Você está na página 1de 115

Deliciosa Traição © Yolanda Carmesine 2018

Todos os direitos reservados.


Design de capa: Yolanda Carmesine

Acompanhe novos lançamentos no Facebook da autora:


https://www.facebook.com/YolandaCarmesine/
SUMÁRIO

Sumário
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Leia também
Contos Eróticos por Yolanda Carmesine
CAPÍTULO 01

O relógio grita ao meu lado da cama. Instintivamente, procuro pela


presença de meu marido Alexandre ao meu lado e como sempre, ele não está.
Levo alguns minutos para lembrar que tive dificuldades de pegar no sono.
Sou uma daquelas pessoas que precisa do silêncio total e da escuridão para
poder adormecer e, infelizmente, depois que meu marido perdeu seu
emprego, dedica suas noites e até mesmo uma grande parte de seu dia para
jogos online.
Respiro fundo e tento manter minha mente serena. Já cansei de
chamar atenção dele para esse vício que começa a dominá-lo por completo,
mas prefere me ignorar. Tudo bem, viciados são assim mesmo, eles nunca
admitem que estão realmente viciados em algo. Mas, não posso ficar
divagando em meu leito ainda quente e moldado pelas minhas curvas ainda
bem conservadas.
Forçando o corpo ainda cansado, arrasto minhas pernas para o lado da
cama e deixo um de meus pés sentir o choque do chão frio. Penso em voltar a
dormir, mas não posso. Preciso levantar, me preparar, arrumar algumas
coisas e partir para meu trabalho. Tudo bem que ainda é cedo demais. Entro
às 16hs no trabalho e saio apenas as 00h, sou atendente de uma hamburgueria
nas imediações do bairro Morumbi.
Isso é um pouco frustrante, mas acabei me acostumando, como tudo
em minha vida. Acabei aprendendo que ou você se acostuma com sua
realidade, ou fica louca e depressiva de tanto ficar pensando onde falhou.
Não posso ficar pensando nessas coisas, me deixar levar seria mergulhar
ainda mais profundamente em minhas frustrações.
Coloco o outro pé no chão e sinto o frio escalando minhas pernas.
Mexo o pescoço de um lado para o outro e ergo os braços me espreguiçando
deliciosamente. A cama me chama, os cobertores ainda com o calor do meu
corpo são tão sedutores quanto um homem apaixonado, algo que, confesso,
se realmente fosse um homem ali, provavelmente deitaria e não me levantaria
nunca mais.
Peguei meu celular ao lado de minha cama e depois de olhar o
horário, dei uma passada rápida pelo WhatsApp em busca de novidades.
Como sempre, diversas mensagens de bom dia que, sempre acreditei serem
praticamente automáticas, provavelmente as pessoas que enviam nem leem,
só acham a imagem bonita e pronto, estão compartilhando.
Entre um contato e outro, eis que uma de minhas amigas perversas me
manda um vídeo de sexo explícito.
Abaixo o volume, meu marido ainda está na sala, sentado com seu
laptop em seus jogos de azar. Dou play no vídeo e o que vejo me deixa sem
fôlego. Vejo um homem transando com uma mulher, não é um dos homens
mais belos que já vi, mas ele parecia pegar a mulher com gosto, sabe... Ele
estava com suas duas mãos enormes nos quadris e a chocava contra seu pênis
duro que entrava com facilidade. A mulher não gemia, sua expressão era de
estar extasiada. Ela estava sendo possuída e devorada por um macho que
sabia como comer uma mulher.
Fiquei mais excitada ao olhar a expressão da mulher. Cheguei até
mesmo a assistir ao vídeo mais de uma vez. Ela realmente parecia estar
adorando transar com aquele homem e, sinceramente, era o que eu também
queria, sentir aquele tipo de prazer impresso nas minhas feições, ser comida
de uma forma tão intensa ao ponto de esquecer de gemer para prestar atenção
nos milímetros de carne que adentravam minhas carnes quentes e
umedecidas.
“Puta que pariu”, o xingamento me arrancou de meus devaneios e me
levantei da cama. Sim, me levantei, estava tão impressionada com o vídeo
que havia deitado novamente e, instintivamente, começado a me tocar. Sei
que é algo normal uma mulher se tocar, mas, particularmente, com um
homem por perto, isso não era serviço para mim... Respirei fundo e mandei
uma mensagem para minha amiga comentando o vídeo e deletei tudo. Apesar
de às vezes achar que meu marido não se importa comigo, ele é bem
ciumento e já aconteceram grandes discussões por causa de mensagens de
celular e nas redes sociais.
No meu quarto tenho um espelho de corpo inteiro preso à parede.
Parei diante dele, me espreguicei e fiquei me olhando por alguns momentos.
Aquilo fazia parte de meu dia, me olhava e pensava em meu corpo, em minha
jovialidade que aos poucos escorria pelos dedos de minhas mãos. Como
sempre gostei de dormir com uma camisola bem folgada e fácil de tirar,
deixava as alças passar pelos meus ombros e logo estava com meus olhos
focados em meu corpo nu.
Não me julgo uma mulher feia, quer dizer, durante muito tempo me
julguei uma mulher bonita. Quando namorávamos meu marido costumava me
chamar de mulher semáforo e mesmo sabendo por que, perguntava para ouvi-
lo responder “você é de parar o trânsito”. Achava lindo e adorava ouvir
aquilo. Pena que havia muito tempo que não dizia e, que não olhava para
mim como uma mulher de parar o trânsito.
Analisei meu corpo atentamente. Meus seios não estavam tão ruins
para uma mulher de trinta anos, para ser franca, ainda conseguia ralar muitas
garotas mais novas que eu. Como sempre fui uma mulher atenta para minha
alimentação, meu corpo era atrativo e minhas curvas bem acentuadas. Virei-
me de lado, tinha uma bunda arredondada, bem feita, daquelas que faz
qualquer homem virar a cabeça para espiar.
Resumindo, eu era uma mulher bonita, ainda atraente, algo que
piorava meus momentos de reflexões. Há tempos que eu e meu marido não
fazíamos nada intimo. Era triste. Quer dizer, os primeiros meses de abandono
foram desesperadores, mas com o passar do tempo fui perdendo minha
vontade até chegar ao ponto de achar que estava me tornando uma mulher
fria.
Eu conversava com minhas amigas a esse respeito. Não com qualquer
uma, apenas com as mais intimas e mais amigas. A garota do vídeo era uma
delas e por isso que ela vivia mandando putaria para mim, dizendo que o meu
vulcão de prazer devia voltar à ativa, para abalar e queimar tudo que ousasse
me penetrar. Ela é uma pessoa tão divertida quanto pervertida, me contava
tantas histórias que eu chegava a ficar ensopada lá embaixo. Ela uma garota
de sorte, podia conseguir – e conseguia – qualquer homem que quisesse.
Peguei o roupão no armário e, assim que o vesti, meu celular apitou
com uma nova mensagem. Ao ver quem era, guardei-o no bolso e atravessei a
sala no caminho ao banheiro.
Pela forma como dormia, jogado no sofá da sala com o laptop na
barriga, meu marido havia passado outra noite jogando pôquer online. A
porta de tela estava aberta para a circulação de ar, mesmo assim o fedor de
fumaça beirava o insuportável. Nunca liguei para seu vício em cigarros, mas
ultimamente até isso me aborrecia.
Pensei em chamar atenção dele quanto às garrafas e bitucas no
carpete, mas como qualquer coisa que eu dizia virava discussão, eu fiquei
quieta e apenas o despertei com um beijo na testa.
Ele mal se virou para me cumprimentar e já foi ligando o laptop de
novo, ansioso por mais uma partida. Eu deixei. Estava cansada demais para
discutir e havia muitos afazeres domésticos pela frente. Segunda-feira era o
dia de faxina.
Entrei no banheiro, tirei meu roupão e pendurei no ganchinho de
roupas, sentei-me no vaso e, logo em seguida, lembrei da mensagem de
minha amiga.
Levantei-me, peguei o celular e voltei para meu lugar. Ela havia
mandado outro vídeo, desta vez com a seguinte legenda: já pensou você com
um desses? Aquilo me deixou com receio, mas a curiosidade falou mais alto.
Quando dei play no vídeo, o que assisti me deixou com água na boca.
Antes de continuar meu relato, quero deixar uma coisa bem clara: não
sou uma ninfomaníaca e nem aquele tipo de mulher que é uma puta entre
quatro paredes. Sempre fui uma mulher muito comportada, muito certinha.
Na primeira vez que deixei me levar pelo tesão, meu namorado simplesmente
perguntou no meio da transa por que estava agindo daquela forma... Depois
disso, nunca mais.
No vídeo que minha amiga mandou, primeiramente aparece um rapaz
dançando inocentemente. Um jovem bonito de cabelos compridos, na faixa
de seus 20 e poucos anos. Ele dança e canta uma música desconhecida, e de
repente, a câmera começa a descer. Seu rosto desaparece, seu peito passa, sua
barriga também e na sequência, eis que surge um pênis duro. Dei pausa no
vídeo e com os olhos fechados balancei a cabeça, minha amiga era terrível
demais.
Eu considerei seriamente fechar aquele vídeo, mas o calor lá embaixo
superava o meu bom senso. Minha fenda parecia ferver, cada vez mais
umedecida.
Após um longo suspiro, eu decidi que não havia maldade em admirar
o pau de outro homem, ainda mais por um vídeo, só iria olhar e quem sabe o
que mais... Homens faziam aquilo o tempo inteiro, por que não nós
mulheres? Esse pensamento me encheu de coragem e apertei o play
novamente, olhei para a barra do vídeo e não havia passado nem trinta por
cento, ou seja, setenta por cento era do rapaz exibindo sua masculinidade. E
que pênis...
Bom, algo daquele jeito não era um pênis, mas sim um pau. Não
gosto de usar esse tipo de palavra, mas, quando as coisas nos deixam com
água na boca e com uma vontade imensa de enterra-lo dentro de nós, só
existe uma palavra para denominar: pau. O pauzão daquele jovem era lindo,
grosso, tinha uma cabeça protuberante e rosa e as veias não eram exageradas.
Prestei tanto atenção naquela coisa que salivei por cima e por baixo, mas,
minha realidade era outra.
Pensando nisso, eu guardei o celular e voltei meu pensamento à pilha
de louça suja que me aguardava. Como perdi meu tempo olhando pau de
macho, eu precisaria correr se quisesse limpar tudo.
Eu entrei no box e liguei o chuveiro com esperanças de que a água
acalmasse meu corpo. Senti a água quente banhar meu corpo tentei manter o
pensamento na louça, na poeira dos móveis, no carpete a aspirar, mas o pau
do rapaz parecia gravado em minhas retinas. Ignorei e comecei a me lavar,
mas quando fui lavar minha vagina, um arrepio terrível eletrizou não somente
meu corpo, mas também minha alma.
Tomada pela loucura do desejo, eu equilibrei o celular na janela do
banheiro e continuei assistindo ao vídeo. Como o barulho do chuveiro
abafaria o som, decidi aumentar o pouco o áudio e para minha surpresa, o
rapaz não estava mais cantando. Na hora que estava aparecendo seu pau, ele
estava oferecendo, dizendo para imaginar como seria ter aquilo na boca,
como ter aquilo entrando na buceta ou ter aquilo socado no cu.
Ao ouvir aquilo, meu corpo ferveu em espasmos quentes e sem querer
acabei gozando ali mesmo, só de imaginar aquilo abrindo as carnes de minha
buceta faminta por um pau daqueles. Agora não era mais vagina, era buceta, e
eu não era mais uma mulher recatada, mas sim uma mulher louca por uma
rola entrando e saindo de dentro de mim, me fazendo mulher, fazendo-me
deslizar por aquele caralho cabeçudo e lindo.
Se aquele jovem surgisse naquele instante em meu banheiro, eu
sinceramente lhe entregaria até aquilo que não havia dado para ninguém em
toda minha vida.
Não sei quantas vezes gozei durante o banho, mas eu saí com as
pernas bambas e ainda mais sedenta pela coisa real. Depois de me secar e me
perfumar, fui até a sala e abracei meu marido por trás e comecei a beijar seu
pescoço. Estava precisando sentir algo dentro de mim, mas, infelizmente,
meu marido desviou das minhas carícias dizendo que precisava terminar
aquela partida.
De volta à realidade, eu vesti minha roupa de faxina e comecei a lavar
a louça.
CAPÍTULO 02

Estava cansada. Havia terminado todo o serviço. A casa estava limpa,


as roupas no varal, a comida esquentando no fogão e meu marido ainda
jogando pôquer. Eu já havia esquecido sua negativa ao sexo pela manhã e
também excluí o vídeo do jovem gostoso para não piorar a situação.
Tentei chamar meu marido para almoçar comigo, sem sucesso. Ele
ganhava algum dinheiro com aqueles jogos, mas o mesmo dinheiro que
ganhava, perdia. Era um círculo vicioso que ele não conseguia perceber.
Conhecendo-o como conhecia, fiz meu prato e almocei sozinha. Com certeza
ele comeria mais tarde, e ainda deixaria a louça suja para mim.
Assim que terminei, troquei de roupa, arrumei minhas coisas, passei
pela sala e me despedi, não o beijei como costumava e ele também não se
importou com isso. Saí de casa pisando firme, as coisas estavam ficando cada
vez piores e sentia que aos poucos aquela situação começava a agravar ainda
mais. Todo o sustento da casa era provido por mim e não havia
reconhecimento algum para equilibrar meus esforços.
Para piorar o meu dia, o ônibus estava lotado. Chegar ao Morumbi
seria um verdadeiro martírio, mas algo me fazia sentir bem, e o estresse no
trabalho terminaria de distrair minha mente.
Eu peguei o celular e comecei a conversar com a minha amiga safada.
Xinguei ela ao saber que o jovem que ela postara era na verdade um peguete
dela... Que vaca, pensei comigo, aquele pau que fantasiei havia estado ao
alcance de suas mãos. E o pior é que ela ofereceu o WhatsApp daquela
tentação para mim. Claro que recusei.
Marcele – minha amiga tarada – era uma ótima pessoa, mesmo sendo
tão perversa quanto era, mas eu não a discriminava por isso. Aquilo era o
resultado de relacionamentos terríveis, ela simplesmente desistira de algo
sério e partira para curtir a vida enquanto tinha corpo para oferecer. Ela dizia
que eu precisava que fazer o mesmo, mas eu era casada e ela sabia disso.
“Vanessa” ela me disse pelo aplicativo, “você precisa aproveitar sua
vida, menina... é linda demais para ficar criando teia de aranha aí embaixo...
você precisa liberar essa porra... se o maridão não chega junto... dá um
ultimato e avisa, se ele não mudar... libera pra quem quer”. Esse era o tipo de
conversa que Marcele tinha comigo. Confesso que gostaria de fazer algo
assim, mas sempre me faltou coragem.
“Você é muito pervertida, Marcele... Eu não sou assim como você!”
“Não sou pervertida, querida.” Respondeu ela. “Só estou vivendo
minha vida... Quando estiver mais velha, e ninguém me quiser mais, penso no
que vou fazer”.
“Provavelmente vai comprar um daqueles consolos gigantes para
aplacar esse fogo”, eu respondi, tirando com a cara dela.
“Que nada, eu gosto de carne fodendo minha carne”, senti meu rosto
ficar vermelho e aquelas palavras me deixaram molhada novamente,
“contrato um daqueles garotos de programa e resolvo meu problema... eles
fazem tudo por dinheiro”.
“Vamos mudar de assunto...” eu disse para a minha amiga. Não era
um assunto para ser conversado em um ônibus abarrotado de gente e eu
também não queria ficar pulsando lá embaixo. “Não basta o vídeo daquele
rapaz me enlouquecendo de manhã cedo?”.
“Viu, você tem sangue bombeando nessa bucetinha, amiga... Precisa
liberar isso ai... Colocar na roda kkkkk”.
“Aham... você é tão sutil, Marcele... Vai queimar no inferno, desse
jeito”.
“Queimar no inferno? Só se for a minha rosca! Kkkkk”
“Besta...”
De repente, eu senti um homem encostando atrás de mim.
Disfarçadamente eu olhei para trás e constatei que não era intencional, o
ônibus estava lotado. Ele me olhou e ficou sem graça. “Marcele, preciso parar
de conversar, tem um homem colado em mim aqui”.
“Um tarado?”
“Não, ele não tem cara de tarado”.
“Gostoso?”
“Marcele!”
“Responde, cacete”.
“Ele é... agradável”.
“Hum... Ele tá muito colado em você?”
“Ele tá colado na minha bunda, Marcele! Estou até sentindo o pênis
dele.”
“É um pênis grande?”
“Marcele, você não acha que está passando dos limites? Que história
é essa? Vou ficar prestando atenção nos paus dos outros que me encoxam no
ônibus!”
“Moça?” Disse o rapaz engatado atrás de mim. “Desculpa a
esfregação, o transporte público é um horror neste horário.”
“Não, tudo bem”. Respondi para o jovem rapaz que, percebi então,
tinha olhos azuis realmente lindos. “Somos apenas vítimas deste horário de
pica... quer dizer, horário de pico.”
“Primeiro a greve dos motoristas, depois o apedrejamento dos
ônibus... As coisas estão uma loucura.”
“Sim... pois é...” Meu celular começou a vibrar como um louco.
“Com licença”. Voltei os olhos para o celular e tinha dez mensagens de
Marcele me chamando. Eu contei sobre nossa breve conversa e ela mandou
um emoji endiabrado, algo estava brotando naquela mente perversa.
“Amiga, se aproveita um pouco da situação... O cara não é um
daqueles tarados, então dá umas encostadas, finge que é o ônibus
balançando”.
“Você é louca?” Marcele realmente tinha algum problema gravíssimo.
“O ônibus tá mais cheio que lata de sardinha, minha querida, não dá para se
mexer”.
“Só se vive uma vez, Vanessa, meu bem.”
“E se ele for casado?”
“Ué, você também é... E, você não está chamando para cama, só
está... brincando um pouco.”
Não sei por que cargas d’água ouvi minha amiga. Encostei minha
bunda no rapaz por alguns segundos e ele logo se afastou, mas, com a cara e
a coragem eu olhei para ele e disse para não se preocupar, era apenas o
sacolejo do ônibus. Então ele veio mais para frente e senti seu corpo junto a
minha bunda.
“Pronto.” Disse voltando para minha amiga. “Está feliz? Ele tá colado
em minha bunda e olha que eu nem gosto dessas coisas.”
“É que ninguém te comeu por trás como se deve comer uma mulher.”
“Poupe-me dos seus comentários, Marcele”.
“Enquanto você não liberar o brioco, não conhecerá o verdadeiro
orgasmo”.
“Não preciso conhecer”.
“Ahh, precisa. Precisa mesmo... Mas, me conta... E o pau do
encoxador?”
“O que que tem?”
“É grande? Tá duro? Tá mole”
“Mole né Marcele!” Ela realmente era impossível. “O cara tá
morrendo de vergonha, acha que vai ter uma ereção aqui dentro?”
“Tudo depende de você, amiga... Vamos descobrir o tamanho da
chupeta desse cara. Encosta nele.”
Marcele não me deixaria em paz com certeza e, como o rapaz parecia
não ser uma pessoa ruim, decidi entrar no jogo. Encostei nele novamente e,
ele se afastou, mas corajosamente olhei para ele e sorri. Ele se tocou e acabou
encostado novamente. Senti as curvas de seu membro em minha calça e,
estranhamente, agradeci por ter escolhido uma calça legging, daria para sentir
melhor.
Foi então que o cara percebeu o que estava havendo. Ele se
aproximou ainda mais e começou a enrijecer no meio das minhas nádegas.
Respirei mais uma vez e guardei o celular na bolsa, minhas pernas
formigavam tanto que eu precisava segurar nos ferros do ônibus.
Devidamente apoiada, eu baixei a cabeça em sinal de aprovação e o
gostosinho dos olhos azuis me prensou com vontade. Lembrei na hora do
rapaz do vídeo e comecei a pensar se o daquele rapaz seria parecido.
As coisas ficaram tensas... Eu olhava para os lados procurando
alguém que estivesse olhando a cena, mas todos estavam compenetrados em
suas vidas, ninguém parecia se importar com a brincadeira que estava
acontecendo. Por isso, acabei relaxando e cometi um erro, fechei os olhos
para sentir melhor. Quando fiz isso, minhas pernas fraquejaram e acabei me
desequilibrando.
Para minha sorte, o rapaz agiu rápido. Ele agarrou minha cintura e me
pressionou ainda mais forte contra sua monstruosidade.
“Você está bem?” Perguntou ele, se fazendo de ingênuo. Fiz que sim
com a cabeça e aos poucos fui sentindo sua mão forte deixando meu corpo.
Confesso que queria sentir mais daquele aperto, talvez fosse aquilo que
chamavam de pegada.
O rapaz continuou ali, com aquele pau duro no meio de minha bunda.
Às vezes eu reunia coragem e disfarçava, coçando uma parte de minha coxa
só para poder abaixar e levantar minha bunda para senti-lo deslizando. Minha
vontade era fazer aquilo com a minha buceta, que estava babando de tesão e
queria deslizar sobre aquela coisa grossa e dura também. Queria sentir os
músculos, a cabeça dividindo seus lábios, esfregando na pele sensível até ser
sugado completamente para meu interior molhado.
Mas, aquilo era impossível, ficar de frente para o rapaz daria na cara
de todos e deixaria nossos lábios próximos demais. Tinha que me contentar
com aquela depravação nas nádegas mesmo e, inesperadamente, comecei a
imaginar algo que fez meu corpo arder ainda mais. Pela primeira vez em
minha vida, comecei a imaginar como seria ter algo entrando e saindo de
minha bunda. Qual seria a sensação do mastro deslizando para dentro de mim
e depois saindo... Sempre achei algo repulsivo, mas segundo a minha guru do
sexo, Marcele, era algo maravilhoso.
O rapaz que estava atrás de mim percebeu minha respiração alterada e
se deixou levar. Quando o ônibus parava ou alguém empurrava, ele se
apertava e encaixava melhor entre minhas nádegas. Eu sentia o calor de seu
membro, sua envergadura, sua pulsação desejando entrar em mim... mas
ambos sabíamos que era impossível, então tudo que nos restava era a
brincadeira, que não demorou muito tempo. Para minha tristeza, o ônibus
começou a esvaziar e o rapaz se afastou de mim antes que alguém reparasse.
Ele parou ao meu lado e sorriu.
Morrendo de vergonha, eu baixei minha cabeça me perguntando de
onde tirei tanta coragem e acabei olhando para o volume de sua calça. Perdi o
fôlego ao perceber o relevo sob o tecido escuro, e mais uma vez minha boca
encheu d’água. Estranhamente, eu pude sentir o cheiro de desejo que
emanava de nossos corpos, mas infelizmente ele apertou a campainha e
desceu do ônibus.
Olhei para ele na calçada e notei que algumas mulheres também
reparavam no volume que aquele belo exemplar trazia no meio das pernas.
Orgulhosamente, me peguei pensando que era uma mulher sortuda, pois tive
aquela barra de aço roçando em minha bunda a viagem inteira, praticamente.
Quando desci do ônibus, algumas paradas depois, eu estranhei o meu
andar. Algo não parecia normal na minha buceta. Era como a vez em que
chovia, e eu me sentei em um banco empoçado sem perceber.
Ao chegar à hamburgueria onde eu trabalhava, fui direto para o
banheiro. Precisava ver o que estava acontecendo. Quando baixei a roupa,
percebi que não teria outro jeito a não ser ficar sem calcinha, que mais
parecia um parque aquático. Aqueles eram os líquidos de uma mulher
faminta por sexo, louca para ser amada, comida e fodida por um homem viril
e pauzudo.
CAPÍTULO 03

Meu dia começou terrível, e mesmo após aquela brincadeira no


ônibus as coisas não davam sinal de melhorar.
Não falei muito sobre meu trabalho por que não tive necessidade, mas
agora, posso falar um pouco a respeito. Como eu já havia mencionado, eu
trabalho em uma hamburgueria gourmet no bairro do Morumbi. É um lugar
frequentado pela alta sociedade, com chefes metidos que não respeitam os
funcionários. Mas isso é irrelevante, em vista que os chefes raramente
aparecem. A minha função é coordenar os funcionários e resolver qualquer
problema, um serviço que deveria ser deles.
E não pense que trabalho ali há muito tempo. Comecei há poucos
meses, comecei quando percebi que meu marido não arranjaria um emprego
tão cedo. Quando cheguei as coisas estavam uma bagunça tremenda, tanto em
termos de processo dos lanches quanto a parte contábil. Foi um trabalho
árduo, mas consegui colocar tudo em ordem. Não fui contratada para isso,
mas como não tinha muita coisa para fazer, fui acertando o que achava
necessário.
Os donos notaram o meu empenho e me promoveram. A partir desse
momento, deixaram de visitar a loja e hoje em dia se limitam a telefonar ou
mandar mensagens de voz via celular. Meu salário deu uma leve aumentada,
mas a responsabilidade e o tempo de serviço são extenuantes. Um dia de
descanso na semana e um sábado por mês não são suficientes para relaxar
como preciso. Mas, essa é a palavra: preciso.
Com a minha capacidade de organização, o lucro da loja foi
melhorando gradativamente. Alguns clientes gostavam tanto de nossos
produtos que não perdiam nenhuma das promoções. Mas, você deve estar
pensando o que tem a ver falar de meu trabalho em meu relato... Sei que pode
parecer sem sentido, mas, não quero que pense mal a meu respeito.
Quero que se coloque em meu lugar, que entenda pelo que eu passei
para não me julgar de maneira negativa, sei que, mesmo com essa explicação,
muitas julgarão, mas, pelo menos tente compreender... Infelizmente, certas
tragédias tiram o chão sob os nossos pés, e no desespero do momento não
percebemos que estas mesmas tragédias acabam por pavimentar caminhos
novos e igualmente promissores.
Como disse, eu era uma funcionária de confiança, ou seja, abria e
fechava a hamburgueria. Isso me causava alguns transtornos. Houve dias em
que tive que ir para casa de táxi por ter perdido os últimos ônibus, mas nem
sempre tinha dinheiro para fazer isso e por essa razão, precisava fechar tudo o
mais rápido que podia.
Bom, Morumbi não é um lugar muito seguro de se ficar esperando
ônibus, ainda mais sozinha. Por ser um bairro nobre, muitos marginais
acabam procurando vitimas pela região. E a rua da hamburgueria não é uma
das mais populosas, a parada do ônibus ficava diante do único prédio, e
mesmo assim era um prédio pequeno, de três andares com paredes de
vidraça.
Observar o prédio solitário me distraía do nervosismo, eu ficava
olhando e pensando no tipo de serviço das pessoas que trabalhavam ali,
enquanto o maldito ônibus não vinha me salvar dos perigos da noite. No
último andar sempre tem um ônibus debruçado na janela, fumando seu
cigarro. Todas as noites, sem exceção, ele está ali. Eu chego a pensar que o
segurança (ele é um segurança, certo?) curte me observar na solidão daquela
rua deserta, pois sempre que apareço ele também surge no alto, baforejando
seu cigarro.
Para algumas mulheres, sentir-se perseguida por um homem estranho
congelaria até os ossos, mas eu já estava acostumada com sua presença. Não
era medo, ou qualquer sentimento negativo. No silêncio de minhas noites
solitárias ela era minha única companhia e, se realmente fosse um segurança,
com certeza me protegeria de um eventual assaltante.
Confirmando minhas suspeitas de perseguição, sempre que eu subia
no ônibus eu espiava para cima uma última vez e o assistia ir embora,
desaparecendo nos mistérios daquele prédio.
No começo aquela pessoa me assustava, vai saber o que aquele
fumante inveterado fazia lá em cima na escuridão enquanto me olhava... vai
saber o teor de seus pensamentos... E se estivesse apenas aguardando o
momento certo para me arrastar para dentro do prédio e me possuir... Mas,
podia ser um daqueles senhorzinhos simpáticos e gentis que só querem ajudar
de alguma maneira.
Mais uma vez eu subi no ônibus, e mais uma vez o cara foi embora no
mesmo instante.
Como podem ver, minha vida parece muito sem graça, quer dizer,
tirando a sombra que me observa todos os dias e o que me aconteceu de
manhã no ônibus com aquele rapaz. As únicas constantes na minha vida eram
o serviço na hamburgueria, meu marido inútil jogando pôquer no sofá e a
eterna louça suja que parecia procriar no meu tempo longe de casa.
E antes que você brigue comigo, saiba que sim, eu já tentei inúmeras
vezes conversar com meu marido a respeito da casa, disse milhares de vezes
que seu vício em pôquer me incomodava, até cheguei a dizer que podia ficar
naquela merda o dia inteiro, que eu gostaria de alguma atenção quando
chegasse em casa mas, como sempre, minhas solicitações entravam por um
ouvido e saiam pelo outro.
Tudo bem, às vezes me sentia um lixo, minha autoestima ia lá
embaixo, não me sentia desejada e, confesso, nem me sentia uma mulher
bonita e desejável. Aliás, acho que nem me descrevi nesta pequena e não tão
breve confissão... Confissão? Sim, isso é parte de uma confissão de algo que
mudou completamente minha vida de uma maneira inesperada, mas, calma,
logo chego ao clímax dos acontecimentos.
Como começar a me descrever? A julgar pelos olhares masculinos, eu
diria que sou bastante desejável, bela e no auge de meus trinta anos. Tudo
bem que meus seios já não são mais aquelas belas turbinas, mas ainda são
belos de se ver e de se tocar. Meus cabelos são longos, loiros e lisos. A
Marcele, a minha amiga tarada, diz que meus olhos são como duas
jabuticabas de tão pretos. Pele branca, estatura mediana e um corpo comum,
digamos assim.
E agora que sabe um pouco mais sobre mim, deixe-me continuar o
relato.
Naquela noite eu cheguei em casa perto da uma hora da manhã, e
mais uma vez fui recepcionada por uma pilha de copos e pratos sujos na pia.
Eu tirei os sapatos ao lado da geladeira e ao chegar à sala, meu marido
Alexandre estava no computador, ou melhor, ainda estava.
Ele me cumprimentou com um “oi amor, tudo bem?” mas nem sequer
se incomodou para olhar em minha direção, algo que, sinceramente, agradeci.
Por causa do incidente com minha calcinha e devido à minha calça colada,
dava para ver direitinho o formato de minha vagina. Alexandre jamais
repararia nisso, ao contrário dos motoqueiros da loja e os outros funcionários,
mas por sorte, lá tínhamos que trabalhar com um avental preso à cintura.
Respondi o cumprimento com o mesmo entusiasmo e depois de
colocar minha bolsa no mancebo do quarto, peguei minha toalha e fui tomar
um banho. Estava chateada, era um sentimento que sempre batia no peito ao
chegar em casa, era sempre a mesma coisa, todos os dias a mesma merda. E
como não tinha muito para fazer, respirava fundo e aceitava meu destino. Sei
que você pensa que sou uma tola por aguentar tudo isso, mas considere isso:
Ninguém em toda a história da minha família super-religiosa se divorciou. Eu
não queria ser a primeira.
Eu tirei minhas roupas e por alguns segundos fiquei me olhando no
espelho, me perguntando como as coisas chegaram naquele ponto... Uma
resposta que nunca consegui, no final o que me restava era aceitar e pronto.
Eu deslizei o vidro do box e senti o frio do assoalho percorrer minha
pele e ouriçar todos meus pelos. Aquilo tirou meus pensamentos de minhas
mazelas. Liguei o chuveiro, prendi o cabelo em um coque e deixei a água
quente alisar meus ombros. Era relaxante sentir o corpo sendo aquecido aos
poucos.
De olhos fechados, eu comecei a pensar sobre meu dia, foi quando me
toquei que havia deixado o celular no quarto e que não havia deletado o vídeo
que Marcele havia enviado. Fiquei preocupada por alguns segundos, mas
Alexandre já não era mais o homem que investigava meus contatos o tempo
todo, agora ele parecia não se importar mais. Pensei em deixa-lo onde estava,
mas estava com outras intenções.
Fechei o chuveiro, me enrolei na toalha e fui até o quarto pegar o
aparelho. Alexandre sequer percebeu minha passagem. Voltei para o banheiro
com o celular e procurei pelo vídeo entre os xingamentos de não ter narrado o
acontecido com o bonitão do ônibus. Ao encontrar o vídeo, dei play e
adiantei para a parte que queria ver, arrumei o celular no vitro mais uma vez e
fiquei ali olhando, apreciando aquele pau duro e cabeçudo sendo exibido
apenas para mim naquele momento.
Comecei a lavar meu corpo com sabonete imaginando as mãos
grandes e fortes que masturbavam aquele cacete que parecia tão gostoso. O
tesão brotou das profundezas de meu corpo e comecei a sentir minha buceta
pulsando, comecei a me masturbar deliciosa e vagarosamente, queria curtir
aquele momento, queria deixar aquela sensação mais duradoura... Quando
finalmente cheguei ao clímax, suspirei aliviada, peguei o celular, apertei o
play novamente e logo em seguida, o pause. Fiquei olhando para aquele pau
atentamente e tentando descobrir se o pau do cara do ônibus poderia ser
daquele jeito.
Ao me lembrar da minha brincadeira no ônibus, o tesão se acendeu de
novo. Aquilo era o resultado de dias e mais dias sem sentir um membro duro
abrindo e invadindo minha carne. Eu sentia falta, essa era a verdade... No
fundo eu não queria ser esposa, mas uma puta, daquelas que não chupam um
pau, mas daquelas que saboreiam, que engolem, que param e olham para ver
o tanto que consegue enfiar na boca, daquelas que mamam com gosto e que
só param quando sentem a porra quente enchendo o céu da boca, enquanto
que a buceta só falta soltar faíscas.
Sem querer, acabei trombando em uma das mensagens de Marcele a
respeito de sexo anal, aquilo me deixou com mais tesão ainda...Pensar na
possibilidade, na curiosidade... Como seria a sensação... Mas meu marido mal
comia minha buceta, imagina o meu cu... Enfim, como não pretendia dá-lo
pra ninguém, abri o navegador de meu celular e procurei por um vídeo de
sexo anal. Fiquei parada ali olhando alguns e acabei encontrando um que
parecia interessante. Dei play e vi uma rola imensa desaparecendo dentro do
cu de uma mulher, fazendo-a gritar e gemer em profundo êxtase.
Bom, se era gostoso ou fingimento eu não tinha como saber, mas a
garota parecia estar adorando. Coloquei o celular no vidro e continuei me
lavando, quando fui lavar minha bunda, por curiosidade, passei meu dedo
para ver se sentia algo e não senti absolutamente nada. Provavelmente aquele
negócio de sexo anal não era para mim.
CAPÍTULO 04

Como todos os dias, ao despertar procurei o meu marido no lado da


cama e, como sempre, dormi sozinha.
Quando cheguei à sala encontrei com Alexandre dormindo em cima
do computador. Pensei em acordá-lo mas preferi deixa-lo naquele estado,
tudo bem que ele se arrependeria amargamente pelo incomodo de suas costas.
Seria um bom castigo.
Depois de recolher minha roupa, notei que já estava na hora de ir
trabalhar. Alexandre acordou sozinho e já estava de volta aos jogos,
ganhando e perdendo, como sempre. Meu marido era tão viciado naquilo que
quando faltava internet em casa ficava com aquele ar de loucura nos olhos,
dava até medo.
Eu dobrei as roupas secas para passar mais tarde e fui trabalhar. Por
mais incrível que fosse, desta vez não me importei com a frieza do
Alexandre. Meus pensamentos estavam no ônibus que ia pegar e, estava
torcendo para encontrar o mesmo homem da tarde anterior. Quando o ônibus
chegou ao ponto, notei que estava mais lotado.
Entrei no ônibus e fiquei no mesmo lugar de sempre, próximo do
cobrador, passou um, dois, três pontos e nada daquele jovem interessante.
Olhei no celular para tentar distrair as expectativas e não vi mensagem
alguma de minha amiga então mandei um “oi” para ela. Marcele respondeu
no mesmo instante e começou a xingar por não ficar narrando os fatos para
ela do dia anterior, mesmo assim, pediu para contar tudo... Não tinha como
ficar digitando muita coisa e mensagem de áudio sobre uma encoxada
gostosa no dia anterior em um ônibus lotado, estava fora de cogitação.
Marcele insistiu e só parou quando eu disse que estava no ônibus,
indo para o trabalho.
“Você é doida”. Disse ela. Achei estranho, não havia feito nada para
ser chamada de doida. Pensei em dizer algo, mas como ela estava digitando,
preferi esperar. “Você não assiste noticiários, não? Os ônibus estão para
entrar em greve e por causa dos caminhoneiros e das manifestações à cidade
está um caos!”
“Putz... Nem sabia... Você pode vir buscar sua amiga no trabalho
hoje?” Coloquei um emoji bonitinho para ver se conseguia convencê-la, mas
minha amiga tinha compromissos mais interessantes. Ia sair com um
rapazinho que havia conhecido em uma rede social de encontros pelo celular.
Eu não tinha a coragem que minha amiga tinha, talvez fosse por isso que era
solteira e vivia feliz...
Marcele acabou parando de falar comigo e, imaginando que ela
poderia estar conversando com o rapazinho que ia se encontrar, deixei-a
sozinha com ele. Aquela história de greve havia me deixado preocupada, me
aproximei do cobrador e perguntei a respeito.
“Não estamos em greve, só reduzimos a frota para não ficarmos todos
sem combustível como dá ultima vez”. Respondeu o cobrador.
Aquela informação me deixou mais tranquila, voltei os pensamentos
para minha frustração, confesso que fantasiei a respeito de meu companheiro
de viagem aparecer novamente, mas, infelizmente, o que havia atrás de mim
era uma mulher peituda que achou que minhas costas eram porta-peitos.
E olha que achei que nada de interessante aconteceria em meu dia.
Tirando o silêncio da rua, achei que seria um dia como qualquer
outro. Naquela quarta-feira a rua estava silenciosa demais. Preocupada com
os ônibus, eu prestava atenção para ver se estavam passando ou não.
Estavam, mas eram poucos carros, praticamente de uma em uma hora.
O que importava é que eu conseguiria chegar em casa. Lá pelas duas
da tarde eu comecei a organizar o balcão de atendimento de nossos clientes.
Como temos um sensor na porta que avisa a chegada de alguém, assim que
ouvi o soar da campainha, ergui minha cabeça e o que vi entrando fez meus
pensamentos se calarem.
Aquele homem era um cliente recorrente nas sextas feiras, o dia em
que os empresários locais decidiam comer lixo. Não gosto muito dessa
expressão “comer lixo”, mas, pontos de vista à parte. Eu já o conhecia e, era a
pessoa mais linda que havia visto na vida, claro, isso era algo que guardava
para mim, ele era um cliente e não podia de maneira alguma desrespeitá-lo.
Tinha mais ou menos um metro e oitenta de altura, costumava usar
roupas sérias, mas não tão sérias quanto um paletó, geralmente eu o via
trajando blazers e roupas que combinavam perfeitamente. Ele gostava de
andar com as mãos nos bolsos, quando ele entrava assim na loja e eu percebia
a sua chegada, parecia que o tempo ao redor daquele deus parava
completamente. Seus cabelos eram castanhos claros, alguns fios dourados
brilhavam com a incidência de luz e seus olhos, não eram castanhos claros,
nem escuros, pareciam âmbar, mel, quer dizer, visto de pertinho, de longe
você diria que é castanho.
Parei o que estava fazendo e direcionei minha intenção para aquela
maravilha da natureza. Ele parecia flutuar sobre seus belos e brilhantes
sapatos... Era um homem tão elegante e tão perfumado. Sempre gostei de
perfumes marcantes e fortes, daqueles que tem o poder de se tornar a marca
registrada de uma pessoa e aquela fragrância, com certeza era daquela
“coisa”. Um perfume levemente adocicado com pitadas de madeira.
Estonteante.
Quando ele estava próximo demais do balcão, eu o cumprimentei com
um sorriso e sem conseguir desviar os olhos. Ele me devolveu o sorriso, tirou
uma das mãos no bolso e começou a folhear o cardápio. Foi passando aquele
belo dedo sobre as letras, eu fiquei apenas olhando, ora para suas mãos, ora
para seu rosto. Depois de alguns segundos que, para minha alegria pareceram
horas, ele me olhou novamente com um sorriso e disse com aquela voz grave,
forte e aveludada.
“Quero este, por gentileza, senhorita.”
“Senhora, por favor”. Sim, eu disse isso. Não sei onde estava com a
cabeça, talvez estivesse nervosa demais com sua presença. Nem preciso dizer
que me achei uma tonta no primeiro segundo, lá estava eu falando para o cara
mais lindo que já havia visto, e entreguei logo de cara o meu estado civil.
Quer dizer, não era nada que ele não pudesse perceber olhando a aliança em
meu dedo, mas enfim... “Não que o senhor tenha perguntado...” Emendei
tentando disfarçar meu constrangimento, mas, respirei fundo e decidi não
tentar melhorar aquilo que não tinha como. “O senhor quer alguma coisa
mais?”
“No meu caso, chame-me por gentileza de você.” Respondeu ele com
aquela voz maravilhosamente sexy. “E gostaria de algo mais... Não posso
ficar esperando o lanche ficar pronto, será que poderiam entregar na recepção
do prédio que tem logo ali na frente do ponto de ônibus?”
“Sim. Sem problemas”. Anotei o pedido no computador. “E quanto à
taxa de entrega, não irei...” Quando ergui a cabeça para continuar falando
com ele, o homem havia sumido. Sobre o balcão havia apenas uma nota de
cem reais provando que eu não havia tido uma alucinação angelical. Passei o
pedido para os meninos, recolhi o dinheiro e cobrei somente o necessário.
Não sabia se ele havia dado gorjeta ou não, mesmo assim era dinheiro demais
para um de nossos lanches mais comuns.
Quando o lanche estava pronto e como não havia outros clientes,
decidi eu mesma entrega-lo. Claro que eu tentava me convencer que estava
sendo solícita e gentil, mas minhas intenções eram outras, eu queria ver
aquele homem novamente, queria falar a respeito da nota que deixou sobre o
balcão e essas coisas, mas principalmente vê-lo mais uma vez.
Ao entrar no prédio dei de cara com um homem vestido de terno,
paletó e gravata. Ele estava parado ao lado da porta de entrada e, a julgar pela
expressão de seu rosto, não parecia uma pessoa muito simpática. Ao me
aproximar daquele homem, comecei a perceber que não era bem um simples
recepcionista, mas um segurança. Tinha ombros largos, uma cara de bravo
como se estivesse pronto a qualquer momento para brigar com alguém. Na
verdade, ele era largo por inteiro.
“Bom dia!” Cumprimentei tentando ser a mais simpática possível.
“Um rapaz daqui encomendou esse lanche.”
O homem estendeu a mão para pegar a embalagem, e ao invés de
levar para o rapaz bonito, sentou em sua mesa e começou a comer.
“Desculpa...” Minha voz estava vacilante. Não sabia exatamente o
que estava acontecendo ali. Algo estava errado. “Acabei de receber um
pedido de um homem muito estiloso, pedindo para entregar o lanche. Ele
deixou uma nota de cem reais e eu queria falar com ele sobre o troco.”
“Mas se ele deixou é por que quis deixar, moça.” Respondeu o
porteiro enquanto mastigava o hambúrguer. “E não se preocupe com o
lanche, era para mim mesmo. Como eu não posso sair da recepção, ele fez a
gentileza de comprar algo para mim...” O homenzão deu outra mordida,
fechou os olhos e se deliciou com o sabor. “Esse é o mais maravilhoso de
vocês... Meu patrão tá de parabéns.”
Aquilo explicava por que aquele homem ficou deslizando com seu
dedo sobre o cardápio. Enquanto eu achava que estava diante de um cara
indeciso, na verdade era um homem que não queria comprar o sanduíche
mais barato para o segurança de sua empresa. Tudo bem, eu achava estranho
aquele tipo de tratamento? Sim, achava, mas ser dono de uma empresa não
lhe impede de ser gentil com as pessoas.
“Tudo bem.” Eu disse, frustrada por não ter desculpas para encontrar
o bonitão. Ou talvez eu pudesse improvisar alguma coisa. “Eu queria ter um
patrão assim também... Ele está? Não posso aceitar um valor tão alto como
gorjeta...”
“Ele teve que sair para resolver alguns assuntos. Não voltará mais
hoje.” Comentou o segurança enquanto limpava sua boca com um
guardanapo. “Muito, muito bom... Geralmente ele não sai muito do escritório,
mas por causa da bagunça dos ônibus muitos funcionários faltaram e meu
patrão teve que resolver algumas coisas pessoalmente...” Ele riu e continuou
como se estivesse falando de um amigo qualquer. “Ele deve estar muito puto
da vida.”
“Então vou deixar o dinheiro com você.”
“Você não pode deixar comigo... Não me meto nos assuntos
particulares dele. Como disse, se ele deixou é por que quis deixar e se a
senhora não quer aceitar, recomendo que volte amanhã para falar com ele
pessoalmente sobre isso.”
“Tudo bem.” Disse, enquanto guardava o dinheiro no bolso do
avental. “Voltarei amanhã para conversar com ele”.
“Sem problemas. Muito obrigado pelo hambúrguer, como sempre,
delicioso”.
Sorri para o segurança com simpatia. Tudo bem que a empresa não
era minha, mas eu gostava de saber que nossos clientes gostavam de nossos
produtos. Essa era uma parte do marketing da empresa, o boca-boca sempre
funcionava melhor que qualquer rede social. Me despedi com um aceno de
cabeça e deixei as dependências do local.
Ao chegar à hamburgueria as coisas continuavam da mesma maneira,
sem pedido algum. Os demais funcionários estavam conversando na cozinha
e nosso único motoqueiro da tarde estava sentado na mesa de fora do
restaurante fumando e mexendo no celular.
Debrucei-me sobre o balcão, dei uma olhada ao meu redor para ver se
tudo estava em ordem e, para o meu tédio, não havia nada para ser feito.
Peguei meu celular e pensei em mandar uma mensagem para Marcele,
mas ela não responderia com certeza, tinha compromissos e com certeza
estava nervosa, pensando em seu encontro com o novo peguete. Sem ter o
que fazer, dei uma olhada nas mensagens enviadas para meu marido. Haviam
umas quinze sem ao menos ter lido ou visualizado, o WhatsApp dele estava
constando que sua última visualização foi a vinte dias atrás.
Li algumas de minhas mensagens e me senti uma completa imbecil.
Em algumas tentava trazer a tona aquele velho romantismo que havia entre
nós, brincava, dizia coisas quentes para ver se despertavam alguma coisa em
seu interior... Em outras mensagens, era uma Vanessa puta da vida e sem
papas na língua. Em uma das mensagens cheguei até mesmo a ameaça-lo de
separação, mas... Não havia lido e como não faria aquilo, cliquei na
mensagem e deletei, não apenas uma, mas todas. Quando mandamos
mensagens esperamos uma resposta e quando não temos resposta, melhor
esquecer que perguntamos e deixar a expectativa cair no esquecimento.
O telefone da loja tocou, era um antigo cliente fazendo um novo
pedido. Eu atendi cordialmente e repassei o desejado para a cozinha.
Sinceramente, não sei o que aconteceu, mas depois daquela ligação, não
paramos mais em nenhum momento. Haviam pedidos pelas redes sociais da
empresa, pelo WhatsApp da loja, pelo telefone e presencial. As coisas
ficaram tão corridas que, achei que aquilo era algo divino para espantar
aqueles pensamentos tristes que viviam me assombrando.
E desta maneira o dia foi passando rapidamente por todos nós.
Quando dei por mim, já era perto da meia-noite quando atendemos nosso
último cliente. Respirei fundo e pensei nos ônibus. Naquele mesmo
momento, avistei na rua e fiquei mais tranquila, ainda estavam passando.
Fechei o caixa o mais rápido que podia, pedi para os cozinheiros se
apressarem, e meia-noite nós estávamos fechando as portas. Assim que
tranquei, os cozinheiros se despediram e seguiram para o lado oposto da
calçada. O motoqueiro havia saído para a última entrega e não voltaria para a
loja.
Caminhei para meu ponto sozinha, torcendo que meu ônibus não
demorasse. Estava um pouco frio e isso fez eu me arrepender de não ter
levado nenhuma blusa. Aquele vento estava tão gelado que fizera os bicos de
meus seios se enrijecerem. Por sorte... quer dizer... não sei se era sorte ou
não, eu estava sozinha na rua e não precisava ficar me preocupando com
meus mamilos querendo chamar atenção para eles.
Ao chegar ao ponto, olhei para o prédio diante de mim e procurei pela
minha sombra amiga, mas ela não estava. Aquilo me trouxe aquela sensação
de estar completamente sozinha na rua. Olhei para um lado, depois para o
outro, lá estava eu, completamente sozinha e sem a sombra fumante para
cuidar de mim. Eu respirei profundamente e prometi para mim mesma que
não ficaria nervosa, encostei no ponto de ônibus e tentei pensar em coisas
boas e bem distantes daquele silêncio frio.
Eu estava tentando manter a calma e os pensamentos positivos, mas
eis que de repente me aparece um homem um pouco maior que eu, vestido de
maneira comum. Ele estava com as mãos no bolso, me olhou de cima abaixo
e me cumprimentou com um movimento de cabeça. Eu devolvi o sorriso,
porque o que mais poderia fazer? Gritar por socorro?
E o pior de tudo é que eu estava com outra calça legging e sem
calcinha... Sério, por alguns minutos achei que poderia ter a sorte de
encontrar o carinha e... Não me julguem, por favor... Não posso trair meu
marido descaradamente, mas posso me aproveitar de um momento oportuno
como aquele, chega até mesmo a parecer inocente. Aquela bendita calça
deixava meu sexo em destaque, se a pessoa olhasse atentamente, veria todos
meus contornos. Para meu desespero, aquele homem estava me olhando
atentamente. Discretamente deslizei minha bolsa e tampei o local em que
seus olhos se fixavam, infelizmente, não tinha como tampar meus seios que,
devido a blusa preta e colada que escolhera, estavam muito convidativos.
“Faz tempo que não passa ônibus?” Perguntou o estranho dando um
passo em minha direção.
“Acabou de passar um.” Menti, precisava manter-me calma e serena
para não ficar desesperada. Tudo bem que, no começo de meu casamento,
quando eu e Alexandre parecíamos dois coelhos de tanto transarmos,
chegamos a brincar de estupro, mas era brincadeira, ele me forçava, mas era
consensual... Bem diferente do que passava por minha cabeça naquele
momento. Olhei para trás do ponto, tudo que havia era o beco ao lado do
prédio. Escondido naquele canto, daria para se aproveitar de mim por um
bom tempo.
“Sei.” Respondeu o homem. Ele deu mais um passo em minha
direção. “E o que você está fazendo na rua uma hora dessas, sozinha?”
“Estou indo para casa... Trabalho na Hamburgueria aqui da rua... Ah,
mas moro pertinho, a cinco quadras daqui, todos me conhecem... Sério... Se
eu gritar aqui na rua pedindo açúcar todos me trarão e ainda chamando pelo
nome.”
“Sério?” Ele sorriu de canto de boca e se aproximou um pouco mais e
continuou me olhando com a maior cara de pau. Aquilo começou a me deixar
desesperada. “Qual é seu nome, moça bonita?”
Moça bonita?! Aquela era a certeza das segundas intenções daquele
homem. Comecei a olhar para os lados procurando algum lugar para pedir
ajuda. O único lugar seria o prédio em frente, mas a sombra amiga não estava
em seu posto. Eu estava sozinha, completamente sozinha, o resto eram lojas
fechadas.
“Como se chama?”
“Va... Marcele! Meu nome é Marcele”
“Você está nervosa, Vamarcele?”
“Meu nome é Marcele, não Vamarcele”
Ele sorriu e se aproximou um pouco mais.
“Não me faça de bobo, ok? Você pensou em outro nome primeiro,
provavelmente seu nome não é Marcele... Está nervosa e com medo de mim...
Por isso cometeu esse erro besta.”
“Não estou nervosa, não...” Na verdade, estava quase me urinando de
medo. Agora o homem estava tão perto que sentia seu hálito de tabaco e
álcool em meu rosto. “Meu nome é Marcele e estava pensando na minha
amiga Vanessa quando perguntou...”
“Por que está falando comigo com essa voz trêmula?” Ousadamente,
passou um dos dedos em meus cabelos, movendo uma das mechas, um
arrepio de pavor cortou meu corpo e senti meus mamilos enrijecerem ainda
mais. O desgraçado notou. “Olha, olha... Isso quer dizer que você está
querendo o mesmo que eu... Vem cá.” E foi ai que ele pegou em meu braço,
no mesmo instante senti as pernas trêmulas e quando estava prestes a
desmaiar, ouvi um carro brecando bruscamente diante de mim.
Minhas vistas embaçaram. O meliante que me prendia pelo braço me
largou com a chegada da pessoa que saiu correndo de dentro do carro.
Não vi seu rosto, ainda estava muito nervosa por causa do susto, mas
consegui ver que entraram em confronto. O cara do carro empurrou e chutou
o tarado algumas vezes, depois ele veio para meu lado, me tomou nos braços
e, sei que deveria ficar com medo, mas me senti segura pela primeira vez em
toda minha vida. Senti um calor descendo pelo meu rosto e, aos poucos fui
dando conta que eram lágrimas de alegria por ter sido salva por alguém que
nem conseguia divisar o rosto. Ele abriu a porta do carro com dificuldade e
me colocou no banco de passageiros, prendeu o cinto, fechou a porta e sentou
ao volante.
Um perfume adocicado e amadeirado tomou o ar. Eu conhecia aquele
cheiro... Aquela voz... Olhei para o lado e tentei focar o rosto da pessoa, mas
tudo que vi foi ele enfiando a mão direita no blazer e tirando algo que parecia
uma arma. Ele apontou para fora, para o lado do ponto, ou seja, a arma estava
há poucos centímetros de meu rosto. Aquilo me despertou completamente
como se fosse algo santo e milagroso e eu enfim o reconheci: era o bonitão
que encomendou o hambúrguer naquela tarde.
Mas meu salvador não apontava para mim, mas sim para meu algoz
que estava com a mão enfiada dentro de sua blusa.
“Largue o que você estiver pensando em pegar!” Gritou o meu
salvador com raiva. Era para me sentir segura... E estava, mas estava com
muito nervosismo também.
“Calma...” Pediu o homem. “Estou pegando um cigarro.” Ele meteu a
mão no bolso e foi nesse momento que o meu salvador acelerou o carro e
saímos cantando pneu.
“Pegando cigarro ou não... Melhor não dar mais mole por ali, não é
mesmo?” O homem parecia outra pessoa agora, estava mais calmo e sereno.
“Desculpe se assustei com a arma, mas infelizmente, não tem jeito... Nunca
atirei em ninguém, mas já a usei algumas vezes para espantar alguns tipinhos.
A senhora está bem?”
Senhora... Ri comigo mesma lembrando o fora que dera no período da
tarde. “Não precisa me chamar de senhora, não... Me chame de você... Sou
casada, mas ainda tenho apenas trinta anos, muito nova para ser uma
senhora.”
“Mas tecnicamente, você é uma senhora... Enfim... O que uma mulher
casada como você fazia sozinha em um ponto tão perigoso quanto aquele?
Você não sabia que os ônibus estão com carros reduzidos? Que algumas
pessoas estão causando caos pela região?”
“Acordei tarde e próximo demais para vir ao trabalho. Tudo que ouvi
foi um zumzum no ônibus falando de algo parecido, mas sabe... As pessoas
ficam sabendo de uma possibilidade e aumentam algumas vezes... Por isso
não levei muito em consideração.”
“Sei... E seu marido?”
“Meu marido também não assiste jornal, gasta a vida sentado no
computador jogando pôquer online... Ele ficou desempregado há alguns
meses atrás e nunca mais saiu para procurar trabalho, ganhou algum dinheiro,
perdeu, ganhou e até hoje tenta ganhar a grande nesses jogos... ele
praticamente não tem vida... É triste, ele está pior que usuário de craque.”
Meu salvador franziu o cenho e me olhou com curiosidade.
“Quando perguntei dele, não era bem isso... Só queria saber onde
estava... Deixar a esposa voltar sozinha, e nesse horário...”
Senti meu rosto enrubescer por causa de meu comentário extremamente
desnecessário.
“Desculpe... acho que ainda estou muito nervosa por causa do que
aconteceu. Se não fosse por você ter chegado... Aliás, você não pegou o troco
do lanche que comprou hoje... Fui até seu escritório te levar pessoalmente,
mas você havia saído.”
“Sério que foi até o escritório?” Ele parecia surpreso. “Poxa... Tive
compromissos para serem resolvidos... Uma pena. Mas, se me permite,
colocarei algo que sempre me acalma.”
Aquilo era um homem vindo da terra dos sonhos, lindo, educado,
atencioso e protetor. Não havia prestado atenção em qual era seu carro, como
se isso pudesse fazer alguma diferença, não entendia de carros e jamais
saberia o nome daquele, mas provavelmente, a julgar pela quantidade de
botões e luzes que haviam no painel, era um carro luxuoso. Inesperadamente
o carro foi tomado pela trilha sonora do filme Superman, o antigo com aquele
outro bonitão que ficou paraplégico por ter caído de um cavalo.
“Eu gosto desse filme.” Comentei quebrando o silêncio que se instalara
entre nós. A voz dele era a música que queria ouvir naquele momento.
“É um clássico, concordo.” Respondeu ele, prontamente. “E essa é uma
das partes da magia do cinema: imortalizar personagens e desenterrar grandes
compositores. Na verdade essa obra foi criada por Richard Wagner e chama-
se Ride of the Valkyries, e foi escrita há muitos anos atrás, mesmo antes de
Wagner imaginar que usariam sua obra para iconizar um herói de outro
planeta que usa uma sunga vermelha sobre suas calças justinhas demais”.
Ri com o comentário do homem que estava ao meu lado. Não sabia seu
nome e nada sobre sua vida, mas sabe quando você sente que conhece a
pessoa há muito tempo? Pois é, era assim que estava me sentindo e, por mais
estranho que tivesse que estar me sentindo, estava segura ao lado daquele
completo estranho, quer dizer, um estranho lindo, corajoso, atencioso e
inteligente... Um verdadeiro sonho.
“Bom, agora sem querer ser rude...” Começou ele. “Feche os olhos e
preste atenção à música... Irei começar de novo... Geralmente em momentos
terríveis ela consegue me acalmar, quem sabe funcione para você também...”
A música parou de repente e logo em seguida, recomeçou. Achei
estranho aquilo funcionar sem nenhuma intervenção das belas mãos de meu
Superman que não usava cuecas sobre suas calças. Mas, como ele havia
sugerido, fechei os olhos e fiquei prestando atenção aos instrumentos que
desfilavam harmoniosamente por aquela música. Aos poucos fui conseguindo
me concentrar e quando a música terminou abri os olhos e tudo parecia
simplesmente diferente.
“Está mais calma?” Perguntou aquela divindade em formato de homem.
“Sim.” Respondi, estranhando minha sinceridade. A música realmente
havia me acalmado de um jeito inesperado. Eu me sentia não somente mais
leve, como também parecia enxergar o mundo de outra forma. Tudo parecia
mais simples e mais completo ao mesmo tempo e o mais interessante de tudo,
me sentia parte de tudo que estava ao meu redor. “Muito mais calma. Essa
música realmente é fantástica, vou colocar em meu celular como preferida e
como toque.”
Ele expos novamente o seu sorriso apaixonante. Nunca vi nada igual
em toda minha vida, não era um daqueles sorrisos que vemos todos os dentes
das pessoas, era um sorriso contido, meio de lado, onde pouco se via de seus
dentes, porém, era algo sincero, franco, infantil...
“Sabe, Vanessa, sem querer desmerecer seu comentário... Esse tipo de
som que ouviu não pode ser considerado uma música... Na verdade é uma
obra... As músicas que ouvimos não são dignas de serem colocadas ao lado
de composições tão maravilhosas quanto as de Wagner, Vivaldi, Beethoven
ou Bach. Fazendo uma analogia bem simples para você entender a
complexidade da comparação: as músicas que ouvimos hoje em dia seriam
como um desenho feito por uma criança no jardim da infância, já as grandes
obras dos grandes mestres compositores, poderiam ser comparadas com
grandes pintores, como: Picasso, Da Vinci, Van Gogh e por aí vai.”
O que poderia dizer depois daquela lição excepcional? Em nenhum
momento, pareceu rude com o ensinamento, mesmo parecendo estar
explicando para uma criança, pegando exemplos simplórios demais. Foi
então que me toquei que havia me chamado pelo nome e aquele gancho
poderia me tirar de um assunto que não conhecia e que, com certeza, poderia
dar impressão de ser uma mulher sem cultura alguma. E aquele não era o
momento de deixa-lo pensar assim, precisava me aprofundar naquelas
músicas, pintores...
“Como sabe meu nome?”
“Simples, vocês trabalham com identificações penduradas no avental...
E como sei que você é a única mulher que trabalha ali... Enfim, foi muito
fácil deduzir... Bom, a não ser que algum de seus cozinheiros tenha um nome
de guerra!”
Rimos de seu comentário por alguns momentos. Além de lindo, ainda
tinha senso de humor. Aquele homem realmente parecia um sonho.
Discretamente, observei suas mãos em busca de algum sinal de aliança, mas
não havia nem marca sequer. Bom, se não fosse casado, poderia namorar com
alguém, era lindo demais para estar sozinho ou, se não namorasse com
alguma mulher, poderia ser com algum homem, afinal de contas, hoje em dia
é muito comum. Eu precisava descobrir mais a seu respeito.
“Bom, você sabe meu nome por causa do avental... Também sabe sobre
meu marido por que a tonta, nervosa deixou escapar o que não devia e, me
dei conta que não sei nada sobre você.”
“E o que você gostaria de saber a meu respeito? Pode perguntar, serei
um livro aberto.”
“Quero só ver... Vamos começar pelo seu nome.”
“Xavier”
“Xavier não é um sobrenome?”
“Não necessariamente... Ainda mais quando seu pai é fã inveterado dos
quadrinhos de X-Men. No início ele queria colocar Logan que é o nome do
Wolverine, mas minha mãe achou que era um nome forte demais para uma
criança que nasceu tão franzina. E acabaram colocando um nome mais
cerebral, Xavier.”
“Você só pode estar brincando com a minha cara.”
“Claro que não... Se um dia conhecer meus pais, poderá perguntar
pessoalmente.”
“Como vou conhecer seus pais, Xavier? Você está doido é?” Não havia
entendido o que ele estava querendo dizer com aquilo, mas ele havia
“conhecer os pais” de uma maneira tão inesperada que parecia que me
apresentaria para eles como namorada. “A não ser que eles venham até sua
empresa.”
“Bom, é praticamente impossível... mas como meus pais são meio
malucos...”
“Como assim... meio malucos?”
“De vez em quando eles surtam de saudade e aparecem por aqui sem
mais nem menos... Como é difícil ficar 100% com eles no sítio... Eles acabam
vindo pra cá e passam o dia no escritório e na minha casa... E o mais
engraçado, mandam cancelar todos os meus compromissos...” Ele riu
gostosamente. “Minha mãe, em uma dessas ocasiões que chegou
inesperadamente, no meio de uma reunião, colocou todo mundo pra correr e
me arrancou da cadeira pela orelha... Todos riram por causa disso e tirei o dia
de folga para ficar com eles.”
“Meio malucos? Eu diria completamente insanos”.
“Pois é... Logo, logo eles aparecem... Já faz um mês que não falo com
eles...” Xavier parou o carro inesperadamente e me assustei com aquilo, olhei
ao redor e para minha surpresa, conhecia muito bem aquela vizinhança. Era
perto da minha casa. “Não quis parar perto para não lhe causar problemas.”
Ele saiu do carro, correu pela frente e abriu minha porta. Gentil...
Eu saí do carro sem saber o que pensar ou o que dizer, estava
completamente confusa. Como Xavier conhecia o caminho para minha casa?
Aquilo me deixou com um certo receio daquele homem. Mesmo desconfiada,
eu segurei sua mão e nos aproximamos um do outro, como se houvesse uma
força nos aproximando.
Ele levou minhas mãos até os lábios e como um antigo cavalheiro
beijou com os olhos atentos nos meus. “Queira me desculpar por qualquer
incomodo que lhe causei”.
Eu balancei a cabeça negativamente, não havia incomodado em nada. Ele
havia me salvado de um pervertido, me acalmado e me trazido em casa sem
ao menos ter dito o endereço. Ele largou minha mão e fui recuando para o
lugar do motorista.
“Xavier?” Ele parou e se aproximou. “Eu não disse meu endereço...
Como sabia?”
“Disse sim, Vanessa, mas você estava muito nervosa para se lembrar.”
Aquela explicação fazia sentido. Eu havia sido carregada para dentro do
carro, colocada no banco e ainda protegida por um cinto de segurança que
não havia colocado. Provavelmente havia dito algo nesse momento de
confusão mental.
“Talvez tenha tido algo, realmente. Obrigada, Xavier, você foi muito
gentil.” Não me contive, eu precisava senti-lo de outra maneira, mais
completo, não queria me contentar apenas com os belos sorrisos e com o
calor e a maciez de sua mão. Eu o abracei e consolei meu corpo no calor de
seus músculos. Sentir seu peito forte arfando contra meus seios fez minhas
pernas bambearem. Uma de suas mãos estava sobre meus ombros e a outra
em minha cintura, ele me apertou levemente e pude senti-lo melhor.
Nossas bochechas estavam encostadas e aquilo era tão intimo, tão
intenso, que nem o beijo mais sedento e faminto poderia despertar meu
desejo da forma que aquele abraço havia despertado. Nós nos distanciamos,
mas ficamos nos olhando por alguns segundos, então me inclinei para beijá-
lo, a intenção era sentir seus lábios contra os meus, sua língua invadindo
minha boca e me enlouquecendo ali mesmo... Pensei em Alexandre, em meus
vizinhos, mas foi por um átimo de segundo, um instante muito pequeno para
levar em consideração e pesar as possibilidades.
Mais uma vez nos aproximamos, mas não aconteceu o tão esperado
beijo na boca, beijamos nossas faces e tudo que sentimos um do outro foi o
canto dos lábios.
Eu agradeci mais uma vez pela ajuda, Xavier fez um movimento com a
cabeça, entrou no carro e saiu rumo a sua casa. Eu olhei ao redor, respirei
profundamente e avistei a luz de minha sala acesa, Alexandre com certeza
estava diante do computador ainda jogando.
Respirei fundo. A felicidade e toda magia que rondava-nos momentos
antes desaparecera completamente ao lembrar de meu marido. Eu deveria
contar? Não havia acontecido nada de realmente importante...
Ao chegar em casa eu olhei ao redor, tudo estava como todos os dias,
uma bagunça terrível. Eu coloquei minha bolsa sobre a cadeira da cozinha e
caminhei para a sala. Não disse nada para meu marido, apenas sentei no sofá
e fiquei olhando para ele enquanto o preguiçoso jogava sem parar.
Olhei para a televisão e percebi que estava no canal de noticias, o
aparelho estava ligeiramente alto e dava para ouvir a respeito da situação
delicada do transporte público. Alexandre sabia que eu teria dificuldades em
chegar em casa e ele sequer se deu ao trabalho de fazer algo para me ajudar.
Se não tivesse carro, tudo bem, até relevaria, mas não era o caso.
Sentada ali ao lado comecei a refletir sobre o rumo que minha vida
estava tomando. Havia casado há pouco tempo e, meu marido parecia
simplesmente não ligar para mim. Ele tinha um grave problema com jogos,
mas era algo que simplesmente não percebia e, pelo que eu sabia, só
conseguimos ajudar alguém quando assumem que tem um problema. Para
ele, ficar em casa jogando o dia inteiro era a coisa mais normal do mundo.
Comecei a olhar para seu corpo, ele estava mais barrigudo, mais barbudo,
mais relaxado. Seu rosto parecia mais abatido que o normal com grandes
olheiras e vermelhos.
“Queria conversar com você sobre algo que aconteceu hoje.”
Comecei a falar, mas ele mal se deu o trabalho de olhar para mim.
“Bom, vamos lá... Hoje as coisas foram precárias, os ônibus pararam de
rodar e fiquei no ponto, sozinha...” Nada. Nenhum sinal de estar me ouvindo.
Alexandre simplesmente me ignorava completamente. “E chegou um cara
super suspeito e começou a vir pra cima de mim... Estava na cara que ele
queria me violentar, mas, por sorte apareceu um cara lindo de morrer com
seu carrão de luxo e me trouxe até a porta de casa... Quando chegamos aqui
quase nos beijaaaaamos”. Eu enfatizei cada palavra o máximo possível,
sedenta por qualquer reação magoada, ou raivosa, qualquer coisa.
Eu não consegui nada.
“Alexandre?” Eu toquei seu ombro com os olhos marejados.
“Ah, oi amor, você chegou?” Ele sorriu brevemente. “Estou no meio
de um campeonato muito importante, acredita que sou o segundo do
ranking?”
Aquilo era a única coisa que importava para ele e nada mais. Fechei
os olhos tentando conter as lágrimas que se formavam, discordei com a
cabeça e me dirigi ao nosso quarto, mas antes de entrar uma raiva intensa
brotou em meu coração. Girei nos calcanhares, voltei pra sala e baixei a tela
do laptop com tanta força que alguma coisa estalou por dentro.
“Agora você vai me ouvir, Alexandre!” Eu gritei.
“Você está louca, Vanessa?” Ele estava tão alterado que me arrependi
no primeiro segundo, ele caminhava para cima de mim, os olhos vermelhos,
injetados, furiosos. “Tem noção do que acabou de fazer, criatura imbecil?”
Ah, como ele se atrevia a me xingar?
“Imbecil é você que fica o dia inteiro sentado nesse sofá sem dar
atenção para mais nada de sua vida! Imbecil, imbecil, imbecil!”
Eu odiava palavras de tão baixo calão, mas pelo menos ele estava me
ouvindo. Estava com medo, mas estava me ouvindo. Infelizmente, ele
levantou a tela do laptop e tentou consertar o encaixe e foi nesse momento
que comecei a tentar impedi-lo. Estávamos precisando de algo assim, que não
fosse uma conversa, mas uma briga séria. Alexandre colocava e eu tirava,
pelo menos até o momento que o inesperado aconteceu. Tomado pela fúria,
Alexandre me empurrou, instintivamente fui para cima dele e foi nesse
momento que estalou sua mão pesada em meu rosto.
Levei a mão para o lado esquerdo de meu rosto. Olhei para Alexandre
que me devolveu um olhar de ódio e logo em seguida, como se não fosse
nada de mais. Endireitou a tela e continuou sua partida.
“Não me olha com essa cara, sua vadia... Você quem começou, eu
estava quieto aqui no meu jogo e você trincou a tela do meu laptop. Olha
isso, ainda nem terminei de pagar as prestações!”
Eu considerei lembra-lo que ele pagou com o meu cartão de crédito,
mas de que importava, àquela altura?
“Quem não aguenta mais sou eu, Alexandre.” Eu massageei meu
rosto inflamado e úmido de lágrimas.
Novamente eu não existia para ele.
Sem saber o que dizer e cansada demais para continuar a discussão,
eu me atirei na cama e adormeci chorando, esperando que em meus sonhos
eu existisse em um lugar melhor, cercada pelo afeto que eu tanto necessitava.
CAPÍTULO 05

Acordei tarde e pela primeira vez não procurei pelo meu marido ao meu
lado na cama. Ele não estaria mesmo e, depois da noite anterior, não me
importava mais onde e quando dormiria. Eu me levantei e passei pela sala
sem sequer olhar em sua direção, ao chegar ao banheiro, tranquei a porta e
me olhei no espelho. Meu rosto estava vermelho.
Tirei minhas roupas e comecei a tomar meu banho. Minha mente estava
completamente livre de qualquer pensamento, infelizmente, aquele episódio
em minha casa estragara todos os momentos com Xavier que, além de um
sonho de homem, era um sonho para mim... Não podia ficar com ele, era uma
mulher comprometida, por piores que fossem as atitudes do Alexandre, nada
mudava nossa troca de votos no altar.
Terminei o banho e como estava uma temperatura mais baixa, optei por
jeans, uma blusinha de manga e botas forradas de lã. Peguei minha bolsa,
celular e deixei a casa sem me despedir. Por sorte o ônibus passou rápido e,
por incrível que pareça, estava vazio. Sentei-me e peguei o celular para
conversar com a minha amiga Marcele, mas ela havia visto o celular somente
as 18h do dia anterior e desde então não respondeu. Provavelmente ela ainda
estava curtindo o encontro.
Guardei o celular na bolsa e deixei minha mente livre para ir onde
queria pela região. Ficava olhando a paisagem, quer dizer, não era bem
paisagem, mas os prédios, empresas, pessoas que iam passando de um lado
para o outro. Toda vez que a porta do ônibus abria, disfarçadamente prestava
atenção para ver se aquele rapaz entrava, mas, infelizmente, nunca mais o
vira... Tudo bem que não poderíamos brincar com o ônibus naquele estado,
mas... Seria bom recordar.
As lembranças do cara do carro também retornaram em minha mente
cansada, mas nem com ... Eu estava assim, sem esperanças, sem coragem
para enfrentar, sem vontade de mudar... quer dizer, eu havia tentado e ganhei
um tapa na cara... Foi a primeira vez que fora agredida em toda minha vida e
aquilo ter acontecido com Alexandre mostrou que realmente aquele não era
mais o homem que me casei.
Respirei fundo e senti as lágrimas minando em meus olhos. Não
conseguia pensar em Xavier e no estranho encoxador, mas conseguia pensar
e lembrar de Alexandre me agredindo, a imagem que mais queria esquecer,
simplesmente ia e vinha em minha mente o tempo inteiro. Era triste, mas
tinha esperança de ter um dia corrido de trabalho que me fizesse desviar os
pensamentos.
Como sempre, fui a primeira a chegar ao trabalho. Logo depois
chegaram os cozinheiros e atendentes e juntos preparamos o lugar para mais
um dia de correria.
Havia muitos clientes naquela tarde, mas assim que tive um tempinho,
peguei o celular e mandei uma mensagem para a minha amiga.
“Hoje à noite seu compromisso é comigo, venha me buscar, bjs”.
Depois disso, meti minha cabeça no trabalho e tentei não pensar em
mais nada que havia acontecido em minha vida nos últimos dias, o que deu
certo. As horas foram passando tão rapidamente que nem havia percebido
que horas eram. O que me tirou de meu estado de semi-sonolência foi a voz
que soara do outro lado da linha telefônica.
“Boa noite, Vanessa.” Era Xavier. Eu reconheceria aquela voz em
qualquer lugar. “Estou ligando por duas razões: uma, resolvemos agora e a
outra, quem sabe depois.”
Fiquei atônita por alguns instantes. Não sabia o que dizer, o que
pensar... Aquele boa noite Vanessa ecoava dentro de mim como uma
tempestade elétrica.
“Vanessa? Está aí?” Xavier me chamou para a realidade.
“Sim.” Me senti uma tonta completa. “Sim... Sim! Estou. É que fiquei
pensando no que disse. Gostaria de fazer algum pedido?”
“Sim.” Respondeu ele, com aquela voz pausada e grave. “Qual o lanche
que você mais gosta?”
“Bom... Eu confesso que nunca comi nenhum de nossos produtos.”
“Como assim?” Ouvi Xavier rindo e lembrei daqueles belos dentes.
“Vende algo que nunca experimentou?”
“Pra falar a verdade e, cá entre nós, não ganho tão bem quanto
gostaria... O meu salario vai todo em casa e não tenho como pagar pelos
nossos preços, acho muito caro.”
“Mas os donos não liberam nenhum mini-burguer para comer de
graça?”
“Bom, eles nunca disseram que poderíamos ou não... mas aqui tem
câmeras também... Então já viu né.”
“É por causa das câmeras que nunca comeu nenhum, às escondidas?”
“Xavier, por que você está me perguntando essas coisas?”
“Curiosidade apenas... Você poderia responder só para matar minha
curiosidade?”
“Não costumo pegar o que não é meu, simples assim!” Eu queria
continuar aquela conversa, ouvir aquela voz em minha orelha me causava
sensações que há muito tempo não sentia. “Xavier?” Agora foi minha vez de
chamar sua atenção. “Qual será seu pedido? Não posso demorar muito no
telefone”.
“Esses seus patrões devem ser um verdadeiro porre.” Disse ele,
gargalhando.
“Não sei qual é a graça.” Comentei, contagiada pela gargalhada
gostosa. “Quem sofre com eles sou eu.”
“Tudo bem... Bom, então faz o seguinte, escolhe o que você gostaria de
comer e me traga dois. Terei uma visita e gostaria de oferecer algo gostoso
para ela. E também...”
“Entendido, Xavier.” Ao ouvir ela, senti meu coração se despedaçando
pedaço por pedaço. Minha alegria sumiu tão rápido quanto apareceu. “Bom,
vai demorar um pouquinho porque o nosso motoqueiro saiu com algumas
entregas. Tudo bem?”
“Não posso esperar, Vanessa.” Respondeu ele, seriamente. “Será que
você não poderia fazer a gentileza de entregar?”
Sair do meu posto estava fora de cogitação.
“Eu posso pedir para algum dos cozinheiros, se não se importar.”
“Me importo, sim. Gostaria que você me entregasse.”
“Não posso sair daqui, o seu pedido será o último e assim que
terminar de atendê-lo terei que fechar o caixa e a hamburgueria.”
“Em quanto tempo você fecha o caixa?”
“Em quinze minutos, mas tenho que fechar a loja, também.”
“Pede para o cozinheiro ir fechando enquanto você faz a última
entrega.”
“Não sei, Xavier.”
“Por favor. Tive um dia extremamente estressante e estou precisando
comer alguma coisa...”
Mais uma vez, não sabia o que dizer. Senti meus olhos enchendo de
lágrimas pelo nervosismo. O tapão no meu rosto não deixou marcas por fora,
mas com certeza deixou por dentro.
“Farei o possível.” Eu disse.
“Que bom!” Disse ele, mais animado. “Preciso do meu pedido em 15
minutos. Obrigado.”
Xavier desligou o telefone de uma maneira tão brusca que mal tive
tempo de agradecer ou me despedir. Aquilo me deixou pensativa, e a tristeza
acabou retornando para meu coração.
Os lanches não demoraram muito tempo. Nem havia conseguido
fechar o caixa quando o ajudante de cozinha trouxe o pedido. Dei uma olhada
na calçada e o motoqueiro não havia voltado.
Não havia escapatória. Teria que ser eu mesma a fazer aquela entrega.
“Henrique?” Eu chamei. O chefe de cozinha colocou a cabeça pela
abertura que separava a cozinha do salão. “Vou ter que fazer uma entrega
aqui na rua e volto já, pode ir fechando.”
“Beleza.” Respondeu ele, voltando para seus afazeres.
O meu nervosismo não me permitia pensar. Apenas na metade do
caminho eu me dei conta que estava indo entregar com a touca da loja e meu
jaleco.
A rua estava vazia e, ao chegar próxima do ponto, eu me lembrei do
tarado da noite anterior. Fiquei com medo e entrei correndo no prédio do
Xavier.
Diferente do sombrio lado de fora, a decoração no hall era elegante e
clean, como dizem os designers de interiores. Havia apenas um sofá preto ao
lado esquerdo, alguns quadros nas paredes e a mesa onde estava o segurança.
“Ele está aguardando.” Disse o segurança. “Suba três lances de escada
e chegou à sala do senhor Xavier.”
“Obrigada.” Respondi, seguindo meu caminho o mais rápido que
podia. Nos primeiros dois andares haviam diversas portas, mas no terceiro
andar havia apenas uma, dessas que eram de madeira mesmo, com adornos
entalhados à mão. Tive até um arrepio ao baixar a maçaneta dourada.
O local de trabalho de Xavier era praticamente o andar inteiro.
Quando cheguei ele estava ao celular e parecia bravo. Não consegui ouvir
muita coisa, pois ele havia visto meu reflexo nos vidros.
“Quero tudo em ordem para amanhã, então faça como se ela estivesse
presente. Estarei acompanhando. Não esqueça.”
Ele desligou o celular e colocou sobre a mesa, então caminhou em
minha direção arrumando as mangas de seu blazer. Eu estava paralisada em
meu lugar, abismada por tanta beleza. Alguém elegante como Xavier
combinava com a opulência daquelas mobílias caras, mas eu não podia
fantasiar demais. Certamente sua companhia secreta combinava em igual
medida.
“Muito obrigado por atender meu pedido tão tardio.” Ele pegou o
pacote de minhas mãos e colocou na mesa. “Você vai ficar parada aí? Está
parecendo uma estátua! Venha. Preciso te pagar.”
Estava sem graça. Era um lugar tão lindo que me sentia uma invasora
com a minha simplicidade. Entrei lentamente e olhando para tudo ao meu
redor, principalmente para os vasos de orquídea e esculturas. Comecei a
pensar se era Xavier que sentava diante daquela janela, me vigiando.
“Quando estou lhe devendo?”
“Setenta e cinco reais.” Respondi.
Ele tirou mais uma nota de cem reais.
“Pode ficar de troco. Pela entrega.”
“Não cobro as entregas aqui na rua, Xavier.”
“Então fique de caixinha.”
“Não posso aceitar.”
“Pode sim. E vai... Me ofenderei se não aceitar.”
“Tudo bem.” Eu respondi, derrotada. Ele estendeu o dinheiro para
mim de sua mesa e me aproximei para a única parte da sala que estava bem
iluminada. Ele ficou me olhando enquanto pegava o dinheiro,
inesperadamente, vi seu cenho franzir e aquele belo rosto pareceu nervoso.
Ele se levantou, segurou meu braço e me puxou para baixo de uma
das inúmeras luzes sobre sua mesa. Eu parecia uma boneca sendo levada por
sua mão forte. Uma delas segurou delicadamente meu queixo e inclinou para
uma melhor incidência de luz em minha bochecha. Ele olhou atentamente e
notei a expressão de fúria que brotou em seu rosto.
“Perdão... Perdão...” Disse Xavier com um semblante completamente
diferente, agora parecia mais acolhedor, mais carinhoso. Ele se aproximou e
senti as pontas de seus dedos deslizando sobre onde meu marido me acertara
na noite anterior. Pensei ter escondido o suficiente com a maquiagem.
Ele fechou os olhos por um instante e lentamente foi se aproximando
como se quisesse me beijar. Confesso que fechei os olhos esperando pelo
beijo, mas tudo que senti foi um selinho delicado, morno e carinhoso no local
onde levara o tapa. Senti Xavier se distanciando e voltando para sua cadeira.
“Sente-se, por gentileza, Vanessa.”
Eu abri meus olhos e vi Xavier ocupando uma das duas cadeiras que
ficavam na frente de sua mesa.
“Não posso ficar. Não consegui fechar o caixa.”
“Tudo bem... Você poderia tirar...” Ele fez um sinal circular sobre a
cabeça indicando minha touca e depois o avental.
“Não posso ficar, Xavier... Por mais agradecida que esteja...
Desculpe, mas, tenho que ir. Preciso resolver as pendências na loja.”
Xavier se levantou e parou ao meu lado, pegou uma de minhas mãos e
me levou até a janela. Olhei para o ponto lá embaixo, estava completamente
deserto.
“Não é para o ponto que quero que olhe, Vanessa.” Xavier estava de
frente para a hamburgueria, já com as luzes apagadas e a grade metálica presa
ao chão. “Viu, eles já fecharam. Fique despreocupada.”
Xavier voltou para onde estava sentado e abriu a embalagem de seu
hambúrguer.
“O cheiro está muito bom. Estou morrendo de fome.”
“Mesmo assim, não posso ficar, Xavier.”
“A loja está fechada... Você pode fechar o caixa amanhã quando
chegar.”
“Mas você tem um encontro!” Lembrei. “Você disse algo sobre ela...”
Xavier começou a rir gostosamente. Não pude resistir e ri também.
“Que foi... Não estou achando graça alguma!” Eu disse, apesar das
risadas.
“Você lembra do momento que disse ela e não lembra do meu
segundo pedido. Impressionante como são as mulheres.”
Era verdade. Estava tão chateada com o tal de ela que nem me
incomodou o segundo pedido que até aquele momento, era um mistério. Não
sabia o que aquele homem poderia querer de mim.
“Você não quer saber qual é o meu outro pedido?” Xavier mexeu no
painel sobre a mesa e ligou a música ambiente, uma valsa.
Eu não sabia o que responder, então só fiquei paralisada enquanto ele
abria a segunda embalagem.
“Coma comigo, por favor.”
“Mas... mas e ela?” Eu gaguejei, nervosa.
Percebendo que eu continuava assustada como um coelho diante dos
faróis de um carro, Xavier começou a rir.
“Quando disse ela, não era bem outra pessoa, mas sim, você. Tire o
avental e aprecie uma refeição comigo. É tudo o que desejo.”
Xavier começou a comer seu lanche. Até comendo ele era lindo.
Eu sorri e acabei fazendo o que ele havia pedido. Tirei a touca, o
avental e sentei na cadeira ao lado. Confesso, estava me sentindo feliz, muito
feliz naquele momento.
“Experimente o seu produto.” Disse ele com a boca cheia. “É muito
bom.”
Eu ri mais uma vez e então saboreei um daqueles hambúrgueres de
gente rica. E realmente era delicioso. Comemos em silêncio, tudo o que eu
via era o reflexo de Xavier em sua janela. Sua companhia era tão agradável
que acabei me esquecendo do tempo.
Dane-se o último ônibus, dane-se a pilha de louça suja que me
aguardava, e, principalmente, dane-se o meu marido imprestável.
“O que achou?” Perguntou Xavier enquanto limpava seus lábios
cuidadosamente.
“Uma delicia!”
“Não vale o preço?”
“Sim... Vale, mas sinceramente? Não é algo que me mataria caso
nunca tivesse comido.”
“Você deve ser uma boa funcionária, Vanessa. Por isso nunca mais vi
os donos por aqui.”
“Você os conhece?”
“Sim. Fomos nós que desenvolvemos o programa que você mexe no
computador.”
“Nossa...” Estava impressionada. “Sério? Foi você que fez tudo
aquilo?”
“Na verdade, não fiz, apenas projetei e planejei... Geralmente pago
pessoas para fazer o trabalho pesado por mim... mas... Me conte o que
aconteceu ontem, em sua casa? Seu marido...”
Esse era um assunto que não queria tocar. Xavier percebeu no mesmo
instante minha mudança de humor, e eu quase morri de vergonha por isso.
Sorri sem graça e baixei minha cabeça por um instante, mal percebi
uma lágrima furtiva rolando pelo meu rosto.
“Vamos conversar sobre outra coisa então.” Sugeriu ele.
“Não. Acho que preciso falar um pouco sobre ontem. Alexandre
nunca agiu dessa maneira... Sinceramente, não sei o que passou pela cabeça
dele.”
“Bom, certas coisas são impossíveis de prever... Mas, me diz, você o
ama?”
“É...” Não sabia exatamente o que responder. Alguns meses antes
essa resposta sairia em um átimo de segundo, agora... “Acho que nosso amor
se desgastou demais nos últimos meses.”
“E por que você não se separa dele... Começa de novo. É uma mulher
tão atraente.” Fiquei vermelha e ele percebeu. “Não fique com vergonha, a
verdade deve ser dita. Te acho uma mulher muito linda, sabia? Seu marido é
um idiota por não te tratar como merece.”
“Ele não é tão mau assim.” Devolvi.
Indignado com a minha resposta, Xavier segurou os lados do meu
rosto. Pensei que quisesse me fazer gemer de dor, apalpando a parte aflorada
da minha bochecha, mas o que ele fez foi aproximar nossos rostos e grudar
nossos lábios.
Por um segundo eu me rendi, fui ao céu e voltei. E então eu lembrei
da realidade e me afastei dele, chocada.
“Me perdoe, Vanessa...” Disse ele aparentemente constrangido. “Quis
fazer isso desde o primeiro instante que a vi.”
Naquele momento eu estava retornando ao planeta terra. Os lábios
macios e adocicados de Xavier iniciaram um incêndio terrível que foi se
espalhando por todo meu corpo. Sim, eu pensei em meu marido, nos votos de
casamento e em tudo mais que você possa imaginar, mas, infelizmente, havia
em mim uma força ainda maior que a lealdade.
E foi esta força que me fez agarrar Xavier e beijá-lo novamente.
Meus pensamentos desapareceram. Não havia reprovação e muito
menos culpa. Tudo que pensava era no fervor da união de nossas bocas.
Sentir aquela língua explorando a minha, aquelas mãos me puxando,
apertando, protegendo... Aos poucos fui sentindo um calor intenso, meu
corpo inteiro tremia de tesão. Xavier percebeu, deixou-se levar e beijou-me
com mais volúpia, largou meus lábios e senti o calor de sua boca descendo
pelo meu pescoço arrancando arrepios e gemidos que não conseguia
controlar.
Quando dei por mim, estava sentindo suas mãos macias e fortes
deslizando pelas minhas costas. Meu corpo tremia, desejava, queria,
precisava daquilo. Era uma sensação maravilhosa. De repente Xavier parou
de me beijar. As coisas estavam ficando quentes demais para nós dois. Ele
ficou apenas me olhando, mas não era um simples olhar, me senti sendo
contemplada por aquele homem perfeito.
Senti seus dedos deslizando novamente sobre meu rosto, fechei meus
olhos ao sentir e inclinei a cabeça para sentir com mais força. Xavier meneou
a cabeça negativamente, ele parecia mais abalado do que eu por causa
daquela violência. E, de repente, ele se afastou de mim.
“Acho melhor pararmos...”
Sua boca dizia para pararmos, mas observei em seu olhar aquele
desejo quase ferino. Xavier me queria e pela primeira vez em toda minha
existência, queria uma pessoa com toda minha vontade. Que queimasse no
inferno por ele! Queria senti-lo, amá-lo, tê-lo em mim pelo menos uma vez...
Poderia me arrepender um dia, mas preferia me arrepender por ter feito, do
que apenas ter imaginado.
“Eu não acho.” Respondi, sustentando aquele olhar que já tirara
minhas roupas.
“Tem certeza disso, Vanessa? Não te chamei aqui com essas
intenções. Acredite.”
Então me aproximei de Xavier, passei minhas mãos sobre seu blazer e
comecei a tirar.
“Acredito em você, Xavier. Não te conheço como gostaria, mas algo
me diz que você é uma boa pessoa... Quanto à minha certeza... Nunca tive
tanta certeza de alguma coisa. Me faça sua, Xavier, me ame como nenhum
homem nunca me amou.”
Xavier, estranhamente se distanciou de mim. Andou pela sala por
alguns momentos. Me arrependi e fiquei repassando minhas palavras em
busca de algo que poderia ter desencadeado aquela atitude. Então, ele
retornou para perto de mim e me olhou de uma maneira voraz, como se fosse
um animal diante de sua presa. Ele segurou com firmeza os meus ombros.
“Você tem certeza do que me pede?”
Fiquei com medo, mas, confiava nele e sentia que não me faria mal
algum. Fiz que sim com a cabeça e logo em seguida, lá estavam nossas bocas
coladas. Não posso dizer que estávamos nos beijando, naquele momento,
parecíamos que estávamos tentando nos devorar de alguma maneira. E minha
mente não estava longe, estava ali, registrando cada sabor e cada arrepio que
ia cortando meu corpo de maneira tão brusca.
Xavier parou se afastou e tirou a camisa, fiz a mesma coisa e tirei a
minha, ficando apenas de sutiã. Depois ele tirou os sapatos de verniz e riu
para mim. Eu percebi o começo de uma brincadeira então tirei meus sapatos,
depois veio as meias e a calça e lá estava eu, diante de um homem estranho e
seminu, enquanto eu vestia apenas calcinha e sutiã.
Ele se aproximou de mim e abraçou-me. Senti sua pele colando na
minha, o calor que achava que não poderia subir aumentou ainda mais.
Inesperadamente senti meu sutiã sendo aberto e caindo no chão, agora sentia
meus seios contra seu peito musculoso. Fechei os olhos e senti as pernas
cedendo, ele me segurou e, quando percebeu que estava firme, olhando para
meus olhos, baixou a única peça de roupa que lhe restava: sua cueca.
Eu me apoiei em seu ombro e fui tirando minha calcinha sem desviar
o olhar. Quando me soltei, senti suas mãos em minha cintura puxando-me de
encontro ao seu corpo. O calor úmido da cabeça do pau pressionou minha
vagina, que parecia irradiar todo calor que inflamava meu corpo. Senti nossas
respirações sincronizando, o corpo de Xavier estava quente como o meu, seu
pênis parecia uma pedra de tão rígido que estava. Subitamente, ele me beijou
avidamente e desceu para meu pescoço. Suas mãos passeavam pelo meu
corpo com leveza e destreza.
Dedos ágeis e experientes percorreram meus seios, descendo pela
barriga e tocando em meu sexo. Sentir a voracidade com que seus dedos me
abriam explodiu algo dentro de mim, me fazendo gozar intensamente,
pulsando contra a sua mão. Minha cabeça estava a mil e tudo que queria era
sentir aquele pênis entrando dentro de mim. Reuni toda minha coragem e
segurei-o em minha mão, era quente e grosso. Direcionei-o para minha
vagina, mas Xavier se afastou.
“Ainda não.”
Senti sua mão voltar para minha vagina. Ele brincava com ela, ora em
meu clitóris, ora nas lábias. O tesão me dominava por completo e eu estava
começando a achar que a qualquer momento morreria de tanto tesão. Mas
aquilo não era o bastante para me enlouquecer, Xavier queria mais. Com a
outra mão, segurou meu seio e começou a chupá-lo... Senti um tesão tão
grande que mordisquei sua orelha e, instintivamente, levei uma de minhas
mãos para segurar aquele pênis, queria senti-lo entrando em meu corpo, em
minha boca.
Quando pensei nisso, senti a boca enchendo d’água e imaginei o gosto
que aquele pênis poderia ter. Fiquei imaginando chupando a cabeça e fazendo
desaparecer de um momento para o outro. Indo com meus pensamentos, senti
meu interior explodindo em um gozo que jamais havia sentido. Gemi e como
gemi. E tomada pela loucura, segurei Xavier pelos cabelos e puxei para um
beijo repleto de luxuria e desejo. Agora era minha vez de deixa-lo louco, mas
quando fui descer para chupá-lo, me impediu.
“Eu quero te chupar...” Eu lhe disse, estranhando o tom ousado da
minha própria voz. “Quero ser tua.”
“Tem certeza do que está falando?”
Eu fiz que sim com a cabeça. Lógico que queria, era o que mais
queria naquele momento.
“Posso fazer o que eu quiser e como eu quiser?” Ele insistiu, com o
olhar cada vez mais devasso.
Mais uma vez fiz que sim com a cabeça.
“Tem certeza? Peça-me novamente.” Provocou ele, ainda dedilhando
minha carne cada vez mais úmida.
E foi nesse momento que fiz a maior merda de minha vida, desculpe o
palavreado, mas você vai acabar entendendo.
Me aproximei do ouvido de Xavier e sussurrei:
“Neste momento sou tua mulher... Transe comigo com vontade.”
Xavier deu aquele sorriso de canto de lábio e disse.
“Não vou transar com você, Vanessa! Vou te comer como nenhum
outro homem te comeu em toda sua vida.”
Ao ouvir aquilo, meus olhos se arregalaram. Vi um Xavier vulgar e
acabei ficando com medo, mas não medo para sair correndo para longe dele,
pelo contrário, estava com medo de como as coisas seriam depois daquele
momento. Minha vagina encharcou mais uma vez só de ouvir a palavra
“comer”. Ele me segurou pela cintura e me fez sentar na beirada da mesa,
abriu minhas pernas e foi nesse momento que olhei para baixo e vi o pênis
que estava prestes a entrar em mim.
“Deixa chupar seu pênis, por favor?” Foi quase uma súplica.
“Chupar meu pênis?” Ele me fez ajoelhar. Mas quando fui abocanhar,
ele me deteve. “Isso não é um pênis. Pegue!” Atendi e segurei. Minha boca
enchendo d’água, eu podia sentir o aroma daquela coisa grande me enchendo
de loucura. “Isso não é um pênis... Não estamos na aula de ciências, isso é
um caralho. Diga.”
“O que? Diga o que você quer que eu diga. Sou tua.”
“Ainda não, mas será... Diga o que você quer fazer com esse caralho.”
“Deixa chupar esse caralho? Quero sentir essa cabeça deliciosa
roçando meus lábios e minha garganta.”
“Agora sim...”
Quando ouvi aquelas palavras, caí de boca naquele pên... digo,
naquele caralho enorme, mas só consegui roçar meus lábios na cabeça
deliciosa, Xavier me impediu.
“Agora sim, falou direito, mas não será hoje que poderá engolir isso
aqui.” Ele me puxou para cima contra minha vontade, eu queria tentar chupá-
lo, não queria desistir, mas ele me colocou sentada na mesa. “Hoje os únicos
lábios que sentirão meu pau entrando são os lábios da sua buceta gostosa.”
Então foi minha vez. Puxei-o para o meio de minhas pernas e senti a
cabeça de seu pau se chocando contra minha buceta, procurando se encaixar.
“Então vem, coma sua buceta... Enfia esse pau com força dentro de
mim... Me fode gostoso.”
E foi isso que Xavier fez. Senti a cabeça de seu pau procurando a
entrada, quando encontrou, entrou com dificuldade e vi estrelas e senti um
pouco de dor ao sentir o tamanho daquela vara abrindo minhas carnes. Era
quente, duro e grosso. Ele começou a entrar e sair de dentro de mim com
mais força, estava tão gostoso e maravilhoso que comecei a sentir o gozo
brotando de dentro de mim, mas quando estava prestes a gozar mais uma vez,
Xavier parou.
“Quero te comer de costas.” Ele me puxou pelo braço e me colocou
contra a janela de seu escritório. Senti o frio do vidro contra meus seios que
estavam pressionados ali. Ele abriu minhas pernas, abaixou-se, encaixou e
meteu com força. Eu sentia aquela vara deliciosa entrando e saindo de meu
corpo como se o possuísse há tempos.
Chegou um momento que não conseguia mais gemer, apenas sentir
aquele caralho entrando e saindo cada vez mais forte de dentro de mim. Era
uma loucura. Abri os olhos e olhei para o ponto que costumava pegar ônibus,
fiquei olhando para ele e pensando em como nunca fantasiei sobre isso, em
foder naquele prédio com o misterioso homem do cigarro.
“Eu quero gozar.” Disse Xavier ao meu ouvido.
“Pois goze.”
“Quero te ouvir implorar.”
“Goze em mim... Me encha com tua porra...” gritei e, tomada pelo
tesão, comecei a chocar meu traseiro com mais força naquela rola que
deslizava deliciosamente para dentro de mim. As mãos de Xavier se soltaram
de minha cintura e senti suas mãos abrindo minhas nádegas.
“Que cuzinho lindo você tem, Vanessa.”
Aquilo me deixou tão louca que comecei a colocar mais força ainda,
agora, para minha surpresa, fiquei imaginando como poderia ser fazer aquele
mesmo movimento, mas com aquele pau entrando e saindo de minha bunda.
Comecei a gemer mais alto conforme ia imaginando até o momento que
gozamos juntos.
Xavier permaneceu dentro de mim e acariciou minhas costas, com seu
pau ainda me alargando por dentro, fui sentindo-o amolecendo dentro de
mim, até que saiu por inteiro, senti meu corpo vazio e um líquido grosso me
descendo as coxas, mas minha alma estava cheia de felicidade e de amor.
Como precisava voltar para casa, Xavier e eu nos vestimos o mais
rápido possível, depois de alguns minutos estávamos nos pegando novamente
no estacionamento do prédio. Mas, estávamos apenas nos curtindo mais um
pouco, havia carinho naqueles beijos, um sentimento que, sinceramente, senti
que nós dois precisávamos há muito tempo. O caminho para casa foi
tranquilo e estávamos tão entretidos um com o outro que nem sequer lembrei
da noite anterior. Tinha plena certeza que não havia dito meu endereço para
ele.
Quando chegamos próximo de minha casa, nos beijamos brevemente
e nos despedimos com um até amanhã. Fui para casa pisando nas nuvens, me
sentindo apaixonada não somente por uma outra pessoa, mas pela vida.
Quando cheguei em casa e vi Alexandre com o laptop na barriga,
ainda jogando, a realidade gritou aos meus ouvidos, mas não quis ouvir, fui
para meu quarto e deitei-me do jeito que estava, sem cogitar um banho. O
creme grosso que ainda me recheava me fazia sentir mais mulher do que
nunca.
CAPÍTULO 06

Sabe quando você acorda se achando a mulher mais linda do


universo? Foi assim que despertei na manhã seguinte. Parecia que nada
abalaria minha felicidade. Tudo bem que, ao ver meu marido fiquei um
pouco arrependida, mas... Fazia tanto tempo que não tínhamos absolutamente
nada, que achava que meu marido tinha se tornado um amigo e nada mais.
Tudo bem que, antes de adormecer, pedi perdão para Deus pelo meu
ato pecaminoso. Era uma mulher casada, porém, minha consciência não me
condenava pelo ato, pelo contrário, ela estava em festa também. Eu me sentia
mulher, me sentia viva, me sentia alguém e não mais apenas mais uma peça
da casa. Aquilo me fez olhar para minha vida de outra maneira.
Tomei um banho revigorante e me arrumei da melhor maneira
possível. Estava com esperanças de encontrar novamente o meu querido e
maravilhoso amante. Mentalmente, ri de meus pensamentos e, também
estranhei. Estava pensando em Xavier como um verdadeiro amante. O
estranho era que, até algum tempo atrás, pensar em tal aventura era
completamente absurdo.
Não sei se era o dia que estava lindo ou se eram os meus olhos que
pareciam filtrar novas cores. Eu me maquiei o melhor que minha destreza
permitia e saí de casa sem ao menos me despedir de Alexandre. Quando
cheguei próximo do ponto de ônibus, avistei um carro parado que parecia o
mesmo carro de Xavier, mas, com certeza ele não era o único a ter um carro
como aquele, no entanto, quando passei por ele, ouvi uma buzina e,
instintivamente, olhei para trás.
Para a minha surpresa, Xavier me acenava por de trás do volante.
Eu abri um sorriso e entrei no carro sem me preocupar se alguém me
viria ou não. Não nos beijamos como dois loucos, apenas nos
cumprimentamos e saímos. Ele disse que estava com saudade e que não
conseguiria ficar esperando até a noite para estar comigo novamente.
Confessei que provavelmente também não conseguiria e fui mais longe,
dizendo que havia demorado a pegar no sono.
Ele riu e disse que sabia muito bem como havia sido, ele passara pela
mesma situação. Não demorou muito tempo para chegarmos ao nosso
destino. Xavier me deixou uma rua antes de chegarmos aos nossos trabalhos
e desta vez me tascou um beijo na boca saboroso e tesudo. Senti meus
mamilos endurecendo logo cedo e minha buceta piscando como se pedisse
para ser preenchida novamente por seu lindo e gostoso caralho que estava tão
perto e ao mesmo tempo, tão longe.
Ao sair do carro, eu acidentalmente deslizei a mão pela sua virilha, e
Xavier caiu fácil na minha provocação.
Rindo safado, me puxou para dentro e me deu outro beijo faminto,
desta vez também meteu uma das mãos em minha buceta, fui aos céus
novamente e voltei. Depois disso, cada um foi para seu lado e continuamos
nossas vidas como de costume.
Ao chegar à Hamburgueria tudo estava maravilhosamente arrumado.
O caixa estava fechado e havia um bilhete pedindo para que eu revisasse para
ver se estava tudo certo. Contei todo o dinheiro e os cartões e tudo bateu
perfeitamente. Aos poucos, os demais funcionários foram chegando e todos
pareciam estar de ótimo humor, até mesmo o motoqueiro que vivia lá fora no
celular, parou para conversar comigo.
“Nossa, hoje você está diferente.” Disse ele. “Parece muito feliz.”
“Impressão sua. Viver é maravilhoso.” Eu respondi.
Eu me sentia irradiante e não conseguia parar de pensar em Xavier,
em nossa noite, em nossa brincadeira, em sua ruindade de não me deixar
chupá-lo, retribuir todo aquele tesão que ele estava me concedendo. O dia foi
passando rapidamente e contava os minutos para vê-lo, havia ligado duas
vezes dizendo sandices que me faziam me molhar inteira. Foi então que
decidi retribuir aquela gentileza gostosa...
Em uma de suas ligações, ele deixara escapar que ainda não havia
comido. Fiz um lanche especial para ele e decidi levar para que a fraqueza
não acabasse com aquela britadeira que tinha no meio das pernas. Coloquei
todo meu carinho e pedi para que o cozinheiro olhasse a loja por alguns
minutos.
Ao chegar ao prédio, ligeiramente saltitante e feliz, eis que me deparo
com algo que acabaria com meu dia em míseros segundos.
Ao longe, Xavier conversava com alguns engravatados, ele me olhou
e acenou com um sorriso lindo, falou mais algumas palavras com os homens
e eles desceram para a garagem do prédio. Xavier caminhou em minha
direção e pegou o pacote em minhas mãos.
“Apenas um? Pensei que me acompanharia.”
“Para você aprender a comer sem mim.”
“Agora não tem volta, não posso ficar sem comer com você.”
Havia compreendido muito bem o que Xavier quisera dizer.
“Vai ter que esperar... você está me devendo uma chupada ai
embaixo. Aliás, por que não deixou ontem?”
“Não se preocupe... Logo, logo eu deixo você chupá-lo até enjoar.”
“E quem disse que vou enjoar?”
“Isso, veremos.”
De repente, ouvi uma moto parando logo atrás. Xavier fez sinal para
que o motoqueiro saísse, foi sutil, mas não ao ponto que não percebesse.
Quando olhei para trás, eis que reconheço aquele homem. Para minha
surpresa, o motoqueiro que Xavier estava mandando seguir era ninguém
menos que o tarado que havia tentando me estuprar no ponto. Sem saber o
que pensar, fui me afastando.
“Vanessa...” Chamou Xavier com um tom de urgência na voz.
“Vamos conversar... Eu posso explicar tudo.”
Senti meu coração se despedaçando pouco a pouco. Tudo aquilo não
se passou de uma encenação. O tarado era funcionário de Xavier, tudo aquilo
fora simplesmente combinado. Lágrimas começaram a escorrer pelo meu
rosto, um desespero enorme rugiu em meu coração. Xavier se aproximou e
tentou tocar em mim, mas estava tão nervosa que o empurrei.
“Nunca mais quero te ver!” Gritei. A moça que estava na recepção
ouviu, mas quando olhei, ela simplesmente desviou o olhar. “Seu... seu... Eu
sabia que não tinha falado meu endereço... Sabia! Você não me salvou de um
tarado. Agora sei quem é... Você é um tarado pervertido... Como ousou fazer
isso comigo, Xavier, seu desgraçado! Espero que nunca mais me procure em
sua vida...”
Xavier ainda tentou me segurar, mas disse que se não me soltasse
gritaria no meio da rua para todos ouvirem quem ele realmente era. Então,
senti sua mão afrouxando o aperto e lá estava eu, seguindo para meu trabalho
com passos largos, lágrimas nos olhos e com meu coração se desfazendo
como areia da praia. Quando passei pelo motoqueiro da loja, ele estranhou
como voltara.
“Aconteceu alguma coisa?” Perguntou ele, preocupado.
“Sim. Aconteceu.” Respondi quase gritando. “Acabei de descobrir
que a felicidade é apenas uma ilusão que queremos acreditar.”
CAPÍTULO 07
O resumo daquele dia: terrível, simplesmente terrível! Depois de
minha descoberta, tudo que queria era me esconder e ficar bem distante
daquele lugar. Por sorte, Xavier, por mais crápula que tivesse se mostrado,
era um crápula que sabia respeitar a distância imposta. Tudo bem que estava
louca para vê-lo mais uma vez, mas não para me atirar em seus braços, queria
xingá-lo, ofendê-lo... Estava destruída... Como alguém tão perfeito poderia
ter agido daquela forma? Era um ator digno de um Oscar, esse era a verdade.
Ao fechar as portas da Hamburgueria olhei para todos os lados para
certificar-me que estava sozinha. Meu ódio havia passado, mas ainda estava
ferida com tudo. Fui para meu ponto sem medo de nenhum encontro
inesperado e muito menos de algum tarado. Tudo fora forjado por aquele
homem, aquela foi a forma que encontrara para me arrastar para dentro de seu
carro. Ele não era um rosto desconhecido, era um dos clientes... Ele havia
sido meticuloso.
Quando cheguei ao ponto, fiz questão de ficar de lado para o prédio,
mesmo assim, de soslaio, dei uma olhada buscando a sombra que vivia me
observando. Ela não estava lá. E como estaria? Provavelmente era Xavier
oculto pelo espesso vidro fume de seu escritório, estava lá, me observando,
imaginando coisas comigo, pensando em uma maneira de me comer... Essa
era a verdade... Tudo bem, poderia me sentir lisonjeada por alguém como ele
querer transar comigo? Sim, poderia. Mas, no fundo, lá nas profundezas do
meu ser, acho que queria que aquele sonho maluco fosse verdadeiro.
Respirei fundo e me peguei divagando em nosso único momento.
Minha pele ainda se recordava da maciez da pele daquele macho, meus seios
daquele peito forte e quente e, minha mão... A minha mão... Quando lembrei
que havia segurado outro pênis além do de Alexandre, senti meu coração
palpitar e minha boca encher d’água. Minha respiração falhou por algum
momento e minha vagina me traiu dando sinais de desejo, pulsando dentro de
minha calça.
Para minha sorte, o ônibus passou rápido e ao chegar em casa, ainda
olhei para os lados para não ser surpreendida com a presença de Xavier.
Sinceramente, no caminho inteiro achei que o encontraria ali me esperando,
pedindo desculpas e uma chance de se explicar. Mas, pasmem, fiquei
decepcionada por estar completamente solitária na rua. Não havia ninguém
além de mim mesma e meus pensamentos. Decepcionada, entrei em casa e
nesse dia, apenas cumprimentei meu marido, não me aproximei para beijá-lo,
para mim, já não fazia muito sentido, ele não ligaria para mim mesmo.
Deitei em minha cama, apaguei as luzes e fechei os olhos. Tentei ao
máximo abrandar meus pensamentos, mas, era algo impossível. Minha
mente, traindo meu desejo de esquecer, insistia em retornar ao momento que
eu o encontrara diante do prédio o quase-estuprador. Xavier, ao perceber que
havia descoberto seu plano, estreitou os olhos e entortou os lábios, talvez
tivesse achado que eu iria fazer algum escândalo. Mas não o fiz.
Virei de um lado para o outro, o sono demorava mais que o costume.
Peguei o celular e procurei por Marcele, ela sequer havia visualizado minhas
mensagens. Será que ainda estava com o mesmo rapaz? Se sim, era algo
inédito e que provavelmente indicava que minha amiga finalmente havia se
apaixonado por alguém. Coloquei o celular no criado-mudo ao meu lado e
fiquei olhando para o teto. Fechei os olhos, contei carneirinhos e nada. Estava
tão desperta como se tivesse acabado de entrar na loja.
Foi quando, inesperadamente o pior acabou acontecendo. Minha
mente, mais uma vez contra mim, começou a projetar imagens, ou melhor, as
poucas lembranças que havia adquirido ao lado daquele homem. De repente,
vi Xavier sobre mim, com seu belo e musculoso corpo nu pesando sobre meu
corpo, dificultando minha respiração com seu peso e sua boca colada em meu
pescoço. Tentei tirar as cenas de minha cabeça, mas, os pensamentos
voltavam cada vez mais fortes.
Um calor começou a tomar meu corpo de uma maneira que jamais
havia sentido. Havia um novo tipo de tesão me percorrendo, me dividindo
por completa. Sem forças para combater, decidi que a única maneira de
vencer aquilo era deixar a mente livre para ir para onde quisesse. E, naquele
momento, no escuro de meu quarto, reunindo todas minhas forças, atirei
Xavier ao meu lado. Segurei-o pelos braços e beijei-o com um desejo
incandescente se propagando na minha buceta.
Enquanto isso, esfregava-a em seu pau duro como pedra, sentia toda
sua rigidez dividindo meus lábios molhados de tanta vontade de dar. Eu
fechava os olhos e deslizava, Xavier conseguiu libertar uma de suas mãos,
tentou mirar aquela cabeça deliciosa em minha entrada, mas, eu estava por
cima e não era o momento de me foder gostosamente. Naquele momento, era
eu que estava no poder e era eu que iria fazer do jeito que queria. Em meus
pensamentos, eu não era uma puta qualquer, mas sim a puta do homem mais
lindo e gostoso que conhecera em minha vida.
Tirei minha buceta da mira daquele pau gostoso e quente, tudo bem
que queria senti-lo entrando, me rasgando toda... queria ficar de quatro para
ele socar tudo e me fazer sentir suas bolas se chocando contra o meu corpo...
Colocando toda aquela coisa grossa dentro de minha buceta faminta por um
macho maravilhoso quanto ele. Mas, estava com outros planos, aquilo
poderia esperar. Pedi para ele fazer silêncio, ele assentiu com um movimento
leve de cabeça e com aquele sorriso lindo.
Beijei seus lábios delicadamente, depois seu pescoço, fui descendo
pelo seu peito e sentindo aquele sabor de macho se espalhando por todo meu
corpo. Beijei sua barriga e continuei descendo até aquilo que queria fazer
desde momentos atrás. Forcei-o a abrir as pernas e, não quis cair de boca de
uma vez, queria curtir o momento, apreciar cada instante, principalmente a
visão de algo tão belo, grosso e duro. Deslizei um dos dedos sobre uma das
veias de seu pau e percebi um leve movimentar da cintura de Xavier. Seus
lindos e deliciosos lábios libertaram um gemido que soou como música aos
meus ouvidos.
Fiquei ali, deslizando as pontas de meus dedos sobre aquele belo pau
duro que estava a centímetros de meus lábios, minha boca formigava de
desejo e vontade de engoli-lo, mas, eu também queria sofrer, queria sentir
aquele desejo avolumando-se dentro de mim, dominando-me inteira. Foi
então que comecei a passar minha língua, Xavier se retorceu de tesão. Senti
minha boca formigando pelo sabor de masculinidade que me deliciava como
se fosse o mais delicioso sorvete. Fui lambendo, degustando como se aquilo
fosse uma iguaria de uma terra que jamais visitaria novamente.
Quando cheguei na cabeça de seu pau, parei para apreciá-la por
alguns momentos. Envolvi aquele mastro em uma de minhas mãos e comecei
a passar a língua naquela deliciosa cabeça. Fui passando em toda sua
extensão, tentando decorar cada abertura, cada reentrância, absorvendo o
líquido doce, transparente e gelatinoso que escorria por aquela deliciosa
boquinha e foi ali que comecei a chupar delicadamente. Sentir aquela coisa
lisa e deliciosamente deslizante invadindo minha boca me fez chegar ao meu
primeiro clímax mental e, após isso, depois de uma lambida que começou na
base do pau de Xavier, senti o sabor de seu pau preenchendo minha boca.
Era delicioso sentir aquela coisa quente, dura e saborosa entrando e
saindo de minha boca. Eu engolia cada vez com mais vontade à medida que
Xavier gemia. De repente, senti suas mãos segurando meus cabelos,
começamos a lutar um contra o outro, ele queria que eu subisse para enfiar
aquela coisa em minha buceta, mas eu estava com mais vontade de chupar
aquele pau, era uma coisa viciante, era gostoso demais sentir aquela coisa
roçando meus lábios enquanto fodia minha boca.
Tudo que Xavier conseguiu foi sentar na cama, joguei meu peso sobre
ele e venci. Agora eu estava com a cabeça entre suas pernas, engolindo seu
pau como se fosse uma puta no cio, minha vontade era engoli-lo totalmente,
senti-lo fodendo minha garganta, mas era praticamente impossível. Eu
engasgava ao engolir um pouco mais daquela coisa deliciosa. Xavier queria
me ver engolindo todo seu pau, ele forçava minha cabeça pelos cabelos,
ouvia seus gemidos de tesão e loucura. Foi quando ele parou e disse:
“Vou gozar, Vanessa!”
Seu tom de voz mudara naquele momento. Aquele alerta era de tesão,
naquele momento percebi que ele não queria gozar em minha boca, mas,
talvez pelo receio do que eu poderia achar, mas, naquele momento não era
mais a Vanessa que conhecia desde meu nascimento, era uma mulher faminta
e com um fogo de me aproveitar de todas as maneiras daquele homem.
Confesso que queria sentir aquela maravilha da natureza gozando em minha
boca, queria sentir o gosto, sentir o prazer dos jatos de porra se chocando
contra o céu de minha boca, queria sentir a sensação do pulsar daquele pau
gostoso.
“Vanessa!”
Chamou ele mais uma vez. Então, ergui os olhos para aquele macho
delicioso e com um olhar de puta no cio, disse com uma voz baixa, rouca e
completamente safada.
“Goza na minha boca!” Não precisou pedir duas vezes. Xavier me
segurou pelos cabelos e forçou minha cabeça a engoli-lo e, a cada momento,
sentia-o entrando cada vez mais. Desta vez, deixei-o comandar a brincadeira,
amoleci meu pescoço e permiti ele socar seu pau em minha boca como socou
em minha buceta em nossa primeira vez. Levei uma de minhas mãos a minha
buceta e comecei a me masturbar, estava tão molhada e escorregadia que não
demorou muito tempo para sentir o meu gozo e o dele invadindo minha boca.
Fechei os olhos naquele momento, queria sentir o gosto, cada jato de
porra invadindo minha boca. Sinceramente, no primeiro momento achei que
não aguentaria fazer aquilo, mas a era uma sensação de calor gostosa que
ligava todo meu paladar. Fui deixando parte daquele rio de porra escorrer
pela minha boca, voltando para aquele pau que ainda estava deliciosamente
duro. Quando as últimas gotas do saboroso líquido daquele macho desceu por
minha garganta, deitei sentindo meu corpo tremer de tanto que havia gozado
com ele. Mas, para minha surpresa, o inesperado aconteceu.
Tomado por uma força que nunca vi em toda minha vida, Xavier me
segurou pela cintura e me colocou de quatro como se fosse uma boneca de
pano. Abriu minhas pernas e senti suas mãos esfregarem em minha buceta
como se tentasse molhar ainda mais tudo que estava praticamente inundado.
Logo em seguida, senti sua cabeça encostando nos meus grandes lábios e,
subitamente, socando aquela vara ainda dura dentro de mim. Ela entrava e
saia como se houvéssemos acabado de começar nossa brincadeira. Era algo
inédito para mim, nunca vira um homem com aquela disposição para foder
uma buceta como Xavier. Ele enfiava com gosto, sentia suas mãos apertando
minha cintura, batendo-me contra seu corpo, sua vara parecia que me rasgaria
a qualquer momento, as bolas de seu saco batiam contra minha buceta e me
enchiam de mais tesão ainda. Foi então que comecei a gozar novamente,
vencida por aquele macho, deixei a cabeça cair no travesseiro enquanto ele
continuava socando aquilo dentro de mim.
“Me fode... Me fode...” Comecei a murmurar enquanto gozava com
aquele pau entrando e saindo de dentro de mim. Foi então que, o inesperado
aconteceu. Xavier parou de socar aquela coisa em mim e foi nesse momento
que senti minha buceta ardendo de tão fodida que estava. Olhei para ele,
ainda de quatro, com minhas pernas abertas, com minha buceta toda
arregaçada e aberta para ele voltar a fodê-la. “Me fode...” Pedi novamente.
“Me coma de todo jeito... Sou qualquer coisa que você quiser.”
“Quer que eu te foda completamente?” Perguntou ele perto de meu
ouvido.
“Sim...” Respondi. “Enfia esse pau onde você quiser. Mas enfia, sinto
falta de seu pau entrando em mim.”
Foi então que ele saiu de cima de mim, senti seus dedos deslizando
para dentro de minha buceta e, lentamente subindo para outro buraco ali
perto. Ele começou a passar os dedos pelas bordinhas, refazendo meu
contorno... Aquilo estava prestes a acontecer e eu não sabia se queria ou
não... Na verdade, pensei na porra que havia tomado e que havia gostado,
aquilo poderia ser bom ou não... Bom, não importava para mim naquele
momento, tudo que desejava era ser completamente daquele homem, ter
todos meus buracos fodidos por ele para poder lembrar de tudo que fizera
comigo.
“Entre quatro paredes não existe lugar para pudores, Vanessa.” Disse
ele.
“Então, faz de mim o que quiser, sou tua putinha.”
Aquelas palavras foram o gatilho para seus dedos forçarem minha
entrada. Senti um arrepio terrível cortando minha espinha, no mesmo instante
minha buceta voltou a pulsar de desejo. Foi então que comecei a sentir algo
mais quente, mais macio. Ergui levemente o pescoço e me deparei com
Xavier com a cara enfiada em minha bunda. Não acreditava no que estava
acontecendo, mas estava acontecendo. Eu sentia sua língua ali, naquele lugar,
passeando entre minhas bordinhas ainda virgens. Era uma sensação deliciosa
e, me arrumei para deixar-me ainda mais aberta, comecei a sentir meu corpo
pedindo por aquilo. Mordi o travesseiro de tanto tesão e para minha surpresa,
me ouvi pedindo: “Me faça inteira sua, fode meu cu!”
Xavier tirou sua boca de mim. Foi então que senti suas mãos pegando
as minhas e levando para minhas nádegas, eu sabia o que tinha que fazer,
abrir para ele poder entrar mais facilmente. Senti a cabeça quente encostar em
meu cuzinho, ele forçou e me esquivei por causa da dor, mas o tesão era
maior e voltei a minha posição. E quando ele estava prestes a socar aquela
rola dentro de mim, eis que algo chama minha atenção.
O relógio estava despertando, me chamando para minha triste
realidade. Quando me levantei, notei que estava completamente nua e
encharcada. Por sorte, Alexandre já não dividia a cama comigo há bons
meses e por isso, não me preocupei se havia falado enquanto sonhava ou não.
Havia dormido com Xavier em minha cabeça, foi a única maneira de adentrar
ao esquecimento do que ele fizera, mesmo assim, ainda o desejava... Minha
fúria talvez tivesse uma única razão: decepção.
Tivemos apenas um pequeno momento juntos, mesmo assim, aquele
pequeno e breve momento fora o suficiente para deixar minha mente
completamente a mercê das novas possibilidades. Eu queria poder mudar a
minha realidade, mesmo sabendo que estava presa a juramentos que
pouquíssimas pessoas levam a sério hoje em dia, mas, este é o resultado de
nascer em uma família tão rigorosa. Levantei-me de minha cama com o corpo
cansado como se realmente houvesse vivido tudo aquilo e fui para o banheiro
sem me preocupar com minhas roupas, provavelmente Alexandre estaria
dormindo no sofá ou ainda no computador. Liguei o chuveiro e comecei a me
lavar ainda com a sensação do sonho sobre minha pele, ao esfregar o
sabonete em minha vagina fiquei com tanto tesão que nem percebi que estava
me masturbando com ele.
Precisava manter a calma e não entrar em parafusos, se ficasse com
todo aquele tesão encubado, poderia não ter paz em nenhum momento de
meu dia. Então, continuei me masturbando e senti minhas pernas tremerem
quando cheguei ao clímax, sai do banheiro mais calma e sem pensamentos
pecaminosos que me levariam para o inferno, me arrumei e me coloquei
rumo ao trabalho, torcendo em meu íntimo que as coisas continuassem da
mesma maneira, ou seja, sem aquele milagre da natureza em minha vida.
Fiquei um pouco chateada pelo fato de não encontrar Xavier ali me
esperando como no dia anterior. Pelo menos, ele me devia uma explicação.
Bom, na verdade, não me devia nada, mas aquela era a única maneira de
mostrar que era realmente um homem de verdade, mas, ele não estava e,
fizera tudo aquilo para simplesmente se aproveitar de mim. Tudo bem,
convenhamos que ele foi engenhoso com aquele plano e, no fundo, me sentia
lisonjeada por um homem como aquele ter todo aquele trabalho para me ter
pelo menos por alguns momentos.
Meu ônibus chegou e, como sempre, estava vazio. Olhei meu celular
em busca de minha sumida amiga, mas ela ainda não havia sequer olhado
para minhas mensagens. Preocupada, liguei e depois do segundo toque, caiu
na caixa postal. Não sei por que, mas aquilo disparou uma sirene em minha
cabeça, quando estava para ligar novamente, eis que uma mensagem de
Marcele chega ao meu celular.
“Estou maravilhosamente bem, amiga... Não se preocupe, mas acho
que vou me casar. Kkkkk”
Ri comigo mesma. Marcele era uma pervertida, mas sempre achei que
aquilo era simplesmente uma maneira de tirar o foco de sua mente. No fundo,
ela queria o que todas as mulheres queriam: ter um homem fixo para amar e
constituir família. Tudo bem que, em alguns casos, isso é algo extremamente
chato e sem graça, mas quando se encontra a pessoa certa, as coisas até que
ficam suportáveis.
Marcele merecia aquilo, merecia viver aquele sentimento que tantas
mulheres buscavam. Guardei o celular na bolsa e fiquei olhando o caminho,
para as pessoas que transitavam de um lado para o outro, pensei no homem
que havia me encoxado naquela vez, mas, cai na realidade e aquilo, foi
apenas algo momentâneo e que não deveria acontecer mais. Havia sido algo
diferente e arriscado? Havia, mas... Aquele tipo de putaria não condizia com
meu status de mulher casada.

****

O ônibus parou e eu desci diante da Hamburgueria e fiquei surpresa


com um vaso de flores que havia ali ao lado da porta. Me aproximei, olhei ao
redor procurando alguém que, provavelmente estaria esperando por minha
chegada, mas não havia ninguém. Me abaixei e li o bilhete, estava escrito
meu nome com uma letra bonita e compreensível. Como era para mim,
peguei o bilhete e li.
“Gostaria de ter uma chance de explicar meus porquês.” Era Xavier.
“Espero que não pense que fiz tudo isso para tê-la apenas uma vez... mas que
saiba que fiz tudo isso, para ter uma oportunidade de conhecê-la melhor.”
Respirei profundamente e guardei o bilhete no bolso de minha calça.
Abri a loja e comecei a arrumar minhas coisas, estava tão compenetrada em
tudo que nem havia me tocado que havia deixado as belas flores do lado de
fora. Só me toquei quando ouvi alguém batendo na porta e quando olhei, vi
Xavier com o vaso nas mãos. Fechei a cara no mesmo instante, agora, não
sabia se era de vergonha por esquecer as folhas, se era por causa do sonho ou
pelo seu plano maquiavélico de estar comigo.
“Não gosta de flores?” Perguntou ele enquanto se aproximava
lentamente.
“Gosto. Quer dizer, dependendo de quem as dá.”
“Eu sinto muito por ontem, Vanessa. Eu ia te contar quando surgisse a
oportunidade. Acredite que não me senti nenhum pouco bem com o meu
comportamento, mas, era isso ou...”
“Ou...”
“Vanessa...” Começou ele aparentemente nervoso. Não tínhamos
tanta intimidade, não o conhecia tão bem, mas o pouco que havíamos
convivido, Xavier sempre parecera uma pessoa que sabia o que dizer e como
dizer, pelo menos, até aquele momento. “Eu gostaria de conversar com você,
mas não aqui e nem agora... Será que poderia almoçar comigo?”
“Claro que não!” Respondi. Por mais tentada que pudesse estar, não
podia sair da loja deixando as coisas para trás. “Tenho obrigações com meus
empregadores. Desculpa... Quer dizer... Não precisa me desculpar, quem
precisaria se desculpar é você.”
“Tudo bem.” Ele virou as costas e começou a sair, mas antes de sair
pela porta, disse. “E se você pudesse almoçar comigo... Pelo menos diria
sim? Para poder explicar?”
Xavier era um homem poderoso, dono de seu nariz e de qualquer
mulher que desejasse. E ele estava ali, com aquela voz embargada,
visivelmente chateado e pela primeira vez desalinhado em suas roupas como
se houvesse passado a noite em claro. Toda aquela sinceridade abrandou
minha ira, mas, sem olhar para ele, respondi.
“Talvez... Iria pensar em seu caso.”
Claro que não olhei para Xavier diretamente, estava adorando vê-lo
naquele estado. Ele realmente parecia estar sofrendo, porém, ao dizer que
talvez sairia com ele, vi aquele lindo sorriso despontando em seu rosto e
aquela nuvem de mau-humor e chateação desaparecendo.
“Que bom, ainda tenho esperanças de consertar meu erro. Vou deixar
as flores ali fora caso mude de ideia...”
“Não.” Ele interrompeu seu percurso para me ouvir. “Já que se deu ao
trabalho, deixe-a aqui no balcão, por favor.”
CAPÍTULO 08
Confesso que minha raiva de Xavier havia passado completamente,
ainda mais vendo-o tentando se desculpar daquela maneira. Parecia um
adolescente diante de sua primeira namoradinha, ele estava completamente
constrangido. E, para piorar minha cabeça, as coisas estavam bem paradas na
Hamburgueria, os chapeiros conversavam, o motoqueiro teclava no celular e
eu estava apoiada no balcão olhando para a rua e viajando em meus
pensamentos. Pelo menos até o momento que uma figura completamente
inesperada surgiu a minha frente.
O motoqueiro não havia percebido a presença daquele homem que o
observava em silêncio, foi quando ouvi o senhor o cumprimentando e quando
o motoqueiro viu quem era, assustou-se de tal maneira que quase caiu da
cadeira. O senhor entrou meneando a cabeça negativamente.
“É assim, todos os dias?” Perguntou o recém chegado enquanto
caminhava para o interior da loja.
“Só quando as coisas estão muito paradas.” Respondi em defesa do
motoqueiro. Aquele era o dono da Hamburgueria, Senhor Venceslau. Ele
tirou os óculos escuros e me fitou com aqueles penetrantes olhos azuis. Era
um senhor bem conservado, com seus sessenta anos, um homem muito sério
que, sinceramente, achava que não sabia como sorrir. Raramente ele passava
por ali.
“O movimento está fraco para todo tipo de comércio.” Comentou ele,
enquanto puxava o banco de trás do balcão para se sentar ali. Fiquei olhando
para aquilo e fiquei surpresa e apreensiva. Normalmente quando visitava a
loja, ficava sentado em uma das mesas, nunca ali perto de mim. “Mas, está
sempre assim? Se estiver me diz que fechamos isso e partimos para outra
coisa.”
“As coisas estão indo bem, seu Venceslau.” Disse. “Se quiser posso
pegar os livros para mostrar a entrada de dinheiro da loja.”
“Não precisa, Vanessa. Se está vendendo, tudo bem...”
Inesperadamente, uma terceira voz interrompeu minha conversa com
o dono da Hamburgueria e para meu desespero era ninguém menos que
Xavier.
“Boa tarde.” Disse Xavier como se houvesse entrado ali pela primeira
vez.
Eu respondi ao cumprimento e o senhor Venceslau também.
“Gostaria de ver nosso cardápio?” Eu estendi o cardápio para Xavier,
que o pegou sem olhar.
“Gostaria de saber se quer almoçar comigo?”
Senti meu rosto arder de tanta vergonha. Olhei disfarçadamente para o
senhor Venceslau que estava de cabeça baixa e meneava negativamente.
Aquilo não era um bom sinal.
“Acho que isso não está em nosso cardápio, senhor.” Respondeu Sr.
Venceslau com um sorriso divertido nos lábios. “Mas temos hambúrgueres
deliciosos por aqui.”
“Muito obrigado, mas não é isso que estou querendo.” Respondeu
Xavier delicadamente. Ele olhou para mim e continuou. “Almoça comigo,
Vanessa, por favor? Deixe-me explicar pelo menos.”
“Xavier, estou no trabalho, não posso sair assim... Já lhe disse isso
pela manhã.”
Foi então que o senhor Venceslau se levantou e parou ao meu lado.
Apontou para Xavier e imaginei que o expulsaria dali, mas para minha
surpresa, a conversa foi completamente diferente.
“Garoto... Você me fez lembrar de mim mesmo quando estava na sua
idade.”
“Muito obrigado pelo elogio. Posso dizer o mesmo do senhor, espero
chegar a sua idade com a mesma presença de espirito e enxutez. Nem sei se
existe essa palavra, mas acho que me compreendeu.”
“Sim. Compreendi.” Respondeu senhor Venceslau para minha
surpresa. E virando-se para mim, continuou. “Vanessa, as coisas aqui estão
calmas, vá almoçar com esse moço bonito, aproveite um pouco a vida e as
oportunidades.”
“Mas...” Estava completamente surpresa com as palavras de meu
chefe. Ele estava me entregando de bandeja para aquele homem. “Estou...
Não posso...”
“Fique tranquila... Eu ainda sei como lidar com clientes e
funcionários.”
Sem saber o que fazer, fui me encaminhando na direção de Xavier.
Senti uma ponta de raiva brotando em meu coração, mas o que ele fizera...
era louvável, você há de convir comigo... Ele havia forjado algo não muito
bacana para simplesmente se aproximar de mim. Eu precisava ir mais fundo
naquela situação. E precisava ter alguma explicação para uma atitude como
aquela. Só estranhei meu chefe e sua gentileza, entretanto, como havia dito
Xavier, fora ele que desenvolvera o sistema para a loja.
Caminhamos em silêncio até o escritório de Xavier, notei que seu
carro estava na rua e ao lado, lá estava o funcionário que havia se passado por
estuprador. Xavier indicou o local do passageiro e me encaminhei para o
lugar, o funcionário, gentilmente abriu a porta para mim.
“Espero que um dia a senhora me perdoe por fazer parte de algo de tão
mal gosto.” Olhei nos olhos do homem e vi sinceridade ali. Mas, naquele
momento, estranhamente estava mais calma com relação ao fato. Ele não
precisava saber disso naquele momento e entrei no carro sem dizer
absolutamente nada para ele.
Xavier sentou-se em seu lugar, colocou o cinto de segurança e deu a
partida.
“A culpa foi minha, Vanessa.” Disse Xavier em defesa ao seu
funcionário. “Esse cara é de minha extrema confiança, para você ter uma
ideia, ele tem as chaves de minha casa.”
“E o que isso tem a ver com o fato dele quase ter me matado do
coração?”
“Ele ameaçou de pedir demissão caso não tivesse oportunidade de se
desculpar como fez e, além disso, fez questão que me desculpasse de alguma
forma contigo.”
“Bom...” Aquela era minha oportunidade de manter-me a certa altura
emocional de Xavier. “Você me surpreendeu com sua atitude, mas estou aqui
para ouvir o que tem para me dizer... Só peço que não me leve em um lugar
muito chique por causa de minhas roupas e que voltemos logo... Não quero
atrapalhar a vida do seu Venceslau.”
Ele saiu com o carro.
“Está preocupada com ele?”
“Claro! Não era para estar? Ele é dono da loja e ficou no lugar de uma
funcionária para sair com um cliente?! Não acha isso algo um tanto
estranho?”
“Vanessa... O senhor Venceslau não é um homem tão ruim quanto
imagina. Como disse, tive o prazer de trabalhar com ele e com a esposa no
desenvolvimento do sistema e se mostraram pessoas adoráveis. Acho que fiz
um bom trabalho para eles, ele vive me dizendo que pareço com ele em sua
adolescência. Quanto ao restaurante, não se preocupe, para mim você está
linda como sempre.”
Aquilo me deixou envaidecida, mesmo assim, cruzei os braços sobre
o peito e mergulhei no silêncio durante todo o caminho. Claro que fiquei com
vontade de comentar sobre os lugares bonitos que passávamos, mas naquele
momento não queria conversa, estava fazendo charme.

****

Quando chegamos finalmente ao restaurante, olhei de soslaio para


Xavier sem esconder minha indignação pelo lugar. Era chique demais para a
forma que estava vestida, mas tudo que fez foi olhar com aquele belo sorriso.
Ele saiu do carro, deu a volta rapidamente e abriu a minha porta.
“Eu não entrarei aí com essas roupas nem que me arraste, Xavier!”
Era um lugar chique demais. Lindissimo. Havia um homem de terno e
gravata do lado de fora esperando para levar o carro para o estacionamento.
“Poderíamos conversar na Hamburgueria ou na padaria da esquina. Não iria
me importar, de verdade.”
“Sei que poderíamos, mas queria me desculpar em grande estilo
contigo. Vamos entrar, prometo que ninguém se importará com suas roupas.”
“Nem tente me convencer... Não entrarei.” Estava realmente decidida
em dar meia volta e voltar para meu local de trabalho. Outro detalhe que
pesava eram as roupas de Xavier, ele estava muito bem vestido, ficava lindo
de terno. Todos com certeza reparariam em nós.
Xavier coçou o nariz por um momento , fez sinal para que o
manobrista se distanciasse e se debruçou sobre a porta aberta.
“Eu não tenho apenas essa surpresa para você.” Olhei para ele
surpresa. Como assim ‘não tenho apenas essa surpresa’. Comecei a ficar
preocupada com a genialidade do homem que insistia para que saísse do
carro. “Vanessa, por favor, realmente fiquei me sentindo muito mal pela
minha atitude e, estou tentando de todas as maneiras contornar a péssima
impressão que ficou de minha pessoa.” Ele suspirou profundamente, coçou a
cabeça e continuou. “Essa outra parte não seria para esse momento... Estava
guardando para mais tarde caso nos entendêssemos.”
“Xavier... O que está aprontando?” Foi então que ele abriu a porta de
trás e logo em seguida, colocou uma sacola em meu colo. “O que é isso?”
“Olhe.” Respondeu ele. “Espero que goste.” Tirei o que havia dentro
da sacola e quando me deparei com aquele vestido, não sabia exatamente o
que pensar: não sabia se ficava mais puta da vida com ele ou se agradecia de
tão bonito que era. “Vi em uma loja pela manhã e lembrei de você. Espero
que não se importe. Sei que pode parecer estranho e providencial para o
momento, mas, acredite, não estava planejando lhe dar agora.”
Ele realmente parecia sincero com suas palavras. Sorri para ele por
um momento e logo em seguida, abaixei-me para trocar algumas palavras
com o rapaz que aguardava minha decisão de sair ou não.
“Tem algum lugar onde poderia me trocar aqui sem entrar?” O rapaz
indicou uma entrada próximo de onde levavam os veículos. Desci do carro e
por alguns momentos, parei para olhar seriamente para Xavier. “Isso não quer
dizer que te perdoei completamente, viu!” E sai me dirigindo para o lugar
onde o frentista indicara.
“Parcialmente já é um bom começo.” Disse ele, visivelmente aliviado
por ter aceito seu convite e seu presente.
Ao entrar no banheiro dos frentistas, fiquei deslumbrada com a
arrumação e limpeza. Bom, não era para menos, aquele lugar era um sonho
para qualquer pessoa com a minha situação financeira. Tranquei a porta, tirei
minhas roupas e aquele vestido havia caído perfeitamente, quando olhei para
baixo, percebi que ele não combinava tão bem com meu All-Star e, pena que
não era comprido para tampá-lo, mas, para minha surpresa, quando deixei a
sacola do vestido cair, ouvi um barulho que indicava algo ali. Quando a
peguei de volta, para minha surpresa havia um par de sapatos que
combinavam perfeitamente com o vestido e com o tamanho de meus pés.
O medo acendeu uma luz em minha razão. Como aquele homem
poderia acertar tanto em comprar roupas para uma mulher que esteve apenas
uma vez? Aquilo era praticamente impossível... Antes de Alexandre perder
sua vida para o jogo, ele vivia comprando e errando as peças de minhas
roupas, até mesmo o calçado errava o número. Eu não estava acostumada
com algo tão perfeito quanto aquilo.
Bom, agora não havia como fugir. No fundo, torcia para que Xavier
tivesse uma explicação realmente muito boa para tudo que fizera de ruim para
mim. Completamente vestida, guardei minhas roupas na bolsa e sai. Quando
abri a porta do banheiro, tanto Xavier quanto o manobrista me olharam como
se fosse uma deusa encarnada no corpo de uma mortal. Xavier estendeu a
mão para pegar a sacola.
“Você está linda!” Disse enquanto me olhava de cabeça aos pés. “Por
gentileza, coloque a sacola em meu carro. Obrigado e feche essa boca, por
favor.”
Ri do comentário de Xavier. E foi naquele momento que notei que
realmente o manobrista estava de boca aberta enquanto me olhava da cabeça
aos pés também.
“Serviu como uma luva.” Ele me ofereceu o braço, o que aceitei
prontamente. “Você realmente nasceu para esse vestido.”
“Depois você vai me contar onde andou mexendo para saber meus
números, viu.” Disse, brincando, mas sem esconder um pingo de seriedade.
“Você está me parecendo aqueles malucos que perseguem as estrelas de
cinema.”
“Te garanto que não sou nenhum, maluco, Vanessa. Pode acreditar.”
“Vamos ver... Por enquanto, para mim, você é meio maluquinho,
sim.”

****

Fomos recepcionados muito bem por um jovem com sotaque francês.


Ele nos entregou o cardápio do restaurante e logo em seguida nos levou para
nossas mesas. Em um lugar como aquele, na minha concepção, só podia
entrar quem tivesse uma mesa reservada, no entanto, para minha surpresa,
Xavier não disse nada a respeito de reserva e as pessoas o cumprimentavam
com um respeito diferente do que costumava tratar meus clientes.
“Sua mesa está de seu agrado, senhor?” Indagou o recepcionista
quando chegamos à mesa mais distante do salão. Era um ótimo lugar, de onde
estávamos conseguíamos ver todas as demais mesas. O restaurante não estava
lotado e quando olhei o cardápio pela primeira vez, descobri o porque.
“Meu Deus, Xavier!” Disse enquanto folheava o lindo cardápio preto
com detalhes dourados que pareciam ouro. “Me sentiria melhor se
estivéssemos na padaria... Esses preços são absurdos demais.”
“Não são tão absurdos quanto parecem, Vanessa, acredite.” Ele
olhava para o cardápio e para os lados ao mesmo tempo como se o
conhecesse de cor. Provavelmente era o ponto de encontro para seus
encontros com outras mulheres. “Tem lugares muito mais caros que este e
com um atendimento que deixa a desejar. O que mais me orgulho, ou melhor,
o que mais gosto daqui são os vinhos, realmente são envelhecidos e
realmente são importados.”
“Nunca sequer cheguei perto de um vinho importado.” Ri.
“Hoje você irá experimentar e verá a diferença no primeiro gole.”
“Se está com intenção de me deixar bêbada para se aproveitar de
mim.”
“Não quero me aproveitar de você, Vanessa.” A voz de Xavier
assumiu um tom sério que me fez arrepender de minha brincadeira
inadequada. “Desculpe se dei a pensar isso, mas não quero que me tenha
como um homem que faria qualquer coisa para arrastar uma mulher para sua
cama.”
“E você não fez?”
“Sim, infelizmente tomou uma atitude errada, mas estou aqui tentando
explicar o por que de minhas atitudes... Se realmente fosse um cara
aproveitador não estaria neste momento tentando me explicar. Concorda
comigo?”
“Não precisa ficar nervoso.”
“Me desculpe, Vanessa, me desculpe” Ele respirou fundo por alguns
momentos. “Você não é uma mulher qualquer e também não quero tê-la em
minha cama apenas uma vez.” Aquelas palavras me fizeram encostar as
costas na cadeira. Olhei para ele seriamente. “Desculpe... Te assustei
novamente? Tudo que planejei está fora de ordem... O vestido era para o
final, o que disse para o meio da conversa e não para ser dito antes de sequer
começarmos.”
Ele realmente parecia constrangido com suas palavras e atitudes. Ele
baixou a cabeça por um instante e vi Xavier sofrendo com seus próprios
pensamentos. Delicadamente, deixei minha mão deslizar sobre a mesa,
segurei a outra mão e quando ele me olhou com surpresa, disse:
“Não te acho um crápula... Você me assustou... Mas, me diga o que
tem para dizer.”
Xavier sorriu para mim e logo após um suspiro começou.
“Primeiramente quero me desculpar de verdade, caso tenha passado
uma imagem negativa. Fui estúpido? Sim, fui... Mas, fazia tanto tempo que
procurava uma oportunidade de conhece-la.” Senti meu rosto corando
enquanto Xavier, tentava se explicar. Ele sempre falara tão bem e naquele
momento, estava claro que media as palavras, que se perdia em seu
raciocínio, o grande homem de negócios estava completamente sem jeito
diante de uma simples garota. “Todos os dias ficava te olhando de meu
escritório, ficava preocupado contigo naquele ponto sozinha todas as noites...
E foi exatamente meu medo que me deu a ideia. Como costumava comer na
Hamburgueria, sabia que não temeria entrar no meu carro, mesmo não me
conhecendo.”
Ele fez uma pausa, segurou em minha mão e continuou.
“Vanessa, eu sabia que era comprometida, mas eu realmente sentia a
necessidade de te conhecer, de conversar com você... Não me pergunte por
que, mas algo parece que me impulsionava para isso... Para ser franco, não
esperava fazer amor com você naquele dia... Mas, acabou acontecendo... Eu
senti que você queria também... Queria?”
Apenas meneei a cabeça. Ele sorriu, aliviado.
“Desculpe, Vanessa... Você é uma mulher casada e sei que devia
manter distância, mas... Não consegui resistir aos seus encantos.”
“As coisas não andam muito bem em casa e...” Não podia deixar
Xavier carregando toda aquela culpa, eu quisera também e como quis ter
aquele homem dentro de mim. “Sei que fiz errado, mas entendo o que você
está passando... Tudo que precisamos fazer é simplesmente aprender com os
erros e seguir em frente.” Ele assentiu e, para quebrar o gelo, continuei. “Só
cuidado com seus planos meticulosos ou se não, uma hora mata a garota que
quer do coração!” Rimos juntos. “Não vai fazer a mesma coisa que fez
comigo com outra garota hein”
“Pode deixar.” Ele arrumou o guardanapo no colo e como não
costumava comer em lugares daquele jeito, fiz o mesmo. “Não farei isso com
nenhuma outra garota em minha vida.”
O garçom chegou à nossa mesa e perguntou o que gostaríamos de
comer. Estava perdida com toda aquela quantidade e nomes estranhos. Ele se
virou para Xavier e tive a certeza que era um frequentador assíduo do lugar
ao ouvi-lo dizer: “O de sempre, Jarbas”. Ele conhecia até mesmo o nome dos
garçons. Claro que guardei aquilo para mim mesma e pedi o mesmo que ele
ia comer.
Ficamos conversando sobre nossas vidas enquanto a comida não
chegava e a conversa acabou partindo para nossas vidas particulares, falei de
meu casamento, de como havia conhecido Alexandre. Ele falou que não tinha
sorte com mulheres e que a maioria olhava primeiro para sua carteira e depois
para ele e essas coisas de gente rica. Lembrei dos jogadores de futebol, dos
políticos com idades avançadas e com mulheres maravilhosas... Ele não
queria aquilo para ele, queria alguém que amasse pelo que tinha guardado no
coração e não no banco.
A comida chegou e começamos a comer, a conversa fluía como se
fossemos dois grandes amigos. Estava muito agradável, quando terminamos,
olhei para o relógio e vi que estava fora da loja havia quase duas horas.
Fiquei nervosa e disse que tinha que voltar por causa do senhor Venceslau e
tudo mais.
Xavier ergueu o indicador como se pedisse um segundo enquanto
pegava o celular, digitou uma mensagem e pareceu esperar uma resposta,
logo em seguida, ouvi o barulho de uma nova mensagem. Ele virou o celular
para mim tampando o nome e o telefone do contato, mas pela foto
reconhecida o senhor Venceslau, na mensagem, Xavier disse que chegariam
um pouco mais tarde e, para minha surpresa, a resposta do meu chefe foi:
“Tudo bem, mas você vai pagar o dia dela” e depois disso, vi algo
inesperado, a sigla “rs”.
Olhei surpresa para Xavier.
“Eu amo demais esse velho maluco!” Não pude deixar de rir do
comentário e o ar a nossa volta pareceu florescer com a nossa felicidade.
Xavier, apesar daquele mau começo, era uma pessoa gentil, amorosa e
atenciosa. Estar com ele me fazia esquecer tudo que estava ao meu redor.
Ficamos tão compenetrados com a conversa que nem vimos à hora passar.
Xavier entendeu minha urgência e, contra sua vontade, nos levantamos e
saímos do restaurante, mas ao chegar à porta do restaurante, me dei conta que
ele não havia pagado a conta.
“Xavier, você esqueceu de pagar.” Disse enquanto o manobrista abria
a porta para mim.
“Não esquente com isso, eles colocam na minha conta.” E lá estava
mais uma vez a prova de que ele conhecia aquele lugar muito bem.
Quando chegamos ao prédio da rua onde trabalhávamos, imaginei que
Xavier me deixaria ali, mas para minha surpresa e desespero, paramos diante
do meu local de trabalho. Fiquei pensando em como explicaria aquela troca
de roupas, temia o que o senhor Venceslau poderia pensar a meu respeito.
Mas, ao chegar a loja, vi que as coisas estavam mais feias ainda, para minha
surpresa, o dono não estava sozinho, dona Pierina, esposa do senhor
Venceslau estava lá também.
“Muito bonito o que o senhor vez, seu Xavier.” Disse dona Pierina
com um sorriso amável no rosto. Ela se levantou e cumprimentou Xavier com
um beijo no rosto. “Sequestra minha funcionária e deixa meu marido
sozinho.”
“Dona Pierina! Que surpresa vê-la por aqui. Desculpe pelo incomodo,
eu tinha que falar com sua funcionária a respeito de um mal entendido.”
“Sei... Sei... Agora vamos deixa-la trabalhar e vamos acertar algumas
contas lá no seu escritório.”
“Sem problemas.” Xavier virou-se para mim e beijou minhas mãos
com carinho. “Obrigado por me compreende, Vanessa.” Ele se virou para o
senhor Venceslau. “Esse mês não precisarão pagar mensalidade devido a
gentileza, viu.”
“Bom...” Eu estava completamente sem jeito com aquele show de
gentilezas, meus patrões pareciam ser muito amigos de Xavier. “Se me dão
licença, vou me trocar.” Mas foi então que dona Pierina parou diante de mim,
segurou minhas mãos e me olhou atentamente.
“Você é uma ótima moça, Vanessa. Temos muita sorte de tê-la aqui.”
Senhor Venceslau levantou meio mancando e foi então que entendi a
preocupação de sua esposa.
“É... mas, fica com essa roupa que, quem sabe entra mais cliente
aqui... Você ficou mais linda do que já é.”
Aquilo me deixou extremamente envergonhada, dona Pierina apenas
sorriu e largou minhas mãos e saiu, mas deu para ouvir ela chamando atenção
do marido.
“Seu velho safado... Não tem mais idade para falar essas coisas para
as mocinhas... Ainda mais na minha frente”
“Ah Pie, me deixe em paz, ela é uma princesa, não é mesmo Xavier?
Mas você sempre será a minha rainha.”
Não tive coragem de me virar para despedir de Xavier, fiquei parada,
sem saber onde enfiar a cara e, finalmente, meu dia havia voltado para aquele
clima maravilhoso de felicidade. Pelo menos até o momento que me lembrei
de um pequeno e importante detalhe: era casada.
CAPÍTULO 09
Aquele pensamento me assombrou durante o resto de meu dia. Claro,
eu estava feliz e ao mesmo tempo intrigada? Estava. Feliz com o fato da
explicação de Xavier sobre a terrível maneira de me fazer entrar em seu carro
e intrigada com o tratamento mútuo dos donos da hamburgueria e daquele
belo homem. Tudo bem que ele fornecera o programa e tudo mais, mas, não
era o suficiente para um tratamento tão diferenciado.
Com todos esses pensamentos, acabei não vendo o tempo passar, as
coisas foram bem morosas na Hamburgueria o que me dava mais espaço para
pensar e refletir sobre tudo. Até tentei ler um livro a respeito de “como
aprender a escrever e desenvolver histórias”, mas, minha concentração estava
péssima. Os acontecimentos eram muito mais fortes que minha vontade. E foi
assim até o final de meu dia.
Quando chegamos ao fim do dia, fechei meu caixa como todos os dias
e, ao sair para a rua, notei uma garoa uma fina molhando o asfalto. Não havia
trazido blusa alguma e senti um vento tão gelado que senti os ossos de todo
meu corpo. Mas, inesperadamente, quando estava baixada de costas para a
rua trancando a porta de aço, eis que ouço um carro parando atrás de mim e
logo em seguida um assovio.
“Reparei em suas roupas e, com a queda de temperatura, achei que
poderia preferir ir pra casa de carro.” Era Xavier. “Poderíamos fazer uma
troca e ajudar um ao outro: o ar quente de meu carro por sua conversa e
presença agradável.”
Impossível não rir. Me levantei, entrei no carro e coloquei o cinto.
“Você vai acabar me deixando mal acostumada, sabia?”
“Não seria algo tão ruim assim.”
“Até você arranjar algum compromisso e me deixar plantada te
esperando.”
“Cancelaria todos se você quer saber, Vanessa.”
“Sei...” Ri, tirei uma das mechas de meu cabelo de meu rosto e
continuei. “Bom, já estou dentro de seu carro e agora? Já estou fazendo
minha parte com minha presença...”
“A senhora é quem manda.”
Xavier deu partida no carro e seguimos caminho, mas aquele
tratamento minou toda a felicidade de estar com ele novamente. Senhora era
usado para pessoas idosas ou casadas, eu era uma mulher casada e aquele era
o momento crucial para deixarmos aquilo bem claro. Não poderíamos
continuar com aquilo que estávamos fazendo.
“Por que trocou de roupa? O vestido lhe caiu muito bem.”
“Não posso leva-lo para casa, Xavier. Imagina o que diria para o meu
marido caso ele perguntasse a respeito. Deixe-o na loja para devolvê-lo a
você, acho melhor pararmos de nos encontrar... Não é certo... Sou uma
mulher casada, fiz votos para um homem diante da igreja e de convidados.
Não podemos continuar com isso.”
Olhei para Xavier por alguns momentos. Ele estava sério e reparei
que seu rosto havia ganhado uma cor avermelhada e seus olhos também. Ele
parecia muito triste.
“Você não vai dizer nada?” Indaguei.
“O que posso dizer, Vanessa? Infelizmente é uma verdade que não
podemos fugir... Entretanto, queria lhe perguntar algo: você o ama?”
A típica pergunta dos casos de amor estava ali ressoando em meus
ouvidos. Eu havia amado muito meu marido, mas agora, com tudo que estava
acontecendo entre nós, não sabia mais o que se passava em meu coração.
Algumas pessoas acreditam que, ao passarmos para esse estágio o amor vai
se perdendo lentamente no decorrer dos dias. Não que acredite nisso, mas,
tinha que dar o braço a torcer, eles tinham razão.
“Serei sincera como sempre com você, Xavier.” Respirei
profundamente. “Não amo meu marido como antes, mas ainda sinto algo por
ele. Queria ajuda-lo de alguma maneira, mas às vezes acho que ele está muito
além de meu alcance. Tudo bem que fazemos tempo que não temos nada,
nem sequer uma conversa, mas... Entenda, venho de uma família
extremamente católica, me separar ou ser descoberta traindo-o poderia
acarretar problemas terríveis para mim... E, tem outra, você é uma pessoa
muito especial para se envolver com uma pessoa em minhas condições. Você
poderia ter qualquer mulher que quisesse.”
“Isso não é verdade.”
“É sim... Você é um homem maravilhoso em todos os sentidos.
Sinceramente? Fico pensando como alguém como você pode estar sozinho
até hoje... Lindo, maravilhoso, bem sucedido, agradável, honesto e rico. É
muita coisa em um homem só. Só pode ser uma miragem para uma mulher
desesperada perdida em um deserto.”
Ele riu de meu comentário.
“Serei franco. Já apareceram muitas outras garotas em minha vida,
mas, como eu disse, elas estavam olhando para minha carteira e não para o
que tenho por dentro. Infelizmente, o dinheiro pode trazer coisas boas, mas
também traz coisas ruins com ele. Não decidi me casar, pois nunca me senti
como me sinto quando estou com você.”
Xavier estava com a voz embargada, parecia que havia algo preso
dentro de sua garganta. Ele realmente parecia triste com aquilo.
“Mesmo doendo e não querendo... Respeitarei sua vontade, Vanessa.”
“Obrigada por entender minha situação, Xavier. Se tivesse uma outra
maneira...”
“Existe uma saída para você...” Retrucou ele, com um brilho de
esperança nos olhos. “Não estudei em escolas normais em minha infância e
adolescência, meus pais me colocaram em uma escola de padres para
aprender os verdadeiros valores da vida. Lá, aprendi muitas coisas e fiquei
sabendo que existem algumas razões que podem ajudar na anulação de um
casamento.”
“Sério? Como o que, por exemplo?”
“Bom, tem a traição e...”
“Isso é um crime que estou cometendo, Xavier.”
“Eu sei, mas por que fez isso? Se não estivesse faltando algo para
você, não teria caído em tentação... E falando em tentação e se não foi Deus
que nos fez encontrar nesse momento? E se não estamos aqui por uma razão
que não compreendemos?” Xavier deixou as palavras no ar por alguns
momentos. “Algumas pessoas traem por má índole mesmo, outras, por querer
sentir-se viva, amada, algo que não estão tendo em casa... Quanto tempo não
tem relações com seu marido?”
Aquela pergunta me pegou desprevenida. Havia muito tempo que não
tínhamos absolutamente nada. Não respondi e Xavier respeitou meu silêncio.
“Isso pode ser razão para anular um casamento, sabia? Será que seu
marido ainda te ama?”
Eu queria acreditar que sim, que Alexandre estava distante daquele
jeito por causa de seu problema. Tentei ajuda-lo diversas vezes, mas ele
simplesmente não queria ser ajudado, cheguei até mesmo a tirar algumas
coisas do computador para que não ligasse, mais eis que Alexandre tirou o
pouco de dinheiro que tinha para consertá-lo. Era uma situação difícil e seus
pais mal se importavam com ele.
“Alexandre tem um problema e não posso abandoná-lo agora,
Xavier.” Não havia percebido, mas já havíamos chegado nas proximidades de
minha casa. “Não vou mentir para você, adoro estar contigo e, quem me dera
ter te conhecido antes de tudo isso, mas...” Senti o calor de duas lágrimas
rolando pelo meu rosto. Xavier estendeu um dos dedos e as impediu de
continuarem. “Infelizmente, o sonho acabou, Xavier, não posso mais
continuar com isso.”
“Tudo bem, Vanessa.” Xavier respirou profundamente, se inclinou em
minha direção e me deu um beijo demorado no rosto. Sentir o calor de seus
lábios sabendo que jamais os sentiria novamente, era doloroso demais. Ele
voltou para seu lugar e desta vez fui eu a dar-lhe um beijo nas faces.
Sai de seu carro o mais rápido que podia, não queria que me visse
chorando daquele jeito. Provavelmente não deixaria subir e ficaríamos
conversando e poderia ser arriscado. Quando entrei em casa, para minha
surpresa, Alexandre estava deitado no sofá, dormia profundamente com a
televisão ligada e com uma mesa aberta no computador. Dei uma olhada ao
redor e achei que a casa estava mais bagunçada que o normal, porém, como
na noite anterior havia me jogado na cama, nem havia reparado em nada,
provavelmente aquilo era acumulo do dia anterior.
Ponderei parada ali, olhando para ele, em fazer alguma coisa para
melhorar a situação da casa, mas, não estava com ânimo para isso. Fui para
meu quarto e notei que a cama estava bagunçada, achei estranho, pois sempre
deixava o lençol esticado... enfim, coloquei minha bolsa no mancebo e
quando estava me dirigindo para a cômoda que fica do lado do lugar de meu
marido, eis que algo estranho no chão chama minha atenção.
Ao pegar aquele corpo estranho, fechei os olhos por alguns momentos
e senti meu corpo tremendo de uma maneira incontrolável. Toda mulher
conhece suas roupas íntimas, você deve concordar comigo, por isso, tinha
plena certeza que aquela calcinha não era minha e, só para acabar com
qualquer sombra de dúvidas, roupas amarelas não existiam em nenhuma parte
de minhas roupas normais ou intimas.
Respirei profundamente. Alexandre estava aprontando também...
Tudo bem que, não tinha moral alguma para cobrá-lo, no entanto, ele nunca
estava ali para mim, fazia tempo que não me olhava como mulher, tempo que
não tentava se aproximar sexualmente de mim... Será que o problema era
comigo? Só podia ser... Caminhei para a sala pensando em esclarecer aquela
situação, mas tudo que consegui fazer foi ficar parada olhando para ele
dormindo. Voltei para meu quarto tomada por uma força que não conhecia,
peguei minha bolsa, enfiei a calcinha dentro dela e sai para a rua novamente.
Não sabia para onde estava indo, só sabia que precisava sair dali para
pensar no que fazer. Peguei o celular e mandei um áudio para minha amiga
Marcele falando sobre o que havia acontecido e avisando que estava indo
para sua casa, mas quando cheguei perto do ponto do ônibus, eis que
reconheci um carro parado ali.
Me aproximei lentamente e vi Xavier com a cabeça encostada no
volante. Aquela cena me assustou, pensei que houvesse acontecido algo de
terrível com ele, mas quando bati no vidro, ele se assustou e deu um pulo,
mas ao perceber que era eu, sorriu aliviado. Abri a porta do carro e sentei no
banco do passageiro.
“Xavier... Preciso perguntar algo, mas você tem que prometer que
dirá a verdade.”
Eu estava muito nervosa.
“Nossa, tudo bem. Prometo, mas por favor, fique calma.”
“Você tem algo a ver com isso?” Peguei a calcinha de minha bolsa e
atirei sobre seu colo. “Encontrei isso atirado no chão do meu quarto.”
Xavier pegou a calcinha com a ponta das mãos.
“A julgar pelas suas lágrimas... Isso não lhe pertence.”
Eu balancei a cabeça, concordando com sua observação.
“Bom, então, seu marido está lhe traindo...”
“Isso, me traindo... Também! Podemos sair daqui?”
“E para onde você quer ir?”
“Qualquer lugar... Só me tira daqui, por favor.”

****

Xavier dirigiu em silêncio. Havia guardado aquela prova contra meu


marido e, pensava se devia usar ou não. Me sentia sem moral alguma para
cobrar qualquer coisa dele, também estava errada, na verdade, eu fora a
primeira a pular a cerca. Eu e Xavier seguíamos em silêncio, o lugar era
bonito e repleto de belas casas, foi quando avistei um portão de uma enorme
casa se abrindo, aquilo chamou minha atenção e percebi a seta do carro ligada
indicando que entraríamos à esquerda.
“Para onde estamos indo?”
“Para o único lugar que passou pela minha cabeça.” Respondeu ele
enquanto entrava lentamente na garagem. “Acho que você precisa de um bom
banho de banheira para relaxar.” Xavier percebeu que me encolhi no banco.
Delicadamente ele colocou a mão sobre minha mão e continuou. “Não se
preocupe, não tentarei nada. Estou ajudando uma amiga agora.”
Aquilo me deixou relaxada, mas, sinceramente, não sabia o que queria
que Xavier fosse naquele momento para mim. Estava com raiva, me sentia
traída e trocada por uma mulher qualquer. Não era a mesma coisa, mesmo
parecendo que fosse, eu sempre estava pronta para meu marido, perdi as
contas das vezes que tentei seduzi-lo ou das vezes que praticamente esfreguei
minha buceta em sua cara e nada. Aquilo era injusto. Extremamente injusto.
Xavier me arrancou de meus pensamentos ao me perguntar se passaria
a noite inteira no carro, foi quando dei por mim e saí. Sua casa era de tirar o
fôlego, digna de um milionário. A casa ficava sobre algumas pilastras,
debaixo dela havia alguns carros, alguns antigos e outros novos. Xavier era
um colecionador. Ele me conduziu para uma escada e subimos, ao entrar em
sua casa, assim que abriu a porta as luzes se acenderam.
Era uma sala ampla com poucos móveis, em um extremo, próximo
dos sofás havia a maior televisão que vira em toda minha vida. As paredes
eram brancas e o assoalho de madeira. Ele disse para ficar a vontade, ele
colocou as chaves de seu carro em um móvel próximo da porta e pendurou
minha bolsa no mancebo que havia ali. Me ofereceu uma bebida, mas não
estava a fim de beber nada. Na verdade, a única coisa que queria era tomar
aquele banho de banheira.
Xavier me conduziu ao banheiro e quando cheguei nele fiquei
surpresa com o tamanho, era praticamente um cômodo. Era um banheiro
lindo, paredes brancas, piso preto, louças combinando com o chão e o
cheiro... Nem parecia banheiro de um homem que vivia sozinho. Eu estava
tão deslumbrada com tudo que nem percebi o momento que ele começou a
ligar a banheiro de hidromassagem. Sinceramente? Esperava uma banheira
estilo americana e não uma, estilo os motéis mais caros da cidade.
“Você sabe mexer com esse tipo de banheira, acredito.” Disse ele me
arrancando de minha contemplação pelo lugar. “Bom, se não souber, fique a
vontade para mexer e se precisar de ajuda, pode me chamar.”
Me aproximei da banheira e coloquei a mão na água, estava muito
quente. Abri um pouco a torneira de água gelada e esperei encher em uma
temperatura suportável. Xavier voltou com um roupão e alguns sais de banho,
disse que eram calmantes e que me deixariam melhor. Agradeci e ele,
educadamente saiu do banheiro me deixando sozinha naquele lugar digno de
uma rainha.
Eu me despi lentamente e notei que havia um espelho de corpo inteiro
ali. Nua, parei e fiquei olhando para meu corpo, tudo bem que não tinha a
mesma beleza de quando havia conhecido meu marido, mas ainda era uma
mulher atraente, de seios bem feitos, de cintura marcada, ainda era uma
mulher bonita. Tudo bem que tinha algumas marcas aqui e ali, mas isso não
era motivo de ser trocada por outra mulher, ainda mais me oferecendo e
querendo como fazia sempre.
Mas, ficar ali parada me olhando me fez parecer uma idiota feia e por
isso, me dirigi para a banheira, despejei os produtos que Xavier me dera e o
banheiro foi tomado por um perfume adocicado e maravilhoso. Entrei na
banheira e senti a água quente envolver meu corpo deliciosamente, encostei
minha cabeça e fiquei ali, com os olhos fechados tentando não pensar em
absolutamente, nem na traição e muito menos que estava na casa de meu
próprio amante.
Foi quando ouvi a porta abrindo lentamente, aquilo me assustou e,
instintivamente, levei uma das mãos aos seios e outra a minha vagina, como
se Xavier nunca tivesse me visto daquele jeito. Olhei para a porta e tudo que
vi foi uma pequena fresta aberta, Xavier se desculpou sem entrar, ele estava
respeitando meu espaço, disse que ia deixar a porta entre aberta para poder
ouvir música para distrair os pensamentos.
Eu me lembrei da última música que ele havia me mostrado e voltei a
posição em que estava antes dele me assustar. De repente uma música suave
e forte invadiu a casa inteira. Respirei profundamente e fiquei ali apenas
ouvindo, prestando atenção a cada nota musical. Aos poucos fui sentindo
meu corpo adormecendo e minha mente se distanciando de tudo. Estava tão
em paz que acabei adormecendo por alguns minutos. Quando dei por mim,
me assustei. A água já estava morna para fria, sinal que havia demorado mais
do que devia, olhei para a ponta de meus dedos e tive a certeza.
Eu levantei, peguei o roupão e vesti. Ao sair do banheiro, vi que
Xavier estava sentado em um dos sofás, assistia aquilo que estava tocando,
me aproximei lentamente e sentei ao seu lado. Ele estava descalço, usava uma
calça de moletom e uma camisa de flanela, havia alguns cobertores do seu
lado e um travesseiro. Ele abaixou o volume da televisão.
“Você tem um bom gosto para música.”
“As óperas são estonteantes...” Ele se levantou. “Espere um
momento.”
Xavier saiu correndo na direção do banheiro, mas não demorou muito
tempo para voltar com uma bandeja e sobre ela, dois pratos. Ele colocou na
mesa de centro.
“Suco ou refrigerante?”
“Suco é mais saudável.” Respondi.
Ele correu novamente e voltou com dois copos de suco.
“Espero que não repare na simplicidade... Fui eu mesmo que
preparei.”
“Nossa, você cozinha?” Aquilo só podia ser um sonho.
“Adoraria dizer que sim, mas sinto em decepcioná-la. Não fui eu que
fiz, mas eu que esquentei tudo direitinho para você.”
Rimos daquilo e começamos a comer enquanto assistimos uma ópera
na televisão, por sorte, havia legendas, caso contrário, não entenderia
absolutamente nada do que pudesse estar acontecendo ali. Jantamos em
silêncio, notei que Xavier também havia se lavado e imaginei quantos
banheiros teria aquela casa, mas, como ele era rico, só poderia ser o banheiro
dos empregados.
Quando terminamos de comer ficamos ali sentados, assistindo aquele
musical. Xavier me explicava um pouco da história que estávamos assistindo
e falando até mesmo dos cantores. Realmente era um fã de óperas. Quando
chegou ao fim, perguntou se eu queria conversar um pouco sobre o
acontecido e disse que não. Que estava bom assim e que precisava esquecer
um pouco. Foi então que bocejei e no mesmo instante, Xavier me pegou pelo
braço e me levou para conhecer o quarto.
“Pensei que dormiria na sala.”
“Sou um cavalheiro, Vanessa, não posso permitir que durma em um
local tão desconfortável.”
“Seu sofá é melhor que minha cama, Xavier.”
“Pode até ser, mas minha cama não.”
Ao chegar ao quarto fiquei ainda mais maravilhada com a cama de
dossel que havia bem no centro daquele cômodo. Não havia móveis e muito
menos armários, bom, pelo menos até o momento que vi Xavier abrindo
portas que não havia notado por causa da brancura dos móveis e das paredes,
todos eram embutidos. Ele colocou alguns cobertores na cama e logo em
seguida pegou o controle remoto que havia na cabeceira e mostrou que, se
apertasse um botão, a televisão simplesmente apareceria de um
compartimento da parede, caso dormisse com música, me deu outro controle.
Em seguida me deu um beijo no rosto e me desejou boa noite.
Ele fechou a porta e depois de alguns segundos, a ópera cessou. Deitei
naquela cama enorme e fiquei ali curtindo sua deliciosa maciez. A casa de
Xavier era um sonho e extremamente cheirosa e muito limpa. Senti um calor
diferente no quarto e me dei conta que sua casa poderia ser aquela
temporizada, virei-me de bruços e fechei os olhos por alguns momentos.
Fiquei pensando em como seria sortuda a mulher que casasse com aquele
cara. E foi esse um dos meus grandes erros da noite.
Pensar naquele cara.
Pensar em Xavier deitado no sofá me causava desconforto. Foi então
que me levantei e, caminhando na ponta dos pés, me aproximei do sofá, me
deparei com Xavier deitado, sem camisa com os olhos voltados para o teto.
Ao ver-me ali, levantou-se rapidamente.
“Precisa de alguma coisa?”
“Na verdade, não acho justo pegar seu lugar na cama... Se você quiser
dividi-la comigo, mas, não vamos fazer nada, está bem?”
“Não se incomode com isso, Vanessa, meu sofá não é tão ruim
assim.”
“Mas, não estou com sono e podíamos ficar conversando até
dormirmos, o que acha? Mas sem fazer nada, tá bem?”
“Sim, você já disse isso.”
“É só para ficar bem claro.”
Xavier se levantou de seu lugar e voltamos para o quarto. Ele deitou
do lado direito da cama e eu do lado esquerdo. Começamos a conversar sobre
um monte de coisas, mas, sem olhar um para o outro, sabíamos que
estávamos em um lugar perigoso e havia algo pairando sobre nós. Foi quando
Xavier chamou minha atenção para a hora e a necessidade dele dormir pelo
menos umas oito horas, dissera que teria uma reunião no dia seguinte e que a
vida dele não era tão boa quanto a minha por entrar depois do meio-dia.
Ri de seu comentário e, para devolver sua gentileza, virei-me sobre
ele para lhe dar um beijo de boa noite, mas, Xavier havia virado também e
nossos lábios se encontraram por um breve momento. Ficamos nos olhando,
eu ainda nua sob o roupão. Um calor começou a subir pelo meio de minhas
pernas e inclinei a cabeça para beijar os lábios daquele lindo e cheiroso
homem.
Era uma boca deliciosa, havia um sabor másculo que fazia meu corpo
enlouquecer, aos poucos comecei a mexer minhas pernas uma nas outras e
senti uma brisa passeando em meus pelos pubianos. Tomada de tesão e com a
boca colada nos lábios de Xavier, deixei uma de minhas mãos até sua calça,
lá embaixo, debaixo daquele pano macio estava seu pau, duro, pedindo por
liberdade. Brinquei com ele, puxando de um lado para o outro e, tentei descer
suas calças, Xavier entendeu e sem parar de nos beijar, começamos a nos
despir, claro que dessa vez tive vantagem.
Assim que estávamos completamente nus, nossos corpos se fundirão
em um abraço quente e necessitado. Sentir o corpo de Xavier contra o meu
deixou meu corpo ainda mais ávido por ele. Novamente nossos peitos
estavam colados, sentir meus seios pressionados por seu tórax me
enlouquecia, sentir seu pau duro pressionando minha buceta me fazia minar
de um jeito que nunca havia acontecido. Nossas pernas se entrelaçavam e
buscavam mais força para apertar ainda mais nossos corpos. Xavier parou de
me beijar por um instante, respirou profundamente como se tentasse se conter
de alguma maneira, acariciou meu rosto carinhosamente e disse olhando em
meus olhos.
“Vanessa...” Adorava ouvir aqueles lábios pronunciando meu nome.
“Não acha que deveria voltar para meu sofá. Acho que não está...”
Coloquei meu indicador em seus lábios, sabia o que estava prestes a
dizer. Sorri para ele e com o mesmo dedo pedi para ele se aproximar, ele
trouxe o ouvido para perto de meus lábios e murmurei: “Então me coma
gostoso, me faça esquecer do mundo ao nosso redor.”
Xavier me olhou com voracidade.
“Tem certeza do que me pede?” Fiz que sim com a cabeça. “Então
você não me deixa opções, vou te foder como nunca foi fodida em toda sua
vida.”
Ao ouvir aquelas palavras, me arrepiei toda. Xavier beijou minha
boca com vontade e foi descendo pelo pescoço, sugou meus seios com
vontade até deixa-los mais rígidos do que já estavam. Senti seus lábios
descendo pela minha barriga e mergulhando em minha buceta. Ai, como
Xavier chupava deliciosamente, era uma loucura sentir aquela língua macia
abrindo meus grandes lábios, descobrindo o buraco que meteria aquele pau
gostoso dentro de mais alguns minutos. Ele sugava minha buceta para dentro
de sua boca, lambia meu clitóris de um jeito angelical. Senti meu corpo
tremendo, sabia que lá vinha meu orgasmo, mas não queria gozar daquele
jeito.
Foi então que, com um movimento rápido, fiz Xavier deitar na cama
com aquele pau duro para cima. Passei uma das pernas por sua cabeça e
comecei a fazer um meia nove delicioso. Chupar aquele pau delicioso
sentindo-o chupando minha buceta começou a me deixar com mais tesão
ainda. Me ajeitei de uma forma cômoda de uma maneira que poderia mamar
aquele cacete com gosto, empinei ainda mais minha buceta, melhorando a
entrada daquela língua. Ele também estava louco e me lambia como se fosse
o melhor sorvete de sua vida, foi então que, numa dessas senti sua língua
passando no meio da minha bunda. Instintivamente tirei de sua boca.
Ele pediu desculpas, provavelmente pensou que não havia gostado,
mas, na verdade, fora uma sensação extrema, diferente e cheia de um tesão
mais animalesco, ainda com aquele pau gostoso na boca, voltei a posição que
estava e depois que senti algumas lambidas na buceta, foi o momento de ver
se aquela sensação fora boa ou não. Me abaixei, quer dizer, abaixei meu
traseiro dando a entender o que queria. Delicadamente, Xavier começou a me
lamber ali e a sensação que senti, me fez parar de chupá-lo, quer dizer, eu
parei com os movimentos, mas seu pau ainda estava dentro de minha boca,
preenchendo deliciosamente. Fiquei sentindo a língua quente e macia
brincando nas bordinhas de meu cuzinho, era uma delicia. Uma sensação
completamente diferente de tudo que sentira. Instintivamente comecei a ir
para frente e para trás e meu querido macho entendeu e começou fazer aquele
movimento com a língua, comecei a gemer cada vez mais alto de tanto tesão.
Aquilo encheu minha cabeça de possibilidades, meu corpo estava ainda
com mais fogo, mesmo assim, recuei a bunda para trás e apoiei-a naquele
peito forte e continue mamando naquele pintão gostoso, eu segurava sua
base, parava, olhava para ele brilhando com minha saliva, estava tão duro que
chegava a vibrar. Xavier não estava querendo me deixar se divertir sozinha,
foi então que senti um de seus dedos entrando em minha vagina
delicadamente, aquilo me levou a loucura. Comecei a rebolar e a gemer, ele
também começou a ficar mais louco e foi nesse momento que senti outro de
seus dedos forçando a entrada de um outro lugar.
Parei por um instante, ele parou pensando que não havia gostado, mas
com um simples movimento compreendeu o que queria e voltou com seu
dedinho safado em meu cuzinho. Comecei a forçar a bunda contra sua mão e,
não demorou muito para sentir duas coisas dentro de meu corpo, um dentro
de minha buceta e outro dentro de meu cuzinho. Era uma sensação
maravilhosa, sentir aqueles dedos quentes mexendo dentro de mim, tentando
se tocar lá dentro. Na loucura do momento, comecei a mexer os quadris e
Xavier começou a tirar e colocar os dedos em mim, eu havia esquecido do
que estava fazendo, mas, como se fosse um bom cachorro que não larga o
osso, lá estava eu com a boca em seu pau, sentindo as veias, o gosto... tudo
que me era permitido. Pelo menos até a vez que comecei a imaginar como
seria...
Larguei o pau de Xavier e mudamos de posição, agora estava com
meu quadril em sua cintura, chegara o momento da verdade, eu queria ser a
puta daquele cara, queria deixa-lo completamente satisfeito comigo e com
meu corpo. Me ajeitei em sua cintura e com uma das mãos, senti aquele pau
duro e grosso. Ele sabia o que estava querendo, não havia socado em minha
buceta como já fizera, desta vez, queria experimentar algo diferente.
Ele ainda fora gentil perguntando se tinha certeza, mas estava louca
demais para pensar se tinha certeza ou não. Eu esfregava aquele pau
cabeçudo em meu cuzinho, já havia lido coisas a respeito e sabia que tinha
que relaxar... A primeira vez tinha sido apenas para ouriçar. Sentir aquela
cabeça dura e cheia de sangue passando pelo meu cuzinho só me encheu mais
de tesão, por isso, quando a segurei e comecei a sentar, senti apenas uma
fisgada de dor, mas um prazer louco percorreu meu corpo, algo que me
deixava completamente sem noção.
Fui forçando lentamente meu corpo contra aquele pau, aos poucos fui
sentindo minha pele sendo vencida pela força masculina e, subitamente, senti
a cabeça deliciosa daquele pau entrando. Soltei um grito de dor e tesão, mordi
os lábios... Cheguei a pensar em abordar meus planos, mas quando abri os
olhos, avistei Xavier com os olhos fechados e com uma expressão deliciosa
de tesão, aquilo me motivou ainda mais... Queria dar meu cuzinho para
aquele homem, queria senti-lo inteiro dentro de mim, ter todos meus buracos
tomados por aquele pedaço de carne. Fui descendo lentamente, a cada
segundo seu pau ia entrando cada vez mais dentro de mim. Subitamente,
notei que não havia mais dor, apenas desejo.
Tomei coragem e soltei seu pau e comecei a me movimentar em cima
dele lentamente. Ele ia entrando cada vez mais dentro de mim, então, meu
corpo foi tomado pelo prazer que aquilo me proporcionava e comecei a sentar
sem parar, só parei quando não dava mais. Senti o pau de Xavier duro e
grosso inteiro enterrado em minha bunda, agora eu rebolava em cima dele,
senti-lo girando dentro de minhas carnes me enlouquecia ainda mais. Levei
uma das mãos até minha bunda, deslizei os dedos sobre o que havia de seu
pau de fora e passava os dedos no meu cuzinho só para ter plena certeza que
estava sendo fodido por aquele pau delicioso.
Xavier segurou em minha cintura, puxou meu corpo um pouco mais
para frente e começou a coordenar os movimentos. Nossa, como aquele
macho se movia debaixo de mim, sentir seu pau entrando e saindo de meu
cuzinho naquela velocidade era enlouquecedor. Senti uma ardência, mas era
simplesmente delicioso. Comecei a pedir para que ele comesse meu cu com
força e para minha surpresa, Xavier saiu de dentro de minha bundinha, senti
um vazio na hora, aquela coisa quente fazia tão bem para meu corpo de puta.
Então ele me virou de quatro e pediu para abrir minha bunda, encostei
a cabeça no travesseiro e para que minha bunda ficasse ainda mais para
inclinada em sua direção. Ele deu uma leve cuspida e senti ele esfregando seu
pau gostoso no meu buraquinho arrombando, era uma delícia. Pedi para que
ele me parasse e que me fodesse logo, foi então que senti seu pau entrando
com tudo dentro de mim, parecia que sairia em minha garganta de tão fundo
que foi. Xavier me segurava pela cintura, ele estava de cócoras agarrado a
minha cintura, socando seu pau enorme com força em meu cuzinho que pedia
cada vez mais. Aquelas bolas batiam na entrada de minha buceta e me
deixava com um tesão voraz. Foi quando senti que estava gozando
novamente. Xavier anunciou que iria gozar e fiquei pensando em como seria
ter o cuzinho cheio de porra.
Olhei para ele e disse com um sorriso safado.
“Então goza no meu cuzinho... Me enche com sua porra.” Ele me
apertou mais forte e começou a meter com mais força, achei que chegaria um
momento que meu cuzinho acabaria saindo do lugar com a força de seu pau.
Mesmo assim, eu pedia para gozar, até o momento que ele me encheu com
aquele líquido quente e gostoso. Ainda engatados, nos deitamos com cuidado
para que seu mastro delicioso não saísse de dentro de mim e ficamos daquele
jeito, quietos, arfando, sentindo nossos corpos entrando em êxtase. E assim,
sem perceber, adormecemos.
CAPÍTULO 10
Dormimos tão colados que senti Xavier dentro de mim. Com o
movimento, ele acabou despertando e me deu um beijo delicioso de bom dia.
Senti ele escorregando para fora de mim com dificuldade e senti uma leve
ardência, agora não era mais de prazer, mas sim de dor. Levantamos, me
sentia estranha por causa da extravagância que cometemos, mas... Havia sido
ótimo.
Tomamos um delicioso banho juntos e ainda transamos mais uma vez,
mas não como na noite anterior, desta vez ficamos no lugar comum mesmo.
Acho que minha buceta merecia sentir aquele pau delicioso entrando e
saindo. Era incrível como Xavier conseguia me arrancar vários orgasmos em
uma metida só, era simplesmente maravilhoso. Mas não ficamos apenas nas
metidas, havia descoberto que estava viciada no gosto de seu caralho e, ficar
sentada no vaso com aquela rola na altura de minha boca era simplesmente o
paraíso para uma gulosa como eu.
Sinceramente, gemi muito e gostoso com aquele macho no banheiro.
Xavier também não ajudava, que homem gostoso... Era tão gostoso que eu
mal lembrava do que havia acontecido na noite anterior, ou por que estava
naquele lugar. Quando terminamos o banho, me vesti e ele me chamou para
tomar café.
Quando chegamos à cozinha, para minha surpresa, havia uma
senhorinha.
“Bom dia, dona Ismália. Como vai a senhora?” Xavier se aproximou,
beijou a senhora e sentou-se na mesa. No mesmo momento lembrei dos
gemidos no banheiro e senti meu rosto queimar de vergonha. “Vanessa? Essa
é a queridíssima dona Ismália, a responsável por controlar minha bagunça.”
“Prazer” Disse completamente sem graça.
Xavier, atencioso como era, percebeu meu estado e se aproximou.
“Não se preocupe, ela não escuta muito bem.”
Eu sorri para Xavier, mas, para minha tristeza, eis que dona Ismália
começou a colocar pães, café, leite e suco sobre a mesa, interrompendo o
nosso momento.
“Eu escuto muito bem, senhor Xavier.” Retrucou a senhora em sua
defesa. “Não venha com essas conversinhas pra cima da menina não.”
Ri do comentário, algo que me ajudou a relaxar pela minha gritaria de
manhã.
“Não fique envergonhada não, querida...” Começou ela, falando para
mim. “Se eu tivesse na sua idade e pegasse um cara desse, gritaria tanto que
me escutariam lá na esquina.”
“A senhora é impagável, dona Ismália!” Comentou Xavier. E dona
Ismália começou a procurar o que fazer na cozinha. “Dona Ismália?” Chamou
ele. “Não é por que estou acompanhado que a senhora não vai tomar café
comigo, por favor, junte-se a nós.”
“Sou muito velha para ficar segurando vela.”
“Deixa de besteira e venha tomar café com a gente.”
Dona Ismália sentou conosco e começamos a tomar café. Foi muito
divertido, ela contou sobre sua vida, seus filhos, netos, falou muito bem de
seu patrão que cuidava como se fosse filho, pelo que entendi, dona Ismália já
havia trabalhado com os pais de Xavier. Entre outras coisas, falou de minha
beleza e que estava feliz por finalmente conhecer uma mulher que Xavier
trouxera para casa... Eram muito amigos, dona Ismália era mais que uma
simples empregada.
Depois que terminamos, nos dirigimos para nossos trabalhos. No
carro, estávamos muito empolgados com tudo, mas, subitamente a lembrança
do que ocorrera na noite anterior, saltou diante de meus pensamentos. Xavier
percebeu aquela nuvem negra e perguntou o que havia acontecido.
“Uma calcinha não prova nada, Xavier. Ele pode ter comprado para
me dar de presente.”
“Ele já te presenteou com calcinhas, antes? E fora da embalagem? E
usadas?”
“Ok, ok, eu já entendi.”
“Isso mais o fato de não terem mais nada sexual pode anular seu
casamento, sabia?”
“Acredito que sim... Mas como posso provar algo assim? Mesmo
pegando no flagrante...”
“Bom daremos um jeito nisso... Vamos pensar... Eu tive um plano
enquanto lia um livro. Gosto de leitura tanto quanto você.”
“Quando você me viu lendo?”
“Desculpa... Vi na sua bolsa...”
“Ah tá... Eu gosto de ler, mas o livro que estou lendo é sobre como
escrever. Um dos meus sonhos é me tornar uma escritora.”
“Sério? Que legal... Já escreveu alguma coisa? Posso ler?”
“Ainda não escrevi nada, para ser franca. Acho que me falta a ideia
certa.”
“Você poderia escrever isso que está acontecendo com a gente, eu
gostaria de ler algo assim.”
“É uma boa ideia... Se um dia inventar de escrever, vou fazer isso.”

****

Xavier desta vez não me deixou na porta da Hamburgueria, mas me


acompanhou até o meio do caminho e nos despedimos com um beijo no
rosto. Abri a loja mais cedo e assim que entrei avistei o livro que estava lendo
sobre minha mesa. Se ele estava ali, como podia ter visto em minha bolsa?
Será que se confundira de alguma maneira? Bom, iriamos nos encontrar mais
cedo ou mais tarde e o questionaria sobre isso.
Arrumei tudo que precisava arrumar e voltei para meu livro. Li até o
pessoal começar a chegar. Foi um dia super tranquilo, era quase final de
semana e tivemos ótimas vendas. Quase no final da noite, estava pensando
para onde iria, claro que queria ir para casa de Xavier novamente, mas tinha
que ir para minha casa e tirar a história da calcinha à limpo. Fui para meu
ponto, mas estranhei o fato de Xavier não estar por ali e muito menos em seu
escritório.
Fiquei tão concentrada pensando nisso que quase perdi meu ônibus, se
o motorista não me conhecesse, passaria direto com certeza. Ao chegar em
casa, me deparei com algo impressionante, Alexandre estava sentado no sofá,
mas desta vez assistindo televisão.
Olhei para o laptop todo desmontado ao seu lado.
“O que aconteceu?”
“Não sei... Eu estava quase ganhando o torneio de manhã ai a luz caiu
e voltou de uma vez e o computador fez puft” Disse ele.
“Não conseguiu ninguém para arrumar?”
“Pensei em levar no meu amigo técnico, mas quando saí tinha um
corno mexendo em nosso poste... Foram os caras da energia que fritaram a
fonte, mas eles disseram que dava pra consertar... entraram aqui e mexeram
por horas nas peças, mas realmente já era.”
“E como você está se sentindo com isso?”
“Pobre... Estou perdendo dinheiro...”
Sentei ao lado de Alexandre.
“Precisamos conversar sobre algo que encontrei em nosso quarto.”
Sem esperar ele responder, atirei a calcinha em seu colo. Ele olhou surpreso,
como um ladrão pego no meio de um delito. “Poderia me explicar o que é
isso?”
“Nessa... Eu...”
“Desde quando está acontecendo?” Quis saber.
“Nessa... Não é o que está pensando...”
“Alexandre, por favor... Sejamos adultos e francos... Faz tempo que
não temos nada, faz tempo que nem nos beijamos... Eu cheguei e você nem
se esforçou para isso... Algo está errado e, se não estamos felizes, nada
melhor do que acabar com tudo isso agora, enquanto somos novos. Diga a
verdade.”
Ele suspirou profundamente e baixou a cabeça.
“Conheci uma garota na mesa de jogos e, as coisas começaram a
acontecer entre nós... Pensei que era apenas uma diversão, sabe... Ela disse
que tinha uns caminhos diferentes para ganhar mais moedas e... acabou
acontecendo.”
“Bom, acho melhor fazermos o que temos para fazer... Eu também
acabei estando com outro homem.” Ao ouvir aquelas palavras os olhos de
Alexandre arregalaram de tal forma que achei que me bateria. “Não me culpe
e nem me julgue, você fez a mesma coisa comigo... E olha que tentei de todas
as maneiras te avisar do que precisava, mas sua vida se transformou em jogos
online...”
“Mas é meu ganha pão, Vanessa.”
“Seu ganha pão? Você só consegue pagar a luz e a internet e mais
nada! Como isso pode ser seu ganha pão, Alexandre?” Ele ficou em silêncio.
“Vamos terminar numa boa... Você não me ama mais, eu também não... Não
tem por que continuarmos com isso... Graças a Deus não temos ninguém que
dependa de nós.”
“Não tenho para onde ir, Nessa, sabe disso.”
“Você pode continuar aqui mesmo... Eu vou passar uns tempos na
casa da Marcele e depois vou procurar outro lugar para morar. O aluguel aqui
é baixo, mas você precisará de mais dinheiro para conseguir pagá-lo.”
“Eu sei...” Ele parecia triste. “Tem certeza disso? Eu não queria que
as coisas terminassem dessa maneira.”
“Elas acabaram faz tempo, Alexandre, só não percebemos quando.”
Me levantei e dei um beijo em sua cabeça como sempre. “Melhor assim... É
triste, mas logo perceberemos que foi o melhor que fizemos para nós
mesmos. Um relacionamento mantido por um amor de mentira só traz tristeza
de verdade. Merecemos ser felizes, eu acho.”
Fui para meu quarto e deixei Alexandre refletindo sobre nossa
conversa. Imaginei que ele viria para meu quarto tentar alguma coisa, mas, o
que aconteceu foi algo completamente diferente. Ouvi alguém chamando seu
nome e quando olhei pela janela, vi um de seus amigos que manjavam de
informática e Alexandre descendo pelas escadas com o laptop debaixo do
braço. Aquilo foi a certeza de nosso final.
Deitei e fiquei pensando em como explicaria para minha família que
meu casamento havia acabado. Com certeza minha mãe me excomungaria de
casa, mas fazer o que... Ela era o tipo de mulher que aguentara tudo de ruim
de meu pai, se manteve submissa, aos trancos e barrancos em nome do amor
que sentia aos filhos e pelo título de mulher casada. Eu não era assim, mas ela
queria que eu fosse... A mais velha sempre tinha que ser o exemplo para a
família inteira.
Acabei adormecendo mergulhada em meus pensamentos. Quando o
maldito relógio me despertou pela manhã, me levantei cautelosamente e
encontrei Alexandre assistindo televisão. Ele parou por um instante e me
olhou por um segundo.
“Então isto vai mesmo acontecer.” Ele suspirou.
Senti as lágrimas descendo pelo meu rosto, ele tinha razão, era melhor
para mim, não para ele, mas não podia mais ver minha vida descendo pelo
ralo lentamente como estava. Corri para o banheiro e chorei sozinha por
alguns segundos, ao sair enrolada na toalha, passei por ele e lhe beijei o alto
da cabeça.
“Vou sentir falta desse beijo.” Ele disse com tanta tristeza que eu
quase mudei de ideia. “Mas, como você disse, é melhor para você. Seja
feliz.”
Fui para meu quarto chorando um pouco mais. Eu me troquei e me
preparei para enfrentar meu sábado corrido na Hamburgueria. Quando sai de
casa, me despedi mais uma vez e Alexandre disse para não se preocupar que
ficaria bem e que nos veríamos mais cedo ou mais tarde, afinal de contas,
minhas roupas ainda estavam ali. Sai de casa e quando cheguei na rua, vi um
carro conhecido parado, me esperando. Abri a porta do passageiro e me atirei
nos braços de Xavier chorando. Ele tentou me consolar.
“O que foi, Vanessa? Por que está chorando desse jeito?”
“Terminamos.”
“Ele brigou com você? Bateu em você?”
“Não... Apenas disse para ser feliz.”
Xavier se empertigou em seu banco e deu partida no carro.
“Menos mal.”
“Como assim? Você não conhece minha família, Xavier. Eles
acabarão comigo!”
“Não se eu me intrometer, Vanessa. Fique calma que tenho tudo sob
controle.”
“Do que você está falando?”
Foi então que Xavier tirou um pen-drive de dentro de seu bolso e
colocou no aparelho de som de seu carro, nesse momento eu percebi que
havia uma tela ali. Subitamente, uma imagem surgiu na tela, era Alexandre e
uma loura, provavelmente a dona da calcinha amarela, eles estavam
transando no sofá de casa.
“Pode tirar isso e me explicar como?” Pedi, horrorizada.
“Antes de qualquer coisa quero que me prometa que não ficará brava
comigo.” Assenti e Xavier continuou. “Ontem instalei umas câmeras espiãs
na sua casa.”
“Que horas e como fez isso?”
“Bom, digamos que pedi para uns amigos darem um pau na energia e
dois de meus funcionários conseguiram entrar em sua casa, enquanto um
distraía seu marido o outro disse ser saber mexer e ficou sozinho na sala.
Desculpa pela intromissão, mas me pareceu que era muito importante provar
isso para conseguirmos a anulação de seu casamento. Me desculpe, mas
entenda minhas intenções.”
Os olhos de Xavier tremularam em preocupação. Ele temia sobre
como eu reagiria a tudo isso.
“E tem mais, falei com alguns dos meus antigos professores padres e
já entraram em contato com a igreja que você casou e já deram andamento a
anulação.”
“Mas como...” Aquilo era incrível demais, coisa de filme.
“Eu vou te explicar tudo direitinho, mas antes, gostaria que
conhecesse meus pais.”
“Como assim, conhecer seus pais? O que está querendo dizer com
isso?”
“A verdade é que estou apaixonado por você, Vanessa e gostaria de
namorar com você e, quem sabe, se as coisas derem certo...”
“Não posso conhecer os seus pais, Xavier.” Foi nesse momento que
passamos pela Hamburgueria. “Pare, não posso ir, meus chefes...”
“Já dei um jeito em tudo. Não se preocupe.”
“Não duvido que não tenha dado um jeito.”
“Então posso continuar te levando lá?”
“Sim, mas depois você vai mandar uma mensagem para o senhor
Venceslau sobre o que fez e vai dizer para seus pais que somos amigos,
entendeu?”
“Tudo bem.”
Eu estava irritada com Xavier. Ele pelo menos poderia ter me avisado
sobre seus planos. Tudo bem, era cedo para conhecer seus pais? Sim, mas
éramos adultos e sabíamos dos nossos desejos. Quando chegamos à casa dos
pais de Xavier não pude me surpreender com a beleza. Sabe aquelas casas
americanas com lindos portões e rodeadas por muros e grades eletrificadas?
Era exatamente dessa maneira. Com certeza era uma família muito rica.
Passamos pelos portões e vi alguns funcionários cumprimentando
com simpatia. Todos pareciam muito felizes e aquele sentimento, começou a
me deixar mais a vontade. Pelo menos até pararmos diante da porta principal.
Xavier correu do lado de minha porta e abriu para sair, pegou em minha mão
e senti sua mão tremendo.
“Você está tão nervoso por que?”
“Você é a primeira mulher que trago para conhecer meus pais...” Ele
pegou um molho de chaves do bolso e abriu a porta. “Meu pai chegou a
pensar que não gostava de mulher sabia?”
Entramos na casa e fiquei deslumbrada com aquele espetáculo
cinematográfico e para minha surpresa, diante da escada havia um casal que
conhecia muito bem, era o senhor Venceslau e dona Pierina. Quando os vi,
olhei estarrecida para Xavier que me sorriu e deu de ombros sem jeito. Dona
Pierina se aproximou, me abraçou e me deu um beijo carinhoso no rosto,
senhor Venceslau fez o mesmo, em seguida, olhou para o filho e disse:
“Agora quero ver como você vai explicar toda confusão que armou,
meu filho.”
“Eu achei muito romântico.” Completou dona Pierina. “E, como
nunca vi você fazer um negócio desses... me sinto segura em dizer isso pra
você, Vanessa: seja bem-vinda á família.”
“Obrigada.” Disse sem saber o que dizer.
“Venham...” Convidou seu Venceslau seguindo em frente com dona
Pierina. “Vamos lá para a beira da piscina, se não minhas carnes vão tostar...
Espero que você goste de carnes queimadas, Vanessa.”
“Você terá que me explicar muita coisa, Xavier.” Disse seriamente
enquanto seguíamos seus pais. “Muita coisa mesmo.”
“Se eu te contar tudo você vai me odiar?”
“Acho que não consigo odiar uma pessoa que comecei a amar. Mas,
conversaremos sobre isso mais tarde.”
Fim
OUTRAS HISTÓRIAS POR YOLANDA CARMESINE

Professor Mistério
https://amzn.to/2RCuubv
Os boatos não podiam ser reais. Alguém certinho como o professor
Clayton não podia viver uma vida dupla!
Ainda assim eu precisava investigar, já pensou se fosse verdade e
aquele homenzão delícia trabalhasse como stripper à noite?
Eu vasculhei a internet e não demorei a encontrá-lo, despido e
gostoso esperando sua próxima cliente no site de cam boys.
Eu não deveria seguir adiante com isso.
Ele era o professor, e eu sua aluna.
Era simplesmente tão errado.
Mas o fogo do desejo falou mais alto, e o que começou como um
divertido jogo evoluiu para algo além do meu controle. A distância entre
nossos corpos tornou-se insuportável.
Ele me desejava e eu já não podia esperar por um novo showzinho,
desta vez ao vivo.

Um Bebê para Blaine


https://amzn.to/2yxA5ak

Eu não esperava fortes emoções naquele reencontro de colegas de escola, mas…


quando foi que Blaine Torchland ficou tão gato?
Blaine já nem lembrava garoto chato que implicava comigo durante o ensino
médio. Ele havia se tornado um homem viril, sedutor e também um empresário
extremamente bem-sucedido, dono das famosas Empresas Torchland.
Eu também havia crescido, óbvio, e batalhava para me tornar uma boa jornalista, mas
quando os olhos azuis de Blaine encontraram os meus naquela festa foi difícil manter
minha postura de adulta responsável.
Não houve como resistir e me entregar aos seus braços musculosos mas, no pior
momento possível, meu chefe me ofereceu a mais tentadora proposta: eu deveria investigar
as Empresas Torchland em busca dos segredos de seu estrondoso sucesso, e com isso
ganhar as páginas de todos os jornais.
Dividida entre meus sentimentos recém descobertos e a chance de enfim alavancar
minha carreira, eu me envolvi com Blaine e me tornei parte de sua vida e de seus desejos
mais profundos. Até que ponto seria possível manter esta farsa, quando o homem mais
lindo e poderoso de Nova York se mostrava tão disposto a beijar meus pés?
Uma Submissa para Roman
Em breve
Box A Novata do Escritório
https://amzn.to/2oIhCmY

Quatro contos separados e muito picantes, sobre quatro mulheres


que sabem aproveitar muuuito sua nova oportunidade de emprego.
A coletânea inclui os contos A Novata do Escritório 1, 2, 3 e 4.
Procure pelo Box A Novata do Escritório na loja Kindle e divirta-se!
Padrasto Irresistível
https://www.amazon.com.br/dp/B07BDHHT5F
Camila sempre tirou boas notas na escola e é um exemplo de bom
comportamento. Quando sua mãe resolve casar com outro homem, porém,
fica difícil manter sua reputação de boa moça.
Inexperiente, mas longe de ser ingênua, a garota de dezoito anos não
perde a chance de mostrar ao padrasto que cresceu e se tornou uma mulher
voluptuosa e sensual, mas será que o garanhão Rogério a enxergará desta
forma?
Padrasto Irresistível 2
https://amzn.to/2MKcNUz
Depois que seu pai foge para viver com a amante, a vida de Roberta
vira do avesso bem na época do vestibular. Para completar a loucura em sua
vida, sua mãe casa de novo com Jaime, um ruivo forte e misterioso que aflora
em Roberta os sentimentos mais proibidos.
Jaime não parece fazer muito em casa. Ele apenas assiste TV e
auxilia com os afazeres domésticos. Roberta nem desconfia, mas ao começar
suas aulas na faculdade, ela perceberá que as surpresas em sua vida estão
apenas no começo.
Revivendo um Desejo
https://www.amazon.com.br/dp/B07F7343RB

Sophie pensava ter esquecido Devon. Em sua vida de adulta


responsável, já não havia espaço para o roqueiro safado de seus tempos de
juventude. Mas o destino sempre surpreende, e Sophie se vê diante de seu
antigo amor novamente. Será que Sophie consegue resistir, ou se entregará
aos seus mais profundos desejos?
SUGESTÕES DE LEITURA

Barriga de Aluguel por Acidente


https://amzn.to/2y0U1VS

Talita Borges orgulha-se de sua vida simples: de dia trabalha como


manicure, de noite assiste novelas. Após uma infância tão pobre e difícil, a
última coisa que ela deseja é complicação. Nada de homens, nada de filhos,
apenas curtir a vida de solteirona e relaxar. Seria o plano perfeito se não fosse
pelo ricaço delicioso com olhos de safira e corpo de modelo, Charles Jean-
Lucc.

Bilionário, sedutor e obstinado, Charles Jean-Lucc vê em Talita a presa


perfeita para uma noite de prazeres em sua mansão, e a teimosia da moça é o
tempero perfeito para apimentar a luxúria deste alfa mulherengo. Mas uma
emergência no orfanato onde cresceu força Jean-Lucc a recuar de seus jogos
de conquista e encarar um enorme desafio: Ele precisa de um herdeiro, e
imediatamente.
Uma manicure revoltada, um bilionário atrevido e um bebê fora dos planos.
O que poderia resultar de tal combinação? Talita e Jean-Lucc talvez tenham
mais em comum do que poderiam imaginar…

Você também pode gostar