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EQUIPE PL

Tradução: Dom; Dynha; Lua; Giu;

Crol J.; Maura

Revisão: Ren Benev; Mimi; Paty

Antonia.

Revisão Final: Rosi Teo

Leitura Final: Vicky V.

Formatação: Lola
SINOPSE
Um encontro casual iria acender uma

faísca. O destino iria reavivar a chama.

Dani não acredita no amor. Ela sabe

que o amor só leva a dor de cabeça, como o

assassinato de sua mãe quando ela tinha

apenas quatorze anos. Além disso, namoro é

uma coisa difícil quando seu pai é um dos

chefes do crime mais poderosos na Costa

Oeste.

Assim, em vez de relacionamentos, Dani

acredita em ficar por uma noite. Mas

quando uma aventura casual sai

assustadoramente errada, ela corre para

casa, para a única pessoa que sabe que vai

protegê-la. Seu pai.


Ela não faz isso. Dani encalha na beira

da estrada sem ninguém para ajudá-la.

Exceto Blaze.

Blaze esteve no inferno e voltou. Criado

por sua mãe viciada, o Inferno MC é a

única família de verdade que ele já

conheceu. Como vice-presidente, ele faria

qualquer coisa para proteger o clube.

Quando o destino os coloca juntos,

faíscas voam. Sua atração é inegável, mas

pode este par cansado e ferido encontrar a

felicidade? Ou será que os segredos da

família de Dani destruirão tudo, incluindo

o MC?
PRÓLOGO
Eu escutei seu coração bater, senti sua respiração na
escuridão, sabendo que ele era meu. Este homem tinha
jurado me proteger, este homem que agora me possuía, de
corpo e alma. Eu sabia, dentro de mim, que este era o homem
de que eu seria dona desde o momento em que olhou para
mim, seu olhar irritado e inflexível. Eu não me arrependo de
qualquer parte do sinuoso percurso em que nosso amor nos
levou. Meu único arrependimento era que ele iria nos matar.
CAPÍTULO 1
Indo para casa
Dani

Junho/2009

—Oh sim, Dani, isso é bom. — Billy se aproximou e me


beijou. Quando ele se afastou, vi suas pupilas dilatadas, tão
grandes como um pires. Eu não sabia que ele tinha tomado
alguma coisa. Eu deveria saber que algo estava errado
quando ele foi para o banheiro depois que o ajudei a me
amarrar à cama. Billy não era do tipo de deixar uma garota
esperando.

—Billy, o que você fez? — Minhas palavras foram


pontuadas com respiração irregular quando ele se empurrou
dentro de mim, meu corpo respondendo à familiaridade dele
dentro de mim.

—Shhh—, ele sussurrou. —Não estrague isso, baby. —


Ele beijou meu pescoço, dentes arrastando pela minha pele, e
eu senti uma onda de dor quando ele torceu meu mamilo
entre os dedos. Calor fluiu através de mim quando o meu
corpo respondeu a seus movimentos, mas meus pensamentos
estavam correndo, separado da minha reação física.
Isso era perigoso, sendo amarrada em meu
apartamento, com Billy tão alto como uma pipa. Merda.

—Billy—, eu disse, tentando fazer minha voz soar leve,


não chorosa. —Nós concordamos em não tomar qualquer
coisa, se um de nós fosse ser amarrado, lembra? — Não
depois do que aconteceu em St. Barth, quando ele tinha
chegado chapado e louco, deixando marcas em meus braços,
onde ele me agarrou.

—Não se preocupe tanto—, disse ele. —Relaxe.

Seus movimentos tornaram-se mais rápido, cada vez


mais intenso, e eu podia sentir-me cada vez mais excitada.
Ele tinha um jeito de me excitar, muito rapidamente. Nosso
sexo sempre foi explosivo, desde a primeira vez que ele me
tocou.

Não seja paranoica, eu disse a mim mesma. Ele não vai


fazer nada. É um pouco de coca, isso é tudo. Ele pode ser
selvagem, mas ele não é um psicopata.

Mesmo assim, eu testei as cordas em torno de meus


pulsos, a corda que ele havia pedido do Japão, a mais cara
que ele poderia encontrar. Apenas o melhor de tudo para
Billy. Isso é como as coisas funcionavam quando você era um
Randolph, um membro de uma dessas famílias
emblemáticas, como os Rockefellers ou os Kennedys.

Billy ganhou força, e eu comecei a me perder em seu


toque. Comecei a deixar ir, mesmo que eu estava assustada
ou talvez porque eu estava com medo. Lutei um pouco contra
as restrições, os laços cortando meus pulsos.
Ele é um amigo de foda, e não um namorado abusivo.
Tudo vai ficar bem.

Eu estava perto do orgasmo, quando ele colocou a boca


perto do meu ouvido, seu hálito quente em mim.

—Você vai se sentir mais relaxada em breve—, disse ele.


—Eu coloquei algo extra em sua bebida. — Então eu comecei
a entrar em pânico.

—Merda, Billy, o que você está falando?

Ele nem me ouviu.

—Você já foi sufocada? —, Perguntou.

—Eu não faço esse tipo de coisa, Billy. Eu acho que você
deveria me soltar. — Sua presença aqui foi uma má ideia,
fazer isso era uma má ideia.

Mas ele continuou.

—Cale a boca—, disse ele. —Você é minha, você sabe.


Eu posso fazer o que eu quiser com você. — Por que eu o
deixei usar uma corda para me amarrar? Por que não tinha
usado os laços de seda que tínhamos usado antes, algo do
qual eu poderia escapar?

—Diga isso—, disse ele, me dando um tapa forte no


rosto, minha pele ardendo onde ele me bateu.

—Eu sou sua—, eu disse.

Ele é louco.

—Você é minha. Eu possuo você. — Seus olhos estavam


vidrados, sem foco, e eu não tinha certeza de que ele estava
me vendo. Foi quando eu realmente senti medo, pela primeira
vez desde que eu saí da casa do meu pai.

—Eu sou sua, Billy—, eu disse. Ele pôs a mão no meu


pescoço, e eu pensei: eu vou morrer aqui. Eu vi - Estudante
de Stanford assassinada em apartamento por bizarra prática
sexual - isso é o que as manchetes vão dizer. Caramba, sou
muito jovem para morrer.

—Billy, por favor, — eu implorei. —Por favor, não. —


Lágrimas escorriam pelo meu rosto, quente na minha pele.

Ele me ignorou, trazendo a outra mão no meu pescoço,


sua expressão sombria.

—Você vai adorar—, ele sussurrou as mãos macias


contra a minha pele. Mais suave do que deveriam ser para
alguém que estava prestes a me sufocar.

—Billy, não. Eu não gosto disso. Pare. — Eu mal podia


falar as palavras, mas isso não importava. Ele não me ouviu.

—Você acha que pode morrer? — Em seguida, ele


apertou. O medo percorreu meu corpo, a minha visão borrou
quando meu ar foi cortado. Eu podia senti-lo dentro de mim,
com o rosto em cima do meu, mas ele parecia muito distante.
Antes de escorregar na escuridão, eu me lembrei de uma
cigana que leu minha mão quando eu tinha dezesseis anos.
Ela me disse que eu viveria até os setenta. Eu acho que ela
estava errada.
Luz do sol. Levou um minuto para o meu cérebro
registrar que eu não estava realmente morta. Engoli em seco,
respirações profundas de ar que eu inspirei em meus
pulmões. Eu tinha sido libertada. A corda foi cortada de onde
foi anexada à cabeceira da cama, mas ainda estava ligada aos
meus pulsos, uma faca de cozinha jogada descuidadamente
no chão.

Billy estava desmaiado ao meu lado na cama, com a


respiração pesada enquanto ele dormia. Eu tenho que sair
daqui.

Levantei-me e caminhei lentamente até o banheiro.


Minhas pernas pareciam chumbo. Parei quando me vi no
espelho. Meu cabelo era selvagem e desgrenhado, como se eu
tivesse sido assaltada. Era outra pessoa; está menina, aquela
com os vergões em seu pescoço, não era eu. Meus dedos
traçaram as marcas vermelhas no meu pescoço onde as mãos
de Billy tinha apertado.

Aquilo ia ficar roxo. Meu pai vai matá-lo.

Então uma sensação de calma fluiu através de mim,


como se eu tivesse tomado um Valium ou algo assim. Ou
seja, lá o que Billy tenha me dado na noite passada para
―relaxar‖.

Como se nada fora do comum tivesse acontecido, eu


iniciei minha rotina matinal, tomei banho e apliquei
maquiagem, tentando com uma camada de corretivo esconder
as marcas no meu pescoço. Eu estava estranhamente calma,
imparcial, como se Billy não tivesse acabado de colocar as
mãos em volta do meu pescoço e apertado.

Como se ele não tivesse tentado me matar.

Dobrei a roupa com cuidado, coloquei na minha bolsa


Louis Vuitton, periodicamente olhando para Billy lá deitado
dormindo na minha cama.

Seria tão fácil pegar a faca e mergulhá-la em seu peito.

Em vez disso, deslizei-a sob as cordas ainda enroladas


em torno de meus pulsos, os vergões feios deixando uma
lembrança do que tinha acontecido. Não era como se eu fosse
capaz de esquecer facilmente.

Atirando a minha mochila sobre meu ombro, eu dei ao


apartamento um último olhar. Era provavelmente um erro
deixá-lo aqui no meu apartamento, mas não podia fazer
nada. Peguei sua roupa, telefone e carteira, retirando o
dinheiro antes de jogar o resto em uma lixeira no
estacionamento. Eu não sei por que eu levei as coisas dele.
Não é como se ele não pudesse começar tudo de n ovo; sua
família tinha mais dinheiro do que Deus. Pelo menos seria
inconveniente para ele.

Eu amarrei um lenço em volta do meu cabelo, parecido


com o que já estava no meu pescoço, e dei o fora de lá.
—Papai? — Eu pressionei o celular próximo da minha
orelha, com minha mão em torno dele, esperando que ele não
ouvisse os sons do tráfego. Eu puxei o carro para fora em
uma estrada lateral na saída da cidade, assim o barulho foi
mínimo, mas ainda assim, meu pai era um homem perspicaz.

—Dani? Não tem provas esta semana? — Ele fez a


pergunta como qualquer um dos pais dos meus amigos faria
pais médicos, advogados, gerentes de fundos de riscos.
Exceto que meu pai não era o tipo de gestor de fundos,
médico ou advogado.

—Sim, provas finais. — Minha voz falhou. Diga-lhe que


terminou cedo. Diga a ele o que aconteceu. Diga-lhe que você
está indo para casa.

—Escute Dani—, disse ele, antes que eu pudesse


confessar. —Algo aconteceu.

Meu coração pulou. Será que ele já sabe sobre Billy? Ele
não podia, podia? Meu pai era onipresente, estava em todos
os lugares. Eu nunca iria escapar de seu alcance.

—Papai, eu...

—Não—, disse ele. —Nem sequer comece a discutir


comigo. Vou mandar buscar você.

—O que? Não. — Se ele tivesse me espionando,


grampeado a minha casa? Eu não iria conseguir esconder
dele. Isso soou exatamente como algo que ele faria.

—Não diga nada até eu terminar. É importante. É sobre


o homem que matou sua mãe.
—O que você está falando? — Não, não, não. Isso não
está acontecendo. —Ele está na prisão. Você disse. — Não
que eu já acreditava na história, mesmo quando eu tinha
quatorze anos. Meu pai o havia matado. Uma gravata
cubana, eu o ouvi dizer naquela época. Ele achava que eu
não sabia o que significava.

—Você está em perigo. Foram feitas ameaças. — Sempre


houve ameaças.

—Eu não preciso de uma escolta—, eu disse. Pelo menos


não de um de seus capangas.

—Isso não é negociável. — Nada é negociável com o meu


pai. Ele iria controlar tudo na minha vida, sempre. Era um
fato.

—Eu não terminarei com as provas finais por alguns


dias ainda. — Falei sem querer. Mentir para ele era perigoso,
eu me lembrei. Basta dizer-lhe agora. Você vai ter que dizer
quando você chegar lá. Ele vai ficar furioso.

—Vou mandar alguém amanhã.

—Eu tenho vinte e um. Eu não preciso de uma escolta—


eu protestei. Eu estaria em casa no momento em que ele
descobrir que eu estava mentindo. A última coisa no mundo
que eu ia fazer era sentar aqui e esperar, no mesmo lugar
onde Billy tinha tentado me matar.

—Fim da discussão, Dani.

Com a capota abaixada do conversível, o lenço que eu


tinha envolvido com tanta força em volta do meu cabelo
ameaçava soltar-se no vento, eu pisei com mais força no
pedal do acelerador enquanto percorria a linda 1Pacific

Highway, voltando para casa. Casa. Assim como qualquer


outro estudante universitário normalmente durante as férias
de verão. Exceto que as coisas nunca seriam normais para
mim. Não enquanto eu era filha do meu pai. Eu só podia
imaginar o que meu pai faria agora, quando ele visse o que
Billy fez. O problema é que, indo para casa, eu não tinha
certeza se eu estava assinando a sentença de morte de Billy,
ou meu pai.

1
A Pacific Coast Highway é o nome dado ao trecho da auto estrada State Route 1 ou Highway 1, a maior
estrada costeira da Califórnia, Estados Unidos, que liga as localidades de Dana Point e Oxnard na linha
costeira do sul do estado americano, famosa por cortar deslumbrantes paisagens praianas em sua
extensão.
CAPÍTULO 2
Para cima

Blaze

A loira na cama ao meu lado se mexeu. Qual era a porra


do nome dela? Jessie? Jessica? Jane? Algo com um J. Espero
que seu nome seja ―Judy‖. Eu sempre quis foder uma ―Judy‖,
pensei. Minha cabeça latejava como se alguém estivesse
batendo um prego através da minha têmpora, e eu tentei me
concentrar. Merda. Eu precisava pegar leve nessas festas. Eu
estava ficando velho demais para isso. Fui dar uma mijada,
ainda grogue, mas quando eu voltei, eu definitivamente
comecei a me recuperar com a loira.

Ela estava deitada entre os lençóis sujos, sua bunda,


com uma tribal estampada acima de sua bunda, acentuando
suas curvas. Não que elas precisassem ser acentuadas. Ela
tinha uma bela bunda. Claro, eu não me lembro da noite
passada. De modo nenhum. Esta manhã, embora hoje seja
um novo dia, mesmo com a minha dor de cabeça. Meu pau
estava ficando duro só de olhar para ela.

Deslizei minha mão sobre seu traseiro e ela olhou por


cima do ombro para meu rosto. Sim, eu definitivamente enchi
a cara ontem à noite. Não importa. Eu não preciso olhar para
o rosto dela.

—Ah, querido—, disse ela. —Você não está cansado?

—Eu estava—, eu disse. —Agora eu não estou. — Eu


pressionei meu pau contra ela para que pudesse sentir a
minha dureza. Alcançando seu peito, eu o apertei, sentindo
seu mamilo endurecer ao meu toque. Ela gemeu baixinho, e
eu sabia que eu a tinha.

Eu rolei, pegando um preservativo, e ela me olhou por


cima do ombro enquanto eu desenrolava no meu
comprimento. Ela não era uma garota terrível de olhar -
ainda jovem, provavelmente com trinta e poucos anos, alguns
anos mais novas que eu, com uma boa figura. Não é como
algumas das garotas que você veria em torno dos clubes,
seus peitos caindo em seus estômagos.

Foda-se. Minha cabeça latejava.

A porta se abriu, e Tank estava de pé, emoldurado pela


porta.

—Levante-se, Blaze.

—Hey! — A voz da loira era estridente. —Você não pode


ver que estamos prestes a transar aqui?

Eu sorri.

—Sai fora, Tank.

—O Itchy está pronto para ir.

—Cai fora. Vou conversar com vocês mais tarde.


—Você tem certeza, Veep? —, Ele perguntou, sem se
importar que eu estivesse deitado na cama com uma menina
nua, segurando meu pau. Se eu tivesse que sentar aqui e
conversar com ele, eu ia perder meu tesão.

—Sim, eu tenho certeza—, eu disse, sem fazer nada para


manter a irritação fora da minha voz. —Dê o fora daqui. —
Eu ouvi a porta batendo atrás dele.

Voltei para o meu negócio. Corri meu polegar sobre o


mamilo da garota novamente, ouvindo-a gemer baixinho
enquanto eu a apertava. Os seios dela eram agradáveis,
suaves e naturais, não como um monte de meninas que
viviam no clube. As prostitutas do clube eram em sua maioria
strippers ou meninas que queriam uma amostra grátis, seja
das mercadorias ou dos motociclistas. Eu odiava mais do que
qualquer coisa. Eu poderia beber muito, fumar maconha,
fazer uma linha de coca de vez em quando, mas as drogas
reais? Metanfetamina? Não é a minha área. Essa merda mata
você. Eu tinha muitas outras maneiras possíveis de morrer
de overdose sem essa merda comendo meu cérebro.

—Gosta do que sente? —, Perguntou ela. —Eu aposto


que você não vê seios naturais como estes nas meninas em
LA.

—De jeito nenhum, baby—, eu disse. —Estes são


originais de Palo Alto. — Ela gostou do que eu disse. Ela teria
gostado de qualquer coisa que eu dissesse. Ela estava pronta,
disposta e ansiosa para agradar, provavelmente rondando o
clube tentando ser a senhora de alguém. Não seria a minha.
Eu aconcheguei em seu pescoço, beijando as costas
dela, enquanto eu escorregava minha mão para baixo no seu
corpo, deslizando os dedos entre as pernas. Bom.

—Você está pronta? — Eu sussurrei.

—Eu estou sempre pronta para você, Blaze—, disse ela.

Empurrando as pernas dela, eu mergulhei meus dedos


dentro dela, espalhando-a. Ela estava apertada. Eu desejei
lembrar ontem à noite.

—Aqui. — Eu puxei-a pela cintura, ajudando seus


joelhos quando cheguei por trás dela, meu pau rígido.

—Oh sim, — ela disse, olhando por cima do ombro. —


Vamos lá, Blaze. — Eu provoquei sua abertura com meu pau
e empurrei para dentro dela, entrando com força. Ela jogou a
cabeça para trás quando comecei a foder ela por trás, o
cabelo caindo pelas costas.

Agarrando sua cintura firmemente, eu a segurei


enquanto eu ganhava ímpeto, meus golpes curtos e rápidos.
Eu queria rápido e duro, não dava à mínima se ela gozaria ou
não. Mas ela gemeu, aparentemente gostando do que eu
estava fazendo. Ela chegou até a esfregar-se enquanto eu a
fodia, meus movimentos duros e ásperos. Mas quanto mais
áspero eu era, mais excitada ela ficava, e seus gemidos
ficaram mais altos, comigo deslizando mais fundo nela.

—Sim, querido—, disse ela. —Faça assim.

Eu bati em sua bunda, sua carne sacudindo do impacto


do meu golpe, e ouvi seus gritos, mas não de dor. Seus
músculos se apertaram em torno de mim quando ela gozou,
provocando o meu orgasmo, e calor fluiu através de mim.
Quando terminei, eu puxei para fora dela, batendo em sua
bunda.

—Isso foi bom, Jessica.

—Foda-se—, disse ela. —É Brandi.

—Desculpe, Brandi, — eu disse. —Veja? O sexo foi tão


bom que me fez esquecer o seu nome.

—Boa tentativa—, disse ela, fazendo beicinho. Ela


acendeu um cigarro sobre a mesa, ao lado da cama pequena,
quando ela puxou o lençol sujo em volta da cintura. Ela
soprou a fumaça, o cheiro contribuindo para a cacofonia de
odores no quarto pequeno. O quarto era um local de
descanso na sede do clube, uma sala para os hóspedes do
MC ou um local de foder para os irmãos. Se alguém corresse
uma luz negra sobre ele, todo o lugar iria aparecer branco.
Era nojento. Joguei o preservativo usado no lixo e olhei para
ela.

—Desculpe, Brandi. Sem ofensa.

Ela soprou a fumaça para mim.

—Nenhum problema.

—Eu tenho que tomar banho e ir. Preciso voltar para LA.

Ela apontou para a porta.


CAPÍTULO 3
Encalhada
Dani

Acabei na estrada, abraçando a costa, o oceano azul


brilhante que se estende por milhas além das falésias. Sorte
minha, o céu estava claro e ensolarado. Eu dirijo por aqui
desde que eu engatinhava, mas a neblina estava tão espessa,
que eu estava preocupada em perder uma curva fechada e
despencar para a morte. Claro, eu poderia ter voltado pela
autoestrada para Los Angeles, mas eu precisava da distração
do cenário. A viagem iria me comprar tempo, o tempo para
descobrir o que dizer ao meu pai, como lhe dizer. Eu não
estava no melhor estado de espírito para estar dirigindo. Eu
não estava no melhor estado de espírito para encontrá-lo, ou
o homem que mudaria tudo.

Eu terminei o trecho da estrada mais perigoso. Liguei a


seta, prestes a passar uma minivan lotada até o talo com
crianças e malas, uma família, provavelmente, indo para as
férias, e ultrapassei o carro. Olhei para eles quando eu
passei. Eles não sabem a sorte que estavam tendo. Eu teria
dado qualquer coisa para ter estado em uma minivan quando
eu era criança, acampando e assando marshmallows com os
meus pais normais, com um pai que era um contador chato
em vez do líder de uma gangue do crime organizado. As
crianças naquela van estariam cantando canções em torno de
uma fogueira, não reabastecendo o copo de uísque de seu pai
criminoso, enquanto ele dava ordens enigmáticas a seus
capangas.

—Merda! —, Eu gritei e pisei no acelerador para puxar à


frente da minivan. Da minha visão periférica, eu vi um cara
na moto desviar, e pelo retrovisor, o observei voltando à
estrada. Meu coração estava batendo freneticamente no meu
peito. Eu quase o atingi.

Eu deveria encostar e me certificar de que ele está bem,


pensei. Então, sim, é o que eu preciso fazer. Encostar e
verificar se algum motociclista está bem. Isso é você querendo
ser morta. Esse pensamento era irônico, dado o que tinha
acontecido com Billy. Além disso, eu realmente não tinha
atingido o motociclista. Mas foi um lembrete de que eu
precisava parar e colocar minha cabeça no lugar. Talvez eu
não devesse dirigir para casa depois de tudo.

Meu coração batia forte no peito. Eu respirei


profundamente, grandes respirações calmantes, tentando
fazer com que meus batimentos voltassem ao normal. Foi
apenas um susto, isso é tudo.

Levou meia hora para meu coração acalmar e para me


sentir menos assustada. Eu, geralmente, não era histérica,
mas hoje simplesmente não era o meu dia. Eu já estava
esgotada. Eu deveria olhar e encontrar um bom hotel e
passar a noite relaxando em um banho de espuma com um
copo de vinho. Talvez uma cama e um lanche, naquele lugar
que eu já tinha ficado antes. Isso pode ser exatamente o que
preciso.

Eu dirigi até que eu vi a luz vermelha no painel de


instrumentos. Como que eu não vi a luz baixa da gasolina
antes? Oito quilômetros de deserto.

Você está brincando comigo?

Agora, este dia não poderia ficar pior. Não havia


outdoors, e eu tentei lembrar se havia alguma cidade por
perto, qualquer coisa que possa ter um posto de gasolina.
Havia um posto de gasolina antes do hotel? Eu me atrapalhei
para pegar meu celular no console central, deslizando o
polegar em toda a tela. Sem sinal.

É claro que eu não tinha sinal.

Então, eu ia ficar encalhada na estrada. Então, meu pai


enviaria um de seus homens até a faculdade para me
encontrar. Talvez o assassino de minha mãe iria vir e se livrar
de mim também. Depois de tudo o que aconteceu com Billy
ontem à noite agora isso? Meu pai ia enlouquecer. Ele insiste
que eu tenha um acompanhante em todos os lugares, e quem
poderia culpá-lo? A ideia de estar sob prisão domiciliar depois
de tudo me pareceu histérica. Senti uma risadinha acumular-
se no meu peito, e eu comecei a rir, primeiro um pouco e, em
seguida, de forma incontrolável.

Quando o carro realmente engasgou, sacudindo


enquanto parou, eu estava resignada com meu destino.
Aparentemente, eu era apenas um ímã para merda agora.
Verificando meu telefone para um sinal de novo, eu confirmei
que eu estava sem área. Perfeito. Que porra eu vou fazer
agora? Eu tentei me acalmar, pensar nas opções. OK. Eu
poderia caminhar para um posto de gasolina ou sentar aqui e
esperar por um estranho para me ajudar. Ambos pareciam
escolhas que envolvia ser pego por um serial killer, o
assassino do machado, com a sorte que eu estava.

Eu me inclinei para frente, descansando minha cabeça


contra o volante, e suspirei.

Calma. Eu respirei.

Relaxe. Eu pratiquei a respiração profunda que eu


aprendi na yoga. Yoga não me preparou exatamente para
isso. Eu respirei e minha respiração se transformou em
soluços. Profundo, exigente, soluços de balançar o corpo.
Uma vez que eu comecei a chorar, eu não conseguia parar,
com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. De repente, senti
falta de ar, asfixia. Na minha mente, o rosto de Billy passou
em frente de mim, polegadas de distância, e eu senti suas
mãos em torno do meu pescoço, espremendo a vida para fora
de mim.

Eu não posso respirar. Eu não posso respirar.

Puxando a maçaneta da porta, eu tropecei para fora do


carro, caindo de joelhos na terra e no mato ao lado da
estrada. Eu ouvi um motor, e sabia que deveria ter sinalizado
o veículo, mas eu senti a bile na parte de trás da minha
garganta, e, em seguida, o conteúdo do meu estômago surgiu,
queimando. Mesmo depois de eu ter vomitado, ajoelhei-me lá
arfando e soluçando.
Quando finalmente parei, eu limpei minha boca com a
mão. Meu nariz escorria, e eu o limpei com a palma da minha
mão, fungando. Tosco. A última vez que tinha chorado estava
no funeral da minha mãe. Eu senti como se tivesse acabado
de derramar anos no valor de lágrimas. Era como se eu
tivesse expelido tudo o que eu tinha guardado desde que eu
tinha quatorze anos.

Eu cuspi no chão. Minha boca tem gosto de merda. Eu


preciso de um pedaço de goma, pensei. De pé, eu escovei a
sujeira do meu jeans e ajeitei o lenço que tinha amarrado ao
redor do meu pescoço antes.

Porra de vida.

Lá estava ele, o motociclista que eu quase bati antes, de


pé ao lado do meu carro, capacete na mão. Motocicletas não
eram exatamente silenciosas. Como eu não o ouvi parar
antes? Como eu poderia ter ficado tão absorvida na minha
própria merda que eu nem o notei?

Oh, porcaria. Isso significava que ele deve ter me visto


chorando e vomitando. Senti calor subir no meu rosto,
corando de vergonha. Isso era ótimo. Meu rosto estava
vermelho, eu tinha certeza. Então eu olhei para ele.
Realmente olhei para ele. Puta merda, ele é quente. Isso foi
duplamente embaraçoso.

Cabelo loiro puxado para trás em um rabo de cavalo,


olhos azuis, queixo cinzelado. Ele não era atraente da
maneira que Billy era, compensando sua insegurança com
todas as suas coisas caras. Esse cara era diferente.
Absolutamente nada sobre ele mencionava dinheiro. Mas
tudo sobre ele gritava masculinidade crua. Eu tive uma breve
fantasia de como ele seria nu, me perguntei se as tatuagens
que serpenteavam até seu antebraço cobriam o resto do seu
corpo, e em como seria a sensação de ter seu corpo
pressionado contra o meu. Que diabos havia de errado
comigo? Pensando sobre esse motociclista dessa forma, horas
depois de Billy me sufocar?

Muito bem, Dani, pensei. Parabéns! Você oficialmente


tem o pior gosto para homens no mundo. Eles devem dar
prêmios para isso.

Limpei meu nariz outra vez, ciente de que eu estava lá


na frente dele coberta de vômito e catarro. Este dia não
poderia ficar pior. Quem se importa com o que ele pensa, de
qualquer maneira?

—Você está bem? —, Ele pergunta.

—Eu fiquei sem gasolina—, eu digo, como se isso


explicasse o vômito e choro.

—OK. Mas você está bem? — Ele apontou para a grama,


onde eu tinha me ajoelhado. Então, ele viu tudo.

—Sim. — Fiz uma pausa. —Não. Eu estou tendo um dia


realmente ruim. — Eu meio que esperava que ele fosse rir de
mim, a menina rica na Mercedes, lamentando-se sobre ter
uma vida difícil. Mas ele não riu. Ele apenas acenou com a
cabeça, olhando para mim.

—Eu posso ver isso.

—Sinto muito sobre quase ter batido em você na estrada


antes. Eu não te vi. Eu ia parar, mas você ainda estava
pilotando...— Minha voz sumiu, e eu sabia que a minha
desculpa soou coxa, mesmo enquanto eu falava. Eu me
sentia nua sob a intensidade do seu olhar.

—Ok, então—, diz ele. —Você quer uma carona até o


posto de gasolina? Eu tenho certeza que há um a alguns
quilômetros daqui.

—Isso seria bom. Obrigada—, eu digo. —Eu sou Dani.

—Blaze.

Blaze? Quem tem o raio de um nome que significava


chama? Abri a boca, fechei-a novamente.

—Sim?

—Obrigada pela ajuda.

Ele balançou a cabeça, e eu o segui para a motocicleta,


uma negra Harley Crossbones 2.

—Você já andou de moto antes?—

—Algumas vezes.—

—Bom—, diz ele. —Segure firme. Você tem que se mover


comigo.— Mover-se com ele. Isso não será um problema,
pensei.

2
CAPÍTULO 4
Surpreso
Blaze

Tomei a Pacific Highway no caminho de volta, na


estrada passando por 3Big Sur, aproveitando o clima e a
paisagem. Nada me faz sentir melhor do que a moto entre as
minhas pernas, o sol no meu rosto, e um passeio como este.
Eu deveria ter tomado à rodovia e ido direto de volta para o
clube, mas merda, Tank, Itchy e os outros caras já estavam
voltando. Não seria grande coisa se eu levasse o meu tempo.
Mad Dog iria entender. Merda, ele iria entender qualquer
coisa que envolvesse uma boceta.

Andar sozinho, me deu tempo para respirar. Eu amava o


Inferno MC, mais do que qualquer coisa, mas era como
passar todo o seu tempo com a família, uma enorme, fodida e
disfuncional. Às vezes é necessário sair e andar sozinho,
limpar sua cabeça. Caramba, minha cabeça estava muito
clara no momento. Inferno, eu me liberei esta manhã. Mas

3
Praia Californiana.
estava muito ensolarado e isso foi bom demais para um
passeio mais curto pela interestadual.

Era fim de tarde quando eu peguei a estrada aberta, e


eu finalmente acelerei, tentando cobrir mais quilômetros
antes do anoitecer. Eu tinha saído da parte bonita da Rodovia
do Pacífico, eu precisava ver esse visual na estrada. Eu me
mexi desconfortavelmente no assento. Eu precisava parar e
esticar. Minhas costas e mãos estavam ficando mais
doloridas agora do que antes; aos trinta e oito anos, eu não
estava nem perto da velhice, mas dane-se se eu não tivesse
começado a me sentir velho dos últimos anos. E eu realmente
precisava mijar também.

Eu olhei para um par de carros à minha frente, depois


de quilômetros de nada - um total de minivans de crianças e
um conversível vermelho, alguma garota rica, provavelmente
para uma viagem de diversão. Acelerando, eu comecei a
passar os carros, e vi o vermelho com o canto do meu olho.

—Que diabos? — Eu desviei para o acostamento,


sentindo o meu pneu traseiro girar para fora e quase perdi o
controle da moto.

—Cadela fodida. — Parando, eu ajustei meu capacete e


levou um minuto para me acalmar. O conversível foi até a
frente da minivan agora. Essa menina ainda não tinha
abrandado. Os motoristas nunca prestam atenção aos
motociclistas, e os do tipo ricos, meninas da faculdade de
direito cujos papais compram carros caros? Aqueles são os
piores.
Estava puto. Eu poderia correr atrás dela, dar-lhe um
esporro, e ensinar uma lição. Você deve fazê-lo. Há um ano é
o que eu teria feito. Antes de Althea morrer. Um ano atrás, eu
teria puxado para cima dela, chutado o retrovisor do lado de
motorista, e feito com que ela entendesse que precisava
enxergar onde ela estava indo, caralho.

—Porra! — Eu gritei, deixando passar raiva. A morte de


Althea me bateu forte, me fez repensar as coisas, começar a
acalmar minha merda. Calma? Isso não é uma coisa boa para
um motociclista, à voz na minha cabeça disse. Não, é uma
coisa boa. Significa que você deu a mínima para a sua mãe
adotiva, realmente aprendeu alguma coisa com ela.

Dirigi um pouco mais de tempo, eu tinha que deixar


tudo ir. Eu estava ficando zen, o pensamento sobre a cadela
rica e mimada desapareceu completamente da minha cabeça.
Então eu vi lá na frente. Aquele conversível vermelho
brilhante encostado, e eu estava de volta no mesmo lugar que
eu estava há vinte minutos. Cheio de raiva. Eu poderia ter
deixado isso para lá em vez de persegui-la e arrebentar seu
carro, mas agora? O carro lá em cima, desligado no
acostamento, foi um presente de Deus, um grande sinal neon
intermitente me dizendo que está menina precisava aprender
uma lição. E eu era um professor muito bom.

Eu diminuí a velocidade da moto, estacionando atrás do


veículo, e desliguei o motor. Mais à frente, a porta do lado do
motorista estava aberta, e eu estiquei o pescoço para ver em
torno dele. Lá estava ela, à frente do carro, de joelhos no
chão.
O que ela estava fazendo? Oh, Cristo. Ela estava
vomitando seu cérebro fora, gritando algo feroz. Sentei-me ali,
congelado na moto. Eu era bom em um monte de coisas, mas
meninas chorando? Eu preferiria alguém me chutar nas
bolas várias vezes do que lidar com uma menina chorando.

Eu não acho que ela tenha me visto. Eu poderia


simplesmente ir embora. Não é como se eu a conhecesse.

Pensei em Althea, sobre o olhar no rosto dela, se ela


soubesse que eu tinha abandonado alguma garota sozinha na
estrada. Droga, Althea, pensei. Mesmo do além-túmulo, ainda
sabe como me culpar a fazer o que você acha que é certo.
Agora eu ia ter de me envolver em algum drama que eu não
preciso.

Passando minha perna sobre o assento, eu desmontei


da moto e estava a poucos passos de distância, observando-a.
Eu estava esperando por uma desculpa, qualquer coisa que
ela podia fazer ou dizer que me daria uma razão para voltar à
minha moto e cantar pneu. Eu ainda estava chateado com ela
me cortando, mesmo ela estando uma bagunça total na
estrada. Eu fechei a porta do lado do motorista dela com um
estrondo, mas eu não chutei com minha bota. Mesmo que eu
quisesse. Dê-me uma razão, pensei.

A menina levantou-se, limpando a boca na sua mão. Ela


pode estar uma bagunça, mas ela é uma confusão quente,
pensei. Ênfase no quente. Mantenha o seu pau em suas
calças, Blaze.

Ela olhou para mim, com grandes olhos marrons e


lábios carnudos, lágrimas ainda molhando suas bochechas.
Eu olhava para ela. Sim, seu nariz estava escorrendo. Não
que eu fosse chutá-la da cama, mesmo por isso. Olhei-a.
Merda, ela deve ter uns vinte.

—Você está bem? — Eu pergunto. Ela pisca para conter


as lágrimas, lábio inferior ainda tremendo, e eu me mexo
desconfortavelmente. A última coisa que eu precisava era
essa garota encalhada na beira da estrada, com catarro
escorrendo de seu nariz. Claro, ela não era uma criança.
Gostosa não era realmente a palavra certa também. Gostosas
eram as meninas que eu pegava regularmente, com peitos
falsos e tatuagens. Esta menina era algo totalmente diferente.

Ela era linda, mesmo com vômito em sua camisa. O


lenço amarrado ao redor de sua cabeça mal manteve seu
cabelo castanho contido, e as mechas de fora dele, lhe deu
um olhar selvagem. Ela tinha outro lenço amarrado em volta
do pescoço, que não estava combinando, tipo filme dos anos
cinquenta. Mas o que diabos eu sei sobre moda. Ela usava
jeans e uma camisa preta de manga comprida, mesmo com
30°C ao ar livre, mas as roupas não podiam disfarçar sua
forma de ampulheta. Eu tive que me esforçar para não a
imaginar nua.

—Eu fiquei sem gasolina—, ela diz, fungando. Ela


limpou o nariz na parte de trás da sua mão.

Escondi um sorriso. Isso é Carma, penso. Mas, falando


sério, o que há com as crianças hoje em dia? Ficar sem
gasolina na estrada e você vai chorar e vomitar? Eu estaria
pedindo carona ou caminhando até o posto de gasolina, não
agindo como se fosse o fim do mundo. Eu quase me odiei por
oferecer uma carona. Ela, obviamente, precisava de algumas
habilidades para a vida. E você só tem competências para a
vida, aprendendo a lidar quando a merda acontece, como
descobrir o que fazer quando você fica sem combustível e fica
parada na estrada.

Mas, novamente, ela é realmente quente.

—Ok. Mas você está bem? — Eu pergunto, apontando


para a grama, onde ela estava vomitando, não porque eu
estava muito preocupado, mas porque eu estava tendo um
momento difícil de acreditar que alguém iria fazer este drama
por ficar sem gasolina.

—Sim. — Ela faz uma pausa, fungando novamente. —


Não, eu apenas estou em um dia realmente ruim.

Não brinca, eu pensei. Eu estava prestes a dar-lhe uma


lição de dias ruins, como o que eu tinha quando ela quase me
derrubou na estrada, mas ela falou muito rapidamente.

—Sinto muito sobre quase bater em você antes. Eu


absolutamente não vi você. Eu ia parar, mas você ainda
estava pilotando...

Olhei para ela, tentando dizer se ela era apenas uma


jovem tendo um dia ruim ou se ela era uma puta rica que
precisava aprender uma lição sobre motociclistas na estrada.
Em seguida, seus grandes olhos castanhos encheram d‘água,
e ela piscou para conter as lágrimas. Eu gemi. Merda. Eu
estava ficando mole na minha velhice.

Suspirei.
—Ok, então—, disse ele. —Você quer uma carona até o
posto de gasolina? Eu tenho certeza que há um a um par de
quilômetros abaixo da estrada aqui.

—Isso seria ótimo—, diz ela. —Muito obrigado. Sou


Dani.

Dani. Era bom. Combinava com ela. Eu balancei minha


cabeça. Não, eu não precisava pensar sobre o que combinava
com ela.

—Blaze, — eu digo.

—Blaze?

Ela estava prestes a dizer alguma coisa, e eu esperei


para ela fazer um comentário inteligente sobre meu nome
para que eu pudesse abandoná-la aqui e deixar algum
caminhoneiro encontrá-la.

—Sim?

—Obrigada pela ajuda.

Eu balancei a cabeça, e ela me seguiu para a moto.

—Você já andou de moto antes? — Eu duvidava. Ela não


parecia o tipo de estar na garupa de uma motocicleta. Mais
como o tipo de garota que você vê nas páginas de uma
revista, passeando de iate com seus namorados ricos.

Ela assentiu com a cabeça.

—Algumas vezes.

—Bom—, então. —Segure firme. Você tem que se mover


comigo.
Dani pressionou seu corpo contra as minhas costas, os
braços em volta de mim, agarrando meu peito. Acelerei o
motor para a vida, o motor roncando entre as minhas pernas.
Esta moto era à maneira mais segura de pegar garotas.
Melhor do que um filhote de cachorro bonito. Havia algo
sobre ter um pedaço de metal monstruoso que vibra entre as
pernas que deixam as mulheres excitadas.

Esqueça, disse a mim mesmo. Você não tem nenhuma


razão para estar pensando em uma garota como essa. Basta
deixá-la no posto de gasolina e ir.

Senti seus seios contra as minhas costas, e eu tinha que


me concentrar em não ficar duro enquanto eu pilotava. Uma
imagem de Dani nua, seu corpo pressionado contra as
minhas costas, passou pela minha mente. Tire ela de sua
mente, eu pensava. Este não é o momento ou lugar.
Concentrei-me ativamente na estrada, mas quando chegamos
ao posto de gasolina, eu ainda tive que me ajustar, puxando
minha calça jeans, tentando me certificar se minha excitação
não era evidente.

Quando pulou da moto, eu esperava que ela fosse me


dar um rápido ―obrigada‖ e saísse correndo. Em vez disso, ela
estava na minha frente, não mais o feixe de emoções e nervos
que eu tinha visto na estrada. Ela estava me dando uma
secada.

—Obrigada pela carona—, diz ela.

Eu balancei a cabeça.
—Há um telefone público lá, eu tenho certeza. Ou já
deve ter sinal aqui, se você quiser ligar para alguém.

Dani sorriu.

—Eu agradeço. Não é todo dia que eu chego a montar


uma doce Crossbones como esta.

—Você entende de motos?

—Um pouco. Meu pai tem parceiros de negócios que


andam. Eu cresci em torno deles.

—Bem, você é cheia de surpresas. — O jeito que ela


disse colegas de trabalho me fez pensar na máfia, e eu
escondi um sorriso. Colegas de trabalho de seu pai eram,
provavelmente, algum grupo de contadores que pilotavam
motocicletas no fim de semana. Aventureiros de final de
semana.

Os olhos de Dani brilharam.

—Você não tem ideia, Blaze. — Ela piscou, dando um


passo para trás. Ela não era mais aquele acidente de trem
que estava na estrada, ela estava confiante. Pretensiosa. —De
qualquer forma, obrigada pela ajuda. Eu aprecio isso. — Ela
foi em direção à loja.

—Ei! — Eu a chamo. Que porra estou fazendo? Deixe-a


ir. —Você quer que eu te dê uma carona de volta ao seu
carro?

Dani se virou, olhando para mim com aqueles grandes


olhos castanhos novamente. Aqueles olhos. Meu coração
disparou. Cara, essa garota ia ser a minha morte.
—Eu não quero dar trabalho—, diz ela.

Dei de ombros.

—Sem problemas. Eu preciso parar e comer também. Há


um restaurante aqui, que eu já vim antes, e é bastante
decente. Posso lhe dar uma carona de volta para lá depois
disso. — Por que eu tinha acabado de dizer que ia comer? Eu
nem planejei parar para comer.

Dani sorriu.

—Tem certeza?

Não, eu pensava. Claro que não. Você precisa se virar e


voltar para moto, e ir ao sentido oposto ao dela.

—Sim, não é grande coisa.

—Isso seria bom.

Observei-a por trás enquanto ela caminhava à minha


frente no posto de gasolina, sua calça jeans praticamente
pintada em sua bunda. Eu sufoquei um gemido. Eu precisava
parar de pensar com meu pau.

Dani deslizou para dentro da cabine na minha frente, o


lenço que tinha prendido sobre o cabelo caiu agora. Seu
cabelo escuro caiu em volta do rosto, o outro lenço ainda
amarrado no pescoço.

Deus, ela era ainda mais linda com seu cabelo solto
assim. Eu me senti estranho sentado na frente dela. Este
lugar não parecia adequado para ela – garota rica em uma
lanchonete de merda com um motociclista sujo. Ela era
beleza, e eu era a besta.

Eu senti meu estômago roncar. Eu tomei café esta


manhã, mas não comi mais nada para absorver o álcool da
noite passada.

—Então—, disse ela. —Você tem o hábito de resgatar


meninas na estrada?

—Não. Você tem o hábito de pegar caronas com


motociclistas sujos?

Dani dá de ombros.

—Você parece inofensivo.

Eu ri. Eu nunca tinha sido chamado de inofensivo na


minha vida. Esta menina era ou muita ingênua, ou ela estava
completamente delirante.

—Nunca me chamaram disso antes.

Dani abre a boca para dizer alguma coisa, quando uma


garçonete, uma mulher que tinha claramente visto tudo,
interrompe, colocando dois copos vazios e enchendo-os com
café.

—Vocês dois estão prontos para pedir? — A garçonete


olhou de mim para Dani, com o rosto inexpressivo e estala o
chiclete antes de puxar uma caneta atrás da orelha.

—Claro—, diz Dani. —Você ainda está fazendo café da


manhã?

—Todo o dia, querida.


—Tudo bem. Então eu vou ter três ovos mexidos, bacon,
batatas fritas e torradas. Oh! Eu posso ter um pouco de
panquecas também?

—Meu Deus. — Eu digo.

—O quê? O café da manhã é uma refeição perfeitamente


aceitável para outros momentos do dia.

—Não é isso—, eu digo. —Basta saber para onde você


vai colocar toda essa comida.

Ela encolhe os ombros.

—Uma garota tem que comer.

Eu olho para a garçonete.

—O mesmo, por favor.— Depois que ela sai, eu volto


minha atenção para Dani. —Então você entende de
motocicletas e você come como um cavalo. Você é diferente
das garotas em conversíveis que eu normalmente resgato.

—Bem, eu tenho que me destacar de alguma forma,


certo?

—Eu não acho que você tem qualquer problema em se


destacar. — Eu passei um momento difícil em acreditar que
ela tinha a capacidade de se misturar.

—Nem você. — Ela faz uma pausa, procurando o


recipiente de açúcar e derramou uma quantidade ímpia em
seu copo antes de olhar para cima.

—Você tem todo açúcar suficiente, aí?

—Sim, eu gosto de um pouco de café com meu açúcar—,


diz Dani. Seu açúcar. Eu podia imaginar como seria ter seu
açúcar. Eu empurrei os pensamentos da minha cabeça.
Comporte-se. Ela não é uma vagabunda de beira de estrada

—Então, por que uma menina como você estava


chorando na beira da estrada, de qualquer maneira? — Eu
não sei por que eu perguntei. E certo como a merda, eu não
queria que a choradeira começasse de novo, mas ela parecia
mais recomposta agora.

Dani olha para cima, um flash de raiva nos olhos,


provavelmente para mim, por meter meu nariz onde não fui
chamado.

—Apenas tendo um dia de merda, isso é tudo. — Ela faz


uma pausa, e a raiva vai embora tão rapidamente como havia
aparecido. —Sabe quando você tem um daqueles dias que as
coisas apenas vão dando errado?

—Uma garota como você tem merda que dá errado? —


Eu sorrio, incapaz de me ajudar. Ela estava dirigindo um
carro de cinquenta mil dólares, e eu estava disposto a apostar
que suas roupas custam mais do que a maioria das pessoas
ganham em uma semana. Claro, eu estava dando uma
carona de volta para seu carro, ela era bem bonita, mas ela
não tem a minha simpatia por seus problemas de garotas
ricas.

—Na verdade não. Provavelmente apenas hormônios—,


diz ela, dando de ombros.

Ela estava mentindo. Isso foi interessante. Talvez haja


mais nela do que parecia à primeira vista.
—O que quer dizer com isso... uma garota como eu? —
Ela pergunta.

—Vamos, — eu digo. —Você não é estúpida. O que você


acha que quero dizer?

Dani olhou para mim, olhos duros, como se estivesse me


desafiando a seguir em frente, e eu continuava pressionando-
a, tão fora do normal. Eu com certeza já fui acusado de ser
assim antes.

—Uma menina rica como você? Problemas? Fala sério.

A expressão sombria atravessou seu rosto, e ela apertou


sua mandíbula, seus músculos enrugando seu rosto. Em
seguida, a nuvem passou.

—Os problemas do primeiro mundo, eu sei—, ela disse


casualmente.

Ela tem mais controle do que eu, não mordendo a isca.


Eu lhe dou o crédito. Eu não sei por que eu me importava,
porém, por que eu estava a provocando.

—Então, o que você está fazendo—, ela pergunta. —


Passeando em pleno domingo?

A garçonete colocou nossos pratos entre nós, e eu


esperei até que ela saiu para responder. Enquanto isso, Dani
cavou em sua comida, como se ela não comesse há dias e eu
sufoquei uma risada.

—Algo parecido com isso—, eu digo. —Estou voltando


para LA.

Dani olha para cima. —Você é de LA?


—Sim, por aí. Voltando para o meu clube. Por que, você
vai pra lá?

—Mais ao sul, — diz ela. —San Diego.

—Por que você está aqui?

—Faculdade. Stanford.

—Bem blá-blá-blá—. Eu assobio.

—Eu sei, eu sei—, diz ela. —Privilegiada.

—Bonita, rica e inteligente, é o que eu ia dizer.

—Você trabalha em um Motoclube? Ou é algo que você


faz para se divertir?

—Ambos—, eu disse. —Algo que eu faço em tempo


integral.

Os olhos de Dani permaneciam em mim, e eu podia vê-


la lendo as insígnias costuradas na minha jaqueta.

—Vice-Presidente—, disse ela. —41%. — Ela abocanhou


um grande bocado de panquecas, e eu não pude deixar de
pensar em sua boca em torno de mim em vez do garfo. Porra.

—Sim, isso significa que nós não somos aventureiros de


final de semana.

—Eu sei o que isso significa—, diz ela, interrompendo.

—Claro que sim—, eu digo. —Eu aposto que você


assistiu todas as temporadas do Sons of Anarchy.

4 1%er (abreviação do inglês de one percenter, daí o 1% + er) ou outlaw bikers. O nome veio de
uma das histórias mais manjadas do motociclismo, quando um grupo de motoqueiros fez
arruaça em uma cidadezinha e a AMA (American Motorcyclist Association) correu para dizer ao
público que 99% dos motociclistas respeitavam a lei. O pessoal da arruaça quis fazer graça com
isso e passaram a se auto intitular de 1%.
Ela sorri, condescendente.

—Você não é o primeiro motociclista que eu conheço.

Eu rio.

—Seus namorados em Stanford não contam, querida.

Dani dá de ombros, toma um gole de café.

—Aquele M lá - você lida com Metanfetamína?


Maconha? — Ela me olha com atenção para uma reação. —
Não—, diz ela. —Não é isso. M é para o assassinato 5, certo?

Observo-a colocar a torrada em suas gemas


casualmente, como se comesse todos os dias com um
motociclista bandido em uma lanchonete. Ela estava certa.
Perceptiva. Mas ela provavelmente assiste muita televisão.

—Então, você vê um monte de Sons of Anarchy, hein?


Tem um fetiche com motociclista? —, Pergunto.

—Nunca vi isso—, diz Dani, mordendo sua torrada.

—Você frequenta algum clube ou algo assim? — Eu


sabia que não era o caso. Ela não era o tipo.

—Não—, diz ela. —Eu simplesmente conheço alguns


motociclistas, isso é tudo.

Ela era interessante, isso era certo. Eu não conseguia


parar de pensar sobre como ela seria nua. Eu a queria na
minha moto de novo, com os braços em volta de mim. A mão
enrolada no meu pau.

Limpei a garganta.

5
No inglês “Murder” por isso assassinato.
—Está ficando tarde—, eu digo. Era fim de tarde, e ia
ficar escuro em breve. Eu precisava pegar a estrada. —Você
está pronta para voltar?
CAPÍTULO 5
A primeira vez
Dani

Enxaguei minhas mãos na pia do banheiro, coloquei


alguns fios de cabelo no lugar. Abaixei o lenço do meu
pescoço, examinando as contusões que começavam a se
formar na minha pele morbidamente fascinada com as
marcas. Maldito, pensei. Porra Billy. Eu teria que ficar presa
usando esses lenços por uma semana agora. Eu parecia uma
mãe de quarenta anos de idade.

De qualquer forma, quem se importava como eu


parecia? Não era como se eu precisasse impressionar o
motoqueiro lá fora esperando por mim.

Ele era sexy, porém, a maneira como ele olhou para


mim, como se eu fosse um pedaço de carne e ele um cão
faminto. Vorazmente. Ele não achava que eu estava vendo,
mas o peguei olhando para mim. Ele tinha desviado seu olhar
como uma criança pega com a mão na botija.

Mas eu me senti emocionada ao pega-lo me olhando


fixamente, não havia como negar isso. Aposto que ele é ótimo
na cama. Bad boys como ele costumam ser. Como Billy. Isso
é o que eu preciso. Outro Bad boy. Mas não como Billy. Billy
não era um bad boy, e sim um idiota privilegiado. Não um
macho alfa da mesma maneira que esse cara era. Blaze.

Esse cara era um tipo diferente de bad boy. Mais


perigoso, talvez; mais calculista, com certeza. Mas
interessante. Ele não soa exatamente como os motociclistas
fora da lei que conheci ao crescer, aqueles que forneceram
proteção para o meu pai. Eles não eram o símbolo da
esperteza, caras legais, mas não eram os mais inteligentes.
Blaze por outro lado, não era estúpido.

Meu pai tinha parado de usar os motociclistas,


trocando-os por algum outro grupo há alguns anos, fazendo
com que eu não tivesse mais contato antes de ir para o
colégio interno. Mas quando eu era uma criança, eles
estavam ao redor, todos em couro, graxa e tatuagens. Um dos
caras mais velhos me trouxe um pequeno bicho de pelúcia
vestindo uma jaqueta de motociclista e um capacete. Eles
eram bons para mim, e eu fazia muitas perguntas sobre suas
motos. Então eu não estava exatamente intimidada por Blaze.

Eu não esperava que ele estivesse indo para Los


Angeles, apesar de tudo. Isso tinha me pego de surpresa, e eu
mentiria sobre onde eu estava indo, L.A, embora fosse uma
grande cidade. Não iríamos nos encontrar.

Ele seria o perfeito caso de uma noite. O pensamento


surgiu, completamente indesejado, do meu inconsciente. Que
diabos havia de errado comigo, pensando em sexo depois da
última noite com Billy? Isso era algum tipo de merda, ficando
sufocada durante o sexo de uma noite e até mesmo pensando
em um motociclista sujo no dia seguinte. E esse cara era
provavelmente imundo.

O pensamento enviou um arrepio pela minha espinha.


Ainda assim, não faria mal nenhum pensar sobre isso. Ele
poderia fornecer algum material para minhas fantasias por
um tempo. Imaginei-o com suas mãos calejadas nos meus
seios, sua boca pressionando grosseiramente meus lábios,
sua mão passando pelo meu estômago, avançando o seu
caminho pela minha barriga para desfazer o botão do meu
jeans e em seguida, movendo-se mais para baixo.

Pare de pensar nisso! Eu me repreendo. Ele vai deixá-la


em seu carro e é isso.

Respirando fundo, saio do banheiro. Ele está esperando


por mim lá fora, de costas para a janela. Eu coloco o galão de
gasolina em cima do balcão, esperando, enquanto o vendedor
me atende.

Oh inferno.

—Isso também—, eu digo, lançando um pacote de


preservativos no balcão. E daí? Isso não significa nada. Eu
tinha acabado de colocar o pacote no porta-luvas do carro, é
isso.

—Precisa de uma sacola?

—Não, obrigada—, eu digo, empurrando os preservativos


no bolso de trás. Eles não significavam nada. Nada!

—Tem certeza que pode levar isso de volta na moto? —


Eu perguntei, mostrando o galão de gasolina.
—Sim—, disse ele. —Nós vamos prendê-la na garupa.
São apenas alguns quilômetros.

Sinto um arrepio de excitação quando deslizo atrás dele


e a moto ruge com vida debaixo de mim, assim como no
caminho até aqui. Minhas mãos estão em volta do seu peito,
e eu estou pressionada contra ele. Montada na parte de trás
de uma moto passa uma sensação imediata de intimidade.
Era como dançar com alguém. Você tinha que moldar-se a
eles, mover-se com seu corpo. Apenas como sexo.

Calor sobe para as minhas bochechas com o


pensamento de sexo. Eu precisava parar de pensar em sexo
com ele. Mas era difícil não pensar quando eu podia sentir
seu peito duro em minhas mãos. Isso me fez querer deslizar
as mãos mais para baixo, em sua cintura, e depois ainda
mais baixo.

Droga. Pare. Não é como se eu estivesse passando por


um período de seca ou algo assim, como se eu estivesse sem
a um tempo. Eu podia sentir a umidade entre minhas pernas.
Que diabos havia de errado comigo? Era embaraçoso. Eu
preciso pensar nisso, só que mais tarde.

Eu odiava dirigir no escuro, e estava ficando tarde.


Gostaria de arranjar um hotel esta noite, em vez de continuar
a seguir até Los Angeles, ficar um tempo em um banho
quente. Então eu poderia pensar em Blaze. Havia aquele
pequeno hotel na estrada onde eu tinha ficado antes; gostaria
de ficar lá esta noite. Meu pai ficaria puto quando enviasse
um cara até a faculdade, para me encontrar amanhã e eu não
estivesse lá, mas eu só tenho que chegar em casa antes do
cara relatar minha ausência para o meu pai.

Pelo menos fantasiar sobre Blaze manteria meus


pensamentos sobre Billy longe da minha cabeça,
pensamentos sobre o que ele havia feito e o que ele poderia
fazer quando acordasse. Gostaria de saber se Billy já tinha
acordado ou se ele dormiu o dia inteiro. Foi estúpido, deixá-lo
no meu apartamento assim, depois de jogar fora sua carteira
e telefone. Ele provavelmente destruiria o lugar. Eu teria que
ligar para alguém para limpa-lo. É obvio que Billy é muito
temperamental.

Eu estava quase arrependida de soltar Blaze quando


chegamos ao carro; eu queria ficar pressionada contra ele.
Ele encheu o tanque de gasolina para mim, tentando ser um
cavalheiro, eu acho. Eu me perguntava se ele era o tipo de
cara que ainda abria as portas para as mulheres. Um
cavalheiro motoqueiro fora da lei. O pensamento me fez
sorrir, porque era ridículo.

Eu olhei para a água, o sol pintando o céu com


vermelho e rosa, as cores refletidas no oceano. Este seria um
lugar muito romântico em outras circunstâncias, as que não
envolviam eu ficar sem folego e tendo um colapso na beira da
estrada.

—Bem, aí está, — Blaze disse, colocando o recipiente no


chão. —Tudo pronto.

—Obrigada por tudo. — Coloco meu cabelo atrás da


minha orelha, um hábito nervoso. Por que diabos eu estava
nervosa? Eu podia sentir o sangue pulsar em meus ouvidos.
—Não tem problema. Não é todo dia que eu resgato uma
menina bonita na beira da estrada.

Dou um passo para frente, perto dele, e fico na ponta


dos pés, tocando a sua bochecha com meus lábios. Eu não
sei o que eu estava pensando, ou por que fiz isso. Parecia ser
a coisa certa a fazer. Mas eu demorei muito, e ele virou-se,
cobrindo minha boca com a sua antes que eu pudesse
pensar. Blaze beijou-me com força e meu corpo respondeu
imediatamente ao seu toque.

Isto é tão fodido, eu pensei, depois da noite passada. Eu


simplesmente não conseguia parar de beijá-lo. Billy tinha
tentado me matar ontem à noite, e eu não tinha morrido. Eu
estava grata por estar viva. Eu queria me sentir viva. Eu
queria as mãos de Blaze no meu corpo, o seu calor na minha
pele.

Eu deslizo minhas mãos debaixo de sua camisa,


saboreando a sensação de seu peito firme, um gemido escapa
dos meus lábios enquanto sua língua pressiona a minha. Em
seguida, sua mão está sob a minha camisa, sob o meu sutiã,
cobrindo meu peito, sua palma áspera contra a minha pele
macia. Meu mamilo endurecido ao seu toque, ele silencia
meu gemido com a boca. Eu o beijo avidamente, querendo
mais, querendo tudo dele. Minhas mãos se atrapalham com o
botão da calça jeans, mas ele a empurra.

—Espere—, diz ele.

—Eu quero...— murmuro as palavras, mal conseguindo


falar por causa da antecipação e do conhecimento de que não
deveria estar fazendo isso. Eu deveria estar correndo para
casa. Deveria estar chamando um terapeuta para falar sobre
meus sentimentos. Deveria estar chorando pela forma como
Billy tinha tentado me matar. Eu não deveria estar fazendo
isso. Não com ele, um estranho total. Eu não sei por que eu
estava fazendo isso. Tudo que sabia é que eu precisava que o
sentimento dele me comendo destruísse os meus
pensamentos e apagasse tudo o que aparecia em minha
cabeça. Eu queria que meu orgasmo fosse completo. Eu
precisava que ele fosse a única coisa que conseguisse pensar.

Blaze desliza as mãos sobre a minha bunda, me girando


para trás contra a lateral do carro. Ele cai de joelhos,
desabotoa minha calça e a puxa para baixo das minhas
coxas, o ar fresco do verão sopra contra minha umidade.
Estremeço, arrepios pontilhando meus braços, não tenho
certeza se eu estou tremendo mais por causa da brisa fresca
do oceano ou por causa do que ele está prestes a fazer. Ele
me empurra com força contra o carro, pressionando o metal
contra a minha bunda quando ele agarra minhas coxas,
olhando para mim com os olhos cheios de luxúria.

Blaze solta um ruído estrangulado, separa minhas


pernas com as mãos enquanto ele inclina a cabeça para
chegar a minha boceta. Toca sua língua quente no meu
clitóris, me cobre com a boca e eu afundo meus dedos em
seus cabelos, puxando-o para mais perto.

Eu realmente não deveria estar fazendo isso, penso. Não


aqui, não na beira da estrada com este motoqueiro. Alguém
poderia passar dirigindo e nos ver aqui fora.
Mas, em seguida, Blaze olha para mim, lambendo os
lábios molhados com meus sucos.

—Você tem um gosto tão bom.

Oh Deus! Eu penso. Agora tudo estava acabado. Eu


sinto um jorro de excitação com suas palavras, e as dúvidas
que tinha são varridas pela minha luxúria. Eu o quero
desesperadamente, mais do que qualquer coisa.

—Por favor—, eu sussurro, minha voz rouca. —Eu quero


a sua língua em mim.

Blaze solta um rugido profundo, retornando a minha


boceta como uma vingança. Cobrindo-me com a boca, ele me
come como se estivesse morrendo de fome, me lambendo,
explorando entre minhas dobras. Eu empurro contra ele, não
me importo que esteja à beira da estrada com um
motoqueiro, aqui onde alguém poderia nos ver.

Ele agarra minhas pernas, sua língua sacudindo dentro


e fora de mim, e eu sinto que estou perdendo o controle. Eu
não consigo pensar em mais nada, nada sobre Billy, nada
sobre a loucura de ontem à noite, e de estar aqui em público.
Tudo o que importa é sua língua empurrando para dentro de
mim, o calor de sua boca me envolvendo. Tudo ao meu redor
fica embaçado, as sensações tomam conta de mim
absorvendo todo o resto. Corro meus dedos pelos seus
cabelos, sentindo sua maciez quando jogo minha cabeça para
trás.

—Faça-me gozar, Blaze.


Eu podia sentir minha umidade escorrendo pelas
minhas coxas. Eu estava no limite. Então ele se afasta de
mim, ficando de pé.

—Eu quero muito estar dentro de você agora—, diz ele.

—Depressa. — Eu desabotoo sua calça, sentindo sua


dureza quando abaixo seu zíper. Ele estende a mão para seu
bolso, então para.

—Eu não tenho uma camisinha...—, diz.

Inclino-me, procurando os preservativos que tinha


escondido no bolso traseiro do meu jeans.

—Eu comprei alguns, — eu digo, rasgando o pacote.

Blaze puxa sua calça para baixo, liberando seu pau, e


eu respiro bruscamente. Era lindo, assim como ele. Eu rolo o
preservativo em seu comprimento, observando sua expressão.
Sua boca estava perto da minha.

—Você comprou preservativos lá atrás? —, Pergunta.

—Eu sei o que eu quero—, eu digo. Isso não era


verdade. Eu tinha decidido apenas agora o que eu realmente
queria.

—Oh Deus. — Ele me beija duro, mais duro do que eu já


tinha sido beijada em toda a minha vida, me levanta pela
minha bunda com uma mão e com a outra guia seu pau para
dentro de mim, tudo em um movimento fluido, em seguida,
me empurrando contra o capô do carro. Ele faz isso sem
problemas para alguém com seu jeans envolvidos em torno de
seus joelhos. Eu gemo de prazer com a intrusão bem-vinda
quando ele desliza facilmente dentro e fora de mim.
—Mais forte, — eu imploro. Eu precisava dele duro e
rápido.

Ele agarra os lados das minhas coxas quando empurra


para dentro de mim, seus movimentos mais vigorosos.

—Dani—, diz ele, com a boca perto do meu ouvido.

—Sim, sim. — Eu não conseguia pensar em nada. Eu


estava tão perto do prazer. Tudo o que eu podia dizer era sim.
Seguro-o com força, minhas mãos deslizando sobre sua
jaqueta de couro com ele me fodendo, cada vez mais duro.

—Dani, eu estou tão perto—, diz ele.

—Oh Deus, por favor. — Eu estava desesperada agora.


Com um impulso final dentro de mim, ele goza, e seu clímax
desperta o meu orgasmo, ondas de prazer passam por mim.
Senti meus músculos contraírem ao redor dele enquanto eu
sentia as ondas do meu clímax. Enquanto eu lentamente
descia, cada explosão de prazer era um pouco menor do que
a anterior, como uma onda recuando no mar.

Eu sento sobre o capô do carro, me agarrando na sua


jaqueta, minha cabeça enterrada em seu pescoço, até o
pulsar entre as minhas pernas começarem a diminuir.
Quando eu finalmente olho para ele, minha visão clareia e
não posso deixar de sorrir.

—Isso foi pela carona e gasolina—, eu disse.

Blaze ergue as sobrancelhas, seu rosto perto do meu.


Ele inclina meu queixo para cima, trazendo meus lábios nos
dele enquanto me beija suavemente.

—Eu acho que levei a melhor neste acordo.


—Não de onde eu estou sentada—, digo, agarrando sua
bunda nua.

Ele ri quando sai de mim dando um passo para trás. Eu


saio do carro, estremecendo com a umidade enquanto puxo
minha calcinha e jeans sobre meus quadris. Eu acabei de ter
relações sexuais na beira da estrada com um motoqueiro
chamado Blaze. Sem classe nenhuma, isso era certo.

Minha mão vai para a minha garganta, certificando se o


meu lenço ainda estava intacto. Eu não precisava de ninguém
vendo meus hematomas, muito menos ele.

—Então, — eu digo.

—Então. — Ele olha para mim, olhos azuis que


pareciam ver através de mim, e eu me perco novamente sob o
seu olhar. Deus, esse cara me faz sentir tesão. Havia algo
sobre ele. Eu não sabia se era a coisa motoqueiro ou o que,
mas eu só queria arrancar suas roupas e ter acesso a ele.

Blaze desliza seus braços ao redor de minhas costas, me


puxando em sua direção e baixando seus lábios nos meus.
Sinto um arrepio de excitação entre as minhas pernas e
silenciosamente amaldiçoo.

—Eu não vou dirigir para Los... uh, San Diego esta
noite—, eu digo. —Está começando a ficar escuro. Há um
hotel na estrada, não muito longe daqui, não me lembro o
nome, mas é o único por aqui, eu acho. Se você quiser se
juntar a mim...— Minha voz some, um convite claro.

Ele geme.
—Eu...— Ele começa a dizer algo, mas para. Eu não
podia ler a expressão em seu rosto.

—Quero dizer ou não.... De qualquer maneira. — Dei de


ombros. —Nada demais.

—Eu quero—, diz ele, com as mãos segurando meus


braços. —Deus, eu quero. Eu só tenho de voltar. Eu preciso
estar de volta ao clube.

—Sim, não há problema. Como eu disse, não é grande


coisa. Um pouco de diversão, isso é tudo—. Eu não sei o que
estava pensando, achando que ele passaria a noite comigo
neste pequeno hotel de luxo na costa, como se fôssemos um
casal em férias ou algo assim? Ele era um motoqueiro.

—Foi divertido, apesar de tudo. — Blaze olha para mim,


um sorriso torto no rosto.

—Sim, estou feliz que você parou para me ajudar.

—Eu também, Dani—, disse ele. —Eu também estou.

Blaze fica atrás de mim enquanto eu dirijo, outro gesto


cavalheiresco, suponho. Ele seguiu atrás de mim até que eu
entrei no hotel, uma pequena pousada, onde fiquei durante a
noite uma vez no caminho de volta para casa, quando eu
queria diminuir a tensão de ver o meu pai. Acenei quando
entrei no estacionamento, e ele retribuiu o gesto antes de
desaparecer estrada abaixo. Afasto uma pontada de decepção
que sinto por ele não querer se juntar a mim aqui.

Não importa, eu penso. Eu nem o conheço, e foi uma


rapidinha na beira da estrada. Eu não preciso de mais merda
agora. Enfim, acho que eu só queria que ele me distraísse do
que tinha acontecido com Billy.

Eu me estabeleço em meu quarto, abro uma garrafa de


vinho, e encho uma taça, absorvendo o aroma. Eu me
hospedei em uma suíte, bem, meu pai tinha se hospedado em
uma suíte, e eu achei que merecia um agrado. Era um lindo
quarto, com uma cama com dossel cheia de travesseiros,
varanda com ampla vista para o penhasco. Eu tinha uma
suíte em um hotel perfeito, uma taça de vinho, jazz no rádio,
e um banho de espuma, a caminho, na banheira construída
para dois. Bem, era apenas por uma noite. Ainda assim, eu
tive muita sorte, apesar de tudo.

Deixo minhas roupas em uma pilha no chão. Meu


celular vibra na mesa, e eu percebo que meu celular tem
sinal. Eu tinha esquecido do telefone. Bato na tela para abrir
um texto a partir de um número que eu não reconheci.

Cadela.

Onde estão meu telefone e minha maldita carteira?

Meu coração acelera, jogo o telefone na cama, como se


fosse radioativo. Billy. Bebo o vinho direto da garrafa, grata
pelo calor do líquido, uma vez que desliza na minha garganta.
Olho para a porta, pensando irracionalmente que ele poderia
ter me seguido até aqui.

Não, eu me lembrei. Ele não sabe onde você está. Ele


está apenas sendo um imbecil. Além disso, Billy é muito
preguiçoso. Ele vai se distrair com outra pessoa. Ele não vai
dar-lhe um segundo pensamento. Ele só estava chateado com
as coisas dele. Acalme-se, digo a mim mesma, tomando
algumas respirações profundas. Relaxe. Ele não é grande
coisa. Nada aconteceria.

Bebo mais vinho até que começo a me sentir mais


calma, o calor se espalhando através de meu peito. Peguei o
telefone e escrevi uma mensagem.

No lixo. Foda-se, Billy.

Então eu deleto. Foda-se. Deixe ele pensar que eu estava


com seu telefone para conseguir informações para chantageá-
lo. Droga. Eu queria ter pensado isso antes de jogar seu
telefone no lixo. Isso teria sido muito mais esperto do que
jogar fora toda a merda do Billy.

Um banho é o que eu precisava para me distrair de tudo


isso. Viro-me para o banheiro, e o telefone no quarto toca. O
som estridente quase me dá um ataque cardíaco.

—Olá? — Minha voz treme. Billy não está aqui, eu


penso. Ele não sabe onde estou.

—Senhora Arias? É Roberto da recepção.

Exalo. Foi apenas o funcionário da recepção.

—Sim?

—Tem um— Aham. —Um senhor que diz que está aqui
para vê-la.

Oh merda, eu penso.

—Quem é, Roberto? Eu não estou esperando nenhuma


companhia.
—Ele é uh— Roberto limpa a garganta. —Ele diz que seu
nome, é....Blaze, senhora. Ele é um motoqueiro bem grande.
—Ele fala a última palavra em voz baixa, quase um sussurro,
tentando disfarçar. Este não era o tipo de lugar em que se via
um monte de motociclistas, eu imaginava.

Blaze. Não Billy. Blaze. Meu coração bate


descontroladamente, mas não por medo.

—Está tudo bem, Roberto, ele está liberado para subir.

—Sim. Como quiser.

Eu desligo o telefone.

—Merda.

Eu tinha sido impulsiva antes, com o convite. Estúpida.


Eu não estava realmente preparada para ele aparecer aqui.
Um roupão, eu precisava de um roupão. Mal tive tempo de
vesti-lo enquanto me olho no espelho. Meu pescoço. Merda.
Os vergões estavam escuros, muito feios. Eu não tinha
pensado nisto.

Pego o lenço, começando a puxá-lo em torno de minha


garganta, depois paro. Eu pareço uma idiota, em um roupão
de banho e um lenço. Ele pensaria que eu tinha algum fetiche
estranho. E meus pulsos estavam muito machucados. Ele iria
vê-los.

Mas não se fizéssemos isso no escuro, penso. A manga


cobre meus pulsos, e eu o puxo em volta do meu pescoço.
Você não poderia realmente ver os hematomas se eu não
deixasse o roupão sair do meu pescoço, e se diminuísse as
luzes, talvez ele realmente não seria capaz de vê-los. Corri
pelo quarto, chutando as roupas em direção à parede.

A batida me assusta, embora eu soubesse que ele estava


vindo. Respire, Dani. Respire. Eu me firmo antes de abrir a
porta.

—Hey—, diz Blaze. Ele se encostou ao lado da porta,


sorriso torto em seu rosto, olhando para mim com aqueles
olhos azuis. —A oferta para eu te acompanhar ainda está de
pé?

—Eu pensei que você tivesse que voltar—, eu digo,


sorrindo.

—Isso pode esperar—, diz ele.

—Então, a oferta ainda está de pé. — Eu deixo a porta


aberta, e ele entra. Agarro o roupão em torno de mim,
puxando-o para o meu pescoço. Era tolo. Eu tinha acabado
de foder com ele na beira da estrada, mas me senti
subitamente nervosa.

Blaze para, olhando ao redor.

—Lugar legal—, diz ele, deixando escapar um assobio


baixo.

Ótimo. Agora ele realmente acha que eu era uma


menina rica e mimada. E daí? O que me importa o que ele
pensa? Este era um caso de uma noite com um motoqueiro,
algo para me livrar do gosto ruim que Billy tinha deixado na
minha boca. Como limpar um disco rígido em um
computador.
Blaze vira, tirando sua jaqueta e colocando-a sobre a
cadeira, em seguida, tira sua camisa. Engulo em seco. Sim,
ele era tão quente como eu tinha imaginado. Melhor.
Músculos e peitorais duros, tanquinho. Tatuagens
serpenteando os braços, uma parte sobre o seu bíceps e
ombro, e uma variedade de tatuagens em seu peito.

Ele se inclina, tirando as botas, e eu vejo o emblema do


clube de motoqueiros, como é que eles o chamam? Eu não
consigo lembrar, cobrindo suas costas inteira, uma tatuagem
enorme. Fico ali, como se meus pés estivessem congelados no
lugar, observando-o. Hipnotizada por ele. Ele era bonito,
deste modo estranho, como se tivesse resistido a vida ou algo
assim. Você poderia definitivamente ver em seu rosto, os anos
de andar no sol da Califórnia.

Eu vejo Blaze tirar sua calça jeans e atravessar a sala


em minha direção. Acena com a cabeça na direção da
banheira.

—Sua água vai ficar fria. — Ele está perto de mim, com
a cabeça perto da minha orelha, e eu posso sentir meus
lábios inchados por seus beijos anteriores. Eu o quero.

—Eu não me importo—, eu digo.

Antes que pudesse impedi-lo, ele agarra meu cabelo por


baixo, sua mão na base do meu pescoço, seus lábios nos
meus. Eu vacilo ao seu toque, meu coração acelerado, e ele
para, retirando o roupão do meu pescoço.

—Não...— Eu agarro o tecido e tento me afastar dele,


mas ele não deixa, cobrindo minha mão na sua.
—Que merda é essa? — Ele agarra minha cintura com a
outra mão, olhando para o meu pescoço, empurrando minha
mão.

—Não é nada. — Eu estou brava com ele por olhar,


irritada com a violação.

—Não é nada! Parece que você foi atacada. O lenço...


oh...— Sua voz some, eu agarro o tecido do roupão contra
mim, segurando-o em volta do meu pescoço.

Blaze levanta sua mão tocando a minha, cobrindo meus


dedos, puxando o lado do roupão para baixo do meu pescoço,
e eu sinto meus olhos encherem de lágrimas quando ele olha
para mim, com quê? Pena?

—Quem fez isso com você? — Então ele olha para seus
dedos em meu pulso, os vergões vermelhos irritados da corda
na minha pele pálida. Seus olhos brilham, irritados, e isso me
assusta, não porque ele estava chateado comigo, mas por
causa da intensidade que queimava neles.

—Ninguém. Não é nada. — Ele precisava parar de se


intrometer.

—Pare de dizer que não é nada.

—Um idiota na faculdade. Está acabado. — Eu podia


sentir minha voz tremendo, meus olhos rasos de lágrimas. Eu
não ia chorar, não na frente dele. E eu não quero falar sobre
isso, sobre o medo que eu senti a poucos minutos atrás,
quando Billy mandou uma mensagem. Sobre como eu estava
exausta. Eu só queria foder alguém que não faria perguntas.
Eu queria ir dormir, acordar e fingir que nada disso havia
acontecido. Amanhã será um novo dia.

—Espero que ele esteja com uma aparência pior do que


a tua.

Eu ri amargamente, segurando as lágrimas.

—Tomei suas roupas e seu telefone e carteira quando eu


saí. Eu joguei-os no lixo. — Parecia estúpido que era tudo
que eu tinha feito.

—Boa menina—, diz ele. Então eu sinto lágrimas


rolarem pelo meu rosto, quente contra a minha pele, e eu não
poderia impedi-las. Foi como um estouro da barragem, e eu
não conseguia parar de chorar, então seus braços estavam ao
meu redor, me puxando contra seu peito, meu rosto colado a
ele enquanto eu soluçava. Seus lábios no topo da minha
cabeça, ele acaricia meu cabelo, em silêncio. Eu choro até
que eu não tinha mais nada, até que eu estava agarrada a
ele, esgotada.

Ele iria pensar que eu era uma idiota, uma menininha


imatura, fraca, fugindo de seu namorado babaca. Suspiro,
tentando limpar as lágrimas que escorre pelo meu rosto. Eu
estava completamente humilhada. Chorei, pela segunda vez
hoje, em anos. E pela segunda vez em sua frente. Blaze. Foi
humilhante. Eu passo meu dedo sob meu nariz. Nojento.

—Eu não sou assim normalmente.

—Está tudo bem—, Blaze sussurra, ainda me


segurando.

—Eu acho que tem catarro no seu peito.


—É lavável.

—Eu estou uma bagunça. — Eu suspiro novamente. Eu


deveria estar horrível. Olhos inchados, nariz escorrendo,
pescoço machucado, totalmente atraente. Aposto que esse
cara estava realmente feliz por ter v oltado aqui para isso.

—Linda—, diz ele. Ele beija minha testa, em seguida, o


topo da minha cabeça, então a minha maçã do rosto, seu
dedo embaixo do meu queixo, inclinando minha cabeça para
cima. Fecho os olhos, com muita vergonha de olhar para ele.
—Abra seus olhos.

Forçando abro os olhos, olho para ele, a intimidade era


quase esmagadora. Era engraçado como me sentia íntima
dele, esse total estranho cujo nome real eu nem sabia, como
se me conhecesse.

—Você é linda—, diz ele novamente. Ele beija minha


orelha, então atrás da minha orelha, depois o lado do meu
pescoço, suavemente, com ternura, até os lugares que eu
sabia que estavam machucados. Eu fico tensa, seu toque
trazendo a imagem de Billy na minha cabeça. Ele para,
pegando a minha mão.

—Vamos lá—, diz ele. —Sua água está ficando fria.

Eu balanço a cabeça em silêncio, seguindo-o até o


banheiro, esfrego meu nariz.

—Atraente, certo? Aposto que isso é exatamente o que


você estava esperando quando veio aqui esta noite.

—Mais do que eu esperava—, diz Blaze. Ele me beija de


novo, e me derreto nele. Eu não quero pensar mais. —Aqui,
— ele diz, me orientando em direção a banheira quando ele
tira a cueca boxer. Ele já estava duro como uma rocha e me
olha timidamente quando me vê observar seu pênis. —
Desculpe—, diz ele. —Eu não posso evitar. Mesmo com
meleca escorrendo de seu nariz, você ainda é quente.

—Você tem certeza que não quer ir....

—Quieta—, diz ele. —Entre na banheira. Vou ficar com


você. Não posso garantir que não vou meter em você
enquanto estivermos lá, mas...

Eu rio.

—Um motoqueiro que gosta de um banho de espuma?

—Cale-se e entre.

Eu entro, e ele desliza atrás de mim, me puxando para


descansar sobre ele, minhas costas contra ele. Ele passa os
braços em volta do meu peito, e eu posso sentir a sua dureza
pressionando contra minha bunda, o calor irradiando pela
minha barriga. Eu me contorço contra ele, contra a sua
rigidez, e ele me para.

—Não—, diz ele. —Ainda não.

Encosto a minha cabeça no seu peito, ouvindo sua


respiração e a música no aparelho de som. Fecho os olhos,
sem me mover. Eu queria que ele me pegasse, para apagar o
meu constrangimento sobre o que tinha acontecido, para
demonstrar que eu ainda era atraente. Não era racional, e eu
sabia que não era a coisa mais saudável do mundo. Mas é
isso o que eu queria. Obrigo-me a relaxar, ignorar o latejar da
minha boceta, para focar no calor da água. Eu precisava
evitar pensar em ter seu pênis dentro de mim.

Eu sinto Blaze se mexer, estendendo a mão para uma


esponja de banho e a passando nos meus braços, primeiro
um depois o outro. Sua respiração estava no meu ouvido, e
eu inalo bruscamente enquanto passa a esponja por cima dos
meus montes, em seguida, empurra-a para dentro da água,
circulando meus seios. Ele toca meus mamilos, e eles
endureceram. Eu gemia baixinho, minha boceta começando a
formigar no calor da água. Eu podia senti-lo debaixo de mim,
duro, e eu queria ele dentro de mim.

Blaze desliza a esponja de banho pelo meu estômago,


entre as minhas pernas, e eu gemo, empurrando minha
cabeça para trás contra ele. Ele acaricia meu pescoço,
beijando-me suavemente, os cabelos na parte de trás do meu
pescoço de pé em resposta ao seu toque. Ele solta a esponja
de banho, colocando meus seios em suas mãos, me abaix o
para seu pênis, mas ele move minha mão.

—Ainda não—, diz ele. —Espere.

Ele desliza seu dedo entre as minhas pernas,


encontrando meu clitóris, me provocando, seu toque mais
suave do que eu esperaria de um motoqueiro. Eu descanso
minha cabeça sobre ele, ofegando enquanto ele desliza seu
dedo entre minhas dobras, gentilmente provocando minha
abertura antes de deslizar para dentro. Eu saboreio a
sensação, mas o queria dentro de mim. Eu precisava de mais,
mesmo enquanto ele acariciava o ponto mais sensível dentro
de mim. Seu polegar girava em torno do meu mamilo,
rodeando-o, enviando arrepios na espinha.

—Oh, Deus. — Eu boto para fora as palavras. —Eu


quero você. Por favor.

—Ainda não. — Ele me acaricia por dentro com o dedo,


em seguida, desliza sua outra mão no meu clitóris, seu dedo
pressionando contra ele enquanto ele me trouxe para a beira.

—Não, eu quero gozar com você—, eu protesto


fracamente, mesmo começando a não me importar. Eu me
sentia inchada em torno dele, e eu queria gozar.

—Você vai—, ele sussurra. —Mas goza para mim agora.


— Ele me acaricia mais rápido, e o ouvir dizer para eu gozar
desperta o meu clímax. Quando desço, eu me viro para olhar
para ele, seus traços gravados com desejo. Beijo-o,
suavemente a princípio, depois com mais paixão.

—Vamos lá—, diz ele, me puxando para cima.

—Espere, você não quer? —, Pergunto.

—Não aqui. — Ele dá um passo para fora da banheira, a


água escorrendo pelo seu corpo formando uma poça no chão,
enxuga-se com uma toalha. —Espere um segundo—, diz ele
quando termina. Eu estava disposta a ficar ali olhando para
ele; ele era lindo em sua nudez.

—Venha aqui. — Ele me ajuda a sair da banheira, eu


tremo quando o ar frio bate no meu corpo. Fico parada, quase
em transe quando Blaze seca meu corpo com a toalha macia,
fazendo o seu caminho dos meus ombros até em baixo, nos
meus pés, como se ele tivesse todo o tempo do mundo. A
suavidade do tecido arrastando sobre a minha pele. Foi
singular como ele tornou me secar com uma toalha uma
experiência erótica.

Deixando a toalha de lado, ele se ajoelhou aos meus pés


e começou a me beijar, fazendo o seu caminho pelo meu
corpo, dos meus tornozelos para minhas panturrilhas, em
seguida, para as minhas coxas, persistente, roçando contra a
minha virilha. Eu podia ouvi-lo inspirar profundamente, com
o rosto perto da minha boceta, e o som me fez querer ainda
mais.

Blaze agarra as bochechas da minha bunda em suas


mãos, me puxando em direção ao seu rosto, me cobrindo de
beijos. Eu gemia fracamente, meu clitóris ainda pulsando do
orgasmo que eu tinha acabado de ter. Ele olha para mim,
olhos grandes, expressão cheia de luxúria, e depois se afasta
de mim.

Ele agarra minha bunda, levando-me para a cama e me


jogando de costas, beijando todo o meu corpo. Ele envolve
meu peito com a boca, sua língua circulando ao redor da
minha aréola. Eu arqueio minhas costas, empurrando para
ele, querendo que ele tomasse tudo de mim.

—Camisinha? —, Ele sussurra.

—No bolso da minha calça jeans. Ali. — Eu balanço a


cabeça em direção a roupa enrolada no chão, e ele pula,
rolando o preservativo enquanto volta para cima de mim.
Onde ele pertencia. Eu tiro esse pensamento da minha
cabeça. Onde ele pertencia por agora, Dani. Este é um caso de
uma noite com um motoqueiro, nada mais.
Blaze me beija suavemente, sua mão acariciando meu
peito enquanto sua língua se lança dentro da minha boca, e
então ele está dentro de mim, enchendo-me como ele tinha
antes. Eu arqueio meus quadris para ele, levantando-me para
encontrá-lo quando ele empurra, e encontramos um ritmo
lento, movendo-nos juntos como um só. Ele olha para mim e
eu me viro para longe dele, a intimidade do contato visual
demais para uma noite só.

—Dani—, ele sussurra. Eu gemo com o som dele


dizendo meu nome. Eu não consigo pensar em nada a não
ser ele. Eu queria ele, todo ele, sua dureza como ele puxou
dentro e fora de mim, a mão no meu seio, seus dedos no meu
cabelo, puxando, puxando-o desde as raízes. Eu senti aquela
sensação correndo pelo meu corpo, surgindo através de mim,
o acúmulo que marcou que meu clímax estava próximo.

Blaze se inclina para baixo, tomando meu mamilo em


sua boca, e eu sabia que eu estava pronta assim que ele
colocou sua boca em mim. Ele empurra dentro de mim, seu
ritmo mais rápido quando ele chupa meu peito, e eu gemo,
puxando seus cabelos.

—Sim, por favor, sim.

Ele fode, mais duro, e eu sinto seus dedos arranharem


meu mamilo, me enviando mais perto do êxtase.

—Dani—, ele geme.

—Foda-me, — eu peço. Eu podia sentir minha boceta


latejando em torno dele, pedindo a sua libertação dentro de
mim. Implorando por tudo dele.
Blaze geme alto, empurrando dentro de mim como um
animal. Não havia mais gentileza, sem educação, sem me
tratar com luvas de pelica por causa do que tinha acontecido
com Billy. Nós transamos como se tivéssemos no carro, não
nos importando com nada, exceto o nosso próprio prazer.
Sinto-me cada vez mais alta, aproveitando a onda do meu
orgasmo até que caio duro, caindo o limite do prazer. Eu me
ouço gritar enquanto ele percorre todo o meu corpo.

Finalmente, Blaze se arqueia, empurrando para dentro


de mim ao máximo.

—Oh Deus, sim, Dani—, ele grita, caindo em cima de


mim quando goza. Eu posso sentir nossos corações, um
contra o outro, seu suor grudado em mim, o intoxicante
cheiro de sexo no quarto. O tempo parecia ter parado, e então
ele me olha com aqueles olhos azuis, e traz seus lábios nos
meus. Sinto seu pênis amolecer dentro de mim, mas ele não
se mexe.

—Isso foi ótimo—, eu sussurro, ainda na névoa do meu


orgasmo.

—Merda—, diz ele. —Isso foi incrível. — Ele beija minha


bochecha antes de levantar-se puxando para fora de mim,
caminhando para o banheiro antes de se juntar a mim na
cama. —Aqui, — ele diz suavemente, entregando-me uma
toalha quente para me limpar, e eu não pude deixar de rir.

—O quê? —, Ele pergunta, deslizando sob o edredom. —


Oh, isso é macio.

Eu rio, mais alto agora.


—Você é um motoqueiro muito doce—, eu digo.

Blaze ri.

—Hey, eu não tenho essas coisas boas com muita


frequência—, diz ele. —Eu posso apreciá-lo. — Ele puxa o
edredom sobre o peito e afunda de volta para os travesseiros.
—Eu estou seguro com minha masculinidade.

—Sim, claro.

—Venha aqui. — Blaze puxa as cobertas para trás e me


puxa em direção a ele, eu me aconchego contra ele,
perguntando-me como diabos eu acabei aqui depois da noite
passada. Ele aperta-se contra mim, seu corpo junto ao meu,
dos seus dedos dos pés até a cabeça, como se ele não
quisesse deixar ir qualquer parte de mim. Eu relaxo contra
ele. Tinha sido uma estonteante e esmagadora vinte e quatro
horas, eu adormeço, mal ciente da música jazz ainda tocando
ao fundo enquanto a escuridão me envolve.
CAPÍTULO 6
O Emprego
Blaze

Abro os olhos e me espreguiço. Porra. Eu me sinto mais


descansado do que em anos. Isso que é sexo. Dani. A cama
está vazia. Levanto-me, entro no banheiro para mijar.

—Hey Dani, — eu chamo. —Essa foi a melhor noite de


sono que tive em um longo tempo. Você ganha todo o crédito
por isso, querida. Ela, e a cama. Esse foi o melhor colchão
que dormi na minha vida.

Não houve resposta.

—Dani?

Vou para o quarto nu, e vejo a nota sobre a mesa.

—Merda.

Tinha que correr. Você estava morto para o mundo, então


eu não queria te acordar.

Obrigada por tudo.

~ Dani

PS: Eu fiz check-out. Desculpe ter chorado em você.


Ela assinou com um coração. Porra. Eu me sinto um
pouco decepcionado que ela se foi, e isso me surpreende. Viro
o papel na minha mão. Nenhum número de telefone, nada.
Eu nem sequer sei seu sobrenome. Merda. Dani era diferente
do tipo de garotas que eu ficava - ela era forte, mas ainda
doce, não era usada e dura como as meninas que frequentam
o clube. A melhor delas parecia lixo em comparação.

Depois que eu a vi entrar neste lugar na noite passada,


eu tinha pilotado por uns vinte e quadro quilômetros, me
chutando por deixá-la ir. Eu não podia acreditar que eu tinha
acabado de foder uma garota como ela na beira da estrada,
caralho, que uma menina como ela tivesse me deixado
transar com ela sobre o capô de seu carro. Eu não conseguia
esquecê-la, e eu fiquei duro só de pensar sobre o que eu
queria fazer com ela. Então eu pensei, foda-se o clube, eles
podem esperar. Então eu voltei.

Eu esperava o mesmo dela como naquela tarde - uma


boa transa de uma menina de faculdade com seios agradáveis
e um rosto bonito. Eu estava tão chocado quanto ela com o
que havia acontecido. Eu não era exatamente o tipo
romântico, mas quando vi os hematomas no pescoço, eu me
senti assim.... Irritado. Eu não podia acreditar que um cara
tinha feito isso com ela. E então, não poderia me parar. Eu só
queria colocar meus braços em torno dela, mesmo quando
começou a chorar. Especialmente quando ela começou a
chorar. Isso não era eu.

Droga. Eu não tinha pensado que ela iria sair antes de


mim. As meninas não eram geralmente as que saiam; eu era
o único que sempre as deixava. Parecia estranho estar no
outro lado das coisas, em uma sala vazia, sozinho. Visto
minhas roupas, considerando entrar naquela banheira
novamente. O motoqueiro sujo tomando um banho de
espuma. Dani pensou que era engraçado, e era. Eu ri,
pensando sobre o olhar em seu rosto. Hey, foi bem legal
tomar um banho neste banheiro grande com uma menina
assim. Não era como se eu fosse ter a chance de fazê-lo
novamente; não fui feito para este tipo de merda de fantasia
de qualquer maneira.

Olho o relógio enquanto me dirijo para a porta. Era duas


da tarde. Eu precisava começar a me mexer. Mad Dog iria
ficar irado se eu não aparecesse esta noite. Então,
novamente, se eu lhe dissesse que estava atrasado porque
estava fodendo uma menina rica sobre o capô de seu
conversível, ele provavelmente iria rir.

Eu entro no clube por volta das seis, e estava cheio,


motos alinhadas do lado fora. A luz da minha Crossbones
refletia todo o cromo, e isso me faz sorrir. Eu estava feliz por
estar de volta. Obviamente, a festa tinha começado sem mim.
Eu me empurro através dos convidados bêbados, respirando
o cheiro de fumaça, suor, bebida e sexo. Cheira a casa,
penso. Mas o pensamento de sexo me faz pensar em Dani, no
seu cheiro e seu gosto. Eu tenho que me concentrar na sala
para tirá-la da minha cabeça.
Bem, havia uma porrada de coisas para me distrair
aqui. Parecia que a festa tinha começado há um tempo atrás.
Dois caras que eu não conhecia estavam em um canto com
uma das mamas de Missy, que não era uma beleza, mas
tinha uma boca como um aspirador de pó. Ela estava
chupando um deles, com a mão em volta do outro, e então
ela mudou.

—Blaze—. Axe bate sua mão no meu ombro. Axe era o


executor do clube e a coisa mais próxima de um irmão que eu
tinha. Ele era leal, por completo, um ex-fuzileiro da Marinha
que tinha vindo para o lado escuro.

—Ei, irmão, — eu digo. —Estes são os caras de


Guillermo?

—Sim cara. Eles são um bando de filhos da puta


barulhentos. — Ele balança a cabeça.

—Será que Guillermo apareceu? — Eu não esperava que


ele aparecesse. Estávamos entretendo seus homens esta
noite, tentando lubrificar as engrenagens para um próximo
trabalho que Mad Dog estava armando com ele.

—Não, eles disseram que ele está escondido em sua


casa. Não festeja com os serviçais—, diz Axe. —Eu acho que
ele é paranoico sobre a segurança também.

—Será que Mad Dog se encontrou com Guillermo, ou


ainda temos que estender o tapete vermelho para eles?

—Eu acho que não—, disse Axe. —Mas você conhece o


Pres. Ele guarda para si até que esteja concluído. Além disso,
esses caras não são muito ruins. Trouxeram um russo veado
com eles. Ele parou, bebendo de uma garrafa, uísque
escorrendo em sua barba. —Não é como se você precisasse
dele. Itchy disse que quando eles deixaram você ao norte,
você estava muito envolvido em uma boceta.

—Deve ter sido alguma porra de boceta mágica que o


manteve lá por tanto tempo. — Greasy estende a mão, rindo,
e eu aceito.

—Vá se foder, cara—, eu digo. Eu realmente tinha


esquecido dela. Que porra era o nome dela? Jessie ou algo
assim? Eu era ruim com nomes.

—Eu ouvi as palavras boceta mágica. — Dirty Joe se


aproxima, arrastando uma garota com ele, com o braço ao
redor de seus ombros. Ela tropeça nele, mal conseguindo
andar em linha reta, pressionando seus seios contra o peito
dele, pendurada em sua barriga para apoiar. Dirty Joe tinha
mais do que barriga suficiente para ela se pendurar. —Está
menina aqui tem essa boceta mágica também, não é? — Ele
alcança sua saia, apalpando-a, e ela ri.

—É isso mesmo, papai—, ela geme. —Agora leva sua


cara lá em baixo.

—Desculpe rapazes, — Dirty Joe diz, puxando-a para


longe. —O dever chama.

Eu rio.

—Mad Dog está por aqui? Preciso falar com ele.

Axe aponta para a parte de trás.

—Pode ser que uma das meninas de Guillermo esteja


polindo a maçaneta dele, mas quem sabe.
Eu ando para a sala de trás e bato na porta.

—Pres!

—Jesus fodido Cristo, Blaze! — Mad Dog grita por trás


da porta. —Onde você esteve?

Abro porta, em seguida, puxo a cabeça para trás quando


eu os vejo.

—Merda, Mad Dog. Por favor - podia ter avisado ou algo


assim! — Mad Dog estava enterrado até as bolas em uma
garota que estava curvada, com as mãos no sofá.

A ouço se lamentar.

—Vamos lá, papai, faça—, e então algo em russo.

Na sala principal alguém grita e um copo quebra. Viro-


me para ver Tinyem de pé, balançando, segurando a mão
contra sua cabeça. Axe está gritando com alguém. Era
apenas uma luta.

A porta na minha frente se abre, e uma garota sai com


rímel manchado ao redor dos olhos, descendo um vestido
com estampa de leopardo pela sua bunda, o tipo de vestido
que você veria em uma prostituta de esquina. Ela olha para
mim.

—Gosta do que vê, papai? — Ela cheirava a álcool e


cigarros, e meu estômago embrulhou.

—Cristo, Mad Dog, ela tem dezoito anos? —, Pergunto.

Ela vacila em seus enormes saltos.

—Acabei de fazer aniversário!

—Saia daqui—, eu digo. —Merda.


—Ah, você não quer brincar, papai? Eu vou te mostrar o
verdadeiro prazer. — Empurro-a para longe, eu encontro Mad
Dog no quarto, observo-o acender um charuto.

—Você quer um?

—Cristo, essas menininhas russas são maiores de


idade? — Aceno para o charuto. —Não, eu estou bem.

—Ela diz que tem dezoito anos, — Mad Dog diz,


colocando as mãos no ar. —Quem sou eu para discutir?

—Sim, eu tenho certeza que ela acabou de fazer


aniversário—, eu digo. Eu não tenho certeza sobre fazer
negócio com Guillermo, e este tipo de coisa não me faz sentir
melhor sobre isso. Mas o clube tinha votado, e um voto era
um voto.

—O que, você quer que eu faça, peça o RG? Ela diz que
tem dezoito anos, ela tem dezoito anos. — Mad Dog dá de
ombros. Ele sabia que eu não gostava desse tipo de merda.
Eu não poderia deixar para lá. Crescer com uma mãe viciada
e seus namorados de merda, ser espancado em um orfanato,
faz você ficar muito bravo quando via pessoas se
aproveitando de crianças. Era pessoal.

Se Guillermo estava prejudicando mulheres, crianças,


não era algo que eu queria estar envolvido.

—Como foi a corrida? — Ele sorri, e eu sabia que ele não


estava se referindo ao prazo. Ele estava se referindo à menina
que eu supostamente estava fodendo na sede do clube
durante todo o dia. Pobre garota. Agora, cada cara aqui ia
desejar uma amostra da sua boceta mágica.
—Bem. Fiquei para trás um pouco.

—Então eu ouvi.

Dou de ombros.

—Boceta, homem.

—Bem, enquanto você estava enterrado na boceta, eu


estava garantindo o nosso futuro. — Ele encosta-se à mesa,
dá uma tragada no cigarro, em seguida, parece como uma
espécie de conhecedor, Mad Dog estava muito longe de ser
um conhecedor de alguma coisa, exceto talvez de boceta. Ele
era um homem feio, nariz deformado por ter sido quebrado
muitas vezes para contar, com o rosto enrugado com textura
e cor de couro como resultado de correr de moto por anos.
Olhando para ele me faz pensar que eu precisava parar de
festejar tanto, talvez dormir um pouco.

—O que você quer dizer? —, Pergunto.

—Falei com Guillermo—, diz ele. —Ele quer se encontrar


na terça-feira.

—Você acha que é uma boa ideia, ir para a sua casa?


Ouvi dizer que o cara é a porra de um louco.

—Você tem medo de algum mexicano?

—Porra. Ele nem é mexicano. Ele é panamenho. Você


sabe geografia básica? — Pergunto. —Nós não vamos ter
qualquer proteção. Temos certeza que esse cara não tem
algum tipo de rixa com a gente?

—Nós não iremos sem proteção—, diz ele.


—Ele vai ter mais do que temos—, eu digo. —E você não
acha que ele vai nos revistar, tomar nossas armas?

—Ele é da velha escola—, diz Mad Dog. —Ele quer se


reunir em seu lugar. Se ele quer se encontrar na porra da
lua, é aonde vamos nos encontrar. Você sabe o que isso
significa para o clube. Esse cara é grande, tem armazéns em
todo o lugar, contrabandeando todo tipo de merda por todo o
país. Até mesmo para fora do país. Ele nos diz que quer se
livrar da Fúria MC, nos deixando assumir a proteção
exclusiva dele, e você não quer ir para a sua casa?

—Certo. — Eu tinha minhas dúvidas sobre fazer negócio


com Guillermo. Esse cara tinha reputação de ser louco.
Claro, isso não incomodaria Mad Dog nem um pouco.

—Hey—, diz Mad Dog. —Não se preocupe tanto. Nós


começamos com ele, nós fornecemos toda a sua mão de obra.
Significa muito mais dinheiro em caixa do que temos agora —
. Mad Dog era, na verdade, um homem de negócios decente,
com um bom senso de como o mundo funcionava e como
trabalhar com as pessoas. Ele queria que o clube fosse maior;
eu estava contente sendo um time pequeno. Maior sempre
significaria mais problemas, mais atenção em nós. —Então,
terça-feira, nós vamos lá. —, diz ele.

—Terça-feira.

—Agora, vamos lá mostrar para esses mexicanos como


nós festejamos. — Mad Dog aperta a mão em meu ombro. —A
menos que você esteja muito cansado de toda boceta que
você teve no norte.
—Merda. Ele é panamenho. E esses caras são malditos
americanos—, eu digo. —Você precisa saber disso antes de
nos encontrarmos com ele. — Eu saio com Mad Dog. A
verdade era que eu estava cheio de energia, mas não do tipo
que você precisava para se divertir neste lugar. Enfio a mão
no bolso de trás da minha calça jeans, minhas mãos sentindo
o papel, a nota que ela tinha deixado. Eu precisava tirar o
rosto de Dani da minha cabeça.

Axe me agarra quando eu saio, me arrastando para o


bar e deslizando um copo na minha frente.

—Isto é o que você precisa. — Eu engulo o líquido,


sentindo-o queimar o fundo da minha garganta no caminho
para baixo.

—Ei, Recruta! — Eu grito, e o garoto vira-se para mim


de trás do bar. —Dê-me uma garrafa de Jack. — Eu me
inclino contra o bar enquanto tomo da garrafa e observo a
paisagem.

—Os caras de Guillermo trouxeram algumas vadias com


eles esta noite—, diz Axe.

—Sim, eu vi uma menina antes. Parecia jovem.

—Sim, ela estava com Mad Dog. Jovem demais para o


meu sangue—, diz ele.

Uma mulher caminha até mim, cabelo loiro em cascata


descendo em seus ombros, vestindo um top xadrez que mal
cobria seus seios e um par de calças de couro sem nada por
baixo. Ao meu lado, Axe assobia.
—Hey —, diz ela. Ela colocou a mão no meu ombro, seu
quadril se moveu para o lado, dando-me uma visão completa
de sua boceta.

—Você deve ser uma cowgirl ou algo assim? — Eu dou


um gole da garrafa. Parecia rude não oferecer a ela, porém,
eu não queria exatamente trocar fluidos com esta mulher. Ela
tinha um corpo bonito, mas parecia que tinha rodado uma
vez ou duas. Ou vinte.

—Por que você não vê por si mesmo? — Ela traça a


unha no meu peito. —Vou montar, tenta me segurar.

Ao meu lado, Axe pia eu sinto uma agitação em minhas


calças, e eu acho que eu poderia ter ido para a parte de trás
com ela, mas, honestamente, eu estava fodido agora.

—É uma oferta boa, querida, mas eu acho que Axe pode


precisar mais do que eu—, digo. Ela faz beicinho, mas volta
sua atenção rapidamente para ele. Eu olho para a garrafa.
Metade disto e eu estaria bem.

Nós rodamos até o portão nas motos, Mad Dog, Tank e


um par de outros caras grandes. Portão não era a palavra
certa. Era mais como um composto, com paredes altas e
espessas em uma enorme propriedade em Malibu. Não havia
vizinhos diretos em ambos os lados; eu estava adivinhando
que Guillermo tinha comprado todos os terrenos ao redor da
casa.
—Nós estamos aqui. — Mad Dog fala ao interfone, sua
voz cantando, e as portas se abrem.

Estacionamos, e os caras param na frente da casa, de


boca aberta.

—Porra, cara, olhe para este lugar. — Tank aponta para


os jardins esculpidos em torno da casa, e para a fonte na
frente. —Imagine ter esse cara como seu vizinho? Reuniões
de Associação de bairro, esse tipo de merda?

—Você pode me ver em um lugar como este, certo,


Blaze? — Mad Dog sorri, exibindo os dentes, uma coroa de
ouro. —Bebendo chá com a Rainha? — Ele imita o gesto de
beber chá de maneira exagerada, o dedo mindinho para fora,
e Tank ri, seu estômago gordo tremendo.

—Sim chefe—, diz Tank.

—Vamos, cabeças ocas. — Estar aqui estava me


deixando irritado.

O segurança nos revista e tivemos que entregar nossas


armas, sem surpresa. Um guarda-costas com uma expressão
pétrea nos guia em direção a um escritório.

—Ele está esperando por você. Apenas vocês dois. — Ele


olha para os outros, e Mad Dog acena para eles.

—Espere aqui—, diz Mad Dog.

Guillermo cumprimenta-nos, vestido em um terno que,


provavelmente, custava mais que minha moto. No lado mais
distante da sala tinha uma mesa escura e pesada, e
prateleiras cobriam as paredes, cheias de livros.
—Bem-vindos—, diz ele. —Eu aprecio sua vinda aqui.
Eu não saio tanto, como costumava fazer. As preocupações
de segurança. —Ele fala casualmente, mas percebo um
tremor em sua mão. —Por que não nos sentamos?

Eu olho para a cadeira estofada, em seguida, de volta


para o meu jeans sujo. Tanto faz. Sento-me. Jesus, mesmos
as coisas sendo caras, como eram, não eram confortáveis.

—Vamos falar de negócios. — Mad Dog estava prestes a


se fazer de difícil, eu podia ver isso em seus olhos. Seria ele
quem falaria. Eu estava lá para apoiá-lo, porque ele era um
bom vendedor quando tinha que ser.

—Sim—, diz Guillermo. —Negócios—. Ele faz uma


pausa. —Eu estou precisando de proteção. Eu não tenho o
hábito de pensar a curto prazo. Eu quero um relacionamento
de longo prazo.

—Você estava trabalhando com a Fúria MC—, diz Mad


Dog.

—Tenho certeza que você já ouviu os rumores sobre eles


conversando com os armênios.

—Eu já ouvi—, diz Mad Dog.

Guillermo sacode a cabeça.

—Eu não uso mais seus serviços—, diz ele. —Os


armênios são muito chamativos, liderados por pessoas sem
qualquer espírito para a longevidade neste negócio. Eu não
trabalho dessa forma. Ele atrai a atenção, eu não desejo
atrair. Agora, este desagradável negócio, essa traição da
Fúria, tem me colocado em uma posição desconfortável. Eu
tive que mudar rotas de transporte, armazéns. Não tenho
nenhum desejo de ser envolvido em qualquer coisa de alto
perfil, guerra de gangues, esse tipo de coisa— Ele acena com
desdém, como se isso fosse inferior a ele.

—Nem nós—, diz Mad Dog.

—Quando eu faço uma aliança, contrato proteção, isso


significa que você está trabalhando exclusivamente para
mim.

—Absolutamente—, diz Mad Dog. —Podemos oferecer-


lhe todos os recursos do clube. Tudo o que você precisa.

Mad Dog estava falando, e minha mente estava vagando


quando olhei para as estantes nas paredes. Volumes
alinhados nas prateleiras - grego, romano, história asiática.
Eu me pergunto se ele os leu ou se eram apenas para
mostrar. Ele parecia bem-educado, o tipo de cara que teria
lido todos esses livros. Aperto os olhos, tentando ler alguns
de onde eu estava sentado, e a voz de Mad Dog fica turva
quando eu deixo minha mente vagar. Este quarto recorda-me
de Althea.

Althea foi a minha última mãe adotiva antes de eu ir


para o reformatório. Cheguei a ela quando tinha quinze anos,
já estava no sistema por alguns anos – muito perdido, ou
assim eu pensava. Ela tinha criado cerca de trinta crianças
adotivas antes de mim, mas nunca perdeu a esperança -
independentemente. Eu estava andando com más
companhias naquela época, tentando entrar na gangue de
uma merda de orgulho branco em LA - não porque eu era
racista, mas porque eu era branco e tudo o que importava era
raça. Eu era um punk, apoiava-me na agressividade,
tentando manter o controle, tentando ficar longe da minha
própria vida.

Althea tinha essa enorme sala em sua casa, pelo menos


parecia enorme para mim na época. O que eu sabia? Eu era
um garoto de 15 anos cuja ideia de viver bem era ter uma
cozinha com despensa abastecida. Ela tinha esta biblioteca
em sua casa, uma sala inteira cheia de livros dentro de
prateleiras que cobriam as paredes do chão ao teto. As
estantes estavam cheias de tudo imaginável-, história, arte,
mistério, velho faroeste e ela me incentivou a ler. Encha sua
mente com algo que não seja a merda das ruas, ela disse,
empurrando —A Arte da Guerra— em minhas mãos
adolescentes. Esta sala foi como ser transportado para outro
tempo e lugar.

—Nós podemos fazer isso—, Mad Dog diz, olhando para


mim.

Limpo a garganta, focado no presente.

—Certo.

—Estamos crescendo, e nós estamos prontos para


expandir—, diz Mad Dog.

—Você tem a capacidade de lidar com o tipo de volume


que estamos falando? Vou precisar de cobertura no armazém,
proteção para meus caminhões, a interferência nos postos de
controle. Este não é mais um pequeno comércio de
metanfetamina.

Mad Dog assente.


—Temos a força, e nós cobrimos a extensão de toda a
costa, sul e norte, de uma ponta a outra do Sudoeste. O
volume será maior, mas nós temos a mão de obra.

—Eu tenho um carregamento entrando no décimo dia.


Seus caras podem lidar com esse tipo de volume, então?

Mad Dog sorri e eu assinto.

—Nós podemos.

—Bom. Esse vai ser o primeiro. Podemos ver como isso


vai acontecer. —Guillermo recosta-se na cadeira. — Há outra
coisa que eu preciso de você. É uma questão sensível, uma
questão pessoal.

—Diga o assunto. — Mad Dog teria vendido sua mãe


neste momento para chegar a um acordo com ele.

—Eu preciso manter esse trabalho longe, tirá-lo do meu


círculo. — Ele se inclina para frente, sua voz baixa. —Eu
tenho um rato— Ele levanta a mão antes de qualquer um de
nós pudesse dizer qualquer coisa. —Eu estou cuidando do
problema. Mas esta carga é preciosa, e eu preciso dela sendo
manuseada adequadamente, sem meus rapazes.

Eu balanço a cabeça.

—Qualquer coisa.

—Um velho problema voltou a assombrar-me—, diz ele.


—Alguém que está decidido em destruir eu e minha família.
Ele pode ter comprometido os meus homens, e eu preciso de
alguém sem nenhum envolvimento.

—Diga o assunto—, diz Mad Dog.


—Minha filha é parte do negócio. Ele pode vir a mim; eu
posso ser um homem velho, mas sei me cuidar. Mas ela? Eu
quero ela o mais longe disto possível. Eu preciso que você a
leve para algum lugar e fique quieto até que isso passe.

Mad Dog assente.

—Podemos levá-la para uma casa segura, colocar um


par de caras com ela.

Guillermo sacode a cabeça.

—Não. É da minha filha que estamos falando. Eu não


quero um par de bandidos aleatórios sobre ela.

Mad Dog olha para mim e ergue as sobrancelhas. Eu


sufoco um gemido. Merda. A última coisa que eu queria fazer
era ser babá da princesinha do papai.

—Eu tenho que cuidar do clube, mas Blaze pode fazer


isso.

Guillermo olha para mim.

—Nada acontece com ela.

Eu balanço a cabeça. Entendi.

—Nada. Ela não pode ser tocada, por qualquer pessoa.


— Ele faz uma pausa. —De qualquer maneira—. A mensagem
veio alta e clara. Entendido. Sem experimentar a mercadoria.
Como se eu fosse foder a garotinha do papai. Vamos lá.

Mad Dog bate no meu braço.

—Blaze é o seu homem. Ele é um monge. Um santo.

Guillermo olha para mim.


—Sim, tenho certeza. Nenhum cabelo em sua cabeça
deve ser tocado —, diz ele. —Se ela for prejudicada de
qualquer forma, bem, você pode apenas imaginar...

—Entendido. — Eu estava irritado. É, entendi, eu


estaria preso como babá de uma garota no meio do nada.
Clássico.

Guillermo fica em silêncio por um momento antes de


falar.

—Há outra pequena questão pessoal relacionada com a


minha filha.

—Claro—, eu digo, sarcástico.

Ele olha para Mad Dog neste momento.

—Isto é separado do nosso negócio. Não deve ser um


trabalho difícil, mas vou precisar de alguém cuidando do ex -
namorado da minha filha, algum punk da faculdade que a
espancou.

Mad Dog assente.

—Nos de os detalhes. Quando tivermos o outro negócio


incluso. Eu vou fazer isso de graça. Considere-o um presente.

Guillermo parece satisfeito.

—Eu acho que isso vai dar certo.

Mad Dog.

—Uma aliança de longo prazo.

—Sim. — Guillermo vai até a mesa e aperta um botão no


telefone, ativando o intercomunicador. —Mande minha filha,
por favor. — Ele se vira para mim. —Eu devo avisá-lo. Ela é
um pouco teimosa. Ela não está satisfeita com este plano,
dizer isso é o mínimo.

Eu tenho que controlar meus olhos de rolarem. Isso é


exatamente o que eu precisava, tomar conta de um pirralha
rica e mimada que iria lutar contra mim e reclamar o tempo
todo.

A porta se abre, e ela atravessa, seus olhos brilhando.

—Papai, eu te disse que não vou a lugar nenhum. Eu


não sou a porra de uma prisioneira...

Guillermo interrompe.

—Dani—, diz ele. —Este é o cavalheiro que vai te


acompanhar até a casa onde você estará em segurança...

Quando ela se vira, meu coração para. Eu estava de pé,


as pernas tremendo. Ela. Dani. Ela estava vestida de forma
conservadora em uma blusa branca e calças de linho preto,
um lenço amarrado no pescoço. Eu sabia o que estava sob o
lenço, é claro. Merda, eu sabia o que estava sob suas roupas.
Uma imagem dela passou diante de meus olhos - Dani, nua
embaixo de mim, a minha boca em seus lábios, seus seios,
sua boceta. Eu ainda podia sentir o gosto dela. Não toque em
um fio de cabelo de sua cabeça? Eu já tinha tocado mais do
que isso. Eu tinha estado em todos os lugares. Guillermo
Arias ia me matar.

Os olhos de Dani se arregalam, e seu rosto fica pálido


enquanto ela fica em silêncio. Merda. Ela não parecia feliz em
me ver. Na verdade, eu era provavelmente a última pessoa no
mundo que queria ver. Quem poderia culpá-la? Tenho certeza
que ela não pensou que iria foder com um motoqueiro sujo
na beira da estrada e se encontrar com ele novamente.

Guillermo quebra o silêncio.

—Peço desculpas pela grosseria da minha filha. Como


eu disse, ela não está totalmente feliz com este arranjo.

—Eu entendo. Blaze irá fornecer proteção, a manterá


segura até que tudo esteja resolvido—, diz Mad Dog.

—Dani—, eu digo.

Seus lábios se separam, mas nenhum som sai. Eu não


poderia dizer se ela estava com raiva ou vergonha.

—Prazer em conhecê-la—, eu digo. —Eu sou Blaze.

Sinto uma corrente de eletricidade entre nós, o mesmo


calor que tivemos no hotel. Ela corre pelas minhas veias e eu
sinto meu sangue ferver, pensando em seu toque. Eu queria
pegá-la em meus braços, levá-la e tirá-la daqui, longe desta
vida. Era algum tipo de instinto primitivo. Levou tudo que eu
tinha para ficar lá, parado no lugar, e não correr para ela.

—Eu sou Dani, — ela diz, seu olhar nunca me deixando,


calor brilhando em seus olhos.

Quando ela falou, eu sabia disso. Eu sabia mais do que


qualquer outra coisa na minha vida. Eu sabia que essa
menina iria me destruir.
CAPÍTULO 7
A cabana
Dani

—Isso é uma merda! — Enrolando a camiseta, eu a jogo


na bolsa. —Eu estava tão feliz de ter desempacotado tudo só
para ter que empacotar tudo de novo. Para onde eu serei
banida desta vez, afinal?

Meu pai fica parado dentro do meu quarto com uma


carranca.

—É para o seu próprio bem. Já falamos sobre isso.

Eu volto para o meu closet para pegar sapatos.

Eu escolho um par de Jimmy Choo, então os coloco de


volta. Obviamente eu não necessitaria desse tipo de sapatos.
Eu jogo um olhar para o cofre no fundo do meu armário. Eu
deveria levar a minha arma? Eu pego um par de tênis mais
condizentes com a situação e saio do armário.

—Então você está me dizendo que eu simplesmente


deveria me sentar na porra de uma casa em algum lugar,
sem me dizer onde, e com um cara que eu nunca vi?
—Vai ser com alguém seguro, alguém em quem eu
confio. — Meu pai faz uma pausa. —E cuidado com a porra
do seu linguajar. Eu não vou me sentar aqui e ouvir você
gritar comigo com essa boca suja. Você não é um malandro.

—Papai, por favor! — Eu me sento na cama, eu não


precisava disso no momento. Eu vim para casa para ficar
longe de Billy, limpar minha cabeça e ter um pouco de
diversão neste verão. De repente o problema com o Billy é
muito pequeno em comparação.... Parece ter acontecido há
milhões de anos. —Eu quero ver meus amigos, ir para a
praia, fazer coisas normais que estudantes universitários
normais fazem.

—Você não é uma universitária comum. — Meu pai se


senta numa poltrona próxima a minha cama. —Eu sinto
muito que você não goste, mas tudo isso? — Ele faz um gesto
para todo o quarto. —Tudo isso veio do meu trabalho. Você
está onde está por causa dele, e você pode expressar um
pouco mais de gratidão pela sua situação atual.

—A situação atual é eu estar sendo lançada para


algum lugar de merda no meio do nada, longe de todo mundo
que eu conheço. Para minha própria proteção. — Eu cuspo as
últimas palavras, furiosa com ele. Eu tinha amigos em Los
Angeles, pessoas que eu conhecia. —Eu nem mesmo sei para
onde estou indo!

—Você não precisa saber. É para o seu próprio bem.

Eu rio amargamente.
—Como assim, tudo é para o meu próprio bem? Eu
estou de saco cheio de ouvir isso. Estou de saco cheio de tudo
isso—

Raiva brilha em seus olhos.

—Eu te aconselho a não dizer algo que vai se


arrepender. Se você não gosta de tudo isso, como você diz,
eu posso organizar tudo para que você não tenha que lidar
com mais nada disso.

Não era um conselho paternal. Era uma ameaça direta,


vinda de um homem que tinha poder e influência que eram
mais abrangentes do que eu podia imaginar.

—Isso é por causa do que aconteceu com Billy? — Eu


não podia ajudar a mim mesma. Eu tinha que continuar. Eu
juro que não tinha desejo de morrer.

—Não, mas ele lidará com isso devidamente.

—Eu não quero que ele lide com isso. — Eu digo. —Eu
não voltei para casa para você matá-lo. Diga-me que você não
irá matá-lo!

Meu pai me encara sem piscar.

—Ele merece viver?

Não exatamente. Eu reflito. Então.... Sim, claro que ele


merece.

—Ele estava chapado. Ele me sufocou, você não


pode matá-lo! — Eu protesto. Eu sabia que um apelo moral
para não matá-lo não iria convencer meu pai, mas talvez um
prático faria, —Você sabe quem ele é?
—Eu sei quem ele é!

—Ele é alguém, papai. — Eu espero para ver se alguma


coisa do que eu disse foi registrada por ele. Eu espero que
sim. —Ele é um dos Randolphs. Eu não ligo para merda
nenhuma que ele fez comigo. Você não pode ir lá e
simplesmente matá-lo. Você não pode! Eles virão atrás de
nós.

—Isso não é nada pra você se preocupar.

—Sim, é sim, papai. É, com certeza, minha


preocupação. Como você pode dizer que não tem nada a ver
comigo?

—Não tem nada a ver com você.

—Promete que você não irá atrás dele!

—Eu não vou fazer essa promessa.

—Promete para mim! — Eu imploro. —Por favor, não o


mate!

—Eu não vou nos conectar a isso, de qualquer forma.

—Você não pode, papai— eu imploro. —Irá se voltar


contra nós. Se alguém tocar nele, isso virá contra nós. — Meu
estomago se revira. Eu sabia que vir para cá era má ideia.

No fundo eu sabia, tinha esperança que meu pai seria


um homem razoável, que ele não faria algo insano como
ir atrás de Billy. Eu pensei que ele entenderia que isso é algo
perigoso. Os Randolphs eram bastante influentes.
Eu gostaria de ter ficado na universidade, manter a
distância de Billy, esperando até que ele se cansasse e
partisse para a próxima.

O que há de errado comigo? Você sabia que


ele iria matar Billy. Uma parte de você sabia, e isso faz com
que você seja uma assassina também. Você é a filhinha do
papai.

Não, não, não.

Meu pai beija minha testa.

—Eu prometo a você que isso não terá ligações conosco.

—Está errado!

—Moralidade é para pessoas que vivem no mundo da


fantasia. Agora, eu não quero ouvir mais nada sobre isso.
Essa conversa sobre Billy acabou.

Acabou significa acabou para o meu pai. Literalmente,


se você não for cuidadoso.

—Você pode me dizer o porquê eu tenho que ir, afinal?

Ele bufa.

—Eu não quero trazer à tona memórias dolorosas.

Meu coração falha uma batida. Eu fico sentada na


minha cama, as mãos entre minhas pernas, quase com medo
de perguntar.

—Você já fez isso, no telefone. Você abriu aquela


porta...— Eu ouvi minha voz falhar.

—É sobre o assassino da sua mãe.


Eu inalo bruscamente. Minha mãe. Ele já tinha dito no
telefone, mas meu coração continuava fugindo, tendo ele
trazido isso à tona.

—O que exatamente está acontecendo?

—O homem que a matou...

—Aquele que você disse que estava morto. — Eu


interrompo, não ligando se ele achava isso rude. —Ele não
está morto, afinal, está?

Meu pai nega com a cabeça.

—Não.

—Você sabia que ele estava vivo todo esse tempo? —


Minha voz soa como se viesse de algum outro lugar, algum
lugar fora de mim, essa voz estridente, chorosa, que
claramente não soava como a minha. Não soava como se eu
estivesse no controle. —Você me disse que ele estava morto.
Você mentiu pra mim!

—Eu te disse isso para te proteger!

—Me proteger? — Eu não conseguia controlar o volume


da minha voz. Eu me levanto oscilando, meus pensamentos
correndo tão rápido que eu não conseguia encontrar sentido
nisso. —Me proteger do quê? Me proteger da vida que você
me forçou a viver quando eu era criança? Me proteger da
minha mãe sendo assassinada? Me diz! — Eu estava
gritando, cheia de raiva. —Me diz! Do que exatamente você
estava tentando me proteger?

—Você não tem nenhuma ideia, Dani. — Ele diz. —Você


acha que você tem algum conhecimento sobre isso, que você
sabe de algo? Você não sabe de nada! Você não sabe o que eu
sei, o que você poderia ter visto.

—A morte da minha mãe... Isso não foi nada, então?

Ele balança a cabeça, pesar cobrindo seu rosto, pelo


menos eu pensei que era pesar, porque nunca havia visto
isso em meu pai.

Ele era um camaleão emocional, mudando por capricho,


e eu poderia nunca ter certeza do que era verdadeiro. Ou se
alguma vez algo já tinha sido verdadeiro.

—Você sabe que não é isso que eu estou dizendo. A


morte da sua mãe foi uma tragédia, mas seu assassino se foi
e não tem mais nada que você possa fazer sobre isso. Você
não precisa se preocupar sobre ele estar indo atrás de você. É
disso que eu estou te protegendo.

—Então o assassino da minha mãe está solto por ai por


todos esses anos esperando para me matar também, e você
me deixou pensar que eu estava completamente segura? Essa
é a sua ideia de proteção?

—Você estava sendo protegida a todo momento. Você


estava segura.

—Mas de repente eu não estou.

—Não, você não está.

—Mas você não vai me dizer o porquê não.

—Não, eu não vou.

—Por que eu deveria ir para alguma casa segura?


—Não existe deveria. Você vai. E esse é o único
momento que nós teremos essa conversa.

—Isso é uma ameaça? — Eu o estava pressionando e


sabia disso. Eu o estava testando. Eu vi a veia em seu
pescoço pulsar, a única coisa que me deu um termômetro de
quão bravo ele estava quando eu era criança, o quão perto ele
estava de explodir. Eu o observ o, imaginando se iria explodir
agora.

Ele raramente o fez, mas quando fazia era nuclear.

Quando eu tinha quatorze anos minha mãe foi


assassinada. Eu me perdi depois disso, fiquei fora de
controle, e meu pai estava bravo o tempo todo. Eu não sabia
se ele estava bravo com ele mesmo, comigo ou com o mundo.
Mas um dia, eu estava sentada na minha cama, sentindo
falta da minha mãe e eu tive uma epifania, tanto quando é
possível para uma criança de quatorze anos ter algo assim.
Eu sempre pensei que meu pai fosse perigoso, mas nunca
para mim. Com outras pessoas, obviamente. Mas nunca
comigo, sua filha. Mas havia algo sobre ele após o
assassinato, algo sombrio... e eu pensei que ele poderia de
fato me matar. Foi por esse motivo que eu implorei para ir
para um colégio interno.

—Isso não foi uma ameaça. — Ele diz. —É uma


afirmação. Nós não teremos essa conversa de novo. Empacote
suas coisas. Nós sairemos amanhã.

Depois que ele saiu, eu sentei na minha cama me


sentindo esgotada. Parte de mim queria brigar com isso,
contra essa merda, pular num carro e fugir dali. Eu poderia
começar uma nova vida em algum lugar com um novo nome.
Eu poderia viver na Tailândia, servindo coquetéis na praia,
ter uma vida simples, eu poderia ser outra pessoa, qualquer
uma, alguém que não fosse filha do meu pai. Outra parte de
mim estava resignada com tudo isso, da mesma forma que eu
sempre estive resignada com o fato que meu pai controlaria
toda a minha vida, não importa onde eu estivesse. Tudo que
ele me dava vinha com um preço, e esse era o custo. Eu fiz
um pacto com o demônio.

Eu sabia que não teria força para lutar com ele. Eu


calaria a minha boca, iria para a casa segura, leria alguns
romances, e sentaria sobre a minha bunda esperando que
ele fizesse o que quer que ele vá fazer. Eu não faria perguntas
demais e eu viveria. Meu instinto pela autopreservação iria
vencer no final das contas.

Era inevitável. Essa era a lição mais importante que eu


já tinha aprendido na vida.

Sempre salve você mesma.

Eu me preparei enquanto esperava do lado de fora da


porta de madeira maciça do escritório do meu pai. Os
motoqueiros ficaram na frente da casa, persistentes, jogando
por ali, brincando de agarrar e derrubar uns aos outros na
grama como um grupo de jogadores de futebol americano do
ensino médio. Idiotas. Esses caras não parecem
familiares pra mim, são como um clube diferente daquele que
ele tinha quando eu estava crescendo. Mas eles eram todos
iguais. Meu pai estava sempre na cama com os
motoqueiros. Tal pai, tal filha. Eu penso.

Calor subiu pelas minhas bochechas enquanto eu


pensava no que aconteceu com Blaze, as mãos dele no meu
corpo, a boca na minha, nos meus seios. A imagem dele
olhando-me de cima, insistindo para que eu abrisse meus
olhos e olhasse pra ele enquanto ele gozava, passou por
minha cabeça, imediatamente me senti excitada, como um
reflexo, na boca do estomago e irradiando
pelos meus quadris.

Pare! eu penso. Ele foi embora e não foi nada.

Foi uma noite em que você ficou com alguém que não
conhecia. Tire-o da cabeça. Não significou nada!

Eu olho para Martin, um dos seguranças do meu pai,


parado com suas costas contra a porta, com sua expressão
inabalável. Ele era como um daqueles guardas da torre
de Londres, ou algo assim. Eu imaginava se ele alguma vez já
tinha rido.

—Você já riu alguma vez, Martin?

—Madame? — Ele questiona de volta, olhando na minha


direção.

—Eu quero dizer, será que meu pai te paga


especificadamente para não sorrir?
—Eu não sei do que você está falando, madame. — A
porta se abre e Martin pega meu cotovelo, guiando-me para
dentro. —Madame.

E sua expressão nem se quer mudou.

A porta se fecha atrás dele, e eu fico parada ali, com a


minha força reunida para um último protesto.

Eu não esperava que isso iria valer a pena, mas me


sentiria muito estúpida se simplesmente concordasse sem
que deixasse meu pai saber que eu estava realmente puta
sobre tudo o que estava acontecendo.

—Papai. Eu te disse que não estou indo para lugar


nenhum... Eu não sou a porra de uma prisioneira...— Meu
pai me corta.

—Dani. — Ele diz —Este é o cavalheiro que irá te


acompanhar até casa onde você estará em segurança.

Eu olho em volta para ver um velho motoqueiro com a


pele de couraça e a face como a de um cavalo, parado ao lado
da mesa do meu pai. Esse era o cara que iria junto
comigo? Porra nenhuma! Atrás dele houve um movimento,
onde outro cara estava parado.

—Dani— ele diz, e eu reconheceria essa voz em qualquer


lugar.

Eu o encaro, momentaneamente muda, meu coração


ameaçando saltar pela minha garganta. Era ele. Blaze.

Ele estava vestindo calça jeans e colete de couro,


olhando pra mim da mesma maneira que ele fez no hotel. É
como se eu nunca o tivesse deixado.
Eu senti o mesmo calor no meu corpo, o mesmo desejo
me ligando a ele, para deixar que ele rasgasse as minhas
roupas, é como se cada célula no meu corpo estivesse
gritando para ele me jogar sobre seus ombros e me levar para
longe dali.

Eu engulo, minha garganta de repente tão seca quanto o


deserto do Saara. Blaze estava envolvido com o meu pai.

Não, não, não! Não é possível!

Eu sinto isso como uma espécie de traição, mas eu não


conhecia Blaze, então eu não poderia considerar isso uma
traição, não realmente. Não se pode ser traída
por alguém que você não conhece, alguém que não conhece
você.

—Eu peço desculpas pela grosseria da minha filha.—


Ele diz. —Como eu disse, ela não está totalmente feliz com
esse arranjo.

O motoqueiro mais velho aquiesceu.

—Eu entendo. Blaze providenciará a proteção, a


manterá segura até que tudo esteja resolvido.

—Dani— Blaze diz.

—Dani, Dani—.

Eu o ouvi dizendo meu nome, sua boca próxima ao meu


ouvido, ainda o sentindo dentro de mim.

Olhe para mim, Dani.


Eu abro minha boca para falar, para dizer alguma coisa,
mas fico paralisada. Diga alguma coisa. Você está parecendo
uma idiota, parada aqui sem dizer nada.

—Prazer em conhecê-la, eu sou Blaze.

Blaze. Por que ele estaria envolvido com o meu pai?

Eu o encaro, o sangue zunindo em minhas orelhas. Era


tudo que eu poderia fazer para não gritar.

—Eu sou Dani. — Eu digo.

Eu estava inexplicavelmente brava com ele. Ele não


sabia quem era o meu pai, o que ele fazia?

Eu tinha esse estranho impulso de proteger Blaze, tudo


que meu pai tocava era sujo. Blaze poderia ser contaminado
por ele, assim como todos os outros. Ou destruído, como
minha mãe. Ele apenas não sabia disso ainda.

—Não, isso não irá funcionar. — Blaze aponta para as


minhas malas no chão da garagem.

—Do que você está falando, o que não vai funcionar? —


Eu pergunto.

—É coisa demais. Você vai ter que deixar algo para trás.

Agora eu estava puta.


—O que você quer dizer com deixar para trás? Eu nem
sei quanto tempo vou ficar fora. Ninguém me diz nada e eu
preciso da porra de algumas roupas!

Blaze suspira.

—Suas mer....— Ele começa a falar —merda— mas para,


olhando para o guarda-costas que nos assistia. —Suas coisas
têm que caber na moto. Aqui tem muita coisa.

—Se nós vamos ficar em algum lugar por um tempo, por


que não irmos de carro? Desse jeito podemos levar tudo. —
Eu digo, cruzando os braços sobre o peito.

—Sem carros. — Blaze balança a cabeça.

Eu suspiro. Eu sabia que tinha soado como uma criança


petulante, mas eu realmente não ligava. Além disso, estava
permitido para eu ser uma pequena petulante, devido as
circunstâncias, certo? Eu não poderia ser culpada por isso.

—Tanto faz, quanta coisa eu posso levar?

—Aqui. — Ele atira-me uma mochila.

—Sério?

—Sério. — Ele diz, o tom totalmente de negócios. —Além


disso, isso é tudo que vai caber no bagageiro.

—Está bem. — Exasperada, eu abro minha mala de


viagem ali mesmo no meio da garagem, cavando
cuidadosamente pelas minhas coisas, puxando pra fora
minhas calcinhas e sutiãs. Socando-os na mochila. Eu
estava consciente dos olhos de Blaze em mim, e eu olho pra
cima, na direção dele. —O que? Você vai ficar simplesmente
parado aí me encarando? Você quer saber que tipo de roupa
intima eu estou levando? — Eu não ligava pra merda
nenhuma sobre termos feito sexo.

Ele estava conspirando com meu pai, e agora estava me


dando nos nervos.

Blaze ergue suas sobrancelhas.

—Não.

Ele anda para longe, ficando próximo à sua moto,


olhando para fora, para o gramado da frente.

Foda-se ele! E foda-se meu pai!

Eu puxo para fora o que eu precisava e atiro a mochila


para ele quando termino. Eu coloco um de meus sapatos em
um dos sapateiros. Eu olho para ele.

—Pra onde você está me levando?

—Você verá quando chegarmos lá. — Sua voz é fria.

—Não é como se você fosse me vendar ou algo do tipo.


Como eu vou saber que você não vai me amarrar ao
aquecedor de algum buraco de merda e me deixar por lá?

Os cantos de sua boca se erguem e ele se aproxima de


mim, com a respiração quente nos meus ouvidos.

—Você teria que ser muito sortuda.

—Vai se foder! — Eu digo, Blaze estava tratando disso


como uma piada, e isso não era engraçado. Ele não tinha a
capacidade de entender o quão estúpida era a coisa na qual
ele estava se metendo, se aliando ao meu pai. Eu o tachava
mais esperto que isso.
Ele recua bruscamente, seu rosto endurecendo.

—Vá se despedir do seu pai. — Ele diz.

—Nós não estamos nos falando.

—Vá se despedir, ele está parado bem ali.

Eu olho para Blaze, meus olhos queimando de ódio.


Como ele se atreve me dizer o que fazer? Ele era exatamente
igual ao meu pai, eu não sei o que vi nele naquele jantar ou
no hotel. Mas tanto faz o quê, se foi agora. A pessoa que
estava parada na minha frente agora, era alguém cúmplice do
meu pai, não era a mesma pessoa que me segurou na
banheira do hotel na outra noite.

—Não me diga o que fazer! — Eu digo, mas eu o faço de


qualquer maneira, pisando forte até onde estava meu pai.

—Não será por muito tempo. — Diz meu pai.

—Quando eu voltar, não ficarei mais aqui, de qualquer


maneira. — Era meu último ato de desafio antes de partir.

Meu pai franze o cenho.

—Você pode ir para qualquer outro lugar.

—Bom! — Eu me viro, indo em direção a Blaze, eu não


esperava que meu pai concordasse com isso assim tão
facilmente, eu esperava uma reação maior por parte dele.
Essa foi a verdade, porém. Depois disso eu estava farta com
ele, e com o seu estilo de vida. Isso não me causou nada mais
que sofrimento, eu preferia largar a escola e me
tornar garçonete e me manter afastada de toda essa merda.

Blaze me estende um capacete.


—Coloque-o! — Em seguida, a mochila.

Eu monto, envolvendo minhas mãos ao redor dele. Meu


coração pulando enquanto o seguro apertado, meu corpo se
moldando com o dele. Do mesmo jeito que antes.

Não. Não como antes.

O que não era como antes é o fato de eu estar sendo


mantida por esse cara, em conspiração com meu pai. Então,
não era o mesmo. Da última vez, eu tinha escolhido ir com
ele, e isso não é o que acontecia dessa vez.

Eu reconhecia cada vez menos da paisagem a medida


em que cruzávamos as estradas que saíam de Los Angeles.

Eu procuro saídas, tentando memorizar a rota que


traçávamos. Então eu desisto, percebendo que ele estava
tomando uma rota circular para sair da cidade. Não sei se
para evitar que eu memorizasse a rota ou para evitar que
fossemos seguidos. Eu suspeitava da segunda opção.

Eu tinha dirigido com o meu pai o suficiente para saber


o que era manobras evasivas. Mesmo assim, isso me deixou
preocupada. Eu não sabia absolutamente nada sobre esse
homem. Claro, era tecnicamente para me manter protegida,
mas eu estava me sentindo como num inferno de um
sequestro.

Eu realmente sabia do que ele era capaz?

Ele era um dos homens de confiança do meu pai, isso


não poderia ser nada bom.

Nós paramos em um pequeno posto de gasolina para


fazer xixi, não o mesmo tipo de lugar que tínhamos ido
jantar. Esse lugar parecia ser parte de uma cidade fantasma,
a construção que tinha deixado para trás seus dias de glória
nos anos cinquenta.

—Isso está aberto, pelo menos? — Eu pergunto. —


Parece abandonado.

—Só é velho.

Blaze fica do lado de fora do banheiro enquanto eu uso


as instalações ancestrais, esperando por mim, em silencio.
Guardando-me, ou me mantendo prisioneira. Eram dois
lados de uma mesma moeda.

—Então, você vai me dizer para onde estamos indo? —


Eu pergunto, secando minhas mãos nos meus jeans,
enquanto andávamos de volta para a moto.

—Eu te disse, estamos indo para uma casa segura. Você


pode ler as placas na estrada. Eu não estou escondendo a
localização de você ou algo assim....

—Casa segura de quem?

Blaze acena.

—Vamos apenas ir.

A casa era perto do Big Bear, longe das pequenas


cabanas e das belas casas de veraneio, abaixo de
uma longa estrada rústica. Eu não tinha visto outra casa, ou
loja, nos últimos vinte minutos. Meu coração afundou.
Quando eles tinham dito casa segura, eu pensei em algum
lugar desconhecido, nos subúrbios, algum lugar que não
estava ligado ao meu pai. Algum lugar ligado, pelo menos, a
civilização. Não isso. Isso era no meio do nada.
Não importa se eu sabia onde estávamos ou
as cidades que passamos pelo caminho, não havia nada lá
fora.

Eu estava completamente desligada de tudo. Não


deveria ter sinal de celular e não era como se eu pudesse
subir na sua moto e fugir para a longe. Eu sempre fui um
passageiro em motocicletas, nunca as dirigindo. Eu imagin o
se Blaze sabe disso, se era essa a razão para não virmos de
carro. Merda. Blaze era cada vez menos meu herói,
aquele motoqueiro gentil e suave como no hotel. Não, ele
estava se tornando cada vez mais parecido com um dos
bandidos contratados do meu pai. Só outro cuzão.
CAPÍTULO 8
Mantendo distância
Blaze

Eu a vejo parada em frente à casa, absorvendo tudo,


procuro na sua expressão por qualquer sinal de desdém. Eu
estava apenas esperando por um comentário condescendente,
alguma coisa que ela faria ou diria que me faria odiá-la. Bem
agora.

Eu queria agarrá-la, colocá-la sobre meus ombros e


levá-la até o quarto. Cristo, na moto enquanto nos dirigíamos
para cá, eu não conseguia parar de pensar sobre ela e seus
braços em volta de mim. Quando nós paramos no posto de
gasolina, tudo o que eu pude fazer foi ficar do lado de fora da
porta, com meus pés pregados no chão, esperando,
somente para não entrar e ter o meu tempo com ela. Isso
seria realmente elegante, Blaze. Pegá-la naquele banheiro sujo
do posto de gasolina. Seria um bom momento para mostrá -la
que você não é apenas um bandido.

Eu não poderia parar de pensar sobre Dani, não desde


aquela noite. Eu nunca estive tão distraído por uma garota
antes, e quando ela entrou pela porta da casa de Guillermo, a
única coisa que eu podia pensar era que eu a veria
novamente. Mas nessa situação?

Não importa o quanto eu a queria na cama, colocar


minha boca sobre a sua boceta. Eu não podia. Não com a
filha de Guillermo Arias. Ele me mataria, e talvez até mesmo
ela.

Se eu já estava relutante em me envolver com Guillermo


antes, estreitamente a perspectiva de negócios, esse
sentimento era milhões de vezes mais forte agora. Ele não era
algum criminoso meia boca.

Foi difícil ganhar uma boa informação sobre o cara


porque ele era discreto, mas o que eu ouvi falar é que ele
estava organizando uma das maiores operações de
contrabando do país, se não do continente. O rumor era que
ele estava traficando muitas coisas e eu suspeitava que isso
incluía mulheres e crianças. Eu só não tinha conseguido
ninguém que confirmasse alguma coisa, só que ele era cruel
quando ia atrás de seus inimigos e eu não tinha interesse
nenhum em me tornar um deles.

O fato de eu ser incapaz de reunir mais informações


confiáveis sobre ele me fez mais inquieto. Rumores
sussurrados não eram um bom sinal. Este era um cara que
eu não tinha certeza de como lidar ainda, e então eu tinha
ido e dormido com a sua filha. Se um cara como ele descobre
algo assim.... Eu não quero nem pensar no que ele faria
comigo ou com o clube. Ou com ela.

Dani estava brava comigo e ela tinha todo o direito de


estar. Seu pai havia jogado essa bomba sobre ela e aqui
estava eu, o único que a mantinha contra a sua vontade. Mas
ela tinha que entender que eu estava apenas fazendo o meu
trabalho.

Não era como se eu tivesse fugido com ela na minha


moto na noite em que transamos e a tivesse mantido aqui na
cabana. No entanto, eu tinha que admitir, o pensamento de
fazer isso não era completamente desagradável.

Não, essa garota está fora dos limites. Eu precisava


lembrar disso se eu quisesse sobreviver... E se eu quisesse
que ela sobrevivesse. O pai dela era perigoso.

Então Dani olhou para mim com aqueles olhos grandes,


e eu derreto por dentro. Merda, isso vai ser muito difícil.

—Essa é a casa segura? — Pergunta Dani.

Eu concordo.

—É a minha casa. — Diga algo sarcástico - eu penso –


algo sobre essa pequena cabana de merda. Algo que que me
faça odiar você por dizer. Eu me sentia vulnerável a trazendo
aqui e mostrando a casa. Era algo pessoal e eu senti muito
como se eu estivesse deixando-a estar em uma parte de
mim que eu tinha certeza que ela não pertencia. Ela era de
um mundo diferente, um que eu não tinha espaço. Essa
cabana era minha, o único lugar onde eu podia estar longe de
todas as merdas horríveis da minha vida. Deixando-a entrar
nisso poderia ser um grande erro.

—É realmente muito silencioso por aqui. — Ela diz,


olhando em volta.
—É por isso que eu gosto daqui. — Eu não apenas
gostava, eu amava. Não havia ninguém em volta, não por
alguns quilômetros. Eu tinha economizado por anos para
comprar meu pedaço de terra aqui, no meio do nada, tendo o
vizinho mais perto em dez quilômetros. Quase tudo em volta
era floresta, a estrada que chegava até aqui era bem
empoeirada, e não havia internet, sem telefone fixo, sem
conectividade para telefone celular. Era longe da porcaria dos
turistas, e isso o fazia perfeito para mim.

—Escute isso. — Dani diz.

—O quê? — Eu olho sobre meu ombro. Eu tinha sido


bem cuidadoso em não ser seguido até aqui, eu pensei que
tinha visto alguém quando deixamos a casa de Guillermo,
mas eu não podia ter certeza. O carro tinha desaparecido
antes de estarmos longe o suficiente, e eu estava confiante de
que não havíamos sido seguidos até aqui.

—Não há nada! — Ela diz. —Absolutamente nada. É


completamente quieto, sem ruído, sem transito.

—Sim, só o som dos pássaros e o vento sussurrando


entre as árvores. É por isso que eu amo aqui.

—Então, isso é seu? — Dani abrange toda a varanda da


frente com as mãos. —É uma cabana de madeira real.

—É! Eu a construí. — De fato, eu tinha passado dois


anos construindo esse lugar, de pouco em pouco.

—Nenhuma cerca branca? — Ela sorri, pela primeira vez


desde que nos vimos de novo e eu sinto meu coração derreter.
Deus, essa garota ia me quebrar.
—Não ainda.

Dani toca a cadeira de balanço na varanda e a


movimenta. Eu não posso parar a mim mesmo de pensar nela
sentada ali, lendo um livro ou bebendo café.

—Então você realmente construiu tudo isso sozinho?

—Sim. — Eu digo. —Com as minhas próprias mãos.

Eu fui incapaz de manter o orgulho longe da minha voz,


essa casa era o meu bebê. Ao mesmo tempo que eu esperava
que ela dissesse alguma coisa sarcástica ou condescendente
sobre a minha pequena cabana. Depois de tudo, minha
cabana não era exatamente no mesmo código postal que a
mansão multimilionária do seu pai. Inferno, não era nem
mesmo na porra do continente que ela estava acostumada. O
que eu estava pensando, trazendo-a aqui?

—Você construiu isso totalmente sozinho?

—Não totalmente. — Eu digo. —Eu tive que comprar de


fora um par de coisas que eu não tinha nenhuma ideia de
como fazer. — Eu tinha obtido tudo que poderia a partir da
terra, aprendendo construção ao longo do caminho. As
poucas coisas que eu não tinha sido capaz de fazer, eu
contratei de fora, mas tinha sido cuidadoso sobre isso. Eu
paguei em dinheiro e paguei pela confidencialidade. Você não
podia ser tão cuidadoso.

—Então você é motoqueiro e carpinteiro. — Isso era um


elogio? Eu não estava muito certo de como tomar isso.

Eu encolho os ombros.
—Eu imagino que tenha alguma coisa na vida que você
deve saber como fazer sozinho. — Eu amava meu clube, mas
crescendo do jeito que eu cresci, você aprende bem rápido
que guardar os planos conforme a necessidade era uma
forma de sobreviver. Esse lugar era o meu backup. Se a
merda toda desse errado, eu sempre poderia vir para cá. Eu
não tinha que confiar em ninguém mais.

—Essa não é uma casa segura, é? — Dani pergunta.

—Não. — Eu digo. —O clube pensa que eu estou te


trazendo para algum dos nossos lugares. Assim como o seu
pai.

—Então ninguém sabe que eu estou aqui com você?

—Não. — Do jeito que ela havia dito me fez sentir como


algum tipo assustador. —Eu pensei que seria mais seguro
desse jeito, melhor que isso, eu sou o único que sabe ond e
você está.

—Ótimo! — Ela diz. —Eu não sei se me sinto segura ou


com medo de que você vá me cortar em pedaços e me
enterrar no quintal.

—Eu nunca te cortaria em pedaços, seria fácil se livrar


do corpo todo. Tem um lago aqui perto, eu apenas te tacaria
dentro. — Eu sorrio.

—Ótimo! — Ela se vira, sua voz monótona, e eu senti a


tensão entre nós de novo. Era muito tentar colocar um pouco
de humor nessa situação. Era tudo negócio, era isso que eu
precisava saber.
—Vem! Vou te mostrar a casa. — Eu a escolto para
dentro, meus olhos nunca deixando-a, enquanto ela andava
por ali. O silêncio cobrindo o lugar, ela era uma menina
acostumada com o melhor de tudo, e aqui estava ela,
examinando as minhas coisas, avaliando essa parte de mim
que eu não havia mostrado a ninguém. Eu não a queria ali
me julgando. Dani coloca sua palma lisa contra a pedra da
lareira, e eu me lembro do jeito que ela colocou sua palma
contra o meu peito, o calor dela me aquecendo. Não, a
coloque fora da sua mente! Eu limpo minha garganta. —É
pedra do leito do rio. — Eu digo, antes de ela perguntar. —
Tem um riacho que corre por trás da casa.

—É lindo! — Ela diz. —O lugar todo é incrível, Blaze. —


Ela olha para o teto, para as vigas que cruzavam a extensão.
Me levou quase toda a vida descobrir como colocá-las assim.
—Você é realmente talentoso. — Ela diz, e eu sinto o calor
correr por todo o meu peito com as suas palavras, e então eu
fico com raiva de mim mesmo por essa reação. Eu não podia
me importar com porra nenhuma do que ela falava, mesmo
que fosse agradável.

—Obrigado. — Eu ando até a cozinha, precisava de uma


cerveja. Dani me segue ainda bisbilhotando em volta.

—Você fez tudo isso sozinho também? — Ela toca o


balcão de granito, seus olhos arregalados. —Se você decidisse
não ser mais um criminoso, você com certeza poderia ser um
carpinteiro.

Se eu decidisse não ser mais um criminoso.


Essa era a condescendência que eu estava esperando.
Ela era exatamente do jeito que eu havia imaginado. Uma
princesinha mimada que estava se rebaixando, fodendo com
o motoqueiro sujo.

Eu tiro a cerveja e a abro, conscientemente não


oferecendo nada.

—Obrigado pelo conselho para a minha carreira.

A expressão dela dizia que ela sabia que tinha passado


dos limites.

—Eu apenas estou dizendo, se você quisesse fazer algo


legal...

—Anotado. Obrigado pela sua opinião.

Eu ando pelo hall em direção ao quarto, com ela


andando atrás de mim.

—Então, qual é o plano aqui? — Ela pergunta.

—Vamos descansar e esperar alguma notícia


de Mad Dog.

—Quem é Mad Dog?

—O presidente do clube. — Eu digo. —O outro cara


comigo, na casa do seu pai.

—Eu preciso perguntar se temos sinal de telefonia ou


alguma coisa assim?

—Você pode perguntar. A resposta é não. Nada


funciona.

—Maravilhoso! Então, basicamente eu estou presa aqui


com você e sem nenhum entretenimento.
—Sim. — O jeito que ela diz isso soa como se fosse a
pior coisa do mundo. Ela estava fazendo com que fosse cada
vez mais fácil não gostar dela. Eu deveria ser grato por isso,
desse jeito eu não estaria tentado a fodê-la outra vez.

—Ótimo! Então esse é o meu quarto ou você vai sugerir


dividirmos a cama?

Tinha soado sarcástico a maneira que ela havia falado.


Havia sido um erro enorme trazê-la aqui. Obviamente eu não
iria dividir a cama com ela, eu não era um babaca completo.

Só porque eu a havia fodido antes não significava que eu


tinha o direito de fodê-la de novo. Tudo era negócios agora
que eu sabia que ela era filha do Guillermo. Talvez eu não
estivesse sendo claro sobre isso, precisava me certificar mais
disso.

—Aí está, vossa alteza. — Eu digo, abrindo a porta do


quarto. —E acredite em mim, eu não tinha a intenção de
dividir a cama com você. — Eu estaria mentindo se dissesse
que isso não havia passado pela minha mente antes, mas eu
já tinha feito bem antes dela chegar aqui.

Eu não iria cruzar a linha de novo, eu dormiria no sofá.

Dani entra, olhando em volta, tocando a borda da cama.


Não mais de dois segundos atrás eu tinha decidido ser cem
por cento profissional com ela, e tudo que eu precisei foi ver
ela tocar a borda da cama para me fazer imaginar agarrá-la,
baixando seus jeans sob sua bunda e espancando-a por toda
essa atitude contra mim.
Eu definitivamente precisava tirar essa imagem da
cabeça. Não tinha sentido em dar a ela a satisfação de me ver
em uma situação difícil.

—O banheiro é aqui. — Eu aponto.

As costas dela estão viradas para mim.

—Bem, algo mais?

Eu sinto meu rosto endurecer.

—Nada, isso é tudo.

Eu fecho a porta. Vai ser mais fácil de não gostar dela do


que eu pensei.
CAPÍTULO 9
Segredos Paternais
Dani

Debruço-me contra a porta, grata com a perspectiva de


ter um tempo para mim. Eu estava exausta e muito puta com
o meu pai por me mandar para cá e com o Billy por ser um
cuzão, e com todo o resto do mundo por tudo. Agora Blaze,
que eu pensei ser um bom rapaz em algum lugar embaixo de
todas aquelas merdas de motoqueiro, tinha se mostrado um
cara ruim, assim como meu pai. Um de seus lacaios
contratados.

Eu sabia que eu estava agindo como uma diva aqui,


exatamente do jeito que nunca quis ser. Eu provavelmente
estava confirmando todo o preconceito que ele tinha a meu
respeito, ideias que ele tinha por ver meu carro caro e minhas
roupas extravagantes.

Ele pensou que eu era alguma criança mimada e


malcriada que sempre teve de tudo por toda a sua vida, mas
isso era verdade, certo? Eu sempre tive tudo na vida. Eu
sempre fui paparicada de várias maneiras.

Ele apenas te vê exatamente do jeito que você é, e isso te


deixa irritada.
Não, isso não era verdade. Eu tinha gostado desse lugar
aqui, no meio do nada, longe de tudo. Parecia com ele...
Seguro, confortável. Como você sabe como ele se
sentia? Aquela parte do meu cérebro que sempre questionava
tudo pulou à bordo. Você obviamente o julgou de forma errada
antes. Agora você sabe que ele é igualzinho ao seu pai.

Eu não podia tirar o pensamento do que meu pai faria


com Billy da minha cabeça. Ele não merecia morrer, mas o
meu pai o mataria. Eu imaginava se isso já tinha sido feito,
se ele havia contratado Blaze para fazê-lo. Não. Blaze estava
preso aqui comigo, sendo minha babá. Alguém do seu clube,
então. Ou ele pode ter contratado algum outro lacaio para
matar Billy. De qualquer forma, quem fizer isso é um homem
morto. A família de Billy descobriria isso e eles
tinham conexões para fazer isso acontecer. Eles derrubariam
qualquer pessoa remotamente ligada à morte dele, uma parte
de mim esperava que os Randolphs fossem atrás do meu pai.
Eu ansiava por ver o olhar no seu rosto quando ele fosse
derrubado, eu fantasiava em sorrir presunçosamente e dizer:

—Está vendo? Eu te disse. Existem pessoas no mundo


mais poderosas que você. Você não é invencível;

Subindo na cama, eu cobri minha cabeça. Agora, eu só


queria dormir e acordar somente quando tudo isso acabasse.

Eu não saí do quarto até a noite seguinte, muito exausta


para fazer qualquer outra coisa do que me arrastar pela
cama. Blaze bateu na porta uma vez, mas tinha entendido a
mensagem de que eu não queria ser incomodada e não tentou
me chamar de novo. Não era como se eu pudesse fugir daqui,
a não ser que eu quisesse correr por vinte milhas.

Eu teria que sair em algum momento, e nós dois


teríamos que viver juntos pelos próximos.... Não sei quantos
dias ainda ficaríamos presos aqui.

Eu precisava fazer o melhor disso. O que faríamos para


passar o tempo? O pensamento de passar os próximos dias
na cama com Blaze imediatamente cruzou minha mente, e eu
tive que empurrar isso para fora. Não. Sair com alguém
que estava associado com os negócios do meu pai, um peão
no jogo dele? Não, obrigada. Eu preferia morrer.

Seguindo o som de panelas e frigideiras se chocando na


cozinha, caminho até lá vestindo camiseta e jeans e
com meus pés descalços. Blaze estava no fogão, com o
avental amarrado na cintura.

—Eu imaginei quando você sairia. — Ele diz.

—Eu estava cansada. — Eu fui pela explicação mais


fácil, mais fácil que explicar toda a angústia existencial.

—Eu imaginei que bastante. Eu estou fazendo o jantar,


se você estiver com fome.

—Ok. — A resposta foi um categórico sim, eu estava


faminta. —Posso ajudar com algo? — Eu pergunto como se
fossemos amigos de longa data. Ou um casal, cozinhando
juntos.

—Não. No entanto há um vinho na mesa, se você quiser.


Eu não sei muito sobre vinho, mas eu pensei que você seria
mais uma garota de vinho, do que uma garota de cerveja. —
era outra alfinetada sobre mim e minha educação. Vinho era
exatamente o que eu precisava agora, tendo que lidar com
ele.

Eu sirvo uma taça, grata pela distração. Era estranho


ter uma conversa com o seu sequestrador. Corrigindo: Meu
protetor.

Um pouco de sexo pode cortar a tensão, no entanto. Eu


empurro o pensamento da minha cabeça, irritada comigo
mesma por se quer pensar sobre isso.

Caminhando ao redor da sala, com a minha taça de


vinho nas mãos eu examino atentamente a estante de livros.

—Você tem bastante livros.

—Sim, eu leio um pouco.

Eu paro próximo as prateleiras, lendo os títulos. Homer,


Faulkner, Buda, Sun Tzu.

—Isso não é exatamente a leitura de um motoqueiro. —


Assim que as palavras saem da minha boca, eu percebo o
quão imprestável foi esse comentário.

Na cozinha, Blaze ri.

—Qual, exatamente, é a leitura de um motoqueiro?

—Eu não sei. ‗10 passos para o tráfico de drogas? ’—


Merda! Eu tentei ser engraçada, mas falhei.

—Eu acho que eu não sou o seu estereótipo de


motoqueiro, então. — Blaze coloca dois pratos na mesa. —
Agora sente-se. Coma. Eu já vi o quanto você é capaz de
comer quando está com fome.
Nós conversamos casualmente entre vários momentos
de silêncio, mas não foi desconfortável como eu esperei.
Talvez estar confinada aqui com ele por alguns dias não seria
tão estranho e horrível quanto eu pensei. Eu disse a mim
mesma que podia passar por isso.

—Então, como é que você começou a fazer isso, de


qualquer forma? — Eu me enrolo no sofá, meu pé enfiado sob
minhas pernas, assistindo Blaze através do aposento
enquanto ele limpava as coisas. Com a comida e meia garrafa
de vinho no estômago, eu estava me sentindo mais relaxada e
à vontade.

—Seu pai queria alguém em quem ele podia confiar para


cuidar de você. Alguém de fora do seu grupo de segurança
regular.

—Ah não.... Eu posso adivinhar como você foi o único a


se ver preso aqui, me vigiando. — Eu digo. —Quero dizer,
como foi que você se tornou um motoqueiro fora da lei? Você
nunca quis fazer nada além disso?

Blaze agarra uma cerveja da geladeira e senta-se perto


de mim.

—Eu não tive muitas outras opções. Depois de um par


de anos no reformatório, eu saio de lá sem nada. Motos eram
o meu negócio, essa foi a ordem natural das coisas.

—Mas você obviamente é inte...— Eu comecei a dizer


isso, mas percebi o quão pretensioso soaria.

—Inteligente? — Blaze riu amargamente. —Sim,


motoqueiros não podem ser inteligentes, certo?
—Isso não é o que eu estava dizendo. — De fato, eu
estava, mas a questão maior era como ele pode ser tão
estúpido de se envolver com o meu pai. Essa era a única
questão para qual eu queria resposta.

—Você não precisa dizer, eu sei o que você quer dizer.

Nós nos sentamos em silêncio, a sala preenchida com a


tensão no ar. Então Blaze se levantou e trouxe a garrafa de
vinho, preenchendo minha taça.

—Tentando me embebedar para tirar vantagem? — As


palavras saíram mais como uma acusação do que como
provocação, e eu me arrependi de dizê-las assim que elas
deixaram a minha boca.

—Desculpa, querida. — Ele diz. —Negócios e prazer não


se misturam, não importa o quanto você queira.

—Não se preocupe. — Eu digo. —Eu não estava


sugerindo nada, uma vez foi mais do que suficiente.

—Foi mais de uma vez, se você se lembrar


corretamente.

Eu o fazia, lembrava vividamente. Estava queimado no


meu cérebro. Eu não podia tirar ele dos meus pensamentos, o
jeito que ele me pegou bruscamente sobre o carro, e então
suavemente no hotel. Como eu poderia esquecer? Eu queria
esquecer, seria mais fácil de odiá-lo.

Blaze falou depois de alguns minutos, quebrando a


tensão.

—Então, você é a filha de Guillermo Arias. Ver você


naquela casa foi realmente um chute no saco.
—Você quer dizer que não sabia? — E se ele sabia quem
eu era o tempo todo? Como ele poderia não saber,
trabalhando para o meu pai?

—Saber o quê? Que você era sua filha? — Ele para. —


Você acha que de alguma maneira eu planejei que você
ficasse sem gasolina ao lado da estrada? E então o quê, eu
poderia dormir com você e trazê-la para cá? — Ele estava
bravo. Não, não bravo. Desapontado? Tão logo ele disse, eu
soube que não havia acontecido daquele jeito.

—Como você poderia não saber, trabalhando para ele?


— Eu cuspo a palavra, como se fosse venenosa.

—Eu não estive trabalhando para ele. — Ele diz. —Esse


é o nosso primeiro trabalho.

—Oh! — Eu tomo um gole de vinho. —Oh! — Puta


merda! Minha mente foi tomada por pensamentos, cada vez
mais rápidos enquanto eu tentava organizá-los. —Esse é o
primeiro trabalho do seu clube para o meu pai.

—Sim. — Ele diz. —O primeiro trabalho e eu sou a


babá.

Eu preferi ignorar o que ele disse e focar-me no mais


importante, como o fato desse cara estar ligado ao meu pai,
mas não da maneira que eu pensei. Não, ele estava ligado a
ele agora, de um jeito que poderia ser perigoso para ele e para
o clube. Medo se agarrou ao meu peito.

—Meu pai te pediu para matar Billy?

—E daí se ele pediu?


—Eu não estou zoando. Eu estou perguntando porque é
importante. Você irá matá-lo?

—Não pessoalmente, mas sim, é um trabalho.

—Então o clube irá matá-lo?

Blaze encolheu os ombros.

—É um trabalho, querida.

Raiva ferve dentro de mim.

—Pare de me chamar de querida, é algo patronal.

—Bem, eu sou só um motoqueiro estúpido que não tem


um vocabulário tão extenso quanto o seu, então eu acho que
eu não sei dizer o que a palavra patronal quer dizer, querida.

Estava claro que ele sabia o que patronal queria dizer.


Eu queria estapeá-lo. Estapeá-lo por me trazer pra cá, por ser
um membro do seu clube estúpido, por estar envolvido com o
meu pai e sobre tudo, estapeá-lo por não ser inteligente o
suficientemente inteligente para entender quando ele estava
sendo enganado.

—Deixa-me soletrar para você em outras palavras. — Eu


digo, minhas palavras pontuadas por toda a raiva que estava
crescendo dentro. —Billy não é só mais um cara. Ele não é
um calouro de Iowa com um casal de fazendeiros como pais.
Você sabe qual é o seu último sobrenome? — Blaze me
encara, os músculos do seu rosto se apertando e relaxando
na sua mandíbula. —Seu sobrenome? É Randolph. — Eu
podia ouvir minha voz ficando mais alta, era difícil me manter
sob controle. Fica calma. Eu digo a mim mesma. Blaze fica
pálido. —O sino está tocando agora, querido?
—Randolph? Você tem certeza? — Ele estava muito
menos arrogante agora.

—Sim, eu tenho certeza, porra. Você entende o que eu


estou falando agora? Os Randolphs. Seu clube está marcado
para matar Billy Randolph. Como que você não sabia quem
era ele?

—Mad Dog concordou com isso. Nós não tínhamos os


detalhes ainda.

—Seu clube tem costume de aceitar as merdas sem


saber de todos os detalhes?

Blaze assente.

—Provavelmente já está acabado.

—Como o clube poderia fazê-lo sem saber quem era ele?

—Mad Dog não é exatamente político, você sabe. Mesmo


que tenham dito a ele o nome de Billy, eu não tenho certeza
de que ele somaria dois mais dois.

—Ninguém no clube assiste ao noticiário?

Blaze dá de ombros.

—Eles não são um exemplo de inteligência. Eu não


confiaria nele para descobrir isso, era supostamente para
acertar algum aluno da sua universidade.

—Para acertar, certo? — Então esse é o tipo de merda


que vocês fazem o tempo todo? Isso é quem você é? — Eu
estava brava com ele por ser exatamente quem eu temia que
fosse.
—O que você quer dizer, que isso é mesmo quem sou?
Seu pai é o cabeça de uma operação de tráfico internacional.

—Sim, e?

—Você acha que ele não mata pessoas? E além disso,


que porra você acha que ele trafica? Você acha que ele
contrabandeia roupas?

—Eu não quero ouvir sobre isso.

—Não, você não quer, verdade? Você acha que seu pai é
algum tipo de cara inocente?

—É claro que não! Eu sei quem é ele. — Ele não tem


ideia. Blaze estava me acusando de ser cega em relação ao
meu pai, mas eu sabia que meu pai era um monstro.
Ele era um monstro, mas ele não poderia fazer as coisas
que Blaze estava insinuando.

—Não, você não sabe, garotinha. — Ele diz. —Você não


sabe ao certo o que ele é. Você acha que eu não sou um cara
legal? Você acha que nós, pegando Billy, não somos legais?
Seu pai é milhões de vezes pior. Ele está em seu próprio
nível.

—Eu pensei que era a primeira vez que você fazia


negócios com ele. Você não tem ideia do que você faz.

—Não? Seu pai trafica pessoas, querida. Toda essa


merda que você tem.... Essa merda que você está vestindo? O
carro que você dirige? É pago por mulheres, talvez até
crianças. Você sabe o que acontece com eles? Com certeza
elas não são trazidas para cá para serem adotadas por
alguma família rica. Elas são compradas por pessoas que
estão dentro do negócio. É daí que vem o dinheiro do seu
pai.

—Você não sabe disso. — Ele não tinha nenhum jeito de


saber disso. Meu pai podia ser um criminoso, mas não isso....
Não! Isso era além dele. Tinha que ser. O problema é que
quando Blaze fez a acusação, eu sabia bem lá dentro de mim
que meu pai certamente era capaz disso.

Blaze sorri, e eu queria dar um tapa nesse sorriso


estúpido estampado na cara dele. Eu não precisava dessa
merda. Eu poderia ter que ficar aqui, mas eu não tinha que
fazer isso fácil para ele.
CAPÍTULO
10
Revelações
Blaze

Dani voltou ao quarto fazendo beicinho, e eu estava


preso aqui no sofá, incapaz de tirar da minha cabeça o que
ela disse os pequenos comentários que fizera sobre a minha
leitura. Ela parecia realmente surpresa que eu fosse capaz de
ler. Ela estava tão presa como eu tinha pensado que seria.
Tanta coisa para ser o Sr. Cara Legal. Eu tinha feito o jantar,
comprado o vinho - o que diabos eu estava pensando,
tentando impressioná-la? Dane-se isso. Eu não precisava
impressioná-la.

Eu tinha perdido a paciência com ela. A merda que ela


tinha dito sobre mim era verdade, sobre ser mais inteligente
do que o que eu estava fazendo eu acho que atingiu um ponto
sensível em mim. O que eu disse sobre o pai dela e o tráfico
de pessoas? Mesmo que eu tivesse minhas suspeitas, eu não
sabia com certeza se era verdade. Eu tinha acabado de dizer
isso para machucá-la, e isso obviamente aconteceu. Agora eu
lamentava. Foi um golpe baixo.
Mas o que ela disse sobre o acordo com Guillermo, o
golpe que ele ordenou é por isso que eu estava aqui agora,
esperando até que ela dormisse para lidar com ele. Havia
potencial para que o nosso clube estivesse em alguma merda
grave devido ao que se passou com ele. Outro ponto é se nós
não iríamos até o fim. Eu sabia que havia algo estranho com
Guillermo. Algo sobre ele que não fazia com que eu me
sentisse bem. Esta merda deixava um verdadeiro gosto ruim
na minha boca.

Se o golpe fosse realizado, seríamos alvos para os


Randolphs, que tinham dinheiro ilimitado e poder. Se nós
não o fizéssemos, tenho certeza que Guillermo nos tiraria
para fora, mataria nossas famílias. Era assim que caras como
ele agiam.

Ele havia dito que a Fúria MC tinha basicamente o


traído através da criação de algum tipo de acordo com os
armênios. Então ele teve que pensar como impor
consequências para a sua deslealdade. Minha mente correu
com a outra possibilidade. Ou, ele ainda estava alinhado com
a Fúria e éramos apenas os bodes expiatórios para o seu
trabalho sujo. De qualquer maneira, eu não estava gostando
do resultado aqui.

Olhei para o corredor para a porta fechada. Não havia


luz sob o batente e Dani tinha bebido quase toda uma garrafa
de vinho. Ela provavelmente estava desmaiada por agora. Eu
precisava entrar em contato com Mad Dog.

Eu andei dez quilômetros pela estrada até o ponto onde


eu sabia que novamente teria cobertura de celular e fiz a
chamada de um celular não rastreado para o número de Mad
Dog. Mad Dog precisava estar ciente disto. Ele teria que
trazer isso para a mesa. Eu não estava lá em pessoa, mas os
membros necessários para votar estavam. Eles precisavam
saber a quantidade de coisa séria que aconteceria se
fizéssemos isso.

—Sim. — A voz de Mad Dog estava rouca. Já era tarde,


mas eu duvidava que ele estivesse dormindo. Era mais
provável que seu pênis estivesse recebendo um boquete de
alguma das meninas no clube, ou de sua senhora. Ou algo
assim.

—Sou eu.

—Você está em um esconderijo?

—Sim, chefe, eu estou em um esconderijo. — Este era


um tipo de esconderijo. O que ele não sabia é se isso não iria
machucá-lo. Era apenas o meu esconderijo em vez de uma
casa do clube.

Mad Dog riu.

—Você está entretendo a si mesmo? Ela é um pedaço


quente. Eu pegaria.

—Jesus, Mad Dog, ela é filha de Guillermo. Ele cortaria


sua garganta.

—Eu morreria um homem feliz.

—Coloque o seu pau de volta em suas calças—, eu digo.


—Eu tenho uma merda séria acontecendo aqui. Vocês
cuidaram do negócio com o menino da faculdade?
—Nós vamos saber sobre ele em breve. Vou mandar Axe
com um par dos caras. Ele é bom com esse tipo de coisa.

—Você sabe quem é o garoto?

—Um garoto. Randolph ou algo assim.

—Sim cara. O procure na internet. Sua família não é


apenas a família de algum menino de faculdade aleatória. É
como pegar um dos Kennedys.

Silêncio. Então:

—Porra, cara.

—Sim. Você precisa ter certeza de que o clube saiba


dessa merda. Acho que pode ser preso. A merda com a Fúria
e os armênios? Temos certeza de que eles realmente têm uma
aliança?

—O que você quer dizer? — Mad Dog estava alerta


agora, não havia dúvida sobre isso.

—Olha, eu não sei se estamos ficando fodidos por aqui.


Guillermo pode estar planejando nos usar para fazer alguma
coisa, então nos liberar quando a coisa feder.

—Quer dizer que ele pode nos usar para fazer o golpe, e
deixar que o contragolpe caia na merda do clube? —,
Pergunta Mad Dog. —Não faz sentido. Por que ele iria se
aproximar de nós, pedir proteção e só mencionar o acerto
mais tarde?

Era verdade. Ele não poderia ter planejando matar Billy


até depois que Dani chegasse em casa e percebesse o que o
cara tinha feito. Mas isso não quer dizer que ele não estava
pensando em nos enroscar com os outros postos de trabalho
desde o início.

—Olha, talvez haja algo mais além do que os trabalhos


de proteção.

—Você parece tão paranoico como aquele filho da puta


mexicano—, diz Mad Dog.

—Ele é panamenho. E você precisa verificar isso,


certifique-se se isso é real. Talvez a Fúria realmente não
tenha uma aliança com os armênios. Será que Guillermo fez
um movimento para retaliar contra eles?

—Não, mas ele é inteligente. Ele não quer qualquer


merda acontecendo.

—Exatamente. Esse é o meu ponto. Pense nisso Pres.


Por que ele nos deixaria fazer um golpe como este? É o
máximo em alto perfil. Tem algo errado com esse cara. Não
está certo.

Silêncio. —Sim, eu penso como você. Obrigado cara.


Vou levar isso para o clube. Nós vamos fazer algumas
pesquisas.

—Adiante isso—, eu digo. —Debruce-se sobre ele. Ele é


um garoto de faculdade. Ele provavelmente está indo para
casa no verão. Merda, ele é um Randolph, então ele
provavelmente estará deixando a porra do país no verão.
Vamos esperar que o problema desapareça. Que cuide de si
mesmo.

—Você tem mais informação nesta merda, por quanto


tempo ainda estaremos aqui?
—Eu não sei. Estou esperando para ouvir de Guillermo.
Mantenha contato. Uma semana, duas? Não tenho certeza.

Me joguei e revirei no sofá à noite toda, pensando em


bater em Guillermo e sobre o clube. E Dani. Antes de se
afastar, eu repassei na minha cabeça à noite no hotel com
ela. Minhas mãos sobre seus seios, ela na banheira, com a
cabeça no meu peito. Eu precisava tirá-la da cabeça. Inferno,
o que eu realmente precisava era ficar com alguém.

Quando ela saiu do quarto na manhã seguinte com o


cabelo todo despenteado de sono, usando um top de tiras e
um par de shorts que mal cobria sua bunda, eu gemi
interiormente. Ela estava propositadamente tentando fazer as
coisas difíceis para mim o máximo possível? Sentei-me no
sofá desconfortavelmente, cobrindo meu colo com um
cobertor.

—Bom dia.— Ela se jogou em uma cadeira, os braços


cruzados sobre o peito. —Eu ouvi você sair na noite passada.

—Eu tive que entrar em contato com o clube.

—Sobre o que falaram? Billy?

—Sim.

—Então, eles sabem que é uma má ideia.

—Eles sabem. Eu disse ao presidente do clube.


—Então eles não vão matar Billy. — Eu me pergunto se
ela está tão nervosa sobre isso, porque ainda queria ficar com
esse cara Billy.

Por que me sinto tão ciumento? Dou de ombros.

—Eles vão olhar todos os ângulos, descobrir tudo. Ele é


um estudante universitário como você, de qualquer maneira.
Será que ele não vai para casa no verão ou algo assim?

—Casa—, diz ela, rindo. —Eu tenho certeza que ele vai
para Ibiza ou qualquer outro lugar que tenha as meninas
mais quentes.

—Lá vai você—, diz Blaze. —Então, ele provavelmente já


foi de qualquer maneira. Esse cara Billy, foi seu namorado ou
algo assim?

Dani ri.

—De jeito nenhum. Eu o conheci há uns seis meses. Eu


estava na aula de história, totalmente de ressaca, e ele se
sentou ao meu lado e tentou conversar comigo. Eu acho que
a única razão pela qual ele continuou falando era porque pela
primeira vez alguém não lhe deu bola. De qualquer forma, ele
fica com meninas cujos pais são senadores e cujas mães
estão nos conselhos de fundações de caridade. Não meninas
cujos papais iriam colocar os pés em um balde de concreto e
jogá-lo no rio Hudson se você os aborrecesse.

—Mas você queria então.

—Não! Ele era apenas um pouco de diversão casual.


Quero dizer, nós viajamos juntos algumas vezes. Seus pais
têm um avião particular—, diz ela.
—Por isso, foi apenas casual, — eu digo. —Ele tinha o
hábito de agredir você? — Eu estava irritado com essa
conversa, zangado com ela por estar com Billy, mas não
conseguia parar de fazer perguntas que eu não queria
respondidas.

—Ele ficou estranho antes—, diz ela, olhando para


baixo, mexendo com os dedos. —Nós estávamos em St. Barth
uma vez. Ele tomou algo e ficou louco, me agarrou muito
forte. Ele me deixou marcas. Mas isso não aconteceu de novo,
e eu percebi que era apenas consequência das drogas. Não
era como se estivéssemos em um relacionamento, como se ele
fosse um namorado abusivo ou qualquer coisa.

—Certo—, eu digo. —Exceto quando ele esganava você.

—Sim, bem, mas eu dei o fora de lá, não foi? Não é como
se eu fosse voltar para ele.

—Você tem certeza disso? — De onde veio isso? Eu não


tinha nada que perguntar, mesmo querendo saber a resposta.

—Isso não é realmente da sua conta, não é? —, Ela


pergunta. —Mas, não, para sua informação, eu não vou
voltar para o Billy novamente. Como eu disse, era apenas
sexo.

Apenas sexo. Como Dani e eu. Ela estava


intencionalmente tentando me machucar.

—Você faz isso muito, então, toda coisa de ‗apenas sexo?


‘—, pergunto, lamentando imediatamente minhas palavras.
Por que eu me importo? É a mesma coisa que eu fiz.

Dani dá de ombros.
—Eu fui para o internato com os caras ricos
entediados—, diz ela, como se isso explicasse tudo. —Você
tem um bando de adolescentes juntos, crianças com muito
dinheiro e pais fodidos, o que você acha que acontece? Eles
tomam Adderall6, cheiram cocaína e fazem sexo a três. Você
não encontra namorados na escola. Você tem controle. Todo
mundo dorme com todo mundo. É meio difícil de ir de orgias
a uma relação de baunilha namorado-namorada na faculdade
de repente.

—Nossa.

—O quê, você está chocado? Você é um motociclista.


Não é como se você fosse a porra de algum tipo de santo.

Eu rio.

—Isso é verdade. Não é a parte do sexo. Eu


simplesmente não consigo imaginar você em algum colégio
interno com um bando de crianças ricas. — Isso não era
inteiramente verdade. Eu odiava o pensamento dela com
Billy, e mesmo que eu soubesse que ela e eu tínhamos sido
apenas uma aventura casual, fiquei surpreendido com a
forma como isso me fez sentir ao ouvi-la falar sobre —apenas
sexo— com outra pessoa.

—O que quer dizer? —, Pergunta Dani, em um sotaque


britânico afetado. —Que eu sou uma rica fodida.

Lá estava ela, um vislumbre da Dani que eu conheci


antes, a do jantar.

6
Medicação para TDAH com anfetaminas na sua composição.
—Sim, você com certeza é.— Eu digo sarcasticamente,
mas ela realmente estava em uma classe completamente
diferente da que eu era.

—Na verdade, eu realmente não me encaixava no


internato—, diz ela. —Meu pai tem dinheiro, mas não é o
mesmo, sabe? Pessoas iguais as crianças da escola? Eles
realmente não se misturam com pessoas como eu. Meu pai
limpa mesas para pessoas como eles. Não importa quanto
dinheiro eu tivesse, eu nunca estaria na mesma classe. Isso é
apenas um fato da vida. — Dani olha para mim, sua
expressão triste. —Eu não pertencia aquele lugar. Eu pensei
que poderia ficar longe de tudo isso em Stanford. Estava
errada, eu acho.

Senti uma pontada de empatia por ela. Não poderia ter


sido fácil para ela, especialmente depois que sua mãe
morreu. Ela mexeu-se na cadeira, e era óbvio que tinha algo a
dizer.

—Essa coisa que você disse ontem à noite, o assunto


sobre o meu pai? Eu sei que ele não é um cara bom. Eu não
sou ingênua.

—Eu não acho que você seja ingênua. — Eu não tinha


certeza do que pensar dela neste momento.

—Eu estive fora de casa desde que minha mãe morreu,


desde os meus, quatorze anos. Não sei o que meu pai
realmente faz a mais. O que disse sobre o seu contrabando,
você realmente acredita nisso?

Dou de ombros.
—Eu não tenho nenhuma maneira de saber com
certeza. — Por que eu não podia dizer que tinha ficado
zangado e disse isso para machucá-la?

—No entanto, você está trabalhando muito bem com ele.

—Eu não disse isso. De modo nenhum. Mas o clube


votou nele. Quer eu goste ou não, é o que o clube decidiu.

Ela não disse nada depois disso.

As próximas duas semanas passaram lentamente.


Sempre pensei que neste lugar o tempo passava um pouco
diferente. Nunca houve qualquer pessoa aqui. As coisas
sempre pareciam à deriva e eu embebido em cada gota da
essência deste lugar, como se eu pudesse de alguma forma
me fechar dos sugadores de alma quando retornava a cidade.
Gostaria de poder levar um pouco deste lugar comigo.
Precisava dele para me manter vivo, para manter minha alma
viva – ou o que restava da minha alma de qualquer maneira.

Eu trabalhava a terra ao redor da cabana, o mato


crescendo e se tornando excessivo e cada vez mais
incontrolável, não morto, como toda a grama na cidade
durante o verão. Aqui só foi crescendo fora de controle,
alimentados pela sombra das árvores e a frieza relativa que
vinha com a altitude. Limpei, escovei, reparei o telhado,
mergulhei no trabalho físico que eu gostava de fazer. Era
semelhante a andar de moto- uma maneira de se perder em
outra coisa. Eu tinha lido sobre a meditação, mas não era a
minha praia. É difícil meditar quando você está em um Clube
de motocicleta o tempo todo, mas percebi que montar e cortar
madeira eram quase tão perto da meditação como eu nunca
ia chegar.

Desenvolvemos este relacionamento estranho, Dani e


eu. Evitávamos um ao outro em grande parte do tempo, eu
trabalhava fora e dentro da casa ou me sentava para ler no
lago. Mal dissemos algo um ao outro, mesmo de passagem,
como se tivéssemos chegado a este acordo tácito para apenas
coexistir. Ela parecia muito mais calma agora e eu merda, eu
não me importava se ela era filha de Guillermo ou não, eu
estava lidando com alguma frustração seriamente reprimida.
Ficar em torno desta menina era irritante, por muitos
motivos. Eu não podia ter certeza, mas pensei que ela estava
me provocando nos últimos dias, vestindo shorts que,
progressivamente, ficavam mais curtos e exibiam suas longas
pernas, e se esfregava contra mim quando passava. Loucura.
Ela não estava se jogando em mim ou qualquer coisa do tipo.
Mas ainda assim, me fez pensar.

Trabalhar na terra com Dani nas proximidades tornou


fácil esquecer toda a merda que estava acontecendo. Era
quase como se estivéssemos aqui em umas férias
prolongadas ou algo assim, uma base regular para nós, como
um casal. Não é a filha de um chefe do crime e o cara
contratado do clube da motocicleta para proteger e a
esconder de alguém tentando matá-la. Eu precisava me
lembrar desse fato cada vez que meu pau começava a ficar
duro. Meu pau precisava de um lembrete de que o pai de
Dani era Guillermo Arias, e que se tentasse qualquer coisa
com ela estaríamos ambos mortos.

Eu tinha estado aqui cortando madeira por uns bons


trinta minutos, suando toda a raiva e frustração sexual
reprimida gerada por toda esta situação, tentando deixar ir às
coisas que eu não podia controlar com o clube. O que eu
queria fazer era abandonar essa coisa toda, menos Dani e
voltar para o clube. Estava me matando não estar no meio
das coisas. Eu tinha ligado para Mad Dog, mas não tive
retorno. Eles estavam trabalhando nisso.

A dor em meus braços e minhas costas me sacudiu até


o presente. Foi uma boa dor, do tipo que dizia que tive um dia
produtivo.

Engoli um copo de água da pia e enquanto bebia o


líquido fresco, o suor escorria no meu rosto e no meu peito.
Um balde de água fria seria bom. A casa estava tranquila, o
que significava que finalmente teria o lugar só para mim. Eu
não vi Dani correr até o lago. O pensamento de ter um pouco
de espaço, estar longe da tensão existente entre nós, me fez
feliz, e eu assobiava enquanto caminhava até o quarto dos
fundos para um tempo no chuveiro.

Abro a porta e Dani grita.

—Que diabos você está fazendo? — Ela estava ali


totalmente nua, o cabelo cascateando pelos ombros,
pequenos rios de água escorrendo de seus seios até os
mamilos, a barriga definida.... Eu tive que me forçar a me
afastar.
—Desculpe! — Eu não estava arrependido. Merda, não.
Vê-la nua assim trouxe de volta a memória de nós na cama e
tudo que eu conseguia pensar era como seria a sensação de
estar dentro dela, para saboreá-la. Droga. Podia sentir meu
pênis começar a ficar duro, tento me concentrar em outra
coisa, qualquer coisa que tirasse a minha mente dela.

Dani segurava a toalha fechada em torno de seus seios,


mas isso não ajudou. Seu corpo nu estava gravado no meu
cérebro.

—O que você está fazendo, vindo aqui desse jeito?

—Eu pensei que você estivesse lá embaixo no lago. Eu


só estava indo para usar o chuveiro. Você não me ouviu
entrar na casa? — Pare de pensar nela nua.

—Não, eu estava no chuveiro.

—Quer dizer, eu já vi você nua. Só estou dizendo. — Eu


lhe dou o meu melhor sorriso encabulado.

Dani olha para mim.

—Vá. É todo seu.

Demorei-me, e ela bateu em mim.

—Saia! E nem sequer pense em espiar.

Eu tinha certeza que eu estava sorrindo de orelha a


orelha enquanto caminhei para o banheiro.
E agora, aqui estava eu, sentado no riacho, ensinando-a
a pescar. Não sabia o que estava chegando a mim, mas
estava começando a sentir o a gravidade estando aqui com
ela. Isso era um problema.

—Então, o que é o negócio com todos os livros em sua


casa? — Pergunta Dani. —Você é um filósofo motociclista ou
o quê? — Eu sorrio. Sua atitude ousada crescia entorno de
mim.

—Uma das minhas mães adotivas me empurrou para


começar a ler: Filosofia, história, coisas assim.

—Quantos anos você tinha quando foi para um


orfanato?

—Doze. Mamãe era uma drogada, e depois que minha


avó morreu e não tinha quem nos ajudasse, as coisas ficaram
muito mal assim como ela por um tempo. — Mal realmente
era um eufemismo, claro. Mas aos dez anos, pelo menos já
era um especialista em cuidar de mim mesmo.

—Eu sinto muito. — Ela fica quieta, focando em sua


linha na água mesmo que nada estivesse mordendo.

—Não é culpa sua—, eu digo. —Era ruim com minha


mãe, mas a assistência social foi pior por alguns anos. Os
assustadores pais adotivos, sabe? Então eu fui colocado com
Althea. Ela era uma mulher mais velha. Tinha trinta e poucos
filhos adotivos antes de eu ir ficar com ela.

Não sei por que, mas continuei dizendo a ela sobre mim.

—Fui enviado para ela quando eu tinha quinze anos. Eu


estava correndo com um bando barra pesada, tentando ser
aceito por eles. — Dou de ombros. —Eu estava tentando ficar
longe de minha vida, sabe?

Dani balança a cabeça e murmura algo que não chego a


ouvir.

—De qualquer forma, ela nunca perdeu a esperança,


mesmo quando eu fui para o reformatório. —Eu rio. — No
reformatório foi onde arranjei o apelido de Blaze.

—Por quê?

—Eu fiz alguns incêndios. É o que me mandou para lá.


Fui apenas preso depois disso. Então eu saí e me juntei com
o MC. Nunca olhei para trás.

—E quanto a Althea? — Ela pergunta, e me lembrei do


primeiro dia na casa de Althea quando descobri sua
biblioteca.

—Oh, você gosta de história, não é?

Bati a livro fechando, estranhamente envergonhado de


ser pego lendo. Isso não parece ser algo que um aspirante a
bandido estivesse fazendo.

—Eu estava apenas olhando.

—Qualquer coisa aqui que você achar interessante é seu,


— disse Althea. Ninguém nunca tinha me oferecido nada
antes. Todos os outros queriam tirar minhas coisas, querendo
tudo o que eu tinha. Fez-me profundamente desconfortável
saber que ela estava me oferecendo algo sem pedir nada em
troca.
Eu vi quando ela caminhou até uma prateleira do outro
lado da sala, traçou seu dedo ao longo dela enquanto olhava
para um livro.

—Você sabe—, disse ela. —Meus filhos têm utilizado esta


biblioteca por anos. É sua agora. Você é bem-vindo aqui a
qualquer hora. Meus olhos estão ficando velhos, agora é muito
difícil ver as letras desses livros. — Ela olhou perto,
examinando os exemplares na prateleira. —Ah, aí está—, ela
disse, entregando o volume para mim.

—A Arte da Guerra—, eu disse devagar virando-o em


minhas mãos.

—Sun Tzu, — disse ela. —Ele era um general militar


chinês, oh, há muito tempo. Eu acho que você pode encontrar
algo útil para sua situação presente.

Peguei-o, cético. O que essa mulher velha saber sobre


minha situação atual?

Sacudi a memória.

—Ela morreu no ano passado—, eu digo. —Mas ela me


deu coisas para ler, disse que eu poderia fazer algo por mim.
Mesmo depois de me juntar ao Moto Clube, eu ia para a casa
dela, sentava à mesa da cozinha e bebia chá em sua
porcelana branca. — Eu ri, lembrando o quão ridículo era
vestindo minha roupa de couro e bebendo uma xícara de chá
delicado. —Nós falávamos sobre história grega e romana,
Budismo, qualquer coisa sob o sol. Quando eu fui recrutado
ela disse que era irônico o nome do clube. Entregou-me uma
cópia de O Inferno de Dante. Eu ainda vou às vezes a sua
sepultura com um livro, ler para ela e fazer-lhe perguntas
sobre a vida. Parece estúpido falar com ela sobre essas
coisas.

—Não—, diz Dani. —Eu falo com minha mãe sobre um


monte de coisas, sei o que ela iria dizer e o que eu deveria
fazer. — Ela olha para o riacho, com uma expressão
melancólica. —Às vezes acho que ela odiaria no que me
tornei.

—Entendo—, eu digo. —Althea nunca disse isso, mas


acho que desaprovava o clube. Ela tinha expectativas mais
elevadas para mim. Uma vez perguntei por que ela continuou
me dando coisas para ler, e ela disse 'conhecimento eleva,
não importa quem você é.— Eu tenho certeza que ela me
queria fora do clube.

—Você quer sair do Moto Clube?

—Eu não poderia, — digo. —É a minha casa. Não me


importo de falhar ou esse tipo de coisa. Apenas algumas
coisas vão longe demais, sabe? Material de contrabando é
uma coisa, as pessoas são outro jogo. E eu não me quero em
nenhuma dessas partes.

Dani concorda, em seguida, um olhar de surpresa


atravessa seu rosto.

—Ei! Minha linha mexeu! Será que peguei alguma coisa?

—Acho que você pegou algo.

—Puta merda! — Ela grita, pulando para cima e para


baixo. —Nunca peguei um peixe antes!
—Bem, não o deixe cair! — Coloco meus braços em
torno dela, as mãos sobre as dela, tentando não pensar sobre
como era bom senti-la em meus braços. —Veja o que você
pescou. Podemos cozinhar esse cara para o jantar.

Tomando um gole da minha cerveja assisto Dani do


outro lado da sala. Ela se senta lendo e saboreando o vinho,
cabelo escuro caindo sobre a testa, protegendo os olhos, suas
pernas longas enfiadas debaixo dela. Deus, ela era realmente
bonita. Ela olha para mim, com os olhos semicerrados e me
sinto culpado, como uma criança com a mão no pote de
biscoitos.

—Eu posso ver porque você gosta daqui—, diz ela. A


hostilidade que tinha colorido nossas conversas anteriores
tinha ido embora. —É fácil esquecer-se sobre todas as outras
coisas que estão acontecendo. É como um período de férias.
Mesmo estando presa a você. — Ela sorri.

—Se a sua ideia de um período de férias é estar


escondida em uma cabana com um motociclista sujo porque
você pode ser morta, você tem uma ideia muito fodida do que
um período de férias é.

Dani ri. É bom ouvir sua risada. O som aquece a casa.

—Bem, muitas das minhas ideias são perturbadoras,


então não sei por que a minha ideia de um período de férias
seria diferente.
Dou de ombros. —Você acabou bastante normal sendo a
filha de Guillermo Arias. Quer dizer, indo para Stanford e
essa merda.

—Normal—, diz ela. —Bem, pelo menos isso é normal.


Minha infância não foi isso é certo.

—Não, eu acho que não foi.

Ela sorri melancolicamente.

—Você sabe como aprendi matemática? Quando eu


estava no jardim de infância, meu pai me dava maços de
notas para contar. Ele fumava seu charuto, e os colocava em
pilhas de notas de cem dólares. Coisas típicas para crianças.

—Isso é o que acontece quando seu pai é quem ele é


certo?

Dani ri, colocando a mão sobre a boca, e eu penso em


beijá-la, ali mesmo.

—Eu me sentia tão mal com as crianças que eu convivia


na escola. Havia um tempo eu acho que eu tinha seis anos ou
algo assim? Uma menina qual diabos era o nome dela? Carla,
eu acho. Ela estava me intimidando um pouco. Nós entramos
em uma briga no playground, e ligaram para os meus pais.

—Oh, não—, eu digo. Eu poderia imaginar aonde isto ia


agora que eu conheci seu pai.

Ela ri.

—Sim, você pode imaginar o que foi meu pai aparecendo


no escritório do diretor? Eles iam suspender nós duas,
mesmo que a outra garota tivesse começado. Mas o problema
foi seus pais não tinham ideia de quem era meu pai.

—Oh, merda—, eu digo.

—Então ela não iria pedir desculpas, e eu acho que sua


mãe era quase tão orgulhosa quanto ela ou algo assim. Ela só
ficou lá. De qualquer forma, meu pai não disse nada, nem
uma palavra. Mas alguém lhe fez uma visita, em seguida,
algumas semanas mais tarde, eu tinha ouvido que a tinham
mudado de escola. Eu acho que sua família realmente
mudou. — Dani ri. —Quero dizer, é engraçado de uma forma
distorcida, porque é tão terrível, você sabe?

—Sim, eu não posso imaginá-lo sendo convidado a


sentar-se no PTA7.

—Não, eu o queria tão longe de mim e de Stanford


quanto possível. Percebi que precisava de alguma distância
entre nós. — Ela faz uma pausa, mais séria agora. —Caso
contrário, eu ia acabar morta, como a minha mãe.

—Ela morreu por causa de alguém que queria chegar ao


seu pai. — Guillermo tinha dito que a ameaça contra ele era
ligada ao assassinato de sua esposa.

—Essa é sua versão oficial.

—Você não acredita nisso.

—É -— Ela faz uma pausa, em seguida, um olhar


sombrio atravessa seu rosto e ela balança a cabeça. —Não,
não importa.

—Não, o que você ia dizer?


7
Associação de pais e mestres.
—Eu não deveria. É só o vinho indo para minha cabeça,
me fazendo pensar coisas que não devo pensar, dizer coisas
que não deveria dizer.

Talvez ela não estivesse sob o controle de seu pai tanto


quanto eu tinha assumido.

—Diga.

—Você está trabalhando para ele.

—Isso? Isso não significa nada.

—Eu não sei mais em quem confiar—, diz ela.

—Sim, você sabe. Você não é estúpida.

Ela ri, com amargura desta vez.

—Não, só imprudente.

Dou de ombros.

—Você chegou até aqui. Você não é tão imprudente.

—Não. Eu acho que não—, diz ela. —Meu pai eu não sei,
não com certeza. Provavelmente não é nada. No ano passado,
eu contratei um detetive particular para investigar sua morte.
Meu pai sempre disse que era um rival de negócios que a
matou, mas ele não quis me dizer nada mais do que isso. Ele
apenas disse que estava cuidado disso. Eu queria respostas.

—Você teve alguma?

—Claro que não—, diz ela. —Eu pensei que eu poderia


fugir com a contratação do cara, pensei que estava sendo
inteligente pagar com dinheiro. Mas é claro que meu pai
descobriu. — Ela olha para baixo, tocando seus dedos. —Ele
não me disse nada sobre isso. Acabei recebendo um
telefonema do detetive dizendo que ele já não podia
investigar.

—Pode não significar nada. — Não pode, ou pode


significar alguma coisa.

—Não—, diz Dani. —Não sei o que diabos isso significa.


Meu pai não me quer olhando sobre o assassinato de minha
mãe, e ele controla tudo. O que você disse antes, sobre toda
essa merda? As roupas, o carro, a casa? É tudo besteira.
Você acha que eu quero ser presa como ele? Pelo menos você
está livre.

—Eu não sou tão livre quanto você pensa que eu sou.—
Eu queria impedi-la, dizer-lhe que tínhamos mais em comum
do que ela pensava. Nós dois estávamos presos de nossas
próprias maneiras. Eu amava o clube. Foi o único lugar ao
qual já pertenci, o único grupo de pessoas que me fez sentir
em uma família. Mas Mad Dog? Ele era o presidente, e tanto
quanto eu respeito à posição que ocupava e mais eu sabia
sobre ele, menos certeza tinha de pertencer aquele lugar. Ele
tinha uma veia cruel da qual não gosto, que me lembrava
daquelas crianças crescendo no reformatório, você tinha que
olhar para fora. Mad Dog era um bom homem de negócios e
tinha a melhor política ele manteve essa veia escondida a
maior parte do tempo, mas depois me deu uma pausa. Era a
mesma coisa que eu tinha visto em Guillermo. Fodendo
pessoas apenas porque elas pareciam não fazer sentido para
outras pessoas.

Dani me estuda cuidadosamente.


—Não, eu não acho. Você acha que pessoas como nós
estão sempre livres?

—Você quer dizer ter liberdade, como um trabalho em


um emprego regular, com uma cerca branca e dois filhos?

Ela ri, engasgando com um gole de vinho.

—Não, eu não quero dizer isso. Eu não acredito


realmente em toda essa merda. Não, eu só às vezes queria me
livrar de tudo isso, isso é tudo. Correr para algum lugar com
uma rede na praia. Cortar os laços com todos da minha vida.
Às vezes eu só quero desaparecer.

—Este lugar é a minha maneira de fazer isso.

—Nós somos muito mais parecidos do que eu pensava,


você e eu—, diz ela.
CAPÍTULO
11
A calmaria depois da tempestade
Dani

Eu olhava Blaze da janela enquanto ele cortava lenha do


lado de fora. Me sentia como uma espécie de voyeur,
escondida, olhando para ele. Ele estava sem camisa, coberto
por uma camada de suor, seus músculos ondulando quando
trouxe o machado por cima do ombro e para baixo cortando a
madeira. Eu fico excitada apenas o observando, pensando na
noite no hotel. Depois de todo esse tempo estar aqui com ele,
as noites quando estou na cama, com ele apenas do outro
lado da porta, eu não podia mais suportar isso. Precisava
tirá-lo da minha cabeça. Precisava tirar da memória a
maneira como ele tinha me tocado, apagar o modo como meu
corpo doía por ele. Meu corpo estava me traindo, me fazendo
querer este homem que não era bom para mim. Ele estava
trabalhando para o meu pai. Mesmo se fosse a primeira vez
que ele estivesse trabalhando para ele, ele ainda estava ligado
a ele e ao seu clube. Eu não poderia me envolver com ele.

Eu assisti Blaze trazer o machado de novo, os músculos


em seus antebraços e bíceps contraindo quando ele se
moveu. Calor flui através do meu abdômen e amaldiçoo meu
corpo.

Ele não é bom para você. Talvez não, mas ele é tão sexy.

Um banho de água fria. Isso é o que eu precisava.

Enquanto eu estava no chuveiro, a água derramando


sobre mim, meu ritmo cardíaco volta ao normal, do jeito que
era antes de ver Blaze lá fora suado e sem camisa. Eu estava
tão chateada com Blaze naquela primeira noite, com raiva
dele por sugerir que eu tinha fechado os olhos para o que
meu pai estava fazendo para que eu pudesse manter minha
mesada. Como se eu não me importasse com tudo. Blaze não
tinha ideia. Eu tentei fugir depois do assassinato de minha
mãe, tentei descobrir coisas sobre o meu pai, coisas que eu
não deveria saber. Eu queria gritar com Blaze, dizer-lhe
quantas vezes eu pensei em fugir. Eu tinha guardado
dinheiro, dinheiro para o investigador, mas meu pai tinha
descoberto. Em seguida, o dinheiro tinha acabado de
desaparecer e a conta foi fechada. Voltamos a agir como se
tudo estivesse normal, e recebi uma mensagem não tão sutil
para parar de fazer perguntas.

Isso é o que Blaze não entendia. Eu sempre estava


amarrada ao meu pai, não importava o que acontecesse.
Todos nós temos nossas cruzes, e essa era a minha. Eu tinha
tudo o que queria, mas nunca seria realmente livre. Estar
com Blaze foi o mais próximo que já senti a liberdade, o que
era irônico desde que eu estava basicamente presa aqui com
ele. Intelectualmente, eu sabia que precisava me manter de
guarda em torno dele desde que ele era um dos lacaios do
meu pai e não podia confiar nele. Por mais que eu tentasse,
estava ficando mais difícil manter essa cautela.

Havia apenas algo sobre estar aqui, longe de tudo, que


me fez sentir segura. Aqui era tranquilo. Mas não sabia por
quanto tempo mais poderia confiar em mim estando aqui,
deitada na cama, à noite, sabendo que Blaze estava apenas
do outro lado da porta.

Puxo um par de calcinhas da gaveta da cômoda, ainda


tão perdida em pensamentos que nem sequer ouvi a porta do
quarto ser aberta. Viro-me para ver Blaze ali de pé, e meu
coração para.

—O que diabos você está fazendo? — Agarro minha


toalha de banho.

Lá estava ele, sem camisa e suado do esforço. Por um


momento, pensei em deixar cair à toalha e pressionar o meu
corpo nu contra ele, levando-o para a cama, e montando-o
com força até ele vir. Tive que me segurar para não me
mover. Não faça isso. Você não quer isso.

—Meu Deus. Desculpe. — Mas ele não parecia muito


arrependido. Ele ficou lá olhando para mim.

Agarrei a toalha em torno de meus seios, segurando-a


bem fechada, então eu não iria deixá-la cair. Mas não estava
preocupada em ele me ver nua. Estava mais preocupada que,
se eu a deixasse cair, não haveria nenhuma barreira entre
nós, nada que impedisse de me jogar sobre ele.
—O que você está fazendo, intrometendo-se aqui assim?
— Tento soar indignada, tentando arduamente mascarar a
minha excitação.

—Pensei que você estivesse lá embaixo no lago. Eu


estava vindo para usar o chuveiro. Você não me ouviu entrar
na casa?

—Não, eu estava no chuveiro. — Tive o cuidado de não


dizer o que eu queria dizer, que tive que tomar um banho
porque tinha ficado molhada ao observá-lo.

—Quer dizer, eu já vi você nua. Só estou dizendo. —


Blaze sorri para mim e eu sinto meu estômago dar uma
cambalhota. Este homem ia ser o meu fim.

—Vá. É todo seu. — Eu não podia deixar de sorrir, e ele


aparentemente tomou isso como um convite para ficar. Eu
precisava deixá-lo sair antes que fosse tarde demais, então
bati nele. —Saia! E nem sequer pense em espiar.

Não que eu me importasse, penso.

—Eu não sou tão livre quanto você pensa que eu sou—,
diz ele. A maneira como ele disse, com pesar, me fez pensar
que ele quis dizer isso, não que isso era besteira que estivesse
dizendo para entrar em minhas calças. Tive a sensação mais
uma vez que podíamos ser almas gêmeas depois de tudo. Era
a mesma sensação que tive quando estávamos pescando hoje
cedo, ouvi-lo falar sobre sua infância e sobre como tinha
perdido sua mãe adotiva.

—Não, eu não acho. Você acha que pessoas como nós


estão sempre livres? — O vinho estava indo para a minha
cabeça, fazendo-me desejar coisas que não devia desejar.

—Você quer dizer ter liberdade, como um trabalho em


um emprego regular, com uma cerca branca e dois filhos? —
Pergunta Blaze.

Eu ri, engasgando com o meu vinho. Mesmo quando eu


era criança, sabia que essa vida nunca seria minha.

—Não, eu não quero dizer isso. Eu não acredito


realmente em toda essa merda. Não, eu só às vezes queria me
livrar de tudo isso, isso é tudo. Correr para algum lugar, com
uma rede na praia. Cortar os laços com todos da minha vida.
Às vezes eu só quero desaparecer.

—Este lugar é a minha maneira de fazer isso.

—Nós somos muito mais parecidos do que eu pensava,


você e eu—, diz ela. Estava começando a acreditar nisso, e
isso me surpreendeu. Talvez houvesse uma parte otimista
dentro de mim depois de tudo.

Blaze não disse nada na época, mas senti algo começar


a mudar entre nós. Estava começando a sentir algo mais do
que apenas estar à vontade com ele, sentada aqui nesta
cabana que ele construiu com suas próprias mãos, na frente
da lareira que ajudava a colocar para fora a frieza da noite.
Senti algo mais.
—É uma sensação agradável, aqui, sabe? — Parecia
imperfeito, e também decepcionado de como eu realmente me
sentia. Estava percebendo que eu não queria que esse
detalhe da proteção terminasse. Queria ficar nesse pequeno
casulo com ele.

—Não é como pensei que seria, até aqui com você—, diz
ele, sorrindo.

—Oh sim? Como você achava que ia ser?

—Bem, pensei que poderíamos acabar matando um ao


outro. — Blaze faz uma pausa, um sorriso malicioso
cruzando seu rosto. —Ou que nós íamos acabar transando
um com o outro além dos limites.

—E agora, o que você acha? — Minhas palavras


praticamente escorriam com a sugestão de mais. Excitação
corria através de mim ao ouvi-lo falar que foderia até meus
miolos.

Seus olhos vieram nos meus, me queimando por dentro.


Queria ouvir Blaze dizer que me queria.

—Eu não posso parar de pensar sobre o que eu quero


fazer com você—, diz ele.

—Oh? — Pergunto casualmente, mas o que realmente


queria fazer era arrancar suas roupas ali mesmo. Estávamos
apenas a um passo de distância, sentados um em frente ao
outro. Mas a distância entre nós se fazia sentir imensamente
longe.
—Seu pai iria nos matar—, diz Blaze. Meu pai. Ele
sempre voltava para o meu pai. Ele estava em toda parte,
como um fantasma que constantemente me assombrava.

—Ele iria matá-lo se descobrisse—, eu concordo. —Iria


destruir o seu clube.

Blaze não tira os olhos de mim.

—É o que continuo me dizendo. Seu pai é perigoso.


Tocá-la é perigoso.

—É.— É uma má ideia, penso. Uma ideia muito ruim.


Pode parar com isso agora, antes que comece. Eu quis ficar
de pé. Poderia caminhar de volta para o quarto; fechar a
porta atrás de mim; e deixá-lo fora. Se eu fizesse isso, poderia
salvá-lo, e evitar a destruição que inevitavelmente estava
trazendo para ele e seu clube. É o que eu precisava fazer. É o
que eu faria.

Fiz isso em duas etapas percorrendo toda a sala antes


que ele me agarrasse e me puxasse contra ele.

—Estar com você vai ser um problema—, Blaze diz, com


os olhos presos nos meus, o calor de seu aperto no meu
braço. Meu coração estava disparado, ameaçando sair do
peito.

—É—, eu sussurro. —Você deve me deixar ir. — Eu


poderia ir. Eu poderia ir embora agora. Poderia acabar com
isso, antes que ele fosse mais longe. Antes que qualquer um
de nós se machucasse.
—Você quer que eu te deixe ir? — Senti essa atração
magnética para ele, como se não pudesse me virar se eu
tentasse.

—Não—, eu digo, minha voz traidora mal deixando a


palavra sair antes que sua boca estivesse na minha, com sua
necessidade ardente aparecendo ao pressionar sua dureza
contra mim. Eu gemia, fundindo-me a ele, e ele agarrou a
parte de trás da minha cabeça, como se estivesse com medo
que eu fosse desaparecer se não caísse em cima de mim com
força.

Corro minhas mãos sobre ele, sobre seu peito duro, seus
ombros, seus braços. Cada polegada, me molda ao longo de
seu corpo e me faz lembrar a última vez que o toquei no
hotel. Ele geme, o som profundo parecia arrancado das
profundezas e depois fomos tirando as roupas, e jogando-as
no chão. Tudo desapareceu quando ele me beijou, beijou meu
rosto, meu pescoço, os lugares onde Billy tinha colocado as
mãos, as contusões desbotadas agora.

Eu não ligo para o que poderia acontecer se o meu pai


descobrisse sobre Blaze e eu. Não me importava que fosse
Blaze, ou o que ele fez. Tudo se perdia nele. Tudo estava
perdido em nós.

A mão de Blaze estava em mim, me guiando para o


tapete macio na frente da lareira. O calor do fogo irradiava na
minha pele. Ou talvez fosse o calor de Blaze. Eu não poderia
dizer mais nada. Desejo nublou minha percepção,
confundindo-a, me estonteando. Seus lábios estavam no meu
pescoço, meus ombros, minha clavícula. Jogo minha cabeça
para trás, deleitando-me com a sensação de sua boca na
minha pele. Então sua boca estava no meu peito, sua língua
rodando meu mamilo até que era difícil respirar, e eu senti
um jorro de umidade entre as minhas pernas. Eu precisava
dele. Meu corpo ansiava por ele.

—Blaze, — eu gemo.

Sua mão vagou sobre o meu corpo, suave, muito


suavemente. Eu o queria duro e áspero. Coloco as palmas
das mãos contra seu peito, e o empurro de volta no tapete.

—Dani, o que você está -— Seus olhos estão


arregalados.

—Shhh—, eu digo, jogando a perna por cima dele. Olho


para o seu pau abaixo de mim, sua ereção implorando por
minha atenção. Eu salivava com o pensamento de levá-lo na
minha boca, mas isso teria que esperar. Agora, eu queria que
ele me preenchesse. Abaixo-me nele e ele geme. Então ele
coloca as mãos na minha cintura, me impedindo de ir mais
longe.

—Dani.

—O que? — Eu mal posso falar bêbada de luxúria.

—Os preservativos. Onde estão eles?

—Você está limpo?

—O que?

—Estou tomando pílula—, eu digo minhas palavras


apressadamente. Eu não poderia pensar assim, sentada aqui
contra ele, querendo ele. Meu coração estava batendo. —Eu
estou limpa. E você?

—Sim. Mas você tem certeza que quer fazer isso? — Eu


estava certa? Eu tinha muito sexo, mas nunca assim, nunca
desprotegido. Eu tinha certeza? Sim.

—Eu acho que o sexo desprotegido é o menor dos


nossos problemas. Você sabe, uma vez que podemos não
sobreviver à próxima semana. — Com isso, agarro a base de
seu pau e o guio contra a minha abertura, observando a
expressão em seu rosto mudar de antecipação para a de
luxúria desenfreada.

—Nós vamos ficar bem—, ele diz com sua voz grossa.
Então, me puxa para baixo em seu pênis, duro, com as mãos
na minha cintura. Ele passa as mãos em cima de mim
quando começo a o montar, ganhando impulso. Eu não me
importava com mais nada. Eu só queria estar aqui com ele.

—Dani—, ele geme, suas mãos no meu rosto, me


puxando para baixo, para ele, beijando-me antes de me
deixar ir. Deixando-me ir selvagem, montando-o como eu
queria fazer nos últimos dias. Da maneira que queria fazer
desde que o conheci.

Eu o monto no que pareceu ser uma eternidade, o calor


fluía através do meu corpo, irradiando para as pontas dos
meus dedos das mãos e pés se misturando ao calor da
lareira. Suas mãos percorriam minhas costas, manchando-as
de suor do fogo e do calor entre nós. Não demorou muito, não
fizemos um amor lânguido, como material de romances. Meus
movimentos foram duros e rápidos, as mãos apalpando e
agarrando.

Eu arqueio minhas costas enquanto ele balança em


mim, empurrando mais e mais, me levantando levemente fora
do chão com cada impulso em minhas profundezas. Eu
empurrando para trás, atordoada com a excitação. Nada mais
importava no momento. Nada importava, só nós.

—Dani—, Blaze diz, sua voz grossa. —Oh meu Deus,


Dani.

—Blaze. — Eu olho para ele, os olhos grudados nos dele.


Desta vez eu não iria desviar o olhar. Não como da última
vez. Não gosto de passar todo tempo com outras pessoas, as
vezes sentia que não poderia atender o seu olhar com medo
que eles me vissem, a conexão muito íntima. Ele iria me ver,
desta vez.

A mão de Blaze vai para o meu rosto, como se soubesse


que iria tentar virar no último minuto, virar e tentar privá-lo
desse pedaço de mim, dessa conexão com a minha alma.

—Dani—, diz ele. —Eu - oh, Deus, você é tão boa. — Ele
agarra a minha nuca, puxando meu cabelo, puxando minha
cabeça para ele enquanto empurrava dentro de mim mais
duro, e eu contra ele, sentindo as ondas de prazer enquanto
chegava mais perto do clímax.

—Sim, sim, sim, — Engasgo. —Estou tão perto.

—Espere. — Ele estende a mão para o meu peito,


puxando meu mamilo enquanto apertava minha carne.
Ao ouvi-lo dizer para esperar quase me empurrou sobre
a borda.

—Não, eu não posso. — Eu mal podia falar.

—Espere—, diz ele. —Espera.

—Não, não—, eu não poderia pensar. Não tinha controle


sobre meu corpo. Eu estava à beira.

—Espere por mim, Dani—, diz ele. —Oh Deus. — Ao


ouvi-lo me empurrou sobre a borda. De algum lugar fora de
mim, me ouvi gritar quando ele me puxou com força sobre
ele, fazendo um impulso final dentro de mim, e a sensação
dele pressionado firmemente contra mim, me deixou louca.

Parecia que o tempo abrandou quando ele veio dentro de


mim, com as mãos me agarrando com tal poder que pensei
que iria me esmagar. Meus olhos permaneceram fixos nos
dele. Eu estava perdida. Era apenas nós, eu e ele, e tudo o
mais desapareceu.

Quando finalmente desci, eu olho para ele, suor escorria


na minha testa e pelo meu rosto. Limpei a testa com as
costas da minha mão, e Blake riu.

—É quente, certo? —, Diz.

Nunca esperei de verdade um pós-coito com bate-papo


com um motociclista, penso, tentando esconder um sorriso.

—O que foi que eu disse?

—Nada—, eu digo, deixando uma risadinha escapar,


apesar de meus melhores esforços. Estou de porre, penso.
Bêbada de sexo. Bêbada dele.
—O quê? — Ele empurrou os quadris, empurrando
contra mim, apesar de ser suave agora.

—Nada! —, Eu rio, jogando a cabeça para trás,


sacudindo meu cabelo. —Eu só não esperava o comentário
sobre o tempo depois do sexo.

—O que eu devo dizer? — Ele agarra meu peito, traça


seus dedos de brincadeira em cima de mim, e eu bato para
longe, minha pele sensível ao toque dele.

—Eu não sei—, eu digo, rindo. Percebi que não tinha a


menor ideia. —Que porra é que as pessoas normais falam
depois do sexo?

Blaze sorri.

—Sobre ir para casa na parte da manhã.

Eu rio, meu dedo indicador apontado contra seu peito,


um olhar severo simulado no meu rosto.

—É preciso limpar as calhas, senhor. Lavar o carro.

As bordas dos olhos enrugados.

—Você tem uma reunião de PTA na segunda-feira.

—As crianças têm uma viagem de campo na próxima


semana.

—Eu recebi uma promoção no trabalho vendendo


cinquenta resmas de papel ontem!

—Não! — Eu digo, rindo, todo o meu corpo tremendo. —


Isso é fantástico, Querido! No próximo ano, você estará como
gerente da fábrica, estou dizendo a você!
—Sally precisa de chaves, — Blaze diz, arqueando-se
para pressionar seus lábios contra os meus. Sinto um arrepio
na minha barriga, se espalhando através de mim. Por que
diabos falar sobre pessoas normais estava me deixando
quente? Tinha certeza que havia algo fodido sobre a minha
psique.

—Johnny tem treino de futebol na próxima semana—,


eu digo, ofegante, quando Blaze segura meu peito com a mão,
levando-o até sua boca. Em seguida, ele recua, um pouco,
seu hálito quente na minha pele.

—Vou levá-lo a minivan—, diz ele. Eu me apoio em torno


dele, involuntariamente, o sinto endurecer dentro de mim
novamente. Esta é uma conversa sobre sexo muito fodida, eu
penso.

—Eu vou fazer biscoitos para os pais! — Eu digo, me


movendo contra ele.

—Vamos colocar Bob no escoteiro—, ele geme.

—Johnny—, eu digo, balançando sobre ele novamente.

—O que?

—O nome dele é Johnny—, eu digo enquanto cavalgava.


—Nosso menino. Johnny. Não Bob.

—Oh, meu Deus—, diz ele, com as mãos na minha


cintura novamente. —Escoteiros. Johnny. — Ele para
enquanto empurra para dentro de mim. —Eu sempre tenho o
nome do mais velho confundido com o número sete.

—O número sete?
—Sim, o mais jovem. — Ele sorri.

—Engraçado—, eu digo. —Se você diz-— Eu gemo


enquanto ele se move. —Faz isso oh, por Deus, juro que eu
estaria correndo para as montanhas. — Eu paro. —Na
verdade, talvez eu devesse. — Eu finjo que estava prestes a
subir para fora dele.

—Ah, é? — Blaze sorri. —É assim que você quer jogar?

Eu rio.

—Talvez. — Eu escalo fora dele, e ele sobe atrás de mim,


me agarrando, me segurando até que corro em direção ao
quarto, rindo histericamente, a tensão acumulada, a loucura
e o sexo me deixando eufórica.

—Hey, menina—, diz ele.

Eu grito, caindo gargalhando na cama, quando a mão de


Blaze pega na minha cintura e me puxa para a beira da
cama, até que minha bunda fica pendurada para o lado. Meu
riso vira gemidos suaves quando ele agarra minhas coxas,
provocando a minha entrada com seu pênis. Ele pression a
contra mim, e eu ofego, soltando um ―sim‖.

Blaze entra em mim, enchendo-me em um movimento


rápido. Puxa meus joelhos contra cada lado dele, os segura
enquanto me fode, empurrando duro para dentro.

—Sim, sim, — Pedia-lhe. Não era mais engraçado, e eu


não estava mais rindo. Em vez disso, eu estava caindo sobre
ele, envolvendo minhas pernas em volta dele, pressionando
meus braços em suas costas, puxando-o mais profundo
dentro de mim. Eu o queria mais e mais.
—Dani. — Me sentia indo cada vez mais alto enquanto
ele sussurrava meu nome, mais e mais. Ele segura minhas
mãos, e eu cavo meus dedos na parte de trás dele, igual
quando ele me montou, sempre aos sussurros. Então ele
puxa minhas mãos acima da minha cabeça, prendendo-as na
cama e de repente, inesperadamente, o medo toma conta de
mim como uma onda. A perda momentânea de controle me
faz lembrar a noite com Billy, quando as mãos dele se
envolveram em torno do meu pescoço.

—Não, não, não—, eu digo, lutando contra ele.

Blaze congela.

—O que está errado?

—Não, pare. — Eu grito desta vez, empurrando com


força contra suas mãos. Eu sentia como se não conseguisse
respirar.

—O que está errado? O que eu fiz?

—Saia de mim. Fique longe de mim. — Eu não podia ver


seu rosto enquanto me empurrava para cima, correndo para
o banheiro e esvaziava o conteúdo do meu estômago na
privada, mas podia ouvir a perplexidade e angústia em sua
voz. Respire. Respire. Engasgo, ofegando por oxigênio, e
depois sinto, o gosto amargo de vômito na minha boca.

Sinto Blaze atrás de mim. Então ele se agacha ao meu


lado.

—Sinto muito—, ele sussurra. —Eu sinto muito.


Eu estava debruçada sobre o vaso sanitário, minha
respiração desacelerando, o meu ritmo cardíaco diminuindo,
mais humilhada do que qualquer coisa.

—Você não fez nada—, eu digo. —Eu também não. — Eu


sabia que não era minha culpa por lembrar o que Billy tinha
feito, mas me senti fraca e irracional tudo ao mesmo tempo.

Ele se levanta, pegando um pano frio e limpa minha


testa, em seguida, minhas bochechas, então meus lábios.

—Eu deveria ter previsto isso—, diz ele. —Eu sinto


muito.

Mais tarde, depois que eu tinha me limpado, ele


aconchegou-se contra mim na cama, seus braços em volta da
minha cintura. Eu estava feliz por ele parecer entender isso.
Eu não queria falar sobre o que aconteceu.

Quando adormeci, meu último pensamento foi que


queria ficar assim com ele para sempre.

Pisco abrindo os olhos na manhã seguinte para a luz


que fluía através das janelas e Blaze tinha ido. Oh merda. Se
ele tivesse me deixado, a maneira que o tinha deixado depois
da primeira noite no hotel? ―Brilhante‖ Que diabos era isso?
Não conseguia me lembrar da última vez que tinha dormido
assim.
A porta do quarto se abre e Blaze entra, com pratos e
talheres cuidadosamente dispostos em uma bandeja de café
em suas mãos.

—Bom dia—, diz ele.

—Que horas são?

—Apenas nove—, diz ele.

—Está tão claro. Eu sinto como se eu tivesse dormido


para sempre.

—Eu não queria te acordar. Você estava morta para o


mundo.

—Meu Deus. Há quanto tempo você está acordado? Você


está todo vestido e tem o café da manhã pronto? Eu sou uma
preguiçosa total.

—Pensei em me tornar útil. Quando foi a última vez que


te mimaram? — Blaze sorri, colocando a bandeja sobre a
cama e deslizando ao meu lado.

—Espere, não, eu não quero saber essa resposta. Tenho


certeza de que todos aqueles meninos de Stanford estão
caídos por você.

—Hah. — Eu aceito uma xícara de café com gratidão,


saboreando. —Uh, Blaze sobre a última noite. Eu arruinei o
momento e....

—Não diga mais nada—, diz ele. —Eu não estava


pensando em tudo. Eu deveria ter percebido que iria afetá-la
assim.
—Mas não afeta—, protesto. —Eu não sei por que isso
aconteceu. Não tive quaisquer sonhos ruins ou qualquer
coisa. Foi tão de repente.

Blaze dá de ombros.

—Coisas como essa são imprevisíveis.

—Sim, mas no meio do sexo e....

—Hey, — ele diz, inclinando-se e colocando o dedo


indicador nos meus lábios. —Confusões da vida. É
exatamente como as coisas são. Não é uma coisa pela qual
você deve sentir-se mal. Meu pau não vai murchar e cair
apenas porque nós não terminamos.

Eu sorrio maliciosamente, olhando para seus jeans.

—Não, certamente não vai, não é? — Eu pego a bandeja


de café da manhã e a coloco em uma mesa no canto da sala.

—Ei! Você não está com fome?

Eu me viro. —Absolutamente morrendo de fome.

—A comida é.... oh.

—Oh. Sim, eu não estava falando sobre esse alimento.


— Eu dou para trás e subo nele, desabotoando sua calça
enquanto ele se deita sobre os travesseiros, suas mãos
arrastando preguiçosamente através do meu cabelo enquanto
eles caiam para frente perto de seu rosto. Faço um rápido
trabalho no seu jeans, puxando para os lados quando ele
arqueia seus quadris para fora da cama me ajudando. —Oh,
eu vejo como ele é. Já está duro?

Blaze sorri timidamente.


—Menina, eu não posso explicar o que você faz comigo.

—Boa resposta—, eu digo, mantendo contato visual com


ele enquanto o guiava em direção a minha boca. Toquei
minha língua nele, provando o seu sabor, e Blaze geme. —
Ainda não—, eu digo, sorrindo enquanto me abaixo, lenta e
suavemente beijando o comprimento de suas coxas internas,
ouvindo a respiração crescer mais e mais. Tomo meu tempo
arrastando minha língua ao longo da superfície texturizada
de suas bolas, tendo uma e depois a outra na minha boca
como se ele fosse um delicioso pão. Ou meu café da manhã,
de qualquer maneira.

—Oh Deus, isso é tão bom—, diz Blake, suas mãos


correndo sobre a minha cabeça, os dedos entrelaçados no
meu cabelo.

As palavras me estimulam e eu passo minha língua pelo


seu comprimento, em seguida, em torno de sua cabeça,
sacudindo-a sobre a ponta do seu pênis antes de finalmente
embalar minha mão apertada em torno da base e levá-lo na
minha boca, apenas a ponta, provocando-o. Meus mamilos
endurecem, uma resposta quase reflexiva a seu gosto.
Estremeço, muito consciente da umidade entre as minhas
pernas, devido a minha súbita fome por ele, mais do que
qualquer outra coisa.

—Dani. — Ele geme quando mudo para cima e para


baixo de seu comprimento, tendo o máximo dele o tanto
quanto posso, acariciando-o com a mão. —Oh sim, é isso.

Blaze me puxa pelo cabelo, segurando-o na raiz,


balançado com seus quadris enquanto ele se torna mais
excitado. Eu gemo intencionalmente o ouvindo inalar
bruscamente. Eu não tinha percebido o quanto eu gostava
disso, tê-lo na minha boca, levando-o. Agradando-o. Tê-lo à
minha mercê. Eu sinto seu corpo enrijecer enquanto ele se
aproximava do clímax, e sabia que precisava dele dentro de
mim, urgentemente.

—Espera. O que você está fazendo? —, Ele pergunta


quando eu me afasto dele.

—Segure-se.— Eu balanço minha perna por cima, de


costas, e sinto suas mãos na minha bunda, me guiando
quando deslizo facilmente sobre ele.

—Oh meu Deus, é isso. — Eu preparo minhas mãos na


cama, movendo contra ele, e Blaze amassa minha bunda
enquanto se move debaixo de mim. Quando o meu orgasmo
chega Blaze pega um punhado de cabelo, puxando minha
cabeça para trás enquanto eu o monto. A dor aguda me
empurra mais perto da borda e eu grito, —Oh Deus, sim,
Blaze.

Sinto-me arrastada pelo meu prazer, mais e mais e não


podia pensar, perdida no momento. Podia ouvi-lo dizer algo,
mas parecia muito longe, e eu vim, onda após onda de
orgasmo em cima de mim. Seguro suas pernas, empurrando
meu corpo para baixo como se fosse a minha única ligação
com a realidade, e eu o sinto vir comigo. Quando minha
mente finalmente clareia, viro-me, olhando-o por cima do
meu ombro.

—Veja? Você não é o único que pode inventar algo bom


para o café da manhã.
—Não, senhora—, diz ele. —Tiro meu chapéu para a
Chef.

—Então, você vai se juntar a mim no lago? — Escolho


uma uva de uma vasilha no balcão da cozinha e coloco na
minha boca. —Deus, eu tenho fome durante todo o dia.—

Blaze fecha a tampa mais firme e se vira, um sorriso


estampado em seu rosto.

—Isso é por causa de todo o exercício que você está


recebendo.

—Eu sei. Eu vou ter dificuldade em andar amanhã!

Ele me dá um tapa na bunda, um gesto que parecia


divertido e íntimo. Então o pensamento penetra na minha
cabeça. Tenha cuidado. Lembre-se de quem você é, o que
você está fazendo aqui. Eu o empurro para fora. Minhas
dúvidas e receios não iriam arruinar um perfeito bom dia, em
um belo lago com o cara mais quente que eu já estive. Eu
tinha estado com homens atraentes, mas eu estava mais
atraída por ele mais do que já estive por qualquer um antes.

—Vamos. — Ele me joga um cobertor.

—Estou surpresa que você não tem um pequeno cesto


de piquenique, já que você é um pouco a Dona de casa
Suzy—, eu digo.
—Eu deveria ter uma cesta de piquenique, agora que
você mencionou. Você acha que eles vendem na loja de
departamento?

Eu rio.

—Provavelmente. Devemos comprar a minivan.

No lago, nós colocamos o cobertor na sombra, bebemos


vinho em copos de papel e comemos sanduíches, saímos
como um par de bem, um casal. Debruço-me contra seu
peito, o tecido macio de sua camiseta escovando minha
bochecha.

—Isso é legal.

—É.— Blaze acaricia meu cabelo, o movimento rítmico


quase hipnótico.

—Não vai ser tão bom quando tivermos de voltar.

—Não. — Ele fica em silêncio, e me pergunto se estava


tão relutante em voltar para a realidade como eu estava. Foi
uma pausa agradável, brincando de casinha aqui em cima e
parte de mim não queria que acabasse. Parte de mim
fantasiou que ele poderia ser a minha fuga. Mas eu sabia que
não era o caso, e eu teria que lidar com a realidade em breve.
Um sentimento de escuridão caiu sobre mim quando pensei
em voltar para a realidade, e eu tento removê-lo.

—Hey. — Eu olho para Blaze, os olhos fechados, todos


os músculos do seu rosto relaxados. Ele resmunga uma
resposta.

—Quanto frio é o lago?


—Frio para caralho.

—Bem, a coisa boa é que está quente para a porra aqui


fora. — Eu pulo sobre os meus pés, dando-lhe um sorriso
malicioso. —Dá para nadar, certo?

—Nunca tentei. Quero dizer, não é um lago de verdade,


apenas um pequeno lago. Tenho certeza de que está tudo
bem para nadar. — Ele protege os olhos. —Que diabos está
fazendo? Você vai congelar suas tetas aqui fora.

Eu rio, puxando meu vestido de verão sobre minha


cabeça e deixando um rastro de roupa atrás de mim
enquanto caminhava para a água.

—Você vai apenas ficar aí e assistir?

—Ah, caralho, — Blaze grita, e eu viro de costas para ele


e fecho os olhos, meu rosto ao sol, deleitando-me com o calor
no meu corpo nu. Eu estava livre, pela primeira vez na
história. Queria engarrafar o sentimento, para ser capaz de
beber a partir dele quando estivesse de volta ao mundo real.

Mergulho meus dedos do pé na água.

—Puta merda, está fria!

—Eu disse a você! — Blaze gritou da manta de


piquenique, onde estava tirando sua cueca. Eu o vejo, bebo
sua nudez, tentando gravar no meu cérebro.

—Eu vou entrar! — Andando mais para a frente, eu me


preparo. —Não, não é assim tão ruim! — Eu grito. De todas
as coisas que eu fiz na minha vida, esta seria a primeira vez
que mergulhava com um motociclista.
Blaze correu até o lago, com as mãos em concha
protegendo seu pau. Ele mergulhou um dedo do pé na água,
em seguida, retirou a perna.

—Jesus, menina, você é louca! Minhas bolas vão ficar do


tamanho de amendoim aqui.

—Para um grande motociclista sujo, você é do tipo bebê


chorão. — Eu chuto para trás, flutuando, meus mamilos
cutucando-se através da superfície da água. —Mas acho que
os meus mamilos podem ser fortes o suficiente para cortar o
vidro.

—Bebê chorão, hein? É melhor ser capaz de nadar


rápido. — Blaze vem mais para o fundo, em seguida,
mergulha, cortando a água atrás de mim, eu grito quando ele
vem e põem-se de pé no fundo do lago. Ele me agarra, me
puxando contra ele, cobrindo minha boca com a dele.
Ficamos lá, seus braços em volta de mim, em silêncio, até
que o frio da água se tornou desconfortável.

—Eu acho que meus lábios estão azuis—, digo,


tremendo, apesar do calor de seu corpo.

—Deixe-me ver.— Blaze me beija suavemente, puxando


meu lábio inferior entre os dentes. —Eu acho que eles estão
azuis—, ele sussurra.

—O que você sugere?

—Você definitivamente precisa ser aquecida.

—No entanto você vai me aquecer?

—Eu acho que eu poderia ter uma ideia. — Ele me puxa


com ele, andando para trás na água até que ela era
superficial, então desliza uma mão sob meus joelhos e o
outro nas costas para me pegar.

Eu rio, passando os braços em volta do pescoço.

—Não caia!

—Eu seguro você. Não se preocupe. — Ele me deita no


cobertor, e eu tremo de frio com o ar em minha pele molhada,
apesar da temperatura morna.

—Eu gostaria que tivéssemos toalhas.

—Eu acho que sei o que você precisa para se aquecer—,


diz Blaze. Em seguida, ele estava em mim, seu corpo liso com
a água do lago, as mãos correndo por mim, cobrindo-me, me
aquecendo com seu toque.

Estou ficando muito acostumada com isso, penso


enquanto ele beija seu caminho pelo meu estômago. Sinto o
calor de sua boca entre minhas pernas e em seguida, eu
tremo, mas não por causa do frio.

—Eu amo o seu gosto—, diz ele enquanto enterrava a


cabeça entre as minhas pernas, sua língua rodando sobre o
meu clitóris, trazendo-me mais alto.

—Agora, por favor, — eu imploro, minhas mãos sobre a


sua cabeça, puxando-o para cima. Eu o quero dentro de mim.
Blaze sobe em cima de mim, com os olhos nos meus
enquanto mergulha em mim, e eu envolvo minhas pernas em
torno de suas costas, puxando-o o mais perto que posso. Foi
emocionante estar com ele, dormir com ele, mesmo que o
sexo até agora foi estilo baunilha, uma vez que poderia ser
comparado com a loucura que eu tinha experimentado na
escola e na faculdade. Era engraçado como o sexo baunilha
mais normal com alguém que eu gostava era um milhão de
vezes mais satisfatório do que toda a merda de alguém que
empurrava meus botões, mas que eu não estava envolvida.

Blaze geme e vejo seu rosto quando ele chega mais perto
e mais perto. Eu gosto dele, penso. Muito. Quando ele faz um
pouco de barulho grunhindo, eu sabia que ele estava perto, e
paro de segurá-lo.

Depois disso, ele fica lá, dentro de mim, acariciando


meu cabelo e correndo os dedos pelo meu braço enquanto
olha para mim. Em torno de nós, o farfalhar das árvores e os
pássaros eram os únicos sons, um fundo natural de ruído
branco. Exceto por um estrondo súbito na distância ficando
mais alto.

A expressão de Blaze mudando de calma para de


preocupação imediata.

—Você ouviu isso?

Meu coração para.

—Ouvi o barulho de um som se aproximando.

—Ninguém deveria estar aqui em cima. — Ele fica de pé.


Mexe em suas roupas e joga o meu vestido. Escorrego meu
vestido sobre minha cabeça, sem me preocupar com sutiã ou
calcinha.

—Blaze, — eu sussurro. —Pode ser apenas turistas ou


algo assim, certo?
—Claro, Dani. — Ele estende a mão para o refrigerador e
tira sua arma. Eu ainda não o tinha visto carregando-a. —
Fique aqui.

Me mudo para uma árvore, me escondendo atrás dela


como se isso fosse fornecer algum tipo de proteção contra o
que estava acontecendo. Por favor, deixe apenas ser alguém
do MC, eu rezava silenciosamente. Gostaria de saber se meu
pai tinha de alguma forma descoberto sobre Blaze e eu, e
tinha vindo para acabar com ele. Não, eu penso. Isso é
irracional. Não pode ser ele.

Olho ao redor da árvore, quando Blaze faz o seu


caminho até a estrada principal, e v ejo carros vindos para
cima. Não podia ver o que estava acontecendo, apenas Blaze
com as mãos levantadas no ar, em seguida, curvando-se,
definindo a arma no chão.

—Não! — Grito, aterrorizada Blaze estava prestes a ser


morto. Corro em direção a ele, minha mente nublada com o
medo de que eu poderia perdê-lo. Jogo meus braços em torno
dele.

—Está tudo bem—, diz ele, sua voz calma e firme. Olho
para cima para ver dois sedans negros e cinco homens
usando ternos, as armas apontadas para nós.

Não, eu penso. Certamente não estava nada bem.


CAPÍTULO
12
Tomado
Blaze

Protegendo os olhos do sol, v ejo Dani quando ela tirou


suas roupas, jogou o sutiã e a calcinha na areia correndo nua
como se o fizesse todos os dias. Como se não fosse nada.

—Você vai apenas ficar aí olhando?

Ela virou o rosto para o sol, de pé, com as mãos


estendidas, os olhos fechados, nua, muito alegre. Senti meu
pau se agitar só de olhá-la, que corpo, pernas longas e bunda
perfeita.

Mas não era só seu corpo ou sexo. Eu estava muito


relaxado com ela, mesmo antes da noite passada. Mesmo
quando havia tensão entre nós, havia algo nela que a fazia
diferente de qualquer outra garota que eu já havia conhecido.
Eu estava começando a querer mais dela, mais do que
tínhamos até agora, embora soubesse que não deveria haver
algo entre nós.
Ela mergulhou os pés na água.

—Puta merda, está fria! — Ela gritou.

—Ah, caralho! — Gritei, tirando minha roupa, para me


juntar a ela.

Depois, eu a levei do lago gélido ao cobertor, aquecendo-


a com meu corpo. Meu rosto entre suas pernas, sentindo seu
cheiro, nunca quis uma mulher tanto quanto eu queria Dani.
Mas isso era perigoso, não somente por causa do seu pai.
Querer tanto alguém era perigoso, aprendi isso quando era
ainda criança, tudo que eu queria sempre me foi tirado.

Quando eu deslizei para dentro dela, observando sua


expressão mudar enquanto ia mais e mais até que ela chegou
ao clímax, pensei,

—Eu vou perdê-la—. Não irá durar.

Nada dura, pensei enquanto estava ali, meus braços em


torno de Dani.

Minha arma estava no chão e eu impotente. Seria


incapaz de fazer qualquer coisa para protegê-la do que estava
prestes a acontecer.

Dois carros pretos com vidros escuros estavam


estacionados na estrada, cinco homens grandes usando terno
e óculos de sol se postaram na frente dos carros apontando
suas armas para nós. Estávamos em desvantagem e
desarmados.

—É, OK—. Sussurro para a Dani. Ela tremia como uma


folha ao meu lado, a aperto com força contra o meu corpo,
tentando tranquilizá-la, demonstrando que estava segura. O
problema é que não tinha certeza se estávamos a salvo.

Dois homens se aproximaram e sem uma palavra nos


escoltaram para a estrada, antes de nos empurrar. Dani
estava na minha frente, com os braços ao lado do corpo, em
seu vestido leve de verão, o mamilo duro contra o material
fino. Quando um dos caras a tocou nas costas, eu senti meu
sangue ferver. Sabia que ele estava sendo profissional,
tentando não agir de forma inadequada, contudo eu precisei
me forçar a olha-lo em vez de perfurá-lo na cara como eu
queria.

Quando terminaram eu observei e memorizei os homens


e os veículos, tentando avaliar a quem eles poderiam
representar. Os homens de terno estavam todos com os
cabelos curtos de aparência militar. Contudo os sedans eram
demasiado caros para ser do governo. Eles eram profissionais
e não motociclistas ou membros de gangues. Se fossem um
destes grupos, Dani seria um prêmio entre os caras. Eram
homens de Guilhermo? Ou uma retaliação por não tirar o
garoto da faculdade?

Eu tinha conversado com Mad Dog ontem à noite e tudo


estava certo. Além disso, o garoto já estava longe, em algum
lugar na Europa para as férias de verão, como eu suspeitava.
Não poderíamos ser culpados por não fazer o trabalho. E eu
não acho que Guilhermo nos levaria desta forma, seus
homens teriam se identificado imediatamente, ou Dani ou eu
iriamos reconhecê-los. Isso tornou o rival de Guilhermo um
total desconhecido para mim.

Fomos vendados e algemados com fortes laços em torno


de nossos pulsos, mas não desconfortavelmente apertados, o
que me fez pensar que estavam sob ordens de não nos tratar
mal. Isso era um bom sinal.

Quando estavam nos conduzindo estrada abaixo, Dani


sussurra.

—Blaze?

—Sim.

—Você sabe quem são esses homens?

—Não. Mas tudo vai ficar bem.

Um dos caras no banco da frente falou.

—Sem conversa.

—Quem é você? —, Pergunta Dani, a raiva óbvia pelo


seu tom de voz.

—Dani—, eu digo em um sussurro.

—Quietos—. O homem na frente fala novamente, e Dani


fica em silêncio.

Sua mente deveria estar a mil por hora, tentando juntar


as coisas, e apesar da situação, eu tive que reprimir um
sorriso por sua força. Ela estava com medo antes, mas agora
ela só estava chateada.

Essa é a minha garota, penso.


—Que lugar é esse? — Dani pergunta.

—Eu não sei—, sussurro.

Tínhamos sido conduzidos por algumas horas e trazidos


para uma casa, um lugar que parecia ter saído de um filme.
Era uma mansão, toda em arquitetura moderna, com paredes
brancas e móveis brancos, situada próxima a um penhasco,
com vista para o oceano. Parecia que o lugar pertencia a uma
estrela de cinema.

Estamos provavelmente em Malibu, penso.

Viro-me para Dani.

—Não se preocupe—, eu digo.

Estava menos preocupado agora que vi este lugar,


apesar de ter minhas mãos ainda atadas às costas. Com uma
mansão de milhões de dólares o proprietário não estaria
disposto a atirar em nós aqui. Isso seria confuso, e este lugar
era intocado para caralho. Estávamos prestes a ser usados
em algo talvez isca para alguém? Mas não estávamos prestes
a morrer, pelo menos não agora. Isso trouxe um pouco de
conforto.

Um dos guarda-costas nos levou para uma grande sala,


onde havia outro homem de terno olhando pela janela, de
costas para nós. Ele era alto e magro, com cabelos escuros e
pele escura. Quando ele se virou, imediatamente vi a
semelhança entre ele e Guillermo. Isso é interessante.

—Myron—, diz ele, apontando para um dos guarda-


costas. —Peço-lhe que retire as algemas?

Sinto um estalo e em seguida, minhas mãos estão livres.


Dani fica ao meu lado, esfregando os pulsos, olhando para
este homem, com os olhos ardendo de ódio.

—Por que estamos aqui? —, Ela pergunta, irritada. Sem


medo.

—Eu peço desculpas pelas algemas e pela maneira como


vocês foram conduzidos para cá—, diz ele. —Eu espero que
possa confiar que você não está a ponto de se precipitar e
tentar me golpear até a morte. — Ele olha para nós dois, à
espera de uma resposta.

—Não—, diz Dani.

—Excelente. Agora que as formalidades acabaram,


podemos continuar. Quanto à forma desagradável que foram
conduzidos para cá, não é a maneira que eu teria gostado que
ocorresse. É incivilizado, não é uma forma de tratar a família.
Era apenas uma precaução, entenda, uma medida de
segurança meus homens estarem armados, não tínhamos
escolhas.

Abro minha boca para falar, mas Dani me dá um soco.

—Família? —, Ela pergunta, a voz ainda irritada.

—Quem diabos é você? —, Pergunto.


—Lamento que tenhamos que nos conhecer desta forma,
nestas circunstâncias tensas. Você deve pensar que eu sou
um monstro, sequestrando você assim. No entanto, é assim
que deve ser.— Seus olhos pousam no rosto de Dani, e eu
não gosto da maneira como ele olha para ela.

Então ele suspira.

—Dani—, diz ele. —Você parece tanto com sua mãe. É


impressionante.

A voz de Dani sai rouca.

—Quem é Você?

—Por favor, sente-se—, diz ele, apontando umas


cadeiras em frente ao balcão. —Desculpe-me. Vou explicar
tudo em apenas um minuto. — Ele anda para um bar, e
derrama um líquido âmbar de uma jarra de vidro em dois
copos, colocando-os sobre a mesa na nossa frente.

Dani olha para os copos, a descrença gravada em seu


rosto.

—Não, obrigado.

—É Scotch—, diz ele, voltando para a jarra para um


terceiro copo. —Não está envenenado, eu lhe garanto. Mas
quando você ouvir o que tenho a dizer, você será grata por
isso.

Nos sentamos à espera dele, meus pensamentos


corriam. Que diabos estava acontecendo aqui?

Então ele senta-se pesadamente na cadeira em nossa


frente, com o rosto cansado.
—Eu estive esperando por este dia durante muito
tempo—, diz ele. —Meu nome é Benicio Arias.
CAPÍTULO
13
A verdade
Dani

Eu ouvi as palavras, mas eu levei um minuto para


registrar o que ele tinha acabado de dizer.

—Arias. Meu nome. — Eu balanço a cabeça, franzindo a


testa.

—Não. Eu não tenho qualquer outra família.

—Sim, acho que foi isso que seu pai lhe disse—, diz ele.
—Mas posso lhe garantir, eu sou o irmão dele.

—Ele disse que seu irmão estava morto.

Benicio toma um gole do seu copo.

—Bem, isso soa correto. Você poderia dizer que eu estive


morto durante os últimos vinte anos. No entanto, eu estou de
volta à vida.

—Então você nos sequestra a mão armada e nos joga em


um carro para uma pequena reunião de família? — Eu estava
irritada com toda a situação, e esse cara - meu tio - foi
tornando as coisas piores com a sua atitude blasé,
conduzindo as coisas como se tivesse todo o tempo do mundo
para uma conversa.

—Seu pai e eu temos alguns negócios inacabados—, diz


ele. —E você, Dani, é uma parte disso. Fiz um voto solene a
sua mãe que um dia você iria saber a verdade. E esse dia é
hoje.

—Não fale sobre a minha mãe—, eu digo, aumentando o


volume da minha voz. —O que você sabe sobre ela?

—Eu a amei uma vez, e ela me amava—, diz Benicio. Ele


olhou para o copo, e eu quase acreditei nele. Quase.

—Isso não é verdade. — Eu me viro para Blazer. —É


mentira, tudo mentira. É algum tipo de jogo cruel que ele está
jogando. Eu não quero estar aqui. Eu quero ir.

Benicio enfia a mão na gaveta da mesa, tirando uma foto


enrugada e desgastada, e entrega-a para mim. Era uma foto
de um homem e uma mulher mais jovem, com os braços em
volta do seu pescoço. Minha mãe, e um homem mais jovem,
claramente Benicio. Sinto meus olhos se encherem de
lágrimas, e mordo meu lábio, tentando segurá-las.

—Não—, eu digo. —Não pode ser. Isso não pode estar


certo. As fotos podem ser alteradas. Podem ser photoshop.
Contudo eu sabia que era ela, na hora que eu olhei para a
foto.

—Elas podem—, diz Benicio. —Mas isto não é


photoshop. Você sabe que não foi alterado. Esta é a sua mãe
e eu. Ela me amou, e eu a amava.
Minhas mãos tremiam no momento em que eu virei à
foto e li sua caligrafia. Era a letra da minha mãe. Eu a
reconheceria em qualquer lugar.

Com amor, Eileen.

O nome dela. Eu olho para Benicio.

—O que você quer de nós? —, Pergunto indignada e


irritada. Agora eu queria saber por que ele estava aqui.

—Ela e eu éramos tudo um para o outro—, diz Benicio.


—Isso foi há muito tempo atrás. Vê-la aqui, foi como ver um
fantasma. — Sua voz falha.

—Por que estou apenas te conhecendo agora? — Eu não


conseguia imaginar por que meu pai me dizia que todos os
membros de sua família foram mortos.

—É uma longa história—, diz Benicio. —E a razão que


eu te trouxe aqui. Além disso, eu também precisava garantir
que estivessem protegidos.

—Protegidos de quem? —, Pergunta Blaze. Eu poderia


dizer que ele ainda estava chateado com a maneira que
Benicio tinha usado para nos levar a partir da cabana.

—Meu pai disse que alguém estava tentando me matar -


a mesma pessoa que matou a minha mãe—, eu digo, de
repente, tensa. E se Benicio foi quem a matou?

A expressão de Benicio fica escura.

—Sim—, diz ele. —Isso é exatamente o que eu temo.

—Então quem é? Quem matou a minha mãe?


—Eu tenho minhas suspeitas—, diz Benicio. —Se eu te
contar a história, acho que você pode concordar comigo.

—Por que não me dá o nome e como chegou a ele? — Foi


muito irritante, a forma como este homem iniciou a conversa,
casualmente, como se estivéssemos a saborear uma refeição
de quatro pratos. Eu queria saber quais as informações que
ele tinha sobre o assassinato de minha mãe.

Benicio suspira.

—Eu acho que seria muito melhor se eu te contasse


toda a história antes de te dizer de quem eu suspeito.

Blaze toca meu braço.

—Dani—, diz ele. —Vamos ouvir o que ele tem a dizer.

Estendo a mão para o scotch e bebo de uma vez, sinto a


sensação do álcool queimando a minha garganta.

—Ok, vá em frente. — Seja qual for o tom, Benicio não


me parece um mentiroso.

Benicio se inclina para frente, com os braços sobre a


mesa.

—Quanto você sabe sobre o seu pai, sobre de onde ele


veio o que ele faz?

—Ele veio do Panamá, anos atrás—, eu digo. —Eu


perguntei a ele sobre isso, e ele me disse para não fazer
perguntas. Assim como todo o resto. Você está sempre
fazendo perguntas demais, diz ele. — Fiz uma pausa. —
Vamos fala, solta, desembucha. Eu não sei exatamente o que
ele faz, não mais. Eu estive na faculdade. As coisas podem ter
mudado nos últimos anos.

Benicio assente.

—E o que você sabe sobre a história do Panamá?

—Pouca coisa. Papai raramente fala sobre isso. Mamãe


costumava me contar histórias da vida lá, antes de se mudar
para cá.

Benicio olha para Blaze, ele encolhe os ombros e levanta


as palmas das mãos no ar.

—Eu sei de outras partes da história—, diz Blaze. —Mas


a história do Panamá não é uma delas. Eu sei como
encontrar o país em um mapa, e isso é tudo.

—Bem, então—, diz ele. —Você já ouviu falar de Manuel


Noriega, é claro.

—Claro—, eu digo.

Ele olha para Blaze, procurando saber se Blaze sabia


quem era Noriega. Em seguida, volta seu olhar para mim.

—Manuel Noriega foi um ditador militar do Panamá


durante a segunda metade dos anos oitenta. Seu pai e eu
fomos promovidos a posições de poder na administração dele,
posições ligadas a economia e finanças.

—Os Estados Unidos invadiram o Panamá nos anos


oitenta, não é?— pergunta Blaze.

Benicio assente.

—Sim, mas eu vou chegar lá em um momento. O


General Noriega foi extremamente pragmático, motivado por
dinheiro e poder. A corrupção era rápida e forte em sua
administração naqueles dias. E seu pai e eu? Nós não éramos
inocentes, mas o que se pode fazer? — Ele deu de ombros. —
Se Noriega e outros estavam ficando ricos, nós também
queríamos.

—Como? — Pergunto.

—Seu pai, meu irmão, foi um dos assessores de maior


confiança do general Noriega. Ele lidava com o dinheiro. Foi
ele que sugeriu a compra de propriedades em Paris para
lavagem de dinheiro. — Benicio sacude a cabeça. —Os
franceses, eles não foram amistosos com relação a isso. Foi
um erro da parte de Guillermo.

—O que isso tem a ver com a minha mãe?

—Paciência, minha cara—, diz ele, e um sorriso triste


atravessa seu rosto. —Você é muito parecida com ela a esse
respeito. Você tem a mesma impaciência que ela tinha. Ela foi
por vezes imprudente. Era algo que eu amava sobre ela. Ela
era como um cavalo selvagem.

Abro a boca, morrendo de vontade de perguntar mais


sobre a minha mãe, mas fecho novamente.

—Nos beneficiamos da corrupção de Noriega, e de


nossas posições em sua administração. Nós canalizávamos
dinheiro, bilhões de dólares em dinheiro de drogas. Lavando e
escondendo em contas fantasmas, incluindo a nossa. Mas
seu pai, não era estúpido. Ele nunca roubou diretamente de
Noriega. A lavagem de dinheiro era para Noriega. O que
fizemos foi usar todos os contatos para nós mesmos, altos
funcionários militares, contatos de transporte, contatos no
PCA.

—O que é o PCA? —, Pergunto.

—As Autoridades do Canal do Panamá. A parte do


governo que supervisiona o canal.

—Então, foi assim que meu pai acabou fazendo o que


ele faz agora—, falo, ligações começam a se encaixar.

—Sim—, diz Benicio. —Você está começando a perceber


agora, certo? Seu pai e eu estávamos em uma posição de
conhecimentos e contatos que nós explorávamos. Nos
envolvemos no comércio de contrabando. E fomos mais bem-
sucedidos do que acreditávamos, e ricos além do que
sonhávamos. Mas estávamos atentos ao que canalizou o
dinheiro para a conta fantasma, preparados para qualquer
eventualidade. Nós dois tínhamos a dupla cidadania Panamá
e Estados Unidos. Seu pai é um homem inteligente. Sabia
que Noriega era um problema para os Estados Unidos, e que
um dia seria preciso fugir. Era um jogo perigoso que
jogávamos naquela época—.

—Mas o que tudo isso tem a ver com a minha mãe?

—Sua mãe—, ele começa. —Seu pai esteve com ela por
um ano antes de nos apaixonarmos. Eles se casaram, e sua
mãe conheceu o lado dele que eu sabia que existia desde que
éramos crianças. Seu pai é um empresário astuto, mas ele
também é um homem cruel.

—Antes da invasão, em oitenta e nove, eu sabia que


Guillermo havia descoberto sobre nós. Eu estava com medo
que ele iria matar a sua mãe, que tinha de alguma forma
descoberto que havíamos planejado fugir juntos. Mas ela
estava grávida, e até mesmo o seu pai não iria machucá-la
naquele momento. — Ele faz uma pausa, e bebe do seu copo,
espero que ele termine, mal conseguindo me conter.

—Seu pai descobriu sobre o plano de invasão, dois dias


antes de acontecer. Isso foi uma das vantagens contatos com
todos os militares. Ele providenciou transporte para ele e sua
mãe. — Benicio faz uma pausa. —E você, estava na barriga
da sua mãe no momento.

—Mas não você—, eu digo. —Você ficou para trás. Se


você amou tanto a minha mãe, por que deixou meu pai fugir
com ela?

—Sim, eu não fui favorecido, eu não percebi a tempo o


que estava acontecendo—, diz Benicio. —E três dias depois,
um dia após a invasão, fui preso.

—Guillermo—, fala Blaze.

—Sim. Meu irmão tinha me incriminado, deixou um


rastro de documentos me ligando à corrupção. Não eram
falsos, é claro. Estávamos ambos fortemente envolvidos,
entende. Mas ele deixou evidências me ligando, e em seguida
fugiu com sua metade do dinheiro.

—E por isso que ele foi capaz de continuar o que faziam


só que aqui—, eu digo. As coisas estavam começando a ficar
claras.

Benicio assente.
—E com uma reserva enorme de dinheiro. Nós tínhamos
canalizado milhões e milhões de dólares em contas
fantasmas. Nós havíamos dividido e ele não podia tocar a
minha parte. Essa foi provavelmente a única razão pela qual
ele não me matou quando descobriu sobre sua mãe e eu. Até
mesmo seu pai não poderia resistir a oportunidade
conquistar meio bilhão de dólares, eventualmente.

—Meio bilhão de dólares—, diz Blaze. —Puta merda.

—Como eu disse, nós construímos muito escondido do


general Noriega. Foi um período muito lucrativo para nós—,
diz Benicio. Ele tomou um gole do seu scotch.

—Então você esteve na prisão esse tempo todo? —,


Pergunto.

—Sim—, diz Benicio. —Eu estive esperando por essa


chance por vinte anos. A chance de conhecê-la.

—A chance de se vingar—, falo. Finalmente, eu estava


começando a entender. —Você é o único que quer matar o
meu pai. Mas por que ele acha que alguém quer me matar?

—Bem, eu quero matar o seu pai, essa parte é verdade—


, diz Benicio. —E eu não sou o único que quer, tenho certeza.
Mas eu não sou uma ameaça para você, e nem qualquer
outra pessoa é.

—O que, então?

—Seu pai não é um bom homem.

—Sim, eu estou muito ciente disso—, falo. Na verdade,


ele estava soando cada vez pior a cada segundo.
—Nós dois estivemos esperando por minha liberdade,
mesmo ele saindo com mais dinheiro que eu. Seu pai poderia
comprar um pequeno país, com os lucros de sua operação de
contrabando. Mas, você vê, não é suficiente. Ele quer o que é
meu. É tudo sobre sua mãe, e sobre você. Sempre foi.

—Eu não entendo. Foi um caso. Até meu pai não é tão
possessivo—, falo, embora isso estivesse me fazendo começar
a questionar. —Ele quer seu dinheiro, porque você teve um
caso com a minha mãe há vinte anos?

—Ele me privou da minha liberdade—, diz Benicio. —Ele


quer me privar do dinheiro também. Não é apenas a cerca de
sua mãe. É também sobre você.

—Eu? O que você quer dizer?

Benicio enfia a mão no balcão, retirando um envelope.

—Você não é filha de Guillermo.

Eu o ouvi dizer as palavras, mas era como se ele


estivesse longe, como se estivesse ouvindo debaixo da água
ou algo assim.

Não era filha de Guillermo.

—O que? Como assim?

—Esta é uma cópia de um teste de DNA—, diz ele,


entregando-me o envelope.

—Mas eu não entendo. — Eu abro o envelope, olhando


para o papel, incapaz de compreender. Sinto como se
estivesse me afogando.

Não era filha de Guillermo.


—Consegui por meio de um dos meus homens obter o
seu DNA a partir de uma escova de cabelo no seu
apartamento em Stanford—, diz Benicio. —Peço desculpas
pela intrusão de privacidade. Era a única maneira que eu
poderia descobrir. Eu realmente amava sua mãe. Você não
tem ideia do quanto.

—Não—, eu digo. —Eu não acredito nisso. Isso é algum


tipo de truque.

—Sei que é muito para processar—, diz Benicio. —Mas


eu preciso que você entenda. Seu pai pode realizar seus
próprios testes de DNA. Conhecendo-o, presumo que ele já
realizou há muito tempo. Eu acho que ele sempre soube que
você não era dele.

Não era filha de Guillermo.

—Mas ele me tratou como...— eu paro. Tratou-me como


sua filha. O que quer que isso significasse. Não, Guillermo
era meu pai. Ele pode ter sido deturpado, mas ele me amava.
Eu sabia.

—Minha preocupação é sua segurança—, diz Benicio. —


Seu pai quer o dinheiro. Ele sabe que estou no país, e ele iria
supor que eu viria até você. Meu medo era que ele poderia
usá-la como alavanca, prejudicá-la para chegar até mim. E
eu não podia deixar isso acontecer. É por isso que eu tive que
trazê-la aqui.

—Como nos encontrou— Foi à única coisa que eu


poderia pensar, tecnicamente a menor pergunta que eu
queria fazer, uma das grandes, era a questão sobre quem
matou minha mãe.

—Eu tenho um homem infiltrado. Um dos guarda-costas


de Guillermo. E você— ele acena Blaze. —Um dos
empreiteiros que ajudaram a construir sua cabana, não foi
difícil para subornar.

O rosto vermelho e duro. O que ele estava pensando?


Merda, o que eu estava pensando? Eu não conseguia pensar
claramente, isso era certo.

—Como você sabe que ele quer me machucar? — Talvez


isso não seja tão ruim quanto pareça.

—Quando fui libertado, eu falei com ele—, diz Benicio.

—E o que ele disse que ia me matar? — Aquilo era


inacreditável. Ele nunca faria isso. —Eu não acredito nisso.

Benicio sacode a cabeça.

—Claro que não—, diz ele. —Eu queria dizer a ele que
fui libertado da prisão, não me aproximar dele como algum
tipo de covarde. Mas eu ia deixá-lo saber que ele poderia ter o
conteúdo do banco, das contas que ele queria, em troca eu
teria você.

—O quê? — Respiro fundo, o ar frio. Em troca de mim


como se realizasse a transação de uma propriedade. —O que
você quer dizer?

Benicio levanta uma mão.

—Sei que soa terrível. Eu não sou algum tipo de homem


das cavernas. Mas eu não tinha nenhuma maneira de saber
se o seu pai te amava. Ele poderia ser todas essas coisas
monstruosas, ainda assim ser um pai que amava a filha. Eu
precisava saber se ele te amava.

—E? — Minha voz soou estridente para os meus


ouvidos. —O que ele disse?

—Ele disse que trocaria você pelo dinheiro. Ele


concordou em nunca vê-la novamente se eu lhe desse as
contas.

Eu senti como se alguém tivesse me dado um soco no


estômago. Não era verdade. Não podia ser. Meu pai pode ser
muitas coisas. Ele pode ser um bandido, um assassino até
mesmo um traficante de pessoas. Mas ele era meu pai e ele
me amava. Eu sabia que ele amava.

—Não—, eu digo, balançando a cabeça. —É mentira. Ele


nunca iria concordar com algo parecido. Na verdade, isso
tudo poderia ser algum truque elaborado. Tudo, tudo isso,
poderia ser algum esquema. Meu pai disse que alguém estava
tentando chegar até ele, tentando machucá-lo através de
mim.

—É uma preocupação razoável, e que eu esperava que


ele dissesse—, diz Benicio. —É por isso que eu lhe trouxe
isso. — Ele me entrega uma pequena caixa, eu abro minhas
mãos tremendo. Quando vejo o que estava dentro, ofego,
quase a deixando cair. Seguro o medalhão na palma da
minha mão, viro-o em minha mão, e leio a inscrição na parte
de trás.
—Seu por toda a eternidade. — Engasgo em lágrimas
enquanto eu olho para Benicio, com raiva dele, por trazer isso
para mim, por perturbar a minha vida. —Um assassino teria
isso. Como eu sei que você não é o assassino?

—Há cartas de sua mãe. Elas são endereçadas a você. —


Ele me entrega um pequeno pacote.

Eu queria gritar. Eu não podia lidar com isso.

—Ela me escreveu na prisão—, diz Benicio. —Ela queria


que você as tivesse. Ela suspeitava que seu pai fosse matá-la
um dia.

Não, não, não.

Eu seguro o pacote, minhas mãos tremendo. Eu não ia


chorar, não aqui.

—Ela ia deixar o seu pai—, diz ele. —Ela estava


planejando fugir e levá-la com ela.

—Não—, eu resmungo. —Eu não posso acreditar. Eu


preciso sair daqui. — Fico em pé, vacilante. Sinto-me tonta,
como se estivesse prestes a desmaiar. Em seguida, os braços
de Blaze estão em minha cintura.

—Existe algum lugar onde podemos ir? —, Pergunta


Blaze.

—Sim, claro. — Benicio nos leva ao fundo em um


corredor, me inclino contra Blaze. Eu estava dormente, como
um zumbi, passando pelo movimento de andar, eu os segui
pelo corredor até um quarto.

Coloco minhas mãos sobre o peito de Blaze.


—Não. Eu quero ficar sozinha. — Eu não conseguia
olhar para ele. Em vez disso, eu fechei a porta atrás de mim e
cai em uma cadeira. Eu só olhava para o pacote. Tinha
chorado tanto esta semana sobre o misterioso acontecimento
que sofreu Billy e agora, aqui estava eu, frente à notícia mais
importante da minha vida e eu me sentia vazia. O poço tinha
finalmente secado e eu não tinha mais nada.

Não era filha de Guillermo.

Guillermo matou a minha mãe.

Eu era a filha de Benicio.

Guillermo queria me trocar por dinheiro.

Então, eu valia meio bilhão de dólares. Pelo menos eu


conquistei uma grande soma, pensei.

Olhei para os envelopes em minhas mãos, minha


respiração ficou presa. Cartas de minha mãe. Eu tinha medo
de abri-las, medo de lê-las. Ela foi embora quando eu tinha
quatorze anos, eu tinha feito o meu melhor para fechar a
portas diante da sua morte. Eu tinha medo de ouvir suas
palavras de antes da morte. Ou pior, perceber que elas não
eram suas palavras e que tudo isso foi algum truque barato,
um jogo de poder de algum tipo para Benicio. Experimentar o
despertar de minhas esperanças que poderia finalmente ter
as respostas e em seguida, tudo cair como um enorme castelo
de cartas.

Eu me preparei para o impacto emocional, puxei o maço


de papéis, os envelopes amarelados com a idade. Meu
coração parou. Eu reconheci a letra de minha mãe
imediatamente. Eu segui os laços de sua letra cursiva, meus
dedos seguindo as letras. Elas eram dela. Então eu vi as duas
primeiras palavras.

“Mi vida”

Meus olhos se encheram de lágrimas. Minha vida. É


como ela me chamava quando eu era jovem. Eu já não tinha
qualquer dúvida que estas eram escritas por sua mão.

Se você está lendo essas cartas, então você sabe tudo, e eu me

fui. Você deve saber que eu tentei o meu melhor. Eu te protegi por

anos. Eu pensei que poderia escapar e levá-la comigo. Eu tinha um

plano para fugir com você. Se você está lendo isso, então você sabe

que o plano falhou. Eu falhei, e te deixei com ele. O monstro.

Meu coração deu um pulo, e eu senti a bile na minha


garganta. Ela tinha a intenção de ir embora e me levar com
ela. O último dia em que a vi, o dia em que ela me deixou na
escola, ela me disse que iria me pegar cedo. E eu havia
reclamado, me lamentando em sair. A memória voltou como
se tivesse acontecido ontem.

Ela me puxou para ela, me puxando com força contra o


peito, em pé na calçada fora da escola.

—Mãe, para! Meus amigos vão ver! — Eu a empurrei para


longe, já envergonhada que a minha mãe me levou para a
escola. Foi completamente humilhante. Eu tinha quatorze,
velha demais para ser levada para a escola por minha mãe.

—Mi Vida—, disse ela, com as mãos nas lapelas do meu


casaco fino, endireitando e alisando com as palmas das mãos.
—Escute-me.
—Mãe, eu tenho que ir. Vejo você depois da escola.

—Ouça-me—, ela disse, com voz aguda. —Eu virei buscá-


la mais cedo hoje.

—O que? Não, eu tenho a prática de futebol depois da


escola. Você não se lembra?

—Escute, Mi Vida.

—Não. Se eu perder a prática do futebol, o treinador vai


ficar bravo.

—Há coisas mais importantes—, disse ela, sua voz


suave.

—Seja como for, mãe. Eu só vou ser chutada para fora da


equipe e tudo estará arruinado. — Eu a afastei. Samantha e
Marie me chamavam a poucos passos da escola. —Eu tenho
que ir, mãe.

—Eu te amo, Mi Vida.

—Eu também te amo, mãe.

Eu não me virei para olhar para ela. Eu apenas me


afastei para atender meus amigos. Eu nunca disse adeus.
Era a última vez que iria vê-la viva.

Engoli em seco, a garganta apertada. Eu senti como se


meu coração estivesse sendo rasgado em dois. Então eu
chorei, pela mãe que tinha perdido. Pela forma que eu disse
adeus, uma egoísta criança de 14 anos estúpida que não
podia ser contrariada, por não olhar para ela enquanto me
afastava. Pelo o pai que eu não conhecia. E pelo homem que
me criou como um pai, aquele que matou a minha mãe. Eu
chorei até não ter mais lágrimas para chorar.

E então eu li o resto das cartas.

Você deve conhecer a história de seu pai e eu, Benicio, o seu

verdadeiro pai. Ele morreria para protegê-la, como ele faria por

mim.

Li, através das páginas de cartas que ela havia escrito


para mim, as páginas que contavam a história dela e Benicio,
como ela tinha amado Benicio e tinha queimado de ódio por
meu pai por colocá-lo na prisão.

Eu escutei seu coração bater, senti a ascensão e queda de sua

respiração na escuridão, sabendo que ele era meu. Este homem

tinha jurado me proteger, este homem que agora me possuía,

corpo e alma. Este era o homem que seria o meu dono do momento

em que ele olhou para mim, seu olhar irritado e inflexível. A

primeira vez que seus olhos encontraram os meus, eu sabia,

dentro de mim. Eu não me arrependo de nada na jornada sinuosa

que nos conduziu. Meu único arrependimento foi que ele estava

nos levando para a morte.

Eu sabia que desde o início. Eu sabia que Guillermo nos

mataria se ele descobrisse sobre Benicio e eu. Ele mataria nós dois

com suas mãos.

Mas Benicio e eu não poderíamos ser mantidos separados.

Nós tentamos. Oh, como duramente nós tentamos ficar longe um

do outro. Tentei dizer ao meu coração que ele não poderia ser bom

para mim, e que eu poderia ser feliz com Guillermo. Tentei me

convencer de que eu poderia ignorar a crueldade de Guillermo, e


quem ele era não importava. Mas ele foi afastando de mim, pouco

a pouco. Ele consumiu a minha alma, até não sobrar nada.

Quando ele levou Benicio a ser preso, eu jurei que ficaríamos

bem. Eu ficaria com Guilhermo e iria protegê-la. Foi à única

forma de você estar segura, até eu elaborar um plano, de maneira

a ficar longe dele. E a cada dia por quatorze anos, eu planejei. Eu

protegi. Eu mantive o meu plano de fuga em minha cabeça.

Queria levá-la embora, levá-la para algum lugar seguro.

Pretendia ir para algum lugar até que Benicio fosse libertado da

prisão e em seguida seríamos uma família, nós três. Viveríamos

em uma ilha tropical, comendo sorvete e tomando sol estendidos

na areia. Você ainda se lembra de quando era criança, como nós

falávamos sobre ir para o Taiti algum dia?

Se você está lendo isso, então nada disso aconteceu.

Guillermo se encarregou da minha morte. Mandei cartas para

Benicio para atestar em caso de minha morte - à polícia, aos

políticos, a um jornalista, expondo minhas suspeitas. Mas temo

que eles não querem ouvir ou vão desprezá-las como se fossem

divagações de uma mulher instável. Guillermo tem sido eficaz em

me desacreditar, me pintar como uma doente mental. Ele é um

homem poderoso, mas agora você já sabe.

Só espero que você esteja segura, e que tenha sobrevivido. Eu

sei que você tem mantido o seu espírito e sua vontade

indestrutível. Eu acredito que mesmo Guillermo não sabe como

quebrar você.

Mas ele soube como me quebrar, eu queria gritar. Eu


estava quebrada. Guillermo tinha me quebrado. Eu vivi fora
naquele meio toda a minha vida, e fazia parte de seu mal. Eu
era cúmplice. Era dinheiro de sangue, subornos para me
impedir de fazer muitas perguntas. As propinas, carros,
roupas, sapatos, Viagens para todos os lugares para me
manter complacente, para me impedir de querer respostas
que iriam destruí-lo.

Eu espero que você encontre o amor um dia, o tipo de amor

que te consuma o tipo de pessoa que irá protegê-la a qualquer

custo. Meu desejo para você é que você possa encontrar alguém

como eu fiz que te ame a qualquer custo.

Eu espero que você possa perdoar Benicio e eu. Perdoe-me

por deixá-la. Perdoe-me por deixá-la com Guillermo.

Sua por toda eternidade,

Mamãe

Sentei-me na cadeira, os olhos fechados. Foi demais. Eu


estava exausta, e eu só queria dormir. Só abri os olhos
quando ouvi uma batida leve na porta. Blaze enfiou a cabeça
pela porta.

—Você está bem?

—Eu acho que cochilei. Quanto tempo eu fiquei aqui? —


Eu me sentia tonta e minha boca estava grossa, como
algodão.

—Algumas horas. Eu não queria perturbá-la. É uma


responsabilidade muito grande.

Concordo entorpecida, e ele entra, ajoelhado entre


minhas pernas e tomando minhas mãos nas suas.

—Eu não sei o que dizer Dani.


—Minha mãe—, eu digo. —Ela deixou todas essas
cartas. Ela sabia que poderia morrer. Ela sabia que meu pai
Guillermo iria matá-la.

—Eu sei—, diz Blaze. Ele acaricia a palma da minha


mão, seu toque macio.

—Ela iria fugir comigo. Ela queria me levar para longe


dele, longe dessa vida. E no dia em que ela morreu, ela me
deixou na escola, e eu fiquei com vergonha de ser vista com
ela. — Ri amargamente. —Você pode acreditar nisso? Eu não
queria que meus amigos estúpidos a vissem me dando adeus.
Foi a última coisa que ela fez, a última vez que eu a vi e tudo
o que eu queria fazer era correr para os meus amigos
estúpidos.

—Você era apenas uma criança. Perceba.

Mas eu não conseguia parar, a lista de minhas falhas


continuava a jorrar de mim, transbordando como uma
torneira.

—E o meu pai. Eu sabia quem ele era. Peguei o dinheiro


e usei. Dinheiro sujo.

—Dani, você não sabia. Você era uma criança. Você não
tinha ideia que ele matou sua mãe. — Ele parecia tão calmo e
racional.

—Mas eu sabia quem ele era. É por isso que eu implorei


para ir para o colégio interno. No meu intimo eu o conhecia.

—Você não sabia que ele a matou, e você era apenas


uma criança.
—Mas eu sabia que ele não era um bom homem. E
então, eu voltei para casa, depois do que aconteceu com Billy.
— Eu estava tonta, meus pensamentos vinham tão rápidos
que eu não conseguia raciocinar. Minha cabeça estava
girando.

—Eu poderia ter previsto que ele iria matar Billy. O


sangue de Billy está em minhas mãos. — Eu estava
divagando, meus pensamentos confusos.

—Dani—, Blaze diz, segurando meu rosto. —Olhe para


mim, Dani.

Olho em seus olhos. Ele foi à pessoa que me manteve


sã, no meio de tudo isso. —Eu tenho sangue em minhas
mãos.

—Dani.

—Eu sou responsável pela morte de Billy.

—Respire—, diz ele novamente. —Vamos deixar Billy


fora disso, lembra? Ele está, provavelmente, na Europa ou em
outro lugar agora. Eu disse ao clube para proteger ele. Algo
sobre ele não estava certo.

—Você não fez o lance.

—Não.

—Ainda não. — Digo estupidamente.

—Eu não vou prometer que não irão para ferrar com
ele—, diz Blaze. —Ele precisa aprender a tratar as outras
pessoas. Mas não vamos matá-lo.

—Você não é como ele—, eu digo.


—Billy? Espero que não.

—Meu pai. Você não é como o meu pai. — Não é o meu


pai. Eu me corrijo. —Guillermo. Pensei que você fosse como
ele.

—Você pensou que eu era como ele? Porque estávamos


fazendo um trabalho para ele?

—Porque ele contamina tudo o que toca.

Blaze sacode a cabeça.

—Eu não sou como ele. Eu nunca vou ser como ele.

Eu me inclino para frente.

—Me beije. Agora. — Eu queria suas mãos em mim,


queria ele dentro de mim. Eu precisava dele para apagar toda
essa merda. Eu precisava dele para esquecer.

Sua boca quente na minha, e eu beijo forte, meu desejo


por ele eclipsando todo o resto. Eu puxo a camisa sobre a
cabeça, ele desabotoa a calça jeans e puxa-a para baixo de
seus quadris.

—Você está molhada—, diz ele, surpreso.

—Eu preciso de você. — Era tudo que eu poderia dizer.

Ele geme, rugindo como um animal selvagem, então me


empurra contra a parede, sem se preocupar em terminar de
tirar as calças. Assim como a primeira vez, no carro. Eu
passo meus braços em volta do pescoço e minhas pernas em
volta de sua cintura quando ele se empurra para dentro de
mim, me enchendo. Ele enfia a mão dentro do meu vestido,
encontrando meu peito.
—Sim—, eu digo. Era um gemido, nem uma palavra. Eu
derreto contra ele enquanto ele me fode, afastando toda a
merda que tinha acontecido, e não apenas ao longo da
semana passada, mas ao longo de toda a minha vida. Eu não
conseguia pensar em nada disso. Eu só podia pensar nele.
Ele. Ele era ele. Eu sabia em cada fibra do meu ser.

—Blaze, — eu digo, enquanto seus impulsos cresciam


mais rápido, mais urgentes.

—Dani.

—Eu...— Eu não conseguia pronunciar as palavras. Era


como se meu cérebro estivesse se rebelando contra mim.
Meus lábios se recusavam a dizer. —Eu amo...— Eu paro, ele
faz uma pausa, diminuindo os impulsos, seus olhos treinados
nos meus.

—Você está prestes a dizer o que penso que está?

Uma pontada de medo rompe dentro de mim. Ele não se


sente da mesma maneira.

—Eu não disse nada.

—Dani—, diz ele. —Eu te amo. Te quero desde a


primeira vez que te vi.

Sim, ele diz. —Eu te amo—, eu digo. Pela primeira vez.

—Espere—, diz ele. —Aqui. — Ele desliza para fora de


mim, seu pau brilhando com minha umidade, e sai de suas
roupas. Ele levanta meu vestido sobre minha cabeça e me
leva para a cama. —Eu te amo.
—Eu te amo. — Eu não acredito nessa merda de amor,
certo? E não nos conhecíamos o suficiente. Isso era muito
louco.

Blaze desliza de volta para dentro de mim, de volta onde


estava antes. Volta para onde ele pertencia. Minha
segurança. Desta vez, fizemos amor devagar, com ternura,
para o que pareceu uma eternidade, em sincronia, como se
fôssemos parte um do outro.

—Blaze, — Engulo em seco. —Eu estou tão perto. — Ele


empurra para dentro de mim, rajadas curtas, trazendo-me
mais e mais até o ponto que não há retorno e eu atinjo o
clímax quando ele vem dentro de mim, o calor do meu
orgasmo irradiando de minha barriga, uma explosão tão forte
que eu mal podia aguentar. Mordo seu ombro para abafar
meus gritos.

Depois disso, Blaze olha para mim, minha boceta ainda


pulsando quando eu desço do meu clímax.

—Eu te amo—, diz ele novamente.

—Você sabe o que? Você nem esperou eu terminar de


dizer primeiro—, eu digo. —E se eu estava para dizer outra
coisa? Por exemplo, como eu amei o seu pau?

—Eu sabia que você não ia dizer isso.

—Como você sabe? — Eu provoco. —Você não tinha


ideia.

—É óbvio que você ama meu pau. Isso não precisa ser
dito. — Ele sorri. —Agora, é óbvio que você também me ama.

—Você está sendo o maior arrogante agora, não está?


—Arrogante, não. É um fato. Não é arrogância, se é
verdade.

—Você vai ficar insuportável agora, não é?

—É isso mesmo, querida—, diz Blaze, me beijando. —E


eu sou todo seu.

Eu gemo alto, em falso protesto.

—Posso voltar atrás?

—Não desculpe. Nenhum reembolso, sem retorno.

—Droga. — Fico em silêncio, me agarrando a ele,


querendo que este momento dure apenas um pouco mais. Eu
sabia o que me esperava do outro lado da porta, o que
tínhamos de fazer.

—Blaze?

—Sim, querida. — De alguma forma, o termo querida


não soou tão sarcástico mais.

—Nós temos que conversar com Benicio.

Ele assente.

—Enquanto você estava aqui, nós estávamos


conversando. Temos um plano.
CAPÍTULO
14
O plano
Blaze

—Você acha que ela vai ficar bem? —, Pergunta Benicio,


apontando a cabeça na direção ao quarto. Sentamos em seu
escritório bebendo uísque. Nesse momento, eu poderia beber
uma garrafa inteira sozinho.

—Ela vai ficar bem. É uma menina forte. Ela só precisa


de um pouco de espaço.

—Você e ela—, ele diz. —Você a ama?

—Sim. — A resposta vem automaticamente. Eu amo?


Foram apenas algumas semanas.

Benicio assente.

—Eu posso ver isso. Você olha para ela da mesma forma
que eu costumava olhar para a mãe dela. Dani é muito
parecida com a mãe, eu acho - não apenas na aparência. Sua
mãe era muito forte, apesar de tudo. Tão ardente. Você
deveria tê-la visto antes. Guillermo tirou um pouco disso
dela, antes mesmo de...— Sua voz some.

—Está é Dani—, eu digo. —Ela é apaixonante.


—Seu clube-— diz Benicio.

—O Inferno MC.

—Você está envolvido com Guillermo agora, em sua


folha de pagamento. Não é?

—Nós estamos vinculados a ele agora, — eu admito. —


Fizemos um acordo com ele para começar a fornecer
segurança a seu negócio.

—E se eu te fizer uma oferta melhor? —, Pergunta


Benicio.

—Você está se apegando a esse lugar?

—Eu gostaria de ficar por aqui, desde que eu seja capaz


de me livrar de alguns problemas. Eu gostaria de conhecer
minha filha.

—Eu teria que levá-lo para o clube. — Benicio parecia


diferente de Guillermo, mas eu não estava disposto a
considerar outro negócio sem fazer uma averiguação antes.
Sem saber se estávamos fazendo outro pacto com o diabo.

—Muito justo—, diz ele. —Agora, vamos falar. Eu tenho


um plano. Você pode convocar seu clube, marcar uma
reunião?

Eu balanço a cabeça.

—Você devolve a minha moto e está feito. Mas consiga


alguém que não vai foder com ela. Se a moto tiver o menor
arranhão, eu vou matar o responsável. — Merda. Eu não
podia acreditar que estava prestes a deixar alguém montar na
minha moto e a trazer de volta. Mas eu precisava ver Dani.
Eu tinha coisas que precisava dizer.

—Você está nervosa? — Seguro a mão de Dani enquanto


caminhávamos na direção do clube, e ela aperta de volta com
força.

—Nem um pouco—, diz ela. —Quero dizer, não há nada


com que me preocupar, certo? É só a primeira vez que entro
em um clube de motoqueiros e a primeira vez, que vejo sua
família, onde você está prestes a discutir um plano que
provavelmente envolve matar o único pai que já conheci. Não,
eu não estou nervosa.

—Vai ficar tudo bem—, eu digo.

—Se você diz.

Caminhamos ladeados pelo exército de seguranças


pessoais de Benicio, vestidos com terno. Eles estavam
arrumados demais para essa merda. O clube era nada mais
do que um antigo armazém que fora restaurado e não parecia
muito diferente da aparência original. Olhei para Dani,
observando sua expressão quando ela olhou ao redor. Graças
a Deus não era uma noite de festa. Tão selvagem como eu
pensava que Dani tinha o potencial para ser, não havia
nenhuma possibilidade de que seu primeiro contato com o
clube viesse a ser em uma daquelas noites. Eu tinha medo
dela dar meia volta e sair porta a fora.
Os irmãos estavam reunidos, esperando por nós. Não
estava programado, mas Mad Dog havia convocado uma
reunião de emergência dos membros votantes do clube. Isso
significava mais ou menos trinta rapazes sentados ao redor
da casa. Não era uma noite de festa, mas era alto e
estridente, como em qualquer momento em que todos
estivessem juntos na mesma sala.

—Esta é a sua casa—, diz ela.

—Sim.

—Jesus Cristo, já estava na hora! — Tank me dá um


tapinha no ombro. —Tem sido semanas. Pensei que você
estivesse perdido na boceta.

Goat-wolf assobia, quando ele se aproxima, seus olhos


avaliando Dani.

—Eu gostaria de me perder nesta boceta a qualquer


momento.

Eu sinto o calor em minhas bochechas, mesmo sabendo


que Goat era inofensivo. Atrás de mim, Benicio limpa a
garganta. Era da sua filha que Goat estava falando, e Benicio
estava armado. Mas antes que eu pudesse dizer alguma
coisa, a voz de Dani ressoa acima do barulho do clube.

—Querido, eu imagino que você se perderia na boceta de


toda menina, com esse seu pauzinho minúsculo— ela diz
quando anda perto dele e segura sua virilha.

Goat berra, rindo forçadamente em meio às vaias e


gritos dos caras.
—Ela não engole nenhuma merda! É melhor você se
cuidar. Tentar proteger está aqui seria um problema.

Tank aponta para o grupo.

—Todo mundo está aqui, Veep.

—E quanto a Mad Dog?

—Ele está lá atrás. Vou chamá-lo.

Viro-me para Dani.

—Eu queria que você visse o lugar, mas você não pode
ficar aqui enquanto nos reunimos. — Já tínhamos discutido
isso no carro, mas eu não sabia se ela levaria calmamente
dizer que ela não podia estar lá, especialmente desde que isto
envolvia tanto.

Ela encolhe os ombros.

—Sim, eu sei. Mostre-me onde eu deverei esperar.

—Na parte de trás, — eu digo, apontando para um dos


homens de Benicio para acompanhá-la. Era parte das regras,
não havia mulheres em uma votação. Mesmo ela esperar na
parte de trás era incomum, mas, em contrapartida, ter
Benicio aqui era incomum também. Além disso, eu não ia
deixar Dani lá atrás, mesmo com os homens de Benicio com
ela. Era muito perigoso. Eu não a queria fora da minha vista.

—Aqui está a situação—, diz Mad Dog. —Votamos em


trabalhar com Guillermo Arias, fornecendo proteção aos
armazéns nas últimas semanas. Blaze vem protegendo a
filha....

Alguns assobios e risadinhas disparam através do grupo


e olho na direção do barulho.

—Porém ele pediu que batesse em um garoto, um garoto


de faculdade, que ele facilmente poderia acertar, o mesmo
que teria espancado sua filha. O menino não é um idiota
qualquer. Ele é um Randolph. Quem são essas pessoas,
afinal?

—Pense nos Kennedys. Ele é desse tipo de família—, eu


digo. —Eles viriam contra o clube, então suponhamos que
essa é uma desculpa de Guillermo para armar contra nós.

—Ele deve ter tido um problema com o Fúria MC, o


mesmo que estava fazendo o trabalho de segurança antes.
Estávamos sendo contratados para proteção, porque Fúria
teria alguma relação com os armênios, e Guillermo achava
que atraía muita atenção para si. Ele pensou que iria trazer
muita pressão sobre ele. Temos uma confirmação da aliança
anterior, e parecia legítima. Mas nós cavamos mais e essa
informação se desfez. Achamos que isso era besteira, e que
ele estava enganando-nos.

—Por quê? — Axe se inclina para frente.

—Se bem conheço Guillermo, — Benicio diz: —Esta é


provavelmente uma jogada para se livrar do clube.

—Mas nós não tínhamos nenhuma transação com ele


antes disso—, Axe diz.
—Ele está abrindo o caminho para algo maior—, diz
Benicio. —Guillermo é um mestre em planejar. Ele está
sempre pensando a frente. Ele tem algo planejado, e meu
palpite é que você está no caminho, talvez uma rota ou algo
que ele precisa controlar.

Eu aceno a cabeça.

—Eu acho que isso é o que está acontecendo. Não faz


nenhum sentido ele cortar o Fúria e os armênios, porque ele
queria acalmar um pouco, aí então ele nos contrata fazendo
um acordo vantajoso, que atrairia muita atenção para ele. Eu
acho que ele pretende deixar-nos levar a culpa por tudo, ou
ele está nos usando como carta na manga para outra coisa.
Algo maior. Estamos todos sentados nesses armazéns,
usando nossos recursos.

—Então, você tem um plano—, diz Axe.

Eu balanço a cabeça, apontando para Benicio.

—Isso é o que eu faria—, diz ele. Então, sem rodeios e


claro como o dia, ele conta seu plano. Trinta minutos de
reunião depois, fomos unânimes.

—Nós estamos acordados—, eu digo. Dani estava


debruçada em uma cadeira na frente de um aparelho de
televisão, controle de Playstation na mão, os dedos em
movimento. —Você está se divertindo?
—Ethan aqui, me mostrou este jogo—, diz ela, acenando
para o rapaz da segurança no canto. —É muito divertido. —
Sua figura animada disparou algo na televisão, em seguida,
virou-se para mim. —Eu precisava de uma distração.

—Nós vamos dar uma volta—, eu digo.

—Tem certeza que está tudo bem voltar para a casa de


Benicio? Você não quer voltar para a sua casa ou qualquer
coisa?

—Sim, está tudo bem. Ele tem melhor segurança


também. Nós não queremos que Guillermo descubra que
estamos de volta na cidade. — Eu também não queria que ela
visse o buraco de merda que era meu apartamento, não
muito longe do clube. Ela iria correr gritando. Não havia
nenhuma dúvida sobre isso.

—Você acha que ele está nos seguindo?

—Não—, eu asseguro-lhe. —Os homens de Benicio são


bons. Eles saberiam. Mas apenas por segurança, é melhor
ficar lá. O plano depende de que ele não saiba que estamos
de volta na cidade.

Dani fica na ponta dos pés, me beijando. Corro minhas


mãos sobre seus seios e desço para a barriga plana. Ela pega
minha mão e me leva para a cama sem dizer uma palavra, me
puxando sobre ela. Beijo-a com força, querendo-a mais do
que tudo. Esta menina havia se arrastado sob a minha pele, e
eu não queria deixá-la ir. Dani geme, sua mão no meu pau,
me guiando para dentro de si. Se ela soubesse o que faz
comigo, ouvi-la assim, esses pequenos gemidos, os sons que
ela fazia quando ela gozava sobre mim. Ela me destruía.

Me movo dentro dela, ela agarra a parte de trás do meu


pescoço e arranha meus ombros. Sinto o calor do seu corpo,
sua pele escorregadia com suor. Eu v ejo a maneira como ela
franze o rosto, quando se aproxima, como ela ofega, me
lembrando um animal no cio. Esta menina me pertence e ela
sabia que me possuía. Quando ela goza, eu me perco, meu
clímax apagando tudo o que havia no mundo, quase
ofuscante em sua intensidade.

Depois, eu a puxo para mim, sua cabeça aninhada na


curva do meu braço enquanto ficamos deitados neste espaço
enorme na casa de Benicio. Dani olha para mim, os olhos
arregalados, o rosto corado do seu orgasmo.

—Estou preocupada com amanhã—, diz ela.

Eu a beijo na testa.

—Não se preocupe com isso. Tudo vai ficar bem.

—Você está pronta para isso? —, Pergunto. O rosto de


Dani parece pálido.

—Sim—, diz ela. —Não é grande coisa. Eu faço este tipo


de merda todos os dias.

Enfio minha arma na parte inferior das minhas costas.

—Onde está minha arma? —, Pergunta Dani.


—Você não precisa de uma arma—, eu digo. —Você vai
estar lá fora, conversando com seu pai e, em seguida, você
volta para o armazém onde você estará segura. Mais segura.

—Eu não irei para lá sem uma arma. É uma loucura.

—Você sabe como usar uma? — A última coisa que eu


queria para ela era uma arma.

Dani olha para mim, os lábios contraídos.

—Claro que eu sei como usar uma arma, porra. Meu


pa…Guillermo me criou em torno de armas. Eu sou uma
especialista em tiro.

—Tudo bem, senhora—, eu digo. —Vamos arranjar uma


arma para você.

Eu conduzo até o estacionamento, a moto ronca debaixo


de mim, os braços de Dani enrolados em torno de mim, seus
seios pressionados contra minhas costas. Em qualquer outra
situação, isto teria me deixado instantaneamente duro. Mas
esta não era qualquer outra situação. Eu tinha uma sensação
desconfortável sobre isso, como se estivéssemos indo para
uma armadilha. Nosso plano estava longe de ser infalível, e
foi inteiramente baseado no pressuposto de que Guillermo
não sabia que eu iria voltar com Dani, ou que o clube foi
conivente contra ele.
Benicio tinha feito uma chamada para Guillermo e disse
que ele queria encontrá-lo, que ele estava disposto a trocar
tudo, todo o dinheiro por uma chance de conhecer sua filha.
Para Guillermo comprar a história de Benicio, ele teria que
pensar Benicio era um fracote. Ele teria que acreditar que o
homem ainda estava tão apaixonado pela mãe de Dani que
nublaria seu julgamento. Eu não tinha certeza de que ele iria
acreditar ou não. Eu estava esperando que meus sentimentos
sobre Dani não estivessem nublando meu julgamento.

—É como o 8OK Corral ou algo assim—, diz Dani.

—Sim, se todos os motoqueiros tivessem estado no OK


Corral.

Guillermo estava lá, cercado por seis de seus


brutamontes, seis que eu contei de qualquer maneira. Eu me
pergunto se ele tinha outros escondidos em algum outro
lugar, o mesmo que nós fizemos. Ele teria se fosse inteligente.
O clube iria fazer uma varredura da área esta manhã, mas
gostaria de saber quão completa tinha sido. Alguns dos caras
eram idiotas que não conseguiam encontrar seu próprio
caminho, sem instrução. Eu esperava que Benicio e o clube
chegassem a qualquer momento.

Viro-me para Dani.

—Você se lembra do que fazer, certo?

Ela assente com a cabeça, o rosto tenso.

—Ok, vamos lá.

8
Ok Corral era um saloon em Tombstone, Arizona, EUA, que foi o local de um breve, porém, sangrento e
lendário tiroteio em 1881. Termo frequentemente usado para lugares onde ocorrem tiroteio, brigas de
gangs.
Eu não posso evitar, de sentir uma onda de orgulho
quando Dani abre a boca, interpretando sua parte muito
bem.

—Papai, o que diabos está acontecendo aqui? — As


palavras dela praticamente escorrem com indignação. —
Primeiro eu fico presa em alguma merda com este
motociclista, e agora sou trazida para o meio do nada?
Alguém precisa me dizer o que diabos está acontecendo.

—Dani—, Guillermo diz, indo em direção a ela, e eu


temia que ele fosse abraçá-la e encontrar a arma. Ela recua
bruscamente.

—Não—, diz ela. —Apenas não. É isso. Eu quero


respostas. Você achou o homem que matou a minha mãe? É
por isso que estamos aqui? Eu quero que ele pague.

—Sim—, diz Guillermo. —Ele vai pagar.

—Eu quero vê-lo morto—, ela diz, parecendo irritada. Eu


sabia que a raiva era genuína.

—Isso pode ser arranjado—, Guillermo diz quando ele se


vira para mim. —Onde estão seus caras?

—Eles devem estar aqui em breve. — Como se nessa


sugestão, ouço o ronco de motores, e uma linha de Harleys
rola, um após o outro, dez dos sócios do clube, com Mad Dog
no comando. Mad Dog passeia, com Axe e Tank ao lado dele,
seguido de Tiny.

—Irmão, — Mad Dog diz, cumprimentando-me como se


ele não tivesse me visto na noite passada. —É bom ter você
de volta.
Ele se vira para Guillermo.

—Eu trouxe meus homens. Eles estão preparados caso


algo dê errado.

Guillermo assente.

—Ele deve estar aqui em breve.

—Você quer que a gente cuide dele, chefe? —, Pergunta


Mad Dog.

—Eu vou ser o único a fazê-lo. Eu quero vê-lo morrer.

—Você não vai me dizer o que está acontecendo, papai?


Quem matou a minha mãe? — A voz de Dani rachada, e por
um segundo fico preocupado que ela pudesse estar muito
emocional, muito perto de tudo isso.

Eu me contenho com o resto do clube, enquanto


Guillermo pega a mão de Dani, e afasta-se com ela, fora do
alcance da voz. Olho para Mad Dog, e ele balança a cabeça, o
movimento quase imperceptível. Meu coração está disparado.
Ele não iria matá-la, penso. Ele está dizendo a ela que
Benicio é o assassino de sua mãe. É isso. Mas eu sei que
Guillermo é perigoso e não é confiável. Eu estava esperando
que tivéssemos previsto com precisão seus movimentos.

A mão de Dani vai para a sua boca, e então ela enxuga


algumas lágrimas, move-se para longe de seu pai. Vejo-a
ocupar uma posição de dez metros ou mais de distância,
chorando. Boa menina.

Quando os carros de Benicio encostam, a expressão de


Guillermo muda de uma de antecipação tranquila para
fervendo de raiva, seu pescoço fica rubro enquanto ele espera
Benicio sair. Benicio sai, acompanhado por seis de seus
guarda-costas. Bom, eu penso. Guillermo tinha nos pedido
para trazer dez caras, portanto, Benicio trouxe menos
homens. Guillermo precisava pensar que ele tinha vantagem.
Ele precisava acreditar que Benicio estava operando com
base apenas na emoção. Todo o plano contava com que ele
subestimasse seu irmão mais novo.

—Guillermo—. Benicio cumprimenta-o como se fossem


colegas de trabalho regulares e não inimigos mortais. Mudo-
me para trás de Benicio, a poucos passos de distância,
tomando posição. Guillermo pensa que a minha posição
estava o protegendo. Ele estava enganado.

—Benicio. Você trouxe as informações da conta? —,


Pergunta Guillermo.

Benicio balança a cabeça, apontando para um dos seus


guarda-costas que estava com um laptop.

—Você trouxe Dani? Eu não vou te dar nada disso a


menos que ela saiba que você estava disposto a trocar ela por
dinheiro.

—Ela está aqui.

—Será que ela sabe? —, Pergunta Benicio.

—Saber qual parte?

—Que você é a pessoa que matou sua mãe—, diz


Benicio. —Que você é o que ela deve odiar, não eu. Que
estava disposto a renunciar ela por dinheiro.

Guillermo dá de ombros.
—Ela está aqui. Ela provavelmente sabe agora.

Merda ia bater no ventilador. Eu podia sentir isso. Nós


estávamos confiando que Benicio tinha feito o que ele disse
que faria e virou guarda-costas de Guillermo. Isso era uma
grande coisa para se ter fé.

Mad Dog limpa a garganta, e eu sabia que ele estava


tenso e pronto para se mover. Estávamos todos no limite.
Meus sentidos aumentam, como sempre, neste tipo de
situação. Tanto quanto eu gostava da calma da minha zona
de conforto, eu vivia por merdas como estas, estar no limite,
com adrenalina correndo pelo meu corpo. A emoção da caça.

Vejo Dani andar acima do armazém.

—É este o homem que matou a minha mãe?

—Ela não ouviu você—, diz Benicio. —Explique


Guillermo. Explique a ela, e vou completar a transferência.

—Explicar o quê? —, Pergunta Dani. —Ninguém


explicou nada para mim. Eu quero respostas.

—Complete a transferência e eu vou fazê-lo—, diz


Guillermo.

Benicio aponta para o homem com o laptop, e ele bate


no teclado.

—Está feito—, diz ele. —Agora, diga a ela.

Guillermo vira, posicionado entre eles.

—Seu tio aqui, roubou de mim.

—O dinheiro era meu. — Diz Benicio.


—Eu não estou falando sobre o dinheiro. — A voz de
Guillermo estava cheia de raiva. —Ele tomou o que era
legitimamente meu, sua mãe. Você era minha, Dani, não
dele. Então veio sua mãe. E ela pensou que poderia
simplesmente ir embora. — Ele estava reclamando agora,
começando a parecer louco.

Olho para Mad Dog, e ele sacude a cabeça. Espere.

—Ele mexeu com a cabeça dela—, diz Guillermo. —


Disse-lhe coisas sobre mim, virou-a contra mim. Foi por isso
que eu tive que trazê-la para cá. Eu tive que tirá-la de perto
dele. Dei-lhe tudo. Tudo. Eu te dei tudo o que você sempre
quis, mesmo que você fosse dele. — Ele praticamente cuspiu
as palavras, a voz carregada de desprezo.

Eu assisti Dani para um sinal de que ela estava prestes


a quebrar, mas ela só ficou lá, o rosto de pedra.

—E ainda assim ela definhou por ele. Ele estava na


prisão cumprindo uma sentença de 20 anos, e ainda assim
sua mãe não podia separar-se dele. — Guillermo começa a
andar, seus movimentos erráticos, e eu prendo a respiração,
observando Dani dar um passo para trás. O medo atravessa
seu rosto. Eu queria ir. Eu queria puxar minha arma, atirar
em Guillermo, e acabar com isso. Eu queria protegê-la.

—Eu não entendo—, diz Dani. —Você a matou. Você


matou a minha mãe?

—Ela foi embora. Você não vê? —, Diz Guillermo, sua


voz grossa. —Deixou-me, depois de tudo o que eu tinha feito
por você. Depois que eu tinha assumido o filho de meu irmão.
Ela não teve nenhum sentimento de gratidão, nenhum senso
de lealdade. Eu fiz tudo por você. E ela simplesmente jogou
tudo fora. Por isso. — Ele se vira para Benicio, seu rosto uma
máscara de raiva. —Isto.

Guillermo dá um passo em direção a Benicio.

—Você. Você sempre esteve na minha sombra. Você


sempre me seguiu, sugando-me como um parasita. Promovi
você a gerente geral. Eu era a razão por você ter contatos em
todo lugar. E foi assim que você me pagou.

Eu vejo quando Guillermo faz um movimento para sua


arma, e eu chego para a minha, sacando-a. Eu vejo um
lampejo de reconhecimento em seus olhos, a constatação de
que eu estava apontando a minha arma para ele e não para
Benicio.

—Você—, diz ele.

—Eu sugiro que você a coloque para baixo—, eu digo,


minha voz tensa.

—Maurice—, ele chama. Nenhum de seus guarda-costas


movem-se. Eles estavam todos ainda, em silêncio. Benicio
não tinha ganhado um deles, como havia prometido. Ele
havia ganhado todos eles. —Maurice.

Eu sorri enquanto observava Guillermo perceber que


mesmo os seus guarda-costas o haviam traído.

Então eu vejo Dani, caminhando em direção a ele por


trás.

—Dani, dê o fora daqui! — Eu grito.


—Você estava disposto a me trocar por dinheiro? —, Ela
pergunta, sua voz vacilante. Em seguida, ela saca sua arma e
aponta-a para seu pai.

—Dani—, eu aviso. —Saia daqui antes que se


machuque.

—Você a matou. Você matou a minha mãe.

Um sorriso sinistro, espalhando através das


características de Guillermo. Então ouço o estalo de tiros, e
sinto uma dor lancinante. Eu tropecei para trás, confuso. Ele
acabou de atirar em mim?

Houve outro tiro, e Guillermo desmoronou. E tudo ficou


escuro.
CAPÍTULO
15
Morte
Dani

—Ele tomou o que era meu por direito. Sua mãe. Você
sempre foi dele, não minha. Sua mãe pensou que ela poderia
simplesmente ir embora.— Eu escutei o homem que eu
sempre tinha pensado que era meu pai, o homem que eu
sempre temi que me tornaria, discursar sobre como ele tinha
razão em matá-la. Ele acabou por ser exatamente o monstro
que eu sempre soube que ele era.

Eu tinha estado com medo deste momento, do confronto


com ele. Eu tinha medo de ouvir a verdade: que o meu pai
não me amava e que ele estava disposto a quebrar o meu
mundo por milhões de dólares para o qual ele não tinha
necessidade. Eu significava pouco para ele. Eu esperava que
ouvir as palavras saindo de sua boca fosse me destruir.

Eu não esperava isso, uma estranha sensação de calma


que descia sobre mim como um véu. Guillermo ficou ali,
delirante, seu rosto enrubescendo e suor brilhando em sua
testa enquanto ele vociferava. Mas, para mim, o tempo
abrandou, e eu podia sentir o sangue em minhas orelhas,
meu coração batendo. Eu vi seus lábios se movimentando,
mas não ouvia nada. Tudo de repente estava quieto e
tranquilo, do jeito que estava quando Blaze e eu estávamos
na margem do lago. Eu sabia o que tinha que fazer.

Eu vi como Guillermo voltou-se para Benicio. Então eu


ouvi a sua voz, quase como se estivesse assistindo uma cena
na televisão, o volume baixo.

—Você—, disse Guillermo. —Você sempre foi minha


sombra. Você sempre me seguiu, sugou-me como um
parasita.— Ele pegou sua arma e puxou-a, apontando-o para
Benicio.

—Você estava disposto a me trocar pelo quê, dinheiro?—


, Perguntei. Minha voz falhou por um momento enquanto eu
puxava minha arma. Então eu estava resolvida. Eu apontei-a
para o meu pai.

Ouvi Blaze gritar meu nome, dizendo-me para voltar.


Mas assim que ele abriu a boca, eu sabia o que iria
acontecer. Eu conhecia meu pai. Nós fomos cortados do
mesmo tecido, Guillermo e eu. Benicio poderia ser meu pai
biológico, mas eu era a filha de Guillermo. Naquele instante,
Guillermo saberia que Blaze amava-me. E ele o mataria. Ele
levaria tudo de mim.

—Você a matou. Você matou a minha mãe—, eu disse,


acusando-o.

Eu pronunciaria sua sentença.

Eu seria o seu carrasco.


Eu ouvi o estalo de tiros, e então eu atirei, observando
Guillermo cair no chão. Ele caiu em câmera lenta, silencioso,
como se tudo estivesse acontecendo em um filme e tudo tinha
sido silenciado.

Não senti nada, além de satisfação.

Mad Dog grita: —Blaze!— E passa por mim, batendo no


meu ombro. Eu balanço a cabeça, piscando. Blaze. Guillermo
tinha atirado em Blaze. Corro, a arma ainda em minhas
mãos. Blaze estava desmaiado no chão, sangue por toda
parte. Eu caio de joelhos, tocando-o. Havia sangue em
minhas mãos. O sangue de Blaze.

—Blaze!— Eu grito. —Acorde!—

Blaze pisca, abrindo os olhos. —Porra. Minha cabeça.


Cristo, eu acabei de levar um tiro?—

Mad Dog estava lá, curvado sobre ele, as mãos


afastando o colete dele. —É apenas o ombro.— Ele olha para
Blaze. —Você desmaiou por levar um tiro no ombro?—

—Não seja um maldito maricas, homem.—, Diz Axe,


balançando a cabeça.

—Eu não desmaiei, porra—, diz Blaze. —Eu bati minha


cabeça quando eu cai ou algo assim.— Ele sorri para mim.

—Imbecil—. Eu digo. —Eu pensei que você estivesse


morto.—

Axe curva-se sobre Blaze, fazendo algo com uma


camiseta rasgada, para aplicar pressão ou algo assim. —Eu
costumava ser um fuzileiro naval—, explicou ele enquanto
trabalhava.
—Coloque-o no carro, de volta para minha casa. Vou ter
o meu médico nos encontrando lá —, diz Benicio.
CAPÍTULO 16
O fim do verão
Dani

Picasso, o tatuador residente do clube, limpa meu


ombro. Ele se senta ao meu lado, focado, quando ele me dá
minha primeira tatuagem. Picasso era um cara enorme, com
uma longa barba que chegava ao seu peito, os braços
cobertos de tatuagens que percorriam todo o caminho até o
pescoço de modo que quase nenhuma pele era visível por
baixo. Ele era exatamente o que você esperaria de um artista
de tatuagem em um clube de motoqueiros.

—O quê? —, Ele pergunta, olhando atentamente para o


meu ombro. Ele me pegou olhando para ele.

—Desculpe, — eu digo. —Eu estava apenas olhando


para seus piercings. — Sua sobrancelha, nariz e lábios eram
perfurados, e gostaria de saber o que mais pode estar
perfurado.

Blaze entra pela porta.

—Ele tem o pau perfurado, você sabe.

Eu levanto minhas sobrancelhas.

—Sério?

—Ele diz que atrai as senhoras selvagens.


—Montei sua mãe selvagem, não é? — Picasso pergunta,
nunca olhando para cima de seu trabalho.

Blaze ri. Era um som que eu sabia que nunca me


cansaria de ouvir.

—Então, como está? —, Pergunta Picasso. Eu estava


morrendo de vontade de ver a tatuagem, mas eu não podia
ver por cima do meu ombro.

—Está quase pronto, eu acho, — Ele olha mais de perto


e Blaze anda atrás de mim.

Blaze assente.

—Isso parece bom. Você quer vê-lo?

—É a minha primeira tatuagem. Claro que eu quero.

Picasso levanta o espelho e vejo o reflexo, as letras


invertidas.

Propriedade de Blaze

Inferno MC
—Puta merda—, eu digo. —Eu estava preocupada que
seria parecida com uma tatuagem de prisão ou algo assim.
Sem ofensa.

Picasso ri.

—Sem problema. Eu disse que faria isto agradável para


você.

—Eu amei—, eu digo. —Ainda é feminino. — A tatuagem


era uma obra de arte, a inscrição detalhada, pequenas flores
de hibisco e videiras passando por ela. As flores eram uma
homenagem a minha mãe, a sua fantasia de fugir comigo um
dia para uma ilha paradisíaca. Viro-me para Blaze, um
sorriso idiota estampado em meu rosto. —O que você acha?

—Eu acho que o meu nome fica bem em você—, diz ele.

Levanto-me, atiro os braços em volta do seu pescoço, e


dou um beijo em seus lábios.

—Eu acho que o seu nome fica bem em mim também.

Blaze geme.

—Sabe o que mais ficaria bem em você?

Eu rio.

—Eu tenho uma ideia sobre o que seria bom em mim.

—Vamos lá, vocês dois, — Picasso diz, tirando as luvas.


—Eu preciso colocar alguma merda antibacteriana sobre isso
e cobri-lo com uma bandagem. Então você pode começar
tateando ela de novo, Blaze.

—Oh, eu tenho que manter o curativo por um tempo? —


, Pergunto. —Eu meio que queria para a noite do churrasco.

—Sim—, diz Picasso. —Mantenha-o em um par de


horas. Você vai ficar bem para esta noite.

Enquanto ele me enfaixava, olho para Blaze.

—Vocês não têm que fazer um churrasco, e ter todo esse


trabalho, você sabe. Não é como se eu estivesse deixando o
país ou algo assim. Eu só vou voltar para Stanford.

—Cale a boca—, diz Blaze. —Você é uma senhora agora.


Eu tenho que tratá-la bem.

—Isso é uma promessa?


Sinto Picasso dar uma palmadinha no meu ombro.

—Lá vai você—, diz ele, e eu fico envolvendo meu braço


em torno de Blaze.

—Absolutamente—, diz Blaze. —Isso é o que significa a


tatuagem.

—Saiam daqui vocês dois. — Picasso aponta para a


porta. —Eu não preciso de modo algum ver toda essa merda
sentimental.

—Obrigada, Picasso! — Eu aceno. —Te vejo hoje à noite!

Blaze me puxa mais apertado contra ele, quando


saímos.

—Agora o que vamos fazer antes do churrasco esta


noite?

—Eu tenho algumas coisas na manga—, eu digo.

Eu grito enquanto corro para o quarto. As botas de


Blaze batendo pesadamente no chão quando ele me segue,
tirando a roupa enquanto corríamos para o corredor. Ele me
puxa contra ele, sua carne quente contra minha pele, e eu
tremo quando ele traça o seu dedo para baixo de mim, a
partir do alto da minha cintura para a curva da minha bunda
e, em seguida, entre as minhas pernas. Eu gemo em resposta
ao toque de sua mão, e então ele me virá para a cama.
—Deixe-me ver—, diz ele, em pé atrás de mim, dedos
puxando a borda da bandagem.

—Não, Blaze! Ele disse para esperar, lembra? Você pode


vê-lo em poucas horas.

—Tudo bem—, diz ele. —Mas você pode culpar-me por


querer dar uma olhada no meu nome em você? — Ele beija a
minha nuca e sinto arrepios em meus braços.

—Você vai ter que distrair-se até o momento. — Eu


empurro minha bunda para trás contra ele, sentindo sua
dureza pressionada contra mim. —Agora, você acha que pode
encontrar alguma maneira de entreter a si mesmo?

Blaze geme.

—Talvez—, diz ele. —Depende se há algo aqui para me


entreter. — Sua palma está contra a minha pele, traçando as
curvas da minha bunda, seus dedos entre as minhas pernas,
deslizando para dentro. Eu arqueio, empurrando minha
bunda contra ele, encorajando-o.

—Blaze, — eu sussurro.

Ele cai de joelhos, com as mãos sobre mim, polegares


espalhando minhas dobras.

—Você acha que isso vai me entreter? —, Pergunta.

—Eu acho que a língua não precisa de um pouco de


distração—, eu digo. A boca de Blaze estava em mim, sua
língua quente contra mim quando ele me come. —Sim, isso é
definitivamente divertido.
—É a coisa mais divertida que eu já vi durante todo o
dia—, diz ele.

Excitação percorre meu corpo enquanto ele trabalha. Eu


me sinto totalmente em paz quando estou com ele, apesar de
ter sido apenas alguns meses. Estar com ele é fácil. Ele me
acaricia, trazendo-me perto de gozar, depois se afasta.

—Você me quer? —, Pergunta Blaze, sua voz grossa.

—Sim—, eu digo. —Por favor. — Eu olho por cima do


meu ombro para ele, nu atrás de mim. —Blaze?

—Sim, querida. — Ele estava duro, pressionado contra


mim, e eu estava mais do que pronta. Eu precisava dizer
outra vez, antes de começar a perder todo o controle.

—Blaze? —, Pergunto. Ele faz uma pausa, olhando para


mim com aqueles olhos azuis, os mesmos que eu me
apaixonava um pouco mais a cada dia. —Eu te amo.

Ele sorri, um sorriso largo que ilumina seu rosto.

—Eu também te amo.

Eu podia me sentir pulsando ao redor dele.

—Agora, me fode.

—Ao seu serviço—, diz ele, e empurra dentro de mim,


reunindo rapidamente impulso como pedi-lhe com pequenos
gemidos. Ele me conhecia, agora, conhecia meu corpo mais
do que eu pensava que alguém o faria. Era felicidade
completa com ele. Ele me completava, por dentro e por fora.

Fecho os olhos enquanto suas mãos se movem em cima


de mim. Ele empurra mais profundo dentro de mim, tocando
meus seios, provocando meus mamilos com os dedos até que
eu não posso aguentar mais.

—Eu quero tudo de você, — Blaze diz, e eu me sinto


desesperada com a necessidade, enquanto ele empurra
dentro de mim, trazendo-me perto de gozar.

—Você me tem, — eu gemo. Ele empurra para dentro de


mim uma última vez, gemendo alto enquanto seu clímax, e eu
finalmente deixo ir, a onda de prazer caindo sobre mim como
um tsunami. Quando eu abro meus olhos, eu posso sentir
seus lábios pressionados contra a minha nuca, seus braços
em volta do meu peito enquanto ele me segura. Sua
respiração imita a minha, e eu posso sentir seu coração
batendo, a sensação reconfortante.

—Eu te amo—, ele sussurra.

—Idem—, eu digo. —Você sabe, você ainda vai ter que


me entreter até o churrasco. Nós temos mais tempo.

—É assim mesmo?

—É melhor acreditar—, eu digo. —Eu insisto.

—E o que a senhora quer, a senhora tem—, Blaze diz.


EPÍLOGO
Dani

—Merda, vocês realmente não tinham que ter todo esse


trabalho—, eu digo, o calor subindo para minhas bochechas.
Eu não esperava todo esse alarde sobre eu ir para a
faculdade. O clube inteiro estava aqui, senhoras também.

Blaze me puxa para perto.

—Você é uma de nós agora—, diz ele, e eu sinto uma


onda de orgulho.

Picasso aproxima-se, coloca a mão no meu braço, me


girando.

—Vamos ver, menina—, diz ele, olhando para o meu


ombro. —Bom. Essa é uma bela tatuagem, porra.

—Você fez um bom trabalho, homem—, diz Blaze. Eu


sabia que Blaze adorava ver-me com seu nome gravado.
Algumas mulheres pensariam que era uma loucura ter esse
tipo de tatuagem. Inferno, antes de tudo isso, eu
provavelmente teria olhado de soslaio para uma garota se eu
visse ―propriedade de‖ tatuado em seu ombro. Eu sabia que
as pessoas iriam pensar que era estranho.

Mas eu viria a ser uma parte disto, algo muito maior do


que eu. Este clube foi mais do que apenas algo que Blaze
estava interessado, uma coisa que ele fazia em seu tempo
livre. Era a sua família. Era parte dele. Foi escrito em seu
DNA. Eu entendi isso, e eu o amava por isso. A tatuagem era
um símbolo. Ele disse que eu estava bem aqui ao seu lado.
Eu estava juntada com ele. Eu era uma parte dele, e uma
parte de sua família.

Não é que eu era sua propriedade, algo a ser possuído. A


tatuagem disse que se alguém me machucar, essa pessoa
traria a ira completa do Inferno MC. Eu queria usar esse
símbolo agora mais do que nunca, especialmente depois de
ter visto o rali clube em torno de mim, de muitas formas,
depois do que tinha acontecido.

—Eu amei, Picasso, — eu disse. —Obrigada. —


Permaneci na ponta dos dedos do pé, eu o beijei na bochecha
e vi seu rosto ficar vermelho.

Picasso limpa a garganta.

—Saia daqui menina. Vá pegar um churrasco ou algo


assim.

No estacionamento do clube, se misturaram com a


multidão barulhenta, a maioria deles já bêbado. Olho em
volta, tentando memorizar cada pedacinho dele, gravando-o
em meu cérebro, algo para guardar quando eu voltasse para
Stanford na próxima semana. Eu queria ter tudo na memória
- os motociclistas bêbados apalpando suas mulheres, o cheiro
de fumaça da churrasqueira misturado com o cheiro de graxa
e de couro que parecia permear cada peça de roupa que Blaze
possuía. Eu vejo como a senhora de Mad Dog, Kate, inclina-
se contra ele, rindo enquanto esfregava o cabelo grisalho. Ele
se inclina, enterrando o rosto em seu peito, ela o golpeia se
afastando de brincadeira.

—Hey, aos pombinhos. — Axe diz, levantando a garrafa


para mim e Blaze, em seguida, trazendo-a aos lábios. —Então
você realmente vai trocar tudo isso por Stanford?

—Eu tenho que pegar meu 9edu-ma-cação, você sabe.

—Pelo menos eu não terei que aguentar todo aquele


biquinho sexy mais—, diz Axe. —Porra, cara, ela realmente te
tem na mão.

—Ei—, diz Blaze.

Eu rio.

—Então, quando é que vai conseguir uma senhora, Axe?

Axe cambaleia, olhando para o chão.

—Oh, querida, eu acho que eu estou além de ter uma


senhora.

—Você fala como se fosse um homem velho - você tem


apenas o quê -? Quarenta.

—Foda-se você também—, ele diz, sorrindo. —Jesus,


Blaze, mantenha a sua senhora na linha. Quarenta, merda.
Eu pareço tão velho?

—Você tem uma cara feia, cara. Você pode culpá-la por
pensar que você é um homem velho? — Blaze dá um gole em
sua cerveja.

9
Uma maneira ignorante de dizer "educação", acrescentando "ma" no meio.
—Qualquer garota teria a sorte de tê-lo, Axe, — Eu digo,
olhando para Blaze, que levanta as mãos em um gesto —o
que eu posso dizer?

Axe era um dos amigos mais próximos de Blaze e o


braço direito de Mad Dog como o sargento de armas do MC.
Ele se tornou uma das minhas pessoas favoritas aqui. Ele
tem uma natureza calma e senso de humor seco que persistia
não importa que merda estava acontecendo. Como Blaze, ele
era mais do que apenas um motoqueiro sujo. Enquanto ele
poderia não ser bem-educado, ele era inteligente, assim como
Blaze.

A primeira vez que eu realmente falei com Axe foi logo


depois que eu atirei em Guillermo. Eu estava esperando na
casa de Benicio com um grupo de rapazes do clube, enquanto
o cirurgião trabalhava em Blaze. Foi uma experiência surreal,
sentada à espera em uma mansão em Malibu, enquanto um
cirurgião operava meu namorado motoqueiro. Eu tinha ido
para o corredor e sentado no chão, apenas querendo algum
silêncio. Ficando ali pensando sobre isso, minha mente foi
diretamente de volta para aquela memória.

Senti a mão de alguém no meu ombro, e eu virei minha


cabeça para ver Axe, agachado ao meu lado no chão.

—Cara—, disse ele, fazendo uma careta. —Meus joelhos.


Eles não são tão bons mais. — Ele estabeleceu-se ao meu lado,
com as costas contra a parede. —Também, muitos
desempenhos, carregando muito equipamento. Eu não sou tão
jovem como eu costumava ser.
—Sim. — Eu não sabia o que dizer. Eu não conhecia Axe
muito bem, não tinha falado muito com ele antes. Havia muitas
pessoas na casa de Benicio e eu me senti claustrofóbica. Eu
queria dizer a Axe para ir embora, me deixar em paz.

—Blaze vai ficar bem, você sabe. Apenas uma lesão no


ombro. Isso não é nada.

—Sim, eu sei disso—, eu disse.

—Você fez bem hoje, querida—, disse Axe. —Dar um fim


no seu pai.

—Ele nunca foi meu pai.

—Não, eu acho que ele não foi, não é?

Fiz uma pausa, pensando.

—Você estava no serviço militar.

—Fuzileiros navais.

—Você já matou alguém?

Axe concordou.

—Eu era um franco-atirador.

—Será que você se sentiu mal sobre isso?

—Algumas vezes, sim. — Ele fez uma pausa. —Não para


os bandidos, no entanto.

Olhei para ele.

—Eu pensei que eu iria me sentir culpada por matar


Guillermo, mas não. É errado que eu não me sinta mal sobre
isso?

Axe sacudiu a cabeça.


—Guillermo foi um dos caras maus. E ele atirou no
Blaze. Você não tem nada para se sentir mal. Você estava
apenas protegendo a sua família.

Eu estava, não estava? Blaze era minha família.

O som da voz de Blaze enquanto ele falava com Axe traz-


me de volta ao presente.

—Eu vou ter que manter um olhar atento em Stanford,


— eu digo. —Vou ver se eu posso encontrar uma garota para
você, Axe.

Axe ri.

—Sim, você faz isso, menina. Você me arranja uma


garota médica rica ou algo assim. Obrigado, mas essa merda
não está escrita nas cartas para mim.

—Hey, não há nada de errado com patricinhas—, diz o


Blaze. —Está aqui vai ser uma advogada rica e nos manter
fora da prisão.

Mais tarde, ele me puxa para longe da multidão e coloca


os braços em volta de mim por trás. Eu me inclino sobre ele,
minha cabeça contra seu peito.

—Obrigado por tudo isso, Blaze, — eu digo.

—Não é nada.

—Você sabe que eu vou sentir sua falta—, eu digo.

—Você sabe que eu estarei lá observando você.

—Você quer dizer que da maneira menos assustadora e


possessiva possível, certo? —, Pergunto.
—Bem, eu vou ter que manter os meninos Stanford
longe de você.

—Eu acho que sou perfeitamente capaz de fazer isso


sozinha, você sabe.

—Eu sei—, diz ele.

Eu gostava de fazer minhas próprias coisas, ter o meu


próprio espaço, e Blaze sabia disso. Mas eu também gostava
de saber que ele estava cuidando de mim, especialmente
depois de toda a merda que tinha acontecido no início do
verão. Eu ouvi que Billy estava em algum lugar na Europa, e
enquanto eu suspeito que alguns dos caras pode acabar
tendo uma conversa com ele, eu também não sabia se ele iria
mesmo voltar. Eu tinha visto um artigo de revista sobre ele,
possivelmente, vai para a reabilitação.

Eu olho para todos, desde meu ponto de vista aqui dos


braços de Blaze em volta de mim. Essas pessoas - esta
fodida, família disfuncional - era minha. Minha educação foi
incomum, e agora a família que eu tinha escolhido era ainda
mais estranha. Ainda assim, eles eram meus.

Eu gostaria de poder dizer que Benicio de alguma forma


se tornara o pai que eu nunca tive. A verdade era que eu
gostava de Benicio, mas ele não era meu pai. No entanto, eu
podia ver nele o homem que a minha mãe adorava. Eu acho
que Benicio ainda a amava. E ele era um homem bom, tanto
quanto os criminosos podem ser. Ele era o tipo de homem
que meu pai não era, do tipo que faria certas coisas, mas não
cruzar outras linhas. Ele não mexia com mulheres e crianças
- tinha uma regra contra o tráfico ou correr atrás de meninas.
Neste tipo de vida, a vida de motoqueiro e aquela em que eu
tinha sido criada, esse tipo de princípios significava algo.
Esses tipos de princípios significavam que você era um
homem bom.

Isso foi tão bom quanto ele iria ficar para mim. Eu não
tinha ilusões de Benicio jamais tornar-se algo que ele não
era, que ele trocaria um estilo de vida criminal por um civil.
Foi o mesmo com Blaze. Eram homens fortes que sabiam
quem eles eram. Eu amava Blaze por isso, e eu respeitava
Benicio por isso. Não vou dizer que eu amava Benicio como
um pai. Nós não estávamos lá ainda, e eu não tinha certeza
se nós jamais chegaríamos lá. Mas eu respeitava-o.

Não houve consequência de atirar no meu pai. Benicio,


com sua rede de recursos, simplesmente fez tudo ir embora.
Seu médico cuidou de Blaze, e Blaze ficou curado em uma
questão de semanas. Eu tinha esperado ansiosamente por
um mês após o disparo para ser atingida com uma súbita
onda de culpa ou remorso, ou tristeza. Esperei o 10PTSD.

PTSD esse que nunca veio, à espera de acordar à noite com


pesadelos e suores frios. Mas parecia que Guillermo havia
deixado nada na sua esteira, nem mesmo um fantasma.

Eu acho que no momento em que eu matei Guillermo,


eu já estava fora. Quando eu o matei, eu pensei que eu iria
chorar por ele, que eu iria chorar pelo relacionamento que eu
tinha perdido. Mas a verdade era que, foi um relacionamento
que eu nunca tive. Eu tinha ido embora há muito tempo. Eu
tinha corrido de volta para ele em um ataque de desespero no
10
PTSD - Distúrbio de estresse pós traumático: um termo usado na conduta profissional com
vítimas de crimes ou violência.
início do verão, mas eu estava correndo em direção a uma
fantasia, alguém que eu imaginava para ser meu pai.

Debruço-me com mais força contra Blaze.

—Estou finalmente em casa—, eu digo.

Blaze abraça-me mais apertado.

—Nós dois estamos.


CAPÍTULO 1
Dúvidas
Dani

Junho 2010

—Sim, é bonito. Muito bonito. — Eu digo tentando


parecer feliz, enquanto me olhava dentro daquele vestido. O
vestido cabia perfeitamente em mim, ia até os joelhos, era
branco e sem alças, feito de tafetá ou seria tule? Eu não
tinha certeza do que este vestido era feito, mas eu sabia que
era mais apropriado para uma adolescente, do que para
alguém que iria para faculdade em poucos meses. Eu estava
parecendo uma debutante, não uma noiva.

Eu não queria me casar com esse vestido.

—Humm. Não sei— Kate diz com a testa franzida, a mão


cobrindo a boca. —Você deve tentar o outro. Casei-me com
um, semelhante a esse.

Eu gemi internamente. O outro era ainda pior, era um


mullet dress, curto na frente e longo atrás, a parte de cima
era de couro branco, e strass espalhado ao longo do busto.
Não que houvesse algo de errado com ele, mas realmente não
era o meu estilo.
—Talvez eu devesse tentar algo mais tradicional.

Sob sua respiração a Velha Senhora de Mad Dog faz:

—Tsk, tsk—. —Menina, você não pode usar um vestido


de noiva tradicional. Como você montará em uma Moto? Ele
precisa ser curto. Agora, coloque ele para eu ver. Eu acho que
podemos ter um vencedor.

Abro a boca, pronta para dizer o que eu pensava destes


vestidos de noiva. E de toda a ideia de ter um casamento na
sede do clube. Um pouco antes de saber que tinha entrado
para a faculdade, alguns amigos ficaram pedindo para serem
convidados, eles estavam intrigados com a ideia de que eu
estava prestes a me casar com um motoqueiro e curiosos
para ver o interior de um clube de verdade; e a outra metade
estavam apavorados com a ideia de esbarrar com um bando
de criminosos.

E eu? Eu estava tão ocupada com a escola que eu não


tinha tido tempo para pensar sobre o que eu queria. Mas eu
me conhecia bem o suficiente, para saber que eu não queria
isso.

Em vez de dizer a Kate que eu queria um vestido


normal, eu fecho minha boca, balanço a cabeça e entro no
provador para colocar o vestido.

Não me interpretem mal. Eu amo Blaze. Eu amo quem


ele é. Eu amava o clube. E eu amava os caras do clube, bem,
a maior parte deles. Eles tinham me acolhido quando eu me
tornei a Velha Senhora de Blaze. Mas, ao mesmo tempo, eu
era uma estranha.
Um ano atrás, quando tudo ainda era novo, eu pensei
que tinha encontrado uma família. Era tudo novo, flores e
arco-íris. Bem, você sabe, tão perfeito como poderia ser, um
grupo de motoqueiros foras da lei, que trabalham para um
contrabandista internacional. A perfeição em uma forma
distorcida, eu acho.

Mas agora? Um ano mais tarde, os óculos cor de rosa


tinha sido tirado de meus olhos. Eu vi muitas coisas e
algumas coisas que vi, eu não gostei.

A verdade é que eu ainda era uma estranha, diferente da


maioria das outras Senhoras. Por um lado, eu passei a maior
parte do ano passado, em Palo Alto, estudando. O que não
facilitou a minha aproximação com elas, já que eu sabia que
elas pensavam que eu era apenas um grande esnobe. E,
sendo filha de Benicio, o cara empregador do clube, só
contribuiu para essa percepção. Sem mencionar o fato de que
eu estava prestes a ir para a faculdade de direito no outono.
Mesmo tendo sido criada em uma família de criminosos, eu
acho que as pessoas pensavam que me tornar uma advogada,
me faria ser algum tipo de rato.

Eu tinha ouvido algumas Velhas Senhoras falando sobre


isso em uma festa do clube. Fiquei ali, fora da sala, ouvindo-
as falar sobre como elas não confiavam em mim, como eu era
uma cadela. Em vez de confrontá-las, eu coloquei um sorriso
em meu rosto e entrei, fingi que não tinha ouvido o que
tinham dito. Isso foi logo depois que eu atirei em Guillermo, e
eu estava apenas exausta. Aquilo parecia tão insignificante
em comparação ao que tinha acontecido, que eu não quis
criar confusão, achando que com o tempo elas mudariam de
opinião.

Mas, aqui estou eu um ano depois e nada tinha


mudado. Eu tinha que me conter para não devolver suas
ofensas. Havia uma hierarquia no clube, e até mesmo Kate
tinha que segui-la. Kate era a Velha Senhora de Mad Dog, o
que a colocava no topo da pirâmide. Mas eu era a Velha
Senhora de Blaze, me colocando logo abaixo de Kate.

Eu podia ter marcado minha posição, para fazer isso eu


teria que confrontá-las e bater em algumas cabeças.

Por que eu não fiz isso? Essa era a pergunta que eu


estava me fazendo. Não foi apenas pelo trauma de ter matado
meu pai, apesar de ter contribuído um pouco. Era mais do
que isso. Acho que o maior motivo, era a sensação de que
talvez, eu não estava destinada a me encaixar no clube.
Talvez essa vida não fosse para mim.

Quem poderia me culpar, certo? Eu fui criada em torno


deste tipo de merda. Eu dei um tiro no homem que eu tinha
conhecido como pai minha vida toda.

O mesmo homem que me deixou mais dinheiro do que


eu poderia gastar.

Alguém poderia me culpar de eu estar tendo dúvidas


sobre casar com Blaze e ir para a faculdade de direito,
quando eu poderia arrumar as malas e fugir para a minha
própria ilha privada em algum lugar, estar na praia e beber
margaritas todos os dias para o resto da minha vida?
Aliso o tecido do vestido, passando as mãos nos meus
quadris.

Deus, como era horrível. Eu não poderia me imaginar


vestindo isso. Claro, eu não tinha dito a Blaze que não queria
que o casamento fosse no clube também.

—Oh, ele é perfeito. Eu adorei ele— Kate diz enquanto


eu saio do provador. —O que você acha?

Eu odeio isso.

Eu precisava dizer a ela que eu odiava isso e dizer ao


Blaze que eu não queria um casamento na sede do clube. Eu
considerei cuidadosamente as minhas palavras e resolvi
contar a ela o que eu pensava dele. Eu não fiz.

—É fantástico—, eu digo. —Mas eu acho que eu preciso


olhar um pouco mais, antes de tomar uma decisão.

—É perfeito— Kate fala. —Oh, eu sabia que você iria


adorar esse vestido. Você é tão parecida comigo.

Meu coração afunda. Eu não poderia lhe dizer que eu


odiava, não quando eu sabia que as outras Velhas Senhoras
achavam que eu era uma cadela esnobe. Kate não estava
entre as que falavam de mim, mas nós ainda não éramos tão
amigas assim. E agora ela pensava que eu era igual a ela?
Além disso, a loja a reembolsaria, certo? Eu poderia
simplesmente leva-lo e voltar mais tarde e devolvê-lo.

—Sim—, eu digo. —Está perfeito.


—Ei, você aí. — Blaze entra e vem para o sofá onde eu
estava sentada, ele cheirava a graxa e couro. —Como está a
minha noiva favorita?

Ele se inclina para mim, e eu o beijo.

—Eu espero ser sua única noiva, — eu digo.

—Você fez pão? — Blaze se afasta de mim, farejando o


ar enquanto se dirigi para a cozinha. —Você continua me
alimentando assim, e você será minha única noiva. Te
garanto.

—Sim—, eu digo. —Eu precisava esquecer do meu dia


de caça ao vestido.

—Oh, Deus—, diz Blaze. —Eu vou querer saber? — Ele


passa manteiga em uma fatia de pão e morde um pedaço.

Reviro os olhos.

—Não foi tão ruim—, eu digo, em um sussurro.

Blaze ri e limpa os cantos de sua boca.

—Eu sei o que significa esse tom.

—Você quer ver o vestido?

—Você vai desfilar para mim? —, pergunta Blaze. —Eu


não deveria ver essa merda antes do casamento, ou deveria?

Dou-lhe o meu melhor olhar

—Você está brincando?


—Eu vou mostrar e você pode me dizer o que pensa.

Blaze desliza o braço em volta da minha cintura e


segura minha bunda, apertando.

—Eu posso dizer o que eu acho agora mesmo sem vê-lo.


— Ele pressiona sua ereção crescente contra a minha perna.

Eu não posso deixar de rir.

—Cale a boca—, eu digo, socando-o no braço. —Eu vou


mostrar a você.

Quando volto do quarto, usando o vestido, Blaze enruga


sua testa.

—Uh ... sim. — Sua voz soa estridente no final. —Não, é


uh ... você sabe ... é um vestido e ... é branco ... e, quero dizer
.... Você está sexy?

Eu rio com o seu desconforto óbvio.

—É horrível, não é?

—Uh—, diz Blaze. —O que você acha que é horrível?

—Eu perguntei primeiro. — Eu digo.

—Estou preocupado que eu estou indo para uma


armadilha aqui—, diz Blaze. —Você vai me perguntar se você
está gorda?

Eu rio.

—Sem armadilhas. Agora, me dê uma opinião honesta.

—É muito ruim. Parece com algo que você usaria para


dançar no Rosa Púrpura—, diz ele, referindo-se a um popular
strip local.
—Eu estou vestida como uma stripper—, eu concordo.
—Mas Kate gostou, e eu não podia dizer não.

—Você vai devolve-lo, certo? —, Pergunta Blaze.

—Claro—, eu digo. —Eu preciso de algo mais no meu


estilo. — Eu queria ter coragem de dizer a ele que eu não
queria apenas um vestido novo, mas eu também estava tendo
dúvidas sobre o casamento ser no clube. E que eu estava me
sentindo fora do lugar. Mas Blaze dá um passo à frente,
coloca a mão na minha nuca, e cola sua boca na minha.

Quando ele me solta, ele sussurra no meu ouvido.

—Você não tem que devolver o vestido hoje, não é?

— O vestido de noiva de stripper está excitando você? —,


Pergunto.

Blaze dá de ombros.

—O que posso dizer? Eu sou elegante assim. — Ele


desliza a mão pela minha coxa, em seguida, entre as minhas
pernas, e eu sinto meu coração disparar, uma resposta quase
instantânea ao seu toque.

—Eu não acho que a loja vá apreciar eu me enroscando


com o vestido e, em seguida, devolvê-lo—, eu digo. Meu rosto
estava quente, mas eu sabia que não era porque eu teria
vergonha de devolver o vestido. Mesmo depois de um ano,
Blaze tinha uma incrível capacidade de me acender com o
mais leve toque. Inferno, ele tinha a capacidade de me excitar
estando do outro lado da sala, com apenas um olhar. Aquele
olhar.
O que ele estava me dando agora, com os dedos dentro
de mim, o tecido do vestido em torno das minhas coxas, era
simplesmente demais. Ele deslizou seus dedos para fo ra de
mim, usando a umidade para deslizar as pontas dos dedos
sobre o meu clitóris, esfregando-o em círculos. Do jeito que
eu gosto. Estremeço enquanto a excitação percorre meu
corpo, como uma corrente elétrica. Mesmo os pelos dos meus
braços estavam arrepiados.

—Quem se importa com o que a loja pensa? — Blaze


sussurra, seus lábios perto do meu ouvido. —O que os olhos
não veem…

—Mhmm—, murmuro. Eu não conseguia pensar em


nada coerente para dizer. Não quando Blaze estava me
levando a loucura com seus dedos. Passo as mãos no seu
peito, deslizando-as entre as abas de sua jaqueta de couro,
sentindo seu corpo duro. Eu queria tocar sua pele, para
afundar minhas unhas, fechar minha mão em torno dele e
senti-lo endurecer com o meu toque.

Ele tira a jaqueta e a joga sobre o braço de uma cadeira,


atrás de mim. Então ele me pega e me leva para o sofá.

—Espere— eu protesto. —Você não quer ir para o


quarto?

—Não—, diz Blaze. —Definitivamente, não. Eu quero


você aqui. — Ajoelha-se entre as minhas pernas, e olha para
mim, um sorriso enorme no rosto. —Eu estive esperando
para provar isso o dia todo.
Minha cabeça cai para trás contra o sofá quando ele
enterra seu rosto entre as minhas coxas, eu ainda no meu
vestido de casamento, não, não sou o meu vestido de
casamento, o vestido de noiva que ia ser devolvido, ele o puxa
até minha cintura, deixando minha bunda nua no sofá.

—Oh Deus, isso é tão bom Blaze.

—Você tem um gosto tão bom—, diz ele. Ele lambe entre
as minhas dobras, sondando. Sua língua entrando e saindo
de mim. Ele me levava ao limite e parava, em seguida,
começava tudo de novo, ele olha para mim, com sua boca
brilhando. —Diga-me que você quer que eu te faça gozar com
você usando esse vestido de casamento.

Oh Deus. O latejar entre minhas pernas era tudo em


que eu conseguia pensar.

—Eu quero que você me faça gozar neste vestido de


casamento.

—Eu vou fazer isso de novo quando você estiver usando


o seu verdadeiro vestido de casamento—, diz Blaze. —Quando
você for minha esposa.

Quando você for minha esposa. Basta ouvi-lo dizer para


eu quase entrar em combustão espontânea.

—Por favor—, eu digo, praticamente implorando. Minha


voz era mais um gemido do que qualquer outra coisa.

—Tudo o que quiser, baby—, diz Blaze. Então ele me


come, não como se ele estivesse me saboreando, mas como se
eu fosse sua última refeição. Quando ele me lev a até o limite,
empurrando sua língua dentro de mim, eu penso que vou
desmaiar.

—Blaze. — Eu aperto sua cabeça com mais força contra


mim, esfregando os quadris em seu rosto, enquanto uma
onda de prazer cai sobre mim. Sinto ele me puxar para ele,
com as mãos firmemente encaixadas na minha bunda, me
segurando contra ele, eu gozo em sua boca. Antes que eu
possa terminar, ele desliza seus dedos dentro de meu canal,
meus músculos pulsando ao redor dele.

Quando eu finalmente posso pensar de novo, eu olho


para ele, meus olhos pesados do orgasmo que tinha acabado
de ter. Eu esfrego a parte de trás de sua cabeça, sentindo a
maciez de seus cabelos em minhas mãos.

—Você é incrível, Blaze. Eu não posso esperar para


casar com você.

—Você não viu nada ainda, querida—, diz ele. Ele não
sai do meio das minhas pernas, fica lá, de joelhos, me
acariciando por dentro com os dedos.

—Blaze, eu não aguento mais—, eu digo, tentando tirar


seus dedos de dentro de mim. Seus dedos ainda dentro de
mim enquanto eu descia de meu orgasmo anterior, era
demais. —Pare.

Blaze tira minha mão.

—Não nesta vida—, diz ele. —Você não vai escapar tão
fácil. Estou prestes a fazer coisas ruins com você.

—É isso que me espera se eu casar com você? — Eu


pergunto. —Talvez eu deva reconsiderar oh. — Engulo em
seco quando ele me acaricia, seus dedos pressionando dentro
de mim naquele lugar que estava tão sensível.

Blaze se inclina, os dedos ainda dentro de mim, e cobre


meu mamilo com a boca, o rodeando com a língua até que ele
fica bem rígido. A fraqueza que senti depois de gozar estava
começando a diminuir, e meu corpo começa a responder a ele
novamente. Como se eu estivesse embriagada, só que a culpa
não era de nenhuma bebida, era tudo culpa de Blaze.

—Dani—, diz ele. —Eu quero que você saiba que


estando casada comigo é isso que você deve esperar. Só que
com mais sexo.

—Oh, é assim? — Eu pergunto, rindo. —Eu ouvi dizer


que as pessoas casadas têm menos sexo.

—Você ouviu? — Blaze me acaricia, mais duro, mais


focado naquele ponto, e eu sinto uma onda de umidade em
resposta. Deus, ele tinha a capacidade de me manter tão
ligada. Como ninguém nunca tinha sido capaz de fazer. Era
como se cada célula do meu corpo respondesse ao seu toque.

Engulo em seco. —Eu sei que é verdade—, eu digo,


minhas palavras saindo em solavancos por conta da minha
respiração irregular.

—Bem, eu acho que eu vou ter que provar que você está
errada—, diz Blaze. Ele tira seus dedos de dentro de mim, e
se levanta, puxando sua camiseta sobre a cabeça. Eu queria
que seus dedos ficassem dentro de mim. Claro, eu queria ele
nu e dentro de mim, mais do que eu queria seus dedos.
Então, eu estava lá, minha cabeça contra a parte de trás do
sofá, pernas abertas, olhando como se eu tivesse acabado de
me casar em Vegas no meu vestido de noiva de couro como
uma stripper.

Blaze tira a roupa para mim, lentamente, um enorme


sorriso estampado em rosto, dando um grande show, como se
ele fosse o stripper.

Eu assobio quando ele joga seu cinto no chão.

—Mais— eu digo. —Tire tudo, baby.

Ele levanta seus quadris para o lado antes de tirar suas


calças, e eu começo a me tocar. Seus olhos se arregalam, e
ele deixa cair às calças no chão. Eu nunca tinha me tocado
na frente dele antes e, a julgar por sua reação, era algo que
ele gostava. Enfio um dedo dentro de mim, e o ouço gemer.

—Puta merda—, diz ele, quase caindo quando ele puxa


sua calça jeans fora de seus pés. Eu rio, olhando ele tirar
suas meias e cuecas boxer, como se estivessem em chamas.

—Então, você gosta disso, hein? — Eu pergunto,


apontando para sua ereção.

— Não é tão ruim.

—Você não tem medo de casar e ficar entediado? — Eu o


provoco. —Não tem medo de comprometer-se com uma só
boceta, quando você está cercado por isso o tempo todo?

—Porra, não— Blaze diz, com os olhos arregalados de


luxúria. —Não quando é essa boceta.

—Bem—, eu digo, deslizando os dedos entre as minhas


pernas. —Deixe-me lhe mostrar como pode ser boa essa
boceta. — Eu me levanto e vou para o canto do sofá, e me
debruço sobre ele, empinando minha bunda.

—Eu definitivamente preciso ver como essa boceta pode


ser boa—, diz Blaze.

Eu o senti atrás de mim, sua mão direita acariciando


minha bunda, então pressiona seu pênis na minha abertura.
Eu respiro fundo, e me viro para olhar por cima do ombro. Eu
sorrio maliciosamente e digo:

—Vamos noivo.

Blaze me penetra com um único golpe, enchendo-me ao


máximo.

—Oh, inferno—, diz ele. —Eu definitivamente não me


importo em ter essa boceta pelo resto da minha vida.

Eu jogo minha cabeça para trás, indo de encontro aos


seus impulsos.

— E você é tudo o que eu quero. — Eu digo.

Ele estende a mão e puxa para baixo a parte superior do


vestido para libertar meus seios de sua prisão, seus dedos
beliscam meus mamilos. Eu já estava no limite.

—Você está tão molhada—, ele sussurra.

—Estou tão perto. — Eu mal conseguia falar, muito


distraída com o que senti ao ter Blaze dentro de mim, eu me
sentia a ponto de estourar. Eu estava lutando para me
segurar, querendo esperar para gozar com ele. —Blaze, por
favor, eu não posso aguentar por mais tempo.
Ele empurra dentro de mim, tão profundamente quanto
ele poderia ir, e eu me sinto cair sobre a borda, está explosão
de prazer que irradiava do meu núcleo, praticamente cega em
sua intensidade. Eu acho que eu gritei, ou ele, eu não tenho
certeza. Senti suas mãos em meus quadris, me puxando mais
perto dele.

Blaze grita meu nome, e eu sinto o calor quando ele goza


dentro de mim. Quando eu finalmente consigo controlar
minha respiração, eu olho para baixo para ver meus seios
pendurados sobre a parte superior do vestido, o cabelo
bagunçado em volta do meu rosto, emaranhados com o suor
que escorria da minha testa. Parecia que eu tinha acabado de
correr uma maratona em um vestido de casamento.

—Inferno, Dani—, diz Blaze. Então ele faz uma pausa. —


Merda.

—Qual é da ―merda‖? — Eu pergunto. E o sinto deslizar


para fora de mim, e me viro.

Blaze levanta uma faixa de tecido, rasgado a partir da


barra do vestido.

—Qual é Blaze!

—O que? — Ele pergunta levantando as mãos em um


gesto de inocência. —Eu não tive a intenção de rasgá-lo.

—Oh meu Deus! Está completamente destruído. Eu não


posso devolver isso agora!

Ele sorri para mim, não parecendo arrependido.

—Eu sinto muito?


—Sério, seu bárbaro— eu digo me virando para ele. —
Olhe o que você fez comigo.

Blaze arqueia as sobrancelhas, as mãos nos quadris, nu


como um pateta e completamente sem vergonha.

—Eu sei—, diz ele. —Olha o que eu fiz para você. Isso foi
só uma amostra do que estar por vir.

Reviro os olhos.

—É com isso que eu vou casar.

—Isso é certo, baby—, diz ele. —Mas, olhe pelo lado


bom. Você pode não ser capaz de devolver o vestido, mas Kate
não vai ser capaz de ficar zangada quando eu lhe disser que
você não pode usar o vestido porque eu rasguei enquanto eu
transava com você.

Um pouco depois ele me dá um beijo na testa.

—Hey, baby—, diz ele. —Eu tenho que ir.

—São dez horas, — eu digo. —Eu queria falar com você


sobre o casamento. — As palavras saem antes mesmo de
pensar sobre o que eu estava dizendo. Merda, eu já estava
parecendo uma esposa irritante, mesmo sem ser casada
ainda. Eu precisava falar com ele sobre o casamento, mas
não seriam coisas agradáveis. Eu precisava esclarecer com
ele algumas das minhas dúvidas.
—Sim, Baby—, diz ele, me puxando para perto dele e
beijando o topo da minha cabeça. —Mais tarde, ok? Eu tenho
que ir para o clube. Podemos conversar quando eu voltar?

Depois que ele voltasse do clube? Eu sabia o que


acontecia no clube a essa hora. Havia aquela pequena voz na
minha cabeça, aquela que dizia: Você realmente não quer
saber o que ele está fazendo lá à noite, não é? Você acha que
ele vai ser fiel a você? Ele é um motoqueiro. Eles não são
fiéis.

Não, eu penso. Blaze é diferente. Ele sabe o que tem em


casa.

—Sim, claro—, eu digo. —Mais tarde.

Blaze segura meu queixo, traz a minha boca para a dele,


e me beija suavemente nos lábios.

—Escute, Dani—, diz ele. —Você é a coisa mais


importante do mundo para mim. Quero dizer isso. Eu te amo
mais do que qualquer outra coisa nesta vida.

—Eu também te amo, Blaze, — eu digo. Agora, ele


estava me assustando, soando todo sério. —Você não está
prestes a levar um tiro ou algo assim, não é? — Eu rio
nervosamente.

Blaze ri.

—Não—, diz ele. —Eu estou tentando te tranquilizar. Eu


podia ver isso em seus olhos. Você acha que eu estou indo
para uma festa ou algo assim. Você não tem nada para se
preocupar. — Ele estende a mão e aperta minha bunda. —
Nada.
—Não—, eu digo. —Eu não estava pensando em nada
disso. — Eu sabia que ele poderia dizer que eu estava
mentindo.

—Eu te vejo mais tarde, querida. — Ele me beija na


bochecha.
CAPÍTULO 2
Refletindo sobre isso
Blaze

Eu entro no clube, o cheiro de fumaça, gordura e bebida


pairando no ar. Era como uma marca registrada do clube,
porra, eu penso, o cheiro que eu sempre iria associar a este
lugar. Era uma noite de festa, não uma noite de família, e a
festa estava em pleno andamento, a sala estava cheia de
irmãos, jogando sinuca, bebendo, transando, e com certeza
os quartos deviam estar cheios também. Merda, a festa
estava em pleno andamento, e senhoras não eram
permitidas. Blaze não se incomodava com isso. Esse não era
um lugar que ele traria Dani.

Não em uma noite de festa.

Eu estava começando a me perguntar se era o tipo de


lugar para ela em qualquer noite. Bem, para ser mais preciso,
eu estava começando a me perguntar se era o lugar para nós
dois. As coisas não estavam indo como eu esperava. Quando
começamos a trabalhar para Benicio, no ano passado, achei
que as coisas iam melhorar.

Benicio não era o problema. Era Mad Dog. Eu sempre


achei que ele era esperto demais para seu próprio bem, muito
frio. Mas, isso funcionava no passado. Era o que o clube
precisava. Segurei-o quando ele estava perto de ultrapassar
os limites, sendo a voz da razão. E ele costumava me ouvir.
Ultimamente, porém? Havia um abismo crescente entre mim
e ele, um que eu temia ser o começo do fim.

—Ei, cara, — Tiny diz, jogando o braço em volta do meu


ombro, seu hálito com cheiro de uísque na minha orelha. —
Como você está?

—Eu estou bem Tiny. — Dou um passo para o lado.


Tiny não era exatamente pequeno. —Mad Dog está lá atrás?

Tiny dá de ombros e toma um gole de uísque.

—Não vi ele, cara. Oh, hey querida! — Ele se vira para


deslizar o braço ao redor de uma menina que estava com
calças apertadas e ... oh, inferno ...patins. E nada mais.

Ela arqueia as costas para ele, pressionando seus peitos


falsos em seu rosto, e ele agarra seus dois montes. Ela grita,
seu som de prazer obviamente falso, e eu reviro os olhos.

Jesus.

Eu me viro, e vou procurar Mad Dog. Ele devia estar no


escritório, ou lugar de foda, você pode escolher o nome,
caminho pelo espaço coberto de corpos entrelaçados. Eu não
sabia exatamente o porquê, mas essa merda estava me dando
nos nervos recentemente. Talvez eu estivesse ficando velho.
Crise de meia idade ou algo assim.

Bato na porta.

—Pres. eu chamo. —Está ocupado?


Escuto um gemido abafado por trás da porta. Você
nunca sabia o que esperar de Mad Dog, mas eu tinha visto o
seu pinto e suas bolas mais vezes do que gostaria de pensar,
porra. Eu acho que ele gosta de dar aos visitantes um show.
Acho que ele pensa que comer tudo que usasse saia o faria
mais homem. Era a sua maneira de provar que ele ainda
tinha as bolas de um jovem ou algo assim. Essa era minha
teoria. Mas eu não era um psiquiatra.

E eu realmente não estava com vontade de ver sua


bunda nua esta noite, isso era certo.

—Sim—, ele grita. —Entre.

Eu abro a porta para ver três caras no escritório com


Mad Dog, eram os caras que tinham ganhado seu patch
recentemente.

—Ei, VP — Um cara que era todo músculos e tatuagens,


chamado Mud acena para mim. Os outros dois, Tink e Fats,
estavam com os braços cruzados sobre o peito. Posicionados
lado a lado, eles pareciam dois idiotas parados lá. O gordo e o
magro, Tink magro e musculoso, Fat... bem, você sabe.

Eu não gosto de nenhum deles, para ser honesto. Algo


sobre eles não bate. Não podia dizer o que, eles não tinham
feito nada para mim, eu só não gostava deles. Eles haviam
sido recrutas por um tempo, e quando a votação surgiu, meu
instinto foi o de votar ―não‖. Mas inferno, eu não tinha
nenhuma razão para fazê-lo.

Agora eu estava pensando o que realmente estava


diferente, e era a maneira como Mad Dog os tinha tomado
sobre suas asas. Porque os três estariam em uma reunião
com Mad Dog? Pode não ser nada, algo completamente
inocente e sem sentido, uma missão que Mad Dog queria que
eles cumprissem. Mas também pode significar muito mais do
que isso.

E meu instinto dizia que algo estava acontecendo, e que


não era nada bom.

—Blaze, — diz Mad Dog. —Eu estava me perguntando se


eu iria vê-lo esta noite. — Era uma forma sutil de me
repreender pelo tempo que eu estava gastando com Dani. Eu
passava muito tempo nessas festas, e agora meu tempo livre
era gasto com Dani, ele não estava aceitando isso muito bem.

Eu não dava a mínima para o que pensava Mad Dog,


nem seus paus mandados, isso estava começando a me
irritar. Caralho. Qual o problema se eu não queria ficar um
velho sujo traindo minha mulher com qualquer puta de vinte
anos com a mente cheia de pó?

Porra.

Eu estava a ponto de explodir.

Dou de ombros, forçando-me a responder com calma,


colocando em prática as coisas Dani estava tentando me
ensinar, toda a merda de yoga e meditação.

—Me levou mais tempo do que eu pensava para sair de


casa.

Respire profundamente.

Inspira.
Porra Zen, baby.

Expira.

A meditação não me ajudou em nada.

—Nós acabamos por aqui, rapazes, — Mad Dog diz,


apontando para a porta. Os três se encaminham para porta
sem dizer nada, eu ouvi quando a porta fecha ruidosamente
atrás deles.

—Sente-se, sente-se.— Mad Dog faz um gesto para a


cadeira em frente à mesa e se senta em sua cadeira à minha
frente, apoiando os pés na mesa. Ele amava seu escritório de
merda. Ele gostava de se sentar, e dar ordens como se ele
fosse a porra do CEO de uma empresa, vestido em um terno
de cinco mil dólares e não em um jeans de merda e sua
camiseta rasgada e manchada de graxa por trabalhar em
motos.

Eu estava ficando cansado dessa porra.

—Você queria me ver, chefe? — Eu pergunto.

—Você está prestes a se casar, em breve, Blaze, — ele


começa cortando a ponta de um charuto e rolando em torno
de seus dedos, mais e mais.

—Sim, eu estou. — Talvez ele queira ser meu padrinho.


O pensamento surge na minha cabeça, do nada, e me parece
divertido por causa do absurdo dessa ideia. Eu não podia
sequer imaginar isso.

—Dani—, diz ele. —Ela é uma boa menina, não é?


Eu balanço a cabeça. O que ele queria dizer com isso?
Eu não gostava de ouvir Mad Dog falar sobre Dani.

—Eu tenho sorte de estar com ela.

—Esperta, resistente, rica—, diz ele. —Uma garota


quente.

Limpo a garganta, interrompendo-o. Eu definitivamente


não queria ouvir Mad Dog falar que minha garota era quente
e como ela era um bom partido. Eu já tinha visto a maneira
como ele olhava para ela.

—Cuidado com o que você diz, Chefe, — Eu aviso,


mantendo intencionalmente meu tom leve. —Eu sou muito
possessivo com ela.

Mad Dog levanta uma mão no ar, acendendo seu


charuto, obviamente, ignorando o que eu tinha dito.

—Você se importa? — Ele pergunta, depois que ele já


tinha dado um trago. —E rica. Podre de rica. Todo esse
dinheiro de seu pai.

Eu balanço a cabeça.

—Todo esse dinheiro. — Eu não gosto de onde isso


estava indo. —O que você está perguntando exatamente,
Pres.?

Mad Dog dá uma longa tragada no cigarro, depois sopra


anéis de fumaça, observando atentamente enquanto eles
flutuam no ar entre nós. Quando ele fala, soou casual, mas
eu sabia que tinha alguma coisa ali.
—Todo esse dinheiro, e ela vai ser mulher de um
motoqueiro?

Dou de ombros.

—Dani não se importa muito com o dinheiro—, eu digo.


Mas você sabe se isso é verdade? Eu não tinha certeza.

A verdade era que não tínhamos conversado sobre isso.


Depois que ela atirou em Guillermo, tínhamos apenas
continuado como se nada tivesse acontecido. Eu não tinha
perguntado a ela sobre a herança, e ela não tinha tocado no
assunto. Por que diabos ela iria se misturar com o clube,
agora que ela tinha todo aquele dinheiro?

Por que diabos ela iria se casar comigo? Ela estava


tentando falar comigo sobre o casamento; talvez ela estivesse
tentando sair dele. Começo a sentir uma queimação na boca
do estômago.

—Ela pode estar querendo reavaliar as prioridades—, diz


Mad Dog. —Ou você poderia estar querendo mudar de ideia.

—Onde você quer chegar com essa conversa? — Eu não


tinha paciência para ser educado nesse momento, não
consigo refrear a ponta de irritação na minha voz. Minha
mente estava correndo, agitada com a ideia de Dani estar
tendo dúvidas sobre casar comigo.

E se ela quisesse deixar tudo isso para trás?

Mad Dog dá de ombros.

—Eu não estou querendo chegar a lugar nenhum, VP—,


diz ele, enfatizando a última palavra, um lembrete de minha
posição no clube. —Eu só estou dizendo que você pode estar
pensando em mudar de vida. Inferno, talvez você já tenha
mudado. Você está distante do clube, você nem foi na nossa
última corrida. Porra, cara, não tivemos nenhum problema.
Mas isso nunca aconteceu antes.

—Eu estava visitando Dani—, eu digo. —Era sua


formatura, porra. Eu tinha uma boa razão para não ir.

—Claro—, diz Mad Dog. —Mas você está muito ausente


recentemente. Alguns começaram a questionar a sua lealdade
para o clube.

—Alguns? — Eu pergunto. —Quer dizer, você começou a


questioná-la.

—Eu sei que você é leal ao clube, Blaze—, diz Mad Dog.
—Porque eu sei que se você não fosse, seria prejudicial para a
sua saúde. E para Dani.

—Isso é uma ameaça, porra? — Meu sangue está


fervendo.

Mad Dog se inclina para frente, soprando a fumaça do


charuto.

—Você sabe que eu não sou de fazer ameaças, VP—, diz


ele. —Estou te lembrando de suas obrigações.

—Notável—, eu digo. —Minha lealdade está intacta. E


não há nenhum problema com Dani.

—Perfeito—, diz Mad Dog. —Então não há nenhum


problema.

Isso não era verdade, eu pensava. Havia a porra de um


grande problema.
Saio do escritório de Mad Dog querendo socar alguém.
O que deu em Mad Dog para fazer reunião para falar uma
merda dessa? Eu sabia que era alguma merda, porra, nós
teríamos igreja amanhã, então não poderia ser nada a
respeito do clube.

Algo estava acontecendo. Havia mais nisso, eu só não


sabia o que era. Tinha algo que eu estava deixando escapar.

Deus, eu precisava de uma bebida.

Eu passo pelo bar, chamo o recruta que estava


trabalhando hoje no bar.

—Recruta.

Ele se vira.

—Sim senhor?

—Uma dose de Jack.

—Sim senhor. — Ele a desliza através do bar, e eu jogo


para dentro.

—O senhor quer outra? — Ele pergunta.

Sim. Eu abro minha boca para dizer isso, depois paro.


Não, eu não precisava de outra dose. Lembro-me que eu
precisava ir para casa, ver Dani. Ela não tinha dito nada
sobre a minha bebedeira, mas eu já não bebia como antes, e
uma coisa Mad Dog estava certo, eu vinha mudando meu
estilo de vida, como não indo muito a festas nem bebendo
muito, mas não por pressão de Dani, mas por eu querer ser
um homem melhor para ela.

—Não—, eu digo. —Eu estou bem.

Eu vou para a garagem, que fica nos fundos do clube.


Eu sempre vinha para cá, quando a casa ficava louca, em
noites de festa ainda mais. Aqui era tranquilo e cheirava a
graxa, meu tipo de paraíso. Sento-me em um dos bancos, e
descanso minha cabeça contra a parede. Eu poderia ir para
casa e ver Dani, não, eu deveria. Mas eu precisava pensar.

Mad Dog não era mais amigável. Eu sabia que as coisas


tinham mudado entre nós. Eu nunca tinha sido próximo dele,
Axe era o mais próximo, embora eu não achasse que ele
seguiria Mad Dog cegamente, mesmo nos bons dias. Mas
agora eu estava tendo a sensação de que Mad Dog estava
colocando um alvo em minhas costas. E essa não era uma
boa sensação.

Devo ter cochilado, mas acordo assustado ao ouvir


passos na garagem. Olho para cima e vejo Axe puxando um
balde e o virando para se sentar.

—Noite difícil? — Eu pergunto. Axe cheirava a álcool e


cigarros. Provavelmente uma mistura de boceta também.
Ultimamente ele estava metendo em qualquer coisa que se
movesse, em algumas cadelas realmente loucas.

—Não tão ruim—, diz Axe. —Você acabou de voltar da


Dani?
Eu balanço minha cabeça.

—Ela está aqui. Em minha casa. Ela se formou na


semana passada. — Eu não acrescento, você saberia se não
estivesse no fundo de uma garrafa. O pensamento foi
imediatamente seguido por uma pontada de culpa. Axe
costumava ser um aliado próximo, um bom amigo. Eu estava
gastando mais e mais tempo longe, tinha perdido todos os
sinais de sua espiral descendente.

Será que seu estado decadente o faria ser fiel a tudo que
Mad Dog estava planejando? Eu tinha me afastado muito ao
longo do ano passado. Eu podia confiar nele?

—Desculpe, cara—, diz Axe. —Eu não sabia que ela


estava de volta na cidade.

Debruço-me contra a parede, fecho os olhos por um


minuto, pensando. Eu queria falar com Axe sobre a merda
com Mad Dog. Eu queria falar com ele sobre como eu me
sentia sobre o clube recentemente. Mas, inferno, eu não sei
exatamente como eu me sentia sobre o clube recentemente.
Desiludido? Eu não tinha certeza. Talvez este não fosse mais
o lugar que eu queria estar.

—Você já pensou em ter uma família? — Eu pergunto,


meus olhos ainda semicerrados.

—Eu já quis—, diz Axe. —Não mais.

Sério? Eu penso. Pelo jeito que ele agia, pela quantidade


das mulheres que ele fodia, para mim era uma surpresa que
ele não tivesse se envolvido com alguma garota.

—Por causa do clube? — Eu pergunto.


—Eu não sei—, diz ele. —Não é como se você fosse viver
em uma casa com cerca branca, e ficar no clube ao mesmo
tempo.

Eu sabia disso, não é? Nas minhas entranhas, eu sabia


que não podia ter ambos. Mas eu fiz a pergunta, e ainda
buscava o conselho de Axe, —Você acha que pode ter os dois?

—Eu não sei, cara—, diz Axe. Ele encolhe os ombros. —


As pessoas no clube que têm famílias, os mantêm separados.

—Você acha que é possível mantê-los separados? — Eu


penso sobre as pessoas no clube que tinham filhos, famílias.
Merda, Mad Dog e Kate, tinham uma família. É isso o que eu
queria?

—Você está tendo algum tipo de crise existencial? — Axe


pergunta.

Assim que ele perguntou eu soube que esse não era o


Axe que eu chamava de amigo, o cara que eu podia confiar.
Ele tinha que estar no bolso de Mad Dog agora.

—Claro que não—, eu digo. —Não é como se eu fosse


deixar o clube.

—Será que a Dani quer que você saia?

—Não, cara—, eu digo. —Ela nunca me pediu para fazer


isso. Ela sabe que isso é parte de mim. — Será que eu
realmente acreditava nisso?

—Então o que?

—Eu não sei. Tudo está indo bem, o negócio com


Benicio. — Estava, não estava? Então por que eu me sinto
tão inquieto o tempo todo, porra? A próxima parte saiu, sem
pensar. —É que às vezes eu fico pensando para onde vamos
daqui, qual será nosso futuro.

—Talvez os negócios com Benicio não são tão bons como


você pensa—, diz Axe.

—O que você quer dizer? — Eu pergunto. Que diabos


estava acontecendo?

—Merda, cara—, diz Axe. —Posso lhe dar um conselho?


— Ele não espera minha resposta, vai logo falando com sua
voz arrastada. —Se tem uma coisa que eu aprendi na
Marinha, é que você tem que viver um dia de cada vez. Se
você ficar pensando no futuro ao invés de viver o presente,
você é um homem morto. Nesta vida, pensar no futuro só o
levará a morte.

—Eu acho que sim, — eu digo, e eu quis dizer cada


palavra. Talvez essa vida não era o que eu precisava, afinal.
CAPÍTULO 3
Planos de casamento
Dani

—Olá, querida. — Blaze coloca a xícara de café na mesa


de cabeceira ao lado da cama, enquanto eu me sentava
contra os travesseiros, puxando o lençol até meus seios.
Quando eu vi pela primeira vez a casa de Blaze, eu quase tive
um ataque cardíaco. Quero dizer, eu já tinha visto
dormitórios universitários e casas de fraternidade, mas sua
casa era mil vezes pior, ninguém que gostaria de continuar
saudável moraria em um lugar como aquele. Eu acho que ele
estava mortificado por ter que mostrá-lo à mim. Foi a
primeira coisa que resolvemos, nós tínhamos conseguido um
lugar que era adequado para habitação humana,
assumidamente decorado em um estilo mais feminino. Mas
Blaze jurou que não se importava com a quantidade ridícula
de travesseiros e edredons.

—Bom dia—, eu digo, meus olhos demorando em seu


peito nu, e em sua cueca boxer que não deixava nada para
imaginação.

—Quase tarde.
—O que? — Me levanto e me encosto na cabeceira da
cama. —Como diabos eu dormi até tão tarde?

Blaze se inclina e me beija de leve.

—Eu devo ter feito um bom trabalho em te foder ontem


à tarde, se quer saber...

Eu dou um soco no ombro dele.

—Você é muito convencido.

—Eu tenho habilidades, Dani—, diz ele. —Você, de todas


as pessoas, deveria saber disso.

—Espere, você não tem que ir à missa? — Eu pergunto.


A primeira vez que eu ouvi que a reunião do clube era
batizada de —missa—, eu achei bizarro eles usarem um
termo religioso no clube, mas aí eu pensei, Hey, eu acho que
é como confissão de toda merda que eles fazem, certo?

—Sim, eu vou ter que sair daqui a pouco—, diz Blaze. —


Mas eu tenho tempo...— Sua voz foi diminuindo.

—Tempo para quê, exatamente? — Eu pergunto,


pegando meu café. Como se eu não soubesse do que ele
estava falando.

—Tempo para um pouquinho mais de você—, diz ele.

—Eu não ouvi você chegar ontem. — Mudo de assunto.


Eu já estava dormindo quando ele chegou em casa. Havia
algumas coisas que eu não gostava no clube, e isso era uma
delas. Isso e Mad Dog. Eu via a maneira como ele me olhava.
Juro, era uma estranha combinação de desejo e ódio. Pelo
menos, eu pensava que era. Mas Kate era legal comigo. Mas
eu não gostava quando Mad Dog ficava se enroscando com
Kate, e se ele encorajasse Blaze a fazer o mesmo?

Blaze inclina a cabeça para o lado.

—Você tem que aprender a confiar em mim. Eu sei o que


eu tenho em casa, você é tudo que eu preciso.

Eu confio nele, penso. Eu confio, certo? Então porque eu


não falava sobre o casamento?

—Blaze, — eu digo colocando minha mão em seu peito.


—Eu confio em você. De verdade. É só, eu não quero que você
se machuque. Um monte de merda acontece no clube. — Isso
era uma meia-verdade. Eu precisava falar sobre o casamento.
Eu queria falar sobre o casamento. Eu ia falar sobre
casamento.

Bem, isto é, até que Blaze começou a deslizar a mão sob


minha camiseta. Nesse momento eu parei de pensar e só
sentir.

—Ei, cuidado com o café! — Eu digo. —Você está


pedindo para se molhar. — Ele pega a caneca da minha mão
e coloca-a sobre a mesa.

—Quem sabe? —, Blaze diz, arqueando as sobrancelhas.


—Talvez eu goste de um pouco de dor. Poderia ser sexy.

—Sim, queimaduras de café são totalmente quentes—,


eu digo. —Claro, motoqueiros gostam de algumas merdas
estranhas.

—Nós gostamos—, diz ele. —Quer saber a merda mais


estranha que gostamos?
—O que?

Ele puxa o lençol, em seguida, ajoelha-se sobre mim,


tirando minha camiseta antes que eu pudesse dizer alguma
coisa.

—A merda mais estranha que eu gosto—, diz ele,


beijando minha boca, antes que eu pudesse lembrar-lhe do
meu hálito matinal — É deixar a minha logo-em-breve-esposa
dormindo e trazer seu café na cama. — Ele beija meu
pescoço, e desce para minha clavícula.

—Mmm, é mesmo? — Eu pergunto.

—Então, eu gosto de fazer amor com ela e deixá-la tão


fraca e sem fôlego que ela não pode fazer nada além de
dormir durante toda a tarde. — Ele beija o topo do meu seio,
um depois do outro, e traça sua língua sobre minha aréola,
tomando cuidado para não tocar meu mamilo.

Eu gemo frustrada por ele não tocar meus mamilos.

—Não é justo—, eu digo, fazendo beicinho.

Ele me ignora.

—Eu gosto de deixá-la descansando no sofá, enquanto


eu cozinho seu jantar. — Ele senta-se, puxando a parte de
baixo de meu pijama, deslizando pelas minhas pernas. —
Sem calcinha. Bom.

—Eu tento—, eu digo.

Ele deita em cima de mim, sua dureza já evidente, e se


aproxima para me beijar.

—Então eu gostaria de tê-la para a sobremesa.


—O que faz você pensar que eu quero ser a sobremesa?
— Eu pergunto.

Ele alcança entre as minhas pernas, minha umidade


aumentando visivelmente.

—Eu acho que você mais do que quer.

Blaze me beija com força, sua língua me explorando, e


meu corpo responde a ele imediatamente. Eu arqueio minhas
costas para encontrá-lo, gemendo e encorajando-o. Não que
ele precisasse de qualquer incentivo.

Quando ele entra em mim, eu envolvo minhas pernas


em torno de suas costas, segurando-o contra mim, não
querendo deixá-lo ir. Ele bombeia dentro de mim, cada vez
mais duro, seus movimentos agora muito familiares. Ele
sabia exatamente onde me tocar, em que ângulo bater dentro
de mim para empurrar todos os meus botões. Quando
ficamos juntos, eu não tinha ideia de que estar com uma
pessoa poderia ser assim, que o sexo poderia ser de explodir
a cabeça de tão bom, mesmo quando era totalmente comum.

—Hey, — Blaze sussurra, sua voz rouca, como se tivesse


acabado de fumar um maço de cigarros. —Olhe para mim.

Olho para ele, ele me puxa para mais perto. Ele me


beija, pegando meu lábio entre os dentes, eu estremeço com a
dor, mas gemo quando isso envia um novo tiro de excitação
pelo meu corpo.

—Faça-me gozar—, eu imploro.

Ele praticamente ruge, empurrando para dentro de mim


com tal intensidade que eu não conseguia me controlar. Eu
não me importava em esperar por mais tempo. Eu me deixo ir
agarrando-me a seus ombros, minha cabeça aninhada em
seu pescoço, mordendo sua pele. Eu sinto seu calor enquanto
ele gozava dentro de mim, ainda agarrada nele, esperando
que o pulsar entre as minhas pernas finalmente pare.

Quando eu finalmente me afasto, eu olho para cima


para vê-lo sorrindo.

—O que? Eu pergunto. —Por que você está me olhando


assim?

—Sou só eu, ou isso apenas fica melhor e melhor com


você?

—Não—, eu digo. —É só você.

Blaze ri.

—Você não parecia estar reclamando a um segundo


atrás, querida.

Eu sorrio.

—Não—, eu digo. —Sem reclamações por aqui.

Ele rola e então me puxa para seu peito, eu escuto seu


coração batendo ainda acelerado do esforço.

—Então—, diz ele. —Você estava tentando me falar algo


ontem.

Eu me sinto estremecer. Havia um monte de coisas que


eu precisava falar com ele. Ele estava prestes a ser meu
marido, por que eu estava nervosa falando com ele sobre
isso?
—Sim—, eu digo, rolando para me colocar de barriga
para baixo. Traço meus dedos preguiçosamente no peito dele,
ao longo dos cumes de seu peitoral e de seu abdômen, assisto
seus músculos se contraírem enquanto meus dedos brincam.

Merda. Eu precisava parar de fazer isso antes de me


distrair.

—É melhor você tomar cuidado com essas mãos—, diz o


Blaze. —Você está pedindo por problemas.

Em qualquer outro dia eu tomaria isso como um desafio.


Mas agora era algo totalmente diferente.

—O casamento ...— eu começo.

—Sim, querida—, diz o Blaze. —Qual o problema?

—Eu fui as compras com Kate ontem, você sabe, eu


odiei o vestido ...— Minha voz some. O que eu digo para ele?

Ei baby, a ideia de um casamento na sede do clube soou


como um bom começo, no início, mas eu realmente não quero
me casar com um vestido de couro falso em um armazém sujo.
Ou que Mad Dog fique me olhando de um jeito que eu não
posso dizer se ele quer me matar ou me foder? Que as
senhoras me odeiam? Será que você já pensou em ter filhos ou
qualquer coisa como isso, sobre como seria para eles crescendo
com o seu pai tendo uma ficha criminal?

Os pensamentos começam a passar em minha mente,


uma inundação ameaçando me dominar. Como não tínhamos
falado sobre nada disso antes? Como eu poderia casar com
esta pessoa?
—Sim—, diz Blaze. —Esse vestido não é, obviamente, o
seu estilo.

—Bem, esse é o ponto! —, eu digo. —É perfeito para um


casamento no clube. Mas isso não é realmente o meu estilo.

—Eu sei que o vestido não é o seu estilo—, diz Blaze. Em


seguida, a expressão em seu rosto muda. —Oh. O clube não é
realmente seu estilo?

Eu balanço a cabeça.

—Não é que eu não gosto .... Eu realmente gosto, a


maioria dos caras são ótimos, e vocês realmente me
protegeram, especialmente depois do que aconteceu com
Guillermo. E é parte de quem você é, eu entendo isso. Eu me
apaixonei por você sabendo que fazia parte do clube.

—Mas você não quer se casar em um pequeno clube de


merda, sujo, e sair na garupa da minha moto em um vestido
de couro.

—Eu não quero. — Respiro fundo enquanto digo as


palavras, sentindo uma sensação palpável de alívio apenas
por dizê-las, ao mesmo tempo, eu estava apreensiva com a
reação dele. Eu não queria que ele pensasse que eu estava
rejeitando esta parte dele.

Um sorriso se espalha pelo rosto de Blaze.

—Estou feliz que você resolveu falar sobre isso.

—Está?

—Eu amo o clube—, diz ele, puxando-me sobre ele. Ele


pega meu rosto entre as mãos e me beija, em seguida, no
nariz, ao longo de minhas bochechas. —Mas quando penso
em me casar com você, não é em um armazém cheio de peças
de motos, graxa e meninas usando shorts e tops de couro.

—Não? —, eu pergunto. O que ele estava dizendo, então?

—Não—, diz Blaze.

—Por que você não disse nada sobre isso? — Eu


pergunto.

—Depois que você atirou em Guillermo, você parecia tão


à vontade no clube—, diz ele. —Como se eles fossem uma
grande família feliz que tinham a adotado. — Ele se encosta
na cabeceira da cama contra os travesseiros, e eu me sento
na frente dele, puxando meus pés debaixo de mim e puxando
o lençol em volta dos meus ombros nus. —Eu, eu não quero
que me entenda mau, eles te amam—. Bem, alguns deles pelo
menos, penso ironicamente enquanto ele falava, outros
pareciam me odiar. —Mas—, diz ele. —Eu não me vejo
casando com você no clube.

—Foi você quem sugeriu isso.

—Não—, diz Blaze. —Pense em quem tocou no assunto


primeiro. Kate deu a ideia, não eu.

Eu tento me lembrar a primeira vez que tinha sido


falado sobre casamento. Foi Kate que tocou no assunto,
falando que nos casaríamos na sede do clube. Eu apenas
aceitei e acabei levando a ideia a diante. Ela agiu como era de
se esperar, e eu agi da forma que eu achei que Blaze queria.

—Não é o que o clube espera? — Eu pergunto. —Não


temos que fazê-lo dessa maneira?
Blaze dá de ombros e olha para o lençol. Um olhar
sombrio atravessa seu rosto.

—Eu nem sempre faço o que o clube espera, você sabe.

Eu sinto meu coração disparar com suas palavras, e me


pergunto se ele quer dizer mais do que parece. Eu tenho
evitado perguntar sobre o clube, sabendo que os negócios do
clube não são algo que ele vá discutir comigo, mesmo eu
sendo sua senhora.

Mas eu já tinha percebido que Blaze estava mais


afastado do clube de uns tempos para cá. Ele sempre tirava
um tempo para mim, mas agora ele estava passando a
maioria dos fins de semana. Provavelmente muito mais do
que ele poderia fazer, sendo vice-presidente do clube. Eu não
tinha perguntado sobre isso, grata por ter um tempo extra
com ele e com medo de que se eu dissesse algo, ele pararia de
vir.

—O que você quer fazer? — Eu pergunto.

—Eu quero casar com você, — Blaze diz, segurando


minhas mãos.

—Eu realmente não nos vejo casando em uma igreja—,


eu digo. O que eu queria era casar em um lugar bem distante
de toda a merda que tinha acontecido no ano passado. Mas
eu não podia dizer isso, eu poderia? Era egoísta dizer que
queria me casar em algum lugar, longe dos nossos amigos.
Do clube. Do meu pai, Benicio, que estava começando a
construir um relacionamento.

Blaze ri.
—Sim, eu tenho certeza que eu iria ser atingido por um
raio se eu cruzasse a porta de uma igreja.

—Onde, então?

Blaze estuda meu rosto.

—Por que simplesmente não caímos fora daqui? E nos


casamos só nós dois?

—Você quer dizer, fugir? — Meu coração bate forte no


peito. Eu deveria ter acreditado que Blaze iria querer as
mesmas coisas que eu queria.

—Quero dizer, porque não ir embora por um tempo...—


diz Blaze. —Sair daqui. Largar tudo.

—Permanentemente? — Eu pergunto. —Largar o clube?


— Minha voz roçava a sua garganta. O que ele estava
pedindo?

Blaze dá de ombros. —Não o clube—, diz ele. —Eu não


sei o que estou dizendo.

—Nós poderíamos fugir e nos casar em outro lugar. —


eu digo por ele, antes que ele dissesse o que eu achava que
ele diria. Antes que ele dissesse o que eu temia que ele diria.
Mas eu estava com medo que ele dissesse que devemos
abandonar o clube? Ou será que eu quero que ele diga isso?

Ele balança a cabeça, inclinando-se para a frente e


agarrando meus braços.

—Vamos sair daqui nos casar na praia, em qualquer


lugar. Ter algum tempo juntos.

—Deixar tudo—, eu digo. —Por quanto tempo?


—Você tem todo o verão, certo? — Blaze pergunta. —
Antes da faculdade começar.

—Durante todo o verão, — eu repito, minha mente


girando. Eu teria todo o verão. Meses de liberdade.

Com Blaze. Ninguém mais.

Sem o clube de merda, sem ter que interagir


desconfortavelmente com as senhoras.

Sem drama.

—Onde é que vamos? — Eu pergunto.

—Escolha um lugar, — Blaze diz, deslizando para fora


da cama e colocando seu jeans. —Não me importa onde,
desde que você esteja comigo. Qualquer lugar do mundo.

Eu balanço a cabeça, minha mente já estava


trabalhando nas possibilidades. Eu tinha o dinheiro. Inferno,
eu tinha mais dinheiro do que Deus agora. Todo o dinheiro de
Guillermo era meu, como sua única herdeira. Ele nunca
tinha mudado o seu testamento, mesmo depois que descobriu
que eu não era sua filha. Eu não sabia se ele tinha sido
imprudente, não acreditando que iria morrer, ou se era uma
concessão final para mim, algo que provaria que ele me
amava.

—Quando? — Eu pergunto.

Blaze desliza seu colete de couro sobre seus ombros.

—Assim que pudermos. — Ele me beija na testa. —Mas


agora, eu tenho que ir. Vamos falar sobre isso mais tarde, ok?
Depois que ele sai, eu penso sobre todos os lugares que
poderíamos ir. México. Caribe. Tailândia. Europa.

Então foi como se algo tivesse me atingido. Alguma coisa


estava acontecendo com o clube, algo importante. Blaze me
amava, mas por algum outro motivo ele queria abandonar
completamente o clube, fugir? Ele estava em algum tipo de
problema? Ou tendo algum tipo de crise de consciência? De
qualquer maneira, isso significava que esta não era uma
viagem normal. Precisávamos ser discretos. E se havia
alguém que podia me ajudar a fazer isso, era Benicio. Eu
precisava falar com ele.
CAPÍTULO 4
O voto
Blaze

Eu piloto até o clube, o estrondo do motor abaixo de


mim me acalma como sempre faz. E eu precisava me acalmar
antes da igreja hoje. Eu precisava falar com Axe, desta vez
sóbrio. Merda, eu esperava que ele estivesse sóbrio hoje. Eu
não conhecia o Axe mais. Mas o comentário enigmático que
ele tinha feito sobre o clube e Benicio estava rodando na
minha cabeça desde que eu ouvi.

Talvez a merda com Benicio não estivesse indo tão bem


quanto eu pensava.

O que diabos ele quis dizer com isso?

Isso estava me comendo por dentro, invadindo o meu


sistema como algum tipo de doença ou algo assim no fundo
do meu estômago. Eu estava satisfeito com o negócio que
tínhamos com Benicio, tínhamos feito um bom dinheiro,
dinheiro sem drama. Benicio gostava de andar abaixo do
radar, não se metia nos negócios de ninguém. Era um
trabalho de baixo risco. Eu queria saber o que tinha de
errado com isso.
Eu entro no clube com alguns minutos de atraso.
Graças a Dani. Escondo um sorriso enquanto uma visão dela
nua debaixo de mim, invade minha mente. Ela era a melhor
coisa que aconteceu na minha vida. E eu tinha acabado de
descobrir que ela estava mais do que disposta a fugir comigo.
Essa merda me faz sentir nas nuvens. Parte de mim estava
com medo que ela estava apaixonada pelo motociclista, presa
a ideia de fazer parte de um clube. Mas ela não estava. Eu
deveria saber mais que isso. Eu deveria conhecê-la melhor do
que isso.

Eu escorrego para dentro e me sento com os outros


membros, ao lado de Axe. Ele olha para mim quando me
sento, havia círculos pretos sob seus olhos que faziam
parecer que ele tinha tomado alguns socos. Sua pele estava
pálida. Ele deve ter tido uma festa que durou a noite toda
depois que eu fui embora.

Parte de mim queria lhe dar uma surra, dizer para ele
entrar nos trilhos. A outra parte de mim pensava que ele não
tinha mais volta.

—Ei, irmão, — Axe sussurra, suas palavras ainda


arrastadas. —Você está atrasado. Não poderia arrancar seu
pau para fora de sua senhora, hein?

Eu sinto meu sangue ferver.

—Não é da porra da sua conta, irmão! — Eu sussurro.


Axe estava me dando nos nervos ultimamente. Eu podia dizer
que há muito tempo não éramos os amigos que
costumávamos ser.
Quando Mad Dog levanta, Axe se inclina, sussurra em
meu ouvido.

—Preste atenção—, diz ele. —Veja o que acontece


quando você está longe o tempo todo, tendo seu pau
chupado.

Eu estava tão perto de derrubar Axe e bater nele até a


morte, mas essa sensação incômoda que eu tinha sobre o
clube estar afundando? Sim, isso apagava todo o resto.

Mad Dog limpa a garganta.

—Temos fornecido proteção para Benicio por um ano, só


trabalhando com ele. É um bom trabalho, o dinheiro que
fazemos tem sido bom. Não é difícil. — A sala ainda estava
tão silenciosa que você podia ouvir um alfinete cair. Onde
diabos Mad Dog estava querendo chegar? —Mas não é o tipo
de trabalho que vai nos colocar no mapa.

Lá estava. Isso era exatamente o que eu temia. A


Necessidade de Mad Dog expandir, colocar o clube em um
lugar que nós não precisávamos estar. Eu inclino-me e
sussurro para Axe.

—Ele tem feito acordos com outra pessoa?

—O acordo final. — Axe sussurra. Eu não poderia dizer


se ele estava sendo sarcástico ou se era apenas o álcool que o
fazia soar assim.

—O dinheiro, — Mad Dog estava dizendo: —O dinheiro


real, quero dizer, está nas drogas, correndo grandes e quero
dizer grandes... entregas até a costa, com isso faremos muito
dinheiro, tornando isso nosso negócio principal.
Os mexicanos. Ou os dominicanos, talvez. Que porra
Mad Dog estava pensando? Ele queria nos envolver com a
porra de um cartel. Ele já tinha exposto sua opinião sobre
isso anos atrás, e eu tinha vetado. E vou vetá-lo novamente.
Ele sabia disso. Por que diabos o trazer para a mesa?

Eu me inclino para perto de Axe.

—Por que ele está trazendo isso a votação? Ele sabe que
eu vou votar contra.

—Você tem estado ausente, irmão, — Axe sussurra. —


Quando o gato está fora, os ratos fazem a festa. — Ele
sussurra como se cantarolasse.

—Que porra você está falando? — Eu mantenho minha


voz baixa.

—Não há unanimidade de voto mais—, diz Axe. —Ele só


precisa ter a maior quantidade de voto.

—Mentira!

Axe sorri para mim.

—Você estava ausente—, diz ele. —Nenhum voto.

Ninguém me falou sobre isso, também. O entendimento


do que Mad Dog tinha feito me atingiu como um martelo,
expulsando o ar para fora dos meus pulmões.

Merda.

Merda.

Merda.

Merda.
Tento focar na voz de Mad Dog, falando sobre a
oportunidade de nos associar ao cartel.

—Os mexicanos ...— Eu o ouvi dizer. Enquanto isso,


meus pensamentos estavam correndo, mais rápido do que eu
poderia processá-los, enquanto eu percorria mentalmente a
lista do clube na minha cabeça, tentando prever os votos.
Mad Dog tinha que ter conversado com a maior parte do
clube, ele tinha que saber que ele tinha uma maioria, caso
contrário ele não teria trazido para a mesa. É por isso que
ninguém tinha me dito nada.

Merda, eu penso, a imagem dos três novos patches no


escritório de Mad Dog surgindo na minha cabeça. Os novos
caras também, porra eu sabia que havia algo sobre eles que
eu não gostava. Eles eram seus lacaios.

Ele começa a votação. Ouvi os votos,

— Sim— ou —não—. Não havia como se esconder por


trás de votos de papel no clube, é como nós tínhamos feito
desde o primeiro dia. Você precisava estar preparado para se
responsabilizar por seu voto, e olhar na cara de quem você
estava se opondo ou apoiando. Eu estava feliz por isso agora,
vendo como as pessoas votaram a favor ou contra um
envolvimento com um cartel.

Este era realmente um voto a favor ou contra Mad Dog.

Eu podia sentir a tensão no ar, os cabelos na parte de


trás do meu pescoço estavam arrepiados. Esta não era
apenas uma votação sobre o cartel, esta votação tinha tudo a
ver com a direção do clube. Nosso futuro. Tinha tudo a ver
com Mad Dog, e se apoiávamos ele.

As linhas estavam sendo desenhadas.

As linhas de batalha estavam sendo traçadas nesse


momento no clube.

Eu podia sentir isso.

Esta era uma linha na areia. Ao fazer isso, trazendo isso


para a mesa era como se ele tivesse me cortando, Mad Dog
estava declarando guerra. Talvez não aqui, agora, hoje. Mas
iria acontecer, porra.

Mad Dog votou.

—Sim.

Houve um silêncio, e eu olhei para a contagem de votos


no marcador. Trinta e dois a favor, trinta e um contra.

Eu o encaro.

—Não—, eu digo. Desafiando.

Ele sorri. Ele sabia que eu não votaria sim.

Axe foi o único que sobrou. Meu coração afunda.

Mad Dog olha para mim com ar satisfeito.

—Executor? — Ele pergunta. Claro Axe votaria sim. Ele


não podia ir contra. Ele era o braço direito de Mad Dog.

O som do sangue pulsando em meus ouvidos era


ensurdecedor. Então, do meu lado, ouço Axe, sua voz clara,
não arrastada.

—Não—, diz ele.


Se eu não tivesse estado observando a reação de Mad
Dog, eu teria pensado que eu ouvi errado. Mas a expressão de
Mad Dog mudou, de uma de satisfação presunçosa para um
olhar de raiva.

Com seu rosto vermelho, Mad Dog diz:

—Repita seu voto.

Axe repete.

—Eu disse —Não, Pres.—, diz ele. — Não.

A cor some do rosto de Mad Dog, e ele fica de pé, em


silêncio por um momento. Em seguida, ele limpa a garganta.

—Os 'nãos' ganharam—, diz ele. —Pedido negado.


Assembleia suspensa.

Mad Dog sai da sala, e ouço o barulho ao redor da mesa,


as vozes dos membros do clube, todas as suas opiniões sobre
o que tinha acontecido. Era tudo um borrão para mim. Viro-
me para Axe.

—Você votou 'não,'— eu digo.

—O que posso dizer—, diz Axe. —Eu gosto de viver no


limite.

—Mad Dog vai matar você—, eu digo.

Axe dá de ombros.

—Foi apenas a porra de um voto cara! — Diz ele, me


batendo no braço. —Pensa bem, por que não você?

Mas eu sabia.

—Mad Dog vai matar você—, eu digo.


—Eu já estou morto—, Axe diz, encolhendo os ombros.
Ele se vira e o vejo caminhar atrás do bar, pegar uma garrafa
de uísque, e tomar um gole. Então, ele sai pela porta da
frente.

Eu o segui e o vi passar a perna sobre o assento de sua


moto, e montar com a garrafa na mão. Merda, esse cara
estava no caminho da autodestruição.

Eu pego a chave do meu bolso. O mínimo que eu posso


fazer é segui-lo para casa, certificar-me que ele não mataria
alguém no caminho.
Capítulo 5
Fugindo

Dani

Meu celular vibrou, e eu atendi.

Blaze.

Eu rejeito a ligação e guardo o celular.

—Você precisa atender? — Benicio pergunta.

Eu balanço minha cabeça.

—Eu falo com ele mais tarde.

—Blaze? — Benicio pergunta.

Eu balanço a cabeça.

—Ele deve estar se perguntando onde eu estou.

—Então, vamos acabar com isso—, diz Benicio. —Você


tem certeza sobre ele?

—Ele é minha única certeza na minha vida. — Eu digo.


E essa era a verdade.

—Isso era o que eu queria ouvir—, diz Benicio. —Blaze é


um bom homem. Um homem forte. Você tem a minha
bênção.
—Obrigada, Benicio—, eu digo. —E a outra coisa?

Benicio assente.

—Discrição é sábio—, diz ele. —Eu tenho algumas


pessoas na folha de pagamento que lidam com isso.

Eu atravesso a sala e passo meus braços ao redor dele,


abraçando-o. Ele endurece, então me abraça apertado, me
dando tapinhas nas costas. Quando ele fala, penso ter ouvido
sua voz falhar.

—Sua segurança é a minha maior preocupação, minha


querida—, diz ele.

—Obrigada, Benicio.

Blaze

Onde diabos estava Dani? Andei de um lado para o


outro no quarto, minha mente ainda estava confusa sobre o
clube e o que a votação do cartel poderia significar para o
nosso futuro. Se eu ainda tivesse um futuro no clube. Eu
tinha dúvidas já há algum tempo. E isso só veio a confirmar
minhas suspeitas. No momento em que eu e Dani estávamos
prestes a fugir para casar. Era algum tipo de porra sinal dos
céus, certo?

Eu poderia ir embora.
A porta da frente se abre, e Dani entra no quarto, indo
direto para mim, serpenteando seus braços em volta de mim.
Como ela sabia que eu não queria falar, eu só precisava
segurá-la. Ela fica ali, com o rosto enterrado no meu peito, e
eu sinto o meu ritmo cardíaco começar a voltar ao normal,
como uma espécie de simbiose estranha ou algo assim. Eu
estava absorvendo a sua energia calma. Era a minha versão
de gerenciamento da raiva.

Depois de alguns minutos de silêncio, ela olha para


mim.

—Camboja—, diz ela.

—Camboja.

—Sihanoukville—, diz ela. —Na praia.

—Camboja.

Dani assente.

—É fora do radar—, diz ela. —Bem, não realmente, mas,


você sabe, é um local quase desconhecido.

—Você e eu no Camboja, — eu repito. Eu parecia um


papagaio, mas eu não podia fazer entrar na minha cabeça.

Esta menina, está incrível e brilhante, menina linda,


realmente ia fazer isso.

Ela ia casar comigo.

Ela ia fazer as malas, e fugir comigo, deixar toda essa


merda para trás.

E casar comigo.
Esta menina, que poderia ter qualquer um, ela tinha me
escolhido.

Ela ia ser minha.

—Sim—, diz Dani.

—Você e eu, casando em uma praia no Camboja—, eu


digo, desta vez sorrindo. Eu passo meus braços em torno
dela, levantando e girando ela. Ela joga as pernas em volta da
minha cintura, travando os tornozelos, e olha para mim, seu
cabelo caindo em volta do rosto.

—Eu te amo—, diz ela. —Vamos fugir.

Dani

Olho para ele, dormindo em uma rede na varanda do


pequeno bangalô que tinha sido a nossa casa pelas últimas
semanas. Amanhã nós estávamos indo para a Tailândia, em
seguida, para o Laos e Vietnã.

Meu marido.

As palavras pareciam estranhas, mesmo em meus


pensamentos.

Meu marido.

Estico minhas pernas, bronzeadas de dias de relaxar ao


sol e brincar na praia. O casamento foi exatamente o que eu
esperava, um vestido de verão, meu cabelo em um coque,
suada do calor escaldante. Blaze em uma camisa de linho e
calças, sua pele já tão escura do sol que parecia um nativo,
não um turista. Nosso ministro com dreadlocks.

—Ei. — Blaze olha para mim com olhos cerrados, ainda


sonolento. —O que você está fazendo sentada aí? No que está
pensando?

—Mmm—, eu digo. —Nada. Só lembrando de nosso


casamento.

—Foi bom, certo?

Eu balanço a cabeça.

—Mesmo que isso não seja legal ainda.

—Esses são apenas detalhes—, diz ele. Casar-se no


Camboja soou como uma grande ideia, e foi. A cerimônia foi
perfeita. Mas, como eles perceberam, não houve muita
papelada envolvida, nem visita a embaixada e esse tipo de
coisa. Quando chegamos aqui, era a última coisa que
queríamos fazer. Por isso, tivemos a nossa cerimônia perfeita,
então nós vamos ter que oficializar tudo quando chegarmos
aos Estados Unidos.

—Nós vamos ter que agradecer a Benicio quando


voltarmos—, diz Blaze.

—Quer dizer, se voltarmos? — Eu pergunto, meio


brincando.

Blaze sorri.

—Isso. Exatamente.
—Tem certeza que você pode ficar longe do clube por
algum tempo? — Eu pergunto. Devo ter perguntado isso uma
centena de vezes. Ele não tinha me falado o que tinha
acontecido, mas eu sentia que algo ruim aconteceu naquele
dia, algo que tinha abalado sua fé no clube. E eu não tinha
contado a ele sobre minha impressão de Mad Dog, ou
qualquer coisa assim. Eu sei que tenho que falar, mas, eu
não quero estragar a beleza deste lugar. Estávamos longe de
tudo, com estresse zero. E eu queria que ficasse desse jeito.
Eu queria manter este lugar lindo que nós desfrutamos, essa
paz, o máximo de tempo possível.

Blaze

—Claro que eu posso ficar longe do clube por um


tempo—, eu digo.

Você tem que checar o Axe, checá-lo. Aquela pequena voz


na minha cabeça, a que estava me incomodando nas últimas
semanas. Como uma espécie de papagaio maldito, mais e
mais e mais. Cheque as coisas com Axe, tenha certeza de que
tudo está bem.

Claro que a porra toda estaria bem. Mad Dog queria


uma aliança com o cartel. Ele tentou buscar apoio para seu
plano com a maioria dos membros. Ele pensou que tinha
todos os votos necessários, pensou que tinha balançado
todos os membros do clube que ele podia balançar.

Ele pensou que Axe estava do seu lado.

Ele estava errado.

Mas ele não era estúpido. Mad Dog podia estar


chateado, mas ele não era um idiota. Ele não iria fazer algo
louco.

Ele não faria isso.

Eu continuava repetindo para mim mesmo, como um


mantra maldito.

Além disso, Axe era a porra de um adulto. Ele poderia


cuidar de si mesmo. Mesmo que ele estivesse agindo como
um adolescente durante o último ano, se afundando em
bocetas e bebida.

Axe não precisava da minha ajuda.

Ele certamente não quer.

Quando eu o segui para casa após a votação, ele me


expulsou, jogou uma garrafa em mim enquanto eu parava
atrás dele na entrada da garagem, o vidro quebrou em um
milhão de pedaços antes de eu acelerar a moto e sair.

Foda-se Axe.

Eu tinha o direito de ser feliz, viver a minha vida. Eu


tinha o direito de amar Dani.

Mas ainda me incomodava.

—Você falou com Benicio? — Pergunto a Dani.

Ela assente com a cabeça.


—Sim—, diz ela. —Ele disse que estava tudo ok. Você
vai me dizer por que o queria observando Axe? Eu não
acredito por um segundo que é porque Axe está bebendo
mais. Ele vem fazendo isso por um tempo agora e não se
matou ainda.

—Não agora—, eu digo. —Neste momento, tudo está


bem. — Faço um gesto para ela se juntar a mim na rede,
puxo-a com força contra mim.

—Neste momento, estamos exatamente onde deveríamos


estar.

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