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Como nem tudo que reluz é ouro e minha mãe já tinha me dito isso antes, passar aquela noite

com o
Pedro Afonso foi perfeito, o problema veio no dia seguinte.

Mas voltando para minha noite de felicidade completa e surto total antes de escancarar os problemas
- nem tão problemas, que a noite me trouxe.

Parada, completamente imóvel, piscando com uma lerdeza gigantesca, eu assistia seu rosto refletir o
meu. Pedro Afonso estava deitado de frente para mim, me olhando com tanta adoração quanto eu o
olhava.

Meu Deus!

As emoções estavam assentadas no meu peito da maneira como conseguiram, eventualmente eu


organizaria meus sentimentos, mas ali não era o momento disso. Eu precisava viver aquilo para ter
certeza que de era real, de que não era minha mente me pregando uma peça depois de viver tanto
tempo na paranóia.

Meu desejo era sair correndo e gritando e pular na cama, fazer muito barulho, para tentar igualar ao
desfile de samba que era meu coração pulsando no peito.

"É real, é?" perguntei quase assoprando as palavras.

Pedro sorriu largo, mostrando quase todos os dentes perfeitos daquela cara perfeita daquele ser
humano quase perfeito.

"Ai, Pedro!" resmunguei quando ele apertou os dedos na minha cintura, beliscando minha pele.

"Você pediu." ele disse rindo, cara de pau.

Rolei os olhos, fazendo beicinho.

"Não pedi não."

Ele me olhou por uma dúzia de segundos antes de inclinar e beijar minha boca.

"Não pediu mesmo não."

Fiz uma mesura, segurando seu rosto com as mãos, tocando a ponta dos nossos narizes, puxando
ele pra cima de mim. Pedro inverteu nossas posições, segurando na minha cintura e me colocando
sobre seu corpo com uma facilidade surpreendente.

"E aí, vai beijar outras bocas?"

Minha pergunta, embora tivesse um tom irônico implicante, era carregada por uma insegurança
fodida que eu não conseguia tirar de forma alguma. Pedro teria que ter paciência comigo se
pretendia levar essa relação a algum lugar e eu rezava que ele tivesse porque eu teria com os
traumas e as mágoas dele, mas precisava que ambos estivéssemos abertos a aceitar um ao outro da
maneira como viemos dos nossos antigos relacionamentos para nos curarmos e juntos, construir
mais um pavimento por cima da base sólida que sempre tivemos na nossa amizade.

Pedro riu e ergueu o rosto, beijando meu ombro nu.


"Sem dever fidelidade à você, eu não beijei, imagina agora, devendo." respondeu igualmente irônico,
mas com tanta verdade por trás que foi impossível não me apaixonar ainda mais por ele.

Inferno de Pedro Afonso.

"E você, Lais Bianchessi?"

Sem conter meu sorriso, falei.

"Sei lá, se for bonito, né?" bastou um olhar dele para me fazer mudar de ideia sobre a brincadeira e
negar desesperada. "Tá maluquinho, Pedro? Só você, sempre foi só você." falei exagerando na
vozinha.

Pedro acariciou minha cintura, o ar de riso voltando para sua cara lavada. "Você sempre começa
com essas brincadeiras e arrega depois, incrível."

"É o que?" perguntei completamente indignada, me debatendo tentando sair do seu abraço, mas
seus braços pareciam de ferros ao redor da minha cintura, me mantendo no lugar.

"Nem adianta ficar bravinha, você sabe que é verdade." ele murmurou nos girando na cama, ficando
por cima do meu corpo, literalmente me segurando na cama com o peso do corpo, apoiando-se nos
antebraços postos um de cada lado da minha cabeça.

"Você é ridículo." resmunguei contrariada me distraindo com a correntinha dele que balançava pouco
abaixo do meu rosto.

"E mesmo assim você está apaixonada por mim." afirmou com tanta convicção que minha mente deu
uma pequena pifada tentando lembrar o momento exato que eu tinha lhe contado aquilo, então
percebi seu sorriso arrogante de merda e entendi que ele tinha jogado a droga de um verde e meu
silêncio só confirmava suas palavras.

Me fiz de desentendida, desviando os olhos para sua correntinha outra vez, puxando o metal com a
ponta dos dedos, adotando minha melhor cara de paisagem.

"Você está mesmo apaixonada por mim." sua constatação saiu bem menos arrogante que sua
afirmação, ainda que as palavras tenham sido praticamente as mesmas, o tom fez toda a diferença.

Dessa vez, ele parecia incrédulo com sua descoberta. Sorri desconcertada, dando pequenas
puxadinhas na correntinha, fingindo que não estava percebendo seu pequeno surto interno ao fazer
conexões simples. Pedro suspirou e se jogou ao meu lado, depois de gentilmente tirar a correntinha
dos meus dedos. Continuei imóvel, deitada de barriga pra cima, encarando o teto do hotel.

"Lais, você poderia, por favor, parar de fingir que eu não estou aqui do seu lado?" a angústia exposta
em sua oração me apertou o coração no peito.

"Não estou fingindo, eu só não sei o que te responder." respondi sem rodeios, fechando os olhos,
contendo o congelamento que apossava do meu estômago, como se a Elsa tivesse em pessoa
cantando Let It Go na minha barriga.

"Tá ou não tá?" insistiu, o colchão balançando indicava que ele mexia constantemente as pernas,
revelando sua ansiedade para obter a minha resposta.
Girei meu rosto para o lado, apenas para encontrar seu rosto torcido pelo nervosismo e seus olhos
incrivelmente castanhos exalando carinho e algo a mais, algo que, naquele momento, eu não soube
indentificar, mas que, mais tarde, eu entenderia perfeitamente.

"Quer saber pra quê?"

"Pra saber o que eu posso deixar você saber."

Nessa hora meu estômago já nem existia mais, já tinha sido consumido pelo gelo dos polos do
planeta. Engoli seco, tentando outra vez, organizar meus sentimentos, era a primeira vez que
compartilhávamos de forma tão sincera e aberta nossos sentimentos. Era meio irreal, eu não tinha
processado nada direito ainda.

"É, Pedro Afonso, eu tô apaixonada por você, parece." admiti se reservas.

Se ele queria uma declaração para se sentir mais confortável com os próprios sentimentos, eu não
tinha problema em ceder, em ser a primeira a dizer. Não era novidade para mim que Pedro não
pisava em solo desconhecido, o melhor que eu poderia fazer para ele era acender uma lanterna para
clarear o caminho.

Pedro abriu um sorriso tão lindo, tão genuíno, tão ele.

Meu coração derreteu em total contraste com meu estômago gelado.

"É, Lais Bianchessi, eu tô me apaixonando por você, parece."

"Apaixonando?" de novo a indignação surgindo na minha voz antes que eu tivesse chance de
contê-la.

Pedro riu, como se esperasse exatamente essa reação, então com uma ternura extrema, acariciou
meu rosto, encaixando a palma da mão na minha bochecha.

"Cada dia mais." disse, a promessa oculta acendeu ainda mais meu coração que galopava no meu
peito.

A realidade era tão melhor que meus sonhos e devaneios. Ter ele ali ao meu lado era tão melhor do
que qualquer fantasia maluca que minha cabeça pudesse criar. Não estava pronta nem para reagir a
isso, eu só desejava que aquele momento durasse para sempre, que eu pudesse estar presa ali,
naquela cama, com ele para todo o sempre.

Pena que o dia seguinte chegou e com isso, me vi obrigada a deixar nosso pequeno refúgio da noite.
Pedro me levou em casa, se despedindo de mim com um beijo longo e apaixonado, um daqueles
beijos que você só vai embora porque realmente precisa, e nunca porque você quer.

"As horas que essa mocinha chega em casa, Victor." minha mãe foi a primeira a notar minha
presença sorrateira na sala, falando alto da cozinha justamente para que eu soubesse que ela sabia
que eu estava ali.

"Lais Buscariolo Bianchessi" meu pai surgiu vindo da cozinha.

"Oi pai" sorri amarelo, aproximando dele e beijando seu rosto, em minha defesa, eu tinha escovado
os dentes.
"Que dia o rapaz vai subir?" perguntou sério, me olhando meio de lado.

Ofereci um sorriso à ele e sai sem responder sua pergunta, indo atrás da minha mãe na cozinha,
quando fui beijar seu rosto, ela desviou. Olhei pra ela completamente ofendida com sua atitude.

"Eu lá sei onde essa boca tava." ela disse no impulso e parecendo reconsiderar sua frase, ela
emendou. "Quer dizer, eu posso imaginar, mas não, obrigada."

"Mãe!" exclamei horrorizada.

Ela caiu na risada, antes de estender os braços e me puxar, beijando-me no rosto.

"Você tem 27 anos, meu amor. Não é mais um bebezinho, mesmo que para mim, vai ser sempre ser
o meu bebezinho." disse alisando o forro perfeitamente estendido da mesa, em seguida, olhou para
mim . "Senta aí, toma um café com a gente antes de dormir o resto da manhã."

Não sei porque, mas o convite me pareceu mais uma intimação, sem querer contrariar minha mãe,
tomei um assento à mesa, me servindo com café e uma torrada com geleia de morango que era uma
delícia. Meu pai logo se juntou à nós, foi um café da manhã muito agradável com ambos me
implicando sempre que podiam.

O dia começou a dar aquela inclinada na montanha russa da vida quando acordei com inúmeras
ligações perdidas. Pisquei meio sonolenta, tentando afastar a dificuldade de ler a tela do celular para
longe, só pra franzir o cenho ao ver quem era que estava me ligando tantas vezes uma atrás da
outra.

Pedro Padilha.

Era o nome do contato. Minha respiração cortou, uma onda de adrenalina apossando do meu corpo.
Tinha ficado combinado nas entrelinhas que se fosse trabalho a gente conversaria, mas
absolutamente nada além disso, então quando vi suas ligações imaginei que fosse algo sobre minha
carreira.

Pobre de mim.

"Você tá com ele?"

Foi literalmente a unica coisa que ele falou comigo e isso foi o suficiente pra fazer meu sangue ferver.
Quem diabos ele achava que ele era pra vim depois de meses me fazer esse tipo de
questionamento?

"E se eu estiver?" me recusei a responder, devolvendo uma pergunta.

A linha ficou muda por quase um minuto antes dele conseguir reunir todo o resto de coragem que
tinha no corpo pra continuar.

"Acho engraçado que você mal conseguiu esperar a gente terminar pra ir parar na cama dele, isso se
não foi enquanto a gente ainda tava junto."

Fechei os olhos com força, buscando autocontrole no fundo da minha alma, porque se dependesse
do meu ego eu mandaria ele se foder em dois tempos.
"Não fode, Pedro." resmunguei esfregando minhas têmporas com as pontas dos dedos com a mão
aberta sobre o rosto. "Pelo que eu saiba foi você que terminou comigo, de um jeito bem covarde,
aliás." externei minha mágoa, aproveitando do momento, até então eu tinha mantido isso pra mim, a
única pessoas que sabia disso, curiosamente, era o Pedro Afonso.

"Você me obrigou a terminar contigo, Lais. Eu ainda fui burro, deveria ter enxergado antes que essa
admiração toda sua por ele tinha algo além..."

"Para de ser idiota, meu" pedi me estressando de verdade.

Saltei da cama, ainda meio cambaleante por causa do sono, meu cérebro mal processava o que ele
falava.

"Idiota? É, acho que eu fui idiota mesmo. Idiota de confiar em você, de acreditar que nunca tinha tido
nada. No fim das contas seus fãs sempre estiveram certos, né... sempre foi dele que você correu
atrás"

Além dele falar essas merdas, eu conhecia o Padilha muito bem para saber que existia julgamento
nas entrelinhas, que ele estava dizendo mais do que as palavras podiam falar, estava ali, no seu tom
de voz, no jeito altivo que ele fazia as pausas.

"Falou muito e muita merda." falei irônica sustentando a hipocrisia dele. "Pedro me ajudou quando
você soltou a minha mão num momento super delicado..."

"Te ofereceu ombro amigo e uma cama,"

"E se tiver oferecido, não vejo como isso é da sua conta, de verdade mesmo." tentei jogar o mais
limpo possível.

O que eu fiz depois dele ter terminado comigo, de forma alguma, era da conta dele. Foi ele que
tomou a decisão, pois arque com as consequências.

"Não é, mas eu tenho direito de saber se eu fui feito de otário porque..."

"Eu não te traí, porra" interrompi sua frase gritando, ele não ia sugerir que eu tinha sido desleal sem
ouvir muita coisa da minha parte, nunca. "Você terminou porque você quis, eu fiz tudo que você
pediu, até te colocar na porra do clipe eu coloquei, para de ser babaca e se ouve, ouve essas merdas
que você está sugerindo pra mim." tentei controlar a respiração, mas parecia impossível.b

Eu só queria chorar e gritar de ódio.

Quando minhas amigas diziam que ele era babaca, eu nunca quis enxergar. Durante o nosso
namoro, eu não tinha nada a reclamar dele, sempre me tratou muito bem, quase como uma princesa,
mas no pós... eu sinceramente não o reconhecia. Engolindo a seco todo o meu ódio, aproveitei para
falar umas coisas que estavam entaladas na minha garganta.

"Aliás, eu nem deveria falar contigo depois daquela pouca vergonha que foi sua música pós término,
mas não, engoli a porra da minha dignidade pra continuar em bons termos c você. Agora quer saber?
Vai se foder! Você e a porra do seus amigos, aproveita pra falar pra eles que eu nunca gostei deles
mesmo."
"Você tá se vendendo por imagem, pra sair em site de fofoca... Você sabe que ele nunca vai te
assumir, é só mais uma das que ele come e joga fora."

A risada que retumbou no meu peito foi tão alta que eu mesma me assustei ao ouvi-la.

"Ao menos alguém tá comendo e comendo bem, diga-se de passagem." respondi ácida, puxando a
cortina na força do ódio, pensar que o Pedro estava poucos minutos naquela direção ia me dar um
pouco mais de serenidade para manter essa conversa. "E sinceramente, Padilha? Eu só estou
falando com você em respeito ao que a gente viveu, então se quiser agir como homem e falar direito
comigo, a gente prossegue, mas se for pra ficar jogando indiretinha e falando merda, espero
sinceramente que vá pra puta que pariu."

Minhas mãos suavam por conta do nervoso passado.

"De você, Lais, eu só quero uma coisa... distância."

"Isso você deixou claro como o sol na sua letrinha "sinto vergonha alheia de ter te amado" foi isso
que você escreveu, né. Pois bem, saiba que ao contrário de você, não tenho vergonha das coisas
que eu fiz porque eu sei que serviram pra me trazerem onde estou, e por favor, se quer distância,
não me ligue outra vez, de preferência, deleta a porra do meu número."
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Tirei o celular da orelha e desliguei a chamada, eu não ia ficar ouvindo desaforo de ex que jurava
para os quatro cantos do mundo que já tinha me superado, não.

Arremeçando o celular sobre a cama, enfiei as duas mãos no cabelo, fechando os olhos por um
breve momento, tentando me controlar. Eu estava muito agitada, ele tinha me pegado
completamente de surpresa. Já fazia meses que tínhamos terminado, seu surto nem fazia sentido
aquela altura do campeonato.

"Quer um chá, filha?" ouvi a voz doce e suave da minha mãe.

Girando devagar, me voltei para a porta, a encontrando com a cabeça pra dentro do quarto por uma
fresta estreita. Ali estava ela, tão serena, tão maternal, me assistindo com um sorriso carinhoso e
reconfortante. Sem pensar duas vezes me joguei em seus braços, não contendo as minhas lágrimas.

"Vou ligar pra Ana e pra Bea" disse em forma de consolo, acariciando meu cabelo e beijando a minha
testa.

Era incrível como ela sempre sabia do que eu precisava sem eu precisar dizer absolutamente nada.
Minha mãe me arrastou pra cozinha com ela, fazendo um sinal de depois pro meu pai quando ele
pensou em interromper a gente pra questionar o motivo do meu choro.

Respirei aliviada.

Meu pai era um pouco menos dócil que a minha mãe quando se tratava de mim. Era bom que certas
coisas permanecesse no off, ele poderia lidar com a abençoada ignorância sobre certos aspectos da
minha vida.

Minha mãe fez como o prometido, me serviu um chazinho e me largou sentada na varanda enquanto
ligava para Bea e pra Ana, até pensei em não deixar ela incomodar as meninas, mas eu queria tanto
elas, eu precisava tanto delas.
"Pronto, toma um banho e se arruma, as meninas estão te esperando na casa da Ana. O marido dela
teve que sair, vocês vão poder ficar em paz por lá." minha mãe disse gentilmente para mim, tocando
na minha cabeça e me fazendo um carinho.

Sorri agradecida e ela devolveu a gentileza, quase suspirando.

"Me dói tanto ver você assim, minha menina, minha eterna bebezinha." disse com os olhos cheios de
lágrimas. Minha mãe era tão emotiva quanto eu, eu era tão parecida com ela que chegava a dar
medo. "Mas eu sei que aí fora, em algum lugar, existe alguém que merece esse seu coração gigante
cheio de amor pra dar."

Coloquei a minha mão sobre a sua na minha cabeça e apertei com carinho, oferecendo um sorriso à
ela.

"Talvez tenha alguém que esteja disposto a entrar nesse barquinho furado que é meu coração e me
ajudar a remendar todos os buraquinhos..."

Minha mãe cobriu a boca com a outra mão e arregalou os olhos brilhantes por conta das lágrimas.

"Eu não acredito, Lais."

"Não tem nada certo, mas a gente tá disposto a tentar." murmurei baixinho, desviando os olhos dela.

Minha mãe sempre foi louca de amores pelo Pedro Afonso, pra ela não seria difícil aceita-lo como
parte da família, arriscava fizer, inclusive, que eu perderia ela pra ele. Minha mãe me agarrou em um
abraço tão forte que quase pedi socorro ao meu pai.

Depois dela ter acalmado o coraçãozinho eufórico, me enxotou para o banho e então me levou até a
casa da Ana, se despedindo de mim com um beijo e um abraço forte, me obrigando a prometer à ela
que eu ficaria por ali e que se eu precisasse de qualquer coisa ligaria pra ela.

Bati a porta do carro e assistir ela dar partida e sumir na próxima esquina, então me virei e caminhei
devagar para a portaria do prédio da Ana. O porteiro já me conhecia, mas pediu que eu esperasse
Ana liberar minha entrada. Aproveitei meu tempo no saguão e no elevador para repensar o que eu
contaria à elas.

Ana e Bea sempre foram minhas melhores amigas, sabiam de tudo que estava se passando na
minha vida, inclusive me davam a maior força do mundo pra me envolver com o Pedro. Essa bomba
do Padilha só ia servir de faísca numa fogueira para fazer elas desgostarem ainda mais dele.

"Amiga" Bea foi quem abriu a porta pra mim, já em posse de uma taça de vinho que foi prontamente
oferecida a mim depois de um abraço quentinho.

Ana logo surgiu da cozinha trazendo a sua taça e a taça da Bea, que depois de entregar, também me
abraçou e me puxou para o sofá. Sentando uma de cada lado, praticamente me forçaram a contar
tudo que tinha acontecido.

"Você tá namorando?!"

"Como ainda teve a cara de pau de te ligar depois de meses?!"


As exclamações indignadas e o surto pela minha conversa com o Pedro e com o Padilha foram tudo
pra mim. Por um momento eu esqueci que existia gente do lado de fora da nossa bolha, esqueci que
minha vida tava uma completa confusão, que eu não sabia nem onde eu estaria dali dois dias de tão
bagunçada que era minha agenda. Me permiti esquecer tudo e viver meu momento com elas, voltar
ao meu tempo de adolescente e só beber meu vinho acompanhado de uma massa caseira que só a
Ana sabia fazer.

Elas eram as melhores de sempre e seriam para sempre. O tanto que eu amava aquelas meninas
não estava e nem poderia ser escrito nos gibis, elas eram meu tudo, minha base, minha força, meu
tudo mesmo.

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