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Acheron - Nacionais

JOGANDO COM A SEDUÇÃO


LARINHA VILHALBA

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Capa: Carol Cappia


Revisão: Carol Cappia
Diagramação digital: Carol Cappia

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens, lugares
e acontecimentos descritos são produto da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.

Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento/e ou a reprodução de


qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios– tangível ou intangível –sem o
consentimento escrito da autora.

Criado no Brasil

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e punido pelo
artigo 184 do Código Penal.

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Sinopse

Ela, estudante aplicada de Geografia.


Ele, estudante aplicado de Direito.
Ambos da mesma Universidade, apenas prédios distintos.
Ela não quer relacionamento sério;
Ele namora há três anos...Mas as aparências enganam.
Ela é desafiada pelos amigos;
Ele é o alvo.
Assim começa o jogo de sedução. Até quando Marcelo irá resistir ao JOGO DE
SEDUÇÃO de Clara?

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente tenho que agradecer a Deus, pois sabe aquela história que ele escreve
certo por linhas tortas, pois é, isso é verdade. Acabei chegando no mundo fascinante da escrita
pelo modo mais improvável, e se não fosse ele nada disso teria acontecido.
Agradecer meu marido Mário e mamãe Maria, por terem me apoiado desde o início
sempre dizendo que eu era capaz de escrever. A minha sobrinha Larine por sempre estar do meu
lado e as minhas irmãs Fia e Aline.
Obrigada especialmente a Carol Cappia minha Super Gênia Ruiva que arrasa sempre, por
me apoiar e incentivar a continuar, por suas palavras e dedicação. Carol serei eternamente grata.
Não posso esquecer da minha florzinha de mamão macho Eva Maria, por sempre estar do meu
lado, por horas acordadas de madrugadas trocando e compartilhando ideias para o livro.
Agradeço de coração a cada menina do grupo do WhatsApp, que me apoiaram muito. Em
especial a Adriana Dutra, Munique, Dany Souza, Larissa Lorrane, Mariana Araújo, Lilian
Rodrigues, Fabiane Nascimento, Cleide Marcia, Elizabete Mesquita, Mikaele Silva, Debora
Marques, Iara Medo Lago, Juliana Ballaris...
PRINCIPALMENTE AO MEU FILHO!!!
Claro que não posso esquecer-me de agradecer a você leitor, muito obrigada.

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PRÓLOGO

Alguns anos Antes...

Despeço-me da minha mãe que chora. Afinal nunca é fácil uma despedida, ainda mais
depois de tudo que passamos. Mamãe sabe a dor que estou sentindo, e o motivo da minha
partida.
— Não vá minha filha, você pode fazer outra faculdade aqui pertinho, não precisa ir para
longe. Eles não vão mais pisar o pé em casa — minha mãe fala.
Sei que posso fazer faculdade na região, mas não quero, não posso, preciso ir. Aqui não é
mais o meu lugar.
— Mãe eu já disse, está na hora da senhora me deixar crescer. Preciso seguir meu
caminho — digo.
— Filha, eu não tenho culpa. Juro que se eu soubesse teria te contado. Jamais iria apoiar
uma coisa dessas.
— Eu sei mãe. — Uma lágrima teima em sair de meus olhos.
É difícil, mas a dor que estou sentindo vai passar.
— Jura que vai ligar? Promete que vai vir me ver sempre? — mãe pergunta chorosa.
— Eu juro e prometo! — A abraço mais uma vez. — Te amo mãe. Obrigada, mas agora
tenho que ir.
Pego minha bolsa, entro no ônibus, procuro minha poltrona e sento. Coloco os óculos
escuros e fones no ouvido, olho pela janela. Vejo minha vida passar como um filme. Como pude
acreditar em tudo? Como pude ser tão cega e não enxergar o que acontecia bem na minha frente?
Debaixo do meu nariz. Limpo mais uma lágrima.
— A partir de hoje escrevo a minha própria história, hoje irei chorar tudo que tenho para
chorar. Mas será a última vez, nunca mais irei derramar uma lágrima ou deixar alguém me fazer
de idiota — digo baixinho para mim mesma. — Isso é mais que uma promessa.
Uma nova Clara surge a partir de agora.
Contos de fadas não existem...

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CAPÍTULO 1 — CLARA

— Clara, está pronta? — Eva pergunta entrando no banheiro.


— Falta o principal — respondo mostrando o batom cor vinho em minhas mãos.
— Nossa Clara, cadê aquela menina que chegou hoje mais cedo aqui na facul de chinelo
havaiana e vestidinho de gente inocente? — Eva fala levantando uma das sobrancelhas.
— A Clarinha? — Dou um sorriso questionando-a.
— Sim, a minha Clarinha meiga, doce, minha amiga — fala cruzando os braços.
— Sua amiga está aqui, mas a Clarinha doce e meiga foi embora para casa depois da
aula, agora é a Clara, se conforme Eva. É o que tem para hoje! — Mando um beijo para ela.
— Você me assusta sabia!? — Enquanto ela fala, olho no espelho, passo o batom e deixo
minha boca bem desenhada.
— Para de frescura na bunda Eva, você queria que eu fosse para a festa com a roupa que
vim para faculdade? Quando digo que você é doida acha ruim.
— MENINAS!!! Vamos logo, Montanha está nos esperando! — O furação de cabelos
ruivos entra no banheiro gritando.
— Carol, menos fia, não precisa gritar. Não tem ninguém surda aqui não — Eva fala.
— Ok. Ai gente desculpa, é que tem um monte de vaca no cio rodeando o Montanha. Não
aguentam ver um homem gostoso. — Carol nos olha e conclui: — Mas vocês estão lindas hein,
Eva amei sua roupa, perfeita como sempre.
Eva tem cabelos encaracolados castanho escuro, pele morena, com seus 1,55 de altura,
está vestindo uma saia evase preta acima do joelho, com uma cropped rosa com mangas curtas,
saltos peep toe rosa, cabelos soltos maquiagem leve e boca bem marcada.
— Carol, você também está linda — Eva retribui.
Carol é uma linda ruiva de cabelos lisos abaixo do ombro, com 1,69 de altura. Qualquer
coisa que veste sempre cai bem, hoje está usando um vestido tubinho azul bic, acima do joelho,
com mangas curtas, sandálias de salto pretas, cabelo feito um rabo de cavalo e maquiagem leve,
max brincos da cor preta. A garota está um arraso!
— Sempre lindas e maravilhosas. Mas vamos logo. — Pego minha mochila e indico a
saída do banheiro. — Tenho que deixar essa mochila lá no núcleo de Ensino.
— Clarinha, minha linda, o núcleo está fechado a essa hora — Eva fala.
— Tenho a chave — digo mostrando o chaveiro.
— Como assim você tem a chave do núcleo? — pergunta Carol.
— Claro que tenho, Mario me deu a chave, ele é meu orientador, preciso ter acesso livre

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ao núcleo para as minhas pesquisas, senão como vou escrever? — Pisco para elas. — Tenho até
um armário lá.
Mario Geraldinn, realmente é meu orientador, sempre esteve ao meu lado, tenho um
carinho muito especial. Quando o vejo vindo em sua cadeira de rodas no corredor da faculdade,
parece que todos meus problemas acabam. Sempre me orientando em minhas pesquisas,
mostrando o caminho correto a seguir. Na verdade sempre me tratou como filha. Ter a chave e
livre acesso ao núcleo sempre foi proibido para os alunos, mas Mario conseguiu uma permissão.
Só consigo trabalhar e escrever minha pesquisa durante a noite. Os guardas também já tinham se
acostumado com minha presença durante as madrugadas.
— Nenhum aluno tem a chave do núcleo e muito menos um armário lá. — Eva olha com
aquela cara tipo Clara você não existe.
— Não sou qualquer aluno meninas — digo. — Podem ir na frente eu encontro vocês no
corredor em cinco minutos.
Passo pelo núcleo para deixar minha mochila e todo o material no armário, pois não
estudo em fins de semana. Pego minha bolsa de mão e vou ao encontro da galera que está toda
reunida à minha espera no final do corredor.
Hoje resolvemos em ir em uma boate badalada daqui de Dourados, afinal essa semana foi
estressante e precisamos relaxar.
— Eita morena hoje você mata um — Edson sorri e dou uma voltinha para ele avaliar
melhor.
Estou com um vestido preto de renda que marca bem meu busto e cintura, levemente
solto no quadril, acima do joelho, saltos peep toe vermelho, maquiagem que marca bem os olhos
e é claro meu batom vinho. Esqueci-me de dizer que sou morena, cabelos encaracolados até a
cintura, com 1,58 de altura. Não sou linda, mas também não sou de jogar fora.
Camila me olha feio e dá um puxão no Alessandro, por ele estar apreciando a vista com
cara de bobo.
— Relaxa Camila o Ale pra mim é como fosse meu irmão, não precisa ter ciúmes — falo
me aproximando de Montanha, Carol e Eva.
Se Camila soubesse que o ciúme dela teria que ser por outra certa amiga nossa. Camila
não me engana, sei que esse ciúme é apenas teatro, mas deixa a vaca que o que é dela está
guardado.
— Então vamos? — Alessandro pergunta. — Como vamos dividir as pessoas no carro?
Assim começa a divisão, como sempre vou no carro com o Montanha, junto com Carol,
Eva e Edson. Alessandro e Camila acabam indo sozinhos no carro deles. Despedimo-nos e
combinamos de nos encontrar na portaria da boate.
Percebo que Carol e Eva estão olhando para um casal que vem pelo corredor e começam
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a cochichar. Olho para elas com sobrancelhas erguidas.


— O que foi? Podem colocar logo na roda vai — exijo.
— Olha lá! — Carol aponta para o casal que passa por nós. Olho para ela com a cara tipo
e daí.
— Aquele é o casal top de linha do bloco de direito. Dizem que ele nunca a traiu — Eva
explica.
Penso, e daí eu sou a top do bloco de Ciências Humanas. Está bem! Ok é mentira não
sou a top do bloco de Ciências Humanas.
— Gente, é um desperdício aquele homem todo já amarrado, tudo bem que ela é linda —
Eva fala.
— Eles namoram há três anos — Carol completa.
Realmente ele é bem gostoso, moreno alto, com uma barba bem rala e bem feita, mãos
grossas cheias de veias. Será que outra coisa é grossa também?
O casal passa por nós, olho para trás e reparo na sua bunda. Que bunda senhor! Com
certeza esse cara faz academia, pois a sua calça abraça muito bem suas curvas, eu pegaria e
abusaria do seu corpo tranquilamente.
— Ih conheço esse olhar moreninha — Montanha fala me tirando da minha análise crítica
em relação ao corpo daquele gostoso.
Olho para Montanha, dou um sorriso e mordo os lábios. Mil ideias passam em minha
mente. Todas elas têm um certo moreno presente.
— Clara, não! — Carol e Eva falam juntas.
— Para gente, não fiz nada. — Olho-as com a minha melhor cara de santa. — Ainda! —
completo.
Montanha, Carol e Eva começam a rir. Eles sabem a amiga que tem. Mas hoje quero
apenas curtir a noite, beber e dançar. Depois chegar em meu apartamento tomar um banho e
dormir.
Seguimos para o estacionamento, planejando a nossa noite e brincando, apenas Edson
fica em silêncio.
Chegando ao estacionamento Edson abre a porta do carro para eu entrar e fala:
— Clara? O que você está pensando? Com aquele cara você não tem vez.
— Edson está desafiando a Clara? — Carol pergunta. Ele apenas concorda balançando a
cabeça de forma positiva
Passo por Edson antes de entrar no carro e sussurro em seu ouvido: — Veremos. — Olho
para os outros e digo: — Está aberta a temporada de caça. Já disse para vocês que nunca peguei
nenhum carinha do bloco de direito?
Todos me olham e balançam a cabeça de forma negativa.
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— Montanha, coloca meu hino para tocar, pois hoje à noite vai ser pequena — digo
rindo.
— Você que manda moreninha — Montanha fala ligando o som do carro.

"Ela é maluca, é linda e sabe que é gostosa


Que me olha, me encara
É super poderosa
Ela sabe que leva qualquer homem pra cama
E só diz que ama para tirar onda de bacana
Solteira, sozinha
Na pista para negocio
Ta de boa, soltinha
Não ta querendo sócio
Ela é tipo de mulher independente
Que não pede carona e nunca vai dormir carente
Mas quando ela arma uma saída
Pega o telefone e liga para umas 5 amigas
É tudo combinado lá no esquenta
Tudo preparado, isso ai vai dar problema
Se ela sozinha já é um perigo imagine com as amigas
Separa que é briga
Se ela solteira é um perigo
Imagine com as amigas
Separa que é briga
(Imagina com as Amigas— Bruninho e Davi)

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CAPÍTULO 2 — CLARA

Chegando ao estacionamento da boate, Alê e Camila já estão nos esperando, seguimos


para a entrada. Unik é uma boate muito badalada aqui em Dourados, para a nossa sorte, a fila
está pequena então não demoramos a entrar. Paro na porta vejo o que já imaginava, a casa está
lotada e o meu sorriso alarga.
— Hoje fico até que a lua vire sol galera — falo rindo. Tudo que eu quero essa noite é me
divertir.
— Essa não tem jeito mesmo. Pode deixar que cuido de você. Pode se divertir sem se
preocupar — Edson fala chegando mais perto tentando pôr a mão em minha cintura.
Desvio de sua mão e me aproximo de Montanha.
— Cai fora Edson, quem vai cuidar de mim é o Montanha, ele me leva embora. — Olho
para o Montanha que sorri e me abraça.
— Sempre moreninha, sempre estarei aqui — fala.
Na verdade o nome do Montanha é Adriano. Ele é loiro, alto e forte, com cabelo até um
pouco abaixo dos ombros. Montanha além de lindo e gostoso parece um guarda roupa de
músculos, mas sem exageros. Por isso o apelido caiu como uma luva. Ele trabalha como
segurança em uma empresa.
A amizade entre eu Montanha, Carol e Eva surgiu desde o primeiro dia de aula. Foi amor
à primeira vista entre nós, mas ao invés de namorados foi uma amizade forte e sincera, que
durante esses três anos ficou cada vez mais intensa.
Alguns de nossos amigos brincam dizendo que somos o quarteto fantástico, pois se mexer
com um, mexeu com os quatro. O mais ajuizado de nós é o Montanha, que cuida de nós três
como se fossemos suas irmãs, nos salvando sempre das nossas cagadas. Falando em cagadas,
uma das minhas maiores foi ficar com o Edson, no início era legal e tudo, pois só queria sexo
sem compromisso. Ria brincava, me aliviava, era um perfeito “pau amigo”.
Tudo bem eu confesso, ele não era tão perfeito assim, ele tem o pau fino, ninguém
merece homem de pau fino. Tem que rebolar muito para gozar, mas era melhor que nada. Acabei
ficando com ele umas três vezes. O infeliz começou a confundir as coisas, queria me controlar,
sentia ciúmes dos outros caras que eu conversava na facul. Sempre deixei claro que não me
amarro em ninguém e que a vida foi feita para ser vivida.
Resumindo, acabei perdendo meu “pau amigo fino”, mas continuo com sua amizade.
Porém sempre tenho que corta-lo, pois não perde a oportunidade de querer ficar comigo
novamente. Como agora, principalmente quando estou bêbada, coisa que ainda vou ficar essa
noite.
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A boate Unik é ampla, com três ambientes. A pista de dança fica bem no centro com tudo
que é direito, com fumaças e luzes. A cabine do DJ fica no alto da pista de dança, no canto
esquerdo ficam algumas mesas com cadeiras, na lateral direita das mesas. Tem a parte aberta que
sempre toca uma música diferenciada da pista, que também tem o bar, com mesas e cadeiras.
Os rapazes vão direto para o bar buscar as bebidas e as meninas para a pista de dança.
Logo eles chegam, entregam a nossa bebida e começamos a dançar juntos. Depois de três
músicas Alessandro e Camila vão se sentar.
Carol, Eva, Montanha, Edson e eu continuamos dançando a todo vapor. Depois de um
bom tempo dançando Carol me dá um cutucão e olha para frente, o recado foi dado.
Acompanho seu olhar e abro um sorriso enorme.
Hoje realmente é o meu dia de sorte, é o destino, não tem outra forma para explicar.
Alessandro e Camila estão sentados na mesma mesa da minha próxima vítima. Olho para Carol e
Eva, ambas já desconfiam do meu plano, acho que nós possuímos uma telepatia, é a única
explicação. Como, com um olhar elas já sabem o que fazer? Montanha também já pegou o
recado.
— Nossa cansei — Eva fala da forma mais natural do mundo. — Vamos sentar um
pouco.
Todos concordam e vamos saindo da pista de dança a procura de algum lugar para sentar.
— Está muito cheio Eva, acho que não vamos achar mesa para sentar — Carol fala dando
uma olhada como se procurasse um lugar para sentar. Faz cara de surpresa e completa. — Gente,
olha o Alê está sentado ali com a Camila. Vamos lá!
Carol e Eva, essas duas ao invés de professoras tinham que ser atriz de novela, como
podem ser tão caras de pau.
Montanha me olha e ri. Nem ele está acreditando na encenação dessas duas.
— Você está de prova não fiz nada — falo baixo olhando para Montanha.
— Ainda né, morena. Vou buscar uma bebida e encontro vocês — fala alto para todos
ouvirem e depois sussurra no meu ouvido: — Você tem dez minutos. — Meninas, não deixem a
Clara sair da mesa sem mim — completa.
Já disse que tenho os melhores amigos do mundo? Não? Então vou dizer. EU TENHO
OS MELHORES AMIGOS DO MUNDO!
— Rápido meninas, a gente tem dez minutos — digo baixo para o Edson não ouvir. Elas
já estão com aquele sorriso que sabem o que vai acontecer.
Chegamos à mesa do Alê como se nada tivesse acontecendo. O sem educação nem nos
apresenta os amigos, mas isso não vai atrapalhar o meu plano. Carol e Eva já sabem o que tem
que fazer, preciso ficar sozinha com "ele" na mesa. Elas não podem dar muito na cara, porque
Camila é um poço de ciúmes fingido. Se descobrir que vou dar em cima de um cara com
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namorada vai pôr tudo a perder, ainda mais que essa fingida parece ser amiga de infância da
"princesa", e tem o Edson, minha sombra, mais ai tá fácil.
— Vamos ao banheiro, Eva? — Carol fala.
— Lógico. Camila, você nos acompanha? Afinal mulher, sempre tem que ir juntas —
Eva responde rindo e já jogando a isca para tirar a Camila da mesa.
Acaba dando certo, de quebra Camila convida a “namorada” e futura chifruda para ir
junto e a tonta aceita. Que maravilha está dando certo.
— Clara, você não vem? — A vaca da Camila tinha que perguntar.
— Estou esperando o Montanha, se eu sumir ele vai brigar comigo — minto.
— Nossa, esse cara pega no seu pé hein Clara, não pode deixar ele controlar a sua vida
desse jeito. Nem pode nem ir ao banheiro — Camila fala.
Que puta vaca dos infernos pensa que está falando. Respiro fundo, me controlo para não
dar a resposta que ela merece.
— Prometi a ele que iria espera-lo aqui — tento ser simpática.
— Vamos logo, estou apertada — Eva fala.
Enfim elas vão para o banheiro. Que perigo tem elas irem ao banheiro e me deixar com
três homens na mesa? Nenhum, concorda?
Preciso ser rápida, não tenho tempo a perder, preciso ficar apenas com um homem nessa
mesa. Mal elas viram as costas, pego a bebida do Alê e viro, pego a bebida da Camila e viro
também, Alê pau mandado como é vai surtar tenho certeza.
— Puta merda, Clara! Diz que você não virou? Diz que você não fez isso! – Alê fala
desesperado.
Eu disse que ele ia surtar, tive que fazer força para não rir da cara de besta dele.
— Desculpa Alê, estou com sede e o Montanha está demorando com minha bebida. —
Dou a ele o meu sorrisinho de desculpa.
— A Camila vai me matar achando que bebi tudo isso de uma vez. Você é louca, não é
possível, você sabe como ela é. — Realmente ele está surtado.
— Já pedi desculpa, eu vou lá buscar outra para você — digo e olho com cara de santa.
Enquanto isso olho de rabo de olho para a minha vitima que está com cara de paisagem.
— Tá bom Clara, não precisa ir, eu vou lá buscar outra bebida e já volto. Fique e espere,
não quero levar bronca do Montanha por você ter saído daqui. — Alê fala e sai em direção ao
bar, ainda bem que a fila está grande.
Agora só falta um.
— Edson o Montanha está te chamando. — Faço sinal em direção ao bar, ele olha e
Montanha faz o gesto chamando-o.
— Já volto! — Edson me olha desconfiado, mas sai.
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Enfim sós. Somente eu e ele, até que não foi difícil. Olho para ele sentado olhando não
sei para onde, é hora te atacar.
— Enfim sós — Ele me olha desconfiado.
— Como? — pergunta confuso.
— Só sobramos nós dois na mesa, é isso. — Estendo a minha mão para me apresentar. —
Eu sou a Clara e você? O sem educação do Alê nem nos apresentou.
— Prazer em te conhecer Clara, me chamo Marcelo. Alessandro não gostou muito que
você bebeu a bebida dele e da Camila. — Estende sua mão e aperta a minha, olha bem em meus
olhos.
Ele tem o poder de me prender com o olhar. Se eu acreditasse em amor diria que me
apaixonei. Mas como não acredito é atração mesmo. Antes iria pegar esse delícia só para mostrar
que eu fico com quem eu quiser, mas agora fiquei com vontade. Agora que pego mesmo. Quem
ele pensa que é para falar do que Alê gostou ou não.
— MAR.CE.LO — pronuncio seu nome quase em um sussurro, de forma lenta. Percebo
que ele olha diretamente para minha boca. Acho que vai ser mais fácil do que pensei. — Lindo
nome. — Ele quebra o contato com minhas mãos. Mas ainda me olha e eu não desvio o olhar.
— Clara, também é um lindo nome, minha namorada chama Dayana. — Não acredito
que o idiota disse isso, é uma merda mesmo.
Diz para mim quem perguntou o nome da vaca? Ninguém! Não quero saber o nome dela,
e o pior que o nome é de princesa mesmo, que ironia. Mas me aguarde nunca fico por baixo.
— Legal, nome de princesa, mas não acredito em contos de fadas. — Dou um sorriso,
passo o dedo na borda do copo vazio e volto a olhar em seus olhos. Sim foi uma indireta para
você mané gostoso.
— Deveria acreditar — diz de forma calma. — Não é isso que toda menina sonha? Em
quando crescer encontrar um príncipe casar e ser feliz para sempre.
Marcelo sorri, o sorriso mais lindo que eu já vi. Há tempos não ficava tão encantada com
um simples sorriso. Sua boca é carnuda e bem desenhada, já me imagino dando leves mordidas
nela. O que será que essa língua é capaz de fazer? Para tentar disfarçar meu desejo sexual, desvio
de seu olhar e olho para o copo. Respiro fundo mandando embora meu desejo e volto a olhar em
seus olhos.
Talvez muitas sonham em casar, ter filhos e ser feliz, mas eu não. Um dia já quis toda
essa baboseira de contos de fadas, mas hoje quero apenas ser feliz com meus dois pés bem no
chão. Sonhar demais faz mal para o coração.
— Não sou uma menina, muito menos igual às outras mulheres — enfim respondo.
Percebo o olhar novamente na minha boca, para facilitar toco levemente nos meus lábios
com o dedo indicador. Lembra do batom vinho? Essas horas ele faz toda a diferença.
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— Se você não é como as outras, diga como você é? Diga o que a Clara tem de diferente
das outras. — Ele olha meus olhos profundamente como quisesse realmente saber quem sou.
Quem sou eu? É uma boa pergunta. Mas sou uma incógnita que ele vai ter que descobrir.
Pelo olhar de Marcelo percebo que não está imune a mim. Por mais durão que seja ele
tem algum interesse ou apenas curiosidade.
Sei que agora é a hora de sair. Mas tem que ser uma saída triunfal. Abro meu sorriso,
levanto-me, inclino perto de seu ouvido e sussurro:
— Isso você terá que descobrir sozinho. — Encosto minha boca em sua orelha e dou uma
leve mordidinha. Olho em seus olhos, dou o melhor sorriso e saio sem olhar para trás. Meu
recado foi dado.
Meu Deus que homem cheiroso, que olhar, que boca, que tudo. Tive que me segurar para
não agarra-lo ali mesmo. Não podia agarra-lo agora no meio de todo mundo, se a princesa
piriputa desconfia iria fazer um belo barraco no meio da boate. Tudo que eu menos quero é um
barraco com meu nome. Está legal, não me recrimine, eu sei que estou dando em cima de um
cara com namorada, mas isso é um pequeno detalhe. A chifruda e ninguém precisa saber, apenas
eu, ele e claro os meus fieis amigos. Fico com vários caras, mas nunca na frente das pessoas, pois
minha vida não é novela para ficar sendo acompanhada e falada por todo mundo.
Falando em amigos, olho para o bar e vejo Montanha enrolando o Edson, Alê ainda está
na fila para pegar as bebidas. Falta as duas, vou direto para o banheiro para saber o que elas estão
aprontando, pois fiquei sozinha durante muito tempo. Abro a porta e vejo a cena digna de filme
de Hollywood.
— O que está acontecendo aqui? — pergunto vendo o circo armado.
— Breno, Clara — Eva responde indignada.
— Eeele não podia fazer isso comi... Migo, me... Me amava. Aquela va... Vaca ficou se...
Se esfregando nele — Carol diz em um choro desesperado e soluçando.
— Ai meu Deus não fica assim, ele não merece você, se te amasse não teria te traído —
fala a princesa Dayana, mas é uma vaca mesmo.
Carol continua chorando, chora desesperadamente, falando coisas sem nexo, como: Não
posso viver sem ele, ele me traiu, vou acabar com aquela vaca, vou quebrar o celular dela. Ela
está sendo amparada por Eva, Camila e a princesa Dayana segura sua mão.
— Você vai superar amiga, estaremos sempre com você — agora é a santa Camila que
fala.
Desde quando a santa do pau arrombado da Camila é amiga da Carol? Até onde eu sei,
ela morre de ciúmes fingido de nós com o Alê. Só nos suporta porque o Alê deixou claro que
nunca irá se afastar da gente.
— Vou me matar — Carol grita no banheiro.
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Ai meu Deus! Está na hora de acabar com isso.


— Meninas podem ir, deixa que eu cuido da Carol. — Aproximo-me e abraço minha
amiga, eu sim sou amiga dela e não qualquer vaca.
— Não Clara, a gente fica com ela — diz Camila olhando para Dayana.
Olho para Carol e ela já sabe. O teatro acabou.
— Meninas podem ir, vou ficar bem com a Eva e a Clara. Muito obrigado por terem
ficado comigo — Carol fala entre soluços.
Ambas se olham e saem do banheiro dizendo que qualquer coisa pode chama-las, que as
mesmas vêm dar apoio. Mal elas fecham a porta, eu Eva e Carol começamos a ter uma crise de
riso. Choramos de tanto rir.
— E ai deu certo? — Eva pergunta no meio da crise de riso.
— O recado foi dado — respondo ainda rindo.
— Qual o próximo passo? — pergunta Carol, ainda rindo.
— Acho que é parar de rir, voltar para a mesa, fingir que nada aconteceu e nos acabar
naquela pista de dança. Amanhã a gente resolve. — Elas me olham e concordam com a cabeça.
Carol levanta e lava o rosto. Pego minha bolsa de mão para retocar a sua maquiagem,
nem parece que em menos de 05 minutos estava chorando daquele jeito. Já disse que minhas
amigas poderiam ser atrizes ao invés de professoras? Hoje a Carol ganhava o Oscar de melhor
atriz sem nenhum problema.
— O nome dele é Marcelo — falo retocando o batom.
— Vai ser difícil? — Eva pergunta.
— Não sei, mas já estou gostando desse jogo de sedução. — Dou uma risada. — Esse
jeito de santa da princesa Dayana não me engana essa é mais rodada que tudo.
— Então você tem um plano? — Carol pergunta.
— Tenho sim. — Olho para as duas e abro um sorriso. — Vou precisar da ajuda de
vocês.
— Eu estou dentro — Eva concorda.
— Não perco isso por nada nesse mundo! — Carol fala toda empolgada.
Esse trio junto não tem para ninguém. Estou começando a ficar com pena do Marcelo, já
imagino eu me deliciando com aquele corpo. Mentira, estou com pena não, pois não sou galinha
para ter pena só quero acabar com ele na minha cama.
Saímos do banheiro e vamos todas lindas e maravilhosas, desfilando pela boate até a
mesa dos nossos amigos, como se nada tivesse acontecido.
Camila olha para Dayana, ambas olham para nós e perguntam.
— Como você está? Parece que nem estava chorando — pergunta Camila.
— Não somos mulheres de ficar chorando por homem — respondo. — Tem tanto homem
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na noite que esse foi apenas mais um. — Olho para Marcelo.
— O que aconteceu moreninha? O que fizeram com você? — Montanha pergunta ao meu
lado com cara de culpado por algo que nem aconteceu.
— Não foi com a Clara, foi com a Carol — Dayana responde. — Breno terminou com a
Carol para ficar com outra.
— Breno? Que Breno — Montanha questiona e leva um chute debaixo da mesa — Aiii ...
Ah é o Breno, fica assim não Carol, você só ficou com ele uma semana.
— Mas Carol, essa semana você não estava com o Vitor? Eu te vi no maior amasso
ontem com ele no estacionamento da faculdade. — Tinha que ser o pinto fino do Edson.
— Edson, você acha que Carol é massa e o Vitor é padeiro para ficar amassando minha
amiga no estacionamento da faculdade? — pergunto.
— Pensei que fosse meu amigo Edson você acha que eu seria capaz de ficar com dois
homens ao mesmo tempo? — Carol se defende.
— Se enxerga Edson, você está ofendendo a Carol — agora é a Eva, Edson nos olha
como ar de incrédulo, sem acreditar no que está acontecendo.
— Edson, não sabe o que fala fica quieto. — Tinha que ser o Montanha. — Deixe as
meninas quietas.
— Você mexeu com o quarteto errado — Ale fala para Edson.
— Eu sei! — Edson responde desanimado.
Olho para Marcelo, ele só nos observa. O que será que passa na cabeça desse cara? Meus
sentidos gritam que essa pose de bom moço é só fachada. Vou explorar bem essa fachada, pode
ter certeza disso.
— Meninas, vamos embora acho que hoje já deu — Montanha fala já levantando.
Isso significa que nem adianta a gente reclamar, a festa acabou. Tudo culpa do Edson
“pinto fino”.
Acabamos nos despedimos de todos. A princesa é toda solidária, junto com Camila. Acho
que essas duas são amigas de infância só pode. Ainda não engoli esse namoro do Alê, tem
alguma coisa de errado e eu vou descobrir. Mas por enquanto vou deixar rolar.
Marcelo só dá um aceno e nem rela na minha mão. Não se preocupe, idiota gostoso, a sua
hora está chegando. Vou te usar e jogar fora. Edson resolve ficar e pega carona com o Alê.
Quando todos estamos no carro a caminho de nossas casas Montanha fala:
— Vão me dizer o que as minhas três meninas super poderosas aprontaram?
— Montanha a gente está mais para as panteras! — responde Eva fazendo todos rirem.
— Vocês sempre serão as minhas meninas, e você moreninha sempre será a minha
irmãzinha... A minha irmã que perdi — Montanha fala e o climão toma conta do carro.
Montanha perdeu sua irmã em um acidente de carro, ele que estava dirigindo e não se
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conforma. O acidente aconteceu pouco tempo antes de começarmos a facul. A cerca de três anos,
a nossa amizade foi imediata. A nossa ligação foi muito grande, então ele começou a me ver não
como amiga, mas como a irmã que perdeu.
Para aliviar o clima, começo a narrar a aventura da noite. Contei tudo o que conversei
com Marcelo. As meninas contam como surgiu a história do Breno. Camila e princesa Dayana
mal chegaram no banheiro e queriam voltar logo para a mesa. Carol fingiu que seu celular tocava
e atendeu, começou a chorar e gritar, isso fez com que as duas voltassem para ajudar, foi o tempo
necessário para eu agir com Marcelo.
— E agora Clara o que pretende? — pergunta Montanha.
— Eu o quero, vou precisar de você e das meninas. — Ele apenas acena com a cabeça de
forma afirmativa.
— Marcelo é um bom rapaz Clara, não o faça sofrer — Montanha fala olhando para mim
pelo retrovisor do carro.
— Montanha, posso fazer uma pergunta? — pergunto enquanto as meninas observam.
— Pode moreninha.
— Por que você me ajudou a ficar sozinha com o Marcelo? E vai me ajudar a ficar com
ele? — questiono.
— Você disse uma pergunta — Montanha fala com um sorriso que não chega aos seus
olhos. — Você é uma boa pessoa e o Marcelo também — conclui.
— Por que sinto que você está me escondendo algo? Que tem algo a mais?
Montanha demora um pouco, mas enfim responde:
— Dayana é a minha ex noiva.

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CAPÍTULO 3 — CLARA

Começo a sentir um calor infernal. Levanto a cabeça do travesseiro, olho no criado mudo
e vejo no relógio que é quase 13h00. Custei a dormir, fiquei pensando na revelação de
Montanha, isso só me fez ter mais ódio da princesa de bordel.
Apesar de que chamar Dayana de princesa do bordel estarei ofendendo as putas, pois
tenho certeza que elas têm mais caráter que essa princesa dos infernos. Preciso arrumar outro
apelido "carinhoso" para ela. Piriputa combina mais com a Dayana. Então esse será o seu
apelido carinhoso. Ela vai pagar pelo que fez com Montanha.
Oh preguiça boa para ficar na cama, mas não posso, o negócio vai ser me rebocar dessa
cama. Daqui a pouco as meninas chegam pra gente conversar sobre os últimos acontecimentos.
Sei que pensaram que o quarteto fantástico morasse juntos, mas não moramos. Eu moro
sozinha, diferente da Carol e Eva que são de Dourados e moram com os pais. Eu sou de uma
cidadezinha chamada Rubinéia no interior do estado de São Paulo a mais de 900 km de distância
de Dourados.
Sempre quis ser professora, mas para satisfazer uma certa pessoa cursei dois anos de
Administração na Funec, na cidade de Santa Fé do Sul, apenas 15km de distância da minha
cidade natal. Você deve estar pensando que isso é perfeito, ficar perto da nossa cidade e família.
Só que não. Quando o destino começa a pregar peças, não é tão perfeito assim, minha vida virou
de ponta cabeça. Tive que tomar as rédeas da minha vida e escrever o meu próprio destino. Foi
difícil, mas consegui, larguei a faculdade de Administração, prestei vestibular de Geografia na
UFGD, passei, peguei minhas coisas e mudei para Dourados. Foi a coisa mais certa que já fiz em
minha vida.
Levanto da cama, a arrumo, depois vou para o banheiro tomar um belo banho. Escovo os
dentes, penteio meu cabelo e coloco um vestido soltinho. Vou para a cozinha pego um iogurte e
bolacha e volto para a sala, ligo o som e começa a tocar uma música que me faz lembrar de uma
época que quero esquecer.

Mudaram as estações, nada mudou


Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Tá tudo assim, tão diferente
Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber que o pra sempre, sempre acaba
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Mas nada vai conseguir mudar o que ficou


Quando penso em alguém, só penso em você
E aí, então, estamos bem
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa,
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa
(Por Enquanto, Cassia Ellen)

Uma lágrima cai dos meus olhos, a limpo e me recuso a chorar. Como fui boba em
acreditar que seria para sempre. Como diz a música o para sempre, sempre acaba e acabou. Não
me adiantava querer tentar uma história que já tinha sido quebrada e marcada. Nem para a minha
casa posso voltar, sou obrigada a ficar longe da pessoa que eu mais amo: minha mãe.
O que o Montanha disse sobre Dayana ser sua ex-noiva foi um baque, talvez seja isso que
me fez lembrar daquele ameba. Sei como o Montanha sofreu com a separação, pois já senti isso
na pele. Estava na cara que essa rapariga não era flor que se cheire.
Assim como eu, Montanha não é de Dourados, ele é de Paranaíba, mais no interior do
estado. Resolveu fazer faculdade aqui por causa da noiva, a sua irmã tinha morrido então mudar
de cidade talvez aliviasse um pouco a dor da perda. Sua noiva era daqui de Dourados, eles se
conheceram em Paranaíba onde ela sempre ia para a casa do pai. Quando Montanha chegou em
Dourados com suas malas avisando para a noiva que iria fazer faculdade e morar aqui, ela o
largou, simplesmente disse que tinha um namorado na cidade.
Eu e as meninas sabíamos sobre a ex noiva do Montanha, mas não sabíamos que a cobra
de duas pernas estava tão perto. Nunca soubemos seu nome ou suas características físicas.
Depois que Montanha se abriu e contou toda a sua história falar da ex virou assunto proibido no
quarteto.
— Ah... Dayana sua hora vai chegar. Não pense que deixarei barato o que você fez com
meu amigo, ninguém mexe com meus amigos e sai impune. Vou acabar com você — digo em
voz alta para mim mesma.
A campainha toca, me despertando do meu plano de vingança. Nem preciso dizer quem
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é. Levanto, vou até a porta, abro e as duas entram cheias de sacolas na mão, Carol levanta uma
sacola e fala:
— Almoço! Minha mãe que mandou pra você.
— Santa Tia Nice que sempre mata minha fome — digo.
Vamos para a cozinha. Almoçamos, falamos durante o almoço sobre a revelação de
Montanha e nos jogamos no sofá. Ambas me olham e Eva pergunta:
— E agora Clara, vai pegar mesmo o Marcelo?
— Alguma dúvida? — desafio.
Eva e Carol se entreolham.
— Nãooooo!!!— falam juntas.
— Agora é uma questão de honra, essa Dayana mexeu com a pessoa errada, ninguém vai
ferir o coração do Montanha e sair ilesa. Ela vai pagar por tudo que fez ele sofrer. Irei seduzir o
Marcelo — falo.
— Clara, ela tem que pagar por ter enganado o Montanha — concorda Eva.
— Acho é pouco você só transar com o namorado dela. Você tinha que dar uns tapas bem
dados na cara daquela vagabunda. Me chama que eu te ajudo — Carol fala com ódio.
— Está louca Carol?! — diz Eva. — Clarinha quer roubar o namorado dela, você ainda
quer que ela bata na vaca?
— Nada mais justo. Clarinha tem que deixar o rosto dela deformado.
— Podem parar vocês duas — digo. — Primeiro, não quero roubar namorado de
ninguém, quero apenas fazer uso daquele corpo lindo, maravilhoso e delicioso. Segundo, se a
chifruda descobrir e vir tirar satisfação com a minha pessoa vou ter o prazer de deixar a minha
digital na cara daquela piriputa.
— Essa é a minha amiga. — Carol fala. — Se precisar de ajuda pode me chamar.
— Pode deixar! — aviso.
— O que você pretende fazer agora? — Carol pergunta.
— Trocar de academia — respondo séria.
— O que a academia tem a ver com você pegar o Marcelo? — questiona Eva.
— Espere, me deixa ligar para o Montanha. — Pego meu celular, ligo e ele atende no
terceiro toque.
— Fala moreninha, aconteceu alguma coisa? Está tudo bem?
— Fora que você me abandonou hoje, está tudo ótimo — falo manhosa.
— Você sabe que dia de sábado é faxina aqui no barraco, que não tem como sair. Mais
tarde passo ai pra gente tomar um vinho, pode ser? — Montanha mora em uma república com
mais três caras.
— Fazer o que né Montanha, eu aceito. Mas sabe Montanha tem outra coisa que eu
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preciso de você. Pode me ajudar? — sondo.


— Sabia que não era saudade — brinca. — Sempre que possível moreninha, tô aqui para
te ajudar. O que você precisa?
— Quero saber qual academia que o Marcelo treina. — Olho para as meninas que riem e
balançam a cabeça sem acreditar.
— Vou ver com o Alê, e bater um papo aqui no barraco para ver se eu descubro. A noite
passo ai para tomar um vinho e conto o que eu descobri, está bom assim? —
— Perfeito! Por isso eu te amo — digo sorrindo.
— Que menina do mal, só me ama por isso? — brinca.
— Para de ser besta Montanha. Beijo, até mais tarde.
— Beijo, mande beijo para essas meninas, e juízo. Até mais — Montanha fala e desliga.
— Então esse é o plano? — Carol pergunta. — Frequentar a mesma academia que ele?
— Não, o plano é estar presente em todos os lugares possíveis que ele esteja — concluo.
— Clara, você vai perseguir ou jogar com ele? — Eva questiona.
— Os dois, será um jogo de sedução e uma deliciosa perseguição. — Sorrio para elas. —
Vocês sabem que só entro em um jogo para ganhar.
— Vai explicar como você vai fazer ou vai nos deixar no escuro? — Carol pergunta.
— Meu primeiro passo é aparecer na academia no mesmo horário que ele treina. Carol,
tente descobrir com a vacamila os lugares que Dayana costuma frequentar, pois será mais fácil se
aproximar por você, a princesa ficou toda sentida por você ter sido traída, use isso ao seu favor.
— Ok. Eu posso fazer isso, vou até mandar uma mensagem para a vacamila agradecendo
por ontem. Mas já vou avisando que não vou fingir ser amiga dessa tal de Dayana — Carol fala
pegando o celular do bolso.
— Nossa Carol, que ódio dessa Dayana. O que aconteceu além dela ser a ex do
Montanha? — Eva pergunta.
— Não tenho estômago para falar com ela. Vai Clara, explica logo o resto do plano.
— Então como eu ia dizendo, preciso estar presente em todos os lugares que Marcelo
estiver, serei a sombra dele. Eva, você precisa descobrir em quais grupos de estudos Marcelo
participa na faculdade. Converse com o Alê que ele vai acabar soltando alguma coisa.
— Pode deixar comigo, Clara, vou ver o que posso fazer. — Eva carrega 10 caminhões
de merda pelo Alê, compreendo minha amiga, quem resiste a um moreno claro de 1,80 de pura
gostosura, cabelos negros sempre bagunçados, com aquela boca na medida certa, que quando
abre em um sorriso ensopa a calcinha.
Até eu no início da facul queria dar uns pegas nele, mas quando percebi o interesse de
Eva, preferi ficar apenas com sua amizade. Eva até deu umas enfincadas (quando fica e transa)
com ele algumas vezes, esse chove não molha durou cerca de um ano, mas os dois nunca
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assumiram nada sério.


Porém infelizmente um dia, do nada, surge uma vaca loira chamada Camila, que jogou
mel na boceta e mandou Alê chupar, porque a infeliz o amarrou. Isso já faz quase 02 anos. Ainda
não acabei com esse namoro porque Eva pediu para não fazer nada, porque essa cara de santa
dessa vaca não me engana. Ai tem, e eu vou descobrir.
Depois de nossas tarefas distribuídas, conversamos mais algumas bobagens, e elas foram
embora. Ambas ainda não fizeram o trabalho para entregar na segunda, essas duas sempre
deixam para fazer os malditos trabalhos em cima da hora. Diferente de mim, que me mato
durante a semana para relaxar nos fins de semana.
Azar o delas que vão perder uma garrafa de vinho, e uma deliciosa massa. Eu e Montanha
vamos nos acabar de beber e comer sozinhos. Ainda vou tirar foto e mandar pelo nosso grupo no
whats, para aprenderem a fazer as coisas da facul durante a semana.
Aproveito meu tempo livre para ler um livro, Para onde ela foi, continuação de Se Eu
Ficar de Gagle Forman. Depois de um tempo lendo acho que está na hora de tomar um banho de
sal grosso porque só pode ser olho gordo para dar depressiva até na leitura.
Coloco para toca Summer Eletrohits 2015, tomo meu banho com sal grosso, visto um
short jeans rasgado e blusa tomara que caia verde, penteio o cabelo e o deixo solto. Um pó no
rosto, batom claro, lápis nos olhos e estou pronta.
Vou para a cozinha preparo a massa para mimar meu amigo. Pois só assim para mimar o
Montanha, sempre é o contrário ele que sempre me mima. Sempre viu em mim a sua irmã Mary
que faleceu. Amo Montanha como se fosse do meu próprio sangue.
A campainha toca.
Eu juro, que se o Montanha não fosse o meu amigo irmão eu o pegava, o cara hoje está
no pecado em forma de gente, com uma camisa gola v preta, calça jeans escura, sapa tênis
marrom, cabelos soltos com uma garrafa de vinho na mão e um enorme sorriso no rosto.
— Gostou? — O safado pergunta.
— Está bem comestível. — Ele me abraça e ri.
— Cadê as meninas?
— Fazendo trabalho de segunda — Olho para ele. — Está cheiroso e gostoso demais
também, tudo isso é para mim mesmo?
— Sempre minha morena.
— Tem certeza? — pergunto desconfiada.
— Para quem mais seria? — Montanha fala rindo. Acho que ele está tirando sarro da
minha cara.
Jantamos juntos, tomamos vinho, Montanha foi passando todas as informações que
conseguiu da academia que Marcelo treina, o horário que costuma frequentar, conseguiu
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descobrir até a vaga do estacionamento. Tudo que eu preciso. Perfeito.


Montanha pega o celular e percebo que sorri.
— Eu sabia que tudo isso não era só para a minha humilde pessoa — digo.
— Olha o ciúme morena — O safado sorri.
— Não vai dizer quem é?
— Um dia eu falo. — Se levanta, me dá um beijo e vai embora.

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CAPÍTULO 4 — MARCELO

Todos dizem que sou um cara de sorte. Não posso discordar, a vida sempre tem sido
generosa comigo. Estou no 4º ano de direito, na UFGD, um curso que gosto e sempre quis fazer.
Faço estágio no escritório do meu pai que é um advogado com renome aqui da cidade. Boa
faculdade, bom emprego e para completar uma namorada linda. Dayana, é o nome dela, loira
com 1.70 de altura, estamos juntos há pouco mais de 03 anos. O início do nosso namoro foi
conturbado, ela tinha um ex namorado que estava a perseguindo. Além do susto de uma
gravidez, mas isso foi descartado, pois era apenas alarme falso. Muitos dizem para que eu tenha
cuidado com ela, mas Dayana nunca fez nada para me causar desconfiança. Sempre amável,
companheira e principalmente gostosa.
Mesmo tendo uma namorada linda e perfeita isso não me impede de olhar para as outras
mulheres. O meu olhar sempre fica preso em uma mulher especifica, ela me fascina, nunca
troquei uma palavra com ela, mas sei quando está triste ou alegre.
Sempre a vejo no corredor da faculdade, mas não sei nem seu nome. Ela é uma morena
de cabelos encaracolados, dona do mais belo sorriso que já vi. Sempre fico a observando de
longe, percebi que sempre anda com um cara alto loiro de cabelos compridos que parece um
guarda roupa, mas com o tempo percebi que era só amigo dela, e tem as amigas que sempre estão
juntas uma ruiva e outra morena. Teve um tempo que achei que estava namorando com um cara
alto branco, mas parece que era só amizade mesmo.
Ela é um mistério, algumas vezes parecia uma menina delicada e meiga, outras vezes
parecia um mulherão, com um olhar forte e penetrante. Duas mulheres em uma só.
Durante três anos foi assim, sempre a observava de longe e ela nunca notou a minha
existência. Talvez tenha me visto e ignorado. Mas na noite de sexta-feira, ela enfim resolveu
notar a minha presença.
De tanto Dayana insistir decidi vir a uma boate chamada Unik, mesmo não gostando.
Confesso que não gosto desses lugares, cheios de gente, prefiro ir em um barzinho e ficar de boa
curtinho uma boa conversa.
Assim que entramos na boate, procuro um lugar para sentar. Olho para a pista de dança e
vejo a minha morena, linda, rindo e dançando. Seu corpo mexe conforme a música, seu sorriso
me prende. Fico fascinado a observando, ela parece dançar para mim. Um show que estou vendo
de camarote.
— Marcelo! — Alguém balança meu braço, sou despertado e volto para a realidade.
— Que foi? Para de ficar puxando meu braço, Dayana — falo.
— Nossa, parece que você está no mundo da lua, estou te chamando e você ai olhando
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para o nada.
— Desculpa! — Realmente esqueci que Dayana estava comigo.
— Alessandro e Camila estão aqui — Dayana fala mostrando que os dois já estavam
sentados em nossa mesa.
— Desculpa ai Alessandro e Camila, estava pensando em uns processos do escritório
acabei me distraindo — invento uma desculpa.
Começo a conversar com Alessandro, ele é namorado da Camila que é amiga da Dayana.
Não demora quando olho para frente e vejo minha morena acompanhada com suas duas amigas e
um cara branco vindo em direção da mesa.
Vejo tudo em câmera lenta, ela chega, pede para sentar, começa a conversar e do nada
todos resolvem sair da mesa, acabo ficando sozinho com ela. Só nos dois, não sei o que falar, não
sei como agir. Pergunta meu nome, e me fala o dela.
Clara, simples e doce.
Ela repete meu nome em um sussurro, nunca imaginei que ela falando meu nome seria
tão sexy. Puta que pariu, estou ficando doido, ela não pode estar dando em cima de mim. Clara
sai de perto de mim como se não tivesse nenhuma tensão sexual entre nós, pois só isso que posso
dizer, aquela mulher cheira a sexo quente.
Toda a cena passa e repassa em minha cabeça repetidas vezes, o jeito que me olhava, o
toque em sua boca, o batom cor de vinho, ela sussurrando em meu ouvido que eu teria que
descobrir o jeito de mulher e para acabar com a minha sanidade ela mordendo de leve minha
orelha.
Quando todos voltam para mesa tenho a confirmação que o tal do Montanha a vê como
uma amiga, fico feliz com mais essa informação, já não posso dizer o mesmo em relação ao tal
do Edson. Ele a olha com fome, o cara a quer, tem a palavra PROBLEMA estampado na testa.
Passei o fim de semana todo vendo a imagem daquele anjo com o corpo de diabo na
minha frente. Tive que bater umas três punhetas para ver se o meu companheiro se acalmava,
mesmo fodendo Dayana de todas as formas possíveis ainda não estava aliviado. Não queria foder
Dayana, queria foder outra. Desejo outra.
Desejo Clara.
Desejo ela nua em minha cama.
Minha cabeça de cima imaginou várias formas de foder Clara e em todas, ela gozava
chamando meu nome. Só vejo ela na minha frente, meu amigo se anima só em pensar nela.
Depois te tanto pensar, chego à conclusão que na segunda-feira, ou seja, hoje tudo vai
voltar ao normal. Só foi aquela noite e ela não estava dando em cima de mim, mesmo estudando
na mesma universidade nosso ciclo de amizade é diferente, não vou conviver com a sua
presença, só vou olhar de longe como sempre fiz.
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Tenho uma namorada linda que não posso trocar por uma aventura, mesmo que essa
deliciosa aventura atenda pelo nome de Clara.
Dayana percebeu que passei tenso esse fim de semana, mas não imagina que quem está
me tirando o sono é uma certa diaba de pele morena. Mas hoje as coisas vão se resolver. Acordo
cedo, tomo meu banho e vou para o escritório do meu pai. Dayana também faz estágio aqui,
conversei com meu pai e ele conseguiu uma vaga para ela.
A manhã no escritório passou tranquila, levo Dayana para almoçar em um restaurante
próximo ao escritório.
— Mor, não vai dizer o que está acontecendo? — Dayana pergunta durante nosso
almoço.
— Já disse que não está acontecendo nada — respondo.
— Acho que é impressão minha, mas desde sexta-feira depois da Unik está estranho. —
Pega minha mão. — Marcelo, não gosto de cobrar nada, mas você está distante.
Quando ela confessa isso, percebo que estou errado, desejando outra enquanto tenho uma
namorada maravilhosa por perto.
— Desculpa! — Olho em seus olhos, mas não tenho coragem de encara-la durante muito
tempo. — Estou preocupado com umas coisas da faculdade e do escritório, prometo te
recompensar. Dorme comigo hoje? — Vejo que o brilho de seus olhos volta.
— Claro que durmo, você passa na minha casa antes para pegar as minhas coisas para
trabalhar amanhã? — fala animada.
— Então, está fechado, depois da aula te levo em casa você pega suas coisas e vamos
para o meu apartamento.
O restante do almoço foi tranquilo, voltamos para o escritório, Dayana mais feliz e eu
tentando parecer calmo.
Durante a tarde no escritório nada de anormal acontece, algumas vezes me pego
pensando em Clara, mas isso não pode acontecer. Olho no relógio e vejo que são quase 17h00,
pego minhas coisas passo na sala de Dayana para dar um beijo e sigo para a academia. Hoje vou
pegar pesado, só assim para aliviar a tensão que está em meus ombros.
Chegando na academia cumprimento alguns conhecidos, e vou para o vestiário
masculino. Quando estou trocando de roupa, escuto alguns caras falando sobre uma aluna nova
que começou hoje. Acabo de me trocar, tranco o armário, pego meu suplemento e saio do
vestiário.
A primeira coisa que vejo é a diaba que está tirando o meu sono nesses últimos dias. Não
sei dizer o que a infeliz esta vestida, mas esta gostosa pra caralho.
— Oi Marcelo, você por aqui? — a diaba fala.

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CAPÍTULO 5 — CLARA

O restante do fim de semana passou tranquilo, liguei para minha mãe para saber como
andam as coisas. Como sempre me cobrou uma visita, visto que faz quase seis meses que não a
vejo, dei a desculpa de sempre, que a facul está puxada, ela sempre entende, mas, nunca se
conforma.
Amo muito minha mãe, e sei que ela sofre tanto quanto eu com essa distância, mas isso
foi preciso, foi melhor para todos e principalmente para mim.
Troco algumas mensagens pelo WhatsApp com as meninas, hoje elas não vão aparecer,
estão desesperadas por causa do bendito trabalho de Geografia Urbana que tem que ser entregue
amanhã. Como sempre digo, estou nem vendo, cansei de falar para não deixar para última hora,
mas não tem jeito, são duas teimosas. São as minhas teimosas que amo. Montanha também não
vai aparecer, ligou dizendo que tinha umas coisas para resolver, o safado deve estar comendo
alguém. Mas quem será a sortuda?
Muitas vezes, entram pessoas em nossas vidas sem nenhuma explicação. Agradeço a
Deus por ter colocado em meu caminho pessoas tão especiais como Montanha, Carol e Eva,
mesmo estando hoje sozinha sei que posso sempre contar com eles. Meus amores.
Meu domingo foi preguiçoso com a seguinte rotina: comer, fazer unha, dormir e ler,
simplesmente tudo o que mais gosto. Afinal preciso descansar esse corpinho, pois amanhã
começa a perseguição, ou melhor, o meu jogo de sedução. Esse é o jogo que mais gosto.
O despertador toca marcando 9h00. Levanto, tomo meu banho, limpo meu apartamento, e
vou revisar minha pesquisa. O dia passa rápido e começo a arrumar as minhas coisas, hoje
começo na academia nova.
Normalmente gosto de treinar de manhã para ficar com o restante do dia livre, mas agora
tenho um motivo especial para começar a treinar as exatas 17h15m.
Hoje como é meu primeiro dia nessa academia capricho no visual, legging rosa pink, com
top de estampa de onça preto com rosa e regata branca, olhos bem delineados, batom cor de boca
e cabelo com rabo de cavalo. Não é porque vou para academia suar que tenho que parecer uma
baranga.
Olho no espelho, confiro se está tudo certo com o meu visual, pego minha mochila, chave
e capacete e vou para a academia.
Estaciono minha Penélope bem ao lado de um Honda Civic preto. Com a maior dor no
coração olho para os lados para ver se tem alguém olhando. Abaixo e disfarçadamente murcho o
pneu da frente da Penélope.
Penélope é minha moto, uma Honda CB300, na cor preta com os jogos de rodas rosa,
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toda personalizada. Simplesmente linda, perfeita, a minha bebê.


Sei que muitos acham que Penélope é muito para mim, que é perigoso, mas o que posso
fazer? Amo andar de moto, me dá uma sensação gotosa de liberdade, dói o coração de ter
murchado seu pneu, mas hoje preciso pegar carona para a facul com um certo estudante de
direito.
— Desculpa Penélope, sei que você me entende bebê — digo baixinho para Penélope não
ficar sentida.
Entro na academia, me apresento como a aluna nova. Preencho a minha ficha, pego a
chave do armário do vestiário feminino, guardo a mochila e o capacete, coloco os fones e saio
em direção a barra extensora.
Alguns olhares me acompanham isso é um bom sinal, escolhi bem minha roupa. Mas, só
um olhar me importa.
No meio do caminho para a barra extensora encontro quem eu queria. Marcelo está com
shorts taquitel azul e camisa regata branca que deixa seus lindos braços a mostra. O senhor! Já
pensou esse homem me pegando com esses braços, nem quero imaginar o regaço. Mentira, eu
imagino e desejo o regaço sim, ele ia me abrir toda de uma forma deliciosa. Ai meu Deus será
que além de lindo, gostoso, por favor, que ele tenha o pau grande e grosso? Já imagino suas veias
pulsantes.
Quando Marcelo percebe que sou eu, fica parado parecendo uma estátua com cara de
bobo. Seu olhar percorre todo meu corpo repetidas vezes. Caminho em sua direção com um
enorme sorriso, ele não reage, então chego bem perto.
— Oi Marcelo, você por aqui? — Abro um sorriso e ele continua sem reação.
— O que você está fazendo aqui? — Finalmente resolve reagir.
— Não percebe? — Dou uma volta. — Treinando. — Faço cara de desentendida.
— Você não frequenta essa academia, nunca vi você aqui — fala de forma indignada.
— Ok Marcelo, eu confesso. — Levanto a mão em sinal de rendição. — Eu estou aqui
porque você é mega gostoso e quero levar você para minha cama. Satisfeito? — Acho que ele
teve um mini infarto com a minha resposta.
— O que você disse? — Ele ainda está confuso, adoro isso, coitado. Dou uma risada.
— Marcelo, não estou aqui por sua causa, se é isso que está pensando, nem sabia que
você treinava aqui — minto. — Frequentava outra academia, a mesma que o Edson. — Isso é
verdade. — Ele estava pegando no meu pé e procurando confusão com os outros alunos. — Ele
já começa a me olhar de outra forma. — Não dava mais para ficar lá, resolvi trocar de academia
e me indicaram essa. Disseram que é muito boa, ampla, que os aparelhos são sempre revisados,
entre outras coisas.
— Edson é o cara branco da Unik que estava com vocês? — pergunta.
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— Esse mesmo. — Será que ele só prestou atenção no nome Edson?


— Ele é seu namorado? — questiona sério.
— Não, apenas um amigo. — Cruzo os braços.
— Não parecia só um amigo na boate — diz ironicamente.
— Como assim?
— Esse Edson quase te comia com os olhos. — Ele está com ciúmes?
— Ele pode fazer o que quiser com os olhos dele. Não tenho satisfações da minha vida
para dar para você, mas te digo — falo bem devagar. —
EU.NÃO.TENHO.NADA.COM.EDSON.ELE.É.MEU.AMIGO. Você entendeu ou quer que eu
desenhe?
— Se é seu amigo por que trocou de academia? — Ai meu saco ele tá me interrogando
mesmo.
— Ele é um amigo, mas já fiquei com ele. Mas acabou não tenho mais nada com ele —
pronto falei.
— Não tem mais nada com ele?
— Não!!
— Que bom. — Olho para ele e ele está sorrindo.
— Como? — Agora eu boiei, estava uma fera, agora tá feliz?
— Pensei que ele era seu namorado. Que bom que você trocou de academia e veio para
essa, você vai gostar. — Abre um sorriso. — Que quer eu te ajude com os pesos? — Marcelo
pergunta. Acho que tive um salto qualitativo muito grande.
— Se não for te incomodar — respondo dando de ombros.
— Vamos, não vai me atrapalhar. — Me conduz até o Leg press 45º.
— Que bom que achei alguém conhecido aqui, estava morrendo de vergonha — digo.
— Senta — diz apontando o aparelho. — Não precisa ter vergonha, as pessoas aqui são
de boa. Quantos quilos? — pergunta.
— 150 — respondo. Marcelo coloca os pesos e começo a minha série.
Marcelo me auxiliou em todas as minhas séries, acabou intercalando os meus exercícios
com o dele, já estava sentido que ele era meu Personal Trainer. Alguns alunos da academia até
começaram nos olhar. Resumindo estava adorando essa aproximação.
Após o meu treino vou para o vestiário feminino, tomo um banho, coloco um
macaquinho lilás pouco acima do joelho, sapatilha de veludo preta, BB Cream, olhos bem
marcados com lápis, delineador, boca marrom e perfume. Pego minha mochila, capacete e
chaves. Estou pronta para o show.
Quando saio de vestiário, não o vejo em nenhum lugar, não é possível que eu o perdi. Até
encerrei meu treino antes dele para dar tempo de me arrumar. Despeço-me das pessoas, vou em
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direção ao estacionamento e vejo o Honda Civic preto no mesmo lugar.


— Graças a Deus ainda ele está aqui. — digo para mim mesma.
Chego perto da Penélope, olho mais uma vez seu pneu "furado", sento nela aliso seu
tanque pego meu celular e começo a conversar com as meninas pelo nosso grupo no whatsapp
para dar tempo de Marcelo chegar.
Depois de algumas trocas de mensagens, as meninas doidas para saber o que aconteceu.
Levanto a cabeça e percebo que ele está vindo.
É a hora do show.
Levanto da Penélope, e abaixo próximo ao pneu "furado" e finjo olha-lo.
— Clara! — Marcelo chama.
— Oi — Levanto a cabeça com cara de coitada.
— Aconteceu alguma coisa?
— Acho que o pneu de Penélope furou — minto e ele começa a rir.
— Penélope? Sua moto? — pergunta.
— Isso, Penélope minha moto — digo soltando o ar que segurava nos pulmões.
Marcelo continua rindo, será que estou com cara de palhaça? Dou uma olhada no
retrovisor para ver se meu rosto esta manchado.
— Por que você está rindo?
— Clara sua moto é uma 300, olha o seu tamanho — fala e aponta para Penélope.
— E o que é que tem? Adoro coisas grandes — Faço cara de safada e seu sorriso se
fecha.
— Precisa de ajuda? — pergunta mais agora sério
— Tenho que ir para facul entregar um trabalho, e a professora só vai aceitar hoje. Deixei
esse trabalho no meu armário no Núcleo de Ensino. As meninas já estão na faculdade e o
Montanha ainda não saiu do serviço. — Abaixo meu olhar e faço cara de morta de vergonha.
Marcelo me analisa e fala.
— Deixa sua moto aqui ninguém vai mexer, eu te dou uma corona até a faculdade.
— Não quero te incomodar Marcelo — falo como uma verdadeira santa.
— Não é incomodo! — diz abrindo a porta do carro para eu entrar. — Entra, eu vou para
o mesmo lugar que você — diz abrindo um sorriso, já vi muitos sorrisos, mas o olhar dele e o
sorriso são diferentes dos outros.
— Obrigada — digo entrando no carro. Marcelo fecha a porta, dá a volta senta no lugar
do motorista e liga o carro.
— É seguro deixar Penélope aqui? — pergunto para Marcelo que ri novamente da minha
cara.
— É seguro sim, deixar a Penélope aqui. — Seu riso sai mais alto.
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Marcelo liga o carro e sai do estacionamento da academia rumo a faculdade.


— Você está rindo da minha cara? — pergunto, pois já estou me enfezando com essa
risada solta.
— Clara, você fala da sua moto como se fosse um bebê!
— Mas ela é o meu bebê, eu amo minha moto! Será que não entende? — Falar isso só
serve para ele rir ainda mais da minha cara.
Homens tem fascinação por carros, coloca nome, cuida, zela, mas uma mulher colocar
nome na moto já é motivo de piada.
— Marcelo, para o carro que vou descer! — digo brava.
— Calma moça!
— Calma uma ova, não sou palhaça para ficar rindo da minha cara não, seu moço.
— Ok Clara, desculpa, não vou rir mais.
— Queria ver se fosse seu carro, se você iria ficar rindo feito besta — digo e viro para a
janela. Me recuso a conversar com ele, palhaço idiota.
Marcelo percebe que fiquei nervosa e dirige em silêncio, depois de alguns minutos olho
para ele e percebo que estava me olhando.
— O que foi agora? — pergunto.
— Nada! — responde.
— Fala logo ou eu desço desse carro, porque a minha paciência com você já acabou.
— Você fica tão linda bravinha. — Abre um sorriso, agora não sei o que fazer. Marcelo
conseguiu me deixar com vergonha. Como não tenho para onde olhar resolvo olhar para o meu
pé. Falando em pé, nossa essa minha sapatilha é show.
— Ei! — Marcelo coloca a mão em meu queixo. — Era só um elogio não precisa ficar
com vergonha. — Ele sabe ser fofo.
— Então tenho que dizer obrigado. — Dou a ele um sorriso sem jeito, pois ele conseguiu
me deixar com vergonha duas vezes no mesmo dia.
— De nada Clara. Você não costuma ganhar elogios? — pergunta.
— Sinceramente? — Olho para ele.
— Somente a verdade.
— Não! — Olho para frente.
Realmente fora da facul não costumo receber elogios, pois sempre me olham com desejo.
Fora o Montanha acho que Marcelo foi o único a me olhar sem ser um pedaço de carne
suculento.
— Linda como é, você deveria receber elogios diariamente.
Suspiro fundo, pensei que esse jogo seria mais fácil de se jogar, mas ele está me
desarmando a cada minuto.
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— Diz para mim de onde você é? Não te conheço, é um bom momento para começarmos
a nos conhecer — diz.
— Também acho, mas se eu vou ter que responder suas perguntas você vai ter que
responder as minhas.
— Justo, mas você responde primeiro.
— Lá vai, eu sou de Rubinéia, uma cidadezinha com pouco mais de 8 mil habitantes no
interior do estado de São Paulo. E você?
— Sou daqui mesmo, passei toda a minha vida aqui.
— Legal para você.
— É normal. Que curso você cursa, Clara?
— Geografia, estou no 3º ano, e você? — Sei que sei o curso dele, mas preciso me fazer
de desentendida ou não vai ter graça.
— Direito, estou no 4º ano, e antes que me pergunte, trabalho no escritório do meu pai, e
você trabalha, ou papai e mamãe bancam você aqui?
— Sou bolsista, não trabalho com papai, e eles não me sustentam — falo de forma
irônica, acho que Marcelo dormiu com o Bozo, só pode, está muito engraçadinho para o meu
gosto.
— Calma, não quis deixar você bravinha. — Rio. — Dessa vez não.
— Marcelo você dormiu com o Bozo?
— Quem é Bozo?
— O palhaço, e ele não tinha graça nenhuma. — Cruzo os braços e olho para fora.
Marcelo começa a rir mais alto.
— Clarinha, meu amor — fala de forma irônica e coloca a mão no meu braço. —
Desculpa não vou rir mais.
— Marcelo, acabo de descobrir que você tem o dom de me fazer perder a cabeça.
— E você tem o dom de me fazer perder o juízo. — Será que eu ouvi direito? Vamos
atacar, ele está engraçadinho demais.
— Acho que não Marcelo, queria que perdesse outra coisa.
— Clara, Clara, estou percebendo seu jogo.
— Meu jogo?
— Não se faça de desentendida.
— Mas não fiz nada. — O clima do carro começa a mudar.
— Então diz o que foi aquilo na Unik sexta-feira?
— Só queria brincar um pouquinho, você estava tão sério. — Agora é minha vez de rir.
— Você está brincando com fogo — fala entrando no estacionamento da faculdade.
— Adoro brincar com fogo — Olho para ele.
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Marcelo estaciona o carro, tira o sinto e chega mais perto.


— Você pode se queimar.
— É o que eu mais quero.
— Você precisa ter cuidado com o que, quer — fala se aproximando. Olho sua boca,
sinto seu cheiro, olho em seus olhos, sua boca se aproxima da minha.
— Marcelo! — Uma voz chama batendo no vidro do carro.

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CAPÍTULO 6 — MARCELO

A boca da Clara está tão perto, consigo ver seus olhos brilhando. Vou me aproximando
sentindo a sua respiração, seu cheiro. Quando fecho os olhos e me aproximo mais, prestes a
sentir o seu gosto...
— MARCELO! — Uma voz me chama.
Abro meus olhos, vejo confusão nos olhos de Clara, não sei se fico feliz ou triste por ser
interrompido. A pessoa continua batendo no vidro e me chamando.
— Marcelo, abre essa porta agora! — Reconheço essa voz.
— Abre a porta Marcelo a sua princesinha está histérica — Clara fala.
— Desculpa! — digo.
— Desculpa por não ter me beijado? Não se preocupe oportunidade não irá falta. —
Clara fala para foder com o resto de juízo.
Abro a porta, Dayana me olha com cara de desconfiada, ela olha para Clara que está
descendo do carro e fala:
— O que está acontecendo aqui?
— Dei uma carona para a Clara, a moto dela furou o pneu e ela tinha que entregar um
trabalho hoje — explico.
— Não estou perguntando para você, Marcelo, quero ouvir da boca dela — Dayana fala
apontando o dedo para Clara.
— Primeiro não sou "ela"— Clara faz aspas com os dedos. — Eu tenho nome, que é
Clara. Segundo, seu namorado já disse. — Clara sorri. — Não sou gravador para ficar repetindo.
Isso não vai prestar, prevejo essas duas saindo nos tapas.
— Só foi isso amor, só uma carona — digo fechando a porta do carro.
— Obrigada Marcelo, mas eu preciso ir — Clara fala.
— Não sabia que você era amigo dessa aí — Dayana fala e vejo Clara me fuzilando com
o olhar.
— Olha Dayana, acho bom você começar a me chamar pelo nome ou vou ter que te
ensinar de um jeito não tão carinhoso — Clara ameaça.
— Clara calma, por favor — falo olhando para ela, me viro e olho para Day. — Amor,
Clara treina na mesma academia que eu, o pneu da sua moto furou eu dei uma carona, só foi isso.
— É Day, amor — Clara fala com ironia. — Só foi uma corona que mal tem?
— Se fosse qualquer outra não teria mal nenhum, mas você? — Day fala com desdém. —
Por que não ligou para o seu namorado?
— Eu não tenho namorado, querida — Clara fala. — E Marcelo era o que tinha na hora.
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— O Edson não disse isso para mim, ele não vai gostar de saber que a namoradinha dele
anda pegando carona com o meu namorado — Day fala.
— Dayana para o seu governo Edson não é meu namorado — Clara responde.
— Nossa! Coitada de você Clara, nem ele que é um santo conseguiu suportar você —
Day fala.
— Dayana você bateu a cabeça? — Clara pergunta como ironia.
— Eu bati a cabeça? Não por quê? — Day não entendeu a ironia na pergunta.
— Realmente, você bateu a cabeça essa é a explicação. Vou avisar mais uma vez —
Clara começa a falar bem devagar. — Eu não tenho namorado, e se eu tivesse com certeza não
seria o Edson.
— Olha Clara, a única coisa que sei é que você estava no carro com meu namorado, eu
quero você longe dele, entendeu?
— Por que o ciúme Dayana? Você não se garante com seu namoradinho — Clara retruca.
— Só foi uma caroninha sem maldade alguma. — Sorri.
— Claro que me garanto, ele não me trocaria por qualquer uma!
— Para Dayana, já disse foi só uma corona nada de mais — tento acabar com a discussão
das duas.
— Verdade Marcelo, que você não trocaria a princesa Dayana por qualquer uma? —
Clara fala olhando para mim.
— Claro que ele não me trocaria por qualquer uma. — Day me abraça. — Não é verdade
meu amor. — Não respondo enquanto Clara continua a olhar para mim.
— Sorte sua Dayana que eu não quero nada com ele — Clara fala e olha para mim. —
Não sou qualquer uma. Marcelo sabe muito bem disso. Mas enfim. Obrigada pela carona, foi um
prazer a sua companhia, mas não tenho tempo a perder com sua princesa, beijão e até amanhã. —
Se vira e vai em direção da faculdade sem esperar a resposta.
Dayana me larga, me fuzila com os olhos e diz:
— Quero você longe daquela oferecida — fala apontando para a Clara que já está longe.
— Day, já disse foi só uma carona.
— Quando eu cheguei vocês estavam quase se beijando Marcelo, eu não sou boba.
— Foi impressão sua, eu não ficaria com a Clara eu amo loiras e você sabe disso. — Day
abre um sorriso, pelo visto estou perdoado.
— Tá bom mor, mas promete que vai ficar longe dela — Day fala fazendo biquinho.
— Day, vai ser difícil, Clara treina na mesma academia que eu.
— Não interessa, não quero você perto dela.
— Está bem, não vou ficar perto dela. — Melhor concordar e não discutir com Day. Ela
está certa, não posso ficar próximo a Clara, ela fode o meu juízo.
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A abraço e seguimos para o bloco de Direito, no trajeto ela conta como foi o restante de
sua tarde sem mim, paro em frente da sala de Day.
— Mor, estou doida para passar a noite com você? — fala dengosa.
— Passar a noite comigo? — pergunto.
— Claro Marcelo, você pediu hoje na hora do almoço, lembra?
— Lembro sim, amor. — Puta merda tinha me esquecido.
— Hoje. — Day coloca as mãos em volta do meu pescoço. — Vou matar a minha
saudade. — Me dá um beijo.
— Está bem, depois da aula passo aqui. — Dou um beijo nela e vou para a aula.
Não consigo prestar atenção na aula, minha cabeça só sabe pensar em uma pessoa que
atende pelo o nome de Clara. Essa menina me intriga, me fascina, me seduz, fode meu juízo.
Hoje tive a prova que Clara não é uma mulher como as outras. Ela é diferente, é duas
mulheres em uma só. Primeiro conheci a mulher gostosa e fatal da boate. Hoje na academia, essa
mesma mulher fatal estava presente. Quando a vi fiquei sem reação, mas o fato dela me afirmar
que não tem nada com o tal do Edson e por causa dele trocou de academia me deixou feliz.
Percebi que em nossa volta, todos os homens a olhavam. Isso me deu certo desconforto,
por isso a ajudei em todo seu treino para que nenhum engraçadinho quisesse tirar proveito por
ela ser nova. Ela não é minha, mas também não é qualquer um que vou deixar chega perto dela.
Na hora de ir embora, a esperei sair do vestiário feminino para me despedir, mas alguns
dos caras me avisaram que a gostosa que eu estava ajudando no treino já tinha ido embora.
Fui rumo ao estacionamento, do lado do meu carro vi Clara sentada em cima de uma
moto com as pernas cruzadas mexendo no celular. Fiquei alguns segundos a admirando, ela ria e
balançava a cabeça. Pegou o celular e guardou na bolsa, desceu da moto e agachou para olhar o
pneu da moto. Aproximei-me e conversei com ela.
Percebi que seu pneu estava furado. Ela estava toda sem jeito, me explicou que seus
amigos não poderiam ajuda-la e precisava entregar um trabalho na faculdade. Acabei oferecendo
uma carona e ela aceitou toda sem graça.
Como pode o mulherão de poucos minutos atrás se tornar uma menina tão doce e frágil?
Não consigo imaginar Clara pilotando uma R300 com aquele tamanho, isso me deixou feito um
trouxa. O mais engraçado é que Clara ficou brava e o impossível aconteceu, ela conseguiu ficar
ainda mais linda. Fiquei observando que além de linda é tímida, pois com um único elogio ela
ficou totalmente envergonhada.
Precisava saber mais dela, por isso a questionei: sobre seu curso, de onde é. Percebi que
além de linda é inteligente, independente, guerreira e principalmente responsável, Clara possui
várias qualidades. Quando o rumo da conversa começou a mudar estávamos no estacionamento e
quando percebi estava quase a beijando.
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Por que justo nesse momento Dayana tinha que aparecer? Junto com ela apareceu
novamente a Clara mulher que não abaixa a cabeça por nada.
No final da aula passei na sala da Dayana e fomos para a minha casa, nos beijamos,
transamos, mas ainda não consigo tirar uma certa morena da minha cabeça. Ela me intriga.
Me levanto da cama, deixo Dayana dormindo. Vou até a janela da sala, sento e fico
perdido em meus pensamentos. Pensamentos que são ocupados somente por uma pessoa.
— Quem é Clara? Uma mulher ousada, ou uma menina doce.

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CAPÍTULO 7 — MARCELO

Um mês depois...

Já se passou um mês do episódio do beijo não dado. Continuo vendo Clara todos os dias
na academia, ainda a ajudo com o seu treino. Não é que eu tenha interesse por ela. Amo Dayana,
mas não posso deixar Clara sozinha no meio daqueles gaviões. Estou apenas fazendo um favor.
Eu não tenho muita amizade com o Montanha, só o conhecia de vista, mas um dia depois
da Clara começar a treinar na mesma academia, ele me pediu para dar uma olhada nela, para que
nenhum marmanjo aproveitasse. Então minha aproximação dela nada é mais do que um favor
para ele. Não consigo entender esse zelo todo desse cara com a Clara. Mas não custa nada ajuda-
lo, é só um favor não tem nada de mais nisso.
Clara é sempre uma incógnita, ela brinca, ri, me cativava mais a cada dia. Mas nem
sempre é assim, é maliciosa sempre. Em cada 10 palavras faladas por ela, 3 tem duplo sentido,
que aprendi a ser imune, ou pelo menos disfarçar.
Hoje, terça-feira começa a nova disciplina optativa sobre Legislação da Educação, optei
por essa disciplina para conhecer mais em relação às leis referente a Educação no Brasil. Quando
entro na sala, vejo Clara sentada em uma carteira no fundo. Caminho até ela, sento-me do seu
lado e pergunto:
— O que você está fazendo aqui, Clara?
— Marcelo, toda vez que me ver em um mesmo lugar que você, vai fazer essa mesma
pergunta? Já está ficando chato.
— Sério Clara, aqui é o curso de direito e não de geografia.
— Eu estava morrendo de saudades de você, então vim aqui te dar um delicioso beijo
boca e um abraço bem apertado.
— Sério Clara, só veio por isso?
— Também vim te chamar para ir dormir comigo. E ai topa?
— Já disse que eu tenho uma namorada?
— Sabe nem brincar né. — Pronto ficou bravinha, não sei como o simples
pronunciamento do nome da Dayana deixa Clara brava.
— Está bem Clarinha, além de querer me levar para sua cama, qual o motivo de você
estar aqui hoje?
— Me matriculei nessa optativa, ela é de bastante valia para minha pesquisa.
— Sério Clarinha?
— Claro que é sério Marcelo. Você é gostoso, mas não é para tanto, ou você acha que eu
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iria me matricular em uma disciplina só por sua causa? — Clara diz e levanta a sobrancelha.
— Eu não teria essa sorte?
— Infelizmente não. Como você diz, você tem uma namorada, ou melhor uma princesa e
não a trocaria por qualquer uma.
— Clara, você sabe que não é qualquer uma.
— Então tenho uma chance?
— Se eu não tivesse a Dayana você teria todas as chances possíveis.
— Ainda bem que você tem ela então Marcelo, pois não quero nada com você além de
brincar.
— Clara, essa sua brincadeira parece mais um jogo.
— Amo jogar. — Abre um sorriso.
Sou impedido de dar uma resposta, pois o professor acaba de entrar na sala e começa a
aula.
Treinar com Clara na academia estava sendo "fácil", agora começar a ter aula duas vezes
na semana com ela que vai ser difícil.
Clara está sendo cada vez mais presente em minha vida. Onde eu vou lá está ela, linda e
sexy com um sorriso no rosto. Seja, nos barzinhos, lanchonete, academia, ela aparece em todos
os lugares que eu frequento. Assim acabamos ficando cada vez mais próximos. Fato que não está
sendo bem visto por Dayana.
Dayana e Camila vivem reclamando e falando mal da Clara, mas não consigo entender o
motivo. Elas falam que Clara está saindo com o Edson, mas nunca vejo os dois juntos, quando
ele está por perto, ela sempre está com as amigas ou com o Montanha. Clara continua me
intrigando, mas eu sei que o que sinto por ela é só curiosidade, pois amo minha namorada.
O professor de Legislação da Educação passou um trabalho em dupla, como eu e Clara
sempre sentamos perto resolvemos fazer juntos. Agora aqui estou eu na biblioteca em pleno
sábado esperando Clara para fazer esse trabalho.
Olho para porta e a vejo desfilando, vindo em minha direção, está toda sorridente com
seus cabelos soltos, com um vestido que a deixa com uma cara de menina, mas ela continua
ainda mais linda. Chega até mim, me dá um beijo doce no rosto e fala:
— Oi Marcelo, demorei muito?
— Não Clarinha, acabei de chegar. — Retribuo o beijo. Como ela está cheirosa. Sua pele
é macia.
— Nossa, sai de casa correndo, acordei atrasada, ontem as meninas foram no meu
apartamento e ficamos até tarde conversando — explica sentando do meu lado.
— Sobre o que ficaram conversando? — pergunto e ela abre um sorriso.
— Sobre você! — Começa a dar risada.
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— Sobre mim? O que vocês ficaram falando de mim, Clara?


— Nada de mais Marcelo, só de como seria perfeito você na minha cama. — Ela
continua rindo.
—Clara, é sério você sabe que tenho a Day — digo sério.
— Nem sabe brincar, né. Estávamos conversando de como você conseguiu fazer eu vir na
faculdade em pleno sábado à tarde para fazer trabalho.
— Como assim?
— Eu não estudo em fins de semana, isso é uma regra minha. Meus fins de semana foram
feitos para relaxar.
— Então fico honrado como a sua presença.
— Falando sério, eu preferia que você ficasse excitado com a minha presença. — Clara
mulher já baixa com força total.
— Vamos começar então Clara, não quero fazer você perder o seu sábado todo.
— Vamos, mas fique sabendo Marcelo que eu adoraria perder meu sábado todo com você
na minha cama. — Clara ri e eu começo a rir também.
— Clarinha, você não tem jeito — digo pegando os livros que separei e os colocando em
cima da mesa.
— Não fiz nada Marcelo. — Faz cara de inocente.
— Clara, sabia que você fode o juízo de qualquer um?
— Qualquer um não Marcelo, menos o seu juízo. — Aponta o dedo para mim.
— Acredite Clarinha, você fode sim o juízo de qualquer um.
— Inclusive o seu? — pergunta abrindo um sorriso, abaixo a cabeça e respondo.
— Inclusive o meu.
— Não parece Marcelo, pois você não me deu nem um beijo ainda. — Começa a rir
— Vontade que não me falta. Mas tenho namorada. Então só amizade entre nós dois,
tudo bem?
— Tudo ótimo Marcelo, você sabe que gosto de brincar com você.
— Já percebi isso, sou seu brinquedinho favorito.
— Adoro você como meu brinquedinho, mas agora vamos começar a fazer esse trabalho,
senão a sua princesa Dayana vai te matar quando descobrir que você passou a tarde inteira
comigo.
— Nem me fale Clarinha, ela vai encher a minha paciência – digo.
— Ela sabe que você está aqui comigo?
— Não. Disse que era um cara.
— Jura?! — Clara fala rindo.
— Juro. — Acompanho sua risada.
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Começamos a discutir sobre o trabalho, ela sempre me surpreendendo com o seu ponto
de vista em relação a educação, sobre o que funciona ou não. Clara é cativante, não consigo
entender como ela consegue agir assim e ainda estar solteira.
Depois de quase duas horas de trabalho árduo, resolvemos fazer uma pausa. Clara
começa a olhar para frente, olho na direção que ela olha e tem um cara a encarando.
— Por que ele está encarando você Clara? — pergunto com um ódio mortal que começa
a surgir.
— Não sei, talvez ele quer me conhecer — diz dando os ombros.
— Clara, ele não quer te conhecer ele vai querer outra coisa de você — falo em tom
ríspido.
— E daí Marcelo? Talvez eu também queira a mesma coisa.
O cara se aproxima da nossa mesa e reconheço o desgraçado. Ele está no 2° ano de
direto.
— Oi Marcelo, apresenta sua amiga? — o desgraçado fala.
— Não vou apresentar ninguém e se você não quer perder seus dentes dá a volta e some
da minha frente.
Clara começa a rir e estende a mão para ele.
— Oi, eu sou Clara. Não liga não , Marcelo acha que manda em mim — fala com um
enorme sorriso no rosto.
— Prazer Clara, me chamo Fabio. — Ele olha para mim. — Mas preciso ir, depois
podemos nos encontrar?
— Lógico, até mais Fabio.
O desgraçado ri e vai embora.
— O que pensa que está fazendo, Clara? — pergunto irritado.
— Eu não estou fazendo nada demais. Só arrumando esses livros para guardar. —
Começa a arrumar os livros que estão em cima da mesa.
— Como nada demais, não estou falando dos livros. Clara, você nem conhece o cara e já
quer sair com ele — falo.
— Mais um motivo para sair com ele, para conhecê-lo melhor. — Ela ri.
— Você não vai sair com ele!
— Ah eu vou sim.
— Não vai não! — digo.
— Quem vai me impedir? Você? — Levanta e pega os livros.
— Vou falar com o Montanha.
— Pode falar com o Montanha e até com o papa, mas não vai me impedir de ficar com
aquele cara se assim eu desejar. — Sai em direção as prateleiras para guardar os livros.
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— Ah Clara, você não vai mesmo — digo para mim e vou atrás dela.
Chego no corredor entre as prateleiras onde ela está colocando os livros no lugar, a puxo
pelo braço, ela deixa cair os livros no chão e me olha com cara de assustada.
— Você não vai ficar com ele.
Sem esperar sua resposta a prenso entre a prateleira e a beijo, um beijo rápido e urgente.
Ela corresponde com a mesma urgência, a mesma fome, minhas mãos a erguem e Clara passa
suas pernas pela minha cintura. Continuo a beija-la, chupo sua língua. Quanto mais a beijo mais
a desejo, esfrego meu amigo nela e ela rebola aumentando mais o contato, me fazendo gemer.
Beijo seu pescoço, ela arqueia a cabeça para facilitar o acesso, desço uma das mãos e encontro
um dos seus seios, começo a massagea-lo, ela geme. Volto a beija-la, com uma mão em seu seio
e a outra a segurando pela cintura.
Isso é insano, é errado. Quebro o nosso contato e a coloco no chão, dou um beijo, o
último beijo em sua boca, seguro seu rosto com minhas duas mãos. Olho em seus olhos e falo:
— Não sou seu brinquedinho, acho melhor você ter cuidado comigo. Envio o restante do
trabalho para seu e-mail.
Saio do corredor das prateleiras, vou até a mesa, pego as minhas coisas e saio da
biblioteca da faculdade, rumo ao estacionamento, deixando uma Clara confusa e sem reação.
— Meu Deus o que eu fiz? — digo socando o volante já dentro do meu carro.

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CAPÍTULO 8 — DAYANA

Hoje aproveitei que Marcelo tem que fazer trabalho na faculdade com um amigo e
marquei com Camila para conversar. Enfim um tempo longe daquele chato. Cara insuportável.
Não vejo a hora de ver a Camila, nossos encontros estão cada vez mais difíceis. Estou
com tanta saudade dela, faz tempo que não ficamos juntas e sozinhas.
Hoje precisamos conversar e resolver um problema que não estava em meus planos.
Problema chamado Clara, que surgiu do nada só para atrapalhar a minha vida.
Levanto a cabeça e vejo Camila chegando.
— Você demorou — falo a abraçando. Se pudesse a abraçaria todos os dias.
— Desculpa, tive que dar uma desculpa para o Alessandro, dia de sábado ele parece um
chiclete grudento. Não sei como consegue ser besta daquele jeito — Camila fala com desdém.
— Eu sei que tá difícil, mas tá acabando.
— Acabando de que jeito Dayana? Marcelo nem fala em casamento, e o Alessandro,
você sabe que é só para não levantar suspeita.
— Camila, a gente esperou até agora e não vamos desistir. Tenha calma.
— Day, faz mais de três anos que estou tendo calma.
— Eu sei, tenha paciência, só mais um pouco.
— Por que você não termina logo Dayana? Vamos nos livrar deles logo de uma vez —
Camila pede.
— Mila, você sabe que não é tão simples assim. A gente precisa deles e para acabar de
completar tem essa Clara, Marcelo está todo encantado por ela.
— Dayana — Camila fala e segura a minha mão. — Vamos acabar com isso, vamos
enfrentar todos.
— Não, vamos continuar do jeito que está, vou afastar essa Clara do Marcelo.
— Já pensou que ele pode estar gostando dela?
— Não está, preciso acabar com aquela sonsa.
— Está fácil, você ainda é a namorada dele, e sabe o que tem que fazer com um homem
na cama para conseguir o que quer.
— Marcelo não parece mais tão encantado na cama comigo, só sabe falar e elogiar a
Clara. Acabo fazendo uma cena de ciúmes, mas tá difícil de deixar ele preso em meus encantos.
— Até hoje não consigo entender por que você não escolheu o Adriano, vocês já estavam
noivos, se tivesse escolhido ele não estaria preocupada hoje — Camila fala.
— Por que aquele chato conseguiu ficar ainda mais chato depois da morte da irmã, não
estava a fim de ficar fazendo de boa moça e enxugando suas lágrimas.
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— Estava quase certo. Ele veio atrás de você. Já tinha proposto o casamento.
— Confesso que tive medo dele descobrir.
— Eu não consigo entender você. Vamos embora e começar de novo, sem ninguém para
nos recriminar — Camila pede novamente.
— Vamos recomeçar com o que Camila? Precisamos de dinheiro para recomeçar.
Impossível recomeçar com uma mão na frente e outra atrás.
— Você já era noiva do Adriano, teria sido mais fácil, ter casado com ele e pegado a
pensão do divórcio. Ainda mais a bolada que ele recebeu do seguro de vida da irmã.
— Camila você sabe que eu não queria isso. Ela era apenas uma menina.
— Não queria, mas fez, por isso largou ele.
Sei que o que fiz foi errado. Me arrepender não me arrependo, mas se pudesse teria feito
diferente. Camila está certa, porém se eu largar Marcelo agora sairei perdendo e eu não gosto de
perder.
— Para que eu iria pegar o dinheiro do Adriano, se Marcelo tem mais dinheiro que ele?
— pergunto.
— Marcelo tem mais dinheiro, mas o que adianta se ele não quer casar com você? O que
você conseguiu namorando o Marcelo? Conseguiu apenas esse carro, aquele estágio e o
apartamento.
— Eu não podia continuar com o Adriano e se ele descobrisse?
— Marcelo não vai casar com você Dayana.
— Mas ele vai ter que casar de um jeito ou te outro. Estou pensando em engravidar, ai ele
vai ter que casar.
— Um filho, você tá louca? Quer se amarrar de vez nele?
— Claro que não, depois de uns três ou quatro meses eu jogo fora. Só preciso do feto o
tempo suficiente para me casar com Marcelo e pedir o divórcio. O aborto vai ser um ótimo
motivo para a separação. Pois ficarei depressiva.
— Dayana, depois disso a gente vai embora, larga tudo e todos e vamos viver a nossa
vida.
— Isso Camila, com o dinheiro do divórcio e com que eu conseguir pegar da conta dele,
vamos embora dessa cidade e ninguém mais vai nos impedir.
— Dayana, vamos pedir a ajuda do Edson, ele é louco pela Clara, podemos usa-lo
também.
— Então primeiro usamos o Edson, se não conseguirmos afastar Clara do Marcelo, eu
engravido.

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CAPÍTULO 9 — CLARA

— Ai meu Deus que beijo foi esse? — sussurro colocando a mão na boca.
Ainda estou parada feito uma pedra sem reação vendo Marcelo de costas indo embora
pelo corredor. Não consigo acreditar no que ele fez, como pode me beijar dessa forma? Que
ódio, quem ele pensa que é? Me beijar assim, me ameaçar e ir embora me deixando com cara de
tacho, isso não vai ficar assim. Vai ter troco, pode ter certeza disso Marcelo.
Respiro fundo, me situo e começo a pegar os livros do chão e guarda-los na prateleira,
vou até a mesa que minutos antes estávamos juntos e percebo que ele realmente foi embora, ou
está fugindo de mim.
Arrumo minhas coisas e saio da biblioteca em direção ao Núcleo de Ensino, coloco meu
caderno e um livro no armário, pego a chave e o capacete e vou em direção ao estacionamento.
Mando mensagem de texto para as três pessoas que mais preciso nesse momento.

"No meu apartamento daqui uma hora


Montanha traga 2 garrafas de vinho.
Meninas tragam o chocolate"

Chegando no estacionamento, subo na Penélope, quando um palhaço fala:


— Gostosa queria ser essa moto para ficar no meio de suas pernas. — O coitado mexeu
com a pessoa errada hoje.
— O que adianta ficar no meio das minhas pernas se você não saberia usar o que tem no
meio das suas — rebato e saio, sem esperar resposta, em direção ao meu apartamento.
Não sou obrigada a ouvir cantada barata. Hoje não estou com paciência para babaca.
Chegando no meu apartamento ligo o rádio que começa a tocar a música da Thaeme e
Thiago " Anjo Bom e Anjo Mau"
— Marcelo se prepara porque você vai conhecer o meu anjo mau.
Vou para o banheiro, tomo um demorado banho, pois somente um banho, duas garrafas
de vinho e chocolate serão capazes de controlar o ódio que estou sentindo. Enquanto a água cai
em minhas costas lembro-me de como foi o beijo dO Marcelo, seu gosto, seu cheiro. Eu não
poderia estar sentindo isso.
— Só quero seu corpo nada mais — falo baixinho.
Não existe nenhum sentimento além do desejo.

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Acabo o banho, coloco um vestido leve, penteio o cabelo e escuto a campainha tocar.
Vou até a porta a abro, é Montanha que está com as duas garrafas de vinho na mão.
— Está tudo bem? — pergunta abraçando-me.
— Não! Entra — falo, Montanha me entrega as garrafas e senta-se no sofá. — Vai beber
agora ou esperar as meninas?
— Esperar as meninas — fala.
Vou até a cozinha, coloco as garrafas na geladeira, volto para a sala e me jogo no sofá do
lado de Montanha.
— Vai dizer o que aconteceu para estar com essa cara? — pergunta.
— Marcelo — digo e encosto minha cabeça em seu ombro.
— O que Marcelo fez?
— Me beijou hoje — falo sem graça.
— Isso não é bom?
— Não.
— Mas, não era isso que você queria?
— É... Mas... Ele me agarrou! — digo indignada.
— Você queria que ele não tivesse te beijado?
— Não... Quer dizer...
— Não é bom, porque não foi você que tomou a iniciativa? — Montanha pergunta.
— É — respondo e passamos alguns minutos em silêncio.
— Você gostou do beijo? — Montanha fala quebrando o silêncio.
— Gostei... Não gostei... Não sei Montanha — falo confusa escondendo o meu rosto com
minhas mãos.
— O que você sentiu com o beijo?
— Não sei, foi diferente.
— Moreninha, você não acha que esse jogo está ficando sério? — Passa os braços em
volta de mim e me abraça. — Quando começa a surgir sentimentos deixa de ser um simples jogo.
— Não! — Levanto do seu lado. — É apenas um jogo, não existe nenhum tipo de
sentimentos, só quero transar com ele e nada mais.
— Tem certeza disso?
— Claro que tenho Montanha. Você me conhece muito bem, não existe sentimento é só
prazer.
— Vem cá. — Montanha pega a minha mão e me faz sentar no seu colo.
— Não existe sentimento, Montanha — afirmo novamente.
— Ei. — Coloca a mão no meu queixo me fazendo olhar em seus olhos. — Não estou te
recriminando, ou te julgando, como disse eu te conheço. Conheço você menina, até melhor que
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sua mãe, só não quero que você se machuque.


— Não existe essa possibilidade.
Montanha me abraça e passa a mão em meu cabelo.
— Clara, não sei no que essa história vai dar. Mas cuidado minha menina, não se engane
ou minta para si mesma, esse jogo pode virar e você se machucar. Quero que saiba que não
importa o que aconteça, eu sempre estarei aqui do seu lado. Entendeu?
— Montanha eu... — ele não me deixa acabar de falar.
— Shi... — Coloca o dedo em meus lábios. — Só quero saber se você entendeu?
Não o respondo, apenas balanço a cabeça em um sim. Eu entendi, mas não posso estar
gostando do Marcelo, não posso gostar dele e nem de ninguém.
Ficamos abraçados e em silêncio durante alguns minutos até que a campainha toca,
levanto do colo de Montanha para abrir a porta. Ele me chama de novo.
— Moreninha, você entendeu?
Novamente balanço a cabeça de forma afirmativa.
Vou até a porta, e são as duas pessoas que estavam faltando. Mal abro a porta e Carol
fala:
— Espero que você tenha algo sério para contar, porque hoje eu tinha um encontro.
— Que encontro Carol? — Eva questiona, enquanto as duas caminham até o sofá com as
barras de chocolate na mão.
— Com um cara ai — Carol fala sem citar nomes.
— Que carinha Carol? — pergunto.
— Já disse, um carinha ai — diz dando de ombros.
— Carol, se você não quer falar quem é o carinha, não fala, mas eu vou descobrir e você
sabe disso — aviso.
Vou para a cozinha pegar as taças e o vinho. Entrego o vinho para o Montanha abrir,
sento-me no tapete de pernas cruzadas do lado das meninas e Montanha que esta no sofá. Ele
abre o vinho e o serve em nossas taças.
— Então, Clara, o que aconteceu hoje para você decidir beber e comer chocolate? — Eva
questiona.
— Marcelo — bufo.
— O que aconteceu? — Eva pergunta.
— Ele me beijou hoje — digo.
— Ai meu Deus! Você deu para ele? — Carol grita. — Sua safada!
— Não Carol! Foi na biblioteca.
— O que é que tem? — Carol desdenha.
— Carol, sua safada você já deu na biblioteca? — Eva pergunta.
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— Eu não. — Ri.
— Já deu sim Carol, essa sua cara de safada te condena — falo.
— Foi só uns amassos na biblioteca, eu não dei porque ele não quis, se ele quisesse eu
teria dado ali mesmo para ele. Meninas, pensa no Deus Grego, lindo e maravilhoso.
— O pau dele era grande? — Eva pergunta.
— Era sim Eva, eu apalpei bem — Carol fala entre risos.
— Meninas, se controlem tem um homem aqui — Montanha fala e todas riem já no
efeito do vinho.
— Para, Montanha, você já ouviu coisas piores — Eva fala.
— Verdade Montanha, até banho você já deu em nós, e dormiu de conchinha — digo.
— Verdade Montanha. — Eva concorda. — Você já viu e ouviu da gente coisas que até
Deus dúvida.
— Sempre vou cuidar de vocês três e darei quantos banhos for necessário — Montanha
fala e abaixa a cabeça. — Mas pretendo não deixar as três beberem tanto para não chegar a esse
ponto.
— Você pode cuidar e dar banho em mim à hora que você quiser, Montanha — Carol
fala de forma irônica. — Eu deixo.
— Carol, para de pegar no pé do Montanha. — Eva reclama. — Montanha, a gente sabe
que você não nos olha com malícia. Não leve Carol a sério, ela precisa de um pau.
— Vou comprar um vibrador para você Carol — brinco.
— Se você vai dar um vibrador para a Carol eu também quero, um bem grande — Eva
fala entre risos.
— Falando em pau. Clara será que o pau do Marcelo é grande? — Carol pergunta.
— Meninas, a Clara só deu um beijo — Montanha esclarece.
— Na verdade ele que me beijou — confesso.
— Nossa, deve ter sido sem graça esse beijo, ele não roçou nem um pouquinho o pau em
você? — Carol pergunta.
— Roçou sim, ele me prensou na parede, meu vestido subiu, eu cruzei minhas pernas em
sua cintura e dei uma rebolada para sentir se ele estava duro — falo rindo.
— E estava duro? — Eva pergunta.
— Estava sim — Rio.
— Nossa, então deu pra conferir, e aí? — diz Carol.
— Pelo que eu senti deve ser grande sim — conto.
— Já pensou Clara, se o pau dele for fino igual do Edson — Carol fala e todos riem
novamente.
— Deus me livre! — Bato na mesa de centro três vezes. — Ninguém merece pau fino. —
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Rio.
— Meninas, acho que vocês estão tomando muito vinho — Montanha fala caindo na
risada.
— E você Montanha, que tamanho é o seu pau? — Carol pergunta.
— Corta o vinho da Carol — Eva fala rindo.
— O meu pau é grande e grosso o suficiente para satisfazer qualquer mulher —
Montanha responde e nós arregalamos os olhos com sua resposta.
— Nossa Montanha, me deixa ver você tomando banho para conferir, se você é tudo isso
mesmo — Carol fala rindo com cara de safada.
— Carol, chega! Você já está passando dos limites — repreendo.
— Verdade Carol, estamos aqui para falar do Marcelo e do pau dele — Eva lembra.
— Falando em Marcelo, o que você pretende fazer agora, morena? — Montanha
pergunta.
— Vou virar esse jogo e dar a cartada final — digo.
— Como assim, Clara? — Carol questiona.
— Segunda vocês irão saber. Marcelo não sairá ileso, quem ele pensa que ele é para me
beijar e sair — falo.
— Isso mesmo Clarinha, não deixa ele pensar que está por cima — Eva fala.
— Estou com dó do Marcelo — Carol fala rindo.
Depois de duas garrafas de vinho, três barras de chocolate, muitas risadas, fotos tiradas e
postadas em nossas contas do instagran e facebook, as meninas e Montanha resolvem ir embora.
Isso já é quase 6h00 da manhã. É sempre assim, quando nos reunimos para beber se resume em
muitas risadas e fotos para nos lembrar depois.
O domingo passa tranquilo e sem novidades, ligo para minha mãe, e depois para as
meninas, leio um livro e durmo.
Na segunda-feira acordo cedo a primeira coisa que faço é uma ligação para Kelly.
— Clarinha, amor tudo bem? — Kelly fala ao atender o telefone.
— Tudo bem sim Kelly, e você? — pergunto.
— Estou bem, só na correria — Kelly fala.
— Kelly, sei que está em cima da hora, mas tem como conseguir uma horinha para mim
hoje? — pergunto.
— Claro que sim, deixa eu olhar a agenda. — Passam-se alguns minutos. — Clarinha, eu
tenho as 11h30, tudo bem?
Olho no relógio e vejo que são quase as 10h00.
— Tudo ótimo Kelly, até daqui a pouco. — Desligo o celular.
Vou para o banheiro, tomo um banho preguiçoso e já imagino como vai ser o meu banho
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com Marcelo mais tarde. Saio do banho faço minha higiene, visto um short e uma camiseta
básica, sapatilhas e maquiagem leve. Pego minha bolsa, chave e capacete e saio em direção ao
salão da Kelly. Quando chego lá ela já me espera.
— O que você deseja hoje, Clarinha? — pergunta.
— Apenas depilação — falo, e ela me pede para acompanha-la até a sala de depilação.
— Como você vai querer?
— Lisinha igual de bebê — aviso.
— O cara merece?
— Claro que sim, merece e muito — digo rindo.
Kelly começa o seu trabalho.
Homens adoram a nossa amiga bem depilada, alguns podem dizer que não, mas eles não
resistem. Hoje Marcelo vai chupar a minha todinha, quero saber como vai ser sua língua, vai ser
um jeito que ele jamais irá esquecer. Hoje vou me acabar no corpo dele.
Chego em casa por volta de 13h00, como algo levo e deito para descansar um pouco,
preciso do meu corpo bem relaxado. Acordo quase 16h00, vou para o banheiro, tomo um banho,
saio do banheiro penteio meu cabelo e faço uma trança de lado. Escolho um macacão preto a
vácuo, que abraça bem minhas curvas, com um decote profundo nas costas, faço uma
maquiagem com os olhos bem marcados e batom vermelho, escolho um tênis rosa com meias
brancas.
Olho no espelho, confiro meu visual, e realmente estou bem sexy. Marcelo vai ser uma
presa fácil. Pego a mochila, chaves, capacete e saio rumo à academia.
Estaciono Penélope ao lado do carro de Marcelo, entro na academia, cumprimento as
pessoas no caminho e vou direto ao vestiário feminino, guardo minhas coisas no armário e vou à
procura de Marcelo. Rapidamente o encontro e vou na sua direção. Quando me vê percebo que
está sem graça.
— Clara!
— Marcelo! — Abro o sorriso.
— Preciso pedir desculpas.
— Desculpas?
— Não agi de forma correta com você sábado.
— Mas eu adorei a forma como você agiu.
— Clara, é sério, preciso que me desculpe. Fui um cretino com você.
— Marcelo, tudo bem, adoro um cretino.
— É sério, Clara.
— Eu só te desculpo com uma condição? — digo cruzando meus braços.
— Qual?
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— Se você me ajudar hoje no exercício de agachamento com barra.


— Clara, você não precisa da minha ajuda, é só fazer na barra extensora.
— Mas Marcelo, ai que está o problema eu quero fazer na barra livre, e você iria me
ajudar para não me machucar. Você me deve um pedido de desculpas. — Forço um pouco ou ele
não vai aceitar.
— Está bem Clara, eu te ajudo, mas não posso demorar, pois hoje só vim falar com você.
— Sou tão importante assim Marcelo, para você vir hoje só por minha causa — falo
fazendo bico.
— Clarinha, é sério. Me senti mal pelo o que fiz, desculpa — Marcelo fala.
— Está bem Marcelo.
— Clara, isso nunca mais vai acontecer.
— Marcelo, faz assim eu finjo que não aconteceu nada e você finge que acredita. Você
vai me ajudar no meu treino hoje?
— Tudo bem Clara — Marcelo fala e me conduz até as barras. — Qual o peso?
— 10 quilos de cada lado
— Não é muito pesado?
— Por isso sua ajuda — falo.
Marcelo coloca os pesos na barra, e eu fico em sua frente. Olho pelo espelho e vejo
Marcelo em minhas costas. Ele coloca a barra em meus ombros.
— Marcelo, posso confiar em você? — Preciso ter certeza que ele não irá me deixar
sozinha no meio do exercício.
— Pode sim não vou soltar. Qual a série?
— 4 de 20, Marcelo se você soltar eu me machuco.
— Clarinha, pode confiar.
Coitado, ele nem imagina o que um simples exercício pode fazer com um homem.
— Vou começar — aviso o olhando pelo espelho.
O exercício de agachamento com barra livre é feito em pé com a barra apoiada nos
ombros e os pés afastados em distância igual à largura dos ombros. Flexiona-se lentamente os
joelhos até que as coxas fiquem paralelas ao chão. Estendendo as pernas para retornar à posição,
ou seja, se agacha e levanta. Marcelo vai me ajudar. Então, ele vai ter que fazer o mesmo
movimento segurando a barra em meus ombros atrás de mim.
Começo a fazer a primeira série de forma natural para Marcelo não se assustar, e ele
acompanha o movimento. Na segunda série na hora de agachar empino bem a bunda e começo a
roçar em seu pau. Na terceira série empino ainda mais a bunda, e começo a sentir sua ereção, a
respiração de Marcelo fica mais forte. Era isso que eu queria. Na quarta série sinto Marcelo mais
próximo, e em cada agachamento o sinto roçando ainda mais a sua ereção contra a minha bunda.
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Quando a série acaba Marcelo me olha com os olhos arregalados e diz:


— Vou tomar um banho e ir embora. — Sai em direção ao vestiário masculino, sem me
olhar ou esperar resposta.
Vou até o vestiário feminino, pego minhas coisas e saio em direção ao vestiário
masculino. Olho do lado para ver se tem alguém olhando e não tem ninguém. Entro no vestiário
masculino, vejo se tem mais alguém além de Marcelo, como não encontro ninguém tranco a
porta e coloco minhas coisas no chão. Marcelo ainda não percebeu a minha presença. Tiro minha
roupa ficando somente de calcinha fio dental preta, pego a camisinha e vou a sua direção.

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CAPÍTULO 10 — CLARA

Caminho lentamente até Marcelo, que está de costas com uma das mãos na parede
olhando para baixo e a água caindo por suas costas. Coloco a camisinha no chão e entro no
chuveiro o abraçando por trás. Marcelo me olha assustado, seu olhar percorre meu corpo quase
nu e ele fala:
— O que você está fazendo aqui?
— Tomando banho.
— Clara você não pode... — Coloco meu dedo indicador em sua boca.
— Shi... Apenas sinta Marcelo — sussurro chegando mais perto dele.
— Não Clara! — Marcelo segura minha mão.
Em seu olhar percebo sua luta para resistir ao seu desejo por mim. Mas hoje não saio
desse chuveiro sem pelo menos um orgasmo.
Coloco minhas mãos em seu pescoço e ele abaixa a cabeça, chupo seu lábio inferior.
— Você vai me deixar doido — fala em um sussurro.
Começo a beija-lo de forma calma e sensual.
— É o que eu mais quero — digo com minha boca colada na sua boca.
Marcelo responde o beijo com a mesma intensidade, nossas línguas fazem uma dança
sensual, com fome e desejo.
Marcelo aperta minha bunda e encosta-me na parede e geme em minha boca. Esfrega sua
ereção em meu ventre, suas mãos percorrem meu corpo, e ele enfia a mão dentro da minha
calcinha massageando meu clitóris. Depois enfia seu dedo na minha boceta me fazendo gemer,
enquanto a sua boca chupa um seio, e a outra massageia o outro.
Beijo o pescoço de Marcelo, e vou me desviando do seu ataque, pois são quase dois
meses sem sexo, não irei aguentar muito. Marcelo cede e continuo beijando seu pescoço, vou
descendo meus beijos por seu abdômen, apreciando e deliciando os seus seis gomos bem
definidos, desço meus beijos ficando de joelhos até ficar bem à frente do que eu mais desejo.
— Graças a Deus! — falo quase em um sussurro.
O pau de Marcelo é grande, grosso, com veias pulsantes, meus olhos brilham em saber
que tudo que fiz valerá a pena. Não penso muito e começo a beijar a base do seu pau, e seu saco,
depois percorrendo toda a sua extensão, antes de abocanhar a sua cabeça.
— Mostra para mim Clarinha, o que essa boquinha é capaz de fazer.
Começo a chupa-lo, e minhas mãos massageiam suas bolas, Marcelo começa a gemer e a

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foder a minha boca, enfio fundo seu pau em minha garganta, e volto devagar até a ponta de sua
cabeça. Quando chego na ponta dou, leves mordidinhas e brinco com a minha língua em volta de
sua glande.
— Porra Clarinha, que boca essa — Marcelo fala entre gemidos.
Marcelo coloca suas mãos no meu cabelo, fazendo-me intensificar os movimentos e
chupa-lo mais forte e profundo.
— Isso, assim chupa mais, Caralho Clara eu vou gozar... Ahhh. CLARAAAA!!!!!!
Marcelo geme alto e goza na minha boca. Chupo cada gota do seu esperma, deixando seu
pau limpinho. Aproveito e deixo uma chupada em sua virilha para mais tarde ele lembrar quem
esteve ali, e quem o fez gozar.
Ainda de joelhos pego a camisinha que deixei ao lado e a rasgo. Coloco apenas na cabeça
do pau de Marcelo, coloco a minha boca desenrolando a camisinha no seu comprimento, vou
levantando lentamente, beijando e me deliciando a cada parte do corpo do seu corpo.
— Você vai me deixar louco — Marcelo fala antes de me beijar.
Ele me joga na parede novamente, abaixa a sua mão até a minha calcinha e a rasga com
violência.
— Ah Clarinha, você pediu isso, agora aguenta. — Pega a minha perna, levanta e entra
de uma vez dentro de mim.
— Ah... — grito com sua invasão.
Sinto uma leve dormência. Ele espera um pouco até eu me acostumar com ele todo dentro
de mim.
— Ah! Meu Deus. Você é grande — sussurro em um gemido.
— Vou foder você e sua mente do mesmo jeito que você fodeu comigo durante todo esse
tempo.
Suas estocadas são rápidas e profundas, fazendo com que meu corpo estremeça. Rebolo
em seu pau, fazendo-o gemer. Marcelo começa a chupar meu seio a cada estocada fazendo-me
gemer cada vez mais alto.
Começo a arranhar suas costas descontroladamente.
— Acho que preciso domar essa gatinha. — Marcelo pega minhas mãos e as prende em
cima de minha cabeça. — Ela está muito descontrolada.
— Marcelo não faz isso — falo entre gemidos.
— Você pediu minha pequena, agora aguente. — Marcelo volta a meter forte e fundo.
Se ele continuar nesse ritmo não irei aguentar muito tempo, para minha tristeza ou
alegria, Marcelo sai de dentro de mim, e me vira deixando-me de frente para a parede.
— Você sabe como me deixou hoje? Esfregando essa bunda gostosa em mim — diz e dá
um tapa na minha bunda.
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— Ai! — falo em um sussurro cheio de tesão. Preciso dele dentro de mim.


— O que foi Clarinha? — pergunta no meu ouvido massageando onde deu o tapa. — Diz
o que você quer que eu te dou.
— Você! — Arrebito a minha bunda para trás facilitando a penetração do seu pau em
minha boceta.
Marcelo beija meu pescoço e geme no meu ouvido.
— Caralho Clarinha, como essa bucetinha é apertadinha sugando meu pau — geme. —
Sua gostosa.
Marcelo volta a massagear meu clitóris, fazendo-me gemer cada vez mais alto. Rebolo
em seu pau.
— Não está aguentando, eu consigo sentir, goza para mim safada.
Grito fora de mim, convulsionando em um orgasmo que desfaleceu todo o meu corpo
— Marcelo! — choro manhosa, gozando.
Marcelo dá mais umas estocadas e goza novamente gemendo alto, chamando meu nome.
Ele sai de dentro de mim e me abraça por trás dando leves beijos em minha nuca. Depois me vira
abraçando-me, encosto minha cabeça em seu peito e ficamos alguns minutos em silêncio
ouvindo apenas a água do chuveiro e as nossas respirações. Quando nossas respirações se
acalmam. Ele olha em meus olhos e diz:
— Gostou minha pequena?
— Gostei! — digo e volto a abraça-lo.
— Você ainda vai me deixar louco — fala sorrindo e me beija novamente, mas agora seu
beijo não é de fome, mas delicado e doce.
Melhor eu acabar com isso, carinho após sexo não é bom. Quebro o beijo e ele me olha
assustado. Lavo-me rapidamente, quando percebe que vou sair fala:
— Clarinha o que foi?
— Nada.
— Por que está saindo assim? — pergunta segurando a minha mão.
— Transei, gozei agora vou embora — falo de forma rude.
— Clara, precisamos conversar.
— Conversar o que Marcelo? — pergunto.
— Sobre o que aconteceu aqui.
— O que aconteceu, foi que tínhamos desejo um pelo o outro, somente isso Marcelo.
Nada além de desejo.
Ele não fala nada, apenas me observa. Puxo a minha mão da sua e vou até as minhas
coisas, pego a tolha e me seco. Visto uma calcinha reserva, e um macaquinho, não faço
maquiagem, apenas dou jeitinho no meu cabelo molhado, pego a mochila e o capacete.
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— Clara, aonde você vai? — Marcelo fala já com uma toalha em volta da sua cintura.
Vou até ele, coloco a mão livre em seu pescoço, fazendo-o abaixar, e dou leves mordidas
em seus lábios. Depois enfio a minha língua na sua boca procurando a sua. Ele retribui o meu
beijo. Encerro o beijo com alguns selinhos, Marcelo me segura pela cintura e une as nossas
testas.
— Clara, nós precisamos conversar sobre o que aconteceu aqui. — Começa a acariciar
meus cabelos molhados.
— Não temos nada a conversar, foi bom, mas acabou — falo desviando do seu olhar.
— Clara! — Marcelo fala erguendo meu queixo fazendo-me olhar em seus olhos.
— Foi apenas sexo, isso não vai voltar a acontecer, não precisa se preocupar.
Afasto-me dele que apenas me olha. Abro a porta do vestiário masculino, saio deixando
um Marcelo cheio de dúvidas.
Percebo que algumas pessoas estão olhando-me, provavelmente desconfiam ou tem
certeza do que aconteceu no vestiário. Não tenho costume de me expor dessa forma, nunca
ninguém sabe com quem me relaciono. Essa foi a primeira mancada que dou, mas valeu a pena.
— Não sabia que o vestiário masculino tinha virado motel — Uma guria loira fala.
— Não virou motel — respondo olhando para ela. — Porque se tivesse virado, eu ainda
estaria lá dentro gozando bem gostoso, coisa que você deveria fazer ao invés de perder tempo
cuidando da vida dos outros.
Sei o que eu fiz foi errado, mas não deixo ninguém tirar uma com minha cara. Não mais,
aprendi que a melhor forma de defesa é o ataque.
Deixo a guria de boca aberta e vou rumo ao estacionamento, coloco o capacete e subo na
Penélope. Logo um pensamento vem em minha mente.
— Droga, Marcelo não me chupou! Vou ter que tê-lo novamente, preciso saber como que
é sua língua me chupando. — Penso alto.
Hoje decido não ir para a faculdade, não quero encontrar Marcelo, pelo menos não hoje,
então vou para meu apartamento.
Chegando lá tomo um banho, hidrato meu corpo, visto uma camisola rosa de renda
transparente, penteio os meus cabelos deixando-os soltos. Vou até a cozinha faço um lanche
leve, vou para a sala, ligo a TV que passa um filme qualquer. Aproveito e mando uma mensagem
no grupo do wathsapp para as meninas, avisando que hoje não irei à facul.
Começo a lembrar da sensação de ter Marcelo dentro de mim, e principalmente do
tamanho e a grossura do seu membro. Juro que fiquei com medo de ser castigada e Marcelo ter
um pau fino e pequeno. Mas minhas preces foram ouvidas e descobri que ele é muito melhor do
que eu esperava. Ele ser melhor que eu esperava me assusta, pois depois do sexo ele foi
carinhoso, isso não é bom. Marcelo ao mesmo tempo em que foi bruto, foi carinhoso, como isso
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é possível?
Carinho demonstra sentimentos, e sentimentos é a única coisa que não quero nesse
momento em minha vida, nem hoje nem nunca mais. Acho que não vou sentir a boca do Marcelo
me chupando, o melhor a fazer é me afastar dele. Já consegui o que eu queria, transei, gozei e
explorei cada canto do seu corpo. O melhor é ficar longe agora.
Acabo adormecendo no sofá com os pensamentos em Marcelo, só acordo por causa da
campainha tocando. Olho no celular e são 23h30. Quem será a essa hora?
Levanto, vou até a porta e a abro.
— Você!

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CAPÍTULO 11 — MARCELO

Fiquei louco quando vi Fabio dando em cima da Clara, e ela correspondendo, nunca senti
tanta raiva. Perdi a razão, fui atrás dela e a beijei... Que beijo!
Clara consegue ser delicada e sexy, uma menina mulher, duas em uma.
Passei o restante do sábado, pensando nela, fui ver Dayana em sua casa. No seu quarto
Day me beijava, mas não eram seus beijos que eu desejava, quando sua boca desceu pelo meu
corpo, não era aquela boca e toque que eu queria.
Era Clara que eu queria, era com Clara que eu queria estar junto, beijando-a, fazendo-a
minha.
Sei que meus pensamentos são errados, não é certo com Dayana, por isso não a toquei,
dei uma desculpa e fui embora. Já basta eu tê-la traído, ela não merece, mas eu não consigo
explicar o que sinto por Clara.
No domingo evitei encontrar Day, cada dia que passa a palavra casamento está presente
em nossas conversas. Ela sempre acha um jeito de tocar no assunto, mas ainda não estou
preparado para isso. Piorou agora com esse sentimento indefinido por Clara. Casamento está fora
dos meus planos.
Na segunda-feira, acordo com pensamento em uma pessoa. Está decidido, preciso
conversar com Clara e me desculpar pelo beijo que dei nela no sábado. Não foi certo o que fiz.
Clara é solteira e fica com quem quiser, diferente de mim. Não sou nada dela e nem posso sentir
raiva por ela querer ficar com outro homem que não seja eu. Eu tenho Dayana. Clara é proibida
para mim enquanto eu estiver com Dayana.
Meu dia passou vagarosamente, evito ver Day de todas as formas, ela percebeu a minha
distância, mas preciso terminar o que ainda nem aconteceu com Clara, preciso me desculpar e
dizer a ela que isso não vai voltar a se repetir. Quando o relógio marca 17h00 pego minhas coisas
e vou para a academia. Quando chego no estacionamento vejo que a sua moto não está no lugar
de sempre. Lembrar-me dela naquela moto me faz sorrir, Clara e suas facetas. Vou para o
vestiário e começo um treino leve, hoje só vim para vê-la e conversar.
Quando vejo minha Clara, vindo em minha direção com um macacão preto que a deixou
ainda mais sexy, tentei pedir desculpa a ela, mas como sempre Clarinha, menina travessa, levou
na brincadeira e pediu ajuda em seu treino. Aceitei ajuda-la, porém nunca imaginei que um
simples exercício de agachamento seria tão erótico, que me deixaria duro.
Sai de perto dela e fui para o banheiro, precisava de um banho para me acalmar e colocar
meus pensamentos em ordem.
Sinto um abraço, me viro assustado e vejo que é ela. Clara está com cara de menina
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travessa, apenas de calcinha. Ela me beija, não resisto ao desejo que sinto e me deixo levar pelas
sensações de seu toque, a cada beijo que deposita em todas as partes do meu corpo. A sua boca é
sinônimo de pecado, me faz delirar a cada beijo e chupada, até mesmo a forma de colocar a
camisinha ela fez de um simples gesto um espetáculo, sempre soube que Clara me levaria à
loucura e literalmente me levou.
Estar dentro dela é uma sensação maravilhosa, nunca senti nada igual. Caralho, só de
imaginar já estou duro.
Depois do sexo, senti Clara como uma gatinha manhosa, a abracei e a beijei de forma
calma. Olhei em seus olhos que tinham um brilho diferente, nunca tinha visto esse brilho nos
olhos da minha pequena, nunca a vi tão entregue a um abraço.
Mas como Clara é uma caixinha de surpresa saiu dos meus braços, não quis me ouvir ou
conversar. Recusou-se a me ouvir, me deu um último beijo e se foi. Clara simplesmente fugiu.
Quando ela sai, vejo a loucura que nós dois fizemos: transar em um vestiário de academia
é coisa de doido, realmente não consigo pensar quando Clara está perto de mim, é algo mais
forte. Isso não pode ser só desejo, acabei de tê-la e não foi o suficiente, ainda quero mais. Preciso
dela. Preciso senti-la.
Fico sozinho alguns minutos, perdido em meus pensamentos. Pego minhas coisas.
Quando vou vestir minha cueca percebo uma chupada na minha virilha que me faz sorrir. Essa
chupada só mostra Clara, sendo ela mesma, ela tinha que mostrar que esteve ali, e me fez gozar
de um jeito só dela.
Acabo de me vestir, pego minhas coisas e saio do vestiário. Percebo alguns olhares e
sorrisinhos, abaixo a cabeça e vou embora.
Entro no meu carro, olho para o lado para ver se vejo a minha pequena. Mas ela não está,
provavelmente já foi para a faculdade.
Clara não irá fugir de mim, hoje na faculdade vou procura-la para conversarmos, é o
mínimo que posso fazer.
Chego na faculdade e Day já me espera no estacionamento. Vem me beijar, mas desvio
do seu beijo. Não posso beija-la sendo que acabei de ficar com Clara.
— O que foi, mor? — pergunta.
— Nada, não escovei os dentes. — Dou um beijo em sua testa.
Dayana me olha com cara desconfiada, mas não diz nada. Caminhamos um do lado do
outro até o bloco de Direito, a deixo na porta da sua sala e vou para a aula. Mas estou apenas de
corpo presente, pois meus pensamentos estão em Clara.
Na hora do intervalo dou uma desculpa para Dayana e vou para o bloco de Humanas a
procura de Clara, mesmo convivendo com ela esse tempo todo não peguei seu número de celular,
ou o endereço da sua casa.
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A procuro por todos os lados e não a encontro. Vejo suas amigas e elas são a minha única
opção para descobrir onde ela se esconde.
— Oi meninas — falo chegando perto.
— Oi Marcelo — respondem juntas.
— Vocês sabem da Clara? — pergunto e coloco minhas mãos no bolso.
— Ela não veio hoje, disse que estava cansada — uma delas fala.
— Por que Marcelo, o que você quer com ela? — A outra pergunta.
— Eu preciso falar sobre um trabalho em dupla que precisamos entregar amanhã —
invento e olho para baixo, provavelmente as duas sabem que estou mentindo.
— Se é importante liga para ela Marcelo — Adriano fala chegando perto de nós três.
— Não tenho o telefone dela. — Olho para Adriano.
— Eu passo para você — Adriano fala e as meninas ficam com um sorriso bobo no
rosto, acho que eu estou com cara de palhaço.
— Só o telefone Marcelo? — Carol pergunta. — Você não quer o endereço dela
também?
— Queria os dois se possível, preciso falar com a Clarinha. Sei que se eu ligar ela não vai
atender. — Já que estou no fogo vou me queimar, sei que eles sabem o que aconteceu.
Alessandro e Camila se aproximam de nós e tenho receio que eles tenham escutado a
nossa conversa.
— O que você está fazendo aqui Marcelo? — Camila pergunta e sei que ela vai contar
para Dayana sobre a minha visita nesse bloco.
— Marcelo veio pegar o número de um amigo. Fernando precisa dos serviços dele e eu
fiquei de passar o número — Adriano fala me salvando.
— Obrigado, cara — digo para Adriano.
— Depois te mando a mensagem com o número — ele responde.
Despeço-me de todos e volto para o bloco de Direito. Não demora chega uma mensagem
do Adriano com o número de celular da Clara e o endereço. Mas o que me chama a atenção é a
última frase.

Cuide bem da minha menina.

A aula passa lentamente, chega a hora de ir embora, despeço-me de Dayana, que me


convida para ir na sua casa, mas recuso dando a desculpa que tenho que fazer um trabalho para
entregar amanhã.
Entro no meu carro e ligo o rádio. Está tocando a música Insana-Loubet, é impossível
não pensar em Clara.
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Sua imagem me flerta, me acerta uma flecha


Que não consigo escapar
Sua miragem me engana e acende uma chama
Dentro do meu olhar
Tento fugir, não consigo, o perigo me assola,
Me devolve pra você
Tento buscar um abrigo,
Mas duvido que um dia eu possa te esquecer
Pega, rasga a minha blusa, me joga na cama,
Me ama e vamos ser feliz
Mesmo que você me iluda, meu corpo te chama, insana,
É tudo que eu sempre quis
Em outro vocabulário, não sou páreo
Pro seu jeito de me conquistar
Você me hipnotiza quando pisa em meu peito
E começa a dançar
Objeto descartável eu me sinto, mas como poder te evitar?
Desejo incontrolável me oprimindo, então o jeito é me entregar
Pega, rasga a minha blusa,
Me joga na cama, me ama e vamos ser feliz
Mesmo que você me iluda,
Meu corpo te chama, insana, é tudo que eu sempre quis
(Insana, Loubet)

Essa música realmente é o que eu sinto por Clara, pois a sua imagem não sai da minha
cabeça. Não consigo ficar longe dela, tentei fugir, mas não consigo. Não vou conseguir esquecê-
la tão cedo.
Olho o endereço, não me importo com a hora, hoje quero ama-la nem que seja apenas por
uma noite. Mesmo que Clara me iluda, é tudo que eu quero, é tudo que eu sempre quis desde a
primeira vez que a vi e não vou lutar contra isso. Nem que seja apenas por essa noite.
Chego ao endereço, subo pelo o elevador e toco a campainha.
—Você! — Clara fala ao abrir a porta.

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CAPÍTULO 12 — DAYANA

— Alô — atendo com voz de sono. Quem será que está ligando a essa hora? Se for o
besta do Marcelo ele me paga, não quis dormir aqui e agora liga para encher o meu saco. Cara
nojento.
— Day, pode falar?
— Posso. — Sento-me na cama assustada. — Aconteceu alguma coisa Mila? — Camila
nunca liga de madrugada.
— Você está com o Marcelo?
— Não por quê?
— Hoje ele estava no bloco de Humanas.
— Fazendo o que lá?
— Não sei, mas estava conversando com as amigas da Clara e com o Adriano, quando
me viu ficou nervoso.
— Será que ele foi atrás dela?
— Não sei, Adriano disse que ele queria o número de um cliente.
— Adriano está mentindo. Marcelo está estranho desde sábado.
— Falando em sábado, sabe com quem ele fez o trabalho?
— Não, ele disse que era com um amigo.
— Ele fez com a Clara. Alessandro me contou, e disse também que os dois treinam na
mesma academia e no mesmo horário.
— Marcelo mentiu, disse que era com um amigo, e disse que Clara treinava em horário
diferente.
— Day, o nosso plano tem que ser posto em prática. Clara hoje não foi para a faculdade,
mas foi para o treino. Alessandro não soube explicar o motivo, ela nunca falta, pode ir na festa e
madrugar, mas ela vai para a faculdade.
— Marcelo chegou hoje estranho na faculdade, mal falou comigo e não quis dormir
comigo hoje.
— Estou falando, algo entre os dois está acontecendo precisamos agir, ou você vai perder
o Marcelo.
— Consegue o telefone do Edson para mim.
— Vou pegar o número escondido no celular do Alessandro, ele está dormindo aqui hoje.
— Quando conseguir me manda mensagem. Vou tentar ligar para o Marcelo. Beijo.
— Ok, Beijo.
Desligo, e ligo para o Marcelo, ele não atende. Ligo mais três vezes e nada. Ele não pode
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estar com ela, meu celular apita. Olho e é a mensagem com o número do Edson. Disco o número
e ele me atende no segundo toque.
— Alô.
— Edson?
— Sim, quem é?
— Sou eu Dayana, namorada do Marcelo.

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CAPÍTULO 13 – CLARA

Sonolenta, abro a porta e vejo Marcelo em minha frente, de calça jeans e camisa preta.
Será que eu estou dormindo ainda? Quase me belisquei para ver se era um sonho mesmo. Pensei
tanto nele que se materializou na minha frente, essa é a única explicação. O que mais poderia
ser? Marcelo na minha porta? O que ele quer aqui?
— Você! — É a única coisa que consigo falar.
— Eu, Clarinha. — Será que é ele mesmo? Ainda não estou convencida.
— O que você está fazendo aqui, Marcelo? — pergunto ainda na porta.
Marcelo me olha de cima a baixo, parece avaliar-me. Ainda bem que estou com uma
camisola sexy, e não com uma velha, ou de menina. Isso é broxante para um homem.
— Acho que você roubou a minha fala. — Sorri. — Não vai me convidar para entrar,
Clarinha? — pergunta, erguendo uma das sobrancelhas.
Suspiro fundo, pois sei que com esse olhar de Marcelo muitas coisas podem acontecer, e
não sei se estou muito bem preparada.
— Entra — digo e ele entra.
Mal fecho a porta e Marcelo me joga na parede. Olha em meus olhos, sua boca fica
próxima à minha.
— Marcelo, acho que você gosta muito de parede. Porque toda vez que tem uma
oportunidade me joga em uma — falo respirando forte.
— Se você estiver presa na parede, gosto muito. — Prensa-me com o seu corpo ainda
mais contra a parede.
— Marcelo, não. — Coloco a mão em seu peito. — Diz o que você veio fazer aqui? —
Seu cheiro já está me embriagando.
— Você!
— Eu?
— Quero você. — Beija o meu pescoço.
— Não Marcelo, eu já te tive e não quero mais. — Ai meu Deus que mentira, quero sim
já estou doidinha para repetir a dose de hoje mais cedo.
— Tem certeza, Clarinha? — Roça sua barba em meu pescoço.
— Não — respondo com a voz trêmula.
— Só por hoje gatinha manhosa, se entregue a mim pequena. Amanhã é outro dia —
sussurra.
Não resisto, jogo meus braços em seu pescoço e o puxo para mim. Começo a beija-lo,
sinto seu gosto, seu cheiro, mordo seus lábios.
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Marcelo coloca a mão em minha nuca e me beija, tirando-me o ar. Passo minhas mãos em
seu peitoral, pelo seu abdômen, vou descendo até sentir seu membro duro, por dentro da sua
calça, doido para ser liberado. Alucinado Marcelo me ergue e cruzo minhas pernas em sua
cintura.
— Parede, chão, sofá ou cama?
— Cama.
— Ensina o caminho — fala entre os beijos.
— Sim! — Chupa minha língua. — No corredor a primeira porta a direta — consigo falar
entre os beijos.
Marcelo continua a me beijar, e segue para o quarto esbarrando na parede e nos móveis
do caminho sem interromper os beijos, até chegar ao meu quarto. Então me coloca na cama, fica
de joelhos entre as minhas pernas, e olha para mim.
— O que foi?
— Parece um anjo, com essa camisola rosa. — Abre um sorriso.
— Sou um anjinho — falo rindo.
— Mas sei que de anjo você não tem nada, safada.
Marcelo tira a camisa e se inclina sobre o meu corpo.
— Hoje Clarinha, vou fazer com você tudo que eu tive vontade durante todo esse tempo
que você ficou infernizando a minha vida — fala dando mordidas em meu ombro.
— Será? — provoco arranhando suas costas.
— Pode ter certeza.
Suas mãos deslizam sobre o meu corpo, quando sobem levam com elas a barra da minha
camisola, ergo o braço para ajudá-lo a tirar. Marcelo beija meu pescoço e roça a sua ereção ainda
presa na minha entrada. Uma de suas mãos massageia meu seio.
— Vou beijar cada pedaço do seu corpo.
Desce sua boca dando pequenas chupadas até abocanhar meu seio, que chupa com
vontade até deixar o bico rígido, não demora em um e dá a mesma atenção ao outro.
— Marcelo! — chamo seu nome entre gemidos, desço a minha mão ao seu membro para
tentar libera-lo.
— Não! — Marcelo segura minhas mãos levando-as até a minha cabeça. — Hoje você
brincou demais, agora é a minha vez.
— Deixa só um pouquinho.
— Se você for uma boa menina te dou leitinho na boca.
— Delícia!
Marcelo volta a beijar meu pescoço e vai mordiscando, indo até meus seios
massageando-os, chupando e mordendo o bico, vai descendo deixando rastros de beijos por meu
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corpo.
Chega até a minha calcinha, beija por cima dela, chupa a minha virilha, fazendo disso
uma deliciosa tortura. Levanto meu quadril para forçar ainda mais a sua boca na minha entrada.
Marcelo coloca as mãos nas laterais da minha calcinha, e a desliza sobre minhas pernas
tirando-a. Fico completamente nua com Marcelo ainda de jeans no meio das minhas pernas.
— Estou perdida.
— Muito.
Marcelo volta com a sua deliciosa tortura, começa a beijar as laterais da minha boceta.
— Tão cheirosa — fala cheirando-me e passando o nariz. — Tão lisinha. — Começa a
dar leves beijos e mordidas.
Fecho meus olhos e começo a sentir a língua de Marcelo em meu clitóris, circulando e
chupando. Começo a me contorcer com a deliciosa sensação. A língua de Marcelo faz mágica e
eu só sei gemer.
— Clarinha, sempre imaginei como seria chupar essa bocetinha.
Marcelo coloca dois dedos dentro de mim e os movimenta no mesmo ritmo de sua língua.
Intensificando ainda mais as sensações, levando-me a loucura, a me contorcer de prazer.
— Eu não vou aguentar.
— Goza para mim.
Agarro seus cabelos com força e rebolo, sinto meu corpo formigar e estremecer.
— MARCELO! — Não consigo me segurar, gozo gritando o seu nome.
Marcelo continua a me chupar, enquanto eu ainda me contorço de prazer. Levanta a
cabeça do meio das minhas pernas.
— Seu gosto é delicioso — diz desabotoando a sua calça, puxando-a junto com sua
cueca, liberando sua ereção.
Fico encarando a sua ereção com um sorriso no rosto.
— Gosta do que vê?
— Muito. Do jeito que eu gosto.
— Daqui a pouco isso aqui. — Segura sua ereção e a alisa. — Vai estar todo socado
dentro dessa bocetinha gulosa.
— Vem logo, eu quero.
— Calma pequena. Vai ser todo seu.
— Camisinha? — pergunto.
— Tenho aqui — diz pegando sua carteira no bolso da calça.
Marcelo coloca a camisinha em seu comprimento, se ajusta entre as minhas pernas, a
cabeça do seu pau na minha entrada e em uma estocada dura e rápida seu membro esta dentro de
mim.
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— Marcelo... — gemo seu nome em um misto de dor e prazer.


Mesmo estando extremamente excitada Marcelo consegue me rasgar a cada estocada,
pois graças ao bom Deus ele é bem dotado.
— Como você é grande... Grosso — digo.
— Gosta assim gostosa? — Rebola seu quadril fazendo-me senti-lo mais fundo.
— Muito! — Levanto o meu quadril de encontro ao seu.
Respiro fundo para adaptar o pau de Marcelo dentro de mim, ele se movimenta de forma
constante e profunda. Respira fundo em meu ouvido, beija e morde meu pescoço.
— Clarinha — geme falando o meu nome.
Sinto ondas e mais ondas de prazer. Aperto sua bunda, forçando ainda mais o nosso
atrito. Marcelo geme perdendo o controle.
— Marcelooo... Vou gozar...
Gozo fortemente chamando seu nome. Marcelo ainda se move na dança erótica dos seus
quadris nos meus, com mais alguns movimentos ele goza chamando meu nome e caindo sobre
mim.
Alguns minutos se passam para que nossas respirações se acalmem, Marcelo deita do
meu lado, tira a camisinha amarrando a ponta e colocando do lado da cama.
— Vem — diz me puxando para seus braços.
— Não — Afasto-me de seus braços, quando vou levantar da cama ele pega minha mão.
— Não pense, vem, só por hoje.
Marcelo puxa-me sobre o seu peitoral. Ele não diz nada, apenas o sinto alisar meus
cabelos, não demora muito e acabo caindo no sono.
Escuto ao longe um barulho que me faz despertar, meu corpo está dolorido. Abro meus
olhos e vejo Marcelo usando minha barriga como travesseiro, ele está todo amarrado em mim
com pernas e braços.
Percebo que o barulho que me fez acordar é a campainha tocando, olho para o relógio e
vejo que são 7h00 da manhã.
— Quem será o filho de uma boa mãe que resolveu me acordar a essa hora?!
A campainha continua tocando, tento em vão sair das amarras de Marcelo, até que ele
abre os olhos.
— Oi — falo.
— Oi. Dormiu bem? — pergunta.
Queria dizer que sim, que na verdade eu não dormi e sim desmaiei. Se não fosse o filho
de uma boa mãe apertando a campainha ainda estaria dormindo. Mas é melhor não responder.
— Preciso atender a porta — mudo de assunto.
— Quem será a essa hora? — pergunta e me dá um beijo.
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— Não sei.
Levanto, pego um roupão, o visto e caminho até a porta. Marcelo cruza os braços sobre a
cabeça e me observa.
— O que foi?
— Linda quando acorda. — Ele poderia dizer outra coisa, mas Marcelo tem o dom de me
deixar sem jeito.
— Vou ver quem é, porque acho que essa pessoa não vai embora enquanto eu não abrir
essa porcaria de porta.
— Vou te esperar aqui, Clarinha — diz com um sorriso enorme.
— Você vai se arrumar, pois quando eu voltar quero você fora do meu apartamento.
— Clara?
— Marcelo, você disse só por aquela noite e já está de dia. Acabou. Se arrume e fique ai
e não saia enquanto eu não voltar.
Saio e fecho a porta, ninguém precisa saber que eu dormi muito bem acompanhada e que
tive dois orgasmos que me fizeram dormir à noite inteira. Afinal a minha vida íntima não
interessa a ninguém.
Caminho até a porta para saber quem é o prego que faz mais de 15 minutos que está
tocando essa campainha. Abro a porta.
— Edson? — O que esse cara está fazendo aqui a essa hora?
— Clarinha — diz dando um beijo em minha bochecha.
— O que você faz aqui?
— Vim te ver.
— A essa hora?
— Estava com saudades.
— Você me vê todos os dias na faculdade.
— Justamente, ontem você não foi. Então resolvi te fazer uma visita. Não vai me
convidar para entrar?
— Não.
— Que coisa feia, cadê a boa educação? Me convida para entrar.
— Não tenho educação. Vai embora.
— Não Clarinha, o que foi? Não sente falta de nós dois juntos? Seja uma boa menina e
me convide para entrar.
— Não vou convidar você para entrar, e muito menos sinto sua falta. Antes que eu me
esqueça não sou uma boa menina.
— Nossa magoei. — Edson coloca a mão no coração teatralmente. — Menina má.
— Edson vai embora. Para de gracinha.
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— Deixa eu entrar, é melhor que conversar na porta.


— Já disse que não.
— Estou com saudade dessa sua carne macia — fala tentando pôr a mão em meu rosto.
— Vai no açougue Edson, lá tem bastante carne, você escolhe qual você quer. Tenho
certeza que vai encontrar carne bem macia lá.
— Eu quero você.
— Mas eu não quero você, já te disse isso.
— Você gostava quando estava dentro de você.
— Eu gosto mais ainda quando você está bem longe de mim. Adoro a sua distância. Você
não imagina o quanto.
— Deixa eu entrar.
— Já disse que não.
— Tem alguém com você?
— Não interessa.
— Então tem?
— Não tenho satisfações da minha vida para dar para você.
— Marcelo?
— Não, e se fosse?
— Ele não ia gostar de saber que ele foi alvo de uma aposta.
— Assim como você não vai gostar da sua cara arrebentada pelos socos do Montanha.
— Dayana também não irá gostar nada de saber que o namoradinho dormiu aqui.
— Assim como você não vai gostar de sentir as suas bolas trituradas.
— Você está tão carinhosa hoje.
— Chega Edson, se manca cara, não quero nada com você. Que chato. Vai embora, não é
ele.
— Deixa eu entrar.
— Só vou avisar mais uma vez, vai embora.
— Não.
— Vou chamar o porteiro, e depois vou na delegacia fazer um boletim de ocorrência
falando que você está me assediando.
— Menos, Clarinha.
— Vai embora.
— Eu vou, não pela sua ameaça. Vou porque eu quero, fique sabendo que estou de olho
em você.
— Não precisa ficar de olho em mim. Não, espera. Tenho uma ideia melhor vou dar uma
foto minha ai você fica de olho na foto, palhaço.
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— Vai brincando. Você vai ser minha — Edson fala virando-se de costas.
— Vai sonhando — falo alto suficiente para ele me ouvir.
Fecho a porta, e caminho em direção ao quarto. Preciso colocar Marcelo para correr do
meu apartamento, ele está muito folgado. Quando entro ele está do mesmo jeito que o deixei,
deitado na minha cama, nu, coberto apenas por um lençol, com os braços cruzados.
— Quem era? — pergunta.
— Edson. — Cruzo os braços. — E você vaza da minha cama.
— O que ele queria?
— Torrar a minha paciência — digo séria.
— Ele é insistente assim?
— Ele é um pé no saco. Agora levanta da minha cama e vai embora.
— Preciso de um banho.
— É só você ir no banheiro e tomar.
— Não sei o caminho.
— Está de brincadeira com a minha cara?
— Não, mas queria fazer outra coisa com o seu corpo.
— Marcelo chega, eu aceitei ontem, mas agora acabou. Cada um segue o seu caminho.
— Podemos seguir juntos para o chuveiro — fala levantando da cama e sorri.
— Você não acha que os papéis estão invertidos? — Hoje Marcelo tá que tá.
— Acho que você poderia apenas tomar um banho comigo, ai depois vou embora — fala
se aproximando de mim.
— Não Marcelo, vai você sozinho.
— Só um banho Clarinha, o que é que tem de mais em um banho?
— Já disse que os papéis estão ao inverso? Não era para eu estar insistindo e você
dizendo não? O que aconteceu com você Marcelo?
— Sabe o que aconteceu Clarinha. — Marcelo se aproxima mais de mim, me abraça. —
Uma menina mulher, cheia de facetas fodeu meu juízo ontem.
— É mesmo, o que ela fez?
Já que Marcelo quer brincar mais um pouco, o melhor é brincar. Vai ser a última vez
mesmo, depois cada um volta para a sua rotina.
— É sim, ela me perseguiu durante um mês inteiro. Entrou no vestiário da academia sem
roupa, onde eu tomava banho, sem ser convidada e abusou de mim.
— Tem certeza?
— Tenho sim. Agora essa menina não quer tomar um simples banho inocente comigo.
— Já que essa menina não está aqui, eu posso tomar um banho com você, mas com uma
condição.
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— Qual?
— Banho e rua.
— Está me mandando embora, Clarinha?
— Estou.
— Só vou depois do meu banho — fala beijando meu ombro.
Caminhamos até o banheiro, Marcelo me observa a cada passo. Tiro meu roupão, entro
no box e ligo o chuveiro, entro debaixo da água e Marcelo continua parado próximo a pia me
observando.
— Não vai entrar? — pergunto.
— Estou pensando.
— Em quê?
— Como seria foder essa sua boceta gulosa durante a manhã?
— Ao invés de pensar, você deveria vim provar.

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CAPÍTULO 14 — CLARA

— Tem certeza que quer que eu vá embora? — Marcelo insiste, já de banho tomado em
direção a sala.
— Você disse uma noite, já passou, disse um banho, já tomou. Agora pode ir embora —
digo.
— Eu posso ficar sujo de novo — Marcelo chega mais perto e prensa-me na parede.
— Já perguntei se você gosta de parede? — pergunto colocando a mão em seu peitoral.
— Eu já disse se você estiver nela, eu gosto — Marcelo fala beijando meu pescoço.
— Marcelo acabou — digo séria e ele olha em meus olhos.
— Por quê?
— Dayana? — falo levantando as sobrancelhas. Preciso afastar-me dele, tocar no nome
da vaca no cio, ele vai cair na real.
— Dayana não foi um problema durante o mês em que você estava se jogando em cima
de mim — fala de forma ríspida.
— Não foi, ela nunca foi um problema para mim — confesso.
— Então por que você não quer mais?
— Não quero me envolver com ninguém.
— Nem comigo?
— Principalmente com você — falo e olho para baixo.
— Clara eu senti você. Não diz que você também não sentiu nada.
— Senti, não vou mentir, mas não quero sentir mais.
Não posso ficar com ele, não posso me prender em ninguém. Não vou sofrer novamente.
O melhor é cortar o mal pela raiz, pelo menos não vou sofrer depois.
— Era apenas um jogo, Marcelo — digo.
— Jogo?
— Estava jogando com a sedução. Seduzi você, agora o jogo acabou — digo caminhando
até a porta.
— Então isso foi só para o seu prazer? — Marcelo fica parado na minha frente.
— Para o seu também — falo e aponto o dedo para Marcelo, que está ficando nervoso.
— Então durante todo esse mês você estava apenas brincando comigo Clara!?
— Não... Eu gostei de conhecer você, mas...
— Mas... Você só estava jogando.
— Isso — digo olhando em seus olhos.
O melhor é ele saber a verdade, isso foi só um jogo e eu venci. Dayana foi a chifruda, não
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me vinguei dela o suficiente. Mas está bom assim, não posso ir além do que já fui. O melhor é
Marcelo ficar com raiva de mim e voltar para a vaca, assim posso voltar para a minha vida.
— Você é uma dissimulada, da pior espécie.
— Não menti para você Marcelo, então não me chame de dissimulada — meu tom de voz
aumenta.
— Trai minha namorada perfeita por você.
— Desculpe por não ser perfeita. Aproveita e volta pra ela ainda tem tempo — falo com
aperto no coração.
— Você é confusa.
— Não! — Olho em seus olhos. — Eu sou Clara.
— Quero entender você!
— Não tente me entender, Marcelo. — Olho para o chão depois para os seus olhos. —
Você não vai conseguir. — Abro a porta para ele sair.
— Tem certeza? — pergunta passando por mim.
— Absoluta.
— Então adeus, Clara. — Olha nos meus olhos. — Boa sorte.
— Para você também — Marcelo vira-se de costas e sai andando.
— Marcelo — chamo e ele olha para trás. – Você é um cara legal, foi bom esse tempo
que passamos juntos.
Ele não responde e vai embora.
Olho Marcelo indo embora, e vejo que o melhor foi isso, eu ter cortado o mal pela raiz.
Era só um jogo e eu ganhei, agora o melhor é voltar para a minha rotina. Ou seja, o melhor é
arrumar outro para jogar, porque depois do Marcelo não quero ficar muito tempo na seca. A
imagem de Edson vem em minha cabeça.
— Pensando bem é melhor ficar na seca do que com um pinto fino do Edson.

O meu dia passou tranquilo, limpei minha casa, troquei a roupa de cama que estava com
o cheiro do Marcelo, almocei e escrevi um pouco da minha pesquisa.
Depois de algum tempo escrevendo resolvo tirar um cochilo, que não dura muito. Sou
despertada por várias mensagens que chegam no grupo do whatsapp do meu celular que parece
até que está tocando.
Várias mensagens das meninas querendo saber as novidades, estavam curiosas para saber
do Marcelo.
Olho no relógio e vejo que é quase 17h00, horário de ir para academia, mas decido não ir,
na verdade vou mudar o horário. Não tem mais a necessidade de frequentar no mesmo horário
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que ele.
Vou para a cozinha e enrolo fazendo um lanche para matar o tempo. Por volta das 18h00,
vou para o banheiro tomar banho. Lembro-me como foi bom tomar banho com Marcelo, seu
toque, seus beijos, seu pau em minha boceta, suas mãos em minha bunda.
— Preciso comprar um vibrador, coloco o nome de Marcelo e resolve o meu problema.
Respiro fundo, não posso ter sentimentos por ele, mas como pode ser tão perfeito?
Poderia ter uns defeitos, dente torto, barrigudo, pinto pequeno. Ai meu Deus retiro o que eu disse
pinto pequeno não.
— Marcelo, por que você tem que ser tudo isso?
Acabo o banho, enrolo a tolha em meu corpo, vou para o quarto, escolho um conjunto de
lingerie branca, uma calça jeans, uma camisa de seda azul, e nos pés uma sapatilha azul. Penteio
o cabelo, maquiagem leve, apenas os olhos bem delineados, brincos pequenos e estou pronta.
Pego a mochila, chave da Penélope, capacete saio em direção a facul.
Chego à facul estaciono a Penélope, e vou a caminho do bloco do meu curso, ver as
meninas e o Montanha. Hoje é terça- feira e não teremos aulas juntos.
Lembra que eu comecei a fazer uma disciplina optativa sobre a Legislação da Educação?
Então é hoje, o pior que vou ficar próxima do Marcelo, eu consegui o que queria, agora não tem
como sumir da vida dele da noite para o dia. Fiz questão de estar presente a todo o momento,
agora aguento.
Vejo as meninas no lugar de sempre e caminho até elas. Quando me veem olham para
mim e ambas abrem um sorriso. Sento do lado do Montanha que me abraça e me dá um beijo na
testa, fico de frente para Carol e Eva.
— Tudo bem, moreninha? — Montanha pergunta.
— Claro que está Montanha, olha a cara dela — Eva fala apontando para o meu rosto.
— Clarinha, você está com uma pele tão linda hoje — Carol fala de forma sarcástica.
— Acho que ela dormiu muito bem essa noite — Eva acrescenta.
— Será Eva? Eu já acho que não dormiu nada – Carol brinca.
Olho para as duas e a única coisa que consigo fazer é rir.
— Conta moreninha, como você passou a noite?
— Até você Brutus — falo olhando para o Montanha e todos começam a rir.
— Clarinha, para de fazer cu doce. A gente sabe que ele foi ao seu apartamento ontem —
Carol solta.
— Como vocês sabem? Estão me investigando, hein? — pergunto fazendo-me de
ofendida e desentendida.
— Ah Clarinha, deve ser porque um certo moreno de 1,80, lindo e gostoso veio procurar
por você ontem na hora do intervalo — Eva fala.
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— Ai como não encontrou você, Montanha passou seu número e endereço — Carol fala
apontando o dedo para o Montanha.
— Como assim? Você Montanha? — pergunto.
— Só queria ajudar — Montanha fala dando os ombros.
— A gente só queria facilitar o seu lado, Clarinha — justifica Carol.
— Tadinho, o Marcelo estava com uma carinha de cachorro abandonado — Eva fala
fazendo bico.
— Moreninha, por que ele veio te procurar ontem à noite aqui se vocês dois fazem
academia juntos? — Montanha pergunta e olha para mim com cara de desconfiado.
— Verdade, por que Clara? — Carol pergunta.
— Então... — Olho primeiro para o Montanha e depois para as meninas.
— Então... — Eva repete.
— Então, vou para a aula porque estou atrasada — falo levantando e pegando minhas
coisas, enquanto Montanha ri.
— Clara, pode dizer — Carol fala.
— Clarinha, você não é de Deus — Eva reclama.
— Gente na hora do intervalo eu falo.
— Vamos fazer assim na hora do intervalo vamos jogar uma sinuca e Clarinha diz o que
aconteceu — Montanha sugere.
— Eu não vou sair no segundo tempo — falo cruzando os braços.
— Ah vai sim — Eva fala.
— Você! — Carol aponta o dedo para mim. — Não tem querer!
— Hoje é terça-feira vocês estão loucos? — pergunto.
— Vamos moreninha, precisamos relaxar um pouco — Montanha pede.
— Só uma partida, Clara — Carol pede.
— Clarinha, depois que você começou com esse jogo de sedução nem tem tempo mais
para as suas amigas — choraminga Eva.
— Isso é chantagem emocional? — pergunto.
— Está funcionando? — Eva fala piscando o olho.
— E a Penélope? — pergunto.
— Moreninha, você vai de carro comigo e a gente pede para o guarda cuidar da Penélope,
amanhã eu trago você? — Montanha fala.
— Amanhã de manhã — pergunto.
— Amanhã à tarde — Montanha fala.
— Não, de manhã — teimo.
— Depois das 9h00 e antes das 11h00? — Montanha pergunta.
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— Pode ser — concordo rindo.


— Fechou então, na hora do intervalo a gente se encontra no estacionamento — avisa
Montanha.
— Por mim tudo bem — Eva concorda.
— Por mim também — Carol acrescenta.
— Ok, eu não vou demorar, mas me esperem, vocês sabem que o bloco de direito é mais
longe — falo. — Montanha aproveita e conversa com o tiozinho do Guarda porque se acontecer
alguma coisa com a Penélope você me paga.
— Pode deixar — Montanha fala rindo.
Despeço-me das meninas que estão animadas para ouvir o que aconteceu com o Marcelo.
Sigo para o bloco de direto e para foder com tudo estou atrasada. Hoje não queria sentar próximo
do Marcelo, mas provavelmente não terei muito lugar para escolher.
Chego na sala e o professor já se encontra, procuro um lugar para sentar, mas adivinha?
A sala justamente hoje está lotada e só tem uma carteira vazia, agora adivinha de novo? Sim, é
isso que você está pensando mesmo, a cadeira é do lado do Marcelo. Aquele que agora quero
distância, o mesmo que transei duas vezes seguidas e que saiu hoje de manhã com a cara feia.
— Clara vai demorar muito para sentar? — professor Henrique pergunta.
— Desculpe, professor.
Caminho até a única cadeira vazia e sento, olho para Marcelo e falo baixinho.
— Oi.
Ele vira o rosto e não responde. Filho de uma boa mãe não vai me deixar no vácuo, só
porque não quero dar mais para ele. Mentira, olhando ele agora daria para ele novamente
tranquilamente. Pensamento vai embora você não me pertence.
Então o que eu estava dizendo mesmo? Ah é... Só porque não iremos mais transar,
Marcelo não precisa fazer papel de retardado. Acho que só para me infernizar hoje ele está um
pecado em forma de homem. Estico a minha mão disfarçadamente e dou um belo beliscão na
cintura dele.
— Ai, você tá doida?! — Marcelo fala esfregando onde belisquei.
— Idiota! — digo e olho para frente.
O professor segue a aula e minha cabeça está longe, nem consigo prestar atenção na aula.
O cheiro de Marcelo me perturba. Quando escuto o meu nome bem longe fazendo-me despertar e
voltar de onde nem sabia estar.
— Clara você entendeu? — o professor Henrique pergunta.
— Desculpa professor poderia falar de novo?
— Clara estou falando sobre o seu trabalho e do Marcelo.
— Ah sim, algum problema?
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— Você não ouviu o que eu disse?


— Desculpa, estava pensando na minha pesquisa — minto ou ia levar um fumo bem
dado.
— Vou repetir, o seu trabalho e do Marcelo acabou sendo um dos melhores da sala, vocês
conseguiram abordar vários pontos importantes referente a Lei: 10.639-03. Clara, conversei com
o seu orientador e submeti o trabalho de vocês no Simpósio que vai acontecer em Assunção no
Paraguai daqui dois meses, tudo bem?
— Se todas as despesas forem pagas pela faculdade não tem problema.
— E você Marcelo? — professor Henrique pergunta.
— Clara pode apresentar sozinha — Marcelo responde.
— Não, Clara não pode, caso você não possa ir, enviarei outro trabalho. Lembre-se
Marcelo que isso é importante para seu curriculum.
— Tudo bem eu vou. — Marcelo solta o ar depois da sua resposta.
— Então, amanhã já vou mandar o ofício para o setor de finanças para agendar o hotel e a
compra de passagem. Vocês dois vão ter que decidir se vão apresentar em pôster ou banca?
— Banca — falo.
— Pôster — Marcelo fala olhando para mim. Acho que ele começou a jogar, então
também não vou ficar para trás.
— O que foi Marcelo, tem medo de encarar uma banca? O pôster que estiver no simpósio
ninguém nem vai olhar — falo olhando para ele, desafiando-o.
— Não Clara, não tenho medo de encarar uma banca.
— Professor eu e Marcelo decidimos banca — respondo olhando para Marcelo.
— Marcelo? — professor Henrique questiona.
— Banca — responde olhando para mim.
— Então está certo. A viagem é daqui dois meses e não se matem até lá — professor
Henrique fala e a sala começa a rir. — Estão dispensados para o intervalo.
Começo a arrumar meu material, pois o povo já deve estar me esperando.
— Você vai embora?
Levanto a cabeça só para confirmar quem pergunta.
— Não, vou sair com as meninas e Montanha.
— Em plena terça-feira?
— Sim! — Levanto.
— Já vai arrumar outro brinquedinho? — Marcelo fala de forma ríspida em um tom de
fala jamais utilizado antes. Agora ele me irritou.
— Não Marcelo, não vou arrumar outro brinquedinho em um barzinho, se eu quiser
algum brinquedo é só ir na loja e comprar um. Não devo satisfações da minha vida para você.
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Mas vou explicar uma coisa, eu só quero um tempo junto com os meus amigos. — Minha voz
falha. — Eles são a única família que tenho aqui — digo virando as costas e saindo, para que
Marcelo não veja uma lágrima que quer cair.
— Clara desculpa. — Ainda consigo ouvir Marcelo chamando, mas não respondo.
Por que as acusações de Marcelo mexeram tanto comigo? Ele não significa nada para
mim.
Passo no banheiro, limpo meu rosto e vou até o estacionamento. Montanha, Carol e Eva
já estão me esperando, aproximo-me deles.
— Vamos — digo.
— Aconteceu alguma coisa? — Montanha é a única pessoa que consegue ver além dos
meus olhos.
— Não, vamos, só foi uma aula estressante — digo entrando no carro.
— Clara você não escapa, vai dizer tudo o que aconteceu de ontem para hoje — Eva me
intima.
— Pode deixar meninas eu falo, mas primeiro preciso relaxar.
Partimos em direção a um barzinho que tem várias mesas de sinuca chamado Bola do 8.
Estou com uma leve impressão que não vou conseguir relaxar nesse barzinho.

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CAPÍTULO 15 — MARCELO

O bicho mais complicado do mundo é o diabo de uma cabeça de mulher. Mulher é foda,
mulher é gostosa, mas a infeliz tem que ser complicada só para foder com o juízo do homem.
Quando Deus criou o homem, achou que ele estava muito sozinho e de boa, ai para
brincar com a nossa cara foi lá e criou a mulher. Linda, perfeita, capaz de levar qualquer um a
loucura, mas ela tinha que ter um defeito.
Sabe qual foi? A cabeça.
Ninguém sabe o que passa na cabeça de uma mulher. Olhe o que a diaba da Clara fez
comigo, ficou mais de um mês com frases de duplo sentido, se esfregou com aquela bunda
gostosa em mim na academia, invadiu o vestiário e chupou meu pau. Resumindo, ela
simplesmente atacou a minha pessoa. Vocês sabem, sou homem, não tem como resistir a uma
gostosa chupando o seu pau.
Cai nas garras da Clara, ela me deixou louco. E sabe o que ela fez depois de tudo isso?
Deu um pé na minha bunda, e me deixou com cara de idiota. Nunca mais quero ficar perto dessa
safada, fui apenas um brinquedinho na mão dela.
Uma coisa que Clara disse, foi verdade, não foi só para o prazer dela, foi para meu
também. A safada sabe ser gostosa, aquela boceta não tem comparação. Mas o que é bom, dura
pouco e agora acabou. Foi bom ter acabado, foi só uma aventura, e eu tenho a Dayana que é um
anjo de pessoa, é completamente diferente da Clara. Não me arrependo da noite que passei com
Clara, mas isso não vai voltar a se repetir.
Cheguei hoje de manhã no meu apartamento, tomei outro banho para aliviar, Clara é
foda. Vou para o quarto me trocar para ir para o estágio quando escuto a porta do quarto abrindo.
— Como você entrou aqui?
— Mor, você esqueceu que eu tenho a chave?
— Não Day.
— Eu estava preocupada.
— Preocupada com o quê?
— Você não quis dormir em casa. Mais tarde te liguei para saber como você estava e não
me atendeu.
— Desculpa Day, esqueci o celular no carro e só peguei hoje de manhã. Depois do banho
já ia te ligar.
Dayana se aproxima de mim, abraçando-me e beijando minha boca.
— Sabe mor, estou com uma saudade do seu cheiro — diz cheirando meu pescoço.
— Também estou com saudade – falo a abraçando, estou ausente da vida da Dayana, ela
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não merece isso.


Ela me empurra até eu cair na cama e sobe em cima de mim.
— Day amor, estamos atrasados.
— Rapidinho, nem precisa fazer nada.
— Day, não...
— Nossa Marcelo! Até parece que você está me traindo, desde sábado está me evitando
— acusa nervosa.
— Sabe que eu não faria isso com você — minto.
— Então vamos, eu confio em você... Rapidinho — fala rebolando em cima de mim.
— Está bem, pega a camisinha na cômoda — digo.
— Vamos sem, mor, quero sentir carne com carne.
— Day, você sabe que eu não arrisco, não quero ser pai tão cedo.
— Já disse que eu tomo pílula.
— Depois daquele susto no início do nosso namoro prefiro não arriscar. — Estico a mão
e pego a camisinha.
O sexo foi como Day tinha avisado, rápido. Ela sabe fazer o serviço bem feito, gozei.
Como disse o sexo foi bom e não gostoso, para o homem não importa a mulher o sexo vai ser
bom, porque o homem sempre goza. Para mulher já é diferente, mas Day é experiente e também
gozou.
Chegando ao escritório do meu pai, espero Day para entrar junto com ela, já que fomos
cada em seu carro. Ela tem sua independência de locomoção, eu dei a ela um carro de presente.
Alguns vão achar que sou besta, mas eu vi como Day é esforçada e guerreira, a coitada não tinha
como ficar andando de ônibus e eu nem sempre podia ficar à disposição dela. Até que um dia ela
disse que estava juntando dinheiro para comprar um carro. Eu fui e comprei um antes e dei de
presente a ela. Assim Day poderia pegar o dinheiro que estava guardado para ajudar a família
dela.
No início desse ano, comprei um apartamento e também dei a ela de presente, na casa da
família era muito barulhento e Day precisa de sossego para estudar. Ela não quis aceitar de
início, mas no fim aceitou.
— Mor, vamos almoçar juntos hoje? — pergunta já ao meu lado.
— Vamos sim! — Preciso dar mais atenção a ela.
— Que bom, eu estou me sentindo tão carente, esses dias você está distante fico com
tanto medo de perder você.
— Não vai perder Day, sou seu — digo caminhando em direção ao setor que Day
trabalha.
— Eu te amo tanto Marcelo, que se eu perco você, sou capaz de fazer uma loucura.
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— Ei. — Paro e olho para ela. — Para de pôr caraminhola nessa sua cabecinha.
— Mas Marcelo...
— Day, estamos bem.
— É verdade, você está certo mor, é coisa da minha cabeça.
Deixo Day no seu setor, e vou para a minha sala revisar os processos que o meu pai
deixou em minha mesa. Realmente, Day está certa, esse tempo todo fiquei pensando em Clara e
a pessoa que me ama deixei de lado.
A manhã passa tranquila, na hora do almoço eu e Day vamos almoçar em um restaurante
próximo. Depois que nos servimos e sentarmos Day fala:
— Mor, estou com dó do Edson.
— Por quê?
— O coitado está sofrendo por causa da Clara.
— Mas os dois não tem nada Day.
— Não foi o que o que ele disse.
— Como?
— Ele disse que eles nunca se largaram.
— Lembro que uma vez Clara disse que teve um rolo com ele, mas depois não aconteceu
mais nada.
— Mentira, mor.
— Por que você acha que é mentira?
— Edson contou que eles sempre estiveram juntos, mas Clara nunca quis assumir nada.
— Não sabia que Edson era amigo seu Dayana.
— Não mor. Ele não é.
— Então explique como você sabe tanto da vida dele? Ou só está fazendo fofoca?
— Mor é que esses dias, eu e a Camila o vimos chorando na faculdade.
— E daí?
— Ficamos preocupadas e fomos conversar com ele.
— O que as duas tinham que se meter onde não foram chamadas.
— Mor, nós ficamos preocupadas, vai que tinha acontecido alguma coisa séria com ele.
— E era sério?
— Sério o quê?
— O que aconteceu com o Edson, não é dele que estamos falando! — Quero saber o que
esse cara falou. Já estou ficando sem paciência.
— Não... Quer dizer mais ou menos.
— Por quê?
— Não posso contar.
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— Conte.
— Marcelo, é uma coisa pessoal do Edson.
— Então por que começou a falar?! Se não pode contar. Não sabia que escondia as coisas
de mim, Dayana.
— Não escondo, mor.
— Não parece Day, está escondendo o que Edson tinha.
— Está bem, eu conto.
— Não precisa, quero que Edson se foda.
— Marcelo!
— O que foi Dayana?
— Coitado do Edson.
— Deu para ficar com pena dele.
— Lógico depois de tudo que o coitado passou.
— Dayana, não sei pelo o que ele passou. Então não é um coitado.
— Nossa mor, se você soubesse o que Clara fez com ele.
— Eu não sei.
— Clara enganou ele.
— Como assim?
— Você acredita que ela brincou com ele e o usou como um brinquedo.
— Clara não teria coragem de fazer isso.
— Tem sim, mor, Edson nos contou no meio do choro, para que ele iria mentir? Ele não
ganha nada mentindo.
— Isso é verdade, ele não ganha nada mentindo.
— Ela finge que nada aconteceu.
— Talvez ele não aceitado o fim.
— Acho que ela fica dando esperanças e usando ele, porque sábado à noite ele foi na casa
dela e passou a noite lá.
— Que sábado Day?
— Esse sábado que você passou o dia todo na biblioteca da faculdade fazendo trabalho
com o seu amigo. Lembra?
— Lembro sim, Day. — Foi o mesmo sábado que eu não dormi com ela com o remorso
de ter beijado Clara, é uma dissimulada mesmo.
— Então mor, ela só fica iludindo o coitado.
— Besta ele que caiu, Day.
— Ele disse que ela sempre liga chorando ai ele fica com pena e vai vê-la. Quando chega
ela está toda provocante e ele não resiste.
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— Fracote, não resiste a um rabo de saia.


— Mor, os homens não são iguais a você. Porque sei que você nunca cairia nas garras de
uma pessoa igual a Clara. Não é verdade?
— É. — Abaixo a cabeça, porque sei que não consegui resistir aquela diaba.
— Ainda tem mais, mor.
— Mais?
— Sim
— O quê?
— Edson, hoje de manhã mandou uma mensagem para a Camila.
— O que tinha na mensagem?
— Que ele estava indo no apartamento e iria dar um fim em tudo isso.
— Então acabou tudo.
— Não.
— Não?
— Não, depois que ele saiu de lá mandou outra mensagem.
— O que ele falou na outra mensagem?
— Ele disse que chegando lá ela começou a beija-lo e disse que iria mudar, e ele
acreditou e foi embora. Mas depois ficou desconfiado.
— Por que? Não era isso que ele queria?
— Ele disse que ela não deixou ele entrar no apartamento, que isso cheirava a sexo casual
com outro.
— Day. Vamos parar com essa conversa, deixe que Edson se resolva com a Clara, não
temos nada a ver com a vida desses dois.
— Verdade mor, graças a Deus que nem amizade com a Clara a gente tem, essa menina é
uma cobra.
— Vamos mudar de assunto, já disse.
— Então mor, sexta-feira tem uma festa na Unik, Camila e Alessandro vão, nós
poderíamos ir também, faz tempo que a gente não sai.
— Não sei Dayana, depois a gente vê.
— Vamos mor, se a gente for preciso arrumar uma roupa. Não posso ficar feia do lado do
meu namorado gato.
— Tudo bem, nós vamos.
O restante do almoço acontece tranquilo, sem tocar mais no nome de Clara e Edson.
Como Clara teve a capacidade de fazer tudo isso? Esse jogo dela é de gente vendida, mulher da
vida. Isso deve ser mais uma cara de Clara que eu não conheço.
Volto para o escritório com péssimo humor, como pude me deixar ser levado pela aquela
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carinha de anjo, isso tudo é surreal.


Será que Edson não está mentindo? Clara disse que ele pegava no pé dela, trocou até de
academia por causa dele. Adriano também já tinha me dado um toque em relação ao Edson caso
aparecesse na academia atrás de Clara.
Até Adriano mentindo? Essa história está mal contada, Adriano não ia arriscar a
segurança de Clara com mentiras, todos sabem que ele cuida dela como uma irmã.
Edson pode estar seguindo Clara, desconfiou de alguma coisa entre eu e Clara, e começo
a mentir. Inventou tudo isso para Day e Camila para me envenenar. Coitada da Day está sendo
usada por Edson. Ele pode desconfiar, mas nunca vai ter certeza. Day nunca vai saber o que
aconteceu, ela não merece isso. Edson deve ter ficado apaixonado por Clara e por isso está
fazendo tudo isso.
No meu caso não deu tempo de me apaixonar, agora que descobri tudo, quero ficar cada
vez mais longe dela. Mas ela pode estar em perigo, Edson pode ser uma ameaça a ela.
Quando tiver oportunidade vou avisar para Montanha sobre as minhas suspeitas. Não que
eu me preocupe com ela, será somente uma precaução, Clara não é problema meu, mas não custa
avisar.
A tarde passa rápido, quando vejo já é 17h00, arrumo as minhas coisas, passo no setor da
Day, dou um beijo nela e vou para a academia.
Quando chego na academia vejo que a moto da Clara não está. Não é porque aconteceu
tudo isso em nossa vida que eu vou parar meu treino por causa dela. Depois do treino tomo
banho, acho que nunca mais vou ver esse banheiro com os mesmos olhos.
Vou para a faculdade, hoje é terça-feira dia da optativa junto com a Clara, mas pelo
menos não tive a presença dela na academia, isso já é uma vantagem. Como sempre chego cedo
na sala sento no meu lugar de sempre, pois não irei trocar de lugar por causa dela.
Os alunos vão chegando e a sala lotando, o professor chega e nada dela. Não fique
pensando que estou preocupado com ela, é que hoje o professor vai falar a nota do trabalho que
fizemos juntos, é só isso.
O professor começa a aula e a bonita chega atrasada, mais é uma descarada. Tenho raiva
só em pensar se tudo o que Day falou for verdade. Ainda por cima ela vem e senta do meu lado.
— Oi — ela fala e eu viro o rosto, não sou obrigado a falar com ela.
Sem estar esperando levo um beliscão dela, que me chama de idiota. Se vira para frente
com cara de poucos amigos e presta atenção na aula.
Realmente não vou nunca entender cabeça de mulher e muito menos a da Clara, a menina
deu o pé na minha bunda mais cedo e acha que ainda tem o direito de ficar brava.
Quase na hora do intervalo o professor fala que o trabalho meu e de Clara foi escolhido
para o simpósio que vai acontecer em Assunção no Paraguai. No início não queria ir. Mas senão
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fosse acabaria prejudicando Clara, então aceitei.


Ela como sempre quer tudo do jeito dela, parece que não sabe ouvir não, menina mimada.
Acabamos discutindo diante da sala referente ao modo de apresentação. Clara me chama de
burro na frente de todo mundo. Aceito enfrentar a banca ao lado dela. Ela vai ver o que eu sou
capaz.
Quando o professor dispensa todos para o intervalo, vejo que Clara está arrumando as
suas coisas. Percebo que ela vai embora e não irá ficar para o segundo tempo. Além de ser safada
mata aula.
Começo a questionar, sobre estar procurando um novo brinquedo; percebo ela ficando
nervosa. Começa a jogar grosserias em cima de mim, quando diz a última palavra que explicava
porque iria sair com os amigos eu gelei. Seus olhos encheram de lágrimas, e aquelas lágrimas
não eram de fingimento.
— A única família que eu tenho. — Foram as últimas palavras pronunciadas por ela.
Mesmo com os olhos cheios de lágrimas que não caíram.
Na verdade essas são as únicas palavras que meu cérebro conseguiu processar, a Clara
menina estava ali do meu lado e eu a magoei. Ela sai e como sempre me deixando com cara de
idiota.
— Clara desculpa — grito no meio do corredor, mas pelo visto acho que foi tarde, pois
ela nem ouviu.
Depois dessa existe uma pergunta que martela em minha cabeça.
— Quem é Clara?

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CAPÍTULO 16 — CLARA

Chegamos ao Bola do 8, todos estão bem animados menos eu, mas tento disfarçar porque
eu quero relaxar um pouco. Por ser terça-feira até que está bem movimentado. Seguimos para
uma mesa de sinuca enquanto Montanha conversa com o garçom pedindo as nossas bebidas.
— Como vai ser as duplas? — Carol pergunta.
— Eu e Montanha, contra você e a Eva — digo.
— Ah não! Vocês dois sempre jogam juntos e eu e Carol sempre perdemos — Eva
reclama, fazendo todos rirem.
— Dois ou um — Carol fala.
— Viramos crianças agora? — questiona Montanha.
— Justo. Vamos tirar no dois ou um — Eva afirma.
— Já que vocês duas não sabem perder vamos decidir no dois ou um — confirmo.
A brincadeira dois ou um funciona assim, o grupo fala "dois ou um", todos mostram, ao
mesmo tempo, um ou dois dedos, os que colocam um número de dedos iguais formam as duplas.
Fazemos uma roda entre nós quatro, um olha para a cara do outro, giramos as mãos com
punhos fechados e falamos todos juntos:
— Dois ou um.
Mostramos os dedos, na primeira rodada, eu, Carol e Eva mostramos o número dois e o
Montanha o um. Jogamos mais três vezes e nada de formar as duplas. Apenas na quarta vez foi
possível fazer as duplas eu e Carol, Montanha e Eva.
— Não tem problema Carol nós vamos ganhar da mesma forma, o Montanha só ganha
por que joga sempre comigo — falo rindo.
— Vamos ver quem vai ganhar essa moreninha? — Montanha desafia.
— Clarinha, já está falando como perdedora — Eva fala rindo.
— Tenho dó de vocês dois — Carol fala apontando o dedo para Eva e Montanha. — Eu e
Clarinha juntas não tem para ninguém.
Amizade é amizade jogo é jogo e uma partida de sinuca é uma partida de sinuca, as
amizades ficam de lado agora.
— Valendo o quê? – Montanha pergunta.
— O que você quiser — respondo.
—Tenho uma ideia melhor — Carol fala.
— Qual? — Eva pergunta.
— Vindo da sua cabeça Carol não é coisa boa — falo rindo.
— A cada bola encaçapada a dupla tem o direito de fazer a pergunta para um dos dois ou
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para os dois — Carol fala.


— Igual verdade e desafio? — Montanha pergunta.
— Isso, verdade e desafio. Você responde ou é desafiado — Carol fala e olha para todos
nós.
— Eu aceito, não tenho nada a esconder — digo.
— Eu também aceito — Eva concorda.
— E você, Montanha? — Carol pergunta.
— Aceito.
— Então, todos estão de acordo, vamos jogar. Se prepare Montanha e Eva porque vocês
além de perderem vão ter que contar um monte de segredinhos — falo e começo a rir.
Montanha começa a arrumar as bolas na mesa em formato de semicírculo, enquanto
Carol e Eva continuam me questionando para saber o que aconteceu entre eu e Marcelo.
— Clarinha, é hoje que você vai contar tudo que aconteceu entre você e Marcelo — Eva
fala rindo.
— Ah vai sim, Clarinha — Carol diz.
— Carol, mulher você é minha parceira e não a dela — falo apontando para Eva.
— Parem de briga e vamos começar — Montanha fala. — Quem vai quebrar?
— Eu — oferece Eva. Caminha, pega o taco, se posiciona e acerta a bola branca fazendo
com que todas as bolas se espalhem pela mesa.
— Então acima de 8 é nossa e abaixo é de vocês — falo observando que a bola 2 foi
encaçapada.
— Já que eu encaçapei uma tenho direito a uma pergunta — Eva fala. – E eu vou fazer
para a Clarinha.
— Sabia! — Faço sinal de rendição.
— Eva, pergunta aquilo que todos nós queremos saber — sugere Carol.
— E ai Clarinha, meu amor, você deu ou não para o Marcelo ontem? — Eva pergunta
com um sorriso enorme no rosto.
— Sim, essa é a resposta que vocês queriam ouvir? — falo rindo.
Eva faz a sua segunda tacada e erra, agora é a vez da Carol que também erra e faz todos
rirem. Carol é minha amiga, mas a bicha é ruim de mira que só por Deus. Na vez de Montanha já
era de se esperar, o infeliz acerta e olha para minha cara rindo.
— Então Clara, onde foi? — pergunta Montanha.
— Academia e na minha cama e banheiro — falo de forma mais natural do mundo
enquanto eles me olham assustados.
— Academia? — Eva e Carol falam juntas.
— Sem detalhes, já respondi. Vai logo Montanha tenho umas perguntinhas para fazer
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para você e Eva — falo.


O infeliz do Montanha faz a tacada e acerta de novo.
— Explique essa história de academia, dona Clara Maria — Montanha fala sério.
— Isso ai Montanha, encosta a Clara na parede — Carol fala tirando o sarro da minha
cara.
Explico para eles por cima o que aconteceu no banheiro da academia, Carol me apoia,
Eva olha assustada e Montanha apenas me observa.
Na terceira tacada Montanha erra, agora é minha vez e acerto a tacada, olho para Eva.
— Eva o que você sente pelo Alê? E não adianta dizer que é apenas amizade – digo.
Ela me olha assustada, mas responde.
— Não sei... Acho que gosto dele... Mas ele nunca vai olhar para mim enquanto estiver
com a Camila — fala abaixando a cabeça.
— Não olha porque ele é um retardado, isso sim — Carol fala.
Sempre soube que Eva gostava do Alê, acho que está na hora dela se impor. Os dois
juntos seriam um lindo casal, não falo nada para ela, na hora certa vou fazer Eva conquistar o
coração dele.
Faço a segunda tacada e erro, agora é a vez da Eva que acerta. Hoje ela está com sorte no
jogo, não tem outra explicação. Ela olha para mim e pergunta:
— Como é o pinto dele? — Começa a rir. — É pintinho ou pintão?
Olho para Montanha que enfim soltou um riso, Carol também ri, respiro fundo pensando
em uma reposta e respondo, não posso mentir.
— Como diz um amigo meu... — Aponto para Montanha. — O pau do Marcelo é grande
e grosso o suficiente para me satisfazer.
Eva e Carol caem na risada, Montanha arregala os olhos, mas ri também.
— Eu não disso isso, Clara — Montanha fala rindo. — Eu disse que era grande e grosso
suficiente para satisfazer qualquer mulher e não você sua doida.
— Ah, as meninas entenderam — falo rindo.
Eva faz a outra tacada e erra, Carol vai pelo mesmo caminho, Montanha faz a tacada e
acerta.
— Moreninha, agora que você conseguiu o que queria com Marcelo o que vai fazer? —
pergunta.
Respiro fundo, penso e respondo.
— Continuar a minha vida como sempre fiz, Marcelo não significa nada.
—Tem certeza disso, morena? — Montanha fala.
— Tenho, você me conhece, Montanha.
— Conheço tão bem que sei que não é isso — ele fala caminhando para a mesa de sinuca
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e da outra tacada acertando. Olha para mim e fala:


— Se o Marcelo não tivesse com Dayana você namoraria com ele?
— Não sou namorável, talvez ficasse com ele, mas namorar, você sabe que eu não posso,
que é mais forte que eu — falo.
Montanha faz outra tacada e erra, faço a minha tacada e acerto, agora é minha vez de
perguntar a ele.
— Montanha, meu amigo, meu irmão camarada. Diz para mim como está esse seu
coração?
—Tranquilo — fala com um sorriso safado.
— Já foi ocupado por alguém? — pergunto.
— Não sei, quem sabe — Montanha fala com um sorriso bobo.
— Montanha seu safado, você está nos traindo pode falar quem é a dita cuja — Eva fala.
— Não disse que tem alguém — Montanha fala.
— Também não disse que não tem — Carol fala nervosa.
Enquanto as duas brigam com Montanha, faço a minha segunda tacada e erro, assim
como Eva, Carol faz a tacada e finalmente acerta. Olha para mim e para o Montanha e fala:
— Montanha quem é ela? — Carol pergunta.
— Não vou responder — Montanha fala cruzando os braços.
— Se não vai dizer Montanha, você vai ter que cumprir um desafio — Eva fala.
— Qual desafio? — Montanha pergunta.
— Eu te desafio a dar um beijo de língua em mim — Carol fala séria.
Preciso acabar com esse jogo, porque a coisa pode ficar séria. Não consigo entender
porque a Carol sempre tem que pegar no pé do Montanha, meu sexto sentido grita o motivo, mas
é melhor eu não ouvi-lo.
— Acabou, não vamos mais brincar — digo.
— Por que não Clara? Eu desafio o Montanha — Carol fala.
— Carol, você sabe que ele não faria isso pare de pegar no pé dele. Não consigo entender
porque esse ciúme todo — Eva fala apontando para Montanha. — Nem a Clara que é mais ligada
ao Montanha está dando essa crise de ciúmes.
— Não é ciúmes é um desafio! — Carol fala irritada.
— Meninas! Vamos sentar, tenho mais coisas para falar do Marcelo — Tento tirar o foco,
porque é possível ver sangue nos olhos da Carol.
— Carol. Não vou beijar você, mas quem sabe um dia? — Montanha fala rindo olhando
para Carol.
— Sorte sua que você não me atrai com essa sua juba de leão. Ou você ia comer na
minha mão seu Adriano. Eu que não quero beijar você, que deve pegar qualquer rameira de beira
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de esquina — Carol fala pegando o rumo, indo para o banheiro. Eva me olha e a acompanha.
Montanha pega o taco da minha mão, e me conduz até a mesa. Senta, me olha, cruzo os
braços e falo:
— Por que a Carol ficou bravinha daquele jeito?
— Sei não, morena.
— Montanha, Montanha não tente me enganar.
— Eu que falo para você morena, morena, não tente me enganar.
— Eu Montanha? Nunca enganei você.
— Então diz o que aconteceu para você chegar com aquela cara no estacionamento mais
cedo?
— Nada — digo tomando um gole da minha bebida e olhando para baixo.
Montanha respira fundo e fala:
— Minha menina, pare de mentir e diz o que aconteceu. Eu vi seus olhos vermelhos.
Posso tentar mentir para todos, mas nunca para Montanha. Acho que somos irmãos de
alma, não tem outra explicação para isso.
— Marcelo — sussurro.
— O que ele fez?
— Disse que eu estava matando aula para procurar um novo brinquedo.
— Por que ele te disse isso, morena?
— Talvez seja porque hoje de manhã a gente teve uma leve discussão? — falo sem graça.
— Ele te procurou ontem à noite por quê? Não minta!
— Eu fuji dele na academia, depois do que aconteceu. Eu não queria conversar com ele.
— Olho nos olhos dele. — Montanha ele é diferente.
— Diferente como menina?
— Não sei... Realmente não sei... — Olho para meu copo vazio. — Quando ele apareceu
lá no meu apartamento eu disse que não queria. Mas ele foi chegando mais perto, olhando em
meus olhos e disse que era só por uma noite. — Pauso alguns segundos e continuo: — Marcelo
me olhou de um jeito que nenhum outro olhou... Então me permiti viver aquele momento, a
acordar com ele, coisa que nunca mais fiz desde... Desde... — Suspiro fundo. — Você sabe,
desde tudo aquilo que aconteceu.
— Então se foi assim como você fala. Por que vocês brigaram?
— Edson.
— O que o Edson tem a ver com Marcelo e você Clara? Você ainda está saindo com ele?
— Montanha pergunta bravo.
— Claro que não Montanha, você sabe que nunca mais sai com ele.
— Então explica.
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— Hoje de manhã não acordei com os beijos de Marcelo se é isso que você pensa,
acordei com o barulho da campainha tocando. Quando fui abrir era o Edson, queria por todo
custo entrar. Veio como uma conversinha furada que estava preocupado por eu ter faltado na
facul ontem, que queria voltar comigo. Eu neguei como sempre, disse para ele ir embora, ele
desconfiou que eu estava com alguém e perguntou se era o Marcelo.
— O que será que o Edson está aprontando? Eu deixei bem claro, que se ele se
aproximasse de você de novo eu ia esquecer a nossa amizade e arrebentar a cara dele. Você disse
se era o Marcelo?
— Não sei o que passa na cabeça dele. Não disse que era Marcelo que estava comigo,
mas antes de ir embora Edson disse que iria procurar Marcelo e contar a ele sobre a aposta.
Fiquei assustada e com medo, Edson estava diferente, nem parece aquele mesmo que fiquei no
início da facul.
— Já disse para ter cuidado morena, coração de homem é terra que nunca ninguém anda.
Isso pode transformar o cara tanto para o bem quando para o mal. Marcelo ouviu alguma coisa?
— Não, ele ficou no quarto. Acho que não ouviu nada. Não deixei Edson entrar.
— Morena, você diz que se permitiu viver o momento com Marcelo, se ele não ouviu
nada por que discutiram?
— Quando voltei para o quarto Marcelo insistiu em tomarmos banho juntos ai...
— Não quero saber os detalhes, só o motivo da briga — Montanha fala com um leve
sorriso.
— Nossa não me deixa nem falar, não ia contar os detalhes.
— Conta. Estou te ouvindo.
— Como eu ia falando, Marcelo insistiu para tomarmos banho juntos e eu me permiti
viver aquele momento.
— Moreninha, você não acha que está se permitindo muito com Marcelo?
— Vai me deixa falar?
— Continue.
— Então depois do banho, enquanto observava Marcelo se trocar, comecei a analisar
tudo que tinha acontecido com nós dois. Montanha, foi quando percebi que ele é diferente.
Quando estava levando ele até a porta, senti medo.
— Medo? Medo do quê?
— Não sei, quando eu disse a ele que isso não iria voltar a acontecer, que eu não queria
mais, percebi que ele não tinha acreditado muito. Então eu disse que tudo foi um jogo, e que eu
tinha vencido. Marcelo ficou puto, disse que ele não passou de um brinquedo em minhas mãos,
por isso ele falou aquilo para mim hoje na facul.
— Por que você fez isso?
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— Não sei Montanha, tenho medo... Não sei explicar... E se eu me apaixonasse por ele?
— Você já está apaixonada, morena.
— Não... Você está doido... Não me apaixono por ninguém.
— Lembra que eu disse para você tomar cuidado, que nesse jogo você poderia sair
machucada.
— Não estou machucada, só sentida... Acho que sai a tempo... Agora acabou Montanha.
—Tem certeza que é isso que você quer?
— É o melhor.
Fico em silêncio, acho que Montanha percebeu que eu não queria mais falar no assunto
Marcelo, e como sempre respeitou o meu espaço. Quando as meninas voltam do banheiro, Carol
está mais calma e Eva como sempre tranquila.
— Então do que vocês estavam falando? — Carol pergunta como se nada tivesse
acontecido.
— Estava falando para a Clarinha da festa de sexta — Montanha fala.
— Fiquei sabendo — Eva fala. — Vai ser ótima. Já estão vendendo o segundo lote.
— Precisamos ir — Carol fala. — Preciso arrumar um pau...
— Carol — a corto.
— O que foi? – Carol faz cara de santa.
— Vamos ou não nessa festa? – Eva pergunta.
— Eu vou — Montanha fala.
— Se Montanha vai é claro que nós vamos, ou é perigoso ele perder o cabelinho ou ser
confundido — Carol fala de forma sarcástica.
— Bom, eu também vou, mas não é para cuidar do Montanha viu dona Carolina, ele é
bem grandinho e você sabe muito bem disso. — Aponto o dedo para Carol. — E a senhora para
de implicar com ele, ou vou achar que você quer dar uns perdidos com ele — falo e Montanha e
Eva começam a rir. Carol ameaça a falar, mas se cala.
— Então todas nós vamos e Montanha cuida da gente como sempre — Eva fala toda
animada.
— Vamos todos juntos como sempre, agora vamos que tenho que deixar as minhas
meninas em casa. Já está tarde e hoje ainda é terça-feira — Montanha fala se levantando.
Assim ele fez, me deixou primeiro em casa, depois Eva e Carol. Como imaginei não
consegui relaxar, mas conversar com Montanha fez bem, me sinto um pouco mais leve.
Depois de um banho, visto uma camisola leve e deito na minha cama, meu pensamento
voa e encontra apenas uma pessoa.
Mesmo trocando a roupa de cama ainda consigo sentir o seu cheiro. Por que estou
sentindo falta de algo que eu nunca tive? Ele nunca foi meu, foi apenas um jogo que eu ganhei,
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mas parece que quem saiu perdendo desse jogo foi apenas eu.
— Amanhã é outro dia, Clara. — Respiro fundo solto o ar.

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BÔNUS — CAROL

— Montanha, meu amigo meu irmão camarada. Diz para mim como está esse seu
coração? — Clarinha pergunta para Montanha.
Meu coração acelera, enfim ele vai dizer a verdade e sair da moita, Clara sem saber está
me ajudando com essa pergunta. Essa indecisão está me matando e me fazendo brigar com ele
quase todos os dias.
— Tranquilo — Montanha fala, olhando para mim.
— Já foi ocupado por alguém? — Clara insiste.
O que custa ele dizer “Sim está” só isso não vai arrancar pedaço.
— Não sei, quem sabe — Montanha responde.
— Montanha seu safado, você está nos traindo pode falar quem é a dita cuja — Eva fala.
— Não disse que tem alguém — Montanha fala.
— Também não disse que não tem — digo nervosa.
Clara faz sua tacada e erra, assim como Eva. Então agora é minha vez, não posso errar.
Miro bem, enfim acerto a tacada. Olho para Clara, depois olho para o Montanha, e falo:
— Montanha quem é ela?
— Não vou responder — fala cruzando os braços e olhando para mim.
— Se não vai dizer Montanha, você vai ter que cumprir um desafio — Eva fala.
— Qual desafio? — Montanha pergunta.
— Eu te desafio a dar um beijo de língua em mim – arrisco.
— Acabou, não vamos mais brincar — Clara fala.
— Por que não Clara? Eu desafio o Montanha — insisto.
— Carol, você sabe que ele não faria isso, pare de pegar no pé dele. Não consigo
entender porque esse ciúme todo — Eva fala apontando para Montanha. — Nem a Clara que é
mais ligada ao Montanha está dando essa crise de ciúmes.
— Não é ciúmes é um desafio! — digo irritada e além de ciúmes, é raiva mesmo.
— Meninas. Vamos sentar, tenho mais coisas para fala do Marcelo — Clara tenta tirar o
foco.
— Carol, não vou beijar você, mas quem sabe um dia? — Montanha fala rindo. Como
esse safado pode ser tão gostoso? Que ódio dele.
— Sorte sua que você não me atrai com essa sua juba de leão. Ou você ia comer na
minha mão seu Adriano. — Você ainda não come na minha mão, mais vai comer ou não me
chamo Carolina. — Eu que não quero beijar você, que deve pegar qualquer rameira de beira de
esquina — finalizo indo rumo do banheiro.
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Chego ao banheiro e vou direto para a pia, jogo água em meu rosto e na nuca, preciso me
acalmar. Percebo uma pessoa, olho para trás e vejo que é a Eva. Jogo mais um pouco de água em
meu rosto e na nuca.
— Carol — Eva fala e olho para ela. — O que está acontecendo?
— Nada — falo e me viro para o espelho.
— Não é apenas ciúmes de amizade, né? — pergunta, mas não respondo.
Que coisa, eu querendo que Montanha assuma o que sente por mim, mas estou eu aqui,
perdida, sem saber o que falar para a minha amiga.
Eva se aproxima e me abraça.
— Se você não se sente pronta, não precisa dizer nada, aceite apenas o meu abraço, pois é
tudo que eu posso te dar nesse momento. Carol, lembre-se que eu e Clarinha sempre estaremos
aqui para limpar as suas lágrimas, não importa o que aconteça.
Começo a chorar abraçada a Eva, ela está certa, tenho as melhores amigas do mundo e
também tinha o melhor amigo. Mas esse sentimento de desejo acabou estragando tudo ou quase
tudo.
O desejo por Montanha foi mais forte que a nossa amizade, agora estou aqui perdida no
meio desses sentimentos.
Saio do abraço de Eva e a olho nos olhos.
— Obrigada Evinha.
— Não precisa agradecer.
Pego o papel toalha, enxugo meu rosto. Eva passa sua bolsa de mão e pega o kit de
primeiros socorros: pó, lápis e batom. Dou um jeito em meu rosto.
— Pronta? — Eva pergunta.
— Sim.
Saímos do banheiro rumo à mesa que Montanha e Clara estão sentados, ele parece
tranquilo enquanto estou acaba por dentro. Ele não poderia ter feito isso comigo.
— Então do que vocês estavam falando? — pergunto como se nada tivesse acontecido
sentando na mesa.
— Estava falando para a Clarinha da festa de sexta — Montanha fala.
— Fiquei sabendo — Eva fala. — Vai ser ótima essa festa. Já estão vendendo o segundo
lote.
— Precisamos ir — falo. — Preciso arrumar um pau...
— Carol — Clarinha me corta. Só porque iria dizer que preciso arrumar um pau amigo
diferente.
— O que foi? — faço-me de inocente.
—Vamos ou não nessa festa? — Eva pergunta.
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— Eu vou — Montanha fala.


— Se o Montanha vai é claro que nós vamos, ou é perigoso ele perder o cabelinho ou ser
confundido — falo de forma sarcástica. Nessa festa quero vê-lo rastejando aos meus pés.
— Bom, eu também vou, mas não é para cuidar do Montanha viu dona Carolina, ele é
bem grandinho e você sabe muito bem disso — Clarinha fala, olhando para mim. — E a senhora
para de implicar com ele, ou vou achar que você quer dar uns perdidos com ele.
Montanha e Eva começam a rir. Penso em dar uma bela resposta para essa Lesmontanha,
mas é melhor eu ficar quieta, o que é dele está guardado.
— Então todas nós vamos e Montanha cuida da gente como sempre — Eva fala toda
animada.
— Vamos todos juntos como sempre, agora vamos que tenho que deixar as minhas
meninas em casa, já está tarde e hoje ainda é terça-feira — Montanha fala se levantando.
Ele leva as meninas em casa, e depois me leva para a minha casa.
— Está bravinha ainda?
— Vai se foder — respondo.
— Se for foder você bem gotoso eu aceito — fala tirando sarro da minha cara.
— Pega o cabo de vassoura e soca no seu cu. Então se fode sozinho.
— Ruiva, hoje você está muito delicada.
— Otário.
— Concordo, sou um otário gostoso que você usou esses dias só para gozar. Eu te disse
que iria ter volta.
— Nossa que volta triunfal — falo de forma sarcástica.
— Bem triunfal, você que quis me beijar na frente de todos — fala estacionando o carro
em frente da minha casa.
— Queria, agora não quero mais. Vai queimar meu filme se as pessoas descobrirem que
fiquei com você.
— Vem aqui me dá um beijo. Você me provocou a noite inteira e ontem me deixou de
pau duro.
— Não estou com vontade.
— Ruiva para de birra, foi você que começou esse joguinho de ficar me usando e jogando
fora. Me dá um beijo vai, para de ser uma menina má — ele fala passando a mão em meu cabelo.
— Você sabe que quero algo a mais com você.
— Já disse eu não quero.
— Vem cá — fala me puxando para um beijo. Eu resisto e mordo a sua boca.
— Ai, você está doida.
— Então, cansei desse joguinho sem graça, agora jogo você fora de vez — falo descendo
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do carro e batendo a porta o mais forte possível.


Ele me paga, me aguarde nessa festa...

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CAPÍTULO 17 — CLARA

A semana passou tranquila, por mais que eu tente a imagem de Marcelo sempre vem em
minha mente. Não o vi desde terça-feira, troquei o horário da academia e na faculdade estudamos
em prédios diferentes.
Tudo bem. Eu confesso, estou mentindo. Vi Marcelo sim, mas foi pura coincidência.
Deixa eu explicar, vocês vão compreender. Eu e Carol resolvemos dar umas voltinhas no
bloco de direito, só para ver o movimento e apreciar a vista. Adivinha quem a gente viu no
corredor? Sim ele mesmo: Marcelo, estava super, mega comestível, com uma camisa branca e
calça jeans preta, lindo sexy e perfeito. Confesso que senti saudades, deu até vontade de chegar
perto e falar com ele. Até fui na sua direção, mas para estragar minha visão a princesa vaca no
cio Dayana estava junto. Então, me restou dar meia volta e voltar para o bloco de humanas e
apreciar a vista do Montanha, visto que não tem outro mais lindo, sexy e gostoso como ele no
bloco.
Não sei explicar meu ódio por Dayana. Ainda não consigo entender como pode um cara
tão legal igual Marcelo namorar uma guria como ela. Não é implicância, mas ela o traiu,
namorava Montanha e Marcelo ao mesmo tempo. Como ele não consegue enxergar que Dayana
não é flor que se cheire? Que não serve para ele.
Sei que também não sirvo para Marcelo, não sou namorável, mas ele merece uma pessoa
legal e essa pessoa não é a Dayana. Mas isso não é problema meu, nem posso alerta-lo sobre a
cobra, pois vai achar que sou recalcada. Desejo sorte a Marcelo.
Hoje é sexta-feira dia da festa que o povo tanto falou essa semana. Hoje é dia de
bebemorar, afogar as magoas, arrumar um peguete e esquecer de uma vez o Marcelo. Será que
consigo?
Fui para a facul, assisti as aulas do primeiro tempo e vim embora me arrumar. A roupa
escolhida foi um vestido salmão de lese com a cintura e seios bem marcados e um leve caimento
nos quadris, o comprimento entorno de cinco dedos acima do joelho. Max brinco e colar,
maquiagem bem marcada e meu poderoso batom vinho, que deixa minha boca bem desenhada. E
para completar sandálias de salto preto.
Eu sei, estou um arraso. Hoje quero me acabar de dançar e apagar todos os vestígios de
Marcelo da minha mente.
Meu celular apita, olho e é mensagem do Montanha avisando que ele já está me
esperando. Dou uma última conferida no visual, pego minha bolsa de mão tranco a porta e vou
de encontro com os melhores amigos do mundo.
— Olá, cheguei — falo entrando no carro.
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Fecho a porta e Montanha coloca o carro em movimento, pegando o rumo da festa, ou


seja, da minha perdição.
— Agora sim o quarteto está completo — Carol fala.
— Gente, não vejo a hora de chegar nessa festa, esperei a semana inteira — Eva fala.
— Eva, desencantou do Ale mesmo? — pergunto.
— Clarinha, para! Deixa Eva ser feliz, ela não pode ficar esperando ele acordar para a
vida — diz Carol.
— Isso mesmo Eva, se divirta. Não fique esperando ele não — Montanha fala, olha para
nós três e completa. — Eu sou sortudo mesmo.
— Sortudo por que, Montanha? — questiono.
— Porque estou indo acompanhado pelas três mulheres mais lindas e gostosas daquela
festa.
— Acho que hoje você vai ter trabalho, Montanha — falo.
— Já percebi morena, porque hoje você está vestida para matar. Não só você mas as três
— Montanha fala.
Eu e as meninas damos risada, e seguimos para a festa animadas. É isso que eu quero
hoje, quero esquecer Marcelo e seus beijos maravilhosos.
Chegando bem próximo à festa, cujo nome é "Festa do Bacana", já percebemos que está
bombando, visto que não encontramos lugar para estacionar. Depois de muita procura Montanha
encontra uma vaga e estaciona. A fila para entrar está enorme.
— Tudo bem, que eu sabia que iria estar lotada, mas gente, ficar nessa fila ninguém
merece. Vamos demorar mais de meia hora para entrar — Eva fala indignada.
— Calma Eva, só nos resta esperar — Carol fala.
— Montanha, não tem nenhum amigo trabalhando de segurança hoje ai não? —
pergunto.
— Espere aqui meninas, vou dar uma olhada. — Montanha sai em direção à portaria.
— Clarinha, e ai? — Carol pergunta.
— E ai o que Carol? — pergunto.
— Se você encontrar o Marcelo aqui o que vai fazer? — Eva pergunta.
— Era isso Clarinha, mais você está lerda hoje? — Carol fala.
— O Marcelo não vai estar aqui, ele me disse que não gosta desses lugares, prefere
barzinhos — falo.
— Está sabendo bem, Clarinha — Carol fala com ironia.
— Então Clarinha, sinto muito em te informar que Marcelo vai sim estar aqui nessa festa,
junto com Dayana, Camila e Alessandro — conta Eva com um sorriso enorme.
— Está brincando né? — indago.
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— Clarinha, olhe para a cara de bobo alegre da Eva, por que você acha que ela queria
tanto vir a essa festa? — explica Carol.
— Eva? — pergunto.
— É verdade, essa semana andei pensando e está na hora do Ale ver que eu existo. Vou
reivindicar o meu lugar que a cadela da Camila pegou — Eva fala determinada.
— Evinha, é você mesmo? — falo.
— Eu sei que fui tonta e deixei aquela cadela pegar o Ale de mim sem lutar, mas agora as
coisas mudaram — Eva fala.
— Eva, você já tem o mais importante do Ale — diz Carol.
— O quê? — Eva pergunta.
— A amizade — completo.
— E admiração — Carol acrescenta.
— Eva, você e Ale sempre formaram um casal lindo, até hoje não consegui entender o
motivo de vocês dois não namorarem naquela época que só ficavam sem compromisso — falo.
— Eva, vocês viviam se pegando e nada — Carol fala.
— Já entendi, podem parar as duas, Montanha vem vindo — responde.
Olhamos rumo à portaria, e lá vem o Deus grego do Montanha, fazendo a mulherada
virar o rosto para avaliar o conteúdo por onde passa.
— Meninas, olhem o Montanha, vocês estão vendo o que eu estou vendo? — Carol
pergunta.
Eu e Eva olhamos para ele, e depois para Carol sem entender o motivo da raiva repentina
dela.
— O que é que tem Carol? para mim ele está normal — falo.
— Para mim também — Eva concorda.
— Claro que não está normal. Ele está com o pau duro não estão vendo? — Carol fala
com raiva apontando o dedo para Montanha. Ai meu Deus boiei legal.
— Carol! — Eu e Eva falamos juntas.
— Está na cara que aquele safado estava se agarrando com alguém, por isso está com o
pau duro — Carol fala nervosa.
— Carol chega! Montanha está chegando e não quero você caçando confusão com ele.
Montanha é solteiro, para com esse ciúme besta — repreendo Carol.
— Eu não tenho ciúme dele — mente.
— Não tem né Carol, sou eu e Clarinha que temos — Eva fala com ironia.
Montanha chega até nós com um sorriso enorme no rosto.
— Meninas, vamos? Encontrei um amigo, ele vai liberar a nossa entrada, e o melhor
vamos para o camarote — fala todo animado.
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— Pelo menos prestou para alguma coisa — Carol fala passando por Montanha e
puxando a frente.
— O que deu na ruiva? — Montanha pergunta olhando para mim e Eva.
— É melhor você nem saber. Vamos indo — digo.
—Vamos — Montanha fala passando o braço na minha cintura e na de Eva.
— Montanha e suas duas mulheres — Eva fala da cena cômica, pois várias pessoas nos
olham passar. Duas mulheres abraçando um homem.
— Na verdade são três. Falta à ruiva — Montanha fala apontando com a cabeça para a
Carol, nos fazendo rir.
Chegamos à portaria e o amigo de Montanha que na verdade era uma amiga nos deixou
entrar. Pensei que Carol iria matar a moça, mas no fim ela deu em cima do segurança que estava
do lado da "amiga" de Montanha. Deixando Montanha nervoso.
Ai tem! Esses dois não me enganam.
Caminhamos rumo às escadas que dão acesso ao camarote e tenho que agradecer a amiga
de Montanha porque a festa está lotada. Sempre ficamos na pista porque eu gosto mesmo do
movimento e agitação. Mas variar de pista e camarote também é bom.
A banda está tocando um sertanejo universitário, o povo na pista dançando. Está tudo
perfeito, algumas ices na cabeça e já começo a dançar também.
— Então vocês querem uma mesa para beber e depois pista de dança? — Montanha
pergunta.
— Pode ser — falo olhando para ver se acho alguma mesa.
Eva e Carol começam a rir feito duas hienas e não sei o motivo. Olho para o Montanha e
pelo visto ele também não sabe o motivo.
— Vão contar por que estão rindo? — pergunto.
Carol chega perto, coloca a mão no meu ombro e pelo olhar já sei que eu não vou gostar
do que vai vir dela.
— Então Clarinha, sei que você não quer nada com o Marcelo, mas nós já achamos uma
mesa — Carol fala e Eva já sumiu da minha visão.
— Não vai dizer que vamos sentar com eles de novo? — pergunto séria. — Isso não tem
mais graça.
— Claro que não — Montanha fala.
Pelo visto eu estou lerda hoje, até Montanha já entendeu e eu nada.
— Evinha, nossa flor já foi lá assegurar para que ninguém pegue o nosso lugar. — Carol
com os braços no meu ombro vai me conduzindo até a nossa mesa.
Enfim vejo Eva sentada em uma mesa sozinha dando tchauzinho para nós, toda
sorridente. O que será que essa vaquinha está aprontando?
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Chegamos à mesa, Eva aponta o banquinho para eu sentar. Sento-me, olho para frente e
adivinha quem está todo comestível de camisa preta remangada, sentado bem na minha frente.
— Ah! Suas safadas, era isso — falo olhando para as duas.
— Relaxa Clarinha, só sentamos aqui porque eu quero dar um show para o Ale ver —
Eva fala rindo.
— Como boa amiga que sou irei ajudar — Carol fala.
— Montanha pede duas ices, uma dose de red label e um energético — peço.
— Vou pedir para o garçom as bebidas de vocês — Montanha fala fazendo gesto
chamando o garçom.
— Não Montanha! Essa bebida é para mim se as meninas quiserem peçam as bebidas
delas — falo.
— Vai encher a cara mesmo? — Montanha pergunta.
— Não, só vou ajudar Eva a dar um show — digo.
— Nós três iremos dar um show hoje Montanha, então se prepare para dar banho em mim
— Carol fala.
— Deixa ir buscar a bebida no bar porque esse garçom está demorando. – Montanha se
levanta e vai rumo do bar.
Olho novamente para frente e Marcelo está com a cara fechada, quando me vê dou um
leve sorriso como cumprimento, ele levanta o copo em minha direção. Camila e Ale estão com
ele, e a princesa vaca no cio Dayana também.
Montanha volta com as bebidas e já misturo o red label com energético, viro de uma vez
e já começo a beber a ice.
— Eva, vira logo porque o show vai começar — aviso.
— Como assim, mais já? — Eva pergunta.
— Eva, olha o toque da música. Se você quer fazer o show para alguém tem que escolher
a música certa para provoca-lo — falo levantando e indo para a pista de dança do camarote.
Uma das principais vantagens do camarote é que sempre tem a sua própria pista de dança.
Eva e Carol viram a bebida e também levantam da mesa.
— Minhas três meninas estão cruéis hoje — Montanha fala. — Vão lá, quero ver a
crueldade das três nessa pista.
— Você não vem? — questiono.
— Não, vou apreciar a vista hoje — Montanha fala.
Seguimos para pista e poucos metros da nossa mesa é a de Marcelo. Então começa a
tocar "Ela é Cruel " do Fernando e Sorocaba.

Quando ela chega a festa inteira para


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Aumenta o som pra ver ela passar


Apavorando, mas ela é cruel
...
E eu que achava que ela tava de olho em mim
Que tava fácil, que ela tava afim
Não tava não, é que ela é cruel

Conforme a música toca, eu, Eva e Carol fazemos o nosso próprio show, dançando de
forma sensual. Algumas vezes olho para Marcelo e percebo ele me olhando, então rebolo, mexo
meu corpo e lhe dou um sorrisinho safado.
Sinto uma mão na minha cintura, olho para trás e percebo que é o Fabio, o carinha da
biblioteca.
— Posso dançar com você? — Fabio pergunta.
— Claro, mas olhe a mão — aceito e já aviso.
Continuo dançando, mas agora com Fabio, que me vira e volto a ficar de frente com
Marcelo. O olho e ele balança a cabeça de forma negativa. Dou um sorriso e balanço a cabeça de
forma positiva.
Vejo Dayana tentar dar um beijo em Marcelo, ele desvia do seu beijo e tira a sua mão
dele. Será que Marcelo ficou com ciúmes de mim?
A música acaba, e me afasto de Fabio. O apresento para as meninas que me olham com
aquele olhar de duas safadas aprovando a mercadoria. Despeço-me dele e eu e elas voltamos para
a mesa.
— Arrasaram no show — Montanha nos parabeniza.
Eu e as meninas rimos, e tomo mais um pouco da minha bebida. Olho para frente e vejo
Marcelo me encarando com a cara séria. Pego minha bolsa e olho meu celular que tem três
mensagens.

"O que acha que está fazendo?"

"Que jogo é esse?"

"Se prepare Clara, dois podem jogar esse jogo e vamos ver quem ganha agora. Só te
aviso que não entro em um jogo para perder"

Adivinhem de quem são as mensagens? Sim do Marcelo, respiro fundo, leio mais umas
três vezes para confirmar que é ele mesmo e repondo.
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"Estou me divertindo, não tem jogo nenhum. Acabou"

Mando a mensagem, olho para mesa de Marcelo e ele e Dayana, Alessandro e Camila
não estão na mesa. Recebo outra mensagem de Marcelo.

"Não, o jogo acabou de começar, e ele só termina com você em alguma parede comigo
hoje"

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CAPÍTULO 18 — MARCELO

Depois que Clara me deixou sozinho com cara de idiota sentei no corredor, e fiquei
tentando traduzir tudo o que tinha acontecido com a gente.
— Mor? — Dayana fala do meu lado.
— Oi Day. Desculpa estava longe.
— Mor, vim te chamar para dormir comigo hoje.
— Hoje não dá Day, estou com uns problemas.
— Que problemas? Eu posso ajudar você?
— Só preciso ficar sozinho, e se você entender isso já está me ajudando.
Dayana não gostou muito, mas no final acabou cedendo e me deixando só. Preciso tomar
um rumo na minha vida, não posso ficar nessa dúvida. A única coisa que sei é que a diaba da
Clara acabou com o resto do juízo que eu ainda tinha.
O restante da semana, evitei Dayana o máximo possível, ainda não sei o rumo que vou
tomar em minha vida. Mas foi possível perceber que penso mais em Clara do que em Dayana. Só
vi Clara uma vez e ainda de longe e já foi o suficiente para não me deixar dormir à noite inteira.
Hoje no almoço Dayana lembrou-me da maldita festa que prometi ir com ela. Como
odeio ir nesses lugares, comprei a nossa entrada para o camarote, pelo menos o tumulto é menor.
As 22h30, busquei Dayana que ficou brava por causa do horário. Mas, quanto mais cedo
eu chegar mais cedo posso ir embora. Estaciono o carro e espero na portaria por Camila e
Alessandro, Day marcou com eles. Quando eles chegam nós entramos e já conduzo Dayana
direto para a mesa.
Depois de algum tempo sentado, ouvindo as ladainhas de Dayana e Camila, não estava
aguentando mais, já estava louco para ir embora. Quando vi uma das amigas de Clara sentada
sozinha na minha frente. Não demorou nada Clara, Adriano e Carol chegaram e sentaram-se à
mesa.
— Ai meu pai — resmungo.
— O que disse, mor? — Dayana pergunta.
— Nada, só quero ir embora.
— Já? Acabamos de chegar — Camila fala.
— Verdade, mor, chegamos agora — Day fala.
— Camila, se você e Alessandro quiserem ficar tudo bem. Mas daqui a pouco vou
embora.
Dayana percebe que estou nervoso e muda de assunto, volta a falar de futilidades com

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Camila. Antes achava a conversa de Dayana interessante, agora não consigo prestar atenção em
uma palavra que ela fala. A única coisa que consigo prestar atenção é em Clara sentada na minha
frente linda feito uma diaba dos infernos.
Vejo Clara me olhando e quando encontra meus olhos dá um sorrisinho, levanto minha
bebida para ela em cumprimento. A safada sabe mexer comigo mesmo distante.
Percebo Clara levantando acompanhada das amigas para a pista de dança, a música
começa a tocar...

Quando ela chega a festa inteira para


Aumenta o som pra ver ela passar
Apavorando, mas ela é cruel

— Essa é Cruel — falo tomando um gole de minha bebida.


— Quem? — Alessandro pergunta.
— Clara — minha voz não sai, mas Alessandro consegue entender de quem falo.
— Clarinha não é cruel Marcelo, você precisa conhece-la direito. Clarinha só tem essa
pose, mas ela é uma menina maravilhosa — Alessandro fala olhando para a pista de dança. —
Falando a verdade as três são maravilhosas.
— Ela é uma oferecida, ela e essas amigas dela — Camila fala.
— Eu já disse para não falar mal da Clara perto de mim Camila, você não a conhece para
falar isso. Aliás você não conhece nenhuma delas para falar isso — Alessandro repreende
Camila que se cala.
O que será que Clara está querendo com esse showzinho? Ela está linda mexendo o corpo
conforme a música, ela olha para mim e sorri. Pego meu celular e mando uma mensagem para
ela.

"O que acha que está fazendo?"

— Mor, já que você está olhando tanto para a pista de dança, você poderia me convidar
para dançar — sugere Dayana.
— Você sabe que eu odeio dançar, Dayana — falo.
— Day. Vamos nós duas então — Camila fala.
— Você não Camila. Mulher minha não vai dançar sozinha — Alessandro fala.
— Por mim pode ir Dayana — falo.
Eles continuam a conversa, mas não consigo processar porque Fabio, aquela desgraça dos
infernos, está dançando com Clara, vou matar esse infeliz. A cada movimento, a cada toque faz
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com que meu sangue ferva e o meu ódio aumente.


Essa diaba continua jogando comigo, não tem explicação, mando outra mensagem.

"Que jogo é esse?"

A diaba continua dançando e agora está olhando para mim e rindo com o sorriso aberto.
Sorriso esse que sempre tinha no rosto quando estava comigo. Sorriso e risadas que faziam parte
do meu dia. Meus dias sempre eram mais alegres quando ela estava perto de mim.
Balanço a cabeça em sinal negativo para que Clara entenda que não estou gostando disso.
Clarinha, minha diaba, se você quer jogar vamos jogar. Não será esse merdinha do Fabio
que vai tirá-la de mim. Mando outra mensagem de texto para ela.

"Se prepare Clara, dois podem jogar esse jogo e vamos ver quem ganha agora. Só te
aviso que não entro em um jogo para perder."

— Marcelo você está ouvindo o que eu estou falando? — Dayana pergunta.


— Vamos embora! — digo.
— Como assim embora? Marcelo não é nem 01h00 da manhã ainda — reclama Dayana.
— Já deu o que tinha que dar. Alessandro pode ficar com Camila, mas eu e Dayana
estamos indo embora.
— Cara, nós viemos juntos e vamos embora juntos — Alessandro fala se levantando.
Pego a mão de Dayana sobre protesto e caminho até a saída. Ela está nervosa por
estarmos indo embora a essa hora.
— Chega Dayana! Eu nem queria ter vindo nessa porra de festa — praticamente grito.
— Namorado gosta de sair para festa com a namorada Marcelo — Dayana fala.
— Então arrume um que goste — falo já fora da festa. Sinto meu celular vibrar, o pego e
vejo uma mensagem de Clara.

"Estou me divertindo, não tem jogo nenhum. Acabou"

Respondo assim que leio.

"Não, o jogo acabou de começar, e ele só termina com você em alguma parede comigo
hoje"

— Para quem você está mandando mensagem, Marcelo? — Dayana questiona.


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— Um amigo me pediu ajuda. O carro dele quebrou — minto.


— Amigo? A essa hora Marcelo? Você acha que eu sou besta? — Dayana fala, mas não
dou ouvidos.
— Alessandro, pode deixar Dayana em casa fazendo um favor? — peço.
— Deixo — Alessandro responde.
— Eu não vou com ele. Você vai me levar em casa Marcelo — Dayana fala quase
gritando.
— Não irei te levar ou vai com o Alessandro ou pega um taxi — decreto.
— Esse amigo é mais importante que eu? — Dayana fala.
— Quer mesmo que eu te responda? — desafio.
— Eu quero! — insiste.
— Dayana, se resta ainda um pouco de juízo na sua cabeça vai com o Alessandro, preciso
quebrar essa com meu amigo — digo.
— Amigo de saia só se for. Eu não vou ser chifruda, você está me entendendo Marcelo
— Dayana grita.
— Para com esse showzinho ridículo, Dayana.
— Não vou te esperar a vida toda Marcelo, a fila anda, se você pensa que vou ficar
correndo atrás de você está muito enganado.
— Sorte minha então. Vai com o Alessandro.
— Se você não me quer tem um monte de homem que queira, está ouvindo Marcelo. Eu
não vou ficar esperando por você, amanhã pode ser tarde — grita.
— Então você está terminando comigo, Dayana? Por mim tudo bem. Lembre-se, espero
que não fique correndo atrás de mim, porque não vai ter volta.
Dayana arregala os olhos e processa as palavras.
— Não... Claro que não... Eu amo você... Não quero terminar... Marcelo isso que você
está fazendo não é certo — Dayana fala.
— O que é certo Dayana? O seu pit no meio da rua? — pergunto, mas ela não responde.
— Dayana, vai com o Alessandro amanhã, vou na sua casa e a gente conversa com calma.
Camila se aproxima pega no braço da amiga e fala:
— Vamos Day, não vai discutir com a cabeça quente. Amanhã vocês conversam com
calma.
— Eu vou Marcelo, mas não pense que engoli essa historinha. Amanhã a gente conversa
— avisa.
— Vai Dayana, amanhã a gente conversa. Alessandro, valeu cara, por quebrar essa.
Vou com eles até o carro de Alessandro, Dayana entra no carro sem olhar na minha cara,
mas acho até bom.
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Hoje não quero medir as consequências dos meus atos, pois se eu for parar para pensar
não terei coragem de fazer o que pretendo. Hoje vou ser irracional.
Caminho de volta a portaria e mostro a pulseira para o segurança que libera a minha
entrada. Subo até o camarote. Vejo o que eu vim atrás e o cara que pretendo quebrar os dentes
hoje.
Caminho até a mesa de Clara.
— Oi — digo em seu ouvido puxando uma cadeira e sentando do seu lado colocando
minha mão em sua perna. Tenho que marcar o meu território.
Clara me olha assustada.
— Marcelo? — diz espantada.
— É, esse é o meu nome. Oi Adriano, oi meninas, espero não estar incomodando
sentando à mesa com vocês — falo.
— Fica à vontade Marcelo, você é sempre bem-vindo — Adriano fala.
As amigas de Clara a olham e começam a rir.
— Não vai me cumprimentar, Marcelo? — O desgraçado fala.
— Você está ai Fabio nem te vi. E aê beleza, cara.
— Estou bem, estou aqui batendo um papo com a Clara. Estou a fim de conhece-la
melhor. Fiquei com ela na cabeça desde o dia que a vi na biblioteca — o safado fala.
— Então cara, se eu fosse você daria meia volta e iria embora, ou a única coisa que você
vai ficar na cabeça é um traumatismo craniano — ameaço.
Todos da mesa começam a rir, menos Clara e eu, que estou olhando para a cara do
desgraçado.
— Você está brincando? — o desgraçado pergunta.
— Não — respondo
— Quem seria o cara a fazer isso comigo? — Fabio questiona.
— Ele está bem na sua frente. Garanto a você que hoje ele não está para brincadeira.
— Marcelo, você tem namorada, Clara é solteira e nada a impede de ficar comigo —
Fabio fala.
— Mas eu não vou ficar com você Fabio, já te avisei — Clara fala.
— Então de que lado você quer os 20 pontos? Pode escolher eu deixo.
— Fabio, acho melhor você ir para outra mesa — Adriano fala.
— Eu não vou sair daqui por causa desse pau mandado do Marcelo — Fabio fala.
— Não, você não precisa sair eu tiro você — digo.
— Marcelo, não precisa fazer esforço. Fabio, é o seguinte ou você sai daqui com suas
próprias pernas ou vou pedir para os meus amigos seguranças te tirarem daqui — Adriano fala.
— Ok, não precisa. Posso arrumar qualquer outra mulher por ai numa boa — fala se
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levantando.
— Fabio — chamo-o
— O que foi Marcelo?
— Cuidado com o que você fala. Porque hoje só não quebrei sua cara porque estou de
bom humor. Mas da próxima não garanto nada — o aviso.
Fabio se vai, e percebo que todos da mesa estão me olhando sem entender nada.
— Nossa! Marcelo você e bem delicado — Carol fala.
— Só quis ser gentil — falo rindo e olhando para Clara.
— Marcelo. Posso saber o que você está fazendo aqui? — Clara pergunta.
— Jogando — falo e todos da mesa começam a rir.
— É sério Marcelo — Clara fala.
— Mas é sério Clarinha. — Passo a mão pelo seu cabelo. — Eu te avisei que o jogo tinha
acabado de começar — digo e aproveito para dar um beijo em seu pescoço.
— Morena, agora os dois estão jogando, você não percebeu? — Adriano zomba rindo.
— E sua namorada Marcelo como fica nesse jogo? — A amiga sem ser a ruiva pergunta.
— Desculpa, mas como é seu nome mesmo? — indago.
— Ah! Eu sou Eva, e essa é a Carol — Eva fala apontando para a ruiva.
— Namorada? Não sei se tenho ainda. Por acaso estão vendo ela por aqui. — Rio.
— Marcelo, para com isso, já disse que o jogo acabou — Clara fala.
Levanto, seguro na mão de Clara, a puxo para mim e falo no seu ouvido:
— Já te disse que o jogo começou agora, e você vai dançar comigo. Quero sentir você
esfregando em mim essa sua bunda gostosa. — Olho para os outros da mesa e falo para eles. —
Vocês nos dão licença que eu e Clarinha vamos dançar essa música.
Puxo Clara e a conduzo até a pista de dança. Ela me olha assustada, junto o meu corpo
com o dela seguro firme em sua cintura e começo a me mexer colado ao seu corpo. A música que
toca é de Bruno e Barreto Amigo e Bandido. Agora só existe eu e Clara e mais ninguém.
— Marcelo, o que você acha que tá fazendo?
— Dançando.
— Marcelo, é sério.
— Estou falando sério, não está percebendo? Seja uma boa menina e dança comigo.
Olho nos olhos de Clara, e vejo um mar de conflitos, se eu não sei o que estou fazendo
aqui dançando com ela, Clara também não faz a mínima ideia. A puxo mais, colando ainda mais
os nossos corpos, e continuamos a dançar. Não é uma dança sexy, sensual ou carnal, é apenas
sentindo um ao outro. Começo a cantar o refrão da música no seu ouvido.
— E nesse desejo louco eu quero me prender
Sem pressa sem juízo eu quero amar você eee
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Eu quero ser amante amigo e bandido


Quero te seduzir falar em seu ouvido
Não quero muito tempo eu só quero tentar
Basta só uma noite pra te conquistar

Sinto o corpo de Clara estremecer a cada palavra sussurrada em seu ouvido. Quando a
música acaba, ela olha para mim e fala:
— Vou ao banheiro.
Não espera minha resposta e sai, passa na mesa pega sua bolsa e vai a caminho do
banheiro. Eu conheço esse olhar e hoje você não vai fugir de mim Clara. Vou até a mesa e falo:
— Adriano. Estou levando Clara embora hoje.
— Ela não disse que iria embora agora — Adriano fala.
— Ela ainda não sabe que está indo embora — falo.
— Marcelo, eu vou deixar porque confio em você. Mas se você machucar ou brincar com
a Clara quem vai sair com traumatismo craniano é você. Também irei quebrar as suas duas
pernas para nunca mais ir atrás dela — Adriano fala.
— Não vai ser preciso, pode confiar. Então até mais, tchau meninas — me despeço e vou
à procura de Clara no banheiro.
Sempre soube do carinho de Adriano por Clara, mas pelo visto é bem maior do que eu
imaginava.
Chego ao banheiro feminino e espero na parede próxima, não sou louco igual Clara para
atacar ela ali dentro. Pelo tempo que fiquei longe de Clara a quero em um lugar que vou poder
desfrutar de cada centímetro do seu corpo por um bom tempo sem ninguém para nos incomodar.
Não demora ela sai com a cabeça baixa, pego sua mão a puxando de encontro ao meu
corpo. Viro meu corpo, a prenso na parede, e sem dar tempo dela protestar a beijo.
A beijo com necessidade, com desejo reprimido durante todos esses dias longe. Sugo sua
língua, ela morde meus lábios, suas mãos dançam em meu peitoral, Clara solta um pequeno
gemido.
— Vamos, vou te levar embora — falo em meio aos beijos.
— Não vou com você, Montanha vai ficar preocupado.
— Já avisei a ele. — Dou mais um beijo e ela quebra.
— Você o quê? Você está louco?
— Estou louco por você minha diabinha gostosa.
— Marcelo, não.
A abraço, colando os nossos corpos, passo a mão em seu cabelo e dou um beijo, depois a
puxo tentando conduzi-la até a saída.
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— Vem Clara, já te disse hoje você é minha.

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CAPÍTULO 19— CLARA

Marcelo bateu a cabeça, é a única explicação. O que ele acha que está fazendo? Chegou,
sentou na minha mesa, depositou sua mão em minha perna, achando que sou sua propriedade.
Ele ameaçou o Fábio, dá para acreditar nisso? Parecia mais um namorado ciumento. Por
pouco achei que ele iria sair no braço com o ele.
Marcelo nesse modo possessivo é sexy demais, como pode ser lindo desse jeito? É até um
pecado de tão gostoso.
Graças a Deus que Fabio foi embora. Marcelo interage com todos da mesa, Montanha,
Carol e Eva estão adorando, pois não param de rir. E eu? Não sei. Estou perdida e sem reação.
Do nada Marcelo se levanta e me puxa para a pista de dança. Tem alguma coisa errada
com esse homem, não é possível. Ele já disse uma vez que odeia dançar e agora quer dançar?
Não estou o reconhecendo.
— O que você acha que tá fazendo?
— Dançando.
— Marcelo, é sério.
— Estou falando sério, não está percebendo? Seja uma boa menina e dance comigo.
Olho em seus olhos e não consigo processar tudo que está acontecendo. Até pouco tempo
ele estava me odiando, agora está aqui comigo dançando. Ele me puxa mais, colando ainda mais
os nossos corpos, e continuamos a dançar. Para acabar com o resto do meu juízo ele começa a
cantar em meu ouvido:

— E nesse desejo louco eu quero me prender


Sem pressa sem juízo eu quero amar você eee
Eu quero ser amante amigo e bandido
Quero te seduzir falar em seu ouvido
Não quero muito tempo eu só quero tentar
Basta só uma noite pra te conquistar

Além de lindo, gostoso, bom cara, carinhoso, ter um pau grande e grosso ele ainda canta.
Senhor esse homem é real mesmo?
A cada palavra cantada em um sussurro em meu ouvido, faz com que meu corpo
estremeça. Quando percebo que a música acaba olho em seus olhos.
— Vou ao banheiro — aviso saindo dos seus braços.
Passo na mesa e pego a minha bolsa.
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— Eita Clarinha, que dança foi essa?! — Carol fala e todos riem.
Não respondo, dou apenas um sorriso e saio rumo ao banheiro. Não que eu esteja com
vontade de ir ao banheiro, mas preciso ficar alguns minutos longe de Marcelo.
Jogo água nos pulsos e na nuca. Respiro fundo. Preciso me afastar dele. Esse jogo não vai
acabar bem e tenho certeza que sou eu que vou sofrer no final, preciso afasta-lo de mim. Vou sair
desse banheiro e dar um basta nele. Marcelo vai entender que eu não sirvo para ele e o melhor é
cada um seguir seu rumo.
— Vamos Clara, você é forte, é só dizer que não o quer e pronto — falo para mim
mesma.
Respiro fundo mais uma vez. Crio coragem e saio do banheiro. Marcelo me surpreende e
sem dizer uma palavra me puxa, e prensa-me na parede. Olha em meus olhos e me beija.
Beija-me com necessidade, suga a minha língua e eu mordo seus lábios, minhas mãos
parecem ter vida própria e começam a percorrer todo o seu peitoral. Não aguento e gemo.
Resumindo: estou perdida, toda força e coragem que tinha adquirido no banheiro para
afasta-lo de mim foi por água abaixo, agora o que eu quero é ele dentro de mim o mais rápido
possível.
Marcelo quebra o beijo e eu acabo descobrindo que o safado já conversou com Montanha
e vai me levar embora. A única certeza que eu tenho nesse momento é que hoje o terei. Se hoje
um pouco mais cedo quando Marcelo chegou e sentou ao meu lado pensei que ele tinha batido
com a cabeça, agora eu tenho certeza disso. Na verdade não estou acreditando em nada do que
está acontecendo.
Nesse momento estamos caminhando de mãos dadas em um lugar lotado com várias
pessoas conhecidas. Para completar ele ainda cumprimenta elas como se fosse algo normal ele
andando de mão dadas comigo, como se fossemos namorados. Em alguns momentos ele me beija
na frente de todos sem se preocupar com nada.
Marcelo está agindo como se ele não tivesse Dayana, isso me assusta. Será que ele
terminou com ela? Seria bom porque aquela vaca não o merece.
Chegamos até o seu carro, ele abre a porta quando vou entrar ele me dá outro beijo,
deixando as minhas pernas moles como gelatina. Jogo as minhas mãos em volta do seu pescoço e
intensifico o beijo.
— Entra Clarinha, quero você, mas não aqui — ele fala quebrando o nosso beijo.
Entro no carro, antes de bater à porta ele me dá mais um beijo. Bom, já que ele começou
a jogar acho que vou atacar ele aqui dentro desse carro. Eu estava na minha de boa, ele que veio
atrás de mim, não posso fazer jogo duro agora, ter ele dentro de mim é tudo o que eu mais quero
nesse momento.
— Um beijo pelos seus pensamentos — Marcelo fala já dentro do carro.
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— Só um beijo?
— Pode ser dois, três — fala se aproximando de mim, beijando meu pescoço e as suas
mãos correndo pelas minhas pernas.
— É está melhorando — falo em um gemido.
— Quero você gemendo em baixo de mim hoje, Clarinha.
— É, eu também quero isso — falo tentando tirar sua camisa.
Marcelo segura a minha mão e para com as caricias.
— Não para, continua vai...
— Calma, daqui a pouco dou tudo que você quer — fala e liga o carro.
Fico em silêncio olhando para frente, ele coloca a mão em minha perna e eu desejo que
essa mão suba mais um pouquinho. Sei muito bem o que suas mãos são capazes de fazer.
Mas espere, para onde ele está me levando? Esse não é o caminho do meu apartamento.
— Marcelo, para onde você pensa que está me levando?
— Para um lugar.
— Que lugar?
— Quando você chegar irá saber. — Pega a minha mão e beija.
— É para sua casa?
— Mais ou menos.
— Você está louco em me levar para sua casa e se a vaca da Dayana aparecer lá? Vai ser
o maior barraco, eu não vou levar nome de gali...
Ele me puxa e me dá outro beijo, depois olha para mim e volta a dirigir.
— Ninguém vai nos encontrar lá, nem a vaca Dayana sabe que esse lugar existe.
— Desculpe pela vaca.
— Não vamos tocar o nome dela, tudo bem assim?
Apenas balanço a cabeça de forma afirmativa, e as mãos de Marcelo voltam para a minha
perna, isso está sendo uma tortura. Uma deliciosa tortura.
Depois de algum tempo, ele para o carro em frente a uma casinha modesta de madeira e
tijolinhos à vista, parecendo aquelas casinhas de brinquedo, é linda.
Ele desce do carro e abre a minha porta, não tenho tempo de falar, pois a sua boca já
consome a minha. Ele me puxa e levanta meu corpo, cruzo as minhas pernas em sua cintura, ele
consegue abrir o pequeno portão, caminha comigo enroscada em seu corpo entre beijos.
Sinto minhas costas batendo em uma parede e percebo que já estamos na porta. Para não
perder o costume ele me prensa nela. Esfrega sua ereção, e solta pequenos gemidos. Ainda bem
que está de madrugada, ou os vizinhos iriam se assustar com essa cena.
Com certa dificuldade Marcelo consegue abrir a porta, quando ele a fecha seus beijos e
toques começam a ser mais intensos, como se ele tivesse se controlando até aquele momento.
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Arfo excitada, quando ele puxa a alça do meu vestido, e abocanha meu seio e chupa com
vontade. Agarro seus cabelos gemendo.
Marcelo tira meu vestido, puxando para baixo junto com a minha calcinha. Eu o ajudo
livrando-me dos saltos, ficando nua em sua frente. Arranco sua camisa enquanto suas mãos
percorrem todo o meu corpo.
— Você é tão linda, Clara. — Para de me beijar e fica me observando. — Tão perfeita e
me deixou doido hoje — fala olhando nos meus olhos com uma das mãos em meu rosto.
Por um momento eu fico paralisada. Vejo algo em seus olhos que não consigo identificar,
mas consigo perceber que não é apenas sexo.
Clara, foco, é apenas sexo. Sexo quente e gostoso. Volto a me concentrar nesse homem
perfeito que está me beijando. Abro sua calça, e a puxo para baixo junto com sua cueca box
preta. Junto mais nossos corpos o beijando, minha boca percorre seu pescoço e peitoral,
enquanto minhas mãos acariciam seu pau, e que pau.
O pau de Marcelo é um sonho de qualquer mulher! Grande, grosso, com pelos bem
aparados e com cheiro gostoso de homem limpo, só em olhar já fico totalmente molhada.
Marcelo desce a sua mão em minha bunda, abrindo-a, seus dedos acariciando minha
boceta molhada, gemendo rouco ao sentir que já estou pronta para ele.
— Você está tão molhada Clarinha, essa bocetinha está gotejando pelo meu pau. Vou te
comer muito hoje minha diaba gostosa.
— Marcelo — gemo seu nome.
— Queria muito te chupar e sentir seu gosto Clarinha. Mas não aguento mais, preciso
estar dentro de você, agora.
Marcelo me joga no sofá de bruços, gemo ao senti-lo atrás de mim, lambendo e beijando
as minhas costas. Seus beijos vêm subindo até a minha nuca. Esfrega o seu pau em minha bunda,
fazendo meu corpo estremecer.
Ouço o barulho do rasgo da camisinha. Já anseio pela sua invasão. O quero dentro de
mim.
— Preciso de você — fala no meu ouvido.
— Também preciso de você — sussurro.
Sinto seu pau me abrindo, minha boceta lateja louca para tê-lo totalmente dentro de mim.
— Marcelo! Por favor, mais por favor...
Suplico como uma desesperada, ele se descontrola e enfia tudo de uma só vez, com força.
— AH!!! — grito com sua invasão, sinto uma leve dorzinha pelo seu tamanho, mas logo
dá lugar ao prazer que é tê-lo todo enfiado em minha carne. O tesão me consome enquanto ele se
apoia em seus braços e me fode violentamente de um jeito diferente das outras vezes.
— Sua gostosa.
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Mete mais fundo, tirando, entrando, seu pau me preenchendo, enquanto eu rebolo, gemo
e grito e empino mais a minha bunda para tê-lo todo dentro de mim.
Marcelo se curva sobre mim, estocando duro, firme, profundo, morde minha orelha e
geme. Ele sai de dentro de mim me dá um tapa bunda e a morde.
— Minha delicia, só minha — fala em um gemido.
Marcelo me vira, cobre o meu corpo com o seu e entra novamente dentro de mim.
— Ah — gemo.
Ele olha em meus olhos, e vejo um brilho diferente e de novo sinto a sensação de que não
é apenas sexo. Nossos corpos se encaixam e continuam a dança sensual. Não são necessárias
palavras, pois nossos gemidos dizem por si só, nossos corpos conversam sozinhos. Ficamos
nesse ritmo até nossos corpos estarem suados e exaustos. Senti aquela sensação gostosa de
formigamento vindo.
— Marcelo — gemo o seu nome me contorcendo por não aguentar mais e querer a minha
libertação.
— Vem minha diaba, goza para mim — Marcelo fala e dá mais algumas estocadas firmes
e fortes. A sensação de formigamento aumenta. Acabo explodindo em um orgasmo que deixou
todo meu corpo mole, minha visão embaçada e a sensação de estar no paraíso. Marcelo dá mais
umas estocadas e também chega ao clímax, caindo sobre mim, dando leves beijos pelo meu rosto
e me abraçando forte.
— Gostou? — pergunta acariciando meu rosto.
— Huhuum.
— Isso é um sim.
— Hummm.
— Mas está preguiçosa essa minha diabinha — fala e me abraça.
Não respondo, apenas fico em silêncio.
Ficamos alguns minutos assim, apenas ouvindo as nossas respirações, deitados nus no
sofá da sua casa. Nossas pernas estão entrelaçadas, e uma das mãos de Marcelo fazendo cafune
na minha cabeça. Um sorriso surge em meu rosto, com a sensação de estar sendo acariciada, o
abraço depositando minha cabeça em seu peito. Tudo isso parece tão certo, tão perfeito.
É tão bom ficar assim com ele. Por um momento me esqueço que lutei por mais de três
anos para não sentir mais isso Não sentir essa sensação, no início ela pode até ser boa, mas sei
como termina.
Essa aproximação e troca de carinhos, eu quero distância. Não posso ficar aqui. Levanto-
me procurando minha roupa.
— O que foi, Clarinha?
— Quero ir embora.
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— Você quer ir? Mas quem disse que vou deixar — Marcelo fala. Levanta do sofá e vem
em minha direção.
— Para tá, foi bom, foi perfeito, mas foi só sexo e eu preciso ir.
— Clara para, não foi só sexo. Agora me diz por que você sempre foge?
— Eu?
— Sim, você! — Marcelo fala e para na minha frente.
— Não estou fugindo, só preciso ir embora e é apenas sexo porque até onde eu sei você
também tem a Dayana.
— Não está fugindo? — Me dá um sorriso sarcástico.
— Não.
Marcelo chega mais perto e gruda nossos corpos.
— Então Clarinha, lamento em dizer que você não vai a lugar nenhum. Aqui não existe
Dayana ou alguma outra desculpa esfarrapada. Não tenho namorada. Só tenho você. Então aqui
só tem eu e você e mais ninguém. Não serei besta de deixar você fugir novamente. Você pode até
tentar, mas não irá conseguir e nem pode negar o que está rolando entre a gente.
Marcelo fala e me beija, um beijo calmo e suave.
— Vem — chama puxando a minha mão.
— Eu quero ir embora.
— Eu quero você comigo.
— Você não pode ter tudo que você quer.
— Nem você. Então vem. Se você for boazinha amanhã à tarde te deixo ir embora. Serei
mais bonzinho ainda e levarei você até seu apartamento.
— Você está louco, amanhã à tarde?
— Sim, na verdade só iria deixar você ir embora no domingo.
— Você é louco. Já vi tudo.
— Vem Clarinha, vamos tomar um banho, depois irei te apresentar a minha cama.
Quando você estiver bem saciada e cansada deixarei você dormir e velarei seu sono. Irá acordar
com meus beijos em seu corpo.
— Ai meu Deus.
— Clarinha, pode até ter visto tudo, mas ainda não sentiu nem a metade do que pretendo
fazer você sentir — ele fala sorrindo.
É um sorriso tão lindo, tão sincero que só por hoje eu me permito sentir e viver tudo isso
com Marcelo. Mesmo sabendo que essa felicidade toda não é para mim.
Só por hoje vou me permitir ser feliz.

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CAPÍTULO 20 — MARCELO

Acordo e antes mesmo de abrir os olhos um sorriso surge em minha face, não foi um
sonho ela está aqui comigo. Nunca vi Clarinha tão entregue, tão ela mesma.
Ela estava feliz, isso foi possível constatar pelo brilho dos seus olhos. Por mais que ela
negue sei que sente algo por mim, assim como eu sinto algo por ela. Não é apenas sexo, não
fizemos só sexo. O jeito que os nossos corpos se completaram e conversaram por si próprios foi
além de sexo casual.
Demorei algum tempo para dormir, fiz com ela tudo o que tinha prometido. A deixei
exausta e saciada, fiz cafune até ela dormir e depois velei seu sono por um bom tempo até eu
pegar no sono. Estava com medo de dormir e não a encontrar quando acordasse.
Clara adora fugir, principalmente quando envolve sentimentos. Algo me diz que ela já
sofreu muito no passado por amor, e existem algumas cicatrizes em seu coração. Mas eu irei
cura-las uma a uma. Como já disse, ela pode até tentar fugir, mas eu não irei deixar tão
facilmente.
Sei que o que fiz a noite passada foi loucura. Uma loucura boa. Não me arrependo do que
fiz, só me arrependo de não ter feito isso antes. Desde o dia que a beijei pela primeira vez, só
serviu para confirmar que existia algo a mais entre nós dois.
Não quero passar só uma noite com ela, a quero mais de uma noite, a quero todos os dias
do meu lado. O pouco tempo que passamos juntos foi intenso. Em mais de três anos de namoro
com a Dayana nunca senti o que sinto por Clara.
Com Clara consigo até planejar o nosso futuro juntos, imaginar acordar todos os dias ao
seu lado, conhecer sua família, até casar e ter filhos. Coisas que eu nunca desejei com Dayana.
Hoje à tarde tomarei um rumo em minha vida, mas enquanto a tarde não chega, deixa eu
acordar essa diaba linda que dorme como um anjo em meu peito. Prometi a ela que iria fazer isso
e eu sou um homem de palavra.
Começo a beijar seus cabelos, consigo tira-la do meu peito, cubro seu corpo com o meu e
começo a beijar seu pescoço, vou descendo, beijo seu seio e o chupo, enquanto minha mão
massageia o outro.
— Hummm — Clara desperta e geme.
Dou leves beijos em sua boca.
— Bom dia! — digo e volto a beijar seu pescoço.
— Isso é jeito de me acordar — fala contorcendo seu corpo de baixo do meu.
— Gostou? — questiono olhando em seus olhos, ela está com o mesmo brilho da noite
anterior, tão linda, tão entregue.
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— Não sou acostumada a acordar assim — fala com o sorriso no rosto.


— Poderia acordar você assim todos os dias.
— Eu iria gostar muito.
— Isso é um sim?
— Como? Sim? Sim para que? — O brilho dos seus olhos some e dá lugar ao desespero.
— Sim, para ficar comigo Clara. Não quero você só por uma noite. A quero todos os dias
— falo olhando próximo aos seus olhos, quero que ela saiba que não estou mentindo ou
brincando com ela.
Ela coloca as mãos em meu tórax e tenta me afastar.
— Eu... Eu... Eu... Eu não pos...
Ela gagueja, percebo que existem dúvidas em suas palavras e conflitos em seus olhos,
então a faço calar do único jeito que eu sei, a beijo. Pego suas mãos, as seguro em cima da sua
cabeça, intensifico o nosso beijo, e ela responde com a mesma vontade.
Com Clara as palavras não funcionam, o que sai de sua boca nunca condiz com aquilo
que seu corpo me fala.
Posiciono-me no meio das suas pernas, para mostra-la o quanto a quero do meu lado.
— Marcelo não, a camisinha...
— Toma anticoncepcional? — Ela balança a cabeça de forma afirmativa. — Eu confio
em você. Confia em mim? — pergunto olhando em seus olhos e sentando na cama.
— Confio.
Estico a mão para Clara, ela vem até a mim engatinhando. Coloca suas pernas em volta
do meu quadril, posiciono meu pau em sua entrada. Ela desce bem devagar fazendo-me gemer.
— Que isso Clarinha, quer me matar?
— Só se for de prazer — ela fala e me beija.
Seguro seu quadril e o movimento aos poucos.
— Sempre tão apertadinha — digo apertando mais sua bunda.
Sempre me esqueço de como ela é apertada, rapidamente sua bocetinha se molda em meu
pau, e começamos a nossa dança particular. Nosso corpo se funde como se fosse um só.
— Minha linda — falo olhando o brilho em seus olhos.
Nunca aconteceu isso antes comigo, tudo se encaixa entre eu e Clara. Coloco um ritmo
lento e gostoso, sinto cada pedaço dela. Quero retardar ao máximo o nosso clímax.
A tive a noite inteira, agora quero apenas senti-la, apenas ama-la. Quero aproveitar cada
minuto dentro dela.
— Marcelo! — Clara geme meu nome, quando ela faz isso não consigo me controlar.
— Não faz isso, ou você acaba comigo.
Ela abre mais o sorriso.
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— Ai Marcelooo mais, está gostoso — fala entre gemidos e rebola no meu pau.
— Assim? — Intensifico os movimentos.
— De qualquer jeito com você é gostoso.
— Clara, minha diaba — gemo. Ela quer acabar com minha sanidade
Clara joga a cabeça para trás, distribuo beijos em seu pescoço, minhas mãos estão em sua
cintura. Sei o que estou fazendo-a sentir, pois sinto o mesmo quando estou dentro dela. Passamos
minutos nestes movimentos até que Clara goza gritando meu nome.
A melhor sensação é ver e sentir Clara gozando, ela fica ainda mais linda e sexy, sou
capaz de gozar só observando-a. Dou mais umas estocadas e gozo chamando também o seu
nome. Beijo seu rosto, deito do seu lado e a puxo a envolvendo em meus braços.
Sempre é assim, depois de saciados ficamos em silêncio, apenas ouvindo nossas
respirações. Queria saber o que passa na cabeça dela, mas não quero forçar nada, com o tempo
eu descubro os mistérios de Clara.
— Sabia que você fica mais linda com essa carinha que foi bem comida — digo.
— É desde ontem estou sendo bem comida — fala rindo.
— Está gostando disso?
— Quem não gosta?
— Eu gosto de ver você assim, rindo sem se preocupar com nada.
— Ao seu lado parece fácil não me preocupar com nada.
— Ao seu lado tudo fica mais fácil, Clarinha.
— Pode parar que você está começando a me deixar com vergonha — fala e esconde seu
rosto em meu peito.
— Vergonha do que? Você está aqui nua enroscada no meu corpo nu e não tem
vergonha. Mas receber elogios tem?
— Ah Marcelo, tenta me entender vai — fala rindo.
— Está bem. Com fome? — pergunto.
— Um pouco.
— Vamos até a cozinha que vou preparar algo para você — falo e dou um beijo no topo
da sua cabeça.
Levanto da cama, vou até o armário visto uma cueca, pego uma camisa e levo para Clara
vestir.
— Nenhum banho? — pergunta.
— Mais tarde, preciso alimentar você, a quero bem fortinha para a hora do banho — digo
e dou uma piscada. — Te espero na cozinha.
Vou para a cozinha, abro a geladeira para ver o que tem. Pego o suco, ovos, bacon,
tomate e cebola. Sempre me virei bem na cozinha então fazer uma omelete com bacon será fácil.
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Corto o bacon, tomate e cebola em pequenos cubos. Coloco o bacon para fritar, depois
acrescento o ovo e a cebola. Por fim coloco ovo batido e misturo tudo, acrescento o sal e por fim
os tomates picados.
— Hum o cheirinho está bom — Clara fala me abraçando pelas costas e deposita um
beijo em meu braço.
— Ainda você não sentiu o gosto — falo dando um leve beijo em sua boca.
— Onde ficam os pratos? — pergunta.
Explico onde ela pode encontrar os pratos, talheres e o copo. Clara pega tudo e coloca na
pequena mesa. Ela se senta e eu puxo a cadeira para mais perto dela e sento ao seu lado. Sirvo
ambos os pratos.
— Eu quero esse, tem mais — Clara fala pegando o prato de omelete com maior
quantidade.
— Ei, eu sou maior mocinha, preciso comer mais que você.
— Eu sou visita, então tenho a preferência.
— Você vai engordar, deixa que eu como e engordo por você.
— Como você é bonzinho — fala em tom de ironia. — Muito obrigada, mas pode deixar
amanhã eu corro um pouco mais na esteira.
— Falando em esteira, não te vi mais na academia.
— Estou indo de manhã.
— Por quê?
— Não queria ver você.
— Por quê?
— Ah Marcelo, não quero falar nisso. Vamos comer em paz, tudo bem.
— Como você desejar.
Ficamos alguns minutos em silêncio e eu apenas a observo comer, e ainda roubar omelete
do meu prato.
— Só é pequena, porque você come — falo rindo.
— Culpa sua que fez pouco, poderia ter feito mais.
— Mas é folgada, além de fazer algo para comer ainda reclama. — Rio.
— Posso fazer uma pergunta?
— Pode.
— De quem essa casa?
— É minha.
— Pensei que você morasse em apartamento.
— Na verdade essa casa é o meu refúgio, eu a herdei quando minha avó morreu. Sempre
gostei daqui, sempre gostei de ficar aqui com minha avó, além de ser distante da agitação de
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Dourados.
— Aqui é distrito?
— É, ninguém sabe que eu tenho essa casa. Meus pais pensam que eu a vendi quando a
herdei, mas vender isso aqui nunca passou pela minha cabeça. Então acabou virando o meu
refúgio, pelo menos uma vez por semana venho aqui. Também pago uma tia para faxinar e
abastecer a dispensa e geladeira.
— Essa casinha é linda, percebi que tudo está organizado. Acho que devo me sentir
honrada por você ter me trazido para cá.
— Ficarei feliz em trazer você mais vezes, pode ser o nosso refúgio.
— Marcelo, eu já disse, eu não me envolvo com ninguém.
— Isso é só comigo?
— Não, com todos, não quero relacionamento sério.
— Então vamos dar tempo ao tempo, mas durante esse tempo você ficará comigo.
— Que horas são?
— Mudando de assunto?
— Não. Você disse que me levaria embora hoje.
— Promessa é dívida, depois do banho te deixo em casa, mas a nossa conversa não
acabou ainda.
— Mais Marcelo.
— Sem mais, depois nós conversamos. Vamos tomar banho?
— Queria tomar banho sozinha, tudo bem?
— Você jura que não vai fugir pela janela do banheiro? — falo e ela ri.
— Eu juro, seu besta. Só quero ficar um pouco sozinha — fala dando tapas em meu
braço.
— Tudo bem, te espero tomar banho e depois eu tomo, mas sua roupa fica aqui fora
comigo.
— Falando nisso cadê a minha roupa, minha bolsa, sapato?
— Devem estar jogadas em algum lugar dessa casa.
— Vou procurar.
— Não! Deixa que eu junto tudo para você — digo rindo.
— Você não confia mesmo em mim né.
— Claro que confio, mas é melhor prevenir.
Clara ri, vou com ela até o quarto, pego duas toalhas limpas e a entrego.
— Tem certeza? Posso te dar um ótimo banho, sou bom nisso.
— Eu sei que é bom, mas quero tomar banho sozinha — ela fala, me dá um beijo e fecha
a porta.
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Deito na cama para esperar ela tomar banho. Procuro meu celular e vejo que tem mais de
30 ligações perdidas, e mais de 100 mensagens, todas de Dayana. Mando uma mensagem de
texto para ela.

"Vou conversar com você hoje as 15h30, no Parque das Nações, no mesmo banco de
sempre."

Escolho um lugar neutro, nem no meu apartamento, ou no apartamento dela. Não quero
brigar, apenas quero seguir minha vida e demorei muito para descobrir que ela não está presente
nesse caminho que escolhi.
Não demora chega uma mensagem de Dayana.

"Ok, você vai ter muito que explicar, ainda não engoli a história do seu amigo, e o
motivo de não atender minhas ligações e responder minhas mensagens"

Não respondo, jogo o celular de lado. Fico pensando e olhando para a porta. Pensando na
minha diaba, nua tomando banho toda molhadinha e eu aqui, isso não é justo. Mas sei que Clara
precisa de um tempo sozinha, por isso não abro aquela porta e entro naquele banheiro para tomar
banho com ela.
Vou até a sala, pego o vestido de Clara e o minúsculo pedaço de pano que ela
provavelmente chama de calcinha. Pelo tamanho seria melhor andar sem, acho que esse trem
enfia tudo naquela bunda gostosa dela, isso deve incomodar pra caralho. Mas vai entender o que
passa na cabeça de uma mulher, isso é um mistério e na dela ainda é mil vezes pior. Acho seus
sapatos e a bolsa.
Volto para o quarto sento na cama e a espero sair, não demora Clara sai do banheiro
enrolada com uma toalha em seu corpo e a outra em sua cabeça.
— Nunca te vi tão linda.
— São seus olhos. Só você para me achar linda enrolada em uma toalha.
Levanto da cama e vou em sua direção.
— Na verdade prefiro você sem nada. — Coloco minhas mãos na sua cintura e dou um
beijo.
— Marcelo, melhor você ir tomar banho — fala quebrando o nosso beijo.
—Você não quer vir comigo.
— Não! Acabei de sair do banho, agora vai enquanto me arrumo.
— Ok Clarinha, suas roupas estão em cima da cama, vê se não foge — digo antes de
bater à porta do banheiro.
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— Eu não fujo — Escuto ela gritando.


Tomo um banho rápido, enrolo a toalha em minha cintura e saio do banheiro. Ela está
sentada na cama. Vou até o guarda roupa.
— Não fugiu, fujona — falo enquanto escolho uma roupa.
— Já disse que não sou fujona.
— Onde você arrumou maquiagem?
— Na minha bolsa, sempre carrego um kit de primeiros socorros — fala toda orgulhosa.
— Acho você linda de qualquer jeito.
Troco-me, penteio o cabelo com os dedos, passo um perfume e já estou pronto.
— Então vamos — ela fala se levantando.
— Vamos, mas você está ligada que ainda nem é 13h00, e eu prometi que iria levar você
a tarde e não agora.
Ela se aproxima de mim, coloca as mãos em meu pescoço, da leves beijos e fala:
— Como você é bonzinho irá me levar agora. — Começa distribuir beijos em meu
pescoço.
— Mas desse jeito não vou querer te levar embora.
— É só um incentivo.
— Então vamos logo Clarinha, se você continuar com esse incentivo não respondo por
mim.
Pego a mão dela e a conduzo até a saída, e fecho a porta. Vamos até o carro, abro a porta
para ela entrar, dou a volta sento e dou partida. Percebo que ela fica olhando a casa.
— Podemos voltar aqui à hora que você quiser.
— Não podemos — fala olhando para baixo.
— Sim podemos, basta você querer.
— Marcelo, as coisas não são tão simples assim.
Não respondo Clara, vou dar o tempo para ela pensar. Amanhã vou resolver o meu lance
com ela. Hoje vou resolver minha situação com Dayana, preciso dar um fim em nosso
relacionamento. Isso não é justo com ela e nem com Clara. Dayana vai compreender, ela sempre
foi compreensiva.
Ao chegar em frente ao apartamento de Clara, para o carro. Ela vai abrir a porta, mas não
deixo.
— Deixa que eu abro a porta para você.
Desligo o carro, dou a volta, abro a porta e dou a minha mão para ajudá-la a descer. Dou
um beijo de despedida.
— Clarinha, não quero que você fale nada, apenas pense em tudo que aconteceu com a
gente. Vou dar um tempo para você pensar. Amanhã é domingo, vou te deixar sozinha para
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pensar em tudo. Segunda venho te buscar para te levar para a faculdade. Não adianta dizer não.
Irei vir assim mesmo. Obrigada pela noite.
— Também gostei da noite.
Dou mais um beijo em Clara, e ela apenas sorri. Espero ela entrar no prédio, e vou para
meu apartamento dar um tempo até a hora que marquei para conversar com Dayana.
O tempo passa rápido, pego as chaves e vou até o lugar marcado com Dayana, sento no
banco e a espero, ao invés de pensar no que vou falar para Day, meus pensamentos viajam até
Clara, acho que me viciei nela.
Sou despertado com um toque em meu ombro.
— Oi, mor. — É Dayana.
— Oi Dayana, sente-se.
Ela tenta me beijar e abraçar, mas viro o rosto e tiro suas mãos de mim.
— Além do que você fez a noite passada ainda vai me negar um beijo e um abraço. Isso
não é justo comigo.
— Exatamente por isso te chamei para conversar. Quero ser justo com você e comigo
mesmo.
— Cuidado Marcelo, com o que você vai dizer.
— Serei direto Dayana. Não desejo a mesma coisa que você, não consigo ver o nosso
futuro juntos. Mesmo com três anos de namoro não me sinto pronto para casar e muito menos ter
filhos com você. Sei que é isso que deseja há algum tempo. Não posso corresponder aos seus
sonhos, nossas vidas estão pegando rumos diferentes então é melhor de agora em diante cada um
seguir o seu caminho — digo olhando para ela.
— Você está me dispensando, é isso mesmo?
— Não, estou dando um fim em um namoro, que foi muito bom enquanto durou. Mas
nesse momento não posso seguir com ele, não é justo com você, nem comigo.
— E nem com a puta com quem você passou a noite!
— Dayana, não vamos complicar as coisas. Seja sensata, é melhor para mim e para você.
— Pensa que me engana, Marcelo? Nem no seu apartamento você dormiu. Sei que você
voltou para a festa ontem, dançou e ficou aos beijos e andando de mão dada com a puta da Clara.
— Não ofenda a Clara, você não a conhece. O errado aqui sou eu. Eu que fui atrás dela.
— Vim disposta a te perdoar Marcelo. Você não pode jogar tudo que vivemos juntos por
uma simples aventura, eu te perdoo. Vamos passar uma borracha nesse seu deslize, vamos ficar
juntos.
Enquanto Dayana fala meus pensamentos vão até Clara, o pouco tempo que ficamos
juntos é o suficiente para saber que não é uma simples aventura.
— Desculpa pelo que fiz ontem, você não merecia, assim como não merece me ter aos
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pedaços. Dayana, você merece alguém que lhe de tudo que você sonha.
— Marcelo, você é esse alguém, quero você de qualquer jeito.
— Por favor, Dayana, seja compreensiva, para mim não dá mais.
A fisionomia dela muda drasticamente, ela se levanta, olha para mim e fala:
— Não vou me humilhar por sua causa. Mas não pense que irei esquecer esse fora que
está me dando. Não adiantou nada mostrar para você a prostituta que a Clara é. Ela vai fazer de
você um brinquedo igual fez com o Edson e você vai voltar para mim feito um cachorrinho sem
dono com o rabinho entre as pernas. Ai eu irei pensar se vou querer você de volta. Vai lá pode
ficar com ela, não vou ficar no seu caminho.
— Espero que você realmente não corra atrás de mim. Conheço Clara o suficiente e sei o
que estou fazendo. — Enquanto falo com Dayana que está em pé na minha frente com uma cara
nada agradável percebo Alessandro e Eva se aproximando.
— Oi, Marcelo — Eva fala olhando para mim. — Oi Dayana.
— Até essa mosca morta quer dar para o Alessandro, nenhuma do círculo de amizade de
vocês presta, gostam de dar para quem é comprometido. Quer saber, isso tudo é inveja da
felicidade dos outros.
— Pode parando com essa crise Dayana, e pare de ofender minhas amigas, não vem
descontar sua raiva em Eva — Alessandro fala.
— Dayana, acho que não temos mais o que conversar, já te disse que o único culpado
aqui sou eu.
— Bem que você sabe que é o culpado em me trocar por aquela puta.
— Sem ofensas. Clara não é nada disso. Vou juntar suas coisas que você sempre insistiu
em deixar no meu apartamento e mando te entregar amanhã — completo.
— Passar bem Marcelo, seja feliz, só aviso que você ainda vai se arrepender disso.
Enquanto você Alessandro, Camila vai ficar sabendo desse passeio no parque com essa sonsa.
Dayana vira as costas para sair.
— Dayana — Eva chama.
— O que foi sonsa?
— Eu acho é pouco sua mocreia. É melhor ser sonsa que chifruda — Eva fala e começa a
rir.
— Fica ai rindo sua sonsa. Vamos ver como essa história vai terminar — Dayana fala e
sai.
Nem tento responder, não quero aumentar assunto. Sei que o que fiz foi errado, não tinha
o direito de trai-la, ficamos três anos juntos e ela sempre foi fiel e sincera comigo.
Não acredito em nada que o Edson fala de Clara, agora a história vai ser bem diferente, se
ele chegar perto dela ou abrir a boca para falar mal dela eu arrebento a cara dele sem pensar duas
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vezes.
Não tenho motivos para desconfiar de Clara, ela foi sincera. Até a aposta e o jogo ela me
contou. Ela até pode dizer que quem ganhou foi ela. Mas quem na verdade levou o prêmio maior
fui eu.
—Tudo bem com você? — Eva pergunta.
— Estou mais leve — respondo.
— Terminou mesmo com Dayana? — Alessandro pergunta.
— Fiz o que era certo — respondo.
— Clarinha tem alguma coisa a ver com essa decisão? — Eva questiona.
Abro um sorriso, levanto do banco e falo:
— Tem sim, ela não sabe o que eu acabei de fazer. Por favor, não conte nada para ela
ainda, quero dar um tempo para aquela cabecinha pensar e também não quero assusta-la, ou ela
foge. — Dou um beijo em sua bochecha.
— Pode deixar, Clarinha merece ser feliz — Eva fala e abre um sorriso.
— Estou disposto a fazer isso. Vou indo, bom passeio para os dois. — Esses dois em um
parque é estranho mesmo. Mas pelo visto são amigos faz tempo.
Problema Dayana resolvido. Despeço-me de Alessandro e Eva e vou embora para o meu
apartamento. Estou mais leve, tirei um peso das minhas costas. Bola para frente.
Agora só preciso pensar em um jeito de dobrar Clara para faze-la aceitar a ficar comigo.
Isso não vai ser fácil tenho certeza que ela já sofreu muito por amor, para ser avessa assim a
sentimento. Sempre se recusa a viver isso ou foge.
— Clarinha minha diaba, não irei desistir fácil de você. O único lugar que vou deixar
você fugir será para o calor dos meus abraços. Amanhã é o dia.

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BÔNUS EVA

Acordei com uma ressaca horrível, ontem fui à festa do Bacana com as meninas e hoje
estou aqui morrendo de dor de cabeça. Depois que Clara e Marcelo foram embora ai que a festa
começou.
Eu e Carol começamos a beber uma bebida atrás da outra, queria extravasar. Comprei
roupa nova fiquei toda linda e o Ale mal me olhou, por isso bebi tanto. Montanha teve trabalho
de levar eu e Carol para casa. Ela bebeu mais do que eu e ficou provocando Montanha a cada
minuto. Depois de tanta bagunça agora estou aqui morrendo jogada na minha cama.
— Eva, levanta dessa cama e vem ajudar a fazer o almoço — minha mãe grita.
— Ai mãe, não grita minha cabeça está doendo — digo levantando da cama.
— Ontem quando estava pulando feito macaca na festa a cabeça estava boa. Vem logo ou
não tem almoço.
— Isso é jogo baixo — resmungo.
— Ah antes que eu me esqueça, um amigo seu ligou aqui atrás de você, parece que é da
faculdade.
— Quem?
— Não lembro.
— Credo mãe nem para lembrar. Era o Montanha?
— Não, se fosse esse eu lembrava o nome. Acho que é um tal de Sandro — ela fala
confusa.
— Sandro? Não conheço nenhum Sandro. Mãe a senhora ouviu o nome direito? Conheço
só um Alessandro.
— É isso, é Alessandro mesmo, que diabo de nome grande. Ele disse que ligou no seu
celular e estava caindo na caixa postal, por isso ligou aqui em casa e pediu para você ligar para
ele quando acordasse. Agora levanta, toma um banho e vem me ajudar.
Levanto da cama em um pulo.
— Obrigada mãe! — Vou até ela e lhe dou um beijo.
— Desenrola Eva. Não é com beijinho que você vai me comprar, te dou 15 minutos para
aparecer naquela cozinha ou vai ter que comer fora — minha mãe fala já na porta do meu quarto
indo para a cozinha.
Cadê o meu celular? Começo a procura-lo feito louca e acho debaixo da cama, será que
ele morreu? Está desligado. Aperto freneticamente para liga-o, mas não liga.
— Meu santinho que seja a bateria.
Aonde eu enfiei o carregador? Procuro até achar no meio do material da facul, coloco na
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tomada e graças ao meu santinho das causas impossíveis ele liga. Procuro o número do Ale e ligo
para ele que atente no segundo toque.
— Eva?
— Oi Ale, minha mãe disse que você ligou aqui, aconteceu alguma coisa?
— Na verdade não. Queria conversar com você, faz alguns dias que não conversamos
direito, sinto falta disso.
— Eu também.
— Hoje à tarde está livre?
— Sim, estou.
— Então nós poderíamos nos encontrar no Parque das Nações e tomar um sorvete, o que
acha?
— Acho bom. Que horas?
— Três e meia está bom para você?
— Está ótimo, você me espera na entrada?
— Espero sim. Então até daqui a pouco. Beijo.
— Beijo.
Ai meu santinho será que hoje é meu dia de sorte. Corro para o banheiro tomo um banho,
me arrumo e vou para cozinha ajudar minha mãe no almoço.
— Esse sorriso todo ai é por que vai me ajudar no almoço?
—Vou sair, o Ale me chamou para tomar um sorvete.
— Humm, namoradinho novo.
— Infelizmente não.
— Antigo?
— Não, é só um amigo mesmo. Está com saudades de conversar comigo por isso me
ligou.
— Minha filha, amigo não liga para conversar. Amigo faz igual o bonitão do Montanha e
já vem em casa e diz que quer conversar.
— Ah mãe é complicado! Ele tem namorada.
— Então ele é um safado.
— Ele é fofo.
— Cuidado, minha filha, para não ficar se iludindo.
Ajudo minha mãe com o almoço, e depois de todos almoçarem ajudo a limpar a cozinha e
lavar a louça. Nesse tempo converso com Carol pelo whats, pelo visto a noite da Clarinha foi
boa, até agora nem deu sinal de vida. Carol disse para eu me jogar nos braços de Ale sem medo
de ser feliz.
Arrumo-me, coloco um short cintura alta, uma regatinha branca e sapatilhas, cabelos
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soltos e estou pronta. Pego minha bolsa e celular.


— Mãe, empresta o carro? — peço entrando na sala.
— Pega a chave em cima do rack e juízo menina.
— Pode deixar. Sua benção mãe — digo dando um beijo nela.
— Deus a abençoe.
Pego as chaves e saio, o trajeto de casa ao parque é em torno de 15 minutos de carro e
hoje as ruas estão desertas. Chego ao Parque das Nações, estaciono o carro e caminho até a
portaria.
Ale já está me esperando, ele está lindo com seu jeitinho safado que sempre me encantou.
Chego perto dele.
— Oi – digo sem jeito.
— Evinha — fala e beija meu rosto. — Você está bem?
— Fora a ressaca de ontem estou ótima.
— Vamos entrar? Afinal te convidei para um sorvete.
— Claro.
Alessandro e eu caminhamos lado a lado, pegando o rumo para a praça de alimentação do
Parque das Nações que na verdade é um lindo bosque, perfeito para trazer a família e
principalmente namorada. Mas no meu caso é só amizade mesmo. Caminhamos em silêncio até
eu ver Marcelo e Dayana, nossa parece que ela está com a macaca. Preciso ver isso mais de
perto.
— Olha lá o Marcelo, mais a Dayana vamos lá falar um oi para eles — digo.
— Não sabia que você era amiga deles.
— Não sou. Na verdade sou amiga só do Marcelo.
— A cara deles não está para amigos hoje.
— Só um oi. — Nossa que bafo, preciso saber o que está acontecendo para contar para as
meninas.
Aproximamo-nos deles e cumprimento.
— Oi Marcelo, oi Dayana. — Faço cara de inocente, Clarinha já disse que eu tinha que
ser atriz.
— Até essa mosca morta quer dar para o Alessandro. Nenhuma do círculo de amizade de
vocês presta, gostam de dar para quem é comprometido. Quer saber isso tudo é inveja da
felicidade dos outros — Dayana fala.
Eita pega, o trem está feio para o lado de Dayana. O que será que está acontecendo?
Prefiro ficar quietinha para não dar bandeira.
— Pode parando com essa crise Dayana, e pare de ofender minhas amigas. Não vem
descontar sua raiva na Eva — Alessandro me defende.
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— Dayana, acho que não temos mais o que conversar, já te disse que o único culpado
aqui sou eu — Marcelo fala.
Será que ele acabou de terminar o namoro com ela para ficar com Clarinha? Meu
santinho das causas impossíveis que seja isso.
— Bem que você sabe que é o culpado em me trocar por aquela puta — Dayana fala.
Clara vai dar na cara dessa dissimulada, quem ela pensa que é? Mal sabe ela que sabemos
seus podres
— Sem ofensas. Clara não é nada disso. Vou juntar suas coisas que você sempre insistiu
em deixar no meu apartamento e mando te entregar amanhã — Marcelo avisa.
Ainda bem que ele defende minha amiga.
— Passar bem Marcelo, seja feliz, só aviso que você ainda vai se arrepender disso.
Enquanto você Alessandro, Camila vai ficar sabendo desse passeio no parque com essa sonsa —
Dayana fala e vira as costas para sair.
— Dayana — chamo.
— O que foi Sonsa? — Se vira para mim.
— Eu acho é pouco sua mocreia. É melhor ser sonsa que chifruda — falo, não aguento
segurar e começo a rir na cara dela.
— Fica ai rindo sua sonsa. Vamos ver como essa história vai terminar — Dayana
ameaça.
— Tudo bem com você? — pergunto para Marcelo.
— Estou mais leve — responde.
— Terminou mesmo com Dayana? — Ale pergunta.
— Fiz o que era certo.
— Clarinha tem alguma coisa a ver com essa decisão? — pergunto para Marcelo e pelo
sorriso dele, tenho certeza que sim.
— Tem sim, ela não sabe o que eu acabei de fazer. Por favor, não conte nada para ela
ainda, quero dar um tempo para aquela cabecinha pensar e também não quero assusta-la ou ela
foge — Marcelo fala dando um beijo em meu rosto.
— Pode deixar, Clarinha merece ser feliz.
— Estou disposto a fazer isso. Vou indo, bom passeio para os dois — Marcelo fala e vai
embora.
Eu e Ale voltamos a caminhar até a praça de alimentação, não consigo esconder a alegria
por Marcelo ter dado um pé na bunda de Dayana e ver isso de camarote foi hilário.
— Parece que você ficou bem feliz pelo termino de Marcelo e Dayana — Ale fala.
— Fiquei sim, amo minha amiga, Marcelo é um cara legal e Dayana é uma vaca.
— Você nem conhece Dayana para falar dela.
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— Conheço o suficiente para saber que ela não vale o arroz que come.
— Como assim?
— Não é um segredo ou história minha então não posso contar. Mas vai por mim, ela é
uma cobra.
— Então se minha namorada anda com ela, também é uma cobra?
— Não sei, a namorada é sua, então você quem tem que saber. Pode ter certeza que boa
coisa Dayana não é.
— Grossa! — fala parando em frente ao frízer de sorvete
— Sincera.
Ficamos uns minutos em silêncio escolhendo o sabor do sorvete.
— Então Ale por que você me convidou para esse passeio?
— Não sei, ontem estava vendo você dançar e me parecia outra pessoa. Queria confirmar
se você ainda é a Eva que eu conheço.
— Como assim?
— Eva, adoro você, Carol e Clarinha, sempre andamos juntos. Acabei me afastando
depois que comecei a namorar Camila. Mas sei que vocês três tem características diferentes,
pensam diferente e agem diferente. Ontem você tinha a metade da atitude da Clara e a outra
metade da ousadia da Carol, até seu jeito de vestir estava diferente. Tive medo de não ser a
mesma Eva que eu conheci.
— Ainda sou, estava apenas querendo impressionar uma pessoa.
— Conseguiu?
— Ainda não sei.
— Você não precisa parecer com as meninas para impressionar ou conquistar alguém. O
que sempre me atraiu em você é a sua doçura. Você é linda do seu jeito e essa pessoa tem que te
aceitar você do jeito que é.
— Linda do jeito sonsa.
— Você não é sonsa, você é diferente. É meiga, carinhosa e uma boa amiga.
— Fui tanto sua amiga, que você preferiu a Camila.
— Não é isso Eva.
— Sim é isso. Mas não se preocupe eu não me importei com seu namoro lembra?
— Lembro e ainda não consigo entender o motivo.
— Era simples, eu e você não tínhamos nada sério, então não tinha o direito em cobrar
nenhuma atitude.
— Eva, foi bom o tempo que passamos juntos.
— Foi, mas já passou né.
— Passou, e sempre vai ser lembrado como uma fase feliz de minha vida. Só não quero
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que aquela menina que eu fiquei um dia desapareça. Gosto de você assim.
— Já entendi, não mudei, ainda continuo a mesma, mas agora com um pouco mais de
experiência. Não é a roupa que faz o caráter de uma pessoa. Não importa a roupa ou a
maquiagem que eu use. Sempre serei eu mesma.
— Fico feliz em ouvir isso. Mas agora preciso ir embora, tenho que ir na casa da Camila,
Dayana já deve ter feito o meu inferno.
— Tudo bem, vou ficar mais um pouco aqui.
— Foi bom conversar com você. Poderíamos marcar mais vezes. O que você acha?
— Seria legal.
Ale se aproxima e me abraça e consigo inalar seu cheiro, depois ele beija meu rosto.
— Até amanhã.
— Até amanhã.
Depois que Ale foi embora fico pensando em tudo que já vivemos juntos e sobre o que
ele me falou. Acho que o mais importante foi a nossa amizade. As meninas estão certas, o
caminho mais curto para o coração dele é a nossa amizade que por mim é mais que isso e para o
Ale também já foi um dia. Se ele não sentisse nada por mim não estaria com saudades das nossas
conversas ou preocupado pelo meu jeito de agir ou vestir. Esse será o caminho que irei usar para
chegar até o coração dele.

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CAPÍTULO 21 — CLARA

Estou jogada no sofá do meu apartamento desde que Marcelo me deixou aqui no portão
do prédio. Será que tudo isso que aconteceu é verdade? Será que ele sente a mesma coisa por
mim? Será que vou quebrar a cara e sofrer feito uma palhaça de novo?
— São tantas perguntas sem resposta — falo em voz alta.
Começo a lembrar do passado, meus dias e noites eram bem parecidos com o que vivi a
noite passada. Não sei se é por causa do tempo que já passou ou a desilusão, hoje pensando não
parecia ser tão real e sincero da forma como foi com Marcelo.
Mas nessa época fui feliz, mesmo tudo sendo uma mentira, amei e sonhei em construir
uma vida a dois.
Como muitas pessoas diziam "O amor é visível nos olhos de vocês dois", "Vocês são
almas gêmeas"," Nasceram um para o outro". De uma forma nada legal descobri que não era
amor, por parte dele. Que não éramos alma gêmea e que realmente não nascemos um para o
outro.
Aprendi da forma mais dura que contos de fadas não existem, que todo fim é um
recomeço.
Você não pode querer sonhar uma vida junta com outra pessoa. Pois não sabe quando o
outro irá te dar uma rasteira e o derrubar no chão da forma mais cruel possível. Esse pelo menos
foi o meu caso.
Desde então fechei meu coração, ninguém tinha conseguido quebrar a barreira que eu
mesmo fiz. Sou dona do meu destino e tento escrever da melhor forma possível a minha história
no livro da vida. Mas, dessa vez quem passou a rasteira em mim foi o diabo do destino que
colocou Marcelo em meu caminho.
Todos sabiam que era apenas um jogo inocente. Na real os outros não sabem, o
verdadeiro motivo que aceitei essa aposta. Eu queria provar que não existe homem fiel ou
namoro perfeito como aquele casal aparentava ser.
Logo de início descobri os podres da Dayana, então ai o problema daquele
relacionamento não era ele, mas ela: a vaca no cio que namorava ele e Montanha ao mesmo
tempo. Eu e as meninas sabemos o tanto que Montanha sofreu, talvez a nossa amizade pelo meu
lado foi por me identificar com ele. Meu coração também estava quebrado, com a amizade de
Montanha e das meninas juntei todos os pedacinhos e os colei um a um, infelizmente ficaram
marcas que não tem como serem apagadas.
Apenas Montanha sabe o que aconteceu comigo há três anos e seis meses atrás, até hoje

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tenho vergonha do papel de idiota que fiz e também não tenho coragem de contar para as
meninas. Elas nunca entendem porque eu nunca vou para casa, coisa que acontece apenas uma
vez no ano e dura apenas um dia e sempre na companhia do Montanha.
Montanha é o irmão mais velho que não tive, sem ele não teria a coragem de voltar para
minha cidade e ver minha mãe. Nunca mais pisei o pé na casa dela. Tentei voltar lá, mas aquela
cena sempre volta, a dor e a magoa voltam.
Posso voltar para a cidade, mas não para casa. Cidade pequena todos se conhecem, toda
vez que vou e marco de encontrar com minha mãe ainda é possível notar o olhar de pena ou
deboche das pessoas.
O mundo é cruel e as pessoas são cruéis, aprendi não abaixar a cabeça e seguir em frente
sempre, fiz isso muito bem até agora. Só não aprendi a lidar com as coisas que envolvem o
coração, que envolvem sentimentos que um dia já senti. Então como não sei lidar muito bem
com isso eu fujo.
Minha vinda para Dourados foi uma fuga, queria fugir da dor, da desilusão, dos olhares
de pena, das piadinhas. Tudo que eu queria era recomeçar. Recomeçar a minha vida sem
julgamentos ou olhares, consegui isso. Tudo estava indo muito bem, até ele aparecer, o que era
para ser um simples jogo de sedução virou uma bola de neve enorme e não sei mais o que fazer.
Montanha ainda me avisou que isso iria acontecer, mas neguei a mim mesma, sempre afirmando
que era apenas um jogo, apenas sexo, apenas diversão. Jurei para mim mesma que não existia
nenhum tipo sentimento.
Realmente de início não existia, mas agora... Realmente não sei o que sinto.
Marcelo sempre foi fofo, no início até ria das suas fofuras. Depois que eu quebrei a cara,
achava essa fofura toda coisa de gay. Convivendo com ele, percebi que ele não era fofo, que na
verdade era simpático e tratava a mulher do jeito que muitos homens deveriam tratar sempre. Ele
sempre foi simpático, atencioso, olhava em meus olhos enquanto eu falava ou ele abria a porta
do carro e sorria, com o tempo sem eu perceber queria ficar mais tempo conversando com ele e
seu sorriso começou a me deixar besta. Marcelo além de ser tudo isso, naquele dia na biblioteca
mostrou ter pegada, me deixou desconcertada com um "simples beijo". Eu sei, o beijo dele
parecia mais sexo com a língua. Logo depois ainda descobri que ele tem um belo pau grande e
grosso. O melhor, sabe usar muito bem, me fazendo sentir sensações jamais imagináveis.
Sensações e sentimentos que ficaram ainda mais intensos nessas últimas horas. A atitude dele na
festa, me levando para sua casa, suas promessas, tudo isso me fez sentir amada, querida e
principalmente cuidada.
Aquela casa foi a nossa bolha, não queria sair da bolha erámos apenas eu e ele. Não tinha
o mundo aqui fora, não existia nenhum problema. Não quero sofrer de novo.
Se Marcelo perceber que não sou tudo isso? Se ele preferir continuar com Dayana? Mais
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perguntas sem respostas.


Sei que ele disse que não me quer apenas por uma noite. Também sei que sou incapaz de
retribuir tudo o que ele fez e me faz sentir, tudo isso por medo de me machucar de novo.
Quer saber de uma coisa, o melhor a fazer nesse momento é levantar desse sofá tomar um
banho e ir dormir. Esses pensamentos não podem ocupar tanto assim o meu tempo. Amanhã é
outro dia. Não vou sofrer, não vou me permitir sofrer, não será Marcelo ou outra pessoa a me
fazer chorar novamente.
Levanto do sofá tomo um banho gelado dos pés à cabeça. Visto uma camisolinha leve,
pego meu celular e percebo que acabou a bateria, coloco para carregar e ligo para minha mãe.
— Minha filha, você demorou hoje para ligar estava preocupada.
— Estou bem mãe, sai ontem e voltei já era de manhã.
— Você não está mentindo?
— Por que eu iria mentir mãe, estou bem e a senhora?
— Estou com o meu coração apertado, quando vai vir me ver? Já vai fazer quase um ano
que não te vejo.
— As coisas estão bem corridas na faculdade, mas logo vou te ver.
— Vai trazer seu namorado de novo?
— Mãe já disse, ele não é meu namorado. É um amigo, um amigo irmão.
— Rezo tanto para Deus colocar um rapaz bom em seu caminho.
— Não gaste seu tempo com isso mãe, reze para que Deus deixe esse rapaz bem longe de
mim — falo para minha mãe rindo.
— Clara não adianta você fugir, na hora certa esse rapaz vai aparecer e você não vai
conseguir fugir dele. Ele vai amansar seu coração apenas com um sorriso. — Minha mãe fala me
deixando pensativa. Mãe sabe mesmo das coisas, não importa a distância. — Clara, Clara você
está ai?
— Estou sim mãe, só estava pensando.
— Esse rapaz já apareceu, por isso está pensando.
— Não mãe, ele não apareceu e nem vai aparecer, pois não irei deixar.
— Clara, você tem que abrir o seu coração minha filha.
— Ele está aberto mãe.
— Abrir para o amor.
— Eu amo a senhora, o Montanha as meninas, ele está aberto.
— Tudo bem minha filha, na hora certa as coisas tomam seu rumo, o importante é que
você está bem.
— Mãe, preciso desligar tenho uns trabalhos da faculdade para fazer.
—Tudo bem, me liga mais vezes e fique com Deus.
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— Beijo mãe.
Desligo o celular e deito na cama, não quero pensar em nada só quero dormir. Depois da
noite e a manhã que tive acabo pegando rapidamente no sono. Só sou despertada pelo toque do
meu celular.
— Oi — atendo sem olhar quem é.
— A bela adormecida ainda está dormindo.
— Hurum.
— Como você está?
— Estou bem. Você demorou para ligar.
— Sabia que você estava em boas mãos.
— Montanha, é você mesmo?
— Já te disse que Marcelo é uma boa pessoa — Montanha fala rindo.
— É, ele é sim.
— Clarinha, não vou passar ai porque tenho um compromisso e amanhã eu trabalho. Só
quero dizer para você não fugir, apenas viva.
— Até você? Eu não fujo.
— Ok, você só se esconde. Até amanhã na faculdade.
— Montanha?
— Fala.
— Com quem você vai se encontrar?
— Com uma pessoa, beijo — fala e desliga e celular.
Ah safado! Ele acha que me engana, se eu ligar para Carol dizendo que vou na casa dela
qual será a sua resposta? Montanha diz para eu não fugir, mas ele também está fugindo. Acho
que somos irmãos e fomos separados na maternidade. Não irei ligar para Carol, pois está mais
que na cara que esses dois tem algum rolo, vou deixar rolar.
Vou para a cozinha preparar algo para comer e me lembro de Marcelo fazendo omelete,
passar a noite com ele tem algumas vantagens além de ser bem comida depois sou bem
alimentada.
Volto para o meu quarto e começo a ler O lado Feio do Amor da Colleen Hoover. Está
vendo o amor não é tão belo assim. Leio até adormecer. Assim foi o meu domingo.
Acordo cedo, faço a minha higiene matinal, me arrumo e vou para a academia, treino
pesado para manter o corpo. Volto para o apartamento o organizo e limpo, coloco a roupa para
bater.
Na hora do almoço faço um miojo de tomate, que adoro, e depois arrumo o material da
facul. Leio o texto de hoje e desenvolvo minha pesquisa enquanto troco algumas mensagens com
as meninas. Afinal preciso saber das novidades, Eva se encontrou com Ale e Carol saiu com um
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carinha ontem à noite. Carol e Montanha são dois safados, deixa esses dois comigo.
Tiro um cochilo e quando acordo é quase 17h00, é hora de me arrumar. Escolho um
vestido longo florido e uma rasteirinha. Já que Marcelo diz que virá me buscar escolho algo leve.
Mas já deixo uma roupa separada vai que ele não aparece e eu tenho que ir com a Penélope, esse
vestido é ruim para pilotar, mas ele é lindo.
Estou quase pronta quando a campainha toca. Ainda nem é 18h00, abro a porta e é
Marcelo, todo comestível de calça jeans preta e camiseta gola V branca.
Ele me cumprimenta com um beijo na boca e sem pedir licença entra e senta no meu sofá.
Mas está folgado, irei colocá-lo no seu devido lugar.
— Você não acha que está cedo?
— Queria conversar com você antes de ir para faculdade.
— E o que você quer conversar? — pergunto cruzando os braços.
— Quero você.
— Marcelo já disse que eu não namoro e você tem a Dayana.
— Sou solteiro e nada me impede de ficar com você.
— Como assim solteiro?
— Depois que deixei você aqui. Marquei com ela e terminei tudo, agora sou todo seu
Clarinha.
— Não. Você não é meu assim como eu não sou sua.
— Ainda.
— Como?
— Senta aqui do meu lado Clarinha, pensei muito e tenho uma proposta para fazer para
você.
Vou até Marcelo e sento ao seu lado.
— Já vou avisando Marcelo, eu não vou namorar você.
— E noivar você aceita?
— Você está louco. Não aceito namorar, noivar ou casar com você.
— Já imaginava isso, só falei para ver sua cara.
— Palhaço.
— A minha proposta é o seguinte Clara, você fica comigo por tempo indeterminado e eu
fico com você. Sem namoro.
— Apenas ficar?
— Ficar juntos. Tudo que um casal tem direito, dormir juntos, sair e até andar de mãos
dadas.
— Isso é namoro, Marcelo, e eu não namoro.
— Não Clara, isso é ficar, vamos apenas ficar.
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— Apenas ficar sem cobrar o outro ou crises?


— Isso, só que tem um pequeno detalhe.
— Qual detalhe é esse, Marcelo?
— Eu não posso ficar com mais ninguém enquanto eu ficar com você.
— Isso eu concordo, senão vai virar palhaçada você ficando comigo e com a torcida do
flamengo.
— Você também não pode ficar com outros caras enquanto tiver comigo.
— Não, isso não é justo, isso é namoro.
— Clarinha, você acabou de dizer que é justo que iria virar palhaçada eu ficando com
você e com a torcida do flamengo. Direitos iguais, eu não fico com outras mulheres e você não
fica com outros caras.
— Você negocia bem. Usou as minhas palavras ao seu favor.
— Estou fazendo direito. Então Clarinha, aceita ou não minha proposta? Ou irei ter que
pensar em outra coisa.
— Não sei.
— Vamos Clarinha, vamos tentar.
— Vamos fazer assim, vou tentar por uma semana para ver se vai dar certo.
Marcelo se aproxima de mim e me beija, um beijo calmo e gostoso, suas mãos seguram
meu rosto.
—Vou fazer dar certo minha ficante.
— Sua?
— Sim, minha ficante e eu sou seu ficante.
— Então, meu ficante eu posso acabar de me arrumar, pois você chegou bem cedo —
falo levantando do sofá.
— Pode sim, cheguei cedo de propósito, estava com saudades dessa sua boca gostosa. Sei
que não vai admitir, mas também sentiu saudades minha — Marcelo fala com aquele sorriso
lindo.
Levanto um pouco meu vestido e sento no colo de Marcelo, fincando cada perna de um
lado.
— Na verdade senti sim, saudades de seus beijos — falo beijando sua boca. – Do seu
cheiro. — Cheiro seu pescoço e dou uma leve mordida em sua orelha. — Do seu corpo. —
Levanto sua camiseta e minhas mãos percorrem seu peitoral.
— E disso aqui sentiu falta? — fala levantando o quadril esfregando sua ereção em mim.
— Principalmente disso — digo rebolando e abrindo o zíper de sua calça.
— Nunca deixa de me surpreender — fala colocando minha calcinha de lado e enfiando
um dos dedos em minha entrada.
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— Você gosta de ser surpreendido? — falo libertando seu pau, e o masturbando com
minhas mãos.
— Por você, sempre — fala baixando a alça do meu vestido e colocando um dos meus
seios em sua boca, enquanto a outra mão massageia o outro seio.
Posiciono seu pau em minha entrada, coloco só a "cabecinha" e rebolo com movimentos
leves, não deixando Marcelo enfiar mais dentro de mim.
— Ah — ele geme.
Então desço de uma vez em todo seu comprimento, mas logo subo e fico apenas na
"cabecinha". Repito esses movimentos algumas vezes. Deixando Marcelo louco.
— Que isso diaba — fala com a voz rouca de tesão.
— Isso chama provocação — digo levantando rapidamente do seu colo.
— Clara! O que pensa que está fazendo?
— Indo me arrumar para facul. Ou iremos nos atrasar.
— Olha aqui, você não pode me deixar assim — Marcelo fala ainda sentado no sofá e
apontando para seu pau duro fora de suas calças.
— Verdade. Vou dar um jeito.
Volto para perto do Marcelo, me ajoelho entre suas pernas, pego seu pau em minhas
mãos e dou algumas generosas chupadas. Quando percebo que Marcelo começa a gemer e a
rebolar em minha boca, pego seu pau ajeito dentro da cueca e fecho o zíper da calça.
— Prontinho agora já posso acabar de me arrumar. — Dou um leve beijo em sua boca e
saio em direção do quarto.
— Clara! Você vai me deixar assim mesmo? — Marcelo grita da sala.
— Adoro você assim Marcelo — grito de volta.
Fecho a porta e a tranco, vai que ele vem atrás de mim. Arrumo meu cabelo, faço uma
maquiagem leve e ajeito a calcinha que Marcelo colocou de lado. Meu vestido é longo, leve e
não marca, então para provocar Marcelo mais um pouquinho tiro a minha calcinha. Só quero ver
a reação dele quando descobrir.
Pego minha bolsa e o material da facul e saio do quarto. Vou até a sala e olho com cara
de santa para Marcelo que está deitado no sofá olhando para o teto.
— Vamos?
— Você não acha que esqueceu alguma coisa? — ele fala com uma cara de safado, que
adoro.
— Nossa é verdade, preciso do carregador do not — falo indo buscar.
Quando volto Marcelo já está em pé próximo a porta.
— Agora vamos — digo ficando na ponta dos pés e lhe dando um selinho.
— Você é uma diaba — fala saindo do apartamento.
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— E você adora essa diaba.


— Isso é verdade — Marcelo confirma e me puxa para um beijo de tirar o fôlego.
Saímos do prédio de mãos dadas, ele abre a porta do carro para eu entrar, dá a volta, entra
coloca o sinto e da partida no carro.
— O seu batom não sai?
— Claro que não, ele é 24 horas. Você pode me beijar a vontade que eu não ficarei
borrada e feia.
— Você feia é impossível Clara.
O trajeto do meu apartamento para a facul foi tranquilo, usei esse tempo para conhecer
mais Marcelo, é impressionante como a conversa com ele flui. Quando percebemos já estamos
entrando no estacionamento.
— Marcelo, você poderia trocar o lugar que sempre estaciona? — peço.
— Por quê?
— Não sei, precaução.
— Você está certa.
Marcelo acaba estacionando um pouco mais distante, onde tem bastante árvores e o
movimento não é muito. É perfeito.
Tiro o meu sinto e quando Marcelo vai sair do carro o chamo.
— Marcelo.
— O que foi?
— Posso te dar um beijo — falo com cara de santa e o sorriso dele amplia.
— Não precisa pedir.
Ele mal acaba de falar, saio do meu lugar e o monto. Começo a beijar sua boca de forma
intensa, dou leves mordidas em seus lábios. Suas mãos fazem justamente o que eu queria,
começam a percorrer as minhas pernas e vão subindo. Até chegar onde eu queria.
— O que? Cadê? Clara, cadê a sua calcinha que tinha que estar aqui? — fala passando a
mão em minha bunda e na minha entrada para confirmar se eu estava sem mesmo.
— Eu tirei — confirmo em um sussurro.
— Você não fez isso — fala massageando a minha bunda.
— Fiz sim.
— Quer me deixar louco?
— Não. Quero te deixar pensando em mim, até a hora de nós irmos embora e nos
saciarmos um com o corpo do outro — digo saindo do colo de Marcelo.
— Vamos saciar agora esquece a aula hoje — fala me puxando.
— Não falto na facul, a gente tem a noite toda — digo pegando minha bolsa e meu
material no banco de trás.
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— Está bem, só não sei como vou prestar atenção depois disso.
— Ah Marcelo, para vai passar rapidinho.
Ele pega sua pasta, coloca no ombro, sai do carro dá à volta, abre a minha porta e a fecha.
Fica na minha frente, coloca as duas mãos no carro e fico presa. Olha em meus olhos.
— Primeiro você fez aquilo no seu apartamento, e agora essa história de calcinha. Você
vai assistir a sua aula. Mas hoje você não me escapa, vou comer você hoje dentro desse carro,
aqui no estacionamento e depois vou te comer de quatro puxando seus cabelos no sofá do seu
apartamento. Para nunca mais você me deixar com as bolas doendo de tesão.
— Hum que gostoso, assim eu espero — falo rindo e Marcelo abre o sorriso.
Essa história de sermos apenas ficantes está sendo melhor que eu imaginei. Não vejo a
hora de ter Marcelo todo dentro de mim.

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CAPÍTULO 22 — MARCELO

— Hum que gostoso assim eu espero — Clara fala rindo.


Olho em seus olhos e começo a rir também, essa safada gosta mesmo de me ver doido
por ela, essa é a explicação mais coerente que existe. Depois da aula vou dar aquilo que ela está
querendo.
— Já estou indo. — Me dá um selinho, passa por baixo dos meus braços, fugindo de
mim.
— Ei, me espera ai fujona.
— Seu prédio não é por esse caminho.
— E daí. Quero te levar até a sua sala — falo pegando a mão dela.
— Tem certeza?
— Por que não?
— Dayana?
— Faz parte do meu passado e você é meu presente — falo e a abraço.
Essa história de ser ficantes foi só uma desculpa para Clara me aceitar ao seu lado. Estava
mais que na cara que ela iria fugir de um relacionamento sério. Então ser ficantes foi à única
maneira que achei para conseguir dobra-la.
Quando cheguei ao apartamento dela confesso que pensei que ela iria me pôr para correr,
por isso já cheguei e a beijei, não esperei seu convite entrei e sentei. Com ela tem que ser assim,
não pode esperar ela falar, tenho que agir antes dela abrir a boca, assim a deixo sem reação.
Estava com medo que ela não aceitasse a minha proposta e fugisse de mim, mas
conforme fui explicando ela acabou cedendo, foi mais fácil que eu imaginei.
Agora estamos andando de mãos dadas pelo campus e eu não sei explicar o sorriso idiota
que está em meu rosto.
— Você está percebendo? — Clara fala me tirando dos meus pensamentos.
— O quê?
— Estão todos nos olhando.
— É inveja, porque estou com a garota mais linda dessa faculdade — falo dando um
beijo e passando meus braços por sua cintura.
— Você não liga?
— Só consigo ver você, os outros que se fodam. E você liga?
— Claro que não. Que se fodam! — Ri.
Continuamos o nosso caminho, Clara me conduz até a mesa que pelo visto é o lugar dela
e dos amigos, nos aproximamos e ela se solta e senta do lado do Adriano dando um beijo em seu
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rosto.
— Hum que lindos — Carol fala.
— Estão namorando mesmo? — Eva pergunta.
— Não, eu não namoro e vocês sabem bem disso — Clara lembra.
Pego a mão de Clara e a faço levantar, sento e a coloco sentada em meu colo.
— Não estamos namorando, eu acabei de ficar solteiro — falo.
— Vocês dois são solteiros, mas chegaram juntos de mãos dadas e Clara está sentada em
seu colo. Eu perdi alguma coisa? — Adriano pergunta.
— Só estamos ficando — digo.
— Então Clarinha, ainda pode pegar geral? — Carol pergunta.
— Não, essa é a única regra: eu não posso ficar com ninguém e nem ela — explico.
— Foi um acordo e estamos apenas fazendo um teste — Clara fala e todos começam a rir.
— Clarinha, então você não namora? Só fica com ele, anda de mãos dadas,
provavelmente vão dormir juntos e não pode ficar com outros caras — constata Adriano.
— Isso mesmo — Clarinha fala com um enorme sorriso, vira o rosto e me dá um breve
beijo.
— Clara, você não fica mais que uma vez com o mesmo cara. O único com quem você
fez isso foi com o Edson, mas foi apenas umas três vezes e porque ainda estava bêbada e depois
já dava um fora nele, você sempre foi fria com ele. Já com Marcelo isso de vocês dois "ficarem"
demorou em acontecer. Estão mais de um mês nesse chove não molha, e pelo visto ambos estão
bem contentes com esse "rolinho"— Adriano fala rindo.
— Marcelo, você superou as minhas expectativas, amarrou Clarinha e ela ainda nem
percebeu isso — Carol caçoa rindo.
— Que nada, Clara é livre — digo fazendo sinal para Carol ficar quieta ou é perigoso
Clara sair correndo do meu colo.
— Acho que devemos bater palmas para Marcelo, pois ele conseguiu o impossível —
Eva fala rindo batendo palmas e os outros a acompanham.
— Vocês podem não acreditar, mas eu e Marcelo estamos apenas ficando — Clara
afirma, mas também ri.
— Pode deixar meninas estou aproveitando bem a minha ficante — digo. — Clarinha,
vou para a minha sala tentar assistir aula. Ainda não esqueci o que fez comigo, no intervalo
passo aqui para de dar uns amassos — falo em seu ouvido apertando sua bunda.
— Vou esperar por isso — responde, depois se levanta do meu colo.
— A conversa está boa, mas preciso ir para a aula. Meninas, Adriano cuida dela para
mim — falo fazendo todos rirem.
— Clara é esperta, não se preocupe ela sabe se cuidar sozinha — Carol fala.
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— Mesmo ela sabendo se cuidar sozinha eu cuido dela pode ter certeza – Adriano fala
dando uma piscada.
Dou mais um beijo em Clara e despeço-me dos outros. Saio rumo ao bloco do meu curso.
Vejo Dayana de longe, corto caminho, não quero conversar agora com ela, vai que começa a dar
escândalo. Dizem que a gente só conhece a pessoa quando se separa. Esse foi um dos motivos
que pedi para Adriano cuidar de Clara, vai que Dayana da às crises quando descobrir que estou
com Clara e vai para cima dela. Portanto é melhor me prevenir.
Chego à minha sala, sento desconfortavelmente em minha carteira com o pau duro.
Aquela diaba além de aprontar comigo no apartamento dela, depois fez aquilo no carro e o pior
ela está sem calcinha, isso é motivo suficiente para eu ficar com o pau duro até a hora de ir
embora.
O professor chega à sala e começa a aula, não presto atenção em nada, isso já imaginava.
Não vou conseguir esperar até o fim da aula para tê-la. Na hora do intervalo vou levar Clara
embora e resolver meu probleminha, nada mais justo eu fazer isso, visto que ela me deixou com
o tesão do cão e depois caiu fora.
Quando o professor nos libera para o intervalo pego minha pasta e saio. No corredor
escuto alguém me chamando.
— Marcelo!
Quando me viro vejo que é Dayana, não quero falar com ela, mas também não parar vai
ser falta de educação.
— Oi Dayana — resolvo cumprimentar.
— Eu só queria saber como você está?
— Bem, mas preciso ir.
— Nossa vai ser assim agora. Seu grosso.
— Dayana cada um segue a sua vida, não tenho o que falar com você, não quero ser
grosso.
— Pensei que já tinha se arrependido.
— Não me arrependi. Agora preciso ir.
— Não tem problema, você ainda vai se arrepender.
— Isso é impossível, tenho que ir — digo, viro as costas e vou rumo ao bloco do curso da
Clara.
Já estou imaginando tudo que vou fazer com ela hoje, estou parecendo àqueles
adolescentes apaixonados com um sorriso bobo no rosto. Clara é o motivo do meu riso, preciso
dela o quanto antes. Só ficar ao seu lado já me sinto inteiro.
Vejo seus amigos sentados no mesmo lugar de quando chegamos à faculdade, mas ela
não está com eles.
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— E ai, vocês viram a Clara? — pergunto.


— Foi no banheiro — Carol responde.
— Ata obrigado vou atrás dela.
— Ei Marcelo, ela sabe o caminho de volta. Senta aqui e espera com a gente —Eva fala.
— Ela sabe o caminho de volta, mas não é esse o caminho que pretendo fazer com ela —
falo e dou uma piscada. — Vocês guardam o material dela?
— Pode deixar — Adriano fala rindo.
— Clarinha não sabe onde se meteu — Carol ri.
— Me deixa ir atrás dela, beijão meninas. Até mais, Adriano.
Saio rumo ao banheiro quando estou chegando perto escuto vozes altas.
— Não quero nada com você. Me solta seu retardado. Você está me machucando.
— Você não vai ficar com ele.
— Já te disse que eu fico com quem eu quiser e vou ficar com ele sim. Me solta, eu não
tenho nada com você e nunca tive.
— Recusa meus beijos por causa daquele engomadinho.
Quando dou por mim descubro que é Edson segurando os dois braços de Clara e a
balançando de forma bruta fazendo com que suas costas batam na parede.
— Por favor, me solta, você está me machucando, esquece que eu existo. Eu não quero...
— Clara pede chorando.
Corro até eles. Jogo minha pasta no chão.
— Ei! — grito.
Quando Edson se vira dou um soco em seu rosto, o fazendo largar Clara que me olha
assustada ainda chorando.
— Olha quem apareceu — Edson fala vindo para cima de mim, mas erra o soco.
Dou outro soco em seu estomago fazendo-o se curvar, dou um chute em sua perna
fazendo-o cair, quando vou para cima dele sinto alguém me segurando. Olho para trás e são os
braços de Adriano.
— Me solta Adriano, me deixa acabar com esse merda — grito.
— Calma, você já deu o que ele merecia. Isso fica como um aviso Edson, da próxima vez
que você relar um dedo na Clara serei eu a te mandar para o hospital com seus dois braços
quebrados para nunca mais relar nela — avisa Adriano.
— Você não vai ficar com ela — Edson fala se levantando e apontando o dedo para mim.
— Já estou com ela — aviso.
— Ela nunca esteve com você Edson, se conforma. Clara nunca quis nada com você seu
idiota — Carol grita.
Olho para trás e vejo Eva e Carol abraçadas com Clara, que chora.
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— Só vou te avisar uma vez, nunca mais encoste um dedo nela, não dirija a palavra a ela.
Pode me soltar, não vou bater nesse babaca, ela precisa de mim — digo.
Adriano me solta, vou até Clara, as meninas se afastam e eu a abraço, ela me abraça forte
e continua a chorar.
— Xiiiii, calma, não precisa chorar eu estou aqui.
— Ele quis me agarrar à força, eu não tenho nada com ele, eu juro Marcelo — Clara fala
em meio ao choro.
Levanto sua cabeça, olho em seus olhos.
— Eu sei, eu vi, não se preocupe. Confio em você.
— Vai confiando engomadinho, logo você vai descobrir a santa que a Clara é, aproveita
bem enquanto é tempo — Edson fala, vira as costas e vai embora.
— Vamos sair daqui. A plateia está grande — Adriano fala.
Olho em volta e dou conta do número de pessoas que estão assistindo a cena, vejo
Dayana sorrindo para mim. Não sei o que ela ganha com esse sorriso, o melhor é ignorar. Clara
precisa de mim. Pego minha pasta do chão.
— Vem Clara, vou te levar embora — falo a conduzindo para o estacionamento.
Os amigos dela nos acompanham.
— Um amigo viu Edson segurando o braço dela e veio nos avisar — Eva fala.
— Ainda bem que você chegou a tempo — Carol fala.
— Já passou meninas, vamos mudar de assunto — Adriano pede.
Chegamos até o carro. Adriano se aproxima de Clara, e eu me afasto um pouco. Ele a
abraça e fala:
— Desculpa minha menina, hoje eu não pude te proteger. Nunca mais ele vai relar em
você, te prometo.
Algumas pessoas podem confundir esse carinho que Adriano tem por Clara, no início
quando os via no corredor da faculdade sempre achei que tivesse algo a mais que amizade. Com
o tempo percebi que não existe nada além disso. Depois que Clara se aproximou de mim essa
amizade ficou mais evidente. Adriano cuida dela como se fosse uma irmã mais nova. Não existe
nenhum motivo para eu sentir ciúmes. Essa amizade entre os dois é pura e verdadeira, algo que
jamais tinha visto antes.
— Você não teve culpa, Montanha — Clara explica. — Edson estava louco, ele me viu
mais cedo com Marcelo e veio tirar satisfações. Ele me ameaçou disse que iria acabar com a
minha vida. Ele tentou me agarrar e me arrastar para o banheiro.
— Vou ter uma "conversinha" com ele daqui a pouco, ele nunca mais vai relar em você.
Essa obsessão dele já foi longe demais. Vai com Marcelo, acho que ele não vai te deixar sozinha
essa noite. Você vai estar em boas mãos. Amanhã passo para saber como você está — diz
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Adriano.
— Não deixa aquele babaca estragar a sua noite Clarinha, você tem o corpinho de
Marcelo a noite toda — brinca Carol.
— Carol, você não tem jeito mesmo, isso é hora de pensar na farra da Clara e Marcelo —
repreende Eva. — Clarinha, não escute essa doida, e não fica assim, Edson é um babaca idiota de
pinto fino.
— Como assim pinto fino? — questiono.
— É melhor você nem saber — Adriano fala rindo. — Vai se acostumando Marcelo,
essas meninas não têm filtro, agora leva a Clarinha para casa e cuida bem da minha menina.
— Pode ter certeza que irei cuidar muito bem dela.
Eu e Clara nos despedimos de todos. Abro a porta ela entra, fecho, dou a volta sento e
dou partida no carro. Percebo que Clara ainda está triste. preciso anima-la, não gosto de vê-la
triste.
— O que acha de passarmos em uma conveniência pegar uma Coca-Cola e sorvete. Ai
vamos até o meu apartamento assistimos alguma coisa tomando coca e sorvete.
— Tenho uma ideia melhor.
— Qual?
— Passamos na conveniência, pegamos Coca-Cola, sorvete e chocolate, vamos para o
meu apartamento, você me come de quatro no sofá como prometeu. Depois comemos chocolate
e tomamos coca e sorvete.
— Pode ser, principalmente na parte de quatro no sofá.
— Sabe foi uma promessa, eu perdi o banco do carro no estacionamento não posso perder
a do sofá — Clara fala rindo.
— Diaba safada — digo pegando a sua mão e dando um beijo. — Oportunidade não vai
faltar.
— Você gosta.
— Logico essa diaba safada é só minha.
Clara ri. Assim fizemos, passamos na conveniência compramos tudo e vamos para o seu
apartamento, fizemos amor loucamente no sofá de quatro e depois de todas as posições possíveis.
Depois de cansados e saciados tomamos banho, comemos o chocolate e tomamos coca com
sorvete. Dormimos juntos em seu apartamento.

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CAPÍTULO 23 — MARCELO

Faz mais de quinze dias que eu e Clara estamos juntos, tudo indica que o teste de uma
semana deu certo. Hoje faz exatamente quinze noites que não durmo no meu apartamento.
A nossa rotina é sempre a mesma: acordamos cedo, fazemos amor, vamos para a
academia, depois voltamos para o apartamento tomamos banho, me arrumo e vou para o estágio.
Os dias que o serviço está mais suave vou almoçar com Clara, os mais corridos almoço no
escritório mesmo.
Alguns dias da semana passo no meu apartamento, pego umas peças de roupa e deixo as
sujas para a tia da faxina lavar. Clara disse que não vai lavar minhas cuecas. E nos fins de
semana vamos para o nosso refúgio.
Está sendo bom esse tempo que estamos passando juntos. Clara está cada dia mais
entregue e até mesmo carinhosa. Para ela estamos apenas ficando, mas sei que isso que temos um
com o outro não é ficar, mas é melhor não contraria-la e deixa-la pensando que estamos só
ficando.
As amigas de Clara e Adriano sempre ficam brincando e zoando com a nossa cara. Eles
falam que nós dois já estamos casados e daqui uns dias chegamos com um filho nos braços, pois
somos rapidinhos, nem namoramos ou noivamos pulamos logo para o casamento.
Para deixar Clara bravinha, sempre falo que estou fazendo um teste, vendo se Clara é boa
para casar mesmo. Fazendo todos rirem e sempre levo uns tapas dela por isso.
Dayana nunca mais conversou comigo, quando a vejo no corredor da faculdade ou no
escritório ela vira a cara. Edson também não deu mais as caras, alguns dizem que ele trocou de
faculdade, mas acho que essa atitude foi devido a certa "conversinha" que Adriano teve com ele.
Hoje, sábado, resolvemos sair com os nossos amigos. Agora Adriano, Carol e Eva
também são meus amigos. Bebemos, dançamos e nos divertimos até tarde, depois eu e Clara
viemos para o nosso refúgio.
Clara insiste em dizer que é apenas sexo, e eu aceito as desculpas dela, aos poucos ela vai
cedendo, vez ou outra sente até ciúmes. Eu tento a cobrir de carinho, amor para que ela possa
confiar em mim sempre. Mas ainda não consegui descobrir o motivo por ela fugir de algo mais
sério, a única coisa que percebi é que ela quase não fala da família. Seu único contato é com a
mãe, mas só fala com ela uma vez na semana.
Agora estou aqui deitado, vendo minha diaba linda dormindo em meus braços, isso é algo
que não me canso de fazer. Observar Clara dormindo passou a ser um dos meus programas
favoritos. A observo até cair no sono.
Sou despertado, com o toque do celular de Clara. Olho no relógio e vejo que ainda não é
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nem 07h00, pego seu celular que está na cabeceira e vejo escrito "mãe" no visor. Acho melhor
acorda-la, a mãe dela não liga, ela que sempre liga para mãe.
— Clarinha meu amor, Clara, acorda — a chamo dando leves beijos.
— Me deixa dormir — resmunda.
— Amor, seu celular está tocando.
— Deixa tocar — fala manhosa.
— Sua mãe, ela está ligando.
Passo o celular para ela que atente.
— Mãe está cedo depois eu ligo.
De repente ela levanta da cama, com os olhos estatelados e respiração ofegante. Vai até a
porta do banheiro.
— Já disse para não ligar para mim, já te disse para você esquecer que eu existo. Para
mim você morreu.
Clara parece ouvir o que a outra pessoa diz no celular, ela vai se abaixando, senta no chão
e começa a chorar.
— Quando? — pergunta.
Depois de alguns segundos fala:
— Estou indo. — Desliga o celular.
Levanto da cama, chego perto dela e a abraço.
— Clara, aconteceu alguma coisa?
— Preciso falar com Montanha.
Pega o celular liga para Adriano.
— Montanha, preciso de você. Tenho que ir para Rubineia, não posso ir sozinha. Minha
mãe sofreu um acidente e está em coma no hospital. Por favor, diz que vai comigo — Clara pede
chorando.
Ela escuta Adriano falar.
— Ele está aqui — diz e me olha. — Montanha quer falar com você.
— Oi – digo ao pegar o telefone.
— Marcelo, não estou em Dourados, fiz uma viagem ontem depois que saímos da festa,
já tinha avisado Clara, não tem como eu chegar a tempo para leva-la. Preciso que você a leve
para ver a mãe, mas você não pode desgrudar dela. Ela precisa de você agora, mas ela nunca vai
te pedir ajuda. Ela parece ser forte, porém é uma menina frágil. Amanhã de manhã consigo
chegar e ficar com ela. Você fique com ela enquanto eu não chego. Posso contar com você?
Você a leva e cuida dela enquanto não chego?
— Posso. Eu a levo, não precisa se preocupar. — Ele nem precisa pedir isso. Clara se
tornou a minha joia mais rara. Sempre irei cuidar dela.
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— Não faça perguntas, apenas fique com ela. Se ela se sentir confiante te contara tudo.
— Pode deixar, vou fazer o possível e o impossível.
— Obrigado Marcelo, não esperava menos de você. Agora passe para ela fazendo favor.
Passo o celular para Clara que ainda chora.
— Está bem, amanhã? Você jura — fala e logo desliga.
Como já sabia a ligação entre Clara e Adriano é muito forte, talvez ele seja o único que
sabe o que realmente aconteceu. Hoje estou tendo a prova disso. Ainda é cedo para Clara confiar
e contar tudo para mim. Saberei esperar essa hora.
A abraço sem perguntar nada, a levo para o banheiro, dou banho nela, a visto com um
vestido que achei nas coisas que ela trouxe. Deixo-a sentada na cama enquanto junto as nossas
coisas. Quando acabo vou até ela.
— Vamos passar no seu apartamento pegar as suas coisas, depois passamos no meu. Vou
levar você até a sua mãe — falo a olhando.
— Marcelo.
— Estou aqui.
— Não me deixe sozinha — me pede chorando.
— Nunca vou deixar você sozinha — digo a abraçando.
— Obrigada. — Me abraça.
Essa será uma longa viagem, pelo visto Clara vai enfrentar seus piores medos.

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CAPÍTULO 24 — CLARA

Escuto uma voz bem longe me chamando.


— Clarinha meu amor, Clara, acorda.
Ao mesmo tempo em que me chama, sinto beijos em minha pele. Esse toque, essa
sensação boa só uma pessoa faz comigo. Marcelo sempre me acorda assim. Faz mais de quinze
dias que todos os dias sou despertada da mesma forma. Dormir com ele é tudo de bom, não sei
como ele consegue ser tão perfeito.
— Me deixa dormir — digo fazendo manha só para receber mais beijos e carinhos.
— Amor, seu celular está tocando.
— Deixa tocar — digo manhosa.
Não quero atender, nem sei como me esqueci de desligar o celular. Quando estamos aqui
em nosso refúgio eu desligo, ficamos na nossa bolha particular curtindo um ao outro.
— Sua mãe, ela está ligando.
Minha mãe? Ela nunca liga cedo, que estranho. Viro-me para Marcelo e ele me passa o
celular.
— Mãe, está cedo depois eu ligo — digo com voz de sono.
— Clara sou eu, Carla.
O que? Levanto da cama, vou até a porta do banheiro, só em ouvir sua voz me sufoca.
Não acredito que depois de tudo ela ainda tem coragem de me ligar.
— Já disse para não ligar para mim, já disse para você esquecer que eu existo. Para mim
você morreu.
— Eu sei, não desligue, por favor — pede com voz de choro e começa a falar as palavras
rápidas. — É a mãe, ela sofreu um acidente. Ela está morrendo Clara, ela chamou seu nome
quando o socorro chegou. Agora ela está no hospital em coma.
Conforme ela vai falando, vou deslizando até sentar no chão. Não acredito, não posso
perder mais ninguém, não consigo me controlar e começo a chorar.
— Quando? — pergunto em lágrimas.
— Ontem à noite quando voltava da igreja. Clara, você tem que vir ver a mãe, eu fico
longe, te juro que eu não vou chegar perto de você.
— Estou indo — digo e desligo o celular.
Mãe disse tantas vezes para ir vê-la, mas sempre fico adiando por medo, agora estou a
perdendo. Sinto alguém me abraçando, olho e lembro que Marcelo está aqui.
— Clara aconteceu alguma coisa? — pergunta.
— Preciso falar com o Montanha — É a única coisa que eu consigo falar. Preciso do
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Montanha do meu lado. Pego o celular e ligo para ele, que atende rapidamente.
— Bom dia minha menina, não está cedo para me ligar?
— Montanha, preciso de você. Tenho que ir para Rubineia, não posso ir sozinha. Minha
mãe sofreu um acidente e está em coma no hospital. Por favor, diz que vai comigo — peço
chorando.
— Ei? Calma, não estou em Dourados, te avisei ontem que iria viajar. Mesmo saindo
daqui agora, vou demorar para chegar até você e leva-la até a sua mãe. Marcelo está com você?
— Montanha pergunta.
— Ele está aqui — digo olhando para Marcelo.
— Passa o telefone para ele — pede.
— Montanha quer falar com você. — Passo para ele o celular.
— Oi — Marcelo fala e escuta Montanha falar.
— Posso. Eu a levo, não precisa se desculpar — Marcelo fala e continua a ouvir
Montanha.
— Pode deixar, vou fazer o possível e o impossível — Marcelo fala e logo me passa o
celular.
— Clarinha, Marcelo vai levar você, não discuta com ele, aceite que ele te leve, ele não
vai te fazer perguntas. Vai cuidar de você enquanto eu não chego. Amanhã cedo no mais tardar
estarei com você.
— Está bem, amanhã? Você jura — suplico.
— Juro Clarinha, confie em Marcelo ele te ama — Montanha fala e desliga.
Marcelo me abraça sem me perguntar nada, me pega no colo, leva-me até o banheiro e
me dá um banho. Me ajuda a colocar um vestido. Fico sentada na cama vendo-o arrumar as
nossas coisas, estou agindo no automático, não sei o que fazer ou pensar. Quero ver minha mãe,
quero abraça-la, beija-la e dizer o quanto a amo, mas não quero enfrentar o meu passado.
— Vamos passar no seu apartamento pegar as suas coisas, depois passamos no meu. Vou
levar você até a sua mãe — Marcelo fala olhando em meus olhos.
— Marcelo.
— Estou aqui.
— Não me deixe sozinha — peço chorando.
— Nunca vou deixar você sozinha — promete me abraçando.
— Obrigada. — O abraço.
Nesse momento a única coisa que tenho certeza é que preciso do Marcelo ao meu lado.
Não sei o que vou encontrar. Como minha mãe está, mas se ele estiver ao meu lado conseguirei
enfrentar tudo e todos.
Marcelo pega as nossas coisas, me conduz até o carro, todo o caminho faço em silêncio,
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sou despertada com um toque.


— Clarinha vamos, eu te ajudo arrumar suas coisas.
Apenas concordo balançando a cabeça de forma afirmativa. Subimos para o meu
apartamento e rapidamente arrumo minha mala e a nécessaire. Marcelo me ajuda a colocar tudo
no carro dele. Ele segue para o seu apartamento e rapidamente arruma suas coisas. Passa no
posto e abastece o carro. Percebo ele digitar no GPS, e logo pega a rodovia.
— Marcelo, você sabe para onde estamos indo? — pergunto, pois não falei a ele para
onde iriamos, apenas disse que precisava ver a minha mãe.
— Rubineia. Você disse uma vez que era de lá. Também ouvi dizer para o Adriano.
— Obrigada, você não precisava ir comigo.
— Não tem o que agradecer, eu preciso ir com você, pois ficaria louco sem saber como
você está. Não vou sair do seu lado.
Apenas dou a ele um sorriso fraco e volto a olhar para a janela. Fico perdida em meus
pensamentos que não percebo o tempo passar, até ver a placa.
"BEM VINDOS A RUBINEIA"
Meu coração acelera, não sei o que vou encontrar, não sei como está minha mãe, não sei
como reagir.
— Clara? — Marcelo me chama.
— Oi.
— Para onde vamos agora?
— Hospital.
— Me ensina o caminho?
Balanço minha cabeça, e vou falando para Marcelo o caminho até o hospital. O tempo
passa, mas a cidade continua a mesma. Somente eu não sou a mesma. Quando chegamos
Marcelo estaciona o carro, abre a minha porta, me abraça e segura a minha mão.
— Não precisa ter medo estarei com você.
Seguimos para a recepção do hospital.
— Boa tarde — digo chamando a atenção da moça atrás do balcão.
— Boa tarde. O que deseja? — pergunta.
— Minha mãe sofreu um acidente ontem e está internada nesse hospital. Quero saber
como ela está.
— O nome dela, por favor?
— Claudia Ferreira da Silva.
— Seu RG, por favor.
— Aqui está — falo passando minha identidade para ela.
— Um momento.
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Aguardo alguns minutos que parecem mais uma eternidade. Sinto as mãos de Marcelo em
minha cintura, olho para ele que me dá um beijo na testa.
— Clara, por gentileza queira me acompanhar. Sua mãe está internada na UTI, Dr. Luiz
Fernando, o médico que está cuidado dela, vai conversar com você e te passar todas as
informações em relação a paciente e visitas.
Acompanho-a até uma sala, que pelo visto é a sala do tal médico. Entro e ele faz sinal
para eu me sentar. Marcelo fica ao meu lado.
— Boa tarde Clara, a auxiliar Gabryella mandou uma mensagem dizendo que você queria
notícias da minha paciente Claudia Ferreira.
— Sim, ela é minha mãe. Minha irmã ligou hoje de manhã informando do acidente, mas
não me deu mais detalhes. Acabei de chegar na cidade — explico.
— Sua mãe foi atropelada ontem por volta das 21h00 e chegou aqui ainda consciente. A
todo o momento chamava seu nome. Sua irmã Carla acabou dizendo que você era a filha mais
nova e morava longe. Sua mãe estava com uma hemorragia interna porque uma das costelas
perfurou o baço. Ela foi operada para a retirada do baço, e também apresentou um leve
traumatismo craniano por ter batido a cabeça ao cair no chão. Por isso nesse momento ela se
encontra sedada até que o traumatismo diminua e estabilize. Portanto ela está na Unidade de
Terapia Intensiva.
— Ela corre risco de morrer? — pergunto agoniada.
— Riscos sempre existem. Mas nesse momento o estado de sua mãe é estável.
Precisamos ver como ela vai reagir daqui em diante. Aos poucos iremos tirar a sedação até ela
acordar.
— Posso vê-la?
— Pode, mas será uma visita rápida, ok.
— Tudo bem.
— Vou chamar uma enfermeira, ela irá te acompanhar. Daqui duas horas vou examina-la
novamente e posso dizer como está sendo a sua evolução.
— Obrigada.
O Dr. Luiz Fernando me acompanha até a porta e logo aparece uma enfermeira que me
encaminha para o setor da U.T.I. Ela me faz vestir umas roupas para que eu possa entrar no
quarto. Marcelo não pode entrar e fica me esperando do lado de fora.
Entro com receio no quarto, não aguento e começo a chorar. Aos poucos vou tomando
coragem e chego perto da minha mãe, ela está pálida com alguns ferimentos no rosto e ligada a
vários aparelhos. Dou um beijo em sua testa e seguro a sua mão.
— Mãe sou eu sua Clarinha, sua filha. Eu estou aqui, vim te ver, por favor, não me deixe,
preciso tanto da senhora. Sei que me afastei de tudo, mas a senhora sempre esteve presente,
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mesmo eu estando distante. Sempre a amei e sempre irei amar a senhora, fica comigo. —
Enquanto falo lágrimas escorrem pelo meu rosto. — Me perdoa mãe, fui tão egoísta indo
embora, pensei apenas em minha dor. Não pensei na senhora, na dor que a senhora sentia.
Mesmo assim a senhora me apoiou.
Fico em silencio rezando para que a Nossa Senhora Aparecida proteja minha mãe, para
que ela possa sair dessa e se recuperar.
— Você precisa ir — a enfermeira fala checando o soro da minha mãe.
— Estarei aqui te esperando acordar — falo dando um beijo na testa da minha mãe. Viro
para a enfermeira. — Obrigada.
— Se você quiser pode ficar na sala de espera, fica no final do corredor. O seu namorado
está lá te esperando — fala.
Meu namorado. Nesse momento Marcelo está fazendo por mim mais que eu mereço, ele
nem meu namorado é, não tem obrigação de fazer o que está fazendo.
— Vou aguardar por notícias dela. Obrigada de novo — falo saindo do quarto, tiro a
roupa e coloco no cesto que fica na porta do quarto.
Sigo até a sala de espera no fim do corredor, quando chego na porta Marcelo se levanta,
chega perto de mim e me abraça. Começo a chorar novamente.
Ele me pega no colo e se senta, me alinho em seu corpo e fico ali tentando achar forças
para enfrentar tudo que ainda está por vir.
— Amor não chore — Marcelo fala alisando meus cabelos. — Tudo vai ficar bem.
— Ela está tão pálida, tão frágil — falo em meio ao choro.
— Você também está pálida e frágil. Mas isso tudo vai passar, amor. Tenha fé em Deus e
se acalme.
Balanço apenas a cabeça, e fico ali abraçada a Marcelo. Não sei quanto tempo passa até
ele me cutucar.
— Amor. O médico da sua mãe. Talvez ele tenha notícias.
Levanto-me rapidamente do colo de Marcelo indo até o Dr. Luiz Fernando.
— Dr., Tem alguma notícia da minha mãe?
— Eu acabei de examina-la e seu quadro está evoluindo de forma positiva. Se tudo correr
bem, amanhã começo a tirar a sedação — Dr. Luiz Fernando fala.
— Ela ainda corre risco de vida?
— A parte mais crítica já passou. Ela não corre mais risco de vida.
— Graças a Deus — digo.
— Você pode ir descansar um pouco — o Dr. sugere.
— Não, vou ficar até ter mais notícias dela — aviso.
— O outro médico irá cuidar dela durante a noite. Vou deixar avisado que você vai ficar
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esperando por notícias. Agora preciso ir, tenho outros pacientes para ver.
— Obrigada Dr. Luiz Fernando — agradeço, ele me dá um sorriso e vai embora.
— Viu, te disse que sua mãe iria sair dessa. A cada hora ela vai estar melhor — Marcelo
fala.
Aproximo-me dele, coloco meus braços em seu pescoço enquanto ele coloca as mãos em
minha cintura. Olho em seus olhos.
— Obrigada. Você está sendo maravilhoso, me apoiando e dando o espaço que preciso.
— Já te disse que não precisa agradecer. Mas se você quiser me dar um beijo eu aceito.
Fico na ponta dos pés e o beijo, mas dessa vez é um beijo de gratidão, por ele estar do
meu lado em um momento tão difícil e delicado, sem fazer nenhuma pergunta, apenas me
apoiando e me dando força.
— Acho que vou fazer isso mais vezes, só para ganhar mais beijos seus — fala me
abraçando.
— Você sempre terá meus beijos seu bobo.
— Seu, bobo — fala e eu lhe dou um sorriso.
Sentamos novamente, ele me abraça e esperamos o tempo passar até o outro médico
resolver vir dar notícias da minha mãe. Algo que demora, já escureceu e não tenho mais notícias.
Isso começa a me deixar agoniada. Marcelo percebe a minha agitação.
— Vamos comer alguma coisa? Nesse hospital deve ter alguma cantina.
— Não estou com fome.
— Você precisa se alimentar. Não comeu nada o dia todo. — Marcelo levanta e estende a
mão para mim.
— Está bem — digo pegando a sua mão e caminhando pelo corredor do hospital.
— Amor, você espera um minuto vou até o banheiro — Marcelo fala.
— Tudo bem te espero aqui — aviso.
Fico no corredor parada perto de um bebedouro. Chega uma menina de aproximadamente
dois anos ou três, que tenta beber água, mas como ela é pequena e o bebedor é alto, não
consegue.
— Espere, vou te ajudar — digo olhando para aquela linda menina morena de cabelos
cacheados.
Pego o copo coloco água e a entrego.
— Bigado tia — fala bebendo água.
— Como você chama? — pergunto me abaixando para ficar próxima a ela e olhar para
aqueles olhos negros brilhantes.
— Clalinha.
— Clara? — Ela me dá um sorriso e acena com a cabeça de forma positiva. — Você
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sabia que eu também me chamo Clara?


— Que legal, o seu nome é igual o meu e da minha tia — ela fala com sorriso largo.
— Verdade? — pergunto.
— Sim, minha mamãe colocou meu nome igual da minha tia porque ela gosta muito dela.
— Como chama sua mamãe?
— Minha mamãe chama Cala.
Não pode ser o que eu estou pensando. É muita coincidência.
— Carla? — pergunto.
A pequena menina balança a cabeça confirmando o nome da mãe.
— Como chama seu papai? — pergunto olhando para ela com o medo da resposta.
— Flavio! — Uma voz grossa que algum tempo não ouvia me faz levantar a cabeça. — O
papai dela chama Flavio, e pelo visto Clarinha você acabou de conhecer a sua tia Clara.
Isso não pode estar acontecendo comigo, justo agora, isso não pode ser real.
— Também é um prazer em revê-la Clara, não vai dar um abraço em sua sobrinha e no
seu cunhado — Flavio fala.
— Você é minha tia? — ela fala me abraçando.
O que eu vou fazer agora? A abraço sem saber o que estou fazendo.
— Sua tia está emocionada em te ver Clarinha, vai lá falar para a baba que você conheceu
a sua tia.
—Tá papai — fala e sai correndo.
— O que você está fazendo aqui? Ela prometeu que não iria vir aqui enquanto eu
estivesse aqui.
— Ela prometeu, mais eu não. Precisava ver se ainda continuava gostosa, talvez quem
sabe relembrar os velhos tempos. Estava com saudades.
— Pelo visto continua o mesmo canalha de sempre.
— Canalha que você gritava o nome várias vezes enquanto gozava.
— Bem que você disse. Ela gritava. Agora é Marcelo que ela grita e se eu fosse você
ficaria bem longe dela. Ou vou ter que te afastar dela de um jeito não muito legal — Marcelo fala
me abraçando pela cintura.
— Pelo visto trouxe outro cão de guarda.
— Não sou o cão de guarda. Mas posso ser se isso for preciso — avisa Marcelo.
— Chega Flavio, você não tem nada a fazer aqui. Se retire.
— Vim ver a minha sogra. Já que a filha desnaturada a abandonou e deserdou a irmã.
Agora ela está aqui jogada em uma cama de hospital.
— Sínico.
— Vou indo, mas vamos nos encontrar mais vezes — Flavio fala e sai pelo corretor.
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Marcelo me olha cheio de perguntas. Tenho medo que ele faça algumas delas. Sei que ele
merece saber, mas não sei se estou preparada para dizer.
— Obrigada.
— Quem é ele?
— Meu cunhado — falo olhando nos olhos de Marcelo.
— Cunhado?
Abaixo a cabeça, ele merece saber a verdade, minha voz sai fraca.
— Cunhado e ex noivo.

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CAPÍTULO 25 — MARCELO

Fiz tudo o que estava ao meu alcance para apoiar Clara e dar a ela o conforto nesse
momento tão difícil. Estava em seus olhos a luta que traçava para estar ali com a mãe. A sua
recusa em sair do hospital não foi apenas por medo de estar longe da mãe. Mas medo de
encontrar alguém lá fora.
Depois de muita insistência consegui faze-la ir até a cantina, no caminho precisei a deixa-
la sozinha para ir no banheiro e foi nesse exato momento que tudo aconteceu.
Quando saio do banheiro me deparo com Clara ajudando uma pequena menina a beber
água, fico vendo a cena imaginando como ela seria como mãe. Infelizmente não deu para fazer a
surpresa que eu tinha preparado para ela essa manhã. Quando voltarmos de viagem irei fazer.
Clara pelo visto vai ser uma boa mãe e eu um ótimo pai. Pensar em um futuro juntos é o que eu
mais tenho feito nesses últimos dias.
Um cara alto, branco se aproxima de Clara e da menina. A fisionomia de Clara muda na
mesma hora, fica mais rígida e tensa. Quando a pequena menina sai correndo foi possível ver que
Clara fica cada vez mais agitada. Será que é alguém que ela conhece? Aproximo-me e escuto o
final da fala do cara.
— Canalha que você gritava o nome várias vezes enquanto gozava — o homem diz.
— Bem que você disse. Ela gritava. Agora é Marcelo que ela grita e se eu fosse você
ficaria bem longe dela. Ou vou ter que te afastar de um jeito não muito legal — falo abraçando
Clara pela cintura.
Quem esse safado pensa que é? Clara é minha e não admito que ninguém fale com ela
dessa forma.
— Pelo visto trouxe outro cão de guarda — o cara fala.
— Não sou o cão de guarda. Mas posso ser se isso for preciso — falo me segurando para
não arrebentar a cara dele aqui dentro.
— Chega Flavio, você não tem nada a fazer aqui. Se retire.
— Vim ver a minha sogra. Já que a filha desnaturada a abandonou e deserdou a irmã.
Agora ela está aqui jogada em uma cama de hospital — O tal do Flavio fala em forma de ironia.
— Sínico — acusa Clara.
— Vou indo, mas vamos nos encontrar mais vezes — ele fala e sai pelo corretor.
Não entendo o que aconteceu aqui. Quem é ele? Por que Clara ficou tão nervosa com a
sua presença? O que ele quis dizer com sogra e filha desnaturada? Somente uma pessoa pode me
responder essas perguntas. Ela está parada na minha frente sem saber o que fazer.
— Obrigada — agradece sem graça.
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Se eu perguntar será que ela vai responder? Preciso arriscar.


— Quem é ele?
— Meu cunhado — fala olhando em meus olhos.
— Cunhado?
Clara abaixa a cabeça, e fala tão baixo parecendo que levou várias facadas, sua voz quase
não sai.
— Cunhado e ex noivo.
Então é isso, Clara foi trocada pela irmã, percebo que ela começa a chorar. A abraço e
decido não fazer mais perguntas vou dar o tempo que ela precisa, se ela confiar em mim logo irá
contar tudo que aconteceu no seu passado.
— Clara, vou procurar o médico responsável e saber como sua mãe está. Já reservei um
quarto em um hotel aqui do lado. Depois iremos para lá, você precisa tomar um banho e se
alimentar.
— Tudo bem — fala com a voz baixa.
Assim faço, procuro o médico responsável pela a mãe de Clara, ele novamente fala tudo
que o médico anterior tinha falado. Depois saímos do hospital, Clara olha dos lados com receio e
aperta ainda mais minha mão. Abro a porta para ela entrar no carro, dou a volta, entro e vamos
para o hotel que é uma quadra a baixo do hospital.
Estaciono meu carro no estacionamento do hotel, pego minha mochila coloco nas costas,
pego a pequena mala de Clara com uma mão e a outra mão coloco na sua cintura a conduzindo
até a recepção do hotel.
— Boa noite, em que posso ajudar? — a recepcionista pergunta ao nos ver.
— Boa noite, algumas horas atrás fiz a reserva de uma suíte para casal no nome de
Marcelo Ferraz.
— Ah sim senhor Ferraz. A sua suíte já está reservada, aqui está a chave. Espero que o
senhor e sua acompanhante tenham uma boa estadia. — A recepcionista olha para Clara. —
Clara? Clarinha a ex do Flavio?
— Não, Clarinha minha namorada — digo com desdém.
— Ah senhor me desculpe, é que faz tanto tempo que não a vejo, desde tudo que
aconteceu. Sua irmã hein, pegou seu lugar, que coisa feia. Lembro-me como fosse hoje, você e
Flavio, felizes com os preparativos do casamento. Vocês eram um lindo casal.
— Isso faz parte do meu passado, Flavio está casado e eu com Marcelo — Clara fala.
— Obrigada pela chave senhora. — Olho o crachá com seu nome. — Munique, espero
que a senhora seja mais discreta, afinal posso ir para outro hotel — ameaço.
— Desculpe mais uma vez, senhor Ferraz, isso não irá mais acontecer. Vou chamar uma
camareira para acompanhar vocês até o quarto.
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— Não precisa, só me diz qual o número do quarto. Afinal Munique, fiquei no seu lugar
fazendo bico por várias vezes para você se encontrar as escondidas com o Frederico. Ah! não era
o Frederico, ele era seu marido você se encontrava as escondidas com o Ricardo — Clara fala.
— Quarto 32 no segundo andar na direita — Munique fala com a cara vermelha de
vergonha.
— Obrigada Munique, não me leve a mal, mas todos nós temos um passado e antes de
você querer falar do meu lembre-se do seu — avisa Clara.
Essa é a minha Clara, enfim colocou essa mulher no seu lugar, não deixou que ela ficasse
por cima. Pegamos o elevador até o segundo andar, Clara abre a porta, vai até a cama e deita
cobrindo os olhos com um dos braços.
Fecho a porta, coloco nossas coisas no chão, vou até ela e passo a mão em seu cabelo.
— Quer tomar um banho? — pergunto.
— Vou arrumar nossas coisas primeiro. Você pode ir tomar banho na frente.
— Tudo bem, eu não demoro — digo dando um beijo casto em sua boca.
Depois de tudo que aconteceu hoje, acho que isso foi uma desculpa para ela ficar sozinha.
A história do ex tem muito mais coisa que eu imagino. Talvez esse seja o motivo de Clara não
querer voltar para a cidade, foi algo que todos ficaram sabendo.
Tomo um banho rápido, enrolo a toalha em minha cintura e saio do banheiro. Clara está
em pé olhando pela janela. Aproximo-me dela, a abraço pela cintura e dou leves beijos em seu
ombro.
— Eu conheci Flavio quando tinha 15 anos, mudei de escola, pois tinha passado para o
ensino médio. Iria para o 1º colegial enquanto Flavio já estava com 17 anos no 3º ano.
— Clara, não precisa dizer, não estou te cobrando.
— Mas você merece saber. Eu quero te contar
— Se você quiser contar irei te ouvir.
Clara começa a contar o que aconteceu, olhando pela a janela.
— No início não me dei conta do que estava acontecendo. Minhas amigas começaram a
dizer que tinha um rapaz me olhando, quando olhei para ver quem era, ele estava me encarando
e logo me deu um sorriso. Depois fiquei sabendo que ele era da mesma sala que Carla, minha
única irmã, ele fez com que ela nos apresentasse. Carla dizia que ele estava interessado em mim,
mas eu não acreditava. Flavio era o "famosinho" da escola, de uma família bem sucedida da
cidade. Nunca que iria se interessar por uma menina humilde, tímida e principalmente sonsa
como eu era. Sempre dizia que era só amizade. Fui uma boa amiga para ele. Começamos a
andar juntos, ele sempre estava ao meu lado conversando. Comecei a prestar mais atenção nele,
algumas vezes até achava que ele estava me paquerando, mas como eu era tímida ficava quieta,
não sabia como agir. Ele devia me achar uma boba pelo jeito como agia. Mas mesmo assim não
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se afastou de mim. O horário da nossa educação física era o mesmo, então além de ficarmos
juntos no intervalo ficávamos conversando na aula de educação física. Até que um dia deitada
com a cabeça em seu colo ele me beijou. É até absurdo em dizer, mas eu nunca tinha beijado
antes. Meu primeiro beijo foi aos 15 anos na quadra da escola com o Flavio. Não sabia como
reagir, então levantei, sai correndo e me tranquei no banheiro. Fiquei trancada durante um bom
tempo, até dar o sinal da saída, quando sai do banheiro ele estava sentado me esperando. Ele
sorriu para mim e pegou a minha mão.
No outro dia quando cheguei na escola ele foi me cumprimentar me deu outro beijo,
dessa vez não fugi. E assim o tempo foi passando e nós dois ficando, ele me levava até perto da
minha casa na hora da saída e na entrada sempre me esperava.
No dia dos namorados na escola, teve uma festinha. Ele pegou o microfone e na frente da
escola inteira se ajoelhou e me pediu em namoro e eu encantada com seu romantismo aceitei.
Então ele tirou a caixinha de veludo do seu bolso e colocou na minha mão esquerda, aquela
aliança prateada. Parecia um sonho, como não se encantar com as coisas que ele fazia?
Nesse mesmo fim de semana ele foi a minha casa, para pedir para minha mãe
autorização para que pudéssemos namorar. Minha mãe aceitou. Flavio sabia conversar e
encantava todos, e não foi difícil encantar minha mãe. Carla também ficou radiante com o nosso
namoro. Eu, mãe e Carla éramos muito unidas, e isso ficou mais forte depois da morte de papai.
Além de ser minha irmã Carla era a minha melhor amiga.
O tempo foi passando, e o nosso namoro foi durando, Flavio me levou para conhecer
seus pais que igual minha mãe ficaram encantados comigo. Lembro o pai dele falando que enfim
ele tinha arrumado uma moça direita para casar. Eu com 15 anos não pensava em casamento,
mas Flavio tinha quase 18.
No fim do ano Flavio prestou vestibular para o curso de administração de empresa na
Funec, uma faculdade particular próximo da nossa cidade, e claro ele passou, ele iria herdar os
negócios da família então tinha que estudar para isso.
Nessa época fiquei com medo do nosso namoro acabar. Afinal eu era virgem e Fabio era
homem, mas ele esperou, não forçou a barra. Os pais dele estavam felizes pelo seu único filho
estar fazendo faculdade e ainda namorar uma bela moça. Logo o pai dele começou a perguntar
quando nós iriamos noivar, na época estava com 16 anos e ainda virgem.
No dia do meu aniversário de 17 anos Flavio me fez uma festa surpresa na casa dos seus
pais, chamou nossos amigos e familiares. No meio da festa ele pediu a atenção de todos e me
pediu em casamento. Claro, eu aceitei, e todos ficaram felizes. Seus pais principalmente, afinal
eu era moça para casar e queriam rapidamente já marcar a data do casamento. Minha mãe
ficou receosa, ela dizia que eu era muito nova ainda para casar. Carla ficou muito feliz por
saber que a irmã mais nova iria casar e me prometeu ajudar em tudo. Estava vivendo um
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verdadeiro conto de fadas e Flavio era o meu príncipe. Naquela noite me entreguei a ele, de
corpo e alma, e ele me fez mulher.
No fim do ano ainda não tínhamos marcado a data do casamento, mas já tínhamos
ganhado o terreno para a construção da nossa casa que seria construída conforme
desejássemos. Presente do seu pai. Seu pai também me fez prestar administração assim como
Flavio, afinal nós dois iriamos herdar os negócios da família. O pai de Flavio estava esperando
ele se formar e nós nos casarmos para se aposentar
Assim fiz, prestei administração, e o pai de Flavio pagou todo o curso para mim como
presente de noivado, pois eu iria ser a sua nova filha. Quando eu entrei no primeiro ano da
faculdade, Flavio estava no terceiro ano, ambos fazíamos estagio na empresa do pai dele
durante o dia e estudávamos a noite. A única diferença era que cada um era responsável por um
setor. Na verdade o pai dele estava nos treinando.
Quando eu estava no segundo ano de faculdade resolvemos marcar a data do casamento,
que seria em dezembro daquele mesmo ano. Afinal Flavio já iria se formar e assumir os
negócios da família, e para isso precisava ser casado para passar credibilidade para seus
clientes. Nossa casa já estava pronta, na verdade era uma mansão. Queria algo simples, mas
Flavio gostava do luxo. Eu aceitei, sempre aceitava tudo o que ele me falava, só tinha olhos e
ouvidos para ele.
Esse ano passou rápido, por causa da correria com a faculdade, estágio e os
preparativos do casamento. Dois meses antes do casamento, acabei pegando uma virose,
precisei tomar antibióticos por 10 dias. Não sabia que o antibiótico cortava o efeito do
anticoncepcional.
Um mês antes da data do casamento descobri que estava gravida. No início fiquei com
medo, mas logo a alegria de ser mãe era maior que o medo. Estava tudo perfeito, faltava um
mês para me casar, os preparativos estavam todos prontos, mais de 500 convites entregues,
nada poderia dar de errado. Pelo menos era o que eu pensava.
Naquele dia Flavio teve uma reunião na empresa e não foi para a faculdade, então
marquei de encontrar com ele na minha casa depois da aula. Naquele dia fui com o carro que o
pai de Flavio deixou comigo porque sua nora não podia ficar pegando ônibus, afinal eu seria a
futura senhora Vasconcellos.
Sai mais cedo da faculdade, e fui para casa me arrumar. Precisava dizer para Flavio que
nós iriamos ter um filho, fruto do nosso amor.
Quando cheguei em casa, vi o recado da minha mãe na mesa dizendo que tinha ido no
terço, fui para o meu quarto quando deparei com os dois em minha cama.
Flavio e Carla juntos, transando na minha cama. As duas pessoas que eu mais amava e
confiava. Eles não me viram, fiquei sem reação. Sai de casa correndo com aquela imagem na
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minha cabeça e sentei no portão chorando. Minha mãe chegou na hora e perguntou por que eu
chorava, apenas olhei para a casa.
Ela entrou e viu o que meus olhos e coração já tinham visto, minha mãe colocou os dois
aos gritos e nus para a rua. Carla enrolada em um lençol chorava e me pedia desculpa. Flavio
gritava que me amava. E eu só queria fugir de tudo.
Minha mãe me levou para dentro de casa, deitei em sua cama e fiquei ali chorando no
seu colo sem acreditar que fui traída pelos dois. Sempre fui muito ligada a Carla, sempre dizia
que iria colocar o nome dela se um dia eu tivesse uma menina como filha.
Resumindo, o meu mundo caiu, agora só tinha eu e o meu bebê, eu iria lutar pela vida
que crescia dentro de mim.
Na semana seguinte Flavio foi em casa para conversar, para tentar me fazer perdoá-lo e
prosseguir com o casamento. Com a minha recusa acabamos brigando, senti uma pontada forte
no pé da barriga, quando olhei minhas pernas estavam cobertas por sangue. Flavio me levou ao
hospital e o médico constatou que eu tinha perdido meu filho. Enquanto eu chorava com a
notícia da perda Flavio riu da minha cara, disse que nem para segurar um filho eu prestava.
Naquele mesmo dia no hospital encontrei Carla tomando soro, descobri naquele
momento que ela também estava gravida e Flavio era o pai.
O pai de Flavio já tinha investido muito no nosso casamento. No final daquele ano
Flavio casou, mas eu não era noiva. Tudo que eu planejei ficou para Carla, a casa, as alianças
que eu tinha escolhido o casamento dos meus sonhos foi Carla que teve.
Sai da faculdade, não poderia continuar, vi que a UFGD, estava com as inscrições
abertas para o vestibular prestei, passei e fui embora.
O meu conto de fadas não terminou do jeito que eu tinha imaginado. Aprendi da forma
mais dura que contos de fadas não existem. Flavio foi meu primeiro amor, primeiro beijo, ele me
fez mulher e também me quebrou em pedaços.
— Aquela menina no hospital...
— É a filha de Carla e Flavio, ela colocou o meu nome na menina — Clara fala me
cortando.
A abraço mais apertado.
— Flavio nunca me amou, eu era apenas um fantoche em suas mãos. Depois do que
aconteceu descobri vários outros podres, Carla foi apenas mais uma com que ele me traiu. Eu fui
apenas a namorada modelo, noiva modelo e seria a esposa modelo.
— Mas você descobriu a tempo.
— Descobri tarde, meu coração já pertencia a ele. Mas a tempo de não estragar o resto de
minha vida. Tive que aprender a juntar todos os meus cacos, e enfrentar todos. Você viu na
recepção, é sempre assim, por isso quase não venho aqui, é sempre a mesma coisa.
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— Não fique assim. Estou aqui com você.


— Serei eternamente grata por isso. Vou tomar banho.
Clara vai para o banheiro e fico pensando em tudo o que ela me disse. Agora compreendo
o motivo dela ser tão avessa a relacionamento. O único que a teve a quebrou por completo.
Ligo para recepção pedindo o nosso jantar, mas por causa da hora a recepcionista informa
que não estão mais servindo. Então procuro a lista telefônica e ligo para a pizzaria pedindo pizza
e coca cola.
Visto um shorts e sento na cama esperando Clara sair do banheiro.
Por isso ela tinha medo de vir para a cidade sozinha e nunca falava da família, além de
perder o noivo para a irmã, perdeu o filho e ainda descobriu que a irmã estava grávida e se
casaria no seu lugar. Muitas informações.
Ela sai do banheiro, com os cabelos soltos molhados e uma camisola branca, como
sempre está linda.
— Vem cá — a chamo.
Ela caminha até mim e senta-se no meio das minhas pernas. A abraço e sinto seu cheio
doce.
— Como está? — pergunto.
— Mais leve — fala e vira para me dar um beijo.
— Pedi pizza está chegando.
— Obrigada.
— Não precisa agradecer, eu estou com fome — falo tirando um sorriso do seu rosto.
— Não pela pizza seu bobo. Por tudo, por ter me trazido aqui, por ter ficado comigo no
hospital, por me defender do Flavio sem saber quem ele era, e principalmente por ter me ouvido
sem me recriminar ou me chamar de tonta. Não consigo entender por que você fez tudo isso por
mim.
— Você não sabe por quê?
— Sinceramente não, sei que sou difícil, mas você passa por cima da minha cara feia e
fica sempre do meu lado, nunca pede nada em troca. Você já fez tanto por mim em pouco tempo.
Por que você é assim?
— Porque eu amo você!

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CAPÍTULO 26 – MARCELO

— Porque eu amo você!


Será que eu ouvi direito? Ele disse que me ama? Isso não pode estar acontecendo. Estava
na cara que esse negócio de ficantes não ia dar certo. Tento me levantar da cama, mas Marcelo
me puxa de volta, me prende no meio das suas pernas e me abraça.
— Ei, não vou deixar você ir a lugar nenhum, não precisa dizer nada. Desculpa, não quis
te assustar — Marcelo fala.
— Você não pode me amar Marcelo, eu não vou conseguir corresponder. Aceitei ficar
com você, pois disse que não era um relacionamento sério.
— Por que não? Gosto muito de você. Não percebeu ainda — fala beijando meus
cabelos.
— Porque não. Já disse isso para você — falo.
— Calma. Somos apenas ficantes, tá legal. Não estou te cobrando nada, não quero nada
em troca, apenas quero ficar do seu lado. Hoje foi um dia difícil principalmente para você, então
sossega. Esquece o que eu disse.
— Esquecer?
— Finge que não ouviu nada. Desculpa, não queria te dar mais coisas para pensar. Está
sendo difícil hoje. Tente relaxar.
— Vou tentar — falo relaxando em seus braços.
Hoje realmente está sendo um dia difícil, é melhor eu não pensar nisso, meu foco é minha
mãe. Sinto leves beijos em meu pescoço. Ficamos assim abraçados, Marcelo me fazendo
carinho.
Quando a pizza chega Marcelo me faz comer na marra, pois fiquei o dia todo sem me
alimentar. Na verdade nós dois ficamos, ele não saiu do meu lado.
Já alimentados, Marcelo me faz deitar de conchinha, alisa meus cabelos até que enfim
consigo dormir. Quando acordo ainda não amanheceu, olho para o lado e ele dorme um sono
tranquilo.
Em pouco tempo juntos já acho difícil pensar em um futuro sem ele ao meu lado. Mas
será que ele pensa em um futuro comigo ao seu lado? Tenho medo dessa resposta.
Levanto-me da cama com cuidado para não acorda-lo. Provavelmente está morto de
cansaço, a viagem até aqui é longa e depois passar o dia e a metade da noite em um hospital é
puxado. Mas ele fez isso sem reclamar em nenhum momento.
Vou para o banheiro e tomo um banho demorado. Hoje é um novo dia, provavelmente
será tão cansativo como o de ontem. Espero que hoje minha mãe esteja melhor.
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Fico no banho perdida em meus pensamentos, quando olho para porta vejo Marcelo
encostado no batente com os braços cruzados.
— Me observando?
— É um dos meus hobbys favoritos.
— Um dos? Você tem outros?
—Vários.
— Pode dizer alguns?
— Me deixe pensar. Ver você dormir é um, acordar do seu lado é outro. Fazer amor com
você também é. Ver você gozar nem tem como explicar, é uma visão inigualável — conforme
Marcelo fala, vai se aproximando até ficar comigo debaixo do chuveiro. — E o principal, prensar
você em uma parede. Você não tem ideia como me sinto fazendo isso.
Marcelo me prensa na parede, chupa meu lábio inferior, passa a língua em volta da boca,
aperta a minha cintura e começa a me beijar tirando meu ar. Correspondo seu beijo, mas logo o
corto.
— Preciso ver minha mãe — digo.
— Eu sei, só queria te dar bom dia. Ver você assim toda molhadinha é uma tentação dos
diabos — fala dando leves beijos em meu rosto.
— Para de gracinha você, me vê nua todos os dias.
— Esse é o problema, por isso não consigo ficar longe de você.
Como assim ele quer ficar longe de mim?
— É isso que você quer? — falo séria.
— Ter você todos os dias?
— Não, ficar longe de mim?
— Se eu quisesse ficar longe de você, não estaria aqui. Tudo que eu quero é ficar do seu
lado. Acordar do seu lado, beijar cada canto do seu corpo. Eu quero sempre ficar do seu lado.
Flavio também dizia que me queria, que me amava, que queria casar comigo e ficar do
meu lado, mas sei bem como tudo acabou. Marcelo fala e volta a me beijar, não correspondo seu
beijo.
Não irei fazer papel de besta novamente.
— O que foi, amor?
— Nada — digo pegando a toalha e saindo do banheiro.
Como tem coragem de perguntar o que eu tenho? Está se repetindo tudo de novo, estou
fazendo papel de idiota. Não vou sofrer de novo.
Marcelo vem atrás de mim e me abraça.
— Você está assim por causa da sua mãe? Não fica assim amor, vai ficar tudo bem.
Quando chegarmos no hospital teremos boas notícias. Prometo isso para você.
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Saio do abraço de Marcelo, me recusando ao seu gesto de carinho e conforto. Não preciso
disso. Não preciso dele e nem de ninguém.
— Para com isso — falo irritada. — Não me chame de amor. Não prometa aquilo que
você não pode cumprir. Eu já tive isso antes, já vivi tudo isso e olha o que aconteceu? — falo
indo até a minha mala para pegar minha roupa.
— O que você está falando? O que eu fiz? — Marcelo fala se fazendo de inocente.
— Você não sabe o que fez? Você está me fazendo de besta.
— Clarinha meu amor, para com isso, não tente me afastar. Eu amo você. – Marcelo fica
parado na minha frente, levanta a minha cabeça para que eu olhe em seus olhos. — Eu sei que
você está magoada, está com medo de tudo isso que está acontecendo com sua mãe. O
reencontro com seu ex. Só te peço uma coisa por favor, deixa eu te amar, dá uma chance para
nós, prometo nunca te magoar.
— Me solta Marcelo. — Minha voz sai mais alta que o normal. — Você não ouviu o que
te disse? Para de se enganar e tentar me enganar, pois você não vai conseguir. — Começo a
andar em volta do quarto. — A gente não vai dar certo, não tem nada entre nós dois. EU NÃO
AMO VOCÊ — grito. — Tudo não passou de uma aposta e veja só eu cumpri minha parte. —
Faço cara de deboche.
— PARA VOCÊ CLARA! — grita e aponta o dedo para mim. — Não foi só uma aposta,
pode até ter começado dessa forma. Mas agora o que tem entre a gente é muito mais que uma
merda de aposta, é verdadeiro. Eu amo você PORRA, não tente negar, sei que você também me
ama.
— Amor? Amar é algo que eu não conheço você já deveria saber muito bem disso.
Marcelo tenta se aproximar de mim, mas me afasto dele.
— Amor, calma, você só está assustada com toda essa situação, está magoada com o que
aquele merda fez com você. Mas por Deus, coloca uma coisa na sua cabeça eu te amo, jamais
faria você sofrer, pois iria sofrer junto com você.
Começo a rir.
— Marcelo você chega a ser patético. Olhe bem para mim e diz em que você é diferente
do Flávio? — Cruzo meus braços. — Ele também dizia que me amava e jamais me faria sofrer.
No final o que aconteceu? Você sabe o que ele fez, sabe como foi o fim de tudo.
— Não me compare com aquele cara. Já disse que não sou ele. Acorda para a vida Clara.
Para de viver no passado. Não é porque ele fez tudo aquilo com você que eu também irei fazer.
— Ah não. Você não vai fazer a mesma coisa? Acorda você Marcelo — falo apontando o
dedo para ele. — Me diz o que você fez com Dayana? — Olho para ele. — Vai Marcelo, diz, não
fica olhando para mim com cara de cachorro abandonado.
— Terminei com ela para ficar com você — fala em um tom mais baixo. — Clara, a
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nossa história é diferente, nada se compara com o que aquele filho da puta te fez.
— Você fez a mesma coisa que o Flávio fez. Transou comigo quando ainda estava
namorando com ela.
— Já disse foi diferente PORRA! Eu amo você caramba. Quantas vezes vou ter que dizer
isso para que você possa acreditar em mim
— NÃO FOI DIFERENTE. FOI A MESMA MERDA — grito. — Você destruiu seu
relacionamento por umas fodas comigo. Você foi tão canalha com Dayana quanto o Flavio foi
comigo. Para de falar de amor. Não amo ninguém, amo apenas a mim e a minha mãe. Sempre
deixei claro que o nosso lance era só sexo. Nunca pedi para você se apaixonar por mim.
— Você está louca. Só pode. Não estou acreditando no que você está falando.
— Olha Marcelo, não queria falar, mas ai vai. Você é lindo, gostoso e confesso que tive
com você umas das melhores transas da minha vida. Você sabe fazer gostoso. Mas tudo desde o
início foi só um jogo, era legal ter você por perto, por isso aceitei essa história ridícula de sermos
ficantes. Eu desde o início estava jogando com a sedução e eu ganhei. Agora acabou.
— O que você ganhou com tudo isso, Clara?
— Não dá mais, cansei de jogar.
— Vou dizer o que você ganhou já que se sente superior. Você acaba de ganhar meu
desprezo e minha indiferença. Agora quem não quer mais sou eu. Não vou ficar dando soco em
ponta de faca. Ficar insistindo em uma coisa que o outro não quer. Não adianta eu querer você e
você não querer ficar comigo. Para mim chega.
— Agora vai dar um de santo do pau oco?
— Essa na minha frente não é a Clara pela qual me apaixonei. Você não é a mulher que a
cada dia eu aprendi a amar mais, a respeitar e a valorizar o tempo juntos.
— Pode parar com o drama, não precisa disso — falo com a voz embargada.
O que eu estou fazendo? É isso mesmo que eu quero? Afasta-lo de mim? Sim, é isso que
eu quero, é melhor acabar com isso. Não posso, não quero, e não vou sofrer de novo.
— Acabou o drama Clara! Acabou! O que tinha entre nós acabou nesse momento, não é
isso que você quer? Está satisfeita agora? — Marcelo fala com desprezo fazendo meu coração
acelerar.
— É isso sim, quero você longe de mim, longe de minha vida — grito.
Isso é o melhor, nós dois nunca daríamos certo. Não o amo, não posso engana-lo e me
enganar. Essa história de nós dois foi longe demais.
— Não se preocupa Clara, fica tranquila que eu parei. Não vou mais te dedicar meu
amor. Porque você não o merece. Sou homem, não um moleque ou um brinquedo que você é
acostumada a brincar.
— Não mereço seu amor? Não faça-me rir com suas palavras. Para, que está ficando feio.
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— Feio foi o que aquele patife que foi seu noivo fez, ele era moleque. Junto com a sua
irmã foram sim uns filhos da puta com você.
— Chega, você não é ninguém para jogar isso na minha cara.
— Não chega. Eu ainda não acabei de falar. Em razão disso tudo que eles fizeram, você
se tornou essa pessoa fria, egoísta que me usou. Você é incapaz de perdoa-los e se permitir ser
feliz. A culpa de você ser assim hoje é sua. — Aponta o dedo para mim. — Foi você que criou
essa pessoa que é hoje. Você é responsável por essa criatura amarga e fria que está agora na
minha frente.
— Já disse para você parar — peço.
— Clara, fica sabendo que todo esse seu ressentimento não vai te levar a nada. Só vai
afastar as pessoas que te amam. Agora por favor, vai se arrumar que vou levar você para o
hospital. Sou homem de palavras e não um moleque.
— Não precisa, irei sozinha, pode pegar suas coisas e ir embora não preciso de você.
— Vou cuidar de você, por mais que não mereça. Prometi para o Adriano que faria isso.
Assim que ele chegar eu desapareço da sua vida e esqueço que um dia estivemos juntos.
Marcelo fala indo para o banheiro, sento-me na cama. Até demorou para isso acontecer,
não preciso dele e de homem nenhum, não vou quebrar a cara feito uma palhaça.
Arrumo-me e arrumo as coisas, Marcelo sai do banheiro passa por mim, escolhe uma
roupa e volta para o banheiro. Quando sai já está pronto, arruma suas coisas e mexe no celular.
— Vamos — fala de forma fria sem olhar para mim.
Ele sai na minha frente, fecho a porta e o sigo. No estacionamento, pela primeira vez não
abre a porta do carro para eu entrar. Abro a porta e sento. Olho para ele, nunca o vi tão rígido e
sério. Marcelo dirige em silêncio até o hospital. Quando chegamos ele desliga o carro e desce.
Desço atrás dele.
Entramos no hospital e Montanha já está sentado me esperando. Corro até ele e o abraço.
— Graças a Deus que você chegou — falo o abraçando.
— Eu disse que viria — Montanha fala. — E ai Marcelo. — Estende a mão. — Obrigado.
— Fiz o prometido. Agora estou indo. Valeu Adriano outra hora a gente se fala. — Olha
para mim. — E você seja feliz.
Da portaria do hospital vejo Marcelo indo embora, como eu pedi, está indo para longe de
mim. Seus passos são firmes, ele não olha para trás. Entra no carro e vai embora.
— Isso é um adeus? — Montanha pergunta.
— Isso é um fim.
Montanha me olha sem entender nada.
— Clarinha? — chama o meu nome como uma pergunta.
— Fala. — Respiro fundo.
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— Ontem vocês estavam bem. Conversei por mensagem com Marcelo. Foi hoje a briga?
— Foi.
— O que aconteceu minha menina?
— Nada que eu não esperasse. Não vou fazer papel de besta de novo, é melhor assim
cada um para o seu lado.
— O que Marcelo fez? Você pode me explicar?
— Mentiu para mim.
— Mentiu?
— Sim, eu estava sendo boba. Acreditei nessa história de sermos ficantes. Marcelo ontem
disse que me amava. Sei que é mentira ele só queria brincar comigo. Então falei umas coisas para
ele.
— Que coisas Clara?
— Que tudo não passou de um jogo de sedução. Que ele não iria me fazer de besta.
— Marcelo não estava te fazendo de besta. Para de ser boba e infantil, está nos olhos dele
o quanto te ama. Só você não percebeu isso ainda.
— Não ele não ama. Eu sei disso — tento convencê-lo, ou seria a mim mesma.
— Abra os olhos Clara, você sabe que isso não foi apenas um jogo, vai acabar perdendo
o cara que realmente te ama.
— Montanha, por favor, já tive uma discussão com ele essa manhã. Não quero brigar
com você agora.
— Não vou discutir com você minha menina. Só me diga. Você está bem?
— Estou até me sentindo mais leve. Vamos buscar notícias da minha mãe, afinal foi isso
que me trouxe aqui.
Leve é a única coisa que eu não estou me sentindo nesse momento. Sinto meu coração
apertado.
Montanha acaba me respeitando e não fala nada. Me acompanha até a sala do Dr. Luiz
Fernando, bato na porta e ele pede que eu entre.
— Bom dia Dr. Quero saber se você tem notícias da minha mãe? — pergunto.
— Bom dia — fala olhando para mim e para o Montanha. — Tenho boas notícias da sua
mãe. Ela está correspondendo muito bem ao tratamento, o trauma sofrido na cabeça desinchou.
Já tirei toda a sedação dela, e se tudo correr bem em poucas horas ela acorda.
— Ai Meu Deus. Obrigada nossa senhora. Obrigada Dr., por ter salvo a vida de minha
mãe — falo chorando.
— Não tem o que agradecer, fiz o meu trabalho. Sua mãe já está no quarto e você já pode
ficar com ela — Dr. Luis Fernando fala.
Saio da sala dele pulando de alegria, tudo que eu quero agora e ficar com a minha
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mãezinha. Não quero pensar em mais nada a não ser nela. Entro no quarto, puxo a cadeira e
sento ao lado da cama dela.
— Mãe. Estou aqui, estou feliz que a senhora esteja melhor, vou ficar aqui até a senhora
acordar.
— Dona Claudia eu vou ficar aqui até a senhora acordar e cuidando da nossa menina —
Montanha fala do meu lado.
— Obrigada Montanha, você é o melhor amigo do mundo — digo e ganho um sorriso.
Fico ali sentada segurando a mão da minha mãe. As horas passam e nada dela acordar.
Em algum momento a imagem de Marcelo vem em minha mente, mas logo afasto esse
pensamento. Montanha fica sentado no sofá, e eu deito minha cabeça na cama. Ficamos em
silêncio, até eu ser despertada com pequenas mãos me abraçando.
— Oi tia, vim ver a vovó.
Olho para ela confusa, desvio meu olhar para porta. Carla está nós olhando com lagrimas
nos olhos. Ela está tão diferente, parece estar bem mais velha do que a idade que realmente tem,
parece cansada.
— Precisava ter notícias, não aguentei ficar esperando em casa. Já estou indo. Clarinha,
meu amor vamos, mais tarde a gente vem ver a vovó. Vem com a mamãe — Carla fala.
— Não quelo mamãe, acabamos de chegar quelo ficar com a tia e a vovó — Clarinha
fala.
— Minhas meninas são vocês? — Uma voz fraca fala e todos olham para ela, mãe enfim
está acordando.
Volto a minha atenção para ela e passo a mão em seus cabelos.
— Mãe sou eu estou aqui — falo chorando de emoção.
— Também estou aqui mãe — Carla fala já do outro lado da cama.
— Vovó a senhora já acodo vamos blinca agola? — Clarinha fala.
— Ainda não consigo brincar minha menina — minha mãe fala docemente.
— Clara, vou chamar a enfermeira para avisar que ela acordou — Montanha fala. O olho
assustada, ele não pode me deixar sozinha com ela.
— Espere Montanha vou com você — falo.
— Não vá, fique aqui minha filha — mãe pede.
—Vou voltar mãe, é rapidinho — digo dando um beijo em sua testa.
Saio do quarto acompanhada de Montanha em busca de alguma enfermeira.
— Fugindo de novo? — Montanha pergunta.
— Não tenho estômago para ficar do lado dela — digo.
— Sua sobrinha é linda. Ela tem seu nome?
— É linda mesmo, ela colocou o meu nome. Mas isso não muda nada.
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— A menina não tem culpa. Você não pode descontar nela.


— Não tem, ela é doce, mas não quero contato com a mãe e nem com o pai dela. — Eles
que são os culpados, o que eu mais quero é distancia desses dois.
Quando achamos a enfermeira, a avisamos sobre a minha mãe. Ela rapidamente avisa o
médico e nos acompanha de volta ao quarto. Quando chegamos Carla e Clarinha não estão mais.
Vou até a minha mãe e seguro sua mão novamente.
— Ela foi embora, disse que volta só a noite para passar a noite comigo. Você pode ficar
tranquila — mãe fala e eu fico em silêncio.
Logo o Dr. Luiz Fernando entra para examinar minha mãe. Segundo ele ela está bem, e
se continuar assim logo terá alta. Não saio do lado dela.
Quando a noite chega sei que Carla está perto de chegar. Então despeço-me da minha
mãe e vou para o hotel com o Montanha. Quando vou pegar a chave na recepção Munique diz
que "meu namorado" já foi embora e deixou pago a diária de uma semana e fez uma reserva em
nome de Adriano Martines. Isso acaba me pegando de surpresa
— Você sabia disso? — pergunto para Montanha enquanto estamos indo para o quarto.
— Sabia, ele me mandou mensagem avisando. Também disse que vai retirar as coisas do
seu apartamento assim que chegar em Dourados e deixar a cópia da chave que você deu para ele
com uma das meninas.
— Falou mais alguma coisa? Perguntou de mim?
— Não. Já está com saudades dele?
Sim já estou com saudade. Isso que eu queria responder.
— Claro que não. Marcelo já está indo tarde, ele não me engana com esse papel de bom
moço.
— Para com isso. Acabou brigando com ele sem motivos.
— Não brigamos, só colocamos um fim no que nem existia.
— Para com isso minha menina, você ainda vai se arrepender. Quando voltar para
Dourados vocês dois precisam conversar. Pegue esse tempo longe para avaliar o que você fez.
— Montanha, não quero falar sobre Marcelo. Não tenho o que conversar com ele.
Montanha não tocou mais no assunto de Marcelo. Quatro dias já passaram desde que
minha mãe acordou, passo as manhãs e tardes com ela, e a noite é a vez da Carla. Mãe nunca
toca no nome dela, deve ser difícil para ela também, afinal sem eu na cidade ela só tem Carla e a
neta.
Recebi uma ligação do meu orientador falando que foi oferecida uma bolsa de
intercâmbio em relação ao meu projeto de pesquisa e o melhor é fora do país. Contei a ele que
estava no hospital com a minha mãe e ele deu o prazo de 15 dias para eu dar a resposta. Caso eu
aceite já na semana seguinte posso viajar para o país de destino do intercâmbio. Talvez sair do
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Brasil seria bom, isso é algo para se pensar com calma.


Hoje o médico disse que amanhã, sexta-feira, antes do almoço minha mãe terá alta. Uma
notícia que deixou eu ela e Montanha felizes. Mãe disse para eu não me preocupar, Carla
contratou uma enfermeira para cuidar dela e também ficará um tempo na casa dela até a nossa
mãe se recuperar por completo. Pelo menos o dinheiro dela serviu para alguma coisa. Fico
aliviada sabendo que ela vai ser bem cuidada.
Enfim sexta-feira, hoje minha mãe tem alta. Chego no hospital com o coração na mão, eu
e Montanha vamos voltar para Dourados depois do almoço. Mas fico feliz em saber que ela está
bem.
— Não se preocupe minha filha vou ficar bem — mãe fala.
— Eu sei mãe.
— Filha, fico feliz que você esteja aqui comigo. Mas sinto que por dentro você está triste.
— Não estou triste. Estou bem, estou feliz que a senhora vai sair hoje do hospital.
— Isso sei que está. Mas sua tristeza não é essa. Aconteceu alguma coisa e você não que
me contar?
— Não aconteceu nada mãe. Não quero que a senhora fique preocupada comigo.
— Fui eu que te coloquei no mundo menina, te criei. Não tente me enganar, se não quer
contar o que aconteceu não tem problema, vou rezar para que o brilho em seus olhos volte.
— Obrigada mãe, preciso ir — falo abraçando-a. – Daqui a pouco Carla chega para te
levar embora.
— Clara, posso te pedir uma coisa?
— Pode sim mãe.
— Jura que não vai rasgar ou jogar fora?
— É um presente?
— Quase.
— Então eu prometo.
— Não a rasgue, você prometeu. Se não quiser ler agora a guarde e quando estiver pronta
leia. — Ela puxa um envelope debaixo do travesseiro e me entrega. — Carla me pediu para
entregar a você.
Pego a carta das suas mãos e a guardo na bolsa.
— Você vai fazer isso por mim?
Balanço a cabeça de forma afirmativa. Despeço-me da minha mãe e prometo voltar logo
para visita-la. Montanha também se despede dela prometendo me trazer de volta nem se for
amarrada.
O caminho de volta para Dourados também é feito em silêncio. Não consigo explicar. Era
para eu estar feliz, afinal minha mãe está bem, estou voltando para casa, mas falta algo, falta
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alguém. Falta ele.


Quando entro no meu apartamento, sou recebida por Eva e Carol, que estão animadas
com a nossa volta. Carol parece mais animada que Eva.
As meninas acertaram, trouxeram vinho e chocolate. Depois de um banho rápido sento no
chão com elas e Montanha e conto tudo que aconteceu. Enfim tomo coragem e conto para elas o
que aconteceu no passado e a briga com Marcelo.
— Clarinha, não acredito que você fez isso — Carol fala.
— Por isso que ele estava desanimado no corredor da faculdade, quando foi entregar a
chave do seu apartamento. Estava tão abatido coitado — Eva fala.
— Marcelo te ama, só você não percebeu isso — Montanha fala sério.
— Ata. Eu mereço, até meus amigos defendendo ele? É isso mesmo produção? O que ele
falou para mim não conta né.
— Claro que conta, principalmente a parte que ele diz que te ama — Eva fala.
— Ah!! Não se pode esquecer da parte que ele pede para você deixar ele amar você
também conta — Carol acrescenta. — Ele é tão lindo, romântico gostoso, pinto gra...
— Carol não se empolga — Eva fala a cortando.
— Nossa, nem posso expor a minha opinião. O principal Clarinha, ele te ama — Carol
continua.
— Já cansei de dizer isso a ela — Montanha fala.
— O que? Que ele tem o pinto grande? — Carol pergunta com os olhos arregalados para
Montanha.
— Carol você está com a cabeça onde sua louca? — Eva questiona. — Ele cansou de
dizer que Marcelo ama Clara.
— Ata chega me assustei. Você não explica direito — Carol fala olhando para Montanha.
—Tudo bem. Não vou discutir com vocês por causa do Marcelo. Vamos mudar de
assunto, preciso contar uma novidade. O Mario, meu orientador, me ligou avisando que foi
oferecida uma bolsa de intercâmbio fora do Brasil para o meu projeto de pesquisa. Isso não é um
máximo?
— Você aceitou? — Eva pergunta.
— Não sei, vou dar a resposta segunda-feira, mas estou pensando na possibilidade de
aceitar. Vai ser bom passar um tempo longe de tudo — falo.
— Longe principalmente do Marcelo — Carol conclui.
Percebo que um olha para o outro e depois para mim.
— Parem com isso, ele não tem nada a ver com minha decisão — minto.
— Você sempre disse que nunca sairia do Brasil — Eva fala.
— Você já recebeu essa proposta antes e recusou no mesmo instante — Carol acrescenta.
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— Confessa minha menina, você está fugindo de novo. Está querendo ir embora para
recomeçar longe do Marcelo. Você pode dizer que não sente nada por ele, mas todos nós aqui
sabemos que não é verdade — constata Montanha.
Fico em silêncio, estou cansada, não vou discutir com meus amigos por causa do
Marcelo. Não sou uma pessoa fria como ele disse, eu só não quero sofrer de novo, esse vazio que
estou sentindo vai passar com o tempo. O melhor é aceitar essa proposta e ir embora de uma vez.
— O vinho está bom, mas preciso ir embora, estou cansado — Montanha fala se
levantando.
— Também vamos indo, você está cansada Clarinha — Eva fala.
— Carol você está de carona com a Eva? — Montanha pergunta.
— Estou sim — Carol responde.
— Vamos comigo. Meu barraco é caminho para sua casa, e a casa da Eva é o caminho
contrário — Montanha fala.
— Se a Eva não se importar por mim não tem problema — Carol fala com um enorme
sorriso no rosto.
— Claro que não, você é minha amiga, mas sua casa é longe pra caramba — Eva fala.
— Vocês são tão lindos juntos — falo.
Eles me olham, dão risada, mas não dizem nada. Levo-os até a porta, me despeço de
todos.
Vou para meu quarto e tomo um banho demorado. Pego o shampoo e percebo que os
produtos de Marcelo não estão mais ao lado dos meus.
Faz um bom tempo que moro sozinha, mas hoje parece que meu apartamento está maior e
vazio, com se faltasse algo.
Saio do banho visto uma camisola leve. Olho para minha mala no chão e resolvo deixar
para desfaze-la amanhã. Pego o celular da minha bolsa e sai junto a carta da Carla que cai no
chão. Já tinha esquecido essa carta, a pego do chão e fico olhando-a. O que será que ela escreveu
aqui? Disse para minha mãe que não a jogaria fora, mas nesse momento não estou preparada
para ler. Coloco a carta na gaveta do criado mudo, apago a luz e deito em minha cama.
Está na hora de recomeçar, essa proposta da bolsa é uma ótima oportunidade para isso.
Longe de Flavio, Carla e principalmente Marcelo. Amanhã é um outro dia.

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CAPÍTULO27 — MONTANHA

Hoje faz exatamente uma semana que eu e Clarinha voltamos de Rubineia, ela fez com
que Marcelo se afastasse dela, mesmo ele a apoiando e a ajudando. Nada do que ele fez foi o
suficiente para ela acreditar que ele a ama. Marcelo está sofrendo, mas está tentando levar a vida
e dando o tempo e espaço que ela insistiu.
Essa semana que passou, Clara se isolou como se tivesse fugindo de algo, ou se
escondendo, nem na faculdade e academia, coisa que ela tanto gosta, não está indo mais. Pouco
conversa com as meninas, sempre diz que está cansada ou resolvendo algo.
Ontem, quando sai do apartamento dela, acabou confessando que aceitou a bolsa de
intercambio, que por isso não foi na faculdade, já que estava correndo atrás das papeladas e
passaporte. Clarinha está fazendo tudo de novo. Ainda não compreendeu que não adianta fugir e
afastar as pessoas que gostam dela.
Depois de muito pensar, resolvi dar uma sacudida nela. Carinho e atenção não estão
resolvendo, então hoje irei tocar em sua ferida. Clara, perdeu muito tempo camuflando sua dor.
Está na hora dela acordar para a vida.
Saio da república já pensando no que irei dizer para Clara. Chego em seu apartamento e
toco a campainha. Ela abre a porta e me dá um sorriso fraco.
— Entra — fala me dando um beijo no rosto.
— Está tudo bem? — pergunto.
— Está sim, por que não estaria? Vamos até o meu quarto estou arrumando umas coisas.
Enquanto caminho até o seu quarto vejo algumas caixas espalhadas pelo chão, realmente
ela vai embora. Encosto no batente da porta e a observo sentando no chão e encaixotando alguns
livros.
— O que acha que está fazendo?
— Arrumando as minhas coisas, na próxima semana já vou viajar.
— Tem certeza disso?
Ela respira, olha para baixo e responde.
— Tenho.
Vou até ela, me agacho, toco em seu queixo e levanto a sua cabeça para que eu possa
olha-la, então falo:
— Por que está fugindo de novo, minha menina? Tudo isso não serviu para você aprender
que não adianta fugir? Você vai embora e depois?
— Depois vou recomeçar.
— E depois?
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— Vou seguir a minha vida.


— De novo? Você não veio para cá justamente para recomeçar e seguir a sua vida? Não
estava vivendo bem? Encontrou amigos que sempre estiveram do seu lado? Encontrou um cara
legal que te aceitou do jeito que é, te apoiou no momento que mais precisou não saindo do seu
lado, provando em pouco tempo que te ama. Isso tudo não foi um recomeço? — Ela desvia o
olhar. — Clara, olha para mim e responde.
— Foi, mas agora não dá mais — fala se levantando.
— Não dá mais? Por quê?
— Montanha você não vê que eu estou sofrendo?
— Estou vendo você fugir mais uma vez.
— Preciso sair daqui, ir para outro lugar e recomeçar. Preciso tirar essa dor de dentro
mim — confessa com os olhos enchendo de lágrimas.
— Não importa para onde você vá Clara, essa dor vai sempre te acompanhar. Não adianta
fugir e depois fingir que é forte e feliz, pois você não é. Nunca vi você tão bem e feliz antes.
Marcelo foi capaz de te dar a paz que você tanto procura. Diz o que você fez? O afastou de você.
Mesmo ele provando todos os dias que a ama. Assim como você ama ele.
— Eu não amo, não posso dar o amor que Marcelo merece. Eu não posso. NÃO
POSSO!!! — grita.
— Sim você pode. Mas tem medo e prefere fugir feito uma menininha mimada que não
aprendeu a lidar com a dor.
— O que você está dizendo?
— O que estou dizendo? O que a sua mãe tinha que ter falado a você quando você pegou
o Flavio com a Carla naquela cama. Que você tinha que ter batido nela, nele, quebrado tudo,
menos se esconder de tudo e todos, e fugir. Depois fingir que nada aconteceu. Aconteceu sim.
Você foi traída. Sua irmã traiu você. Você perdeu o filho que tanto desejava por causa deles. Mas
tem uma linda sobrinha com o seu nome, fruto dessa traição. Carla te traiu, mas te ama, ela é
sangue do seu sangue. Ela sofre tanto quando você por isso. Flavio casou com ela porque o pai
dele obrigou e eles vivem em um verdadeiro inferno. Você diferente da sua irmã teve a chance
de recomeçar a vida, em um lugar diferente. Sua irmã não, está vivendo um casamento de
fachada, todos da cidade a olhando torto. Você não acha que ela já pagou caro pela traição? Você
não tem mais ninguém além da sua mãe, irmã, sobrinha, eu, Carol, Eva e Marcelo. Mas você
afasta todos de você por medo de enfrentar a realidade. Medo de seguir a sua vida.
— Quem é você para falar isso? Quer me dar lição de moral, mas não tem coragem de
assumir o que sente pela Carol.
— Sofri tanto quanto você Clara! Minha única irmã morreu, também fui traído. Mas
estou seguindo a minha vida e não afasto as pessoas que eu amo. E quanto a Carol, eu não
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assumo porque não sei o que sinto. Não sei se é amor, paixão, desejo ou amizade. A única coisa
que sei é que não posso viver longe dela. Luto diariamente para tê-la do meu lado. Diferente de
você que ao invés de assumir que ama Marcelo prefere fugir. Pode fugir, mas essa sua dor nunca
vai passar. Você vai se arrepender pelo resto da sua vida por ter comparado Marcelo com Flavio
e deixado a pessoa que realmente te amou por medo de ser feliz. Você melhor que ninguém sabe
que contos de fada não existem, e nem o babaca da música do Luan Santana que vai te esperar
por 10, 20, 30 anos. Logo vai aparecer alguém e vai ocupar o seu lugar no coração do Marcelo. E
você Clara vai continuar fugindo e sofrendo, você vai ser a única culpada de tudo isso.
— PENSEI QUE VOCÊ FOSSE MEU AMIGO!!! — Clara grita, chorando vindo até a
mim soltando socos no meu peitoral.
— Por ser seu amigo estou fazendo isso. Não posso deixar você fugir de novo — falo
imobilizando seus braços e a abraçando. — Não posso ver você destruir tudo que conquistou por
medo. Está na hora de você enfrenta-lo.
Solto seus braços. Clara senta no chão.
— Não — fala chorando. — Eu não consigo.
— Sim, você consegue. Basta querer.
— Está doendo — sussurra.
A pego no colo, a levo até o banheiro, ligo o chuveiro. Ela senta-se no chão, enquanto a
água cai em seu corpo ainda vestido misturando-se com suas lágrimas.
—Tudo que eu tinha que falar para você eu falei. Estou indo embora, se você quiser
recomeçar ao lado das pessoas que te amam estarei aqui. Se você quiser fugir também estarei
aqui, mas depois não diga que eu não te avisei. Você tem duas opções, cabe a você a escolha.
Lembre-se qualquer uma delas tem consequências, a escolha é sua.
É difícil ver minha menina no chão do banheiro abraçando seus joelhos e chorando. Mas
é mais difícil vê-la deixar tudo por medo. Saio do banheiro a deixando sozinha com uma decisão
a tomar e vou embora.
Doeu em mim mais que em Clara, sei a dor que ela está sentindo, a deixar assim é difícil,
mas é necessário. Agora o que eu preciso é da minha ruiva do meu lado. Pego o telefone e ligo
para ela.
— Alô.
— Ruiva estou passando ai para te pegar, você tem 15 minutos para ficar pronta. Beijos.

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CAPÍTULO 28 — CLARA

Choro como a tempos não chorava. Não sei por quanto tempo fiquei jogada no chão do
banheiro. As palavras do Montanha foram como facadas em meu coração.
Toda a minha pose de mulher forte e destemida foi por água abaixo com as palavras do
meu amigo. Não adianta eu me fazer de forte, pois não sou. Aquela menina assustada que pegou
o noivo e a irmã na cama ainda vive em mim, ela estava apenas adormecida, escondida em um
lugar onde somente eu sabia. Talvez se eu tivesse feito o que Montanha disse: ter quebrado tudo,
gritado, dado na cara da Carla e do Flávio ao invés de ter fugido, hoje não estaria aqui jogada no
chão do banheiro remoendo meu passado e com o medo do futuro.
Levanto-me do chão, tiro a minha roupa e começo a me lavar, relembrando cada palavra
que Montanha disse. Ele sempre me apoiou, jamais faria ou falaria algo para me prejudicar.
Algumas lágrimas ainda caem pelo meu rosto. Nunca alguém falou essas coisas para mim.
Somente Marcelo disse na nossa primeira e única briga.
Montanha também sofreu tanto quanto eu, mas ele conseguiu seguir a vida, não afasta as
pessoas que ele ama. Eu afasto. Afastei Marcelo. Tudo por medo.
Saio do banheiro visto uma camisola e sento na cama.
Medo, isso me define e sempre definiu. Enquanto eu estou no comando sei o que vai
acontecer, ai não tenho medo. Quando eu estava jogando com a sedução em cima de Marcelo
estava bom para mim, era eu que estava no controle. Portanto sabia qual o próximo passo eu iria
dar, o que faria para leva-lo para cama. Enquanto eu jogava Marcelo fugia. A partir do momento
que ele começou a não fugir, começou a reagir as minhas investidas e ter o controle da situação,
como no nosso primeiro beijo na biblioteca, comecei a ter medo. Por isso logo consegui transar
como ele e depois eu quis cair fora. Pois naquele banheiro da academia tive a certeza que não era
apenas um jogo. Tive medo de me entregar, medo de me apaixonar ainda mais, eu quis evitar o
inevitável, naquele dia descobri que eu já o amava. Naquela noite quando ele veio em meu
apartamento foi a confirmação de tudo que eu já tinha descoberto a tarde. Eu o amava, me
entreguei a ele de corpo e alma. Por causa do medo eu fugi dele naquela manhã e o afastei de
mim.
Pensei que eu o tinha perdido, estava conformada com isso. Até o dia em que ele me
surpreendeu dançando comigo e cantando no meu ouvido.

"Eu quero ser amante amigo e bandido


Quero te seduzir falar em seu ouvido
Não quero muito tempo eu só quero tentar
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Basta só uma noite pra te conquistar"

Marcelo me levou para a nossa bolha. Ele foi meu amante, amigo e bandido. Naquela
noite sabia que não tinha mais volta. Se eu pudesse jamais sairia daquela bolha, lá não tinha
medo, não tinha ninguém. Apenas Marcelo e eu.
Naquele mesmo dia, ele terminou com a vaca Dayana, disse que queria ficar comigo e
novamente senti medo. Quando ele propôs de sermos ficantes também senti medo. Mas o medo
de não ter Marcelo do meu lado foi muito maior, por isso sem pensar duas vezes eu aceitei. O
tempo que ficamos juntos foi um dos melhores dias da minha vida, não foram apenas algumas
transas, foi muito mais. Ele me completava. A cada dia que passava estava feliz por ele estar ali
do meu lado, mas, o medo que ele fosse embora e me abandonasse a cada dia era maior. Por isso
tentava aproveitar ao máximo de sua companhia.
Marcelo foi para mim tudo aquilo que uma mulher deseja, amigo, companheiro e amante.
Foi o verdadeiro príncipe encantado dos contos de fadas. Me compreendendo em um dos
momentos mais difíceis da minha vida, que foi o acidente da minha mãe.
Levou-me até Rubineia, me deu força, me defendeu do Flávio. Não saiu do meu lado em
nenhum momento. Senti-me tão confiante por ele estar ali, que acabei contando tudo que eu
guardava a sete chaves dentro do meu coração. Em seus braços me senti segura, me senti amada.
Quando Marcelo disse que me amava, fiquei sem reação e com medo. Medo de ser
mentira, medo de ser verdade e eu não saber retribuir o amor que ele disse que sentia.
Amor que ele sentia? Será que ele ainda sente? Será que eu joguei fora a felicidade que
eu tanto procuro pelo medo de me entregar de corpo e alma. Medo de amar o único homem que
realmente me amou.
O medo é um mostro que me impede de viver.
Olho no celular e vejo que já se passa da meia–noite. A bateria do meu celular está
acabando, abro a gaveta do criado mudo para pegar o carregador e vejo a carta de Carla.
Pego a carta, a olho, fico pensando como nós éramos unidas, além de irmãs éramos muito
amigas, minha melhor amiga. Sempre juntas, apesar de tudo que aconteceu Carla ainda colocou
meu nome em sua filha, mas por quê? Talvez a resposta esteja nessa carta.
Está na hora de enfrentar meus medos, meus monstros. Abro a carta, respiro fundo e
começo a ler.

Minha amada irmã,


Essa carta foi o único meio que consegui chegar até você. Antes de tudo quero te dizer
que eu a amo.
Anos já se passaram, mas a dor que sinto pelo que eu te fiz ainda é a mesma, é recente.
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Traí a confiança da pessoa que eu mais amava e ainda amo. Não tenho direito de pedir
desculpa ou que me perdoe. Seu desprezo e indiferença são os meus castigos e eu os aceito.
Tentei conversar com você e tentar explicar o inexplicável. Queria que você tivesse me
xingado me batido, mas nada disso você fez aumentando ainda mais minha dor. Você foi
embora sem me ouvir e sem eu saber o tamanho da sua dor. Queria a sua dor para mim, não
queria vê-la sofrer e ir embora.
Não posso dizer que eu não tive culpa no que aconteceu, pois eu sou a principal
culpada de tudo. Sou culpada pelo seu sofrimento, culpada pelo sofrimento de nossa mãe,
culpada por você ter ido embora e culpada por você me desprezar.
Depois do seu noivado, Flavio se aproximou cada vez mais de mim, e quando fui ver já
estava apaixonada por ele, acabei me envolvendo, por mais que eu te amasse por mais que eu
não quisesse me envolver com ele me envolvi. Errei, sabia que estava errada. Sempre jurava
que seria a última vez, mas sempre tinha uma outra e outra. Eu fui fraca.
O resto da história você já sabe, você descobriu tudo e eu acabei com seus sonhos. Na
mesma semana passei mal e fui para o hospital. Descobri que estava gravida, e você perdia seu
filho. Doeu tanto minha irmã, queria sentir a sua dor. A perda do seu bebê fez a minha dor
aumentar ainda mais. Sempre soube que seu maior sonho era ser mãe.
No dia que era para ser seu casamento foi o meu, esse dia foi o pior dia da minha vida,
não tive escolha senão aceitar a proposta de Flavio e do pai dele. Eu estava morando de favor,
desempregada e grávida. Flavio ameaçou tirar a guarda do meu filho e de me proibir de vê-lo.
Casei-me com o seu noivo, fui morar em sua casa e viver a sua vida.
Flavio nunca quis uma esposa, só queria um troféu para se exibir como esposo e pai de
família. Eu acabei sendo esse troféu em seu lugar.
Apenas duas coisas boas aconteceram com isso tudo. A primeira foi minha filha. Ela é
a minha joia mais rara, como prometido coloquei o nome dela de Clara, minha Clarinha é
linda e doce como você. A amo com todas as minhas forças e se ainda estou casada com
Flavio é somente por causa dela, não sei como faria para viver longe da minha filha.
Flavio já me ameaçou inúmeras vezes que se eu sair de casa ele tira minha filha de
mim, não posso viver longe dela. Clarinha é a minha vida. Por ela sou capaz de tudo até viver
um casamento de fachada.
A segunda coisa boa é que ao invés de você estar vivendo nesse inferno de casamento
sou eu que estou vivendo. Fico feliz que você esteja longe de tudo isso. Um casamento cheio de
brigas e traições. Mas para todos que estão de fora um casamento perfeito, com marido
perfeito e esposa perfeita. A família perfeita. Você não merecia e não merece passar por isso
minha irmã.
Clara, você tem a oportunidade de escrever sua própria história, seu conto de fadas
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com o Flavio teve um fim, pois não era real, não era verdadeiro.
Você merece ser feliz, minha irmã, do lado de uma pessoa que a ame, que te aceite do
jeito que é, com todos seus defeitos e principalmente com suas qualidades, uma menina doce,
simples e forte. Não tenha medo de ser feliz não fuja de sua felicidade, busque por ela.
Seja feliz minha irmã isso é o que mais desejo a você.
Te amo
Carla

Algumas lágrimas caem dos meus olhos. Carla sofreu tanto quanto eu, mas ela não tem a
oportunidade de recomeçar como eu tive. No hospital foi possível perceber como ela está abatida
e infeliz.
Queria dizer que acho bom que ela quebrou a cara e está sofrendo. Ela merece sofrer por
tudo que me fez sofrer. Mas ela é sangue do meu sangue, é minha única irmã, errou e reconheceu
seu erro e hoje sofre por me ter longe e por levar a vida que leva. Leio e releio a carta de Carla
inúmeras vezes até cair em um sono profundo.
Durante todo meu sono, sonho com as palavras de Carla, ela disse o que mãe, Marcelo e
Montanha disseram para mim e eu sempre me recusando a ouvir e aceitar.
Você merece ser feliz minha irmã do lado de uma pessoa que a ame, que te aceite do
jeito que é, com todos seus defeitos e principalmente com as qualidades, uma menina doce,
simples e forte. Não tenha medo se ser feliz não fuja de sua felicidade, busque por ela.
Acordo ainda com as palavras de Carla martelando na minha cabeça.
— Eu perdoo você minha irmã — falo em voz alta.
Levanto-me da minha cama tomo um banho rápido, me visto pego capacete, chaves e
bolsa e saio do meu apartamento. Chega de sentir medo.
Está na hora de buscar a minha felicidade.

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CAPÍTULO 29 — MARCELO

Doze dias, doze malditos dias. Sabe o que esses doze dias significam? Doze dias são o
total de 288 horas, é o tempo que estou sem ver seu sorriso, sentir seu cheiro, seu toque, seu
gosto. É o tempo que deixei de ser um fantoche nas mãos da Clara. Minha Clara, pelo menos era
o que eu queria que fosse.
Quando você gosta de uma mulher como eu gosto dela, você acaba fazendo de tudo para
tê-la ao seu lado. Luta contra tudo, contra todos, move montanhas, faz o possível e o impossível
para ver essa pessoa sorrindo. Para vê-la feliz. Mas quando essa luta é contra o medo que ela
sente de ser feliz. Desculpa em te falar meu camarada, você vai perder feio. É uma luta perdida.
Foi isso que aconteceu comigo, lutei para ter Clara ao meu lado. Nada adiantou provar a
ela com gestos e carinho a cada dia que eu a amava. O medo a cegou, ela não conseguiu ver que
o problema não era eu ama-la, mas o medo de deixar a si mesma ser feliz.
Perdi a mulher que sempre desejei nesses últimos anos, perdi a mulher que mais amei
pelo medo. Ele foi o vencedor dessa batalha. Clara se afastou de mim por medo de ser feliz,
aquelas palavras que saíram de sua boca não passaram pelo seu coração. Aquela mulher que
dizia aquelas palavras frias não era a minha doce, minha menina mulher. Clara preferiu fugir
desse amor a se entregar a ele.
Sou homem, não um brinquedo, por isso o melhor foi deixa-la, pois o meu coração não
iria aguentar ser pisado e maltratado, mesmo as palavras saindo da boca para fora doeu em
minha alma, no meu orgulho.
Tudo que eu queria e sempre quis era ama-la, nada mais.
Ama-la de todas as formas possíveis. Clara acha que eu me apaixonei por ela nesse pouco
tempo que ficamos juntos, ou durante o seu jogo de sedução. Para mim nunca existiu nenhum
jogo, já estava seduzido por ela muito tempo antes do seu jogo começar. Meu coração pertence a
Clara desde o dia que a vi pela a primeira vez no corredor da faculdade. Meu coração começou a
ama-la e venera-la em segredo. Sempre a observava de longe, pois para mim era um amor
platônico, um amor impossível.
Quando ela se aproximou de mim, vi o impossível acontecer, poder estar com ela
diariamente a amando e a venerando. Seus beijos, seu sorriso, seu corpo eram as minhas drogas.
— Pensando em mim.
Saio dos meus pensamentos e olho a pessoa que sentou ao meu lado. Hoje vim na
faculdade apenas para entregar um trabalho. Por isso fiquei sentado nesse banco olhando para o
nada perdido em meus pensamentos.
— Dayana — falo desanimado baixando a cabeça.
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Por um minuto tive esperança de ser outra pessoa, a dona do meu coração.
— Não respondeu a minha pergunta. — Coloca a mão em meu braço. — Você estava
distante, tenho certeza que estava pensando em mim.
— Por que eu estaria pensando em você?
— Como por quê? Porque você me ama e na certa já foi tempo o suficiente para cair na
real e ver que o seu lugar é do meu lado.
— Do seu lado?
— Sim mor, eu te amo e sempre te amei. Sei que você foi iludido por Clara assim como
Edson, eu te perdoo. Sei que o casinho de vocês já teve um fim. Agora pode voltar para mim.
— Sabe que não estamos mais juntos?
— O Edson me disse que dormiu com Clara a semana passada inteira. Também não notei
mais vocês dois juntos.
— Dormiu com ela essa semana inteira?
— Não essa semana, a semana passada. Na certa ela já arrumou outro trouxa para essa
semana.
— Entendi. Ela já arrumou outro e eu estou sozinho.
— Mor, você não está sozinho, você tem a mim. Eu sempre soube que tudo isso era fogo
de palha e logo ia passar e agora já passou — fala me abraçando.
— Mesmo eu te traindo, ficando todo esse tempo com Clara, você ainda me quer de
volta?
— Claro mor, eu te amo você não percebeu isso ainda? Fiquei te esperando esse tempo
todo.
— Dayana você está pedindo para voltarmos? — pergunto olhando em seus olhos.
— Sim mor. Volta para mim, vamos viver a nossa vida e esquecer que Clara existe.
Tínhamos planos para o nosso futuro juntos — fala dando alguns selinhos em minha boca.
— Dayana! — Pego suas mãos e a afasto de mim.
— Que foi mor, sei que sente saudades do meu beijo, do meu corpo — diz vindo para
cima de mim, novamente a afasto.
— Não!
— Se entrega a nossa paixão mor!
— Que paixão?
— Sei que me ama.
— Deixa eu te explicar três coisas. Primeiro você está certa eu e Clara não estamos mais
juntos.
— Disso eu sabia, aquela piranha já está com outro.
— Segundo, eu realmente queria saber como Edson dormiu a semana passada inteira com
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a Clara se ela estava com a mãe doente?


— Para você ver mor, nem respeitou à mãe doente e levou homem para dormir com ela.
— Eu não terminei. Clara estava com a mãe doente em outra cidade a mais de 600 km de
distância de Dourados, como Edson dormiu com ela a semana inteira?
— Não sei mor, ele quem me disse. Não muda nada, ela continua sendo uma piranha.
— Terceiro, eu não vou voltar com você!
— Mor, por quê? Pare com isso vamos ser feliz.
— Dayana, não me chame dessa forma. Cadê o seu amor próprio? Eu traí você, te disse
que não a amava, ficamos juntos um tempo, mas sabemos que não era amor, não tenho sonhos de
um futuro com você. Na verdade nunca tive.
— É por causa dela que você não quer voltar comigo. Tem a ilusão de voltar com ela
ainda?
— Não é por causa da Clara, é por mim. Nosso namoro nunca ia dar certo. Desculpa se
levei ele adiante, você era uma boa companhia, era boa amiga, mas não era amor, nunca te amei.
Vai viver sua vida.
— É você que eu amo. Quero me casar, ter filhos e ser feliz com você.
— Esses seus sonhos não serão realizados comigo, nunca te prometi casamento — falo
me levantando. — Vai atrás daquele ex noivo que você tinha antes de namorar comigo, talvez ele
ainda te ame. Ou do Edson já que é tão amiga dele. Não volte a me procurar, nem amizade que
tínhamos existe mais, pois você mentiu para mim. Vai viver a sua vida e me deixa viver a minha.
— Vai lá babaca, atrás da piranha, você nasceu para ser corno mesmo. Eu também não te
amo idiota — Dayana fala.
— Como diz o ditado, termine o namoro que somente assim irá conhecer a pessoa com
quem conviveu tanto tempo. Mostra para mim a verdadeira Dayana sem mascaras.
— Quer saber? Eu cansei desse joguinho idiota. Aquela puta conseguiu estragar todos os
meus planos. Eu não te amo idiota, só queria ter uma vida estável com um cara bonito. E você
era essa pessoa perfeita. Não pegava no meu pé, bonito e ainda por cima rico.
— Eu não sou rico se ainda não percebeu. Meu pai que é rico. Tudo que tenho é fruto do
meu trabalho.
— Não interessa, você iria herdar tudo depois que aquele velho gaga morresse.
— Enfim sua máscara caiu. — Bato palmas. — Parabéns agora pegue o resto de
dignidade que ainda tem e esqueça que eu existo — digo saindo.
Sempre me disseram que ela não valia nada, mas nunca quis acreditar, pelo visto Dayana
só queria me usar e tirar benefícios.
Entro no meu carro dirijo até o apartamento da Clara e fico parado olhando a janela do
seu quarto, a luz ainda está acesa. Desde o dia da nossa briga nunca mais a vi. Adriano disse que
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ela está bem, queria pelo menos vê-la nem que se fosse de longe. Voltei a ser o mesmo cara que
sempre a admirou de longe.
— Para de ser besta Marcelo, ela não te quer, cadê o seu orgulho. — Ligo o carro e vou
para meu apartamento.
Tomo um banho, deito na minha cama e durmo. Quando acordo já passa da 9h00 da
manhã. Arrumo algumas coisas e resolvo ir para Douradina, minha casa, meu refúgio.
Dirijo com o rádio ligado e pensando nos documentos que preciso revisar do escritório. O
melhor a fazer é enfiar a cara no trabalho. Faltando uma quadra para chegar em minha casa algo
me chama atenção.
Uma moto R300, preta com jogo de rodas rosa, eu conheço bem, Penélope. Se ela está
aqui a dona dela também está. Estaciono o meu carro e desço, passo pelo portão e Clara está
sentada no chão da área, com a cabeça baixa abraçando seus joelhos. Quando ela percebe minha
presença levanta a cabeça me dá um sorriso murcho.
— Oi — fala tão baixo que sua voz quase não sai.
— O que está fazendo aqui?

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CAPÍTULO 29 — CLARA

Saio do meu apartamento eu vou até o apartamento do Marcelo. Estaciono Penélope, mas
não desço dela. Meu coração está acelerado, sei o que tenho que fazer, mas ainda não tenho
coragem. Ele é minha felicidade, minha maior cagada foi afasta-lo da minha vida só pelo medo
de ser feliz.
Será que já é tarde para mim?
Depois de tudo que eu disse a ele existe a possibilidade de ele não querer olhar para a
minha cara nunca mais.
Ligo a Penélope e saio da frente do apartamento dele, fico andando sem rumo, criando
coragem para enfrentar Marcelo e dizer que eu o amo, que tudo o que desejo é ficar ao seu lado.
Quando dou por mim estou próximo a Douradinha, continuo o trajeto até a casa de Marcelo, a
nossa bolha.
Estaciono Penélope, e tiro o capacete. Desço, passo pelo o portão e fico alguns minutos
olhando a casa.
Nossa bolha, aqui não existia ninguém. Não existia medo. Só eu e Marcelo, fui muito
feliz aqui e espero continuar sendo.
Sento no chão, abraço meus joelhos e fico com a cabeça baixa criando coragem de ir para
o apartamento dele e dizer tudo o que sinto e estou sentindo. Se ele não me quiser ai irei embora.
Pois será uma decisão dele e não minha. Fui burra, agora tenho que correr atrás do prejuízo.
Sinto uma pessoa na minha frente, levanto a minha cabeça e o vejo, meu coração acelera
parecendo que vai sair pela boca.
— Oi — falo em um sussurro.
Marcelo está sério, com a cara fechada.
— O que você está fazendo aqui? — pergunta de forma ríspida, isso me assusta.
O que você queria Clara? Que Marcelo ficasse feliz ao te ver, que fosse te abraçar e
beijar? Você tinha tudo isso sua burra, mas achou mais fácil jogar fora.
Respiro fundo, o pior que pode acontecer é ele me colocar para fora. Então melhor eu
tomar coragem e fazer o que eu queria fazer desde a hora que acordei.
— Queria falar com você — digo com a voz baixa.
— Acho que não temos mais nada para conversar.
Suas palavras são como facadas em meu coração. Levanto do chão e paro na sua frente.
— Marcelo, eu sei que não tenho direito de vir falar com você. Mas por favor, me escuta.
Ele me olha durante longos segundos, percebo que ele puxa o ar. Enfim fala:

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— Tudo bem. Vou te ouvir. — Passa por mim e abre a porta. — Entra.
— Obrigada — digo entrando na casa.
Fico alguns minutos olhando a nossa bolha e sentindo saudades de tudo que nós vivemos
aqui.
— Pode se sentar — Marcelo fala me tirando das minhas doces lembranças.
Sento no sofá e ele na poltrona na minha frente, ele está tão distante, tão seco.
— Deseja beber alguma coisa? — Marcelo pergunta e eu nego com a cabeça.
Não sei o que fazer, as palavras não querem sair de minha boca.
— Minha mãe... Minha Mãe está bem — falo, mas não é isso que vim falar para ele.
— Que bom.
— Eu voltei de viagem na sexta-feira retrasada, no mesmo dia que ela teve alta. A Carla
vai cuidar dela. Ontem eu liguei e a cada dia ela está melhor — digo rápido, mas ainda não disse
o que realmente vim falar.
— Que bom — Marcelo responde sem mostrar interesse.
— Obrigada, pois você me levou lá e ficou comigo — continuo a falar tentando criar
coragem e dizer as palavras certas.
Estou tremendo com o coração acelerado.
— De nada — fala seco.
Olho para ele que me olha sem transmitir nenhuma reação, não sei como ele conseguiu
ficar tão seco. O silêncio paira no ar durante alguns minutos. Marcelo se levanta, vai até a porta a
abre.
— Se era só isso, você já pode ir embora. Tenho que revisar algumas papeladas do
escritório — Marcelo fala sem olhar para mim.
É o fim, deixei minha chance de ser feliz passar. Levanto-me do sofá com a cabeça baixa,
caminho até a porta e passo por ele.
— Tchau Marcelo — digo sem olhar em seus olhos
— Boa sorte, Clara — ele fala fechando a porta.
Não tive coragem de falar, meu coração está saindo pela boca, minhas pernas estão
moles, mas tento caminhar até Penélope. Lágrimas caem dos meus olhos, tento limpa-las em vão.
Olho para trás e vejo o que eu estou perdendo, o que eu perdi. Uma dor gigantesca toma
conta do meu coração.
Não posso perder o amor da minha vida. Corro até a porta e bato nela de forma
desesperada até Marcelo a abrir.
— Clara?
— Não era sobre minha mãe que vim falar — digo com a respiração ofegante.
— Não?
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— Não — afirmo balançando a cabeça de forma negativa.


— Então o que você queria falar?
Olho para os olhos de Marcelo, que me olha confuso, respiro fundo, é agora ou nunca.
— Eu te amo! — enfim as palavras certas saem de minha boca.
Passo por ele e entro na casa. O olho esperando que ele fale alguma coisa. Mas para o
meu desespero ele não fala nada. Apenas fecha a porta cruza os braços e fica me olhando.
— Por favor, diga alguma coisa — tento falar com calma. Mas calma é a única coisa que
eu não estou.
— Mais um jogo?
— NÃO! — grito.
— Acha que eu sou tonto ou besta o suficiente para cair em mais um joguinho seu?
— Não é um jogo, eu juro! Por favor, acredite em mim — falo em desespero.
— Quantas vezes eu te disse para acreditar em mim? O que você fez? Me descartou como
um brinquedinho usado.
— Eu sei, por favor, desculpa — digo, limpando as lágrimas que caem em meu rosto.
— Agora do nada, você vem aqui diz que me ama, pede desculpa e quer que eu aceite?
— Eu sei, fui errada, fria e sem coração, mas antes de ir embora e nunca mais aparecer
em sua vida, por favor, me escute nem que seja pela última vez.
— Você tem mais 5 minutos depois pode sumir da minha vida — Marcelo fala de forma
fria.
— Eu me assustei, quando você disse que me amava fiquei apavorada, por isso fiz o que
mais sei fazer: fugir. Fugi de você e do seu amor. Mas acontece que eu já te amava e tive medo
de me entregar a esse amor insano. Não sei desde quando comecei a amar você Marcelo, mas eu
o amo, só não queria assumir isso para mim mesma. Sofri muito quando descobri a traição do
Flavio e jurei para mim mesma que nunca mais amaria outra pessoa, nunca mais faria papel de
palhaça.
— Eu não sou o Flavio — Marcelo fala saindo de perto da porta e ficando próximo a
janela.
— Eu sei. Por isso vim atrás de você. — Olho em seus olhos. — Marcelo, tudo que você
me disse era verdade. A culpa é toda minha. Por causa do que eles fizeram comigo, acabei me
tornando uma pessoa fria, egoísta. Fui incapaz de perdoar Carla e Flavio, e me permitir ser feliz.
Esse ressentimento me fez afastar o homem que mais me amou, e que eu amo. Pela primeira vez
resolvi não fugir do que eu sinto. Perdoei Carla e Flavio, na verdade tenho que ser grata a eles ou
hoje estaria casada vivendo um casamento de fachada. Não teria conhecido o amor da minha.
Não teria conhecido você, eu ganhei muito mais que perdi. Conheci Montanha, Eva, Carol e
você.
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— Demorou muito para descobrir isso você não acha?


— Sim demorei, antes tarde do que nunca — falo me aproximando da porta. — Obrigada
por ter me feito a melhor mulher do mundo nesse pouco tempo que ficamos juntos, nunca foi
apenas só sexo. Foi além, com você me senti amada e amei. — Coloco a mão na maçaneta da
porta para abri-la. — Te desejo toda a felicidade do mundo — digo com a cabeça baixa abrindo a
porta. As lágrimas caem dos meus olhos de forma mais intensa, eu o perdi.
— Você está mentindo — Marcelo fala puxando meu braço, olho confusa para ele.
— O que? Não estou mentindo. Eu te amo.
— Esta sim Clara, diz que me deseja toda felicidade do mundo, mas está indo embora. A
minha felicidade é você meu amor.
Marcelo me puxa e me abraça, o abraço com toda força que consigo. Ele me beija, um
beijo com início suave cheio de saudade, que em poucos segundos se torna um beijo com
necessidade, ele pede passagem de sua língua em minha boca e eu dou passagem, nosso beijo é
desesperando, tento colocar nesse beijo tudo que estou sentindo nesse momento. Quando o ar nos
falta separamos os nossos lábios para que possamos respirar. Marcelo tenta secar minhas
lágrimas, e dá leves beijos em meus olhos.
— Senta aqui — Marcelo fala apontando para o sofá. Faço o que ele me pede. — Me
espere que eu já volto.
Balanço com a cabeça de forma afirmativa, ele dá um beijo na minha testa e sai em
direção ao quarto. Não demora e ele já está de volta.
Marcelo se abaixa na minha frente, fica na mesma altura que eu, e olha em meus olhos.
— Clarinha, eu disse que eu te amava, mas não te disse desde quando. A primeira vez
que te vi na faculdade, você estava com uma calça branca e uma blusa rosa, te amei desde aquele
dia. Sempre a observava de longe, quando você chegou naquela festa linda com aquele vestido
preto e batom vinho que desenhava perfeitamente sua boca fiquei louco, meu sonho estava se
tornando realidade. Segurei-me para não te beijar ali mesmo. Quando vi você na mesma
academia que eu, percebi que ficar ao seu lado seria o paraíso e o inferno ao mesmo tempo,
paraíso por conviver com você e inferno por não poder te tocar. Escutei uma conversa entre
Carol e Eva no corredor da faculdade naquele mesmo dia que te dei carona. Sempre soube que
era um jogo, por isso comecei a jogar.
— Mas quando eu disse que era um jogo você ficou furioso — questiono sem entender.
— Fiquei bravo comigo, não com você, o seu jogo era me levar para a cama. O meu jogo
era ganhar o seu coração, mas não resisti ficar muito tempo sem te tocar, já tinha te desejado
tanto tempo, a amado em segredo que não resisti a sua tentação. Fiquei uma semana longe de
você tentando fingir que não sentia nada. Mas quanto te vi dançando com Fabio, ali descobri que
não poderia ficar longe de você.
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— Então você sempre me amou?


— Sempre te amei, mas precisava fazer você acreditar nisso, sabia que você tinha medo.
Larguei da Dayana, fiz a proposta de sermos ficantes e tentei te mostrar o quanto eu te amava,
tentei mostrar isso a você a cada segundo que passávamos juntos.
— E eu tonta não vi isso e te afastei quando percebi que eu estava perdidamente
apaixonada por você. Marcelo, agora sei que você me ama, me desculpa.
— Mas o objetivo de eu estar falando tudo isso para você é outro.
— Como assim?
— Você sabe o quanto eu te amo, mas eu ainda não sei o tamanho do seu amor. Não
posso voltar com você e amanhã você sentir medo e me largar de novo.
— Não vou largar você, Marcelo.
— Então me prove isso Clara, prove que me ama e que não vai me largar no seu primeiro
medo.
— Como? Como posso provar que eu te amo?
Marcelo pega uma caixinha de veludo preta do seu bolso, a abre.
— Case-se comigo.
— Marcelo? Você sabia que eu vinha?
— Não, pensei que nunca mais veria você. Estava preparado para pedir você em
casamento naquela manhã que sua irmã ligou falando do acidente da sua mãe.
— Eu aceito — falo o abraçando.
Marcelo me afasta, olha em meus olhos.
—Tem mais uma coisa Clarinha.
— O quê?
— Quero casar com você hoje, antes que o sol se ponha e que de a louca em você e
desista de tudo.
— Você está doido?
— Doido de amor por você, mas lucido o bastante para saber que você pode fugir a
qualquer momento. Preciso de uma garantia. Prove que me ame e casa-se comigo hoje.
— Marcelo isso é impossível. Hoje é sábado, como vamos casar assim do nada? Tem
papelada de cartório, testemunhas, essas coisas. O vestido, tem meu vestido, não posso casar
assim.
— Só quero saber se você aceita, o resto é resto.
Penso alguns segundos, está na hora de ser feliz.
— Sim! Eu aceito me casar com você e acordar todos os dias do resto da minha vida do
seu lado.
Marcelo abre um sorriso, e me beija.
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— A papelada eu resolvo, só preciso da sua identidade. Seu vestido minha mãe pode
ajudar ela tem uma loja no centro. As testemunhas podem ser Adriano, com Carol ou Eva, elas
também podem te ajudar a se arrumar. Vem, levanta, temos um casamento para preparar —
Marcelo fala puxando a minha mão.
— Você é doido. Nem conheço sua mãe.
— Doido por você meu amor. Não se preocupe minha mãe sabe quem você é, sabe que
você sempre foi a mulher da minha vida.
Marcelo me levou até a loja da sua mãe e me deixou lá. No caminho liguei para
Montanha, Eva e Carol contando tudo, as meninas ficaram super animadas e claro que elas
aceitaram me ajudar. Passei o endereço da loja da mãe do Marcelo e quando chegamos as duas já
estavam me esperando.
O dia passou voando, aqui estou eu em uma sala reservada me olhando no espelho do
salão que as meninas insistiram para que eu me arrumasse e não acredito no que está
acontecendo. Pego o telefone e ligo para minha mãe.
— Clarinha minha filha, como você está?
— Assustada — falo com os olhos fixos no espelho.
— Por que, minha menina, aconteceu alguma coisa?
— Mãe, vou me casar.
— Graças a Deus minha filha. Rezei tanto para Deus colocar um homem bom em seu
caminho. Já marcou a data?
— Vai ser hoje.
— Hoje?
— Sim.
— Você guardou segredo do seu casamento, filha?
— Não mãe. Parece mentira, mas não é. Conheci um cara chamado Marcelo.
— O cara que Flavio viu com você no hospital?
— Sim, ele mesmo, mas nós brigamos, na verdade eu briguei com ele, e ele acabou indo
embora antes da senhora acordar. Não queria mais ele perto de mim, mas eu o amo, hoje de
manhã fui atrás dele, e ele fez a proposta de nos casarmos hoje com medo de eu fugir dele.
Agora estou aqui pronta, me olhando no espelho e com medo, esperando ele vir me buscar.
— Esse rapaz te conhece bem, já gostei dele. Não tenha medo minha filha, vá e seja feliz.
— Estou tão nervosa mãe.
— Isso é normal minha filha. Me diga o que está vestindo?
— Escolhi um vestido cor champanhe pouco acima do joelho, ele é tomara que caia, com
decote com formato de coração, bem acentuado e um leve caimento no quadril.
— E o seu cabelo?
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— Meu cabelo tem uma pequena tiara e está jogado do lado direito do ombro com
cachos. Meu brinco é prata, maquiagem leve, e sandália rosa.
— Você está linda minha menina.
— Mas a senhora nem me viu.
— Estou vendo as palavras que saem de sua boca, você não poderia estar mais linda. Não
tenha medo minha menina, vá e seja feliz, você merece.
— Obrigada mãe — falo desligando o celular.
— Clara, tem um moço bonito na recepção, ele veio te buscar — Uma das funcionárias
do salão me avisa
— Obrigada — digo.
Respiro fundo, saio da sala rumo à recepção, mas não é Marcelo que eu encontro me
esperando.
— Montanha — falo abrindo um sorriso para meu amigo irmão.
— Minha moreninha, agora noivinha. Você está linda — fala me abraçando.
— Obrigada. Você também está lindo. — Montanha está vestindo uma calça social preta
e uma camisa branca com apenas dois botões abertos e com o cabelo feito um coque frouxo.
— Precisava estar apresentável, afinal eu tenho a missão de levar essa noivinha linda até
ao seu noivo — fala dando uma piscada.
Saio do salão apoiando a mão nos braços de Montanha. Sento no banco traseiro do seu
carro. Montanha da partida e saímos rumo ao meu noivo.
Meu noivo, parece até mentira, em poucas horas estava chorando pensando que eu o tinha
perdido, e agora estou aqui pronta para casar como o amor de minha. Olho pela janela do carro e
percebo que o trajeto que Montanha está traçando não é até o cartório.
— Montanha esse não é o caminho para o cartório.
— Não.
— Mas para onde estamos indo? — pergunto curiosa.
— Para o seu casamento. Isso é obvio, não acha minha noivinha.
— Mas não é no cartório?
— Não, fique quietinha, que daqui a pouco chegamos.
Não demorou muito, e reconheço o lugar onde Montanha estaciona o carro. É a nossa
bolha, a casa em Douradina.
Montanha desce do carro, e o vejo mexendo no celular. Abre a porta e dá a mão para me
ajudar a descer. Desço do carro, ele pega as minhas duas mãos.
— Ontem quando sai do seu apartamento, estava sofrendo tanto quanto você. Me
martirizei a noite toda por ter abrido a sua ferida e ter te deixado daquela maneira. Hoje te vendo
assim tenho a certeza do que fiz foi o certo.
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— Obrigada meu amigo, se não fosse você, hoje eu não estaria aqui e nada disso estaria
acontecendo. Te amo, você é o irmão que nunca tive.
— E o você é minha irmã, que um anjo lá em cima colocou em meu caminho. —
Montanha beija a minha testa. — Está pronta?
— Sim.
Deposito minha mão no braço de Montanha e ele me conduz pela lateral da casa. Quando
vejo tudo que me espera, meus olhos se enchem de lágrimas.
— Não chore, deu trabalho de arrumar tudo isso em apenas algumas horas. Está simples,
mas foi o máximo que conseguimos preparar em tão curto espaço de tempo.
— Está lindo, não poderia ser mais perfeito. Parece um sonho.
Nos fundos da casa está tudo arrumado e decorado. Tem um tapete branco com pilares de
rosas brancas e vermelhas em suas laterais, que leva até uma pequena tenda, que tem uma mesa
com pequenos arranjos de rosas brancas e vermelhas.
Marcelo está lá me esperando. Nossos olhares se cruzam, e eu sei que o que estou
fazendo é o correto. Não tenho medo. Meu coração está transbordando de felicidade. Ao fundo
está tocando a música Flashlight da Jessie J. Marcelo é a minha lanterna que clareou meu
caminho, essa música traduz tudo desse nosso momento.
Sinto alguém segurando minha mão, a olho.
— Mãe?
— Aqui está. — Me entrega um pequeno buque de rosas brancas e vermelhas. — Vá e
seja feliz minha filha.
A abraço, mas não digo nada, tudo está perfeito, não a questiono, o importante é que ela
está aqui.
Montanha me conduz pelo tapete branco cheio de pétalas, tem poucas pessoas presentes,
mas as mais importantes estão aqui. Minha mãe, Montanha, Carol, Eva, a família delas, a mãe e
o pai do Marcelo e principalmente ele.
Quando chegamos próximo a Marcelo paramos. Montanha me dá um beijo na testa e
entrega a minha mão para Marcelo.
— Pronta para ser feliz pelo resto de sua vida? — Marcelo fala me olhando nos olhos.
— Sim, desde que seja sempre ao seu lado.

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EPÍLOGO

Existiu uma época que eu pensava que não existia a felicidade plena, que não existia o
amor. Portanto fazia de tudo para não amar, pois o que eu mais tinha era medo de sofrer. Já tinha
sofrido por um amor falso uma vez e não queria sofrer novamente.
Eu não sabia o que o destino reservava para mim, não sabia o que um JOGO DE
SEDUÇÃO, poderia mudar tanto minha vida.
Nesse simples jogo encontrei a minha felicidade, meu amor, meu marido e pai dos meus
filhos.
Algumas vezes, como agora, quando vejo minha filha Carlinha brincando e correndo com
a prima Clarinha fico me perguntando se sou digna de tanta felicidade. Tudo que eu passei valeu
a pena.
Hoje agradeço pela cachorrada que Flávio fez, pois somente assim o destino me levou
para o meu verdadeiro amor, para a minha felicidade.
— Admirando a nossa filha? — O homem que me fez e faz feliz a quase 8 anos fala
sentando do meu lado e me abraçando.
Com pouco tempo de casada, Marcelo começou a desconfiar que os meus seios estavam
maiores, depois disse que minha pele estava mudada, quando me perguntou qual o dia que minha
menstruarão vinha arregalei os olhos. Ele foi na farmácia comprou o teste, fez eu fazer e deu
POSITIVO.
Fiquei com medo da reação dele, afinal tínhamos acabado de nos casar, mas um lindo
como ele é, se ajoelhou no chão e começou a chorar, disse que eu estava o fazendo o homem
mais feliz do mundo.
— Ela é minha vida — digo.
— Carlinha e Bruno, que está aqui dentro, e você são as minhas vidas — fala colocando a
mão em meu ventre.
Estou gravida de 6 meses do nosso segundo filho. Cubro as mãos de Marcelo com as
minhas.
— Às vezes fico pensando, tanta coisa aconteceu, não consigo imaginar como seria a
minha vida se você não tivesse me desculpado.
— Nunca imaginei a minha vida sem você Clara, te daria um tempo, mas iria te
convencer que eu era e sou o homem da sua vida.
— Convencido.

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— Estou mentindo?
— Não, a mulher que sou hoje devo a você, ao Montanha e as meninas.
— Tata, vamos cantar parabéns, as crianças estão doidas para cortar o bolo — Carla,
minha irmã, fala.
Logo depois do meu casamento com Marcelo, já gravida de Carlinha fui em Rubineia
para enfrentar meu passado, Carla errou, mas sofreu tanto quando eu, ela merecia e merece ser
feliz tanto quando eu.
Marcelo como advogado ajudou ela a se separar de Flávio e ficar com a guarda de
Clarinha, hoje Carla mora com a mãe, vive para cuidar da filha e da nossa mãe, seu coração se
fechou. Não quer se relacionar com outra pessoa, diz que já sofreu demais e hoje é feliz por estar
com a filha e livre de Flavio.
Assim como prometido na infância coloquei o nome da minha irmã na minha filha,
Marcelo aceitou, mas disse que se fosse menino ele escolheria o nome. Bruno é o nome do nosso
segundo filho.
Levanto com a ajuda de Marcelo e caminho em direção à mesa para cantar parabéns.
Hoje é aniversario dos meus afilhados Enzo filho de Carol e Montanha e Maria Clara filha de
Ale e Eva, acreditem Carol e Eva tiveram os filhos no mesmo dia. Deu trabalho, mas esses
quatros se acertaram e estão juntos até hoje. Carol ganhou o Montanha jogando com o Desejo, e
Eva ganhou Ale Jogando com o Amor, mas isso já é outra história ou melhor outro jogo, outro
livro.
Hoje posso dizer que aprendi com o Jogo de Sedução a não ter medo, não ter medo de ser
feliz...

FIM

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JOGANDO COM O DESEJO


PRÓLOGO
MONTANHA

Acordo com a luz do sol entrando pela janela, olho para o teto tentando lembrar como
vim parar aqui, nesse quarto de motel. Tomo coragem e olho para o lado, vejo minha perdição
dormindo serena com os cabelos vermelhos bagunçados no travesseiro, sua fisionomia está
suave, ela dorme um sono tranquilo. Depois da noite que tivemos o seu sono está mais que
tranquilo.
Desço meu olhar um pouco para baixo, seu delicioso seio redondo e durinho, que cabe
perfeitamente em minha mão e principalmente em minha boca está a mostra, apenas um lençol
fino cobre seu corpo nu até a sua cintura. Isso já é motivo suficiente para alguém lá embaixo dar
sinal de vida.
— Puta que pariu!!!— falo baixo para não acorda-la.
Passo a mão em meu rosto algumas vezes. Não acredito que cai na dela de novo, isso está
se tornando cada vez mais frequente. Antes conseguia resistir ao desejo de tê-la como mulher.
Sua amizade me bastava, mas agora está ficando complicado.
Levanto da cama rápido, antes que eu perca o juízo de novo, dou mais uma olhada para o
monumento de perfeição em forma de mulher na cama e sigo rápido para o banheiro. Preciso
resistir a essa tentação. Confesso que essa tentação em especial é para lá de gostosa e prazerosa,
mas tem muita coisa em jogo, ela não é como as outras. Não é tão simples.
Já estou duro de tesão, ver essa ruiva daquele jeito na cama é para acabar com a sanidade
de qualquer um. Bater uma punheta em homenagem a ela também está fora de cogitação. Preciso
pensar com a cabeça de cima e não com a de baixo.
Ligo o chuveiro e coloco na água gelada, para ver se a água refresca as minhas duas
cabeças, pois não está sendo fácil raciocinar depois daquela bela visão. Sair desse banheiro e me
acabar novamente naquela cama, com a dona daquele corpo é um pulo, mas não posso, tenho que
resistir.
— Adriano o que essa ruiva está fazendo com você? — falo em voz alta enquanto a água
cai em meu corpo.
Acho que vocês não estão entendo muita coisa. Vou começar a explicar, vocês vão

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entender, é difícil resistir quando uma certa ruiva está jogando com o desejo de um certo homem.
Nesse caso esse homem sou eu, e a ruiva vocês vão descobrir quem é.
Tudo começou...

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