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Silas:

Estou cansado de me sentir preso na minha vida.


É apenas um ciclo interminável de tentativa de sobreviver ao dia.
Felizmente, tenho Blaine para me manter entretido.
Somos inimigos, mas apesar dele ser tudo o que odeio; Sou viciado nele e nas
coisas que fazemos no escuro. De alguma forma, ele entrou na minha pele e estou
obcecado com a maneira como ele está me fazendo sentir.
Não quero admitir que estou me apaixonando por ele, o menino de ouro, mas ele
é meu par perfeito em todos os sentidos.
Ele me dá algo que nunca pensei que teria e, mesmo sendo impossíveis, não
deixarei ninguém ficar no nosso caminho.

Blaine:
Minha vida está me sufocando.
Filho perfeito, atleta estrela, aluno ideal. Estou sobrecarregado – desfazendo-me
pelas costuras.
Até Silas virar meu mundo de cabeça para baixo.
Meu segredinho sujo.
Ele é minha fuga perfeita da realidade. Posso me soltar e me sentir bem, para
variar. Ele me faz sentir vivo pela primeira vez.
Mas ele sempre será alguém que eu desprezo. Ele é arrogante, a epítome de um
Bad boy e, ainda assim, quanto mais fazemos isso, mais difícil fica ignorar meus
sentimentos crescentes. Ele não é o que eu esperava, mas é exatamente o que
preciso.
E agora que o tive, me recuso a deixá-lo ir.
Para Ari e Mads. Obrigado por lidar com nosso caos.
CONTEÚDO E GATILHOS

Esteja ciente de que esta história foi escrita com algumas 'gírias' e dialetos
quebrados para autenticar e dar uma representação completa dos personagens.

Este livro contém alguns temas/referências obscuros e é destinado a leitores


com dezoito anos ou mais.

Menções ao consumo de álcool por menores


Uso de drogas
Fumar menor de idade
Afiliações de gangues
Assédio moral
Ataques de pânico e ansiedade
Distribuição de Drogas
Foda com ódio
Homofobia leve
Pai emocionalmente distante
Pai encarcerado
Violência física
Personagem drogado
Encenação
Degradação Muito Leve
Profanidade
AVISO
 Prestigie o autor comprando a obra original ou deixando resenhas positivas
nos locais apropriados para tal.
 O Alquimista dos Livros ressalta que; a tradução desta obra é feita de forma
amadora, sem fins lucrativos com o mero intuito de entretenimento, sendo
está sujeita a erros, como em qualquer outro GT. Enfim, não somos uma
editora e não temos os meios ou equipe necessária para garantir uma
tradução, revisão, diagramação e todos os meandros necessários pra
compartilhar um trabalho impecável e exigidos dentro dos padrões de
profissionais – o que não o somos-. O compartilhamento desta obra é
tolerável desde que;
 1: as pessoas que o compartilhem tenham consciência que não podem e não
devem obter ganhos monetários pelas mesmas.
 2: divulgações e resenhas em meios aos quais o autor tenha acesso devem ser
feitas em inglês e lembrando; citando que leu a obra original, NÃO A
TRADUÇÃO DE GT.
 3: Em casos da compra de direitos autorais, o livro deve ser removido de
circulação pelo próprio ADL e ademais – ou seja - GDs parceiros.
 4: Preserve o grupo, mantendo os livros para vocês, lembrando-se sempre
que ISTO é trabalho voluntário e ilegal, não importa a boa vontade do GT
ainda é pirataria. Por que, se não obtemos os direitos autorais por vias legais
sobre as obras, não temos direitos sobre elas ou seus autores.
INTRODUÇÃO

Isso começou como parte da antologia Anti-Valentim, mas cresceu muito


mais. Várias alterações foram feitas nessa versão, por isso é importante consumir
este livro como um todo. Esteja ciente de que esta história foi escrita com algumas
'gírias' e dialetos quebrados para autenticar e dar uma representação completa dos
personagens.
Nós aprendemos a amar esses meninos. Silas e Blaine inspiraram nossa
paixão por escrever e esperamos que inspirem você também.
E agora que o tive, me recuso a deixá-lo ir.

Hateful Love é um romance secreto de inimigos para amantes, opostos que se


atraem, que gira em torno do bad boy e do atleta e de todas as coisas que eles fazem
no escuro. Misture algumas vibrações possessivas, amigos curiosos e política
corrupta, e Hateful Love o levará a uma jornada selvagem, mas acidentada.
LISTA DE REPRODUÇÃO

Hateful Love - lista de reprodução de AddisonBeckRomance | Spotify


Prólogo

Silas
Oito anos de idade

— Um dois três quatro…


Deslizo pelo estacionamento em busca do lugar perfeito para me esconder.
Sou sempre o primeiro encontrado quando jogamos, mas hoje não. Desta vez, vou
vencer.
Estou ofegante como um cachorro e corro o mais rápido que posso até chegar
à linha das árvores, e então me escondo atrás de uma grande árvore. Há um
pequeno buraco no fundo e eu me agacho, puxando os joelhos até o peito e
prendendo meu corpo no espaço. Sou pequeno para a minha idade e recentemente
descobri que me esconder em lugares como este funciona melhor.
— Pronto ou não, aqui vou eu! — Eu ouço meu irmão, Ryker, gritar, seguido
por uma risada próxima e um barulho alto de silêncio. Sim, de jeito nenhum vou
ser eliminado primeiro desta vez. Não quando aqueles bobos não conseguem nem
ficar quietos.
— Marco...— meu irmão chama, tentando pegar alguém escorregando, mas
ele tem como resposta apenas o silêncio.
Estou feliz que ninguém caiu nessa porque isso é estúpido.
Ouço seus passos pesados à medida que ele se aproxima e pressiono a mão
na boca, tentando abafar o som da minha respiração.
— Marco... — ele tenta novamente, e eu quase pulo ao ver o quão perto ele
está do meu esconderijo.
Meu coração está batendo forte dentro do peito e ouço galhos quebrando
enquanto ele se aproxima ainda mais de mim. Droga, por que sou sempre eu?
Quase espero ser arrastado da base da árvore um segundo depois, mas fico surpreso
quando ele segue em frente.
— Onde estão vocês gente? Saiam, saiam, onde quer que vocês estejam, —
ele brinca, sua voz soando lentamente mais distante. Eu ainda não me movo,
praticamente prendendo a respiração enquanto espero que ele procure alguém.
— Eu acho que... te peguei!
Seu grito acompanha um grito feminino que se parece muito com o de sua
amiga, Liza.
Demoro um momento para perceber que o jogo acabou, mas quando o faço,
um enorme sorriso surge em meus lábios. Sim!
Dou um pequeno soco no espaço minúsculo, sentindo-me feliz por não ter
sido o primeiro a sair. Já estava na hora. Juro que pensei que eles estavam se unindo
para me eliminar primeiro porque sou o mais novo. Um dia desses, vou encontrar
o esconderijo perfeito e ninguém vai conseguir me encontrar enquanto eu não
quiser. Eu juro.
Eu rastejo para fora do esconderijo e vejo os olhos arregalados do meu irmão
quando ele me vê. Eu atiro nele com armas de dedo antes de tirar a poeira das mãos
no meu jeans. — Bom lugar, hein?
Ele balança a cabeça e revira os olhos antes de me olhar mais uma vez, desta
vez com curiosidade em seu olhar. — Sim, por que diabos você saiu? Você deveria
ter esperado até que não houvesse ninguém por perto. Teria sido um bom lugar
para se esconder novamente.
Que droga! Eu não pensei nisso. Abro a boca para responder, mas sou
interrompido quando um grito alto seguido de vários gritos chega aos meus
ouvidos.
O que diabos foi isso?
Viro a cabeça para o lado, procurando o som no momento em que meu irmão
sai por entre as árvores em direção ao campo aberto. Eu pisco, assustado por um
segundo quando várias pessoas saem de seus esconderijos e correm atrás de Ryker.
Meu cérebro entra em ação e eu entro em ação, movendo-me o mais rápido
que posso para alcançar todos eles. Estou por perto quando avisto dois carros de
polícia com luzes vermelhas e azuis piscando estacionados em frente ao nosso
trailer.
Meu coração batendo forte parece bater mais rápido, e meu estômago fica
enjoado enquanto tento descobrir o que está acontecendo. Alguém se machucou?
Mamãe está bem?
Meus pensamentos são rapidamente respondidos quando paro ao lado de
Ryker e vejo dois grandes policiais arrastando meu pai de dentro do nosso trailer e
descendo os degraus de concreto.
Porque é que eles estão fazendo isto? Ele nem está lutando contra eles e eles
o tratam como um bandido.
Estou confuso e meu lábio treme quando ele vira a cabeça para olhar para
mim, com sangue escorrendo do lábio rasgado. Ele me dá um pequeno sorriso,
depois grita para Ryker cuidar de mim, o que é recebido com um chute na perna.
— Cale a boca, — um dos policiais diz com raiva.
A porta de tela se abre no segundo seguinte e sai o xerife Masterson, com a
boca dividida em um sorriso bajulador. Esse cara está sempre bisbilhotando nosso
território, e sempre sou avisado para não confiar nele. Eu nunca faria isso de
qualquer maneira. Ele me dá uma sensação ruim. Sempre fez.
— Você não pode fazer isso! Você não tem provas! — Mama grita, parecendo
mais furiosa do que eu já vi quando ela o segue. Ela ainda está de pijama, com o
cabelo uma bagunça de cachos, mas isso não a impede de perseguir o xerife.
Prova de quê? O que ele fez? Eu não entendo.
— Temos muitas evidências…
Eu os desligo, olhando para onde os outros dois policiais estão empurrando
meu pai na traseira do carro.
Espere, ele não conseguiu se despedir! Eles não podem levá-lo!
Este não é o nosso primeiro encontro com a polícia, mas eles nunca foram
tão longe antes, e isso faz meu estômago ficar enjoado. Estou preocupado e,
considerando todas as expressões tristes das pessoas ao meu redor, tenho a sensação
de que isso é grande. Maior do que nunca.
Ele não pode nos deixar! Quem vai cuidar da mamãe? Quem vai me ensinar
a andar de moto?
Meus olhos encontram os de Raid do outro lado do estacionamento e ele me
dá um sorriso triste. O pai dele se foi, já faz um tempo.
Seremos nós? Esta é a última vez que veremos o papai por muito tempo?
Afasto meus olhos do meu amigo e encaro meu pai novamente. Eles fecham
a porta do carro, bloqueando minha visão, e algo dentro de mim se quebra. Eu não
vou deixá-los fazer isso! Eles não vão tirá-lo de nós!
— Papai! — Eu grito, correndo em direção ao carro a toda velocidade. Eu me
esquivo de algumas pessoas, incluindo um dos policiais idiotas, e estou quase no
carro quando sou arrebatado e jogado por cima do ombro de alguém. Uso as unhas
para arranhar e os punhos para bater, sem me importar se eles me derrubam. Eu
só quero meu pai. — Me deixar ir!
— Acalme-se, garoto, — dizem eles, tentando me impedir de me mexer.
— Não, deixe-me ir! — Eu luto e luto, querendo quebrar o controle, mas é
inútil. Eles são muito fortes e acabo caindo para frente com a derrota.
— Vamos vê-lo mais tarde, ok? Agora você precisa relaxar, — a voz me
acalma, e sinto as lágrimas escorrerem dos meus olhos e caírem no couro da
jaqueta.
Meu peito está pesado e há soluços de raiva querendo me deixar. Eu luto
contra isso porque sou homem e papai sempre me diz que homens de verdade não
choram.
Fechando os olhos com força, ouço as palavras calmantes sendo ditas e me
concentro na mão que esfrega minhas costas. — É isso. Respire.
Concordo com a cabeça, inspirando e expirando lentamente, tentando me
acalmar enquanto penso nas palavras de papai sobre ser corajoso. Ele é um pouco
duro com Ryker e eu, mas é só porque ele se importa. Pelo menos é o que mamãe
diz, e acredito nela porque mamãe não é mentirosa.
Então, agora, preciso ser forte.
Depois de alguns momentos, sou colocado de volta no chão, mas aquela mão
firme permanece apoiada em meu ombro, nunca me soltando. Olho para cima,
percebendo que é Whaley, e minhas bochechas queimam de vergonha enquanto
meus olhos caem no chão. Não acredito que agi assim na frente dele. Ele é o líder
dos Aces, e desde muito jovem fui ensinado que não se mostra nada a Whaley além
de respeito.
Olho de volta para o carro da polícia, não sendo mais capaz de ver meu pai
através do vidro, e franzo a testa quando eles se afastam. Quero me esconder
novamente, mas entre o aperto firme de Whaley e a sensação desconfortável em
meu estômago, não o faço.
O xerife Masterson é o último a ir, passando por Whaley e por mim com um
sorriso malicioso no rosto. Sua expressão é estranha para mim e mesmo que eu
tente me manter firme, meu corpo se inclina um pouco para o de Whaley.
— Isso ainda não acabou, — diz Whaley, e o som mortal em sua voz me faz
estremecer. Whaley tem uma reputação e por isso poucos homens o enfrentam.
Quando o sorriso do xerife só aumenta, percebo o quão louco esse cara é.
— Ah, não é, mas estou ansioso pela luta. — Ele pisca para Whaley antes de
seus olhos pousarem em mim. — Desculpe pelo seu pai.
Ele não parece nem um pouco arrependido, pelo menos parece satisfeito
consigo mesmo. Os policiais não deveriam ser os mocinhos? É o que dizem os
filmes, mas por aqui nunca foi assim.
— Você não fala com ele, — rosna Whaley, e o xerife levanta as mãos, dando
um pequeno passo para trás enquanto sorri para Whaley mais uma vez.
— Me desculpe. — Ele ri, tirando o chapéu com falsa sinceridade. —Até a
próxima vez.
Então ele se vira, indo em direção ao seu carro, deixando eu e todo o
estacionamento de trailers observando enquanto ele se afasta.
O lugar todo está quieto, cheio de tristeza, e eu quero desesperadamente que
o tempo volte, me esconder no fundo daquela árvore onde fui feliz.
Minha vontade de correr entra em ação e estou me movendo antes mesmo
que minhas pernas percebam. Ouço várias pessoas me chamando, mas as ignoro,
precisando sair dali.
Longe de tudo.
Meus pés se movem pelo chão e meus braços bombeiam enquanto tento ir
mais rápido. Chego à floresta, mas não paro enquanto caminho através do ninho
de árvores. Sinto minha camisa presa em vários galhos e não tenho ideia de para
onde estou indo, mas isso não me atrapalha. Na verdade, isso apenas me leva a me
mover mais rápido.
Não sei quanto tempo corro, mas quando atravesso a linha das árvores do
outro lado da floresta, caio no chão. Minha respiração irregular soa como a de um
cachorro sedento, e eu rolo de costas para olhar para o céu azul nublado.
Ok, isso foi um pouco estúpido. Estou me arrependendo de ter me esforçado
tanto quando percebo o quanto meu peito e minha garganta doem. Fiquei ali por
vários momentos, tentando respirar normalmente novamente.
Pelo menos a dor tirou minha mente das coisas por um minuto... Pena que
agora estou pensando naquela coisa toda bagunçada de novo.
Eu gemo, rolando para trás e me obrigando a levantar. Minhas pernas estão
tremendo, a pele encharcada de suor e gostaria de ter um pouco de água. Pisco
antes de enxugar os olhos e dar uma olhada ao redor. Há um conjunto de trilhos
de trem na minha frente cobertos por grama alta. Onde estou? Nunca estive tão
longe antes, acho.
— Você é rápido, garoto.
Eu me viro, surpresa ao ver Whaley encostado no capô do carro.
— Como? — é tudo o que consigo resmungar com a garganta seca.
Ele bufa, apontando para a estrada de terra a vários metros de distância. —
Este é o território dos Aces. Achei que se você estivesse correndo direto por entre as
árvores, acabaria aqui.
Acho que isso faz sentido. Olho em volta, observando o trailer degradado e o
barril enferrujado com várias cadeiras de jardim espalhadas ao redor antes que
meu olhar volte para Whaley. — Onde é aqui?
Ele tira um maço de cigarros, acende um enquanto me leva para dentro. —
Meu esconderijo.
Besteira! Essa seria a minha sorte. De todos os lugares para esconder, acabo
no local secreto de Whaley. Eu preciso sair daqui. — Oh, desculpe. Eu posso
apenas...
— Sente-se, — diz ele, indo até uma das cadeiras de jardim e se sentando.
Eu percebo que realmente não tenho escolha. Não quero desrespeitá-lo.
Faço o que ele diz, escolho a cadeira mais distante dele e me sento. Conheço
Whaley toda a minha vida, mas na verdade não o conheço. Ele é jovem, eu acho.
Alto, com cabelos castanhos compridos, coberto de tatuagens e piercings. Ele parece
alguém com quem você não deveria mexer.
— Eu te assusto. — Não é uma pergunta, ele está apenas afirmando um fato.
— Quem não teria medo de você? — pergunto, cruzando os braços sobre o
peito enquanto olho para ele, tentando parecer mais durão do que me sinto.
Ele ri, uma nuvem de fumaça saindo de seus lábios enquanto ele balança a
cabeça. — Você é esperto.
— Não iria tão longe, — murmuro. —Eu não vou bem na escola. Quase não
passo, mas presto atenção ao que me rodeia e ouço o meu pai.
— Esperto nas ruas e inteligente nos livros não são a mesma coisa. — Eu
aceno, mudando um pouco, sem ter certeza de onde isso vai dar. —Então, você está
bravo com seu pai?
Inclino a cabeça, olhando para ele novamente, sem entender o que ele quer
dizer. — Não estou bravo. Apenas confuso.
— Isso é esperado. Seu pai não é um cara mau.
— Eu não pensei que ele fosse. — Eu sei que o trabalho dele não é como o
dos pais das outras crianças da escola, mas isso não faz dele uma pessoa má.
— E você acha que eu sou?
Suas palavras fazem meu estômago revirar e eu mordo meu lábio inferior,
sem saber o que dizer. Esta parece ser uma daquelas perguntas que não devo
responder. Mamãe iria me bater se eu mentisse. Então, eu vou com algo mais fácil.
— Você é? — Tento parecer durão, mas minha voz sai trêmula.
Ele franze os lábios, jogando o cigarro no chão e apagando-o antes de pegar
outro e acender. — Deixe-me perguntar uma coisa. Você acha que o xerife é bom?
Eu acho que ele é? Não, mas... — Ele deveria ser.
— Sim, ele deveria ser, — ele concorda, dando uma longa tragada em seu
cigarro antes de continuar. — Você sabe, há uma linha tênue entre o bem e o mal.
Os justos e os condenados.
Não sei o que essas palavras significam, mas posso perceber que ele está
falando sobre mocinhos e bandidos. — Qual é a diferença?
— Escolhas, preconceitos, raciocínios por trás da ação. Você sabe que nem
tudo é preto e branco. Você pode ser a melhor pessoa e ainda assim errar. Você
também pode ser a pior pessoa e ter as melhores intenções.
Concordo com a cabeça, de alguma forma entendendo o que ele quer dizer...
pelo menos um pouco. Sou criticado na escola por causa das minhas roupas de
segunda mão e do almoço grátis. Julgamento é algo com que tenho lidado durante
toda a minha vida. Sou filho de um Aces, então eles acham que sou um lixo. — Eu
simplesmente não entendo por que alguém tem que fazer coisas ruins.
— E se alguém estivesse tentando machucar sua mãe? O que você faria? —
As palavras fazem minha coluna se endireitar e meus dentes cerrarem.
— Machuque-os de volta, — eu digo rapidamente.
— E isso é ruim? — Ele pergunta, seus olhos focados em mim, e não tenho
certeza do que ele vê.
Minha mente está girando enquanto relaxo e me recosto ainda mais na
cadeira que range. Se eu machucasse alguém por machucar minha mãe, isso me
faria mal? Como poderia? Eles começaram. — Eu não acho que seja.
— E se você os machucar muito? — Ele se inclina para frente, apoiando os
cotovelos nos joelhos. — Como se eles tivessem que ir para o hospital, e daí? Isso é
ruim?
Eu gostaria de machucar alguém assim? Não. Será que eu faria isso? Por
minha mãe? Sim.
— Então mamãe estaria segura e essa pessoa teria aprendido uma lição.
Ele balança a cabeça e um largo sorriso cruza seus lábios. — Bom, eu gosto
disso. Você sempre irá protegê-la. Você sabe por quê?
— Claro, — resmungo, sem ter certeza do que ele quer dizer. — É minha
mãe. Ela é da família.
Ele solta um grunhido de aprovação antes de apagar o cigarro. —Isso mesmo.
Assim como seu pai é minha família. O que seu pai está fazendo agora é que ele
está me protegendo. Você entendeu?
Ok, isso faz sentido. Meu pai sempre disse que considera Whaley seu irmão
e que toda a gangue dos Aces é uma irmandade. Se alguém fosse machucar Whaley,
seria nosso trabalho protegê-lo. Assim como se alguém fizesse algo ruim comigo,
seria trabalho deles garantir que estou bem. No final das contas, o sangue não
importa.
— Então, nós cuidamos uns dos outros. — Inclino a cabeça para o lado para
ver se acertei.
Ele balança a cabeça, parecendo satisfeito comigo. — Certo. Somos todos uma
família aqui, e as famílias sempre cuidam dos seus. Não importa o que digamos ou
façamos, somos sempre nós contra eles.
— Quem são eles?
Whaley dá uma risadinha. — Todo mundo que não somos nós.
— Tudo bem, — eu digo. — Entendi.
— Bom. — Ele suspira e gesticula para que eu o siga de volta ao carro. —
Agora, vamos falar sobre aquele xerife.
— E ele? — Eu pergunto, torcendo o nariz em desgosto. — Eu não gosto
daquele cara.
Ele solta uma gargalhada. — Isso é bom porque o xerife é um deles…
E enquanto voltamos para casa, Whaley me conta tudo sobre a diferença
entre pessoas como nós e pessoas como o xerife. Ele me conta as razões pelas quais
os Aces são uma família, por que somos tão próximos e por que não podemos deixar
nada nem ninguém nos separar.
Este é o dia em que Whaley me deu a primeira de muitas, muitas lições que
nunca esquecerei.
Ninguém mau é verdadeiramente mau, e ninguém bom é verdadeiramente
bom.
Um
10 anos mais tarde

Silas
— Vamos! Vamos, porra! — Eu rosno, dando um último soco antes de sair
correndo pela rua. Ouço passos apressados enquanto as pessoas tentam me
alcançar e espero que Bunky esteja atrás de mim.
— Depressa! — Raid grita pela porta aberta do passageiro do meu carro,
gesticulando para que eu entre.
Eu mergulho, pulando no console do meio e me acomodando no banco de
trás. Sem dúvida terei um hematoma, mas dificilmente será notado pelos meus
outros acompanhantes da luta. Bunky pula no banco do passageiro e fecha a porta
no momento em que Raid pisa no acelerador, correndo para longe, e ouço algumas
pancadas fortes quando coisas atingem meu carro.
— Jesus, isso foi por pouco, — Raid murmura enquanto muda de marcha,
seus olhos saltando entre a estrada e o espelho retrovisor.
— Eu vi, — concorda Bunky, apoiando a cabeça no encosto. Bem, foda-se.
Ele não consegue ficar calmo agora. Eu me inclino para frente, batendo na lateral
da cabeça do idiota, e ele geme, rapidamente me lançando um olhar duro antes de
estender a mão para esfregar o local. —Que diabos, Silas?
— Seu idiota! O que você estava pensando? — Eu gritei, tentando entender
o fato de que meu melhor amigo é tão inteligente quanto uma caixa de pedras. —
Estávamos em território inimigo e você agiu como um idiota.
Bem, não é realmente um território inimigo, mas um clube onde várias
gangues gostam de procurar pessoas para vender drogas. No geral, é um lugar
sombrio.
— Ele não estava pensando. Esse é o ponto, — Raid diz antes de estender a
mão no console do meu carro e tirar meu maço de cigarros. —Porra, minhas mãos
estão tremendo. Achei que éramos homens mortos.
— Não brinca, — resmungo, tentado a bater em Bunky novamente.
— Em minha defesa, eu não sabia que o irmão dela iria aparecer!
Eu gemo, caindo de volta na cadeira mais uma vez, e então solto um longo
suspiro. Eu juro, quando eu disse que queria algo novo na minha vida, não quis
dizer quase morrer. — O fato de você saber quem ela era torna tudo muito pior.
— Como eu poderia não saber? Ela tinha o símbolo da cobra em sua jaqueta.
Eu só queria testar a concorrência, — diz ele, sem se preocupar em esconder o
sorriso malicioso.
— Ah, pelo amor de Deus. — Desta vez eu me inclino para frente e bato nele
novamente. Ele tinha isso vindo.
— Você pode parar? — ele rosna, me lançando um olhar.
— Fique feliz por ser eu. Você vai se divertir mais tarde. Boa sorte explicando
isso para Badge — digo, sabendo que seu pai adotivo vai enlouquecer com ele
quando descobrir. — Se ele não matar você, Whaley o fará. Ele vai ficar chateado.
Ele pensa sobre isso, pegando seu próprio cigarro do que aparentemente
agora é o pacote comunitário, antes de encolher os ombros. — Eh, duvidoso.
Whaley sabe como é.
— Duvido muito, — digo, revirando os olhos ao ver o quão estúpido ele está
sendo. Whaley é sempre muito fácil com Bunky e isso fica evidente em seu
comportamento imprudente.
Quero dizer, quem desaparece quando estamos fazendo um corre?1 Achei
que Bunky estava apenas usando o banheiro ou algo assim, mas não. Ele estava
namorando a irmã de um membro de uma gangue rival nos fundos do clube.
Felizmente, percebi isso e mandei Raid buscar meu carro, mas nossa fuga estava
longe de ser tranquila. O irmão entrou e ficou louco porque um Ace estava tocando
sua irmã. Logo estávamos em uma briga maldita.
Estico a mão e toco meu lábio rasgado. Eu levei um bom soco também.
Desgraçado.
— Droga, minha adrenalina ainda está alta. — Bunky se vira para olhar para
mim com aquele sorriso largo e levemente maníaco dele.
Balanço a cabeça e pressiono as palmas das mãos nos olhos com tanta força
que as estrelas dançam atrás das minhas pálpebras. — Você é louco, sabia disso?
— Sempre fui.
— Mas ele está certo, Bunk. Você precisa diminuir um pouco o tom, — diz
Raid, rapidamente lançando um olhar aguçado enquanto empurra os óculos no
nariz antes de voltar os olhos para a estrada. — Whaley pode ser tolerante com
você agora, mas nem sempre será.
Aceno em direção a Raid. — Sim, o que ele disse.
— Apenas deixe-me me preocupar com Whaley, certo? — Bunky responde,
jogando a cinza do cigarro para mim. — Eu sei quais são meus limites.
— Se você diz, — Raid resmunga antes de jogar o filtro do cigarro pela janela.

1 Vendendo drogas geralmente.


Eles vão e voltam, mas eu os desligo, fechando os olhos e recostando-me no
assento. São quatro da manhã e estou tão exausto. Não sei como diabos vou
sobreviver à escola mais tarde.
Desmaio um pouco, só saio tropeçando do carro quando meu alarme toca, às
seis, me avisando que preciso me levantar e ir para a escola. Os caras devem ter
voltado para seus lugares e me deixado na frente do meu. Entro no meu trailer,
tomando cuidado para ficar quieto, já que minha mãe, minha cunhada e minha
sobrinha estarão dormindo.
Vou na ponta dos pés até o banheiro, grato por ter algumas roupas extras no
carro. Quando Liza e June se mudaram, cedi meu quarto para elas. Tenho dormido
no sofá nos últimos meses e, embora não seja um mau arranjo, porque quase nunca
estou em casa, preciso descobrir outro sistema para minhas roupas. Se o trailer
fosse maior, eu simplesmente levaria minha cômoda para a sala, mas isso é
impossível com o espaço limitado.
As luzes fluorescentes pálidas iluminam o banheiro e eu ligo o chuveiro,
esperando alguns momentos até a água esquentar. Eu tiro a roupa, olhando-me o
melhor que posso no pequeno espelho acima da pia. Há um hematoma florescendo
na minha lateral que com certeza vai doer pra caramba, mais cedo ou mais tarde.
O dano que sofri não é tão ruim, embora meu lábio já tenha visto dias melhores e,
porra, minhas costelas estão gritando de repente. Felizmente, nada parece
quebrado, então considerarei isso uma vitória.
Tomo banho rapidamente, limpo meus cortes e depois me visto. Meu cabelo
está uma loucura e caindo em todas as direções, mas não me importo,
especialmente quando meu próximo alarme dispara e me avisa que vou chegar
atrasado para a aula.
Não que eu realmente me importe com isso também, mas a evasão escolar só
fará com que as pessoas farejem minha casa, e não é isso que eu quero ou preciso.
Indo para a cozinha, pego um Pop-Tart genérico do armário e um
refrigerante da geladeira antes de voltar para o meu carro. Os caras estão
encostados no meu capô quando chego lá, e levanto uma sobrancelha enquanto os
observo. — Vamos andar juntos?
Raid balança a cabeça, ainda parecendo meio adormecido, enquanto os olhos
de Bunky estão arregalados e ele mastiga uma fatia de pão. — Sim, Whaley está
consertando a junta do meu cabeçote. Vai demorar alguns dias.
Eu aceno de volta, contornando o carro e abrindo a porta, fazendo sinal para
eles entrarem. — Eu não sabia disso.
Bunky dá de ombros. — Simplesmente aconteceu, não é grande coisa.
— Levo vocês. — Espio o banco de trás, certificando-me de que minha
jaqueta está lá antes de ligar o carro e me afastar.
Quando chegamos ao estacionamento da escola, gemo, desejando ser outra
pessoa fazendo qualquer outra coisa além disso. O primeiro sinal já tocou e tenho
cerca de três minutos antes do próximo soar. Desligo a ignição e saio do carro, sem
me preocupar em trancá-lo antes de enfiar a chave no meu jeans preto gasto e
desbotado. Não é como se alguém fosse mexer nas minhas merdas. Eles sabem
melhor.
Tiro um cigarro, acendo, e os caras fazem o mesmo enquanto me
acompanham. Provavelmente deveríamos estar com mais pressa, mas que porra
essas pessoas vão fazer? Falar comigo e me reprovar? Não. Eles estão prontos para
que eu saia daqui, tanto quanto eu estou pronto para ir embora. De qualquer
maneira, não é como se eu fosse realmente capaz de deixar esta cidade. Tenho
muitas pessoas confiando em mim agora que Ryker foi preso.
Agarro as duas correntes de ouro que sempre uso, os colares antigos que
costumavam combinar entre Ryker e eu. É a única coisa real que me resta dele
agora que está encarcerado. Balanço a cabeça e solto as correntes, tentando não
pensar no meu irmão. Isso só vai piorar meu humor já azedo. Termino o cigarro e
bato com a bota.
O céu está nublado e o calor da Geórgia é forte para um dia de outono, mas
isso não me impede de abrir a porta dos fundos e pegar minha jaqueta de couro.
Eu uso com orgulho o emblema da caveira do Rei dos Aces do meu velho para que
todos possam ver, não importa a época do ano.
O sino toca ao fundo e eu suspiro, passando a mão pelos meus cabelos pretos
bagunçados, tentando trazer ordem ao caos cada vez maior. Minha mãe diz que
tenho o cabelo mais bonito que ela já viu, pena que geralmente está um pouco
escorregadio de suor ou sujo de graxa da loja, o que me faz parecer ainda mais com
meu velho do que já sou.
— Vocês estão prontos? — pergunto enquanto começamos nossa caminhada
pelo estacionamento.
Bunky solta um rápido suspiro de derrota, abaixando os ombros porque
também prefere estar em qualquer lugar, menos aqui. — Sim.
— Porra, não, mas não temos escolha. — Raid bufa, e estou com ele nessa.
Eu nem sei por que nos preocupamos com a escola. Sempre digo à mamãe
que poderia ganhar mais dinheiro se passasse mais tempo no Whaley's Auto Shop,
trabalhando em vez de perder essas oito horas na escola, cinco dias por semana,
mas ela não ouve. Ela insiste que preciso ter uma educação adequada, embora já
saiba como será meu futuro.
No ano passado, faltei à escola para pegar algumas horas na loja para pagar
as contas e quando minha mãe descobriu, ela foi direto para lá e me arrastou antes
de me mandar para a escola. Sim, ela tem um metro e meio de altura e isso contando
suas botas de motociclista de doze centímetros, mas ela é feroz. Não tenho dúvidas
de que ela ainda poderia tirar minha pele.
Mamãe espera que um dia eu saia daqui e faça algo por mim mesmo, mas
como poderia deixá-la? Especialmente agora com Ryker e meu velho presos.
Ugh, não. Não vou lá.
Concentro-me nos meus passos, observando a entrada se aproximar cada vez
mais. Sem qualquer aviso, uma caminhonete chique passa voando e quase nos
atropela. Paro imediatamente e me viro em direção ao agressor, cerrando os dentes
quando percebo que é Blaine Yates. O idiota autorizado também não consegue uma
vaga de estacionamento regular na parte de trás, apenas reivindica uma vaga perto
da frente.
Ele salta, joga sua mochila Under Armour preta por cima do ombro e segue
em direção à escola. Ele passa por nós, nem mesmo se preocupando em reconhecer
o fato de que poderia ter nos machucado, o que só aumenta ainda mais minha
raiva. Acho que ele está muito ocupado enviando mensagens de texto no celular
para se preocupar com homicídio culposo.
Eu o odeio, porra.
Tudo nele, desde seu cabelo loiro perfeito e olhos azul-acinzentados até a
maneira como ele se comporta, me irrita.
Ele é a definição de falso personificado. O atleta, o menino de ouro, aquele
que todos querem ser. Ele é apenas um aspirante a cópia carbono, como qualquer
outro atleta por aí. Ah, e nem me fale sobre sua jaqueta do time do colégio com
remendos costurados na manga, mostrando todas as suas conquistas.
Não posso deixar de revirar os olhos toda vez que o vejo. Eu não dou a mínima
para o que alguém diz. Ninguém pode ser tão perfeito o tempo todo.
— Ei, idiota! Por que você não observa para onde está indo? Você quase nos
atropelou quando chegou! — grito e me deleito com a maneira como suas costas
ficam rígidas com minhas palavras, embora ele não diminua o ritmo.
Blaine me lança um olhar nada divertido por cima do ombro. — Vai se foder,
Silas, eu quase não atropelei você, mas mesmo se eu fizesse isso não seria o fim do
mundo.
— Não, mas não tenho nenhum problema em acabar com o seu mundo, —
respondo.
— Vá em frente e seja expulso da escola, — diz ele, de forma tão casual e
fácil que faz meu sangue queimar. — Não é como se alguém fosse sentir sua falta.
Raid e Bunky têm estado surpreendentemente quietos, e eu me viro para
observá-los. Suas sobrancelhas estão franzidas em confusão, e percebo que talvez
eu estivesse exagerando um pouco. Ok eu reagiu exageradamente. Blaine quase
não nos matou, mas agora é tarde demais para voltar atrás, não que eu alguma vez
faria isso.
Blaine se vira, impedindo minha chance de dizer mais alguma coisa. Eu
aperto meus punhos com força. A vontade de correr atrás dele e nocauteá-lo é forte,
mas não o faço. De qualquer maneira, não é como se eu pudesse, porque meus
amigos agora estão me segurando com força.
Eles estão certos em me manter afastado, mas eu odeio isso. Como Blaine
disse, já tenho notas suficientes em meu histórico. Se eu for expulso da escola,
minha mãe vai acabar comigo. Então, apesar de eu realmente querer arrancar os
dentes da frente perfeitos de Blaine de seu crânio, me contenho.
Esperamos um pouco até que Blaine desapareça completamente antes de
marcharmos felizes pelos degraus de pedra até Brookshire High. Como a aula já
começou, os corredores estão vazios enquanto eu digo tchau para os rapazes antes
de seguirmos em direção às nossas diferentes aulas.
A primeira aula passa num borrão e quando o sinal toca, vou para a próxima.
Sigo pelo corredor para minha aula de matemática nos fundos da escola. A
aula está pela metade quando chego e vou para meu lugar no fundo. Não vou muito
longe, tendo que parar por causa do esquadrão de pompons estúpido que bloqueia
o corredor.
— Com licença, — eu solto com os dentes cerrados, fazendo com que todas
as quatro garotas me olhem com aborrecimento.
Elas não se movem, apenas voltam a falar como se eu não tivesse falado. Tento
controlar minha irritação crescente enquanto sigo em frente, forçando a passagem,
o que faz com que elas soltem vários suspiros de protesto quando eu bato nelas.
— Bem, se você tivesse se mudado, então eu não estaria batendo em você,
estaria? — Eu digo, olhando por cima do ombro para ver Pom-Pom Um olhando
carrancuda para mim.
— Idiota, — ela cospe, e eu dou uma piscadela para ela antes de continuar
em direção à minha mesa.
— Nem se preocupe com ele, Maybelline. Lixo como ele não vale a pena. —
Isso vem de Pom-Pom Dois.
Sim, sim. Já ouvi tudo isso antes.
Lixo de trailer, rato de sarjeta, saco de lixo, pano de lixeira - só para citar
alguns - mas isso nunca me incomodou. Pelo menos sei de onde venho e não tento
ser algo que não sou, ao contrário de metade da classe alta desta cidade.
Eu me acomodo em meu assento, percebendo a carranca da abelha rainha
antes que ela se sente em seu próprio assento. Isso não faz nada além de me fazer
rir de sua tentativa de me intimidar. Já vi muita merda na minha vida, Pom-Pom, e
você não se compara a isso. Inferno, algumas das merdas que vi são a base dos
pesadelos dela.
Dois

Blaine
Que idiota!
Cerro os dentes enquanto caminho até meu armário, plenamente consciente
de que estou atrasado para a aula, mas sem pensar duas vezes em minha presença
perfeita. Ainda estou pensando na minha última interação com Silas. Ele realmente
acha que tentei atropelá-lo de propósito? Posso desprezá-lo, mas não sou um
lunático como o amigo dele, Bunky.
Estamos sempre assim. Tudo o que tenho que fazer é passar por ele e ele tem
um problema. Ele tem feito isso desde o momento em que nos conhecemos no
primeiro ano, quando eu acidentalmente tropecei nele no refeitório – e foi
realmente um acidente, não importa o quanto ele insistiu que não foi.
Ainda me lembro da maneira como ele olhou para mim e como seus grandes
olhos castanhos fixaram os meus. Era como se todo o ar tivesse sido sugado da sala.
A intensidade da minha reação a ele simplesmente me pegou de surpresa, e eu sabia
que não seria algo que eu iria esquecer tão cedo. Eu nunca tinha experimentado
nada parecido antes. Eu estava tão perdido, tão extasiado, que levei um momento
para voltar à realidade.
Depois que o torpor passou, tentei ajudá-lo, mas ele não aceitou. Ele
empurrou minha mão, levantou-se na minha cara e ameaçou 'me foder'. Fiquei tão
chocado com a explosão que não consegui nem falar, apenas fiquei ali de queixo
caído e sem saber como proceder.
Não ajudou o fato de meus amigos estarem rindo como se tivessem
participado da piada. Seus olhos em mim, a pressão para me conformar e a
agressividade de Silas me deixaram incapaz de fazer qualquer coisa além de vê-lo
ir embora. Quando tentei me desculpar no dia seguinte, ele ficou furioso.
Percebi então que não havia nada que eu pudesse fazer para mudar a opinião
dele sobre mim, e eu não iria ficar ali e fazer papel de bobo.
Então foi assim que tudo começou e, três anos depois, não melhorou.
Silas traz à tona o que há de pior em mim. É como se eu tivesse uma fúria
crua que está enterrada tão profundamente dentro de mim e pronta para ser
liberada no segundo que ele estiver próximo. A pior parte é que ele sabe que está
me afetando, não importa o quanto eu tente esconder. Ele está sob minha pele, e a
cada dia eu chego mais perto de agir impulsivamente e dar uma surra nele.
Deus, papai adoraria isso. Seu premiado show de pônei representando – o
que as pessoas pensariam?
Depois de pegar minhas coisas no armário, vou em direção à aula de
Química. Tenho esperança de que o professor goste de mim o suficiente para não
me marcar como atrasado. Felizmente, ele não faz isso. Isso é bom porque é outra
coisa que não funcionaria no que diz respeito ao meu pai.
A aula é boa, previsível. Faço todas as coisas que se espera de mim. Levanto a
mão para responder perguntas quando ninguém mais o faz, ajudo colegas que não
conseguem fazer as equações mais fáceis e faço questão de perguntar sobre o dever
de casa desta noite.
E eu odeio cada segundo disso.
Saio da aula assim que o sinal toca e vou trocar os livros para minha próxima
aula. Quando estou alcançando meu armário, sou jogado contra a estrutura de
metal, minha respiração fica presa, arrepios indesejados subindo pelo meu braço.
Olho para trás, estreitando os olhos quando vejo que é Silas. Ele olha por cima do
ombro enquanto se afasta, me enviando um de seus sorrisos arrogantes, tão sem
remorso. Eu odeio o que aquele olhar faz comigo, me estimulando e me enviando
em uma espiral de pensamentos, tudo ao mesmo tempo, na qual me recuso a me
aprofundar.
— Cuidado para onde você está indo, — eu sibilo, esfregando o local que
ainda queima com seu toque.
Ele se vira, andando para trás enquanto levanta as sobrancelhas e encolhe os
ombros. — Não vi você aí, menino de ouro. Acho que a escola precisa dar destaque
para você.
Estou a segundos de explodir quando uma voz irritante encontra meus
ouvidos, me impedindo de ser estúpido.
— Ele está incomodando você?
Resmungo internamente antes de me voltar para Kent, o idiota mor e,
infelizmente, meu colega de equipe. Ele está sempre tentando se aproximar de mim,
sem perceber que não estou muito interessado em ser seu "amigo". Ele age como se
eu não soubesse que ele está fervendo de ciúmes, que ele faz um péssimo trabalho
para esconder. Ele me irrita muito. Não gosto de pessoas falsas e ele é a definição
disso.
Ele está com Maybelline. Matança dupla. Essa garota vem tentando ficar
comigo há anos, não porque ela realmente gosta de mim, mas porque ela acha que
pegar o quarterback estrela vai torná-la uma estrela.
Quero gritar para Kent me deixar em paz, mas não posso fazer isso porque
tenho uma imagem a manter. A porra perfeita do Blaine Yates. Eu coloco o sorriso
mais falso que consigo, sabendo que provavelmente pareço um maníaco, não que
eu me importe. — De jeito nenhum. Provavelmente foi um acidente.
— Considerando que foi Richards, duvido muito. — Kent bufa, aquele
sotaque pomposo cobrindo suas palavras.
— Certifique-se de tomar cuidado, B, — Maybelline me diz, com os olhos
arregalados com falsa preocupação enquanto agarra meus braços com suas unhas
parecidas com navalhas. — Eu ficaria arrasada se algo acontecesse com você. Você
sabia que ele quase me atropelou na aula hoje? Eu poderia ter ficado gravemente
ferida.
— Eu não teria deixado isso passar, — diz Kent, quase como se estivesse
tentando me superar, estufando seus peitorais imaginários e mostrando seu
domínio com suas metafóricas penas de pavão. — Eu colocaria o lixo do trailer no
lugar dele.
— Tem certeza de que está bem, Blaine? — Maybelline pergunta.
Estarei melhor se todos me deixarem em paz.
Mais uma vez, finjo ser algo que não sou e sorrio para ela. — Obrigado,
Maybelline, mas vou ficar bem.
Os dois me lançam olhares incrédulos, mas estou pronto para me afastar
deles e seguir para a próxima aula. Já cheguei atrasado uma vez hoje, não preciso
que isso aconteça de novo. Dou essa desculpa a eles enquanto saio correndo e vou
para a segunda aula. Ainda estou atrasado, a campainha toca quando estou prestes
a entrar na sala de aula. O Sr. Reynolds perdoa meu atraso facilmente, como eu
sabia que ele faria.
Porque eu sou o perfeito Blaine, porra, Yates.
— Boa corrida, Blaine.
— Bom trabalho. Iremos até o fim este ano se você continuar jogando assim.
Meus companheiros de equipe batem em minhas ombreiras e dão tapinhas
em minhas costas em agradecimento enquanto suas palavras sussurradas de
aprovação se enrolam em torno de mim como uma cobra sufocando a vida de sua
presa.
— Você viu a forma dele? O garoto está indo a lugares grandes.
— Eu sei que o pai dele deve estar orgulhoso, — diz o treinador quando passo
por ele, dando-me um sorriso impressionado.
Tento ao máximo recuperar o fôlego, sem saber se é a adrenalina, o pânico
ou os olhares constantes em mim que me fazem sentir tão exposto.
Minha pulsação acelera na minha cabeça e meu corpo fica pesado a cada
passo que dou em direção à mesa de bebidas. Mais alguns companheiros me
elogiam quando passo por eles, mas isso me faz estremecer internamente, assim
como todos os outros. Eu não digo nada porque nunca sei o que dizer sobre coisas
assim. Tenho certeza de que as pessoas às vezes confundem minha quietude com
idiotice, mas na verdade fico desconfortável com todos os elogios.
Minha mão treme levemente quando seguro o copo de papel sob o bocal do
refrigerador laranja, observando o Gatorade amarelo derramando nele com falsa
fascinação, precisando me concentrar em algo diferente do escrutínio das pessoas
ao meu redor.
Estou me afogando.
Estou sufocando.
Estou morrendo um pouco mais por dentro a cada maldito dia.
Bebo minha bebida, fechando os olhos quando o sabor cobre minha língua.
Ainda odeio a sensação de estar sob um microscópio. É como ter uma centena de
pequenas aranhas rastejando por toda a minha pele, fazendo-me arrepiar e apertar
a garganta.
Ser o Quarteback titular do Brookshire High já me traz bastante atenção,
depois acrescento que sou filho do prefeito Yates e - bum - alerta a mídia. Não
consigo nem espirrar sem que alguém nesta pequena cidade saiba disso. Chame
isso de um pouco dramático demais, mas, caramba, às vezes parece assim.
— Você está bem? — Landon, meu melhor amigo e companheiro de equipe,
pergunta quando desliza ao meu lado, igualmente encharcado de suor.
Dou de ombros porque não faz sentido mentir para ele. Landon é a pessoa
que está mais perto de conhecer meu verdadeiro eu enterrado sob essa fachada. Ele
sabe o quanto eu odeio essa merda de ser o centro das atenções e ter pessoas
gravitando em relação a mim - porque acham que isso os tornará populares por
associação, não porque realmente gostem de mim.
Afasto o pensamento, virando-me para olhar para Landon enquanto esboço
um sorriso falso. — Sim, estou bem.
Ele bate seu ombro no meu, seu rosto cético. — Eu sei que a atenção incomoda
você. Não demorará muito até que você não precise mais lidar com as besteiras do
ensino médio.
Sim, e estou mais que pronto. Papai e Landon não têm ideia de que não irei
para a Universidade da Geórgia para jogar bola na faculdade depois da formatura.
Se todas as cartas derem certo, devo receber minha carta de aceitação antecipada
em Yale e as bolsas acadêmicas integrais de várias organizações diferentes para
acompanhá-la.
Portanto, o estigma do atleta idiota pode se foder. Os atletas não podem ser
inteligentes? Bem, eu sou. O melhor da minha turma, quadro de honra, e isso passa
despercebido porque sou incrível no futebol e odeio isso.
— Meses que passarão tão devagar que posso praticamente ver os segundos
passando, — murmuro, passando a mão pelo meu cabelo molhado de suor.
— Você ficaria surpreso. Quem sabe? Talvez algo interessante aconteça este
ano para tirar sua mente das coisas, — diz ele, com um sorriso alegre no rosto. Eu
sei que ele está apenas tentando ajudar, mas não funciona, não quando a liberdade
está tão próxima e ao mesmo tempo tão distante.
— Você está prevendo o futuro? — Eu bufo, levantando uma sobrancelha
enquanto olho para ele. — Você viu isso na sua bola de cristal mágica?
Ele zomba e me dá um empurrão. — Idiota.
Eu o empurro de volta, o que se transforma em uma luta total de empurrões
e esquivas. Depois do quinto empurrão forte que quase me deixou deitado na
grama, levanto as mãos em sinal de rendição. — Certo! Ok! Eu sou! Malditos
linebackers, — eu gemo quando minha risada morre, esfregando o ponto agora
dolorido abaixo das minhas costelas.
— Você deveria ter pensado melhor, Yates. Eu sou muito mais forte que você.
— Sim, é verdade, — eu digo, pegando outro copo e enchendo-o com
Gatorade antes de me voltar para Landon com um sorriso malicioso nos lábios. —
Mas eu corro mais rápido.
Então jogo o conteúdo gelado do copo para ele e salto pela grama em direção
ao vestiário. Enquanto corro, posso ouvir sua maldição em voz alta antes do som de
seus pés batendo atrás de mim.
Três

Silas

Depois do dia escolar mais longo da história, vou para a loja com os rapazes.
Whaley não está lá, mas Badge e Fox estão, e nós batemos nossas palmas com as
deles quando passamos.
Trabalho na loja quase todas as tardes, limpando, acompanhando faturas,
processando alguns pagamentos e ajudando nas trocas básicas de óleo quando
necessário. Não é nada sofisticado, mas dinheiro é dinheiro e preciso dele o máximo
que puder.
— Estarei lá atrás com Badge e Fox, — Bunky me diz, tirando seu casaco e
colocando-o atrás do balcão.
— Você está trabalhando naquela velha Harley?
Algumas semanas atrás, ele encontrou uma motocicleta velha no ferro-velho
quando foi buscar peças com Badge e Fox. Ele comprou por capricho e não tem
feito nada além de trabalhar nela sempre que pode.
— Sim, sinto que finalmente estou chegando a algum lugar, — ele diz
enquanto se afasta.
Deslizo para trás da mesa e me sento no banquinho no momento em que Raid
se inclina sobre o balcão, baixando a voz para um sussurro enquanto ele fala
merda. — Ele está mentindo. Ele não vai chegar a lugar nenhum com aquela
maldita motocicleta. Inferno, nem tenho certeza se o próprio Fox poderia consertar
isso. É lixo. — Eu rio disso. O irmão adotivo de Bunky, Fox, é o melhor mecânico
que temos. Se ele não consegue consertar, ninguém consegue. Raid revira os olhos,
recuando e batendo no balcão com os nós dos dedos antes de começar a se afastar.
— Mas vou ajudá-lo de qualquer maneira, porque é isso que eu faço.
Raid e Bunky estão sempre brigando um com o outro e são uma fonte diária
de entretenimento para mim... Bem, eles e Blaine.
Eu zombei, irritado comigo mesmo por pensar em Blaine. Juro que ele sempre
consegue entrar na minha cabeça nos piores momentos.
Apertando botões do teclado com muita força, entro no computador,
esperando que meu trabalho mantenha minha mente longe de coisas nas quais não
deveria pensar. Vejo que há quatro veículos prontos para retirada e faço ligações
para avisar os proprietários. Esta é a única parte do trabalho que não gosto.
Conversar com as pessoas não é meu forte.
Embora todos tenham pavor de Whaley, sua loja é a única em três condados,
então ele consegue muitos clientes. A maioria dos clientes de Whaley são ricos e,
embora isso seja bom para o negócio, tendem a pensar que são melhores do que
nós. Daí o arrogante 'você não pode trazer meu carro para mim?' resposta que
acabei de receber de Martha Waters ao telefone agora há pouco. Reviro os olhos,
desligando depois de dizer 'não' e que horas a loja fecha hoje.
Não me interpretem mal, sou grato pelo trabalho e por Whaley porque se
não fosse por esta loja, eu teria mais coisas para esperar todos os dias, mas juro que
algumas pessoas tornam isso difícil por não razão. Você pode imaginar ser rico e
miserável? Como isso é possível? Eu descobriria uma maneira de comprar um
bastão da felicidade. Isso tem que ser uma coisa real, certo?
A campainha acima da porta toca um momento depois e eu olho para cima
e vejo um homem mais velho entrando. Ele está vestido com esmero em seu terno
sofisticado de algum designer que nem consigo pronunciar.
— Posso ajudar? — Eu questiono, notando o quão deslocado esse homem
parece em nossa loja suja.
— Ei, garoto, onde está Whaley? É urgente. — Ele me dá um aceno
impaciente, como se isso fosse fazer Whaley aparecer magicamente.
Esse homem conseguiu me irritar em dois segundos, o que provavelmente é
um novo recorde. Minha sobrancelha se arqueia enquanto examino ele, tentando
descobrir quem diabos ele pensa que é. Ele deve ter muita coragem para exigir ver
Whaley daquele jeito. — Ele não está aqui. Você precisa de alguma coisa?
Ele suspira e fica em frente ao balcão. — Meu nome é Jack Leslow. Recebi
uma ligação sobre meu carro... Você sabe, o Maserati.
É preciso tudo de mim para conter minha réplica. Esse cara não pode estar
falando sério. Ele sabe quantos carros passam por aqui? Quantos Maseratis eu vi
este mês? Ele não é especial.
— Certo, — murmuro, digitando seu nome no computador e examinando as
anotações que Whaley tem sobre seu carro. — O motor está ruim. — Vou direto ao
ponto, não querendo prolongar nenhuma conversa com esse idiota. — Você vai
precisar de um novo. — Imprimo o papel, pego uma caneta e deslizo ambos para
ele. — Assine aqui.
Ele olha para ele com desgosto antes de empurrá-lo de volta para mim com
um dedo, esboçando um sorriso. — Onde está Whaley? Sem ofensa, garoto, mas
prefiro ouvir a opinião de alguém menos irritado.
Eu suprimo a vontade de mandá-lo se foder. Eu corro pela loja de Whaley
desde que era pequeno e aposto que sabia muito mais sobre carros naquela idade
do que aquele homem de terno de grife, estilo perfeito e mãos macias.
— Esta fatura veio do próprio Whaley. Ele teve que sair um pouco. Devo
revisar os custos com você e ver que caminho você deseja seguir. — Empurro a
fatura para ele mais uma vez, sem me surpreender quando um sorriso malicioso
sai de seus lábios. Cuidado, senhor, seu lado idiota está aparecendo.
Ele tira os óculos dos olhos, apertando a ponta do nariz como se isso fosse a
coisa mais inconveniente que ele já encontrou. — Quanto tempo ele estará de
volta?
Encolho os ombros, cruzando os braços sobre o peito. — Não sei. Ele está
cuidando de alguns negócios.
Enfatizo a palavra, esperando que ele consiga uma pista. Ah, e ele faz. Seu
corpo enrijece e ele coloca os óculos de volta.
Claramente, a reputação de Whaley o precede. Obrigado porra.
— Certo, — diz ele, cantando uma música totalmente diferente agora
enquanto tira seu cartão platina e rabisca rapidamente uma assinatura na fatura.
— Basta fazer o que for mais rápido. Quanto tempo antes de estar pronto?
Eu insiro suas informações no sistema antes de devolver o cartão. —Vou
prosseguir e encomendar as peças que Whaley listou. Levará cerca de uma semana
para trazê-los. Assim que chegarem, ele começará a trabalhar nisso imediatamente.
Então eu acho que cerca de três semanas.
— Você consegue as peças mais rapidamente? Preciso dele de volta o mais
rápido possível.
— Eu posso, mas vai custar caro.
Ele me acena, o ouro do seu relógio brilhando nas lâmpadas fluorescentes.
— Isso é bom. O custo não importa.
Deve ser legal. — Vou fazer uma anotação para Whaley então.
— Obrigado, garoto, — ele chama novamente, a campainha tocando quando
ele sai.
— Não sou uma maldita criança, — eu cerro os dentes. Não só tenho dezoito
anos, como também não sou criança há muito tempo. Inferno, eu nem tenho
certeza se já fui uma.
Pegando a fatura, eu a examino e faço um pedido urgente das peças antes de
arquivá-la.
As próximas horas passam em uma névoa de pessoas, e logo, estou virando a
placa para ‘fechado’ e trancando a porta. Depois faço alguns telefonemas,
informando aos clientes que seus carros estão prontos para serem retirados
amanhã, antes de ir para a parte de trás para fazer a limpeza.
Quando termino, pego um cigarro e vejo Raid e Bunky ainda trabalhando na
Harley, as peças espalhadas ao redor deles como confetes. Raid não estava
mentindo, essa coisa é uma merda.
— Sem sorte, hein? — pergunto, sentando-me em um balde virado de cinco
galões do lado de fora da porta da garagem.
Bunky zomba, passando o antebraço no rosto antes de afastar o cabelo
molhado de suor. — Porra, não. Badge continua me dando dicas, mas na maioria
das vezes ele me deixa fazer isso sozinho.
— Ei, estou tentando ajudar, — Raid acrescenta, roubando meu cigarro para
dar uma tragada e devolvendo-o.
— Se é que você pode chamar isso de ajuda, — Bunky joga para trás,
levantando-se de sua posição agachada e jogando a chave inglesa no chão. — Isso
é mais difícil do que pensei que seria.
— É por isso que Badge está ensinando você. Você vai aprender. Falando
nisso… Onde está Badge? — Eu questiono, procurando por ele e Fox. — Eles foram
embora?
— Sim, eles foram. Tinham que fazer algo por Whaley. — Ele estica os braços
com seu sorriso característico cobrindo seus lábios. — E não é como se eu estivesse
com pressa. Não tenho nada além de tempo.
Às vezes me pergunto o que se passa na cabeça de Bunky. A maneira como
ele sorri e o olhar distante que ele tem às vezes, é como se ele estivesse um pouco
perturbado. Não, nem um pouco, completamente. Bunky é muito louco e tóxico pra
caralho, mas ele é nosso, então nós lidamos com isso.
— Então... — Eu me levanto, apagando meu cigarro. — Como posso ajudar?
— Honestamente, estou prestes a desistir. De qualquer maneira, tenho que ir
para casa, — ele me diz enquanto limpa as mãos com um pano velho.
— Legal, então vou deixar vocês em casa, — digo.
Nós três limpamos, fechamos as portas da garagem e eu mando uma
mensagem rápida para Whaley para avisá-lo que terminei o dia. Quando recebo
de volta sua resposta com o polegar para cima, percebo o quão paralisado
realmente me sinto.
Escola, trabalho, casa.
Lave, enxágue, repita.
QUATRO

Blaine

Estou exausto.
Considerando que completei um dia inteiro de aula, pratiquei a todo vapor e
passei o tempo depois disso no Conselho Estudantil, não há razão para que eu não
deva estar morto.
Atravesso a porta da frente, meu corpo gritando para desabar na cama e
esquecer todo o dever de casa que tenho. Talvez eu possa tirar uma soneca rápida,
tomar um Red Bull e passar outra noite inteira para terminar minhas coisas.
O aperto no meu peito volta de repente e minha língua fica seca e pesada na
boca. Deixo cair minha bolsa de equipamentos, agarrando o corrimão da escada
quando começo a suar. Porra, agora não. Esses ataques de pânico têm acontecido
com mais frequência ultimamente e já superei isso.
Aperto os olhos, desejando que as sensações se afastem. Tento me lembrar
que estou bem, que tudo é temporário e que só preciso de mais um empurrão e
tudo estará acabado.
Assim que finalmente consigo recuperar os sentidos, pego minha bolsa e subo
as escadas, mas uma voz estrondosa interrompe minha fuga.
— Filho, como foi o treino?
Paro e me endireito imediatamente. Não pensei que meu pai chegaria em casa
tão cedo porque ele geralmente fica até tarde no escritório durante a semana. Viro-
me lentamente para a sala de estar, tentando controlar minhas feições e rezar para
que ele não tenha apenas testemunhado meu surto. Tenho certeza de que mamãe
está em algum lugar com as amigas no bar de vinhos local, então não preciso me
preocupar com ela, não que normalmente faria. Seminários de Pilates e meditação
– sejam lá quais forem – são suas prioridades.
É irônico, realmente. Papai se preocupa muito com as coisas erradas,
enquanto mamãe se preocupa muito pouco com tudo.
O rosto do papai não revela nada, não que normalmente faça. Herdei dele
minha aparência - do cabelo loiro aos olhos acinzentados - e às vezes é assustador
o quanto somos parecidos. Apesar disso, não poderíamos ser mais diferentes. Papai
adora a personalidade que passou anos cultivando, e também gosta do fato de seu
filho ser o menino de ouro da Brookshire High. Odeio admitir, mas ele é como o
resto deles. Tudo o que ele vê em mim é o que ele quer ver, e nunca tive forças para
desafiar isso. É mais fácil assim.
— Pai, — eu digo, tentando o meu melhor para sorrir tão genuinamente
quanto posso, porque é isso que se espera de mim, antes de pegar minha mochila
de ginástica caída. — Foi bem.
Ele cantarola, me dando um aceno lento enquanto caminha até o pequeno
carrinho de bar que mantemos perto das portas do pátio. — E o Conselho
Estudantil?
— Ainda vice-presidente. — Eu tenho uma mordida involuntária em minhas
palavras. Quando ele levanta uma sobrancelha estoica, limpo a garganta e
enrubesço. — Hum, desculpe, senhor.
Ele suspira cansado, servindo-se de um pouco de uísque antes de caminhar
até o sofá. — Você está cansado. Entendo. Cindy tem deixado refeições adequadas
para você?
Eu concordo. Nossa governanta-cozinheira sempre prepara um café da
manhã, almoço e jantar decentes. Embora meus pais nunca estejam presente para
realmente estar comigo. Papai está muito ocupado administrando a cidade e
mamãe está muito ocupada fazendo... bem, fazendo seja lá o que ela faz o dia todo.
Não acho que eles pretendam ficar distantes, só acho que não sabem nada
melhor. Mas papai é o pior. Embora eu possa encarar a apatia e o desinteresse de
mamãe com cautela, as expectativas rígidas de papai são duras.
— Você ouviu alguma coisa da Universidade da Geórgia? — ele questiona,
finalmente com algum interesse em seus olhos, os cantos deles enrugando de
excitação.
Mais uma vez, balanço minha cabeça. Então mordo o interior da minha
bochecha enquanto me balanço desajeitadamente sobre os calcanhares. —Ainda
não.
Ele parece desapontado, mas dá de ombros. — Bem, continue com o trabalho
duro. Tenho certeza que eles enviarão alguns olheiros para ver seus jogos em breve.
Lembre-se, basta manter a cabeça no lugar e você será um recruta indispensável.
É nesse momento que desejo ser mais corajoso, ousado e indiferente, porque
assim poderia contar a verdade ao meu pai. Eu poderia dizer a ele que não importa
o que aconteça, não irei para a universidade cuidadosamente selecionada para
jogar bola na faculdade. Eu poderia dizer a ele que já me candidatei a bolsas
acadêmicas nas universidades com os melhores programas de pré-medicina. Eu
poderia admitir que não quero entrar na NFL, mas sim ser médico. Eu poderia
confessar meu ódio ao futebol e implorar para que ele entendesse que só quero
fazer algo com um propósito.
Mas sou fraco e assustado e muito condicionado agora. Então tudo que faço
é sorrir e acenar com a cabeça. — Sim senhor.
Espero como um cachorrinho treinado, parado desconfortavelmente na
entrada, antes que ele incline a cabeça para me dispensar. Então subo rapidamente
para o meu quarto, soltando um suspiro forte assim que fecho a porta atrás de mim
e deixo cair minha bolsa no chão. Em vez de mergulhar imediatamente no meu
dever de casa, vou para minha mesa e ligo meu computador. Uma vez ativado, vou
para o meu navegador e clico na guia mais usada que salvei.
Bem-vindo à Universidade de Yale!
Não consigo evitar o sorriso que se estende pelo meu rosto. Eu sei que é
apenas a saudação cafona normal em todas as páginas da universidade, mas essas
palavras me enchem de esperança. Yale. É onde eu quero estar. Quero estar
rodeado de pessoas como eu – inteligentes, motivadas, dedicadas a melhorar o
mundo – e só de pensar que estarei lá em menos de um ano já me ilumina.
Estarei longe de Brookshire, das sanguessugas que querem me sugar, da
pequena cidade que me mantém em um pedestal, de Silas que não faz nada além
de me confundir e irritar, e até mesmo do meu pai que quer uma cópia plástica
perfeita como filho.
Não percebo que meus olhos estão fechados e que estou desmaiando
lentamente até levantar a cabeça e perceber que são três da manhã. Eu me
amaldiçoo enquanto fecho meu laptop antes de ir até meu frigobar pegar um Red
Bull.
Acho que é hora de ser o menino de ouro.
CINCO

Silas

Quinta-feira significa dia de pagamento e com isso vem Bunky, Raid e meu
ritual semanal para jantar no Kelly's Diner.
O lugar está lotado quando chegamos, o que não é surpreendente,
considerando que este é o melhor ponto de encontro da cidade. Eu pessoalmente
odeio esse lugar superlotado, mas eles têm a comida mais barata e ainda gostosa.
Entramos, pegando uma cabine vazia no canto mais distante.
— O que você está comprando? — Bunky pergunta, olhando para o quadro
de especialidades do dia na parede.
Não sei por que ele se incomoda, sempre compramos a mesma coisa porque
é um dos mais baratos do cardápio. — Provavelmente apenas um hambúrguer e
batatas fritas.
— Sim, eu também, — diz Raid, no momento em que Liza, minha cunhada,
chega até nós.
— Estava me perguntando quando você apareceria. Está ficando tarde, —
afirma ela, colocando três águas na nossa frente.
— O trabalho atrasou. — Eu olho para ela, observando seu coque bagunçado,
bochechas encovadas e olhos cansados. — Quando você vai sair?
— Não até tarde. Sua mãe está assistindo June, então troquei com outro
servidor para ganhar algum dinheiro extra.
Concordo com a cabeça, mordendo o lábio enquanto continuo a observá-la,
fazendo uma nota mental para conseguir alguma comida para levar para casa.
— Você comeu? — Não posso deixar de perguntar, sentindo que preciso
cuidar dela também.
Ela revira os olhos e então me dá um tapa na cabeça com seu bloco de
pedidos. — Sim, pai. Estou bem. Agora, me dê seu pedido. Preciso voltar ao trabalho,
— ela retruca, pegando a caneta do avental e rabiscando nosso pedido assim que
contarmos a ela. — Tudo bem. Eu vou entregar. Não deve demorar muito.
Enquanto a observamos partir, uma pontada de remorso me atinge. Eu me
sinto mal. Tudo o que aconteceu com Ryker foi uma besteira, e mesmo que eu
soubesse que isso aconteceria porque ele não conseguia se recompor, isso não torna
tudo menos fodido. O ruim é que ele nem estava roubando nada para Whaley. Meu
irmão idiota tinha os dedos pegajosos habituais e foi pego pela última vez. Não há
mais tapas no pulso como advertência.
— Ela parece cansada, — diz Raid, como se estivesse lendo minha mente.
Observo enquanto ele tira o papel do canudo antes de colocá-lo no copo. — Ela
parece bem, apesar das circunstâncias.
— Sim,— eu confirmo, pegando meu próprio canudo e arrancando a
embalagem lentamente, tentando manter minhas mãos ocupadas.
Não gosto de falar do meu irmão. Isso me deixa triste e muito bravo ao mesmo
tempo. Eu o odeio por seu descuido. Ele deveria estar aqui cuidando de sua família.
Em vez disso, ele está apodrecendo atrás das grades com o nosso velho.
— Acho que vou pintar a Harley de preto e prata. Posso adicionar alguns
adesivos de fogo também quando terminar, — Bunky acrescenta aleatoriamente, e
estou grato por sua capacidade de me ler.
— Você já tem um nome para ela? — pergunto a Bunk.
— Ainda não. Acho que saberei quando terminar.
Raid bufa enquanto limpa os óculos com a barra da camisa. — Bem, você tem
um tempo para descobrir então.
Droga, tiros foram disparados.
A expressão de Bunky passa de irritada a indiferente antes que ele finalmente
dê de ombros. — Sim, você provavelmente está certo. Badge me disse que não estava
ajudando muito com isso. Se for esse o caso, levarei anos para terminar. Achei que
era bom em reconstruir, caramba, faço isso com Badge desde que me lembro, mas
trabalhar com alguém é muito diferente de seguir carreira solo.
— Ele não permitiria que você fizesse isso se não achasse que você poderia.
Basta manter isso em mente, — digo a ele honestamente.
— Bem, acho que o tempo dirá.
Alguns minutos depois, Liza vem deixar nossos pratos. — Precisa de mais
alguma coisa?
Eu balanço minha cabeça. Mesmo que eu precisasse de algo eu não pediria,
porque me sentiria mal fazendo ela correr por mim. — Não, estamos bem.
— Legal. Voltarei daqui a pouco. Aproveitem, pessoal.
Pego o pacote de maionese, sacudindo-o duas vezes antes de adicioná-lo ao
meu hambúrguer. Há um frasco de mostarda sobre a mesa e coloco uma
quantidade generosa no prato, mergulhando uma batata frita na pilha antes de
comê-la.
— Isso é nojento, — diz Bunky com a boca cheia de hambúrguer.
— Eu poderia dizer a mesma coisa sobre isso, — retruco, apontando para o
prato dele. — Ketchup é nojento.
— Nunca disse que não era, — ele responde, passando uma batata frita no
ketchup e enfiando-a na boca para provar seu ponto de vista.
— Isso é um monte de...
O som de vidro quebrando nos fez todos se virar na direção da ruptura. Vejo
Liza do outro lado da lanchonete, parecendo nervosa enquanto tenta se afastar do
idiota. Kent. Ele está com a mão no braço dela, tentando puxá-la para mais perto
dele. Como diabos eu não percebi que os atletas haviam chegado?
Levanto-me e saio do meu lugar, atravessando a lanchonete antes mesmo de
ter a chance de pensar sobre isso.
— Eu a deixaria ir se fosse você, — rosno quando chego a eles.
O lábio de Kent se ergue para o lado enquanto ele olha para mim como se
achasse que isso era algum tipo de piada. Juro que um dia desses vou perder a
cabeça com esses idiotas.
— Você não me ouviu, idiota? — Eu disse. Deixe. Ela. Porra. Ir. — Eu digo
cada palavra lentamente, meu rosto contraído e corpo tenso, querendo que ele veja
o quanto estou falando sério.
Kent deixa cair o braço dela e depois levanta as mãos fingindo se render.
— Estávamos apenas conversando. Nada para se preocupar, — diz ele,
apontando por cima do ombro para a mesa cheia de caras da nossa escola. — Certo,
pessoal?
Meu olhar examina os jogadores e minha irritação aumenta com cada par
de olhos que encontro, até pousar em ninguém menos que Blaine Yates. Meus
punhos cerram ao meu lado e posso sentir minhas unhas cravando minha pele.
Claro que esse idiota está por trás de tudo. Esse idiota pensa que pode fazer o que
quiser com pouca ou nenhuma consequência por causa de quem é seu pai.
— Eu não deveria estar surpreso que você estivesse por trás dessa merda, —
eu cuspi, dando um pequeno passo em sua direção.
Seus olhos se arregalam enquanto seu queixo cai, parecendo tão
pateticamente confuso que isso me irrita ainda mais. — Seriamente? Eu não fiz
nada.
Sinceramente, acho que é isso que mais me emociona. Em vez de aceitar meu
desafio, ele se faz de idiota. Ele é perfeito, perfeito demais para pensar que fez algo
errado, e eu odeio isso. Eu quero que ele revide, quero que ele fique bravo, quero
ver o cara perfeito que ele afirma ser libertado e perder o controle...
Mas ele não faz isso. Ele nunca faz isso e eu não aguento isso.
— Não é o que seu amigo estava dizendo. — Faço um gesto para o resto dos
atletas na mesa. — Você gosta de mexer com garotas enquanto elas tentam
trabalhar, hein?
— Você está falando demais, — diz ele, olhando para mim com espanto.
Há um leve tom em sua voz agora, mas seu comportamento não muda muito,
e isso só me alimenta. Sei que não é racional e não sei exatamente por quê, mas
quero que ele lute comigo. A parte sã de mim está dizendo que é por causa do que
aconteceu com Liza, mas isso pode ser apenas uma desculpa. Quero que algo me
desencadeie, algo que justifique o acúmulo de toda a minha agressão contra ele.
Porque o maldito Blaine Yates perfeito faz alguma coisa comigo.
Dou outro passo, preparado para pular sobre a mesa e agarrar sua bunda se
for preciso.
— Acho que você precisa aprender uma lição sobre boas maneiras.
Claramente, sua mãe não lhe ensinou nada. — Tento dar outro passo, mas a mesa
me impede.
— Não foi isso que aconteceu. — Seu rosto se contrai levemente enquanto
ele pensa em seu próximo movimento. — Você teve muita coragem de falar sobre
minha mãe. Devo dizer algo sobre a sua?
OK. Eu merecia. Eu sei que sim, mas isso não importa. A fúria incandescente
acende todos os nervos do meu corpo e preciso expulsá-la. Rosno, avançando para
agarrá-lo, mas sou parado por Bunky e Raid enquanto eles me puxam de volta.
Estou cuspindo fogo e pronto para atacar, tão tenso que levo um momento para
perceber que Liza está parada na minha frente, com o dedo cutucando meu peito
enquanto fala.
— Blaine não fez nada. Calma, Silas. Você não pode fazer isso aqui. Você vai
se meter em problemas. — Ela tenta dizer isso baixinho, mas sua voz percorre o
restaurante agora mortalmente silencioso.
Olho em volta e percebo que atraímos a atenção de todos aqui. Até todos os
funcionários pararam de trabalhar, não querendo perder o drama que se
desenrolava. Besteira típica de cidade pequena. Foda-me.
— Isso mesmo, Silas. Você não gostaria que eu ligasse para meu pai, o xerife,
não é? — Kent provoca. Este bastardo e seu pai bandido são uma combinação feita
no Sétimo Círculo do Inferno.
— Vá em frente e ligue para ele. Vou prestar queixa contra você por tentar
tocar minha bunda, — diz Liza, e vejo vermelho novamente.
Olho para Liza, a fúria crescendo dentro de mim mais do que antes. —Que
porra você disse? — Então olho para Kent. — Você tentou agarrar a bunda dela?
Eu nem penso, apenas voo para frente, quebrando o controle de Raid e Bunky,
acertando meu punho no nariz de Kent. O som de ossos quebrando soa alto e a
adrenalina correndo por mim faz meu sangue cantar.
SIM!
Só consigo acertar um golpe antes de ser arrancado dele, mas o estrago já
está feito. Kent está sangrando muito, o colarinho da camisa coberto de vermelho.
Raid e Bunky estão me arrastando em direção à saída, e eu deixo, observando Blaine
pegar uma pilha de guardanapos e pressioná-los no nariz de Kent. Blaine olha para
mim, olhos estreitados e lábios curvados, mas eu apenas o desligo.
— Mantenha a porra das mãos para você, idiota! — Grito com Kent pouco
antes de a porta da lanchonete se fechar.
Uma vez lá fora, afasto Bunky e Raid dos braços e ando por todo o prédio
antes de caminhar até meu carro. Então entro no porta-luvas para pegar um maço
de cigarros fechado e bato na palma da mão para fechá-lo. Meus nós dos dedos
queimam, mas não me importo. Mal consigo pensar direito.
Liza não é minha namorada, mas é do meu irmão, o que significa que tenho
que cuidar dela enquanto ele está preso. Eu serei amaldiçoado se alguém foder com
ela sob meu comando.
Retiro o plástico e o papel alumínio da embalagem, retiro um e acendo. Meus
olhos se fecham quando a fumaça enche meus pulmões. Sim, isso é a porra do
paraíso. O único pedaço do céu que provavelmente conhecerei. Abro os olhos e
estendo o pacote para Bunky e Raid. Agradeço por nenhum dos dois falar, apenas
aceita o cigarro oferecido antes de se sentar ao meu lado.
Ficamos assim, encostados no carro enquanto espero Liza sair e me avisar
que o xerife está a caminho. Essa foi a única razão pela qual não fui embora. Não
tenho dúvidas que o bocetinha chamou o papai para vir cuidar de mim.
Poucos minutos depois, Liza sai com um saco pendurado entre os dedos. Olho
para ela e dou outra tragada.
— Desculpe, — murmuro, jogando as cinzas fora e esperando por uma
bronca.
Ela balança a cabeça com uma carranca simpática enquanto olha para mim
com aqueles olhos de ‘mãe’. — Você não deveria ter feito isso.
Dou de ombros, sabendo muito bem que faria essa merda de novo. —Ele não
deveria ter mexido com você.
Ela solta um longo suspiro. — Não, ele não deveria ter feito isso, mas eu estava
cuidando disso. — Ela estende o saco para eu pegar, e eu o faço, balançando a
cabeça em agradecimento. — Eu empacotei sua comida. Pegue e saia daqui. Blaine
vai levar Kent ao hospital. Eu ameacei Kent, então ele não vai contar ao pai, mas
você precisa ter cuidado. Você não pode simplesmente sair por aí batendo nas
pessoas. Isso vai te causar muitos problemas. Eu sei que não é grande coisa para
você, mas pense na sua mãe.
Eu odeio que ela esteja certa. Jogo a bituca no chão, esmagando-a com a bota
antes de balançar a cabeça novamente.
— Obrigado. — Puxando minha carteira, passo para ela duas notas de vinte.
É mais dinheiro do que a nossa conta teria sido, mas me sinto mal por causar uma
cena no trabalho dela.
— Está bem. Agora vá, — diz ela, pegando o dinheiro. Antes de dar dois
passos, ela para mais uma vez e se vira para mim. — Ei, Silas?
— Sim?
— Obrigada, — ela me diz, com um pequeno sorriso aparecendo em seus
lábios antes de voltar para dentro.
Claro, eu poderia ter me metido em problemas e Liza parecia chateada, mas
ela sabe que é porque eu me importo.
Entramos no meu carro, mas antes que possamos sair do local, vemos Blaine
saindo com Kent de aparência devastada. A propósito, Kent está se apoiando em
Blaine, você pensaria que quebrei a perna dele em vez do nariz. Inferno, da
próxima vez eu talvez faça.
A putinha vai levar tudo o que tenho. Observo enquanto Blaine o leva até sua
caminhonete e o leva para dentro antes de ir para o lado do motorista. Ele olha para
cima e hesita por um segundo quando nossos olhos se encontram. Sua mandíbula
está cerrada e ele parece estar a cinco segundos de se desfazer antes de piscar e a
expressão desaparecer.
Caramba!
Pela primeira vez, quero vê-lo perder a cabeça. Eu quero ver para o que todo
mundo é tão cego. Não há como alguém ser tão perfeito quanto ele o tempo todo.
Blaine agarra a maçaneta da porta e entra antes de dar ré e ir embora.
— Você está bem? — Bunky pergunta, chamando minha atenção.
Honestamente, não sei o que poderia dizer a ele. Nunca vou entender por que
Blaine sempre provoca essa reação em mim. E, sinceramente, duvido que queira
saber.
Limpando a garganta, aceno com a cabeça e depois saio do meu lugar. —
Sim, estou bem. Vamos sair daqui.

A música vibra nos alto-falantes do carro antigo enquanto todos os meus


amigos e familiares dançam e festejam no campo, nos fundos do estacionamento
de trailers. Não precisamos de desculpa para nos divertir, pelo menos é o que meu
pai sempre dizia.
Eu gostaria de poder ser como todo mundo e me divertir em coisas como essa,
mas não é assim.
Alguém passa por mim, me dá um tapinha no ombro e me entrega uma
cerveja, que aceito, mas não tenho intenção de beber. Essa coisa toda não é minha
praia, nunca foi. Na verdade, estou entediado e pronto para voltar ao meu trailer e
desmaiar no sofá. Eu poderia dormir um pouco.
Suspiro, recostando-me no carro enferrujado e degradado do residente,
minha mente repassando os acontecimentos do dia indefinidamente. O estúpido
Kent e o estúpido Blaine. Eu adoro uma boa briga, até mesmo para me divertir, e
algo sobre a ideia de brigar com Blaine... não consigo descrever. Nunca desejei tanto
algo.
Minha mente estava praticamente gritando para ele fazer alguma coisa.
Estou lentamente eliminando toda a indiferença gelada que ele construiu e que
quase rompeu, e quando o fizer, sei que será lindo de ver, vê-lo se soltar.
Pare de pensar no Blaine, porra Yates.
Mas não posso.
Quero sentir o soco dele quando ele corta meu lábio com um soco. Quero
sangrar por causa do ataque dele, apenas para me virar e revidar com a mesma
força. Não sei se quero sangrar por ele tanto quanto quero que ele sangre por mim,
mas sei que o que quer que aconteça entre nós será explosivo.
Isso é perturbador? Provavelmente, mas não consigo me importar. Ele me
deixa louco.
— O que está em sua mente?
Pisco algumas vezes, percebendo que estava tão perdido na minha cabeça
que nem ouvi minha mãe se juntar a mim. Eu me viro, dando-lhe um pequeno
sorriso. — Não muito. Apenas zoneado. Você está se divertindo?
Ela sorri de volta, seus olhos levemente vidrados em álcool encontrando os
meus. — Sim. É bom ter algum tempo de inatividade de vez em quando.
Ela merece isso. Ela passa muito tempo tentando cuidar de todos sozinha. Eu
amo minha mãe. Ela tem seus problemas, não me entenda mal, mas ela nunca deixa
suas próprias merdas atrapalharem o cuidado de sua família. Claro, não temos
muito, mas dinheiro e coisas triviais não são tudo de que você precisa na vida. Ela
me ensinou desde muito jovem a ser grato pelo que você tem e a não ficar chateado
com as coisas que você não tem. Uma das muitas lições pelas quais vivo.
Envolvo um braço em volta de seu ombro, puxando-a com força. O cheiro
do seu xampu de coco chega ao meu nariz e sinto uma sensação de calma tomar
conta de mim. Ela é a única que foi capaz de me acalmar quando estou no meu pior
momento, de apagar a chama ardente que está prestes a se espalhar.
— Estou feliz que você esteja se divertindo, — murmuro contra seu cabelo.
— E você?
— Estou bem. — Dou de ombros, em tom neutro.
Ela olha para mim, o rosto contraído como se não acreditasse em mim. —
Você sabe que pode falar comigo.
Eu sei disso... mas realmente não há nada a dizer. Nada que eu possa
realmente expressar. Então, em vez disso, dou um beijo em sua testa, dando-lhe um
pouco de segurança. — Eu prometo.
— Bom. — Ela se afasta, um sorriso de merda estampado em seus lábios.
Então ela agarra minha mão, me puxando com ela na direção da pista de dança
improvisada no meio do estacionamento, e eu imediatamente sei o que ela está
inventando em sua cabeça.
— Ah, mamãe. Não...
— Vamos, Si. Dance Comigo. Você nunca mais dança comigo. — Ela faz
beicinho e, simplesmente assim, toda a luta me abandona. Não posso dizer não para
ela, especialmente com seus olhos suplicantes.
Costumávamos fazer isso o tempo todo quando eu era pequeno. Ela é
definitivamente um espírito livre e dança ao ritmo de seu próprio tambor. Lembro-
me de muitas noites em que Ryker e eu ficávamos acordados até tarde com ela,
dando minifestas dançantes na sala de estar enquanto ouvíamos suas músicas
favoritas do Lynyrd Skynyrd.
Suspiro, resignado, e de bom grado a sigo pelo resto do caminho. Não sei o
nome da música de rock que está tocando. Não é algo que eu tenha ouvido antes,
mas isso não importa. A batida é cativante e eu agarro a mão dela, dando-lhe um
pequeno giro e puxando-a de volta para mim. O som de sua risada alta chega aos
meus ouvidos e meus lábios estalam quando sorrio.
Droga, nem me lembro da última vez que sorri de verdade. Parece estranho
em meus lábios, mas não deixo cair. Em vez disso, eu aceito isso, aproveitando esses
poucos momentos e gravando-os em minha mente, agarrando-me a esse pedaço
de felicidade.
Porque quem sabe quando me sentirei assim novamente.
SEIS

Blaine

— Acho que estou morrendo.


Reviro os olhos, mas Kent está preocupado demais com seu reflexo no espelho
para vê-lo. — Não está quebrado. A enfermeira disse que estaria apenas um pouco
sensível.
Claro, o nariz dele ficará horrível por uma semana ou duas, mas isso é tudo.
Ele saiu fácil na minha opinião. Tenho que reconhecer que Silas, ele com certeza
sabe como dar um soco. Isso não tira o fato de que estou amaldiçoando o nome dele
por causar toda essa bagunça. Deveria estar em casa, me preparando mentalmente
e tendo uma boa noite de sono para o grande jogo de amanhã. Em vez disso, estou
preso na sala de emergência com o maldito Kent Masterson e seu nariz levemente
inchado, tudo porque ele não conseguia manter as mãos dele para si mesmo.
Por uma fração de segundo, quando Silas acertou Kent, quase desejei ter sido
eu quem fez isso. Não sou uma pessoa conflituosa, nunca fui e nunca poderia ser
por causa de quem meu pai é. Naquele momento, porém, eu queria ser o herói que
defendeu Liza, não o espectador idiota que dirigiu o carro. Exemplo: carregando o
idiota que assediou a garçonete mais legal do Kelly's Diner até a sala de emergência.
— Vou prestar queixa.
Eu imediatamente levanto minha cabeça e estreito meus olhos para ele. —
Não, você não vai.
— Ele me agrediu! — ele grita.
— Depois que você mexeu com Liza, — retruco, cruzando os braços sobre o
peito e tentando conter a raiva em minha voz.
— Papai vai pirar quando souber disso, — ele resmunga, esfregando
levemente o nariz e estremecendo dramaticamente depois disso. — É melhor
Richards tomar cuidado.
Eu endureço com isso. O Xerife Masterson pode ser um filho da puta. Ele é
um idiota, muito parecido com o filho, senão pior. Tenho certeza de que quaisquer
mentiras que Kent vomite para seu pai serão usadas como bucha de canhão não
apenas contra Silas, mas também contra o resto da gangue.
Não sei o que dá em mim. Talvez seja porque estou irritado e cansado, ou
talvez seja porque cheira a água sanitária aqui e eu não consegui terminar meu
hambúrguer, mas agarro Kent pela gola de sua polo idiota e o sacudo. Toda aquela
escuridão escondida dentro de mim emerge como um vulcão borbulhante.
— Ei! — ele grita, os olhos arregalados de confusão enquanto tenta tirar
minhas mãos dele. — O que você está...
— Você vai contar ao seu pai que bateu em uma porta, — afirmo, com os
dentes cerrados enquanto o puxo para mais perto, de modo que meu nariz toque o
dele. — Diga a ele que você foi atingido por uma bola de futebol. Eu não dou a
mínima.
— Porquê você se importa? — Ele retruca, finalmente conseguindo afastar
minhas mãos com um tapa.
Dou um passo cambaleante para trás, balançando a cabeça quando a neblina
se dissipa. Por que diabos eu fiz isso e por que me importo com o que acontece com
Silas Richards ou sua gangue de bandidos? Já tenho o suficiente para considerá-lo
meu problema também.
— Eu... — Paro, limpando a garganta enquanto passo as mãos pela minha
camisa. Estou tão cansado desse cara mentindo o tempo todo. Ele é verdadeiramente
um pedaço de merda e eu superei ele, mas isso não significa que tenho passe livre
para agir assim. — Desculpe, eu... Olha, você não quer tornar isso um grande
negócio, certo? E se o treinador achar que você começou a briga? Ele vai colocar
você no banco para o jogo de amanhã.
Não que Kent fosse titular durante um dos maiores jogos da temporada, mas
seu ego não sabe disso. Provavelmente é por isso que ele sente tanto ciúme de mim
na maior parte do tempo.
Felizmente, Kent é burro o suficiente para acreditar na minha desculpa. —
Vou apenas dizer ao papai que estávamos brincando com futebol, — diz ele,
sorrindo como se a ideia tivesse sido dele. — Perfeito.
— Brilhante, — murmuro, dando-lhe um tapinha nas costas. — Bom
trabalho, Kent.
É nesse momento que o xerife Masterson entra, quase derrubando a cortina
de privacidade ao empurrá-la para o lado.
— Kent! — ele grita, correndo em direção ao filho. — O que aconteceu?
Ele parece mais irritado do que preocupado, e tenho pena de Kent. Só por um
segundo, porque ele ainda é um idiota.
Kent não se parece em nada com o xerife Masterson. Embora Kent seja alto e
relativamente atraente, seu pai é um homenzinho rechonchudo com muitos
cabelos no nariz e poucos cabelos na cabeça. Kent herdou seus genes de boa
aparência de sua mãe, por incrível que pareça.
— Yates acidentalmente me acertou com uma bola de futebol. — E porque
Kent é um idiota, ele se vira e pisca para mim.
Foda-me. Estou cercado de idiotas.
O xerife Masterson lança seus olhos redondos para mim, estreitando-os
enquanto seus lábios se curvam. — Isso é verdade, Blaine?
— Sim, senhor, — eu digo o mais respeitosamente que posso, com as mãos
cruzadas na minha frente enquanto pareço arrependido. — Eu realmente sinto
muito por isso. Acho que minha mira estava um pouco confusa.
— Considerando que você está tentando conseguir uma bolsa de estudos
para a faculdade, eu acho que você teria um braço melhor, — ele resmunga antes
de tocar o nariz de Kent cuidadosamente, o que Kent xinga novamente.
Ai. Acho que seria uma farpa se eu realmente me importasse por futebol. De
qualquer forma, o xerife Masterson está com ciúmes porque sou o Quarterback
titular e seu precioso filho nunca verá nada além do segundo lugar no time.
Agora que o pai de Kent está aqui, não tenho motivo para estar, então me
despeço rapidamente e vou direto para minha caminhonete.
Graças a Deus.
Não demora muito para eu entrar na minha garagem. Sei que meus pais estão
em casa quando entro, mas as luzes estão fracas, sem dúvida eles já estão na cama.
Um bocejo me escapa enquanto subo as escadas de dois em dois degraus para
chegar ao meu quarto. Idealmente, eu teria feito minha rotina noturna antes do
jogo que meu pai criou anos atrás, mas não tenho energia para fazer isso agora.
Mal tenho o suficiente para tomar banho.
Coloco meu telefone na mesa de cabeceira, tiro a camisa e o short e caio de
cara na cama, vestindo nada além de minha boxer. Então me inclino para pegar
meu telefone e definir o alarme para seis antes de conectar o carregador e colocá-
lo de volta.
Bocejo novamente, me mexendo, conseguindo levantar o cobertor e cobri-lo.
Minha mente gira em torno de Silas mais uma vez. A maneira como seus grandes
olhos castanhos brilharam de raiva mais cedo, a veia latejando em seu pescoço, a
maneira como seus braços flexionaram enquanto ele cerrava os punhos, o...
Porra, por quê? Vá embora! Jesus, eu juro que ele é inevitável.
Balanço a cabeça, me aconchegando no travesseiro antes de desmaiar, grato
por Silas não assombrar meus sonhos.
SETE

Blaine

Meu alarme toca muito cedo e eu gostaria muito de poder tirar uma folga
por doença. Eu ficaria na cama e dormiria se pudesse, mas sei que isso não é
possível. É outro dia e, como sempre, espera-se que eu esteja no meu melhor.
Antes de ir para o banho, tento repetir a rotina pré-jogo do meu pai, que
pulei ontem à noite. Faço algumas flexões, algumas afirmações cafonas no espelho
e assisto apenas alguns minutos das minhas fitas de jogos antigos. Ainda estou meio
adormecido quando entro no chuveiro, então espero que isso me acorde.
Uma vez feito isso, me visto e pego minhas coisas, desço para tomar café da
manhã. Cindy preparou uma bela refeição, mais do que mamãe, papai e eu
poderíamos comer. Meus pais já estão sentados à mesa. Papai está de óculos,
segurando o jornal diário enquanto toma seu café. Ao lado dele, minha mãe está
folheando seu telefone, sem dúvida acompanhando as fofocas locais enquanto
finge comer o bagel que está na sua frente.
— Bom dia, — eu digo, indo até a geladeira pegar um Red Bull.
— Bom dia, querido, — mamãe murmura, sem sequer olhar para cima.
— Você está pronto para o jogo desta noite? — Papai pergunta, dobrando o
jornal, e o peso do seu olhar quase me faz desmoronar.
Concordo com a cabeça, trêmulo, pegando uma banana da mesa. —Sim. Vai
ser bom.
Ele me olha como se não acreditasse em mim. — Você joga no Linton High
hoje à noite. Eles têm uma boa equipe este ano, pelo que ouvi.
Linton High tem sido nosso rival desde o início dos tempos. Sempre há muitas
idas e vindas neste jogo. Isso me deixa nervoso. Principalmente porque se
perdermos, sei que será 'culpa' minha. Bem, talvez não para todos os outros, mas
definitivamente para o meu pai. Ele estará me dando sermões por dias sobre todas
as coisas que eu poderia ter feito diferente. Ou todas as coisas que ele teria feito de
forma diferente. Ele fará isso mesmo se vencermos. Nunca jogo bem o suficiente no
que diz respeito a ele.
Eu esboço um sorriso, buscando confiança. — Está no papo. Vai ser bom. —
Felizmente, meu telefone toca naquele momento e eu faço questão de pegá-lo e
verificá-lo. — Desculpa pai. Falaremos sobre isso mais tarde. Preciso correr ou vou
me atrasar.
Ele balança a cabeça, pegando seu jornal mais uma vez. —Tudo bem.
— Tchau, querido, — minha mãe chama, ainda sem olhar para mim, e
preciso de tudo em mim para não revirar os olhos.
Mais uma vez, fico impressionado com o quão pouco importo para meus pais.
Gostaria que tivéssemos mais pontos em comum, mas em vez disso, sinto-me como
um intruso na minha própria família. E o pior? Não consigo nem me importar.
Quão fodido isso me deixa? A maioria das pessoas se esforça para ser aceita por
suas famílias e, ainda assim, aqui estou eu, pronto para dar o fora e nunca mais
olhar para trás. Se não fosse pela briga inevitável que eu sabia que estava por vir,
eu já teria mandado meu pai se foder há muito tempo. Eu simplesmente não tenho
isso em mim. Chame isso de derrota. Chame isso de medo. De qualquer forma, não
estou disposto a lidar com mais besteiras do que já faço.
O trajeto até a escola é tranquilo e os corredores estão superlotados quando
chego, o que me deixa nervoso.
Eu gostaria que o dia já tivesse acabado.
Aceno para várias pessoas, batendo em algumas palmas, algumas delas
esfregando minha jaqueta para dar sorte. Eu sei que é estranho, mas as superstições
são uma grande coisa aqui, então já estou acostumado com isso. Felizmente,
Maybelline não está no armário dela, que, claro, fica bem ao lado do meu.
Eu giro a fechadura, digito a combinação e abro a porta antes de trocar
alguns livros quando uma voz encontra meus ouvidos. — A que horas você chegou
em casa ontem à noite?
Bato meu armário, virando-me para olhar para Landon, que está encostado
na fileira de metal ao meu lado. — Depois das onze. O pronto-socorro estava
lotado.
Landon pode ouvir a irritação em minha voz e estremece com simpatia. —
Isso é uma merda. Estou surpreso que você tenha ficado. Eu simplesmente teria
deixado ele se virar.
— A única razão pela qual não fui embora foi porque não confiava em Kent
para não inventar alguma história elaborada para ficar melhor. Não suporto Silas,
mas Kent estava esperando por aquele soco.
Não me preocupo em contar a ele sobre meu breve lapso de julgamento que
quase me fez dar um soco em Kent. Landon não precisa saber o quão perto eu estava
de explodir, de liberar tudo que mantive enterrado. Ele é meu melhor amigo, mas...
eu simplesmente não consigo.
Ele acena concordando. — Bem, como ele explicou o nariz então?
Eu rio, cruzando os braços sobre o peito enquanto me inclino contra o metal
frio. — Disse que acertei ele com uma bola de futebol quando a estávamos
passando. O pai dele comprou. Kent não queria que o treinador o colocasse no
banco por lutar.
— Como se o treinador fosse jogar com ele. — Ele bufa, nós dois sabemos que
Kent só está no time por causa de seu pai. — Eu juro, esse cara é um pedaço de
merda. Ele tem sorte de que Ryker não tenha visto isso.
Com a menção de Ryker, meus pensamentos vão para Silas e meus dentes
cerram involuntariamente. É como se não importasse o quanto eu tentasse escapar
dele, ele estava sempre lá, me provocando. Aperto os punhos, rolando a cabeça
sobre os ombros, e tento tirá-lo dos meus pensamentos. Eu me recuso a deixá-lo
chegar até mim. Ele não vale a energia.
O primeiro sinal toca e Landon e eu começamos a caminhar para a aula.
— Então, — ele começa, manuseando a alça de sua mochila. — Há uma
fogueira depois do jogo hoje à noite no terreno abandonado. Você está dentro?
Viro-me para Landon, balançando a cabeça, embora já tenha medo disso.
Não posso exatamente dizer não, não quando se espera que eu apareça. — Sim,
estarei lá.
— Tudo bem, — ele diz com um sorriso. — Será uma boa maneira de
comemorar depois de vencermos.
— Que porra? — Murmuro, dando-lhe um empurrão brincalhão. —Agora
vamos perder. Você acabou de nos azarar.
Ele ri, olhando para mim com diversão. — Não é assim que funciona, mano.
— Olá, as superstições dos jogos são reais. Você não viu todas as pessoas me
fazendo uma massagem? Pergunte a qualquer atleta profissional se precisar de
mais garantias.
— Achei que você não se importasse com nada disso.
— Eu não. Só estou dizendo...
Sou interrompido pela sensação de um ombro duro batendo no meu. É tão
duro e inesperado que me tira o equilíbrio e me faz tropeçar em Landon. Viro-me
rapidamente, pronto para ver o agressor, apenas para encontrar Silas em retirada.
Seu rosto parece muito presunçoso para o meu gosto.
Aquele filho da puta.
Nossos olhos ficam parados por um instante. Mais uma vez, aqueles malditos
olhos. Eles são tão escuros que são quase pretos, profundos e abrangentes. Eu olho
para eles e sinto que estou caindo, caindo, caindo e depois batendo no nada. A
extensão do efeito dele sobre mim faz minha raiva explodir contra a porta da jaula,
tentando encontrar a saída. A maneira como ele me faz sentir faz algo comigo,
tirando todo o meu pensamento racional e razão.
A fúria está saindo de mim em ondas e algo dentro de mim chega perto de
explodir completamente. Dou um passo em direção a ele, pronto para que toda
aquela besteira reprimida dos últimos anos exploda, mas sou interrompido pelo
aperto firme de Landon em meu braço.
— O que você está fazendo? — ele sussurra, apertando-me ainda mais
quando tento me afastar. — Parece que você está pronto para cometer um
assassinato. Eu sei que ele te irrita por mexer constantemente com você, mas você
tem que continuar ignorando isso. Por enquanto, pelo menos.
Porra, ele está certo. Olho ao redor, percebendo que ganhamos um pouco de
atenção, e estremeço internamente com minha momentânea falta de autocontrole.
Não posso fazer isso, ainda mais aqui com um pátio cheio de gente nos observando.
Sim, isso poderia ter sido ruim se Landon não estivesse aqui. Eu relutantemente
desvio meu olhar do olhar presunçoso de satisfação de Silas para me concentrar
novamente em Landon antes de continuar apressadamente pelo corredor. — Um
destes dias…
— Sim, e eu vou ajudar você a encontrar uma maneira de se vingar dele, —
ele diz, me alcançando facilmente. — Você tem muita coisa acontecendo agora
para cair no saco de merda dele.
Não consigo evitar, eu rio. — Um saco de merda?
— Achei que fosse autoexplicativo, — ele bufa com uma risada. —Esse cara
é um desastre esperando para acontecer e não de uma forma fofa.
Levanto uma sobrancelha. — Existe um jeito fofo?
Ele me ignora enquanto continuamos em direção à aula. — Ele tem
autodestruição estampada nele, como um furacão catastrófico se preparando para
destruir tudo em seu caminho.
Uau, isso foi... profundo. Honestamente, isso me deixou confuso e minha
perspectiva de Silas mudou um pouco. — Você realmente acha que ele tem tanta
merda acontecendo?
Landon bate na têmpora. — A mente é uma coisa poderosa. Com o tipo de
vida em que ele cresceu e toda a merda a que provavelmente foi exposto... — Ele
encolhe os ombros. — Eu ficaria mais surpreso se ele não estivesse completamente
fodido. Você sabe?
Ah, isso é verdade. Sinceramente, não quero nem pensar nisso. De jeito
nenhum Landon vai me fazer sentir mal por Silas Richards. Eu serei amaldiçoado
antes que isso aconteça.
— Quando diabos você ficou tão perspicaz? — Eu provoco, com uma pitada
de sarcasmo em meu tom.
— Você está tirando sarro de mim? — ele pergunta, parecendo um pouco
ofendido.
Aperto o indicador e o polegar, deixando apenas um pouquinho de espaço
entre eles. — Um pouco.
— Ei, tanto faz. Marque minhas palavras. Estou dizendo a você. Esse cara vai
arruinar vidas. Esperançosamente, já estaremos longe quando isso acontecer.
Espio por cima do ombro mais uma vez, mas Silas não está mais visível no
meio do enxame de outros estudantes. — Sim, — murmuro, virando-me. — Há
muito tempo.
Mas, pela primeira vez, a ideia de partir não me agrada completamente, e
não tenho certeza do porquê.
OITO

Silas

Outro dia passa como um borrão e, em pouco tempo, o último sinal toca e
estou indo em direção aos fundos da escola para encontrar Bunky.
Ele está no meio de uma venda quando me aproximo, então me encosto no
prédio de tijolos e espero por ele enquanto ele troca produto por dinheiro com
alguns caras. Um deles está me avaliando e eu levanto uma sobrancelha, divertido
quando ele se mexe desconfortavelmente. Ele claramente nunca fez isso antes. O
cara coloca um maço de dinheiro na mão de Bunky, depois pega a sacola
rapidamente e sai apressado com seu amigo.
— Eu adoro carne fresca, — diz Bunky, guardando o dinheiro enquanto se
aproxima de mim. Ele parece desequilibrado, como sempre, seu cabelo é uma
bagunça loira desgrenhada, grandes olhos azuis arregalados de travessura e seu
sorriso tão grande que não parece real.
— Você cobrou demais? — Não acho que ele faria isso, mas não posso ter
certeza com ele, já que ele é um curinga2.
— Nah, adoro o medo que eles emitem. — Ele inspira profundamente, como
se estivesse cheirando algo delicioso, e depois solta o ar lentamente. — É inebriante.
Sempre viciado em adrenalina. Ele gosta de ultrapassar limites e voar pelas
bordas, o que irrita Whaley regularmente.

2 Termo para alguém meio maluco e instável.


— Porque isso não parece uma merda, — respondo com uma bufada.
— Sou conhecido por ser um pouco selvagem, — ele brinca, esticando os
braços sobre a cabeça enquanto boceja. — De qualquer forma, você sempre pode
contar aos novatos. Eles parecem ratinhos ariscos.
Eu mudo um pouco para ficar totalmente de pé. — Isso é verdade. Sem
saberem, estão chamando mais atenção para si mesmos ao agirem dessa maneira.
— Exatamente, — ele concorda, pegando o telefone e digitando nele antes de
colocá-lo de volta no bolso. — Raid vai nos encontrar no estacionamento. Está
pronto?
— Sim, preciso trabalhar. — Não sei por que digo isso, ele já sabe. É o mesmo
de sempre.
— Estarei lá mais tarde.
— Trabalhando na motocicleta? — pergunto enquanto começamos nossa
caminhada até o estacionamento.
— Sim. Eu sei que vai demorar uma eternidade, mas eu gosto disso. Isso me
acalma, me ajuda a manter os pés no chão e me dá algo pelo que ansiar, sabe?
Concordo com a cabeça, porque eu sei. É patético, realmente. Dois jovens de
dezoito anos prestes a viver, mas sem meios para chegar lá. Inferno, a única coisa
que eu realmente tenho é a loja e foder com Blaine sempre que posso... e mesmo ele
é apenas temporário. Ele irá para a faculdade em breve e eu ainda estarei aqui.
Eu não quero pensar sobre isso. Isso me deixa desconfortável e não consigo
explicar por quê.
— Então, o nervoso mencionou uma festa esta noite. Quer ir? — Bunky
pergunta.
Deus, não outra. Eu nunca quero ir a uma festa. Eu olho para ele com
ceticismo enquanto o pavor me enche. — Festa onde?
— O lote abandonado na periferia.
Já estou balançando a cabeça antes mesmo de ele terminar de falar. — Não,
obrigado. Esse é o ponto de encontro dos ricos. Estou bem.
— Vamos. Será uma boa maneira de vender todo esse produto rapidamente.
Além disso, pode ser divertido. As meninas amam um menino mau, no fundo. —
Ele balança as sobrancelhas sugestivamente e sinto um começo de aborrecimento
tomando conta de mim. Não gosto de festas nem de multidões. Eu já lido com essa
merda do jeito que ela é, sempre sentindo que devo estar lá.
— Por melhor que pareça... — Paro, puxando as chaves do bolso enquanto
chegamos ao estacionamento dos estudantes.
— Não seja deprimente, — ele geme enquanto empurra meu ombro. — Além
disso, você precisa transar.
— Porra, cale a boca já. — Lanço um olhar furioso.
— Quem está sendo deprimente? — Raid pergunta quando ele desliza ao
nosso lado.
— Dê um pouco de bom senso a Silas, — Bunky diz a ele. — Faça-o ver a
razão.
Lanço outro olhar para Bunky por cima do ombro, acelerando o passo para
chegar mais rápido ao carro. — Não desperdice seu fôlego. Minha resposta não
mudará. Eu não vou.
Raid nos olha confuso. — Onde?
— Uma festa hoje à noite no antigo terreno abandonado — diz Bunky, dando
passos largos para ter certeza de que eu não o ultrapassarei. — Eu também acho
que ele precisa de um pouco de buceta. Fará com que ele se sinta melhor.
Raid murmura sua concordância antes de apertar meu ombro. — Ah, vamos,
vai ser divertido. Bunky está certo. Quanto tempo faz, afinal?
Eu penso sobre isso, sem diminuir o ritmo, e me dou conta de quanto tempo
já passou. Três meses? E isso não foi sexo completo porque eu realmente não estava
sentindo isso. Foi apenas uma foda nos fundos de um clube feita por uma mulher
qualquer. Mas não digo nada disso a eles, pois não quero dar-lhes a satisfação de
saber que estão certos.
Ficar simplesmente não é minha praia. Claro, já fiz isso algumas vezes, mas
só quero algo... diferente. Algo real?
Alguém de verdade.
Deus, isso parece tão estúpido que quase reviro os olhos. — Eu estou indo.
Whaley está esperando por mim. Vejo vocês mais tarde.
Viro-me para cumprimentá-los com dois dedos e quase bufo ao ver o modo
como Bunky está balançando os quadris e fodendo o ar. Eu não posso com ele.
Graças a Deus ele consertou o carro e não precisa mais andar comigo. Preciso de
uma folga dele... de ambos.
— Ainda não terminamos de falar sobre isso. Você precisa trabalhar em
algumas estocadas de quadril.
Raid se junta a eles e logo os dois estão fazendo movimentos estranhos de
quadril bem na porra do estacionamento, sem se importar nem um pouco com os
espectadores.
— Por que sou amigo de vocês de novo? — grito, abrindo a porta do carro e
entrando, interrompendo com sucesso os protestos de Bunky e Raid.
De jeito nenhum eu irei àquela festa.
NOVE

Blaine

A campainha alta soa no ar e a multidão enlouquece.


— Nós ganhamos! — Landon grita, e todos nós nos aglomeramos, aplausos
de vitória ecoando ao nosso redor. Foi um bom jogo. Foi um jogo disputado, mas
conseguimos.
Tiro meu capacete, a brisa quente da noite bagunça meu cabelo molhado de
suor, e me deleito em como isso é bom. Mesmo que eu realmente não queira mais
jogar bola, não posso negar que vencer me causa uma forte emoção. Chame isso de
besteira de macho alfa, mas tenho uma tendência competitiva.
— Eu disse que venceríamos, — Landon dá um tapa nas minhas ombreiras e
me puxa para um abraço de irmão.
— Você fez. Felizmente, você não nos deu nenhum mal com todo o seu
planejamento preventivo, — eu digo, me afastando de seu aperto.
Ele revira os olhos e depois me acena. — Eu te disse que essa merda não era
real.
— Você teve sorte de a superstição não ter te mordido na bunda.
— Só é real se você acreditar nela.
Bem, ele me pegou lá. — Talvez.
Observo um grupo de jogadores pegar a jarra de Gatorade e jogá-la no
treinador, e sorrio, realmente aproveitando o momento e as pessoas ao meu redor
pela primeira vez.
— Estou pronto para algumas bebidas, — diz Landon, chamando minha
atenção de volta para ele, e de repente, a felicidade que eu estava sentindo
desaparece.
Sim, sobre isso... — Uh, acho que vou...
— Nem tente, — ele retruca, batendo levemente na lateral da minha cabeça.
— Você não está desistindo.
Olho para o céu, irritado por ele me conhecer tão bem. — Tudo bem, mas
não vou ficar muito tempo. Eu nem gosto da metade das pessoas lá.
A única razão pela qual não estou negando a ele é porque ainda não quero
ir para casa, para meus pais. Podemos ter vencido aquele jogo, mas conheço meu
pai, e ele vai querer falar sobre todas as coisas que fiz de errado esta noite e como
poderíamos ter feito melhor.
É uma guerra entre o menor dos dois males e eu escolho um bando de idiotas
do ensino médio.
Ele bufa, me olhando com diversão. — Sejamos realistas, Yates. Você só gosta
de uma pessoa... e essa pessoa sou eu.
— Para ser sincero, nem tenho certeza se gosto de você agora, — murmuro,
estreitando os olhos para ele.
— Você. Esta. Indo. — Ele pontua cada palavra em voz alta, já caminhando
em direção ao vestiário.
Suspiro, fazendo um pequeno círculo no campo, os olhos cravados no chão.
Um dia desses poderei fazer o que quiser, quando quiser, sem me importar com o
que os outros pensam... e mal posso esperar.

— Só uma Coca, — digo a Landon, ignorando o barril e tirando uma lata do


refrigerador.
Ele parece chocado, como se eu o tivesse ofendido com minha declaração. —
Você está brincando? Você precisa de pelo menos uma bebida comemorativa.
— Não, estou bem. Eu não quero beber nada. Não estou sentindo isso esta
noite. — Esta noite, ontem à noite, amanhã... todas as noites. Eu nunca quero fazer
essa merda.
Ele dá de ombros e enche seu próprio copo. — Eu gostaria que você relaxasse
e descontraísse mais. Eu sei que você tem muita merda na sua cabeça, mas você
ainda pode tentar aproveitar este ano.
— Veja, esse é o problema. Eu não gosto dessas coisas.
Seu rosto parece muito sério e talvez um pouco taciturno. — Você realmente
não gosta de nada disso? Tipo, de verdade, eu sempre acho que você está pensando
em silêncio, e é por isso que sempre tento pressioná-lo a vir... mas se você realmente
não gostar, eu vou recuar.
Deus, agora me sinto uma merda. Por que não posso ser apenas um idiota
que não dá a mínima para o que os outros pensam ou sentem? Solto um longo
suspiro e balanço a cabeça. Estou mentindo pra caramba, mas querendo fazê-lo se
sentir melhor, pelo menos. — Acho que não é tão ruim assim.
O olhar desanimado muda para um sorriso conhecedor e imediatamente me
arrependo da minha decisão de salvar a aparência. — Eu sabia! Ugh, sempre a
rainha do drama. — Ele passa o braço em volta do meu pescoço, me dando um
pequeno aperto.
Se você soubesse o que acontece na minha cabeça.
— Sim, tanto faz, — eu digo quando consigo me libertar de seu aperto. — Eu
ainda posso ir embora, idiota.
— Você me ama, — ele brinca, franzindo os lábios e, em troca, mostro-lhe o
dedo médio.
— Ah. Não é fofo?
A voz faz com que todos os pelos do meu corpo se arrepiem. Você tem que
estar brincando comigo. Eu me viro, meu olhar colidindo com o de Silas. Ele está
vestido com seu traje típico – botas de combate pretas, jeans skinny pretos, camisa
preta e sua jaqueta de couro Aces – um poser3 total, se você me perguntar. Das
orelhas furadas ao cabelo castanho bagunçado, ele é o epítome do 'perigo'. Que
piada.
Por que ele parece tão bem?
Que porra é essa? Não tenho ideia de onde isso veio.
Ele está ladeado por seus amigos e, na verdade, não tenho ideia de como esse
cara consegue mantê-los por perto, mas acho que faz sentido, já que seus amigos
são exatamente como ele.

3 Pessoa que finge ser algo que não é ou finge gostar de algo para fazer parte de um grupo.
— O que você está fazendo aqui? — Eu pergunto, sem graça enquanto tento
ao máximo ignorar a vibração no meu estômago quando ele sorri.
Um olhar arrogante surge no rosto de Silas enquanto ele sustenta meu olhar.
— Eu fui convidado.
— Acho isso difícil de acreditar, — Landon murmura, tomando um gole de
seu copo.
— O que é que foi isso? — Bunky pergunta, com a sobrancelha levantada
enquanto ele olha para Landon. Ótimo, exatamente o que precisamos, uma briga
com o psicopata da escola.
— Eu disse que acho difícil acreditar que alguém teria convidado vocês aqui,
— diz Landon, sem perder o ritmo e quase se aproximando deles.
Bunky dá um passo em direção a Landon, mas Silas levanta a mão,
interrompendo com sucesso seu movimento para frente.
— Nada disso. Temos coisas para fazer. Não podemos ter problemas com você
esta noite, podemos? — Silas diz a Bunky antes de olhar para mim. — Divirta-se
esta noite.
Quando ele se vira para sair, o sorriso que ele me dá é tudo menos genuíno.
Que idiota.
— Esta é outra razão pela qual não suporto ir a essas festas. — Lanço um
olhar furioso para Landon.
Ele levanta as mãos em sinal de rendição. — Não fique bravo comigo. Eu não
sabia que eles estariam aqui. Além disso, não é minha culpa que Silas esteja
querendo isso com você.
Estou tenso, irritado e pronto para ir. — Ele é um idiota.
— Percebi que você tem deixado ele te afetar muito mais ultimamente.
— Estou cansado das besteiras dele, — murmuro, mas minha voz se perde
quando uma multidão de pessoas nos cerca. Então é tudo apenas uma atuação
depois disso.
Conversas aleatórias e sorrisos forçados. Estou me afogando em um mar de
fingimento – uma realidade fabricada da qual não participei na criação – e isso me
tira pedaços até que não reste mais nada.
Já cansei disso.
Sinto que poderia fugir agora e Landon nem perceberia porque está muito
envolvido com Maybelline. Bruto. Eu a vi tentar chamar minha atenção, mas
simplesmente a ignorei. Eu me sinto mal por Landon. Ele está deixando ela usá-lo
porque ele realmente gosta dela, mesmo sabendo que ela só quer um jogador de
futebol e que qualquer um de nós servirá.
Outra razão pela qual realmente não confio nos relacionamentos. A maioria
das pessoas só quer algo de você. Nada é genuíno hoje em dia.
— Vou mijar, — digo, dando um tapinha nas costas dele.
Ele acena com a cabeça e eu vou até a linha das árvores. Há um caminho
entre as árvores que posso seguir para voltar ao meu carro. Está muito escuro lá
fora, e agora que as luzes da festa se apagaram, não consigo ver nada. Pego meu
telefone, clicando na lanterna.
Quanto mais me afasto da música e das pessoas, mais silencioso fica, e eu
gosto disso. É disso que eu gosto. Silêncio calmo e pacífico. Apenas só. Olho para
cima, vendo algumas estrelas logo depois das copas das árvores, e inspiro e expiro
lentamente, tentando absorver o que posso neste curto espaço de tempo.
Continuo por uma pequena clareira, desligo a lanterna e empurro o celular
para longe. A abertura no topo das árvores permite que as estrelas e a lua emitam
luz suficiente para que eu possa ver.
Enquanto caminho, me perco na cabeça. Pensamentos sobre a formatura, o
verão, o próximo ano – todos os planos para o meu futuro passam diante dos meus
olhos. Tão perto, mas tão longe do alcance ao mesmo tempo.
O som de um galho quebrando atrás de mim me tira dos meus pensamentos
e me viro rapidamente, avistando Silas a alguns metros de distância. Apesar de estar
muito sombreado, eu reconheceria aquele rosto em qualquer lugar. Dia, noite, não
importa. Se eu fosse cego, ainda seria capaz de identificar Silas no meio da
multidão. É impossível escapar dele, não importa o quanto eu tente, e eu realmente
me ressinto dele por isso.
Eu gemo, a cabeça caindo sobre meus ombros. Por que ele está aqui de novo?
— Você está me seguindo? — Eu mordo, a frustração óbvia em meu tom.
— Dificilmente, — ele diz, soltando uma risada como se achasse minha
pergunta divertida. — Eu já estava aqui. Vi você passando...
E ele decidiu parar e falar comigo porque? — Okay, certo. Você estava
sentado aqui sozinho na floresta enquanto todos os seus amigos estavam lá na festa?
Eu não acredito nisso de jeito nenhum.
Ele dá uma tragada no cigarro, a brasa brilhante lançando um brilho em suas
feições enquanto ele me olha pensativamente. — Bem, não era isso que você estava
fazendo?
— Eu estava indo embora, na verdade, não que isso seja da sua conta.
— Bem, vá em frente.
Eu pisco, confuso. — Vá em frente, o quê?
— Saia. Você não vai machucar meus sentimentos. — Ele me dá um aceno
de desdém. — Tchau, menino de ouro.
Perplexa, balanço a cabeça e começo a andar, apenas para parar e voltar.
Estou cansado das merdas dele. Ele sempre tem algo inteligente a dizer e eu superei
isso. A próxima coisa que sei é que estou cara a cara com Silas um segundo depois,
a fúria tomando conta. — Que porra é o seu problema comigo?
Ele solta um pouco de fumaça diretamente no meu rosto e eu cerro os dentes,
pronta para derrubá-lo. — Eu não gosto de idiotas arrogantes e egocêntricos que
pensam que suas merdas não cheiram mal. Você anda por aí como se fosse melhor
que todo mundo. Bem, adivinhe? Só porque seu pai tem dinheiro e governa a cidade
não o torna melhor, apenas o torna um privilegiado.
Estou tão chocado com sua declaração que levo um momento para
responder. Porque que porra é essa? Seu aparente ressentimento por mim se baseia
apenas em especulação. Eu o odeio pela maneira como ele me faz sentir, mas ele
me odeia por causa de uma mentira que criou dentro de sua cabeça. O que ele disse
não poderia estar mais longe da verdade. Dou um passo para trás, as mãos
amarrando atrás da minha cabeça enquanto olho para ele. — Isso é treta. Você não
sabe nada sobre mim. Você inventou todas essas ideias na sua cabeça maluca.
— Uma pá é uma pá, — diz ele com muita convicção.
Bem, dois podem jogar este jogo.
— Sim. Então, e você?
Ele joga a ponta do cigarro no chão, pisando forte com sua bota desajeitada.
— Quanto a mim?
— Você carrega um peso no ombro do tamanho de um planeta, tratando
todos os outros como lixo para se sentir melhor consigo mesmo. Você se faz de
durão, mas não é. — Seus olhos brilham, mas eu não paro. — Você é patético.
Sua mandíbula aperta e ele estreita o olhar enquanto dá um pequeno passo
em minha direção. — Cale-se.
Ah, ele está bravo agora? Consegue distribuir, mas não aguenta... levar. Não
vou mentir, estou muito feliz por ter chegado até ele. Ele está sempre me irritando
e agora é minha vez de comandar o show.
— Você é fraco.
— Cale a porra da boca! — ele rosna, e eu sorrio, amando cada segundo
disso.
— Você só finge uma fachada porque não quer que as pessoas vejam quem
você é de verdade. O pedaço quebrado de humano que está enterrado sob a
fachada. — Não tenho ideia se estou falando de mim ou dele agora.
— Você está errado!
Ele ocupa meu espaço, me apoiando contra uma árvore, e a casca prende
minha camisa, machucando minhas costas, mas não me importo. Isto é muito
importante. Muito grande. Eu posso simplesmente sentir isso.
Ele está olhando para mim com olhos selvagens e dentes cerrados, parecendo
que está prestes a perder o controle. Eu me pergunto por um breve momento se fui
longe demais. Se ele realmente vai criar coragem e me bater. Meu coração está
batendo forte quando olho em seus olhos, minhas mãos estão fechadas ao meu lado
enquanto ele olha.
— O que você vai fazer, Silas? Bater em mim? Você finalmente vai ser um
homem e...
Ele bate a mão na minha boca, me esmagando ainda mais na árvore. Sua
outra mão segura a frente da minha camisa enquanto ele diminui a distância entre
nós, todo o comprimento do seu corpo alinhando-se perfeitamente contra o meu.
Eu estendo a mão, agarrando seus antebraços por reflexo, pronto para quebrar seu
aperto.
Só que eu não faço.
Eu não o empurro. Eu não faço nenhum movimento. Acho que nem estou
respirando. Estou aqui parado, pendurado por um fio enquanto espero que ele dê
o próximo passo.
A tensão entre nós está ardendo como um inferno ardente.
DEZ

Silas

Os olhos de Blaine estão duros e cheios de fúria, e algo dentro de mim se


envaidece por finalmente conseguir uma reação dele.
Sim, lute comigo. Porra, faça alguma coisa! Eu grito mentalmente, esperando
que meus olhos transmitam a mesma emoção.
Mas ele não faz nada! Maldita buceta.
Então tiro minha mão de sua boca e balanço a cabeça, me afastando. Eu não
estou fazendo isso. Ele nem vale a pena.
Pego meu maço de cigarros e vou na direção dos meus amigos, pronto para
sair daqui. É melhor que Bunky tenha ganhado algum dinheiro, pelo menos. Paro,
vasculhando meu bolso em busca de um isqueiro, apenas para ser atingido por trás,
fazendo-me deixar cair meu maço de cigarros no chão.
— Que diabos? — Eu grito, pés tropeçando em galhos de árvores caídos.
Então eu sou virado, minhas costas batendo violentamente contra uma árvore
enquanto o ar é arrancado dos meus pulmões no processo.
Meus olhos se arregalam enquanto olho para Blaine em completo choque.
Ele acabou de me atacar?
— Você acha que pode dizer o que quiser, vomitar besteiras sobre mim, e eu
simplesmente vou deixar isso passar? Bem, foda-se e vá se foder!
Estou momentaneamente atordoado. Ele... Ele realmente acabou de me bater?
Eu sei que deveria estar bravo, mas estou muito assustado para fazer qualquer coisa
além de olhar para ele. Posso sentir o fio de sangue escorrendo pelo meu lábio e
estendo a mão para removê-lo.
— Faça isso de novo, — eu fervo quando meus instintos finalmente voltam,
então cerro os punhos em preparação para uma luta. — Atreva-se.
Eu olho para ele, esperando que ele faça outro movimento, e posso ver seus
olhos indo e voltando entre os meus enquanto seu cérebro tenta processar seu
próximo passo. Ele recua e eu fico tenso, esperando a sensação de seu punho voador
novamente, então fico ainda mais chocado quando ele solta uma maldição quase
silenciosa antes de esmagar nossos lábios.
O que diabos é isso?
Fico atordoado por meio segundo antes de empurrá-lo de volta com força.
Ele tropeça, mas consegue se segurar antes de cair. Então estendo a mão, passando
a manga da jaqueta nos lábios enquanto olho para ele.
— Você acabou de me beijar? — Eu rosno, avançando sobre ele mais uma
vez.
É como um jogo de gato e rato, só que não sei quem está desempenhando
qual papel.
Ele parece nervoso, estupefato e um pouco aterrorizado enquanto se afasta
de mim. Ele não vai longe, porém, esbarrando em outra árvore. Todas essas malditas
árvores. Ele tenta contorná-lo, mas sou mais rápido, estendo a mão e agarro sua
garganta, jogando-o de volta contra a casca. Ele solta um pequeno gemido com o
impacto e o som faz meu pau pular, o que só me irrita mais.
Eu chego na cara dele, os dentes cerrados com força, e mordo: — Que porra
foi essa?
Seus olhos estão arregalados enquanto ele olha para mim com medo e com
algo mais que não consigo decifrar. Lufadas quentes de sua respiração roçam meus
próprios lábios enquanto ele tenta pensar no que dizer.
— Eu... eu não...— ele para, claramente perdido.
Posso sentir as batidas de seu coração sob meus dedos e a maneira como seu
pomo de adão balança sob minha palma a cada gole. Estou furioso, como um touro
pronto para atacar e atingir seu alvo. É uma sensação inebriante.
Meu sangue está em seus lábios, manchado como um batom fodido, e seus
enormes olhos cinzentos estão tão perdidos, a ponto de me sugarem para o País das
Maravilhas. Essa é a única explicação que tenho para o que farei a seguir.
Descemos pela porra da toca do coelho.
Eu me inclino para frente, esmagando nossos lábios. Ele solta um suspiro
assustado e eu aproveito ao máximo, enfiando minha língua em sua boca. Suas
mãos sobem, agarrando meus lados, e ele acaricia sua própria língua contra a
minha, lutando pelo domínio enquanto tenta assumir o beijo.
Eu retribuo a ele da mesma forma, passando a língua antes de morder seu
lábio inferior. Ele geme novamente e então usa o peso de seu corpo para me virar,
então minhas costas estão agora contra a árvore. Sua mão libera minha camisa,
apenas para subir e agarrar a parte de trás do meu cabelo. Então ele gira os quadris,
esfregando seu pau duro contra o meu igualmente duro. Oh, meu Deus... O que
está acontecendo? E por que diabos isso é tão bom? Eu retribuo, amando o jeito que
ele geme em minha boca. Sim, ele adora isso. Então eu o empurro com força,
observando enquanto ele se afasta e cai no chão.
— Que porra é essa? — ele grita, os olhos atirando punhais em mim.
Dou alguns passos antes de me agachar entre suas pernas abertas.
— Você gosta dos meus beijos? — pergunto, estendendo a mão para passar
o dedo pelos lábios tingidos de sangue, mas ele afasta minha mão com um tapa.
— Vá se ferrar, — ele rosna, movendo-se para ficar de pé, mas eu avanço
rapidamente, derrubando-o de costas antes de deslizar sobre ele. Blaine vai me
bater, mas antes que ele consiga, eu agarro seus pulsos e os prendo no chão sobre
sua cabeça. Ele me encara, balançando os quadris para cima, tentando me afastar
dele, mas não funciona porque eu estava pronto para isso. Suas narinas se dilatam
e suas sobrancelhas franzem de raiva. — Deixe-me ir.
Eu rio, balançando a cabeça enquanto me inclino, minha boca pairando
sobre a dele quando falo. — Mas estou apenas começando.
Então eu o beijo novamente, sem me importar nem um pouco com meu lábio
rasgado.
Não tenho ideia de como chegamos aqui. Num segundo eu estava pronto para
dar uma surra nele e no outro estávamos nos beijando. Vou culpar tudo a pura
insanidade. Essa é literalmente a única desculpa que tenho para isso. A maneira
como ele me irrita, como ele me deixa pronto para enlouquecer.
Fico tão perdido em seus lábios que baixo a guarda novamente e, um segundo
depois, sou virado mais uma vez. Os galhos estão mordendo minhas costas
enquanto ele monta em mim. Ele olha para mim, o peito arfando, os olhos selvagens
antes de cair sobre mim completamente. Estamos conectados da boca às coxas
enquanto ele me joga na terra.
Tudo o que ele está fazendo é tão bom. Meu pau está mais duro do que nunca.
Jesus, como isso é possível? Como posso odiar tanto alguém e ainda assim estar tão
duro para essa pessoa?
Eu odeio isso. Odeio como ele me prendeu, como ele está comandando o show
e como ele pensa que está no comando.
Bem, ele não está, porra.
Eu me levanto, quebrando seu aperto em meus pulsos, e envolvo minhas
pernas em torno de suas panturrilhas para nos virar mais uma vez. Ele solta um
grunhido de surpresa ao colidir com a terra.
— Porra, — ele grita, olhando para mim. Minhas mãos estão em cada lado
de sua cabeça, meu rosto a centímetros do dele enquanto olho para ele. Seus olhos
estão vidrados e os lábios inchados por causa dos meus beijos. Ele está em êxtase
com a necessidade.
E Deus... eu gosto disso.
Eu o beijo novamente e ele geme, envolvendo-me com as mãos, me puxando
para mais perto. Estamos no cio, gemendo, rolando no chão da floresta como dois
animais atacando um ao outro. É sujo, maluco e, honestamente, muito quente.
Sua mão desliza pelo meu tronco, levantando minha camisa para que seus
dedos possam brincar com a pele perto do meu umbigo. Ele está me provocando e
sabe disso. Eu rosno, pressionando meus quadris nele com mais força, esperando
que ele vá em frente e me toque.
Ele solta uma pequena risada e eu me afasto um pouco, olhando para ele. —
O quê?
— Você me quer, — ele diz arrogantemente, me irritando.
Ele não diz mais nada, mas as palavras são como um tapa na cara porque ele
está certo. Neste momento, eu o quero, mas me recuso a admitir isso em voz alta.
— Eu não...
Ele pressiona o dedo em meus lábios, os olhos fazem pingue-pongue entre os
meus, então ele sussurra: — Não estrague tudo. Pela primeira vez, cale a porra da
boca.
Então ele agarra meu pescoço e junta nossos lábios mais uma vez. Sua mão
continua até o botão da minha calça jeans, abrindo-a antes de enfiar a mão dentro,
os dedos envolvendo meu pau. Ele não está hesitante. Não é nada resistente. Apenas
mergulha e começa a acariciar meu pau, e tenho que admitir, gosto de sua
confiança. Isso me faz pensar se ele já fez isso antes. Conseguiu com outro cara? Se
outro cara o tocou?
Eu rosno, mordendo seu lábio com força, aproveitando o gemido que ele solta
em minha boca. Não sei por que me importo se ele esteve com outro cara, mas
afasto esse pensamento quando percebo que estou prestes a gozar.
Afasto sua mão, ainda não estou pronto para terminar e quero tocá-lo
também. Abro suas calças, contendo meu gemido quando seu pau se liberta. Somos
quase do mesmo tamanho, mas ele é apenas um pouco mais grosso e cortado, ao
contrário de mim. Posso ver a gota de pré-sêmen descansando na ponta e passo o
dedo sobre ela, adorando o chiado que ele libera ao meu toque.
— Você gosta das minhas mãos em você, Blaine? — pergunto, provocando-
o por mais um segundo antes de passar a mão firme em seu comprimento.
— Porra, — ele grita, curvando-se para trás enquanto persegue minha mão
que o bombeia. — Continue.
Eu o toco, adorando o jeito que ele engasga a cada golpe descendente. Ele é
tão gostoso de assistir. A forma como seus olhos se fecham e como ele está
mordendo o lábio, tão perdido na sensação e no prazer que estou dando a ele. É o
suficiente para me fazer quebrar. Deitei meu corpo sobre o dele novamente,
abaixando um pouco nossas calças antes de ajustar até que nossos paus estivessem
alinhados. Nunca fiz isso antes, mas já assisti bastante pornografia e estou
familiarizado com o frotting4. Então cuspi na minha mão algumas vezes, deixando
a palma bem molhada antes de agarrar nós dois.
— Oh Deus. Jesus. Não pare, — ele implora, e eu adoro o quão rouca sua voz
é, o quão desesperado ele está por mim.
Enterro os dedos da minha outra mão na terra perto de sua cabeça, tentando
me firmar para não gozar muito rápido, mas os sons que ele está fazendo e as
sensações incríveis que estou sentindo são tão avassaladoras que sei que não vou
durar.
Eu o beijo novamente, engolindo seus sons e trabalho em nós dois. Suas mãos
seguram minha camisa e ele balança os quadris em sincronia com meu
bombeando.
É muito. É demais.
Afasto meus lábios dos dele assim que a primeira onda do meu clímax chega.
Cerro os dentes, fechando os olhos enquanto deixo o poder do meu orgasmo tomar
conta de mim, e ele continua vindo, corda após corda do meu esperma nos
deslizando para cima, tornando mais fácil para mim deslizar para cima e para
baixo sobre ele. Quando estou exausto, abro os olhos, olhando para os dele
aquecidos.

4 Masturbação conjunta entre dois pênis.


— Goze, — eu exijo, pronto para vê-lo enlouquecer. Ele balança os quadris
uma, duas vezes, antes de um grito gutural passar por seus lábios e ele banhar
minha mão em seu esperma.
E sim, tenho que admitir, essa é a coisa mais quente que já vi em toda a minha
vida.
Eu me inclino para trás, tirando minha jaqueta e camisa, usando o tecido
para nos limpar antes de vestir minha jaqueta novamente. Fico de pé, enfiando o
tecido sujo no bolso de trás, tentando o tempo todo não olhar para Blaine. Ele não
diz uma palavra enquanto fica de pé, e nem eu enquanto arrumamos nossas
roupas. Os únicos sons são os da nossa respiração ainda difícil enquanto tentamos
recuperar o fôlego e, claro, agora que o fogo se extinguiu, a única coisa que resta é
uma tensão estranha e muito arrependimento.
Não porque fiz sexo com um cara. Embora tenha sido uma surpresa, eu não
poderia me importar menos com isso, mas por causa de quem era. Meu maldito
inimigo.
Quem fode o inimigo e gosta?
Ele deve concordar porque interrompe meus pensamentos no segundo
seguinte.
— Isso não muda nada. Eu ainda não gosto de você, — ele diz, abotoando
novamente as calças.
Eu bufo, olhando para ele com diversão. — O sentimento é mútuo. Conte a
alguém sobre isso e eu... Chuto. Sua. Bunda. — Eu bato nele com força com um
dedo em cada palavra.
Ele afasta minha mão, apenas para entrar no meu espaço mais uma vez e
bater seus lábios contra os meus para um beijo forte. Apesar da minha frustração,
abro ansiosamente. Meus dentes cortam meu lábio já quebrado e o cheiro metálico
de sangue cobre minha língua quando ele se afasta.
Ele limpa a boca, parecendo enojado. — Nunca mais.
Meu coração bate forte, mas consigo dar um sorriso arrogante. —Qualquer
coisa que você diga.
Ele me dá um último olhar duro antes de se afastar, e eu me inclino
pesadamente contra uma árvore, tentando entender o que diabos acabou de
acontecer.
Mas principalmente, estou me perguntando por que quero que isso aconteça
novamente.
ONZE

Blaine

O que diabos eu acabei de fazer?


Dirijo para casa com as mãos trêmulas, os dedos tremendo como se já tivesse
bebido demais, mas não é o caso. Meu ataque de insanidade esta noite não foi
induzido pelo álcool. Deus, faria mais sentido se alguém tivesse me drogado, pelo
menos assim eu poderia culpar alguém pelo que aconteceu, menos eu.
Fui eu quem beijou Silas.
Beijei Silas Richards.
Porra, eu não apenas o beijei. Nós nos divertimos, fizemos um ao outro gozar,
e eu dei-lhe um beijo de despedida como se quisesse agradecer.
Sério, o que eu acabei de fazer?
Paro na minha garagem, gemendo quando vejo que as luzes da sala ainda
estão acesas. Mamãe provavelmente já está na cama dormindo, mas sei que papai
está bem acordado e esperando por mim.
Com uma respiração profunda e minha mente embaralhada, saio da minha
caminhonete e vou em direção à garagem, me atrapalhando com o código duas
vezes antes de conseguir abri-la. Como esperado, papai está esperando por mim na
cozinha, braços cruzados sobre o peito, parecendo positivamente chateado.
— O que é que foi isso?
Na verdade é engraçado. Qualquer outro pai ficaria chateado por eu estar
chegando depois do toque de recolher - direto de uma festa, se a bebida e a
maconha grudadas nas minhas roupas servirem de indicação - mas é do meu pai
que estamos falando aqui, então...
— O que foi aquela interceptação durante a terceira descida?
Sim. De volta ao futebol.
Ele não precisa especificar mais nada. Sei exatamente do que ele está falando,
mas não consigo encontrar palavras para me justificar. — Me desculpe senhor.
— Desculpe? — Ele zomba e depois engole o uísque. — Um lance desleixado
e é isso que acontece. Você precisa trabalhar no seu tempo.
Concordo com a cabeça, baixando a cabeça para olhar a lama que cobre
meus sapatos. Mamãe ficaria horrorizada ao vê-los nesse estado, porque isso não
atende ao seu padrão de perfeição. — Sim senhor.
— E essa incompletude…
Isso continua e continua até que eu me sinto instável. Tudo o que posso dizer
é uma confusão de sim, senhor, não, senhor, e farei melhor da próxima vez, senhor.
Enquanto isso, meu cérebro está em outro lugar, em algum lugar no qual estou
tentando não pensar agora.
— Isso é... — Papai aperta a ponta do nariz, apertando os olhos bem fechados
antes de olhar para mim. — Vá para a cama, filho. Podemos conversar mais sobre
isso amanhã.
— Estou ansioso por isso, — murmuro baixinho.
Enquanto caminho até meu quarto, lembro-me do que disse a Silas. Eu o
chamei de patético, mas quem é o patético aqui? Não consigo nem enfrentar meu
pai, não importa o quanto eu queira. Eu queimaria com cada crítica que ele me
lançava, mas estou fraco demais para fazer algo a respeito.
Silas não é o único humano alquebrado escondido sob uma fachada.
Eu tiro a roupa, vou direto para o chuveiro, ligo a água e entro no jato antes
mesmo de aquecer. Eu assobio com o contato gelado na minha pele, mas acabo
suspirando quando me afogo em água quente.
Deixando cair a testa contra a parede de azulejos, respiro pesadamente
enquanto penso no que aconteceu hoje à noite.
Eu instiguei qualquer encontro sexual fodido que houve com Silas. Eu nunca
fiz sexo ou algo parecido antes, e eu o escolhi entre todas as pessoas para fazer
minha exploração? Jesus, o que há de errado comigo? Estou culpando o fato de
estar tão chateado que não conseguia nem pensar direito. Eu simplesmente comecei
a vomitar merda, acusando-o de qualquer coisa, e fazendo o que pude para irritá-
lo da mesma forma que ele irritou a mim.
Talvez eu apenas o tenha beijado para calá-lo? Isso é crível? Ou talvez eu só
quisesse empurrá-lo, assustá-lo um pouco, e estava totalmente despreparado para
ele responder com um beijo igualmente brutal.
Mas isso também não é verdade.
Fui eu quem desabotoou sua calça jeans e envolvi meus dedos em seu pau
com uma confiança que surgiu do nada. Fui eu quem implorou para ele continuar
me tocando com um gemido nos lábios. Fui eu quem basicamente lhe deu um beijo
de despedida.
Eu não pude evitar. Eu estava preso. Tudo nele que eu odiava me excitou
naquele momento. Aquela tensão quente e pegajosa entre nós simplesmente
borbulhou e transbordou até explodir. Foi magnético. A certa altura, olhei para
aqueles olhos castanhos profundos e fiquei hipnotizado. O tom rouco de sua voz,
sua pequena fala arrastada e o gosto de nicotina e perigo foram minha ruína.
Eu nem percebo que estou acariciando meu pau até meu estômago apertar.
Então olho para baixo, completamente horrorizado por estar me tocando pensando
em Silas Richards, entre todas as pessoas, mas, assim como antes, não consigo parar.
Eu não quero. É tão bom.
Fecho os olhos com força enquanto imagens vívidas passam pela minha
mente. Algumas são desta noite, mas outras são fruto da minha imaginação.
Imagino-nos rolando pelo chão da floresta, lutando pelo controle. Estamos
completamente nus, suando e ofegantes um contra o outro. Ele afunda aqueles
dentes brancos estupidamente perfeitos em meu pescoço, rompendo a pele, e meu
pau estremece em meu aperto.
Qual seria a sensação se ele... E se eu o virasse? E se eu espalhar o que com
certeza será uma bela bunda e olhar para o buraquinho dele, segurando toda a
promessa de algo apertado e quente?
Sim, estou definitivamente perdendo o controle porque minha mente
excitada nem sequer vacila com esses pensamentos insanos, apenas continua nesta
espiral rebelde.
Ele gritaria de prazer? Ele imploraria por mais? Ele me amaldiçoaria e
tentaria assumir o controle?
Penso nos olhos dele novamente. Especificamente, logo depois que ele gozou.
Eu não acho que ele percebeu que eu estava olhando para ele, mas, caramba, era
cativante. Juro que aqueles olhos escuros têm partículas de galáxias dentro deles,
tantas camadas – luxúria, confusão, ganância – e é isso que faz isso por mim.
Os malditos olhos do Silas.
Gozo com um gemido silencioso, apertando os dentes no lábio inferior para
não acordar ninguém. Eu cubro a parede de azulejos com meu orgasmo, meu peito
arfando enquanto desço do meu barato. Só quando a água lava a evidência do meu
feito é que percebo o que fiz.
Eu simplesmente me masturbei pensando no meu inimigo mortal.
E porra, foi bom.
Eu tenho que fazer algo sobre isso. Dissemos que não íamos falar sobre isso,
mas não posso deixar isso passar. Tenho que garantir que isso nunca aconteça
novamente, garantir que estamos na mesma página e garantir que ele mantenha
sua boca deliciosa e tortuosa fechada.
Porra.
Eu me limpo, existe apenas um pouco de vergonha pesando sobre meus
ombros enquanto desligo a água e me enxugo. Então vou direto para a cama e fecho
os olhos, sonhando com nada além dos olhos de Silas Richards.
DOZE

Silas

— Silas?
Pisco, desviando o olhar da tela do computador para onde Whaley está
parado perto de mim.
Merda, há quanto tempo ele está aí?
— Você está bem?
— Sim, desculpe-me. Eu me perdi. Não dormi muito ontem à noite, — digo
a ele, esfregando meus olhos doloridos.
Esse é o eufemismo do século. Eu não dormi ontem à noite por causa do jeito
que Blaine atormentou meus pensamentos. Inferno, ele ainda está. Estou
literalmente tão perdido na minha cabeça, pensando na maneira como seu rosto se
transformou em algo inebriante quando ele gozou. Aqueles pequenos sons que ele
emitia e os gemidos suaves, mas profundos, que passavam por seus lábios.
Balançando a cabeça, tento limpar a imagem mental.
Whaley inclina a cabeça para o lado, franzindo as sobrancelhas. —Tem
certeza que está bem?
Eu apenas aceno para tranquilizá-lo. Não é como se eu fosse contar a verdade
a ele de qualquer maneira. Por mais que eu respeite Whaley, falar sobre
relacionamentos é muito estranho.
— Estou bem. Então, do que você precisava?
— Não se preocupe com isso, Whaley, — Raid acrescenta enquanto pula e se
senta no balcão, derrubando minha prancheta no processo. — Eu cuido disso.
Lanço um olhar furioso, prestes a mandá-lo se foder, quando Bunky entra na
conversa em seguida. — Oh, isso é assustador. Você é péssimo com computadores.
Ainda não tenho certeza de como você está passando em tecnologia.
Ok, preciso colocar a cabeça no lugar porque nem sabia que eles estavam
aqui.
— Eu não sou tão ruim assim. Posso lidar com algumas faturas, — zomba
Raid, lançando a Whaley um olhar penetrante enquanto aperta um botão no
teclado e dá vida à tela. — Veja?
Tudo o que posso fazer é revirar os olhos. Raid arruinaria todo o meu sistema
em minutos se eu deixasse. — De jeito nenhum. Você não está estragando algo que
passei anos aperfeiçoando.
— Vocês não têm fé em mim, — ele murmura, levantando os óculos com
raiva.
— Não quando se trata dessas coisas, — digo a ele, voltando-me para Whaley
novamente. — Ok, o que você precisa que eu faça? Eu cuidarei disso agora.
Ele aponta para a prancheta que Raid ainda não pegou. — Você fará um
pedido parcial? Preciso de pressa em duas coisas.
— É, eu entendi.
— Obrigado. Eu e os outros caras estamos prestes a sair. Tranque às três se
eu não voltar — diz ele, dando um passo em direção à porta. —Algumas entregas
serão canceladas, mas é isso. Todos os clientes terminaram o dia.
Concordo com a cabeça, conhecendo o procedimento.
— Ei, espere! — Bunky grita, dando um passo apressado em direção a
Whaley e, na pressa, quase derruba os dois no chão. De alguma forma, Whaley
pega o filho da puta antes que ele caia. Bunky nem se desculpa, apenas dá um soco
no ombro dele e começa a falar com ele como faria comigo. — Posso pedir algumas
coisas para minha motocicleta? Eu pagarei por isso.
Não consigo descobrir se esse cara deseja morrer ou simplesmente não se
importa que Whaley possa colocá-lo para dormir com um único movimento.
Talvez ele queira que Whaley o nocauteie. Algumas pessoas têm fetiches
estranhos e não estou aqui para julgar. É a única maneira de entender por que
Bunky sempre tenta irritar Whaley.
Whaley olha para ele antes de soltar um longo suspiro e recuar. Então ele
olha para mim com uma expressão ilegível. — Peça o que ele quiser e coloque na
minha conta.
Eu olho para ele em estado de choque enquanto ele se afasta e sai da loja.
Seriamente? Achei que ele pelo menos reagiria ao soco no ombro. Ninguém põe as
mãos em Whaley sem aprender uma lição.
— Eu serei amaldiçoado. Ele realmente deixa você se safar de qualquer coisa,
— Raid resmunga, saltando do balcão e pegando a prancheta. — É por isso que
você está tão desequilibrado. Ele não mantém você na linha como faz com o resto
de nós.
O idiota apenas sorri mais e encolhe os ombros como se isso não fosse grande
coisa. — O que posso dizer? — Ele pisca para nós, aquele sorriso levemente
desequilibrado permanecendo em seus lábios enquanto ele levanta um ombro
novamente. — Ele simplesmente gosta mais de mim do que de vocês.
Então ele olha para onde Whaley acabou de sair, grandes olhos de coração
perfurando sua forma em retirada.
Ok, que porra é essa?
Abro a boca para perguntar o que ele quer dizer quando alguém entra
correndo pela porta, chamando minha atenção. Eu fico rígido, pulando da cadeira,
pronto para lidar com a interrupção, mas paro quando vejo que é Blaine.
Ele está marchando em minha direção, com o rosto vermelho e irritado
enquanto para no balcão. Ele parece tão deslocado aqui – perfeitamente limpo com
seus jeans e camisa polo – e isso me faz esquecer momentaneamente de perguntar
o que ele está fazendo aqui.
— Você, — Blaine grita, apontando um dedo em minha direção. — Eu
preciso falar com você agora.
Sua exigência deveria me irritar, mas o tom rosnado parece muito
semelhante ao de quando eu o estava masturbando. Então, em vez disso, me abaixo
para ajustar discretamente meu jeans antes de limpar a garganta e levantar uma
sobrancelha. — Você se perdeu?
Se olhares pudessem matar eu estaria morto no chão. Tenho certeza de que
Blaine está tentando me fazer pegar fogo com os olhos.
— Eu. Preciso. Falar. Com. Você. — Ele diz cada palavra enquanto olha para
mim, e não vou mentir, gosto de como ele está bravo. Aquela parte de mim que está
sempre ansioso por uma luta ganha vida, pronto para o que quer que ele esteja
prestes a lançar em meu caminho.
— Você quer falar comigo? — Bato um dedo no meu peito, adorando a
maneira como seu rosto se contorce um pouco mais. Esse visual de um Blaine
alterado é meio quente.
Espere? De onde diabos isso veio? Blaine não é quente...
Estou olhando para ele com uma expressão confusa porque minha cabeça
confusa me mostrou exatamente o quão fodido isso realmente é.
— Eu juro por Deus...
— Não há Deus aqui, QB, ou você esqueceu em qual território você entrou?
— Bunky joga fora com aquele sorriso demoníaco no rosto. — O que você acha,
Raid? Devemos mostrar a ele?
— Poderíamos mostrar a ele, — Raid provoca, dando um passo em direção a
Blaine. Isso não impede meu cara nem um pouco. Ele apenas olha para eles,
completamente despreocupado antes de me perfurar com seu olhar cinzento.
E sim, eu oficialmente perdi a cabeça, porque meu cara? Bruto. A única coisa
que ele é para mim é minha fonte diária de entretenimento. Eu fodo com ele porque
posso, porque gosto, não porque eu realmente o queira. O fato de ele ter me
masturbado é apenas um bônus adicional. Qualquer um poderia fazer isso. Uma
mão é uma mão…
— Chega, — respondo, percebendo que preciso impedir meus amigos.
Bunky e Raid se viram para olhar para mim. Eu deixei eles se divertirem, mas
não com Blaine. Nunca com ele. Ele é só meu para brincar e eles sabem disso.
Dou a volta no balcão e seguro o braço de Blaine, arrastando-o para trás. —
Você vem comigo.
— Deixe-me ir, — ele grita, batendo na minha mão enquanto eu o puxo. —
Eu posso andar sem você me puxar, pagão.
O insulto só me faz sorrir. — Ah, estamos usando nomes de animais de
estimação agora? Passamos da segunda base? Preciso levar você para um encontro?
— Você quer que as pessoas ouçam você? — Ele rosna, olhando por cima do
ombro. — E vá se foder, a propósito, isso não foi um elogio. Você ao menos sabe o
que é um pagão?
— Ninguém vai me ouvir e já fui chamado de coisas piores na minha vida.
Agora cale a boca e ande, não tenho o dia todo. — Eu nos levo para os fundos,
abrindo a porta do armário de suprimentos antes de empurrá-lo para dentro.
Então fechei a porta atrás de mim, acendi a luz e girei a fechadura antes de
me encostar nela. Ele apenas fica ali parado, parecendo estranho enquanto seus
olhos percorrem a sala.
— O que você quer? — pergunto, cruzando os braços sobre o peito quando
ele finalmente olha para mim. — Você me queria? Você me tem.
— Eu não quero você, — ele sussurra, os punhos cerrados ao lado do corpo.
— Eu só quero conversar.
Eu abro meus braços, dando-lhe a palavra. — Então fale.
— Então cale a boca por um segundo.
— Não sei o que você quer de mim...
De repente, Blaine colocou a mão em volta da minha garganta, pressionando
para baixo, e a fúria crua em seu rosto é algo que eu nunca vi antes. Nunca imaginei
que ele pudesse ser assim, tão pronto para me matar.
— O que você está fazendo? — Eu suspiro, não porque estou com medo, mas
porque o aperto que ele exerce em minha garganta é tão forte que mal consigo
respirar.
Seus olhos se arregalam de horror quando ele puxa a mão para trás e se afasta
vários passos de mim enquanto seus punhos fecham e abrem. Então ele inspira
profundamente antes de estender a mão e esfregar a nuca, recusando-se a
encontrar meu olhar. — Então, há muito óleo, — ele diz ao expirar, mudando um
pouco enquanto olha em volta novamente.
Que porra foi essa? Acho que acabei de levar um golpe.
Primeiro, parece que ele está pronto para me matar, e agora, ele está... o quê?
Ansioso? Será que o alto e poderoso Blaine Yates realmente tem outras emoções
além de sua fachada arrogante?
— Não diga, — eu zombo, esfregando minha mão contra minha dor de
garganta brevemente. — Óleo em uma loja mecânica? Eu nunca teria imaginado.
Ele fica mais tenso, e aqueles olhos assustadores dele - um cinza esfumaçado
misturado com o mais gelado dos azuis - perfuram-me. — Ah, cale a boca. Isto é
estranho.
É isso? Bom, isso significa que estou fazendo meu trabalho. — Você é quem
queria conversar.
— Sim, lá fora ou algo assim. Eu não sabia que você ia me arrastar para algum
lugar, tão... — ele para, os olhos dançando pelo espaço de doze por doze.
— Isolado? — Termino por ele, dando alguns passos à frente, determinado a
chegar até ele ocupando seu espaço. — Por quê? Eu te deixo nervoso?
Estico a mão e arrasto-a pela frente de sua camisa, provocativamente. Eu
nunca toquei nele assim. Uma batida de ombro é uma coisa, mas isso é diferente.
Independentemente disso, meu cérebro fodido em Blaine gosta, especialmente
quando sua respiração falha e seu peito se levanta.
Sim, eu gosto muito disso.
— Pfft, não, — ele murmura, afastando minha mão e me empurrando um
passo para trás. — E o que você está fazendo? Já ouviu falar de espaço pessoal?
— Qualquer coisa que você diga. — Eu sorrio arrogantemente. — Mas você
não pareceu se importar muito com isso ontem à noite.
Suas bochechas ficam vermelhas e seu pomo de adão balança
tentadoramente enquanto ele desvia o olhar. Ele pode tentar esconder os olhos, mas
sei que ele está se lembrando assim como eu. Como estive a manhã toda.
Isso mesmo, Blaine, lembre-se de todas as coisas que fiz com você no escuro.
Lembre-se do quanto você gostou.
Como um farol me chamando, eu me inclino, inclinando meus lábios sobre
os dele rapidamente. Ele responde instantaneamente, abrindo-se para mim quando
enfio minha língua em sua boca. Então ele quase me inala, soltando um suspiro
agudo que engulo avidamente. Seus lábios são tão macios, a língua tem um leve
gosto de chiclete e...
— Ai! Que diabos! — Eu recuo, os olhos arregalados e a mão voando para
minha boca latejante.
O idiota me mordeu!
— Foda-se, Silas! Não vamos fazer isso! — Ele estende a mão e limpa a boca
com raiva. — O que você tem?
Levanto uma sobrancelha, incapaz de esconder minha confusão. —Não é por
isso que você está aqui?
Sinto a atração gravitacional em direção a ele e sei que ele também deve estar
sentindo isso. Não há como eu estar lendo errado. Nos últimos anos, Blaine nunca
apareceu aqui. Quais são as chances de ele ter feito isso no dia seguinte ao nosso
encontro? E para falar comigo? Sim, ele está mentindo descaradamente.
— Não! — Seu queixo está rígido e seu rosto está vermelho, o que me dá uma
onda de excitação.
Droga, brigar com Blaine e obter essas respostas é inebriante. Eu vivo pela
reação dele. Ainda assim, dou um passo para trás e lhe dou algum espaço, embora
não saiba por quê. Acho que eu não sinto vontade de ser um idiota pela primeira
vez. — Então, o que você quer?
Ele limpa a garganta, pressionando sua camisa já sem amassados. —Para
dizer para você ficar longe de mim.
Eu não conseguiria conter a risada, mesmo que quisesse. Ele está falando
sério? — Você veio aqui para me dizer para ficar longe de você? Em que mundo
isso faz sentido?
Suas bochechas coram novamente quando ele percebe o quão estúpido isso
parece, mas ele não recua. — Eu disse o que vim dizer. Estou indo embora.
Não tão rápido.
Ele me empurra para longe da porta, mas sou rápido demais para ele. Eu
aperto suas costas, forçando seu peito contra a madeira, mantendo-o ali.
Oh, esta é uma posição com a qual eu poderia me acostumar.
— Sabe, se você queria fazer isso de novo... tudo que você precisava fazer era
pedir, — eu sussurro enquanto passo meus lábios ao longo de seu pescoço.
Sua pele é quente e preciso de tudo em mim para reprimir meu gemido. Ele
solta um pequeno barulho, me mostrando que está tão afetado quanto eu. Eu sorrio,
grato pela outra noite não ter sido apenas um acaso. Ele me quer tanto quanto eu
o quero. Eu deveria questionar isso, mas talvez o maldito Blaine seja o caminho a
seguir.
— Quer me encontrar mais tarde? — Murmuro contra sua pele antes de
chupá-la com força. A ideia de marcá-lo é muito satisfatória.
Ele hesita por um momento, o único som no pequeno espaço é sua respiração
ofegante.
— Vamos, você sabe que quer, — eu provoco, implorando mentalmente para
ele apenas dizer sim.
Ele precisa dizer sim porque virou a mesa para mim ontem à noite e agora
quero mais. Muito mais do que quer que isso seja. É normal desenvolver uma nova
obsessão pelo seu inimigo? Nunca ouvi nada tão ridículo. Mas não estou bravo com
isso, não quando o resultado é tão delicioso.
Ele ainda está em silêncio, e vejo seus dedos cavando na madeira, deixando
marcas de garras. Essa evidência seria igualmente quente nas minhas costas. Porra.
Ele está tremendo debaixo de mim e, para quebrar ainda mais sua
determinação, começo a passar as mãos em sua barriga. — Blaine?
— Onde? — ele resmunga, e o som é como música para meus ouvidos. Estou
puxando-o, pronto para agarrá-lo.
— Quatro horas? Estacionamento da escola? Vou te levar para algum lugar.
— Continuo meu ataque à sua pele, mordendo e beliscando a base do seu pescoço.
Eu gosto deste lugar. É sutil o suficiente para que ele possa esconder, mas em algum
lugar onde aqueles idiotas de seus companheiros de equipe possam ver e saber
como o garoto de ouro perfeito caiu em desgraça.
— Isso parece o início de um filme de terror ruim, — ele resmunga,
obviamente ainda tentando resistir. — Vai me oferecer doces e me perseguir pela
floresta também?
Agora, isso não parece uma má ideia.
— Você quer me encontrar ou não? — Eu digo, incapaz de esconder minha
irritação com meu pau semi-duro, precisando saber se ele terá alguma ação mais
tarde.
Filho da puta desesperado.
Ele hesita, limpando a garganta, e tenho certeza de que ele vai dizer sim, até
que ele recua, me empurrando para longe dele e abrindo a porta. Ele sai, me
lançando um olhar antes de partir... sem nunca me dar uma resposta.
Eu sorrio para mim mesmo.
Você pode correr, Blaine, mas saiba que adoro perseguir.
TREZE

Blaine

Minhas bochechas estão vermelhas de vergonha e excitação enquanto fujo


da loja em direção à minha caminhonete.
Mais uma vez, que porra estou fazendo?
Saio do estacionamento tão rápido que os pneus cantam atrás de mim. Eu
preciso de alguma distância. O que aconteceu... não era para acontecer daquele
jeito. Eu deveria confrontar Silas e garantir que ele mantivesse a boca fechada, mas
acabamos nos beijando novamente.
Merda, eu agi loucamente, arqueando-me ao seu toque, praticamente
babando enquanto ele chupava meu pescoço. Ele me tocou e eu derreti, cedi como
se fosse massa de vidraceiro e suas mãos fossem Deus, moldando-me no que ele
quisesse.
Estou correndo pela floresta ao redor e me encontro em estradas vicinais.
Minha visão começa a ficar confusa e posso sentir os sinais reveladores de pânico
tomando conta de mim. Tenho certeza de que meu rosto está completamente sem
cor e tento engolir, mas fica preso na garganta. Viro o volante, parando no
acostamento, quase batendo em uma árvore.
— R-Respire, — gaguejo enquanto estaciono a caminhonete e bato a cabeça
no volante, meus dedos trêmulos suando contra o couro. — E-estúpido… r-
respire…
Mas não posso. Tudo me precipita ao mesmo tempo, me atacando de todos os
ângulos. Fisicamente, mentalmente, emocionalmente, estou quebrando e
queimando. Meu peito está apertado, meu coração bate muito rápido e quase posso
sentir o sangue fervendo em minhas veias.
— R-r-respire, — eu digo novamente, me forçando a falar através da minha
mandíbula cerrada.
Acabei de beijar Silas de novo. Eu fiquei com um homem. Senti seu pau duro
contra minha bunda e gemi, o prazer correndo através de mim com o contato.
Todos aqueles músculos duros me tocando quase me fizeram perder a cabeça.
Ele é meu inimigo. Os inimigos não se beijam. Eles não se masturbam. Eles
não fazem o que diabos estamos fazendo. Minha primeira incursão na exploração
sexual foi com alguém que odeio e que parece tão errado em muitos níveis, apesar
do quanto eu gostei.
É tudo demais. Tenho lição de casa para fazer: um trabalho de história,
questões de cálculo, páginas para ler. O Conselho Estudantil precisa que o
orçamento do baile seja aprovado e o Clube de Reciclagem quer novas lixeiras.
Clube principal e festas...
O treinador disse a mesma coisa que o pai, preciso trabalhar no meu tempo.
Estou decepcionando todo mundo. Estou brincando com Silas enquanto tudo ao
meu redor se despedaça e quebra.
Todos eles vão quebrar e recairá em mim.
Saio da caminhonete, caindo de joelhos enquanto o conteúdo do meu
estômago ameaça voltar.
Um …
Eu fiquei com um cara.
Dois…
Ele é meu inimigo.
Três…
Estou decepcionando todo mundo.
Quatro…
O que há de errado comigo?
Viro de costas e tento me concentrar nas nuvens. Sinto lágrimas ardendo nos
cantos dos meus olhos, minha respiração saindo em baforadas fortes. Estou apenas
bagunçando tudo. Não há rima ou razão para minhas ações, e tudo será minha
culpa. Se as pessoas descobrirem sobre mim, ficarão muito desapontadas. A imagem
que mantive com tanto cuidado será arruinada e papai terá que carregar essa
vergonha consigo.
Cinco…
Mas e se ninguém souber?
Seis…
Minha respiração começa a ficar mais lenta e levo dois dedos ao pescoço,
sentindo meu pulso para me lembrar que ainda estou vivo.
Sete…
Por que tenho que me importar com o que todos pensam? Ninguém além de
Landon realmente se importa comigo. Todos querem o que veem, não quem eu sou.
Pelo menos quando estou com Silas, não preciso me esconder. Eu o odeio, e nosso
ódio é a coisa mais autêntica da minha vida agora.
Eu não mereço isso? Faço tudo por todos. Sou legal, sou educado, seguro a
língua quando quero dizer merda e ajudo os outros, mesmo que tudo que eu queira
seja rastejar para dentro da minha caverna e desaparecer. Sou perfeito a cada
segundo do dia, então por que não posso ter isso?
Oito…
Nove…
Finalmente, o pânico diminui e consigo me sentar. Limpo a boca com as
costas da mão e fico com as pernas instáveis. Então pressiono minha testa contra a
janela fria, inspirando pelo nariz e expirando pela boca. Estou tão cansado desses
ataques de pânico. Eles estão acontecendo com mais frequência ultimamente e não
sei o que fazer para que desapareçam para sempre.
O que sei é que preciso tirar Silas do meu sistema. Ele estava certo. Podemos
acabar logo com isso e brincar ou agir como se nada tivesse acontecido, e ficou
óbvio na loja que não podemos ficar perto um do outro sem que um de nós pule no
outro. Por que e como essa mudança aconteceu, não sei, mas sou inteligente o
suficiente para compreender que combatê-la é a opção mais difícil.
E ele me faz sentir bem. Eu preciso disso. Preciso da fuga que ele está disposto
a me proporcionar.
Volto para minha caminhonete, coloco-a em movimento e lentamente entro
na estrada. Eu sei o que preciso fazer. Eu sei o que quero fazer. Finalmente vou ter
algo para mim mesmo.
Então faço meia-volta e vou em direção à escola.
Foda-se.
QUATORZE

Silas
Por que diabos estou trazendo ele para o meu lugar?
Eu me amaldiçoo durante todo o caminho até lá, os olhos deslizando da
estrada para o espelho retrovisor enquanto observo Blaine me seguindo como se eu
estivesse com medo de perdê-lo ou algo assim. Isso é tão estupido. Desde quando
me importo tanto com Blaine? Estou culpando meu pau por isso. Ele só quer gozar,
porque num mundo normal isso não estaria acontecendo.
Dou a última curva, seguindo a estrada de terra até o fim, como já fiz
inúmeras vezes antes. Depois de vir aqui pela primeira vez quando eu tinha oito
anos, Whaley me deu permissão para visitar este lugar sempre que eu quisesse. Ele
diz que quase nunca vem aqui, e acredito nisso porque nunca o vi. Também nunca
vejo mais ninguém aqui. Está longe o suficiente do parque principal para ficar
completamente isolado. Além disso, Whaley reivindicou este lugar para si, então
ninguém se atreve a vir aqui. Isso faz com que seja o lugar perfeito para eu escapar.
Então, por que estou permitindo que Blaine Yates se infiltre no meu espaço?
Mudando meu carro para estacionar, pego um cigarro e acendo, fechando
os olhos e deixando a sensação da nicotina percorrer meu corpo. Talvez isso me
ajude a relaxar? Geralmente acontece, só preciso sair...
TOC Toc toc.
Meus olhos se abrem e viro minha cabeça para encarar Blaine. Então abro a
porta, batendo nele com o metal no processo.
Ele revira os olhos e depois cruza os braços enquanto olha ao redor. Pulando
do carro, eu mesmo faço uma varredura, me perguntando o que ele vê. Eu
perguntaria, mas acho que me irritaria ouvi-lo dizer alguma merda sobre o meu
santuário. Este lugar pode não parecer muito, mas é meu, uma grande parte da
minha casa, e alguém cagando nisso vai me irritar. Vou até o trailer, lançando um
olhar para Blaine por cima do ombro quando percebo que ele não se moveu.
— Você está vindo? — Eu questiono, dando mais algumas tragadas na minha
fumaça antes de jogá-la no chão e apagá-la.
Ele engole visivelmente, mudando de um lado para o outro antes de me
seguir. Ele está nervoso de novo? Isso é tão estranho. Eu nunca esperei que ele fosse
do tipo que se preocupa. Afinal, com o que alguém como ele precisa se preocupar?
Ele tem a vida perfeita. Deve ser bom nunca ter que se preocupar com dinheiro ou
com uma longa lista de responsabilidades. Não vou mentir, invejo isso.
Não estou dizendo que mudaria minha vida pela dele, mas seria bom poder
comprar um refrigerante no posto de gasolina só porque eu queria e não pensar
em como poderia usar esse dinheiro para outra coisa.
Subo cambaleando os degraus de concreto, usando minha chave para
destrancar o trailer enferrujado. Já viu dias melhores por fora, mas por dentro não
está tão ruim, já que limpei um pouco.
É pequeno, com uma pequena cozinha, um banheiro inútil e um sofá-cama.
É o suficiente para mim, e eu estive pensando em me mudar completamente para
cá, mas não há água corrente, e a ideia de não poder tomar banho sempre que
quero me dá coceira na pele.
Sou muitas coisas, mas sujo não é uma delas.
Tirando minha jaqueta, jogo-a no balcão antes de me sentar no sofá e
observar Blaine parado na porta. Ele nem fechou ainda, apenas olhando
nervosamente ao redor como se algo fosse aparecer e agarrá-lo.
— Feche a porta e entre. Você está deixando todo o ar quente sair. — Aponto
para a unidade portátil de ar condicionado que mal cabe na janela fechada com
tábuas. — Você não precisa se preocupar. Eu não vou morder. — Faço uma pausa,
franzindo os lábios. — Bem, isso não é verdade. A ideia de morder você parece
muito boa, honestamente.
— Você acaba por dizer o que quer, hein? — Ele zomba de aborrecimento e
finalmente fecha a porta. — Nenhuma preocupação no mundo? Como você está
tão calmo sobre isso?
— É apenas sexo. Por que você está transformando isso em algo que não é?
— Ele morde o lábio inferior, evitando contato visual comigo enquanto leio nas
entrelinhas. — É porque eu sou um cara? Se isso faz você se sentir melhor, também
nunca fiz isso com um cara. Eu assisti pornografia a três, então vi algumas coisas.
Por que diabos estou tentando tranquilizá-lo? Quem se importa? Sexo é sexo.
Não é o fim do mundo. Dois paus, duas bucetas, um de cada, múltiplos de cada…
O objetivo será sempre o mesmo.
Para gozar.
Sua sobrancelha se levanta e ele cruza os braços sobre o peito enquanto me
observa. — Essa é a única parte disso que você acha estranha?
— Não acho nada disso estranho, — digo honestamente. A ideia cresceu em
mim e agora só quero gozar com ele.
Seus olhos se arregalam de surpresa. — Mas não somos amigos.
— E isso é um problema porque? — Eu realmente não vejo problema aqui.
— Isso não está atrapalhando você nem um pouco? — Ele pergunta, olhando
para mim como se eu fosse louco.
— Por que isso aconteceria? Sexo raivoso é quente, e sexo com ódio é ainda
mais quente. — Sua boca se fecha, claramente não esperando que eu diga isso. Vou
até ele então, prendendo-o contra a porta como fiz antes na loja. — Pare de pensar
demais nisso. Apenas relaxe. Solte-se. Viva um pouco.
Há um brilho em seus olhos com minhas palavras, e ele olha para meus lábios
pouco antes de sua garganta engolir em seco. Porra, por que isso é tão sexy? Ele se
inclina para frente, mas não me beija, apenas aproxima nossos lábios.
Ele está me provocando? Eu não acho que ele percebe o quão perto estou de
agarrá-lo e jogá-lo contra a parede.
— Devíamos ter limites, — ele sussurra com voz rouca, seu hálito de chiclete
soprando em minha boca.
Eu bufo. — Sim, não conte a ninguém que estamos transando, fim.
— Estou falando sério, — ele retruca enquanto me empurra para trás.
Suspiro, voltando para o sofá e me sentando. — Não quero soar como um
idiota... — Faço uma pausa, sem realmente me importar se faço isso ou não, porque
sou, na verdade, um idiota. — Não há realmente nenhum limite para mim no que
diz respeito ao sexo. Quero dizer, não gosto de esportes aquáticos, jogos sangrentos
ou queimaduras, sem ofensa, se essa é a sua praia, mas todo o resto é um jogo justo.
— Jogo de sangue? — Ele olha para mim com horror. — Que tipo de coisa
você está assistindo? Eu não sabia que isso era uma coisa.
— Fiquei fascinado pela história do colar de sangue com Angelina Jolie
quando tinha treze anos. — Eu dou de ombros. — Nem é preciso dizer que uma
pesquisa do Google me levou por um caminho sombrio.
Ele empalidece, balançando a cabeça em descrença. — Quem gostaria de
algo assim?
— Não faço ideia, mas cada um na sua. Eu não estou julgando.
Não dizemos nada por alguns instantes, ele ainda encostado na porta e eu
olhando para ele do sofá. Tenho certeza de que ele está pensando no assunto, e meio
que espero que ele dê meia-volta e vá embora, mas ele me surpreende quando
avança, colocando uma perna sobre cada uma das minhas e montando no meu
colo.
Porra, sim.
Tenho quase certeza de que não estou mais respirando quando minhas mãos
pousam em suas coxas. Estou apenas observando-o, esperando que ele decida o que
fará a seguir. Ele se inclina para frente, apoiando as mãos em meus ombros, e
preciso de tudo em mim para não reclamar sua boca primeiro. Eu fiz o último
movimento, então agora é a vez dele. Preciso saber se ele realmente quer isso tanto
quanto eu.
Seus olhos estão aquecidos, observando cada centímetro do meu rosto antes
que ele se incline ainda mais e roce seus lábios nos meus. É um beijo experimental,
um leve movimento de bocas que me faz apertar suas coxas. Eu quero
desesperadamente virá-lo neste sofá. Eu me pergunto se ele lutaria comigo como
fez na floresta?
Porra, isso foi quente como o inferno.
Eu luto para flexionar meus quadris, não querendo parecer muito ansioso,
mas ele está me matando com essa merda lenta.
Depois de algumas escovadas, ele aprofunda o beijo e estou pronto, abrindo
para ele ao primeiro golpe de sua língua. Quando suas mãos começam a deslizar
pelo meu peito, movo as minhas, apreciando a sensação da espessura sob as palmas.
Nunca pensei que gostaria de um corpo duro e sólido, mas neste momento nada
deveria me surpreender.
Ele geme enquanto balança levemente em mim e é quando sinto seu pau duro
pressionando contra o meu. Sim, foda-se essa merda lenta. Eu preciso de mais,
agora. Chegando entre nós, começo a trabalhar desfazendo nossas calças.
— Precisamos tirar isso, — murmuro contra seus lábios, não querendo
quebrar nosso contato, mas precisando libertar a mim e a ele.
Ele balança a cabeça rapidamente, já ofegante quando dá um tapa em minhas
mãos para desabotoar suas calças. Uma vez que nossos dois paus estão fora, posso
praticamente ver sua boca salivando. Eu rio, passando um dedo aumentando seu
comprimento enquanto eu o provoco. — Você está olhando para isso como se
quisesse naquela boca bonita.
— Eu...— ele para, seus olhos cinzentos fixando-se nos meus com uma
expressão de incerteza.
Nunca, na minha imaginação mais selvagem, pensei que Blaine Yates iria
querer chupar meu pau, mas a julgar pela maneira como ele estava olhando para
meu pau, é exatamente isso que ele quer fazer.
Envolvo minha mão em sua nuca, aproximando nossas bocas. Ele se derrete
no beijo, e não posso acreditar na porra do gemido que o deixa quando mordo seu
lábio inferior antes de aliviar a dor com a língua. Minhas mãos vagam por todo ele
- seu peito sólido, suas coxas incríveis, sua bunda incrível - e o tempo todo ele se
contorce e choraminga como um cachorro no cio.
Quando eu me afasto, a primeira coisa que ele faz é olhar para o meu pau, e
eu sei que sou eu quem vai fazer essa merda rolar. — Você vai apenas ficar olhando
ou vai fazer alguma coisa com isso?
Isso o tira do transe. Ele estreita os olhos para mim, zombando enquanto
empurra meu peito. — Eu não estou chupando seu pau.
— Por quê? — Eu provoco, deslizando minhas mãos sob sua camisa e
subindo por suas costas, nos aproximando mais uma vez. — Você está assustado?
— Por que eu deveria estar com medo? Não é tão impressionante, — ele
morde.
Ok, viva em negação, Blaine.
Agarro um punhado de seu cabelo, puxando sua cabeça para trás. Agradeço
a marca escura que deixei em seu pescoço antes de ceder e beijá-lo e depois falar.
— Prove.
Ele leva um momento para lutar contra meu aperto, mas quando está livre,
ele me surpreende mais uma vez quando desliza do meu colo e cai de joelhos. Porra,
isso é tão quente. O menino de ouro perfeito está de joelhos para mim, e isso me
enche de uma onda de poder que vai direto para o meu pau.
Ele vai desligar o letreiro que ilumina a sala, mas eu balanço a cabeça. —
Deixe ligado. — Não gostaria de estragar a fantasia, não é? Ele me dá uma olhada,
mas lentamente encolhe os ombros de volta. Estendo a mão, enterrando meus dedos
em seu cabelo, puxando sua boca para mais perto de onde ela precisa estar. — Vá
em frente. Você sabe que você quer.
— Vá se foder, — ele retruca, e eu mordo minha língua para parar meu
sorriso. Ele lambe os lábios antes de voltar o olhar para o meu pau. Posso dizer que
ele não sabe bem por onde começar ou o que fazer, mas o meu pau está pronto
para ser chupado e estou ficando impaciente. Estou com tanto tesão e pronto para
explodir a qualquer segundo.
Blaine Yates parece perfeito. Ele tem o corpo perfeito e a vida perfeita, mas
finalmente encontrou algo em que não é bom.
E eu adoro essa merda.
— Aqui, — eu digo, agarrando a base do meu pau e inclinando-o em direção
a ele. — Apenas chupe.
— Não me diga o que fazer, — ele rosna, afastando-se do aperto que tenho
em seu cabelo e batendo na minha mão. — Se você quer que seu pau seja chupado,
você vai calar a boca.
— Então faça isso já, — eu reclamei. — Vá em frente ou saia.
Ele me cala quando se muda e escolhe a opção A, envolvendo seus lábios em
volta de mim, e Jesus Cristo, isso é tão bom. Só aquela pequena sucção molhada já
faz meu pau estremecer, implorando para gozar. Eu me contenho, recusando-me
a ser um cara rápido no gatilho5.
Ele leva algumas chupadas antes de encontrar sua confiança, tomando mais
de mim com os olhos fechados, cantarolando em meu comprimento como se fosse
sua coisa favorita no mundo. Em pouco tempo, ele tem um ritmo constante,
balançando a cabeça para cima e para baixo em meu comprimento naturalmente.
Os barulhos que ele faz... Porra, são eles que fazem isso por mim. O fato de
ele gostar tanto disso também ajuda.
— Simplesmente assim, — gemo, querendo jogar a cabeça para trás, mas não
querendo perder nada. — Tão bom pra caralho. Que boca tão quente.

5 Que goza rápido.


Meu elogio o ilumina, seus olhos se abrindo para olhar para os meus. Ele fica
tão bem com os lábios esticados ao meu redor, um pouco de baba escorrendo pelos
cantos da boca.
— Você não é tão ruim, — eu provoco, segurando sua cabeça novamente e
lentamente empurrando meus quadris para cima. — Cinco em dez.
Aqueles mesmos olhos cinzentos se estreitam para mim e, um segundo
depois, ele se transforma. Ele me ataca com um renovado senso de determinação.
Acontece que tudo o que ele precisava era de um empurrãozinho no ego, algo para
despertar aquela tendência competitiva nele, porque agora ele está dando tudo de
si e, caramba, não vou durar de jeito nenhum.
— Porra, estou perto, — suspiro, colocando ambas as mãos em suas
bochechas, fodendo-o completamente, apreciando seus sons de engasgo. — Vai
beber minha porra, Blaine? Vai ser um homem e aceitar?
Ele bufa contra meu comprimento e, em um movimento para o qual eu não
estava preparado, me leva até o fundo de sua garganta e engole.
Ele engole, e aquela sensação quente de abraço me faz descer direto pela sua
garganta.
— Porra! — Eu grito, cada centímetro de mim derretendo no sofá enquanto
eu fico chapado. — Porra, sim. — Eu olho para ele assim que ele sai, lambendo o
esperma que está decorando o canto da sua boca. — Tenho que fazer isso agora.
Ele balança a cabeça, um rubor vermelho profundo cobrindo seu pescoço. —
Não.
Eu levanto uma sobrancelha em confusão. — Que porra? Por que não?
Ele engole audivelmente e se recusa a fazer contato visual comigo. —Eu
estou... hum... bem.
Demoro um segundo para perceber o que ele quer dizer. Blaine
simplesmente... De jeito nenhum.
— Você gozou? — Eu questiono em descrença.
— Foda-se! — ele fala, olhando para mim.
— Merda, você fez! — Afinal, meu pau era impressionante. Eu não sabia que
era possível me sentir tão satisfeito depois de um orgasmo. Blaine é muito bom para
minha autoestima.
— Foda-se, Silas. — Ele se levanta e arruma suas roupas, puxando a camisa
para baixo para se esconder. — Estou indo embora.
Dou de ombros, sem me importar nem um pouco. Fizemos o que viemos fazer
aqui e agora ele pode ir. Eu levanto e abotoo minha calça jeans, apontando para a
porta. — Vá em frente.
Ele me lança um último olhar antes de sair pela porta, e eu o sigo, me
convencendo de que é porque quero meus cigarros no carro e não porque quero
vê-lo sair.
Ele para no meio do caminho até sua caminhonete quando me ouve descendo
os degraus, então se vira para olhar para mim com uma sobrancelha levantada. —
O quê? — Eu aceno para ele, indo até meu carro e pegando meus cigarros.
— Isso é ruim para você, — diz ele, parando perto do capô do meu carro.
— Não me diga?
Ele revira os olhos antes de continuar andando em direção à sua
caminhonete. — Apenas um aviso. Se você quiser se matar com essa merda, não
vou impedi-lo.
Ele está com a porta aberta, prestes a sentar-se ao volante quando algo me
ocorre. — Me dê seu número.
— O quê? Por que? — Seu olhar voa para o meu em confusão.
— Por que mais? Estamos fazendo isso de novo ou foi apenas um caso
isolado? — Duas vezes, mas quem está sendo técnico?
— Por que você precisa do meu número para isso?
— Você quer discutir conexões pessoalmente? Talvez eu simplesmente
apareça no seu armário quando você estiver conversando com todos os seus
atletas...
— Dê-me seu telefone, — ele me interrompe, estendendo a mão enquanto
caminha de volta para mim.
Não posso deixar de sorrir maliciosamente. Não me lembro da última vez que
sorri tanto. Na verdade, acho que nunca sorri tanto. Acho que deveria agradecê-lo
por mais do que apenas o sexo. Pego meus contatos antes de entregar meu telefone
a ele para adicionar suas informações.
Ele o faz, e seu telefone toca um segundo depois, informando que ele mesmo
mandou uma mensagem.
— Pronto, — ele murmura, devolvendo-me.
— Só use isso para coisas como esta. — Eu aponto para o nosso entorno. —
Não quero saber sobre o seu dia, o que você jantou ou como está o futebol. Não
somos amigos.
Ele solta um bufo sem graça. — Você age como se eu fosse mandar uma
mensagem para você, mas será você quem me mandará uma mensagem primeiro.
Oh, ele é muito seguro de si para um cara que simplesmente enlouqueceu.
— Veremos.
Nós não dizemos nada por um instante, e estou prestes a dizer a ele para se
foder quando ele dá um beijo em meus lábios antes de voltar para sua caminhonete.
Fico atordoado ao vê-lo partir, incapaz de impedir que meus dedos tracem meus
lábios enquanto minha mente vagueia para o nosso próximo encontro.
É bom ter algo pelo qual ansiar.
Balançando a cabeça para me livrar desses pensamentos, coloco um cigarro
entre os lábios e acendo. Abrindo meu telefone, quase morro por sugar uma tragada
de fumaça da maneira errada... mas é mesmo? Esse filho da puta não fez isso.
Olhando para mim está o contato que ele decidiu adicionar para si mesmo no meu
telefone.

ATLETA ARROGANTE
Você deve estar brincando comigo.
QUINZE

Blaine

Meu queixo cai enquanto olho para o papel marcado em vermelho na minha
frente.
— Você geralmente é melhor do que isso, — diz a Sra. Taylor, fazendo uma
careta para mim enquanto bate o dedo na minha mesa antes de ir para o próximo
aluno. — Da próxima vez, você deveria estudar mais.
Mas é isso. Eu estudei. Eu sempre estudo. Enquanto olho para o grande C no
meu teste de inglês, lembro-me de cada segundo agonizante que passei bebendo
Red Bull e lendo suas notas irritantemente específicas sobre Hamlet. Eu sei tudo
sobre o falso surto psicótico do cara e como ele é um idiota de primeira classe.
Estou chocado. Eu sei que, pensando bem, C não é uma nota terrível, mas não
é do meu feitio. Não sou um aluno mediano, sou o melhor aluno. Eu arraso em tudo
que faço, e esse teste estúpido não deveria ter sido a exceção.
Posso sentir meu coração começar a bater rapidamente, minhas palmas
suadas enquanto elas estão sobre minha mesa. Meu pé bate no chão tão rápido que
a garota ao meu lado me lança um olhar irritado, o que só alimenta meu
nervosismo crescente.
Eu não posso fazer isso.
— S-Sra. Taylor, — gaguejo, tentando manter a compostura enquanto
levanto a mão. Eu preciso sair daqui.
Ela se vira para mim, com preocupação em seus olhos enquanto para de
devolver os testes. — Sim, Blaine?
— Posso usar o banheiro, por favor?
— Claro, — ela diz facilmente. A Sra. Taylor normalmente não nos deixa sair
durante a aula, algo sobre o tempo dela ser tão precioso quanto o nosso, mas eu
sabia que ela abriria uma exceção para mim.
Saio rapidamente da cadeira e vou direto para o banheiro no final do
corredor. Felizmente, não há ninguém aqui, então me deixo cair contra a pia. Eu a
aciono, tentando ver se jogar um pouco de água fria no meu rosto ajudaria, mas
não adianta. Minha língua ainda está grossa e seca, e engolir está se tornando um
problema.
Eu caio no chão, apoiando as mãos na cabeça enquanto balanço de um lado
para o outro, tentando acalmar meus pensamentos e coração acelerados. Preciso de
algo para me distrair disso. Eu preciso... não sei, porra! Eu só preciso parar de me
sentir assim por um segundo.
Sem nem pensar, pego meu telefone com dedos desajeitados. Não tenho
controle sobre o que estou fazendo enquanto abro meus contatos e eu mando uma
mensagem para a última pessoa que gostaria que me visse assim.

EU
Encontre-me no banheiro do corredor inglês.

Silas leva apenas dois segundos para responder.

IDIOTA
Vá se foder.
Não, isso não vai funcionar. Não sei por que, mas preciso dele agora. Não de
um jeito amoroso, venha me salvar ou qualquer coisa. Eu preciso de uma liberação.
Preciso que toda essa tensão reprimida, ansiedade e pânico avassalador sejam
levados embora.
Preciso ser outra pessoa por um segundo. Alguém que não está preocupado
com o que um C fará em seu quadro de honra, ou preocupado com o que os comitês
de bolsas de estudo pensarão de algo menos do que um GPA perfeito.

EU
Não seja um idiota. Venha aqui.

Quando ele não atende, xingo e guardo meu telefone. Claro que ele não vem.
Em primeiro lugar, fui uma idiota por ter mandado uma mensagem para ele,
especialmente quando disse que ele seria o primeiro a entrar em contato.
Felizmente, eu me distraí o suficiente para não me sentir mais perto de desmaiar,
então isso é uma vantagem. Fico com as pernas trêmulas, olhando meu rosto pálido
no espelho, e me preparo para voltar para a aula até que a porta do banheiro se
abre.
— É melhor que isso seja bom pra caralho ou eu vou chutar sua bunda.
Pisco para Silas em estado de choque. Ele realmente veio? Eu tinha certeza de
que ele simplesmente iria me ignorar e fazer qualquer merda que ele fizesse
durante o dia escolar, se é que ele frequentava as aulas.
Agora que ele está aqui, não hesito.
É quase patético o modo como marcho até ele e bato nossos lábios. Ele grunhe
contra minha boca, quase caindo de bunda, mas estou lá para segurá-lo pelos
quadris. Afasto meus lábios e o arrasto para trás comigo, empurrando nós dois para
uma das cabines apertadas e trancando-a atrás de nós.
— Você não parece muito bem, — diz ele, com os lábios inchados e os olhos
estreitados em suspeita. — Você está chapado?
Eu o forço a sentar no assento fechado do vaso sanitário, montando nele
enquanto pego a fivela do cinto. — Cale a boca, eu preciso gozar.
Ele levanta uma sobrancelha com o meu desespero, mas qualquer coisa que
ele estava prestes a dizer é cortado quando eu puxo seu pau para fora e começo a
acariciá-lo. Ele joga a cabeça para trás enquanto eu me liberto. Cuspo em nossos
paus, deixando-nos bem e lisos antes de pegar nós dois em meu punho.
— Porra, — ele geme, empurrando minha mão. — Prefiro fazer isso do que
dormir na sala do Sr. Herald.
— Eu. Disse. Cale. A. Boca, — eu grito, socando cada palavra enquanto nos
empurro com mais força, meu único objetivo é gozar.
Quando ouvimos a porta do banheiro se abrir, ele se senta, abrindo a boca
para dizer alguma coisa, mas bato minha mão em seus lábios. Eu não me importo
quando os passos chegam. Eu não pisco quando alguém tenta abrir a cabine em
que estamos, xingando quando eles sacodem a porta antes de passar para a
próxima. Não me importo que Silas tenha esse brilho triunfante nos olhos, como se
de alguma forma ele tivesse me superado.
Eu não dou a mínima para nada além de esquecer o quão pesado é o peso da
minha vida sobre meus ombros.
Mas preciso de outra coisa. Estou tão perto de gozar, mas algo está me
impedindo. Todas essas sensações não são suficientes. Preciso de algo que me ligue
à realidade, que me faça sentir como se estivesse vivo.
— Morda-me — sussurro no ouvido de Silas, tirando minha mão de sua boca
antes de bater seu rosto na curva do meu pescoço. — Porra, me morda.
Silas nem hesita enquanto crava os dentes na minha pele. É tão difícil conter
o gemido que quero deixar escapar quando as estrelas explodem atrás dos meus
olhos e eu gozo. Tudo dentro de mim vibra enquanto eu desligo por um segundo,
todas as coisas que estavam me arrastando para baixo desaparecem. Eu sei que
devo estar com um sorriso atordoado no rosto, mas não dou a mínima.
Isso é exatamente o que eu precisava.
Levanto-me, pego papel higiênico para me limpar e depois me aconchego.
Eu ouço por um momento e quem estava aqui conosco deve ter saído porque não
ouço nada agora. Viro-me para sair quando um aperto forte em meu braço me
impede.
— Que porra é essa, Blaine? — Silas pergunta maldosamente com uma
expressão irada no rosto. Ele ainda está sentado no vaso sanitário, seu pau duro
vazando e vermelho. — Quanto a mim?
— E você? — Eu mordo de volta, arrancando meu braço dele.
— Você não vai terminar?
Eu bufo. Má escolha de palavras, Silas. — Eu fiz.
Seus olhos se arregalam quando a compreensão de que não vou ajudá-lo a
gozar o atinge. — Seu maldito...
— Até mais, idiota, — digo, encolhendo os ombros enquanto saio da cabine
e volto para a aula, me sentindo dez vezes melhor do que antes.
DEZESSEIS

Blaine

As semanas passam num borrão de segredos e sexo.


Não consigo mais acompanhar o tempo. Só sei que Silas me faz sentir como
se fosse outra pessoa e essa é a fuga perfeita da realidade.
Depois daquele momento no banheiro, todas as apostas estavam canceladas.
Silas sempre encontrou maneiras de me retribuir pelo que fiz, seja me negando
orgasmos quando estou tão perto de gozar ou me fazendo chupar seu pau nos
lugares mais inapropriados, como o estacionamento do supermercado, ou o beco
atrás da lanchonete de fast food. Tudo o que minha pequena façanha realmente
conseguiu fazer foi nos colocar constantemente na garganta um do outro, mas não
como costumávamos ser.
Agora, sempre que temos oportunidade, estamos fodendo. Vendo que eu era
virgem antes de tudo isso começar, sou tão insaciável quanto ele. Ele ainda não sabe
que as primeiras vezes com ele são as minhas primeiras vezes em geral, mas me
recuso a contar a ele. Isso só vai alimentar seu ego já superinflado e não preciso
disso.
De qualquer forma, ele não estava reclamando das minhas habilidades
quando eu estava de joelhos na noite passada, chupando seu pau tão bem que
gozou em menos de dois minutos.
Sim, estou me sentindo muito bem comigo mesmo por causa disso, não vou
mentir. Gosto de poder deixá-lo tão entusiasmado e fazer alguém como Silas ceder.
Ele é como um vício, uma droga do pior tipo que está me consumindo, e tudo
que eu quero é minha próxima dose. Sou como um alcoólatra morrendo de vontade
de tomar um gole, dizendo a mim mesmo que será o último, mas sempre querendo
mais.
Silas Richards é meu vício favorito.
Falando no diabo.
Enquanto ando pelo corredor lotado, vejo Silas à minha frente, ladeado por
Bunky e Raid. Não agimos de maneira diferente do que costumamos fazer, e sinto
um prazer doentio ao saber que suas mãos ásperas estiveram na minha pele e seus
lábios carnudos nos meus, quando nos vemos em público.
Temos um segredinho sujo que ninguém conhece. No início, fiquei
preocupado que todos soubessem de alguma forma o que Silas e eu temos feito, mas
isso é a paranoia falando. Ninguém sabe que nos beijamos e nos tocamos, e que eu
coloquei o pau dele na boca, e é a coisa mais insana da qual já fiz parte.
Silas e eu trocamos olhares e isso acontece novamente. Aquela troca de
energia escaldante, aquele raio direto no meu pau e aquela necessidade
avassaladora de cair de joelhos ao ver seu olhar salpicado de estrelas.
Ele bate em meu ombro e zomba. — Observe para onde você está indo.
— Vá se foder, — eu respondo, mas meu sangue ferve quando ele rola o lábio
inferior entre os dentes e sorri.
Deus, por que ele é tão gostoso?
Esses pensamentos aleatórios sobre Silas não me pegam mais de surpresa, mas
ainda os acho estranhos. Eu nunca, em um milhão de anos, pensei que seria pego
em alguma aventura sexual com meu inimigo, mas estou me divertindo muito,
então dane-se. Deixe as cartas caírem onde puderem.
Participar e prestar atenção nas aulas ainda são um problema. Felizmente, só
tive aquela nota baixa, mas se não parar de perder o foco, temo que haja mais. Silas
simplesmente não sai da minha cabeça. Não importa o quanto eu tente não pensar
nele, ele sempre consegue escapar, mudando meu foco das tarefas para a foda. É a
mesma coisa com a prática também... Estou lá, mas não estou realmente.
Posso avisar o treinador quando estou lançando minha terceira
incompletude e me xingo por estar tão distraído... de novo.
Droga, Silas Richards.
Depois de terminarmos, vou em direção ao vestiário quando Landon me para,
com o rosto cheio de preocupação. — Cara, o que há com você?
— O que você quer dizer? — pergunto, inclinando a cabeça para o lado
enquanto meu peito se aperta com energia nervosa. — Estou bem.
— Bem? — ele repete, balançando a cabeça. — Você está fora do seu jogo. O
que está acontecendo?
Acho que o treinador não foi o único que percebeu. Por uma fração de
segundo, penso em contar tudo a Landon. Não apenas que estou transando com
Silas, mas também tenho guardado tudo o mais para mim: Yale, minhas bolsas de
estudo, minha ansiedade e meus ataques de pânico.
Meu amigo mais próximo não deveria saber que finalmente encontrei
consolo para minha vida miserável no único lugar que nunca esperei? Ele não
merece saber por que fui péssimo hoje, especialmente quando meu foco afeta a
todos?
Mas eu reprimo esse pensamento. O que Silas e eu estamos fazendo é apenas
temporário. Não há razão para incluir ninguém no que temos. Porra. Não temos
nada, não foi isso que eu quis dizer. Só não acho que algo tão casual e errado precise
ser contado, mesmo para a única pessoa em quem posso confiar.
E é meu. Só meu.
É uma maneira de deixar todas as besteiras pretensiosas de lado e ser eu
mesmo. É o meu alívio da minha vida de plástico brilhante e quero mantê-lo assim.
— Não tenho dormido bem. — Principalmente é verdade porque tenho me
encontrado todas as horas da noite com Silas para sair. — Acho que estou apenas
cansado.
— Você parece assim, — ele confirma, e eu dou um tapa na lateral de sua
cabeça, o que o faz rir. — Ei, vá se foder. Só estou cuidando de você, cara. Estou
preocupado.
Não posso deixar de me perguntar se ele está realmente preocupado comigo
ou com meu desempenho. Temos outro jogo na próxima semana, a final do
campeonato, e preciso estar no meu melhor jogo ou então vamos todos parecer
idiotas. Landon pode não estar preparado para ir para a NFL, mas eu sei que ele
quer jogar na faculdade. Não estou tentando ser um idiota, mas há poucas chances
de ele ser pego por uma escola se não ganharmos o jogo. Ele está realmente
cuidando de mim ou de seu próprio futuro?
Eu engulo audivelmente porque isso foi duro. Não tenho muita certeza do
que deu em mim, mas a preocupação persistente de que minha amizade com ele
não seja tão autêntica quanto eu pensava apenas consolida minha decisão de
manter meus pensamentos para mim mesmo.
Eu realmente estou fora do meu jogo.
— Estou bem, — digo a ele, batendo suavemente em sua ombreira e dando-
lhe um sorriso forçado. — Obrigado por cuidar.
Ele sorri brilhantemente, seus olhos azuis vibrantes enquanto ele balança a
cabeça. — Claro. É para isso que servem os amigos, certo?
Concordo com a cabeça, a culpa começando a aumentar. Tiro esse
pensamento da minha cabeça, já ansioso para ver Silas novamente e tirar minha
mente de toda essa merda, e porque o universo realmente está atrás de mim é
Maybelline que aparece. Com pompons na mão e flanqueada por seu esquadrão,
ela salta até nós. Seus olhos verdes estão brilhando com falta de sinceridade
enquanto ela faz beicinho.
— Blaine, você está se sentindo bem? Percebi que você se atrapalhou com a
bola.
Luto contra a vontade de revirar os olhos. Todos podem simplesmente deixar
pra lá? Sério, é como se eu fosse apenas um espécime em um laboratório que todo
mundo está sendo pago para examinar. Isso não acontece com frequência, mas essa
prática de merda faz todo mundo pular na minha garganta. Me dê um tempo.
— Estou bem, — digo novamente, nem mesmo me corrigindo quando sai
mais duro do que deveria.
Ela pisca para mim algumas vezes, pega de surpresa pelo meu tom, mas sorri.
— Ok, só verificando. Eu estava pensando... As meninas e eu vamos sair depois do
treino. Você quer se juntar a nós?
É preciso tudo em mim para não zombar. Não, não tenho nenhum interesse
em me divertir com ela ou com suas amigas. Na verdade, prefiro cortar meu braço
do que passar mais tempo do que o necessário com ela. Estou cansado de suas
constantes tentativas de me convidar para sair. Eu não a quero.
Eu só quero...
— Estou livre, — Landon interrompe, interrompendo meus pensamentos
rebeldes, com um sorriso malicioso no rosto enquanto passa o braço em volta dos
ombros dela. — Vamos nos encontrar no Kelly's Diner?
Maybelline estreita os olhos para o braço que ela segura e dá de ombros,
franzindo os lábios enquanto olha entre nós dois. — Desculpe, Landon. Talvez
outra hora.
Tenho quase certeza de que eles se encontraram naquela fogueira há
algumas semanas e agora ela está agindo assim. Não me entenda mal, uma garota
tem todo o direito de mudar de ideia sobre um cara sempre que quiser, mas isso é
simplesmente cruel. Não sou idiota, longe disso, e tenho certeza de que ela fazer o
que quer que tenha feito com Landon foi apenas uma maneira de chegar até mim.
Como se eu ficasse com ciúmes de algo assim.
O rosto sardento de Landon cai, mas apenas por um segundo antes de seu
sorriso brilhante retornar. — Tudo bem. Sem problemas. Esqueci Blaine e eu
tínhamos planos de qualquer maneira.
Inspiro profundamente, quebrando meu cérebro enquanto tento me lembrar
dos planos. — Nós temos?
— Sim, você não se lembra? — ele pergunta, franzindo as sobrancelhas
enquanto inclina a cabeça para o lado. — Você deveria me ajudar com meu
trabalho de história.
Eu disse isso, não foi? Como fiz dois planos para esta noite? Eu nunca faço
isso. Geralmente estou sempre muito atento à minha agenda. Isso só serve para
mostrar o quão longe estou na espiral.
Penso no meu telefone no armário da academia, tenho certeza de que terei
uma mensagem perdida de Silas sobre sair hoje à noite. Esqueci completamente de
Landon. Mais uma vez, me sinto um idiota. Meu amigo precisa de mim e prefiro
gozar do que garantir que ele passe na história.
Estou tão nervoso. Essa prática de merda, Landon me pegando, até mesmo
Maybelline, tudo isso torna insuportável o desejo pelo que Silas pode me oferecer.
Tentar equilibrar tudo isso está se tornando um pouco cansativo, mais do que
normalmente experimento. Estou tão perto de perder a calma – por morder e
arrastar todos ao meu redor – mas consigo me manter sob controle.
Maybelline geme da maneira menos atraente possível antes de marchar com
seu grupo, deixando Landon e eu sozinhos. — Ei, sobre isso, cara…
— O quê? — ele pergunta. — Você quer movê-lo para minha casa?
— Na verdade, não posso fazer isso esta noite, — digo correndo. —Esqueci
que tenho... hum... uma coisa que preciso fazer.
Muito tranquilo, Yates.
— Que coisa? — ele pergunta, e não tem a intenção de ser acusatório, mas é
assim que eu interpreto porque minha mente está cheia de besteiras.
— Não é da sua conta, — respondo. Landon dá um passo para trás, com o
queixo caído enquanto olha para mim como se não soubesse quem eu sou. Porra.
O que eu estou fazendo? Estico a mão e belisco a ponta do nariz rapidamente antes
de balançar a cabeça. — Merda, cara. Desculpe. Eu só... tenho muito que fazer.
Ele leva um momento para se recompor, limpando a garganta enquanto
balança a cabeça, mas não é genuíno. — Sim, entendi. Desculpe acrescentar algo.
Eu sou o pior. Não posso abandonar meu amigo, não quando ele mais precisa
de mim. Meu péssimo humor e falta de concentração não são culpa dele, e ele não
deveria ser penalizado pela minha incapacidade de manter a calma.
— Na verdade, esqueci que meu pai cancelou aquela coisa hoje à noite, —
deixo escapar, tentando salvar a aparência.
Ele levanta uma sobrancelha. — Que coisa?
— Não importa. — Eu aceno minha mão com desdém enquanto sorrio para
ele. — Ainda estamos combinados. Nos encontraremos em sua casa depois de irmos
para o chuveiro?
Por uma fração de segundo, ele parece relutante, mas depois relaxa. Seus
olhos brilham quando ele balança a cabeça e aperta meu ombro. —Você é o
melhor, cara. Obrigado.
Claro, perfeito Blaine, porra, Yates. O garoto-propaganda de tudo de bom e
incrível em Brookshire. Aquele com quem todos podem contar. Aquele a quem você
recorre quando precisa de ajuda.
Sou sempre eu…
Enquanto caminhamos em direção ao vestiário, Landon fala sobre como está
estressado com seu trabalho, como está grato por eu ajudar e o que ele deve vestir
no Halloween da próxima semana, e isso me ocorre de uma vez.
É estúpido pensar que posso ter algo que é só meu. Estou aqui apenas para
que todos possam receber, receber e receber.
E estou com medo do que acontecerá quando não houver mais nada para dar.
DEZESSETE

Blaine

— Você está atrasado.


O grito de Silas não é nada inesperado quando entro no trailer, e embora eu
deva me sentir mal por tê-lo feito esperar por mim por mais de uma hora, não
posso deixar de ficar irritado.
Depois de uma prática terrivelmente brutal, passei duas horas conversando
com Landon sobre a insatisfação dos colonos americanos com a tributação
britânica. Não me importo de ajudá-lo, mas foi doloroso. E ainda por cima, peguei
um engarrafamento no caminho para cá.
— Você poderia ter ido embora, — respondo, já removendo meu uniforme e
jogando-o no chão.
Ele grunhe, dando uma tragada profunda no cigarro enquanto tira a franja
da testa. — Qualquer que seja. Vamos fazer isso ou o quê?
Eu já estraguei tudo esta noite. Claro, Silas e eu estivemos longe de ser
amigáveis durante nossos encontros, mas não temos tido esse ar de hostilidade
ultimamente.
— Apenas me dê um segundo, — eu digo, sentindo minha frustração
aumentar. — Cristo, apenas relaxe.
— O que está acontecendo com você? — Ele pergunta, inclinando a cabeça
para o lado enquanto olha para mim, aqueles olhos castanhos se estreitando, mas
não com raiva. Não, ele está procurando alguma coisa. Tentando me ler.
Isso me irrita.
Depois de toda a besteira de hoje, a última coisa que preciso é que Silas
transforme isso em algo que não é.
Marcho até ele, pego seu cigarro e apago antes de agarrar sua nuca e esmagar
nossos lábios. Inalo seu grunhido de surpresa e o bato contra a parede. — Vamos
conversar ou vamos foder?
Ele agarra minha camiseta, me puxando e me empurrando ao mesmo tempo,
antes de morder meu lábio inferior. Eu sibilo de prazer quando o sabor metálico
atinge minhas papilas gustativas. Isso. Isto é o que eu preciso. Para ficar livre de
todas as besteiras e apenas pegar o que quero sem dar nada em troca.
— Fique de joelhos, — ele rosna contra meus lábios, já tentando empurrar
meus ombros para baixo.
Não. Hoje não.
Nas últimas vezes eu cedi e deixei que ele comandasse o show, mas não é isso
que eu quero agora. Embora eu goste de pegar o pau de Silas, não estou com
disposição para isso esta noite. O que eu quero é ganhar a aparência de controle
que perdi hoje. Eu quero estar no comando. Eu quero fazer dele minha vadia.
Antes que ele esteja preparado para isso, estou puxando-o da parede e
jogando-o no chão. Silas não é um cara pequeno, mas sou maior que ele. Há algo
perigoso que brilha em seus olhos enquanto eu me elevo sobre seu corpo, como se
ele estivesse chateado, mas excitado demais para se importar. Quando ele tenta se
levantar, eu monto em seu peito e enfio seu rosto na minha virilha vestida com
jeans, jogando minha cabeça para trás quando seu nariz esfrega meu pau através
do tecido.
— Que porra é essa? — ele diz sem fôlego, os olhos vidrados quando eu o
solto. Ele dá um tapa forte na minha coxa e tenta se desvencilhar debaixo de mim.
Eu não deixo, em vez disso, aperto minhas coxas para mantê-lo no lugar.
— Você vai chupar meu pau, — afirmo, me atrapalhando freneticamente
para desabotoar minha calça jeans e prendendo meu dedo no zíper na pressa. —
Você vai ficar aí deitado e me deixar foder seu rosto. — Seus olhos se arregalam e
acho que o peguei desprevenido. Foda-se sim. Eu amo aquele olhar perplexo como
se ele não conseguisse compreender o que está acontecendo. — O quê? — Eu
provoco enquanto retiro meu pau, usando-o para dar um tapa em sua bochecha,
para garantir. — Assustado?
Silas sendo Silas não deixa a provocação durar muito, seu sorriso lento,
marca registrada, aparecendo no canto de seus lábios. — Se você consegue fazer
isso, não deve ser muito difícil.
— Ah, mas é difícil6, — eu provoco, não sendo capaz de me conter enquanto
amasso suas bochechas com a mão livre, franzindo seus lábios para que eu possa
deslizar meu pau contra eles. Ele interrompe todas as tentativas de escapar do meu
aperto depois disso, seu corpo relaxando enquanto ele me deixa brincar. — É duro
e doloroso e estou prestes a chegar ao fundo dessa maldita boca inteligente. Você
aguenta, Silas?
E só para ser um merda, sua língua se lança para lamber a gota de pré-gozo
na minha cabeça. — Pode vir.
Eu gemo com o quão bom é. — Se ficar muito difícil, basta bater no chão.

6 Trocadilho com o pau duro.


— Foda-se. Eu não estou batendo.
Eu rio. Ele não tem ideia da quantidade de tensão em meu estômago, da dor
em meu peito e do modo como estou tentando me conter, mesmo agora, com cada
resquício de razão que possuo.
Mas se ele quiser jogar assim, nós podemos.
Ele não facilita as coisas para mim. Bom. Não quero facilidade agora. Ele pode
sentir que eu quero o desafio, quero dominá-lo, quero usá-lo como nada mais do
que uma boca quente, porque ele bate os lábios e praticamente me força a entrar.
O deslizamento suave de sua língua atingindo a parte inferior do meu pau
faz meus olhos se fecharem e eu solto um gemido alto. Porra, isso é bom. Puta
merda. Ele está fazendo algo com a boca que nem consigo compreender, quase
como se estivesse me acariciando com a língua e girando-a em volta da cabeça
enquanto lentamente balança para trás. Várias líderes de torcida se ofereceram
para me chupar no passado, mas eu não sabia que seria assim.
O que faz valer a pena esperar pelo meu primeiro boquete é que é a porra da
boca do Silas Richards que estou destruindo. Meu inimigo. A única pessoa que eu
não deveria querer.
— Porra, cuidado com os dentes, — eu sibilo quando uma picada afiada me
atinge. — Você é um merda nisso.
Ele estreita os olhos e faz uma careta com a boca cheia de pau, me mostrando
com uma mão enquanto a outra bate no chão. Eu saio imediatamente, pronto para
zombar dele por bater antes de ele falar. — Eu não usei meus dentes, porra...
— Seriamente? Você bateu para discutir comigo? — Eu pergunto,
exasperado e muito quente enquanto olho entre seus lábios brilhantes e meu pau
coberto de saliva. Ele vai dizer mais alguma coisa, mas eu o calo rapidamente. —
Esqueça. Apenas abra sua maldita boca e deixe-me fazer o trabalho. Jesus, você
torna tudo tão difícil.
Mais uma vez, ele abre a boca para discutir e eu aproveito a oportunidade
para enfiar meu pau de volta. Gosto da maneira como suas mãos apertam minhas
coxas quando bato no fundo de sua garganta, observando-o com olhos cuidadosos
para ver se ele vai bater no chão de novo, mas ele não o faz. Ele tem um olhar
zangado de determinação enquanto mantém a boca aberta. Eu me afasto, dando-
lhe uma chance de recuperar o fôlego.
— Droga, — ele murmura, sua voz rouca enquanto ele ofega por ar. — Puta
que pariu. Você...
Eu fodo de volta com ele, cortando suas palavras. Chega de comentários
inteligentes. Não há mais discussão. Enfio meus dedos em seu cabelo, mantendo sua
cabeça erguida enquanto o uso como minha manga7 pessoal. Eu estou apreciando
a visão da baba escorrendo de sua boca e das lágrimas borrando aqueles olhos dos
quais não me canso.
— Tire seu pau para fora, — ordeno, inclinando-me um pouco mais para
que suas mãos possam serpentear sob mim. — Se toque, porque assim que eu gozar,
terminei.
Posso sentir suas mãos descendo e indo até as calças. Porém, não paro, mas
continuo com meu ritmo brutal. Ele vai ficar com dor de garganta depois disso.
Eu posso imaginar isso. Seus amigos vão perguntar o que há de errado com
sua voz, e ele será forçado a se lembrar desse momento em que esteve à minha
mercê. Só o pensamento faz minhas bolas apertarem, forçando-me a cerrar os

7É um brinquedo sexual usado como um buraco, ou nesse caso como é chamado manga sexual, pois
envolve o pênis.
dentes. Apesar de dizer a ele para fazer o trabalho sozinho, ainda quero que ele
goze. Quero a satisfação de saber que ele se desfez por minha causa.
— Sim, — eu gemo, passando os dedos pelos seus cabelos. — Eu não sabia
que tinha a boca perfeita esperando para chupar meu pau. Porra, simples assim.
Dou-lhe outro momento para respirar. Ele ainda não bate no chão, não com
as mãos ocupadas.
— Continue, — ele resmunga, seus olhos cheios de nada além de luxúria
aquecida enquanto ele lambe os lábios inchados. — Porra. Continue falando.
Eu sorrio, zombando dele enquanto deslizo de volta para sua boca esperando.
— Ah, então você gosta de ser tratado assim? Se eu soubesse que isso seria tudo o
que seria necessário para calar sua boca, eu já teria colocado você em seu lugar há
muito tempo. — Ele geme em volta do meu pau, fechando os olhos enquanto eu o
sinto tentando gozar furiosamente. — O que foi, Silas? Está com problemas? Não
quer admitir que está engasgado com o pau do menino de ouro?
Isso é bom demais. Estou muito perto de gozar. Minha visão está embaçada,
tudo lindamente nebuloso enquanto a sucção úmida de sua boca me leva ao
nirvana. Quando ele engole perto de mim, eu rosno, agarrando suas bochechas
para ajudar a guiar seus movimentos.
— Deus, Si, — eu grunhi, tão perto, mas não é o suficiente, mas eu sei
exatamente o que preciso para chegar lá. — Abra seus malditos olhos. Veja quem
está fazendo você se sentir assim.
No segundo em que aqueles olhos castanhos se abrem, tudo está perdido. Não
lhe dou nenhum aviso enquanto explodo em sua garganta, todo o meu corpo se
contorcendo com a força do meu orgasmo. Quando o sinto estremecer e tremer
debaixo de mim, sei que ele está gozando também, e a satisfação de ser a causa
disso faz com que outro surto fraco surja.
Eu finalmente saio, caindo no chão ao lado dele enquanto tento recuperar o
fôlego. Jesus, porra. Sinto como se tivesse acabado de correr uma maratona. Viro-
me para olhar para Silas, que está passando por momentos tão difíceis quanto eu,
tentando recuperar o fôlego.
— Você está bem? — Eu gaguejo, aproveitando o brilho de ter sido tão duro.
— Demais?
Ele está ofegante, os olhos ainda aparentemente fora de foco quando ele
limpa a boca com as costas da mão coberta de esperma. — Foda-se, Blaine. Desde
quando você ficou com a boca tão suja?
— O quê? Não gostou? — Eu zombo, sabendo muito bem que ele fez isso.
— Eu não disse isso.
Exatamente.
Eu rio, cruzando as mãos atrás da cabeça, os olhos fechados enquanto relaxo.
Todas as preocupações, todas as ansiedades, todas as coisas triviais do meu dia
desapareceram. Tudo o que resta sou apenas eu, aproveitando o que acabou de
acontecer.
Eu abro um olho para olhar para ele novamente, e o idiota está sorrindo junto
comigo, balançando a cabeça com uma risada silenciosa. Quando ele vira a cabeça
e percebe que estou olhando para ele, o sorriso não desaparece. Ficamos ali deitados
- cinza e marrom colidindo - pensando em tudo e em nada.
— Não sabia que você tinha isso dentro de você, — ele admite, enfiando a
mão no bolso para pegar um cigarro e um isqueiro.
— Há muita coisa que você não sabe sobre mim. — Encolho um ombro
enquanto o vejo acender, franzindo o nariz quando o cheiro me atinge. Essa é a
única desvantagem de tudo isso. Eu odeio o fato de ele fumar. Mesmo que haja algo
sexy no sabor dele, aquele veneno pode matá-lo um dia.
Por que diabos eu me importo com isso?
Ele cantarola, mordendo o canto do lábio enquanto pensa em suas palavras.
— Vai me dizer o que aconteceu para fazer você ficar todo Incrível Hulk comigo?
Quer dizer, não estou reclamando, mas isso me pegou de surpresa.
Eu endureço com isso. Isso não é algo que fazemos. Mesmo que eu não tivesse
nenhum problema em confiar ao meu inimigo sobre meus malditos problemas,
tudo que eu queria era escapar deles. Vou abrir a boca para dizer a ele que não é
nada, mas o toque do telefone dele me interrompe.
Ele não quebra o contato visual comigo enquanto pega e atende, o cigarro
pendurado precariamente entre os lábios. — O quê?
O que quer que a pessoa do outro lado da linha diga faz Silas estremecer. Ele
geme, fechando os olhos antes de se levantar. Ele segura o telefone entre a bochecha
e o ombro e enfia o cigarro no canto da boca enquanto puxa as calças para cima.
— Que porra é essa, Raid? Eu não faço essa merda. Vá procurar Bunky... espere, ele
o quê?
Silas aperta a ponta do nariz, pega o telefone e me lança um olhar antes de
me virar as costas, como se isso tornasse sua conversa mais privada.
— Não importa o que eu estou fazendo. Eu não vou... — Ele faz uma pausa,
xingando baixinho enquanto começa a dar uma tragada no cigarro. — Bem. Envie-
me os malditos detalhes. Da próxima vez, não vou cobrir sua bunda. Onde posso
retirar o pacote?
Raid fala um pouco mais antes de Silas desligar. Espero que ele se volte para
mim e peça desculpas ou algo assim, mas, em vez disso, fico surpreso quando ele
se aproxima de mim e me puxa pela minha garganta. Então ele me aproxima de
seu rosto, o cheiro de fumaça permanecendo em seu hálito. — Você não ouviu
nada. Me entendeu?
Concordo com a cabeça estupidamente, muito preocupado com o brilho de
preocupação em seus olhos para retaliar. — Entendi.
Ele bufa, mastigando o interior da bochecha um pouco, procurando a
verdade em minhas palavras antes de me dar um breve aceno de cabeça. — Bom.
— Ele me surpreende novamente quando beija meus lábios antes de se afastar. —
Eu tenho que sair.
— Tudo certo? — pergunto, tardiamente me perguntando por que me
importo e desejando nunca ter perguntado nada.
Ele me lança um olhar, arqueando uma sobrancelha enquanto dá a última
tragada em seu cigarro antes de apagá-lo. — Está tudo bem. Eu só preciso resolver
uma coisa.
Dou-lhe outro aceno de cabeça. Eu não esperava que nos abraçássemos nem
nada, mas tenho que admitir que estou irritado. Não, não estou chateado, estou
desapontado. Não é porque estou gostando desse idiota, só não quero ir para casa
ainda e encarar a realidade.
Papai e suas críticas, mamãe e sua apatia, Landon e suas curiosidades, lição
de casa e datas de entrega, fitas de futebol e jogos.
Posso sentir meu peito começar a apertar. Está acontecendo. Já posso sentir
as pontas dos meus dedos ficando dormentes. Em um minuto, não poderei respirar.
Estarei me afogando, incapaz de emergir, preso...
— Você vem ou o quê?
Percebo que ele está olhando para mim, fazendo com que minha ansiedade
aumente ainda mais. Porra, espero que ele não tenha notado. Quando examino seu
rosto, ele parece impassível como sempre, um pouco impaciente. — Eu o quê?
— Você vem comigo ou não? — Ele suspira, revirando os olhos enquanto
olha para o telefone.
Estou chocado e aéreo ao mesmo tempo que ele perguntou. Não sei
exatamente o que Silas precisa fazer, mas não pode ser bom. Não estou alheio ao
fato de que os Aces se envolvem em alguma merda criminosa. Também não é
preciso ser um idiota para adivinhar o que é uma corrida.
O pensamento me excita, no entanto. O perigo que Silas me apresentou
balança como uma cenoura na minha cara. Eu não deveria sentir essa emoção
aguda com a ideia de fazer algo precipitado. Eu não sou assim. Sou perfeito, Blaine
Yates. Eu deveria apenas zombar e ir para casa, abrir meu livro de cálculo e me
preparar para passar a noite. O nervosismo que eu sentia já desapareceu há muito
tempo, substituído pela necessidade de ser imprudente.
Eu quero correr o risco do que Silas está me proporcionando tão
abertamente?
Porra, sim.
DEZOITO

Silas

Depois de passar pela loja para pegar algum dinheiro, vou até uma cidade
para fechar o negócio. Felizmente, Whaley e os membros mais velhos tinham ido
embora, ou eu teria me divertido tentando explicar por que Blaine Yates estava no
banco do passageiro do meu carro.
Ainda não consigo acreditar que o trouxe para fazer uma corrida. Deve ser
porque a boca dele me colocou sob algum feitiço estranho de pau, porque todas as
outras razões não fazem sentido. Havia algo na maneira patética como ele manteve
a cabeça baixa mais cedo que fez meu estômago apertar desconfortavelmente. Ele
parecia um cachorrinho que levou um chute e eu não pude deixar de me sentir
mal.
Ninguém mais poderia fazer essa corrida. Whaley normalmente não faz isso
e todos os membros mais velhos e experientes saíram da cidade com ele ontem à
noite. Isso acontece às vezes e quando acontece, Bunky geralmente faz o trabalho.
Ele desapareceu, como faz aleatoriamente, e Raid foi procurá-lo, então o único que
sobrou para o serviço sou eu.
Olho para Blaine, que está olhando pela janela para os campos que passam,
e me pergunto por que o trouxe novamente. Todas as razões pelas quais eu odeio
ele ainda estão de pé. Ainda acho que ele parece perfeito demais, que sua vida
arrogante e pretensiosa o transformou em uma espécie de robô. Ele só está me
usando para gozar, e quando terminarmos para sempre, ele vai olhar para trás,
para nosso tempo juntos e ficar mortificado por ter fodido comigo. Eu estou bem
com isso. É a mesma coisa comigo, ele é só um pouco divertido para passar o tempo.
Vou fazê-lo esperar no carro durante o acordo. Não devo demorar muito
para entrar, pegar o produto e sair de lá.
Estou dedilhando o polegar no volante, a letra de alguma música do Five
Finger Death Punch flutuando pelos alto-falantes, tentando e falhando em não me
estressar com a corrida ou com Blaine estando comigo.
Puxando outro cigarro, estou prestes a acender quando a voz de Blaine me
para. — Outro? Realmente? Você acabou de fumar no trailer.
Essa é outra coisa que ele faz que me irrita. Não sei onde ele quer me dizer o
que fazer. É a minha vida, meus pulmões, e se eu quiser fumar, eu fumarei. Minha
mãe já está me perseguindo o suficiente por causa disso. Sinceramente, acho que
não faço isso muito. É mais por tédio do que qualquer outra coisa. Eu poderia
desistir se realmente quisesse.
Lanço um olhar rápido e arqueio a sobrancelha antes de voltar meus olhos
para a estrada, me perguntando quem ele pensa que é para me dizer isso. — O que
isso tem a ver com você?
Ele solta um pequeno barulho antes que eu o veja encolhendo os ombros pelo
canto do olho, e então olha para sua calça jeans. — É nojento.
— Você não parece se importar quando minha língua está na sua garganta,
— eu digo de volta, grato por isso o calar.
Espio Blaine e noto o modo como ele abre e fecha os punhos. Eu o irritei? Eu
não queria, e... Espere, por que diabos eu me importo? Irritá-lo costumava ser meu
um pouco de satisfação diária e isso não deve mudar porque ele me deu alguns
boquetes.
Boquetes realmente bons, mas isso não vem ao caso.
Limpando a garganta, eu me esforço para pensar no que dizer, mas não
consigo responder. Por que isso é tão difícil? Não é como se estivéssemos
namorando. Porra, não. Posso dizer o que quiser e não importará, como sempre.
— Então, você nunca me respondeu antes, — começo, curioso. — O que
deixou você de tão mau humor?
— Apenas alguma besteira sobre a qual prefiro não falar. — Ele suspira,
inclinando-se para frente e apertando um botão do rádio.
Fico de queixo caído de horror quando ele começa a mexer nas minhas
estações predefinidas cuidadosamente selecionadas. —Ei! Você não sabe que é
melhor não mexer com a música de um cara? Essa é a regra número um para ser
passageiro do carro de alguém.
— Toda essa merda de metal está me dando dor de cabeça, — ele reclama,
folheando as estações. — Eu não sei como você aguenta isso.
— Não é uma merda. Sua falta de gosto musical é, — respondo antes de
praticamente revirar os olhos quando ele para em alguma estação de música
country. — Realmente? Country?
— É Luke Bryan e muito melhor do que as suas coisas. — Ele bufa,
aumentando o volume.
Então ele começa a cantar bem alto e desafinado a letra de alguma música de
caminhão. Não sei se rio ou me encolho de como isso é horrível. Depois que a
música termina, apertei o botão mudo, passando o dedo nos ouvidos.
— Estou surpreso que não haja sangue. Eu tinha certeza de que meu tímpano
havia quebrado. — Eu desvio e quase bato quando ele me acerta na lateral com o
punho, mas consigo corrigir o carro antes que isso aconteça. — Porra! Cuidado!
Eu quase nos tirei da estrada!
Ele ignora o fato de que quase morremos, estreitando os olhos enquanto olha
para mim. — Não seja um idiota e talvez eu não reaja assim.
— Mas eu sou um idiota, — eu aponto prestativamente, caso ele de alguma
forma tenha esquecido.
Ele leva um segundo, mas ele abaixa o olhar. Posso ver que ele está lutando
contra um sorriso pela forma como seu lábio superior se contrai. —Não vou
discutir isso.
Balanço a cabeça, concentrando-me novamente na estrada. O carro está
cheio de um silêncio constrangedor, então deixo escapar o primeiro pensamento
na minha cabeça. — Você está nervoso?
Eu o ouço se mexer, mas não olho, relaxando ainda mais no meu banco para
mostrar que realmente não me importo.
Porque eu não.
— Porque eu estaria?
Agora eu olho para ele sem acreditar. — Você sabe no que estamos nos
metendo, certo? Tipo, você não me seguiu cegamente?
Blaine e eu nunca conversamos abertamente sobre merdas de gangue antes,
mas ele precisa saber o que é um Ace. Ele vê todos os membros mais velhos andando
pela cidade e conhece a reputação por trás deles, certo? Vender drogas para
estudantes do ensino médio é apenas a cereja do bolo desta cidade.
— Então? — Ele encolhe os ombros, ainda parecendo que não se importa.
Tenho que admitir: ou ele tem bolas do tamanho do Texas ou é um bom
mentiroso. Vou com o último, considerando que já vi as bolas dele na vida real e
elas são de tamanho médio.
— Então, merda de gangue pode ser um pouco intensa... — Paro, sem saber
o que dizer. Existem regras e limitações para as coisas que posso dizer a ele sem
quebrar o código da irmandade.
— Bem, duvido que algo aconteça. Você está apenas pegando coisas? Não é
como se você estivesse lutando ou brigando... tendo um confronto? Como diabos
você costuma chamar isso — diz ele com tanta indiferença que nem sei como
responder.
Isso realmente não é grande coisa para ele? Eu odeio não poder lê-lo, que ele
esteja sempre tão preso às suas emoções. Eu gostaria que ele mostrasse sua mão e
deixasse o verdadeiro Blaine brilhar como ele faz quando está de joelhos por mim.
Eu ajusto meu pau, afastando esses pensamentos. Este não é o momento de
ficar todo duro. Eu preciso me concentrar. Whaley já ficaria chateado se soubesse
que eu estava levando um estranho comigo, mas estragar tudo também?
Sim, posso muito bem cavar minha própria cova.
— Então, o que você está pegando? — ele pergunta, todo feliz e merda, me
fazendo questionar se ele perdeu a cabeça.
— Drogas, — eu digo sem expressão, sorrindo quando vejo seus olhos se
arregalarem ligeiramente.
— Oh…
— Oh? Achei que você não estava preocupado com isso? O que aconteceu?
Mudou de ideia, Blaine? Não aguenta? — Eu jogo a isca, mesmo que eu não o culpe
por desistir. Isto não é uma coisa pequena. É uma grande coisa que poderia estragar
o futuro dele se alguém descobrisse.
— Eu aguento qualquer coisa, — ele murmura, cruzando os braços sobre o
peito.
Maldito seja ele e sua capacidade de jogar minha mente na sarjeta.
— Qualquer coisa, hein? — Arrisco olhar em sua direção, apreciando o
rubor rosado em suas bochechas. É outra coisa dele que estou odiando um pouco
menos. Eu ainda o desprezo, mas não seu rosto. Sim, isso é uma coisa. Tento me
convencer disso pelo resto da viagem.
Não demora muito para que eu entre no estacionamento do clube, gire a
chave e desligue a ignição. Vou dizer a Blaine para ficar parado e quase me cago
quando ele agarra a maçaneta e abre a porta.
Retiro minha declaração anterior. O filho da puta tem bolas do tamanho do
Canadá.
Estendo a mão sobre ele, fechando a porta, sem me importar se eu bater em
seu braço no processo.
— O inferno? — Ele estremece, esfregando o cotovelo. — Isso dói.
— Você não pode entrar, — eu deixo escapar, arregalando os olhos enquanto
pressiono a fechadura da porta como se isso magicamente o mantivesse lá dentro.
— Oh. — Talvez seja o meu tom, mas sua irritação se transforma em
compreensão quando ele olha ao redor do estacionamento. Ele pisca, como se
percebesse pela primeira vez o quão séria é toda essa situação. — Eu não pensei
nisso.
Não me diga.
Grunhindo, vou até o banco de trás e pego minha jaqueta, vestindo-a. —
Você espera aqui. Não vou demorar muito.
Sua expressão não muda, mas posso ver uma pequena mudança nela. É quase
como se ele estivesse preocupado comigo, mas isso não é possível porque esse não
é o nosso modus operandi.
— Quanto tempo? — ele pergunta, agarrando as calças como se estivesse
nervoso.
Dou de ombros, abrindo a porta e saindo do carro. — Não muito. — Fazendo
uma pausa, aponto um dedo em sua direção, lançando um olhar sério. — E eu estou
falando sério, Blaine. Mantenha sua bunda nesta porra de carro.
Fechei a porta, cortando tudo o que ele estava dizendo, e depois entrei. Isso é
uma merda séria. Uma parte de mim está preocupado que ele vá estragar tudo para
mim, mas a outra parte de mim está preocupado... com ele. É como se esse tipo
estranho de possessividade passasse por mim, me enviando direto para o modo
protetor. É perturbador pra caralho, e não tenho tempo para descobrir por que a
ideia de Blaine entrando aqui me assusta pra caralho.
Definitivamente um feitiço estranho de pau.
Meus olhos dançam pelo estacionamento, tentando ver se reconheço alguma
das motos ou carros. Claro que não, não estou familiarizado com todas as pessoas
que fazem corridas. Claro, raramente faço coisas, mas geralmente é com meus
amigos, não sozinho.
Há um segurança na porta que me acena sem sequer um olá – minha jaqueta
fala por si. Pego meu telefone, leio as instruções do Raid e vou para o bar. Peço uma
bebida ao barman coberto de tatuagens e com cara de quem prefere estar em
qualquer lugar que não seja aqui.
Ele balança a cabeça, colocando um guardanapo na minha frente. —Simples
ou duplo?
— Simples.
— Com ou sem gelo?
— Gelo, — digo a ele facilmente, sabendo que faz parte do código.
— Um segundo, — ele me diz, contornando o bar e indo para o fundo.
Eu espero, olhando em volta com uma expressão entediada, embora meu
interior esteja gritando para dar o fora daqui. Não é que eu tenha medo de ser pego
e cumprir pena. Isso não me perturba nem um pouco. É estar aqui em geral que
me dá nojo.
As drogas, prostitutas, drogados e outras gangues. Isso como um todo não é
minha praia e prefiro fazer qualquer outra coisa por Whaley.
O cara volta um momento depois, me entregando um saco de papel e uma
bebida para viagem, assim qualquer um pensaria que só entrei para pegar meu
pedido de comida. Agradeço ao cara, passando-lhe o dinheiro antes de pegar
minhas coisas.
Reta final.
Levantando-me do banco, estou prestes a ir até a porta quando alguém se
aproxima de mim, me fazendo parar. É preciso tudo de mim para conter o gemido
que quer se libertar.
— Bem, bem, bem. Veja o que o gato arrastou. — Gunnar está na minha
frente, flanqueado por outros Vipers, e é uma sorte minha encontrá-los sem meus
amigos aqui para me apoiar.
— Onde está o louco? — Ele questiona como se estivesse lendo minha mente.
Ele olha para a esquerda e depois para a direita enquanto procura Bunky.
Maldito Bunky. Ele realmente tinha que dormir com a irmã desse cara na
última vez que estivemos aqui?
— Ele está ocupado, — eu digo, mantendo minha voz firme.
Não estou preocupado com esse cara. Passei anos treinando com Whaley e
poderia colocá-lo no chão em segundos, mas não quero lutar e chamar muita
atenção para mim. Especialmente com o saco de cocaína com o qual estou tentando
sair pela porta.
Não se esqueça de Blaine.
Eu balanço minha cabeça. Não posso deixar Blaine atrapalhar meu foco
agora. Ele está no carro. Ele está bem. Eu deveria ser aquele com quem estou
preocupado, especialmente com os amigos de Gunnar parecendo ansiosos por uma
briga.
— Certo. — Gunnar suspira antes de me dar um pequeno sorriso. —Talvez
eu deva passar a mensagem através de você? Acha que pode contar algo para mim?
O gemido que estou lutando para liberar quase escapa. Eu não quero fazer
isso. Enfio a sacola dentro da jaqueta, colocando a bebida desnecessária de volta no
balcão, me preparando para o inevitável. Gunnar está tentando acertar as contas e,
infelizmente para ele, está escolhendo a pessoa errada para fazer isso. Ele
aprenderá hoje.
Eu fico mais ereto, totalmente preparado para bater na garganta desse filho
da puta quando seus olhos se arregalam e um largo sorriso cobre seus lábios.
— Que porra alguém como você está fazendo em um lugar como este?
Juro por Deus, é melhor que Gunnar não esteja falando com quem eu acho
que ele está falando. Viro-me e meu sangue gela quando vejo Blaine.
Filho da puta, ele não escuta merda nenhuma.
— Você se perdeu? — Mordo de irritação, esperando que Blaine possa sentir
o quão chateado estou. Baixo um pouco a voz para que só ele possa me ouvir. — O
que diabos há de errado com você? Eu disse para você esperar no maldito carro.
Ele balança a cabeça, olhando para mim, sem perceber ou se importar com
Gunnar e seus amigos. — Eu não sou a porra de um cachorrinho. Você não pode
simplesmente me deixar no carro enquanto faz algumas tarefas. Você disse que isso
não demoraria muito.
Gunnar suspira impacientemente atrás de nós. — Espere? Vocês dois são
amigos ou algo assim?
— Não, — Blaine e eu respondemos ao mesmo tempo. Nós nos voltamos um
para o outro, nenhum dos dois se afastando de nossos olhares.
— Volte para o maldito carro, Blaine, — eu sibilo, empurrando seu peito com
ambas as mãos.
Ele os afasta com força. — Foda-se.
— Que diabos é isso? Uma briga de amante? Você é gay, Silas?
— Oh, vá se foder, — Blaine finalmente grita para Gunnar. — Quem diabos
é você?
— Ninguém importante. — Agarro seu braço e o puxo para a porta. —
Vamos.
— Ainda não terminamos, — Gunnar rosna, e estou perto de nocauteá-lo.
Blaine me puxando me distraiu momentaneamente. Eu me viro, preparado para
pegá-lo e jogá-lo por cima do ombro para dar o fora daqui quando, no segundo
seguinte, a dor explode na minha bochecha direita, fazendo-me cambalear para
trás e cair no chão.
— Diga a esse idiota, Bunky, que da próxima vez que ele tocar na minha
irmã, ele estará pedindo guerra.
Estou atordoado demais para falar, esticando a mão para esfregar a ferida no
rosto. Droga, o idiota me deu um soco. Eu tropeço para ficar de pé, me sentindo
completamente chateado. Estou pronto para queimar a porra do lugar quando uma
voz familiar tingida de raiva encontra meus ouvidos.
— Você não bateu nele!
Blaine. Merda. Preciso tirá-lo daqui. Recuso-me a pensar que estou
realmente preocupado com a possibilidade de ele se machucar. Não. Ele só está
fodendo tudo. Vou ter uma grande confusão para explicar a Whaley quando ele
voltar, e não posso permitir isso.
Meu olhar se levanta, observando o atleta irritado que está olhando para
Gunnar como se estivesse prestes a rasgá-lo membro por membro. Não me
interpretem mal, é a coisa mais quente que já vi, mas estou totalmente
despreparado para isso.
Assim como estou totalmente despreparado quando Blaine perde a cabeça.
DEZENOVE

Blaine

Não tenho muita certeza do que acontece a seguir. Nem tenho certeza se
minha mente desempenha um papel em qualquer decisão consciente atualmente.
Tudo que sei é que quando aquele idiota dá um soco em Silas eu perco o controle.
A raiva que eu sentia aumenta dez vezes dentro de mim. Vejo suas bocas se
movendo, palavras sendo trocadas, e sei que este é o momento em que Silas e eu
devemos partir, mas algo dentro de mim se rompe, como um elástico puxado
demais.
— Você não bateu nele!
Num momento estou parado ali e no outro estou derrubando o bastardo no
chão. Eu levanto meu punho, baixando-o com força, ouvindo ossos quebrando sob
a força do meu soco. Eu não paro por aí. Eu continuo andando até que mãos me
puxam para trás e eu estou tropeçando para longe do homem. Eu luto contra o
controle sobre mim, não estou pronto para que isso acabe. Eu sinto como se um
monstro tivesse sido solto e não ficará satisfeito até que esse filho da puta esteja
sangrando no chão do bar.
Estou atordoado, completamente perdido na raiva desenfreada e na fúria
cega enquanto olho para o homem que acabei de foder. O nariz dele é quebrado,
isso é certo, com sangue escorrendo e acumulando-se na parte superior da camisa.
Um de seus olhos já está fechando e...
Isso é um dente?
— Merda, — diz Silas, ainda me segurando enquanto vira a cabeça para
todas as pessoas que nos cercam. — Temos que ir.
Concordo com a cabeça em silêncio, incapaz de dizer ou fazer qualquer coisa
além de deixá-lo nos levar para fora do clube. Ameaças nos perseguem e garrafas
são atiradas em nossa direção, mas conseguimos escapar de todos que tentam nos
pegar.
Assim que saímos, corremos para o carro, e Silas xinga quando tenta abrir a
porta, mas ela não cede. — Que merda, Blaine! Você está louco?
— O quê? — pergunto, olhando por cima do ombro para os motociclistas
que emergem da entrada. — Estamos discutindo seriamente sobre isso agora?
Ele xinga novamente, procurando as chaves e finalmente destrancando a
maldita porta. — Ninguém teria fodido com isso!
— Realmente? — grito, entrando e batendo a porta no momento em que uma
garota maluca verifica a janela. — Dirija já!
— Droga! — Ele liga o carro e sai do estacionamento.
Não solto um suspiro de alívio até que estejamos longe o suficiente para que
eu possa relaxar, e mesmo assim sinto que meu sangue ainda está bombeando cheio
de adrenalina. Puta merda.
Não sei o que estava pensando ao entrar lá. Eu deveria ter ficado com a bunda
no carro, como Silas disse, mas estava ficando impaciente, sentado ali sozinho. Eu
também estava ficando um pouco chateado porque o que quer que ele estivesse
fazendo estava demorando tanto. Sem mencionar que minha ansiedade estava às
alturas pensando em todas as hipóteses - preocupado que ele estivesse de alguma
forma ferido. Então, eu não pensei bem. E isso é tão preocupantemente diferente de
mim.
Acabei de dar uma surra naquele cara. Ainda não consigo acreditar que fui
eu. Deixo cair a cabeça no banco, fechando os olhos e esperando pelo inevitável.
Silas vai ficar chateado.
Eu me sinto mal por ter estragado alguma coisa para ele. Ele disse que isso
era um grande problema... E se ele tiver problemas por causa disso?
Mas por que diabos eu me importo com isso? Posso sentir remorso pelo que
fiz, mas não me importo com o que acontece com ele.
Balanço a cabeça, tentando limpar a bagunça dentro da minha cabeça. Talvez
eu devesse apenas quebrar o gelo. Deixe-o ficar furioso e pronto.
Sim, isso deve funcionar. Abro a boca para falar, mas ele me interrompe após
a primeira palavra. — Então...
— Cale a boca, — ele responde, sem se preocupar em olhar para mim
enquanto continua a dirigir.
— Silas, eu não quis fazer...
Ele bate a mão no volante, me encarando com um olhar de aço. —Cale a boca,
Blaine. Não fale.
Meu orgulho me diz que não deveria, mas afundo na cadeira. Algo
semelhante ao medo toma conta de mim, mas isso é ridículo porque não tenho
medo de Silas. Apesar de como somos, não acho que nos machucaríamos mais. Bem,
sexualmente talvez, mas isso não vem ao caso. Ele não me assusta, mas... talvez a
ideia de parar o que estamos fazendo seja o que faz. Ele parece tão lívido - aquela
veia raivosa em seu pescoço latejando - e percebo que pode ser isso. Esta noite foi
a última vez que o terei?
Parece uma perda.
Que porra é essa? Mais uma vez, minha mente está vomitando pensamentos
malucos. Não deveria importar se Silas quer desistir. O objetivo era apenas tirar um
ao outro de nossos sistemas, nada mais.
Então por que me importo tanto?
Ficamos em silêncio por um longo tempo depois disso. Estou tão perdido em
meus pensamentos que não percebo que Silas parou no acostamento até que ele se
inclina sobre mim para enfiar um saco com alguma coisa no porta-luvas. Franzo
as sobrancelhas enquanto olho para a noite. Eu não consigo ver merda nenhuma.
Estamos no meio do nada, cercados por nada além de vastas planícies e...
Essas são vacas?
— Onde estamos? — pergunto, lançando um olhar nervoso para Silas. Não
é aqui que ele me mata, certo? Sou muito jovem para morrer, especialmente tendo
vacas como testemunhas.
— Saia do carro.
Meus olhos se arregalam. — Eu não acho...
Sou interrompido pela porta do carro dele batendo na minha cara. Mais uma
vez, minha mente se recusa a tremer diante de Silas Richards, mas sua hostilidade
gélida é algo que nunca vi antes.
Silas não cozinha. Ele explode.
Engulo em seco quando saio do carro, olhando furtivamente para as vacas,
me perguntando se esta é a primeira vez que testemunham um homicídio culposo
ou se já são veteranas experientes. Vou até a frente do carro e encontro Silas, com
os punhos cerrados ao meu lado, na tentativa de esconder meu nervosismo. O que
quer que ele vá dizer e o que quer que vá fazer, eu posso...
Ele ataca, sua boca inclinando-se sobre a minha com uma fome que nunca
experimentei dele antes. Eu gemo quando ele enfia a língua na minha boca,
gostando de como isso é desesperador e desleixado. Dentes se chocam contra
dentes, e só recupero os sentidos quando ele dá um tapa na minha bunda.
— Puta que pariu, Blaine, — ele geme, as mãos me apalpando e puxando
nossos corpos, pressionando sua ereção óbvia contra a minha. —O que é que foi
isso?
— Eu-me desculpe, — gaguejo, ainda um pouco chocado por não estar
comendo comida8 de vaca agora. — Eu não sei...
Ele me silencia com outro beijo e depois se afasta, mordendo o lábio inferior
com um sorriso malicioso enquanto aqueles grandes olhos castanhos brilham de
luxúria. — Não se desculpe. Foi tão quente. — Estou atordoada demais para falar.
Não ajuda quando Silas se abaixa um pouco e me levanta do chão, forçando-me a
envolver minhas pernas em sua cintura enquanto ele me carrega até o capô do
carro. — Do jeito que você bateu naquele filho da puta, — ele ronrona, me
colocando no capô enquanto seus lábios descem pelo meu pescoço e suas mãos
sobem pela minha camisa. — Qual é a sensação de ter sangue nas mãos?
Só quando ele aponta é que olho para os nós dos meus dedos. A pele está
rasgada – vermelha e irritada.
Silas não se importa. Silas... gosta, se o jeito que ele está rastejando pelo meu
corpo e beijando cada centímetro exposto de mim que ele pode servir de referência.
Ele me viu perder a calma e está me recompensando. A escuridão, a violência, a
sede de sangue, nada o assusta. Isso me deixa ansioso para perder a cabeça
novamente se esta for a recompensa que recebo.

8 Aqui no Brasil dizemos, comer capim pela raiz quando alguém morre. kkkk
— Parece... — Estremeço quando ele chega ao meu caminho feliz, desejo
correndo por mim quando ele deixa beijos molhados e desleixados na minha pele.
— É uma sensação muito boa.
Ressuscitando mesmo. Como se eu fosse uma pessoa totalmente nova agora.
Ele me libertou.
— Você perdeu o controle, — ele afirma, desabotoando minha calça jeans e
lentamente abaixando meu zíper, em seguida, voltando para cima para que seu
rosto paire sobre o meu. — O que aconteceu, Blaine? Não gosta de idiotas
homofóbicos?
Meu peito está arfando, a respiração soprando pelos meus lábios com força
enquanto ele me levanta. — Ele deu um soco em você e isso me irritou. Ninguém
fode com você além de mim.
Eu não deveria ter admitido isso, mas agora é tarde demais para voltar atrás.
As mãos de Silas ainda estão em volta do meu pau enquanto ele olha para
mim, a boca aberta em estado de choque. Seu olhar perscrutador está cheio de algo
que não consigo identificar, mas que é substituído por fogo ardente e um sorriso
arrogante.
— Bem, — ele fala lentamente, agarrando meu pau completamente antes de
dar um longo golpe. — Deite-se e deixe-me fazer você se sentir bem.
Sua boca engole meu pau, e isso me faz deixar cair a cabeça contra o capô
do carro. Não me atrevo a assumir o controle desta vez, deixando-o liderar o
caminho enquanto ele balança a cabeça para cima e para baixo, sua língua
enrolada em volta da minha cabeça, suas bochechas encovadas para que ele possa
me chupar o mais para trás que puder.
— Merda, Silas, — eu gemo, me abaixando para enfiar meus dedos em seu
cabelo bagunçado, os dedos dos pés se curvando quando uma mão vai brincar com
minhas bolas. — Isso é tão bom.
Ele aparece, olhando para mim com um sorriso maligno. Então ele se levanta,
desabotoando lentamente as próprias calças, e eu fico assistindo o strip-tease com
baba na boca. A maneira como ele lambe os lábios molhados, como a franja cai na
testa e obscurece os olhos famintos, e aquela sarda que decora o topo da garganta.
Droga, ele é tão lindo...
Espere o quê?
— Eu quero tentar uma coisa, — ele diz, voltando em minha direção. —
Sente-se, Blaine.
Concordo com a cabeça, pronto e ansioso para seguir com o que quer que
ele tenha planejado. Quando ele junta nossos pênis em suas mãos calejadas, eu
gemo. Sim. Isso. Ele cospe em nosso comprimento combinado para facilitar o
deslizamento.
— Eu vou te foder, — ele sussurra enquanto estende a mão livre e agarra
minha garganta, mas é diferente de qualquer momento que ele já fez antes. Ele não
pressiona nem estrangula, mas me segura gentilmente, esfregando o polegar na
parte inferior da minha orelha. É tão estranho, mas não me importo. — Você quer
isto?
A ideia de ter o pau de Silas perto da minha bunda me deixa nervoso, mas
algo dentro de mim borbulha com a ideia de estar de joelhos por ele. Eu não acho
que estou pronto para isso, apesar de estar gostando do que estamos fazendo agora.
Mas se ele continuar nos fodendo nesse ritmo tortuosamente lento, não acho
que estaria acima de implorar para gozar.
— Silas, porra. Mais rápido. — Quando ele nos solta, odeio o jeito que
lamento a perda. Vou alcançá-lo, mas ele dá um tapa em minhas mãos. —Eu
quero...
— Apenas relaxe, — ele diz. — Me veja.
Concordo com a cabeça, preso em seus olhos e na forma como ele ainda está
segurando minha garganta. Ainda estou maravilhado com o fato de ele não ser
cortado9, fazendo seu pau parecer um presente pronto para ser desembrulhado.
Eu me pergunto se ele está apenas tentando me torturar um pouco mais, mas
então ele dá um passo à frente, pressionando nossas cabeças uma contra a outra, e
estou prestes a perguntar o que ele vai fazer até que - com um movimento do
polegar - ele arrasta o prepúcio sobre o corpo cabeça do meu pau.
Santo filho da puta Jesus Cristo.
— Si! — Eu grito, arqueando as costas quando ele começa a me foder de
verdade. A pele se estende pela ponta do meu pau e o envolve em um calor delicioso.
Estou envolvido por Silas, uma parte dele, e isso ameaça me levar ao limite.
— Sim? — ele questiona, mas sua voz está tensa, como se isso estivesse
afetando ele tanto quanto está afetando a mim. — Você gosta?
— Eu amo, porra, — eu gemo, agarrando seus ombros para me segurar, o
que acaba puxando-o para mais perto de mim. Eu escovo meus lábios em seu
pescoço, sacudindo minha língua para provocar a sarda escura em sua garganta.
— Onde – porra – onde você aprendeu isso?
— Pornografia, — ele murmura, apertando ainda mais antes de me foder
mais rápido. — Mal posso esperar para você me encher de esperma. Vá lá, Blaine.
Goze para mim.

9 Termo usado para homens que tem prepúcio.


Jesus, porra, Cristo, sua boca imunda vai ser minha ruína – bem, mais uma
ruína.
Concordo com a cabeça, ainda chupando sua pele, com certeza deixarei uma
marca. Uma parte perversa de mim não dá a mínima se ele vai ficar chateado com
o chupão que estou dando a ele - foda-se isso - porque eu sei que vou ficar
emocionado ao vê-lo ali toda vez que olhar para ele.
Nosso segredo sujo. Nosso tempo passado no escuro. Nossa mentira lasciva.
— Estou perto, — ele grunhe, e posso sentir sua respiração irregular no topo
da minha cabeça. — Deus, sim, porra!
É a sensação do seu esperma quente me cobrindo que me envia para uma
espiral. Entro em erupção, soltando um grito tão alto que tenho certeza de que as
vacas já fugiram.
Quando acaba, Silas gentilmente puxa seu pau para trás, e observamos juntos
enquanto nosso esperma escorre dele e cai no capô do carro. É tão erótico, tão
incrivelmente quente, que eu o beijo. Ele pega seus dedos cobertos de porra,
esfregando-os em meus lábios até que eu os abro e os chupo em minha boca. Meus
olhos rolam para a parte de trás da minha cabeça enquanto sinto o gosto de nós
dois, nossa liberação combinada é doce, mas tão pecaminosa.
— Estamos fazendo isso de novo, — ele diz, sorrindo enquanto chupo seus
dedos para limpá-los.
— Mhm, — eu murmuro, soltando seus dedos com um estalo alto. Ele nos
limpa e, em uma surpresa que eu não esperava, me arrasta até a beira do carro
para que ele fique entre minhas pernas e se mova para que minhas coxas fiquem
enroladas em sua cintura. Arqueio uma sobrancelha em confusão quando vejo seu
rosto subitamente sério. — O quê?
— O que aconteceu lá? — ele pergunta, inclinando a cabeça para o lado. —
Eu quero saber.
Eu empalideço com a pergunta. Vou manter a boca fechada como faria
normalmente, mas Silas acabou de me ver espancar um homem. Basta dizer que
não há como esconder isso dele agora. — Às vezes…
Suas sobrancelhas franzem enquanto ele me olha. — Às vezes, o quê?
Ele espera pacientemente enquanto eu mordo meu lábio inferior e me
pergunto o que devo contar a ele. Depois de um momento, me contento com a
verdade. Apesar de ser a última pessoa para quem pensei que admitiria isso, algo
em mim diz que ele entenderá. — Às vezes eu simplesmente me sinto tão... bravo.
Não sei. É como se tudo dentro de mim começasse a se contorcer até ficar feio e
odioso. Eu sei que isso me torna uma pessoa má...
— Isso não acontece, — ele interrompe rapidamente, colocando as duas mãos
em cada lado dos meus quadris, me prendendo. — Isso faz de você uma pessoa
humana.
Fecho os olhos, deixando suas palavras tomarem conta de mim e sentindo
uma onda de calor nas entranhas por ter sido validado.
— Você não acha que isso está errado? — Eu pergunto, olhando para ele
novamente, realmente querendo saber. — Eu não deveria ser assim.
— Ninguém bom é realmente bom, — ele sussurra, com um olhar pensativo.
— Onde você ouviu isso?
— Algo que alguém me contou há muito tempo, — ele responde, encolhendo
os ombros. — Ninguém ruim também é realmente ruim.
Acho que posso ver isso. Eu sou um idiota por pensar que isso é muito
reflexivo vindo de Silas, e sou um idiota ainda maior por pensar que ele não possuía
consciência suficiente para ser tão perspicaz. Suas palavras me impressionam,
porém, porque quanto mais tempo passo com ele, mais verdadeiras essas palavras
soam.
Ele é ruim. Eu sei que ele é. Não importa o quanto eu goste quando ele me
excita, as razões pelas quais não gosto dele ainda permanecem.
Mas isso significa que ele não é resgatável?
— Vamos, — ele diz, apertando meu quadril levemente enquanto dá um
passo para trás. — Temos que ir. Tenho que entrar em contato com os caras e
contar o que aconteceu.
Eu aceno, saltando do capô. Antes que eu possa ir para o lado do passageiro,
ele agarra minha mão, me puxando para ele e me surpreendendo com um último
beijo prolongado em meus lábios. — O que você fez lá… obrigado.
Seu tom soa vulnerável, tão diferente dele. Não posso deixar de sorrir
amplamente, sorrindo para ele enquanto coro, sabendo muito bem que faria isso
de novo. — Sem problemas.
Um último beijo se transforma em vários beijos, que se transformam em
transarmos a seco no banco de trás do carro dele, onde me perco nele novamente.
Eu vi outro lado dele hoje – algo que nunca esperei ver – e é chocante.
Mas não totalmente indesejável.
VINTE

Silas

— Terra para Silas, — Bunky grita, acenando com a mão na frente do meu
rosto para chamar minha atenção, e eu saio do meu torpor.
Bunky, Raid e eu estamos escondidos atrás da escola, tomando nossa versão
de ‘almoço’, fumando enquanto esperamos o próximo sinal tocar para podermos
terminar o dia.
— Cara, — o rosto de Bunky está contraído de confusão enquanto ele me
avalia, — o que diabos esta te sugando para o outro mundo ultimamente? Você
está agindo de forma estranha.
— E já faz um tempo. Eu te contei essa merda, mas você não acreditou em
mim, — Raid acrescenta zombeteiramente, fazendo com que minha atenção se
volte para ele.
— Você está falando sobre mim? — Eu mordo um pouco agressivamente. Eu
sei que ele não está dizendo que eles estavam falando merda, mas foi assim que eu
interpretei.
Raid levanta as mãos em sinal de rendição. — Só dizer que você esteve
distante, é tudo. Nada de ruim.
— Sim, relaxe. Não foi sério — Bunky acrescenta, batendo seu ombro no meu.
Eu olho para eles, observando suas expressões sinceras, e então relaxo contra
o prédio de tijolos. — Desculpe, minha culpa. Eu simplesmente tenho muita coisa
acontecendo na minha cabeça. Nada com que se preocupar. Tenho certeza que vou
superar isso em breve.
É Blaine, é claro, mas duvido seriamente da última parte da minha
declaração.
Não sinto que tenha arranhado a superfície da minha coceira e realmente
não vejo isso acontecendo há muito tempo. Ele fez algo comigo, abriu caminho sob
a superfície da minha pele, e parece impossível arrancá-lo.
Vou me pegar pensando em Blaine nos piores momentos. Estarei na loja
tentando terminar o trabalho e aqueles malditos olhos cinzentos surgirão na minha
cabeça, zombando de mim com pequenas manchas azuis neles. Estarei saindo com
Bunky e Raid e me lembrarei do jeito que Blaine choraminga quando eu o faço
gozar. É muito inconveniente.
Depois do que aconteceu no clube na semana passada, minha atitude em
relação a ele começou a mudar. Não muito, mas o suficiente para começar a me
perguntar se as razões pelas quais o odeio são válidas. Quero dizer, ele bateu em
Gunnar por mim. Não só isso, mas não consigo parar de pensar em toda aquela
merda que ele disse depois que o fiz gozar. É óbvio que ele tem alguns demônios
internos, e me vejo querendo explorá-los. Não apenas pelos meus próprios motivos
distorcidos.
Suspiro, puxando um cigarro e acendendo enquanto me concentro em Raid
e Bunky. Bem, tento pelo menos. Não é minha culpa que o produto da minha
obsessão me envie uma mensagem um momento depois, me afastando
mentalmente dos meus amigos novamente.

ATLETA ARROGANTE
O que você está fazendo?

Essa é outra coisa nova: enviar mensagens de texto quando não temos motivo
real para isso. No início, isso me irritou, mas agora uma parte estúpida de mim está
ansiosa por isso.
Coloco meu cigarro entre os lábios, lançando um rápido olhar para Bunky e
Raid, que estão ocupados demais discutindo sobre a última série da BMW para
prestar atenção no que estou fazendo.

EU
Almoço nos fundos da escola, você?

ATLETA ARROGANTE
Tentando não arrancar o olho de Kent com meu garfo. O cara me irrita.

Deixei escapar um suspiro, rapidamente cobrindo-o com uma tosse,


esperando que meus amigos não percebessem.

EU
Agora, isso não é legal. Eu pensei que ele era seu amigo?

ATLETA ARROGANTE
Amigo? Dificilmente. Eu gosto mais de você do que dele e isso quer dizer
alguma coisa.

Ai.

EU
Ah, lábios de açúcar, você não gosta de mim? Estou devastado.

ATLETA ARROGANTE
Estamos fazendo nomes de animais de estimação agora? Devo inventar um
para você também?

Reviro os olhos, querendo ressaltar que ele me chama de 'Si' pelo menos uma
vez por dia. Outra coisa que surpreendentemente não me irrita. Ninguém, exceto
minha mãe, me chama assim, e sempre que alguém o faz, eu sempre o corrijo. Não
pergunte por quê, mas sinto que há algo muito íntimo em encurtar meu nome.
Como se você precisasse realmente me conhecer para me chamar assim, e acho que
ninguém realmente conhece... mas talvez Blaine esteja começando a conhecer.
Não sei. Não consigo fazer sentido.

EU
Se eu dissesse sim, o que você escolheria?

ATLETA ARROGANTE
Hmm… isso é difícil. Você não parece um namorado ou um amor.

EU
Obrigado porra por isso.

ATLETA ARROGANTE
Hahahaha.

ATLETA ARROGANTE
Você parece um fanboy. E se eu te chamasse de garoto do Blaine? Tem um belo
toque. Poderia até colocá-lo em uma camiseta.

ATLETA ARROGANTE
Ah, na verdade não é uma má ideia.

ATLETA ARROGANTE
Eu deveria te dar minha camisa reserva, é basicamente a mesma coisa.

ATLETA ARROGANTE
Ah, você ficaria tão fofo.

Eu olho para a tela, observando enquanto seu nome cai repetidamente, suas
mensagens ficando mais estranhas quanto mais ele continua.

EU
Pare, por favor, dói. Não mais.

ATLETA ARROGANTE
Eu pediria desculpas, mas estaria mentindo.

ATLETA ARROGANTE
Eu gostaria de não ter um jogo mais tarde. Quero ver você.

Eu também.
Veja, é tudo tão estranho.
— Temos muitos produtos para vender. Eu não sei o que fazer com isso.
Aqueles malditos Vipers estão começando a levar alguns dos nossos clientes
regulares. Whaley disse que está tudo bem no final, mas estou percebendo que o
estoque está começando a aumentar, — diz Bunky, me puxando de volta para a
conversa.
— Eu sei. — Raid acena com a cabeça, apagando a fumaça. — Eu notei isso
aqui também. Não está acontecendo muita coisa.
— E se você tentasse no jogo hoje à noite? — Eu jogo fora, ganhando olhares
curiosos deles. Sim, eu não os culpo. Não sei que porra estou fazendo, para ser
honesto. — Pense nisso. Todas aquelas crianças ricas vêm assistir ao jogo das duas
escolas. Aposto que você poderia facilmente obter lucro esta noite.
Parece uma situação em que todos ganham. Posso fazer algumas vendas para
Whaley e ver Blaine sorrateiramente também. Sim, isso é muito estranho, mas acho
que preciso parar de questionar meu processo de pensamento e apenas deixá-lo
seguir em frente. Quero dizer, qual é a pior coisa que poderia acontecer?
— Isso pode funcionar, — Bunky reflete, pensando enquanto olha para Raid.
— O que você acha?
Raid olha entre nós, com um brilho curioso escondido atrás dos óculos de
armação metálica. — Funciona para mim. Só precisamos ter cuidado para não ser
pegos.
— Pronto, — Bunky e eu concordamos.
Olho para o meu telefone, percebendo que ainda não respondi a Blaine, e
então digito algo rápido, clicando em enviar antes que mude de ideia.

EU
Estarei no seu jogo mais tarde.

ATLETA ARROGANTE
...
ATLETA ARROGANTE
Você está falando sério?

ATLETA ARROGANTE
Puta merda! Você precisa da minha camisa!

ATLETA ARROGANTE
Você vai usá-la para mim?

ATLETA ARROGANTE
Droga, essa imagem mental é quente. Você está tão quente pra caralho em nada
além das minhas roupas.

ATLETA ARROGANTE
Sim, preciso que isso aconteça em algum momento.

Eu leio as mensagens, os olhos esbugalhados à medida que ele desce na toca


do coelho. Eu não sabia que era possível ficar com tanto tesão o tempo todo, mas
Blaine é como um viciado em sexo disfarçado.

EU
Foda-se, não para a camisa.

Apertei enviar assim que o sinal tocou.

EU
Tenho que ir. Até mais.
Guardo meu telefone, percebendo a expressão investigativa de Raid. Só então
percebo que estou sorrindo como uma idiota. Limpo a garganta antes de afastá-lo,
para que ele não faça nenhuma pergunta. — Vocês estão prontos para ir?
— Sim, — diz Bunky, ficando de pé e esticando os braços sobre a cabeça. —
Vamos acabar com essa merda.
Raid ainda está olhando para mim de forma estranha, mas acena com a
cabeça mesmo assim. — Sim vamos lá.
Suspiro, desejando poder contar aos meus amigos o que estava acontecendo.
Não gosto de esconder coisas deles, mas não sei se eles entenderiam esse novo vício
que tenho por Blaine. Duvido que eles se importariam se eu estivesse dormindo
com um cara, mas também não tenho muita certeza, e isso me deixa hesitante. Não
quero perder meus amigos por algo que é apenas temporário. Independentemente
de todos esses sentimentos aleatórios que estou tendo, tudo isso acabará
eventualmente.
Os Aces, minha irmandade? Isso é para sempre e não quero estragar tudo,
então por enquanto vou manter Blaine para mim.
É mais fácil assim.

Horas depois, ainda estou tentando descobrir por que achei que isso seria
uma boa ideia. Eu odeio futebol - todos os esportes, na verdade - mas há algo ainda
mais idiota nisso. Talvez sejam os anos de ódio acumulado por Blaine que tornem
minha aversão tão forte. Não tenho muita certeza, mas tudo que sei é que observá-
lo caminhar pelo campo com seu uniforme está me fazendo sentir todo tipo de
coisa ao sul.
Malditas calças de futebol por fazerem sua bunda parecer tão bonita.
Contenho um gemido, pensando em como ele deixou a camisa no meu carro
para eu encontrar depois da escola. Quase tive um enfarte ali mesmo no
estacionamento quando o vi no banco do motorista. Acho que nunca me movi tão
rápido em minha vida como quando o coloquei debaixo do assento antes que
alguém pudesse vê-lo. Pelo amor de Deus, pensei que Blaine estava brincando sobre
a coisa toda da camisa. Eu nunca esperei que ele realmente fizesse isso.
Eu serei amaldiçoado se algum dia usar isso. Isso é muito ridículo. Eu me
recuso a participar dessa merda de espírito escolar.
Balançando a cabeça, tento me concentrar no jogo, resistindo à vontade de
acompanhar cada movimento de Blaine em campo. Preciso ter cuidado com o
quanto o observo. Além disso, estou recebendo cada golpe, arremesso e desarme
que o outro time está dando no meu cara defensivamente. Não dou a mínima se for
um jogo, não gosto que mexam no que é meu.
Que porra é essa? Blaine não é meu. Ele não é nada meu.
Em algum momento, o idiota joga um beijo com o dedo, e é a coisa mais brega
que já vi alguém fazer. Ele é um idiota, mas a multidão está engolindo isso, torcendo
como se ele tivesse feito aquele movimento por eles. Isso faz meu interior queimar.
Se ao menos eles soubessem que isso era destinado apenas a mim. Duvido que eles
estariam torcendo tão alto então.
— Você está realmente assistindo essa merda? — Bunky pergunta,
agarrando-se à cerca e pulando como um lunático. Ela range alto, e estou meio
surpreso que a maldita coisa não caia no chão sob seu peso.
— Desça antes que você derrube essa merda e sejamos multados, — eu
mordo, agarrando a parte de trás de sua jaqueta e puxando-o para baixo.
— Puritano, sempre estragando minha diversão — ele grunhe, me dando
aquele sorriso maluco dele.
— Devíamos estar voando fora do radar, — Raid interrompe, derrubando
Bunky para o lado. — E não é isso.
Bunky inspira profundamente antes de soltar o ar lentamente. — Estou
entediado. Podemos dar uma volta ou algo assim? Vender algumas coisas? Estou
ficando impaciente.
Olho para o campo, tentando descobrir o que está acontecendo. Eles estão no
meio de uma crise – ou como diabos você chama isso – então Blaine nem vai notar
que eu saí. Balançando a cabeça, faço um gesto para que Bunky comece a andar.
— Lidere o caminho.
Acontece que foi um grande erro quando, nem cinco minutos depois, estou
rolando no chão com um membro do Viper enquanto trocamos golpes, lutando
para ganhar vantagem. Esse idiota é enorme, provavelmente tem uns bons quinze
quilos a mais que eu, mas estou me segurando. Esses filhos da puta tiveram coragem
de aparecer em nosso território para roubar mais clientes. Whaley realmente terá
que fazer algo sobre isso. Eles estão cruzando muitos limites agora.
Eu luto com o cara debaixo de mim e recuo, prestes a bater meu punho em
seu rosto novamente quando sou arrancado no segundo seguinte e jogado para o
lado. Levantando-me bruscamente, giro em modo de defesa, esperando que haja
alguém avançando em minha direção, mas congelo quando vejo o prefeito Yates
flanqueado por três guardas de segurança.
Foda-me. Está definitivamente não é a atenção que precisávamos esta noite e
do pai do cara com quem estou transando, nada menos.
— Você tem algum tato? — O prefeito Yates late, os olhos saltando entre nós
três. Acho que a outra gangue se espalhou como baratas. Que atitude idiota, mas
não posso dizer que estou surpreso.
Meus olhos passam pelas pessoas intrometidas ao nosso redor, deixando-me
saber quanta atenção ganhamos com essa façanha. Merda, espero que eles não
façam uma pesquisa, porque se o fizerem, Bunky estará realmente fodido com a
quantidade de produto que tem com ele agora.
— Foi minha culpa, — eu digo, querendo toda a atenção sobre mim. Eu não
me importo de passar a noite em uma cela, se é isso que é preciso para tirar meus
rapazes daqui ilesos. — Eu aceito a punição. Você pode deixá-los ir. Eu comecei
tudo.
Ouço Raid e Bunky protestarem, mas os interrompo com um aceno de mão,
precisando que eles fiquem quietos e me deixem cuidar disso.
O prefeito Yates me olha com os olhos cheios de tanta emoção que nem tenho
certeza de qual delas se destaca mais. Há uma camada de nojo, aborrecimento e
raiva, mas também há pena. De todos os olhares, esse é o que mais me irrita. Não
preciso da pena de ninguém. Não há nada de errado com a maneira como vivo
minha vida, mesmo que não esteja de acordo com o padrão dele.
— O que estão fazendo aqui? — ele pergunta, e seus olhos se voltam para
meus amigos. — Até onde posso ver, nada de bom. Este é um evento escolar. É muito
importante para vários jogadores da equipe. O fato de vocês estarem aqui faz com
que não só eles, mas também a nossa escola, fiquem mal vistos.
— Acho que é um país livre, — rosna Bunky. — Podemos ir aonde quisermos.
Droga, por que ele não pode simplesmente ficar de boca fechada pelo menos
uma vez? Nesse ritmo, ele acabará na prisão por posse e venda nas dependências
da escola. Isso é tipo, até cinco anos ou algo assim.
Estendendo a mão, tiro o cabelo da testa, tentando parecer calmo, mas meu
interior está gritando. Eu juro que esse filho da puta vai ser a minha morte. Whaley
precisa intervir logo ou então estará perdido. Acabaremos mortos ou apodrecendo
em pouco tempo.
O prefeito Yates dá um passo ameaçador em direção a ele, os olhos cheios de
raiva enquanto enfia o dedo no peito de Bunky. — País livre ou não, esta é a minha
cidade e eu tenho a palavra final sobre quem pode estar nela.
Não sei se é uma ameaça ou algo assim, mas não precisamos de nenhum
motivo para o prefeito farejar nossa casa.
Observo o perigoso interruptor nos olhos de Bunky. Ele é como um daqueles
gremlins fofos que você não deveria alimentar depois meia-noite ou eles ficarão
furiosos e matarão você. Já sei que se não o tirar daqui no próximo segundo, ele
será levado num carro da polícia por assassinar o prefeito. Ótimo, será divertido
explicar isso para Blaine.
Desculpe, Bunky matou seu pai... Sim, vejo que isso está dando certo.
Dando um passo entre eles, estendo os braços para trás e seguro os pulsos de
Bunky, tentando mantê-los ao lado do corpo para que ele não recue.
— Senhor, você está certo, — eu cedi, dando a ele o que espero ser um sorriso
sincero e não ameaçador. — Nós simplesmente vamos embora.
O prefeito Yates me encara e tudo que posso fazer é olhar de volta,
percebendo que Blaine será exatamente assim daqui a mais de vinte anos. Droga, o
prefeito é meio gostoso. Pena que ele é um idiota de primeira classe. Eu me pergunto
como a mãe de Blaine aguenta isso.
Depois do olhar mais longo e estranho da história, ele dá um passo para trás,
acenando para nós. — Vocês têm sorte, hoje é uma noite importante para meu filho
e não posso mais lidar com vocês, ou estaríamos tendo uma conversa bem diferente.
— Ele se volta para os seguranças, dizendo-lhes que nos escoltem para fora antes
de nos olhar mais uma vez. Não quero vê-los novamente em um evento como esse,
entenderam? Vocês estão proibidos de participar de atividades relacionadas à
escola a partir de agora.
Posso sentir que Bunky quer dizer alguma coisa, mas não deixo, já o
arrastando para longe do prefeito com Raid a reboque. Nós nos safamos muito
facilmente e mesmo que ele tenha dito um monte de merda que me irritou, vou dar
uma chance a ele. Não há razão para brigar com ele por pensar que somos um lixo
e, honestamente, Bunky não deveria estar tão bravo. Esta não é a primeira vez que
somos banidos de algo relacionado à nossa aparência ou a quem somos.
Não conversamos no caminho para o meu carro. O silêncio entre nós é denso
de tensão e frustração enquanto voltamos para o estacionamento de trailers. Tento
não me perder na cabeça, mas isso é impossível, pois penso em Blaine. Esta noite
apenas cimentou todas as razões pelas quais devemos continuar sendo apenas
amigos de merda, o que é bom porque eu estava começando a perder isso de vista.
Aqui estava eu, confundindo sexo com sentimentos e essas merdas.
Não é nada típico de mim, mas Blaine me faz esquecer meu lugar na
sociedade. Com ele, posso ser apenas Silas e não o bandido que todos me chamam.
É legal, mas também é só uma fantasia, porque não importa o que aconteça, eu sou
um bandido.
Não importa o quanto eu goste de fingir que enquanto estou no escuro as
coisas são diferentes, sei que no fundo não são. Elas nunca serão.
VINTE E UM

Blaine

Não acredito que ele veio.


Depois de tudo o que aconteceu na semana passada, estou notando uma lenta
mudança na nossa dinâmica. Não me interpretem mal, ainda temos nossos
momentos e brincamos um com o outro constantemente, mas agora é diferente. O
ódio que ele exalava por mim e a antipatia que eu sentia por ele começaram a
mudar.
Olho para as arquibancadas e, mesmo em um mar azul e branco, consigo
distinguir Silas, parecendo que ele preferiria estar em qualquer outro lugar
enquanto ele e seus amigos ficam perto da cerca de arame que separa as
arquibancadas do campo.
Ele parece irritado, como se odiasse o fato de ter aparecido, mas ainda está
aqui.
Não quero admitir que isso faz coisas estúpidas ao meu coração, meu peito
se enche de calor e meu estômago se enche de... Não quero dizer frio na barriga,
mas é assim que parece.
Isso tudo é tão inesperado.
Eu me pergunto se ele viu a camisa que coloquei no carro dele. Saí hoje
durante o almoço e – já que Silas é maluco e não tranca suas portas - consegui
colocá-lo lá. Eu também não fui sutil sobre isso, colocando-o bem no banco do
motorista.
Talvez ele até esteja usando.
Não. Eu brinquei com ele sobre isso, mas conheço Silas. Isso machucaria
muito seu ego e ele diria algo sobre não ser um caçador de chuteiras. Ele faria uma
careta enquanto fazia isso também, talvez até ameaçasse chutar minha bunda.
Eu deveria estar preocupado ou até um pouco enojado com o fato de
conhecê-lo tão bem. Eu deveria estar horrorizado por estar pensando nele
enquanto nosso time entra em campo, mas não consigo me importar.
Ele apareceu.
É um grande jogo também – o jogo do campeonato – e mesmo que eu já tenha
acabado com o futebol, ainda quero vencer porque sei o que isso significará para
o time.
Também posso admitir que, já que o Silas está aqui, vou jogar ainda mais e
talvez me exibir um pouco.
— Ei, — Landon sussurra, olhando para mim enquanto nos aproximamos do
treinador que está se preparando para nosso bate-papo antes do jogo. — Você está
bem, capitão?
— Sim, — eu digo facilmente, minha voz um pouco entusiasmada demais,
então diminuo um pouco o tom antes de continuar. — Por que eu não estaria?
Estamos no campeonato.
Ele levanta uma sobrancelha e zomba, incrédulo. — Chegamos ao
campeonato no ano passado e você não estava nem perto de animado.
— O que posso dizer? — Dou de ombros, ainda dando a ele um sorriso
megawatt. — Tenho um bom pressentimento sobre este.
— Se você diz, — ele diz.
Depois disso, o Treinador inicia sua palestra e todos focamos nele. Então
paramos antes de correr para o campo, e dou uma última olhada para onde Silas
está. Raid e Bunky estão olhando para outra direção, mas o olhar de Silas está fixo
em mim. Só para foder ele, eu sorrio, beijando as pontas dos meus dedos antes de
apontar em sua direção. Eu sei que todo mundo vai pensar que é para a multidão
– apenas um movimento arrogante de atleta – mas sei que Silas vai entender que é
para ele.
Eu praticamente posso vê-lo revirando os olhos enquanto me viro, mas ele
não consegue esconder o sorriso em seu rosto enquanto balança a cabeça.
Sim, vou ganhar isso por mais do que o time.

Agora é o intervalo e não acredito que estamos liderando por vinte pontos.
Meus companheiros me dão tapinhas nas costas porque estou arrasando. Acho que
posso dizer com segurança que é o melhor que já joguei.
— Você está pegando fogo esta noite! — Landon comemora, pulando nas
minhas costas e quase me derrubando no chão. — Quer deixar uma impressão,
hein?
— Saia de cima de mim, — eu brinco, encolhendo os ombros. — Algo
parecido.
Ele me arrasta para o lado, puxando-me para perto da mesa de bebidas, e
então me olha com curiosidade. — Sério, cara. Quero dizer, não estou bravo. Você
parece ótimo, mas é estranho. De repente você está tão interessado nisso. E aí?
Prendo a respiração, tentando decidir se devo contar a ele. Devo explicar que
estou jogando meu melhor jogo porque Silas está na arquibancada assistindo? Que
eu quero me exibir para ele porquê... Bem, foda-se se eu sei. Eu não consigo
explicar sozinho. Só quero que Silas veja como sou bom.
A vontade de dizer a Landon que estou mais feliz do que nunca é tão forte.
Seria fácil contar tudo a ele e me faria sentir melhor finalmente ceder e contar ao
meu amigo mais próximo todas as merdas que pesam sobre mim há tanto tempo,
mas algo me impede.
Não sei se é covardia ou orgulho, mas me faz mentir, o que só aumenta minha
culpa crescente no que diz respeito a Landon. Eu sou um amigo de merda. — Só
estou tentando terminar a temporada com uma boa memória.
Ele franze os lábios e depois abre a boca como se fosse dizer alguma coisa,
mas o treinador nos chama dois segundos depois, então ele não consegue falar.
Enquanto o treinador nos dá dicas, principalmente nos parabenizando pelo nosso
desempenho, procuro Silas. Franzo as sobrancelhas quando não o vejo, meu peito
dá uma pequena sacudida engraçada quando percebo que ele se foi.
Droga, por que estou tão decepcionado?
Tento mascarar meus sentimentos, mas Landon percebe. Ele não diz nada
porque agora não é o momento, mas sei que ele quer. Acho que Silas ficou
entediado. Entendo. O futebol não é para todos e estamos vencendo de qualquer
maneira, mas pensei que talvez ele quisesse...
Não, isso é ridículo. Ele não é meu namorado solidário. Ele é meu inimigo
com benefícios e preciso me lembrar disso.
Endireito os ombros e mantenho a cabeça erguida, determinado a não deixar
que isso me incomode e atrapalhe meu jogo. Mas quando corremos de volta para
o campo, odeio o fato de olhar para as arquibancadas mais uma vez, esperando que
desta vez os resultados sejam diferentes.
Só que não é. Ele ainda não está lá.

Nós ganhamos.
Isso não é surpreendente, considerando o quanto estávamos à frente, mas
ainda é ótimo. A torcida está enlouquecida, torcedores vindo das arquibancadas
para parabenizar o time, mas não estou com espírito de festa.
— Nós conseguimos, porra! — Landon comemora, batendo na lateral do meu
capacete antes de eu tirá-lo. — Festa hoje à noite, vadias! — ele chama todos os
jogadores.
Balanço a cabeça, tentando manter um sorriso no rosto. — Não eu, não esta
noite.
— Oh vamos lá. — Ele faz beicinho enquanto balança meu braço. —Cara,
acabamos de ganhar a porra do campeonato! Precisamos comemorar!
— Não, — digo novamente, um pouco mais insistente desta vez. Sei que ele
ficará desapontado e sei que é esperado que eu apareça durante a comemoração,
mas não dou a mínima. Não estou com vontade de festejar.
— Vamos conversar? — ele pergunta, de repente sério, e se não me engano
um pouco chateado. — O que está acontecendo?
Seu tom só alimenta minha crescente irritação. Por que ele deve estar bravo?
Ganhamos o maldito jogo, quem se importa se eu ficar de fora de uma festa pela
primeira vez?
— Nada está acontecendo, — eu mordo de volta. — Vá se divertir esta noite
e veja se consegue um bônus com Maybelline novamente. Faça o que quiser, mas
me deixe fora disso.
Flashes de dor aparecem no rosto de Landon antes que ele dê de ombros,
dando um passo para trás e cruzando os braços sobre o peito enquanto olha para
mim. — Certo. Você sabe onde me encontrar quando decidir que vale a pena
compartilhar qualquer besteira que esteja acontecendo.
Quando ele vai embora, fico me sentindo um idiota. O que há de tão errado
em não querer sair e comemorar? Eu amo Landon, mas às vezes gostaria que ele
respeitasse o fato de que nem sempre quero sair para festejar.
A torcida já diminuiu, mas ainda tem algumas pessoas que vêm me dar os
parabéns. Tento procurar Landon, sabendo que deveria tentar consertar isso, mas
sou engolido pela comoção.
Mais uma vez me lembro de que todos querem algo de mim. Eles querem
pegar e pegar e pegar até não haver nada para dar. Eles não se importam comigo.
Eles só se importam que eu ganhei outro campeonato em Brookshire. Já cansei
disso.
Eu quero Silas.
Silas pode não se importar comigo, mas pelo menos posso ser mais eu mesmo
quando estou perto dele.
Eu coloco minha fachada – sorrindo, rindo, apertando mãos – quando tudo
que eu quero é desaparecer.
Finalmente, recebo uma folga quando as pessoas começam a perder o
interesse, todas indo para a festa da qual Landon falou anteriormente. Vou para o
vestiário para me trocar, sem conversar, e depois saio. O plano é ir direto para
minha caminhonete e mandar uma mensagem para Silas, por mais patético que
isso me torne, até notar meu pai me esperando na saída.
Ótimo, esta é a última coisa com a qual quero lidar agora.
Ele tem um sorriso largo no rosto, parecendo tão orgulhoso que quase
poderia confundi-lo com genuíno. Ele me envolve em um abraço sem palavras, me
sacudindo, e posso senti-lo vibrando de excitação.
— Isso foi excelente, filho, — diz ele enquanto se afasta. — Você
definitivamente chamou a atenção de alguns olheiros. Você viu eles?
Eu balanço minha cabeça. Não era a eles que eu estava prestando atenção,
não que eu fosse contar isso ao meu pai. — Eu estava muito focado em jogar.
— Boa decisão. Felizmente eles chegaram aqui depois que a briga começou.
— Ele suspira exasperado enquanto balança a cabeça. — Essas crianças estúpidas...
Eu levanto uma sobrancelha para isso. — Briga?
— Sim. Algum tipo de briga de gangues. Não sei por que eles trouxeram isso
para cá, entre todos os lugares.
Meu coração para quando penso na última vez que Silas se envolveu em uma
'briga de gangues'. — O que aconteceu? Quem estava nela?
Ele me olha surpreso, mas responde mesmo assim. — Como eu vou saber?
Tudo o que vi foi o garoto Richards espancando alguém.
— Algum deles ficou ferido? — Pergunto engolindo em seco, incapaz de
esconder a preocupação em meu tom.
Eu sei que Silas consegue se defender numa luta, mas não posso deixar de me
perguntar se ele está bem.
— Acho que não. Eu os fiz ir embora. Eu não queria que eles causassem uma
cena maior. Juro, eles deveriam prendê-los e acabar com isso.
— Não diga isso, — respondo, e percebo meu erro depois que as palavras
saem da minha boca.
Papai olha para mim com curiosidade, a cabeça inclinando um pouco. — E
isso é importante para você porquê?
Eu me esforço para encontrar uma resposta. Definitivamente não vou dizer
a ele que me importo porque Silas e eu estamos transando há um tempo. Além disso,
honestamente não tenho ideia de por que me importo, mas me importo. Eu me
importo muito.
— Ele não é uma pessoa má, — digo a ele, na defensiva e sem me preocupar
em esconder isso.
— Certo. — Papai bufa antes de revirar os olhos. — Você vê o que há de bom
em todos, não é?
Sua demissão me irrita.
— Ninguém é ruim de verdade, — afirmo, lembrando as palavras de Silas e
me perguntando se isso causará em meu pai o mesmo tipo de revelação que causou
em mim. Pela reação dele, aposto que errou completamente o alvo. Como podemos
ser tão parecidos e ao mesmo tempo tão diferentes?
— Se você diz, — diz ele, depois me lança outro olhar demorado, tentando
me avaliar como se eu fosse apenas mais um de seus eleitores. — Você está pronto
para ir para casa?
Não, de jeito nenhum. Não quero estar perto de pessoas, mas também não
quero ficar sozinho. Pela segunda vez esta noite, o mesmo pensamento flutua em
minha mente.
Eu quero Silas.
— Há uma fogueira, — eu deixo escapar. — Eu ia para lá.
Ele acena com a cabeça, um pequeno sorriso no rosto. — Bom. Você deveria
estar comemorando. Lembre-se, nada de bebida e nada de drogas.
— Sim senhor. — Eu aceno facilmente.
Ele me dá um tapinha nas costas e solto um suspiro de alívio quando ele sai.
Então vou para minha caminhonete, jogo minha bolsa de equipamentos na
caçamba e entro rapidamente. Pego meu telefone no bolso e vou para minhas
mensagens antes de ligar a caminhonete.

EU
Ei. Vamos nos encontrar em nosso local?

Sorrio quando recebo uma resposta imediata após enviá-la.

IDIOTA
Já estou à sua frente.

Ainda sinto um aperto no peito, uma sensação de desconforto e agitação pela


maneira como meu pai falava de Silas. Há também uma culpa incômoda pela forma
como tratei Landon, por como tudo parece estar mais uma vez se acumulando sobre
meus ombros.
Mas sou capaz de afastar esses pensamentos, sabendo que o alívio está a
apenas vinte minutos de distância.
VINTE E DOIS

Silas

Estou andando por todo o trailer, esperando Blaine chegar aqui, me sentindo
um pouco nervoso. Estou irritado comigo mesmo por ter ido ao jogo, mas também
frustrado por ter caído em algum tipo de ilusão de que Blaine e eu somos mais do
que realmente somos.
Eu nem gosto do cara... ou pelo menos é isso que estou dizendo a mim mesmo
para fazer tudo isso fazer sentido na minha cabeça. Eu me sinto tão em conflito,
confuso e tudo isso é estúpido. Tão estúpido. Gosto de saber minha posição em
relação às pessoas e, até recentemente, eu tinha uma boa noção da realidade, ou
assim pensava.
Agora estou cambaleando, me perguntando há quanto tempo estou me
enganando. Será que em algum momento das últimas semanas ele me afetou?
Aninhou-se através de uma pequena fenda no meu exterior duro e agora nunca
serei capaz de me livrar dele?
Este não sou eu. Eu sou o maldito Silas Richards. Ninguém está me
transformando em um namorado apaixonado. Eu serei amaldiçoado antes que isso
aconteça.
Não sei quanto tempo pensei que essa coisa com Blaine duraria, mas já chega.
Faremos uma última foda, nos despediremos e fingiremos que isso nunca
aconteceu. Embora esse pensamento me deixe com o estômago um pouco enjoado,
sei que é isso que precisa ser feito.
Uma dúzia de passos depois, Blaine finalmente está abrindo caminho para
dentro do trailer, com os olhos arregalados enquanto eles se arrastam sobre mim
um pouco freneticamente. Levanto uma sobrancelha, sem saber por que ele está
tão em pânico.
Ele solta um suspiro, vindo até mim e segurando suavemente meu queixo
antes de inclinar meu rosto de um lado para o outro para olhar para mim. Ele
estremece de simpatia quando vê o corte na minha testa e o corte no meu lábio. —
Você precisa limpar isso.
Dou de ombros, tentando ignorar a sensação estranha que acabou de surgir
no meu estômago, e meus pensamentos anteriores de acabar com isso vão para
segundo plano por enquanto. Eu farei isso, mas esperarei até a noite acabar. — Já
tive pior.
— Você tem um kit de primeiros socorros? — Ele pergunta, passando
suavemente os dedos pelo hematoma em meu queixo, apenas me confundindo
ainda mais com seu toque suave.
— No banheiro, — eu digo, minha respiração um pouco entrecortada pelo
jeito que ele está olhando para mim. — Sob a pia.
Ele acena com a cabeça, indo recuperá-lo rapidamente. Quando ele volta, ele
me empurra no sofá e se senta ao meu lado. Ele não parece ser ele mesmo, com as
mãos tremendo um pouco enquanto abre o kit e o vasculha. O que há com ele?
— Está tudo bem? — Eu me pego perguntando, mesmo que não devesse me
importar.
Ele limpa as mãos com um pano com álcool antes de abrir outro para o meu
rosto.
— Estou bem. — Ele me diz enquanto enxuga minha testa com o lenço, me
fazendo estremecer.
Ele não parece bem, no entanto. Seu tom é trêmulo e ele não está agindo como
ele mesmo.
— Qual é o problema? O sangue está te assustando? — provoco, querendo
tornar o momento menos tenso.
Ele revira os olhos, pressionando o lenço no meu rosto com um pouco de
força demais, e não posso deixar de estremecer com a dor. — Seria estranho para
um futuro médico ter medo de sangue, não seria?
Minhas sobrancelhas franzem de surpresa com isso. — Você quer ser
médico?
Como eu não sabia disso? Quer dizer, acho que não faria isso. Não
conversamos muito, e é por isso que não entendo todos esses sentimentos fodidos
que tenho sentido por ele ultimamente.
— Sim, meu pai não sabe disso, mas vou para Yale no outono. Foda-se o
futebol e foda-se o sonho que ele tem empurrado para mim durante toda a minha
vida, — ele morde com raiva antes de me dar um sorriso falso. — Desculpe.
— Não se desculpe, parece que você está agarrado a isso há algum tempo. —
Deixe sair. Não vou mentir, meio que me sinto mal por ele agora. Parece ser muita
coisa para lidar.
Ele balança a cabeça, abrindo outro lenço e continuando com a limpeza no
meu rosto. — Se eu desvendasse toda a minha bagagem emocional, ficaríamos aqui
a noite toda.
— Eu tenho tempo. — Eu não deveria dizer isso, especialmente quando
momentos atrás eu estava dizendo que precisava voltar ao sexo puramente, mas
agora, acho que ele precisa de alguém para ouvi-lo. Por alguma razão, quero ser
esse alguém para ele.
Ele faz uma pausa, seus olhos alternando entre os meus. Não sei o que ele vê,
mas deve ser o que ele está procurando, porque no segundo seguinte ele está
deixando escapar todas as coisas que estão dentro de sua cabeça.
— Acabei de ultrapassar a longa lista de expectativas do meu pai. Desde que
me lembro, sempre tive que ficar na linha. Mesmo quando criança, havia coisas
que eu não tinha permissão de fazer só por causa de quem meu pai era. Foi
exaustivo. Ainda é cansativo. Sempre esperaram que eu fosse tão perfeito, que fosse
tudo o que todos querem que eu fosse. — Ele suspira e balança a cabeça. Ele está
tentando forçar um sorriso, fingindo como se fizesse tudo o que querem dele.
Foda-se isso.
— Você não precisa fazer isso comigo, — eu sussurro, alcançando seu pulso
e esfregando meu polegar contra seu pulso. — Sem besteira, Blaine.
Seus olhos se arregalam um pouco e ele morde o lábio inferior. —Estou tão
cansado, Si. Cansado de sempre ter que fazer a coisa certa, cansado de ser o garoto-
propaganda e cansado do futebol. Sei que sou ótimo nisso e sei que o plano do meu
pai provavelmente funcionaria, mas não quero isso.
— Aposto, — murmuro, percebendo o quanto ele carrega nos ombros. —
Isso é uma merda.
— Certo? — Ele ri, voltando à sua tarefa enquanto se concentra no meu lábio
ferido. — Eu costumava sempre questionar as probabilidades. Tipo, me pergunto
quais eram as chances de cada esporte que eu poderia ter escolhido, eu escolheria
aquele? O destino tem um jeito engraçado de aparecer e distorcer nossos planos,
hein?
Ele termina de me limpar e coloca o kit de primeiros socorros de volta no
banheiro antes de jogar o lixo fora. Não sei o que estou sentindo, mas é quase como
se eu quisesse lhe dar a garantia de que ele não está sozinho. Que as coisas nunca
acontecem como planejamos.
Eu deveria saber, considerando que ele nunca deveria fazer parte da minha.
— O destino pode ser fodido. Eu sei tudo sobre isso, — digo quando ele entra
na sala novamente.
— Realmente? — Sua sobrancelha se levanta e ele inclina a cabeça para o
lado. — Isso te fodeu também?
— Eu não diria que me ferrou, mas isso me fez questionar por que as coisas
são como são. — Respiro fundo enquanto olho para minhas mãos. — Eu tinha oito
anos quando meu pai foi preso.
— Ah Merda. Sinto muito...
Aceno com a mão desdenhosa, interrompendo-o, não querendo que ele tenha
pena de mim. Não é esse o objetivo disso. — Não, foi há muito tempo. Eu só… Não
me entenda mal, eu amo meus amigos, minha casa, minha mãe. Essas pessoas
podem não parecer muita coisa, mas cada um tem sua própria história. Há mais
neles do que as pessoas pensam. Este simplesmente não era meu plano para sempre.
— Faço uma pausa, tentando descobrir como me abrir com ele sem revelar muito.
— Você sabe que eu tenho um irmão mais velho, certo?
— Sim. Ryker, certo? — ele pergunta, sentando-se ao meu lado novamente.
— Bem, ele se tornou o homem da casa em certo sentido. Abandonou a escola
cedo, começou a trabalhar para Whaley, fazendo muitas das mesmas coisas que eu,
mas ele fez... outras coisas também. — Droga, isso é difícil. Não posso quebrar a
confiança de Whaley contando muito a Blaine sobre minha família, mas quero que
ele me entenda melhor.
— Se você for criado nisso, terá a opção de ser iniciado na gangue quando
tiver dezoito anos. Se você se enquadra na categoria como eu, Bunky e Raid, você
ganha passe livre até a formatura para decidir. De qualquer forma, Ryker se juntou
e basicamente assumiu o lugar do nosso velho, envolvendo-se mais no lado
comercial das coisas.
Mordo o lábio, me sentindo vulnerável porque nunca falei sobre isso antes.
Bunky e Raid sabem como é, visto que os verdadeiros pais de Bunk estão fora de
cena e os pais de Raid estão sempre fodidos demais para prestar atenção nele. Nós
três não precisamos conversar sobre nossas complicadas situações familiares. Tudo
não precisa ser dito.
Eu continuo, minha mente pensando no que dizer. Eu distraidamente mexo
nas correntes douradas em volta do meu pescoço, as minhas e as que pertenceram
a Ryker.
— De qualquer forma, foi assim por um tempo. Meu irmão acabou sendo
estúpido, pensando que o patch de Aces o tornava invencível. Ele foi preso por furto
- nada a ver com Whaley. Ele foi estúpido sozinho e agora está cumprindo quinze
anos na Prisão Lancaster. A esposa e a filha dele tiveram que morar comigo e com
a mamãe.
— Droga, isso é uma merda, — diz Blaine, olhando para mim com
preocupação. — Então onde é que isso deixa você?
— Essa é a pergunta de um milhão de dólares, não é? — Forço uma risada.
— Sinto-me obrigado a aderir. Como se fosse parte do meu destino. Quer dizer, eu
uso a jaqueta do meu pai há anos, como se já fosse membro, de qualquer maneira...
— paro, tentando organizar meus pensamentos. —Então, acho que é aí que isso me
deixa. Preso para cuidar da minha família, preencher o papel que me foi deixado.
Nunca serei mais do que Silas Richards, o bandido, o membro de uma gangue, e
não há nada que alguém possa fazer a respeito.
— Você é mais do que isso, sabe? — Blaine sussurra, suas mãos fazendo
aquela coisa de agarrar as calças que ele sempre faz.
Eu bufo e balanço minha cabeça. — Obrigado, mas você não precisa mentir.
Nós dois sabemos que é verdade.
— Você é... — Ele se interrompe enquanto umedece os lábios, quase como se
estivesse tentando descobrir o que dizer a seguir. Ele contempla isso por um
momento antes de engolir em seco e pegar minha mão. — Você é mais do que isso
para mim.
Porra, lá vai ele, dizendo todas as coisas certas. É daí que vêm todos esses
sentimentos. Às vezes, a merda que ele diz... simplesmente faz sentido. Não sou eu
quem deveria fazê-lo se sentir melhor?
Droga, seus olhos. Essas profundezas azul-acinzentadas me sugam e me
afogam como uma tempestade. Eu me inclino, dando um beijo suave em seus lábios,
algo que nunca fiz antes. Embora seja ele quem sapateia na linha da intimidade, eu
nunca o faço, então isso é realmente um grande negócio. Talvez eu não esteja
pronto para deixá-lo ir, afinal.
Movo meus lábios lentamente, tentando transmitir o que estou sentindo
apenas com minha boca, rezando para que de alguma forma, de alguma maneira,
ele esteja me entendendo. Que ele perceba o quanto essas palavras significam para
mim. Que ele entende, mesmo que isso nunca devesse ser mais do que apenas foder,
em algum momento ele me atingiu e eu não quero que isso acabe. Na verdade não.
É assustador todas essas coisas que estou sentindo. É tão estranho e sei que há
uma chance de tudo isso explodir na minha cara, mas não posso mais lutar contra
isso.
Eu não posso lutar com ele.
E quando finalmente aceito esse fato e deixo ir, realmente sinto vontade de
viver.
VINTE E TRÊS

Blaine

Desde a nossa conversa franca naquela noite, Silas e eu caímos em um novo


normal. Agora eu o vejo sob uma luz totalmente nova.
Sempre pensei em Silas como um lixo de trailer, desperdiçando a vida porque
não se importava, mas isso está longe de ser verdade. Enquanto adolescentes
normais ficam por aí e se divertem o tempo todo, Silas tem o fardo de cuidar de sua
família sobre seus ombros. É uma loucura como você pode conhecer alguém há
tanto tempo, mas não o conhecer realmente.
Agora, se eu pudesse entender a obsessão que Silas parece ter por
motocicletas, seria ótimo.
— Não entendi, — murmuro, olhando para a tela.
— O que não pode entender? — ele pergunta. — É uma motocicleta muito
quente.
Inclino minha cabeça para o lado. — O que devo pensar sobre isso?
— Você deveria apreciar isso.
Dou uma olhada para Silas, olhando entre ele e o vídeo sendo reproduzido,
sem realmente entender o que está acontecendo. É uma motocicleta. Claro, é...
linda? Vermelha e rápida. Mas há algo especial nisso?
Estamos em nosso lugar no trailer, sentados no sofá-cama caindo aos
pedaços, escondido na parte de trás do espaço. Estamos lado a lado, o braço de Silas
em volta de mim, preso entre o sofá e minhas costas, com os dedos presos no
passador do meu cinto. Minha cabeça descansa em seu ombro, e de vez em quando
meus lábios vagam para beliscar as sardas em seu pescoço, mas ele está me
ignorando.
Ele ainda está apaixonado por essa maldita motocicleta.
Ele precisa prestar atenção no meu pau. É todo triste e solitário. Precisa de
um abraço. De preferência com a boca.
— Si, — eu lamento, esfregando uma mão para cima e para baixo em sua
coxa, não me importando com o quão desesperado pareço.
— É uma Ducati Panigale V4 R, — diz ele, surpreso. Ele está realmente
babando? — Ela tem uma transmissão de seis marchas e um V4 com refrigeração
líquida e virabrequim contra rotativo.
Eu bufo. — Maravilhoso. Talvez eu devesse comprar um para você no seu
aniversário, para que você cale a boca sobre isso.
— Mesmo que você pudesse comprar uma motocicleta de quarenta mil
dólares, seria tarde demais. — Ele ri, ainda mantendo os olhos no telefone. — O
aniversário foi há alguns meses.
Droga, toda a merda que está acontecendo entre nós e eu nunca pensei em
perguntar a ele quando era seu aniversário. Eu meio que me sinto um idiota. —
Quando é seu aniversário?
— O mesmo que o seu, — diz ele distraidamente, os olhos nunca saindo da
tela.
— Espere. — Eu congelo, sentando-me mais ereta para poder olhar para ele
melhor. — Você sabe quando é meu aniversário?
Silas enrijece, percebendo seu deslize. Posso dizer que ele não está mais
olhando para o vídeo, embora seus olhos ainda estejam na tela.
— Você sabe quando é meu aniversário. Você gosta de mim, não é? — Eu
provoco, cutucando seu peito, fazendo com que ele dê um tapa na minha mão. —
Admita. Você sempre teve uma queda por mim, certo? — Eu brinco, sabendo que
não é o caso, mas gostando da facilidade com que posso irritá-lo.
— Cale a boca, Blaine, — ele rosna em advertência, mas isso não faz nada
para me impedir.
— Quando a paixão começou? Foi quando eu tropecei em você? Você
percebeu que você era o verdadeiro idiota?
— Estou avisando você. — Ele está tentando me intimidar, mas está tendo o
efeito oposto.
Sim, porra, por favor. Avise-me, Si. Eu adoro quando você é todo crescido.
— Você escreve poesia sobre mim? Tem fotos estranhas de perseguidores
meus na sua parede? Você... humf!
Calo a boca rapidamente quando Silas me joga de costas, sua motocicleta
chique finalmente esquecida. Ele paira sobre mim, uma mão ao lado da minha
cabeça, a outra enrolada na minha garganta do jeito que fiquei obcecado.
— Leve-o de volta. — Seu tom nervoso e linguagem corporal relaxada não
combinam nem um pouco. Especialmente quando sinto o movimento de seu
polegar contra meu ponto de pulsação.
— O que você vai fazer se eu não fizer isso? — Eu desafio com meus olhos.
— Você vai me ensinar uma lição?
Ele move a mão para meu queixo, empurrando meu rosto para o lado para
que ele possa morder meu pescoço, a dor aguda de seus dentes me atingindo. —
Com certeza, eu vou. Você esteve reclamando a noite toda. Faminto por atenção?
Diga-me como você quer. Ou que tal eu escolher o que quero?
— Na verdade... — Respiro fundo, pensando no que planejei para esta noite.
Silas e eu realmente não conversamos sobre isso, mas estive pensando sobre
isso. Especialmente considerando como as coisas têm estado recentemente e o
quanto nos aproximamos.
Eu amo como as coisas estão começando a mudar drasticamente. Estamos
constantemente trocando mensagens de texto, conversando sempre que podemos.
Silas é engraçado e sarcástico, e todas as coisas que eu odiava nele estão realmente
começando a crescer em mim. Com o fim da temporada de futebol, também temos
muito mais tempo para passar juntos.
Também não estamos apenas fazendo sexo. Essa é a parte maluca. Bem, ainda
há muito disso, não me interpretem mal, mas estamos apenas conversando, saindo
ou assistindo Netflix no meu tablet. Às vezes ele fica brincando no telefone
enquanto eu faço minha lição de casa. É por tudo isso que acho que estou pronto
para o que vem a seguir.
— Eu quero que você me foda, — eu sussurro, incapaz de lutar contra o
tremor nervoso em minha voz.
Ele se afasta um pouco, os olhos arregalados enquanto abaixa o queixo. —
Você realmente? Pensei que teria que lutar com você até chegar ao topo.
Eu rio ansiosamente, coçando o pescoço, de repente tímido. — Eu... hum... eu
quero ir primeiro. Eu não... quero dizer, você quer que eu faça isso? Você ainda
quer me foder? Nós podemos...
Fico calado por seu beijo firme enquanto ele deixa cair todo o seu peso sobre
mim, e suspiro quando ele esfrega nossas metades inferiores, sentindo sua ponta
dura cavando em meu quadril.
— Blaine, — ele murmura, incrédulo. — Parece que não quero?
Balanço a cabeça, perdido nas sensações. — N-Não.
— É apenas…
— O quê?
— Tem certeza que quer fazer isso… — ele para e engole em seco, quebrando
nosso olhar para olhar ao lado da minha cabeça. — Comigo?
Droga, isso é… Não, não pode ser, mas parece muito com insegurança.
Eu realmente não sei o que dizer. Tudo isso é tão novo para nós. Eu sei que
estamos nos aproximando, então pensei que falar sobre sexo seria bom. A propósito,
ele está olhando para mim, tão inseguro, que me faz sentir como se estivéssemos
juntos nisso, como se ele estivesse tão nervoso quanto eu.
Estico a mão para agarrar seu rosto, puxando-o para baixo para poder
acenar com a cabeça em sua testa. — Sim, tenho certeza.
Sua respiração trêmula ventila meus lábios. Então ele me beija suavemente
antes de se levantar, com os olhos cheios de luxúria. —Lubrificante?
Oh Deus, isso está realmente acontecendo. A excitação borbulha em minhas
veias e eu me esforço para tirar o pacote que comprei e guardei na minha carteira.
— Hum, aqui.
— Preservativos? — ele pergunta enquanto puxa a camisa pela cabeça,
expondo cada centímetro gloriosamente tonificado. Estou obcecado por suas sardas
escuras e marcas de beleza que decoram sua pele, tentado a traçar todas elas com
minha língua. — Blaine, sou negativo. Nunca fodi sem um. Você?
Percebo que esqueci completamente de responder a ele enquanto o comia
com os olhos e agora nem quero fazê-lo enquanto coro furiosamente. — Eu... você
na verdade...
Ele semicerra os olhos para mim, confuso.
— Você é o meu primeiro, — eu deixo escapar rapidamente, minhas
bochechas em chamas, mas pronto para acabar com essa conversa. — Não
beijando, obviamente. Você não é meu primeiro beijo, mas todo o resto... Bem... sim.
Então, é isso. Isso é uma coisa. Sinto muito se...
Ele agarra meu rosto e esmaga seus lábios contra os meus, ofegando contra
minha boca.
— Blaine, porra, você vai me matar. Você precisa ficar nu. Agora, — ele diz,
e isso causa arrepios na minha espinha. Deus, eu amo seu tom gutural.
Ele sai de cima de mim e eu rapidamente tiro a roupa, observando como ele
também faz isso. Leva apenas alguns segundos para nós dois ficarmos
completamente nus, com os olhos devorando o corpo um do outro. Silas é a
perfeição. Ele não é musculoso ou volumoso, mas magro e tonificado. Sua pele
pálida parece tão macia, um grande contraste com o tipo de cara que ele é. As duas
finas correntes douradas em volta do pescoço que ele usa quase o fazem parecer a
realeza do grunge, decorado como a obra de arte que ele é.
Sou atingido por um ataque de constrangimento, me perguntando o que ele
pensa quando me vê. Eu acho que sou bonito. O futebol me manteve em forma e
tenho orgulho da minha aparência, mas sou mediano comparado a ele.
Ele deve gostar do que vê quando olha para mim, porque ele puxa o lábio
inferior para dentro da boca e seu pau estremece. Muito lentamente, ele se
aproxima de mim, passando um dedo pela minha barriga trêmula, brincando com
meu rastro feliz e gemendo quando ele segura meus quadris.
— Mãos e joelhos, — ele exige, sua voz áspera enquanto dá um passo para
trás e bombeia seu pau. — Mexa-se, porra.
Balanço a cabeça, mordendo o lábio inferior provocativamente. —Quem vai
me obrigar?
Nós apenas nos encaramos, nossos peitos arfando, até que de repente estamos
atacando um ao outro.
Foi quente – um pouco violento – quando derrubamos um ao outro no chão.
É tão parecido com quando estávamos na floresta, rolando enquanto eu o forçava
de costas, apenas para ele me dar uma joelhada no estômago para ter vantagem.
Nós dois sabemos que ele é quem vai vencer, mas é a emoção da luta que
desejamos. Ele me pega de surpresa e eu caio de bruços. Com toda a força que
consegue reunir, ele puxa meus quadris para trás, forçando minha bunda para
cima. Então ele separa minhas bochechas, e posso ouvir o grunhido de
agradecimento que ele solta, mas estou nervoso por ser exposto assim. Quero dizer,
não é todo dia que alguém olha para o seu buraco.
— Nunca pensei que isso fosse funcionar para mim, — ele admite, passando
um dedo gentilmente pela minha dobra. — Jesus, porra, isso é um buraquinho
quente.
Concordo com a cabeça, a ansiedade me deixando com seus elogios imundos.
Então pressiono minha testa contra o carpete, balançando os quadris em
antecipação. — Faça alguma coisa.
— Preparar você primeiro, — ele afirma, massageando uma das minhas
bochechas. — Tenho que fazer isso. Não quero que meu pau o parta ao meio.
Eu bufo, não querendo perder a chance de foder com ele. — Eu disse que não
é tão impressionante... Ei!
Eu me inclino para frente com o dedo repentino e escorregadio na minha
bunda. Jesus, ele poderia ter me avisado, mas Silas sendo Silas, ele não facilitou. Ele
apenas empurrou aquele dedo para dentro em um movimento fluido. Mexo os
quadris, me adaptando à leve dor, mas descubro que não é tão estranho quanto
pensei.
— Outro? — ele questiona depois de um minuto entrando e saindo
suavemente.
— Sim, — eu digo, estremecendo quando ele acrescenta um segundo dígito.
Ok, estou ficando um pouco mais desconfortável, mas não é nada que eu não possa
lidar.
— Qual é a sensação? — Ele pergunta curioso, esfregando minha parte
inferior das costas enquanto tenta me abrir com um movimento de tesoura.
— Como se eu tivesse dedos na bunda, idiota... Ai! Que porra? — Eu cuspi,
lançando um olhar rápido.
— Isso é o que você ganha por ter uma boca esperta, — ele dispara de volta,
dando um tapa na minha bunda novamente. — Você nunca desiste.
Reviro os olhos, empurrando seus dedos. — Coloque já.
— Foda-se. Mais um dedo.
— Silas... Ai! Pare de me bater! — Eu gemo, embora eu secretamente ame
isso.
Amo nossa luta e nossa foda.
Ele ri, inserindo um terceiro dedo, e eu solto um suspiro alto. Puta merda. Ok,
ainda estranho, mas incrível ao mesmo tempo.
Depois de alguns minutos dessa tortura, onde começo a ficar confortável o
suficiente para realmente aproveitar, ele puxa os dedos, parecendo um pouco sem
fôlego quando fala. — OK. Você está pronto.
— Porra, finalmente, — eu gemo, me segurando pelos cotovelos enquanto
me preparo para o que está prestes a acontecer. — Vai. Faça isso.
— Blaine, — diz ele, com um tom vulnerável em suas palavras enquanto roça
os polegares em meus quadris suavemente. — Nós podemos parar.
— Eu não desisto, — respondo, não mais nervoso, mas pronto para colocar o
show em movimento. Empurro minha bunda para trás e ele sibila quando seu pau
desliza entre as bochechas da minha bunda. — Estou pronto.
— Tudo bem. — Ele esfrega a cabeça no meu buraco antes de empurrar.
Ok, talvez eu não estivesse pronto. Eu sibilo, avançando para escapar dele,
porque isso dói, filho da puta. — Porra... Ai... Você pode ir mais devagar?
— Pare de reclamar e apenas relaxe, — ele grunhe enquanto coloca a cabeça
para dentro. — Você disse que estava pronto.
— Tente enfiar um taco de beisebol na bunda e veja como você se sai. — Meu
tom sai um pouco rouco e posso sentir as gotas de suor brotando na base do meu
pescoço enquanto tento fazer o que ele diz.
Ele ri sombriamente e embora ainda esteja se movendo, ele está mais lento do
que inicialmente. — Com prazer. — Ele para, mantendo-se imóvel antes de se
inclinar para encostar o peito nas minhas costas. Então ele beija logo atrás da minha
orelha, um braço envolvendo meu peito e me abraçando nele. — Bom bebê?
Bebê. O nome me faz relaxar. A dor que eu estava sentindo – a pressão – não
desaparece magicamente, mas diminui. Não acho que Silas tenha percebido como
me chamou, mas eu sim.
E eu adoro isso. Quero que ele me chame assim o tempo todo. Quero ser seu
bebê todos os dias de agora em diante, se ele me deixar.
— Sim, — eu digo, respirando fundo enquanto me acostumo com o quão
grosso ele é. — Sim, você pode se mover.
— Obrigado, porra, — ele geme, deslizando até a ponta antes de empurrar
de volta. — Jesus, Blaine. Você se sente tão bem.
Concordo com a cabeça quando a dor se transforma em prazer à medida que
a percepção de que Silas está dentro de mim cresce. Ele começa em um ritmo
constante – gentil, mas firme – e meus olhos rolam para a parte de trás da minha
cabeça quando ele roça aquele lugar secreto dentro de mim. — S-Silas…
— Eu sei, — ele grunhe, apalpando minha bunda enquanto acelera o ritmo.
— Você gosta de ser meu brinquedo, bebê? Como meu pau no seu buraco
apertado?
— Mhm, — eu murmuro, incapaz de realmente formar qualquer palavra
inteligível.
Tudo fora de nós desaparece. Todas as minhas preocupações, todo o meu
estresse, tudo desaparece diante de Silas e da maneira como ele me faz sentir.
Como posso me sentir tão visto quando nem consigo ver o rosto dele? Como
posso me sentir tão aceito quando nossa foda é mais violenta do que amorosa? Não
importa qual seja o motivo, ainda sinto isso. Cresce dentro de mim, enrolando
agradavelmente meu interior, me levando a uma nova altura e fazendo minhas
bolas apertarem.
— Eu... eu vou gozar, — eu suspiro, me interrompendo com um gemido alto
quando ele envolve a mão em volta do meu pau. — Si!
Droga, é tão intenso. Acho que nunca me senti assim antes.
— Goze para mim, bebê, — ele rosna, me fodendo mais forte, mais profundo
e mais rápido. — Estou aí com você.
São necessárias apenas mais algumas pinceladas de sua mão antes de cobri-
la com meu esperma. Eu deixei de lado tudo o que estava me segurando, todos os
pensamentos além dele e o calor do seu esperma enchendo minha bunda
desaparecendo.
Caímos no chão com Silas ainda em cima de mim, e ele me surpreende dando
beijos molhados na minha nuca suada. — Tão bom pra caralho.
Espero um pouco, tentando recuperar o fôlego antes de falar, incapaz de me
impedir de sorrir tanto. — Então bebê?
Eu rio quando ele fica rígido em cima de mim e dá um tapa na minha bunda
com força. — Insanidade momentânea.
— Você não pode voltar atrás, — eu provoco, ainda rindo enquanto ele sai
de cima de mim e se deita de costas ao meu lado. —Você me chamou de bebê.
Observo enquanto ele vira a cabeça e estreita os olhos para mim, com um
largo sorriso no rosto. — Cale-se.
— Ah, não seja assim, — eu murmuro, alcançando seu rosto enquanto me
aconchego mais perto dele. — Eu serei seu bebê, Silas. Tudo que você precisava
fazer era perguntar.
Algo brilha em seus olhos e vejo uma série de emoções passarem por seu rosto
enquanto ele me avalia. — Sim, Blaine? Você poderia?
Minha respiração falha com seu tom sério. Acho que ele não disse isso no
calor do momento, afinal. Suas palavras não são provocativas, são sinceras. Não
acredito que vou dizer isso, mas…
— Isso é mais, não é? — Eu sussurro, aterrorizado além da crença com o que
ele poderia responder. — Nós… somos mais agora.
Eu sei que estou sentindo isso, e acho que ele também, mas não percebi o
quanto precisava dessa confirmação até agora.
Prendo a respiração porque a ideia de sermos mais do que inimigos que se
fodem e namoram é muito atraente.
Porque gosto do Silas. Eu quero estar com ele e não apenas para foder. Seja o
que for, quero ver até onde vai.
Mas isso só importa se ele sentir o mesmo.
Ele lambe os lábios e solto um suspiro de alívio quando ele balança a cabeça.
— Sim. É mais.
Acho que nenhum de nós entende o que isso implica. Como somos agora que
estamos namorando? É isso que estamos fazendo? Não há nenhuma maneira de
irmos a público - nem com os Aces e nem com meu pai - então onde isso nos deixa?
Descubro que não me importo com nada disso, porque quando Silas me puxa
para seus braços, me beijando docemente antes de me deitar em seu peito, todas
aquelas preocupações incômodas desaparecem.
VINTE E QUATRO

Silas

Abro a porta da lanchonete com um pouco de força e a campainha toca alto,


fazendo com que várias pessoas se virem e olhem para mim. Eu os ignoro, fazendo
uma rápida varredura na sala e avistando minha família nos fundos.
— Você está atrasado, — diz Bunky quando me sento ao lado da minha mãe
na cabine.
— Cale-se. — Eu o afasto antes de me virar para minha mãe e dar um beijo
em sua bochecha. — Desculpe, mamãe. Perdi a noção do tempo.
Ela me acena, seu sorriso de batom vermelho brilhante em plena exibição. —
Você está bem, Silas. Não estamos aqui há muito tempo.
— Onde você estava, afinal? — Raid questiona, empurrando os óculos de
armação de arame no nariz, um brilho curioso nos olhos.
Porra, o que eu digo? Não posso contar a eles que cheguei atrasado porque
me encontrei com Blaine para uma trepada rápida na traseira da caminhonete dele,
posso?
Abrindo um sorriso, dou de ombros para eles, jogando fora o primeiro
pensamento que surge na minha cabeça. — Ah você sabe? Tive que passar na loja
e fazer algo para Whaley.
Não está completamente fora do reino das possibilidades. É algo que fiz
inúmeras vezes, então deveria ser uma desculpa sólida. Só que não levo em conta
que meus amigos geralmente estão comigo quando faço isso, e pela expressão no
rosto de Raid, ele não está comprando o que estou vendendo.
— Engraçado, — diz ele, inclinando a cabeça para o lado. — Bunk e eu
acabamos de chegar de lá e não vimos você.
Olho para Raid, relaxando na cadeira, tentando parecer imperturbável.
Talvez se eu agir como se não houvesse nada acontecendo, ele deixaria passar.
— Devo ter acabado por não cruzar com você, — digo a ele, agradecido
quando uma garçonete se aproxima para anotar nosso pedido, mudando de
assunto.
Raid olha para mim o tempo todo, mas eu o ignoro, praticamente abrindo um
buraco no menu com os olhos. Eu poderia recitar aquele quadro de memória, de
quantas vezes comi aqui, mas você pensaria que nunca estive aqui antes com a
intensidade com que estou olhando para ele.
Sim, maneira de jogar com calma, Si…
Sim, foda-me.
Porra, Si, isso é tão bom. Não pare.
Sim, por favor.
— Silas?
Viro a cabeça para a direita, olhando para a expressão preocupada da minha
mãe, e minhas bochechas ficam vermelhas de vergonha. É como se ela pudesse ler
minha mente e soubesse exatamente o que estava acontecendo na minha cabeça.
— Senhora? — Eu resmungo, minha garganta está seca como o inferno.
— Você está pronto para fazer o pedido? — Mamãe pergunta, e eu solto um
suspiro de alívio ao ver como ela parece indiferente. — É sua vez.
Concordo com a cabeça, disparando a primeira combinação de refeição que
me vem à mente: um cachorro-quente com chili e rodelas de cebola. Agora, tudo
bem se cada pessoa nesta mesa não conhecesse a mim e minha forte aversão não
apenas por chili, mas também por cebola.
Sim, é oficial, arruinei minha capacidade de salvar a aparência. Todos eles
vão saber que algo está acontecendo.
Merda.
Blaine, bebê, preciso que você saia da minha cabeça, você está fodendo com
minha capacidade de viver a vida corretamente.
Eu faço o meu melhor para parecer despreocupado, olhando entre meus
amigos antes de olhar para minha mãe. — O quê? — Eu mordo, não gostando da
sensação cautelosa que eles estão emitindo.
— 'O que?' ele diz, — Mamãe zomba de mim. Há algo em seus olhos que eu
não gosto. É como se ela fosse um gato prestes a atacar e devorar sua presa. — Tem
algo que você precisa me dizer?
Balançando a cabeça, estou prestes a contar a ela que nada está acontecendo
quando Bunky interrompe, incitando minha mãe. — Isso é um chupão?
Oh, porra, você só pode estar brincando comigo.
Estico a mão e toco o local onde Blaine estava chupando minha garganta uma
hora antes, e quase coloco a mão no rosto diante da minha própria estupidez. Como
eu não percebi que ele estava me marcando? Devo ter ficado muito distraído com
a bunda dele pegando meu pau para perceber.
Não que eu odeie isso. Normalmente, ele deixa rastros de si mesmo onde são
fáceis de esconder, mas aquele merdinha territorial só tinha que atacar meu
pescoço bem naquele ponto sensível que ele sabe que me deixa louco.
Escolhi a hora errada para parar de fumar - só porque Blaine não parava de
reclamar disso. Eu realmente gostaria de um cigarro agora.
Nem tenho tempo de me defender antes que mamãe se incline e agarre meu
queixo, virando minha cabeça para o lado para examinar meu pescoço.
— Silas! — ela praticamente grita, e eu afasto sua mão, ajustando a gola da
minha jaqueta enquanto olho para Bunky.
— Não é nada, — eu digo rapidamente.
— Mmmhmm, — Raid acrescenta, e eu olho para ele confuso, mas não posso
perguntar o que ele quer dizer com isso antes que minha mãe me interrompa.
— Quem é ela? — Mamãe salta ao meu lado e bate palmas, o que a faz
parecer muito mais jovem do que é. — Conte-me tudo.
E aqui vamos nós.
Meu coração está batendo forte dentro do peito enquanto eu me esforço para
descobrir o que dizer. Desculpe, mamãe, ela é um cara com um pau que eu gosto
muito?
Sim, isso cairia bem.
— Não é grande coisa, — é tudo o que digo e as palavras me fazem sentir
uma merda.
Porque Blaine é muito importante para mim agora, e eu gostaria de poder
contar à minha família sobre ele, mas a ideia deles não me aceitarem é muito
assustadora.
Sem mencionar aterrorizante.
O que Blaine e eu temos... posso chamar de especial? Não sei, mas somos algo
que anseio e não quero que nada nem ninguém manche isso.
— Então, quem está sugando marcas no seu pescoço? — O tom de Raid é
zombeteiro, como se ele estivesse lendo nas entrelinhas, e é perturbador para mim
que ele possa saber de alguma coisa.
— Vamos, Si. — Mamãe me cutuca, segurando meu braço. — Diga-me. Ela
é bonita? Ela é legal? Você a conheceu na escola?
— Sim, Si. Eles são bonitos? Eles são legais? Você o conheceu na escola? —
Raid se repete como um espertinho, mas quando ele muda os pronomes, sinto
minha pele avermelhada ao mesmo tempo em que o pânico se instala.
Eu olho para ele, desejando como o inferno ter a habilidade de ler sua mente.
Ele está insinuando que sabe quem está atacando meu pescoço é...
Não há como ele saber quem é. Ele não pode.
— Eu não disse que não é grande coisa? — Eu grito com ele, fazendo mamãe
franzir as sobrancelhas em confusão, enquanto Bunky tenta fazer uma torre com
os cremes de café, completamente alheio a qualquer merda tensa que está
acontecendo entre Raid e eu agora.
Pelo menos não preciso me preocupar com ele.
— Se não é grande coisa, por que você simplesmente não nos conta? — Raid
pressiona, empurrando os óculos no nariz novamente. — Vamos, Silas. Estamos
todos morrendo de vontade de saber.
Estou prestes a mandá-lo se foder quando sinto uma presença pairando sobre
nós. Meu olhar se levanta e vejo o xerife Masterson praticamente inclinado sobre
mim com aquele sorriso assustador nos lábios. Mesmo depois de todos esses anos,
esse cara ainda faz meu estômago revirar.
Eu não suporto ele.
— Precisa de algo, xerife? — pergunta mamãe casualmente, mas sua voz
morde como a de uma cobra.
— Ah, não seja assim, Donna. — Ele dá a ela o sorriso mais largo que pode,
mas ainda parecendo predatório. Ele gesticula ao redor da mesa. —Somos todos
amigos aqui.
Somos o que agora? Acho que não, porra.
Todo o meu corpo está tenso e quero pular e arrancar a cabeça desse homem.
Olho para Bunky e Raid e vejo que eles estão exibindo olhares iguais de irritação.
Mamãe balança a cabeça, a mão descendo para agarrar minha coxa e me
manter no lugar, como se ela pudesse sentir que estou prestes a pular desta mesa e
bater na cara dele. Idiota baixo e atarracado.
— Temos definições muito diferentes dessa palavra, xerife, — diz mamãe,
mantendo-me firme. — Estamos no meio do jantar aqui. Há algo que você
precisava?
Ele solta um pequeno bufo antes de balançar a cabeça divertido. —Acabei de
ver você sentada aqui, linda como sempre. Pensei em vir dizer oi.
Meu punho bate na mesa antes que eu perceba e as palavras estão saindo dos
meus lábios sem pensar. — Que porra você disse? — Não posso deixar de explodir,
me libertando do aperto de mamãe enquanto me levanto para ficar de pé.
Esse cara enlouqueceu se pensa que vou deixá-lo sentar aqui e falar com
minha mãe daquele jeito. Sem mencionar todas as besteiras que ele fez com meu
pai... Sim, ele pode ser fodido. Mas eu preferiria a bunda fodida dele aqui mesmo.
Seus olhos escurecem e vejo aquele sorriso cuidadosamente construído
vacilar enquanto ele me avalia. Sem dúvida, as próximas palavras de sua boca vão
me irritar.
— Cuidado, Silas. Você não gostaria de acabar como seu pai agora, não é? —
O idiota me bate com um sorriso verdadeiro então. É provavelmente um dos mais
sinceros que já vi nele e faz meu sangue ferver. Ele está me mostrando o quanto
ficaria feliz em me dar o mesmo tratamento que deu ao meu pai e ao meu irmão.
Quem diabos ele pensa que é?
Eu me sinto selvagem, o meu lado protetor querendo se libertar.
— Querido, não se preocupe. Este homem não tem nada que eu queira, — diz
mamãe, com os olhos vagando pelo xerife enquanto ela me puxa de volta para
baixo. — Se pudermos chamá-lo assim.
— Oh, boa! — Bunky grita, esticando os nós dos dedos para mamãe. Quando
ela os derruba, Raid dá uma risadinha, olhando para o xerife como o idiota que
minha mãe acabou de fazer com que ele fosse.
— E o que você saberia sobre um homem? Já faz muito tempo que você não
tem um. Acho que você precisa de uma atualização, — o xerife responde,
obviamente confuso se seu pescoço suado servir de referência.
Foda-se isso.
Estou afastando a mão dela de mim, prestes a me levantar novamente e
mostrar a ele que tipo de homem eu sou, quando suas palavras me param.
— Ah, xerife. Um homem de verdade pode satisfazer uma mulher sem estar
presente no sentido físico, — diz ela, com uma risada gutural escapando dela
enquanto dá uma rápida olhada no corpo dele antes de piscar para ele. — Se você
souber o que quero dizer.
— Eca, mamãe, — murmuro, mas isso se perde na mistura de risadas de Raid
e Bunky. Juro por Deus que foi a coisa mais nojenta que já ouvi, mas também a
mais foda. Eu amo como ela não aceita a merda de ninguém.
O rosto do xerife fica vermelho e seu queixo treme, claramente irritado. —
Sua vadia...
É melhor que ele fique feliz por sua declaração ter sido interrompida pela
garçonete que veio deixar nossa comida.
— Com licença, xerife, — nossa garçonete interrompe, e ele se move para o
lado, os olhos ainda colados em minha mãe, e posso dizer que ele quer dizer mais.
Ele está praticamente morrendo de vontade, mas no final, ele simplesmente se vira
e vai embora. É a melhor decisão que ele poderia ter tomado, honestamente, porque
não havia muito mais que eu pudesse levar.
Assim que pegamos nossa comida, estamos todos sentados, atordoados,
quando a voz de Bunky rompe a neblina.
— Isso foi muito doentio, Donna. Preciso que você repreenda as pessoas com
mais frequência, — Bunky diz a ela, pegando o ketchup e derramando uma
quantidade ridícula em seu prato. — Fodidamente lendário.
— Tenho lidado com homens assim durante toda a minha vida. Eles param
de me perturbar depois de um tempo. — Ela ri, mas fica um pouco sóbria quando
se vira para mim e me lança um olhar preocupado. — Você está bem?
— Estou bem. — Mas não me sinto bem. Quero matar o xerife, mas vou me
contentar em esfaquear com raiva o chato anel de cebola que sei que não vou
comer. — Ele simplesmente me irrita.
— Eu sei, sinto muito por ele ter dito toda aquela merda na sua frente, — ela
me diz, apertando minha mão. — Não está certo.
Balanço a cabeça antes de bater meu ombro no dela. — Não, não foi, mas
Bunk está certo. Você o destruiu com apenas algumas palavras.
Palavras nojentas que nunca mais quero ouvir, mas esse não é o ponto,
porque minha mãe é durona.
— Sim, desculpe-me. Eu tive que derrubá-lo um ou dois pinos. — Seu rosto
parece arrependido, então seu olhar olha para o meu prato antes que seu sorriso
malicioso reapareça. — Mas não pense que esqueci de você. Eu quero saber tudo
sobre essa garota.
Eu deveria saber que não seria tão fácil. — Mãe...
— Tudo bem, tudo bem, — ela diz, levantando as mãos em sinal de rendição.
— Vou deixar isso de lado por enquanto, mas ela está no meu radar. Não pense que
você está guardando isso para si mesmo.
É preciso tudo de mim para conter o suspiro, especialmente quando vejo o
olhar astuto de Raid um segundo depois.
É apenas uma questão de tempo até que o segredo seja revelado.
VINTE E CINCO

Blaine

— Blaine, porra, Yates, estamos envolvidos em alguma atividade criminosa?


— Eu faço isso toda hora. Estamos bem. — Reviro os olhos, apertando a mão
de Silas enquanto o arrasto atrás de mim. Mesmo que não fosse, é feriado de Ação
de Graças, então definitivamente não há razão para alguém estar aqui.
Ele bufa, puxando minha mão e me girando, então eu bato em seu peito, os
cobertores na minha outra mão quase caindo. Ele olha para mim com um olhar
sensual, seus lábios em um sorriso malicioso enquanto balança a cabeça. — Oh
bebê. Não estou preocupado com um pequeno problema. Na verdade, arrombar e
entrar está me deixando muito excitado.
Pressiono meus lábios bem debaixo de sua orelha, passando minha língua
por seu pescoço para sugar a sarda escura que decora seu pescoço. Porra, estou
obcecado com suas marcas de beleza. — Então eu deveria ter trazido você aqui há
muito tempo.
Ele vai dar uma palmada na minha bunda, mas eu pulo para longe dele, o
que faz com que ele faça uma careta em minha direção. Não tenho ideia de por que
não o trouxe aqui antes. Acho que sempre foi o meu lugar, mas talvez possa ser
nosso agora, assim como o trailer decadente de Whaley também é nosso agora.
Encontro o buraco na cerca que é quase invisível da estrada e peço a Silas
que me siga por ele. Ele nem está nervoso quando entramos, andando casualmente
enquanto eu estou agarrado às sombras como um ladrão na noite.
— Ta-dah, — eu digo, acenando com a mão na minha frente. — O que você
acha?
Ele levanta uma sobrancelha e inclina a cabeça para o lado. — Acho que já
estive em nosso campo de futebol antes.
Reviro os olhos. Claro, acho que meu lugar secreto não é necessariamente
secreto ou realmente imaginativo, mas ele ainda não teve a experiência completa.
Pego sua mão novamente, levando-o para o meio do campo antes de estender um
dos cobertores. Então conecto meu alto-falante portátil ao telefone e coloco
‘Heaven’ de Kane Brown. Sentando-me no cobertor, dou um tapinha no lugar ao
meu lado, sorrindo para Silas até que ele concorda relutantemente.
— Que porra é essa? — ele pergunta, pegando meu telefone e olhando para
a música que escolhi. — Kane Brown? De novo você com essa merda. Precisamos
lhe dar uma lição sobre boa música.
— Você não conhece Kane Brown? — digo, jogando o outro cobertor em
cima de nós para afastar o ar frio. — Esta é uma boa música, idiota.
— Por que diabos eu faria isso? Eu ouço rock. — Ele faz uma pausa,
balançando a cabeça. — E podemos concordar em discordar. Essa música é terrível.
— Um garoto tão mau, — eu provoco, beijando sua bochecha. —Apenas
sente e ouça, ok?
Ele me lança um olhar duro, mas assente. Então ele olha ao redor do campo
escuro. Há apenas um pouco de luz vindo da rua, então está basicamente escuro
como breu. Não sei se ele percebeu, mas sua bunda mal-humorada agarrou meus
quadris e me moveu, então estou no meio do caminho em seu colo.
— Então, você apenas senta aqui? — Ele pergunta, enfiando o polegar por
baixo da minha camisa. — Isso é chato pra caralho.
Sempre tão mal-humorado, eu juro.
Beijo seu pescoço e depois levanto seu queixo para o céu. — Olhe.
Quando ele vê como as estrelas são claras e lindas aqui – constelações
brilhantes só para nós – ele finalmente entende. Seus lábios se curvam em um largo
sorriso, uma pequena risada desaparecendo enquanto ele aperta meus quadris. —
Tudo bem, tudo bem. Isso é bem legal.
— Quer deitar comigo?
Ele se vira para mim e acena novamente antes de beijar a ponta do meu nariz.
— Sim, bebê. Parece bom.
Deitamos de costas, lado a lado, nossos dedos mínimos unidos enquanto
ambos olhamos para as estrelas. É sempre tão tranquilo quando venho aqui. Desde
que Silas e eu começamos a nos ver, não tenho tido muito tempo para vir aqui.
Então esta noite foi perfeita. Ele não tinha planos com Bunky e Raid, e eu disse ao
meu pai que estava liderando um grupo de estudos. Ainda é cedo o suficiente para
que possamos passar horas aqui juntos apenas sendo nós...
— O que fez você vir aqui em primeiro lugar? — ele pergunta depois de um
tempo.
Eu penso nisso. — Bem, fiquei até tarde no ano passado para praticar alguns
exercícios sozinho. Eu sei que não deveria, mas papai estava em cima de mim para
trabalhar nos meus lançamentos. Fiquei até tarde o suficiente para escurecer e ver
as estrelas, então fiquei apaixonado.
— Você apenas observa as estrelas e pensa?
— Não, eu observo as estrelas e não penso ativamente. — Suspiro, virando a
cabeça para poder olhar as arquibancadas, as luzes e imaginar como seria esse
lugar em uma típica noite de sexta-feira, quando todos os olhares estavam voltados
para mim. Então soltei uma risada. — Sabe, é uma loucura como algo pode te
separar e te prender ao mesmo tempo. Não sei se isso faz sentido.
Ele cantarola e entrelaça nossos dedos. — Há algo que eu queria perguntar a
você. Não sabia quando seria o momento certo.
Viro-me para olhar para ele, franzindo as sobrancelhas. — O quê?
— Promete que não vai ficar na defensiva?
Eu bufo, tentando descobrir o que ele poderia estar perguntando se merece
um aviso como esse. — Sem garantias.
— Percebo que às vezes você parece estranho. Como quando você me
mandou uma mensagem para encontrá-lo no banheiro ou depois do jogo do
campeonato. É como se você fosse outra pessoa — ele diz lentamente, quase como
se estivesse preocupado que eu fosse gritar com ele. — O que é isso?
Engulo em seco, apertando sua mão com força para me apoiar, porque sei
exatamente a que ele está se referindo.
Silas não sabe dos meus ataques de pânico. Ele não sabe que às vezes fico tão
sobrecarregado que surto fisicamente. Eu não queria tocar no assunto porque não
tenho um há algum tempo, mas agora que ele está perguntando, não vejo por que
não. Namorados deveriam saber...
Espere, acabei de me referir a Silas Richards como meu namorado?
Ah Merda.
— Você não precisa responder à pergunta. Quero saber se posso ajudar.
Meu coração aquece com isso. Sim, talvez namorados seja a maneira certa de
descrever o que somos. Ele não está me julgando agora como costumava fazer. Se
não fosse pelo fato de eu ser muito covarde, eu perguntaria se ele queria namorar
oficialmente. Já me sinto muito vulnerável, especialmente com o que estou prestes
a contar a ele, mas com o quão sérios nos tornamos, acho que ele tem o direito de
saber.
— Eu quero te contar, — eu começo, encarando-o completamente e me
distraindo com o emblema de Aces em sua jaqueta. — Mas não quero que você
pense que sou uma aberração.
— Tarde demais... Ai! Não me bata, porra, — ele murmura com raiva.
— Não seja um idiota então, — eu respondo, rindo enquanto ele esfrega o
ombro. — Oh vamos lá. Foi um tapa de amor. Fala sério, Si.
— Bebê. — Ele suspira, pegando minha mão e levando-a aos lábios, beijando
meus dedos. — Nada que você possa dizer mudará alguma coisa.
Engulo em seco, esperando que isso seja verdade. — Sim?
— Sim, — ele confirma, seu rosto mais sério do que eu já vi.
— Tenho ataques de pânico, — deixo escapar. — Ataques de pânico são...
— Estamos em 2024. Eu sei o que são ataques de pânico, — diz ele, seus olhos
castanhos suaves enquanto beija a parte interna do meu pulso. — É por isso que
você faz aquela coisa que agarra com as mãos?
Minhas sobrancelhas franzem em confusão. — O quê?
Ele demonstra o que quer dizer, abrindo e fechando os punhos em volta da
calça jeans. — Isso.
— Acho que... acho que não percebo que faço isso, — murmuro. — Às vezes
estou preocupado demais para perceber.
Ele balança a cabeça, seu rosto subitamente sério. — Conte-me sobre eles.
— Fico sobrecarregado. Às vezes há muito. Entre o futebol e o conselho
estudantil e conseguir minhas bolsas de estudo e ser o maldito Blaine Yates... eu...
eu não posso... eu não consigo...
E isso acontece. Só de pensar em tudo que faço, em todas as expectativas que
tenho para mim e em todas as coisas que meu pai ainda não sabe, me deixa em uma
espiral. Minha respiração sai curta e entrecortada, e posso sentir o suor cobrindo
minha nuca, apesar do frio. Eu ofego, agarrando a jaqueta de Silas enquanto minha
visão começa a ficar embaçada.
— Blaine? — A voz de Silas está abafada, quase como se eu estivesse debaixo
d’água buscando a superfície. — Blaine, querido, respire. — Ele força minhas mãos
a abrirem sua jaqueta e as leva até seu peito. — Sinta meu coração. Conte comigo.
Ele me traz em seus braços e me puxa para seu peito, e eu coloco minha testa
em sua clavícula enquanto conto seus batimentos cardíacos. Eles são constantes,
vibrantes de forma confiável, fortes e firmes. Silas coloca uma mão atrás da minha
cabeça, passando os dedos pelos meus cabelos enquanto murmura que está tudo
bem, que estou aqui com ele, que ficarei bem.
Demora um pouco, mas finalmente volto aos meus sentidos, e Silas está
olhando para mim com nada além de preocupação nos olhos, os lábios franzidos.
— Você está comigo?
— S-Sim, — gaguejo, soltando um suspiro trêmulo enquanto me derreto
ainda mais nele. — Eu estou... estou bem.
— É sempre tão ruim assim? — Ele sussurra, empurrando meu cabelo para
trás.
Balanço a cabeça antes de me afastar para olhar para ele. — Às vezes eu
vomito. Você pode não ser capaz de acreditar, mas é difícil. É difícil ter que viver
de acordo com o que todos pensam de mim. Todos querem algo que não posso lhes
dar, e cada vez que aceitam, não substituem por nada. Sou apenas um brinquedo
de plástico para eles brincarem e depois jogarem fora.
— Não diga merdas assim, — ele retruca, ficando com raiva, mas sei que não
é dirigido a mim. — Foda-se eles. Quem se importa com o que eles pensam?
— Eu... — Estou sem palavras. É realmente tão fácil simplesmente não se
importar? — Mas…
— Você é mais do que eles veem, — ele continua, segurando meu rosto para
reforçar seu argumento. — Blaine Yates, você é muito inteligente, gentil e paciente
como o inferno. Cristo, às vezes me pergunto o que você está fazendo andando com
alguém como eu.
— O que você quer dizer? — Eu pergunto em confusão. — Si, você é ótimo.
— Só as vezes. — Ele bufa sem humor, encolhendo os ombros. — Eu não sou
nada. Você tem planos de sair daqui e eu estou preso. Tenho que viver uma vida
como meu pai. Vou acabar exatamente onde ele está.
Agora é a minha vez de ficar com raiva. Prendo seus pulsos em minhas mãos,
apertando-os com tanta força que ele sibila. — Isso não é verdade.
— O que tenho a oferecer? — ele questiona seriamente. — Nada. Eu sou uma
escória e estou bem com isso. Contanto que eu cuide das pessoas que importam,
quem se importa com o que acontece comigo?
— Eu faço, — digo com firmeza, depois o beijo rapidamente – uma, duas, três
vezes – porque odeio o fato de ele pensar assim. — Si, você é importante para mim.
Não quero ouvir você dizer essas coisas de novo.
— O mesmo se aplica a você então, — ele responde. — Você é importante
para mim. Foda-se, estou obcecado por você, Blaine Yates. Como uma toxina para
a qual não há cura. Você me envenenou, bebê, mas ficarei feliz em sofrer por você.
Eu solto um suspiro agudo, suas palavras são surpreendentes. É realmente
assim que ele se sente? Eu sabia que ele gostava de mim, mas não percebi o quão
profundos eram esses sentimentos.
Me sinto idiota por não ter visto isso antes, porque também sou obcecado por
ele.
Silas Richards é tudo em que penso agora. Antes da escola, antes do futebol,
antes do meu futuro... tudo gira em torno dele.
— Você é meu namorado, — eu falo sem graça. Estremeço com a minha fala,
e só piora quando ele ri, me fazendo desejar poder arrancar as palavras do ar e
enfiá-las de volta na minha boca. Tento me sentar, preparado para deixar sua
bunda aqui, mas ele estende a mão e me puxa de volta, me mantendo como refém.
— Foda-se, Si.
— Namorado, hein? — Ele questiona, com um sorriso arrogante enquanto
ele nos rola, pairando sobre mim, o cobertor caindo quando ele me prende debaixo
dele. — Vai me dar seu anel do futebol, Blaine? Estamos indo firmes?
— Você já está com minha camisa, — eu provoco. — Agora você quer um
anel?
Ele olha para meu anel do time, com o lábio inferior preso entre os dentes
enquanto balança a cabeça. — Sente-se.
Ele se move para que eu possa fazer o que ele diz. Então ele enfia a mão por
baixo da camisa, mostrando-me as duas correntes douradas simples que sempre
usa. Ele os tira, balançando-os entre nós. Sem nenhuma palavra, ele tira seu próprio
anel – o preto com uma caveira de metal – e passa uma corrente por ele. Não brigo
quando ele pega meu anel de time, colocando na outra corrente.
Minhas bochechas coram quando ele se inclina para frente, pegando a
corrente com seu anel e colocando-a em mim antes de fazer o mesmo com a outra
corrente nele.
— Pronto, — ele finalmente diz, sorrindo amplamente enquanto olha para o
que fez. — Está resolvido então?
— O quê? — Eu rio, balançando a cabeça. — O que acabou de acontecer?
— Namorados não fazem esse tipo de merda. Vi em um filme ou algo assim
— explica ele, revirando os olhos quando não concordo imediatamente com ele. —
Ah, vá se foder. Você está com o meu anel, eu estou com o seu, somos namorados.
Aí. Resolvido.
— Silas Richards, — eu provoco enquanto envolvo meus dedos em torno de
seu anel. — Você é um romântico, não é? Eu sabia! Ok, onde está a poesia? Eu...
Ele me joga no cobertor, sua mão em volta da minha garganta enquanto ele
monta em meus quadris. — Cuidado. Só porque somos namorados não significa
que não vou bater na sua bunda.
— Isso é uma ameaça ou uma promessa? — Eu sussurro, minha voz sai rouca
enquanto o sangue corre para meu pau.
Seu sorriso lento está cheio de maldade e promessas pecaminosas antes que
ele se incline, enfiando as mãos sob minha camisa e levantando lentamente a
bainha. — Meu bebê precisa de alguma atenção? Você está se sentindo sozinho,
Blaine?
— O mais solitário, — murmuro, fechando os olhos quando ele se abaixa
para passar a língua no meu mamilo. — Eu quero você de novo.
— Não parei de pensar na sua bunda, — ele grunhe contra meu peito,
sugando meu mamilo entre os lábios, lambendo-o com atenção antes de soltá-lo
com um estalo escorregadio. — Deixe-me começar.
— Você vai me foder? — pergunto, sendo uma provocação completa
enquanto bato os cílios.
Ele zomba, já puxando meu short esportivo. — Vire-se. Agora.
É quase cômico o quão rápido eu me viro, o que me faz rir do meu namorado
– Jesus, vai levar algum tempo para me acostumar. Silas não perde tempo e beija
cada bochecha, deixando seus lábios permanecerem em carícias molhadas e
desleixadas.
— Você tem lubrificante? — Eu pergunto, já me contorcendo de necessidade
quando ele separa minhas bochechas. Ele não responde e eu me viro para olhá-lo
por cima do ombro. — Si?
— Me dê um segundo, — ele sussurra, quase atordoado enquanto olha para
o meu buraco. Eu ficaria mais constrangido se não fosse pelo fato de ele estar
olhando para isso com tanta fome. — Quero adorar essa bunda primeiro.
Franzo as sobrancelhas. — Você o quê... Porra!
É o primeiro golpe de sua língua que chega até mim. Eu avanço, não para
escapar, mas apenas por pura surpresa. Silas não aceita isso. Ele agarra meus
quadris com força enquanto vai até o meu buraco, sua língua provocando e
sondando, cantarolando de satisfação como se fosse sua refeição favorita.
— Droga, — ele geme, me acariciando com sua bochecha. — Porra, amo isso.
Quero isso todos os dias.
— Faça isso de novo, — eu imploro, tentando voltar para sua boca.
— Hum, adoro quando você implora. — Ele ri, batendo levemente na minha
bunda. — Vá em frente e monte na minha cara, bebê.
Não sei o que estou fazendo, mas antes que perceba, perco o controle,
empurrando seu rosto. Estou gemendo e desmoronando enquanto balanço meus
quadris. Eu esfrego contra sua boca, forçando sua língua para cima e para baixo, e
– puta merda – quando ele começa a chupar meu buraco eu quase gozo.
Ele me maltrata como se não fosse nada, virando-me de modo que fico de
costas, meu pau duro se esforçando em direção às estrelas enquanto ele puxa meu
shorts o resto do caminho. Quando eu choramingo, ele apenas ri enquanto acaricia
meu quadril com ternura. — Não se preocupe. Eu vou cuidar de você.
Devo ficar com quinze tons diferentes de vermelho quando ele agarra a parte
de trás das minhas coxas e as empurra contra o meu peito. Estou completamente
exposto a ele, cada centímetro pecaminoso de mim, mas é tão libertador ao mesmo
tempo. Silas deve gostar do que vê porque rosna baixinho antes de me instruir a
manter as pernas ali.
— Por favor, — eu lamento, me abrindo ainda mais. Qualquer coisa para
fazê-lo voltar a me tocar. — Si…
Ele enfia a mão na carteira no bolso de trás, o conteúdo se espalha enquanto
ele luta para pegar um pacote de lubrificante. — Você não ouviu o que eu disse?
Eu tenho isso. Apenas relaxe.
Eu concordo. Normalmente, adoro quando brigamos um com o outro pelo
nosso prazer, aumentando a tensão pegajosa até que ambos explodimos, mas isso é
diferente. Ele cuidando de mim parece a melhor coisa do mundo. Estar sob as mãos
ternas de Silas, seu olhar inabalável, sua doce misericórdia é tudo para mim.
— Já está pronto para mim, — ele murmura enquanto desliza um dedo
escorregadio. — Olha você me engolindo. — Ele insere outro, sem encontrar
resistência, e um pensamento passa por seu rosto. — Quantos você acha que pode
aguentar?
— Eu quero seu pau! — Eu grito, arqueando as costas quando ele roça os
dedos na minha próstata. — Aí, ah, porra, aí!
— Não foi isso que eu perguntei, — ele provoca, com brilhos de calor em
seus olhos. — Eu vou arruinar você, bebê. Foder sentido você. Não quero que você
goze até chorar por mim.
— Depressa então! — grito, apertando o cobertor com força quando ele
insere o terceiro dedo. — Aí! Três! Entre em mim!
Ele ri, inclinando-se para frente e apertando meu rosto entre os dedos. —
Você ainda não está ouvindo. Ok. Você vai ver.
Eu choramingo, porra, choramingo, quando ele não me dá seu pau. Eu tenho
uma mente focada agora. Preciso mais do pau dele na minha bunda do que preciso
respirar. Quero que fiquemos juntos assim de novo e de novo e de novo até que não
consigamos distinguir um de nós do outro.
Mas então ele adiciona um quarto dedo e vejo um tipo totalmente diferente
de estrelas.
— Silas! — Eu gemo, sentindo a pressão crescendo dentro de mim. —Oh!
Sim!
— Disse ao seu traseiro teimoso, — ele zomba, bombeando os dedos dentro
e fora de mim. — Quero ver quanto você aguenta. Isso é bom?
— Sim! Porra, sim! — Eu digo, balançando a cabeça furiosamente enquanto
pego meu pau. — Eu posso aguentar.
Ele me olha com adoração. — Eu sei que você pode. Está sendo tão bom para
mim agora. Deixe-me ajudá-lo a chegar lá.
Eu sufoco um gemido quando ele se abaixa e engole meu pau. Entre os quatro
dedos em minha bunda e a sucção de sua boca quente, desço por sua garganta sem
qualquer aviso. Ele tem um sorriso satisfeito no rosto com esperma escorrendo dos
cantos dos lábios enquanto ele remove os dedos.
— Adoro esses sons que você faz, — ele geme, acariciando minha coxa e me
ajudando a abaixar minhas pernas trêmulas.
— Eu...— Estou sem fôlego e um pouco tonto, mas pronto para fazê-lo gozar
também. — Você vai me foder agora?
— Não, perto demais. — Ele balança a cabeça, atrapalhando-se com o zíper
enquanto sobe pelo meu corpo com os joelhos. — Abra a boca, — ele range os
dentes cerrados, e adoro poder afetá-lo assim.
Faço o que ele instrui, hipnotizado enquanto ele acaricia seu pau sem cortes,
seus olhos fixos nos meus enquanto ele se masturba. São necessários apenas alguns
puxões antes que ele coloque seu pau contra minha boca e goze no meu rosto. O
sabor levemente salgado faz meu próprio pau estremecer fracamente, mas estou
muito desossado para a segunda rodada.
— Tenho que fazer você usar meu esperma com mais frequência, — ele
brinca, lambendo um pouco da minha bochecha antes de se deitar ao meu lado. —
Você está bem?
— Mmm, — murmuro, virando-me e abraçando-o ao seu lado. — Com sono.
Ele ri no topo da minha cabeça, seus dedos calejados entrelaçando meu
cabelo enquanto ele puxa o cobertor descartado sobre nós. — Então durma. Vou
ouvir esse maldito idiota country e te acordar daqui a pouco.
Concordo com a cabeça, sonolento, cedendo e fechando os olhos. Envolto no
cheiro e no calor de Silas, sei que será um esquecimento repousante.
VINTE E SEIS

Blaine

Ao longo do ano, Brookshire oferece suas equipes esportivas como


voluntárias para sediar vários dias diferentes de serviço comunitário. A equipe de
corrida ficou de arrecadar brinquedos para crianças carentes na semana passada,
então agora o futebol está organizando uma campanha de arrecadação de
alimentos no campo.
Enquanto arrumo um recipiente de comida, certificando-me de que a família
receba dois de cada produto, finalmente sinto que estou fazendo algo significativo.
Embora isso seja outra coisa adicionada ao meu prato, acho que a sensação
de realização que ganho faz o trabalho valer a pena. Fazer algo importante e ao
mesmo tempo ajudar os outros é tudo o que sempre quis fazer. É uma das razões
pelas quais quero tanto ser médico.
— É isso, cara? — pergunta um dos meus companheiros de equipe,
apontando para as cestas montadas. — Posso pegar mais se você quiser ir para a
fila de embarque.
— Seria ótimo. A folha ali tem tudo que vai nela. Consegue mais sete?
Ele acena com a cabeça e rapidamente começa a trabalhar enquanto eu pego
algumas cestas que fiz e as levo para a fila de coleta no centro do campo. Foi
estranho vir esta manhã para configurar tudo, considerando o que aconteceu neste
mesmo local ontem à noite.
Eu coro com a lembrança. Claro, o sexo foi quente e minha bunda ainda está
dolorida por causa do que fizemos, mas é mais do que isso. Levo minha mão livre
ao peito, sentindo o anel de Silas sob minha camisa, fazendo meu coração palpitar
enquanto um sorriso cruza meus lábios. Estamos juntos agora e nunca pensei que
iria querer algo tanto quanto quero isso.
Mesmo que não possamos ser como todo mundo e dar as mãos em público
ou ir ao drive-in para assistir a algum filme de terror cafona, isso não diminui o
quão especial isso é. Embora eu não possa negar o quão bom seria poder reivindicá-
lo publicamente.
Talvez um dia.
Sim, aquele bad boy é meu. Estou muito orgulhoso disso.
Vou me contentar em deixar mais chupões no pescoço dele por enquanto. Ele
jura que os odeia, mas secretamente adora.
— Precisa de ajuda com isso?
Sou surpreendido pelo meu devaneio de marcas de sucção no pescoço do
meu namorado por Landon. Sinto minhas bochechas esquentarem de vergonha
enquanto limpo a garganta. — Um sim. Isso seria legal.
Landon, sem jeito, pega algumas cestas de mim e começamos a nos dirigir
para a mesa de coleta. Estamos distantes desde a nossa mini luta após o jogo do
campeonato. Não é como se estivéssemos nos ignorando – ainda nos vemos todos
os dias – mas as coisas simplesmente não têm sido as mesmas.
Eu sei que é tudo culpa minha. Landon estava apenas tentando ser um bom
amigo e eu explodi. Não é problema dele que eu tenha escondido coisas dele. Eu
queria dizer algo desde que aconteceu, mas não consegui criar coragem. Eu sei que
ele entenderia - somos amigos desde sempre - mas ainda estou com medo de que
isso mude as coisas entre nós.
Preciso contar a ele sobre Silas. Quero que ele saiba o quanto estou
apaixonado por esse cara. Também quero contar a ele sobre meus planos futuros,
sabendo o quanto ele ficará orgulhoso de mim. Quero que as coisas sejam como
antes, mas melhores.
Um passo de bebê de cada vez.
— Ei, — eu digo enquanto colocamos as cestas na mesa. — Hum, você quer
vir hoje à noite e jogar um pouco da NCAA?
Ele levanta uma sobrancelha curiosa. Costumávamos ter noites de jogos
semanais enquanto crescia, mas não é algo que fazemos há muito tempo.
— Você quer jogar videogame esta noite? — ele pergunta, um pouco cético.
Droga, ele deve estar mais chateado do que eu pensava.
— Sim. Quer dizer, o novo acabou de ser lançado e achei que seria divertido.
— Minha língua parece pesada quando aceno, tentando agir casualmente. Para
obter uma pequena reação dele, eu empurro. — A menos que você tenha medo de
que eu vença você.
Isso obtém a reação que eu queria. Seus olhos se arregalam, a palma da mão
batendo contra o peito enquanto ele engasga. — Me vencer? Você só ganha porque
trapaceia!
— E eu continuo dizendo que você não pode trapacear na NCAA! — Eu jogo
minhas mãos para o alto em exasperação.
— E eu continuo dizendo que você está falando merda! — ele joga de volta.
Nós dois rimos, quebrando a estranha tensão entre nós. Então engulo em seco,
estendendo a mão para seu ombro. — Então, esta noite?
— Finalmente vamos conversar sobre qualquer merda com a qual você está
lidando? — ele pergunta, e posso agradecer Landon por ser aberto.
Concordo porque acho que está na hora. — Sim. Depois que eu chutar sua
bunda, claro.
Ele dá outra risada antes de me dar um abraço de irmão. — Senti sua falta,
cara.
— O mesmo aqui, — eu sussurro, sem perceber até então o quão verdadeiras
são minhas palavras.
— Ei, — diz outro de nossos companheiros de equipe, quebrando nosso
momento de irmão. — Blaine?
— Sim? — Eu questiono, virando-me para ele.
— Estamos com pouca quantidade de atum enlatado. O treinador disse que
você tinha mais na sua caminhonete?
Pego as chaves do bolso. — Sim. — Então me viro para Landon. —Vou correr
e pegá-los. Acho que já fizemos cestas suficientes para que possamos abrir o portão
e deixar as pessoas entrarem.
Ele balança a cabeça. — De jeito nenhum.
Agradeço a ambos e depois vou para minha caminhonete. Estacionei atrás do
campo de futebol, onde só os professores costumam fazer isso, porque tive que
descarregar tudo esta manhã. Meu telefone toca e eu vasculho meu letterman10
para pegá-lo. Sorrio instantaneamente quando vejo que é Silas.

IDIOTA
Vamos nos ver hoje à noite?

10 Jaqueta de time.
Merda. Esqueci que planejamos nos encontrar em nossa casa e assistir o mais
novo filme de zumbi que acabaram de colocar no Netflix. Eu rapidamente digito
uma resposta.

EU
Desculpe! Podemos fazer isso amanhã? Fiz planos para conversar com
Landon.

Silas sabe um pouco sobre a pequena briga que tive com meu amigo mais
próximo, quando ele perguntou espontaneamente por que eu não estava saindo
com o outro atleta idiota. Ele parecia bastante simpático, então tenho certeza que
ele ficará bem com isso.

IDIOTA
Você está me abandonando para sair com outro cara? Cuidado, bebê. Sou
possessivo com o que é meu.

Sim, e eu adoro isso nele. Eu coro quando penso no chupão no meu pescoço.

EU
Não seja idiota. Você sabe que não é nada.

IDIOTA
Amanhã?

EU
Tome cuidado. Posso pensar que você gosta de mim ou algo assim.
IDIOTA
Vá se foder. Eu terei sua bunda amanhã.

EU
Você não quer dizer 'ver'?

IDIOTA
Eu disse o que disse.

Porra, eu adoro quando ele está dentro de mim. É como se ele se tornasse uma
espécie de fera. Ainda não falamos sobre eu transar com ele, mas estou mais do que
satisfeito com a forma como as coisas têm estado.
Viro a esquina em direção à minha caminhonete e seguro um gemido quando
vejo Kent sentado na carroceria. Eu juro, seu traseiro preguiçoso deveria planejar
isso. Mostrar a ele como é o trabalho de verdade.
— O que você está fazendo? — pergunto, fazendo sinal para que ele se mova
para que eu possa pegar a caixa na parte de trás. — Você deveria aparecer às nove
para nos ajudar a montar.
Ele dá de ombros. — Tive uma noite longa.
Eu zombei. Tenho certeza de que sua madrugada consistiu em se encontrar
entre as pernas de qualquer líder de torcida que tivesse padrões baixos o suficiente
para deixá-lo transar com ela. Pego a caixa e inclino a cabeça em direção ao campo.
— Vamos. Estamos abrindo os portões e precisamos de ajuda para distribuir as
cestas.
— Onde vocês estão se organizando? — ele pergunta, e me surpreende que
ele realmente se importe.
— Centro do campo, — eu digo, olhando para ele com curiosidade. —Por
quê?
— Nada. — Seus olhos brilham enquanto ele me avalia. — Só sei o quanto
você gosta daquele lugar.
Eu congelo, quase derrubando a caixa. Que diabos? Ele não pode saber disso.
Quero dizer… Kent é um idiota. Não há como ele saber o que aconteceu ontem à
noite.
— O que você está falando? — Eu questiono, tentando esconder o pânico
crescente em meu tom.
Seu rosto se abre em um sorriso de merda que faz meu estômago revirar. —
Acho que você sabe exatamente do que estou falando.
— Por que você simplesmente não diz logo? — Eu grito, deixando cair a
caixa e me aproximando dele. Eu me recuso a me deixar ser pressionado pelo
inseguro, ciumento e mesquinho Kent Masterson, entre todas as pessoas. — Diga.
Ele balança a cabeça, nem um pouco intimidado pelo meu tom. — Boa sorte
para voltar para casa esta noite, capitão.
Ele dá a volta em mim e vai embora, e não posso fazer nada além de ficar
olhando para ele enquanto ele se afasta.
O que diabos isso significa? O que está acontecendo em casa? Eu não
entendo. Eu gostaria que minhas pernas não parecessem pesos de chumbo de cem
quilos me segurando no lugar, ou então eu iria apressá-lo e exigiria saber o que
diabos ele quer dizer.
Meu coração está batendo forte dentro do peito e sinto o suor escorrendo
pelas minhas costas enquanto os nervos me invadem. E se ele realmente souber?
Mas isso é impossível. Ninguém nunca vem ao campo à noite. Eu já saberia quantas
vezes já fiz isso. Ele deve estar falando besteira.
O mundo está girando ao meu redor e não consigo me convencer de que está
tudo bem. Eu caio no chão, apertando meu peito enquanto uma onda de pânico
toma conta. Minha visão fica embaçada e sinto que vou vomitar. Mantenho a
cabeça entre as coxas, tentando fazer uma contagem regressiva a partir de dez,
nivelando minha respiração, mas meu coração está batendo tão alto que posso
ouvi-lo em meus ouvidos.
Meu celular toca novamente e eu o pego. Por algum motivo, prendo a
respiração, mas é apenas uma selfie de Silas na loja. Ele está coberto de manchas de
graxa e óleo, mas, caramba, ele parece tão sexy.

IDIOTA
Quero tanto te foder em um desses carros chiques. Sinto sua falta, bebê.

Meu pânico diminui um pouco ao ver o rosto do meu cara, mas isso não faz
com que meu ataque desapareça completamente. Tento dar toda a minha atenção
à imagem, desejando que minha respiração diminua e meu cérebro pare sua espiral
descendente.
Concentre-se em Silas, Blaine. Concentre-se apenas em Si.
Ele está com um daqueles macacões que os mecânicos usam. Está meio fora
e pendurado na cintura, expondo seu peito magro e nu. Ele tem um carro chique
ao fundo, e tento imaginá-lo me fodendo no banco de trás, coberto de graxa,
parecendo um filme pornô ambulante. Seu cabelo está penteado para trás como
um bad boy dos anos 50, mas ele tem aquele sorriso lindo no rosto que eu adoro.
Meu namorado. Ele odiaria admitir, mas ele é doce pra caramba. Assim que
consigo respirar adequadamente novamente, balanço a cabeça, enviando-lhe uma
foto em troca e dizendo que também sinto falta dele.
O pânico ainda está lá, persistindo no fundo, mas de alguma forma consigo
me levantar do chão e voltar para o campo. Este não é o momento nem o lugar para
um surto. Tenho um papel a desempenhar e serei amaldiçoado se deixar Kent foder
minha cabeça. Terei que lidar com ele mais tarde.
Apesar dos meus membros trêmulos e do estômago embrulhado, eu avancei.
Como sempre faço.
Como eu sei que tenho que fazer.
VINTE E SETE

Blaine

Entro pela porta da frente, exausto, mas satisfeito com a forma como o dia
foi. Uma grande multidão compareceu para a arrecadação de alimentos e alguns
estudantes que não fazem parte da equipe também se ofereceram como
voluntários. Eu mando uma mensagem rápida para Landon quando entro na
cozinha, dizendo que vou pegar algo para comer e tomar banho e que avisarei
quando vir.
Não vi o carro da mamãe na garagem, então posso presumir que ela passou
a noite fora. O carro do papai está aqui, mas ele provavelmente está no escritório.
Pego um sanduíche pré-preparado que Cindy fez e subo as escadas. Então entro no
meu quarto e sou pego de surpresa ao ver meu pai sentado na minha cama.
— Ei, — eu começo, confuso como o inferno enquanto o observo. Por que ele
está no meu quarto? Ele nunca entra aqui. Sua cabeça está baixa, as costas arfando
enquanto ele olha para o que quer que tenha nas mãos. Sou cauteloso quando
observo sua forma, tentando descobrir o que aconteceu. — Pai? Está tudo bem?
Ele levanta a cabeça e não posso acreditar no ódio que vejo em seus olhos. O
olhar duro que ele me dá me faz encolher voltar. Ele se levanta, jogando alguns
papéis em mim, curvando os lábios enquanto me olha com desgosto, fazendo-me
estremecer. — Você me diz.
Eu lentamente me abaixo e pego os papéis, me perguntando o que diabos está
acontecendo, e meu coração para quando vejo o que são.
São fotos minhas e do Silas, no campo.
Deixo cair meu sanduíche, meus joelhos cedendo com a vontade de cair no
chão.
Não não não…
Há dezenas de imagens impressas em páginas separadas - Silas e eu
escapando pela cerca, eu no colo de Silas enquanto olhamos para as estrelas, nós
deitados lado a lado - mas aquelas que me fazem querer que o mundo me engula
todo são muito piores.
São Silas e eu em posições muito comprometedoras. Eles não são da melhor
qualidade, mas isso não diminui a mortificação de meu pai ao vê-los.
Maldito Kent.
Era disso que ele estava falando antes. Por que diabos ele estava lá em
primeiro lugar? Ele nunca está em campo tão tarde. Ele realmente me odeia tanto
assim? O que diabos ele está ganhando com isso? Eu sabia que ele estava com
ciúmes de mim, mas isso é baixo até para ele. Acho que realmente não deveria estar
surpreso, mas estou.
Eu não posso ficar preso nisso. Não quando meu pai parece tão perto de
explodir, não com a forma como meu coração está batendo forte no meu peito, e
não com a forma como minha respiração está soprando rapidamente pelos meus
lábios. Porra, não posso ter um ataque de pânico agora. Faço minha contagem
mental, apertando ainda mais os papéis em minhas mãos enquanto tento me firmar.
Eu diria a ele que não é o que parece, mas obviamente é. Não há como
esconder o fato de que somos Silas e eu nessas fotos, e seria estúpido negar isso
agora. Então, mesmo estando apavorado, acho que é hora de admitir a verdade e
torcer pelo melhor. Silas e eu não estamos mais apenas brincando e não há razão
para mantermos isso em segredo para sempre.
— Silas e eu estamos juntos, — digo sem rodeios, endireitando o peito, pronto
para a resposta dele. — Lamento que você tenha descoberto dessa maneira, mas
estamos namorando. Eu realmente gosto dele e se você vai fazer alguma merda
homofóbica...
— Homofóbico? — meu pai pergunta, olhando para mim com espanto. —
Você acha que eu me importo que ele seja um cara?
Eu congelo, suas palavras me surpreendendo profundamente. — Você não
faz?
— Não, — ele diz exasperado, com o corpo todo rígido de tensão. —O que
me importa é que seja Silas Richards.
— Silas é ótimo, — digo a ele, sabendo que a reputação do meu namorado o
precede, mas ele é mais do que todo mundo pensa. — Se você o conhecesse...
Ele zomba, me interrompendo, seus olhos praticamente esbugalhados. Então
ele abre os braços, com um tom cheio de raiva enquanto olha para mim com
desgosto. — Se eu o conhecesse? O que eu iria saber? O fato de ele ser um futuro
criminoso em formação? Que ele está desperdiçando sua vida? Que ele vai
simplesmente arrastar você para baixo com ele?
Minha raiva aumenta com cada palavra que ele vomita. Silas não é nenhuma
dessas coisas. Ele é perfeito. Bem, não, ele não é. Ele tem muita bagagem e pode ser
um idiota, mas é meu idiota. Meu namorado perfeitamente imperfeito e eu não
deixarei meu pai cagar nele.
— Ele não é assim! — Eu discuto, cruzando os braços sobre o peito enquanto
papai começa a andar. — Silas é melhor do que metade das pessoas com quem você
me cercou durante toda a minha vida. Ele é real e genuíno e me faz sentir eu
mesmo.
— Ele vai arruinar o seu futuro! — ele grita, com o rosto vermelho de fúria.
— Ele é um lixo de trailer, Blaine! Por que você não consegue ver isso? Claro, você
vai se divertir agora, mas ele vai acabar te fodendo. Todos aqueles malditos Aces só
se preocupam uns com os outros!
Não, Silas não faria isso. Talvez antes eu tivesse cedido, mas não agora,
principalmente porque conheço Silas. Eu sei quais são suas esperanças e sonhos e
sei as coisas que o mantêm acordado à noite. Ele se preocupa com os Aces, mas
também se preocupa comigo, e me recuso a acreditar que seja preciso haver uma
escolha.
— Eu realmente gosto dele, — eu digo, precisando que meu pai me entenda
pela primeira vez. Não vou recuar como sempre faço. Estou falando sério e ele
precisa respeitar isso. — Ele tem sido nada além de bom para mim. Você não
percebeu como estou muito mais feliz? — Quero dizer, talvez ele não tenha,
considerando que ele está sempre muito ocupado o tempo todo, mas ainda tenho
esperança de que talvez ele me pegue pelo menos uma vez.
Essa ilusão se desfaz rapidamente, no entanto, quando ele abre a boca um
segundo depois e fala sobre isso.
— É com isso que você se importa? Quão feliz você está? — Ele zomba
novamente, parando de andar incessantemente para me olhar com descrença. —
Você pareceu ser sempre.
— O que mostra o quanto você não sabe sobre seu próprio filho, — respondo,
irritado.
— Aparentemente, eu não conheço você. — Ele me encara com um olhar e
marcha até minha mesa. Ele pega uma pilha de papel e coloca em minhas mãos. —
Eu também encontrei isso.
Olho para o que está em minhas mãos e só agora percebo que as fotos
escandalosas estão espalhadas ao meu redor no chão, viradas para cima, onde as
deixei cair. É como uma faixa de aviso ao meu redor na forma de nus. Bom, e que
se dane também, porque vejo as cópias dos meus pedidos de bolsas acadêmicas. Eu
as joguei na lata de lixo assim que enviei os originais, e meu sangue queima com o
que isso significa. — Você estava bisbilhotando meu quarto?
— Eu precisei! — ele rebate, nem um pouco arrependido. — Primeiro, você
está namorando um bandido e agora está se candidatando a isso? Por que você está
fazendo mais inscrições quando sabemos que está conseguindo uma bolsa de
estudos para a Georgia?
Tem que ser agora. Eu estive esperando e ganhando tempo, mas esta noite é
a noite para todos os tipos de revelações, aparentemente, então foda-se.
— Eu não vou para a Georgia, — afirmo com firmeza, tentando não sentir a
culpa condicionada quando ele engasga. — Pai, não é grande coisa.
Ele levanta a mão brevemente e fecha os olhos, os dentes cerrados enquanto
tenta se acalmar, mas seu tom ainda sai mordaz. — Onde você aplicou?
— Yale, Princeton, Harvard...
Seus olhos se abrem em confusão e aborrecimento. — Essas escolas não têm
o tipo de programa de futebol que a Georgia tem.
— Isso é porque não vou jogar futebol. — É melhor cortar o cordão enquanto
estou nisso. Vamos deixar tudo aberto.
Essa é a gota d'água para ele, porque a próxima coisa que sei é que ele grita
e joga minha cadeira do outro lado do quarto antes de se virar para avançar em
minha direção, fazendo-me recuar.
— O que você quer dizer com não está jogando futebol? — Seu tom é
mortalmente calmo e é o suficiente para causar arrepios na minha pele.
Eu nunca o vi assim antes. Suas palavras lentas e deliberadamente frias
tiveram o efeito pretendido, e toda a preocupação e pânico dentro de mim
explodiram mais uma vez. Eu estava tentando ser forte, mas ele está fazendo de
tudo. Odeio admitir que realmente tremo. Preciso me manter firme e lembrar que
tudo ficará bem. Tem que ser. Esta é a minha vida, o meu futuro, e mereço ter a
palavra final sobre o que acontecerá com isso.
— Eu quero ser um médico. Eu não quero ir para a NFL. — Pareço tão
esperançoso, desejando que ele me entendesse.
— Mas com tudo pelo que você trabalhou...
— Isso foi tudo pelo que você me fez trabalhar! Tudo que você sempre quis!
Você nunca se preocupou em perguntar se eu queria! — Não posso deixar de ficar
mais frustrado quanto mais conversamos porque ele não está me ouvindo e sei que
preciso me manter firme.
— Você é um atleta estrela, Blaine, com tantas promessas. Tudo o que fiz foi
lhe dar um roteiro perfeito para o sucesso que você está arruinando! — Sua
mandíbula está cerrada, em tom defensivo, como se eu escolher não seguir seu
plano o machucasse fisicamente.
— É Yale, pai! — Eu quase grito, precisando que ele entenda. — Não é como
se eu estivesse desistindo. Estou apenas escolhendo uma carreira diferente. Muito
boa também. Por que você não pode se orgulhar disso?
Por que nunca sou o suficiente?
— Passe mais alguns meses com aquele garoto Richards e veremos até onde
você realmente chega.
— Suficiente! — grito, jogando as mãos para o alto, apesar das inscrições
para a faculdade ainda estarem em minhas mãos. — Silas não tem nada a ver com
isso! Tudo o que você sempre quis foi um pônei de exibição trotando atrás de você
para fazer você se sentir bem consigo mesmo! Esta é a minha vida e vou escolher o
que fazer com ela!
Nós dois estamos sem fôlego, um na cara do outro, e nenhum de nós diz nada.
Eu não sou o maldito Blaine Yates perfeito que ele pensa que sou, e ele precisava
ouvir a verdade. Vou seguir a vida que quero, incluindo Silas, e ele precisa
concordar com isso.
Depois de um minuto, suspiro, sabendo que nada será realizado hoje. Eu
queria sair com Landon, mas o que quero mesmo agora é ver Silas e contar a ele o
que aconteceu. Provavelmente é melhor dar algum espaço ao papai também.
Amanhã de manhã poderemos conversar sobre isso como adultos razoáveis.
Tiro as fotos e jogo-as no lixo, junto com os formulários, antes de olhar papai
nos olhos. — Vou sair um pouco.
A mandíbula de papai está cerrada enquanto ele olha para mim como se
nunca tivesse me visto antes. É quase como se ele não me conhecesse, e ele não
conhece, mas de quem é a culpa?
— Você vai ver Silas?
— Sim, — admito, porque não faz mais sentido mentir. — Voltarei mais cedo.
Ele balança a cabeça, os olhos cheios de algo que não consigo ler. —Se você
vai estragar sua vida, faça isso em seus próprios termos. Não se preocupe em voltar
até que você resolva sua merda.
Congelo no meio do caminho para pegar meu sanduíche enquanto as
palavras do meu pai passam por mim. Ele está... ele está me expulsando? Se eu for
até Silas, isso significa que estou escolhendo entre os dois?
De repente fico cheio de raiva porque não precisa ser assim. É só porque
papai não consegue lidar com isso, que eu poderia querer algo que ele não planejou
para mim. Por um breve segundo, penso em ficar. Eu sei que poderia
potencialmente acalmá-lo e, dessa forma, também não teria que lidar com as
consequências.
Eu não vou fazer isso. Esta é uma escolha. Sou eu colocando o pé no chão e
deixando-o saber que ele não vai mais ditar minha vida. Cansei de interpretar o
papel que me foi imposto.
Então, com uma última olhada para meu pai, me viro e saio. Deixo para trás
as besteiras, deixo para trás a fachada e, embora esteja apavorado, deixo para trás
tudo o que já conheci. Então eu mando uma mensagem para Landon para não vir,
dando-lhe alguma desculpa idiota e esperando que ele não fique bravo, mas não
posso pensar nisso agora.
Eu só preciso do Silas.
VINTE E OITO

Silas

Verifico meu telefone pela décima vez em trinta minutos, incapaz de parar o
movimento incessante da minha perna quando vejo que ainda não tenho nenhuma
mensagem nova de Blaine. Desde que começamos a conversar o tempo todo, ele
nunca ficou tanto tempo sem me mandar uma mensagem pelo menos alguma coisa.
Eu sei que ele tinha planos, mas não tenho notícias dele há horas. Ele sempre me
envia alguma mensagem agora. Então o fato de não ter recebido nada está me
deixando nervoso.
Clicando no botão do meu telefone novamente, quase deixo cair a maldita
coisa quando vejo que ainda não há nenhuma mensagem. Porra, estou ficando
louco. Nunca, em um milhão de anos, eu teria pensado que estaria aqui, pronto
para perder o controle por causa de alguém, mas estou.
Jogando meu telefone no balcão, aperto um botão no teclado, dando vida ao
computador. Tenho algumas faturas que preciso cuidar para Whaley, mas meu
cérebro não está nisso. Depois da minha décima tentativa de tentar e não conseguir
fazer um pedido de peça, desisto.
Eu gemo, deixando minha cabeça cair para frente e batendo contra a
bancada com um baque. Sim, isso foi estúpido, e me arrependo instantaneamente
quando a dor surge na minha cabeça, mas estou disposto a aceitar qualquer coisa
que tire minha mente inquieta do meu namorado, que está claramente tentando
me estressar.
— Você está bem? — Whaley questiona, e eu me levanto da minha posição
de descanso, surpreso. Todo mundo está aqui trabalhando, mas eu não esperava
que alguém aparecesse na frente.
— Sim, desculpe, foi só... — Eu nem sei o que dizer, honestamente. Estou
perdido.
— Você estava apenas... — Ele inclina a cabeça para o lado, fazendo sinal
para eu continuar.
Dando de ombros, aponto para o computador. — Fiquei frustrado com a
tecnologia por um momento. Estou bem.
— Realmente?
— Sim. — Estou tentando parecer tranquilizador, mas não consigo dizer se
ele acredita em mim ou não com seu tom neutro. Fico feliz quando ele o deixa cair,
me dando mais algumas faturas antes de voltar para o fundo mais uma vez.
Tento começar a trabalhar então, mas é muito difícil, especialmente quando
mais quinze minutos se passam e ainda não há nada de Blaine. Estou começando a
ficar chateado e preocupado neste momento. Duas coisas que me fazem sentir
irracional pra caralho. Esse é o comportamento típico de um namorado? Será assim
que vai ser daqui para frente? Eu serei amaldiçoado.
— O que está acontecendo com você? — Bunky pergunta, saltando para
sentar no balcão e em cima da pilha de faturas que eu ainda não havia arquivado.
— O que você quer dizer? — Pergunto distraidamente, olhando para o meu
telefone como se aquelas três bolhas mágicas fossem aparecer de repente e
desviando o olhar quando isso não acontece. — Estou bem.
— Whaley disse que você parecia estranho hoje, como se algo estivesse em
sua mente. Me mandou aqui para verificar você, — ele me diz, inclinando-se para
olhar melhor meu rosto antes de cutucar minha bochecha. — Não sei, você parece
bem para mim.
Dou um tapa em sua mão e aponto para a pilha de faturas em que ele está.
— Porque estou bem. Agora mexa sua bunda, você está bagunçando meu trabalho.
— Você ainda não vai nos contar, hein? — Raid diz, encostando-se no balcão
oposto de onde estou, os olhos me perfurando.
Eu não recuo, mantendo seu olhar apesar de me sentir cauteloso. Inspiro
profundamente, expirando lentamente e fazendo o meu melhor para manter o tom
mesmo quando falo em seguida. — O que você quer dizer?
— Sim, o que você quer dizer? — Olho para Bunky, notando a forma como
seus olhos oscilam entre nós. — Estou perdendo alguma coisa?
Raid suspira, ignorando a expressão confusa e um pouco irritada de Bunky.
— Somos irmãos, Silas. Uma família. O que quer que esteja acontecendo, você
deveria saber que pode nos contar. Não importa o que seja.
Meu coração está batendo forte dentro do meu peito e eu mordo o interior
da minha bochecha enquanto tento descobrir o que devo fazer. Eu me sinto uma
merda por eles ainda não saberem, mas o que devo dizer? Sinto que eles não vão
me pegar, e com a preocupação que estou sentindo agora, não acho que seja o
melhor momento para contar a eles sobre Blaine.
Abro um sorriso antes de responder: — Não se preocupe, estou bem.
Raid não vai permitir isso. Ele parece irritado... e talvez até desapontado? —
Você realmente vai continuar jogando esse jogo, hein?
A maneira como ele está olhando para mim, combinada com suas palavras,
está me fazendo sentir com cerca de meio metro de altura e isso me inunda de
culpa.
Eu amo os dois e odeio esconder coisas deles, mas parece necessário,
especialmente quando Blaine deveria ser nada além do meu segredinho sujo. Mas
agora somos mais, então devo poder contar aos meus amigos o que está
acontecendo. Eu deveria ser capaz de compartilhar toda a merda, loucura e
sentimento bom entre Blaine e eu.
E eu quero me gabar. Blaine é meu namorado e tenho orgulho disso. Tenho
o cara mais gostoso em meus braços, que também é inteligente e gentil. Todos
deveriam ter inveja de nós.
Dane-se!
Solto um longo suspiro antes de estender a mão e esfregar minha nuca,
prestes a confessar quando a porta da loja se abre um segundo depois. Meu cara
entra, parecendo frenético pra caralho, com lágrimas secas escorrendo pelo rosto
e cabelo despenteado como se ele tivesse passado os dedos por ele uma dúzia de
vezes.
Ah, porra, não!
Eu me levanto e dou a volta no balcão tão rápido, o assassinato brilhando
atrás dos meus olhos. Eu nem sei o que aconteceu, mas sei que estou prestes a virar
Christian Bale, em um psicopata americano atrás de alguém.
— O que aconteceu? — pergunto, incapaz de conter a fúria em meu tom. —
Apenas me diga a porra de um nome e farei com que eles se arrependam de ter
nascido.
— S-Si, — ele gagueja, lágrimas dançando em seus olhos enquanto ele tenta
controlar sua respiração irregular. Não sei se ele está tendo um ataque de pânico
ou algo assim, mas sei que ele precisa se acalmar.
Não me importando com quem está por perto, eu apenas ajo, sabendo que
Blaine precisa de mim e ele é mais importante do que salvar a aparência agora.
Envolvo um braço em suas costas, puxando-o contra mim enquanto minha outra
mão segura sua cabeça. Então pressiono meus lábios no local ao lado de sua orelha,
passando os dedos pelos seus cabelos, tentando acalmá-lo. Seus braços me
envolvem também, e ele aperta o tecido da minha camisa, como se estivesse
tentando se ancorar em mim.
— Você está bem. Eu sei que é assustador, mas prometo que está tudo bem.
Apenas relaxe. Concentre-se em mim, — eu sussurro, deixando meus lábios
roçarem sua pele com cada palavra. Eu o embalo suavemente quando os soluços se
libertam, e cada choro devastador que ele solta me destrói. — Bebê, você está
seguro. Eu prometo, você está seguro.
Repito essas palavras sem parar, beijando seu rosto, orelha, pescoço, em
qualquer lugar onde meus lábios pousem enquanto tento oferecer a ele todo o
conforto que posso. Não sei quanto tempo ficamos ali na frente da loja, eu o
embalando, o beijando, o segurando enquanto ele volta da histeria, mas não o deixo
ir, nem uma vez.
Não quando consigo sentir o olhar ardente dos meus amigos enquanto nos
observam, e não quando alguém entra pela porta da frente precisando de ajuda. Eu
simplesmente não me importo.
Fodam-se todos agora. A única pessoa que importa é Blaine.
Demora vários minutos, mas ele finalmente se acalma, recuando e
enxugando o rosto para livrar-se das lágrimas, mas eu não o deixo ir. Eu mantenho
minhas mãos em seus lados, na esperança de colocá-lo de volta no lugar.
— Droga, — ele resmunga, os olhos caindo para o chão, recusando-se a olhar
para mim. — Desculpe.
Não vou deixá-lo ficar envergonhado agora. Essa merda foi assustadora pra
caralho para mim e nem fui eu quem teve o ataque de pânico. Eu sei que deveria
ser o mesmo para ele, se não pior.
— Ei. — Inclino seu queixo, forçando-o a olhar para mim. — Não se
desculpe. Você não fez nada de errado.
Tento transmitir com meus olhos o quanto ele significa para mim e como o
que acabou de acontecer não muda nada entre nós. Eu me inclino, dando um beijo
em seus lábios, amando o pequeno suspiro que ele solta e também tentando ignorar
os suspiros coletivos que ouço ao fundo. Definitivamente chamamos a atenção de
todos na loja, não apenas de Raid e Bunky. Eu me concentro no meu cara,
precisando tirá-lo daqui e levá-lo para o nosso espaço seguro o mais rápido
possível.
— Você dirigiu? — Pergunto-lhe suavemente, ainda passando os dedos pelos
seus cabelos.
— Sim. — Ele funga e limpa o nariz com as costas da mão. Droga, eu quero
gritar com ele por dirigir quando ele está assim, porque ele poderia ter se
machucado. Mas não vou, porque ele já está muito sensível agora e não quero
piorar as coisas.
— Venha comigo, — murmuro, agarrando seu braço e continuando a
ignorar as pessoas na loja enquanto o levo para o meu carro antes de abrir a porta
do passageiro. — Entre.
— Onde estamos indo? — Ele pergunta, seus olhos vermelhos e inchados
cheios de confusão quando ele finalmente olha para mim.
— Vou perguntar a Whaley se posso tirar folga o resto do dia, e você vai ficar
sentado aqui até eu voltar. Então vamos para o nosso lugar e você vai me contar o
que aconteceu, — eu digo, ganhando um aceno dele. Quando ele não se move, eu
o pego pelos quadris e o ajudo a entrar no carro, sendo calmo pra caralho antes de
colocá-lo no cinto.
Ele morde o lábio inferior enquanto olha para mim, e não posso deixar de
beijá-lo mais uma vez. Eu o avisei que voltarei antes de fechar a porta e voltar para
a loja.
Ainda tenho horas restantes de trabalho antes de sair, mas não me importo.
Nada poderia me manter aqui por mais um segundo do que o necessário. Não
quando Blaine precisa de mim.
Abrindo a porta, me deparo com três olhares curiosos e quase entrei em
pânico quando percebo que um deles é Whaley.
Merda, porra, droga.
Vejo vários outros caras que estão trabalhando nos fundos me espiando da
esquina, e seria engraçado se eu não estivesse prestes a cagar nas calças de tanto
nervosismo. Sou grato por nenhum deles parecer chateado, crítico ou totalmente
enojado.
— Whaley... — eu começo, minhas bochechas estão quentes e meu estômago
um pouco enjoado, sem saber o que esperar. — Eu preciso ir.
Ele balança a cabeça, olhando para a porta atrás de mim. — Quem era
aquele?
Penso em mentir por um momento antes de perceber que seria inútil e
estúpido. Eles literalmente me viram confortar, abraçar e beijar Blaine. Acho que é
justo dizer que ele é importante para mim.
Endireitando meus ombros, faço o meu melhor para parecer imperturbável
enquanto mantenho seu olhar de frente. — Meu namorado.
Assim que as palavras saem da minha boca, sinto como se o maior peso tivesse
sido tirado dos meus ombros. Eu não percebi o quanto manter esse segredo estava
me afetando.
Whaley me deixa no limbo por dez segundos e sinto um suor frio escorrendo
pela minha pele antes que ele sorria. — Espero conhecê-lo adequadamente em
breve.
Oh, obrigado, porra. — Claro.
Eu relaxo visivelmente. Meus joelhos tremem e quase caio no chão de alívio.
Eu também não sabia o quanto precisava dessa aprovação da minha família.
Sinto-me tão livre, como se pudesse respirar facilmente depois de anos
vivendo apenas pela metade. Não posso evitar o fato de sorrir como uma idiota.
Quando Bunky levanta uma sobrancelha diante da minha expressão e Raid bufa
divertido, eu os deixo de lado por serem tão intrometidos.
Bunky me envolve em um abraço no segundo seguinte antes de se afastar e
me dar aquele seu sorriso travesso. — Eu não posso acreditar que você está
escondendo essa merda. Deveria ter sabido quando você não queria mais festejar
comigo.
— Eu disse que ele estava escondendo alguma coisa, — diz Raid, empurrando
os óculos para cima do rosto enquanto cruza os braços sobre o peito. — Você não
acreditou em mim.
— Você está bravo por eu ter escondido? — Pergunto-lhe. Ele balança a
cabeça, mas não diz mais nada, então eu empurro. — Mas você sabia?
— Você não é sutil e é péssimo em se esconder. Eu descobri semanas atrás,
mas a gota d'água foi você usar o anel dele no pescoço. Você realmente achou que
ninguém notaria?
Bunky franze a testa. — Espere, eu não percebi.
— Isso é porque você é um maldito lunático, Bunk. Sua cabeça está muito
louca para prestar muita atenção ao mundo ao seu redor, — Raid brinca, batendo
suavemente na nuca dele.
— Raid! — Whaley estala, fazendo com que toda a nossa atenção se volte
para ele. Que diabos? Os olhos de Raid se arregalam quando ele observa Whaley
com surpresa, e eu observo o pomo de adão de Whaley balançar, como se ele
estivesse tentando recuperar a compostura. Ele abre a boca para dizer algo antes
de balançar a cabeça, como se quisesse clarear seus pensamentos. — Não é culpa
dele… Apenas pare de ser tão espertinho.
— Sim, cuidado com o que fala, — Bunky provoca, rebatendo Raid de
brincadeira.
Estremecendo ligeiramente, Raid lança a Whaley um último olhar nervoso,
claramente sem entender o que aconteceu. Bem, isso somos dois. Ele então olha
para mim antes de forçar um sorriso e apontar para a porta. — Ok... falaremos
sobre isso mais tarde. Seu cara provavelmente está pirando no carro pensando que
você está levando uma bronca aqui. Vá ver como ele está.
A maneira como ele diz que meu cara faz coisas engraçadas comigo, e não
consigo nem começar a explicar o quanto adoro isso. Droga, eu realmente sou um
idiota apaixonado.
Mas estou aqui para cada segundo.
Eu sorrio, amando a facilidade com que eles aceitaram isso, me aceitaram. Eu
deveria ter pensado melhor, mas o medo é uma coisa poderosa e não tenho medo
de admitir que estava com medo de perdê-los.
— O que você está esperando? — Whaley pergunta, apontando o queixo
para a porta. — Vá cuidar dele. Eu vou te encontrar quando precisar de você.
Eu teria ido embora sem a aprovação de Whaley, mas agora que a tenho,
praticamente corro até o carro. Quando vejo o rosto cheio de lágrimas de Blaine e
a maneira como seus dedos tremem contra a calça jeans, vejo o assassinato
novamente.
VINTE E NOVE

Silas

— Minha caminhonete vai ficar bem na loja de Whaley? — Blaine pergunta


quando estamos subindo os degraus do trailer.
— Sim, a loja é segura, — respondo, abrindo a porta e fazendo sinal para ele
entrar primeiro. — Além disso, todo mundo sabe que você é meu agora, então
ninguém vai mexer com isso.
— Por que isso importa? — Ele estende a mão para passar os olhos ainda
tristes enquanto se inclina contra o balcão.
Vou até ele, passando meus braços em volta de sua cintura e puxando seu
corpo contra o meu. — Porque quando você se tornou meu, você se tornou deles
também. Protegemos o que é nosso.
Sua respiração fica presa e seus lábios tremem enquanto ele me encara com
aqueles olhos devastadores. — Eu precisava ouvir isso. Mais do que você imagina.
— Seu tom é vazio, tão triste, e odeio quem o fez se sentir assim. Inclinando-se para
frente, ele apoia o queixo no meu ombro, as mãos agarrando minhas costas
enquanto ele se agarra a mim. Sinto o toque de seus lábios roçar meu pescoço e
ouço sua inspiração profunda enquanto ele fareja. — Eu amo o jeito que você
cheira agora.
— O que havia de errado com meu perfume antigo? — Murmuro, virando
o rosto para beijar sua bochecha, tentando confortá-lo.
Ele se afasta e sorri maliciosamente. — Aquele cheiro de cigarro era terrível.
— Oh, foda-se, você gostou. Você até me disse uma vez que gostava do meu
sabor.
— Acho que foi o seu lado de bad boy. — Seus olhos me percorrem, suas
mãos se movem para deslizar pela minha barriga, e posso dizer pelo desejo
crescente em seus olhos o que ele quer. — Você apenas faz isso por mim.
Não importa o quão tentador Blaine seja, eu impeço suas mãos de irem mais
longe. Então levo seus dedos aos meus lábios, beijando os nós dos dedos antes de
guiá-lo para o sofá. — Precisamos conversar primeiro.
Ele suspira, fechando os olhos e recostando-se na almofada. — Eu sei.
Jogo meu braço em volta do encosto do sofá e dele, lançando um olhar que
não é para ele, mas caramba, estou chateado. — Apenas me diga quem eu preciso
matar.
— Ah, você mataria por mim? — ele pergunta, seus olhos piscando
lentamente. Então ele me lança uma piscadela provocadora enquanto esfrega uma
mão para cima e para baixo no meu braço. — Você envergonha todos os outros
namorados, sabe? Eu tive sorte.
— Você já deveria saber disso, — eu zombei. — Eu disse que sou possessivo.
— Eu sei, — ele sussurra, inclinando-se para dar um beijo rápido em meus
lábios antes de descansar novamente. — Eu amo que você seja.
— Bom, — respondo, interrompendo-o, porque preciso deixar uma coisa
clara. — Não importaria se você não amasse, eu ainda seria assim.
— Não estou surpreso. — Ele sorri, tentando esconder a tristeza que tomou
conta dele.
Estendo a mão, colocando as mãos dele em seu colo, precisando que ele
continue com isso, porque não aguento o atraso por muito mais tempo. — Bebê,
você está enrolando.
Odeio o fato de precisarmos conversar sobre o que aconteceu, porque no
segundo em que o chamo, seu rosto desaba. Toda aquela provocação divertida e
alegre desapareceu, e posso ver o Blaine que entrou na loja há menos de uma hora.
Seus olhos lacrimejam novamente, e eu faço o meu melhor para pegar as
gotas que caem enquanto ele tenta juntar as palavras. — Porra, desculpe. É muita
besteira. Ainda estou tentando entender tudo isso.
— Apenas me diga o que aconteceu, — eu digo suavemente, tentando
persuadi-lo. — Nós podemos lidar com isso.
— Kent-mandou-fotos-de-nós-no-campo-de-futebol-outra-noite-para-
meu-pai, — ele diz de uma só vez, olhos de coruja olhando para mim enquanto
espera pela minha reação.
Fico atordoado, as palavras não sendo registradas por um momento.
Mas então eles fazem.
Que porra é essa?
— Eu vou matá-lo, porra! — Eu rosno, não soando como eu.
Vou quebrar a porra do crânio dele e alimentá-lo com as próprias tripas
antes de enterrá-lo vivo a dois metros de profundidade.
— Si, acalme-se! — Blaine grita, e só agora percebo que me levantei e
marchei até a porta quando ele me puxa de volta.
— Explique. — Minha voz está trêmula, cheia de ira que estou tentando ao
máximo reprimir para não descontar no meu cara.
— Acho que ele nos viu, — diz ele enquanto me leva de volta ao sofá. — Eu
o vi hoje e o idiota estava me provocando. Ele basicamente deu a entender que sabia
o que aconteceu, mas não disse isso abertamente.
— Blaine... — Eu ainda estou tremendo de raiva enquanto tento me livrar
dele, pronto para fugir da cena e caçar aquele idiota. — Me deixe ir.
— Pare, — ele implora, ainda tentando me puxar de volta. — Si, nada de bom
virá de você enlouquecer.
Inspiro e expiro lentamente, tentando acalmar meu coração acelerado. Se
não fosse pelo aperto de Blaine, eu já estaria voando por aquela estrada de terra e
indo em direção à casa daquele idiota agora. Blaine finalmente consegue me
colocar de volta no sofá, mas meu corpo ainda está vibrando, pronto para lutar. Eu
não luto mais com ele, porque sei que ele está certo. Se eu não me acalmar, acabarei
matando Kent.
— Quando cheguei em casa, meu pai estava no meu quarto e me mostrou as
fotos. Ele surtou com o fato de eu estar com você.
— Eu sabia que ele iria virar-se sobre mim. — Afasto minha mão para passar
os dedos pelos cabelos, tentando apagar o inferno ardente de emoções que me
inundam.
— Não era nem sobre você ser um cara também. Foi por causa dos Aces. —
Ele balança a cabeça em desgosto. — Lamento que ele seja assim. Eu defendi você.
Tentei fazê-lo ver a razão, mas ele não estava ouvindo.
Suas palavras aquecem meu estômago e sinto um aperto no peito. Ninguém
fora da gangue e da minha família jamais me defendeu antes. A vontade de chutar
os dentes de Kent ainda está lá, mas o cuidado de Blaine comigo está me acalmando
um pouco.
— Ele passou pelo meu quarto. Ele viu minhas inscrições para outras bolsas
e ficou louco. Ele estava mais chateado com seu sonho estúpido de futebol, do que
com o que eu quero na vida. — Blaine balança a cabeça, seu lábio inferior
balançando enquanto ele tenta se manter forte. — Eu não deveria estar surpreso,
mas no fundo, eu realmente pensei que ele me deixaria ficar com isso. Que se ele
visse o quanto isso significava para mim, ele aceitaria. Por que não posso ser bom
o suficiente para ele?
Adiciono mentalmente o prefeito Yates à minha lista de assassinatos. Acho
que vou começar a colecionar nomes como Aria Stark. Tenho a sensação de que
com essa merda de namorado, adicionarei pessoas semanalmente à pilha de abate.
Droga, isso é perigoso, e o psicopata dentro de mim está ansioso por isso. Eu
deveria investir em uma arma. Eu me pergunto se Whaley me daria uma…
— O que aconteceu depois? — Pergunto depois de alguns tensos momentos
de silêncio. — Você brigou e foi embora?
— Nós brigamos, tudo bem, — ele murmura, abrindo e fechando os punhos
em volta da calça jeans. — Ele me expulsou.
Sacudo a cabeça, pois é impossível que eu tenha ouvido direito.
Quero pirar com o que o pai dele fez, mas sei que não é disso que ele precisa
agora. Então, em vez disso, tento manter a calma porque é o melhor para ele.
É que família é tudo, aprendi isso durante toda a minha vida, então o fato de
meu namorado ter sido expulso como se fosse notícia de ontem pelo próprio pai...
Não, esqueça o assassinato básico, vou arrancar os membros do pai de Blaine.
Membro por membro, então pessoalmente entregarei suas peças para o Inferno.
— Sim, ele me disse se eu fosse embora para não voltar, — ele sussurra, sua
voz saindo trêmula e áspera. — Acho que posso dormir na casa do Landon ou algo
assim...
Estreito um pouco o olhar. Certamente ele não acha que vou deixá-lo ficar
em outro lugar além de mim? — Foda-se. Você vai ficar comigo.
As palavras saem da minha boca antes mesmo que eu possa pensar sobre isso.
Talvez eu devesse estar mais assustado com o fato de que basicamente pedi a Blaine
para morar comigo, mas não me importo. Meu bebê precisa de mim e isso é tudo
que importa.
Seus olhos voam para os meus enquanto ele abre e fecha a boca, quase como
se não soubesse o que dizer. — Eu... Você não sabe o que está dizendo. Isso é um
grande negócio.
— Eu sei o que estou dizendo e você é meu. Eu serei amaldiçoado se eu deixar
você ficar em qualquer lugar que não seja comigo. — Estendo a mão e seguro suas
bochechas, passando o polegar ao longo de seu lábio inferior trêmulo. — Seu pai é
um idiota, e sinto muito por ele ter feito isso com você, mas você precisa saber que
está seguro comigo. Que você sempre tem um lugar aqui.
— Eu não sei o que dizer.
Faço uma pausa, empurrando seu cabelo para trás para poder pressionar
minha testa contra a dele. — Dói-me que ele tenha machucado você. Não levo
nosso relacionamento levianamente. Quando eu disse que você era meu, eu estava
falando sério.
— Silas, — ele sussurra entrecortado, desmoronando contra mim. —
Obrigado.
Eu o trago para mais perto, segurando-o enquanto ele vibra de nervosismo.
Eu só quero ajudar, só quero tirar toda a dor dele e mostrar o quanto ele significa
para mim.
Dou um beijo em sua nuca, esfregando círculos suaves em seus braços. —
Vai ficar tudo bem.
Pode não parecer, mas vai estar. Não vou deixar ninguém tratar Blaine dessa
maneira. Não importa o que aconteça, farei tudo ao meu alcance para garantir que
ele passe por isso o mais ileso possível.
Tentei confortá-lo com minhas palavras, mas nunca fui tão bom com elas. Se
minha declaração não puder demonstrar isso adequadamente, eu sei o que o fará.
Dou-lhe outro beijo, desta vez arrastando meus dentes contra o lóbulo de sua
orelha enquanto minha mão passa para esfregá-lo através de sua calça jeans. —
Como posso tornar isso melhor para você? O que você precisa?
— Eu preciso de você, — diz ele, com a respiração ofegante enquanto vira a
cabeça para pegar meus lábios. — Faça-me esquecer.
Concordo com a cabeça, inclinando lentamente nossos lábios. Se ele quer
esquecer, eu ajudo com isso. Posso fazê-lo sentir-se bem, sentir qualquer coisa além
da dor que está sentindo. Vou tirar tudo porque quero que Blaine apenas relaxe,
esqueça tudo, e eu saiba exatamente o que fazer.
— É a minha vez. Quero que você me foda desta vez, — murmuro contra
seus lábios antes de levantar uma sobrancelha, esperando sua reação. — A menos
que você não queira, nenhuma pressão ou algo assim?
— Eu... Claro que sim, — ele gagueja, virando-se totalmente para me
encarar. Seus grandes olhos cinzentos procuram os meus enquanto suas mãos
seguram meu rosto. — Tem certeza?
Dou de ombros, tentando parecer relaxado quando na verdade estou muito
nervoso. Não quero que Blaine veja minha preocupação. Estou querendo isso há
algum tempo. Tenho pensado em como seria ter todas as suas estreias e dar a ele
uma das minhas, e este parece ser o momento certo. — Eu quero tentar com você.
Ele engole em seco, tremendo um pouco enquanto minhas palavras são
absorvidas. Depois disso, caímos um no outro, com as mãos se agarrando
desesperadamente para nos livrar de cada camada entre nós. É tudo tão rápido, a
necessidade e o desejo crescem entre nós a cada segundo que passa.
Uma vez que estamos nus, ele me deita no sofá, seu grande corpo pairando e
me prendendo contra o couro. A posição faz nossos anéis tilintarem, e sou inundado
com sentimentos de conforto, segurança e também pura possessividade, porque é
um lembrete de que ele é meu tanto quanto eu sou dele. Ele pega o lubrificante da
mesa lateral e posso ver seus dedos tremendo enquanto ele os cobre. Me faz sentir
melhor saber que ele está tão nervoso com isso quanto eu.
Sempre tentei fingir, nunca querendo que ninguém visse qualquer tipo de
fraqueza. Eu precisava ser forte pela minha mãe, pelos meus amigos e pelos Aces,
mas não preciso fingir quando estou com Blaine. Nunca houve nenhuma besteira
entre nós. Eu vi cada lado dele, conversei com ele sobre seus ataques de pânico e o
consolei quando não tinha ideia do que estava fazendo.
Ele falou sobre o quanto as pessoas tiram dele e como são gananciosas em
dar qualquer coisa em troca, e eu não serei adicionado a essa lista.
Quando sinto seus dedos frios deslizando entre minha dobra, provocando
suavemente meu buraco, estremeço. — Vai doer? — Não posso deixar de
perguntar.
Seus olhos brilham de surpresa, mas suavizam rapidamente. Posso ver a
confiança crescendo nele lentamente, e é exatamente isso que eu quero. Ele balança
a cabeça. — Vai parecer desconfortável por um tempo, mas depois é bom.
— Só... — Eu limpo a garganta, abrindo mais as pernas para ele enquanto me
mudo para ficar mais confortável. — Porra, vá devagar.
— Claro, Si, — ele diz docemente, tão terno que faz coisas engraçadas no
meu coração. Antigamente eu teria afastado essas emoções, jurado que não as
sentia, até mesmo amaldiçoado sua existência, mas não sinto agora.
Quando um dos dedos de Blaine entra lentamente em mim e minha
respiração falha, abraço todos aqueles pensamentos que costumava deixar de lado.
Quão forte ele é físico e mentalmente, quão compassivo ele é, quão generoso ele é
com aqueles que não merecem. Enquanto ele me abre, deixando-me ajustar à breve
picada antes de adicionar outro dedo, me permito sentir o quanto ele me mudou.
Ele me fez querer mais da minha vida, mais do que jamais pensei ser possível, e sou
grato por isso.
Quando ele reivindica meus lábios em um beijo suave, envolvo meus braços
em volta de seu pescoço e o arrasto contra mim. Posso sentir seu pau vazando
contra meu estômago e arqueio as costas para nos dar um atrito muito necessário.
— Foda-me, — eu suspiro, jogando minha cabeça para trás quando ele
adiciona outro dedo. — Por favor, estou pronto.
Ele se senta, seus olhos traçando um caminho do meu pau desesperado até
meu peito, até meus lábios e finalmente pousando em meus olhos. Porra, eu amo
seus olhos. Adoro cair no abismo cinza-gelo com aquelas pequenas manchas azuis.
—Podemos fazer assim? — Ele pergunta, as mãos deslizando pelas minhas
coxas. — Eu... eu quero ver você.
Meu pobre bebê, tão vulnerável para mim. Normalmente transamos com ele
de quatro, mas não quero isso agora. Quero ser capaz de olhar naqueles olhos
hipnotizantes, beijar aqueles lábios carnudos, ver ele desmoronar. Antes que ele
possa discutir ou dizer qualquer coisa, eu o empurro de cima de mim. Ele parece
chocado até eu subir em seu colo.
— Si…
— Assim, — eu sussurro, fixando os olhos nele enquanto estendo a mão e
agarro seu pau. — Não tire os olhos de mim.
Ele balança a cabeça, lambendo os lábios em antecipação enquanto eu me
levanto. Então pressiono a cabeça de seu pau contra meu buraco, prendendo a
respiração enquanto observo o primeiro centímetro. Porra, ele está certo, é
estranho. É tão estranho, mas mantenho meu foco em seu rosto, na maneira como
sua respiração falha quando desço um pouco mais, e na maneira como ele olha
para mim com tanta ternura que me faz esquecer da dor e do desconforto.
Quando minha bunda encontra suas coxas e ele está totalmente dentro, eu
caio em cima dele. Deixo meu rosto cair em seu pescoço, lambendo e chupando
sua pele enquanto ele esfrega as mãos nas minhas costas.
— Você se sente tão apertado. — Ele ri entrecortado, quase como se estivesse
sem fôlego. — Você se sente tão perfeito.
Eu solto um bufo irritado. Perfeito nunca foi uma palavra usada para me
descrever, mas quando Blaine diz isso com tanta reverência, quase parece verdade.
— Me dê um segundo.
Ele balança a cabeça, continuando a me dizer o quão ótimo eu sou, o quão
quente estou e o quão feliz ele está. Todas aquelas palavras que eu nunca soube que
precisava passam por seus lábios e eu caio mais fundo em nós. Então me sento,
apoiando as mãos em seus ombros e beijo seus lábios antes de começar a balançar
os quadris. Não tenho ideia do que diabos estou fazendo, apenas tentando
encontrar o ritmo certo para que isso seja bom para nós dois. Estou experimentando
no início, me acostumando com a sensação dele dentro de mim, mas depois de um
segundo, começa a me sentir bem.
Muito bom.
— Sim, monte meu pau, Si, — ele ofega, segurando meus quadris. —Cristo,
olhe para você. Você está me aceitando tão bem. Você gosta do meu pau na sua
bunda?
Eu gemo, minhas bolas apertando quando dou um tapa em seu ombro. — Se
você continuar falando assim eu vou gozar rápido demais.
Maldito seja, ele sempre consegue me deixar maluco tão rápido quando
começa a falar, me excitando tanto.
— Você gosta da minha boca suja, — ele brinca, passando as mãos pelo meu
peito para brincar com meus mamilos. — Deixa você quente.
— Foda-se, — eu rosno, recuperando o poder quando puxo apenas até sua
cabeça e bato de volta no seu colo. Ele engasga, choramingando quando faço isso
de novo, e eu apenas rio.
Ele morde o lábio inferior, segurando a mão sobre meu coração com
nervosismo nos olhos. — Você é incrível, Si.
Porra, sempre tenho que encontrar uma maneira de me superar. Minha
respiração falha porque ele é tão genuíno. E tão, porra, meu.
E eu estou fodendo com ele.
E algo nesse pensamento me deixa pronto para explodir.
Capturo seus lábios, caindo completamente sobre ele, esmagando-o com meu
peso. Ele não se importa, apenas me abraça contra seu peito enquanto nossa
respiração fica sincronizada quando eu diminuo o movimento dos meus quadris.
Isso é mais do que apenas foder. Isso é mais do que sexo quente e sujo só para gozar.
— Tudo vai ficar bem, — eu sussurro em seu ouvido, me interrompendo com
um gemido enquanto meu pau se arrasta contra seu abdômen duro. — Porra,
querido, estou perto.
— Eu estou... porra, sim, estou gozando, Si, — ele grita, segurando minha
bunda enquanto empurra dentro de mim. — Goze comigo. Goze, porra.
Eu nem sei como isso é possível, mas eu faço. A fricção áspera de sua pele
contra meu pau, o calor enchendo minha bunda, a forma como Blaine me beija
através disso – tudo isso me faz desmoronar, e eu gemo, derramando-me entre nós
e marcando sua pele com meu esperma.
Nós dois estamos ofegantes, mas isso não me impede de beijar seus lábios,
desejando que o tempo parasse aqui. Eu me inclino um pouco, demorando para
esfregar meu esperma em seu abdômen, ganhando uma risada suave.
— Você realmente é um filho da puta possessivo, — ele murmura, me
empurrando para que eu deslizo de seu pau. Então seus dedos deslizam pela
bagunça que sai da minha bunda. — Mas eu também.
Eu o beijo novamente, aproveitando os sons suaves de satisfação que saem de
seus lábios. Não sei quanto tempo ficamos assim, mas quando sinto sua respiração
começar a mudar, percebo que ele está começando a adormecer.
— Descanse, bebê. — Beijo seu cabelo molhado de suor. — Estou aqui.
— Silas, — ele murmura, os olhos se abrindo ligeiramente para olhar para
mim. — Eu estou assustado.
Balanço a cabeça, tentando tranquilizá-lo da melhor maneira que posso. —
Não fique. Te peguei. Eu prometo. Vou me certificar de que você esteja bem
cuidado. Não importa o que.
Ele acena com a cabeça, os olhos se fechando novamente. — Você promete?
— Sim, Blaine. Eu faço. — E eu quero dizer isso.
Não importa o que aconteça, ele estará seguro comigo, e não tenho medo de
incendiar o mundo para que isso aconteça.
TRINTA

Silas

Entro furtivamente com Blaine no trailer da minha mãe na manhã seguinte,


antes da escola, para que ele possa tomar banho.
Empurrando Blaine para trás, tento ficar quieto para não acordar minha
família. Seria divertido tentar explicar a todos se fôssemos pegos. Eu realmente
preciso conversar com Whaley sobre como colocar água no trailer.
Pego algumas roupas do meu antigo quarto, pensando em Liza e June que
estão dormindo lá, depois volto para o banheiro no momento em que Blaine está
entrando no chuveiro. Encostado na porta fechada, mordo o lábio em apreciação
ao ver como ele fica bem nu com água escorrendo sobre ele.
Gosto do fato de que ele logo estará coberto pelo cheiro do meu sabonete
líquido. Estou reivindicando, marcando e possuindo meu território completamente.
Tirando minhas roupas, vou atrás dele, quase deixando nossos corpos
alinhados com o quão pequeno é o espaço. Ele gira, nos deixando cara a cara antes
de me dar um sorriso cheio de dentes.
— Você não se cansou ontem à noite... e esta manhã? — ele sussurra
divertido.
— Eu nunca vou me cansar de você, — murmuro, dando um beijo úmido em
seus lábios, fazendo-o corar.
— Você diz a merda mais doce às vezes.
— Sim, bem, não se acostume com isso. Eu ainda sou um idiota, — eu
provoco, não querendo admitir que ele me tem enrolado em seus dedos, mesmo
sabendo que estou completamente derrotado. Ele revira os olhos, me observando
ensaboar um pano com meu sabonete. — Agora, vire-se e deixe-me lavar suas
costas.
Ele faz o que eu digo e gosto da forma como seus músculos flexionam sob
meu toque. Começo a trabalhar, ensaboando-o e desejando como o inferno que
tivéssemos mais tempo para poder apreciar a forma como sua pele parece toda
ensaboada. Terei que fazer isso acontecer em breve.
Eu o giro, prestando atenção extra em seu peito e estômago antes de deslizar
para o seu... — Não, — ele grunhe, afastando minha mão antes que eu possa tocar
seu pau.
— Mas você precisa ser limpo. — Finjo inocência, mas ele não acredita. Ele
sabe onde está minha mente. Como ele não poderia?
— Se você começar isso, não vamos parar, e agora não é o momento para
isso. — Ele balança a cabeça, pegando o pano de mim e se limpando bem antes de
enxaguar.
— Estrague minha diversão, — faço beicinho, mesmo sabendo que ele está
certo. Não consigo me controlar no que diz respeito a ele.
Eu me lavo rapidamente, tentando não gemer quando Blaine sai para se secar
antes de vestir as roupas que peguei para ele. Ele está vestindo minha boxer e minha
camiseta preta lisa, consolidando o fato de que ele é meu.
Deus, por que isso é tão quente?
Quando ele veste o jeans de ontem, faço uma nota mental para perguntar a
Bunky ou Raid se eles têm algum jeans simples que Blaine possa pegar emprestado.
Eu só tenho pretos, e ele se destacaria demais com eles. Felizmente, sua jaqueta
letterman pode esconder sua camisa.
— Vou pegar uma escova de dente e um desodorante para você, — digo a ele
enquanto saímos do banheiro.
— Não se preocupe com isso, — ele sussurra, mantendo a voz baixa para não
acordar ninguém. — Eu guardo essas coisas no meu armário para depois do treino.
De agora em diante, vou colocá-lo na minha caminhonete.
— Isso funciona. — Dando mais um beijo em seus lábios, vamos para a
cozinha e eu vasculho os armários em busca de comida. — Você gosta de PB&J? —
Eu questiono, me sentindo mal por não ter mais opções para dar a ele. Ele balança
a cabeça, recostando-se no fogão enquanto retiro os ingredientes. — Desculpe, não
temos uma grande seleção, — digo a ele, espalhando uma quantidade generosa de
manteiga de amendoim no pão. — Eu sei que não é muito, mas...
Sua mão se estende para cobrir a minha e eu olho para encontrá-lo olhando
para mim. Droga, eu o irritei?
— Você tem que parar de se rebaixar, — ele diz severamente, seus olhos
fixando os meus com tanta intensidade. — Eu não gosto quando você faz isso. Eu
não me importo com a comida, sua casa ou suas roupas, Si. Eu só me importo com
você.
Droga, ele me faz sentir... um monte de merda confusa, borbulhante e
profunda.
— Não tenho vergonha de quem sou, só queria poder fazer mais, só isso. Você
merece o melhor. — É a verdade, independentemente do quanto ele queira adoçar.
— Eu poderia dizer o mesmo de você, sabe? — ele me diz, me dando um
último aperto antes de se afastar.
— Mas nós dois sabemos que você é melhor do que eu.
— Silas, — ele avisa, e eu levanto as mãos, não querendo brigar. Ele tem que
ver que pode fazer muito melhor do que eu.
Ele suspira, pegando o sanduíche e amassando o pão com força antes de dar
uma grande mordida, o tempo todo olhando para mim.
— Ainda não terminamos de falar sobre isso, — ele murmura com a boca
cheia. — Meu namorado é o melhor e ele precisa começar a perceber isso.
— Boa sorte querido. Há anos venho tentando dizer isso a ele, mas ele não
escuta.
Eu estremeço, os olhos voando para onde minha mãe está encostada na
entrada da cozinha, com o cabelo desgrenhado do sono e vestida com um roupão
roxo. Os olhos de Blaine estão arregalados de horror, as bochechas ligeiramente
inchadas e ainda cheias de comida.
— Oh meu Deus, — diz ele, engolindo a mordida com tanta força que sei
que ela pode ouvir. — Senhora... eu... nós...
— Blaine, — eu o interrompo, agarrando sua mão e tentando fazer com que
ele se concentre em mim antes que seu pânico tome conta. — Tudo bem.
Ele olha para mim e vejo uma dúzia de expressões em seu rosto enquanto ele
tenta relaxar. — Desculpe. Acabei de revelar você na frente da sua mãe. Arruinei
sua chance de falar com ela. Eu só...
— Ei. — Estico a mão e pressiono um dedo contra seus lábios para
interromper sua divagação. — Está tudo bem e não é sua culpa. Está tudo bem.
Ele ainda parece preocupado, mas finalmente concorda, com as mãos
cerradas na frente da minha camisa. Seus olhos se fecham e ele balança a cabeça.
— Sinto muito, esses ataques estúpidos estão cada vez piores.
— Não se desculpe. Sua mente está mexendo com você, tentando te distorcer,
— eu digo, arrastando meus dedos por seu cabelo levemente úmido. — Mas eu
prometo que está tudo bem.
Ele respira profundamente, abrindo os olhos lentamente enquanto tenta fazer
o possível para sorrir. — Obrigado.
Beijo sua têmpora, segurando-o contra mim enquanto olho para minha mãe
por cima do ombro.
Ela parece preocupada, e eu aceno sutilmente a cabeça, informando que
explicarei mais tarde. Ela entende a dica, apontando o polegar para trás. — Si, vou
tomar banho. Falarei com você daqui a pouco, certo?
— Sim, mamãe.
Depois que ela vai embora, eu me afasto de Blaine, jogando fora seu
sanduíche caído e fazendo um novo para ele. Então pego um refrigerante para ele
na geladeira e o levo até sua caminhonete. Nós passamos Whaley antes de vir para
cá, e estou feliz porque preciso voltar e falar com minha mãe o mais rápido possível.
— Estou tão envergonhado, — ele geme, deixando cair o rosto entre as mãos.
— Não acredito que agi assim na frente dela. Ela vai dizer para você correr para as
colinas.
Eu rio, abrindo a porta e ajudando-o a entrar. — Não, ela já viu coisas piores.
Confie em mim.
— Sinto muito, — ele diz, mas eu o silencio com um beijo.
— Pare com isso. Está bem. Eu prometo. — Eu aceno para ele e dou uma
olhada para verificar se ele está realmente bem. — Você vai ficar bem indo para a
escola?
Ele balança a cabeça, colocando o refrigerante e o sanduíche nos porta-
copos. — Não se preocupe comigo.
— Impossível. — Eu o beijo mais uma vez antes de recuar e fechar a porta.
Ele abaixa a janela e inclina a cabeça para o lado. — Espere, você não vem
comigo?
— Estarei lá mais tarde. Tenho que resolver algumas coisas primeiro.
Ele liga a caminhonete, o rosto contraído enquanto morde o lábio inferior. —
Peça desculpas à sua mãe por mim. Eu realmente me sinto um idiota. Terei que me
apresentar adequadamente da próxima vez. Levar um presente para ela. Ela gosta
de flores? Sinto que todas as mães gostam de flores. Você sabe, o supermercado faz
um...
— Bebê, você está divagando, — digo a ele, pressionando um dedo em seus
lábios brevemente.
Suas bochechas coram com minhas palavras. — Sim. Não aguento mais tanta
vergonha em um período de vinte e quatro horas.
Ele está brincando, mas as palavras me cortam profundamente. Então vou até
a janela dele, apoiando os cotovelos no parapeito enquanto me inclino. — Piadas à
parte, você não precisa se sentir assim comigo. A merda está uma merda agora e
sua cabeça está cheia de lixo, mas eu prometi a você que ficaria tudo bem. Eu não
estava brincando ontem à noite. Você é meu e está seguro comigo.
Seu rosto se transforma em um sorriso e ele solta um pequeno suspiro. — É
tão cafona, mas nunca vou superar ouvir você dizer isso.
Reviro os olhos e me afasto da caminhonete. — Sim, sim. Agora, vá para a
escola para não se atrasar. O menino de ouro não pode se atrasar para as aulas, o
que as pessoas pensariam? — Eu provoco, e ele ri enquanto coloca o cinto de
segurança.
— Talvez seja a hora do menino de ouro se rebelar.
— Oh, agora que posso ficar para trás. Devemos furar suas orelhas? Talvez
fazer algumas tatuagens?
Ele franze os lábios, não parecendo gostar da ideia. — Não sei se iria tão
longe. — Seus olhos caem em meus ouvidos um momento depois. —Embora seus
piercings nas orelhas sejam quentes.
Foda-me. O tom rouco de sua voz combinado com a memória dele chupando
minha orelha entre os lábios é demais.
— Não me olhe assim ou você nunca irá embora, — resmungo, odiando que
não estejamos em um ambiente mais privado.
— Você só vai ter que esperar até mais tarde, — ele diz, me dando uma
piscadela de despedida antes de se afastar e me dando nenhuma escolha a não ser
olhar para ele.
O idiota fez isso de propósito.
Suspiro, olhando para o céu e faço um círculo lento enquanto tento acalmar
meu pau. Acontece que isso não é uma tarefa difícil quando me lembro que mamãe
está lá dentro esperando por mim. Eu a conheço e não acho que ela vá pirar, mas
nunca fiz isso antes, então não sei o que esperar.
Decidindo que não posso adiar mais, entro, avistando mamãe imediatamente,
e luto contra um gemido ao ver o olhar brilhante em seus olhos. Não digo nada,
sento-me ao lado dela no sofá enquanto espero pelo seu interrogatório.
— Então... — ela começa, girando para me olhar melhor. — Foi ele quem
deixou aquele chupão no seu pescoço que eu vi na lanchonete? — Droga, esqueci
disso. Assentindo, eu mordo o interior minha bochecha enquanto espero para ver
o que acontece a seguir. Ela bate no meu braço e me repreende. — Você poderia
ter me corrigido quando usei os pronomes errados, sabe? Eu me sinto mal agora.
— Ai, porra, mamãe, — eu lamento, esfregando o local.
— O quê? Você mereceu isso, — ela me diz, me dando um soco forte no peito
para garantir.
Mordo meu lábio inferior, surpreso com a reação dela. — Então, você não se
importa que ele seja um cara?
Ela exala lentamente antes de segurar minhas mãos e apertá-las com firmeza.
— Nunca, Si. Eu sei o que é estar com alguém com quem a sociedade diz que você
não deveria estar. Depois de tudo que passei com meus pais, eu nunca faria isso
com você.
Eu não pensei sobre isso, mas ela está certa. A história dela é muito parecida
com a de Blaine, menos a rica dinâmica familiar. Minha mãe veio de uma educação
religiosa e, no segundo em que seus pais descobriram sobre meu pai, reagiram
como o prefeito Yates.
Ela escolheu meu pai no final e não fala com a família há anos. Eu olho para
ela, pensando em quão forte ela é. Como ela conseguiu superar toda a merda difícil
e ficar bem. Não posso deixar de me perguntar se ela se arrepende de sua escolha.
E se ela deseja ter escolhido diferente, especialmente depois de tantos anos sem meu
pai?
Eu pondero onde Blaine e eu estaremos nos próximos cinco anos. Acabarei
como meu pai: um criminoso preso? Eu não estava brincando quando disse que
Blaine poderia fazer melhor. Ele realmente poderia e também merece. Eu não
deveria algemá-lo a mim, mas a ideia de deixá-lo ir me dá vontade de esfaquear
alguém.
— Silas?
— Você se arrepende? — Eu deixo escapar, precisando das respostas para
as perguntas dentro da minha cabeça antes que elas me consumam.
Seu rosto se contrai em confusão. — Arrependo-me do quê?
— Deixar sua família? — Eu pergunto curiosamente. — Escolher o papai?
— Nem um único dia, — ela diz rapidamente, sem sequer ter que pensar
sobre isso.
— Realmente? — Eu sei que ela não mentiria, mas sou cético.
— De onde vem isso? — Ela questiona enquanto passa o polegar por cima
da minha mão.
Mordendo o lábio inferior, penso no que dizer a ela. Blaine não queria que
ninguém soubesse, mas sinto que ele não se importaria se eu contasse a ela. — O
pai de Blaine descobriu sobre nós ontem à noite. Ele pirou e o expulsou.
Claro, há mais nessa história, as bolsas de estudo de Blaine e o fato de ele não
querer jogar futebol, mas não posso deixar de sentir que é tudo culpa minha. Como
se eu não tivesse me envolvido com ele, nada disso estaria acontecendo em primeiro
lugar.
Seus olhos brilham de compreensão. — E você está preocupado que ele se
arrependa de você?
Não há razão para esconder os sentimentos fodidos dentro de mim. Não da
mamãe. — Algo assim.
— Eu não sei, — ela fala lentamente, estalando a língua para mim. —Pelo
que ouvi, ele parece bastante investido.
Isso me faz sorrir, apesar da guerra que assola dentro de mim. — Sim, ele é
outra coisa.
— Isso não é uma coisa ruim, — ela insiste, com um pequeno sorriso nos
lábios enquanto me avalia. — Parece que você precisa de um chute rápido na
bunda.
— Ei, agora. Você deveria estar do meu lado, — respondo, embora esteja feliz
por ela não estar perturbada por essa coisa enorme que deixei cair em seu colo.
— Ele tinha alguns pontos válidos. Você é tão negativo consigo mesmo e não
deveria ser porque é um cara legal.
Reviro os olhos, sabendo que ela está falando merda. — Não são todas as mães
que têm que dizer isso aos filhos? É como uma coisa.
Ela estreita o olhar antes de balançar a cabeça rapidamente. — Isso é uma
mentira. Acho que nunca chamei Ryker de bom garoto.
— Isso é verdade. — Eu bufo, não há espaço para discutir agora.
Eu amo meu irmão, mas Ryker é um desastre ambulante que você não se pode
deixar de observar, mesmo quando deveria desviar o olhar.
— Ele é muito parecido com o seu pai, — ela murmura, aquele olhar distante
que ela tem quando pensa neles.
— Eu sei, — digo com remorso. Ele realmente é, é por isso que ele estava
sempre em apuros.
— O que posso fazer? — Ela me dá um sorriso triste. — Eu amo os dois,
mesmo quando eles fazem besteira.
— Porque você é a melhor... — Depois de alguns momentos, sinto a
necessidade de esclarecer mais uma vez enquanto tento esconder a preocupação
em meu tom. Não sei por que estou tão nervoso, mas a ideia da rejeição dela me
mataria. — Então, você está realmente bem com Blaine e eu?
— Claro, Silas. — Ela ri e aperta minhas bochechas. — Só espero que ele te
faça feliz.
— Chega, mamãe. — Não acredito que estou corando quando bato levemente
em suas mãos. — Bem, ele me faz feliz.
— Ah, olhe para o meu bebezinho, crescido e apaixonado, — ela brinca,
colocando as mãos sobre a boca. — Nunca pensei que veria esse dia.
Eu congelo, meu coração batendo forte enquanto suas palavras tomam conta
de mim. Ela acabou de dizer apaixonado?
De jeito nenhum. Eu não estou apaixonado. Eu estou?
— Uau, mamãe, — começo, balançando a cabeça. — Eu não estou...
— Não pense demais, — diz ela, dando um tapinha tranquilizador na minha
perna. — Deixe acontecer, Si. Coisas que deveriam ser, serão. Deixe isso para o
destino.
A tensão que eu carregava no peito desaparece com a facilidade com que ela
me aceita e me fundamenta. Eu a trago para um grande abraço, puxando-a para
mim enquanto tento transmitir minha gratidão a ela por ter conseguido. Eu
precisava disso mais do que imaginava e sou muito grato por ter esse apoio.
Nós nos abraçamos e eu finalmente me afasto, prestes a me levantar e ir para
a escola quando ela me impede.
— Agora... — Ela se recosta novamente, os olhos cheios de alegria. — Quero
saber onde vocês se conheceram e quando isso começou. Conte-me tudo.
Foda-me. Acho que ela não se importa com a escola quando se trata de fofoca.
Vai ser uma longa manhã.
TRINTA E UM

Silas

— Filhos da puta, me deixem ir!


Os gritos de Kent não impedem Raid e Bunky enquanto o arrastam para o
fundo da escola.
Estou encostado na parede de tijolos, digitando casualmente no meu telefone
enquanto Kent luta para se libertar do aperto dos meus amigos. Sinto um sorriso
surgir em meus lábios enquanto leio a mensagem de Blaine.

ATLETA ARROGANTE
Si, não consigo parar de pensar no que aconteceu com sua mãe. Eu estou tão
envergonhado!

EU
Acalme-se, bebê. Está tudo bem, como eu te disse.

ATLETA ARROGANTE
Onde você está? Podemos correr até a loja e pegar alguma coisa para ela?

Eu olho para cima, vendo que Raid conseguiu pressionar Kent contra a
parede ao meu lado com Bunky abrindo e fechando seu canivete no rosto pálido de
Kent.
Embora eu odeie mentir para Blaine, ele não precisa do estresse extra de saber
o que estou fazendo.
Agora, preciso dar uma lição a esse filho da puta.

EU
Estou resolvendo algo com Raid e Bunky. Encontro você em nosso lugar daqui
a pouco. Então talvez eu leve você para comprar algo para ela.

ATLETA ARROGANTE
OK :)

Porra, ele é outra coisa. Meu namorado é a pessoa mais genuína do planeta e
isso torna o que estou prestes a fazer muito mais importante. Isso torna
absolutamente necessário.
Depois de conversar com mamãe, cheguei à escola durante o almoço e
rapidamente contei aos rapazes a situação de Kent. Eles ficaram chateados, para
dizer o mínimo, e concordaram em me ajudar a ficar sozinho com ele depois do
último sinal.
Kent está gritando e tentando se libertar, mas isso não acontece. Quando
Bunky pressiona a parte cega da faca contra a bochecha de Kent, saboreio o medo
que vejo em seus olhos. Eu quero mais disso. Eu preciso disso. Não só para Blaine,
mas também para mim.
— Qual é o problema, Kent? — Eu provoco, guardando meu telefone no bolso
enquanto passo na frente dele. — Pode espalhar um monte de besteira, mas não
aguenta as consequências?
Sua mandíbula aperta e seus olhos mudam do medo para a raiva em um
segundo momento. — Eu não fiz nada.
— Devo dizer que nunca me importei muito com um mentiroso, — digo a
ele, estalando os nós dos dedos com um sorriso no rosto.
Então eu recuo e dou um soco no estômago dele, aproveitando o grunhido
alto que ele solta.
— Vá se foder, — ele tosse enquanto tenta proteger o estômago, mas Bunky
e Raid o seguram com força pelos braços, deixando-o indefeso contra meu ataque.
— Isso é sobre o quê?
— Isso é sobre o quê? — Raid bufa, torcendo o braço de Kent até ele
choramingar antes de olhar para mim. — Esse cara é um idiota, Silas?
Bunky sorri maliciosamente enquanto me anima. — Dê um soco nele de
novo!
— Você fez merda, Kent, — eu digo, cada palavra saindo venenosa. Agarro
um punhado de seu cabelo e empurro sua cabeça para trás para ficarmos olho no
olho. Seu peito está arfando, os olhos semicerrados, mas vou dar-lhe algum crédito
porque ele não foge do nosso olhar, embora seu corpo esteja tremendo de medo.
Nós podemos resolver isso.
Balanço a cabeça e envolvo minha mão em seu pescoço, apertando com força
até seu rosto ficar vermelho. — Blaine.
Isso é tudo que preciso dizer antes que ele perceba. Posso ver um lampejo de
incerteza em seus olhos, mas ele não deixa que isso o detenha. Na verdade, isso o
torna estupidamente ousado. — Seriamente? Isso é sobre ele? Não achei que você
se importaria com as fotos ou com aquela vadia...
Meu punho atinge seu estômago novamente antes mesmo de eu perceber o
que está acontecendo. Meu sangue está vibrando com o desejo de matar. Esse
pedaço de merda não pode pensar que vou deixar isso passar. Depois de todos os
problemas que causou, ele deveria estar me implorando para não destruir seu
mundo.
— Eu não sei se você é realmente corajoso ou apenas muito estúpido. De
qualquer maneira, você estragou tudo e está precisando de todo o autocontrole que
posso reunir para não o despedaçar, pedaço por pedaço. — Eu fervo, meu aperto
em sua garganta com força enquanto o forço a manter meu olhar. — Eu deveria
simplesmente deixar você machucado e quebrado na varanda do seu pai.
Tenho certeza de que pareço perturbado, mas é exatamente assim que me
sinto agora. Estou grato por meus amigos estarem aqui, porque se não estivessem,
não tenho dúvidas de que Kent já estaria sangrando até a morte na calçada por
foder não só comigo, mas também com meu namorado.
— Escute, — ele chia, como se de repente percebesse a posição em que está.
— Podemos conversar sobre isso.
Balanço minha cabeça lentamente enquanto deixo cair minha mão. —Eu não
quero conversar. Eu quero fazer você sangrar.
— Tudo por ele? — ele pergunta, rindo com falsa confiança. — Aquela
bucetinha merecia...
Ele não consegue terminar a frase antes que eu dê um soco na cara dele. A
porra da coragem que ele tem. Quem deu a ele o maldito direito de falar sobre
Blaine daquele jeito? Eu bati nele de novo, mas antes que eu pudesse realmente
agredi-lo, fui arrastado de volta.
Eu luto contra Raid, mas ele balança a cabeça, quase derrubando os óculos
no processo. — Silas, pare.
— Eu vou te matar! — grito com Kent, quase acertando o nariz de Raid
enquanto balanço os braços no ar. — Não fale sobre ele desse jeito de novo!
— Silas, você pode parar? — Raid sibila, parecendo sem fôlego enquanto luta
para me manter afastado. — Pense sobre isso.
É tarde demais para isso. Entre a falta de remorso de Kent por destruir todo o
maldito mundo do meu cara, e sua boca arrogante, estou farto.
— Me deixe ir! — grito, quase livre de Raid quando Bunky bloqueia meu
caminho.
— Eu cuido disso, — ele me diz, e o brilho calculista em seus olhos me assusta
um pouco. Ele não espera que eu responda, porque quando Kent tenta correr,
Bunky o agarra pelas costas de seu casaco e o puxa de volta. — Onde você pensa
que está indo?
Os olhos de Kent se arregalam. Embora todos nós, Aces, tenhamos uma
reputação, Bunky é de longe um dos piores. Todos nós sabemos o que as crianças
da escola pensa dele. Doido. Psicopata. Maníaco. Ele é muito mais, mas faz jus a
todas as coisas que as pessoas o descrevem.
— Isso é o que vai acontecer, — Bunky começa, pressionando Kent contra a
parede novamente com uma mão no peito, a outra girando a faca entre os dedos.
— Você vai deixar Blaine em paz.
O peito de Kent está arfando, mas o idiota tenta se manter firme, apesar do
medo ainda em seus olhos. — Ou o que... Porra!
— Ou isso, — Bunky responde rindo enquanto olha para sua obra, um fio
fino de sangue caindo da bochecha de Kent, onde ele o cortou. — Isso, Kent. Se não
fosse por Raid, você estaria a caminho do hospital agora mesmo, porque nosso
garoto aqui quer que você suma. Portanto, deixe Blaine, comporte-se e nada disso
acontecerá novamente.
— Foda-se! — Eu grito, balançando a cabeça, mais uma vez lutando contra
o domínio de Raid sobre mim. — Eu vou bater na bunda dele...
Bunky me interrompe quando me lança um olhar por cima do ombro.
Embora eu não goste de ser intimidado assim, especialmente quando se trata do
meu próprio namorado, posso dizer que ele tem tudo sob controle. É a única razão
pela qual não o afasto e termino o trabalho.
— Você entende, Kent? — Bunky pergunta, com um tom maluco antes de
manchar o rosto de Kent com sangue. — Estou aqui para ajudá-lo. Você não
consegue ver isso?
Ele estremece, claramente não gostando do Maluco Bunky. — Você...
— Eu não acabei! — Bunky rosna, agudo e desequilibrado. Ele balança a
cabeça, soltando um suspiro alto antes de rir novamente. — OPA, desculpe. Quase
me perdi ali por um segundo. O que eu estava dizendo?
— Estamos ajudando ele. — Raid obviamente odeia essas palavras tanto
quanto eu, mas é inteligente o suficiente para seguir o exemplo de Bunky.
— Certo! — Bunky diz, estalando os dedos. Ele faz uma dança estranha e feliz
enquanto torce o pescoço de Kent para empurrar seu rosto contra a parede de
tijolos. Então ele se aproxima para sussurrar em seu orelha. — Porque da próxima
vez que você olhar para Blaine da maneira errada, não estaremos aqui para
protegê-lo de Silas. Me entende?
Kent leva um momento, mas ele concorda, não exibindo mais aquela bravata
confiante de antes. Não, ele está com medo. Com medo de Bunky e sua faca, com
medo de Raid e seu olhar ameaçador e, o mais importante, com medo de mim e do
que ele sabe que farei.
— Vá. — Bunky fecha a faca e dá um passo para trás. Então ele olha para
Raid e para mim antes de gemer dramaticamente, voltando ao seu estado normal.
— Estou entediado agora. Podemos ir? — Deveria me assustar o quão
drasticamente sua personalidade muda, mas é apenas uma parte de quem ele é, e
me acostumei com isso ao longo dos anos.
Não foi assim que pensei que seria, mas ainda estou satisfeito. Sem qualquer
tipo de tortura física extrema, Bunk conseguiu transmitir nossa mensagem em alto
e bom som e, enquanto ainda estou furioso, posso deixar passar por enquanto.
Nossa mensagem é exatamente isso. O fato de eles estarem lado a lado
comigo, prontos para defender a honra do meu bebê, significa mais para mim do
que fazer o trabalho sozinho.
Kent corre em seguida, olhando por cima do ombro para se certificar de que
não o estamos seguindo. Muito bem.
Quero que ele durma com um olho aberto pelo resto da vida, sempre
temendo que eu esteja logo atrás dele.
Quando estamos sozinhos, Raid finalmente me solta antes de bater palmas
em meus ombros enquanto me olha. — Você está bem?
— Bem. — Dou-lhe um aceno de cabeça antes de me virar para Bunky. —
Obrigado por isso.
Ele bate no meu ombro com o dele, seus lábios se curvam levemente enquanto
me olha. — Você estava prestes a acabar com aquele filho da puta. O que
aconteceria com Blaine se você fosse preso?
Blaine era tudo em que eu conseguia pensar, mas Bunky tem razão. Devido
à minha raiva, não tive a visão de pensar claramente em minhas ações. Estou feliz
que eles estivessem aqui porque Blaine precisa de mim.
— Você realmente gosta dele, hein? — Raid diz maravilhado. — Eu juro que
nunca vi você agir assim com alguém antes.
— Não, não é só isso. Nosso garoto tropeçou e se apaixonou, — Bunky brinca,
dando um soco em meu ombro.
— Por que diabos todo mundo continua dizendo que estou apaixonado? —
Eu questiono, desejando não ter parado de fumar para poder acender.
Porra, Blaine. Ele me deixa louco.
— Quem mais disse isso? — Raid pergunta enquanto caminhamos para o
meu carro.
— Mamãe, — eu digo com um gemido.
Bunky ri. — Então você precisa saber que essa merda é verdade.
Faço uma breve pausa antes de meu olhar se voltar para eles, minha
expressão confusa. — Mas como? Eu nunca estive apaixonado antes. Como eu iria
saber?
— Não tenho ideia. Eu também nunca me apaixonei, — Raid reflete com um
encolher de ombros.
— Bem, obrigado por nada, — murmuro, entrando no meu carro com eles
no reboque. Jogo minha cabeça para trás contra o assento, jogando os braços sobre
os olhos. Minha mente está acelerada, um milhão de pensamentos fervilhando em
minha cabeça enquanto penso nos últimos meses com Blaine.
Estamos apaixonados? É por isso que estou agindo assim? Há uma diferença
entre amar alguém e estar apaixonado por essa pessoa. Eu amo Bunky e amo Raid,
mas eu estaria disposto a ir tão longe por eles?
— Apaixonar-se é como fazer bungee jumping, — Bunky começa. O tom de
sua voz faz minha cabeça torcer para ler sua expressão.
Que porra é essa? Eu nunca o ouvi soar assim antes. Há uma expressão
distante em seus olhos quando ele olha pela janela. Olho para Raid no banco do
passageiro para ter certeza de que ele também está vendo isso. Sim, Raid parece tão
assustado quanto eu.
— Bunk, — Raid diz, estendendo a mão para segurar seu braço. —Você está
bem?
— Você tem essa sensação de leveza enquanto seu estômago embrulha
enquanto você voa pelo ar, — Bunky sussurra, sem nem mesmo nos reconhecer.
— Há um momento em que você está tão cheio de adrenalina, tão pronto para a
queda livre, mas você também está tão nublado de medo porque, você sabe, no
fundo, há cinquenta por cento de chance de você cair no chão e acabar em uma
bagunça quebrada e destruída.
Que porra é essa? — Bunky, o quê...?
— É a coisa mais emocionante e aterrorizante que você já fez, e mesmo
sabendo que pode terminar em desastre, isso não o impede de mergulhar,
mergulhar no limite, porque mesmo que termine em devastação completa, pelo
menos você pode experimentá-la.
Olho para Bunky, tentando descobrir o que devo dizer sobre algo assim.
Primeiro de tudo, isso foi profundo pra caramba e nada parecido com o cara que
eu conheço, mas também...
— Quando diabos você foi fazer bungee jumping? — Raid deixa escapar, as
sobrancelhas franzidas em confusão. — E espere aí, você está apaixonado? Por
quem? Preciso saber todos os detalhes sobre isso. Você está realmente me
confundindo agora.
— Esse não é o ponto, — ele retruca, afastando a mão de Raid. Ele se vira para
olhar para mim e me lança o olhar mais sério que já vi. Isso faz meu estômago
revirar. — Você sente isso por Blaine? Você sente que arriscaria tudo – arriscaria
a queda – só para ter certeza de que ele está bem? Você pularia sem olhar, Silas?
Eu engulo em seco. Eu iria…
Blaine é tudo para mim. De alguma forma, chegamos aqui. Quando penso na
minha vida, não consigo mais imaginar como seria sem ele. Estou obcecado pelo
cara. Obcecado pelo cheiro dele, pelo jeito que ele ri e pelo jeito que ele me faz
sentir. Se isso não é amor… não sei o que é.
TRINTA E DOIS

Blaine

Parece que passou uma vida inteira desde que fui expulso, embora só tenham
se passado duas semanas. Olho para o meu telefone e vejo que meu pai me mandou
uma mensagem, mais uma vez, perguntando se estou pronto para deixar meu
pequeno experimento com Silas para trás e voltar para casa.
Foda-se isso.
Papai diz que está tudo bem comigo gostar de homens, mas o fato de ser Silas
é o que o incomoda. Acrescente a isso que eu basicamente caguei nos sonhos dele
ao optar por não ir para a Georgia, o que ele de alguma forma pensa ser culpa de
Silas. Ele espera que eu desmorone como sempre faço, mas não vou desistir disso.
Depois da noite em que deixei minha família e no momento em que Silas me
deixou entrar nele... percebi que o que temos é especial. Silas é meu namorado, e
os sentimentos que tenho por ele se tornaram algo avassalador, mas da melhor
maneira.

IDIOTA
Quando você volta pra casa?

Eu sorrio com as palavras. Casa. É assim que ele chama o nosso lugar. É onde
estamos hospedados, já que o trailer dele é muito apertado para acomodar mais
pessoas. Mesmo que não fiquemos com lá, Silas diz que sua mãe concorda com isso.
Ainda não tive a oportunidade adequada de conhecê-la como um bom namorado
deveria, mas Silas me garantiu que faria isso acontecer.
Tenho que admitir que, apesar da situação horrível, foi bom dividir espaço
com Silas. Claro, o ronco dele às vezes me acorda no meio da noite, mas a maneira
como ele me puxa para me aconchegar depois compensa. A água que Whaley
conectou está gelada, mas desde que Silas e eu tentamos economizar água (palavras
dele, não minhas), não tem sido tão ruim. Estou vendo todas as suas pequenas
peculiaridades e hábitos diários, e eles não estão fazendo nada além de me fazer
cair ainda mais. Basicamente, estou de ponta-cabeça pelo cara.
Acho que posso até estar…
Ei, vá devagar, Blaine.
Suspiro, sem saber se Silas sente o mesmo. Não começamos isso para nos
apaixonarmos um pelo outro, mas, caramba, é assim que parece.
Afastando os pensamentos, eu digito uma resposta.

EU
Isso pode demorar um pouco. Você deveria jantar sem mim.

Mais uma razão para amar Silas. Desde que papai me interrompeu, Silas tem
pago toda a minha comida. Ele zomba sempre que agradeço, como se gastar seu
dinheiro suado comigo não fosse nada, mas é tudo para mim. Fiz questão de
agradecê-lo com muito sexo quente. Tanto que meu buraco ainda está dolorido por
causa da surra que ele me deu esta manhã antes da escola.

IDIOTA
Deixe-me saber como foi.
Ele pode me ler mesmo quando não estou perto dele. Estou nervoso diante da
casa de Landon, sabendo que isso tem que acontecer de uma forma ou de outra.
Não sei por que escondi isso dele por tanto tempo, mas ele precisa saber. O que
sinto por Silas não irá desaparecer tão cedo, ou nunca, e quero compartilhar essa
notícia com Landon.
Eu disse a Landon que viria com antecedência, então ele me encontrou do
lado de fora antes que eu pudesse bater.
— Ei, cara, — ele diz, sorrindo enquanto me dá um abraço de irmão. Então
ele se afasta e aponta o polegar para dentro de sua casa. — Os pais estão fora. Quer
tomar uma cerveja e jogar NCCA?
Não gosto muito de beber, mas, honestamente, a coragem líquida parece uma
ótima ideia no momento. Abrindo um sorriso, aceno com a cabeça em
concordância. — Vamos fazer isso.
Ele me leva pela sua casa e mais uma vez fico maravilhado com o quão
aconchegante ela é. Os pais de Landon são ricos, mas isso não transparece. Tudo
em sua casa, desde o sofá um pouco desgastado até as pequenas bugigangas em
todos os lugares, faz com que pareça habitável, como se alguém realmente se
importasse o suficiente para se colocar na decoração. É uma grande diferença da
minha casa, que parece ter sido tirada de uma revista.
Ele vai até a cozinha e pega duas cervejas para nós antes de subirmos. Ele já
preparou o jogo e colocou nossos velhos pufes em frente à televisão, e sinto muita
saudade do passado. Realmente já faz muito tempo desde que fizemos isso.
— Sem trapaça desta vez, — ele provoca enquanto abre sua cerveja.
Eu zombei, abrindo o meu antes de tomar um longo gole. — Eu te disse um
milhão de vezes, você não pode trapacear neste jogo.
Ele me entrega um controle, sem desistir. — Tenho certeza que você de
alguma forma encontrou uma maneira de fazer isso.
Reviro os olhos e coloco minha cerveja na mesa para que possamos começar
a jogar. Como previsto, eu chuto a bunda dele e ele reclama o tempo todo sobre
como devo ter desbloqueado algum truque secreto que não compartilhei com ele.
Bebemos nossas cervejas e, como sou um peso leve, estou um pouco tonto quando
terminamos a primeira rodada do nosso jogo.
— Vamos novamente? — ele pergunta, gesticulando para o jogo.
Seguro o controle com força na mão, sabendo que este é o momento que eu
estava esperando. — Na verdade, eu esperava que pudéssemos conversar.
— Falar, hein? — ele diz, me olhando enquanto aponta para minhas roupas.
— Finalmente vai explicar toda a merda que está acontecendo com você? — Ele
faz uma pausa, os olhos vagando por mim. — E por que você está se vestindo como
uma estrela do rock?
Dou uma olhada nas minhas roupas. Sim... não é meu melhor visual, mas não
voltei para minha casa desde todo o incidente com meu pai, então tive que usar as
roupas de Silas. Embora tenhamos tamanho semelhante, ainda sou maior que ele.
Depois de rasgar acidentalmente as últimas camisetas pretas lisas, tive que usar
algumas das camisas antigas de sua banda. Eles são todos muito justos e pareço um
pouco maluco quando os combino com meu letterman e Nikes.
— Sim, — murmuro, tomando outro gole de cerveja para ter confiança. É
melhor arrancar o Band-Aid. — Na verdade, tem tudo a ver com isso. Meu pai me
expulsou.
Seus olhos se arregalam quando ele derruba a cerveja e xinga quando ela cai
no controle, mas ele não se preocupa em limpá-lo. — Que porra é essa? Você está
brincando.
— Estou falando sério, — digo a ele, apertando e abrindo os dedos da minha
mão livre. — Ele me expulsou.
— Por quê? — ele questiona, balançando a cabeça um pouco confuso
enquanto tenta entender.
— Bem…— Aqui vai. — Estou meio que namorando Silas Richards.
Um, dois, três...
— O quê? — ele grita, pulando e olhando para mim como se eu tivesse duas
cabeças. — Uau, não. Não, não, não. Você odeia aquele cara. Nós odiamos esse cara.
O que você quer dizer com você está namorando ele?
— Exatamente o que parece. — Fico um pouco nervoso quando ele não diz
nada em troca. — Como se estivéssemos namorando. Nós nos beijamos e essas
merdas... Não sei, Landon. Nós namoramos como pessoas normais namoram, mas
não publicamente.
— Você fode? — ele pergunta, os olhos ainda cheios de surpresa.
A cerveja que eu estava bebendo sai da minha boca e meu queixo cai
enquanto minhas bochechas ficam vermelhas. — Eu... você não pode perguntar
isso, — gaguejo, limpando a boca rapidamente e colocando a garrafa no chão.
— Posso saber que você era virgem, mas não posso saber se você fodeu? —
Ele balança a cabeça, maravilhado. — As regras do melhor amigo determinam que
você me conte todos os detalhes.
Mordo meu lábio inferior, percebendo que ele tem razão. Se os papéis fossem
invertidos, eu também ficaria curioso. — Sim, nós transamos.
— Quem faz o que? — ele questiona, batendo os dedos como se quisesse
mostrar o que ele quis dizer. Oh infernos não. Isso é informação demais, até para
ele.
Dando-lhe um aceno de desdém, não posso deixar de revirar os olhos diante
de sua franqueza. — Ok, você definitivamente não pode perguntar isso.
— Beeem. — Ele se senta novamente em seu pufe antes de se inclinar em
minha direção, os cotovelos apoiados nos joelhos e um brilho nos olhos. Amável.
— Como isso começou?
— Lembra da fogueira depois do jogo do Linton? — Quando ele acena com
a cabeça, eu continuo, feliz por finalmente contar tudo isso. — Bem, nós meio que
acabamos brincando. Depois disso, decidimos continuar. Uma coisa levou à outra
e agora estamos namorando.
— Bem, porra. Eu não estava esperando por isso. — Ele faz uma pausa para
tomar um gole de sua bebida. — Você o ama?
Meus olhos se arregalam quando abro e fecho a boca. Bem, ele realmente está
usando o cartão de melhor amigo e me fazendo todas essas perguntas pessoais. —
Eu...
— É por isso que seu pai te expulsou, certo? Porque você está namorando
Silas? — ele dispara a próxima pergunta rapidamente, me interrompendo.
— Não, — começo, sabendo que a próxima parte também será um choque
para ele. — Quero dizer, sim, mas há mais. Ele descobriu que não vou aceitar uma
bolsa de futebol para a Georgia e sim me inscrever em Yale.
— Puta merda, — ele suspira, jogando as mãos para o alto, a voz cheia de
irritação. — Algum outro segredo que você queira me contar enquanto está nisso?
Por que eu não sabia dessas coisas?
Posso ver que ele está ficando chateado e tem todo o direito de ficar. Eu
escondi tanto dele nos últimos meses, mais do que você esconderia de um melhor
amigo. Ele sempre foi tão leal, tão bom, tão inabalável em nossa amizade. Eu sei que
deixei a bola cair, mas como já estamos aqui, é melhor abrir tudo e contar tudo a
ele.
— Tenho ataques de pânico, — deixo escapar, querendo contar tudo. —
Realmente ruins. Às vezes fico tão sobrecarregado com tudo o que se espera de
mim. Às vezes eu ataco porque não aguento. Às vezes eu só quero gritar a plenos
pulmões para que todos vão se foder e me deixem em paz.
Seu rosto cai e ele parece magoado. — E você sentiu isso comigo?
— Nunca, — digo, balançando a cabeça rapidamente e tentando tranquilizá-
lo com a verdade. — É só que você estava do lado errado. Isso não é culpa sua. Eu
deveria ter sido honesto com você desde o início.
— Sim, você deveria ter feito isso, — ele afirma, cruzando os braços sobre o
peito. — Eu sou seu melhor amigo. Por que você achou que eu não ficaria bem com
tudo isso? Você presumiu que eu não te apoiaria? Porque isso meio que me irrita.
— Acho que sim, mas muito disso decorre da merda com meu pai, —
murmuro, torcendo os dedos em torno do tecido da minha calça jeans. — Eu só não
queria que você me olhasse de forma diferente. Eu não queria que isso arruinasse
nossa amizade, mas parece que consegui isso sozinho. Sinto muito, Landon. Eu não
queria que nada disso acontecesse.
Ele mexe as mãos por um minuto antes de olhar para mim, o lábio
ligeiramente levantado. — Desculpas aceitas. Só não esconda essa merda de mim
novamente. Você estava me preocupando.
Eu me inclino para frente e bato em seu ombro, esperando que ele perceba o
quanto estou realmente arrependido. Nunca pretendi que as coisas chegassem tão
longe, mas ter o apoio dele significa muito para mim. — Eu prometo, nunca mais
vou esconder mais nada de você.
Ele balança a cabeça antes de apertar meu pulso, os olhos cheios de alegria
mais uma vez. — Então, você nunca respondeu minha pergunta.
Eu enrugo meu nariz e sento em confusão. — Qual deles?
— Você ama Silas?
Minha respiração realmente fica presa. Eu realmente não sei o que dizer a
ele. Estou chegando lá? Isso está certo? Eu nunca estive apaixonado antes, então
não tenho muita certeza de como deveria ser.
Você se sente constantemente em alta quando ele está por perto? Quando
todos os seus pensamentos giram em torno dele? Ele é a pessoa com quem você
quer compartilhar tudo? E se ele for apenas a pessoa que faz você se sentir mais
você mesmo?
Se as respostas forem sim, então estou apaixonado por Silas Richards.
— Acho que sim, — sussurro, sentindo o peso dessas palavras em meus
ombros, mas não é sufocante. Em vez disso, é quase reconfortante.
— Você vai contar a ele? — ele pergunta.
Eu balanço minha cabeça. — Não sei se ele sente o mesmo. Não quero agir
cedo demais e assustá-lo.
Ele pensa sobre isso por um momento antes de rir. — Quer que eu bata nele
por você, se ele não o fizer?
Eu coro e o desligo. — Não. Agora, alguma outra pergunta?
— Você chupou o pau dele? Qual é a sensação? É como chupar um pirulito
carnudo?
Jogo um travesseiro próximo em sua cabeça, desejando que ele cale a boca,
mas grato por ele estar sendo tão bom com tudo isso. — Não estou dizendo isso a
você, e eca. Bruto. Nunca mais descreva assim.
Meu telefone toca e ele olha para ele com um olhar astuto. — É ele?
Eu verifico e vejo que é realmente Silas. Ele está sentado no trailer, com a mão
na virilha e um beicinho no rosto.

IDIOTA
Você já terminou? Estou com tesão e quero foder.

Dois segundos depois, ele envia outra mensagem.

IDIOTA
Tudo bem, também estou com saudades de você. Apresse-se e venha aqui para
que possamos nos abraçar ou algo assim.

O grande e mau Silas Richards é muito mais pegajoso do que você imagina.
Landon olha por cima do meu ombro e bufa. — Sim, ele está totalmente
apaixonado.
Eu zombo e deixo seu comentário de lado, mas algo em meu coração se enche
de esperança, porque se Silas realmente estiver apaixonado por mim... Bem,
seríamos dois tolos apaixonados.
E nada soa melhor do que isso.
TRINTA E TRÊS

Blaine

— Por que você está tremendo?


Lanço um olhar irritado para Silas antes de arrancar minha mão da dele para
dar um soco em seu ombro. — Ah, vá se foder. Não estou tremendo.
Meu namorado revira os olhos, fazendo aquela coisa de enfiar a mão no
bolso, quase esquecendo que parou de fumar semanas atrás. Quando ele puxa a
mão vazia de volta, ele fecha os olhos e aperta a ponta do nariz. — Vem cá bebê. É
muito cedo para isso. O que está acontecendo?
Eu mastigo o interior da minha bochecha nervosamente. Estamos na frente
da escola, prontos para entrar, mas não consigo explicar por que me sinto tão
desconfortável. Não é como se a escola estivesse pior do que normalmente é. Ainda
há aulas chatas que eu acerto, clubes e atividades extracurriculares para onde
corro e pessoas com quem prefiro não interagir todos os dias.
A única diferença é que Landon agora sabe sobre mim e Silas.
Não é grande coisa que alguém mais saiba.
Se não é grande coisa, então por que estive tão irritado esta manhã? Silas
basicamente teve que me arrastar para fora da cama, e eu reclamei com ele durante
todo o caminho até que ele ameaçou encostar e me fazer andar o resto do caminho
se eu não calasse a boca.
— Blaine — diz Silas, com a voz firme enquanto se vira totalmente para mim,
agarrando meu braço e se inclinando para me encarar com um olhar duro. — Você
tem agido como um merdinha e eu superei isso. Fale. Agora.
— Você tem vergonha de mim? — Eu deixo escapar, me chocando.
— Que porra você disse? — Silas dá um passo para trás, os olhos arregalados
e um pouco irritados enquanto olha para mim. — Porque você pensaria isso?
— Porque ninguém sabe sobre nós.
— O que você quer dizer? Os caras e Whaley sabem. Minha mãe sabe.
Landon sabe...
— Sim e mais ninguém, — eu digo, ouvindo o quão malcriado pareço.
Quero tirar esses pensamentos da minha cabeça, porque quem se importa se
mantivermos segredo na escola? Silas e eu nem gostamos da maioria dessas pessoas.
Se eles estão cientes do nosso relacionamento ou não, isso deve ser irrelevante.
E ainda assim, estou chateado.
Silas puxa minha mão, me trazendo para mais perto dele enquanto levanta
meu queixo com o dedo indicador, os olhos cheios de determinação. — Eu preciso
deixar uma coisa bem clara.
Eu engulo em seco com sua aspereza. Ele vai me dizer que estou sendo
estúpido, não é? Ou talvez ele diga que não dá a mínima se alguém souber. Ele pode
até me dizer que estou sendo irracionalmente carente, e ele estaria certo.
Mas o que ele diz a seguir abala meu mundo e me faz derreter contra ele.
— Eu disse que sou possessivo, mas talvez você não saiba exatamente o que
isso significa, então deixe-me explicar. — Sua mão sobe para prender minha
garganta, fúria crua em seus olhos quando ele fala. —Você é meu, Blaine. Meu cara.
Eu adoro você. Cada vez que você fala, você me deixa preso. Cada vez que você dá
aquela risada estranha, eu quero ser seu dono. E toda vez que você se sente mal,
quero destruir o mundo para consertar isso. Por que você acha que estou com
vergonha, não sei, mas você precisa tirar esse pensamento da cabeça antes que eu
te foda.
Deve haver corações em meus olhos quando olho para ele, porque é tudo que
consigo ver agora. — Silas...
— Cada pessoa lá dentro deveria saber que você está comprometido, se é isso
que você quer, — ele continua. Então ele prende meu lábio inferior entre os dentes,
mordendo até arder, tirando sangue. Passando a língua pelos meus lábios, ele
cantarola de satisfação antes de dar um tapinha na minha bochecha. — Mas se
alguém demonstrar o menor interesse em você, vou arrancar os olhos deles só por
pensar que poderiam olhar para você daquele jeito. Me entende?
Estou sem fôlego, não apenas por causa do aperto na minha garganta, mas
também pelas palavras dele. Adoro quando ele fica assim – possessivo, primitivo,
protetor – porque isso me mostra o quão obcecado ele é. Isso é bom, porque se a
situação se invertesse e ele fosse o inseguro, eu faria para ele um daqueles banners
cafonas e penduraria na parede do refeitório.
— Sim, — eu respiro com voz rouca, perseguindo seus lábios quando ele
tenta se afastar. — Si, me beije.
Ele balança a cabeça, negando-me, e então coloca a mão em volta do meu
cotovelo enquanto me arrasta pelos degraus de concreto. — Vem cá bebê. Não
queremos que você se atrase.
Eu faço beicinho durante todo o caminho para a escola. Isso deve ser algum
tipo de punição excêntrica, certo? Tipo, eu não recebo meus beijos até ser um bom
menino?
Meu Deus, Blaine. Tire sua mente da sarjeta.
— Não acredito que você pensou essa merda, — diz ele, ainda parecendo
chateado.
Não posso deixar de franzir a testa com suas palavras enquanto ele me puxa
atrás dele. — Bem, eu não sabia.
— Eu estava tentando ser um bom namorado e deixar você contar primeiro
sobre nós ao atleta idiota. — Então ele está me empurrando pelas portas abertas da
escola. É um pouco difícil e acabo sendo jogado contra os armários. Quando me
viro para encará-lo, ele tem uma névoa predatória nos olhos enquanto lambe os
lábios. — Mas agora? Todas as apostas estão encerradas.
Então ele ataca.
Ele me empurra ainda mais contra o armário, a trava de metal cravando-se
em minhas costas, antes de unirmos nossas bocas. Ele não perde tempo separando
meus lábios e fodendo minha língua com a dele, e ele coloca as mãos na minha
bunda, me puxando para perto.
Um momento depois, ele afasta os lábios e eu jogo minha cabeça para trás,
com os olhos arregalados enquanto eles se dirige para as pessoas chocadas ao nosso
redor. — Silas...
— Cale a boca, — ele retruca, mergulhando para morder onde meu pescoço
encontra meus ombros. — Você queria que eles soubessem? Bem, agora eles vão
fazer um maldito show.
Santo inferno, eu amo esse lado dele.
Eu não diria que sou tímido, mas definitivamente sou reservado. Nunca tive
namorado ou namorada com quem praticar PDA. Eu sempre pensei que iria odiar
isso, que seria muito desagradável para eu aproveitar, mas quando Silas morde
minha orelha antes de forçar meu queixo para o lado para que ele possa me beijar,
percebo que adoro isso.
Porque ele não está apenas me reivindicando, eu também estou reivindicando
ele.
Esse pensamento faz minhas mãos subirem para cavar seu cabelo,
aprofundando nosso beijo enquanto gemo contra sua boca. Tenho plena
consciência de que estamos quase transando onde todos podem nos ver, mas não
dou a mínima. A alta que sinto pelo fato de as pessoas finalmente saberem que esse
menino mau pertence a mim é tudo.
— Se você não fosse se atrasar, eu levaria você ao banheiro e deixaria você
me foder, — ele murmura contra minha orelha, baixo o suficiente para que Eu seja
o único que pode ouvir isso. — Eu vou me contentar em deixar você louco antes de
levar sua bunda até a aula de química e dar um beijo de despedida em você como
um bom namorado deveria fazer.
— Você vai carregar meus livros? — Eu rio, beijando o espaço logo abaixo
de sua orelha que eu sei que o deixa louco. — Quer segurar minha mochila?
Ele bufa. — Melhor ainda, vou segurar você durante todo o caminho até lá.
Abro a boca e digo a ele que parece uma ideia perfeita quando uma voz nos
interrompe.
— Obtenha um quarto! — Bunky grita, alto o suficiente para ecoar pelos
corredores. Ele não parece enojado, apenas divertido enquanto suas mãos voam até
o rosto. — Meus olhos!
— Tão dramático, Bunk. — Raid ri, dando um tapa na nuca dele antes que
ele se vire para nos encarar. — Mas seriamente? Vocês dois não fodem o suficiente?
— Quando você encontrar a pessoa certa, você perceberá que nunca há o
suficiente, — diz Silas, beijando meus lábios antes de se afastar, levando meu
coração derretido com ele. Ele olha em volta para todas as pessoas de queixo caído
que estão apenas olhando para nós e depois revira os olhos antes de se voltar para
mim. — Fofoca de cidade pequena. Você está feliz, bebê?
— O mais feliz. — Concordo com a cabeça, endireitando minha jaqueta
enquanto ele dá um passo para trás. — Talvez tenha sido um pouco extra, mas
agradeço o sentimento.
— Foda-se. — Ele suspira exasperado, apontando para o corredor. —
Podemos ir para a aula agora?
— Só precisamos parar primeiro no meu armário, — digo, ajustando minha
mochila antes de pegar sua mão. — Tudo bem?
Bunky finalmente descobre os olhos e ri quando vê o que estamos fazendo.
— Que? Comparado com o show pornô que vocês acabaram de dar para toda a
escola, acho que estão indo bem.
— Deixe-os em paz, Bunk, — diz Raid enquanto agarra a parte de trás da
jaqueta de Bunky. Então ele aponta o queixo na direção de Silas. — Ainda
almoçamos juntos ou todas as vagas futuras estão ocupadas?
Silas olha para mim com a sobrancelha levantada. — Quer almoçar com a
galera hoje?
É fofo que ele pergunte, mas não tenho tanta certeza disso. Não é que eu não
goste de Raid ou Bunky, só não quero que Silas e eu nos tornemos aquele casal que
abandona os amigos no segundo em que iniciam um relacionamento. Parece que é
isso que estamos fazendo e quero consertar isso.
— Não, vá em frente com eles e eu almoçarei com Landon, — digo a ele,
sorrindo quando ele faz beicinho. É meio fofo, mas desnecessário. Eu me inclino e
provoco ele, mordiscando sua orelha furada, e me deleito quando ele solta um
gemido abafado.
Quando dou um passo para trás, ele faz uma careta para mim. — Você está
me matando.
— Mais tarde, — digo a ele. — Vamos, tenho que ir para a aula.
— Vejo você mais tarde, — diz Silas, acenando com a cabeça para seus
amigos antes de me seguir pelo corredor.
Seguimos até meu armário e não estou surpreso que todos ainda estejam
olhando para nós. Quero dizer, depois daquele show, por que eles não estariam?
Estou bem com o olhar boquiaberto, o queixo caído e as sobrancelhas levantadas
porque, embora sempre tenha odiado atenção, entendo, mas o que me incomoda
são as reações mais desagradáveis.
Tem algumas pessoas que zombam de nós, seja porque somos dois caras ou
porque é Silas, não sei, mas isso me deixa desconfortável.
Quando finalmente chegamos ao meu armário, começo a me sentir sufocado
por parte do ódio que nos rodeia. Minha respiração falha quando tropeço para
dentro do armário, e posso sentir os olhos em pânico de Silas em mim enquanto
minha pele começa a coçar. Por que achei que assumir assim era uma boa ideia?
Eu não consigo respirar. Não posso…
— Bebê...
— Ei! Que porra você está olhando?
Levanto a cabeça, ainda com vontade de vomitar, mas aciono o alarme
quando vejo Landon enfrentando um de nossos linebackers.
O cara é Trent, o melhor amigo de Kent – um idiota como ele – então não
deveria me surpreender que ele tenha algo a dizer sobre o fato de eu estar com
Silas. Landon está na cara dele, empurrando-o para longe de mim.
— Ouviu? — Landon retruca, dando um tapa na lateral da cabeça de Trent.
— Eu disse, que porra você está olhando?
Trent ainda está preso nos meus dedos entrelaçados e nos de Silas, mas ele
desvia o olhar para olhar para Landon, só agora reagindo ao ser atingido. Suas
narinas se dilatam e posso dizer que ele quer dizer alguma coisa, mas em vez disso,
ele bufa e balança a cabeça antes de recuar. —Nada.
Não quero ser esse cara, mas Landon e eu somos importantes nesta escola.
Entre todas as diferentes atividades que fazemos e o fato de sermos os melhores
jogadores do time, as pessoas gravitam em torno de nós. Landon tem muita
influência com nossos companheiros de equipe, então quando Trent desiste, não é
um choque total.
— Exatamente... — Landon olha para o resto dos nossos companheiros de
equipe que estão reunidos ao redor de Trent. — Alguém mais?
Lentamente, cada um deles balança a cabeça antes de murmurar desculpas
baixinho. Posso dizer que vários caras não se importam pelas expressões em seus
rostos, e estou grato por nem todos eles serem idiotas.
Eles circulam e eu estremeço quando ouço o primeiro sino tocar. Caramba.
— Blaine, — Silas esfrega uma mão suave nas minhas costas. — Você está
bem?
— S-Sim, — gaguejo, só precisando de um segundo. — Sim, estou bem.
Ele beija minha bochecha e segura minha mão com força enquanto olha para
Landon. — Ei. Você.
— Eu tenho um nome. — Landon cruza os braços sobre o peito enquanto
lança um olhar furioso para Silas.
— Tanto faz — diz Silas, trazendo-me para mais perto dele para que ele
possa passar o braço por cima do meu ombro. — Obrigado.
Landon levanta as sobrancelhas surpreso, como se esperasse uma reação
diferente. Então ele olha entre nós dois antes que aquele sorriso característico dele
se acenda. — A qualquer momento.
É um pouco estranho. Se Silas costumava pensar que era estranho eu sempre
parecer muito feliz, ele provavelmente está enojado porque Landon é
genuinamente tão feliz quanto parece. Meu melhor amigo é a definição de golden
retriever e eu o amo por isso.
— Você está bem? — Landon me pergunta, baixando a voz enquanto seus
olhos verificam se há alguém ao nosso redor. — Isso foi um... você sabe? Ataque de
pânico?
Ele sussurra a palavra como se fosse um grande segredo e isso me força a rir.
Antes de Silas, acho que nunca percebi a sorte que tive por ter Landon. Eu
costumava não gostar muito da minha vida, mas realmente tirei a sorte grande do
universo por ter um namorado incrível e um melhor amigo incrível.
Eu bato em seu ombro, dando-lhe uma pequena sacudida. — Quase estava,
mas está tudo bem agora. Levará apenas um minuto até que o nervosismo
desapareça.
— Você pode ir para a aula? — Silas pergunta, e meu queixo cai quando ele
arromba meu armário sem esforço e tira meu livro de Química. Quando ele vê meu
rosto, ele franze a testa. — O quê?
— Ok, não gosto de caras, mas até eu posso admitir que foi gostoso, — diz
Landon. — Você pode me ensinar como fazer isso?
— Por que você quer saber como arrombar um armário? — Eu questiono em
confusão.
— Não há razão, — Landon murmura, de repente vermelho brilhante, e faço
uma anotação para perguntar a ele sobre isso quando não estiver atrasado para a
aula. Ele balança a cabeça, bufando enquanto mexe na alça da mochila. — Vejo
você mais tarde, Blaine?
— Almoço no nosso lugar?
— Claro que sim.
Sorrio enquanto ele se afasta, deixado no corredor vazio apenas com Silas,
que pega minha mochila e a joga por cima do ombro. Com meu livro em uma mão
e minha na outra, ele me leva até minha aula.
— Ele é estranho, — diz ele. — Por que alguém precisa sorrir tanto?
Reviro os olhos e verifico seu quadril. — Não seja um idiota. Você viu o que
ele fez. Ele é um cara legal.
Ele geme dramaticamente. — Eu tenho que ser amigo daquele cara agora,
não é?
— Absolutamente. — Eu sorrio e beijo seus lábios quando estamos na frente
da minha turma. Então pego minhas coisas dele e fico nos calcanhares. — Vejo
você em casa mais tarde?
Ele abaixa a cabeça para me beijar novamente. — Vou buscá-lo na sua última
aula. História, certo?
— É, mas depois tenho uma reunião do Conselho Estudantil e depois tenho o
Clube de Reciclagem.
Sua sobrancelha se levanta e sua boca se inclina para baixo enquanto ele
absorve minhas palavras. — Que porra é o Clube de Reciclagem?
Eu rio, sabendo que realmente preciso ir para a aula, mas não quero que esse
momento acabe. — Esqueça isso. Vou mandar uma mensagem para você quando
terminar tudo, ok?
— Tudo bem, — ele murmura aborrecido. — Eu tenho que trabalhar hoje.
Quer alguma coisa para o jantar?
Porra, isso é tão doméstico. Aqui estamos, conversando sobre nossos horários
e o que vamos comer esta noite. Eu sei que pulamos alguns passos antes de
morarmos juntos – por necessidade, é claro – mas não consigo mais imaginar que
não somos mais assim.
— O que você quiser, — eu digo, dando um passo para trás antes que ele
possa me beijar novamente. Caso contrário, ficaríamos nisso por horas. — Vá. Você
também está atrasado, você sabe.
— Você acha que eu me importo? — Quando eu olho para ele, ele levanta as
mãos. — Tudo bem, tudo bem. Você é tão ruim quanto minha mãe.
— Temos que mantê-lo na linha, — provoco, mandando um beijo para ele
antes de entrar na minha aula.
E, quando estou sentado, percebo que, pela primeira vez, não me importo
com minha presença perfeita.
TRINTA E QUATRO

Blaine

Bem, isto é constrangedor.


Eu nunca, em um milhão de anos, teria pensado que esse grupo de pessoas
sairia junto e realmente tentaria ser civilizado.
Silas, Raid, Bunky, Landon e eu estamos todos atrás do estacionamento de
trailers, sentados ao redor de um barril de fogo, curtindo um ponto de encontro
dos Aces. Quando Bunky sugeriu a ideia de todos nós ficarmos juntos, Silas e eu
achamos que ele estava louco, mas na verdade ele fez alguns comentários positivos.
Silas e eu passamos tanto tempo escondidos no escuro, e agora que estamos abertos,
deveríamos ser capazes de fundir nossos círculos sociais.
Achei isso muito perspicaz da parte de Bunky.
Porém, não tenho tanta certeza se estava errado em primeiro lugar.
Estamos sentados aqui ouvindo Bunky divagar bêbado por vinte minutos
sobre algum artigo do Buzzfeed que ele leu sobre os milagres do Tai Chi. Não tenho
ideia do que seja, nem quero acompanhá-lo em sua rotina matinal, como ele
sugeriu.
— Eu juro, realmente melhorou minha flexibilidade, — afirma,
demonstrando chutando a perna para cima o mais alto que pode. Na verdade não
é tão alto, mas ninguém ousa dizer isso a ele. — Estou todo flexível e merda agora.
Raid geme, tirando um baseado do bolso. — Ninguém se importa, Bunky. —
Ele acende e olha ao redor do círculo. — Alguém quer uma dose?
Balanço a cabeça, pegando uma cerveja do refrigerador para Silas. —Não,
estou bem, mas obrigado.
Landon olha com cautela. — Isso é maconha?
— Você pode chamar isso de maconha, idiota, — Bunky zomba, rindo
enquanto pega o baseado de Raid e dá um trago. — Nunca fumou antes?
— Eu sou um atleta, — Landon diz antes de suavizar seu letterman para
garantir.
— Bunky, deixe-o em paz — Silas responde, pegando a cerveja de mim.
Quando vou me sentar ao lado dele, ele agarra meu pulso. — Venha aqui, bebê.
Eu não luto quando ele me puxa para seu colo e envolve seus braços em volta
da minha cintura. Viro-me para os rapazes, tentando ver se consigo encontrar
algum ponto em comum. — Então... hum... algum de vocês pratica esportes?
— Beer pong conta? — Bunky pergunta, franzindoe os lábios enquanto tenta
tocar os dedos dos pés. Novidades, ele não pode.
— Isso não é um esporte, — Landon zomba, aparentemente não sendo capaz
de perceber que Bunky estava brincando.
Mas, ele estava?
Olho para Landon suplicante, esperando que ele veja em meus olhos o quanto
quero que isso dê certo. Depois de um momento, ele suspira, balançando sua
própria cerveja enquanto dirige sua próxima pergunta a Raid. — Que tipo de
filmes você gosta?
— Horror, — Raid afirma rápido demais, o corpo tenso enquanto seu olhar
muda de pessoa para pessoa.
Bunky solta um bufo divertido. — Ele é um mentiroso. Ele gosta de comédias
românticas! Não é só... Merda, Raid!
Raid sorri depois de jogar uma lata de cerveja vazia em Bunky. — É bem feito
por contar mentiras.
— Não é mentira. — Silas ri, a cerveja o relaxa enquanto ele esfrega a mão
para cima e para baixo na minha coxa. Então ele olha para Landon. — O filme
favorito de Raid é Love Actually11.
Raid estreita os olhos. — Não é...
— Eu adoro esse filme! — Landon grita, ficando rosado e recuando ao
perceber o que acabou de admitir. — Quero dizer, está tudo bem.
— Você também acha que foi uma merda aquele cara ter beijado a esposa do
melhor amigo? — Raid pergunta, olhos perfurando meu amigo com tanta
sinceridade.
Os olhos de Landon se arregalam. — Totalmente fodido!
— Que bando de perdedores. — Bunky agora está tentando se equilibrar em
uma perna e falhando miseravelmente. — Olhe minha posição. Não é matadora?
— Claro. — Eu rio e coloco a cabeça no ombro de Silas antes de olhar para
ele. — O que você acha?
— Acho que deveríamos começar a fazer essa merda de Tai Chi se isso vai
deixar você todo flexível assim, — ele brinca, dando um beijo no meu pescoço. —
Tem certeza que você não quer uma cerveja?
Eu balanço minha cabeça. Na verdade, bebo de vez em quando, mas não é
minha praia. Depois de anos sendo condicionado a não beber e manter minha

11 Filme Simplesmente Amor no Brasil.


imagem perfeita, isso ficou na minha cabeça agora. De qualquer forma, não quero
fazer nada que prejudique meus sentidos, especialmente esta noite.
Não quando vou conhecer oficialmente a mãe de Silas pela primeira vez e
não ter um ataque de pânico na frente dela quando ela acabou de descobrir que
seu filho gosta de homens.
Quase como se pudesse ler meus pensamentos, ele se inclina e roça os lábios
em minha orelha. — Mamãe já te ama. Relaxe.
— Isso não é fofo? — Bunky provoca, afastando a mão de Raid quando ele
tenta pegar seu baseado de volta. — Você está nervoso.
— Cale a boca, — respondo, me encolhendo ainda mais em Silas. —Não estou
nervoso.
— Está tudo bem, mas a mãe do Silas é ótima, — acrescenta uma voz
diferente.
— Ei, Whaley. Como vai? — Raid diz, fazendo com que minha coluna se
endireite.
Congelo ao ouvir o nome e viro a cabeça lentamente, ficando cara a cara com
Whaley.
Silas não me contou muito sobre ele, além do fato de ser o líder da gangue,
mas até eu sei que sua reputação o precede. Você não consegue ser o chefe de uma
gangue aos vinte e três anos sendo gentil. Na verdade, nunca conheci Whaley e
estou surpreso com sua aparência.
Eu esperava um velho com muitas tatuagens e uma aparência suja. Apenas
uma dessas coisas está correta. Whaley tem tatuagens que cobrem ambos os braços
e algumas que saem da gola da camisa e envolvem o pescoço. Ele não é velho,
provavelmente tem trinta e poucos anos, e na verdade é muito atraente.
Apesar de não parecer completamente adequado, há algo em seus olhos que
me diz que ele viu coisas. Há uma escuridão persistente neles, rastejando pelas
bordas, algo perigoso e mortal. Eu me pergunto o que ele pensa quando olha para
mim. Todo atleta, cabelos loiros e olhos azul-acinzentados, alguém que não deveria
estar sentado no colo de Silas.
— Esse é o seu cara? — Whaley pergunta, apontando o polegar para mim.
Quero pular do colo de Silas e apertar sua mão, mas Silas segura meus
quadris com força. — Sim. Whaley, este é Blaine. Blaine, este é Whaley.
— Olá, senhor, — eu sufoco, nervoso como o inferno quando aqueles olhos
castanhos me examinam.
Whaley olha para mim por um momento, mas depois me surpreende com
uma risada. —Não precisa me chamar de senhor. Whaley está bem.
— Certo, Whales, — gaguejo e resisto à vontade de dar um tapa na minha
cara. — Merda, não, Whaley. Eu sei.
Silas deve achar minha gagueira hilária porque posso sentir seu peito
subindo e descendo enquanto ele ri, depois seu encolher de ombros antes de falar
com Whaley. — Meu cara está um pouco nervoso para conhecer você.
Whaley acena com a mão desdenhosa em minha direção. — Não vou
machucar você. Não, desde que você mantenha a boca fechada e trate bem Silas.
— Whaley! — Bunky grita, praticamente pulando no fogo para se aproximar
dele. — Quer me ver todo flexível? Eu posso fazer um ótimo estilo cachorrinho.
Landon começa a rir. — Acho que se chama cachorro para baixo.
Olho nervosamente para Whaley. Ele não parece ser do tipo que aceita
provocações levianamente. Não se o que ouvi sobre ele através dos boatos for
verdade. Ele me surpreende quando reage com absoluta indiferença.
Ele balança a cabeça antes de suspirar enquanto se vira para Raid. —O que
ele teve?
Raid coloca o dedo indicador no queixo enquanto pensa no assunto. — Um
Red Bull, três doses de vodca, todo o meu baseado – vá se foder, Bunk – e alguma
outra merda que ele cheirou.
— Tudo bem, — diz Whaley, acenando para Bunky. — Hora de ir.
— Eu não quero ir, — Bunky reclama, quase parecendo querer bater o pé.
— Estou bem.
— Você não parece — Silas interrompe. — Ouça-o pelo menos uma vez.
Bunky estreita os olhos e encara Whaley. — Não.
A tensão no ar pode ser cortada com uma faca. Até Landon engole em seco, e
não acho que ele realmente saiba o quão importante isso é. Merda, eu nem sei
direito, mas posso dizer, pela forma como Silas fica rígido, que isso não é bom.
Whaley espera um pouco antes de concordar. — Certo. Vejo que teremos que
fazer isso da maneira mais difícil.
— O jeito difícil? — Bunky pergunta. — O que você está- Ei! Coloque-me
no chão! — Em um instante, Whaley coloca Bunky por cima do ombro, segurando
suas pernas com firmeza para não o chutar. — Solte-me!
— É para o seu próprio bem, garoto, — diz Whaley antes de inclinar a cabeça
para nós. — Blaine, prazer em conhecê-lo. Lembre-se do que eu disse sobre manter
a boca fechada.
— Sim, senhor... quero dizer, Whaley, senhor. Sim, Whaley. — Deus, eu sou
tão estupido.
Com esse comentário tão eloquente, Whaley sai correndo com um Bunky
chutando e gritando.
Silas balança a cabeça. — Bunky vai se meter em mais problemas se não
tomar cuidado com sua atitude.
— Você está me dizendo, — murmura Raid, pegando o baseado que Bunky
deixou cair. — Whaley não será paciente para sempre.
— Eu odiaria ser o alvo disso, — murmura Landon, estremecendo ao pensar
nisso.
Silas concorda, largando a cerveja e olhando para trás. Então ele bate no meu
quadril para indicar que eu deveria me levantar. — Vamos. Vamos encontrar
minha mãe.
— Ok, — eu sussurro, a voz tremendo um pouco quando ele pega minha
mão. Olho para Landon. — Você vai ficar bem?
Ele olha para Raid e acena com a cabeça. — Por que eu não estaria? Temos
Keira Knightley para discutir.
Tudo bem, então. Com isso, Silas e eu saímos em busca da mãe dele. Não
demoramos muito para encontrá-la. Ela está dançando ao som de uma música rock,
botas de motociclista pisando no chão enquanto as mulheres ao seu redor dançam
junto com ela. Quando ela nos vê, um largo sorriso surge em seus lábios. — Silas!
Blaine!
— Ei, mamãe, — diz Silas, soltando minha mão para poder beijar sua
bochecha. — Você está se divertindo?
— Oh, melhor agora que vocês dois estão aqui, — ela me diz, jogando o
cabelo por cima do ombro enquanto olha para mim. — Blaine, é bom ver você de
novo. Você está se sentindo melhor, querido?
— Sim, senhora.— Estendo minha mão para ela. — Sinto muito por...
Ela balança a cabeça. — Não, não. Nós nos abraçamos nesta família.
Então ela se aproxima e seu corpo minúsculo me envolve com força. Por um
segundo, não sei como reagir. A última coisa que pensei que aconteceria seriam
lágrimas escorrendo pelo meu rosto por causa de um gesto tão simples. Não é com
isso que estou acostumado. Meus pais são exatamente o oposto dela. Onde ela
parece calorosa e amorosa, meus pais são frios e indiferentes. Não consigo me
lembrar da última vez que algum deles me abraçou assim.
Quando me afasto, seu sorriso vacila ligeiramente quando ela vê as lágrimas
em meus olhos. — Oh querido. Aposto que você não é muito abraçado.
— Não se preocupe, mamãe. — Silas me puxa para seu lado. —Estamos
recuperando o tempo perdido.
— Isso é ótimo! — ela praticamente grita enquanto agarra minha mão e me
arrasta para longe de Silas em direção ao campo aberto. — Você dança, Blaine?
Silas pode, mas ele odeia. Sempre me deixando sem companheiro.
Eu sorrio, minha confiança se renova enquanto ela gira debaixo do meu
braço. — Sim, senhora. Eu sou um ótimo dançarino.
— Não dê ouvidos a ele, ele provavelmente é uma merda nisso. — Silas ri.
Ela estreita os olhos para o filho. — Seja legal com seu namorado, Silas, ou
então ele vai encontrar alguém menos mal-humorado.
— Nunca, ele cresceu um pouco comigo, — eu digo, dando a Silas um rápido
beijo no ar, ao qual ele apenas revira os olhos. Viro-me para sua mãe e estendo
minha mão para ela. — Concede-me esta dança?
— Que cavalheiro, — ela murmura, colocando sua mão delicada na minha.
— Seria um prazer.
Dançamos um pouco com Silas assistindo divertido enquanto sua mãe e eu
nos divertimos muito. As outras mulheres junta-se a nós e revezam-se para dançar
comigo e, quando terminamos, estou todo nojento e suado, morrendo de vontade
de beber um pouco de água.
— Ela te ama, — Silas me diz mais tarde, quando finalmente conseguimos
encontrar algo para eu beber sem álcool. — Eu disse que ela faria isso.
— Eu sei. — Tomo um gole da água fria, dando-lhe um meio encolher de
ombros. — Eu só não queria causar uma primeira impressão ruim, sabe?
Especialmente com o quão importante ela é para você.
— E eu agradeço isso, — diz ele, esgueirando-se em minha direção enquanto
passa os braços em volta de mim para espalmar minha bunda. —Acho que meu
namorado incrível merece uma recompensa depois de tudo isso.
Eu arqueio para trás quando ele começa a beijar meu pescoço, me
provocando com pequenos beliscões e chupadas que me deixam louco. —Minha
recompensa?
— Sim, quer sair daqui? — ele pergunta, finalmente alcançando meus lábios
e me envolvendo em um beijo lento e sujo. — Já superei isso.
Concordo com a cabeça rapidamente, enfiando as mãos em seu cabelo para
mantê-lo perto de mim. — Nosso lugar?
— Duh. — Ele ri, me dando um último beijo antes de dar um tapa na minha
bunda e recuar. — Vem cá bebê. Quero você nu e gritando meu nome em menos
de vinte minutos.
Ele não precisa me dizer duas vezes.
TRINTA E CINCO

Silas

Caímos no trailer, ambos arranhando e rasgando as roupas um do outro. O


gosto de Blaine é inebriante, me incentivando a lamber até sua boca para persegui-
lo.
— Tem certeza que ninguém vai entrar aqui? — Ele pergunta, ofegante
contra minha boca enquanto eu empurro para baixo sua calça jeans e cueca.
Concordo com a cabeça enquanto tiro meu próprio jeans, rosnando com o
fato de que preciso me separar dele para fazer isso. — Absolutamente não. Mesmo
que alguém soubesse onde isso fica, eles estão muito arrasados para vir nos
procurar.
O ponto de encontro está acontecendo do outro lado do estacionamento de
trailers. Blaine e eu estamos aqui há meses, mas posso perceber que meu bebê ainda
está nervoso com isso. Eu silencio seus medos atacando sua boca, gemendo contra
seus lábios enquanto caímos no sofá.
— Você é tão gostoso, — eu gemo, rasgando sua camisa sobre sua cabeça
enquanto observo seu corpo largo. — Porra, nunca pensei que isso faria isso por
mim.
Ele se contorce embaixo de mim, seus dedos puxando desesperadamente
minha jaqueta. — Pare. Agora. Por favor.
— Você é tão doce quando está implorando, — eu digo, mostrando
misericórdia enquanto tiro o resto da roupa. Então mergulho minha cabeça para
colocar seu pau na boca, saboreando seu gosto, gemendo com todos aqueles ruídos
preciosos que um cara forte como ele faz para mim.
— Si…
— Eu sei, — digo a ele, dando uma última lambida em sua cabeça antes de
pairar sobre seus lábios para um beijo. — É hora de você reivindicar sua
recompensa.
— Tenho uma ideia, — diz ele, arrancando os lábios. Eu rosno e persigo sua
boca, mas ele coloca a mão no meu peito para me manter longe.
— Onde você está indo? — Eu questiono quando ele sai debaixo de mim e se
dirige para a porta. — Se seu pau não estiver na minha bunda nos próximos dois
minutos, então odeio essa ideia.
— Relaxe, — ele me diz, parecendo muito travesso para seu próprio bem
quando chega à porta. — Só me dê um segundo. Você vai amar.
Ele sai do trailer pelado, e meu lado territorial quer persegui-lo e jogar minha
jaqueta em volta dele para mostrar ao mundo que ele é meu. É melhor que ele fique
feliz por ninguém vir aqui, porque a ideia de alguém ver as mercadorias do meu
cara me deixa sujeito a perder a cabeça.
Vou para a varanda, acariciando meu pau e pronto para tudo o que ele
planejou. Quando ele volta, eu sorrio, mas rapidamente cai quando eu o considero.
— Oh, porra, não.
Blaine dá uma risadinha e eu olho com horror para a camisa em suas mãos.
É a mesma camisa que ele colocou no meu carro no dia do grande jogo. Achei que
tinha escondido isso, mas aparentemente não foi bom o suficiente. Ele balança na
frente do rosto, balançando as sobrancelhas para mim. — Sim.
— Eu não vou usar isso quando você me fode, — eu grito enquanto subo
ainda mais no sofá-cama para me afastar dele.
— Vamos, — ele brinca, subindo no sofá-cama, a camisa ainda na mão. —
Você está me dizendo que nunca pensou nisso?
— Pensei em foder você com ela, — digo a ele, lembrando o quão musculoso
ele fica quando está vestido, mas então balanço a cabeça. — Eu não sou um caçador
de chuteiras.
Ele bufa, ajoelhando-se sobre o sofá-cama enquanto arruma a camiseta e
envolve seu pênis com a mão. — Pense nisso. Acabei de ganhar o grande jogo e
meu namorado quer me dar os parabéns? Oh! Ou talvez você seja um grande fã, e
eu só vou te dar um autógrafo se você me deixar te foder?
Meus olhos se arregalam de surpresa. — Você quer interpretar?
— Sim, — ele diz com um encolher de ombros fácil. — Quer experimentar?
Eu olho para a camisa ofensiva e depois olho para seu pau. Ele está duro com
a ideia, dolorido e tenso com a ideia de me foder de uniforme. Estou prestes a dizer
não, porque, como eu disse, não sou um caçador de chuteiras, mas o olhar dele me
impede.
Aqueles grandes olhos cinzentos estão cheios de uma excitação insana. Ele
está quase pulando de ansiedade ao pensar em sua fantasia.
E porque aparentemente estou apaixonado, eu concordo.
— É melhor que isso seja bom, — eu digo, arrancando a camisa da mão dele
e vestindo-a. Tem cheiro de grama e Blaine, uma combinação inebriante que faz
meu pau estremecer.
Ele se move rápido, lutando pelo lubrificante na mesa lateral antes de se
acomodar em cima de mim. Seu entusiasmo faz com que ele esguiche um pouco
demais nos dedos, fazendo uma bagunça, mas pelo menos eles estão bonitos e
revestidos.
— Excitado? — Eu provoco, ganhando um forte tapa na coxa. — Ai, porra!
— Só me dê um segundo para admirar a vista, idiota, — ele rosna enquanto
leva um segundo para olhar para mim.
Estufo um pouco o peito porque ele está me olhando como se eu fosse a coisa
mais gostosa que ele já viu. Ele provavelmente gosta do fato de o 'bad boy' residente
estar vestido com o espírito escolar. Eu faço uma careta enquanto olho para mim
mesmo.
— Precisamos de uma palavra de segurança? — ele pergunta, posicionando-
se entre minhas pernas e separando-as.
— Não sei, — digo, tentando pensar na pornografia que assisti. Não é como
se ele fosse me amarrar e me amordaçar. Isso é uma ideia. — Que tal 'Eu me sinto
um idiota'?
Eu sibilo quando ele dá um tapa na minha coxa novamente. — Seja sério.
— Tudo bem, — eu rosno, revirando os olhos. — Marinara.
— Marinara? — ele pergunta em meio a uma gargalhada. —Seriamente?
— Uma palavra de segurança não deveria ser algo que você nunca diria? —
Eu pergunto, ficando um pouco irritado com esta conversa. Eu só quero foder. —
Bem, eu nunca gritaria por um molho italiano enquanto você está arrasando minha
bunda. — Embora brincar com comida possa ser algo que vale a pena dar uma
olhada. Eu penso, minha mente de repente girando em torno de todas as
possibilidades.
— Silas!
— Porra, desculpe. Marinara funciona bem.
— OK. — Ele solta um suspiro animado, brincando com a mecha escura de
pelos ao redor da base do meu pau. — Marinara, é isso. Deveríamos conversar sexy
um com o outro?
Droga, eu não sabia quanto trabalho essa fantasia daria. Estou pronto para
seguir em frente, mas foda-se. Já estou engolindo meu orgulho ao concordar com
isso. Posso muito bem ser o melhor fã falso possível, especialmente porque ele
parece realmente querer isso, e aparentemente farei qualquer coisa por ele.
— Se estamos fazendo isso, vamos fazer certo, — eu digo, descansando as
mãos entrelaçadas atrás da cabeça. — Este é o seu show. Faça valer a pena.
— Tão irritante, — ele murmura, revirando os olhos com o meu tom. Então
ele esfrega minha coxa e inclina a cabeça para o lado. — Está pronto?
— Sim. Vamos fazer isso.
Ele lambe os lábios enquanto separa minhas bochechas, passando um dedo
lubrificado suavemente ao redor do meu buraco, fazendo-me apertar em
antecipação. — Então, você é um grande fã, hein?
— O maior, — murmuro, estreitando os olhos para ele. — Eu quero a porra
de um autógrafo.
Ele suspira e se afasta, franzindo a testa com os olhos baixos enquanto
balança a cabeça. Agora me sinto um idiota por não tentar. — Se você não vai levar
isso a sério, não precisamos fazer isso. — Mastigo o interior da minha bochecha,
percebendo que está meio quente. Quero dizer, esse fã está desesperado pelo pau
do Blaine, certo? Eu posso ser isso também. Talvez se eu me deixasse levar um
pouco, eu pudesse me divertir um pouco.
Mas principalmente, eu sei que vou participar por causa de quem ele é.
— Você é meu jogador favorito, — digo, tentando colocar um pouco de
entusiasmo e alegria em minha voz. — Adoro observar você quando você está em
campo.
Ele olha para mim e abre um largo sorriso. Então ele faz um movimento
estranho com os quadris antes de falar. — Então, você é um grande fã, hein?
— O maior, — eu digo suavemente, mantendo um sorriso brilhante no rosto
enquanto ele pressiona um dedo em mim novamente, e eu me esforço para pensar
em algo para dizer. — Me desculpe por ter entrado no vestiário, mas eu realmente
queria um autógrafo.
— O que você faria por um? — Ele pergunta maldosamente, girando o dedo
e enganchando-o dentro de mim.
Mordo meu lábio inferior, contendo um gemido quando ele atinge meu
lugar. — Qualquer coisa.
Ele levanta uma sobrancelha, adicionando lentamente um segundo dedo. —
Você me deixaria foder esse buraquinho perfeito?
Embora eu goste de sua conversa suja, ele deveria ter sorte de sermos
namorados agora, porque se ele tivesse falado comigo desse jeito no começo, eu
teria arrancado seus dentes. Mas agora…
Jesus Cristo, foda-se meu buraquinho perfeito.
Mas não posso dizer isso, então balanço a cabeça, fingindo não ter certeza.
— Não sei. Eu nunca fiz isso antes.
Ele ri, continuando a me abrir enquanto dá beijinhos em minha barriga antes
de pairar sobre mim. — Você não quer saber como é foder o melhor atleta da NFL?
OK. Isso me pega.
— Espere. Nessa fantasia, você é o número um? — Inclino a cabeça para o
lado e bufo. — Você tem um ego enorme, bebê.
— Ei! Não quebre o personagem! — ele diz, fazendo beicinho. Ele balança a
cabeça novamente e respira fundo. — Está bem, está bem. Vamos tentar de novo.
Você não quer deixar seu jogador favorito feliz?
Esta deve ser a coisa mais ridícula que já fiz por ele, mas me forço a
permanecer no personagem. —Será que você realmente ficará feliz em me foder?
— O mais feliz, — diz ele, inserindo outro dedo. Jogo minha cabeça para trás
e ele aproveita, chupando aquela sarda escura no meu pescoço pela qual ele está
obcecado. — Vou até conseguir ingressos para a temporada.
OK. Um fã gostaria disso, certo? — Por favor? Sim. Vou deixar você me foder.
Eles podem ser na quadra?
Isso é mesmo uma coisa? Como diabos você chama isso, uma linha
secundária?
Desta vez é a vez dele de quebrar o personagem. É claro que ele não vai deixar
isso passar. Seus dedos ainda estão dentro de mim enquanto ele abaixa a cabeça no
meu peito, rindo. — Quadra? Nós realmente precisamos te ensinar mais sobre
futebol.
— Cale a boca, — eu respondo, empurrando seu peito. — Olha, estou
tentando o meu melhor. Podemos apenas foder agora?
— Sempre quis foder um fã vestindo minha camisa, — ele continua, nos
trazendo de volta à cena. — Diga-me que posso te foder. Diga-me que posso bater
nessa bunda doce e pegar o que quiser.
Não tenho muita certeza de por que essas palavras me torcem por dentro.
Seguro suas bochechas, certificando-me de fixar aqueles olhos cinzentos que
começaram a se tornar minha ruína, e nem fico envergonhado quando minha voz
sai sem fôlego. — Eu vou te dar tudo o que você quiser, Blaine.
Isso não faz mais parte da fantasia. Eu realmente quero dizer isso. Eu olho
para ele, esperando que meu olhar mostre o quanto isso é verdade. De alguma
forma, nos encontramos aqui, comigo disposto a fazer qualquer coisa por ele.
Quero protegê-lo, fazê-lo feliz e garantir que ele nunca se arrependa de ter me
escolhido.
Aquele coração que escondi sob camadas de sarcasmo e apatia se abriu para
ele.
Blaine, sendo tão perfeito quanto é, percebe a mudança em mim. Ele olha
para mim com adoração, quase como se estivesse apreciando esse momento, e então
me beija profundamente.
E com seus lábios nos meus, sei que isso significa que ele fará qualquer coisa
por mim também.
Quando estou pronto para ele, ele cobre seu pau com lubrificante e o alinha
com meu buraco. Eu ancoro meus dedos em seu cabelo macio enquanto ele beija
meus lábios. — Vou levar o meu tempo. Meu maior fã deveria saber o quanto ele
significa para mim.
— Por favor, — eu imploro suavemente, me surpreendendo com o quão
carente pareço, e suspiro quando ele me empurra. — Mostre-me que sou mais
importante do que qualquer outra pessoa.
Blaine sempre me faz dizer merdas idiotas. Eu nunca tinha falado com
ninguém dessa maneira na minha vida antes, nunca fui tão aberto e vulnerável
com uma única pessoa, nem mesmo com as mais próximas de mim.
Agora, quero ser mais importante para ele do que qualquer outra pessoa
também.
Ele desliza para dentro de mim dolorosamente lento, e cerro os dentes ao
sentir seu pau dentro de mim. Então jogo minha cabeça para trás com um suspiro
silencioso quando ele chega ao fundo e vai direto para minha garganta. Já tenho
dois chupões dele — um desbotado e outro vermelho brilhante —, mas sei que ele
adora me marcar como dele. É a mesma razão pela qual o decorei com minhas
marcas.
Porque pertencemos um ao outro.
— Se sentindo bem? — Ele pergunta, sua voz áspera e rouca enquanto
envolve minhas pernas em volta de sua cintura. — Qual é a sensação de deixar sua
maior obsessão te foder?
Porra, eu adoro isso. Estou obcecado por ele. Do jeito que ele fica vermelho
quando está nervoso até sua boca afiada quando está chateado, tudo nele faz isso
por mim, e eu quero que ele fique obcecado por mim também. Quero que ele esteja
tão arruinado para mim quanto eu estou para ele.
— Não pare, — imploro, agarrando seus ombros com tanta força que o faz
sibilar. Eu nem me importo se estou implorando. Eu só quero mais disso. — Foda-
me com mais força, Yates. Quero que seus companheiros me ouçam gritar por você.
Seus olhos rolam para a parte de trás de sua cabeça enquanto ele se deleita
com minhas palavras sujas, deixando-as alimentá-lo enquanto ele me fode com
mais força. Ele puxa minhas pernas para cima, apoiando meus pés em seus ombros
enquanto me dá tudo o que tem. Gotas de suor em sua testa e sua respiração ficam
entrecortadas, mas de alguma forma, ele encontra forças para continuar.
Pode ser o fato de que estou cheio de seu pau vestindo nada além de sua
camisa.
Ele sai, e não posso acreditar que estou chorando com a perda. Acho que
estou bancando o fã adorador perfeitamente. — Volte aqui.
Ele balança a cabeça, caindo de costas, e meu pau estremece enquanto ele me
coloca em seu colo. — Não. Você quer aquele autógrafo, você vai merecê-lo. Monte
meu pau.
Lambo meus lábios enquanto o agarro, alinhando-me antes de bater com
força em um movimento rápido.
Ele quer que eu monte nele? Vou dar-lhe a melhor volta da sua vida.
— Porra! — ele grita, balançando a cabeça de um lado para o outro enquanto
eu salto em seu pau. — Jesus, simples assim, Si. Mostre-me o quanto você ama meu
pau.
— Você quebrou o personagem, — eu rosno, passando minhas mãos para
cima e para baixo em sua camisa, dando-lhe o show que ele estava tão desesperado.
— Não me importo! — ele choraminga enquanto agarra meus quadris para
que possa empurrar para dentro de mim. — Você está muito bonito. Tão gostoso.
Oh meu Deus, eu não posso... eu vou...
Sim. Adoro quando ele começa a balbuciar. Isso significa que ele está
chegando perto. Tiro uma de suas mãos do meu quadril e a coloco em volta do meu
pau. — Faça-me gozar, bebê. Mostre ao seu maior fã que você é um deus do sexo.
Ok, talvez isso seja levar tudo um pouco longe demais, mas foda-se, estou
interessado nisso.
— Deus do sexo, hein? — Ele bufa, os olhos brilhantes de luxúria enquanto
olha para mim.
— Você está me fodendo tão bem, — eu gemo, fazendo essa coisa com meus
quadris que o deixa louco. Eu fodo em seu punho simultaneamente, deixando cair
minhas mãos em seu peito enquanto começo a tremer. — Sim. Sim. Sim!
Então eu gozo em seu peito, e ele olha para ele, espantado, arrastando os
dedos pelo meu esperma antes de enfiar um dedo na minha boca. Eu chupo,
sentindo meu gosto enquanto continuo montando nele, apesar de quão sensível
sou.
— Quero gozar com minha camisa, — ele me diz, me empurrando rápida e
freneticamente de costas. Ele sacode seu pau com um golpe áspero, gozando
quando eu massageio suas bolas. — Si!
Jato após jato cobre sua camisa e alguns caem no meu pescoço, que ele limpa
com a língua. Então ele cai em cima de mim, suado e sem fôlego.
— Interpretando foi tudo o que você pensou que seria? — pergunto,
esfregando a nuca dele com dedos suaves. Quando ele não responde
imediatamente, dou um tapa de leve em sua bunda. — Bebê?
Ele reivindica minha boca em um beijo brutal antes de enfiar a língua na
minha garganta. Ele passa as mãos por todo o meu corpo, ainda tão quente para
mim, e eu sei que se eu lhe desse alguns minutos, ele estaria pronto para gozar
novamente. Blaine é um maldito maníaco sexual e estou aqui para isso.
— Porra, Si, — ele sussurra quando se afasta, esfregando o nariz no meu. —
Você é tão perfeito. Obrigado por fazer isso.
— Estava tudo bem. — Dou de ombros com indiferença, mas nós dois
sabemos que não estou falando sério. — Da próxima vez, vamos bancar o atleta
idiota e o rebelde.
Ele bufa enquanto se move para que possamos deitar lado a lado. —Então,
como nossa vida?
— Eu estava pensando que você estaria querendo marcar um gol e disposto
a desistir dessa bunda por isso, — eu sugiro, meu pau voltando à vida só de pensar
nisso. — Quer que eu te foda como se eu te odiasse?
Ele é interrompido pelo som do telefone tocando e cambaleia para fora do
sofá-cama para pegá-lo da calça jeans. Ele solta um gemido, jogando-o na mesa
lateral antes de vestir sua boxer e se juntar a mim no sofá-cama.
Minha sobrancelha se levanta com sua expressão irritada. — E aí?
— Só meu pai, — ele murmura, passando a mão frustrado pelo cabelo antes
de rolar para o meu lado. — Não é nada demais.
Quero pressioná-lo e perguntar a ele o que seu pai disse, mas não faço isso.
Ele está tão feliz e relaxado agora, e não quero fazer nada que possa estragar isso.
Faço uma nota mental para falar com ele sobre isso mais tarde.
Agora, vou abraçar meu namorado e agradecer às minhas estrelas da sorte
por ter conseguido meu par perfeito.
TRINTA E SEIS

Silas

Eu nunca pensei que iria gostar dessa merda de namoro bonitinho, mas eu
meio que gosto disso.
— Você gosta disso? — Blaine pergunta, como se estivesse lendo meus
pensamentos, apontando para nosso milkshake Oreo que está na nossa frente. Ele
tem algumas migalhas no lábio inferior, então me inclino para ele e as lambo,
apreciando a forma como sua respiração falha.
— Si...— ele sussurra, perseguindo meus lábios.
— Não, — eu digo, tomando um gole do meu canudo antes de apontar para
ele. — Você queria pedir essa merda, você vai beber.
Ele se aconchega ao meu lado, apoiando a cabeça no meu ombro. —Eu disse
que poderíamos pedir Cheesecake de Morango.
— Mas você não gosta de Cheesecake de Morango.
— Eu teria comido por você, — ele murmura cansado.
Droga, Blaine. Esse cara vai me matar com a forma como ele faz meu coração
querer pular do peito. Eu sei que disse que queria que ele terminasse o milk-shake,
mas não aguento. Eu o coloco no meu colo, sufocando seus lábios gelados com os
meus e sentindo o gosto do chocolate em sua língua.
— Para o que foi isso? — ele pergunta quando nos separamos, com as
bochechas coradas e ofegando levemente enquanto ele segura minha jaqueta.
— Porra, é por isso, — resmungo, entregando-lhe seu milkshake para que
ele possa continuar bebendo. Não vou admitir que isso também o faça ter um gosto
bom. Para evitar atacá-lo em público como eu realmente quero fazer, me inclino
para trás e jogo meus braços em volta da cabine. — Como foi o Conselho Estudantil
hoje?
Ele geme, toda a luxúria desaparecendo de seus olhos enquanto ele afunda
em mim. — Ugh, nem me fale sobre isso. Esqueci que as seletivas de beisebol são
na semana que vem, então tive que refazer toda a minha agenda.
— Por que você se preocupa com os testes de beisebol? — Eu pergunto,
levantando uma sobrancelha.
— Porque estou fazendo um teste, — diz ele, sorvendo enquanto chega ao
fundo do milk-shake.
— Bebê, — eu digo sem expressão, dando-lhe uma olhada. — Nunca ouvi
você falar sobre beisebol. Por que você está tentando?
Seu nariz enruga em confusão. — Por que eu não faria isso?
Tento controlar minha paciência. É como se ele não se lembrasse de que suas
circunstâncias mudaram. Abandono o tom, tentando não ser condescendente, mas
tenho certeza de que minhas palavras ainda saem assim. — Você está tentando
porque quer ou porque seu pai quer que você faça?
Eu sei que não deveria falar do pai dele, não depois de tudo o que aconteceu,
mas ele tem que perceber que o prefeito ainda está mexendo os pauzinhos. Blaine
não é um idiota. Ele tem que ver o quanto fazer toda essa merda extra o está
matando.
— Foda-se, Silas! — ele diz, saindo do meu colo. — E se eu gostar de beisebol?
— Bem e você gosta? — Eu respondo, mantendo minha posição. —Você
realmente gosta de metade das merdas que faz?
— Claro que eu faço! — ele argumenta, com o rosto vermelho de irritação.
— Qual é a porra do seu problema esta noite?
Belisco a ponta do nariz e luto contra a vontade de acertar o queixo do meu
namorado perfeito. Ele quer saber qual é o meu problema? Ele é.
Quando ele finalmente chegou ao trailer depois da escola, eram cerca de seis
horas. Eu estava esperando por ele para que pudéssemos jantar, mas ele desmaiou
assim que passou pela porta. O filho da puta nem me beijou primeiro. Assim que
finalmente o acordei, fomos ao Kelly's Diner, onde ele se recusou a comer qualquer
coisa além de um maldito milkshake.
Ele está exausto, fora de si, e eu não gosto disso.
Processe-me se eu quiser que meu namorado seja feliz e saudável.
— Eu simplesmente não entendo por que você faz todas essas coisas
aleatórias, — afirmo enquanto começo a listar todas as suas atividades
extracurriculares com os dedos. — Conselho Estudantil, Clube de Reciclagem,
Equipe de Debate, Clube Chave – seja lá o que for – e agora beisebol? O que você
tem?
— Gosto de estar envolvido!
— Não, você não faz!
Nós dois baixamos a voz quando percebemos que atraímos uma audiência.
Eu zombo do velho na cabine ao nosso lado quando ele nos lança um olhar feio, e
Blaine dá um tapa no meu peito em aviso. — Não seja um idiota, Silas.
— Apenas admita que você não gosta dessa merda, — rosno, voltando-me
para ele. — Admita que você odeia isso, porque eu sei que você odeia.
Ele zomba. — Você não sabe disso.
Eu controlo toda a calma que consigo. Bem. Ele quer ser um merdinha
teimoso? Acho que tenho que usar as armas grandes.
Ele está pressionado até o outro lado da cabine, então eu me aproximo e o
prendo contra a parede. Então jogo meu braço por cima de seu ombro, trazendo-o
para meu peito, revirando os olhos quando ele tenta lutar comigo.
— Não me toque, — ele sibila, afastando minhas mãos com um tapa. — Eu
não quero falar com você agora.
Suspiro, não deixando que ele se solte, e agarro seu queixo. — Blaine, olhe
para mim. Sinto muito, certo?
— Não, você não sente, — ele ferve, sua mandíbula cerrada enquanto ele
olha para mim. — Você só quer que eu pare de reclamar.
— Isso não é verdade, — digo lentamente, respirando profundamente
enquanto tento reunir as palavras certas. — Eu só... Porra. Eu me preocupo com
você.
Eu me preocupo muito.
Eu nunca imaginei que fosse possível sentir essa maldita preocupação o
tempo todo. Eu consegui um lugar na primeira fila para saber como Blaine vive sua
vida, e isso não é bom. Quando ele não está bebendo Red Bulls e estudando a
qualquer hora da noite, ele está correndo por aí fazendo as merdas mais aleatórias
para as pessoas. Não me fale sobre a porra dos ataques de pânico.
Ele está esgotado e cansado quando chega em casa, sempre tentando parecer
'Blaine', mas eu sei melhor agora. Ele se envolve em tudo para tentar corresponder
às expectativas ridículas que seu pai estabeleceu para ele. Se ele continuar assim,
ele vai se esgotar. Inferno, ele praticamente já está.
A ideia de pessoas o machucando me deixa violento, mas a ideia de ele se
machucar me deixa doente.
Seu rosto suaviza e ele solta um pequeno gemido, a cabeça caindo para frente
e descansando na mesa. — Me desculpe, eu não deveria ter reagido assim. Eu sei
que você tem boas intenções, mas não posso simplesmente desistir. Tenho
obrigações e não quero decepcionar ninguém.
— Por que você acha que vai decepcionar as pessoas? — Eu pergunto,
segurando sua testa e ajudando-o a se sentar.
— Porque esses são os meus compromissos, se eu não aparecer e fazer as
coisas que disse que ia fazer, quem mais o fará? Sim, posso nem sempre gostar, mas
esse não é o ponto. — Ele fecha os olhos, apertando a calça jeans enquanto balança
a cabeça. — Não posso colocá-los nessa posição. Sobrecarregado ou não, não é a
coisa certa a fazer.
Ok, entendi. Eu seria da mesma forma se fossem os caras. A diferença é que
eles nunca iriam querer que eu me prejudicasse. — Você não tem que adicionar
mais ao seu prato. Beisebol não é algo que você precisa fazer.
Ele contempla isso por um momento antes de concordar. — Sim, você tem
razão.
— Embora, se você quiser interpretar como arremessador e treinador, eu
estaria animado, — provoco, querendo aliviar seu humor.
— Você não é engraçado, — ele resmunga, mas posso ver o humor enchendo
seus olhos. Ele respira fundo e inclina a cabeça em concordância. — Acho que não
quero jogar beisebol este ano.
Aí está meu bebê razoável. Eu estava esperando ele voltar. — Isso é tudo que
peço, apenas diminua um pouco o ritmo. Você não precisa ser tão acelerado o
tempo todo. Pode até diminuir os ataques de pânico.
— Você acha? — ele pergunta, um pouco esperançoso. — Eu realmente os
odeio, Si. Eu gostaria que isso não acontecesse com tanta frequência.
Eu também desejo isso.
Eu o trago em meus braços mais uma vez, sorrindo quando ele não luta
comigo dessa vez, e beijo sua testa. — Não sei se vai ajudar, não sou médico, mas
talvez você devesse consultar um?
— Seriamente? — Suas sobrancelhas franzem e ele inclina a cabeça para o
lado enquanto me olha.
— Você é quem quer se tornar um. — Não posso deixar de balançar a cabeça.
— Você deve saber que é normal que as pessoas procurem ajuda quando precisam.
Ele morde o canto do lábio enquanto pensa nas minhas palavras. —Olha, eu
sei que é super saudável ver alguém quando você está passando por dificuldades.
Entendi. Eu simplesmente nunca pensei…
Ele nunca pensou que era uma opção para ele? Seu pai o viu lutando contra
todos esses demônios e não fez nada, então Blaine aprendeu que tinha que lidar
com isso sozinho? Bem, ele não está sozinho agora. É escolha dele querer ver
alguém, mas sempre o encorajarei a fazer o que for melhor para sua saúde.
— Basta pensar nisso, — eu sussurro, passando meus dedos por seu cabelo
macio.
Ele olha para mim, com um pequeno sorriso no rosto antes de beijar meu
queixo. — Obrigado, Si.
Resisto à vontade de revirar os olhos e engasgar com o que estou prestes a
dizer. — Qualquer coisa por você. — Eu seguro o milkshake agora vazio. — Outro?
— Que tal um hambúrguer em vez disso? — ele pergunta. — Estou
morrendo de fome.
Claro que ele está, porra.
Eu não digo isso, no entanto, apenas aceno para nossa garçonete e faça o
pedido. Não falamos sobre nada de especial enquanto esperamos pelo jantar. Conto
a ele como Bunky quase teve o dedo arrancado quando tentou acariciar o
chihuahua de um cliente, e ele me conta sobre a conversa ‘tão emocionante’ que o
Clube de Reciclagem teve sobre encomendar novas lixeiras.
Mas é o que ele diz no meio da refeição que me faz querer terminar com ele
naquele mesmo segundo. Na verdade não, porque ele está preso comigo, mas estou
pensando na surra que ele receberá mais tarde.
— Porra, não, — eu digo inflexivelmente, pronto para fugir da cabine.
Seu lábio inferior se projeta em um beicinho enquanto ele tenta e não
consegue me fazer concordar. — Silas...
— Eu disse não. — Não está acontecendo. De jeito nenhum.
— Oh vamos lá!
— Eu não vou à porra do baile com você! — Meu tom está cheio de
aborrecimento e horror porquê... sim. Maldito baile de formatura. Não, obrigado.
Blaine tenta me dar os maiores olhos de cachorrinho que eu já vi, mas não
me mexo. De jeito nenhum eu vou me espremer em um smoking e marchar feliz
até o refeitório com decoração horrorosa da nossa escola. Não me importa quantos
boquetes ele me ofereça, não vou fazer isso.
— Você ficaria tão fofo, — ele murmura, já em seu telefone e procurando
aluguel de smoking. — Você acha que ficaria melhor de azul ou preto? Devíamos
comprar uma flor na lapela para você também.
Não sei o que é isso, mas não há nenhuma maneira de eu conseguir um.
Arranco o telefone da mão dele, enfiando-o no bolso de trás antes que ele
possa alcançá-lo. Ele me lança um olhar ameaçador e eu lhe lanço um olhar de
lobo em resposta.
— Seriamente? — Ele zomba, erguendo as sobrancelhas. — Você acha que
tenho problemas em agarrar sua bunda para pegar meu telefone?
Caramba.
Mas antes que ele possa prosseguir com sua ‘ameaça’, meu telefone toca na
mesa, chamando nossa atenção.
— Quem é aquele? — Ele pergunta, mastigando uma batata frita enquanto
olha para o meu telefone. — Raid? O que ele quer?

RAID
Onde vocês estão gente?

— Ele quer saber onde estamos. — Jogo meu braço em volta de seu ombro
para que ele possa ver minha resposta.

EU
Comendo. O que você quer?

RAID
Quer se encontrar?
Eu olho para Blaine em questão. — Quer companhia esta noite?
— Depende do que eles querem fazer, — diz ele, comendo outra batata frita.

EU
Para quê?

RAID
Uma festa.

Blaine e eu soltamos gemidos mútuos. Claramente, nenhum de nós quer ir,


mas, para agradar Raid, eu respondo de qualquer maneira.

EU
Que festa?

RAID
Festa em casa. Tenho que vender alguma merda.

RAID
Vamos. Vocês dois podem foder outra hora.

Blaine ri. — Ei, ele perguntou qual de nós…


— Sim. — Sorrio ao me lembrar do que aconteceu depois que Raid tentou se
intrometer na minha vida sexual. — Bati na cara dele.

RAID
Bunky diz que vai usar a Força em você. Seja lá o que isso signifique.
— Que porra é essa?— Eu pergunto em confusão.
— Star Wars, Si, — ele explica como se eu fosse um idiota. Quando continuo
lançando um olhar vazio, ele revira os olhos. — Nós realmente precisamos de uma
TV no trailer.
Estou prestes a dizer a ele que provavelmente conseguiremos pegar um no
ferro-velho quando o telefone dele toca. Dando-me um sorriso, ele enfia a mão no
bolso de trás e tira. Reviro os olhos, mas franzo as sobrancelhas quando seu sorriso
desaparece. — O que é?
— Meu pai de novo, — ele grunhe, passando a mão frustrado pelo cabelo. —
Ele não vai me deixar em paz. Eu juro, é como se ele pensasse que eu voltaria
rastejando, como se nossa briga nunca tivesse acontecido. Tenho mais orgulho do
que isso e preciso que ele perceba ele fez merda. Talvez se ele pedisse desculpas, eu
estaria mais disposto a conversar, mas ele está apenas tentando encobrir tudo. É
irritante.
Levanto uma sobrancelha e esfrego seu ombro. — Você acha que ele vai se
desculpar?
— Duvidoso. — Ele bufa antes de suspirar dramaticamente e deixar cair a
cabeça contra a cabine. — Acho que vamos esperar para ver.
Eu gostaria de ser melhor nessa merda de namorado. Quero consolá-lo, fazê-
lo se sentir melhor em relação ao pai, mas não sei como. Não sem soar como um
disco quebrado.

BUNKY
Nem mesmo Han Solo pode protegê-lo se você desistir.
Não tenho ideia de quem seja, mas isso não é da minha conta no momento.
Olho para Blaine novamente e posso dizer que ele está lendo algo do prefeito
em seu telefone. Seu rosto está todo contraído de raiva, mas há uma tristeza
persistente em seus olhos que me atinge. Ir a essa festa pode ser uma boa maneira
de distrair a situação com o pai. Ele poderia se divertir.
— Por que simplesmente não vamos? — pergunto, já sabendo qual será a
reação dele.
— Ugh, não, — ele murmura, e vejo um pouco de desgosto em suas feições.
— Isso pode fazer você se sentir melhor. Tirar sua mente das coisas, — eu
digo, lutando contra meus instintos e realmente tentando convencê-lo. Ele franze
os lábios enquanto pensa sobre isso, e posso dizer que ele ainda não quer. — Ah,
vamos lá, vamos embora. Podemos sair por algumas horas, apenas relaxar com os
amigos.
— Eu não sei, Si...
— Ei, Bunky disse que iria enviar um cara se eu não aparecesse.
Ele inclina a cabeça para o lado e olha para o meu telefone. Depois de um
segundo, ele começa a rir. — Você está com medo de Han Solo?
— Eu nem sei quem diabos é.
Ele ri de novo, como se tudo isso fosse a coisa mais engraçada que ele já viu.
— Nós realmente precisamos daquela TV para que eu possa mostrar o que você
está perdendo. Star Wars é como um produto básico da infância. Você está
perdendo.
— É sobre alienígenas ou algo assim, certo? Esse não é o meu forte.
— Não exatamente. — Ele balança a cabeça. — Você teria que assistir para
conseguir entender.
— Não sei sobre isso, — digo apreensivamente. Quando meu telefone vibra
novamente, percebo que saímos do assunto e não quero ouvir mais nenhuma
merda dos meus amigos, então cutuco Blaine com o cotovelo. —Então, festa?
Ele olha para o telefone e depois para mim. Leva um segundo, mas ele
finalmente cede. — Tudo bem, vamos lá.
Terminamos nossa comida e pagamos a conta rapidamente, e eu mando uma
mensagem rápida para Raid pedindo o endereço. Não me preocupo em responder
a mensagem de texto para Bunky, que irá - e cito - invocar o poder dos Sith para
me arrastar para fora do restaurante.
— Está pronto?— pergunto a Blaine enquanto saímos da cabine.
Ele balança a cabeça antes de me dar um beijo feliz nos lábios. — Sim.
Eu seguro sua mão enquanto saímos, realmente animado com o fato de poder
cuidar do meu namorado.
Vai ser uma boa noite.
TRINTA E SETE

Blaine

Quando Silas e eu entramos em casa, a festa está bombando.


Nenhum de nós sabe quem está dando esta festa, mas duvido que metade dos
bêbados aqui também saiba. É um lugar bonito e chique, decorado com luzes neon
em todas as paredes, grandes alto-falantes no canto e uma mesa de bebidas
completa.
Está superlotado, então Silas segura minha mão com força enquanto nos
esprememos no meio da multidão para encontrar Raid e Bunky. Alguém esbarra
em mim, fazendo com que eu perca o controle de Silas e me jogue contra a parede.
— Ei, idiota! — Silas grita, agarrando o cara pelo colarinho e puxando-o em
nossa direção. — Você vai se desculpar por atropelá-lo?
OK. Quente, mas definitivamente não é a hora.
— Foi apenas um acidente, Si, — digo, removendo delicadamente a mão dele
da camisa do cara. — Deixe-o.
O cara parece horrorizado, em pânico e foge assim que se liberta. No entanto,
isso não impede Silas de encarar ele enquanto ele desaparece no meio da multidão.
Quando Silas se vira para mim, com cara de irritação, não consigo deixar de rir.
— O quê? — ele retruca, cruzando os braços sobre o peito.
— Nada. — Dou de ombros, dando um beijo rápido em seus lábios. —Você é
tão fofo.
Ele zomba, mas passa o braço em volta da minha cintura, me puxando para
o seu lado. — Cale a boca.
— Você vai defender minha honra? — Eu questiono, provocando-o
enquanto brinco com o emblema dos Aces em sua jaqueta. — Traga-me de volta a
cabeça dele como prêmio?
— Chega disso. — Ele dá um tapinha rápido na minha bunda antes de
apontar o queixo na direção da cozinha. — Vamos encontrar os caras.
— E tente não cometer homicídio no caminho.
— Ei, — ele diz, me parando e segurando meu rosto com as mãos, esfregando
meu lábio inferior com o polegar. — Ninguém fode com você. Entendido?
Suas palavras me deixam orgulhoso e não consigo acreditar na sorte que
tenho por ter um namorado que daria uma surra em alguém por me tocar. Eu me
inclino mais uma vez, reivindicando seus lábios em um beijo que sei que poderia
durar para sempre se deixarmos. Sou o primeiro a recuar, ganhando um grunhido
dele. — Bunky e Raid, lembra?
— Foda-se eles. — Ele agarra minha bunda. — Vamos sair daqui.
— Sem chance! — Eu discuto, batendo em suas mãos. — O objetivo era se
divertir. Não vamos embora até pelo menos dançarmos.
Ele estreita os olhos para mim. — Eu não estou dançando.
— Por favor, — eu imploro, fazendo todos os esforços com meus olhos de
cachorrinho e lábios carnudos. — Isso me deixaria muito feliz.
— Vá se foder, Blaine, — ele geme, estendendo a mão para beliscar a ponta
do nariz antes de me lançar um olhar furioso. — Bem. Uma maldita dança, mas
depois você vai fazer aquela coisa com a língua.
— Negócio. — Entrelaço nossos dedos enquanto olho ao meu redor,
avistando os caras. — Acho que os vejo.
Atravessamos a multidão densa e entramos na cozinha onde Bunky e Raid
estão. Fico um pouco nervoso quando eles nos avistam, especialmente quando
avistam Silas e eu de mãos dadas. Eu sei que eles nos conhecem há algum tempo, e
todos nós já saímos juntos uma vez, mas ainda fico ansioso perto deles.
Silas deve sentir meu nervosismo porque aperta minha mão quando nos
aproximamos deles. Então ele se inclina para sussurrar em meu ouvido. — Vamos,
é só Bunky e Raid. Seja você mesmo.
— OK. — Soltei um suspiro profundo e esbocei o maior sorriso que consigo.
— Menos parecido com você então... Aí!
— Idiota, — eu sibilo, sem me preocupar em me desculpar por dar um tapa
na lateral de sua cabeça. Quando chegamos aos amigos dele, dou-lhes um aceno
estranho. — Ei pessoal.
Bunky e Raid apenas acenam com a cabeça em saudação, e fico me
perguntando se deveria dizer algo para preencher o silêncio. Felizmente, Bunky
acrescenta algo para quebrar a tensão que estou sentindo.
— Você tem dentes muito bonitos, — ele grita na sala barulhenta,
aproximando-se para ver melhor. — Merda. Os melhores dentes que já vi. Quem
é o seu dentista?
Sim, ok. Isso é estranho.
— Hum, o dentista? — digo, dando um passo para trás quando Bunky tenta
puxar meu lábio para cima.
— Pare com essa merda, Bunk, — Silas retruca, empurrando-o. —Pare de
olhar para os dentes dele e não toque nele, porra.
Os olhos de Bunky sobem até a linha do cabelo, um sorriso maníaco nos
lábios enquanto ele esfrega as mãos. — Ooo, já é possessivo. Droga, isso vai ser
divertido.
— Pare de conspirar, esquisito. — Raid balança a cabeça antes de olhar para
mim. —Você está bem, Blaine?
— Sim, — digo, ainda apertando a mão de Silas com tanta força que ele
estremece. — Obrigado por nos convidar.
— Razões egoístas. — Bunky pula no balcão da cozinha enquanto examina
todas as garrafas ao seu lado. — Vodca ou rum, Blaine?
— Nenhum dos dois, por favor.
— Tão educado. — Ele bufa, pegando um copo como se fosse enchê-lo. —
Ambos então!
— Você sabe que ele não bebe, — Silas repreende, revirando os olhos
enquanto Bunky começa a fazer uma mistura estranha. Ele se vira para mim,
ignorando seu amigo. — O que você quer? Eu vou pegar para você.
— Só uma Coca, — digo a ele.
— Entendi, — diz ele, indo até o outro lado da cozinha para pegar minha
bebida e me deixando sozinho com Bunky e Raid.
— Surpresa! — Bunky grita, o álcool escorrendo pelas laterais do copo solo
enquanto ele tenta entregá-lo para mim. — Eu chamo isso de Biquíni Molhado!
— Ele não está bebendo essa merda. — Raid torce o nariz quando o cheiro o
atinge. — Por que é rosa?
Bunky estreita os olhos para ele. — Se eu te contasse, teria que te matar.
Bunky é… interessante. Bem, mais como um psicopata, mas não vou contar
isso a ele. Ele já mencionou gostar dos meus dentes e prefiro mantê-los na boca. —
Então... hum... como você soube dessa festa?
— Conhecemos todas as festas, — afirma ele levianamente, provando a
bebida que preparou quando não a aceito. — Você está perdendo, isso é delicioso.
— Ele estala os lábios antes de terminar sua declaração anterior. — Tenho que
transportar algum produto esta noite.
— Certo... — eu digo lentamente, balançando sobre os calcanhares, me
perguntando por que Silas está demorando tanto. Não tenho muita certeza de como
iniciar uma conversa. A única coisa que nós três temos em comum é Silas, e ele não
está aqui para servir de amortecedor. — Boa noite para negócios?
Raid bufa enquanto toma um gole de sua própria bebida. — São drogas,
Blaine. Toda noite é uma boa noite.
— Claro, — murmuro, balançando a cabeça como se soubesse o que ele quer
dizer. — Legal?
Bunky gargalha antes de inclinar a cabeça, com um sorriso no rosto. — Você
é adorável. Como um cachorrinho. Ele não te lembra um cachorrinho, Raid?
— Ele me lembra alguém que não sabe no que está se metendo, — diz Raid
sem rodeios. Então ele olha por cima do meu ombro antes de olhar para mim. —
Olha, nós somos todos a favor do namoro de você e Silas. Você é bom para ele, mas
sabe o que está fazendo?
Eu franzi a testa. — Não sei o que você quer dizer.
— Ele quer dizer que o seu namorado é seis tipos de pervertido e metido em
merdas que não deveria ser, assim como nós, — Bunky interrompe, sem esconder
nada. — Tem certeza que está pronto para isso, Blainey?
Tento não fazer isso, mas minha raiva aumenta. Entendo. Eu sou o atleta
'burro' e isso é tudo que eles veem quando olham para mim, mas não sou um idiota
ingênuo. Eu sei do que Silas faz parte e ainda o quero de qualquer maneira. — Não
me chame de, Blainey.
Ambos os olhos se arregalam. Raid ainda parece hesitante, mas um grande
sorriso cruza o rosto de Bunky.
— Meu homem! — ele grita, vindo até mim e me afogando em um abraço de
urso. Meu corpo enrijece e eu desajeitadamente dou tapinhas em suas costas. Que
diabos? — Olhe para você, balançando seu pau. Porra, isso é quente.
— Eu já não disse para você parar de tocar no meu namorado? Eu vou
esfaquear você com seu próprio canivete se você fizer isso de novo, — Silas rosna
quando se junta a nós.
— Ah, excêntrico. Eu gosto disso, — diz Bunky com a mesma expressão
inquietante no rosto. Ele realmente é um maldito lunático.
Silas tem dois copos na mão, uma delas é minha e a outra cheira a cerveja
barata. Ele me dá minha Coca e empurra Bunky se afasta, passando o braço sobre
meus ombros quando estou livre. Então ele olha para mim e levanta uma
sobrancelha. — Você está bem, bebê?
— Bebê! — Bunky grita tão alto que Raid estremece. — Fique quieto meu
coração!
— Você é um pé no saco, Bunk, — Raid resmunga, puxando seu maço e
oferecendo um cigarro a Silas. — Quer um, Silas?
Silas balança a cabeça. — Parei.
Raid lança um olhar curioso para ele e depois olha para mim. — Não me diga
que você vai começar a usar cores espirituais? Acho que não conseguiria aguentar.
— Foda-se. — Silas ri, bebendo um pouco de cerveja. — Você acabará
encontrando alguém por quem vale a pena desistir.
— Duvidoso. — Bunky bufa, pegando um cigarro do maço de Raid. —Eles
teriam que ser a pessoa mais paciente do mundo para lidar com ele. Ele é muito
obstinado e teimoso para o meu gosto.
Raid lança um olhar para ele antes de engolir sua bebida. Então ele coloca o
cigarro entre os lábios e agarra as costas da jaqueta de Bunky. —Vamos. Tenho que
começar a vender.
— Encontraremos vocês daqui a pouco, — diz Silas, acenando para eles
enquanto avançam. Ele se vira para mim e aponta para onde seus amigos estavam.
— Eles não incomodaram você, não é?
Eu balanço minha cabeça. — Nada que eu não pudesse resolver.
— Esse é o meu cara, — ele elogia antes de beijar o topo da minha cabeça. —
Tudo bem, você dança uma vez e depois vamos embora.
Ele me puxa para a sala, que foi transformada em uma pista de dança
improvisada. Tem gente dançando ao ritmo da música, as luzes fazendo parecer
que estamos dentro de uma boate. Coloquei minha bebida em uma mesa antes de
puxar Silas para o centro. Ele parece tão relutante, mas cede quando jogo meus
braços em volta de seu pescoço. Então ele agarra meus quadris e começamos a
balançar facilmente ao som da música.
Está tão quente aqui que o suor começa a escorrer rapidamente pelo meu
pescoço, mas Silas o lambe um segundo depois, fazendo-me inclinar a cabeça para
trás. Quando ele começa a chupar minha pele, já sei o que ele está fazendo. —
Outro chupão?
Ele balança a cabeça, continuando a trabalhar em meu pescoço. —Vamos
deixar todos saberem que estamos fodendo.
Eu amo sua merda possessiva. Isso me deixa tão duro. Por que concordei em
vir a esta festa? Eu poderia estar gozando agora.
— Eu não gostaria de estar com mais ninguém, — digo a ele, levantando seu
queixo para poder roçar meus lábios nos dele. — Você está preso comigo. Espero
que você esteja bem com isso.
Há um momento em que aqueles olhos castanhos brilham com algo que não
consigo descrever – como as estrelas formando uma constelação perfeita, mas
breve – antes de desaparecer. Ele sorri, movendo as mãos para baixo para segurar
minha bunda, alinhando nossos pênis para que eu possa sentir sua ereção se
arrastando contra a minha.
— Mais do que tudo bem, — ele sussurra contra meus lábios, nos movendo
no ritmo. — Mataria qualquer um que tentasse te levar embora.
Eu sorrio. — E você diz que não é fofo.
— Eu não sou, fofo e possessivo são duas coisas distintas. — Ele vai me beijar
novamente, mas algo em seu olhar endurece quando ele olha por cima do meu
ombro. Sua mandíbula aperta, a veia irritada em seu pescoço lateja quando ele me
solta. — Filho da puta.
Viro-me para ver o que deixou Silas tão irritado e vejo Kent caminhando em
nossa direção com um largo sorriso nos lábios. Rezo a Deus para que ele não venha
até nós, mas o universo tem um jeito engraçado de foder com você quando quer.
— Ei pessoal! — Kent grita como se fôssemos todos um bando de velhos
amigos. — Como estão indo?
— O que você está fazendo aqui, Kent? — Eu gritei, ficando na frente do meu
namorado porque tenho certeza que ele está a segundos de explodir. O que ele está
fazendo aqui? Como ele saberia sobre essa festa?
— Só saindo, — ele comenta inocentemente. — Olha, eu queria esclarecer o
que aconteceu com seu pai.
— Realmente? — Levanto uma sobrancelha, não me convencendo nem um
pouco do que ele está dizendo.
— Eu trouxe uma oferta de paz. — Ele aponta para o copo extra em sua mão.
— Eu sei que você não bebe, então é só Sprite.
— Uma oferta de paz? — Silas bufa. — É isso que você acha que vai consertar
essa bagunça? Um péssimo refrigerante?
— Depois do que você disse, percebi que estava sendo um idiota ciumento,
— diz ele a Silas, e quase posso ouvir a sinceridade em sua voz. — Sinto muito,
certo?
Viro minha cabeça para Silas em confusão. — O que você fez?
— Nada. Só coloquei em seu lugar, — diz ele, e sei que isso deve ser um
código para outra coisa. — Eu te conto mais tarde.
Eu provavelmente deveria estar chateado por ele ter escondido algo de mim,
mas não estou. Sei que Silas nunca faria nada para me machucar - emocional ou
fisicamente. Se ele não me contou o que aconteceu com Kent, deve ter um bom
motivo.
Eu estupidamente pego o copo, bebendo o Sprite, e me encolho quando
engulo o que quer que Kent tenha colocado nele. — Eca, o que diabos há nisso?
Ele solta uma risadinha, levantando a mão no que imagino ser uma falsa
sinceridade. — Merda, isso é meu. Desculpe por isso.
— Quer uma oferta de paz? — Silas pergunta, pegando a bebida e
empurrando-a contra o peito de Kent, fazendo aquela bebida nojenta respingar nas
laterais do copo. — Deixe-nos em paz de agora em diante.
Kent franze a testa, mas balança a cabeça, suspirando enquanto gira nos
calcanhares. — Bem. Aqui estava eu, tentando ser um cara legal, e esse é o
tratamento que recebo.
Quando ele sai, me pergunto por que aceitei sua 'oferta de paz', para começar,
porque não há nada de bom em Kent. Ele sempre foi um cara ciumento, inseguro
por ser coadjuvante em tudo vida. Honestamente, eu provavelmente deveria me
sentir mal pelo quão patético ele é. Talvez eu fizesse isso se ele não fosse um idiota
tão completo.
— Vamos embora, — digo a Silas, apertando a mão dele.
Ele me impede quando tento puxá-lo em direção à porta, com o rosto cheio
de preocupação. — Você realmente quer ir para casa? Não precisamos fazer isso
por causa daquele idiota. Não deixe que ele estrague sua noite.
— Eu sinto que ele arruinou o clima. — Eu dou de ombros. Esta foi uma noite
tão boa. Silas cumpriu a tarefa de me fazer esquecer tudo sobre meu pai, mas Kent
simplesmente teve que estragar tudo.
— Não precisa ser arruinado. — Ele me dá um sorriso malicioso, me puxando
em sua direção pelas alças do cinto e passando a língua ao longo da costura dos
meus lábios. — Quer dar uns amassos no sofá?
Eu rio, sentindo-me perder um pouco de tensão enquanto ele me arrasta com
ele. — Você vai conseguir se controlar?
— Sem promessas, — ele me diz, caindo no sofá atrás dele e me puxando
para seu colo. — Vem cá bebê. Vamos dar um show para essas pessoas. Eu sei o
quanto você gosta disso.
Reviro os olhos. Nenhum de nós tem uma inclinação exibicionista, mas há
algo de excitante em poder ser tão público com Silas. Depois de passar tanto tempo
escondido no escuro, é melhor do que o esperado sentar em seu colo e reivindicar
sua boca. Gememos um contra o outro, lambendo, mordendo e chupando,
enquanto ele não consegue manter as mãos no mesmo lugar.
— Devíamos encontrar um quarto para foder, — ele sugere, me apertando
contra sua ereção. — Acho que não posso esperar até chegarmos em casa.
Estou prestes a concordar, desesperado para gozar com ele quando sou
atingido por uma crise de náusea. Eu me endireito, apertando minha barriga
enquanto minha cabeça começa a girar. Silas imediatamente sente a mudança em
mim e esfrega as mãos para cima e para baixo em minhas coxas. — Você está bem?
— Eu não me sinto bem. — Minhas palavras se misturam enquanto balanço
a cabeça, o movimento me fazendo ver estrelas. — Tanto faz, Kent-fodido-batizou-
minha-bebida.
— Provavelmente toda a vodca que ele colocou. Isso te atingiu forte, já que
você não bebe. — Ele me ajuda a levantar, me segurando quando quase caio. —
Merda. Você não está muito bem.
— Podemos ir para casa?
— Claro, bebê. — Ele me ajuda a sair da sala.
Quando saímos, o ar fresco é agradável, mas ainda sinto que vou desmaiar a
qualquer segundo. Silas me coloca em seu carro, certificando-se de que estou
acomodado antes de voltar. — Vou encontrar Bunky e Raid e avisar que estamos
saindo. Você estará bem aqui?
Concordo com a cabeça o melhor que posso, fechando os olhos e deixando
cair a cabeça no encosto. — Estou bem.
— Não saia do carro, — diz ele, e ouço-o procurar alguma coisa no banco
de trás antes de colocá-la no meu colo. — Aqui. Caso precise vomitar, use essa
sacola.
Ele beija minha testa e eu o ouço hesitar antes de finalmente sair. Quanto
mais fico sentado aqui, pior me sinto. É como um dos meus ataques de pânico, mas
um pouco diferente. Meu estômago está todo embrulhado e o mundo fica mais
lento ao meu redor. Aperto meu peito, me perguntando por que meu batimento
cardíaco está tão lento.
Não tenho muita certeza do que está acontecendo comigo, apenas ouço a
porta sendo aberta um momento depois. Tento abrir os olhos, mas não consigo. Eu
me sinto horrível. — Si, eu realmente não me sinto bem.
Silas não responde e sinto algo cair no meu colo, mas não consigo abrir os
olhos para ver o que é. Eu quero que esse sentimento vá embora. Tudo é como um
borrão. Como se o tempo estivesse passando muito rápido e lento ao mesmo tempo.
O mundo está piscando atrás das minhas pálpebras, uma mistura de
vermelho e azul... Só que meus olhos estão abertos agora? Eu não entendo o que
está acontecendo. Estico a mão, querendo agarrar a porta para me firmar, mas ela
é aberta um segundo depois, fazendo com que meu braço pesado caia bruscamente
para o lado. Eu realmente só quero Silas.
Então estou sendo retirado do carro de Silas por mãos rudes e desconhecidas.
Tento manter os olhos abertos para descobrir quem é, mas não consigo. Tudo está
girando e prestes a me fazer vomitar.
— O que é isso que temos aqui?
A voz parece familiar, e a curiosidade me faz lutar contra a escuridão para
abrir os olhos. Vejo o xerife na minha frente e tento perguntar o que está
acontecendo, mas em vez disso sai uma frase sem sentido.
— Ah, entendo. Eu serei amaldiçoado. Nunca pensei que você fosse um
drogado. — Ele ri loucamente.
O que diabos ele está falando? Abrindo a boca para discutir, acabo vomitando
nos sapatos do xerife. Mas isso não me faz sentir melhor.
Eu sou…
O que está acontecendo…
Algo metálico e cortante envolve meus pulsos e estou sendo puxado mais uma
vez.
Algo está errado.
Acorde, Blaine.
A última coisa de que me lembro é de ter caído sentado, com as sirenes
tocando tão alto que acho que meus tímpanos vão estourar.
E então nada.
TRINTA E OITO

Silas

Onde diabos eles estão?


Atravesso grupos de pessoas, sem ver meus amigos em lugar nenhum. Estou
chateado e se não os encontrar logo, vou deixar a bunda deles aqui. Pegando meu
telefone, tento pela quinta vez ligar para Raid, mas mais uma vez cai no correio de
voz.
Continuando minha busca, finalmente os encontro em uma sala dos fundos
vendendo cocaína, e os dois me olham surpresos, dando um pulo ao perceber
minha expressão.
— O que está errado? — Raid olha para mim com preocupação no rosto. —
Onde está Blaine?
Cerro os dentes, cerrando os punhos ao lado do corpo enquanto tento
lembrar que Raid é meu amigo. — Conte com suas bênçãos por ele estar doente no
carro agora, ou eu estaria arrancando seus dentes por não atender a porra do seu
telefone.
Ele estremece, pegando o telefone. — Desculpe, eu tenho um serviço de
merda aqui dentro.
— Ele está doente? — Bunky pergunta, franzindo a testa enquanto embolsa
o dinheiro que o cara acabou de lhe dar. — Nós não nos importamos, cara. Apenas
vá cuidar dele.
— Eu ia, mas eu precisava te avisar que o idiota do Kent está aqui, — eu digo,
estreitando os olhos para o cara com quem eles estão lidando quando ele me dá um
olhar curioso. — Você não tem lugar para ir?
O cara balança a cabeça freneticamente, levando consigo um saquinho de
cocaína antes de fugir do local. Bunky e Raid me olham confusos. — Que porra?
Por que Kent está aqui?
— Não sei, mas não tenho um bom pressentimento, então tome cuidado. —
Olho rapidamente para meu telefone para ter certeza de que Blaine não enviou
uma mensagem. — Eu tenho que ir.
— Não se preocupe conosco, — afirma Raid, batendo em meu ombro e me
girando. — Vá até o seu cara, podemos lidar com o que Kent quiser.
— Obrigado.
Eu aprecio o fato de que eles não estão me irritando por terem sido agarrado
de tal forma por Blaine. Antes, acho que teria simplesmente largado a bunda de
Blaine em um táxi e mandando-o embora, mas aquela veia quente e possessiva
dentro de mim precisa ser o único a cuidar dele. Não tenho muita certeza do que
há de errado, mas vou gastar todo o meu último salário comprando para ele
qualquer merda que ele precise para se sentir melhor.
Vou embora quando, de repente, o caos puro irrompe.
— POLÍCIA!
Minhas costas enrijecem. Todos na festa se dispersam como baratas, correndo
e gritando enquanto largam suas bebidas e se dirigem para as portas.
— Foda-me, temos que nos esconder, tenho muita merda comigo agora. —
O tom de Bunky é tão blasé, nada como eu esperaria de alguém com cocaína
suficiente para encher uma jarra de leite.
— Vamos, — diz Raid, fazendo sinal para que o sigamos. — Eu conheço um
lugar.
— Não, foda-se. Preciso ir até Blaine.
Ele não estava se sentindo bem e sua ansiedade provavelmente já triplicou.
Eu não tenho nada comigo, então devo ficar bem. Vou deixar Raid e Bunky se
esconderem e mandar uma mensagem para eles mais tarde para ter certeza de que
saíram bem. Afasto-me um passo, mas sou imediatamente arrastado de volta por
Bunky.
— Deixe-me ir! — Eu respondo, tentando me livrar de seu aperto
surpreendentemente forte. — Bunk, vou chutar sua bunda se você não for se foder.
Eu não estou brincando. Eu sei que ele é louco, mas ele não deveria me
subestimar quando se trata de Blaine. Eu não me dou bem com pessoas que me
impedem de ter o que é meu, e não tenho nenhum problema em dar um soco na
cara de Bunky para chegar até meu namorado.
— Eles sabem que não andamos sozinhos, Silas. Se você passar por um
policial, eles não vão parar até encontrar todos nós, — Raid argumenta, agarrando
meu outro braço quando vê que o aperto de Bunky não é suficiente.
— Então jogue pela janela, porra. — Meu desespero e raiva aumentam
quanto mais tempo fico longe de Blaine. Eu não me importo se Whaley me bata por
causa da perda de renda. Eu ficarei feliz em assumir a responsabilidade. — Eu só
preciso saber se Blaine está seguro.
— Claro que não, — Raid grita, me puxando de volta. — Você não está
pensando racionalmente. Eles vão te prender de qualquer maneira e você sabe
disso. O que diabos você acha que acontecerá com Blaine se você for preso?
Caramba. Ele está certo e eu realmente odeio isso.
Tudo porque esses filhos da puta não atenderam seus malditos telefones
quando liguei.
— Vamos, porra, precisamos nos mover, — Raid grunhe, e ele e Bunky
trabalham em conjunto para me puxar por um corredor, depois por outro e por
outro antes de me empurrar para um quarto chique cheio apenas de toalhas. Que
merda de gente rica é essa?
— Há uma porta escondida ali, logo depois da prateleira, — diz Bunky,
passando as mãos pela prateleira embutida, procurando o local secreto para abrir
a parede.
Levanto uma sobrancelha enquanto os observo tentando abri-la. —Como
você sabe disso?
— Você age como se esta fosse a primeira vez que fui colocado aqui. — Ele
ri loucamente. — Você aprende uma ou duas coisas quando corre para Whaley. A
maior delas é: não seja pego.
— E não jogue fora as malditas drogas, — diz Raid, balançando a cabeça para
mim como se eu fosse um idiota. — Veja, nós conseguimos isso.
Eles finalmente abrem a parede e sou puxado para dentro e trancado. Está
escuro e pego meu telefone para ligar para Blaine, mas Bunky o pega.
— Que merda! — Eu grito, então uma mão cobre minha boca.
— Cale a boca ou seremos pegos, — ele sibila.
Ok, amigos ou não, definitivamente estou chutando a bunda deles quando
isso for dito e feito. Estou perto de sair da minha pele e não posso nem ligar para
saber como está o meu cara.
Quando ele abaixa a mão, estou prestes a me desfazer. — Bunky, deixe-me
ligar para ele. Não vou dizer nada, só preciso ouvi-lo. Preciso saber que ele está
bem.
Quando falo, minha voz não corresponde à minha raiva crescente, na
verdade, é quase pânico. Meu tom deve indicar o quão sério estou falando, porque
no segundo seguinte meu telefone está sendo devolvido e estou tentando
freneticamente inserir meu código para desbloqueá-lo. Preciso de quatro
tentativas, mas finalmente consigo, abrindo o contato de Blaine e apertando o botão
de chamada.
Minhas mãos tremem, adrenalina e medo misturados com frustração e
ressentimento. Eu disse a ele que me certificaria de que ele estava seguro e que tudo
ficaria bem, e veja o que aconteceu. Não consigo nem cuidar dele quando ele mais
precisa de mim. Que tipo de namorado eu sou?
Quando o telefone dele cai na caixa postal, tento imediatamente de novo,
pensando no pior quando ele não atende.
Isso não parece certo. Eu o conheço e ele nunca está longe do telefone. Se ele
visse que eu estava ligando, ele teria atendido.
Depois de ir para o correio de voz pela quarta vez, terminei. Policiais ou não,
não posso fazer essa merda. Danem-se as consequências. Inclino meu telefone,
usando a luz para poder ver a parede, e bato na trava para abrir a porta antes que
meus amigos possam protestar, me espremendo pela abertura assim que ela é larga
o suficiente para caber no meu corpo e saltar do espaço. Posso ouvir os caras me
seguindo, mas não paro.
— Por aqui. — Raid agarra meu braço, e juro por Deus que se ele tentar me
arrastar de volta para aquela porra de armário, posso matá-lo.
— Raid... — eu aviso, mas ele me ignora, me puxando pela casa labiríntica
até chegarmos à porta dos fundos.
— Vamos todos em direções diferentes, assim, se formos pegos, será apenas
um de nós, — diz ele enquanto procura por policiais.
Eu aceno, realmente não dou a mínima. Lutarei com qualquer um agora, se
for preciso.
Eu me movo antes que qualquer outra coisa seja dita, correndo pelo quintal
e cortando o jardim de alguém. Minhas sobrancelhas sobem quando dou a volta na
frente e não vejo um único carro de polícia à vista. Que inferno? Eu sei que não
ficamos naquele armário por muito tempo.
Afastando esse pensamento, vou para o meu carro, esperando ver meu cara
desmaiado no banco da frente, e quase perco o controle quando não o faço.
Como se eu não acreditasse no que vejo, abro a porta do passageiro e depois
a porta traseira só para ter certeza de que ele não está lá. Eu seguro meu cabelo,
girando lentamente enquanto olho em volta, tentando não surtar completamente
quando não vejo ninguém à vista. Talvez ele tenha ido a algum lugar para vomitar?
Mas ele não teria saído do carro, especialmente quando eu lhe disse para não sair
e lhe dei um saco de vômito.
— Que porra? — Bunky diz, e ouço seus altos sopros de ar e seus pés
arrastando quando ele para ao meu lado. — Onde diabos estão os policiais?
— Não brinca, — Raid concorda, também tentando recuperar o fôlego
enquanto empurra os óculos no nariz.
— Onde diabos está Blaine? — Eu grito, virando-me contra os dois, incapaz
de esconder a raiva na minha voz.
— Talvez ele tenha ido até o meu carro? — Perguntas bobas, mas balanço a
cabeça.
— Ele não sabe que tipo de carro você tem, idiota! Eu o coloquei aqui antes
de encontrar vocês! — Meu tom é mortal e dou outra volta lenta, esperando que
ele apareça magicamente. Quando ele não o faz, olho para meus amigos, como se
de alguma forma eles tivessem a resposta para minha pergunta. — Onde diabos ele
está!
— Procurando por alguém?
Meu olhar se volta para a esquerda e juro por Deus que o universo inteiro
para quando olho para Kent, onde ele está encostado em um carro. Ele tem um ar
casual ao seu redor, lábios erguidos em um sorriso de satisfação enquanto inclina
a cabeça para mim.
Eu nem penso, me movo antes que meu cérebro registre, então pego sua
camisa e o puxo em minha direção. — Onde está Blaine?
— Ah, você está chateado? — ele pergunta, rindo para si mesmo. —Perdeu
o contato do seu namorado?
Cerro os dentes, segurando a gola de sua camisa e puxando-a com força
contra sua garganta. — Eu juro, foda-se, se você não me disser onde ele está…
— Você vai o quê?
— Eu vou matar você.
E eu não estou brincando. Estou rodeado de muita merda e vi coisas que
seriam o pior pesadelo de Kent. Ele pode pensar que estou exagerando, mas não
estou. Vou literalmente quebrar a cabeça dele. A única razão pela qual ainda não
fiz isso é porque acho que ele sabe onde Blaine está.
É a moeda de troca dele e ele sabe disso.
— O que você vai me dar? — O tom de Kent é confiante e eu realmente quero
tirar o ar de seus pulmões.
— Diga-me e eu não vou, — eu grito, puxando-o com tanta força que sinto
o tecido de sua camisa rasgando sob meu ataque.
— Isso é ridículo, — ele fala lentamente, e noto o olhar ligeiramente vidrado
em seus olhos. Ele está chapado em alguma coisa, é por isso que ele cresceu um par.
De jeito nenhum ele seria tão sóbrio e arrogante.
— Você é realmente tão estúpido? — Bunky rosna. —Eu disse que da
próxima vez que você fizesse algo, não estaríamos aqui para protegê-lo.
— Estúpido e deseja morrer, — Raid acrescenta, estalando os nós dos dedos.
— Quer ligar para o seu pai? Dizer seu último adeus?
O corpo de Kent enrijece com a menção do xerife, e meus olhos se arregalam
quando eu somo dois mais dois.
A falta de policiais, a falta de medo e a falta de Blaine.
— Não me diga que você ligou para o seu pai para foder o que é meu? —
Meu tom é letal, nada como eu já ouvi antes. — Você vai se arrepender dessa merda.
Kent realmente não deve entender a gravidade da situação, especialmente
quando ele ri um segundo depois, com seu hálito cheio de bebida flutuando em
meu rosto.
— Ding, ding, ding! — ele provoca enquanto faz alguns movimentos
estranhos com a mão. — Você não é tão estúpido, afinal! Você descobriu!
— Merda, — Raid amaldiçoa. Então ele enfia a mão na jaqueta de Kent,
tirando o telefone e segurando-o perto do rosto até desbloqueá-lo. Lanço um olhar
questionador, mas ele me ignora. — Tenho que ver o que ele fez.
— Kent, — eu resmungo, o sangue correndo do meu rosto enquanto começo
a juntar as peças de tudo, esperando como o inferno estar errado. — O que você
fez?
— Mostrei a esta cidade que o Sr. Perfeito Blaine Yates não é tão bom quanto
parece, — diz ele, sorrindo enquanto sua cabeça rola de um lado para o outro.
— Isso não foi tudo o que ele fez, — Raid murmura depois de vários minutos
excruciantes, seu rosto caindo e ficando pálido enquanto ele continua a olhar
através do telefone de Kent. — Olha essa merda.
Não solto Kent enquanto olho para o telefone que Raid estende para mim. É
uma conversa por mensagem de texto, mas não reconheço o número. — Quem é
esse?
— Um Viper, — ele diz rapidamente. Se esta fosse uma época diferente, eu
questionaria como ele sabe disso, mas agora não me importo. — Leia-o. — Aperto
os olhos enquanto leio as mensagens. Kent estava pescando drogas e, pela
quantidade de dinheiro que estava disposto a pagar, ele tinha o suficiente para
foder toda aquela festa. Estou prestes a voltar para Kent e perguntar o que ele faria
com tudo isso quando Raid me para. — Essa não é a pior parte. — Raid muda para
um tópico diferente entre Kent e o xerife Masterson. — Olha.

KENT
Preciso que você venha acabar com essa festa. Encontrei algo que pode chocar
você.

Em anexo está uma foto de Blaine desmaiado no meu carro com um saco
grosso de cocaína no colo.
— Um drogado e traficante? — Kent ri. — O que o prefeito Yates e os olheiros
pensarão?
A questão é que não é isso que me atinge. A imagem de Blaine combinada
com o conhecimento de que Kent de alguma forma armou para meu namorado
não é o que faz minha pele queimar. O que descobri é muito, muito pior.
Kent tinha drogas com ele. Kent deu uma bebida a Blaine. Blaine não estava
se sentindo bem.
Não me diga que ele...
— Você o drogou! — Eu rosno, sacudindo-o com uma ferocidade que eu não
sabia que tinha. — Você, porra, realmente batizou essa bebida!
Vejo vermelho, algo dentro de mim estalando como um elástico. Não penso
em Blaine, não penso na minha mãe e não penso nas coisas habituais que faria para
me impedir de perder completamente a cabeça. Estou muito consumido pela fúria
ardente que queima dentro de mim.
Eu recuo, batendo meu punho em seu rosto com tanta força que posso sentir
o osso quebrando sob minha mão. Sim, eu definitivamente quebrei a porra do nariz
dele, mas para garantir, faço isso de novo, acertando o mesmo ponto e aproveitando
o gemido doloroso que sai de sua boca.
Esse filho da puta drogou meu namorado. Ele poderia tê-lo matado
adicionando merda tóxica ao seu corpo, e ele tem a coragem de rir disso. Na
verdade, ele me olhou na cara de forma provocadora, como se fosse uma maldita
piada enquanto fazia isso.
Não, foda-se isso e foda-se ele. Ele mexeu com a porra da pessoa errada.
— Por que diabos você fez isso! — Eu grito, acertando-o na mandíbula em
seguida. — Você pensou que poderia foder com o que é meu e escapar impune?
— Silas!
Ignoro Bunky e Raid. Foda-se eles também. Embora eles estejam me pedindo
para parar, eles não ousam me tirar desse bastardo. Se o fizessem, eu também
arrancaria os dentes deles.
Um dente sai voando da boca de Kent, o sangue borbulhando em sua boca e
se acumulando em seus lábios, mas não estou satisfeito. — Isso vai te ensinar uma
lição!
Seu corpo cai no chão e eu o chuto duas vezes na lateral, sentindo prazer com
seus grunhidos de dor. Então me jogo em seu peito para desferir golpe após golpe
em seu rosto. Ele geme um pouco mais, tentando rolar para longe de mim, mas não
cederei.
— Seu idiota estúpido, ciumento e egoísta! — Grito, sentindo a pele dos nós
dos dedos se romper, e mesmo sabendo que minhas mãos estão inchando, não paro.
Vou vencê-lo até quebrar minha própria mão. — Você poderia tê-lo matado!
Ele poderia ter matado a única coisa boa da minha vida, a única coisa que
realmente importou para mim, a única coisa que me deu esperança na minha
existência miserável.
Algum tempo depois, perdi os sentidos e, quando dei por mim, estava sendo
jogado contra o carro com Bunky e Raid segurando meus braços, conversando
comigo calmamente enquanto tentam me empurrar.
Eu olho para o corpo ensanguentado de Kent e questiono se ele está
respirando até ouvir o som gorgolejante de um gemido saindo de seus lábios.
Eu me movo para terminar o trabalho, mas a voz de Raid corta a neblina,
interrompendo meu movimento para frente. — Pare. Você tem que parar antes de
matá-lo.
— Esse é o objetivo! — grito, acertando Raid na mandíbula quando libero
meu braço de seu aperto.
— Porra! — Raid xinga, tentando se agarrar a mim.
— Não, agora precisamos nos concentrar em Blaine! — Bunky grunhe
quando meu punho atinge seu estômago, mas nenhum deles desiste. —Precisamos
nos concentrar em ligar para o xerife e descobrir para onde o levaram!
Ele está certo, mas porra, não consigo pensar direito. Rangendo os dentes,
paro de lutar contra eles, erguendo a mão para segurar meu cabelo enquanto
respiro algumas vezes. Depois de um momento, estendo minha mão fodida, sem me
importar com o sangue seco. — Dê-me o telefone dele.
Raid o entrega enquanto eu chamo rapidamente de ‘papai’, tentando conter
a bile na boca quando o som da voz do xerife Masterson soa através da linha.
Ele atende depois de dois toques, com a voz baixa, como se estivesse
dormindo. — Sim, filho?
— Não é seu filho, — respondo com raiva, andando na frente de Bunky e
Raid enquanto tento me controlar.
Ouço a rápida mudança quando o xerife grita na linha: — Quem é esse?
— Se você não quer que seu filho morra esta noite, seria do seu interesse me
encontrar.
TRINTA E NOVE

Silas

Bato os punhos contra a porta, os nós dos dedos quebrados ardendo a cada
batida.
Tenho uma mão batendo para chamar a atenção do xerife enquanto a outra
tenta segurar Kent quase inconsciente. Você pensaria que depois da ligação, ele
estaria esperando por nós lá fora. Acontece que o xerife é tão idiota quanto seu
filho.
Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, o xerife atende a porta.
Ele está vestido com a porra do pijama, como se esta fosse uma festa do pijama
casual tarde da noite. Então ele avalia o estado de seu filho. O filho da puta saiu
fácil, na minha opinião. Kent está desmaiado e não consegue sentir toda a dor que
infligi a ele neste momento. Eu gostaria de ter pegado algumas drogas na loja de
Whaley antes de vir para cá, porque Kent merece sentir tudo.
— O que você fez? — o xerife grita, correndo e caindo de joelhos, e começa
a tocar cautelosamente seu filho enquanto tenta acordá-lo. — Kent? Kent!
— Não consigo ouvir você, — rosno, irritado. — Agora vamos conversar.
O xerife estreita os olhos, provavelmente desejando ter sacado a arma. Ele é
um idiota por deixá-lo dentro de casa em primeiro lugar. Sou um canhão solto
agora, capaz de quebrar o pescoço do filho pelo que ele fez ao meu namorado.
Mas meu plano é mais seguro, mais limpo e melhor para Blaine.
Ele é tudo o que importa.
— O que você quer? — ele pergunta, levantando-se mais uma vez, os punhos
cerrados ao lado do corpo enquanto seu rosto rechonchudo fica vermelho. — O
que aconteceu?
— Você não pode fazer perguntas, — eu fervo. — Você e seu filho foderam
tudo esta noite, e a única maneira de mantê-lo vivo é fazer exatamente o que eu
digo.
— Isso é sobre Blaine? — ele pergunta, uma mistura de choque e desgosto
em seu rosto. — Eu não me importo com o que vocês dois...
Dou um chute rápido na barriga de Kent. É tão difícil que o filho da puta
inconsciente geme em seu sono involuntário. Quando o xerife abre a boca para
falar, faço isso de novo e de novo até que mais sangue escorre dos lábios quebrados
de Kent. O xerife protesta, mas não faz nenhum movimento para me impedir. Que
merda ele é. Não consegue nem proteger a própria carne. Sim, Whaley estava certo
anos atrás. Há uma diferença muito grande entre pessoas como eles e pessoas como
nós.
— Você vê? — Eu questiono, inclinando a cabeça para o lado quando
finalmente deixo seu filho de lado. — É assim que vai funcionar. Eu vou falar e
você vai ouvir. Se no final chegarmos a um acordo, deixarei você levar seu filho
idiota ao hospital.
O xerife quer discutir, todo macho alfa do planeta faria, mas ele mantém a
boca fechada. Bom. Embora uma parte de mim esteja chateado porque, para esse
plano funcionar, eu não posso realmente matar Kent.
A lembrança do rosto drogado de Blaine surge em minha mente. Meu
coração se parte ao ver como suas palavras foram arrastadas e como ele segurou
seu estômago quando eu o levei para o carro.
Kent merece morrer.
Balanço a cabeça, afastando meus pensamentos assassinos. Não. Eu sei o que
preciso fazer.
— Blaine vai sair de lá e você vai encontrar uma maneira de fazer isso
acontecer. — O xerife apenas olha para mim, com a mandíbula cerrada até eu
revirar os olhos. — Você pode falar agora.
— Mesmo que eu considerasse fazer isso, não posso simplesmente deixá-lo
ir, — ele argumenta, olhando para mim como se eu fosse um idiota, mas é melhor
ele tomar cuidado porque tenho a vida de seu filho em minhas mãos. — Os outros
policiais também viram as drogas nele. Ele tinha o suficiente para ser acusado de
posse e intenção de vender. Ele não vai sair de lá tão cedo.
Eu sabia. Eu tinha planejado essa resposta, então faço o que sei que deve ser
feito.
— Eu plantei isso nele.
É a única maneira.
Whaley uma vez me disse que protegemos nossa família e Blaine é minha
família. Meu cara tem grandes planos para o futuro. Ele irá para uma escola chique
e se tornará médico. Ele é inteligente e gentil e tudo o que eu não sou. Se alguém
merece apodrecer atrás de uma cela de prisão, sou eu. Todo mundo pensa que não
sou bom e inútil, mas Blaine não. Blaine – compassivo, inteligente, motivado – acha
que valho mais.
Blaine está numa cela por minha causa. É minha culpa que ele tenha sido
drogado. Falhei em protegê-lo e esta é a única maneira de cumprir minha
promessa.
O xerife inclina a cabeça para o lado, mas vejo a alegria em seus olhos
redondos. — Você fez?
— Sim, — eu digo, sem nem um pingo de hesitação na minha voz. —Quando
soube que a polícia estava chegando, coloquei-os sobre ele.
— Por quê?
— Isso importa?
Isso não acontece, e eu sei disso. O xerife sempre quis me adicionar à sua
coleção de Richards que ele colocou atrás das grades. Primeiro meu pops, então
Ryker, e agora eu. O xerife Masterson não dá a mínima se o que estou dizendo é
verdade, e ele também não dá a mínima para o motivo de estar fazendo isso.
Não preciso explicar nada para ele.
— Ele vai sair, certo? Sem cobranças? Eu vou com você e Blaine sai.
O olhar do xerife desce para seu filho no chão antes de ele acenar
rapidamente. — Não há razão para um homem inocente estar atrás das grades.
Palavras engraçadas ditas por um policial corrupto.
— Eu plantei produto nele e espanquei seu filho até a morte, — repito antes
de me virar e colocar as mãos atrás da cabeça.
A partir daí, tudo acontece rapidamente.
Uma ambulância chega para levar Kent ao hospital enquanto algemas de
metal prendem meus pulsos. Sou empurrado com tanta força na traseira de um
carro da polícia que sei que minhas costelas vão ficar machucadas. Passo por todo
o processo que meu pai e meu irmão passaram, sabendo que irei vê-los em breve,
mas é assim que precisa ser.
Eu sempre acabaria aqui, não é? Pelo menos assim, irei por um motivo
honroso. Não pode haver melhor maneira de proteger as pessoas que amo do que
me entregar por elas.
E eu amo Blaine Yates.
Não acredito que tentei lutar contra isso. Todos eles estavam certos, mamãe
e meus amigos sabiam disso antes de mim. Não tenho dúvidas de que Blaine é o
amor da minha vida. A maneira como ele me beija faz meu coração cantar, como
a porra de um conto de fadas ou algo assim. Cada vez que ele sorri, morro um
pouco, mas sua risada me traz de volta à vida. Quando ele me toca com mãos doces
e ternas que não mereço, tudo no mundo se acalma.
Blaine pode pensar que não, e outras pessoas podem me dizer que estou
errado, mas ele é perfeito em todos os sentidos da palavra. Ele veio entrou na minha
vida quando mais precisei dele e me fez sentir uma pessoa real. Ele me deu o valor
que eu não acreditava ter.
Então, enquanto sou empurrado para uma cela, cercado por criminosos que
parecem querer me despedaçar membro por membro, sorrio com toda a calma do
mundo.
Finalmente encontrei meu propósito na vida: proteger Blaine Yates.
QUARENTA

Blaine

Eu gemo, esfregando os olhos para aliviar a dor na minha cabeça. Então


procuro meu telefone, me perguntando que horas são, mas paro quando não
consigo senti-lo na mesinha lateral. Abrindo os olhos, fico surpreso ao descobrir
que estou no que parece ser... Espere...
Por que estou na prisão?
Eu me endireito, meu coração disparado enquanto olho ao redor. Há um vaso
sanitário de metal no canto, a cama áspera em que estou deitado e nada mais. Olho
através das barras à minha frente e percebo que isso não é algum tipo de sonho
fodido. Na verdade, estou na prisão.
O que diabos aconteceu?
Começo a entrar em pânico, não me lembrando de nada além de Silas ter me
colocado em seu carro para ir procurar Raid e Bunky. Talvez eu me lembre de algo
sobre luzes vermelhas e azuis, mas é só isso. Eu me pergunto quantas horas se
passaram desde então.
Estou perto de entrar em uma espiral de preocupação com Silas e me
perguntando o que aconteceu, até que o xerife aparece. Ele sorri para mim, como
se ele soubesse de algo que eu não sei e se encostasse nas grades. — Bom dia, raio
de sol. Teve um bom descanso de beleza?
— O que estou fazendo aqui? — Eu respondo, minha cabeça ainda um pouco
nebulosa enquanto tento entender sua expressão. — O que aconteceu? Onde está
Silas?
— Acalme-se, — diz ele, enfiando a mão no bolso em busca das chaves. — É
tudo um grande mal-entendido. Estamos deixando você ir.
Ainda não entendo qual é o mal-entendido. No entanto, não discuto com o
xerife quando ele abre a cela e gesticula para que eu saia. Fico de pé, com as pernas
bambas e fracas, e saio rapidamente. — O que aconteceu?
— Você estava fora de si, —, ele explica, me levando para fora da área do
bloco de celas. — Colocamos você em uma cela sozinho para que você pudesse
dormir o que quer que fizesse antes de ir para casa.
Tenho a sensação de que isso não é tudo, que há mais coisas que o xerife
guarda para si. Não posso fazer mais perguntas, embora sua expressão deixe claro
que ele não está disposto a responder nada, enquanto me leva ao saguão. Bunky e
Raid levantam-se de seus assentos quando me veem.
— Onde diabos ele está? — Bunky grita para o xerife enquanto é contido por
Raid, que parece igualmente chateado. Onde está quem?
— Bunky, calma, — Raid sibila para ele.
Olho entre o xerife e Bunky, ainda sem entender nada. O xerife não responde
Bunky, entretanto, e apenas sorri como se tivesse ganhado na loteria. — Vocês,
meninos, certifiquem-se de que ele chegue em casa em segurança. Não quero que
o prefeito Yates se preocupe por nada.
Ele se vira para sair e eu olho para Bunky e Raid confuso, me sentindo um
pouco melhor agora que não estou trancado em uma jaula. — Alguém precisa
explicar o que diabos está acontecendo. — Faço uma pausa olhando ao redor. —
Onde está Silas?
— Quer dizer que você não o viu? — Raid pergunta, franzindo as
sobrancelhas.
— Por que eu deveria?
Bunky xinga e empurra Raid para longe dele antes de andar de um lado para
o outro enquanto ele começa a puxar seu cabelo. — Ele está em uma das celas, mas
o xerife não nos deixa vê-lo.
Eu suspiro, meu coração rasgando e meu estômago apertando com a notícia.
Minhas bochechas começam a esquentar enquanto tento encontrar as palavras,
mas quando não consigo encontrar nada, marcho até Bunky e o puxo em minha
direção pela jaqueta enquanto o sacudo, cheio de nada além de puro pânico. —
Espere o quê? Por que ele está lá? Porra, me diga!
Bunky nem sequer recua. Em vez disso, ele gentilmente remove minhas mãos
e olha para mim com simpatia. — Ele assumiu a responsabilidade por você.
— Você não está fazendo nenhum sentido. — Dou um passo para trás,
esfregando as têmporas enquanto tento entender suas palavras. Por que ele
precisaria fazer isso?
— O xerife encontrou você drogado no carro de Silas com produto suficiente
para acusá-lo de posse e intenção de vender, — explica Raid, sentando-se em seu
assento enquanto pendura a cabeça entre as pernas. — Droga, Silas. Sempre o
maldito mártir.
Isso ainda não faz sentido. Eu estava drogado e tinha drogas comigo?
Eu congelo, as mãos caindo para os lados, meu cérebro não entendendo isso.
— Por que eu usei drogas? E quem me drogou?
— Kent, — Bunky diz com os dentes cerrados. — Aquele filho da puta armou
para você. Descobrimos isso quando Silas estava batendo na bunda dele.
— Quais são as acusações? — pergunto em um sussurro baixo, olhando para
trás, para onde acho que Silas deve estar. Conhecendo-o, ele provavelmente está
nervoso e orgulhoso demais para admitir. Por que ele assumiria a responsabilidade
por mim? Por que ele se colocaria nessa posição? — O que eles estão usando na
acusação?
— Eles o prenderam com a intenção em vender cocaína, agressão e danos
pelo que ele fez a Kent, — diz Raid. Ele tira os óculos e os limpa nervosamente na
camisa. — Merda, Blaine. Ele realmente bagunçou tudo.
Claro que sim. Esse é o Silas. Ele está sempre zelando pelas pessoas que
considera sua família. Em algum momento de nossa jornada, tornei-me parte disso.
Aposto que ele nem hesitou antes de se jogar embaixo do ônibus.
Eu preciso vê-lo. Preciso ter certeza de que ele está bem. Preciso encontrar
uma maneira de tirá-lo daqui.
— Vou encontrá-lo, — afirmo, com uma renovada sensação de
determinação me preenchendo.
Bunky balança a cabeça com leve irritação. — Eu acabei de te dizer, o xerife
não vai deixar ninguém voltar lá.
— Você diz isso como se significasse algo para mim, — respondo. —
Ninguém vai me impedir.
Vou incendiar esta estação inteira se for preciso. Somente o próprio Jesus
Cristo poderia me impedir de ver meu namorado, e mesmo ele pode não conseguir.
Marcho de volta para a parte principal da delegacia, indo direto em direção
ao xerife que está sentado em sua mesa. Então bato minhas mãos na madeira,
sacudindo seus pertences, e o encaro com aqueles olhos redondos. — Eu quero ver
Silas.
O xerife parece irritado, mas eu não dou a mínima. Eu não vou embora. —
Eu já disse aos seus amigos que ele não pode receber visitas.
— Se você não quer meu pai envolvido nisso, é melhor me deixar vê-lo, —
ameaço. Claro, não gosto de jogar a carta do 'meu pai é o prefeito', mas direi o que
for preciso agora para ver Silas.
Ele olha para mim por um instante, provavelmente considerando se eu
realmente farei isso, antes de obedecer. — Bem. Você tem cinco minutos. É isso.
Não me incomodo em agradecer a ele. Ele aponta para onde ficam as celas
de detenção temporária e eu corro pelo corredor. Quando viro a esquina, vejo Silas
sentado na cela com outras pessoas ao seu redor. Ele não parece nem um pouco
intimidado pelo ambiente, nem irritado com os caras que o cercam. Na verdade,
ele parece entediado. Quando me vê, seus olhos se iluminam de alívio e ele corre
em direção às barras.
— Blaine. — Ele estende a mão pela abertura para mim. — Você está bem?
O filho da puta drogou você.
Eu o observo completamente, ofegante com os hematomas que decoram seu
queixo e seu lábio quebrado. — O que aconteceu?
—Eles levaram meu colar, — é tudo o que ele diz. — Não queria desistir.
Eu cuidadosamente agarro suas mãos, notando como elas parecem
quebradas. Eu o beijaria por isso, mas agora não é o momento. Não com tudo o que
ele fez por mim. Eu me agarro a ele e luto contra as lágrimas nos meus olhos. — Si,
sinto muito.
— Por que você está arrependido? — ele questiona com as sobrancelhas
franzidas. — Não é sua culpa que Kent tinha uma vingança. Tudo o que me importa
é que você esteja bem.
— Por que você assumiu a responsabilidade? — Quero entender e preciso
saber o que poderia levá-lo para fazer isso.
Silas fecha os olhos, apoiando a testa nas grades. — Acontece que não te odeio
tanto quanto pensava.
— Isso é sério, — respondo, sentindo todo tipo de nervosismo, as aparentes
drogas ainda mexendo com minha cabeça. — Você tem ideia de quantos anos você
poderia pegar por todas essas acusações?
— Vale a pena se isso significa que você está bem. — Seus olhos castanhos
me imploram para entender. — Você precisa estar bem. Bebê, você tem planos.
Grandes planos que seriam arruinados se fosse você em vez de mim aqui.
Essa não é uma razão boa o suficiente para mim. Beijo as pontas dos seus
dedos enquanto a primeira lágrima escorre. — Por quê?
— Porque eu te amo, seu idiota. — Seus olhos se estreitam e sua voz é rígida,
sua confissão de amor é violenta como o inferno.
Mas é tão perfeito, tão nós.
De repente, somos apenas nós dois. Ninguém mais. Os outros homens na cela
desaparecem até que Silas seja tudo que consigo ver. Eu olho em seus olhos -
escuros como a noite com o brilho das estrelas - e posso ver o quanto ele quis dizer
essas palavras.
— Eu também te amo, — choramingo, as lágrimas caindo rapidamente, e
odeio o fato de não poder tocá-lo do jeito que quero.
Já imaginei dizer a ele que o amo, imaginei como seria, mas não foi assim. Eu
sei que é estúpido, mas eu queria que fosse romântico. Eu queria poder abraçá-lo
e fazer amor com ele e passar a noite nas nuvens, porque ele também me amava.
Mas Kent, o xerife e todas as besteiras ao nosso redor arruinaram tudo.
— Não chore, — ele sussurra antes de chegar o mais longe que pode e puxar
a corrente de ouro debaixo da minha camisa. Vou fazer o mesmo e algo quebra
dentro de mim quando lembro que ele não tem o dele.
Então, em vez disso, apalpo o local acima de seu coração. — Estou tirando
você daqui. Vou dar um jeito, Si. Eu prometo.
Ele olha para mim e não há pena em seus olhos, mas algo semelhante à
derrota. — É inútil.
— Não diga isso, — rosno, sabendo que tem que haver algo que eu possa
fazer para tirá-lo de lá. — Eu vou descobrir. Você cuidou de mim, agora é a minha
vez de cuidar de você.
Silas vai abrir a boca para dizer mais alguma coisa, mas a voz do xerife o
impede.
— O tempo acabou, — diz ele, sorrindo como um idiota enquanto aponta o
polegar para trás. — Você tem que ir, Yates.
Viro-me para Silas, ignorando o xerife, e me inclino para frente, o nariz
pressionando desajeitadamente entre as grades para beijá-lo da melhor maneira
que posso. Procuro saborear, lembrar do gosto dele, porque não sei da próxima vez
que poderei fazer isso.
— Eu te amo, — repito contra seus lábios. — Eu te amo pra caralho, Si.
Ele se afasta, deixando cair meu colar, e juro que posso ver seus olhos
lacrimejando, mas Silas nunca deixaria essas lágrimas caírem na frente de outras
pessoas. — Eu também te amo, bebê. Você tem que ir.
Estou tão relutante em tirar minhas mãos dele.
Ele não ficará aqui por muito tempo, porque estou disposto a fazer o que for
preciso para resgatar Silas.
QUARENTA E UM

Blaine

— Então, quem vai contar a ela?


Bunky, Raid e eu estamos parados na frente do trailer de Silas, tentando
reunir coragem para entrar. Viemos direto para cá depois de sair da estação, então
já são cerca de cinco da manhã. Estamos todos cansados, mas queríamos ser os
primeiros a contar à mãe do Silas o que aconteceu. Duvido que o xerife o tenha
deixado ligar para ela.
— Eu vou fazer isso. — Sinto que é minha responsabilidade. Embora Raid e
Bunky conheçam a mãe de Silas há mais tempo, sou eu quem está apaixonado por
ele. Também é minha culpa que ele esteja lá.
Tem que ser eu, e tem que ser agora.
— Acho que deveria chamar Whaley, — diz Raid, balançando-se nos
calcanhares. — Ele deveria saber o que aconteceu.
Eu aceno em concordância. — Boa ideia. Você acha que ele ficará chateado
se o acordarmos?
Raid balança a cabeça enquanto tira um cigarro. — Não, não sobre isso.
— Deixe-me pegá-lo, — Bunky murmura rapidamente. — Confie em mim,
será melhor vindo de mim.
Raid e eu trocamos um olhar, mas no final concordamos. Bunky sai para
pegar Whaley, e agora somos apenas Raid e eu para dar a notícia.
Respiro fundo enquanto bato na porta, alto o suficiente e por tempo suficiente
para que as pessoas lá dentro tenham que me ouvir. Demora alguns minutos, mas
eventualmente ouvimos passos.
— Tudo bem, tudo bem! — Eu ouço do outro lado da porta. — Estou
chegando!
Raid olha para mim com um pequeno sorriso, como se sentisse meu
nervosismo. — Vai ficar tudo bem.
Eu duvido muito. Como dizer a uma mulher que seu filho está preso por algo
que não fez e que provavelmente será condenado a mais de cinco anos de prisão?
A resposta é: é impossível, mas temos que fazê-lo se quisermos descobrir como tirá-
lo de lá.
A mãe de Silas abre a porta, uma pitada de raiva nos lábios. Ela está com o
roupão bem amarrado em volta do corpo pequeno e o cabelo preso em um coque
bagunçado. Quando ela percebe que somos nós, seu rosto suaviza. — Blaine? Raid?
O que está acontecendo? Vocês quase acordaram June.
Raid gesticula atrás dela. — Podemos entrar, Donna?
Ela olha entre nós dois, confusa por um segundo antes de algo lhe ocorrer.
Então ela joga a cabeça para trás, xingando baixinho. — O que ele fez?
—Podemos entrar? — Repito, a ansiedade borbulhando em minhas
entranhas. — Poderia ser melhor.
Ela nos conduz para dentro rapidamente. Apesar do exterior do trailer
parecer degradado, Donna fez um bom trabalho em manter o lugar agradável por
dentro, especialmente considerando quantas pessoas moram aqui.
Raid e eu nos sentamos no sofá gasto enquanto ela se senta na poltrona à
nossa frente. Ela tira alguns fios de cabelo do rosto, parecendo um pouco em pânico.
— Querido, onde está Silas? O que aconteceu?
Raid aperta meu braço em busca de apoio, e não consigo expressar o quanto
aprecio isso. Minhas mãos estão apertando meu jeans, alisando-o antes de beliscá-
lo novamente. Silas sempre disse que tenho esse hábito nervoso. Acontece que ele
está certo.
Decido que é melhor apenas arrancar o Band-Aid. Contornar o ponto não
vai adiantar nada. Eu só preciso dizer isso, não importa o quão difícil as palavras
sejam de sair.
— Silas está na prisão.
Por um minuto, ela não reage, apenas nos encara fixamente. Não sei dizer o
que se passa na cabeça dela, mas esperava uma reação diferente dessa. Raid e eu
trocamos um olhar, imaginando se talvez ela não tenha me ouvido, mas ela
pragueja um segundo depois.
— Aquele garoto! — ela grita, jogando as mãos para o alto enquanto se
levanta. — Durante toda a sua vida eu disse a ele que ele precisava ficar longe de
problemas! Silas é bom! O que diabos ele estava pensando!
— Ele não fez nada, — respondo rapidamente, meu rosto corando enquanto
a verdade é forçada a vir à tona. — É minha culpa que ele esteja lá.
Ela vira a cabeça em minha direção, fúria em seus olhos enquanto dá um
passo em minha direção. — Você precisa se explicar, Blaine. O que você poderia
ter feito para levá-lo até lá? Isso não faz sentido.
— Blaine foi drogado, — Raid diz rapidamente, vindo em minha defesa,
embora eu não sinta que mereço isso. — Alguém drogou e plantou merda nele. Os
policiais o prenderam e Silas acabou levando a culpa.
— Eu prometo que não o obriguei. — Lágrimas brotam dos meus olhos
enquanto luto para manter meu lábio trêmulo imóvel. — Eu nunca iria querer que
ele fizesse isso. Acordei e ele já tinha feito isso. Eu gostaria de poder trocar de lugar
com ele, mas não posso. Eu sinto muito.
— Blaine Yates. — Sua voz é dura e fria, e eu me preparo para ela perder o
controle comigo. Eu mereço. Ele não estaria lá se não fosse por mim. — Isso não é
por sua causa.
— Eu... espere, o quê? — Gaguejo, sem esperar essa reação.
— Querido... — Ela suspira, sentando-se ao meu lado e pegando minhas
mãos. — Se alguém incriminou você, como isso poderia ser sua culpa?
— Eu deveria ter dito ao xerife que era meu, — grito, minha voz embargada
quando o peso do meu fracasso cai sobre mim. — Eu não fiz. Eu deveria ter dito
alguma coisa e tirado ele de lá.
— O xerife não teria feito nada, — Raid retruca, apertando meu ombro. —
Vamos lá, cara. Você é esperto. Ele está ansioso para acusar Silas de alguma coisa
há anos. Não havia nenhuma maneira de ele deixá-lo ir.
— Ele está certo, — Donna concorda. — Desde que ele levou o pai e o irmão,
o xerife está atrás de nós, tentando pegar o máximo de Aces que puder.
— Eu deveria ter tentado, — argumento, segurando suas mãos com força. —
Eu trocaria de lugar com ele em um piscar de olhos.
Ela tira meu cabelo dos olhos e enxuga as lágrimas do meu rosto com a outra
mão. — Querido, eu sei, mas Silas sempre cuidou de quem ama. Ele pode não ter
me contado, mas sei que ele te ama muito.
— Eu também o amo, mais do que jamais pensei que poderia amar alguém,
— digo, aceitando seu abraço quando ela me puxa para seus braços. — O que nós
vamos fazer?
— Nós vamos tirá-lo de lá.
Todos nós viramos a cabeça quando Whaley entra no trailer, o cigarro
empoleirado entre os lábios e nada além de uma calma no rosto. Estranhamente,
Bunky não está com ele. Ele dá um passo em nossa direção e se senta onde Donna
estava, cruzando as mãos no colo.
Raid franze as sobrancelhas. — Como? Eles o pegaram, Whaley. Ele tinha
drogas suficientes para abastecer toda a escola. Não há como fazer com que retirem
essas acusações.
— Isso não é verdade, — diz Whaley enquanto dá uma tragada no cigarro e
pega o telefone. Ele mexe com ele por um momento antes de entregá-lo para nós.
— Veja isso.
Pego o telefone, virando-o para que todos possam ver. Demoro um minuto
para perceber o que estou olhando, a imagem está muito borrada e escura para ver
qualquer coisa. Assim que meus olhos focam, eu suspiro.
É uma foto do xerife apertando a mão de um Viper com um saco de alguma
coisa debaixo do braço.
— Espere, você acha que o xerife está trabalhando com os Vipers? —
pergunto, inacreditavelmente atordoado quando Whaley pega o telefone. Eu sei
que o xerife é um idiota, mas não achei que ele fosse sujo.
Donna bufa. — Eu sempre soube que ele não estava tramando nada de bom.
Isso não me surpreende nem um pouco.
— Raid, você ainda tem contato com os Vipers, certo? — Ele acena com a
cabeça e Whaley continua. — Bunky me disse que foi o filho do xerife quem
plantou as drogas. Acho que um deles deve ter algo contra ele. Ligue para o seu
cara e veja o que ele diz.
— Nele, — Raid diz a ele, apagando o cigarro no cinzeiro antes de sair.
— Você acha que isso é suficiente para prender o xerife? — Eu pergunto,
referindo-me à foto. — Não mostra o que ele comprou. É tudo circunstancial.
Whaley dá de ombros. — Posso trabalhar com isso. Podemos pensar em
alguma coisa. Ninguém disse que tínhamos que fazer isso da maneira legal.
Não deveria me surpreender que Whaley esteja disposto a fazer algo obscuro
para libertar Silas. Os Aces cuidam de si mesmos, e eu sei que eles fazem coisas
ilegais, mas uma parte de mim se sente inquieto.
O perfeito Blaine Yates nunca recorreria a nada torto para conseguir o que
queria. Ele insistiria que poderia haver outra maneira sem ter que infringir a lei,
mas não sou mais o Blaine Yates perfeito. Ele está morto e enterrado, enterrado a
quase dois metros de profundidade. Eu pertenço a Silas agora. Eu sei que sou jovem,
mas tenho certeza que ele é o amor da minha vida. Ele me completa, me preenche
e me liberta. Prometi que o tiraria de lá.
Não importa o que.
— Estou dentro, — digo com um aceno firme. — O que vamos fazer?
Whaley balança a cabeça enquanto dá outra tragada no cigarro. —Não,
garoto. Não posso envolver você nisso.
Levanto-me rapidamente, quase derrubando Donna do sofá. Então cerro os
punhos, cerrando os dentes enquanto olho Whaley diretamente nos olhos. — Eu
vou ajudar, quer você goste ou não. Silas é meu para proteger. Se alguém vai fazer
parte disso, serei eu, e não há nada que você possa fazer para me impedir.
Mesmo estando determinado, tremo. Nunca pensei que iria enfrentar
Whaley, entre todas as pessoas, conhecendo sua reputação, mas Silas me torna
corajoso.
Whaley me encara por um momento, estreitando os olhos, e quando ele se
levanta, tenho medo por um momento que ele vá me dar um soco por causa do
meu tom, mas suspiro de alívio quando ele sorri.
— Bom. — Ele me dá um tapinha no ombro, me enchendo de orgulho. — A
lealdade é importante para mim. Se você está disposto a arriscar tudo por Silas,
você é um de nós agora.
Donna pega meu braço. — Blaine, querido, você tem que ter certeza absoluta.
Silas mencionou que você tem planos. Se tudo o que vamos fazer não funcionar,
isso arruinará o seu futuro.
— Não há futuro sem ele, — afirmo, sabendo em meu coração que minhas
palavras são verdadeiras. — Ele e eu pertencemos um ao outro.
— Então está resolvido, — diz Whaley, sentando-se novamente e
gesticulando para que eu faça o mesmo. — Eu tenho um plano. Vai ser complicado.
É um jogo de dados, mas se funcionar, tiraremos Silas de lá.
— O que nós vamos fazer? — pergunto, esfregando os ombros de Donna
quando ela chora. Vou dar isso para a mãe do Silas, ela é durona. Assim como o
filho dela. — Como posso ajudar?
— Bem, — Whaley começa, me dando um sorriso torto que significa que ele
não está tramando nada de bom. — Parece que é hora de visitar seu pai.
Não falei com ele desde que ele me expulsou. Ele tentou entrar em contato,
mas nunca foi para se desculpar. Duvido que ele ouça qualquer coisa que eu diga
agora. Ele deixou muito claras suas opiniões sobre Silas, e não consigo imaginar
um mundo em que ele ajudaria.
Mas meu namorado precisa de mim e uma promessa é uma promessa.
Custe o que custar.
QUARENTA E DOIS

Blaine

— Tem certeza que quer fazer isso? — Whaley pergunta, me dando um olhar
cético enquanto estamos na frente da minha casa.
Donna pega meu braço. — Você não parece muito bem, querido.
Bem, eu também não me sinto bem. Honestamente, estou me sentindo um
pouco traumatizado por estar aqui. Foi aqui que cresci, num ambiente frio, preso e
cheio de uma ansiedade avassaladora. Foi aqui que meu momento íntimo com Silas
foi revelado, invadindo nossa privacidade. Foi aqui que papai escolheu o futuro que
planejou em vez do futuro que eu queria.
O plano de Whaley pode funcionar. Mesmo que as chances sejam mínimas,
Silas merece que tentemos.
Tivemos que esperar um pouco antes de vir aqui, porque Whaley precisava
solidificar o que íamos fazer e dizer, e Raid precisava entrar em contato com seu
contato no Viper. Já está quase anoitecendo e sei que papai está em casa. Detesto
que tenhamos perdido quase um dia inteiro, mas foi o melhor.
Porque se isso funcionar, logo terei Silas de volta em meus braços, onde ele
pertence.
— Você vai fazer as honras? — Whaley aponta para a porta.
— Eu não preciso, — eu digo, puxando minha chave. — Ele não tirou isso
quando me expulsou.
— Vamos então, — diz Donna, estalando os nós dos dedos como se estivesse
prestes a lutar. Eu sei que ela quer acabar com isso tanto quanto eu.
Whaley assente antes de dar uma última olhada na pasta em suas mãos. —
Seu velho terá uma surpresa.
Não tenho ideia de como ele consegue quebrar a tensão, mas consegue. Sim,
papai vai pirar quando vir o chefe dos Aces e uma mãe motociclista durona em sua
casa.
Bem, foda-se muito ele. Ele merece.
Deixei-nos entrar, tentando ignorar o aperto em meu estômago enquanto
nos conduzia pela casa. Não fico muito em lugar nenhum e nos levo direto para o
escritório do meu pai, onde posso ouvi-lo do outro lado da porta, provavelmente
ao telefone, mas não me preocupo em esperar. Com uma última olhada para
Whaley, abro a porta.
Papai não nos nota a princípio porque está de costas. Vou abrir a boca, mas
Donna tem uma abordagem muito mais interessante. Ela marcha direto para a
mesa do papai, batendo os punhos na madeira antes de bater as mãos e derrubar
tudo de uma vez.
— Ei, idiota! — Ela grita. — Você tem companhia!
Papai se vira rapidamente, os olhos arregalados de choque. Não sei dizer se
ele está mais surpreso por haver Aces em sua casa ou porque ninguém jamais ousou
falar com ele desse jeito.
— O quê... — Então ele me vê, franzindo as sobrancelhas em desgosto
enquanto zomba e desliga o telefone. — Sério, filho? Você tem me ignorado e é
assim que escolhe voltar para casa?
Engulo o nó na garganta. Fui um covarde durante toda a minha vida, nunca
ousando me libertar de minhas expectativas, mas me recuso a ser covarde
novamente.
— Silas está na prisão, — afirmo, endireitando os ombros e me mantendo
firme.
Papai cantarola revirando os olhos. —Não é nem um pouco surpreendente.
Aquele garoto estava destinado a acabar como o resto da família.
— Cuidado com a boca, — Donna sibila. — Posso parecer pequena, mas vou
te dar uma surra se continuar falando sobre minha família desse jeito.
Droga, a mãe do Silas é uma fera. Agora eu sei de onde ele tirou isso.
Talvez não seja esse o caminho que queremos seguir.
— Donna… — Whaley avisa, parecendo concordar comigo.
Ela endireita os ombros e levanta as mãos em sinal de rendição. —Bem.
Apenas me dê sinal verde e eu farei isso.
— O que é que você quer? — Papai pergunta, pegando o telefone. —É melhor
vocês se explicarem em dois minutos antes de eu ligar para o xerife.
— É engraçado você mencioná-lo. — Whaley ri, colocando a pasta na mesa
do pai. — Você pode querer dar uma olhada nisso.
Ele estreita os olhos enquanto olha para a pasta antes de balançar a cabeça.
— E por que eu iria querer fazer isso?
— Faça isso, — eu respondo, com intenção mortal em minha voz.
Ele me olha com curiosidade, mas cede e pega a pasta, folheando-a
rapidamente, cada papel fazendo suas sobrancelhas subirem e seus lábios
franzirem ainda mais. — O que… o que estou olhando?
— É o seu precioso xerife Masterson envolvido em algumas atividades ilegais,
— diz Whaley, parando em frente ao meu pai e arrumando as fotos para ele. — E
esse é o filho dele, comprando drogas da mesma gangue.
Sim, Raid realmente conseguiu isso. Acontece que o contato dele tinha
algumas fotos antigas de Kent comprando uma tonelada de drogas. É realmente
genial. Quem não teria provas fotográficas do filho do xerife envolvido em
atividades ilegais? Não tenho ideia de como Raid consegui convencer o cara a dar
a ele, já que os Aces e os Vipers são inimigos jurados, mas não vou questionar.
— O que você quer que eu faça com esta informação? — Ele solta um
grunhido exasperado, largando os papéis enquanto nos encara com um olhar duro.
— Você não deveria ser inteligente? — Donna rosna de irritação. — O que
você acha que queremos?
— Silas fora da prisão, — afirmo, não deixando que haja a menor dúvida
sobre nossas intenções. — Kent plantou drogas nele e precisamos que você prove
isso.
— E livre-se do xerife, — acrescenta Whaley. — Faça com que ele seja
acusado de posse e intenção de vender.
Os olhos do papai se arregalam. — Com isso? Tudo isso é circunstancial.
Talvez a foto de Kent seja suficiente, mas não há como saber o que o xerife estava
fazendo. O tribunal nunca o condenaria.
— Talvez não, — diz Whaley, encolhendo os ombros. Então ele dá sinal verde
para Donna e ela vasculha sua bolsa. — Mas acho que isso seria suficiente.
Papai engasga quando Donna coloca um pacote grosso embrulhado em
marrom em sua mesa. Papai não é idiota. Ele sabe exatamente o que é quando o vê.
— Isso não pode ser...
— É exatamente o que é, — respondo, apontando para o produto. —Você vai
encontrar uma maneira de fazer com que a polícia encontre essas drogas no xerife.
Você vai testemunhar que viu Kent comprando drogas e, de alguma forma, terá
uma ideia de como tirar Silas de lá.
Whaley, Donna e eu sabemos que não é um plano perfeito. Há muitas pontas
soltas e muitos fios, mas estamos desesperados. Este foi o único plano que
conseguimos bolar para nos livrarmos das pessoas que nos traíram e tirar Silas de
lá.
Embora Donna tenha se oferecido para matá-los, não tenho certeza se ela
estava falando sério ou não. De qualquer forma, Whaley a acalmou. Pelo menos,
acho que sim. Ela parece perto de perder o controle no momento.
— E por que eu faria isso? — Papai pergunta, balançando a cabeça, incrédulo
com nosso plano. — Você sabe o que aconteceria comigo se alguém descobrisse?
Plantando provas falsas, corrupção da justiça, posso perder a minha posição. Eu
poderia ir para a prisão. Por que eu arriscaria isso?
— Porque o xerife está sujo, — digo a ele, plantando as mãos em sua mesa.
— Porque Kent comprou essas drogas. Porque Kent me drogou.
— Ele… Kent drogou você? — ele diz, seu queixo caindo. Ele me olha com
uma preocupação nos olhos que não estou acostumada a ver. Como se ele
realmente se importasse. — Você está bem? Blaine, me desculpe. Eu não sabia.
— Estou bem e tudo bem, — digo a ele com sinceridade, surpresa por ele ter
perguntado, mas não sendo capaz de pensar nisso agora. — Kent tentou me
incriminar primeiro, mas Silas levou a culpa.
Seus olhos se arregalam. — Ele fez?
— Sim, — eu digo, e foda-se as lágrimas traiçoeiras em meus olhos. — Ele
arriscou ir para a prisão por minha causa. Isso não significa nada para você?
Ele não responde, então Donna intervém. — Não posso acreditar que
chegamos a esse ponto, tentando puxar seu maldito peito sem coração, mas aqui
estamos. Eu amo meu filho, mas o mais importante, ele ama o seu. Ele não merece
estar lá e você sabe disso.
— Os Aces lhe devem uma, — acrescenta Whaley. — Qualquer coisa que
você quiser, nós faremos por você. Tire Silas de lá e considere isso feito.
Eu posso ver isso em seus olhos. Ele está tão perto. Tão perto de aceitar isso.
Bastaria um pouco mais.
Silas é a coisa mais importante para mim. Acima de tudo.
— Eu irei para a Georgia, — deixo escapar, implorando a ele. No fundo, eu
sabia que tinha que chegar a esse ponto. Ainda dói, mas não posso deixar de
implorar quando se trata de Silas. — Irei para a Georgia, almejarei a NFL e farei
tudo o que você quiser. Por favor, pai.
A respiração do papai falha, então ele limpa a garganta, pegando o uísque
antes de olhar para Whaley e Donna. — Posso ficar um minuto a sós com meu
filho?
Ambos se viram para olhar para mim.
— Você tem isso? — Whaley pergunta, genuinamente preocupado.
— Sim, — eu digo. — Estou bem.
Donna parece hesitante, mas agarra meu braço antes de sair. —Estaremos lá
fora, querido. Apenas grite se seu pai precisar de uma surra.
Apesar da nossa situação atual, eu rio. Cristo, eu amo a mãe do Silas. Os dois
saem e papai aponta para o assento à sua frente. Sento-me e ficamos nos encarando
por um longo momento, nenhum de nós sabendo o que dizer, quando finalmente
ele quebra o silêncio.
— Você realmente mudaria seus planos? — ele pergunta, inclinando a
cabeça para o lado. — Você foi tão inflexível que não queria a vida que estabeleci
para você.
— Eu faria qualquer coisa por Silas, — repito pelo que parece ser a centésima
vez. — Você pode achar que ele não vale muito, mas para mim ele vale. Você pode
pensar que ele não tem futuro, mas ele quer muito mais do que esta vida. Ele é leal,
protetor e um bom homem.
— E você o ama?
— Sim. — Eu rio, pegando a corrente em volta do meu pescoço. — Eu
realmente faço.
Ele mastiga o interior da bochecha antes de olhar mais uma vez para os
papéis. — Se eu fizesse isso, seria complicado.
Meu coração acelera, esperança e otimismo enchendo meu peito. —Faríamos
qualquer coisa para ajudá-lo. Nós até assumiríamos a responsabilidade se você
fosse pego.
— Eu... acho que não faria isso, — diz ele, suspirando profundamente. —
Quero dizer, afinal de contas, suspeitei que o xerife Masterson não fosse tão
honesto quanto afirma ser. Se ele realmente for um criminoso, e já que o filho dele
drogou você, eles merecem ser penalizados por suas ações.
— Exatamente. Pense nisso. Estamos fazendo a coisa certa, só que de uma
maneira diferente. — Tento argumentar com ele, rezando para quem está ouvindo
para que ele desista. Eu preciso que ele faça isso.
Papai me encara por um longo momento e há algo de desculpas em seus
olhos. Ele balança a cabeça. — Você não precisa ir para a Georgia.
— O quê? — Meus olhos se estreitam em confusão. — Mas...
— Você estava certo. — Sua voz parece dolorida, sua mandíbula tensa, e
posso dizer que está custando a ele admitir que estava errado. —É a sua vida. Eu
pensei sobre isso. Posso não concordar com isso – sua escolha de namorado e sua
escolha de escola – mas você tem sido um bom filho. Eu te amo e você tem direito
à sua própria vida.
Eu riria da maneira como ele disse que me amava se não estivesse tão em
estado de choque. Não sei se acredito totalmente nele, mas papai nunca mentiu
para mim antes. — Obrigado. Eu prometo que não vou decepcionar você.
— Eu sei que você não vai. — Ele ri. — Olha, isso pode levar alguns dias.
Ainda não tenho certeza sobre esse seu plano. Pode não funcionar.
— Por favor, tente, — eu imploro, odiando que isso demore, porque eu não
quero nada mais do que ter Silas agora. — Isso é tudo que queremos.
— Deixe-me pensar um pouco, — diz ele enquanto folheia as fotos
novamente. — Ligo para você amanhã quando tiver tomado minha decisão. —
Concordo com a cabeça e me levanto, mas ele me impede. — E, Blaine, por favor,
volte para casa.
Eu penso sobre isso por um minuto. Silas diria que sou muito indulgente, mas
papai fez grandes progressos esta noite. Embora eu não saiba se poderia morar
nesta casa se ele não concordasse em ajudar Silas, mas também não quero descartar
essa possibilidade. Ele tem sido mais aberto e honesto do que nunca e, se fizer a
coisa certa, quero conhecer melhor esse lado dele.
— Deixe-me pensar um pouco, — brinco, imitando suas palavras.
Ele apenas sorri para mim e acena com a cabeça. — Tudo bem. Você esteve
seguro?
— Sim, — eu digo facilmente. — Tudo tem sido bom.
— Bom, — ele repete, limpando a garganta como se não soubesse o que fazer
agora. — Aguarde minha ligação amanhã.
Saio com um sorriso de despedida e falo com Donna e Whaley na saída, mas
elas não estão tão esperançosas quanto eu. No entanto, no fundo, esse otimismo
ainda existe. Eu tenho que mantê-lo lá. Se eu corresse, desmoronaria, e não posso
fazer isso porque preciso ser forte por Silas.
Tudo o que posso esperar é que papai faça a coisa certa.
QUARENTA E TRÊS

Silas

Os dias estão começando a correr juntos.


Sei que o Natal já passou porque quando me transferiram da cela para uma
cela normal, não vi mais enfeites, o que significa que estou aqui há mais de uma
semana. Eu me pergunto quanto tempo eles vão me manter? Até o meu julgamento,
quando for mandado para a prisão?
Lambo meus lábios secos e rachados e desejo muito ter um pouco de água.
Tenho certeza de que meu estômago vai começar a comer sozinho se eu não fizer
uma boa refeição logo.
Este seria o castigo perfeito do xerife Masterson depois do que fiz ao filho de
merda dele. Seja como for, não me arrependo de nada. O idiota mereceu o que fez
com Blaine, e eu faria isso de novo em um piscar de olhos se tivesse a chance.
Suspiro, esticando as pernas na cama e tentando ignorar a dor crescente na
parte inferior das costas. Essa cama de metal e esse colchão frágil são uma merda.
Não que o velho sofá-cama seja muito melhor, mas pelo menos tem alguma
almofada.
Pelo menos tinha Blaine.
Estico a mão para mexer no piercing em minha orelha e quase gemo quando
me deparo com a pele nua. Eles me obrigaram a retirá-los quando me revistaram,
não permitindo nenhuma joia. O pensamento faz minha mão descer pelo pescoço
até onde deveria estar o anel de Blaine. Tentei combatê-los, recusando-me a
entregá-lo, mesmo quando levei um tapa com um cassetete. Depois de serem
forçados a descer por dois policiais, eles conseguiram tirar isso de mim. Os filhos
da puta quase quebraram meu queixo.
Essa coisa de prisão é uma merda. Eu me pergunto como meu velho e Ryker
estão aguentando. Não consigo me imaginar fazendo essa merda todos os dias, mas
acho que se Blaine não conseguir inventar alguma coisa, estou fodido de qualquer
maneira. Independentemente disso, eu não retiraria nada disso, não porque isso o
tirou daqui e o libertou.
Blaine... ugh, meu querido bebê.
Juro, ele está muito otimista, mas não acho que isso vá acontecer. Estou
tentando ser positivo como ele gostaria que eu fizesse, tentando imaginar uma vida
que não estivesse envolvido nisso - drogas, gangue, a possibilidade de uma vida
atrás das grades - mas parece tão fora de alcance.
Talvez eu devesse fazer uma imitação de Blaine e ter alguma esperança.
— Bom dia. Aproveitando a prévia do resto da sua vida?
Ah, talvez não. Esperança não parece gostar muito de mim agora.
— Já é de manhã? — Eu questiono, olhando ao redor da cela sombria
enquanto o xerife se inclina contra as barras de metal. — Não dava para saber pela
falta de luz neste lugar. Você sabe, até as prisões permitem tempo no pátio.
Ele ri, o som é tão presunçoso. — Não se preocupe, Silas. Não tenho dúvidas
de que você estará no pátio em breve. Certifique-se de dizer oi para sua família por
mim.
— Você está comendo isso, hein? — Pergunto enquanto examino
casualmente minhas unhas, porque, porra, vou deixar esse cara pensar que está me
afetando. — Adorando o fato de você estar eliminando os Aces um por um?
— Estou muito orgulhoso disso, não vou mentir, — ele me diz, cruzando os
braços sobre o peito. — Mais uma maneira de acertar Whaley.
Levanto uma sobrancelha ao ouvir isso, depois me levanto e enfrento o xerife
enquanto apoio minhas mãos nas barras de metal que nos separam. — Qual é o
seu problema? Se você tem algum problema com Whaley, por que não resolve isso
com ele? Acertar abaixo da cintura derrubando outras pessoas parece juvenil.
De repente, a provocação alegre do xerife é substituída por um olhar de raiva
severa, como uma mudança em seu cérebro. — Você é tão leal a esse homem, mas
não tem ideia do tipo de cara que ele realmente é.
— Por favor, me esclareça, — digo, embora odeie admitir que estou curioso
para ouvir o que ele tem a dizer.
— Digamos apenas que os esqueletos em seu armário não podem ficar
escondidos para sempre, — ele responde, com uma determinação resoluta no rosto.
Não vou mentir, estou ansioso para perguntar mais, mas não vou deixá-lo
pensar que está me afetando. Resumindo, eu sei onde está minha lealdade, e não é
aqui nesta cela de merda com o xerife corrupto.
— Bem, não posso falar sobre isso, mas posso falar sobre o caráter de Whaley,
e ele é um homem melhor do que você jamais será, — cuspi. Não me importa o que
Whaley fez. Nem todo mundo que é ruim é realmente ruim, e eu vivo de acordo
com esse lema. Whaley cuida daqueles que são leais a ele, e duvido que o xerife
tenha um osso leal em seu corpo.
— Um homem melhor? — Ele bufa. — Um homem melhor não teria....
Suas palavras são interrompidas pelo som de metal se encontrando quando
a porta externa bate na parede. Meus olhos se voltam para a direita e quase perco
a capacidade de respirar quando vejo o amor da minha vida vindo em minha
direção.
Blaine parece chateado, com os olhos grudados no xerife enquanto avança
em sua direção. Então sua mão dispara, agarrando o anel de chaves em seu cinto
antes que ele possa reagir, e meu estômago revira enquanto mil pensamentos
passam pela minha cabeça.
Puta merda, isso é uma fuga da prisão? Droga, isso é quente como o inferno.
— Blaine, que diabos? — Rosno de preocupação misturada com excitação,
porque esse é o meu cara e eu não o vejo há dias, e agora aqui está ele interpretando
o super-herói.
Oh, isso seria uma boa coisa para interpretar mais tarde.
Não, concentre-se, Silas. Não é a hora.
— Está tudo bem, Si, — ele me garante, seus olhos nunca deixando o xerife.
— Eu cuido dele.
Eu mencionei que o super-herói assertivo Blaine era gostoso pra caralho?
Porque caramba…
— Você vai cuidar de mim? — O xerife ri loucamente antes de pegar as
chaves. — A única coisa que você está prestes a fazer é acabar atrás das grades.
— Alguém estará lá, mas não serei eu. — Blaine faz uma pausa, dando mais
um passo em minha direção, evitando a mão do xerife. — E também não será Silas.
Então o super-herói fodão Blaine desbloqueia minha cela e eu estou livre,
mas como? Isso parece muito fácil. As fugas de prisão não deveriam ser difíceis ou
algo assim?
— O que diabos você pensa que está fazendo? — grita o xerife, agora ficando
furioso enquanto tenta fechar as portas da cela, quase quebrando meus dedos ainda
em recuperação no processo. Ele aponta para Blaine e depois para mim. — Eu
poderia prendê-lo por ajuda e cumplicidade, e você por fugir da prisão.
— Considerando que você não é mais o xerife aqui, não acho que você tenha
os meios para fazer isso acontecer, — diz um policial que nunca vi antes enquanto
caminha em nossa direção. Ele tem o logotipo do condado vizinho na camisa e olha
para o xerife como a escória que ele é. — Jeffery Masterson, você está preso por
tráfico de drogas e por contribuir para a delinquência de menores.
O mesmo policial começa a ler para ele seus direitos enquanto seu parceiro
algema o xerife, que luta contra seu domínio, gritando que tudo o que estão dizendo
é besteira.
Que porra eu perdi?
— Como? — é tudo o que consigo dizer, completamente sem palavras
enquanto Blaine me arrasta para fora da cela. — Blaine…
— Eu vou explicar mais tarde. Agora, há outra coisa que preciso fazer.
Ele esmaga seus lábios contra os meus para um beijo feroz. Eu me sinto
nojento por não ter tomado banho ou escovado os dentes desde que cheguei aqui,
mas Blaine não parece se importar, apenas aprofundando o beijo como se já
tivessem se passado anos, e não dias.
— Eu te amo, — ele sussurra, afastando-se para olhar para mim enquanto
segura meu rosto em suas mãos. — Eu senti tanto sua falta.
— Eu também te amo, — eu respiro, agarrando sua camisa para segurá-lo.
— Senti mais sua falta.
Ele franze a testa quando seus olhos caem para o meu pescoço.
— Ei, idiota! — Blaine chama, chamando a atenção do ex-xerife antes que
eles o levem embora. — Onde está o colar do meu namorado!
Ouça, algumas pessoas desmaiam com chocolates e flores, mas eu desmaio
com palavrões e atletas possessivos. Eu não sabia que isso era uma coisa, mas estou
aprendendo que nada sobre Blaine é o que eu esperava, e estou adorando cada
segundo.
— Está tudo aqui, — diz mamãe, surgindo do nada e segurando um pequeno
envelope para eu ver. Ela o entrega para mim, olhando para onde o xerife
Masterson está sendo arrastado, e mostra o dedo para ele. — Boa viagem.
— Você estava envolvido nisso? — Seja lá o que for. Meus olhos saltam entre
ela e Blaine. — Você estava em conluio com minha mãe?
Embora eu ainda esteja confuso pra caralho, algo nisso me enche de calor. É
como se todas as minhas pessoas favoritas estivessem vindo junto. O que quer que
esteja acontecendo atualmente fica em segundo plano.
— Não apenas sua mãe, — ele diz enquanto nos dirigimos para a frente.
Levanto uma sobrancelha, sem entender a princípio o que ele quer dizer, mas
rapidamente percebo a gravidade da situação quando observo... — Prefeito Yates?
Pelo que sei, o idiota expulsou meu namorado, então ele ainda está na minha
lista de merda. Não tenho muito respeito por alguém que vira as costas para a
própria família.
— Por que ele está aqui? — pergunto a Blaine, tentando manter a raiva longe
da minha voz.
Não quero parecer ingrato, mas também não quero dever nada a esse
homem. Se ele acha que mexer os pauzinhos vai me fazer me afastar para que ele
possa roubar Blaine, ele está errado. Esse cara é meu e eu serei amaldiçoado se
deixar alguma coisa atrapalhar isso.
— Silas! — Mamãe responde, claramente não gostando do meu tom. — Meça
suas palavras!
— Ok, alguém precisa explicar o que está acontecendo, — afirmo, finalmente
tendo o suficiente. Tenho mil pensamentos passando pela minha cabeça agora e
não consigo fazê-los fazer sentido.
— Você é um homem livre agora, — diz o prefeito Yates, sem responder
totalmente à minha pergunta.
— Como? — Eu pergunto, franzindo o nariz. Não pode ser porque ele
finalmente encontrou alguma decência comum, pode? Duvido que tenha vindo da
bondade de seu coraçãozinho.
— Ninguém ruim é realmente ruim. — O prefeito Yates olha para Blaine,
que está sorrindo amplamente para seu pai. Que diabos?
Eu balanço minha cabeça. O pobre bebê deve estar sob a influência do pai
porque não há razão para ele estar feliz com o idiota. — Não, eu não estou
acreditando. Não preciso de nenhum favor seu, especialmente depois do que você
fez com Blaine.
— Você está louco? — Blaine pergunta, franzindo a testa enquanto pega meu
braço.
— Louco mal está arranhando a superfície do que eu estou, — eu fervo, mas
é direcionado apenas ao pai dele.
O prefeito Yates me examina, observando minhas roupas surradas, botas de
segunda mão e cortes e hematomas que não cicatrizaram adequadamente. Ele olha
para Blaine mais uma vez, quase com um olhar curioso antes de se voltar para mim.
— Então você se preocupa com ele?
— Eu mais do que me importo, — afirmo, segurando a mão de Blaine, meus
olhos nunca deixando o prefeito Yates. — Eu amo ele.
Ficamos ali, no meio desse olhar intenso, e não sei o que pensar. Tudo que sei
é que não vou recuar. Não tenho medo dele ou do que ele pode fazer. Preciso deixar
isso extremamente claro. O que quer que ele tenha feito para me tirar daqui não
apaga o que ele fez com Blaine.
— Silas, — diz Blaine, apertando minha mão. — Fui eu quem pediu ajuda a
ele. Ele está do nosso lado.
— Por quê?
O prefeito Yates suspira. — Eu errei pelo que fiz e não espero que vocês me
perdoem – nenhum de vocês – facilmente, mas farei o meu melhor para provar o
quanto estou arrependido.
— Ouça-o, querido, — mamãe me diz. — Basta voltar para casa e
conversaremos sobre tudo.
Olho entre Blaine e minha mãe. Não tenho ideia do que está acontecendo,
mas a calma nos grandes olhos azul-acinzentados de Blaine me deixa um pouco à
vontade. Posso não saber o que está acontecendo agora, mas confio que eles me
contarão toda a história. Se eles dizem que está tudo bem, não tenho motivos para
não acreditar neles.
Lanço ao prefeito um último olhar cético, mas sinto algo se instalando dentro
de mim quando tudo que vejo de volta é paciência e aceitação. —Apenas cuide
dele, — diz ele, sorrindo com um pouco de tristeza nos lábios.
Podemos não ter muito em comum, mas posso ver que, apesar do que fez, ele
ainda ama o filho. Está escrito em seu rosto. Não gosto dele, mas concordo com a
cabeça. — Com a minha vida.
Com isso, Blaine, mamãe e eu saímos da estação, sem ninguém nos parar, e
vamos até a caminhonete de Blaine.
QUARENTA E QUATRO

Blaine

Suspiro enquanto olho para as estrelas.


As coisas têm estado ótimas nas últimas semanas. Com o xerife e Kent fora de
cena, os Aces, Silas e eu conseguimos respirar com facilidade.
Acontece que o xerife Masterson acabou tendo algumas de suas drogas em
casa quando meu pai avisou o xerife do condado vizinho. Isso, combinado com o
que colocamos lá, é suficiente para levá-lo a algum tempo sério assim que sua
sentença começar. Kent, previsivelmente, desistiu no segundo em que foi
questionado sobre me drogar. Acontece que aquele bastardo ciumento queria
arruinar meu futuro. Ele pode pegar apenas um ou dois anos, mas sinto que isso é
justiça quando você considera as multas que ele terá que pagar e a liberdade
condicional que enfrentará depois de sair.
Papai e eu estamos... Bem, estamos bem. As coisas não são perfeitas. Não nos
tornamos repentinamente o melhor time de pai e filho quando ele ajudou a tirar
Silas da prisão, mas estamos chegando lá. Dei o pequeno passo de voltar para minha
casa - para minha grande alegria e descontentamento do namorado - e papai e eu
temos tentado criar mais laços. A mãe ainda está ausente, mas nem tudo pode
mudar de uma vez.
Então, com tudo isso, por que ainda sinto que meu mundo pode desmoronar
a qualquer segundo?
Pego meu telefone e abro o e-mail que recebi esta manhã.
Parabéns! Você foi aceito na turma de 202512 da Universidade de Yale!
Eu deveria estar feliz, certo? É o que eu sempre quis. Agora que meu pai está
trabalhando em aceitar Yale, não preciso da maioria das bolsas para as quais me
inscrevi. Posso sair desta cidade, me tornar médico e ajudar as pessoas como sempre
quis.
Só que… e Silas?
Eu gemo, jogando meu telefone para o lado em frustração. Por que as coisas
na vida não podem ser nem um pouquinho fáceis?
— Aí está você! Por que diabos você não atende seu telefone!
Eu me levanto, virando a cabeça para o lado para ver Silas furioso vindo em
minha direção. Mordo meu lábio inferior, sabendo que estou prestes a ter a maior
gritaria da minha vida por deixar todas as suas mensagens lidas, mas agora que ele
está aqui, estou realmente feliz por ele estar.
— Desculpe, Si. Eu só precisava fugir um pouco.
— E você escolheu aqui?
Olho em volta para o campo vazio em que estamos, compartilhado por nada
além de fardos de feno e vacas. Eu fiquei bastante isolado, então estou me
perguntando como ele conseguiu me encontrar deitado na carroceria da minha
caminhonete.
— Como você sabia onde eu estava? — Eu pergunto.
A fúria ainda está em seu rosto, suas mãos com raiva nos quadris enquanto
ele estreita os olhos para mim. — Passei na sua casa, mas seu pai disse que você

12 No original esta 2028, porem tomei a liberdade de alterar visto que ele é formando do ensino médio
e estará na uni no próximo ano.
estava fora. Fui ao trailer e ao campo de futebol, mas você também não estava lá.
Finalmente, fui para a casa do Landon.
Eu torço o nariz em confusão. — E como Landon sabia?
Ele pega o telefone de Landon e o balança no ar. Ele realmente roubou seu
telefone? — Encontre meus amigos, aparentemente. Então seu melhor amigo sabe
onde você está, mas seu namorado não? E se algo tivesse acontecido com você?
A culpa agita meu intestino. Merda, eu não tinha pensado nisso. Desde a coisa
toda sobre Kent, Silas tem sido extremamente protetor comigo. Passamos quase
todos os minutos juntos desde que ele saiu, até mesmo levando-o furtivamente para
o meu quarto à noite para não termos que dormir separados. Enquanto ele está no
trabalho, ele constantemente me manda mensagens de texto. Eu não o culpo. Ainda
estou um pouco abalado com toda essa experiência e me colei ao lado dele de boa
vontade, tanto quanto possível.
Porém, quando penso no que me trouxe aqui, sei que fiz a escolha certa ao
reservar um tempo para mim.
Ainda assim, eu poderia ter dito alguma coisa. — Sinto muito, Si. Eu não
queria fazer você se preocupar. Eu só precisava ficar sozinho um pouco.
— E isso está mais do que certo, — diz ele, suavizando enquanto caminha o
resto do caminho até minha caminhonete. — Eu não sou um idiota, Blaine. Você
poderia ter dito alguma coisa. Fiquei preocupado.
Mordo o interior da minha bochecha enquanto o observo. — Você ainda está
bravo comigo?
Ele zomba. — Inferno, sim, ainda estou bravo. Quase me deu um ataque
cardíaco. — Ele aponta para onde estou deitado e depois de volta para o caminho
de onde veio. — Meu carro está ali. Você ainda precisa de um tempo para si
mesmo?
Balanço a cabeça enquanto estendo a mão para ele. Agora que ele está aqui,
não quero que ele vá a lugar nenhum. Ele ri do meu movimento e pula na
carroceria da caminhonete. — Aproxime-se.
Faço o que ele diz e ele se posiciona atrás de mim, prendendo meu corpo
entre suas pernas abertas. Eu derreto em seu peito, suspirando em contentamento
quando ele passa os braços em volta da minha cintura e beija o espaço atrás da
minha orelha.
Tudo é sempre melhor quando ele está por perto.
— O que você tem feito aqui? — ele pergunta.
— Tentando ativamente não pensar.
— E você não poderia fazer isso em campo? É para lá que você gosta de ir,
não é?
Eu balanço minha cabeça. — Desde as fotos…
Simplesmente não parecia mais meu espaço seguro. O campo de futebol à
noite costumava ser o lugar para onde eu poderia fugir, mas agora há muitas
lembranças negativas associadas a ele. Acho que nunca vou superar o fato de que
algumas fotos simples quase arruinaram tudo.
— Entendi, — diz ele, apertando-me com força. — Então, você veio aqui em
vez disso?
— Você não se lembra deste lugar? — pergunto, olhando para ele por cima
do ombro, depois aponto para o norte de nós. — A estrada sobre aquela colina é
para onde você nos levou depois daquela briga no clube.
Ele pensa sobre isso antes de sorrir. — Oh sim. Você gritou meu nome na
frente das vacas. — Dou uma olhada nas vacas mencionadas, percebendo que elas
estão mantendo distância. Coitadas devem estar traumatizadas. — O que você
precisa para escapar, bebê? — ele pergunta, estendendo uma mão para esfregar
meu lábio inferior. — Você não precisa me dizer, mas não posso ajudar se não
souber. Você está se sentindo sobrecarregado?
Lágrimas ameaçam brotar dos meus olhos com o quão bem ele me conhece.
Concordo com a cabeça, me aconchegando sob seu queixo enquanto crio coragem
para contar a ele o que está acontecendo. — Recebi um e-mail esta manhã.
— Sim? — ele questiona, esfregando a mão para cima e para baixo no meu
braço. — O que diz?
— Isso... — Soltei um suspiro profundo e me aconcheguei ainda mais perto,
como se isso fosse impedi-lo de desaparecer magicamente. — Eu entrei em Yale.
— O quê? — ele grita, me empurrando para que ele possa me virar para
encará-lo. Ele tem um sorriso largo no rosto, seus olhos brilhando de excitação
enquanto ele dá um beijo forte em meus lábios. — Isso é ótimo! Espere, mas ainda
é janeiro.
— Solicitei uma decisão antecipada, — digo a ele, sentindo o orgulho em seus
olhos. — Você está realmente feliz?
— Claro, — diz ele, me beijando novamente. — Por que você esperou tanto
para me dizer quando poderíamos comemorar?
— Porque Yale está em Connecticut, — digo a ele com tristeza, incapaz de
evitar que a carranca se aprofunde em meu rosto. — E você está aqui.
A realidade surge para ele, e posso ver o lampejo de dor em seus grandes
olhos castanhos, mas ele faz um ótimo trabalho em mascarar isso assim que
aparece. Ele balança a cabeça para mim, sorrindo, mas não está tão feliz quanto
antes. — Isso não importa.
— Claro que importa! — Eu discuto, deixando cair meu rosto em minhas
mãos. — O que devemos fazer, Si?
— Você quer terminar?
Minha cabeça se levanta tão rápido que fico surpreso por não quebrar meu
pescoço. Olho para ele horrorizado, tentando ler sua expressão estoica. — O quê?
Não. Porra, não. Não vamos terminar. Não diga merdas assim.
— Eu sei que não vamos, — ele diz simplesmente, revirando os olhos. —
Acho que você só precisava se lembrar disso.
— Como vai funcionar? — Eu pergunto, quando de repente um pensamento
me ocorre. — Você poderia vir comigo.
Ele bufa, balançando a cabeça enquanto empurra meu peito. — Isso não é
possível. Você sabe que serei iniciado assim que as aulas terminarem. Eu tenho os
Aces, Liza, June, minha mãe. Tenho pessoas de quem preciso cuidar aqui.
No fundo, eu sabia que ele diria isso. Silas é tão leal. Ele nunca deixaria as
pessoas de quem gosta sem proteção e segurança, especialmente enquanto seu pai
e seu irmão estão presos. Era um coisa estúpida de se mencionar em primeiro lugar,
egoísta até, mas eu tinha que tentar.
— Nós vamos ficar bem, — ele sussurra em um tom tão suave que me faz
querer acreditar nele.
Pressiono minha testa contra a dele, inspirando e expirando profundamente,
tentando entrar nele o máximo que posso. — Como?
— Porque somos nós, — ele responde, levantando meu queixo com o dedo
indicador para que nossos olhos se encontrem. — Porque eu amo você, Blaine
Yates. Não estou planejando ser apenas seu primeiro amor. Estou planejando ser
seu último também.
— Papai acha que sou ingênuo, — admito, lembrando-me da conversa que
tive com ele outro dia sobre Silas e eu. Ele não está totalmente contra nós, mas
tentou me dar conselhos. — Ele diz que esta é apenas uma fase da adolescência
pela qual todo mundo passa. Ele disse que as pessoas por quem nos apaixonamos
aos dezoito anos nem sempre serão aquelas com quem acabaremos.
— Bem, seu pai é um idiota, — ele retruca, com um brilho furioso em seus
olhos. — Ele não sabe nada sobre nós. As pessoas vão pensar que somos loucos?
Claro, mas foda-se o que todo mundo pensa.
— Eu sei que você é tudo para mim, Si, — eu sussurro contra seus lábios,
esfregando meu nariz no dele. — Mas não suporto a ideia de estar tão longe de
você. Não quero que briguemos e terminemos.
Ele ri sombriamente. — Você acha que vou deixar você terminar comigo?
Não, bebê, você está preso. Vou dirigir até New Haven e te foder até que você se
lembre disso.
— Eu poderia ir para a Georgia, — sugiro, o pensamento crescendo em
minha cabeça e, pela primeira vez, não parece tão ruim. — Dessa forma, eu estaria
a apenas uma hora de distância. Eu poderia voltar para casa nos fins de semana ou
até mesmo viajar todos os dias.
Ele balança a cabeça novamente enquanto tira meu cabelo da testa e o beija.
— Foda-se essa merda. Você tem que fazer o que é melhor para você.
— Você é o melhor para mim.
— Eu sei, então é melhor você ouvir o que estou dizendo. — Ele segura meu
rosto entre as mãos, sorrindo tão docemente, me lembrando o quanto eu significo
para ele. — Você vai para Yale, ficaremos juntos e tudo ficará bem. Eu prometo.
A esperança que foi destruída hoje volta à vida. Silas nunca quebrou uma
promessa e não a faz levianamente. Tenho que acreditar que se ele disser que tudo
vai dar certo, então vai dar certo.
— Você sabe o que eu estava pensando hoje cedo? — Ele gentilmente me
afasta e me deita de costas.
— O quê? — Eu pergunto, inclinando a cabeça para ele.
Ele morde o lábio inferior, parecendo dividido por um segundo antes de
xingar baixinho. — Merda, Blaine. Você não vai usar isso contra mim. Estou prestes
a ficar todo piegas e porcaria, e não quero mais ouvir sobre isso depois disso,
entendeu?
Concordo com a cabeça, meu coração começando a acelerar com o que ele
poderia dizer. Ele começa a tirar meus sapatos e meias lentamente, seus olhos
evitando os meus enquanto ele começa a falar.
— Então eu te amo. Eu te amo mesmo não merecendo você. — Abro a boca
para falar, mas ele me cala com um olhar. — Nem tente discutir. Comparado a
mim, Blaine, você é tudo.
Uma vez que meus sapatos estão fora, ele tira meu cinto com calma, batendo
suavemente em meu quadril para que eu possa levantar minha bunda e ajudá-lo a
tirar minha calça jeans.
— Então, isso me fez pensar, como diabos eu deveria mostrar ao meu cara o
quanto ele significa para mim? — Ele beija meus dois tornozelos, passando a língua
até chegar à parte interna da minha coxa antes de pegar minha camisa. — Eu sinto
tanto por você, muito mais do que ‘eu te amo’ jamais poderia dizer.
Lágrimas brotam dos meus olhos e desta vez eu as deixo cair. Tudo o que ele
está dizendo torce meu coração da melhor maneira possível. — Continue.
Ele sorri, passando a mão pela minha barriga nua antes de eu me sentar e
ajudá-lo a tirar a camisa. — Mesmo que meu futuro aqui esteja definido, você me
fez acreditar que valho mais. Você olhou além de todas as minhas besteiras e
descobriu quem eu era de verdade. Não consigo imaginar como poderia retribuir
isso.
— Só por ser você, — respondo gentilmente, fechando os olhos brevemente
com um gemido quando ele se abaixa e coloca um dos meus mamilos em sua boca.
— Si…
Ele sai, mantendo seus olhos conectados com os meus enquanto rasteja de
volta pelo meu corpo. Então ele morde a barra da minha cueca, e vê-lo tirá-la com
os dentes é a coisa mais erótica que já vi. Quando ele os tira, ele os joga atrás dele.
Ele pega um pacote de lubrificante do bolso antes de trabalhar em suas próprias
roupas, enquanto continua falando.
— Então, pensei, se as palavras não podem dizer como você mudou minha
vida, talvez haja outra maneira de fazer isso. — Ele tira sua última peça de roupa
e depois se joga em cima de mim. — Então, Blaine Yates, não vou te foder. Estou
prestes a fazer amor com você.
Porra, chorar muito não é sexy. Eu preciso me recompor. Estico a mão para
esfregar os olhos, mas o aperto mortal de Silas em meu pulso me impede.
— Não, — ele sussurra, inclinando-se para beijar minhas lágrimas. —
Sempre houve besteira entre nós. Vai continuar assim. Quero saber tudo o que você
está sentindo. Se você vai chorar por mim, eu quero ver.
— Ok, — eu sufoco, pegando seus lábios quando ele vai para minha outra
bochecha. Eu quebro seu aperto e jogo minhas mãos em volta de seu pescoço,
agarrando-me desesperadamente a ele. — Mostre-me.
Com um último beijo de despedida em meus lábios, Silas começa sua jornada
pelo meu corpo. Ele para em todos os lugares – meus mamilos, minhas laterais, meu
umbigo, meus quadris – o tempo todo, mordendo, chupando e acalmando a dor
com a língua. Quando ele me leva em seu boca, as manchas douradas em seus olhos
castanhos brilham quando seu olhar se conecta com o meu. Ele lambe uma longa
faixa no meu pau, bombeando-me suavemente com uma mão enquanto a outra
massageia minhas bolas. Uma vez satisfeito, ele empurra minhas coxas para trás e
eu me abro para ele imediatamente. Ele corre o nariz para cima e para baixo na
minha dobra antes de dar um leve beijo em meu buraco.
Quando ele começa a me abrir com a língua e os dedos, é tudo que eu nunca
soube que precisava. Tudo é lento, tudo é amoroso e tudo é cuidadoso.
— Olhe para mim, — ele sussurra enquanto desliza para dentro de mim,
embalando meu rosto com uma mão enquanto a outra esfrega o topo da minha
cabeça. — Pode sentir isso?
Seus deslizamentos lentos me dizem tudo que as palavras nunca poderiam
expressar. Cada impulso suave, cada beijo nos dedos dos pés, cada toque terno me
mostra que sou a coisa que ele mais ama neste mundo.
Nunca imaginei que o amor pudesse ser assim.
— Eu te amo, — eu sussurro, fechando os olhos por um momento enquanto
deixo o que ele está fazendo com o meu corpo me dominar. — Si, nunca vou amar
ninguém tanto quanto amo você.
— Com certeza, — ele diz, sorrindo enquanto agarra meu pau e dá o mesmo
tratamento lânguido. — Você pode gozar assim, querido? Bem devagar?
Eu posso e faço isso, explodindo em suas mãos com um grito silencioso. O
calor me preenche enquanto ele grunhe antes de me beijar apaixonadamente
enquanto goza comigo. Estamos sem fôlego, um pouco suados por causa do ar frio
da Georgia, e ele ri contra meus lábios.
— Nunca vamos falar sobre isso, — ele repete, dando o mais brega dos beijos
na minha bochecha e na minha testa. — Mas agora você sabe.
Concordo com a cabeça, passando as mãos pelos seus cabelos macios,
amarrando-o a mim para que ele não possa sair. — Eu faço.
— Deixe-me dar uma olhada, — diz ele, desembaraçando-se apesar dos
meus protestos. Ele desliza lentamente antes de empurrar minhas pernas no ar e
olhar para o meu buraco. Ele lambe os lábios, olhando para mim através dos cílios.
— Tenho que tirar uma foto disso. Material de punheta para quando você for
embora.
Eu não posso evitar. Começo a chorar de novo. O que aconteceu foi tão
intenso, e meu coração está partido por saber que só me resta uma quantidade
limitada desses momentos. Silas sabe o que estou pensando e deita a cabeça no meu
peito, entrelaçando nossas pernas.
— Não será para sempre, — ele promete, brincando com a mecha de cabelo
escuro na base do meu pau. — Vai ficar tudo bem.
Mas não tenho muita certeza de como devo continuar e viver minha vida
sem a outra metade de mim. Em um momento de clareza, percebo que não éramos
nada mais do que amigos de foda que se odiavam antes. Não consigo nem imaginar
uma época em que não estivesse mais perdidamente apaixonado por Silas Richards.
E sempre serei, não importa o que aconteça.
QUARENTA E CINCO

Silas

Os dias estão passando rápido, rápido demais, e estou começando a ficar


preocupado com a distância que em breve haverá entre Blaine e eu.
Acredito em nós e sei que podemos fazer funcionar com a distância, mas
odeio que tenhamos que fazer isso. Eu deveria poder ir com ele, mas minhas
obrigações estão aqui e não há nada que eu possa fazer para mudar isso.
Jogo a prancheta na mesa, levantando-me do banco, precisando de um pouco
de ar. Quase nunca sinto falta de fumar, mas é em momentos como esse que eu
gostaria de fumar um cigarro. Não consigo explicar, mas sinto uma raiva
irracional. Talvez seja porque eu sei que meu tempo com Blaine está diminuindo e
sou impotente para impedir isso.
Afasto-me da frente da loja e vou em direção aos fundos. Há uma caixa cheia
de recipientes vazios de óleo de motor e eu recuo, chutando a caixa com toda a
minha força, ficando satisfeito com a forma como ela se espalha pela garagem.
Por que não posso ser outra pessoa? Por que tenho que me sentir sufocado
pela culpa por querer algo que deveria ter?
— Caramba! — Eu rosno, estendendo a mão e segurando meu cabelo
enquanto giro lentamente. Sinto como se estivesse encurralado. Não por causa de
Blaine, mas por causa das minhas circunstâncias complicadas.
— Algo em sua mente?
Viro meu olhar para o lado, notando Whaley, Badge e alguns outros membros
parados ao redor de um carro em que estão trabalhando, todos olhando para mim
como se eu tivesse crescido três cabeças.
Merda, quando eles voltaram e como diabos eu não os notei quando voltei
para cá? Minha cabeça deve estar mais confusa do que eu imaginava.
— Nada, — eu digo com um suspiro, sentindo uma onda de derrota. Não é
como se falar sobre isso fosse adiantar alguma coisa. — Desculpe, estou bem.
Whaley estreita os olhos, examinando meu corpo e provavelmente
procurando um motivo para me despedir por causa do meu comportamento mal-
humorado. Depois de um momento, ele se vira para os homens ao seu redor e os
afasta. — Deixe-nos por um momento.
Quando Whaley dá uma ordem, todos escutam. Sem sequer dizer uma
palavra, os membros mais velhos saem da loja até ficarmos só nós dois.
Meus ombros ficam tensos quando um balde de cinco galões é virado e
deixado cair ao meu lado. Whaley se senta, mas não diz nada, pega seu maço de
cigarros e acende. Então ele dá uma gorjeta em sua oferta, mas eu recuso, sabendo
que meu cara ficaria chateado se eu fizesse isso.
— Não fuma mais? — ele questiona, dando uma tragada profunda, a fumaça
cheirando incrivelmente bem.
Eu balanço minha cabeça. — Blaine não gosta disso.
Ele faz um som pensativo, sacudindo a fumaça enquanto olha ao longe. — O
que deixou você tão arrasado? É sobre Blaine?
Solto outro suspiro, sentando em uma mesa de metal ao lado dele, sem saber
o que dizer. Como posso dizer ao homem que foi como um segundo pai para mim
durante toda a minha vida que quero ir embora? Que eu não quero mais fazer
parte da família dele? Que quero abandonar este lugar e me estabelecer em algum
lugar novo com Blaine?
Parece egoísta, como se eu estivesse escolhendo o amor em vez da família ou
cuspindo em tudo que Whaley fez por mim, mas também não é isso. Mesmo antes
de Blaine, eu queria uma vida diferente, e tê-lo só me faz querer mais.
— Não sei o que dizer, — murmuro, tentando vasculhar meus pensamentos.
— Talvez comece com a parte mais simples, — ele oferece, mas eu apenas
bufo, porque nada sobre o que estou sentindo agora é simples. Tudo parece
catastrófico, com potencial para arruinar todos os meus outros relacionamentos.
— Tenho certeza de que não é tão complicado quanto você está fazendo parecer.
— Ele cutuca minha perna com o ombro. — Só fale. Deixe sair. Comece com o que
quiser. Não precisa fazer sentido. Você pode até ir do meio e voltar. Ou, inferno, o
fim. Vamos analisar isso juntos.
Eu balanço minha cabeça. — Você faz isso parecer fácil.
— Nem tudo na vida precisa ser complicado.
Soltei um suspiro profundo. Se ele quer a verdade honesta, tenho que contá-
la a ele. Nunca me considerei um covarde, mas talvez tenha sido por manter meus
desejos pessoais em segredo.
— Se você tivesse a oportunidade de sair e se estabelecer em outro lugar,
onde ninguém te conhecesse, onde você pudesse ser qualquer pessoa, alguém que
você realmente quisesse ser… Você aproveitaria?
— Então, isso é sobre Blaine. — Ele apaga a fumaça e acende outra, com um
olhar distante enquanto pensa nas minhas palavras. — Em algum momento da
minha vida, eu provavelmente teria dito sim às suas perguntas, mas agora? Não
tenho nada pelo qual valha a pena partir. Minha vida está aqui, minha casa, o
caminho que tracei para mim. Isto é onde eu pertenço. Estou com as pessoas com
quem devo estar.
Meu estômago afunda porque eu sabia que ele não entenderia. —Sim...
— Mas não é assim com você, Silas.
Minhas sobrancelhas franzem e eu dou a ele um olhar questionador. — O
que você quer dizer?
— Esta vida, as coisas que fazemos, as coisas que sacrificamos, não é para
todos, — diz ele, sorrindo com simpatia. — Eu sabia desde que você era jovem que
estava destinado a ser algo diferente de um Ace. Você sempre teve muito mais
potencial do que imagina.
Foda-me, eu coro. — Eu realmente não sou tão bom.
— Besteira, você literalmente configurou todo o meu sistema de faturas para
a loja. Você cuida de todos os meus pedidos, contatos e basicamente administra
meus livros. Você faz orçamentos mensais e administra o dinheiro para mim... —
Ele ri sozinho antes de seus olhos voltarem para os meus. — Você faz muito mais
do que imagina, sem falar que aprende rapidamente.
— Mas isso é tudo básico, — argumento. — Qualquer um poderia fazer isso.
— Então por que ninguém antes de você fez isso? — Dou de ombros, sem ter
uma resposta. — Exatamente.
Eu jogo minhas mãos para o alto em frustração. — Mas que tipo de trabalho
eu poderia ter com isso? Tenho sorte de me formar com minhas notas.
— E Blaine? — ele questiona, inclinando a cabeça para o lado, parecendo
legitimamente curioso. — Quais são os planos dele?
— Ele é tão inteligente. Ele foi aceito em Yale. Ele vai ser médico, sabe? — Eu
sorrio porque estou muito orgulhoso dele. Eu adoro o fato de poder me gabar do
meu cara. No entanto, listar todas as suas realizações apenas me lembra o quão
diferentes somos no final. — Ele tem todos esses sonhos e aspirações. Ele é incrível,
e aqui estou eu, sem objetivos, sem futuro, sem nada à vista pelo que esperar.
Por que diabos estou dizendo todas essas coisas? Pareço patético, reclamando
dessa merda para Whaley. Eu deveria simplesmente engolir isso e ser um homem
como meu pai diria.
— Yale? Droga, isso é impressionante. — Whaley parece surpreso por um
breve momento antes de continuar. — Então, Connecticut?
Concordo com a cabeça, tentando afastar minha tristeza. — Tão longe de
mim.
— É isso que te deixou tão chateado? A ideia de um futuro sem Blaine?
Estamos falando sobre o amor da minha vida estar a milhares de quilômetros
de mim, claro que está. — Sim.
Ele contempla algo, parando e inalando uma lufada de fumaça antes de falar
novamente. — Tenho um amigo lá, dono de uma garagem. Ele geralmente contrata
aprendizes e os ajuda a abrir seus negócios. Não tenho certeza se é próximo de Yale,
mas ele me deve um favor. Posso ligar para ele e marcar algo para você.
Meu coração está batendo tão forte que estou quase esperando que ele
exploda em meu peito. De jeito nenhum ele está dizendo o que eu acho que ele está
dizendo.
— O-o quê? — Gaguejo, tentando entender suas palavras. — Você está
falando sério?
Ele balança a cabeça antes de apagar a fumaça. — Eu não mentiria. Se for
algo que você deseja, algo que irá ajudar a aliviar seu fardo, ficarei feliz em fazer
isso por você.
— Whaley, — começo, ainda me recuperando da oferta. — Eu nem sei o que
dizer.
— Basta dizer obrigado. Diga: 'Eu seria burro se não aceitasse isso'. Diga:
'Whaley, você é o melhor cara que já conheci, e estou tão feliz que você vai me
ajudar', — ele provoca, sorrindo como se fosse o homem mais engraçado do
mundo.
— Foda-se, — deixo escapar, e quase engasgo com minha própria saliva,
porque acabei de dizer foda-se para Whaley.
Ele começa a rir, parecendo anos mais jovem do que seus meros trinta e cinco
anos. É uma loucura como algo tão simples pode transformar seu rosto. Whaley é
sempre tão sério, tão estoico, e é bom vê-lo assim, para variar.
— Você vai ficar bem, garoto, — ele me diz, apertando meu ombro
afetuosamente quando se levanta. Sua boca se abre como se ele estivesse prestes a
dizer mais alguma coisa quando somos interrompidos pelo discurso de Bunky
enquanto ele invade a garagem.
— Eu vou enlouquecer! — Bunky grita, jogando as mãos para o alto, falando
apenas com ele mesmo. Acho que ele nem percebe que estamos aqui. — Quão
difícil é encontrar a porra de uma peça para esta motocicleta? Vou morrer antes
de terminar, droga! Vida é uma merda!
Estou prestes a ir atrás dele quando Whaley estende a mão para agarrar meu
braço. — Não, eu entendi. Vá contar a boa notícia ao seu namorado.
Então ele se foi, seguindo atrás de Bunk irritado, e fiquei sozinho com meus
pensamentos acelerados.
Fico paralisado, as palavras de Whaley não parecem reais. Posso realmente
ter a vida que desejo? É tão fácil?
Meu telefone toca e eu o pego, sorrindo quando vejo que é uma mensagem
de Blaine.

ATLETA ARROGANTE
Ei, você usou meu desodorante esta manhã? Você sabe o quão nojento isso é?

Balanço a cabeça com uma risada, digitando uma resposta rápida antes de
afastar meu telefone.
É tão doméstico, tão brega, tão diferente de tudo que eu pensei que teria.
Sim, talvez as coisas possam ser assim tão fáceis, afinal.
QUARENTA E SEIS

Silas

— Hum, onde estamos?


Olho em volta com uma sobrancelha levantada. Não é óbvio? —Estamos em
uma Drag Racing.13
O queixo de Blaine cai, observando enquanto os pilotos rolam suas
motocicletas ao redor dele, encolhendo-se quando uma garota bêbada quase o
atropela. — Silas... Hum... Essa é a sua definição de um encontro romântico?
Bem, quando ele diz assim, talvez não seja.
Quando pedi ajuda à mamãe sobre onde levar Blaine para um encontro, ela
não ajudou muito. Tentei vasculhar meu cérebro em busca de um lugar onde
pudesse levar Blaine e que ele adorasse, então pensei que talvez ele gostasse do
lugar que eu mais valorizo.
Com a minha agenda, faz muito tempo que não vou a uma corrida, então,
como nós dois estávamos livres esta noite, consegui alguns ingressos. Eles não eram
baratos, mas eu não me importava. Eu realmente pensei que Blaine veria o que
havia de tão especial nisso.
— Você gosta disso? — Eu questiono lentamente, avaliando sua reação.
Meu doce bebê engole em seco antes de fingir um sorriso. — Eu amo isso?

13 Drag racing é um tipo de corrida automobilística em que automóveis ou motocicletas competem, geralmente

dois de cada vez, para serem os primeiros a cruzar uma linha de chegada definida.
Droga, eu estraguei tudo. Estou me culpando por isso. Por que não organizei
um jantar romântico à luz de velas e encerrei a noite? Eu poderia talvez tê-lo levado
para as montanhas ou algo assim e montado uma tenda do amor. Isso é uma coisa,
certo? Acho que ele até prefere voltar para o campo com aquelas vacas que ele
tanto adora.
Mas não, minha mente genial escolheu aqui.
— Não precisamos ficar, — apresso-me rapidamente, mas meu olhar é
atraído para uma Venom 250cc que passa por nós. Quando Blaine estala os dedos
na frente do meu rosto, percebo que posso ter ficado olhando por muito tempo. —
Desculpe.
— Não, você não precisa, — ele diz com um suspiro antes de dar outra olhada
ao redor e encolher os ombros. — Quer dizer, pode ser divertido, certo?
Deus, eu realmente quero ficar e assistir a uma corrida, mas se Blaine não
gostar, então iremos embora. Esta noite deveria ser sobre nós e as notícias que
preciso compartilhar com ele.
— Que tal irmos para outro lugar? — Digo a ele, puxando sua mão na
direção do estacionamento. — Podemos vir aqui outra hora.
Ele finca os calcanhares e balança a cabeça. — Vamos pelo menos pegar um
pouco de comida. Você não tinha algo que queria me contar?
— Sim. — Concordo com a cabeça, sentindo que talvez agora não seja o
momento certo. — Mas podemos conversar mais tarde.
— Não, eu quero saber, — ele insiste com outro aceno de cabeça. —Você
parecia tão animado mais cedo e não quis me contar. O suspense está me matando,
Si.
— Blaine, mais tarde.
— Não. Diga-me agora.
Eu rosno em advertência. — Bebê…
— Oh vamos lá! — ele grita, jogando as mãos para o alto. — Apenas vá em
frente.
— Bem! Estou me mudando para a porra de Connecticut com você! Você
pode calar a boca agora?
Foda-se ele por me fazer dizer isso assim.
Blaine pisca para mim repetidamente, boquiaberto enquanto me encara
estupidamente. — Espere o quê?
— Você me ouviu, — eu mordo, cruzando os braços sobre o peito. —Eu vou
com você. Agora, podemos dar uma olhada em algumas motocicletas?
Dou um passo para trás, envergonhado comigo mesmo, mas Blaine me
arrasta de volta para ele.
— Essa conversa ainda não acabou, — ele brinca, agarrando meus quadris.
— O que você está dizendo? Você realmente vem comigo?
Suspiro, minha irritação desaparecendo quanto mais olho em seus olhos
esperançosos. — Sim. Whaley tem uma ligação na Costa Leste. Vou ser aprendiz na
loja dele. Está tudo resolvido.
Ele balança a cabeça lentamente. — Mas e os Aces?
— E eles? — Eu digo, e mesmo agora, as palavras ainda parecem estranhas
na minha língua. — Eles não são meu futuro. Você é. Onde quer que você vá, eu
também vou. Vamos sair desta cidade e construir uma vida para nós mesmos.
— E sua mãe? O que ela disse?
— Ela está completamente de acordo. — Na verdade, ela estava em êxtase.
Ela me abraçou pelo que pareceram horas enquanto me dizia o quanto estava
orgulhosa de mim. — Até comprei minha primeira mala. Você sabia que eles eram
tão caros?
— Não acredito que você faria isso por mim, — ele me diz, quase horrorizado
e ignorando minha última pergunta. — Eu não quero que você se arrependa.
Arrependido? Arrepender-me dele? Nunca. Mas é mais do que isso.
Não estou fazendo isso apenas por Blaine, mas também por mim mesmo.
Estou aceitando todas as promessas que ele e mamãe veem em mim e realmente
fazendo algo com elas. Ele me mostrou que eu valia a pena e acho que finalmente
acreditei.
— Eu não vou. É o melhor para mim também, — digo rapidamente. —O que
você diz? Quer um colega de quarto no outono?
Ele abre o maior sorriso que já vi e se joga em meus braços despreparados.
Nós tropeçamos um pouco enquanto ele embrulha suas pernas em volta da minha
cintura, mas eu nunca o deixaria cair. Eu o seguro, apertando-o contra meu peito,
sabendo que a vida que vamos construir juntos vai valer a pena todas as besteiras
que passamos.
O calor aumenta em meu estômago enquanto ele se esfrega contra mim. Era
para ser uma viagem romântica, mas sei que meu bebê tem outros pensamentos.
— Se você continuar fazendo isso, perderemos a corrida.
— E? — Ele brinca, se afastando para poder lamber a costura dos meus lábios.
— Eu quero você agora.
Quem sou eu para negá-lo?
Eu o puxo para um beijo, não dou a mínima quando as pessoas andam ao
nosso redor. No meio de uma corrida que cheira a óleo e fumaça de cigarro, é a
coisa mais romântica que já aconteceu comigo.
— Quero fazer algo diferente desta vez, — diz Blaine, passando o polegar
pelo lábio inferior enquanto se abaixa de volta ao chão.
— O que é? — Eu pergunto, disposta a dar a ele tudo o que ele quiser. Quer
interpretar policiais e ladrões? Estou dentro. Me amarrar e me bater? Então posso
dizer que tentei uma vez.
Mas o que ele diz me choca profundamente.
— Eu quero que você me foda como se me odiasse.
Meus olhos se arregalam e quase engasgo com a língua. — Você o quê?
— Você me ouviu, — ele respira contra minha boca, mãos caindo para
acariciar minha virilha através do meu jeans. — Eu te amo e amo como você faz
amor comigo, mas não quero isso agora. Quero que você me foda como se não
suportasse me ver. Quero que você me domine como se eu fosse apenas sua
vagabunda. Você pode fazer isso por mim?
Quando ele coloca dessa maneira, absolutamente, porra.
— Marinara? — Eu pergunto, envolvendo minha mão em sua garganta.
Ele engole em seco, balançando a cabeça enquanto fecha os olhos. —
Marinara.
Sem qualquer aviso, uso o aperto que tenho em sua garganta para arrastá-lo
atrás de mim. Ele me segue, mas luta contra meu domínio o tempo todo. Eu olho ao
redor do nosso cenário. Embora eu não me importe que as pessoas saibam que
Blaine é meu, sou um filho da puta possessivo e não quero que ninguém veja os
bens do meu cara.
A corrida ainda está acontecendo, então todos estão na pista prestando
atenção nisso. Quando avisto um daqueles trailers que eles usam para transportar
as motocicletas, fico impressionado. Ninguém vai verificar isso enquanto o show
estiver acontecendo.
Sorrio maliciosamente enquanto puxo Blaine na minha frente, empurrando-
o de cara no trailer antes de bater a porta atrás de nós. Para garantir, certifico-me
de bloqueá-lo.
Ele se vira, os cotovelos apoiados no chão enquanto parece enojado. — Qual
é a porra do seu problema?
— Você quer saber qual é a porra do meu problema? — Eu rosno, montando
em seus quadris enquanto coloco suas mãos acima de sua cabeça. — É você. Você
me enoja. Andando por aí como se você fosse tão alto e poderoso. Isso me irrita.
E não é mentira. Realmente costumava me irritar que Blaine nunca iria
quebrar. Acontece que esse RPG é mais fácil do que era a fantasia de fãs. Não me
sinto mais assim, de jeito nenhum, mas agir assim um com o outro é como uma
merda de relembrar.
— E você? — ele cospe, tentando lutar comigo, empurrando os quadris para
me afastar dele, o que só serve para aumentar minha ereção crescente. — Você é
apenas lixo de trailer. Nada de bom. Por que você não vai se foder e me deixa em
paz?
Eu me abaixo para lamber uma faixa molhada em sua bochecha. Mordo sua
mandíbula, apreciando o modo como ele sibila de prazer. —Porque alguém tem
que te ensinar uma lição. Vou sujar você, Blaine Yates. Cada vez que você se olhar
no espelho, você se lembrará de como você é patético.
Sua respiração falha e sua luta aumenta. Eu não dou a ele a chance de se
libertar enquanto empurro minhas calças e cueca para baixo e rastejo por seu
corpo. Ele abre a boca, provavelmente para me mandar cair fora de novo, mas eu
forço meu caminho para baixo em sua garganta de uma só vez, efetivamente
calando-o. Jogo minha cabeça para trás, gemendo diante de seu grunhido de
surpresa.
Olho para ele, esfregando meu polegar com ternura em seu lábio inferior, e
ele estreita os olhos para mim. Ele bate na minha coxa, então eu saio, esperando
precisar me desculpar, mas em vez disso ele apenas grita comigo. — Não fique todo
carinhoso comigo, seu idiota.
Eu levanto uma sobrancelha para isso. Porra, isso é quente. Concordo com a
cabeça, puxando sua cabeça para trás pelas raízes e entrando nele novamente.
Assim como ele quer, eu fodo seu rosto forte e rápido, sem mostrar piedade ao meu
bebê perfeito. Lágrimas estão se acumulando em seus olhos, ranho e saliva cobrindo
suas bochechas e queixo, e eu fico selvagem com isso.
— Olhe para você. Que porra de vagabunda, — eu rosno, brincando com
sua fantasia. — O que aconteceria se o grande e velho prefeito Yates descobrisse
isso? O que ele pensaria se seu filho se sujasse com um bandido?
Eu saio rapidamente, mas não dou a Blaine a chance de respirar enquanto o
viro. Sem desfazer seu cinto, puxo sua cueca e calça por cima de sua bunda,
sabendo que a mordida do zíper contra seu pau deve ser desconfortável.
— Você é um idiota, — ele rosna, mas se empurra contra mim enquanto fala.
— Por que eu iria querer foder alguém como você?
Tiro o lubrificante da minha carteira para prepará-lo. Eu sei que ele quer
sexo sujo e cheio de ódio, mas me recuso a machucá-lo de verdade. O que eu faço,
no entanto, é provocar seu buraco antes de entrar nele com dois dedos ao mesmo
tempo. Seu grito se transforma em um gemido, e sei que ele adora.
— Porque eu sou o único que vai te foder direito, — eu cuspi, dando um tapa
forte em sua bunda. — Você vai sentir essa dor e saber que eu fui sua ruína.
E de certa forma, eu era. Eu o ajudei a se livrar das correntes que o
mantinham naquele maldito pedestal perfeito. Pode ter começado por despeito e
ódio, mas se transformou em amor. Ele não é mais o Blaine Yates perfeito e eu o
amo ainda mais por isso.
Eu me inclino sobre ele, pressionando meu peito contra suas costas enquanto
mordo sua orelha. — Marinara?
— Nunca, — ele murmura, balançando a cabeça.
Eu rio com isso, e quando sinto que ele está esticado o suficiente, alinho meu
pau com seu buraco e mergulho de uma vez. Ele grita, mas é de prazer e nada mais.
Começo um ritmo brutal, batendo em sua bunda a cada estocada, deleitando-me
com a maneira como suas bochechas rechonchudas ficam vermelhas.
Porra, adoro marcá-lo.
— Como é? — Eu provoco, usando-o como minha manga14 pessoal. — Diga-
me o quão sujo você é.
— Foda-se! — Ele está uma bagunça ofegante e eu adoro estar destruindo-o
desse jeito.
— Diga! — Eu grito, dando-lhe mais um tapa.
Ele treme debaixo de mim enquanto forço seu rosto para baixo, na parte de
trás do pescoço, seu aperto nas saliências de metal do chão deixando os nós dos
dedos brancos. Ele vira a cabeça para poder olhar para mim, o prazer
transformando seu rosto em algo tão lindo. — Eu…
— Me dê! — Eu ordeno, fodendo-o com mais força e mais rápido. —Bebê!

14 Novamente a manga pessoal kkk, brinquedo usado para se masturbar.


— Droga, Silas. Você quebrou o personagem, — ele geme, alcançando seu
pau que está bem escondido atrás de sua calça jeans. —Si, me toque!
Eu não o corrijo sobre o fato de que deveria odiá-lo agora. Ele parece tão
perdido, como se eu fosse sua única graça salvadora. Eu sei que ele está perto de
gozar, então chego por baixo dele, mas não o libero.
— Quero que você goze de jeans, — digo, acariciando-o através do tecido.
— Você vai gozar e sair daqui se sentindo tão doente e perturbado quanto você é.
Ele joga a cabeça para trás, lutando contra meu aperto e gritando meu nome
quando uma umidade repentina atinge a palma da minha mão.
Sim!
Sabendo que só minha boca o fez terminar, só preciso de mais algumas
estocadas até enchê-lo com meu esperma, observando-o escorrer pela lateral de
seu buraco. Descanso minha cabeça em suas costas suadas, rolando minha testa
contra ele.
Mordo o lóbulo da sua orelha antes de lamber e acalmar o local. —Agora
você terá porra em seu jeans e porra vazando de sua bunda. Você vê que afinal não
é tão perfeito?
Ele ri, rolando para poder olhar para mim. Ele beija meus lábios docemente,
ainda sem fôlego. — Aparentemente, estou muito sujo.
Eu bufo, afastando seu cabelo dos olhos enquanto beijo seu nariz. —Amo
você, bebê.
— Amo você ainda mais, — ele responde, sorrindo como um idiota
apaixonado enquanto nos ajudamos a ficar de pé. Ele se contorce de desconforto
enquanto puxa as calças para cima. — Isso parece estranho.
Eu dou um tapa na bunda dele e murmuro. — Não sei. Acho que está meio
quente.
— Claro que sim, — ele murmura revirando os olhos. Ele liga sua mão à
minha e me puxa em direção à porta. — Vamos. Você acha que ainda podemos
acompanhar um pouco da corrida?
Honestamente, não me importo neste momento. Seguro sua garganta
suavemente em minhas mãos e esfrego meu nariz contra o dele. — Eu tenho você
para sempre agora, não é?
— Sim, — ele sussurra, com lágrimas nos olhos enquanto balança a cabeça.
— Para sempre.
E quando saímos do trailer, recebemos um olhar estranho de um dos
atendentes da motocicleta, nos fazendo perder a cabeça. Nós rimos muito enquanto
fugimos do homem que grita.
Fugindo para o nosso futuro.
QUARENTA E SETE

Silas
Eu pareço estúpido.
Esfrego a mão na frente da minha camisa branca bem passada, lutando
contra todos os instintos que tenho de arrancar aquela maldita coisa e queimá-la.
Quem diabos realmente gosta de se vestir assim? Parece que estou pronto para ser
jurado, ou, diabos, para meu funeral.
— Ah, Si, — diz mamãe, ajeitando a gravata em meu pescoço. — Você está
lindo, muito parecido com seu pai.
— Pareço uma versão idiota de James Bond, — murmuro, desejando poder
tirar esse terno. Porra, já estou suando.
— Não, você está ótimo, — ela me garante, batendo palmas de excitação. —
Blaine vai adorar.
Blaine. É melhor que ele fique feliz por eu o amar, porque agora quero
estrangulá-lo por me fazer passar por isso.
Uma luz brilhante pisca um segundo depois, e me viro para ver mamãe
clicando em seu telefone. — Pelo amor de Deus, mamãe, não a câmera.
— Pare de reclamar e deixe-me tirar algumas fotos. Esta provavelmente será
a única vez que verei você vestido assim. — Ela então tira mais uma dúzia.
Sim, ela está certa sobre isso. Não vou nem me vestir assim no meu próprio
casamento. Blaine terá apenas que aguentar. Ele vai se casar comigo com minha
jaqueta de couro e Doc Martens.
Meu telefone toca e eu o pego, revirando os olhos quando vejo que é Blaine.
O merdinha nem está comigo, mas ainda me incomoda pra caramba.

ATLETA ARROGANTE
Se você não se apressar, vamos nos atrasar.

Não me preocupo em responder, guardando meu telefone. — Eu tenho que


ir, mamãe, minha bola e corrente está ficando impaciente.
— Espere, não se esqueça da flor na lapela. — Ela corre até a geladeira,
voltando com a caixinha um momento depois.
— Obrigada, — resmungo, aceitando com relutância. Quem teve a ideia do
baile precisa levar um soco na cara.
Vou para o meu carro e paro quando vejo a tinta de giz com as palavras
‘Buzine para mim, vou para o baile' escritas na minha janela traseira com fitas de
espírito escolar amarradas na minha antena. Isso tem Bunky e Raid escritos por
toda parte.
Estou dividido entre limpá-lo e simplesmente pegar Blaine e acabar
escolhendo o último. Esses filhos da puta vão conseguir os seus outro dia e é melhor
que fiquem felizes por eu não ter tempo para essa merda agora, porque eu os
rastrearia e acabaria com eles.
A viagem até a casa de Blaine é rápida, mas recuo toda vez que ouço uma
buzina. Sim, é melhor Raid e Bunky contarem seus dias.
Saio do carro, ajeitando meu terno e tentando afastar meu constrangimento
quando uma criança passa de bicicleta e buzina de brinquedo. Que diabos? O
universo pode se foder agora mesmo.
Subo os degraus da casa de Blaine e bato com força demais na porta, incapaz
de conter minha irritação. Quando o pai dele responde parecendo um pai
preocupado na noite do baile, sinto vontade de revirar os olhos.
— Silas, — ele diz secamente, olhando-me de cima a baixo, aparentemente
satisfeito com o que vê. — Estou surpreso que você esteja bem vestido.
Sim, somos dois, idiota.
— Blaine está pronto? — Eu estalo antes de perceber que provavelmente
preciso ser mais legal com o pai do meu namorado. Eu limpo minha garganta. —
Quero dizer, posso entrar, senhor?
Ele levanta a sobrancelha, mas dá um passo para o lado para que eu passe.
Estar na casa de Blaine sempre me faz estremecer. É muito plástico, brilhante e
polido, como uma casa modelo.
— Blaine! — seu pai chama lá em cima. — Silas está aqui!
Tento não levar para o lado pessoal quando ele resmunga algo baixinho no
final.
O mesmo, querido papai, o mesmo.
— Já desço, pai! — Blaine grita de volta.
Ficamos em um silêncio constrangedor enquanto esperamos ele descer. Estou
balançando nos calcanhares, girando os polegares, me sentindo um completa
idiota, mas me recuso a bater papo.
Claramente, o pai de Blaine não sente o mesmo quando começa a falar um
segundo depois. — Então, noite do baile…
— Sim. — Suspiro, tentando olhar para qualquer lugar, menos para ele. — É
noite do baile.
Ele estala a língua. — O toque de recolher dele é às onze.
Eu mal consigo conter minha risada. Não é como se eu não fosse entrar pela
janela mais tarde esta noite, de qualquer maneira.
— Claro, senhor, — eu digo, ainda estranho por estarmos tendo uma
conversa um tanto educada. Bato o pé com impaciência, incapaz de aguentar mais.
Toda essa merda estranha é demais, e vou até as escadas, precisando chamar a
atenção do meu cara. — Blaine! Desça aqui antes que eu mude de ideia!
Seu pai engasga em estado de choque com a minha explosão, mas mal
consigo ouvir porque, um segundo depois, Blaine desce as escadas.
— Está bem, está bem. Jesus, te mataria esperar? — ele atira de volta.
Suas palavras se perdem no vento porque, por mais brega que seja, ele me
tira o fôlego. Sim, é nojento pra caralho, mas é exatamente o que acontece.
Blaine parece incrível, quente como o inferno em seu smoking preto justo e
cabelo loiro penteado para trás enquanto desce as escadas furioso. A raiva em seus
olhos só o faz parecer ainda melhor, todo nervoso, do jeito que eu gosto dele.
Não percebo que estou olhando até que ele estala os dedos na frente do meu
rosto.
— O quê?— ele rosna. — Você tinha muito a dizer um segundo atrás.
— Eu...— Jesus Cristo, por que não consigo falar? — Bebê, você é lindo.
Não tenho certeza, mas juro que ouvi o prefeito Yates engasgando ao fundo
antes de sair furioso.
Blaine sorri, aquele grande sorriso aparecendo em seus lábios. — Sim, você
também não é tão ruim. Que bom que você não escolheu o azul. O preto combina
melhor com você.
Como se ele me pegasse em qualquer coisa que não fosse preto. É minha cor
característica... assim como meu coração.
Bem, costumava ser. Agora estou com o pau atado e um marshmallow total
para esse idiota.
— Aqui. — Enfio a caixa de plástico com a flor na lapela que ele insistiu em
ter em mãos. — Combina com seus olhos.
— Ah, olhe para você, tão fofo, — ele brinca, abrindo a caixa e estendendo-
a para mim. — Você deveria colocar isso em mim, sabe?
— Vá se foder, — murmuro, agradecido que o prefeito Yates tenha se
desculpado depois da piada ou ele provavelmente me expulsaria de sua
propriedade por falar com Blaine assim. Ele não sabe, mas é coisa nossa, nossas
preliminares, e não vejo isso mudando. Eu suspiro, tirando isso de ele antes de
esfaqueá-lo em sua lapela. Demoro três vezes para prendê-lo corretamente, mas
finalmente consigo.
— Onde está o seu? — ele pergunta enquanto o ajusta. — Você também tem
um, certo?
— Isso está. No. Carro. — Eu pronúncio cada palavra, querendo acabar logo
com esta noite. — Vamos.
Saio de casa, sem me preocupar em verificar se ele está me seguindo. Eu sei
que ele vai, porque ele está muito animado para ir para essa merda idiota. Abro a
porta do passageiro para ele, ignorando sua gargalhada quando ele vê o que Raid
e Bunky fizeram com meu carro.
— Silas! É...
— Cale a boca, — respondo, batendo a porta do carro assim que ele entra
antes de ir até a minha porta. Não deixo que ele diga uma única palavra enquanto
ligo a ignição e acelero.
Claro, isso não funciona. Tenho que ouvi-lo falar sem parar sobre a
decoração, o orçamento e se alguma garota chamada Marcy acabou consertando a
urna ou não.
Finalmente chegamos à escola e dou-lhe o mesmo tratamento de antes.
Afasto-me depois de desligar o motor, mas ele me alcança rapidamente.
— Ei, — ele diz, me forçando a parar quando ele segura minha mão. Ele me
vira para poder segurar minhas bochechas e dar um beijo suave em meus lábios.
— Obrigado por fazer isso. Eu sei que você odeia isso.
— Sim, — brinco, mas deixo que ele me beije de novo de qualquer maneira
e tento relaxar um pouco. — Tem certeza que não podemos simplesmente voltar
para o trailer e fazer coisas mais divertidas?
Ele balança a cabeça enquanto mordisca o lábio inferior. — Não. Eu sou o
vice-presidente. Temos que pelo menos aparecer, mas mais tarde prometo que farei
com que valha a pena esperar.
— É melhor você fazer.
Praticamente gemo quando ele junta o cotovelo ao meu e entramos juntos. O
lugar parece legal, eu acho. Blaine mencionou o tema era Under the Sea, que é a
coisa mais estúpida que já ouvi, mas ele tem orgulho disso, então tento não cagar
muito na empolgação dele.
— Ficou ótimo, — diz ele, com os olhos brilhantes enquanto aponta para o
arco do balão. — Levei séculos para fazer isso. Landon perdeu a maldita bomba de
ar, então tive que soprar todas elas, uma por uma.
Não posso deixar de apertar sua bunda e sussurrar em seu ouvido: —Eu sei
de outra coisa que você pode explodir15.

15 Trocadilho com explodir, soprar = chupar.


— Pare com isso. — Ele dá um tapa na minha mão. — Mais tarde.
Olho fixamente para ele enquanto ele se afasta para fazer sua reunião
presidencial, mas ele acaba me arrastando junto com ele, e tento não assustar todos
os participantes do baile com minha carranca, mas não funciona. Enquanto Blaine
fala animadamente com eles e pergunta se eles estão se divertindo, eu olho na
direção deles, provavelmente parecendo querer matá-los. Eu realmente preciso
parar de ser tão idiota antes que meu namorado me negue orgasmos mais tarde.
Quando finalmente vejo Raid e Bunky, estou tentando decidir se devo dar um
soco neles agora ou mais tarde pelo que fizeram com meu carro. Eu vou com o
último, sabendo que Blaine me mataria se eu arruinasse a noite dele. Posso adorar
quando ele está bravo, mas prefiro sentir prazer com isso, em vez do tratamento
silencioso pelo resto da noite.
— Que bom que vocês finalmente chegaram, — eu digo a eles.
— Não acredito que você nos fez vim para essa merda, — Raid resmunga,
mexendo na gravata como se ela o estivesse estrangulando. —Sinto-me tão
estúpido.
— Junte-se ao clube, — murmuro. Quando vejo a roupa de Bunky, quase
enlouqueço. — Por que diabos eu não tive essa opção?
Bunky dá um sorriso triunfante enquanto passa a mão pela camiseta do
smoking. — Lacuna. Badge encontrou na Goodwill. Custou-lhe apenas dez dólares.
— Você está tão bonito, Si, — Blaine me tranquiliza, com um olhar quente
em seus olhos. Então ele morde minha orelha, chupando meu lóbulo antes de
abaixar sua voz para que só eu possa ouvi-lo. — Muito fodível. Espiões sensuais
mais tarde?
Deus, não encenação novamente. Meu namorado é um maníaco sexual
escondido. Acabamos de fazer entrega de pizza algumas noites atrás.
— Vocês já pararam? Eu juro, tudo que vocês fazem é foder, — diz Raid com
uma zombaria, enfiando a mão no bolso e tirando seu maço de cigarros antes de
guardá-los de volta.
— Qual é o problema, Raid? Ciúmes? — Blaine questiona, dando um beijo
em meus lábios. — Já volto, preciso verificar as cédulas do baile.
Raid encara a forma de Blaine em retirada antes de se virar para mim. — Eu
não estou com ciúmes e odeio seu namorado.
— Cuidado com a boca antes que eu corte você com o canivete de Bunky.
— Que pena para você, Whaley tirou isso de mim antes de eu partir. Acho
que ele pensou que eu ia ficar louco aqui ou algo assim. — Ele dá de ombros. —
Quer dizer, eu pareço o tipo maluco para vocês?
— Sim, — Raid e eu dizemos simultaneamente.
— Ei, estou realmente animado por estar aqui, — ele defende, gesticulando
ao nosso redor. — Isso é incrível.
Eu balanço minha cabeça. — Você realmente é um idiota.
Blaine volta com dois ponches de frutas na mão. Ele me dá um, mas eu apenas
torço o nariz para ele. — Não estou bebendo isso.
— Eu vou, — diz Bunky, pegando o copo e bebendo-o de uma só vez. —
Porra, sim. Está batizado.
— É o quê? — Blaine pergunta, horrorizado. Ele o leva ao nariz para cheirá-
lo antes de passá-lo para Bunky. — Aqui, você pode ficar com este também.
Seu rosto está comprimido e vejo o jeito que ele está mordendo o interior da
bochecha enquanto sua mente corre. Inclinando seu queixo, eu o forço a olhar para
mim.
— Ei, não é como da última vez, — eu sussurro, tirando um pouco de cabelo
de seus olhos, sabendo que ele está pensando no idiota do Kent. Ele está bem desde
o incidente, mas de vez em quando ele tem momentos que o atrapalham. Acho que
ele realmente precisa conversar com alguém e espero que o faça quando estiver
pronto.
Ele acena com a cabeça uma vez, respirando pelo nariz e exalando os
pensamentos antes de se virar para Raid, precisando mudar de assunto. —Então...
hum... sem encontro?
— Não, — ele responde, mas é muito rápido e faz minhas sobrancelhas se
curvarem. Isso pareceria normal para qualquer outra pessoa, mas eu conheço esse
filho da puta, e essa reação significa que ele está guardando um segredo.
— Tem algo que você deseja compartilhar? — Eu pressiono, o que só o faz
explodir, e Bunky olha entre nós, confuso. Juro que ele nunca sabe o que está
acontecendo.
— Não, não é nada, — ele diz, mas eu não acredito nele. Então ele resmunga
baixinho. — Vou fumar.
Ele se afasta de nós, levando consigo um Bunky em protesto. Blaine franze a
testa enquanto olha para mim. — Eu disse algo errado?
— Não sei, — respondo com sinceridade enquanto aperto sua mão com força
para tranquilizá-lo. — Claro que descobriremos mais cedo ou mais tarde.
— Se você diz, — ele murmura, prestes a dizer mais alguma coisa quando
somos interrompidos pelo barulho do microfone. — Vamos, eles estão prestes a
anunciar o rei e a rainha do baile.
— Quem será o Rei do Baile, — eu corto sarcasticamente, já sabendo que será
Blaine. Quem não escolheria o menino de ouro? Provavelmente é por isso que, um
momento depois, fico chocado quando eles dizem o nome de Landon.
Na verdade, estou um pouco ofendido por Blaine até vê-lo gritando e
torcendo por seu melhor amigo. Seja como for, meu cara ainda é o melhor.
— Eles ficam muito bem juntos, — diz ele, batendo palmas igualmente alto
quando anunciam Maybelline como Rainha do Baile. — Estou feliz que ela esteja
bem.
Sim, o atleta idiota foi implacável e colocou em prática as habilidades de
abertura de armários que eu lhe ensinei, deixando algumas notas bregas até que
ela finalmente cedeu e saiu com ele. Estar com ele aparentemente a acalmou, e eles
realmente funcionam de uma maneira estranha. Ainda bem, porque eu não gostei
dela farejando meu namorado.
Depois que toda a excitação passa, uma música lenta sai pelos alto-falantes
e eu já sei o que Blaine vai dizer.
— Dance comigo, Si. — Ele tenta me puxar para a pista de dança. Eu juro,
ele e minha mãe vão me matar.
— Quantas vezes tenho que te dizer, eu não danço, — rosno. — Vá dançar
com Pom-Pom dois se você quiser tanto.
Ele revira os olhos. — Como se você fosse deixar isso acontecer. — Ok, ele
tem razão. — Por favor, — ele implora, com olhos de cachorrinho à mostra. —
Lembra daquela coisa que faço com minha língua? Dance comigo e eu lhe darei
um prêmio.
Isso me faz cair no chão na velocidade da luz. Colocamos nossas mãos na
cintura um do outro, e tenho que admitir que é legal quando Blaine coloca a cabeça
no meu ombro e suspira feliz.
— É perfeito, não é? — ele respira contra meu pescoço.
Por alguma razão fodida, sorrio enquanto beijo o topo de sua cabeça. —
Talvez um pouquinho.
Nós balançamos juntos por um tempo, e fico surpreendentemente
decepcionado quando a música se transforma em um lixo pop acelerado. Eu queria
gostar de tê-lo em meus braços um pouco mais.
— Absolutamente sem gosto, — eu reclamo, girando Blaine para que suas
costas fiquem pressionadas contra meu peito. — Precisamos trazer algum Lynyrd
Skynyrd aqui.
Ele ri e se vira para roçar os lábios no meu queixo. — Tente fazer isso passar
pela Marcy.
— Ei! Conseguimos! — Landon diz, interrompendo nossa conversa e
aparecendo do nada com uma névoa brilhante sobre os olhos. Acho que ele bebeu
um pouco do ponche. Ele coloca sua coroa na cabeça de Blaine enquanto o sacode.
— Vamos, porra!
Deve haver alguma coisa acontecendo porque eu rio junto com eles. A
música deve estar subindo à minha cabeça ou algo assim. Vejo Bunky e Raid
voltando da fumaça e olho para eles, chamando-os para mim com um dedo. Eles
balançam a cabeça no início, mas algo na minha expressão deve fazê-los perceber
que não estou brincando, porque eles se juntam a nós pouco depois.
Em breve, todos nós estaremos dançando ao ritmo desta música terrível.
Finalmente decido me soltar e aproveitar essa memória estereotipada do ensino
médio. Por que diabos não? É uma das últimas vezes que terei isso com meus
amigos, então é melhor aproveitar. Como diz mamãe, é importante valorizar as
pequenas coisas da vida. Não importa quão estúpidos possam parecer.
Quando uma música diferente toca, Blaine gira em meus braços, e eu
reconheceria aquele olhar em qualquer lugar. Seus dedos brincam com os botões
da minha camisa e ele morde o lábio enquanto seu olhar azul-acinzentado me
sufoca. — Boquete atrás do palco?
Finalmente, algo que posso apoiar. — Só se você usar essa coroa.
— Só não conte para Landon. — Ele ri, agarrando minha mão e me levando
para longe de nossos amigos.
— Então é melhor você fazer isso muito, muito bom.
Ele ri de novo, o som fazendo meu interior revirar e meu coração palpitar.
Todos esses sentimentos estúpidos que eu disse que nunca teria, mas aqui estou, me
afogando neles e acolhendo cada segundo.
Por quê?
Porque é Blaine, porra, Yates e ele faz isso por mim.
EPÍLOGO

Blaine
Um ano depois

— Você vai àquela festa hoje à noite, Blaine?


Meus colegas estão todos olhando para mim com expectativa. Eles já
deveriam saber que não vou a festas. Não o faço desde o incidente com Kent.
Algumas memórias permanecem e não desaparecem, e não quero me colocar nessa
situação nunca mais. Felizmente, com o ex-xerife e Kent presos por alguns anos,
posso dormir mais tranquilo sabendo que a justiça foi feita.
— Não, — digo a eles, subindo minha mochila até o ombro. — Mas obrigado
por pensar em mim.
Amanda olha para mim com curiosidade, os lábios curvados em um sorriso
malicioso enquanto ela balança as sobrancelhas. — É porque você prefere passar
seu tempo com aquele seu namorado gostoso como o inferno?
Eu sorrio também. Todos eles o conheceram e se apaixonaram por seus
encantos de bad boy. Olho para o meu relógio enquanto saímos do prédio. — Ele
deve chegar logo se você quiser dizer oi.
— Não, estamos bem. Precisamos pegar os barris para a festa — diz Troy,
apontando o polegar na direção oposta. — Mas nos mande uma mensagem se
mudar de ideia. Traga Silas também, ok?
Eu concordo. — Vou fazer. Vejo vocês na segunda-feira.
Depois disso, nos separamos e sigo o caminho familiar pelo pátio, em direção
à saída do campus. Olho para o lado e vejo que eles estão inaugurando aquele novo
café que estão anunciando, fazendo uma nota mental para levar meu pai na
próxima vez que ele me visitar.
Papai não tem sido nada além de apoiador este ano. A ajuda financeira dele
além da bolsa de estudos fez com que eu não tivesse que trabalhar enquanto
estivesse na escola. Sei que nem todos têm tanta sorte, por isso agradeço tudo o que
ele fez por mim.
Ele realmente mudou do tipo de pessoa que era quando me expulsou. Eu sei
que ele nunca será o maior fã de Silas, mas pelo menos ele gosta dele agora. Claro,
ele torceu o nariz para o pequeno apartamento onde Silas e eu moramos, e ficou
boquiaberto quando viu que Silas trocou seu carro por uma motocicleta, mas ele
mudou muito de ideia. Ele e Silas até conversam ao telefone em algumas ocasiões -
principalmente sobre mim, quando estou ocupado- demais estudando para ligar
pessoalmente para o papai -, mas uma vitória é uma vitória.
Ao sair pelos portões do campus principal, sorrio ao ver Silas esperando na
beira da estrada. Ele está vestindo a jaqueta de couro normal que usa agora, a Aces
bem guardada no fundo do armário, e está encostado na moto, com os braços
cruzados sobre o peito, parecendo absolutamente entediado. Reviro os olhos para
seu comportamento. É ele que sempre insiste em me buscar sempre que pode.
Quando ele me vê, é como uma mudança completa. Não é como se ele abrisse
um largo sorriso e corresse em minha direção, mas as manchas douradas em seus
olhos se iluminaram. Coloco meus braços em volta de seu pescoço quando o
alcanço, sem esperar nem um segundo antes de beijá-lo e foder sua boca com
minha língua.
Sim, somos totalmente promotores de muitos PDAs, mas quem não seria
quando o namorado deles é tão gostoso?
Ele é o primeiro a recuar, enfiando as mãos nos meus bolsos traseiros. — Teve
um bom dia?
— O melhor, — eu digo, sorrindo brilhantemente. — Eu tirei nota máxima
no exame de química.
Ele não parece surpreso enquanto aperta minha bunda de forma
congratulatória. — Eu sabia que você faria isso. Você passou várias noites
estudando para isso.
— Meu namorado está se sentindo sozinho? — provoco, brincando com as
bordas de sua jaqueta. — Você sente minha falta, Si?
— Cale a boca, — ele retruca, balançando a cabeça. — Não me faça dar um
soco em você.
Eu ri. Ainda temos aquela brincadeira divertida e odiosa com a qual
começamos, a única diferença agora é que ela está envolta em amor e aceitação.
Ainda brigamos, mas sempre acabamos dizendo um ao outro o quanto nos amamos
depois.
— Como foi o trabalho? — pergunto, esfregando o polegar na mancha de
graxa logo abaixo de sua mandíbula. — Você consertou aquela Harley?
Silas está aprendendo na loja de um amigo de Whaley. Ele está lentamente
subindo na hierarquia e chegando perto de se tornar um dos funcionários favoritos
de Huxley. Uma das razões pelas quais vivemos tão modestamente é porque
estamos economizando para ver se, dentro de alguns anos, ele consegue abrir sua
própria loja de restauração de veículos clássicos.
— Não, essa coisa ainda é uma merda, — ele murmura, então olha por cima
do ombro para poder verificar meu relógio. — Você não tem consulta com o Dr.
Howard em uma hora?
Quando comecei em Yale, encontrei um terapeuta que trabalha
especificamente com transtornos de pânico. Não me sinto tão sobrecarregado como
antes, mas estudar para eventualmente me formar em uma faculdade da Ivy League
é estressante demais. Silas está orgulhoso de mim por pedir ajuda e, apesar de
minha condição nunca melhorar tanto, fico feliz em dizer que estou livre de
ataques de pânico há alguns meses.
— Ele teve que remarcar, — digo a ele, passando as mãos pelas laterais do
corpo para agarrar seus quadris. — Acho que como passei no exame mais difícil
que farei neste semestre, devo receber uma recompensa.
Ele aperta o lábio inferior entre os dentes, me girando e me apoiando em sua
bicicleta. — Vejo que é meu bebê quem realmente precisa de atenção.
— Tanta atenção, — eu digo lentamente, me esfregando contra ele. — Leve-
me para casa, Si.
Ele morde meu queixo antes de rir contra minha pele. — Que tal darmos um
passeio?
— Naquele seu taco de beisebol gigante? Absolutamente.
— Talvez mais tarde.
E mais tarde é uma coisa real.
Lembro-me de ter ficado com muito medo quando pensei que perderia Silas
para Yale. Quando ele me disse que iria comigo... acho que nunca fui tão feliz em
toda a minha vida. Agora estamos aqui, vivendo nossas vidas juntos, longe de todas
as besteiras de Brookshire. Eu sei que ele sente falta da mãe, Liza, June e dos Aces,
mas estamos planejando visitá-los durante o verão.
Ele está aqui comigo. Não porque ele me escolheu em vez deles, mas porque
ele escolheu a si mesmo primeiro. Nossa vida juntos pode não ser perfeita -
brigando por causa de compras, sofrendo com o seguro do locatário, equilibrando
nossas horas malucas - mas eu não mudaria isso porque é tudo para mim.
Nós nos separamos para poder subir na motocicleta dele. Ele me entrega meu
capacete e eu o coloco enquanto me sento atrás dele, passando meus braços em
volta dele quando termino. Então pressiono minha cabeça contra suas costas,
esfregando as mãos em sua barriga, e sorrio.
— Eu te amo, Si.
Ele olha por cima do ombro, batendo seu capacete no meu, e posso ver seu
sorriso oculto. — Eu também te amo, bebê. Agora, vamos encontrar alguma merda
para foder.
Jogo minha cabeça para trás de tanto rir enquanto ele liga a moto e sai pela
rua. A vida com ele nunca será entediante e é hora de encontrar nossa próxima
aventura.
Juntos.

O FIM

“Qualquer que seja a composição de nossas almas, a dele e a minha são


iguais.”
Emily Brontë
EPÍLOGO BÔNUS
Quer dar uma espiada em Bunky e Whaley? Assine nossos boletins
informativos para ler o prólogo de Painful Love!
AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer imensamente a todas as pessoas incríveis que


tornaram este livro possível.
Para Ari da Chaotic Creative e Mads da Breathless Lit: vocês dois são PAs
maravilhosos e obrigado por todas as coisas que fazem por nós.
Aos nossos betas, Spicy, Mads e Monique: obrigado por todos os seus
comentários incríveis e pelo quanto vocês aprenderam a cuidar de Silas e Blaine.
Para Polly: obrigado pelas edições incríveis e por nos mostrar tudo o que nem
sabíamos que precisávamos.
Para Melissa: obrigado por usar nossas péssimas habilidades com vírgulas e
nos mostrar a luz gramatical.
O QUE SE SEGUE PARA ADDISON E T
ASHLEIGH

Série King of Aces

Nunca tivemos a intenção de ser uma colaboração ou uma série, mas quando
começamos a escrever a história de Silas e Blaine, nos apaixonamos imediatamente
pelo mundo deles.
Temos planos para mais um livro desta série – incluindo a história de Bunky.
Veremos aonde estes rapazes nos levam.
Obrigado novamente pela leitura, estamos muito animados com o que está
por vir!

Embora a história de Blaine e Silas tenha alguns elementos sombrios, Painful


Love será um amor psicopata com diferença de idade que mostra um
relacionamento um tanto tóxico. Por favor, leia e encomende a seu próprio critério.

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