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Copyright © 2023 Evilane Oliveira

OBCECADO PELA COWGIRL VIRGEM

2ª EDIÇÃO

CAPA: Ellen Ferreira

REVISÃO: Andrea Moreira

DIAGRAMAÇÃO DIGITAL: Evilane Oliveira

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens e acontecimentos que aqui

serão descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança

com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência. Esta obra

segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. É proibido o

armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de

quaisquer meios, sem o consentimento escrito da autora. A violação dos

direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº. 9.610. /98 e punido pelo

artigo 184 do Código Penal.

Todos os direitos reservados.


Edição Digital | Criado no Brasil.
Nota da autora
Dedicatória
Sinopse
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Epílogo
Próximo livro
Agradecimentos
Contato
Outras obras
“Obcecado pela Cowgirl virgem” é uma novela, um tipo de romance mais curto e objetivo.
Ele está sendo relançado com título, capa e sinopse nova. A história foi reescrita e ganhou cenas
extras.
Aproveitem!
Para quem acreditou no seu amor de adolescência e o vive até hoje.
Axel Ross conheceu sua maior obsessão ainda na infância. Com sardas salpicadas no nariz e
cabelo da cor de girassol, ela o fazia perder o fôlego e a sensatez. Porém ele sabia que não era o cara
certo, principalmente depois do que fez.
Felicity se apaixonou pelo Ross ainda na adolescência, mas ele nunca teve olhos para ela.
Ninguém entendia os motivos de ele sempre dar um jeito de estragar todas as chances que ela tinha
de se apaixonar por outra pessoa, já que dizia que não sentia nada.
Após uma tragédia sacudir o mundo de Felicity, Axel percebe que o tempo está se esgotando.
Segredos são como rochas e podem destruir tudo que eles sequer começaram.
Ele é um Ross, e os Ross jamais desistem da mulher que amam, mesmo que tenham que jogar
sujo.
E de sujo Axel Ross entendia muito bem.
PASSADO

15 ANOS

— Sean, eu não estou brincando — Brianna gritou no pátio da

escola enquanto nos sentávamos com os meninos. Kai e Axel estavam

sentados na ponta da mesa com alguns jogadores do time de futebol. Axel

era um deles. Kai, não. Ele odiava a escola, só estudava porque sua mãe o

obrigava.

— Bran, você precisa relaxar — Sean resmungou, ainda escrevendo

no guardanapo com a caneta preferida da nossa irmã. Eles amavam

provocar um ao outro. Ele jogou a caneta para ela enquanto andava até

Marie, que estava com uma amiga que eu não conhecia.

Os dois eram namorados e viviam juntos. Os meninos sempre

tinham meninas diferentes com eles, mas meu irmão, não. Marie era dele e

todo mundo sabia disso.

Quando um pé bateu no meu embaixo da mesa, vi Pierre, um dos

jogadores, sorrindo por baixo do copo. Ele jamais faria algo assim na frente
do meu irmão ou de Axel. Sorri de volta respirando fundo, e isso fez a

atenção de Axel vir para mim.

Seus olhos verdes eram tão claros e sua pele escura, em tom de

chocolate, fazia ambos serem ainda mais incríveis. Sua pose sempre foi de

homem mau, com seus ombros largos mesmo sendo tão novo, e tinha uma

cara de poucos amigos que assustava a maioria das pessoas. Não a mim.

Eu o amava.

Ele era meu núcleo. Tudo em mim começava e terminava nele.

Era uma pena isso não ser recíproco.

Eu odiava as meninas que andava ao redor dele. Sempre com suas

blusas no jogo, tentando ser algo que todo mundo sabia que elas não eram.

Dele.

— Você está rindo para quem, Pierre? — Axel perguntou alto o

bastante para Sean escutar ao voltar de Marie. Inferno.

— Ninguém, cara. — Pierre relaxou na cadeira sem me encarar

novamente.
Afastei minha bandeja e me ergui. Eu estava cansada desse jogo

estúpido de manter todos afastados de mim.

Os meninos, óbvio.

— Vamos, Bran — chamei minha irmã e andei para longe, ouvindo

as vozes voltarem a soar.

Axel me mantinha no seu círculo de amizades apenas porque era

conveniente. Estando ali, ele poderia me manter sob seu controle, e eu

estava farta.

— Axel é tão burro. Ele acha que seu mundo é o quê? A porra de

um cristal? — Bran questionou, arrumando o short que ela usava. Eu ainda

estava com o meu uniforme de líder de torcida, pois tive treino hoje.

— Ainda bem que Sean não participou. Eu estou cansada disso —

eu disse de maneira firme, abrindo meu armário e pegando minha mochila.

Andei com minha irmã para o banheiro enquanto ela resmungava o quão

machistas eles eram.


— Vou para a minha sala. Tenho um encontro no fundo da sala. —

Ela mordeu o lábio, me olhando pelo espelho enquanto eu ofegava.

— O quê? Me diz com quem — falei rápido, colocando meu vestido

de verão e deixando meu cabelo no penteado que fiz para o treino – um

rabo de cavalo com fitas vermelhas e azuis, as cores da nossa escola.

— Saint.

— Nem a pau! — gritei chocada, mas ela só riu e deu de ombros.

— Ele está comendo bem aqui. — Bran abriu uma das mãos e

apontou para a palma com o dedo da outra.

Minha irmã saiu rindo e eu fiquei balançando a cabeça. Brianna não

era igual a mim, inibida. Minha irmã beijava garotos e não se sentia mal

com isso.

Saí do banheiro e andei pelo corredor até ver Axel rindo com

Savannah. Ela era caloura, mas amava ter a atenção dos jogadores sobre si.

Passei devagar e abri meu armário, que ficava ao lado do dele. Enfiei minha

mochila lá dentro e tirei apenas meu caderno. Odiava carregar bolsas.


— Vamos, baby. A água do rio está com uma temperatura agradável.

Será meu aniversário e todo mundo foi convidado — ela ronronou perto

dele.

Assim que ouvi, quis vomitar. Eu fui convidada, mas era óbvio que

eu não iria. Jesus que me perdoasse, mas eu não ia a festas estúpidas.

— Save... — Sua voz parou e eu sabia que era por ter percebido a

minha presença. Ele tentava não esfregar as meninas no meu rosto. Grande

bosta.

Fechei meu armário e me afastei, andando para a minha sala. Pierre

apareceu diante de mim e eu ergui meus olhos. Ele era bonito, confesso.

Seu cabelo loiro, olhos claros e a baboseira sulista. Porém não existia a

faísca que eu tanto sentia com Axel, infelizmente.

— Vamos à festa da Save, na sexta — ele falou, me fazendo erguer

as sobrancelhas. Sério?

— O quê?
— Você ouviu, bebê. — Ele rolou uma mecha do meu cabelo e eu

olhei por cima do ombro, procurando Axel. Assim que o encontrei, vi sua

boca presa à de Save. Doeu mais do que eu queria admitir.

— Não está preocupado com os meninos, ou vamos escondidos?

Talvez mascarados? — questionei, cruzando os braços.

Ele riu. Não, ele gargalhou.

— Eu me resolvo com eles. Você topa ou não?

Eu nunca me metia em problemas, mas eu queria, pela primeira vez.

— Sim.

O sorriso no rosto dele era algo que eu sempre me lembraria.

— O que está havendo? — A voz rude e firme de Axel ecoou acima

de mim.

— Nada. — Sorri para Pierre antes de me virar, ficando ao lado

dele. — Pierre e eu estamos conversando sobre a festa de Save. — Cuspi o

nome dela. Axel semicerrou os olhos diante disso. — Você foi convidado?

— Sim.
— Nos vemos lá, então.

Sorri e me afastei, puxando Pierre. Ali não era um lugar seguro para

ele e nós dois sabíamos disso. Não era à toa que ele se deixou ser puxado

por mim.

— Vou lidar com ele e seu irmão. Não se preocupe.

Eu não estava preocupada. Era para estar, no entanto.

Na hora de ir embora, Axel, Kai e Cain estavam no ponto de ônibus,

esperando. Eu me aproximei sozinha, já que não encontrei Brianna. Marie

era minha amiga, mas seu grupo de amigos era Sean e outras pessoas.

Quase nunca nos esbarrávamos. Os meninos nem a conheciam.

— Vocês sabem da Bran? — questionei, parando ao lado do Kai e

vendo que o ônibus estava chegando.

— Ela...

— Eu vou beijar quem eu quiser. — Escutei a voz da minha irmã e

me virei, vendo-a com um Sean raivoso.


Suspirei ao perceber que, mais uma vez, ele a pegou com algum

garoto.

— Não, você não vai. Eu vou contar ao papai, Brianna. Vamos ver

essa merda acontecer! — Sean gritou enfurecido, me fazendo suspirar e

pressionar minhas têmporas.

— Não sou a Fell, Sean. Grite na minha cara o que eu não devo

fazer e é exatamente isso que farei. — Ela riu e deu de ombros. Meu irmão

franziu as sobrancelhas, completamente furioso. — Você acha que ela não

vai acordar hora ou outra? É uma questão de tempo, e eu juro, você não vai

conseguir manter nós duas na coleira.

— Brianna, por favor — pedi, puxando seu braço.

— Eu estou dizendo a verdade. — Ela me encarou. — Axel e Sean

enchem o seu saco, mas eu não vou deixar você ir para a faculdade virgem.

Nem fodendo.

Todo mundo ficou em silêncio, e eu suspirei e revirei os olhos.


— Que porra você está dizendo? — Axel rugiu, mas Kai o

empurrou para o ônibus.

Obrigada, Kai, por isso.

— Sim, Axel, minha irmã vai foder! Exatamente a mesma coisa que

você faz por aí enquanto ela está dormindo.

Engoli em seco, sentindo meu coração latejar mais uma vez no dia.

Era real. Ele realmente ficava com as meninas por aí, mas transar com elas?

Nossa, eu jamais imaginaria. Pisquei para afastar as lágrimas e andei para o

ônibus. Eu me sentei e puxei Bran para o meu lado. Passei o caminho

inteiro olhando para a janela, tentando acalmar meu peito.

— Você está bem? Eu sei que gosta do idiota, me desculpe...

— Tudo bem. Eu tenho um encontro com Pierre, na sexta. Vai ser

legal — murmurei, mudando de assunto.

— É sério? — Ela arregalou os olhos.

— Sim. É.

***************
Na sexta-feira, depois de fugir de Axel por dois dias, eu e Brianna

chegamos à festa de Savannah. Saímos de casa logo após Sean. Ele não ia à

festa, mas para algum lugar com Marie.

— Ei!

Sorri assim que escutei a voz de Pierre. Ele estava em sua

camionete, sentado na parte traseira. Eu me aproximei com Brianna e

coloquei as mãos em meu short jeans. Minhas botas estavam na areia firme

e seus olhos derivaram dela até meu rosto.

— Oi, bebê. Bran — ele acenou para a minha irmã e ela sorriu.

Bran se virou para me encarar e eu me virei também, para Pierre não

nos ver conversando.

— Você tem certeza? Saint está em algum lugar por aqui e eu vou

encontrá-lo, mas não quero deixar você...

— Vá, baby. Não se preocupe — eu disse de maneira firme e ela

sorriu, acenando.
— Mantenha suas mãos para si — ela avisou em tom sério para

Pierre, e ele ergueu as mãos.

Eu me aproximei e me sentei ao lado dele. Assim que sua mão tirou

os meus fios loiros do rosto, eu sorri e engoli em seco. Passamos algum

tempo juntos nos últimos dias e eu estava confortável. Pierre era muito

legal.

— Você é tão linda, Fell. — Ele sorriu. Suspirei e o agradeci pelo

elogio. Ninguém nunca me disse que eu era linda. — Entendo seu irmão ser

protetor, mas Axel, não.

Meus olhos se ergueram e eu encarei seu rosto, mordendo o lábio.

Eu não fazia ideia também.

— Somos dois, então.

— Você é namorada dele ou algo do tipo?

— Não. Não temos nada — eu disse com firmeza, tentando não

estremecer ao confessar minha maior tristeza.

— Bom. — Ele sorriu.


Sua mão segurou a minha bochecha e eu respirei fundo. Não era

meu primeiro beijo, mas era o segundo, então achava que era tão importante

quanto. Assim que os lábios de Pierre tocaram os meus, eu senti o gosto de

refrigerante. Ele não tomaria nada alcoólico porque estava dirigindo.

Ninguém faria merda hoje, isso era certo.

Sua língua abriu passagem entre meus lábios e eu deslizei a minha

pela dele, sentindo novamente o gosto da sua bebida. Ele era suave, nada

exigente, e seus toques em meu rosto eram bons.

— Que porra é essa?

Pulei para longe de Pierre e vi Kai parado na nossa frente, porém,

não foi ele quem falou. Axel estava andando em nossa direção, quase

correndo.

Pierre desceu da camionete enquanto eu engolia em seco.

— Você perdeu a cabeça? — Kai questionou ao loiro que tinha

acabado de me beijar.

— Pare, por favor — pedi a Kai, descendo da camionete.


— Você a beijou? Depois de eu gritar na porra da sua cara para

manter distância? — Axel chegou gritando.

Mordi meu lábio, sentindo sangue jorrar.

— Cara, vocês não têm nada. Eu perguntei a ela antes e ela negou,

então, por qual porra de motivo você é tão possessivo com algo que nem é

seu? — Pierre gritou de volta.

Comecei a tremer, irritação fluindo.

— Eu vou matar você.

— Parem! — gritei para ambos e me meti no meio dos dois. —

Estou cansada disso, Axel. Apenas pare.

— Me faça parar, porra! — ele gritou na minha cara.

— Você é tão estúpido. — Balancei a cabeça, cruzando meus

braços. — Sempre tão estúpido.

— Sim, Felicity, esse sou eu!

Meu nome na sua boca tinha gosto de fel. Eu odiava ouvir sua voz

me chamar de algo além de Sardas.


— Eu vou embora. Obrigada por estragar a minha noite...

— Eu vou te levar. — Pierre pegou minha cintura e me puxou para o

seu peito.

Engoli em seco e acenei, porque nem se eu quisesse iria ligar para o

meu pai vir me buscar minutos depois de eu ter saído de casa.

— Eu levo — Kai resmungou, mas eu balancei a cabeça.

— Pierre vai me levar — eu afirmei e o puxei pelo braço.

— Felicity! — Axel gritou me chamando, mas eu apenas balancei a

cabeça enquanto me afastava.

Assim que saímos do lago, mandei mensagem para Bran. Pierre

ficou em silêncio enquanto eu morria de vergonha lentamente.

— Me desculpe — pedi, sem graça.

— Está tudo bem. — Ele sorriu, balançando a cabeça. — Sei que

lidar com Sean deve ser exaustivo, mas lidar com um amigo louco? Porra,

isso deve ser a morte.

Não me diga.
Fiquei em silêncio o caminho inteiro e, quando ele me deixou na

frente de casa, sua boca voltou à minha. O beijo era mais leve, mas

igualmente bom. Eu me afastei e o encarei, vendo-o sorrir de lado.

— Você é uma tentação, Walker.

— Obrigada, eu acho.

Saí da sua camionete e entrei em casa, vendo as mensagens de

Brianna me avisando que estava bem, para eu não me preocupar. Eu me

joguei na cama e suspirei quando lágrimas encheram meus olhos.

Axel só me trazia lágrimas. Incontáveis.

Dias depois, eu vesti meu uniforme de líder de torcida e saí de casa,

com Brianna exatamente igual. Hoje teria jogo da nossa escola e eu estava

animada. Dançar me deixava alegre. Sean deixou nossa irmã ir na frente na

camionete nova enquanto eu fui para a parte de trás. Papai comprou uma

camionete ontem de presente para ele. Sean tirou sua carteira de motorista

há poucos dias.
— Animadas? — ele questionou.

Bran sorriu, pronta para dizer algo ácido.

— Super.

— Saint estará no jogo, então, irmãozinho, faça o favor de não me

envergonhar — Bran pediu, apertando as mãos enquanto eu me desligava

dos dois e olhava pela janela.

Quando cheguei à escola, todo mundo estava com cores amarelo e

azul. As pessoas amavam o time e torciam com muita garra. Eu adorava dia

de jogo.

Brianna e eu nos afastamos de Sean assim que ela viu Saint com

Pierre nas escadas. Eu não fui falar com ele diretamente, mesmo que

quisesse. Nós estávamos tendo algo, só não sabia o que era.

— Oi, Saint! — Bran falou sorrindo para o menino de cabelo

escuro, enquanto eu continuei andando.

— Fell, aonde vai com tanta pressa? — Pierre riu, me alcançando.

— Para a sala. — Dei de ombros.


— Você vai ao jogo, certo? — Acenei, respondendo a sua pergunta,

e abri meu armário. — Tenho um presente para você.

— O quê? — Eu me virei, curiosidade me enchendo.

Ele tirou uma camisa da mochila. Uma com seu nome e número.

— Vista quando eu fizer um touchdown.

— Você é um defensor...

— Talvez eu me arrisque hoje.

Peguei a blusa e sorri ao acenar. Tudo bem, eu poderia fazer isso.

Na hora do jogo, todo mundo estava entretido vendo os jogadores

entrarem em campo. Pierre piscou ao me ver enquanto eu dançava com as

meninas. Sorri para ele, mas parei ao perceber Axel ao longe, nos

encarando. Droga.

Me virei e continuei a dançar. Eu conseguia. Savannah estava com

uma blusa dele na arquibancada, gritando e mostrando a todos o nome dele

escrito logo acima do seu traseiro.

Deus, eu a odiava.
O baque forte que ouvi nos minutos iniciais me fez virar para tentar

entender o que estava acontecendo. Eu imaginei Axel caído desacordado,

mas não era ele.

Nada me preparou para aquilo. Eu não conseguia me mexer.


PRESENTE

Meus lábios se esticaram lentamente e eu sorri. Era natural.

Instantâneo. As pessoas se amontoavam, tentando nos alcançar. Eu vi

Brianna nos braços do papai enquanto mamãe estava sentada, sendo

amparada por Cassie Ross, mãe do Kai.

Acenei para uma mulher idosa e ela passou de mim para meu pai,

falando palavras doces e tristes. Eu estava entorpecida. Não sentia nada.

Meu sorriso era fraco, mas contínuo.

— Você precisa dar um tempo. — Antes mesmo de escutar suas

palavras, eu o senti se aproximar. Comecei a perceber isso quando eu tinha

quinze anos. Sua mão agarrou meu braço suavemente e arrepios se

alastraram por meu corpo.

— Estou bem — murmurei, encarando as pessoas que tinham

começado a se dispersar. De repente, senti Axel me puxando devagar em

direção aos carros.


Eu me virei e encarei seus olhos verdes límpidos, então ele se

aproximou e me fez inclinar a cabeça para ter que continuar vendo-o.

Axel Ross era meu pesadelo.

Axel Ross era meu sonho.

Axel Ross era tudo para mim.

Menos meu.

A primeira vez que o vi, eu estava chorando porque meu dente tinha

caído. Ele viu, e enquanto seus amigos riam, ele se aproximou e pediu

desculpas por eles. Ele era quieto, mas um observador nato.

Eu o vi todos os dias depois disso, até hoje. Não tinha um dia da

minha vida que eu fiquei sem pôr os olhos sobre esse homem, nem que

fosse por segundos escassos.

Não sabia se foi ali que eu me apaixonei. Nunca percebi nada até o

dia em que ambos éramos adolescentes e demos o nosso primeiro beijo.

Nós nunca, jamais, nos beijamos. Eu cheguei a sonhar com isso e

odiei cada parte. Porque seu primeiro beijo deveria ser meu. E o meu
deveria ser dele, mas o destino mudou o que eu queria e ambos beijamos

bocas além da conta, mas nunca os lábios um do outro.

— Eu estou bem, Axel — voltei a murmurar e me afastei dele,

abraçando meu próprio corpo.

— Você não está e tudo bem, Sardas. Você acabou de perder seu

irmão e isso é grande coisa.

Sardas.

Ele me chamava assim desde o pedido de desculpas. "Desculpe por

eles serem idiotas, Sardas." Eu tinha poucas sardas salpicando meu nariz e

colo, sempre me incomodei com elas, mas depois de ele reparar, eu

suspirava todas as vezes que o ouvia.

— Você me ouviu? — ele questionou.

Franzi o cenho. Eu ouvi? Eu me virei e olhei ao redor, mas meu

estômago caiu ao perceber o que ele tinha falado e onde eu estava.

Sean foi morto. Meu irmãozinho não estava mais comigo. Lágrimas

encheram meus olhos e meu coração começou a se apertar.


Ele me levou com Brianna à casa da Vanessa, minha amiga, para

uma noite de garotas. Estávamos nós, Elena e Marie. Vanessa contou que

estava grávida e nós ficamos em delírio. Só não esperava que meu mundo

iria despencar quando o sol raiasse.

Sean foi namorado de Marie na adolescência. Ele ainda nutria

sentimentos pela menina linda e loira que um dia conheceu, mas o que Sean

não sabia era que ela tinha mudado. Alguém a tinha mudado para sempre, e

foi esse alguém que tirou a vida do meu irmão de forma cruel e desumana.

— Sardas, olhe para mim. — Axel segurou meu queixo e me fez

encará-lo, mesmo que sua imagem estivesse borrada pelas lágrimas. — Eu

estou aqui para você. Eu sinto muito, pequena. O que precisar, me fale e

será seu. Odeio ver esse vazio em seus olhos...

— Mana. — Engolindo em seco, eu me virei e vi minha irmã gêmea

me encarar. Brianna era eu, só que mais aberta. Mais social. Éramos o

oposto uma da outra e nos completávamos dessa maneira. — Vamos


embora. — Ela acenou para Axel e me tirou da posse dele com um leve

puxão em minha mão.

Seu rosto estava inchado, e sua voz, rouca de gritar em desespero.

Sean era o ponto central de nós duas. Éramos como uma gangorra, e ele, o

meio que mantinha a gente ora em cima e ora embaixo, enquanto nos

dividíamos na diversão que era a vida.

— Eu preciso ir — murmurei para Axel.

Ele acenou, colocando as mãos nos bolsos da calça social. Ele

estava vestido de forma completamente diferente do normal. Axel era o

cara do jeans e camisa de manga longa. Eu amava seu estilo, ele era lindo.

— O.k. Depois passo lá para te ver — ele avisou e eu acenei,

ansiosa por isso.

O caminho para casa foi feito em silêncio. Eu queria confortar meus

pais, dizer que eu sentia muito, porém, não conseguia. Meu coração estava

dolorido demais. Eu não era capaz de amenizar a dor de ninguém quando a

minha estava me consumindo.


— Às vezes, acho que é um pesadelo e que eu vou acordar —

Brianna murmurou, levando as mãos ao rosto. — Deus, por favor, me

acorde. — Quando seus ombros estremeceram, passei meus braços por seu

corpo, abraçando-a com força.

— Eu queria também.

Um mês depois, eu estava deitada em minha cama, sem qualquer

vontade de me erguer. Eu sentia que era o certo. Todos na casa estavam se

erguendo, seguindo em frente, eu deveria também, mas não conseguia.

Ainda não, pelo menos.

Saí algumas horas depois para passar no mercado, pois Tabita, nossa

cozinheira, tinha se esquecido de comprar verduras e me pediu gentilmente

para fazer isso. Eu sabia que essa era sua maneira de me fazer sair de casa.

Andei pelos corredores em direção ao hortifruti, mexendo na franja da

minha bolsa, e ofeguei quando senti que tinha colidido contra alguém.
Assim que ergui meu rosto, tremi e encarei seus belos olhos. Minhas

bochechas ficaram vermelhas quando me lembrei das várias mensagens que

ele me enviou por esses dias e eu simplesmente não respondi.

— Você está bem? — Sua voz firme me alcançou e eu acenei, me

afastando do seu corpo. — O.k. — Então ele passou por mim e andou em

direção aos caixas para pagar o que quer que ele tenha vindo comprar.

Engoli minha frustração e continuei indo pegar as verduras. Minutos

depois, eu tinha tudo que estava na lista e passei no caixa, longe de

conseguir ver Axel. Levei o carrinho até meu carro e parei quando senti

meu corpo ficar quente.

Elevei meus olhos e o vi encostado em seu carro. Deixando um

suspiro escapar, eu andei até onde ele estava.

— Axel, me desculpe por não ter respondido as suas mensagens —

murmurei devagar e engoli com dificuldade ao ver Jodie no banco do

passageiro. Ela estava entretida em seu iPod, por isso não me viu ou falou

comigo.
Jodie era amiga de Axel. Ela trabalhava no bar dele e os dois eram

próximos. Bem mais do que eu gostaria.

— Não tem problema, Sardas. — Ele se inclinou e tirou uma mecha

do meu cabelo loiro do meu rosto e o prendeu atrás da minha orelha.

— Eu... Uh, vou embora. — Acenei para o meu carro e andei

apressada, tentando não ficar tensa ou deixar transparecer como estava

incomodada ao ver Jodie no carro dele.

Nunca, nenhuma vez, deixei em aberto o ciúme que sentia dele com

outras meninas. Já Axel, eu não poderia dizer o mesmo. Ele socava,

expulsava e ameaçava cada homem que tocou em mim, mas ele nunca me

tomou para si.

Sempre foi a base de "você é minha", mas nunca me tocou ou

beijou. Eu podia ser considerada uma cadela nojenta por testar sua

paciência cada vez que beijava alguém na frente dele. Não podia negar que

gostava de vê-lo com tanta raiva que ele saía batendo e quebrando coisas ao

redor.
— Ei! — Eu me virei assim que ouvi sua voz e suspirei ao vê-lo

bem na minha frente, correndo até mim. — Vá ao bar hoje. Por minha conta

— Axel pediu, coçando a cabeça.

Mordi meu lábio, indecisa.

— Não vai dar — disse, engolindo em seco. Não queria sair e beber

apenas um mês depois de perder Sean. — Mas... obrigada. — Sorri e me

ocupei ao colocar todas as minhas caixas no carro.

Entrei e liguei o veículo, enquanto ele ainda estava parado, com as

mãos nos bolsos da calça jeans e a cabeça baixa. Saí do estacionamento

depois de acenar para ele.

Eu não estava bem emocionalmente para lidar com Axel Ross. Por

mais que doesse deixá-lo sozinho no estacionamento do supermercado.

A verdade era que eu não queria a felicidade que ele me

proporcionava por apenas falar comigo, me dar sua atenção. Não. Eu

merecia estar de luto e chorar. Sentir algo além de tristeza era errado.

Eu sabia.
DOIS MESES DEPOIS

Brianna me deixou sozinha na pista e eu sorri, andando para o bar.

Pedi a Leon um cosmopolitan e ele me serviu, sorrindo. Hoje era a minha

despedida. Eu precisava ir para Nova York resolver pendências que Sean

deixou. Bran não estava muito feliz, mas alguém tinha que ir, certo?

Senti Axel se aproximar e me virei, vendo-o carregar dois shots de

tequila nas mãos. Engoli em seco e mordi meu lábio, tremendo. Axel se

manteve distante nos últimos meses e, por mais que eu desejasse tê-lo por

perto, sabia que era o mais sensato a se fazer.

— É só relaxar, Sardas — Axel murmurou próximo ao meu ouvido,

pondo as bebidas diante de mim, me fazendo remexer no banco alto.

— Eu não quero. — Minha voz estava firme, mas ele me conhecia

melhor que qualquer um.

Eu queria beber e esquecer, queria ir para sua casa e me perder nele,

eu queria, mais do que tudo, beijar sua boca, porque eu sabia que ela seria o
céu.

Eu odiava admitir que esse homem era a única pessoa que me

conhecia profundamente.

— Eu entendo tudo, Sardas. Eu sei cada maldito pensamento que

você tem, então, quando eu te digo para fazer algo, você vai e faz. — Sua

voz se tornou fria, intimidante, como ele sabia que me faria seguir.

Sua mão enrolou em meu rabo de cavalo e eu tremi, pegando o shot

que ele colocou para mim. O líquido desceu queimando tudo, mas sorri ao

me sentir mais leve.

— Você precisa de mim te mantendo na linha, Sardas. Nós dois

sabemos disso.

Suas palavras eram recheadas de autoridade, e eu odiava isso.

— Não preciso de você nem para limpar a poeira da minha bota,

Axel. — Eu me virei para olhar para o seu rosto e o encontrei sorrindo de

lado. Eu me esqueci de respirar por alguns segundos, mas voltei quando ele

se inclinou para mim.


— Somente para fazer sua boceta ficar molhada. É isso ou eu li

errado, anos atrás? — Seus olhos estavam cruéis.

Eu tinha tanta raiva por ele ter lido meu diário. Escrevi sobre Axel

mais vezes do que gostaria e me arrependi amargamente quando ele roubou

meu diário.

Hoje ele estava sendo um idiota, diferente dos últimos dias, mas

todo mundo ali sabia o porquê. Ele pegou Trent me encarando e eu o

encarando de volta. Éramos amigos, mas Axel não sabia disso. Eu me

aproximei mais de Trent por causa de Vanessa, que o amava como um

irmão. Porém ele também era amigo de Sean, no passado.

— Qualquer um faz isso, Axel — resmunguei, dando de ombros e

pegando o próximo shot. Virei-o em minha boca e me levantei. — Muitos já

fizeram ela escorrer, nós dois sabemos disso. Não se sinta especial.

A mão em meu cabelo apertou e ele se inclinou contra meu corpo,

me fazendo colidir contra o balcão.


— Você entregou sua virgindade a algum idiota dessa cidade,

Felicity? — Seus olhos eram puro fogo.

E que Deus me perdoasse, eu queria me queimar. Droga, eu queria

mergulhar tão profundamente em Axel, que esquecia que jogar com ele era

perigoso.

— E muitos outros me foderam depois do primeiro. — Consegui

empurrar as palavras cheias de mentiras para ele. E Axel se quebrou bem

diante de mim. Eu vi. Seus olhos eram claros, e quando falei, eles se

transformaram em preto, ódio o consumindo.

Ele se afastou e eu vi Jodie se aproximar, carregando uma bandeja.

Axel a parou e segurou as bochechas dela, se inclinando. Sua boca desceu

sobre a dela ao passo que meu coração doeu, se retorceu. Eu só queria

sumir.

Axel Ross era um demônio, e eu jurei, naquele momento, que o

expeliria da minha vida.


— Você tem certeza disso? — Brianna sempre me perguntava isso

quando eu estava tentando fazer algo estúpido. Na mente dela, pelo menos.

Era perto das onze da manhã e eu estava terminando de arrumar minhas

malas para a viagem.

— Sim, eu preciso — murmurei de volta, impaciente.

Alguém tinha que lidar com as coisas que Sean deixou para trás, em

Nova York. Eu precisava ir, sabia disso. Depois de ontem, eu tinha certeza.

— O que Axel fez? Eu pensei que iriam tentar ficar juntos...

— Você está louca? — Eu me virei, franzindo a testa. — O que te

faz pensar que aquele imbecil está com coragem suficiente para me

reivindicar? Aliás, eu nem quero que ele faça isso.

— A única pessoa louca aqui é você. Ele te reivindicou anos atrás,

quando você beijou o primeiro menino na frente dele, no meio da escola, e

ele foi lá e fez o garoto comer areia...

— Nossa, Brianna. — Revirei os olhos e juntei todas as minhas

roupas na mala cuidadosamente.


— O quê? — Bran murmurou, arqueando a sobrancelha. — Quer

saber? Faça o que quiser.

— Ah, graças a Deus, né? — gritei assim que ela se virou e saiu

pela porta do meu quarto, batendo as botas no chão.

Amanhã seria o dia do julgamento do homem que matou meu irmão.

Eu não queria ir, mas, realmente, deixar minha família lidar com isso

sozinha não era uma opção.

Assim que meus olhos voaram para as fotos coladas na parede,

suspirei e arranquei uma delas. Eu estava vestida de líder de torcida ao lado

da Brianna. O time de futebol americano estava atrás das líderes de torcida,

eu só conseguia olhar para Axel. Seus ombros largos, seus olhos verdes e

sua pele escura como chocolate me fizeram suspirar. Ele estava atrás de

mim, eu me lembrava que tinha sussurrado em meu ouvido um segundo

antes de a foto ser tirada.

Você está impressionante, Sardas.


Minhas bochechas estavam coradas na foto. Filho da puta. Axel

sempre teve o poder de me desestabilizar, de me causar tremores e suar frio.

O poder que ele tinha sobre mim e nunca soube me assustava.

Eu o odiava.

Na manhã seguinte, eu estava de pé na sala da minha melhor amiga,

tentando fazê-la entender que estaria de volta antes de o seu bebê nascer,

mas Marie era uma manteiga derretida. Sempre foi.

— Ela vai estar no mesmo país ainda, sua boba. — Brianna tentou

fazer cosquinhas em Marie para distraí-la. Sorri agradecida para a minha

irmã.

— Você está certa — ela balbuciou, acenando e nos abraçando.

A campainha da casa dela tocou e Cain, seu marido, se afastou para

ir atender. Quando Axel apareceu, endireitei meus ombros e desejei que um

buraco se abrisse para que eu pudesse enfiar a cabeça dele.


— Por que estão chorando? — questionou, andando até a gente,

depois de entregar duas sacolas para Cain.

— Felicity está indo embora — Marie resmungou e voltou a me

abraçar. — Eu amo você. Antes de ir, me avisa para sairmos.

— Pode deixar. Também amo você. — Eu a beijei e andei até

Brianna. Queria sair dali. Rápido.

— Podemos conversar?

Tremendo, trinquei meus dentes assim que Axel colocou a mão

sobre mim. Acenei para não causar uma cena desnecessária na frente de

Cain e Marie.

Saí com ele para o corredor e Brianna ficou lá dentro, depois de

Axel exigir ficarmos a sós.

— Que porra foi aquilo? Como assim você está indo embora? —

Seu rosto estava franzido e tenso.

— A, nada relacionado a mim é da sua maldita conta. B, eu não vou

te explicar nada, e C, nunca mais coloque suas mãos em mim novamente!


— gritei, encarando seu rosto presunçoso. — Eu espero que Jodie tenha te

fodido como nunca, Axel. Porque se por um segundo você ainda pensa em

entrar nas minhas calças, eu sinto te informar, mas isso nunca vai acontecer.

— Isso é um desafio, Felicity? — Sua voz causou arrepios pelo meu

corpo, mas eu mascarei qualquer efeito que ele pudesse ter me causado com

um sorriso cínico.

— Com você? — questionei, franzindo as sobrancelhas. — Você é a

sujeira do meu sapato, Axel, e se você não sair do caminho agora, eu vou

pisar.

Axel sorriu e me empurrou contra a parede do elevador. Sua mão

enrolou o meu cabelo e ele puxou com força, me fazendo arquear para

encará-lo, mesmo eu sendo trinta centímetros mais baixa que ele.

— Você gosta de sujeira, querida. — Sua língua deslizou sobre

minha pele, indo do pescoço ao ouvido, antes de ele morder o lóbulo da

minha orelha, me fazendo estremecer. — Eu vou estar aqui quando voltar

para o Texas e sujar sua boceta com minha porra para você carregar meu
herdeiro. Posso apostar o meu bar que você vai adorar cada segundo pra

caralho.

Então ele se afastou e entrou no elevador. As portas se fecharam e

ele sumiu, me deixando tremendo e ardendo de desejo. Querendo

fortemente que a promessa que ele acabou de fazer fosse cumprida.


MESES DEPOIS

Eu não podia acreditar que a menina nasceu antes. Era inaceitável!

Soltei um grunhido frustrado ao entrar em um táxi quando saí do aeroporto.

Sunshine nasceu ontem, enquanto eu estava me preparando para voltar para

a casa.

Meu dedo deslizou pela tela e eu sorri, vendo o pequeno pacote rosa

dentro de um berço. Ela tinha cabelo claro e olhos cinzentos, era linda. Um

verdadeiro raio de sol.

Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e agradeci ao taxista

quando ele ligou o ar-condicionado. Nova York era fria se comparada ao

Texas, então chegar ali e sentir a mudança foi agonizante. Horas depois,

estava agradecida por deixar minhas malas em casa e correr para o hospital.

Desci do táxi e saí apressada em busca da minha afilhada. Segurei

minha bolsa com documentos, que foi a única coisa que não deixei em casa,

e sorri para a recepcionista. Depois de poucas palavras, estava no quarto de

Marie.
— Como ela se atreveu a não me esperar? — Respirando fundo,

murmurei para a minha amiga, que riu e balançou a cabeça. Peguei o tubo

de álcool em gel e derramei uma boa quantidade, passando pelas minhas

mãos e antebraços. Peguei Sunshine em meus braços assim que estava seca,

sorrindo e deslizando a mão por seu rostinho.

— Você deveria ter chegado um mês atrás. Ela te esperou — Cain

resmungou do canto do quarto.

Eu nem mesmo olhei em sua direção, só mostrei meu dedo do meio.

— Cain está certo — Brianna resmungou ao meu lado, tocando o

cabelo de Sunshine. Ela já estava no hospital com Vanessa, pelo que

parecia.

— Grande coisa. — Revirei os olhos e suspirei. — Nossa, ela é

perfeita. Parabéns, papais. Eu estou tão apaixonada. — Sorri e me virei para

Cain, mas meus lábios murcharam ao ver quem estava ali também.

Axel estava sentado em uma cadeira, com as pernas esticadas e

braços cruzados. A jaqueta preta cobria seus ombros e em seus pés tinham
botas pesadas. Santa Mãe...

— Uh — murmurei, incerta.

Ele franziu as sobrancelhas ao se erguer. O homem andou até ficar

na minha frente e tirou Sunshine dos meus braços. Axel a segurou com

carinho e nem mesmo dirigiu a palavra a mim. Eu gostaria de dizer que

estava surpresa, mas seria mentira.

— Eu vou ver Drew — sussurrei para Marie, que olhava

nervosamente entre nós.

Saí do quarto tentando respirar normalmente. Ver Axel agora não

estava nos meus planos. Apressei meus passos até estar com Andrew nos

braços. Vanessa estava andando pelo quarto enquanto resmungava e tentava

ver algo no meio das suas pernas.

— Eu juro por Deus que eles cortaram a minha boceta. Estou

completamente arregaçada. — Ela misturava o português com inglês.

Chocada, fiquei boquiaberta. — Drew tinha a cabeça enorme, igual à do pai

dele. Jesus Cristo, o pau do Hank vai balançar aqui dentro.


Eu tremi enquanto gargalhava, sem conseguir me conter, e ela me

encarou rindo também.

— Vanessa, pelo amor de Deus! — Elena sussurrou, chocada, e eu

gargalhei mais ainda.

— Senti falta de vocês. Nossa... — Sorri, engolindo em seco,

quando ela me abraçou com força.

— Também sentimos sua falta, Fell. — As duas se revezaram me

abraçando e me beijando.

Fiquei por um bom tempo no hospital conversando antes de ligar

para Brianna avisando que estava descendo.

— Você já viu Axel? — Vanessa questionou, mordendo a ponta da

unha.

— Uh, sim. Ele estava com Cain e Marie — respondi calmamente,

não deixando transparecer o quão nervosa fiquei ao vê-lo.

— Você sabia que ele está namorando com Jodie? — Eu me virei

rápido para encarar Vanessa, mas quando vi seu rosto, soube que tinha
caído em uma armadilha. — Oh, querida, eu tenho tanta pena de você. —

Ela riu enquanto Elena me avisava que era mentira.

— Eu não me importo. — Dei de ombros e as duas me encararam

com ceticismo.

— E eu não tenho uma vagina esfolada. Faça-me o favor, Felicity.

— Vanessa revirou os olhos e eu respirei fundo, colocando Andrew nos

seus braços. Ela ficou calma instantaneamente e eu sorri, amável. Talvez

Drew fosse o calmante que a vida mandou para ela.

— Eu já vou. Brianna deve ter chegado. Depois passo lá com mais

calma. — Beijei seu rosto e abracei Elena.

Deixei as duas para trás e andei até o elevador. Apertei o botão e

engoli em seco, sentindo meu estômago revirar. Que inferno! Eu me virei e

o vi bem ali, de pé atrás de mim, como se eu não fosse ninguém.

O elevador chegou e as portas se abriram. Axel me encarou com

firmeza e acenou para dentro, me mandando ir. Eu entrei, e assim que


estávamos sozinhos, ele se apoiou na parede, me encarando de cima a

baixo.

Um flash do dia em que ele beijou Jodie entrou em minha cabeça,

então senti meu coração dolorido ficar mais ferido.

— Você demorou. — Sua voz era crua, firme e séria.

— Quando o lugar é bom, queremos ficar mais tempo. — Dei de

ombros, pouco afetada.

— Sim, sim. Também achei nas vezes que estive lá.

Meus olhos se ergueram rápido e ele se inclinou sobre o painel,

apertando o botão de parada emergencial. Engoli em seco ao ver Axel dar

um passo longo até parar a alguns centímetros de mim.

— Você pensou que eu deixaria você brincar na cidade grande,

Sardas? — Ele enrolou meu cabelo em seu dedo e segurou meu pescoço. —

Se eu não estava lá, alguém pago por mim estava, porque pode negar

quantas vezes quiser, mas você é minha.


— Axel... — gaguejei, sentindo seus dedos deslizarem por minha

blusa de botões amarrada em minha cintura. Seus dedos chegaram aos meus

seios, mas Axel balançou a cabeça.

— Não, baby, esperei muito tempo. Está na hora de você entender

onde e a quem pertence.

Ele se afastou e apertou o botão novamente. O elevador voltou à

vida em seguida. Seu rosto estava endurecido, e as batidas do meu coração,

tão altas que eu conseguia ouvi-las. Ele saiu antes de mim, e quando minhas

pernas começaram a se mexer, Axel estava longe de ser visto.

— Axel te deu pancadas na bunda? — Brianna riu questionando,

quando entrei em seu carro. — Ele passou por mim sério, não que seja uma

novidade, o homem parece um segurança armado pronto para matar

alguém. — Minha irmã estremeceu rindo, e eu suspirei enquanto olhava

pela janela.

— Ele fez o de sempre.


— Te fodeu contra uma parede?

— O quê?

— Com palavras, eu quero dizer. Todo o Texas sabe que você está

guardando sua boceta para ele. — Minha irmã abriu a boca e meteu o dedo

na garganta. — Minha cereja se foi há tanto tempo que nem lembro. — Ela

riu e eu engoli o gosto amargo da vergonha.

Brianna era exagerada, mas mentirosa, não. Ela disse a verdade. Eu

ainda era uma maldita virgem esperando por Axel desde que comecei a ver

peitos se formando em mim.

Fantasiei o beijo, o sexo e nosso casamento. Até nossos filhos, já

imaginei. Ninguém podia julgar uma mulher apaixonada, certo?

Quando chegamos à nossa casa, Brianna foi verificar os

trabalhadores. Ela estava à frente da fazenda desde que fez dezoito anos. Se

tinha alguém que amava esse lugar, esse alguém era ela.

— Ei! — Sorri, me jogando nos braços da mamãe.

Ela sorriu, limpando as mãos no pano de prato.


— Como foi de viagem? Queria ter ido buscá-la no aeroporto, mas

ficou complicado aqui. Ben pediu demissão, parece que vai morar em outro

lugar. Seu pai está louco e Brianna também, pois precisa de um novo cara

às pressas. — Mamãe respirou fundo, parecendo cansada.

— Vai dar tudo certo. Tenho certeza de que um dos meninos Ross

pode emprestar alguém até conseguirmos um funcionário — eu disse

suavemente enquanto teclava, pedindo ajuda a Kai. — Prontinho.

Balancei meu celular e ela sorriu aliviada. Nós duas sorrimos

enquanto Tabita e ela começaram a preparar o jantar, contando todas as

fofocas da vizinhança.

******************

Fechei a porta do meu carro enquanto Brianna terminava de passar

batom. Nós resolvemos sair hoje, comemorar minha volta. Na real, não

queria, mas minha irmã também passou maus bocados nos últimos meses.

Não era justo com ela eu me enfiar em casa.


— Kai me disse que vai mandar um dos seus amanhã cedinho,

porém, ele só poderá ficar por algumas semanas — murmurei, fechando a

minha bota.

Ela acenou e guardou o batom.

— Até semana que vem já terei alguém. — Brianna suspirou e

puxou seus peitos mais para fora do sutiã. O decote ficava enorme, porque

peitos nós tínhamos mais que a maioria.

Minutos depois, estacionei em frente ao bar de Axel. Estremeci ao

me lembrar da vez em que ele me expulsou de lá, depois que fiquei com o

barman na sua cara. Deus, naquele dia eu estava tão bêbada.

Brianna beijou o rosto de Tom, o segurança, quando passamos pela

porta. Ele me olhou por alguns segundos e suspirou.

— Estou feliz por ter voltado, Felicity. Mas não faça bobagens, não

quero Axel no meu pé hoje.

Eu bati continência e ele revirou os olhos, me deixando em paz.


Nós nos sentamos no bar e Brianna se inclinou sobre Jacob, fazendo

o garoto babar em seus peitos.

— Jake, eu preciso de algo gelado para esfriar meu corpo quente —

ela gemeu, segurando a gravata dele e o puxando até que seus lábios

estavam um contra o outro.

Jacob tinha dezenove anos, mas como era meio-irmão de Axel, ele o

deixava trabalhar ali. Brianna sempre tentava tirar uma casquinha do

garoto. Eu já falei que um dia ele ia se apaixonar por ela e daria merda.

— Meu irmão me mandou ficar longe de você, então peça a outra

pessoa. — Ele se afastou, mas minha irmã sorriu manhosa, fazendo o pobre

menino de bobo.

— Eu quero você. Ninguém mais. — Ela suspirou e eu sorri quando

os dois se beijaram bem na minha frente. Todo mundo na cidade sabia que

levar Brianna a sério estava fora de questão, se Jacob estava se arriscando

era problema dele. O máximo que minha irmã ia fazer era foder com ele e

deixar um bilhete agradecendo no dia seguinte.


Sim, ela era como um homem.

— Sua irmã não cansa de pedir o pau de Jacob, não é? — Axel

sussurrou em meu ouvido.

Respirei fundo, revirando os olhos.

— Não tenho culpa se Jacob é lindo, gostoso e talvez seja bem-

dotado. — Dei de ombros, mas Axel me virou rapidamente, para encarar

seu rosto calmo.

— Você não quer brincar comigo hoje, Sardas.

— Eu? Não estou fazendo nada, Axel — falei falsamente confusa,

apoiando meus cotovelos no balcão.

— Eu preciso trabalhar, Felicity — Axel resmungou e se afastou.

Eu o vi seguir para uma porta que sabia que era a do seu escritório.

Jodie apareceu seguindo-o, então suspirei e engoli o gosto amargo do

ciúme.

Jacob se afastou de Brianna rindo para ela, e começou a preparar

nossas bebidas. Depois de quatro copos de margarita fortes, eu estava


sorrindo e rebolando. Brianna segurou minha mão e nós duas andamos para

a pista, rindo e esbarrando nas pessoas.

Mexia meus quadris igual à minha irmã, enquanto ela passava a mão

pelo corpo antes de apontar para Jacob, que riu e balançou a cabeça.

Quando vislumbrei o cabelo branco espetado de Leon, rebolei ao notar seus

olhos presos em mim, e gargalhei assim que me mostrou o dedo do meio.

Se tinha algo que ele odiava hoje era eu me insinuando para ele.

Depois que Axel quase o enxotou dali, nós só nos falávamos por mensagens

de texto, e apenas como amigos.

O bar escuro e a música alta bombeavam através do meu corpo, me

deixando leve. Quando uma mão puxou meu cabelo gentilmente, eu não

precisei olhar para saber quem era. Axel dançava contra mim enquanto sua

outra mão descansava em cima do meu umbigo.

— Você está sentindo, Felicity? — Ele pressionou seus quadris

contra o meu corpo e eu suspirei ao sentir seu pau duro na minha bunda

coberta pela saia jeans. — Você fez isso e você vai dar um jeito.
Eu me virei e soltei um gemido de dor quando ele não afrouxou o

aperto em meu cabelo. Eu me inclinei, ficando sobre meus pés, e sussurrei

em seu ouvido.

— Que jeito?

Axel me empurrou em direção ao seu escritório e eu fui calada,

tremendo em antecipação. Nós sabíamos que isso demorou mais do que era

previsto. Precisava de Axel dentro de mim. Rápido, forte e impiedoso,

como eu sabia que ele seria.

Ele fechou a porta e eu mordi meu lábio, sentindo o gosto da minha

bebida ainda ali.

— Sente-se na minha mesa de frente para a minha cadeira — ele

instruiu. Engoli em seco, seguindo suas ordens. Axel se sentou e eu fechei

minhas pernas, começando a temer. — Suba a saia e coloque seus pés na

beirada da mesa enquanto se apoia em suas mãos atrás.

Minhas mãos tremeram quando subi a saia e fiz o que ele mandou.

De pernas apertas, bem diante dele, minha calcinha fina de renda era a
única coisa que o impedia de me ver nua. Eu nunca me senti tão exposta na

minha vida.

— Eu sonhei com esse dia desde que eu tinha onze anos. Você sabe

o que é desejar corromper uma doce menina de olhos grandes e inocentes?

Eu esperei demais e outro veio e te corrompeu no meu lugar. — Sua voz

estava furiosa quando seus dedos rasgaram minha calcinha. — Eu quero

que você diga exatamente o que quer que eu faça, Sardas. Agora.

— Me... — As palavras fecharam minha garganta e Axel se afastou

para me encarar. — Eu quero que você me toque.

— Com o quê? Onde você quer? — Ele arqueou a sobrancelha.

— Com sua língua. — Senti meu colo e rosto esquentarem. — Em

minha boceta.

Ele sorriu e eu suspirei, com o desejo rasgando minhas entranhas.

Axel se inclinou e me cheirou devagar, causando tanta vergonha que eu

podia apostar que estava parecendo um tomate maduro. Assim que seus

dedos grossos abriram meus grandes lábios, senti o quão molhada estava. O
primeiro toque da sua língua me enviou calafrios e eu tremi suavemente.

Axel beijou meu clitóris e lambeu devagar, me provando como um sorvete

de baunilha – seu favorito.

Sua boca construiu meu orgasmo, e quando estava caindo nele, Axel

enfiou um dedo dentro de mim. Ao sentir o meu desconforto, seus olhos

franziram enquanto seu dedo grosso rodava dentro de mim. Só de ver seu

rosto sabia que ele percebeu que minha virgindade estava intacta. Ele sorriu

antes de me devorar, me dando o melhor orgasmo de todos os tempos.

— Eu quero sua cereja, Sardas, mas agora preciso que você fique de

joelhos e me limpe. — Suas palavras eram tensas.

Respirei fundo e desci da mesa, me ajoelhando na sua frente. Axel

tirou seu membro longo e duro da cueca e eu vi a ponta molhada.

Minha boca se enche d'água e eu o segurei, ainda incerta. Lambi

devagar, e quando o coloquei em meus lábios, Axel gemeu, rangendo os

dentes. Sua mão pegou meu cabelo todo e ele o puxou até eu soltá-lo.
Depois ele me levou de volta e fodeu a minha boca enquanto eu levava

minha mão para meu clitóris e tentava me aliviar mais uma vez.

Axel viu o que eu estava fazendo, e segundos depois, senti algo

quente e espesso encher minha boca. Bebi cada gota e chupei mais um

pouco, limpando todo seu pau. Minha boceta apertou e eu gozei de novo.

No mesmo segundo, mais sêmen jorrou em minha boca.

Enfiei a minha língua no buraco e choraminguei quando percebi que

estava limpo. Tinha engolido tudo.

Droga, realmente gostava da sujeira.


Tentei manter minha respiração contínua enquanto entrava na

farmácia e ia em direção ao farmacêutico. Acordei com uma puta dor de

cabeça e na minha casa não tinha um comprimido. Infelizmente, todo

mundo estava muito ocupado, então eu tive que vir.

Depois da sujeira que fiz com Axel em seu escritório, eu saí de lá

arrastando minha irmã. Ela estava dançando com um homem e não se

importou muito que eu a tivesse tirado de lá. Eu estava bêbada, queria que

nossa primeira vez fosse diferente. Não ali, no seu escritório.

Peguei duas caixas de aspirina e alguns ibuprofenos para nunca mais

voltar à farmácia. Quando cheguei ao caixa, vi duas mulheres. A atendente

e a irmã dela. Como eu não lembrei? Jesus.

Entreguei tudo sem falar nada e paguei quando a irmã de Jodie

empurrou os remédios na sacola. Apertei minhas têmporas e abri a caixa,

pegando um para tomar ali mesmo.

— Uma água, por favor — pedi devagar.


Ela pegou enquanto sua irmã ficava de braços cruzados, me

encarando.

— Eu sei que trepou com ele ontem. — Sua voz chegou aos meus

ouvidos, fazendo minha dor de cabeça triplicar.

— Jodie, isso não é da sua maldita conta — murmurei devagar e

peguei a água, passando mais dinheiro. — Obrigada.

Eu me afastei lentamente e a ouvi resmungar baixinho com a irmã.

Mesmo tentada a me virar, eu não fiz isso, só segui para o estacionamento e

fui embora.

— Você tem alguma decência? — Vanessa questionou a Brianna

enquanto estávamos em sua casa, visitando seu filho.

— Não. É por isso que somos amigas. — Minha irmã deu de

ombros, nos fazendo rir.


— Ele é uma criança, pelo amor de Deus... — Soltei um gemido de

desgosto e minha irmã me fuzilou com os olhos.

— Felicity, o pau dele é de um adulto. Ele faz sexo como um

maldito adulto. Pode ter certeza.

— O pau de quem? Por que você está explanando sobre outro

homem com Vanessa? — Quando Hank se encostou na porta, carrancudo,

nós três reviramos os olhos.

— Hulk, amor, eu já tenho o seu, não preciso do de outro homem.

Agora, sai daqui. Somos mulheres tendo conversa de mulheres — Vanessa

afirmou entredentes, fazendo Brianna rir.

Hank semicerrou os olhos, encarando sua esposa, mas fez o que foi

solicitado sem outra palavra.

— Voltando ao assunto Jacob. Como ele é? Você gosta dele? —

Vanessa questionou enquanto eu apertava meus lábios juntos para não falar

o que não devia e encarei Brianna, elevando a sobrancelha.

— Não. Vocês acabaram de dizer, ele é uma criança...


— Com o pau de um adulto — relembrei, erguendo o dedo. Ela me

encarou, revirando os olhos. — Vanessa, Brianna só quer o corpo dele. O

coração é algo que ela não quer alcançar.

As duas ficaram caladas por um tempo, até que Brianna lembrou

que eu existia.

— Axel estourou sua cereja ontem?

— O quê? — Vanessa gritou e Drew pulou em seus braços,

assustado. — Desculpa a mamãe, meu amor. — Ela espalhou beijos por seu

rostinho e eu sorri.

— Sim, ela ainda é virgem — Brianna respondeu, me encarando.

Ela estava devolvendo o que falei sobre Jacob, a grande putinha.

— O que diabos você está esperando? — Vanessa questionou

baixinho, com os olhos arregalados.

— Ela está se guardando para o Axel...

— Brianna, pare com isso.


— Não posso acreditar. Essa merda é séria? — Minha amiga estava

desacreditada, e por mais que eu soubesse o quanto Vanessa era dramática,

tinha certeza de que seu susto era coerente.

— Eu só não queria transar com uma pessoa qualquer sabendo que o

homem que eu amo está a alguns metros de mim...

— Então por que não transou com ele ainda? Uma mulher faz o que

tem vontade, Felicity, não espere por Axel. — Vanessa se ergueu e colocou

Drew no berço. Ela se virou e me encarou. — Você precisa perder a

virgindade. Você ser virgem é uma loucura inaceitável...

— Você está sendo dramática agora. Não é nada de mais...

— Meu amor, é tudo de mais. Quando você sentir um pau dentro de

você, querida, você vai se estapear por ter esperado tanto — ela falou

completamente séria.

Olhei para a minha irmã, que deu de ombros e acenou, concordando

com Vanessa.
— O.k. Tudo bem. — Mordi meu lábio e suspirei, deixando escapar

o que fiz ontem. — Foi quase. Então, acho que está mais perto...

— Felicity, você vai sair daqui agora e vai atrás do Axel. Você vai

tirar a roupa e ele vai te foder. Simples assim. — Vanessa me puxou e eu

arregalei os olhos, negando.

— Não, Vanessa, sua doida. Para com isso. Eu estou esperando-o

me ligar ou algo do tipo. Eu não posso apenas fazer isso. Não estamos

juntos nem nada — argumentei, completamente assustada.

Ela riu com Brianna.

— No seu tempo, irmãzinha. Jodie deve estar mantendo-o entretido

enquanto você e ele brincam de gato e rato. — As palavras de Brianna

acertaram meu estômago, mas eu tentei mascarar o ciúme que me corroía.

— Se isso estiver acontecendo, ele não me merece.

As duas ficaram caladas e eu engoli em seco. Meu celular vibrou,

chamando minha atenção, e o nome de Axel apareceu na tela como um

lembrete de que ele não podia estar com Jodie.


— Ei! — murmurei sob os olhares das duas.

— Onde você está? — Sua voz era baixa, rouca, até.

— Na Vanessa. O que foi? — perguntei devagar.

— Estou na sua casa. — Ele respirou fundo. — Vim falar com seus

pais.

— Você o quê?! — gritei, chocada. Drew pulou no berço, então pedi

desculpas a Vanessa e ela balançou a cabeça, pegando o filho. — Vai

embora agora. Não estou brincando, Axel, saia da minha fazenda.

— Você acha que eu não estou falando sério quanto ao nosso

relacionamento? Acabou a palhaçada, Sardas. Você é minha e eu sou um

homem. Seus pais merecem saber por mim...

— Axel, por favor, faremos isso juntos e no momento certo. Me

espere aí, estou chegando. Por favor? — Minha voz ficou mais suave e ouvi

seu suspiro derrotado.

Corri para a escada assim que desliguei e saí da casa de Vanessa sem

me despedir. Entrei em meu carro e saí em disparada para casa.


Estacionei o carro minutos depois e Tierry abriu a minha porta, me

ajudando a descer. Beijei seu rosto e me afastei, procurando Axel. Eu o

encontrei de braços cruzados, me encarando na porta de casa.

— Ei...

— Oi. Quem é o cara? — Ele estava com os olhos presos em Tierry.

Eu me virei e vi um dos funcionários da fazenda trabalhando mais

ao longe.

— É meu amigo e funcionário — respondi e abri a porta. Puxei-o

para dentro e subimos a escada em silêncio.

Assim que paramos em meu quarto, ele começou a olhar as coisas,

atento a tudo. Axel parou em frente a um mural de fotos e pegou uma de

nós dois. Estávamos na escola, na época. Eu estava vestida com a sua

camisa, pois estávamos no rio, e ele só com um short.

— Eu me lembro desse dia — ele sussurrou e eu sorri. — Eu queria

rasgar minha camisa e puxar as cordas do seu biquíni. Seus seios já eram

tão grandes. A cada pulo que dava, eu imaginava o tecido saindo do lugar e
sua carne exposta para todos. Me imaginei matando todos os garotos e

fodendo você no rio logo após.

— Axel. — Meus olhos estavam arregalados e minha calcinha

começou a ficar molhada.

— Eu realmente queria você por todo esse tempo, Sardas. — Ele se

virou e andou até onde eu estava, contra a porta do meu quarto.

— Eu sempre estive aqui, Axel. Sempre esperando por você... —

Minha voz estremeceu quando seus dedos entraram pelas alças finas do

meu top.

— Eu cheguei agora. Nada vai me tirar daqui. — Ele se inclinou e

beijou minha orelha. Tremi sob suas mãos, e Axel sorriu. — Me mostre

seus peitos, Sardas.

Ele se afastou e se sentou na minha cama. Engoli em seco, olhei

para a porta e a tranquei. Meu pai devia estar no pasto, e minha mãe, na

cozinha. Eles não iam ouvir nada. Pelo menos era o que eu esperava.
Subi meu top devagar e meus seios ficaram livres. Axel apertou sua

calça jeans enquanto eu mordia meu lábio, nervosa.

— Vem aqui — ele pediu. Andei até ele e me livrei do top no

caminho. Seus dedos deslizaram por meus mamilos e eu expirei, sem

fôlego. — Inferno, você é tão sexy.

— Axel, por favor. — Encarei seus olhos bonitos e juntei minha

boca na dele. Sua língua deslizou pelos meus lábios e eu a provei, tentando

memorizar o gosto doce da sua boca. Ele colocou as mãos em meus quadris

e apertou a ponto de doer. Axel me ergueu e me fez sentar em seu colo. Eu

me esfreguei contra seu jeans e senti seu pau duro.

— Não vou romper sua cereja hoje, Sardas. Porém preciso foder

seus peitos.

Minha boca se abriu e ele sorriu. Eu já era irremediavelmente

apaixonada por esse homem, mas agora, Deus, eu estava me apaixonando

tudo de novo.
Axel se afastou e lambeu cada mamilo sem pressa. Seus dentes

fincaram em minha carne e eu estremeci. Sua boca fez uma sucção em meu

mamilo esquerdo enquanto eu segurava sua cabeça, mantendo-o no lugar.

Sua mão abriu meu short e ele tocou meu centro úmido e latejante.

Axel me fez chegar ao clímax em poucos segundos. Ele me tirou de cima

dele e me fez deitar antes de ficar sobre a minha barriga com um joelho de

cada lado do meu corpo. Axel abriu seu jeans e tirou seu pênis duro e

grosso. Ele o colocou entre meus peitos e eu suspirei, segurando os montes

juntos.

Vi seu rosto se transformar com o prazer quando Axel começou a se

mover. Lambi a coroa do seu pau e ouvi seu gemido. Quando ele estava a

um passo do seu clímax, eu fechei meus lábios sobre a cabeça e engoli seu

sêmen.

— Você é fofa e safada ao mesmo tempo. Como consegue? — Ele

sorriu e caiu ao meu lado na cama. Corri para o seu peito, ouvindo-o rir.
— Com você eu consigo tudo, Axel. Você ainda não entendeu, não

é? — Elevei minha cabeça para o encarar e ele franziu o cenho. — Tudo é

sobre você. Sempre foi. Desde o momento em que me chamou de Sardas.

— Droga, Sardas, agora eu preciso estourar sua cereja. — Ele

elevou a cabeça e beijou minha boca. Axel me fez deitar e ficou sobre mim.

— Por favor — implorei. Ele beijou meu pescoço e depois minha

orelha.

— Não implore — ele exigiu e eu o encarei. — Eu que deveria

implorar por um segundo do seu tempo. Você é preciosa, Sardas. Eu sou um

sortudo do caralho.

Suas palavras fizeram meus olhos ficarem úmidos. Axel tirou meu

cabelo loiro dos meus olhos e beijou minha testa.

— Eu esperei longos anos pra ter você. Eu posso esperar mais

algumas horas. — Axel beijou minhas bochechas e eu sorri. — Quer sair

comigo? Um encontro.

— Sim. Claro que sim — respondi rápido.


Ele respirou fundo, se inclinando para me beijar mais uma vez.

Axel saiu da minha casa dizendo que me pegava às sete. Eu nunca

desejei que o dia passasse tão rápido.

Enquanto estava me arrumando, meu celular começou a tocar em

cima da minha cômoda. Estranhei ao ver o número da Brianna. Ela ficou na

Vanessa por um tempo e não tinha voltado ainda.

— Bran? Onde você está? — questionei, pegando meu perfume e

colocando um pouco em pontos específicos.

— Axel está com Jodie. Ela está dizendo a todos que está grávida

dele. O que diabos aconteceu entre vocês? Você não deu pra ele, né,

Felicity? Esse monte de merda não serve para você...

— É mentira dela. Ele estava comigo hoje, Brianna. Axel... —

Minha voz enfraqueceu. Axel não faria tudo que fez hoje por nada, certo?
— Só sei o que escuto. Estou te avisando, porque é minha irmã e

enfrento o mundo por você. Se ele fizer algo que a faça sofrer, vou matá-lo.

Suas palavras entraram em minha cabeça, mas me recusei a

acreditar no que Brianna falou.

— Eu estou esperando-o para irmos a um encontro. Ele está comigo.

Ela não está grávida ou qualquer coisa aleatória que invente para me afastar

dele. É mentira e você precisa acreditar em mim, Bran. — Eu estava

implorando. Implorando que ela e, principalmente, eu, acreditasse.

— Confio e acredito, mas, Felicity, um conselho de irmã: fique com

seus dois pés atrás com Axel. Eu o amo como um amigo de longa data, mas

se ele ousar quebrar você, eu vou destruí-lo sem pensar duas vezes.

Minha irmã desligou e me sentei diante da penteadeira, com os

olhos ardendo com lágrimas. Não ia chorar. Era mentira. Por favor, seja

mentira.

Meu reflexo sofrido no espelho me fez respirar fundo. Minha

maquiagem estava bonita e intacta. Estava com um vestido preto e meu


cabelo estava enrolado do jeito que gostava.

Meu celular vibrou e eu o peguei, vendo na tela uma mensagem do

Axel. Meu coração bateu acelerado enquanto abria a mensagem e, quando

enfim li suas palavras, me permiti suspirar.

Ele tinha chegado.


Entrei em seu carro e ele fechou a porta em silêncio. Quando seu

corpo descansou no assento do motorista, e saímos da fazenda, engoli em

seco enquanto pensava no que minha irmã me disse.

— Axel... — comecei, respirando fundo.

— O que foi, Sardas? — Ele me encarou, apertando minha coxa.

Suspirei mais uma vez, procurando forças para falar.

— Brianna ouviu Jodie falando sobre vocês estarem juntos. — As

palavras voaram e ele sorriu, franzindo a testa.

— O quê? Bran está louca...

— Jodie disse que estava grávida de você. Axel, por favor... só me

fale — pedi devagar, e ele parou de sorrir.

— Eu jamais transei com outra pessoa, Felicity. — A sentença

deixou sua boca.

Fiquei momentaneamente sem fala.


— O quê? — O grito incrédulo não foi proposital, mas assustou a

nós dois. — Por favor, não precisa inventar tanto...

— Sempre quis perder a virgindade com você. Esperei por você do

mesmo jeito que esperou por mim... — Axel deu de ombros e voltou a olhar

para a rua.

— E as meninas com quem saía? Seus encontros com a Jodie? —

questionei freneticamente, e ele balançou a cabeça.

Fiquei sem dizer nada por vários segundos, tentando compreender o

que de fato Axel estava me dizendo. Ele era... virgem?

— Eu já fiz outras coisas, obviamente, mas nunca tive o sexo real.

Eu queria isso com você. É tão irreal assim? — Sua voz saiu confusa,

estranha, e era exatamente assim que eu me sentia. Não podia ser. Claro que

não. Ele era homem, por Deus.

— Sim, é. — Eu suspirei e encarei o para-brisa. — Você está

falando sério, Axel?

— Claro que sim. Eu não mentiria para você.


No caminho para o restaurante, fiquei dividida entre acreditar e

sorrir muito, ou ficar descrente e surtar. Infelizmente, o caminho não era tão

longo.

— Está tudo bem? — Axel perguntou quando nos sentamos à mesa

que ele reservou para nós.

— Sim. Eu só... desculpe, é que é difícil acreditar. — Deixei escapar

um suspiro derrotado e bebi um pouco de água.

— Eu sei que sim, mas é verdade. — Ele mexeu no cabelo escuro e

eu suspirei, vendo o quão bonito estava. Seu jeans de sempre, sua camisa

branca e um blazer cobriam seu corpo. Mordi meu lábio e sorri devagar. —

Eu só queria guardar esse momento para alguém de quem eu... gostasse.

— Mesmo se não fosse, eu estaria aqui. Não importa o seu passado,

eu quero estar aqui no presente. E, quem sabe, no futuro — afirmei

sorrindo, certa de que as palavras que falei eram as mais verdadeiras. Senti

um frio no estômago ao ver seu sorriso perfeito quando ele relaxou na

cadeira.
— Você quer filhos? — Sua pergunta me deixou um pouco tensa,

porém, respondi em seguida.

— Dois filhos. E você? — Ergui meus olhos para o seu rosto e o

encontrei rindo.

— Quatro. Vou ter tempo para modificar sua mente. Porém,

primeiro, precisamos focar em fazer um. Hoje. — Ele virou o copo de

uísque e lambeu os lábios enquanto eu estava com a taça de água a caminho

da boca, petrificada.

— O quê?! Você só pode ter perdido a cabeça...

— Quero ser honesto com você, Felicity. Quero casa, filhos e

casamento. Pode ser nessa ordem ou não, você decide, mas preciso que

aconteça. — Axel semicerrou os olhos, me encarando e deixando nítido o

tamanho da sinceridade dentro dos seus olhos.

— O.k. Podemos deixar os filhos para depois da casa, pelo menos?

Realmente, eu não estava preparada para isso. — Virei a taça e dei três

goles da água depressa. Sério isso? Meu Deus, Axel era doido de pedra.
— Tudo bem, Sardas. Você decide tudo.

O sorriso imbecil no rosto dele me dizia outra coisa. Axel colocaria

um bebê em mim na primeira oportunidade. E ela seria hoje.

— Seus pais estão na cidade? — questionei, tentando mudar de

assunto.

— Não. Eles só vêm para as festas agora. Eles odeiam esse lugar,

você sabe — Axel murmurou, bebendo mais uísque.

Peterson, o pai de Axel, foi embora da cidade logo após a mãe do

filho falecer. Katie Ross morreu nova, em um trágico acidente de carro.

Hoje, seu pai era casado com outra mulher, ela o criou por alguns anos,

então Axel a tinha como mãe. Porém, depois que foram embora, ele ficou

com a avó, que morreu anos atrás.

— Enquanto uns amam, outros odeiam.

Jantamos falando sobre o passado, e quando chegamos ao assunto

Brianna e Jacob, a tensão se espalhou. Axel se irritou quando falei sobre os

nossos irmãos estarem juntos.


— Brianna está sendo tola. Jacob é um garoto...

— Brianna está brincando e eu tenho certeza de que seu irmão está

amando cada segundo — murmurei afetada pelo seu jeito brusco de falar da

minha irmã.

— O.k. Você a conhece melhor que eu. — Ele respirou fundo

enquanto eu engolia em seco, acenando. — Vamos parar de falar deles e

pedir a conta. — Ele chamou o homem que estava nos atendendo e saímos

do restaurante logo depois.

— Tem certeza de que não quer bebês agora? — Axel questionou

sorrindo. Eu o encarei, para depois rir. A tensão se dissolveu e eu me senti

aliviada por isso.

— Meu pai mataria você se me engravidasse sem sermos casados. E

não, não é uma deixa para me pedir em casamento — murmurei rindo, e ele

gargalhou, enlaçando minha cintura.

Fomos para sua casa e eu me apoiei em seu ombro o caminho

inteiro. Quando Axel me colocou para dentro da sua casa, eu suspirei. Ela
era linda, eu a amei desde a primeira vez que fui ali. Ela era enorme,

moderna e segura. Eu adorava estar ali.

— Eu amo seu olhar a cada vez que olha para nossa casa. — Ele

segurou minha cintura e encostou seu peito em minhas costas. Seus lábios

beijaram meu pescoço, e eu suspirei. — Fiz para você. Cada canto aqui foi

feito pensando em você.

— Para com isso — murmurei, arregalando os olhos, antes de ele

me virar para encará-lo. — Axel...

— Eu acho que nós demoramos demais, Sardas. Eu quero que more

comigo. Eu vou conversar com seus pais...

— Axel, estamos indo rápido demais. — Eu me afastei para

murmurar sem estar sob seus toques. — Você já falou em filhos e agora

quer que eu more com você... Isso está indo a uma velocidade que não

consigo acompanhar...

— Demoramos anos para nos beijar, anos para termos nossa

primeira vez, que nem aconteceu ainda, eu só quero que as coisas acelerem.
Estamos freando há muito tempo. — Axel me encarou sério.

— Podemos nos perder um no outro e depois pensar nisso? — pedi

devagar, e ele acenou, andando até mim.

— O.k., Sardas. Tudo que quiser.

Sua boca cobriu a minha enquanto me erguia. Me senti leve no

segundo em que sua língua entrou por meus lábios. Abracei seu corpo com

minhas pernas e o senti andar pela casa bonita. Seus passos pesados

ecoaram até que me colocou sobre a cama macia. Axel beijou meu colo, e

com dedos ágeis, afastou minha roupa para capturar meus seios. Meu

coração acelerava ao passo que suas mãos erguiam meu vestido e ele o

tirava pela minha cabeça. Gemidos saíram dos meus lábios quando seus

dedos calejados fizeram fricção contra meu clitóris. Sua boca se ocupou

com meus seios enquanto seus olhos se fixaram nos meus.

— Axel. — Seu nome se sobrepôs aos meus gemidos. Eu o observei

se erguer para retirar sua roupa e a minha calcinha.


— Você vai comandar tudo, ouviu, Sardas? Você vai montar meu

pau e vai levar o que conseguir. Você vai me aguentar todo, sei que está tão

ansiosa quanto eu. — Axel bombeou seu pau grosso e eu respirei fundo.

Era verdade, eu estava ansiosa. Esperei por isso por tanto tempo. A

adolescência inteira sonhando com seus beijos e toque. Não sabia como

conseguimos esperar tanto.

A verdade era que nunca tivemos coragem.

Ele se deitou na cama e eu montei seu corpo. Sua mão apertou

minha cintura enquanto a outra segurava seu pênis. Senti a cabeça grossa

quando deslizei meu corpo, meu ventre estremecendo de ansiedade.

Respirei fundo sentindo os centímetros entrando. Vi Axel ranger os dentes

quando começou a me preencher. Seus dedos capturaram meu mamilo e ele

torceu a carne rosa entre os dedos. Minha boceta molhada se contraiu

quando sua boca ficou no lugar dos seus dedos. Assim que os dentes

rasparam a carne úmida, eu relaxei, levando mais um pouco dele para

dentro de mim.
A dor começou e meu corpo se tensionou na hora. Sabia que doeria,

minha irmã e amigas contaram tudo. Estava esperando por isso, mas não

esperei pelo cuidado de Axel. Seus beijos me relaxaram e fizeram lágrimas

encherem meus olhos.

Gemendo, ele enlaçou minha cintura, me ajudando a deslizar por

seu pau grosso.

A devoção e desejo em seus olhos me fizeram sorrir enquanto

tentava afastar as lágrimas. Eu o amava tanto que doía. Não era fácil

acreditar que enfim estávamos juntos. Sonhei com isso tantas vezes, que

hoje eu temia que fosse só mais uma ilusão.

Quando a dor atravessou meu ventre, Axel nos virou e esperou que

eu relaxasse. Devagar e com carinho, ele voltou a se mexer, e a dor aos

poucos desapareceu e o prazer começou. Suas mãos agarraram minha bunda

quando ele investiu contra meu corpo com mais força, me fazendo gritar.

Meus lábios se abriram e, sem perceber, mordi seu peito. Os nossos

gemidos se misturaram e logo estava chegando ao clímax.


— Estou quase, Sardas — ele gemeu, e eu beijei seu peito devagar.

— Não pode gozar dentro. Não tomo nada, Axel — murmurei

fracamente, sendo impulsionada por seus movimentos firmes.

Axel sorriu impiedoso, enquanto me fodia com força. Minha boceta

doeu e eu tive plena certeza de que amanhã estaria bem dolorida.

— Eu te fiz uma promessa, Sardas. — Ele empurrou em um ritmo

alucinado. — Eu te sujaria com minha porra e encheria sua boceta. Sou um

homem de palavra. — Sua cabeça abaixou e ele chupou meu mamilo em

sua boca. Seus dedos cavaram em minha cintura e eu senti o seu sêmen me

encher.

Era muito, a bagunça pegajosa vazou, escorrendo por minhas coxas.

Caí ofegante em seu peito e suas mãos agarraram minha bunda, me

fazendo sorrir diante do seu rosto bêbado de prazer. Juntei nossas mãos e

ele me encarou.

— Você é um cara morto — murmurei devagar, rindo.

Ele se ergueu um pouco para me olhar mais de perto.


— Por quê? Porque você pode aparecer grávida no final do mês? —

Ele ergueu a sobrancelha, e eu revirei os olhos.

— Não estou no meu período fértil, não seja um idiota. Sei tudo

sobre meu corpo.

— Sério? — ele questionou, parecendo surpreso.

Dei de ombros gargalhando, pouco antes de Axel atacar minha

barriga com cosquinhas e eu ofegar, sem conseguir o combater.

Antes de perder minha mente para o sono, senti Axel me limpar e

cobrir meu corpo. Meu coração se aqueceu com seus braços me envolvendo

e com os beijos que ele distribuiu no meu pescoço.

Axel Ross era meu amor de infância, agora era o único homem que

possuía minha alma.

Hoje, nós tínhamos chegado a uma intimidade de prazer e amor que

nunca experimentei na vida, e tinha certeza de que poucas pessoas no

mundo foram capazes.


Quando cheguei ao trabalho, dias depois, meu chefe me entregou

uma pilha enorme de tarefas. Eu sabia que ser uma secretária demandaria

tempo e disposição, mas era mais cansativo do que eu pensava. Sem contar

que estava com o trabalho acumulado depois de ter me afastado por um

tempo para ir a Nova York.

Decidi trabalhar há alguns anos. Meus pais nunca se opuseram, até

porque na fazenda eu não fazia muito. Brianna comandava o lugar melhor

que qualquer pessoa. Meu pai sabia disso. Então, ficar fora do jogo era bom

para todos. Eu era péssima quando se tratava de animais e plantações.

— Bom dia, Felicity! — Ryan sorriu do seu cubículo e eu a respondi

com um sorriso igual. — Hoje faremos um happy hour. Você está intimada

a aparecer. — Ela não esperou resposta.

Ryan era uma das meninas que trabalhavam ali com quem mais

conversava, ela era bem legal. Mas também era insistente.

Meu celular tocou assim que meu expediente acabou. Enquanto

andava com Ryan e os outros funcionários para o bar mais próximo à


empresa, eu atendi a ligação da mamãe.

— Oi, mãe — murmurei sorrindo e ouvi seu suspiro do outro lado.

— Você já está vindo? — Sua voz soava tensa.

Franzi as sobrancelhas, parando de andar.

— Mãe, eu vou ficar em um bar perto do trabalho com algumas

pessoas. Aconteceu algo? — questionei devagar, notando o silêncio se

alongar.

— Você tem certeza? — Ela pausou novamente.

— Está tudo bem, mãe? — perguntei, sentindo minha respiração

acelerar.

— Eu só quero que você e Brianna fiquem mais em casa...

Fechei meus olhos quando enfim percebi o que estava acontecendo.

A preocupação em sua voz me alertou. Meus olhos se encheram de

lágrimas quando me lembrei o motivo do seu medo. Sean.


— Chegarei daqui a pouco. Eu prometo. — Forcei minha voz a soar

calma, mas as lágrimas já estavam a um passo de deslizarem por meu rosto.

— Eu te amo, filha. Vou esperar por você para o jantar. — Ela

desligou logo em seguida.

— Está tudo bem? — Ryan perguntou, me encarando.

Engoli em seco, tentando não derramar lágrimas. Limpei minha

garganta e suspirei.

— Sim, só preciso fazer uma ligação.

Ryan entrou no bar depois de acenar e eu fiquei na calçada, ligando

para Brianna.

— Desde quando mamãe está controlando nossas saídas e voltas

para casa? — questionei rapidamente e tentei não pensar no meu irmão.

— Desde que Sean morreu. Ela está apavorada com a ideia de que

nós vamos ser mortas também — Bran respondeu do outro lado, com a voz

falhando. — Depois que você viajou tudo ficou pior. Estou dando tempo a

ela, tentando fazer as coisas do jeito dela, mas...


— O quê? — Senti a primeira lágrima descer.

— Eu acho que ela precisa de ajuda, Fell. — Minha irmã suspirou.

— Ela não superou a morte dele, e eu entendo, também não superei, mas

estou vivendo. Eu acho que a mamãe não vai superar sozinha. Ela precisa

de ajuda e eu estou com muito medo de dizer isso a ela. Estou apavorada,

Fell. Pela primeira vez na minha vida, estou com muito medo.

Funguei, balançando a cabeça. Quando eu pensava que minha vida

estava se ajustando, algo aparecia. Algo virava meu mundo mais uma vez.

Estava por um fio, mas aguentaria. Por minha irmã e mãe, sim, eu

daria uma volta ao mundo.

— Eu vou consertar tudo. Eu prometo, Bran.

Minha irmã fungou na linha, fazendo meu coração doer. Sabe

quantas vezes Brianna já chorou na minha frente? Apenas no dia que Sean

foi morto. Minha mãe e Brianna estavam despedaçadas.

Todos nós ainda estávamos.


Meus olhos se fixaram em sua careta e eu engoli o restante da minha

bebida. Jacob estava inclinado no balcão, teclando em seu celular. Ter

dezenove anos não pareceu colocar qualquer juízo em sua cabeça, e eu

estava cansado de dizer isso a ele.

— Deixa eu adivinhar. — Minha voz chamou sua atenção e ele

suspirou. — Dee quer que você pare de brincar aqui e vá para a escola —

murmurei em meio ao silêncio do bar. Estávamos fechando depois de uma

noite movimentada.

— Ela quer que eu vá para a faculdade. Eu só... — Ele se calou e

espalhou o cabelo acobreado. Como sua mãe, Jacob era ruivo. Até sardas o

moleque tinha.

— Ela não é para você. Brianna fode com qualquer cara que ande e

você sabe disso. — Minhas palavras o fizeram se encolher. Eu sabia que ele

era louco pela irmã da Felicity. Isso era uma besteira imensa.

— Nossa, cara, foda-se. Eu não preciso escutar a porra dos seus

sermões repetidamente. Se preocupa com sua mulher e esquece a minha. —


Seu rosto estava vermelho, e suas mãos, em punhos. Jacob odiava quem

dissesse ao menos que Brianna era feia.

Mas sua frase estava errada.

Brianna não era dele. Aquela diaba não pertencia a ninguém.

— O.k. Tudo bem. — Respirei fundo, erguendo os braços e pegando

meu copo, levando-o até a pia. Lavei-o e ouvi o filho da minha madrasta e

do meu pai se erguer.

Jacob foi embora e eu tentei parar de me incomodar com o meu

irmão. Ele era inteligente, sempre foi. Eu o amava, e por isso ficava louco

vendo que Brianna estava brincando com ele.

Meu celular tocou assim que entrei em minha camionete. O nome de

Jodie apareceu e eu suspirei. Ela não avisou que não vinha trabalhar hoje e,

sinceramente, estava feliz por ela não ter vindo.

— Eu espero que você tenha uma desculpa boa.

— Oi, Axel. Eu adoeci. Desculpe não ter avisado...


— Não, eu quero saber por qual motivo você disse a alguém dessa

maldita cidade que você está grávida de mim, quando nós dois sabemos que

eu nunca encostei em você. — Meus punhos apertaram o volante com

força. Lembrar os olhos de Felicity me questionando isso me enfureceu.

— Eu não... — Ela gaguejou, e eu tive o suficiente. — Axel...

— Você está demitida. Passe amanhã para acertarmos tudo.

Eu desliguei o celular e dirigi rápido para casa. Assim que entrei,

suspirei, me lembrando de Sardas ontem ali. Eu amava aquela mulher há

tanto tempo, que eu não conseguia me controlar. Precisava dela ali, comigo.

Sabia que ela tinha passado o inferno há algum tempo com a perda do

irmão, sabia que seu pai não ia gostar disso, mas não dava a mínima.

Felicity era minha. Todos precisavam saber disso.

Peguei meu celular, me sentando no sofá e ligando para ela. Passava

das duas da madrugada, eu sabia que ela possivelmente estaria dormindo,

mas liguei do mesmo jeito. No quarto toque, sua voz sonolenta ecoou.

Droga, eu a queria ali comigo.


— Ei, Sardas. — Suspirei, me deitando em meu sofá.

— Axel, oi. — A rouquidão me fez sorrir. Ela estava quase

dormindo no telefone. — Você chegou do bar agora? — ela perguntou

devagar, enquanto eu ouvia um farfalhar de tecido, sua coberta.

— Sim, baby. Desculpe te acordar. — Minha voz saiu rouca e eu

senti meu sangue correr para a parte inferior do meu corpo.

— Não tem problema. Eu gostei.

— O que está vestindo? — questionei antes de pensar muito sobre

isso.

— Uh, eu... uma camisola e calcinha. — Sua voz saiu afetada e eu

sorri.

— Qual cor?

— Pretas.

Puta merda. Mordi meu lábio e levei minha mão à minha calça.

Desci o zíper e puxei meu amigo para fora. Ele saltou necessitado.
Precisávamos dela. Ela era meu vício maldito, e depois de ontem, inferno,

depois de ter um gosto eu estava ferrado.

— Toque sua boceta — pedi rouco, e ela arquejou.

— Axel... — ela gemeu. Ouvi o barulho dos lençóis novamente. —

Eu estou tocando.

— Bom, Sardas, isso é bom. — Suspirei, bombeando meu pau e

ouvindo seus gemidos baixos. — Segure um dos seus peitos gostosos.

Deus, eu amo eles. Tão macios e grandes...

— O que está fazendo, Axel? — Sardas questionou, tentando

respirar.

— Usando minha mão quando eu quero você — murmurei,

sorrindo. Ela gemeu, me fazendo gemer junto. — Depois de provar você...

inferno, Sardas, eu não posso ficar um dia sem isso.

— Oh, meu Deus.

Ouvi seus gemidos até nós dois gozarmos. Eu me deleitei com seus

sons e fechei meus olhos, tentando ordenar minha mente.


— É por isso que você vem morar comigo — eu disse de maneira

firme e ouvi sua respiração.

— Axel, eu... — Ela parou de falar e eu esperei calmamente que ela

terminasse seu pensamento. — É rápido. Muito rápido.

— Felicity, eu não vou esperar muito. Foda-se, amor, você sabe o

quanto esperamos por isso. Não vou frear por causa do seu medo. Você é

minha, Sardas. Seus pais vão lidar com isso. — Minha voz estava irritada e

ela percebeu. Felicity Walker me conhecia como ninguém.

— Eu só não quero que se arrependa depois. E se você cansar de

mim? Essas coisas acontecem o tempo todo com milhares de pessoas. —

Sua voz era cautelosa. Ela não queria brigar, mas também não deixaria as

coisas caminharem como eu desejava.

— Essas pessoas não amavam seus parceiros. Eu reviro o mundo

para te fazer feliz, mas preciso que você lute junto comigo, não contra mim.

— O silêncio que se seguiu depois das minhas palavras foi intenso, mas

Felicity sabia que eu estava certo.


— Eu vou conversar com eles sobre a gente amanhã. — Sua

resposta enviou um sorriso filho da puta para o meu rosto. Eu a amava

tanto, porra. — Mas, morar juntos, ainda não. Vamos namorar primeiro. Eu

posso dormir algumas noites na sua casa. Vamos fazer funcionar. Eu

prometo.

— Nossa.

— O quê?

— Nossa casa. Vai ser aqui que criaremos nossos filhos. É nossa

casa — afirmei com tanta certeza, que ouvi o seu sorriso do outro lado.

— Eu te amo, Axel. Desde sempre, pra sempre.

— Eu te amo, Sardas. Desde sempre, pra sempre.

— Vocês estão bem? Realmente preciso que você converse com

Jacob. Ele não quer ir para a faculdade. Isso é inadmissível! — meu pai

falou no meu ouvido enquanto eu me movia, suspirando.


— Pai, eu já conversei com ele. Jacob não quer ir. Deixe-o cuidar da

vida dele.

Eu estava com raiva. Foda-se, eu estava puto. Meu pai só me ligava

para reclamar. Se não de mim, de Jacob. Eu estava cansado dessa porra.

— Fale isso para Dee. Ela vai até aí buscar o garoto, se for preciso.

Eu revirei os olhos à menção de sua esposa e mãe do Jacob. Dee as

vezes forçava demais. Eu odiava isso.

— Deixe-a vir. O filho é dela, não é?

Segurei meu celular com o ombro e deixei minha atenção nos papéis

de fornecedores que tinha que revisar.

— Tudo bem. — Meu pai respirou fundo e ficou calado. — Você

está bem? E o bar?

— Está tudo bem. Obrigado por perguntar.

Meu pai se despediu depois que lhe disse o tanto de trabalho que eu

tinha.
Na hora do almoço, recebi uma ligação de Felicity. Ela queria

almoçar comigo. Eu estava sorridente pra caramba agora. Fechei o bar e a

vi dentro do seu carro, parada.

— Ei, eu me atrasei. — A voz de Jodie ecoou e eu me virei para

encarar seu rosto.

— Eu estou saindo para almoçar. Volte daqui a duas horas —

expliquei rapidamente, vendo Sardas olhando para a gente. Inferno.

— Com ela? — Jodie encarou Felicity e voltou a me olhar. —

Depois de ela ter fodido com Leon, você realmente quer essa puta? — Sua

voz estava alta, e eu odiava atenção.

— Não fale dela assim. Você não a conhece, porra.

Mãos deslizaram pela minha cintura antes de Sardas descansar sua

cabeça em meu peito.

— Você está pronto para ir, baby? — Sua boca plantou beijos em

meu pescoço e eu segurei sua cintura, puxando-a para mim.

— Sim. — Beijei sua testa e encarei Jodie. — Daqui a duas horas.


Eu saí andando com Felicity e senti seu comportamento mudar

quando entramos no carro. Ela torceu as mãos e encarou a janela, sem me

olhar.

— Sardas.

— O que tem em duas horas? Você marcou algo com aquela... —

Suas palavras se perderam.

— Eu a demiti. Preciso resolver os papéis, coisas do tipo. Nada de

mais — expliquei rapidamente, e ela acenou. — Você não confia em mim,

Sardas?

Seus olhos azuis me encararam e ela suspirou mais uma vez.

— Eu estou esperando algo dar errado. Sempre deu com a gente,

então estou tentando me resguardar... — Suas palavras eram tão doloridas

que eu parei o carro e puxei minha garota para meu colo.

— O que eu preciso falar ou fazer para que você entenda que isso é

real, Felicity? — Minha voz soou desesperada. E, droga, eu estava

desesperado. Eu precisava dessa menina.


— Me desculpa...

— Não peça desculpas.

— O.k., tudo bem. Eu vou mudar minha mente. Eu juro. Só

precisamos frear, o.k.?

Eu odiava essa palavra. Frear. Não precisávamos frear nada, mas

foda-se, se Felicity queria isso, eu daria tudo que ela quisesse. Até isso.

— Tudo que quiser.

Ela voltou para seu banco depois de beijar meus lábios e eu passei o

restante do caminho até o restaurante apertando o volante. Tentando me

acalmar.

Assim que entramos no restaurante, eu vi sua irmã. Ela estava em

uma mesa afastada com um homem. Tentei não dar a mínima para isso, mas

lembrar que Jacob estava adiando sua vida por causa dela me enfureceu.

— Ei! Venham aqui — Brianna chamou assim que nos viu.

Eu me forcei a fingir para Felicity que tudo bem. Encarar as duas

era o mesmo que encarar a mesma pessoa. Elas eram lindas, mas Felicity
tinha covinhas quando sorria. O cabelo de ambas também era diferente.

Enquanto o de Brianna era bem ondulado, o loiro da minha garota era liso

escorrido.

— Ei, Bran! — Felicity sorriu para a irmã e para o homem.

Eu deslizei a mão por sua cintura, fazendo o grande imbecil me

encarar. Ele estava com botas de cowboy e camisa xadrez, como um bom

fazendeiro. Apostava meu bar que era mais um da imensa lista querendo

casar-se com uma Walker. O pai das meninas fez uma fortuna, não tinha um

fazendeiro na região que não queria juntar seus filhos com as meninas.

Infelizmente para eles, a menina Walker mais bonita era minha.

— Sentem-se conosco — Brianna pediu, sorrindo e revirando os

olhos para mim. Nunca fomos fãs um do outro. Sabíamos que não éramos

bons para as pessoas que amávamos. Foda-se.

— Uh... — Sardas me encarou e eu dei de ombros, mesmo querendo

dizer não. — O.k.


Nós nos sentamos e logo estávamos com nossos pedidos. Pelo que

pude perceber na conversa, eu estava certo. O cara era um dos muitos

fazendeiros da região.

— Então, é verdade que você quer levar minha irmã para longe sem

colocar um anel em seu dedo? — As palavras da Brianna não me

surpreenderam, mas ao cara e a Sardas, sim.

— Bran...

— É verdade que você está impedindo meu irmão de sair dessa

cidade?

Brianna engoliu em seco e me encarou, furiosa. O seu

acompanhante disse que precisava ir ao banheiro e eu não lhe dei um

segundo olhar.

— Axel, por favor — Sardas pediu, pegando em meu braço, me

fazendo encará-la.

— Você acha que ela o quê? Eu amo você e a Brianna sabe disso

desde que éramos crianças. Não tem motivo para ela estar querendo falar
merda para mim, mas eu tenho motivos. Nós sabemos que ela não gosta do

Jacob. Ela só quer o pau dele. Não é, Brianna? — Eu fui longe demais.

Soube disso no momento em que Brianna jogou sua mão em meu rosto.

Minha pele ardeu, mas não fiz nada para retrucar.

— Você não sabe porra nenhuma da minha vida. Controle esse

imbecil, Felicity. — As palavras dela eram carregadas de ódio.

Foda-se, eu também não era um fã dela. Brianna estava usando meu

irmão, eu não seria fã dela por um longo tempo.

— Jacob precisa ir embora para a faculdade em dois meses. Pela

primeira vez, pense em alguém que não seja você. Deixe-o partir, não o

aprenda aqui...

— Axel, já chega! — Felicity se ergueu e me encarou, perplexa. —

Os dois são adultos. Eles devem decidir o que querem. Você deveria saber

que ninguém faz o que não quer. Jacob vai decidir por si só.

Ela estava certa. Inferno, ela sempre estava.


Brianna estava chorando. Eu não via minha irmã chorar desde o dia

do funeral do nosso irmão e da nossa ligação. Amava Axel com todo meu

coração, mas agora estava com raiva. Muita raiva.

— Bran. — Bati à sua porta e ouvi seu fungado. Quando ela abriu a

porta, não precisei perguntar para saber o que diabos ela tinha feito.

— Ele vai embora. Hoje. Ele me disse isso. Eu o enxotei tão

cruelmente quanto podia ser. — Brianna estava com o nariz vermelho e os

olhos inchados.

— Me desculpa pelo Axel. Ele foi um cretino hoje. Eu sinto muito.

— As lágrimas já se acumulavam em meus olhos.

— Ele estava protegendo o irmão. Eu nunca disse nada sobre Jacob.

Ele não é para mim e eu não sou para ele. Está tudo bem.

Mas não estava. Dava para ver por todo seu rosto. Eu me deitei em

sua cama e a puxei para os meus braços. Dormi com ela a noite inteira, e

quando ouvi meu celular tocar sabia que era Axel, porém não dei a mínima.

Ele tinha mexido com minha metade. Ele me magoou.


UMA SEMANA DEPOIS

Axel estava na porta da minha casa. Ele me enviou várias

mensagens e eu não respondi nenhuma. Brianna estava doente. Ela tinha

pegado um resfriado do diabo e agora estava de cama. Eu não queria sair de

perto dela.

— Axel Ross, o do bar, está na minha fazenda. Eu posso saber por

quê? — meu pai questionou assim que respondi Tierry, que tinha me

mandado a mensagem avisando de Axel.

— Pai, eu realmente queria falar sobre Axel esses dias, mas como a

Bran adoeceu, achei melhor esperar. Porém, como o grande idiota está aqui,

lá vamos nós. — Engoli em seco e vi o momento em que minha porta se

abriu e Axel entrou.

Seus jeans justos, seus braços apertados pela camisa preta e suas

botas fizeram minha barriga estremecer. Droga, ele precisava ser tão

malditamente lindo?
— Sr. Walker, peço licença. — Sua voz era rouca. Seus olhos

estavam com bolsas escuras embaixo, eu me senti mal ao pensar que era

minha culpa.

— Bom dia, filho. Como vai seu pai? — Meu pai deu um passo em

direção a Axel, e os dois deram um aperto de mãos.

— Bem, obrigado, senhor.

Axel encontrou meus olhos e eu engoli em seco, olhando para o

papai.

— Então, papai, Axel é meu... amigo. — A palavra amigo pareceu

ter o efeito de um soco em Axel. Eu me encolhi, sabendo muito bem que

minha escolha de palavra o magoou.

— Eu sei, querida. Vocês cresceram ao redor um do outro. — Papai

sorriu para mim, enquanto eu tentava não encarar o dono do meu coração

todo.

— Desculpe incomodar. Só vim conversar com Felicity. — A voz

dele era suave, quieta, e eu queria correr. Axel estava se controlando, mas
ele ia explodir.

— Sinta-se em casa, filho.

Papai saiu em seguida e Axel me pegou pelo braço, puxando-me em

direção ao meu quarto.

— Amigo? — ele perguntou assim que a porta se fechou. Seu rosto

estava tomado de dor. Andei em sua direção, mas parei quando ele ergueu a

mão. — Responde essa droga, Felicity.

— Brigamos, eu não sabia o que dizer, Axel — disse suavemente,

tentando diminuir sua irritação.

— Você vai chamar seu pai e dizer o que diabos eu sou na sua vida.

— Sua sentença era séria. Ele realmente queria que eu fizesse isso.

— Não vou fazer isso agora. Axel, Brianna estava doente. Eu não

respondi por isso...

— Não minta! — Seus olhos brilhavam com irritação.

— O que você fez com Brianna me machucou. Ela ficou

inconsolável.
— Jacob foi embora há dias. Eu tenho certeza de que sua irmã não

liga para isso. — Ele realmente acreditava nisso. Axel não fazia ideia.

— Eu a vi chorando, Axel. Não fale o que você não sabe. Ela gosta

dele.

— Você está perdendo o foco. Eu não vou ser seu segredo, Felicity.

Ele estava certo. Porém eu não faria isso assim, dessa maneira.

— Eu acho melhor você ir — falei de maneira firme.

— Tudo bem. — Ele encarou minha janela, balançando a cabeça. —

Amigos, então.

Axel saiu do meu quarto rapidamente e eu me sentei em minha

cama, tentando não correr atrás dele. Precisávamos disso.

Brianna e Jacob sempre seriam uma questão inacabada para a gente.

Era melhor deixá-lo ir.

Mas as lágrimas que escorriam por meu rosto diziam outra coisa.
— Seu celular maldito está tocando! — Brianna gritou uma semana

depois, enquanto estava embolada na cama.

— Deixe tocar. É minha folga! — resmunguei firme. Ela começou a

puxar minha coberta. — Brianna, sua vaca!

— Acorde. Eu estou de pé desde as cinco da manhã, nem por isso

estou morrendo — ela resmungou, abrindo a janela também.

— Meu Deus, eu vou te matar — gemi, jogando meu travesseiro

nela. Eu me levantei e peguei meu celular, que ainda estava tocando. — Ei,

querida — atendi Marie e ela começou a rir.

— Você acordou agora? — ela questionou.

— Sim — revirei os olhos —, eu passei a semana trabalhando, e

hoje é minha folga — resmunguei, me justificando.

Fui para o banheiro e coloquei o celular no alto-falante. Penteei as

mechas loiras e fiz um rabo de cavalo. Escovei meus dentes enquanto

escutava Marie dizendo que já preparou o almoço e que eu devia ir.


Tínhamos marcado um almoço com toda a família na Fazenda dos Ross.

Pelo visto, Marie já estava lá.

— Estou a caminho — respondi e fiz minha rotina de skincare,

depois que ela finalizou a chamada.

Procurei Brianna depois de terminar e a encontrei com Tierry. Ele

piscou quando me aproximei, vestindo short jeans e blusa xadrez sem

mangas amarrada na cintura. Minhas botas eram as mesmas de sempre.

— Ei! — Sorri e Bran riu de algo que Tierry murmurou.

— Boa tarde, menina. — Ele sorriu e eu dei um soco em seu braço

quando ele conferiu meu corpo de novo. — Um homem tem olhos, baby.

— Eu posso arrancar os seus — meu pai resmungou.

Tierry arregalou os olhos, se virando para ver papai atrás dele.

— Me desculpe, senhor. Eu estava brincando. Felicity e Brianna são

como irmãs para mim.

Bran e eu rimos do seu pavor e gargalhamos quando vimos papai

começar a rir.
— Mantenha seus olhos na sua bunda, Tierry — Brianna mandou,

batendo na bunda dele. Nós rimos, caminhando para o carro dela.

Quando chegamos à casa da Elena, vários carros estavam

estacionados, e o de Axel era o último. Saí tentando não pensar muito nisso.

Estava tudo bem. Terminamos, o.k. Vida que segue.

— Você está bem? — Brianna questionou e eu acenei. — Ele está...

— Ei! — Vanessa gritou para nós e as palavras da minha irmã se

perderam. — Por que demoraram tanto?

— Felicity estava tentando encontrar um pote de ouro nos sonhos

idiotas dela. — Brianna jogou a culpa em mim, tirando o cabelo loiro do

rosto.

— Deixa de ser idiota. Eu disse que...

— Passou a semana trabalhando e é sua folga — minha irmã me

interrompeu e eu semicerrei os olhos, pronta para bater nela. — Eu acordo

às cinco todos os dias. Não tenho folga para dormir até tarde e não estou

morta.
— Não meça minha vida com a régua da sua — avisei, empurrando-

a enquanto Vanessa nos encarava com uma careta.

— Vocês duas precisam de homem. É sério — ela afirmou, andando

e me fazendo rir e balançar a cabeça.

Quando estávamos dentro da casa, passei meus olhos pelas pessoas

e sorri, cumprimentando Kai, Hank e Elena. Quando cheguei à cozinha,

Marie estava com Axel, mas não só ele.

— Hum, ei! — Marie murmurou quando nos viu.

Jodie olhou para mim e seu sorriso era tão grande que poderia partir

seu rosto em dois. Ela estava ali com ele. Não deveria me surpreender, mas

surpreendeu. Ele a trouxe para um almoço de família?

— Ei, querida. Onde está Sunshine? — questionei, abraçando minha

amiga. Vanessa e Brianna estavam na sala, me esperando.

— Com Cass em algum lugar. Ela pegou todos os netos. — Marie

sorriu e eu acenei, me virando. Porém Brianna estava às minhas costas, com

Vanessa.
— O que essa puta está fazendo aqui? — Brianna passou por mim e

eu peguei seu braço.

— Deixa, mana. Por favor.

— Não. Eu não deixo. Sai, agora. — Brianna estava na cara de

Jodie. Axel encarou nós duas e depois pegou Jodie pelo braço, empurrando-

a em direção à saída. — Você não tem um pingo de vergonha na cara, não

é? Trazer essa mulher para a casa do seu primo, onde sabia que Felicity

estaria. O que você pensa, porra?

— Felicity...

— A casa não é sua para me mandar ir embora. — Jodie teve a

coragem de dizer.

Eu sorri. Sério isso?

— Amor, vem aqui. — Vanessa passou por mim e pegou Jodie pelo

cabelo, puxando-a para longe de Axel, que arregalou os olhos. — Hoje é

um almoço de família, você não é bem-vinda. Eu não quero quebrar meu

resguardo, então não me faça esfregar sua cara no chão. Sai agora.
Axel passou por nós e ajudou Jodie a se soltar de Vanessa.

— Meu Deus, eu não vim com ela, porra! Ela estava aí quando

cheguei — ele gritou, irritado.

Peguei um copo e comecei a me servir com água.

— Vai embora, agora. Não me faça falar novamente — Vanessa

rosnou furiosa.

Jodie saiu em passos pesados, fazendo minha amiga revirar os

olhos.

— Vocês, meninos Ross, têm a mania imunda de nos fazer de

idiotas. Se você machucar minha amiga mais uma vez, eu vou chutar sua

bunda — Vanessa falou contra o rosto de Axel, que franziu o cenho e

balançou a cabeça.

— Foi sua amiga quem terminou comigo. Sua amiga mente falando

para os pais dela que somos apenas amigos. Então, Vanessa, foda-se. A sua

amiga que me machuca, não eu a ela.


Ele saiu da cozinha depressa enquanto eu me sentava, tentando me

acalmar. Todas se viraram, incrédulas.

— Isso é verdade? — Brianna questionou, me encarando com os

olhos semicerrados. Eu acenei, envergonhada. — Por que fez isso?

— Ele a tinha magoado. Ele fez Jacob ir embora. Eu estava

irritada...

— Jacob é problema meu, Felicity. Eu não quero que brigue com o

homem que ama por minha causa, você está me ouvindo? — minha irmã

gritou enquanto me encarava e eu mordia o lábio. — Eu te amo, mas você

cagou tudo. Vá arrumar. Rápido.

Eu me ergui e fui para fora, atrás de Axel, mas a sua camionete já

não estava mais estacionada ali. Isso teria que esperar, pelo visto.

Passei o almoço inteiro tentando comer, mas meu apetite tinha

sumido. Ele não voltou para a casa do seu primo, e eu estava me sentindo

culpada. Eu fodi tudo. Eu o magoei, e o pior, nem me dei conta disso.


À noite, eu me arrumei e deixei Brianna em casa. Precisava

conversar com Axel, mas antes tinha que falar com meus pais. Era questão

de confiança agora.

— Ei, pequena. — Meu pai sorriu quando eu abri a porta do quarto

deles. Mamãe tirou seus óculos de leitura, me observando entrar no quarto e

me sentar na ponta da cama. Lembrar os problemas que eu tinha que

enfrentar me deixou triste. Precisava fazer minha mãe ir à terapia.

— Uh, eu estou namorando. — As palavras escaparam e eu suspirei

de alívio. Eu não sabia se ainda tinha Axel, mas desejava que sim. — Com

Axel.

— Um menino Ross. — Meu pai me encarou e eu acenei.

— Sim, o meu menino Ross. — Eu sorri para ambos e foquei em

mamãe. — Ele me ama, nossa, ele ama muito. Eu quis escondê-lo e agora

estamos separados, mas eu o amo. Lutarei por ele, pois é o certo a se fazer.

— Ele a mantém segura? — mamãe questionou.


— Sim. — Eu me aproximei, pegando em sua mão. — Ele daria a

vida por mim — respondi com sinceridade.

— Então você precisa dele. — Ela sorriu e beijou minha bochecha

enquanto eu acariciava a sua.

— Eu amo vocês.

— Nós também, menina.

Saí do quarto deles e caminhei para fora. Eu estava indo à cidade,

mostrar ao meu menino Ross que ele era importante para mim e me

pertencia.
Entrei no bar do Axel, passando pelos seus seguranças, sorrindo. Eu

não estava no clima para rir, mas eles não tinham culpa.

Me sentei ao balcão, de frente para Leon, e pedi uma bebida sem

brincar com ele. Hoje não era dia para testar os limites do Axel. Só queria

meu homem de volta. Queria dormir em seus braços hoje e dizer que eu o

amava.

— Ele está no escritório — Leon falou quando me entregou minha

segunda bebida.

— Eu imaginei. — Acenei, engolindo o líquido azedo, porém

satisfatório.

Eu me ergui, dançando no meio da pista, e sorri quando vi Trent

chegando. Ele me abraçou e se afastou devagar.

— Você está sozinha? — ele questionou em meu ouvido, e eu

acenei. — Axel vai mudar isso daqui a pouco. — Ele riu, brincando.

Relaxei, porque eu esperava que ele estivesse certo.


— Como você está? Vi você com Melody dias atrás — resmunguei,

ainda me balançando com ele, porém parei quando ele pegou a minha mão

e me puxou para uma mesa. Pelo visto, ele estava sozinho também.

— Hum, sim. Ela meio que me diverte — Trent murmurou enquanto

nos sentávamos. Um dos garçons pôs mais uma bebida na minha frente e eu

sorri, agradecida.

— Eu fico feliz. Vanessa vai ficar também, quando souber — eu

disse, convicta.

Seus lábios se esticaram. Os dois eram muito amigos.

— Mas não é nada sério. Eu ainda não estou certo. Quando eu

estiver, conto para Vanessa. — Ele suspirou e riu. — Não quero que ela

assuste Melody, e nós sabemos que ela faz isso.

— Ela é terrível.

Nós conversamos por longos minutos e, quando a porta que levava

ao escritório do Axel abriu, ele saiu por ela e andou até o bar. Leon o
chamou e sussurrou em seu ouvido. Quando Axel se virou, eu desviei os

olhos e virei o restante da minha bebida.

— Felicity Walker é como um ímã, Axel não pode resistir a ser

puxado — Trent brincou.

Suspirei, erguendo meus olhos para encontrar Axel andando até nós.

— Brigamos. Estávamos bem e fodemos tudo, como sempre... —

Minha voz era triste. Confessar isso me trazia lágrimas aos olhos.

— Se você o ama, encontre um caminho para não foder tudo. —

Trent sorriu bem quando Axel pôs as mãos na mesa, olhando para meu

amigo.

— Você não tem o mínimo de noção, Trent? Essa garota não está

disponível. Procure outra — Axel rosnou na cara dele e eu toquei seu braço,

fazendo-o me olhar.

— O Texas inteiro sabe que Felicity e Axel são donos um do outro.

Eu não seria louco. — Ele elevou as mãos, divertido.


— Desculpa, Trent — murmurei. Ele balançou a cabeça,

descartando meu pedido. — Axel, sente-se — pedi, e ele o fez, mesmo que

relutante.

Quando seus olhos se encontraram com os meus, eu senti meu

coração acelerar e minhas mãos suarem.

— Meus pais sabem sobre nós.

Seus olhos se arregalaram e eu sorri. Peguei sua mão e a trouxe até

minha bochecha.

— Eu te amo. Muito. Não quero brigar por causa dos nossos irmãos.

Eu e você não somos eles — afirmei.

— Eu também te amo, Sardas. — Ele se inclinou, beijando meu

nariz. — Venha aqui. — Ele bateu em seu colo e eu me ergui para me sentar

em cima dele. — Eu estava com saudade.

— Eu também, amor. — Sorri contra seu pescoço e ouvi alguém

pigarreando.
— Vou deixar os pombinhos à sós — Trent falou em algum lugar

enquanto Axel lambia meu queixo e capturava meus lábios. — O.k. Tchau.

As mãos do Axel seguraram minhas coxas e ele apertou, enfiando

sua língua habilidosa entre meus lábios. Senti o gosto de menta em sua boca

e gemidos saíram de mim. Tão bom.

— Eu quero muito te levar para casa, mas hoje não é um dia que eu

possa sair e deixar um dos meninos para fechar — Axel resmungou,

beijando minha pele.

Eu acenei, compreendendo. Também queria me perder em seu

corpo, mas não precisava de pressa.

— Tudo bem. Eu ficarei esperando aqui ou em seu escritório. Não

se preocupe. — Beijei seus lábios e relaxei quando ele sorriu.

— Vamos lá, baby, mova sua bunda.

Axel me levou para o escritório e eu fiquei lá, olhando-o trabalhar

enquanto me deitava em seu sofá e colocava um livro em meu celular. Ele

pôs uma manta em minhas pernas nuas e beijou minha testa, voltando para
seu trabalho. Eu adormeci em algum momento, só acordei quando senti

braços me elevando.

— Fique quieta, Sardas. Estamos indo para casa.

Mesmo adormecida, seus comandos eram tudo que eu podia seguir.

Acordei novamente quando estava sendo colocada sobre uma cama.

Abri meus olhos e encontrei Axel sobre mim.

— Ei, Sardas. — Ele sorriu, se deitando ao meu lado e deslizando

sua boca na minha.

Descansei minha cabeça em seu peito enquanto me aconchegava ao

corpo dele. Minha roupa estava fora e eu estava apenas de calcinha e uma

camisa que eu sabia que pertencia a ele.

— Axel — sussurrei e beijei seu peito, sonolenta.

— Volte a dormir.
Ouvi meu celular tocar ao longe e tateei a cama até achar o corpo de

Axel. Peguei meu telefone na escrivaninha e o braço do Axel me puxou

contra seu peito.

— Alô — murmurei, engolindo em seco. A mão dele entrou pela

blusa e segurou meu seio, esfregando meu mamilo entre os dedos.

— Você ainda está na cama? — Brianna falou pelo celular.

— Sim. — Suspirei. — Estou na cama com meu namorado. O que

foi? — questionei, me impedindo de gemer. Os lábios do Axel

pressionavam minha pele enquanto sua mão continuava me torturando.

— Pensei em conversarmos com a mamãe hoje. Sobre a terapia —

ela murmurou devagar, e eu instantaneamente fiquei bem acordada.

— Sim, claro. Assim que eu chegar, fazemos isso — eu disse de

maneira firme, então minha irmã se despediu e desligou em seguida.

A mão de Axel apertou meu mamilo novamente, e eu suspirei,

voltando a me sentir ligada. Empurrei minha bunda contra ele e Axel

mordeu meu ombro.


— Suba em mim, Sardas — resmungou contra mim e eu acenei,

estremecendo.

Tirei minha calcinha e subi em seu corpo, me sentando sobre ele. As

mãos do Axel tiraram a blusa de mim e eu mordi meu lábio, me erguendo.

Deslizei sobre seu membro e suspirei ao senti-lo me tocar profundamente.

Axel sabia me enlouquecer com alguns toques. A boca dele sugou meu

mamilo enquanto eu subia e descia, tentando retardar meu orgasmo.

— Sua boceta é tão apertada, Sardas. Uma luva do caralho não

chega a ser assim. — Axel gemeu e sua língua balançou sobre meu mamilo,

me deixando à beira do orgasmo.

— Axel, eu... — Minhas palavras ficaram presas na minha garganta.

Ele sorriu, sabendo exatamente o que eu ia dizer.

— Também amo você, Felicity.

Eu gozei em cima de Axel e ele apertou minha bunda, gemendo ao

se libertar dentro de mim.


— Um bom dia, caralho. — Axel gemeu mais quando eu me movi

em cima dele, suspirando.

Nós tomamos banho e Axel me levou para casa. Não discuti quando

ele saiu do carro e me ajudou a descer. Estávamos caminhando juntos

quando vi meu pai sair de casa. Axel segurou minha mão e eu beijei sua

bochecha, satisfeita.

— Pai. — Sorri assim que cheguei à sua frente.

— Senhor Walker. — Axel e meu pai deram as mãos, me fazendo

morder meu lábio, nervosa.

— Axel, minha filha disse que estão namorando. Você tem bom

gosto. — Meu pai sorriu, brincando, e eu cutuquei suas costelas.

— Eu tenho. Obrigado por aceitar nosso relacionamento. Sua filha é

minha vida. Cuidarei dela muito bem, eu prometo.

As palavras dele me fizeram derreter. Abracei seu corpo e minha

mãe apareceu, sorrindo.


— Axel, entre. Tome café da manhã conosco — ela convidou,

alegre.

Ele acenou e beijou minha testa. Pedi para trocar de roupa antes e

Axel subiu comigo. Ele se sentou em minha cama e, quando terminei de me

vestir, ele beijou minha boca. Saí do quarto rindo, com ele me prendendo

em seus braços.

— Mantenha suas mãos para si — resmunguei assim que chegamos

à sala.

A porta se abriu e meu sorriso declinou quando Brianna entrou em

casa. Ela nos viu e sorriu, andando até nós.

— Mágoas passadas, Axel. Eu deixei seu irmão ir cuidar da vida

dele, agora sua mente está no lugar certo. Faça minha irmã feliz, quero

dizer, faça ela se sentir no céu todos os dias.

Minha irmã passou por nós rindo, e eu suspirei, tentando parar a

onda de emoção que encheu meu coração.


— Desculpa, Brianna. — A voz do meu namorado a fez parar e ficar

tensa. — Eu não devia ter falado aquelas coisas a você. Amamos nossa

família e queremos protegê-los, mas Jacob é mais adulto do que a idade

dele aparenta.

Brianna acenou, mas saiu em direção à cozinha sem responder.

Axel foi embora depois do café e eu me sentei com Brianna no

escritório do papai. Minha mãe estava ao lado dele, sorrindo para a gente,

parecendo curiosa.

— Vocês duas precisam de algo?

— Mamãe, Fell e eu queremos pedir... — Brianna engoliu em seco e

sua voz sumiu. Ela mordeu o lábio e eu apertei sua mão. Olhei para meus

pais e eles nos encararam, confusos.

— Nós percebemos que a senhora anda inquieta. Preocupada demais

com a gente e ligando sempre. — Suspirei e me aproximei, segurando a

mão dela entre as minhas. — Estamos preocupadas com você, mamãe.


— O que...

— Queremos que a senhora fale com um profissional. Terapia...

— Não preciso disso, filhas. É só preocupação normal de mãe. —

Minha mãe suspirou e sorriu, balançando a mão, nos descartando. Ela

parecia se divertir conosco.

— Talvez não. Mas poderia ir uma única vez? — Brianna insistiu,

calma, e meu pai beijou a mão da mamãe, fazendo-a suspirar.

— Claro que posso. Podem marcar e eu estarei lá. — Ela sorriu para

a gente enquanto Bran e eu respirávamos aliviadas e nos levantávamos.

Abracei minha mãe, beijando seu cabelo, e ela devolveu o gesto.

Brianna e eu saímos do escritório enquanto nossos pais ficaram lá

dentro.

— Isso foi fácil.

— Tudo com ela é.


Alguns dias depois, eu estava tentando organizar a cozinha do Axel.

Ele tinha comprado coisas novas que eu gostei muito. Eu não tinha noção

de como ele sabia cada coisa que eu gostaria de ter na minha casa, mas ele

estava fazendo isso. Ele comprava tudo que eu gostava.

— Oi! — Atendi a ligação da Marie tempos depois, enquanto

enxugava minhas mãos. Fiz o jantar e lavei as coisas que tinha sujado.

— Você sabe onde Axel está? — ela perguntou, rápido.

— Ele saiu há pouco tempo. — Franzi o cenho. — Porém vai voltar

para jantar. Hoje ele vai mais tarde para o bar — expliquei, saindo da

cozinha e indo para a sala. Liguei a televisão e deixei no mudo.

— Cain saiu do trabalho há horas, mas não chegou em casa ainda. Já

falei com todos, só faltava Axel. Será que estão juntos? — A voz

apreensiva de Marie me deixou tensa.

— Não faço ideia, mas vou ligar para o Axel. Devem estar juntos,

amiga. Não se preocupe. — Tentei acalmar Marie enquanto o medo


rastejava sobre minha pele. Cain não era de sumir. Ainda mais agora que

tinham a Sunshine.

Liguei para o meu namorado e, quando ele atendeu, eu tentei não

soar em pânico.

— Como assim ele sumiu? — Axel perguntou e eu mordi minha

unha. — Não vejo Cain há alguns dias.

— Ele não está atendendo o celular e Marie está preocupada. Você

sabe onde ele pode estar? — questionei, andando pela sala.

— Posso imaginar. — Ele suspirou. — Vou voltar para jantar mais

tarde. Diga a Marie que vou encontrar Cain. Tchau, Sardas.

Axel desligou e eu olhei pela janela, preocupada. Não aconteceu

nada. Ele estava bem. Ele precisava estar bem. Porém, a última vez que

uma pessoa ficou desaparecida, era Sean, e agora meu irmão estava morto.
Apertei meus dedos no volante e dirigi por uma estrada de terra

batida deserta. Não demorou muito até chegar à casa pequena no meio do

nada, mas para mim foi como se parecessem horas.

Desci do meu carro e abri a porta, sentindo um gosto amargo na

boca. Eu odiava esse lugar. Era meu passado. Eu me privava dele.

Andei até a cozinha da casa e saí para a varanda. Continuei pela

terra batida até atingir o cais. O caminho de madeira sobre o lago estava

clareado pelas luzes da varanda. Vi o corpo curvado de Cain, sentado com

os pés dentro da água.

Eu me sentei ao seu lado e toquei seu ombro. Cain respirou fundo,

jogando pedras no lago engolido pela escuridão da noite.

— Marie está preocupada — resmunguei, afastando minha mão. —

Você deveria atender as chamadas dela...

— Meu celular descarregou. — Sua voz soou firme.

Apertei meus punhos e os abri, nervoso.


— Ela não sabe. — Ele me olhou e eu vi seu olhar molhado. — Eu

já me sentei pra contar tantas vezes, mas não consigo. As palavras ficam

entaladas na minha garganta.

— Ela não precisa saber.

— Precisa, Axel. Ela precisa. — Ele suspirou e voltou a olhar para o

lado. — Ela precisa saber o que fiz.

— Não foi você. Fui eu.

Nós encaramos o lago negro e ele limpou o rosto, negando.

— Você me contou. Eu deveria ter feito algo — ele contrapôs.

— Isso passou. — Engoli em seco, encarando meus pés. — Nós

podemos parar de pensar nisso e seguir em frente — eu disse de maneira

firme e voltei a apertar seu ombro. — Sua mulher e filha estão em casa, te

esperando. Coloca isso no fundo da sua mente e esquece.

— Eu não posso. Nem se eu quisesse.

Eu também não esqueceria, mas jamais pensaria nisso outra vez.

Ninguém precisava saber. Nem mesmo Felicity.


— E Felicity? — Cain pareceu ler meus pensamentos.

— Eu não vou contar — informei, com a voz séria e firme. —

Felicity é minha vida, e estou tentando fazer com que ela venha morar

comigo. — Despejei minha preocupação atual e respirei fundo.

Ele acenou, se pondo de pé. Fiz o mesmo e a gente andou de volta

para a casa.

— Um dia, elas vão descobrir e eu não estou pronto para isso —

Cain resmungou, entrando em seu carro.

— Eu também não. — Suspirei, acenando.

Quando cheguei à nossa casa, Felicity estava no sofá, mudando os

canais da televisão. Ao me ouvir entrar, ela se ergueu e correu para mim,

com olhos arregalados.

— Ele está bem? — Sua voz era preocupada, e o medo dentro dos

seus olhos me enviou para o dia em que seu irmão sumiu.


— Sim. Ele estava sem gasolina e o celular descarregou —

resmunguei sem encarar seu rosto. Felicity acenou, respirando aliviada.

— Que bom. — Ela engoliu em seco e sorriu em seguida. — Isso é

muito bom.

— Sim, baby, é. — Beijei sua testa e caminhei para a cozinha.

Lavei minhas mãos e coloquei a mesa sob os olhares dela. Eu me

sentei ao lado dela e servi nossos pratos. Eu amava a comida dela. Era

deliciosa.

— Como foi seu dia? — questionei ao pegar o vinho.

— Foi bom. Eu trabalhei um pouco mais. Amanhã será um dia cheio

e eu quis deixar tudo organizado. — Ela sorriu, levando um pedaço de

carne à boca.

— Kai e Hank apareceram hoje no bar. Hank quer organizar a festa

de aniversário da Vanessa lá — eu disse ao me lembrar.

— Tenho certeza de que será divertido. — Ela sorriu. — Vanessa

ama o lugar. — Sardas riu e parou quando meu celular tocou.


Atendi Leon e disse que em breve chegaria ao bar. Hoje tinha uma

banda tocando. Sardas me deu a ideia dias atrás, e estava funcionando bem.

— Era Leon. A banda chegou. Preciso ir logo — murmurei,

comendo o restante do meu jantar. — Sei que está cansada, mas se quiser ir,

eu vou amar — disse, com sinceridade.

— Não dá. — Ela balançou a cabeça. — Amanhã eu saio cedo para

o trabalho. — Ela fez uma careta e eu me inclinei, capturando seu lábio na

minha boca.

— Não vejo a hora de voltar, então. — Eu sorri, olhando para seu

corpo.

— Hum, é, sobre isso... — Sua voz cautelosa chamou a minha

atenção para seus olhos novamente. — Eu vou para casa. Passei três dias

aqui, preciso ir.

— Por quê? Aqui é mais perto do seu trabalho que a fazenda —

resmunguei, abandonando os talheres no prato.


— Axel, eu moro lá. Nos fins de semana eu venho para cá, mas já é

quarta-feira. Eu preciso lavar roupas, organizar meu quarto. Essas coisas...

— Venha morar comigo — pedi mais uma vez. A menina loira e

cheia de sardas engoliu em seco. — O que prende você à fazenda?

— Não é isso. Eu amaria morar com você, porém não agora.

Precisamos ir devagar. Eu já falei isso. — Felicity suspirou, e eu cruzei os

braços, indo para trás.

— Eu não quero ir devagar. Esse é o ponto.

Eu me ergui e fui para o banheiro. Tomei banho e me arrumei para ir

trabalhar. Peguei minha carteira e chaves no quarto e saí, encontrando

Felicity na sala.

— Vamos lá — falei, acenando para a porta.

Ela balançou a cabeça, pegando suas coisas.

Ela estava com seu carro, por isso me movi para ele. Abri sua porta

e a ajudei a subir.
— Cuidado na estrada — alertei e beijei sua têmpora. Tentei me

afastar, mas Sardas segurou minha camisa.

— Eu amo você — ela murmurou e beijou meus lábios devagar.

Eu me afastei em silêncio e a observei ir embora. Sim, eu sabia que

ela me amava. Mas por que ir devagar? Caramba, fazia anos que eu

esperava por isso, para ter Felicity, e agora eu tinha que esperar mais? O

motivo era a única coisa que me frustrava, pois ele não existia.

Quando cheguei ao bar, todos estavam envolvidos com a música da

banda. Eu apenas questionei a Leon se estava tudo bem. Quando ele ergueu

os braços, sorrindo, eu fui para o meu escritório. Deixei alguns pedidos que

precisava fazer diante de mim enquanto alguém batia à porta.

— Entra!

Quando a cabeça da Jodie apareceu, eu respirei fundo. Mandei-a

entrar de vez e relaxei em minha cadeira.


— Desculpe a demora, Axel. Eu tive alguns problemas. — Ela

cruzou os braços sem me encarar.

Suspirei, catando os papéis da sua demissão.

— Sente-se. É só assinar — murmurei, entregando uma caneta em

suas mãos.

Jodie se sentou e pegou a caneta. Eu encarei seu rosto quando seus

olhos olharam para mim.

— Eu realmente sinto muito, Axel. Perder esse emprego vai me

colocar em problemas. — Ela mordeu o lábio, e seus olhos começaram a se

encher de lágrimas. Porra. — Eu acabei de descobrir que estou grávida. Eu

não sei nem o que fazer...

Jodie começou chorar e eu respirei fundo, me erguendo. Parei ao

lado dela e a puxei para os meus braços. Ela podia ter entendido mal nossa

relação, mas Jodie foi minha amiga.

— Um bebê, hein? — resmunguei, fazendo-a sorrir, acenando.


— Me desculpe por ter falado que era seu. Eu estava sendo uma

idiota por causa da Felicity. — Ela fungou e se afastou. — Eu só preciso do

emprego, Axel. Eu juro que não vou olhar na sua direção ou da sua garota.

Só não me demita.

— Tudo bem. Você está uma bagunça, vá para casa descansar.

Amanhã, eu espero você aqui cedo.

Jodie sorriu e se afastou, acenando e agradecendo. Eu sabia que

minha decisão era a certa. Eu não poderia deixá-la passar por problemas

logo agora, que estava esperando um bebê. Eu só precisava explicar isso a

Felicity.

Quando fechei o bar, horas depois, eu fui para casa. Assim que me

deitei depois do banho, meu celular vibrou com mensagens. O nome de

Felicity apareceu e eu li suas palavras.

Estou com saudade.

Porra, sério? Eu joguei o celular longe e cobri meus olhos com meu

braço. Felicity achava que isso era brincadeira? Era alguma estupidez? Eu
estava chateado.

Na manhã seguinte, estava andando pela minha cozinha e falando ao

celular com Jacob. O grande filho da puta me acordou para bodejar bêbado.

Que ótimo.

— Eu estou com pena e nojo de você ao mesmo tempo —

resmunguei, enchendo minha caneca com café.

— Ela está com outra pessoa? Só isso, Axel. Me fala e eu durmo

com Olivia — meu irmão balbuciou, implorando.

— Eu não a vi esses dias. — Respirei fundo. — Com ninguém,

Jacob — falei a verdade e ouvi sua respiração. A que antecedeu o choro.

— Como foi, inferno? Como diabos eu me apaixonei assim por uma

mulher? — ele gritou enquanto eu ouvia algo quebrar.

— Se acalma, cara. Para de beber, vai comer algo ou dormir. —

Suspirei, preocupado, enquanto ele chorava. — Eu sei que dói, foda-se,

cara, isso é fodido, mas você precisa seguir em frente. Se envolva com

Olivia, talvez ela tire Brianna do seu sistema.


— Farei isso. Porra, eu preciso fazer isso. — Ele riu triste e eu

apertei meu punho, me inclinando sobre o balcão da minha cozinha. — Não

comente com Felicity que eu liguei todo fodido. Não vou dar esse gosto

para Brianna.

— Não vou falar nada.

Jacob desligou depois de me garantir que ia tomar banho e dormir

para tirar o álcool do seu sistema. Meu irmão estava mais apaixonado do

que eu pensava, e isso era uma porcaria.

Fui para a casa do Kai e estacionei, vendo Helena com Kian nos

braços. O menino estava grande e sorrindo para tudo e todos.

— Ei! — Ela sorriu e me cumprimentou de longe. Kai teria um

infarto se a mulher tocasse em outro homem, e, sinceramente, eu o

entendia. Perdi a cabeça ao ver Felicity com outros caras.

— Onde está Kai? — questionei enquanto andávamos para sua casa.

Helena me guiou até o escritório do seu marido. Ela nos deixou

sozinhos quando Kai me recebeu na porta.


— Ei, idiota. — Empurrei seu ombro e me sentei na poltrona dele.

— Sai fora, imbecil.

Eu me ergui rindo e fui para a cadeira na frente.

— O que você quer? — questionei, me lembrando da sua ligação.

— Queremos. — A voz de Hank soou.

Revirei os olhos para os irmãos Ross.

— Falem logo, então. Eu preciso ir para o meu bar.

Os dois ficaram de braços cruzados e me encarando. Respirei fundo,

cansado dessa merda.

— Cain disse que estava com você ontem.

— Sim, estávamos. — Franzi as sobrancelhas sem entender aonde

esses idiotas queriam chegar.

— Patrick foi morto dias atrás. — As palavras entraram em minha

cabeça e eu respirei fundo incontáveis vezes.

Eu só conseguia pensar em Felicity. Porra.


Chequei meu celular três vezes por minuto, tentando manter minha

mente calma. Axel não me respondeu ontem e eu estava um pouco irritada.

Porém eu o entendia. Decidi dormir longe dele, e quando consegui o

convencer, eu disse a ele que estava com saudade?

Porra, eu fui estúpida!

— Ei! — Sorri, entrando no quarto de Brianna. A porta do seu

banheiro estava fechada, então bati. — Bran? Você está aí?

— Sim! — ela gritou de volta e saiu com o rosto e mãos molhados.

— O calor está me matando. Como diabos você consegue vestir essa roupa?

— Minha irmã fez uma careta para minha saia lápis e blusa de mangas.

— É minha farda do trabalho. Eu não decido nada. — Suspirei, me

sentando em sua cama.

— O que foi? — ela questionou, se sentando diante de mim, na

poltrona.

— Axel quer que eu more com ele. — Mordi meu lábio encarando

minha irmã. — Eu quero também, mas você não acha que é rápido demais?
Com mamãe indo à terapia, você trabalhando na fazenda com papai... eu

não acho que seja o momento certo, sabe? — Derramei minhas lamúrias em

Brianna e mordi minha unha. Era triste ver o esmalte desgastado.

— Acho que vocês devem fazer o que querem. Mamãe vai ficar

bem. Eu e papai não precisamos de você aqui. Sem ofensas! — ela gritou

quando joguei o travesseiro em seu rosto.

— Brianna...

— Sem brincadeira, Fell. Vocês merecem ser felizes. Eu acho que

sim, vocês deveriam morar juntos. Tenham bebês e se casem. Eu estarei ao

seu lado a cada passo. — Bran segurou minha mão e meus olhos pinicaram.

Funguei, me jogando em seus braços, e ela beijou minha cabeça. — Axel te

ama, Felicity. Ele nunca faria nada para te machucar.

— Eu sei. — Suspirei e beijei sua bochecha. — Obrigada, Bran.

— De nada, meu amor.


Brianna e eu sorrimos para a mamãe. Essa era a segunda consulta

dela com o terapeuta, ela mesma decidiu continuar indo. Eu estava tão

orgulhosa dela.

— Cassie decidiu fazer uma festa para arrecadar fundos para o Lar

de San Marino — mamãe comentou quando entramos no carro, para voltar

para casa. San Marino era um lar para crianças órfãs que fica no limite da

cidade. Era um local humilde, mas muito bem conservado.

— Sério? Isso é incrível — Bran disse, segurando o volante, e eu

acenei. — O que podemos fazer para ajudar?

— Terá uma barraca do beijo. Como vocês duas são as meninas

mais bonitas da cidade, acho justo ficarem lá...

— Mãe, se Felicity estiver lá, Axel vai espantar a freguesia. —

Brianna riu, saindo do estacionamento da clínica.

Sorri para mamãe, sentindo meu colo esquentar.

— Então, apenas você. Eu entendo Axel, sabe? Felicity é um prêmio

valioso. Ele não encontraria outra nem em um milhão de anos — mamãe


falou olhando pela janela, fazendo com que eu sentisse meu coração doer de

amor. Toquei em seu ombro e ela me olhou por cima. — Vá morar com seu

menino, Fell.

— Mãe... — Arquejei, surpresa.

— Eu escuto tudo dentro da minha casa — ela disse para mim, mas

seus olhos estavam presos em Brianna. Minha irmã desviou o rosto e sorriu

para mim.

— Você não acha que é cedo? — perguntei, suspirando, e ela

balançou a cabeça.

— Eu me casei com seu pai aos treze anos. Eu o amava e tudo foi

rápido demais. Por que esperar, certo? — Ela sorriu, fazendo suas rugas

ficarem mais visíveis. Minha mãe era incrível.

— Vocês duas são incríveis, mas tenho certeza de que meu pai vai

pensar diferente — eu disse, descansando minhas costas no banco.

— Seu pai vai entender.

Eu não achava que seria assim tão fácil.


Assim que cheguei à nossa casa, peguei meu celular para ligar para

Axel, mas logo caiu na caixa postal. Eu estava ficando mais irritada. Decidi

ir até o bar encontrá-lo, então saí de casa, deixando Brianna com mamãe.

Meu pai saiu com amigos. Era algo de toda quinta-feira. Mamãe não

gostava muito, pois sempre envolvia bebida. Ele dizia que fazia apenas para

irritá-la.

Quando eu parar de irritar sua mãe, eu não estarei mais amando-a,

ele dizia.

Passei pelas portas duplas do bar de Axel e sorri ao ver Leon

limpando o balcão. Eu me aproximei e me sentei no banco alto, mantendo

minha saia para baixo.

— Onde está Axel? — questionei, batucando meus dedos na

bancada.

— Hum, no escritório dele. — Leon engoliu em seco. Sua

estranheza me deixou inquieta. Eu me ergui do banco e Leon arregalou os

olhos. — Espere aqui, eu o chamo.


— Não, não precisa — respondi de forma ácida pelo seu jeito

estranho de me tratar. Éramos amigos, ele sabia que Axel e eu éramos

namorados. Não deveria estar agindo assim.

Andei mais rápido em direção ao escritório do bar, mas a porta se

abriu antes que eu a alcançasse e uma Jodie sorrindo saiu por ela. Axel

estava atrás dela, também sorrindo. Fiquei parada, sem falar ou fazer coisa

alguma.

— Porra. — Leon xingou baixo e isso chamou a atenção dos dois

imbecis diante de mim.

Jodie engoliu em seco e mordeu o lábio, olhando para seus pés.

Axel deu um passo em minha direção, e mesmo querendo correr para longe,

eu não me movi. Fiquei de frente para ele, mantendo meu queixo alto.

— Sardas, oi. — Axel sorriu e se inclinou para me beijar, mas eu me

esquivei. Ele suspirou ao ver que me afastei.

— Você não me respondeu ontem, não atendeu minhas ligações,

nem ouviu os recados que deixei na porra do seu celular. Por quê? —
questionei, me descontrolando.

— Vamos ao meu escritório...

— Eu não vou a lugar algum — disse de maneira firme e dei um

passo para trás, mantendo distância. — O que essa mulher está fazendo

aqui? — Apontei para Jodie no canto. Axel piscou, sem responder.

— Ela está grávida. Não pude despedi-la dessa maneira...

— É seu? — questionei, erguendo a sobrancelha, irritação fervendo

dentro de mim. Eu sabia que não era dele. Axel não mentiria para mim.

— Não! Porra, não é. Já falei a você — ele rugiu, arregalando os

olhos enquanto eu dava um sorriso falso.

— Então não estou vendo motivo para ela continuar aqui. — Cruzei

meus braços e Axel franziu o cenho.

— Eu não posso, Sardas. Eu não vou demiti-la. Jodie não tem

qualquer meio para sustentar esse bebê sem o trabalho...

— Você é incrível, Axel. Eu te admiro muito por isso — eu disse

rindo e me afastei. Andei para a porta do bar e o senti puxar meu braço.
Voltei a encarar seu rosto e fingi não ser atingida por seus olhos.

— Não faça isso — ele pediu, me encarando. Eu me soltei, fazendo

Axel suspirar. — Você sabe que estou certo. Não posso fazer isso, Sardas.

— Axel, eu não estou fazendo nada — eu disse calmamente e

apontei para a porta. — Eu estou saindo. Apenas isso.

— Porra, você está agindo de modo indiferente. Por favor, baby, ela

só vai trabalhar aqui para cuidar do bebê dela, é só isso. Apenas isso que eu

quero que você entenda...

— Eu entendi. Mas eu não faria isso. Eu ajudaria, obviamente, mas

não sustentaria uma situação em que você se sentiria incomodado. — Eu

balancei a cabeça e dei de ombros. — Porém você não sou eu. Agora, estou

indo embora. Não me segure novamente.

Saí do seu bar depressa e andei para o meu carro. Entrei,

descansando minha testa no volante e respirando fundo. Foda-se. Quando

eu achava que meu mundo estava no lugar, algo o fazia pender. Era sempre

assim, uma gangorra idiota.


Dirigi até a casa de Marie, tentando me acalmar. Quando ela liberou

minha entrada, eu entrei em sua casa já com os olhos cheios de lágrimas. Ir

até a Marie era minha única saída. Brianna estava cansada do meu drama.

— Ei... — Seu sorriso deslizou e eu suspirei, devolvendo o gesto.

— Ei. — Eu me sentei ao balcão diante dela.

— O que aconteceu? — Marie suspirou, segurando minha mão.

— Axel. — Funguei, piscando e fazendo as lágrimas caírem. —

Ontem, ele me pediu novamente para morarmos juntos. Eu disse que não,

ainda é cedo. Hoje, eu passei o dia tentando falar com ele, mas não

consegui. Agora fui ver se o encontrava no bar, e Jodie estava lá. — Mordi

meu lábio, limpando meu rosto e encarando minha amiga, contando a ela

todo resto. — Eu estou errada? — questionei, suspirando, pois eu estava

confusa. De verdade.

— Não, você não está — Marie falou de maneira firme e me

abraçou.
— Eu falei com Brianna e mamãe para ir morar com ele. Elas me

apoiaram e acreditaram em nós dois juntos, porém, agora eu não acho que

tomar essa decisão, neste momento, seja certa. — Dei de ombros, sentindo

as rachaduras que Axel tanto gostava de criar latejarem.

Marie acenou, suspirando e tirando alguns fios loiros do meu rosto.

— Eu acho que Axel poderia ajudar Jodie de outra maneira. Você

está certa, Felicity.

— Estava tudo bem com Cain ontem? — questionei, me afastando e

tentando me acalmar antes de limpar minhas bochechas.

— Sim, ele disse que estava preso em um buraco perto do trabalho

do Axel — ela respondeu, me fazendo franzir a testa. — O que foi?

— Axel disse que Cain ficou sem gasolina.

Marie semicerrou os olhos e eu engoli em seco.

— Por que eles mentiram? — ela questionou, se sentando.

— Não faço ideia. — Balancei a cabeça.


Sunshine chorou no quarto e eu fui até lá com sua mãe. Ficamos

juntas até Cain chegar do trabalho. Eu fui embora e tentei tirar a mentira de

Axel da minha cabeça.

Mas o motivo ainda martelava em minha mente. Por que ele

mentiu?

Assim que estacionei em casa, vi o carro do Axel parado. Reuni

coragem dentro do meu peito e saí, andando para a entrada e fechando a

porta ao passar.

— Onde você estava? — minha mãe questionou, se erguendo do

sofá com meu pai e Axel. Brianna não estava por aqui, pelo que parecia.

— Com Marie. — Beijei o rosto da mamãe e do meu pai e me virei

para olhar para Axel. — O que está fazendo aqui?

— Eu estava te esperando...

— Ele está aqui há umas duas horas. — Mamãe sorriu, me

informando.
Eu forcei um sorriso para ela quando tocou o ombro dele com

carinho.

— Vamos lá fora. — Acenei para a porta e saí de casa, seguida por

ele. Fechei-a e me virei, cruzando os braços. — Você não deveria ter vindo.

— Aonde diabos eu deveria ter ido, então? Porque seu celular estava

desligado.

— O seu também estava, certo? Quando foi conveniente você o

ligou? — Arqueei a sobrancelha e ele esfregou o rosto, suspirando.

— Eu já fiz o que você queria. Podemos ficar bem agora? — ele

perguntou, se aproximando.

Sorri, balançando a cabeça.

— É sério? O que eu queria?

— Jodie fora...

— Axel, eu não quero que faça as coisas apenas porque são coisas

que eu desejo. Você entendeu o motivo de eu querer Jodie longe? —


questionei, descruzando meus braços. Minha barriga deu voltas e esfriou

enquanto eu continuava olhando o rosto bonito demais para pertencer a ele.

— Eu entendi. Eu só fiquei mexido com a gravidez dela. Pensei no

bebê. Só isso. Eu jamais faria algo para machucar você, Sardas — Axel

sussurrou, tocando meu rosto. Desviei meus olhos para nossos carros

parados. — Jodie já foi e eu consegui um emprego para ela numa loja do

centro. Por favor, pode parar de ficar com raiva?

— Posso, mas eu quero que vá embora. — Suspirei, engolindo em

seco. — Amanhã a gente conversa.

— Sardas, por favor...

— Eu estou cansada. Quero dormir. — Encarei seus olhos verdes

brilhantes e me afastei, abrindo a porta. — Até amanhã.

Entrei em casa e subi a escada rapidamente em direção ao meu

quarto. Parei ao ouvir barulho no quarto de Brianna e abri a porta.

— Ei! — murmurei, chamando sua atenção.


— Ei! — Ela se virou, sorrindo. — Estou tirando algumas coisas

que não preciso mais para doar. Na festa para o Lar de San Marino terá

barracas para doações — Bran disse, enfiando sapatos em uma sacola.

— Vou tirar algumas também — disse, saindo para meu quarto.

Passei o resto da noite fazendo exatamente isso. Tirei várias roupas,

bolsas e sapatos. Depois tomei banho e caí na cama para dormir.

Quando meu turno terminou, no dia seguinte, eu andei a passos

apressados para o estacionamento em frente à empresa.

— Vejo vocês amanhã. — Sorri para Ryan e George ao me despedir.

— Pense com carinho — George falou zombeteiro e eu balancei a

cabeça.

— Eu sou uma mulher comprometida, baby. Tente com outra —

disse, divertida, vendo seus lábios franzirem.


— Você está namorando? Essa é novidade. — Ryan me olhou,

parecendo quase chateada.

— Sim. Foi algo rápido...

— Axel? — Ela jogou o nome dele e eu engoli em seco. Ryan

estudou na mesma escola que a gente. Acho que todo mundo sabia sobre

meu amor “secreto”.

— Sim. — Mordi meu lábio, apertando a alça da minha bolsa. —

Estamos namorando. Tentando fazer dar certo...

— Vocês vão conseguir. Se amam, certo? — Ryan segurou minha

mão, seu sorriso me fez relaxar.

— Sim. Nos amamos.

Eu me afastei dos dois e voltei a andar. Parei, suspirando ao ver

Axel dentro do seu carro do outro lado da rua. Engoli em seco e continuei

andando para o meu carro. Fechei a porta, pegando meu celular, que tocou

no mesmo instante.

— Oi.
— Podemos conversar? Lá em casa? — Axel questionou.

Eu o encarei ao longe. Seus braços estavam apoiados no volante

enquanto ele segurava o celular com a mão direita.

— Tudo bem.

Desliguei o celular e dirigi para longe do meu trabalho, respirando

fundo e tentando me acalmar. Sabia que ontem tinha sido intenso. Saber que

ele mentiu sobre Cain, descobrir que Jodie ainda trabalhava para ele e as

chamadas não atendidas me deixaram no limite. Eu estava tão irritada por

tudo.

Cheguei à casa de Axel em alguns minutos, seguida por seu

carro. Fiquei dentro do carro por um tempo e enchi meu peito de ar. Vai

ficar tudo bem, Felicity.

Meu celular começou a tocar e eu o peguei ao ver o nome de Bran.

— Ele foi morto — a voz da minha irmã ecoou baixa e fraca.

— O quê?
— Patrick. Ele está morto. — Seus soluços fizeram lágrimas

encherem meus olhos. — Eu queria que isso trouxesse Sean de volta. Eu

só...

— Eu também. — Minha voz quebrou, tapando meus lábios,

enquanto a minha irmã choramingava no meu ouvido. Senti minhas

lágrimas deslizarem e tentei sufocar a dor. O sofrimento tão palpável me fez

encolher.

— Por que ele, Fell? Ele não merecia isso.

Sean era nosso irmão de coração. Ele foi adotado por nossos pais

ainda criança e crescemos juntos, mas ele e Brianna tinham uma ligação

com a qual eu nunca competi.

Ouvi-la chorar assim me quebrou em pedacinhos que eu jamais

poderia colar.
Bran desligou o celular depois de eu dizer que estava indo para casa.

Meus pais receberam a notícia há pouco tempo, e todos estavam revivendo

a dor de perder Sean. Era cedo demais. Nós não nos curaríamos tão cedo.

— Ei! — Axel bateu em meu vidro e arregalou os olhos ao ver

minhas lágrimas.

— Eu preciso ir para casa — disse, engolindo em seco ao deslizar a

janela. — Patrick foi morto no presídio e... — Minha voz falhou.

Axel suspirou, segurando meu rosto.

— Eu estou aqui, Sardas. Vou cuidar de você. Eu sinto tanto... — ele

resmungou triste.

Eu acenei, pois sabia que era verdade.

Não estávamos tristes por Patrick, óbvio que não desejaríamos a

morte de ninguém, mas ele nos tirou Sean. Eu não tinha compaixão em

relação a ele.

Nossa tristeza não era nada além da dor de reviver a morte do meu

irmão. Amigo do Axel.


— Depois conversamos.

Ele acenou e eu saí da vaga da sua casa. Dirigi até a minha enquanto

lutava contra as lágrimas que insistiam em turvar minha visão.

Eu me joguei nos braços do papai assim que saí do meu carro. Ele

segurou minha cabeça contra seu peito enquanto eu soluçava.

— Vai ficar tudo bem. Esse desgraçado se foi. Está no inferno a essa

hora — papai suavemente disse, e eu funguei, tremendo.

— Eu sei. Deus nunca o perdoaria. Não por tirar Sean. Jamais por

tirar ele de nós...

— Fell, eu estou tentando ser forte, mas sozinho não consigo. Sua

mãe e irmã... — Sua voz falhou, então encarei seus olhos azuis.

— Eu amo vocês. Vou ser forte.

E eu era. Assim que entrei em casa, corri para minha mãe,

abraçando-a enquanto ela chorava e se perguntava “por que Sean?”, como

tantas vezes já fez.


— Meu menino. — Ela me abraçou de volta, soluçando, e eu beijei

seu cabelo.

Não sei por quanto tempo fiquei acalentando-a, mas ela adormeceu

contra mim e meu pai a levou para o quarto. Fui em busca de Brianna e a

encontrei sentada em frente ao vaso sanitário, abraçando as pernas.

— Ei. — Sorri devagar e me sentei à sua frente.

— Eu acho tão injusto, sabe? — Ela descansou a cabeça nos joelhos

e sorriu. — Aquele filho da puta nos deixou assim que terminou o ensino

médio. Eu o odiei tanto, Fell. Tanto. Então, num dia ele volta e eu, enfim,

consigo respirar novamente.

— Bran...

— Então aquele demônio o tirou novamente de mim. De nós. Eu

não consigo entender como Deus pode me odiar tanto...

— Ele não nos odeia — sussurrei, deslizando meus dedos por sua

pele.
Ela estava tão sufocada de dor que nem mesmo retrucou. Ficamos

juntas, sofrendo por nosso irmão, que nem teve a chance de viver uma vida

completa.

Na manhã seguinte, Axel estava na minha porta me esperando. Eu

me aproximei devagar e sorri ao vê-lo. Era bom ver que ele estava ali,

comigo. Já não me lembrava mais o motivo da nossa briga. Era tão tolo

pensar nisso depois de reviver a morte de Sean.

— Bom dia, Sardas. — Ele sorriu e eu me derreti, pulando em seu

pescoço. Eu o abracei envolvendo minhas pernas em seu corpo e beijei seu

pescoço, respirando aliviada.

— Bom dia.

Axel ficou em silêncio, me mantendo em seu colo, e eu me afastei,

descendo.

— Sinto muito por tudo. — Ele tirou meu cabelo do meu rosto e eu

acenei. — É sério, Sardas. Eu te amo mais que tudo no mundo e eu não


deveria ter magoado você. Eu estou arrependido.

— Axel, está tudo bem — eu disse, suspirando e beijando sua boca

rapidamente. — Não posso perder você, entende? Não quero gastar nosso

tempo juntos brigando por coisas que já foram resolvidas. Eu amo você.

— Eu estou feliz e aliviado. Obrigado por me perdoar.

Seus olhos verdes brilharam e eu segurei seu rosto, me colocando

sobre a ponta dos meus pés. Beijei sua boca novamente, mas dessa vez eu

entreabri meus lábios, recebendo sua língua.

Nós nos beijamos pelo que pareceu uma eternidade e nos afastamos

à procura de ar.

— Vamos lá. Tenho algo preparado para a gente. — Axel sorriu e eu

acenei, ansiosa.

Entrei em sua camionete e ele dirigiu para longe da minha fazenda.

Assim que ele estacionou diante do lago, eu respirei fundo, me

lembrando do passado. Meu peito doeu e eu sufoquei a dor quando Axel


abriu minha porta e me desceu. Nós ficamos sob uma árvore e ele montou

um piquenique para nós.

— Você quer tomar banho? — Ele apontou para o lago e eu acenei,

desabotoando a minha camisa e descendo meu short. Os olhos verdes de

Axel ficaram escuros quando retirei o sutiã e a calcinha.

O lago era distante da população e só era frequentado pelos

estudantes da escola. Não tinha ninguém, então nadar nua era a minha coisa

favorita para fazer.

— Porra, Sardas. — Ele se ergueu enquanto eu caminhava entrando

na água, mexendo meus quadris, provocando-o.

Axel me alcançou também sem roupa e eu suspirei, sentindo suas

mãos agarrarem minha bunda. Meus seios ficaram pesados e meus

mamilos, tensos, ansiosos por sua atenção.

— Deus, obrigado. — Ele gemeu quando lambi sua pele. Suas mãos

me seguraram e eu envolvi minhas pernas ao redor do seu corpo. Seu

membro grosso e duro tocou minha intimidade quente e eu soltei gemidos


ao sentir sua língua deslizar por um dos meus mamilos ao passo que se

esfregava em meu corpo.

— Axel...

— Você é perfeita.

Ele arremeteu dentro de mim e me mexi contra seu corpo, amando a

sensação da água ao nosso redor. Suas mãos cavaram em minha bunda e ele

gemeu, chupando meus seios.

— Eu vou gozar — avisei mais rápido que o normal.

Ele sorriu, mordendo meu mamilo.

Minha mente ficou branca e ele gemeu, me acompanhando ao

adentrar o prazer. Axel andou até a margem e nos deitou na toalha

estendida. Seu corpo voltou a se mexer dentro de mim e eu suspirei.

— Eu preciso de mais, Sardas.

E eu dei a ele.
— Você está bem? — Axel questionou assim que me vesti com sua

blusa e nos sentamos para comer. Ele estava com sua boxer preta, me dando

água na boca. Perdi a conta de quantos orgasmos ele retirou de mim, porém,

eu ainda queria mais.

— Sim, estou ótima. — Sorri, me inclinando para beijar seus lábios

sujos de geleia.

— Minha intenção não foi trazer você pra transar... — ele começou,

parecendo incerto.

— Eu sei, Axel. — Encarei seu rosto e vi o embaraço nele. — Não

se preocupe com isso — eu disse de maneira firme, deslizando a mão por

sua bochecha. Os pelos aparados rasparam em minha pele, me fazendo

arrepiar.

— Tudo bem. — Ele suspirou e beijou minha palma.

Eu me ergui por um segundo e me sentei em seu colo, passando

meus braços por seus ombros.


— Obrigada por me fazer esquecer — disse, encarando seus olhos

verdes bonitos e seu sorriso.

— Eu sempre faço.

E era verdade. Ele fazia.

— Eu decidi que quero morar com você — disse em um fôlego.

Axel se afastou, arregalando os olhos. — Eu te amo. Você me faz bem. Não

precisamos de um casamento. Eu nem gosto dessas formalidades, mas você

precisa falar com meu pai.

— É claro que farei isso. Não se preocupe, baby. — Ele beijou

minha boca e se inclinou sobre mim até eu estar deitada de novo.

Ele me venerou, e mais uma vez nos perdemos no corpo um do

outro.

DUAS SEMANAS DEPOIS

Puxei minha saia para cobrir minhas pernas e mordi meu lábio,

cobrindo meu sorriso ao ver as mãos de Axel apertarem o volante. Ele


queria que eu me mudasse no mesmo dia. Axel disse que falaria com meu

pai assim que saíssemos do rio, mas não deixei. Eu queria que a poeira

baixasse, e ela baixou. Então, lá estávamos nós.

— Axel, é só falar normalmente. Por favor, fique tranquilo — disse

pela milionésima vez, vendo-o bater o pé no chão do carro.

— Se ele quiser me matar? Ele tem armas, certo? — Sua voz soou

brincalhona.

Eu me virei para olhar seu rosto, incrédula.

— Você está brincando? Seu idiota! — berrei novamente, sem

acreditar, e ele começou a rir.

Quando entramos em casa minutos depois, Bran estava sorrindo

para a gente, usando uma blusa de lã preta e vermelha solta. O short estava

por baixo da blusa. Ela estava bonita.

— Boa noite! — Ela arqueou as sobrancelhas para mim e eu revirei

os olhos, rindo.
Ela e mamãe sabiam dos meus planos e eram as peças fundamentais

para isso não dar errado. Tudo seria perfeito.

— Mãe, pai. — Beijei ambos e eles cumprimentaram Axel,

sorrindo.

Nós nos sentamos para jantar e eu foquei minha atenção na comida

enquanto meu pai resmungava sobre o gado ter estourado mais uma cerca,

só que essa dava para a fazenda do Hank. Os animais foram para lá e se

misturaram.

— Vou falar com ele amanhã — Bran disse, limpando a boca com o

guardanapo.

— Você está melhor? Não quero você passando mal no pasto de

novo. É perigoso — meu pai reclamou.

Ergui os olhos para a minha irmã, que balançou a cabeça e revirou

os olhos.

— Foi só uma tontura por causa do calor, seu bocudo — ela

resmungou, brincando com papai, me fazendo relaxar. Imaginei que ela


estivesse doente.

— Senhor e senhora Walker — Axel cortou nossa conversa e

encarou meu pai e minha mãe —, sei que para vocês meu relacionamento

com Fell é recente, mas meu coração pertence a ela há muitos anos.

Crescemos juntos e eu me apaixonei por ela assim que percebi suas sardas.

Eu dou minha vida pela filha de vocês. Então, diante de todos, eu gostaria

de pedir a mão de Felicity a vocês.

Os talheres deslizaram pelos meus dedos e bateram no prato de

porcelana. Eu arregalei os olhos ao ver Axel se erguer, depois de os meus

pais sorrirem e acenarem, e parar ao meu lado. Axel se ajoelhou e respirou

fundo, levando a mão à boca.

— Sardas, sei que você disse que não liga para essas coisas. Só que

eu leio você nas entrelinhas e, baby, eu nunca perderia a oportunidade de

ver você vestida de noiva. Eu amo você e será uma Ross. Você vai se casar

comigo, Sardas.
— Eu vou, mesmo que você não tenha perguntado — disse, rindo ao

ver seu rosto embaçado pelas minhas lágrimas. Pisquei e me ajoelhei na sua

frente, beijando seu rosto e lábios. — Eu te amo.

— Também te amo. — Ele se afastou e colocou o anel pequeno e

delicado em meu dedo anelar. Axel me ajudou a ficar de pé e eu pulei com

Brianna, mostrando meu anel a ela e para a mamãe.

— É lindo. Estou tão feliz por você. — Minha irmã beijou minha

bochecha e eu a abracei mais apertado.

Meus pais sorriram e me abraçaram, dizendo o quanto estavam

felizes por mim. Eu estava nas nuvens.

— Eu amo você — eu disse para Axel mais uma vez enquanto meu

pai servia uísque para os dois.

— Eu também te amo, Sardas.

Eu sabia que sim.

Seu celular começou a tocar e eu o vi do outro lado da sala, no sofá

em que Brianna estava sentada. Ela o pegou para entregar a Axel, mas seus
olhos encararam a tela.

— Hum, é o seu irmão — ela murmurou e se ergueu, empurrando o

celular em Axel. Meus olhos encararam a tela e meu estômago revirou ao

ver uma foto de Jacob e uma menina de cabelo escuro. Ele estava ligando

pelo WhatsApp e a foto estava estampada.

— Bran... — eu disse, mas minha irmã já estava subindo a escada.

— Vai lá. — Axel acenou para cima e eu suspirei, saindo da sala.

Encontrei Brianna no quarto, olhando pela janela.

— Ela é bem jovem. Igual ele. — Sua voz me alcançou. — Eu tentei

a todo custo nunca me apaixonar. Eu fiquei com caras que tinham problema

escrito na testa e eu nunca sequer estremeci. Aí um menino estúpido entra

na minha vida e lá estou eu, sendo uma idiota.

— Brianna, não seja tão dura consigo...

— Você não vê, Fell? Fui eu. Eu que fui atrás dele, eu o beijei, eu

transei com ele. Eu fiz cada merda. Jacob nunca realmente me forçou a

nada. Sempre fui eu testando os seus limites.


— Bran, Jacob é um homem, nós duas sabemos disso. Não é grande

coisa. Ele a quis. Ele transou com você e a beijou também. Você não o

forçou a nada que ele não quisesse...

— Eu não me importo, porque, Felicity, eu tenho coisas importantes

para cuidar. Jacob é um menino e eu sou uma mulher. Essa é a diferença, e

hoje foi a última vez que eu tremi quando o vi.

— Bran...

— Jacob Ross é meu passado e eu vou enterrá-lo.

Eu não duvidei dela por um segundo.

— Você não acha que me pedir em casamento foi um jeito de

desacelerar? — questionei enquanto Axel me prendia contra seu carro.

Papai e ele beberam algumas doses de uísque enquanto eu estava com Bran.

— Não.

— Nós teremos que esperar o casamento para morar juntos...


— Quem disse? — Ele arqueou a sobrancelha e eu semicerrei os

olhos, cruzando os braços. — Você vai se mudar na primeira hora da

manhã. — Axel lambeu meus lábios e eu fiquei momentaneamente sem

fala.

— Sério? Meu pai sabe disso?

— Ele sabe e me apoia.

— Mentira. — Eu me afastei, assustada.

Ele acenou e beijou minha boca.

— Arrume suas malas, amor, nós estamos de mudança.

Ele sorriu e eu também, porque há momentos que valiam qualquer

coisa. Esse era um deles.

Na manhã seguinte, tirei todas as minhas roupas e coloquei em

malas, com minha mãe e Bran. Meu pai estava tirando algumas coisas que

possuía e queria levar do porão. Axel chegou assim que meus pais saíram, e

Brianna foi para seu quarto.


Meu pai colocou uma caixa próxima à porta e eu a puxei, abrindo. A

primeira coisa que apareceu fez meu coração começar a latejar. Pierre 54.

— Por que você ainda tem essa blusa? — Axel questionou sobre

mim enquanto meus olhos ardiam. Droga.

— Eu nunca quis me desfazer. — Dei de ombros, puxando o tecido

macio para fora da caixa. Coloquei-a sobre meu colo e continuei tirando as

coisas, mesmo não prestando atenção no que estava fazendo.

— Você gostava dele? — Axel perguntou em meio ao silêncio.

Pisquei, respirando fundo.

— Não deu tempo, eu acho. — Franzi as sobrancelhas ao ter essa

certeza. Pierre poderia ter feito com que eu me apaixonasse por ele. Eu

sabia disso. Axel sabia disso.

— Eu vou colocar o resto das coisas na camionete — ele avisou.

Acenei e me ergui quando ele saiu, então andei para o meu mural de

fotos e deslizei os dedos sobre o rosto sorridente do menino loiro que estava
longe de mim. Eu estava em uma ponta na fileira das líderes de torcida, e

ele, na outra, ao lado dos outros jogadores.

Respirei fundo, apertando sua camisa e a guardando dentro da

cômoda que ficaria ali. Não era certo levá-la para o lugar onde eu viveria

com Axel.

Depois de horas, estávamos envoltos na cama, olhando minhas

roupas dentro dos armários. Axel fez um lanche e nós comemos enquanto

arrumávamos minhas coisas.

— Marie já deve estar nos esperando — ele sussurrou em meu

cabelo e eu acenei, certa de que sim. Marie ficou sabendo do noivado hoje

de manhã, e mesmo em tão pouco tempo, decidiu fazer uma comemoração.

— Estou morta, mas eu jamais faltaria ao nosso jantar de noivado

com nossos amigos — disse firme, beijando seu peito. — Então, vamos lá!

Eu me ergui e corri para nosso banheiro. Tomei banho sozinha

enquanto Axel foi fazer o mesmo no banheiro do quarto de hóspedes.


Perderíamos tempo se estivéssemos nus em um lugar fechado.

Coloquei um vestido branco rendado e botas de couro, obviamente.

Meu cabelo estava bem ondulado, então apenas puxei duas mechas das

laterais e as prendi na parte de trás da cabeça. Passei rímel, batom e um

pouco de corretivo. Minhas bochechas ficaram rosa com o blush e eu sorri,

me sentindo bem.

— Caralho. — Axel arregalou os olhos assim que entrei na sala, me

fazendo rir e corar.

— Bonita?

— Gostosa pra porra e linda ao extremo. — Ele se aproximou e, em

dois passos, estava me puxando contra seu corpo. — Preciso foder você.

— Quando chegarmos.

— Promete?

— Prometo.

Ele se afastou mal-humorado e eu sorri enquanto saíamos. Depois

de algum tempo, estávamos na casa da Marie. Todo mundo já estava ali,


pela quantidade de carros na garagem.

— Eles chegaram! — Marie gritou ao abrir a porta, e todo mundo

sorriu, gritando também.

Kai e Helena puxaram nós dois para abraços. Lelê beijou minha

bochecha, e eu sorri.

— Você está linda. Parabéns, querida — ela murmurou,

emocionada, e eu beijei sua bochecha também.

— Obrigada. Você também está incrível.

— Parabéns, Fell. Demorou demais, no entanto — Kai resmungou e

eu revirei os olhos sorrindo.

— Cuidado, Axel, essa garota para o trânsito! — Vanessa gritou,

aparecendo, então pulei em seus braços. — Parabéns, meu amor. Você

merece um mundo de felicidade.

— Parabéns para os dois — Hank felicitou, agarrando a cintura de

Vanessa.
Marie e Cain nos abraçaram, e eu puxei minha amiga mais apertado.

As crianças estavam dormindo no quarto e Marie estava com a babá

eletrônica monitorando todos.

— Ei, você está incrível. — Bran chegou e eu beijei sua bochecha.

— Você também — constatei, vendo-a de jeans e camisa.

— Ah, querida, não precisa mentir.

Nós rimos e nos sentamos juntos para beber e comemorar. A

campainha tocou novamente e eu me ergui para atender, mas Bran disse que

estava mais perto. Olhei para a porta aberta e fiquei branca ao ver Jacob

parado. Seu cabelo vermelho estava cortado mais rente à cabeça e seu

braço, antes limpo, agora tinha tatuagens enfeitando. Muitas. Que diabos?

— Boa noite! — ele cumprimentou todos enquanto entrava.

Bran fechou a porta, sem pestanejar nenhuma vez sequer.

— Boa noite! — dissemos em uníssono enquanto Axel e eu nos

aproximávamos do seu irmão.


— Cara, por que não me avisou que viria? — Axel questionou,

abraçando o irmão.

Eu o abracei desajeitadamente, vendo Bran voltar para o seu lugar.

— Surpresa! — Ele sorriu, resmungando ao abrir os braços. Vi o

olhar de indiferença que enviou à minha irmã por todo seu rosto. —

Parabéns pelo noivado. Vocês merecem — Jacob desejou, notei a

sinceridade em suas palavras.

Um tempo depois, estava mais aliviada ao ver Brianna também

indiferente ao meu cunhado. Ela sorria para as meninas, brincando, e

retrucava os insultos de Hank a cada oportunidade.

— Vou ao banheiro — murmurei para Bran.

Axel tinha sumido há alguns minutos e eu achei que ele estivesse

com Cain. Jacob estava na varanda com Kai.

— O.k. — Minha irmã sorriu e eu me afastei.

Fiz xixi e me limpei. Lavei minhas mãos cantarolando uma música

da Adele e saí depois de enxugar minha pele.


— Ela tem a blusa dele. — Ouvi a voz de Axel assim que fechei a

porta do banheiro atrás de mim. Ele estava em um dos quartos e a porta

estava entreaberta. — Ela guarda, porra...

— Eu acho que deveríamos contar — Cain falou e o tremor entre as

palavras foi demais para mim.

— Você está louco, porra? Eu nunca contaria... Felicity me deixaria

na hora. Você não entende? Você pode ficar constantemente pensando nisso

e até sentindo culpa, mas fui eu quem o matei. Eu.

O chão se abriu sob meus pés e eu me senti flutuando. O que ele

estava falando? O que ele fez? Fechei meus olhos, respirando fundo e

tentando pensar que nada disso era verdade. Nada era real.

— Quem você matou? — Minha voz saiu rouca, baixa e medrosa.

Um caroço cresceu em minha garganta e eu ofeguei, tremendo, quando

Axel se virou. Sua imensidão verde se arregalou ao me ver e medo rastejou

pela minha pele.


Eu estava apavorada. O homem que eu amava e com quem ia me

casar matou alguém. Quem?


PASSADO

16 ANOS

Felicity andou para longe de mim enquanto meus punhos se

fechavam. Pierre estava com ela, testando minha paciência. Eu nunca fui

paciente. Meus pais podiam comprovar essa merda. E saber que ela estava

com ele me atingiu como nada nunca tinha feito.

— Cara, relaxa. — Kai apertou meu ombro enquanto meus olhos

ainda estavam presos na parte traseira da camionete do imbecil.

Felicity foi para casa com Pierre. Ela o beijou na minha frente. Na

frente de todo mundo. Eu estava furioso.

Mas não deveria estar.

Eu beijei bocas por aí. Não tantas quanto os meus amigos achavam,

mas, ainda assim, beijei.

— Eu estou bem — resmunguei firme, pegando as chaves da minha

camionete. Meu pai não me deixava sair com ela muitas vezes, mas hoje era

um dos dias que ele estava de bom humor.


No momento em que cheguei a minha casa, meu celular pesou na

minha mão. Queria ligar para ela. Queria dizer que ela não devia dar

atenção a Pierre ou a qualquer garoto idiota, mas não conseguia. Eu não

podia fazer isso.

Então, quanto antes eu parasse de pensar em Sardas como minha,

melhor.

Assim que ela apareceu na escola no dia seguinte, eu estava com os

olhos presos em sua roupa maldita. Sua saia plissada e curta deixava suas

pernas visíveis e isso estava me fazendo ficar desconfortável.

— Mantenha seus olhos no seu pau. — Sean me fulminou assim que

chegou perto. Idiota do caralho. Sua namorada estava longe e suas irmãs

andaram até a entrada, onde Pierre e Saint, jogadores como eu, estavam

sentados. Bran ficou com Saint, enquanto Sardas passou direto, mas o

imbecil do Pierre a seguiu.

— Vou para a sala.


Saí sem esperar resposta de nenhum deles. Andei apressado e

encontrei os dois em frente ao armário de Felicity. Seu sorriso estava

radiante e seus olhos azuis brilhavam. Eu odiava não ser a causa da sua

alegria.

Pierre deu uma blusa dele para ela e eu plantei meus pés no chão,

me impedindo de arrancar o pano das suas mãos. Eu estava tremendo de

raiva. Nada nunca me deixou assim. Felicity era minha única fraqueza.

Os dois se despediram e eu tentei pensar em algo. Qualquer coisa

que a fizesse parar de vê-lo. Pensei em bater nele até cansar, exigir que se

afastasse dela, mas Felicity me odiaria. Eu sabia dessa merda.

— Axel, você precisa se acalmar. Felicity vai perceber essa merda

— Cain resmungou.

Suspirei ao vê-lo pela primeira vez no dia. Meu primo era um

fantasma nessa escola. Ninguém realmente o via.

— Foda-se. Eu vou perder minha cabeça.

Eu não sabia o quanto.


Meu sangue corria quente em minhas veias. Meu pai estava na

arquibancada com minha madrasta. Meu irmão também estava presente,

sorri para eles enquanto acenava.

Quando minha atenção focou em algo além da minha família, vi

Pierre se inclinando e juntando os lábios dele nos de Felicity. Eu vi

vermelho e minhas mãos apertaram. Porra.

— Eu vou derrubar ele — eu disse, colocando meu capacete em

frente a um dos meus amigos. Cain me encarou, franzindo a testa, então

acenei em direção aos dois se beijando. — Ele nunca mais vai se aproximar

dela...

— Jesus, Axel, se acalma, porra. Por que você não a pede em

namoro? Felicity aceitaria na hora...

— Sim, eu farei essa merda, mas agora preciso extravasar minha

raiva — resmunguei, vendo Pierre sorrindo para Felicity.


— Caralho, o cara não pensa mesmo. — Cain balançou a cabeça

enquanto eu apertava meus punhos.

Eu me afastei indo para o campo antes de sorrir ao me posicionar.

Pierre ia se arrepender de mexer com algo que me pertencia. Deixei claro a

cada fodido dessa escola que Sardas estava fora dos limites, era uma merda

que o imbecil não tivesse me escutado.

Com alguns minutos de jogo, eu o vi tentando correr com a bola.

Primeiro, fiquei confuso, pois ele não é um jogador ofensivo, depois senti a

adrenalina golpear meu peito. Eu me esforcei para alcançá-lo, sentindo

minhas pernas queimarem, e quando meu corpo colidiu contra o dele, suas

mãos me puxaram junto.

Pierre caiu na grama e eu me ergui, pronto para sorrir e dizer ao

filho da puta para ficar longe de Sardas, mas ele não estava me olhando. Na

verdade, seus olhos estavam fechados, e seu corpo, mole. Eu me abaixei

tremendo, ao passo que várias pessoas nos rodeavam.


— Puta que pariu! Ele está morto? — alguém berrou apavorado,

enquanto meu rosto ficava branco.

Ele estava morto?

— O que aconteceu? — Meu pai me puxou para longe enquanto eu

me virava e via o rosto apavorado de Sardas.

Seus olhos azuis estavam grandes, e o que me matou foram as suas

lágrimas. Meu pai me abraçou enquanto as pessoas me encaravam,

chocadas.

Eu matei Pierre? Eu realmente o matei?

ATUALMENTE

As cenas eram parecidas.

Seus olhos estavam arregalados e cheios de lágrimas. E senti meu

coração tão dolorido quanto naquele dia. Fazia tanto tempo, mas a dor, o

choque e o medo ainda eram muito reais.


— Você não o matou. — Cain puxou meu ombro enquanto ela

entrava no quarto, deixando o choro fluir.

Encarei seu rosto, ignorando Cain, e respirei fundo, apertando

minhas mãos. Abri a boca para contar, mas a fechei novamente, com medo

das minhas próprias palavras.

— Cara...

— Eu derrubei Pierre porque eu quis — confessei, tremendo e

apertando minhas mãos ao ver seu choque. — Eu estava com raiva. Com

ciúme. E quis derrubá-lo. Quando eu o acertei, eu queria machucá-lo...

— Axel — Sardas ofegou e eu engoli em seco, baixando meus olhos

—, você está dizendo que Pierre morreu porque você ficou com raiva de

nós dois juntos? Por minha causa?

Dei passos em sua direção e segurei seu rosto, balançando a cabeça

freneticamente.

— Não! Fui eu, Sardas. Eu. Eu fui idiota e impulsivo. A culpa é

toda minha...
— Por mim! Você fez isso por ciúme... — Ela se esquivou, olhando

para o teto e soluçando.

— Olha para mim! — gritei, tentando segurá-la contra meu peito. —

Eu fiz isso. Eu vou levar a culpa para sempre. Eu sinto muito. Eu realmente

sinto.

— Foi por isso que desistiu do futebol? Foi por causa de Pierre que

sumiu da minha vida? — Seu queixo tremeu ao pronunciar as palavras.

Senti meu peito ser rasgado ao meio.

— Eu não conseguia...

— Meu Deus, Axel. — Ela se afastou e abraçou a si mesma. Suas

mãos foram para o rosto e ela soluçou. — Preciso ir embora. Eu não

consigo...

— Sardas, por favor, é nossa festa de noivado — implorei, piscando

a umidade em meus olhos.

— Eu sei. Eu sei.
Puxei-a para os meus braços mesmo sentindo seu corpo tensionar e

suas mãos colidirem com meu peito. Sardas estremeceu, parecendo com

dor, e eu entendi a sua rejeição.

— Cain, por favor, nos cubra. Preciso levá-la para casa.

Meu amigo fez isso. Ele nos levou para fora sem que os outros nos

parassem para questionar. Ouvi as risadas, brincadeiras e sorrisos.

Deveríamos ser as pessoas mais felizes ali. Era a ironia o que a vida podia

fazer com a gente em segundos.

O que eu podia fazer com a gente em segundos.

Assim que chegamos à casa dos seus pais, eu não a impedi de sair.

Eu não me movi, apenas observei meu mundo caminhar para longe de mim

sem conseguir dizer nada.

Peguei meu celular e liguei para o meu pai, derrubando minha

cabeça sobre o volante.

— Axel? Você está bem?


— Eu o matei, pai. — Respirei fundo e deixei as lágrimas encherem

meus olhos.

— Axel, o que houve?

— No dia do jogo. Eu fiz aquilo porque eu queria. Eu o derrubei.

Ele está morto e eu não sei o que fazer. Há anos carrego isso em mim. Eu

não estou bem.

— Filho, foi uma fatalidade. Pierre desmaiou antes que atingisse o

chão. Todo mundo viu. Você não o matou, Axel, por Deus, não pense isso...

— Fui eu. Eu o matei, pai.

— Não. Não sabemos nem a verdade, Axel. Você sabe que nem

pudemos chegar ao garoto...

— Eu nunca pude nem ao menos me desculpar com os pais dele. Eu

imploraria perdão. Eu tentei, pai. Tentei muito, mas eles sumiram. —

Funguei, esfregando o rosto. — Minha noiva, Felicity, sabe o que fiz.

— Já o parabenizei pelo noivado, mas quero fazer isso novamente.

Você merece ser feliz, Axel. Pierre também deseja isso de onde ele estiver.
Felicity jamais imaginaria que você fez isso de propósito. Você não queria

matar o garoto. Pare de pensar em algo que você não teve culpa...

— Eu juro que não queria, pai. Eu juro — balbuciei soluçando.

— Você quer ficar aqui por uns dias? Dê espaço a Felicity. Tenho

certeza de que depois a poeira vai estar baixa. Venha com seu irmão — meu

pai propôs e eu engoli em seco.

— Não sei, pai.

— Axel, ela precisa de tempo. Ele era amigo dela, quase namorado.

Meu pai não precisava me lembrar isso.

O pano estava entre meus dedos enquanto eu permanecia sentada

contra a minha porta. Fechei meus olhos, tentando compreender o que tinha
acabado de descobrir. Eu jamais imaginei que Pierre tinha caído por causa

de Axel.

Quando me virei para ver o motivo do barulho, eu só vi Pierre no

chão e várias pessoas em cima dele. Ninguém falou nada sobre o choque

entre os dois. Eu tentei visitar Pierre no dia, mas sua família proibiu a

entrada de todos. Ninguém o alcançou.

— Ele não quis isso. Ele jamais faria algo tão grave — murmurei

completamente séria para mim mesma. Axel era incapaz de ferir alguém

dessa maneira. Eu não acreditava nem por um segundo que ele quis que

Pierre morresse ali, no campo.

Lágrimas encheram meus olhos novamente enquanto apertava a

camisa contra meu peito. Eu não amava Pierre, mas quando perdemos

alguém ficamos à flor da pele. O carinho que sentíamos pela pessoa se

multiplica, causando tanta dor que é quase impossível de aguentar.

Eu estava de luto novamente.


Limpei minhas bochechas e me ergui, caminhando para a minha

cama, agora fria e impessoal. Minhas coisas estavam na minha casa com

Axel. Tudo estava lá, porque era lá onde eu pertencia agora. Era meu lar.

Passei a mão no rosto, me erguendo e andando para a janela. Não

ouvi o barulho do seu carro saindo, e percebi que ele não tinha ido embora

ao ver seu veículo ainda estacionado. Seu corpo estava curvado sobre o

volante, e ele estava no celular.

Meu coração doeu ao ver isso. Tudo isso machucava, porque hoje

era para ser nosso dia. Nosso noivado com nossos amigos, e agora não era

nada além de lágrimas e sofrimento.

Meu celular tremeu e eu abri a mensagem de Axel.

Você precisa de tempo. Eu te amo, Sardas.

Ergui meu rosto novamente, apenas a tempo de ver seu carro ganhar

vida e sair da fazenda dos meus pais. Algo em suas palavras me fez tremer

e suar frio. O que ele quis dizer?


Passei duas semanas na casa dos meus pais. O Natal estava próximo

e eu queria entender o motivo de Axel não ter mais entrado em contato. Era

nosso primeiro Natal juntos. Eu estava bem. Eu queria conversar, mas ele

sumiu.

— Você está bem? — Bran questionou, aparecendo na porta do

banheiro. Sim. Não.

— Estou enjoada — resmunguei, me erguendo. Limpei minha boca

e mãos. Eu estava assim há alguns dias e precisava de coragem para

entender o que estava acontecendo.

— Você está grávida? — Bran questionou suavemente, sem alarde, e

eu mordi meu lábio.

— Não sei. — Dei de ombros e peguei uma toalha, enxugando meu

rosto. Eu tinha perdido peso no último mês, e muito disso se devia a nada

parar em meu estômago.

— Vou comprar testes de gravidez e você vai fazer. — Ela suspirou

e saiu.
Notei mais uma vez o quanto minha irmã engordou nos últimos

meses. Seus quadris estavam mais largos, e sua barriga, maior. Seus seios

seguiam o mesmo padrão.

— Você está grávida — afirmei, olhando para seu corpo. Bran se

virou com os olhos arregalados. — Quanto tempo?

— Fell...

— Por que não me contou? — questionei, piscando para afastar as

lágrimas. Mordi meu lábio, tremendo. — Brianna...

— Ninguém sabe. — Ela engoliu em seco e cruzou os braços. —

Não quero contar a ninguém por enquanto. Eu sei que estou com pouco

tempo sobrando, mas, Fell, não é pessoal. Eu só não estou preparada para

um bebê.

— Eu jamais contaria a alguém. Eu sou sua gêmea, sua metade. Eu

nunca trairia você — disse de maneira firme, sentindo as lágrimas caírem.

Ela se aproximou, me abraçando. Coloquei minha mão em sua barriga e ela

mexeu contra mim. — Ele já está mexendo.


— Faz um tempo que eles mexem. — Ela se afastou sorrindo.

— Mentira. — Arregalei os olhos.

— Sim. São dois. Não sei o sexo. Não quero saber, mas são dois. —

Ela riu por detrás da mão.

— Eu estarei ao seu lado. — Beijei sua testa. — Segurando sua mão

em cada passo. Eu prometo, Brianna — disse, encarando seus olhos azuis

como os meus.

Ela acenou, deixando as lágrimas caírem.

— Eu te amo.

Eu sabia que ela me amava, mas a dor dentro do meu coração não

diminuiu com isso.

Brianna foi para a farmácia e eu peguei meu celular, segurando o

aparelho como se ele fosse uma bomba. Axel estava tão ausente. Eu não

sabia onde ele estava. Precisava ir à nossa casa para conversarmos. Era o

certo. Passou tempo demais. Eu estava farta de espaço.


— Aqui. — Brianna apareceu meia hora depois e empurrou duas

caixas na minha mão. — Faça os dois. Eu fiz cinco, quando desconfiei.

Sorri, mesmo sentindo a dorzinha voltar. Bran não confiou em mim

e isso me magoou. Éramos gêmeas, inseparáveis desde o nascimento. Ela

era minha confidente. Só saber da sua gravidez agora me entristecia.

Eu me ergui e fui para o banheiro. Fiz xixi nos dois palitos e me

limpei, saindo do banheiro sem ver o resultado. Minha irmã estava olhando

para o meu celular.

— Ele está com Jacob. Foi com ele — Bran murmurou e eu

arregalei os olhos. — Não contei, pois você estava em seu próprio mundo.

Axel queria te dar espaço.

— Você sabe o que houve?

— Cain contou para todos nós. Eu acho que isso era algo que o

perturbava muito. Marie ficou chocada e ele saiu de casa por uns dias

também. — Bran respirou fundo e sorriu, me encarando. — Pierre era um


cara legal, Fell. Ele merecia você. Axel não fez de propósito, mas ele queria

machucar Pierre de alguma forma.

— Eu sei. — Acenei respirando fundo e me sentando em minha

cama. — Estou com medo do resultado — confessei, acenando em direção

ao banheiro.

— Eu vejo. — Bran se ergueu.

Quando Bran voltou, eu fechei os olhos com força e esperei.


DOIS DIAS DEPOIS

Apertei a campainha da casa, respirando fundo. Ela era grande e

impressionante. Jacob me contou que seu irmão estava com seus pais, e não

com ele no apartamento. Viajei até ali para levar meu noivo de volta. Eu

estava cansada de ficar longe dele. Era óbvio que tínhamos muito o que

conversar, mas dessa vez eu não queria frear nada.

— Olá! — Uma mulher bonita apareceu e eu a reconheci. Dee. Seu

cabelo vermelho estava curto e liso.

— Olá, eu sou Felicity. Axel está? — questionei, sorrindo, e seu

rosto se iluminou. Ela me puxou para dentro e me abraçou apertado.

— Você é a noiva. — Ela piscou, engolindo em seco e beijando

minha bochecha. — Ele está no quarto, sendo um bundão. Você sabe, ele

não faz nada o dia inteiro, apenas enfurnado naquele lugar.

— Posso ir até lá?

— Claro. Por favor, seja bem-vinda! — Dee sorriu e puxou minha

mala pequena. — Vou pedir a alguém para levar sua mala para lá.
— Obrigada.

Andei até a escada e subi os degraus devagar, reunindo coragem.

Assim que cheguei ao topo, eu me lembrei que Dee não disse qual quarto

era. Abri a primeira porta e respirei aliviada ao ver o corpo grande e moreno

do menino que fazia meu coração titubear a cada vez que o via.

— Como assim viajou? Você deveria ter me avisado antes! — A voz

de Axel retumbou dentro do quarto e eu pulei, assustada. Ele estava irritado.

Seu corpo se ergueu da cama e ele começou a andar de um lado para

o outro, porém, se deteve ao olhar para a porta. Seu olhar verde se expandiu

e eu suspirei.

— Ela está aqui. — Ele desligou e jogou o aparelho em cima da

cama. — Uh, você...

— Você me deu bastante tempo — resmunguei, cruzando meus

braços.

— Não queria pressionar... — Axel apertou a mandíbula e eu

pisquei, ainda o encarando. — Como você está?


Seu rosto estava tomado por angústia. Era reconfortante saber que

eu ainda era uma preocupação. Dei um passo para dentro do quarto e fechei

a porta atrás de mim.

— Não sei. Eu acho — disse, abraçando meu próprio corpo. Eu não

estava bem. Não adiantava falar sobre isso. Não agora, pelo menos.

Axel se sentou na cama e eu andei pelo quarto, até parar em frente a

uma cadeira. Descansei nela, mordendo meu lábio.

— Eu sinto muito por Pierre. Eu sei que você o amava...

— Eu nunca o amei, Axel — interrompi sua fala, encarando seu

rosto. Ele respirou fundo e cruzou as mãos. — Você sempre foi o cara que

amei. Em todas as vezes em que eu estava com Pierre, eu desejei que fosse

você. Sempre, e isso me destruía. Porque você não queria isso...

— Eu queria, Sardas.

— Então, por que, Axel? Por que nunca ficamos juntos? Por que

não fomos jovens que namoravam na escola e iam para a faculdade juntos?

Me conta o motivo da gente nunca ter dado certo — implorei, sentindo


lágrimas encherem meus olhos mais uma vez. Essa sempre foi minha

dúvida. Por que a gente ficou tanto tempo longe mesmo se amando?

— Eu não sei e, Sardas, se eu pudesse voltar, eu faria diferente. Eu

teria sido seu primeiro beijo, eu teria te levado na minha camionete para o

rio, nós teríamos nossa primeira vez dentro dele e eu ficaria feliz em ajudar

seu pai na fazenda como forma de receber seu respeito. Eu faria cada coisa,

mas eu não posso, baby. — Axel respirou, recuperando o fôlego, e sorriu

triste. — Você sempre foi a luz que eu tanto busquei. Você me fascina e eu

sou completamente obcecado por você.

— Eu também te amo — disse firme e me ergui, ficando à sua

frente. Segurei seu rosto e juntei nossos lábios. — Podemos ir para casa? —

questionei, me afastando em direção à porta.

— Claro, Sardas. O que você quiser. — Axel se aproximou e eu

mordi meu lábio, sentindo as lágrimas encherem meus olhos. Eu queria

ficar mais tempo, conhecer Dee, mas, no momento, eu não estava no clima.

Eu voltaria em outro dia.


Nós descemos a escada juntos. Axel estava apenas com uma

mochila enquanto eu trouxe uma mala. Não sabia se iria voltar logo, então

vim preparada. Minhas mãos estremeceram enquanto seu corpo estava a

alguns centímetros de mim. Queria tocá-lo, beijar seus lábios mais uma vez

e me afundar dentro dos seus braços. Dentro do meu lar.

Dee apareceu sorrindo com o pai de Axel. Seu rosto se alegrou ao

me ver e eu sorri.

— Você está linda, Felicity — Peterson elogiou, mas eu sabia que

era sua maneira educada. Eu estava péssima. Meus olhos estavam fundos,

minha pele, pálida, e eu tinha perdido peso.

— Obrigada. Como vai? — questionei.

— Indo. — Ele deu de ombros. — Estou feliz por ter vindo buscar

Axel. Eu já estava cansado da bunda preguiçosa dele na minha casa. — Sua

risada me fez relaxar e o acompanhar no divertimento.

— Pat, por favor — Dee o repreendeu enquanto Axel só bufou atrás

de mim.
— Estou indo para casa. Viremos aqui outro dia — ele falou para

seus pais e eu acenei, pondo as mãos dentro dos meus bolsos traseiros.

— Tudo bem. Felicity, por favor, me coloque a par dos preparativos

para o casamento. Quero participar, claro, se você não se importar. — Dee

sorriu cautelosa, e eu balancei a cabeça.

— Não se preocupe. Entrarei em contato.

Nós nos despedimos com abraços e a porta se abriu com Jacob. Ele

acenou em minha direção e eu engoli em seco. Ele me ajudou a chegar a

Axel. Eu era grata.

— Eu quero levar vocês a um lugar — ele falou de supetão, porém

de maneira firme. — Fica a três horas de carro daqui.

— Onde, cara? Estamos voltando para casa — Axel avisou,

colocando a mochila sobre o ombro.

— Confiem em mim.

Nós confiamos. Logo estava dentro do carro de Jacob. Era um carro

muito bonito e caro. Os pais deles tinham dinheiro, mas algo me dizia que
não foi um presente. Seu celular tocou antes que ele acelerasse o carro pela

rua.

— Axel? — A voz suave na linha me fez ficar tensa e encarar Axel.

Ele me olhou, balançando a cabeça, e eu apertei minha mão fechada.

— É o Jacob. Por que pensou que era o Axel? — Jacob atendeu à

ligação no viva-voz.

— Eu passei em seu apartamento depois de ligar um milhão de

vezes. Tentei seu irmão porque sei que estavam juntos — ela falou, e suas

palavras pareciam preocupadas. Só agora percebi que o celular logado era

do Axel, não do seu irmão. — Você está me dando um gelo?

— Não, eu estava trabalhando, Olivia — meu cunhado falou sério.

Eu franzi o cenho, confusa.

— Mas...

— Eu falo com você em outra hora.

A linha ficou muda e a chamada se encerrou.


— Com o que você trabalha, Jacob? — questionei enquanto Axel

seguia o endereço que colocou no GPS.

— Coisas. — Ele foi vago demais.

Mordi meu lábio para me impedir de continuar a falar.

— Desculpe, não quis ser intrometida. — Engoli em seco,

envergonhada. — É que eu pensei que você estava na faculdade.

— Está, Sardas. Porém ele trabalha com computadores. Não me

pergunte o que, mas ele é um gênio — Axel contou, respirando fundo e

batendo no ombro do irmão, que continuou calado. Eu acenei, um pouco

surpresa com a novidade.

Durante as três horas, eu adormeci no banco traseiro, depois de

muito tentar adivinhar para onde diabos Jacob estava nos levando.

Senti uma mão em meu cabelo e abri minhas pálpebras. Axel sorriu

e me ajudou a sair do carro. Olhei ao redor e suspirei, vendo uma casa de

dois andares enorme. Jacob estava na porta, tocando a campainha.

— Quem mora aqui? — questionei a Axel, franzindo o cenho.


— Eu não sei. Vamos lá.

Nós nos aproximamos assim que a porta se abriu. Uma senhora de

cabelo loiro e longo sorriu ao nos ver.

— Olá! Em que posso ajudá-los? — ela ofereceu, simpática, então

nós olhamos para Jacob.

— Gostaríamos de falar com Pierre.

Encarei o rosto do meu cunhado e engoli em seco, começando a

tremer. Olhei para a mulher que apenas sorriu e acenou, abrindo a porta.

Minhas pernas perderam a força e eu segurei o portal, respirando com

dificuldade.

— Entrem. Ele está aqui. Vocês tiveram sorte. — Ela sorriu mais

ainda e eu vi a semelhança. Era a mãe dele. Jesus.

— Jacob — Axel murmurou chocado.

Nós vimos o momento em que um homem loiro, com um sorriso

incrível e grande, apareceu diante de nós.


— Meu Deus! — Meus olhos se encheram de lágrimas e Pierre

arregalou os seus, chocado.

— Fell? — Ele se aproximou rápido e tocou meus ombros. Segurei

seu rosto, tocando para ter certeza de que ele era real.

— Você está vivo — disse e resfoleguei.

— Sim. — Ele arfou quando colidi meu corpo contra o dele.

— Pensávamos que Pierre tinha falecido no jogo — Jacob falou

enquanto eu abraçava Pierre. Era ele. Meu Deus, ele estava vivo.

— Oh, não. Por favor, sentem. Vou trazer um chá para acalmar

todos — a senhora falou.

Eu me afastei de Pierre, ainda sentindo minhas lágrimas.

— Me desculpe. Nossa, eu... — Pierre engoliu em seco e eu

balancei a cabeça.

— É bom ver que você está bem. Vivo.

— Você está linda, Fell!


Eu sorri e a gente se sentou. Axel ficou ao meu lado em um sofá,

enquanto Jacob se sentava na poltrona. Pierre e sua mãe, diante de nós.

— Pierre ficou em coma por quase um ano. Nós decidimos

transferi-lo no mesmo dia e nunca mais voltamos para o Texas. Acho que

todos pensaram que ele tinha falecido — a mãe dele começou a contar e eu

notei emoção em sua voz. — Eu pensei que o tinha perdido para sempre,

mas ele acordou. Suas lembranças eram poucas.

— Eu sinto muito — Axel falou ao meu lado, e eu peguei sua mão

entre as minhas. — Eu o derrubei em um momento de raiva, eu jamais, por

favor, acreditem, faria algo para machucá-lo a esse ponto.

— Axel, foi uma fatalidade. — Pierre franziu o cenho, confuso. —

Eu estou bem. Eu recuperei minhas memórias e tudo está no passado.

Meu coração perdeu uma batida quando ele sorriu, me encarando.

— Sinto muito que a fiz pensar que eu tinha falecido.

— Não precisa.
— Como vocês nos acharam? — a senhora perguntou, servindo chá

para a gente. Jacob pegou a xícara e fez uma careta escondido da mulher ao

provar. Beberiquei o meu e suspirei, sentindo o gosto amargo.

— Jacob. — Axel e eu encaramos seu irmão e ele aproveitou a

deixa para devolver a bebida à mesa de centro.

— Sou bom em encontrar pessoas. No primeiro momento, eu só

queria encontrar a senhora e seu marido. Meu irmão, Axel, carrega essa

culpa no peito há muito tempo. Eu queria que ele conversasse com vocês.

— Jacob sorriu e olhou para o irmão. — Então, eu encontrei Pierre. Bem-

sucedido e saudável. Axel precisava vê-lo, e Fell também. Ela precisava.

Era verdade. Eu precisava.

— Obrigada, Jacob. — Sorri, respirando fundo e me virando para

Pierre. — Nós estamos felizes por você. Muito.

— Também estou por ver vocês. Realmente sinto muito por não ter

entrado em contato ou algo do tipo. — Suspirei, engolindo em seco. Uma

dúvida me surgiu à cabeça e eu o encarei.


— Marie não sabia que estava bem?

— Não. Eu nunca mais a vi depois que saí da cidade. — Ele

suspirou e me encarou, preocupado. — Ela está bem?

— Sim, ela casou e tem uma filha.

— Com Sean? Eu sabia que eles...

— Não — Axel o interrompeu quando eu não encontrei minha voz.

— Sean foi morto há um ano.

Pierre me encarou, perplexo, e eu mordi meu lábio, piscando para

afastar as lágrimas.

— Eu sinto muito, Fell.

— Obrigada.

Uma porta se abriu e gritinhos de uma garotinha ecoaram pela sala.

Seu cabelo loiro estava em tranças e ela sorriu para Pierre.

— Papai! — A menina correu e se jogou nos braços dele. Uma

mulher apareceu com ela e olhou para todos nós. Seu cabelo também era

loiro, e os olhos, azuis.


— Ei, baby, diga oi às pessoas. — Pierre beijou o cabelo dela e

sorriu para a mulher.

— Oi!

— Essa é Junny, a minha esposa — ele apresentou.

Eu sorri e me ergui, beijando as duas bochechas dela e me afastando

em seguida.

— Sou Felicity, esses são Axel, meu noivo, e o irmão dele, Jacob —

disse. Axel se ergueu, passando o braço em minha cintura. Ele acenou para

a mulher com seu irmão.

— Vocês estão noivos? — Pierre questionou.

— Sim — respondemos juntos, e Axel beijou minha cabeça.

— Nossa, eu pensei que já estavam casados e com filhos. — Ele riu

e nós também.

— Estávamos indo devagar.

Axel jogou a indireta e eu revirei os olhos, sorrindo. Pierre nos

convidou para o jantar e nós declinamos o convite. Eu queria ir para casa.


Precisava ir.

— Obrigado, Jacob. — Axel olhou para o irmão enquanto

estávamos na estrada.

— De nada, bundão.

Eu sorri e meu peito doeu ao pensar em Brianna. Será que os

gêmeos eram do Jacob? Por que eu estava em dúvida? Eram dele. Tinha que

ser dele. Mordi meu lábio, me impedindo de falar qualquer coisa. Brianna

estava levando as coisas do jeito dela. Eu não iria interferir.

— Você vai com a gente? — Axel questionou assim que chegamos

ao aeroporto.

— Não. Não tenho o que fazer no Texas.

Ele não me encarou quando disse isso. E novamente senti a dor se

alastrar. Era o certo seguir o que minha irmã queria? Achava que sim. Eu

era sua metade, ela confiava em mim. Eu não iria decepcioná-la.

— Nós voltaremos logo para cá. Dee quer organizar algumas coisas

comigo. Trarei Brianna na próxima — disse e mordi minha língua quando


meu cunhado me encarou.

— Me avise antes.

— Por quê? — questionei, semicerrando os olhos.

— Para eu ter tempo de sumir.

Eu desviei meus olhos dos dele e suspirei.

É, Brianna, acho que isso vai ser mais difícil do que parece.

— Então, como você está? — questionei a Marie quando cheguei à

sua casa. Decidi vir aqui para falar sobre Pierre. Marie e ele eram amigos

bem próximos.

— Aliviada. — Ela forçou um sorriso, mas eu estava diante dos

olhos muito brilhantes dela. Marie estava magoada.

— Você tem direito de estar chateada. Eu fiquei um pouco também,

mas ele estava em coma, e quando acordou estava sem lembranças. É

compreensível.
— Eu sei. — Ela esfregou os olhos e mordeu o lábio. — Eu só...

— Eu sei.

Sunshine sorriu para a mãe enquanto levava os dedinhos à boca.

Marie sorriu de volta e beijou as bochechas gordas da filha.

— Ela realmente é meu raio de sol.

— É o nosso.

Sorrimos uma para a outra antes de eu ouvir passos. Cain apareceu

com Axel e Sunshine se agitou nos braços da mãe. A garota era louca pelo

pai. Cain pegou a filha e Marie não o encarou nem uma vez sequer.

— Vou dar a mamadeira dela. — Ele sumiu com Axel logo depois.

— O que está acontecendo? — perguntei preocupada.

Minha amiga piscou as lágrimas, fazendo-as cair.

— Eu me sinto traída. Como se eu não o conhecesse — ela

confessou enquanto me encarava, então peguei sua mão. — Pierre era um

dos meus melhores amigos. Cain escondeu o que houve. Sei que quando

nos conhecemos realmente nada disso veio à tona. Eu nunca vi Cain na


escola, e isso é normal, porque eu não andava com vocês. Nem Sean o

conhecia, para você ver.

— Nem eu o conhecia direito.

— Então, mas depois ele sempre dizia que tinha algo do passado.

Que eu não o conhecia realmente. Mas nunca me falou. Agora tudo caiu

sobre nós. — Ela limpou o rosto e respirou fundo. — Eu o amo além de

mim. Nós sabemos disso, mas ainda estou triste. Vai passar, eventualmente,

mas por enquanto estamos distantes.

— Axel e eu ainda nem falamos sobre tudo, mas a mágoa vai ficar

aqui por um tempo também. É óbvio que agora estamos aliviados. Pierre

está bem, no final de tudo — eu disse, encarando seus olhos.

— Sim. — Ela acenou. — Eu espero que tudo fique bem.

— Eu sei que vai ficar tudo bem. Vocês serão nossos padrinhos,

tudo tem que ficar bem.

— Estou tão feliz por vocês. Foi um longo caminho, Felicity. Vocês

merecem ser felizes.


— Todos nós merecemos.
Limpei meus lábios e deixei a água levar o creme dental da escova.

Olhei para a menina diante de mim e engoli em seco. Vai ficar tudo bem.

— Sardas? — Axel chamou de dentro do nosso quarto, e eu guardei

a escova.

Saí do banheiro e o encontrei diante da janela. Sua calça de moletom

estava baixa em seus quadris, e seu peito, liso, nu. Engoli em seco, sentindo

vibrações pelo meu corpo.

— Ei! — Sorri quando ele se virou. Eu me sentei na cama e o

observei fazer o mesmo. — Nesse tempo que você estava com seus pais, eu

fiquei doente.

— O quê? — Ele arregalou os olhos, preocupação lavando seu

rosto. — Como assim doente?

— Doente. Eu estava enjoando muito e sem apetite — disse,

suspirando e vendo o sorriso se abrir em seu rosto. Eu balancei a cabeça,

descartando sua alegria. — Eu pensei que estava grávida. — Eu o encarei e

Axel parou de sorrir. — Mas não estou.


— Então o quê? — Suas sobrancelhas se juntaram e eu suspirei

audivelmente.

— Descontrole hormonal. Eu fui ao médico com Bran — confessei,

desviando meus olhos dos dele. — Eu não posso ter filhos, Axel.

— O quê? — Ele berrou, assustado.

Eu o encarei sob as lágrimas que enchiam meus olhos.

— O médico pediu exames e um deles mostrou que tenho ovários

policísticos. Eu nunca me preocupei em ir ao médico, pois minha

menstruação vem certinha. Nós não podemos ter bebês tão rápido quanto

queríamos...

— Mas existe uma possibilidade? — Axel se aproximou e me

colocou em seu colo.

— Tem. Porém é um processo demorado. As chances são poucas. —

Encarei seus olhos e ele segurou minhas bochechas. — Eu sinto muito.

— Sardas, nós vamos ter bebês, mas se não tivermos, tudo bem.

Você me basta. Sempre bastou e sempre irá. — Suas palavras me fizeram


soluçar.

— Eu não sabia que queria até saber que eu não podia. Isso é

normal?

— Sim, é. Vamos ficar bem, Sardas. Nós vamos ser uma família

com ou sem crianças. Podemos adotar também. Temos opções — Axel

falou firme e eu acariciei sua bochecha.

— Eu te amo. Obrigada por ser tão incrível comigo.

— Eu também te amo. Seremos pais fodas pra caralho.

Balancei a cabeça, rindo, e ele beijou minha bochecha. Fiquei

abraçada ao seu corpo por um longo tempo, ouvindo os batimentos do seu

coração. Eu sorri, grata por saber que ele era meu.

— Preciso trabalhar. Você ficará quietinha me esperando?

— Eternamente, baby.

— Isso mesmo.
Entrei em casa, batendo minhas botas na tábua de madeira e vendo

mamãe com Tabita assim que apareci na cozinha. As duas estavam

cozinhando.

— Ei! — Sorri quando elas me abraçaram. — Como vocês estão?

— Bem. Estamos testando alguns bolos para o seu casamento.

Tabita quer fazer e eu vou ajudar — mamãe falou empolgada.

Relaxei, vendo o quanto ela estava calma.

— Vão levar todos para a feira? — questionei, vendo vários bolos

pela mesa.

— Sim. Você vai, certo? — mamãe questionou, e eu acenei.

— Sim, eu vim ver Bran. Iremos juntas e Axel me encontrará lá.

— Sua irmã está no pasto. Vá lá. — Tabita acenou pela janela e eu

me retirei.

Assim que a vi, eu abri a boca, chocada. Apertei meus punhos,

pronta para matar Bran. Ela era louca?


— Desce desse cavalo, Brianna! — gritei, chamando sua atenção.

Ela sorriu, me saudando com a mão. — Se você cair...

— Eu não vou cair. Sei andar a cavalo antes mesmo de andar com as

minhas pernas. Você sabe disso. Na foto do álbum, quem era a bebê

sorrindo enquanto papai cavalgava com as duas? — Ela arqueou a

sobrancelha e eu balancei a cabeça. Bran tinha um ponto.

— Eu só estou preocupada.

— Então pare. Estamos bem. — Ela fez o cavalo dar voltas e eu

balancei a cabeça, suspirando. — Falou com Axel?

— Sim, estamos bem — disse e Bran acenou. Eu a observei fazer o

Brian se abaixar e, cuidadosamente, ela desceu dele. O cavalo era a pessoa

favorita do mundo para Brianna. Sim, ela sabia que ele não era uma pessoa.

— Fico feliz. Ainda não posso acreditar que Pierre está bem. É meio

louco. — Brianna franziu o cenho, segurando as rédeas de Brian.

— Sim, isso com certeza é.


Andamos para o celeiro com Brian, e eu parei diante de Bela. Ela

era a minha égua. Linda e forte. Ela estava prenha de Brian. Sempre tentei

vir vê-la, mas ultimamente eu a deixei de lado, confesso.

— Como está a minha garota? — questionei enquanto ela se

inclinava, colocando seu pescoço sobre o meu ombro. Abracei seu corpo,

alisando seu pelo.

— Brian a ama — Brianna murmurou alisando Bela, e eu acenei.

Ele a amava mesmo.

— Como vamos chamar o filho deles? — questionei a Bran.

— Justin. — Ela sorriu.

— O quê? Você está louca. — Neguei com a cabeça e Bran riu. —

Será Benji.

— Você fumou maconha? — Ela balançou a cabeça, indignada, e eu

revirei os olhos.

— É bonito.

— É ridículo.
Ficamos com a Bela por um tempo e depois nos sentamos. Bran

parecia cansada, e eu estava preocupada.

— Você está tomando suas vitaminas certinho?

— Sim. Tenho consulta amanhã, se quiser ir — ela ofereceu,

sorrindo.

Acenei, eu queria ir.

— Quando vai contar aos nossos pais? — questionei, vendo seu

sorriso deslizar.

— Eu acho que eles já sabem. — Ela suspirou e eu mordi meu lábio,

ponderando.

— Acho que sim, mas eles merecem que você lhes diga. Por favor,

Bran.

— Eu vou contar hoje, então.

— Agora — falei firme, me erguendo. Ela arregalou os olhos, em

pânico. — Você os magoará adiando mais ainda. Eu sei disso.

Minha irmã desviou os olhos dos meus e acenou antes de se erguer.


— Papai já está vindo para o almoço mesmo. — Ela engoliu em

seco e nós andamos para a casa. Passamos pelos meninos na tenda enorme

onde eles almoçavam, tomavam café e jantavam, às vezes. — Ei, seus

bundões! — Brianna gritou para todos e eles reviraram os olhos, divertidos.

— Boa tarde, meninos!

— Boa tarde, Fell! — eles responderam juntos. Seus sorrisos me

fizeram rir.

Quando entramos em casa, papai estava na mesa com mamãe e

Tabita. Nós nos sentamos depois que beijamos papai.

— Então, onde vai ser o casamento? — ele questionou, cortando o

bife que comia todos os dias.

— Estou pensando em fazer a festa aqui. O casamento será na igreja

— eu disse, pegando a salada do prato.

— Você vai ser a noiva mais linda do mundo. — Mamãe sorriu,

emocionada.

Bran acenou, concordando.


— Você é a mais linda, querida. Nossas filhas serão as segundas. —

Papai sorriu, encarando a mim e a Bran. Minha irmã se remexeu, engolindo

em seco e encarando nossa família.

— Pai, eu não vou me casar. — Ela suspirou enquanto papai sorria,

descartando sua fala. — Mas vou dar dois netos a vocês — Bran disse de

supetão.

Nossos pais a encararam em silêncio.

— São dois? — Tabita questionou, e Bran encheu os olhos de

lágrimas, acenando.

— Nós já sabíamos — mamãe afirmou e sorriu, pegando a mão de

Bran. — Eu conheço meus filhos, Brianna. Todos os três. Eu soube da sua

gravidez antes de você. Seu pai soube antes de você.

— Mamãe...

— Nós te amamos, e por mais que estejamos magoados por você ter

esperado tanto tempo para contar, nós te apoiaremos. Sempre, Brianna —


papai falou de maneira firme, fazendo minha irmã soluçar e levar a mão à

boca.

— Eu estou com tanto medo — ela confessou quando nos

levantamos e a abraçamos. — Um já estava me apavorando, agora dois?

Meu Deus, eu não sei o que vou fazer.

— Você vai conseguir, baby. Eu consegui, lembra? — Mamãe olhou

entre nós duas e eu acenei, certa disso. — Vocês só me entregaram amor em

dobro. É tudo em dobro, então o amor compensa.

— Precisamos falar com o pai. Isso não está em discussão — meu

pai falou sério e pegou seu chapéu. Ele o colocou na cabeça e olhou para

Bran. — Homem nenhum vai fazer filhos com minhas filhas e não vai

cuidar. Ele vai se responsabilizar.

Ele saiu antes que Brianna pudesse retrucar. Ela respirou fundo e

mordeu o lábio. Tirei sua atenção das palavras do nosso pai, falando sobre

os nomes dos bebês, mas Bran disse que não ia escolher agora.
Mais tarde, nós saímos juntas para a feira e levamos nossas roupas

para a doação. Ajudamos as organizadoras com cada detalhe e, quando tudo

estava pronto, eu suspirei satisfeita. Estávamos em um campo aberto e

várias barracas estavam dispersas pelo local. Tinha comida, brincadeiras e

doações em todos os lugares.

— Você está com sede? — perguntei a Brianna quando ela se sentou

na barraca do beijo. Já estava anoitecendo, logo as pessoas chegariam.

— Um pouco.

Dei uma garrafinha para ela, que bebeu rapidamente. Vi Axel ao

longe e balancei a mão, chamando sua atenção. Ele caminhou para mim e

me puxou contra seu corpo. Beijei seus lábios e sorri.

— Você está linda, mas precisamos nos afastar agora dessa barraca.

Você pensou por um momento que ficaria nela? — ele questionou sério,

fazendo Bran rir. — Oi, cunhada.

— Oi, cunhado.
— Vamos ver o coral. Eles cantam bem — Axel nos chamou, mas

Bran balançou a cabeça.

— Querido, hoje eu vou beijar várias bocas. Um desses homens vai

esquentar minha cama, então eu passo — ela falou completamente séria, e

eu a encarei, rindo. Eu não acreditava nela nem por um segundo.

Axel me levou para o coral e eu fiquei apoiada em seu peito

enquanto seus braços me rodeavam. As crianças de idades distintas

cantavam algumas músicas, e eu sorri para um menino em especial. Ele

estava batendo o pé constantemente, olhando para todos os seus

companheiros.

— Ele é bonito — Axel afirmou sobre minha cabeça e eu o encarei.

Ele estava me vendo observar o garoto.

— Sim, ele é — concordei, sorrindo. Voltei a olhar para o menino e

seu sorriso agora era destinado a mim. Seus olhos eram escuros enquanto

sua pele era da cor de jambo, como a de Axel. Seu cabelo liso era um pouco

longo, e ele o balançava para sair do rosto.


Eu continuei o olhando e sorrindo quando seus olhos encontraram

os meus. Ele cantou várias músicas enquanto eu o admirava,

completamente apaixonada. Ele deveria ter quatro ou cinco anos, no

máximo.

— Você quer conhecê-lo? — Axel perguntou quando eles

finalizaram, se curvando para nossas palmas. Uma moça o pegou do palco e

o segurou nos braços. Ele brincou com o cabelo dela e eu lambi meus

lábios, balançando a cabeça.

— Acho que não — disse com dificuldade, e Axel me fez o encarar.

— Sardas, vocês se apaixonaram à primeira vista. Vamos lá. — Ele

acenou em direção ao garoto enquanto eu arregalava os olhos.

Axel me puxou em direção à moça, que sorriu ao nos ver. O garoto

me encarou e seu rosto se iluminou de uma forma tão bonita, que eu

pisquei, afastando a emoção.

— Tudo bem? Quem é esse garotão? — Axel questionou sorrindo

para o garoto. O menino sorriu para ele por um segundo, mas seus olhos
voltaram para mim. — Você gostou dela?

— Sim! — ele gritou, e nós rimos juntos. Olhei para a mulher o

segurando e pedi permissão com os olhos. Ela acenou e eu estendi meus

braços. O menino veio rápido e eu senti seu cheiro de pureza. Delicado e

puro.

— Qual o seu nome? — Axel questionou.

O garoto nos encarou sem responder, porém, a moça o fez.

— Sean.

Meu coração perdeu uma batida enquanto lágrimas embaçavam

minha visão. O garoto pôs as mãos em meu rosto e limpou minhas lágrimas,

com os olhos confusos.

— É sério? — Axel questionou, me fazendo abraçar o menino mais

apertado.

— Sim, Sean é nossa criança mais nova, tem três anos — ela

respondeu.
Eu perdi meu coração para a criança, sentindo seus lábios beijarem

minhas bochechas molhadas.

Eu me virei para encarar Axel e ele sorriu, beijando minha testa.

Seus braços nos envolveram e eu suspirei. Eu estava em casa. No meu lar,

mas eu queria aquele pedaço sorridente e bonito comigo.

— Ele será nosso, Sardas.

Eu não duvidei dele nem por um segundo.


Você tem certeza de que a vida é boa quando o mundo coopera.

Minha vida era incrível. Eu tinha uma mulher incrível, uma casa boa, um

trabalho que eu amava e uma família saudável. Só faltava ele. Eu esperava

por ele. Felicity esperava por ele.

— Calma, Sardas — disse, afastando sua mão da boca. Estávamos

indo buscar Sean para levá-lo conosco para a nossa casa. Seria um processo

de seis meses, onde ele viveria com a gente até a decisão do juiz sobre

podermos adotá-lo ou não. A possibilidade negativa existia, mas nem eu e

nem Felicity falávamos sobre essa opção.

— Não tem nenhum motivo para que seja negado. Vocês serão pais

incríveis para Sean. Ele já ama vocês.

— Ele me pediu para nos chamar de mamãe e papai. Eu deixei, mas

ele ainda não chamou — Fell respondeu à assistente social, e ela sorriu.

— Tudo no tempo dele, Felicity.

— O.k. — Ela se ergueu, esfregando as mãos na calça jeans e

andando pela sala.


A porta se abriu e Sean correu para Sardas, rindo e dando gritinhos.

Ela o pegou nos braços, rindo, e fez cosquinhas nele.

— Como você está? Ansioso para conhecer seu quarto? — ela

perguntou, sorrindo.

Ele acenou diversas vezes, com os olhos arregalados.

— Sim!

Beijei a cabeça dele e sorri para Felicity. Seus olhos azuis estavam

molhados e eu estava consciente do quanto ela já amava Sean. Estávamos

em processo de adoção há meses, fazendo visitas e levando-o para brincar

fora conosco e nossa família.

Felicity decorou o quarto dele sozinha, pois queria ela mesma fazer.

Lógico que ajudei, mas ela estava criando um templo para nosso bem mais

precioso. Sean. O quarto era cheio de estrelas e planetas, pois ele amava o

espaço.

— Se cuidem e nos veremos em breve — a assistente falou e deu

tchau para Sean.


Horas depois, eu abri a porta e os dois entraram em nossa casa. Sean

estava no chão e olhou ao redor. Seus olhos brilharam quando chegamos ao

seu quarto.

— Eu posso tocar? — Sua pergunta me fez rir, e Sardas também,

acenando.

— É tudo seu, Sean. — Felicity sorriu, afirmando, e ele arregalou os

olhos.

Sua atenção ficou focada nos brinquedos, e eu suspirei, abraçando

Sardas. Ela descansou a cabeça em meu peito, me abraçando também.

— Obrigado por tanto — eu disse a ela contra seu cabelo. Felicity se

afastou e segurou minha bochecha.

— Eu te amo, Axel. Mais que tudo.

— Você é minha vida. Vocês dois são — disse, acenando para o

menino bonito que brincava com um caminhão.

— Mamãe! — Sean gritou, vendo o carrinho andando, e correu para

as pernas de Felicity com medo. — Ele mexe, papai! — Ele continuou


alarmado, enquanto eu e sua mãe apenas ficamos calados, boquiabertos pela

maneira como ele tinha nos chamado.

— Ele mexe, pois tem bateria. Você pode desligar bem aqui — eu

disse, pegando o caminhão. Mostrei a Sean como desligar, e ele sorriu,

batendo palmas, animado.

— Eu amei meu quarto.

— Foi a mamãe que fez de estrelas. Sabia? — eu disse, encarando

os dois com divertimento, enquanto ele segurava o rosto de Felicity entre as

mãos.

— Obrigado, mamãe.

— De nada, querido. Eu amo você.

— Eu também te amo. O papai também — ele acrescentou

rapidamente, e nós dois rimos.

Sean dormiu em nossa cama aquela noite, e Felicity afastou as

lágrimas dos olhos diversas vezes. Ela me encarou e mordeu o lábio.

— Eu estou grávida.
— O quê? — Queria gritar, mas Sean estava dormindo.

— Eu sei, é loucura. Mas meses atrás meu médico disse que eu

estava liberada para tentar. Eu não te falei, pois não queria criar esperanças.

— Ela respirou fundo e sorriu, deslizando a mão pelo cabelo longo de Sean.

Me inclinei e toquei sua barriga ainda plana. — Vamos ter mais um bebê.

— Eu... porra, não acredito — gaguejei. Ela me deu um olhar

mortal, por conta do palavrão. Eu não podia mais falar, por causa de Sean.

Estávamos fazendo uma limpeza no vocabulário, segundo Sardas. —

Desculpe. Só não consigo acreditar que é real.

— Nós freamos. Aí aconteceu.

— Eu odeio essa palavra.

— Eu te amo, Freando.

— Você tem sorte de nosso filho estar entre nós. Eu poderia estapear

sua bunda e você não poderia se sentar por vários dias — disse firme, e ela

mordeu o lábio, maliciosa.

— Tente, baby.
Porra! Sardas seria a minha morte.
PASSADO
Virei o copo de cerveja e engoli o líquido forte. A bebida desceu
gelada, acalmando meu corpo. Eu queria beber. Muito. Queria esquecer.
Pela primeira vez, eu só queria tirá-lo da minha mente. Tirar seus olhos, seu
sorriso, seu abraço e suas palhaçadas. Eu queria esquecer a dor que a sua
ausência causava.
— Você já bebeu demais. — Axel, o dono do bar, semicerrou os
olhos e tirou o copo de vidro das minhas mãos.
— Leon não acha isso. — Dei de ombros, pegando o copo
novamente e o erguendo para seu funcionário.
Axel se virou e olhou ao redor, pronto para fazer seu show. Ele era
uma dor de cabeça para Felicity, minha irmã, que estava no momento sem
poder entrar no maldito bar. Axel proibiu sua entrada depois de vê-la
beijando seu barman. O grande idiota.
— Não dê mais bebida a ela — ele gritou para Leon, o barman que
minha irmã beijou, e voltou a me encarar. — Você não consegue ir para
casa. Eu não posso ir deixá-la, mas vou pedir ao meu irmão para fazer isso.
Ele resmungou enquanto eu revirava os olhos. Eu era adulta e podia
muito bem cuidar de mim mesma. Axel era como Kai, Hank e Cain, que
adoravam dar palpites.
— Eu estou bem, obrigada. — Eu me movi para fora do banco,
jogando algumas notas no balcão.
— Não. Você não está. — Axel se aproximou depois de ultrapassar
o balcão e segurar meu braço, me empurrando pela multidão.
— Axel, por que você não se preocupa com a sua vida? — perguntei
rudemente.
Ele apenas acenou para as pessoas que o cumprimentavam, fingindo
não me escutar.
— Jacob, você pode levar Brianna para casa? — ele questionou
assim que chegamos à rua, a alguém que estava na sua frente. E eu sabia
quem era. Seu irmão mais novo, o sardento e de cabelo acobreado. Fazia
tempo que não o via. Muito mesmo.
— Jace, eu não preciso de ajuda, mas obrigada — eu disse, me
soltando da posse de Axel e passando por ele para ir para longe, em busca
de um táxi.
Ergui meu rosto e logo captei o homem parado diante de nós. Ele
franziu as sobrancelhas claras e cruzou os braços cobertos por uma jaqueta
de couro. Seus jeans eram justos e seus pés estavam cobertos por um All
Star. Sério? All Star?
— Ela parece bem. — Sua voz entoou de forma prepotente.
Arqueei as sobrancelhas. Ele não se parecia em nada com o irmão
mais novo de Axel que eu conhecia. À distância, pelo menos. Jacob era
grande e bonito demais para seu próprio bem.
— Sim, é porque eu estou — respondi de maneira firme.
Ele não me olhou. Seus olhos, que eu não conseguia saber de qual
cor eram, fitavam apenas o seu irmão, como se eu fosse invisível.
— Ei! Eu estou aqui.
— Leve-a. Não quero problemas com Felicity. Você está
responsável por ela. — Axel apontou para mim e saiu, nos deixando
sozinhos.
Jace me olhou por vários segundos antes da sua atenção deslizar
pelo meu corpo. Semicerrei os olhos e o garoto engoliu em seco, agora
notoriamente envergonhado por ter sido pego.
— Me leve para casa e eu posso foder você no caminho — disse de
supetão. Seus olhos se arregalaram, choque se espalhando por seu rosto.
— Você... esquece. — Ele balançou a cabeça e pegou meu braço,
me puxando em direção a um carro. A pick-up estava estacionada logo à
frente, e Jacob me enfiou no carro, tendo cuidado para não me machucar.
Eu me sentei, e quando ele se inclinou para colocar meu cinto de segurança,
eu senti o cheiro de sabonete e madeira vindo da sua pele. Minha respiração
acelerou e eu capturei meu lábio. Seus olhos me encararam ao se afastar e
eu forcei um sorriso malicioso.
— Quer aqui mesmo? — perguntei, deixando minha voz mais baixa.
Bati meus cílios e mordi meu lábio novamente, seduzindo o garoto. Jacob
não podia ter mais que dezoito anos. Ele cheirava a leite e a fraldas.
E eu não dava a mínima.
— Você é inacreditável.
— Você não imagina o quanto.
Balançando a cabeça, Jacob se afastou e entrou no lado do
motorista. Coloquei meu endereço no GPS do seu carro e relaxei no banco
de couro. Era bem confortável.
— Qual o seu nome? — Jacob interrompeu a música suave que
tocava.
Eu virei o rosto para encará-lo.
— Seu irmão falou minutos atrás e eu tenho certeza de que já me
viu pelo bar. — Sorri, deixando-o desconcertado novamente. Eu gostava
disso. Era tão fácil deixá-lo envergonhado.
— Já vi você, é óbvio. Quem não vê? — ele falou, rindo e nervoso,
enquanto dirigia em direção à minha casa. — Agora, seu nome, não. Não
me recordo. Sinto muito, Miss Importante.
Eu senti um tremor passar por meu corpo e só depois percebi que
era uma risada. Há tanto tempo que não fazia isso, que eu fiquei
instantaneamente grata a Jacob.
— Brianna. — Eu o encarei, ainda rindo, e ele devolveu o gesto.
Seu rosto era anguloso, afilado, várias garotas pagariam milhares de dólares
para ter os seus lábios. Eles eram grossos e rosados. Axel e Jacob não
tinham nada em comum. Enquanto Axel era negro, seu irmão era ruivo. Tão
bonito que poderia ser considerado um pecado capital.
— Bonito nome. O meu é Jacob. Não Jace.
— Eu sei — respondi, ainda fissurada em sua boca, vendo seus
lábios serem esmagados um no outro. Ergui minha atenção para seus olhos
e o peguei me encarando. — Jace é apelido — expliquei, engolindo em
seco.
Ele sorriu. Inferno. Eu não sabia que ele podia ficar mais bonito,
porém, lá estava ele, sendo um maldito.
— Ah, hum, eu gostei, Girassol. — Ele continuou sorrindo e eu
respirei fundo, tentando parar de o olhar como uma idiota. Pera, ele me
chamou de quê?
— De nada, Jace. — Dei de ombros, fazendo-o rir e evitando tocar
em meu apelido.
Eu me virei para a janela e encarei a noite escura pelo vidro.
Passamos por uma ponte e o barulho da água que corria por baixo me fez
relaxar.
Era ali que vínhamos quando queríamos fugir. Eu e ele. Era nosso
refúgio.
Sean.
Fazia poucos meses que ele foi tirado da minha família. Dizem que
fica mais fácil com o tempo, que deveria doer menos a cada dia, mas eu não
sentia essa regressão de dor. Só ficava mais forte.
— Você está bem? Quer vomitar?
A voz de Jacob interrompeu minha divagação sobre meu irmão.
— Não estou tão bêbada. — Eu o olhei. — Axel acha que toda
mulher fica embriagada com quatro copos de cerveja. Eu não fico — disse
de maneira firme, lembrando a minha irritação com Axel.
— O.k. — Ele começou a rir, acenando. — Você sempre morou
aqui? — Jacob procurou meus olhos e eu acenei.
— Sempre.
— Não lembro de vocês. Digo, você e Felicity. Sei dela, pois Axel é
meio louco por ela desde os treze anos. Eu fiquei vendo os dois em uma
guerra até os quinze. Depois meus pais decidiram deixar a cidade e fomos
embora.
— Então você não mora aqui? — Apertei minhas mãos em minhas
coxas nuas e seus olhos desviaram do meu rosto para minhas pernas por
alguns segundos. Eu estava de saia jeans curta e botas. Minha blusa tinha
mangas, mas estava amarrada na cintura, deixando dois dedos de pele
aparente. Eu me vestia exatamente como uma caipira sexy. E eu amava.
— Não. Eu vim passar um tempo com Axel, no entanto. Sem
previsão de volta.
Seu olhar preso ao meu me dizia que suas palavras continham coisas
não ditas. Eu não precisava perguntar a ele para saber delas.
— Você é legal, Jace — murmurei, me inclinando, fazendo meu seio
descansar no braço dele. Jacob era magro, mas tinha músculos firmes. Ele
era alto e possuía ombros largos que faziam qualquer mulher se sentir
pequena e indefesa. Eu me sentia assim.
E eu gostava.
— Você também.
Ele estacionou em frente à minha fazenda e eu sorri, lambendo meus
lábios e mordendo a carne no final.
— Eu o convidaria para entrar, mas meu pai não ficaria contente —
falei, suspirando.
Jacob se mexeu rapidamente, me fazendo ficar tensa, assustada com
seu movimento repentino. Sua mão saiu do volante e deslizou pela minha
bochecha até alcançar meu cabelo. Jacob segurou meus fios loiros entre os
dedos e deixou os lábios próximos à minha boca.
— Ele não ficaria contente com as coisas que estão passando em
minha mente também. — A voz dele ficou rouca e minha pele arrepiou ao
mesmo tempo em que minha calcinha começou a umedecer.
Ele é uma criança, Brianna, por Deus!, minha voz irritante gritou e
eu lhe dei o dedo do meio. Ele não parecia uma criança para mim. Nem um
pouco.
Eu me inclinei para beijá-lo, mas Jacob se afastou rindo. O maldito
sedutor. Semicerrei os olhos e me afastei.
— Você está realmente me negando um beijo? — questionei,
erguendo as sobrancelhas.
Ele se aproximou novamente, porém em direção ao meu pescoço.
Jacob lambeu minha pele, me fazendo estremecer pela segunda vez. Porra.
— Vou beijar você.
— O que...
— Porém, apenas quando estiver sóbria.
Ele mordeu minha orelha e eu fechei meus olhos suspirando. Meus
seios ficaram pesados e eu pedi a quem estivesse me ouvindo para que ele
me tocasse. Por favor, por favor...
— Estou lúcida — falei irritada quando ele se afastou mais uma vez.
Suas mãos deixaram meu corpo e eu mordi meu lábio, contendo um gemido
de desagrado.
— Talvez esteja, mas não vou arriscar.
— Que seja. — Tirei o cinto de segurança e abri a porta do seu
carro. Desci do veículo e bati a porta com mais força do que o normal.
Do lado de fora, eu ainda escutava sua risada estúpida.

DUAS SEMANAS DEPOIS...


— Você sabe que quer. — A voz de Tierry chegou a mim enquanto
cavalgava à sua frente em direção ao pasto. Uma das minhas meninas
estava dando à luz. Eu precisava estar lá.
Eu era a responsável pelo funcionamento da fazenda ao lado do meu
pai desde que completei dezesseis anos. Eu amava cada canto dessas terras,
cada animal e cada funcionário. Tierry era um deles.
— Não quero. Uma vez, esse foi o combinado! — gritei enquanto
sentia meu cabelo ser açoitado com o vento. Meus lábios se esticaram e eu
suspirei, sentindo paz preencher meu corpo. Era bom. Não, galopar era
ótimo.
— Sim, mas estou com saudade — ele gemeu, me alcançando, e eu
revirei os olhos. Tierry era um dos meus aliados na fazenda. Não que eu
precisasse, mas ele era meus olhos e ouvidos. Antes de tudo, ele era meu
amigo. Meu melhor amigo.
— Já falei! Da última vez você fez merda. Obrigada, mas não —
disse, fazendo Brian desacelerar ao chegarmos ao nosso destino. Desci do
meu cavalo e alisei seu pelo enquanto o beijava.
— Brian, me ajuda. — Tierry juntou as mãos e meu cavalo
relinchou, me fazendo rir.
— Ele negou.
Tierry tentou novamente e eu neguei. Apostamos uma vez meu
carro e ele ganhou. Lembrar do meu carro coberto de lama me fazia negar
com mais afinco. O idiota foi fazer uma espécie de rali com meu 4x4
novinho. Quase o matei no dia.
Andei para o galpão onde uma das vacas estava e entrei, vendo
Gaab. Ele era funcionário do Kai Ross, meu vizinho e fazendeiro.
— Olá, querido. — Sorri, lambendo meus lábios. O homem era
lindo e uma verdadeira tentação. Aproximei-me, vendo-o sorrir.
— Eu admito que você é linda, mas eu não curto garotas — ele
interrompeu meu flerte.
Semicerrei os olhos. Não acreditava nisso. Procurei Helena
enquanto empurrava meu chapéu para trás.
— Ei, linda — disse, sorrindo. A esposa de Kai sorriu, se erguendo.
Suas mãos estavam cobertas por luvas e ela estava com um jaleco branco.
Helena era veterinária. Joshua, nosso funcionário, estava de férias. Ele se
casou no último fim de semana e Helena estava me ajudando. — É verdade
que Gaab gosta de meninos?
— Ei! Nossa menina está quase. Em alguns minutos o bebê nasce —
Lena falou, apontando para a vaca, e eu acenei, ansiosa. — E sim, Gaab é
gay.
— Vou ficar por aqui para assistir. Como você está? Sobre Gaab,
tudo bem. Sem mágoas — disse, fazendo os dois rirem.
— Bem. Kian está com Kai pela fazenda. Isso me deixa um pouco
apreensiva, mas eu confio em meu marido. — Ela riu, nervosa, e eu mordi
meu lábio, rodeando a mulher.
— Não deveria.
— Brianna!
Dei de ombros, rindo e ficando com Helena pelas próximas horas. À
tarde, eu precisava ir à cidade comprar ração, então saí às pressas. Billy era
o encarregado das compras, mas ele faltou hoje, pois estava doente.
— Você sumiu, Girassol. — Eu me virei antes de entrar na loja ao
ouvir a voz inconfundível de Jacob. Suas mãos estavam dentro dos bolsos
da calça jeans e seu peito estava coberto por uma blusa de manga longa.
— Eu estava exatamente onde você me deixou — disse, inclinando
a cabeça para o lado. Jacob deslizou os olhos por meu corpo coberto apenas
por um vestido de verão florido e botas. — Por que Girassol? — questionei,
vencida pela curiosidade. Tentei adivinhar, mas nada aparecia em minha
mente.
— Luz.
— O quê? — Franzi o cenho, ainda mais confusa.
— Você é luz. Não me pergunte, eu apenas vejo isso. — Ele me fez
ficar sem palavras e isso não era comum. Engoli em seco e mordi meu
lábio. — Saia comigo.
Duas palavras e todo o entusiasmo deixou meu corpo.
— Eu não saio, Jace. Eu fodo — falei firmemente e o vi respirar
fundo, talvez um pouco chocado, mas isso deixou seu semblante. Ele só
ficou divertido.
— Porra, você é a única mulher que existe que não quer sair.
Encontros? Parque de diversão? Jantar? — ele riu, questionando.
— Não. — Revirei os olhos. — Se eu sei o que eu quero de você e
você sabe o que quer de mim, para que prolongar com bebida, comida e
conversas bobas? — Joguei os questionamentos para Jacob e ele ficou
momentaneamente sem fala. — Você quer dormir comigo?
— Isso ainda é questionável? — Jace franziu o cenho e eu me
aproximei dele até estar com o peito colado em seu corpo.
— Então nós vamos. Porque é exatamente isso que eu quero.
Nunca fui tão sincera.
Jacob pegou meu número e enviou seu endereço por mensagem. Eu
o deixei na calçada da loja e entrei sorrindo ao adicionar seu contato.
Jace.
***************
À noite, coloquei um vestido vermelho apertado para ir ao encontro
de Jacob. O tecido abraçava minhas curvas e o decote era fundo. As alças
eram largas e o colar pequeno e delicado não fazia muito para chamar
atenção.
Saí de casa depois de passar perfume e aplicar maquiagem. Meus
olhos estavam esfumados com marrom, e meus cílios, alongados pelo rímel.
O batom vermelho me deixou com os lábios maiores, gostei disso.
Talvez eu tivesse me produzido demais, porém não me arrependia.
Jacob iria babar em mim a noite inteira.
Apertei a campainha do apartamento e esperei, movendo meu peso
de uma perna para a outra. Quando ele a abriu, minha boca se encheu de
água. Caramba! Sua barriga era lisa e tonificada, porém nada de gominhos.
Eles não faziam falta, no entanto.
— Eu vou gozar em cinco minutos. — Ergui meus olhos assim que
Jacob rosnou. Seus olhos estavam por meu corpo, e eu suspirei, satisfeita.
— Não ouse — disse, rindo e entrando na sua casa. O lugar era
legal, mas eu via a bagunça que ele tentou arrumar. Tadinho.
— Você quer beber algo? — Sua mão deslizou pela minha cintura e
seus dedos se abriram em meu ventre. Encostei em seu peito e neguei.
Empurrei minha bunda em sua direção e ouvi Jace gemer.
— Sem papo, sem bebida e sem comida. Regras, Jace.
Ele aproximou a boca entre minha cabeça e o ombro e beijou minha
pele. Tremi sob seus lábios e senti sua mão sair da minha barriga e ir para
minhas costas. Jace desceu meu zíper e eu o ajudei a deslizar meu vestido.
Quando o tecido caiu no chão, dei um passo para a frente e me virei.
Meus seios estavam cobertos pelo sutiã e minha calcinha minúscula mal
cobria minha bunda. Os olhos que agora eu sabia que eram azuis
escureceram e Jacob engoliu em seco.
— Você é perfeita.
— Seu quarto? — questionei, me virando e andando para o corredor.
Abri a primeira porta e sorri ao sentir o cheiro almiscarado e amadeirado.
Homem.
Entrei no espaço assim que as mãos dele tocaram minha cintura.
Jacob me virou para me encarar enquanto andava para trás, até minhas
pernas baterem na cama e eu me sentar.
— Eu tenho dezenove, para deixar claro, e não, Brianna, eu não sou
inexperiente. Eu sou um alfa — ele falou de maneira firme. Eu queria rir
por um momento, mas não o fiz ao ver seu olhar frio e duro. Tão
imprudente que me fez gemer. — Eu nem te toquei e você já está gemendo.
Hoje, você não vai estar no controle.
— Não sou controladora...
— Sim, você é. — Ele me ajudou a ficar ajoelhada em cima da
cama e seus braços me rodearam. Meu sutiã foi descartado e suas mãos
seguraram meus seios, pesando-os. — Mas hoje não será.
As palavras sumiram quando ele se inclinou e seus dentes
deslizaram sobre meu mamilo sensível e endurecido. Jacob passou a língua
de leve e eu mordi meu lábio, segurando seus ombros. Jacob abandonou o
meu peito e sua carícia subiu até minha orelha.
— Vou beijar você depois de beijar sua boceta.
Porra. Esse homem existia mesmo?, pensei enquanto ele me fazia
deitar e puxar minha calcinha. Fiquei completamente nua e observei Jacob
tirar a calça e ficar apenas de cueca. Suas mãos seguraram meus quadris e
seus ombros afastaram minhas pernas.
O primeiro toque dos seus lábios em minha boceta me fez pular.
Jacob me prendeu contra a cama com sua mão grande e eu choraminguei ao
sentir novamente sua língua me atormentar. Meus gemidos cresceram
quando ele apertou meu seio. Minha vagina latejou e eu gritei ao sentir o
clímax ultrapassar meu corpo.
Jace subiu até ficar com o rosto diante do meu. Suas mãos
seguraram minhas bochechas e ele desceu sua boca até a minha. Provei meu
gosto em seus lábios e estremeci quando ele deslizou a língua em minha
boca. Chupei sua carne molhada e enfiei minhas unhas em suas costas.
Jacob gemeu em minha boca enquanto eu descia sua cueca e segurava seu
pau em minha mão. Com toda maldita certeza, esse pau não era de uma
criança.
Chupei seu lábio e Jacob se afastou, beijando e mordendo meu colo
até voltar a atacar meus seios já sensíveis. Quando ele pegou a camisinha na
mesa de cabeceira, eu o provei sem demora. Beijei seu pescoço e lambi a
pele clara e bonita.
— Você é tão gostoso — murmurei, gemendo.
Jacob me afastou, puxando meu cabelo devagar.
— Você é mais.
Ele colocou o preservativo e segurou meus quadris. Jace me pôs em
seu colo e eu suspirei quando o senti me invadir.
— Jacob...
— O que você quer? — ele questionou.
Ergui meus olhos, vendo o desafio na imensidão azul-escura. Jacob
queria minha rendição. Era bonito e sedutor de se ver.
— Me faça sentir.
Ele fez.
Uau! Na metade deste livro para o fim, eu fiquei tão confusa,

dividida e confusa novamente. Eu achei que Felicity e Axel seriam

personagens fáceis de trabalhar, mas eu me enganei. Com uma bagagem

cheia, esses dois me fizeram suspirar diversas vezes. Eu espero que vocês

também.

Obrigada a todos que leram este livro. Queria agradecer muito a

cada leitor e às pessoas que trabalham comigo para este romance chegar aí

nas mãos de vocês. Sou grata a Deus pela oportunidade e dom da escrita.

Eu sou muito realizada na minha profissão e isso me enche de alegria.

Vocês estão prontos para Brianna?

Beijos!
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obrigada!
Cada passo, decisão e momentos da minha vida estavam selados. Eu aceitei meu destino
assim que me foi imposto. Fui uma verdadeira princesa, elegante e maleável. Me casaria com o
consigliere da Cosa Nostra e seria uma rainha.
Ou foi o que achei até que ele entrou em meu caminho e quebrou minha coroa, antes mesmo
dela ser posta sobre minha cabeça.
Rocco Trevisan a pegou entre os dedos e a despedaçou. Em seu lugar, fui presenteada com
uma gaiola que me manteria presa para sempre. Ele me escolheu e pela primeira vez eu odiei ser a
boa garota da famiglia.
Eu odiei a elegância e educação me dada.
Eu quis ser diferente. Quis odiá-lo e fugir.
Agora, eu não podia.
Porque ele via dentro de mim. Ele sabia.
Eu amava a escuridão.
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DASHA
Eu nasci no berço da crueldade, mas ela nunca chegou tão perto de mim quanto no dia em que
sou sequestrada por ele . O homem tão frio quanto a neve que cobre o meu cativeiro me fez
compreender o que era desejar e temer alguém com tamanha força.
YERÍK
Eu não nasci corrompido. Fui moldado por quase uma década em um clube de luta onde eu
era o monstro que eles queriam exibir. Voltar e ver que toda minha família foi morta por Kireyev me
deu um propósito. Eu o farei pagar, corrompendo sua herdeira intocada e inocente
Ela queria ser livre.
Ele queria vingança.
Ambos em um cativeiro preenchido de perversidade, onde a escuridão irá corromper a luz.
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Luca ama a adrenalina, correr é o que o faz sentir-se completo.
Alícia ama a arte, é nos pincéis sujos com tinta que sempre se encontra.
Ambos não sabiam que uma fuga inesperada faria o destino entrelaçar suas vidas de maneira
permanente.
Muito se finge por trás de um volante.
Muito se esconde por trás de um cavalete.
Duas almas em busca da felicidade, duas pessoas buscando a liberdade.
Eles se odeiam, fogem da atração insana que os rodeia. Mas quando a liberdade que tanto
almejam tem gosto do paraíso, eles vão decidir se perder um no outro ou lutarão como excelentes
inimigos?
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MARIANO
Governar o submundo de Nova Iorque era a minha prioridade, estar à frente de dezenas de
homens era o que eu sabia fazer melhor, porém, quando minha vida muda e traidores começam a
surgir de onde menos se espera, é no desconhecido que me encontro.
ADALIND
Meus sonhos me levaram diretamente à cidade do pecado, onde o diabo está à espreita. A
escuridão nos olhos dele me deixa inerte. A obsessão que surge me amedronta, mas seu toque me
rende. E quando menos espero, no colo da fera é que encontro paz.
Ele é um mafioso marcado.
Ela é uma bailarina na faculdade.
A obsessão de um homem poderoso por uma garota ingênua nunca foi tão perigosa.
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PARTE 1
Serenity não imaginou chegar ao extremo em tão pouco tempo. Quase dois anos na faculdade
foram suficientes para perceber que ser independente e lidar com as dívidas do irmão requer muito
dinheiro.
Quando sua melhor amiga a convida para conhecer o seu trabalho tão secreto, jamais passou
pela cabeça de Ren que ela era uma sugar baby, muito menos que aceitaria fazer o mesmo.
Na sua primeira noite, ela esperou várias coisas, mas nunca que o seu primeiro sugar daddy a
levasse ao jantar de Natal da sua família.
Devon é mais velho, rude e incrivelmente sedutor, e Ren não é capaz de resistir, nem se
quisesse.
Porém, quando novos encontros surgem, ambos começam a questionar a importância de um
para o outro e a colocar na balança se vale a pena ficarem juntos.
PARTE 2
Devon Chanse e Serenity Price são um casal pouco comum.
Ele é um milionário de quarenta e seis anos, ela é uma estudante de vinte e dois.
As pessoas comentam, oprimem e duvidam do amor dos dois.
Quando o casamento de ambos se aproxima e uma gravidez não planejada acontece, Ren se
pergunta se o amor será suficiente contra a opinião dos desconhecidos e principalmente da sua
família.
O amor tudo suporta, tudo crê, mas... será mesmo?
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Ele era famoso, um dos jogadores de futebol americano mais premiados dos Estados Unidos.
Ela era uma enfermeira que lutava bravamente contra a depressão da mãe e o abandono do pai
quando ainda era pequena.
Duas pessoas completamente diferentes que o destino uniu da forma mais dolorosa possível.
A paraplegia mudou a vida dele drasticamente e, a dela, se modificou por ele.
Um amor capaz de curar as feridas mais profundas pode fazer duas pessoas ultrapassarem o
medo de não serem suficientes?
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Ele é um CEO cruel.
Ela é uma mãe solo.
Ele quer vingança.
Ela não sabe o que fez.
Ele não entende por que a quer tanto.
Ela guarda segredos que mudariam tudo.
Ele vai fazê-la ruir por suas mentiras.
Ela é sua cunhada.
Ele é irmão do seu falecido marido.
É errado, é cruel, é intenso.
É um erro prestes a acontecer e mudar completamente tudo .
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Depois de um acidente que quase tirou sua vida, Laura Lancaster sabe de três coisas sobre si
mesma.
Ela é solteira, pediatra em um hospital renomado e agora está grávida de um homem
misterioso que ela não entende como e nem por que se entregou tão facilmente quando se
conheceram.
Sua mente esquecida também não faz ideia de que esse homem intenso e sarcástico é também
seu marido.
Henrique D’Ávila sabe de três coisas.
Ele é casado, completamente apaixonado pela esposa e um CEO bilionário.
Com uma fortuna de dar inveja a muitas pessoas, Henrique a daria a qualquer pessoa que
fizesse Laura se lembrar que os dois eram casados e que ela pertencia a ele.
Isso nunca aconteceria. Apenas o tempo traria as suas lembranças de volta.
Laura descobriria em breve que seu marido nunca foi paciente.
O tempo está correndo e Henrique está disposto a fazer Laura amá-lo mais uma vez.
Mesmo que para isso tenha que se inserir na vida dela como um desconhecido.
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Jayden Treton é uma chama brilhante que fascina e te envolve.
Ele é instável, misterioso e bonito demais para o seu próprio bem. Eu sabia que era arriscado,
mas meu lado impulsivo adorava brincar com fogo.
Pelo menos até eu começar a queimar.
O amor de Jayden é perigoso. Para meu corpo e coração. Suas mentiras são belas, mas
escorregadias. Às vezes, eu só desejava a verdade, mesmo que ela fosse me destruir.
Eu sou Avery Wright e essa é a história de como eu tentei escapar do amor perverso de
Jayden, mas eu soube tarde demais que fugir dele é impossível.
E cair na tentação é mais fácil do que eu imaginava.
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Durante a vida de Enrico Bellucci nada o chocou. Nunca. Mas quando, numa ida a Las
Vegas, ele decide fazer uma visita à casa de um velho rico que está fodendo com os negócios do
chefe, Enrico sabe que algo está errado. Mas nada poderia ser tão errado do que encontrar uma garota
em estado de decomposição. Ela está viva, mas tão suja e sem nenhum cuidado... ela parece que não
come há dias.
Enrico é um homem frio, mas quando seus olhos pousam nela, ele quer matar o velho,
arrancar sua pele com sua faca e o fazer sofrer o tanto que ele fez a menina de olhos surpreendentes.
Ele quer matar por ela.
Giovanna não sabe o que é um lar. O que é uma casa. Ela perdeu tudo e foi mandada para o
inferno. Abusada e quebrada. Essa era a definição dela.
Agora, aos cuidados de um homem desconhecido, feroz e inquietante, ela se perguntava se
realmente tinha sido salva ou presa mais uma vez.
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Danton Flynn é o vocalista mulherengo, tatuado e aclamado da Dark Star. Mas, antes de
tudo ele tinha sido dela, da menina de cabelos pretos e olhos azuis. Daquela que fazia seu coração
pulsar e era a sua inspiração. Daquela que tinha o abandonado quando ele mais precisou.
Seu coração estava quebrado, mas as mulheres, shows e bebidas cobriam as rachaduras que
ele esconde e transforma em música. Dan estava bem, pelo menos até ver a menina que fez sua vida
miserável em um dos seus shows.
Poppy MacGregor não estava preparada para que os olhos azuis e muito brilhantes de
Danton pousassem sobre ela em um show com milhares de pessoas, mas eles pousaram. Ir ao
camarim e assistir sua melhor amiga se derreter por ele era necessário, ou pelo menos ela dizia isso a
si mesma.
Há marcas que o tempo não levou e nem poderia. Ser magoado uma vez causou um desastre.
Será que Dan estava pronto para a próxima tragédia ou dessa vez quem iria ruir era a menina que ele
sempre amou?
Poppy está pronta para as descobertas ou ela vai quebrar assim que as peças se encaixarem?
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