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Se tiver dificuldades em determinar como avaliar um certo hábito, eis uma per-
gunta que gostaria que se fizesse: “Este comportamento ajuda a me tornar o tipo
de pessoa que desejo ser? Este hábito é um voto a favor ou contra minha identidade
desejada?” Os hábitos que reforçam sua identidade desejada geralmente são bons.
Os que entram em conflito com ela, maus. (Para saber mais sobre o que torna um
hábito bom ou mau, veja o Capítulo 4.)
Ao criar a Avaliação de Hábitos, não há necessidade de mudar nada a princípio.
O objetivo deste exercício não é mudar seu comportamento — nem mesmo os maus
hábitos. Por ora, basta que observe o que realmente está acontecendo.
Sinta-se à vontade para usar o modelo a seguir para criar sua própria Avaliação
de Hábitos.
2 B Ô N U S: AVA LIAÇ ÃO D E H Á B ITOS H Á B ITOS ATÔ M I COS
Essas quatro leis podem ser aplicadas para tornar qualquer comportamento mais
fácil (e a inversão de cada lei pode ser aplicada para tornar qualquer comportamento
mais difícil). Nos negócios, os mesmos princípios podem ser usados para criar produtos
mais eficientes e para ajudar os funcionários a estabelecerem hábitos mais eficazes.
Neste apêndice, exploro alguns exemplos de como cada lei se aplica no contexto de
negócios. Isso é apenas um ponto de partida. As Quatro Leis da Mudança de Com-
portamento se destinam a fornecer uma estrutura flexível e adaptável às transforma-
ções em suas necessidades e gostos. Você verá que as aplicações são quase infinitas.
A 1ª LEI
A 2ª LEI
Torna-se muito atraente gastar dinheiro na Amazon porque os clientes estão sempre
vendo o que é relevante para eles.
É claro que a personalização individual nem sempre é possível, mas as empresas
conseguem “personalizar” em escala, associando o produto a uma identidade forte.
Por exemplo, a Toyota conectou a ideia de dirigir um Prius ao meio ambiente. Se você
é o tipo de pessoa que acredita fortemente em ajudar o meio ambiente, comprar um
Prius é uma forma de sinalizar sua identidade para os outros. O produto instanta-
neamente se torna mais atraente para um determinado tipo de consumidor, porque
é uma extensão de sua identidade. Esse tipo de conexão é incrivelmente poderoso, o
que significa que é útil destacar a identidade que seu produto representa.
Outra estratégia que aumenta a atratividade de um produto (e que discuto em
detalhes no Capítulo 10) é destacar padrões sociais. Os seres humanos são forte-
mente influenciados pela multidão. Se você for capaz de mostrar a um cliente que
pessoas como ele usam seu produto — que morem na mesma vizinhança, nasceram
na mesma cidade, do mesmo time, etc. —, é mais provável que o considere atraente.
Há uma advertência importante que trata do enquadramento: se as pessoas acham
que o comportamento requerido pelo seu produto é raro, você deve enquadrar aqueles
que o têm de forma positiva (alcançando status): “60% dos milionários leem um livro
todos os dias. Com o nosso novo produto, você também pode.”
Se as pessoas acharem que o comportamento requerido pelo seu produto é comum,
enquadre aqueles que não o fazem de forma negativa (desviando-se da norma): “75%
das pessoas no seu bairro pagam menos do que você em sua conta de energia. Clique
aqui e saiba como não perder essa economia.”
Finalmente, você pode tornar qualquer produto inerentemente mais atraente em-
pregando a 3ª e a 4ª Leis. Comportamentos “baratos” — fáceis de fazer, com baixos
custos sociais e de recompensas imediatas — são atraentes. Os “caros” — difíceis de
fazer, com altos custos sociais e recompensa tardia — são pouco atraentes. Vamos
falar mais sobre como conseguir que essas duas leis funcionem a seu favor.
A 3ª LEI
2014: A Amazon lança o “Leia Enquanto Enviamos” para que as pessoas que
compraram a versão impressa de um livro possam ler a versão do Kindle
enquanto aguardam a chegada da compra pelo correio.
2018: A Amazon lança entrega gratuita de mercearia dentro de duas horas.
A Amazon está sempre procurando oferecer aos clientes o que eles querem de
maneira mais fácil, rápida e conveniente: receber o produto. Receber o produto gra-
tuitamente. Receber gratuitamente em dois dias. Receber gratuitamente em duas
horas. Receba agora mesmo enquanto você espera pelo envio grátis em dois dias.
Grandes empresas removem todos os pontos de atrito em que podem pensar para
tornar o comportamento desejado o mais fácil possível.
A 4ª LEI
demais é que você vai conseguir que as pessoas comprem uma vez, mas não terão
uma razão para comprar novamente. Pense: grandes descontos que não são seguidos
de grandes experiências ou uma equipe de vendas que não cumpre com a promessa
sobre um produto. Grandes expectativas desencadeiam uma única venda, mas você
nunca criará um hábito de compra.
Uma maneira de empregar a 4ª Lei é adicionar pequenas doses de satisfação à
experiência. Por exemplo, os fabricantes de automóveis adicionaram ruídos falsos
de motor a seus carros e caminhões para criar um ronco satisfatório quando o pro-
prietário pisa fundo no acelerador.1 Exemplos extras são abordados no Capítulo 15
de Hábitos Atômicos, como a adição de sabor à goma de mascar ou ao creme dental.
Naturalmente, esse mesmo princípio pode ser aplicado para ajudar os funcio-
nários de qualquer empresa a criar hábitos melhores. Comportamentos podem ser
reforçados, oferecendo pequenos elogios e incentivos durante todo o dia de trabalho.
Um fundador que entrevistei falou de um método simples que sua empresa
estava usando para tornar o trabalho mais satisfatório. “Todo mundo recebe um
post-it com o formato de mão”, disse ele. “Chamamos de ‘toca aqui’. E sempre que
alguém supera as expectativas, o post-it vai para a parede da área comum do local
de descanso. E todo mundo o vê. A intenção é apenas celebrar os comportamentos
que você quer reforçar. No final do mês, nós selecionamos alguns, lemos em voz alta
para todos e distribuímos alguns cartões-presente. Todo mundo sobe e pega alguns
e, em seguida, encontra a pessoa de que trata o post-it e o entrega. Queremos ter
pequenas vitórias o tempo todo.”
Comportamentos que fazem você se sentir bem — ou seja, que são seguidos por
uma sensação imediata de satisfação, elogio, incentivo ou prazer — são exatamente
o tipo de comportamentos que você quer repetir no futuro.
RESUMO
1
Drew Harwell, “America’s best-selling cars and trucks are built on lies: The rise of fake engine noise”, The Washin-
gton Post, 21 de janeiro de 2015, https://www.washingtonpost.com/business/economy/americas-bestselling-cars-
and-trucks-are-built-on-lies-the-rise-of-fa ke-engine-noise/2015/01/21/6db09a10-a0ba-11e4b146-
577832eafcb4_story.html.
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tilintando na bandeja. Parece que você ganhou 30 centavos, mas na verdade perdeu
70 centavos. A máquina classifica uma perda como uma vitória.
Junte tudo e...
Depois que um cassino entra em uma área, a taxa de dependência do jogo aumenta
em um raio de 80 quilômetros. Em alguns casos, a taxa se duplica. De acordo com um
relatório, “os clientes do cassino apostam mais de US$37 bilhões por ano — mais do
que os norte-americanos gastam com eventos esportivos (US$17,8 bilhões), cinema
(US$10,7 bilhões) e na compra de música (US$6,8 bilhões)”.
Esse é o tipo de efeito que você obtém quando emprega as Quatro Leis da Mudança
de Comportamento de uma só vez. Quando todas as alavancas apontam na mesma
direção, a probabilidade de um determinado comportamento ocorrer é estratosférica.
Para concluir este apêndice, gostaria de compartilhar um estudo de caso, que
fornece mais informações sobre a combinação das Quatro Leis.
Histórico: Este ensaio foi originalmente apresentado como uma palestra de Charlie
Munger, em 24 de abril de 1998, na 50ª Reunião da Escola de Direito de Harvard da
Turma de 1948. Foi publicado como Apêndice D em Damn Right: Behind the Scenes with
Berkshire Hathaway Billionaire Charlie Munger de Janet Lowe. Uma parte da palestra
é republicada aqui como um exemplo de aplicação das Quatro Leis da Mudança de
Comportamento aos negócios. Os comentários de James Clear são incluídos em itálico.
É 1884 em Atlanta. Você é levado, com outros 20 como você, a um rico e excên-
trico cidadão de Atlanta chamado Glotz. Tanto você como Glotz compartilham
duas características: primeira, você usa rotineiramente na resolução de problemas as
cinco noções úteis e, segunda, conhece todas as ideias elementares de todos os cursos
universitários básicos, como ensinado em 1996. No entanto, todos os descobridores
e os exemplos que demonstram essas ideias elementares vêm de datas transpostas
antes de 1884. Nem você nem Glotz sabem sobre o que aconteceu depois de 1884.
Glotz se oferece para investir US$2 milhões e receber apenas metade das ações, que
será destinada à fundação de caridade Glotz, em uma nova corporação organizada
para entrar no setor de bebidas não alcoólicas e permanecer apenas nesse ramo para
sempre. Glotz quer usar um nome que de alguma forma o encantou: Coca-Cola.
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A outra metade das ações da nova corporação vai para o homem que demonstrou
com a maior plausibilidade que seu plano de negócios fará com que a fundação de
Glotz valha US$1 trilhão em 150 anos, em moeda de 2034, apesar de pagar uma
grande parte de seus ganhos anuais como dividendos. Isso fará com que a nova
corporação valha US$2 trilhões, mesmo depois dos dividendos.
Você tem 15 minutos para vender seu peixe. O que diz para Glotz?
Eis minha solução, meu argumento para Glotz, usando apenas as noções úteis e
o que todo universitário do segundo ano deve saber.
Bem, Glotz, as grandes decisões “óbvias” que, para simplificar, devem ser tomadas
de início são: primeiro, nunca vamos criar algo que valha US$2 trilhões vendendo
bebidas genéricas. Portanto, devemos transformar seu nome “Coca-Cola” em uma
marca forte e legalmente protegida. Em segundo lugar, podemos chegar a US$2 tri-
lhões apenas começando em Atlanta e, em seguida, obtendo êxito no restante dos
Estados Unidos, para então obter sucesso rapidamente com nossa nova bebida em
todo o mundo. Isso exigirá o desenvolvimento de um produto com apelo universal,
empregando poderosas forças elementares. E o lugar certo para encontrar forças ele-
mentares tão poderosas está na matéria de estudo de cursos acadêmicos elementares.
Nota: O desejo de Munger de criar um produto com “apelo universal” naturalmente
significa que ele empregará as Quatro Leis da Mudança de Comportamento — mesmo
que não use esses termos. Lembre-se, as quatro leis dizem respeito aos princípios que
sustentam todo o comportamento humano e, ao trabalharem a seu favor, tornam
qualquer comportamento humano mais provável. Isso inclui, como é o caso aqui,
desenvolver um negócio e conseguir que mais pessoas comprem seu produto.
Em seguida, usaremos a fluência numérica para determinar o que a nossa meta
implica. Podemos adivinhar que até 2034 haverá cerca de 8 bilhões de consumido-
res de bebidas no mundo. Em média, cada um deles será muito mais próspero em
termos reais do que o consumidor médio de 1884. Cada consumidor é composto
principalmente de água e deve ingerir cerca de 1,9L de água por dia. Isso significa oito
porções de aproximadamente 237ml. Assim, se nossa nova bebida e outras parecidas
em nosso novo mercado puderem dar sabor e melhorar apenas 25% da água ingerida
em todo o mundo, e ocuparmos metade do novo mercado mundial, venderemos 2,92
trilhões de porções de cerca de 237ml em 2034. E se conseguirmos, então, ter quatro
centavos de lucro por porção, ganharemos US$117 bilhões. Isso será suficiente, se
nosso mercado crescer a um bom ritmo, para que valha facilmente US$2 trilhões.
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Uma grande questão, é claro, é se quatro centavos por porção são uma meta de
lucro razoável para 2034. E a resposta é sim, se criarmos uma bebida com forte apelo
universal. Cento e cinquenta anos são muito tempo. O dólar, como o dracma romano,
certamente sofrerá depreciação monetária. Simultaneamente, o poder de compra
real do consumidor médio de bebidas no mundo aumentará. Sua propensão para
melhorar de maneira barata sua experiência ao ingerir água aumentará considera-
velmente mais rápido. Enquanto isso, à medida que a tecnologia avança, o custo do
nosso produto simples, em unidades de poder aquisitivo constante, cairá. Os quatro
fatores funcionarão em favor da nossa meta de lucro de quatro centavos por porção.
O poder mundial de compra de bebidas em dólares provavelmente se multiplicará
por um fator de pelo menos 40 anos ao longo de 150 anos. Pensando em reverso,
isso faz com que nossa meta de lucro por porção, sob condições de 1884, seja de um
quadragésimo de quatro centavos ou um décimo de centavo por porção. Esse é um
objetivo fácil de ultrapassar quando começamos se o produto tiver apelo universal.
Isso decidido, devemos resolver o problema da invenção para criar um apelo uni-
versal. Há dois desafios interligados de larga escala: primeiro, em 150 anos, devemos
fazer com que o mercado de novas bebidas assimile cerca de um quarto da ingestão
mundial de água. Segundo, devemos operar de forma que metade desse mercado
seja nossa, enquanto todos os concorrentes juntos dividam a outra. Esses resultados
são lollapalooza. Consequentemente, devemos atacar o problema, fazendo com que
todos os fatores favoráveis funcionem para nós. Obviamente, apenas uma poderosa
combinação de muitos fatores produzirá os números lollapalooza que desejamos.
Felizmente, a solução para esses problemas entrelaçados acaba sendo bastante fácil,
se alguém ficou acordado em todos os cursos de primeiro ano.
Nota: “Lollapalooza” é o termo que Munger usa quando várias forças psicológicas
trabalham a seu favor e se combinam para criar um efeito poderoso. Como um cresci-
mento composto ou o todo sendo maior que a soma das partes. O mesmo tipo de efeito
que você obtém quando várias Leis da Mudança de Comportamento operam a seu favor.
Vamos começar explorando as consequências de decidirmos contar com uma
marca forte. Essa conclusão leva automaticamente a uma compreensão da essência do
nosso negócio em termos acadêmicos elementares adequados. No curso introdutório
à psicologia, vemos que, em essência, entramos no negócio de criar e manter reflexos
condicionados. O nome e a marca comerciais “Coca-Cola” servirão como estímulos,
e a compra e o consumo de nossa bebida serão as respostas desejadas.
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Nota: Lembre as quatro etapas do ciclo de hábitos: estímulo, desejo, resposta e recom-
pensa. Munger explica que o nome e o logotipo da Coca-Cola são o estímulo. Comprar
e bebê-la, a resposta. A questão é: como criamos desejo e entregamos a recompensa?
E como criar e manter reflexos condicionados? Bem, a psicologia dá duas respos-
tas: (1) pelo condicionamento operante e (2) pelo condicionamento clássico, muitas
vezes chamado de condicionamento pavloviano em honra ao grande cientista russo.
E, como queremos um resultado lollapalooza, devemos usar ambas as técnicas de
condicionamento — e tudo o que pudermos inventar para melhorar seus efeitos.
A parte condicionante operante do nosso problema é fácil de resolver. Precisamos
apenas (1) maximizar as recompensas da ingestão de nossas bebidas e (2) minimizar
as possibilidades de que os reflexos desejados, uma vez criados por nós, sejam extintos
através de condicionamento operante de proprietários de produtos concorrentes.
Nota: O segundo ponto vale a pena destacar porque é exclusivo dos negócios. Você
pode tornar seus produtos mais atraentes (2ª Lei) e satisfatórios (4ª Lei), mas seus
concorrentes podem inverter essas leis para torná-los desinteressantes e insatisfatórios.
Para construir um negócio sólido, você precisa fazer o primeiro e se defender do segundo.
Para recompensas de condicionamento operante, há poucas categorias práticas:
Nota: Os pontos 1 e 4 são métodos para tornar o produto mais satisfatório (4ª Lei).
Os pontos 2 e 3, mais atraente (2ª Lei). O aroma, mencionado no ponto 2, também
funciona como estímulo ou gatilho, e torna o produto mais claro (1ª Lei). Finalmente,
vale a pena notar que Munger oferece todas essas opções juntas porque percebe impli-
citamente que é sempre mais poderoso ter múltiplas Leis da Mudança de Comporta-
mento operando a seu favor do que apenas uma.
Visando um resultado lollapalooza, incluímos recompensas em todas as categorias.
Para começar, é fácil decidir adequar nossa bebida para ser consumida gelada.
Há muito menos oportunidades, sem a ingestão de bebidas, para compensar o calor
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excessivo, se comparado ao frio excessivo. Além disso, com o calor excessivo, muito
líquido deve ser consumido, e o inverso não é verdadeiro. Também é fácil decidir
incluir açúcar e cafeína. Afinal, chá, café e limonada já são amplamente consumidos.
E também está claro que devemos ser obstinados ao determinar, por meio de tentativa
e erro, sabor e outras características que maximizarão o prazer enquanto se obtém a
água com açúcar e cafeína que iremos fornecer. E, para neutralizar as possibilidades
que os reflexos condicionados operantes desejados, uma vez criados por nós, sejam
extintos pelo condicionamento empregado pelos concorrentes, há também uma
resposta óbvia: tornaremos uma obsessão permanente em nossa empresa que nossa
bebida, da forma mais rápida possível, esteja sempre disponível em todo o mundo.
Afinal, um produto concorrente, se nunca for experimentado, não pode ser uma
recompensa e criar um hábito conflitante. Toda pessoa casada sabe disso.
Nota: A 1ª Lei em ação: “Nossa bebida, da forma mais rápida possível, esteja sempre
disponível em todo o mundo.” Munger também inverte a 1ª Lei afirmando que “um
produto concorrente, se nunca for experimentado, não pode ser uma recompensa e
criar um hábito conflitante”. Nesse contexto, o produto do cliente se qualificaria como
um mau hábito, e uma das maneiras mais eficazes de eliminá-lo é cortá-lo na fonte.
Isso é algo que abordamos em detalhes no Capítulo 7 de Hábitos Atômicos.
Em seguida, devemos considerar o condicionamento pavloviano, que também
deve ser usado. Segundo ele, os efeitos poderosos vêm da mera associação. O sistema
neural do cão de Pavlov faz com que ele salive ao ouvir a campainha, que ele não
pode comer. E o cérebro do homem anseia pelo tipo de bebida que está nas mãos da
linda mulher que ele não pode ter. E, assim, Glotz, devemos usar todo tipo de con-
dicionamento pavloviano digno e honrado que imaginemos. Enquanto estivermos
nos negócios, nossa bebida e sua promoção devem estar associadas às mentes dos
consumidores com todas as outras coisas de que gostam ou admiram.
Esse extenso condicionamento pavloviano custará muito dinheiro, especialmente
em publicidade. Gastaremos muito dinheiro em tudo que pudermos imaginar. Mas
esse dinheiro será efetivamente bem gasto. À medida que expandimos rapidamente
nosso mercado de novas bebidas, os concorrentes enfrentarão enormes desvantagens
de escala na compra de publicidade para criar o condicionamento pavloviano de que
precisam. E esse resultado, junto a outros efeitos de geração de volume, deve nos aju-
dar a conquistar pelo menos 50% do novo mercado em todos os lugares. Na verdade,
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Nota: Você observará que, enquanto Munger projeta o futuro do negócio, passa
continuamente pelo ciclo de hábitos. O processo não é único. Alcançar a distribuição
mundial torna a Coca-Cola clara. Adicionar açúcar sem calorias, atraente para pessoas
de dieta. E assim por diante. Volta e meia, sempre buscando melhorias. Os negócios,
como todas as buscas de melhoria contínua, são um ciclo interminável de revisitação
às quatro leis: tornar claro, atraente, fácil e satisfatório.
Isso nos leva a uma verificação final da realidade do plano de negócios. Nós ire-
mos, mais uma vez, pensar em reverso, como Jacobi. O que devemos evitar, porque
não queremos? Quatro respostas parecem claras:
Primeira, precisamos evitar efeitos de sabor residual protetivo, de saturação, para-
lisadores do consumo que são um padrão da fisiologia, desenvolvidos pela evolução
darwiniana para aumentar a replicação de genes ao forçar uma útil moderação no
transmissor do gene. Para atender às nossas finalidades, no calor, um consumidor
deve conseguir beber vários recipientes do produto sem impedimentos de sabor re-
sidual, o que encontraremos através de tentativa e erro para resolver esse problema.
Segunda, devemos evitar perder até mesmo a metade do nosso poderoso nome
registrado. Será absurdamente danoso, por exemplo, se nossa negligência permitir a
venda de outros produtos com “cola”, como uma “Peppy-Cola”. Se algum dia existir
uma “Peppy-Cola”, seremos os proprietários da marca.
Terceira, com tanto sucesso pela frente, precisamos evitar os efeitos nocivos da
inveja, considerando seu lugar de destaque nos 10 Mandamentos, pois é parte da
natureza humana. A melhor maneira de evitá-la, reconhecida por Aristóteles, é
merecer o sucesso. Seremos fanáticos pela qualidade do produto, sua apresentação
e razoabilidade de preços, considerado o prazer inocente que ele proporcionará.
Quarta, depois que nosso sabor registrado dominar o novo mercado, devemos
evitar qualquer mudança enorme e súbita de sabor. Mesmo que um novo sabor tenha
um melhor desempenho nos testes cegos, mudar seria algo tolo a se fazer. Isso acon-
tece pois, sob certas condições, nosso velho sabor será tão enraizado na preferência
do consumidor através de efeitos psicológicos que uma grande alteração seria pouco
benéfica. E causaria um enorme prejuízo ao despertar nos consumidores uma sín-
drome de super-reação padrão à privação, que torna os “substitutos” tão difíceis de
serem aceitos em qualquer tipo de troca e ajuda a tornar a maioria dos apostadores
tão irracional. Além do mais, uma alteração muito grande no sabor permite a um
concorrente, copiando nosso antigo sabor, tirar vantagem de ambos (1) a super-reação
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hostil do consumidor à privação e (2) o enorme amor que nosso sabor original criou
em decorrência de nosso trabalho anterior.
Nota: Em Hábitos Atômicos, abordo brevemente a inversão de cada lei e como
usá-la a nosso favor. Munger emprega um raciocínio similar aqui, em que ele “inverte”
e pensa no oposto do que ele quer que ocorra, e como uma boa empresa pode evitar
esses resultados. Essa abordagem, conhecida como inversão, é uma maneira poderosa
de pensar com clareza e proporciona uma grande vantagem aos negócios. Escrevi mais
sobre esse tópico em: https://jamesclear.com/inversion [conteúdo em inglês].
Bem, essa é minha solução para meu próprio problema de transformar US$2
milhões em US$2 trilhões, mesmo depois de pagar bilhões de dólares em dividen-
dos. Acho que teria sido vitoriosa com Glotz em 1884 e deveria convencê-lo mais
do que o esperado desde o início. Afinal, as estratégias corretas estão claras depois
de relacionadas a ideias acadêmicas elementares postas em ação pelas noções úteis.
O quanto minha solução é consistente com a história da verdadeira empresa Co-
ca-Cola? Bem, em 1896, 12 anos após o glorioso nascimento da fictícia Glotz, com
US$2 milhões, a Coca-Cola real tinha um valor líquido de menos de US$150 mil e
lucros de aproximadamente zero. E, posteriormente, a verdadeira empresa Coca-Co-
la perdeu metade de sua marca e concedeu franquias perpétuas de envasamento a
preços de xaropes fixos. Alguns dos engarrafadores não eram muito eficazes e não
podiam ser facilmente trocados. E a verdadeira Coca-Cola, com seu sistema, perdeu
grande parte do controle de preços que teria melhorado seus resultados, caso fossem
mantidos. Mesmo assim, a verdadeira Coca-Cola seguiu boa parte do plano da Glotz
e hoje vale cerca de US$125 bilhões, e se aumentar seu valor em apenas 8% por ano
até 2034 atingirá US$2 trilhões. Podendo atingir um volume físico anual de 2,92
trilhões de porções se a quantidade aumentar até 2034 apenas 6% ao ano, um resul-
tado consistente com a experiência passada e que deixa ainda grande demanda de
consumo de água para ser substituída por Coca-Cola depois de 2034. Assim, aposto
que a fictícia Glotz, tendo começado antes, com mais vigor e evitando os piores erros,
teria facilmente atingido sua meta de US$2 trilhões. E bem antes de 2034.
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Através de seu curso online, Habits Academy, James Clear já ensinou mais de 10 mil
líderes, gerentes, coaches, treinadores e professores. A Habits Academy é a primeira
plataforma de treinamento para indivíduos e organizações interessados em criar
hábitos melhores na vida e no trabalho.
Descubra mais em habitsacademy.com [conteúdo em inglês].
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Essas quatro leis podem ser aplicadas para tornar qualquer comportamento mais
fácil (e a inversão de cada lei pode ser aplicada para tornar qualquer comportamento
mais difícil). Quando aplicados à criação dos filhos, esses mesmos princípios podem
ser usados para ajudar crianças e famílias a estabelecer hábitos mais eficazes.
Antes de entrarmos nos detalhes, vale a pena notar que os conceitos abordados
em Hábitos Atômicos devem funcionar bem com crianças e pais. No entanto, há uma
diferença fundamental: a maioria das pessoas lê Hábitos Atômicos com a intenção
de trabalhar nos próprios hábitos. Mas quando você está pensando em como aplicar
as ideias com seus filhos, está moldando os hábitos de outra pessoa. Essa diferença
apresenta desafios adicionais, e esta seção fornecerá exemplos específicos de como
aplicar as ideias à criação dos filhos.
Ofereço essas ideias apenas como ponto de partida. Cada família é diferente, e
você precisa estar disposto a experimentar as Quatro Leis para descobrir como se
adaptam à sua vida e circunstâncias. Se continuar a voltar para as ideias que apresento
em Hábitos Atômicos, acredito que perceberá que as aplicações são quase infinitas.
A 1ª LEI
As salas de aula do jardim de infância são projetadas para tornar bem claro onde
as coisas devem ficar e o que fazer com elas. Segundo Morgenstern, existem cinco
características principais:
Por exemplo, se uma criança for designada para o Grupo de Leitura Azul, seus
livros serão colocados no cesto azul, as crianças se sentam à mesa azul e assim por
diante. Em outras palavras, esse método torna muito claro o que fazer e onde.
Você pode empregar métodos semelhantes em sua casa com etiquetas codificadas
por cores, notas adesivas diferentes ou outros marcadores claros. Considere o hábito
de escovar os dentes. “Olivia pega a escova de dentes verde. Michael, a vermelha.”
Outra opção é ajudar seu filho a criar as próprias pilhas de hábitos (um conceito
discutido no Capítulo 5 de Hábitos Atômicos). Se o seu filho tem dificuldade com
os hábitos de estudo ou de lição de casa, você pode usar o empilhamento de hábitos
para iniciar uma rotina melhor de estudos.
•• Assim que voltar da escola, vou tirar o dever da mochila e colocá-lo na mesa.
•• Assim que eu sair do carro vindo do treino, vou tirar minhas chuteiras sujas
e colocá-las na garagem.
•• Assim que terminar o jantar, vou enxaguar meu prato e colocá-lo na lava-louça.
Lembre-se, esses hábitos devem ser pequenos e fáceis de executar. Mesmo que
seu objetivo real seja realmente fazer com que seu filho passe uma hora trabalhando
em sua lição de casa, comece criando pilhas de hábitos que preparem o ambiente
para facilitar o dever.
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Além disso, você pode usar o empilhamento de hábitos como forma de incentivar
o comportamento desejado. Por exemplo: Depois de praticar piano por 10 minutos,
vou jogar videogame.
As pilhas de hábito são formas simples e eficazes de deixar claro e óbvio quando
um novo hábito deve ocorrer.
A 2 ª LEI
legas ele conviverá. Pode escolher em qual bairro moram, qual escola frequentam,
quais atividades extracurriculares praticam e mais... e é nesses ambientes que eles
conhecem seus pares.
Para resumir a ideia de uma forma simples: se quiser que seus filhos achem de-
terminados hábitos atraentes, insira-os em ambientes e grupos em que seus colegas
também os pratiquem. Ou, como coloco em Hábitos Atômicos: junte-se a um grupo
em que o comportamento desejado seja o padrão.
Quando uma criança vê seus amigos executando um hábito, ele se torna uma
coisa muito atraente de se fazer.
Outra coisa inerentemente atraente é a liberdade e a autonomia. Especialmente
com crianças mais novas, os hábitos podem se tornar mais atraentes quando elas
exercem poder sobre eles.
Aqui está um exemplo de Janet Lansbury, a autora de No Bad Kids [sem publi-
cação no Brasil]:
Então, quando ele disser: “Não, não quero colocar o pijama”, fique calmo.
“Ah, tudo bem. Você não quer colocar o pijama. O que gostaria de usar na
cama? Ou talvez: “Qual destes (2) pijamas você quer usar?” Ou “Entendo
que não queira vestir o pijama. Perfeitamente compreensível. Mas não
teremos tempo para ler um livro se você não o vestir nos próximos cinco
minutos.” Ou “Você gostaria de colocá-lo agora ou em cinco minutos?”
A chave é continuar a encorajar sua autonomia e oferecer opções para
que a criança não se sinta cumprindo ordens. Continue no comando sem
esforço. Não se sinta ameaçado. No pior cenário: a criança dorme com
suas roupas normais.1
É a mesma coisa que ser obrigado a ler um livro para a aula de inglês versus es-
colher ler o livro por conta própria. O mesmo hábito pode passar de desinteressante
a atraente dependendo de quem está no controle.
1 Lansbury, Janet. No Bad Kids: Toddler Discipline Without Shame (pg. 58). JLML Press. Edição Kindle.
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A 3ª LEI
um produto do ambiente. Se quer que seus filhos desenvolvam certos hábitos, tor-
ne-os a opção conveniente e fácil dentro do ambiente.
É muito mais fácil criar um hábito de leitura quando não há televisores por perto.
A 4ª LEI
Veja o que Janet Lansbury tem a dizer, dessa vez fornecendo um bom exemplo
de como deve ser “ignorar o mau” em um contexto do mundo real. Ela recomenda
dar uma resposta banal, que é uma reação comedida:
A ideia básica é a seguinte: sempre que possível, use o reforço positivo em vez
do negativo.
Uma maneira criativa de fazer isso que ouvi é criar um sistema de “fichas” ou
um sistema de “pagamento” para seus filhos. Mas a chave é apenas acrescentar um
valor ou ficha quando seu filho faz algo bom, não retirar nada quando faz algo ruim.
A mesada normal é retirada como punição quando uma criança quebra as re-
gras. Mas pode ser mais eficaz considerar como você pode incentivar bons hábitos
acrescentando valor a ela. Por exemplo, se a criança escolher ler um livro por uma
hora em vez de assistir à televisão, ela receberá outra ficha. Ou pode ganhar fichas
cumprindo tarefas, obtendo boas notas ou praticando outros hábitos valiosos.
Em última análise, a ideia é tornar satisfatório fazer a coisa certa.
É isso! Espero que tenham gostado deste bônus. Para ver mais ideias sobre como
aplicar as Quatro Leis da Mudança de Comportamento e criar hábitos melhores
(tanto em crianças quanto em adultos), leia Hábitos Atômicos.
2 Lansbury, Janet. No Bad Kids: Toddler Discipline Without Shame (pg. 50). JLML Press. Edição Kindle.
1 B Ô N U S: EM P I LH A M ENTO D E H Á B ITOS H Á B ITOS ATÔ M I COS
1 Fogg chama essa estratégia de “receita de pequenos hábitos”, mas prefiro empilhamento de hábitos.
2 B Ô N U S: EM P I LH A M ENTO D E H Á B ITOS H Á B ITOS ATÔ M I COS
Depois de ,
HÁBITO ATUAL
Eu irei
NOVO HÁBITO
.
1 B Ô N U S: R A S TR E A D O R D E H Á B ITOS H Á B ITOS ATÔ M I COS
Inversão da
Torne-o Invisível
1ª Lei
Reduza a exposição. Remova os estímulos de seus maus hábitos
1.5
do ambiente.
Inversão da
Torne-o Desinteressante
2ª Lei
Reestruture sua atitude mental. Ressalte os benefícios de evitar
2.4
seus maus hábitos.
Inversão da
Torne-o Difícil
3ª Lei
Aumente a resistência. Aumente o número de passos entre você e
3.6
seus maus hábitos.
Inversão da
Torne-o Insatisfatório
4ª Lei
Arrume um parceiro de responsabilidade. Peça alguém para
4.5
observar seu comportamento.