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Quando Eu Te Esqueci
— Fique calma, minha pequena. – A última parte dita soou tão traidora.
— Tudo vai ficar bem! – Tive a sensação de que as palavras eram ditas mais
para consolo próprio do que direcionadas a mim. Ele não se aproximou em
momento algum, não pude deixar de notar. — A sua família irá chegar em
breve e você se sentirá mais segura. – Essa não era a sua função como meu
marido? Quis gritar alto, mas me limitei a olhar as minhas mãos. Um nó se
fixou no meu estomago e as lágrimas teimavam em querer deixar os meus
olhos. Eu não queria chorar. Não agora, não perto dele.
— Eu quero ir para casa... – Falei soando infantil e não sabendo ao
certo se eu tinha um lar. E mesmo com todo esforço que me obriguei a ter... a
minha voz saiu junto a um soluço e ali estava eu, chorando.
— Vamos para casa, você recebeu alta medica hoje. Veja como está
com sorte. – Ele sorriu para uma enfermeira que acabava de entrar no quarto.
Um sorriso falso e cretino. Sim, eu sabia o que aquele sorriso significava e
mesmo não lembrando de maneira alguma daquele homem... Eu não gostei.
— Precisa de ajuda, senhora McMahon? – Senhora McMahon...
— Eu consigo sozinha... – Uma irritação repentina e sem sentido se
agitou dentro de mim, me deixando longe das boas maneiras. Eu não desejei
ter bons modos naquele momento. Eu ansiei poder derramar toda a minha
frustração e todos os meus medos ali. Almejei também, acima de tudo,
entornar a minha raiva sobre eles.
— Você é meu marido e ela não pensou duas vezes quando flertou com
você, que retribuiu descaradamente. O que pensa que está fazendo? – Ele me
lançou outro sorriso que sempre vinha acompanhado por um olhar gélido e se
aproximou lentamente. Ele era tão mais alto... eu me sentia minúscula perto
dele. Precisei olhar para cima para encara-lo.
— O que aconteceu, meu amor? Está com dor? – Seu desespero era
real. Parecia puramente atormentado, no entanto isso serviu somente para que
eu contorcesse por liberdade. Não pude evitar que as lágrimas caíssem ainda
mais fortes que antes. Como ele podia dizer as palavras que eu tanto
desejava e ainda fosse um maldito filho da mãe?
— Eu... Eu... – Ele ficou rígido, me colocando no chão em seguida.
Como se a ficha enfim caísse e ele estivesse encarando a realidade nos olhos.
A sua expressão, antes preocupada, assume uma aparência amarga e
rancorosa.
— O que você fez com ela dessa vez, Conrad? – Dessa vez?
— Não é da sua conta o que acontece entre mim e... E ela. – Foi
desprezo que ele usou ao se referir a mim e isso me feriu, tanto quanto
enfureceu. Eu sequer sabia ou entendia os motivos para ser tratada daquele
modo.
— “Ela” é a minha melhor amiga. – Minha cunhada/amiga interveio.
— Somos amigas muito antes de você decidir namorar e se casar com ela; de
fazer da garota mais incrível e feliz do mundo, um zumbi de tristeza e
infelicidade. – Ele nem piscou com a declaração, mas eu sim. Fiquei chocada.
— Por que eu não consigo fazer a dor ir? – Perguntei em meio aos
soluços que teimavam em acompanhar as minhas palavras. Eu me esforçava
para não parecer tão fraca e vulnerável, só não conseguia.
— Eu não sei, meu bem. Talvez seja porque você, apesar de tudo, ama
aquele homem. – Eu não soube o que contrapor. — Venha, vou te levar para
o seu quarto nessa prisão. – Sigo ela pelo enorme apartamento de dois
andares e chego a um quarto. O mais simples se tratando da luxuosidade
daquele lugar. As cores do quarto eram neutras em tons frios e escuros, a
mobília também não incitava luxo algum. Fico olhando o lugar, que apesar de
nada impressionante, me serena. — É. Eu sei. Esse lugar é mais simples até
mesmo que o meu quarto. Seu marido... – ela disse "marido" com aversão.
–... Foi quem decidiu a decoração...
— Você o ama, criança. – Isso era algo, que até o momento, eu não
conseguia entender. Conrad era alguém que eu precisaria odiar com todas as
minhas forças, não amar. Você se casou por amor. – Eu me casei por amor,
ele aparentemente não. Não era preciso ser um sabe-tudo para entender as
palavras ocultas.
— Não entendo como posso ter amado alguém que... Ele me abomina!
Como pude me apaixonar por alguém que me detesta?
Tudo ali era familiar para mim. Desde as cores alegres e claras
de tudo no ambiente, até o cheiro de poeira do lugar. Essa era a minha casa e
eu fui feliz ali. Tive certeza disso desde o exato momento que coloquei os
meus pés na soleira. Tranquei a porta e segui direto por um breve corredor e
entrei num quarto de paredes na cor lilás. A cama era de casal e tudo era
cheio de vida, alegre. Era eu ali. Eu estava no lugar que me deixava feliz. No
lugar que algum dia eu fui feliz. No lugar que Conrad não havia corrompido
com a sua frieza. Balancei a cabeça para afastar a imagem daquele homem
alto, lindo e ruim da minha mente. Deitando sobre a cama ainda feita eu
adormeci com a fome já esquecida. Tudo que eu queria era deslembrar ainda
mais tudo de maldoso que me aconteceu. Nunca me senti tão grata por não
lembrar das coisas. Por não me lembrar dele... O sono, uma mistura
tumultuada de escuridão, foi algo que me confortou. Eu estava em casa agora.
Eu estava segura ali.
CAPÍTULO DOIS
— Ela está acordando... Talvez precise ficar por mais algumas horas...
Em observação... – Sussurros. Sussurros. Penso que a minha cabeça irá
explodir. Por que não podem simplesmente ficar em silêncio? Tenho medo de
abrir os meus olhos. Da última vez em que tentei, tudo doeu dentro da minha
cabeça. Mas algo mais desesperador toma conta de mim... Onde estou? Eu
não sei onde estou.
— Que porra você fez, Rosalie? – A voz dele estava fraca, quase um
fio. E eu parecia perder mais sangue a cada instante. A minha visão foi
escurecendo e tudo ficou em câmera lenta. Conrad se aproximando.... Eu
tentando me arrastar para longe dele.... Eu senti medo e raiva. Senti medo
dele por um instante e a raiva me engoliu por inteiro. Tentei me arrastar para
longe do seu alcance e acabei me machucando mais. A cada batida
descompassadamente rápida do meu frenético coração, mais sangue era
bombeado; e mais rápido ele deixava o meu corpo.
— Não se aproxime de mim. – Consegui dizer com a voz já frouxa. —
Eu não quero você perto de mim... Eu te odeio. Eu te odeio, Conrad. – A
última frase foi discorrida quase em um sussurro.
— Eu o amo.
— Mas aparentemente ele não. Será que é tão difícil para você
perceber, que ele está fodendo com metade daquelas mulheres nas festas do
escritório? Ele não presta.... Ele é o meu irmão, e que Deus me perdoe, mas
eu sei disso. Não me olhe assim... ...espera aí. Você dormiu com ele, não
dormiu?
— Nós fizemos amor há três dias... Estamos casados, Chloe. Isso não é
o que acontece com recém-casados? Como ele pôde fazer isso comigo?
Sinto algo repuxar nas minhas mãos. Dói quando movimento o meu
braço. Não quero abrir os meus olhos. A verdade é que eu não tenho forças
para isso. Sinto cheiro de hospital. Odeio hospitais. Contudo.... Conrad!
Abro os meus olhos e o vejo de braços cruzados sobre o peito e de pé na
minha frente. Ele me trouxe para o hospital. A camisa branca dele está
coberta de sangue.... O que indicava que ele havia me carregado. Deve ter
pensado que eu estava tentando me matar. Fiquei com vontade de deixar que
todos pensassem assim. Seria melhor do que dizer a verdade? Que eu soquei
o meu reflexo no espelho? Que me cortei e que acabei escorregando no meu
próprio sangue?
— O que você faz aqui? – Não imaginei que a minha voz fosse sair tão
fraca e um tanto embolada. Olho para o lado e vejo uma bolsa de sangue
pendurada me alimentando através de uma intravenosa.
— Que porra você pensa que estava fazendo? – A sua voz era fria,
cortante e um tanto sofrida. Ele descruzou os braços e veio na minha direção.
— Você tem ideia do que a mídia vai fazer comigo agora? – Eu queria que
ele fosse se ferrar. Conrad parecia meio inclinado a bipolaridade — "Mulher
de um dos filhos de Bart McMahon tenta suicídio".
— Eu não tentei me matar! – Falei irritada. — Foi só um acidente. Eu
quebrei o espelho e me machuquei. – Ele me olhou como se eu fosse uma
garotinha mimada inventando pretextos. — Depois eu ouvi alguém invadindo
a minha casa e ao me virar, assustada, escorreguei e caí sobre os cacos do
espelho.
— Então deixará de ser sua para voltar a ser minha. – Ele meneou a
cabeça e puxou do bolso um pedaço de papel. O bilhete que eu havia deixado
na porta do quarto.
— A senhorita não pode entrar aí! – Ouço uma agitação do lado de fora
do quarto e em seguida a porta é aberta.
— Eu não acredito que você.... Como você pôde fazer isso comigo?
— Saia daqui. Eu já disse que não quero você perto de mim. – Discorri
com os dentes cerrados.
— O que é isso, meu amor? Como pode dizer uma coisa dessas?
— Eu vou repetir mais uma vez: eu quero o divórcio e quero que saia
de perto de mim... da minha vida.... – Ele gargalhou alto, me emudecendo.
— Pare com isso, Con! – Pediu Chloe. — Você não é assim...
— Você não vai ser tia coisa nenhuma, Chloe. – Conrad falou
friamente.
— Pare com essas bobagens, Con! Claro que vou, a Rose está gravida e
vocês vão ter um bebê...
— Chloe...
— A lua de mel de vocês dois nunca foi consumada... Até pouco mais
de um mês atrás. Vocês fizeram amor...
— Vocês fizeram. Foi só uma vez, eu acho... Parece que vocês tinham
bebido demais e você... Você ama o meu irmão, Rosalie. Aconteceu... Porém
quando ele acordou e viu o que tinha acontecido... – Ela secou várias
lágrimas que começavam a cair de seus olhos. –... Ele ficou furioso consigo
mesmo. Pelo menos foi essa a explicação que você e ele nos deu, após a
nossa mãe os encontrar nos braços um do outro...
— Não fale mais. – Pedi entre um soluço e outro. — Eu não me lembro
de nada... Não quero me lembrar do que ele fez comigo. Ele está dormindo
com uma tal de Emily agora... E eu não...
— A Emily foi noiva do seu irmão, Rose... – O quê? Eu nem sabia que
tinha um irmão.
Recebi alta médica um dia antes do previsto, o que foi ótimo. Conrad
não iria aparecer até a manhã seguinte...
— Vamos Rose. – Chloe me chamou ansiosa com a porta do taxi já
aberta. — Tenho a sensação de que o meu irmão irá aparecer a qualquer
momento.
— Vamos. – Falei ao fechar a porta do taxi. — Não quero ter esse azar.
– Eu realmente não queria outro confronto direto com Conrad.
— Não quero que você se meta em confusão por minha causa, Chloe...
— Eu não sei por que, mas não acredito nisso. – Ele pensava que eu
estava fingindo a perda da minha memória?
— Não, você não me odeia e isso é o que me deixa ainda mais insano. –
Ele engoliu em seco e beijou o meu pescoço, depois me soltou abruptamente
e ficou de pé. É nesse instante que um homem com o rosto vermelho e
aparentando ter meia idade entrou no quarto.
— Cheguei o mais rápido que pude, senhor McMahon. – O médico
pronunciou já se precipitando na minha direção. — Fiquei sabendo que se
machucou... – Foi como se ele tivesse dito: "Fiquei sabendo que tentou se
matar"...
— Sei...
— CONRAD! – Gritei por ele enquanto abria porta ante porta. Ele
estava em um dos quartos, no banho. Escancarei a porta do boxe e entrei sem
nem piscar. Eu estava dominada pelo ódio. Será que ele pensava que eu iria
tirar o meu bebê se ele não fosse o pai? Pior, como ele duvidava de mim e
dizia que não podia ser o pai? — Que tipo de monstro você é? – Pergunto
com o estomago revirando. — Você pensou mesmo que eu fosse matar o
"meu" bebê? – Ele pareceu chocado com a minha aparição no banheiro e se
limitou a me observar a princípio.
— Me solta!
Bônus - Conrad
Em que porra de lugar eu estava com a minha maldita cabeça? Eu não
devia ter beijado ela. Ter beijado Rosalie. Merda. E a pior parte foi ela
retribuir aquele beijo desesperado e repleto de ira. Eu não queria beijá-la
daquela maneira. Eu ansiava... O que você quer não tem a menor importância
aqui! Gritou a voz daquela maldita gravação. Não obstante disso, odeio
acima de qualquer coisa o que sou obrigado a fazer com a garota mais doce e
delicada que já conheci. Em que ponto as coisas vieram parar? A raiva era o
veneno e o álcool que se misturava ao meu sangue naquele momento. Eu era
um maldito cretino que não conseguia se libertar de um chantagista
manipulador.
ROSALIE
Se alguém me dissesse, que Conrad estaria envolvendo intimamente o
meu corpo pela manhã, eu não acreditaria. Entretanto, foi precisamente isso
que aconteceu. A fragrância que emanava da pele dele foi o que veio
primeiro, depois a sensação do calor da sua pele contra a minha...
— Você está bem, Conrad? – Eu tinha que saber. Como é que ele
transforma tanto de um dia para o outro?
— Oh, tarde demais você não acha? – Conrad tornou a cair as mãos
pelo meu rosto e cabelos, se acercando ainda mais de mim, me deixando
invadida de todos os lados por seu perfume. — E agora você resolveu que me
quer? Decidiu que não sou mais o inseto que você usa como brinquedo, pisa e
que odeia?
— Para mim pareceu muito real. Sair fodendo com metade da cidade
enquanto estávamos casados também foi um mal-entendido? – Eu não
consegui segurar o sorriso carregado de consterna. — E transar com uma das
madrinhas do nosso casamento no dia da nossa, não consumada, noite de
núpcias também foi um fingimento, um engano? – Ele fechou os olhos e
abaixou a cabeça, como se recusasse a aceitar o que eu falava. – É, me
contaram isso. A cachorra chamada Emily, que por acaso era a madrinha, me
contou; disso eu me recordo.
— Isso não aconteceu. Não foi assim... – Ele tentou me abraçar, mas
me apartei.
— É assim que as coisas são, Conrad. Por que não cessa de fingir e diz
logo o que você está planejando, ou executa logo tudo? Poupe-me do
sofrimento. – Os meus olhos e a minha cabeça estavam doendo.
— Eu estava bêbado naquela noite e tenho certeza de que as coisas não
foram assim, apesar de não me lembrar de quase nada...
— Mas senhor... É o senhor McMahon, o seu pai. – Ele fez uma pausa
e continuou. — É sobre a Lucy.
— Da sua casa? – Ele então ficou sério. — Não antes de provar o seu
gosto, minha linda. – Falou vindo na minha direção e agarrando o meu braço.
Apertando forte, justamente, o meu braço machucado.
— Você está me machucando! – Falei já com lágrimas nos olhos. —
Me solta.
— Pensa mesmo que eu vou embora sem conseguir o que vim buscar?
Vamos terminar o que começamos há alguns anos. – Assim que ele levou
uma mão no botão da calça eu o chutei com força. Eu não conseguiria fazer
ele se machucar, no entanto o susto que dei nele foi o suficiente para eu
conseguir fugir. Corri pela porta e comecei a gritar por ajuda. — Sua cadela.
Ninguém surgirá ao seu auxilio. Vou ter o que seu maldito Conrad evitou
anos atrás.
— Oh, Conrad...
— Ele te...
Chloe. Eu precisava dela agora. Seja forte, sua estúpida! Você é uma
idiota que se casou com um canalha, no entanto não é uma prisioneira dele. O
que está fazendo trancada todos esses dias? Saía como ele faz. Abandone ele
sozinho durante toda a noite como ele te deixa. Puxei a minha bolsa da
cômoda e saí de volta para o salão de entrada.
— Henry. – Todos os cinco seguranças, inúteis que ali estavam, me
olharam.
— Sim, senhora.
Eu estava esgotada de tudo aquilo. E Conrad? Será que ele era bipolar?
Ou será que era louco mesmo? Onde foi parar aquele homem que, ontem, me
encheu de carinho pela manhã? O homem que disse que me amava foi
transformado no monstro frio e vagabundo que, apesar de tudo, salvara a
minha integridade. Eu era grata a ele. E aquele tal Dylan? Como alguém
admitiu que ele entrasse no apartamento?
— Rose? – Mal esperei que Chloe tivesse aberto a porta direito e corri
para os braços dela. — O aconteceu?
— Olha, você pode não se lembrar – Ela falou quando eu estava deitada
sobre a cama com a cabeça no seu colo. —..., mas nem sempre o meu irmão
foi um canalha com você.... Eu não sei o que aconteceu com ele, mas de uma
coisa eu tenho certeza, Conrad te ama.
— Tá, eu sei! – Ela falou com alguém do outro lado da linha. — Por
que eu não fui informada, porra? – Acho que a boca suja deve ser herança
dessa família. — EU SEI, CARAMBA! – Ela ainda gritava com o telefone
quando a porta do quarto foi aberta subitamente, nos assustando.
— SAIA, CHLOE! – Eu não podia acreditar no que os meus olhos
viam. Conrad.
— Não, ela não vai sair. Não saia, Chloe. – Me empertiguei. — Você
não é a merda do rei do mundo, Conrad. Você não pode sair gritando com as
pessoas em suas próprias casas.
— Eu não entendo...
— Você está me deixando sem ar, Conrad. – Falei e ele me embalou até
a cama, se deitando junto comigo. Esse homem era definitivamente bipolar...
Eu não sabia como acompanhar aqueles altos e baixos constantes dele. Era
demais para mim tudo aquilo.
— Você precisa acreditar em mim quando digo que te amo – “ah, tá”,
pensei. — Mesmo que as minhas atitudes demostrem o contrário.
— Claro. Quando você estiver fodendo por aí... Se lembre que me ama,
ok? Lembra que me disse essas palavras. Faça-me o favor, Conrad. Por acaso
pensa que eu sou tão idiota assim? Claro que pensa, não é?
— Você não sabe de nada, Rosalie! – Falou tomando posse dos meus
lábios. Eu lutei contra... o máximo que consegui. No entanto não o suficiente
para ele desistir. O beijo dele foi lento, cuidadoso e eu não resisti. Eu não
queria resistir. Eu não pensava direito quando ele me tocava daquele jeito.
Meu Deus! De onde veio esse pensamento? Uma lembrança ou o simples fato
do que sempre aconteceu após eu acordar naquele hospital?
CAPÍTULO OITO
BÔNUS - CONRAD
UM ANO E MEIO ANTES
Se a Chloe não aparecesse na casa do velho apenas uma vez na vida e
outra na morte, eu não precisaria estar abandonando os meus planos para
checa-la. Será que ela pensava que só porque havia ganhado aquela casa,
em um condomínio, podia desaparecer e ignorar a família? Eu tinha planos
para à noite e isso não incluía servir de babá pelo resto da minha tarde livre.
Merda. Tive que dispensar uma gostosa que eu vinha trazendo na minha mão
há dias. Porra, Chloe. Irmãs mais novas sabem como acabar com a alegria...
— Oi. – Falei chegando perto dela. Tão perto que apenas alguns poucos
centímetros nos separavam. Eu podia sentir o perfume delicioso que vinha da
sua pele. A sua respiração ficou acelerada quando eu toquei o seu rosto.
Nota: a pele dela era macia e me fazia querer tocar cada extensão do seu
corpo... Com a minha boca. Eu sorri para o rubor que subiu para a face dela.
Rosalie ficava adorável assim. E aquela boca volumosa e beijável? Eu sentia
que iria assaltar aqueles lábios a qualquer momento. Era apenas questão de
tempo. Bem, era o que eu ficava repetindo há dois anos. — Por que está
ficando corada? – Falei quando Chloe correu atrás do celular que tocava
ensurdecedor em algum lugar do segundo andar.
— Olá, Rosalie! – Me levantei e caminhei até ela. E... meu Deus, como
ela estava linda naquele curto shorts branco e blusa azul. Ela corou quando eu
cheguei bem perto dela.
— Oi, Conrad! – Acho que fechei os meus olhos para apreciar o meu
nome saindo daquela boca linda. Nunca alguém falou o meu de maneira tão...
perfeita. Era prazeroso ouvir ela falar... e eu queria ouvir o meu nome
deixando a boca dela enquanto eu a levava à estase de um clímax.
— Dá para você fechar essa sua boca? Você está babando idiota. –
Chloe apareceu e estragou as preliminares que eu já me dispunha a pensar.
— Por que você não me oferece algo para beber, Chloe? – Falei
sorrindo. — Que coisa mais feia, você não oferece nada para as suas visitas
beberem não?
— Para as visitas sim. Já a besta do meu irmão é outra coisa.
— Você deveria vir mais vezes. –Rosalie falou e corou. — Digo, para
visita-la. Ela sente muito a sua falta. – Eu sorria de orelha a orelha.
— E você?
— Eu não acho uma boa ideia. – Argumentou comigo, mas eu não dei
muita atenção. O perfume dela não me deixava pensar direito. Tudo que eu
queria era inalar cada centímetro daquela pele aromal e macia.
— Acho que eu vou querer uma dessa aqui! – Falei mostrando para a
Chloe a foto de Rosalie e eu nos beijando.
— O que foi?
— Eu te conheço, Conrad.
— Eu posso?
— Sinta-se em casa, já que não sai mesmo daqui... – Eu sorri e saí para
encontrar um quarto. A minha entrada abrupta em um dos quartos me fez
trombar com Rosalie que me olhou horrorizada pela situação. Meu pau saltou
duro com a imagem daquela deusa vestindo apenas lingerie.
— E-Eu não fugi! Eu estava horrível, não queria que você me visse
daquele jeito. – Rosalie balbuciou.
— Não foi o que me pareceu. – Me curvei mais sobre ela, que fechou e
abriu os olhos rapidamente. Ela entreabriu os lábios e o meu pau pulsou forte
dentro da minha calça. Porra, ela havia me deixado com tesão... e eu não me
controlava muito bem quando via aquela boca gostosa me convidando assim.
Em uma arremetida tomei posse daqueles lábios e já não encontrei nenhuma
resistência.... Sendo sincero... ela desenvolveu a habilidade de me
enlouquecer com beijos. E porra, como o gosto dela era bom. Também não
encontrei resistência quando, com a minha língua, aprofundei o beijo. Sorvi
seu gosto, agarrei o traseiro redondinho dela com as duas mãos e a levei de
encontro ao meu pau. Ela gemeu na minha boca e agarrou os meus cabelos.
Sim, ela aprendia bem rapidinho. Logo ela retribuía com a mesma
intensidade as investidas da minha língua e eu já não estava mais satisfeito
em apenas beijar. — Vem para o meu apartamento comigo.... – Falei
enquanto devorava o pescoço e ombro dela, que gemia baixinho, uma delícia.
— Eu não acho uma boa ideia... eu.... – Voltei a beijar aquela boca
gostosa e ela se afastou um pouco. — Eu não posso, Conrad....
— Por que? Você não está gostando? – Caprichei na chupada que dei
no mamilo dela através do tecido fino do sutiã para afirmar tudo que os meus
olhos prometiam: prazer! – Rosalie ofegou e gemeu contra o meu pescoço.
Porra eu queria me enterrar dentro dela.
— Ai, meu Deus. – Eu sorri ainda com a boca contra o seu mamilo. Ela
era muito excitável.
— Você pensa que sou idiota ao ponto de obriga-la a fazer algo de que
não está preparada para fazer? – Os olhos de Chloe brilharam. — E-Eu não
vou magoar ela.... – Lutei com as palavras, mas não conseguia me expressar
como eu queria.
— Só não faça ela sofrer, Conrad. Ela merece mais e você sabe disso.
— Eu a amo, Chloe...
CAPÍTULO NOVE
ROSALIE
DIAS ATUAIS
Eu precisava raciocinar direito..., mas era difícil com Conrad
devorando os meus lábios. O seu beijo era suave, diferente e ao mesmo
tempo familiar. Eu não conseguia parar de corresponder a maneira como ele
me beijava, tocava.... Mesmo que retribuir a ele fosse tudo que eu menos
quisesse naquele momento. Agradeci quando, no desespero para tocá-lo,
acabei acertando o meu pulso ainda machucado no ombro dele. Eu gemi de
dor na boca dele e os meus olhos lacrimejaram mais por ele se afastar de mim
do que pela dor. Eu não queria que ele parasse de me beijar. Está se
transformando no mesmo poço de bipolaridade que ele, Rosalie!
— Ninguém pode me fazer mais mal do que o que você já fez, Conrad.
– Dessa vez ele saiu de cima de mim e se deitou de costas na cama, cobrindo
os olhos com o braço. A sua boca estava vermelha e inchada... Entre aberta,
meu Deus. Me sentei e fiquei de costas para aquela imagem, ou acabaria
esquecendo tudo que ele me fez essa semana.
— Existem coisas – Ele começou com o braço ainda sobre os olhos. –...
Que você não sabe, Rosalie. – Ótimo. Grande ajuda, hein Conrad? — Que eu
não posso te contar... Não outra vez.
— Então por que toca no assunto, seu imbecil? – Me levantei e, através
do espelho vi o seu reflexo, um leve sorriso nos lábios dele.
— Você faz isso sempre? – Tentei gritar e acertei o peito dele com a
minha mão boa. — Saia daqui e me deixa sozinha. – Conrad ficou sério e
segurou o meu braço bom.
— Se é o que você quer... Preciso falar com a Chloe. – A sua voz ficou
séria, assim como a expressão. — Não vou demorar...
— Não se incomode em voltar, não vou deixar que você entre! – Falei
fechando a porta do banheiro a centímetros do nariz dele. A minha vontade
era que tivesse acertado e quebrado. Daí ele teria que ir para o hospital e,
como ele tem dinheiro para pagar, passaria o resto da noite em uma cirurgia
plástica para reconstituir aquele nariz arrogante dele. Ouvi a porta do quarto
ser fechada e saí do banheiro para trancá-la a chave. Aqui você não vai
entrar, Conrad. Entrei de volta no banheiro e tomei um longo e demorado
banho. Escovei os meus dentes umas cinco vezes e aí então eu saí do lavabo,
enrolada naquela toalha fofinha da Chloe. A toalha não ficou muito tempo no
meu corpo, pois a deixei cair assim que dei de cara com o Conrad vestindo
apenas uma cueca boxer branca. A cena pareceu passar em pequenos quadros
diante dos meus olhos. Conrad me olhando, a toalha caindo, o brilho de
desejo surgir naqueles olhos lindos e verdes, e a ereção dele surgindo
descaradamente dentro daquela maldita cueca. O meu coração batia tão
rápido e descompassado ao ponto de me deixar plantada e sem reação no
mesmo lugar. Conrad veio se aproximando lentamente de mim e um sorriso
de me fazer arquejar surgiu na boca dele. Conrad, por que tem que sorrir
assim? A cada passo o meu coração ficava mais descontrolado. Era
vergonhosamente humilhante eu estar tão afetada por ele. Você não tem amor
próprio, Rosalie. Outro passo e ele estava a poucos centímetros a minha
frente agora. Ele entreabriu os lábios e eu fechei os olhos, esperando...
esperando.... Esperando um beijo que não veio. Abri os meus olhos e ele
estava me observando, com a toalha que eu deixei cair nas mãos.
— O que faz aqui, pai? – “Pai”? Ai, meu Deus. Aquele era o pai dele?
O meu sogro? O que ele estava fazendo ali?
— Ela também faz parte da minha família, pai... Somos uma família
agora...
— Ela está gravida? Você disse que nunca a colocaria em uma situação
semelhante, Conrad! – O quê? Conrad... Mentiu para o pai? — E todas as
vezes que você se vangloriava de ter comido alguma vadia...?
— Por favor, não Conrad. Ele é o seu pai. – Pedi com um soluço. —
Querendo ou não – Conrad apontou um dedo para o pai. —... O MEU FILHO
levará o meu sobrenome. Estou cansado de toda essa porra de chantagem,
pai. – O homem se aproximou perigosamente de Conrad e o olhou nos olhos.
— Quero que você e Jeremy vão se foder com isso já que vocês dois são os
únicos culpados pelo que aconteceu com... – Conrad não terminou de falar,
pois foi atingido no rosto com um soco e caiu, me levando junto com ele para
o chão. Fiquei com o corpo parcialmente sob o peso de Conrad, o que me
deixou sem ar.
Bônus - Conrad
A minha preocupação era ter ferido Rosalie na queda. Ela ainda estava chorando
muito quando cobri a sua nudez com um lençol e a envolvi nos meus braços. Por Deus, eu
não queria que ela estivesse machucada.
— Eu preciso ficar sozinha, Conrad. – Rosalie falou com a voz esganiçada e entre
soluços.
— SAI DAQUI! – Ela se levantou e, com custo, se afastou de mim. O meu coração
ficou gelado com a dor que aquilo provocou, no entanto, eu merecia cada distanciamento,
ofensa e qualquer tratamento do tipo. Eu causara dor suficiente para que ela agisse de tal
maneira. Eu merecia cada segundo de desprezo.
— Volta para casa comigo... – Pedi baixinho, na esperança de que ela cedesse, e o
mais importante de tudo: que ela não permanecesse mais nenhum segundo fora do meu
campo de vista, que permanecesse bem longe do perigo.
— Não. – Ela respondeu com a voz chorosa. — Eu quero dormir, descansar.... Sem
você para me confundir, Conrad. – Rosalie soluçou quebrando um pouco mais o meu
coração já destroçado pela dor e culpa.
— O meu pai tem uma casa nesse condomínio... – Ela me olhou com lágrimas nos
olhos. — ...eu não quero que ele se aproxime novamente de vocês. – Falei me
aproximando, na tentativa de poder tocar a sua inexistente barriga, ela não permitiu e me
afastou com um tapa. Engoli o bolo que se formou na minha garganta e deixei a minha mão
cair do lado do meu corpo. Eu merecia. Merecia e merecia tudo.
— Então eu vou para a minha casa.... A casa da minha mãe. – Discorreu enquanto
deslizava a minha camiseta verde pelo corpo. — Será que você poderia me levar? – Ela
perguntou com a voz tremendo enquanto passava as costas da mão no rosto para secar as
lágrimas.
— Claro. – Ela nem bem esperou que eu terminasse e já foi saindo pela porta, mas
se Rosalie pensava que eu a deixaria ficar sozinha ela se enganava, e muito.
O trajeto até a antiga casa da infância da mãe de Rosalie foi feito em silêncio. Eu
não falei nada e nem Rosalie tentou.... E isso era pior do que se estivéssemos em plena
briga. O silêncio se arrastou até a entrada da casa. Até a entrada, porque depois que ela
entrou na casa e eu a acompanhei o silêncio foi abandonado.
— O que pensa que está fazendo? Você não vai ficar aqui...
— Tente me impedir. – Falei trancando a porta. — Vou ficar no sofá se isso irá
tornar as coisas melhores. – Enfatizei me deixando cair contra o sofá. Ela bufou uma
impropriedade e marchou para um dos quartos. Muito tempo depois de ela ter entrado no
quarto e fechado a porta, eu saí da casa e guardei o carro dentro da garagem; não queria que
ninguém soubesse que estávamos ali.
ROSALIE
Não sei por que Conrad insistiu em ficar... Por mim ele poderia ter me
entregado as chaves do carro e ter permanecido na casa da Chloe. E o pai
dele? Aquele... Aquele velho era um monstro! Ele nos ameaçou... Tenho
tanta raiva que queria gritar até não aguentar mais. No entanto me limitei a
deitar na cama e fechar os meus olhos. Eu não gostava de sentir tanta fúria e
rancor no meu coração. Eu sempre me arrependia depois de verter palavras
cruéis. Fazer o quê? Eu era assim...
Despertei no meio da madrugada com uma dor terrível que parecia
querer me rasgar ao meio. A dor era tanta que os meus dedos dos pés se
contorciam no mesmo ritmo. Liguei a luz do abajur e o que eu vi me deixou
em pânico. Sangue. O meu coração parecia estar batendo a um milhão de
batimentos por segundos. O meu bebê...
— Conrad...
LEMBRANÇAS
— Você sabe que nós não deveríamos estar fazendo isso, não sabe? –
Perguntei mais uma vez só para confirmar.
— Não seja medrosa. – Ai, meu Deus... era a perdição, para mim,
quando Conrad sorria de modo tão descontraído. Parecia um menino pequeno
e levado, preste a aprontar alguma travessura. — Venha, não falta muito. –
Sorrio quando ele agarra a minha mão e me puxa para perto de si. Se ele
continuasse assim quem iria quebrar aquela regra besta e ridícula de sexo só
depois do casamento seria eu. Não sei de onde ele havia tirado aquela ideia...
Bem, eu estava mais do que disposta a não me casar virgem.... — Pare de
fazer essa carinha de quem só pensa em sacanagem... – Conrad sorriu e ao
falar mordeu o meu lábio inferior.
— Não seria mais seguro se nós tivéssemos pagado para entrar aqui? –
Perguntei o que seria o obvio.
— Daí não teria mais nenhuma emoção. – Conrad falou assim que
entramos no enorme campo de futebol. — Vamos, antes que apareça alguém
e nos atrapalhe. – Ele sorriu com malícia e eu corei até as raízes dos cabelos.
— Tá certo que aqui não é justamente o lugar que eu queria para fazer
isso, no entanto... – E ele puxou da mochila um lençol vermelho escarlate.
— Oh, Conrad...
— Sim, eu quero te ouvir abraçar o meu nome a cada instante que eu
manter a minha boca aqui! – Conrad enfatizou o que dizia sugando forte o
meu clitóris. O meu fim estava próximo, eu sabia que estava. — A minha
pequena e doce, muito doce, Rose. – A boca e língua dele pareciam me beijar
lá embaixo. Senti algo percorrer o meu corpo e me contorci para sair do
alcance de Conrad, mas ele me imobilizou do quadril para baixo. — Receba
tudo Rose, não tenha medo...
— Eu não...
— Não, Rose. – Ele falou com a voz mais rouca que eu já ouvira deixar
a boca dele e tornou a beijar os meus lábios inchados novamente. — Eu jurei
que só faríamos amor depois do casamento...
— Não foi o que pareceu minutos atrás. – Eu sorri com os olhos
fechados, ainda sentindo aquela descarga de adrenalina e prazer correr pelo
meu corpo.
ESPECIAL - CHLOE
Talvez tudo o que falte é coragem... e muito pouca força de querer da
minha parte. Se eu continuasse com esses encontros as escondidas... acabaria
ficando sem a minha família e, talvez, a minha melhor amiga. Mas o que
posso fazer se estou apaixonada pelo Nicholas? Ignorar o meu coração, por
que o meu pai e o dele, vivem em pé de guerra por algo fora do alcance de
ambos? Lucy escolheu o próprio caminho e nenhuma das duas famílias teve
culpa pela culminância das escolhas da minha irmã. A única culpada nessa
história foi ela. Apenas ela. Ela era a minha irmã..., mas há dias que eu desejo
que ela jamais tivesse aparecido em nossas vidas.
— O que foi, Chloe? – Ah, como Nicholas ficava lindo quando estava
sonolento....
— Será que teremos algum futuro juntos? – A voz dele estava grave ao
fazer a pergunta que nem eu sabia a resposta.
— Com a nossa família em pé de guerra assim? Duvido muito. –
Suspiramos os dois juntos diante da tragédia das nossas vidas.
— A Ro e o Conrad se casaram...
— Ela perdeu o nosso bebê. Por culpa minha, Rosalie perdeu o nosso
filho...
— Nada.
— Quê?
— Que porra, Chloe. Eu pensei que vindo aqui você me ajudaria, pô! –
E, então, Conrad saiu batendo a porta e pouco depois eu ouvi o som dos
pneus do carro dele cantando no asfalto. Eu só esperava que ele não fosse
cometer alguma loucura. Agora mais essa. Solto um grito ao ouvir o meu
celular tocar. Era Nicholas.
Ligação On
— Alguma notícia da minha irmã? – A sua preocupação era tamanha
que ele sequer esperou a minha saudação.
— Nada além do que Conrad despejou sobre mim.
— É, o meu cunhadinho já passou por aqui... – Conrad e Nicholas? Ai,
meu Deus.
— Ele acabou de sair daqui... e... eu sinto muito pelo que aconteceu
com a sua irmã, Nick.
— É, eu sei que sim.... Você é mais irmã pra ela do que eu.
— Nós não temos culpa pelo que os nossos pais são Nick.
— Eu te amo, Chloe.
Ligação Off
CAPÍTULO QUATORZE
— Acho melhor você ficar quieta no seu canto, garota. – Decreta com a
sua voz grave e aperta o meu braço em um falso abraço. Doeu. — Respeite os
momentos finais da sua amada mãe...
— E você? Respeitou o momento, ou pensou em respeitar antes de
transar com uma garota quase da minha idade? – Um tapa de estalar no meu
rosto veio como eu imaginei que viria. Os meus olhos lagrimejaram
instantaneamente, assim como a pele do rosto ficou a pinicar de dor. O meu
pai, pela primeira vez na vida, havia me batido e da maneira mais humilhante
que poderia.
— A Chloe é uma boa amiga, Ro. Por enquanto eu vou ficar com
Dylan...
Dias - Atuais
Alguém sem as suas lembranças... é uma pessoa vazia, sem vida. Uma
casca. Ainda não consigo me lembrar, além de alguns lapsos esporádicos e
dolorosos de memória, nada mais voltou. Nada. O meu peito está
comprimido com a dor das lembranças que não domino. Lembranças que
perdi. O que a minha mente não conseguia se lembrar o meu coração não
esquecia. Se a dor que eu sinto sem ao menos saber todo o motivo é tão
grande ao ponto de eu perder o ar... não quero ter que lembrar o que a causou.
Já dói o suficiente, não preciso de lembranças para intensificar ainda mais a
dor. Não preciso saber o que fui estúpida.... Sei que fui. Sinto um nó na
garganta só de pensar em Conrad. Olho pela diminuta janela do avião e nada
vejo além do meu próprio reflexo. Olhos vazios. Mente vazia. Coração
rechaçado pela dor.
Levaram muito mais que quatro horas e meia para que eu chegasse ao
velho chalé. Cinco horas e meia para ser precisa. Entre parar e checar o mapa
e fazer compras para eu passar algum tempo sem precisar sair de casa. Acho
que comprei coisas demais.... No entanto como vou saber do que estarei
precisando? Astrid havia me avisado do parcial esquecimento do lugar, que
não deveria me assustar se estivesse tudo empoeirado. O meu coração
disparou de felicidade quando um imenso mar de lavanda surgiu na minha
frente. Uma rajada mais forte de vento serpenteou pela plantação fazendo os
ramos dançarem de um lado para o outro em uma dança única e solitária. O
lugar era lindo. Fazia algum tempo que eu estava dirigindo e as minhas
pernas já estavam doendo quando finalmente avistei uma construção feita
basicamente de pedra. Era cinzenta e uma espécie de trepadeira parecia
querer engoli tudo. Tinha mato para tudo quanto é lado e quase não pude ver
a pequena passagem que dava para uma garagem. Assim que desci do carro
caminhei instintivamente até alguns vasinhos, de algo que penso algum dia
terem sido flores. A chave estava lá, como Astrid disse que estaria. Sorri com
a emoção. Abrindo a pesada porta de madeira ela rangeu alto. Nota mental:
lubrificar as dobradiças. A casa era de dois andares e quase toda feita de
pedra e madeira. O lugar estava frio, um tanto empoeirado e sem sinais de
visitantes há anos. Os meus dentes tilintaram quando percebi que a
temperatura no interior da casa era menor do que lá fora. Fazia mais frio
dentro do que fora. “Você precisa acender as duas lareiras para elas
distribuírem igualmente o calor dentro da casa”. Foi o que Astrid disse. Ao
checar a lareira noto que haviam algumas toras empilhadas com perfeição ao
lado. Sem pensar direito no que estava fazendo volto para o carro e começo a
descarregar as várias viagens de compra pelo chão de madeira de carvalho
escuro da sala. Depois de fechar o carro volto para dentro da casa e procuro
nas várias sacolas em busca dos fósforos que comprei. Quando o encontro, de
joelhos, começo a acender a lareira. Demorou um pouco para conseguir que
uma pequena fagulha de fogo se tornasse umas saudáveis labaredas que aos
poucos lambiam a madeira. A casa parecia ser maior do que deu para
imaginar olhando do lado de fora. Mas também com tanto mato.... Olhando
ao redor decido levar as compras para a cozinha. Meu queixo cai quando vejo
uma geladeira. Antiga. Não consigo acreditar, tinha energia na casa. Bem, se
eu descobrisse onde e como ligar ia ter sim. Estou tão entusiasmada com o
lugar que começo a explorar com voracidade e encontro uma caixa de força
perto da escada que dava acesso ao andar superior. Levanto a chave e voilá....
Nada acontece... por alguns segundos, porém depois ouço um ruído alto e
antes de sair correndo com o susto noto o que parece ser um gerador
funcionando. Espero apreensiva. Demorou um pouco, todavia a casa se
iluminou. Para a minha surpresa. O andar superior também possuía uma
lareira. Que, igualmente, acendi. A casa estava com toda mobília coberta por
plástico. Quase não havia poeira nos móveis e isso não queria dizer que eu
não teria trabalho para limpar. O lugar era muito grande. E estava fechado há
tanto tempo....
Decido pelo quarto que tem vista para a frente do chalé. A janela dele é
bem grande o que o deixa bastante arejado mesmo com toda umidade da
região. E tem o fato dele ter uma cama enorme e da lareira ficar dentro dele.
Após alguns minutos, longos, o lugar fica quentinho e acolhedor. Puxo o
plástico que cobria a cama e me enrosco entre as cobertas, que cheiram
levemente a coisa velha. Nota mental: levar todas as roupas de cama ao sol.
Estava tão quentinho... que acabei dormindo. Muitas horas mais tarde acordo
com um barulho. Me sento rápido com o susto e o meu estomago se
embrulhou todo, me fazendo ir em disparada para o banheiro.... Que barulho
foi aquele? Me pergunto depois de algum tempo tentando colocar o que eu
não tinha no estomago para fora. Liguei a torneira e após uma seção de
barulhos e cuspidelas de água suja com ferrugem, a água limpa aparece. A
minha testa está suada e eu jogo água no rosto e na boca. Preciso escovar os
dentes. Caminho fraca, de tanto fazer força para vomitar, até a janela. Estava
chovendo. O vento castigava as vidraças e o seu uivo ao passar pela casa era
como um choro. Um lamento do vento contra o lugar. Devia ter sido a chuva
que me acordou. A lareira estava quase sem fogo. Apenas brasas. Coloco
mais umas duas toras e desço em busca da minha bolsa de higiene pessoal.
Depois de escovar os dentes no banheiro, daquele mesmo andar, sigo
arrancando o plástico de cada móvel e dobrando em seguida. A mobília é
linda. Antiga, contudo bela e aconchegante. Familiar.
O céu estava tão lindo hoje. Quem visse o que eu estava fazendo diria
que além de ter perdido a memória, também tinha perdido a razão. Será
mesmo tão estranho alguém se deitar no meio de uma vasta plantação de
lavanda e se pôr a contemplar o céu? Então eu sou uma louca desvairada,
pois amava fazer aquilo. Sinto que isso me ligava a algo que me fazia falta. O
sol estava tão gostoso, quentinho e eu fechei os meus olhos para sentir ele
contra o meu rosto. Uma rajada de vento bagunça todo meu cabelo e leva o
meu fino e leve vestido até a cintura. Eu não me importo. Tudo que me
importava era sentir aquele calor gostoso na minha pele, aquele aroma
delicioso de lavanda e o frescor daquela brisa do fim de tarde. Não sei se já
me senti assim alguma vez antes.... Uma pessoa sem as suas lembranças é
quase uma pessoa sem vida. Sei que preciso me levantar e entrar em casa,
mas estava tão gostoso... e não é tão longe assim do chalé.... Arranco um
pequeno galho coberto de flores quase roxas... a cor e o cheiro são
maravilhosos, sorrio quando ele faz cocegas no meu nariz. Nunca me senti
tão bem ou mais livre....
— Eu te amo Conrad...”
Faminta, começo a procurar algo para comer assim que entro no chalé.
A dispensa está abastecida, até demais, com tudo que preciso e é essencial, e
com tudo que é desnecessário, mas vital para mim. Doces, chocolates e
salgadinhos. Eu tenho me alimentado bastante.... Certo, certo, certo! Eu
tenho comido como uma louca nesse último mês. Comido para dois. Sorrio
acariciando a minha diminuta barriga. Encontro uma barrinha de cereal e a
devoro, não queria estragar o jantar. Já está escuro quando deixo o frango no
forno e sigo para o banheiro para um banho. Quando você mora cercada por
uma imensa plantação de lavanda tudo ao seu redor cheira a elas, até o seu
cabelo. Termino o banho bem quando o clarão de um relâmpago rasga e
ilumina o céu, acompanhado de um estrondoso trovão. Chuva. Posso sentir o
cheiro de terra molhada misturada com lavanda não muito longe dali. Checo
todas as janelas para me certificar de que estão bem fechadas. Não quero ter
que ficar esfregando panos por todo lugar para secar depois da chuva.
Não consigo me lembra de tudo, no entanto já sei o que eu fazia da vida
antes de acontecer o acidente. Pelo menos alguns meses antes de tudo
acontecer. Eu gostava de tirar fotos. Lembro-me da minha infância. Lembro-
me também dos meus pais, a lembrança é fraca e é de vários anos antes de eu
ser expulsa de casa... Lembro da minha paixão por Conrad... e um nó se
forma na minha garganta. Quase que no mesmo momento começa a chover
fracamente. Uma garoa. Chove bastante por ali. O frango fica pronto e eu o
como com uma salada de acompanhamento. Acho que não deveria ter
comido tanto. Penso acariciando a minha barriga. Agora tudo de que eu
precisava era uma massagem.
— Não sei se é uma boa ideia. – Ponderei sorrindo. — Não vou te fazer
nada em troca. – Ele sorriu com a voz rouca. Acompanho o seu olhar e quase
me engasgo com o que vejo.
— Como posso não ficar duro tendo que tocar o seu corpo nu?”
— Nunca mais na sua vida faça isso, Rosalie. – Do que ele estava
falando? — Pensei que estivesse morta. – Conrad responde a minha pergunta
silenciosa.
— Não, eu vou te levar. – A voz dele era calma, mas não me enganou
em momento algum. Aquilo era uma ordem. Odiava receber ordens... ainda
mais vindas dele. Contudo ele me trouxe, ele que me levasse de volta. Mas o
principal, como ele me encontrou? Observei o seu rosto com fúria.
— Chloe me disse que... – Ele diz sem que eu pergunte. Odiava que ele
sempre soubesse o que eu questionava em silêncio. Fiz questão de virar a
cabeça para o lado, eu sabia que teria um torcicolo. Não me importei. Pensei
que a Chloe e eu fossemos amigas, mas o amor pelo irmão falou mais alto.
Maldita hora que eu deixei que Astrid contasse a verdade para ela. Chloe,
você me paga. Fechei os olhos e fingi dormir. Mas acho que acabei dormindo
de verdade, porque acordei com um cheiro delicioso no meu nariz.
Resmunguei uma apreciação e abri os olhos ao ouvir um som rouco, como
uma risada, escapar de dentro daquele... peito? É ele estava me carregando
novamente e antes que eu tenha aberto a boca em contrariedade, sou colocada
sobre a cama. Minha cama.
— Não, você não está dizendo a verdade. – E ele tocou seus lábios nos
meus. Apenas um toque suave, o que não combinava com ele. No entanto ele
faz novamente, porém dessa vez ele me beija. Um beijo casto e molhado. O
meu coração disparou no peito. Não existe língua, não existe invasão. Só um
beijo moderado. Eu retribuo buscando por mais e ele se afasta da minha boca
com um sorriso presunçoso nos lábios — Match Point, minha bela. – Ponto
decisivo uma ova... eu tenho que odiá-lo. Ele está apenas brincando comigo.
Ele não sente nada além de atração por mim. Nada mais. Diz uma vozinha
dentro de mim. Ele nunca te amou. Ele nunca vai te amar...
— Eu... – Empurro ele para que eu possa respirar melhor sem o seu
cheiro me entorpecendo a mente. — Eu preciso arrumar algumas coisas. –
Consigo sair e me afastar até a janela. Começou a chover novamente. — A
porta da rua é a serventia da casa. – Digo sem olhar para ele. Ouço passos e a
porta é fechada com força, mas não o suficiente para fazer barulho. Apenas
em sinal de irritação. Ele sempre está irritado.
Olho para a cama que fora o meu refúgio durante esses últimos dois
meses... agora eu não conseguiria mais dormir nela sem me lembrar que ele
me beijou ali. Próximo a cama vejo uma mochila, não estava ali antes.... Mas
ela é familiar. Minha mochila. Não consigo conter a onda de satisfação
quando aos poucos vou me lembrando das coisas. Tudo culpa desse... desse
idiota que teve a ousadia de vir atrás de mim. Me sento no chão e começo a
abrir o zíper. Uma câmera. A minha câmera. Sem nenhuma dificuldade
começo a manusear. Há fotos nela. Uma garotinha de cabelos loiros e
imensos olhos azuis sorri para câmera. A sua boca está suja de sorvete e ela
não parecia se importar. Outra foto, agora de um casal se abraçando e a
sequência seguinte é de três fotos deles se beijando. Outra foto, e o meu
coração se aperta, é uma foto dele. Conrad! Ele está olhando atentamente
para câmera, mas não sorri. É uma foto em close. Quis pegar seu rosto
lindo... seus olhos verdes. Outra foto, ele novamente, a foto foi tirada de cima
para baixo como se... como se eu estivesse montada sobre ele. Nessa ele
sorri. É um sorriso sexy meio que mordendo o lábio inferior. A outra foto é
de mim... tirada de baixo para cima. Eu estou usando apenas uma camisa
branca desabotoada, o que deixa meus seios parcialmente a mostra; o meu
olhar parece perdido em emoções e me dou conta rapidamente do que
acontecia durante aquela foto.... As minhas mãos estão tremendo quando
passo para a próxima foto. Deixo a câmera cair de volta na mochila quando
vejo a mim e ele com nossas línguas entrelaçadas num beijo. Éramos felizes!
Empurro a mochila com os pés para debaixo da cama. Não quero olhar mais.
— Engraçado você dizer isso. – Me afastei para que o seu toque não me
deixe sem reação e para que ele não sentisse o meu bebê se desenvolvendo na
minha barriga — Você dizia isso antes do acidente? A propósito qual foi a
causa do meu acidente? Eu bati o carro ou alguém me acertou? – Ele não
respondeu. Me deu as costas e puxou seus cabelos com as duas mãos. —
Vamos me responda. Você me queria por perto quando eu carregava um
filho...? – Não quis dizer "o seu filho". Era melhor me poupar da humilhação.
— Olha eu realmente quero esquecer... esquecer o que de ruim
aconteceu. O importante é que você está viva. Não vou voltar para Nova
Iorque sem você e isso não é negociável. Quero você comigo. Você é
minha... minha mulher. É casada comigo.
3a – eu estava faminta.
— Não sou nenhuma bela adormecida... – Falei ainda meio sem jeito e
com a voz grossa devido ao choro. — E há um furo na sua fabula, a Bela
adormecida da história desperta com o beijo de um príncipe encantado e você
não é um príncipe, não tem nada de encantado e não me beijou.
— Com fome ou sem fome, o que eu duvido muito, você irá comer. –
Ele se sentou ao meu lado com uma bandeja... tão perto que eu conseguia
sentir o seu calor. — Você não comeu nada desde ontem, Rosalie.
— Se você não usar algo para subir, jamais vai conseguir pegar aquilo.
– Ele estava zombando de mim. — E ficar se esticando assim deixa metade
do seu lindo traseiro a mostra. – Eu fiquei rígida e ele me abraçou mais forte
fazendo todo o meu corpo corresponder ao contato. Ele desceu a sua boca até
o meu pescoço e beijou a pele exposta. Eu precisava me afastar. Não podia
deixar ele... a minha resolução caiu por água quando seus beijos alcançaram
minha mandíbula. Ele era tão grande... e seu abraço envolvia o meu corpo
inteiro e... seus beijos agora estavam no canto da minha boca e eu estava
entregue ao momento. E naquela ocasião tudo que eu queria era que ele me
beijasse...
"— E você acha que o fato de estar casada comigo te dá o direito de exclusividade? "
— É, e eu sou a pobre idiota fácil que você se casou e usou para chegar
nos seus objetivos, não é mesmo? – Falei com a voz fria.
— Não.
— É por isso que eu estou aqui, Rosalie. Eu saí de Nova Iorque, deixei
o meu trabalho lá, para vir atrás de você aqui nesse fim de mundo. – Conrad
respirou entre dentes ao falar. — Estou tentando consertar o meu erro, minha
pequena...
— EU NÃO SOU A SUA PEQUENA! – Falei alto e depois repeti mais
brandamente. — Eu não sou a sua pequena. Nunca fui e não será agora que
isso mudará. Você não consegue entender quando digo para ir embora e me
deixar em paz? Preciso viver. Tentar ser feliz. Estou conhecendo alguém na
cidade.... – Menti. — Eu quero...
— Não sou uma maldita propriedade para ser sua! – Esbravejei furiosa.
— Você é um filho da mãe que não consegue compreender que eu não te
quero. A única coisa que eu quero de você é a distância, entendeu?
— Não. A sua boca mente quando diz que não me quer, mas o seu
corpo te trai quando se entrega a mim. Sua boca diz não, enquanto o seu
corpo grita que sim. Você não me odeia. – Ele se aproximou e me prendeu
contra a estante. Eu deixei a mochila cair aos nossos pés. — Os seus olhos se
escurecem de desejo quando eu te toco e... – Ele colou a boca no meu
pescoço e arrastou beijos furiosos até o meu rosto. — ...e o seu coração bate
descompassado quando eu te beijo. Posso sentir isso aqui! – Seus lábios
estavam na pulsação da minha garganta que parecia descontrolada. — Seu
corpo reage a mim como Magnésio Metálico reage ao Pó Metálico de
Alumínio. – Tento empurrar ele, mas acabo com as minhas mãos
imobilizadas no alto da cabeça. — A sua respiração está cada vez mais
acelerada, mas fica ainda mais quando... – E Conrad colou a boca na minha.
Mantenho-a firmemente fechada enquanto ele força sua entrada com a língua.
Com a mão livre ele agarra o meu traseiro me levantando um pouco do chão.
Acabo abrindo a boca e ele me invade com sua língua exigente. Estou
ofegante e retribuindo o beijo quando ele libera minhas mãos e agarra minha
bunda com as suas duas mãos me levantando ainda mais alto. Agora nossas
cabeças estão no mesmo nível e eu seguro forte seus cabelos enquanto ele
geme contra a minha boca. Um som delicioso de se ouvir. Ficamos nos
beijando por tanto tempo que meus lábios estavam inchados quando ele se
afastou para respirar um pouco, e os dele não estavam diferentes dos meus.
— ...seu corpo implora pelo meu....
— Você não havia feito nada, mas me fizeram acreditar que sim... –
Tudo estava fazendo ainda menos sentido agora. Eu estava confusa. Ele
estava me pedindo para perdoá-lo? Será que eu deveria? — Emily... ...e um
amigo... – Os meus olhos encheram de lágrimas quando ele falou aquele
nome. — ...eles me fizeram acreditar que você estava transando com
Jeremy...
— Eu não sei... – Jeremy...?
— O meu irmão, minha bela. – Disse ele com a voz cansada. Ai meu
Deus... — Você chegou em casa... e acabou se deparando comigo... – O meu
estomago ficou nauseado com o preludio daquela conversa. Ele se levantou e
acertou uma vez a parede com seu punho, depois escondeu o rosto na curva
do braço — ...você entrou e me encontrou beijando a Emily na sala. – O
desfecho foi pior do que eu poderia ter imaginado. Ele disse, antes, que nunca
havia traído o meu amor. Lágrimas quentes molhavam a camisa que eu estava
vestida. A respiração de Conrad estava rápida e irregular. — Eu estava com
raiva. – Ele disse se virando para mim. O seu rosto estava marcado por
lágrimas. Eu não me lembrava de nada, mas mesmo não me lembrando eu
não conseguia olhar para ele. — ...eu queria me vingar de você.... Eu
precisava te pagar com a mesma moeda, mas eu juro que nada além daquele
beijo aconteceu! – As suas palavras saíram duras como um rosnado e ele se
aproximou novamente de mim. Eu puxei as minhas pernas para longe dele.
— Naquela mesma noite eu recebi uma ligação da emergência. – Ele se
sentou de costas para mim aos pés da cama. — ...avisaram que você estava
sendo levada para emergência, porque havia sofrido um acidente. Alguém
havia invadido a calçada de uma loja... eles não souberam explicar ao certo. –
Ele não concluiu. — Me disseram que você ficava chamando o meu nome até
que perdeu a consciência... – Ele veio novamente na minha direção e ignorou
quando eu quis me afastar. Conrad segurou o meu rosto entre as suas mãos e
limpou as lágrimas que caiam pela minha face com o seu polegar. — Depois
disso você entrou em coma e ficou assim por duas semanas. – Eu engasguei
com a revelação. Como não me contaram nada no hospital?
— Por que será que eu tenho a impressão de que com você nada é
devagar? – Seus olhos brilharam com malícia e o seu meio sorriso foi ainda
mais safado que antes.
— Posso garantir que sei fazer as coisas serem quase como uma tortura
de tão lentas. – Terminou de falar mordendo sensualmente o lábio inferior.
— Amigos, lembra? – Falei ao me levantar de perto dele. Não confiava
muito na definição dele de amizade.
— Nesse caso, posso te garantir cem por cento de uísque. Desde que
você não se incomode que tenha somente um copo. – Falei tentando manter o
clima leve entre nós.
— Para mim está ótimo. – Ele segurou a porta para que eu passasse. —
Primeiro as damas. – Disse ainda com um sorriso sem graça. Sentia vontade
de estapear aquele rosto. Vontade de gritar com ele e.... Esse idiota havia me
feito sofrer....
— Há quanto tempo nos conhecemos, Conrad? – Parei de frente para
ele e ignorei a sua expressão de surpresa.
— Hum, acho que desde que você tinha uns dez anos. Passou muito
tempo até eu ver você outra vez. Eu te vi primeiro. – Ele começou e me
incentivou a continuar andando. — Eu estava em um jantar beneficente
promovido pela empresa e você estava tirando algumas fotos para um
trabalho da sua faculdade de Fotografia. Você e a Chloe eram amigas e
viviam juntas... como unha e carne. – Falou quando alcançamos o último
degrau da escada e eu segui em direção ao sofá ignorando, por hora, a
cozinha. — Passei a noite toda te observando como louco. E não era apenas
eu que a cobiçava. Acho que metade dos homens ali queriam chamar a sua
atenção, mas você estava tão focada no que fazia que não dava atenção
desnecessária a ninguém. Quando o jantar finalmente acabou fui te procurar.
– Ele sorriu com descrença. — Só que acabei sendo barrado por um grupo de
pessoas. Fiquei furioso. Você já tinha ido embora e precisei esperar até obter
maiores informações a seu respeito. Fui na fonte. Chloe. De início ela se
negou a liberar as informações e eu precisei mentir dizendo que precisava do
seu trabalho para uma campanha nova da empresa, mas isso não enganou ela.
Você precisava ter visto a minha cara de surpresa quando ela disse que você
era a pequena Rosalie Muller. A filhinha do melhor amigo do nosso pai. –
Ele sorriu convencido. — Cheguei na sua casa primeiro que você, dá para
acreditar? – Eu ofeguei com o que ele falou.
— Eu não acredito, você é um s...
— Quando foi a última vez que você esteve com ela? – A minha voz
saiu engasgada e eu procurei ao máximo me recompor.
— Poucos minutos antes do seu acidente, mas eu juro – Ele olhou sério
na minha direção. — ...juro que não aconteceu nada além de um beijo,
Rosalie. Emily e eu não transamos. Eu juro. Depois, quando você recebeu
alta médica, acabei descobrindo a verdade sobre você e Jeremy... que tudo
não havia passado de uma brincadeira de muito mal gosto do meu irmão e do
seu amigo. Agora eu me sinto o cara mais baixo de todo o mundo. – Hum,
outro tapa na cara. Um gosto amargo subiu pela minha garganta e eu precisei
correr para o banheiro ou vomitaria na sala. Eu parecia estar com sérios
problemas por não conseguir conter o meu estomago.... Ele me seguiu
quando saí em disparada para o banheiro, mas bati fortemente a porta na cara
dele e tranquei. Eu não queria olhar para ele agora.... Só precisava ficar
sozinha.
Não sei dizer por quanto tempo fiquei trancada dentro daquele
banheiro, contudo quando saí, Conrad já não estava mais na sala. O carro
também havia sumido. E eu novamente estava sozinha... com a minha forte
dor de cabeça a todo vapor. Eu precisava parar de me sentir tão vulnerável.
Só que era difícil se sentir diferente quando você esqueceu, praticamente
tudo, da sua vida inteira. Decidi que precisava sair um pouco, respirar outros
ares. Esse aqui já estava impregnado de Conrad. Arrumei uma pequena
bagagem e joguei no carro. Eu ficaria alguns dias fora e pensaria melhor no
que fazer
CAPÍTULO DEZOITO
BÔNUS - CONRAD
ALGUNS MESES ANTES
— Pensa que eu mentiria sobre isso, Conrad? – John se aproximou
mais e eu estava praticamente cego de ódio. Como ela pôde? Como Rosalie
pôde fazer isso comigo, depois de tudo que compartilhamos durante todo
esse tempo? — Vou repetir para você entender direito, cara. – Cambaleei
para trás e me sentei no sofá. — Eu estava atrás do Tucker para resolvermos
alguns assuntos pendentes da empresa. – John me olhou e coçou a nuca. —
Eu tenho as chaves da casa do cara, entende?
— Que cara? – Ele não tinha me contado quem era ainda. E eu estava
cego de raiva... e ciúmes....
— Eu não sei se isso é uma boa ideia... – Me levantei subitamente e o
segurei pelo pescoço contra a parede. Eu já tinha bebido, estava de saco cheio
de tudo e ele vinha se fazer de coitadinho? A porra que iria.
Pronto. Uma traição paga com outra. O meu coração parecia ter se
despedaçado e a cada batida ele endurecia e morria um pouco. Eu nunca te
traí antes, Rosalie. Todas as noites passadas fora para que você pensasse que
eu estava com outra... eu passei na sua cama, naquela velha casa do subúrbio.
As bebedeiras... todas por lá.... Sozinho!
— Mas...
ROSALIE
Alguns minutos depois e eu cheguei na cidade. Parei em um
cruzamento e encontrei quem eu menos queria ver naquele instante. Conrad
McMahon, saindo de uma pequena loja de utilidades. Ele me viu, na verdade
me encarou. A sua expressão era de confusão. Depois de descrença e por
último a ira, mas ele que se danasse. Não preciso dele para foder com a
minha vida ainda mais do que já fodeu. Ignorei a presença dele e segui para
fora da cidade. Iria para Paris. Talvez ele fosse embora e me esquecesse
como quando eu o esqueci. Quem sabe ele não vá reatar com a tal Emily? Eu
não vou cometer o mesmo erro. Pelo retrovisor vejo quando ele tenta correr
para o carro, mas acaba escorregando e caindo. Não sei se sinto preocupação
ou acho graça. Fico com nenhuma das alternativas anteriores. Acrescento
outra. Raiva. Piso fundo, se é que isso é possível com o carro que tenho hoje,
não olho mais para trás.
— Boa noite, senhorita. – Ele sorri e com toda a certeza digo que ele é
lindo. Alto, ombros largos, cabelos castanhos claros e olhos azuis, assim
como os meus. Ele estava vestindo jeans desbotados e camiseta branca. —
Está acompanhada? – Pergunta sorrindo e noto que seus dentes são
ligeiramente tortos, mas isso deixa ele ainda mais charmoso. Nada de
perfeição. Só lindo.
— A não ser que você se sente eu diria que não. - Deus, de onde veio
isso? Talvez eu não seja tão ruim flertando assim. Ele sorriu e eu retribui o
sorriso.
— O que uma mulher bonita como você faz sozinha em Paris? – Sorrio
com o elogio e minto em seguida.
— Não sei como ele pode ter te traído se não temos nada um com o
outro! – Procurei me afastar, mas ele não deixou. Eu estava um pouquinho
alterada, mas não ao ponto de não saber me controlar.
— Você pode não se lembra das coisas com precisão, mas o que
compartilhamos...
— Você não compartilhou nada... – Apontei um dedo no peito dele -
era o máximo que eu alcançava - e afundei na sua camiseta preta. — Você me
enganou durante todo o nosso tempo juntos.... Me sinto como se tivesse sido
a sua amante.... – Cuspi as palavras para ele.
— Não foi o que você me disse hoje mais cedo. – Saí de perto dele,
porque eu não possuía o direito de bancar a enciumada. Safado mulherengo.
E outra, eu não queria ele na minha vida. Caminhei para porta e ele veio me
abraçando por trás.
— Quando eu disse...
— Não abra essa sua maldita boca para repetir aquilo que eu já ouvi
antes. – O calei antes de ter que ouvir ele dizer que esteve com aquela
mulher.
— Alguém me chantageou durante todo esse tempo Rosalie. Mentiu e
me colocou contra você...
— Sonhos se realizam...
— Te garanto que esse não vai... – Ele aproximou o seu rosto do meu e
quase encostou a sua boca na minha, mas apenas me olhou nos olhos.
ESPECIAL - NICHOLAS
Se eu não soubesse, por fonte confiável, que a minha irmã estava
segura e bem.... Caralho, eu acabaria matando o porra do Conrad. Como a Ro
pôde esconder a infelicidade, que era a merda, daquele casamento por tanto
tempo? Eu realmente amava a minha irmã com todo o meu ser, todavia
existia momentos que desejava voar no pescoço dela. Chloe que me perdoe,
mas eu acabaria com a raça do irmão panaca dela se eu colocasse os meus
olhos nele novamente. Eu estava com uma puta dor de cabeça do caralho de
tanta preocupação.... Ro, sua ingrata! Como pôde se esquecer de mim? E
ficar vagando por um aeroporto lotado não estava me ajudando muito... putz,
como a minha cabeça estava doendo.
— Então é assim? – Parei na frente dela sem mais nem menos, ela deu
um pulo de susto, me encarou e de repente os seus olhos brilharam e
marejaram com lágrimas — Você foge do país e não me convida?
— NICK! – Ela gritou, atraindo atenção de metade das pessoas por ali,
e se jogou nos meus braços. — Ai, meu Deus! É você. Eu sonhei com você...
– Ela disse com o rosto enterrado no meu pescoço. — ...o meu irmão – Sem
aviso ela se afastou de mim e me encarou com raiva. — Onde você estava
quando eu precisei, idiota? – Por fim já não havia mais raiva, só lágrimas.
— Por culpa de dois imbecis, carinho. – Ela sorriu com aquela boca
tremendo levemente, me fazendo lembrar de quando ela era apenas uma
pequena bebezinha, frágil e desprotegida que eu amava mais do que qualquer
coisa na vida. Sempre que ela chorava muito a boquinha dela parecia ter um
tique nervoso e tremia sem parar, eu tinha só oito anos, mas sentia como se
alguém estivesse esmagando o meu peito quando ela fazia aquilo. — Vamos,
a Chloe vai nos encontrar a noite...
— E o meu sobrinho? – Isso fez ela sorri. Soltei uma mão do volante do
carro e acariciei a barriga dela sobre o tecido da blusa, ela cobriu a minha
mão com a dela e fechou os olhos.
— Graças a Deus está bem. – A sua voz ficou grossa e eu soube que ela
estava se segurando para não chorar. — A mamãe ficaria feliz com ele, não
ficaria?
— Ela vivia me enchendo o saco, desde que descobriu que eu tinha
namoradas, para que eu lhe desse um neto. – Sorri com a lembrança. — Ela
seria a avó mais feliz do mundo. E vou avisando, ela estragaria
incorrigivelmente o pequeno. – Ela sorriu junto comigo. — Até quando você
conseguiu se lembrar, docinho?
— Está bem, com uma nova modelo a tira colo. – Ela bufou.
— Oi? Como você pode estar dormindo com o meu irmão e não ter me
contado? – Ro se levantou e caminhou a passos largos até ela.
— Eu não vou ficar aqui com você... e nem com você Chloe. – Rosalie
falou antes mesmo que a amiga abrisse a boca.
— Eu já sabia disso, e é por isso que o apartamento ao lado está
alugado para você. Não tente arranjar mais argumentos, pois você sabe que
quando eu quero ser persuasivo eu consigo.
— Você não tem jeito mesmo. – Chloe falou enquanto passávamos para
dentro do apartamento de Rosalie.
Rosalie
Três dias após sair de Paris, nas carreiras, eu me encontrava no meu
mais novo apartamento. Entretanto se o meu irmão pensava que eu iria
aceitar que ele bancasse os outros meses de aluguel, ele estava muito
enganado. O lugar era novo. Era "novo" para mim e quando digo isso eu
quero dizer o lugar em si. Não a estrutura ou a mobília. Ao consultar o meu
saldo bancário quando cheguei a Nova Iorque tive uma surpresa, pois me
parece que recebi dinheiro por algum serviço que eu havia feito antes do
acidente. Eu sorri aliviada. A primeira coisa que fiz foi abastecer o
apartamento com produtos de higiene, limpeza e a geladeira com comida. Por
último, alguns itens que eu poderia usar no trabalho. Algumas lentes extras
por exemplo. Eu precisava ganhar a vida. Não poderia ficar de pernas para o
ar enquanto o meu dinheiro ia embora, mesmo que fosse uma boa grana. Eu
finalmente havia descoberto o que eu amava fazer antes de me esquecer de
boa parte da vida. Nicholas e Chloe finalmente sentaram e me esclareceram
algumas coisas..., mas não tudo. Eles ficaram alheios a boa parte do que
aconteceu durante o meu casamento.
Chegou o dia que não pude mais ficar sem sair de casa e ignorar as
chamadas insistentes de Nicholas. A comida havia acabado e, querendo ou
não, precisei sair para comprar mais e ir em busca de uma nova câmera. Eu
precisava trabalhar ou iria acabar como a ameaça de Emily: uma sem teto e
faminta. Eu devia ter perdido uns cinco quilos nessas duas semanas
trancafiada dentro do apartamento. Até a minha barriga aparentava um
pequeno montículo. O meu bebê.
Os meus pés, sem que eu dê conta, me levaram para diante de
uma loja. Uma loja de roupas para bebê....
Com os braços ocupados por sacos, ficava difícil chamar por um taxi....
Continuei caminhando com a intenção de encontrar um lugar que não
estivesse molhado para colocar as compras e chamar um taxi...
— Então eu sofro de impotência sexual precoce, hein? – Não precisei
ouvir depois do "então" para saber de quem se tratava. Conrad. Derrubei as
compras com o susto. — Preciso de algumas horas para animar o meu pau,
hein? – Ele continuou falando enquanto recolhia as minhas compras. Eu
fiquei paralisada como uma estátua, ali no meio da calçada, com várias
pessoas passando entre nós dois e desviando das minhas compras no chão.
Todas as gargalhadas que imaginei que daria ao ver a cara dele quando
descobrisse isso desapareceram. Parecia que nunca tinha existido tal
pensamento.
— Eu não quero. Tem mais alguma coisa contra? – Queria chutar ele,
mas as minhas pernas estavam presas firmemente por suas mãos sob o tecido
fino do vestido. Era como se ele já premeditasse que eu iria chutar.
— Tudo contra....
— Uma pena que não sou do tipo que recebe ordens. – E as do seu pai?
Eu quis dizer, mas fiquei calada. Ele se aproximou até que resvalou a boca na
minha. Eu estremeci ao toque. Ele sorriu com a minha reação e investiu a
boca contra a minha que se abriu em prontidão. Corpo traidor, por que tem
que reagir assim? A sua língua deslizou entre os meus lábios, acariciou e
depois ele mordeu o meu lábio inferior, me pegando de surpresa. — Eu disse
que queria morder... – Ai, meu Deus. Em seguida, sugou meus lábios. Forte e
duro, no entanto depois suave e por último acariciou com a língua. Para a
minha completa e total vergonha... eu gemi de satisfação. O que fez ele ser
ainda mais ousado me puxando para o seu colo. Eu fui e me entreguei ao
beijo. Esse homem beijava tão bem que me deixava desnorteada. Agarrei os
seus cabelos com as duas mãos e puxei forte, era para machucar. Mas ele
gemeu de prazer contra a minha boca e deslizou as suas mãos até o meu
traseiro, apertando na medida certa; me deixando ainda mais delirante por sua
boca, seus beijos.... Conrad se encostou no banco do carro enquanto eu estava
montada nele. Já podia sentir a umidade formada entre minhas pernas
transpassar a barreira do tecido na calcinha. A situação dele não era diferente.
Senti o seu membro rígido sob a minha umidade. Uma de suas mãos deixou o
meu traseiro e viajou para debaixo do vestido e começou a avançar na direção
da minha barriga, costelas... a sua boca ficou selvagem e os beijos
desesperados e eu estava totalmente entregue ao homem que fez da minha
vida um inferno. Pelo menos era o que vinha acontecendo recentemente.
Conrad apertou o meu quadril contra a sua ereção e nos dois admitimos a
nossa excitação em um gemido mutuo de prazer e busca. E de um momento
para o outro, como se fossemos arrancados do torpor, ouvimos gritos vindos
do lado de fora do carro e algo se chocou contra o vidro do meu lado.
Eu não me enganei quando pensei que Conrad havia sido alvejado por
um tiro. Aquela louca havia atirado nele? Ai meu Deus, Conrad....
CAPÍTULO VINTE E DOIS
— O quê? Não acredito. Por isso odeio hospitais. Eles mentem para
você. “Vai ser só para tirar a dor, você não vai dormir mais do que umas
duas horinhas” – Sorri ao ouvir a imitação dele da voz de uma das
enfermeiras.
— Pare de agir como uma criança, Conrad. Aqui está a sua água.
— Só se você disser que será a minha enfermeira...
— Ele vai ficar bem. – Ele bateu no seu quepe e com o olhar de alívio
fechou a porta assim que eu entrei. — Obrigada por ter me protegido... –
Falei sem jeito para Conrad. — ...se não fosse por você eu estaria morta a
essa hora. – Ele me olhou com intensidade e me puxou para um abraço,
tomando cuidado com o ferimento. O perfume dele estava misturado aos
cheiros de antissépticos do hospital, mas não diminuiu o seu efeito atordoante
sobre mim. Fragrância de Conrad.
— Você vai ficar comigo hoje? – Não me afastei dele, mas o meu
coração disparou se fazendo audível nos meus ouvidos. Eu não podia ir para
casa com ele. No entanto ele estava ferido e se feriu ao me proteger.... Preferi
permanecer em silêncio. Ele respeitou, mas a sua postura ficou meio tensa ao
achar que eu havia recusado o convite. De repente veio algo que antes não
havia me ocorrido...
— Você não vai prestar queixa contra aquela louca? – Perguntei num
rompante e me arrependi em seguida.
— Ela... – Eu estava indignada com a calma que ele informou que não
iria tomar as medidas cabíveis contra aquela maluca. — Você levou um tiro...
– A minha voz estava chorosa ao final e eu me afastei dele nesse momento.
Não queria que ele notasse as lágrimas que desciam pela minha bochecha por
sua causa. E se a bala tivesse pegado em outro lugar? E se não fosse apenas
de raspão? Talvez ele estivesse morto agora. O pensamento me fez arrepiar
de medo.
— Ei, não fique assim. – Conrad me puxou para que eu o olhasse. —
Está com frio? – Percorreu um dedo pelo meu braço, provocando mais
arrepios... só que de outro tipo. Ele não esperou a minha resposta e me fez
aconchegar do seu lado bom. A pele dele era quente e reconfortante.
— Você está rindo de mim? – Olhei para cima e dei de cara com os
seus olhos lindos, verdes e quentes. — Ou será que é do meu pobre coração
que você está achando graça? – Ele sorriu um pouquinho, mas fez uma careta
e gemeu de dor em seguida.
— Foi você quem decorou ele Rosalie. – O meu queixo caiu naquele
momento.
— Não, você jamais aceitaria..., mas íamos nos casar e você aceitou... –
Ele se virou para mim e fez uma careta de dor.
— Você precisa descansar, Conrad. – falei pegando-o pela mão e
guiando até o sofá. – Não deveria estar de pé por tanto tempo....
— Ei, por que fez isso mãe? – E ele me puxou para frente me fazendo
de escudo contra a sua mãe.
— Oh, boa noite querida. Como tem passado? – Ela me olhou quando
não respondi e depois olhou para Conrad.
— Louise, filha...
— Eu sou a culpada por ele ter levado um tiro, senhora... Louise.
— O que aconteceu? – Ela olhou para o filho que fingiu não ver o olhar
inquisitivo da mãe. Depois vendo que o filho a ignorava ela olhou para mim.
— Eu vou descobrir de qualquer maneira...
— Bom te ver, mamãe. – Ele falou com a boca contra os cabelos dela.
— Não, eu nem sabia que ela era a sua mãe até você dizer. – Ele tocou
de leve o meu rosto com as costas da mão. Fechei os meus olhos e senti
aquele toque quente contra a minha pele. Queria que aquela caricia durasse a
noite toda. O meu coração sempre se transformava em um louco
descontrolado quando estava junto a Conrad. O meu corpo precisava do seu
toque, como os meus pulmões imploram por ar quando ficava submersa.
Várias coisas explodiram em milhares de fragmentos na minha cabeça... ...a
boca de Conrad, a voz, o seu calor, o seu carinho, o seu olhar... ...o seu
sorriso. Tentei agarrar a qualquer um desses fragmentos, mas tudo
desapareceu como se jamais tivessem existido. Dei um passo vacilante para
trás enquanto ele me olhava com cautela.
— Sabia que eu amo quando você grita assim pra mim? – Ele se
afastou e arrastou o sutiã para um lado, expondo o meu seio. — Seu corpo
está sempre receptível a mim... eu posso sentir o cheiro delicioso da sua
excitação, meu amor. – Ele contornou o meu mamilo exposto com a língua,
mas não o colocou na boca. — Veja... – Demoradamente ele deslizou o seu
dedo do meu seio, passando pela barriga e chegando ao ápice entre as minhas
coxas. Sem nenhuma dificuldade ele deslizou um dedo pela minha umidade.
A sua boca estava entreaberta em total estase apreciativo, enquanto os seus
olhos jamais paravam de encarar os meus. — Você está tão molhada que até
o mármore está provando o que eu quero na minha língua! – Me puxando um
pouco para frente e para trás, provando o seu ponto e me fazendo deslizar na
minha própria umidade acumulada no mármore. — Você está sempre pronta
para me receber Rosalie.
— Eu... eu não quero dizer nesse sentido. Não estou preparada para... –
Ele pareceu ignorar o meu argumento e continuou a sua massagem
enlouquecedora, e torturante, enquanto com a outra mão acariciava os meus
mamilos simultaneamente, para completar a tortura a sua boca estava na
minha. Eu só conseguia sentir Conrad. Eu queria mais. Eu queria tudo.
Conrad estava por todo o meu corpo. Fagulhas multicoloridas se formavam
nos meus olhos me fazendo cair cada vez mais.... Quando ele deslizou dois
dedos dentro de mim, beliscando ao mesmo tempo o meu mamilo, eu não
aguentei. As luzes multicores explodiram com tudo quando eu alcancei a
plenitude, rogando o nome de Conrad e me contorcendo em sua direção. O
orgasmo foi tão intenso que lágrimas escorriam dos meus olhos naquele
momento. Os espasmos ainda percorriam o meu corpo quando Conrad colou
a sua testa na minha e permaneceu assim até que a minha respiração se
acalmasse. Ele não tentou nada, apesar da sua ereção estar intacta sob a
boxer.
— Ora, ora, ora. – Me choquei com a voz que veio de um dos sofás.
Era a voz fria e controlada de um homem. — Vejo que os seus gritinhos
deliciosos resolveram cessar um pouco. Juro que não me excitei de propósito.
– Senti nojo e tentei me cobri. Ele se levantou e me assustei com a
semelhança entre esse homem e Conrad. Eles só podiam ser irmãos. Jeremy?
Não precisava de uma confirmação. Era obvio demais. Me virei e corri para o
quarto em que Conrad estava e entrei no banheiro com ele.
— Ei – Ele sorriu, mas o seu sorriso desapareceu ao ver o meu rosto. —
O que houve Rosalie?
Acordei assustada durante a noite, mas não sabia o motivo para tal
medo. Um pesadelo? Não me recordei. Senti o braço de Conrad envolver a
minha cintura e a mão dele cobrir protetoramente à minha barriga. Um
sorriso bobo se curvou nos meus lábios e ouvi Conrad sorrir também.
— Pensei que você estivesse ao ponto de me deixar estéril e
impotente...
— Ah, é? E como é que você sabe se está dormindo? Sim, você faz
sim. – Disse pressionando a sua ereção contra o meu traseiro, mas soltou um
xingamento abafado de dor depois.
— E o que acontece com o pai dele se ele briga com o irmão e abre o
ferimento? E o que acontece se o pai dele morrer por conta de uma idiotice? –
Ele ficou sério e se deitou com os braços cobrindo os olhos. — Cadê o seu
celular? – Exigi e ele indicou o criado mudo. Passei por cima dele, peguei o
celular e comecei a buscar pelo contato do doutor Sinclair. Encontro, porém,
não antes de ver o nome de Emily na agenda. — Será que o senhor poderia
vir até o apartamento de Conrad com urgência... – Digo quando o médico
atende. — ...no meu apartamento... não, não posso esperar até amanhecer.
Levanta essa sua bunda enorme e gorda da cama e venha logo. Conrad te
paga uma fortuna por isso. – Me surpreendi quando desliguei o celular na
cara do homem. Conrad estava sorrindo. — O que foi agora? Posso te fazer
parar de rir com um único gesto...
— Você nunca deu ordens a ninguém assim...
— Me parece que ele acatou o seu pedido mais rápido do que faz por
mim. – Ele falou enquanto eu me dirigia para receber o velho torturador. Eu
ainda não tinha me esquecido de como ele derramou aquele líquido dos
infernos nos meus ferimentos.
— É o Conrad. – Falei sem demora e contei o ocorrido para ele.
— Muito engraçado. Cuido desse seu traseiro desde que você era um
moleque catarrento, Conrad. – Falou puxando o curativo que cobria a ferida.
— Ora, ora, ora... o que temos aqui? – Conrad fez uma breve careta de dor
enquanto era examinado.
— Anda logo com isso. – Conrad falou entredentes e de olhos cerrados.
— Vai ficar tudo bem, Ro. – Nicholas apertou levemente o meu ombro
em sinal de consolo.
— Não, não vai! Não até eu vê-lo com os meus próprios olhos!
— Você vai acordar, não vai? Eu não pude dizer ainda, depois de tudo,
mas eu me lembrei de uma coisa.... Conrad, eu te amo. – Uma lágrima
escapou e rolou pela minha bochecha. — Apesar de tudo o que aconteceu, eu
sei, lá no fundo do meu coração, que eu te amo... você precisa acordar. –
Acariciei a mão dele e naquele instante o nosso bebê se moveu dentro da
minha barriga. — Sinta só. – Me levantei da cadeira e aproximei a minha
barriga da mão dele. — É o nosso bebê... você precisa acordar logo, até ele
está impaciente para ouvir a sua voz.... – Agora não tinha mais ninguém,
além de Conrad, para me ouvir chorar. Então eu chorei. Deixei toda a dor que
eu estava sentindo naquele momento extravasar por meio do choro. Ele ainda
continuava pálido e inerte sobre aquela maldita cama de hospital. Algo ruim
se revirou dentro de mim. Lembranças... mamãe.... E eu me lembrei.
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
— Você está tão linda que eu não sei se quero sair hoje.... Sou tão
egoísta, que te desejo apenas para os meus olhos.
— Nossa, que coisa linda eu sou. Acho que quem não vai querer sair
sou eu. – Ergui as duas sobrancelhas simultaneamente para ele que sorriu.
— Senhorita – Ele enfatizou a palavra me fazendo sorrir. — ...as suas
intenções não são nada honradas nesse momento e, se tratando de mim, não
poderemos permanecer aqui – Ele mordeu o meu lábio inferior. — ...sozinhos
nesse quarto.
— Onde vamos?
— Em um lugar especial. – Ele sorriu me fazendo sorrir junto. – Vamos
cometer um pequeno delito para podermos avançar mais uma base...
— Você tem certeza do que vai fazer, Lucy? – Às vezes, a Emily era
meio asna. Ela podia até pensar que eu não entendia o que ela queria comigo.
A tola pensava que eu não sabia que ela me usava para se aproximar do
babaca do meu irmão. Ela ainda não se tocou de que tudo o que Jeremy
queria era foder. Foder, foder e foder até se foder todo com essa merda toda.
Ele não queria romance. Não queria se prender. Só tinha uma mulher pela
qual ele era perdidamente apaixonado, desde criança devo dizer: Rosalie
Muller. No entanto a vida tratou de arrancar a chance de Jeremy ser feliz. A
sonsa era apaixonada por Conrad, o meu outro irmão, que por sua vez era
completamente apaixonado pela sem sal. Dava até nojo de ver. O todo
poderoso e mulherengo, Conrad McMahon, caindo de amores por uma sem
graça. Isso mesmo, os dois se amavam. E nem sabiam que esse amor era
mútuo. Essa maldita sem sal o roubou de mim. Depois dessa, Jeremy se
amargou e Emily se tornou o estepe.... Emily, Emily, Emily... como eu
poderia te usar naquele plano? A sua burrice era bastante útil. Pensando
nisso, algo me ocorre. E se eu fizesse Albert crer que a sua linda, fiel e amada
esposa vinha tendo um caso com o seu melhor amigo? Dois coelhos em uma
cajadada só! Perfeito.
Jeremy
Conrad estava furioso comigo. Eu, apesar de amar Rosalie, jamais me
coloquei no caminho deles. Não. Estou mentindo. Ontem no apartamento
dele.... Eu precisava saber como estava o meu irmão.... Cheguei no
apartamento e entrei. Eu estava preocupado, o meu irmão estava ferido,
porra. Foi aí que eu comecei a ouvir os gemidos abafados de Rosalie,
enquanto o meu irmão a fazia gozar. Era eu quem deveria ter esse direito,
porra. Eu a tinha visto primeiro. Ele sequer sabia da existência dela até que a
viu com o corpo de mulher.... Eu a amava muito antes. Por fim, acabei
falando o que não devia. Conrad apareceu furioso já me enchendo de porrada,
eu revidei com toda a minha raiva. Depositei cada frustração nos punhos....
No entanto, me dei conta do tamanho da burrice que eu estava cometendo
muito tarde. Ele estava ferido e era inútil brigar por algo que jamais foi meu...
...que jamais esteve ao meu alcance. Rosalie não me amava, ela era
apaixonada pelo meu irmão.... Agora eu estava sentado dentro do meu carro
e com o nariz possivelmente quebrado. Rosalie tinha me acertado a cara e
com razão. Se algo acontecesse ao meu irmão por conta da minha
imprudência eu jamais me perdoaria....
— Mas que porra é essa? – A minha irmã era louca? Eu acreditei nas
palavras de Emily. Ela não conseguia mentir sem que as pessoas notassem,
ela era um desastre ambulante ao mentir.
— Eu pensei a mesma coisa, mas daí ela falou que tinha que se vingar
pela mãe de vocês e que contaria para o senhor Muller. – O que a minha irmã
tinha feito? Ela destruiu as duas famílias.... Meu Deus, a Lucy era um
monstro! — Depois ela conseguiu colocar o seu pai e o de Rose contra ela e o
irmão. Não me pergunte como, porque eu não sei. Eu nem entendo como ela
conseguiu fazer Conrad acreditar que Rose o traiu com você! – Dessa vez eu
a olhei, olhei de verdade. Do que essa maluca estava falando? — Ah, você
não sabia? Pois acredite, a sua irmãzinha transformou a vida daqueles dois
num inferno na terra. Fez Conrad humilhar e fazer a mulher que ele ama
sofrer. Fez Rose acreditar que o marido a traía comigo....
— Não. Transamos uma única vez e foi bem antes deles namorarem...
na outra vez eu fiz Conrad beber até apagar na noite de núpcias, depois eu
tirei as nossas roupas e o fiz acreditar que tínhamos transado. – Olhei para ela
com ceticismo. — Quando você me chamou de Rosalie enquanto dávamos
uns amasso.... Eu me senti usada e acabei me rebaixando. – As lágrimas
novamente. Merda. — E quer saber qual foi a pior parte? A pior parte é que
eu fui a amiga burra que ajudou a Lucy com tudo... – E lá estava a Emily
chorando novamente. — Ela conseguiu me enganar também. – A cada
palavra que deixava a boca de Emily, eu me sentia um pouco mais culpado.
Como eu não notei os sinais de que tudo estava errado? Fui tão egoísta ao
ponto de pensar apenas nos meus sentimentos e deixar tudo e todos de fora?
Sim, eu fui. E essa é a consequência de tudo.
— Então isso vai ter que ficar para depois. – Falei abrindo uma garrafa
de licor e despejando um pouco no copo. — A Lucy fugiu do hospital. – O
meu pai soltou um som estranho de questionamento e logo passou as mãos
pelos cabelos.
— Quando? E por que diabos eu não fui informado?
— O senhor, melhor do que ninguém, conhece a Lucy. Ela deve ter
comprado algum funcionário....
— Quem estava com ela? – O meu pai estava muito vermelho e tive
medo pela sua saúde, que apesar de ser ótima, não era de ferro.
— Você vai ficar bem, amor? – Nicholas passou por mim e beijou a
minha irmã, que concordou ainda em choque. — Eu vou avisar para o meu
pai, você sabe como ele é. Depois vou até você. – Falou a beijando
novamente e colocando a mão dela sobre a minha.
— Precisamos ir, Chloe. – Falei já a puxando comigo. — Só para você
ficar mais esperta: ela está com um comparsa, homem....
— Como é?
— Dylan e ela tinham um caso, eles estavam transando, antes dela ser
internada contra a vontade naquele hospital. – Fazia sentido. Dylan, filho da
puta. O meu amigo tinha infringido a regra número um da amizade: não dar
em cima sob hipótese alguma das minhas irmãs. E o desgraçado havia feito
mais do que simplesmente dar em cima.
Não sei o que me deixou mais nervoso, a minha mãe aos prantos na
frente da tv, ou o horror estampado no rosto do meu pai. Acho que essa se
tornou a expressão geral no rosto de todos dentro da casa. Medo, pavor,
confusão.... A notícia era transmitida ao vivo e antes que eu pudesse entender
melhor o que estava sendo dito ali, o meu pai e minha mãe se precipitaram
em direção a porta. Eu não pensei muito, fui junto... nós não podíamos deixar
acontecer de novo...
CAPÍTULO VINTE E SETE
Rosalie
Eu não sabia o que pensar sobre o que o pai de Conrad tinha falado.
Lucy? Ela estava em um hospital psiquiátrico? LEMBRA, Rose. Eu queria me
lembrar da Lucy, mas mesmo com algumas memórias já de volta no lugar...
da Lucy eu não lembrava.
— Rose. – Conrad me chamou com a voz um pouco mais forte agora.
Eu estava tão feliz e aliviada com a sua melhora que sorri, me aproximando
da cama.
— Não sei, talvez de alguns beijos aqui. – Ele apontou para o pescoço.
— Outros aqui. – Falou indicando a própria boca e sorriu depois.
— Não creio que isso seja permitido, senhor McMahon. – A voz áspera
de uma enfermeira nos fez encerrar o beijo, mas não os loucos bips do
monitor. Ela fez uma carranca que logo se transformou em um sorriso
condescendente e se aproximou para checar as intravenosas de Conrad.
— Obrigada. – Falei assim que ela deixou o quarto. Conrad ainda tinha
aquele sorriso bobo no rosto, e eu não estava diferente.
— Está muito corada, senhora McMahon. – Acho que corei ainda mais
naquele momento.
— Eu estou fodendo uma gostosa agora. – Ele falou com a voz sob o
efeito do álcool. Conrad nunca foi de beber tanto, ele nunca se mostrou um
homem apto ao habito diário de se embriagar. Entretanto ali estava ele,
bêbado. — Não consegue ouvir?
— Vamos embora, agora. – Falei o puxando pela mão, ele veio todo
sorridente pegando a camisa e o sapato pelo caminho. — Não vamos ficar
perdendo tempo aqui.
— Uau, adoro essa sua pressa para ficar a sós comigo, por dois dias
inteiros, completamente a minha mercê! – Só de imaginar o meu coração
começou a acelerar como louco dentro do peito.
— Eu sei, amor. – E mais uma vez deslizou a boca pelo meu sexo, o
que fez com que eu arqueasse o corpo para fora da cama, na sua direção, que
sorriu e, para o meu completo horror e desespero, abandonou o que estava
fazendo para dar atenção a minha barriga. Eu queria dizer que a minha
barriga não tinha tantas terminações nervosas quanto o meu sexo, no entanto
mudei de ideia assim que ele começou a, com a língua, fazer amor com o
meu umbigo. — Você tem o gosto deliciosamente bom, carinho. – Acho que
perdi o ar quando ele tomou um mamilo meu entre os lábios, depois ficou
passando a língua, estimulando, me excitando. Eu já podia sentir a umidade
abandonar o meu sexo sobre o lençol sob o meu traseiro. Eu me sentia
envergonhada com aquilo, mas Conrad parecia completamente maravilhado e
a vontade. Observei ele se afastar de mim com a respiração arfante e começar
a retirar, lentamente, o seu terno caro. Ele estava me torturando, só podia ser
isso. A cada botão que ele abria mais excitada eu ficava. A cada sorriso
safado que ele me direcionava... mais devassa eu me sentia. Esse homem, que
a cada minuto se aproximava de ficar gloriosamente nu na minha frente, ...era
meu. Meu marido. Só meu.... Eu já não poderia esperar mais, me levantando
e ficando de joelhos na cama, comecei a arrancar o cinto, a desabotoar e
deslizar o zíper da calça dele. — Assim, meu amor. – Ele gemeu quando a
calça caiu aos seus pés, que a chutou para longe. Agora ele estava com a
camisa branca aberta, revelando o seu abdome definido, e usando apenas uma
cueca boxer branca e, meu bom pai, ele estava completamente rígido. Fiquei
encarando de boca aberta a ereção que pulsava sob a sua cueca. Eu o queria
dentro de mim. Eu nunca quis tanto isso na vida. Eu nunca estive com
ninguém antes, mas isso não era apenas a curiosidade natural.... Eu quero que
o homem que eu amava me fizesse sua.
— Você é uma delícia, meu amor. – Ele falou beijando o meu mamilo e
sugando forte. — Tão apertada e quente! – Ouvir ele dizer aquilo me deixava
ainda mais molhada e necessitada por ele. — Uma delícia e é toda minha. – A
voz dele estava rouca de desejo e isso me excitava. Pensei que fosse
enlouquecer quando ele começou a se mover para fora e para dentro de mim
enquanto ainda sorvia forte o meu mamilo.
— CONRAD...
— Eu te amo. – Me aninhei ali e desejei nunca mais ter que sair do seu
conforto e segurança. Com ele eu me sentia a mulher mais amada da face
dessa terra. E eu o amava igualmente, senão mais. Não tenho como saber,
mas tenho a certeza de que ele me amava. Conrad me amava, e não era da
boca para fora.
— Ela queria vir por tudo atrás de você aqui, mas o seu pai a está
segurando depois da cena escandalosa. Não a deixa chegar perto da sua
esposa! – Nana me observou e eu, nem Conrad entendemos a preocupação da
mulher.
— Não sei de onde tirou isso mulher, mas não quero que diga a
ninguém que me viu com a minha esposa aqui. Quero que diga a todos que eu
piorei ainda mais, entendeu? –Ela anuiu em concordância — Obrigado, Nana.
Agora diga que eu estava dormindo e que eu já desço.
— E quanto a senhora? – Ela me olhou.
— Diga que cheguei tarde em casa e que brigamos, ela está se sentindo
mal, que não poderá recebe-los. – Ela olhou com cara de choque para Conrad
e eu também. — Pode ficar tranquila que o meu pai vai entender. – E ela saiu
rápido dali.
A VERDADE IMBATÍVEL
Eu não conseguia acreditar que aquela maldita mulher havia feito tudo
aquilo. Como Lucy teve coragem? Mandar mensagens ameaçando o Conrad?
Chantageando.... Mas isso não iria ficar daquele jeito. Eu sabia que ela tinha
um dedo nisso, eu sabia. E agora eu tinha a prova de tudo bem nas minhas
mãos. Quem diria que um simples esbarrão fosse de tanta utilidade? Mesmo
que no ato ela tenha descoberto o meu teste de gravidez e ficado rindo da
minha cara. "Acha mesmo que o Conrad vai querer alguma coisa com você
depois que estiver enorme e gorda? É, acho que não". Droga, aquilo fez os
meus olhos marejarem com lágrimas. A vantagem foi ela ter deixado o seu
celular misturado com as minhas coisas, que eu simplesmente joguei dentro
da bolsa e corri. Desgraçada. Eu estava com tanta raiva. Por culpa dela e dos
seus jogos de manipulação a nossa família estava completamente separada.
Destruída.
— Ora, não seja burra garota! Conrad é tão idiota quanto o seu pai. –
Do que ela estava falando? O que o meu pai tinha a ver com aquilo? —
Bastou que o tolo apaixonado do John aparecesse com a história de que te viu
fodendo com o meu, amado e estimado, irmão Jeremy para que o Conrad
mandasse um e-mail para Emily, dizendo que queria come-la. – O sorriso
daquele monstro me encheu de raiva e... medo? — Olha. – Ergueu uma cópia
do e-mail de Conrad no ar, eu tentei pegar. Só tentei, porque ela foi mais
rápida e o tirou do meu alcance, deixando apenas um pedaço de papel na
minha mão.
— Você é louca Lucy! – Falei e vi a expressão dela mudar de
divertimento para raiva. — VOCÊ É COMPLETAMENTE MALUCA!!!
PRESENTE
— Saia do mundo da lua, vagabunda. – Tenho certeza que a
pele nas minhas costas ficou marcada no lugar que Lucy acertou o cano da
arma.
— Calma, Lucy. – Pedi quando ela me empurrou por uma porta e eu caí
de joelhos no chão.
— NÃO ME PEÇA PARA TER CALMA, SUA VAGABUNDA. –
Meu Deus, todo sangue do meu corpo gelou quando vi o dedo dela puxar o
gatilho prateado do revólver. O som veio ensurdecedor, depois combinou
com a dor dilacerante no meu ombro. Lucy havia atirado em mim, ela iria me
matar e disso eu não tinha nenhuma dúvida. A questão era: quando?
CAPÍTULO TRINTA E UM
JEREMY
Paramos o carro no escuro e vazio estacionamento do hospital, a
primeira coisa que eu vi foi o carro de Dylan. Nem esperei pelo meu pai, já
segui em direção ao carro daquele infeliz. O esportivo escuro dele estava com
a porta do passageiro semiaberta e eu me aproximei devagar, não sabia se
ainda estavam lá dentro e por isso a cautela. Me beirei mais um pouco e o que
encontrei me fez cair para trás, contra o cascalho solto do lugar.
Não foi preciso que dissessem mais nada, vi o rosto do meu irmão
passar de pálido translucido a vermelho.
— Ela pegou a Rosalie.... Você não pode sair daqui, Conrad. – Falei
quando o meu irmão começou a arrancar as intravenosas e os fios ligados a
ele. — Você não pode fazer esforço, Con....
CONRAD
O sangue latejava forte nos meus ouvidos quando entrei no elevador de
acesso ao heliporto do hospital, eu não aguentaria subir pelas escadas. As
peças do enorme quebra-cabeças estavam se juntando dentro da minha mente
naquele instante e tudo que aconteceu de ruim, tanto para mim quanto para
Rosalie, começou a fazer um único sentindo: Lucy. As mensagens de ameaça,
as chantagens e extorsões contra o meu pai e eu, o tiro que eu levei e que
Emily jurou ter sido obrigada ou matariam o seu irmãozinho de apenas dez
anos, a briga entre o meu pai e o pai da Rosalie.... Tudo por culpa de uma
única pessoa/monstro: Lucy.
— Se der mais um único passo.... – Ouvi a voz fria de Lucy assim que
as portas do elevador se abriram e eu tropecei em algo no chão....
— Conrad.... – Era em uma Rosalie toda ensanguentada que eu havia
tropeçado.
— Vejam só.... Que lindo! Uma reunião de família. – Olhei para trás e
vi o meu irmão e minha mãe também. — Só faltou a caçula. Uma pena ela
não ter sucumbido ao veneno, não é?
— Ora sua...
— ACHO MELHOR FICAR CALADO, SENHOR MCMAHON. As
coisas podem não ficar muito boas para o lado da sua nora, ou para o
gostosão do seu filho.
— Filha...
— Não fala nada, mãe. Eu não quero ouvir sermão. – A única pessoa
com a qual ela se importava era com a minha mãe. Lucy amava a tia... acho
que por ela ser a gêmea da sua mãe. — Agora que estamos aqui podemos
colocar os pontos nas frases. – Lucy falou com a voz divertida. — Você sabe
que eu sempre gostei de você, não é gostoso? – Não entendia o porquê dessa
obsessão de Lucy por mim. Eu jamais imaginei ela além de uma irmã. Ela era
a minha prima, caralho! Como eu poderia pensar diferente? E eu já tinha uma
garota nos meus pensamentos desde que a vi na festa da empresa. Lógico que
eu conhecia Rosalie desde pequeno, mas nunca tinha prestado atenção na
garota de nariz enfiado na lente da câmera antes, até aquele dia. Era a garota
mais linda que eu já tinha tido o prazer de colocar os meus olhos. E para
foder com a porra do meu coração, ela só tinha dezessete anos. Foram longos
dois anos, afastando secretamente os pretendentes dela, até eu ter a cara de
pau de chegar perto. — Vai ficar calado, Conrad?
— Não seja estúpida! Você é como uma irmã para mim, jamais pensei
diferente.
— Mãe? – Lucy falou com a voz tremula e tentou dar um passo, mas
Jeremy entrou na frente.
— Vai matar alguém mais além da nossa mãe, Lucy?
— Mamãe... eu não queria.... – Lucy falou dando três passos para trás e
as lágrimas desceram copiosas pelo rosto dela. — ...eu sinto muito... ...eu
não.... – Ela deu mais um passo para trás ficando na borda do prédio. — Eu
não queria atirar em você. – Falou encostando o cano do revólver sob o
queixo e antes que qualquer um pudesse fazer alguma coisa ela puxou o
gatilho. O corpo dela despencou do prédio quase que no mesmo momento
que o som do tiro foi ouvido. Lucy acabava de tirar a vida da mulher que me
deu a minha.... Deus eu queria poder matar Lucy novamente. Ela matou a
minha mãe. Ela matou a minha mãe, meu Deus.
— MÃE? – Eu estava com Rosalie no meu colo no chão e queria puxar
a minha mãe para ele também.... — MÃE? – Eu não conseguia parar de
chorar, todos os momentos felizes vividos ao lado dela foram passando diante
dos meus olhos como em um filme. Eu queria gritar a minha dor, mas nada
além da palavra “mãe” deixava a minha boca. O queimar e arder na minha
garganta dificultava a passagem do ar e logo estava difícil poder respirar.
ROSALIE
Doze horas, vinte dois minutos... e os segundos passavam sem que eu
tivesse animo para acompanhar a sua contagem. Esse era o tempo que se
passou sem que eu pudesse ver como Conrad estava. Sem saber notícias de
nada. Será que aconteceu algo com Conrad? Não sabia o que tinha acontecido
depois que eu perdi a consciência nos braços dele. Se ao menos alguém
viesse me dizer alguma coisa....
— O que está acontecendo, por que ninguém me diz nada? – Com custo
articulei as palavras para perguntar. — Conrad?
— Obrigada, Rosalie.
EPÍLOGO
— Oi, Matt! – A voz que deixou a minha boca era rouca e estranha pela
emoção, não havia mais ninguém no quarto e eu fiquei grata por isso. Tudo
que uma mulher menos desejava ao acordar depois de passar treze horas em
trabalho de parto era encontrar o quarto repleto de pessoas. Tinha a dor que
vinha depois, o desconforto e a descomunal agonia ao amamentar pela
primeira vez. Então ter uma plateia para assistir tudo isso não era bem-vindo.
Conrad parecia ler isso tudo nos meus olhos e sorriu.
— Pedi para o médico para manter todos longe, pelo menos até
amanhã. – Matt se mexeu e capturou a nossa atenção. Ele era tão pequenino,
frágil e lindo. Acho que todos os pais pensam assim ao ver os seus bebês
após o nascimento.
— Obrigada. E você fica muito lindo segurando o nosso garotinho. –
Digo sorrindo para Conrad que estava, desajeitadamente, com Matt nos
braços. Pai de primeira viagem.... Sorrio e ele retribuiu com ferver o meu
sorriso, depois depositou um beijo nos meus lábios e outro na pequena cabeça
do nosso filho.
— Eu te amo, Rosalie...
— Eu te amo, Conrad. – Digo me ajeitando melhor na cama, de modo
que eu ficasse sentada para poder acolher Matt nos braços. — Pode deixar
que eu o seguro. – Falo depois de me sentar e não demora para que o meu
pequenino venha para os meus braços. Ele era tão quentinho e tinha o cheiro
mais delicioso do mundo, eu o reconheceria em meio a vários outros. Ele
também tinha muito cabelo para um bebezinho que acabou de nascer...
— Essa é a cena mais linda que eu poderia desejar ver. – Conrad falou
se sentando ao meu lado e me abraçando. Só percebi a intenção dele quando
o clique de som do obturador da câmera em seu celular foi acionado, mas aí
já era muito tarde.
— Acho que umas vinte vezes desde que acordei, mas é sempre bom
ouvir uma vez mais. – Falei sorrindo levemente.
— Eu te amo, Rosalie McMahon. Matt dormiu!
— É, parece que ele também está cansado das horas e horas de trabalho
de parto.
— E você? Está com alguma dor, quer água, está com fome...?
— Ei, calma. Sim, eu estou cansada e não, eu estou com nenhuma dor.
Sede e fome, talvez depois eu queira algo. – Disparei uma torrente de
palavras cochichadas.
— Ou ela aceita, ou não entra. – Meu Deus, ela vai comê-lo vivo.
Chloe não acatava as ordens nem do próprio pai, quem dirá as do irmão.
— Nada, é que você fica muito fofo quando fala com ele.
— Acho que a palavra que você queria usar é babão e talvez eu esteja
fazendo exatamente isso agora, mas o fato de eu não estar nenhum pouco
incomodado é libertador.
— Eu não sei o que se passa nessa sua cabecinha linda, mas daria
qualquer coisa para que você dedicasse um momento de atenção para o seu
lindo, gostoso e adorado marido. – Sorrio com as palavras de Conrad, sempre
tão... — O que acha de perde-la por algumas horas? – ...Conrad.
— Não tenho dúvida alguma de que o nosso amigão aí tem o tiro certo!
– Falei pouco depois de Conrad me puxar para o seu peito em um abraço
forte e de me encarar nos olhos.
— Então quer dizer que aquele idiota não brincou em serviço, hein? –
Fiz cara feia para a maneira a que ele se referiu a Nicholas, entretanto não
fiquei realmente chateada. Essa era a maneira amorosa e delicada deles dois
se tratarem desde que a Chloe e o Nicholas se casaram há mais ou menos um
ano e meio.
— É, ele não dormiu no ponto. – Gentilmente Conrad me colocou de
costas na cama e posicionou a cabeça contra o meu ventre. — O que você
pensa que está fazendo?
— Ouvindo a nossa garotinha.
— Ela ainda não pode te ouvir, seu bobo. – Falei caindo na gargalhada.
— Estou apenas com seis semanas, é pouco tempo....
— Eu sei que ela pode me sentir. – Disse agarrado a minha barriga.
— É que a mamãe a guarda dentro da barriga até que ela esteja pronta
para nascer. – Sorri diante da explicação de Conrad.
Fim...
O fim é sempre o começo de algo incrível e
inédito em nossas vidas!
Tess Roberts.
Novembro de 2015.
Agradecimentos