1 - Louco Por Você

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos
Louco por você

Série Mad, Bad and Dangerous
Livro Um
Anna Antonia

Equipe Pégasus Lançamentos
Envio: Soryu
Tradução: Clau Millinho, Marta, Lidi e Tata, Eli. Medeiros
Revisão Inicial: Eli A.
Revisão Final: Ju Coelho
Leitura Final: Luisinha Almeida
Formatação: Luisinha Almeida

Série Mad, Bad and Dangerous
Livro 1 – Louco por você
Livro 2-Mau para você
Livro 2.5- A primeira Noite
Livro 3- Perigoso para você
Livro 4- Tudo para amar você

Sinopse
Eu tinha ido para a escola com Gabriel Gordon. Apesar de seu nome e de correspondência
celeste beleza, Gabriel não foi nada angelical. Rico, mimado e muito cínico para sua idade, ele
poderia facilmente usar seu charme para a sair fora de qualquer problema. Gabriel Gordon
estava louco, mau, e ... bem, você provavelmente já sabe o resto.
Os anos não tinha mudado ele, apesar de assumir a empresa de seu pai e expandindo-a em
uma empresa multinacional. Infelizmente, era apenas a minha sorte que eu me encontrava a
trabalhar na construção de Gabriel. Embora eu tinha conseguido evitá-lo para a parte melhor
de um mês, um encontro casual no elevador provou que ele ainda era um homem arrogante
que mostrou muito interesse demais na forma da minha boca e minha nuca.
A partir de então, Gabriel me atormentou, me provocava, e mais frequentemente do que não,
me deu vontade de jogar coisas na cabeça dele. Ainda assim, tal como na escola, eu não
poderia deixar de ver a dor por trás de seu sorriso preguiçoso e as sombras em seu olhar
cristalino. Quando Gabriel confessou seu amor por mim, eu deveria ter sido a mulher mais feliz
do mundo. Pena que eu não podia acreditar que ele ...
Emma Adams sempre considerou-se a cabeça no lugar, bem-humorado, e acima de tudo, sã.
Então, como ela se tornou alguém que não conseguia empurrar Gabriel Gordon embora? Não
importa o quão doce suas palavras poderiam ser ou como facilmente paixão explodiu entre
eles, se envolver com o playboy escandalosamente rico tinha que ser a altura de insanidade.
Dada a sua natureza tumultuados e demônios pessoais, houve única maneira de um
relacionamento entre eles poderia sobreviver: na loucura.

Capítulo 1
-Emma, abra a porta!

-Vá embora, Gabriel!
A maçaneta da porta sacudiu violentamente.
-Emma, por favor! Não faça isso!

Quase bati minha mão contra a parede, se não tivesse
puxando para trás no último momento, apertei meus dedos
num punho fechado.
-Eu não vou falar com você agora. Não posso.

Ouvi quando ele bateu a testa com força na porta. A voz
de Gabriel saiu baixa e torturada.
-Baby, por favor, não faça isso. Não me afaste. Você me

mata quando faz isso.
Minha raiva pulsava na batida do meu coração. Minha

palma descansou onde eu imaginava que seu belo rosto
estava.
-Dói muito.
-Então deixe-me entrar, Emma. Eu preciso estar com

você. Eu te amo...

Deslizei pela porta, sentindo as lágrimas rolarem
lentamente pelo meu rosto. Eu me perguntava como diabos
eu ia durar nos próximos cinco minutos, sem ele, ainda mais
o resto da minha vida. Não podia respirar, a dor era muita.
Sussurrei seu nome em voz baixa. Ele me ouviu e sussurrou o
meu em troca.
-Por favor, Emma...
Sentada ali, com as pernas e o corpo esparramados,

machucados com saudade do homem que estava apenas
alguns centímetros de distância de mim, eu vagava pelos
corredores da minha mente. Lembrando as últimas horas
devastadoras, numa época em que eu era uma jovem que
tinha feito de tudo para ficar longe da esfera arruinada de
Gabriel.
Voltar para antes de ele ser Gabriel Gordon, bilionário e

o solteiro mais cobiçado do mundo, quando ele era
simplesmente Gabriel Gordon: destruidor de corações de Pine
Woods High.
Gabriel Gordon era louco, mau, e... bem, você

provavelmente já sabe o resto.
Apesar de sua beleza e nome, Gabriel não era nada

angelical. Era Rico, mimado, e muito cínico para a sua idade,
ele poderia facilmente usar o charme e beleza para sair de

qualquer situação com uma ou duas professoras. Por quatro
anos, eu o via de longe, em partes iguais de aversão e
fascinação.
Aos poucos eu tinha entendido seu fascínio. Ele falava

as palavras certas, cortejando seus alvos com apenas a
quantidade certa de desinteresse e zelo. Com a sua reputação,
Gabriel conseguia fazer com que qualquer um achasse que
era especial, único. Não necessariamente através de mentiras,
mas mostrando apenas uma parte do menino vulnerável que
permanecia escondido em seu interior, enquanto que, no seu
exterior havia uma dose de arrogância polida, que ele fazia
valer a pena amar.
Ele sempre se desfazia das pessoas.
Às vezes, em silêncio, com apenas uma nota de

despedida, a linda professora de francês substituída em
meados do ano. Normalmente, era um espetáculo para as
fofoqueiras que tinham as línguas soltas por semanas. Eu
tinha passando tempo suficiente nos corredores me
perguntando o que Gabriel tinha feito para que aquelas
meninas tão bem-educadas perdessem a cabeça e
enlouquecerem de raiva, mágoa, ou até de desesperadas
saudade.
Nesses momentos ele permanecia frio, levava esses
delírios tão estoicamente como tinha feito com seu amor,
nunca gritando em troca ou levantando a mão em sua defesa.

E parecia que seu olhar se suavizava, procurando
desculpas e se envergonhado... bem, certamente deveria ter
sido minha imaginação. Estudando o menino silencioso e a
menina com o rosto vermelho gritando, contornava a multidão
cada vez maior, eu não podia deixar de julga-la mesmo como
o resto dos nossos colegas olhando para eles.
Caída. Arruinada. Louca.
Como poderiam ser tão cegas? Será que não entendiam

que ninguém valia tanto a pena para se arruinar assim?
Antes eu era muito orgulhosa, e para mim era difícil

entender aqueles que não o possuíam no mesmo grau. Se eu
soubesse então o que eu havia me tornado agora ...
Normalmente as meninas rejeitadas desapareciam

sofrendo por sua perda, enquanto outras desenvolviam um
talento para namorar. Aparentemente, Gabriel havia ensinado
as suas ex-namoradas também. Era injusto, enquanto a
reputação das meninas sofriam, a sua só tinha crescido cada
vez mais atraente para os outros.
Pior, era que quem fazia os assuntos sórdidos

aparecerem, eram as mesmas meninas que tinham sofrido
antes e agora estavam secretamente de volta em suas mãos,
apenas para uns e outros sabores do pecado. Que ele
distribuía muito ricamente como eu pude confirmar depois de

tropeçar em um de seus encontros aquecido, durante o último
ano.
Mesmo agora, a imagem era tão clara.
Seus corpos estavam atracados em um estado de semi-

nudez. Ela de costas, ele sobre ela na mesa de laboratório.
Gabriel estava com a mão enrolada em volta do seu pescoço
enquanto metia nela. Ele olhou para mim, seu rosto angelical
mostrando todo o seu prazer, e murmurou as palavras -Eu
sinto muito.
Eu recuei, com as bochechas em chamas. Ele nunca

desviou o olhar. Gabriel manteve seu olhar de um azul
cristalino preso ou meu, em quando eu silenciosamente saia
para fora da sala de aula. O poder de seu olhar atormentado
ficou até que eu caí no chão do lado de fora do campo de
futebol.
Puxei os joelhos até meu peito, eu cegamente olhei para

as meninas girando suas bandeiras azul-turquesa na prática
de suas danças. O borrão circular da cor correspondia aos
meus pensamentos em velocidade e ritmo. Por que
exatamente ele estava triste? Por que ele não tinha auto-
controle suficiente para recusar o apelo de mais uma menina
bonita? Por ter me exposto a ver algo que eu não tinha nada
a que ver?

O que foi?
Eu nunca fui capaz de chegar a uma resposta

satisfatória, não importa quantas vezes eu pensei nisso -Eu
sinto muito.- Só por que Gabriel deveria ter ganhado o meu
desprezo, mas mesmo assim eu não poderia ver a verdade e
odiá-lo.
Julgá-lo como um playboy? Sim.
Vejo-o como uma pessoa brilhante e obviamente, que

desperdiçava o seu talento dormindo em sala de aula e
espalhando todo seu trabalho? Sim.
Inveja de sua riqueza e posição social, sabendo devido

as circunstâncias, que não importa o quão duro eu
trabalhasse haviam certas experiências que eu nunca iria
viver?
Absolutamente.
Conforme o tempo passava, eu encontrei meus olhos

cada vez mais atraídos para a sua figura largada. Tivemos
várias aulas juntos o que significava que as oportunidades de
examiná-lo eram infinitas. Toda vez que eu me peguei
estudando a linha longa e magra de suas costas, eu me
queimei com a atração insana que todas aquelas meninas

deveriam ter sentido por saber que anjo glorioso e perigoso
ele era.
O pior de tudo era que eu não poderia mais julgar o seu

fascínio. Não depois do que eu tinha visto.
O flash rápido de ver Gabriel com Brandy Peterson

tinha ficado marcado em minha mente. Eu não poderia
esquecê-lo, não importa o quanto eu tentasse. As imagens
vinham em minha mente nos piores momentos, enquanto eu
trabalhava em um difícil problema de cálculo ou quando
estava no chuveiro ...
Eu já tinha visto o suficiente para saber que Gabriel

não tinha usado Brandy como um receptáculo para sua
luxúria. Ele estava fazendo amor com ela de uma forma que
eu não entendia, mas, no entanto, reconhecia. Foi então que
eu entendi o quão perigoso Gabriel Gordon poderia ser para
uma menina.
Meu pânico teria aumentado se eu tivesse alguma ideia

do que estava prestes a acontecer comigo.
Talvez fosse porque minhas oportunidades eram poucas

ou talvez porque Gabriel tinha notado meu olhar sobre ele por
um tempo longo demais, mas entrei em seu campo de visão
em uma semana após observar suas ações.

Pensando em Gabriel, enquanto eu deveria ter escutado
uma discussão sobre Macbeth, a minha curiosidade
finalmente se tornou a minha ruína. Gabriel levantou a
cabeça, do seu cochilo, seu cabelo deliciosamente
despenteado, e olhou para mim. Minhas bochechas ficaram
vermelhas e minha boca se abriu em choque. O prazer
inundou seu olhar. Ele sorriu e murmurou – Preste atenção,
Emma.
Não importava que eu mandasse minha mente voltar e

fingisse que não tinha sido pega fazendo exatamente o que eu
estava fazendo. Gabriel não me deixaria escapulir ilesa. Ele
começou me esperando no período da manhã, no
estacionamento dos alunos. Eu saía do meu velho Fusca
vermelho quando o vi ao lado de seu Mercedes prata
conversível.
-Olá, Emma, - ele murmurou, com o olhar meio

adormecido com um belo sorriso fixo naquele rosto
ridiculamente bonito.
-Vá embora.
- Agora! Por que eu iria querer fazer isso? Eu gosto de

estar aqui com você.
-Eu não gosto disso.

-Mas vai gostar. Eu prometo.
Eu era constantemente puxada e empurrada por suas

atitudes. Sua arrogância me afastava, mas sua gentileza me
seduzia. Eu sabia como ele era, e do que era capaz de fazer,
mas uma grande parte de mim começou a gostar. Comecei a
olhar em seus olhos ao vê-lo todos os dias, mesmo que eu
não gostasse da atenção que a sua presença despertava nos
outros.
Os olhares nos seguiram por toda parte. Parecia que

toda a escola estava esperando pela minha inevitável queda.
As palavras de Gabriel tinham sido especialmente agressivas
a esses espectadores.
-Tire uma foto do caralho, idiotas. Vai durar mais

tempo.
Ele esperou por mim no meu armário depois da aula e

sentou ao meu lado na hora do almoço. Eu senti os olhares
atentos de seus amigos em cima de nós. Eram como um
bando de chacais, com olhos cruéis e bocas suaves em um
gesto simpatia. Essa alegria maliciosa veio em minha direção
e fez um buraco através da minha casca dura.
-Não preste atenção a eles.
-Quem? Seus amigos?

-Esses não são meus amigos. São mais como idiotas ou
sanguessugas. Todos nós somos, Emma. É por isso que você
não deve prestar atenção.
-Mesmo em você?
-Exceto a mim.
Eu me tornei mais calada, mas isso não importava. Ele

parecia contente em ficar falando. Às vezes, ele conseguia
uma frase ou duas de mim, mas então eu reprimia. O olhar de
Gabriel se escurecia e depois eu sentia a dor de feri-lo.
Mas eu não podia ceder. Eu sabia como essa história

estava prestes a acabar. Eu não queria fazer parte disso,
ajudando a torná-la uma tragédia. Eu não queria ser a garota
furiosa e desprezada gritando no corredor, chorando porque
Gabriel não me amava como eu o amava. Eu não ia ser uma
tola por cair na armadilha de dar mais para ele do que o que
ele realmente dava para mim.
Não era para acontecer.
Na verdade, o que deveria acontecer era, eu continuar

mantendo meu GPA perfeito, ganhar as minhas numerosas
bolsas de estudo e poder cair fora dessa cidade infernal, onde
as pessoas economicamente desfavorecidas, como eu, tendem

a ficar para sempre. Eu não tinha tempo para anjos caídos
que sussurravam o meu nome sempre tão gentil e me faziam
ansiar pela possibilidade de algo diferente.
É verdade que Gabriel tinha conseguido roubar o meu
primeiro beijo.
Mas de jeito nenhum eu deveria saciar minhas

fantasias que apareciam cada vez mais durante minhas horas
de insônia. Nem teria que realizar todos atos explícitos que
povoam os meus sonhos.
Depois de um mês do meu erro, ele me confrontou. Veio

balançando, mais do que um pouco, e quis saber por que eu
não iria dançar com ele. Trocamos palavras, mas o que eu
especialmente me lembrava era -Por que você não olha para
mim, Emma? Você não sabe que a única pessoa que eu já
quis muito nos últimos quatro anos é você? O que posso fazer
para fazer você gostar de mim também? Eu vou fazer o que
você quiser ... ser o que você quiser ... apenas diga que você
vai ser minha, Emma.
Eu vividamente lembrava que minhas pernas ficaram

fracas, mas eu não podia deixá-lo ver quanto suas palavras
me afetavam. Eu levantei meu queixo, orgulhosa de mim
mesma por parecer tão composta. Eu não acreditava nele e
disse isso usando uma linguagem muito explícita.

Gabriel de repente me agarrou. Ele apertou meu corpo
contra a parede de tijolos e me enjaulou dentro de seus
braços. No seu caro smoking alugado.
-Eu não estou mentindo.-jurou antes de pressionar

seus lábios macios contra os meus.
Eu poderia ter gritado. Eu poderia tê-lo mordido. Eu

não fiz nenhuma dessas coisas, porque eu realmente não
queria.
Sua boca estava perfeita. Ele era perfeito. Qualquer

coisa que eu poderia ter imaginado, ou sonhado, era apenas
uma pálida imitação do que realmente era. Nada poderia ter
me preparado para a sensação viciante de tê-lo me beijando.
Eu derreti contra Gabriel, estendendo a mão cegamente para
enrolar os dedos em seu cabelo dourado.
Ele estava bêbado quando nosso beijo começou. Estava

bêbado quando terminou.
-Venha comigo.- ele disse.
-Sim- eu respondi.
Passamos o resto da noite juntos. Sozinhos na mansão

de seu pai, escondidos em sua enorme cama com cortinas, eu
perdi minha virgindade e o meu coração para Gabriel. Foi

perfeito como qualquer coisa que eu poderia já ter desejado.
Gabriel tinha sido doce comigo, levando as coisas tão lentas
quanto eu precisava. Preenchida com ele, eu imaginei que ele
tinha me levado para um paraíso onde as nossas muitas, e
muitas diferenças não importavam, e onde eu poderia ser sua
para sempre.
Depois, seus belos olhos se encheram de lágrimas

quando ele olhou para mim.
- Obrigado, Emma, por fazer um dos meus sonhos
realidade.
Eu estava ferida.
Fizemos amor uma e outra vez. Eu não conseguia o

suficiente de Gabriel e eu não queria que a noite terminasse
nunca. Nós rimos juntos, encontramos pontos estimulantes
com facilidade. Ele me alimentou com morango e creme.
Deixei-o lamber champanhe em minhas costas. Quando não
estávamos fisicamente cheio um com o outro, cochichamos
alguns dos nossas segredos.
Eu não queria ficar presa sem dinheiro e sem poder

para sempre. Não queria estar sozinha.
Eventualmente ele caiu no sono, me abraçou como se

ele nunca quisesse me deixar ir. Deitada nos braços de

Gabriel, que sofreu um amor tão belo em sua dor, eu sabia
que esse seria o momento que me definiria para sempre.
Eu jamais, jamais seria a mesma.
Olhando para o teto com dossel, eu deixei as lágrimas

rolarem. Elas pingavam sobre o travesseiro enquanto o belo
dono do meu coração dormia sem perturbações. Convenci-me
de que era simbólica de como as coisas estavam fadados a
ser. Então pensei no delicioso prazer que ele me mostrou a
caixa de preservativos que nós usamos. Considerando que ele
mantinha em sua mesa de cabeceira, aparentemente, eu
tinha muitas meninas para agradecer por sua prática.
Gostaria de saber quem iria me agradecer no futuro, quando
ela estivesse no lugar que eu desocuparia.
Eventualmente eu saí da cama, vesti-me e andei de

volta para casa. Minha mãe deu uma olhada em mim e sabia.
Ela não gritou ou me deu um sermão, como eu esperava. Ela
simplesmente abriu os braços e deixe-me cair neles. Eu não
tinha lágrimas, apenas uma cicatriz na alma, ferida com as
coisas que não poderiam ser diferentes.
-Vai ficar tudo bem, baby. Eu prometo.
Eu não tive coragem de dizer a ela que não poderia

fazer isso ficar bem. Tudo no mundo, mas isto não.

Gabriel veio até a minha casa naquela tarde, me
chocando com a sua presença sorridente na minha varanda e
bem-vestido. Com um lindo buquê de rosas na mão, ele me
convidou para sair.
Eu recusei.
Em apenas poucas horas, eu me foquei, concentrando

toda atenção nas minhas metas de faculdade, emprego dos
sonhos e minha independência financeira. Eu não podia ser
uma namorada da maneira que nenhum dos dois queria. Eu
não era autodestrutiva o suficiente para tentar curar ou
domá-lo. Eu sabia que era exatamente o que tentaria que
fazer. Eventualmente Gabriel teria se cansado de mim e, em
seguida, onde isso me deixaria?
Deixada para trás, assim como aconteceu com todas as

outras meninas, que tinham amado e perdido Gabriel Gordon.
Nós não falamos um ao outro, nem uma palavra, pelo

resto do ano. Eu o peguei andando pelo campus, com o olhar
ferido, até que ele escondeu-o e trocou pelo olhar preguiçoso e
por um sorriso irônico com desprezo.
Para ele ou para mim permanecia um mistério. Eu só

podia imaginar que era um pouco de ambos.

Gabriel não perseguiu ninguém naquele ano. Eu
gostaria de poder dizer, que não era arrogante o suficiente,
por pensar que tinha alguma coisa a ver comigo. Ele retirou-
se do seu brilhante círculo de amigos e desatou a língua
mordaz sobre quem se atrevia a perguntar-lhe o porquê. Seu
temperamento se tornou vulcânico, algo que ele não tentou
refrear.
Uma dia Gabriel veio para a aula com um lábio partido

e um olho roxo. Houve rumores de que ele tinha sido visto
lutando em um clube fora da cidade. Ele não dormiu durante
as aulas, ficou ali sentado com os braços cruzados e olhando
para o quadro com uma intensidade cega. Meu coração doía,
mas eu me recusei a olhar para ele, mais perto do que os
outros.
A graduação veio e nossa classe seguiu seus caminhos

separados. Ainda assim, Gabriel nunca foi muito longe nos
meus pensamentos. Eu me perguntei se ele estaria sozinho
para sempre e sofri quando pensava na mulher que iria livrá-
lo dessa dor.
Eu tinha conseguido meu objetivo, eu recebi uma bolsa

de estudos integral para uma pequena, mas respeitada
universidade. Eu estava saindo da cidade, transformando
meus sonhos em realidade. Eu não tinha nada com o que me
lamentar sobre meu passado.

Não importa que eu realmente fizesse isso à noite,
durante três meses.
Gabriel foi para Yale por um ano, antes de sair, quando

seu pai morreu de um ataque cardíaco. A mudança varreu a
Gordon Indústrias como um inferno.
Sete anos avançaram rápido.
Ele tornou-se Gabriel Gordon, o homem estampado em

todas as revistas de finanças, noticiário, e blogs. Os anos não
tinham mudado para ele, apesar de assumir a empresa de seu
pai, e expandi-la em uma empresa multinacional com
escritórios em quase todos os continentes. Ele continuava
com o mesmo sorriso brilhante, o olhar preguiçoso, Gabriel
redefiniu a definição de sexy.
Era irritante.
Gabriel podia ter sido um capitão da indústria, mas um

encontro casual no elevador me mostrou que ele ainda era o
homem mal-humorado, arrogante que mostrou demasiado
interesse na forma de minha boca e minha nuca. Um mês
antes do nosso encontro eu queria que minha empresa
pudesse voltar para o nosso velho edifício, mas a
probabilidade de isso acontecer foi como aquela frase familiar
envolvendo porcos e as suas capacidades aerodinâmicas de
voar.

Todos os dias depois desse encontro trouxe Gabriel
ainda mais em minha vida, fazendo uma bagunça do mundo
ordenado que eu tinha criado como Emma Adams, Analista
Júnior Financeira. Os Almoços tornaram-se jantares, os
jantares rapidamente tornaram-se muito mais. Gabriel me
atormentava, me provocava, e mais frequentemente me
irritava dando vontade de jogar coisas na cabeça dele. Ainda
assim, tal como no ensino médio, eu não poderia deixar de ver
a dor por trás de seu sorriso preguiçoso e as sombras em seu
olhar cristalino.
Quando Gabriel me disse que me amava pela primeira

vez, eu deveria ter sido a mulher mais feliz do mundo. Em vez
disso, eu vi isso como uma prova de que alguns homens não
podem ser salvos. Eles mentem para sair de qualquer coisa,
inclusive ser pego almoçando com uma ex. Eles mentem para
esconder quem realmente são.
Eles conseguem apenas mentir.
Eu estava errada sobre ele ... sobre o que eu pensei que

esta relação tinha sido realmente. Eu tinha sido uma tola
ingênua, alguém que achava que sabia tudo, sabia de sua
vida, e pensou que conhecia o homem que amava.
Almoço com uma ex ... eu queria era apenas saber

sobre isso.

Eu precisava estar errada sobre Gabriel. Deus, eu
esperava que eu estivesse errada.
Por que eu cheguei a ir tão longe para deixa-lo?

Especialmente que eu sabia que amá-lo seria tão perigoso.
Como cortar meu coração e deixa-lo mantê-lo em seu bolso?
Ou porque Gabriel foi o meu maior arrependimento e meu

maior amor.
Eu não conseguia parar de amá-lo, eu poderia parar,

mas seria como parar de respirar.
Droga! Estou tão malditamente louca para estar aqui,

ainda o quero inteiro.
-Emma ... baby ... Você ainda está aí?
Suspirei e respondi: -Sim.
-Deixe-me entrar ... por favor.
Não havia esperança para nós. Eu me levantei e abri a

porta.

Capítulo 2
Sexta -feira, Cinco Dias Antes.
Obelisk Pointe Building.
-Segure o elevador, Por favor!
Oh caramba. Eu realmente não estava com sorte, ia ser

um desastre? Não, Não, Não ... sim, pronto. A Pequena
Mulher na minha frente, estendeu a mão e evitou que as
portas do elevador se fechassem. Dois homens entraram,
ambos altos, mas apenas um deles eu conhecia.
-Eu já remarquei a sua entrevista com o Times, para

essa tarde, às três.
-Ok. Mais alguma coisa?
-Você tem um jantar de caridade esta noite a partir das

20:30.
-O que vai ser? O Centro de Sociedade Humana

novamente?
-Exatamente.

Dei um pequeno passo para trás, fazendo o máximo
para passar desapercebida, enquanto me escondia num
canto. Gabriel Gordon dominava todo o pequeno espaço do
elevador, era impossível ignora-lo. Vestido com um terno cinza
sob medida, ele parecia lindo demais para ser real. Eu só
peguei um vislumbre de sua gravata, mas era como um pálido
azul como a cor de seus olhos. A faixa branca no seu pescoço
aumentou ainda mais a cor dourada de seu bonito cabelo. Se
eu me inclinasse um pouco mais perto, seria capaz de saciar
o desejo do meu nariz e dar mais um cheiro em seu delicioso
perfume.
Caramba, ele ainda era um homem lindo que só de

olhar arrebatava todas as mulheres, inclusive eu.
Oh, não é justo. Não é justo.
A voz de Gabriel era tão profunda e rouca, uma vez que

já tinha lhe ouvido falar quando estava na escola. Ouvi-lo
trazia de volta inúmeras lembranças que eu preferiria não
reviver no momento. Notei a mulher que tinha evitado as
portas de fechar, olhando para ele por debaixo de seus cílios,
repetidamente.
Eu já tinha visto aquele olhar, o suficiente para saber

que Gabriel tinha marcado outro coração apaixonado. Mais
um para adicionar à sua coleção. Eu ia descer no vigésimo

oitavo andar. E Gabriel no qüinquagésimo quarto o que
significava que eu teria que passar por ele para sair.
Merda.
Vamos, Emma! Pare de agir como uma molenga. Ele

está tão absorvido em sua conversa com seu assistente, que
provavelmente não vai nem reconhecê-la!
Verdade. Eu tinha clareado meu cabelo escuro com

luzes loiras generosas e tinha mudado de óculos para lentes
de contatos. Eu também cresci alguns centímetros, na vertical
e na horizontal, já não possuía a estrutura esbelta da minha
juventude. Eu era a última pessoa no mundo que ele estaria
procurando e nossa proximidade acidental não faria nada
para mudar isso. Então, basicamente eu precisava me
acalmar.
Certo. Acalme-se, é apenas Gabriel Gordon, o único

homem que me arrependi de amar e deixar, e ele estava
apenas a alguns metros de distância.
Boa sorte com isso.
O elevador parou em um andar.
-Desculpe-me, saiu da boca da Samaritana. Ela parecia

ofegante e animada.

Gabriel saiu imediatamente de lado. Seu sorriso
iluminou o elevador como uma lâmpada de mil watts.
-Claro. Obrigado mais uma vez por segurar as portas.
-Disponha!
-Qual é seu nome, querida? Ele perguntou suavemente

quando ela permaneceu parada.
-Samantha.
Samantha a samaritana persistente parecia irritar seu

assistente. Fiquei imaginando o quanto de seu precioso tempo
já foi desperdiçado observando seu empregador flertar com
qualquer coisa que tivesse uma saia. Como eu tinha pena
dele!
Este foi exatamente o motivo que eu quase enlouqueci

quando descobri que minha empresa estava se mudando para
o Obelisco Point. Todo mundo estava animado com o lugar,
suas paredes e cortina de vidro, plataformas de observação,
praças, elevadores muito-rápidos, academias, heliporto e
piscinas.
Sim, piscinas.

Não eu. Eu queria ficar onde estava e não ter que ir
todo dia ao magnífico edifício de Gabriel Gordon. Não
importava que ele realmente ficasse a cerca de 15 minutos da
minha casa. Não, isso não era incentivo suficiente para mim.
Eu simplesmente não queria reviver meus anos de colégio de
novo, mas agora eu estava fazendo exatamente isso.
Realmente encantador. Não é que eu tenha que voltar

ao trabalho. Não, eu posso ficar aqui o dia todo, enquanto
vocês dois batem papo um com o outro.
Irritada, eu olhei para o meu relógio. Eu queria que eles

se apressassem, não porque eu estava me sentindo
desconfortável. Eu definitivamente não estava sentindo as
alfinetadas do ciúme. De jeito nenhum.
Realmente.
Ok. Era óbvio que eu menti. Eu sentia ciúmes. Sentia

mais do que ciúmes. Senti-me perigosamente possessiva, uma
emoção que eu não tinha o direito de sentir, especialmente
considerando como as coisas terminaram entre nós. Então eu
me espremi no meu canto, reconhecendo minha pequenez e
ainda por cima incapaz de fazer qualquer coisa, apenas cerrar
os dentes.

Meu orgulho não me deixava tão depressa. Por favor,
não dava pra acontecer isso em outro lugar onde eu pudesse
fingir que não estava me afetando.
-Eu não quero segurá-la ainda mais. Obrigado

novamente por sua gentileza, Samantha.
O assistente imediatamente começou a falar com

Gabriel, deixando a mulher sem escolha a não ser sair do
elevador com um sorriso e um olhar vidrado.
Nossa, nada realmente mudou, não é?
Engoli meu grosseiro bufo. Ou pelo menos eu pensei

que sim.
Gabriel olhou por cima do ombro, o céu azul do seu

olhar levemente curioso foi se alargando em estado de
choque.
-Emma?
Limpei a garganta e fiz o melhor para fingir que essa

não era a pior coisa que me acontecia desde que eu o deixei
em pé na minha varanda, sete anos atrás.
-Olá, Gabriel.

Ele virou-se totalmente para mim e sorriu com prazer.
O sorriso que ele tinha dado a Samantha a samaritana,
empalideceu instantaneamente em comparação. Com um
simples movimento de lábios e dentes e uma bela saudação,
ele matou minha irritação por ter sido apanhada, deixando-
me em pânico.
Eu estava tão vulnerável como nunca e não tinha para

onde correr.
-Emma, que surpresa mais agradável e bem-vinda .
Eu não poderia dizer exatamente o mesmo, murmurei

algo vago, mas educado. Gabriel percebeu, se aproximou e
murmurou: -Ainda não gosta muito de mim, não é?
Meu queixo caiu. A sobrancelha escura de seu

assistente levantou um entalhe antes de ele se virar para
olhar para o teto espelhado. Minhas bochechas coraram de
vergonha. Baixei a voz e respondi: -Eu não gosto de você.
-Mas você já gostou.
-Não, eu não gostei.
-Com certeza, não foi o que me pareceu.

Isso foi uma escavação de como as coisas terminaram
entre nós? Ele provavelmente estava aturdido, eu hesitante
me desculpando.
-Me desculpe, eu te fazer sentir isso, Gabriel.

Realmente. Eu sempre gostei de você ... mesmo quando eu
disse ... bem, você sabe.
Eu estava dizendo a verdade, mas eu não podia culpá-

lo se ele não acreditava em mim. Eu nunca deixei de gostar
dele, mas deixando sua cama, recusando a oferta para ser
sua única garota, e nunca mais falando com ele, com certeza
nada apoiava minha declaração.
-Sim?
-Sim.- Eu podia ver nos olhos dele que ele sabia o que
eu estava falando.
‘Não há nenhuma maneira, nem no inferno, de eu ser

sua namorada, Gabriel. Eu sei quem você realmente é. Eu
não sou louca o suficiente para colocar-me nesse tipo de
miséria. Eu valho mais do que apenas ser um entalhe em seu
cinto. Muito mais.’
A voz estridente dos meus 17 anos de idade

desapareceu da minha memória, deixando-me sozinha com o
homem de 25 anos de idade, cujas palavras cruéis eu tinha

dito uma vez. A tristeza tomou conta de mim, então, mais
uma vez me perguntei se tinha cometido um erro em afastá-lo
de mim.
-Estou feliz por finalmente saber.- Seu olhar preguiçoso

brilhou com alegria, quase disfarçando um brilho de tristeza.
A culpa me arrepiou. Isso era arrependimento.
Gabriel Gordon o bilionário era invencível e

impermeável à fraqueza mortal. Gabriel o rapaz que eu tinha
visto por tanto tempo não era. Eu sabia que melhor do que
acreditar no exterior era uma indicação real do interior de
uma pessoa.
A ternura evaporou-se quando o ouvi pedir

presunçosamente: -Então, por quanto tempo você me
desejava, Emma?
-O... O quê? - Eu gaguejei, aparentemente, ainda

incapaz de falar coerentemente.
- Te desejava? Será que você realmente só usa a

palavra ‘desejo’?
-Foi só no último ano ou todos os quatro do colégio?

Aposto que foi todos os quatro, não foi?- Gabriel se aproximou
mais.

-Quero dizer, você passou muito tempo olhando para
mim. Tinha que ser mais do que apenas a minha beleza.
Cruzei os braços e descruzei, sentindo-me como uma

adolescente desajeitada novamente.
- Isso é muito arrogância sua.
-Claro que é. Sou sempre arrogante. Agora, responda a

pergunta.
-Eu não tenho de responder a isso, Gabriel. E você

realmente não deveria estar me perguntando.
-Oh, sim. Não é! - Ele se inclinou mais perto e

murmurou:- Isso é o que eu estava perdendo.
Confusa, eu fiz uma careta.
-O que você está falando?- Meu tom azedo devia alerta-

lo. Em vez disso, ele fez uma expressão de prazer.
-Essa atitude, Emma, forma uma pequena ruga, bem

aqui, vejo que não está maior, isso só acontecer quando você
está falando comigo.
- Seu dedo tocou a ponta do meu nariz levemente.

O breve toque de Gabriel me aqueceu. Meu corpo
reconheceu instantaneamente a sensação, que floresceu com
alegria por senti-lo novamente. Aparentemente, ele também
não tinha esquecido da longa noite de tempos atrás.
-Não é agradável você apontar minhas rugas, Gabriel.
-Mas são minha rugas, Emma. Estou muito orgulhoso

de sua existência.
Engasguei com uma risada e tentei disfarçá-la como

uma tosse. Ele viu através de mim. Mais uma vez.
-Então me diga, Emma ...- Ele falou meu nome de uma

forma que eu não tinha escutado em tantos anos.
-Sim? - O elevador subia acentuadamente mais. Eu

tinha certeza de que agora eu deveria ter alcançado meu
andar. Ainda bem que estava enganada, deixei-me aproveitar
o momento de estar mais uma vez com o homem que sempre
me fascinou.
Gabriel deu um passo mais perto. Elevou-se sobre mim,

me fazendo totalmente consciente de seu corpo. Mesmo que
eu tivesse crescido alguns centímetros, parece que ele
também cresceu. Eu voltava a ser uma folha de grama se
esforçando para crescer na enormidade da sombra de Gabriel.

Ou um golpe contra a tranca na janela, querendo tanto entrar
e se tornar a sua luz.
Os lábios de Gabriel rolaram em outro sorriso incrível.

Ele estendeu a mão e correu um dedo contra minha
bochecha. Fechei os olhos, achando mais difícil respirar. Eu
tinha ido tão rapidamente de ressentida para essa sensação
de fraqueza. Eu queria inclinar-me para mais perto dele, para
descansar minha cabeça em seu peito e ouvir o seu batimento
cardíaco.
-Há quantos anos foi isso?
Eu olhei para ele em confusão. Era difícil pensar

enquanto seu dedo continuava seu lento deslizar para cima e
para baixo na minha bochecha quente.
- Quantos anos foi o quê?
-À quantos anos você gostou de mim, Emma? -Seu

olhar escureceu, enquanto olhava para a minha boca.
-Quantos anos você gostou de mim assim como eu

gostava de você?
Havia muitos 'gostos' nessa frase. Uma mulher deve ter

alguns segredos, mas ali, tão perto de seu rosto requintado e

me vendo refletida em seus olhos azuis tão cristalinos, eu
decidi que isso era algo que não tinha que manter mais.
-Mais tempo do que eu mesma percebi. E muito tempo

depois da formatura.
Gabriel assentiu lentamente, aparentemente ainda

fixado na forma da minha boca.
-Eu queria ter percebido isso naquela época.
Um pequeno zumbido apareceu na minha garganta. Eu

balançava em sua direção. Sua mão esquerda em meu rosto,
movendo-se para baixo até que seus dedos se enroscaram em
volta do meu pulso.
-Quase posso morrer de arrependimento? Perguntou

Gabriel abruptamente, em um quase sussurro áspero.
Meus olhos se arregalaram. Chocada com a sua

pergunta, eu olhei por cima do ombro, vendo o assistente
ainda em silêncio agora ali em volta, discretamente virando-se
para nós.
-Não olhe para ele! Fique aqui comigo.
Obedeci imediatamente, sem olhar para trás, não

conseguia me orientar. Minha mente estava em um

amontoado de emoções para dar algum sentido a minha
reação incomum.
-Alguma vez você se arrependeu de dizer não a mim?

Eu preciso saber, Emma.
Eu pendia sobre a questão, me sentindo como se eu

não devesse responder apenas porque ele exigia de mim. Foi
instintivo. Eu não queria ser controlada por qualquer pessoa,
não importa o quão sedutor o comando fosse. Ainda assim,
Gabriel nunca se encaixou nos parâmetros que estabeleci
para mim e para meu mundo.
Ele não se encaixava era por isso que eu sabia que

Gabriel era perigoso e devia correr dele. Ele me atraia por ser
como o sol, para mim. A tentação de amá-lo por simplesmente
existir e ficar para sempre fora do meu alcance.
Então, eu lamentava ter dito não? É claro que eu sim.

Mas, novamente, talvez eu fosse louca, porque eu ainda não
podia encarar a possibilidade de dizer sim.
-Eu me arrependi, mas...
-Não, eu não quero ouvir o resto.

-Gabriel fechou os olhos. Um tremor passou por ele.
Todo o seu corpo foi relaxando, aliviando uma tensão que eu
não vi que ele carregava, até que foi embora.
-Eu finalmente sei o que precisava saber.
Por um momento fiquei com uma antecipação suspensa

até que perguntei baixinho: -O que?
Gabriel me encarou novamente com seu olhar

brilhante.
-Não foi só eu.
A respiração deixou meu corpo. Meus dedos coçaram

para traçar as linhas nítidas de suas maçãs do rosto.
-Não, não foi só você.
-Então eu assustei você, não foi?
Assustou? Eu estava assustada agora. Ele era todo

brilho e estava muito além da minha realidade. As
comparações entre o seu mundo e o meu, sempre me
deixaram desorientada, como um visitante em um castelo
perfeito. Algo primoroso feito para ser experimentado e
cobiçado, mas apenas por um curto período.

Olhe, mas não toque.
-Sim. A palavra saiu antes que eu pudesse impedi-la.
- Você ainda o faz.
-Eu sinto muito por isso, Emma. Eu realmente sinto.
O elevador parou e as portas se abriram. O horário de

visitação havia terminado. Eu torci meu pulso. Gabriel me
soltou. Passei minhas mãos pela saia, eu dei um breve e
trêmulo sorriso.
-É melhor eu ir andando.
-Por quê? Acabamos de começar a nossa conversa.
-Eu cheguei no meu andar.
-Sério? Tão rápido?
-Sim.
Ele olhou por cima de seu ombro.
-Andar vinte e oito. Med- Tech. Você acabou de se

mudar.

Eu fiz um gesto afirmativo, de repente desejando que
não tivesse que sair. Eu amava o jeito que ele tinha acabado
de me olhar, docemente como se eu fosse uma visão preciosa.
Como Gabriel ainda tinha o poder de fazer isso comigo? Onde
estava a minha parede, a que eu freneticamente construí e
reconstruí quando ele decidiu me conquistar sete anos atrás?
Eu estava tão suscetível aos seus encantos, como todas as
outras?
Eu realmente tinha que fazer essa pergunta quando eu

já sabia a resposta?
Eu tinha que colocar uma distância entre nós.
-Foi bom ver você, Gabriel, mas eu tenho que ir. Eu fiz
a volta ao redor dele, mas ele deu um passo na mesma
direção, me bloqueando.
-O que você está fazendo?
Gabriel ignorou minha pergunta. Um divertimento

surgiu em seu olhar.
-Você gosta de trabalhar aqui?
-Sim.
-Como assim?

- Gosto muito.
-Alguma chance de você sair?
-Por quê? -Meu estômago se apertou. E se eu tivesse

exagerado, e interpretado errado a situação? Talvez Gabriel
não sentisse essa atração como eu, assim como eu pensava
no mês passado.
-Eu poderia usar uma mente brilhante como a sua na

Gordon Industries.
Deixei escapar uma risada incrédula, aliviada porque

ele não estava me pedindo educadamente para encontrar
outro lugar para trabalhar, longe dele e do seu prédio high-
tech.
-Você está brincando!
O sorriso de Gabriel morreu. Ele balançou a cabeça.
-Não. Eu não estou. O que você faz na Med-Tech?
-Eu sou uma analista júnior.
-Isso não me surpreende. Qual divisão?

-Vendas e Marketing.
Ele acenou com a cabeça.
-Você deveria vir trabalhar para mim. Quanto tempo

seria necessário para dar o seu aviso?
- Você está ... Gabriel ... você está ... você perdeu o
juízo?
- De maneira nenhuma.
-Eu não vou trabalhar para você. Eu gosto de onde

estou.
-Tudo bem. E se eu dobrar seu salário atual.
-Não! Não se trata de dinheiro.
-Se não é dinheiro, então o que seria necessário para

levá-la a vir trabalhar para mim?
-Nada!
-Não diga essas coisas para um homem como eu,

Emma-, avisou com um sorriso preguiçoso.
-Vejo isso como um desafio que eu não posso resistir.

Eu tentei passar por ele novamente. Ele me bloqueou
mais uma vez.
-Gabriel! Deixe-me passar!
-Ainda não.
-Mas eu tenho que voltar do almoço.
- Eu odiava o tom de choramingo da minha voz. Tentei

novamente.
-Eu tenho que ir.
Gabriel se aproximou de mim. Dei um pequeno passo

para trás antes de bater na parede. Seus braços me
prendendo. Inclinando-se para frente, ele falou : -O que
aconteceria se eu a mantivesse comigo? Vamos dizer, e se eu
não deixasse você sair deste elevador, se em vez de te deixar
descer no seu andar, eu te manteria no meu escritório pelo
resto da tarde. Então, o que você acha poderia acontecer com
você?
Dada à cadência íntima do seu tom de voz, eu gostaria

de poder dizer que eu imaginava muita carne exposta, mas eu
não podia. Lembranças da nossa única noite juntos levou-me
a querer ser possuída mais uma vez. Gabriel poderia ter sido

apenas um menino na época, mas ele me deu o melhor prazer
da minha vida. Como seria agora?
Vertiginosamente intenso. Faríamos amor por horas,

parando apenas para recuperar o fôlego antes de começar de
novo. Gabriel poderia me levar em sua mesa, chão, parede e
ainda não seria suficiente para mim.
A luxúria me dominou, queria enredar os dedos no seu

cabelo enrolado docemente em sua nuca. Eu queria levantar-
me na ponta dos pés e por meus lábios no seu, provocando e
tentando-o para tomar o que eu temia dar.
Gabriel sussurrou meu nome, me puxando para longe

do meu lado sedutor, auto destrutivo. Jogando água fria na
minha paixão reprimida, eu balancei minha cabeça. Mais
uma vez, eu mal conseguia me lembrar do que ele havia
pedido.
-Eu não sei.
-Eles não iriam gostar do seu atraso.
-Por que você quer isso?- O sorriso impertinente de

Gabriel me deu um calafrio.
-Assim você estará livre para trabalhar para mim.

-Bem , eles não me demitiriam por isso e mesmo que
eles fizessem, eu não iria trabalhar para você.
Gabriel deu um passo atrás e cruzou os braços. Ele

olhou para mim, eu tinha que lutar contra a vontade de ficar.
- Duvido.
Olhei em volta e notei o assistente de Gabriel. Eu senti

vergonha de ter esquecido dele no último minuto.
-Seu chefe é sempre assim? - Eu perguntei a ele,

exasperada, esperando receber um olhar discreto.
Em vez disso, o homem mais velho tirou a atenção do

teto, me olhou diretamente nos olhos e respondeu
enfaticamente - Nunca.
Oh. Inábil em cobri-lo.
Gabriel por cima do ombro -Rick, vá em frente sem

mim. Eu vou depois de levar a Sra. Adams para sua sala.
-Com certeza , Gabriel.
-Eu não preciso de você para me acompanhar.

-Silêncio, Emma.- Ele diminuiu a distância entre nós,
até seus sapatos tocarem os meus. Mantendo seu corpo
musculoso firmemente no caminho entre eu e a porta ainda
aberta, ele declarou: -Estamos em negociações.
-Não, não estamos.
-Rick?
Rick fez uma pausa apenas dentro do elevador.
-Sim?
-Eu ainda tenho um convite a mais para hoje à noite,

certo?
-Claro.
-Apenas um foi preenchido.
-Eu vejo isso. Eu vou ligar para confirmar e colocá-la

na lista.
- Colocar quem na lista? - Eu perguntei a Gabriel, já

sabendo a resposta, mas incapaz de acreditar na audácia.
-Você, sua boba.

-Você tem que estar brincando!- As coisas estavam se
movendo muito rapidamente. Eu não conseguia manter meus
pensamentos em ordem.
Gabriel sacudiu a cabeça gravemente.
-Eu nunca brinco quando se trata de você, Emma.
Meu olhar mais uma vez se lançou sobre seu ombro

largo para chamar a atenção de Rick. Infelizmente, ele já
havia saído do elevador, segurando com a mão quando um
casal tentou entrar.
-Sinto muito, mas este não está descendo.
-Nós estamos subindo.
-Ah, eu também, nós vamos pegar outro por aqui.
As portas se fecharam, deixando-me sozinha com

Gabriel. Ele se afastou de mim e inseriu uma chave no painel.
O elevador permaneceu no meu andar. Gabriel olhou para o
teto e fez um movimento em seu pescoço com a mão. Então
caminhou de volta para o meu lugar no canto e sorriu.
-Agora, onde estávamos?
-Para quem você estava sinalizando?

- O segurança.
-Por quê?
-Eu não quero nenhum segurança nos observando.
- A expressão no meu rosto o fez rir muito.
-Não se preocupe, Emma. Eu não vou molestá-la em

um elevador. Ainda não.
Oh, meu Deus!
Fiquei com a língua presa, assim como eu ficava na

escola quando Gabriel dizia algo escandaloso.
-Por que você fez o seu assistente sair?- Eu consegui

perguntar num sussurro conciso.
-Porque eu queria falar com você em particular-, ele

imitou.
Agora ele queria falar comigo em particular? -Sobre o

que?
-Sobre você-. Gabriel estudou a minha boca, fixando

nela como se estivesse na noite do nosso primeiro beijo.

-Só sobre você.
Pisquei rapidamente, sentindo sobrecarregada com a

sua presença e as minhas memórias deliciosas.
-Gabriel?
-Sim, Emma?
Deus, como eu sempre amei o modo como ele dizia meu

nome! Uma onda de calor passou por mim.
-Onde você quer chegar com isso? -
-Até onde eu possa ir. E, em seguida, mais além.
Eu tenho que admitir que meu coração pulou mais do

que algumas batidas. Ainda assim, eu tinha que perguntar.
-Por quê? Você nem sabia que eu estava aqui até

poucos minutos atrás.
-Sim, uma terrível vergonha. Você deveria ter vindo até

mim, ver-me em seu primeiro dia, em vez de se esconder.
Eu queria chiar que eu não tinha me escondido, mas

nós dois sabíamos que era mentira.

-Eu nunca teria feito isso, Gabriel.
-Eu sei.- Ele estendeu a mão e tocou nas pontas do

meu cabelo.
-Você faz isso com todas as meninas do seu passado

que você se depara?
-Não.
-Então, por que eu? -
-Eu passei bastante tempo pesando em você, Emma.

Eu não gostaria de passar mais tempo assim.
- Trazendo uma mecha do meu cabelo até o nariz,

Gabriel inalou profundamente.
-Seu cabelo cheira tão bem.
Eu não sabia o que dizer. Dez minutos atrás, tudo que

eu conseguia pensar era a importação de dados prevista para
às três. Agora Gabriel estava diante de mim e ordenadamente
dizimou minha compreensão do mundo e, aparentemente,
também gostou do meu shampoo.
-Gabriel ... eu ... que diabo!

-Bem, isso é um começo promissor-, ele brincou.
Gabriel sacudiu o queixo com o meu cabelo antes de liberá-lo.
-Agora, para as negociações.
-Você está falando sério?
-Absolutamente.
- Ele se inclinou contra a parede à minha frente e

colocou as mãos nos bolsos. Sua posição ocasional estava em
desacordo completo com o aço correndo em suas palavras.
-Eu vou te ver todos os dias. Você pode trabalhar para

mim a fim de facilitar as coisas ou você pode comer pelo
menos uma vez por dia comigo. Sua escolha.
-Todos os dias? - Eu não tinha intenção de deixar o

meu trabalho para satisfazer seus caprichos, nem almoçar
fora todos os dias, por isso, por que eu estava mesmo
entregando a ele?
Por que você gosta dele. Por que você quer que ele a
persiga novamente. Por que você sempre sentiu falta dele
desde que disse adeus.

-A menos que eu tenha um compromisso. Nesse caso,
você vai se juntar a mim para o jantar.
-E se eu tiver planos?
-Trabalho ou pessoal? -
- Qualquer um-
-Se for trabalho é inevitável até que você esteja

trabalhando para mim. Pessoal terá de ser cancelado a menos
que haja uma boa razão para não. Alguma outra pergunta?
Sua prepotência agradou-lhe, provavelmente, como

pretendido.
-Isso é malditamente arrogante da sua parte, Gabriel.
-Nós já estabelecemos esse traço pessoal, Emma.
-Sim, mas você ainda toma isso como um elogio,

quando não é.-
Ele envaideceu-se, polindo as unhas na lapela.
-Então, qual é a sua resposta?
Eu suspirei.

-Ok, um almoço e talvez um jantar.
Gabriel sacudiu a cabeça.
-Inaceitável. Quero todos os seus almoços e jantares.
Minhas mãos encontraram o caminho para os meus

quadris. Meu condenável orgulho surgiu para me causar mais
problemas.
-Meu noivo não irá gostar disso, Gabriel.
-Eu não sei por que eu disse isso, especialmente

considerando que eu nunca tinha tido realmente um noivo,
mas agora era tarde demais para voltar atrás.
Droga, droga, droga!
-Tenho certeza que ele não gostaria ... se ele existisse.
-Desculpe-me? - O calor subiu em meu pescoço. Eu

mentia tão mau ou Gabriel achava que fosse impossível para
mim encontrar um noivo? Qualquer opção seria péssima.
-Você me ouviu. Você não tem um noivo.-. Ele sorriu.-

Eu verifiquei o sua mão, Emma. E ela está maravilhosamente
nua. Tanto que, se você tivesse, um cara especial na sua

vida, ou qualquer coisa menos grave do que um marido, teria
sido uma das primeiras coisas que você diria para mim. E se
por acaso você realmente tivesse um, eu duvido que você ia
mantê-lo por muito tempo, principalmente agora que você se
reencontrou comigo.
A ousadia deste homem! Eu me irritei porque era

verdade. A maior parte do que ele disse. Chega disso.
Derrotada, eu levantei meu queixo e tentei remendar um
verniz de dignidade.
-Tudo bem, não há nenhum noivo.
-Sim, eu sei.
-Você poderia, por favor, não esfregar isso na minha

cara, Gabriel?
-Eu não sonharia com isso. Agora, uma resposta, por
favor.
Eu cruzei os braços.
-Por quanto tempo?
Gabriel respirou fundo, olhando por cima da minha

cabeça, como se estivesse considerando seriamente a questão.
O pequeno sorriso brincando nos cantos de sua boca,

deixando-me saber que ele já tinha uma resposta muito antes
de eu fazer a pergunta.
-Quanto, cerca de um mês? -
-Um mês.
-Muito pouco? Muito bem, dois meses.
-Eu não disse que era...
-Tarde demais. Dois meses de almoço, ou jantar.
-Quando eu permaneci em silêncio, Gabriel disse:-

Vamos, Emma. Diga que sim. Você sabe que quer.
-Você dificilmente vai me fazer falar isso, Gabriel.
-Ah, eu esqueci. Seu maldito orgulho. Vamos fazê-lo de

outra forma, então.
Baixei as sobrancelhas e olhei para ele. Gabriel apenas

riu.
-É apenas dois meses, certo? E se faz diferença, veja

como uma reconciliação amigável entre dois amigos.

-Nós não éramos amigos,- eu disse em voz baixa,
incapaz de parar.
-Como poderíamos ser? Você era você e eu era eu.
-Sério?- Gabriel deu de ombros e admitiu: -Eu sempre

pensei em você como a única amiga de verdade que eu fiz
naquela época.
Era como se o chão se abrisse sob os meus pés. Eu

nunca sequer considerei que ele pensasse em mim como algo
mais do que a menina irritante que o recusou. A conversa, de
repente estava tomado uma curva acentuada num território
que eu não estava pronta para ir.
Gabriel continuou como se eu não tivesse

inadvertidamente o insultado.
-Risque a reconciliação amigável. Pense nisso como dois

conhecidos que tentam ser amigos. Ou talvez...
-Pare. Ok.
-Tudo bem com meus termos?
-Sim.
Gabriel se endireitou.

-Tudo bem então.
Por que eu estava aceitando tão rápido? Porque eu

queria. Porque eu sempre quis ceder e agora eu finalmente
consegui. Eu não era uma jovem à beira de traçar seu próprio
caminho longe da pobreza. Eu era somente uma mulher e a
mulher que eu era queria isso. Pelo menos por um tempo. Eu
não percebi, quando eu o afastei sete anos antes, quanto senti
falta de sua presença. Esta foi a minha maneira de recuperar
o tempo perdido.
-Agora, para o próximo ponto, Emma ...
Eu segurei minhas mãos para cima.
-Não. Você ganhou a questão de me alimentar. Agora,

eu realmente tenho que voltar ao trabalho. Estou cinco
minutos atrasada.
Ele suspirou, fez beicinho, e depois deu de ombros.
-Está adiado, então.
-Não está adiado. Está feito.

-Não é um acaso! - Gabriel reinserindo sua chave no
painel. Ele apertou um botão e as portas imediatamente se
abriram.
- Você é a minha próxima campanha, Emma. Eu não

vou desistir até você dizer 'sim'.
-Sim para quê?
-Para tudo. Agora, vamos?- Gabriel estendeu o braço e

esperou.
Foi então que eu percebi uma vez por todas que nada
tinha realmente mudado. Meu coração ainda ansiava por uma
coisa que ele nunca poderia ter. Amá-lo era como tentar amar
o que estava destinado a queimar ao sol, eu.
Estendi a mão e encostei o meu braço com o dele.

Estremeci como se queimasse.
-Você está bem?
-Tudo bem.
O sorriso de Gabriel acalmou simultaneamente com

minha ferida ao fazê-lo doer.

Capítulo 3
-Emma, quanto tempo mais você vai me fazer esperar?

Você está demorando muito, todo mundo já se foi. Emma?
Emma?
Eu olhei para a tela do computador, com a intenção de

digitalizar a folha de cálculo e ignorando o homem relaxado,
que estava ocupando quase todo o espaço no meu cubículo
minúsculo.
Passaram-se alguns momentos de silêncio.
-Emma?
Senti minha cadeira ir para frente. Ele chutou a base

dela com o pé! Sentei-me em linha reta e perdi toda a
paciência da minha alma.
-O que é isso, Gabriel?- Fiquei muito orgulhosa de como

eu parecia calma quando tudo que eu queria fazer era dar um
tapa na perna dele. Foi difícil.
-Quanto tempo mais? Já passa das seis.
Eu bufei e virei minha cadeira. Ninguém nunca iria

imaginar que este homem era um bilionário por seu próprio

esforço, principalmente pela quantidade de lamentação que
eu tive de ouvir nos últimos dez minutos.
-Eu não deveria ter deixado você me acompanhar até

minha mesa. Na verdade, eu não deveria ter deixado você
entrar dentro da empresa.
-Por que não?
-Por que, você não estaria aqui agora e eu poderia

trabalhar em paz.
-Isso não é uma coisa agradável para se dizer, - ele

apontou, com uma cara ferida, me fazendo inexplicavelmente
ter problemas consciência. Antes que eu pudesse murmurar
um pedido de desculpas, um sorriso perverso o fez ser o
menino travesso, de sempre.
-Além disso, você não 'deixou-me' vir aqui. Eu teria

vindo de qualquer maneira. Sou o dono do prédio, lembra? Eu
posso ir para onde eu quiser.
-Sim , mas eu ainda me arrependo.
Mais cedo, quando nos encontramos para o almoço,

percebi vários olhares curiosos das mulheres que trabalham
na Med-Tech. Algumas reconheceram Gabriel e
imediatamente olharam com especulação. Ele levou tudo na

esportiva, mal reconhecendo a crescente atenção e se
concentrado em mim. Era como estar no ensino médio
novamente.
Quando chegamos ao meu cubículo, ele deu uma

olhada para ele e perguntou: -Este é o lugar onde você
trabalha?
-Sim.- Eu estava muito orgulhosa do meu espaço. Eu

fui a primeira pessoa da minha família a ter um emprego em
um escritório. Minha mãe tinha pulado em delírio quando eu
enviei-lhe as fotos do meu novo espaço. (Ela não acreditava
em fotografia digital, preferindo que eu envia-se cópias de
quaisquer imagens importantes.) Eu também
propositadamente esqueci de dizer a ela que estava no prédio
do meu companheiro de formatura.
Gabriel continuou a estudar o espaço com uma careta.
-Olha como é ridiculamente pequeno! Você mal pode se

mover. Os prisioneiros têm mais espaço do que isso.
-Gabriel! Psiu! - Eu avancei e cobri a boca com a mão.

Sua boca quente beijou minha mão. Senti a marca do beijo
me queimar. Puxei minha mão de volta, totalmente ciente do
formigamento se espalhando por todo meu corpo. Abaixando
a minha voz, eu sussurrei, -Eu trabalho aqui e acontece que
eu gosto muito.

Seu sorriso prometia que não seria por muito tempo.
Não querendo dar oportunidade de trazer aquela ridícula
oferta de emprego, eu disse, - Além disso, eu tenho certeza
que os cubículos em seu piso são do mesmo tamanho.
-Não, eles não são. Eles são pelo menos duas vezes
maior.
-Sério? Você tem certeza?
-Claro.
Gabriel ficou por mais um minuto antes de prometer

voltar às seis. Quando lhe perguntei por que, ele revirou os
olhos.
-Não me diga que você já esqueceu? Temos um

encontro hoje à noite para uma festa beneficente.
Eu tinha esquecido. Eventos formais não estavam no

alto escalão da minha lista de coisas maravilhosas para fazer.
- Eu não tenho certeza, Gabriel. Eu realmente não gosto

de...
-Você vai gostar deste.

Eu tentei outra desculpa, ele não podia ser tão mau
para negar .
-Eu não tenho nada para vestir.
-Eu vou cuidar disso.
Quando abri minha boca para discutir, Gabriel me

tocou nos lábios e ordenou: -Vá trabalhar, Emma. Vejo você
em breve. Não tente fugir do edifício. Tenho os olhos em todos
os lugares que você conhece.- Ele saiu tão rápido, deixando-
me perplexa e me perguntando como eu perdi o controle da
situação.
Isso foi às quatro horas. Agora, tudo o que Gabriel

queria era me fazer parar de trabalhar.
- Então, você ainda não terminou?
-Não.
-Emma, está praticamente vazio por aqui. Ninguém

mais está trabalhando.
-Você não tem que ficar, Gabriel.
-Mas eu quero.

-Então, por favor, fique em silêncio.
- Eu levantei uma sobrancelha e esperei um pouco

antes de voltar a cadeira.
Assim que voltei a me concentrar na tela do

computador, ele reclamou: -Você realmente não mudou, não
é? Você sempre foi tão malditamente exigente sobre o seu
trabalho na escola. Toda vez que eu tentei levá-la a matar
aula e se juntar a mim para um almoço mais cedo, você
sempre dizia que não podia por causa do trabalho.
-E você não era exigente o suficiente, Sr. Eu dormi com

toda a classe durante os Quatro Anos.
Imaginei o sorriso de auto satisfação estampado em seu

rosto quando ele casualmente comentou: -Ah, mas valeu a
pena. Confie em mim. Além disso, eu acho que acabou tudo
bem.
-É claro que sim. Você já tinha uma boa vantagem na

vida, Gabriel. Eu não posso dizer o mesmo e é por isso que eu
tenho que trabalhar como um cão, entendeu?
-Eu só vim com algo como dez milhões ou mais. Apenas

um pouco de dinheiro. Fiz outro 997 milhões por conta
própria.

- ele murmurou baixinho.
-Lá vamos nós de novo? Eu não entendi direito, Sr.

Gordon.
-Não é nada-. Gabriel pigarreou.
-Posso te perguntar mais uma coisa?
Eu me inclinei na minha cadeira e olhei para o teto.
- Pergunte só mais uma coisa, em seguida, deixe-me

trabalhar em paz, ok?
-Nós realmente vamos precisar sair dentro dos

próximos dez minutos. Você pode fazer isso por mim?
Suspirei e girei a minha cadeira. Olhei para o meu

relógio, calculando mentalmente o que eu precisava terminar
e quanto tempo levaria.
-Eu posso fazer isso em três minutos, mas só se tiver

um absoluto silêncio.
-De acordo-. Gabriel fechou sua boca, atravessou uma

longa perna sobre a outra, e apertou as mãos sobre o joelho.
Eu não pude deixar de rir.

-Você é uma criança.
-Só para você. Ops! Eu vou ficar quieto agora.
Ainda rindo, voltei para o meu trabalho. Eu verifiquei as

linhas finais das figuras, garantindo que todos os dados
tinham sido importados corretamente, sem quaisquer campos
abandonados. Tudo tinha que estar certo, porque amanhã eu
ia pegar um monte de dados e traduzi-los em uma série de
gráficos que mostram como cada um dos produtos tinha
atingido sua meta no último trimestre.
Eu amava os números e realmente gostava do meu

trabalho.
Apenas alguns segundos para completar três minutos,

salvei e fechei o arquivo.
-Concluído.
Gabriel pulou imediatamente de sua cadeira.
-Pronta?
-Deixe-me desligar o computador e, em seguida,

podemos ir.

-Depressa. .
Eu mal tinha conseguido desligar o monitor quando

Gabriel pegou meu braço.
-Vamos, Emma.
-Por que você está com tanta pressa? - Eu mal consegui

pegar minha bolsa, antes que ele me conduzisse para fora da
sala.
Gabriel olhou por cima do ombro para mim e sorriu.
-Temos que prepará-la, Cinderela.
Lutei para manter-me ao seu lado, com seu passo de

pernas longas.
-Gabriel, vá mais devagar.
-Não há tempo.- Ele parou e me pegou em seus braços.

Gritei de surpresa. Gabriel me jogou no ar e deixei escapar
um grito estridente.
-Ponha-me no chão ! -
-Não, eu gosto de onde você está. Embora eu ache que

você ensurdeceu um dos meus ouvidos.

- Ele me jogou para cima e eu gritei novamente.
-É melhor você segurar ou eu vou continuar te jogando

para o ar.
Eu coloquei uma mão no topo de seu ombro. Mas para

ele isso não era o suficiente.
-Mais apertado, Emma. Mais apertado ... apertado ...

muito apertado ! O caminho é muito apertado ! -
Eu relaxei meu aperto em torno de seu pescoço,

enquanto falava, -Gabriel, eu trabalho aqui! Alguém pode nos
ver!
-Não... Ninguém está aqui para ver você tentar me

estrangular.- Ele virou-me em um círculo completo,
mostrando-me todos os cubículos vazios e escritórios escuros.
-Está vendo? É sexta-feira. Todo mundo está fora

vivendo suas vidas.
-Exceto eu, né?
-Bem, sim, mas não mais, porque eu estou aqui para

salvar a sua noite.

Eu gemia e falava para os céus.
-Por que eu acho que vou acabar lamentando isso?
-O que há para se arrepender? Somos dois conhecidos

do ensino médio que por coincidência trabalham no mesmo
prédio.
- O seu prédio.
-Um detalhe insignificante que não tem relação com a

história, Emma. Então lá.- Ele caminhou pelo corredor e por
uma porta lateral que eu nunca tinha notado antes. Gabriel
leu corretamente minha expressão de surpresa.
-Você vê, isso realmente prova o meu ponto de que você

é muito séria. Você precisa sair mais. Explorar. Viver.
Conhecer todas as portas de seu trabalho. Não deixe que o
homem te segure menina.
-Gabriel, meu bem, você é o homem. E eu ainda digo

que você não é sério o suficiente.
-Nós vamos ter que concordar em discordar, não é?-

Gabriel me levou em um elevador, felizmente vazio.

-Ele cantarolou, Garota de Ipanema. Eu comecei a
cantarolar também o que o encorajou a balançar de um lado
para o outro comigo em seus braços.
Deus, eu não queria que nada disso tivesse fim. Gabriel

me fazia sentir viva e conectada com o mundo ao meu redor.
Ele era a cor ao meu incolor, paixão à minha paixão.
A música terminou rápido demais. Embora eu adorasse

sentir seu corpo contra o meu, alguém tinha que ser o adulto.
Provavelmente não faria bem para a sua reputação ou a
minha ser visto desta forma. Ainda assim, eu gostaria de
continuar jogando com Gabriel um pouco mais.
-Eu acho que você pode me colocar no chão agora.
-Será que eu realmente preciso?
Ok , vamos ser maduros.
-Você pode me levar mais tarde quando os meus pés

doloridos recusarem-se a dar mais um passo.
Ele considerou isso por um pequeno momento .
-Negócio fechado.

Gabriel me pôs em pé suavemente. Eu tinha perdido
seu toque. Obriguei-me a ficar de pé ao seu lado. Eu não me
permiti inclinar minha cabeça contra seu braço, não tirei a
mão bonita que pendia meros centímetros de distância da
minha.
Ele é tão perigoso, especialmente porque ele não age

como se fosse. Se ele soubesse a bagunça que faz em mim...
Como se tivesse ouvido os meus desejos secretos,

Gabriel pegou minha mão, quando as portas se abriram.
-Vamos, Emma! Nós vamos nos divertir muito esta

noite, eu prometo.
Seu entusiasmo juvenil era contagiante. Deixei de lado

minhas preocupações, sabendo que não ia dar em nada,
apenas para ver onde tudo isso ia me levar, hoje à noite.
Aliviada por minha decisão impulsiva, eu me encontrei
correndo ao seu lado.
Na recepção, à medida que acenava a direita Gabriel

gritou uma despedida para os guardas de segurança.
-Até mais, Bobby! Mantenha-o tudo em ordem, Sr.

Jackson!
-Até, Sr. G.-, responderam em uníssono.

-Sr. G? Eu gosto!- Eu sussurrei.
Gabriel riu e correu pela porta da catraca. Nós

chegamos na calçada lotada, de mãos dadas, sem fôlego e
tontos. Gabriel ia de encontro à multidão até que chegamos a
uma limusine que esperava junto ao meio-fio. Um jovem
negro prontamente saiu do veículo. Ele acenou para nós
quando abriu a porta.
-Emma , este é Waylon. Waylon, esta é Emma.
-É muito bom conhecê-la, senhorita Emma.
- O motorista moveu os dentes, uma sombra de um

sorriso de verdade, mas no entanto amigável.
-Da mesma forma, Sr. Waylon.
-Só Waylon, senhora.
-Ele inclinou a cabeça e eu fiz o mesmo em troca.
-Agora que as apresentações foram feitas ...
- Gabriel me puxou para dentro, onde a porta se fechou

atrás de nós. Caí contra o assento de couro, olhei para o lindo
anjo brincando de ser humano.

- Conversíveis já não são mais do seu agrado de modo
que conseguiu uma limusine? Essa é a sua condução para o
trabalho?
-Sim, bem, eu sou preguiçoso. Eu combato minha

preguiça com exercícios diários, mas mesmo assim não quero
andar muito.
-Você mora por perto?
-A alguns quarteirões de distância.
-Então, você vive a alguns quarteirões de distância e

ainda vem de carro para o trabalho?
Gabriel deu um sorriso ousado.
-Não julgue. Eu já te disse, sou preguiçoso. Mesmo que

eu não fosse tão preguiçoso, ainda há o clima. Os invernos
são brutais e os verões são tão ruins. De jeito nenhum eu vou
andando para o trabalho durante esses tempos.- Ele
estremeceu comicamente.
-Lembre-me de falar com você sobre o verde vivo.
Ele mordeu o lábio e murmurou: -O verde vivo. Ah, com

certeza.

Revirei os olhos dramaticamente.
-Você é incorrigível, e eu não posso acreditar que eu

estou aqui com você!
-O destino é uma senhora adorável.
-Estou feliz que você pense assim.
-Ahhh, seja agradável.
- Ele fez cócegas em meu queixo e riu quando eu bati

em sua mão.
-Convencida como sempre ... Eu amo isso!
Eu afastei quando ele estendeu a mão para mim

novamente. Em segurança e fora do alcance de seus longos
braços, eu cruzei as pernas.
-Então, onde você está me levando ? -
-Para às lojas.
-Lojas?- Um desconforto surgiu as bordas da minha

felicidade. Droga! Quando a contragosto concordei em ir, não

tinha pensado sobre o quando isso ia custar. Eu realmente
não queria um grande gasto em minha conta de poupança.
-Não me venha com esse olhar, Emma. Você disse que

não tinha nada para vestir. Estou ajeitando isso.
-Tudo bem, mas se mantenha dentro da razão. Sem alta

costura ou vestidos super caros. Se é isso o que você espera,
então pode muito bem me deixar para trás no escritório.
-Não se preocupe. Nós não vamos ao Baile Met. Para a

Função Beneficente você irá precisar apenas de algo bonito.
Nada super caro. Eu prometo.
-Posso confiar em você? -
-Com certeza.
- Gabriel deu um tapinha no espaço ao lado dele .
-Você está muito longe, Emma. Um pouco longe

demais. Por que você não vem um pouco mais pra cá? O
assento é muito mais agradável neste ponto, do que onde você
está. Esse ponto é irregular você sabe.
-Sério?

-Sim. Terrivelmente irregular. É pronto para machucar
você. Eu odiaria ter isso em minha consciência.
-Certo.- Eu lentamente deslizei em direção a ele até que

nós estávamos quase coxa com coxa.
-Você sabe que eu não me lembro de você ser assim.
-Enquanto eu me lembro de você ser exatamente assim.
Eu levantei a cabeça, curiosa para ouvir o que ele

pensava de mim.
-Como?
Gabriel fez um gesto elegante com seu pulso.
- Você era como um coelho adorável com dentes muito

afiados.
-Um coelho? Você me via como um coelho? Alimentos

de todos os predadores! .
-Mas um coelho com dentes muito afiados, Emma. Não

se esqueça sobre os dentes.
- Ele cruzou a perna e estendeu o braço ao longo da

parte superior do banco.

-Então como você me vê agora? Bem, eu espero.
-Brincalhão. Alegre.
-Eu também era assim, antigamente. Lembra-se? Eu

sempre brincava com você.
-Sim, mas é diferente. Naquela época...
-Minha voz sumiu. Gabriel esperou pacientemente eu

encontrar minhas palavras. Pensei em colocá-las com
cuidado, mas elas saíram embotadas.
-Naquela época, havia sempre uma corrente de raiva e

tristeza junto de tudo que você fazia. Você era um vulcão
prestes a explodir.
Gabriel não negou.
-Você sempre viu muito.- Antes que eu tivesse a chance

de responder, ele pegou minha mão.- E agora?-
Meu batimento cardíaco acelerou. Sentindo sua palma

da mão contra a minha. Esforcei-me para fingir que eu não
estava afetada pelo seu toque.
-Agora parece que você está mais feliz.

-As pessoas mudam. Normalmente, para melhor.
-Gabriel olhou para fora da janela, aparentemente

observando a vida acontecendo fora da limusine em um
movimento lento.
-Gostaria de ter sido minha, se eu tivesse sido como

agora, Emma? Feliz e não vulcânico?
Engoli em seco. Minha mão ficou com a de Gabriel.

Apertei-a, com coração dolorido, eu não poderia dizer-lhe
outra coisa.
-Não, eu não faria isso.
-Por quê? -
Eu poderia arriscar expondo-me, respondendo sua

pergunta? -Eu não queria ser apenas mais uma de suas
namoradas, Gabriel. Facilmente substituída, facilmente
esquecida. Eu não queria isso.
E eu me tornei de qualquer maneira, quando fui pra

cama com você depois do último baile. O fato de que nunca
pude esquecer você mostra o quão foi ruim.

-Você nunca esteve em perigo de ser como elas, Emma.
Não você.
Eu sempre quis acreditar, mas eu não podia confiar em

mim quando estava com ele. Forçando uma descontração que
não existia, disse alegremente: - Você diz isso agora, mas
tenho certeza que disse isso para elas também.
Sua grande estrutura endureceu.
-Eu nunca disse qualquer coisa do tipo para aquelas

meninas. Elas sabiam onde estavam se metendo.
-Então, por que elas saiam com você?
-Emma querida, eu odeio soar pretensioso, mas

realmente tenho que responder isso? -
-Não, acho que você não precisa.- Sentei-me ao lado

dele, desconfortável, mas determinada a saber mais.
-Então por que você saía com tantas? Como você pôde?
Gabriel manteve sua atenção na janela.
-Eu suponho que foi uma das razões.
-E a outra?

-O oposto.Porque você não me notou.
Pisquei rapidamente, chocada com a sugestão.
-Você está dizendo que queria que eu ficasse com

ciúmes? -
-Você ficou?
A questão pulsava entre nós, deixando-me na posição

de servir ao meu orgulho ou servir a minha verdade.
-Sim. Terrivelmente. .
Um leve sorriso surgiu em sua boca.
-Inteligente. Infelizmente, o próprio plano para levá-la a

me notar foi o que finalmente a levou para longe. Isso foi o
motivo pelo qual você me deixou, não foi? Porque você pensou
que eu era incapaz de estar com você por mais de uma noite.
Minha mão livre mostrou futilidade.
-Eu só não achava que você ficaria. Por que você faria?
Eu não tinha dinheiro, como você e eu não era nada parecida
com as meninas e mulheres que você saia. Seus amigos
nunca teriam nos aceito e eu duvido que você poderia me

levar para casa para conhecer seus pais. Estava condenado
antes mesmo de começar.
E provavelmente ainda está.
Deus, eu odiava como me fez soar lamentável!
-Oh, Emma.- Gabriel enfrentou me.
-Você estava sempre acima de todos nós. Como que

você não pode ver isso? E por que eu iria deixar alguém tão
preciosa como você? Você sabe por que eu dormia tanto em
sala de aula? Era para que você pudesse me olhar.
- Ele levou nossas mãos entrelaçadas até descansar em

seu coração.
-Foi pelo que eu vivi, por cada dia de espera, para que
você pudesse me ver, e olhar para mim como alguém que valia
a pena conhecer.
Minha mente e meu coração não podiam processar tudo

o que ele confessou. Era muito trágico pensar que eu tinha
sido a minha pior inimiga, ele veio como um homem que eu
tinha caído de amor, mas eu o afastei.
- Você está realmente me dizendo a verdade? -

-Sempre.
Meu olhar de repente úmido baixou para o meu colo.
- Será que eu realmente o julguei mal? - Eu olhei para

Gabriel, com vergonha da dor que eu tanto nos causei.
-Claro que você julgou.- Seu sorriso torto não fez nada
para diminuir a melancolia em seu olhar.
-Embora, eu não ajudei, não foi? -
Dei de ombros, incapaz de explicar como vê-lo saltar de

cama em cama tornou impossível acreditar que qualquer
coisa que nós compartilhamos foi realmente sentido por nós
dois. Afinal, eu ainda lembrava dele fazendo amor com
Brandy Peterson sobre uma mesa.
Gabriel queria que eu realmente o visse, quando na

verdade eu queria o mesmo. Eu queria que ele me visse como
alguém única e não apenas um corpo intercambiável.
Acreditando que ele poderia matar a gente antes mesmo de
nós realmente nunca havermos começado.
Pressupostos fazer de grandes tolos, a todos nós.

Gabriel fechou os olhos e respirou fundo. Ele exalou um
sopro forte de ar. Beijando a palma da minha mão, Gabriel
trouxe-me em seu colo.
-Olhe para nós! Estamos a caminho de uma festa e aqui

estamos deprimidos como um casal de velhinhos amargos.
Isso não é hora para uma viagem pelo passado.
Ainda incapaz de falar, eu mordi meu lábio e balancei a

cabeça. Eu fiz o meu melhor para sorrir através das minhas
lágrimas. Infelizmente, ele não ajudou muito.
-Oh, Emma. Eu sinto muito.
- Gabriel enxugou as lágrimas persistentes com a ponta

do polegar.
-Eu sou um bruto, desajeitado por fazer você chorar.

Não, não chega de lágrimas. Eu não valho a pena, realmente
eu não valho.
-Gabriel...
-Eu prometi-lhe um bom tempo e um bom tempo é o

que você terá. Então, você simplesmente tem de parar de
chorar, por favor.

Eu não queria que ele pensasse que não valia a pena.
De maneira nenhuma. Não depois de todo o estrago que tinha
infligido a ele.
-Gabriel, você sempre valeu muito para mim. Demais

até, eu acho, que é por isso que fui uma vadia com você.
-Uma vadia? Você? Nunca.
-Eu sim. Nós dois sabemos que eu sempre fui. Mesmo

hoje em dia. Eu sou apenas uma terrível mulher que...
-Só deve ir comer vermes e chorar.
Gabriel sempre teve o dom do riso. Desta vez não foi

diferente. Eu ri , apesar de minha tristeza.
-Não, não.- Sua mão permaneceu na minha bochecha.

Ele trouxe sua testa para descansar contra a minha.
-Você é tão incrivelmente doce, querida Emma. Como é

que eu consegui passar todos esses anos sem você? -
Meu coração pulou em minha garganta. Lambi meus

lábios, incapaz de deixar de imaginar Gabriel inclinando-se
um pouquinho mais perto. Eu queria experimentar
novamente seus beijos divinos. Eu precisava sentir que a

memória não era tudo o que eu tinha deles, porque eu tinha
muito medo de confiar.
E, francamente, eu queria desesperadamente sentir

Gabriel dentro de mim em todos os sentidos, onde e como ele
queria.
-Pare com isso.
-Parar com o quê?
-Pare de pensar esses pensamentos impertinentes,

senhora Adams, ou eu vou esquecer o homem muito bom que
eu aprendi a tornar-me e voltar para o menino muito ruim
que vai te seduzir em sua limusine.
-Talvez eu não me importe.- Minha língua jogou contra

a curva exuberante de seu lábio inferior. Ele era doce como
doces, então eu fiz isso de novo.
Gabriel grunhiu e murmurou uma prece.
- Não. Nós não vamos. Ainda não. Eu sou bom e

respeitável agora. Eu não sou o tipo de homem que iria
empurrá-la de costas e arrancar sua calcinha. Eu também
não sou o tipo de homem que iria colocar minha boca perto
daqui -, Gabriel tocou -me no alto de minha coxa -, e ver se
você poderia ter um gosto tão bom quanto eu me lembro.

Meu corpo se virou contra mim, violentamente exigente
eu poria meus truques femininos e usaria contra essa bela
criatura sentada apenas escassos centímetros de distância.
Eu não me importava com o baile. Eu não me importava com
as compras. Eu não me importava que Waylon tivesse apenas
alguns metros de distância atrás da divisória escura.
Eu só me preocupava com Gabriel e o que eu queria

fazer com ele.
-Isso soa ...
- Minhas palavras sumiu quando o meu cérebro mexeu

tentando pensar em algo sedutor o suficiente para convencê-
lo a deixar de ser um bom menino.
-Decadente.
Decadente? Isso é tudo que eu poderia disser? Meus

truques femininos, obviamente, tinha mais do que uma
espessa camada de poeira sobre eles. Eles também, até agora,
ainda tinham na capa escrito NFRE - Nunca Foram Removido
de Emma.
Embora parecesse que funcionou bem o suficiente,

apesar de sua primeira tentativa, porque Gabriel cantarolava
baixo em sua garganta e ronronou , - Decadente, revigorante,

devasso, imoral ... escolher o seu sinônimo, eu não
reclamaria, Emma.
O ar entre nós acusava desejo sexual. Eu passei meus

dedos contra sua bochecha esculpida, como eu queria, desde
a primeira vez que eu coloquei os olhos nele novamente.
Minha pele formigava como se a eletricidade subisse entre
nós. O tempo escapuliu. Olhando profundamente em seus
olhos, eu sussurrei, -Gabriel, como você faz isso comigo? -
-Eu poderia perguntar o mesmo a você.- Gabriel virou a

cabeça e beijou o interior do meu pulso. Lambia pequenos
padrões em toda a superfície antes de arranhar os dentes do
outro lado da pele.
Eu gemia seu nome, vergonhosamente pedindo-lhe para

fazê-lo novamente. Meu coração batia tão forte que eu tinha
certeza que ele tinha que ouvi-lo.
-Você está no controle, enquanto eu apenas sou tão

fácil de manipular quando se trata de você.-
Gabriel parou meu pulso e pulou para frente. Sua boca

roçou o canto do minha, beijando uma trilha até o meu
pescoço. Seus dentes afiados afundaram em minha carne
mais sensível. Eu arqueei contra ele com um grito baixo.

Podia me ter agora e eu imploraria por mais. Senti a
luta de Gabriel, a sua necessidade de ser diferente a mesmo
que a minha. Só que eu não queria que ele fosse exatamente
diferente, eu só queria que ele fosse meu novamente. E para
que isso aconteça, tudo o que eu teria que fazer era beijá-lo
na boca. Há muito tempo atrás não conseguíamos parar de
beijar quando começávamos, eu estava ansiosa para ver se
isso ainda acontecia.
-Não, eu não gosto disso.
-O quê? - Eu engoli um grito áspero de decepção

quando ele se afastou violentamente.
-Nós não vamos começar assim, Emma. Eu não vou

bagunçar as coisas por foder você aqui e agora. Eu vou ser
um cara legal desta vez. Eu tenho que ser.
-Por quê?- Eu respirei, meu corpo estava dolorido por

querer pressionar contra o seu novamente.
-Então você não vai fugir.
- Eu não sei.
-Eu sei-, afirmou com um rangido de seus dentes

perfeitos.

-Porque eu vou trancá-la para que você não possa fugir
de novo.
-Bom plano.- Eu apertei minhas pernas com força

quando eu imaginava as infinitas maneiras que Gabriel
poderia me trancar.
-Ah, eu quero dizer que é bom saber. Ser bom é uma

coisa boa e tudo ...
Ele me viu tropeçar um pouco.
-Falando de bom, você está bem agora, Emma?

Especialista em esconder as coisas, eu consegui um
sorriso alegre.
-Absolutamente. E você?
-Absolutamente não.
Eu não era sádica o suficiente para dizer que eu

gostava de seu desconforto aparente, mas fiquei feliz em saber
que eu não era a única afetada com uma frustração sexual. A
limusine parou no meio-fio e desligou. Gabriel apertou um
botão.
-Dê-nos um momento, Waylon.

-Com certeza, Sr. Gordon.
Uma vez que o vidro preto deslizou para cima

novamente, Gabriel passou a mão pelo cabelo.
-Sinto muito, Emma.
Eu estava realmente surpresa com o pedido de

desculpas.
- Pelo quê?
-Por colocar um freio sobre toda essa condenada

experiência. Eu errei até o momento. -
-Você não errou. Honestamente. Estou realmente feliz

por termos tido esta conversa.
-Ficou feliz? - O ceticismo de Gabriel se mostrou na

forma como ele levantou a sobrancelha e fez uma careta
azeda.
-Ficou feliz que eu te fiz rever nosso passado como um

puto homem que fez você chorar? Emma, seus padrões
infelizmente caem quando se trata de mim.

-Não, eles não caem e, sim, eu estou feliz. Agora eu não
tenho que passar o resto da noite me perguntando quando e
se você ia relembrar o passado.
-Essas lembranças são ruins para você?
-Não, não necessariamente. Apenas algumas delas.

Gosto de como acabamos por exemplo.
-Eu entendo mais do que você.- Ele ativou o vidro

novamente.
-Nós estamos prontos agora, Waylon.
Eu esperei até que ele fechou o vidro novamente.
-Nós poderíamos ter apenas aberto à porta, Gabriel.
-Sim, mas, em seguida, Waylon teria se ofendido.
-Por quê?
-Porque abrir a porta é parte de seu trabalho. Você tem

que deixar as pessoas serem quem são e não pedir desculpas
pela forma como você ajuda-os.
- Com essa teoria enigmática de conselho, Gabriel

ajeitou a gravata e alisou os cabelos para trás.

A porta se abriu. O mundo lá fora cortou qualquer
dúvida que eu teria perguntado. Gabriel saiu primeiro e
estendeu a mão para me levar.
-Vamos, Emma?
Eu coloquei as pontas dos meus dedos em sua palma.

Capítulo 4
Gabriel arrastou-nos para uma pequena boutique, toda

em bege, marfim e rosa. Os pisos de madeira escura estavam
impecáveis, a iluminação era lisonjeira e as duas atendentes
estavam muito bem penteadas e vestidas, como perfeitos
manequins vivos.
Também notei que a loja estava vazia, exceto por nós

quatro.
-Sr. Gordon, fico tão feliz em ver você!
-Sr. Gordon, que maravilha!
-Boa noite, Melissa e Meredith.- Gabriel era todo

sorrisos e afabilidade. Quando estava parado, ele tinha um
jeito de fazer com que todos ao seu redor relaxassem na sua
presença.
Inquieta, eu resisti ao impulso de me encolher quando

as duas mulheres loiras viraram os seus olhares para cima de
mim. Talvez tenha sido a cena no filme -1Pretty Woman-, mas
1 Pretty Woman ou como é conhecido no Brasil pelo titulo de Uma Linda Mulher- é um dos filmes mais
populares de todos os tempos; ele teve o maior número de vendas de ingressos nos EUA em
todos os tempos para uma comédia romântica

o mais provável era ter sido a minha experiência amarga, que
fez com que eu esperasse que elas medissem o meu valor com
um olhar e achassem que eu não tinha importância.
Elas não fizeram nada do tipo.
-Bem-vinda à nossa loja, Sra. Adams. Meu nome é

Melissa, e esta é a Meredith. Eu vou ajudar você a selecionar
um vestido para a sua festa desta noite.
-Olá, Melissa. É um prazer conhecê-la.- Estiquei a

minha mão, sentindo-me constrangida no momento em que vi
um traço de confusão no seu rosto de beleza clássica. Ela
posou a sua mão fria na minha, antes de poder retirar a
minha mão.
-Também tenho prazer em conhecê-la, Sra. Adams.- Ela

apertou os meus dedos em saudação.
-Se você vier comigo, eu poderei lhe mostrar a seleção

que eu tomei a liberdade de pôr à parte, quando o Sr. Gordon
nos contato esta tarde.
Seguindo Melissa, olhei por cima do ombro para ele. Ele

ficou parado, parecendo absurdamente satisfeito.

-Chame quando estiver pronta para eu ver o que você
decidiu, Emma. Estarei enfiado em alfinetes e agulhas até
então.
-Ah, claro.
Ele piscou para mim, olhando-me até eu me virar. Ao

passar pelo canto para a parte de trás do espaço, ouvi a sua
voz educada perguntar num sussurro baixo -Tem o vestido
que pedi na semana passada pronto para este domingo?
Foi minha imaginação... ou ele estava realmente

tentando não ser ouvido? Não queria ser desconfiada. Não
tinha o direito de ser. O vestido, obviamente, não era para
mim — então para quem era?
Não é da minha conta. Não tenho o direito de sentir

raiva sobre algo que não tem nada a haver comigo. Gabriel e
eu tínhamo-nos reaproximado, mas isso não significava que
nós estávamos avançando para algo mais do que amizade.
Independentemente da intimidade que tivemos na limusine.
Especialmente por causa da intimidade que partilhamos na
limusine.
Melissa agarrou a minha atenção com um conjunto de

vestidos transparentes e cintilantes, que se estendiam até ao
chão.

-O Sr. Gordon calculou o seu tamanho. Tenho certeza
que ele está certo, mas por favor, permita-me medir para ter
certeza.- Melissa ofereceu-se para segurar os meus braços
para fora antes de colocar a fita métrica apertada contra a
minha cintura.
-Olho perfeito. Ele acertou.
A suspeita bombeou no meu cérebro como veneno.

Gabriel sabia o suficiente sobre as mulheres para saber os
seus tamanhos apenas através do olhar. Uma semana antes,
ele também tinha encomendado na loja um vestido para outra
pessoa.
Talvez alguma coisa bonita para a namorada dele?
No que toca ao Gabriel, perto dele sempre poderíamos

encontrar mulheres. Por que deveria me surpreender que ele
estivesse comprando um vestido para outra pessoa? Não, mas
mesmo ele não seria tão baixo para trair, ou seria?
-Existe algum vestido de que goste, Sra. Adams?
Olhei para cima, percebendo que tinha estado olhando

para o conjunto dos vestidos sem realmente os ter visto.
-Ah, Eu.... eles são todos tão lindos.- Eu sorri, sendo

genuína no meu louvor.

-Eu tenho medo que não consiga escolher!
-Se não se importa, acho que este iria funcionar

perfeitamente com a sua tez e cor.- Melissa puxou um vestido
de um violeta tão pálido que quase parecia branco à primeira
vista.
O meu olhar devorou o lindo vestido, instantaneamente

me apaixonando por seu delicado esplendor. Concebido com
uma silhueta em triângulo, com uma linha com bordado
prateado, acentuando os ombros e cintura, o vestido me
lembrou os vestidos da Grécia antiga. Tecido drapeado até a
cintura caindo de um ombro. Imediatamente, imaginei-o
flutuando para baixo, pelo meu cotovelo. Apesar de um decote
em V dividir o corpete, eu sabia que minha modéstia estava
segura, porque este não era profundo.
Eu toquei o cristal que adornava a elaborada banda

prateada existente ao longo da cintura. Este realmente era o
mais belo vestido que tinha tido o prazer de ver pessoalmente.
-Você gostou, Sra. Adams?
-Não. Eu amei.
Melissa sorriu, obviamente satisfeita com minha

resposta.

-Então, gostaria de experimentar?
Pondo de lado os meus pensamentos perturbadores,

assenti com a cabeça e entrei no grande camarim conforme
me foi indicado. A vendedora seguiu logo atrás de mim,
surpreendendo-me um pouco com a sua presença. Eu
esperava que ela me entregasse o vestido e esperasse por mim
lá fora.
Em vez disso, ela pendurou o vestido num gancho de

parede prateado.
-Você precisará de roupas de baixo.- Melissa foi direta

para um armário enorme colocado na parede traseira.
-Você tem uma preferência especial para o corte de sua

calcinha?
-Não. Sim. Sem tangas, por favor.
-É claro-. Melissa perguntou-me o tamanho do meu

sutiã. Então, ela prontamente tirou um requintado conjunto
marfim enfeitado com rendas mais escuras e adornado com
fita violeta. A calcinha de biquíni era muito linda. Um olhar, e
eu sabia que tinha que valer, pelo menos, metade da minha
renda mensal.

Eu suspirei interiormente, já entristecida pela rapidez
com que a minha poupança ia diminuir esta noite.
Mas eu concordei em ir. Não adiantava reclamar sobre

isso agora.
Isso, pelo menos, era verdade. Eu deveria congratular-

me por novas experiências. Afinal, quantas vezes eu seria
capaz de dizer que fui a um evento de caridade com um
bilionário?
Vai ser uma bela história para contar um dia aos meus
netos.
Eu recebi o conjunto, agradecendo. Eu esperei para ver

se a Melissa ia sair. Ela permaneceu onde estava, com as
mãos cruzadas educadamente junto da sua cintura.
Olhamos uma para a outra por vários momentos,

nenhum dos lados dispostos a seguir em frente ou para trás.
Finalmente, Melissa perguntou com um sorriso amigável, -
Precisa de ajuda com o zíper da saia, Sra. Adams?
Eu não precisava, mas respondi, -Sim, por favor.- Isso

pareceu ter-nos colocado às duas à vontade. Tenho certeza de
que não havia nada que tivesse que Melissa não tivesse já
visto, mas ainda me sentia desconfortável com o processo de
tirar a roupa na frente de uma estranha. Como se estivesse

sentindo meu embaraço, Melissa começou um fluxo constante
de conversa, um que exigia muito pouco de mim.
Ela me contou tudo sobre a jovem estilista, explicando

que se tratava da sua primeira coleção.
-Estamos muito animados sobre ela. Estou confiante

que vamos ver muitos projetos fenomenais de Lanita Smith
pelos anos que estão para vir.
Concordei, incapaz de fazer mais, porque o meu

conhecimento da moda era extremamente limitado. Eu usava
principalmente preto, não porque ele favorecia o corpo, mas
porque ele me permitia misturar e combinar as peças do meu
modesto guarda-roupa. Apesar de poder pagar para adquirir
mais roupas, eu estava numa missão para salvar cada
centavo extra que tivesse para poder comprar uma casa. E
não era uma casa qualquer, mas uma com piscina, jardins
bem cuidados, incluindo uma entrada circular com asfalto
recém-pavimentado.
Já tinha falado com os atuais proprietários, um casal

encantador sem nenhuma pressa para vender, e disposto a
esperar até eu terminar de poupar os 30% para o pagamento
inicial. Era uma casa que a minha mãe tinha admirado
durante os anos que ela a tinha limpado, e em seis meses ia
finalmente ser dela.

O meu objetivo final recordou-me de quantos meses ia
perder com esta pequena excursão.
O prazer evaporou-se. Eu estava tão tentada a fugir e a

voltar correndo para o escritório para poder dirigir até em
casa. De qualquer forma, hoje ia ser a noite de cinema dos
filmes dos anos 80. Quem tem tempo para jogar de socialite,
quando a filha da empregada sabe, melhor do que qualquer
um, que ela nunca será capaz de passar por alguém que
pertence a esse mundo?
Gabriel, provavelmente ficaria um pouco irritado

comigo, mas isso eu aguento. O que eu não aguento é esta
conta, tenho certeza.
Melissa passou suavemente uma mão pelo meu flanco.

Ela mexeu no tecido do meu ombro, até que ele ficou direito.
-Perfeito! Você realmente faz justiça ao vestido, Sra.

Adams.
Eu enfrentei o espelho com um olhar. Gostei demais do

que vi. As minhas bochechas ruborizaram-se com o prazer.
-É muito bonito, não é?
De repente, eu o queria. Muito.

Droga! Quando eu já tinha tudo decidido na minha
cabeça... Eis o que vou fazer. Vou comprar o vestido, e então
vou usá-lo novamente quando eu der à minha mãe as chaves
de sua nova casa. Assim, vai ser especial por outro motivo, e
então valerá bem o seu custo.
-Gostaria de experimentar outro vestido?
-Não, este é o tal-. Não conseguia imaginar-me

experimentando outro vestido para esta noite, quando existia
este .
Ela inclinou a sua cabeça.
-Então, você gostaria que eu informasse o Sr. Gordon

de sua escolha?
Lembrando-me do que ele me tinha pedido, eu

respondi, -Claro.- Antes que ela saísse do quarto, a chamei.
-Sim, Sra. Adams?
Senti-me boba fazendo a pergunta, mas eu ia sentir-me

mais tola se a não fizesse.
-Ele vai vir aqui ou devo ir lá fora?

-O Sr. Gordon está esperando numa de nossas áreas de
vestir. Isso lhe permite mais privacidade e impede os curiosos
de tirarem fotos do lado de fora da loja.
-Entendi-. Eu não tinha pensado nisso. Imaginei quão

grande problema era para ele a mídia, tal como eles eram.
Gabriel realmente não queria andar até ao trabalho, ou

ele não podia andar até ao trabalho?
Melissa saiu do quarto e disse -Vou voltar para

acompanhá-la, Sra. Adams, num momento.
Eu ocupei-me dobrando as minhas roupas e a roupa de

baixo numa pilha arrumada. A sorridente atendente só veio
quando eu já estava procurando um saco para colocar tudo.
-Meredith vai cuidar das suas coisas, Sra. Adams. Se

você me seguir, por favor.
Cuidar das minhas coisas, como? Ainda insegura de

como as coisas funcionavam nas boutiques chiques, eu
pensei que pegaria as minhas coisas depois de ver Gabriel.
Tinha certeza que ela não ia jogá-las fora, então talvez ela
fosse meté-las num saco para mim? Pelo menos era o que eu
esperava .

Melissa acompanhou-me até outra sala, no fim do
corredor. Entrei e o vi descansando numa cadeira, olhando
todo o mundo como um príncipe bem satisfeito.
O seu sorriso congelou, enquanto estudava a minha

elegância.
-Bem, como eu estou?- Não era necessário eu ser seca

com ele, mas vê-lo trouxe de volta todas as questões
espinhosas, perguntado-me o que eu estava fazendo com ele,
já que ele, possivelmente, tinha outra garota com a qual
estava envolvido.
O pior de tudo era fingir que eu não estava

desapontada. Eu não podia mostrar isso a ele. Eu não podia
reclamar. Eu nunca poderia e isso era a parte mais difícil.
Tive que esconder todo o meu desconforto, toda a minha dor,
e fingir que alguém como ele não era capaz de me magoar.
O que não é de todo a verdade.
Porém, tudo o que podia fazer era construir as minhas

paredes altas o suficiente e esperar que ele, acidentalmente,
não as deitasse abaixo, como fez na noite em que tirou minha
virgindade.
Eu não tenho o direito de ter ciúmes, e não tenho o

direito de esperar mais dele. Não importa o que aconteceu na

limusine, ou o que, mais provavelmente, não vai acontecer
hoje à noite.
Aparentemente, os velhos hábitos custam muito a

quebrar.
Gabriel levantou-se da sua cadeira e me circundou.
-Emma, Emma, Emma. Agora, tenho quase medo de

levá-la. Ficar em casa talvez seja uma opção melhor para nós
dois.
Não era a reação que eu esperava. Eu queria cruzar

meus braços defensivamente, mas não o fiz. Eu dobrei as
minhas mãos em punhos e levantei o meu queixo.
-O quê? Parece ruim?
-Ruim-? Ele parou na minha frente e sorriu

gloriosamente.
-Eu sempre soube que você era divinal, mas isto vai
deixar o mundo inteiro saber também. E receio que não
queira compartilhar isso. Certamente algum garçom bonitão
levará você embora, junto com os copos vazios de champanhe.
Sentindo-me aliviada porque ele não achava que eu

parecia uma bagunça, eu balancei minha cabeça e suspirei, -

Você é muito dramático. Eu sou apenas uma garota com um
vestido, não uma modelo deslumbrante de vestido.
-Não acho que seja dramático o suficiente e as modelos

deusas não têm nada a mais do que você. Vê? Olha como
você é linda, Emma. O suficiente para fazer-me chorar.
Gabriel virou-me para frente do espelho ornamentado.

Com ele em pé, atrás de mim, eu vi que agora eu combinava
com ele. Talvez um pouco, mas pouco já era o suficiente.
-Deslumbrante, não é?
-O vestido? Absolutamente!
Gabriel descansou uma mão sobre a minha cintura.
-Não sejas tímida, Emma. Você sabe que é linda. Muita

bonita para ficar fora da minha vista por muito tempo. Eu vou
ter que lutar por sua honra, esta noite, quando todos aqueles
velhos sujos começarem a olhar para você. Não diga que não
avisei Emma, quando as dentaduras começarem a bater no
chão.
Com a língua presa e muito consciente que Melissa

ainda estava na sala, eu resmunguei algo entre um -
Obrigado- e um -Fique quieto.

Ele riu baixo no meu ouvido.
-Você é tão adorável.- Gabriel se afastou quando o

telefone tocou.
-Desculpe-me. Eu tenho que atender esta chamada-.

Soltei um suspiro que eu não tinha percebido que estava
segurando, quando ouvi ele dizer -Rick, mudança de planos.
Preciso do meu smoking entregue aqui. Já está a caminho?
Você é tão eficiente. É por isso que é o melhor!
E qual é a importância da chamada ser do seu

assistente e não de uma amiga? Não havia nenhuma razão
para o meu estômago se sentir estourando com borboletas
muito felizes. Eu aproveitei a oportunidade para caminhar até
Melissa e perguntar suavemente, -Quanto custa o vestido?
Ela não pestanejou.
-Quatro mil. E mais impostos.
Puta que pariu! Quatro mil dólares, porra! Não. De jeito

nenhum vou pagar isso por um vestido que vou usar por um
par de horas. Posso celebrar a obtenção da casa com outra
coisa.
Com as bochechas vermelhas e em pânico, calmamente

sussurrei para ela, -Obviamente, eu vou pagar pelas roupas

de baixo, mas eu não posso usar isto.- Só podia esperar que o
sutiã e a calcinha custassem muito menos do que o vestido.
Por favor, não seja mais do que o vestido. Por favor, por
favor,por favor!
Gabriel me assustou quando ele apareceu do meu lado.
-Porquê? Não gostou?
-Não, eu gostei muito. É lindo. É só...
-Então, o que é?- Ele parecia genuinamente confuso.
Malditas pessoas ricas! Por que são tão alheios à forma

como funciona o resto do mundo?
Eu respirei fundo, ignorando o meu rubor crescente, a

vendedora muda, em pé, a alguns metros de distância. Não
era vergonha o que tinha a dizer. Nenhuma. As pessoas que
viviam num orçamento não podiam ter vergonha quando as
contas vinham todos os dias bater à porta.
-Não posso pagar isso, Gabriel.
Os seus ombros relaxam, e a torção na sua boca se

atenuou.

-Ah, então não há nenhum problema.- Gabriel falou
para Melissa.
-Cobre isso, e tudo o mais, na minha conta.
-Claro, Sr. Gordon.
-Melissa, não ponha na conta do Sr. Gordon. Gabriel,

eu não vou deixar você comprar este vestido para mim.
Ele me ignorou.
-Melissa, ponha na conta e deixe-nos a sós , por favor.
Quando ela se virou e imediatamente obedeceu ao seu

comando suave, cerrei a minha mandíbula de frustação. Eu
comecei falando, tão logo a porta se fechou.
-Não vai me fazer mudar de ideia.
Gabriel soltou um longo suspiro.
-Você realmente achou que iria ter de comprar o seu

próprio vestido, hoje à noite?
-Sim, eu achei.

-Por que eu faria isso? Você é o meu par, e eu pretendo
tomar conta de você.
-Não preciso disso, Gabriel, e eu nunca pedi por isso.
-Eu não disse que você pediu.- Ele levantou as suas

mãos.
-Agradeço a mulher independente que é.

Verdadeiramente, eu agradeço. Eu amo como você fez seu
próprio caminho sem ajuda de ninguém, e respeito como isso
é importante para você. Mas neste caso, nesta noite, você
pode tentar apreciar o homem coruja que sou, só um pouco?
-Gabriel...- Eu relaxei, o meu orgulho já não estava

ferido, mas ainda não estava disposta a deixá-lo fazer o que
queria.
-Por favor, Emma? Não posso deixar uma mimada

socialite levar este vestido depois de ver você nele. Ela nunca
vai apreciá-lo da mesma forma que você irá. Ele
provavelmente será pendurado no seu armário, esquecido,
ainda com as etiquetas, ou pior — usado e então deixado de
lado, como um guardanapo, porque ela, possivelmente, não
pode ser vista no mesmo vestido duas vezes. Você não faria
isso. Então, por favor, deixe-me ajudar este vestido a achar
um lar maravilhoso. Emma, ele pertence a você.

Ele estava tão apaixonado, tão sério, que eu comecei a
sentir que, talvez, eu fosse louca por impedi-lo de ser
generoso.
-Como posso deixar você comprar isso para mim? Você

sabe quanto custa?
-Sim,- ele disse devagar e com cuidado.
-Eu vim aqui por causa disso.
-Desculpe-me. Como?
Gabriel encolheu os ombros, impotente.
-É o lugar mais barato que eu conheço, Emma.
Meu Deus. O que dizer sobre isso? Eu falei para ele.
-Isto está alucinando a minha mente. Não faz ideia o

que é acessível e o que não é, não é? Orçamentos pessoais
não significam nada para você, não é? -
Sabiamente, Gabriel evitou a minha acusação. Ele

tentou outra tática, mais apropriada para uma sala de
reuniões.

-Estamos num impasse com base em expectativas
diferentes. Então você deve render-se à minha, Emma, e me
deixar ganhar essa.
Cruzei os meus braços e subi o meu quadril.
-Essa tática não vai funcionar comigo, Gabriel.
-Não? Não pensei que daria, mas valeu a pena tentar.-

Ele limpou a garganta. Um ligeiro rubor tingia as maças
salientes do seu rosto.
-Significaria o mundo para mim, Emma, se você me

deixasse comprar este vestido. Esta é a verdade.
Porra! Como poderia negar-lhe, quando ele disse tão

docemente? Infelizmente, o meu orgulho se recusou a ceder
sem um pouco mais de luta.
-Não sei, Gabriel.
-Porquê?
-É só que custa muito. Não acho certo deixa-lo pagar...
-Mas eu exigi que você fosse o meu par, colocando-a

numa situação desvantajosa. Deixe-me pagar pela minha

arrogância, Emma, e vou deixá-la pagar por nossa refeição
depois do evento.
Isso me confundiu um pouco.
-Jantar não vai ser servido?
-Oh, será.
-Então por que ainda vamos estar com fome esta noite?
Gabriel abriu as suas mãos, com ar desesperado.
-Apesar destes eventos serem para uma grande causa,

as porções de comida são tão pequenas. Minúsculas, na
verdade. E a galinha é sempre emborrachada, também.
Eu inclinei-me e mandei um divertido olhar debaixo de

meus cílios.
-Pequena e emborrachada também?
-Tão abominavelmente. Os organizadores devem sentir-

se realmente envergonhados, mas é parte do seu benevolente,
e também, cruel plano. Manter nossos estômagos vazios para
podermos beber mais e oferecer mais. Deixo sempre esses
tipos de eventos meio bêbado e faminto.

-Oh, pobre, pobre homem.
-Eu sei, certo?
-Fome, hein?
-O quê? Eu sou um grande homem. Eu preciso comer.
Eu apertei a barriga dele, sentindo os músculos saltar

ao meu toque.
-Tal como eu suspeitava — nem um pouco de gordura.

Eu acho que está tentando fazer com que eu pense que ganho
algum nas nossas negociações, Gabriel.
-O quê? Quem? Eu? Estou magoado, Emma.

Simplesmente, magoado! Eu nunca faria algo tão dissimulado
assim!
-Não, mas você admitiria que é um valentão?
-Sempre. Apenas para o bem, quando se trata de você.-

Gabriel prometeu.
Eu me rendi, completamente incapaz de resistir a ele.

-Ok, você venceu. Você pode comprar meu vestido e
tudo o que está debaixo dele.- Opa! Isso saiu um pouco mais
provocador do que eu pretendia.
-Esta é minha menina!- Gabriel pegou minhas mãos, e

moveu os meus braços para frente e para trás. Meu corpo
inteiro vibrou com o seu toque.
-Agora, vamos arranjar uns sapatos.
Com esforço, eu sufoquei a minha natureza espinhosa.
-Está bem. Vamos fazer isso. O mais bonito e brilhante

par que pudermos encontrar.
Horror simulado apareceu na expressão dele.
-Emma, estás bem?- Ele deixou meu braço e

pressionou a sua palma da mão fria contra minha testa.
-Você ainda não discutiu um pouco. Estou chocado!
-Posso discutir, se isso fizer você se sentir melhor. Eu

tenho muitas coisas que posso deitar abaixo, começando
com...
-Não, não! Gosto de você afável .- Sua boca torceu-se

numa pose beijável.

-São as coisas brilhantes, não é? Devo lembrar-me
disso para o futuro. Talvez eu passe a carregar um bolso cheio
de cristais Swarovski, em todos os momentos.
-Talvez você devesse.
Gabriel me beijou.
-Feito-. Ele caminhou para fora e enfiou a cabeça para

fora da porta.
-Oh, Meredith e Melissa? Minha Cinderela precisa de

sapatos, por favor. Toneladas de brilhos. Cristais, lantejoulas,
tudo cintilante!
Toquei discretamente o local onde ele me beijou. Eu

imaginei que ainda podia sentir o contorno de seus lábios
sensuais. Ele facilmente me agradou com pedacinhos de
afeto. Sem dúvida.
Gabriel segurou a porta aberta quando as duas

mulheres imediatamente marcharam com caixas de calçados.
-Eu tomei a liberdade de pegar seu tamanho de um dos

seus sapatos, Sra. Adams. Por favor, deixe-nos saber se há
aqui alguma coisa que não agrade, ou se você gostaria de ver
mais alguma coisa.

Oprimida por um verdadeiro mar de caixas, eu balancei
a cabeça.
-Não sabia que você vendia sapatos aqui também,

Meredith.
-Não vendemos. Eu fui buscar estes na loja ao lado.
Tão depressa? -Oh, eu vejo.- Continuou a cruzadinha

na minha mente como é fácil a vida de rico. Todo mundo se
dobrando para satisfazer os seus desejos, privacidade
fornecida com base apenas no nome, bens transportados para
você não cansar os pés em busca deles — não admira que
Gabriel ficava me chamando de cinderela.
Pessoas normais não podem ter estas experiências.
Gabriel aplaudiu, facilmente puxando minha atenção

em direção a ele.
-Posso ajudar, Emma? Eu adoraria, se você não se

importa.
Não esperava o bilionário ter tanta afinidade para

sapatos.
-Sinta-se livre, se esse é o tipo de coisas que você gosta.

-Bom. Por que não se senta lá e eu vou sentar-me aqui-
. Gabriel agachou-se entre as pilhas.
-Meredith e Melissa, posso ajudar Sra. Adams com sua

seleção. Ah, e as meninas estão aqui, correto? -
-Sim, Sr. Gordon.
-Maravilhoso. Por favor, sejam gentis e me avisem

quando chegar o meu smoking. Vou continuar a tratar disto.
Ambas murmuraram algo, e saíram da sala, fechando a

porta atrás delas.
As meninas? Quem poderia ser?
Sentei-me no banco que ele deixou vago. Gabriel cavou

as caixas, separando aquelas que ele considerava indignos, e
deixando uma pequena pilha de cinco pares de sapatos para
eu escolher. Discretamente espiei o calçado descartado,
tentando ver se havia etiquetas de preço.
Nada.
-Você vê alguma coisa que você gosta? Se não,

mandaremos vir mais.

-Tenho certeza de que qualquer um desses vai ficar
bem.
Gabriel revirou os olhos.
-Assim como você só tentou um vestido, e escolheu sem

tentar qualquer outra coisa.
-Não gostou,- respondi categoricamente. Bem, não me

importava se ele não gostou, eu gostei e vou usá-lo. É assim.
Claro, Emma. Com certeza. Continue pensando assim.
-Claro, que gostei. É só que você não explorou outras

opções. Por que fez isso?
-Não precisei experimentar dez vestidos, quando este

me fez feliz.
Gabriel estudou-me, a franja dos seus longos cílios

tornando difícil decifrar seu olhar.
-Não hesitou. Eu gosto disso! Cuidado aí, Emma. Já

está me mimando terrivelmente, quando realmente deveria
ser o contrário.
Seu louvor aqueceu os doridos e solitários lugares

dentro do meu coração.

-Você é ridiculamente fácil de agradar.
Gabriel sentou-se no chão, na minha frente.
-Você não sabe a metade.- Ele chegou por baixo do meu

vestido e puxou meu pé na coxa dele.
-O que está fazendo?- Puxei minha perna. Seus dedos

algemaram o meu tornozelo.
-O que lhe parece? Eu estou ajudando você a

experimentar sapatos.
-Você não precisa...
-Já foi estabelecido que não tenho que fazer um monte

de coisas, mas vou fazê-las de qualquer maneira. Agora fique
quieta, ou eu vou bater em você!
Eu recostei-me contra a poltrona cinza aveludada.
-Faça como quiser, Sr. Chefão.
O sorriso de Gabriel tomou proporções de 2gato
Cheshire.
2 O Gato de Cheshire ou Gato Que Ri é um gato fictício, personagem do livro Alice no País das
Maravilhas de Lewis Carrol.

-As coisas ficarão muito mais fáceis, se você se lembrar
disso.
-Não abuse da sorte, Gabriel.
-Eu não seria eu mesmo, se não abusasse. Agora, o que

você acha desse?- Ele levantou um modelo lindo, com um
salto moderado, de cristal prateado.
-É bonito.
-Sim, mas você gosta?
Para mim, bonito era sinônimo de gosto, mas

aparentemente Gabriel pensava diferente.
-Gostei e gostaria de experimentá-los.- Eu comecei a

levantar-me, quando ele balançou a cabeça.
-Ainda não. Deixe-me primeiro colocá-los em seus

lindos pés-. Gabriel começou a desafivelar os sapatos
delicados.
-Você já pensou como gostaria que seu cabelo ficasse?
-Na verdade, não.- Eu não ia admitir que planejei

apenas passar uma escova por ele. Achei que eu teria que
deixá-lo solto e liso, já que era um evento de última hora.

-Há um pequeno salão na parte de trás. Annette e as
garotas já estão esperando por você.
Ah, então era isso o que ele quis dizer.
-Tudo o que você precisa fazer é dizer-lhe como você

gostaria do seu cabelo, e ela pode fazê-lo. Annette é muito
talentosa. Se você está insegura sobre o que ficaria melhor,
pode deixar com ela. Prometo que você não vai se
decepcionar. Ela e suas meninas são as melhores.
Como ele sabia?
Cada sinal de facilidade em navegar neste mundo ultra

feminino por parte do Gabriel, colocava mais um tijolo na
minha parede. Meu ciúme irracional não era culpa dele, mas
se ele não estava disponível, ou estava comprometido, então
ele não deveria estar me acompanhando em nenhum evento.
E se ele pensava que eu seria favorável a um rala-e-

rola, então Gabriel Gordon ia ver.
Mentiras, agora, é? Onde estava a sua contenção na

limusine? Naquele momento, não pareceu que você estava
disposto a colocar os freios. E o pior é que — Gabriel sabe
quão fácil ele poderia ter tido você. E ele ainda tinha te
recusado. Agora, pense nisso!

-Pare de franzir a testa.
Olhei para ele, surpreendida.
-Eu não estou franzindo, estou? Além disso, pensei que

gostava das minhas carrancas.
-Sim, quando envolve as minhas bobeiras. Seus

pensamentos não estão relacionados com isso, então não
gosto delas. Portanto, pare com isso.- Gabriel facilmente
deslizou o sapato ao redor do meu pé.
-Ótimo, ótimo. Não discuto com você sobre isso.
-Bom.
-Ótimo.
-Mais do que ótimo.
-Gabriel, tem que ter a última palavra?
-Normalmente.
O homem realmente era um sem vergonha! Num

esforço para mudar de assunto, eu perguntei, -Você disse que
Annette tinha meninas. O que elas fazem?

-Uma faz as unhas e a outra faz maquiagem. Nós temos
bastante tempo porque você não complicou as coisas, então
você terá tudo feito.
-O que há de errado com minhas unhas-? Eu não

queria parecer tão agressiva... Ok, talvez eu tenha querido.
Gabriel pressionou um dos meus dedos sem pintura.
-Não há nada de errado com esses adoráveis dedinhos.

Não precisa colocar esmalte, se você não quer. Você pode
apenas fazer uma manicure francesa e pedicura se você
quiser.
-E, presumo, que você está pagando a conta sobre isso

também.
-É claro-. Gabriel levou meu outro pé na mão e o

escorregou no sapato correspondente. Os dedos dele
facilmente o colocaram no lugar, antes de voltar para prender
o outro.
-Só falei das unhas por causa do evento. Não quero que
você se sinta incompleta. Eu só quero você feliz.
Feliz. Parecia ser um novo conceito que estávamos

praticando um com o outro e tendo um momento difícil. Ele

estava tendo uma ideia equivocada que me faria feliz. Eu
estava aqui para fazê-lo feliz. Eu estava tão equivocada?
-Gabriel, você pode ser o homem mais doce, às vezes,

você sabe disso?
Ele estufou o peito e pareceu um pouco arrogante.
-Eu tento. Embora você faça isso muito difícil.
-Eu tento-. Eu tirei o ferrão das minhas palavras,

escovando o seu cabelo para trás.
Gabriel inclinou-se para a minha mão, olhos à deriva.
-Como eu disse, você está me mimando, Emma.
Ah, Gabriel, você torna difícil para mim afastá-lo.
Relutantemente, eu deixei cair a minha mão e levantei-

me. Para praticar, andei vários passos até chegar ao espelho.
Estiquei o pé, rolando o tornozelo de um lado para o outro,
para que eu pudesse estudar o sapato brilhante. Apesar de
sapatos de salto alto não serem o meu tipo usual de calçado,
tive que admitir que eles eram maravilhosos. Meu pé parecia
tão delicado, mas as minhas unhas sem esmalte levaram-me
a reconsiderar a sua oferta.

Por que parar agora? Já estamos aqui, podemos ir até
ao fim.
É isso aí. Gostaria de fazer as minhas unhas, cabelo e

maquiagem e não sentir nem um pouquinho de culpa. Esta
estava sendo uma experiência, e independentemente do que
acontecesse entre nos, não significava que não podia
desfrutar de minha noite. Especialmente porque baseado no
passado, provavelmente não haveria outra.
-Como se sente com eles?
-Bem. Nem de perto tão apertado, como eu esperaria

me sentir com sapatos assim.
-Mmm. Porque não experimentas estes também?
Dei uma olhadela ao par que ele segurou no alto. Eles

eram também outra criação cristalizada de salto alto e
decorado com pequenos pormenores, todos mantidos juntos
por uma cinta impossivelmente fina em roxo escuro, desta
vez.
O desejo pelos sapatos me atacou.
Rapidamente, fiz meu caminho de volta para o assento

e comecei a desafivelar meus sapatos. Gabriel afastou os

meus dedos, enquanto fungava, -Permita-me, Sra. Adams. Eu
estou familiarizado com seus pés e sei melhor como tratá-los.
-Por favor, de todo modo, não me deixe interferir com os

seus conhecimentos. Eu só os tive por vinte e quatro anos.
Gabriel curvou sua cabeça solenemente.
-Muito bem, Sra. Adams.
-Você não tem jeito, você sabe disso?
-Só quando se trata de você.
Uh, oh. Gabriel deixou escapar.
-Você flerta tão facilmente como você fala. Um dia, você

vai dizer essas belas palavras para a garota errada e ela vai
estrangulá-lo.
-Eu suponho que você está falando de si mesma?
-De jeito nenhum! Eu não vou te estrangular. Não de

propósito, de qualquer maneira.
-Você está certa. Você olhou para mim como se eu já
estivesse morto.- Gabriel removeu os sapatos prateados e os
colocou de volta na sua caixa. Foi como se ele não tivesse
falado sobre o modo como eu o tinha tratado antes.

-Eu não quero influenciar você, Emma, mas acho que
você vai realmente gostar deste par.
Eu queria voltar atrás na conversa, mas era demasiado

covarde para fazê-lo. Eu olhei através dele e fingi que a noite
mágica que partilhámos nunca aconteceu. Eu sei que eu era
capaz de fazê-lo novamente.
-A cor é linda.
-Isso vai contrastar com o seu vestido lindamente.-

Gabriel deslizou os meus pés no segundo par. Apesar de
ainda não ter colocar peso sobre eles, achei estes mais
confortáveis, apesar do salto alto ser maior. Ele colocou-os
rapidamente. Eu me levantei e dei vários passos. A minha
marcha foi mais suave do que com os que eu tentei na
primeira vez.
-Estes são especiais.
-Você nem os olhou no espelho.
-Eu não preciso.
-Tem certeza?
-Cem por cento.

Gabriel levantou-se sem problemas.
-Está bem. Pronto para Annette?
-Eu vou lá, ou alguém vai vir me buscar?
-Não, você poderá ir sozinha. Saia pela porta, vire à

direita, e ela está na última sala à esquerda. Eu vou enviar de
volta estes outros sapatos, e vou me juntar a você em poucos
minutos.
-Está bem-. Dirigi-me para fora. Pausando perto da

porta fechada, olhei por cima do meu ombro e perguntei, -Eu
vou saber quanto isto vai custar?
Gabriel deu de ombros, um sorriso malicioso fazendo-o

parecer mais jovem do que seus vinte e cinco anos.
-Provavelmente não.
Soltei um suspiro pesado.
-Está bem. Certifique que a refeição pós-função seja

boa, assim, pelo menos, posso sentir que não tirei total
vantagem de você esta noite.
Seu sorriso desvaneceu-se.

-Não acho que você saberia como fazer, Emma.
Mais uma vez desconfortável e completamente insegura

sobre o que dizer a ele, me joguei para fora. Meredith,
pairando no final do corredor, quando me vi levou-me para
trás, para nas mãos fabulosas da Annette.
Caminhamos para uma aconchegante sala, equipada

com vários espaços de trabalho espelhados, ladeados por uma
área de estar com duas cadeiras.
-Aqui está a Sra. Adams!- Meredith anunciou para a

duende adorável, com um choque de cabelo rosa vibrante
para combinar com os sapatos e ténis. Suas duas assistentes
eram igualmente pequenas, uma com cabelo azul e a outra
com vermelho. Elas acenaram para mim e sorriram
calorosamente, quando retornei a saudação.
Annette pulou fora do adornado banco onde estava.
-Olá! Por favor, sente-se.- ela fez um gesto com uma

mãozinha.
Cautelosamente, sentei-me na cadeira do salão de

beleza, recusando a oferta de uma bebida de Meredith. A
linda loira inclinou a sua cabeça e saiu do quarto, deixando-
me com três adoráveis mulheres com um dom para o colorido.

Annette subiu no banco. Ela correu os dedos pelo meu
cabelo, estudando-o e aparentemente fazendo notas mentais
sobre a qualidade e textura.
-Então, como você gostaria de ser penteada hoje à

noite?
Eu considerei cachos, sempre gostei do ar romântico

suave que me davam, mas estava de olho no relógio.
-Acho que um coque iria funcionar bem.
Annette puxou meu cabelo para trás.
-Boa escolha, Sra. Adams.
-Por favor, me chame Emma.
-Emma-. Seu sorriso espelhado revelou duas covinhas.
-Eu vou te preparar, e em seguida, vou te entregar. Só

para que você saiba, isto não é exatamente a nossa atuação
normal, mas o Sr. Gordon falou que teríamos que agir o mais
rápido possível para prepará-la a tempo. Geralmente, todos
nós estaríamos mimando-a por muito mais tempo.
Olhei para meu relógio. Ainda nem era sete.

-Realmente vai levar um tempo para me preparar?
-Na verdade, não.- Ela passou uma escova no meu

cabelo. Os dedos rápidos de Annette passaram algum tipo de
produto no meu cabelo, antes de o separar em seções.
-Acho que ele assumiu que levaria mais tempo para

você escolher seu vestido e sapatos.
No meio do silêncio, ouvimos -Annette?- A menina de

cabelo azul acenou através do pequeno espaço.
-O que foi, Linnette? -, ela respondeu sem nunca

pausar em seu trabalho.
-Se você quiser, posso ir em frente e começar a

pedicure, enquanto trata do cabelo,- ela disse em uma voz
suave e tímida.
-Não, estamos bem. A menos que você gostasse disso,

Sra. Adams? -
-Estou bem com a forma como todos vocês quiserem

lidar com isto.- Eu sorri tranquilizadora para Linnette,
achando que a sua timidez despertasse o meu lado maternal.
-Ótimo.

Ela habilmente revirou meu cabelo, algo que não
esperava que ela fizesse. Claro que eu só ia ao salão para
fazer as mechas e aparar o cabelo, então isto era tudo novo
para mim.
-Annette?
-Sim, Sra. Adams?
-É tarde demais para mudar minha mente?- Eu sei que

ela ouviu sem esforço o pedido de desculpas na minha voz.
-Claro que não.- Ela parou de enrolar o meu cabelo e

esperou pacientemente pela minha direção.
-Já que você está enrolando meu cabelo, posso mudar

de um coque para algo um pouco mais glamoroso? Algo assim
como as mulheres usavam em seus cabelos na década de 40
ou 50?
-Ah, vintage. Sim, nós definitivamente podemos fazer

isso. Gostaria de manter seu cabelo para baixo ou para cima?
-Para baixo.

-Que tal fazermos algo à Marilyn Monroe, dos anos 50?
Cachos a toda a volta, com esse lado preso para trás e um
apanhado provocando um pouco?
Eu não podia imaginar isso, mas soou como uma coisa

que eu gostaria.
-Vá em frente, Annette.
-Pode ter a certeza, Sra. Adams! Assim que acabar de

enrolar os seus cachos, será necessário tempo para os definir,
então eu vou dizer a minha irmã para começar a sua
pedicura, se isso estiver de acordo com você.
-Sua irmã-?
-Na verdade, irmãs. Linnette e Minette são trigêmeas.

Não é óbvio?- Ela pontuou sua pergunta com uma piscadela
brincalhona.
-Agora que falou nisso, não imagino como não percebi

isso!
Annette sorriu em resposta, e retomou a separação do

meu cabelo.
Ajeitando-me na cadeira, eu relaxei sob seus dedos

capazes. Eu imaginei que bom que seria ter alguém fazendo

meu cabelo todos os dias. Clarear o cabelo era a minha
concessão à vaidade. Normalmente, eu o deixava para baixo,
puxado para trás num coque baixo ou num rabo de cavalo
alto. Eu raramente o enrolava, e geralmente apenas para
casamentos.
No entanto, isto era bom. Não admira que os

obscenamente ricos carregavam uma grande equipe de
funcionários. Sempre havia alguém capaz de tornar a vida
mais fácil.
Ser mimada é tão fácil quando você tem pessoas como

Annette para mimá-la...Não faço ideia por que Gabriel
continua dizendo que estou mimando ele. Nada que eu fiz
seria capaz de se comparar a isso...
Entre os dedos suaves da Annette e a suave música

ambiente, minhas pálpebras se fecharam. Parecia que tinham
passado apenas alguns segundos, antes de eu sentir a
pressão no meu joelho. Meus olhos se abriram e eu saltei
para a frente.
-Hmm? O quê?
-Eu te disse que essas garotas eram os melhores.
-Gabriel! O que faz aqui?- Eu resmunguei, desorientada

e grogue da minha soneca.

Ele riu-se e sussurrou, -Você já esqueceu de mim,
Emma?
-Como isso é possível? Eu nunca fui capaz de te

esquecer...- Meu cérebro obviamente tinha virado geleia para
admitir isso.
-Quero dizer, hã, bem...
-Parece que eu cheguei aqui mesmo a tempo.- O olhar

de Gabriel demorou-se no meu, antes de ele se virar para falar
com Annette.
-Ela está pronta para ir à Linnette?
-É claro-. Annette apertou meu ombro.
-Quando a Linnette terminar, Minette vai fazer sua

maquiagem. Então vai voltar para mim, está bem?
Eu assenti com a cabeça e levantei-me um pouco

rápido demais. O quarto flutuou e ficou escuro. Gabriel
estendeu a mão e me estabilizou.
-Você está bem, Emma?
-Eu estou bem. Acabei de me levantar muito rápido.

-Tem a certeza?
A profunda preocupação em sua voz aqueceu-me,

apesar de me fazer sentir desconcertada.
-Eu estou bem, Gabriel. Honestamente.
-Está bem-. Ele me olhou com atenção, aparentemente

à procura de algo que iria provar a ele que eu estava
realmente bem.
-Aqui, deixe-me ajudá-la a ir para a Linnette.
Gabriel não me deu uma chance de me afastar quando

ele envolveu meu braço em volta dele. A sua atenção me fez
sentir como uma preciosa porcelana. Ainda não sei se gostei
ou não.
Eu estava sendo cuidada ou sendo tratada como uma

peça chique?
Quem me dera que eu pudesse aceitar o que ele fazia,

sem estar sempre tão desconfiada dele. Se ele fosse um cara
normal, alguém mais como eu, eu sei que já estaria fazendo
tudo por ele.

Gabriel guiou-me para outro assento luxuoso, antes de
puxar uma cadeira para se sentar ao meu lado. Linnete,
muito mais tímida do que sua irmã, não disse muito. Ela
cuidadosamente levantou meu vestido e então colocou por
cima dele um cobertor leve, presumivelmente para mantê-lo
limpo.
Ela estava prestes a tirar os sapatos quando Gabriel a

parou.
-Deixe-me fazer isso, Linnette. Eu sou a pessoa mais

qualificada para cuidar dos pés de Emma-. A pequena menina
se afastou enquanto o Gabriel se agachou e removeu os meus
sapatos.
Esta atenção me causava desconforto mas só quando

não me excitava. Eu mordi meu lábio, insegura sobre o que
dizer, quando ele retomou seu lugar ao meu lado. Obviamente
gostava dele simpático, exceto quando eu não gostava.
Ah, eu realmente sou uma maldita bagunça.
Notei que ele estava com seu terno cinza.
-Então o seu smoking ainda não chegou?

-Está aqui. Não vai demorar mais que cinco minutos
para me trocar, então eu vou fazer isso quando estivemos
prontos para ir embora.
Consciente das mulheres ao nosso redor, não sabia

mais o que dizer. Definitivamente não queria conversar com
Gabriel como se elas fossem mudas ou como peças de
mobiliário vivas.
Isso me lembrou muito de como a minha mãe era

tratada quando limpava casas com ela, quando era mais
jovem.
-Então,- minha voz emudeceu.
Gabriel bocejou exageradamente.
-Emma, você vai ser amável e me desculpar um

momento?
-Claro, sem problema.- Eu esperava que ele se

levantasse e fosse embora. Em vez disso, ele estendeu a mão
para a minha, inclinou-se para trás e fechou os olhos.
O calor de nossos dedos entrelaçados viajou até ao meu

braço e direto ao meu coração. Instantaneamente, ele
descobriu o meu problema e prosseguiu com uma solução.
Como ele sabia?

Porque ele me observava tanto quanto eu o observava.
O que será que ele pensa que sabia sobre mim e o quanto
disso era correto?
Linnette pôs os meus pés dentro da banheira

borbulhante e quente. Ela me trouxe uma bandeja de
esmalte, cores brilhantes como rebuçado líquido.
-Eu quero uma pedicure francesa e manicure, por

favor,- Eu disse num sussurro, mesmo tendo a certeza que
Gabriel não estava nem perto de estar sonolento ou a dormir.
Ela assentiu com a cabeça rapidamente, e guardou a

bandeja. Logo senti suas mãos nos meus pés, massageando e
afastando os problemas do dia com algumas voltas dos seus
dedos peritos. Eu deveria estar fixada na magia do trabalho
de Linnette, considerando que ela era apenas a minha
segunda pedicure profissional, mas Gabriel firmemente tinha
a minha atenção.
Justo quando eu pensei que eu já o tinha entendido, ele

desafiou as minhas tentativas.
Como uma pedra, cutucando no meu calcanhar, pensei

no mulherengo que conheci na escola e o menino que tinha
aberto o coração para mim na minha varanda.

Então, quem era Gabriel Gordon? Um canalha total ou
o homem mais doce do mundo? Não conseguia encontrar a
resposta, não importa que caminho mental eu percorria. Tudo
o que eu poderia dizer, com certeza, era que aquele anjo ou
demônio, ainda me tinha na palma da sua mão.
Nunca deixei de querer-te mesmo quando eu não queria

te querer. E agora você está aqui, fazendo-me esquecer
porque eu não o posso deseja-lo.
Enquanto estava perdida nos meus pensamentos,

Linnette tratou da minha pedicure. Em breve meus pés foram
tratados, polidos e decorados com uma faixa branca.
Relutantemente, eu larguei a mão de Gabriel e,
cuidadosamente segui-a até uma pequena mesa para que ela
pudesse trabalhar nas minhas unhas.
Fiquei grata por seu silêncio sociável. Eu assisti

Linnette trabalhar, enquanto dava olhares sobre Gabriel. Seu
grande corpo estava derrubado na cadeira pequena,
lembrando-me tanto quando ele estava no colégio. Num
momento, eu peguei o brilho dos seus olhos e estremeci.
O que estava pensando, Gabriel, quando olhou para

mim?
-Você está com frio, Sra. Adams?

-Não, estou bem,- garanti a ela. Quando olhei de volta
para ele, ele mudou e descansou a cabeça sobre a palma da
mão.
Não podia deixar de desejar que eu dominasse tanto os

seus pensamentos, quanto ele dominava os meus.
Linnette orientou as minhas mãos para um secador

pequeno, antes de me libertar. Eu toquei o braço dela.
-Muito obrigada. Minhas unhas estão lindas.
Ela escondeu a cabeça e acenou-me para ir ter com a

igualmente tranquila irmã dela Minette.
-Sente-se aqui, por favor, Sra. Adams.
Sentei-me na frente da menina ruiva e observei

enquanto ela desembrulhava um novo conjunto de pincéis.
-Como gostaria que eu fizesse a sua maquiagem?
-Não estou realmente certa. Eu, ah, bem...
- Droga, eu soei como uma idiota total. Eu também não

sabia muito sobre maquiagem. Minha rotina de trabalho
envolvia um golpe de sombra escura ao longo da linha das

pestanas, uma camada de rímel e um tubo de batom cor de
boca.
-Olhos esfumaçados, Minette, dramática, base mate e

um batom leve.
Mais uma vez, Gabriel veio em meu socorro. E mais

uma vez, senti-me desconfortável com a forma como ele
estava absurdamente confortável com tudo isto.
-Sra Adams? Tudo bem?
Eu sorri e acenei com a cabeça. Eu não olhei para trás

por cima do meu ombro, para Gabriel, enquanto ela
trabalhava. Mantive-me quieta, segurando um espirro quando
o pó fez cócegas no meu nariz e suportei a aplicação de cílios
falsos. Terminamos em menos de quinze minutos e fui
enviada para a Annette.
Eu só apanhei uma espiada de mim mesma no espelho,

achando a estranha que me inspecionou de volta
desconcertante, porque ela não era a pessoa que eu estava
acostumada a ver.
Annette desfez os meus rolos e penteou o meu cabelo,

modelando os meus cachos. Ela trabalhou com vários tipos
diferentes de escovas e pentes no meu cabelo, pulverizando
ocasionalmente antes de se afastar com um sorriso largo.

-Já está! O que você acha? Bonito, certo?
Não consegui reconhecer a mulher bonita, me

encarando. O cabelo perfeitamente ondulado, emparelhado
com o rosto perfeitamente pintado, parecia pertencer às
mulheres das revistas.
Eu inclinei a minha cabeça, virando-a para um lado e

depois para o outro. Sim, continuo a ser eu. Não sabia que
era capaz de ser tão bonita. Claro, eu era bonita de uma
forma fresca e jovem, mas isto... isto era algo que nunca
imaginei ser. Eu sorri nervosamente, querendo tanto colocar
os meus sentimentos em palavras que não acabassem
estragando o meu rímel.
-Muito obrigada. A todos vocês. Você me fizeram

parecer fenomenal.
As três fadas sorriram com prazer e retornaram os

meus agradecimentos.
Gabriel levantou e esticou-se. Ele ainda tinha uma

palavra a dizer. Em vez disso, ele marchou até cada menina,
apertou a sua mão e curvou-se profundamente.
-Anjos, todos vocês. Obrigado por terem vindo em tão

pouco tempo.

Assisti a cada uma delas corar com orgulho e prazer. O
afeto de Gabriel não era fingido ou educado. Curiosa, eu me
perguntava como ele as conheceu, e mais importante ainda,
quantas vezes ele usou os seus serviços?
-Você está na agenda para domingo, Sr. Gordon.
-Vejo você depois, Annette.
Eu vacilei interiormente, não precisando de mais uma

prova que ele não era tão livre quanto eu pensei que fosse.
Gabriel se aproximou de mim e estendeu o braço.
-Vamos?
Eu coloquei minha mão no seu antebraço, insegura de

como agir. Os músculos deslizaram sob o meu toque. Não
podia dizer se ele estava satisfeito pela minha aparência ou
não. Geralmente, ele não era tão quieto.
Não se preocupe com isso. Talvez ele estivesse

realmente com sono. Talvez...
Eu esperei até que nós estávamos no corredor.
-Porque ficou comigo?

-Porque conhecendo você, eu sabia que pediria
desculpas por deixá-las fazer o seu trabalho ou você iria
recusar sua ajuda e tentar fazer tudo sozinha. Vá em frente...
tente negar.
Meu silêncio provou seu ponto, e ele sabia disso. Ou,

pelo menos, ele achava que sabia a causa do meu silêncio.
Quem é que você vai ver neste domingo?
A insegurança diminuía a luz dos meus olhos.

Capítulo 5
A viagem até a angariação de fundos foi tranquila.

Antes disso, o Gabriel tinha colocado o seu smoking depois de
ter me acompanhado para fora do salão. Eu esperei na frente,
distraidamente, olhando para as roupas das prateleiras e me
esforçando não pensar na sua decidida falta de reação à
minha aparência ou nos seus planos para o domingo. Ele
apareceu pouco tempo depois, tão bonito que mal acreditei
que era real.
O seu cabelo ajeitado disse-me que ele tinha visto

Annette recentemente. O seu estilo combinava com o meu
look vintage e o fez parecer um Deus de Hollywood do
passado. Os seus lábios carnudos e hipnótico olhar teriam
sido bem vindos na tela grande.
É uma pena que a sua expressão carrancuda não era

tão acolhedora em pessoa.
Depois de pegar um saco contendo minhas roupas de

trabalho e os sapatos, e outro contendo os dele, Gabriel
guiou-me para fora da porta e para a sua limusine. Agora,
estamos sentados ao lado um do outro num silêncio
agonizante.
-Você ainda quer ir comigo, Emma?

Eu sabia! Ele já está se lamentando em ter me pedido!
Ergui meu queixo e preparei-me para a inevitável

rejeição.
-Você pode me deixar no escritório se você mudou de

ideia.
-Eu não perguntei isso.
-Eu ouvi o que você perguntou.
-Então, me responda, por favor.
Olhei pela janela.
-Você é um sem vergonha, Gabriel, você sabe disso?

Não tenho tempo para isso.
-Por que não me responde?
-Por que você fez essa pergunta?- Perguntei.
-Você quer que eu chore para não se sentir mal? Tudo

bem!- A limusine deslizou para uma parada num semáforo.
Agarrei na maçaneta da porta, totalmente preparada para
voltar a pé para o Obelisco Pointe.

Gabriel puxou-me contra o assento. Ele enfiou a cara
na minha e rosnou, -Está doida?
-Obviamente, já que concordei em ir a esta coisa com

você, quando é óbvio...- Eu fechei a minha boca.
-Termine a sua frase.
Dei de ombros, teimosamente mantendo os dentes

juntos.
-Você sempre pensa o pior de mim, Emma,- Gabriel

murmurou a centímetros de meu rosto vermelho.
-Por que isso?
-Olha, não importa...
-Sim, importa! Importa porque não vou deixar você me

afastar, Emma. Não desta vez!
-Afastá-lo? Foi você quem me afastou, Gabriel! Você mal

olhou para mim desde que eu terminei de me preparar. O
quê? Eu ofendi a sua sensibilidade de alta classe? Já
lamentando ter se misturado, Sr. Gordon?

Não me importava que ele tivesse estreitado o olhar em
mim ou apertado a sua mandíbula firmemente. Eu estava
irritada demais para parar.
-Ou é porque a sua namorada pode chatear você por

estar comigo hoje à noite ao invés dela?
Uma profunda carranca dividiu a sua sobrancelha.
-Namorada? Eu não tenho uma namorada!
-Ok, então, se ocorre, o seu pedaço chique lançará um

ataque porque saiu sem ela. Eu não sei e não me interessa.
-Mentirosa.
Cerrei meus punhos com força. As unhas morderam

um pouco a minha palma da mão, me picando o suficiente
para impedir de perder a cabeça com ele.
-Cuidado com o que você diz para mim, Gabriel. Eu não

sou um dos seus lacaios que você pode falar de maneira que
você queira.
-E vê o que me diz, Emma. Eu não vou deixar você

mentir para mim.- cuspiu de volta, ferozmente.

-Qual é o seu maldito problema? Você está quente o dia
todo e depois fica frio.
Ele ignorou a minha pergunta, o que me fez querer

gritar.
-O que faz você pensar que tenho alguém-?
Eu queria sair da limusine e parar de ser interrogada.
-Eu já avisei que não me interessa. Não te conheço e

nunca te conheci . Os seus assuntos são só seus.
-Não!- Gabriel bateu com a palma da mão contra o

assento.
-Não me empurre para fora desse jeito.- Seu olhar

selvagem suplicou por uma resposta.
-Por que você acha que eu faria isso com você, Emma?
Por que você acha que eu sou um pedaço de merda? Eu estou
tentando tanto ser o que você quer, e quando eu acho que
chego lá — você me afasta. Eu não entendo!
Ouvi outro tijolo escorregar para fora e quebrar quando

bateu no chão. A minha raiva desapareceu. Com uma dor
aguda no meu coração, eu sussurrei, -Eu não tenho o direito
de esperar nada de você.

-Você tem todo o direito do mundo, Emma. Tenho que
soletrar para você? Quero estar com você. Eu quero ver você
hoje à noite, amanhã e no dia seguinte. Eu quero que seja
minha, Emma. Eu quero. Você... E sabe que mais? Eu sei que
também me quer.
Eu queria. Eu queria tanto que eu não poderia mesmo

me conter mais.
-Que vestido pediu para domingo?
A compreensão apareceu, e o alívio levou embora a

volatilidade em seu olhar.
-Foi por causa disso?
-Sim.
-Eu deveria saber.- Gabriel agarrou as minhas duas

mãos e apertou.
-Emma, era para a minha mãe. Ela vai dar uma festa
no domingo e o vestido é para ela. Annette e suas irmãs são a
equipe de beleza pessoal. Elas vieram para a cidade em tão
pouco tempo como um favor para mim.

Minhas orelhas queimaram, enquanto eu me sentia
como a garota mais horrível do mundo. A mãe dele! Não uma
socialite boba ou um modelo sobrecarregada ou festeira
atirada, mas sua mãe.
Ainda assim, a tensão entre nós não foi completamente

resolvida.
-Por que me ignorou no salão depois de eu estar

pronta?
-Não ignorei você.- Gabriel levantou as minhas mãos e

escovou um beijo por entre os meus dedos.
-Fiquei tão surpreendido por sua beleza que

sinceramente não sabia como reagir.
As minhas entranhas viraram geleia.
-Atordoado pela minha beleza? Realmente, Gabriel? Isso

soa tão....
-Tão...?
-Ao contrário de você. Na verdade, parece muito ruim.
-Deus, você é tão malvada!

Rimos juntos, sentindo alívio.
-Eu estava tímido, Emma. Eu sabia que minha mãe ia

chatear as meninas sobre você, e não queria que contassem
que te arrastei para o chão e fiz amor com você lá.
-Ok, agora é minha vez de te chamar de mentiroso.
A expressão selvagem de Gabriel silenciou as minhas

dúvidas.
-Quer que eu prove agora?- Ele soltou as minhas mãos

e inclinou-se mais perto.
-Porque não há nada melhor que eu gostaria de fazer do

que mostrar-lhe quanto quero dizer essas palavras, Emma.
A sua boca pairou na minha, tentando-me e me

desafiando a aceitar a sua oferta. Eu já sabia que gosto ele
tinha, como era a sensação da sua língua enfiando-se na
minha boca. Era tão doce...
-E a angariação de fundos? Quer dizer, eles não estão

esperando por você?- Meus lábios tocaram levemente nos
dele.
Gabriel fechou os olhos e exalou.

-De fato, eles estão. Foda....
Definitivamente! Apenas diga a hora e o lugar!
Eu lambia o canto da boca dele e gemia alto. Não devia

ter dito nada. Deveria tê-lo deixado beijar-me e talvez mais. A
respiração de Gabriel acelerou como se ele tivesse ouvido os
meus pensamentos. Quando ele abriu os olhos, tremi da
ardente fome crua que estava no seu olhar azul elétrico.
-Prometa que não vai fugir de mim a noite.
-Por que eu iria...
Gabriel pôs a palma da sua mão no meu queixo, os

dedos pressionando levemente as minhas bochechas com pó.
-Prometa-me, Emma. Não fugirá. Não em pensamento

ou em ação. Prometa.
-Eu prometo.
-Se você tentar sair, eu vou parar você. Se você escapar,

vou persegui-la. Não vou deixar você fugir de mim. Nunca
mais.
Eu deveria sentir-me perturbada pela sua paixão. Eu

não estava. Ela me emocionou.

O seu corpo rígido não relaxou. Eu senti a sua
contenção quando a sua mão elegante percorreu o lado do
meu rosto.
-Eu posso ser o que você quer que eu seja, Emma. Só

sei que tudo que faço hoje é para você. Então, confie em mim
um pouco. Apenas olhe para mim como um homem normal.
Por favor.
O pedido de Gabriel perturbou-me. Estendi a minha

mão, necessitando o tocar. Meus dedos afundaram nos seus
ombros largos.
-Está bem.
-Obrigado-, ele sussurrou, enquanto me puxava para

um abraço de esmagar ossos. Eu também o abracei muito
apertado. Não queria deixar a proteção e a segurança de seus
braços. Eu queria ficar para sempre embrulhada nele.
Vá mais devagar. Você está caindo muito rápido.
Seu perfume me intoxicou. Desejava-o. A luxúria

pulsava forte, seduzindo-me para passar a minha mão dentro
do seu casaco e deslizar para baixo.

Gabriel inalou agudamente. Os seus lábios beijaram a
minha orelha, antes de ele sussurrar, -Você é tão doce,
Emma, você sabe disso?
Eu tremia quando ele mordeu a minha orelha.
A limusine parou, possivelmente, interrompendo

Gabriel, de fazer coisas ruins para mim. Relutantemente, ele
me soltou. Seus dedos alisaram o tecido que caía do meu
ombro.
-Tenho algo para você.
-Sério?- Eu sorri nervosamente, tonta e com um desejo

tão forte por ele que eu quase implorei para me levar para
casa, em vez de irmos para a festa.
-Você já me deu tanto.
-Culpado-. Gabriel enfiou a mão no seu casaco e puxou

uma bolsa pequena de mão.
-Eu sei que é pequena, mas tenho a certeza que você

vai querer levar algumas coisas importante com você.
Eu aceitei com um aceno tímido. Eu não sei porquê,

mas pareceu-me mais íntimo do que qualquer coisa que ele
tinha feito até agora nesta noite.

-Obrigada, Gabriel. Eu vou colocar minha
documentação aqui e um pouco de batom.
-O batom já está lá. Minette mandou um.
-É muito atenciosa, da parte dela e sua.
Gabriel levantou uma sobrancelha bem formada e

ronronou satisfeito.
-Eu tento.
Tive tempo suficiente para transferir as coisas mais

importantes da minha bolsa para a malinha de cetim prata,
antes da porta se abrir. Um atendente com um colete
escarlate ficou parado, esperando pela nossa saída.
-Vamos, minha querida?
-Posso apenas deixar minhas coisas aqui?
-É claro.
-Não vão ser roubadas?
-Ninguém rouba de mim, Emma-. O olhar de Gabriel

brilhou com uma sombria diversão. Um perigoso demônio

olhou-me por um momento, antes do anjo sorridente
regressar.
Eu juraria que era minha imaginação, se eu não tivesse

conhecido esse demônio, sete anos antes.
-Estou pronto para ir, senhor.
O sorriso lento de Gabriel fez coisas deliciosas no meu

corpo.
-Estou feliz que te encontrei hoje, Emma. O destino é

maravilhoso, não é?
Baixei a minha cabeça, me sentindo incrivelmente

tímida de repente. Ele riu e deslizou para fora, toda uma
graça de pernas longas, antes de estender a sua mão para
mim. Eu a apanhei e a apertei.
- Tinha esquecido de como era maravilhoso estar com

você.
Gabriel dobrou o meu braço e pôs no dele. Ele manteve

o seu ritmo lento para combinar com meus passos pequenos.
-Vão ter câmeras lá?
-Talvez algumas.

-Oh.
-Não se preocupe, Emma. Apenas sorria para mim

como se você não pudesse viver sem mim, e você vai sair em
uma foto perfeita.
-Ha! Você bem que queria.
-Sim.
Um som de conversa atingiu meus ouvidos, assim que

entramos no átrio. Era um negócio imponente, do tipo coberto
de mármore e vidro. Adorável, estéril e repleto de pessoas
passeando com sorrisos de férias.
O check-in foi muito fácil e simples. Fomos recebidos

com efusivos gritos de -É tão bom ver você aqui esta noite, Sr.
Gordon!
Gabriel agarrou vários pares de mãos enquanto ele

seguia a fila. Seu sorriso nunca esmoreceu. Ele era sociável e
bonito em câmera lenta. Perguntei-me quão dolorida ia estar a
sua mandíbula após as formalidades de hoje à noite. A minha
já doía. Talvez eu não sorrisse o bastante.
-Uma foto, Sr. Gordon.

Ele manobrou-nos para o lugar. O braço de Gabriel
enrolado na minha cintura. A grande câmara nos encarando
fez lembrar o dia da foto na escola — que eu nunca gostei. Os
meus lábios enrolaram num sorriso esticado.
Gabriel falou.
-Um momento, por favor.- Ele se inclinou e sussurrou, -

Isso não vai dar, minha querida.
-O quê-?
-Eu conheço esse sorriso falso, e eu me recuso a tê-lo

na nossa primeira foto oficial.
-Não consigo controlar como eu sorrio, Gabriel. É pegar

ou largar.
-Tenho certeza de que posso mudar isso.- Ele sinalizou

para o fotógrafo.
-Estamos prontos-. Para mim, ele disse, -Olhe para a

frente, Emma e diga 'xis'.
Eu virei minha cabeça para o fotógrafo. Olhando para a

lente da câmera, o meu corpo ficou tenso, enquanto
imaginava a contagem regressiva começar. No momento em

que a foto foi tirada, Gabriel fez cócegas no meu lado. Eu
explodi em risos.
-Perfeito! Obrigado, Sr. Gordon.
Eu girei no seu braço.
-Isso foi um truque sujo, Gabriel!
-Mas eficaz,- acrescentou ele, satisfeito por obter o que

queria.
-Eu vou conseguir uma cópia e colocá-la na minha

mesa. Cada vez que pensar em você no seu cubículo, eu vou
ser capaz de olhar para cima e ver seu sorriso.
-Você é um homem mau.-, acusei acaloradamente, mas

com um sorriso brincalhão.
-Sim, eu sou, mas eu tento ser mais doce só para você.

Como está indo até agora?
Dei um olhar debaixo de meus cílios grossos, artificiais.
-Acho que muito bem.
-Bom o suficiente para mim.- Gabriel enroscou os

nossos dedos juntos.

-Não me largue, Emma, ou você é susceptível de ser
espezinhada.
Eu não tinha nada a dizer sobre isso. Gabriel parou

várias vezes, apresentando-me alegremente sem avisar. Tinha
a sensação que ele estava me mostrando, mas
instantaneamente me senti absurda por pensar.
Você mostra um cão poodle, não um ser humano.
Isso mostra o que eu sabia.
-Olá, Cason. Esta é minha charmosa amiga Emma.
Aperto de mão. Aperto de mão. Comentário obrigatório

de como eu estava linda. Olhar voando acima da minha
cabeça se comunicando silenciosamente com o meu par.
Como se o Gabriel fosse o responsável pela minha adquirida
beleza. Bem, acho que esta noite ele era.
-Murray, como estás? É bom ouvir. Esta linda garota é

Emma.
Aperto de mão. Aperto de mão. Comunicação mais

secreta.

-Drayton! Muito bom, obrigado. Rick tem-nos para
11:00 hora para o chá na quarta-feira. Esta adorável,
pequena dama é Emma.
Aparentemente, eu tinha uma série de apelidos para me

identificar como um adorno bonito no seu braço. Gabriel
parecia alheio até que ele não estava mais.
-Você provavelmente se sente como uma boneca, não

é?- ele perguntou, mantendo um olho nos recém-chegados.
-Mais como um cão poodle.
-Hmm, não podemos ficar assim, não é?
Outra apresentação apareceu, me impedindo de dizer

algo cáustico em troca. Eu poderia reclamar com ele, mas
seria somente na frente dele. Nunca em frente de alguém. Eu
colei o meu sorriso, e preparei-me para ser apresentada com
outra sequência de palavras que sempre terminariam comigo
sendo bonita.
-Markus! Bom, bom. Eu? Eu estou fantástico! Eu sou

sortudo o suficiente para ser o par da incrivelmente
inteligente, ridiculamente talentosa, fenomenal Emma Adams.
Desta vez, o meu sorriso era genuíno.

Depois de percorrermos todo o grupo, finalmente
tivemos algum tempo para nós mesmos. Gabriel criou um
pouco de espaço para nós, perto de uma coluna. Ele me
abrigou da multidão, colocando seu corpo entre mim e a
coluna.
-O que você acha até agora?
-É bom.
Gabriel arrancou uma taça de champanhe de uma

bandeja de passagem. Ele me entregou.
-As avôs são agradáveis. As flores são bonitas. Então,

deixe-me perguntar novamente. O que você acha até agora?
-É uma experiência diferente.
-Você vai falar, Emma.
Eu realmente não ligava para o gosto do álcool, mas

tomei um gole para ganhar tempo. Se eu realmente dissesse a
ele a verdade, que eu não gosto de multidões ou ruído, ele
acharia que eu era uma pessoa ingrata. Eu não queria isso,
mas ele obviamente não se importava com a minha
desonestidade. O que fazer?

-Gosto de estar aqui com você.- A minha resposta
verdadeira o agradou, se o seu enrugar dos cantos dos olhos
era alguma indicação.
-Boa maneira de se desviar. Eu vou aceitar.
Eu sorri, sentindo-me absurdamente emocionada por o

ter feito feliz.
-Vai para estas coisas muitas vezes?
-O tempo todo.
-Acho que te mantém ocupado.
-Sim, você vai ter muita prática para se acostumar com

elas, assim como eu tenho.
Senti-me radiante como um tola. Deus, este homem me

tinha na palma da sua mão! -Como sabe?
-Bem, agora que eu vim aqui com você, não consigo

imaginar indo para outro evento sem você. Simplesmente será
impossível. Desculpe, Emma, mas é assim que é.
-É impossível. Realmente?

-Eu não mentiria para você, não é?- Seu sorriso
traquina fez-me pensar numa criança cruzando os dedos
atrás das costas.
-Então, que tal isso? Vou comprar um vestido para

cada ocasião.
Ele já tinha esquecido nossa pequena luta de hoje

cedo? -Hum, vamos ver.
-Demasiado ambíguo. Que tal assim, Emma? Por que

não a contrato, e então você escolhe onde vamos?
Eu rolei meus olhos.
-Por que você é tão obcecado em me ter trabalhando

para você?
Ele levou meu copo de champagne e tomou um gole

lento.
-Por que você está tão obcecada em negar?
-Não estou obcecada. Por acaso, gosto de onde eu

trabalho.
Gabriel assentiu, com a boca torcida em um adorável

incômodo.

-Sim, mas minha empresa é melhor. Por um lado, os
cubículos são muito, muito maiores. É pelo menos o tamanho
de dois ou três do seu.
-Estamos realmente de volta a isso? Os tamanhos dos

cubículos são padrão do setor, e ainda não estou convencida
que você sabe o tamanho dos seus. Quanto tempo você
realmente gasta num? -
-Tudo bem. Eu dou benefícios melhores.
-Você não sabe.
-Você não sabe o que eu não sei.
Eu tirei o meu copo dele.
-Diga a verdade, Gabriel. Por que deveria ir trabalhar

para você? -
-Porque eu vou começar a vê-la todos os dias.
Não tenho de explicar como eram maravilhosas essas

palavras para os meus ouvidos. Gabriel era verdadeiramente
encantador, porque realmente cheguei perto de acreditar nele.
-Agora, você pode me ver todos os dias.

-Sim, mas não é o mesmo.
-Porquê?
-Só vejo você durante o almoço.
-O tempo livre é tipicamente durante o almoço e depois

do trabalho.
-Sim, mas só porque eu não sou o proprietário e seu

chefe.
-Reformule isso para mim, por favor.
-Se tiver que ser, mas eu prefiro não o fazer.
-Obrigado.
-Se você trabalhar para mim, você poderia ter tempo

livre quando quisesse.
-Então, realmente eu não estaria trabalhando, não é?

Apenas estaria fingindo trabalhar.
-Muito bem. Então, você poderia ser paga para se

sentar no meu escritório. É um escritório confortável, Emma.

Você gostaria. Muitas janelas, e estantes cheias de cima a
baixo com livros. E não apenas para vista.
-Isso parece bom.
-Então, quando vai começar?
-Eu não disse que eu vou-. Eu realmente não deveria

incentivar Gabriel, mas é muito divertido.
-Agora, em que setor eu iria atuar no seu escritório?

Como sua assistente?
-Eu já tenho Rick. Não, você é minha musa.
-Por que você precisaria de uma musa?
-Por que o céu azul? A grama verde? É assim. Emma

Adams é minha musa e você deve ser empregada como tal.
-O que faz uma musa?
-Tudo o que ela deseja. Emma, você teria a sua própria

área de entretenimento e sofá. Você poderia passar o dia todo
no lazer, nunca teria de fazer qualquer coisa que você não
quisesse-. Gabriel deu um sorriso radiante .

-Eu poderia falar com você quando quisesse. Podíamos
comer todos os dias juntos o almoço, e sair para jantar todas
as noites. Seria divino.
Ele capturou-me contra a minha vontade. Parecia

divino. Vi-me reclinada sobre um sofá carmesim no seu
escritório, envolta em algo branco e arejado. O meu olhar
fixava-se na sua boa forma, em vê-lo trabalhar e fazer as
coisas que homens poderosos como ele fazem. Na minha
mente, Gabriel olhou para cima, lindo e com cabelo perfeito
brilhando como um halo. Ele chamou-me com um dedo.
Era tão vívido. Eu estava com problemas.
-Ser a sua musa não vai bem no meu currículo,

Gabriel.
-Você não precisa de um, porque eu nunca iria demiti-

la.
-Ficaria entediada deitada no sofá o dia todo.
-Então, seria meu trabalho entretê-la.
-E como você faria isso enquanto dirige as indústrias

Gordon?

-Eu sou muito talentoso, Emma. Eu poderia fazer os
dois.
Toquei no meu queixo com o dedo, olhando na direção

ao teto, como se estivesse considerando a sua oferta ridícula.
-É tentador...
-Sim?
-Mas eu receio que eu vou ter que recusar.
Gabriel suspirou, e balançou a cabeça.
-Emma, Emma.
-Gabriel, Gabriel.
-Você é cruel, sabe?
-Não sou cruel. Determinada.
-Determinada a me enlouquecer.- Ele arrancou o copo

de meus dedos, e novamente, tomou mais um gole.
-Você sabe que existem empregados com champanhe,

certo?

-Sim, mas o champanhe não é tão bom quanto o seu, e
então não serei capaz de beber.
-O que o torna melhor? É o tipo de champanhe?-

Levantei-me na ponta dos meus pés, tentando espreitar para
baixo, por cima do vidro, para ver se havia algo que eu
pudesse discernir que o tornasse diferente.
Gabriel assentiu solenemente.
-Na verdade, é uma mistura especial.
-Eles a guardam só para você?
-Você pode dizer que sim.
-Então, ninguém pode beber?
-Não.
-Bem, isso não é justo, Gabriel.
Ele deu de ombros, nem um pouco arrependido.
-Não gosto de compartilhar.
Eu murmurei baixinho.

- Não me surpreendi.
Gabriel baixou sua voz para um tom confidencial.
-Você quer saber o que a torna especial?
-O que é?- Eu perguntei, olhos arregalados e curiosos,

ainda na ponta dos pés.
Gabriel chamou-me com o seu dedo. A minha

respiração ficou presa na minha garganta.
Descontroladamente, me perguntava se ele, de alguma forma,
tinha habilidades especiais de leitura da mente.
-Mais perto, Emma. Mais perto.- Apoiei-me nele até o

copo ser tudo o que impediu que meu corpo de tocar no dele.
-É especial porque é você.
Os meus calcanhares afundaram-se. Eu não podia

acreditar que ele me pegou! -Você é tão sorrateiro e mimado,
Gabriel.
Os olhos dele iluminaram-se com o riso.
-Ainda não mimado o bastante, mas eu vou chegar lá. E

sinta-se livre para apressar esse processo.

Eu dei um tapa no braço dele.
-Enganou-me completamente!
-Não!
-Sim, o fez!
-Não o fiz! É verdade que o que lhe pertence é

naturalmente melhor.
-Está bem. Vamos testá-lo.- Eu vi um empregado com

casaco branco, passando perto de nós. Sai de trás da coluna,
e tomei um copo quando ele passou perto o suficiente.
-Aqui-, eu disse quando eu o entreguei ao Gabriel.
-Quero ver se sua teoria funciona tão bem quanto você

diz.
Ele pegou o copo, e o segurou. Depois de alguns

momentos, eu tentei apanhá-lo. Gabriel levantou-o para fora
do meu alcance.
-Ele não teve tempo suficiente para amadurecer.
-Você ou a bebida?

-Ha, ha. O champanhe, Emma, o champanhe.
-Você o está segurando mais tempo do que eu segurei o

meu.
-Naturalmente. Eu quero que você tenha o melhor,

Emma. Paciência, minha menina. Paciência.
Eu já tinha, há muito tempo, esquecido sobre o resto da

sala, enquanto eu brincava com um dos mais cobiçados
solteiros do mundo. Aparentemente, o mundo não tinha me
esquecido. Ou dele.
Quando eu ia fazer um outro movimento para sua

bebida, ouvi uma voz suave dizer -Gabriel, eu não esperava te
encontrar aqui.
Seu sorriso congelou. A luz em seus olhos extinguiu-se.

Ele tornou-se uma cópia do Gabriel.
-Embry.
Olhei por cima do ombro para ver uma loira escultural,

vestida de branco, diamantes piscando em torno de sua
garganta magra e do seu pulso delicado.
Eu sorri calorosamente em saudação, pensando que ela

era uma conhecida ou uma associada de negócios. O olhar

que ela se dignou a dar-me congelou a minha polidez. Eu
conhecia esse olhar. A mandíbula cerrada, ombros tensos e os
olhos excessivamente brilhantes, animando um corpo que se
queimou em agonia. O ambulante coração-morto, incapaz de
descansar, ansiando por esse anjo de olhos azuis e cabelos
loiros.
Adorável.
Quem disse que você não pode ir para casa, de novo?
Meu prazer se evaporou. Imediatamente, eu queria sair.

Eu deveria saber que isto estava indo bem demais.
O Gabriel graciosamente se virou, depois de me

entregar a taça de champanhe.
-Não beba ainda, Emma.- Sua mão deslizou para

descansar na minha coluna enquanto a coxa dele roçou na
minha.
-Como está, Embry?
-Como pode ser esperado.
Frágil não chega para descrever a expressão nas

aristocráticas feições de Embry. Eu suspeitei que os buracos

sob as bochechas dela eram uma aquisição recente, assim
como as clavículas proeminentes.
A resposta curta de Gabriel não permite longas

discussões.
-Embry, esta é Emma. Emma, esta é Embry Milford.
Os lábios dela se mexerem, mal proferindo um -Olá-,

antes da sua atenção se virar para cima, de volta para o
homem que, aparentemente, alcançou dentro do seu peito e
levou tudo o que ele encontrou.
-Você parece bem...Gabriel.
A pausa da Embry fez-me pensar na possibilidade de

ela estar prestes a chamar-lhe por um nome especial. Ou isso
ou idiota.
A raiva queimou. Não podia acreditar que isto estava

acontecendo novamente. Fui tão estúpida para ter acreditado
que Gabriel não era nada mais do que um mulherengo de fala
suave?
‘Então, confie em mim um pouco. Apenas, olhe para mim

como um homem normal. Por favor.’

Ele disse isso, porque ele sabia que ele iria vê-la
novamente?
-Estou feliz em ver que você está bem, Embry.
Ela olhou-o por um momento, antes de descer o seu

olhar.
-Eu vou deixar vocês dois desfrutar o resto da noite.

Adeus.
Embry moveu-se para longe, mas não longe o suficiente

para o meu conforto. Meus pés decidiram remediar a
situação. Eu desviei-me da porta principal. Gabriel andou
comigo, silencioso e tenso. Pela primeira vez, seu sorriso
glorioso não fez uma aparição.
Deixamos o átrio e entramos na sala de jantar escura.

Uma pista de dança pequena estava no centro. Uma banda
animada incentivava a todos a caminhar à luz do sol. Gostaria
de experimentá-lo. Pena que hoje não ia ser esse tipo de noite.
Mais valia acabar com isto.
Eu parei, e acenei para ele chegar mais perto, para que

eu não tivesse que gritar e arriscar que a nossa conversa
fosse ouvida.

-Quem era?
A expressão agradável de Gabriel apertou-se.
-Alguém com quem estive envolvido por um período de

tempo.
-Isso é um nome exagerado para ´ex-namorada'.
-Suponho que sim.
Eu bebi minha bebida, resistindo ao impulso de me

virar e olhar por cima do meu ombro. Não sei como eu sabia,
mas de alguma forma eu sabia, que Embry veio também para
a sala. Talvez fosse a energia de intensidade alucinante com
que me familiarizei durante essas semanas do primeiro
cortejo do Gabriel. Eu tinha feito muito mais inimigos na
população feminina do que eu esperava superar. Esperava
que esta noite fosse ficar com apenas uma.
-Acabou bem?
-Alguma vez isso acontece neste tipo de coisa?
-Acho que não, quando se trata de você.
-Verdade. Eu tenho um dom para a miséria.- Ele não

tentou aliviar a dor de suas palavras com um sorriso ou um
olhar diabólico.

Eu não ia discutir.
-Há quanto tempo que você terminou as coisas?
-Acabou muito antes de termos terminado.
-Ah, então deve ter sido recente.- Todo o prazer que eu

tinha sentido se evaporou, enquanto o espectro frio do
passado de Gabriel pairava sobre a pista de dança. O olhar
dela abriu buracos dentro de nós. Eu imaginei que eu
provavelmente iria cair morta, se seu olhar permanecesse em
mim por muito tempo.
-Não admira que ela pareça chateada.
Gabriel exalou agudamente.
-Desculpe-me, Emma. Eu não achei que ela vinha falar

comigo.
-Então, já tinha previsto, isto?
-Não.
-Mas você sabia que ela ia estar aqui.

Ele limpou a garganta e perguntou: -É como a escola de
novo, não é?
-Pior.
-Como?
-Porque não é mais o ensino médio.- Andei à deriva ao

longo da borda do piso em 3parquet, observando os casais
dançar e apreciar a música divertida da década de 1980.
Gabriel ficou perto, do meu lado, como se ele estivesse com
medo que eu fosse embora. Seus instintos estavam certos,
porque eu estava a poucos segundos de escapar.
-Peço desculpa.
Eu não respondi, preferindo me concentrar num casal

de idosos dançando com abandono invejável.
O que mais era novo? Você está arrependido. Eu estou

arrependida. A Embry está arrependida. Nós estamos todos
arrependidos.
Dobrando-se perto de minha orelha, Gabriel fez-se ouvir

acima da música.
-Você está com raiva de mim.
3 Parquet- LINHA TRADICIONAL. Assoalho de Madeira

-Não-. Mais do que ele jamais poderia imaginar.
-Decepcionada-?
-Não-. Sim.
-Frustrada-?
-Não-. Absolutamente.
-Então, o quê?
Eu parei. Ciente das pessoas ao nosso redor e incapaz

de esquecer o hábito de esconder as minhas emoções, eu olhei
para o Gabriel como se ele fosse alguém na multidão.
-Convidou-me porque sabia que Embry ia estar aqui?

Você me usou para magoá-la, Gabriel?
-Eu te convidei porque queria um motivo para vê-la esta

noite.
Isso era uma maneira de fugir à questão, se alguma vez

vi uma.
-E você não acha que talvez você deveria ter dito que
íamos ver uma furiosa ex-namorada?

Gabriel se endireitou. A sua expressão sombria não se
encaixava. Não tinha que ouvir as palavras para as conhecer.
-Você não teria vindo.

A raiva se enterrou em mim como uma farpa. Irritante,
dolorosa.
-Entendi-. Devolvi o champanhe ao Gabriel. Ele estava

certo. Ele tinha um gosto melhor se levar algo de outra
pessoa.
Foda-se.
Eu fiquei na ponta dos pés e gritei no ouvido dele, -Eu

não vou ficar. Adeus.
Não me sinto culpada. Nem um pouco. Nem um

pouquinho. Embora eu o deixe ali sozinho ao alcance da
obsessiva e elegante rainha Embry, recusei-me a sentir pena
de Gabriel.
Ou de mim.
Fiquei grata pela bolsa na minha mão, e a esperteza

que eu tive em colocar lá dentro a minha documentação, o
cartão Multibanco e as chaves. Eu não ia ficar presa na

estrada com uma abóbora quebrada. Cinderela estava indo
para casa tirar as roupas dela e tomar um longo banho.
Gabriel chegou perto de mim num instante. Sua mão

apertou-se em torno de meu pulso e ele nos levou para uma
outra coluna, mais na parte de trás, e mais longe da porta.
-Onde estava tentando ir?
-Embora.
-Eu vou com você.
-Isso não é necessário. Vou chegar na minha casa.

Tenho certeza que não vai haver nenhum problema para
pegar um táxi para lá.
A sua mandíbula apertada me disse que Gabriel não

tinha intenção de se virar e voltar pra dentro do Salão de
jantar. Embora a multidão tivesse diminuído, ainda havia
vários casais circulando. Alguns olharam na sua direção, um
sorriso agradável de reconhecimento se formando nos seus
rostos. Ele ignorou todos e se focou exclusivamente em mim.
-Você prometeu que não fugiria, Emma.
-Eu não fugi. É só que eu não tenho interesse em viver

isto de novo.

-O quê-?
-Isto! Esta vida onde você nunca é livre para apenas ser
um cara normal comigo. Há sempre alguém no fundo,
esperando a vez dela. Há sempre alguma garota que está
pedindo outra chance. Não quero ter que olhar por cima do
meu ombro e ver outra ex-namorada sua. Eu não quero isso e
não preciso disso na minha vida.
-Eu também não quero isso.
-Mas é a sua vida, Gabriel. Você a criou quando você

andou de garota em garota!- Eu tentei manter a minha voz
baixa, mas eu podia ver os olhares curiosos que recebemos.
-Olha, não quero chamar a atenção para você mais do

que eu já chamei.
-Que se fodam. Deixe eles olharem. Não me interessa.
-Gabriel, este é o seu mundo e não pertenço aqui.
-Felicidade fraudulenta.
-O quê-?

-É o que as pessoas que gostam de mim têm. Você
queria saber por que eu pedi a você para vir, mas mais
importante ainda, você queria saber por que estou aqui com
você e não com Embry.
Corei. Não queria ouvir sobre o seu relacionamento com

a mulher bonita e com o coração partido.
-Gabriel, o que aconteceu entre vocês dois não é da

minha conta.
-É, Emma, mais do que imagina. Felicidade fraudulenta

ocorre quando tudo é entregue às pessoas. O mundo é
fabricado dessa maneira, criado à semelhança de algo que
nunca deveria ter existido, em primeiro lugar.
Eu não o entendia, mas me encontrei realmente

querendo entendê-lo.
-Poderia ir até à direção do Comitê e fazer com que ela

dissesse à banda para parar de tocar a canção -4Funkytown-,
porque eu me senti com vontade de ser um bastardo. Posso
fazer o que quiser, sempre que eu quero, e ninguém iria pedir-
me contas. Ninguém, exceto você, Emma.
-Não quero lhe pedir contas, Gabriel.
4 Funkytown "é uma canção da banda Lipps Inc., com Cynthia Johnson como vocalista.

-Você não pode evitar, eu sei. Você odeia o meu
dinheiro. Você odeia a classe social a que eu pertenço. Você
odeia tudo o que eu represento.
Eu não pude negar, mas podia negar o que não foi dito.
-Eu nunca te odiei, Gabriel.
-Porquê? Quando você odeia tanto o meu mundo,

porquê você me tolera?
As perguntas dele abalaram o meu ser. Eu queria jogar

fora algo fácil para o satisfazer, mas não consegui.
-Eu não sei. Não consigo me controlar porque existe

alguma coisa, Gabriel, algo que vale a pena conhecer.
-E aí está.- Ele fechou os olhos brevemente, como se ele

estivesse saboreando algo requintado.
-Felicidade fraudulenta não pode existir quando estou

com você. É impossível-. Gabriel aproximou-se e segurou
meus braços. Seus lábios mal se mexeram, mas o ouvi alto e
bom som.
-Emma, você quebrou meu coração, me rasgou em

pedaços e fez-me questionar a minha auto-estima. Às vezes

eu a odiava por isso, mas não consegui tirar você da minha
mente.
Eu fiquei pálida. A minha língua doía para confessar

que ele não era o único a sentir isso.
-No entanto, eu tomaria cada momento, uma centena

de vezes, se isso significasse que eu poderia finalmente ficar
com alguém que pudesse ser real comigo. Você não tenta me
impressionar, e você não quer o meu dinheiro. Você não
controla a sua língua com medo que eu fique com raiva, e não
faz negócios com a sua família. Quando estou com você, eu
sei que o que eu recebo é real. A dor, a felicidade, tudo isso é
verdadeiro.
Suas palavras me fizeram sentir como uma deusa. Só

desejei que eu pudesse ser metade da pessoa que ele diz que
sou.
-Nem sempre. Eu não te mostro metade do que sinto.
Seu olhar se suavizou.
-Mas sei o que está lá, Emma. Existe e é isso o que

importa para mim.
Eu engoli o caroço na minha garganta.

-Obrigado, Gabriel. Mesmo assim não vou ficar.
-Nem eu.
Não posso explicar como me senti aliviada com essas

palavras. Eu já estava novamente tão apegada a ele? Se eu
tinha algum juízo, eu iria embora e nunca falaria com Gabriel
novamente.
-Pode sair? Quer dizer, não esperam que fique por mais
tempo?
Um sorriso arrogante apareceu, -Por vezes é bom ser

rei, Emma, especialmente porque posso fazer o que eu quero.
-Então, você só quer ser verdadeiro comigo e não com o

resto do mundo?
-Bem, não vamos ficar malucos.
-Certo, rei Gabriel. Vamos sair e comer. Eu estou

pagando, lembra?
Ele sorriu, obviamente aliviado.
-Eu não esqueci.

Estendi a minha mão para a sua mão. Eu não preciso
pensar sobre como isso parecia acertado.
-Eu conheço um lugar onde podemos comer até nossas

barrigas quererem explodir. Está a fim?
Gabriel apertou a minha mão.
-É a melhor ideia que ouvi o dia todo.
Sorrimos juntos, os pensamentos sobre Embry e o resto

desapareceram, como se eles tiveram caído fora da borda do
mundo.

Capítulo 6
A campainha tocou incessantemente. Rastejei para fora

da cama, amaldiçoando quem teve a coragem de me acordar...
ao raiar do meio-dia. Grasnando, falei -Sim-?
-Se levante e brilhe, Emma.
-Gabriel-?
-Em carne e osso.
A excitação surgiu lentamente ao longo da minha

espinha.
-O que faz aqui?
-Não é óbvio? Estou aqui para ver você.
Olhei para o meu pulso.
-Mas acabamos de nos ver.
-Há cinco horas! Que é muito tempo para ficar longe de

você.
-Mas...

-Emma, minha querida, podemos ter esta conversa em
pessoa?
Meus olhos estavam presos um ao outro. Eu mal podia

reunir forças para forçá-los a abrir, mesmo como meu
batimento cardíaco acelerado. Não podia negar o quão
satisfeita estava por conseguir vê-lo novamente.
Tivemos que deixar a angariação de fundos na noite

anterior empilhados na limusine de Gabriel. Eu tinha
instruído Waylon a conduzir no meio do caminho entre o
centro da cidade e os subúrbios para o melhor restaurante
chinês 24 horas do mundo. Gabriel tinha praticamente
pulado fora da limusine em sua excitação.
Senti-me estranha ao entrar na Hong Kong Garden #5

sabendo que Waylon ia ficar lá fora esperando. No entanto, ele
recusou o convite para se juntar a nós e ao invés disso,
sentou-se com um leitor.
-Eu já jantei esta noite. Obrigado assim mesmo.
Gabriel tinha retorcido seus dedos com os meus e nos

levou para o restaurante. Nós estabelecemos em uma cabine
de couro sintético vermelho e conversamos por horas. Ele me
encantou com histórias de suas aventuras ao redor do

mundo. Entretive-o com ... bem, eu não tenho certeza. Minha
vida tinha sido notavelmente maçante até ele voltar para ela.
-E namorados?
-Por que eu teria de lhe dizer?
-Por que não?- Gabriel acenou um wonton frito.
-Houve alguém tão importante quanto eu?
-Que cabeça grande você tem!
-Responda a pergunta, Emma.
-Eu não vou falar para você dos meus últimos

relacionamentos.
-É justo-. Ele engoliu uma mordida de lo mein.
-Você não vai me perguntar se havia alguém tão

importante como você?
Meu arroz frito estabeleceu-se no meu estômago como

uma pedra.
-Não, eu não vou perguntar.

-Bom. Economiza tempo. A resposta é não.
Não precisei olhar para um espelho para saber se

minhas bochechas liberava rosa com prazer.
-Bom. Poupa tempo comigo perguntando sobre Embry.
Ele olhou acima, para mim, um olhar sério.
-Peço desculpa novamente por hoje à noite. Eu não

devia ter te levado lá sabendo que ela poderia aparecer.
-Águas passadas, Gabriel.
Ele me regalou com contos da Amazônia. Contei-lhe

sobre a viagem que faria a Paris — uma primeira vez para
mim.
-Qual companhia aérea está voando?
-Por que quer saber?
-Emma, você é tão desconfiada! Não é como se suas

passagem fossem canceladas então você não teria nenhuma
escolha, se não voar no meu avião, que eu tenho? A sério,
quando é sua viagem e qual companhia aérea? -
Eu mantive os lábios fechados.

Eventualmente nós voltamos para sua limusine. Tinha
medo da ideia de ter de volta para casa de carro quando tudo
o que eu quis fazer foi um acidente.
-Onde você mora, Emma?
-Cerca de quinze minutos daqui. Por quê?
-Então te levo para casa, boba.
-Você não vai me deixar no Obelisco Pointe?
-Você está louca? De nenhuma maneira vou deixar você

sozinha tão tarde da noite!
-É quase meia-noite.
-Isso não vai acontecer, minha cara, então você pode

esquecer.
-Gabriel-, expliquei pacientemente.
-Se eu não pegar meu carro, sua segurança o rebocará.
-Eles não se atreveriam. Além disso, eles sabem sua

placa e que vamos pegá-lo pela manhã.

Ia balançar meu braço para ele, mas estava muito cheia
e cansada para fazê-lo.
-Nós pegaremos?
-Sim, vamos. Agora de-me seu endereço.
Isto não era uma batalha que eu estava preparado para

ganhar. Não quando estava enfiada em complacência e
amadurecimento pelo modo como ele me fez rir.
Pouco tempo depois, nós rolamos no meu complexo de

apartamentos. Gabriel olhou através da janela escurecida,
examinando os edifícios com um ar de intensa curiosidade.
-Qual andar você mora?
-Piso térreo.
Ele fez uma careta.
- Eu não gosto muito disso.
-É mesmo? Eu gosto, bastante.- Tenho um grande pátio

que dá para os campos de ténis. É adorável, especialmente na
primavera.

-Sim porque você é do contra e só gosta de discutir
comigo.
-Por que você não gosta disso?
-Porque alguém pode invadir seu apartamento. Você

tem um cachorro?
-Não. Eu sou mais de gatos.
-Claro que é. É também evidente que sou uma pessoa

que gosta de cachorro. Pelo menos tem um sistema de
alarme?
-Não.
-Você vai ter um amanhã.
-Estou bem sem um, Gabriel, como estive bem durante

o ano inteiro que vivi aqui.
-Emma.
-Gabriel.
Ele soprou, obviamente irritado que eu não estava

preocupada com minha segurança tanto como ele estava.

-Por que você não me deixa colocar um sistema de
alarme?
-Porque eu não preciso de um.
-Como pode dizer isso? Você é uma mulher que mora

sozinha em um apartamento térreo sem um cão. Por favor,
Emma? Eu dormiria mais tranquilo por saber que você tem
algum tipo de sistema de segurança.
-Por que você não me muda para uma casa fechada

com segurança a toda a hora?
Gabriel animou-se.
-Você me deixaria?
-Não! Isso se chama sarcasmo.
-Parece uma ótima ideia para mim. Eu realmente acho

que devemos explora-la ainda mais.
Finalmente a limusine parou em frente ao meu prédio.

Eu estiquei e disse a ele.
-Boa noite, Gabriel.

-Espere, Emma-. Ele segurou minha mão nas dele, era
todo sorriso -Estou falando sério sobre o sistema de
segurança. Terei um instalado no período da tarde, se você
me deixar.
Eu suspirei, sabendo que ia ceder.
-Importa muito para você.
-Sim!
Gabriel parecia a minha mãe. Ela sempre insistiu

comigo que não era seguro para uma menina sozinha na
cidade grande, pelo menos, deveria ter algum tipo de alarme.
-Tudo bem. Mande alguém. Se custar mais de...
-Não vai.
-Porque você vai pagar por isso?
-Porque você não tem que se preocupar com o custo.
-Gabriel, você tem que parar de jogar seu dinheiro em

mim.
-Você só poderia aceitar isso. Honestamente, faria tudo

correr mais fácil.

Eu gemia e joguei meu braço sobre os meus olhos.
-Você é tão, tão insistente .
-Eu chamo de foco.
-Insistente.
-Bem, eu não sei sobre você, mas não tenho mais 7

anos, e não estou disposto a esperar por nós.
Nós...
-Gabriel, eu pensarei sobre isso.
-Eles estarão aqui à tarde.
-Como, se a resposta foi, vou pensar nisso?
-Porque você já me disse para mandar alguém.- Seu

sorriso deu a entender que eu não poderei rescindir a ordem.
-Tudo bem, mas só porque estou muito cheia para lutar

com você no momento.
-Hmm, Emma Adams tem uma fraqueza. Eu vou ter a

certeza de mantê-la satisfeita daqui até a eternidade.

-Sim e quando eu for um dirigível vou ter a certeza de
sentar em você até que não possa se mover. Ensiná-lo a usar
a minha fraqueza como uma arma.
Gabriel levantou minha mão aos seus lábios.
-Não é uma ameaça quando você seria a canoa mais

bonita em toda a criação.
Nossas brincadeiras desvaneceram-se como o ar entre

nós causando saudade. Gabriel em concha com os dedos
longos no meu pescoço, pressionando suavemente e pedindo-
me para mais.
-Eu tive um tempo maravilhoso com você, Emma. Não

quero deixar você ir.
Apertei a mão dele. Euforia bateu nas minhas veias.

Seus lábios estavam tão perto dos meus.
-Quem disse que você precisa?
Opa!A quem pertencia àquela voz sensual? Certamente

não poderia ter sido eu!
-Está me provocando, Emma? Eu acho que não vou ser

capaz de aguentar se você estiver.- Gabriel esfregando seus

lábios contra o meu. Como um movimento de penas torcido
um gemido baixo, irregular, fora de mim.
-Acho que é você quem está me provocando-. Eu não

era páreo para ele. Gabriel poderia ter-me colocado nua
rápido se quisesse. Eu não podia construir paredes rápidas o
suficiente para mantê-lo fora da minha torre.
-Hmm, talvez eu esteja.- A língua de Gabriel lambeu a

curva cheia do meu lábio inferior.
Minhas mãos agarraram sua lapela, pronta para

escorregar o casaco dos seus ombros em um momento.
-Nada eu adoraria mais do que vê-la... em todos os

sentidos.- Gabriel traçou uma linha do meu ombro até o
cotovelo.
-Eu adoraria mais do que qualquer coisa, Emma.
-Então o que está te impedindo?
Ele acariciou suavemente o meu rosto.
-Estou me guardando.
Senti-me adorada, adorada e preciosa. Extasiada, eu

sussurrei, -Para quê?

-Para você. Para quando você estiver tão louca por mim
como eu sou por você. Não me deixe esperando por muito
tempo, Emma. Por favor.
Eu tropecei para fora da limusine, atordoada e olhei

para ele quando me acompanhou até a porta.
-Vou ver você amanhã, Emma-. Gabriel beijou minha

mão e me esperou perto da porta antes de sair.
E agora aqui estávamos nós — eu meio dormindo e

ainda animada por causa do homem glorioso do outro lado da
porta.
-Emma-?
Eu abri a porta, conseguindo ver Gabriel com sacos de

comida e uma bandeja com quatro copos.
-Olá, dorminhoca.
-Olá, Gabriel.- Ele estava vestido de jeans e um suéter

cinza. Parecia elegante e casual. Lindo como sempre. Me
afastei, consciente da minhas calça de flanela e camiseta
larga.
-Como pode estar tão bem depois de dormir tão pouco?

-Você não sabia? Não durmo mais que algumas horas
de cada vez.- Gabriel entrou na minha pequena porta de
entrada.
-Você está brincando.
-Não.
-Como isso é possível?
-Estou muito ocupado para dormir-. Ele olhou entre

minha sala de jantar e cozinha.
-Onde você gostaria que eu colocasse isto?
Apontei para minha mesa redonda de cerejeira. Gabriel

abaixou as sacolas, abriu e retirou os recipientes de fruta,
bolos, ovos mexidos, fatias de bacon e torradas. Tinha um
cheiro celestial.
-Onde você conseguiu a comida?
-Eu tenho um cozinheiro.
-Que sorte. Geralmente tenho que fazer minha própria

comida.

-Então talvez um dia você possa me ensinar.
Dei um par de passos para ir à cozinha, pegar alguns

pratos e utensílios.
-Por que você gostaria de aprender agora?
-Para poder cozinhar para você.
Eu parei na frente dele do lado oposto da mesa.
-Oh.
Gabriel piscou para mim.
-Você parece tão animada.- Ele deu um passo em

minha direção.
Deus, aposto que estou horrível. Hálito matinal, cabelo

horrivel... ugh!
Eu me afastei e murmurei, -Vou-me vestir.

-Não há necessidade, Emma. Gosto de você assim como
está.
-Vou me refrescar então.
-Se Tem certeza.

Caminhei para o meu quarto e fechei a porta. Fazendo
rapidamente minha rotina matinal, não consegui apagar o
sorriso tonto que manteve ondulando em meus lábios.
Pensamentos do modo como ele me visitou na última tarde
passavam pela minha cabeça. Afinal nossa despedida não foi
da melhores. Agora não precisava ser assim.
Eu não deixaria, não quando tive uma segunda chance

com o meu primeiro amor.
É um novo dia.
Em poucos minutos eu estava fresca e tinha puxado

meu cabelo em um rabo de cavalo alto. Pensei em mudar as
minhas roupas, mas depois decidi que não. Afinal Gabriel
disse que gostava de mim como eu era.
Definitivamente não.
Quando voltei para sala de jantar, Gabriel já tinha

colocado comida em nossos pratos e estava esperando por
mim. Ele se levantou e puxou minha cadeira antes de
retornar à sua.
-Não sabia se você preferia café ou suco de laranja,

então trouxe os dois.

-O suco é o meu preferido. Não me importo para o café.
-Não para o café então.- Gabriel arrancou um copo

grande do meu lado da mesa e levou para a cozinha. Ele
retornou rapidamente e sentou-se à minha frente.
-Coma, docinho.
Eu sorri e peguei meu garfo.
-Parece tão bom. Eu não sei se consigo comer tudo.
-Coma até você estar cheia.
-Tenho certeza que vou... espere um minuto. Por que

está me enchendo?- Eu estudei sua expressão indiferente.
-Você está planejando algo. O que é?
-Estou magoado, Emma. Faço algo legal para você e

você olha com suspeita. É uma pena, realmente é.
-Gabriel...
-Sim?
-Por que está aqui tão cedo?

-Não é cedo. É à tarde.- Ele pegou um pedaço de
abacaxi e o colocou em sua boca.
-E eu queria ver você. Preciso de outra razão?
-Ah, acho que não. Então você quer ficar por aqui,
então?
-Eu estava pensando em algo como uma viagem para o

zoológico e o jantar. Depois que pegar seu carro.
-É isso-?
-Isso é tudo o que está planejado.- Gabriel estendeu os

ovos mexidos.
-Aqui.
Eu abri minha boca obedientemente. Os ovos estavam

deliciosos.
-Cumprimentos ao chef.
-Eu vou elogiar com certeza. Agora coma, querida.

Temos um dia ocupado pela frente.
Foi estranho ter Gabriel no meu apartamento, mas me

acostumei rapidamente. Ele me colocou à vontade, falando

sobre tudo e qualquer coisa. Quando nós terminamos de
comer e começou a limpeza, facilmente estava me movendo
em torno dele em minha estreita cozinha como se sempre ele
estivesse lá.
-Posso dar uma olhada em sua casa, ou é muito cedo

para começar os passeios?
Ele parecia tão ansioso, não pude deixar de rir.
-Tudo bem. Venha por aqui.
Entrei na sala de estar.
-Aqui temos a sala de estar, quarto, biblioteca e sala de

tv. É um projeto de visão de futuro para uma garota com
minúsculo orçamento.
Gabriel acenou com a cabeça prudentemente,

examinando as paredes brancas e o mobiliário confortável
com um olhar curioso.
-Sim, sim. Acredito que vi este projeto no Japão. É

bastante inteligente para usar num espaço compacto.
Andamos mais uns passos e entramos no corredor. Eu

fiz um gesto para o banho à direita.

-E aqui é o banheiro de hóspedes. Equipado com todas
as necessidades ao mesmo tempo usando as mínimas
mudanças.
Gabriel acendeu a luz e enfiou a cabeça dentro.
-Parece bastante não utilizado. Assento de toalete para

baixo. Bom sinal. Sim, acho que isto é como deveria ser. Eu
reivindico este banheiro para mim. Não é permitido a ninguém
usá-lo além de mim.
Levantei a minha testa e disse.
-Devidamente observado. E este é o quarto principal e o

único quarto. É grande, arejado e entra muito sol. Esse
armário é uma surpresa, surpreendentemente espaçoso,
banheiro equipado com banheira é uma alegria, e a porta
francesa leva à melhor parte do apartamento.
Gabriel entrou em meu espaço. Seu olhar parou na

cama amarrotada por um momento indecente.
-Lençóis bonitos.
Não pude deixar de pensar nele nesses mesmos lençóis,

espreguiçando. A imagem era linda.
-Também sou fã de casa chique.

-É mesmo? Terei que falar isso com o meu decorador.-
Gabriel correu a mão no pé da cama quando foi até a porta do
pátio.
-Posso?
Eu amei como formal ele poderia ser. Ele acenou diante

de mim e eu ri .
-Faça-o, senhor.
-Então farei, minha querida senhora.
Saímos em meu pátio. Gabriel inclinou-se contra a

grade de metal e verificou a área.
-É muito bonita. Eu posso ver porque você gosta daqui.
Considerava o pátio a melhor parte do meu

apartamento, meu oásis particular. Eu tinha decorado com
um par de cadeiras grandes e grossas e uma mesa de ferro
forjado, que pintei de marfim. O tapete ao ar livre debaixo dos
nossos pés trouxe um alegre laranja para a cor cinza do
concreto. Uma grande fonte borbulhava no canto. Várias
plantas foram espalhadas, suavizando as linhas rígidas,
fazendo a vegetação necessária ao espaço ser útil.

-Obrigado-. Sentei e acenei para a cadeira ao meu lado.
-Sente, Gabriel. Aproveite o dia.
-Não se importa se eu fizer.- Descansou seu grande

corpo na cadeira azul.
-Isso realmente me acomoda.
-Bonito, hein?- Eu me perguntei deveria dizer que

comprei em um brechó.
Talvez não.
-Muito bom, Emma.
Nós tomamos sol por vários minutos, nosso silêncio

sociável e nossas mãos naturalmente, encontrando uma a
outra. Murmúrios de -Para sempre e sempre- sussurram no
meu ouvido. Perguntava-me se realmente tinha pensado
nisso.
Acalme-se, Sra. Adams. Você está andando muito

rápido. Alguém pode se machucar.
-Eu poderia dormir aqui,- murmurei.

-Talvez devesse ter uma rede, então eu poderia tirar
uma soneca todo dia como um gato.
-Mmm, posso ver por quê. Por falar em gatos, você tem
um?
-Não.
-Por que não?
-Eu costumo trabalhar dez ou doze horas por dia. Não

seria justo a Constantino.
-Constantino? É um belo nome para um gato.
-Eu penso assim também.- Eu bocejei.
-Oh, me desculpe. Tão logo eu reduzir minhas horas,

vou pegá-lo. Ele é um gato cinzento com listras pretas e olhos
verdes.
-Ele vive em algum lugar agora?
-Não, mas quando o tempo estiver pronto ele vai estar

esperando por mim.
Gabriel, perguntou.

-Por que você trabalha tantas horas, Emma?
O sol soltou minha língua.
-Porque eu estou economizando cada centavo que

posso.
-Para quê?
-Para comprar uma casa.
Ouvi a surpresa na voz dele.
-É mesmo? Que tipo de casa? Algo mais perto da

cidade?
-Não, não para mim. Para minha mãe.
-Está comprando uma casa para sua mãe. Que

encantador. Quero dizer isso é bacana.
Eu absorvi seu louvor como uma esponja.
-Ela sempre foi tão boa para mim e trabalhou tão duro
a vida inteira. Isto é o mínimo que ela merece.
-Ela sabe o que está fazendo?

Estendi minhas pernas e cruzei nos tornozelos.
-Não. É uma surpresa. Eu tenho cerca de seis meses

para comprar, antes de ter o pré-pagamento e o valor dos
pagamentos da hipoteca de um ano. Estou economizando
apenas no caso de algo acontecer.
-
-Como o quê?
-Como ser demitida ou algo assim.
Gabriel pressionou os lábios, contra a minha bochecha

por um momento muito breve.
-Você é a garota mais doce que já conheci. Nunca

mude, Emma.
Eu toquei minha bochecha, assustada e ridiculamente

satisfeita pelo seu beijo.
-Não sei o que dizer.
-Um 'Obrigado' serve.
-Obrigado.

Sorrimos, inseguros e tímidos um com o outro. Eu
poderia jurar que vi um resplendor de luz no seu rosto, mas
pode ter sido um engano . Inclinei minha cabeça para trás e
fechei os olhos.
-Tenho de ir me arrumar?
-Não, ainda não. Fique aqui mais tempo, minha doce

gatinha.
Eu achei uma ótima ideia e disse isso a ele. O som

ocasional de um carro passando juntamente com o
equipamento de paisagismo fazia bastante ruído para me
permitir dormi.
Em seguida Gabriel falou.
-Então parece que o apartamento do lado está vazio.
-É-? Abri um olho sonolento.
-Não sei.
-Emma, você deve saber o que está acontecendo ao seu

redor,- ele me repreendeu com uma carranca.
-Eu guardo para mim mesma. Isso é um crime.

-Não, mas definitivamente não é se manter 100%
seguro.
-Gabriel, sem ofensa, mas provavelmente sou mais

esperta do que você.
-Isso é discutível.
-Nós vamos concordar em discordar, Mr. Bilionário.
Ele limpou a garganta e disse, -O apartamento é um

espelho de um presente.
-Qual deles-?
-A próxima porta.
Como ele sabia... espera. N. º
Eu mantive minha posição relaxada, trilhando com

muito cuidado no caso de eu estava tirando conclusões
precipitadas.
-Como sabe, Gabriel?
-Porque eu sei.
Muito indiferente.

- Fale direito. Por que você sabe?- A suspeita foi
afundado cada vez mais fundo. Ele não teria feito o que eu
estava pensando, teria?
Gabriel evitou meu olhar. Em vez disso, ele observou os

trabalhadores de manutenção aparar os arbustos do outro
lado da rua.
-Com que freqüência eles trabalham, Emma?
-O tempo todo.
-Hmm. muito cedo?
-Não antes das nove.
-É bom saber.
-Porquê?
Ele se virou para mim e sorriu.
-Ninguém gostaria de acordar antes da hora, não é?
Ok, ele deu um sorriso como o gato que comeu o

canário.

Sentei-me.
-Gabriel, diga-me que você não alugou o apartamento

ao lado.
-Eu poderia apostar.
-Ok, então faça isso.
-Se eu dissesse isso a você, então você começaria a me

perguntar por que estava seguindo você até em casa. Eu
prefiro não ter essa conversa depois de um longo dia no
trabalho.
Chocada com a sua audácia, eu gritei o nome dele.
-Você está louco?
-Perfeitamente normal na última vez que verifiquei.
-O que você está pensando? Você não pode se mudar

para meu condôminio, Gabriel!
-Por que não? Você mora aqui. Eu gosto de você. Você

gosta de mim. Faz todo o sentido.
-Não, não. Realmente, realmente não.- Soltei a mão dele

para que eu não espremesse a vida fora dele. Inclinado para

frente, as mãos segurando o braço da cadeira até que ficaram
brancas, tentei ir com calma.
-Você já tem um lugar onde morar.
-Sim.
-Então o que está errado com ele?
-Não me agrada. Nunca agradou. É por isso que

coloquei a venda imediatamente.
-Por que você comprou se você não gostava?
Gabriel inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos,

visualmente aproveitando à tarde perfeita de Primavera.
-Foi um terrível erro de julgamento. Eu só morei lá por

alguns meses. Em uma palavra, é uma droga.
-Por que é uma porcaria? Você fez o decorador escolher

o tom errado de azul? Ou não é tão grande quanto os lugares
dos outros bilionários?
-Emma, isso não é muito agradável da sua parte.
-Desculpe, desculpe.

-Além disso, nunca deixaria o tom errado de azul entrar
em minha casa em primeiro lugar. Meu gosto é impecável. E o
resto — golpe baixo.
-Você está certo. Me desculpe.- Eu tentei chegar ao meu

ponto sem ser uma cadela.
-Certamente você teve a ideia que sua atual casa não ia

dar certo para você?
-Eu fiz. Porque achei que estava a sendo razoável com o

que eu realmente queria.
-Então, sua resposta em viver em uma casa

desagradável, mas certamente cara, é colocá-la à venda e
mudar para um apartamento no térreo com 600 m2 ?
-Sim.
-Gabriel, como você ganha dinheiro se estes são os

tipos de decisões que você toma?
-Não sou sempre tão impulsivo. Eu culpo você.
-A mim,-? Agora eu realmente queria colocar algum

sentido nele.

-Sim, você. Você é a razão pela qual não me resolvo.
Pode se culpar por ser tão incrível, Emma.
-Você está tentando encantar-me para conseguir o que

quer, mas não vai funcionar,-Eu avisei com uma careta. Pena
que não podia continuar.
Ele encolheu os ombros.
-Eu já consegui, vizinha.
-Gabriel-! Eu o golpei no ombro.
-Emma-! Ele golpeou de volta.
-Acho que o ponto alto do meu dia é quando você quer

brigar comigo. Agora vou começar a fazer isso, como seu
vizinho. Eu vou colocar minha música tão alta durante toda
a noite só para que você venha e brigue comigo.
-Masoquista.
Gabriel me deu uma olhada sensual.
-Não é bem assim, querida. Eu sou simplesmente

viciado em você e é tudo culpa sua Emma. Você me fez um
homem louco, você sabe. Assuma a responsabilidade.

-Você está me fazendo perder a paciência!
-Emma, ssh! Estou tentando tirar uma soneca aqui.
Não sei que diabo me fez levantar da minha cadeira e ir

para o colo dele. Inclinei à cara dele.
-Você é louco, Gabriel Gordon! Não acredito que você já

alugou o apartamento ao lado!
Seus braços circularam meus quadris.
-Acredite, minha querida. Você está presa no momento.
-Até-?
-Até chegar ao ponto onde você não pode viver sem

mim. Obviamente já estou lá então estou disposto a esperar
por você.- Ele saltou me levantando.
-Não se apresse, Emma.
-Oh, meu Deus!- Eu apertei meus braços em volta do

seu pescoço.
-Como você sabe que eu não vou colocar uma ordem de

restrição sobre você?

-Eu vivo perigosamente.
-Essa é sua resposta? Tenho medo que não ajude no

tribunal.
-Tudo bem, vamos ver se eu posso inventar uma

melhor... Ah, sim! Se você e eu tivéssemos acabado de nos
conhecer pela primeira vez ontem, então sim isto
provavelmente estaria dentro do livro de perseguições. Exceto,
que um perseguidor mudaria para porta ao lado. Ele
provavelmente mudaria para o outro lado da rua onde
pudesse observar-lá do andar de cima.
-Gabriel-!
-Claro, claro. Eu deveria ficar no ponto. Onde eu

estava? Ah, sim. Nossa tabela de tempo.- Gabriel mudou-me
no colo dele, trazendo-me muito mais perto.
-Nós nos conhecemos por anos, eram muito íntimos em

um ponto, e de modo que torna-se dispensável um monte de
tete-a-tete bobo que acontece em um primeiro tempo de
namoro -
-Tete-a-tete?
-Emma, não ria. Era a frase favorita da minha avó.

-Desculpe-me. Vá em frente.
-Onde eu estava? Eu estou achando incrivelmente

difícil me concentrar quando eu tenho no meu colo uma
megera atrevida.
Balançar os quadris o fez gemer meu nome. Dei-lhe um

sorriso perverso.
-Você estava dizendo, Gabriel?
-Gabriel? Quem é esse? Soa-me familiar...- Suas mãos

apertaram minhas coxas.
-Espere um minuto! Eu acho que está voltando... faça

novamente...
Movi meus quadris em um círculo lento. Eu não era

normalmente tão descarada.
Gabriel apertou-me a ele. Seu belo rosto mostrava

prazer.
-Emma, você é tão boa em ser má.
-Aprendi com o melhor-. Eu abaixei até seu queixo.

Gabriel colocou os dedos na minha nuca. Ele
gentilmente me puxou .
-Você está me distraindo, garota safada. Se não te

conhecesse, diria que estava fazendo isso de propósito.
Eu estava? -Talvez...
-Você gosta de estar aqui no meu colo, não é?
Concordei, avidamente, olhando seus lábios

completamente beijáveis.
-Veja, você está provando que meu cronograma é

correto.
-O que? Como assim?
- Nosso tempo de volta praticamente nos move até o

ponto onde nós realmente estamos vivendo juntos. Morar na
porta ao lado está realmente indo devagar, Emma Para sua
informação então — você está se movendo mais rápido do que
eu.
- Gabriel bateu levemente em minha bunda.
Minha boca aberta.

-Não acredito que não te joguei pra fora daqui. Talvez
eu seja a louca. Eu tenho que ser-!
-Não, você não é louca. Ainda não. Eu por outro lado...-

Gabriel disse me beijando no queixo.
-Eu sou louco por você.- Ele fugiu de mim novamente,

desta vez na bochecha.
-Absolutamente, positivamente insano por você.
A sensação de seus lábios na minha pele corada tornou

mais difícil me concentrar. Me sentia irritada, ele era tão
lindo, como alguém tão belo era tão obstinado, e impossível
de resistir.
Ele parecia mais do que capaz de resistir a mim!
-Gabriel, você não pode fazer coisas como esta. Você é

sensual. Você é frio. Você me quer. Você quer me esperar.
Você está me vendo desde ontem, pela primeira vez em sete
anos. Hoje você aluga a casa vizinha. Isto não é um
comportamento normal.
-Normal é chato.

-Talvez seja, mas ainda há uma maneira adequada de
agir sobre as coisas. Temos que ter limites, distância e
nenhuma provocação!
-Não concordo.
-Porquê?- Esperei por suas razões, claro que ele estaria

cheio de privilégio, arrogância e argumentos.
-Eu joguei esse jogo antes, Emma. Eu te dei todo o

espaço do mundo, você fez as coisas no seu ritmo e olha como
isso acabou.
Tive de lhe dar razão.
-Desta vez é diferente. Somos diferentes e começamos

de um jeito melhor, certo?
-Seja como for, me recuso a deixar acontecer da mesma

maneira.- Suas grandes mãos deslizaram pelas minhas
costas.
-Eu quero você, Emma. Eu sei que você me quer. Eu

vou cortejá-la o tempo que você desejar, vou me segurar de
leva-lá para a cama até que esteja pronta, mas sei que no
final, nós dois ficaremos juntos. Não adianta lutar, então
relaxe e aproveite o passeio. Eu sei que vou aproveitar.

As palavras de Gabriel deviam me levar por um
caminho. Em vez disso, uma parte escura de mim ressurgiu,
respondendo a suas palavras como uma mulher irritada
responde ao seu companheiro. A razão desapareceu e meu
instinto assumiu o controle.
-Não adianta lutar.
-Não. Diga que compreende, Emma.
-Sim, Gabriel, eu entendi-. Eu mordi meu lábio e olhei

para baixo.
-Você sabe como agir com uma mulher e convence-la,

usando sua lógica.
-Eu sei como falar doce com você.- Suas mãos

esfregaram círculos lentos ao longo da espinha.
-Agora você ainda quer colocar uma ordem de restrição

contra mim?
Eu ri e arqueei as costas.
-Não no momento. Tenho medo que não consiga me

lembrar por que eu toquei no assunto.
-Boa garota-, Gabriel murmurou.

-Eu vou trabalhar muito para mantê-la dessa maneira.
Eu Escovei meus dedos pelo seu cabelo grosso,

admirando os inúmeros tons de ouro brilhando.
-Você estava fingindo que não tinha mais nada a dizer,

não é?
-Sim-, ele respondeu com a bochecha.
-É geralmente a melhor forma para levar você.
-Homem arrogante-! Eu arrepiei mais o seu cabelo.
-Então você vai viver como uma pessoa comum.
-Esse é o plano. Pelo menos até eu vender o meu

horrível apartamento.
-Apartamento.
-Muito bem. 5Penthouse.
Eu não poderia envolver minha mente em torno

daquilo.
5 Penthouse O apartamento penthouse é aquele localizado no andar mais elevado do edifício
ou condomínio. As penthouses são diferenciadas tipicamente dos outros apartamentos por

possuirem características luxuosas.

-Tem certeza de que não pode ser salvo? Talvez uma
pintura nova ou móveis?
-Não há esperança, Emma. Uma causa perdida. Eu

nunca vou ser feliz lá então deixe outra pessoa ser feliz.
Mesmo se você de alguma forma conseguir convencer-me a
não viver ao seu lado, eu não vou voltar a viver naquele lugar.
Apesar de seu sorriso alegre, senti a mordida de aço

atrás de cada palavra. Ele não ia ser seduzido.
-Então você é meu vizinho. É um negócio feito?
-Eu assinei a papelada antes de vir.
-Está bem.
-Tudo bem? Você já aceitou? Chega de tentar

convencer-me a viver em outro lugar?
-Chega. 6FYI — se você vai viver aqui ao lado,

temporariamente, haverá algumas regras.
-Regras, agora? Hmm... muito bem. Deixe-me ouvir as

suas regras.
6 FYI- para a sua informação

-Sem música alta. Sério, Gabriel. Nada de,-7 Nothin
'But a Good Time - às 3 horas da manhã. Não estou
brincando com você quando digo isso. As paredes são muito
finas e não serei uma vizinha feliz se você interromper o meu
sono.
-Você devia saber que eu só estava brincando sobre a

música.
-Você estava? Honestamente, eu não duvidaria que

fizesse.
-Bem, claro vou propositadamente agradar a você, mas

tenho meu limite em lançar meu veneno a alguém que não
pode apreciá-los.
-Agradeço, mas não às três da manhã.
-Por que você acha que faria isso?
-Oh, talvez porque eu lembro de você ter feito isso na

noite que passamos juntos.- Embora meu tom era leve, não
pude deixar de pensar na nossa posição atual. Gabriel
também lembrava devido a crescente rigidez que senti sob
meu traseiro, era a indicação.
7 Nothin 'But a Good Time - é o primeira música do metal Glam banda poison

-Sim, mas isso foi naquela época. Agora, para agradar
você, sou muito mais criativo.
-Fico feliz.
-Para mim? Absolutamente.
Agradecendo as sebes, alinhando a frente do meu pátio

e a privacidade que elas ofereciam, mudei minhas coxas ao
redor da cintura dele.
-Gabriel-?
-Sim, Emma?
-O que quer....- Perguntei? -... procurando um pronto

para o nosso encontro?
Ele olhou para mim com intensidade preguiçosa.
-Você quer se preparar para o nosso encontro?
-Não em particular.
-Eu também não.
-O que quer que eu faça?

Deu um aperto com força na minha cintura.
-Coisas que não poderia falar a luz do dia.
-Isso é perverso, hein?
-Pior do que você pode imaginar.
Eu tremia.
-Eu pensei que não ia tentar seduzir-me, Sr. Gordon.

Sua palavras geralmente fazem o oposto.
-Garota suja, suja.- Gabriel deu-me um beijinho rápido

nos lábios.
-Lá em cima com você agora.- Ele beijou meu quadril.
- Vestida-se, Emma. Temos que pegar seu carro e trazê-

lo de volta.
-Tudo bem-. Eu entrei e depois enfiei a cabeça na porta

e disse.
-Você vai ficar aqui enquanto eu me visto?
-Você se importa.

-Sim. Não quero você entrando enquanto eu estou
pelada.
Gabriel apoiou o queixo na mão.
-Isso ainda não seria uma coisa boa? Muito bem, eu

vou ficar aqui. Venham me pegar quando estiver pronta.
Eu fechei a porta e corri no meu armário. Não sei se

devo ficar irritada ou se divertida pelo lado cavalheiresco de
Gabriel. Preferia fazer amor todo fim de semana, ainda...
Isso é bom também.
Escolhi um par de jeans e uma camiseta preta e botas.

O tempo estava quente o suficiente para levar um casaco leve,
se fosse o caso. Levei minhas roupas para o banheiro. Eu
liguei meu chuveiro, lavar, enxaguar e fazer depilação em 5
minutos.
Depois de me vestir, arrumei meu cabelo em coque de

bailarina e continuei minha mínima maquiagem. Inclinando a
cabeça aqui e ali, não podia negar que linda eu fiquei. Foi um
longo caminho desde a deusa do glamour da noite anterior,
mas ainda muito grande.
-Admirando-se, minha querida? Você deve, você sabe.

Você é muito bonita.

Assustada, me virei para porta.
-Não ouvi você chegar!
-Isso é porque tenho pés de ninja.
Dei um risada.
-O que faz aqui? Eu pensei que você ia esperar lá fora.
-Eu não podia esperar mais.
-Desculpe-me. Eu pensei que acabaria a qualquer

momento.
-Você foi rápida.- Gabriel inclinou-se contra o batente

da porta.
-Mas ainda era muito tempo. Já estava com saudades.
Tudo superado, eu cruzei o quarto em dois passos e

envolvi meus braços em volta do seu pescoço. Gabriel
imediatamente me pegou, me levantou do chão e me abraçou
forte. Eu queria beijá-lo, mas mais do que isso, só precisava
estar perto deste homem.

-Você está virando meu mundo de cabeça para baixo,
Gabriel.
-Eu sei.
-Não, realmente.- Encostei seu pescoço na ponta do

meu nariz.
-Você cheira tão delicioso. Como sol, Gabriel.
-E você tem um cheiro tão doce. Como baunilha. Só

quero guarda no bolso e levá-lo o tempo todo.
-Isso seria legal.
Gabriel me levantou mais alto até que enrolei minhas

pernas em volta da sua cintura.
-Já está pronta, Emma?
Balancei a cabeça.
-Bom. Então vamos lá.- Gabriel apagou a luz e entrou

na sala de estar, ainda carregando-me como um macaquinho.
-Onde está sua bolsa?

Apontei na direção da mesa ao lado. Gabriel caminhou
até lá e pegou minha bolsa.
-Tem as chaves?
-Elas estão aqui.
-Pronta para ir?
-Com certeza.
Gabriel fez uma pausa na porta.
-Você sabe que vou manter-lá comigo todos os fim de

semana?
-Ficaria brava com você se não fizesse.- Meu mundo se

tornou um lugar melhor, cada vez que ele sorria.

Capítulo 7
Eu peguei o telefone e respondi, -Emma Adams.
-Emma, eu sei que você recebeu minha mensagem. É

hora do almoço. Vamos!
-Olá, Gabriel.- Não precisei olhar para um espelho para

saber quem era, sorri como uma escolar.
-Olá, minha querida. Almoço. Agora.
-Hmm...- Troquei de volta a concentrar-me na tela do

computador, os números de digitalização e importação de
coluna após coluna.
-Emma-?
-Só mais uns minutos...- Eu respondi distraidamente.
-Você já disse isso duas vezes.
-Eu disse-?
-Sim, você disse.

-Realmente me desculpe. Só acho que não posso
almoçar agora. Podemos adiar?
Gabriel cortou minha desculpa.
-É inaceitável. Você tem que se cuidar, Emma. Pular o

almoço não vai ajudar a manter sua mente ajustada. Você
precisa se alimentar.
-Eu vou, mas o almoço não pode esperar mais uma

hora?
-Não, não pode. Agora você vem e me encontre no

saguão, ou tenho que ir buscá-la? Se eu for, será uma
maneira de encontrar seu supervisor. Estando lá vou fazer-lhe
uma oferta irrecusável para deixá-la ir para o seio amoroso
das indústrias Gordon, onde você será capaz de comer em um
horário apropriado...
Rolei meus olhos e minimizado minhas telas.
-Está bem! Vou estar com você em cinco minutos.
Ouvi seu sorriso.
-Boa garota. Nós nos vemos então!- O telefone desligou.

Eu chequei o relógio, fazendo uma nota mental de quando eu
precisava estar de volta. As segundas-feiras sempre foram

terríveis e hoje não era excepção. Eu inclinei e bati na parede
do meu elegante vizinho.
-Kevin, eu estou saindo para almoçar. Voltarei em cerca

de uma hora.
Ele acenou.
-Tenha uma bom almoço.
-Vou ter.
Gabriel, estava resplandecente em um terno escuro

combinando com uma camisa e gravata, agarrou minha mão
assim que saí do elevador.
-Estou com fome! Vamos lá.
-Pobre bebê, é minha culpa?- Eu falei com simpatia.
-Por uma questão de fato, sim. Eu exijo que me

recompense.
-Eu sei.
A manhã frenética saiu dos meus ombros... quando cai

no charme de Gabriel Gordon.

-Oh, me desculpe. Então vamos comer.
-Ainda bem que você finalmente está vendo as coisas à

minha maneira. Juro que não sabe o quão importante é para
mim passar o tempo com você!
Fiz porque senti o mesmo.
Passamos a maioria do fim de semana juntos. Gabriel

levou-me para a cidade em sua SUV de luxo para pegar meu
carro.
-É este novo?- Tinha o cheiro de carro novo. Eu

também tinha notado os adesivos temporários.
-Sim. Só peguei esta manhã.
-Você está brincando.
-Eu já te disse, eu não durmo muito. Além disso, os

espaços de estacionamento aqui são minúsculos. Eu duvido
que nossos vizinhos apreciariam minha limusine ocupando
uma fileira inteira deles.
O modo que ele falou 'Nossos vizinhos' fizeram saltar

coisas dentro de mim.
-Espero que você tenha um bom acordo sobre isso.

-Sempre.
Depois que peguei meu carro e trouxe-o de volta,

Gabriel teve o grande prazer em dar-me guiar de seu lugar.
Não importa o fato de que eu tinha o mesmo apartamento.
-Eles não são praticamente o mesmo, Emma. Você

mora lá e eu moro aqui. Totalmente diferente.
Considerando que Gabriel tinha garantido o aluguel do

apartamento, comprado um carro novo, e tinha o pequeno-
almoço pronto para nós, achei que também tinha conseguido
mobiliar sua casa.
-Não. Precisarei fazer isso em breve, neste fim de

semana, ou talvez na próxima semana.
De repente me senti tímida, e comecei olhar seus

armários de cozinha.
-Você ainda quer ir ao zoológico hoje?
Gabriel inclinou-se contra o balcão.
-O que você tem em mente?

-Bem, eu poderia ajudá-lo a se instalar aqui hoje. Você
quer pegar algumas coisas do seu antigo apartamento agora?
-Não.
-Nem mesmo suas roupas?
-Rick trará na segunda-feira.
-Gabriel, tem certeza de que não há algo mais sobre sua

cobertura?
Ele se calou, seus olhos estavam cautelosos e seu corpo

rígido.
-O que você que dizer?
Considerando quão sério ele olhou, eu quase me

arrependi da minha provocação. Quase.
-Tem certeza que não está escondendo algo sério de

mim?
Gabriel me assistiu, seu sorriso desapareceu.
-O que eu poderia estar escondendo de você?
-Eu não sei. Talvez como seu lugar é assombrado.

-Assombrado-?
-Sim, assombrado. Não acredita em fantasmas? Você

deveria sabe. Eles realmente existem.- Eu me ocupava ligando
a torneira.
-É por isso que você tem medo de ir lá, Gabriel?
Passou um momento, antes dele falar, -Emma, você me

surpreende.
-O quê-?
Gabriel veio ao redor da mesa e levantou-me. Encheu

meu rosto com beijos.
-Fantasmas? Você acha que eu tenho medo de voltar

para casa por causa de fantasma? Eu te adoro!
Queria bater nele por tirar sarro de mim. Em vez disso,

eu agarrei seus ombros largos e ri.
-Bem, não há fantasmas. Mas ainda temos que fazer

alguma coisa, a menos que você esteja pensando em dormir
no chão. Aqui está o que vou fazer — eu vou te ajudar a
escolher a mobília e ajudar você a comprá-la hoje. Que tal?

-Perfeito, Emma. Absolutamente perfeito.
Assim foi como passei meu sábado. Eu ajudei Gabriel

escolher um conjunto de cama, colchões, sofá, poltrona, mesa
de café e sala de jantar. (Aparentemente a entrega foi possível
ser feita no mesmo dia pelo determinado estabelecimento).
Também paramos em uma loja grande para comprar a TV,
DVD, microondas e cafeteira.
-Você provavelmente acha que devo pegar uma

pequena, hein?- ele perguntou enquanto olhava uma tela
plana de 32 polegadas .
Eu coloquei minhas mãos nos quadris e olhando na

parede elegante da loja.
-Absolutamente não. Compre a maior que você poder

colocar no carro.
-Emma! Eu sabia que gostava de você por um motivo.
Relutantemente, recusei sua oferta de uma TV de 72

para mim. Foi difícil. Se pudesse escolher entre o lindo vestido
daquela noite e a tela, teria escolhido a tela.
Gabriel não pressionou. Ele deve ter visto a inveja na

minha cara porque disse alegremente, -Você pode assistir
todos os filmes de garotas que quiser na minha casa.

-Eu não assisto filmes românticos.
-Então o que você assiste? Documentários?
-Velozes & furiosos. Identidade Bourne. E isso foi só na

semana passada.
Gabriel levantou meu pulso com dois dedos.
-Nunca imaginei que por trás deste interior delicado

escondesse tanta testosterona. Minhas desculpas.
-Desculpas aceitas. Filmes de garota... pfft! -
Quando fui levantar as caixas pesadas para dentro do

seu carro, Gabriel firmemente as levou.
-Esse é meu limite, Emma. Você não vai carregar essas

coisas enquanto estou aqui.
-Eu posso ajudar, não posso?
-Só se for preciso.
Ele não precisou.

Voltamos para o apartamento dele e descarregamos
todas as suas coisas antes de sair. A idéia de Gabriel de viver
como uma pessoa normal era ir às compras na Macy para
comprar lençóis, toalhas e outros itens essenciais.
Eu fiz o meu melhor para não lhe dizer que pessoas

normais não gastam US $500,00 em lençóis, nem que sua
conta final teria cinco dígitos. Principalmente porque, Gabriel
estava se divertindo tanto que não suportaria apontar essas
coisas para ele. Eu concordei com tudo o que ele queria,
dando minha opinião somente quando ele pedia mas nunca
sobre o preço.
Aparentemente dava no mesmo, porque várias vezes de

forma espontânea ele estendia a mão para me abraçar e
perguntava -O que você acha, Emma? Devo comprar toalhas
de cores diferentes ou manter tudo na mesma cor? Como você
gosta deste tapete? Que tal estas? Devo comprar um conjunto
completo ou apenas o suficiente para nós dois?
Rapidamente percebi que Gabriel nunca montou sua

própria casa. Sempre houve uma tropa de profissionais para
garantir que ele sempre tivesse os óculos certo, pratos e
toalhas.
Não sei por que me comoveu, mas fez. Havia tanta coisa
que tinha sempre querido adquirir, mas ver o deleite de

Gabriel às coisas lembrou-me que talvez eu não apreciasse
tanto a minha própria vida.
Depois que enchemos sua SUV até a borda, a barriga

de Gabriel exigiu comida. Não queria vicia-lo em fast food,
mas ele se recusou a ir para qualquer lugar que conhecia.
-Emma, este é meu novo bairro agora. Você não acha

que devo me familiarizar com todos os restaurantes aqui?
-Você não disse ‘ bairro ', não é?
-Fiz muito bem.
Levei-o para um shopping center onde comemos pizza e

calzones. A música era alta, as mesas utilitárias, e os menus
laminados. Gabriel declarou que foi o melhor que ele já
comeu. Saímos de mãos dadas, parecendo como qualquer
outro casal normal no país.
Quando voltamos pra casa, o caminhão de entrega já

tinha chegado no condomínio. Assisti como em nenhum outro
momento, uma tripulação de homens descarregando e
colocando todos os móveis no lugar. Gabriel deu uma gorjeta
generosa, agradecendo-lhes por terem vindo em tão pouco
tempo.
Em seguida, começou o trabalho pesado.

Eu fui para o meu apartamento. Parei quando vi uma
caixa com um pisca, fixada na parede. Gabriel me seguiu,
batendo a cabeça na porta ao me ver ali parada.
-Bom. Instalado e funcionando.
-Gabriel, o que é isso na minha parede?
-O alarme.
-Sim, eu percebi. Mas como isto foi instalado sem eu

estar aqui?
-Deixei-o entrar.
-Como?
- Um detalhes que não irá se repetir. É desnecessário

dizer que você está mais segura do que estava antes.
-Gabriel, quando você pegou a chave da minha casa?
-Ah, bem, você vê...
-Eu quero minha chave de volta.- Eu estendi minha

mão e esperei.

Ele parecia ferido, como se eu fosse um garoto tentando
tirar seu brinquedo favorito.
-Por que? Já a tenho no meu chaveiro. Olha que fofo ela

parece aqui.- Gabriel levantou um anel de chaves no ar.
-Prometo que estão em boas mãos, Emma.
Eu joguei minhas mãos para cima.
-Você tem tanta sorte, eu confio em você e estou me

acostumando a um outro ponto de vista na vida.
-Ótimo! Aqui, Emma. Eu tenho uma para você também.
-Eu já tenho uma chave da minha casa.
-Eu sei, boba. Esta é a minha.- Gabriel colocou uma na

minha mão.
-Agora você pode entrar quando quiser. Não precisa

chamar.
Embora eu resmunguei, não podia negar a emoção

correndo pelas minhas veias. Gabriel tinha um jeito de fazer a
loucura uma coisa sã. Honestamente, se isso estivesse vindo
de outra pessoa teria recusado. Não há dúvida. Mas Gabriel...

-Ei, se você tem a chave como eles entraram? Não vi
ninguém por aqui.
-Emma, precisa de qualquer coisa?
-Você não vai responder, vai? Nem quero saber?
-Confie em mim. Sério!
Balancei minha cabeça, me perguntando se realmente

estava me levando ao fundo do poço. Peguei meus
suprimentos de limpeza e aspirador. Gabriel ordenadamente
retirou da minha mão. Fechei meu apartamento e voltamos ao
seu. Ele vinha andando atrás de mim enquanto trabalhava,
espanando, limpando e varrendo rápido, com movimentos
certo. Gabriel seguiu-me de quarto em quarto e viu-me
trabalhar com algo perto de temor.
-Você faz parecer fácil. Você pode me ensinar?
Nunca imaginei um Bilionário sujando as mãos. Mas

mesmo assim, acenei-lhe por cima e lhe mostrei as técnicas
que minha mãe tinha me ensinado. Cada tarefa tinha um
sistema, projetado para minimizar o tempo e a movimentação
desnecessária. Gabriel levou o trabalho a sério, mostrando
uma meticulosidade que minha mãe e suas colegas de
trabalho aprovariam.

-Se meu negócio louco de ser rico falhar, vou conseguir
um emprego em uma equipe de limpeza.
-É mesmo? Bom saber!
Depois que fiquei satisfeita que o apartamento ficou

suficientemente limpo, nós começamos a trabalhar em
guardar todas suas recentes compras. A empresa dele trouxe
uma máquina de lavar e uma secadora então lhe ensinei
como usá-los, assumindo que ele nunca tinha tocado em uma
máquina em sua vida.
E não tinha.
-Coloque as peças separadas. Roupas claras com

claras. Roupas escuras com roupas escuras. Roupas brancas,
toalhas e lençóis lava-se sozinhos.
-Entendi.
-Vamos lavar os lençóis primeiro. Então as toalhas.
-Porquê?
-Porque você não quer qualquer uma das cores

grudando em você enquanto dorme.
Gabriel olhou fixamente os lençóis embalados.

-Eles realmente fariam isso?
-Sim, querido. Eles fariam.
Eu não entendia, quanto mais ele experimentava mais

alegria sentia ao aprender. Se as coisas eram assim para
Gabriel, o que estava faltando na minha vida que eu era
completamente ignorante em saber?
O que ainda vou aprender sobre a vida de Gabriel?

Talvez como aproveitá-lo melhor?
Uma vez que lavamos tudo e guardamos, levei Gabriel

para a mercearia.
-Você compra aqui, Emma?- ele perguntou ao olhar ao

seu redor com curiosidade.
-Toda semana-. Não precisei perguntar-lhe se ele fazia

suas compras.
-Bom. Então vou comprar aqui toda semana também.

Devíamos fazer isso juntos, Emma.
Eu fazia cócegas no pescoço.
-Você realmente está fazendo de tudo, não é?

Gabriel levantou seu queixo, lembrando-me de um gato
que dá acesso às zonas sensíveis.
-É a única maneira que eu quero viver — intensamente.
Nós compramos por mais de uma hora. Eu mostrei a ele

como fazer para escolher frutas e legumes. Ele ouviu
atentamente, fazendo tudo com falta de tomar notas. Em um
ponto eu tinha que parar e perguntar-lhe, -Você tem certeza
de que não está brincado comigo?
-O que você que dizer?
-Isto. Tem certeza que já não sabe como fazer isso?
Gabriel apertou as mãos atrás das costas.
-Não, não. Emma, eu geralmente pago as pessoas para

fazer isso por mim.
Eu adivinhei corretamente então.
-Tudo bem. Aqui está os produtos enlatados...
Eu coloquei a comida enquanto ele montou a TV, mas

somente depois que Gabriel me assegurou que ele estava
bastante familiarizado com o conteúdo de sua geladeira e

despensa. Então peguei um pouco de pipoca e sentamos no
sofá para assistir um dos meus DVDs.
Embrulhado num cobertor, minha cabeça apoiada no

ombro dele, senti-me feliz.
Essa pode ser minha vida. Todos os dias igual a este.
Gabriel pediu algumas pizzas para o jantar. Comemos e

conversamos sobre nossas vidas depois da escola. Nós dois
contornamos por quaisquer menções de relacionamentos
fracassados, especialmente nossos próprios. Eu admirei o
quanto ele trabalhou para a companhia da sua família não
afundar depois da morte prematura do pai. Ele apreciava o
meu diploma, afinal nunca teve tempo para voltar e pegar o
dele.
- Você vê que é para sempre, Emma? Eu posso fazer

isso.
A questão tinha surgido do nada. Eu podia me ver num

para sempre, mas eu temia o quão rápido estava me
apaixonando por Gabriel. Ocupei-me com a escolha de um
pedaço de pepperoni e senti-lo em minha boca. Ele continuou
sem problemas
Ainda assim, minha falta de resposta me preocupou.
Por que eu estava com medo de nos levar a um debate?

Nada é simples com Gabriel. Não podia dizer sim agora
quando ainda não sabia exatamente como isso ia funcionar.
Mais tarde, Gabriel acompanhou-me até à minha porta

como um pretendente à moda antiga.
-Gostei muito do dia de hoje, Emma. Obrigado por sua

ajuda.
-Você é sempre bem-vindo. Eu me diverti. Avise-me se

precisar de alguma coisa. Você tem meu número, certo?
Gabriel estendeu a mão e tocou o meu cabelo. Ele

permaneceu lá, em silêncio e pensativo.
-Emma-?
-Sim?- Eu esperava que ele fosse me beijar. Eu estava

morrendo de vontade, desde que o vi ontem. Eu quis isso na
Macy, eu ansiava por ele no corredor 7 e ansiei por ele
durante o tempo todo, que nós assistimos -Ocean Eleven-.
Cada vez que tocamos, cada toque da sua mão contra o
minha, agitou meu desejo. Eu sei que era luxúria em seu
olhar, porque reconheci como se fosse minha.
Ele sorriu e deu um passo para trás.
-Vou ver você amanhã.

Desapontada por me negar seu beijo de novo, eu
sussurrei, -Boa noite-. Enquanto estava deitada na cama
naquela noite, com a mão entre as minhas coxas, eu pensei
no enigmático homem do outro lado da parede. Murmurei de
novo seu nome em meus lábios.
Gabriel estava definitivamente me segurando com seus

dedos elegantes. Tinha um pressentimento que ele estava
esperando eu passar por um teste que ele imaginou, só que
eu não tinha um guia de como fazer. Tudo que tinha, era a
esperança, de que sua paciência com minha incapacidade de
resolver esse dilema, não acabasse.
Agora de barriga vazia, atravessamos as portas de vidro

e evitamos o tráfego a pé. A limusine ébano escuro brilhava
como ele parada na esquina.
-Nenhuma escala para hoje?
-Não. Eu vou guardar isso para mais tarde.
Waylon cumprimentou-nos calorosamente quando

abria a porta. Gabriel entrou e me segurou em seus braços,
guiando minha cabeça para descansar contra seu peito. Sua
colónia tornou-se rapidamente meu perfume favorito em todo
o mundo.

-Como foi seu dia, Sra. Adams?
-Ocupado. E o seu, Sr. Gordon?
-Ocupado. Muito melhor agora que estou com você.
-Eu também.
-Senti sua falta, Emma. Teve saudades minhas?
Fechei meus olhos, e deixei-me dar ao luxo de dizer a

verdade.
-Sim. É difícil pensar em outra coisa, quando tudo que

consigo pensar é você.
-Peço desculpa de não termos conseguido passar o dia

inteiro juntos ontem.
-Está tudo bem. Realmente.
Nossa viagem de domingo para o jardim zoológico foi

como uma primeira vez para nós dois. Gabriel me ligou, cerca
de uma hora antes, me dizendo que estaria em casa em torno
de 11:00. Aparentemente, ele não sabia sobre a regra de
dormir-em-um-domingo.

Apareceu novamente com o café da manhã só que
desta vez terminei de me vestir antes. Vê-lo na minha porta
com óculos de aviador, camisa branca de manga longas, jeans
e botas, trouxe de volta todo o desejo que pensei que tinha
exorcizado na noite anterior na cama.
-Olá,- Eu o cumprimentei, ofegante e de repente tímida.
-Olá, Emma.
Enquanto comia uma refeição rápida de panquecas e

frutas, perguntei, -Eu pensei que estava ocupado hoje.
-Hmm-?
-Você sabe — a coisa com a sua mãe.
-Cancelei.
-É mesmo? Por quê?
Seu olhar sensual respondeu-me muito melhor -Eu

tinha o desejo insaciável de olhar macacos com você.
Fomos depois do almoço, e foi mais fácil encontrar uma

vaga para estacionar. Gabriel abriu a porta, como tinha feito
no dia anterior, e chegamos a bilheteria de mãos dadas.

Eu adorei. Adorei poder estar com Gabriel em público,
sem ter que me preocupar com os outros olhando e nos
julgando. Adorei nosso anonimato.
Nós fizemos tudo a nossa maneira no jardim zoológico.

Caminhando lentamente, parando para ver cada exposição,
Gabriel e eu, não o bilionário e a sua garota. Éramos apenas
duas pessoas que gostavam dos guepardos, amei os ursos
polares e pensei que os jacarés estavam esperando por nós
para virar as costas.
Ele perguntou se eu poderia ver o " para sempre". Eu

podia vê-lo, prová-lo e ansiava por isso.
Explodi espontaneamente num sorriso, perguntando se

a vida realmente poderia ser tão fácil. Você poderia encontrar
novamente o amor, simplesmente assim? Eu tinha realmente
tanta sorte?
O telefone de Gabriel tocou quando nos aproximamos

da última exposição. Ele se afastou com uma firme promessa,
que seria apenas um minuto. Aguardando no habitat da
raposa, eu o vi do canto do meu olho. O sorriso fácil, que
tanto adorava tinha desaparecido, deixando a boca apertada
com a tensão.
Quem estava do outro lado fez Gabriel ficar furioso.

Poderia ter sido qualquer coisa. Gabriel olhou por cima do

ombro e me viu olhando. Ele pôs fim a chamada
imediatamente.
Poderia ser algo simples mas por que de repente sinto

frio?
Quando ele voltou não perguntei por que ele tinha

estado tão zangado. Eu não disse nada, mas nossa doce
excursão tinha inadvertidamente azedado.
-Desculpe-me, Emma. Surgiu um imprevisto e tenho

que ir. Eu vou estar de voltar hoje à noite.
-Você está bem?
-Vou estar quando voltar para você. Eu ligo depois,

tudo bem? -
Gabriel não apareceu até altas horas da manhã. Fiquei

acordada quase contanto. Eu tinha ouvido cada motor e
esperado cada flash de farol ser o dele. Preocupei-me,
sentindo meu instinto me dizer que algo de muito errado
tinha acontecido.
Poucas horas depois acordei assustada. Meu alarme

tocou rudemente anunciando a hora do banho. Quando
estava vestida num terno preto com cabelo puxado para trás

em um coque, tinha colocado o pensamento nele de lado
tanto quanto pude.
Eu não podia esperar que ele fosse meu 24 horas por

dia. Tinha que confiar que ele não tivesse sido capaz de voltar
por um bom motivo.
Você tem que superar suas inseguranças sobre ele

algum dia. Hoje poderia ser esse dia.
Abri a porta e dei com Gabriel encostado na parede.
-Querida, eu sinto muito. Voltei há alguns minutos.-

Ele me trouxe flores.
Eu adorava ouvir o meu nome em seus lábios.
-Você dormiu ?
Deu-me um sorriso fraco.
-Não.
-Você não tinha que voltar aqui, Gabriel. Você poderia

ter ido direto para o trabalho e me ligar mais tarde.

-Eu não queria.- Gabriel puxou-me em seus braços.
Todo o seu corpo estremeceu e derreteu contra o meu.
-Queria ver você.
Eu o abracei de volta. Toda exaustão apareceu agora

que sabia que ele estava bem. Mas a escondi e me concentrei
em estar com ele.
-Desculpe-me, Emma. Realmente. Tive que cuidar de

uns assuntos, mas preferia ter estado aqui com você. Aqui,
trouxe estas flores pra você.
Me afastei dele aceitando as flores, aliviada ao ouvir

suas palavras.
-Acho que não é uma vida sempre glamorosa ser tão

rico. Dinheiro e negócios não respeitam o horário comercial
normal?
Ele não disse nada, mas eu vi seu nervosismo
escondendo por trás de sua fachada agradável.
Eu imediatamente me senti culpada. Ele me achava tão

implacável, para jogar seu trabalho contra ele ou ficar
zangada pelas mudanças de nossos planos?
Eu não era esse tipo de garota. E ia lhe mostrar.

Fui até ele e o beijei na bochecha.
-Estou tão feliz que você teve tempo para mim esta
manhã, Gabriel.
-Sempre-. Ele beijou minha testa, demorando mais

tempo do que o habitual.
-É melhor irmos. Não quero me atrasar? -
Embora nós dirigíssemos separadamente para

trabalhar, Gabriel me esperou no elevador.
-Não se esqueça de que temos um encontro no almoço

hoje.
-Não esqueço.
Gabriel fez um gesto para o buquê de lírios em meus

braços.
-Pense em mim.
-Sempre.
Levei seu sorriso encantado comigo todo o caminho até

meu cubículo.

Agora estava em seu veículo de luxo, embrulhada
firmemente em seus braços, gostaria de saber como eu tinha
conseguido esquecer Gabriel tempo suficiente para ser de
alguma utilidade e fazer malabarismos entre a Med-Tech, um
namorado e uma carreira o que seria definitivamente um
desafio — uma que eu nunca tinha tido que fazer. Ansiei
ansiosamente pela experiência.
Waylon nos deixou em uma lanchonete servindo três

sanduíches grandes. Eu sabia que provavelmente só seria
capaz de comer a metade, mas isso não me impediu de
montar o sanduíche completo. Gabriel colocou nossa ordem e
seguimos então à parte traseira do espaço abarrotado a
espera da nossa comida.
Gabriel pegou minhas mãos na sua.
-Quero falar com você sobre hoje à noite, Emma.
-O que é?
-Não estarei em casa.
-Quer dizer no apartamento?
-Sim.
-Oh, isso é certo.

Gabriel abriu a sua boca antes de fechá-la.
-Na verdade, não é.
-Porquê?- Finalmente notei sua mandíbula rígida.
-Você está bem?
-Eu estou bem. Ou seja ficarei bem. Só tenho que

resolver algumas coisas antes que possa mover a próxima
porta para você.
Interiormente eu me esforcei para falar as palavras

certas, mas coloquei para fora de qualquer maneira. Eu já
tinha me acostumado com a ideia de ter Gabriel tão perto.
Ainda assim, não era o que eu queria. Era sobre o que era
melhor para ele.
-Olha, Gabriel, você não tem que se mudar, se é mais

fácil para você fique onde está-
-Não! Não vou ficar lá.
Sua veemência implorou-me para perguntar, -Por que

você odeia tanto esse lugar?
Gabriel inalou e exalando várias batidas disse.

-Eu odeio o que ele representa na minha vida.
-E o que seria?
-Uma época que eu estava disposto a aceitar.
-Gabriel, me desculpe, mas eu não entendo.
Ele ergueu minhas mãos até sua boca e beijou .
-Não quero ser vago. Só não gosto de falar sobre esse

tempo quando estou com você.
-Você provavelmente precisará um dia. Quero dizer,

vejo o quanto está afetando você agora.
-Você está certa. Vou explicar um dia... muito em

breve... mas agora não. Só quero focar, sobre o meu futuro
com você.
Limpei minha garganta.
-Isto tem a ver com Embry?
Um garçon trouxe nossa comida antes que ele pudesse

responder, forçando a quebrar nosso contato. Não pude
deixar de temer o simbolismo.

-Não e sim. Vou explicar tudo em breve, Emma. Deixe-
me gerir as pontas soltas e então eu vou te dizer tudo.
Gabriel não parecia entusiasmado com a narração.

Deve ter sido muito ruim.
Eu pensei sobre a noite anterior.
-Era negócios ontem ou foi pessoal?- A pergunta ficou na

ponta da língua. Eu engoli, com medo de imaginar coisas que
não existiam, como eu fiz sete anos atrás.
Não queria fugir desta vez. Não baseado em suposições,

medo e insegurança.
Então ignorei o medo, tornando-o confortável no meu

estômago. Eu sorri e comi meu delicioso almoço, ficando mais
saboroso por causa do anjo pensativo ao meu lado.
Gabriel é louco por mim e eu sou louca por ele. Tudo

vai ficar bem.
-A comida esta boa?
-Sim-. Eu consegui um sorriso ensolarado para ele.

-Eu nunca estive aqui. Estou tão feliz que você me
trouxe.
Gabriel inclinou-se e beijou minha bochecha.
-Apenas alguns dias mais, Emma e então eu sou todo

seu.
-Vou cobrar por isso, senhor.
-Meu Deus, Emma. O que você faz comigo! Prometo que

vou te mostrar em breve em detalhe explícitos.
Se ao menos todas as promessas fossem tão doces

quanto Gabriel.

Capítulo 8
-Olá? Gabriel? Onde você está?
Eram 20h32, já se passaram quase oito horas desde

que o vi pela última vez e isso tinha sido na hora do almoço.
Eu passei a maior parte dos últimos cinco minutos
caminhando rumo a colossal estrutura de granito e vidro só
para ver Gabriel. Todo o edifício cheirava a privilégio e
exclusividade. Senti-me seriamente mal vestida na minha
calça de yoga, jaqueta e tênis.
Felizmente a recepção (Portaria? Segurança? Não sei

como poderia chamar) deixou-me subir sem problemas. Tudo
o que eu tive que fazer foi mostrar minha identidade.
Aparentemente Gabriel tinha deixado meu nome como uma
visitante aprovada.
O elevador, do prédio de Gabriel, não foi tão rápido

quanto pensei que seria, mas era rápido o suficiente. Sozinha
e dentro daquela caixa de alumínio me perguntei o que
poderia ser tão importante, para que ele precisasse que eu
viesse até aqui?
Será que ele precisa de apoio moral?

A porta tinha sido deixada destrancada, como ele havia
prometido. Entrei no espaço silencioso, surpresa por Gabriel
não estar lá para me receber. Olhei para o interior imaculado,
procurando por qualquer sinal dele. Linhas lustrosas na
mobília de luxo e a decoração de bom gosto cumprimentou-
me na sala de estar pouco iluminada. Embora desenhado à
margem do chão para o teto e o enorme pátio ao ar livre, fiz
lentamente minha entrada mais para o interior escuro.
-Gabriel? Você está aqui?
Uma galeria de fotos pendurada no longo corredor.

Vários pontos vazios quebraram o arranjo perfeito, fazendo
me pensar o que aconteceu. Eu tinha uma suspeita e no
fundo eu já sabia.
-Gabriel? Olá?
Apressei-me para fora da uma sala, indo mais ao fundo

do corredor, encontrei-o vestido apenas com as calças do
pijama e carregando uma garrafa.
-Emma? O que você?
Eu sorri, feliz em revê-lo.
-Gabriel, eu vim o mais rápido que pude. O que

aconteceu?

Ele correu pelo corredor até mim. Meu sorriso
acolhedor desvaneceu quando ele sussurrou, -Emma, porque
você está aqui? Como chegou aqui sem eu saber?.
A raiva escaldante de Gabriel me chocou. O homem

diante de mim não era nada parecido com o homem que
passara os últimos quatro dias comigo.
-Você mandou que eu viesse.
-Não.
Eu segurei o meu telefone para mostrar o texto.
-Sim, você fez.
A mandíbula de Gabriel apertou firme. Eu podia ver os

músculos esticando ao longo do pescoço.
-Como entrou?
-Você me colocou na lista. Pelo menos, eu acho que foi

assim. A recepção... Segurança... Deixou-me subir. Você está
bem?
-Não, como você entrou aqui?

-Você deixou a porta aberta. Gabriel, o que está
acontecendo?
Ele abriu a boca e fechou-a em seguida.
-Você não pode ficar aqui.
-Espere... O que diabos está acontecendo? Por que você

me pediu para vir aqui se você não me quer aqui?
A mão dele fechou em volta do meu braço.

Acompanhou-me de volta pelo corredor, depois pela sala de
estar. Ele então imediatamente se afastou e apontou em
direção à porta.
-Emma, saia. Não sei o que aconteceu, mas você não

pode ficar... estar... Estar aqui.
Eu reconheci os sinais de quando éramos adolescentes.

Ele sempre agia assim, ligeiramente influenciado em seus pés.
Seu discurso era muito cuidadoso. Eu balancei minha cabeça
em desgosto.
-Gabriel, você está bêbado.
-Sim. Eu estou. Agora que você já satisfez sua

curiosidade — Vá. Por favor.

-Por que você está bebendo? Foi algo tão ruim assim?
-Emma! Agora não. Por favor-. Ele tomou um gole da

garrafa meio vazia. O pescoço torto, o peso da cabeça
aparentemente insuportável.
-Não quero você aqui. Aqui não. Não neste lugar. Agora
não. Vá para casa antes que eu esqueça porque...
Eu devia ter ouvido. Devia ter virado meu corpo e saído

direto a porta.
-Você mandou uma mensagem, por um motivo. Qual

foi?
-Eu não. Gabriel não o fez. Gabriel não faria porque

Gabriel não quer Emma aqui, neste lugar. Não aqui onde ele
não é o que ele precisa ser para ela. Não aqui... entende?
Andei cuidadosamente até ele, minha mão pronta para

estabilizá-lo.
-Não quero deixar você, Gabriel. Não quando você está

desse jeito.
Minha bondade foi desperdiçada.

-Isso é muito ruim, Emma. Não tenho energia para
fingir ser o que não sou e para esconder quem eu sou. Eu sou
um canalha no momento e estou com medo de que eu não
seja capaz de controlá-lo. Não quero te machucar. Nunca
você. Nunca minha doce e perfeita Emma. Agora vá, antes que
eu deixe de ser o que eu quero ser e me transforme no que
sou... É...
Gabriel jogou a cabeça para trás. A garganta dele

engoliu, seu pomo de Adão balançou loucamente.
Me doía porque queria segurá-lo contra meu peito, para

aliviar sua raiva e mandar a tristeza embora.
-Você não me machucaria.
A cabeça dele voltou. O olhar de desprezo cruel negou.
-Isso só demonstra o que você não sabe. Então,

novamente, você não sabe muita coisa. Não quando eu estou
me escondendo, de todas as formas. Tenho que fazer ou você
vai fugir. Por que você é tão boa em fugir, Emma? Teve muita
prática com muitas pessoas, ou só comigo? Sou eu, não é? Eu
sou a sujeira embaixo dos seus pés. Só você, Emma, só você
me viu assim. Talvez eu seja um idiota, afinal. O estúpido
Gabriel Gordon...

Eu me recusei a responder o fim beligerante de suas
perguntas e foquei no início.
-Eu nunca pedi para você esconder quem você é.
-Certamente você fez...
-Não, realmente não. Eu te aceito como você é — -
-Oh, você já está calma? Não quero te ver agora.

Certamente não quero falar com você. Não quero você aqui.
Quantas vezes tenho que te dizer? Agora você irá sair da
minha vista e da minha casa? Por favor, Emma? Não quero
dizer nada que deixe você triste ou zangada e eu conheço o
meu verdadeiro eu. Ele vai fazer isso. Ele vai fazê-lo porque
ele sempre machuca aqueles que o amam. Gabriel é a porra
de um monstro. Ele é um bastardo doente que não merece
você, mas ele também é um filho da puta que vai fazer de
tudo para mantê-la. Você realmente não quer conhecê-lo,
Emma. Você não deveria. Então vá. Por favor!
-Não.
Gabriel olhou-me , frio e implacável. Eu imaginei que

era aquele olhar que ele dava aos seus inimigos.
-Não?

-Não.
Seus olhos tornaram-se lascas de gelo azul.
-Eu não estou pedindo.
-E eu não vou embora. Ainda não.
A raiva pulsou, envenenando o ar com sua fúria.
-Você vai sair se eu te mandar sair. Não seria bom se eu

tiver que fazê-lo. Agora vá.
-Não.
Gabriel jogou a garrafa vazia para longe de mim, contra

a parede oposta.
-Por que não pode simplesmente fazer isso? Por que

tem que ser tão desafiadora? Eu não quero você aqui, você
entende? Não quero olhar para você e certamente não quero
ouvir nada da sua maldita atitude, tudo bem? Agora não! Não
quando estou assim!
Meus olhos cheios de lágrimas. A dor dilacerando-me.

Eu tinha visto este tipo de raiva anos antes, mas nunca
direcionada a mim.

-Oh, ótimo. Agora, ela chora. Obrigado pelas
lembranças adicionais, Emma. Não é como se eu tivesse o
suficiente de minha autoria, agora você tem que adicionar o
seu também. Bem, entre. Coloque toda sua porcaria na minha
cabeça! Não é como qualquer coisa que realmente importa!
Pisquei através das lágrimas, juntando a força que

tinha aprendido durante anos para me manter visualmente
inalterada.
-Não sei quem você é agora. Por que está assim?
-Porque eu não sou perfeito. É por isso!
-Nunca quis que fosse perfeito.- Eu só queria que você

fosse meu.
-Oh, não?- Gabriel direcionou outro olhar de desprezo

enquanto ele espreitava o meu caminho.
-Não?
Embora nervosa, recusei-me a ceder. Eu tinha que

acreditar que ele nunca propositadamente me machucaria.
Não com as mãos e definitivamente não com suas palavras.
-Eu nunca quis fazer você se sentir assim, Gabriel.

--Mas você fez, Emma. Você conseguiu, cada vez que
você jogou a merda do meu dinheiro na minha cara. Você o
fez, toda vez que eu não entendia exatamente onde você
queria chegar. Você fez isso quando foi embora da primeira
vez. Como acha que eu me senti? Você era a única garota que
eu nunca me permiti ter — -Gabriel parou abruptamente.
As palavras cruéis me atacaram, tornando impossível

soltar mais que um suspiro. Eu não sabia o que dizer para me
defender.
-Desculpe-me, Gabriel. Naquela época, eu estava

assustada. Eu estava com medo de me perder em você... Que
você não pudesse me ver. Que eu fosse apenas mais uma na
sua longa fila de garotas que tinham cometido o erro de te
amar. Eu não queria que fosse assim comigo. Eu não poderia
cometer esse erro.
-Erro, hein? Me amar seria um erro. Tem toda razão,

minha querida. Me amar é o pior. Eu realmente deveria deixar
você ir agora. Eu não vou, mas eu deveria.
Tudo estava ficando confuso. Minhas palavras estavam

se tornando armas que eu não queria usar.
-Gabriel, eu...

-Alguma vez lhe ocorreu que talvez pudesse olhar pelo
meu ponto de vista, Emma?Desculpe-me, por eu não ter
crescido na sujeira como você. Eu sinto muito que eu tenha
tido os brinquedos dos meus sonhos, enquanto você tinha as
sobras quebradas de outras pessoas. Desculpe-me, Emma.
Eu não posso mudar isso. Eu não posso mudar quem eu sou.
Ser rico é apenas uma pequena parte de mim. Se não pode
aceitar isto sobre mim, como pode alguma vez aceitar todas as
outras coisas fodidas sobre mim?
Ele tinha ido longe demais. Eu estava enfurecida por

que ele me insultou, e como ele me julgou, eu soltei, -Você é
apenas o seu dinheiro? O que é você como um todo? Apenas
um cifrão andando e falando?
Gabriel passou uma mão pelo seu cabelo e gritou

frustrado.
-Isso é o que você pensa ! Foda-se, Emma! E quanto a

mim? Você me vê? Essa é uma razão pela qual eu não quero
você aqui! Tudo o que você vê são coisas e seu custo. Você
não me vê!
Eu queria cair de joelhos diante de sua raiva e

decepção. Ele tinha razão — Gabriel Gordon pode ser um
canalha e eu estava sendo a garota errada na hora certa.

E ele estava certo. Tudo o que eu poderia imaginar
enquanto eu entrava em sua galeria envidraçada era o quanto
eu não me encaixava. E eu odiava pensar assim. Quantas
outras mulheres passaram por estes corredores? Mulheres
que não eram a filha de uma empregada mas que tiveram
acesso a tudo que o dinheiro poderia comprar. Mulheres que
não eram eu.
Uma mulher como eu morava em algum lugar ainda

mais longe, escolhido porque o aluguel era mais barato e o
deslocamento de gás ainda custa menos do que compartilhar
o código postal ilustre.
Uma mulher como eu sempre via aqueles que têm mais,

com desconfiança, porque passei minha juventude inteira
sofrendo a rejeição e o ridículo, porque não tinha nenhuma
esperança de usar roupas caras e não me vestia a última
moda. Uma mulher como eu tinha visto como os pais dos
meus colegas tratavam mulheres como minha mãe — Como
lacaios sem rosto na melhor das hipóteses ou como garotas
que merecem ser chicoteadas. Uma mulher como eu precisava
contornar os rapazes que pensavam, que só porque sua
família empregava minha mãe, eles tinham o direito de chegar
debaixo da minha saia.
Uma mulher como eu odiava esse mundo e tudo que

havia nele. Eu odiava todos eles, exceto Gabriel Gordon. Mas

Gabriel pertencia a esse mundo de múltiplas cores e eu
sempre pertencerei à parte incolor fora do seu mundo.
Não!
-Nem sei por que você me chamou. Eu deveria ter

ignorado seu texto. Tudo bem. Você quer que eu vá embora —
Conseguiu! Você deve ficar aqui de agora em diante.
Gabriel limpou a mão no rosto.
-Emma, não.
-Pare. Já disse o bastante.- Girei meu calcanhar e

caminhei em direção à porta.
-Eu te disse que nós nunca funcionaríamos. Eu disse

que nunca seria capaz de superar isso.
-O que você disse?
Eu parei no meio do caminho entre a porta e Gabriel.
-Você me ouviu.
-Venha aqui novamente. Diga. Não sussurre. Diga-o

alto e claro, Sra. Adams.
Eu me virei e fechei a distância entre nós.

-Eu te disse que nós nunca funcionaríamos. Você
nunca será capaz de ignorar o fato de que não pertenço a sua
classe social.
Gabriel riu, sua risada normalmente agradável soava

amarga e áspera.
-Isso é rico, Emma. Perdoe o trocadilho-. Ele apontou

um dedo em minha direção.
-Eu nunca dei a mínima para o que você tinha ou

deixou de ter. Nunca. Tudo o que sempre quis foi você. Você,
por outro lado...
-O que você quer dizer?
-Você sabe exatamente o que quero dizer! Você sempre

joga meu dinheiro na minha cara. Você sabe o que isso faz de
você? Uma esnobe.
-Esnobe? Você está me chamando de esnobe?
-Você está certa, eu é que sou!- Gabriel passou a mão

pelo cabelo dele novamente.
-Você sempre tratou minha riqueza como se

automaticamente eu fosse menos do que uma pessoa moral

como você. Que automaticamente me contaminou e me
colocou debaixo de você.
-Isso não é verdade. Seus amigos de escola — Sim.

Você, não.
-Sua negação soa oca, querida. Você pode querer piscar

se você está tentando transmitir um mínimo de autenticidade.
Fechei os olhos firmemente. Eu não ia chorar na frente

dele. Apenas abri os olhos, uma vez que eu tinha bastante
controle. Distante, eu disse com firmeza, -Não posso falar com
você quando você está assim.
-Quando estou como o quê? Sincero?
-Rancoroso!
-Não é rancor, Emma. Você está me deixando doente e

cansado fazendo isso cada vez que não pode lidar conosco. É
a maldita distância que você cria quando eu não cumpro
exatamente com o que você acha que eu deveria cumprir.
Tenho sido um idiota sorridente, saindo do meu caminho para
ser agir como você gosta, porque você nunca será capaz de
lidar com o meu verdadeiro eu.

Eu tinha gostado de como ele tinha sido comigo —
todas as risadas, beijos e abraços. A ideia que tinha sido uma
farsa ou alguma coisa que ele tinha odiado, doía tanto.
O que está acontecendo, Gabriel? Como eu perdi você

novamente?
Eu suportei. Eu levantei a minha mão no ar,

necessitando para fornecer uma barreira que eu já não
poderia prover.
-Não tenho que ouvir isso. Olha me desculpe se eu vim

até aqui e estou mais triste porque eu não fui embora quando
você pediu. Agora, se me der licença...
Girei sobre os calcanhares e fui direto para a porta. As

lágrimas em cascata desciam pelo meu rosto, borrando tudo à
vista. Feridas cruas, eu só queria ficar longe dele e da verdade
nua e crua que ele disse, muito bem, com toda razão.
Talvez seja só eu... Como antes... Talvez ele tenha

razão. Talvez eu nunca seria capaz de ver além do seu
dinheiro. Talvez eu esteja com medo que um dia ele me olhe e
veja que eu não sou boa o suficiente para ele.
Não quero me sentir assim. Eu não vou me sentir

assim.

-Oh não!- Gabriel correu na minha frente e bloqueou a
saída com seu corpo.
-Você não vai fugir. Não desta vez.
Construa sua parede. Rápido.
Minha voz saiu indiferente.
-Eu não estou fugindo. Eu estou fazendo o que me

pediu ou está tão malditamente bêbado que não pode lembrar
que você gritou comigo para que eu fosse embora?
Gabriel balançou a cabeça. Sua boca torcida em uma

linha beligerante.
-Você está fugindo. Como sempre.
Minha paciência chegou oficialmente ao fim. A raiva

borbulhava em cada palavra.
-Fique fora do meu caminho. Agora.
-Não. Admita Emma. Continue — admita.
-Admitir o quê?!

Ele não levantou sua voz para combinar com meu grito.
Gabriel manteve seu tom calmo, fazendo com que as palavras
saíssem devastadoras.
-Admita que você nunca vai pensar em mim como

sendo bom o suficiente para você. Serei sempre um pedaço de
merda, mulherengo, um menino rico aos seus olhos!
Não seria bom o suficiente? Você está brincando?
Eu balancei minha cabeça e apoiada pelo medo eu iria

bater no meio das pernas dele.
-Isso não é verdade.
-Bobagem. Em que você não confia? Em mim ou no

meu dinheiro?
-Não é assim tão simples.
-Claro que é.- Gabriel empurrou a porta e chegou mais

perto.
-Qual deles, Emma? Nós dois já sabemos a resposta

então não há por que mantê-lo em segredo.
A cada passo que ele avançava, eu dava um passo para

trás. Não importava a quão espaçosa era a sala de estar,
eventualmente eu ia acabar ficando sem espaço. Meu Gabriel

sorridente, brincalhão estava longe, como se ele nunca tivesse
existido — deixando um anjo vingador no lugar dele.
Perdoe-me, Gabriel, pois eu pequei. Contra nós dois.
-Por que está me empurrando assim? Por que não me

deixa sair?
Gabriel finalmente parou. Assim como eu. Uma mistura

incrivelmente comovente de tristeza e fúria dominou seu
olhar.
-Porque nós não faremos isto, Emma, até que você

possa aceitar-me pelo que sou — com falhas e tudo. Eu não
queria que fosse verdade, mas é.
-Eu aceito você.
-Não, você aceita o que você pensa de mim, mas não me

aceita. E por causa disso, você não confia em mim. Não existe
relação sem confiança. Você sabe disso, Emma. Então me
diga a verdade. Quanto de mim você não confia? Eu não fui
um bom menino? Não tenho tentado arduamente nestes
últimos dias?
Um pequeno soluço saiu. Eu cobri a minha boca com

uma mão, humilhada eu tinha mostrado o quanto suas
palavras me afetaram.

-Não é verdade, Emma?
-Você tem sido maravilhoso.
-Então o que é? Por que você não confia em mim? Me

conta. Se houver alguma chance para nós, eu preciso saber.
O pânico bateu. Senti-me encurralada.
-Não é uma ou outra situação, Gabriel. São ambas. Não

confio em você e no seu dinheiro. Ainda não-. Eu empalideci.
Eu queria poder voltar às palavras, para silenciá-las. Olhando
para a cara dele, vendo a devastação em erupção através dele,
percebi que eu falhei no teste.
-Eu quero, mas ainda não cheguei lá. Desculpe-me.
-Por quê?- Ele estava ali, firme como uma corda a beira
da ruptura.
Não havia esperança para ele. Eu tive que confessar. O

fim de semana desapareceu como se nunca houvesse existido.
Era como se eu tivesse voltado a ser aquela garota hostil de
dezessete anos novamente.
-Quantas mulheres você já teve este ano, Gabriel?

Quantas no ano passado? Quantas no ano anterior?

Seu olhar nublou antes de se tornar cruel e afiado.
-O número não tem nada a ver com você.
-Errado. Tem tudo a ver comigo. Quantas vezes eu vou

tropeçar em suas exs? Conheci você na sexta e oito horas
mais tarde, havia Embry.
Ele esvaziou.
-Desculpe-me. Foi foda, eu sei.
-As mulheres são iguais, para homens como você. Elas

sempre foram. Somos todas iguais. Jogue um pouco de
dinheiro para nós e ele irá consertar alguma coisa, não é?
Solitária? Aqui está meu cartão — Vá às compras. Entediada?
Leve o carro para um passeio. Querida, lamento por ter
explodido no jantar. Aqui estão algumas lingeries. Porque não
vai colocá-la para que eu possa compensar você?
O músculo em sua mandibula se apertou.
-Eu não te trataria assim.
-Porque eu não vou deixar você me tratar assim. E sabe

por quê? Porque eu nunca me deixei depender de você,

Gabriel. Não vou deixar você tornar-se tudo para mim. Eu não
vou. Eu não posso.
-Se eu perder todo meu dinheiro eu seria bom o

suficiente para você, Emma? Isso faria-me um homem melhor
aos seus olhos? Será que ser pobre automaticamente faz de
você uma pessoa melhor?
Eu teimosamente mantive minha boca fechada.
-Se o dinheiro te faz mal, então por que é tão

ambiciosa? Por que não ficou em casa e trabalhou como
garçonete?
Isso não podia deixar passar.-Porque eu queria fazer

alguma coisa da minha vida.
-E essas pessoas não estão fazendo algo em suas vidas?

Por quê? Levantam-se tão cedo e saem tão tarde? Não
trabalham tão duro, mais difícil do que você mesma, porque
está de pé o dia todo enquanto você se senta em seu cubículo
precioso?
Eu odiei como ele me colocou na defensiva, facilmente

me fazendo parecer apenas à pessoa esnobe que ele me
acusou de ser.
-Você sabe o que quero dizer.

-Oh, eu entendo perfeitamente. O que você quer dizer é
que eles não são tão bons como você, porque eles não fazem
tanto dinheiro. E o que exatamente você persegue como
analista Junior? Dinheiro.
-Não é o mesmo,- argumentei. O chão estava afundando

sob meus pés.
-Meus antepassados se sentiram da mesma maneira

que você, Emma. Eles queriam ser melhores do que eram
quando eles nasceram — assim como você. Dê-lhe uma
geração ou duas e seus netos serão igual a mim. Ricos, com
privilégios e direitos. Como sempre você olha para mim como
se estivesse abaixo do seu nariz.
Nunca recebi a língua amarga de Gabriel. Eu odiei. Eu

me sentia miserável, queria acabar com aquela luta, mas
sabia que não havia como parar isto. Este era seu curso e o
que sobreviveu, sobreviveu. O que não fez, não faria.
-Você está certo. Estou tentando trabalhar para ter

uma vida melhor. Sabe por quê? Porque ser pobre é uma
droga, Gabriel.
-Eu sei, que é.

-Não, você não sabe. Não tem a menor ideia de como é
ter seu último dólar, ficando preocupado sobre como você vai
fazer durar até o dia do pagamento. Tudo que você sempre
quis, você foi lá e tomou.
-Menos você.
Engoli duro.
-É por isso que está obcecado por mim durante todos

esses anos, Gabriel? Foi à emoção, o desafio?
Ele balançou a cabeça.
-Eu adorava você, Emma, porque era forte e gentil,

muito melhor do que qualquer uma que já conheci.
Minha raiva recuou com a sinceridade que eu ouvi na

voz dele.
-Então por que não me via fora da escola?
Gabriel piscou rapidamente.
-Achei que você não queria isso.
-É verdade? Por isso você nunca me convidou para suas

festas, Gabriel? -

-Jesus Cristo, Emma.
A decepção em seu rosto me instigou a continuar.
-Vamos, responda a pergunta.
-Porque você não pertencia aquele lugar.
A resposta de Gabriel cortou mais fundo do que eu

gostaria.
-É isso mesmo. Eu não...
-Não é do jeito que você pensa. Você não pertencia ali

porque você era melhor do que...
-Do que o quê?
-Do que nós, Emma! Você era melhor do que nós! Você
não era o tipo de garota que daria sua cabeça para os lobos
tão facilmente. Ou do tipo que iria descer sobre a sua melhor
amiga, só para que ela pudesse impressionar alguns idiotas
cuja família tem contas bancárias maiores que as dela, onde
todos estão em busca de 'fazer conexões'. Não o tipo de garota
que normalmente...
-Normalmente? Continue.

Gabriel sentou-se na quina da mesa.
-Você não era o tipo de garota que os idiotas geralmente

usam.
-Idiotas, né? Incluindo você?
Gabriel alcançou o meu olhar, inflexível enquanto ele

respondia, -Inclusive eu.
Minha respiração acelerou. Cada maldito esqueleto

estava saindo do armário.
-Houve uma festa na sua casa, na noite antes da

formatura.
Ele fechou os olhos e balançou a cabeça.
-Emma...
-Você transou com esse tipo de garota na noite antes de

você me foder?
-Eu não fodi você, Emma. Fizemos amor. Isso foi real e
nada que você insinue vai fazer mudar.

Farejando o sangue, eu ignorei suas confissões
apaixonadas. Eu andei até ele e sussurrei -Você fez, Gabriel?
Enquanto você estava correndo atrás de mim, você fodeu com
elas?
Seu olhar encontrou o meu. Eu vi uma vida cheia de

arrependimentos emergirem quando ele respondeu, -Sim.
Pode ter sido irracional a forma como bati em sua cara

tão enfurecida. Talvez eu esteja errada enquanto batia no
peito dele com força. Especialmente por algo que aconteceu
sete anos antes.
Eu estava certa em ir embora. Maldito seja Gabriel, eu

estava certa!
-É por isso que não confio em você! Você ainda é um

pirralho rico e mimado que acha que o mundo inteiro está à
venda! Você acha que as regras que eu vivo podem não se
aplicar a você! Não existem consequências em sua bolha,
Gabriel! Você pode fazer o que quiser, jogar merda em todo
mundo e acordar com a consciência limpa! Bem, você sabe o
quê? Foda-se você e seu mundo de merda, Gabriel!
Gabriel envolveu seus braços ao meu redor.

-Ssh, Emma. Peço desculpas, querida. Eu sinto muito.
Você está certa. Eu sou um pedaço de merda. Estou fodido,
querida. É verdade.
Lutei com ele, querendo fugir e ao mesmo tempo me

enrolar dentro dele. Gabriel sussurrou suas desculpas,
deixando-o deitar em cima de mim como a chuva.
-Por que me escolheu? Por que eu? - Eu gritei.
-Porque tinha que ser você.
-Isso não é bom o suficiente, Gabriel! Você sabe que eu

não pertenço ao seu mundo!- Eu gritei, com o rosto vermelho
e agonizante.
-Você está bêbado, seu maldito idiota!
-Sim, você tem razão! Eu sou um idiota, mas você está

errada, Emma. Você pertence a mim. Sempre.
Parei de lutar.
-Não.
-Sim.

Facilmente, ele me levantou e me trouxe para a sala de
estar. Gabriel afundou sobre o tapete e me manteve trancada
em seus braços. Ele acariciou meu cabelo, murmurando o
quanto ele se importava comigo, como ele estava arrependido
de me fazer chorar.
-Deixe-me ir!
-Não, não farei isso. Você não pode me obrigar. Não

outra vez.
-Você não me quer, Gabriel. Você não vai me tocar, você

queria me jogar para fora daqui... Você está apenas brincando
comigo... E não vou deixar você...
- Engoli em seco, estremecendo como os soluços que

arranhavam minha garganta querendo subir.
-Não estou brincando contigo, querida. Juro que não

estou. Só estou tentando ser um homem melhor para você, e
estou fazendo uma bagunça danada com isso. É por isso que
eu não quero você aqui... Não até eu consertar isso.
A minha explosão de raiva terminou tão rapidamente

como começou. Eu desmoronei contra ele, enfraquecida e
apenas desejando que Gabriel fizesse tudo se tornar melhor.

-Consertar o que? Diga-me, Gabriel. Ajude-me a
entender você. Por favor.
-Só preciso passar por isso e então eu poderei te dizer.
-Passar pelo o que?
Gabriel abanou a cabeça.
-Ainda não posso dizer. Não até que esteja feito.
-Você está me matando, Gabriel. Eu tenho tanto

medo...
-Eu também. Estou doente com isso.
Olhei para cima, encontrando seu olhar torturado como

o meu.
-Por que você tem medo?
-Eu tenho medo que você me deixe outra vez. Tenho

medo de que você não seja capaz de me amar.
Encolhida contra seu peito, eu queria confessar. Eu

queria dizer-lhe que era tarde demais. Que eu já o amava.
Que eu nunca deixei de amá-lo. Que o amava tanto ao ponto
da loucura.

O que mais poderia ser, quando todos os meus
instintos exigiram que eu o deixasse e nunca olhasse para
trás?
-Gabriel, eu sinto muito pelo o que eu disse.
Ele apertou os braços em volta de mim.
-Não se desculpe, querida. Eu queria saber a verdade, e

você me deu. Não há nada para você se desculpar.
-Eu vejo você como mais do que o seu dinheiro.
-Eu sei que você o faz. Estive ó suficiente com mulheres

que queriam apenas minha conta bancária, muito mais do
que eu, e eu sei a diferença.
Pressionei meu rosto contra seu peito. O som do seu

coração me acalmou.
-Você já deu uma olhada em si mesmo? Você é lindo,

Gabriel. O homem mais lindo que já vi. As mulheres queriam
mais do que o seu dinheiro. Eu sei.
-Talvez, mas você é a única que prefere me levar sem

um tostão.

Um sorriso amarelo apareceu por um breve momento.
-Eu não sei. Eu gosto de como você é capaz de fazer as

coisas acontecerem no último minuto. É muito bacana.
Gabriel pegou meu rosto em concha. Ele estava

inclinado de volta.
-Diga-me que você me perdoa por ser tão idiota.
-Geralmente as pessoas pedem perdão. Elas não exigem

isso,- brinquei.
Gabriel não respondeu. Em vez disso, ele esperou por

mim.
Eu tomei uma respiração irregular.
-Eu te perdoo. Você me perdoa?
Seus olhos expressivos se arregalaram em estado de

choque.
-Pelo o quê?
-Você está certo. Eu jogo seu dinheiro na sua cara. Eu

sempre faço. Desculpe-me.

-Baby, não há nada para perdoar. Eu quero dizer isso.
-Você está certo. Eu tenho que aceitar tudo de você —

até mesmo as coisas que me deixa desconfortável.
-Por que riqueza deixa você desconfortável?
Eu suspirei.
-Não é a riqueza necessariamente. São as pessoas que a

têm. Não são muito simpáticos, Gabriel. As pessoas ricas
geralmente tratam alguém que não é rico como merda. E eu
odeio isso. Eu odeio que possam fazê-lo e fugir com isso.- Eu
tossi e sussurrei, -Estou tão fodida, não estou? Ainda sou
aquela garota que odiava ser ridiculariza . Quão lamentável é
isso?
-Não é. Eu fiz isso com você? Tirei sarro de você ou te

fiz se sentir inferior?
-Não. Nunca.
-Então você tem que saber que eu nunca faria isso.

Você não precisa ter medo do meu dinheiro. Especialmente
quando tudo o que quero fazer é te deixar feliz. Eu quero te
dar o mundo, Emma. Tudo o que eu tenho é seu.- Quando eu
não disse nada, ele sussurrou, -Fale comigo, querida. Mesmo
que seja só para dizer para ir pro inferno.

-É difícil porque não sei o que fazer.
-Tudo o que você precisa fazer é deixar-me estar com

você. Isso é tudo.
-Isso é tudo? É fácil então.
Gabriel finalmente sorriu. Ele tocou minha testa com a

dele.
-Eu posso dizer uma coisa?
-O quê-?
-Eu não estou mais bêbado.
-Ah sim?
-Sim.
Eu corri minha mão ao longo do seu bíceps forte.
-Isso é bom então. Não gosto de você bêbado.
-Eu também não.

Eu finalmente tomei conhecimento do corpo musculoso
requintadamente pressionado contra o meu. Ele tinha ficado
forte desde o colegial, deixando para trás o físico magro da
juventude e substituindo-o com uma moldura lindamente
esculpida.
Eu queria inclinar-me para mais perto e lamber uma

trilha do pescoço indo ao cume duro de seus quadris. Eu
queria baixar suas calças e lamber o delicioso eixo que
pressionava insistentemente contra minha coxa.
A luxúria acelerou meu sangue. Eu desejava sentir

Gabriel em mim, me fodendo, no entanto, ele faria até que eu
não pudesse vir mais. Eu sabia que ele tinha sido capaz disso
quando era um menino. Agora eu queria descobrir quantas
vezes o homem nele poderia fazer-me gritar o seu nome.
Gabriel parecia sentir a minha necessidade. Os olhos

dele escureceram. Ele olhou para minha boca. As pontas dos
seus dedos faziam um círculo ao longo do meu pulso antes de
mergulhar para baixo entre os meus seios.
Eu gemi baixinho.
-Você sabe quão difícil foi guardar minhas mãos para

mim?

-Tanto quanto tem sido sofrido para mim mantê-las
longe de você? Tem sido um inferno, Gabriel.
-Peço desculpa, querida. Eu estou tentando fazer as

coisas devagar, desta vez.
-Gostaria que você não fosse um cavalheiro. Lembro-me

como era, você se lembra? Eu lembro de tudo. Como você se
sentiu em cima mim... Dentro de mim... Como você me
beijou... Os sons que você fez quando veio... Tudo isso. É tudo
que consigo pensar às vezes.
Ele gemeu alto.
-Foda-se, Emma! Sua boca me faz enlouquecer.
Tremi com a necessidade. Meu ventre apertado e minha

pele queimavam com o desejo ardente de senti-lo ao longo de
cada centímetro.
-Lembro o que eu fiz também.
Gabriel jogou a cabeça para trás.
-Oh Deus, sim, eu me lembro! A sua boceta foi a mais

linda que já vi e a mais doce que já provei.- Ele me acertou
com um olhar azul elétrico.

-Eu daria tudo para ter outra vez aquele sabor.
Eu levemente arqueei, com as mãos já amassando seus

ombros.
- Honestamente, você não precisa esperar..
A risada sedutora de Gabriel gerou um arrepio ao longo

de toda minha pele.
-Eu te quero tanto, Emma. É tudo que eu penso

quando estou com você.
De alguma forma consegui suspirar seu nome, estava

animada, além de qualquer coisa para saber que esse homem
magnífico me queria tanto quanto eu o queria.
-Eu quero estar dentro de você. Hoje. Amanhã. Sempre.
Aproximei mais, meus dedos afundaram-se

profundamente em seus cabelos dourados.
-Beije-me.
Gabriel lambeu os lábios, seus olhos foram acentuando

com fome.
-Querida, seu eu beijar você, eu não vou parar.

-Isso é ruim?
Ele fechou os olhos.
-Hoje é.
-Porquê?
-Porque não quero fazer amor contigo aqui.
Foi como se ele jogasse um balde de água fria em mim.

Eu já sabia a resposta, mas a pergunta.
-Aqui é onde você fez amor com outras mulheres?
Gabriel deu-me um aceno curto, com raiva.
-Desculpe-me, Emma. Você não tem que lidar com meu

passado.
-Não, está tudo bem. Sua restrição também. É doce de

uma forma estranha, frustrante.- Eu olhei para longe, meu
corpo tumultuado por não ter Gabriel como eu gostaria.
-Eu tenho um longo dia amanhã e eu preciso dormir. É

melhor eu ir.

Os braços de Gabriel me soltaram. Levantei-me sob os
meus pés e assim ele fez também. Olhamos um para o outro
por longos minutos, os olhos tentando se comunicar
enquanto não tínhamos capacidade de falar.
Arrependimento e frustração cobriu seu olhar. Eu não

tive que adivinhar se ele cobriu meu.
-Eu deveria ir, Gabriel.
-Emma, eu não quero que saia. Por favor, fique. Só

quero poder te abraçar esta noite. Eu posso? Por favor?
Gabriel ficou ali, com o coração na mão. Eu não tenho

como lhe negar qualquer coisa.
-Só dormir?
-Eu sou um idiota-, ele murmurou sob sua respiração.

Eu não pude deixar de ficar feliz em saber que não era a
única que sofria pela negação. Gabriel endireitou seus
ombros.
-Só dormir. Por esta noite.
O não dito claramente, é que está seria a última noite

que compartilharíamos a mesma cama, não fazendo nada
excitante nela.

-Está bem.
Gabriel puxou-me para ele.
-O que eu faria se te perdesse?
-Você não vai.
Ele só me segurou mais apertado.

Capítulo 9
O texto veio logo depois que tinha desligado o telefone

com Gabriel.
Não precisei olhar no espelho para saber que ainda

parecia abatida. Embora nós tivéssemos adormecido nos
braços um do outro, Gabriel acordou mais distante do que
nunca.
Ele culpou a ressaca, mas eu sabia que havia algo

mais. Algo tinha aumentado durante a noite, algo maior que
sua afeição por mim e a minha por ele. Ficou entre nós.
Imóvel e impossível de ignorar.
-Ainda vamos almoçar hoje?
Ele suspirou do outro lado.
-Nada me agradaria mais, Emma. Receio que não

posso. Eu tenho um monte de papelada para ver.
Por mais que eu não queira, senti o chicote da rejeição

me picar.
-Oh, está tudo bem. Sinto muito incomodá-lo.

-Emma, espere!
-Sim?
O silêncio se estendeu.
-Peço desculpa por isso. Eu vou arrumar isso por você.

Eu prometo.
-Não precisa se desculpar, Gabriel. Não há nada para

fazer. As coisas acontecem. Nós vamos almoçar outro dia, ok?
-Eu vou fazer isso por você.
Sua insistência fez-me pensar se ele estava falando

sobre a falta no almoço. As últimas doze horas tinham se
transformado em alguma coisa que eu não imaginava passar
novamente. Eu sofria e pensava, -Não se afaste de mim,
Gabriel. Por favor, seja paciente. Não quero perder você pela
minha insegurança. Eu não olho para você do mesmo jeito que
olho para eles. Por favor, por favor, acredite em mim.
Em vez disso, eu murmurei -Está bem, é melhor deixar

você ir trabalhar. Falo com você mais tarde.
-Emma, vou pensar em você hoje.

-Eu também.
-Ainda tem minhas flores?
Voltei minha atenção para o buquê empoleirado ao lado

de uma foto emoldurada da minha mãe e eu na minha
cerimônia de formatura da faculdade. Os lírios brancos
estavam apenas começando a florescer. Já o aroma
perfumado enchia meu nariz toda vez que sugava o ar de
forma apreciativa.
-Sim.
-Bom. Pense em mim toda vez que você vê-los e saiba

que eu estou pensando em você.
-Eu vou.
-Até esta noite, Emma.
-Adeus, Gabriel.
-Adeus, querida.
Meu telefone tocou. Apanhei-o, curiosa para ver quem

tinha me enviado uma mensagem.

Gabriel irá me encontrar para almoçar hoje. Venha
ver. – Embry
Tornei-me imediatamente fria. Meu coração parecia

lento. Não podia acreditar nas palavras escritas no meu
telefone. Gabriel não faria isso comigo. Ele não iria atrás da ex
nas minhas costas. Gabriel pode ter sido muitas coisas, mas
ele não era um mentiroso.
Como você conseguiu esse número?
Embry mandou uma mensagem de volta rapidamente.
Será que isso importa? Você está prestes a obter

um pacote e uma carta. Siga as instruções, se você quer
ver se estou dizendo a verdade. Responda-me depois de
decidir o que irá fazer.
Alguns minutos depois recebi uma chamada no telefone

do meu escritório.
-Emma Adams.

-Oi, Emma. Você tem um pacote aqui. Quer que mande-
o para aí?
-Não, eu vou buscá-lo agora. Preciso esticar as pernas

de qualquer maneira.- Eu carreguei meu celular apertando
em minha mão. Foi apenas uma curta viagem até a recepção.
Eu sorri para David, conseguindo perguntar sobre seu fim de
semana enquanto contava os detalhes do meu. A conversa
fiada me colocou em vantagem, mas eu tinha que manter a
calma.
-Melhor eu ir andando. Até mais!
-Você sabe onde me encontrar.
Eu fiz um desvio para o banheiro. A pequena caixa

marrom parecia ameaçadora com sua fita marfim linda e
elegante, um envelope dobrado firmemente em suas dobras de
cetim. Eu estava apavorada para abri-lo.
Um par de calças pretas de corrida, camiseta, jaqueta,

tênis, e um boné estava aninhado dentro do papel de seda
verde pálido. Um envelope descansava em cima. Abri,
temendo as palavras que eu estava prestes a ler.
Emma, vista isto. Não quero chamar a atenção

durante meu almoço com Gabriel e tenho certeza que
você também não. Existem também muitos olhos lá fora

que gostariam de tirar uma foto de sua namorada —
você — colocando-a em todos os jornais e na internet.
Dentre nós três, você que iria arruinar sua reputação.
Espero que você não queira ter algo mais a envergonhá-
la. Discrição é a palavra.
Eu tenho um carro esperando por você lá embaixo.

O motorista usa uma rosa vermelha na lapela. Entre e
ele vai levá-la ao restaurante. Já alertei o pessoal que
você está vindo. Você não terá nenhum problema em
entrar na sala de jantar privada.
Se você não quiser vir, então não há nada que

possa dizer para convencê-la. No entanto, eu acho que
isso seria um erro. Eu estarei esperando por sua
resposta...
Enfiei tudo de volta dentro da caixa e caminhei de volta

para o meu cubículo. Eu encarei cegamente os lírios,
desesperadamente tentando decidir o que fazer. A resposta
óbvia era ir. A resposta não tão óbvia era porquê?
E se o almoço for uma despedida final das coisas do seu

apartamento? Não preciso ler entre linhas para saber que
Embry obviamente passou um tempo na casa dele. Almoço
não significa traição.

Mas então por que Gabriel não me contou a verdade?
Por que ele mentiu?
Eu olhei o relógio. O tempo estava passando, eu

gostando ou não.
Você tem que descobrir.
Bati na parede ao lado.
-Indo almoçar, Emma-?
-Sim, Kevin. Eu volto daqui a pouco.
-Tudo bem. Tenha um bom almoço.
Duvido.
Eu fui para o banheiro e mudei as minhas roupas. Se

alguém perguntasse, ia dar uma corrida. Tudo se encaixava
perfeitamente. Não queria pensar profundamente sobre a
razão. Depois de deixar minhas roupas de trabalho de volta
no meu cubículo, corri lá embaixo. Eu mandei uma
mensagem para Embry no elevador.
Estou no elevador.

Ela respondeu um minuto depois.
Meu motorista está esperando na calçada. Porsche

branco.
Tinha que ser.
Puxei o boné sobre meus olhos e sai para rua. Com

certeza havia um reluzente Porsche Cayenne parado no meio-
fio. O motorista ficou na porta, a rosa vermelha perfeita
exatamente onde Embry disse que estaria.
Eu andei até ele, amaldiçoando-me como uma tola por

jogar o jogo estúpido da Embry. Eu deslizei para o banco de
trás. O motorista de Embry, um senhor mais velho com
cabelos que pareciam sal e pimenta juntos e olhos castanhos
bondosos, deslizou sem esforço pelo o tráfego pesado.
Ele não disse uma palavra. Nem eu. Tudo o que

conseguia pensar era em Gabriel. Ele estava mesmo lá? Por
que ele estava com ela? Por que ele mentiu?
As perguntas giravam em círculos, à beira da morte de

minhas inseguranças.

Por que ele teria se escondido para ver uma ex-
namorada? Não havia nenhuma maneira deu estar enganada
sobre o quanto ele me queria, ou estava?
A suspeita me arrastou pra baixo. Gabriel podia ter me

querido, mas ele evitou me tocar. Embry era obviamente
alguém em que ele esteve recentemente envolvido. Duvido que
o celibato tinha sido parte da sua relação. Talvez ele não
estivesse envolvido sexualmente com ela ou estava?
Uma náusea rolou em meu estômago. Minha respiração

acelerou e gotas de suor pontilharam minha testa. Se Gabriel
estivesse lá teria minha resposta.
Por favor, não esteja lá
Muito rapidamente o veículo parou em um restaurante

italiano de dois andares. Provavelmente fizemos um
quilômetro.
-É isso?
-Sim, senhorita.
Não esperei para que ele viesse abrir minha porta. Eu

sai do veículo um segundo depois e caminhei para dentro.
Meus olhos se esforçaram para ajustar ao interior escurecido

enquanto eu procurava um maitre, ou algum responsável
para me orientar.
-Posso ajudá-la, minha senhora?- Uma bela mulher da

minha idade estava atrás de um pódio preto, cabelos retos
como uma flecha e rosto ligeiramente curioso.
-Sim, eu sou- O que ia falar? -Embry Milford tem uma

reserva e está me esperando. Meu nome é Emma Adams.
-Sra. Adams, claro. Você é o último membro do grupa

da Sra. Milford que faltava chegar. Por favor, siga-me.- Ela
pegou um menu e indicou que devíamos subir um conjunto
de escadas, flanqueando o bar.
-Com licença?
-Sim, minha senhora?
-Você sabe se Gabriel Gordon já está aqui?
O sorriso da mulher transformou-se em tamanho.
-Sr. Gordon chegou com a Sra. Milford há cerca de

quinze minutos.
-Eu vejo-. Minha náusea desapareceu. A fúria apareceu

em seu lugar.

-Esta é a primeira vez que eles se encontram aqui. Ou
eles vem sempre?
A anfitriã aumentou ainda mais seu sorriso. Ela acenou

com a cabeça e disse, -Eles sempre reservam a sala do 2º
andar mesmo que sejam somente os dois. Eles estão
obviamente apaixonados, sabe?
-Sim-. Manchas pretas nadaram na minha visão. Não

me lembro de estar tão enfurecida. Senti-me como se eu
pudesse atacar Gabriel e matá-lo.
Você sempre soube quem ele era, quem ele era capaz de
ser. Não vale a pena. Vá, veja o que você precisa ver e então
saia. Não haverá dúvidas, sem arrependimentos. Você
finalmente será capaz de passar por ele.
Subimos pelas escadas e fizemos o nosso caminho pelo

corredor estreito, mal iluminado. A anfitriã parou em frente de
uma porta fechada e disse, -Por aqui, Sra. Adams.
Dei uma olhada no menu na mão dela.
-Na verdade não preciso de um menu porque eu não

vou ficar por muito tempo. Vou só ver, obrigado.- Eu entrei
pela porta antes que ela pudesse dizer mais uma palavra.

Escorregando para o interior, eu imediatamente avistei
Gabriel e Embry. Eles estavam sentados perto um do outro,
com a mão em sua bochecha e seu rosto parecia contorcido
pela dor.
Meu coração partiu em dois.
Ela estava dizendo a verdade, e ele não estava. Raios o

partam, Gabriel Gordon.
Eu engavetei a garota arrasada e trouxe alguém

maníaca para fora.
-Bem, não é tão aconchegante. Escondido assim em sua

própria sala com total privacidade. Ah e olha! Rosas
vermelhas. Ah e uma caixa de fitas. Gostaria de saber o que
estaria lá dentro? Algo caro, tenho certeza.
-Emma!- Gabriel ficou de pé. A culpa devastou suas

feições. Todas as minhas dúvidas foram enterradas na hora.
Mesmo que eu quisesse gritar e chorar, eu não daria a eles a
satisfação de me ver caindo.
-Olá, querido.- A manteiga não derreteria na minha

boca.
-Você trouxe flores para ela também? E eu que pensei

que minhas flores eram especiais! Que pena. Quando voltar

para o escritório, adivinha qual será a primeira coisa que vai
para o lixo?
Gabriel semicerrou seus olhos. Ele exalou longo e alto

antes de olhar para mim de novo.
-Emma, eu juro que não é o que você está pensando.
-Minha visão é muito boa, Gabriel. Eu sei o que estou

vendo.- Voltei minha atenção para a mulher requintada ainda
sentada.
-Vocês estão prontos para um almoço romântico. Não

me admira que você quisesse que eu visse isto.
-É um dos nossos lugares favoritos-. Seu olhar pálido

indicava que minha presença era muito bem-vinda.
-Nesta mesa, quero dizer. Gabriel sempre reserva esta

sala então ele pode beijar meu pescoço em particular... entre
outras coisas.
-Eu tenho certeza-. Meu brilho deveria tê-lo queimado

vivo. Eu puxei uma cadeira de uma mesa próxima e sentei-
me. Olhei de um rosto para o outro, observando o semblante
pálido de Gabriel e uma presunçosa Embry. Eu queria dar um
tapa em um e um soco no outro.

Exatamente, quem levaria o tapa e quem teria o soco
estava ainda a ser determinado.
-Bem, bem. Não é engraçado como planos podem

mudar em um minuto? Pelo que ouvi, Gabriel, estava
afundado em uma tonelada de papéis.
- Eu fiz um show dramático de olhar ao redor.
-Não vejo nenhuma papelada. Sua definição de uma

tonelada e a minha deve ser diferente para você passar por
isso tudo tão rápido.
-Como soube?- Os lábios de Gabriel apertaram antes de

tentar novamente.
-Quero dizer, como você sabia que eu almoçaria fora

hoje?- Ele pegou a minha mão.
A fúria em meu olhar deteve-o . Ele retirou e

rapidamente pegou uma bebida em seu lugar.
-Você não ouviu o que eu disse? Ou precisa ouvir dela?

Se importaria em dizer a ele, Embry, ou devo?
-Eu poderia, mas eu prefiro muito mais ouvir a sua

versão.

Minha boca torcida em um sorriso de veneno.
-Oh, você é boa. Eu gosto como você nitidamente se

esquivou disso. Tenho que pegar emprestado sua técnica.
Embry ergueu a taça e tomou um gole do champanhe

com graça invejável.
-Você poderia fazer pior.
Gabriel apertou sua mão em um punho.
-Embry, sua puta.- Ele se virou para mim e falou em

voz baixa, -Não é o que você pensa.
-Oh, essa é boa! Desculpe-me, mas realmente? Não é o

que eu acho? Como sabe o que eu penso quando eu não tive o
prazer de lhe dizer em detalhes explícitos? Você gostaria que
eu te dissesse agora, hein? Porque não me sinto
particularmente tímida no momento e eu realmente sinto que
você simplesmente tem que saber.
Gabriel fechou os olhos. Seu rosto parecia cansado,

exausto além do normal.
-Não é o que você pensa. Eu juro que não é.

-Claro que não é, Gabriel. Quero dizer que você não é o
tipo de homem que minta e diga que você não pode me ver
para almoçar porque você está absolutamente atolado com o
trabalho, não é?- Eu balancei minha cabeça em ênfase.
-Ah, espere um minuto. Você fez exatamente isso

comigo hoje, não é? Não foi uma jogada inteligente, Gabriel.
Nem um pouco. Mas então, novamente, você teve muita
prática, passando de uma garota para outra. Não se preocupe
— eu aprendo rápido. Este não será o tipo de bagunça pela
qual está acostumado a passar.
Um terror mudou suas feições. Ele arrastou sua cadeira

para mais perto da minha -Emma, querida, não.
Minha personalidade violenta não poderia ser

interrompida.
-Cala a boca! Realmente. Você não pode me dizer isso

por que você é um mentiroso.
-Gabriel, querido, mova-se um pouco para trás. Parece

que ela está apta a recorrer à violência, e tenho certeza que é
a última coisa que você gostaria.
Ouvindo Embry falar com ele em tons tão doce e

açucarado me deu vontade de bater a cara dela contra a mesa
e esperava que ela engolisse um enorme pedaço de vidro

quebrado no caminho. A maldade de minhas emoções me
assustou, mas não o bastante.
-Embry, cale-se!- Gabriel gritou antes que eu pudesse,

seu desagrado transformava seu rosto bonito e desonesto.
-Eu não devia ter tentado argumentar com você. Se

você pensa por um momento que ganhou — Você pode mudar
de idéia.
Boa tentativa. Você não estava tão cheio de ódio,

quando ela tinha a mão em sua bochecha, estava?
Gabriel tentou novamente, a voz baixa e insistente.
-Emma, querida, eu sei que parece terrível, mas preciso

que me escute.
Eu apontei meu dedo para a cara dele.
-É aí que você se engana. Eu realmente mão tenho que

fazer isso.
-Emma, por favor.
-Não! Você não consegue falar especialmente porque

tudo o que sai da sua boca é uma mentira ou uma tentativa
óbvia para ganhar tempo. Receio, Sr. Gordon, que você não

tem uma conta bancária grande o suficiente para comprar
sua saída — pelo menos não comigo.
-Emma —-
-Não-. Peguei uma baguete e dei uma mordida.
-Embry mandou uma mensagem e me convidou para

almoçar, eu não acredito que você, o homem em quem eu
finalmente deixei-me confiar acima de todos os outros, na
verdade estava almoçando com ela. Nas minhas costas e
depois de mentir para mim.
Gabriel abanou a cabeça.
-Peço desculpa por eu ter feito isso.
-É mesmo? Receio que eu não acredito nisso.- Voltei

minha atenção para Embry.
-Você planejou tudo. Por que não nos diz por que você
me queria aqui? -
-Devo dizer-lhe, querido?
O uso da palavra querido eu tinha certeza destinava-se

a ele. Foda-se. Eu não ia ficar de boca fechada e deixá-la me
picar com o seu maldito diamante com garras na ponta.

Joguei meu baguete em cima da mesa.
-Vamos esclarecer algo agora — Gabriel já não é meu

então você pode chamá-lo de querido o dia todo. Não a
nenhuma marca em minhas costas, entende?
- Claro como cristal.
-Não, porra!- Gabriel enrolou a mão no meu pulso.
-Não vou deixar você fazer isso! Eu não estou andando

por trás de suas costas com essa mulher, Emma.- Seu
sussurro torturado normalmente teria sido o suficiente para
me quebrar.
Não mais.
Eu ignorei Gabriel. Eu fixei minha atenção sobre a

cobra venenosa do outro lado da mesa, desafiando-a a fazer o
seu pior.
-Você arrumou tudo isso, Embry. Deixe-me ver como

tudo irá acabar.
-Vamos sair. Agora!- Gabriel colocou-se de pé e forçou,

me levantar com ele.

-Se você tentar me obrigar a sair, eu vou gritar para que
o restaurante inteiro possa me ouvir. Você não precisa de
publicidade ou de fofocas, Gabriel.
-Foda-se a publicidade e a fofoca. Nós vamos agora.
Embry colocou sua taça de champanhe na mesa.
-Gabriel, ela vai descobrir mais cedo ou mais tarde.

Arrastá-la daqui não fará nada para poupa-la da verdade.
Eu puxei o braço dele.
-Estou a descobrir mais do que isto? Que adorável.
Embry observou-me um pouco.
-Você não é bem o que eu esperava, Emma. Sou

obrigada a informá-la que isso não é exatamente pessoal.
Apenas necessário.
-Claro, que ele é.
Ela dirigiu-se ao fervente homem sentado tão perto de

mim que eu pude sentir o tremor na coxa dura.
-Gabriel, você me surpreende. Nunca vi você tão fora de

controle, tão vulnerável. Isso me deixa doente de ciúmes. Eu

daria tudo para ter você olhando para mim como olha para
ela.
-Dê um tempo,- Eu interrompi.
-Tenho certeza de que não vai demorar muito.
-Emma-! Gabriel murmurou algo em censura.
-Diga isso de novo e eu vou te arrastar daqui — pelo

cabelo, se for necessário.
-Experimente e veja o quão bem eu posso acertar seu

rosto.
-Não tocaria na cara dele, se fosse você. É uma das

coisas que mais amo nele.- Embry delicadamente limpou sua
garganta.
- Não vou mais causar suspense, Emma. Quero Gabriel

de volta e quero que você deixe-o ir.
-Impossível!- Gabriel retrucou friamente.
-Embry, nós terminamos meses atrás. Você sabe disso.
-Sim, mas apenas um dia depois que você a encontrou.

Isso é um pouco cruel, mesmo se tratando de você.

A minha visão de túnel apagou Gabriel. Só via Embry.
-Explique-se.
-Nos ficamos juntos por dois anos, Emma. Foi muito

sério, você sabe.
-Quão sério?
-Gabriel ia ser meu marido.
Oh, Deus!
-Você estava noivo dela?- Perguntei-lhe, a acusação

pingando em cada sílaba cuidadosa.
-Noiva-?
-Não-. O olhar de Gabriel implorou-me para acreditar

nele. Eu desviei o olhar.
-Mas você ia me perguntar. Eu vi o anel, Gabriel.
Embry não aparência uma mentirosa. Eu ainda tinha

que perguntar.
-É verdade?

Por favor, diga não. Por favor, diga não. Por favor, por
favor, por favor.
Seu olhar assassino foi em direção à mulher sentada

em frente a nós.
-Sim.
A sala ficou preta por uma fração de segundo. Minha

respiração saiu em um suspiro agonizante.
-Você ia se casar com ela.
-Sim, ele ia. Eu ia ser a Sra. Gabriel Gordon. Eu ia ser

sua esposa e mãe de seus filhos. Tudo o que eu sempre quis
estava ali. E então você estragou tudo, Emma. Todos os meus
sonhos chegaram ao fim no dia em que ele te viu no prédio
dele.
Chocada e um pouco doente, eu me virei para o homem

que eu me deixei amar, mas já não podia reconhecê-lo.
-Você quer dizer o dia da angariação de fundos...-

Pensei em como nós fomos perfeitos há apenas quatro noites.
E pensar que ele tinha estado seriamente envolvido com a
Embry antes, mas se ele estava por que ela não disse nada?

Por que ela não levantou o inferno como tantas outras
teriam feito?
O que diabos estava acontecendo entre eles?
Gabriel apertou a mandíbula dele e deu um curto

batido de cabeça.
-Não. Não naquele dia.
A dor perfurou o meu cérebro. Uma dor de cabeça

brutal fermentada, minutos de agonia totalmente
desencadeando no meu pobre corpo.
-Então eu não entendo...
O sorriso frágil de Embry traiu o coração humano

batendo sob o escudo polido.
-Não, Emma. Não foi nesse dia. Foi um mês antes. O

primeiro dia que sua empresa mudou-se para Obelisk Pointe.
Você não tem ideia do quanto eu daria para voltar e comprar
um eletrotécnico de outro lugar, para certificar-me de que
Gabriel nunca pusesse os olhos em você novamente.
As informações mudaram muito rapidamente. Não fazia

sentido. Eu suspeitava que as peças estavam lá, mas eu não
podia ver o filme todo para colocar na ordem.

-Como sabe que ele me viu?
-Gabriel não me contou por que ele estava me deixando

— só que ele estava. Descobri depois que meu segurança me
mostrou as fotos de vocês.- Um sorriso agridoce jogado sobre
os cantos de sua boca rosa.
-Sim, mesmo assim eu sabia quem você era e o que

você significava para ele.
Eu não tenho palavras suficientes para sequer começar

a resolver isso.
-Você estava seguindo Gabriel?
-É claro. Assim como ele teve que seguir você.- Ela leu
minha expressão atordoada com precisão infalível.
-Vejo que você não esperava por isso, nunca sonhou

com isso. Isso é o que nós fazemos com aqueles que amamos.
Nós os engaiolamos, Emma, sabendo que o momento em que
deixamos a porta aberta eles irão voar. E então fazemos de
tudo para impedir que isso aconteça.
Eu não achava que ela fosse capaz de falar uma poesia

escura. Assim como não achava que Gabriel fosse capaz de

fazer algo tão monstruoso também. Suas palavras da noite
anterior ressurgiram para me assombrar.
-O Gabriel é um monstro. Ele é um desgraçado que não

te merece, mas ele é um bastardo por que ele vai fazer de tudo
para mantê-la. Você realmente não quer conhecê-lo, Emma.
Você não deveria. Então vá. Por favor. Por que acha que
mandei essas roupas para você vestir? Os seguranças de
Gabriel teria ligado para ele no momento que vissem você
deixar o prédio, caso contrário você nunca teria sido capaz de
chegar a esta sala sem ele saber. E isso não podia acontecer.
Você tinha que ver por si mesmo.
Não acredito que fui tão estúpida de cair nessa. Manter

as coisas discretas? Não estragar ou embaraçar sua imagem
por ser vista?
-Você me pegou e me trouxe aqui como uma precaução

adicional. Você usou o que eu não sabia contra mim.
Embry olhou completamente sem remorso.
-É verdade? Você estava me seguindo?- Meus olhos

eram claros, mesmo que a dor transbordasse. Eu não ia
mostrar-lhe a quão devastada e ferida eu estava. Isso eu tinha
certeza. Talvez fosse a única coisa.

A expressão fechada de Gabriel respondeu-me antes
que ele o fizesse.
-Sim.
Eu estourei bufando, esforçando-me para não esmagar

sua cabeça contra o centro da mesa de vidro.
-O sistema de alarme. Eles entraram em meu

apartamento, porque eles já tinham a chave. Não é apenas
um sistema de alarme, não? Você estava me espionando.
-Não, Emma. É apenas um sistema de alarme.
-Por que você estava me seguindo? Porque eu não

trabalhei para você? Porque pensou que eu trairia você?
Porque não confia em mim? Por que, Gabriel?
-Eu queria mantê-la segura.- Ele olhou para Embry

significativamente antes de voltar e me olhar.
-A salvo do quê? Dela?- Eu balancei minha cabeça

desconsoladamente, estremecendo, fugindo do seu toque. A
mão de Gabriel pairou no ar.
-Não, você não queria me manter segura. Você queria

ser capaz de me controlar.

Ele não negou.
-O que mais preciso saber?
-Emma —-
-Eu não estou pedindo para você. Estou pedindo para

ela.- A raiva continuou a acumular-se firmemente dentro de
mim. Foi rapidamente se tornando uma força a parte e além
da garota que eu sempre soube ser.
Eu estava ficando monstruosamente fora de controle.
Como todas as outras meninas que gritaram e bateram

nele quando Gabriel quebrou seus corações. Não! Não vou ser
como elas. Não vou precisar tanto dele. Eu não vou...Não
posso...
Embry me assistiu silenciosamente. Eu a estimulei,
com uma falsa alegria fazendo meu tom espesso e viscoso.
-Não seja tímida, Embry! Nós chegamos tão longe, não

há necessidade de me fazer esperar. Sou todo ouvido e eu sou
toda sua.
-Eu sei que você me odeia agora, Emma. No final, você

vai odiar-me mais. Peço desculpa por isso. Na verdade eu...

-Perdoe-me, Embry, mas estou tendo uma dificuldade
de acreditar em você.
-Muito bem, então. Fiz tudo isso porque Gabriel deixou-

me por você, Emma, e não é justo. Eu fiquei ao lado ele,
mantendo-me nas sombras, mantendo seus segredos seguros
apenas para que ele pudesse me jogar fora como lixo? Não. Se
você acha que você é forte o suficiente para mantê-lo, então
você precisa saber tudo.
-Segredos. Por que não?
A pena escureceu seu olhar de jade.
-Posso dizer, Gabriel? Você acha que ela ainda vai

querê-lo depois disso? Eu te quis, mas será que ela vai? Algo
me diz que não.
Meus dedos esfriaram.
-Tem a ver com como Gabriel construiu sua empresa?-

Imaginações dos negócios sujos e espionagem corporativa
giraram em minha cabeça.
A explosão de riso trouxe cor para minhas bochechas.

-Eu não tenho a menor ideia. Imagino que haja um
esqueleto ou dois em algum lugar. Afinal, ele é um bilionário.
Eles não chegam ao topo agindo suavemente, não é? -
Se não era sobre seu negócio, então isso significava que

era sobre sua vida pessoal.
O silêncio de Gabriel, frágil como era,deixou-me a um

nível de expectativa. Ele poderia me arrastar para fora da sala
a qualquer hora que quisesse. Minha fúria não seria forte o
suficiente para convencê-lo. O fato de que ele não falava nada,
dizia-me que ele queria que eu soubesse.
O que poderia ser tão ruim, Gabriel?
-Francamente, estou surpresa com o quanto você tem

se saído hoje, Emma. Você fala com Gabriel, como se você
fosse de igual para igual. Ninguém fala com ele do jeito que
você faz.
Eu me irritei.
-Ou seja, não tenho o direito, porque eu não sou rica

como vocês dois.
-Sua fixação sobre a disparidade entre seus portfólios

prova quão ridícula é a ideia de que você poderia se igualar a
Gabriel.- Embry inclinou-se mais perto.

-Você tem alguma ideia do que o homem sentado ao seu
lado é realmente?
Gabriel fechou suas mãos. De repente, elas eram
bastante grandes e perigosas para mim. Não era apenas o
meu medo que sentia. Era o dele também.
O que significava que as coisas estavam prestes a

piorar. Para muito, muito pior.
-Diga-me.
Seu olhar direto em Gabriel.
-Isso pode acabar agora, e ela nunca vai ter de saber.

Diga-me o que fazer e eu faço. Por favor, você sabe que eu não
quero nada mais no mundo.
A súplica em sua voz fez-me sentir mal por dentro. Foi o

tom de alguém acostumado a usá-lo com Gabriel. Eu quase
saí correndo da sala depois de ouvir isso.
Os punhos de Gabriel relaxaram. Um sorriso

assombrado piscou, estranhamente bonito por causa de sua
renúncia a um destino que ele não tinha controle. Era o
sorriso melancólico de um homem que não tinha mais o que
fazer.

-Não, Embry. Aconteça o que acontecer. Eu amo Emma
e eu não vou para longe dela.
A alegria explodiu dentro do meu coração, mesmo que a

devastação tenha chegado até me arrastar de volta para baixo
em meu inferno auto-criado. Gabriel me amava? Este homem
enigmático e glorioso me amava?
-E se ela não te quiser? Vai tentar mantê-la?
Gabriel olhou para mim. Seu olhar aflito mudou,

tornando-se duro e cruel.
-Sim.
-Então você entende como me sinto sobre você.
O depoimento dela surpreendeu a ambos. Embry

levantou sua taça em saudação e bebeu o conteúdo com um
só gole. Ela cuidadosamente pousou seu copo e deu de
ombros.
-Emma, Gabriel está mentindo para você. Ele não é o

homem doce e juvenil, que está cheio de sorrisos e vive para
te fazer feliz. Ah sim, eu vi isso também. Minha equipe de
segurança é muito, muito boa.

Saber que nossa relação tinha sido documentada e
divulgada para Embry me fez ficar doente. Eu deveria dar-lhe
uma bofetada. Em vez disso, eu escutei e fixei minha atenção
em cada palavra que saia da sua boca.
-Aquela pessoa que te traz flores e finge que aprecia ir

ao zoológico é uma farsa. Ele não é real. Ele é muito, muito
mais escuro do que o adorável homem inofensivo, que você
acha que sabe.
-Pare de dançar em círculos e me diga logo-
-Muito bem. Gabriel é um sádico no verdadeiro sentido

da palavra.
-Você não me conhece, Embry. Não tente me resumir

em uma palavra.
-Mas é a palavra, não é? Você gosta de infligir dor em

suas amantes, Gabriel. Você precisa dominar suas amantes
sexualmente, fazê-las fazer o que você quiser... Magoá-las,
amá-las, mantê-las fora de equilíbrio... É o que você sabe
fazer melhor, Gabriel. Por que outra razão você nos manteria
rastejando de volta para você?
Eu não conseguia sentir minhas extremidades. Uma

dor de cabeça rachou o meu crânio. Meu coração batia tão
alto que eu mal podia ouvir Embry ou as perguntas que ela

jogou. Lembrei-me de que o homem que tinha conhecido nos
últimos cinco dias, o único que me cortejou exatamente como
ela havia descrito.
Muito docemente, como se eu fosse preciosa e amada.

Como se o que tivéssemos fosse real.
E não passou de uma mentira. Gabriel mentiu para

mim este tempo todo.
Lembrei-me de suas palavras na noite anterior.
-Tenho sido um idiota sorridente, saindo do meu

caminho para ser o que você gosta, porque você nunca será
capaz de lidar com o meu verdadeiro eu.’
A verdade estava lá o tempo todo.
Ele estava tentando me dizer isto e não tinha ideia de

como fazê-lo.
Meus pensamentos se dispersaram. Gabriel tinha vindo

tão forte desde o primeiro dia. Ele entrou em minha vida sem
pedir permissão. Ele não tinha deixado espaço para que eu
pudesse correr. Eu tinha pensado que Gabriel era excêntrico e
refrescantemente honesto.

Ele não é um sádico! Ele nunca me machucaria... Ele
não é esse tipo de homem.
O desassossego me gelou. Eu não vi ou percebi a

escuridão que havia por trás de seu sorriso radiante?Não
tinha conhecido alguém na noite passada, alguém cruel e
completamente acostumado a ser obedecido?
É por isto que Gabriel não quer fazer amor comigo?

Será que é porque ele precisa de uma maneira diferente de
sexo? Uma maneira que não sei como dar a ele?
Os dois olharam para mim. As palavras falharam.

-Você sabe que o que eu estou dizendo é verdade. Vejo
em seus olhos. Gabriel tentou esconder isso de você, mas
ainda assim saiu dele de alguma forma. Suas mudanças de
humor, sua súbita necessidade de mantê-la com ele em todos
os momentos. Ele usa sexo para manipulá-la, mantê-la
drogada em seu prazer, então você não verá as rachaduras
acontecendo bem na sua frente.
-Não.
-O quê?
Eu pressionei meus lábios em uma linha dura, furiosa

comigo mesma por deixar esse deslize escapar.

O olhar de Embry aumentou .
-Gabriel não tocou em você.- O alívio caiu sobre seu

rosto.
-Ele não tocou em você! Isso é o que você está dizendo,

não é?- Ela balançou em direção a ele.
-Não tocou nela por uma razão. Eu sou essa razão, não
é?
A insensibilidade de Gabriel me fez hesitar em simpatia.
-Não pretendo lhe dizer o que faço ou deixo de fazer

com Emma. A razão pela qual não fizemos amor, no entanto,
não tem nada a ver com você. Eu terminei com você, Embry.
Não sei como ser mais claro.
-Você tem medo de tocá-la, Gabriel.
-Como você sabe disso?- Eu sussurrei, enojada com

sua perspicácia e mais ainda com o pensamento de que ele
não tinha medo de compartilhar com ela.
-Porque eu sei que ele tem suprimindo sua natureza

com você. Sua opinião sobre Gabriel significa o mundo para
ele. Francamente, não sei porquê.- Ela mostrou seu desprezo
sem esforço.

-Isso faz de nós, dois.- Eu mantive meu rosto suave
com a mais fina das expressões.
-Gabriel, é verdade?
-Emma, isso não é tão simples como ela está colocando.

Embry está tentando cavar um buraco entre nós. Não deixe-a
fazer isso.
-Sim ou não? Você é um Dom?
A surpresa de Gabriel sobre eu ter usado esta palavra

me faria sorrir se as circunstâncias fossem melhores.
Ele escolheu suas palavras com cuidado.
-Não precisa ser assim com você. Não quero fazer nada
que possa fazer você se desviar de mim. Então, por favor, não
tenha medo de mim. Eu nunca machucaria você
intencionalmente.
Olhei para suas mãos bonitas, sentindo tanta pena e

raiva que eu poderia explodir em cima dele.
-Você sabe que não é assim que funciona. Você deve

saber melhor do que eu que você não pode simplesmente
desligar e ligar.

-Gabriel está convencido de que pode,- Embry invadiu
suavemente.
-Ele está torturado e danificado por causa da forma

como ele cresceu. A culpa o corrói, por gostar de dominar e
ferir as mulheres, assim como seu pai.
Eu não tinha ideia. Eu não sabia que tipo de vida que

ele teve dentro de casa, mas nunca suspeitei que fosse algo
tão ruim assim.
Isso mostra o que sei.
Finalmente olhei para o Gabriel. Seu lindo rosto estava

duro, esculpido como uma pedra viva.
-Você sabe que eu farei você pagar por isto, Embry.
O luto ondulou seu rosto perfeito.
-Eu sei. Não esperava menos de você, senhor.
Senhor?
Embry ouviu minha pergunta não ditas... Ou será que

eu sussurrei. Ela não parecia envergonhada. Ela parecia
imensamente orgulhosa de que tinha sido dele.

-Sim, Emma. Chamei Gabriel de 'Senhor' por dois anos.
Ele era meu dominador e eu era sua submissa. Deixei este
homem me amarrar, bater e me foder, e se ele quisesse
passar-me para seus amigos, eu chuparia o pau deles assim
como eu chupei o dele. Você faria o mesmo?
Eu tropecei em meus pés, enojada com a realidade de

seu relacionamento. Só de pensar em ser um brinquedo, algo
passado por aí me deu vontade de gritar. Eu me afastei dos
dois.
Gabriel avançou para frente, preocupado em substituir

a raiva fria de antes.
-Emma, por favor, deixe-me levá-la para casa, para que

possamos conversar sobre isso em particular. Eu vou
responder qualquer coisa que você queira saber.
Eu balancei minha cabeça e silenciosamente respondi, -

Não.
-Baby, por favor...- ele engoliu seco.-Não fuja de mim.

Não outra vez.
Meus dedos se estenderam ao meu lado. Isso doeu

como se suas palavras na verdade tivessem realmente
rasgado dentro de mim. Eu não sabia nada sobre esse

homem. Eu pensei que conhecia o rapaz que ele tinha sido —
irritado, desencantado, cínico — mas eu não tinha ideia do
homem que ele se tornou. Toda sua doçura, o riso, a
provocação... Tinha sido uma farsa.
Eu não sabia quem Gabriel Gordon era realmente, e o

que ele fez com Embry Milford.
-Não deixe isso acabar assim. Você tem que saber que o
que temos vale a pena lutar.
-Lutar pelo o que?- Meus olhos queimaram com as

lágrimas.
-O que há para lutar quando você está aqui com ela? O

que há para lutar enquanto você mentia para mim sobre
quem você realmente é?
Nossa briga de ontem tomou outro rumo miserável.
-É por isso que você estava tão zangado comigo ontem à

noite, não é? É porque você sabia que veria Embry no almoço.
Você ia ver sua ex-namorada... Sua submissa... A mulher que
te conhece melhor do que eu. Oh meu Deus, eu sou tão
estúpida. Eu acreditei que você era diferente, mas você não é.
Eu não posso mais ficar aqui com você.

-Emma...- ele estendeu a mão para mim, mas dei um
grande e desequilibrado passo para trás.
-Por que você veio vê-la, Gabriel?
-Porque eu te amo.
-Por que você está aqui com ela?- Fechei minha boca,
sentindo minhas entranhas lutando para controlar meu
temperamento e emoções.
-Eu tinha que vê-la para impedi-la de contar a você

sobre mim. Sobre o que eu sou.
Eu recuei. As palavras foram como um punhal no meu

coração, ferindo-o quando deveria está edificado. Usei-as
como armas, eu pretendia cortar tudo que estava em meu
caminho e criar a melhor armadura para proteger meu
coração.
-Você tem um jeito engraçado de demonstrar isso e uma

forma ainda mais engraçada de dizer as coisas. Você me ama?
Realmente?
-É verdade, Emma. Sempre te amei.

-Bem, é uma péssima hora para ouvir você dizer que me
ama, pela primeira vez na frente de uma ex-namorada?
Parabéns, Gabriel.
-Não fale com ele assim. Se você soubesse o quanto

custou para ele estar aqui — -
-Cale a boca. Eu não preciso que me defenda, Embry.
-E eu digo que precisa.- Ela virou o seu olhar de olhos

vidrados na minha direção. O ódio que ela tinha por mim era
uma coisa física e perigosa em seu próprio direito. Dei um
passo para trás e imediatamente quis chutar-me por mostrar
fraqueza. O braço de Gabriel de repente puxou-me envolvendo
minha cintura. Puxou-me para ele, mesmo quando eu tentei
empurrar para ficar longe. Gabriel apenas apertou mais seu
braço.
Embry me assistiu lutar. A agonia transformou a voz

dela.
-Por que, Gabriel? Por que ela? Ela é tão indigna de

você.
-Peço desculpa se eu magoei você, Embry, mas você

sabe por quê. Você sempre soube.
Ela apertou seus olhos fechados.

-Não-. Com isso, ela se levantou e caminhou ao redor
da mesa. Suas palavras derramaram veneno em sua
espessura.
-Gabriel veio até aqui para subornar-me, para me

manter calada, apenas para que você — sua preciosa e doce
menina — nunca soubesse da doença dentro dele, a verdade
sobre quem ele realmente é. Mesmo quando eu implorei para
ele deixá-la, ele não quis. Ofereci-me para ser sua amante e
ele recusou. Por que você é tão valiosa para ele? Você não
sabe quem Gabriel realmente é, você é cega demais para
enxerga-lo!
-Embry, recomendo que fique quieta agora.
-Não, Gabriel! Ela nunca vai entender você — é

impossível para ela, e você sabe disso! Você acha mesmo que
a Emma vai deixar você fazer as coisas que me fez, com ela?
Conheço seu tipo. Ela não sabe nada sobre a apresentação.
Ela vai lutar com você a cada passo do caminho. Ela sempre
te verá como um psicopata! Você sabe que é verdade, Gabriel,
senão você não teria tentado tanto se esconder.
O corpo de Gabriel estava tenso. Seu silêncio me

condenou. Nos condenou.

Tudo saiu do controle. De alguma forma eu me tornaria
a vilã da minha própria história de amor.
Ela está certa? Isto é muito bonito, mas é exatamente

disso que Gabriel acusou-me ontem à noite.
Com as mãos entrelaçadas no coração dela, Embry

suplicou, -Você não merece ele, Emma. Você sabe que não.
Então deixe-o ir. Por ele e por você mesma. Por favor.
Ele sussurrou meu nome e puxou-me para ele como um

imã. Eu queria apagar tudo o que eu tinha visto e ouvido. Eu
queria voltar para o homem que adorava me fazer rir.
Tudo mudou. Não poderia ir porque não era real.
Eu queria. Eu queria. Eu queria.
Eu queria uivar, gritar e quebrar tudo dentro de um

raio de cinco quilômetros. Principalmente, eu queria magoar
Embry por ter levado o homem que eu pensava que conhecia.
Infelizmente, eu sempre acreditei que era o dinheiro que

iria finalmente nos separar. Agora, eu daria qualquer coisa
para que isso fosse apenas sobre a conta bancária de Gabriel.
Se desejos fossem como os cavalos, os mendigos

poderiam montar.

-Você continua falando sobre como você me conhece.
Deixe-me te dizer uma coisa — também conheço seu tipo.
Você não é tão altruísta, Embry. Não é só por Gabriel e
definitivamente não tem nada sobre mim. Então o que
realmente achou que iria ganhar com isto, Embry? Você
poderia nos separar e depois?
Não pensei que ela fosse me responder. Os dedos

delgados de Embry brincaram com a pulseira em seu pulso.
Ela parecia derrotada, abatida e destruída agora que o estrago
estava feito.
-Eu esperava que Gabriel finalmente visse o quanto eu

o amo. Você nunca poderia amá-lo como eu faço e hoje tive a
prova disso-
-Eu nunca o machucaria de propósito, como você fez

agora. Como isso pode ser amor?
Embry elevou seu queixo, desafiadora e condenável.
-Eu faria o que fosse preciso para ajudá-lo. Não me

importa o quanto custe. Gabriel esteve em negação sobre
você, pensando se você iria cair de amor pelo homem que ele
acha que você queria, e que de alguma forma isso significa o
mesmo que amá-lo. Ele está errado. Gabriel não precisa
mudar nada. Ele só tem que mudar a pessoa que está com

ele, ou seja, você. Eu não me importo com o que ele diz na
sua frente — Gabriel ainda se importa comigo. É por isso que
ele te deixou no domingo para estar comigo.
-Já chega, Embry!
Sua obediência imediata assumiu o lugar nela. Meu

estômago se agitou com as náuseas. Eu não era
completamente ignorante para a dinâmica de Dom/Sub. Eu li
o suficiente para dar-me uma versão romântica, antes da
minha colega de faculdade, uma Dom profissional, me
endireitar. Quais eram as chances de que essas conversas nos
fins de tarde iluminassem o quadro diante de mim?
Destino, foda-se com seu senso de humor doentio.
A intimidade de Gabriel com Embry era muito mais

profunda do que qualquer coisa que ele poderia ter realizado
comigo em uma curta semana. Seu domínio também foi algo
profundamente no âmago de quem ele era. Gabriel não podia
se desligar como parecia que ele tinha feito por mim. Sua dor
não era algo para reformá-lo. Não era algo para ser mudado.
O que significa que Embry estava certa. O que eles

tinham não era uma relação que poderia facilmente ser
colocado de lado.

-Você me deixou para ir com ela no domingo? Você me
fez acreditar que tinha um negócio e não era. Você mentiu
para mim por omissão, Gabriel. Você deveria deixar-me ir.
Agora.
Seus braços apertaram mais. Ele sussurrou no meu

ouvido, -Embry apareceu na casa da minha mãe bêbada. Tive
que tirá-la de lá. Não aconteceu nada entre nós, Emma. Eu
juro. Você é a única com quem eu quero estar.
-Pare!- Embry gritou.
-Não faça assim com ela, Gabriel! Você nunca implorou

a ninguém.
Fiquei ali, presa em um denso nevoeiro mental que eu

não conseguia me libertar. Eu queria sair. Não queria está na
mesma sala com nenhum deles.
-Diga a ela o resto, Gabriel. Diga a ela o que aconteceu,-

Embry insistiu suavemente.
Não agüentava ouvir mais nada.
-Já ouvi o suficiente.
-Não!- ela surtou, triunfante e sem vergonha.

-Gabriel ficou comigo a noite toda. Estava com medo
que eu tivesse tomado um... ou alguns... comprimidos.
-Você tentou se matar?- A descrença ricocheteou

através de mim. Por que ela faria uma coisa dessas?
Realmente tenho que saber? É Gabriel. Sempre foi

Gabriel.
-Não verdade não. Só não queria que ele voltasse para

você. E ele não fez.
Não podia acreditar em seu raciocínio e em como ela

calmamente entregou-se.
-Isso é doentio! Você se machuca só para levá-lo a fazer

o que você quiser! Embry, isso não é amor. Isso é
manipulação. Não se faz isso com as pessoas que você ama.
Seu sorriso sereno discordou.
-Gabriel ficou comigo a noite toda, cuidando de mim e

até mesmo chamou seu médico particular para certificar-se
de que não sofria de qualquer mal.- A voz de Embry assumiu
uma cadência suave, sonhadora.
-Ele tomou conta de mim, Emma, como antes. Ele foi

tão suave, tão carinhoso.

Fiquei olhando para o braço envolto confortavelmente
da minha cintura. Pensei em cravar minhas unhas na mão
dele só para fazê-lo largar-me. As peças finalmente se
encaixaram, formando uma imagem que eu não queria ver e
deveria saber que existia desde o primeiro momento em que
coloquei os olhos em Embry.
-Você ficou com ela na cobertura, não é? É por isso que

você não me queria lá. Ela ainda estava lá ontem à noite?
-Não, Emma! Ela não estava lá.
-Sim, eu estava... falando do assunto. Fui eu quem

mandou a mensagem para você, Emma. Eu sou a pessoa que
deixou a porta aberta. Eu sou aquela que colocou você na
lista dos aprovados. Você se pergunta como eu poderia fazer
isso? É porque aquele apartamento foi comprado por nós, eu
e Gabriel. Essa era a nossa casa, Emma, e você estragou
tudo.
Oh, Meu Deus!
-E é por isso que eu sei que esta foi à decisão certa para
todos nós. Você nunca será capaz de fazê-lo feliz como eu.
Então, por favor, deixe Gabriel ir.

-Emma, não faça isso. Eu não posso...- Tudo o que
Gabriel poderia ter dito foi interrompido porque a porta foi
aberta. Um garçon rolou o carrinho de refeições para dentro.
Vendo nós três ali em nosso impasse mórbido, ele olhou e
parou assustado. Eu me aproveitei que o aperto de Gabriel
afrouxou para escapar.
-Emma!
Seu rugido baixo não fez nada para persuadir-me a

voltar para seu lado — mesmo que minhas pernas estivessem
doendo.
-Acho que isso prova o ponto dela, hein? Eu não posso

ser como Embry afinal.- Gabriel deu um passo medido em
relação a mim. Imediatamente chamei o garçom e sussurrei, -
Desculpe pelo o que estou prestes a fazer.
Eu puxei o carrinho dele e o virei. O almoço gourmet

atingiu o chão de pedra em uma explosão de vidros e
alimentos. Todo mundo pulou para trás enquanto eu corria
para fora, mal ouvindo o que Gabriel dizia, só ouvia a batida
acelerada do meu coração.
Corri pelo corredor vazio, pulei escada abaixo de dois

em dois degraus e me afastei em direção a cozinha. Os
funcionários estavam em meio a sua pressa na hora do
almoço, olharam para mim enquanto eu passava correndo.

Toda cozinha tinha uma porta dos fundos que dava para a
lixeira e esta me provou não ser diferente.
Eu a empurrei abrindo-a, ainda bem que um alarme

não soou automaticamente. Corri para fora, meus braços e
pernas estavam perdidos, enquanto eu me arremessava
através do tráfego humano e dos carros.
Gabriel, seu filho da puta perdido. Maldito seja! Você é

um maldito por não confiar em mim, para me dizer quem você
realmente é!
Eu deveria saber. Nunca há finais felizes quando

meninas como eu se apaixonam por homens como ele. Corri
até sentir como se minhas pernas tivessem fugido de mim. O
suor derramando e meus pulmões doíam como se eu tivesse
respirado uma fibra de vidro. Tudo dóia.
Obelisk Point pairou a minha frente. Minha vida estava

neste edifício. Minha carreira, meu futuro, a casa da minha
mãe — tudo isso dependia de eu poder juntar minhas coisas.
Eu não poderia desmoronar agora.
A SUV de Gabriel deu uma parada brusca a minha

frente. Ele pulou para fora e bloqueou meu caminho.
-Emma!

Eu estava ofegante, os pulmões lutando por ar,
enquanto eu queria chorar e ao mesmo tempo jogá-lo no
chão.
-Saia do meu caminho.
Gabriel estendeu suas mãos.
-Querida, você tem que me escutar. Eu nunca quis te

magoar.
Eu o empurrei, passando por ele.
-Não há nada que possa dizer-me agora, que eu queira

ouvir!
Uma parte de mim esperava que ele me tirasse da rua.

Em vez disso, ele me deixou ir.
A outra parte de mim desejava que ele não tivesse me

deixado ir.
Eu corri para o prédio e entrei no meu cubículo de

trabalho sem incidentes. Suada e trêmula, peguei as flores de
Gabriel e joguei no caixote do lixo antes de pegar minhas
roupas de trabalho.

Eu queria tanto ir para casa, me jogar sobre a minha
cama e me esconder do mundo. Em vez disso, eu me forcei a
ir ao banheiro, troquei de roupa e limpei o meu corpo do suor,
lavei meu rosto. Joguei o pacote do Embry no lixo, esperando
que eu nunca precisasse vê-lo novamente. O pensamento de
nunca mais poder ver Gabriel era tão fácil de imaginar.
Quando eu voltei para minha mesa havia me recomposto e
ligando meu lado automático e insensível, colocando-o em
funcionamento.
Nada mais importava, exceto o trabalho. Você superou

Gabriel mais de uma vez. Então, você pode fazê-lo novamente.
Eu efetivamente bloqueei todas as minhas emoções e

trabalhei sem descanso até a hora de ir embora. Eu
considerei ficar até mais tarde. Mas, Gabriel seria corajoso o
suficiente para aproveitar o escritório vazio. Arrumei minhas
coisas e cheguei ilesa ao meu carro.
Eu pensei brevemente que sua equipe de segurança

poderia ter interferido ao comando de seu chefe.
Aparentemente, sua tarefa era simplesmente assistir. A
viagem até em casa foi um borrão incolor. Eu tinha que me
lembrar de que isso era real. Não os cinco dias passados na
companhia de uma criatura vivaz, charmosa, capaz de
proporcionar muita alegria e devastação.

Gabriel Gordon deixaria minha vida tão rápido quanto
havia entrado. Eu tinha certeza disso. Uma vez que eu já não
servia mais como entretenimento da ignorância, uma vez que
ele percebeu que eu não era uma substituta de sua glamorosa
submissa, ele perderia o foco. O desafio tinha acabou, por que
eu sabia de tudo isso e ainda queria chorar minha perda.
Lamentável. Estúpida, pobre e doente.
Eu vi a SUV de Gabriel quando dirigia pelo

estacionamento. Não podia negar o nó que se formou em meu
estômago ou o desejo que de repente arrancou-me nua.
Gabriel, como você fez isso comigo novamente?
Ele saiu do seu veículo, assim como eu fiz. Eu não lhe

dei uma chance para me dizer alguma coisa. Eu corri para
baixo pelo corredor aberto direto para minha porta, ignorando
o bater dos seus pés enquanto eu quase não conseguia
entrar. Eu coloquei a trava primeiro e depois o outro bloqueio.
Gabriel torceu a maçaneta.
-Emma, abra a porta!
-Vá embora, Gabriel!
-Emma, por favor! Não faça isso!

-Não vou falar com você agora. Eu não posso.
-Baby, por favor, não faça isso. Não me deixe aqui fora.
Você me mata quando faz isso.
-Dói muito.
-Então me deixa entrar, Emma. Eu preciso está com

você. Eu te amo...Por favor, Emma...Emma... baby... você
ainda está aí? -
-Sim.
-Deixe-me entrar.... por favor.
Qualquer esperança de escapar dessa loucura terminou

ali.

Capítulo 10
Eu girei a chave e, em seguida, a porta abriu. Gabriel

correu e esmagou-me em seus braços. Eu sabia que devia tê-
lo empurrado. Eu deveria ter pelo menos dado uma bofetada
nele. Mas, eu não fiz nenhuma dessas duas coisas. Agarrei-
me a ele tão firmemente como ele se agarrou a mim.
-Eu sinto muito, Emma. Eu não deveria ter tentado

esconder tudo isso de você. Baby, eu sei que errei, mas, por
favor, não me diga que é tarde demais para fazer a coisa certa.
-Eu acreditei em você, Gabriel. Mesmo depois de saber

o tipo de garoto que era na escola, aproveitei a oportunidade e
acreditei em você. Você mentiu para mim!
-Querida, por favor, perdoe-me. Não posso perder você,

não quando a encontrei de novo.
Eu apertei meus olhos.
-Não sei o que fazer.
Gabriel segurou meu rosto. Seus polegares afastaram o

fluxo constante de lágrimas.

-Eu vou te dizer qualquer coisa que você queira saber.
Absolutamente tudo.
Eu abri a boca e fechei-a novamente. Importava

realmente? Afinal, o que eu sabia era mais que suficiente para
nunca querer vê-lo novamente.
Gabriel fingiu esbarrar em mim no elevador quando ele

já sabia que eu estava no prédio há um mês. Ele estava me
seguindo sem minha autorização ou conhecimento. Ele tinha
escondido a seriedade de sua relação com Embry. Ele
manteve suas inclinações sexuais em segredo. Ele mentiu
para mim sobre o almoço com Embry. Ele a encontrou pelas
minhas costas e teria mantido isso em segredo para sempre.
Nada disto era a base certa para um relacionamento.

Eu provavelmente cheguei ao meu limite. E ainda... Mas, eu
ainda o queria.
Oh, Deus! Ele ganhou? Perdi todo o meu orgulho?
O que havia de errado comigo? Eu sempre jurei que

nunca seria outra garota da sua longa fila de corações
partidos? Isso não era justo. Eu não deveria ser tão fraca!
Não para ele, não para qualquer um.
-Emma?

Você é quem você é. Sempre foi uma questão de tempo,
de quanto tempo você seria capaz de esconder isso. Dessa
forma, você não é diferente de Gabriel.
Eu tinha que pelo menos parecem estar no controle.

Não podia deixar a todo meu controle ruir e arrastar-me para
baixo. Não sem lutar.
-Tudo bem. Vamos para a sala.
Gabriel me seguiu. Eu não ia fugir, mas aparentemente

ele preferiu prevenir do que remediar. Sentei no banco do
amor. Gabriel sentou ao meu lado, sua calça roçou em meu
joelho e ele segurou minha mão.
-Eu quero que saiba que não vou mentir para você,
Emma. Não importa o quão mal isso soará. Está bem?
-Está bem.
-O que você quer que eu responda primeiro?
Essa foi fácil.
-Por que não me disse a verdade sobre Embry?
Ele não hesitou em responder.

-Porque não queria que meu relacionamento com ela
destruísse o que estou construindo com você.
-Esconder de mim causou mais danos do que se tivesse

sido sincero.
Gabriel estremeceu.
-Eu não a amava, Emma. Eu nunca cheguei a amá-la.
-Então por que ia pedi-la em casamento?
Ele não afastou seu olhar, mesmo que suas palavras

fossem o suficiente para me fazer querer chorar e gritar.
-Porque eu pensei que ela era a melhor escolha para

minha vida.
Apenas respire. Isso foi antes de você. Foi passado. Eu

disse a mim mesma.
-Ok, isso faz sentido.
Gabriel apertou minha mão fria.
-No papel ou não. Ela é linda e me amava. Não vejo por

que não deveria casa-me com ela, especialmente porque

minha falta de sentimentos verdadeiros para com ela, não era
diferente do que eu sentia com qualquer outra.
-E não se esqueça, que ela é submissa-. Não pude

deixar de soltar essa com sarcasmo. As palavras que deveriam
ter sido um insulto para ela, agora era só um insulto para
mim. Eu não era submissa. Pelo menos não da maneira que
eu imaginava que ela fosse
-E ela é submissa.
-Então por que você acabou com tudo?
Ele virou minha mão e estudou-a antes de responder, -

Eu te vi, Emma. A garota que nunca esqueci, a que roubou
meu coração há sete anos e nunca voltou. Você estava parada
de pé apenas a alguns metros de distância. Nem acreditei. Foi
no dia em que ia propor o casamento, e lá estava você.
Seu olhar se suavizou. Gabriel estava claramente

lembrando o momento. Eu imaginei-o naquele dia,
preenchendo as lacunas da forma como eu esperava. Olhei —
serena, confiante — porque lembrei-me que esse sentimento
não nos levaria a nada.
-Emma, eu sabia que naquele momento estava prestes

a cometer o maior erro da minha vida. Ia me casar com
alguém que não amava, tudo porque foi a decisão mais lógica.

Não importa o que aconteça daqui em diante, quero
agradecer-te por estar lá quando eu precisei de você.
Meu coração apertou. Eu queria tanto que suas

palavras fossem verdadeiras, para sempre. Eu não queria que
ele olhasse para trás e percebesse que tinha cometido um
erro. Eu não queria estragar a sua vida ou tirar sua chance de
ser feliz, porque eu era a garota errada pelo motivo certo.
No final, Gabriel não queria ficar sozinho. E eu não

queria isso para ele também.
-Então o que aconteceu?
-Naquela noite eu disse a Embry que tínhamos

terminado. Ela ficou na cobertura... E eu fiquei em um hotel.
Ela não saiu de lá até quinta-feira passada. Eu queria tirá-la
de lá imediatamente, mas já a magoei tanto com meu
abandono. Não queria apressá-la para sair correndo. Agora,
que penso em tudo que aconteceu, quem me dera tivesse
feito. Não sabia que Embry estava tentando te jogar contra
mim. Subestimei-a severamente. Não vou cometer esse erro
novamente.
Sua frieza serviu para me lembrar do lado mais sombrio

dele. Eu cavei mais fundo, aparentemente sendo masoquista
em minha necessidade de compreender tudo que Embry tinha
feito para manter o homem que eu amei.

Não posso deixá-lo saber ainda.
-Comprou a cobertura para ela?
-Comprei para a vida que pensei em ter com ela.
Saber o quão comprometido ele estava com ela doeu

mais do que eu gostaria. Eu sabia que não tinha o direito de
ter ciúmes sobre com quem ele tinha saído antes de mim.
Ainda assim doía.
- Me diga Gabriel, por que não acabou? Por que você

fingiu que ela era uma ex?
-Por causa da dor que vejo em seus olhos agora. Eu

não... não, ainda não sei como explicar a minha decisão de
estar com alguém que eu não amava.
- Sua testa franziu enquanto ele lutava para me fazer

entender.
-Tudo o que eu posso descrever era como viver num

nevoeiro, Emma. A vida não tinha cor ou textura. Só segui o
fluxo... porque eu não poderia sonhar com nada melhor.
Todos os meus sentimentos estavam dormentes, você percebe.
Não me achava capaz de sentir algo real por ninguém. Não

importava quem me amava, porque eu não era capaz de amá-
las. Eu sei que sou um monte de merda....
Eu não neguei isso. Também não compartilhei que

sentia o mesmo até que me deixei abrir para ele novamente.
-Eu sei que te magoei, Emma e sinto muito.
Por mais que eu não quisesse, eu fiz.
-Você a machucou também.
Gabriel suspirou alto. A culpa brilhou por instantes em

seu olhar expressivo.
-Eu sei que fiz. Também sei que teria machucado mais
se tivesse ficado com ela.
Estudei a minha mão na dele. Pareceu-me mais seguro

do que deixá-lo ver a confusão e a vergonhosa necessidade em
meu olhar. Ele me queria o suficiente para derrubar sua vida,
apenas para que ele pudesse colidir com a minha. Eu deveria
ter ficado horrorizada.
Mas, eu não estava.
-Porque você tem me seguido?

O aperto de Gabriel se intensificou brevemente.
-Porque não queria correr o risco de você escapar

novamente. Não até que pudesse fazer você me amar.
E lá estava ele. Amor. O amor sempre justificando, e

sendo a emoção que permite que todas e quaisquer ações
sejam dispensada — não importa o quanto doa.
No entanto, amor era puro e certo? Gabriel queria

brincar com a minha vida como se eu não fosse nada mais do
que um fantoche no seu palco? Embry estava manipulando
descaradamente o homem que ela dizia amar? Ou eu, a
garota que fugiu sete anos antes, porque eu estava com medo
de acreditar nele?
As perguntas bateram em mim, implacavelmente.
Será que somos todos loucos? A loucura era inevitável

quando você ousava apaixonar-se por Gabriel?
-Você sabe que isso nos torna instáveis, certo?
-O quê?
-O fato de que possa admitir isso e o fato de que eu até

entendo.

Seu breve sorriso não demonstrava qualquer traço de
humor.
-Quem quer ser normal, afinal?
-Aparentemente você quer-. Eu falei e cobrei.
-Por que não me contou sobre suas necessidades

sexuais? Você pensou que eu o recusaria logo de cara?
-Você não iria?
-Não acho que eu iria.- Eu levei um momento,

imaginando-me acorrentada a uma parede com ele vestindo
nada além de calças de couro e empunhando um chicote.
-Na verdade, não estou certa.
-Eu não ia correr esse risco, Emma. Não com você.
-Ainda assim, você não poderia ter dito alguma coisa?
-Claro é quase a primeira coisa que surge numa

conversa.-Olá, tudo bem? Estou bem. Obrigado. A propósito,
você sabia que eu gosto de espancar garotas bobas? Eu
também gosto de amarrá-las e brincar com elas até que elas
gritem?' Espere. Aonde vai?

A luxúria me sacudiu, despertando meu corpo para
uma consciência quase dolorosa. Gabriel sem nada mais que
as calças de couro tomou o centro das atenções em minha
mente mais uma vez. O chicote foi substituído por uma venda
nos olhos.
Isso não me assustava em nada. Na verdade, eu queria

saber mais... Talvez até uma demonstração?
Eu lambia meus lábios e esperava que minha voz não

traísse meus pensamentos luxuriosos sobre ele.
-Tudo bem, eu entendo. Isso não é exatamente o melhor

começo de conversa.
Gabriel olhou para mim e depois para longe. Seus

ombros baixaram enquanto tentava fazer sua voz leve e
casual.
-Não vai perguntar sobre o meu pai? Sei que eu faria se

fosse o contrário.
-Somente se você quiser me dizer.
-Não há muito que dizer. Meu pai era uma pessoa

muito má. Ele batia em minha mãe e depois em mim até que
fiquei grande o suficiente para defendê-la. Eu não queria ser
como ele, nunca imaginei que poderia ser, então imagine

como me senti quando descobri que uma maçã podre não cai
longe da árvore doente.
Eu sofria por ele. Eu só podia começar a imaginar o

tormento que ele sofreu nas mãos de alguém que ele devia
confiar acima de todos os outros. A raiva que tinha visto
durante o ensino médio, o distanciamento, tudo fez sentido
agora.
-Você realmente machucou alguém com quem esteve?
-Fisicamente? Não. Ainda assim, eu não me sinto

necessariamente bem falando sobre minhas necessidades.
-Nunca faria isso com alguém que não gosta de dor?
Seu riso seco trouxe uma pontada no meu coração.
-Eu nunca precisei. Você foi à única mulher com quem

estive, e nunca fui duro. Eu agi normalmente com você na
outra noite.
-Mas e sobre o que você disse, que tinha fingido todo

este tempo comigo? Por que fez isso?- Novamente, o
pensamento de Gabriel mudou para um caminho diferente só
para me levar para a direção que... ele queria... e fez-me
sentir uma idiota rejeitada.

-Eu não estava tentando enganar você, Emma. Eu
só...Eu não sei...Não queria ser como tinha sido com todas as
outras. Não com você. Então, eu só tentei ser o homem que
uma garota bonita como você, gostaria.
-Nada disso foi real?
-Sim-. Gabriel olhou para mim com ternura. Ele

segurou meu queixo.
-Não era falso, Emma. Cada sorriso, cada risada, tudo

era real. Por favor, acredite em mim.
Senti um certo alívio.
-Como você era com as outras?
-Indiferente. Frio. Arrogante.
-Eu conheço um dos três. Quer dizer que você não era
um completo mentiroso.
Gabriel sabia exatamente do que eu estava falando.
-Eu tentei diminuir a arrogância. Eu acho que não fiz

tão bem, hein?

-Não, eu acho que você estragou tudo quando mudou-
se para o apartamento ao lado.- Nós olhamos para baixo,
estranhos por causa dos sorrisos idênticos em nossos rostos,
mas inapropriados para aquele momento.
-Por que se mudou?
-Porque eu não queria te assustar.
Cortei-lhe com um olhar cético.
-Gabriel, normalmente você assustaria qualquer garota.
-Sim, mas foi diferente com a gente. Eu sei como você

sente sobre o meu dinheiro. Eu queria que você me visse sem
todas as armadilhas que te deixam desconfortável. Mesmo
que não odiasse a minha cobertura, ainda queria mudar para
o apartamento do seu lado. Eu só queria que me visse como
um homem, não um bilionário.
-Não teve medo que eu ficasse apavorada por causa

disso?
-Eu estava disposto a correr esse risco. E não tive

medo. Não depois de sexta-feira.- Ele cuidadosamente tirou
um fio de cabelo do meu rosto.

-Não queria que aquela noite acabasse. Não me lembro
da última vez que eu estive tão feliz. Só conseguia pensar que
'Podia ser para sempre.' -
-Eu também.
-Você pensou?
Concordei timidamente, estupefata pela felicidade que

brilhava no seu rosto bonito.
Pensei em falar sobre nossa falta de sexo. Então é claro,

fui direto a questão.
-Por que não tentou fazer amor comigo ainda, Gabriel?

Eu sei que você me quer, mas você não me toca.
Um leve rubor apareceu na maça saliente de seu rosto.
-Acredite ou não, Emma, eu estou realmente tentando

cortejá-la. Não quero apressar porque não quero que sinta
como se eu estivesse te usando apenas para sexo.
-Embry está certa? Tem medo de tocar em mim?
-Eu não sei. Só sei que quero que seja certo com a
gente. Quero que seja amor — e não dor .

Eu mordi meu lábio.
-Você está se controlando assim, mas tudo o que eu

penso é o quanto você não me toca.
Gabriel abaixou a cabeça. Seu corpo tenso.
-Emma, tem sido o inferno para mim. Chamei-me de

estúpido de hora em hora. Nunca me neguei a nada, e a única
mulher que eu quero mais do que qualquer coisa no mundo e
que sempre quis — eu mandei embora sem sequer um beijo.
-Você já sofreu?
-Sim!
-Bom. Pelo menos não fui só eu.
Gabriel inclinou-se mais perto e sussurrou, -Eu me

masturbei sempre que podia. As coisas que fiz com você
aqui,- ele bateu do lado da cabeça, -é crime em pelo menos
dez estados.
Eu apertei minhas coxas.
-Eu usei meu vibrador pensando em você.
Ele jogou a cabeça para trás e gemeu.

-Eu sou tão estúpido, não é? Por que estou mesmo
tentando ser um cavalheiro, quando é tão evidente que
nenhum de nós está feliz?
Eu passei meus dedos em seu queixo.
-E se eu não quero aceitar isto? Você? O que vai

acontecer em seguida?
O sorriso de Gabriel caiu. Seu olhar endureceu.
-Então eu vou fazer tudo menos cometer um

assassinato, até que você possa me aceitar.
Meu suspiro escapou com pressa. O que mais poderia

ser dito?
Fiquei no precipício. A lógica por trás de mim, e Gabriel

abaixo. Eu poderia levantar e jogá-lo para fora do meu
apartamento. Eu poderia ir tão longe com um pedido de
intervenção da polícia se necessário. Então, poderia seguir em
frente com minha vida como se Gabriel Gordon nunca
houvesse existido.
Fiz isso uma vez. Poderia fazê-lo novamente.

Estaria firmemente no comando de minha vida,
nenhum mestre rico puxando as cordas por capricho. Eu iria
passar por meus objetivos, como sempre. Em breve ele seria
outra memória para adicionar à minha coleção.
Sem Gabriel — nenhuma incerteza.
Sem Gabriel — nenhuma confusão.
Sem Gabriel — nenhuma cor.
-Eu sempre pensei em você como um anjo. Agora sei

você está mais para o diabo.
Eu dei um passo e cai.
Não há como voltar daqui.
Inclinado-me para frente, pressionei meus lábios nos

dele. Gabriel abriu imediatamente. Sua língua escorregando
para dentro, sensualmente, acariciando minha boca com
movimentos longos. Eu gemi, sem fôlego e voraz por ele.
Gabriel aproximou-se me empurrando contra o braço do sofá.
Eu estendi a mão e agarrei um punhado do seu cabelo.
Isto é o que eu queria, queria mesmo que o temesse.
Minha vida não tinha sentido sem Gabriel.

Suas mãos agarraram meu quadril duramente. Gabriel
estava louco de desejo. Ele quebrou o nosso beijo para
afundar seus dentes em meu pescoço. A pressão me fez gritar
de prazer.
Eu gemia o nome dele, perdida e delirando desde a

sensação de seu musculoso corpo contra o meu. Minhas
pernas engancharam em torno de seus quadris, cruzando
para o alto ao redor da sua cintura. Ele lambeu deixando um
rastro do meu pescoço até meus seios. Ele beijou-os por cima
da minha camisa, provocando-me com o que eu ainda não
podia ter.
-Mais!- Eu falei boquiaberta.
Gabriel olhou para mim, os lábios úmidos, avermelhado

e enrolado em um sorriso perverso. Ele rasgou a minha
camisa em uma linha reta para fora de meu corpo. E voou
imediatamente para baixo, afastando o sutiã para que meus
seios estivessem completamente livres. Ele caiu sobre meus
seios, Gabriel não me provoque mais. Ele chupou meu
mamilo duro. Eu arqueei, agarrando-me desesperadamente a
ele enquanto seus lábios, dentes e língua levavam
necessitados gemidos da minha garganta.
Eu lutei contra o zíper. Ele tirou a minha mão e puxou-

o para baixo ele mesmo. Eu espalmei o eixo longo,

ronronando em uma fome quando ele saltou livre dos confins
da sua cueca.
-O que está fazendo comigo, Emma?
Eu silenciei sua pergunta aflita com um beijo em sua

boca aberta. Gabriel empurrou minha saia e empurrou minha
calcinha para fora do caminho. Um gemido profundo
reverberou no meu peito quando ele deslizou dois dedos até
entrar em mim.
-Você é tão macia e tão molhada.
Eu inclinei meus quadris e balancei loucamente contra

sua mão. Eu queria que ele me desse tudo, antes de perder
minha mente.
-Gabriel, eu quero você. Agora-. Quando ele hesitou, eu

o segurei mais apertado e com a voz rouca, implorei -Por
favor!
Ele atirou-se para frente. A ampla cabeça do seu pau

cutucou contra mim. Pedi-lhe para ir mais rápido.
-Eu não quero machucar você, baby. Eu tenho que ir

devagar, porque você é tão malditamente apertada...

Eu sabia que ele poderia me machucar, mas não me
importei. Não mais. Não sobre qualquer coisa.
-Eu quero tudo, Gabriel. Brinque comigo como quiser, é

só me dar o que eu preciso.- Eu inclinei meus quadris e ele
escorregou para dentro. Um grito estrangulado saiu. Apeguei-
me a ele enquanto ele empurrava para frente.
-Oh, meu Deus!- Eu gemia sobre o quão grande ele era,

como eu tinha saudades de senti-lo dentro de mim, todo esse
tempo.
Gabriel esmagou-me, seus quadris balançando cada vez

mais rápido. O frenesi desceu. Nós arranhamos chegando
mais perto um do outro. A pele dele bateu contra a minha
com uma intensidade erótica. Gabriel meteu-se
profundamente dentro de mim. Eu não ia durar muito tempo.
Os impulsos do prazer ricochetearam através do meu corpo.
-Estou indo!
Ele imediatamente retardou seus impulsos.
-Não! O que está fazendo?- Clamei em pânico.
-Brincando com você só por um tempo.- Gabriel beijou

minha orelha, antes de mordê-la.

-O quão mal você quer , baby?
Meus dedos ritmicamente fecharam e abriram.
-Muito mal.
-Bom. Então quero que me solte. Isso. Braços para cima

agora. Boa menina.- Gabriel cruzou meus pulsos e então os
segurou com uma mão.
A vulnerabilidade da minha nova posição me fez mais

úmida. Procurei cegamente por sua boca, inconscientemente
buscando garantias que ele ainda estava lá comigo. Gabriel
respondeu imediatamente. Seus lábios moldados contra os
meus, enquanto ele murmurava o quanto ele me amava e
precisava de mim. Eu provei-o totalmente e senti uma divina
bênção.
-Você gosta disso, baby?
-Sim!
O sorriso covarde de Gabriel me fez gemer. Ele enfiou

seu pesado pau mais fundo e mais rápido dentro de mim.
Uma das minhas pernas caiu, os dedos cavando no tapete, só
assim eu pude estar completamente aberta para ele.

Manteve-se em cima de mim. Senti o calor do seu olhar
enquanto ele estudava todas as nuances da minha expressão.
Cada um dos meus suspiros e gemidos provocando respostas
diferente de meu corpo.
Eu estava completamente em seu poder. E adorei. Eu

ansiava por mais.
Meu orgasmo chegando mais perto com cada impulso

dele.
-Gabriel, estou tão perto!
Uma careta apareceu em seu lindo rosto. Sua mão livre

levantou meus quadris. Gritei imediatamente com o apertado
nó de prazer desvendado entre minhas coxas.
Gabriel entrou em mim com mais força do que nunca.

Encantada com sua violência carnal, beijei desesperadamente
qualquer parte dele que pudesse alcançar. Gabriel capturou
minha boca com a dele. As nossas línguas estavam
sensualmente emaranhada tão macias e suaves, em direta
contradição com nosso acoplamento forte e áspero.
Logo ele enrijeceu.
-Emma!

Réplicas rasgadas de Gabriel e seus quadris avidamente
empurraram contra mim. Ele teve um orgasmo. Eu podia
sentir seu o coração martelando contra o meu. Depois de
afundar em meu pescoço por vários minutos, Gabriel soltou
meus pulsos e secamente declarou: -Bem, isso não saiu como
planejado. Estava tentando ser um bom garoto no início,
mas...
-Você está reclamando, Sr. Gordon?
Ele apertou-me imediatamente.
-É claro que não.
Meus braços deslizaram através de seus ombros.

Agarrei-me a ele não querendo deixar nem uma parte nos
separar.
-Emma?- ele docemente sussurrou no meu ouvido.
-Para onde vamos a partir daqui?
Eu o segurei mais apertado, segurei-o, pois não tinha

ainda uma ideia real. Tudo o que eu sabia era que amava
Gabriel, era louca por ele, e não podia deixá-lo ir.
-Onde quer que vamos, nós vamos juntos, Gabriel.

Continua...
Sobre anna antonia
Anna é uma amante de todas as coisas escuras e apaixonadas. Ela vive no

sudoeste dos Estados Unidos, gosta de antiguidades, fazer caminhadas por trilhas e
passar o tempo sua família, visitar o zoológico, e ficar com seus bichos de estimação.
Sendo a única garota em uma casa cheia de homens foi difícil ser sempre uma
mulher, mas ela fez uma boa tentativa na faculdade.


1 - Louco Por Você

Enviado por

Dados do documento

Título original

Direitos autorais

Formatos disponíveis

Compartilhar este documento

Compartilhar ou incorporar documento

Opções de compartilhamento

Você considera este documento útil?

Este conteúdo é inapropriado?

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

1 - Louco Por Você

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

Louco por você

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

-Emma, abra a porta!

-Emma, por favor! Não faça isso!

-Eu não vou falar com você agora. Não posso.

-Baby, por favor, não faça isso. Não me afaste. Você me

Minha raiva pulsava na batida do meu coração. Minha

-Então deixe-me entrar, Emma. Eu preciso estar com

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

-Por favor, Emma...

Sentada ali, com as pernas e o corpo esparramados,

Voltar para antes de ele ser Gabriel Gordon, bilionário e

Gabriel Gordon era louco, mau, e... bem, você

Apesar de sua beleza e nome, Gabriel não era nada

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

Aos poucos eu tinha entendido seu fascínio. Ele falava

Ele sempre se desfazia das pessoas.

Às vezes, em silêncio, com apenas uma nota de

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

Caída. Arruinada. Louca.

Como poderiam ser tão cegas? Será que não entendiam

Antes eu era muito orgulhosa, e para mim era difícil

Normalmente as meninas rejeitadas desapareciam

Pior, era que quem fazia os assuntos sórdidos

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

Mesmo agora, a imagem era tão clara.

Seus corpos estavam atracados em um estado de semi-

Eu recuei, com as bochechas em chamas. Ele nunca

Puxei os joelhos até meu peito, eu cegamente olhei para

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

Eu nunca fui capaz de chegar a uma resposta

Julgá-lo como um playboy? Sim.

Vejo-o como uma pessoa brilhante e obviamente, que

Inveja de sua riqueza e posição social, sabendo devido

Conforme o tempo passava, eu encontrei meus olhos

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

O pior de tudo era que eu não poderia mais julgar o seu

O flash rápido de ver Gabriel com Brandy Peterson

Eu já tinha visto o suficiente para saber que Gabriel

Meu pânico teria aumentado se eu tivesse alguma ideia

Talvez fosse porque minhas oportunidades eram poucas

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

Não importava que eu mandasse minha mente voltar e

-Olá, Emma, - ele murmurou, com o olhar meio

- Agora! Por que eu iria querer fazer isso? Eu gosto de

-Eu não gosto disso.

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

Eu era constantemente puxada e empurrada por suas

Os olhares nos seguiram por toda parte. Parecia que

-Tire uma foto do caralho, idiotas. Vai durar mais

Ele esperou por mim no meu armário depois da aula e

-Não preste atenção a eles.

-Quem? Seus amigos?

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos

Eu me tornei mais calada, mas isso não importava. Ele

Mas eu não podia ceder. Eu sabia como essa história

Não era para acontecer.

Na verdade, o que deveria acontecer era, eu continuar

Grupo de Tradução Pégasus Lançamentos