.
Droga, Blaine. Esse cara vai me matar com a forma como ele faz meu coração
querer pular do peito. Eu sei que disse que queria que ele terminasse o milk-shake,
mas não aguento. Eu o coloco no meu colo, sufocando seus lábios gelados com os
meus e sentindo o gosto do chocolate em sua língua.
— Para o que foi isso? — ele pergunta quando nos separamos, com as
bochechas coradas e ofegando levemente enquanto ele segura minha jaqueta.
— Porra, é por isso, — resmungo, entregando-lhe seu milkshake para que
ele possa continuar bebendo. Não vou admitir que isso também o faça ter um gosto
bom. Para evitar atacá-lo em público como eu realmente quero fazer, me inclino
para trás e jogo meus braços em volta da cabine. — Como foi o Conselho Estudantil
hoje?
Ele geme, toda a luxúria desaparecendo de seus olhos enquanto ele afunda
em mim. — Ugh, nem me fale sobre isso. Esqueci que as seletivas de beisebol são
na semana que vem, então tive que refazer toda a minha agenda.
— Por que você se preocupa com os testes de beisebol? — Eu pergunto,
levantando uma sobrancelha.
— Porque estou fazendo um teste, — diz ele, sorvendo enquanto chega ao
fundo do milk-shake.
— Bebê, — eu digo sem expressão, dando-lhe uma olhada. — Nunca ouvi
você falar sobre beisebol. Por que você está tentando?
Seu nariz enruga em confusão. — Por que eu não faria isso?
Tento controlar minha paciência. É como se ele não se lembrasse de que suas
circunstâncias mudaram. Abandono o tom, tentando não ser condescendente, mas
tenho certeza de que minhas palavras ainda saem assim. — Você está tentando
porque quer ou porque seu pai quer que você faça?
Eu sei que não deveria falar do pai dele, não depois de tudo o que aconteceu,
mas ele tem que perceber que o prefeito ainda está mexendo os pauzinhos. Blaine
não é um idiota. Ele tem que ver o quanto fazer toda essa merda extra o está
matando.
— Foda-se, Silas! — ele diz, saindo do meu colo. — E se eu gostar de beisebol?
— Bem e você gosta? — Eu respondo, mantendo minha posição. —Você
realmente gosta de metade das merdas que faz?
— Claro que eu faço! — ele argumenta, com o rosto vermelho de irritação.
— Qual é a porra do seu problema esta noite?
Belisco a ponta do nariz e luto contra a vontade de acertar o queixo do meu
namorado perfeito. Ele quer saber qual é o meu problema? Ele é.
Quando ele finalmente chegou ao trailer depois da escola, eram cerca de seis
horas. Eu estava esperando por ele para que pudéssemos jantar, mas ele desmaiou
assim que passou pela porta. O filho da puta nem me beijou primeiro. Assim que
finalmente o acordei, fomos ao Kelly's Diner, onde ele se recusou a comer qualquer
coisa além de um maldito milkshake.
Ele está exausto, fora de si, e eu não gosto disso.
Processe-me se eu quiser que meu namorado seja feliz e saudável.
— Eu simplesmente não entendo por que você faz todas essas coisas
aleatórias, — afirmo enquanto começo a listar todas as suas atividades
extracurriculares com os dedos. — Conselho Estudantil, Clube de Reciclagem,
Equipe de Debate, Clube Chave – seja lá o que for – e agora beisebol? O que você
tem?
— Gosto de estar envolvido!
— Não, você não faz!
Nós dois baixamos a voz quando percebemos que atraímos uma audiência.
Eu zombo do velho na cabine ao nosso lado quando ele nos lança um olhar feio, e
Blaine dá um tapa no meu peito em aviso. — Não seja um idiota, Silas.
— Apenas admita que você não gosta dessa merda, — rosno, voltando-me
para ele. — Admita que você odeia isso, porque eu sei que você odeia.
Ele zomba. — Você não sabe disso.
Eu controlo toda a calma que consigo. Bem. Ele quer ser um merdinha
teimoso? Acho que tenho que usar as armas grandes.
Ele está pressionado até o outro lado da cabine, então eu me aproximo e o
prendo contra a parede. Então jogo meu braço por cima de seu ombro, trazendo-o
para meu peito, revirando os olhos quando ele tenta lutar comigo.
— Não me toque, — ele sibila, afastando minhas mãos com um tapa. — Eu
não quero falar com você agora.
Suspiro, não deixando que ele se solte, e agarro seu queixo. — Blaine, olhe
para mim. Sinto muito, certo?
— Não, você não sente, — ele ferve, sua mandíbula cerrada enquanto ele
olha para mim. — Você só quer que eu pare de reclamar.
— Isso não é verdade, — digo lentamente, respirando profundamente
enquanto tento reunir as palavras certas. — Eu só... Porra. Eu me preocupo com
você.
Eu me preocupo muito.
Eu nunca imaginei que fosse possível sentir essa maldita preocupação o
tempo todo. Eu consegui um lugar na primeira fila para saber como Blaine vive sua
vida, e isso não é bom. Quando ele não está bebendo Red Bulls e estudando a
qualquer hora da noite, ele está correndo por aí fazendo as merdas mais aleatórias
para as pessoas. Não me fale sobre a porra dos ataques de pânico.
Ele está esgotado e cansado quando chega em casa, sempre tentando parecer
'Blaine', mas eu sei melhor agora. Ele se envolve em tudo para tentar corresponder
às expectativas ridículas que seu pai estabeleceu para ele. Se ele continuar assim,
ele vai se esgotar. Inferno, ele praticamente já está.
A ideia de pessoas o machucando me deixa violento, mas a ideia de ele se
machucar me deixa doente.
Seu rosto suaviza e ele solta um pequeno gemido, a cabeça caindo para frente
e descansando na mesa. — Me desculpe, eu não deveria ter reagido assim. Eu sei
que você tem boas intenções, mas não posso simplesmente desistir. Tenho
obrigações e não quero decepcionar ninguém.
— Por que você acha que vai decepcionar as pessoas? — Eu pergunto,
segurando sua testa e ajudando-o a se sentar.
— Porque esses são os meus compromissos, se eu não aparecer e fazer as
coisas que disse que ia fazer, quem mais o fará? Sim, posso nem sempre gostar, mas
esse não é o ponto. — Ele fecha os olhos, apertando a calça jeans enquanto balança
a cabeça. — Não posso colocá-los nessa posição. Sobrecarregado ou não, não é a
coisa certa a fazer.
Ok, entendi. Eu seria da mesma forma se fossem os caras. A diferença é que
eles nunca iriam querer que eu me prejudicasse. — Você não tem que adicionar
mais ao seu prato. Beisebol não é algo que você precisa fazer.
Ele contempla isso por um momento antes de concordar. — Sim, você tem
razão.
— Embora, se você quiser interpretar como arremessador e treinador, eu
estaria animado, — provoco, querendo aliviar seu humor.
— Você não é engraçado, — ele resmunga, mas posso ver o humor enchendo
seus olhos. Ele respira fundo e inclina a cabeça em concordância. — Acho que não
quero jogar beisebol este ano.
Aí está meu bebê razoável. Eu estava esperando ele voltar. — Isso é tudo que
peço, apenas diminua um pouco o ritmo. Você não precisa ser tão acelerado o
tempo todo. Pode até diminuir os ataques de pânico.
— Você acha? — ele pergunta, um pouco esperançoso. — Eu realmente os
odeio, Si. Eu gostaria que isso não acontecesse com tanta frequência.
Eu também desejo isso.
Eu o trago em meus braços mais uma vez, sorrindo quando ele não luta
comigo dessa vez, e beijo sua testa. — Não sei se vai ajudar, não sou médico, mas
talvez você devesse consultar um?
— Seriamente? — Suas sobrancelhas franzem e ele inclina a cabeça para o
lado enquanto me olha.
— Você é quem quer se tornar um. — Não posso deixar de balançar a cabeça.
— Você deve saber que é normal que as pessoas procurem ajuda quando precisam.
Ele morde o canto do lábio enquanto pensa nas minhas palavras. —Olha, eu
sei que é super saudável ver alguém quando você está passando por dificuldades.
Entendi. Eu simplesmente nunca pensei…
Ele nunca pensou que era uma opção para ele? Seu pai o viu lutando contra
todos esses demônios e não fez nada, então Blaine aprendeu que tinha que lidar
com isso sozinho? Bem, ele não está sozinho agora. É escolha dele querer ver
alguém, mas sempre o encorajarei a fazer o que for melhor para sua saúde.
— Basta pensar nisso, — eu sussurro, passando meus dedos por seu cabelo
macio.
Ele olha para mim, com um pequeno sorriso no rosto antes de beijar meu
queixo. — Obrigado, Si.
Resisto à vontade de revirar os olhos e engasgar com o que estou prestes a
dizer. — Qualquer coisa por você. — Eu seguro o milkshake agora vazio. — Outro?
— Que tal um hambúrguer em vez disso? — ele pergunta. — Estou
morrendo de fome.
Claro que ele está, porra.
Eu não digo isso, no entanto, apenas aceno para nossa garçonete e faça o
pedido. Não falamos sobre nada de especial enquanto esperamos pelo jantar. Conto
a ele como Bunky quase teve o dedo arrancado quando tentou acariciar o
chihuahua de um cliente, e ele me conta sobre a conversa ‘tão emocionante’ que o
Clube de Reciclagem teve sobre encomendar novas lixeiras.
Mas é o que ele diz no meio da refeição que me faz querer terminar com ele
naquele mesmo segundo. Na verdade não, porque ele está preso comigo, mas estou
pensando na surra que ele receberá mais tarde.
— Porra, não, — eu digo inflexivelmente, pronto para fugir da cabine.
Seu lábio inferior se projeta em um beicinho enquanto ele tenta e não
consegue me fazer concordar. — Silas...
— Eu disse não. — Não está acontecendo. De jeito nenhum.
— Oh vamos lá!
— Eu não vou à porra do baile com você! — Meu tom está cheio de
aborrecimento e horror porquê... sim. Maldito baile de formatura. Não, obrigado.
Blaine tenta me dar os maiores olhos de cachorrinho que eu já vi, mas não
me mexo. De jeito nenhum eu vou me espremer em um smoking e marchar feliz
até o refeitório com decoração horrorosa da nossa escola. Não me importa quantos
boquetes ele me ofereça, não vou fazer isso.
— Você ficaria tão fofo, — ele murmura, já em seu telefone e procurando
aluguel de smoking. — Você acha que ficaria melhor de azul ou preto? Devíamos
comprar uma flor na lapela para você também.
Não sei o que é isso, mas não há nenhuma maneira de eu conseguir um.
Arranco o telefone da mão dele, enfiando-o no bolso de trás antes que ele
possa alcançá-lo. Ele me lança um olhar ameaçador e eu lhe lanço um olhar de
lobo em resposta.
— Seriamente? — Ele zomba, erguendo as sobrancelhas. — Você acha que
tenho problemas em agarrar sua bunda para pegar meu telefone?
Caramba.
Mas antes que ele possa prosseguir com sua ‘ameaça’, meu telefone toca na
mesa, chamando nossa atenção.
— Quem é aquele? — Ele pergunta, mastigando uma batata frita enquanto
olha para o meu telefone. — Raid? O que ele quer?
RAID
Onde vocês estão gente?
— Ele quer saber onde estamos. — Jogo meu braço em volta de seu ombro
para que ele possa ver minha resposta.
EU
Comendo. O que você quer?
RAID
Quer se encontrar?
Eu olho para Blaine em questão. — Quer companhia esta noite?
— Depende do que eles querem fazer, — diz ele, comendo outra batata frita.
EU
Para quê?
RAID
Uma festa.
EU
Que festa?
RAID
Festa em casa. Tenho que vender alguma merda.
RAID
Vamos. Vocês dois podem foder outra hora.
RAID
Bunky diz que vai usar a Força em você. Seja lá o que isso signifique.
— Que porra é essa?— Eu pergunto em confusão.
— Star Wars, Si, — ele explica como se eu fosse um idiota. Quando continuo
lançando um olhar vazio, ele revira os olhos. — Nós realmente precisamos de uma
TV no trailer.
Estou prestes a dizer a ele que provavelmente conseguiremos pegar um no
ferro-velho quando o telefone dele toca. Dando-me um sorriso, ele enfia a mão no
bolso de trás e tira. Reviro os olhos, mas franzo as sobrancelhas quando seu sorriso
desaparece. — O que é?
— Meu pai de novo, — ele grunhe, passando a mão frustrado pelo cabelo. —
Ele não vai me deixar em paz. Eu juro, é como se ele pensasse que eu voltaria
rastejando, como se nossa briga nunca tivesse acontecido. Tenho mais orgulho do
que isso e preciso que ele perceba ele fez merda. Talvez se ele pedisse desculpas, eu
estaria mais disposto a conversar, mas ele está apenas tentando encobrir tudo. É
irritante.
Levanto uma sobrancelha e esfrego seu ombro. — Você acha que ele vai se
desculpar?
— Duvidoso. — Ele bufa antes de suspirar dramaticamente e deixar cair a
cabeça contra a cabine. — Acho que vamos esperar para ver.
Eu gostaria de ser melhor nessa merda de namorado. Quero consolá-lo, fazê-
lo se sentir melhor em relação ao pai, mas não sei como. Não sem soar como um
disco quebrado.
BUNKY
Nem mesmo Han Solo pode protegê-lo se você desistir.
Não tenho ideia de quem seja, mas isso não é da minha conta no momento.
Olho para Blaine novamente e posso dizer que ele está lendo algo do prefeito
em seu telefone. Seu rosto está todo contraído de raiva, mas há uma tristeza
persistente em seus olhos que me atinge. Ir a essa festa pode ser uma boa maneira
de distrair a situação com o pai. Ele poderia se divertir.
— Por que simplesmente não vamos? — pergunto, já sabendo qual será a
reação dele.
— Ugh, não, — ele murmura, e vejo um pouco de desgosto em suas feições.
— Isso pode fazer você se sentir melhor. Tirar sua mente das coisas, — eu
digo, lutando contra meus instintos e realmente tentando convencê-lo. Ele franze
os lábios enquanto pensa sobre isso, e posso dizer que ele ainda não quer. — Ah,
vamos lá, vamos embora. Podemos sair por algumas horas, apenas relaxar com os
amigos.
— Eu não sei, Si...
— Ei, Bunky disse que iria enviar um cara se eu não aparecesse.
Ele inclina a cabeça para o lado e olha para o meu telefone. Depois de um
segundo, ele começa a rir. — Você está com medo de Han Solo?
— Eu nem sei quem diabos é.
Ele ri de novo, como se tudo isso fosse a coisa mais engraçada que ele já viu.
— Nós realmente precisamos daquela TV para que eu possa mostrar o que você
está perdendo. Star Wars é como um produto básico da infância. Você está
perdendo.
— É sobre alienígenas ou algo assim, certo? Esse não é o meu forte.
— Não exatamente. — Ele balança a cabeça. — Você teria que assistir para
conseguir entender.
— Não sei sobre isso, — digo apreensivamente. Quando meu telefone vibra
novamente, percebo que saímos do assunto e não quero ouvir mais nenhuma
merda dos meus amigos, então cutuco Blaine com o cotovelo. —Então, festa?
Ele olha para o telefone e depois para mim. Leva um segundo, mas ele
finalmente cede. — Tudo bem, vamos lá.
Terminamos nossa comida e pagamos a conta rapidamente, e eu mando uma
mensagem rápida para Raid pedindo o endereço. Não me preocupo em responder
a mensagem de texto para Bunky, que irá - e cito - invocar o poder dos Sith para
me arrastar para fora do restaurante.
— Está pronto?— pergunto a Blaine enquanto saímos da cabine.
Ele balança a cabeça antes de me dar um beijo feliz nos lábios. — Sim.
Eu seguro sua mão enquanto saímos, realmente animado com o fato de poder
cuidar do meu namorado.
Vai ser uma boa noite.
TRINTA E SETE
Blaine
Silas
KENT
Preciso que você venha acabar com essa festa. Encontrei algo que pode chocar
você.
Em anexo está uma foto de Blaine desmaiado no meu carro com um saco
grosso de cocaína no colo.
— Um drogado e traficante? — Kent ri. — O que o prefeito Yates e os olheiros
pensarão?
A questão é que não é isso que me atinge. A imagem de Blaine combinada
com o conhecimento de que Kent de alguma forma armou para meu namorado
não é o que faz minha pele queimar. O que descobri é muito, muito pior.
Kent tinha drogas com ele. Kent deu uma bebida a Blaine. Blaine não estava
se sentindo bem.
Não me diga que ele...
— Você o drogou! — Eu rosno, sacudindo-o com uma ferocidade que eu não
sabia que tinha. — Você, porra, realmente batizou essa bebida!
Vejo vermelho, algo dentro de mim estalando como um elástico. Não penso
em Blaine, não penso na minha mãe e não penso nas coisas habituais que faria para
me impedir de perder completamente a cabeça. Estou muito consumido pela fúria
ardente que queima dentro de mim.
Eu recuo, batendo meu punho em seu rosto com tanta força que posso sentir
o osso quebrando sob minha mão. Sim, eu definitivamente quebrei a porra do nariz
dele, mas para garantir, faço isso de novo, acertando o mesmo ponto e aproveitando
o gemido doloroso que sai de sua boca.
Esse filho da puta drogou meu namorado. Ele poderia tê-lo matado
adicionando merda tóxica ao seu corpo, e ele tem a coragem de rir disso. Na
verdade, ele me olhou na cara de forma provocadora, como se fosse uma maldita
piada enquanto fazia isso.
Não, foda-se isso e foda-se ele. Ele mexeu com a porra da pessoa errada.
— Por que diabos você fez isso! — Eu grito, acertando-o na mandíbula em
seguida. — Você pensou que poderia foder com o que é meu e escapar impune?
— Silas!
Ignoro Bunky e Raid. Foda-se eles também. Embora eles estejam me pedindo
para parar, eles não ousam me tirar desse bastardo. Se o fizessem, eu também
arrancaria os dentes deles.
Um dente sai voando da boca de Kent, o sangue borbulhando em sua boca e
se acumulando em seus lábios, mas não estou satisfeito. — Isso vai te ensinar uma
lição!
Seu corpo cai no chão e eu o chuto duas vezes na lateral, sentindo prazer com
seus grunhidos de dor. Então me jogo em seu peito para desferir golpe após golpe
em seu rosto. Ele geme um pouco mais, tentando rolar para longe de mim, mas não
cederei.
— Seu idiota estúpido, ciumento e egoísta! — Grito, sentindo a pele dos nós
dos dedos se romper, e mesmo sabendo que minhas mãos estão inchando, não paro.
Vou vencê-lo até quebrar minha própria mão. — Você poderia tê-lo matado!
Ele poderia ter matado a única coisa boa da minha vida, a única coisa que
realmente importou para mim, a única coisa que me deu esperança na minha
existência miserável.
Algum tempo depois, perdi os sentidos e, quando dei por mim, estava sendo
jogado contra o carro com Bunky e Raid segurando meus braços, conversando
comigo calmamente enquanto tentam me empurrar.
Eu olho para o corpo ensanguentado de Kent e questiono se ele está
respirando até ouvir o som gorgolejante de um gemido saindo de seus lábios.
Eu me movo para terminar o trabalho, mas a voz de Raid corta a neblina,
interrompendo meu movimento para frente. — Pare. Você tem que parar antes de
matá-lo.
— Esse é o objetivo! — grito, acertando Raid na mandíbula quando libero
meu braço de seu aperto.
— Porra! — Raid xinga, tentando se agarrar a mim.
— Não, agora precisamos nos concentrar em Blaine! — Bunky grunhe
quando meu punho atinge seu estômago, mas nenhum deles desiste. —Precisamos
nos concentrar em ligar para o xerife e descobrir para onde o levaram!
Ele está certo, mas porra, não consigo pensar direito. Rangendo os dentes,
paro de lutar contra eles, erguendo a mão para segurar meu cabelo enquanto
respiro algumas vezes. Depois de um momento, estendo minha mão fodida, sem me
importar com o sangue seco. — Dê-me o telefone dele.
Raid o entrega enquanto eu chamo rapidamente de ‘papai’, tentando conter
a bile na boca quando o som da voz do xerife Masterson soa através da linha.
Ele atende depois de dois toques, com a voz baixa, como se estivesse
dormindo. — Sim, filho?
— Não é seu filho, — respondo com raiva, andando na frente de Bunky e
Raid enquanto tento me controlar.
Ouço a rápida mudança quando o xerife grita na linha: — Quem é esse?
— Se você não quer que seu filho morra esta noite, seria do seu interesse me
encontrar.
TRINTA E NOVE
Silas
Bato os punhos contra a porta, os nós dos dedos quebrados ardendo a cada
batida.
Tenho uma mão batendo para chamar a atenção do xerife enquanto a outra
tenta segurar Kent quase inconsciente. Você pensaria que depois da ligação, ele
estaria esperando por nós lá fora. Acontece que o xerife é tão idiota quanto seu
filho.
Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, o xerife atende a porta.
Ele está vestido com a porra do pijama, como se esta fosse uma festa do pijama
casual tarde da noite. Então ele avalia o estado de seu filho. O filho da puta saiu
fácil, na minha opinião. Kent está desmaiado e não consegue sentir toda a dor que
infligi a ele neste momento. Eu gostaria de ter pegado algumas drogas na loja de
Whaley antes de vir para cá, porque Kent merece sentir tudo.
— O que você fez? — o xerife grita, correndo e caindo de joelhos, e começa
a tocar cautelosamente seu filho enquanto tenta acordá-lo. — Kent? Kent!
— Não consigo ouvir você, — rosno, irritado. — Agora vamos conversar.
O xerife estreita os olhos, provavelmente desejando ter sacado a arma. Ele é
um idiota por deixá-lo dentro de casa em primeiro lugar. Sou um canhão solto
agora, capaz de quebrar o pescoço do filho pelo que ele fez ao meu namorado.
Mas meu plano é mais seguro, mais limpo e melhor para Blaine.
Ele é tudo o que importa.
— O que você quer? — ele pergunta, levantando-se mais uma vez, os punhos
cerrados ao lado do corpo enquanto seu rosto rechonchudo fica vermelho. — O
que aconteceu?
— Você não pode fazer perguntas, — eu fervo. — Você e seu filho foderam
tudo esta noite, e a única maneira de mantê-lo vivo é fazer exatamente o que eu
digo.
— Isso é sobre Blaine? — ele pergunta, uma mistura de choque e desgosto
em seu rosto. — Eu não me importo com o que vocês dois...
Dou um chute rápido na barriga de Kent. É tão difícil que o filho da puta
inconsciente geme em seu sono involuntário. Quando o xerife abre a boca para
falar, faço isso de novo e de novo até que mais sangue escorre dos lábios quebrados
de Kent. O xerife protesta, mas não faz nenhum movimento para me impedir. Que
merda ele é. Não consegue nem proteger a própria carne. Sim, Whaley estava certo
anos atrás. Há uma diferença muito grande entre pessoas como eles e pessoas como
nós.
— Você vê? — Eu questiono, inclinando a cabeça para o lado quando
finalmente deixo seu filho de lado. — É assim que vai funcionar. Eu vou falar e
você vai ouvir. Se no final chegarmos a um acordo, deixarei você levar seu filho
idiota ao hospital.
O xerife quer discutir, todo macho alfa do planeta faria, mas ele mantém a
boca fechada. Bom. Embora uma parte de mim esteja chateado porque, para esse
plano funcionar, eu não posso realmente matar Kent.
A lembrança do rosto drogado de Blaine surge em minha mente. Meu
coração se parte ao ver como suas palavras foram arrastadas e como ele segurou
seu estômago quando eu o levei para o carro.
Kent merece morrer.
Balanço a cabeça, afastando meus pensamentos assassinos. Não. Eu sei o que
preciso fazer.
— Blaine vai sair de lá e você vai encontrar uma maneira de fazer isso
acontecer. — O xerife apenas olha para mim, com a mandíbula cerrada até eu
revirar os olhos. — Você pode falar agora.
— Mesmo que eu considerasse fazer isso, não posso simplesmente deixá-lo
ir, — ele argumenta, olhando para mim como se eu fosse um idiota, mas é melhor
ele tomar cuidado porque tenho a vida de seu filho em minhas mãos. — Os outros
policiais também viram as drogas nele. Ele tinha o suficiente para ser acusado de
posse e intenção de vender. Ele não vai sair de lá tão cedo.
Eu sabia. Eu tinha planejado essa resposta, então faço o que sei que deve ser
feito.
— Eu plantei isso nele.
É a única maneira.
Whaley uma vez me disse que protegemos nossa família e Blaine é minha
família. Meu cara tem grandes planos para o futuro. Ele irá para uma escola chique
e se tornará médico. Ele é inteligente e gentil e tudo o que eu não sou. Se alguém
merece apodrecer atrás de uma cela de prisão, sou eu. Todo mundo pensa que não
sou bom e inútil, mas Blaine não. Blaine – compassivo, inteligente, motivado – acha
que valho mais.
Blaine está numa cela por minha causa. É minha culpa que ele tenha sido
drogado. Falhei em protegê-lo e esta é a única maneira de cumprir minha
promessa.
O xerife inclina a cabeça para o lado, mas vejo a alegria em seus olhos
redondos. — Você fez?
— Sim, — eu digo, sem nem um pingo de hesitação na minha voz. —Quando
soube que a polícia estava chegando, coloquei-os sobre ele.
— Por quê?
— Isso importa?
Isso não acontece, e eu sei disso. O xerife sempre quis me adicionar à sua
coleção de Richards que ele colocou atrás das grades. Primeiro meu pops, então
Ryker, e agora eu. O xerife Masterson não dá a mínima se o que estou dizendo é
verdade, e ele também não dá a mínima para o motivo de estar fazendo isso.
Não preciso explicar nada para ele.
— Ele vai sair, certo? Sem cobranças? Eu vou com você e Blaine sai.
O olhar do xerife desce para seu filho no chão antes de ele acenar
rapidamente. — Não há razão para um homem inocente estar atrás das grades.
Palavras engraçadas ditas por um policial corrupto.
— Eu plantei produto nele e espanquei seu filho até a morte, — repito antes
de me virar e colocar as mãos atrás da cabeça.
A partir daí, tudo acontece rapidamente.
Uma ambulância chega para levar Kent ao hospital enquanto algemas de
metal prendem meus pulsos. Sou empurrado com tanta força na traseira de um
carro da polícia que sei que minhas costelas vão ficar machucadas. Passo por todo
o processo que meu pai e meu irmão passaram, sabendo que irei vê-los em breve,
mas é assim que precisa ser.
Eu sempre acabaria aqui, não é? Pelo menos assim, irei por um motivo
honroso. Não pode haver melhor maneira de proteger as pessoas que amo do que
me entregar por elas.
E eu amo Blaine Yates.
Não acredito que tentei lutar contra isso. Todos eles estavam certos, mamãe
e meus amigos sabiam disso antes de mim. Não tenho dúvidas de que Blaine é o
amor da minha vida. A maneira como ele me beija faz meu coração cantar, como
a porra de um conto de fadas ou algo assim. Cada vez que ele sorri, morro um
pouco, mas sua risada me traz de volta à vida. Quando ele me toca com mãos doces
e ternas que não mereço, tudo no mundo se acalma.
Blaine pode pensar que não, e outras pessoas podem me dizer que estou
errado, mas ele é perfeito em todos os sentidos da palavra. Ele veio entrou na minha
vida quando mais precisei dele e me fez sentir uma pessoa real. Ele me deu o valor
que eu não acreditava ter.
Então, enquanto sou empurrado para uma cela, cercado por criminosos que
parecem querer me despedaçar membro por membro, sorrio com toda a calma do
mundo.
Finalmente encontrei meu propósito na vida: proteger Blaine Yates.
QUARENTA
Blaine
Blaine
Blaine
— Tem certeza que quer fazer isso? — Whaley pergunta, me dando um olhar
cético enquanto estamos na frente da minha casa.
Donna pega meu braço. — Você não parece muito bem, querido.
Bem, eu também não me sinto bem. Honestamente, estou me sentindo um
pouco traumatizado por estar aqui. Foi aqui que cresci, num ambiente frio, preso e
cheio de uma ansiedade avassaladora. Foi aqui que meu momento íntimo com Silas
foi revelado, invadindo nossa privacidade. Foi aqui que papai escolheu o futuro que
planejou em vez do futuro que eu queria.
O plano de Whaley pode funcionar. Mesmo que as chances sejam mínimas,
Silas merece que tentemos.
Tivemos que esperar um pouco antes de vir aqui, porque Whaley precisava
solidificar o que íamos fazer e dizer, e Raid precisava entrar em contato com seu
contato no Viper. Já está quase anoitecendo e sei que papai está em casa. Detesto
que tenhamos perdido quase um dia inteiro, mas foi o melhor.
Porque se isso funcionar, logo terei Silas de volta em meus braços, onde ele
pertence.
— Você vai fazer as honras? — Whaley aponta para a porta.
— Eu não preciso, — eu digo, puxando minha chave. — Ele não tirou isso
quando me expulsou.
— Vamos então, — diz Donna, estalando os nós dos dedos como se estivesse
prestes a lutar. Eu sei que ela quer acabar com isso tanto quanto eu.
Whaley assente antes de dar uma última olhada na pasta em suas mãos. —
Seu velho terá uma surpresa.
Não tenho ideia de como ele consegue quebrar a tensão, mas consegue. Sim,
papai vai pirar quando vir o chefe dos Aces e uma mãe motociclista durona em sua
casa.
Bem, foda-se muito ele. Ele merece.
Deixei-nos entrar, tentando ignorar o aperto em meu estômago enquanto
nos conduzia pela casa. Não fico muito em lugar nenhum e nos levo direto para o
escritório do meu pai, onde posso ouvi-lo do outro lado da porta, provavelmente
ao telefone, mas não me preocupo em esperar. Com uma última olhada para
Whaley, abro a porta.
Papai não nos nota a princípio porque está de costas. Vou abrir a boca, mas
Donna tem uma abordagem muito mais interessante. Ela marcha direto para a
mesa do papai, batendo os punhos na madeira antes de bater as mãos e derrubar
tudo de uma vez.
— Ei, idiota! — Ela grita. — Você tem companhia!
Papai se vira rapidamente, os olhos arregalados de choque. Não sei dizer se
ele está mais surpreso por haver Aces em sua casa ou porque ninguém jamais ousou
falar com ele desse jeito.
— O quê... — Então ele me vê, franzindo as sobrancelhas em desgosto
enquanto zomba e desliga o telefone. — Sério, filho? Você tem me ignorado e é
assim que escolhe voltar para casa?
Engulo o nó na garganta. Fui um covarde durante toda a minha vida, nunca
ousando me libertar de minhas expectativas, mas me recuso a ser covarde
novamente.
— Silas está na prisão, — afirmo, endireitando os ombros e me mantendo
firme.
Papai cantarola revirando os olhos. —Não é nem um pouco surpreendente.
Aquele garoto estava destinado a acabar como o resto da família.
— Cuidado com a boca, — Donna sibila. — Posso parecer pequena, mas vou
te dar uma surra se continuar falando sobre minha família desse jeito.
Droga, a mãe do Silas é uma fera. Agora eu sei de onde ele tirou isso.
Talvez não seja esse o caminho que queremos seguir.
— Donna… — Whaley avisa, parecendo concordar comigo.
Ela endireita os ombros e levanta as mãos em sinal de rendição. —Bem.
Apenas me dê sinal verde e eu farei isso.
— O que é que você quer? — Papai pergunta, pegando o telefone. —É melhor
vocês se explicarem em dois minutos antes de eu ligar para o xerife.
— É engraçado você mencioná-lo. — Whaley ri, colocando a pasta na mesa
do pai. — Você pode querer dar uma olhada nisso.
Ele estreita os olhos enquanto olha para a pasta antes de balançar a cabeça.
— E por que eu iria querer fazer isso?
— Faça isso, — eu respondo, com intenção mortal em minha voz.
Ele me olha com curiosidade, mas cede e pega a pasta, folheando-a
rapidamente, cada papel fazendo suas sobrancelhas subirem e seus lábios
franzirem ainda mais. — O que… o que estou olhando?
— É o seu precioso xerife Masterson envolvido em algumas atividades ilegais,
— diz Whaley, parando em frente ao meu pai e arrumando as fotos para ele. — E
esse é o filho dele, comprando drogas da mesma gangue.
Sim, Raid realmente conseguiu isso. Acontece que o contato dele tinha
algumas fotos antigas de Kent comprando uma tonelada de drogas. É realmente
genial. Quem não teria provas fotográficas do filho do xerife envolvido em
atividades ilegais? Não tenho ideia de como Raid consegui convencer o cara a dar
a ele, já que os Aces e os Vipers são inimigos jurados, mas não vou questionar.
— O que você quer que eu faça com esta informação? — Ele solta um
grunhido exasperado, largando os papéis enquanto nos encara com um olhar duro.
— Você não deveria ser inteligente? — Donna rosna de irritação. — O que
você acha que queremos?
— Silas fora da prisão, — afirmo, não deixando que haja a menor dúvida
sobre nossas intenções. — Kent plantou drogas nele e precisamos que você prove
isso.
— E livre-se do xerife, — acrescenta Whaley. — Faça com que ele seja
acusado de posse e intenção de vender.
Os olhos do papai se arregalam. — Com isso? Tudo isso é circunstancial.
Talvez a foto de Kent seja suficiente, mas não há como saber o que o xerife estava
fazendo. O tribunal nunca o condenaria.
— Talvez não, — diz Whaley, encolhendo os ombros. Então ele dá sinal verde
para Donna e ela vasculha sua bolsa. — Mas acho que isso seria suficiente.
Papai engasga quando Donna coloca um pacote grosso embrulhado em
marrom em sua mesa. Papai não é idiota. Ele sabe exatamente o que é quando o vê.
— Isso não pode ser...
— É exatamente o que é, — respondo, apontando para o produto. —Você vai
encontrar uma maneira de fazer com que a polícia encontre essas drogas no xerife.
Você vai testemunhar que viu Kent comprando drogas e, de alguma forma, terá
uma ideia de como tirar Silas de lá.
Whaley, Donna e eu sabemos que não é um plano perfeito. Há muitas pontas
soltas e muitos fios, mas estamos desesperados. Este foi o único plano que
conseguimos bolar para nos livrarmos das pessoas que nos traíram e tirar Silas de
lá.
Embora Donna tenha se oferecido para matá-los, não tenho certeza se ela
estava falando sério ou não. De qualquer forma, Whaley a acalmou. Pelo menos,
acho que sim. Ela parece perto de perder o controle no momento.
— E por que eu faria isso? — Papai pergunta, balançando a cabeça, incrédulo
com nosso plano. — Você sabe o que aconteceria comigo se alguém descobrisse?
Plantando provas falsas, corrupção da justiça, posso perder a minha posição. Eu
poderia ir para a prisão. Por que eu arriscaria isso?
— Porque o xerife está sujo, — digo a ele, plantando as mãos em sua mesa.
— Porque Kent comprou essas drogas. Porque Kent me drogou.
— Ele… Kent drogou você? — ele diz, seu queixo caindo. Ele me olha com
uma preocupação nos olhos que não estou acostumada a ver. Como se ele
realmente se importasse. — Você está bem? Blaine, me desculpe. Eu não sabia.
— Estou bem e tudo bem, — digo a ele com sinceridade, surpresa por ele ter
perguntado, mas não sendo capaz de pensar nisso agora. — Kent tentou me
incriminar primeiro, mas Silas levou a culpa.
Seus olhos se arregalam. — Ele fez?
— Sim, — eu digo, e foda-se as lágrimas traiçoeiras em meus olhos. — Ele
arriscou ir para a prisão por minha causa. Isso não significa nada para você?
Ele não responde, então Donna intervém. — Não posso acreditar que
chegamos a esse ponto, tentando puxar seu maldito peito sem coração, mas aqui
estamos. Eu amo meu filho, mas o mais importante, ele ama o seu. Ele não merece
estar lá e você sabe disso.
— Os Aces lhe devem uma, — acrescenta Whaley. — Qualquer coisa que
você quiser, nós faremos por você. Tire Silas de lá e considere isso feito.
Eu posso ver isso em seus olhos. Ele está tão perto. Tão perto de aceitar isso.
Bastaria um pouco mais.
Silas é a coisa mais importante para mim. Acima de tudo.
— Eu irei para a Georgia, — deixo escapar, implorando a ele. No fundo, eu
sabia que tinha que chegar a esse ponto. Ainda dói, mas não posso deixar de
implorar quando se trata de Silas. — Irei para a Georgia, almejarei a NFL e farei
tudo o que você quiser. Por favor, pai.
A respiração do papai falha, então ele limpa a garganta, pegando o uísque
antes de olhar para Whaley e Donna. — Posso ficar um minuto a sós com meu
filho?
Ambos se viram para olhar para mim.
— Você tem isso? — Whaley pergunta, genuinamente preocupado.
— Sim, — eu digo. — Estou bem.
Donna parece hesitante, mas agarra meu braço antes de sair. —Estaremos lá
fora, querido. Apenas grite se seu pai precisar de uma surra.
Apesar da nossa situação atual, eu rio. Cristo, eu amo a mãe do Silas. Os dois
saem e papai aponta para o assento à sua frente. Sento-me e ficamos nos encarando
por um longo momento, nenhum de nós sabendo o que dizer, quando finalmente
ele quebra o silêncio.
— Você realmente mudaria seus planos? — ele pergunta, inclinando a
cabeça para o lado. — Você foi tão inflexível que não queria a vida que estabeleci
para você.
— Eu faria qualquer coisa por Silas, — repito pelo que parece ser a centésima
vez. — Você pode achar que ele não vale muito, mas para mim ele vale. Você pode
pensar que ele não tem futuro, mas ele quer muito mais do que esta vida. Ele é leal,
protetor e um bom homem.
— E você o ama?
— Sim. — Eu rio, pegando a corrente em volta do meu pescoço. — Eu
realmente faço.
Ele mastiga o interior da bochecha antes de olhar mais uma vez para os
papéis. — Se eu fizesse isso, seria complicado.
Meu coração acelera, esperança e otimismo enchendo meu peito. —Faríamos
qualquer coisa para ajudá-lo. Nós até assumiríamos a responsabilidade se você
fosse pego.
— Eu... acho que não faria isso, — diz ele, suspirando profundamente. —
Quero dizer, afinal de contas, suspeitei que o xerife Masterson não fosse tão
honesto quanto afirma ser. Se ele realmente for um criminoso, e já que o filho dele
drogou você, eles merecem ser penalizados por suas ações.
— Exatamente. Pense nisso. Estamos fazendo a coisa certa, só que de uma
maneira diferente. — Tento argumentar com ele, rezando para quem está ouvindo
para que ele desista. Eu preciso que ele faça isso.
Papai me encara por um longo momento e há algo de desculpas em seus
olhos. Ele balança a cabeça. — Você não precisa ir para a Georgia.
— O quê? — Meus olhos se estreitam em confusão. — Mas...
— Você estava certo. — Sua voz parece dolorida, sua mandíbula tensa, e
posso dizer que está custando a ele admitir que estava errado. —É a sua vida. Eu
pensei sobre isso. Posso não concordar com isso – sua escolha de namorado e sua
escolha de escola – mas você tem sido um bom filho. Eu te amo e você tem direito
à sua própria vida.
Eu riria da maneira como ele disse que me amava se não estivesse tão em
estado de choque. Não sei se acredito totalmente nele, mas papai nunca mentiu
para mim antes. — Obrigado. Eu prometo que não vou decepcionar você.
— Eu sei que você não vai. — Ele ri. — Olha, isso pode levar alguns dias.
Ainda não tenho certeza sobre esse seu plano. Pode não funcionar.
— Por favor, tente, — eu imploro, odiando que isso demore, porque eu não
quero nada mais do que ter Silas agora. — Isso é tudo que queremos.
— Deixe-me pensar um pouco, — diz ele enquanto folheia as fotos
novamente. — Ligo para você amanhã quando tiver tomado minha decisão. —
Concordo com a cabeça e me levanto, mas ele me impede. — E, Blaine, por favor,
volte para casa.
Eu penso sobre isso por um minuto. Silas diria que sou muito indulgente, mas
papai fez grandes progressos esta noite. Embora eu não saiba se poderia morar
nesta casa se ele não concordasse em ajudar Silas, mas também não quero descartar
essa possibilidade. Ele tem sido mais aberto e honesto do que nunca e, se fizer a
coisa certa, quero conhecer melhor esse lado dele.
— Deixe-me pensar um pouco, — brinco, imitando suas palavras.
Ele apenas sorri para mim e acena com a cabeça. — Tudo bem. Você esteve
seguro?
— Sim, — eu digo facilmente. — Tudo tem sido bom.
— Bom, — ele repete, limpando a garganta como se não soubesse o que fazer
agora. — Aguarde minha ligação amanhã.
Saio com um sorriso de despedida e falo com Donna e Whaley na saída, mas
elas não estão tão esperançosas quanto eu. No entanto, no fundo, esse otimismo
ainda existe. Eu tenho que mantê-lo lá. Se eu corresse, desmoronaria, e não posso
fazer isso porque preciso ser forte por Silas.
Tudo o que posso esperar é que papai faça a coisa certa.
QUARENTA E TRÊS
Silas
Blaine
12 No original esta 2028, porem tomei a liberdade de alterar visto que ele é formando do ensino médio
e estará na uni no próximo ano.
estava fora. Fui ao trailer e ao campo de futebol, mas você também não estava lá.
Finalmente, fui para a casa do Landon.
Eu torço o nariz em confusão. — E como Landon sabia?
Ele pega o telefone de Landon e o balança no ar. Ele realmente roubou seu
telefone? — Encontre meus amigos, aparentemente. Então seu melhor amigo sabe
onde você está, mas seu namorado não? E se algo tivesse acontecido com você?
A culpa agita meu intestino. Merda, eu não tinha pensado nisso. Desde a coisa
toda sobre Kent, Silas tem sido extremamente protetor comigo. Passamos quase
todos os minutos juntos desde que ele saiu, até mesmo levando-o furtivamente para
o meu quarto à noite para não termos que dormir separados. Enquanto ele está no
trabalho, ele constantemente me manda mensagens de texto. Eu não o culpo. Ainda
estou um pouco abalado com toda essa experiência e me colei ao lado dele de boa
vontade, tanto quanto possível.
Porém, quando penso no que me trouxe aqui, sei que fiz a escolha certa ao
reservar um tempo para mim.
Ainda assim, eu poderia ter dito alguma coisa. — Sinto muito, Si. Eu não
queria fazer você se preocupar. Eu só precisava ficar sozinho um pouco.
— E isso está mais do que certo, — diz ele, suavizando enquanto caminha o
resto do caminho até minha caminhonete. — Eu não sou um idiota, Blaine. Você
poderia ter dito alguma coisa. Fiquei preocupado.
Mordo o interior da minha bochecha enquanto o observo. — Você ainda está
bravo comigo?
Ele zomba. — Inferno, sim, ainda estou bravo. Quase me deu um ataque
cardíaco. — Ele aponta para onde estou deitado e depois de volta para o caminho
de onde veio. — Meu carro está ali. Você ainda precisa de um tempo para si
mesmo?
Balanço a cabeça enquanto estendo a mão para ele. Agora que ele está aqui,
não quero que ele vá a lugar nenhum. Ele ri do meu movimento e pula na
carroceria da caminhonete. — Aproxime-se.
Faço o que ele diz e ele se posiciona atrás de mim, prendendo meu corpo
entre suas pernas abertas. Eu derreto em seu peito, suspirando em contentamento
quando ele passa os braços em volta da minha cintura e beija o espaço atrás da
minha orelha.
Tudo é sempre melhor quando ele está por perto.
— O que você tem feito aqui? — ele pergunta.
— Tentando ativamente não pensar.
— E você não poderia fazer isso em campo? É para lá que você gosta de ir,
não é?
Eu balanço minha cabeça. — Desde as fotos…
Simplesmente não parecia mais meu espaço seguro. O campo de futebol à
noite costumava ser o lugar para onde eu poderia fugir, mas agora há muitas
lembranças negativas associadas a ele. Acho que nunca vou superar o fato de que
algumas fotos simples quase arruinaram tudo.
— Entendi, — diz ele, apertando-me com força. — Então, você veio aqui em
vez disso?
— Você não se lembra deste lugar? — pergunto, olhando para ele por cima
do ombro, depois aponto para o norte de nós. — A estrada sobre aquela colina é
para onde você nos levou depois daquela briga no clube.
Ele pensa sobre isso antes de sorrir. — Oh sim. Você gritou meu nome na
frente das vacas. — Dou uma olhada nas vacas mencionadas, percebendo que elas
estão mantendo distância. Coitadas devem estar traumatizadas. — O que você
precisa para escapar, bebê? — ele pergunta, estendendo uma mão para esfregar
meu lábio inferior. — Você não precisa me dizer, mas não posso ajudar se não
souber. Você está se sentindo sobrecarregado?
Lágrimas ameaçam brotar dos meus olhos com o quão bem ele me conhece.
Concordo com a cabeça, me aconchegando sob seu queixo enquanto crio coragem
para contar a ele o que está acontecendo. — Recebi um e-mail esta manhã.
— Sim? — ele questiona, esfregando a mão para cima e para baixo no meu
braço. — O que diz?
— Isso... — Soltei um suspiro profundo e me aconcheguei ainda mais perto,
como se isso fosse impedi-lo de desaparecer magicamente. — Eu entrei em Yale.
— O quê? — ele grita, me empurrando para que ele possa me virar para
encará-lo. Ele tem um sorriso largo no rosto, seus olhos brilhando de excitação
enquanto ele dá um beijo forte em meus lábios. — Isso é ótimo! Espere, mas ainda
é janeiro.
— Solicitei uma decisão antecipada, — digo a ele, sentindo o orgulho em seus
olhos. — Você está realmente feliz?
— Claro, — diz ele, me beijando novamente. — Por que você esperou tanto
para me dizer quando poderíamos comemorar?
— Porque Yale está em Connecticut, — digo a ele com tristeza, incapaz de
evitar que a carranca se aprofunde em meu rosto. — E você está aqui.
A realidade surge para ele, e posso ver o lampejo de dor em seus grandes
olhos castanhos, mas ele faz um ótimo trabalho em mascarar isso assim que
aparece. Ele balança a cabeça para mim, sorrindo, mas não está tão feliz quanto
antes. — Isso não importa.
— Claro que importa! — Eu discuto, deixando cair meu rosto em minhas
mãos. — O que devemos fazer, Si?
— Você quer terminar?
Minha cabeça se levanta tão rápido que fico surpreso por não quebrar meu
pescoço. Olho para ele horrorizado, tentando ler sua expressão estoica. — O quê?
Não. Porra, não. Não vamos terminar. Não diga merdas assim.
— Eu sei que não vamos, — ele diz simplesmente, revirando os olhos. —
Acho que você só precisava se lembrar disso.
— Como vai funcionar? — Eu pergunto, quando de repente um pensamento
me ocorre. — Você poderia vir comigo.
Ele bufa, balançando a cabeça enquanto empurra meu peito. — Isso não é
possível. Você sabe que serei iniciado assim que as aulas terminarem. Eu tenho os
Aces, Liza, June, minha mãe. Tenho pessoas de quem preciso cuidar aqui.
No fundo, eu sabia que ele diria isso. Silas é tão leal. Ele nunca deixaria as
pessoas de quem gosta sem proteção e segurança, especialmente enquanto seu pai
e seu irmão estão presos. Era um coisa estúpida de se mencionar em primeiro lugar,
egoísta até, mas eu tinha que tentar.
— Nós vamos ficar bem, — ele sussurra em um tom tão suave que me faz
querer acreditar nele.
Pressiono minha testa contra a dele, inspirando e expirando profundamente,
tentando entrar nele o máximo que posso. — Como?
— Porque somos nós, — ele responde, levantando meu queixo com o dedo
indicador para que nossos olhos se encontrem. — Porque eu amo você, Blaine
Yates. Não estou planejando ser apenas seu primeiro amor. Estou planejando ser
seu último também.
— Papai acha que sou ingênuo, — admito, lembrando-me da conversa que
tive com ele outro dia sobre Silas e eu. Ele não está totalmente contra nós, mas
tentou me dar conselhos. — Ele diz que esta é apenas uma fase da adolescência
pela qual todo mundo passa. Ele disse que as pessoas por quem nos apaixonamos
aos dezoito anos nem sempre serão aquelas com quem acabaremos.
— Bem, seu pai é um idiota, — ele retruca, com um brilho furioso em seus
olhos. — Ele não sabe nada sobre nós. As pessoas vão pensar que somos loucos?
Claro, mas foda-se o que todo mundo pensa.
— Eu sei que você é tudo para mim, Si, — eu sussurro contra seus lábios,
esfregando meu nariz no dele. — Mas não suporto a ideia de estar tão longe de
você. Não quero que briguemos e terminemos.
Ele ri sombriamente. — Você acha que vou deixar você terminar comigo?
Não, bebê, você está preso. Vou dirigir até New Haven e te foder até que você se
lembre disso.
— Eu poderia ir para a Georgia, — sugiro, o pensamento crescendo em
minha cabeça e, pela primeira vez, não parece tão ruim. — Dessa forma, eu estaria
a apenas uma hora de distância. Eu poderia voltar para casa nos fins de semana ou
até mesmo viajar todos os dias.
Ele balança a cabeça novamente enquanto tira meu cabelo da testa e o beija.
— Foda-se essa merda. Você tem que fazer o que é melhor para você.
— Você é o melhor para mim.
— Eu sei, então é melhor você ouvir o que estou dizendo. — Ele segura meu
rosto entre as mãos, sorrindo tão docemente, me lembrando o quanto eu significo
para ele. — Você vai para Yale, ficaremos juntos e tudo ficará bem. Eu prometo.
A esperança que foi destruída hoje volta à vida. Silas nunca quebrou uma
promessa e não a faz levianamente. Tenho que acreditar que se ele disser que tudo
vai dar certo, então vai dar certo.
— Você sabe o que eu estava pensando hoje cedo? — Ele gentilmente me
afasta e me deita de costas.
— O quê? — Eu pergunto, inclinando a cabeça para ele.
Ele morde o lábio inferior, parecendo dividido por um segundo antes de
xingar baixinho. — Merda, Blaine. Você não vai usar isso contra mim. Estou prestes
a ficar todo piegas e porcaria, e não quero mais ouvir sobre isso depois disso,
entendeu?
Concordo com a cabeça, meu coração começando a acelerar com o que ele
poderia dizer. Ele começa a tirar meus sapatos e meias lentamente, seus olhos
evitando os meus enquanto ele começa a falar.
— Então eu te amo. Eu te amo mesmo não merecendo você. — Abro a boca
para falar, mas ele me cala com um olhar. — Nem tente discutir. Comparado a
mim, Blaine, você é tudo.
Uma vez que meus sapatos estão fora, ele tira meu cinto com calma, batendo
suavemente em meu quadril para que eu possa levantar minha bunda e ajudá-lo a
tirar minha calça jeans.
— Então, isso me fez pensar, como diabos eu deveria mostrar ao meu cara o
quanto ele significa para mim? — Ele beija meus dois tornozelos, passando a língua
até chegar à parte interna da minha coxa antes de pegar minha camisa. — Eu sinto
tanto por você, muito mais do que ‘eu te amo’ jamais poderia dizer.
Lágrimas brotam dos meus olhos e desta vez eu as deixo cair. Tudo o que ele
está dizendo torce meu coração da melhor maneira possível. — Continue.
Ele sorri, passando a mão pela minha barriga nua antes de eu me sentar e
ajudá-lo a tirar a camisa. — Mesmo que meu futuro aqui esteja definido, você me
fez acreditar que valho mais. Você olhou além de todas as minhas besteiras e
descobriu quem eu era de verdade. Não consigo imaginar como poderia retribuir
isso.
— Só por ser você, — respondo gentilmente, fechando os olhos brevemente
com um gemido quando ele se abaixa e coloca um dos meus mamilos em sua boca.
— Si…
Ele sai, mantendo seus olhos conectados com os meus enquanto rasteja de
volta pelo meu corpo. Então ele morde a barra da minha cueca, e vê-lo tirá-la com
os dentes é a coisa mais erótica que já vi. Quando ele os tira, ele os joga atrás dele.
Ele pega um pacote de lubrificante do bolso antes de trabalhar em suas próprias
roupas, enquanto continua falando.
— Então, pensei, se as palavras não podem dizer como você mudou minha
vida, talvez haja outra maneira de fazer isso. — Ele tira sua última peça de roupa
e depois se joga em cima de mim. — Então, Blaine Yates, não vou te foder. Estou
prestes a fazer amor com você.
Porra, chorar muito não é sexy. Eu preciso me recompor. Estico a mão para
esfregar os olhos, mas o aperto mortal de Silas em meu pulso me impede.
— Não, — ele sussurra, inclinando-se para beijar minhas lágrimas. —
Sempre houve besteira entre nós. Vai continuar assim. Quero saber tudo o que você
está sentindo. Se você vai chorar por mim, eu quero ver.
— Ok, — eu sufoco, pegando seus lábios quando ele vai para minha outra
bochecha. Eu quebro seu aperto e jogo minhas mãos em volta de seu pescoço,
agarrando-me desesperadamente a ele. — Mostre-me.
Com um último beijo de despedida em meus lábios, Silas começa sua jornada
pelo meu corpo. Ele para em todos os lugares – meus mamilos, minhas laterais, meu
umbigo, meus quadris – o tempo todo, mordendo, chupando e acalmando a dor
com a língua. Quando ele me leva em seu boca, as manchas douradas em seus olhos
castanhos brilham quando seu olhar se conecta com o meu. Ele lambe uma longa
faixa no meu pau, bombeando-me suavemente com uma mão enquanto a outra
massageia minhas bolas. Uma vez satisfeito, ele empurra minhas coxas para trás e
eu me abro para ele imediatamente. Ele corre o nariz para cima e para baixo na
minha dobra antes de dar um leve beijo em meu buraco.
Quando ele começa a me abrir com a língua e os dedos, é tudo que eu nunca
soube que precisava. Tudo é lento, tudo é amoroso e tudo é cuidadoso.
— Olhe para mim, — ele sussurra enquanto desliza para dentro de mim,
embalando meu rosto com uma mão enquanto a outra esfrega o topo da minha
cabeça. — Pode sentir isso?
Seus deslizamentos lentos me dizem tudo que as palavras nunca poderiam
expressar. Cada impulso suave, cada beijo nos dedos dos pés, cada toque terno me
mostra que sou a coisa que ele mais ama neste mundo.
Nunca imaginei que o amor pudesse ser assim.
— Eu te amo, — eu sussurro, fechando os olhos por um momento enquanto
deixo o que ele está fazendo com o meu corpo me dominar. — Si, nunca vou amar
ninguém tanto quanto amo você.
— Com certeza, — ele diz, sorrindo enquanto agarra meu pau e dá o mesmo
tratamento lânguido. — Você pode gozar assim, querido? Bem devagar?
Eu posso e faço isso, explodindo em suas mãos com um grito silencioso. O
calor me preenche enquanto ele grunhe antes de me beijar apaixonadamente
enquanto goza comigo. Estamos sem fôlego, um pouco suados por causa do ar frio
da Georgia, e ele ri contra meus lábios.
— Nunca vamos falar sobre isso, — ele repete, dando o mais brega dos beijos
na minha bochecha e na minha testa. — Mas agora você sabe.
Concordo com a cabeça, passando as mãos pelos seus cabelos macios,
amarrando-o a mim para que ele não possa sair. — Eu faço.
— Deixe-me dar uma olhada, — diz ele, desembaraçando-se apesar dos
meus protestos. Ele desliza lentamente antes de empurrar minhas pernas no ar e
olhar para o meu buraco. Ele lambe os lábios, olhando para mim através dos cílios.
— Tenho que tirar uma foto disso. Material de punheta para quando você for
embora.
Eu não posso evitar. Começo a chorar de novo. O que aconteceu foi tão
intenso, e meu coração está partido por saber que só me resta uma quantidade
limitada desses momentos. Silas sabe o que estou pensando e deita a cabeça no meu
peito, entrelaçando nossas pernas.
— Não será para sempre, — ele promete, brincando com a mecha de cabelo
escuro na base do meu pau. — Vai ficar tudo bem.
Mas não tenho muita certeza de como devo continuar e viver minha vida
sem a outra metade de mim. Em um momento de clareza, percebo que não éramos
nada mais do que amigos de foda que se odiavam antes. Não consigo nem imaginar
uma época em que não estivesse mais perdidamente apaixonado por Silas Richards.
E sempre serei, não importa o que aconteça.
QUARENTA E CINCO
Silas
ATLETA ARROGANTE
Ei, você usou meu desodorante esta manhã? Você sabe o quão nojento isso é?
Balanço a cabeça com uma risada, digitando uma resposta rápida antes de
afastar meu telefone.
É tão doméstico, tão brega, tão diferente de tudo que eu pensei que teria.
Sim, talvez as coisas possam ser assim tão fáceis, afinal.
QUARENTA E SEIS
Silas
13 Drag racing é um tipo de corrida automobilística em que automóveis ou motocicletas competem, geralmente
dois de cada vez, para serem os primeiros a cruzar uma linha de chegada definida.
Droga, eu estraguei tudo. Estou me culpando por isso. Por que não organizei
um jantar romântico à luz de velas e encerrei a noite? Eu poderia talvez tê-lo levado
para as montanhas ou algo assim e montado uma tenda do amor. Isso é uma coisa,
certo? Acho que ele até prefere voltar para o campo com aquelas vacas que ele
tanto adora.
Mas não, minha mente genial escolheu aqui.
— Não precisamos ficar, — apresso-me rapidamente, mas meu olhar é
atraído para uma Venom 250cc que passa por nós. Quando Blaine estala os dedos
na frente do meu rosto, percebo que posso ter ficado olhando por muito tempo. —
Desculpe.
— Não, você não precisa, — ele diz com um suspiro antes de dar outra olhada
ao redor e encolher os ombros. — Quer dizer, pode ser divertido, certo?
Deus, eu realmente quero ficar e assistir a uma corrida, mas se Blaine não
gostar, então iremos embora. Esta noite deveria ser sobre nós e as notícias que
preciso compartilhar com ele.
— Que tal irmos para outro lugar? — Digo a ele, puxando sua mão na
direção do estacionamento. — Podemos vir aqui outra hora.
Ele finca os calcanhares e balança a cabeça. — Vamos pelo menos pegar um
pouco de comida. Você não tinha algo que queria me contar?
— Sim. — Concordo com a cabeça, sentindo que talvez agora não seja o
momento certo. — Mas podemos conversar mais tarde.
— Não, eu quero saber, — ele insiste com outro aceno de cabeça. —Você
parecia tão animado mais cedo e não quis me contar. O suspense está me matando,
Si.
— Blaine, mais tarde.
— Não. Diga-me agora.
Eu rosno em advertência. — Bebê…
— Oh vamos lá! — ele grita, jogando as mãos para o alto. — Apenas vá em
frente.
— Bem! Estou me mudando para a porra de Connecticut com você! Você
pode calar a boca agora?
Foda-se ele por me fazer dizer isso assim.
Blaine pisca para mim repetidamente, boquiaberto enquanto me encara
estupidamente. — Espere o quê?
— Você me ouviu, — eu mordo, cruzando os braços sobre o peito. —Eu vou
com você. Agora, podemos dar uma olhada em algumas motocicletas?
Dou um passo para trás, envergonhado comigo mesmo, mas Blaine me
arrasta de volta para ele.
— Essa conversa ainda não acabou, — ele brinca, agarrando meus quadris.
— O que você está dizendo? Você realmente vem comigo?
Suspiro, minha irritação desaparecendo quanto mais olho em seus olhos
esperançosos. — Sim. Whaley tem uma ligação na Costa Leste. Vou ser aprendiz na
loja dele. Está tudo resolvido.
Ele balança a cabeça lentamente. — Mas e os Aces?
— E eles? — Eu digo, e mesmo agora, as palavras ainda parecem estranhas
na minha língua. — Eles não são meu futuro. Você é. Onde quer que você vá, eu
também vou. Vamos sair desta cidade e construir uma vida para nós mesmos.
— E sua mãe? O que ela disse?
— Ela está completamente de acordo. — Na verdade, ela estava em êxtase.
Ela me abraçou pelo que pareceram horas enquanto me dizia o quanto estava
orgulhosa de mim. — Até comprei minha primeira mala. Você sabia que eles eram
tão caros?
— Não acredito que você faria isso por mim, — ele me diz, quase horrorizado
e ignorando minha última pergunta. — Eu não quero que você se arrependa.
Arrependido? Arrepender-me dele? Nunca. Mas é mais do que isso.
Não estou fazendo isso apenas por Blaine, mas também por mim mesmo.
Estou aceitando todas as promessas que ele e mamãe veem em mim e realmente
fazendo algo com elas. Ele me mostrou que eu valia a pena e acho que finalmente
acreditei.
— Eu não vou. É o melhor para mim também, — digo rapidamente. —O que
você diz? Quer um colega de quarto no outono?
Ele abre o maior sorriso que já vi e se joga em meus braços despreparados.
Nós tropeçamos um pouco enquanto ele embrulha suas pernas em volta da minha
cintura, mas eu nunca o deixaria cair. Eu o seguro, apertando-o contra meu peito,
sabendo que a vida que vamos construir juntos vai valer a pena todas as besteiras
que passamos.
O calor aumenta em meu estômago enquanto ele se esfrega contra mim. Era
para ser uma viagem romântica, mas sei que meu bebê tem outros pensamentos.
— Se você continuar fazendo isso, perderemos a corrida.
— E? — Ele brinca, se afastando para poder lamber a costura dos meus lábios.
— Eu quero você agora.
Quem sou eu para negá-lo?
Eu o puxo para um beijo, não dou a mínima quando as pessoas andam ao
nosso redor. No meio de uma corrida que cheira a óleo e fumaça de cigarro, é a
coisa mais romântica que já aconteceu comigo.
— Quero fazer algo diferente desta vez, — diz Blaine, passando o polegar
pelo lábio inferior enquanto se abaixa de volta ao chão.
— O que é? — Eu pergunto, disposta a dar a ele tudo o que ele quiser. Quer
interpretar policiais e ladrões? Estou dentro. Me amarrar e me bater? Então posso
dizer que tentei uma vez.
Mas o que ele diz me choca profundamente.
— Eu quero que você me foda como se me odiasse.
Meus olhos se arregalam e quase engasgo com a língua. — Você o quê?
— Você me ouviu, — ele respira contra minha boca, mãos caindo para
acariciar minha virilha através do meu jeans. — Eu te amo e amo como você faz
amor comigo, mas não quero isso agora. Quero que você me foda como se não
suportasse me ver. Quero que você me domine como se eu fosse apenas sua
vagabunda. Você pode fazer isso por mim?
Quando ele coloca dessa maneira, absolutamente, porra.
— Marinara? — Eu pergunto, envolvendo minha mão em sua garganta.
Ele engole em seco, balançando a cabeça enquanto fecha os olhos. —
Marinara.
Sem qualquer aviso, uso o aperto que tenho em sua garganta para arrastá-lo
atrás de mim. Ele me segue, mas luta contra meu domínio o tempo todo. Eu olho ao
redor do nosso cenário. Embora eu não me importe que as pessoas saibam que
Blaine é meu, sou um filho da puta possessivo e não quero que ninguém veja os
bens do meu cara.
A corrida ainda está acontecendo, então todos estão na pista prestando
atenção nisso. Quando avisto um daqueles trailers que eles usam para transportar
as motocicletas, fico impressionado. Ninguém vai verificar isso enquanto o show
estiver acontecendo.
Sorrio maliciosamente enquanto puxo Blaine na minha frente, empurrando-
o de cara no trailer antes de bater a porta atrás de nós. Para garantir, certifico-me
de bloqueá-lo.
Ele se vira, os cotovelos apoiados no chão enquanto parece enojado. — Qual
é a porra do seu problema?
— Você quer saber qual é a porra do meu problema? — Eu rosno, montando
em seus quadris enquanto coloco suas mãos acima de sua cabeça. — É você. Você
me enoja. Andando por aí como se você fosse tão alto e poderoso. Isso me irrita.
E não é mentira. Realmente costumava me irritar que Blaine nunca iria
quebrar. Acontece que esse RPG é mais fácil do que era a fantasia de fãs. Não me
sinto mais assim, de jeito nenhum, mas agir assim um com o outro é como uma
merda de relembrar.
— E você? — ele cospe, tentando lutar comigo, empurrando os quadris para
me afastar dele, o que só serve para aumentar minha ereção crescente. — Você é
apenas lixo de trailer. Nada de bom. Por que você não vai se foder e me deixa em
paz?
Eu me abaixo para lamber uma faixa molhada em sua bochecha. Mordo sua
mandíbula, apreciando o modo como ele sibila de prazer. —Porque alguém tem
que te ensinar uma lição. Vou sujar você, Blaine Yates. Cada vez que você se olhar
no espelho, você se lembrará de como você é patético.
Sua respiração falha e sua luta aumenta. Eu não dou a ele a chance de se
libertar enquanto empurro minhas calças e cueca para baixo e rastejo por seu
corpo. Ele abre a boca, provavelmente para me mandar cair fora de novo, mas eu
forço meu caminho para baixo em sua garganta de uma só vez, efetivamente
calando-o. Jogo minha cabeça para trás, gemendo diante de seu grunhido de
surpresa.
Olho para ele, esfregando meu polegar com ternura em seu lábio inferior, e
ele estreita os olhos para mim. Ele bate na minha coxa, então eu saio, esperando
precisar me desculpar, mas em vez disso ele apenas grita comigo. — Não fique todo
carinhoso comigo, seu idiota.
Eu levanto uma sobrancelha para isso. Porra, isso é quente. Concordo com a
cabeça, puxando sua cabeça para trás pelas raízes e entrando nele novamente.
Assim como ele quer, eu fodo seu rosto forte e rápido, sem mostrar piedade ao meu
bebê perfeito. Lágrimas estão se acumulando em seus olhos, ranho e saliva cobrindo
suas bochechas e queixo, e eu fico selvagem com isso.
— Olhe para você. Que porra de vagabunda, — eu rosno, brincando com
sua fantasia. — O que aconteceria se o grande e velho prefeito Yates descobrisse
isso? O que ele pensaria se seu filho se sujasse com um bandido?
Eu saio rapidamente, mas não dou a Blaine a chance de respirar enquanto o
viro. Sem desfazer seu cinto, puxo sua cueca e calça por cima de sua bunda,
sabendo que a mordida do zíper contra seu pau deve ser desconfortável.
— Você é um idiota, — ele rosna, mas se empurra contra mim enquanto fala.
— Por que eu iria querer foder alguém como você?
Tiro o lubrificante da minha carteira para prepará-lo. Eu sei que ele quer
sexo sujo e cheio de ódio, mas me recuso a machucá-lo de verdade. O que eu faço,
no entanto, é provocar seu buraco antes de entrar nele com dois dedos ao mesmo
tempo. Seu grito se transforma em um gemido, e sei que ele adora.
— Porque eu sou o único que vai te foder direito, — eu cuspi, dando um tapa
forte em sua bunda. — Você vai sentir essa dor e saber que eu fui sua ruína.
E de certa forma, eu era. Eu o ajudei a se livrar das correntes que o
mantinham naquele maldito pedestal perfeito. Pode ter começado por despeito e
ódio, mas se transformou em amor. Ele não é mais o Blaine Yates perfeito e eu o
amo ainda mais por isso.
Eu me inclino sobre ele, pressionando meu peito contra suas costas enquanto
mordo sua orelha. — Marinara?
— Nunca, — ele murmura, balançando a cabeça.
Eu rio com isso, e quando sinto que ele está esticado o suficiente, alinho meu
pau com seu buraco e mergulho de uma vez. Ele grita, mas é de prazer e nada mais.
Começo um ritmo brutal, batendo em sua bunda a cada estocada, deleitando-me
com a maneira como suas bochechas rechonchudas ficam vermelhas.
Porra, adoro marcá-lo.
— Como é? — Eu provoco, usando-o como minha manga14 pessoal. — Diga-
me o quão sujo você é.
— Foda-se! — Ele está uma bagunça ofegante e eu adoro estar destruindo-o
desse jeito.
— Diga! — Eu grito, dando-lhe mais um tapa.
Ele treme debaixo de mim enquanto forço seu rosto para baixo, na parte de
trás do pescoço, seu aperto nas saliências de metal do chão deixando os nós dos
dedos brancos. Ele vira a cabeça para poder olhar para mim, o prazer
transformando seu rosto em algo tão lindo. — Eu…
— Me dê! — Eu ordeno, fodendo-o com mais força e mais rápido. —Bebê!
Silas
Eu pareço estúpido.
Esfrego a mão na frente da minha camisa branca bem passada, lutando
contra todos os instintos que tenho de arrancar aquela maldita coisa e queimá-la.
Quem diabos realmente gosta de se vestir assim? Parece que estou pronto para ser
jurado, ou, diabos, para meu funeral.
— Ah, Si, — diz mamãe, ajeitando a gravata em meu pescoço. — Você está
lindo, muito parecido com seu pai.
— Pareço uma versão idiota de James Bond, — murmuro, desejando poder
tirar esse terno. Porra, já estou suando.
— Não, você está ótimo, — ela me garante, batendo palmas de excitação. —
Blaine vai adorar.
Blaine. É melhor que ele fique feliz por eu o amar, porque agora quero
estrangulá-lo por me fazer passar por isso.
Uma luz brilhante pisca um segundo depois, e me viro para ver mamãe
clicando em seu telefone. — Pelo amor de Deus, mamãe, não a câmera.
— Pare de reclamar e deixe-me tirar algumas fotos. Esta provavelmente será
a única vez que verei você vestido assim. — Ela então tira mais uma dúzia.
Sim, ela está certa sobre isso. Não vou nem me vestir assim no meu próprio
casamento. Blaine terá apenas que aguentar. Ele vai se casar comigo com minha
jaqueta de couro e Doc Martens.
Meu telefone toca e eu o pego, revirando os olhos quando vejo que é Blaine.
O merdinha nem está comigo, mas ainda me incomoda pra caramba.
ATLETA ARROGANTE
Se você não se apressar, vamos nos atrasar.
Blaine
Um ano depois
O FIM
Nunca tivemos a intenção de ser uma colaboração ou uma série, mas quando
começamos a escrever a história de Silas e Blaine, nos apaixonamos imediatamente
pelo mundo deles.
Temos planos para mais um livro desta série – incluindo a história de Bunky.
Veremos aonde estes rapazes nos levam.
Obrigado novamente pela leitura, estamos muito animados com o que está
por vir!