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Roteiro: do começo
ao fim, passando pelo
meio
com Jorge Furtado
_ Trechos de Roteiros
_ Textos Adicionais
_ Filmografia
_ Bibliografia
TRECHOS DE ROTEIROS
Trecho do Primeiro Capítulo da Minissérie “Agosto”, roteiro e
adaptação de Jorge Furtado e Giba Assis Brasil, sobre romance
de Rubem Fonseca.
(Chorus:)
Larga essa mochila. Não tem nada aí.
Larga essa mochila, e volta pra Tramandaí.
(Chorus:)
Larga essa mochila. Não tem nada aí.
Larga essa mochila, e vamos pra Tramandaí.
Capão Velho, Capão Novo, deixei vinte reais num flíper. Só comi arroz
com ovo e a mochila já não tem mais zíper. “Ei, cara, dá um cigarro! Tu
não viu a Roza por aí?” “Sai de cima do meu carro e diz pra Roza que
eu morri”.
Neste episódio:
TALITA, 30, mulher vítima de violência.
CHICO, marido de Talita, agressor.
ROMERO, 45, cego atropelado, dono do cachorro.
LÚCIA, 75, esposa de Benedito.
BENEDITO, 78, marido de Lúcia.
TAISON, 35, Assistente do Conselho Federal de Medicina
CENA 48 - POUSADA
Fabrício, Silene, Marina e Joaquim assistem ao vídeo. Começa a música.
“It had to be you...”
Fabrício se levanta, pasmo. Silene fica atenta. Joaquim fica paralizado.
FABRÍCIO
O que é isso?
SILENE
Sou eu. Você que filmou.
FABRÍCIO
Como ele conseguiu esta fita?
MARINA
Eu usei a fita, sua fita, para gravar a cena. Uma
parte ficou embaixo.
FABRÍCIO
Que absurdo!
MARINA
A cena é linda.
FABRÍCIO
Eu vou matar esse cara!
MARINA
Você está linda.
FABRÍCIO
Olha só!
MARINA
Ele quer usar a cena.
FABRÍCIO
O quê? Nem pensar.
MARINA
Você nem aparece.
FABRÍCIO
Você vai mostrar isso nas escolas? Para um bando
de pirralhos?
JOAQUIM
Acho que eles vão gostar.
MARINA
Você está linda. Mas a decisão é sua.
Silene fica olhando a cena.
MARINA
Não sei se vai dar para usar a música, tem que
pagar, é caro.
JOAQUIM
Quanto?
MARINA
Três mil reais. É o dinheiro que nós temos. Do
cimento.
FABRÍCIO
Você vai usar o dinheiro do cimento para comprar
essa música?
MARINA
Sem a música, não tem a cena. E a cena é incrível.
É uma metáfora do amor à natureza. É um
investimento. Com o filme a Linha São Marcos
pode ficar famosa, a Silene pode ficar famosa.
A repercussão pode trazer dinheiro, com o
desenvolvimento do turismo. Pode dar dinheiro de
sobra para essa obra e muitas outras. (para Silene)
Mas a decisão é sua.
Silene fica se olhando no vídeo.
CENA 49 - GINÁSIO
Ônibus escolares descarregam crianças num ginásio. Prefeito,
autoridades, professoras, vão tomando seu lugar. Há um telão montado
sobre o palco onde acontece um balé infantil.
Joaquim mostar a Marina que seu Otaviano e seu Antonio estão
chegando. Eles sentam lado a lado na platéia. Marina vai falar com eles.
MARINA
Papai?
OTAVIANO
Quer sentar aqui?
MARINA
Não, não... O senhor poderia vir aqui um momento?
Otaviano levanta.
OTAVIANO
O que foi?
MARINA
Papai, é que... Algumas cenas do vídeo, tem cenas
em que a Silene aparece assim, com pouca roupa.
OTAVIANO
Ela e o Fabrício?
MARINA
Não, só ela, sozinha.
OTAVIANO
Ah, então tudo bem. Que calor horrível. Vai
demorar?
MARINA
Não, já vai começar, é depois do balé.
Aplausos. O balé termina. Otaviano vai sentar, Marina volta para a coxia,
fica ao lado de Joaquim. Marcela vai para o palco, pega o microfone.
MARCELA
Eu gostaria de pedir mais uma salva de palmas para
todos os alunos e também para os professores do
grupo de balé da escola de primeiro grau Leonel
Brizola.
Aplausos.
MARCELA
E agora, como parte dos eventos da semana de
cultura da rede municipal, nós vamos assistir a um
vídeo produzido pelos moradores da comunidade
da Vila Nova, antiga Vila Marghera. O vídeo é
financiado pelo programa federal de apoio a
produção audiovisual em municípios de até vinte
mil habitantes e faz parte de um projeto que
pretende enfrentar a questão do tratamento de
esgoto na comunidade. Eu chamo aqui a equipe
que realizou o vídeo, por favor.
Aplausos. Marina, Zico, Fabrício, Joaquim e Silene entram no palco.
MARCELA
A Marina foi a idealizadora do projeto, por favor
Marina.
MARINA
Eu... Obrigado. (olha para Otaviano) Obrigada!
A gente diz obrigado, mas mulher é obrigada,
homem obrigado, varia conforme o... gênero. Bom...
Obrigada. Eu espero que vocês gostem e
que sirva para alertar as pessoas, esse vídeo,
sobre a necessidade de respeitar a natureza,
especialmente as crianças. Obrigada.
Aplausos.
MARINA
Desculpe... Mais uma coisa. Eu esqueci de
agradecer o senhor Leonardo, da Vinhos Leonardo,
que nos apoiou. E a dona Carmem, da “Só
Lindezas”, que forneceu o figurino da atriz, um
vestido muito bonito. Obrigado.
MARCELA
Alguém mais quer falar?
FABRÍCIO
Não, eu não quero falar, só quero agradecer,
como a Marina já fez, aos empresários da iniciativa
privada que participaram, com as suas empresas,
desse empreendimento. Deste vídeo. Obrigado.
ZICO
Eu quero falar, desculpe, mas eu preciso falar. Eu
quero agradecer a iniciativa da prefeitura, inclusive
aqui na presença do senhor prefeito, uma salva de
palmas, por favor.
Aplausos.
ZICO
Porque são iniciativas como esta, de ousadia, de
desconstrução do aparato opressivo audiovisual,
com o surgimento de uma linguagem verdadeira,
ousada e visceral como esta, senhor prefeito.
Muito obrigado, senhor prefeito, e nós
agradecemos ao senhor pela coragem, por
demonstrar que um sujeito, um cidadão, para ser
artista e expressar a sua arte, não precisa ir para
Porto Alegre.
Muito obrigado.
Muitos aplausos.
MARCELA
JOAQUIM
Eu espero que, depois deste filme… ninguém
mais fique na fossa! Nenhum aplauso, ninguém ri,
alguém tosse.
MARCELA
Silvana, quer falar alguma coisa?
SILENE
Quero. O meu nome... é Silene.
Risos e muitos, muitos aplausos.
MARCELA
Silene. Vamos ver o filme então.
Eles descem do palco. Silene senta ao lado do prefeito e depois, na
ordem: Zico, Fabrício, Marina, Joaquim e Marcela. Otaviano e Antonio
estão nas filas de trás. Ao lado de Otaviano, uma FREIRA e, ao lado da
Freira, uma MULHER DE CABELO VERMELHO. O ginásio está bastante
cheio, especialmente de crianças e adolescentes.
As luzes se apagam, as crianças gritam, o vídeo começa. Joaquim,
pega um cigarro, olha para Marina, faz sinal de que vai sair. Joaquim
levanta e sai.
CENA 50 - CORREDOR
Joaquim sai no corredor, põe o cigarro na boca. Procura fogo, não
encontra. Procura alguém, não encontra.
Sai caminhando, em busca de alguém, só vê crianças. Passa por um
GURI, sentado, lendo.
Caminha, cigarro na mão, vai até a calçada. Vê o MOTORISTA do
prefeito, sentado no volante. Se aproxima, vê que o Motorista está
dormindo. E afasta.
Procura alguém, não encontra. Volta a se aproximar do Motorista, pára
ao lado dele. Tosse. Tosse mais. Espira. Espira bem alto. Espira bem alto
e bate com a mão no carro. O Motorista acorda.
JOAQUIM
Oba! Tudo bem?
O Motorista se ajeita.
JOAQUIM
Pois é... Tem fogo?
MOTORISTA
Não.
JOAQUIM
No carro...
MOTORISTA
Não tem. Perdeu o acendedor.
JOAQUIM
Ah... Obrigado.
Joaquim sai caminhando, vê o Guri, com 12 anos no máximo, sentado,
lendo.
Joaquim se aproxima, fica observando.
JOAQUIM
Tem fogo?
O Guri pega um Zipo na mochila. Acende o cigarro.
JOAQUIM
Obrigado.
Joaquim sai fumando, na direção do ginásio. Ouve risos. Se aproxima
mais. Ouve mais risos, aplausos. Apaga o cigarro e entra no ginásio.
CENA 51 - GINÁSIO
Joaquim entra, senta em seu lugar ao lado de Marina. O ginásio está
às gargalhadas, é a cena final, do ataque do Monstro. Todos parecem
muito felizes.
Na tela surge a cena do Cemitério.
CENA 52 - CEMITÉRIO
Fabrício, de terno preto, observa um túmulo. Põe uma rosa branca
sobre o túmulo. Uma lágrima corre em seu rosto.
Na platéia, Fabrício se emociona. Começa a tocar “It Had To Be You”.
Silene surge na tela, na cachoeira. O ginásio silencia. Silene começa a
tomar banho. Silene começa a tirar a roupa.
No ginásio o prefeito e sua esposa, crianças, Seu Antonio, professoras
e freiras, Carmem, Leonardo, todos estão petrificados, de olho na tela.
As imagens de Silene na cachoeira se misturam com imagens da
natureza: flores, regatos, árvores ao vento, nuvens sobre a serra. Sobre
as últimas imagens, ao final da trilha, um lettering surge no vídeo: A
natureza é bela.
Fade final e créditos.
O ginásio explode numa ovação. Gritos e assobios, bravos e aplausos.
O Prefeito se levanta e cumprimenta Silene com um forte abraço.
Joaquim beija Marina. Seu Antonio cumprimenta seu Otaviano. A
Mulher de Cabelo Vermelho vem falar com o Prefeito.
Capítulo 7
Era uma sala larga, com a largura total da casa. Tinha o teto rebaixado,
com vigas, e as paredes de reboco marrons, enfeitadas com bordados
chineses e gravuras chinesas e japonesas em moldura de madeira.
Havia estantes baixas, um tapete chinês rosado tão espesso que
uma marmota poderia passar uma semana nele sem ser vista. Havia
almofadas espalhadas pelo chão, e retalhos de seda, como se a pessoa
que morrase ali precisasse sempre pegar um para ficar passando a
mão. Havia um divã largo e baixo, forrado com uma tapeçaria antiga,
também rosada. Em cima dele, um monte de roupas, entre elas alguma
lingerie de seda lilás. Havia um abajur grande de madeira trabalhada
sobre um pedestal, dois outros abajures de pé com quebra-luz verde e
borlas compridas. Havia também uma escrivaninha preta com gárgulas
nos cantos, e atrás dela uma cadeira preta polida, com braços os
braços e os encostos trabalhados e uma almofada de cetim amarelo.
Havia uma ombinação estranha de cheiros na sala, dos quais o mais
forte no momento era a enjoativa presença do é ter.
Havia uma espécie de plataforma baixa numa das extremidades da
sala, e nela uma cadeira alta, na qual a srta. Carmen Sternwood estava
sentada, sobre um alaranjado xale de franja. Estava toda esticada,
as mãos nos braços da cadeira, os joelhos bem juntos, o corpo
rigidamente ereto numa pose de deusa egípcia, o queixo na horizontal,
seus dentinhos reluzentes brilhando entre os lábios abertos. Os olhos
estavam arregalados. O negro da íris havia devorado as pupilas. Eram
olhos loucos. Ela parecia estar inconsciente, mas sua postura não era
a da inconsciência. Tinha o ar de quem acha que está fazendo uma
coisa muito importante e está se saindo muito bem. De sua boca saía
um barulhinho metálico, era quase um riso, mas não a fazia mudar de
expressão nem sequer mover os lábios.
Usava um par de longos brincos de jade. Eram bonitos, deviam ter
custado uns duzentos dólares. Não estava usando mais nada. Tinha
um belo corpo, pequeno, elástico, compacto, firme, arredondado. À
luz do abajur, sua pele tinha o brilho sedoso de uma pérola. Olhei-a de
alto a baixo sem vergonha nem desejo. Como moça nua, para mim ela
nem estava lá. Era apenas uma pateta. Para mim ela nunca passara de
uma pateta.
Parei de olhar para ela e olhei para Geiger. Ele estava de costas no
chão, perto da franja do tapete chinês, à frente de uma coisa que
parecia um totem. Vista de lado, parecia uma águia, e o olho grande
e redondo era a lente de uma câmera. A lente estava virada para a
moça nua na cadeira. Havia uma lâmpada de flash queimada presa à
lateral do totem. Geiger estava de chinelos chineses de solas grossas
de feltro, suas pernas em um pijama de cetim preto, e o tronco vestia
um casaco chinês bordado, todo ensanguentado na frente. O olho de
vidro brilhava para mim, era de longe a coisa mais viva que havia nele.
À primeira vista pude constatar que nenhum dos três tiros que eu
ouvira tinha errado o alvo. Ele estava mortíssimo.”
Narração inicial de “Sunset Boulevard”, de Billy Wilder, roteiro
de Charles Brackett, Billy Wilder e D.M. Marshman Jr.
“Sim, esta é a Sunset Boulevard, em Los Angeles, Califórnia. São
umas 5:00 da manhã. Esta é a patrulha de homicídios acompanhada
de detetives e jornalistas. Foi noticiado um homicídio numa dessas
mansões no quarteirão dez mil. Tenho certeza de que vão ler esta
notícia em edições posteriores. Vão ouvir na rádio e ver na televisão,
porque
tem a ver com uma antiga estrela de Hollywood, uma das maiores. Mas
antes que a ouçam distorcida e exagerada, antes desses colunistas
de Hollywood lhe porem as mãos em cima, talvez queiram ouvir os
fatos, toda a verdade. Se assim é, vieram ao lugar certo. Estão vendo,
foi encontrado o corpo de um jovem flutuando na piscina de sua
mansão com dois tiros nas costas e um no estômago. Na verdade, não
é ninguém importante. Só um argumentista com alguns filmes de série
B no currículo. Pobre alma. Ele sempre quis uma piscina. Bem, sempre
acabou por tê-la. Só que o preço pago por ela foi bem alto. Recuemos
seis meses até o dia em que tudo começou.”
Aquilo que não é visível ou audível
O Falcão Maltês, de Dashiel Hammet
(trechos de “não-roteiro”, infilmáveis, em itálico): O Pássaro
Preto
A Sra. Wonderly, num vestido justo de crepe de seda verde, abriu
a porta do apartamento 1001 do Hotel Coronet. Seu rosto estava
corado. O cabelo vermelho escuro, dividido do lado esquerdo, penteado
para trás em ondas suaves sobre a fronte, do lado direito, estava um
pouco desarrumado. Spade tirou o chapéu dizendo: - Bom dia.
Seu sorriso trouxe ao rosto dela um reflexo de sorriso, mas os olhos,
de um azul quase violeta, não perderam a expressão perturbada. Ela
abaixou a cabeça e disse numa voz tímida, sussurrante: - Entre, Sr.
Spade.
A moça conduziu-o a uma sala de estar vermelha e creme, passando
pelas portas abertas da cozinha, do banheiro e do quarto, e pedindo
desculpas pela desordem: - Está tudo remexido. Nem acabei de
desarrumar as malas.
Pôs o chapéu dele sobre uma mesa, e sentou-se em um grande sofá
de nogueira. Ele sentou-se numa cadeira de brocado de encosto oval,
na sua frente. A moça olhou para os dedos, trançando-os, e disse: -
Sr. Spade, tenho uma terrível confissão a lhe fazer. - Spade sorriu de
modo educado (ela não levantou os olhos para ele) e não disse nada.
- Essa... essa história que eu lhe contei ontem era só... uma história
- gaguejou, e então levantou o olhar para ele com uma expressão
angustiada, amedrontada. - Oh, quanto a isso... - disse Spade
despreocupado. - Nós não acreditamos muito na sua história.
- Então? - A perplexidade juntava-se agora à angústia e ao receio nos
seus olhos.
- Nós acreditamos nos seus duzentos dólares.
(HAMMET, Dashiel. O Falcão Maltês, pág 36. Editora Brasiliense, Rio de
Janeiro, 1984. Tradução: Cândida Villalva)
(trechos de “não-roteiro”, infilmáveis, em itálico):
DOM CASMURRO, de Machado de Assis - CAPÍTULO 13
CAPITU
De repente, ouvi bradar uma voz de dentro da casa
ao pé: E no quintal:
- Mamãe!
E outra vez na casa:
- Vem cá!
Não me pude ter. As pernas desceram-me os três degraus que davam
para a chácara, e caminharam para o quintal vizinho. Era costume
delas, às tardes, e às manhãs também. Que as pernas também são
pessoas, apenas inferiores aos braços, e valem de si mesma, quando a
cabeça não as rege por meio de idéias. As minhas chegaram ao pé do
muro. Havia ali uma porta de comunicação mandada rasgar por minha
mãe, quando Capitu e eu éramos pequenos. A porta não tinha chave
nem taramela - abria-se empurrando de um lado ou puxando de outro,
e fechava-se ao peso de uma pedra pendente o uma corda. Era quase
que exclusivamente nossa. Em crianças, fazíamos visita batendo de
um lado, e sendo recebidos do outro com muitas mesuras. Quando as
bonecas de Capitu adoeciam, o médico era eu. Entrava no quintal dela
com um pau debaixo do braço, para imitar o bengalão do Doutor João
da Costa, tomava o pulso à doente e pedia-lhe que mostrasse a língua.
“É surda, coitada!”, exclamava Capitu. Então eu coçava o queixo, como
o doutor, e acabava mandando aplicar-lhe umas sanguessugas ou dar-
lhe um vomitório: era a terapêutica habitual do médico.
- Capitu!
- Mamãe!
- Deixa de estar esburacando o muro - vem cá.
A voz da mãe era agora mais perto, como se viesse já da porta dos
fundos. Quis passar ao quintal, mas as pernas, há pouco tão andarilhas,
pareciam agora presas ao chão. Afinal fiz um esforço, empurrei a
porta, e entrei. Capitu estava ao pé do muro fronteiro, voltada para
ele, riscando com um prego. O rumor da porta fê-la olhar para trás. ao
dar comigo, encostou-se ao muro, como se quisesse esconder alguma
coisa. Caminhei para ela. naturalmente levava o gesto mudado, porque
ela veio a mim, e perguntou-me inquieta:
- Que é que você tem?
- Eu? Nada.
- Nada, não. você tem alguma coisa.
Quis insistir que nada, mas não achei língua. Todo eu era olhos e
coração, um coração que desta vez ia sair, com certeza, pela boca
fora. Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta,
forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os
cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma
à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos
claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo
largo. As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com
amor, não cheiravam a sabões finos nem águas de toucador, mas com
água do poço e sabão comum trazia-as sem mácula. Calçava sapatos
de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos.
- Que é que você tem? repetiu.
- Não é nada, balbuciei finalmente.
E emendei logo.
- É uma notícia.
- Notícia de quê?
Pensei em dizer-lhe que ia entrar para o seminário e espreitar a
impressão que lhe faria. Se a consternasse é que realmente gostava de
mim. se não, é que não gostava. Mas todo esse cálculo foi obscuro e
rápido. senti que não poderia falar claramente, tinha agora a vista não
sei como...
- Então?
- Você sabe...
Nisto olhei para o muro, o lugar em que ela estivera riscando,
escrevendo ou esburacando, como dissera a mãe. Vi uns riscos abertos
e lembrou-me o gesto que ela fizera para cobri-los. Então quis vê-los
de perto, e dei um passo. Capitu agarrou-me, mas, ou por temer que
eu acabasse fugindo, ou por negar de outra maneira, correu adiante e
apagou o escrito. Foi o mesmo que acender em mim o desejo de ler o
que era.
CAPÍTULO 14
A INSCRIÇÃO
Tudo o que contei no fim do outro capítulo foi obra de um instante.
O que se lhe seguiu foi ainda mais rápido. Dei um pulo, e antes que
ela raspasse o muro, li estes dois nomes, abertos ao prego, e assim
dispostos:
BENTO
CAPITOLINA
Voltei-me para ela. Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu-os logo,
devagar, e ficamos a olhar um para o outro... Confissão de crianças, tu
valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade,
não falamos nada, o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos
é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se,
apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto.
Devia tê-la marcado, sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma
noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse,
mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o
adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do
amar, tinha orgias de latim e era virgem de mulheres.
Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de
esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem
ao perto, tornavam a meter-se uns pelos outros... Padre futuro, estava
assim diante dela como de um altar, sendo uma das faces a Epístola
e a outra o Evangelho. A boca podia ser o cálix, os lábios a patena.
Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende e é a
língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrilégio, leitora minha
devota a limpeza da intenção lava o que puder haver menos curial no
estilo. Estávamos ali com o céu em nossas mãos, unindo os nervos,
faziam das duas criaturas uma só, uma só criatura seráfica. Os olhos
continuaram a dizer coisas infinitas, as palavras de boca é que nem
tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...
O que é um roteiro?
Ítalo Calvino, um escritor:
“Podemos distinguir dois tipos de processos imaginativos: o que parte
da palavra para chegar à imagem visiva e o que parte da imagem visiva
para chegar a expressão verbal. O primeiro processo é o que ocorre
normalmente na leitura: lemos por exemplo a cena de um romance ou
a reportagem de um acontecimento no jornal, e conforme a maior ou
menor eficácia do texto somos levados a ver a cena como se esta se
desenrolasse diante de nossos olhos, se não toda a cena, pelo menos
fragmentos e detalhes que emergem do indistinto.
No cinema, a imagem que vemos na tela também passou por um
texto escrito, foi primeiro “vista” mentalmente pelo diretor, em
seguida reconstruída em sua corporeidade num set, para ser
finalmente fixada em fotogramas de um filme. Todo filme é, pois,
resultado de uma sucessão de etapas, imateriais e materiais, nas
quais as imagens tomam forma. Nesse processo, o “cinema mental”
da imaginação desempenha um papel tão importante quanto o das
fases de realização efetiva das sequências, de que a câmera permitirá
o registro e a moviola a montagem. Esse “cinema mental” funciona
continuamente em nós – e sempre funcionou, mesmo antes da
invenção do cinema – e não cessa nunca de projetar imagens em
nossa tela interior”.
Antonio Damásio, um neurologista:
“Os filmes são a representação exterior mais próxima da narrativa
dominante que ocorre em nossa mente. O que acontece em cada
plano, o enquadramento diferente de um assunto que o movimento da
câmera pode mostrar, o que se passa na transição de planos, produto
da edição, e o que ocorre na narrativa construída por uma específica
justaposição de planos é comparável, em alguns aspectos, ao que está
se passando na mente, graças ao mecanismo incumbido de produzir
imagens visuais e auditivas e aos numerosos níveis de atenção e de
memória operacional.
A narrativa sem palavras é natural. A representação imagética de
seqüências de eventos cerebrais, que ocorre em cérebros mais
simples do que o nosso, é o material de que são feitas as histórias.
Uma ocorrência natural de narrativa pré-verbal pode muito bem ser a
razão pela qual acabamos por criar a arte dramática e finalmente os
livros, o que hoje leva boa parte da humanidade a passar tanto tempo
de suas vidas diante das telas de tevê e do cinema”.
O que é uma situação dramática?
Henry James , no prefácio de “Daisy Miller”:
Aconteceu em Roma, no outono de 1877; uma amiga, que então
vivia por lá e que hoje mora no sul, menos carregado de encantos
e memórias, foi quem me contou – o que ela poderia muito bem
não ter feito - que no inverno anterior apareceu por lá uma senhora
americana, simples e pouco instruída, com sua filha, um fruto da
natureza e da liberdade que a acompanhava de hotel em hotel, e que
apanhou pelo caminho, com a mais limpa das consciências, um bem
apessoado romano, de identidade vaga, atônito com sua sorte mas
(tanto quanto poderia ser, por causa da dupla), em total inocência,
tudo serenamente exposto e apresentado: isto pelo menos até que a
ocorrência de um pequeno constrangimento, algum incidente, nada de
grave ou indigno, do qual me esqueci; nunca tinha ouvido falar, antes
daquela conversa, sobre aquelas senhoras amáveis mas de nenhuma
outra forma eminentes, de fato não cheguei a saber seus nomes, eu
acho, cujo caso serviu apenas para defender certa moral familiar; e
deve ter sido exatamente a sua falta de importância que deu margem
a uma pequena marca feita a lápis, habitualmente significando, em tais
contextos, “Dramatize, dramatize!”. O resultado de eu ter reconhecido,
poucos meses depois, o sentido da minha anotação a lápis, foi a breve
história de “Daisy Miller”.
O que são arquétipos e o que são clichês?
(trecho do texto “Casablanca, ou o Renascimento dos Deuses”,
de Umberto Eco, sobre os arquétipos em Casablanca.)
“O filme já começa num lugar mágico de per si, o Marrocos, o Exótico,
inicia com um quê de melodia árabe que se esfuma na Marselhesa.
Quando entra para o ambiente de Rick, ouve-se Gershwin. África,
França, Estados Unidos. A essa altura entra em cena um emaranhado
de Arquétipos Eternos. São situações que presidiram as histórias
de todos os tempos. Mas habitualmente para fazer uma boa história
basta uma única situação arquetípica. E sobra. Por exemplo: O Amor
Infeliz. Ou A Fuga. Casablanca não se contenta: coloca todas. A cidade
é o local de uma Passagem, rumo à Terra Prometida. Para passar,
porém, é necessário submeter-se a uma prova, A Espera (“esperam,
esperam, esperam”, diz a voz off no começo). Para passar do vestíbulo
de espera à Terra Prometida, é preciso uma Chave Mágica: o visto.
Em torno da Conquista desta chave desencadeiam-se as paixões. A
mediação da chave parece ser feita pelo Dinheiro (que aparece em
diversas tomadas, geralmente sob a forma de Jogo Mortal, ou roleta):
mas por fim se descobrirá que a chave somente pode ser dada através
de um Dom (que é o dom do visto, mas é também o dom que Rick
faz de seu Desejo, sacrificando-se). Porque esta é também a história
de um turbilhão de desejos, dos quais apenas dois acabam sendo
satisfeitos: o de Victor Laszlo, o herói puríssimo, e o do casalzinho
búlgaro. Todos aqueles que tem paixões impuras fracassam. E então,
outro arquétipo, triunfa A Pureza. Os impuros não chegam à terra
prometida, somem antes. No entanto realizam a pureza através do
Sacrifício: é a Redenção”. [...]
“Em torno dessa dança de mitos eternos estão os mitos históricos, ou
seja, os mitos do cinema devidamente revisitados. Bogart personifica
pelo menos três deles: o Aventureiro Ambíguo, misto de cinismo e
generosidade. o Asceta por Desilusão Amorosa e ao mesmo tempo o
Alcoólatra Redimido. Ingrid Bergman é a Mulher Enigmática ou a Mulher
Fatal. Em seguida há Ouça Querido a Nossa Canção, o Último Dia em
Paris, a Legião Estrangeira (cada personagem tem uma
nacionalidade diferente) e finalmente o Grande Hotel Gente-Que-
Vai-Gente-Que-Vem. (...) De modo que Casablanca não é um filme,
é muitos filmes, uma antologia. E por isso funciona, a despeito
das teorias estéticas e das teorias filmográficas. Porque nele se
desdobram, em força quase telúrica, as Potências da Narratividade em
estado selvagem, sem que a Arte intervenha para disciplinar.
E então podemos aceitar que as personagens mudem de humor,
de moralidade, de psicologia, de um momento para o outro, que os
conspiradores pigarreiem para interromper a conversa quando se
aproxima um espião, que as mocinhas de vida fácil chorem ao ouvir a
Marselhesa.
Quando todos os arquétipos irrompem sem decência, são atingidas
profundidades homéricas. Dois clichês provocam riso. Cem clichês
comovem. Porque se percebe obscuramente que os clichês falam
entre si e celebram uma festa de reencontro. Como o cúmulo da
dor encontra a volúpia, o cúmulo da banalidade deixa entrever uma
suspeita de sublime”.
“Ninguém é impossível”.
Trecho do prólogo de Jorge Luis Borges para o livro “A Invenção
de Morel”, de Adolfo Bioy Casares.
Stevenson, por volta de 1882, anotou que os leitores britânicos
desdenhavam um pouco as peripécias, opinando que era muito hábil
redigir um romance sem argumento, ou de argumento infinitesimal,
atrofiado. José Ortega y Gasset – La Deshumanización del Arte, 1925
– tenta defender o desdém anotado por Stevenson e estatui, na
página 96, que “é muito difícil hoje inventar uma aventura capaz de
interessar nossa sensibilidade superior”, e, na 97, que essa invenção
“é praticamente impossível”. Em outras páginas, em quase todas as
outras páginas, advoga o romance “psicológico” e opina que o prazer
das aventuras é inexistente ou pueril. Esse é, sem dúvida, o comum
parecer de 1882, de 1925 e mesmo de 1940. Alguns escritores (dentre
os quais aprecio contar Adolfo Bioy Casares) pensam ser razoável
dissentir. Resumirei, aqui, os motivos dessa dissensão.
O primeiro (cujo ar de paradoxo não quero destacar nem atenuar) é o
intrínseco rigor do romance de peripécias. O romance característico,
“psicológico”, tende a ser informe. Os russos e os discípulos dos
russos demonstram até o fastio que ninguém é impossível: suicidas
por felicidade, assassinos por benevolência, pessoas que se adoram
a ponto de separar-se para sempre, delatores por fervor ou por
humildade... Essa liberdade plena acaba por equivaler à plena
desordem. Por outro lado, o romance “psicológico” quer ser também
romance “realista”: prefere que esqueçamos seu caráter de artifício
verbal e faz de toda inútil precisão (ou de toda lânguida vagueza) um
novo traço verossímil. Há páginas, há capítulos de Marcel Proust que
são inaceitáveis como invenções: a eles, sem saber, resignamo-nos
como ao insípido e ao ocioso de cada dia. O romance de aventuras,
por sua vez, não se propõe como transcrição da realidade: é um
objeto artificial que não sofre nenhuma parte injustificada. O temor
de incorrer na mera variedade sucessiva do Asno de Ouro, do Quixote
ou das sete viagens de Simbad impõe-lhe um rigoroso argumento.
Aleguei um motivo de ordem intelectual; há outros, de caráter
empírico. Todos tristemente murmuram que nosso século não é capaz
de tecer tramas interessantes; ninguém se atreve a comprovar que, se
este século tem alguma primazia sobre os anteriores, esta primazia é a
das tramas.
Em “Obras Completas de Jorge Luis Borges, Volume IV”, página 27.
Editora Globo, 2001. Tradução de Josely Vianna Baptista.
“Manter o leitor lendo”.
Entrevista concedida por Kurt Vonnegut Jr.
Pergunta: Acha realmente que a arte de escrever de forma criativa
pode ser ensinada?
VONNEGUT: Mais ou menos da mesma maneira que o golfe pode ser
ensinado. Um profissional pode apontar falhas óbvias no seu modo de
mover o taco. (...) Sei apenas a teoria.
Pergunta: Poderia expor a teoria em poucas palavras?
VONNEGUT: Ela foi formulada por Paul Engle, o fundador da Oficina de
Escritores em Iowa. Ele me disse que, se a oficina um dia arrumasse
um prédio próprio, estas palavras deveriam ser inscritas sobre a
entrada: “Não leve isso tudo a sério”.
Pergunta: E como isso poderia ajudar?
VONNEGUT: Faria os estudantes se lembrarem que estavam aprendendo
a fazer brincadeiras. Se você faz as pessoas rirem ou chorarem por
causa de pequenas marcas negras em folhas de papel branco, o que
é isso a não ser uma brincadeira? Todas as grandes linhas básicas
de histórias são grandes brincadeiras nas quais as pessoas caem
continuamente.
Pergunta: Pode dar um exemplo?
VONNEGUT: O romance gótico. Dezenas de coisas são publicadas todo
ano e todas vendem. Meu amigo Borden escreveu recentemente
um romance gótico apenas por diversão. Eu lhe perguntei qual era
o enredo e ele disse: “Uma jovem arruma um emprego em uma casa
velha e depois fica morrendo de medo lá dentro”.
Pergunta: Mais alguns?
VONNEGUT: Os outros não são tão engraçados de se descrever. Alguém
entra em apuros e depois escapa. Alguém perde alguma coisa e a
recupera. Alguém é enganado e se vinga. Cinderela. Alguém começa a
andar para trás e a sua situação só piora cada vez mais. Duas pessoas
se apaixonam e outras atrapalham. Uma pessoa virtuosa é falsamente
acusada de um delito. Uma pessoa má é julgada virtuosa. Uma pessoa
encara um desafio com bravura e tem sucesso ou não. Uma pessoa
mente, uma pessoa rouba, uma pessoa mata. Uma pessoa pratica
fornicação.
Pergunta: Me desculpe, mas esses são enredos muito antigos.
VONNEGUT: Eu lhe garanto que nenhum esquema de histórias
modernas, mesmo sem enredo, dará a um leitor satisfação genuína,
a menos que um destes enredos antigos seja introduzido em algum
lugar. Não valorizo enredos como representações precisas da vida,
mas como maneiras de manter o leitor lendo. Quando eu ensinava
redação
criativa, dizia aos meus alunos para fazer com que seus personagens
quisessem algo logo, mesmo que fosse apenas um copo d’água. Até
personagens paralisados pela falta de sentido da vida moderna têm
que beber água de tempos em tempos. (...) Quando você exclui o
enredo, quando exclui alguém que deseje alguma coisa, você exclui
o leitor, o que é uma atitude mesquinha. Você também pode excluir
o leitor não contando imediatamente onde a história se desenrola e
quem são estas pessoas. E você pode fazê-lo dormir se não colocar
os personagens em confronto uns com os outros. Estudantes gostam
de dizer que não apresentam confrontos em seus textos porque
as pessoas evitam confrontos na vida moderna. “A vida moderna é
tão solitária...”. Isso é preguiça. É o trabalho do escritor apresentar
confrontos, para que os personagens digam coisas surpreendentes e
reveladoras, eduquem e divirtam a todos nós. Se um escritor não sabe
ou não quer fazer isso, deveria retirar-se do negócio.
. VONNEGUT, Kurt. Entrevista (in “Os Escritores, Vol. 2”), Companhia das
Letras, São Paulo, 1989.
FILMOGRAFIA
Trezentos filmes com grandes roteiros, em ordem alfabética
pelo sobrenome do diretor:
1. Memórias do subdsenvolvimento Alea, Tomas Gutierrez 2.
Guantanamera (Alea, com J. C. Tabió)
3. Annie Hall Allen, Woody
4. Manhattan
5. Hannah e suas irmãs
6. Crimes e pecados
7. Tiros sobre a Broadway
8. A rosa púrpura do Cairo
9. Memórias
10. Zelig
11. Fale com elaAlmodóvar, Pedro
12. Mulheres à beira de um ataque de nervos
13. Tudo sobre minha mãe
14. Que fiz eu para merecer isto?
15. O jogador Altman, Robert
16. Exército inútil
17. Cerimônia de casamento
18. Short Cuts
19. Nashville
20. MASH
21. Magnolia Anderson, Paul Thomas
22. Macunaíma Andrade, Joaquim Pedro
23. Profissão: repórter Antonioni, Michelangelo
24. Blow-up
25. Segunda-feira ao sol Aranoa, Fernando Leon de 26. Muito além do
jardim Ashby, Hal
27. Deu pra ti anos setenta Assis Brasil Giba / Nadotti, Nelson 28. Pixote
Babenco, Hector
29. Minha mãe é uma sereia Benjamim, Richard 30. Morangos silvestres
Bergman, Ingmar 31. O sétimo selo
32. Fanny e Alexander
33. Cenas de um casamento
34. O último tango em Paris Bertolucci, Bernardo 35. 1900
36. A última sessão de cinema Bogdanovich, Peter 37. Impróprio para
menores
38. Esperança e glória Boorman, John
39. O jovem Frankenstein Brooks, Mel
40. Banzé no oeste
41. Este obscuro objeto do desejo Buñuel, Luis 42. O discreto charme
da burguesia
43. Viridiana
44. O anjo extreminador
45. O filho da noiva Campanela, Juan José
46. A felicidade não se compra Capra, Frank
47. O Boulervard do Crime Carné, Marcel
48. A corrida do ouro Chaplin, Charles
49. Luzes da cidade
50. Tempos modernos
51. O garoto
52. Fargo Coen, Joel e Ethan
53. Gosto de Sangue
53. Gosto de Sangue
54. A roda da fortuna
55. O poderoso chefão I Coppola, Francis 56. O poderoso chefão II
57. Apocalypse now
58. A conversação
59. Peggy Sue
60. Drácula
61. Z Costa-Gavras
62. Music box
63. Cabra marcado para morrer Coutinho, Eduardo 64. My fair lady
Cukor, George
65. Casablanca Curtiz, Michael
66. As horas Daldry, Stephen
67. Os dez mandamentos De Mille, Cecil
68. Carrie, a estranha De Palma, Brian
69. Vestida para matar
70. Ladrões de bicicletas De Sica, Vittorio 71. O silêncio dos inocentes
Demme, Jonathan 72. Vivendo no abandono Dicillo, Tom
73. Branca de Neve e os sete anões Disney, Walt 74. Pinocchio
75. Dançando na chuva Donen, Stanley
76. Charada
77. A Vida dos Outros von Donnersmarck, Florian Henckel
78. O pagador de promessas Duarte, Anselmo
79. Os imperdoáveis Eastwood, Clint
80. O encouraçado Potemkin Eisenstein, Sergei 81. Ivan, o terrível
82. Alexandre Nevski
83. O casamento de Maria Braum Fassbinder, Rainer Werner 84. O
desespero de Verônica Voss
85. A estrada Fellini, Federico
86. A doce vida
87. Amarcord
88. Os boas-vidas
89. Noites de Cabíria
90. Entrevista
91. Oito e meio
92. Abismo de um sonho (Sheik Bianco)
93. E o vento levou… Fleming, Victor
94. O mágico de Oz
95. Rastros de ódio Ford, John
96. No tempo das diligências
97. Um estranho no ninho Forman, Milos
98. Amadeus
99. Procura insaciável
100. Os amores de uma loira
101. Cabaret Fosse, Bob
102. All that jazz
103. Lenny
104. Sete dias de maio Frankenheimer, John 105. Herói por acidente
Frears, Stephen
106. A grande família
107. Operação França Friedkin, William
108. O exorcista
109. As aventuras do Barão de Munchausen Gilliam, Terry 110. Monty
Phyton em busca do cálice sagrado 111. Acossado Godard, Jean-Luc
112. Viver a vida
113. Uma mulher é uma mulher
114. Pillow Book Greenway, Peter
115. O nascimento de uma nação Griffith, D.W.
116. Intolerância
117. L.A., cidade proibida Hanson, Curtis
118. Aguirre, a cólera dos deuses Herzog, Werner
119. Fitzcarraldo
120. O enigma de Kaspar Hauser
121. Janela indiscreta Hitchcock, Alfred
122. Um corpo que cai
123. Psicose
124. Intriga internacional
125. Os pássaros
126. Pacto sinistro
127. O homem que sabia demais
128. Butch Cassidy e Sundance Kid Hill, George Roy
129. O golpe de mestre
130. O mundo segundo Garp
131. Eles não usam black-tie Hirshman, Leon
132. Sem destino Hopper, Denis
133. O homem que queria ser rei Huston, John
134. A Noite do Iguana
135. O Falcão Maltês
136. Uma aventura na África
137. O Tesouro de Sierra Madre
138. Cidade das ilusões
139. Mais estranho que o paraíso Jarmush, Jim
140. Down by law
141. Jesus Cristo Superstar Jewinson, Norman
142. A vida de Brian Jones, Terry
143. O Reencontro Kasdan, Lawrence
144. Corpos ardentes
145. Um bonde chamado desejo Kazan, Elia
146. Sindicato de ladrões
147. Zorba, o grego Kazantzakis, Nikos
148. Onde fica a casa do meu amigo? Kiarostami, Abbas
149. Close up
150. Através da oliveiras
151. A vida privada de Henrique VIII Korda, Alexander
152. Dr. Fantástico Kubrick, Stanley
153. 2001, uma odisséia no espaço
154. A Laranja Mecânica
155. O Iluminado
156. Os Sete Samurais Kurosawa, Akira
157. Ran
158. Dodeskaden
159. Rashomon
160. Viver
161. Trono manchado de sangue
162. Derzu Uzala
163. M, o vampiro de Dusseldorf Lang, Fritz
164. Toy Story Lasseter, John
165. Lawrence da Arabia Lean, David
166. A Ponte do rio Kwai
167. Faça a coisa certa Lee, Spike
168. O Bom, o mau e o feio Leone, Sergio
169. Era uma vez no oeste
170. Era uma vez na América
171. Os reis do iê-iê-iê Lester, Richard
172. Vida em família Loach, Ken
173. Ser ou não ser Lubitsch, Ernest
174. O Diabo disse não
175. A loja da esquina
176. Ninotchka
177. O céu pode esperar
178. American graffiti Lucas, George
179. Guerra nas estrelas
180. Rede de intrigas Lumet, Sidney
181. O veredito
182. 12 homens e uma sentença
183. Longa jornada noite adentro
184. Uma história de verdade Lynch, David
185. A embriaguez do sucesso Mackendrick, Alexander
186. Atlantic City Malle, Louis
187. O homem do Sputnik Manga, Carlos
188. A malvada Mankiewicz, Joseph
189. A condessa descalça
190. Salve o cinema Makhmalbaf, Mohsen
191. Um instante de inocência
192. Diabo a quatro Marx (Irmãos, autores, mas não diretores)
193. Um dia nas corridas
194. Uma noite em Casablanca
195. Uma noite na ópera
196. Próxima parada: bairro boêmio Mazursky, Paul
197. Sem fôlego McBride, Jim
198. O incrível exército de Brancaleone Moniccelli, Mario
199. Os companheiros
200. Gaiola das loucas
201. Meu caro diário Moretti, Nani
202. Nada de novo no front Milestone, Lewis
203. Nasce uma estrela Minelli, Vincent
204. Assim estava escrito
205. Nosferatu Murnau, Friedrich
206. A primeira noite de um homem Nichols, Mike
207. Quem tem medo de Virginia Wolf?
208. Todas as mulheres do mundo Oliveira, Domingos
209. O império dos sentidos Oshima, Nagisa
210. A pequena loja dos horrores Oz, Frank
211. Os safados
212. Todos os homens do presidente Pakula, Alan J.
213. Bonnie & Clyde Penn, Arthur
214. Meu ódio será tua herança Peckinpah, Sam
215. Chinatown Polanski, Roman
216. Tootsie Pollack, Sidney
217. A Batalha de Argel Pontecorvo, Gillo
218. Quando Paris alucina Quine, Richard
219. Feitiço do tempo Ramis, Harold
220. Juventude transviada Ray, Nicholas
221. Cliente morto não paga Reiner, Carl
222. Questão de honra Reiner, Rob
223. A regra do jogo Renoir, Jean
224. Meu tio na América Resnais, Alain
225. Hiroshima, meu amor
226. Deus e o diabo na terra do sol Rocha, Glauber
227. Terra em transe
228. A garota do adeus Ross, Herbert
229. Sonhos de um sedutor
230. Adeus, Mr. Chips
231. A grande ilusão Rossen, Robert
232. Nelson Freire Salles, João Moreira
233. Santiago
234. Amuleto de Ogum Santos, Nelson P.
235. Rio quarenta graus
236. Vidas secas
237. O grande momento Santos, Roberto
238. Cria cuervos Saura, Carlos
239. Patton Schaffner, Franklin
240. Perdidos na noite Schlesinger, John
241. O tambor Schlondorff, Wolker
242. Nós que nos amávamos tanto Scola, Ettore
243. Um dia muito especial
244. Feios, sujos e malvados
245. Rocco Papaleo (Chigago story)
246. A viagem do Capitão Tornado
247. O baile
248. A Família
249. O terraço
250. Taxi driver Scorsese, Martin
251. O touro indomável
252. Bons companheiros
253. O rei da comédia
254. Alice não mora mais aqui
255. O último concerto de rock
256. Blade runner Scott, Ridley
257. Dirty Harry Siegel, Dom
258. E.T., o extra-terrestre Spielberg, Steven
259. Tubarão
260. Os caçadores da arca perdida
261. Encurralado
262. Os brutos também amam (Shane) Stevens, George
263. Sete homens e um destino Sturges, John
264. Mephisto Szabó, István
265. Jonas que no ano 2000 fará 25 anos Tanner, Alain
266. Pulp fiction Tarantino, Quentin
267. Cães de aluguel
268. Meu tio Tati, Jacques
269. As férias do Sr. Hulot
270. Andrei Rublev Tarkovski, Andrei
271. A noite de São Lourenço Taviani, Paolo e Vittorio
272. Noite americana Truffaut, François
273. Jules e Jim
274. O homem que amava as mulheres
275. Belíssima Visconti, Luchino
276. Rocco e seus irmãos
277. O leopardo
278. Mamãe é de morte Waters, John
279. Cidadão Kane Welles, Orson
280. O mestre dos mares Weir, Peter
281. Pasqualino Setebelezas Wertmuller, Lina
282. O crepúsculo dos deuses Wilder, Billy
283. Se meu apartamento falasse
284. Cinco covas do Egito
285. Quanto mais quente melhor
286. O pecado mora ao lado
287. Testemunha de acusação
288. Irma la Douce
289. Pacto de Sangue
290. A montanha dos sete abutres
291. A primeira página
292. Sabrina
293. A noviça rebelde Wise, Robert
294. West side story
295. Como roubar um milhão de dólares
296. Ben-Hur Wyler, William
297. Lanternas vermelhas Yimou, Zhang
298. Uma cilada para Roger Rabbit Zemeckis, Robert
299. De volta ao futuro
300. Crumb Zwigoff, Terry
BIBLIOGRAFIA
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JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus símbolos. Nova Fronteira, sem data.
SHAKESPEARE, William. Teatro completo. Ediouro, 1992.
Referências na internet:
(ativas em fevereiro de 2021)
CASA DE CINEMA DE PORTO ALEGRE
http://www.casacinepoa.com.br
Site da produtora. Conexões para vários sites de cinema. Roteiro
integral, em diferentes versões, de vários longas e curtas. No site da
CCPA, na página de cada filme pode ser encontrado o seu roteiro,
alguns em várias versões. Vários textos sobre cinema.
BIBLIOTECA NACIONAL
Escritório de Direitos Autorais (EDA) da Biblioteca Nacional, onde
devem ser feitos os registros de roteiros:
https://www.bn.gov.br/servicos/direitos-autorais
https://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/
ROTEIRO DE CINEMA
editado por Fernando Marés de Souza desde junho de 2002, portal
com muitos links e fontes de pesquisa:
http://www.roteirodecinema.com.br/
Blog de João Nunes, roteirista português:
http://joaonunes.com/
TV TROPES
Site colaborativo com arquétipos e clichês
https://tvtropes.org/
WRITERS GUILD OF AMERICA
Muitos textos, links e ferramentas (páginas de pesquisa) para
roteiristas. Em inglês. http://www.wga.org/
Screenwriting, na Wikipedia:
http://en.wikipedia.org/wiki/Screenwriting#The_sequence_approach
SCRIPT-O-RAMA
http://www.script-o-rama.com/oldindex.shtml
Site bastante completo com centenas de roteiros disponíveis para
download. Em inglês.
Mais textos de Jorge Furtado sobre cinema ou roteiro:
Sobre adaptações literárias
http://www.casacinepoa.com.br/as-conex%C3%B5es/textos-sobre
cinema/adapta%C3%A7%C3%A3o-liter%C3%A1ria-para-cinema-e-
televis%C3%A3o
Sobre cinema e psicanálise
http://www.casacinepoa.com.br/as-conex%C3%B5es/textos-
sobre cinema/anota%C3%A7%C3%B5es-para-um-debate-sobre-
mem%C3%B3ria-cinema-e psican%C3%A1lise
Sobre documentários
http://www.casacinepoa.com.br/as-conex%C3%B5es/textos-sobre-
cinema/o-sujeito extraordin%C3%A1rio-e-mimesis-camuflada
As oito regras de Kurt Vonnegut para uma história curta:
http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado/oito-regras-de-
vonnegut