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↬ Tradução: Djaniza

↬ Revisão Inicial: Mag


↬ Revisão Final: Thai
↬ Leitura: Cláudia
↬ Conferência: Denise e Iza
↬ Formatação: Lorel West
AVISO
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A vida real não vem com um manual.
Eva Papageorgiou tem um objetivo: passar pelo último ano do ensino médio
sem ser vista e ilesa. Mas quando sua estratégia para ficar fora dos holofotes
é prejudicada por rumores desenfreados, ela é forçada a mudar de tática.
Seu novo plano de jogo é manter todos à distância. Especialmente meninos.
Então, quando ela faz parceria na aula com o quarterback do time do colégio
quente como o inferno, ela empurra e empurra.
Até que ele empurra de volta.

Rob Falls só quer se encaixar, com seus companheiros de equipe, com seus
amigos, com todos. Sua imagem de atleta por excelência o faz se sentir uma
fraude. Especialmente porque é a única razão pela qual todas as garotas da
escola o querem, exceto a garota com quem ele sonha. Ela não quer nada
com ele. Quando ele é forçado a ser tutor da pária da classe, ele percebe que
é hora de entrar no jogo em vez de ficar de fora.
Ela vai ajudá-lo a conseguir exatamente o que deseja, quer ela saiba disso
ou não.
Prólogo
Eva
Adolescentes legais

Mantenha sua cabeça baixa. Mantenha sua cabeça baixa. Apenas fique invisível e
quieta.
O medo paira pesadamente no ar do corredor dos calouros, um cheiro
que está sem dúvida ausente nas alas dos veteranos do ensino médio. Alunos
frenéticos correm para suas aulas, lutando para navegar pelo labirinto do pré-
dio. Parecemos ratos em um labirinto. O corredor forrado com armários azuis
marinhos ficam borrado na visão periférica enquanto eu abro caminho pela
multidão para chegar à aula a tempo.
É uma bênção e uma maldição passar tão despercebida que corpos es-
barram em mim de todas as direções. Pelo menos eles estão ocupados demais
hoje para arranjar tempo para me assediar como faziam no ensino fundamen-
tal. Minha preferência é desaparecer no ruído. Por sorte, isso dificilmente foi o
caso. Eu mal consegui atravessar a selva adolescente.
A sobrevivência até agora foi baseada em dois conceitos muito simples:
proteção e distração. No ensino médio, a proteção era fornecida por meu
amigo Mike, que é mais parecido com meu irmão do que com meu amigo. Ele
é um cara grande, mas por dentro ele é apenas um ursinho de pelúcia. Eu cho-
rei em seu ombro por causa dos meus algozes mais vezes do que gostaria de
admitir. A distração veio na forma de minha melhor amiga, Jess. Ela é bonita e
alegre e ninguém parece me notar quando ela está por perto, e é exatamente
por isso que eu grudava nela como cola quando Mike não podia estar por per-
to.
Mike é jogador de futebol e Jess é popular e sociável. Nossos caminhos
têm divergido nos últimos anos, mas este ano é um rompimento definitivo.
Tenho medo de ficar sozinha.
O ensino fundamental foi um tipo especial de tortura embaraçosa quan-
do nenhum dos dois estava por perto. Eu gosto de pensar que o ensino médio
será um pouco diferente, já que somos todos um ano mais velhos, mas não
estou tendo muitas esperanças. Ter meu cabelo puxado, meus óculos rouba-
dos e ser insultada com todos os apelidos maldosos do livro nos últimos três
anos me ensinou a manter minhas expectativas baixas.
O que eu espero é uma espécie de paradoxo. É estranho ser invisível e
ainda ser alvo de assédio verbal e físico. Pelo menos ganhei lentes de contato
durante o verão, então não preciso me preocupar em não poder ver o dia todo
porque um idiota resolve brincar de esconde-esconde com meus óculos. Eu
só queria que meus algozes já escolhessem um lado da cerca, para que eu sou-
besse o que esperar em qualquer dia. Ou não me notem e me deixem em paz,
ou me tratem como um ser humano de verdade.
De preferência o primeiro.
Quer dizer, eu entendo que meu sobrenome está pronto para ser esco-
lhido. Eu não conseguia nem soletrar no jardim de infância, e a maioria dos
meus colegas ainda não consegue pronunciar. Houve até um filme sobre mi-
nha herança maluca. Acredite em mim, já ouvi aquela piada idiota do “alce
kaká” mais vezes do que consigo contar. Infelizmente, essa parece ser a única
coisa que as pessoas sabem sobre os greco-americanos. Foi uma comédia, pes-
soal! Não é a vida real! Bem... pelo menos a maior parte.
Não sou nada especial para se olhar, mas também não sou horrível. A
ideia de que meus colegas sentem necessidade de me provocar por causa da
minha aparência me deixa perplexa. Minha mãe sempre diz que eu pareço
exótica graças à minha pele bronzeada o ano todo, cabelo castanho escuro que
é quase preto com cachos pequenos e olhos azuis brilhantes. Ela está sempre
tentando construir minha confiança. Na realidade, sou apenas... normal.
Exceto em meus estudos. Nisso, eu sou excelente. Não é que tudo me
vem fácil, não. Eu trabalho pra caramba pelas minhas notas para ter certeza de
que posso escapar desse inferno para um futuro maior e mais brilhante quan-
do me formar.
Minha primeira aula do dia é Álgebra II. Eu me inscrevi em todos os
cursos de nível mais alto disponíveis para calouros. Mike e Jess não eram tão
ambiciosos, mas minha outra amiga Alyssa estará lá, pelo menos. Tínhamos
quase todas as mesmas classes de colocação avançada no ensino médio.
De acordo com meu mapa, minha sala de aula e um rosto amigável deve-
riam estar no próximo corredor à direita. Ao dobrar a esquina, bato em outro
aluno com tanta força que todo o impacto frontal me arremessa para trás até
que minha bunda encontre o linóleo com um baque retumbante.
Pisco as estrelas da minha visão e me concentro em dois conjuntos de
textos e cadernos espalhados por todo o chão. Uma sensação de vulnerabili-
dade sobe pelo meu pescoço sem meus livros para me proteger, e parece que
todos no corredor param e riem. Tentando ignorá-los, eu me esforço para pe-
gar minhas coisas. Afinal, o sino não espera por ninguém e não quero me
atrasar para minha primeira aula no primeiro dia de ensino médio. Mesmo que
meus colegas de classe não gostem de mim, ainda preciso causar uma boa im-
pressão em meus professores.
— Merda, merda, merda, — murmura uma voz masculina.
— Eu sinto muito.
Ele se move rapidamente para recolher suas coisas, então me ajuda a jun-
tar minhas coisas. Ele oferece a mão para me ajudar a levantar antes que eu
seja esmagada pela multidão de outros calouros ansiosos. Esperando uma ar-
madilha, recuso sua oferta silenciosa e me levanto lentamente.
— Eu deveria ter observado para onde estava indo. — Lágrimas brotam
dos meus olhos contra a minha vontade enquanto me preparo para sua rea-
ção.
Meu pedido de desculpas é recebido com silêncio. Eu fungo e me endi-
reito, esperando enfrentar a ira de alguém que já sabe que idiota desajeitada eu
sou. Em vez disso, encontro-me olhando para um par de olhos azuis simpáti-
cos que me lembram safiras cintilantes. Minhas írises azuis lisas não têm nada
dessas joias.
O menino é mais alto que eu. Ele é todo braços e pernas, um jogador de
basquete talvez, mas definitivamente não é um jogador de futebol americano
volumoso como Mike. Seu rosto fica vermelho, e ele desvia o olhar assim que
nossos olhos se encontram.
Parece que meu cérebro esqueceu como falar enquanto olho para seus
olhos cautelosos que parecem piscinas, então minha voz sai em um mero sus-
surro:
— Eu sinto muito. Eu não queria bater em você.
— Minha culpa. Você está bem? Eu te machuquei? — Sua voz é suave e
tímida, mas é sua pergunta que me choca.
Acho que estou em choque. Esta pode ser a primeira vez em minha vida
escolar que alguém perguntou sobre meu bem-estar, quanto mais me ajudou.
Ninguém nunca deu a mínima antes.
— Você é novo aqui? — A primeira coisa que vem à minha cabeça des-
liza pelos meus lábios. Ele não seria tão legal se soubesse quem eu sou.
Os momentos se estendem por uma eternidade enquanto espero por sua
resposta.
Ele finalmente olha hesitante para mim — Sim…?
— Eu sinto muito. — Minha língua tropeça em meus dentes enquanto
eu volto pedalando. — Aquilo foi estúpido. Claro que você é novo aqui. To-
dos nós somos. O que eu quis dizer é que não me lembro de você do ensino
fundamental. Merda, eu não deveria ter assumido que você era um calouro.
Você é muito alto, então talvez não seja. Mas eu sou. Uma caloura, quero di-
zer.
Ele ri baixinho e olha para baixo novamente, arrastando os pés um pou-
co. — Eu também sou calouro.
Um rubor furioso e quente atravessa meu rosto por causa da minha idio-
tice atrapalhada repentina. — Oh, tudo bem. Você é novo no distrito ou algo
assim?
Deus, por que não consigo calar a boca?
Ele encolhe os ombros enquanto continua a estudar o linóleo sob seus
pés — Mais ou menos, sim.
Um suspiro de alívio me escapa, e não tenho certeza do porquê. — Oh.
Hum, bem… Eu sou Eva Papageorgiou, mas, meus amigos me chamam de
Evie. Prazer em conhecê-lo. Desculpe que foi porque eu colidi com você.
— É um prazer conhecê-la também... Evie.
Ele diz meu nome como se estivesse testando para ver se gosta do som.
Eu definitivamente gosto do jeito que sai de sua língua, e essa percepção me
deixa sóbria. Eu geralmente evito meninos como a peste. Se há uma coisa que
aprendi cedo e bem, é que nenhum cara, nenhum relacionamento, vale a pena
a dor que vem junto com isso. Meus próprios pais me ensinaram essa lição.
Caras vão quebrar seu coração ou quebrar seu corpo. Às vezes, ambos. As
palavras suavemente faladas e os olhos fascinantes desse novo garoto me co-
locaram sob algum tipo de feitiço. Eu absolutamente não posso ter isso.
— Me desculpe, mas eu realmente tenho que ir para Álgebra. — Eu o
evito em um esforço para fugir para um lugar seguro, mas depois de alguns
passos pelo corredor, não consigo resistir a olhar para trás por cima do om-
bro.
Ele ainda está congelado no mesmo lugar, franzindo a testa para um pe-
daço de papel em sua mão.
Os corredores estão vazios. Eu estou correndo contra o tempo. Eu sei
que deveria simplesmente deixar tudo em paz, mas não posso. Ninguém nun-
ca parou para me ajudar antes. O mínimo que posso fazer é tratá-lo com a
mesma gentileza que ele me mostrou. Suspiro, porque agora com certeza vou
me atrasar, mas volto para onde ele está.
— Ei, você precisa de ajuda ou algo assim? Onde é sua primeira aula?
Em vez de responder, ele mostra sua agenda de aulas. É quase idêntico
ao meu: todas as classes de colocação avançada. Apesar do fato de que ele ob-
viamente não tem ideia de para onde está indo, ele deve ser inteligente.
— Ok, nós temos a primeira aula juntos. Você está indo para o lado er-
rado. Venha, siga-me. — Devolvo sua programação e me volto para a nossa
sala de aula.
Ele permanece teimosamente imóvel, me olhando com uma expressão
curiosa. Talvez ele não tenha certeza se pode confiar em mim para ajudá-lo ou
não. Eu tenho empatia total com isso.
Seus livros estão todos descansando em um braço, então eu agarro sua
mão livre para conduzi-lo pelo corredor. Ele solta uma lufada de ar, mas não
se afasta. Sua mão é enorme em comparação com a minha, seus dedos são
quentes, mas calejados. Ele nunca retorna meu aperto, eu agradeço por isso.
O prazer correndo por mim com este contato pele a pele é chocante o sufici-
ente.
Tento limpar minha mente desses pensamentos perigosos. —Você não
veio durante o verão para orientação para que pudesse fazer um tour pelo
prédio e pegar um mapa?
Com o canto do olho, eu o vejo balançar a cabeça.
— Bem, por que não? Você se mudou para cá antes do início das aulas?
— Não. Eu perdi a orientação. Em vez disso, meu pai me fez ir a um
acampamento de futebol do outro lado do país. Foi na mesma semana. —
Apesar da amargura em seu tom, sua voz é mais uma vez baixa e suave.
O que diabos ele estava fazendo em um acampamento nacional de fute-
bol? Ele não é pequeno, mas também não parece com a constituição de quem
gosta de esportes. E eu conheço esportes. Sou uma fã ávida desde pequena,
cortesia do meu avô.
— OK. — Eu realmente não tenho ideia de como responder a isso, en-
tão mude de assunto. — Bem, parece que temos quase todas as mesmas clas-
ses. Eu daria a você meu mapa, mas eu meio que preciso dele. Podemos ficar
juntos, se você quiser, até que você saiba para onde está indo.
Eu não posso acreditar que essas palavras acabaram de sair da minha bo-
ca. O que diabos estou fazendo? É como se eu não pudesse evitar.
Seu rosto assume uma expressão estranha, mas ele acena em concordân-
cia. — Sim, definitivamente. Adoraria seguir você o dia todo.
Ele estremece assim que as palavras saem de sua boca. Baixando meu
olhar para o lado, vejo que seu rosto está vermelho como uma beterraba no-
vamente.
— Eu sinto muito. Não foi isso que eu quis dizer. Eu quis dizer... eu só...
— Ele suspira e fecha os olhos brevemente enquanto o arrasto em direção ao
nosso destino. — Obrigado. Isso seria uma grande ajuda.
Chegamos à Álgebra assim que o sino toca. Eu largo sua mão enquanto
entramos na sala de aula junto com vários outros alunos. Aparentemente, não
somos os únicos a ter problemas para chegar à aula a tempo neste primeiro
dia.
Alyssa se senta do outro lado da sala, acenando para mim e apontando
para uma mesa vazia ao lado dela. Seu sorriso brilhante, olhos de açúcar mas-
cavo e cabelo louro artístico com pontas roxas são um tiro de familiar neste
dia já estranho. Ela me levanta uma sobrancelha em uma pergunta silenciosa
quando vê minha nova sombra, seguindo obedientemente atrás de mim. Sem
saber como responder, eu encolho os ombros e sento-me. Ela revira os olhos
em resposta. Conversas silenciosas são nosso tipo de coisa.
Ele ocupa o lugar vazio atrás de mim. Estou feliz por não ter que vê-lo
durante a aula. Matemática nunca foi minha matéria mais forte, e eu realmente
preciso ser capaz de me concentrar. Não posso me dar ao luxo de agir como
uma adolescente estúpida, permitindo-me ser distraída por seus olhos lindos.
— Obrigado pela ajuda de hoje, Evie, — ele sussurra atrás de mim. Seu
hálito quente se espalha pelo meu cabelo enquanto ele se inclina para frente.
— Muito obrigado, de verdade.
Arrepios se espalham do meu pescoço pelas minhas costas, e um arrepio
involuntário rola por mim. Ah, merda. Estou com muitos problemas.
Capítulo 1
Eva
As coisas mudam

A maioria das pessoas acredita que tudo acontece por uma razão. Acho
isso um monte de besteira, assim como as noções de altruísmo, amizade ver-
dadeira, amor romântico e unicórnios. Eles são mentiras, enganos ... mitolo-
gia.
Em minha experiência, o otimismo é mais bem preservado quando não
se arrasta pelas trincheiras lamacentas da vida cotidiana. Histórias com heróis,
vilões, fadas madrinhas e tramas que se transformam em felizes para sempre
têm o objetivo de fortalecer uma coisa: esperança. Ah, aquele bom e velho
beiral de otimistas em toda parte.
A esperança é para otários.
A vida é uma merda e, às vezes, é uma merda sem motivo algum.
É o primeiro dia de aula, e Jess e eu estamos caminhando para a terceira
aula de biologia AP1. O corredor do último ano está lotado de nossos colegas
de classe. Todo mundo fala, ri e caminha preguiçosamente para a aula antes
que o sinal toque. O que está muito longe do clima no primeiro dia de escola
do nosso primeiro ano. Estar no topo da cadeia alimentar deve ser mais rela-
xante, mas Jess e eu estamos discutindo o temido período de introdução “para
conhecer você” em nossa próxima aula. Os romances mais improváveis que
resultam da biologia avançada são lendários nesta escola desde o momento em
que entramos no prédio como calouros. O fenômeno ainda tem seu próprio
nome: The Bio Effect.
Ela está animada. Estou apreensiva.
Minha preocupação não é infundada. É fruto de anos de experiência. E
por experiência, quero dizer ter meu coração partido. Eu sou uma garota es-

1
Colocação Avançada: um programa para alunos que oferecem cursos iguais aos cursos universitários.
perta e pode levar um tempo ou dois, mas eventualmente eu aprendo minhas
lições. Os meninos não passam de problemas.
Oh, eu tentei me interessar como toda garota estúpida e doente de amor
que faria qualquer coisa para ganhar o cara dos seus sonhos. Ênfase em estú-
pida. Imagine minha surpresa quando, em uma das piores noites da minha
vida, descobri que o cara que eu mais queria estava com outra garota. Nada
que eu tivesse feito nos últimos anos importava. Ele nunca me notou, nunca
me quis. Enquanto eu chorava até dormir, ele estava transando com ela. Para
mim, chega. Fim de jogo. Sei quando devo admitir a derrota, e foi um golpe
esmagador que não tenho intenção de repetir.
Não importa com quem eu seja designada como meu parceiro na biolo-
gia, tenho um plano de jogo sólido para passar o próximo trimestre. Vou me
certificar de que o cara está tão desligado por mim que nunca terá a chance de
ficar excitado.
Essa é outra lição que aprendi. Caras só se interessam por garotas porque
têm tesão. Eles não querem falar conosco, nos conhecer, nos estragar como
os romances nos fazem ingenuamente acreditar. Não. Eles querem nos foder,
e isso é tudo.
A porta para o sétimo círculo do inferno surge no final do corredor. Essa
sala de aula será, sem dúvida, uma fonte de sofrimento para o primeiro trimes-
tre do ano. Tão consumida com a preparação mental para o ataque biológico,
não noto o detestável jogador de futebol se aproximando de nós.
— Ei Eva, você vai fazer alguma coisa depois? — Ele para bem na fren-
te de Jess e de mim, encostando o cotovelo em um armário para bloquear
nosso caminho.
Ele continua, não se importando se eu responder — Não? Que tal fazer
comigo então?
Rindo alto, ele olha ao redor do corredor para outros se juntarem. Al-
guns fazem. A maioria simplesmente cuida de sua tarefa de chegar à aula antes
que o sinal toque. Eles devem ter ouvido essa linha antes também.
Ele abre a boca, sem dúvida para cuspir outra cantadinha, piada desagra-
dável, quando dois de seus companheiros de equipe se aproximam atrás dele.
— Eu já te avisei antes, Duncan. Eu não vou te dar outra chance. Se eu
pegar você incomodando-a de novo, você pode dar um beijo de adeus na
temporada, — rosna o jogador mais alto.
Meu algoz se vira para discutir, mas quando vê quem veio em minha de-
fesa, ele muda de ideia e se afasta rapidamente com o rabo enfiado entre as
pernas. Ninguém questiona o capitão do time e o quarterback titular, especi-
almente quando ele parece que está prestes a virar o Hulk atrás de você.
Além do tratamento degradante com o qual tenho lidado desde o ano
passado, nada me incomoda mais do que pena e chauvinismo masculino. —
Eu não preciso da sua ajuda, então vá bancar o cavaleiro branco para alguma
outra donzela em perigo.
Ele se aproxima de mim, forçando minha cabeça a inclinar em um esfor-
ço para manter o contato visual. Ele tem pelo menos trinta centímetros a mais
que eu. Sua voz é suave, suas palavras dirigidas apenas aos meus ouvidos. —
Até que você comece a se defender, vou continuar defendendo você.
Eu estreito meus olhos para ele e cruzo os braços sobre o peito. — O
que te faz pensar que eu preciso de defesa? Como você sabe que todos os ru-
mores não são verdadeiros? Talvez eu goste de toda a atenção.
Ele inclina o queixo para baixo até que seu hálito quente atinge meu ros-
to. — Não, você não precisa. E eu sei que os rumores não são verdadeiros
porque essa não é você.
Reunindo toda a coragem que possuo, coloco meu dedo em seu peito
sólido em um esforço insignificante para limpar meu espaço pessoal. — Você
não sabe nada sobre mim.
Seus olhos vagam pelo meu rosto e ele rola os lábios entre os dentes. Ele
acena lentamente com a cabeça, depois se vira para ir embora sem dizer outra
palavra.
Seu amigo apenas balança a cabeça, ri e segue seu mestre pelo corredor
como um bom ajudante faria.
Jess se vira para mim, suas sobrancelhas subindo em sua franja marrom
bem aparada. — Eu sei que você não gosta dessa coisa de cavalheirismo por
ser uma feminista e tudo, mas isso foi realmente necessário? Ele é tão gostoso,
e é uma das poucas pessoas que levanta um dedo para te defender. Ele parece
ser um cara legal, e eu mencionei o quão gostoso ele é? Você é a única garota
que conheço que o faria sair correndo. A menos, você sabe, que você estava
tentando se aproximar sutilmente dele. Porque se você está, estou tão orgu-
lhosa de você!
Tento recuperar o fôlego depois daquele pequeno encontro antes de fa-
lar. Parece que este ano pode ser uma virada de jogo em mais de uma maneira,
e isso me deixou mais nervosa do que a desgraça iminente da bio. — Oh,
cresça. Ele apenas me irritou. Não sou uma criança abandonada insípida que
não consegue lutar minhas próprias batalhas. Além disso, você nunca se per-
guntou por que ele é uma das poucas pessoas a me defender? É óbvio que ele
é um atleta com tesão e nojento como o resto deles. Ele só quer vencer a con-
corrência. Ele estava tentando intensificar seu jogo agora mesmo. Você sabe,
me tratar bem, então vou abrir minhas pernas para ele.
— Ou talvez ele realmente goste de você e não queira compartilhar.
Eu fico olhando para ela com uma expressão inexpressiva. Ela não pode
acreditar seriamente nas palavras que acabaram de sair de sua boca. — Você
está brincando comigo? Você mesmo disse, ele é muito gostoso. Eu nem
acredito nisso. Nós vamos para a escola juntos desde o primeiro ano, e ele só
fala comigo quando precisa. Ele mal interagiu comigo até depois que todos os
rumores começaram. Ele não gosta de mim; ele só pensa que sou um alvo fá-
cil. Você não precisa ter nenhum interesse real em alguém para sentir atração
sexual por ela. Inferno, os atletas são tão pervertidos que aceitarão o que pu-
derem pegar. Veja o que aconteceu com Nevaeh Winters no ano passado.
— Essa foi uma situação totalmente diferente, e você sabe disso.
— Foi um excelente exemplo de como esses homens-feras operam, é o
que é.
— Sim, sim, tanto faz. Então, como foi? — Ela salta para cima e para
baixo ansiosamente enquanto fazemos o nosso caminho em direção à aula.
— Como foi o quê?
Ela revira os olhos, facilmente ignorando meu tom maldoso. — Tocar
nele? Seus peitorais estão duros como uma rocha? Aposto que ele cheira a
sexo.
— Não me faça vomitar neste corredor, Jessica. Eu vou fazer isso. Você
sabe que eu vou.
— Você poderia estar mais relaxada se simplesmente transasse com o ca-
ra em vez de odiá-lo, Evie. Você mesma disse, — ela zomba, — você não
precisa estar interessado em alguém para se sentir sexualmente atraído por ela.
Ele é foda e está interessado, então é hora de seguir em frente já!
Ir em frente. Okay, certo. Desde as sete da manhã, recebi seis ofertas não
solicitadas para um encontro. E por encontro, quero dizer sexo. E eu ainda
tinha esperança de que as férias de verão teriam abafado os rumores que cir-
culavam sobre mim. No inverno passado, minha vida implodiu graças à Eddie
Hinton falando mal de mim. Namorar com ele deve estar entre os cinco pio-
res erros que já cometi.
— Estou te dizendo, se você vai ser tratada como uma vagabunda, pelo
menos tire algo disso, — Jess sussurra para mim quando entramos na sala de
aula. — É besteira que todo mundo pensa que você é uma vagabunda quando
ainda é virgem. E eu digo que se o zagueiro sexy pra caralho, capitão do time
e presidente do grêmio estudantil quiser defendê-la, você não apenas deixa,
mas pula nessa merda quente. Eu iria escalá-lo como uma árvore e cavalgar
aquele bom homem até que as vacas voassem.
Eu rolo meus olhos e me movo em direção a uma bancada de laborató-
rio no fundo da sala, bem fora dos holofotes. É óbvio que ela acabou de me
dar seu curriculum vitae com a esperança de me inclinar em direção a seu
ponto de vista perturbador.
Jess se senta ao meu lado, mas não vai ser por muito tempo. — Você
afastou Alyssa e eu por tempo suficiente. É hora de encontrar para você um
garanhão gostoso que vai transformá-la já em uma mulher de verdade.
Eu posso praticamente ver o hamster correndo na roda em sua cabeça
quando ela vê o quarterback e seu amigo sentados juntos em outro banco de
laboratório. Parece que ele estaria neste bloco comigo.
— Você já perdeu a temporada de caça ao homem no verão, então va-
mos nos concentrar na empolgação de volta às aulas! — Ela esfrega as mãos
enquanto olha o candidato principal para o meu defloramento.
Este é apenas mais um exemplo de meus protestos sobre namorar no-
vamente caindo em ouvidos surdos. Desde que os rumores tomaram conta da
minha vida no ano passado, sinto que não posso contar com ninguém. Se for
possível, confio ainda menos nas pessoas do que antes. Não ajuda em nada
que meus dois melhores amigos não entendam minha necessidade de não lu-
tar contra todas as fofocas que Eddie espalhou no ano passado. É ainda pior
que eles não respeitam meu desejo de nunca mais ter nada a ver com a metade
masculina da população.
Os últimos alunos entram e tomam seus assentos. Quando a campainha
toca, todos voltam sua atenção para a frente da sala de aula.
Nossa instrutora está de pé, as mãos entrelaçadas na frente de sua barriga
corpulenta como a imagem da pura inocência. Como de costume, ela parece
nervosa e excessivamente sorridente. Seus olhos verdes dançam por trás dos
óculos de gatinho enquanto ela se prepara para nos destruir sistematicamente
e então nos reconstruir em nome da ciência.
Dizem que ela trabalhou para a CIA antes de se tornar professora. Apa-
rência despretensiosa e amigável mascarando uma personalidade sádica? Con-
fere. Conhecimento de técnicas de tortura secreta que supostamente não desa-
fiam a Convenção de Genebra? Confere. Somos apenas um bando de patos
sentados à sua mercê.
— Boa tarde, e bem-vindos à biologia sênior da AP! Como a maioria de
vocês sabem, sou a Sra. Anderson. É meu trabalho prepará-los para as ciên-
cias da vida de nível universitário, bem como para o mundo real, que estará
aqui antes que vocês percebam! Para nossa primeira ordem do dia, estou pas-
sando as regras e expectativas da classe que se espera que vocês leiam esta noi-
te. Assinem a página apropriada e devolvam amanhã. Sei que todos vocês es-
tão esperando que eu distribua os infames pacotes de perguntas, mas como já
tive problemas no passado com alunos que abandonaram a aula depois que os
questionários foram concluídos, agora faço as coisas de uma maneira um pou-
co diferente. Todos vocês sabem que têm uma semana para desistir do meu
curso se acharem que o AP bio não é para vocês. Portanto, este ano, vamos
mergulhar direto no material. Próxima segunda, faremos a parte “conhecer
você” da aula após o término do período de desistência. Vamos, no entanto,
escolher nossos parceiros hoje para que vocês comecem a se sentir confortá-
veis trabalhando uns com os outros. — Ela bate palmas, claramente animada
para a próxima parte.
— Todos os alunos sentados do lado direito de cada mesa do laborató-
rio, por favor, venham até a mesa e escolham um nome. As mulheres escolhe-
rão nesta cesta de nomes. Os cavalheiros escolherão desta cesta. — Ela levan-
ta cada um enquanto fala.
— Tragam seus materiais com vocês. Depois de escolher um nome, vo-
cês se sentarão com seu novo parceiro pelas próximas nove semanas. Estou
contando com vocês para serem honestos. Vocês não experimentarão todos
os benefícios deste curso se escolher alguém de quem já é amigo próximo. O
objetivo deste exercício é expandir seu círculo social e prepará-los para fazer
novos amigos quando deixarem o colégio no final deste ano!
Jess me lança um olhar encorajador antes de pegar seus livros e se dirigir
ao corredor para escolher seu parceiro de laboratório. Enquanto ela se afasta,
meu olhar viaja ao longo das várias gaiolas em frente à enorme linha de janelas
à minha esquerda.
A maioria dos professores de biologia abastece suas salas com pequenos
potes de horror, espécimes de vidas anteriores suspensos para sempre em
formol. Eles são a versão instrutiva de choque e espanto. O professor de bio-
logia do primeiro ano tem um feto humano. O sádico adora fazer as garotas
mais sensíveis chorarem, jogando-o na cara delas.
A coleção da Sra. Anderson é muito mais subversivamente enganosa.
Um rato branco, alguns hamsters, uma tartaruga, vários sapos, até um canário.
Eles estão todos muito vivos. A maioria das pessoas provavelmente vê uma
coleção de animais de estimação. Vejo um simples lembrete das armadilhas da
vida adolescente. Somos exatamente como esses animais enjaulados: sob o
controle de pais, professores, empregados... todos com seus próprios conjun-
tos de expectativas e agendas. A grande ilusão está sendo mantida. Em troca
de seguir suas orientações, recebemos abrigo, sustento, talvez uma palavra
amigável ou um tapinha na cabeça aqui e ali. Será que esses animais saberiam
o que fazer com a liberdade caso ela fosse concedida a eles? É mais provável
que tenham sido prejudicados até certo ponto no cativeiro, assim como nós.
Eu observo o canário em seu poleiro enquanto envio uma pequena ora-
ção a Deus para que eu não fique presa com a única pessoa nesta sala que po-
deria tornar este próximo trimestre um inferno para mim.
Meus preciosos poucos momentos de solidão se quebram quando o ob-
jeto de minha petição puxa o banquinho ao meu lado, caindo sobre ele com
um suspiro profundo. Ele coloca seu material na mesa do laboratório à sua
frente, sem nem mesmo uma palavra ou olhar em minha direção.
Sorte idiota.
Quando eu fizer minhas orações esta noite, vou pedir para não ser fabu-
losamente rica e bonita e ver o que acontece.
Meu novo parceiro é o maldito zagueiro do time de futebol.
Tudo bem. Estou bem. Eu posso fazer isso. Eu só tenho que seguir o
plano inicial.
Mantendo meu olhar firmemente dirigido para a mesa preta do laborató-
rio na minha frente, noto várias esculturas na superfície antiga. Sem dúvida,
são nomes de casais que devem agradecer ao The Bio Effect por seus roman-
ces no último ano.
Simplesmente ótimo.
O próximo trimestre será um teste inimaginável de minha determinação.
Capítulo 2
Eva
Ficando por baixo

Sr. Smith joga o teste de cálculo na minha mesa, se inclina e sussurra


ameaçadoramente na minha cara. — Você falhou no primeiro teste do ano, e
foi principalmente revisão. Achei que você fosse mais inteligente do que isso,
Srta. Papageorgiou.
Ficar chateada na frente de toda a classe é o que ele espera de mim. Ele
sempre se esforça para obter uma reação nossa. Faz apenas uma semana e já
sou o alvo desse cara. Talvez se ele fosse um professor decente e não um bas-
tardo gordo, eu realmente entenderia o que diabos está acontecendo nesta ma-
téria. O único outro F no meu histórico escolar é de matemática da terceira
série. As tabelas de horários eram uma cadela.
Eu me recuso a dar a ele a satisfação de responder de qualquer forma.
O Sr. Smith se endireita e examina a sala silenciosamente.
— Falls! — Ele berra, fazendo com que vários dos meus colegas pulem.
— Sim senhor! — O tom excessivamente ansioso e zombeteiro do meu
parceiro de bio me engasga, mas várias garotas na sala piscam e riem de suas
travessuras.
— Você precisa de algum serviço comunitário para preencher seu currí-
culo para os recrutadores. Seja tutor desta jovem, aqui, e eu escreverei uma
bela carta de recomendação. — Ele cambaleia em direção a sua mesa para
começar a lição da manhã, seu julgamento decretado.
— Por que ele? — Por favor, Deus, qualquer um menos ele.
O Sr. Smith se vira com um sorriso de escárnio frio no rosto. — Porque
ele é o único aluno nesta classe inútil de idiotas com cem por cento. — Ele
aponta para meu colega de classe. — Se organize e faça isso acontecer. Quan-
do ela tirar um A, você estará livre da tarefa.
Alyssa bate nas minhas costas. — Oh meu Deus, Evie! — Ela sibila. —
Puta merda!
Claramente, ela acha que esta é uma ótima ideia, especialmente à luz da
bio. Ela e Jess estão pirando com aquele pequeno desastre desde a semana
passada.
Minha pressão arterial sobe para um nível doentio, e eu lanço um rápido
olhar para o cara que está sentado na diagonal da minha mesa. Ele está uma
fileira à minha esquerda e um assento atrás. Ele sempre parece estar atrás de
mim, o que me assusta. A única folga que recebo é em salas de aula com as-
sentos atribuídos em ordem alfabética pelo sobrenome. Compartilhamos qua-
se todas as aulas desde a nona série, quando ele foi transferido para nossa es-
cola pública de uma das escolas católicas locais.
Rob Falls.
Ele é o tipo de veterano que é amigo de todos porque todos querem ser
ele ou estar com ele, o que explica por que ele é o presidente do grêmio estu-
dantil. Ele é eleito todos os anos desde a décima série e sua plataforma de
campanha é ter boa aparência. É o que acontece quando as eleições na escola
são disputas de popularidade disfarçadas.
Ele poderia seriamente ser um modelo de roupa íntima para uma daque-
las lojas de shopping exageradamente caras, e ele tem a personalidade que vo-
cê esperaria de um cara assim: bastardo presunçoso. Ele é repugnantemente
bem construído. De acordo com suas estatísticas de futebol, Rob tem espan-
tosos 1.80m, noventa e oito quilos de músculos sólidos. Sua capacidade atléti-
ca supera em muito qualquer outra pessoa na conferência de nossa escola.
Todos sabem que ele tem planos de se tornar profissional após uma corrida
completa para uma das melhores faculdades de futebol do país, e suas chances
parecem muito boas, já que ele atualmente é classificado por olheiros como o
décimo melhor quarterback cinco estrelas em estilo profissional em todo o
país.
Seu rosto bonito esconde um charme quase infantil que é realçado por
seu cabelo castanho claro, bochecha direita com uma pequena covinha e olhos
verdes azulados brilhantes que parecem mudar de cor dependendo da ocasião.
Ele tem olhos humildes para um Deus. Eles são tão perturbadores.
Garotas desmaiam e se oferecem para tirar suas calcinhas quando ele
passa, mas eu juro pela minha vida, eu simplesmente não entendo. Um físico
como o dele é um maldito banho de água fria.
Quero dizer, claro, ele é lindo. Eu não sou cega. Mas não faz sentido que
as mulheres sejam tão atraídas por esse tipo de poder e força. É como se elas
não entendessem que isso poderia se voltar contra elas em um momento.
Ele poderia, sem dúvida, quebrar meu pescoço sem nem mesmo tentar.
Eu não consigo imaginar quanto dano ele poderia causar durante o sexo vio-
lento e, ainda assim, ele nunca parece ter falta de ofertas para isso. A objetifi-
cação masculina é tão violenta quanto a objetificação feminina na sociedade.
Ambos são nojentos. O que aconteceu com ser atraído por cérebros, inteli-
gência, personalidade?
Infelizmente, ele costumava ter essas características de sobra. Todos pa-
reciam ter desaparecido misteriosamente no ano passado, quando de repente
ele se transformou em um atleta detestável estereotipado. Não posso explicar
sua transformação aparentemente do dia para a noite, mas sempre me inco-
modou. É como se ele acordasse uma manhã e decidisse se juntar a seus com-
panheiros de equipe, trocando sua pele velha como uma cobra faz quando
cresce.
Sua nova personalidade me deixa maluca, e eu mal estou começando a
me ajustar sendo parceira dele na bio da AP. Não importa o quão gelada eu
seja com ele, ele simplesmente não parece entender. Ele continua tentando me
encantar como se eu fosse uma de suas groupies estúpidas. Felizmente para
mim, eu entendo o jogo dele e não estou prestes a cair em sua atuação. Eu
claramente preciso melhorar meu próprio jogo, porque atletas idiotas como
ele não aceitam dicas sutis.
Eu olho para trás mais uma vez enquanto nosso instrutor inútil fala so-
bre o próximo capítulo. Rob já está me encarando com uma expressão ilegí-
vel, então eu faço a única coisa que posso fazer neste momento: zombar, me
virar e fingir que não há nada de errado. Afinal, a fraqueza só excita os caras
com tesão.
Capítulo 3
Rob
Muita areia para o caminhão

Eu mantenho meus olhos treinados em Evie enquanto entro na sala e


lentamente afundo no banquinho ao lado dela. Ela fica sentada rígida, os bra-
ços cruzados sobre o peito como um escudo. Como prometido, o primeiro
pacote de questionário fica no meio de nossa mesa compartilhada. Os olhos
de Evie permanecem teimosamente focados no papel. Ela ficou quase sempre
em silêncio na semana passada na aula, então pensei que talvez ela estivesse
gostando de mim. Suas objeções no cálculo mataram essa ideia.
— Quando, hum... — Eu limpo minha garganta, mas ela não se preocu-
pa em olhar na minha direção, — Quando você quer que eu seja seu tutor?
Provavelmente deveríamos definir um cronograma.
— Eu tenho ensaio da banda logo depois da escola e trabalho depois
disso. Eu não tenho tempo, — ela dispara de volta sem perder o ritmo.
Eu fecho meus olhos e respiro fundo, repetindo o mantra que eu disse
pela primeira vez no inverno passado.
Ser tímido e retraído não vai te dar nada. Se você quer algo, você tem que trabalhar
para isso. Fale e pare de ser um covarde. Apenas faça o seu papel. Nunca os deixe ver sua
fraqueza.
Eu endireito meus ombros e envolvo uma falsa confiança em torno de
mim. Se ao menos fosse tão fácil quanto colocar protetores e capacete antes
de entrar em campo. Cada dia que me forço a ser outra pessoa, fica um pouco
mais fácil. Mas sentar ao lado dessa garota requer proteção extra.
— Escute, eu sei que você falhou no primeiro teste. Eu me sento perto o
suficiente de você; eu vi sua nota. E eu sei que matemática nunca foi sua ma-
téria mais forte. Não há razão para você lutar contra isso este ano. Deixe-me
ajudá-la. Eu realmente não me importo.
— Sim, tenho certeza que você não se importa, já que há algo nisso para
você.
Bem, isso dói.
— Uma carta de recomendação do seu professor de cálculo realmente
não significa nada para os recrutadores, então não tem nada nisso para mim,
exceto ajudá-la.
Sua risada é amarga. — E por que você se dignaria a ser tão benevolente
comigo se você não vai ganhar nada com isso?
Eu a estudo por um momento. Não passamos muito tempo juntos, mas
nossos amigos em comum significam que pelo menos existimos no mesmo
círculo social. — Sempre pensei em nós como amigos, Evie. Por que eu não
gostaria de ajudá-la?
Seus olhos azuis praticamente saltam de seu crânio quando ela finalmen-
te me agrada com um olhar direto. — O que diabos te faz pensar que somos
amigos? Só porque você e Mike são próximos, não significa que você e eu
somos. E não me chame de Evie.
Tudo bem, isso é justo. É hora de mudar de tática. — Uh, eu chamo vo-
cê de Evie há anos. Talvez não com muita frequência, mas nunca pareceu in-
comodá-la antes.
— Sim, bem, você não costumava ser um idiota antes.
Evie Papageorgiou me odeia.
Dizer que eu tinha sentimentos confusos sobre tirar o nome dela da ces-
ta na semana passada seria um eufemismo. Mas poderia ter sido pior. Eu pos-
so ter escolhido alguém que faria esta aula mais parecida com um encontro do
que biologia.
É sempre a mesma porcaria sempre que um trabalho em grupo é atribuí-
do. Eu faço todo o trabalho e elas fazem todo o flerte. Isso cança muito rápi-
do. Especialmente porque não tenho interesse nelas. O problema é que estou
de olho na mesma garota desde a nona série.
Sim, esse sou eu. Eu sou o grande e mau jogador do futebol que é um
perdedor enrustido e há anos definhando por causa de uma garota que não dá
a mínima para mim.
Ela foi boa para mim durante o primeiro ano, quando os únicos amigos
que eu tinha eram os poucos que se transferiram de Nossa Senhora como eu.
Naquela época, ninguém mais fazia fila para me conhecer.
Hoje em dia, parece que ninguém se lembra do menino magro e idiota
de quinze anos que eu costumava ser. Todos os meus amigos eram maiores
do que eu, mesmo eu sendo mais alto. Eles já estavam construindo massa
muscular, aumentando os pelos faciais e tendo encontros. Eu só estava ten-
tando reunir coragem para falar. No campo de futebol, finalmente encontrei
meu ritmo. Fora do campo de batalha, dolorosamente tímido era uma descri-
ção mais precisa. Até meus treinadores ficaram chocados como o inferno
quando eu cresci e pareci sair da minha concha no verão antes do segundo
ano. Porém, algumas coisas não mudaram. Eu não tinha coragem de falar com
as garotas como meus amigos faziam. A menina bonita que chamou minha
atenção não foi exceção.
Meu círculo de amigos cresceu à medida que me familiarizei com todos
os caras das várias equipes de que participei. Logo aquela doce menina foi
posta de lado por outras meninas que não se importavam se eu estava ou não
interessado, porque elas claramente estavam.
Nenhuma delas importava. Tudo que eu podia ver era ela.
A garota que eu queria estava tão fora do meu alcance, no entanto.
Quanto mais eu a observava, mais aquele fato doloroso se tornava claro. Ain-
da assim, eu não conseguia desistir da esperança de que ela pudesse ser minha.
Passei os dois anos e meio seguintes esperando pela oportunidade certa... ou
pela coragem de ir para ela.
Então, no ano passado, bem no meio da temporada de basquete, ela co-
meçou a namorar outra pessoa. Eu estava furioso pra caralho. De todos os
caras que constantemente tentavam chamar sua atenção, o que ela escolheu
era um idiota total.
Minha garota sempre pareceu tão inteligente e pé no chão. Ela nunca
agiu como todos as outras marias chuteiras. Do nada, ela escolheu o pior can-
didato possível. Não fazia sentido. Inferno, ainda não faz.
Eu sabia no fundo que não tinha ninguém para culpar, exceto eu mesmo.
Se eu apenas tivesse tido a coragem de chamá-la para sair primeiro, talvez ela
tivesse estado comigo em vez do cérebro-de-merda que ela escolheu. Eu sim-
plesmente não conseguia esquecer minha raiva por toda a situação. Aquele
único momento em que o vi beijando-a no corredor me destruiu. Essa ima-
gem mental queimou em meu cérebro até que me transformou em algum tipo
de monstro impulsionado pela raiva que eu nunca soube que estava espreitan-
do dentro de mim. Tornei-me Dr. Jekyll e Sr. Hyde, Bruce Banner e o Hulk.
Não tenho sido o mesmo desde então.
O curto relacionamento da garota dos meus sonhos terminou em um
constrangimento inimaginável para ela. Eu deveria estar em êxtase, mas de
repente tudo estava diferente. Ela mudou completamente e, inferno, eu tam-
bém.
Disse a mim mesmo que, se tivesse outra chance com ela, não a desper-
diçaria. Não tenho muita esperança. Ainda não tenho ideia do que dizer a essa
criatura perfeita. Eu não tenho nenhuma maldita pista de como torná-la mi-
nha. Mesmo depois de tudo o que aconteceu, ela ainda é tão bonita, tão per-
feita, é muita areia pro meu caminhão. Se o universo está tentando me dizer
para criar coragem e fazer uma jogada, é agora.
Porque Evie Papageorgiou é minha parceira de biologia e aluna de cálcu-
lo recém-nomeada. E mesmo depois de três anos e águas turbulentas sob a
ponte, ela ainda é a estrela indiscutível dos meus sonhos mais loucos todas as
noites.
— Eu quero que você saiba, — ela sussurra para que nossa professora
não ouça, — que eu simplesmente vou mentir sobre todas essas perguntas.
E oh, isso mesmo. Ela me odeia.
— Se é assim que você quer jogar, então vou misturar minhas mentiras e
verdades, e você nunca saberá qual é qual. — Eu li a primeira pergunta antes
que ela me desse um soco. — Tudo bem, pergunta número um: se você pu-
desse escolher qualquer pessoa no mundo, quem você convidaria para jantar?
Ela suspira e revira os olhos — Bem, você é claro! Você é obviamente a
melhor coisa do mundo!
Sua imitação de líder de torcida é perfeita.
— Haha muito engraçado. Tudo bem, hum, eu escolheria... uau. Não sei.
Isto é difícil. Um... — Deus, cérebro, trabalhe. Não é de admirar que ela pense
que sou um idiota.
— Bem, eu posso ver que vamos superar tudo isso hoje, — ela murmu-
ra, se inclinando contra a mesa em um cotovelo e enrolando uma mecha de
seu cabelo escuro e encaracolado em volta do dedo distraidamente. Essa visão
serve apenas como uma distração adicional para mim. Merdas como essa são
tão irritantes quando outras garotas fazem isso de propósito, mas quente co-
mo o inferno quando ela faz isso sem motivo algum.
— Desculpe. Eu não consigo decidir. Uh... Elon Musk.
Ela levanta a sobrancelha para mim. Eu acho, espero, que talvez ela vá
me perguntar sobre a minha paixão por Tony Stark na vida real, mas ela ape-
nas lê a próxima pergunta. — Dois: Você quer ser famoso? Como?
— Oh, fácil. Sim, e futebol.
— Claro, — ela revira os olhos novamente. — Sim, e eu quero ser uma
estrela pornô. Já estou treinando.
Controlar o flash de raiva que corre em minhas veias com sua resposta
traz um brilho de suor à superfície da minha pele. — Seu sarcasmo foi defini-
tivamente anotado. Três: você costuma ensaiar o que vai dizer antes de fazer
uma ligação?
— Obviamente. Principalmente quando estou traindo. Meu cafetão me
dá minhas falas.
Em minha mente, eu envolvo meus braços em torno dela e prometo que
ninguém nunca vai ferrar com ela novamente. Na verdade, eu respondo à per-
gunta — Não, porque eu realmente só converso com Alex, Mike e minha
mãe.
Ela ri, mas é tão falso que me faz estremecer. — Quatro: Qual é a sua
ideia de um dia perfeito?
— Assistindo seu filme pornô o dia todo, obviamente. — Eu não posso
acreditar que essas palavras saíram da minha boca.
— Desaparecendo, — ela responde baixinho, mexendo no canto do ca-
derno.
— Isso não foi uma mentira. Por que você gostaria de desaparecer, Evie?
— Oh, certo. Porque depois de assistir a minha pornografia o dia todo,
você de repente é um especialista em detectar se estou mentindo ou não?
Deus, vocês atletas nojentos são todos iguais.
Sem saber o que fazer com essa situação, desejo pela milionésima vez
que a vida viesse com um manual de instruções. Em vez de pressioná-la, aca-
bei de ler a próxima pergunta. — Cinco: quando foi a última vez que você
cantou para si mesmo? Quando foi a última vez que você cantou para outra
pessoa?
— Uh, — ela exala lentamente, mas, com força. — Eu canto o tempo
todo, mas estou no coro, então isso não é grande surpresa.
— Sim, eu sei. Você tem uma bela voz.
Eu realmente não tinha pensado naquele comentário antes de sair da mi-
nha boca.
Ela se vira para mim com uma sobrancelha levantada e uma expressão
cautelosa. — Certo. Porque de todas as garotas no palco, você estava prestan-
do atenção em mim?
Fique tranquilo, Falls. Fique tranquilo.
Eu encolho os ombros para ela, tentando jogar minhas cartas seguras. —
Você é meio difícil de perder quando está cantando um solo.
Na verdade, nunca perdi a chance de vê-la se apresentar. Ela não precisa
saber disso agora. Jesus, eu sou um stalker.
Ela me encara sem expressão até que percebo que está esperando minha
resposta. Eu sou tão estúpido perto dela. — Oh sim. Desculpe. Hum, eu nun-
ca canto para ninguém. Tenho uma voz horrível, mas, canto no chuveiro e no
carro o tempo todo.
— Pergunta seis, — ela lê. — Se você vivesse até os noventa e pudesse
escolher entre manter o corpo de uma pessoa de trinta anos ou a mente de
uma pessoa de trinta, qual você escolheria?
— Essa é uma pergunta esquisita, — Ela ri do meu comentário e pare-
ce... genuíno.
Fiz Evie Papageorgiou rir.
— Definitivamente escolho a mente, — eu respondo.
Ela ri mais forte. — Sério?
— Sim, sério. Meu corpo pode não valer tanto aos trinta, do jeito que es-
tou sempre batendo nele. Nunca se sabe quando pode acontecer uma lesão
que ponha fim à carreira. — Quase todos os dias, sinto-me como um hema-
toma ambulante.
— Bem, vocês não são chamados de atletas idiotas sem motivo. Muitas
concussões e você poderia ter purê de batata para o cérebro aos trinta. Essa é
a sua resposta final? — Ela provoca.
— Você tem razão. Estou ferrado de qualquer maneira. Vou escolher a
opção três.
— Não há opção três, — diz ela insegura, verificando o papel.
— Não quero viver até os noventa, — brinco.
— Oh, tudo bem. Vou aceitar isso como uma terceira opção plausível.
Eu definitivamente escolheria o corpo.
E... ela voltou a desviar. Eu sei com certeza que ela tem uma mente in-
crível. Ainda assim, meus olhos vagam sobre seu corpo lindo que não esteve
em exibição o suficiente desde o ano passado, quando seu guarda-roupa pas-
sou por uma grande reforma. Não consigo me impedir de acariciar suas per-
nas bronzeadas com os olhos. Graças a Deus pelo tempo de trinta e dois
graus e pelos shorts.
— Sete, — eu li rapidamente antes que ela me pegasse. — Como você
acha que vai morrer?
Faço uma pausa, relendo o jornal. — Que tipo de pergunta doentia e dis-
torcida é essa?
Ela solta outra risada genuína, e meu coração falha em meu peito.
Levantando uma sobrancelha para mim, ela sussurra. — Concorda em
pular?
Aceito ser seu parceiro no crime. — Concordo.
— Oito: cite três coisas que você e seu parceiro parecem ter em comum.
— Ela faz uma careta antes mesmo de terminar de ler, provavelmente não
imaginando nada.
Ela não está olhando para mim, brincando com o papel do caderno no-
vamente. É óbvio que esse é um hábito nervoso dela. Quanto mais pequenas
coisas como essa ela me mostra, mais posso avaliar como ela está se sentindo
e como reagir. Segundas chances como essa só surgem uma vez na vida, e não
posso me dar ao luxo de perdê-las.
— Fácil. Bio, cálculo e luzes da noite de sexta-feira.
Ela ri de novo, mas esta não é tão genuína. — Eu não jogo futebol.
— Não, mas você está em todos os jogos. — Eu sorrio para ela, espe-
rando que ela entenda o que eu não disse.
Eu observo você em todos os jogos, Evie.
— OK. Ambos somos humanos. Nós dois estudamos na mesma escola
e somos veteranos.
Não é ótimo, mas também não é um insulto. Respiro fundo antes de ler.
— Nove: pelo que você é mais grato na vida?
— Minha família, — ela responde sem hesitação.
— Isso também não foi uma mentira.
Ela não responde, então eu dou minha resposta. — Futebol americano.
O campo é o único lugar que realmente importa; o único lugar em que sou
realmente bom em qualquer coisa.
Talvez se eu fizer um trabalho melhor me colocando lá fora, ela siga o
exemplo. Minha resposta definitivamente não é mentira. Se eu não fosse tão
covarde fora do campo, Evie poderia nunca ter passado pelo tormento das
mentiras de seu ex, que obviamente ainda a afetam. Se eu a tivesse convidado
para sair naquela época, e ela estivesse comigo, ela seria tratada como uma
rainha.
— Dez, — ela diz tão baixinho que mal a ouço. — Se você pudesse mu-
dar alguma coisa sobre a maneira como foi criado, o que seria?
Não tenho certeza de como responder a esta. Eu teria desejado fazer o
que eu queria fazer, não o que meu pai me pressionou a fazer. Não fazia sen-
tido arejar a roupa suja da família. — Não sei. Passo.
— Sim, concordo. Passo. — Algo em seu tom derrotado desperta minha
curiosidade. Sua família sempre parece tão amorosa e normal.
Eu olho para a próxima pergunta e estremeço. — Ooh. Sim, você não
vai gostar deste. Quer pular de novo?

11. Em quatro minutos, conte ao seu parceiro a história de sua vida. Use
o máximo de detalhes possível.

— Oh, não, — ela fala lentamente, o sarcasmo em sua voz aumentando


outro grau. — Você já deve ter ouvido este, na verdade.
Eu me preparo para o impacto, prendendo a respiração. Ela interceptou
minha tentativa débil de deixá-la fora do problema. A bola está em sua posse e
ela sai disparada.
— Eu nasci aqui, cresci aqui. Meu pai decidiu que não queria mais ficar
aqui. Eu tenho alguns avós incrivelmente estranhos. Minha mãe é professora
de ciências no ensino fundamental. — Ela gesticula para mim com sua caneta.
— Você teria tido aulas com ela se não fosse um garoto católico rico. Eu te-
nho uma irmã mais nova que me deixa totalmente louca, mas eu a amo, de
qualquer maneira, porque é minha obrigação. Eu sou praticamente ninguém,
uma geek estereotipada. A maioria das pessoas me deixava em paz... — ela
para, e sua expressão muda de sarcástica para furiosa. — Até o ano passado,
quando decidi fazer algo realmente estúpido e sair com Eddie Hinton. Desde
então, é como se eu fosse a merda da prostituta da escola. Todas as garotas
agem como se eu estivesse tentando roubar seus namorados, mas seus namo-
rados supostamente fiéis são metade dos caras que me pedem para chupá-los.
Se eu praticasse um esporte, seria definitivamente beisebol, então eu poderia
usar o taco para manter todos os cachorros longe. Os cães gostam de você.
Aqui está uma pequena notícia para você. Na verdade, não abro minhas per-
nas para ninguém. Não abri para ele, não será para você. Eu não me importo
que você seja Rob-Caralho-Fall, extraordinário quarterback. E certamente não
me importo que você pense que é um presente de Deus para as mulheres,
porque não sou nada como dizem os boatos. Então salve seu ato de cavaleiro
branco. Não posso mudar que temos que ser parceiros de biologia neste tri-
mestre, então tente ser decente nas próximas oito semanas. Então podemos
voltar a ser como as coisas costumavam ser; você me ignora e eu vou ignorar
você. E depois da formatura, nunca mais teremos que nos ver novamente. —
Ela enfia a caneta na boca e roe a tampa.
Seus lindos olhos azuis brilham de raiva e frustração, mas, o que mais me
incomoda é... ela me disse a porra da verdade honesta agora. Claro, ela pode
ter misturado sua voz com desprezo e amargura, mas ela não mentiu para
mim como disse que faria. Quer ela admita ou não, ela se importa com o que
eu penso dela.
Infelizmente, isso não apaga a dor de como ela pensa mal de mim. Se eu
tiver que jogar duro com ela, então o farei. Eu me inclino para ela e solto. —
Eu não nasci aqui, mas fui criado aqui porque meu pai queria que eu frequen-
tasse a melhor escola de futebol da região dos três estados. Ele é um alcoólatra
furioso com uma veia maldosa de uma milha de largura. Tenho feito exercí-
cios no meu quintal desde que comecei a andar. Enquanto você tinha as férias
de verão e folga da escola, eu estava sendo ocupado em todos os acampamen-
tos de futebol do país. Mas isso não era bom o suficiente. Endireitar as coisas
não é uma opção em minha casa. Até este ano, esperava-se que eu tivesse um
emprego quando não estivesse jogando bola ou estudando.
— Eu não tenho irmãos, e minha vida era solitária pra caralho até que eu
encontrei irmãos no campo de futebol. Na maioria das vezes, fico sozinho em
casa porque meus pais estão sempre trabalhando. Não temos nenhuma outra
família na área, e meus amigos estão sempre ocupados com suas meninas.
Amo minha mãe mais do que tudo, e ela é a melhor coisa que tenho para mim
ultimamente. Nenhum dos meus avós não estão mais vivos, e apenas algumas
pessoas sabem o quanto isso me incomoda. Meu avô cometeu suicídio no ano
passado porque não conseguia mais viver sem minha avó. É por isso que es-
tou com o carro esporte brilhante no estacionamento. Ele deixou para mim.
Não porque sou um garoto católico rico. Meus pais têm dinheiro; espera-se
que eu ganhe o que quero, assim como qualquer outra pessoa.
— Eu não acho que sou um presente de Deus para as mulheres. Eu acho
que elas são uma maldição para mim. Você já sabe o que é ter pessoas que só
querem você para uma coisa. Adivinha? Você não está sozinha aí. Esta é pro-
vavelmente a conversa mais real que já tive com um membro do sexo oposto.
Na maioria das vezes, é como conversar com uma idiota imatura e excitada, e
isso me faz honestamente considerar fazer um voto de celibato.
— Eu nunca acreditei em nenhum daqueles rumores sobre você do ano
passado, e eu com certeza não ajudei a espalhá-los. Deus, você mudou muito.
Sinto muito pelo que aconteceu com Eddie, mas isso não é desculpa para me
tratar como lixo. Você acha que a vida de todo mundo é brilhante e feliz, e
você é a única com problemas. Se você parasse de fingir ser uma vadia, talvez
notasse que a vida de ninguém é perfeita, inclusive a minha. Pare de deixar as
coisas ruins controlarem você e transformá-la em alguém que eu sei que você
não é.
A diarreia verbal que acabou de sair da minha boca paira entre nós. Eu
olho em volta rapidamente para ver se alguém nos ouviu, mas estão todos
ocupados com seus próprios parceiros. Não me atrevo a olhar para Evie. Seu
brilho queima o lado do meu rosto. Por que as coisas não podem simplesmen-
te voltar a ser como eram? Eu daria qualquer coisa por uma reformulação do
ano passado.
— Quem diabos você pensa que é? — Sua voz goteja veneno. — Você
não me conhece. Você não sabe nada sobre mim. Você com certeza não vai
me dizer o que fazer. Apenas leia a porra da última pergunta.
Cara, eu acabei de estragar tudo. Vou pensar em uma maneira de conser-
tar isso mais tarde. — Doze: Se você acordasse amanhã com qualquer quali-
dade ou habilidade, o que você gostaria que fosse?
— Ser um gênio da matemática. — Seu tom é duro e amargo. Ela está de
volta a se proteger com os braços em volta do torso.
— Justo. Prefiro acordar amanhã sem ser um idiota. Eu sinto muito. Eu
não deveria ter falado assim com você. — Deus, eu me odeio. Eu sou tão es-
túpido. Não acredito que acabei de fazer isso. Eu olho para ela com o canto
do olho, bem a tempo de vê-la limpar uma lágrima perdida de sua bochecha.
— Escute, eu sei que você não gosta muito de mim, mas, o Sr. Smith não fez
exatamente das aulas particulares uma opção. Mesmo que você só possa dis-
pensar vinte minutos, vamos nos encontrar em uma das salas de estudo da
biblioteca após o treino, certo?
— Acho que realmente não tenho escolha, tenho? — Ela bufa.
— Sempre temos opções, Eva.
E eu escolho você.
Capítulo 4
Eva
Segunda da Depressão

Meu coração bate a cada passo na biblioteca. Nem mesmo o cheiro de


papel e tinta, tão familiar e amado, é suficiente para acalmar meus nervos em
frangalhos. As salas de estudo estão situadas na parede oposta à entrada, então
eu tenho uma extensão considerável do espaço aberto para controlar minhas
emoções antes da minha primeira sessão de tutoria. Felizmente, as inúmeras
mesas e corredores entre as estantes de livros estão quase todas desocupados.
Isso significa que haverá menos testemunhas para espalhar mais rumores.
Quanta humilhação uma pessoa pode suportar em um ano?
Rob já está aqui, enfiando pretzels na boca. Seu cabelo castanho arenoso
está úmido, fazendo com que pareça vários tons mais escuros. Ele mudou de
seu traje habitual de mauricinho. Em sua camisa está escrito “Ironville Warri-
ors Football”, e o algodão cinza está descolorido com manchas de suor. Ele
deve ter vindo direto do campo para me encontrar. Ele olha para cima quando
eu entro na sala, seus olhos brilhando como sempre fazem, sua boca cheia de
comida.
Enojada, eu pisco lentamente, exalo um longo suspiro para me preparar
e me sento ao lado dele. Eu afasto minha cadeira alguns centímetros para me
distanciar do que tenho certeza que será um fedor terrível.
— Ok, vamos apenas acabar com isso, — eu murmuro, puxando meu li-
vro de cálculo e caderno da minha mochila. Não posso acreditar que minha
vida foi reduzida a isso. O universo está contra mim. Karma é uma cadela in-
constante com uma memória muito longa.
Ele segura a sacola meio cheia para mim.
— Você quer algum? — Ele murmura entre mastigar e engolir.
— Eca, nojento. Você está coberto de suor e provavelmente estão con-
taminados com DSTs agora. Não, obrigada. Além disso, estamos na bibliote-
ca, Superjock. Você nem deveria comer aqui, — eu sussurro.
Ele encurva os ombros e me olha com uma expressão culpada.
— Eu sei, — ele sussurra de volta. — Mas fico com muita fome depois
do treino. — Ele enfia outro punhado de pretzels na boca. — Por que você
está tão obcecada com essa ideia de que eu sou algum tipo de prostituta ani-
malesca, afinal?
Como se minha opinião sobre ele importasse. — Oh, por favor. Todo
mundo sabe que você transou com todo o time de líderes de torcida e a maio-
ria das meninas do grêmio estudantil. Tenho certeza que você estará traba-
lhando no seu caminho através da equipe de dança a seguir.
Ele engole em seco, seu pomo de adão balançando ao longo de seu pes-
coço. —Bem, eu não sabia que tinha feito nada disso, e sou eu, então... — ele
faz uma pausa. — Onde você está ouvindo toda essa merda?
— Aqui e alí. O boato de costume. — Conto com os dedos enquanto
recito. — Você caiu em cima de Becky Patterson, e Jenna Levy deu-lhe uma
chupada apenas nas primeiras semanas de escola. E elas são juniores, então
você sabe, parabéns por sair com a turma do último ano. Jackie Miller, Dara
Prevost e Lauren Anderson perderam a virgindade com você, então essenci-
almente todas as namoradas dos caras do futebol são suas sobras. Exceto
Chelsie Stewart. Você não é virgem desde o ano passado, quando você e Sa-
brina Knolls estouraram as cerejas um do outro. E, com toda a honestidade,
estou surpresa que você esperou até o primeiro ano. Ela tem sido sua foda
ocasional desde então. E, aparentemente, é do conhecimento geral que você
terá Kerri Peters na mira a seguir. Não que ela seja virgem há anos, o que pa-
rece estranho, já que você tem uma queda por deflorar garotas. Eu perdi al-
guma coisa? Porque eu sei que você é um garanhão e tudo, mas essa é uma
lista muito longa para alguém que ainda nem completou dezoito anos e come-
çou tarde no que diz respeito aos atletas. — Eu levanto minhas sobrancelhas e
atiro a ele um sorriso frio, esperando que isso carregue peso suficiente para
fazê-lo entender que eu não tenho intenção de entrar nessa longa lista.
Os olhos de Rob se arregalam e ele engasga com seus pretzels. Que ator.
Ele certamente está colocando muito mais esforço nisso do que o esperado,
especialmente para alguém como eu. Por outro lado, ele está desempenhando
o papel de meu defensor pessoal desde o ano passado. Esta é apenas mais
uma tentativa óbvia de lucrar com os rumores de que sou fácil.
— Você está brincando comigo? — Ele finalmente pergunta.
— Eu pareço e soo como se estivesse brincando com você?
— Deus, não admira que você não queira estar em qualquer lugar perto
de mim e pensa que estou infectado. Eu também pensaria assim se tivesse ou-
vido todos esses rumores sobre você. — Ele me lança um olhar penetrante.
Insinuações de hipocrisia à parte, o menor vestígio de curiosidade mór-
bida desperta meu interesse em qualquer negação possível que ele possa apre-
sentar. — Rumores? Você está dizendo que eles não são verdadeiros?
— Tão verdadeiros quanto aqueles sobre você. Líderes de torcida não
são minha praia. Eu te disse, é como conversar com uma idiota com tesão.
Tenho exatamente duas amigas líderes de torcida, e elas são legais, mas são
apenas minhas amigas.
Ele estremece e se recosta na cadeira, enfiando vários pretzels na boca.
Ele parece pensar em algo quando abruptamente estende a mão para mim. —
Acho que começamos com o pé errado este ano. Seremos parceiros em biolo-
gia pelo resto do trimestre, então vamos começar de novo, já que eu, por en-
gano, a propósito, presumi que éramos amigos. Oi. Eu sou Rob, e na verda-
de... Eu ainda sou virgem... — ele para de falar, suas orelhas e bochechas
avermelhadas.
Eu jogo minha cabeça para trás em uma gargalhada estridente, que soa
muito falsa até para mim. Porque, ei, o zagueiro do time de futebol teve uma
atuação divertida, no mínimo. Sua mão ainda está estendida, esperando que eu
faça algo. Eu delicadamente pego seus dedos cobertos de sal com os meus. —
Você pode me chamar de Eva. Eu obviamente já sei quem você é. Não acre-
dito em uma palavra do que você disse antes na bio, ou do que acabou de di-
zer agora. E não tenho nenhum desejo de compartilhar qualquer informação
pessoal sobre minha vida ou minha sexualidade com você.
— O que vai ser preciso para eu provar a você que não estou nisso para
entrar em suas calças, hein? Eu preciso ficar de cabeça para baixo e bater pal-
mas ou algo assim?
Eu pisco para ele por alguns momentos. Na verdade... não tenho ideia
do que dizer sobre isso.
Eu puxo meus dedos de sua mão e os limpo no meu short, claramente
deixando meu nojo conhecido. — Economize essa coisa de “vamos nos co-
nhecer para a biologia. Podemos prosseguir com a tortura matemática agora?
Ele inspira profundamente e puxa a mão, em seguida, limpa as migalhas
e o sal da camisa. É como se ele tivesse sido criado por porcos sem educação.
— Tudo bem. — Colocando o último conteúdo do saco em sua boca à
espera, ele murmura. — Deixe-me ver seu teste de hoje para saber o que você
está fazendo de errado.
Pego o item solicitado da minha pasta e entrego a ele sem fazer contato
visual.
— Você sabe o que é um derivado? — Ele pergunta depois de engolir o
resto de sua comida.
Faço um gesto para o teste com a mão, mais frustrada comigo mesma do
que com ele. — Aparentemente não, Superjock.
É além de constrangedor que o maldito Rob Falls tenha acertado cem
por cento naquele teste enquanto eu recebi um F. Eu realmente odeio mate-
mática. Eu acho que deveria ser grata que ninguém além dele marcou cem. A
competição entre os cinco por cento melhores de nossa classe é feroz. Este
único teste pode me tirar dos dez primeiros.
Ele suspira, colocando o teste em cima da mesa e puxando seus próprios
livros — Tudo bem. Eu posso trabalhar com isso.
— Bem, louvado seja Deus, — eu digo sarcasticamente. Balanço minha
cadeira para trás sobre as duas pernas é uma tentativa pobre de parar o au-
mento da tensão em meus músculos. Estar em salas privadas tão próximas
com Rob me afeta por mais razões do que eu gostaria de pensar.
Seus olhos deslizam sobre mim enquanto o canto de sua boca se levanta.
Antes que eu possa prever o que está por vir, sua mão grande e calosa se espa-
lha pelo meu joelho nu com pressão suficiente para devolver minha cadeira a
todas as quatro pernas.
A sensação de sua pele na minha envia arrepios correndo pela minha co-
xa.
— Tudo bem, espertinha. Isso é o suficiente para você. Acho que você
está pensando demais nisso. — Ele retira a mão e se afasta de mim, ocupan-
do-se em virar o texto para o primeiro capítulo. Ele se contorce um pouco em
sua cadeira, parecendo completamente afetado pela energia que seu toque
despertou em mim.
Graças a Deus.
Se ele acredita nos rumores ou não, é irrelevante. Não quero que ele te-
nha uma ideia errada. Por que esses garotos irritantes acham que têm o direito
de tocar em quem quiserem? Meu cérebro volta ao modo de funcionamento,
finalmente alcançando as palavras que ele disse. — Espere. Do que você aca-
bou de me chamar?
Ele se vira para olhar para mim com um rosto paciente. — Espertinha.
Combina com você, e como você parece adorar usar apelidos depreciativos
para mim, pensei em retribuir o favor.
Eu zombo dele abertamente. — Por que espertinha combina comigo?
Ele apoia o cotovelo na coxa e se inclina para mais perto. — Bem, você
me trata como se fosse mais inteligente do que eu, e como se eu não fosse
nada além de um atleta idiota. Você parece convenientemente esquecer que
compartilhamos quase todas as aulas de AP e estamos no mesmo caminho
avançado desde a nona série. Não vamos esquecer a parte mais importante da
equação. Você é a que está falhando em cálculo agora, não eu.
Estou bem ciente desses fatos. Eu apenas prefiro ignorá-los, e tenho fei-
to um ótimo trabalho desde a mudança de personalidade dele.
— Eu tenho um nome, você sabe, — ele sussurra conspiratoriamente.
— Eu sei o seu nome, — eu jogo de volta para ele. — Nós estudamos
juntos há mais de três anos. As pessoas tendem a gritar bem alto nos jogos de
futebol.
— Sim, mas você nunca diz meu nome, — ele explica novamente, me
tratando como se estivesse falando com uma criança.
— Eu não preciso dizer o seu nome, — eu argumento porque discutir é
definitivamente um território mais seguro. — Não é como se eu fosse uma
líder de torcida ou algo assim.
E oh, como as líderes de torcida gritam seu nome. As líderes de torcida
que ele definitivamente tem transado desde o ano passado.
Ele volta para o livro calmamente e retruca: — Não, você absolutamente
não é uma líder de torcida. Mas se vamos trabalhar juntos em um futuro pró-
ximo em duas aulas, eu realmente apreciaria se você usasse meu nome.
Isto não vai funcionar. Deve haver uma distância clara entre nós. — Ou-
ça, se você vai ficar todo pervertido aqui comigo e me implorar para gritar seu
nome, vou ter que encurtar esta sessão. Eu disse a você várias vezes. Não sou
uma pessoa fácil, como dizem os rumores.
Ele inclina a cabeça para cima e seus ombros tremem com uma risada si-
lenciosa, terminando em um suspiro. — Oh, eu trouxe isso para mim mesmo.
Eu nem ouvi.
Ele balança a cabeça como se quisesse clarear seus pensamentos e esten-
de a mão para pegar meu caderno, abrindo-o e desenhando em uma página
em branco. — Venha aqui. Isso é fácil, você verá. Nós a colocaremos de volta
em seu habitual 'A' bem rápido.
Merda, merda, merda. Bom Rob não vai ajudar a firmar minha decisão.
O novo e não aprimorado egoísta e detestável Superjock Rob é o único ho-
mem para esse trabalho.
Contra meu melhor julgamento, eu puxo minha cadeira um pouco mais
perto para olhar por cima do braço para o meu caderno. Espero que o cheiro
de suor e odor corporal dominem meus sentidos, mas, meu nariz sensível é
recebido com uma sugestão de um cheiro limpo e masculino. Graças a Deus
ele pelo menos se incomodou com desodorante.
— Portanto, um derivado nada mais é do que a tangente da função em
um único ponto. Tudo bem? — Ele olha por cima do ombro para mim.
Esqueça o plano de tirar algo desse acordo. Eu não posso fazer isso. Eu
não entendo nada.
Ele inclina a cabeça para o lado e suspira. — Deixe-me colocar de outra
forma... você sabe como em uma grande colina, você verá uma placa de decli-
ve íngreme para caminhões, e ela dirá a porcentagem da inclinação, certo?
— Sim, eu já vi isso.
— Bom. Essa porcentagem é uma medida de quão íngreme é a colina.
Zero sendo plano e cem por cento sendo vertical. Podemos encontrar essa
inclinação medindo entre dois pontos e criando um triângulo retângulo. Você
está me seguindo?
Sim, na verdade. Eu estou. Minha mente subitamente embarca com esta
lição. Os exemplos da vida real são muito mais tangíveis para mim do que a
memorização mecânica. Se o Sr. Smith ensinasse dessa forma, falhar não seria
um problema.
— No cálculo, queremos encontrar a tangente, ou inclinação, de um úni-
co ponto. Nós usamos dois pontos e criamos o triângulo. E é aí que entra o
derivado. — Ele ilustra seus pontos em meu caderno com uma caneta en-
quanto fala.
Sua letra é limpa e concisa, muito mais fácil de ler do que a maioria dos
caras. Ele continua explicando o básico do primeiro capítulo para mim. Eu
teria levado horas e horas para descobrir tudo isso sozinha.
Quando ele termina, minha irritação com a instrução medíocre na sala de
aula transborda. — Bem, por que ele simplesmente não explicou dessa forma
em primeiro lugar?
Rob ri. — Porque ele está fazendo isso há quase cinquenta anos e sim-
plesmente não dá a mínima para isso. — Ele se vira para olhar para mim, pu-
lando quando me encontra quase contra ele. — De onde você veio?
Este ato dele precisa parar. Como se ele não tivesse notado e gostado do
fato de que eu estava caindo direto em sua pequena armadilha. — Eu estive
aqui o tempo todo ouvindo você como uma boa aluna.
— Oh... uh, ok. — Ele balança a cabeça sutilmente e puxa sua própria
cadeira para colocar uma distância mais adequada entre nós. — Isso faz mais
sentido para você agora?
Eu suspiro e cruzo os braços sobre a mesa, colocando minha cabeça em
cima.
— Sim, — eu gemo. Deus, realmente importa.
— Bem, por que isso é uma coisa ruim? — O som dele tamborilando
com os dedos contra a mesa em uma batida rápida chega aos meus ouvidos.
Na verdade, ele tem um senso de ritmo muito forte. Talvez seja toda aquela
cantoria no chuveiro.
— Porque agora eu sei que realmente preciso da sua ajuda com cálculo, e
você é um bom professor. — Eu lamento em meus braços. Oh, isso tem o
potencial de acabar tão mal.
— Bem, então mesma bat hora, mesmo bat canal amanhã?
Oh infernos, não. Eu definitivamente não preciso do velho geeky Rob.
Eu ainda preciso do idiota do Rob para fazer isso. Mais ou menos. Pode ser?
Eu rapidamente me levanto e jogo minhas coisas na minha mochila sem
olhar em sua direção. — Sim, tudo bem.
— Nossa, não fique tão feliz com isso, — ele diz sarcasticamente, colo-
cando seus livros em sua própria bolsa.
— Eu não estou.
Ele revira os olhos e se levanta para sair comigo. — Por que você me
odeia tanto, Eva? Eu nunca fui nada além de legal com você.
Estou despreparada e, portanto, chocada com sua pergunta, então res-
pondo com o primeiro pensamento que surge em meu cérebro confuso. —
Você é um atleta desajeitado, Falls. O que não há para odiar?
Ele me estuda atentamente enquanto se eleva sobre mim.
Seu olhar me faz sentir como se eu fosse seu próprio experimento mi-
croscópico pessoal, e ele está tentando encontrar o único espécime viável que
vem crescendo há semanas em meio a lixo no ágar.
— O que diabos aconteceu com você, Evie? Onde você foi? Porque is-
so... — ele gesticula para mim com sua mão grande, — Esta não é você.
A verdade em suas palavras, e o fato de que ele é a única pessoa que me
questionou em quase um ano, deixa meu rosto vermelho de calor. — Oh, olha
quem fala. Nada em você é igual também. Você não parece o mesmo; você
não age da mesma forma. Inferno, você nem mesmo fala como antes. O Rob
Falls que eu conhecia era um menino tímido, inteligente e desengonçado.
Agora você é como todos os outros jogadores de futebol americano burros,
com groupies tropeçando em seus músculos movidos a esteróides.
— Sabe, podemos não ter sido amigos como eu pensava, mas você nun-
ca foi má. Nunca cruel. Nem uma vez.
— As pessoas mudam, Superjock. Você é prova disso tanto quanto eu.
Acho que as razões de eu ser diferente são bastante óbvias. Qual é a sua des-
culpa?
Por um breve momento, um olhar que beira a culpa passa por seus
olhos. — Eu tenho meus motivos, Evie.
— Então é assim que vai ser, hein? Eu deveria ser um livro aberto, mas
você guarda todos os seus segredos para si mesmo? Manter todos na dúvida?
Isso é parte do seu novo você? Porque misterioso realmente não se encaixa no
molde de um quarterback super garanhão.
Sem nenhuma pista de quando isso aconteceu, estamos frente a frente.
Ele se eleva sobre mim enquanto meu pescoço se curva para encontrar seus
olhos de frente. Um calor nauseante sobe pelo meu pescoço com sua proxi-
midade enquanto minha pele estala sob seu olhar elétrico. A falta de raiva em
sua expressão, juntamente com o estado aparentemente relaxado de seu gran-
de corpo, não é suficientes para me deixar à vontade.
Ele quebra nosso concurso de encarar primeiro. — Oh, agora você quer
que eu fale com você? Seja aberto com você? Você quer saber todos os meus
segredos, Evie? Posso ser capaz de receber golpes de caras três vezes seu ta-
manho em campo, mas me recuso a ser seu capacho quando tudo que estou
tentando fazer é ajudá-la. Então, o que vai ser? O que você quer de mim?
— Eu não quero nada de você, Superjock. Nunca quis e nunca vou que-
rer. Mas acho que estamos presos juntos de uma forma ou de outra neste tri-
mestre, então vamos concordar em passar por isso com o mínimo de derra-
mamento de sangue possível. — A pequena sugestão de culpa que bica em
meu cérebro queima facilmente com a raiva. — E pare de me chamar de Evie.
Ele estreita os olhos para mim, puxando os lábios como se estivesse pen-
sando em algo. Isso parece improvável, a menos que seja para qual número de
telefone ele está planejando ligar para uma rapidinha assim que deixarmos esta
câmara de tortura. Toda essa luta provavelmente o deixou com tesão.
Maldito Sr. Smith. E maldita Sra. Anderson também. Maldito seja tudo
até agora este ano.
— Posso concordar com esses termos. — Ele mexe a mandíbula furio-
samente enquanto me encara. — Eu tenho que descer para o vestiário e pegar
o resto das minhas coisas. Vejo você amanhã de manhã, Eva, — enfatiza ele,
finalmente percebendo que não quero que ele me chame pelo apelido.
— Vejo você amanhã, Rob, — eu replico por cima do ombro com um
tom frio. Eu não posso fugir dele logo. Talvez uma longa corrida no calor
ajude a clarear minha cabeça. A trilha arborizada atrás da escola é a única zona
livre de julgamento que tenho para escapar e ter paz.
Ele caminha pela biblioteca ao meu lado e chama a atenção de vários ou-
tros alunos que estão sentados nas carteiras. Certamente toda a escola estará
falando sobre isso amanhã, se eles ainda não estiverem apostando em nossa
parceria de bio. Posso dar um beijo na minha esperança de não ser adicionada
à sua lista de conquistas, adeus, mesmo que seja apenas em boatos.
Acho que já deveria estar acostumada com esse tipo de coisa, mas real-
mente não suporto Rob Falls. Especialmente depois de sua boca hoje. Mesmo
que ele seja o melhor professor de matemática que já tive. E principalmente
porque sempre que o velho Rob aparece, fica mais difícil odiá-lo. E eu preciso
odiá-lo. Preciso lembrar meu plano de jogo.
Este primeiro trimestre não pode ficar mais longo.
Capítulo 5
Rob
Eu te conheço?

O suor escorre de mim, meus pulmões queimam e meu coração está


prestes a sair do meu peito. Tem muito pouco a ver com a milha que acabei
de correr no calor. Olhando da calçada para a residência Papageorgiou, não
consigo me lembrar que caminho fiz para chegar aqui.
É assustador saber onde ela mora? Provavelmente é assustador. Eu sou
uma trepadeira assustadora.
Claro, nossos bairros fazem fronteira uns com os outros. E sim, passei
por esta casa quase todos os dias desde que me mudei para Ironville quando
era criança. Mas eu nunca soube até o segundo ano o quão próxima ela sem-
pre esteve.
É de explodir a mente quando penso em nossas vidas que nunca se cru-
zaram antes do primeiro dia do primeiro ano. Como é possível que eu tenha
crescido praticamente a poucos passos de distância da garota que é dona do
meu coração, mas nunca coloquei os olhos nela? Nunca ouvi sua voz doce
rindo em seu quintal cercado? Nunca joguei kickball ou beisebol junto com
todas as outras crianças?
A única coisa que faz sentido é que eu moro em um dos bairros nobres
da cidade, enquanto ela mora no bairro antigo. Eu brincava com as crianças
do lado rico da Main Street, mas ela brincava com as crianças do lado dela.
Nossos caminhos nunca se cruzaram porque aprendemos desde cedo
que o semelhante deve permanecer com o semelhante.
A sociedade está tão fodida.
A casa cinza de estilo vitoriano fica bem longe da estrada principal que
atravessa a cidade. Uma longa e sinuosa entrada de automóveis desaparece em
torno do lado esquerdo da estrutura. Essa coisa deve dar um trabalhão para
limpar com a pá quando neva. O gramado é verde, mas meio que precisa de
um cortador. O paisagismo não é novo e obviamente não foi feito por profis-
sionais. Essas flores foram plantadas à mão. Há algo na paisagem que é imper-
feito o suficiente para parecer caseiro. Amavél. Habitável. Não como as
McMansions muito estéreis e pré-fabricadas em minha subdivisão. Meus olhos
bebem desta casa pela qual eu dirigi um milhão de vezes com uma nova pers-
pectiva.
Ok, estou protelando.
Tentar engolir um pouco de umidade de volta na minha boca seca e re-
cuperar o controle do meu corpo antes de pular para a varanda parece uma
ideia inteligente. É hora de ir, mas, meus pés permanecem plantados firme-
mente na calçada, não importa o quanto eu me esforce para me mover.
Vamos, Falls. Primeiro para o gol, e o jogo começou. Você consegue fazer isso. Você
só tem poder através da dor.
Ensaio mentalmente as falas que criei quando elaborei este plano pela
primeira vez. Caminhando até a porta da frente para tocar a campainha, eu
embaralho seu caderno de uma mão para a outra. Está começando a dobrar
com o meu aperto mortal sobre ele.
Eu sou um idiota por explodir com ela na aula de biologia antes. Inter-
pretar o tutor de matemática mais incrivelmente paciente possível parecia uma
boa maneira de compensá-la. Ela está entendendo o cálculo agora, sim. Ela
também ainda me odeia. Inferno, ela nem está feliz por entender a matéria.
Era tão óbvio que ela preferia estar naquela sala de estudos com qualquer pes-
soa menos eu.
Um homem mais inteligente desistiria e sairia enquanto as coisas estão
boas. Acho que é uma sorte eu ser um atleta persistente. Se há uma coisa que
sei fazer, é mover as correntes contra uma oposição dura. Parece quase como
se ela estivesse lutando algum tipo de guerra interna por minha causa. Não
tenho ideia do que fazer com isso. A única coisa que sei com certeza é que se
ela me der a menor abertura, então vou correr quantos metros for preciso pa-
ra alcançar meu objetivo.
Eu inspiro profundamente, tentando encontrar a coragem que tem me
faltado todos esses anos. A campainha toca na casa quando aperto o botão
com a mão trêmula.
— Eu atendo! — A irmã mais nova de Evie, Christina, grita de algum
lugar dentro da casa.
— Você está esperando alguém? — Outra voz feminina pergunta. O
som traz outro nível de ansiedade. Essa seria a mãe de Evie.
Se o avô de aparência severa de Evie estiver em casa, realmente vou per-
der a coragem. Não tenho muita para começar. Quanto mais testemunhas
presentes para me julgar, pior será.
Sim, eu conheço todos em sua família de vista e de ouvir. Nível de stal-
ker épico desbloqueado.
— Oh meu Deus! — Christina diz animadamente.
— O que? Quem está aí?
— Rob Falls. — Christina responde, com claro espanto em sua voz.
Não queria ser abordado pela irmã mais nova de Evie. Porcaria. Eu re-
almente não pensei nesse plano o suficiente para incluir Christina na equação.
— Ele está na classe de Evie, o que o torna um veterano. Você é uma es-
tudante do segundo ano. Eu sei o que você está pensando, e a resposta é não.
Ele provavelmente está aqui para falar com sua irmã, — sua mãe termina.
Elas não percebem que eu posso ouvir cada palavra que elas estão dizen-
do através da porta?
Christina ri. — Como se ele estivesse aqui para falar com a chata da Evie
velhota.
A porta se abre quando toco a campainha pela segunda vez. Agora estou
chateado. Por que eu estaria aqui para falar com outra pessoa além de Evie?
Essas malditas garotas são todas iguais com suas suposições.
— Ei, Rob, — Christina cumprimenta sedutoramente, sua linguagem
corporal tentando combinar com seu tom de voz.
Eu conheço Christina porque ela está no grêmio estudantil comigo. A
única semelhança entre as garotas Papageorgiou é sua aparência, as cores. Ca-
belo escuro, olhos azuis, pele bronzeada. É aí que tudo termina. O cabelo de
Evie é uma massa de cachos grossos que quero passar meus dedos e puxar. O
de Christina é enfadonho e reto, como todas as outras garotas da escola. Evie
é sempre linda sem esforço. Christina se esforça demais. Evie tem os olhos
mais expressivos que já vi. Christina sempre parece brilhar com segundas in-
tenções. Suas personalidades também são opostos polares. Evie é reservada, a
melhor de nossa classe e envolvida em muitas atividades. Christina, por outro
lado, é barulhenta, extrovertida e turbulenta. Ela está envolvida no grêmio es-
tudantil por causa do aspecto da popularidade dele e obtém apenas notas mé-
dias. Ela parece ter um novo namorado toda semana. Pelo que eu sei, Evie só
saiu com um cara. E isso não foi tão bem.
— Ei, Christina, — tento soar o mais casual possível para que ela não
tenha uma ideia errada. — A Evie está em casa?
Christina franze a testa para mim e abandona seu posto na porta dando
lugar a sua mãe. A Sra. Papageorgiou me olha de cima a baixo como se ela
estivesse me julgando, e eu estou perdendo.
— Ela não está em casa ainda. A banda deve estar praticando até tarde.
Eu posso te ajudar com alguma coisa?
— Oh, hum, claro, Sra. Papageorgiou. Na verdade, é minha culpa que ela
está tão atrasada. — Ela me olha com uma expressão preocupada, então acho
melhor dar uma explicação. — Eu estou, hum, dando aulas de cálculo para ela
depois do treino, e... — eu levanto o caderno em que todo o plano se baseia.
— Nós confundimos nossos cadernos, então eu estava devolvendo o dela e
esperava ter o meu de volta para fazer o dever de casa esta noite.
— Por que Evie precisa que você dê aulas de cálculo para ela?
Merda. Eu e minha boca grande. É claro que ela não teria contado à mãe
que está tendo problemas. — Ela apenas hum, me pediu uma ajuda extra. Na-
da demais.
— Você é mais do que bem-vindo para entrar e se refrescar enquanto
espera por ela. — Ela abre mais a porta para mim. — Você correu até aqui?
— Oh, — eu não posso parar a risada idiota que sai da minha boca estú-
pida. — Não, não especificamente. Tenho que fazer uma certa quantidade de
condicionamento todos os dias para o futebol. Eu só pensei em deixar isso e
pegar meu próprio caderno, já que eu ia sair de qualquer maneira.
Eu realmente preciso quebrar esse súbito mau hábito de falar muito
quando estou nervoso. Mais ou menos como explodir com a Evie hoje. Tal-
vez eu devesse voltar a ficar quieto, afinal.
— Oh. Entre e espere por ela então, — ela chama por cima do ombro.
Entrar na casa de Evie sob esse pretexto é uma merda. Eu teria ficado
muito animado de estar aqui em qualquer outra circunstância. Agora que
Christina está me olhando como um pedaço de carne, a Sra. Papageorgiou
parece desconfiar de mim e Evie me odeia. Estou muito além da minha capa-
cidade social, mas é tarde demais para recuar. Sem saber o quão bem-vinda
minha presença pode ser na sala de estar, fecho a porta atrás de mim e olho ao
redor no foyer.
Nas paredes da entrada estão vários quadros que retratam a Virgem com
o Menino Jesus e alguns Santos que não conheço. Crescendo como católico,
nunca vi nada parecido com eles. Há letras nas fotos que reconheço como
sendo gregas, mas só sei o que os símbolos significam em ciências e matemá-
tica. Não consigo lê-los para descobrir quais são eles.
— Eles são ícones, — ri Christina. — Você nunca viu um antes?
— Uh, não... na verdade, — eu não tinha percebido que estava olhando
para eles tão atentamente. — Eles são lindos.
Christina dá de ombros, provavelmente sem valorizar o que está acostu-
mada a ver. — Você pode realmente entrar e sentar-se, sabe. Quer um copo
com água? Você parece superaquecido. — Ela está claramente tentando flertar
comigo, levando minha sensação de náusea à um nível totalmente novo.
— Não precisa, de verdade; eu não quero impor... — eu a chamo en-
quanto ela se afasta. Eu não posso acreditar que ela fica bem balançando os
quadris assim. É ridículo. Reviro os olhos para seu comportamento típico de
garota, mas faço o meu caminho mais para dentro da casa por pura curiosida-
de para ver um pouco mais do mundo de Evie.
Eu paro na porta em arco para me inclinar contra a moldura e olho ao
redor, ainda segurando o caderno na minha mão. Existem mais ícones, como
Christina os chamou. Fotos antigas em preto e branco de várias formas e ta-
manhos que parecem ser de outro país pontilham as paredes. Provavelmente
tiradas na Grécia, já que são gregos. Duh.
O retrato do último ano de Evie está pendurado sobre o manto da lareira
na parede à minha esquerda. Droga, ela é linda. Ela ofusca todas as outras ga-
rotas do planeta.
Estou finalmente me acalmando quando uma porta bate nos fundos da
casa.
— Você não vai acreditar no que aconteceu comigo hoje! — A voz zan-
gada de Evie chega aos meus ouvidos.
Meu coração dá um sapateado dentro do meu peito. Ela está seriamente
irritada.
A voz de uma mulher idosa critica alto. — Eva! Cuidado com a língua!
Deve ser sua avó, porque ela tem um sotaque forte.
— Syngnomi YiaYia, milousa me ti Christina2. — Evie responde em um gre-
go aparentemente perfeito.
Seu fator de gostosura aumentou astronomicamente. Eu gostaria de sa-
ber como falar a língua dela. Esta nova informação definitivamente vai jogar
em minhas fantasias sobre ela mais tarde esta noite.
— O que aconteceu com você? — Christina pergunta, atrapalhando
meus pensamentos sujos.
Ouve-se um grande estrondo, como se algo se espatifasse contra uma
superfície. Evie continua a gritar. — Eu fui reprovada em um teste de cálculo
hoje, e meu professor idiota designou Rob porra Falls, para me ensinar!
— Eva... — uma nova voz idosa, pertencente à um homem, rosna em
advertência.
O avô dela está definitivamente em casa, e meus nervos dão outro tiro.
— Eu não vejo como isso é um problema, — Christina ri. — Você não
acha que ele é gostoso?
Merda. Sua irmã mais nova a está provocando. Não tenho certeza se
quero ouvir o que Evie tem a dizer.
— Claro que ele é gostoso! Você viu o corpo dele? Ele é construído co-
mo um deus maldito! — Evie grita.
Sagrada. Mãe. De. Deus.
Meu coração parou. Sim. Tenho quase certeza de que estou morto. Ou
sonhando.
Evie Papageorgiou acha que sou gostoso.
Mais sons e palavras flutuam da porta, mas estou muito atordoado para
decifrá-los. Vou aumentar meus pesos amanhã de manhã; o treinamento de
força para o futebol não leva a Evie pensar que sou gostoso. Geralmente me
sinto um gigante burro. Mas hey, se é isso que ela gosta, pretendo agradar. E
agradá-la tornará o trabalho árduo através das exaustivas horas de condicio-
namento muito mais doce.

2
Desculpe Yia Yia, estou falamdo com a Christina.
Mais sons de batidas vêm da outra sala, me trazendo de volta à realidade
como um chute no saco. Isso é exatamente o que eu preciso para neutralizar a
ereção que definitivamente estou ostentando agora. Isso é muito mais diverti-
do do que descobrir que ela me odeia. Ela ainda me odeia? Não sei. Talvez
seja tudo parte de seu novo ato. Eu nunca a imaginei como o tipo de garota
que jogaria duro de mentira. Mas eu também nunca pensei que ela namoraria
alguém como Eddie Hinton.
— Ele me tocou, Tini, e eu juro por Deus... — Evie para.
Essa foi uma ideia estúpida, mas eu só tinha que descobrir se a pele dela
realmente era tão macia quanto parece quando estamos lado a lado na aula, o
bom senso que se dane. É verdade.
— Você deu um soco nele? — Tini questiona através de gargalhadas.
— Surpreendentemente, não. Acho que aquele cara pode ter vendido sua
alma para Satanás. — O tom de voz de Evie é muito sério.
Tudo o que posso fazer é não rir. O que diabos a faz pensar isso? Minha
vida não é grande o suficiente para justificar a perda de minha alma.
— Uh, certo. Aleatório. — Claramente, Christina está tão confusa quan-
to eu.
— Ele tem mãos mágicas, Tini. — Evie sussurra isso, sem saber que
posso ouvir cada palavra.
E... dor. A ereção furiosa que quase me delatou esta tarde quando colo-
quei minha mão em seu joelho já era ruim o suficiente. Agora é uma verdadei-
ra luta para me controlar antes que eu derrame no chão da sua sala de estar.
Ela definitivamente nunca vai concordar em namorar um cara morto perverti-
do. Não há tempo para tesão hoje. Eu tenho que manter minha mente afiada
com todas as novas jogadas que ela está deixando para mim.
Ai meu Deus, não consigo nem acreditar neste dia.
— Ok, então definitivamente não vejo seu problema. — Christina co-
meça, rindo a sério com a admissão de Evie.
O suspiro de Evie é tão alto que sinto até os ossos.
— Rob ser lindo demais para ser real não é o ponto, Tini! É o fato de
que ele é um idiota completo, mulherengo e detestável atleta que foi forçosa-
mente designado para ser meu tutor! Não é ruim o suficiente eu estar falhando
no cálculo, mas ele também é meu parceiro de bio AP. — Evie interrompe
seu discurso para respirar. — O que eu entendo porque todos os atletas fazem
aquela aula apenas para o estranho experimento social da Sra. Anderson. Mas
a ideia daquele alto e poderoso quarterback dando aulas particulares para mim
é mais do que eu posso suportar! Você sabe, eu aposto que ninguém nunca
disse a esse homem “não” em toda a sua vida. Nem no campo, nem na aula,
nem no banco de trás de seu luxuoso carro esporte, nem em lugar nenhum. E
agora, eu não tenho escolha a não ser aceitar sua ajuda senão eu não vou ficar
entre os primeiros da classe. Ele honestamente torna o material muito mais
fácil de entender! A pior parte é que vou ficar presa com ele na aula de biolo-
gia pelas próximas oito semanas! Seu ego é tão grande que é insuportável, e
agora estou contribuindo para isso porque eu realmente preciso dele! — Ela
apressa as palavras em um acesso de raiva.
E... voltamos a ela me odiar. Malditos rumores na escola. Malditas garo-
tas grudentas que não são Evie. Maldito Eddie Hinton. Droga, droga, droga.
Christina começa a rir descontroladamente da verborragia da irmã, sa-
bendo muito bem que posso ouvir tudo o que ela está dizendo. — Bem, ele
não deve ser tão estúpido quanto você pensa se ele está em suas aulas de cál-
culo e biologia para começar. Se eu fosse você, seriamente repensaria isso. Eu
ouvi rumores de que seu ego não é a única coisa enorme que ele tem. Supos-
tamente, ele é o maior do vestiário.
E um maldito boato também. Mesmo que seja verdade, não acho que se-
ja necessariamente algo para se gabar. Na maioria das vezes, eu me sinto uma
aberração. Tenho certeza de que não é algo tão atraente para Evie quanto para
todas as outras garotas que constantemente me examinam. Cristo, Evie é tão
pequena. Sinceramente, me perguntei nos últimos anos que, se algum dia fi-
cássemos juntos, eu poderia realmente machucá-la ou... não caber.
— Ugh, Deus, — zomba Evie. — Eu juro que a única coisa que você
pensa é em sexo. A aparência não significa absolutamente nada quando ela
está apegada em um idiota violento.
Antes que eu possa formar um único pensamento sobre esse comentário,
Evie corre para a sala de estar. Ela para na porta quando me vê.
Ela é tão linda que dói, mesmo com seu corpo magro congelado em es-
tado de choque. Seu longo cabelo castanho escuro está puxado para trás em
um rabo de cavalo bagunçado, pedaços ondulando ao redor de seu rosto. Ela
mudou desde a nossa sessão de tutoria, trocando sua usual camiseta de banda
de rock e shorts jeans por shorts justos de corrida e uma camisa branca en-
charcada de suor que se agarra a ela em todos os lugares certos. Estou me
afogando em seus olhos azul oceano, mesmo do outro lado da sala.
Meu estômago se revira e a vontade de vomitar retorna com força total.
Eu inclino um ombro casualmente contra à entrada arqueada e dobro uma
perna na altura do joelho, cruzando-a sobre o meu tornozelo oposto. Eu segu-
ro o caderno dela estrategicamente na frente do meu pau latejante e tento, tão,
tão difícil não parecer um idiota. Encará-la não está me ajudando, então pren-
der a respiração é a única opção.
Toda a cor sumiu de seu rosto bronzeado. Eu atiro para ela um sorriso
gentil e inclino minha cabeça para o lado. O objetivo é parecer amigável e
nem um pouco excitado.
— Não se contenha; diga-me como você realmente se sente, — eu digo
a ela suavemente, tentando não rir. Ainda não tenho certeza se ela me odeia
ou me quer. A maior parte do meu cérebro voou para o sul. Habilidades de
raciocínio são praticamente inexistentes agora.
Christina faz uma pausa ao lado de sua irmã para dar um sorriso malicio-
so e conhecedor.
Evie olha para ela com os olhos arregalados e pálidos.
— Você sabia, — ela sussurra em um tom que transmite traição profun-
da, franzindo a sobrancelha para a risonha irmã mais nova.
— Claro que eu sabia, ele está esperando por você aqui desde antes de
você chegar em casa. — Christina avança sobre mim para entregar a bebida
prometida.
Tento respirar normalmente antes de desmaiar.
Christina me entrega uma garrafa de água e fica ao meu lado, virando o
rosto para sua irmã mais velha. Ela cruza os braços e se encosta do outro lado
do batente da porta, sorrindo cruelmente.
Eu não tinha ideia de que ela era tão má.
— Você ouviu tudo, — sussurra Evie, não como uma pergunta, mas
como uma declaração. Ela ainda está congelada na porta da cozinha.
Meu cérebro entra em operação total induzida por Evie, desligando to-
dos os censores usuais.
— Bem, minha alta e poderosa mente de quarterback praticamente pa-
rou de funcionar quando descobri que você acha que sou... construído como
um deus maldito, — imito suas palavras anteriores com ênfase adicional. —
Então, qualquer coisa que você disse depois desse ponto foi praticamente
perdida para mim.
Christina se vira para olhar para mim. — Na verdade, ela o chamou de
quarterback alto e poderoso depois de dizer que você tinha a constituição de
um deus maldito. Então você obviamente ouviu a parte sobre ela pensar que
você é totalmente lindo demais para ser real, e que você é um idiota total com
um ego enorme e insuportável. — Christina pisca para mim antes de continu-
ar. — Mas talvez você tenha perdido a melhor parte sobre...
Eu dou a ela um olhar penetrante para calá-la antes que ela estrague isso
para mim. Meu foco precisa estar em Evie, não no joguinho de Christina.
— Oh meu Deus, — Evie respira, segurando a moldura da porta com
uma mão para se apoiar. Ela envolve um braço em volta do estômago como
se fosse vomitar no carpete.
Talvez nunca mais mencione esse incidente. Não vale a pena deixá-la fi-
sicamente doente. Se eu fosse mais homem e menos covarde, caminharia até
ela e a beijaria até que ela soubesse, sem dúvida, o quanto eu a quero. Mas não
sou muito homem e realmente não sei se ela gosta de mim ou me odeia.
Christina desliza na minha frente e diz alto o suficiente para Evie ouvir.
— Você pode me ensinar qualquer coisa, quando quiser, Rob. Eu não me im-
porto com seu enorme... ego.
Ela me avalia avidamente antes de continuar em um tom significativo. —
E eu nem vou te xingar, a menos que você goste desse tipo de coisa.
Eu já tive o suficiente de sua merda hoje. — Isso foi realmente cruel,
Christina.
Eu olho de volta para o rosto ainda congelado de Evie, fazendo contato
visual direto com ela. — Sua irmã incrível já me odeia do jeito que eu sou. Eu
não gostaria de fazer nada para piorar isso.
Meu coração dispara com essa pequena confissão, mas sinto que devo a
ela algo dado gratuitamente em troca do que ouvi.
Christina se esgueira para o sofá no meio da sala, jogando-se no sofá e
fazendo beicinho. — Tudo de bom sempre acontece com Evie.
— O que você está fazendo suando na minha sala? — Evie pergunta,
sua voz uma máscara silenciosa de emoção.
— Eu estava correndo. Você tem meu caderno de cálculo, e eu meio que
preciso disso para poder fazer o dever de casa esta noite, especialmente se vou
ser seu tutor. — Eu respondo o mais suavemente que posso. Certamente não
quero irritá-la mais. — E eu tenho o seu, e você realmente precisa estudar tu-
do que vimos antes.
Eu ofereço a ela um encolher de ombros casual para tentar deixá-la à
vontade enquanto bebo mais água. Minha boca parece a porra do Sahara de
repente. — Você pode me ligar se precisar de ajuda com o dever de casa tam-
bém.
Você pode me ligar a qualquer hora para qualquer coisa.
Evie gira nos calcanhares e volta para a cozinha. Lembrando-me dos
rumores sobre os quais ela me contou antes, volto-me para Christina para
confirmação.
— Ei, Christina, o que você sabe sobre os rumores que correm pela es-
cola de que eu sou um grande prostituto?
Ela encolhe os ombros e me olha como se tivesse crescido uma segunda
cabeça — Eu não sabia que eram boatos. Eu só imaginei que você é você,
então provavelmente eram verdadeiros.
— O que isso deveria significar?
— Você é lindo; o cara mais gostoso da escola, de fato. Você é o quar-
terback do time de futebol, presidente do grêmio estudantil. Todo mundo
quer um pedaço de você. Eu apenas imaginei que você aceita o que eles ofere-
cem. Não é?
— Não. — É a primeira vez que admito em voz alta para alguém que
não seja Mike ou Alex, e a única palavra deixa um gosto estranho na minha
boca. Não é que eu não saiba que as pessoas falam sobre mim, eu simples-
mente nunca prestei atenção no que estava sendo dito. Ou quanto estava sen-
do dito.
Com Evie, os rumores a destruíram. Ela mudou. Ela nunca disse uma
palavra ou levantou um dedo para detê-los. O porquê disso sempre foi um
mistério para mim. Eu não paro os rumores sobre mim porque tenho uma
imagem a defender.
Meu plano de mentir por omissão para salvar a minha cara está voltando
para me morder na bunda.
Não tenho coragem de dissipar todas as suposições sobre minha vida se-
xual no vestiário. Até que os caras acreditassem que eu estava transando com
garotas a torto e a direito, eles me viam como menos. A seus olhos, o único
marcador para a masculinidade é comer alguém. Ser exclusivo com a mão sig-
nifica que você ainda é um menino... ou gay. A tortura inevitável que seria mi-
nha vida se a verdade fosse revelada me faz estremecer. A menos que todos
estejam mentindo, sou o único veterano do time de futebol que ainda é vir-
gem. Essa falta de conhecimento carnal mata a credibilidade nas ruas como
quarterback e capitão. Caras não vão deixar que um grande mestre da mastur-
bação os lidere. Eu não posso vencer, não importa o que eu faça.
Alguém tem que ceder.
Evie retorna da cozinha, me puxando para o presente. Ela honestamente
parece que cada passo em minha direção causa dor física, o que definitivamen-
te me causa dor física. Ela estende meu caderno para mim em silêncio e se
recusa a encontrar meus olhos, olhando para seu próprio caderno em vez dis-
so.
Troco o meu caderno com o dela, fazendo malabarismos com a garrafa
de água e tentando não fazer ou dizer mais nada para estragar tudo. Meus pla-
nos para esta tarde falharam espetacularmente.
Evie faz uma carinha fofa e enojada ao pegar seu caderno com cuidado
entre dois dedos. — Meu caderno vai cheirar tão mal quanto você agora?
Eu rio, aliviado por ela parecer estar se recuperando. — Isso é engraça-
do, porque você parece que saiu para correr também, e... — eu me curvo e me
inclino para mais perto dela, jogando os dados nesta próxima aposta. Eu fe-
cho meus olhos e respiro o cheiro dela. Isso imediatamente me dá água na
boca. — Você ainda cheira bem.
Minha britadeira de coração bate dentro do meu peito tão rápido que ela
deve ser capaz de ouvir. Não acredito que acabei de fazer isso.
— Vou pular aula de biologia e abandonar a aula de reforço amanhã, —
ela diz baixinho, finalmente olhando para o meu rosto, que só está separado
do dela por um segundo.
Eu poderia beijá-la agora.
Não, não posso.
— Não, você não vai, — eu digo a ela suavemente, mas, com firmeza.
— Porque você é muito inteligente para não tirar um A em todas as aulas.
Eu me endireito de volta. — Eu fiz para você alguns cartões de memó-
ria. Eles estão em seu caderno. Você precisará começar a memorizar as regras
de derivação para funções.
Melhor suplicar com sua necessidade de boas notas do que suas visões
moderadas de mim.
— Obrigado pela água, — eu digo baixinho, inclinando minha cabeça
para baixo em sua direção para um último suspiro antes de me virar para ir.
— Ei! Eu trouxe a água para você, — Christina reclama de seu lugar no
sofá.
Eu me viro e aponto meu caderno para Christina do meu lugar na porta.
— Você está na minha lista de merda depois do que fez hoje, pequena Srta.
Este incidente pode realmente prejudicar minhas chances. Mais do que
boatos. Mais do que a luta em biologia. Mais do que o que Eddie fez para fo-
dê-la tanto. Evie não é nada senão orgulhosa.
— Eu te odeio. — Evie ferve silenciosamente atrás de mim.
Meu peito aperta dolorosamente. Ela vai ser a peça mais complicada da
minha vida, mas a que mais vale a pena se eu conseguir.
Abro a porta para ir embora, não querendo despertar ainda mais sua rai-
va.
— Você não conhece meu verdadeiro eu bem o suficiente para me odiar,
Evie. Mas eu prometo mudar isso, e não por causa da bio. — Saio pela porta e
paro na varanda para recuperar o fôlego antes de ir para casa.
Uma perda de trinta metros na primeira descida. É hora de criar uma jo-
gada maior e melhor na segunda posição.
— Oh meu Deus, ele quer você! — Christina grita, sua voz saindo pela
porta fechada. Eu sorrio e desço as escadas correndo. Essa é a primeira coisa
decente que a irmã de Evie disse a ela nos últimos vinte minutos. E ela não
está errada.
Capítulo 6
Rob
Brilho de Prata

Evie já está sentada quando cheguei à aula de biologia. Ela olha pela ja-
nela com os braços cruzados sobre o corpo, tentando o seu melhor para me
ignorar. Ela evitou contato visual comigo em nossas aulas da manhã. Ela até
se mudou para o outro lado do corredor quando por acaso estávamos andan-
do perto um do outro. Eu realmente não posso dizer que a culpo. Se ela al-
guma vez ouviu algumas das coisas que eu disse sobre ela para Mike ou Alex,
bem... provavelmente resultaria menos constrangimento e mais em ela me cas-
trar.
Lá se foram os shorts com as pernas a mostra e a camisa de mangas cur-
tas de ontem. Ainda está quente como a bunda de Satanás, mas a roupa de
Evie é mais apropriada para o início do inverno. Ela está vestindo jeans largos
e um suéter preto que engole todo o seu corpo. Suas lentes de contato foram
trocadas pelos seus óculos grandes e modernos. Sem maquiagem, não que ela
precise. Seu cabelo rebelde está empilhado no topo de sua cabeça e preso no
lugar com... merda, aquilo são lápis? Como ela faz isso?
Ela está obviamente tentando se esconder. Ela não entende que é linda
de morrer, não importa o quão pouco atraente ela tente ser. A pobre menina
parece quente e miserável.
Ela não parece com raiva hoje, apenas derrotada. Ela age como se eu a
tivesse vencido em algum tipo de jogo que nem sabia que estávamos jogando.
Eu vasculhei meu cérebro a noite toda tentando pensar em uma maneira de
consertar isso. Definitivamente, não estou acima de implorar abertamente se
tudo mais falhar. Quando se trata dela, não tenho nenhum orgulho.
Orgulho zero e muito medo. Um linebacker de 105 quilos vindo para
cima de mim com a intenção de me mutilar? Sem problemas. Uma garota de
45 quilos me ignorando no assento ao lado? Hiper-ventilação.
— Ei. — Ela não pode me ignorar para sempre.
— Ei.
— Por favor, não fique brava comigo. Sinto muito por tudo que aconte-
ceu ontem. Gritando com você aqui, e as coisas que ouvi em sua casa.
Sem resposta.
Claramente, tenho que me esforçar mais. — Eu realmente sinto muito
que você me odeie. Só... me dê uma chance de provar que não sou o cara que
você pensa que sou. Por favor, Evie?
— Não me chame de Evie.
— Tudo bem. Isso é algo que tenho que ganhar o direito de usar. En-
tendo. Mas, pelo menos, deixe-me tentar merecê-lo. Eu prometo que não vou
te decepcionar se você apenas me der essa chance. — Eu já estava imploran-
do.
O tom de seu suspiro soa como se ela estivesse à beira das lágrimas. Fa-
zê-la chorar é a última coisa que quero fazer, especialmente no meio da aula,
onde os fofoqueiros podem acompanhar.
— Você ainda vai me encontrar na biblioteca depois do treino?
Novamente, nenhuma resposta.
— Bem, estarei lá o que quer que você decidir. — De joelhos.
***
Evie já está sentada à mesa quando corro para a sala de estudos. Minha
mochila fica pendurada na maçaneta na minha pressa de estar perto dela.
Atleta cinco estrelas uma ova. Cuidado, senhoras, o quarterback com a destreza de
um ogro bêbado está chegando.
— Desculpe, estou atrasado.
— Tudo bem. Sinceramente, esperava que você não aparecesse, e pode-
ríamos simplesmente esquecer tudo isso.
Na verdade, ela parece pior agora do que o dia todo, mas talvez seja por-
que estamos sozinhos. Ela não tem que fingir para todo mundo agora. Seus
ombros estão caídos, seu queixo abaixado, e ela nunca para de trabalhar no
canto de seu caderno com seus dedos ágeis.
Isso é tudo minha culpa estúpida. Se eu não tivesse brigado com ela on-
tem na aula de biologia, se não tivesse bolado aquele plano idiota de ir para a
casa dela ontem à noite... sim, não estaríamos perto um do outro aqui hoje,
mas ela não olharia como se ela estivesse prestes a chorar também.
Eu cutuco seu ombro quando estou sentado ao lado dela. Agora que sei
que ela não está veementemente contra eu tocá-la, pretendo usar isso para
meu máximo proveito. — Bem, eu tomei um banho rápido em vez de pegar
um lanche para que você não tivesse que suportar meu cheiro.
Ela não olha para mim, apenas ri sombriamente e continua inquieta. —
Oh, tenho certeza de que toda a escola sabe exatamente o que penso de você
agora, então seu odor corporal é a menor das minhas preocupações.
Absolutamente me mata ela pensar, por um segundo, que eu faria isso
com ela.
— Qual parte? A parte em que você me odeia ou a parte em que pensa
que sou um vagabundo?
Isso me rendeu um pequeno sorriso, conforme pretendido. Mas eu pre-
ciso de mais, então tenho que dar mais.
— Eu não disse nada. Para ninguém. Eu não faria isso com você. Na
verdade, não tenho o hábito de fofocar sobre as pessoas e contribuir para os
boatos por aqui.
Lágrimas brotam de seus olhos. Deus, por que não posso simplesmente
dizer qualquer coisa que não a chateie?
— Não posso garantir sua irmã, no entanto. O que há com ela? Vocês
duas nem parecem parentes.
Ela solta uma risada áspera. — Sim, eu ouço isso o tempo todo. Minha
mãe realmente ordenou que ela se desculpasse com você sobre ontem, então
não se surpreenda se ela vier farejando para tentar agarrar um encontro em
vez disso.
— Sim... ela deixou bem claro ontem que só está interessada no meu
ego, então vou ter que recusar. Sem ofensa.
A risada com que ela me agraciou é mais genuína desta vez, mas ela ainda
está olhando para a mesa, lentamente desintegrando o quadrado de papel que
não quer deixar sozinho. — Sinto muito, isso não é engraçado. Eu sei como
os rumores podem ser prejudiciais. E embora, você sabe, essa história do “pau
grande” provavelmente funcione bem para você, ainda não é engraçado.
— Sim, funciona muito bem para mim. Você tem alguma ideia de como
é para as meninas estarem constantemente olhando para o seu pacote em vez
de para os seus olhos quando falam com você? É constrangedor e estranho.
Ela finalmente se vira para encontrar meus olhos como se para provar
que ela não é nada como aquelas outras garotas. — Que tipo de atleta é você?
— Tenho tentado dizer a você. — Eu a cutuco suavemente novamente.
— Não do tipo que você pensa.
Seus olhos azuis mudam de um oceano cheio de lágrimas para uma gelei-
ra gelada. — Basta ser franco comigo. Você está brincando comigo? Eu sou
algum tipo de desafio para você e seus companheiros de equipe como Neveah
Winters foi no ano passado? Você quer ver se os rumores sobre mim são ver-
dadeiros? Então, qual é o seu papel? Você está bancando o cara legal, espe-
rando que eu compre o ato e foda seu pau de vinte e cinco centímetros como
todas as outras prostitutas desta escola? Você acha que eu sou como todas
aquelas garotas que estão dispostas a arriscar ferimentos internos na tentativa
de ficar com o poderoso Rob Falls? Acha que vou levar uma surra só para
poder afirmar que seu precioso pau me invadiu? Você e seus amigos têm al-
gum tipo de aposta para provar que sou vadia o suficiente para pegar uma fera
como você? É isso que é? Bem, eu tenho novidades para você, amigo. Você
nunca vai entrar na minha calcinha rendada. Nunca.
Oh infernos, não.
Eu me afasto dela com nojo antes de toda a raiva e frustração jorrar de
mim como chumbo quente. — Quer saber, Evie? Sim. É disso que se trata.
Estou tentando te conhecer em biologia. Estou reservando um tempo da mi-
nha agenda lotada para lhe dar aulas de cálculo. Eu apareci na sua casa ontem
à noite com cartões. Tudo porque tenho fantasiado sobre foder você de um
milhão de maneiras diferentes com meu pau de vinte e cinco centímetros des-
de o primeiro dia que te conheci. Mas você é uma garotinha e eu um cara
grande, então só tive que esperar que outra pessoa preparasse sua boceta. Já
que você era boa demais para todos os outros caras que vieram em sua dire-
ção, eu tive que esperar muito tempo. Pena que você escolheu Eddie com seu
pau minúsculo. Ele pelo menos estourou sua cereja, então eu acho que você
pode aguentar uma surra agora. Abaixe a calça e abra as pernas querida. Vou
trancar a porta e curvar você sobre a mesa agora mesmo. Mas não se atreva a
chorar se eu for tão grande que dói, porque definitivamente não vou me con-
ter, já que é só nisso que você parece estar interessada. Quer uma boa trepada?
Tudo bem. Porque é só para isso que sou bom, de qualquer maneira. Rob
Falls porra! Quarterback extraordinário e um presente de Deus para as mulhe-
res.
Pegue isso, sua pequena hipócrita.
— Pronto. É isso que você queria ouvir? Você está feliz agora?
O silêncio se estende para sempre enquanto tento respirar através da mi-
nha raiva antes de abrir um buraco na mesa na minha frente. Tenho me enga-
nado todos esses anos que ela é diferente. Eu só não sabia, na nona série, que
ela acabaria sendo como todo mundo. Acho que ela estava certa; nunca fomos
amigos. Nunca soube nada sobre ela, exceto o que queria ver.
Não sei por que faço isso, mas antes de começar a arrumar minhas coisas
para ir embora, olho para ela. Não sei se é para enfiar na minha cabeça que
isso nunca vai funcionar, não é para ser, tanto faz.
Quando me viro para encará-la, ela não está em choque. Ela não está fu-
riosa. Ela está apavorada. Comigo.
Ela empurrou a cadeira contra a parede e está tentando desesperadamen-
te derreter nela. Olhos arregalados me encaram, as lágrimas ameaçando der-
ramar. Ela está tremendo como uma folha.
Minha raiva se transforma em culpa por fazer isso com ela. — Eu sinto
muito, Evie. Eu... eu sinto muito.
— Você realmente machucou todas aquelas garotas com quem esteve?
— Ela gagueja.
Sua expressão petrificada é tão diferente de tudo que eu já vi dela que de
repente me pego questionando tudo que sei sobre seu envolvimento com
Hinton no ano passado. — Meu Deus, Evie. O que ele fez para você?
Eu tenho que trazê-la de volta antes que ela tenha um ataque de pânico
total. Eu coloco minha mão em seu joelho para apoiá-la, e parte meu coração
quando ela se encolhe ao meu toque. — Já te disse, nunca estive com nin-
guém. Esses são apenas rumores, incluindo os vinte e cinco centímetros. Na
verdade, tenho apenas oito. — Minha tentativa de aliviar a situação cai em
ouvidos surdos. — Eu não estava mentindo ontem quando disse que ainda
sou virgem. E mesmo se eu estivesse com uma garota, nunca a machucaria.
Eu sinto muito. Eu não queria te assustar. Eu não sou assim, Evie. Juro.
— Sinto muito, — ela sussurra. — Eu não queria te deixar com raiva.
— Deus, Evie, não...
— É Eva, — ela resmunga, com a voz mais forte.
— Eu sinto muito. Você tem razão. Eva. Não estou fazendo um traba-
lho muito bom ganhando o direito de chamá-la de Evie, estou?
Ela parece ter se recuperado quando ela olha para mim e depois de volta
para a mesa, mudando seu olhar para frente e para trás várias vezes. — Eu
sinto muito. Por favor, eu não quero fazer sexo com você.
— Eva, você ainda não está me ouvindo. Eu nunca faria algo assim. Meu
temperamento levou a melhor sobre mim. Eu sinto muito. Apenas me escute
agora, certo?
Ela não responde, mas acena com a cabeça para me deixar saber que ela
está disposta a me ouvir.
— Você deixou todos os rumores sobre você no ano passado mudarem
completamente quem você é. Essa é sua escolha. Mas eu não sou assim. As
pessoas vão falar e eu não posso mudar isso. Tento não deixar isso me derru-
bar. Tento ainda mais simplesmente ignorar. Quando você continua jogando
merdas na minha cara que eu nunca fiz, é uma merda. A sua é uma das poucas
opiniões com que honestamente me preocupo. Você diz que eu não sei nada
sobre você? Certo. Você tem razão. Você obviamente também não sabe nada
sobre mim. Estou tentando aqui, Eva. No entanto, não há muito que eu possa
fazer se você continuar me afastando. — Eu corro a mão trêmula pelo meu
cabelo. Toda essa situação é tão insana. Não há como saber se ela está real-
mente ouvindo ou apenas aguardando até que possa escapar da minha presen-
ça.
— Olha, eu realmente não sei o que aconteceu entre você e Eddie no
ano passado, mas você tem que parar de me tratar como se eu fosse ele. Por-
que eu não sou.
— Eu sinto muito. Eu realmente não queria deixar você com tanta raiva.
Eu só... eu precisava ter certeza. A única razão pela qual os caras falam comi-
go agora é porque eles acham que sou fácil. — Um estremecimento percorre
seu corpo. Ela envolve os braços com força em torno de si mesma daquela
forma que é tão familiar.
Estou com tanta vergonha de mim mesmo. Eu sou tão hipócrita quanto
ela. Posso aceitar qualquer outra coisa, mas esse boato sempre me faz perder a
paciência.
Aquela maldita vez no vestiário em que todos pensaram que seria engra-
çado tirar a fita métrica me assombrou por anos. Parecia uma boa ideia, uma
forma de tirar os caras da minha cabeça por ser virgem. Cara, o tiro saiu pela
culatra. Depois de ver o que Deus me deu, eles só me assediaram mais por
não usar.
Essa é parte da razão pela qual esse boato em particular sempre me atin-
ge. Evie acha que isso me beneficia. Não. Todo mundo acha que eu ter um
pau enorme é engraçado ou que tenho sorte. Aparentemente, vinte centíme-
tros não são suficientemente interessantes porque o número tem aumentado
com o tempo. Quão ridículo é o conceito de um pau de vinte e cinco centíme-
tros? Por que alguém iria querer isso? Eu acho que seria incrível ser tão pen-
durado se sua aspiração na vida é ser uma estrela pornô. Isso não é quem eu
sou ou o que faço. Embora seja apenas mais uma coisa que tenho que escon-
der. Jesus, os caras teriam um dia de campo se eu admitisse isso em voz alta.
— Me desculpe, ok?
Seu pedido de desculpas me puxa da minha viagem de autocomiseração.
— Não. Eu sinto muito. Preciso aprender a controlar melhor meu tempera-
mento. Acabei de repreendê-la por permitir que os rumores mudassem você, e
estou fazendo a mesma coisa. Eu não tinha o direito de falar assim com você.
Eu nunca, jamais iria desrespeitá-la fazendo qualquer coisa para machucá-la
ou qualquer coisa que você não queira. Eu não faria isso com ninguém. Não
sou esse tipo de cara, Eva. Nunca fui e nunca serei. Por favor, me perdoe.
Ela suga os lábios, em seguida, solta um suspiro pesado. — Eu posso
sobreviver com as pessoas pensando que eu sou uma vagabunda. Eu sei a
verdade e Eddie também. O que é difícil é que as pessoas pensem que sou
uma pessoa horrível. Realmente não sou. Pelo menos, tento não ser. Mas te-
nho sido horrível com você e sinto muito. Eu entendo totalmente se você não
quiser mais ser meu tutor.
— Você ainda quer que eu seja seu tutor?
Parece que ela está jogando isso em mim, para ver se eu desistirei primei-
ro. Eu sei que provavelmente deveria simplesmente ir embora, mas não posso.
Ela respira fundo. — Sim. Eu preciso de ajuda. Eu apreciaria muito isso.
— Tudo bem então. Eu posso fazer isso. E eu entendo que você real-
mente não confia mais nas pessoas, especialmente nas pessoas do sexo mascu-
lino. Eu quis dizer o que disse antes. Não espero sua confiança. Eu vou mere-
cer. OK?
— Apenas pegue leve comigo se eu escorregar e agir como uma vadia
novamente. Eu tenho feito isso há um tempo. Velhos hábitos são difíceis de
mudar é só isso.
Meu estômago ronca. Constrangimento, sobe pelo meu pescoço. —
Desculpe. Eu disse que não peguei um lanche para poder tomar um banho
para você.
Sua risada é contida, mas, um som bem-vindo, de qualquer maneira. Ela
procura em sua mochila por um minuto em silêncio, então coloca uma barra
de granola no meu livro de cálculo.
— O que é isso?
— Comida. — Ela responde. Seu tom sugere que sou um idiota cego.
— Eu sei que é. É só... por que você me daria alguma coisa?
— Oferta de paz. — Ela me dá um pequeno sorriso e se vira para abrir o
livro na página em que está o meu.
Eu me pergunto se estou realmente dormindo durante a aula agora, so-
nhando. Se estiver, isso é um dos sonhos mais estranhos da minha vida. — É
hora de manter minha parte no trato. Deixe-me ver seu dever de casa de on-
tem à noite.
Ela silenciosamente entrega seu trabalho. Jesus, ela não tem ideia do que
está acontecendo nesta aula.
— Você realmente deveria ter me ligado na noite passada.
— Boas meninas não ligam para meninos, elas esperam que os meninos
liguem para elas. — Ela recita em tom sarcástico.
Huh. Mesmo que seja para se exibir, a Evie brincalhona é algo com o
qual eu poderia me acostumar. É outro pequeno lembrete de que minha garo-
ta ainda está lá em algum lugar, não importa o quanto ela tente negar. — Sim,
bem... eu não tenho o seu número, e é meio ridículo esperar que eu ligue para
você em horários aleatórios apenas para verificar e ver se você está fazendo
sua lição de casa de cálculo e precisa de ajuda. Além disso, aquela merda sobre
meninas não ligarem para meninos é totalmente sexista.
Eu deveria saber. Meu telefone toca o tempo todo. Graças a Deus pelo
identificador de chamadas. Se não é alguém com quem quero falar, não aten-
do.
— Uh huh. — Ela diz. É óbvio que ela não acredita em mim.
— O que? É verdade. — Eu provavelmente não teria coragem de ligar
para ela, mesmo se tivesse o número dela. Não tenho falado com ela online
nos últimos três anos, embora eu tenha voltado para casa no meu primeiro dia
do primeiro ano e imediatamente solicitei amizade. Quando ela aceitou, eu
realmente beijei meu laptop. Essa foi basicamente a extensão de nossas intera-
ções online.
— Tudo bem, você ainda está muito atrás. Resolva alguns problemas do
que vimos ontem à noite. Quero ter certeza de que você entendeu isso antes
de seguirmos em frente. Não posso prometer um milagre para o teste desta
semana, mas vou me certificar de que você não tire um F, pelo menos.
Ela começa a trabalhar enquanto eu a observo em silêncio. O que quer
que tenha acontecido com ela e Hinton no ano passado foi muito maior do
que parecia. É hora de começar a cavar. Não consigo ler uma defesa sem sa-
ber contra o que estou lutando.
— Então, você está animado para a abertura da temporada na próxima
semana? — Ela pergunta enquanto resolve um problema.
— Sim, mal posso esperar.
— Você vai treinar na sexta, já que não há jogo? — Sua testa está franzi-
da enquanto ela fala. Quando ela está em silêncio, sua língua aparece pelo can-
to da boca.
Jesus, ela está me matando. Eu quero pegar a língua dela, colocá-la em
minha própria boca e chupar... droga. O que ela me perguntou de novo? Oh.
Certo. Prática. — Sim. Você?
— Sim. — Ela responde, ainda se concentrando com a língua para fora.
— Por que você pergunta, Eva? Quer sair sexta à noite? — Deus, quem
me dera.
Ela me lança um olhar incrédulo. — Eu não namoro atletas.
Engraçado como eu nem estava perguntando seriamente a ela, mas ela
ainda me dispensou. É exatamente assim que eu sempre imaginei que seria se
eu realmente perguntasse a ela. — Não acho que cálculo seja realmente a ideia
mais romântica para um encontro, de qualquer maneira.
Ela ri enquanto continua seu trabalho. — Você sabe que jantar é um en-
contro romântico.
— Agora, de onde você tirou uma ideia horrível como essa?
Ela termina seus problemas e se vira para mim com uma expressão es-
tranha. — Uh, porque eu trabalho lá. Tenho o prazer de esperar por você e
sua equipe na maioria das noites de encontro em grupo. Você realmente deve-
ria pular para algum lugar melhor do que isso, e talvez você saiba, só vocês
dois. As meninas gostam de se sentir um pouco mais especiais do que isso.
— Oh, isso é maravilhoso. Conselhos sobre namoro com a garota que
não namora. Eu teria que querer porque esses não são meus encontros. Eles
são tecnicamente de Alex. Ele me faz acompanhar ele. E eu meio que devo a
ele, então é isso.
— Você realmente espera que eu acredite nisso? — Ela pergunta, levan-
tando uma sobrancelha em desafio.
— Você nunca viu uma garota andando pela escola com a minha camisa,
não é?
Outra coisa estúpida saiu da minha boca. Provavelmente porque estou
guardando para ela. Se ela não vai usar, então ninguém vai.
— Achava que era uma tradição reservada apenas para namoradas de jo-
gadores? Eu não pensei, por mais machista que seja, que vocês apenas as dari-
am para a ficante da semana. — Seu tom carece de qualquer mordida real. Ela
está genuinamente curiosa sobre isso, em vez de acusar.
Eu decido que é seguro responder a ela honestamente. — Não, isso é
verdade. Acho que é por isso que você não vê muitas garotas usando elas.
A maioria dos meus companheiros de equipe não tem namoradas sérias.
Eles são como Alex. Eles querem pegar o máximo que puderem da maneira
mais fácil possível.
— Oh.
— Vamos continuar com o cálculo. Podemos conversar mais depois.
Eu espero.
Capítulo 7
Eva
Catando os pedaços

Insônia é uma merda. A última vez que verifiquei meu telefone era uma
da manhã... uma eternidade atrás. Minha gata, Gatoula, ronrona ao meu lado,
aparentemente alheia às minhas sacudidelas e voltas. Seu barulho constante é
geralmente mais calmante, mas hoje à noite o som é o equivalente a um reló-
gio batendo. Nem mesmo a sensação de seu pelo macio e laranja sob meus
dedos me embala para dormir.
Eu gostaria que meu maldito cérebro simplesmente desligasse, mas não.
Não, em vez de estar imerso em um sono agradável, estou presa na realidade,
deitada aqui e me perguntando onde diabos eu errei. Quer dizer, eu sei exata-
mente onde errei. Só estou tentando descobrir como isso chegou a esse ponto
tão baixo.
Não vou fingir que o ano passado não mudou quem eu sou porque isso
é um absurdo. O que realmente não consigo definir é se estou feliz com a pes-
soa que me tornei. Honestamente, depois daquele confronto com Rob na bi-
blioteca, não tenho mais tanta certeza. Claro, o cara se transformou em um
atleta desagradável com quem não posso deixar minha guarda baixa, mas não
há como negar que ele certamente acertou o prego na cabeça quando me
chamou de hipócrita. Eu absolutamente odeio que ele esteja certo. Odeio isso.
Como posso ficar chateada com os rumores que circulam há quase um
ano sobre mim? Eles são completamente infundados e resultam em propostas
o dia todo. Então eu me viro e não apenas ouço rumores prejudiciais sobre os
outros, mas presumo que sejam verdadeiros. Pior, usei eles como armas.
Os rumores são uma parte típica da vida do colégio. Eles começam por
uma série de razões. Ciúme, entretenimento, bullying, fofoca, não importa.
Todos acabam como o jogo infantil do telefone. Mesmo as histórias que co-
meçam com um grão de verdade acabam sendo completamente erradas no
final. Por mais maduros que finjamos ser na adolescência, as coisas não muda-
ram muito desde que éramos crianças. A única coisa que mudou? Não é mais
um jogo. É a vida das pessoas. Suas reputações. Os sentimentos delas.
Proteger-me ficando fechada e não confiar cegamente em ninguém é
uma coisa, mas me tornar exatamente como os idiotas da escola que não su-
porto? Totalmente inaceitável. Há uma diferença entre ser meio maluquinha e
ser uma vadia total. E caramba, Rob está certo. Eu me transformei em uma
vadia.
Quer dizer, sim, isso fazia parte do plano. O problema é que, em vez de
me abandonar por seu próximo alvo, realmente parece incomodá-lo quando o
trato mal. Não sei o que fazer com isso. Isso simplesmente não se alinha com
sua personalidade arrogante. Então, novamente, quando somos apenas nós
dois, ele age muito como antes. E caramba, isso me faz querer ser o meu anti-
go eu também.
Isto é mau. Isso tudo é tão ruim. E ainda... inferno. Eu nem sei.
A próxima vez que rolo para verificar meu telefone, são três da manhã.
Já cataloguei todo um banco de memória da minha carreira no ensino médio,
do início ao fim. Houve várias epifanias reveladoras ao longo do caminho.
Um: não posso ser responsável pelas ações dos outros, apenas pelas mi-
nhas.
Dois: ninguém pode me fazer sentir algo que eu não permito.
Três: a mudança é difícil, mas um mal necessário para o crescimento.
Quarto: a autoconsciência é importante e subestimada como ferramenta
para o referido crescimento necessário.
E quinto: eu realmente preciso investir em alguns remédios para dormir.
***
Só estou aqui há meia hora e já estou me arrastando. Geralmente fica
morta nas noites de quarta-feira no restaurante. Esta noite não é exceção.
Normalmente, não hesito quando minha chefe, Sheila, me chama para pegar
um turno extra. Mas me irrita quando tenho que mudar meus planos para co-
brir um funcionário que faltou sem motivo. Eu vi a garçonete “doente” rindo
e conversando com suas amigas nos corredores antes de ser dispensada. Ela
parecia bem para mim.
Em meus esforços para reformar meus modos rabugentos, mantive mi-
nha boca fechada e aceitei as horas extras. Então mandei uma mensagem para
Rob e o deixei saber que eu não poderia fazer aulas particulares. Ele nunca
respondeu. Para ser justa com ele, ele provavelmente já estava no vestiário,
trocando de roupa para praticar.
É uma pena que estarei acordada até as primeiras horas da manhã lutan-
do contra o cálculo por conta própria. Eu me pergunto o quão irritada Sheila
vai ficar se eu simplesmente pegar uma mesa vazia e fazer meu dever de casa à
noite para que eu possa realmente dormir um pouco quando chegar em casa.
Trabalhando aqui por quase um ano, o lugar com temática esportiva ca-
fona quase parece uma segunda casa. Mesmo quando a lanchonete está lotada
com uma centena de adolescentes famintos em uma noite de sábado, e eu es-
tou correndo como um cachorro, uma olhada no pôster mais recente do time
do colégio da temporada atual me faz sentir como se tivesse entrado no jogo
também. A única vez em que não estou servindo à outros torcedores é quan-
do estou nos jogos de futebol pessoalmente. A temporada de basquete e bei-
sebol é um sucesso ou um fracasso, dependendo da minha programação. Os
proprietários do local são grandes apoiadores dos atletas da escola Ironville
High. Eles me ajudam durante a única temporada em que minha bunda real-
mente precisa estar nas arquibancadas.
A cereja do bolo é que ganhar meu sustento me dá uma sensação de in-
dependência. Sair do controle de trabalhos de babá com salários mínimos para
minhas tias e tios foi um grande passo para mim. A única razão pela qual eles
me deixaram ir sem lutar é o custo iminente da faculdade. Todo mundo sabe
que minha escola dos sonhos é a NYU. Tive as notas para fazer isso aconte-
cer, mas uma bolsa integral parece improvável, então tenho economizado cada
centavo que ganho.
Fazendo uma última rodada para verificar todas as minhas mesas e en-
tregar contas, finalmente empurro a porta de vaivém da cozinha para pegar
um Mountain Dew e colocar os talheres. C.J., o cozinheiro da noite, parece
entediado demais. Ele é inofensivo e flerta impiedosamente para se divertir.
— Ei, Evie, você tem planos para depois de sair? — C.J. ri de seu pró-
prio duplo sentido.
— Sim, um pouco de carinho seria bom. Você está sempre tão ansioso
para sair depois de terminar.
Ele ri de novo enquanto caminha para me ajudar a enrolar os talheres. —
Como está seu ano até agora? Chutando a bunda e pegando nomes como a
veterana incrível que você é?
C.J. mora no distrito escolar vizinho, então a única vez que nos vemos é
quando trabalhamos no mesmo turno. Nossa brincadeira vem facilmente, já
que trabalhamos juntos com mais frequência. As noites são sempre mais di-
vertidas quando ele está por perto.
Ele é alto e magro, nada ameaçador, apesar das tatuagens que cobrem
seus braços. Seu sorriso caloroso e olhos cor de café poderiam desarmar até
mesmo a mulher mais fria, eu inclusive. Certa vez, ele passou um turno morto
inteiro explicando para mim o significado de todas as tatuagens, bem como
por que ele conseguiu a permissão de seus pais para começar a trabalhar nelas
antes mesmo de completar dezoito anos.
Acho que é por isso que ele não me incomoda. Ele é um livro totalmente
aberto. Nunca uma vez ele tentou vir para cima de mim ou me paquerar de
um jeito mais sério. Provavelmente também ajuda que, uma vez que ele não
vai à minha escola, ele não tem a mesma impressão de mim que a maioria das
outras pessoas com quem eu interajo. O anonimato é revigorante. Isso me
permite baixar minha guarda perto dele.
— Bleh, mesma merda, ano diferente. E quanto a você? Levando de boa
e partindo corações como de costume?
— Você me conhece.
Eu rio enquanto ele bagunça outro rolo. — Exatamente.
— Você já conseguiu um cara quente ou vai continuar dando em cima
de mim para quebrar seu coração?
Eu esfrego seu ombro de forma apaziguadora. — Aww, querido. Você
sabe que não poderia me controlar. Eu seria aquela a partir seu coração.
— Não sei, Evie. Eu não sei disso. — Ele desiste depois de falhar em
outro rolo de talheres e inclina o quadril contra o balcão.
— Acho que você não estará aqui comigo na próxima sexta-feira, hein?
Talvez eu venha ver você fazer o seu trabalho. — C.J. dá uma piscadela rápida
para mim enquanto eu encho a lixeira, e ele a levanta para armazenar em uma
prateleira para mim.
— Sim, esta semana será meu último turno da noite de sexta-feira por al-
guns meses. Você definitivamente deveria vir e ver um jogo, se puder. Mas
guarde sua folga para quando estivermos tocando no seu distrito, para que
você possa vir nos assistir chutando seus traseiros como fazemos todos os
anos.
Ele cruza os braços sobre o peito e dirige um olhar falso para mim. —
Agora você sabe que não viemos do dinheiro como vocês, os ricos do lado do
futebol da cidade. Merda, nossas escolas não deveriam estar na mesma divi-
são.
— Aww, pobre bebê. Ninguém gosta de um mau perdedor.
— Cuidado, querida. Do jeito que você está se tornando poética sobre
seu time de futebol, você está perigosamente perto de soar como uma líder de
torcida.
Ele não tem ideia de como eu sou hardcore em relação ao futebol.
Eu coloco a mão sobre meu coração ferido, mas ainda consigo imitar o
sotaque de garota da Califórnia apropriado. — Até parece!
— Evie! Você tem uma nova mesa! — Margie, a anfitriã, chama da fren-
te.
Eu sorrio ao ouvir a simpática mulher mais velha conversando com o
cliente. Ela sempre leva seu tempo para fazer com que todos se sintam bem-
vindos e colhe todas as fofocas que os habitantes da cidade têm a oferecer no
processo. Ela é tão charmosa, eu nem acho que eles percebem que estão sen-
do bombeados por informações. Ela leva um tempo extra com seus clientes
favoritos, no entanto. Não surpreendentemente, eles são os que geralmente
são mais soltos com os lábios do que os outros.
Eu pego parte da conversa enquanto eles passam pela área do bar aberto,
embora eles não possam me ver do meu lugar na cozinha.
— Sem encontro coletivo esta noite, hein? — A mulher mais velha avisa.
— Nah, não está noite. Estou trabalhando sozinho agora. Bem, uh, es-
tou tentando de qualquer maneira.
— Já estava na hora! — Margie responde com entusiasmo.
Meus olhos se arregalam e minha boca cheia de refrigerante desliza para
o lado errado. Eu reconheço a voz masculina, rindo em resposta às provoca-
ções de Margie. Certo. Ele geralmente está aqui apenas com um grupo de pes-
soas. O homem nunca vai a lugar nenhum sem uma comitiva completa, mas
esta noite parece que ele está esperando um encontro... sozinho.
— Você está bem, Evie? — C.J. dá um tapinha nas minhas costas en-
quanto eu luto para respirar.
— Estou.
C.J. vai até a porta, espiando a sala de jantar. — Quem é aquele?
— Não sei. Eu ainda não saí.
Ele se vira para mim e revira os olhos. — Por que você não mente para
alguém que não a conhece? Eu não sou burro, boneca.
— Não é ninguém importante. Mesmo. Não se preocupe com isso. —
Pego minha caneta e bloco do balcão, empurrando-os no bolso enquanto faço
meu caminho até onde C.J. estica o pescoço, tentando obter uma visão de
Rob.
— Você tem um crush, Evie? Eu nunca imaginei você como o tipo que
gosta de um bolo americano.
— O que? De jeito nenhum! Esse cara me irrita pra caralho! — O vene-
no que não consigo esconder da minha voz deve convencê-lo de que não es-
tou mentindo.
— Se tiver algum problema, volte e me avise. Eu cuidarei disso.
Embora sua oferta seja tocante, uma risada rouca escapa da minha gar-
ganta. Rob poderia esmurrar C.J. sem quebrar um suor.
A tensão aumenta em meus ombros e eles sobem em direção aos meus
ouvidos. Uma dor de cabeça de estresse apunhala atrás de meus olhos já can-
sados demais. Eu respiro fundo e evito C.J. antes de empurrar a porta de vai-
vém para a área de jantar. Meus olhos examinam a sala de jantar em busca de
Rob até que eu localizo a parte de trás de sua cabeça, projetando-se pelo me-
nos trinta centímetros acima da mesa diretamente à minha direita. Seu lugar
habitual. Claro. Eu rolo meus olhos para a minha sorte idiota. Pelo menos ele
sempre dá uma boa gorjeta.
— Você quer esperar seu encontro chegar aqui, ou quer que eu traga sua
bebida agora? — Eu espero enquanto ele puxa os livros de sua bolsa, de cos-
tas para mim. Certeza de que acertei o tom casual que uso com todos os meus
clientes.
Ele pula ao som da minha voz, mas se recupera rapidamente e coloca seu
material na mesa. Suas bochechas estão vermelhas. Ainda deve estar quente lá
fora, embora ele claramente tenha tomado banho e colocado uma camiseta
limpa e jeans desde o treino de futebol.
— Eu, uh, não estou esperando ninguém, — ele responde baixinho, sem
encontrar meu olhar.
— Oh, mas eu pensei ter ouvido... — devo ter irritado ele porque ele
começa a folhear o livro um pouco ansioso demais. Eu acho que ouvi errado.
— Alex vai te encontrar então?
— Oh não. Só eu esta noite, — ele dá de ombros e me dá um olhar en-
vergonhado.
— Oh. OK. Mesmo? — Não consigo parar de olhar ao redor da sala,
convencida de que estou sendo enganada de alguma forma. — Eu... acho que
nunca vi você aqui sozinho.
Eu levanto minhas sobrancelhas e suspiro mais uma vez por puro hábito.
Esta deve ser a semana mais estranha da minha vida, mas estou determinada a
me agarrar às epifanias da noite passada.
— Vou trazer sua Coca. — Eu me afasto antes que ele tenha a chance de
responder.
Assim que entro na cozinha, C.J. me dá uma olhada feia. Eu o ignoro,
encho a bebida de Rob e corro de volta para a sala de jantar.
Quando eu chego de volta à mesa com sua bebida e a coloco na mesa,
ele está fazendo a lição de casa de cálculo para esta noite. Provavelmente vou
demorar duas horas inteiras para fazer o que ele está fazendo tão rápido.
— Como você sabia que eu queria Coca? — Ele pergunta distraidamen-
te, ainda resolvendo um problema.
— Uh, eu disse a você. — Recuperar meu tom de voz sarcástico do meu
cérebro privado de sono é um reflexo. — Você está aqui o tempo todo com
sua equipe, e eu sou aquela que te atende. Você sempre pede a mesma coisa.
Você quer seu hambúrguer com batatas fritas de costume ou quer esperar?
Não há como Rob Falls estar sentado nesta lanchonete sozinho e fazen-
do o dever de casa. Simplesmente não existe.
Ele respira fundo e pousa o lápis na lombada do livro. — Sim por favor.
Vou querer agora, obrigado.
— Ok, vou fazer o pedido para você. Não vai demorar muito, já que não
estamos ocupados. — Eu me viro para voltar ao santuário da cozinha, mas
congelo quando uma mão forte agarra meu pulso.
— Eva, espere.
Eu mal registro suas palavras sussurradas com o choque de sua mão for-
te me segurando no lugar. Estou inteiramente certa de que estou alucinando
seu polegar acariciando meu pulso.
Eu realmente preciso dormir mais à noite e talvez cortar a cafeína.
— Eu me sinto muito mal por você perder uma sessão de aula particular
hoje, então eu realmente vim aqui para tentar espremer alguns minutos de cál-
culo com você. Eu sei como é morto aqui nas noites da semana, — diz ele
suavemente.
Engolindo o nó na garganta e empurrando para baixo a náusea que de
repente me oprime, me viro para olhar para ele com uma expressão que espe-
ro fingir alguma aparência de controle. Eu sei que prometi a ele e a mim
mesma que tentaria, mas isso é demais. Meu primeiro instinto é atacá-lo e
questioná-lo novamente sobre suas reais intenções, mas as palavras não se ma-
terializam quando olho para baixo. A sensação de sua carícia não é imaginária,
afinal.
Seus olhos seguem os meus e se arregalam; suas bochechas ficam verme-
lhas novamente. Ele rapidamente solta meu pulso. — De qualquer forma,
uh... se você tiver um minuto livre, podemos terminar o capítulo dois. Se não,
isso está tudo bem também. Eu entendo que você está trabalhando e tudo.
Não tendo nenhuma maldita ideia de como responder a esta situação, eu
escapei para a cozinha sem outra palavra e fiz o seu pedido como uma boa
empregada. Pelo menos eu não pulei em sua garganta por causa das minhas
suspeitas. Passos de bebê.
Capítulo 8
Rob
Sem ideias

Para praticar, eu empurro meu corpo bem além de seus limites. Qualquer
coisa para entorpecer a dor que as constantes interações com Evie estão me
causando. Eu quase hiperventilei ontem à noite quando ela se afastou da mesa
sem dizer uma palavra depois que confessei que estava no restaurante por ela.
Eventualmente, quando não havia outros clientes na área de jantar, ela se sen-
tou ao meu lado com um prato de batatas fritas enquanto eu ensinava a ela a
matéria do segundo capítulo.
Então, algum idiota saiu da cozinha, me encarando. Evie pulou para apa-
rentemente acalmá-lo e impedi-lo de tentar quebrar minha cara. Sim. Isso é o
que ele ameaçou fazer, pensando que eu não podia ouvi-lo enquanto ele falava
no ouvido de Evie. Suponho que ele seja um dos cozinheiros, se o avental
manchado de gordura for alguma indicação. Vou precisar perguntar a Margie
se ele está trabalhando quando eu for lá de agora em diante. Eu realmente não
quero comer sua saliva... ou pior.
Eu mantive a calma, não querendo assustar Evie com a raiva que fervia
logo abaixo da superfície da minha pele. Ele colocou as mãos em seus ombros
e se inclinou em seu ouvido, sua boca quase fazendo contato com sua pele
perfeita. Minha pressão arterial disparou. Eu sei que poderia ter derrubado ele,
mas não fiz isso. Certeza que ele estava fingindo tocá-la para me atingir. Eu
não queria ceder ao seu desejo óbvio de me ver virar um homem das cavernas
para cima dele.
Depois de acompanhá-lo de volta à cozinha, ela voltou para mim, pediu
desculpas por seu comportamento e terminou o capítulo em que estávamos
trabalhando. Estava muito claro para ela, pelo menos, que não havia nada
acontecendo entre eles. Graças a Deus.
A garota faz minha cabeça girar. Não me sinto mais confiante sobre a
opinião dela sobre mim hoje mais do que na segunda-feira, e ainda não pensei
em nenhuma jogada nova para vencê-la. A queda da noite anterior foi obvia-
mente outra perda de jardas.
De pé no campo de treino de futebol, eu levo um momento para fechar
meus olhos e inalar o cheiro da grama recém-cortada. Não há nada como fu-
tebol para clarear minha cabeça. Quando estou no campo lendo as jogadas e
reagindo, não há tempo para pensar em mais nada.
O som de vivas na orla do campo se mistura com os grunhidos e o cho-
que de capacetes da defesa que ainda estão trabalhando em algumas novas
jogadas. Eu mentalmente repasso minhas opções de jogo e tento evitar que
pensamentos sobre Evie se infiltrem em minha concentração.
Quem estou enganando? Nunca vou alcançar meu objetivo. Se eu pen-
sasse que apenas criar um jeito de convidá-la para sair era difícil, lutar contra
seu ódio por mim é quase impossível. Abrindo meus olhos, eu jogo a bola de
futebol com toda a força que posso reunir. Meu alvo está a menos de cinco
metros de distância.
— Calma aí, campeão. Mitchell não consegue lidar com todo esse calor.
— Cale a boca, Alex. — diz Mike, correndo até nós enquanto esfrega o
peito onde a bola bateu. — O que está bagunçando sua calcinha hoje, Falls?
Eu gemo e pego a bola de volta. Olhando por cima do ombro, eu verifi-
co se a defesa terminou de trabalhar as torções para que possamos jogar. Não.
Com nada mais para queimar essa energia nervosa correndo em minhas veias,
eu viro a bola em minhas mãos, trabalhando minha destreza enquanto espe-
ramos.
— A aula de reforço não está funcionando tão bem quanto você espera-
va, mano? — Mike Mitchell tem um metro e oitenta e cinco de músculos sóli-
dos. Como o melhor running back da equipe, ele consegue derrubar pelo me-
nos três zagueiros do seu tamanho sem estragar a camisa. Somos amigos des-
de que jogamos futebol infantil juntos pela primeira vez. Mike e eu criamos
uma irmandade no campo que se estendeu à vida cotidiana depois de tantos
anos jogando juntos. Embora ele não seja necessariamente o cérebro mais bri-
lhante do grupo, seu coração é maior do que seus músculos. Ele também é um
dos poucos jogadores com uma namorada de longa data para provar isso.
— Nah, Rob está salvo pela Bio Effect. Atenção. — Alex aponta para as
arquibancadas na borda do campo com o queixo.
Eu sigo seu olhar para as arquibancadas para ver Evie recostada na ar-
quibancada atrás dela, o peso apoiado nos cotovelos. Suas pernas estão estica-
das no banco à sua frente. As chuvas torrenciais quebraram a onda de calor na
noite passada, então qualquer esperança de que ela se rendesse à temperatura e
usasse shorts novamente foi destruída. Em vez disso, ela usa jeans rasgados e
desbotados, uma camiseta preta do Foo Fighters e um cinto de couro preto.
Mesmo com a reformulação de seu guarda-roupa no ano passado, passando
de elegante e feminina para uma garota do rock, ela é a coisa mais linda que eu
já vi. Seu cabelo longo e escuro cai sobre os ombros, uma mudança na manei-
ra como ela normalmente o usa para cima e para fora do rosto. Meus dedos
coçam para correr por seus cachos, em vez de agarrar a bola de futebol atual-
mente neles. A maneira como ela está esparramada nas arquibancadas acentua
cada curva que ela tem a oferecer.
— Deus, ela parece boa o suficiente para comer. — Eu continuo virando
a bola em minhas mãos para me distrair, desviando meu olhar para estudar o
futebol muito mais seguro.
Alex ri, balança as sobrancelhas sugestivamente e me dá um tapinha no
ombro — Tudo a seu tempo, meu amigo, tudo a seu tempo. Primeiro você
precisa fazer com que ela abra as pernas. Vamos, Mike e eu vamos amaciar, e
você faz o seu trabalho. Você só tem que parar de ser um covarde e se pavo-
near um pouco mais, garanhão.
Tento calar a boca de Alex com minha expressão de vou-bater-no-seu-
traseiro, sabendo que não adianta nada. Principalmente porque não consigo
fazer isso com uma cara séria. — Eu não quis dizer isso, seu pervertido de
merda. Além disso, não acho que ela se importaria se eu jogasse por mil me-
tros. Ela não é esse tipo de garota.
Alex Fossoway é o epítome do atleta mulherengo que Evie acredita que
eu seja. Embora ele não seja tão grande e musculoso quanto Mike ou eu, ele é
rápido pra caralho. Isso o torna o wide receiver ideal para a maior parte das
jardas que passam. Um autoproclamado playboy, ele dirige um Lexus que seus
pais compraram para ele em seu aniversário de dezesseis anos. Ele não se pre-
ocupa com nada no mundo, nem tem consciência mental para perceber que
esses pensamentos estão faltando. Ou assim parece para todo mundo. Desde
que éramos pequenos, Alex foi o irmão que eu nunca tive. Mesmo depois de
ter seus próprios irmãos mais novos, nosso vínculo nunca vacilou. Nunca po-
derei convencer as pessoas de fora do nosso círculo de que, por baixo do ex-
terior mimado e enfadonho de Alex, há apenas mais um cara legal tentando
abrir caminho pelo colégio ileso. Poucas pessoas conhecem o verdadeiro Alex,
assim como Evie não conhece meu verdadeiro eu. Mike é o único livro aberto
em nosso pequeno trio. Ele nunca teve seu coração partido o suficiente para
sentir a necessidade de se proteger com mentiras do jeito que Alex e eu faze-
mos.
— Eu ainda não vejo o apelo. — Alex varre seu olhar de volta para onde
Evie reclina na arquibancada. — Mikey? Ideias? Por favor, diga a Falls, aqui,
que ele está fazendo tudo da maneira errada e que aquela Eva em treinamento
para gótica e assustadora só precisa de um pouco mais de motivação para cair
em seu colo e implorar para chupar o seu pau de cavalo. Honestamente, ela
estava bem mais gostosa no ano passado. Eu não posso acreditar que você
ainda gosta dessa garota.
Eu me forço a apertar a bola com mais força e resisto à vontade de socar
Alex. Eu me viro para Mike com uma sobrancelha arqueada e uma pergunta
silenciosa. Mike vai me apoiar com certeza.
— Ei, só porque eu conheço Evie desde o jardim de infância, não signi-
fica que vou dizer a você como fazê-la chupar o pau de alguém. Ainda somos
amigos e gostaria de continuar assim. — Mike abre as mãos defensivamente.
— E ela não é uma gótica. Jesus, Alex. Ela é a pessoa menos assustadora que
conheço.
— O que há com você, cara? Você é nosso mano ou não? Porque você
tem estado longe de toda essa operação por um tempo agora, e isso está real-
mente começando a me irritar. — Alex olha Mike com desconfiança.
— Não há nada comigo! Se ela quer namorar Rob, então tanto faz. Do
contrário, ela é minha amiga e não quero ter que escolher lados.
— Não, quer saber? Assim que a merda começou a melhorar para Rob
ano passado, depois que ela e Hinton terminaram, você desistiu de ajudar Rob
a conseguir Evie. Entrega o jogo, Mitchell. Você tem uma queda por ela ou o
quê? Porque eu, por exemplo, não tenho brincado de “apoio” todo esse tem-
po só para assistir você pegá-la. — Alex cruza os braços sobre o peito, olhan-
do para Mike.
Meus olhos estão focados na bandagem áspera no tornozelo esquerdo de
Evie, mas eu volto a sintonizar a conversa quando a voz de Alex fica naquele
tom nervoso. Eu aperto minha mão contra seu peito para impedi-lo de dar
mais um passo em direção a Mike. Quando Mike avança, eu largo a bola e o
empurro para trás com minha outra mão para mantê-los separados. Não é
uma tarefa fácil segurar Mike quando ele está chateado; o cara poderia facil-
mente me levar. Eu me sinto muito mais como um árbitro em vez de um za-
gueiro, mas pelo menos é uma distração da deusa relaxada nas arquibancadas.
— Número um, nunca me envolvi em tentar juntar esses dois, e você sa-
be disso! Número dois, você sabe muito bem que não sinto nada por ela! E é
melhor você manter a porra da boca fechada e não vomitar essa merda de ca-
valo perto de Chelsie! Ela já está com ciúme suficiente de Evie. — Mike dá
um passo para trás e gira os ombros em um esforço para me mostrar que ele é
bom.
Eu fico boquiaberto com Mike em confusão. — Por que Chelsie está
com ciúmes? Porque Evie é a baterista principal esse ano? Não achei que
Chelsie tivesse feito o teste.
— Não, ela não fez o teste. Ela está com ciúmes porque Evie e eu somos
amigos há mais tempo do que estou com ela. — Mike olha para a arquibanca-
da onde Chelsie está sentada com algumas das namoradas dos outros jogado-
res, então olha para onde Evie está sentada sozinha. — Ela diz que garotos e
garotas não podem ser apenas amigos ou algo assim.
Alex interrompe seus movimentos cautelosos e solta uma risada obscena.
— Bem, isso é verdade.
— Não, não é! — Mike atira de volta. — Ela é como minha irmã! Não
há nada entre mim e Evie, e nunca houve! Nem todos nós sentimos a necessi-
dade de trepar com todas as bocetas que prestam a menor atenção. E eu que-
ro dizer... a menor. — Mike estreita os olhos perigosamente para Alex.
Tenho que bloquear outra carga.
— Ei! Vocês, viadinhos, vão fazer um círculo idiota agora, ou podemos
jogar um pouco de futebol?
Tento ignorar as provocações usuais de nosso primeira linha, Josh, agra-
decendo a Deus que a defesa finalmente quebrou para a luta. Um dia desses
eu vou arrancar a cabeça do meu próprio companheiro de time porque ele é
um idiota insuportável que merece ser derrubado. Só... não hoje, não com
Evie assistindo. Mas se eu pegar o idiota assediando ela ainda mais uma vez
nos corredores, todas as apostas estão canceladas.
O treino finalmente acaba com quinze minutos de atraso. Estou exausto,
deprimido e com sede. Olhando por cima do meu ombro, é óbvio que Evie
não se moveu de seu lugar na arquibancada. Não me lembro dela assistir a um
único treino antes de hoje. Por quem ela está esperando?
— O que há com o tornozelo de Evie, já que vocês dois são tão próxi-
mos e tudo mais? — Eu estreito meus olhos para Mike enquanto ele se apro-
xima do banco ao meu lado. Talvez ela esteja esperando por ele, o que me
deixa com ciúmes loucos, embora eu saiba que eles são apenas amigos.
Mike enxuga o suor do rosto com uma toalha e não parece notar ou se
importar que estou sendo um idiota. Ele olha para as arquibancadas, encolhe
os ombros e engole seu Gatorade. — Não sei. Vamos descobrir.
Nós dois paramos para procurar por Alex, mas ele já fez o seu caminho
até onde as líderes de torcida estão preparando seu próprio treino para o dia.
O típico Alex. Mike e eu trocamos um olhar de cumplicidade enquanto cru-
zamos o campo.
— Chelsie vai ficar chateada se você falar com Evie?
— Nah, eu só vou descobrir o que aconteceu com ela. Se Evie precisar
de ajuda, não posso exatamente fugir dela, mesmo que isso irrite Chelsie.
— É bom saber que você coloca sua irmã acima de sua namorada. — Eu
rosno para ele.
— Escute, idiota. Só porque você está de mau humor não significa que
vai descontar em mim. Não é minha culpa que o ano passado explodiu na sua
cara. Você não tem ninguém para culpar por isso, a não ser você mesmo.
— O que diabos realmente aconteceu entre ela e Eddie, Mike? Ela está
fazendo e dizendo merdas que realmente me fazem pensar. Ele a machucou?
— Tenho pretendido começar a investigar minhas suspeitas. Esta é a abertura
perfeita.
— É uma longa história que começa muito antes de Eddie entrar em ce-
na. Vamos apenas dizer que as cicatrizes emocionais não cicatrizam tão rapi-
damente quanto as físicas. Às vezes, as pessoas em quem você confia para
amá-lo e protegê-lo são as que acabam causando o maior dano. — A conversa
termina abruptamente quando nos aproximamos das arquibancadas. Mike
olha para Evie com o cenho franzido. — O que aconteceu com você?
Minha cabeça ainda está girando sobre a conversa enigmática e muito
perturbadora de Mike, mas como sempre, a presença de Evie embaralha meu
cérebro e reduz meu foco em qualquer coisa que não seja ela.
Ela faz uma careta enquanto desce cautelosamente até a arquibancada
mais baixa e se levanta lentamente, claramente sem apoiar seu peso no torno-
zelo machucado. — Posso ou não ter caído do pódio no treino e posso ou
não ter torcido o tornozelo.
— Jesus! Você está bem? Você precisa de uma carona para o hospital ou
algo assim? — Mike coloca sua mochila ao lado do corpo e avança para agar-
rar o braço dela para se apoiar.
Eu recuo, enfiando as mãos nos bolsos do short, sem saber o que fazer
ou dizer depois da montanha-russa dos últimos dias.
Evie acena com a mão e olha na direção de Chelsie para encontrá-la
olhando para eles com um olhar furioso. — Não, Mike, estou bem. É apenas
uma torção. Um de seus treinadores já olhou para ele.
— Tem certeza que é só isso? Você quer uma carona nas costas para o
seu carro?
Ela ri da oferta dele. — Não, tudo bem. Eu posso empurrar isso por um
tempo. Além disso, não quero meter você em mais problemas com Chelsie. É
melhor você chegar lá antes que os olhos dela façam um buraco na minha ca-
beça.
Prometi a mim mesmo que ficaria em silêncio e apenas me certificaria de
que ela estava bem, então me dirigiria para o chuveiro e para casa. Mas, eu não
consigo mais controlar minha boca quando ela está por perto.
— Você não deveria estar no trabalho às seis? — Ótimo, eu apenas ca-
sualmente a deixei saber que praticamente a persigo a cada hora que estou
acordado. Nada demais.
Evie me encara com um olhar inexpressivo que, surpreendentemente ou
não, meio que me excita. — Não posso ficar de pé a noite toda se mal consigo
ficar de pé em um deles, Superjock. Eu cancelei.
— Oh. Certo. — Estúpido, estúpido, estúpido. — Bem, uh, por que vo-
cê ficou para assistir ao treino? Você não deveria ir para casa e colocar gelo no
tornozelo?
Ela encolhe os ombros e estuda a bandagem. — Eu pensei que já que
não preciso ir, talvez você pudesse me ajudar com o cálculo?
Puta merda. Ela está esperando por mim? Sua voz está tão baixa que te-
nho certeza de que não a ouvi direito. Quando ela está sendo meio decente
comigo, me pergunto se alucinei todas as coisas ruins.
— Bem, deixe Falls carregá-la. Se você quer marchar na próxima sema-
na, fique longe desse tornozelo por um tempo. Sério, deixe ele te ajudar. Eu
tenho que ir. Até mais. — Mike corre até sua namorada, e Evie e eu assistimos
em silêncio enquanto ele claramente tenta acalmar as coisas com ela.
Eu não tinha ideia de que tivesse alguma coisa acontecendo entre Evie e
Chelsie. Isso me faz pensar no que mais eu perdi todos esses anos.
Evie se vira ligeiramente para pegar sua bolsa da arquibancada, então es-
tremece quando ela muda seu peso para as duas pernas, perdendo o equilíbrio
e quase caindo para trás.
Agarrá-la pela cintura para impedir que caia é um reflexo, mas assim que
perceber o que fiz, espero que ela me dê um soco. Em vez disso, suas mãos
pousam no meu peito enquanto ela recupera o equilíbrio. Minha respiração
engata com o contato. E falta de violência.
— Obrigada, — ela sussurra. Ela não olha para cima, mas também não
pula para longe de mim.
Eu a solto antes de fazer qualquer coisa estúpida. Levantando sua bolsa
sobre meu ombro, eu olho para ela com um sorriso mal contido de triunfo. —
Acha que consegue atravessar o campo?
Emoções conflitantes giram em seus olhos azuis até que ela desiste da lu-
ta. — Sim, mas posso precisar de uma ajudinha.
Estendo meu braço para ela agarrar, e começamos a caminhar lentamen-
te de volta para o prédio principal. É óbvio que cada passo lhe causa dor. —
Se o seu tornozelo doer tanto, posso carregá-la como Mike sugeriu. Sem pro-
blemas.
Ela olha para mim, travessura brincando em seu lindo rosto. — Obriga-
da, mas não. Você meio que fede. Não quero que esse cheiro passe para mim.
Além disso, atravessar o campo comigo usando você como muleta deve ser
ruim o suficiente para sua imagem de garanhão. Você sabe, ao ar livre, onde
todos podem ver.
Espere só um minuto. Ela está mudando sua defesa. O que só pode sig-
nificar uma coisa: ela não está convencida de que estou apenas tentando entrar
em sua calcinha. Devo ter ganhado algum terreno com ela sem nem mesmo
saber, então ela está tentando encontrar outro motivo para me afastar. Como
o bom zagueiro que sou, preciso testar meus limites e ver se a estou interpre-
tando bem.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Certo.
— Algo que você disse esta semana está me incomodando, porque não
consigo entender.
Seu corpo fica tenso ao meu lado, mas ela acena para que eu continue.
— Você disse que é uma geek estereotipada, uma ninguém, certo?
Ela acena com a cabeça novamente, mantendo o olhar fixo à frente.
— Por que você acha que tantos caras estão constantemente vindo para
cima de você? Mesmo que seja por sexo, isso implica que eles estão interessa-
dos e você não é ninguém. — Não me entenda mal, acho que esses caras são
babacas, mas a falta de autoconfiança dela não faz absolutamente nenhum
sentido para mim. Ela é linda e... perfeita.
— Sexo é sexo. É uma função biológica. Os adolescentes são animais
excitados de fato; todo mundo sabe disso. Desejar alguém não tem absoluta-
mente nada a ver com gostar dessa pessoa. Eles não estão interessados em
mim. Eles estão interessados em como minha vagina ou boca podem fazer
seus pênis se sentirem.
Meu cérebro tropeça e cai com a palavra “vagina” que sai de sua boca
tão casualmente, mas eu continuo. — Essas duas coisas nem sempre são mu-
tuamente exclusivas. Alguém pode estar interessado em você e em seu... cor-
po.
Deus sabe que estou.
— Sim, — ela se esquiva. — Eu acho que alguém poderia, mas é alta-
mente improvável. Eddie provou esse ponto. É como você disse que as garo-
tas só estão interessadas em você para uma coisa.
— Então você acha que eu também sou um ninguém, e as garotas só me
querem para sexo?
Ela suspira. — Eu acho que você é um atleta com tesão como todos os
outros.
Talvez eu não tenha ganhado tanto terreno quanto pensava. — Você es-
tá sendo uma vadia de novo. Você me disse para te avisar se isso acontecesse,
então estou avisando sobre isso.
— Eu não estou tentando ser uma vadia. Estou afirmando um fato sim-
ples.
— Por que você está tão convencida de que todos os atletas são babacas
com tesão? Mike é um atleta. Você obviamente não acha que ele é assim.
— Neveah Winters, — ela oferece como se isso devesse ser uma expli-
cação suficiente.
Eu me inclino um pouco mais perto e baixo minha voz. Esta jogada tem
o potencial de me fazer ou quebrar. — Você consegue guardar segredo?
Espero esta pequena referência a uma das poucas conversas que já tive-
mos para deixá-la feliz, mas em vez disso ela parece triste. — Você vai me
dizer que é gay agora?
Bem, pelo menos ela se lembra daquela troca de muito tempo atrás. —
Não, mas, o que estou prestes a dizer a você é uma informação altamente con-
fidencial e pode me colocar em apuros com o resto da equipe.
Isso é o suficiente para despertar seu interesse, mas não da maneira que
eu esperava. — Você é o apanhador?
— Não! — Eu zombo. — Fui eu quem expulsou Anthony do time pelo
que ele fez a ela. Bem, eu, Mike e Alex para ser exato. Que é outra razão pela
qual você não pode dizer nada. Eu não quero nenhuma retaliação para eles.
— O que isto quer dizer? Mike nunca me disse nada sobre isso, e eu nem
sabia que Anthony havia sido expulso do time.
Eu encolho os ombros. — A administração não queria que o que acon-
teceu com a equipe se tornasse público, então eles mantiveram tudo em se-
gredo. E Anthony queria livrar sua cara. É por isso que ele inventou aquela
história idiota sobre receber muitas concussões logo depois de ser suspenso.
Você já o viu se machucar em um jogo no ano passado?
Ela parece estar pensando sobre isso. — Não, mas eu só percebi que ele
se machucou fora do campo. Quer dizer, não me entenda mal, eu não me sen-
ti mal por ele porque ele não podia mais jogar. Só não percebi que tinha algo a
ver com sua aposta nojenta.
— Oh, sim. Cerca de metade da equipe estava nisso, mas Anthony foi o
cuzão supremo que encantou seu caminho em sua calcinha primeiro.
Ela se esforça para abafar o riso, mas falha espetacularmente. — Cuzão
supremo?
— Você consegue pensar em um nome mais adequado para esse cara?
Ela sorri para mim. — Não posso.
Tenho que tossir para fazer meu coração bater novamente. Quando ela
genuinamente sorri para mim, é como uma singularidade no universo.
— Espera. — Ela puxa meu braço para interromper nossa caminhada
lenta, então estreita os olhos para mim. — Por que você está me contando
isso? Para parecer melhor porque você não estava concorrendo para deflorar
Neveah?
— Não só que eu não estava na aposta para ver quem poderia tirar a vir-
gindade dela primeiro, eu não sabia sobre isso até que fosse tarde demais. O
que estou tentando dizer é que, se eu soubesse, teria feito o que pudesse para
impedir. Nem todos nós somos como Anthony... ou Eddie. Estou ficando
sem ideias para fazer você acreditar que não sou um atleta com tesão apenas
ajudando você para que eu possa transar. Você nunca vai confiar em mim?
Seu olhar faz suar brotar em meu lábio superior. Eu não tenho ideia do
que está acontecendo naquela linda cabeça dela. Sem outra palavra, ela se vira
para frente e nos movemos novamente.
— Isso é um sim? Não, você não dá a mínima? Ajude-me aqui, Evie.
— Eva. E vá em frente. O que aconteceu depois que você descobriu so-
bre a aposta?
Não esqueci que ela não respondeu à minha pergunta. — Anthony foi
um problema na equipe por um tempo. Depois que a notícia se espalhou pelo
vestiário sobre o que ele e seus amigos faziam, alguns de nós percebemos que
tínhamos um problema maior do que poderíamos lidar. Discutimos por horas
sobre o que dizer ao treinador, quem seria o dedo duro, esse tipo de coisa.
Ela me fixa com uma expressão que transmite desconfiança. — Você en-
tregaria seu próprio companheiro de equipe? Isso não é contra o código dos
manos ou algo assim?
— Eu não sou o tipo de cara que colocaria código de homens no lugar
da decência humana básica. O que Anthony fez foi indescritível, e ele merecia
ser punido por isso. Mas se torna mais fácil para você acreditar que nós o de-
nunciamos, sua atitude e comportamento de merda estavam afetando negati-
vamente toda a equipe. Não precisávamos de um idiota como aquele nos der-
rubando quando estávamos em uma corrida pelo campeonato. — Eu encolho
os ombros como se o que estou prestes a dizer a ela não seja tão importante
quanto é. — Então eu, Mike e Alex contamos tudo ao treinador.
— Como o treinador não sabia que Anthony e metade do time tinham
feito uma aposta para ver quem dormiria primeiro com aquela pobre garota?
Ele nunca está no vestiário com vocês?
— Não, normalmente não. E eu não sabia sobre isso enquanto estava
acontecendo, então acho que isso me torna ignorante também. Enfim, mais
uma semana se passa e eu percebo que nenhum dos caras que estavam na
aposta seria punido de forma alguma. Anthony só foi suspenso porque era o
líder da operação. Nenhuma acusação criminal foi apresentada porque, tecni-
camente, foi consensual. O que é uma besteira total se você me perguntar, já
que ela tem necessidades especiais. Como é que alguém sabe se ela ao menos
entendeu o que estava acontecendo? Não acredito que os pais dela não foram
à polícia. Se fosse minha filha, eu com certeza teria feito algo mais. E eu en-
tendo que não podíamos perder metade da equipe no meio da temporada,
mas vamos lá. Qualquer um deles poderia ter chegado a ela primeiro, mas, o
treinador não fez absolutamente nada com o resto deles. Então,
— O que você fez?
— Você jura que isso nunca vai além de você e eu?
Ela para novamente e me estuda. — Você quer dizer que Mike e Alex
não sabem a próxima parte?
— Ninguém sabe a próxima parte. — Deus, ela é tão linda. Ela poderia
me fazer contar todos os meus segredos, e ela nem sabe disso. — Prometa
que manterá esse segredo, Eva. É sério.
Ela revira os olhos e caminhamos novamente. — Ok. Eu prometo. Qual
é o seu segredinho estúpido?
— Achei que todos os envolvidos mereciam sofrer tanto quanto Ne-
veah. Entããão, eu entrei furtivamente no vestiário uma noite e sabotei todos
os protetores dos atletas com pó de caiena. Então eu pendurei uma placa aci-
ma da porta do vestiário que dizia: — Se você só pensar com seu pau, você
vai se queimar. — Memórias do caos que se seguiu no dia seguinte quando
todos se prepararam para a prática trazem um largo sorriso no meu rosto. —
Todos eles acham que o treinador fez isso.
O olhar que ela me lança ao erguer os olhos é uma mistura de horror e
descrença. — Você não fez isso!
— Se alguém perguntar, não fiz. Nem tenho ideia de quem fez isso. Mas
essa nem é a melhor parte.
Ela me recompensa com uma risada. — Tem mais?
— Alex levou Neveah para um encontro real na semana seguinte. Ele
achava que ela merecia ser tratada como uma pessoa real depois de ser tratada
como carne por tanto tempo.
— Agora eu sei que você está mentindo.
— Por que eu mentiria sobre isso? Não tenho nada a ganhar dizendo a
você que Alex é um cara bom. Por que você não acredita em mim?
Ela encolhe os ombros. — O que eu acredito não importa. Só porque
estou tentando não ser uma vadia com você, não significa que vou ser estúpi-
da sobre as coisas também.
Desta vez, sou eu quem nos impede. — Quanto vai demorar?
— Eu não sei, — ela sussurra.
Porra, eu deveria saber que a admissão não a afetaria.
— Espera. Você foi o zagueiro titular no ano passado. Por que você
simplesmente não estabeleceu a lei no vestiário depois que descobriu sobre a
aposta?
— Eva, você se lembra de mim na temporada passada? A menos que eu
tivesse uma bola de futebol em minhas mãos, ninguém me levava a sério.
— Sim, eu me lembro, — ela murmura. — Eu sou grata por nunca ter
sabido até agora o quão horrível você cheira depois de segurar uma bola de
futebol nas mãos por um tempo. Querido Deus, é como se você estivesse ro-
lando em um chiqueiro.
Eu olho para a frente, decidindo ignorar o último comentário que clara-
mente tem a intenção de me afastar novamente. — Bem, eu acabei de treinar
por cerca de duas horas, então... sim. — Suor estúpido.
Eu paro quando nos aproximamos da entrada do prédio.
Ela libera seu aperto mortal em meu braço. Imediatamente parece frio
onde sua pele não está mais em contato com a minha, mas eu sacudo e abro a
porta para ela entrar mancando.
— Vou correr até o vestiário e pegar minhas coisas, então já volto. Eu
realmente não acho que devemos tentar subir para a biblioteca. — Logo de-
pois da porta, há uma passagem aberta, e coloco sua bolsa ao lado dela en-
quanto ela se inclina contra a parede. — Nós poderíamos facilmente trabalhar
aqui para que você não precisasse andar tanto.
— Sério? Ao ar livre? Não estava me ajudando em todo o campo, preju-
dicando o suficiente para sua reputação? — Ela olha para mim com uma so-
brancelha arqueada, descrença clara pintada em suas feições marcantes.
E estamos de volta a isso. Pelo menos ela não está agindo como se eu es-
tivesse apenas tentando fazer sexo com ela. Eu chamo isso de uma pequena
vitória. Talvez contar a ela o que aconteceu com o time no ano passado tenha
sido a melhor jogada, afinal.
— Você sabe que eu não sou assim. Nunca fui, nunca vou ser. — Estou
tentando o meu melhor aqui, mas se ela vai continuar jogando novas jogadas
para mim, eu tenho que ficar na ponta dos pés e ganhar mais tempo no cam-
po. — Eu acho que é você que não quer ser vista comigo. Com medo de ar-
ruinar sua imagem de rainha da banda?
Ela zomba de mim, mas não quebra nosso olhar fixo. — Rainha da ban-
da?
Eu me endireito e dou de ombros, tentando manter um comportamento
não afetado depois de respirar seu doce perfume — Você é a principal dos
tambores este ano.
Ela franze a testa, ainda olhando para mim. — Como você sabe disso?
— Eh, você sabe. Aqui e alí. O boato de costume. — Eu dou uma pis-
cadela rápida, gostando de jogar suas próprias palavras de volta para ela. —
Há rumores de que você é a presidenta da Honor Society este ano. Você sabe
o que eu acho que isso significa?
— Que sou uma geek certificada e a próxima na fila para uma aposta no
vestiário?
— Não. Que somos perfeitos.
Ela estreita os olhos para mim. — Certo, perfeitos para quê?
— Para sermos amigos, Eva. Ser amigos.
Se ela pode mudar suas jogadas, eu também posso.
Capítulo 9
Eva
Andando em Círculos

Nós estamos sentados na cabine de costume de Rob. É estranho estar


aqui como cliente em vez de funcionária. Mais estranho ainda estar sentada
em frente a Rob Falls, mesmo que estejamos apenas fazendo o trabalho esco-
lar juntos.
Quando ele voltou do vestiário, recém-banhado e cheirando melhor do
que qualquer homem tem o direito, ele me convenceu a ir ao restaurante com
ele para me dar as aulas particulares. Eu cedi porque sei que ele sempre está
com fome depois do treino, e ele abnegadamente concordou em me ajudar
com o cálculo. Não tinha absolutamente nada a ver com a forma como o ca-
belo molhado grudava na testa. Minha concordância também teve pouco a ver
com o sorriso infantil com covinhas que ele usou contra mim como uma arma
de destruição em massa. E com certeza não foi por causa da história que ele
me contou sobre a maneira como ele se vingou de seus companheiros de time
que mexeram com Neveah.
Assim que chegamos, Rob apoiou meu tornozelo no banco ao lado dele.
Margie me trouxe gelo para isso. Ela e minha chefe, Sheila, olharam para mim
e entenderam imediatamente por que eu cancelei o turno.
Eu examino a sala de jantar procurando potenciais colegas fofoqueiros
que poderiam alimentar rumores sobre nosso envolvimento enquanto Rob
verifica meu dever de casa.
— Eu disse a você na segunda-feira que você realmente não conhecia
meu verdadeiro eu, e eu queria mudar isso, mas você claramente não acredita
em nada do que eu digo, então... pergunte-me qualquer coisa. — Seu rosto
está escondido atrás do meu papel, então não posso dizer se ele está falando
sério ou não por sua expressão.
Já que eu não quero que ele me acuse de ser uma vadia de novo, eu deci-
do jogar junto. — Qual é a sua cor favorita?
Ele espia do meu dever de casa, e a expressão de choque em seu rosto
não tem preço. — Hum, azul. A sua?
— Eu pensei que era sobre eu te conhecer. Eu nunca concordei em dei-
xar você me conhecer. — Os velhos hábitos são difíceis de morrer.
— Justo.
— Preto. — Eu não consigo resistir a zoar com ele. Mesmo que eu te-
nha acabado de dar a ele o que ele quer, ele não esperava isso... de novo.
Pode ser divertido ver o quanto posso surpreendê-lo. — Comida favori-
ta?
— Bife. A sua?
— Cordeiro.
— Huh. Acho que nunca comi cordeiro antes. Qual é o gosto?
— Ué. De cordeiro. — Eu me esforço para abafar meu riso. Seus olhos
praticamente saltam da cabeça em descrença. Ele realmente não deve ter espe-
rado que eu participasse tão facilmente. — Aula favorita?
— Estatística. A sua?
— Gestão. Professor favorito?
Ele ri enquanto desliza meu papel sobre a mesa. — Bem, não é o Sr.
Smith!
— Ok, vou aceitar essa. — Ele provavelmente odeia o Sr. Smith mais do
que eu por forçá-lo a este pequeno arranjo, não importa o quanto ele negue.
— Hum, deixe-me pensar... música favorita?
— Eu poderia escolher antes uma estrela favorita no céu. Eu chamo isso
de falta, alegando que apenas pessoas que não ouvem música podem escolher
uma única música favorita.
Eu estou morta. Rob Falls acabou de me matar com palavras. Maldito
seja.
Eu olho para o meu dever de casa, tentando resistir ao terreno comum
que ele acabou de tropeçar. — Como eu me saí?
— Acertou tudo. Acho que você está pronta para amanhã.
Seja lá o que ele se tornou desde o ano passado, uma coisa é certa. Rob
está salvando minha bunda desistindo de sua vida social por mim. Eu tenho
que dar crédito a quem é devido. — Obrigada. Eu honestamente não poderia
ter feito isso sem você.
Ele abre a boca para responder, mas para abruptamente e olha para cima.
— Ei, Gena, — ele gorjeia.
O fato de eu nem ter notado ela parada na ponta da mesa me assusta.
Nossa conversa não foi tão interessante.
— O que diabos está acontecendo aqui?
Gena Bertucci tem um metro e meio de atitude pura. Ela é veterana co-
mo nós na escola, mas ela e eu nunca trocamos duas palavras antes de come-
çarmos a trabalhar juntas no ano passado. Ela teve a impressão de que eu era
uma garota legal superdotada simplesmente porque participo de muitas ativi-
dades. Ela certamente me tratou com o mesmo desdém que sinto pela multi-
dão popular. Sua atitude em relação a mim diminuiu depois de alguns meses,
quando ela percebeu seu erro. Não sou nada parecida com os idiotas pretensi-
osos no topo da escala social da escola. Somos amigas desde então. Não posso
dizer que ainda não estou chateada com ela por faltar ao trabalho ontem à
noite, no entanto.
— O que diabos aconteceu com você? — Seu temperamento diminui
quando ela vê meu tornozelo enfaixado.
— Eu caí do maldito pódio no treino e torci. Você achou que eu tinha
cancelado o turno para me divertir?
— Bem, eu não achei que você fosse estúpida o suficiente para cancelar
e então entrar aqui em um encontro. — Ela olha para Rob com uma expres-
são sonhadora em seus olhos.
Oh, pelo amor de Deus, existe uma garota viva que é imune à beleza de
Rob?
— Não é um encontro. Na verdade, hum, é meu tutor de cálculo e par-
ceiro de biologia. — Eu simplesmente não consigo dizer que ele é meu amigo.
— Você absolutamente odeia isso, não é? — Ele se inclina para trás na
cabine, cruza os braços musculosos sobre o peito e sorri como o gato de
Cheshire.
Fizemos nossos pedidos com Gena, e eu brinco com ele quando ele pe-
de a mesma coisa de sempre. Ele simplesmente revira os olhos e sorri seu sor-
riso com covinhas para mim.
— Como você e Mike se tornaram tão bons amigos, se você não se im-
porta que eu pergunte? Quero dizer, com seu preconceito de atleta e tudo. —
Ele pisca para mim para mostrar que está brincando e toma um gole de sua
Coca.
Eu me endireito na cadeira, examino a sala novamente e debato em mi-
nha cabeça o quão bem eu quero que o quarterback do time de futebol e o
presidente do grêmio estudantil me conheça. Ser menos mal-intencionada não
significa dar a ele munição contra mim.
— Eu sinto muito. Eu não queria ser muito pessoal. Você deveria estar
me fazendo perguntas, não o contrário.
Respirando fundo, espero que Rob já conheça a história de Mike. Não
quero divulgar informações que ele não gostaria que um de seus melhores
amigos soubesse. — Nossos pais foram embora na mesma época. Foi assim
que nos tornamos bons amigos. Presos a uma tragédia comum, eu acho.
— Eu sinto muito. Eu não sabia e definitivamente não queria deixar vo-
cê desconfortável.
Gena interrompe o constrangimento entregando nossa comida.
Rob começa a encher o rosto, com a boca cheia de hambúrguer mastiga-
do, quando ele diz um agradecido. — Obrigado.
Eu torço meu nariz em nojo. Gena e eu trocamos olhares antes que ela
se afaste, igualmente enojada. Já vi seus péssimos modos, mas estamos em
público, onde todos podem vê-lo destruindo seu jantar. — Você come como
a porra de um porco.
— Sim? E para uma garota tão bonita, você com certeza tem uma boca
suja. — Ele sorri para mim, engolindo sua comida como se não comesse há
semanas.
Se não fosse pelo fato de que ele claramente não está tentando me im-
pressionar, esse comentário poderia me deixar desconfortável. Eu decido sim-
plesmente acenar para ele. — São apenas palavras. Ok, de volta às minhas
perguntas para você.
Ele acena em assentimento do outro lado da mesa enquanto enfia o resto
do hambúrguer na boca.
— Você se comporta assim quando está sendo o apoio de encontros de
Alex?
Ele levanta a sobrancelha para mim e termina de mastigar antes de me
dar sua resposta. — Esta é uma questão séria ou você está apenas brincando
comigo?
Eu não quis dizer isso como uma das perguntas para conhecê-lo. Sim-
plesmente apareceu. — Hum, sim, sério. Porque acho que estou começando a
ver por que você é sempre o único a não ter um encontro sozinho.
Esta conversa pode levar a uma direção perigosa. Eu me ocupo com mi-
nha própria comida e penso em uma linha mais segura de questionamento.
Ele suspira e pega algumas das batatas fritas que sobraram em seu prato,
tentando encontrar uma resposta. — Eu nunca decidi realmente tentar im-
pressionar uma garota, então eu honestamente não sei. Acho que apenas ajo
da maneira que costumo fazer. Isso é uma coisa ruim? Eu não deveria ser eu
mesmo?
Não sei o que fazer com suas perguntas. No ano passado, fui inundada
com a versão arrogante de Rob. O que estou vendo e ouvindo agora não é
nem mesmo o velho e tímido Rob. É alguém totalmente novo, completamen-
te desconhecido. Ele parece quase... vulnerável, com medo da minha resposta.
— Eu não acho que estou realmente qualificada para lhe dar conselhos
sobre namoro. Vamos seguir para a próxima. Qual é seu tipo favorito de mú-
sica? Uma vez que já estabelecemos que você não pode escolher uma música
favorita.
Sua risada fácil retorna com a mudança de assunto. — Country. E o seu?
— Ah não. Não é country. Agora definitivamente não podemos ser ami-
gos. Deus, você também é provavelmente um republicano e antifeminista.
Você é como a foto de capa de uma revista americana masculina, branca ou
algo assim.
— Espere, então você acha que eu pareço um deus e poderia ser capa de
revista?
Minhas batatas fritas com queijo tentam subir de volta na minha garganta
e eu tusso. Eu estalo meu olhar para ele. Em vez de uma expressão conivente,
olhando para mim como um pedaço de carne estúpida, vejo apenas seu rosto
jovial, seus olhos camaleão brilhando com uma risada mal contida, e a covinha
em sua bochecha direita aparecendo com o esforço de controlar seu sorriso.
Ele está brincando comigo.
Bem jogado, Sr. Falls. — Essa é a sua resposta? Mesmo?
Ele ri, encolhe os ombros. — Bem, eu acho que tinha que surgir com al-
go que te desarmasse antes de sistematicamente refutar cada suposição que
você acabou de fazer sobre mim. Exceto que eu sou, na verdade, um homem
americano, branco. Eu não tenho como refutar isso.
É errado que eu adore quando as pessoas usam palavras difíceis no dis-
curso do dia a dia? — Não, você certamente não pode refutar isso.
— Tudo bem. — Ele revira os ombros. — Em primeiro lugar, o country
é o meu tipo de música preferido, mas não é tudo o que ouço. O único tipo
de música que me recuso a ouvir é rap agressivo. Eu realmente não acho o
comportamento criminoso divertido, mas sou um otário para uma boa batida.
Em segundo lugar, não sou republicano. Sou um independente. — Ele gesti-
cula com as mãos quando vê que estou prestes a protestar.
Na verdade, havíamos entrado em alguns debates bastante acalorados no
primeiro ano do Civics que eu honestamente tinha esquecido até agora.
— Embora eu tenha pontos de vista e opiniões conservadores, eu me re-
cuso a me juntar a essa causa moribunda de intolerância e hipocrisia, não,
obrigada. — Ele se inclina para trás e zomba, limpando as mãos. — E, por
último, detesto o termo feminista. Acho que tem conotações ruins que lem-
bram as mulheres anti-masculinas.
Agora ele tem minha atenção. Eu me preparo para o esperado discurso
misógino. Espero por isso.
Vamos, Falls. Torne isso mais fácil para mim.
— Eu gostaria que fosse apenas chamado de igualdade de gênero e isso,
eu sou a favor. Não há nada que um homem possa fazer que uma mulher não
possa fazer e vice-versa. Exceto, você sabe, algumas coisas biológicas reais.
Puta merda. Acho que estou apaixonada. Maldito.
— Mas eu não suporto quando as pessoas tentam se esconder atrás do
feminismo como uma plataforma para suas próprias agendas distorcidas. Tem
que ser uma rua de mão dupla. Você não pode esperar que um homem abra a
porta para você e, ao mesmo tempo, agir como se fosse um insulto. Tem que
haver um dar e receber, uma reciprocidade. Homens e mulheres podem ser
iguais, com certeza, mas também devem ser complementares. — Ele toma um
gole de sua bebida, completamente inconsciente de que estou descaradamente
olhando para ele em choque e adoração.
Sim, eu definitivamente poderia ser amiga desse cara. A menos que ele
esteja totalmente brincando comigo. Ele provavelmente está brincando comi-
go.
Melhor prevenir do que remediar, mas ainda assim. Não consigo me
lembrar da última vez que tive uma conversa mais profunda do que fofocas da
escola e planos de fim de semana com alguém que atualmente chamo de ami-
go. Minha mente está faminta por alguém com quem conversar de verdade.
Algo que eu não percebi até que ele abriu a boca.
A verdade assustadora é que estou faminta por mais dele. E agora ele pa-
rece o velho Rob mais do que nunca.
— Por que... hum, por que você parece tão diferente do que costumava
ser? E, — eu corro para interromper. — Eu não estou tentando ser ofensiva.
Juro.
— Uau. Não tenho certeza de como responder a isso. Não acho que seja
intencional. Como sou diferente? Eu ainda sou apenas eu. — Ele abre as
mãos em defesa, mas sua linguagem corporal grita seu desconforto.
Isso me faz sentir uma pontada de culpa, especialmente porque ele já me
chamou pela mesma coisa. Mas se vou desistir e ter mais do que um mínimo
de respeito por ele, há algumas coisas que preciso esclarecer.
— Bem, no primeiro ano, aquela primeira semana quando eu te ajudei a
encontrar o seu caminho? Você era tão tímido e legal e... doce. E na verdade
eu estava me lembrando hoje à noite de como você e eu costumávamos discu-
tir nossos pontos de vista opostos no Civics. Você sempre foi tão respeitoso.
Parecia que você estava tentando me convencer em vez de discutir comigo.
Ele ri quando a memória claramente retorna a ele também.
— Mas então você meio que cresceu de repente no segundo ano, e as ga-
rotas estavam sempre se atirando em você por causa da sua aparência. Quero
dizer, você ainda estava meio estranho com isso, mas isso foi antes dos rumo-
res do ego começarem.
— O que? — Ele ri de verdade. — Que aparência? Eu sou como um gi-
gante idiota e crescido!
Ele balança a cabeça, tomando um gole de sua bebida.
— Okaaay. — É mais do que um pouco chocante que ele não se ache
lindo. Deve ser uma manobra da parte dele. Ele tem que saber o quão atraente
ele é, ou ele não sentiria que essa é a única coisa que as garotas estão atrás de-
le. — Bem, que tal o primeiro ano então? De repente, você deixou de ser ape-
nas tímido e ficou mais confiante em sua própria pele para se tornar um atleta
detestável. Acho que começar essa temporada subiu à sua cabeça ou algo as-
sim?
— Não, na verdade, não aconteceu. Nunca me senti confiante em toda a
minha vida, exceto no campo. Achei que tinha deixado isso bem claro. — Ele
recusa o contato visual, as sobrancelhas franzidas. Seus dedos batem uma ba-
tida na mesa. — Eu já disse que tinha meus motivos, e acho... com tudo o que
aconteceu no ano passado... eu ser um idiota foi porque eu me senti meio pre-
so nisso.
— Bem, o que aconteceu?
Ele respira fundo, ainda batendo um ritmo. — Algo que eu realmente
queria, mas pensei que nunca poderia ter, foi empurrado na minha cara de
repente. Quando não deu certo, agi como um idiota. O que foi ridículo por-
que foi totalmente minha culpa que as coisas não correram como eu esperava.
Ele mastiga o lábio inferior. — Eu honestamente não estava tentando
agir como um idiota depois que aquilo explodiu na minha cara. Achei que era
hora de ter mais confiança fora de campo se quisesse comandar melhor o time
nisso. Cheguei a um acordo com o fato de que foi minhas ações, ou... a falta
delas que tenha causado isso. — Ele suspira, o som pesado e triste. — Isso
me mudou. Acho que não para melhor.
— O que você queria tanto?
Acho que nunca vi uma expressão tão séria e sombria em seu rosto. É
enervante. Ele me mostrou mais emoção na semana passada do que eu posso
me lembrar de ter visto dele antes. Quer eu tenha feito isso intencionalmente
ou não, estou mais envolvida do que gostaria.
É revelador pensar que há mais coisas acontecendo em sua cabeça do
que qualquer coisa que cause seu sorriso perpétuo e olhos brilhantes. Saber
que é tudo uma atuação é... bem, eu não sei. Parece um pouco comigo, eu
acho. Eu nunca teria imaginado que temos tanto em comum. Está ficando
claro que sua detestável personagem de atleta é uma atuação. Sob a armadura
que ele usa, esconde-se o verdadeiro Rob. O Rob que eu pensei que se foi pa-
ra sempre.
Ele respira fundo novamente, seu peito largo arfando com a inspiração e
a expiração enquanto ele me observa com um pouco de atenção demais. —
Algo que ainda não posso ter, eu acho.
Eu me pego estudando seus olhos. Eles aparecem verdes com manchas
de azul e uma borda azul ao redor deles. Eu sempre soube que eles parecem
mudar de cor, mas nunca antes percebi o quão honestos eles são, cheios de tal
expressão e sentimento que honestamente me aquietam. Minha mente quase
nunca fica quieta. Existem pensamentos constantes, um monólogo interno,
algo sempre passando por ele. Encarando suas íris verde-azuladas enquanto
ele silenciosamente me encara de volta, não há nada passando pela minha ca-
beça.
O silêncio interno é uma pausa bem-vinda. Pela primeira vez em muito
tempo, sinto que ele também me vê de verdade. E isso me assusta pra caralho.
Capítulo 10
Rob
O melhor de você

Sextas são dias de teste de cálculo, então paro na mesa de Evie para ofe-
recer algumas palavras de encorajamento antes do início da aula. Seu nervo-
sismo é palpável. Ela vai explodir porque não está confiante o suficiente em
sua própria habilidade. Ela sai correndo rapidamente quando o sinal de dis-
pensa toca, então não tenho a chance de perguntar como ela se saiu. Se sua
ansiedade em escapar da sala é alguma indicação... ela ferrou tudo. Ela ficou
meio distante o resto do dia. Pode ser por causa do teste, mas ela parece estar
me evitando novamente. Achei que a noite passada no restaurante tinha corri-
do bem. Agora estou tendo dúvidas.
Quando eu deslizo para o banquinho ao lado dela na aula de bio, o se-
gundo pacote de perguntas já está na mesa do laboratório. Eles não deveriam
ser entregues até segunda-feira, mas a Sra. Anderson está determinada a agitar
as coisas este ano.
— Bem, pelo menos nós já começamos isso ontem à noite, — eu brinco.
Ela ri, mas não é o seu verdadeiro riso musical. Ela brinca com a borda
de seu caderno. Algo não está certo.
— Como você se saiu no teste?
Ela encolhe os ombros, sem fazer contato visual. — Não tenho certeza.
Você acertou todas?
— Eu acho que sim. Pronta para começar?
— Certo. Você vai primeiro.
— OK. Pergunta treze: Se você tivesse uma bola de cristal, o que gosta-
ria de saber?
— Jesus, essas perguntas são estúpidas, — ela murmura.
Eu rio de acordo. — Quer passar?
Nós dois pulamos quando a Sra. Anderson aparece atrás de nós. — Não
pule perguntas, por favor. Você não obterá todos os benefícios a menos que
responda a todas elas de forma aberta e honesta.
Os cavalos selvagens não conseguiriam arrancar algumas dessas respos-
tas de mim. — Sra. Anderson, algumas dessas questões são simplesmente difí-
ceis. Eu demoraria um pouco para pensar na minha resposta e só temos no-
venta minutos.
Minha resposta parece excitá-la muito mais do que deveria. Ela rapida-
mente faz seu caminho para a frente da sala para falar para toda a classe. —
Fui informada de que algumas das perguntas requerem consideração cuidado-
sa e ponderada antes que uma resposta honesta possa ser dada. O que é espe-
rado devido à sua natureza inerente. Por favor, não tenham pressa e não se
preocupem em passar por todos elas durante a aula de hoje. Seu dever de casa
para o fim de semana, além do que já está listado no site da aula, é combinar
um encontro com seu parceiro e esclarecer as dúvidas que você não resolver.
A classe irrompe em conversas animadas. Sentimentos como “o melhor
dever de casa de todos” flutuam em meus ouvidos enquanto observo silencio-
samente a garota sentada ao meu lado que olha pela janela. Os parceiros atrás
de nós planejam fazer uma noite disso, The Bio Effect aparentemente em ple-
no vigor. Olhando ao redor da sala, todos parecem relaxados e conversando
animadamente sobre seu fim de semana. Todos, exceto minha parceira.
A culpa que provavelmente deveria sentir por seu desconforto se recusa
a se materializar. Bastardo ganancioso que sou, vou aceitar o que puder. For-
çado ou não. — Parece que você vai passar a noite de sexta-feira comigo, afi-
nal.
Ela me encara com um olhar acusatório. — Você gostaria disso, não é?
— Sim, — eu digo a ela honestamente.
Ela zomba, uma de suas reações habituais para mim. Se havia alguma
dúvida antes, agora acabou. Fica claro, quando ela olha para sua obra no ca-
derno, que nada do que eu disse ontem ficou preso. — Atleta típico.
— O que eu quis dizer é que não me importaria de passar minha última
sexta à noite livre com você, a menos que você planeje agir como uma idiota
excitada que não consegue me olhar nos olhos.
Três dois um…
Ela me olha desafiadora. — Eu trabalho o fim de semana todo.
A luta para não rir de sua reação previsível provavelmente deixa meu
rosto vermelho. — Achei que você não trabalhasse nas noites de sexta.
Ela continua o seu olhar determinado. Manter minha diversão sob con-
trole fica mais difícil a cada segundo.
— Bem, a temporada não começa até a próxima sexta-feira, — ela bufa.
— Oh. Bem, posso parar na lanchonete e trabalhar nisso com você.
Ela ri secamente e balança a cabeça para mim. Há um indício de algo em
seus olhos. — Eu não posso fazer o trabalho com você enquanto você está
em um encontro.
— Você sabe muito bem que eu nunca estive em um encontro real em
um restaurante. E Alex não vai precisar de mim como um ajuda esta noite. —
Eu aceno para ela olhar vários bancos à nossa frente, onde ele já está colocan-
do o encontro em movimento com sua parceira de laboratório, que responde
com entusiasmo. Esse é um casal da biografia da AP que eu sei que não durará
muito.
Evie nem tenta esconder os sons de seu nojo. — Como você é amigo
dele?
— Acho que houve um elogio indireto aí, em algum lugar...
Ela ri ao meu lado enquanto observamos Alex trabalhar sua magia.
Elas sempre caem nisso um pouco facilmente se você me perguntar. Elas
mal o fazem trabalhar para isso. As poucas que fazem estão apenas atuando,
jogando duro para conseguir algo com a intenção total de captura. O pobre
rapaz sempre termina antes que as coisas fiquem muito confortáveis.
Eu solto um suspiro profundo enquanto o vejo sussurrar no ouvido de
sua parceira. — Ele é um cara bom, apenas mal compreendido como o resto
de nós.
— O que há para não entender sobre ele?
— Lembra do que eu disse a você sobre Neveah? Ele não precisava fazer
isso, você sabe.
— Eu ainda não tenho certeza se acredito que ele realmente fez. Você já
pensou em sua primeira resposta?
Alguém está ansioso para mudar de assunto hoje. Isso pode significar al-
go... ou nada.
— Uh, eu li a pergunta. Na verdade, é a sua vez de responder.
— Oh, certo. — Ela respira fundo. — Acho que gostaria de saber se ha-
via algo diferente que eu pudesse ter feito até agora. Você sabe, ter um resul-
tado diferente.
Mais suspeitas se acumulam em meu cérebro. — Você quer dizer sobre
o ano passado?
— Eu não disse isso.
— Você não precisava.
E... ela voltou ao seu hábito nervoso. Aquele caderno pobre e abusado.
— Você quer me dizer o que realmente aconteceu?
Cada músculo de seu corpo fica tenso. — Você sabe o que aconteceu.
— Eu sei o que Eddie disse que aconteceu. Já te disse que nunca acredi-
tei nisso por um segundo. Então, o que realmente aconteceu?
— Já respondi à pergunta, — diz ela com um suspiro. — Você precisa
de mais tempo para pensar sobre a sua?
— Não, mas acho que preciso de mais tempo para ganhar sua resposta.
Está tudo bem.
O olhar que ela me dá só pode ser descrito como gratidão.
— Eu gostaria de saber se... o ano passado teve que acontecer.
Ela não me questiona sobre a minha resposta vaga. — Quatorze: Há al-
go que você sonha fazer há muito tempo e, se sim, por que não fez?
O nível e o volume da minha risada beiram a loucura. — Sim, e porque
sou um covarde absoluto.
— O que é que você não fez? — Seu nível de curiosidade abafa o ar ao
redor.
De jeito nenhum vou dizer isso a ela. Se eu tivesse coragem, obviamente
já teria. — Isso não faz parte da questão. Sua vez.
Ela esfrega a caneta nos lábios enquanto pensa a respeito. — Não consi-
go pensar em nada, na verdade.
Eu mataria para ser essa caneta. Colocar a língua de volta na boca é pro-
vavelmente uma opção mais segura. — Próxima. Quinze: Qual é a maior con-
quista da sua vida?
— Eu sinto que estamos em uma desvantagem injusta como estudantes
do ensino médio para responder a isso. O que qualquer um de nós realmente
fez ainda?
— Eu acho que você só deveria pensar em algo até agora. Então, para
mim, seria começar a jogar no time no ano passado.
— Está bem então. Ser o tambor principal. Questão dezesseis: O que
você mais valoriza em uma amizade?
— Lealdade, — eu respondo imediatamente.
Ela bate aquela maldita caneta contra os lábios novamente. — Não sei.
Esta é mais uma daquelas questões que pode demorar um pouco para pensar.
Lealdade é boa, mas é mais do que isso, sabe? Você precisa ter coisas em co-
mum, coisas importantes. Você precisa ser capaz de falar aberta e livremente,
mas em condições de igualdade. Tipo, como você disse que falar com garotas
lembra você de ter uma conversa com um idiota com tesão?
— Sim…
— Entendi. Porque, sério, se eu tiver que ouvir mais uma das histórias
de sexo nojentas de Jess, vou perder a cabeça.
— Oh merda, eu sei. Agora eu sei o que você está pensando, que todas
as histórias vêm de Alex. Mas Mike é pior.
Sua risada musical está de volta. — Querido Senhor, não consigo nem
pensar nisso.
— O que, ele não compartilha com você? Sortuda.
— Oh, graças a Deus, não. — Seus ombros tremem enquanto ela ri.
Vou manter isso rolando o maior tempo possível. — Você sabe qual é o
pior? Quando Alex e Mike começam a falar sobre isso, trocando histórias, e
eu fico ali sentado, olhando para frente e para trás, como um total estrangeiro
na terra do sexo e do mel...
Ela agarra meu bíceps, provavelmente porque seria um alongamento pa-
ra alcançar meus ombros e me sacudir, realmente me sacudiu. — Sim!
Nós dois nos dissolvemos em um ataque de riso desagradável. Isso é de-
finitivamente muito diferente do início da aula.
— E então... — ela tenta falar enquanto recupera o fôlego. — E então,
Jess e Alyssa falam sobre “você deveria tentar esta posição,” ou “você deveria
ficar com fulano porque ouvi dizer que ele é muito talentoso”. E eu fico tipo,
alô? Não estou interessada... — ela desabou na mesa em uma pilha de mem-
bros trêmulos.
Bem, isso me deixa sóbrio rapidamente. Suas amigas estão tentando fa-
zer ela namorar novamente. Eu não quero nem pensar sobre ela tentando
qualquer posição pervertida com ninguém além de mim. Apenas o pensamen-
to de seus lábios nos de outra pessoa é o suficiente para fazer meu sangue fer-
ver. Não posso repetir o que aconteceu no ano passado, mas não tenho ideia
de como fazer as coisas seguirem em frente sem ela apenas me desligar ou se
afastar.
— Dezessete, — estou ansioso demais para mudar de assunto e seguir
em frente — Qual é a sua memória mais preciosa?
Ela se levanta sobre o cotovelo, lançando-me um olhar curioso.
— Esta é outra que é difícil. Na verdade, tenho muitas boas lembranças
da minha infância, apesar de... tudo. — Seus olhos assumem uma qualidade
sonhadora. Bela.
— Basta escolher uma.
— Hum, está bem. A vez em que fomos visitar minha família em Creta.
Eu tinha quatorze anos. Foi no verão antes do ensino médio. — Um lento
sorriso se espalha em seu rosto. É óbvio que esta é, de fato, uma boa memó-
ria.
— Então você ainda tem família lá?
— Sim. Ainda mantenho contato com minha prima, Leda. Ficamos mui-
to próximas naquele verão. Ficamos lá por mais de um mês. — Ela ri da me-
mória, rabiscando em seu caderno. — Da última vez, ela queria levar Tini e eu
para a praia. Mas como ela mora lá, ela não queria ir a nenhum desses lugares
turísticos. Ela disse que conhecia uma enseada particular especial que era ab-
solutamente linda, mas teríamos que caminhar até ela. Então, é claro, estáva-
mos no jogo. A praia ficava a uma hora de distância da casa a pé. Meus pés
estavam me matando quando chegamos lá e mal podia esperar para colocá-los
na água. Pensei que íamos mergulhar nas ondas e brincar na areia porque não
tínhamos embalado nossos maiôs nem nada. — Ela para, perdida em pensa-
mentos.
A lembrança de um maiô particular que Evie possuía me faz sorrir.
Quando não estava ocupado com vários campos de futebol, trabalhei como
salva-vidas na piscina local. No meu primeiro ano de serviço, ela ficou à vista
de qualquer pessoa que quisesse olhar com um lindo biquíni azul. E como eu
olhei. Foi um milagre que ninguém se afogou sob minha supervisão. Mas no
próximo verão, ah, no próximo verão. Evie de repente estava crescida. Na-
quele ano, ela usava um biquíni branco rendado que se destacava em sua pele
bronzeada e deixava muito pouco para a imaginação. Ainda sonho com aquele
biquíni branco às vezes.
— Enfim, estava tipo trinta e cinco graus, super úmido, estávamos co-
bertas de suor e poeira da trilha e todos os nossos pés doíam. Leda nos disse
para nos despir e mergulhar, — ela faz uma pausa para rir de novo, mas eu fui
embora.
Esqueça o biquíni branco.
Evie. Nua. Oceano.
Imagens vívidas correm pelo meu cérebro dela completamente nua nas
ondas, água salgada escorrendo de seu cabelo para seus seios lindos e... ereção.
— Oh meu Deus.
Devo ter sussurrado em voz alta, porque ela começa a rir ainda mais for-
te enquanto continua seus rabiscos. — Pare de imaginar minha irmã nua.
— Não estou pensando em sua irmã. — Puta merda. Acho que também
disse isso em voz alta.
Evie vira todo o corpo para olhar para mim. Meu cérebro finalmente de-
cide voltar e merda, porra, merda. Meu pau está absolutamente furioso nas
minhas calças no meio da biologia enquanto penso em minha parceira nua e
molhada. Aquela que começou esta semana dizendo que me odeia. Aquela que
estou cada vez mais convencido de que foi estuprada no ano passado. Aquela
que atualmente está me olhando de forma curiosa. O que diabos há de errado
comigo?
Minha cabeça já está girando, mas o que acontece a seguir absolutamente
me deixa sem graça. Ela dá uma olhada na minha expressão de olhos arregala-
dos, olha para baixo, engasga e volta para seu caderno, seus olhos arregalados
e um rubor manchando suas bochechas. Onde está o tapa na cara da garota
que está convencida de que estou apenas tentando entrar em sua calcinha?
— Uh, desculpe. Só me dê licença um minuto enquanto enfio meu lápis
na perna e vou ficar bem.
E ela apenas ri mais.
Mas. Que. Porra?
— Não, espere. Apenas ouça o resto da história e isso ajudará com o seu
pequeno... problema.
Se isso é um insulto ou uma referência ao boato de que ela sabe que me
incomoda, é um desperdício para mim. Constrangimento e culpa envolvem
meus pulmões como uma jibóia até que tudo que posso fazer é olhar para ela
e esperar que o outro sapato caia.
— Então nós escapamos para ir a esta pequena praia particular e ficamos
fora por... eu não sei... talvez quatro horas. Eventualmente, meu primo mais
velho, Ioannis, o irmão de 16 anos de Leda, vem nos encontrar. Tini e Leda
estão nuas na rebentação. Ele vira a esquina e, oh meu Deus, — ela explode
em outro ataque de riso.
— Espere, então ele vê sua irmã e prima totalmente nuas?
Ela acena com a cabeça. — Ele estava mais mortificado do que você
agora.
Meu querido Deus. Ela pode não me matar.
— Ele se vira para me encarar como se fosse minha culpa ou algo assim.
Eu sou a única com minhas roupas ainda porque tudo que fiz foi entrar na
água rasa para me refrescar. Em seguida, ele está gritando para elas se vestirem
antes que alguém nos veja. Elas estão enlouquecendo e correndo para se pro-
teger porque já sabem que ele as viu nuas. Foi a coisa mais engraçada de todas.
— Não sei... acho que ver meu primo nu seria a coisa mais assustadora
de todas.
Evie estava certa sobre uma coisa. Meu pequeno problema esvazia muito
rapidamente. Só de pensar em ver qualquer um dos meus primos nus me dá
arrepios.
— Ioannis nos arrastou de volta para casa e todo mundo está pirando
porque tínhamos ido embora. Ele conta a eles o que aconteceu quando nos
encontrou. Ele está completamente vermelho e parecia que ia vomitar. Todos
os adultos enlouqueceram. Meus avós os acertaram com tanta força que me
perguntei se eles não iriam ter um aneurisma. E eu fiquei sentada lá o tempo
todo, rindo pra caramba porque ninguém me viu nua. Eu juro, Ioannis não
conseguiu nem olhar para Leda ou Tini pelas próximas duas semanas. Foi his-
térico.
Evie continua rindo por um tempo até que ela finalmente recupera o fô-
lego. Espero enfrentar sua ira, mas não. Ela apenas me olha com expectativa.
— Há mais?
Ela sorri brilhantemente. — Não, é isso. Qual é a sua melhor memória?
Puta merda. Evie acabou de me encher de tesão por ela, e ela nem mes-
mo está me denunciando. Se essa é a ideia dela de tentar ser legal, vou correr o
mais longe e o mais rápido que puder.
— Eu não sei, — eu solto um suspiro. — Ainda estou preso à sua me-
lhor memória. Acho que esqueci todas as minhas.
— Eu não estava nua, — ela diz enfaticamente, batendo aquela caneta
doce, doce no meu nariz com cada sílaba. — Eu com certeza vou dizer a Tini
que você a estava imaginando nua hoje, e que ela estava certa sobre o seu...
ego. — Ela sorri para mim e olha para baixo novamente.
Jesus Cristinho. Ela está brincando comigo agora. Espero que ela pelo
menos dê o meu corpo para minha mãe para um enterro adequado quando ela
terminar comigo.
— Ok, ok... deixe-me pensar. — Deus, eu realmente não consigo pensar
agora. — Todas os dias que passei com Pops ajudando-o a construir o Mus-
tang.
— Pops?
— Sim. Você chama seu avô de Papou. Eu chamo o meu de Pops.
— Então... aquele que faleceu no ano passado? — Seu tratamento cui-
dadoso do assunto não passou despercebido. Lá está minha velha Evie de no-
vo. — Você realmente o ajudou a construir aquele carro no estacionamento?
— Sim.
Ela parece revirar essa informação em sua cabeça, em seguida, olha para
mim com um sorriso malicioso. — Você sabe o que isso significa, não é?
Não. Não sei, não.
— Você não é apenas um atleta burro, mas também um macaco de gra-
xa. — Ela balança as sobrancelhas para mim, rindo de sua própria piadinha.
3

Seus olhos brilham com malícia.


Eu me pergunto se eles são da mesma cor do oceano em que ela não es-
tava nua.

3 No original “Grease Monkey”, apelido dado a mecânicos, mas na comunidade gay americana é usa-
da como apelido para gays muito masculinos.
Capítulo 11
Eva
Magoada

Fechei meu armário e balancei minha mochila carregada por cima do


ombro em estado de torpor. Voltando-me na direção da sala da banda, eu va-
gamente noto que os corredores estão quase vazios. Apenas alguns retardatá-
rios ficaram para trás, indo para os treinos da última sexta-feira à tarde antes
da temporada de outono. Quanto tempo fiquei olhando para o meu armário?
A semana passada foi um turbilhão. Minha mente está uma bagunça con-
fusa e nebulosa. As coisas estão tão além de emaranhadas que não tenho cer-
teza se algum dia serei capaz de desfazer o nó. O que diabos me deu para con-
tar a Rob essa história na aula de biologia? É como se eu estivesse sob um fei-
tiço ou algo assim. Alguma magia estranha lançada por seus olhos de vodu.
Isto não é bom. Nada bom.
Eu preciso controlá-lo e controlar a mim mesma antes que eu esqueça
meu plano de jogo.
Tempo de analisar os prós e contras. Sim. Isso resolverá as coisas.
Prós primeiro. Ok, então sim. Ele não é o idiota em que se transformou
de repente no ano passado. E se ele não está mentindo, então ele teve uma
razão válida para sua mudança repentina de personalidade. Ele é um ótimo
tutor de cálculo. Ele pode salvar minha bunda e minha média geral de pontos.
Importante para a faculdade. Se eu for realmente honesta comigo mesma, sig-
nifica muito que alguém está disposto a me defender contra os boatos e insi-
nuações constantes. Significa mais ainda para mim o fato de que ele nunca
acreditou neles. Ele é um bom ouvinte. Deus, eu não sabia o quanto sentia
falta de ter alguém com quem conversar. Foi tão fácil deixar de lado tudo o
que temos em comum. Por mais que tenhamos mudado no ano passado, ain-
da há muito que compartilhamos.
Contras. Ele é um atleta. Os atletas não são confiáveis. Ele é enorme. Je-
sus, ele é enorme. Assustador enorme. Grandes, enormes braços. Enormes.
Ele pode estar brincando comigo. Ele provavelmente está brincando comigo.
Tudo o que ele disse pode ser mentira. Como vou saber se ele está apenas
brincando comigo? Não posso provar nada do que ele disse. Claro, eu poderia
questionar Neveah sobre o encontro que Alex supostamente a levou no ano
passado, mas não quero trazer à tona nenhuma memória dolorosa para ela,
então isso está fora de questão. Eu poderia perguntar à Alex, mas... não. Sem
chance. Ele é um nojento total e definitivamente não é confiável. Acho que
poderia interrogar Mike, mas isso o colocaria em uma posição embaraçosa
como amigo de Rob e eu não quero fazer isso com ele também. Além disso,
Mike me conhece muito bem. Se de repente eu começar a fazer todos os tipos
de perguntas sobre Rob, ele vai se perguntar por quê. E eu definitivamente
não quero isso.
Droga, Rob Falls.
Ele está mudando as regras de todo o jogo. Ele está sacudindo minha vi-
são de mundo. Apontando minha hipocrisia. Isso realmente pode ser um
prós. Não tenho certeza.
Meus pensamentos são interrompidos quando o objeto de minhas refle-
xões se aproxima de mim.
Ele me cutuca com o ombro, sorrindo. — Ei, você nunca disse quando
teria tempo para se reunir neste fim de semana para terminar a lista de pergun-
tas.
Embora a biografia tenha sido realmente divertida com ele, para variar, a
memória da minha lista de contras pesa muito em minha mente. Minha única
esperança é controlar a situação e que ele me encontre em um local seguro de
minha escolha. — Eu não tenho que estar no trabalho até as seis da noite.
Você pode vir à minha casa, eu acho.
— Uh... que horas?
— Antes das seis. — Obviamente.
— Ok, mas eu tenho prática e condicionamento amanhã de manhã. Uma
hora da tarde é bom?
— Eu não sei. Se eu contar a você mais histórias engraçadas sobre nu-
dez, você vai tentar me forçar ou algo assim? — Assim que as palavras saem
da minha boca, eu me arrependo. Não há nada de engraçado no estupro.
Mesmo falar sobre isso levianamente é inaceitável, quanto mais brincar sobre
isso.
Ele me agarra pelo cotovelo e me leva a um corredor deserto. — Ele es-
tuprou você, Evie?
Suas palavras sussurradas são ásperas e acusadoras, o olhar em seus
olhos um ódio fervente.
Minhas costas estão contra a parede, a forma poderosa de Rob me cer-
cando. Imagens de punhos voando em minha direção, a dor lancinante com o
impacto e memórias de dias passados me recuperando no hospital inundam
minha mente. Não importa quantos anos se passem, um homem grande perto
demais instila um medo que não posso controlar. Demorou anos para Mike
quebrar minhas defesas. Eddie quase me levou de volta à estaca zero no ano
passado.
Eu procuro desesperadamente por algum retardatário ainda vagando pe-
los corredores. A mão de Rob em mim queima, mas não me atrevo a afastá-lo.
A última coisa que quero fazer é provocar o tipo de raiva que sei que ele é ca-
paz. A memória de uma de nossas brigas na biblioteca e todas as coisas que
Rob disse que queria fazer comigo e para eu não chorar se doesse me inundou
como um maremoto. Meu corpo convulsiona de medo abjeto. Meus pulmões
lutam para puxar o ar.
Ele coloca uma grande mão em minha bochecha, virando meu rosto para
ele. — Eva. Ele machucou você, querida?
Lágrimas brotam dos meus olhos, mas nenhuma palavra se materializa.
Esse cara é assustadoramente enorme. Qualquer palavra errada ou movimento
da minha parte certamente fará chover um mundo de dor.
— Eu vou matá-lo. — Ele se solta e segue em direção à saída que leva ao
estacionamento.
Demoro alguns minutos de respiração profunda e piscando as lágrimas
da minha visão embaçada antes de eu perceber onde ele está indo. Largo mi-
nha bolsa e corro desajeitadamente com meu tornozelo dolorido pelo corre-
dor atrás dele, grata agora pela falta de corpos para atuar como obstáculos.
Rob está avançando como um touro.
— Pare! — Eu grito atrás dele.
Ele o faz imediatamente, virando-se para me encarar com a mistura mais
bizarra de intenção violenta e carinho que eu já vi.
— Eddie não me estuprou.
A confusão absoluta que passa por seu rosto me faz estremecer. — Ele
não fez isso?
— Não. O que quer que tenha acontecido entre nós foi inteiramente mi-
nha culpa. Juro. Ele não me estuprou.
Rob dá um passo em minha direção. Eu me afasto lentamente.
— Oh meu Deus. Você tem medo de mim. — Ele não está perguntan-
do.
A maneira como estou praticamente encolhida como uma criança fraca
deve ser prova suficiente. Eu espero pelo que ele pretende fazer a seguir, men-
talmente analisando minhas opções se ele se mover para continuar para o es-
tacionamento. Rezo para que Eddie já tenha partido para o fim de semana. O
pior cenário é que Rob se vire contra mim por de alguma forma fazê-lo acre-
ditar em uma mentira horrível.
Nenhuma dessas coisas acontece. Ele olha apenas uma vez para a porta,
depois de volta para mim. Ele passa a mão pelo cabelo cor de areia antes de se
virar e ir embora sem dizer uma palavra.
Meus joelhos cedem assim que ele vira a esquina.
Capítulo 12
Eva
Vida Boa

Meu corpo estremece quando minha mente é arrancada do nada. Depois


de alguns momentos de confusão, eu espreito YiaYia com os olhos turvos.
Ontem parecia um pesadelo. Eu faço um ótimo trabalho em me convencer de
que sonhei tudo até que YiaYia anuncia em um grego rápido que Rob está no
andar de baixo esperando por mim, e questiona se eu sabia sobre sua visita.
Ela está chateada porque eu ainda estou na cama e claramente não estou pron-
ta para receber um pretendente jovem e bonito.
Ela realmente usa a palavra pretendente. Amado bebê Jesus.
Eu rolo para fora da cama, coloco meus óculos da mesa de cabeceira e
verifico meu telefone para descobrir que não é de manhã. São quinze para a
uma da tarde. Rob disse que estaria aqui à uma, mas então o inferno desabou.
Eu esqueci completamente do nosso pequeno compromisso.
Eu faço uma verificação rápida da roupa para ter certeza de que estou
decente o suficiente. Shorts de pijama de flanela e um top que não é transpa-
rente são bons o suficiente. Muito exausta e irritada para me importar que não
estou nem usando sutiã, desço as escadas tropeçando com a intenção de dizer
a ele para cair fora.
A Sra. Anderson não vai nos pedir para provar que respondemos às per-
guntas. Como ela saberia se nós os pulássemos? Posso não ter passado no tes-
te de cálculo na sexta-feira, mas não fui reprovada. Rob me ensinou as aulas
atuais na quinta-feira. Eu deveria mandá-lo embora agora, antes que as coisas
se compliquem mais.
Chegando ao final da escada, não encontro Rob na entrada. Quando viro
o post do newel, eu o vejo sentado no sofá, conversando com Papou sobre
algo na televisão. Eles estão assistindo ESPN. Tini se senta ao lado de Rob,
bajulando-o. YiaYia está do outro lado dela, batendo nela a cada dois segun-
dos.
Eu acordei oficialmente para a Twilight Zone.
O olhar de Rob captura o meu. Naturalmente, todos se voltam para se-
guir seu olhar.
— Então, Eva, — diz Papou em seu tom de voz falso e severo. —
Quando você ia nos apresentar ao seu novo amigo?
Eu rolaria meus olhos, mas honestamente estou cansada demais. — Pa-
pou, YiaYia, conheçam Superjock. Superjock, meus avós. Você já conhece
Tini. Onde está mamãe?
— Ela foi almoçar com um amigo. — YiaYia responde, colocando infle-
xão na palavra amigo; o mesmo tom que Papou usou para descrever Rob.
Isso é mais do que eu posso aguentar depois da noite que fechei na lan-
chonete, e mesmo depois de nove horas gloriosas de sono, meu tornozelo
ainda está latejando de ficar ali a noite toda. — Eu preciso de café e um pouco
de Tylenol.
Eu entro na cozinha, não me importando em ceder à loucura na sala por
mais um momento.
Pego meu combustível líquido reaquecido do micro-ondas e coloco mi-
nha típica meia caneca cheia de creme aromatizado. Rob entra na cozinha, sua
mochila pendurada no ombro.
Ele olha em volta, observando os antigos armários de carvalho e os ladri-
lhos amarelos gastos. O espaço aconchegante instantaneamente parece menor
com sua grande presença nele, e eu tenho que engolir uma bola de pavor. Mi-
nha mente não consegue se livrar do que aconteceu no corredor ontem.
— Onde você quer trabalhar? — Mesmo sua voz baixa e tranquila de
Rob me faz estremecer.
— Em lugar nenhum, mas já que você já caiu nas graças dos meus avós,
eles vão ter um ataque de raiva se eu te expulsar como eu estava planejando.
Então apenas... sente-se aí. — Eu aponto para a mesa da cozinha, efetivamen-
te dispensando-o até que eu possa engolir um pouco de cafeína e comprimi-
dos.
Minhas mãos tremem com a necessidade de acariciar meu gato procu-
rando algum conforto. Na verdade, se eu tiver sorte o suficiente para Gatoula
entrar na cozinha, talvez Rob seja terrivelmente alérgico e tenha que ir embo-
ra. Sim... isso poderia funcionar. Aqui está a esperança.
Ele está curvado, abrindo o zíper de sua mochila quando Tini vem es-
preitando para dentro da sala, presumivelmente destinada a segui-lo como um
animal movido a feromônios. Ele desempacota seus livros lentamente, alheio
à presença dela.
— O que você quer começar? Bio ou cálculo?
— Nem um nem outro. Café primeiro. Falar mais tarde. Dê-me dez mi-
nutos. — Ah, a doce queimadura da minha droga favorita. Vou precisar de
pelo menos mais duas canecas para passar por esta sessão de estudo.
Tini dá sua risadinha sedutora enquanto se enrola no braço de Rob. Ele
me lança um olhar suplicante que só pode ser traduzido como – ajuda.
— Oh, Evie. Você vai precisar de mais de dez minutos para ficar decen-
te. Seu cabelo parece um ninho de rato. Não acredito que você desceu aqui de
pijama e óculos. Vou fazer companhia a Rob enquanto você vai fazer... algu-
ma coisa.
O sorriso maligno que se instala no rosto dela me deixa nervosa. Ela está
prestes a fazer algo estúpido. — Sua irmã é linda de morrer, sem nem tentar,
ao contrário de algumas pessoas que dependem da nudez. Então me diga,
Christina, quando foi a última vez que você falou com Ioannis?
Entre o que ele disse sobre mim, o olhar de triunfo em seu rosto e a ex-
pressão de horror no dela, esqueço que estou com a boca cheia de café. Parte
dela é cuspida no chão. A maior parte desce do lado errado, e a batalha pelo ar
que se segue me distrai de Tini fugindo da sala.
Rob se recosta em sua cadeira à mesa, os braços cruzados sobre o peito
largo. Um sorriso presunçoso enfeita seu rosto. — Isso é o que eu chamo de
vingança.
— Ei! Você não pode fazer merdas assim com minha irmã. Eu sou a
única com permissão para torturá-la. — Não tenho intenção sequer de me
referir ao outro elefante na sala. Se ele acha que algum elogio falso vai deixá-lo
livre por meter o nariz no meu negócio, está redondamente enganado. Embo-
ra ele tenha conseguido me distrair dos meus medos. Uma façanha impressio-
nante.
— Bem, considerando que ela nunca se desculpou comigo por sua pe-
quena façanha na semana passada, acho que ela nunca se desculpou com você
também, então de nada.
— Eu não preciso de nenhum favor seu, Superjock. Não é da sua conta.
— Espero que ele entenda o que estou insinuando, sem ter que jogar isso des-
caradamente. Não posso deixar o que aconteceu ontem à tarde passar sem
solução. Não só não quero que ele tenha uma ideia errada sobre Eddie, mas
também não quero que ele banque o herói.
Ele abre a boca, mas YiaYia entra na cozinha. Eu atiro para ele um olhar
rápido e balanço sutil de minha cabeça para calá-lo.
— Robbie, peço desculpas por Eva estar sendo uma péssima anfitriã. —
Ela me lança seu olhar perfeito e indutor de culpa. — Você gostaria de algo
para beber? Já almoçou? Você deve estar com muita fome depois de treinar
para o futebol.
— Oh, não... tudo bem. Você não precisa. Estou aqui apenas para fazer
o dever de casa com Eva.
YiaYia o ignora e se prepara para introduzir ao garanhão totalmente
americano da minha escola à comida grega.
Eu sei que prometi não ser mais uma vadia. Mas preciso lembrar todos
os erros que cometi no ano passado e o quanto ainda estou pagando por eles.
Eu não posso me deixar ficar muito confortável.
Eu coloco minha caneca no balcão e saio do caminho de YiaYia enquan-
to ela voa pela cozinha, lançando-me olhares sujos. Acho que realmente não
vou sair dessa. — Eu volto já. Eu tenho que pegar meus livros no meu quarto.
Quando eu volto para a cozinha com minha mochila, YiaYia está traba-
lhando duro fazendo htipiti frescos. A mesa já está cheia de queijo feta, azei-
tonas, pão e uma jarra de limonada. Um bule de café forte está se formando.
Ela está regalando Rob com contos embaraçosos da minha infância.
— Você queria ser freira, hein? — Ele ri, seus olhos estúpidos brilhando
enquanto ele engole um pedaço de queijo feta pressionado contra uma azeito-
na.
— Essa ideia foi recentemente reavivada, sim. E podem ser chamadas de
freiras na Igreja Católica, mas são simplesmente irmãs na Igreja Ortodoxa.
— Eva, — interrompe YiaYia bruscamente. — Faça um sanduíche para
Robbie. Isso não é comida suficiente para um jovem tão forte. Você deveria
ter vergonha de não ter oferecido antes. Se continuar tratando seus pretenden-
tes assim, será de fato uma noiva de Jesus, em vez de noiva de um homem
bonito como este. Seu Papou e eu esperamos viver o suficiente para ver nos-
sos bisnetos. Já que você é a neta mais velha, você é nossa melhor esperança.
Minhas bochechas queimam de mortificação. Rob se engasga com a co-
mida. O clima na sala muda instantaneamente de jovial para estranho. Eu si-
lenciosamente me ocupo fazendo um sanduíche enquanto YiaYia carrega a
tigela de molho para a mesa. Com o canto do olho, eu observo enquanto ela
dá um tapinha amoroso no braço de Rob.
— Você és um bom rapaz. Gus e eu aprovamos. Mas você deve saber
que se você tratar nossa preciosa Eva de forma desonrosa, há uma espingarda
lá em cima com o seu nome.
— Eu nunca faria nada para machucar sua neta. Minha promessa a Deus.
— Seus esforços para agradar ela são admiráveis se a seriedade de seu tom for
alguma indicação.
Ela sai para se juntar a Papou na sala de estar, sem saber do controle de
danos que tenho de dispensar. Ou eu poderia ignorar tudo e fingir que nunca
aconteceu. Eu escolho o último. Praticamente jogando o sanduíche na mesa
para Rob, eu volto minha atenção para puxar meus materiais da minha mochi-
la em um esforço para executar a opção de jogo que selecionei.
— Você sempre foi minha garçonete favorita, — Rob murmura em
agradecimento, sua boca já cheia. Chega de suas alegações anteriores sobre
igualdade de gênero. — Quantas vezes eles tentaram casar você? Vou com
pelo menos cinquenta, se os caras que estiveram atrás de você na escola servi-
rem de indicação. Tenho certeza de que apenas metade deles chegou longe o
suficiente para estar sentado onde estou.
Eu deveria ignorar isso. — Esta é a primeira vez, na verdade. Eles não se
importavam muito com Eddie. Ninguém jamais conseguiu entrar em nossa
cozinha para receber comida de YiaYia. — Porque digo a ele isso eu não con-
sigo entender. Ele certamente não precisa da minha ajuda para alimentar seu
ego precioso.
Como se estivesse lendo meus pensamentos, seu rosto se ilumina. —
Ooh. Eu sou especial. Eu particularmente não me importo muito com Eddie
também, então eu totalmente entendo eles.
— Não se iluda. E não estou dizendo mais nada sobre Eddie, então nem
pense nisso.
— Sinto muito, — ele responde baixinho, olhando para o prato à sua
frente. — Lamento muito por muitas coisas nas últimas duas semanas, mas
sinto muito por você estar com medo de mim. Eu quis dizer o que disse a
YiaYia. Eu nunca faria mal a você nem em um milhão de anos, Eva.
— Eu não tenho medo de você.
Ele se estica para colocar sua mão em cima da minha. Eu recuo. Droga.
— Bem, eu vou acreditar em você quando você não fizer isso sempre
que eu tocar em você.
— Bem, pare de me tocar e não será um problema.
Ele suspira, mas afasta a mão e enfia a mão na mochila. Graças a Deus,
vamos começar a fazer nosso dever de casa. Ele lentamente puxa uma peque-
na caixa de papelão branca de sua bolsa e a coloca na mesa na minha frente.
— O que é isso?
— Eu trouxe algo para você.
— Isso eu percebi. O que é?
— Oferta de paz. Vá em frente, abra.
Não tenho certeza se quero. Não tenho certeza se é uma boa ideia aceitar
qualquer coisa dele.
Ele tamborila os dedos na mesa e solta outro suspiro. — Me desculpe
por ter te assustado ontem. Lamento ter interpretado mal o que pensei que
aconteceu com você e Eddie. Não é da minha conta. Mas ainda quero que
pelo menos sejamos amigos. Eu prometo, se você continuar tentando me dei-
xar entrar, então tentarei controlar meu temperamento. Não importa o que.
Eu não deveria ouvir suas palavras doces e suavemente faladas. Eu real-
mente, realmente sei que não deveria. Uma amizade com ele não pode levar a
nada de bom. O tempo e a experiência já me ensinaram essa lição. Mas sim-
plesmente não consigo evitar. Eu levanto a tampa, revelando um lindo boli-
nho rosa e brilhante aninhado dentro da caixa. Claro que é melhor do que
uma barra de granola. — Eu não sei. Não é um anel, então não tenho certeza
se Papou e YiaYia gostariam que eu aceitasse isso.
Ele ri. — Bem, você sabe... eu geralmente gosto de conhecer uma garota
um pouco melhor antes de propor, então que tal você comer seu cupcake, e
nós terminarmos essas perguntas?
— Combinado. — Eu entrego a ele minha pasta da biologia.
Ele vasculha os papéis em busca de perguntas. — Como a Sra. Anderson
não está por perto, estamos pulando a dezoito.
A questão dezoito é: qual é a sua memória mais terrível?
— Concordo.
— Dezenove: Se você soubesse que morreria em um ano, mudaria al-
guma coisa em sua vida atual e por quê?
— Sim. Eu comeria mais desses cupcakes. — Eu quero perguntar a ele
onde ele conseguiu isso. Em vez disso, dou outra mordida. Este cupcake tem
um gosto suspeito de esperança. Não quero encher muito rapidamente, mas
está completamente fora de minhas mãos neste momento. Eu adoro coisas
doces.
— Hmm, este é outro que eu teria que pensar por um tempo. Acho que
me contentaria em trazer mais desses cupcakes. — Ele ri enquanto faço um
gesto para que ele leia a próxima pergunta. — Vinte: O que a amizade signifi-
ca para você? Espere, já não respondemos esta?
Eu aceno minha cabeça.
— Tudo bem, seguindo em frente. Vinte e um: Que papéis o amor e o
carinho desempenham em sua vida?
Meu cupcake terminou em tempo recorde, posso finalmente responder
sem soar como um atleta faminto. — Não sei. Este também é estranho. Mi-
nha família me ama. Acho que é isso.
Ele balança a cabeça. — Muitas pessoas te amam; você simplesmente
não vê.
— Isso é estranho e assustador. — Eu tenho um perseguidor que não
conheço?
— Quero dizer que você tem muitos amigos que amam você, caramba.
Você acha que ninguém gosta de você ou te respeita, mas isso não é verdade.
— Sim, sim, que seja. — Eu aceno minha mão com desdém. — Sua res-
posta?
Ele solta um suspiro desconfortável. — Uh, eu não sei. Minha mãe faria
qualquer coisa por mim e ela é muito carinhosa. Sério, não ria, mas eu sou to-
talmente um filhinho da mamãe. Se ela ligar, eu vou correndo. Não tenho ir-
mãos, mas Alex e Mike são como meus irmãos. Mesmo que sejamos caras, e
não nos abraçamos e toda essa merda, eles realmente são leais. Eu sei que eles
fariam qualquer coisa por mim.
Estou ansiando por um copo de leite depois daquela deliciosa comida as-
sada, então chamo-o por cima do ombro enquanto me dirijo à geladeira. —
Tini te ama. E ela era muito carinhosa até que você a envergonhou pra ca-
ramba.
Rob estremece. — Eu não quero esse tipo de amor. É assustador o sufi-
ciente vindo das garotas da nossa classe, mas sua irmã mais nova? Eca.
— Ei, o que você tem contra minha irmã? — Eu não consigo segurar
minha risada. É muito nojento mesmo para contemplar seriamente.
— Uh, talvez ela só ter quinze anos e eu quase dezoito? Isso é pratica-
mente obrigatório.
Tento dar minha melhor piscadela viscosa. — Eu não acho que ela se
importaria.
— Sim, veja, esse é o meu outro problema com isso. Mesmo que eu apa-
rentemente seja um homem do boato... — ele revira os olhos. — Eu hones-
tamente nunca tentei flertar com garotas. Parece errado que eu não tenha que
fazer nenhum esforço para que elas me desejem.
Seu rosto assume uma expressão triste. — Talvez você ache que sou um
puritano, mas me incomoda que tudo o que elas estão interessadas é no que
eu posso ter para lhes oferecer no banco de trás do meu carro. Eu não quero
ser uma foda rápida de alguém, e é isso. Talvez seja porque estudei muito
tempo na escola católica. Eu não sei.
A amargura de sua confissão cria um sentimento de empatia que não
quero reconhecer, então mudo de assunto. — Sim, se ser um bom menino
católico é o seu motivo para não transar com todas as garotas dispostas, então
explique a piranhagem de Alex.
Ele me lança um olhar fraco. — Eu realmente não posso explicar isso
para você. Há um motivo, mas não posso trair a confiança dele e contar a vo-
cê sobre isso, desculpe. Você só vai ter que acreditar na minha palavra.
— Está bem então. E não acho que você seja um puritano por querer
uma namorada em vez de uma trepada fácil. Honestamente, talvez se os ru-
mores sobre todas as garotas com quem você esteve nunca tivessem começa-
do, então você teria encontrado uma garota que está interessada em mais do
que apenas suas supostas habilidades sexuais agora.
Seu desconforto cresce exponencialmente. — Você namoraria de novo
se pensasse que o cara não estava interessado apenas em uma coisa?
Ora, se essa não é uma pergunta carregada. — Não sei. Acho que sem-
pre haverá uma parte de mim que acredita que o sexo fácil é tudo que os inte-
ressa.
— Deixe-me expressar de outra forma. Se nenhum desses rumores sobre
você ser fácil tivesse começado, você ainda se sentiria como se sente agora?
— Eu acho que não. — Eu totalmente faria, mas não estou prestes a
admitir isso para Rob. — Se, hum, o boato do ego nunca tivesse sido iniciado
sobre você, você acha que já teria uma namorada?
Ele suspira e passa a mão pelo cabelo. — Talvez, mas eu duvido. Eu sou
meio perdedor quando se trata de garotas. Eu nunca sei o que dizer.
A honestidade em sua voz luta contra o murmúrio maldoso na minha
cabeça que ainda insiste que ele está brincando comigo de alguma forma.
— Você sempre pode começar com “olá”, — Eu ofereço a ele o conse-
lho mais idiota que posso pensar. Não posso acreditar que um cara da idade
dele recusaria sexo. Não é natural.
— Pergunta vinte e dois, — eu li. — Alterne compartilhando cinco ca-
racterísticas positivas de seu parceiro.
Bem, isso não vai ser estranho nem nada.
— Ok, você é linda. — E ele diz que não sabe o que dizer para as garo-
tas, mesmo que seja uma mentira total. Certo.
— Você é bom em cálculo. — Melhor que eu.
— Você não é uma vagabunda.
— Você vale mais do que sua aparência. — E me sinto muito mal por
todos os rumores sobre ele.
— Você tem uma bela voz. — Ele já me disse isso antes, mas tanto faz.
Vamos apenas passar por isso.
— Você é o melhor zagueiro que já vi. — Merda. Não deveria ter dito
isso como evidenciado por seu sorriso largo.
— É muito fácil conversar com você quando não está me dizendo que
me odeia. Na verdade, gosto muito de falar com você. — Ah, então ele não
acha que sou uma idiota com tesão. Bom saber. Ele provavelmente apenas
gosta de mim inflar seu ego.
— É muito bom conversar com você também. — Melhor do que qual-
quer um dos meus outros amigos, na verdade.
— Você tem o cabelo mais lindo que eu já vi, — Okay, certo. Provavel-
mente se assemelha à um ninho de rato, como Tini disse...
— Você tem olhos honestos. — E olhar para eles é a única vez que me
sinto quieta e em paz. Nosso olhar silencioso é interrompido por uma música
country que emana de seu celular.
— Desculpe, é minha mãe. — Ele se levanta para atender a chamada e
se afasta um pouco. Ele não estava brincando sobre ser filhinho da mamãe.
De acordo com o lado dele da conversa, parece que ele irá embora antes de
terminarmos o pacote de perguntas. Algo sobre precisar de mantimentos e
não querer que ela desistisse de dormir. Ele é muito doce com ela. É fácil ver
que ele a ama de todo o coração.
— Me desculpe, mas eu tenho que ir. Ela estava ligando para perguntar o
que eu quero do supermercado esta semana. Estamos praticamente sem co-
mida em casa. Meu pai está viajando a negócios e minha mãe está trabalhando
no turno da meia-noite no hospital, então não quero que ela tenha que ir ao
mercado em vez de dormir. — Um sorriso tímido se espalha por seu rosto. —
Eu como a maior parte da comida, então parece justo.
Fique quieto meu coração; isso é tão... tão... perfeito. — Sua mãe é médi-
ca?
— Ela é uma enfermeira do pronto-socorro, na verdade.
— OK. Não precisamos terminar esses dois últimos. Eu não acho que a
Sra. Anderson vai saber.
— Não pudemos repassar a lição de casa de cálculo. — Ele rapidamente
empacota sua bolsa. — Ligue-me esta noite quando tiver algum tempo, e po-
demos terminar.
— Eu trabalho hoje à noite até o fechamento, então talvez amanhã. Di-
virta-se fazendo compras. — Eu me levanto para acompanhá-lo até a porta,
me preparando para qualquer constrangimento que as unidades dos avós irão
desencadear nos próximos minutos. A sala de estar está felizmente vazia. —
Obrigada pelo cupcake. Realmente foi o melhor que já tive.
— Obrigado por não me expulsar. Eu sei que fui um idiota total ontem.
Eu juro, estou tentando ganhar sua confiança. E Eva, — ele espera até que eu
olhe para ele, certificando-se de ter toda a minha atenção. — Eu nunca, nunca
machucaria você. Por favor, saiba disso.
Eu sorrio educadamente em vez de continuar com o assunto da conver-
sa, então fecho a porta atrás dele.
Uma pequena e sádica parte do meu cérebro desfruta da imagem mental
de Rob chutando a bunda de Eddie. A parte mais racional do meu cérebro
estremece com o pensamento de quão mais Rob poderia me machucar.
Capítulo 13
Rob
Cristalizado

Evie tirou um C em seu teste de cálculo. De acordo com o Sr. Smith, te-
rei de ser seu tutor por mais uma semana. Estou meio envergonhado de estar
tão animado com isso, especialmente porque ela realmente me ligou ontem à
noite pedindo ajuda com o dever de casa. Nossa conversa de três horas pode
ser apenas um indicador de que não preciso mais depender da matemática pa-
ra interagir com ela fora da escola.
Ela sutilmente se vira várias vezes durante o cálculo. Querido Deus, é es-
sa a sensação de ter a Evie de olho em mim? Quer dizer, eu fiquei olhando ela
pelos últimos três anos, mas nenhuma vez senti que era retribuído. Sim, eu a
ouvi dizer na semana passada que ela acha que eu sou bonito como um Deus,
mas ela também disse que a aparência não significa muito para ela. Seus olhos
azuis em mim contam uma história totalmente diferente.
Talvez eu apenas tenha algo preso em meus dentes.
Em uma estranha explosão de confiança, eu quero pegá-la depois da aula
e descobrir o que está acontecendo em sua cabeça, mas ela sai com Alyssa
mais rápido do que minha bunda cansada pode me recompor. Acho que vou
pegá-la no corredor antes da aula de Literatura. Em vez disso, sou encurralado
por alguma caloura cujo nome nem sei. Na minha empolgação para chegar até
Evie, eu realmente não estou nem prestando atenção no que essa garota está
tagarelando para mim. Ela pode estar se oferecendo para ter meu bebê, pelo
que sei. Neste ponto, eu concordaria com isso apenas para fazê-la ir embora.
Por favor, aceite uma doação de esperma de cortesia como um símbolo de minha grati-
dão por calar a boca para que eu possa tentar flertar com a garota que eu realmente quero.
Obrigado. Adeus.
Acontece que não preciso procurar Evie. Ela me encontra exatamente
no tipo de cenário em que não quero que ela me veja. Ela admitiu que percebe
todas as garotas que se jogam em mim. O jeito que ela estava olhando para
mim no cálculo faz com que essa situação pareça ainda mais errada. Ela me
olha com um olhar que é uma mistura de simpatia e repulsa, mas continua em
direção à nossa próxima aula compartilhada.
Se eu não estivesse tão cansado e confuso sobre o comportamento dela,
poderia ter aproveitado totalmente essa simpatia e pedido a ela que me ajudas-
se. Eu afasto a garota que agora está enrolada no meu braço e vou para aula.
Nos sentamos em lados opostos nesta classe. Evie fica me jogando olha-
res que não consigo decifrar. Seu humor parece ter mudado de tímido e aber-
to para... outra coisa.
Ela parece muito confortável em biologia. Um pouco mais suave do que
ela normalmente é, mas ainda não consigo entender o porquê. A atitude dela
em relação a mim definitivamente parece ter mudado. É apenas segunda-feira.
Vou ficar quieto esta semana e ver o que acontece.
Ela é chamada para o trabalho mais cedo todos os dias desta semana, o
que significa que minha bunda está sozinha em uma mesa no restaurante to-
das as noites. Nossas sessões de tutoria são curtas e objetivas para garantir que
ela permaneça atualizada, receba os melhores pontos das aulas e eu não tenho
que perder o sono para ajudá-la a terminar o dever de casa. Na verdade, ela
não me ligou nenhuma vez esta semana. Sinto falta do som de sua voz e de
nossas conversas fáceis. Ainda assim, não quero estragar qualquer que seja
esse ímpeto que parecemos estar levando-a longe demais, rápido demais.
Quando chega sexta-feira, estou loucamente animado por finalmente ter
outra coisa em que me concentrar, além de estragar minhas chances com Evie.
É dia de jogo.
O espírito escolar tira todos os outros da água em um aquecimento con-
junto com a equipe de dança e a banda. Calça azul-marinho justa com nossas
letras da escola, IHS, em ouro descendo pela coxa esquerda, uma camisa justa
que tem o logotipo da banda na frente e TAMBOR PRINCIPAL estampado
nas costas. Ela está incrível pra caralho. É a primeira vez desde o ano passado
que a vejo em algo assim. Ela usa o cabelo comprido em um rabo de cavalo
alto amarrado com fitas nas cores da nossa escola em azul e dourado. É um
pequeno pedaço da velha Evie. Apenas mais uma pequena dica de que ela não
se foi completamente.
Indo para a aula de Biologia, encontro outra surpresa agradável. O tercei-
ro e último pacote de perguntas está esperando em nossa bancada de labora-
tório. Eu venci Evie aqui pela primeira vez, então eu olho as perguntas rapi-
damente, verificando se alguma delas vai ser desconfortável. A maioria deles
são muito íntimas. Eu me pergunto como ela vai jogar isso. Ela tem sido ami-
gável durante toda a semana, realmente me reconhecendo nos corredores se
eu disser olá ou sorrir para ela. Eu a peguei dando mais olhares furtivos em
minha direção na aula nesta única semana do que em todos os últimos três
anos, combinados.
Ela entra na aula com um ar irritado. Parece que Jess está tentando acal-
má-la. Isso não pode ser bom. Começo a repassar qualquer coisa estúpida que
possa ter feito hoje, mas não vejo nada.
Ela se senta bufando e se vira para mim. — Eu nunca mais vou usar essa
camiseta de novo.
Por mais que eu goste, aposto que não sou o único cara que notou a sexy
Evie hoje também.
— Você sabe o que acabou de acontecer comigo?
Eu estremeço, porque... sim, eu posso adivinhar. Seu corpo quente fu-
megante em exibição pela primeira vez em muito tempo? Eu posso definiti-
vamente adivinhar.
— Um idiota do segundo ano acabou de se aproximar de mim e me pe-
diu para sacudir para ele! O que um aluno do segundo ano está fazendo no
corredor do último ano?
— Quem era?
— Não sei! — Ela fumegou, com o rosto vermelho, os braços cruzados
com força sobre o peito.
— Como ele era? Dê-me uma descrição detalhada. — Inferno, outros
caras não podem pedir a minha garota para sacudir para eles.
Ela se vira para mim, com a expressão mais bizarra. — Se você está per-
guntando se eu achava que valia a pena me apresentar para ele, a resposta é
definitivamente não.
— Não, estou tentando descobrir em quem eu preciso ir bater.
— O que? Você acha que é o único com permissão para olhar? — Ela
atira em mim.
Uh oh. Ela percebeu que eu também estava olhando. Meus instintos
primários de autopreservação entram em ação e exigem que eu negue, negue,
negue.
— Uh... eu... um... eu não percebi que você estava com calor hoje.
Aparentemente, essa foi a resposta errada. Se eu pensei que ela parecia
chateada quando ela entrou na sala, seus olhos positivamente saltaram de seu
crânio agora.
Ela finalmente quebra sua postura defensiva e se inclina para mim, o que
normalmente seria uma grande excitação. Esta versão de Evie parece franca-
mente ameaçadora.
— É isso, Falls. Diga-me agora mesmo. — Ela abaixa a voz para que
nossos colegas não ouçam. — Que porra de jogo você acha que está jogando
comigo?
Oh infernos, não. Isso de novo não. — Evie, não estou jogando nenhum
jogo com você.
— Basta ler as malditas perguntas. — Ela me lança um olhar gelado e re-
toma a postura rígida de braços cruzados. Mas ela não está mexendo com seu
caderno.
Talvez eu ainda possa voltar disso.
Pego o papel e espero que minhas respostas esclareçam um pouco as
coisas para ela. — Ok, pergunta vinte e cinco: Aponte três afirmações verda-
deiras sobre “nós”.
— O que diabos isso quer dizer. — Ela murmura, olhando pela janela.
— Eu vou primeiro. Nós dois estamos chateados.
Ela vira a cabeça tão rapidamente que provavelmente se dá uma chicota-
da. — Por que você está chateado?
Eu me inclino para ela e olho em volta rapidamente para ter certeza de
que ninguém está prestando atenção em nossa última discussão. — Estou
chateado que você ainda não confie em mim. Estou chateado por outros caras
estarem dificultando pra você. Estou chateado por você não querer que eu
cuide disso para você. Estou chateado por não poder nem mesmo dizer o
quão linda pra caralho você está, porque você simplesmente vai se calar e me
tratar como uma merda se eu te elogiar. Estou chateado que você nunca acre-
dite em mim, mesmo quando eu te digo algo bom. Estou chateado porque
sempre que damos um passo à frente, sempre damos dez passos para trás. E
estou super chateado que você não pode simplesmente agir como a velha Evie
de novo!
Eu me endireito e espero que ela me pague na mesma moeda, já que é
assim que normalmente trabalhamos. Em vez disso, seu olhar de choque é
substituído por um de decepção. Filho da puta, é mesmo possível para mim
não estragar as coisas com essa garota?
— Nós dois somos diferentes do que costumávamos ser, — ela diz sua-
vemente.
Sim. Eu sou um idiota. O velho eu nunca teria levantado sua voz para es-
ta criatura perfeita.
— Nós dois estamos cansados de fingir que somos diferentes. — Eu sei
que com certeza estou.
— Nós dois estamos tentando, — ela sussurra.
A esperança reacende em meu peito. — Nós estamos animados para esta
noite.
— Mas eu aposto que nós dois estamos com medo da multidão inicial...
— ela balança as sobrancelhas.
Sim! Crise evitada.
Ela arranca o papel das minhas mãos com um sorriso malicioso. —
Questão vinte e seis: Complete esta frase. “Eu gostaria de ter alguém com
quem eu pudesse compartilhar...”
— Tudo.
Ela ri. O som é música para meus ouvidos depois do início desta aula. —
Mesmo as coisas ruins? Até seus hábitos alimentares nojentos?
— Sim.
Ela me estuda e seu sorriso reflete o meu.
— Uma conversa real. — Ela me lança um olhar indecifrável e me per-
gunto se ela está falando de mim.
Ela me disse que gosta de falar comigo e puta merda... ela quer falar mais
comigo?
Ela pega o questionário e lê a próxima pergunta rapidamente. — Pergun-
ta vinte e sete: Se você fosse se tornar um amigo próximo de seu parceiro,
compartilhe o que seria importante para ele saber.
— Hmm, eu não sei sobre este. Estou tentando ser seu amigo. Não sinto
que escondi nada de você, então não tenho certeza do que mais você deveria
saber. — Oh, certo.
Eu queria você desde o dia em que te conheci. Eu sonho com você quase todas as noi-
tes. E se você soubesse quantas vezes eu me masturbei fantasiando sobre você, provavelmente
cortaria minhas bolas.
— Sim, eu não tenho certeza sobre este também. Quer dizer, presume
que eu quero ser sua amiga íntima. — Ela ri, mas, meu coração para. É difícil
dizer às vezes se ela está brincando ou falando sério. — Eu acho que gostaria
que você soubesse que você realmente me assusta às vezes.
Ela olha para a mesa e seus dedos se contraem. Ela quer brincar com a
ponta do caderno, posso sentir. — Você é muito maior do que costumava ser.
Você é enorme comparado a mim, e eu sei que se você quisesse me machucar,
você realmente poderia.
— Evie... — seus olhos se ergueram para encontrar os meus. Eu volto
rapidamente. — Eva. Desculpe. Quantas vezes eu tenho que te dizer que eu
nunca iria te machucar?
Ela encolhe os ombros e desvia o olhar novamente, colocando as per-
guntas na mesa e mexendo em seu caderno, incapaz de resistir mais ao impul-
so. — Só porque você diz isso não significa que seja verdade.
Quero tanto tocá-la agora que todo o meu corpo fica tenso com o esfor-
ço de manter minhas mãos para mim mesmo. Puta que pariu. Talvez se eu
não fosse um atleta desajeitado, ela não teria nada do que temer.
— Você tinha medo de mim no primeiro ano?
Ela ri um pouco, mas continua olhando para baixo. — Não.
— Segundo ano?
— Não. Você estava chegando lá, mas definitivamente não era tão gran-
de quanto é agora.
— Ano passado?
— Sim. Você desbloqueou o nível Hulk no ano passado. Há muito tem-
po aprendi a ter medo de qualquer pessoa que pudesse facilmente me domi-
nar.
Porra do Eddie Hinton. Eu sabia.
Não quero empurrar este tópico aqui na frente de todo mundo. Mas de-
finitivamente não vou desistir. Vou foder Hinton de um milhão de maneiras
antes que este ano acabe.
— Eu nunca vou te machucar, Eva. Nunca. Tudo bem, continuando.
Questão vinte e oito: Compartilhe algo que você goste sobre seu parceiro. Seja
muito honesto e aberto. — Corro para responder antes que ela possa. — Eu
amo o quão valente e forte você é.
Ela me olha com os olhos marejados de lágrimas. Deus, eu vou matá-lo.
Só... onde ela não pode ver e ter outro motivo para estar com medo de mim.
— Eu amo como você não desiste. Você provavelmente é mais teimosa
do que eu. — Ela ri um pouco. Essa garota é muito mais forte do que eu e ela
nem sabe disso.
Eu respondo a próxima pergunta novamente, para dar a ela um pouco
mais de tempo para se recuperar. — Questão vinte e nove: Compartilhe com
seu parceiro um dos momentos mais embaraçosos de sua vida. — Eu não
consigo parar minha risada estúpida. Qual escolher? Há muitos. — A primeira
vez que fiquei com tesão na aula sem motivo algum.
Essa é provavelmente uma escolha estúpida, considerando nossa não
discussão anterior sobre Eddie estuprá-la.
O riso genuíno com que ela me recompensa vale meu deslize. — Quan-
do foi isso?
— Uh, sexta série. Aula de matemática. Graças a Deus eu estava sentado,
então acho que ninguém percebeu.
— Oh, isso é perturbador, Falls. Você ficando excitado com a matemáti-
ca, — ela ri. — Houve momentos em que outras pessoas notaram?
Bem, sim, estou estupidamente enorme. — Provavelmente. E eu não es-
tava excitado. Eu não pude evitar.
Suas bochechas ficam rosadas e ela trabalha furiosamente na borda de
seu caderno. Este tópico a deixa mais desconfortável do que parece. — Uau,
acho que estou feliz por sangrar como um animal moribundo uma vez por
mês por causa disso. Você não conseguiu evitar? Sério?
— Uh, sim. Você nunca teve aula de saúde? Às vezes simplesmente
acontece. — Ahh, de volta aos bons velhos tempos, quando era sem motivo,
em vez de ficar com tesão o tempo todo.
— Eu devo ter perdido essa parte. Acho que isso explica a semana pas-
sada, certo? — Ela me dá uma piscadela divertida.
Santo Deus. Eu não consigo acompanhar ela. Ela está brincando comigo
novamente. Sobre isso?
Eu tenho duas opções. Eu posso tirar o que ela está me dando. Ou pos-
so tirar minha cabeça da minha bunda, parar de brincar com ela e tentar mais.
Com o que quer que Eddie tenha feito com ela no caminho, eu sei que tenho
que pisar levemente, mas é como se eu estivesse mentindo para ela, e eu sim-
plesmente não aguento mais isso.
— Não. — Curto, doce e direto ao ponto.
Suas bochechas ficam com um tom mais brilhante de vermelho. — Ok,
deixe-me pensar... a vez no primeiro ano quando tropecei no refeitório, caí de
cara no chão e derramei toda a minha bandeja do almoço.
Ambos começamos a rir. — Eu lembro disso!
Ela olha para mim. Seus olhos azuis brilham com... algo. Algo novo e di-
ferente que faz meu coração bater forte no peito. — Você deveria. Você foi o
único que me ajudou.
Lembro-me muito mais daquele dia do que ela imagina. Ela está me dan-
do algo aqui. Não consigo dizer com certeza o que é, mas é algo importante.
Tenho que continuar movendo as correntes. Eu a cutuco com meu om-
bro e me inclino até que nossos rostos estejam a apenas alguns centímetros de
distância. — Você pode ver por que eu pensei que já éramos amigos.
Ela procura meus olhos. Pelo que eu não sei.
Nós dois pulamos quando o microfone é ligado. — Todos os alunos em
atividades de outono agora podem se dirigir ao ginásio para se preparar para a
cerimônia de abertura da temporada. Obrigada.
Metade da classe se levanta e recolhe suas coisas.
Ela ainda está sorrindo genuinamente para mim. — Bem, é hora de nos
animar. Eu sei o quanto você odeia, mas pelo menos tente parecer entusias-
mado. Já que você é o capitão e zagueiro e tudo mais.
Eu fico de lado, para que ela possa liderar o caminho pelo corredor em
direção à porta.
— Nah, esta reunião de vitalidade será ótima, — eu digo a ela quando
saímos da sala de aula. — Eu vou ficar olhando para a sua bunda linda o tem-
po todo.
Quando ela se vira com um olhar surpreso em seu rosto que não grita
assassinato, eu dou uma piscadela rápida e vou para o meu armário. O jogo
começou.
Capítulo 14
Eva
Não

— Ninguém quebra as fileiras! — Os calouros cantam em uníssono en-


quanto marcham em fila única por quase toda a população de Ironville High.
Alguns alunos riem do espetáculo, enquanto outros simplesmente se
afastam para abrir espaço para a iniciação anual de novos membros da banda
marcial. Eu propositalmente conduzo a linha em um caminho sinuoso, cor-
tando as panelinhas usuais, passando perto das fogueiras menores da subclasse
e, em seguida, marchando em torno do perímetro do campo. A cada passo na
grama alta, os grilos pulam e anunciam nossa chegada com pios irritados, mui-
to parecido com as crianças populares que zombam como se nunca tivessem
visto esse ritual antes.
O Warriors venceram o primeiro jogo da temporada com uma vitória
esmagadora, então a multidão está mais densa do que o normal na fogueira
após o jogo em casa. A cerveja já está fluindo e conexões pontuam a paisa-
gem, os participantes não se importam em esconder sua óbvia atividade de
ninguém. Meu coração bate forte no meu peito com a visão. Pontadas de me-
do e ciúme pulsam em minhas veias, mas eu as reprimo. Essa possibilidade
para mim se foi, e por minha culpa.
Todos os pais sabem o que acontece nessas fogueiras, mas nunca tentam
impedi-las. Meu palpite é que eles faziam as mesmas coisas na nossa idade, e
isso é visto como um rito de passagem nesta velha cidade do aço onde o fute-
bol reina supremo. Deus nos livre de alguém atrapalhar o bom tempo dos jo-
gadores. Podemos não ganhar o campeonato.
Pelo menos com todos os atletas ocupados tentando marcar em um jogo
diferente, não preciso me preocupar com a interferência deles.
A excitação é um cheiro real no ar, junto com a fumaça da fogueira e fe-
romônios.
Os líderes da seção e do esquadrão patrulham ao longo da linha atrás de
mim, espalhando uma quantidade saudável de medo nos calouros. Em várias
paradas na multidão, preparamos os alunos para tentar quebrar a formação
como um teste. Tini espalhou seu grupo de amigos para me ajudar neste pe-
queno empreendimento, já que nenhum deles está na banda.
Como Alyssa é a líder da seção da guarda de cor, ela tenta, sem entusi-
asmo, impedir Tini de se aproximar, mas os únicos que não sabem que é uma
armação são os calouros. Eles se pressionam mais juntos para impedir minha
irmã de quebrar a linha, e Lys acena para mim que eles passaram no primeiro
teste.
Orgulho nada dentro de mim, mas dura pouco, pois tropeço em algo e
me sinto caindo de cabeça em direção à terra. Uma mão forte envolve meu
braço para me puxar para cima, mas não é o suficiente para evitar que o efeito
dominó dos corpos atrás de mim se choque contra minhas costas. Apesar da
força, eu permaneço em pé e pisco em confusão até que Rob entra em foco
ao meu lado.
— Calma aí, rainha da banda. Vou garantir que isso não aconteça nova-
mente. — Ele desvia o olhar para o lado onde o melhor amigo de Eddie ri,
então empalidece e desaparece na multidão de alunos. — Continue. Encontro
você mais tarde.
Ele se retira na mesma direção que Joey foi antes que eu possa agradecê-
lo.
— Porra do Joey. — Alyssa sibila enquanto caminha ao meu lado. —
Espero que Rob chute a bunda dele por fazer você tropeçar.
Meu rosto esquenta de vergonha. Nenhum outro mestre de bateria ja-
mais foi empurrado durante a iniciação do primeiro ano antes. Fale sobre me
fazer parecer uma idiota na frente dos meus companheiros de banda, quanto
mais de todo o corpo estudantil. Minha tortura nunca termina.
— Vamos acabar logo com isso, para que eu possa ir para casa, — mur-
muro.
— De jeito nenhum. — Alyssa me encara. — Eddie e sua equipe acaba-
ram de arruinar as coisas para você. Você vai ficar mesmo se eu tiver que
amarrá-la para mantê-la aqui.
Ela desce a linha, sem me dar a chance de discutir.
Continuamos nossa iniciação sem mais incidentes. Eu vislumbro Rob
aqui e ali, examinando os alunos ao nosso redor, parecendo bastante ameaça-
dor com os braços cruzados sobre o peito largo e uma carranca em seu rosto
que praticamente desafia qualquer pessoa a tentar algo estúpido. Além de for-
necer segurança, vários de seus companheiros de equipe se apresentam para
oferecer mais testes para nossos calouros. Sendo atletas, é claro, eles têm co-
mo alvo as garotas coradas e risonhas na fila. Apenas uma flautista permite
que Trevor, um sênior, quebre as fileiras. Ele ri enquanto seu líder de seção a
puxa para enfrentar seu castigo de agachamentos.
Rob bate os punhos com ele, e eles trocam sorrisos enquanto balançam a
cabeça para o alvo facilmente distraído. Quando a iniciação chega ao fim, ele
me dá uma piscadela antes de ser arrastado para sua própria diversão com
Trevor e o resto da equipe.
Antes que eu possa fugir, Alyssa e Jess me flanqueiam e me puxam para
onde o resto dos membros da banda sêniores se reuniram.
— Só fique por uma hora. — Jess implora. — Se você ainda não estiver
se divertindo depois disso, vamos deixá-la ir.
— Vamos, Evie. Você tem que parar de deixá-los vencer. Você costu-
mava amar as fogueiras. Esta noite não deve ser diferente, — acrescenta Alys-
sa.
— “Costumava” o verbo no passado é importante. — Eu olho entre as
duas. — Eu vou ser motivo de chacota a noite toda.
Chase, o líder da seção de trompetes, ri. — Mais como a invejada de to-
da a escola. Não vi o capitão do time de futebol ajudando nenhuma outra
donzela em perigo.
Meu constrangimento borbulha em raiva sobre toda a situação e o en-
volvimento de Rob. — Tenho certeza que ele está ajudando muitas outras
donzelas agora.
— Eu sempre soube que ele era inteligente. — Jess acrescenta. — Já era
hora de os jogadores de futebol reconhecerem que a banda faz muito mais
por eles do que as líderes de torcida.
Imagens mentais de exatamente o que as líderes de torcida provavelmen-
te fazem pelos jogadores de futebol americano assaltam meu cérebro. — Eu
não teria tanta certeza disso.
A conversa se desvia do tópico tão rapidamente quanto começou, e es-
tou fora do gancho para uma maior socialização.
A temperatura caiu como previsto, e todos se amontoam ou se aconche-
gam com seus entes queridos para se aquecer. Até o namorado de Alyssa, Je-
remy, tenta colocar o braço em volta dos meus ombros quando ela pergunta
se estou com frio.
Eu encolho os ombros com o melhor sorriso que posso dar. Mais dez
minutos, então posso fugir. Eu sutilmente recuo do lado de fora do nosso pe-
queno círculo, onde a brisa sopra nas minhas costas. Deste ponto de vista, eu
observo enquanto Eddie abre caminho entre a multidão de atletas seniores a
poucos metros de nós. Sua presença foi abençoadamente despercebida até
agora. Não que ele provavelmente não tenha feito seu amigo me fazer trope-
çar enquanto ele observava de uma distância segura.
Quando ele começa a rir ofensivamente de alguns dos outros caras no
círculo, o humor de todo o grupo parece mudar. Os músculos da mandíbula
de Rob trabalham furiosamente. Se olhares matassem, Eddie já estaria deitado
de costas na grama. Joey está visivelmente ausente do grupo. Ele e Eddie es-
tão quase sempre juntos.
Rob dá um passo em direção a Eddie, mas felizmente Mike está ao lado
dele, colocando um braço para segurá-lo. O que quer que ele diga em seu ou-
vido parece acalmar Rob.
Os olhos de Rob se erguem, examinando a multidão até que ele me en-
contra. Sem uma palavra de se separar de seu próprio círculo, ele trota seu
caminho para ficar ao meu lado, soprando uma respiração controlada ao lon-
go do caminho. Um braço grande e pesado envolve meus ombros com segu-
rança, sem que ele peça permissão. Meu grupo de amigos está envolvido em
uma profunda discussão sobre o jogo fora de casa na próxima semana ou Jess
e Alyssa estariam tendo um dia de campo por causa dessa afeição pública.
Ele se inclina para sussurrar em meu ouvido para que ninguém mais ou-
ça. — Venha, vamos aquecê-la perto do fogo. Acho que há coisas para s'mo-
res lá também.
Eu inclino minha cabeça para olhar para ele. Seu olhar já está em mim,
claro e seguro.
— Por quê? Estou bem onde estou.
Ele olha de volta para onde Eddie ainda está fazendo papel de idiota em
um mar de caras que parecem não gostar dele tanto quanto de Rob.
— Por favor?
Não tenho coragem de dizer não ao velho e tímido Rob. Eu acho que
devo a ele por sua ajuda antes, então eu apenas aceno em resposta.
Ele se vira, gentilmente me guiando para longe dos meus companheiros
de banda. Meu peito aperta com o pensamento de todos nos observando ir-
mos embora juntos. Isso pode ser interpretado como algo mais do que parcei-
ros de biologia, e certamente não estamos trabalhando com cálculo agora.
— Obrigada por sua ajuda antes, mas você está livre agora. Você deveria
ir se divertir depois dessa vitória incrível. Eu estava planejando sair em alguns
minutos de qualquer maneira.
Ele diminui um pouco o ritmo e me puxa com mais força para o seu la-
do. — Se você quiser ir, vou acompanhá-la até o seu carro. Não posso sair até
o fim da noite. Como sou capitão da equipe este ano, espera-se que fique. E,
honestamente, se você estiver comigo, não ficarei tentado a matar Eddie ou
Joey por aquela façanha anterior. Então, como minha amiga, apenas me ajude
nisso e me mantenha longe de problemas.
Eu tusso em sua concessão casual do termo “amiga” para mim. — Aju-
dar no quê? Comportamento do homem das cavernas? Onde está o Joey? Vo-
cê fez algo com ele?
Ele ri, seu corpo tremendo contra o meu. — Confie em mim, querida.
Você não viu meu comportamento de homem das cavernas. Mas Joey sim, e
isso é tudo que você precisa saber. Eu prometo que não foi nada tão ruim.
Isso honestamente não me faz sentir melhor. A única esperança que te-
nho é que ele não tenha feito nada tão drástico a ponto de prejudicar sua vaga
no time.
Existem várias meninas amontoadas em torno da fogueira sênior, ten-
tando se manter aquecidas. Seus olhos instantaneamente se animam ao ver
Rob, mas todas elas lançam olhares quase idênticos quando me veem debaixo
de seu braço. Ele nos guia para o lado desocupado e se senta com os joelhos
dobrados e separados, puxando-me para baixo entre eles, minhas costas nive-
ladas contra seu peito. Ele esfrega meus braços com suas mãos grandes, espa-
lhando calor em minha pele gelada. Meu tremor finalmente diminui. Logo es-
tou relaxando contra seu peito, embora esteja tentando tanto lutar para ficar à
vontade com ele.
Ele deve sentir meu desconforto, porque ele enfia o rosto no meu cabe-
lo, sua respiração fazendo cócegas na minha orelha. — Nunca vou te machu-
car, Eva.
Eu fico olhando estupidamente para as chamas dançantes na frente dos
meus olhos. De jeito nenhum vou me permitir baixar completamente a guar-
da. Eu me recuso a ser tão estúpida de novo.
Ficamos sentados em silêncio por algum tempo. Meu corpo parece ter
sido engolido pelo dele com suas longas pernas dobradas de cada lado meu,
seus grandes braços em volta de mim e apoiados em seus joelhos. Seu queixo
repousa no meu ombro. Não estamos assistindo o fogo face a face, mas está
perto o suficiente para que se alguém nos notasse aqui, eles poderiam ter uma
ideia muito diferente de nosso relacionamento atual do que a verdade.
— Evie... — ele começa suavemente. Isso me traz de volta à realidade
mais rápido do que um tapa na cara.
— Eva. É Eva. — Este pequeno cenário confortável não pode continu-
ar. Eu não posso.
Ele se senta atrás de mim e fica tenso. — Certo. Desculpe. Eva. Obriga-
do por ser minha donzela de armadura brilhante esta noite.
Eu torço meu corpo para que eu possa ver seu rosto. — Sua o quê...?
Ele encolhe os ombros. — Você sabe, sentar aqui comigo e manter as
marias chuteiras afastadas. Obrigado. Eu realmente não estava com humor
para lidar com as idiotas excitadas esta noite.
Oh. OK. Isso é o que é. Isso, eu posso fazer.
— Você sabe, — eu dou a ele um sorriso para me convencer de que es-
tou bem. — Você vai ter que aprender como se defender sozinho. Posso te
dar algumas dicas, se quiser. Sou muito boa em repelir avanços indesejados.
Ele levanta uma sobrancelha para mim e tenta muito não sorrir.
— Vá em frente, me convide para sair, — eu peço.
Sua expressão muda de diversão para confusão, para medo, para sério
tão rapidamente que é tudo que posso fazer para não rir na cara dele enquanto
ele encurta a distância entre nós.
— Eva... você vai me deixar levá-la para jantar fora? — Sua voz é suave
e quase suplicante enquanto a respiração de suas palavras se espalha pela mi-
nha pele corada. Droga, ele é um ótimo ator.
— Não. Eu não namoro atletas. Fique bem longe de mim. — Não sou
tão convincente.
Um sorriso lento se espalha por seu rosto, sério, embora ele se incline
para trás enquanto seus olhos brilham à luz do fogo, fazendo-os parecer de
um claro azul esverdeado.
Eu me viro para encarar o fogo. — Viu? É assim que se faz. Você pode
criar sua própria frase de efeito, se quiser. Eu não acho que algo como “Eu
não namoro idiotas com tesão” vai realmente funcionar, mas é com você.
Agora, você tenta ...
Viro meu corpo perpendicularmente ao dele, minhas costas apoiadas em
um de seus joelhos enquanto coloco meus melhores olhos de quarto. Não que
eu realmente tenha muita prática nisso, mas posso canalizar a piranha interior
se precisar. Certamente já vi a maneira como elas se aproximam dele o sufici-
ente para serem capazes de espelhar um pouco seu comportamento. Ele ri.
Acho que não estou fazendo um trabalho bom o suficiente.
— Eu já tentei, — ele finalmente respira. — Você me derrubou.
— Não, não, não. Estamos brincando, Superjock. Agora vou fazer o pa-
pel de perseguidora de jersey irritante e excitada, e você me diga para ir embo-
ra. Entendeu?
Ele balança a cabeça, ainda tentando não rir.
Eu respiro para me preparar e olho para ele novamente. Dou tudo o que
tenho no departamento de venha cá, desde que minha última tentativa foi,
aparentemente, um fracasso total. Eu inclino meu corpo contra ele até que
minha cabeça repousa em seu ombro enquanto eu olho para cima e trilho meu
dedo de seu pescoço para baixo em seu peito... lentamente.
Seus lábios se abrem. Sua respiração engata.
Estou no caminho certo. — Rob, me pegue agora. Eu sou toda sua.
Ele engole em seco. — Ok, mas... talvez não na frente de todo mundo.
Nós dois começamos a rir antes mesmo que ele soltasse a última sílaba.
— Você deveria me dizer não, Superjock!
— Bem, você está fazendo tudo errado, Eva. — Ele sorri para mim. —
Você estava olhando para o meu rosto.
O riso fácil está de volta, e isso parece muito melhor do que antes. Isso é
seguro.
— Obrigado pelas dicas. Vou me lembrar disso por muito tempo. — Ele
suspira e se apoia nas mãos.
— Você me deve. — Eu sorrio para ele.
— Diga seu preço.
Eu olho ao nosso redor, surpresa ao ver que ainda há muitas poucas pes-
soas ao redor do fogo.
— Onde estão aqueles s'mores de que você falou?
Ele olha em volta também, então se afasta de mim antes de se levantar.
— Eu não sei. Eu vou descobrir.
Sentada aqui sozinha, tenho consciência de como está mais frio sem o
calor de seu corpo ao meu redor. Eu puxo meus joelhos para o meu peito,
aconchegando-me para me manter aquecida. As pessoas circulam, ocasional-
mente olhando na minha direção. Suas reações se enquadram em três catego-
rias: sussurros imediatos sobre minha vagabundagem, olhares malignos por-
que estou obviamente transando com meu parceiro de biologia e, por último,
mas não menos importante, pisca e acena com a cabeça. É estranho eu real-
mente sentir falta de Rob?
Um farfalhar atrás de mim me faz pular e torcer meu corpo de surpresa.
É Rob com um saco de marshmallows, barras de chocolate Hershey e biscoi-
tos em uma mão e dois garfos de acampamento na outra.
— Desculpe, sou só eu. — Ele olha para minha forma encolhida. —
Você está bem? Ainda frio?
Estou congelando.
— Estou bem.
— Tudo bem... — ele claramente não acredita em mim. — Eu vou pegar
mais lenha para o fogo. Relaxe e faça seus s'mores.
Eu faço uma careta de dor enquanto ele se afasta. Um músculo lateja na
minha cintura de torcer tão rapidamente quando ele me assustou. Abrindo o
saco, coloco alguns marshmallows na ponta de um garfo. Rob está de volta
alguns minutos depois, vários troncos empoleirados em seus braços. Seus bí-
ceps incham com o peso, sem dúvida fazendo as garotas solteiras ao redor do
fogo babarem. Ele joga a lenha ao lado do fogo como se fossem brinquedos
de montar. Os músculos de seus braços trabalham e flexionam enquanto ele
cuidadosamente adiciona mais dois ao fogo. Não que eu note a aparência dele
ou algo assim.
Ele espera, certificando-se de que a madeira pegue e as chamas aumen-
tem. Duas garotas que eu realmente não conheço riem e tentam, sem sucesso,
chamar sua atenção. Elas também têm observado cada movimento seu. Elas
não estão sendo muito flertadoras, e ambas são bonitas, mas Rob não lhes dá
atenção antes de voltar para mim.
Eu queimo um marshmallow após o outro, jogando-os no fogo. É meio
difícil assar marshmallows corretamente no meu estado atual. Meus joelhos
estão puxados até o peito para aquecer, um braço em volta deles. Estou me
inclinando para o lado para tentar alongar o estúpido músculo esticado. Devo
estar parecendo uma idiota.
O silêncio de Rob se estende para sempre enquanto ele fica de pé e me
observa. Quanto mais tempo ele se eleva sobre mim, sem dizer nada, mais
autoconsciente eu fico. Sua altura lança uma sombra diretamente sobre mim,
bloqueando a luz do fogo e me esmagando com seu peso invisível. Eu olho
para cima para encontrá-lo me estudando com uma carranca em seu rosto,
algum tipo de debate acontecendo por trás de seus olhos. Parece que ele ainda
não tomou uma decisão quando reassume sua posição atrás de mim. Não pos-
so mais me esticar para o lado porque seus joelhos me encurralam, me for-
çando a ficar de pé. Ai.
— O que diabos você está fazendo? — Ele finalmente pergunta.
— Eu nem sei neste momento. — Estou frustrada, dolorida e de forma
geral irritada com tudo.
— Me dê isso. — Ele pega o garfo de mim e come os marshmallows
queimados da ponta. Bruto. Quando ele coloca marshmallows frescos, ele os
enfia no fogo perto das brasas e começa a girá-los lentamente. — Você nunca
acampou antes?
— Sim, todo verão. Por quê?
— Como você não sabe torrar marshmallows adequadamente, então?
— Eu sei como; eu só sou exigente. Eu não gosto deles pretos. Eu gosto
deles apenas dourados o suficiente para derreter o chocolate.
Enquanto ele vira o garfo repetidamente, pego alguns biscoitos e quebro
alguns quadrados de chocolate, arrumando tudo.
Ele traz os marshmallows perfeitamente dourados para eu colocar entre
os biscoitos. — Você está fazendo isso errado. Você tem que colocá-los perto
da fonte de calor, não os enfiar para realmente pegar fogo.
Eu o ignoro enquanto mordo o paraíso de chocolate pegajoso enquanto
me movo para esticar meu lado o máximo que posso. Sem outra palavra, ele
me empurra até que estou totalmente apoiada em sua perna e começa a mas-
sagear minha cintura com a mão.
— Porra! — Eu grito. — O que você está fazendo?
— Tentando resolver o que quer que esteja acontecendo aqui. — Ele en-
fia os dedos mais fundo.
Eu respiro fundo. Jesus, isso dói.
— O que você fez? Puxou alguma coisa? Isso aconteceu quando Joey fez
você tropeçar?
— Não, — eu assobio. — Aconteceu quando você me assustou agora a
pouco.
— Desculpe. Eu não queria me aproximar sorrateiramente de você as-
sim. Pare de ficar tensa, você está tornando tudo pior. Apenas se encoste e
coma seu chocolate derretido... e marshmallow perfeitamente torrado. — Esse
é o ego enorme com o qual estou familiarizado.
Esperando que isso não seja algum tipo de truque, ou que vá piorar, eu
faço o que ele instrui e relaxo com força meu corpo contra ele. Seus dedos
lentamente trabalham as dobras. Ele é bom nisso. Muito bom. Mais alguns
minutos e eu estarei babando em seu joelho com meus olhos revirados na par-
te de trás da minha cabeça.
Ele ri baixinho. — Melhor?
Não tenho certeza se minha voz está funcionando agora nem acredito
que soe normal, então apenas aceno com a cabeça contra seu joelho.
— Está esquentando também?
Eu aceno novamente.
— Você vai dormir aí? Porque isso não parece muito confortável.
Na verdade, estou bastante confortável. Eu ficaria perfeitamente feliz e
contente em dormir aqui, e merda, se esse não for o pensamento mais assus-
tador que já tive. É hora de mudar de assunto.
— Eu preciso de outro s'more. Faça-me marshmallows torrados com
mais perfeição, por favor, — eu zombo.
— Sim, senhora. — Ele ri e cumpre minhas ordens como um bom par-
ceiro de biologia.
Quando os marshmallows estão do seu agrado, ele puxa o atiçador para
que eu coloque os pequenos sanduíches e consegue queimar minha mão com
o metal quente.
Não tenho certeza se não grito, mas tenho absoluta certeza de que pulo
cerca de dois metros no ar. Não sei como ele se move mais rápido do que eu.
A próxima coisa que percebo é que Rob se agachou ao meu lado e inspecio-
nou o vergão que crescia.
— Oh meu Deus, Evie. Eu sinto muito. Eu vou pegar um pouco de ge-
lo. — Ele beija minha mão e se levanta.
— Onde você vai encontrar gelo?
— Os refrigeradores de cerveja…
Oh, certo. Antes que eu possa dizer outra palavra, ele se foi.
Em minutos ele está de volta ao meu lado, pressionando um grande pe-
daço de gelo na minha bolha.
— Eu sinto muito, — ele murmura.
Quanto mais tempo o gelo entorpece minha pele, mais frio o resto de
mim fica até que estou tremendo de novo.
— Bem, isso não vai fazer você se sentir mais aquecida. — Ele retorna
ao seu assento atrás de mim e me puxa contra ele, envolvendo-se em torno de
mim mais uma vez. — E eu aqui dizendo como eu nunca te machucaria...
— Tudo bem. Foi um acidente. — Como um gesto de perdão, eu me in-
clino para trás nele, descansando a parte de trás da minha cabeça em seu om-
bro.
Ele acaricia meu cabelo com o rosto. — Por favor, não volte a me odiar.
Por favor?
— Você está em dívida comigo esta noite, Falls. Vou precisar de pelo
menos uma dúzia desses cupcakes, eu acho. — No mínimo, estamos quites
depois do que ele fez por mim durante a iniciação, mas sua cabeça dispara pa-
ra cima.
— Vou trazê-los amanhã.
Eu não posso deixar de rir. — Eu estava apenas brincando.
— Temos que nos reunir para terminar essas questões de biologia. Ama-
nhã à uma ainda está bom?
— Combinado. — Na verdade, estou ficando meio sonolenta aqui,
aquecida e aninhada no Rob. Minha mão está boa e dormente, e eu tive s'mo-
res o suficiente para encher meu estômago, o que contribui para uma sensação
de paz. Vejo Eddie cambaleando para longe de uma das geladeiras com o can-
to do olho. Rob deve ter visto também, porque eu o sinto ficar tenso ao meu
redor. Eu fico perfeitamente calma onde estou. Eu me sinto... surpreenden-
temente confortável.
Outra novata que eu não conheço com cabelo vermelho como um cami-
nhão dos bombeiros tropeça ao nosso lado, com a intenção de se deitar sobre
Rob. Até que seus olhos bêbados focalizem em mim. Ela me lança um olhar
de desgosto antes de se levantar com uma bufada e sair para encontrar uma
presa diferente.
— Em biologia, isso é o que você chamaria de relacionamento mutua-
mente benéfico, — ele diz baixinho em meu ouvido. Seu hálito quente e úmi-
do se espalha sobre mim com suas palavras, e seus lábios mal fazem contato
com a minha pele.
Eu devo estar sonhando.
Não tenho certeza de quanto tempo ficamos assim, observando o fogo
em silêncio. Minhas pálpebras ficam cada vez mais pesadas conforme o mo-
vimento constante da respiração de Rob contra minhas costas me acalma na-
quele estado de crepúsculo entre a vigília e o sono.
Estou quase dormindo quando Rob puxa um de seus grandes braços ao
meu redor para envolvê-lo em uma das garotas mais bonitas da nossa classe,
que acabou de se sentar ao nosso lado.
Ela é mais alta do que eu, provavelmente cerca de um metro e setenta,
com cabelos castanhos lustrosos na altura dos ombros, olhos castanhos com-
binando e as curvas de uma modelo da Victoria's Secret. Ela também é a capi-
tã do time de líderes de torcida.
— Ei, Rach. Com frio? Sua suposta aversão por garotas bem-dotadas se
jogando contra ele aparentemente não se aplica a ela.
Ela estremece um pouco e se aconchega mais perto de nós. Isso parece
um pouco com um trio para mim. Estou muito acordada agora.
— Rach, Eva, — ele enfatiza como uma introdução, sem usar meu ape-
lido.
Certamente, ele faz isso para me dar uma dica para me perder. Obvia-
mente, o capitão do time de futebol prefere ficar aconchegado com a líder de
torcida.
— Vocês dois certamente parecem confortáveis, — ela ri.
E é isso para mim. Assim que eu encontrar Christina, vou sair daqui.
— Sim, ela está sendo minha donzela de armadura brilhante e mantendo
a ralé longe. — Rob ri de sua própria piada estúpida, me dando um aperto
rápido.
Assim que ele libera, eu me desembaraço e me movo para sentar ao lado
dele, ainda tentando localizar Tini na multidão cada vez menor. Além disso,
não quero deixar muito óbvio que estou sentindo... o quê? Estou com ciúmes?
Desapontada? Não, isso não pode estar certo.
— Bem, eu acho que Rach pode lidar com isso daqui. Preciso encontrar
minha irmã e ver se ela está pronta para ir, porque certamente já passou da
minha hora de dormir. — É um pouco depois da meia-noite, mas não quero
deixar claro que minha pele se arrepia de desconforto.
Eu não pertenço a esta multidão. As pessoas estão ficando cada vez mais
estúpidas com toda a cerveja, os casais tateando se aproximam do fogo en-
quanto a brisa aumenta e, de repente, me sinto como se estivesse em um mar
de atletas e líderes de torcida sem carruagens à vista. Em suma, estou fora do
meu elemento.
Com o canto do olho, vejo sua boca de “desculpe” para ele. Ele apenas
dá de ombros e responde “está tudo bem”. Claro que está tudo bem, porque o
braço dele ainda está em volta dos ombros dela. Eu não tenho direitos sobre
ele. Ela certamente é mais adequada para estar na posição estúpida, estúpida,
estúpida em que eu acabei de entrar.
— Eu ia começar os jogos dos veteranos, Eva. Não vá ainda, — ela se
apressa. Seu tom parece quase apologético. Não entendo por que ela possi-
velmente se desculparia comigo. Ela só tem um Rob muito disposto só para
ela, mas tanto faz... que jogo sênior?
Eu pensei que nós só tocássemos naqueles comícios?
Devo ter tirado minha máscara e dado a ela um olhar questionador, por-
que ela se apressa em explicar.
— É um segredinho passado de cada capitão do time para o próximo.
Em nossas fogueiras pós-jogo, fazemos nossa própria pequena versão dos
jogos sênior. É uma forma de aproximar nossa classe até que todos nos sepa-
remos após a formatura. Você se formou na bateria este ano, então você to-
talmente tem que ficar e participar!
Não, obrigada. Não estou interessada em entrar em qualquer show de
horrores que está para começar. Com todo o tatear bêbado acontecendo e sua
facilidade em deslizar ao nosso lado, estou seriamente me perguntando se os
jogos de fogueira para seniores não são um código para orgia em grupo.
— Obrigada, mas nós temos nossas próprias tradições de laços para se-
niores. Eu realmente preciso encontrar minha irmã. — Eu me levanto e limpo
a poeira do meu jeans.
— Eu posso te contar algumas histórias muito engraçadas e embaraçosas
sobre Rob. — Rachel oferece.
Se a declaração dela pretende me seduzir a ficar, fica embaraçosamente
plana. É óbvio que essa líder de torcida supermodelo não sabe nada sobre
mim. Não tenho interesse em conhecer mais do meu parceiro de biologia, es-
pecialmente se vou me queimar.
Eu finalmente localizo Tini na periferia da multidão, beijando um garoto
que reconheço que ela já namorou antes. Eu olho para baixo para dizer adeus,
apenas para encontrá-los sentados separados um do outro. Rachel tem uma
expressão esperançosa, provavelmente presumindo que ela me enganou para
ficar por aqui. Rob parece desapontado. Provavelmente porque sua líder de
torcida quente não está mais se aquecendo contra seu corpo.
Ah bem. Não é problema meu.
— Divirtam-se vocês dois. — Eu ofereço a eles uma piscadela lasciva
antes de ir embora.
Depois de confirmar que Tini está pegando uma carona para casa com
sua aventura contínua, localizo meu carro no campo e faço o meu caminho.
Estou a apenas alguns metros de distância, já destrancando as portas com meu
controle remoto quando Rob corre até mim.
Ele respira um rápido “oi” em um esforço óbvio para não me assustar
novamente. — Você realmente está indo?
— Sim. Christina vai para casa com uma amiga.
— Você deveria ficar já que você é a rainha da banda. Rachel está orga-
nizando nossa turma. Todo mundo está perguntando para onde você foi. —
Ele enfia as mãos nos bolsos, decepção estampada em seu rosto.
Eu acho que a pequena sessão de beijos de Rob e Rachel foi interrompi-
da por nossos colegas.
— Estou bem, obrigada. Além disso, parece que você finalmente encon-
trou uma garota que não queria pular direto no seu famoso pau. Você deve ir
em frente. Vocês dois fariam um ótimo casal. — Eu cruzo meus braços com
força sobre o peito para afastar o frio no ar. Quando ficou tão frio?
— Rach e eu não somos assim. Somos vizinhos. Eu a conheço desde
que éramos crianças.
— Ei, você não precisa explicar nada para mim. — Eu encolho os om-
bros. — O clichê da garota ao lado sempre dá um final feliz, então talvez você
tenha uma namorada no último ano, afinal.
— Evie... — ele para.
— É Eva. — Eu permiti que as coisas ficassem muito confortáveis esta
noite. Isso foi minha própria culpa. É hora de recuar. — Vejo você na segun-
da. Não precisamos terminar as questões biográficas. E eu acho que me saí
muito bem no teste de cálculo de hoje, então espero que você esteja livre das
aulas particulares em breve. Depois, você pode passar as tardes fazendo uma
jogada para Rach. Divirta-se esta noite.
Eu entro e fecho a porta, enviando-lhe a mensagem para voltar ao seu
público popular. Deus sabe que não me encaixo alí. Nunca me encaixei. Nun-
ca vou me encaixar.
Capítulo 14
Rob
1 de Maio

Eu apareci na casa dela no sábado para terminar o último pacote de per-


guntas. Ela não estava em casa. Deixo a dúzia de cupcakes com sua YiaYia,
que me garante que vai dar para Evie. Eu mando mensagens para ela repeti-
damente pelo resto do fim de semana, sem resposta.
Lição aprendida. Minha tentativa patética de tentar dar em cima dela na
fogueira é oficialmente uma derrota. Está tudo bem. Acho que estou melho-
rando na leitura de sua defesa. Com Evie, a passagem é ganhar terreno cada
vez mais. Ser direto não vai funcionar com ela. Ela está muito nervosa agora,
graças a Eddie. E quem diabos sabia que meu aumento de tamanho que me
ajudou com meu jogo também seria negativo no livro de Evie? Certamente
não eu. Principalmente depois do que ouvi na casa dela. Não sei o que fazer
com nada disso.
Só sei que depois de tocar meus lábios em sua pele perfeita na sexta à
noite, farei de tudo para conseguir mais.
A aula de bio foi relativamente quieta. Ela não levanta as paredes e eu
não empurro. Eu a faço me mostrar sua mão, que ainda tem uma bela marca
de queimadura. Ela brinca que eu a marquei. Eu brinco que sou totalmente a
favor disso. Só, não estou brincando.
Ela nem mesmo percebe meu pequeno deslize no território de mais-que-
amigos.
Estou esperando na sala de estudos há cerca de vinte minutos. Estou se-
riamente pensando que ela apenas foi educada na frente de nossos colegas,
mas não tem nenhuma intenção de estar em qualquer lugar perto de mim no-
vamente.
Eu só levei cinco minutos para tirar o fedor de mim, já que ela absoluta-
mente odeia o jeito que eu cheiro quando estou suado, mas ela ainda deveria
estar aqui. Estou me preparando para mandar uma mensagem para ela e ver se
ela está planejando aparecer quando ela entrar pela porta, segurando o telefo-
ne nas mãos.
A máscara que ela sempre tenta tanto manter firme no lugar se foi, subs-
tituída por uma tristeza desenfreada.
— Me desculpe pelo atraso, — ela sussurra, tomando seu lugar habitual.
Ela deixa sua bolsa cair no chão com um baque. — Eu estava conversando
com minha irmã, e eu... — sua voz falha.
— Evie, o que há de errado?
Minha preocupação com ela apaga todo raciocínio do meu cérebro, e
percebo tarde demais que escorreguei e a chamei de Evie em vez de Eva. Ela
nem mesmo me questiona. Isto é mau. Também estou ciente de que coloquei
meu braço sobre as costas de sua cadeira e estou me inclinando um pouco
mais perto dela. Ela nem mesmo reage. Isso deve ser muito ruim, consideran-
do o quão rápido ela me fechou na fogueira.
Assim que me preparo para bater na bunda de alguém por machucá-la,
ela olha para mim, a primeira lágrima deslizando por sua bochecha.
— Minha gata morreu. — Ela coloca o telefone na mesa com força me-
dida, olhando para a frente em silêncio.
— Eu sinto muito.
Nem me lembro de ter visto um gato na casa dela nas vezes em que esti-
ve lá. Meus músculos relaxam, sabendo que não há nenhum idiota que eu pre-
ciso encontrar e esmurrar por fazê-la chorar.
Tenho sorte de não ter enfrentado nenhuma consequência por acertar
alguns socos em Joey, como é o caso.
Incapaz de segurá-la por mais tempo, a represa se rompe, embora ela es-
teja tentando ao máximo pará-la.
— Tini a encontrou na estrada quando ela desceu do ônibus. Ela foi
atropelada por um carro e já tinha ido embora quando ela o alcançou. — Seus
gemidos vêm mais fortes.
Eu não entendo todo o conceito de que caras supostamente não conse-
guem lidar com uma mulher chorando. Se alguém está realmente chateado, o
que há de errado em querer confortá-lo? O instinto de segurá-la para mim
cresce com cada lágrima que escapa de seus olhos.
— Alguém simplesmente bateu nela e foi embora! Ela pode ter sofrido
por horas antes de morrer, e eu nem estava lá para segurá-la! — Suas últimas
palavras são difíceis de entender sobre o que se transformou em soluços abso-
lutos.
Eu não tenho escolha. Consequências que se danem.
Eu puxo minha cadeira em direção a ela até que esteja o mais perto que
posso chegar e a puxo para o meu abraço, envolvendo meus braços em volta
dela com segurança. Ela enterra o rosto no meu peito enquanto os soluços
atormentam seu corpo delicado.
Tudo o que posso fazer é segurá-la e alternar entre beijar o topo de sua
cabeça e silenciá-la enquanto acaricio seu cabelo sedoso com meu rosto.
Depois do que parece uma eternidade, seu choro diminui. Ela fica mais
pesada em meus braços. Eu afrouxo meu aperto um pouco, mas mantenho
minha bochecha apoiada em sua cabeça.
— Qual era o seu nome?
— O seu nome era Gatoula, — ela funga.
— Oh, desculpe. É um nome grego?
— Bem, é uma palavra grega...
— O que significa?
— Gatinha.
Nós dois rimos baixinho. Sua voz vibra pelo meu corpo e seus músculos
dançam em meus braços.
— Há quanto tempo você a tinha?
— Cinco anos. Ela era apenas uma gatinha quando meus avós a deram
para mim.
Eu me pergunto como era a Evie de 12 anos. Sempre fico com ciúmes
sobre há quanto tempo Mike faz parte da vida dela. Ele provavelmente sabe
tudo sobre a maldita gata dela.
— Eu simplesmente não entendo por que alguém não parou e tentou
ajudar. Nunca bati em um animal antes, mas pelo menos pararia. — Seu choro
começa de novo, então eu a abraço com mais força em meu peito.
— Talvez eles não soubessem.
Eu realmente não tenho ideia do que dizer para fazê-la se sentir melhor.
Nunca tive um animal de estimação antes. Papai não permitiria. Muita distra-
ção dos esportes.
— Como você pode não saber que bateu em algo? — Ela range para fo-
ra, a raiva clara em sua voz, apesar das lágrimas.
Ah, aí está a fogosa Evie com a qual estou mais familiarizado.
— Eu sinto muito, Evie, — eu murmuro em seu cabelo e a beijo mais
uma vez. Não sei mais o que dizer ou fazer.
Ela se enrijece e se afasta do meu abraço. Eu estremeço quando percebo
que a estive beijando nos últimos dez minutos ou mais. Tinha acabado de
acontecer... naturalmente. Eu nunca consolei uma mulher chorando além da
minha mãe antes. Existe um manual para isso? Eu estraguei tudo? É por isso
que meus amigos estão sempre tão assustados com as lágrimas?
Ela limpa o rosto com raiva enquanto se endireita. — Não, me desculpe.
Eu geralmente não choro assim.
Ela me olha com o canto do olho enquanto mais algumas lágrimas esca-
pam. — Eu molhei sua camisa. Desculpe.
Eu franzo a testa para ela e me inclino para limpar as lágrimas de seu ros-
to com meus polegares. Antes de parar e pensar sobre o que estou fazendo,
seguro o rosto dela em minhas mãos quando a umidade se espalha. Ela me
encara com um olhar confuso, mas não se move.
— Seu animal de estimação morreu. Não há problema em você ficar
chateada. Eu não me importo. — Eu me inclino para trás em meu próprio
espaço e descanso meus braços em minhas coxas, ainda de frente para ela.
— Você não se importa, mas eu sim. — Ela suspira e cruza os braços
sobre o peito, sua postura rígida. — Eu só estou com TPM, eu acho. Sinto
muito por incomodar você.
Eu não posso evitar a risada que borbulha da minha garganta. — Você
não me incomodou. Eu ficaria honrado em ser seu ombro para chorar sempre
que você precisar.
Ela levanta a sobrancelha para mim.
Estou nadando em águas perigosas, então decido mudar de assunto irri-
tando-a. Eu pareço me destacar nisso. — Além disso, obrigado pelo aviso so-
bre a semana do mês em que não devo incomodá-la.
Ela esfrega a testa com a mão. — Oh meu Deus. Não posso acreditar
que acabei de dizer isso para você. É como se eu continuasse lhe dando muni-
ção para me chantagear, caramba. Tipo, o que você ouviu em minha casa não
foi bom o suficiente.
Eu procuro em minha mochila algo que espero animá-la e aliviar seu
constrangimento.
— Ok, — eu suspiro. — Tenho guardado isso para quando eu passar
para a próxima classe de peso para levantamento de peso, mas acho que você
precisa mais do que eu.
Ela pega a barra de chocolate oferecida, olhando para mim insegura. —
Eu não posso aceitar isso.
— Certamente você pode. Posso comprar mais.
— Você vai me deixar gorda... mas, obrigada, — ela sussurra. — Este é
realmente o único chocolate que comerei.
Todos em nossa pequena cidade conhecem a fábrica local de chocolates
e doces. Depois de experimentar, o chocolate comprado em loja e produzido
em massa simplesmente não vai funcionar. É muito caro, mas ninguém parece
se importar em entregar seu dinheiro suado para comprar um produto básico
da comunidade.
Eu me viro para a mesa para passar para o próximo capítulo do livro e a
ouço abrir a embalagem. Pelo menos ela aceitou o pequeno presente.
Seu gemido chama minha atenção de várias maneiras. Eu olho para trás
por cima do ombro para encontrar sua cabeça inclinada para trás, olhos fe-
chados, com um sorriso satisfeito no rosto.
— Sente-se melhor?
Ela não está mastigando a mordida, mas sim chupando e saboreando
lentamente. A baba se acumula na minha boca só de observá-la. Uma pontada
de culpa se mistura com meu desejo. Ela estava chorando por causa da gata
morta, pelo amor de Deus, e estou imaginando sua boca chupando algo muito
diferente.
— Você é um deus entre os homens, Rob. — Ela quebra outro quadra-
do, sem perceber meu olhar pesado, e o desliza delicadamente em sua boca,
tratando esta peça igual à primeira.
Eu não conseguia tirar meus olhos dela, mesmo se a biblioteca inteira es-
tivesse em chamas. Quem teria pensado que assistir uma garota comendo
chocolate poderia ser uma das coisas mais eróticas de todos os tempos? E pu-
ta merda, ela acabou de me chamar pelo meu nome?
— Bem, caramba. — Tenho que parar e tossir para fazer minha voz vol-
tar ao normal. — Se eu soubesse que isso é tudo que seria necessário para fa-
zer você gostar de mim, eu teria te dado chocolate anos atrás. Isso está funci-
onando muito melhor do que aqueles cupcakes idiotas.
Merda. Eu realmente acabei de dizer isso?
Ela ri baixinho, os olhos ainda fechados. — Eu posso definitivamente
ver por que todas as garotas seguem você agora, Superjock. Elas podem sentir
o cheiro do chocolate, não do sexo.
Ela claramente nem ouviu minha admissão de interesse, muito perdida
em seu paraíso de chocolate. Ela trabalha em sua terceira peça. E oh Deus,
que trabalho doce. Sua história sobre nadar pelada no oceano não tem nada a
ver com isso.
Seus olhos se abrem de repente, e eu sou pego como uma criança com a
mão no pote de biscoitos. Não consigo nem imaginar a expressão que deve
estar estampada em meu rosto, um letreiro de néon anunciando o quanto a
quero agora.
Graças a Deus, a pior evidência está escondida sob a mesa. Não vou
conseguir ficar em pé por horas. Meu pau lateja dolorosamente.
Ela simplesmente me encara com um olhar curioso no rosto enquanto
chupa outro pedaço de doce.
Vou morrer. Vou morrer aqui mesmo na biblioteca. Ou vou ter um ata-
que da pior tensão sexual reprimida que já experimentei nos meus dezessete
anos ou ela vai me matar. Que maneira doce de morrer.
— Você está fazendo isso porque me odeia? — Eu finalmente consigo
engasgar.
— Espere o que?
— Você sabe o que? Eu nem me importo se você está fazendo isso de
propósito para me provocar, ou se tudo isso foi um teste doentio e maluco
para provar que eu só estou nisso para entrar na sua calcinha. Vou comprar
uma caixa inteira de barras de chocolate esta noite. Você pode ter uma sempre
que quiser.
A risada dela é um bom sinal de que não estou prestes a ser assassinado e
que estou perdoado por ser um adolescente com tesão.
Ela termina seu lanche malcriado lentamente, amassa a embalagem entre
as mãos delgadas e a joga na lata de lixo perto da porta. Evie une as mãos para
livrá-las de todas as migalhas restantes. De repente, estou ciente de como es-
sas mãozinhas parecem habilidosas.
Imagens mentais do que ela poderia fazer comigo com suas mãos pas-
sam pela minha mente na velocidade da luz, e meus pulmões bombeiam com
mais força, meu coração fica descontrolado. Até eu localizar a marca de quei-
madura em sua mão que coloquei lá. Às vezes eu realmente me odeio.
— Número um, eu acredito que você não está tentando entrar na minha
calcinha. Você tem Rachel para isso. Número dois, estou começando a acredi-
tar na sua história sobre ser virgem, Superjock. Eu estava comendo uma barra
de chocolate. Você age como se eu tivesse te dado um strip tease. — Ela se
vira e puxa os livros da mochila como se nada tivesse acontecido.
Talvez eu tenha imaginado tudo. Eu tive três longos anos fantasiando
sobre ela me dando um strip tease, afinal.
Eu libero a respiração que estou segurando com um whoosh, e minha
testa atinge a mesa com um baque alto. Isso pode ter doído, mas eu realmente
não consigo sentir nada, exceto a contração insistente entre as minhas pernas.
Estou vagamente ciente de que ela deve estar me observando, mas tudo
que posso fazer é manter meus olhos bem fechados e me concentrar na respi-
ração. Sério, não sei como devo sequer pensar em cálculo depois disso.
— Acalme-se, Superjock. Não há necessidade de gastar tanto dinheiro
no melhor chocolate do mundo. Mas obrigada por me animar. Foi divertido,
no mínimo, e definitivamente tirou minha mente das coisas por alguns minu-
tos.
Oh, não é nem sobre o dinheiro, porque eu preciso fazer isso acontecer
de alguma forma.
— Eu já te disse, Rach é minha vizinha, e nós não somos assim. Ainda
bem que o chocolate ajudou. Não temos que estudar cálculo esta noite. Eu sei
que você está realmente chateada. — Talvez colocar alguma distância entre
nós não seja uma ideia tão ruim, porque tudo que consigo pensar é em jogá-la
na mesa e fazer do meu jeito. Isso definitivamente não seria bem recebido.
Ela suspira. — Não. Eu realmente preciso me sair melhor no teste desta
semana. Não posso tirar menos do que um A.
— Não pode tirar? O que isso deveria significar?
— Isso significa... que você está atualmente me vencendo para ser o ora-
dor da turma, e isso está além de inaceitável.
Abandono minha posição voltada para baixo na mesa e a estudo. Ela não
parece estar mentindo. — Como você saberia disso? Eles ainda não divulga-
ram a classificação da classe.
Ela olha para mim rapidamente, depois volta a olhar para o livro à sua
frente.
— Alguém viu a impressão na mesa do orientador na semana passada,
— ela murmura.
Eu sei que não posso perguntar quem diretamente. — Este é alguém
uma fonte confiável?
— Sim. Muito.
Um largo sorriso desliza em meu rosto. Não há nada que eu possa fazer
para impedir. Se há uma coisa em que sou bom, é reconhecer uma rota aberta
quando vejo uma.
— Ugh, eu sabia que você ia ser um idiota sobre isso. — Ela cruza os
braços com força sobre o peito. A carranca em seu rosto é incrivelmente ado-
rável.
— Ainda acha que sou um atleta idiota? — Meu rosto dói de tanto sor-
rir.
— Te odeio.
— Essa não é uma maneira muito legal de falar com seu tutor que lhe dá
chocolate orgástico e deixa você chorar em seus braços quando está triste.
— Chocolate orgástico? — Ela levanta a sobrancelha para mim.
— Não finja que você não sabia o que estava fazendo agora. Estou co-
meçando a achar que você gosta de me torturar de propósito.
Um sorriso malicioso brinca em seus lábios, mas ela não admite nada.
— Vamos combinar uma coisa? Já que você ama tanto, se tirar A no tes-
te esta semana, vou trazer mais chocolate.
Sua expressão fica cética. — Isso deveria ser algum tipo de treinamento
pavloviano para eu estudar mais?
— Pense nisso mais como um incentivo para jogar o jogo no meu nível.
Você quer seu primeiro lugar de volta, então você vai ter que melhorar seu
jogo, Papageorgiou. Venha me pegar como eu sei que você pode.
O rubor que floresce em suas bochechas não é de raiva. — O que te faz
pensar que eu quero pegar você?
Uma risada alegre ameaça escapar da minha garganta. — Aww, vamos.
Todo mundo adora uma pequena competição amigável.
Ela revira os olhos. — Não, nem todo mundo. Você adora competição
porque é um atleta.
— Mas eu não sou um atleta burro.
Sua única resposta é um bufo frustrado. Pelo menos ela não nega. Estou
lentamente desgastando essa defesa.
Capítulo 16
Eva
Todos estão magoados

Meus olhos ainda estão inchados e cheios de tanto chorar nas últimas
doze horas. O curto intervalo na sala de estudo ontem foi apenas isso - curto.
Minha cama parece tão vazia sem minha doce gatinha ronronando e enrolada
ao meu lado. Ainda não consigo acreditar que ela se foi.
Pode parecer uma coisa estúpida e excessivamente emocional para a
maioria. De certa forma, acho que sim. Mas Gatoula foi a melhor terapeuta
que já tive. Sem julgamentos, sem me forçar a falar, apenas companheirismo
silencioso para afastar a solidão e o medo quando parecia que estava me afo-
gando em tudo isso. Ela me curou mais do que qualquer coisa ou qualquer
outra pessoa.
Não sei o que vou fazer sem ela.
Eu dirijo para a escola mais cedo do que o normal, na esperança de me
dar tempo para me acalmar e parecer que não vou enlouquecer antes que os
outros alunos cheguem. Estou começando a repensar seriamente meu raciocí-
nio quando Rob se aproxima do meu armário. Eu realmente não posso lidar
com ele esta manhã.
— Ei, como você está se sentindo?
O cheiro da bebida quente e cafeinada que ele está segurando me deixa
com água na boca. Passei tanto tempo me arrumando esta manhã que não
bebi nem uma gota. Minha dor de cabeça lancinante é um lembrete constante
da falta de sono, do choro e, agora, da abstinência da cafeína.
— Como se minha gata tivesse morrido.
Ele me olha de cima a baixo, nem mesmo tentando esconder. Eu rolo
meus olhos. Os atletas são tão previsíveis.
— Por que você está toda arrumada assim?
— Eu tenho um debate hoje. Devemos parecer profissionais.
Esta manhã vesti uma bela saia, blusa, meia e salto alto. Até parei para
endireitar e enrolar meu cabelo com um ferro para que não se parecesse com
o pelo de poodle que costuma ser. Na tentativa de cobrir meus olhos verme-
lhos e inchados, gastei um tempo extra na minha maquiagem. Tenho certeza
de que isso só vai resultar em marcas de lágrimas e manchas de rímel se eu
pensar muito em Gatoula. TPM estúpida. Meus pés provavelmente estarão me
matando no final do dia. Se as cólicas decidirem atacar no meio do debate,
estou ferrada. Esta semana está sendo ainda mais horrível do que a anterior. E
ainda é terça-feira.
Rob respira fundo. — Profissional não é a palavra que eu usaria, mas tu-
do bem. Você deveria comer um pouco de chocolate, e todos eles perderão a
cabeça e você ganhará de qualquer maneira. Certeza que você poderia fazer
isso com calças de moletom.
— A maioria dos meus oponentes são outras mulheres.
Ele ri, mas seus olhos continuam a vagar livremente. — Ei, eu não julgo.
Eu balanço minha cabeça, rindo tanto quanto posso em tal estado, e vol-
to para o meu armário. — Você é um porco, Superjock.
Com o canto do olho, eu o vejo franzir a testa. Ele estende a xícara de
café para mim. — Aqui.
— Para que serve isso? — Eu me viro para ele com minha sobrancelha
levantada, sem saber seus motivos.
— Uma oferta de paz realmente idiota. — Ele me dá um sorriso fraco.
Seus malditos olhos expressivos não revelam nenhuma agenda oculta por trás
do gesto.
Eu pego o presente oferecido em silêncio, optando por ignorar por um
momento seu comentário sobre ser um ramo de oliveira. Eu preciso muito da
dose de cafeína.
— Eu acho... acho que meu pai pode ter batido no seu gato ontem.
Meus olhos disparam para encontrar os dele. Espero encontrá-lo olhan-
do para qualquer lugar, menos para mim. Estou muito enganada. Ele corajo-
samente faz contato visual direto, o remorso colorindo suas íris de azul esta
manhã.
— O que?
— Quando cheguei em casa ontem, eu o ouvi dizendo à minha mãe que
ele pensou que poderia ter batido em algo no caminho para casa, mas ele não
tinha certeza. Ele parou na garagem para verificar, encontrou sangue e pelos
em um dos pneus dianteiros. Eu saí e dei uma olhada. — Ele suspira e passa a
mão pelo cabelo — Qual era a cor do seu gato?
— Ele era um gato malhado laranja, — eu sussurro.
— Sinto muito, Eva - O olhar que ele está me dando não faz sentido
porque parece desespero.
Foi meu gato que seu pai bateu, não o dele.
— Por que você me disse isso? — Não consigo pensar em uma única
boa razão. Ele claramente não está fazendo isso para me machucar de propó-
sito.
Ele encolhe os ombros. É como um tique com ele, juro. — Eu simples-
mente senti que você merecia saber o que aconteceu. Lembra como eu disse
que ele é alcoólatra? Bem, ele voltou do trabalho mais cedo, depois de beber
demais em um almoço de negócios, eu acho. Eu podia sentir o cheiro de cer-
veja nele do outro lado da sala.
Ele engole em seco. — Ele nem mesmo viu o gato. Não tinha certeza do
que ele havia atingido, ou se havia atingido alguma coisa. Mas tenho quase
certeza de que foi Gatoula. O pelo era laranja. Eu realmente, realmente sinto
muito.
Rob se lembrou do nome do meu gato morto.
Tento manter a calma porque não quero chorar nos corredores e estragar
minha maquiagem, então me concentro nos olhos gentis de Rob. — Não é
sua culpa. Não é como se você tivesse atropelado ela.
Eu tomo um gole da bebida, impressionada que durante esta semana, es-
pecialmente, eu estou sendo capaz de manter a cabeça racional e equilibrada.
Minhas sobrancelhas franzem em confusão. Talvez tudo esteja me afetando
porque isso não pode estar certo. Tomo outro gole cuidadoso do líquido
quente. É o meu favorito - chá com leite chai. O que, estranhamente, me faz
sentir um pouco melhor.
— Eu sei, mas ainda me sinto responsável de alguma forma, já que foi
meu pai bêbado que bateu nela. — Ele olha para seus sapatos. — Eu sei que o
café não compensa nada. Posso arranjar outro gatinho para você, se quiser,
mas parece que será muito cedo, sabe? Desrespeitoso, de alguma forma.
Minha decisão de permanecer indiferente desmorona um pouco mais
com todas as suas confissões. Ele não apenas confessou que seu pai matou o
amor da minha vida, mas também se tornou extremamente vulnerável ao falar
sobre o problema de bebida de seu pai comigo. Deve ser um segredo bem
guardado. Eu nunca soube que o pai de Rob era alcoólatra.
A realidade de tudo que Rob me disse nas últimas duas semanas bate em
mim. Quer eu confie nele ou não, ele claramente confia em mim.
— Eu sei. Obrigada pela oferta. Mas por que café?
— Você disse que nas noites em que trabalha, você fica acordada até por
volta da meia-noite terminando o dever de casa e muito cansada o tempo to-
do. Achei que você poderia começar a controlar a cafeína um pouco mais ce-
do.
Eu realmente não posso acreditar que ele se lembrou de tudo isso.
— E você reclamou ontem que eu ia te engordar com todos os cupcakes
e chocolate.
Tudo o que posso fazer é ficar boquiaberta com ele. Este não é o atleta
detestável do ano passado. Não é nem o menino tímido, mas esperto de antes
disso. Esta é uma versão muito mais perigosa de Rob Falls... doce, atencioso,
vulnerável e honesto.
— De qualquer forma, eu só queria me desculpar. Te vejo no cálculo. —
Ele se vira e caminha rapidamente pelo corredor.
— Ei, Falls! — Eu grito atrás dele. Uma pequena coisa está me incomo-
dando. — Como você sabe qual é o meu café com leite favorito?
— Porque presto atenção, Eva, — ele responde, sem se virar.
Capítulo 17
Rob
A única

Eu corro para a sala de estudo da biblioteca o mais rápido que posso de-
pois de entrar no chuveiro. Evie só tem meia hora para estudar esta tarde en-
tre o ensaio da banda e o trabalho, mas ainda estou impressionado que ela re-
servou tanto tempo para mim. Ela está falando sério sobre conseguir aquele
primeiro lugar de volta. Competir com ela o ano todo me excita mais do que
provavelmente deveria.
Eu corro minha mão pelo meu cabelo enquanto tento não correr pelo
corredor para chegar até ela. As coisas correram muito melhor do que o espe-
rado esta manhã em seu armário. Ela não me chutou nas bolas quando admiti
que meu pai atropelou seu gato. Ela nem ficou brava. Ela não me beijou exa-
tamente pela minha honestidade, mas eu não estava realmente esperando is-
so... estava? Meus sonhos extremamente vívidos ontem à noite e a caixa de
barras de chocolate esperando no meu quarto dizem que eu absolutamente
estava.
Por mais que eu tenha passado os últimos três anos querendo Evie, meio
que me assusta pra caralho perceber o quão baixo eu irei para pegá-la. Vou
aceitar qualquer coisa que ela possa me dar e trabalhar duro para conseguir.
Ela é como crack para mim, eu juro. Aquele primeiro pequeno golpe que re-
cebi algumas semanas atrás foi o começo do fim. Cada momento comparti-
lhado desde então só me fez desejá-la mais.
Eu ando pela biblioteca e sorrio e aceno para nossos colegas que estão
espalhados, trabalhando. Estou pirando com os últimos rumores que circulam
sobre minha vida amorosa, graças à lenda de The Bio Effect. A palavra na es-
cola é que Evie e eu somos um casal. Meus amigos estão na minha cola desde
sexta-feira à noite, depois que ela deixou a fogueira, me pressionando para
transformar os rumores em realidade. Obviamente, eles não entendem que
esse é o único objetivo pelo qual tenho trabalhado desde o primeiro dia de
aula.
Caminhando para a sala de estudo, eu paro no meio do caminho. Filha
da puta.
Evie ainda usa a saia justa e a blusa esvoaçante com decote profundo. A
renda preta aparece em torno de seu decote. Ela está relaxada em sua cadeira,
a cabeça apoiada no encosto da cadeira e um braço apoiado na mesa. Ela pode
estar dormindo.
Enquanto ando devagar e silenciosamente até minha cadeira, encontro
seus pés descalços apoiados nela. Meia-calça preta nunca pareceu tão tentado-
ra. Elas são do tipo que as modelos da Victoria Secret usam? Aquelas com
topos rendados e fitas prendendo-os a uma cinta-liga? Deus, essa mulher me
mata.
Não temos muito tempo hoje, mas odeio acordá-la e estragar tudo. Pego
tudo que preciso da minha bolsa e coloco sobre a mesa antes de pegar seus
pés, sentar e colocá-los no meu colo. Ela pisca os olhos para mim, levantando
a cabeça da posição de descanso.
— Ei, — ela murmura, o sono ainda enlaçando sua voz.
Doce mãe de Deus, preciso ouvi-la soar assim novamente. De preferên-
cia pela manhã. Depois de ficar comigo a noite toda.
— Bom dia, Bela Adormecida. Debate difícil?
Ela boceja. — Muito difícil.
— Você não conseguiu ir ao ensaio da banda hoje?
Ela me olha com uma expressão confusa e exausta. — Não, eu estava lá.
Por que?
— Você usou isso para praticar? — Eu aponto para suas roupas.
— Sim. Normalmente eu mudaria, mas já tenho meu uniforme de lan-
chonete enfiado na minha bolsa, então não caberia mais nada. — Ela gira o
pescoço, o que empurra sua camisa, e sim... sutiã de renda preta.
Muito agradável. Eu me pergunto se ela tem calcinha de renda preta
combinando. Droga. Eu sou um idiota com tesão.
Eu rio em um esforço para sair dessa. — Você poderia ter pegado em-
prestado algumas das minhas roupas. Eu sempre mantenho extras no meu
armário para treinos e outras coisas.
Ela arqueia uma sobrancelha perfeita para mim. — Porque eu faria isso?
— Bem, você quase quebrou um tornozelo naquele dia, e você nem es-
tava usando salto e... eu só, uh, não usaria uma saia naquele pódio se eu fosse
você.
— Oh, — ela acena para mim com desdém. — Eu tirei os saltos. Meus
pés estavam me matando quando voltamos.
— Isso explica por que eles estavam na cadeira, então. — Eu pressiono
meus polegares nos delicados arcos de seus pés pequenos e delgados. Eles
podem ocupar meu colo para sempre. Eu estou tão satisfeito com isso.
Ela geme mais alto do que ontem, fecha os olhos e se abaixa um pouco
mais na cadeira, fazendo com que a saia suba. Mais alguns centímetros e eu
definitivamente poderia descobrir se ela está usando um conjunto combinan-
do. Merda, tenho que me controlar. Pense em Hinton... sim, isso basta.
— Oh meu Deus, Superjock. Suas mãos são boas para mais do que ape-
nas segurar uma bola de futebol. — Seus gemidos quase desfazem meu con-
trole.
Tento me impedir de pensar em todas as outras maneiras que adoraria
fazê-la suspirar com minhas mãos.
— Sente-se melhor? — Penso no treinador, nu no chuveiro. Lembre-se
de Alex me irritando o dia todo sobre os rumores e como eu sou um covarde.
— Por que eu não deveria usar isso para praticar? — Ela pergunta, sua
voz rouca perfurando minhas distrações.
Eu mal estou me segurando.
— Você está brincando certo? — Eu sufoco.
Seus olhos ainda estão fechados, seu corpo relaxado. Ela não tem ideia
do que está fazendo comigo. — Não. O que há de errado em usar isso? Meu
uniforme é uma saia.
— Sim, e é um pequeno uniforme sexy. Mas tenho quase certeza de que
você usa aquela calcinha de líder de torcida por baixo, para que ninguém veja
nada, e você tem aquelas botas altas para cobrir a maior parte das pernas, en-
tão é isso. — Nada demais. Acabei de admitir para ela que praticamente babei
por ela na sexta à noite. Quem diabos sou eu, mais?
— Não estou realmente preocupada com isso. Com todas as líderes de
torcida e a equipe de dança, ninguém percebe que estou usando um uniforme
de mestre de bateria.
— Bem, eu percebi. Além disso, não havia nenhuma outra mulher vesti-
da de maneira sexy no treino hoje, aposto. — Cara, eu sinto muito por todos
os caras da banda hoje. Isso deve ter sido muito estranho.
Ela acena com a mão novamente. — Não importa. É a banda. Esses ca-
ras são meus amigos. Eles não me olham assim. Nenhum deles jamais me so-
licitou sexo. E há várias garotas no time de debate da banda que também não
mudaram. Se os caras estavam se distraindo, era por causa delas, não por mi-
nha causa.
Eu levanto minha sobrancelha para ela, embora seus olhos ainda estejam
fechados, e ela não pode ver minha expressão de descrença. Ela realmente não
entende. Esta criatura requintada e complexa estendida ao meu lado, que me
deixa um pouco mais louco a cada dia, não tem ideia de como ela realmente é
inebriante. Eddie destruiu completamente sua autoestima.
— Você realmente não sabe, não é?
Ela abre um olho para mim. — Não sei o que?
Eu poderia dizer a ela que ela é a coisa mais linda que já vi. Eu poderia
dizer a ela que não sou o único que pensa isso dela, mas não vou. Isso só vai
resultar em uma briga. Evie me intimida mais do que uma blitz.
— Esqueça, vamos apenas passar por quaisquer pontos difíceis que você
tenha no dever de casa. Você só tem cerca de quinze minutos.
— Eu já comecei enquanto esperava por você. Acho que estou bem, mas
você pode verificar o que tenho até agora e ver se estou entendendo, por fa-
vor? — Ela desliza seu fichário em minha direção.
Continuo esfregando seus pés enquanto examino seu trabalho. Estou fe-
liz que ela esteja dizendo palavras como “por favor” e me deixando tocá-la.
— Que livro você escolheu para Literatura? — Ela pergunta.
— Moby Dick, — murmuro.
— Ai. Longo e chato.
— E você? Eu empurro sua pasta de volta na frente dela. Ela acertou em
cheio. Assim como eu sabia que ela poderia.
— A Metamorfose.
Eu estremeço. — Kafka. Muito existencial. Boa sorte com isso.
Espero algum tipo de piada sobre como eu nem deveria saber quem é
Kafka, muito menos a base do romance. Em vez disso, ela encolhe os om-
bros. Acho que venci essa batalha. Nem um único comentário idiota de um
atleta deixa seus lábios.
— Eh, existencialismo é minha especialidade. Como eu me saí?
— Tudo bem com eles até agora. Ainda não consigo descobrir por que
você tirou B naquele teste. Você sabe a matéria.
— Eu sei, — ela suspira e olha para cima para encontrar meus olhos. —
Só não gosto muito de matemática. E como você disse antes, eu fico todo
nervosa, eu acho.
— Não faça isso esta semana.
— Não é como se eu estivesse tentando fazer algo mal de propósito, —
ela me dá um sorriso fraco.
Há muito mais que quero dizer. Se eu tivesse coragem. Se ao menos Ed-
die não a tivesse fodido tanto no ano passado. Tenho que sair daqui antes que
faça algo estúpido e estrague tudo.
— Bem, eu tenho que procurar por Melville na biblioteca e você tem que
ir para o trabalho.
— Sim você está certo. Eu tenho que ir. — Ela puxa os pés do meu colo
e agarra os sapatos do chão, colocando-os.
Eu permaneço na porta para vê-la arrumar suas coisas. — Você quer que
eu encontre o livro de Kafka para você enquanto estou aqui?
Ela olha para cima e caminha em direção à porta, sua bolsa pendurada
em um ombro esguio. — Claro, obrigada.
Talvez esta tarde não tenha sido uma perda total, afinal. Eu me importo
que Evie está aceitando qualquer oferta minha, uma vitória. — Sem proble-
mas. Até amanhã, Eva.
Ela me segue porta afora, e vejo enquanto ela atravessa a biblioteca com
passos longos e graciosos. É tudo que posso fazer para não babar na minha
camisa.
Percorrer as estantes de livros em busca de Melville é a última coisa que
quero fazer agora. Honestamente, eu prefiro praticar bater no meu corpo em
um esforço inútil para aquietar minha mente. Eu realmente não estou pres-
tando atenção ao meu redor, em vez disso mapeando minha próxima jogada
para Evie. Meus pés tocam algo no chão e a próxima coisa que sei é que estou
caindo para frente. Os reflexos atléticos são a única coisa que me impede de
plantar o rosto. Quando me viro para encarar o que quer que seja que me fez
tropeçar, meus olhos pousam no rosto devastado de um dos meus melhores
amigos.
***
Não deixo Jeremy dirigir até a lanchonete. Seu balbucio deprimido e in-
coerente me assusta seriamente. Ele não se calou desde que saímos da biblio-
teca, exceto para zombar de mim sobre Evie. Sim, todos os meus amigos ado-
ram usar minha covardia para se sentirem melhor sobre seus próprios pro-
blemas.
Eu arranco mais algumas informações dele no caminho. Acontece que
ele só se inscreveu em duas faculdades que não exigem testes para os depar-
tamentos de música e teve sua admissão negada em ambas. O que ele esquece
de mencionar em sua tristeza e melancolia é que ainda tem audições para mais
três das melhores escolas de música do país. Ele aparentemente esquece que
eu já sei disso.
Ele nos anunciou uma noite que não queria estar em uma banda que faz
turnês pelo mundo todo, levando-o para longe de sua namorada, Alyssa, o
tempo todo. Em vez disso, ele quer conseguir um assento confortável em uma
sinfonia ou orquestra em algum lugar.
Jeremy é tão talentoso que o mundo é literalmente sua ostra. Ele só tem
que escolher o que quer, e o que ele quer é sua namorada.
Pelos próximos dez minutos, lembro a ele que, no momento em que
qualquer uma dessas escolas o ouvir tocar, ele terá uma bolsa completa. Ten-
tar chegar até ele quando ele está de mau humor é como tentar convencer o
sol a não nascer de manhã. Absolutamente certo de que essas duas primeiras
rejeições são um prenúncio do que está por vir, ele tem certeza de que Alyssa
vai acabar com ele por causa da evidência de suas falhas.
Ele é um idiota às vezes.
Jeremy e Alyssa estão juntos desde o primeiro ano. Ela está loucamente
apaixonada por ele, algo de que tenho inveja há três anos. Mas o que realmen-
te dói é o fato de que Alyssa não era sua primeira escolha.
Evie era.
Primeiro ano. Sala da banda. Três semanas na escola. Depois do treino
quando não havia ninguém por perto. Beijo de língua.
Esta foi a história que ouvimos dele quando ele foi de bicicleta até minha
casa para ficar comigo, Alex, Mike e Rach à beira da piscina uma tarde. Está
tudo meio confuso na minha memória agora, provavelmente devido à repres-
são psicológica. Foi um dia marcante na minha vida patética.
No verdadeiro estilo de Jeremy, ele primeiro nos contou todos os deta-
lhes sangrentos. Como ela o deixou invadir sua boca com a língua, como ela
não fez nenhum movimento para detê-lo quando ele sentiu seus seios macios,
mas pequenos. Essa foi sua descrição real. Rach riu dele e o chamou de menti-
roso enquanto Alex babava e Mike revirou os olhos. Eu apenas mantive mi-
nha boca fechada e corei. Em retrospecto, e sabendo o que sei agora, Jeremy
provavelmente estava aumentando. Só um pouco.
Em seguida, ele nos contou sua identidade misteriosa de raposa. Foi aqui
que as coisas ficaram um pouco complicadas.
A única pessoa naquele deck que sabia sobre minha paixão supersecreta
por Evie era Alex. Não ousei contar a mais ninguém, pois sabia que nada
aconteceria. Minha adoração silenciosa era ridícula e eu sabia disso muito
bem. Eu era um perdedor silencioso. Evie era além de incrível. Aparentemen-
te, Jeremy também achava. Alex não concordou com a escolha de interesse
romântico de Jeremy.
Assim que Jeremy pronunciou o nome de Evie, Alex o jogou na piscina,
totalmente vestido. Ninguém mais se moveu ou disse nada por alguns minu-
tos. Rach e Mike obviamente não tinham ideia de por que Jeremy ir atrás de
Evie era algo para se preocupar.
Depois que o choque inicial passou, toda a cena ficou ainda mais confu-
sa. Rachel gritou na beirada do deck para Alex parar de molhar Jeremy. Alex
continuou com sua própria versão de afogamento, alternando entre questionar
Jeremy sobre a validade de sua história e fazê-lo prometer que nunca mais
olharia para Evie novamente.
Mike saltou, tirando Jeremy das garras de Alex com facilidade. Então
Mike mergulhou em sua própria inquisição sobre por que Alex tinha enlou-
quecido, presumindo que Alex tinha uma queda por Evie e estava com ciúmes
da pequena incursão de Jeremy à segunda base. Essa suposição só serviu para
irritar mais Mike. Ele se revezou tentando afogar os dois. Eu sentei lá, piscan-
do em choque com a cena que se desenrolava diante de mim. Alex era o único
cara que eu tinha certeza que não estava tentando fazer um movimento na
estrela do meu bando de palmadas.
Acima da gritaria e da agitação na piscina, algumas coisas ficaram claras
como cristal. Jeremy estava convencido de que Evie ser tão legal com ele sig-
nificava que ela queria dar a ele seu cartão de homem em uma bandeja de pra-
ta. Ele não estava pensando em punheta ou em chegar à terceira base; estava
tudo ou nada em sua mente. Aparentemente, Mike era amigo de Evie desde o
jardim de infância e não ia deixar ninguém deflorá-la tão cedo.
Nesse ponto, os gritos de Rachel alertaram a mamãe de que algo estava
errado. Ela veio correndo para o convés, com a intenção de colocar um fim na
insanidade adolescente invulgarmente volátil que se desenrolava na piscina.
Todo mundo estava gritando, o nível do volume aumentando à medida
que cada pessoa lutava para ser ouvida em meio à cacofonia. Até aquele pon-
to, eu nunca havia considerado o que poderia fazer para mim se outra pessoa
tivesse Evie, embora eu soubesse que nunca o faria. O tempo todo eu sentei
na minha cadeira em uma combinação nebulosa de choque absoluto e agonia.
Até Alex revelar meu amor silencioso por Eva Papageorgiou. Três pares
de olhos fixaram-se em mim com novas informações sobre como eu era um
perdedor. Mamãe e Alex já sabiam, é claro, mas o estrago estava feito.
Eu estava mortificado.
E foi assim que todos os meus amigos mais próximos descobriram que o
idiota que eu era estava ansiando por uma garota inalcançável por semanas.
Na época, nenhum de nós era particularmente cortês com as mulheres.
Eu era de longe o pior. Minha timidez incapacitante tornava fisicamente im-
possível pronunciar uma palavra na presença de alguém que eu não conhecia
bem. No campo, estava me tornando uma pessoa diferente. Eu poderia arro-
tar como ninguém. Situações sociais eram outra história.
No ensino médio, mamãe realmente me induziu a fazer aulas de dança
com ela, alegando que papai recusou, e ela sempre quis aprender. Eles até me
atacaram com todo o estereótipo. “Isso vai ajudar a refinar seu atletismo”.
Meus pais não admitiram até o curso terminar que era uma tentativa de me
ajudar com meus problemas com meninas.
Pena que essas aulas não me deram coragem para convidar ninguém para
dançar.
Se as aulas de dança já não eram alimento suficiente para os rapazes e
Rach, esta mais nova revelação sobre minha paixão secreta enviou meu nível
de perdedor em hiperexpansão. Nas semanas seguintes, suportei tortura e as-
sédio constantes por causa de Evie. Mas para crédito de Jeremy, ele nunca
mais se aproximou dela.
Dentro de um mês, ele estava seguindo Alyssa como um cachorrinho
apaixonado.
No início, me senti culpado por Jeremy ter mudado tão rapidamente de
Evie para uma de suas melhores amigas. Eu não queria que seus sentimentos
fossem feridos. Mike verificou rapidamente minhas suspeitas. No final das
contas, Evie não estava interessada em Jeremy, de qualquer maneira. Ela esta-
va grata pelo desvio de sua atenção.
Nunca perguntei mais nada a Mike sobre Evie. Alex estava convencido
de que Mike era o homem da informação e da interferência para mim. Para
meu horror, Mike parecia feliz em obedecer... até certo ponto. Quanto mais
todos eles me empurravam para chegar perto dela, mais para dentro da minha
concha eu recuava.
Foi nessa época que Mike conheceu Chelsie e Alex começou a namorar
Bekah. Eles abandonaram minha causa desesperadora em favor de suas pró-
prias buscas. Tudo voltou ao status quo.
Caso encerrado, fim da história.
Jeremy precisou de dois meses inteiros de cortejo, como ele dizia. Alyssa
o fez trabalhar para isso, e ele gostou do desafio. Ele nunca mais olhou para
outra garota. Ela tem sido dedicada a ele desde então.
E agora, ele está praticamente hiperventilando no banco do passageiro, já
imaginando ela jogando três anos de história e todos os seus planos cuidado-
samente traçados para um futuro compartilhado pela janela. Meus múltiplos
exemplos de como ela obviamente o ama caem em ouvidos surdos.
Bateristas. Não funcionam tão bem sob pressão quanto eles querem que
você acredite.
Margie, minha anfitriã favorita, está trabalhando na frente quando che-
gamos ao restaurante e não perde tempo tentando arrancar de mim informa-
ções sobre o meu relacionamento com Evie. Isso instantaneamente coloca um
sorriso maroto no rosto de Jeremy enquanto ele relata para ela todas as mi-
nhas tentativas desastradas de namorar a garçonete favorita de todos. Ei, o
que for preciso para fazê-lo se sentir melhor.
Margie se oferece para falar bem de mim. Foi quando eu os cortei. Dei-
xando a saúde mental de Jeremy de lado, até eu tenho um pouco mais de or-
gulho do que isso.
Evie parece amigável, mas distraída quando Jeremy e eu nos sentamos
em nossa mesa de sempre. Tento focar a maior parte da minha atenção no
cara sentado na minha frente, de qualquer maneira. Continuamos conversan-
do sobre o assunto até que eu me sinta um pouco melhor sobre o estado de
espírito de Jeremy. A conversa não para até que Evie traz nossa comida.
Assim que ela sai para cuidar de outra mesa, ele começa a me atacar.
— Você precisa crescer um par de bolas e colocá-la na linha, Rob. É o
último ano. Como você se sentiria se se afastasse dela neste verão, sem nunca
saber o que poderia ter sido? — Jeremy come sua comida.
— Falando no que poderia ter sido, você sabe o que realmente aconte-
ceu com ela e Hinton no ano passado? — Eu pergunto a ele, procurando por
ela na sala. Estou bem ciente de que a entrada da cozinha está atrás de mim.
Se eu a vir esperando por outros clientes, ela não estará se esgueirando por
trás para ouvir nossa conversa sobre ela.
Vejo Evie algumas mesas para baixo. Ela está esperando por um cara que
parece estar na casa dos trinta e está sentado sozinho em uma cabine. Ele não
é ruim para um cara velho, de cabelo preto, olhos castanhos e queixo quadra-
do. Ele está limpo e bem vestido. E ele claramente me dá arrepios. Eu não
consigo definir o porquê, exatamente. Não costumo julgar um livro pela capa,
mas há algo sobre esse cara. A maneira como ele olha para ela me enerva
completamente. Como se ela fosse sua única propriedade. Observo com aten-
ção para ver se ela mostra algum sinal de desconforto. Um movimento tenso
dela, e eu estarei lá mais rápido que um raio.
Jeremy olha por cima do ombro e segue meu olhar firme. Ele sorri para
mim, provavelmente presumindo que estou olhando maliciosamente para
Evie. — Eu honestamente não posso acreditar que esta é a primeira vez que
você me pergunta sobre isso. Depois que eles se separaram no ano passado,
achei que você estaria procurando informações no meu cérebro.
— Eu sei o que Eddie afirmou que aconteceu, o que foi uma besteira to-
tal. — Eu observo enquanto Evie faz seu caminho para uma nova mesa que
acabou de sentar, aliviada por ela ter terminado com o cara assustador.
Jeremy ri. — Ainda não consigo acreditar no que você disse naquela
conferência de atletismo e nunca mais respondi a ela.
— Sim, sim. Alyssa nunca falou com você sobre isso? Eu pensei que ela
e Evie eram melhores amigas?
Jeremy dá de ombros, pegando outro gole de seu hambúrguer. — Se ela
falou com Lys sobre isso, Lys não achou por bem me dizer. Por que você está
perguntando sobre isso? Isso foi no ano passado.
— Sim, mas, — eu paro no meio da frase enquanto Evie se aproxima de
nossa mesa.
— Vocês estão bem?
Jeremy pula. Ele não a viu chegando, muito ocupado devorando sua co-
mida. — Sim, estamos bem, Evie. Você está bem?
Muito bom, Jeremy. Não deixe claro que estávamos falando sobre ela ou algo assim.
— Sim…— ela se vira para mim com uma sobrancelha levantada, silen-
ciosamente me perguntando por que Jeremy está agindo tão estranho. Parece-
me estranho que ela se comunicasse comigo dessa maneira. Como se ela fi-
nalmente estivesse confortável com o fato de que somos amigos, e eu deveria
entender sua pergunta silenciosa. O que eu faço.
Eu dou outra mordida no meu cheeseburger e dou de ombros para ela.
Não vou contar a ela por que ele está agindo de forma bizarra; seja por causa
do tópico atual da conversa ou por causa de seu estado de depressão na bibli-
oteca. Um cara não precisa desse tipo de informação em seu círculo social.
— Ok, — ela prolonga. — Vocês querem mais alguma coisa? Refis ou
sobremesa?
Devo olhar para ela como se ela pudesse ser minha sobremesa, porque
de repente Jeremy ri e engasga com a comida. Evie e eu ficamos boquiabertos
com ele enquanto ele luta para respirar. Meu rosto está queimando. Ela parece
completamente confusa.
— Então, Evie... — Jeremy limpa a boca quando recupera o controle. —
Você e Rob têm passado muito tempo juntos ultimamente.
Imediatamente, ela fica tensa e se posiciona defensivamente. — Sim…?
Jeremy está prestes a tornar minha vida um inferno. Posso sentir o chei-
ro, vejo em seus olhos castanhos redondos. — Ele já te contou sobre a paixão
secreta que ele tem desde o primeiro ano?
Oh. Meu. Deus.
Sinto os olhos de Evie fixos em mim, mas estou muito ocupado tentan-
do fazer buracos na cabeça de Jeremy com a visão de laser que espero desen-
volver há anos. Ainda não funciona.
Evie desliza para a cabine ao meu lado. — Não, Jeremy. Não, ele não
disse. Nosso grande e mau zagueiro tem uma paixão secreta?
Eu me recuso a olhar para Evie, que está praticamente vibrando contra
mim de empolgação.
— Eu vou te matar, porra, — eu assobio para Jeremy.
O idiota apenas ri de mim.
Evie me cutuca até que eu tiro meus olhos do idiota que se diz meu ami-
go para olhar para ela. — Então ... quem é ela?
Oh, como se eu fosse apenas levantar e contar a ela. De jeito nenhum.
Isso não faz parte da peça. Se eu pensasse por um segundo que funcionaria,
eu já teria feito. Pode ser. Provavelmente não.
— Vamos jogar um joguinho de adivinhação, certo? — Jeremy está seri-
amente concorrendo a vaga de inimigo número um.
Evie bate palmas e salta para cima e para baixo no assento ao meu lado.
— Eu adoro jogos!
Ela está fazendo sua imitação de líder de torcida novamente.
Como uma porra de uma criança de cinco anos com um cobertorzinho,
escondo meu rosto em minhas mãos. Minha vida é uma grande piada após a
outra. — Por favor... não vamos dizer que sim.
Evie fica parada ao meu lado, sua voz muito séria. — Espera. Isso não é
uma piada? Superjock realmente tem uma paixão secreta?
— Superjock? — Jeremy uiva. — Cristo, eu adoro isso. Eu não estou
brincando com você, querida. Ele realmente tem.
Eu não sei o que me irrita mais. O fato de que ele está brincando comi-
go, ou que ele a chamou de “querida”.
— É assim que vai acontecer, Evie. Você recebe vinte perguntas. Vai.
Jeremy realmente quer morrer. Ele está me atraindo para o assassinato.
Assassinato por atleta sexualmente frustrado.
— Oh meu Deus. — Evie respira. Sua voz está cheia de epifania.
Acho que ela finalmente entendeu tudo que eu disse a ela desde o início
do ano. Ela acha que ela acreditaria em Jeremy e não em mim.
— Eu nem sei por onde começar. Eu me sinto tão despreparada.
— Vamos. — Jeremy persuade. — Você tem que ter uma ideia.
— É Rachel?
Bem... talvez ela não acredite em tudo que eu disse.
— Não. Faltam dezenove.
— É Kerri? Por favor, me diga que o boato não é verdade.
— Não. — Jeremy corta. — Deixe-me parar você bem aí. Todas as coi-
sas que você pensa que sabe estão erradas. Restam dezoito.
— Ok, ok... — Evie para de falar. — Me dê um minuto, aqui.
Eu deveria parar isso agora. Nada de bom pode vir disso. Jeremy não en-
tende como Evie funciona. Sem problemas, amigo. Vou apenas dizer a ela que
ela é a garota que venho desejando há três anos, que me deixou totalmente
louco quando saiu com outra pessoa no ano passado, que me deixou louco
nas últimas semanas, e com quem eu tenho fantasiado sobre todas as noites
por aproximadamente mil cento e dezessete dias. Mas quem está contando?
Oh meu Deus. Eu sou o cara assustador na cabine. É, não. Não posso
fazer isso.
— Sinto que preciso adotar uma abordagem diferente, aqui. — Evie me-
dita. — Ela é uma líder de torcida?
Eu zombo da minha posição escondida. — Eu disse que não gosto de lí-
deres de torcida.
— É verdade, — Jeremy responde. — A maioria delas o irrita como o
inferno. Dezessete.
— OK. Equipe de dança?
— Você ainda está acreditando nos malditos rumores. Pense fora da cai-
xa, Evie. Dezesseis.
— Patrulha?
— Ficando mais quente, mas não. Quinze.
Isso não está acontecendo. Isso não está acontecendo. Isso não está acontecendo.
Eu inclino minha cabeça contra a mesa e fecho meus olhos, tentando ig-
norar a tortura que ocorre ao meu redor. Estou praticamente sentado aqui,
esperando o fim.
— Ela está na banda? — Minha atenção se volta para Evie com seu grito
alto.
Meus olhos se abrem, fixando-se no sorriso presunçoso de Jeremy. —
Sim. Você ainda tem dez.
— Espera. — Evie esfrega a testa em frustração. — Que tipo de amigo
idiota você é? Se o amor secreto de Rob está na banda, então por que você
não o ajuda? Quero dizer, ser suporte não faz parte do código dos manos?
A cabeça de Jeremy bate na mesa, errando por pouco seu prato. Seu cor-
po inteiro treme com uma risada histérica. Quão irônico é que o primeiro bei-
jo de Evie esteja sentado aqui nesta cabine, tendo essa conversa, bem na mi-
nha frente?
— Evie, estamos tentando ajudar Rob há anos. Não há muito o que po-
demos fazer por um marica que prefere se esconder em sua concha do que ser
homem e fazer um movimento.
— Ei, idiota! — Ela se irrita. — Não fale assim sobre ele! E daí se ele é
tímido? O mundo poderia fazer com mais cavalheiros e menos caras que pen-
sam que podem levar o que quiserem.
Puta merda. Evie Papageorgiou acabou de me defender.
O cara assustador chama ela de sua cabine. Por mais que esteja aliviado
que isso signifique o fim da conversa atual, um sentimento inquietante aperta
meu peito por ele saber o nome dela. Seu uniforme não incluiu um crachá. Ela
se levanta para ir cuidar dele, mas eu agarro sua mão antes que ela possa ir
muito longe, puxando-a de volta ao meu lado para que eu possa falar baixi-
nho. Ela se vira para mim com a sobrancelha levantada, mas seu rosto está
aberto e confiante.
— Eva, ele incomoda você? — Meu olhar salta entre ela e ele. Ele está
claramente olhando para nós, o que faz o cabelo da minha nuca se arrepiar.
Ela me olha com um sorriso bem-humorado e balança a cabeça. — Ele é
um dos meus melhores clientes e preciso ver o que ele quer antes de perder
gorjetas e ser demitida.
— Se ele alguma vez te deixar um pouco desconfortável, me avise e eu
cuidarei disso, certo?
— Engraçado, C.J. disse a mesma coisa sobre você. — Com isso, ela se
levanta e vai trabalhar.
Quem diabos é C.J.?
Jeremy ri na minha frente. — Que bom que eu estou levantando a bola
aqui, cara. Parece que você tem competição.
— Cale-se. Você vai se ver comigo em um minuto.
Estou muito ocupado assistindo a interação de Evie com um de seus me-
lhores clientes para estrangular Jeremy agora. Ela passa rapidamente por mim
a caminho da cozinha. O idiota me lança um olhar mortal. Por mais que eu
tenha sentado nesta mesma cabine, nunca o notei antes. Eu retribuo sua car-
ranca com um sorriso de escárnio que, espero, transmite o que quero dizer. É
melhor ele não mexer com a minha Evie.
— Jeremy, aquele cara te dá arrepios, não dá? Eu aponto com meu quei-
xo para o idiota sentado duas cabines atrás de nós. Talvez eu esteja apenas
sendo um idiota ciumento. Veja o que aconteceu no ano passado com Hinton.
Ainda não estou convencido de que ele não a estuprou. Não vou deixar isso
acontecer duas vezes.
Jeremy olha por cima do ombro para o cara, então se vira em seu assento
quando seu telefone toca. É uma canção de amor, então presumo que seja
Alyssa ligando. Ele atende, e eles trocam uma conversa doce melosa enquanto
Creepy Guy e eu nos encaramos. Minha atenção desvia quando Jeremy se le-
vanta para sair, murmurando que ele estará de volta em um minuto.
Evie passa ao meu lado. Eu estendo a mão e pego a mão dela novamente
enquanto olho diretamente para o cara assustador. Com sorte, ele receberá a
mensagem.
— Ei Eva, não dê ouvidos a Jeremy, certo? Ele é cheio de bobagem. —
Eu tiro meus olhos do cliente que está me atirando adagas e olho para o rosto
dela.
Ela me deu o sorriso mais doce que eu já. — Não tenha vergonha. Estou
honestamente feliz que o velho Rob que eu me lembro ainda está aí. Acho
que sua paixão secreta é fofa.
Eu me sinto completamente bêbado, de repente esquecendo que há mais
alguém em toda a lanchonete.
— Você é um cara legal, Falls, e... tenho orgulho de chamá-lo de amigo.
Então, você pode me chamar de Evie.
Em vez de me sentir em êxtase, meu estômago rói de preocupação. —
Hum, obrigado, mas sério... esqueça tudo o que ele disse.
Ela me fixa com uma expressão aguda. — Não vou dizer nada a nin-
guém, não se preocupe. Eu guardo seus segredos, lembra?
Jeremy realmente me encurralou.
Evie continua tagarelando, sem perceber minha ansiedade crescente. —
Se seus amigos estúpidos não vão te ajudar, eu vou. Talvez você só precise da
perspectiva de uma garota, sabe? Sou amiga de todos na banda, então me diga
quem ela é e eu te ajudarei. Eu serei sua mulher auxiliar. É o mínimo que pos-
so fazer por todas as aulas particulares.
Eu suspiro e fecho meus olhos. Não consigo mais olhar para ela. Ela
nunca vai me querer como nada mais do que um amigo - isso está claro. Mas é
melhor do que nada. — Não se preocupe com isso... Evie. Eu quase perdi as
esperanças, mas obrigado. Se eu decidir persegui-la novamente, vou checar
com você primeiro, certo?
— Certo. Vou descobrir quem ela é sozinha então. E para que conste,
provavelmente será o trabalho de cupido mais fácil de todos os tempos. —
Sua risada é seca e sem humor. — Não há uma garota na escola que já não
queira você.
Oh, sim, existe.
— Acredite em mim, você nunca vai descobrir em um milhão de anos,
Evie.
— Não vou? — Ela tem aquele olhar determinado em seus olhos. Nor-
malmente eu respeito isso. Hoje me dá vontade de vomitar.
— Por favor. Eu estou te implorando. Para com isso.
— Ei. — Ela põe uma mão esguia no meu ombro. — Somos amigos ou
não?
Droga. Ela me pegou exatamente onde ela me quer. Não tenho força de
vontade quando ela voluntariamente me toca e promete qualquer tipo de rela-
cionamento com ela.
Jeremy volta para nossa cabine. Eu rapidamente me levanto e pego a no-
ta de Evie antes que ele possa causar mais danos. Não é até que estejamos fo-
ra do alcance da voz no estacionamento que eu o confronto.
— Que porra foi essa, babaca?
Ele abre a porta do passageiro do meu carro e se inclina sobre o teto,
com uma expressão séria no rosto. — Rob, todos nós vimos você a querer em
silêncio nos últimos três anos. Todos nós sabemos o quanto te ferrou quando
a merda atingiu o ventilador com Hinton no ano passado. E embora Lys não
tenha me contado nada sobre o que realmente aconteceu entre Evie e Eddie,
acho que você pode estar certo em se preocupar com isso. Evie não tem sido
a mesma desde que deu um fora na bunda de Eddie, então deve haver mais do
que apenas rumores. Eu acho que talvez levando-a suavemente à conclusão
óbvia enquanto te dou um chute no saco para fazer algo é o caminho a per-
correr, aqui.
— Por que você não para e me deixa cuidar disso?
— Ok, então cuide disso.
Se fosse assim tão fácil.
Capítulo 18
Eva
Bobo da Corte

Hoje foi um dia muito quente. Estou na sala de honra, designando alu-
nos para equipes de limpeza quando tudo que eu quero muito fazer é ir para
casa e tirar uma longa soneca e esquecer minha vida bagunçada. Mas eu não
posso. Esta tarde é nossa limpeza de estradas “Adote uma Rodovia” semestral
para os membros da Sociedade de Honra. Como presidente, é meu trabalho
organizar o evento.
A única coisa que deleguei ao meu Vice Presidente, que também ocasio-
nalmente tem pena de mim, foi implorar a Eddie Hinton para usar sua cami-
nhonete. Vamos precisar dele para pegar e retirar os sacos de lixo que as equi-
pes deixam nas laterais da estrada. Alyssa de alguma forma o fez concordar
com isso. Ela não me disse como. Eu não quero saber.
Não há tempo para aulas de cálculo esta noite, graças a Deus. Rob pare-
cia uma mistura de vontade de chorar e ficar puto da vida durante a aula de
biologia. Ele realmente não quer que eu saiba quem é sua paixão secreta. Es-
tou presa entre sentir o mesmo e querer desesperadamente saber sua identida-
de.
Acho que fui uma atriz muito convincente ontem à noite no restaurante.
Mas não pude deixar de ficar acordada na cama ontem à noite. Estou grata
por ter conhecido o verdadeiro Rob Falls. Mamãe sempre diz que nunca se
pode ter muitos amigos, e seres humanos decentes são escassos por aqui. Ele
definitivamente provou ser um dos decentes.
Seu pequeno romance não correspondido é assustadoramente fofo.
Quem esperaria isso de um grande, mau e quente quarterback que provavel-
mente se tornará profissional alguns anos depois? Não eu, isso é certo. Isso
está de acordo com a pessoa que ele costumava ser antes de ter as habilidades
e a aparência que tem agora. A maioria das pessoas deixaria esse tipo de aten-
ção mudá-los, mas aparentemente não Rob.
Com ele, é tudo uma atuação. Suspeito que ele desempenhe o papel de
atleta porque é o que se espera dele. Faz sentido que ele não seria capaz de
liderar um grupo de caras se não se encaixasse com eles, então ele aprendeu
como se adaptar aos olhos do público. Assim como um bom zagueiro deveria.
Atrás de portas fechadas, ele deixa a máscara escorregar. Estou honrada que
ele confie em mim o suficiente para ser ele mesmo ao meu redor.
O que ainda não consigo explicar é sua enorme mudança de personali-
dade no ano passado. Sim, ele realmente saiu de sua concha como zagueiro
titular, mas o que aconteceu no inverno passado ninguém sabe. Ele insinuou
que sua transformação durante a noite em um idiota furioso tinha algo a ver
com ela. Eu simplesmente não consigo encaixar todas essas peças do quebra-
cabeça no lugar, e isso está me deixando louca.
Ele poderia literalmente ter qualquer garota que ele quisesse. Qualquer
garota. Ele obviamente escolheu aquela que joga duro para conseguir. É meio
triste, na verdade. Especialmente considerando como ele se sente sobre as
garotas estarem interessadas nele apenas para uma coisa, quando ele tem mui-
to a oferecer. Não posso deixar de sentir simpatia pelo grandalhão e sua situa-
ção. Eu sei exatamente o que ele está passando.
Passei a maior parte da noite tentando diminuir a possível lista de quem
ela poderia ser. Muito poucas pessoas sabem disso sobre mim, mas eu sou
fanática por um bom romance. Eu só não acredito que eles acontecem fora do
reino da fantasia. E este é outro caso claro de por que acredito nisso. Nada é
tão fácil quanto parece na ficção.
Preciso de mais informações para reduzir a lista de cerca de vinte garotas
que acho que podem ter prendido sua atenção todos esses anos. Obviamente
tem que ser alguém da nossa classe, ou ele não teria uma queda por ela desde
o primeiro ano. Ela tem que ser linda e inteligente para manter seu interesse
inabalável por tanto tempo. E ela tem que ser imune a sua imagem de gara-
nhão, ou ela teria tropeçado em si mesma para ficar com ele se ele mostrasse a
menor centelha de interesse.
Eu não adormeci até por volta das três da manhã, tão consumida com
quem ela poderia ser e o que, exatamente, a torna a garota perfeita para Rob.
Agora estou exausta pra caralho. A cafeína nem mesmo está ajudando.
No momento em que eu tenho todo o material organizado, transportado
para o estacionamento e distribuindo as tarefas em grupo e as instruções, há
quase uma centena de alunos espalhados e esperando para seguir para suas
áreas designadas.
Uma vez que tudo isso esteja feito, eu não tenho mais a distração neces-
sária da visão que tenho tentado ao máximo ignorar. Eddie se inclina contra
sua caminhonete, flertando com algumas das garotas do segundo ano. Pobres
coisas estúpidas. A visão daquela caminhonete ainda me dá náuseas.
Talvez eu devesse deixar Rob ficar de olho nele.
O objeto dos meus pensamentos desenfreados corre até mim, ainda
usando suas roupas de treino e pingando de suor. Mais jogadores de futebol e
líderes de torcida avançam em direção à cena do campo de prática.
— Desculpe estou atrasado. O treinador queria que fizéssemos alguns
novos exercícios. Qual grupo estou levando? — Suas mãos estão nos quadris
enquanto ele recupera o fôlego e examina a cena ao redor.
— Você tem um grupo de cinco: Alexander, Barnes, Bertram, George e
Harris. Eles estão todos parados perto do Toyota vermelho.
— Sim, eu os vejo. Para onde vamos? — Ele olha para seu grupo de in-
disciplinados do segundo ano, que designei para ele propositalmente. Se al-
guém pode mantê-los longe de problemas, é ele.
— Hum, na verdade, posso te pedir um favor? — Eu não posso acredi-
tar que estou prestes a fazer isso.
Ele se vira para me olhar com expectativa, provavelmente presumindo
que vou mandá-lo para os confins de nossa área designada.
— Sim, claro, qualquer coisa, — ele ofega. — O que você disser.
Sério, que garota não iria querer ele? Merda. Qual garota não o quer. —
Hum, antes de eu te pedir esse favor, você pode me dizer uma coisa?
Ele encolhe os ombros. — Sim.
— Sua amada está na Sociedade de Honra?
Ele revira os olhos e estica o pescoço, gemendo. — Eva, eu disse para
você deixar isso pra lá.
— E eu disse que você poderia me chamar de Evie. — Eu cruzo meus
braços sobre o peito e dou outra olhada em Eddie.
— Sim, bem, eu realmente não estou inclinado a chamá-la por um apeli-
do bonitinho quando você está me irritando.
Esta é uma má ideia. Eu preciso apenas deixar para lá.
— Ok, não importa, — eu grito. Eu realmente queria que Mike estivesse
aqui agora, mas então Chelsie iria apenas irritá-lo sobre nós sermos apegados
pelo quadril, e eu realmente não quero isso também. Estou sozinha como
sempre.
— Sim! Tudo bem? Ela está aqui! — Ele levanta as mãos em exaspera-
ção.
— Me desculpe, eu não estava tentando me intrometer. Só não quero
bagunçar as coisas para você. Não se preocupe com isso, eu vou lidar com
isso, — eu digo baixinho, movendo-me para ir embora. Eu mesmo terei que
encurralar aquelas garotas estúpidas em seus grupos. Com sorte, elas ouvirão.
Mais provavelmente, elas vão rir de mim. Talvez elas pensem que ainda tenho
planos para o cara que supostamente tirou minha virgindade e presumem que
estou agindo por ciúme. Merda, essa decisão ruim nunca vai parar de me
morder na bunda?
— Evie. — De repente, Rob está bem ao meu lado, sua mão na parte in-
ferior das minhas costas. Eu me viro para encará-lo apenas para ver seus olhos
preocupados olhando para mim. — Eu sinto muito. Eu não estava pensando.
O olhar de Rob muda entre a cena da caminhonete de Eddie e eu.
Embora ele tivesse provado para mim na fogueira que ele iria me apoiar
quando se tratasse de Eddie, não tenho o direito de pedir isso a ele. Especial-
mente se ele está a fim de outra garota. Eu nunca o teria deixado se comportar
do jeito que ele fez naquela noite se eu soubesse sobre sua paixão secreta. Ele
já vai ter que lutar contra os rumores que circulam pela escola sobre nós, gra-
ças à aula de biologia. Eu só preciso colocar minha calcinha de menina grande
e recuperar a última gota de energia que tenho para o resto do dia.
— Não. Está bem. Estou bem. Uh, aqui. Olhe a lista e tente descobrir
para onde ela foi designada e vá com seu grupo. Isso vai ser, uh, — eu respiro
fundo e entrego meu papel para ele. — Será uma boa oportunidade para você.
Eu só preciso tirar essas garotas da caminhonete de Eddie, e então vou levar
meu grupo e ir embora.
Ele me puxa um pouco mais perto do seu lado, envolvendo o braço com
segurança em volta dos meus ombros. Sua camisa está úmida de suor. O chei-
ro de sal evaporando em sua pele chega ao meu nariz. — Evie, você precisa
de mim?
— Não. Você não vai conquistá-la se ela te ver comigo.
— Ei, — ele diz suavemente. — Somos amigos ou não?
Meus olhos encontram os dele. Essas malditas joias cintilantes são verdes
hoje e são tão honestas como sempre. Ele me dá aquele sorriso irritante dele.
Não posso deixar de sussurrar. — Sim.
— Tudo bem então. Pegue sua equipe e eu irei colocar essas garotas on-
de elas precisam estar. Então, eu vou com você. Onde estamos indo?
— Não, você não tem que vir comigo, — eu me apresso. — Você já está
me ajudando o suficiente do jeito que está. Vá com sua paixão. De qualquer
forma, designei um grupo flutuante para você, já que não tinha certeza se seus
meninos seriam de muita ajuda.
Ele estreita os olhos de brincadeira. — Espera. Você me designou um
grupo de pirralhos de propósito?
— Sim... — eu admito.
— Oh, isso sela então. — Ele esfrega as mãos. — A vingança é uma
merda, Evie. Estamos indo com você. Agora, para onde vamos?
Eu rolo meus olhos. — Temos que dirigir até a Washington Road.
— Ok, vou seguir seu carro. — Ele corre até a caminhonete de Eddie e
logo as garotas saem do estacionamento com seus grupos.
Os caras parecem ter um impasse silencioso, mas eventualmente Eddie
sobe em sua caminhonete e sai ruidosamente do estacionamento. Rob cami-
nha até onde nossos grupos estão esperando e me devolve a lista. Quando nos
separamos para ir em direção aos nossos carros, me ocorre que ele nem olhou
para aquilo.
***
Fazemos progresso lento em nossos três quilômetros de estrada designa-
dos. A conversa é leve e amigável. Os alunos do segundo ano que compõem
nossa equipe constantemente riem, andam de cavalinho e flertam impiedosa-
mente uns com os outros. Rob e eu tentamos o nosso melhor para não rir dos
esforços dos meninos e das constantes rejeições das meninas. Às vezes, ele se
vira para que eles não possam vê-lo, e todo o seu corpo treme com uma risada
silenciosa. Sua diversão, por sua vez, me faz rir como uma colegial idiota.
É ridículo estarmos rindo do fracasso dos meninos em marcar. Conside-
rando que eu nunca tive um relacionamento romântico de verdade, e Rob é
reconhecidamente péssimo com garotas, nós realmente não temos base para
pisar. Sinceramente, acho que ver seus jovens desajeitados nos faz sentir um
pouco melhor sobre nós mesmos, o que é simplesmente triste e patético. Pelo
menos estamos tristes e patéticos juntos, suponho.
Mesmo assim, ainda é um bom momento. À medida que os sacos de lixo
se enchem, minha ansiedade sobre Rob desistindo de sua paixão para vir co-
migo diminui. É impossível me sentir desconfortável quando ele joga pergun-
tas rápidas para mim sobre tudo, desde onde estive nas férias até quais são as
minhas primeiras lembranças. Se ele está chateado por perder uma oportuni-
dade de flertar com a garota dos seus sonhos, ele é um bom esportista e man-
tém seu ressentimento em segredo.
Um dos garotos do segundo ano pede conselhos a Rob para flertar, ci-
tando seu aparente sucesso comigo. A ideia é tão ridícula, sabendo o que sei
sobre sua paixão misteriosa, que eu rio até doer meu estômago.
O mesmo garoto tenta agarrar minha bunda enquanto estou curvada,
pegando uma lata de refrigerante. Eu teria ficado alheia ao seu avanço, mas
Rob ameaça não muito sutilmente quebrar sua mão se ele tentar me tocar no-
vamente. Pobre pequeno Brian George olha para trás e para frente entre nós
em confusão. Ele está claramente perdido, já que minha negação de qualquer
relacionamento entre nós não combina com a atitude superprotetora de Rob
em relação a mim.
A confusão de Brian é reforçada cada vez que a caminhonete de Eddie
se aproxima. Rob está ao meu lado, sua mão nas minhas costas, assim como
no estacionamento da escola.
— Então ela realmente não é sua namorada? — Brian nem tenta abaixar
a voz, embora eu finja não ouvir a conversa deles.
— Ela realmente não é. — Eu juro que posso realmente ouvir Rob ran-
gendo os dentes mesmo a três metros de distância.
— Mas por que? — Com o canto do olho, eu o vejo jogar suas mãozi-
nhas enluvadas para o alto. — Ela é tão gostosa. Se você não quiser tocar nis-
so, pare de bloquear o pau.
— Moleque, — Rob revira os ombros. Ele treme visivelmente com o es-
forço de tentar manter seu temperamento sob controle. — Juro por Deus... se
você fizer um único movimento sobre ela, vou deixá-lo cair de bunda tão rá-
pido que vai deixar sua cabeça girando.
— Ei, cara, se você não vai reivindicá-la, então ela é livre.
Rob nem mesmo teve a chance de responder antes de Greg Harris inter-
romper. — É melhor você manter suas patas pegajosas longe dela, Bri. Tenho
cem dólares apostado neles para o bolão do Bio Effect.
— Nada de bio. Se Rob não conseguir fechar o negócio, eu estou nisso.
— responde Brian.
— Você está falando sério agora? Você está no segundo ano; ela é uma
veterana. Você nem mesmo é tão legal quanto Rob. Ele é o quarterback, pelo
amor de Deus. — Jax Alexander se junta à conversa.
Estou decididamente dividida entre rir em voz alta do absurdo de tudo
isso e me sentir culpada por rumores e percepções como essa que estão impe-
dindo Rob de fechar o acordo que ele realmente quer fazer. De qualquer for-
ma, não quero admitir que posso ouvir tudo o que eles estão dizendo, então
continuo catando o lixo do mato, mantendo uma distância segura para não
suspeitar muito.
— Bem, meu irmão diz que Eva tem uma regra de não atletas, então isso
não dá exatamente nenhum ponto a Rob, — retruca Brian com petulância.
Seu irmão mais velho saberia tudo sobre meu governo. Ele me convidou para
sair pelo menos dez vezes este ano. Eu recusei todas as vezes, desde que ele é
um junior no time de futebol.
— Sim? Bem, meu irmão diz que ela está fora dos limites, e todo vetera-
no sabe disso desde aquela conferência no ano passado... — Trey Barnes nem
mesmo diz o resto da frase antes de Rob perder a cabeça.
— Chega! — Todos, incluindo as garotas à minha frente, param. Todos
nós olhamos para um Rob zangado com olhos arregalados. — Vou ajudar as
meninas. Seus merdinhas fiquem longe da Evie. Fim da história.
Rob segue em frente para o bando de meninas trabalhando na minha
frente, deixando um rastro de meninos mais jovens desorientados para trás.
Risos femininos e murmúrios silenciosos de apreciação são os próximos sons
proeminentes de nossa pequena equipe. Pega entre os dois grupos, olho para
trás e encontro Brian me olhando com uma intenção clara que finjo não notar.
À minha frente, Rob está com o peito mergulhado em um mar de jovens se-
nhoras fascinadas e encantadas. Eu não posso deixar de rir quando ele levanta
os olhos para o céu, balançando a cabeça antes de se virar para fazer o seu
caminho de volta para mim no meio.
Ele deixa cair sua testa suada no meu ombro, gemendo. — Eu juro por
Deus; eu não consigo cinco minutos de pausa, porra.
— Aww, coitadinho. — Em um esforço para dissuadir Brian de cumprir
suas intenções, eu esfrego a parte de trás da cabeça de Rob em um movimento
calmante, fixando-me na grosseria de seu cabelo encharcado de suor ao invés
de como parece sedoso mesmo molhado.
Estou curiosa para saber o que Trent Barnes pode saber sobre alguma
conferência no ano passado. Por que estou supostamente fora dos limites para
os caras da classe sênior? E por que essa informação seria importante o sufici-
ente para compartilhar com seu irmão mais novo? Pensando com cuidado,
surge um padrão sobre as solicitações que recebo desde que os rumores co-
meçaram no ano passado. O garoto Barnes tem um ponto válido. Nenhum
dos pedidos de sexo veio de atletas experientes. Eu sempre achei que era uma
combinação de Mike protegendo-os em particular e as ameaças de Rob contra
os idiotas nos corredores. Agora tenho minhas dúvidas.
Antes que eu possa abrir minha boca para dar voz às perguntas que sur-
gem em meu cérebro, o motor a diesel da caminhonete de Eddie anuncia sua
abordagem. Rob gentilmente me empurra de volta para o mato, dando um
passo à frente para jogar nossos últimos sacos na caçamba da caminhonete.
Eddie abaixa a janela do passageiro e me olha de soslaio. — Ei, querida,
você parece toda quente e suada. Quer uma carona de volta para seu carro no
meu ar condicionado? Tenho certeza que você sente falta de estar aqui comi-
go.
Meu corpo inteiro congela, embora eu não queira reagir a ele de forma
alguma. Especialmente na frente dessas crianças mais novas. Esta é a primeira
vez que ele tenta falar comigo desde o inverno passado. Ele está correndo a
boca em todas as direções, exceto na minha direção. Por isso, pelo menos, sou
grata. Não sei o que dizer ou fazer. Não posso permitir que todos esses alunos
do segundo ano me vejam como uma fraqueza diante do cara que sozinho
arruinou minha reputação no ano passado. Isso só dará crédito às suas menti-
ras.
Rob se esgueirou até a porta do passageiro, apoiando os braços na janela
aberta. Não consigo ouvir o que está sendo dito porque sua voz está muito
baixa e meu pulso bate em meus ouvidos. O que quer que Rob diga faz Eddie
jogar a cabeça para trás de tanto rir. Rob se afasta da caminhonete no momen-
to em que Eddie pisa no acelerador e sai voando pela estrada sem dizer outra
palavra ou olhar para trás.
Rob se vira para o nosso grupo de crianças com as mãos nos quadris e
uma expressão neutra no rosto. — Tudo bem, jovenzinhos, hora de caminhar
de volta para os carros.
Todos eles soltaram um gemido coletivo, mas começaram a se mover.
Alguns se dão as mãos de maneira desajeitada enquanto caminham. Os outros
puxam, empurram e riem em direção aos carros.
Quando eu olho para cima, Rob está ao meu lado com uma carranca. —
Você está bem?
Soltei a respiração que não percebi que estava segurando. O fluxo de
oxigênio para o meu cérebro me deixa tonta e fico um pouco cambaleante.
— Acho que isso responde à minha pergunta. Ok, eu sei que você odeia
quando estou suado, mas suba. — Ele se agacha e estende a mão. — Eu defi-
nitivamente posso te dar uma carona de volta para seu carro.
Isso não parece uma boa ideia. Dou a ele um olhar cético antes de olhar
intencionalmente para o nosso grupo de alunos do segundo ano. Eles já têm
uma ideia errada sobre nós.
— Vamos, Evie. Eu não vou te machucar. — Ele usa a mesma voz sua-
ve e o mesmo olhar azul que me lembro vividamente de todos aqueles anos
atrás.
Ele já me machucou. Ele simplesmente não sabe disso.
Não querendo discutir ou pensar muito sobre o passado, minha resolu-
ção desmorona. Eu subo em suas costas fortes, envolvendo meus braços em
volta de seus ombros largos. Seguimos pelo acostamento da estrada, de olho
no grupo à nossa frente.
Estou tão furiosa que nem sei o que pensar. Eu enterro meu rosto no
pescoço de Rob em um esforço para lutar contra o gemido crescente de frus-
tração na minha garganta. A ideia de colocar um centímetro da minha pele
dentro daquela caminhonete novamente é o suficiente para me fazer girar. E
eu odeio isso. Suor, poeira e exaustão cobrem minha pele. Meu coração bate
rapidamente no peito, tornando difícil respirar fundo. A única coisa que me
liga à Terra é a sensação do corpo sólido de Rob contra mim. Quero agarrar e
apertar os músculos flexionados sob minhas mãos. Felizmente, uma pequena
parte do meu cérebro intercede para inibir meus impulsos loucos.
— Evie, querida, está tudo bem. Eu entendi você. Não vou deixar aquele
idiota se aproximar de você nunca mais. — A suavidade baixa e aveludada de
sua voz agride ainda mais minha psique furiosa.
— Desculpa, — eu sussurro, a guerra contra minhas lágrimas ardentes
perdida.
— Desculpa pelo quê?
Oh, se ele soubesse tudo pelo que sinto muito.
— Você deveria estar com a garota que você gosta, não carregando mi-
nha bunda idiota pela beira da estrada. — Eu tenho que me concentrar em
outra coisa. Algo mais.
— Veja desta forma, estou conseguindo um pouco de condicionamento
extra antes do jogo de sexta-feira. Eu realmente deveria estar agradecendo a
você. Além disso, você é leve como uma pena. Tenho certeza de que poderia
carregá-la por pelo menos cinco milhas.
— Você é um masoquista. — Eu também sou.
Ele ri secamente. — Você não tem ideia.
— Ainda sinto muito pela sua garota misteriosa.
— E me desculpe, estou coberto de suor. Eu sei como você odeia meu
cheiro.
Eu sei que ele está tentando evitar o assunto e ser um bom amigo para
mim. Eu não me incomodo em responder, em vez disso, respiro fundo contra
o cheiro úmido e salgado de sua pele. Seu cheiro não parece tão ruim agora.
— Ei, — ele me empurra um pouco para chamar minha atenção. — Se
você precisar de mim, Evie... é só dizer e eu estarei aqui. Entendido?
Eu aceno minha cabeça contra ele. — Obrigada, Rob.
Não me escapa que a posição em que estou é tão perigosa como sempre.
Capítulo 19
Rob
Não se afaste

Depois de ajudar a jogar os sacos de lixo nas lixeiras, alguns de nós guar-
damos todo o equipamento de limpeza que ficará guardado até a primavera.
Eu caminho até onde Evie está sentada na grama, esperando todos os alunos
do último ano pegarem sua carona para casa. Tentei ter certeza de que ela
nunca estivesse muito longe de mim depois do incidente com Eddie na estra-
da. Eu me jogo ao lado dela, jogando minha mochila em cima da dela. O dese-
jo de fechar meus olhos e simplesmente desmaiar me oprime. A única coisa
que me impede é a porra da fome que estou sentindo. Será que consigo con-
vencer Evie a ir ao restaurante comigo de novo? Será que posso convencê-la a
parar de me perguntar quem é a garota misteriosa? De alguma forma, eu duvi-
do. Mas ela realmente disse meu nome hoje e me deixou dar uma carona pra
ela, então acho que tudo é possível.
— O que você está fazendo, Evie? — Eu afetava minha voz mais irritan-
te; irritá-la certamente me acordará e a deixará de bom humor.
Ela suspira e se joga de volta na grama ao meu lado. — Esperando. Eu
acho que isso é uma coisa boa. Estou com medo de entrar no meu carro.
— Você poderia adormecer ao volante também?
Ela ri. — Não. Receio não conseguir tirar o cheiro. Eu estou fedendo.
— Sim... — eu suspiro. — Acho que podemos ter pegado algum animal
atropelado que eu pensei que fosse lixo.
Ela vira a cabeça para me encarar com um olhar inexpressivo.
Eu estremeço, lembrando de Gatoula. Eu me viro para encontrar seus
olhos, mas ela parece menos zangada e mais divertida. — Desculpe.
— Eu acho a mesma coisa que você. Cheirava estranhamente a gambá.
Nós dois rimos. Ela olha para o céu novamente, e eu também.
— Eu já te contei sobre minha experiência traumática com o gambá? —
Eu observo seu rosto enquanto ela estuda o ar à sua frente, a testa franzida,
tentando se lembrar.
— Não. Acho que não. Qual foi o seu ETG?
— ETG?
— Experiência traumática de gambá.
Ela é uma espertinha.
— Certa manhã, fui buscar nossas latas de lixo no meio-fio e os lixeiros
não colocaram as tampas de volta. Quando agarrei a alça de uma lata e come-
cei a enrolá-la na calçada, parecia que ainda havia um saco de lixo dentro. En-
tão eu parei, olhei para dentro, e este maldito gambá grita para mim. Eu grito
loucamente como uma garotinha e saio correndo pela garagem a toda veloci-
dade. Volto depois de alguns minutos porque sei que tenho que tirá-lo de al-
guma forma, e estava fedendo muito. Deve ter ficado preso lá a noite toda.
Havia uma polegada de mijo no fundo da lata em que esta coisa está tranqui-
lamente tomando banho. Cada vez que chegava perto dela, ela apenas chiava e
assobiava. — Eu estremeço quando Evie rola de tanto rir.
— Então eu virei a lata e ela sai rolando. Eu pulei para fora do caminho
porque não queria que chegasse perto de mim. Então eu despejei como um
galão inteiro de alvejante na lata para tirar o cheiro, mangueira para baixo, o
que for. E isso tudo foi antes da escola uma manhã!
Eu fixo meu olhar nela. Ela está rindo tanto que as lágrimas escorrem de
seus olhos assim como antes de Eddie transformar sua tarde em uma merda.
Depois de alguns minutos recuperando o fôlego, ela me pergunta. — Quando
foi isso?
— Semana passada.
Nós dois rimos. É tão bom estar com ela desse jeito que eu nunca quero
que isso acabe. Mas tudo isso é uma armação. Ela só não sabe ainda.
— Eu tenho medo de gambás agora, — eu admito, respirando fundo e
encontrando a mão dela com a minha. Eu entrelaço nossos dedos e espero
quando ela encontra meus olhos com uma expressão confusa.
— Diga-me o que aconteceu com Eddie, — eu pergunto em uma voz
tão suave que espero transmitir a ela não julgamento, mas preocupação e cari-
nho. Porque eu definitivamente me importo. Mesmo que ela só queira ser
amiga e pense que estou apaixonado por outra garota. Eu aperto sua mão na
minha de forma tranquilizadora enquanto ela me estuda. Ela negou que ele a
estuprou, mas suas reações a certas coisas negam completamente suas pala-
vras. Qualquer dúvida em minha mente sobre Eddie agredi-la de alguma for-
ma foi apagada depois de hoje. Ele é um homem morto caminhando.
— Você não vai deixar isso passar, não é? — Ela sussurra. — Mike esta-
va certo sobre você; você é um dos mocinhos. Você foi capaz de ver através
de mim desde o início.
— Mike sabe o que aconteceu, não é?
Ela franze a testa para mim, mas não solta minha mão. — O que te faz
pensar que Mike sabe?
Eu encolho os ombros. — Ele mencionou isso uma vez. Disse que era
uma longa história ou algo parecido. Ele não vai dizer mais nada sobre isso.
— Por que você e Mike estavam falando sobre mim?
— Eu nem me lembro como surgiu - eu minto. — Como o Mike sabe?
— Ele me buscou naquela noite.
— Buscou você?
Ela acena com a cabeça, em silêncio.
— Evie... eu nunca acreditei nos rumores que circulavam sobre você por
um segundo. Sempre soube que Eddie é um tipo especial de idiota. Eu sei que
você disse que ele não te estuprou, mas não há outra razão para você ter tanto
medo de mim e ter mudado tanto desde o ano passado. Eu quero ser seu ami-
go; eu quero ajudar você. Mas não posso protegê-la se não souber do que es-
tou protegendo você.
Ela aperta minha mão, então me solta e volta seu olhar para o céu. Estou
apenas grato por ela não estar se encolhendo de mim.
Ela respira fundo e fecha os olhos. — Mike está certo. É uma longa his-
tória e começa muito antes de Eddie. Ouça, eu sei que você está tentando ser
meu amigo, e eu também estou tentando. Mas há algumas coisas que não
compartilho com ninguém, então não leve para o lado pessoal, ok? Eu odeio
que você pense que o que aconteceu com Eddie foi pior do que realmente foi,
então quero deixar as coisas claras.
Sua voz falha. Apesar de todas as suas negativas, o que quer que ela este-
ja prestes a me dizer é difícil para ela deixar ir.
— Deus, não posso acreditar que estou dizendo isso. — Ela balança a
cabeça e respira fundo.
— Ninguém sabe o que realmente aconteceu. Antes de eu prosseguir,
você tem que prometer que isso ficará entre nós. — Ela aperta as pálpebras
com força. — Melhor ainda, depois que eu te contar a verdade, apenas me
prometa que vai esquecer tudo.
Eu não posso evitar a risada que sai da minha boca, mesmo que seja to-
talmente inadequada. — Ouça, se eu não corri pelos corredores algumas se-
manas atrás, gritando “Evie Papageorgiou pensa que sou um lindo como um
Deus”, então não vou dizer uma palavra sobre isso.
Ela me encara. — Se você tivesse feito isso, número um, não estaríamos
tendo essa conversa, e número dois, você nunca teria a garota dos seus so-
nhos.
Eu rolo meus olhos. A criatura impossível pode nunca saber que ela é
aquela garota.
— As únicas outras pessoas que meio que sabem sobre isso são Tini,
Mike e Chelsie. Então você me promete agora que vai levar isso para o seu
túmulo.
— Chelsie?
— Ela estava com Mike quando ele me pegou.
— É por isso que ela não gosta de você?
— Como você sabe disso?
Pense rápido, Falls. — Naquele dia em que torceu o tornozelo e ficou para
assistir ao treino, você disse que ela estava te olhando com raiva. Eu vi Mike
tentando acalmar as coisas com ela depois que ele verificou se você estava
bem.
— Oh, certo. Sim, é por isso.
Crise evitada.
— Espere, — eu me inclino, descansando meus cotovelos na grama ma-
cia e olhando para ela com uma carranca. — Se Mike sabe sobre o que real-
mente aconteceu, então por que Eddie ainda está vivo?
— Porque nada aconteceu. Isso, e Chelsie ameaçou deixá-lo se ele se en-
volvesse.
— Sabe, estou começando a não gostar de Chelsie cada vez mais ulti-
mamente.
— Não a culpe. Também não era uma posição justa para ela ser coloca-
da. Eu arruinei a noite deles.
Eu fico olhando para ela com uma expressão incrédula, esperando que
ela continue.
Ela desvia o olhar de mim, provavelmente examinando para ver se Eddie
ainda está por perto. O que ele está. Seu corpo fica tenso quando ela o vê, en-
tão eu chego um pouco mais perto para oferecer a ela minha proteção. Quan-
do me deito na grama novamente, nossos corpos se tocam do ombro ao qua-
dril.
— Acho que devo começar do início para que você saiba tudo. Ainda
não consigo acreditar que estou fazendo isso... — ela fecha os olhos e começa
sua história.
— Foi no ano passado, bem no meio da temporada de basquete. Eu es-
tava apaixonada pelo mesmo cara desde o primeiro ano. Ele nunca mostrou
nenhum interesse, no entanto. E ei, quem poderia culpá-lo?
Lanço um olhar incrédulo para ela, mas ela não me vê.
Ela continua falando, perdida em sua própria mente. — Jess e Alyssa es-
tavam realmente pegando no meu pé sobre ser tão boazinha. Elas simples-
mente presumiram que eu não namorava porque era uma puritana. Nunca
contei a ninguém sobre esse cara de quem gostava. Eu era uma garota tão es-
túpida, esperando que ele dissesse alguma coisa, qualquer coisa. As meninas
não sabiam dos meus sentimentos por esse cara em particular. Elas estavam
ficando preocupadas porque eu parecia não ter nenhum interesse em meninos.
Sua risada é dura. — Elas não estavam necessariamente erradas. Até esse
cara aparecer, eu realmente não tinha nenhum interesse em meninos. Sempre
soube que eram mais problemas do que valiam. Eu só queria ter aderido a essa
mentalidade.
— Espere, faça uma pausa. — Eu sorrio para ela, uma tentativa inútil de
mascarar meu peito dolorido. Suspeitei que Evie gostasse de algum cara do
segundo ano, mas não deu em nada. — Quem foi o idiota que te deixou pen-
durada por tanto tempo?
Ela me imobiliza com uma sobrancelha levantada. — Diga-me o seu e eu
direi o meu.
— Sério? — Deve haver uma maneira de fazer isso funcionar se ela ad-
mitir quem era sua paixão porque... sim, eu definitivamente preciso saber. Mas
tenho certeza de que ela está blefando.
Ela suspira e desvia o olhar novamente. — Não, não é sério. Não impor-
ta. Ele não estava interessado. E como eu disse, não o culpo. Não sou exata-
mente um prêmio nem nada. De qualquer forma, eu tive que ouvir Jess e
Alyssa falarem sem parar sobre suas vidas sexuais, e elas foram bastante per-
suasivas de que eu precisava me juntar a essas fileiras. Disse que corriam boa-
tos de que eu era lésbica e tudo mais. O que, quero dizer, eu realmente não
me importava. Mas eu percebi que as pessoas estavam tendo uma ideia errada.
Então, quando Eddie começou a farejar e mostrar interesse, elas me pressio-
naram a ir em frente. Ele, hum... ele não era realmente meu tipo ou algo as-
sim. Mas ele me fez sentir bonita e parecia bastante inofensivo. Ninguém
nunca me fez sentir especial antes... — sua voz falha enquanto meu coração
estilhaça.
— Parecia que eu estava forçando, mas achei que era só porque eu esta-
va presa a esse outro cara por tanto tempo e acabaria superando isso eventu-
almente, sabe?
Algo no tom de sua voz me dá a impressão de que ela não está me con-
tando toda a verdade sobre o que a fez escolher Eddie. Eu guardo isso para
mais tarde e aceno para ela. — Sim, eu sei. Eu tentei a mesma coisa.
Sua expressão se transforma em surpresa. — Não funcionou para você
também, hein?
— Não.
Olhando de volta para as nuvens que passam, ela continua. — Eu con-
cordei em ir a um encontro com ele. O primeiro foi bom, na verdade. Ele era
um cavalheiro total. Nós nos divertimos, e ele me deu um beijo de boa noite
na minha varanda. Então fomos em outro encontro. Mesma coisa. Cara legal
o suficiente, divertido. Então fomos em outro. Nesse ponto, todos na escola
presumiram que estávamos namorando. Ele não fez nada para dissipar esses
rumores.
Suas bochechas estão em um tom furioso de vermelho. Mesmo de perfil,
uma vergonha clara floresce em seu rosto. — E eu também não. Eu poderia
ter esclarecido a todo mundo, mas mantive minha boca estúpida fechada. Pi-
or, eu o deixei agir como se estivéssemos juntos na escola. Eu o deixei me bei-
jar nos corredores na frente de todos. Eu era... horrível.
Minha mente corre um milhão de metros por segundo com suas pala-
vras. Não tenho tempo para considerar as implicações de sua admissão antes
de ela continuar.
— Quero dizer, ele foi bom o suficiente. Mas simplesmente não havia
aquela centelha, sabe? Ele sempre queria falar sobre basquete ou as últimas
fofocas da escola. Não tínhamos nada em comum. Na verdade. Não da ma-
neira que importa. No quarto encontro, ele sugeriu que dirigíssemos pelas es-
tradas vicinais como todo mundo faz. Eu só tinha sido beijada por um cara
antes de Eddie. E honestamente, eu estava curiosa. Eu meio que queria.
Sim. Eu sei exatamente quem a beijou antes de Eddie.
— Ele chegou à primeira base. Eu não queria ir mais longe.
Ela faz uma pausa. É fácil ver que ela está tentando se convencer de que
falar sobre isso não é tão difícil para ela como é claramente. — No encontro
seguinte, ele queria chegar a segunda base, mas eu ainda não estava sentindo
isso.
Ela para e ri da lembrança que me surpreende profundamente. — Acho
que estava realmente imaginando o cara por quem ainda estava ligada, e isso
me fez sentir muito culpada.
Suas pálpebras se fecham novamente. — Ele ficava tentando colocar
minhas mãos nele, para me fazer tocá-lo. Eu simplesmente não conseguia fa-
zer isso. Fiquei pensando em como gostava pouco de Eddie. Fiquei pensando
naquele outro cara. Quando Eddie colocou as mãos na minha camisa e come-
çou a me apalpar, eu só... não sei, parecia errado de alguma forma. Como se
eu estivesse traindo.
Ela ri asperamente. — O que foi completamente ridículo porque obvia-
mente o cara que eu queria nunca mostrou nenhum interesse; não estávamos
juntos. Mas aí está. Eu sou completamente ridícula.
Seus olhos voam para o céu novamente, suas bochechas completamente
vermelhas. — Eu fui a mais um encontro com ele. Porque... vamos apenas
dizer porque sou uma idiota total. Então, no último encontro, ele diz que eu o
tinha enrolado o suficiente e que ele espera transar.
Ela bufa com raiva. — Foi quando eu desci de sua caminhonete. Tipo, li-
teralmente. Eu disse que diabos não e saí. Eddie estava puto. Ele saiu também
e deu a volta para tentar conversar comigo. Mas eu estava acabada. Eu estava
cansada de fingir ser alguém que não era. Estar interessada em alguém que eu
não estava. Eu não podia mais fazer isso. Acho que ele ficou desesperado
porque tentou me arrastar de volta para dentro de sua caminhonete. E, uh...
entrei em pânico e dei um soco no olho dele.
Lembro-me vividamente do olho roxo que ele exibiu no ano passado.
— Mike, uh, ele me ensinou como lutar quando éramos mais jovens.
Disse que queria que eu sempre pudesse me defender. Sinceramente, não tive
a intenção de bater nele! Ele só... eu não sei.
Suas bochechas ficam vermelhas novamente. — Eu acho que é por isso
que ele espalhou todos os rumores sobre mim. Ele estava com raiva porque
eu lhe dei um olho roxo. Puto por não ter feito isso por ele.
Eu interrompo. — É por isso que você deixou todas as histórias dele
sem resposta? Porque você se sentiu mal por bater nele?
Ela respira fundo. — Isso não é nem a metade do que eu fiz com ele.
Antes que eu possa perguntar o que diabos isso quer dizer, uma garota
com os olhos marejados aparece na nossa frente. Eu a reconheço imediata-
mente. Ela é uma das segundanistas de nossa equipe de limpeza. — Eva, pos-
so, hum, falar com você um minuto, por favor?
Evie levanta agilmente de onde estava esparramada na grama. Sem uma
palavra ou olhar para trás em minha direção, ela envolve seu braço em volta
da garota e a leva embora. Eu observo enquanto elas conversam, eventual-
mente desaparecendo dentro da escola.
Eu fico olhando para a entrada em que elas entraram por longos minu-
tos, processando tudo o que ela disse. Algo ainda não bate certo. Eu sei que
ela estava se segurando. Ela basicamente admitiu ter usado Hinton. Essa não é
a Evie que eu conheço. Eu estive errado todos esses anos, colocando-a em um
pedestal acima de todas as outras garotas? Evie nunca pareceu o tipo de jogar.
Então, novamente, talvez o desespero forçou sua mão. Eu posso me relacio-
nar com isso. Inferno, não estou brincando com ela agora, desesperado para
torná-la minha? Julgá-la pela mesma coisa que estou fazendo é um novo nível
de hipocrisia.
Além disso, Evie ainda é uma boa pessoa. Ela nunca tentou impedir os
rumores de Eddie. Agora eu sei por quê. Ela se sente culpada por usá-lo e
magoá-lo.
Somos todos apenas um bando de idiotas.
Ainda não tenho certeza se acredito em toda a história dela. Não consigo
pensar no comportamento dela desde o ano passado sem querer atropelar
Eddie e bater nele até que eu esteja satisfeito. Que seria quando ele estivesse
morto. Todas as suas peculiaridades e mudança de personalidade desde o ano
passado se alinham com minhas suspeitas. Ela parou de se vestir do jeito que
costumava fazer porque estava tentando dissuadir os caras, a não convidá-la.
Ela tornou-se retraída e mais quieta pelo mesmo motivo.
Se ele realmente não a estuprou, ou pelo menos a agrediu, então não
posso explicar seu comportamento.
A única coisa que faz sentido é que ela mentiu para mim. Eddie a estu-
prou. Ela simplesmente não pode admitir isso para mim.
Ele é a razão para a regra de não atletas. Eddie Hinton. Por algum moti-
vo doentio e distorcido que nunca vou entender, ela acredita que Eddie estu-
prá-la e dizimar seu representante é justificável porque ela o usou para superar
outro cara. Tudo se encaixa com o que sei sobre agressão sexual.
Só de pensar nisso me dá vontade de dar um soco em alguma coisa. De
preferência seu rosto.
Em pouco tempo, Evie sai do prédio. Ela está carrancuda enquanto faz
seu caminho até mim.
— Sobre o que era tudo isso?
Ela pega sua bolsa e joga por cima do ombro. — Coisas de menina. Vo-
cê não quer saber.
— Se eram apenas coisas de garotas, então por que você parece tão cha-
teada? — Ela está mentindo de novo.
Pego minha mochila e passo ao lado dela enquanto ela caminha em dire-
ção ao estacionamento.
— Kelly está chateada por causa dos avanços de Brian sobre mim hoje.
Ela queria ter certeza de que eu não iria aceitar porque ela gosta dele. — Evie
revira os olhos. — Na verdade, ela me disse: “Tudo é justo no amor e na
guerra, mas é melhor você manter as mãos longe do meu homem”. Ela pen-
sou que eu realmente iria aceitar ele, já que sou obviamente uma vagabunda.
— O que você disse sobre isso?
— Eu disse a ela que ele é muito jovem para mim. — Ela encolhe os
ombros.
— Por que você não disse a ela que esses rumores não são verdadeiros?
Ela para e me encara com um olhar feroz. — Bem, estou feliz que você
me levou a sério quando eu disse para você esquecer tudo o que eu disse so-
bre Eddie.
Oh, eu nunca vou esquecer. Parece-me que algumas coisas não devem
mudar à medida que envelhecemos. Ficamos mais velhos, mais espertos.
Achamos que lidamos melhor com a vida à medida que ganhamos maturida-
de. Mas, nós realmente amadurecemos? Ou nunca? As travessuras de Kelly e
Brian não são diferentes das minhas. Ou de Evie. Ou de Eddie. O que real-
mente separa os homens dos meninos? As mulheres das meninas? Não é sexo
como a conversa do vestiário insiste. Deve haver algo mais do que isso.
— Ei, vamos para a lanchonete e fazer nossos cálculos. Estou faminto.
— Eu a cutuco com meu ombro.
— Certo. Eu te encontro lá. — Ela caminha em direção ao carro sem
discutir.
Chocado, fico boquiaberto com suas costas por alguns segundos. Eu não
esperava que ela se acalmasse tão facilmente.
Ela acabou de abrir a porta de seu pequeno sedan quando Eddie aparece
ao lado dela. Ele a agarra pelo braço e a gira para encará-lo. Seus olhos estão
arregalados, chocados. Ela não faz nenhum movimento para socá-lo nova-
mente. Ele está obviamente falando a mil por hora enquanto a expressão dela
fica cada vez mais irritada.
Porra, não.
O tempo parece diminuir quando sua mão no braço de Evie se torna
meu único foco. Minha pulsação bate em meus ouvidos enquanto eu caminho
em direção a eles. O fogo queima em minhas veias, incinerando qualquer po-
tencial de pensamento racional. — Você tem dez segundos para tirar a mão da
minha garota antes que eu quebre a porra da sua cara, Hinton.
Ele a deixa cair como uma brasa e se vira para me encarar. — Sua garo-
ta?
— Eu gaguejei?
— Tanto faz, cara. — Ele foge como o pedaço de lodo que é. Ele sabe
que não estou brincando.
Algo que Pops me disse uma vez emerge da névoa da minha raiva. Não é
verdade que o forte caça o fraco. O fraco presa o mais fraco. Os homens reais nunca abusam
do poder e da força que possuem. Somente homens fracos fazem esse tipo de coisa. Sempre
seja forte, Rob. Nunca seja fraco. Talvez seja isso que separa os homens dos meninos.
Evie pisca para mim várias vezes em estado de choque. — Oh meu
Deus, Rob. O que você acabou de fazer?
Eu nunca a ouvi usar meu nome tantas vezes em um dia, e me irrita pra
caralho que eu não posso simplesmente aproveitar. — Eu fiz questão de você
não ter que se preocupar com ele nunca mais. Isso é o que eu acabei de fazer.
— Mas você sabe como ele fala. Por que você diria a ele que sou sua ga-
rota?
Eu não aguento mais. A necessidade feroz de protegê-la, mesmo que ela
não confie em mim com a verdade, me atravessa. Eu a envolvo em meus bra-
ços, não me importando com quem vê ou o que ela possa pensar. Fui reduzi-
do a um homem das cavernas.
— Rob? Por que você disse a ele que sou sua garota? — Sua voz está
abafada contra meu peito.
Porque você é.
— Porque isso o manterá longe de você.
Ela empurra para fora dos meus braços. — Mas isso pode acabar com
suas chances com a garota com quem você realmente quer ficar!
Posso não tirar vantagem de pessoas que não são tão fortes quanto eu,
mas ainda sou apenas um menino. Não há como acabar com esse joguinho
que estou jogando com ela. Agora não. — Venha, venha comigo para a lan-
chonete.
Ela me implora com aqueles grandes olhos azuis. — Eu não posso. Eu
não posso ir com você.
Eu levanto minha sobrancelha para ela. — Tem medo de arruinar sua
imagem de rainha da banda, Evie?
— Não é isso não. — Ela balança a cabeça freneticamente. — Eu não
posso ser a pessoa que vai arruinar isso para você, Rob. Você a quis por tanto
tempo. Isso só vai adicionar combustível ao fogo de Eddie. As pessoas acredi-
tarão nele se eu estiver no seu carro com você. Ela vai acreditar nele. Você já
tem que trabalhar contra o Bio Effect. Eu não posso fazer isso com você. Vo-
cê tem sido um bom amigo para mim. Eu não posso fazer isso com você.
Suas palavras são apressadas e ela fica cada vez mais agitada.
Eu tenho uma escolha a fazer aqui.
Depois de tudo que aconteceu hoje, preciso que ela confie mais em mim.
Há claramente muito terreno a ganhar antes da próxima grande jogada. Dou
um passo em sua direção e coloco minhas mãos em seus braços, esfregando-
os lentamente para cima e para baixo. Ela não recua. Eu coloco meus lábios
contra sua testa. Ela estremece.
— Agora você me escuta, Evie, — eu sussurro contra sua pele quente.
— Você não vai estragar nada para mim, entendeu? Não é assim. Vou tentar
de novo, prometo. Agora, preciso de um pouco mais de tempo e acho que ela
também. Portanto, nenhum dano, nenhum problema.
Eu beijo sua testa. Seu corpo inteiro enrijece. Apenas mais uma pista de
que ela não me contou toda a verdade sobre Eddie.
— Nem todo mundo que te tocar vai te machucar, certo? Eu nunca vou
te machucar, Evie. Assim como eu disse a YiaYia, minha promessa a Deus.
Somos amigos ou não?
Seu suspiro é pesado e cheio de dor. — Sim.
Seu corpo relaxa no meu, então eu envolvo meus braços em torno dela e
descanso meu rosto no topo de sua cabeça. — Eu nunca vou te machucar,
minha garota. Nunca. Agora você pode entrar no meu carro? Estou faminto.
Eu me afasto e olho em seu rosto, mantendo meus braços em volta dela.
Ela me lança um olhar completamente não convincente, em seguida, sai
do meu abraço. — Você realmente precisa parar de me chamar de sua garota.
As pessoas vão ter a ideia errada, incluindo a mulher dos seus sonhos.
Eu rolo meus olhos enquanto ela fecha a porta do carro. — Bem, se isso
faz você se sentir melhor, você pode me dar seu plano de doze passos para
conseguir a mulher dos meus sonhos... em nosso caminho para o restaurante.
Na verdade, isso é... perfeito. Eu realmente não tinha pensado nas pala-
vras que saíram da minha boca, mas sim. É exatamente disso que preciso. Um
manual para ganhar seu coração. E ela vai dar para mim. Só preciso mudar o
jogo quando necessário. Inferno, esta pode ser a melhor jogada de empate que
já fiz.
Passo um: comece a tratá-la como minha garota até que ela descubra que
ela é realmente a mulher dos meus sonhos.
Capítulo 20
Eva
Sintomas

— Ok, então passo um: pare de me chamar de sua garota, para que ela
não fique confusa e pense que você gosta de outra pessoa, — eu digo enquan-
to ele sobe para o lado do motorista e liga o motor. Talvez se eu me concen-
trar em ajudá-lo, eu possa esquecer meus próprios problemas e me acalmar.
Ele ri e balança a cabeça enquanto apóia a mão atrás do meu assento, ve-
rificando atrás do carro enquanto ele recua em um esforço para evitar todos
os nossos colegas que ainda estão vagando no estacionamento.
Meu Deus. Eles devem ter visto tudo. Minha respiração sai ofegante e
me pergunto se não terei um ataque cardíaco no banco do passageiro do Mus-
tang 67 de Rob Falls. Nunca imaginei em um milhão de anos que estaria neste
carro, muito menos morreria nele.
Ele muda de marcha e entramos na estrada principal antes que ele perce-
ba que estou perdendo o controle.
— Evie, está tudo bem. Eu prometo a você que nunca vou te machucar.
Você está segura. Você está segura aqui, — ele murmura para mim, sua voz
suave e baixa.
Eu me sinto uma idiota. Todo mundo naquele estacionamento vai pen-
sar que há mais entre Rob e eu do que realmente há. Como se os boatos que
circulam sobre nós já não bastassem. Isso vai acabar com suas chances com a
Garota dos Sonhos, com certeza. Tenho o dever de não deixar isso acontecer.
— Ok, passo dois: não podemos mais ser vistos juntos. Já existem rumo-
res de que estamos namorando, graças ao The Bio Effect. Talvez seja por isso
que ela não está respondendo aos seus avanços. Aquela cena no estaciona-
mento agora só vai piorar as coisas. Se não estivermos na sala de estudo jun-
tos, então não estaremos juntos.
— De jeito nenhum, Evie. Fora de cogitação. — Sua voz carrega um
tom duro, e ele desvia os olhos da estrada para me lançar um olhar rápido. —
Você é minha amiga, e eu não vou apenas jogá-la para os lobos. Não vai acon-
tecer. Eu realmente não dou a mínima para o que todo mundo pensa ou diz.
Eu suspiro, me empurrando ainda mais para o confortável assento de
couro preto. Meu corpo relaxa agora que a adrenalina não está correndo em
minhas veias — Você não pode esperar fazer uma garota se apaixonar por
você se ela acredita que você está com outra pessoa, Superjock. Você realmen-
te não é muito bom nisso, não é?
Eu deveria saber, porra. Que lição dolorosa foi essa.
Ele faz uma careta, mas não tira os olhos da estrada. — Não, realmente
não sou. Já te disse, só precisamos de mais tempo para resolver as coisas. Não
estou desistindo de você por nada, então reescreva o número dois.
É cerca de vinte minutos de carro até a lanchonete. Meu cérebro está fri-
to, então mudo nossa conversa anterior para segundo plano olhando para o
visual muito menos cansativo do Mustang. O carro antigo está em perfeitas
condições. Tudo dentro parece tão novo quanto no dia em que saiu da linha
de fábrica, exceto o sistema de som que deve ter sido instalado sob encomen-
da quando ele e seu avô o reconstruíram. É surpreendentemente limpo para o
veículo de um cara de dezessete anos. Sem lixo em lugar nenhum. Nem uma
partícula de sujeira nos tapetes, nem manchas nas janelas.
Imagens mentais passam pela minha mente de impressões de mãos deli-
cadas estragando o vidro imaculado, as janelas embaçadas de todo o calor ge-
rado no banco de trás. Uma rápida olhada por cima do meu ombro me deixa
imaginando como há espaço suficiente lá para que algo realmente aconteça. A
forma grande de Rob já parece apertada no banco do motorista. Embora eu
esteja começando a acreditar que todos os rumores sobre suas escapadas se-
xuais são apenas isso, não consigo parar de vasculhar a cabine em busca de
uma calcinha rendada perdida ou quaisquer outras pistas que provariam que
meus instintos originais sobre ele estavam corretos.
— Você não vai encontrar nada, sabe.
Sua voz me assusta e eu me viro para frente mais uma vez. — Eu sinto
muito. O que?
— Eu sei como sua mente funciona, — ele ri. — Você está procurando
evidências, não é?
— N-não. — Merda. Que maneira de parecer convincente, Papageorgiou.
Ele suspira e me lança um olhar rápido, com a testa franzida. — Existi-
ram exatamente duas garotas neste carro antes de você. Rachel, porque às ve-
zes eu dou uma carona para ela até a escola e... — ele respira fundo. — Sabri-
na Knolls.
Aha. Eu sabia. Com tantos rumores, pelo menos um deles estava fadado
a ser verdade.
— Não é o que você está pensando, Evie. Eu juro. — Suas bochechas
ficam vermelhas, mas ele mantém o olhar firme na estrada à nossa frente. —
Nós saímos em um encontro. Inverno passado. É meio parecido com a sua
história. — Ele engole em seco, seu pomo de adão balançando com o esforço.
— Exatamente como eu disse a você antes. Tentei esquecer também. Eu re-
almente não gostava dela, mas achei que valia a pena tentar. De qualquer for-
ma, ela me implorou para levá-la para passear e, como você, eu era inexperien-
te e curioso. Eu estava tão cansado de todos os caras me enchendo o saco por
ser virgem, e eu estava com tanta raiva o tempo todo no inverno passado. Eu
só queria que a tortura acabasse.
Eu viro meus olhos para ele, triste por seu sofrimento e nauseada com o
que ele pode me dizer.
— Resumindo, eu... eu disse não a ela. — Sua voz é tão baixa, tão suave
que mal o ouço. — Ela me implorou. Implorou-me para transar com ela. Vo-
cê acredita nisso? Eu com certeza não poderia. Foi tão fodido. Nós mal nos
conhecíamos. Sim, eu fiquei com ela porque, inferno, eu nunca tinha beijado
uma garota antes e percebi que tinha muito o que pôr em dia. Mas, eu juro
por Deus, quando ela colocou a mão dentro da minha calça, eu congelei.
Sua risada soa um tanto maníaca. — Eu sou a porra do capitão do time
de futebol, mas recusei sexo fácil. Ria se quiser; não acredite em mim, mas é a
verdade.
Você podia ouvir um alfinete cair no silêncio deste carro. Eu não tenho
ideia do que dizer. Não é que eu ache que ele está mentindo; por que ele se
incomodaria em mentir para mim sobre isso? Só não tenho ideia de por que
ele está me contando isso. Ele quer igualar o placar? Ele sente a necessidade
de compartilhar comigo porque eu disse a ele o que aconteceu com Eddie?
— Você não acredita em mim, não é? — Seu tom está tão partido, tão
abatido.
Coloco a mão em seu braço musculoso e ele pula com o contato. — Eu
acredito em você, Rob. Eu sinto muito.
— Por que você sente muito? — Ele me lança um olhar confuso.
— Eu acho... sinto muito que sua primeira sessão de amassos não seja
uma boa memória para você? Não sei. Somos um casal de adolescentes tristes
e retrógrados, não somos? — Meu olhar percorre desamparadamente o carro,
imaginando o cenário que ele acabou de descrever. — Hum, se você não se
importa que eu pergunte... por que você disse não a ela?
Ainda não consigo acreditar que algum cara não queira tanto sexo quan-
to eles podem conseguir. Eles não são biologicamente programados para tre-
par e se masturbar o tempo todo?
— Eu não conseguia parar de pensar na garota que eu realmente quero.
Eu queria que a primeira vez fosse com ela, — ele sussurra.
E minhas paredes desmoronam um pouco mais.
— Acho que Sabrina começou todos aqueles rumores sobre mim pela
mesma razão que Eddie os começou sobre você, — afirma ele com firmeza.
— Ninguém gosta de ser despachado, de ouvir um não. Então, eles cons-
troem sua própria realidade para o público acreditar. É muito triste que nin-
guém questione o que eles dizem.
Isso seria eu. Nunca questionei o que me foi dito, o que ouvi. — Eu sin-
to muito.
— Por que você continua dizendo isso? — A irritação em sua voz mal é
controlada.
— Lamento ter acreditado nos boatos. Eu sei agora que não é quem vo-
cê é de verdade.
Seus ombros parecem murchar com a minha admissão honesta. —
Obrigado. Você não tem ideia do quanto isso significa para mim.
Novamente, não tenho resposta. É triste que Rob esteja tão desesperado
para que alguém o veja como ele realmente é. Realmente não somos tão dife-
rentes. Meus olhos observam o interior de seu carro com um novo propósito.
Ele tem uma cruz pendurada no espelho retrovisor. Ele também mantém uma
caixa de lenços de papel à mão. Se ele ligasse o rádio, as predefinições seriam
semelhantes, com exceção de uma ou duas estações country?
O couro parece macio e flexível sob minhas mãos enquanto as corro ao
longo das laterais do meu assento. O carro cheira inconfundivelmente a Rob.
Um cheiro que estou começando a associar a conforto.
Não posso me permitir seguir por esse caminho, então olho pela janela
para a paisagem que passa.
— Você já pensou em outra etapa dois?
— Hmm?
— Eu disse que não iria desistir de você, então você precisa pensar em
outra coisa.
— Oh. — Minha mente está tão fixada no que ele acabou de me revelar
que esqueci completamente nossa discussão anterior, mas me forço a me con-
centrar e tento dar outro passo dois. Não. Não é bom. Eu não tenho nada.
— Não consegue pensar em nada, hein? — Eu juro, é como se ele pu-
desse ler minha mente às vezes.
— Bem, você continua descartando todas as minhas ideias, então estou
tendo que pensar um pouco mais. E meu cérebro parece meio nebuloso ago-
ra. Talvez se eu soubesse um pouco mais sobre ela, pudesse personalizar este
plano, hein?
— Você disse que me daria a perspectiva de uma garota. Então, o que
um cara teria que fazer para conquistá-la? Pense dessa forma, eu acho. — Ele
encolhe os ombros.
Sim, como se ele não soubesse que acabou de contornar habilmente mi-
nha linha de questionamento.
— Não há mais nada que um cara possa fazer para me conquistar. Ter-
minei. Tento não cometer os mesmos erros duas vezes. Essa foi uma lição
difícil de aprender, mas eu aprendi. Eu estava planejando ser uma solteirona
louca por gatos até que seu pai atropelou o amor da minha vida.
— Então vou comprar um gatinho para você de aniversário, ok? Não é
até maio, então seu período de luto já deve ter acabado. Ele pode ser seu pa-
cote inicial de senhora louca de gato. Que tal isso?
Estou surpresa que ele saiba quando é meu aniversário. — Não posso
levar um gato para a faculdade no próximo outono, então, por mais doce que
seja essa oferta, o plano está em pausa até novo aviso.
— Isso vai durar alguns anos solitários, então, — ele diz suavemente.
— Não, na verdade não. Ficar sozinho é algo que as pessoas não fazem
por escolha. O que estou fazendo é minha escolha. Melhor solitária do que
com medo ou com o coração partido, é a maneira como eu vejo.
— Esse não é um argumento muito convincente, Evie. Você meio que
contornou sua própria lógica ao dizer que estar sozinha é o menor dos dois
males. O que implica que você está realmente sozinha. Você disse que as pes-
soas não são solitárias por escolha própria.
Jesus. Não posso colocar nada pra vencer esse cara. Seu intelecto é tão
excitante. Eu me pergunto se a Garota dos Sonhos aprecia isso nele. Talvez
ela acredite em todos os rumores também, e não perceba exatamente o que ele
desistiu por ela.
— Você ainda está obcecado por aquele cara do primeiro ano, não é?
Eu me recuso a virar minha cabeça e olhar para ele, embora possa sentir
seus olhos em mim. — Eu pensei que não, mas velhos hábitos são surpreen-
dentemente difíceis de quebrar, eu acho.
— Ok, bem, aí está você então. Dê-me seu plano de doze passos sobre
como ele poderia conquistá-la. Você vai me ajudar, e talvez seja bom para vo-
cê pensar também. Pare de fingir que acabou com os caras para sempre. Tal-
vez você só precise pensar sobre o que seria necessário para alguém ganhar
sua confiança novamente e depois continuar com isso. Se ele não lhe der o
que você precisa, siga em frente até encontrar alguém que dê.
Eu viro minha cabeça lentamente para olhar para ele. Filho da puta, ele
me tocou com tanta força que minha cabeça ainda está vibrando. — Seu pe-
queno bastardo sorrateiro. Você virou completamente isso contra mim. Você
fez isso de propósito agora, não é?
Ele balança a cabeça negativamente ao dizer. — Com certeza.
Nós dois rimos. Ele se vira para olhar para mim com uma sobrancelha
levantada. — Já que você claramente não vai desistir disso, embora eu conti-
nue pedindo, eu pelo menos me sentiria melhor sobre isso se você também
quisesse tirar algo disso.
— Não sei se consigo. — Eu volto para minha própria janela. — Não
pensei em nada parecido desde o que aconteceu com Eddie.
Sua voz assume um tom que não consigo identificar. — Bem, então
imagine o que o cara que você queria teria feito antes de Eddie aparecer. Se
ele tivesse tirado a cabeça da bunda e se aproximado de você primeiro. Como
você gostaria que ele se aproximasse?
Rob provavelmente está chateado que eu mencionei o nome de Eddie
depois que ele me defendeu e potencialmente arruinou suas chances com a
Garota dos Sonhos. Acho que devo a ele fazer o que pede e fingir. Talvez ele
possa tirar algum proveito disso. Para seus próprios objetivos, pelo menos.
— Eu acho que teria ficado feliz se ele apenas prestasse a menor atenção
em mim. Só, não sei. Acho que conversar um pouco comigo, ou algo assim.
Me fez sentir importante para ele.
Eu rio da minha própria estupidez de menina. — Deus, isso parece ridí-
culo.
— Não sei, sinto que deveria tomar notas, — ele responde, com um sor-
riso na voz.
— Bem, então acho melhor encerrarmos essa discussão até chegarmos
ao restaurante. Eu preciso pensar sobre isso, de qualquer maneira.
— Ok, — ele concorda calmamente.
Os próximos cinco minutos da viagem são passados em um silêncio con-
fortável. Minhas pálpebras ficam mais pesadas a cada segundo. Nada como
catar lixo por três quilômetros sob o sol escaldante para cansar uma garota.
A próxima coisa que sei é que algo faz cócegas na minha bochecha.
Tento piscar para abrir meus olhos pesados, mas não está indo bem. As
memórias dançam e desaparecem em minha mente. Os sonhos são engraça-
dos assim. A primeira coisa que noto enquanto luto para ficar em estado de
alerta é um cheiro familiar permeando tudo ao meu redor. A segunda coisa é a
sensação inconfundível de algo acariciando minha bochecha suavemente. A
terceira coisa que registro é uma voz suave, persuadindo-me a acordar. Há
quase uma cadência musical nisso, como se alguém estivesse cantando para
mim. Quando eu finalmente abro minhas pálpebras, me encontro no banco
do passageiro do carro de Rob.
— Evie, você quer que eu apenas te leve para casa? — Eu finalmente re-
gistro suas palavras e o fato de que suas mãos estão em seu colo.
Eu olho em volta, tentando me recompor. Estamos sentados no estacio-
namento da lanchonete. Tudo está confuso. O sono não largou totalmente
suas garras sobre mim.
— Querida, você está bem?
Eu me viro para olhar para ele, não convencida de que não estou ainda
sonhando, afinal. Ele acabou de me chamar de querida?
— Estou bem. Eu estou com fome. Vamos entrar. — Minha voz soa es-
tranha. Forçada. Não natural.
— Nós não precisamos. Não duvido que você esteja exausta. Eu posso
simplesmente te levar para casa, sem problemas. — Ele está virado para mim
em seu assento, sem fazer nenhum movimento para sair do carro. Ele está
esperando minha palavra, embora eu me lembre dele me dizendo antes de
partirmos que estava morrendo de fome.
— Não, eu estou bem. — Eu respiro fundo. — Acho que só precisava
de uma soneca. Vamos encher nossas barrigas e fazer alguns cálculos.
Eu me viro para pegar minha mochila no banco de trás. — E trabalhar
em seu programa de doze passos. — Eu mostro a ele meu melhor sorriso fal-
so antes de abrir minha própria porta e sair.
***
Estamos sentados na lanchonete em sua mesa de costume, e estou grata
que a seção de Gena está do outro lado da sala esta noite. Não preciso que
mais colegas de classe tenham a ideia errada. Rob se senta ao meu lado no
banco enquanto trabalhamos na tarefa de cálculo para amanhã.
Eu concluo meu último problema e me encosto na parede, de frente para
ele.
— Você já terminou? — Ele murmura, ainda curvado sobre a mesa,
terminando o dever de casa.
— Sim. Você pode corrigir isso para mim? — Eu tomo um gole do meu
chá gelado enquanto o vejo trabalhar.
Rob me pediu para pensar no que eu gostaria de um cara antes do ano
passado, mas é difícil lembrar o que estava acontecendo na minha cabeça in-
gênua de dezesseis anos pré-Eddie. Tudo de que me lembro é da minha estu-
pidez pura e imatura. Então, tento voltar mais longe. De volta a quando tudo
era menos complicado e mais inocente, embora estúpido, amor de criança. Os
requisitos eram mais simples naquela época.
Rob respira fundo, pousa o lápis e pega meu papel. — Caramba, você es-
tá ficando mais rápida do que eu. Logo você não vai mais precisar de mim.
Eu o estudo enquanto ele verifica meu dever de casa. Ele parecia distraí-
do e francamente triste desde que nos sentamos. Remorso atrasado, eu acho.
Está finalmente caindo na real sobre o que acontecerá amanhã na escola. O
que a Garota dos Sonhos definitivamente vai ouvir na escola amanhã. Uma
nova onda de culpa passa por mim. Eu nunca deveria ter pedido egoistica-
mente por sua ajuda hoje.
Ele me devolve meu caderno com um pequeno sorriso. — Tudo bem
com eles. Acho melhor eu ter aquele chocolate preparado.
— Ohhhh, sim, — eu sorrio para ele. — Você terminou?
— Sim, — ele enfia seu material de volta em sua bolsa, então se levanta e
se move para o outro lado da cabine.
— Ei, onde você pensa que está indo? — Eu pergunto enquanto conti-
nuo a observá-lo cuidadosamente. Parece que ele acabou de perder o maior
jogo da temporada, o que só me faz sentir mais culpada.
— Estou sentado aqui e esperando nossa comida. Eu não ia desistir de
você.
Eu coloco meu chá gelado na mesa e viro uma página em branco do meu
caderno, em seguida, dou um tapinha no assento recentemente desocupado ao
meu lado. — Volte aqui. Temos trabalho a fazer.
Ele levanta a sobrancelha para mim, mas retorna ao seu lugar conforme
solicitado.
Eu coloco um título no topo da página.

Programa de 12 passos de Rob para conseguir a garota dos sonhos

— Garota dos Sonhos? — Ele olha para mim com diversão clara em
seus olhos.
— Sim, é assim que eu a chamo na minha cabeça, já que você não quer
me dizer o nome dela.
Ele balança a cabeça e desvia o olhar. — Você está pensando demais nis-
so, Evie.
Eu o cutuco com o cotovelo enquanto ele pega a água e começa a masti-
gar o canudo, o que é estranhamente fofo. — Ei, somos amigos ou não?
Ele se vira para mim. A tristeza está de volta em seus olhos.
— Sim, — ele sussurra, em seguida, desvia o olhar novamente. — Na
verdade, sonhei com ela muitas e muitas vezes, então acho que esse é o codi-
nome mais apropriado que você possa escolher.
— Ooh. Operação Garota dos Sonhos. Eu gosto disso. Eles eram so-
nhos perversos? — Eu o cutuco novamente, tentando animá-lo.
Ele ainda não olha para mim, mas sou recompensado por meus esforços
com uma pequena risada. — Você não quer saber a resposta para essa pergun-
ta.
— E isso é um sim! — Bato minha caneta contra o caderno e vejo en-
quanto ele continua a roer o canudo. Essa conversa claramente o deixa nervo-
so.
— Ok, então número um. Fale com ela.
Eu escrevo isso. Ele observa, finalmente curioso.

1. Fale com ela.

— Eu pensei que o número um fosse parar de te chamar de minha garo-


ta?
— Bem, você me disse para pensar sobre o que eu gostaria que minha
paixão de longa data fizesse, então é isso que estou lhe dando. É o mínimo
que posso fazer por você por desistir de sua tarde com a Garota dos Sonhos,
ajudando-me hoje.
Nossa comida chega. Deixo o caderno e a caneta entre nós, esperando
que a conversa não seja esquecida. Rob começa a comer como se não comes-
se há dias, como de costume.
— Você é anti-vaca? — Ele me pergunta com a boca cheia de cheese-
burger.
Eu olho para o meu prato de frango empanado e batatas fritas. — Não.
Por que?
— Você sempre come frango. Acho que nunca vi você comer carne an-
tes. Nunca.
Que coisa estranha de se notar sobre uma pessoa. Ele presta atenção aos
detalhes, admito. Habilidades como essa serão úteis para a Operação Garota
dos Sonhos. Eu decido animá-lo ainda mais e estendo a mão para pegar sua
mão, guiando seu hambúrguer direto na minha boca. Eu mordo um grande
pedaço dele.
— Pronto, — eu digo com a boca cheia de comida. Assim como ele. —
Agora você me viu comer vaca.
Ele me olha boquiaberto, esquecendo-se de mastigar a comida na própria
boca. Depois de algumas batidas estranhas, ele engole. — Você acabou de
comer metade do meu cheeseburger.
— Eu não! Eu dei uma mordida!
— Não faça isso de novo.
— Eu sinto muito. Eu não queria te deixar bravo.
Ele ainda me encara com os olhos arregalados e balança a cabeça lenta-
mente. — Não, eu quero poder sair antes que a lanchonete feche, e essa foi a
coisa mais quente que eu já vi.
Eu rolo meus olhos e tento abafar a risada que ameaça sair da minha bo-
ca. — Você tem um fetiche por comida, eu juro. Cupcakes, chocolate, ham-
búrgueres. Qual é o próximo?
— Bife.
— Oh meu Deus, você é louco. — Rindo, pego um pedaço de frango e
tento ignorar seu olhar malicioso.
Ele dá outra mordida. — Coloque isso na lista com certeza. Compre
comida para ela.
— Eu não vou colocar isso na lista. Você não está levando isso a sério.
— Ei, não fui eu que quis fazer isso. Isso é com você, Evie.
— Ok, então, — eu pego a caneta e escrevo a próxima.
2. Faça elogios pra ela.
— Ei, eu não concordei com isso, — diz ele, enfiando uma batata frita
na boca.
Eu suspiro e bato a caneta contra o papel, pesando minhas palavras com
cuidado. — Estou escrevendo o que você perguntou, lembra? O que eu queria
antes?
— Oh. Certo. Desculpe. — Ele enfia outra batata frita na boca e me
olha com uma sobrancelha levantada. — Ainda não vai me dizer quem ele
era?
— Ainda não vai me dizer a identidade secreta da Garota dos Sonhos?
Ele pensa sobre isso, pesando claramente suas opções. Ele deve querer
saber quem era realmente minha paixão. — É o seguinte? Você já tem um
monte de dicas sobre mim. Ouvi Jeremy dizer que ela está na banda e na Soci-
edade de Honra, então se você concordar em me contar duas coisas sobre sua
paixão, darei outra dica sobre a minha. Combinado?
Eu penso sobre isso, tentando decidir o que posso revelar sem realmente
dizer nada. Definitivamente, não vou lembrá-lo de que Jeremy me disse mais
do que essas duas coisas. Minha curiosidade sobre quem ela é vence. — Com-
binado.
— Ok... — ele para. — Então? Dê-me duas coisas.
Ele coloca outra batata frita na boca e inclina seu corpo na minha dire-
ção, praticamente babando. Oh sim. Ele quer muito saber.
— Dê-me outra dica como um gesto de boa fé. — Eu preciso ganhar
mais tempo.
— Nuh-uh, minha garota. — Ele sorri para mim. Dou um tapa de brin-
cadeira, nós dois rindo. — Você me deve duas. Vai.
Eu suspiro e reviro meus olhos. Estou jogando um jogo que não posso
ganhar e sei disso. — Tudo bem, ele não está na banda. E ele está na Socieda-
de de Honra.
— Ei, ei, ei. Tempo presente? Então você definitivamente ainda está
presa a ele?
Eu mudo minha cabeça para os lados. Eu realmente não deveria admitir
isso para ele quando estou tentando tanto me convencer. — Eu disse a você
que honestamente não quero estar. Não se preocupe com isso. Não importa,
de qualquer maneira. Assim que terminar de ser hormonal, vou esquecer tudo
sobre isso.
Ele cruza os braços sobre o peito, se inclina para trás na cabine e fecha
os olhos. Ele parece chateado novamente. Talvez seja uma ideia tão ruim
quanto meu instinto está me dizendo. Ou ele está apenas tentando restringir
as opções, como passei a noite toda fazendo.
— Espere um minuto. — Seus olhos se abrem e ele me olha com um
sorriso malicioso. — Ele não está na banda, não conta. Você tem que me dar
algo em que ele esteja, assumindo que ele esteja em qualquer outra coisa.
— Ok, — eu respondo. — Ele pratica esportes.
— Não. Tente novamente. Seja mais específica. Olho por olho e tudo
mais.
Ugh, isso não vai acabar bem. — Ele pratica mais de um esporte, o que
posso te dizer? Ele é muito talentoso.
Ele estreita os olhos para mim. — Bem jogado, Papageorgiou. Bem jo-
gado. Você é uma oponente digno de fato.
Eu faço uma reverência simulada. — Obrigada, obrigada. Não estou na
equipe de debate à toa. Ok, sua vez. Eu tenho outra pista. — Quanto mais eu
cedo em restringir minhas opções e descobrir quem é essa garota, melhor pos-
so ajudar Rob a conquistá-la.
Ele suspira e parece pensar sobre isso. — Ela é a garota mais bonita da
escola. Linda, não estou brincando. Qualquer outra pessoa empalidece em
comparação.
Agora é a minha vez de estreitar meus olhos para ele. — Isso não conta.
A beleza está nos olhos de quem vê. Você a acha linda porque está apaixona-
do por ela há muito tempo. Os sentimentos tendem a colorir o raciocínio ob-
jetivo. Tente novamente. Eu quero algo bom. Algo que eu possa usar.
— Deus, você é tão exigente, — ele geme. — Ok, ok... deixe-me pensar.
Ela não é muito popular.
Isso faz sentido. — Isso realmente não restringe meu campo, e eu
chamo de besteira. Você disse que ela está na banda. E ela está na sociedade
de honra. Portanto, por padrão, ela também não pode ser muito popular.
— Droga, mulher! Estou tentando manter segredo aqui! Colabore!
Eu rio de sua tentativa de drama. — Dê-me algo bom, se você quiser al-
go bom em troca.
— Jogo sujo comigo, Evie, — ele geme, fechando os olhos novamente e
inclinando a cabeça para trás na cabine. Suas pálpebras se abrem de repente e
ele se vira para mim com um olhar horrorizado. — Eu sinto muito. Eu não
queria falar com você assim. Eu sinto muito, — ele fala correndo.
Eu dou um tapinha em seu peito. — Não se preocupe com isso, Super-
jock. Não há nada que você possa fazer para me assustar.
Eu paro e dramatizo pensando sobre isso por um minuto. — Exceto
comer. Você realmente come como um porco.
Ele encolhe os ombros, lançando-me um olhar agradecido. — Bem, eu
tenho um fetiche por comida; o que posso dizer?
Uma consciência repentina passa por mim. Sinto uma leveza em mim
que não sinto com frequência. Não só a insinuação sexual de Rob realmente
não me incomoda, mas ele me faz rir. Ele me faz sentir não apenas igual, mas
uma pessoa melhor quando estou perto dele. E pensar, eu nem queria ser
amiga dele. Mesmo que seja apenas temporário, essa sensação de liberdade
que ele inadvertidamente me deu vale totalmente a pena. Infelizmente, eu sei
que essa pausa feliz do ano passado terminará quando eu o ajudar a conseguir
a Garota dos Sonhos.
— Tudo bem, eu preciso de mais tempo para pensar sobre uma pista
que não levará você diretamente à resposta. Você tem que trabalhar para isso,
você sabe. Então me dê sua terceira pista. — Ele pega sua bebida e sorve os
últimos restos de sua coca, mastigando o canudo novamente.
— Oh de jeito nenhum! — Eu protesto em voz alta, fazendo com que
alguns dos outros clientes olhem em nossa direção.
Opa. Costumo ficar um pouco barulhenta às vezes; é a grega em mim.
Por muito tempo, mantive essas partes de mim escondidas, muito desconfor-
táveis em minha própria pele para ser eu mesma. Rob me permite baixar a
guarda, e nem tenho certeza de quando isso aconteceu. — Como você conse-
gue um passe e eu tenho que entregar mais uma pista?
— Porque você estava atrasada para o jogo, — ele responde sem perder
o ritmo — Pena.
— Você costuma relacionar o mundo real em termos de futebol? — Eu
posso protelar se ele puder.
— Sim e pare de enrolar. — Droga, ele é bom.
— Por quê?
Ele encolhe os ombros. — Eu já te disse. O único lugar onde valho al-
guma coisa é no campo. Então, tento levar isso para todo o resto.
Eu não posso acreditar no que estou ouvindo. Quando ele me disse isso
antes, pensei que ele estava apenas brincando comigo. Meu coração aperta no
meu peito pelo homem sentado ao meu lado. Eu descanso minha mão em seu
braço. — Você vale muito mais do que apenas sua habilidade ridícula como
zagueiro, Rob Falls. E um atacante. E um shortstop. Sei que todas as garotas
perseguem você por causa de sua aparência e dos boatos. Mas qualquer garota
teria sorte de ter você. Você me escuta?
Ele não encontra meus olhos, mas olha diretamente para a mesa, zom-
bando. — Todas, exceto a que eu quero.
Eu agarro seu queixo em minha mão e viro sua cabeça para mim. Ele
não resiste e encontra meus olhos. — Você é inteligente, engraçado, charmo-
so, cavalheiresco, humilde e tem muitas peculiaridades cativantes para contar.
Você é misericordioso e honesto, um amigo leal. E sim, você é bom de se
olhar e um atleta ridículo do caralho. Então, por um segundo, não se venda
tão barato. Você me entendeu?
Ele me oferece um sorriso fraco. Há algo em seus olhos que não consigo
ler. — Sim, entendi.
— Ok, — eu volto para o meu assento e respiro fundo. — Terceira pis-
ta. Ele está no grêmio estudantil.
— Eu conheço bem esse cara?
Eu suspiro e pego meu chá gelado. — Muito bem.
Ele sorri um largo sorriso para mim. — Eu vou descobrir, você sabe.
Você quer sobremesa?
Eu rolo meus ombros, de repente tensa depois de exibir tanta emoção.
— Sim, eu definitivamente poderia comer um sundae com calda de chocolate
quente.
Ele estreita os olhos para mim. — Não tenho certeza se posso ver você
comer isso.
— Bem, você vai porque estou com TPM e preciso da infusão de choco-
late.
— Quanto tempo dura exatamente sua TPM?
— O suficiente.
Quando a garçonete chega para nos verificar, ele pede o sundae para
mim. Eu volto para a lista. Vou ajudá-lo a pegar essa garota, se for a última
coisa produtiva que fizer este ano. Ele observa em silêncio enquanto escrevo:

3. Faça com que ela se sinta especial.


4. Deixe que ela saiba que ela é importante para você.
5. Observe as pequenas coisas.
6. Conforte-a se ela precisar.
7. Dê a ela tempo e espaço.
8. Dê a ela pequenos presentes que significam muito.
9. Seja um amigo, primeiro.
10. Beije-a como se quisesse.

No momento em que coloco a caneta para baixo, seu queixo repousa no


meu ombro enquanto ele lê. O peso dele se espalha pelo meu peito e mem-
bros, meu coração pesado sob sua respiração constante que se espalha pelo
meu pescoço. Embora esta seja minha lista de desejos de muito tempo atrás,
eu sei que nunca se aplicará a mim.
— Eu já fiz a maioria dessas coisas, Evie, — ele disse calmamente. Sua
mandíbula se move contra mim enquanto ele fala. — Eu acho que poderia
trabalhar no número sete um pouco mais. Mas por que eu faria isso se estou
tentando fazer com que ela saiba o quão importante ela é para mim?
Nossa garçonete chega com meu sundae e a conta. Rob se senta em seu
lado do banco e empurra a tigela para mim. Eu pego uma grande colherada,
empurrando na minha boca. Preciso do chocolate quente e pegajoso ainda
mais do que há alguns minutos.
— Bem, — eu digo, engolindo a primeira mordida e fechando meus
olhos contra a dor aguda. — Isso é o que eu queria. Não posso garantir que é
o que ela quer.
— Congelamento do cérebro? — Droga, como ele faz isso?
— Sim. — Coloco outra quantidade ridícula em minha boca e levanto
uma sobrancelha para ele enquanto ele cava com sua própria colher.
— O que? Você comeu metade do meu cheeseburger, — diz ele com a
boca cheia de comida. — Agora me diga por que eu gostaria de dar espaço a
ela. Isso parece contra-intuitivo para meu cérebro de atleta.
— É minha experiência que alguns caras ficam muito em cima e insistin-
do. É o seu julgamento sobre o quão independente ela é. Algumas garotas
gostam desse tipo de coisa. Eu, pessoalmente, não gosto.
— Uh... — ele solta um suspiro. — Acho que poderia relaxar um pouco;
ela é definitivamente um tipo de garota independente. E sobre o número no-
ve? Seja um amigo primeiro?
— Ok, hora da confissão: não posso simplesmente fingir que tudo o que
me aconteceu no ano passado não aconteceu. Não posso voltar atrás e fingir
que o cara que eu estava esperando me pegou antes de Eddie. Sou uma pessoa
diferente agora do que era antes. — Coloco outra colher de chocolate princi-
palmente em minha boca. — Não posso deixar de me perguntar se as coisas
teriam sido diferentes com Eddie se eu estivesse confortável com ele, se nos
conhecêssemos melhor antes de começarmos a namorar. Mal éramos conhe-
cidos, então... não funcionou bem. Para qualquer um de nós.
Eu pego outra colherada. — Você tem que ser amigo primeiro se quiser
ser mais, eu acho. Então, espero que você já seja amigo dela, ou este pode ser
um programa de doze passos mais longo do que você se inscreveu. Mas con-
siderando que você está esperando há três anos, tenho fé em seu nível de pa-
ciência.
Ele ri, balança a cabeça e dá outra mordida no meu sundae. — Sim, pos-
so ver isso por experiência própria. E quanto ao número dez? Achei que fosse
um programa para pegá-la. Beijar antes que ela queira parece presunção.
— Bem, isso é o tipo de último recurso se os primeiros nove não funci-
onarem, eu acho. Você planeja que ela seja uma ficante ou uma namorada?
— Namorada, — ele responde sem pausa.
— Ok, então considere estas diretrizes para tanto pegá-la quanto mantê-
la.
— E os dois últimos?
Sinto que vou vomitar, mas não consigo parar com este sundae. Vou ter
que encontrar tempo para colocar alguns quilômetros extras na trilha para re-
solver tudo isso. Eu encolho meus ombros em resposta à sua pergunta. — Eu
nunca cheguei tão longe no meu conto de fadas. Não consegui pensar nos
dois últimos.
Ele pega a caneta da minha mão e puxa o caderno para si.
11. Respeite-a.
12. Diga a ela.
13. Dê a ela minha camisa.
Eu vejo o que ele está escrevendo. — Ooh, o número onze é um bom.
Diga a ela?
— Sim. Mais ou menos como sua apólice de seguro com o número dez?
Se eu fizer tudo isso, e ela ainda não souber como me sinto, então terei que
parar de ser um babaca e dizer à queima-roupa que ela é a mulher dos meus
sonhos.
— Excelente ponto, menino apaixonado. — Eu examino a lista nova-
mente enquanto ele ri. — Uh, Rob? Achei que você fosse o guru da matemá-
tica entre nós. Este deveria ser um programa de doze passos, mas você colo-
cou o número treze aqui.
Ele encolhe os ombros, engolindo outra colher de sundae. — Sim, mas
esse é o meu objetivo final.
— Uau, você pretende mantê-la. — Eu coloco minha colher na mesa,
me inclino para trás e esfrego minha barriga excessivamente cheia.
— Se eu conseguir pegá-la, então sim, nunca vou deixá-la ir.
Suspiro quando o coma alimentar se instala. — Desejo a você toda a sor-
te do mundo, meu amigo. Espero que isso ajude você. Mas honestamente? Se
ela ainda não o ama pelo que você é, então ela não vale a pena pra você. Eu
odiaria ver você mudar por alguém que não gosta de você.
Ele também suspira, pega a carteira e joga algumas notas na mesa. Ar-
ranco a página do meu caderno e deslizo para ele, em seguida, puxo minha
mochila de debaixo da mesa para pegar minha própria carteira e contribuir
para o jantar.
— O que você está fazendo? — Rob me pergunta com um olhar inex-
pressivo em minha direção. Ele dobra o papel com cuidado, colocando-o den-
tro da carteira.
— Pagando pela minha parte da comida, Sr. Igualista de gênero. Com o
que se parece?
Ele ri e devolve meu dinheiro. — De jeito nenhum. Nenhuma garota
minha está pagando sua parte em nada. Não me importa o quão machista seja.
Eu coloquei as notas na mesa, de qualquer maneira. Ele as pega e as bate
na minha mão.
— Eu não sou seu flerte, Rob. Economize seu dinheiro para cortejar a
Garota dos Sonhos.
— Oooh, — ele diz, estreitando os olhos para mim. — Praticar o flerte,
eu gosto. Acredito firmemente que a prática leva à perfeição. Agora vamos.
Ele se levanta da cabine, colocando sua mochila no ombro e esperando
por mim.
Eu rolo meus olhos, seguindo-o para fora da lanchonete.
— Considere o pagamento do jantar pelos serviços prestados. Isso deve
fazer você se sentir melhor sobre isso, certo?
Eu me viro para ele com uma expressão falsa de seriedade. — Sim, na
verdade. Espero que meus serviços sejam satisfatórios.
— Tenho a sensação de que ficarei satisfeito com os resultados, — diz
ele ao abrir a porta do carro para mim.
Capítulo 21
Rob
Cabeça Baixa

— Ora, ora, ora. Se não é Rob Amarelão Falls.


Acabei de entrar no vestiário e Alex já está me irritando às seis da ma-
nhã. Não é ruim o suficiente que eu só dormi cerca de cinco horas na noite
passada depois de trazer Evie de volta para seu carro, em seguida, segui-la pa-
ra casa antes de ir para minha casa. Quando eu finalmente desabei na cama
ontem à noite por volta das onze, eu estava morto de cansaço. O sono não
vinha. Continuei repetindo os eventos do dia com Eddie em minha mente.
Ficava imaginando-o em cima de Evie, tentando se empurrar para dentro dela.
Ficava imaginando-a semivestida, os olhos azuis cheios de terror. Algumas
vezes quase vomitei. Outras vezes, meus músculos tensos tremiam de tanta
raiva que pensei seriamente em abrir um buraco na parede só para desabafar.
Eu sorria enquanto fantasiava sobre transformar seu rosto em uma polpa san-
grenta em vez disso. Se eu pensasse que perdi minha cabeça por essa garota
antes, Estou certificadamente louco esta semana. Que diferença um período
de tempo relativamente curto pode fazer. Antes de o Sr. Smith me designar
como tutor dela, minha rotina na hora de dormir consistia em fantasias muito
diferentes sobre Eva Papageorgiou. Fantasias que agora me fazem sentir uma
vergonha intensa. Foi mais fácil quando me permiti acreditar que Eddie não a
tinha machucado.
— Cale a boca, Alex, — eu grito, enchendo minha mochila e fecho meu
armário violentamente. — Eu não estou no clima.
— Ei, imaginei que, como você e Eva estavam tão grudadinhos ontem
na limpeza da estrada, você estaria todo ensolarado e sorridente esta manhã.
O resto de nós estava online para jogar Call of Duty na noite passada. E, para
variar, era você quem estava faltando... — ele assobia para si mesmo, sem dú-
vida imaginando um cenário muito diferente da minha noite do que o que re-
almente aconteceu. — O pequeno Robbie está com raiva porque a pequena
Evie ainda acha que você gosta de outra garota?
Esse é o menor problema que tenho que enfrentar. Embora pareça ego-
ísmo até mesmo considerar isso. Ela está claramente interessada em outra pes-
soa, embora tenha tentado negar. Ela está presa a esse outro cara desde que
estou interessado nela. Uma parte de mim está apavorado que minha confis-
são sobre o que realmente aconteceu com Sabrina tenha caído em ouvidos
surdos. E se ela não acreditar em mim? E se ela ainda achar que eu não sou
nada mais do que um atleta com tesão como Eddie? Não posso culpá-la por
agrupar todos nós em um grupo estereotipado. Não mais.
Mike ri ao meu lado enquanto amarra os sapatos. — Mesmo eu não pos-
so acreditar que você deixou isso passar, Rob. Eu sei que ela te deixa nervoso,
mas essa foi uma jogada de merda da parte de Jeremy. Você precisa dizer a ela
a verdade, pelo menos.
Eu corro minhas duas mãos pelo meu cabelo, essencialmente tentando
puxar tudo para fora para fazer minha cabeça parar de latejar. Eu baixo minha
voz para que ninguém mais no vestiário ouça. — Ela me contou o que acon-
teceu com Hinton ontem à noite, Mike.
Suas mãos congelam em seus cadarços e nossos olhos se encontram. —
Tudo? Ela te contou tudo?
— Do início ao fim. — Eu posso realmente saber mais sobre isso do
que ele. A menos que ela contasse a ele sobre seus encontros anteriores e suas
razões para concordar com eles também.
Alex se aproxima de nós e fica mais perto do que o normal, sentindo a
privacidade da conversa.
— O que realmente aconteceu com Eva e Hinton? — Seu olhar voa en-
tre Mike e eu, todas as provocações substituídas por seriedade.
Mike olha para mim. Ele deve sentir meu desejo de ceder e confessar tu-
do a Alex. A meu ver, quanto mais gente souber, mais gente possa se colocar
entre ela e Eddie para sua própria proteção. — Não faça isso, Rob. Ela não
quer que ninguém saiba. Eu não posso nem acreditar que ela te contou.
A raiva que tentei reprimir desde ontem à tarde aparece de novo quando
me viro para Mike. — Eu não posso acreditar que ela confiou em você! Por
que ele ainda está vivo, Mike? Como você pôde deixá-lo se safar fazendo isso
com ela? E como diabos você deixa Chelsie tratá-la como uma merda por
causa disso? Quando todos os boatos correram por toda a escola sobre ela,
você e Chelsie apenas ficaram sentados e não levantaram um dedo para de-
fendê-la! Eu nem sabia a verdade na época, mas sempre que ouvi alguém fa-
lando merda sobre ela, pelo menos tentei parar!
Estou na cara dele agora. Tenho certeza de que a minha cara está verme-
lha, minha respiração pesada e meus punhos cerrados ao meu lado.
— Ouça, Rob. — Ele coloca as mãos nos meus ombros, seja para me
impedir de socá-lo ou para me acalmar, não tenho certeza. — Eu não fiz ou
disse nada porque era isso que ela queria.
Dou um passo para trás e olho para Alex. Posso dizer que ele está jun-
tando as peças do quebra-cabeça em sua cabeça. Este é meu irmão Alex, que
pode conectar os pontos mais rápido do que qualquer um acredita. Ele só é
visto como um playboy porque é isso que ele escolhe para que todos vejam.
Mike continua enquanto eu observo o rosto de Alex, medindo sua rea-
ção. — Eu suspeitei naquela noite que algo mais aconteceu, mas ela negou.
Inferno, eu até liguei para você, para que pudéssemos arrancar a verdade dele.
Isso anima minhas orelhas. — Você me chamou? Na noite em que acon-
teceu?
— Sim. — Mike faz uma careta. — E você respondeu. As primeiras pa-
lavras que saíram da sua boca foram que você estava com Sabrina. Evie arran-
cou o telefone da minha mão e desligou na sua cara antes que eu pudesse di-
zer qualquer coisa. Acho que ela ficou com vergonha e não queria que nin-
guém além de mim e Chelsie soubesse o que aconteceu.
— Puta merda, — sussurra Alex, a raiva enlaçando sua voz como muito
veneno. — Ele a estuprou?
Eu afundo no banco, colocando minha cabeça em minhas mãos. Na noi-
te em que Eddie estuprou Evie, ela pensou que eu estava com Sabrina. Puta
merda. Não consigo nem envolver minha cabeça nisso. — Cristo, isso é tudo
culpa minha!
— Como é sua culpa que o maldito Eddie Hinton seja um estuprador
idiota? Eu sei onde ele mora. Vamos todos lá bater nele aleatoriamente. Nin-
guém precisa saber por que estamos fazendo isso. — Alex está tão chateado
quanto Mike e eu. Ele nem mesmo conhece a história toda. Pelo menos agora
sei que posso contar com ele para ajudar a manter Eddie longe dela também.
— Ele não a estuprou, — suspirou Mike. — Ele é apenas um idiota.
Tentei falar com ela sobre isso mais tarde naquele fim de semana, mas ela
simplesmente se desligou, cara. Nem mesmo Tini conseguiu chegar até ela.
Nós arrancamos a verdade dela, pelo menos. Acredite em mim, se eu ou
Christina pensássemos que Evie estava mentindo sobre isso, teríamos feito
algo. Ela cuidou de si mesma e fez o que tinha que fazer, mas aquela noite
realmente mexeu com sua cabeça. Isso quebrou algo nela, a mudou. Vocês
dois também viram. E honestamente, Rob? Eu sei que você seria bom para
ela, mas ela não quer nada com caras depois de tudo isso. Eddie é apenas a
ponta do iceberg, então eu entendo. Eu amo aquela garota mais do que você
jamais saberá, mas é a escolha dela, e eu respeito isso. Você deveria também.
Puta merda. Mike não percebe. Ele acreditou na palavra de Evie esse
tempo todo.
— O que está em sua mente, mano? — Alex cutuca meu ombro com o
punho.
— Não é sua culpa, Rob. — Mike diz, colocando a mão no meu outro
ombro.
— Diabos que não é! — Eu pulo, fazendo com que eles dêem um passo
para trás. — Se eu não fosse a porra de um covarde, talvez ela nunca tivesse
estado com ele porque ela estaria comigo! Nada do que aconteceu com ela
tinha que acontecer, mas aconteceu... por minha causa! E agora, eu só devo
fazer o quê? Entrar e consertar tudo quando a porra da culpa foi minha? O
que vou dizer a ela? Oh, ei, Evie. Sim, eu queria você desde o primeiro dia que
te conheci. Mas eu sou um idiota e não tive coragem de dizer nada, então em
vez disso você acabou com Eddie. Ele estuprou você enquanto você pensava
que eu estava transando com outra garota, mas isso é legal porque você está
comigo agora, então está tudo melhor! — Eu ando pelo vestiário, grato por
sermos apenas nós três porque eu honestamente não prestei atenção em quem
poderia ter me ouvido até este exato segundo.
— Não está tudo melhor porra nenhuma. — Chuto o armário mais pró-
ximo o mais forte que posso, deixando uma marca considerável.
— Ei, pau de cavalo! — Nosso central, Christian Zawicki, sai da área dos
chuveiros.
Minha raiva se transforma em medo porque não tenho ideia do quanto
ele ouviu. Maldita seja minha boca estúpida.
— Pare de destruir o vestiário por causa do seu drama de cadela. Basta
enfiar nela e usar aquela sua sucuri que Deus deu. Ela pega uma carga de seus
vinte e cinco centímetros, ela vai esquecer tudo sobre os miseráveis quatro
centímetros de Hinton. O cara provavelmente não poderia estuprar uma bo-
ceta se tentasse. — Christian está de costas para mim, entrando em seu pró-
prio armário.
Como diabos esse idiota pode falar sobre estupro como se fosse algum
tipo de piada?
Minha garota foi estuprada porque eu era muito estúpido para mantê-la
segura comigo. Isso não é uma porra de uma piada.
Eu corro para ele em uma fúria cega apenas para sentir meus braços pu-
xados por Mike e Alex de cada lado de mim. Eu luto com eles pelo que parece
uma eternidade antes de aceitar que eles não vão me deixar bater em sua bun-
da. O bastardo nem mesmo se vira. Assim que eles me soltam, eu saio para
pegá-lo novamente. Desta vez, quando eles me pegam, eles me arrastam para
a sala de musculação. Mike continua negando o que eu sei. Como ele pode
não ver isso? Como ele pode acreditar nas mentiras de Evie? Ela é muito or-
gulhosa para admitir a verdade.
Quanto mais ele tenta me acalmar, menos eu ouço. O único som é o
sangue correndo em meus ouvidos. O som de raiva desenfreada. E está len-
tamente me puxando para baixo.
Capítulo 22
Eva
Gravidade

Uma outra onda de cãibras cobre meu abdômen. Eu aperto meus olhos,
respiro profundamente e tento não vomitar. Eu perdi a escola ontem graças a
adorar o deus da porcelana a cada hora ou assim. Mesmo que eu me sentisse
péssima por perder o ensaio da banda, simplesmente não havia como evitar.
Meus períodos sempre foram de pura miséria. Eu sei que provavelmente
deveria ver um médico. Simplesmente não consigo imaginar perder meu tem-
po com um profissional médico que só me obrigará a tomar a pílula. Bombear
hormônios falsos em meu corpo simplesmente não é necessário, já que não
prevejo sexo no meu futuro.
É ridículo que as mulheres carreguem o peso do ciclo de reprodução
humana. O que vocês ganham? De acordo com Rob, a ereção involuntária e a
necessidade insaciável de gozar sempre que puderem. Ficamos com dor, san-
gue, gravidez indesejada em potencial e estigma social em relação a tudo isso.
A sociedade está tão fodida.
Eu provavelmente não deveria ter vindo para a escola hoje também. Mas
há um jogo esta noite, então aqui estou. Miserável, emocional e mal-
intencionada. E esperando o ibuprofeno que tomei antes de sair de casa fazer
efeito. Eu mantenho meus olhos fechados enquanto respiro em meio à dor.
Rob geme enquanto se aproxima de algum lugar à minha direita. — Je-
sus, Evie! O que você está vestindo?
Eu realmente não posso lidar com a merda dele esta manhã.
— A mesma blusa que usei na sexta-feira passada, por quê? — Eu cerro.
— Porque você tem os peitos e bunda mais gostosos da escola, é por is-
so! — Sua voz está muito mais perto agora.
Meus dedos coçam para socar sua boca suja. Em vez disso, empurro mi-
nhas mãos que já estão em meus quadris em direção ao meu estômago. A
pressão alivia um pouco a dor.
— Eu não quero que Eddie veja você assim, — ele murmura.
Abro os olhos e me viro para encontrá-lo parado ao meu lado, copo de
café na mão. Ele está com uma expressão estranha.
— Ele me viu na semana passada. Já me arrependo de ter contado qual-
quer coisa. Você obviamente ainda não acredita em mim. Não torne isso pior.
Vá implementar seu programa Garota dos Sonhos. Saia daqui. — Eu zombei
dele, meus dentes cerrados para manter o vômito baixo.
— Você está bem? Você ainda está doente? — Seu tom de voz suaviza
com preocupação.
Estou muito chateada para me importar. Talvez se ele não estivesse tão
ocupado verificando meus “peitos e bunda”, ele teria notado que não me sin-
to bem. Engraçado a diferença que uma semana faz. Na semana passada, me
senti um pouco fortalecida por ele estar me examinando exatamente com essa
mesma roupa. Saber o que sei agora sobre a Garota dos Sonhos só me deixa
mais doente. Os atletas são todos iguais. Não importa quem eles querem ou
podem estar em um relacionamento, seus pênis comandam suas mentes. Ain-
da não estou totalmente convencida de que ele não transou com Sabrina.
— Eu tenho cólicas. Agora. Vai. Embora.
Ele coloca a xícara de café em cima do meu armário e estende a mão pa-
ra mim — Evie, você confia em mim?
— Não. Vá irritar sua garota dos sonhos. Eu não posso lidar com você
hoje.
— Sinto muito, Evie. — Ele me puxa para ele.
Resistir é inútil. Ele estende a mão esquerda nas minhas costas, me segu-
rando contra ele com força. A gloriosa pressão e calor de seu corpo alivia mi-
nhas cólicas. Com a mão direita, ele corre os nós dos dedos para cima e para
baixo ao longo da minha coluna em um movimento lento e relaxante. Eu der-
reto contra seu peito, fecho meus olhos e solto a respiração que prendi quan-
do ele me tocou pela primeira vez.
Santo Deus. Estou envolvida em Rob Falls. Minha cabeça repousa em
seu peito duro. O som de seu coração bate firme e forte em meu ouvido. Seu
perfume único me rodeia, mais calmante do que lavanda. E eu sou absoluta
manteiga.
— Sente-se melhor? — Ele murmura no meu cabelo, seu rosto descan-
sando no topo da minha cabeça.
Minha única resposta é um gemido. Deus, isso é bom.
— Eu sinto muito. Estou sendo um idiota e sei disso. Estou tão chatea-
do com... tudo. Eu não deveria ter dito isso a você, e eu estou... — ele respira
fundo, estremecendo. — Eu sinto muito.
Eu respiro tão profundamente quanto meus pulmões podem se expan-
dir. Minha náusea diminui. Rob Falls é uma experiência de outro mundo.
Seu peito sobe e desce contra mim a cada respiração, abanando suave-
mente sobre meu cabelo. Em seguida, ele pressiona um beijo no topo da mi-
nha cabeça que dura mais do que um beijo dele deveria. Estou vagamente ci-
ente de que todos os nossos colegas devem estar nos observando agora. Fran-
camente, esse é outro risco egoísta para a imagem dele que estou disposta a
correr em nome do alívio da cólica menstrual.
— Rob, — eu gemo. — Todos podem nos ver, incluindo a Garota dos
Sonhos.
— Shh, — ele sussurra em meu cabelo. — Eu não me importo.
— Isso é uma violação direta do código da Operação Garota dos So-
nhos. Você deve se preocupar. — Mais dez segundos de êxtase, e então me
afastarei.
— Eu não concordei com um código de conduta, — ele ri.
— Sério. Tudo que você precisa fazer é dar a ela um gostinho disso, e ela
será uma massa de vidraceiro em suas mãos mágicas. Sem brincadeira.
— Você está com massa em minhas mãos, minha garota?
O tom rouco de sua voz inunda minhas partes femininas com algo dife-
rente do revestimento uterino, mas eu balanço minha cabeça. De jeito ne-
nhum quero que ele saiba nada sobre isso.
— Evie, — ele sussurra. Sua voz soa insegura, um pouco torturada. —
Você acredita em mim sobre Sabrina, certo? Nada aconteceu, eu prometo a
você.
Eu gemo contra seu peito quando ouço Kerri entrando em seu armário
ao meu lado. Acho que nunca fui tão grata por sua presença. Esta manhã, sig-
nifica que não terei que pensar ou responder à pergunta de Rob. Ela vai ter
um ataque de merda com essa pequena cena. Ela tem falado muito este ano
sobre seus projetos para Rob. Eu saberia. Eu tenho que sentar e ouvir. Todas
as malditas manhãs na sala de aula, ela reclama de mim sobre o Efeito Bio.
— Rob, — ela ri. — O que você está fazendo com Eva?
A maneira como ela diz meu nome faz minha pele arrepiar. Deus, ela é
uma vadia. Fiquei tão feliz quando Rob disse que ela não era a Garota dos So-
nhos.
Eu o sinto levantar a cabeça, mas seu queixo ainda repousa sobre o meu
antes que ele responda. — Fazendo minha garota se sentir melhor. Como vo-
cê está nesta bela manhã, Kerri?
Eu o belisco na lateral do corpo por causa dessa infração. Ele pula, rindo
acima de mim, mas não libera seu aperto ou interrompe suas ministrações.
— Sua garota? Oh, você quer dizer sua parceira de biologia. Uma pena
que você foi forçado a isso contra sua vontade. E então ter que dar aulas de
cálculo também? Você já está muito ocupado com futebol e tudo. Realmente
não é justo que você tenha que assumir mais do que pode suportar. E os ru-
mores sobre vocês dois são uma pena. Obviamente, não é verdade.
Quase quero ficar grudada nele só para irritá-la. Meu corpo inteiro coça
com o desejo de envolver meus braços em volta de sua cintura em vez de dei-
xá-los pendurados frouxamente ao meu lado, mas não me atrevo a fazer isso
parecer muito mútuo e aconchegante no caso de a Garota dos Sonhos estar
flutuando por perto.
Eu o sinto encolher os ombros. — Eu não me importo.
— Bem, o que há de errado com você esta manhã, Eva? — Abro a boca
para responder, mas ela fala imediatamente. — Você deveria estar tão perto
dela, Rob? Ela não estava aqui ontem. E se ela tiver uma doença contagiosa?
Não podemos permitir que você perca o jogo esta noite!
Estou surpresa que ela parou para respirar.
Ele ri, um som gutural profundo que envia reverberações através de
mim. — Tenho quase certeza de que não consigo pegar.
Por mais que eu odeie quebrar meu doce casulo, coloco minhas mãos em
seu peito e pressiono contra ele para que ele me solte.
— Ok, — eu suspiro. — Suficiente.
Ele me solta sem questionar.
Kerri está sobre ele mais rápido do que eu posso me afastar, passando o
dedo em seu peito. — Você é tão doce, sempre pensando nos outros. Nós
vamos jogar alguns jogos sênior na fogueira hoje. Quer ser minha dupla?
Ele encolhe os ombros e dá um passo para trás. — Veremos. Quem está
jogando?
— Eu acho que você vai ter que esperar e descobrir. — Ela pisca para
ele e volta para seu próprio armário.
Eu luto contra a vontade de vomitar.
Jess passa gemendo. Ela está na mesma situação que eu, embora talvez
não tão severamente. Já que costumávamos passar muito tempo juntas, Jess,
Alyssa e eu menstruamos ao mesmo tempo. Na verdade, funciona muito bem.
Nós nos lamentamos, e as pessoas sabem que não devem incomodar nenhu-
ma de nós coletivamente por cerca de uma semana. Rob dá um passo atrás de
mim para deixar Jess entrar em seu armário no qual ele estava encostado. Ela
lhe lançou um olhar confuso.
— Somos muito escravos, não somos, Falls? Fazendo a pobre garota
trabalhar matemática logo de manhã? Acredite em mim, esta não é a semana
para incomodá-la. — Ela se vira para girar sua combinação na fechadura, me
olhando de soslaio.
Eu finjo não notar e pego meus livros de cálculo, já que é a primeira aula
da manhã. Alegria.
— Estou bem ciente disso, Srta. O'Brien, mas sou tão bom em irritá-la
que não consigo resistir à tentação. É muito divertido. — Ele aperta meus
ombros e grita ao sair. — Aproveite o seu café com leite, Evie.
Não perco o olhar penetrante que Jess lança em meu caminho por causa
de suas escolhas de palavras, mas estou muito ocupada tentando descobrir o
enigma da cafeína.
Café com leite? Que café com leite? Meus olhos varrem a área e encon-
tram o contêiner ainda em cima do meu armário. Oh. Eu pensei que era dele.
Eu puxo para baixo e tomo um gole. Não, não dele. Esta é minha bebida fa-
vorita novamente. Ok, ele está perdoado pelo comentário sobre seios e bunda.
Toda aquela coisa de peito e bunda é geneticamente programada em caras, de
qualquer maneira. Ele provavelmente não queria ser ofensivo.
Enquanto eu engulo um gole saudável de líquido feliz, Jess me encara,
esperando por algo. — Sim?
Ela sempre ganha os olhares baixos. Eu não aguento.
— Sua vadia sortuda! — Ela grita e dá um tapa no meu braço, fazendo-
me quase derramar a bebida quente em cima de mim. Ela pega o recipiente de
mim, engolindo um grande gole. — Ele até trouxe o seu favorito!
Enquanto eu a vejo sugar meu café com leite, eu sou girada pelo braço
para enfrentar uma Kerri mais mal-intencionada. Seus olhos se estreitam peri-
gosamente para mim. — Que jogo você está jogando, vadia sortuda?
Jess se aproxima de nós. Já posso dizer que ela está planejando uma luta.
Afinal, é aquela época do mês.
— Eu não estou jogando nenhum jogo, Kerri. Acalme-se, porra.
— Sim, não é culpa dela que Rob não possa lutar contra o Bio Effect e
queira ser seu tutor em todas as coisas. — Jess balança as sobrancelhas para
mim. — Você está escondendo de mim, Evie? Os rumores são verdadeiros?
Vocês dois estão juntos?
Eu roubo meu crack líquido de sua bolsa gananciosa e bato meu armário
fechado.
— Não! — Eu grito, limpando o excesso de café com leite da minha bo-
ca com as costas da minha mão após minha defesa prodigiosa.
Kerri chega na minha cara, com as mãos nos quadris, me dando seu
olhar mais ameaçador. O que não é realmente tão ameaçador, porque tenho
certeza de que poderia levá-la. — Você está malditamente certa que você não
está. Por que Rob Falls se interessaria por alguém como você? Ele está fora
do seu alcance, Eva. Portanto, não se preocupe. Ele é meu.
— Na verdade... — eu levanto minhas sobrancelhas para ela sobre a
tampa do meu copo. — Ele não é.
Eu provavelmente não deveria compartilhar nenhuma informação sobre
a vida amorosa de Rob com ninguém, mas eu odeio Kerri tanto que simples-
mente não consigo evitar. Se ele ficar bravo comigo mais tarde, direi que meu
cérebro saiu correndo da vagina com todo o sangue. Isso deve ser cobertura
suficiente.
— Sim! — Jess coloca o braço em volta de mim, jogando sombra em
Kerri. — Eu sabia!
Eu olho para ela com uma carranca. — Ele também não é meu, Jess.
Eu encolho os ombros, tentando fingir que não é grande coisa. — Ele
está aparentemente de ponta-cabeça com a mesma garota desde o primeiro
ano. Ele está fazendo uma jogada por ela enquanto falamos. Rob é realmente
um pouco tímido quando se trata de garotas.
— E de onde você tirou essa informação, hein? — Kerri diz um pouco
docemente demais. Isso é muito mais assustador do que sua voz ameaçadora.
— Direto da boca do cavalo. — eu respondo calmamente, levantando
meu copo. Com sorte, isso será o suficiente para tirá-la do meu pé.
Jess me dá um tapa nas costas enquanto Kerri bufa por nós e entra na
sala de aula. — Sua idiota, é você!
Ela está maluca este mês, disso eu tenho certeza. — Não, não é. Nós
somos apenas amigos.
— Os amigos trazem café pela manhã e tocam em você com carinho? —
Ela procura em seu armário por seus livros.
— Sim. Isso não é nada que você e eu não faríamos uma pela outra.
— Uh-huh. — Ela revira os olhos para mim e fecha o armário. — Então
por que existem rumores de que vocês dois estão juntos?
— Por causa da biologia, duh. É sério. Ele está preso a essa outra garota
desde sempre, mas sempre foi muito tímido para fazer qualquer coisa. Ele e
eu estamos conversando há apenas algumas semanas. Não sou eu. Deixe isso
para lá.
— É totalmente você, Evie.
Eu suspiro e me encosto no meu armário, sabendo que ela não vai calar
a boca até que eu encontre alguma prova clara disso.
— Não sou eu, Jess. E quanto a isso, — gesticulo para mim mesma, —
faz você pensar que ele está atrás de mim desde o primeiro ano? Você pensou
que essa era a razão pela qual ele sempre me defendeu contra Eddie, lembra?
Se ele estivesse a fim de mim, ele já teria dito isso agora. Não é como se ele
não tivesse tido muitas oportunidades. Desde que nos juntamos, ele tem tra-
balhado muito duro para me convencer de que não está apenas tentando en-
trar em minhas calças porque acha que sou fácil. Ele é um cara legal, admito,
mas não demonstrou um pingo de interesse romântico. Ele deixou claro que
só quer ser amigo.
Tomo outro gole do meu café com leite. — Então, novamente, eu per-
gunto: de onde você tira essas coisas?
— Oh, eu não sei... com evidências? Como o fato de que Eddie apareceu
em uma de suas conferências atléticas idiotas no ano passado bem na época
em que vocês dois terminaram. Ele estava dizendo que você não era boa o
suficiente para satisfazê-lo. Rob deu uma gargalhada e disse algo como, “Eu
sei que você é um mentiroso, Hinton, porque transar com ela seria a melhor
coisa do mundo”.
— Você participou desta conferência atlética?
Acalmar minha náusea de volta é uma façanha monumental. Já ouvi essa
música e dança antes. Uma coisinha logo antes de Rob explodir em um bando
de punks tagarelas do segundo ano. É isso que eles estavam se referindo, e ele
estava tentando esconder de mim? Não tenho certeza se quero saber. Então,
novamente, pode ser apenas um boato. Assim como todas as outras notícias
que circulam por esta escola.
— Não, mas Ashton estava lá. — Ela sorri para mim, convencida de que
ganhou.
Eu rolo meus olhos em meu crânio dolorido e vou para a sala de aula.
Ashton é o namorado de Jess e teria dado a Jess um relato detalhado, é verda-
de. O fato de que ela não me contou sobre isso no ano passado, logo depois
que aconteceu, me dá uma pausa. Por que também não ouvi essa história de
mais ninguém por meio de boatos? Entre a náusea, as cólicas e a dor de cabe-
ça, empurro meus pensamentos confusos de lado. Eu tenho um teste de cál-
culo para resolver antes de poder pensar mais sobre isso.
Capítulo 23
Rob
Você me faz sorrir

Pego meus livros de biologia da AP, apenas meio que ouvindo Alex taga-
relar sobre algo ao meu lado. A maior parte do meu foco está centrada no me-
lhor par de seios que já vi saltando em minha direção. Evie geralmente não
anda com tanta força.
Será que ela está passando no meu armário para me agradecer pelo café?
Quero dizer, com certeza ela poderia ter dito algo a qualquer momento esta
manhã durante nossas aulas compartilhadas, ou ela poderia ter se sentado co-
migo no almoço. Nunca fomos à aula de biologia juntos antes. Mas ei, vou
atender.
Ela vem até mim até que esteja completamente no meu espaço pessoal.
Não que eu me importe, mas é diferente dela. Estou em alerta máximo.
— Que porra é essa, Superjock?
Eu olho ao meu redor rapidamente, já que seus gritos certamente atrai-
rão uma multidão. Talvez o novo boato seja que nós terminamos. Pena, já que
nunca estivemos realmente juntos.
A fúria rola de seu pequeno corpo em ondas. Isso faz com que sua se-
mana de TPM pareça uma brincadeira de criança.
— Ooh. Nervosinha hoje, minha garota. O que posso fazer para você?
Ela me cutuca com força no ombro com o dedo ossudo.
— Ai! — Eu grito como uma garotinha.
Eu rapidamente catalogo todas as coisas estúpidas que fiz desde que
acordei esta manhã. A única coisa gritante que estou pensando é o comentário
sobre as roupas dela mais cedo. Eu me sinto culpado mesmo ao notar mais
seu corpo quente. Mas não sou cego. Eu ainda vejo isso. E eu sei que Hinton
também.
— Eu sinto muito? — Eu vou em frente e faço o pedido de desculpas
geral, já que não tenho certeza do que estou me desculpando. Eu olho por
cima do ombro para Alex em busca de algum tipo de apoio moral, mas estou
claramente procurando no lugar errado. Ele está praticamente babando de
antecipação.
— Você disse que me foder seria a melhor coisa do mundo? — Ela
abaixa a voz para esta parte, mas seu rosto fica vermelho e seu corpo pequeno
treme.
Na verdade, estou com um pouco de medo dessa Evie. Alex ri pra ca-
ramba atrás de mim.
Meu cérebro trabalha furiosamente para descobrir do que ela está falan-
do. Tenho certeza de que proferi exatamente essas palavras no passado, mas
apenas para Alex ou Jeremy. Nenhum deles iria me dedurar para ela. E tenho
tentado ao máximo convencê-la de que não estou nisso apenas por causa do
sexo, então até mesmo mantive esses comentários para eles no mínimo ulti-
mamente.
Quando eu não respondo imediatamente, ela joga a mão no ar e gesticula
freneticamente. — Em alguma conferência atlética no ano passado? Na frente
de praticamente todos os caras da escola?
Eu não posso acreditar que demorou tanto para voltar para ela.
No ano passado, o departamento de esportes patrocinou um seminário
de conscientização sobre a cultura do estupro, obrigatório para estudantes
atletas do sexo masculino. Apesar de o treinador não ter lidado adequadamen-
te com o desastre de Neveah Winters, as coisas no departamento atlético de
Ironville chegaram a um ponto crítico. Com toda a atenção da mídia recente
em torno de casos de estupro e futebol, o administrador decidiu adotar uma
postura proativa para abordar o problema antes de acabarmos sendo a próxi-
ma escola no noticiário noturno. Eles só queriam expandir para todos os es-
portes. Achei uma boa ideia.
A temporada de esportes mudou. A conversa usual no vestiário perma-
neceu a mesma.
Estávamos sentados no auditório, agrupados por classe em vez de equi-
pe. Eddie chegou atrasado, exibindo um olho roxo fresco. Ele contou uma
história sobre um jogo que deu errado com seu irmão pouco antes de decidir
vir e nos agraciar com sua presença.
Em seguida, ele começou a falar sobre como tinha largado Evie depois
que ela implorou para tirar sua virgindade na noite anterior. Ele disse que de-
pois de alguns encontros com boquetes incríveis, sua boceta solta não foi uma
surpresa. Ele precisava de uma foda mais apertada, e ela era obviamente uma
vagabunda mentirosa, então ele teve que terminar com ela. Por alguns minu-
tos, toda a seção da classe júnior ficou em silêncio mortal. Ninguém sabia co-
mo responder. Na época, Evie era uma garota linda, respeitada e popular. A
maioria dos caras sentados ao meu redor havia procurado sua atenção. Ela
gentilmente rejeitou todos eles. Cada um desses caras provavelmente estava
chateado quando ela foi para Hinton. Ninguém mais do que eu.
Assim que o choque passou, algo em meu cérebro estalou. Eu comecei a
rir. Ruidosamente. Eu finalmente recuperei o fôlego e limpei as lágrimas do
meu rosto. Aproximei-me de Hinton, olhei-o diretamente nos olhos e falei
para que todos pudessem ouvir. Eu disse a ele que sabia que ele era um menti-
roso. Que de jeito nenhum ela era menos do que perfeita. Aquela porra de
Eva Papageorgiou seria nada menos que a noite mais incrível da minha vida.
Ele tentou falar como se eu não soubesse o que estava dizendo, mas o
estrago estava feito. Ele podia ver a suspeita nos rostos de todos os caras. Ele
me perguntou se eu estava com ciúmes. Ao que respondi “Você está absolu-
tamente certo, eu estou”. Ele pode ter rido na minha cara então. Mas ele não
fez isso. A raiva estava começando a se estabelecer no meu fim. O fato é que
eu tinha pelo menos 13 centímetros e cerca de 15 quilos a mais. Eu disse a ele
para se sentar, porra, e ele o fez. Ele não era estúpido o suficiente para se ar-
riscar a me fazer bater em sua bunda na frente de toda a nossa classe. Eu qua-
se fiz de qualquer maneira.
Duvido que qualquer um dos rumores que começaram sobre ela nas se-
manas seguintes veio de qualquer um desses caras, exceto Hinton. Todos es-
tavam pensando a mesma coisa que eu tive coragem de dizer em voz alta. Eles
o viram como o mentiroso que ele era. Depois disso, nenhum cara que estava
sentado naquela seção do auditório a convidou para sair novamente. Eu a ti-
nha marcado sem querer como meu território entre os atletas da nossa classe.
Em retrospecto, o cara que ela estava esperando devia estar sentado na-
quela seção. Ele também ouviu tudo. Eu me pergunto se a única coisa que o
está segurando agora é o que eu disse naquele dia. Isso é extremamente injusto
para a Evie.
— Bem. — Ela cospe. — Me responda!
Eu olho para trás para Alex novamente, mas isso só parece irritá-la mais.
Ele meio que tem aquele olhos de cervo funcionando, de qualquer maneira.
Ele não vai ser de muita ajuda.
— Não olhe para ele! Olhe para mim! E me diga a verdade! Você real-
mente disse isso?
Ela está fumegando.
Estou em pânico.
Não adianta negar. Havia muitas testemunhas naquele dia. — Umm...
sim?
Alex cochicha em meu ouvido. — Cara, você deveria mentir e dizer não!
Quando elas estão tão loucas, você sempre mente!
— Cale a boca, boca de foca! — Ela aponta para ele com o mesmo dedo
com que me cutucou.
Ele salta de volta para a segurança de seu próprio armário. Homem inte-
ligente.
Ela dá mais um passo à frente até que ela está pressionada contra mim.
Agora eu realmente não tenho ideia do que está acontecendo, mas sinos de
alerta estão definitivamente tocando na minha cabeça.
— Quem é ela?
— Espere o que? — Eu fico boquiaberto com ela.
— Quem é a Garota dos Sonhos? Diga-me agora mesmo.
— O que? — Eu repito para ela. Não tenho ideia do que está aconte-
cendo em sua cabeça hoje.
— ECA! — Ela me empurra com sua mão apertada. — Por que você
tem que ser um atleta tão burro?
— Por que, exatamente, você está brava aqui, Eva?
— Você nem entende, não é? — Ela se afasta de mim, ainda irritada
como o inferno.
Eu a vejo caminhar pelo corredor em direção à nossa aula de biologia.
De repente, gostaria de poder sentar em qualquer lugar, menos ao lado dela,
pelos próximos noventa minutos.
Alex e eu trocamos olhares perplexos.
— É essa época do mês? — Ele pergunta, fechando seu armário.
— Sim. — Sigo o caminho de destruição de Evie, na esperança de uma
palestra estúpida até sermos liberados para o ginásio. E nenhum parceiro de
trabalho.
***
As fogueiras costumavam ser a coisa mais chata do mundo. Até Evie se
tornar tambor principal de bateria. Agora que ela está na frente da banda para
reger, eles são muito mais interessantes. Pelo menos tenho algo decente em
que prestar atenção.
Ela praticamente me ignorou na aula e nos corredores. Ainda não tenho
ideia do que exatamente ela está chateada. Ou o que eu disse ano passado, ou
que não vou contar a ela quem é a Garota dos Sonhos. Não tenho certeza de
como essas coisas estão conectadas, exceto que ela pode achar que eu arruinei
suas chances com o cara dos sonhos.
Então aqui estou eu sentado com o resto do time de futebol, relaxado
em minha cadeira, meus braços cruzados sobre o peito e tentando descobrir
meu último obstáculo com ela. Pelo menos ser um veterano me coloca na
primeira fila para uma visão melhor.
Josh se inclina atrás de mim. — Sua garota tem uma bela bunda, Falls.
Parabéns por conseguir isso.
Ele me dá um tapa no ombro e se recosta na cadeira. Estou sem pala-
vras. Esse pode ser o primeiro tipo de coisa legal que ele já me disse. E é to-
talmente baseado em uma mentira. Eu realmente não estou me sentindo mui-
to animado agora.
— Sim, eu não gostaria de bater nessa bunda agora. — Alex estremece.
— Garotas são nojentas nesta época do mês.
— Não consigo mais curtir a vista, graças ao Hinton. — Eu resmungo.
E ao Cara dos Sonhos.
— Por que diabos não? Ainda é uma bunda ótima.
Dou a Alex meu melhor olhar mortal.
Ele apenas me encara sem expressão. — Ei, eu não disse que ia tocar,
mas não sou cego. Jesus, Rob, acalme-se.
— Você precisa esquecer. — Mike diz ao meu lado. — Eu disse a você
que nada aconteceu. Ela disse que nada aconteceu. E mesmo que Eddie a ti-
vesse estuprado, de que adianta ter uma namorada na qual você se sente cul-
pado demais para tocar? Se você não pode desfrutar do corpo da sua garota,
então você não tem nada a ver com ela. Não é justo com ela e não é justo com
você.
Alex se inclina para frente para espiar por mim, para Mike. — Então vo-
cê está dizendo que é errado se sentir atraído por uma mulher que foi abusada
sexualmente? Isso é meio foda, cara. É como dizer que o estupro roubou sua
sexualidade. Posso apreciar uma bela bunda sem ter que tocá-la. E eu com
certeza sei como fazer respeitosamente uma mulher saber que eu gosto do que
vejo.
— Eu nunca disse isso. — Mike dispara de volta. — Só estou dizendo
que se você não consegue apreciar a bunda da sua garota, isso vai fazer ela se
sentir pior consigo mesma. Se um cara se sente muito culpado para tocar sua
garota, então ele precisa deixá-la ficar com alguém que vai tratar a bunda dela
do jeito que ela quiser.
— Podemos parar de conversar sobre a bunda de Evie? — Eu reclamo.
Bem, ótimo. Agora não consigo parar de olhar para ela. Mas não vou imaginar
acariciando, agarrando ou batendo em qualquer cenário. Não.
Terminada a outra ovação, Rachel se dirige ao microfone para anunciar o
jogo sênior de hoje. Os jogos dos seniores são uma tradição em todas as nos-
sas reuniões de incentivo desde que sou estudante aqui. Cada noite da fogueira
tem um jogo diferente, e apenas os seniores são chamados a participar. Às
vezes, são os capitães de cada uma das equipes de queda. Outras vezes, senio-
res aleatórios, cujos nomes são tirados de um chapéu, escolhem alunos do úl-
timo ano para ajudar. Às vezes, fazemos dupla com professores. É sempre
algo que faz os participantes parecerem idiotas e é uma risada divertida para a
multidão. O baile é o grande jogo do casal. Esses são sempre vistos como uma
competição séria. Se você não pode trapacear no jogo do baile de boas-vindas,
as apostas são agrupadas entre o corpo estudantil sobre quanto tempo até a
separação diminuir. Se vocês são um casal por causa do Bio Effect,
— Hoje, nossos jogadores de futebol seniores vão tentar suas mãos em
um esporte diferente: basquete.
— Ei! - Alex grita ao meu lado. — Eu já jogo basquete!
Muitos de nós mudamos para o basquete após a temporada de futebol.
Os alunos riem junto com Alex, sabendo muito bem desse fato.
Rachel aponta para ele. — Mas você não joga assim!
Ela gesticula para que nos levantemos. Não estou com disposição, mas
como capitão da equipe, tenho que dar o exemplo. Eu coloco meu melhor
sorriso falso e jogo junto.
— Tudo bem, rapazes, agora escolham qualquer adorável dama que você
gostaria e, em seguida, alinhem-se em fila único!
A conversa na multidão aumenta à medida que todas as garotas na aca-
demia especulam se sua paixão a escolherá como parceira. Para caras como
Mike, a escolha é clara. Ele vai direto para a banda e puxa Chelsie pela mão,
indo para a fila com relativamente pouco escândalo ou empolgação. A maioria
dos outros jogadores circula pelo ginásio, sem pressa. Eles já sabem quem vão
escolher, mas tentam tirar o momento e a emoção... e a atenção. Alex faz o
melhor show de todos, apontando e balançando a cabeça. Ele se move para o
próximo alvo, deixando um rastro de decepção em seu rastro.
Eu sei que não estou na mesma posição que Mike, mas meus pés me le-
vam a ficar na frente da banda, de qualquer maneira. Bem para onde Evie está
sentada na frente e ao lado. Eu gesticulo para ela com meu dedo para se juntar
a mim. Seus olhos se arregalam e ela sutilmente balança a cabeça, o pânico
evidente em seu rosto. Eu não tinha pensado nisso tudo. Ela já está chateada
comigo... por alguma coisa. Talvez eu ainda esteja desperdiçando suas chan-
ces. A ideia de escolher outra pessoa que não ela é absolutamente estranha
para mim. Outro parceiro não é uma opção. Então eu gesticulo para ela no-
vamente, resultando em um aceno de cabeça mais firme. Sorrindo para ela,
vou direto até sua cadeira e a puxo enquanto ela tenta resistir.
— Rob! Não! — Ela sibila suavemente. — O que você está fazendo? Vá
escolher a Garota dos Sonhos, seu idiota!
Eu estou escolhendo, ela simplesmente não sabe disso. E não vou admi-
tir para ela até descobrir qual é o melhor caminho para correr. A única coisa
que sei com certeza é que fingir que estou implementando meu programa com
outra garota não é uma opção.
Eu a arrasto para alinhar com todos os outros enquanto os outros joga-
dores terminam de escolher seus parceiros.
— É como se você estivesse propositalmente tentando se sabotar ou al-
go assim! Eu não quero ficar aqui!
Eu sorrio para o rosto mais lindo que já vi. — Eu quero você aqui comi-
go.
Nossa pequena discussão é interrompida quando Rachel começa sua ex-
plicação do jogo no microfone enquanto os últimos casais se alinham quando
instruídos. — Todos nós amamos o jogo de basquete burro que é organizado
pelo nosso próprio governo estudantil no inverno, certo?
A multidão aplaude e assobia como pretendido, então ela faz uma pausa
antes de estourar em um largo sorriso. — Hoje nossos meninos vão ser os
burros, e nossas meninas vão selar e atirar em alguns aros!
Evie aperta minha mão com força e sussurra veementemente ao meu la-
do, tentando não chamar muita atenção para nós. — Não! Não, eu não estou
fazendo isso!
Rachel continua, alheia a qualquer coisa, exceto o humor da multidão. —
Já que ninguém vai fazer uma cesta com os caras de quatro, as meninas vão
subir nas costas! Senhores, alinhem-se com suas damas e quem fizer uma cesta
vence! Se ninguém fizer uma cesta na primeira rodada, você pode ser mais
criativo com sua abordagem! Vamos começar!
A multidão cai na gargalhada enquanto as meninas sobem nas costas dos
meus companheiros de equipe. Alguns deles têm dificuldade em se posicionar
devido às diferenças de altura. Eu acho que os caras presumem que essas ga-
rotinhas têm um salto vertical incrível e deveriam ser capazes de pular sobre
elas.
— Rob, eu não vou subir nas suas costas! Você... sentirá... certas coisas.
— Há puro desgosto em sua voz, mas seu raciocínio só me faz rir. Contanto
que ela não esteja dizendo que não quer estar aqui por causa de sua paixão,
nada pode me incomodar.
— Sou um menino crescido, Evie. Eu sei o que acontece. Já sei que você
está em apuros, então não é como se fosse uma surpresa. — Agachando-me
para facilitar a subida, ofereço minha mão para ela. — Suba, minha garota.
Talvez se ela realmente estiver tentando esquecê-lo, eu possa fazê-la per-
ceber que ainda estou aqui.
Sabendo que ela não pode sair disso agora sem criar uma cena, ela ape-
nas agarra minha mão e sobe nas minhas costas, gemendo. — Deus, isso é tão
embaraçoso. Por que você me escolheu, seu idiota?
Eu simplesmente coloco meus braços sob seus joelhos, levantando-me
enquanto ela envolve seus braços com segurança em volta dos meus ombros.
Seguimos em frente na fila enquanto cada casal se reveza na tentativa de fazer
uma cesta. Não consigo tirar o sorriso do meu rosto enquanto ela continua a
divagar.
Evie Papageorgiou está enrolada em mim. Na frente de todos.
— Eu pediria desculpas, mas você honestamente provocou isso. Eu não
posso acreditar que você me escolheu. O que há de errado com você? A Ga-
rota dos Sonhos nunca vai saber que você está interessado se continuar fazen-
do essa merda. Todo mundo já pensa que estamos juntos e você não está
dando a eles nenhum motivo para estarem errados. E este é o pior momento
possível para eu estar com você assim. Tente não vomitar no ginásio. Deus,
você deve estar tão enojado agora. Eu não posso acreditar que você fez isso
comigo.
Ela está realmente ficando nervosa. Eu a sacudo um pouco, fingindo
ajustar seu peso nas minhas costas.
— Ei, — eu digo bruscamente, tentando chamar sua atenção e virando
minha cabeça para que ela possa me ouvir melhor sobre o barulho da reunião.
Implacável, ela continua, sem se preocupar em respirar entre as sílabas.
— Você ao menos entende que está estragando todo o plano? Ela vai pensar
que você me quer, Superjock. O que você estava pensando? Se você quiser
praticar ser absolutamente charmoso e adorável comigo quando estivermos
sozinhos, tudo bem. Mas isso é na frente de toda a escola! Isso é uma loucura!
Então... ela está ligada a outro cara, mas me acha absolutamente charmo-
so e adorável? OK. Eu devo estar fazendo algo certo.
O desejo de simplesmente dizer a ela que a quero, de apenas admitir des-
caradamente que tenho certeza de que já passei do estágio de luxúria com ela
quase escapa dos meus lábios. Eu engulo, sabendo que minha admissão só vai
afastá-la. Em vez disso, quando Kerri entrega a ela a bola de basquete enquan-
to avançamos para a linha de falta, viro minha cabeça e digo baixinho. —
Deixe-me orgulhoso, minha menina.
Ninguém fez uma cesta ainda. Evie solta meus ombros para pegar a bola
de basquete. Ela se inclina para frente, descansando seu peito contra minhas
costas e tentando se equilibrar sem se segurar em mim. Respirar fundo é a
única coisa que me mantém são com seus seios pressionados contra mim com
tanta força que posso praticamente sentir seu sutiã de renda através de nossas
camisas. Ela bate suavemente na minha cabeça com a bola de basquete. De-
moro alguns segundos a mais do que deveria para perceber que ela não quer
me bater, então coloco meu queixo no meu peito. Seus músculos flexionam
enquanto ela usa toda a força da parte superior de seu corpo para lançar a bola
em direção à cesta. A próxima coisa que sei é que ela está escorregando. Um
braço deixa automaticamente seu joelho para envolver sua cintura e segurá-la
contra mim. Suas coxas apertam em volta do meu torso e ela joga os braços
com força em volta do meu pescoço para recuperar o equilíbrio. Eu não tinha
percebido se alguma das outras garotas tinha caído completamente, mas pare-
ce plausível. A bola quica para fora da borda e a multidão vai à loucura. Nin-
guém mais chegou perto da cesta.
Nós nos movemos para o final da fila. Eu deslizo meu braço de volta
sob seu joelho enquanto ela continua a espremer a vida fora de mim com seu
aperto mortal em volta do meu pescoço, sua cabeça pressionada contra a mi-
nha.
— Puta merda! Quase caí! — Ela chia.
— Evie, — eu sufoco. — Ar.
Ela engasga e se solta, movendo os braços de volta para meus ombros e
se afastando para uma distância mais respeitável. Um arrepio percorre meu
corpo quando todo o seu corpo pressionado contra o meu é substituído por
ar. Eu ficaria completamente bem em morrer dessa maneira.
O último casal dá vez e erra.
Rachel fala no microfone. — Ok, ninguém fez uma cesta, mas Rob e
Eva foram os mais próximos! Segunda rodada: você ainda tem que montar os
caras no estilo carona, mas pode variar de qualquer maneira para ficar mais
fácil. Contanto que você não esteja em seus ombros. Vai!
Evie está abençoadamente silenciosa atrás de mim. Nós dois observamos
enquanto todos parecem ter a ideia de virar as meninas sobre seus quadris.
Isso não faz sentido porque as meninas não estão subindo mais e terão que
atirar de lado. Christian realmente vira sua namorada, Dara, para a sua frente.
O Sr. Smith rapidamente acaba com isso enquanto os alunos assobiam lasci-
vamente.
— Aqui está o plano. — Eu viro minha cabeça para ela. — Nenhuma
dessas variações vai funcionar. Precisamos combinar nossos centros de gravi-
dade mais altos e dar a você mais vantagem para atirar. Então, quando che-
garmos mais perto, quero que você suba mais nas minhas costas até que suas
pernas estejam bem abaixo dos meus ombros, e envolva suas pernas em volta
de mim. Cruze os tornozelos na frente para não cair para trás. Vou deslizar
meus braços sob sua bunda, então vai ser como se você estivesse sentado em
meus braços. Isso lhe dará mais capacidade de se inclinar para trás e realmente
lançar a bola.
— Superjock, você realmente quer que a Garota dos Sonhos veja você
agarrando minha bunda? Por que você iria querer fazer isso agora?
Eu rolo meus olhos com sua resposta previsível. — Eu não vou agarrar
sua bunda. Vou segurar você com meus braços desse jeito, como uma cadeira.
Já percebi que você está menstruada, então pare de enlouquecer com isso. Eu
não estou.
Ela estremece atrás de mim. Meu rosto fica quente com o pensamento
de que ela não quer que eu a toque assim depois do que aconteceu com Eddie.
Mesmo que seja totalmente não sexual. Ou que ela não quer que o Cara dos
Sonhos veja isso.
— Eu sinto muito. Não sei o que estava pensando. Não temos que fazer
isso. Eu nunca quero deixar você desconfortável comigo. Vou apenas manter
meus braços onde estão. Se você cruzar as pernas na minha frente, isso deve
ser bom o suficiente.
Ela suspira pesadamente. Sua expiração roça como uma pena na minha
nuca, criando arrepios instantâneos. — Eu só estou tentando não te enojar e
arruinar suas chances com a Garota dos Sonhos. Podemos fazer do seu jeito.
— Evie, se a Garota dos Sonhos não existisse, você gostaria de estar aqui
comigo? — Eu nem sei de onde vem a pergunta. Sai da minha boca. Eu es-
tremeço, esperando ela rir e me dizer não. Ela ainda está esperando por outra
pessoa.
— Eu realmente não gosto mais de estar na frente de todos, Rob. Eu
sinto que eles estão sempre me julgando e tirando sarro de mim.
Eu franzo minha sobrancelha com sua resposta inesperada. — Mas,
Evie... você é mestre de bateria este ano. Você fica na frente de todos o tempo
todo.
— Isso é diferente. — Ela gesticula com a mão. — Estou no meu ele-
mento lá em cima. É como minha armadura.
— Eu serei sua armadura em qualquer outro lugar, então.
Ela aperta meus ombros. — Sabe, acho que estou começando a entender
por que você continua se sabotando com a Garota dos Sonhos. Se você real-
mente fez tudo o que diz que fez, e ela ainda não o quer, então ela está malu-
ca. E definitivamente não é boa o suficiente para você. Sem ofensa.
Sem ofensa tomada. Minha boca se espalha em um sorriso largo. Ela é
definitivamente boa o suficiente. E talvez não tão obcecada por aquele cara
misterioso como eu pensava.
O casal à nossa frente atira e erra. Evie se posiciona enquanto eu deslizo
meus braços sob sua bunda, minhas mãos segurando os pulsos opostos com
segurança. A ironia de que passei a primeira metade da reunião de vitalidade
olhando para a bunda dela não passou despercebida. Eu me pergunto se Mike
e Alex podem ver onde minhas mãos estão de suas posições atrás de mim na
fila. Alex provavelmente está vomitando na boca. Quando ela envolve as per-
nas em volta do meu torso, gritos e assobios emanam das arquibancadas. Evie
atira e marca. O ginásio explode. Eu inclino minha cabeça para vê-la jogar os
braços no ar em triunfo. Um largo sorriso se espalha em seus lábios perfeitos
para combinar com o meu próprio rosto. Nós corremos uma volta da vitória
ao redor da linha, e ela enfia os dedos no meu cabelo para se segurar. Querido
Deus, ter meu cabelo puxado nunca foi tão bom. Minha excitação é apagada
por uma boa medida de culpa assim que o pensamento entra em meu cérebro.
Esperamos de lado para ver se os últimos três casais acertam sua chance, rin-
do juntos enquanto lutam para imitar nossa posição. No final do jogo princi-
pal de hoje, fomos declarados vencedores para aplausos da multidão.
Passo número sete reescrito: provar a ela que temos as qualidades de um
casal poderoso. Equipe Evie e Rob.
Capítulo 24
Eva
Ao vivo e a Cores

Eu examinei as arquibancadas novamente olhando para todas as instru-


mentistas na minha frente. Demoro mais do que deveria, pois estamos senta-
dos do lado oposto do campo e as pessoas não estão em suas posições habitu-
ais. As garotas que eu acho que são as candidatas mais prováveis para o papo
furado de Rob, aparentemente desinteressadas no jogo. Talvez ela não seja
uma fã obstinada de futebol? É por isso que ela não está respondendo aos
avanços dele? O mais provável é que, depois de sua pequena manobra na reu-
nião, a Garota dos Sonhos acha que Rob mudou para um alvo mais fácil. Se
eu não for ao restaurante depois do jogo, isso pode convencê-la de que não há
nada acontecendo entre nós. Mesmo que ele me tenha feito prometer encon-
trá-lo lá em troca de alguns momentos felizes de seu tipo especial de alívio da
cãibra depois da escola, odeio ser a razão pela qual ele não está conseguindo o
que realmente quer.
— Não sei, Evie. Depois dessa apresentação, aposto em vocês dois no
Jogo do Baile dos Seniores. E isso é algo para que Ashton e eu estamos total-
mente preparados.
Reviro os olhos, mas não digo nada, me virando e vasculhando as arqui-
bancadas acima de mim em busca de qualquer garota que pareça estar pres-
tando mais atenção quando o ataque entra em campo. Não importa se ela não
gosta de futebol, Rob é um deus total, superando a metade dos outros jogado-
res. Ela acabará se entregando ao babar. Quer dizer, quem pode resistir a ele?
— Por favor, Jeremy e eu temos isso na bolsa. — Alyssa pisca para o
namorado.
Depois de voltar da minha milésima varredura da noite, encontro Jeremy
me estudando com um sorriso torto no rosto. — O que você está procuran-
do, Evie? Ou devo dizer, quem?
— Uh, ninguém. Nada. — Minhas bochechas em chamas, eu viro meu
olhar de volta para o campo enquanto Rob joga para outro primeiro para bai-
xo. Ele realmente é um zagueiro incrível.
— Uh huh, — ele responde. — Ainda está tentando descobrir quem é a
garota de Rob, não é?
Eu gesticulo para que ele faça a bateria já para a primeira descida. Eu sei
que ele sabe quem ela é. Ele está me irritando com insultos desde aquele dia
na lanchonete. Eu o culpo por minha neurose.
Jess finalmente não consegue mais conter a curiosidade. — Espere. Isso
tem alguma coisa a ver com o que você me disse esta manhã? Sobre a garota
por quem ele tem uma queda desde o primeiro ano?
Um suspiro escapa dos meus lábios porque, mais uma vez, eu sei que ela
vai roer isso até que eu diga a ela. — Sim. Jeremy é realmente quem me con-
tou sobre ela.
— Então realmente não é você? Tem outra garota? — Jess parece con-
fusa entre Jeremy e eu, como se ele fosse lhe dar a resposta de costas para ela
enquanto ele está batendo em seu quadril.
— Eu disse que não era eu.
— Bem, ela está na banda? É por isso que você fica olhando para trás?
Por que Rob simplesmente não diz quem ela é? É por isso que ele sai tanto
com você? Porque ele quer sua ajuda?
Eu me inclino para que apenas Alyssa e Jess possam me ouvir. — Rob
não quer que eu saiba quem ela é por algum motivo. E eu disse que o ajudaria,
mas ele também não parece querer que eu faça isso. Eu continuo tentando
porque acho que devo a ele por salvar totalmente minha bunda com calculo.
E ele é honestamente um cara muito doce. Vocês têm que parar de me impor-
tunar sobre ele ser meu namorado e toda essa merda. Ele está tentando ao
máximo conquistá-la e já está trabalhando contra o Bio Effect. Acho que seus
nervos acabaram de levar a melhor sobre ele hoje na manifestação, mas todos
esses rumores sobre ele e eu estarmos juntos vão estragar tudo para ele. Aqui
estão as pistas que Jeremy me deu: ela está na banda conosco, mas não é guar-
da; ela está na Sociedade de Honra; e ela é uma veterana.
— É isso? — Jess choraminga. — Ele não deu nenhuma pista sobre
como ela se parece?
— Só que ela é bonita.
Uma ideia brilhantemente tortuosa entra em minha mente. — Alyssa, Je-
remy talvez tenha lhe contado quem ela é?
Ela pensa sobre isso por um minuto. — Não. Ele nunca mencionou isso,
mas, novamente, nós realmente não falamos sobre Rob quando estamos jun-
tos.
Ela me dá uma piscadela maliciosa. Bruto. Informação demais.
— Bem, talvez você pudesse usar o mesmo conjunto de habilidades para
fazê-lo falar? — Meu sorriso esconde meu nervosismo.
Eu quero saber quem ela é, mas ao mesmo tempo... eu não sei. Eu sei,
sem dúvida, que quando ele ficar com a Garota dos Sonhos, nossa amizade
terá acabado. Nossa história terminou. Estou dividida entre querer ajudá-lo e
não querer deixá-lo ir. Rob agora sabe mais sobre minha vida do que as duas
garotas sentadas ao meu lado. Ele honestamente se tornou um dos meus me-
lhores amigos em apenas quatro semanas. Há algo que sempre me atraiu para
ele, mas se tornou muito mais. Talvez o Bio Effect esteja trabalhando em
mim, afinal.
Eu me endireito na cadeira no momento em que Jeremy se vira para vol-
tar à conversa. — Então você ainda não descobriu, hein? Eu diria que estou
surpreso, mas, novamente, Rob é um covarde total. Estou meio desapontado
com você, porém, Papageorgiou. Eu realmente pensei que tinha lhe dado pis-
tas suficientes.
Marcamos outro touchdown, então eu chego ao meu lugar e rego nossa
música de luta. Faço uma pausa na música para esperar o chute, retomando
depois que ele navega entre as traves. Como ela já está acordada, Alyssa vai até
Jeremy. Eles conduzem sua pequena conferência enquanto Jess e eu assisti-
mos em antecipação.
— Aposto um novo par de sapatos que é você, — sussurra Jess, sem ti-
rar os olhos da conversa que se desenrola na nossa frente.
— Apostado. Você sabe meu tamanho. — Não acredito que ela apostou
em mim. Já sei a verdade, como já disse a ela várias vezes. Quase me sinto
culpada por aceitar isso. Embora não me sinta culpada o suficiente para per-
der em um novo par de sapatos.
A cabeça de Alyssa de repente se inclina para trás em choque, seus olhos
arregalados. Jeremy dá a ela um sorriso malicioso. Meu estômago afunda, en-
tão se contorce em nós. Ela o derrubou. E agora meu objetivo está à vista.
Nós interceptamos a bola. Minhas esperanças de Alyssa encerrar sua
conversa com seu namorado e derramar seu feijão para mim são colocadas em
pausa enquanto eu me levanto para reger novamente. Nosso diretor faz um
gesto para que eu fique. Presumo que vamos chutar do meio do campo por-
que já estamos em boa posição. Mas quando me viro para esperar a jogada,
vejo que o treinador decidiu correr e tentar mais um touchdown.
Chelsie exibe um pequeno sorriso enquanto se inclina para frente em seu
assento. Eu brevemente me pergunto se Mike disse a ela quem é a Garota dos
Sonhos, já que ele e Rob são tão próximos. Seu sorriso fica maior enquanto
ela se concentra no ataque, já que as jogadas são o lugar onde seu namorado
começa a brilhar. Eu olho de volta para o campo esperando que Rob entregue
a bola para Mike. Em vez disso, ele encontra uma rota livre, segura-a e decola.
Excitação e orgulho se espalharam em minhas veias até que eu estivesse uma
bagunça tremendo, prendendo a respiração até o inevitável aterrissamento.
Rob está a centímetros do gol quando a defesa adversária finalmente o
alcança. Gritos de alegria irrompem da multidão porque obviamente vamos
marcar na segunda descida. Rob não pula imediatamente quando o cara sai de
cima dele como costuma fazer depois de um tackle. Ele não está deitado de
costas e não está se contorcendo de dor, mas algo definitivamente não está
certo.
Minhas mãos cobrem minha boca enquanto espero. Alex já está ao lado
de Rob. Quando ele tem que ajudá-lo a se levantar, as lágrimas ardem em
meus olhos.
O que há de errado? O que há de errado?
Então Trevor está do outro lado, e Rob manca de volta para a lateral,
sem pisar no chão. Oh Deus não. Com as mãos ainda sobre a boca, verifico as
arquibancadas para ver se algum recrutador está aqui esta noite, mesmo sendo
um jogo fora de casa. Eles são sempre fáceis de detectar. Ele jogou um ótimo
jogo, e essa jogada não foi exceção, mas um relatório de lesão pode não pare-
cer tão bom em seu arquivo e, ai meu Deus, é apenas o segundo jogo da tem-
porada. E se ele não puder jogar o resto da temporada?
Talvez não seja nada. Talvez eu esteja exagerando. Quando eu olho de
volta para o campo, Rob já está no banco, os treinadores debruçados sobre
ele. O treinador envia nosso backup. Rob não vai voltar tão cedo.
Eu examino os rostos das garotas que eu acho que podem parecer tão
chateadas, se não mais, do que eu sinto. Nenhum delas se sobressai. Aquela
vadia estúpida nem se importa se ele está machucado? Mesmo que ela esteja
jogando duro para fazer ele lutar para a conseguir, certamente depois de tudo
o que ele fez por ela, ela deveria se preocupar com ele sendo ferido. Ela real-
mente não o merece. Meus olhos se voltam para o campo, mas não estou mais
prestando atenção no jogo.
A mãe de Rob foi até a cerca atrás da equipe e ele se virou para se comu-
nicar com ela. Não consigo entender o que ele está dizendo. Ela está de costas
para mim, então não posso avaliar sua reação. Eu fico aqui, silenciosamente
esperando por algo, qualquer coisa, com meus dedos pressionados com força
contra meus lábios. Tenho certeza de que é a única coisa que segura as lágri-
mas que ameaçam cair.
Período estúpido. Eu nunca quase chorei por causa de uma pequena le-
são em um jogador antes.
Nós finalmente marcamos o touchdown, e eu tiro meu olhar de Rob pa-
ra fazer meu trabalho. Assim que eu paro, estou de volta na minha cadeira e
olhando para o banco. Rob rapidamente se vira e faz um gesto de "se acal-
mar" com a mão. Ele murmura, "Estou bem" antes de se virar para assistir os
últimos dois minutos do jogo.
Eu limpo uma lágrima perdida da minha bochecha com as costas da mi-
nha mão, sabendo que ele está falando com a Garota dos Sonhos em algum
lugar acima de mim. A meretriz desgraçada nem mesmo reagiu ao fato dele ser
ferido, mas ele ainda está tentando tranquilizá-la. Quando finalmente consigo
me recompor, há três pares de olhos fixos em mim.
— O que? — Eu lati. Eu realmente só quero estar na minha cama agora
com os cobertores sobre a minha cabeça.
Alyssa me cutuca com o ombro.
— Você quer saber quem ela é? — Ela sussurra quando Jeremy se vira
para tocar uma cadência curta.
— Você sabe o que? Não.
Jess se inclina para olhar para mim com uma expressão chocada. — O
que? Por que não?
— Porque nenhuma garota lá em cima parecia muito fora de forma
quando ele saiu mancando do campo. Se você me disser quem ela é, vou chu-
tar a bunda dela assim que deixarmos o estádio.
***
Eu caio na minha cama por volta da meia-noite, exausta, com cãibras e
nauseada. Todo mundo provavelmente está no restaurante agora, fazendo ba-
rulho e se divertindo, mas eu simplesmente não conseguia reunir energia para
suportar mais provocações da Garota dos Sonhos.
Minhas pálpebras estão começando a ficar pesadas quando meu telefone
ilumina a sala escura. O som de uma nova mensagem de texto me assusta.
Gemendo, eu rolo e puxo os cobertores sobre minha cabeça. Se meus amigos
vão começar a me assediar por causa dessa merda, mesmo quando eu não es-
tiver por perto, vou quebrar alguma coisa. Provavelmente meu telefone.
Um segundo texto soa. Eu rolo para pegar o telefone da minha mesa de
cabeceira com a intenção de desligá-lo, para que eu possa dormir um pouco.
Em vez de mais porcaria dos meus algozes, as mensagens são de Rob.

Superjock: Não tenho certeza do que fiz para deixá-la tão brava es-
ta noite, mas sinto muito.
Acho que foi bom eu não poder ir ao restaurante afinal.
Superjock: Ainda estou esperando no pronto-socorro o Dr. ler o
raio-x.
Eu não queria desistir de você.

Eu rosno para mim mesma, sozinha no meu quarto no escuro. Eu o ig-


norei pelo resto do jogo e depois do jogo por causa da frustração. Por que ele
tem a capacidade incrível de me fazer sentir como uma idiota egoísta? Ele de-
veria estar grato por eu estar deixando-o para cortejar sua paixão com doces
gestos do campo.

Eva: Não estou com raiva de você. Não fui jantar.


Em casa, na cama. Não me sinto bem.
Eva: Peça desculpas à Garota dos Sonhos.
Tenho certeza que ela estava esperando por você lá.
Eva: Foi adorável a maneira como você a deixou saber que estava
bem.
Eu suspiro e tento conter o soluço crescente que está crescendo a cada
momento junto com a minha culpa. Talvez a Garota dos Sonhos estivesse
chateada por ele ter se machucado esta noite. Talvez ela apenas seja melhor
em esconder suas emoções do que eu finjo ser. Talvez ele saiba disso. Talvez
seja por isso que ele ainda a estava tranquilizando, embora eu nunca tenha
notado sua reação. E talvez, apenas talvez, se ele tivesse estado no restaurante
esta noite e eu não, ela teria prestado mais atenção nele depois de seu ferimen-
to. E eles ficariam juntos sem mim no caminho.

Superjock: Espero que você se sinta melhor amanhã. Trabalhan-


do?
Eva: Sim.
Superjock: Posso passar por aí?
Eva: Não.
Superjock: O que eu fiz?
Eva: Nada.
Superjock: Por que você está tão brava comigo?
Eva: Não estou.
Superjock: Vou irritá-la amanhã.
Eva: Estou desligando.
Superjock: Não, não está.
Eva: Vou trabalhar se você levar a Garota dos Sonhos
para que eu possa conhecê-la.
Superjock: Que tal eu levar chocolate para você?
Eva: Você me irrita pra caralho.
Superjock: ;)
Eva: Espero que você receba boas notícias no raio-x.
Superjock: Eu também. Dói como uma cadela.
Eva: Adormecendo. Desculpe. Boa noite Rob.
Boa sorte.
Espero um pouco, mas nenhum texto novo chega. Isso é bom. Ainda
sinto que preciso de um bom choro para tirar as coisas do meu sistema. Mas
agora, só preciso dormir. Quando chego à minha mesa de cabeceira para colo-
car o telefone no gancho, ele apita novamente.

Superjock: Bons sonhos, minha garota. Fique bem.


XO

Ele é um idiota. Bocejando, coloco o telefone na mesa de cabeceira e ro-


lo, tentando ficar confortável com minhas entranhas tentando me separar. Eu
finalmente me acomodo de estômago, mas, o pequeno alívio que esta posição
fornece empalidece em comparação com as mãos mágicas de Rob. Esse é o
último pensamento que passa pela minha mente enquanto caio no sono.
Capítulo 25
Eva
Bom o suficiente

O inferno que é minha barriga finalmente me puxa de um dos melhores


sonhos que tive em quase um ano. Calafrios tomam conta de mim enquanto
tento evitar uma nova onda de náusea. Pego meu telefone para ver se Rob me
mandou uma mensagem com alguma notícia sobre sua lesão. Não. Ou isso
significa que ele está bem, ou ele estava ocupado mandando mensagens de
texto para a Garota dos Sonhos pelo resto da noite. Eu rolo para fora da cama
depois de uma intensa rodada de autodepreciação, culpa e negação. Apenas
outro dia.
Eu me movo em um ritmo de lesma enquanto me preparo para o traba-
lho. A vontade de estar acordada simplesmente não é forte o suficiente hoje.
Graças a Deus não vou trabalhar até o fechamento desta noite. Quando fi-
nalmente entrei na cozinha para pegar um café, Tini estava esperando para
pular sobre mim. Eu posso sentir isso. Seus olhos azuis me seguem enquanto
eu me movo. Ela observa em silêncio enquanto eu despejo a quantidade usual
de creme com sabor na minha caneca de viagem. Ela é tão ruim quanto Jess.
— Então? — Ela questiona.
Eu me viro para encará-la, encostada no balcão e sugando minha droga
preferida. — Então o que?
— Quão ruim está?
— Quão ruim está o quê?
Papou levanta a cabeça do jornal que está lendo na mesa e revira os
olhos. — Ela quer saber se o seu quarterback estelar vai poder jogar pelo resto
da temporada.
Eu engasgo com meu café. — Meu quarterback estelar?
Christina me dá um sorriso malicioso e astuto. — Oh, por favor. Está
circulando por toda a escola. Eu disse que ele queria você.
— Isso é apenas um boato por causa da biologia. Agora somos amigos,
sim, mas isso é tudo. E eu não tenho ideia do quão gravemente ele está ferido.
— Você estava no jogo ontem à noite, não estava? — YiaYia pula de seu
lugar ao lado de Papou.
— Sim…
Mamãe salva minha bunda da inquisição quando ela entra na cozinha. —
Como está Rob?
Ou não. — Como eu vou saber?
— Não arranca minha cabeça, — ela repreende. — Era só uma pergun-
ta. Achei que você pudesse saber, já que estava lá, só isso.
— Achei que você soubesse, já que ele é seu namorado. — Tini me lança
um olhar que sugere que ela sabe mais sobre isso do que simples rumores so-
bre a escola. Terei que investigar mais tarde. Se ela estiver realmente em casa
no sábado à noite como eu. O mais provável é que tenha de esperar até ama-
nhã à noite.
Eu rolo meus olhos para uma boa medida. — Vocês são todos loucos.
— Você admitiu que são amigos agora. — Tini retruca.
Com que rapidez posso sair dessa e fugir para a segurança do meu carro?
— Sim, e daí?
Mamãe me olha com um olhar avaliador. — Você não mencionou nada
sobre isso para mim.
— Sinto muito, — eu digo sarcasticamente. — Mamãe, Rob e eu somos
amigos agora. Melhor?
Ela bufa. — Então por que existem rumores na escola de que vocês dois
são mais do que amigos?
Eu encolho os ombros, sem saber por que ela não entenderia a maneira
como as coisas acontecem na escola. — Porque somos parceiros da biologia.
E provavelmente pelo mesmo motivo que havia rumores circulando sobre ele
antes mesmo de as aulas começarem este ano.
— Oh, porque outras garotas têm ciúmes de você? — Mamãe sorri.
Droga, estou sendo rotulada a cada passo hoje. Isso é muito pior do que
ontem à noite com meus amigos.
Christina começa a rir. — Sim, elas estão!
— Eu tenho que trabalhar. Desculpe, Papou. Não sei o futuro do me-
lhor jogador do time porque somos apenas amigos, — enfatizo, virando a ca-
beça em todas as direções para olhar para cada um deles. — Ele não me ligou
exatamente depois que fez as radiografias no hospital na noite passada.
— Como você sabe que ele foi ao hospital na noite passada? — YiaYia
pergunta. Eu acho que ela realmente já está pensando em me casar com ele.
Eu encolho os ombros, tentando fingir uma expressão completamente
fria e casual. — Presumo que foi para onde o levaram depois do jogo. Ele não
conseguia sair de campo sozinho e é o melhor jogador do time. Eu não acho
que eles vão arriscar.
Isso soa como uma explicação muito racional. Sim.
— Você deveria parar no seu caminho para o trabalho para ver como ele
está, — mamãe sugere, alcançando ao meu redor para pegar uma caneca para
ela. Seu tom soa inocente o suficiente. — Isso seria uma coisa boa para uma
amiga fazer.
Ah, aí está o soco.
— Tanto faz, — eu suspiro.
Eu rapidamente escapei pela porta dos fundos antes que alguém pudesse
entrar no meu caso.
Minhas intenções são ir direto para o trabalho, mas em vez disso acabo
parando na garagem de Rob. Sento-me no carro por alguns minutos, tentando
me lembrar de como cheguei aqui. Não é como se eu dirigisse no piloto au-
tomático ou algo assim. Nunca estive nesta casa em particular antes. Por outro
lado, eu também sou aparentemente a pessoa maluca que sabe que Rob mora
aqui, embora eu nunca tenha sido convidada para este bairro em particular.
Não fui convidada hoje.
O que diabos estou pensando? Eu deveria simplesmente ir embora, sem
ser notado.
A porta da frente se abre e sua mãe sorri e acena, chamando-me para
dentro.
Pega.
Acho que estou checando o quarterback afinal. Meu estado mental é se-
riamente questionável atualmente. Especialmente à luz do sonho do qual
acordei esta manhã. Não tem nada a ver com estar aqui.
Sra. Falls sorri para mim brilhantemente enquanto ela está na porta aber-
ta, esperando que eu faça um movimento. De repente, estou muito ciente de
minha aparência em meu uniforme de restaurante com meu cabelo amontoa-
do no topo da minha cabeça em uma massa rebelde de cachos. Na esperança
de que ela não julgue muito severamente a garota de aparência desprezível em
sua propriedade, eu subo os degraus da varanda com as pernas que parecem
muito pesadas. Muitas outras garotas certamente estiveram onde estou agora.
Elas provavelmente estavam vestidas para matar. Cabelo, maquiagem e unhas
perfeitas devem ser requisitos para fazer uma visita domiciliar à residência
Falls. Os padrões da Sra. Falls são, sem dúvida, muito elevados para seu filho
notável.
— Evie, querida! Que bela surpresa! Está aqui para ver como está o
Rob?
Uau. Ela parece... feliz? E ela sabe meu nome.
— Hum, sim. — Meu corpo inteiro parece em chamas, minhas boche-
chas muito quentes e provavelmente tão vermelhas quanto as rosas que co-
brem a grade ao redor da varanda. — Ele me mandou uma mensagem na noi-
te passada e disse que estava esperando pelas radiografias, então eu me per-
guntei como foi isso.
Enfio as mãos nos bolsos traseiros para impedir o tremor repentino.
Deus, por que estou tão nervosa? O que estou fazendo aqui? — E meu Papou
está muito preocupado com a capacidade do time de chegar aos playoffs sem
o Rob. Eu prometi a ele que iria verificar isso.
Isso soa melhor. Muito mais casual do que os motivos que ela provavel-
mente está acostumada a receber para uma garota aparecer aqui.
— Entre e veja por si mesma. — Ela envolve um braço esguio em volta
dos meus ombros para me guiar para dentro de casa.
— Oh, tudo bem. Eu não quero incomodar. Eu apenas me perguntei
quais foram os resultados. Na verdade, estou indo para o trabalho. Eu não
tenho muito tempo. — Não posso acreditar na idiotice saindo da minha boca
esta manhã. Eu poderia apenas ter mandado uma mensagem para ele pergun-
tar. Por que eu não fiz isso?
Ela não responde, simplesmente sorri calorosamente para mim. Seus
olhos mostram que ela está genuinamente satisfeita por eu estar aqui. Ela tem
o mesmo brilho nos olhos que Rob tem, a mesma cor verde-azulada. Mas seu
cabelo é muito mais escuro do que o de Rob. Ela é alta e esguia, mas, com
uma figura de ampulheta. Ela está vestindo jeans skinny e uma blusa azul
transparente que realça seus olhos, com joias mínimas que parecem ser dia-
mantes. Em uma palavra, ela é elegante.
Ela mantém o braço em volta dos meus ombros enquanto me conduz
por um corredor. Estou muito surpresa com ela me tratando como uma velha
amiga de Rob para realmente prestar muita atenção ao meu redor.
— Você está a caminho do restaurante, então?
Devo olhar para ela com uma expressão estupefata. Porque realmente é
isso que estou sentindo. Estupefata.
Ela tenta novamente, ainda sorrindo para mim. — Você disse que estava
indo para o trabalho?
Tento me concentrar e responder suavemente. — Oh, hum, sim. Eu te-
nho que estar lá a uma hora.
Como ela sabe onde eu trabalho? Acho que não me lembro dela alguma
vez ter pisado dentro da lanchonete antes.
— É tão gentil de sua parte parar e verificar Rob no seu caminho. — Sua
risada é suave, mas doce. É quase como se ela estivesse tentando quebrar o
gelo comigo, o que é bizarro. — Ele assustou você na noite passada também,
não é?
Espere o que? Como ela saberia disso? — Uh, sim. Quero dizer, ele ge-
ralmente se levanta logo após uma interceptação. E ele não saiu exatamente
do campo sozinho, então isso foi, hum... assustador.
Deus, eu pareço uma idiota.
Isso mesmo, Sra. Falls. Eu vejo seu filho como um falcão em todos os jogos, assim
como todas as outras fãs enlouquecidas da escola. A única diferença é que estou assistindo
da seção geek das arquibancadas.
Estamos na cozinha agora. Ela se vira para mim, me puxando para um
abraço gentil. Eu não consigo me forçar a abraçar de volta. Isso é demais.
— É tão bom finalmente conhecê-la pessoalmente e tê-la aqui. — Ela dá
um passo para trás.
Tudo o que consigo fazer é um estrangulado. — Hum, obrigada?
Ela ri sua risada doce novamente e aponta para a porta com um conjunto
de escadas que desce. — Ele está aqui embaixo. Rob, — ela chama. — Há
uma jovem aqui para vê-lo.
Ela me fixa com um sorriso expectante. Minha cabeça gira tão forte com
esses poucos momentos com ela que eu nem consigo imaginar a expressão em
meu rosto atualmente. Provavelmente olhos arregalados.
Rob geme de algum lugar abaixo. Se já não achava que era uma má ideia,
não tenho dúvidas agora.
— Oh, tudo bem. Ele não parece realmente querer companhia. Eu deve-
ria ir.
— Não seja boba! Ele ficará tão feliz em ver você! — Ela me dá um leve
empurrão em direção à porta.
Minha garganta parece que está fechando enquanto imagino o que posso
encontrar aqui. Eu dou os passos um de cada vez. Minhas pernas se movem
em movimentos lentos e pesados até chegar ao fim da escada. Uma sala fami-
liar calorosa e convidativa se desdobra diante dos meus olhos, embora muito
mais grandiosa do que estou acostumada.
Há uma televisão de tela grande montada na parede bem em frente a
mim, uma lareira de pedra um pouco à direita dela. Um tapete de pele está
estendido no chão perto da lareira. Dois sofás de couro marrom estão em
primeiro plano. Um fica perpendicular à TV e o outro paralelo. O cabelo cas-
tanho-claro de Rob espia por cima do sofá. Quando saio da escada, à minha
direita está uma mesa de sinuca com uma barra de madeira atrás dela. À minha
esquerda, uma parede está coberta de várias recordações de esportes. Nenhu-
ma surpresa nisso.
Os sons da mãe de Rob se movendo pela cozinha diminuem. Não vou
conseguir voltar e sair furtivamente sem ser notada. Talvez eu pudesse dizer a
ela que ele está dormindo. Ele nem vai saber que estive aqui. Até sua mãe con-
tar a ele.
Se ele percebe que alguém está na sala com ele, ele não parece se impor-
tar. Ele não se move de sua posição nem diz nada. Ele deve estar relaxado
confortavelmente porque eu sei que ele é muito mais alto do que as costas do
sofá. Apenas o topo de sua cabeça é visível. Sua perna esquerda está apoiada
em um travesseiro na mesa de centro à sua frente, seu tornozelo envolto em
uma bandagem de gaze. E ele está assistindo... futebol americano universitá-
rio. Nenhuma surpresa nisso também. Mas o som está mudo.
Eu me aproximo lentamente com meus braços em volta do meu torso
para me confortar. Não posso cortar e correr agora. Hesitando antes de o
conteúdo do sofá ficar totalmente visível, todo o meu corpo parece um fio de
arame. Esta é uma ideia muito, muito ruim.
Quando eu finalmente me forço a contornar o braço do sofá oposto on-
de Rob está sentado, ele olha para mim com uma expressão vazia. Ele rapi-
damente se transforma em algo semelhante a um choque.
Ele está vestindo uma camiseta velha e confortável e shorts esportivos.
Seu longo torso está caído no sofá. Sua perna direita está esticada, enquanto a
esquerda está elevada, como eu vi quando entrei na sala. Seu braço esquerdo
repousa confortavelmente sobre o estômago, e o direito está apoiado no braço
do sofá. Ele parece que deve ter dormido há poucos momentos, se o estado
de seu cabelo for alguma indicação. Está se projetando em todas as direções.
Ele parece um garotinho sonolento e piscando. Um menino muito musculoso
e muito alto.
— Ei, mãe? — Ele grita alto, me assustando.
— Sim, meu anjo?
— Quantas dessas pílulas você me deu?
O som de sua diversão flutua escada abaixo. — Por que?
— Porque acho que estou vendo coisas, — ele grita de volta.
Ela simplesmente ri sua risada alegre e elegante em resposta.
— Venha aqui. — Ele implora tão baixinho que não tenho certeza se
ouvi direito. Quando eu olho para ele com um olhar inseguro, ele gesticula o
mesmo com o dedo indicador. A expressão de espanto nunca deixa seu rosto.
Eu solto meus braços e dou alguns passos hesitantes em sua direção até
que estou olhando para ele. Esta é uma visão diferente da que estou acostu-
mada; estou sempre olhando para o rosto dele, graças à nossa diferença de
altura. Eu olho para seu tornozelo e depois de volta para seus olhos, levantan-
do minha sobrancelha em uma pergunta silenciosa. Não consigo usar minha
voz, aparentemente.
Ele não responde, mas levanta a mão para encontrar a minha. Ele passa
suavemente as pontas dos dedos do meu pulso até as pontas dos meus dedos,
como se eu fosse algum tipo de aparição. Ele silenciosamente entrelaça seus
dedos com os meus, olhando para nossas mãos unidas em aparente confusão.
Eu me pergunto quantas dessas pílulas sua mãe deu a ele.
— Rob, — eu sussurro, não querendo perturbar a quietude que nos cer-
ca. — Você está bem?
Seus olhos se fixam nos meus. Ele ainda parece inseguro de que eu seja
real. — Por que você está na minha casa?
Sua pergunta provoca uma risada genuína que borbulha da boca do meu
estômago. Eu aperto sua mão suavemente enquanto me lembro de ter feito a
ele uma pergunta semelhante não muito tempo atrás. — Ah você sabe. Eu
estava na vizinhança. Pensei em passar aqui e ver se não conseguia pegar você
contando coisas constrangedoras para Alex enquanto eu ouvia em silêncio e
ria disso. Mas já que Alex não está aqui, tem algo que você queira comparti-
lhar?
Eu olho para baixo em seu tornozelo novamente, então volto para ele
com expectativa.
Ele ri levemente, mas ainda não parece muito certo. — Sim, muitas coi-
sas.
— Então. — Eu solicito, apertando sua mão novamente para chamar
sua atenção.
Ele parece estar à deriva. Ainda sem resposta.
— Como está o tornozelo? Sem gesso significa que não está quebrado,
certo?
Ele se sobressai um pouco. — Oh, uh, não. Não está quebrado. Torção
leve. Vinte e quatro horas de descanso e gelo e estarei de volta ao treino na
segunda-feira.
Ele está tomando analgésicos bastante robustos apenas por uma torção.
Mas não sou médica, então tudo bem.
— Bem, isso é bom. Fico feliz em ouvir isso. — Eu sorrio para ele, o
que desperta um pequeno sorriso dele em retorno enquanto ele olha para
mim.
— Eu pensei que você estava com raiva de mim.
Eu fui uma vadia total na noite passada e irracionalmente. — Eu não es-
tava. Eu não estou. Não se preocupe com isso.
— Eu realmente sinto muito por ter sido um idiota ontem. — Ele franze
a testa e vira os olhos para a televisão sem assistir. — Eu não deveria ter fala-
do nada sobre suas roupas, ou feito você jogar o último jogo. Sinto muito pelo
que disse no ano passado. Eu não estava tentando envergonhar você ou atra-
palhar suas chances com sua paixão. Eu só estava tentando fazer com que
Eddie parecesse o mentiroso que ele é. — Ele respira fundo. — Eu realmente
sinto muito, Evie.
— Isso é... — não é sobre o que eu estava chateado na noite passada no
jogo. Ok, talvez um pouco sobre a fogueira. — Eu só, hum, não quero ver
você arruinar suas chances com a Garota dos Sonhos por minha causa, só is-
so. Eu não estava realmente brava com você. Eu estava com raiva de... outra
coisa.
É melhor ela ter ficado chateada ontem à noite. E é melhor ela trazer sua
bunda aqui para ver como ele está. Ou ligar para ele. Ou alguma coisa.
— O que? — Ele olha para mim com curiosidade.
— Nada. Não se preocupe com isso. — Eu olho para o meu relógio.
Tenho que estar no trabalho em quarenta e cinco minutos, mas são vinte mi-
nutos de carro daqui e gosto de chegar cedo. — Ei, escute, eu tenho que ir.
Eu tenho que estar no trabalho logo. Eu estou contente que você esteja bem.
Dou a ele um pequeno sorriso e me viro para sair, apenas para ser puxa-
da para baixo em seu colo. Seus braços me envolvem com força. Ele está me
embalando como uma criança. Ainda é uma experiência tão estranha não en-
trar em pânico completo com o quanto ele é maior do que eu.
— Rob, deixe ir. Eu sei que você está meio chapado agora, mas eu tenho
que ir trabalhar.
Ele traz seu rosto para o meu, seus olhos fechados. — Evie, estou assus-
tando você? Por favor, diga não.
— Não. — Bem, um pouco.
— Eu não vou deixar você ir até que você me diga o que eu fiz ontem à
noite. Eu não saberei não fazer isso de novo se você não me contar o que eu
fiz de errado. — Ele sussurra, mas, o tom inconfundível de implorar puxa
meu coração. Sério, como ela poderia não querer isso?
— Você não fez nada; eu já te disse. Agora, por favor, me deixe levantar.
Ele suspira e descansa sua testa contra a minha. Seu hálito quente atinge
meu rosto. Seu cheiro me envolve.
Lembro-me de como me senti segura em seu carro na quarta-feira, mas
isso... isso é algo totalmente diferente. Melhor. Como a noite da fogueira. Al-
go com o qual não consigo me acostumar. Não é meu para ter. Nunca foi,
nunca será.
— Eu, uh... — ele parece estar pesando o que dizer, o que é estranho,
considerando seu comportamento alterado. — Eu não queria te assustar. Sin-
ceramente, não achei que você ficaria tão chateada se eu me machucasse. —
Ele encolhe os ombros, seu hábito habitual. — É futebol. Nós nos machuca-
mos o tempo todo. Parte do jogo.
— Eu não estava chateada, — eu minto. Com sorte, ele não vai enten-
der, já que ele já está sendo tão estranho.
Rob abre os olhos e puxa a cabeça para trás para me estudar. Tenho a ní-
tida impressão de que, mesmo através de sua névoa induzida por drogas, ele
pode ver através de mim, assim como na primeira semana na lanchonete.
— Você nem olhou para mim pelo resto da noite.
— Eu não estava brava com você, eu prometo. — Outra mentira.
— Então o que aconteceu? Chelsie fez ou disse algo para você?
— Não.
Ele me dá uma olhada, me chamando.
— Chelsie não disse nada para mim na noite passada. É sério.
— Eu não vou deixar você ir até que você me diga. Então, é melhor vo-
cê planejar parar de trabalhar e ficar confortável, ou vai ter que me contar algo
que não seja mentira.
Eu definitivamente poderia me sentir confortável aqui, mas isso não é
uma opção. O fato de que ele pode facilmente dizer quando não estou sendo
sincera é uma preocupação muito real. Isso é perigoso. Duvido que ele real-
mente queira saber que Jeremy revelou seu segredinho na noite passada. Ou
que quero dar uma surra na garota por quem ele está apaixonado. Aquela que
parece se importar tão pouco com ele em troca.
— Não foi nada. Eu sou irracional nesta época do mês. E você está mais
uma vez me deixando sentar em cima de você, o que é tão nojento. Estou
apostando que você não vai notar nada, já que está dopado. Então, deixe-me
ir.
— Na verdade, você é uma das pessoas mais racionais que conheço
quando me diz quais são seus motivos. Tente novamente. — Ele sorri para
mim, recusando-se a dizer que provavelmente pode sentir meu absorvente em
seu colo. Eca.
Eu suspiro, olhando para qualquer lugar, menos para ele. Certo. Se ele
quer jogar duro, então eu jogo. Eu tenho que ir trabalhar em algum momento.
Eu encontro seus olhos com toda a seriedade. Ele retorna meu olhar com
uma testa franzida e uma expressão preocupada.
— Ela ligou ou mandou mensagem desde ontem à noite? Verificou se
você estava bem?
Sua expressão grita confusão.
Talvez ele não entenda a pergunta com todas as drogas flutuando em seu
cérebro. — Garota dos sonhos, Rob? Ela verificou se você está bem?
— O que isso tem a ver com alguma coisa?
Eu não quero ter essa conversa. — Você sabe que tenho tentado desco-
brir quem ela é. Achei que na noite passada no jogo ela se entregaria de algu-
ma forma. Prestado mais atenção quando você estivesse em campo da mesma
forma que Chelsie faz com Mike. Ou me olhasse com raiva por fazer o jogo
sênior com você. Alguma coisa. Quando você se machucou, imaginei que ela
ficaria chateada. Mesmo que ela esteja jogando duro para ficar com você.
Ele está apenas me olhando com aquele olhar perplexo novamente.
Eu continuo gentilmente. — Rob, ainda não sei quem ela é.
Ele abre a boca para falar, mas apenas continua a olhar silenciosamente
para o meu rosto. Não quero ser mais dura e machucá-lo, mas quanto mais
penso na maneira como ela o trata, mais quero estrangulá-la.
— Quer dizer, eu sei que você disse a ela que estava bem. Então, se ela é
apenas uma daquelas pessoas que permanece calma e fria em vez de ficar toda
emotiva, então está tudo bem. Todo mundo é diferente. Apenas me diga
quem ela é assim e pedirei desculpas por pensar que ela não é boa o suficiente.
Mas ontem à noite? Sim. Eu estava chateada por ela não parecer se importar.
E que você ainda foi tão gentil sobre isso, virando-se e tentando acalmá-la. Me
desculpe se eu estava errada. — Eu encolho os ombros, estudando sua camisa
porque não há nenhuma maneira que eu possa olhar para ele.
Ele tenta guiar meu rosto para cima com a mão sob meu queixo, mas eu
recuso. Eu me sinto muito mal por odiar a Garota dos Sonhos para olhar para
o rosto dele.
— Ela estava chateada. Eu sei que ela estava, — ele sussurra.
— Como você poderia saber? Porque eu com certeza não poderia.
— Ela estava chorando.
Eu olho para ele, minha sobrancelha levantada. Ele tem minha curiosi-
dade, pelo menos. — Como você poderia saber? Jeremy mentiu para mim?
Afinal, ela não está na banda?
A ponta do dedo desliza para cima e para baixo na minha bochecha, da
têmpora até a mandíbula. Eu resisto à vontade de estremecer. Ele está tão es-
tranho hoje.
Sua voz sussurrada e suave rola sobre mim como o cobertor mais macio.
— Ele não mentiu para você. E eu poderia dizer porque eu pude ver as lágri-
mas em seu rosto.
— Sinto muito então. — Meus olhos voltam a estudar sua camisa. —
Acho que perdi. Disse que provavelmente estava apenas sendo irracional.
Sangrar profusamente fará isso com uma pessoa.
Ele ri baixinho, o que é outra reação estranha.
— Pelo menos me diga quem ela é. Então, da próxima vez que você fi-
zer algo estúpido comigo na frente de toda a escola, eu saberei quem me odeia
e por quê. Passei parte do jogo me perguntando quem iria gritar comigo no
estacionamento por usar você como meu burro pessoal.
Ele joga a cabeça para trás contra o sofá, rindo tanto que me sacode con-
tra ele. — Eu acho que você está segura.
Ele me olha com aquele mesmo sorriso idiota que sempre usa.
Agora estou ficando irritada. Eu realmente preciso ir. — Apenas me diga
quem ela é!
O sorriso desaparece de seu rosto. — O mesmo se aplica, Eva. Diga-me
o seu e eu direi o meu.
— Terminamos aqui então. — Quanto mais tento me levantar, mais for-
te fica seu aperto em volta da minha cintura.
— Por que você fica com tanta raiva de mim por guardar segredos, mas
acha que é perfeitamente normal fazer a mesma coisa?
— Porque estou tentando ao máximo esquecer aquele cara, e você insiste
em me lembrar constantemente! — Eu jogo minhas mãos para cima, quase
perdendo seu rosto. Ele joga a cabeça para trás rapidamente, mas sua expres-
são permanece calma.
— Você quer esquecê-lo por causa de Hinton? — Ele pergunta baixi-
nho. — Você não acha que poderia ficar com mais ninguém depois disso?
Reviro os olhos e cruzo os braços sobre o peito defensivamente. —
Não. Não estou prestes a me colocar na mesma situação nunca mais.
— Tudo bem, eu respeito isso. Mas nem todos os caras são como ele.
Você não confia nesse outro cara?
— Não é isso, — eu suspiro. Não quero falar sobre isso com Rob de to-
das as pessoas. A coisa toda é ridícula, como sempre foi. Talvez ainda mais
depois de tudo o que aconteceu.
— Então o que? Se você gosta do cara há tanto tempo, ele deve ser de-
cente o suficiente. Se não é sobre o que aconteceu no ano passado, por que
você não se deixa levar por isso? Se você insiste em me ajudar, terei todo o
gosto em retribuir o favor. — Ele está falando sério, o que só me deixa mais
desconfortável. Não há um bom resultado a ser obtido em qualquer cenário
em que Rob esteja envolvido.
— Espere só um minuto maldito. Na verdade, você não está me deixan-
do ajudá-lo. Você está sempre com muito medo de simplesmente sair e fazer
o que eu disse abertamente que iria conquistá-la. Eu sei que você sente que ela
não está respondendo a você, mas estou lhe dizendo... é porque você não está
fazendo tanto esforço quanto pensa que está. E você continua se preparando
para falhar ao me usar constantemente como uma espécie de escudo. Você
está dando a ela uma ideia errada e enviando sinais confusos. Não é de admi-
rar que ela não saiba o que pensar.
— Não estamos falando de mim. Estamos falando de você. Boa tentati-
va, no entanto.
Deus, ele é irritante. Ele simplesmente não desiste.
— Não deveríamos estar conversando. Eu preciso ir.
— OK. Você não vai me dizer quem ele é, eu entendo. Pelo menos me
diga por que você está se punindo.
— Eu não estou me punindo! E ele também não está me punindo! Ele é
um cara ótimo! Mas ele está interessado em outra pessoa, certo? Feliz agora?
É isso que você queria ouvir?
— Não, — ele admite calmamente. Seus olhos estão baixos, esperanço-
samente de vergonha.
— Agora me deixe ir. Não vou falar sobre isso com você nunca mais,
então não pergunte.
— Eu entendo. Sinto muito, Evie. Só para constar, acho que ele é louco.
Ninguém pode se comparar a você.
Eu rolo meus olhos e desisto de lutar contra seu aperto em torno de
mim. Ele não está me machucando, mas estou bem ciente até que ele me sol-
te, estou presa aqui.
— Sim, bem, isso me faz muito bem, — eu zombo.
Ele respira fundo, estremecendo. O tipo que fala de agonia absoluta.
Talvez seus analgésicos estejam acabando com toda a luta. Bem feito para ele,
seu idiota.
E... deixe-me sentir culpa.
— Então, você sabe, acredite em mim, — eu começo de novo, suavi-
zando. — Não espere mais. Você já esperou o suficiente. Se você disser que já
fez todas as outras etapas e ela realmente ficou chateada por você ter se ma-
chucado na noite passada, vá direto para onze e doze. Ela não vai dizer não,
Rob. — Uma risada suave escapa dos meus lábios. — Ninguém diria não para
você. Não o verdadeiro você, de qualquer maneira.
Ele suga os lábios, angústia estampada em suas feições. — Ela iria. Eu
pensei que talvez não... mas eu estava errado.
Por mais zangada que esteja com ele, não posso ignorar a simpatia que
sinto por sua dor física e mental. — Quem é essa garota? Ela é mesmo huma-
na?
Eu rio e o cutuco, tentando animá-lo. Vê-lo sem seu sorriso habitual e
olhos brilhantes não é tão agradável como eu costumava pensar que seria.
Ele ri da minha tentativa de piada, encontrando meus olhos. — Ela é
perfeita. Mas mesmo depois de tudo que tentei, ela ainda não me quer. Não
dessa maneira. Eu não posso tê-la. Ela é inatingível.
Eu passo meus dedos por seu cabelo, que ainda está espetado em todas
as direções por causa de sua soneca. Neste momento, na privacidade de sua
própria casa, ele se tornou completamente vulnerável a mim. Seu tamanho
físico e força não são barreiras para sua fragilidade emocional. Agora, mais do
que nunca, vejo o menino que conheci.
— Tenho certeza que ela é alcançável. E você pode ficar com ela. Confie
em mim. Apenas diga a ela, Rob. Tudo que você precisa fazer é contar a ela.
Sem mais jogos.
Ele desvia o olhar. — Eu não posso, Evie. Eu não posso fazer isso.
— Sim você pode. Você tem que pelo menos tentar, certo? Você pode
estar perdendo algo realmente ótimo... — eu o conduzo.
— Vou pensar sobre isso, certo? Mas sem promessas.
Ele relaxa seu aperto em volta da minha cintura, mas ainda estou brin-
cando com seu cabelo. Vim aqui para me certificar de que ele estava bem. Tu-
do o que fiz foi aborrecê-lo. Afinal, não sou melhor do que a Garota dos So-
nhos.
— OK. — Eu mexo em seu cabelo, bagunçando novamente. — Eu re-
almente tenho que ir agora. Mandarei uma mensagem mais tarde e verei como
você está se sentindo. Trabalho até as oito ou até que eles decidem me liberar,
mas vai estar bem movimentado, já que é sábado. Apenas descanse, pense so-
bre isso e se sinta melhor. E talvez largue os analgésicos. Eles te deixam estra-
nho.
— Oh, esse é o meu problema? — Ele me dá seu sorriso de costume,
um sinal claro de que está calmo.
— Sim. Mas se você precisa deles pra se sentir melhor, então acho que
está tudo bem, contanto que você seja estranho aqui. Não vá a lugar nenhum.
— Eu rio dele e toco seu nariz.
Seu sorriso desaparece. Ele parece pensar com cuidado sobre o que diz a
seguir. — Evie, você realmente quer que eu me sinta melhor?
— Bem, essa é uma pergunta estúpida, mas, sim. Você precisa que eu
peça uma bolsa de gelo para sua mãe ou algo assim?
Ele balança a cabeça. — Eu vou me contentar com você me beijando
pra me fazer sentir melhor.
— Oh, você vai se contentar com isso, hein? Uau, Falls, você realmente
tem jeito com as mulheres. — Eu rio de novo, tentando diminuir a seriedade
do que ele está perguntando. Isso seria errado em muitos níveis. Para nós
dois.
Ele não ri. Não responde. Simplesmente olha para mim daquele jeito
quieto e perspicaz dele. Como se ele soubesse que estou pensando nisso. Pen-
sando em suspender a realidade e fingir, pelo menos por um momento.
Um momento não pode machucar.
Eu me inclino para ele. Seus olhos se fecham, mas eu mantenho os meus
abertos. Tenho medo de me perder nessa realidade alternativa. Sua respiração
acelera um pouco enquanto seguro suas bochechas em minhas mãos. Sua pele
é tão quente e estranhamente áspera. Nem é visível, a nuca é muito clara. O
resto da minha decisão de abandonar essa charada se evapora quando meus
lábios roçam levemente contra os dele. Ele prende a respiração completamen-
te. Minhas pálpebras se fecham contra a minha vontade e meus sentidos as-
sumem o controle. O cheiro dele, a sensação dele me inundam. Eles me en-
volvem em um casulo de segurança. O medo, a culpa e o arrependimento do
ano passado finalmente se rompem e desaparecem, substituídos por apenas
este momento que nunca pode ser nada mais. Este pequeno momento de fra-
queza. Quando ele solta a respiração que está prendendo em uma corrida sua-
ve, eu pressiono meus lábios contra os dele com firmeza. Ele nunca se move,
nunca pede mais nada. Eu quero inspirar sua expiração e fingir por mais um
momento, mas não. Um momento é tudo que vou me permitir.
Eu me afasto, minhas mãos ainda em suas bochechas. Ele pisca para
mim lentamente. Espero seu sorriso característico ou uma piada sobre brincar
de enfermeira, mas não recebo nenhum.
— Evie, — ele sussurra. Nada mais. Apenas meu nome caindo de seus
lábios.
Empurrando o desejo irresistível de responder com outro beijo, eu me
forço a sorrir para ele, já que ele me negou um retorno rápido à normalidade.
— Tenho certeza de que não foi tão bom quanto a Garota dos Sonhos,
mas, — eu encolho os ombros, canalizando seus comportamentos. — Acho
que sou tudo o que você tem por agora.
Eu removo minhas mãos e me levanto. Ele não faz nenhum movimento
para me impedir.
Ele ri, finalmente cúmplice em quebrar qualquer tensão estranha. — Eu
não sabia que tinha você para começar.
— Meh. — Eu aceno minha mão enquanto ando ao redor do sofá. — O
romance vem e o romance vai, mas os parceiros de biologia são para sempre.
Você deveria talvez parar de ler Moby Dick hoje para tirar sua mente das coi-
sas, já que de repente você tem todo esse tempo livre.
Eu paro na entrada da escada, me virando para vê-lo ainda na mesma
posição. — Já terminei de ler A Metamorfose e comecei o meu trabalho. Te-
nho a intenção de voltar ao topo agora que você me ajudou no cálculo. Mas,
como você disse, adoro uma competição amigável. Começa o jogo, Superjock.
Ele ri enquanto subo as escadas.
Capítulo 26
Rob
Importante pra Mim

Estou atordoado.
Ainda não consigo acreditar que isso aconteceu.
Lembro-me de ter pedido por isso, mas nunca em um milhão de anos
achei que ela iria aceitar.
Oh Deus, ela aceitou.
Eu fecho meus olhos e ainda está tudo aqui. O melhor sonho que nunca
tive. Os dedos de Evie se enroscando em meu cabelo. As mãos de Evie em
minhas bochechas, seus polegares movendo-se para frente e para trás na mais
suave carícia. A respiração de Evie no meu rosto, quente, doce e leve como
uma pena. Os lábios de Evie nos meus. Querido Senhor, os lábios de Evie
nos meus. Eu posso morrer a qualquer momento agora. Eu sei com certeza
que experimentei a melhor sensação possível neste planeta. Muito melhor do
que qualquer coisa que imaginei nos últimos três anos. Tão aveludado macio,
tão perfeitamente gostoso. Seus lábios se encaixaram nos meus como peças de
um quebra-cabeça entrelaçadas. Como se fossem feitos apenas para mim.
Tenho certeza de que Evie Papageorgiou foi feita especialmente para
mim.
Obrigado, meu Deus.
O som da porta fechando no andar de cima me tira do meu estupor. Es-
tou surpreso que mamãe não esteja correndo aqui para me bombear para ob-
ter informações. Ela está obviamente jogando com calma e me esperando. O
que está bom para mim, porque tenho uma ligação a fazer.
Ele atende no primeiro toque. Fora do normal.
— Alex?
— Puta merda, mano! Eva estava realmente na sua casa?
Eu esperava que ele ainda estivesse dormindo, mas, o volume de sua voz
sugere o contrário.
Tenho que manter o telefone longe do ouvido. — Sim, como você sa-
bia? Rachel ligou para você?
— Inferno, sim, ela fez! Ela disse que viu o carro de Eva na sua garagem!
Que diabos, cara?
— Uh, ela estava aqui.
— Obviamente. O que diabos aconteceu? Por que ela veio ver você?
Você finalmente criou um par de bolas e fez um movimento? Por favor, me
diga que você pelo menos a beijou...
Eu o cortei antes que ele pudesse realmente se deixar levar. — Cala a
boca e ouve. Eu preciso que você me leve para a lanchonete.
— Por que?
— Porque eu não consigo acionar a embreagem sem meu pé esquerdo,
idiota.
Seu suspiro continua na linha. — Certo. Mas você sabe o que isso signi-
fica.
— Sim, sim... vou ficar em dívida com você.
— Excelente. Então você vai comigo em um encontro duplo esta noite.
— Não! Por que diabos você acha que eu preciso ir para a lanchonete?
Ele gargalha. — Porque você foi um covarde de novo, e ela foi embora
sem você dizer nada, então sua mãe pulou na sua merda?
— Ria o quanto quiser, — eu bufo. — Ela me pegou de surpresa, mas
eu realmente vou fazer isso desta vez.
— Aposto que esse encontro duplo esta noite que você não vai.
— Sim, tanto faz. Traga seu livro literário. — Se ele vai me fazer sofrer,
vou retribuir o favor.
— Ok... por quê?
— Porque eu pretendo ficar lá por um tempo, Jesus!
Ele ri de novo. — Ei, não se irrite comigo só porque você não conseguiu
fechar o negócio.
Eu tive o suficiente de sua merda. Já estou nervoso pra caralho. — Vejo
você às duas.
— Mandão. Você precisa usar isso com Eva, não comigo. Estarei aí em
breve.
— Obrigado, mano. Seu conselho é o melhor.
— Ei, se você me ouvisse de vez em quando, talvez você já estivesse
transando em vez de apenas deixar todo mundo mentir sobre isso por você.
Eu desligo na cara dele e me movo para me levantar.
Mamãe se senta no sofá ao meu lado, cruza os braços e levanta a sobran-
celha. Um sorriso presunçoso aparece em seus lábios. — Então? Como foi?
Ela está praticamente pulando no sofá ao meu lado de empolgação, mas
tentando o seu melhor para ficar calma.
— Ela, uh... ela me beijou. — Mesmo dizendo isso em voz alta, ainda
não consigo acreditar que realmente aconteceu.
— O que? — Agora ela não consegue se conter. — Como? Quando?
Por que?
— Uau, mãe. Canalizando sua adolescente interior? — Eu não posso
deixar de rir de seu comportamento. — Uh, antes de ela sair. E... eu não sei.
Não vou contar à minha mãe que Evie me beijou simplesmente porque
eu pedi a ela.
— Foi só um beijinho na bochecha? Só para se sentir melhor, sinto mui-
to por estar meio machucado?
— Nããão. Não, definitivamente não foi isso. — A sensação de suas pe-
quenas mãos segurando meu queixo, seus polegares roçando em meu rosto, a
hesitação depois do primeiro toque de seus lábios fez com que fosse muito
mais do que um beijo de pena. No segundo em que ela pressionou sua boca
totalmente contra a minha, eu soube, sem sombra de dúvida. Ela pode tentar
esconder. Mas não havia nenhum engano, pela sensação dela contra mim, que
Evie colocou todas as emoções que ela nunca se permitiria dizer em voz alta
naquele único beijo.
— Você a beijou de volta?
— Oh não? Fiquei muito chocado. — E eu não queria assustá-la. Agora
que sei que posso tê-la, que não estou preso na zona de amizade, preciso de
mais. Muito mais. Como ontem. Na verdade, três anos atrás. Tão fodidamente
viciado. Ainda posso senti-la em meus lábios, cheirar seu doce perfume em
meu nariz como se estivesse permanentemente queimado em meus receptores
olfativos.
— Isso não é bom.
— O que você quer dizer com isso não é bom? — Oh Deus, o que eu
estraguei agora?
— Se uma garota te beija e você não a beija de volta, isso basicamente
envia a mensagem de que você não está interessado. — Ela me olha como se
fosse completamente óbvio.
— Sim... circunstâncias atenuantes. — Não tive muito tempo para falar
com mamãe nas últimas semanas. Tenho estado muito ocupado com outras
coisas, e ela está sempre no hospital ou dormindo.
Ela suspira. O olhar dela é óbvio. Ela acha que é apenas minha covardia
usual.
— Ok, então duas coisas. Mais como três coisas. Ela foi estuprada por
Eddie Hinton quando eles estavam juntos no ano passado. E ela pode estar
interessada em outra pessoa.
Mamãe levanta a mão para me impedir. — Explique.
Eu respiro fundo. Por onde começar? — Lembra como eu disse que ela
começou a namorar Eddie Hinton no ano passado?
Ela acena com a cabeça.
— Aparentemente depois, eu acho que ela disse que era o sexto encon-
tro deles, ele a forçou em sua caminhonete. Eles dirigiram pelas estradas se-
cundárias. Ela não estava pronta para isso, mas ele disse que já esperava por
isso. Ele a estuprou. Ela deu um soco nele, deu o fora dali e chamou Mike
para buscá-la. Ela não vai admitir para mim, mas eu sei que foi isso que acon-
teceu.
— Oh, Rob. Eu sinto muito. — Ela esfrega meu ombro com simpatia.
Devo dar a ela um olhar estranho, porque ela não espera que eu abra a
boca. — Isso vai tornar as coisas muito mais difíceis para você. Ela sempre
terá esse medo dentro dela, mesmo que você nunca faça isso com ela. Você
está certo em ter cuidado com ela. Mas, querido, não tenho certeza se isso é
muito justo com você.
Já ouvi essa mesma música e dança de Mike. — Eu não me importo com
isso. Serei tão lento e cuidadoso quanto ela precisar. Ela não tem mais medo
de mim. Ela meio que estava no início do ano, mas ela confia em mim agora.
Ela sabe que eu não a machucaria.
Ela me olha como se não acreditasse em mim. — Por que você acha que
ela gosta de outra pessoa, então?
Ah sim. A outra parte deste pequeno desastre. — Quando ela finalmente
me contou na semana passada um pouco do que aconteceu com Hinton, ela
mencionou que estava esperando por um cara por quem ela tinha uma queda
desde o primeiro ano para chamá-la para sair. Ele nunca fez isso. Então, seus
amigos a convenceram a tentar seguir em frente, e foi por isso que ela decidiu
sair com Eddie em primeiro lugar. Ela disse algumas vezes desde então que
ainda está meio apaixonada, mas tentando não ser. Ela deixou escapar algo
que ele não está tornando fácil para ela esquecê-lo. — Eu encolho os ombros.
Não tenho mais informações para dar. E eu não quero pensar muito nisso
porque é uma merda.
— Eu não me preocuparia com isso. — Mamãe acena com a mão com
desdém, o que não é completamente o que eu esperava.
— Por que eu não deveria me preocupar com isso?
— Ela nunca teria beijado você se ela realmente quisesse beijar outra
pessoa. Ela não me parece esse tipo de garota. Depois do que aconteceu no
ano passado, coisas como tomar a decisão de beijar um menino provavelmen-
te são muito difíceis para ela. Ela não teria feito isso a menos que quisesse fa-
zer isso.
Oh! Graças a Deus.
— Você disse que havia três coisas. Qual é a terceira?
Droga, eu esperava que ela se esquecesse dessa parte. Já posso ouvir a
palestra antes mesmo de começar.
— Ela... pode pensar que estou interessado em outra pessoa também. —
Eu estremeço e me preparo para o furacão.
— Robert? Por que ela pensaria isso? — Sua estranha calma é uma pista
certa de que ela está irritada e desapontada.
— Jeremy disse isso a ela. Bem, não com tantas palavras, mas é nisso que
ela acredita.
— E você não teve a coragem de esclarecer? Muito bom, Robert.
Estou sinceramente surpreso por ela não estar me dando uma sensação
de culpa maior. Mas quando ela fala meu nome completo, sei que estou pro-
fundamente ferrado.
— Escute, estou tentando ir devagar e com cuidado por causa de Hin-
ton. Eu não quero assustá-la.
— Você precisa apenas dizer a ela e deixar ser a decisão dela. Se você
precisava de uma prova de que ela gosta de você, ela deu para você hoje. Você
deve a ela se expor e dizer a ela como se sente.
— Eu sei. Alex está me levando para a lanchonete. Ele estará aqui às du-
as. Vou ficar sentado o dia todo até que ela tenha um minuto e colocar tudo
para fora.
Ela se levanta, ajudando minha perna a descer da mesa de centro. —
Mesmo?
— Eu vou tentar. — Oh meu Deus. Na verdade, vou tentar.
Ela ri, me abraça e esfrega minhas costas enquanto me equilibra escada
acima. — Não. Não tente mais. Apenas diga a ela. Ela não estaria aqui hoje se
não sentisse algo por você, querido.
Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo quando chegamos ao topo, e ela
se afasta. Não é a mesma coisa que os dedos finos de Evie se movendo entre
os fios. — Eu só sei que tenho que fazer isso direito, mãe. Eu não posso mais
estragar isso. Não sei quem é esse outro cara, ou o quanto ela realmente ainda
gosta dele. Não quero assustá-la depois do que aconteceu com Hinton no ano
passado. — Eu paro quando entramos na cozinha. — Eu só sei que preciso
dela, mãe. Eu preciso dela em minha vida, de qualquer maneira que ela con-
corde. Se for apenas como amigos, então... eu, eu aceito.
Eu encolho os ombros para ela, sem saber mais o que dizer. É tudo ver-
dade.
— Amigos é melhor do que nada, querido. Mas acho que você ficará
surpreso. Agora vá se preparar. — Ela me dá um sorriso malicioso. Não me
importei muito com minha aparência desde que Evie começou a namorar al-
guém que não era eu.
Capítulo 27
Eva
Chateada

As primeiras duas horas do meu turno foram constantes, mas não neces-
sariamente agitadas para um sábado. Ficar insanamente ocupada até altas ho-
ras da manhã seria preferível a ficar sentada em casa no meu quarto, pensando
no que eu fiz esta manhã antes de entrar no trabalho. Por mais que tente em-
purrar os pensamentos para fora da minha mente, não consigo parar de repe-
tir aqueles poucos segundos preciosos na minha cabeça indefinidamente. Co-
mo um filme doentio e distorcido.
Film noir, meu gênero favorito.
Estou dividida entre odiar a mim mesma e odiá-lo. Eu definitivamente
odeio ela.
Rob e Alex entram por volta das três. Margie os senta em sua mesa de
costume. Em minha seção. A vontade de vomitar torna-se insuportável. Eu
me convenço de que é porque o efeito do Advil que tomei esta manhã quando
acordei está passando, resultando na sensação de meu útero tentando se torcer
em um pretzel. Felizmente, os dois têm seus narizes em seus livros de literatu-
ra atribuídos. A conversa será mínima.
Se alguém tivesse me dito no início do ano que Alex Fossoway e Rob
Falls estariam sentados nesta lanchonete, lendo por horas em uma tarde de
sábado, eu teria rido pra caramba. E então os chamaria de mentirosos de mer-
da.
Cada vez que eu os checo, Alex põe seu livro de lado e começa a dar
olhares estranhos para mim ou para Rob. Rob só se comunica em grunhidos,
aparentemente perdido no mundo de Melville. Exceto quando eu entrego seus
almoços e sou recebida com um murmúrio. — Obrigado, querida.
Meu primeiro instinto é corar e depois dar um soco nele. Mas eu atribuo
isso aos analgésicos. Certamente não quero chamar mais atenção para isso
quando Alex começar a engasgar com sua bebida. Posso explicar o compor-
tamento estranho de Rob por causa dos analgésicos, mas Alex é uma história
diferente. Tenho tentado ignorá-lo tanto quanto possível.
Todas as minhas mesas foram atendidas, então estou na cozinha com os
olhos fechados e as mãos empurrando minha cintura para aliviar a dor.
Margie surge ao meu lado. — Evie, por que você não faz uma pausa en-
quanto ainda estamos na calmaria antes do jantar?
— Você pode voltar aqui na cozinha e ficar comigo se quiser. — C.J. me
dá uma piscadela e dá um tapinha no banquinho ao lado da grelha.
Eu me movo para ir imediatamente para a segurança de C.J. e suas tra-
vessuras, sem pressa para retornar ao estranho mundo bizarro que é a sala de
jantar hoje.
— Vá se sentar com Rob e Alex. — Margie diz com um tom de voz se-
vero. Ela me empurra em direção à porta. — Vou verificar o resto de suas
mesas e não acomodarei ninguém em suas seções por um tempo.
Tentando evitar o elefante na sala. Lancei um último olhar lamentável na
direção de CJ. Margie praticamente me empurra pelas portas de vaivém.
Eu me jogo ao lado de Rob, mas nenhum deles parece registrar minha
presença. Eu coloco minha cabeça sobre os braços cruzados sobre a mesa e
me concentro em respirar fundo para matar uma onda crescente de náusea.
Do meu período. Sim. Não porque estou nervosa ou desconfortável com a
presença gigantesca ao meu lado. Definitivamente não por causa disso.
Eu pulo quando Rob começa a esfregar minhas costas, mas então relaxo
com seu toque enquanto seus dedos amassam os músculos tensos em meus
ombros. Sério, não consigo resistir a suas mãos mágicas. Ele deve ter vendido
sua alma a Satanás por essa habilidade ou algo assim. Não é natural.
— Qual é o problema, minha garota? — Ele murmura, ainda lendo.
Estou perdendo essa batalha. Posso sentir isso com cada toque. Droga
Margie. C.J. provavelmente poderia fazer a mesma coisa por horas e não me
fazer sentir tão louca como Rob pode em menos de cinco minutos.
Minha única resposta é um gemido. Sou incapaz de pensamentos racio-
nais, claramente.
— Ei, Alex? Ainda tem aquele frasco de ibuprofeno no carro? — Este é
o som mais lúcido que Rob já soltou o dia todo.
— Sim, por quê?
— Vai buscar.
— O que? — Ele choraminga como uma criança. — Por que? Ela não é
minha namorada.
Bem, na verdade, não sou namorada de ninguém.
— Não seja um idiota. Apenas vá buscá-lo.
Eu ouço Alex se levantar e ir embora bufando. Eu viro minha cabeça pa-
ra olhar para Rob. Ele está realmente se comportando de forma estranha hoje.
Ele ainda está lendo, alheio a qualquer coisa que esteja acontecendo ao seu
redor. Seus dedos nunca param de trabalhar em mim.
— Ele não sabe? — Minha voz soa rouca, como se eu estivesse dormin-
do por horas.
Rob suspende sua leitura por um momento, virando-se para olhar para
mim com olhos gentis. — Sabe o que?
— Sobre a Garota dos Sonhos. — É exatamente por isso que estou
sempre dizendo a ele para se acalmar comigo. Se seu melhor amigo me con-
funde com sua namorada, o que ela deve pensar? Embora, eu acho que beijá-
lo não é realmente uma boa motivação para ele desistir de nossa amizade. Es-
pecialmente se ela não estiver respondendo aos avanços dele. Caras como
Rob, sem dúvida, têm necessidades. Mesmo que ele não se force a alguém, ele
está esperando há tanto tempo. O fato de que ele está constantemente recu-
sando o sexo provavelmente o deixa ainda mais desesperado por isso.
Ele me dá seu sorriso característico, mas há algo em seus olhos que não é
nem um pouco malicioso. — Sim. Ele sabe.
Ele volta a ler seu livro. Eu me pergunto se os dedos dele já estão fican-
do cansados. Ele poderia fazer isso por horas, e ainda não seria o suficiente.
— Você sabe que Jeremy contou para Alyssa, que então contou a Jess,
certo? — Eu estudo seu rosto para saber como sua mão ainda está nas minhas
costas.
— Eles te contaram? — Sua voz trai a neutralidade cuidadosa de sua ex-
pressão. Ele parece... com medo. Talvez nossa amizade seja importante para
ele também. Talvez, como eu, ele perceba que assim que atingir seu objetivo,
não passaremos mais tempo juntos.
— Não. Eu não queria saber. Lembra como eu disse que estava chateada
na noite passada porque não pensei que ela se importasse que você se machu-
casse?
Ele bufa e abre a boca para dizer algo. Mas, Alex vem caminhando em
direção à cabine e joga o frasco de comprimidos na minha cabeça. Rob o pega
sem olhar para cima antes que me acerte. Impressionante. Eu agarro-o como a
tábua de salvação que é para mim passar pelo resto desta mudança. Já que eu
não tenho uma bebida própria, eu puxo a de Rob, engolindo os comprimidos
com um gole de refrigerante. Carbonatação e ibuprofeno são uma combina-
ção nojenta.
— Obrigada, — eu respiro para Alex.
Ele olha para mim e apenas balança a cabeça, exibindo um sorriso muito
semelhante ao de Rob. — Sim, você me deve.
— OK. Diga seu preço.
Rob ri para si mesmo, provavelmente se lembrando da frase da fogueira.
— Risadinhas, aqui, em casa. Me poupe. — Ele balança as sobrancelhas
para mim. — Encontro quente esta noite.
— Eva, querida, quem são seus amigos? — Eu olho para cima para ver
Jackson, um dos meus clientes regulares, de pé ao lado da mesa com Margie.
Ela troca uma carranca com Rob enquanto ele planta sua mão possessivamen-
te no meu ombro.
— Desculpe docinho. Ele solicitou você, embora eu tenha dito a ele que
você estava fazendo uma pausa. — Claramente, Margie gosta dele tanto quan-
to Rob.
Não tenho certeza de por que todo mundo está contra esse cara pobre e
solitário. A tensão deles em relação a ele é densa, então eu ofereço a ele um
sorriso brilhante. — Tudo bem. Eu estava apenas me levantando de qualquer
maneira. Estarei aí em um segundo, Jackson.
— Obrigado, anjo. — Ele e Margie vão embora para outra mesa.
Rob e Alex olham um para o outro com conhecimento de causa.
— Quem é o idiota? — Alex parece ter esquecido repentinamente sua
pressa em partir.
Eu me afasto do aperto de Rob e me levanto, esticando minhas costas.
Deus, espero que o Advil comece logo a fazer efeito.
— Oh, ele é o melhor cliente do anjo. — Rob pisca os cílios, parecendo
um idiota absoluto. Como se o tom de voz zombeteiro já não estivesse fazen-
do isso por ele.
— Pare com isso. Qual é o problema com vocês dois? Ele é apenas um
cara solitário e inofensivo. Sua esposa morreu de câncer no ano passado e ele
odeia ficar sozinho em casa. Honestamente, eu não acho que ele nunca vai
superar ela e seguir em frente com sua vida. Eu me sinto mal por ele, e vocês
dois também deveriam. Seus idiotas ficam aqui o tempo todo, ocupando esta
cabine por horas enquanto eu perco gorjetas. Por que ele não pode fazer o
mesmo sem que todos ajam como se ele fosse algum tipo de assassino em sé-
rie? Pelo menos ele me dá uma gorjeta muito boa. Ele só quer companhia.
Alex ri ofensivamente, balançando a cabeça para mim. — Sim, essa não é
a única coisa que ele quer.
— Você sabe o que? Você é nojento e claramente não ouviu uma palavra
do que acabei de dizer. Saiam daqui, vocês dois. — Eu olho para Alex en-
quanto aponto para Rob. — E leve-o com você.
— Não. Eu não estou indo a lugar nenhum. — Sua voz e postura gritam
criança petulante. — Se ele pode ficar sentado aqui por horas, despindo você
com os olhos, então eu também posso.
— Por que você não guarda isso para a Garota dos Sonhos e para de me
irritar pra caralho?
Estou de péssimo humor e adoraria nada mais do que gritar com os dois,
mas tenho um trabalho a fazer. Eu me viro para a cozinha para pegar sua con-
ta e o café habitual de Jackson. Quando volto para a mesa deles com a conta,
a única coisa que encontro é a mochila de Rob e seu livro e telefone ainda na
mesa. Excelente. Em sua névoa induzida por drogas e pressa de Alex, ele os
deixou para trás. Agora terei que deixá-los na casa dele no meu caminho para
casa.
Estou curvada, colocando suas coisas em sua mochila, quando um toque
familiar atinge minhas costas. — O que você está fazendo com minhas coisas?
Pulando para cima e ao redor, eu encontro o peito sólido de Rob. —
Achei que você tivesse saído com Alex e esquecido suas coisas.
Ele ri com o braço ainda em volta da minha cintura. Eu não sinto falta
do olhar que ele lança para Jackson. — Você acha que eu pularia fora do bar-
co? Eu disse que não ia embora. Além disso, tenho certeza de que dou uma
gorjeta a você melhor do que ele.
O pensamento fugaz de suas mãos mágicas passa pela minha mente, e eu
tenho que concordar. Mas não vou admitir isso em voz alta.
— Você não pode sentar aqui até que eu termine de trabalhar sozinho.
Eu tenho mais três ou mais horas.
— Oh, eu não estarei sozinho. O Capitão Ahab e eu temos muito em
comum. — Ele pisca para mim e seu sorriso faz a covinha em sua bochecha
se aprofundar. Ele desliza de volta para a cabine e pega seu telefone e livro de
sua bolsa. Sentindo que esse cenário está totalmente errado, eu observo em
silêncio enquanto ele verifica seu telefone e envia algumas mensagens de tex-
to.
— Você realmente não deveria estar aqui, Rob. Você deveria estar con-
versando com a Garota dos Sonhos ou algo assim.
Ele desliga o telefone com uma expressão estranha no rosto que beira o
medo novamente. Então, respirando fundo, ele se vira e agarra minhas duas
mãos, olhando nos meus olhos com toda a seriedade. — Eu estou.
Claro. Ele está mandando mensagem para ela. É por isso que ele pediu a
Alex para deixá-lo aqui. Ele deve estar pedindo a ela para vir encontrá-lo. En-
tão ela pode levá-lo para casa. E eles podem finalmente resolver as coisas.
— Oh, tudo bem. — Espero que meu sorriso seja convincente o sufici-
ente. De alguma forma, eu duvido.
A cara que ele me dá é claramente incrédula, então acho que não fingi
bem o suficiente. — Sério? É isso?
Bem, o que mais ele quer que eu diga? Já me sinto mal pelo que disse so-
bre ela esta manhã. Ele me disse que ela ficou chateada com o jogo ontem à
noite, então acho que não posso reclamar muito. — Sim…
— Mesmo? Você não vai me dar um soco nem nada? Você nem está
brava? Eu meio que esperava que você ficasse chateada.
— Por que eu daria um soco em você?
Oh meu Deus. O beijo. Ele pensa... ele acha que estou brava com ele por
falar com a Garota dos Sonhos porque eu o beijei. Jesus. Meu rosto parece
que está pegando fogo.
— Está bem então. — Ele dá de ombros, beija minha mão onde quei-
mou na fogueira e volta para seu livro.
Este dia está ficando cada vez mais estranho. Felizmente, a correria do
jantar está chegando, então não tenho tempo para pensar nisso. Ou chorar.
Eu paro e encho a bebida de Rob algumas vezes, mas ele está perdido
em seu livro. Estou muito ocupada, então não tenho mais conversa. Quanto
mais tempo passa com ele ainda sentado aqui, porém, mais furiosa eu fico.
Aquela vadia nem veio buscá-lo, embora ele tenha se machucado na noite pas-
sada e não possa dirigir. Inacreditável. Ele ainda envia mensagens de texto
para ela ocasionalmente enquanto está sentado aqui. Eu realmente gostaria
que Alex tivesse me contado quem ela é, para que eu pudesse ser rude com ela
na segunda-feira.
Eu tenho que sufocar uma risada quando Jackson sai. Rob acena para
ele, feliz em vê-lo partir. Quando meu turno finalmente acaba, fico grata por
Sheila não ter me pedido para ficar. Estou honestamente exausta e faminta.
Eu deslizo um prato para Rob enquanto me sento ao lado dele com um ham-
búrguer e batatas fritas para mim. Se a sua cadelinha vai deixá-lo apodrecer
aqui comigo a noite toda enquanto ele tem um tornozelo ruim, o mínimo que
posso fazer é pagar o jantar para ele.
Comemos em silêncio enquanto ele continua sua leitura profunda das
alegrias da caça às baleias. Até que vejo um grupo de líderes de torcida entrar e
sentar na seção de Gena. Minhas esperanças de evasão são frustradas quando
Kerri dá uma segunda olhada.
— Rob, idiota com tesão às dez horas. — Eu o acotovelo para chamar
sua atenção.
— Hmm? — Ele levanta os olhos do livro, obviamente não tendo ouvi-
do uma palavra do que eu disse.
Kerri desliza para o lado oposto da cabine. Tarde demais para correr
agora.
— Rob! Que bom te encontrar aqui! — Ela ri enquanto eu luto contra a
vontade de vomitar.
Não há Advil suficiente no mundo para torná-la tolerável nesta época do
mês. Já é ruim o suficiente que eu tenha que aguentar ter nossos armários
próximos um do outro. Mas isso é fora da escola, e já estou cansada o sufici-
ente depois desse dia de merda.
Rob já voltou ao seu livro. Pensando bem, estou surpresa que ninguém
mais tenha tentado sentar-se com ele nas últimas horas enquanto ele estava
sozinho aqui. Muitas meninas da escola já vieram e se foram. Kerri e eu nos
encaramos enquanto continuo a comer devagar, esperando o que ela vai de-
sencadear esta noite.
— Então, o que você está fazendo aqui? — Ela canta.
Bem, obviamente, ele está lendo.
— Lendo, — ele responde, monótono.
Não consigo parar de rir, mesmo com a boca cheia de comida. Sim, ele
pode definitivamente ler minha mente. Merda, ele pode definitivamente ler
minha mente.
— Bem, eu posso ver isso. Quer dizer, o que você está fazendo aqui,
lendo? É sábado à noite; você não tem planos? Com um encontro esta noite?
Oh, bom, Kerri. Você claramente não tem um encontro esta noite, então você acha que
pode simplesmente arrancar um dele?
— Sim. — Ele vira para a próxima página enquanto inclina a cabeça em
minha direção.
Ou Kerri perde seu gesto completamente ou ela só precisa de esclareci-
mentos. Inferno, eu preciso de esclarecimentos.
— Bem, onde ela está?
Ok, ela tinha perdido completamente.
— Sentada ao meu lado, — diz ele distraidamente, nunca olhando para
cima.
A risada que brota da boca de Kerri me faz querer estender o braço por
cima da mesa e dar um soco na garganta dela. Eu me seguro... por pouco.
— Sério? Achei que você estivesse trabalhando. — Ela franze o nariz em
desgosto.
Ah, ela finalmente decidiu se dirigir a mim. — Eu estava. Terminei.
— Então, vocês dois, — ela gesticula entre nós com o dedo, — estão em
um encontro?
— Sim.
— Não. — Nós dois respondemos ao mesmo tempo. Eu me pergunto
se ela pode ver seu sorrisinho por trás do livro que ele tem na frente de seu
rosto.
— Vou levá-lo para casa. Alex estava aqui, mas teve que sair. Ele me pe-
diu para deixar Rob, já que ele não pode dirigir ainda.
Kerri franze os lábios de uma forma completamente sem atrativos. Ela
não deve se importar, já que os olhos de Rob não estão grudados em seu ros-
to. — Oh. Bem, você está horrível, Eva.
Caramba, valeu.
— Você deve estar exausta depois de trabalhar o dia todo. Vou levar
Rob para casa para você.
Sim, eu aposto que você vai. — Tudo bem, Kerri. Eu levo ele.
— Não seja boba; eu insisto. Vá para casa, tome um banho e durma um
sono de beleza. Deus sabe que você precisa disso.
Cadela.
— Além disso, ele está ferido. Mesmo se você pudesse levá-lo para casa,
você obviamente está exausta demais para cuidar dele e deixá-lo bem acomo-
dado assim que chegar lá. — Ela está dando a ele um olhar tão óbvio de quar-
to que eu só posso imaginar qual deve ser sua ideia de acomodá-lo.
Olhando para Rob, fica claro que ele não está prestando atenção em na-
da que está acontecendo ao seu redor. Ele perdeu a oferta óbvia de Kerri. O
que significa que posso me divertir um pouco. Não é como se Kerri soubesse
quem é a Garota dos Sonhos para sair correndo e contar a ela sobre isso.
— Tudo bem, Kerri. Acho que posso lidar com ele. Eu estava pensando
em dar-lhe um banho quente, dar-lhe uma boa massagem e um boquete, e
então colocá-lo na cama. Tenho certeza que ele vai desmaiar assim que estiver
satisfeito. Não gostaria que nosso quarterback inicial ficasse mal. — Pisco pa-
ra ela enquanto coloco outra batata frita na boca. Com o canto do olho, posso
ver Rob virar lentamente a cabeça para mim. Seus olhos estão praticamente
saltando para fora do crânio. Opa. Talvez ele estivesse prestando atenção.
E ela percebe a reação dele desta vez também. Figuras. — Bem, eu não
acho que Rob realmente goste dessa ideia.
— Não, eu estou bem com isso. — Sua voz é inconfundivelmente rouca
enquanto ele lentamente volta para seu livro, seus olhos ainda arregalados.
— Obrigada por passar para ver como ele está. — Eu agito minha mão
com desdém. — Mas, como você pode ver, ele está em boas mãos. Tenha
uma boa noite.
Eu ofereço meu sorriso mais brilhante da vitória.
Kerri me encara enquanto se levanta para sair. — Bem, Rob, você me li-
ga se precisar de alguma coisa, ok?
— OK. — Ele voltou a ler e não está prestando muita atenção. Graças a
Deus.
Depois que ela se foi, solto um suspiro. Que vadia. Eu não posso acredi-
tar que estou reduzida a me defender de outras garotas pela Garota dos So-
nhos, que nem se importou em vir e cuidar de Rob.
— Eu não vou deixar você me dar um boquete esta noite, você sabe.
— Não foi uma oferta séria, você sabe.
— Só para esclarecermos.
Que tipo de pessoa ele pensa que eu sou que faria isso quando ele está
tentando ficar com outra pessoa? E o que ele quer dizer com deixar... hoje à
noite? — Você está pronto para ir? É apenas uma questão de tempo antes que
outra pessoa decida tentar roubá-lo para um encontro, já que você claramente
não está aqui comigo.
Ele finalmente abaixa seu livro, me lançando um olhar estranho. Ele olha
para a comida ainda no meu prato. — Você não vai terminar de comer?
Sua comida acabou.
— Não. Aquele Advil que Alex me deu está passando e minhas cólicas
estão voltando. Eu não quero arriscar.
— Tudo bem, onde está a conta?
Eu deslizo para fora da cabine enquanto ele arruma suas coisas. — Eu já
paguei. Eu não poderia ter nenhum mesa aberta antes de sair.
— Eu acho que devo a você então. — Ele pisca para mim.
Eu envolvo um braço em volta de suas costas para ajudá-lo a sair. Não
que eu consiga fazer muito. Ele tem mais de quarenta e cinco quilos em cima
de mim. Ainda assim, ele parece grato pelo apoio e envolve seu braço em vol-
ta dos meus ombros enquanto lentamente fazemos o nosso caminho para fora
da lanchonete.
Capítulo 28
Rob
A arte do amor

Evie desliga o motor na minha garagem e nós dois saímos. Ela está ao
redor do carro, envolvendo seu braço em volta de mim antes mesmo de eu
dar um único passo para longe. Eu poderia me acostumar com isso. Será que
ela será tão sensível na escola?
Ela se move em direção à varanda, mas eu a guio até a garagem.
Ela me olha com um olhar questionador. — Por que estamos entrando
pela garagem?
Já estou digitando o código no teclado ao lado da porta. — Hum, porque
eu não ia dirigir, então minhas chaves estão lá em cima, no meu quarto.
— Oh. Bem, por que você precisa de suas chaves?
— Porque... ninguém está em casa? — Merda. Eu não esperava que isso
a deixasse desconfortável, mas posso ver pelo olhar em seus olhos que sim.
Eddie estúpido. Eu deveria ter pensado melhor.
— Onde estão seus pais? Trabalhando? — Ela espia dentro da garagem
escura e honestamente parece um animal assustado. Vou ter que trabalhar
mais para provar a ela que nunca vou tratá-la como ele fez.
— Não, minha mãe me mandou uma mensagem mais cedo que eles iam
sair hoje à noite. Está tudo bem com você? — Eu entro na garagem escura,
sem pressioná-la a seguir.
Ela fica para trás, incerta. Eu me pergunto por quanto tempo estarei ca-
minhando na linha tênue de mostrar a ela o quanto eu me importo com ela
enquanto tento não assustá-la.
Virando-me para ela, eu a puxo contra mim em um abraço gentil. — Eu
sinto muito. Eu deveria ter perguntado a você primeiro. Eu estou bem para
entrar sozinho. Se você quiser ir para casa, está tudo bem. Eu entendo.
Ele a estragou tanto que ela olhou para mim como se não acreditasse que
eu iria respeitá-la e não exigir um boquete na primeira noite em que estivemos
juntos — Eu só... não consigo ver nada lá. Como você vai chegar até a porta?
— Eu moro aqui. Eu meio que sei onde estão as coisas.
Ela enrubesce para mim. — Está bem então. Lidere o caminho.
Claramente, o que eu acho que ela está pensando e o que ela está real-
mente pensando são duas coisas diferentes. Se ela quiser sair comigo por um
tempo, eu definitivamente não vou negar isso. São apenas cerca de nove. Es-
tou muito feliz por poder passar tanto tempo fora da escola com ela. Ainda
não consigo acreditar como ela aceitou facilmente quando eu disse a verdade.
Não estávamos juntos e agora apenas... estamos. Eu tenho que me lembrar de
levar as coisas devagar e tratá-la com delicadeza. Vou deixá-la assumir a lide-
rança. Deus sabe que não quero fazer nada para estragar tudo agora que ela
finalmente é minha.
Puta merda. Ela finalmente é minha.
Melhor dia de todos.
Quando entramos, tiro os sapatos com cuidado. Ela está ao meu lado
novamente, um braço em volta de mim e a outra mão espalmada contra meu
estômago para me dar apoio. Eu tenho que respirar através do que isso faz
comigo. Ser legal com ela vai exigir cada grama de restrição que possuo.
Meu tornozelo realmente não dói tanto. Mas eu tenho que ir com calma
se quero estar no treino na segunda-feira. Eu não sei o quão confortável ela
está em me tocar. Qualquer coisinha como essa que ela faça é apenas mais
uma pista para mim, então não digo nada e a deixo fazer o que quiser. Ela he-
sitantemente me segue até a sala de estar, olhando ao redor como se ela não
estivesse aqui apenas esta manhã.
— Você quer que eu pegue mais ibuprofeno para você? — Vou mostrar
a ela exatamente como ela merece ser tratada, começando agora.
— Oh não, tudo bem. Você não deveria estar andando muito, certo?
Não, na verdade não. Mas posso ver pela expressão em seu rosto e sua
postura que ela está com dor. Eu definitivamente não posso ter isso.
— Não é tão ruim. Sinta-se em casa e já volto. Mi casa es su casa. — Eu
a deixo com um beijo na testa do qual ela não recua, já que está muito ocupa-
da sorrindo para o meu espanhol. Acho que vou ter que começar a aprender
grego também.
Quando volto com uma garrafa de água e alguns comprimidos para ela,
ela está deitada no sofá de lado. Seus olhos estão fechados e uma carranca es-
traga seu rosto tranquilo. Espero não ter colocado lá.
— Evie. — Eu a cutuco, sussurrando. — Água, remédios.
Ela se senta e me dá um sorriso sonolento.
— Obrigada, — ela murmura, colocando os comprimidos na boca e en-
golindo-os com um gole de água.
Sentando no sofá ao lado dela, eu brevemente me pergunto se eu deveria
simplesmente mandá-la para casa para dormir. Mas sou ganancioso e tudo isso
é muito novo. Já sei que não vou pedir para ela ir embora. Eu também não
vou tentar mantê-la se ela quiser ir. Dou um tapinha no meu colo para ela se
deitar. Eu ainda devo a ela pelo jantar, e ela afirma que tenho mãos mágicas.
Elas sempre pertenceram a ela, mas, agora é... diferente. Agora, cada toque é
como uma oração respondida.
Ela levanta a sobrancelha para mim. Deus, é uma luta lembrar por que
ela está com dor, então não vou pensar sobre sua oferta anterior. Não que eu
a deixasse fazer isso tão cedo. É definitivamente tudo com que estarei so-
nhando até que ela me dê luz verde.
Ela admite e deita a cabeça no meu colo. Seu corpo está voltado para a
televisão e seu cabelo se espalha pelas minhas pernas. Ela deve ter soltado en-
quanto eu estava lá em cima. Ela boceja enquanto eu massageio seu estômago
com uma mão e pego o controle remoto com a outra.
— Você quer assistir um filme?
Percebo que não tenho ideia do que estou fazendo aqui. Sair com uma
garota de quem não gosto por causa de Alex é uma coisa, mas nunca tive uma
garota sozinha em casa antes. E esta não é qualquer garota. É minha Evie.
Tudo tem que ser perfeito e nada para incomodá-la.
Ela ri baixinho, mas não sei por que o que perguntei a ela é engraçado.
— O que você está fazendo?
O que eu estou fazendo? Que tipo de pergunta é essa? — Tentando fa-
zer você se sentir melhor?
Obviamente, não estou fazendo um trabalho muito bom.
— Eu não tenho dor de estômago. Eu tenho cólicas. E você não quer
assistir futebol?
Bem, sim, mas ainda estou preso no que estou fazendo de errado.
— Embaixo
Embaixo?
Ela rola de costas, olhando para mim. Doce Mãe de Misericórdia, ela pa-
rece um anjo. Meu próprio anjo. Ela agarra minha mão com a dela e me move
para onde ela quer que meus dedos trabalhem seus poderes especiais.
Oh. Embaixo. Tenho que me lembrar de respirar.
Seus olhos se fecham e ela exala um suspiro suave de contentamento. Eu
não posso acreditar que esta é a minha vida agora.
— Rob?
— Hmm? — Não consigo evitar que minha outra mão se enrosque em
seu cabelo, mas ela não parece se importar.
— Se eu dormir, você vai me acordar em meia hora, para que eu possa ir
para casa?
Eu tenho mesmo? Prefiro dormir com ela esta noite, embora saiba que
não é possível. — Certo.
Depois de apenas alguns minutos, sua respiração se equilibra. Ela esfrega
o rosto no meu estômago, já profundamente adormecida. Não esqueci que ela
deve confiar em mim imensamente para se deixar tão vulnerável, o que é um
grande alívio depois de pensar que ela estava com medo de estar aqui sozinha
comigo.
A TV esquecida, passo longos minutos vendo-a dormir. Observando a
maneira como seu peito sobe e desce lenta e uniformemente. Ouvindo cada
inspiração e expiração. Vendo seus olhos se moverem por trás de suas pálpe-
bras, seus dedos se contraindo levemente. Ela está sonhando. Eu daria qual-
quer coisa para saber sobre o quê. Só espero que não seja um pesadelo sobre
o ano passado. Afastando esse pensamento, juro nunca pensar nele quando
ela estiver em meus braços assim. Ela é minha agora e só minha. Ele nunca vai
chegar perto dela novamente.
Abandonando meu trabalho em seu abdômen, começo a traçar descui-
dadamente meu dedo sobre ela. Ela claramente não está sentindo nenhuma
dor agora. Eu traço como uma pena leve toques sobre sua pele macia. Não
consigo resistir à atração de seu corpo contra o meu. Eu gasto o tempo agora
para tocar em todas as coisas que memorizei ao longo dos anos. Suas mãos
hábeis, cruzadas sobre o peito, os dedos delgados que podem dominar habil-
mente uma flauta ou tocar as teclas de um piano. A curva de seus cotovelos, a
inclinação de seus ombros. Os ângulos agudos de suas maçãs do rosto, o can-
to de sua boca que não está pressionado em meu estômago. Repetidamente
em um loop infinito, eu a acaricio suavemente, esperando que, quando ela
acordar, meu toque tenha sido absorvido por sua pele. E ela saberá que nunca
terá que se preocupar com minhas mãos sendo usadas para machucá-la ou
forçá-la contra sua vontade.
Com esse pensamento firmemente no lugar, eu resisto ao desejo de cor-
rer meus dedos sobre seus lindos seios enquanto ela respira. Para traçar um
padrão de seu joelho dobrado até as coxas até a curva de seus quadris. Vou
esperar até que ela me peça para tocá-la nesses lugares. Em vez disso, volto
minha atenção para o cabelo dela. Cada mecha de cachos quase pretos que
imaginei tocar nos últimos três anos está agora ao meu alcance. Eu escovo o
mais suavemente que posso com todos os emaranhados.
Quando eu tiro o cabelo solto de sua testa, ela cantarola e um pequeno
sorriso enfeita seus lábios. Sua reação traz um sorriso ao meu próprio rosto.
Mesmo até o momento, algumas semanas atrás, quando ela negou o que acon-
teceu com ela, minhas fantasias com Evie nunca incluíam esse tipo de toque.
Cada sonho, acordado ou dormindo, era sobre possuir o corpo dela com o
meu, devorá-la apenas de maneiras que possam satisfazê-la. Isso é muito mais
do que eu poderia ter imaginado. Sua confiança foi tão conquistada que isso
quase parece mais íntimo do que qualquer coisa que poderíamos fazer juntos
sem nossas roupas. Eu acho que é assim que o amor parece.
Eu amo essa garota
A próxima coisa da qual tenho consciência é a sensação dela em meus
lábios, sua respiração soprando em meu rosto. Merda. Eu devo ter adormeci-
do também. — Evie? Que horas são?
— Eu sinto muito. Eu não queria te acordar. Eu estava indo embora. É
um pouco depois da meia-noite.
Droga. Eu deveria acordá-la, não o contrário. Eu pisco para ela. Ela está
apoiada em mim, mas não parece zangada. Ela parece... triste?
Ela se afasta do sofá e calça os sapatos perto da porta. Eu sei que ela não
gostava da garagem escura, então me levanto e aponto para as escadas que
levam até a cozinha. Vou mostrar a ela o caminho da frente. — Vou acompa-
nhá-la até a saída.
Quando chegamos à porta da frente, ela se vira para mim, com os braços
em volta dela. Provavelmente está muito mais frio lá fora, e ela só está com a
camisa pólo que usa para trabalhar. Sem palavras, tiro uma das minhas jaque-
tas do armário perto da porta e coloco em volta dela enquanto ela me oferece
um sorriso estranho.
— Eu não quero que você sinta frio. — Sentir a necessidade de me ex-
plicar para ela parece estranho. Ela ainda não aceita que eu realmente me im-
porto com ela. Porra do Eddie.
— Você vai está bem para subir para o seu quarto?
Eu me inclino mais perto dela, antecipando a próxima parte. Eu não
quero pressioná-la, mas... — eu vou conseguir se você me beijar de novo.
Eu não consigo resistir.
Ela me dá um sorriso irônico, mas se inclina para pressionar seus lábios
contra os meus. Não o suficiente para satisfazer minha necessidade por ela,
mas não rápido o suficiente para eu acreditar que ela não queria dizer isso
também.
— Melhor? — Ela ainda não saiu do meu espaço pessoal. O sorriso que
ela me dá é cheio de travessura.
— Não.
Sua expressão é uma mistura de confusão e decepção. Eu a puxo contra
mim e testo as águas. Definitivamente, não quero enviar a mensagem de que
não a quero. Inclinando meu rosto para baixo, eu roço meus lábios nos dela
suavemente, esperando que ela me pare, me diga que é demais.
Ela não faz nenhuma dessas coisas. Prossigo, querendo mostrar a ela tu-
do o que não consegui dizer por tanto tempo.
Abro minha boca contra a dela. Instantaneamente, o gosto dela domina
meus sentidos. É indescritível, desejável... viciante. Ela retribui, sua respiração
correndo em mim enquanto meu coração tenta encontrar um novo lar em seu
peito, em vez do meu. Enfiando meus dedos em seu cabelo, eu a seguro con-
tra mim. Minha outra mão na parte inferior de suas costas a puxa o mais perto
possível. Ainda não está perto o suficiente. Eu empurro dentro de sua boca,
lenta e suavemente, dizendo a ela tudo o que quero dizer com cada golpe da
minha língua contra a dela.
Ela choraminga em minha boca.
Todo pensamento racional e controle cuidadoso e lento voam pela jane-
la. Esmagando-a contra mim, eu devoro sua língua de todas as maneiras que
só fantasiei. Eu a aperto com força contra o meu corpo enquanto endureço
por ela. Deus, ela é tão gostosa. Suas mãos estão no meu peito, minha camisa
agarrada entre seus dedos quando ela de repente se afasta.
Oh, Cristo, eu realmente estraguei tudo.
Ela ainda está comigo. Eu envolvo meus braços com cuidado em torno
de suas costas, embalando-a para mim, e descanso minha testa contra a dela
enquanto nós dois ofegamos em um esforço para recuperar o fôlego.
— Eu sinto muito, Evie. Eu não quero...
Ela me interrompe com lágrimas em sua voz. — Eu sei. Eu não sou ela,
Rob. Eu gostaria de ser, mas não sou. Você está tomando analgésicos, estava
sonhando e eu... — sua voz falha. — Eu não sou ela.
O que? Porra?
Ela pressiona um beijo suave em meus lábios. Sinto o gosto salgado de
suas lágrimas antes que ela se solte de meus braços. Ela corre para fora da
porta e me deixa sozinho em estado de choque total.
Capítulo 29
Evie
Sangrando

Se eu pudesse ter cancelado o trabalho ontem e faltado às aulas hoje, eu


teria. Mas não posso perder gorjetas ou deixar minhas notas caírem. Eu prefi-
ro estar enfurnada no meu quarto, ouvindo a lista de reprodução que eu que-
brei e criei na semana passada e chorar por causa da idiota que fui.
Eu estava tão errada, tão completamente enganada pela realidade alterna-
tiva que construí para mim mesma com meu plano de jogo e minhas paredes
seguras. Quando ele as esmagou em menos de um mês, eu realmente deveria
ter sido mais resistente. Eu deveria ter lutado mais para me manter longe de
suas garras. Eu deveria, mas não fiz. Uma pequena parte do meu cérebro já
sabia que eu não seria capaz de resistir desde aquele primeiro dia de biologia.
Eu encobri meu coração em ódio frágil. Essa foi a primeira perda desta
batalha. Tão fácil para ele derrotar com seus olhos brilhantes, cérebro, covi-
nha e voz suave como armas. Mãos grandes e braços fortes instilaram medo,
uma resposta aprendida automaticamente. Toques suaves e persistentes der-
rubaram o outro adversário tão facilmente como se fosse o ar.
A guerra perdida, tudo o que posso fazer agora é esperar que os tremores
secundários diminuam e me reagrupar o melhor que puder. A vida continua
como sempre. Ninguém, ninguém saberá mais sobre o meu sofrimento. A
cada ensaio geral, minha atuação fica melhor. Eu espero.
Ele ligou e mandou uma mensagem de texto impiedosamente ontem,
implorando para que eu falasse com ele. Não havia mais nada a dizer. Eu não
sou ela, eu disse a ele naquela noite. Essa é a pura verdade. Quando ele come-
çou a se desculpar profusamente por seu comportamento, desliguei meu tele-
fone. Ver escrito em palavras que ele lamentava ter me beijado em sua casa
doeu mais do que tudo. Eu sabia exatamente no que estava me metendo
quando o beijei. Como posso culpá-lo por fingir quando foi exatamente o que
eu fiz também? Quando acordei com o som dele gemendo em seu sono, sua
ereção pulsando sob minha cabeça, perdi o controle. Claro e simples. Eu o
beijei enquanto ele sonhava com outra pessoa. E então em seu estado semi-
acordado na frente de sua porta, eu fingi um pouco mais. Até que ele se des-
culpou. Foi mais um tapa na cara do que se fosse físico.
Eu nunca respondi a ele, indo para o trabalho no piloto automático. Eu
estava muito, muito grata por ele não ter aparecido lá. Meu papel como ser
humano funcional era, na melhor das hipóteses, tênue. Eu precisava daquele
dia inteiro para terminar de me colar de volta em preparação para hoje. Ainda
assim, isso não me impediu de chorar até dormir na noite passada. Minhas
lágrimas ajudaram a lavar os resquícios de seu ataque à minha frágil ilusão.
Estou de pé no meu armário, olhando fixamente para o seu conteúdo.
Meu único objetivo é me preparar mentalmente para a carga emocional de vê-
lo hoje e ter que fingir que está tudo bem. As introduções da Sociedade de
Honra são esta manhã, então posso evitar sua proximidade no cálculo. Eu es-
tarei no palco, fazendo o discurso de boas-vindas como se meu coração não
estivesse quebrado além do reparo. Ele estará na parte de trás com os outros
membros seniores. Provavelmente sentado o mais perto da Garota dos So-
nhos quanto sua coragem permitir. A menos que ela seja uma de minhas cole-
gas oficiais. Talvez ela esteja sentada mais perto de mim do que dele.
Minhas roupas, maquiagem e cabelo esta manhã foram todos cuidado-
samente escolhidos e executados como armadura para reforçar ainda mais a
opinião do espectador médio de que estou completamente no controle de
mim mesmo. Afinal, tenho que parecer a presidente. Estou contando com a
dor de usar esses saltos o dia todo para me manter focada na tarefa que tenho
pela frente. Masoquismo muito? Sim, obrigada.
Estou tão assustada com a minha dor mental que não prevejo uma mão
quente na minha cintura e palavras suaves no meu ouvido. — Evie, precisa-
mos conversar.
Com uma máscara de neutralidade cuidadosamente controlada, me viro
para encarar Rob. Olhando para mim com esta proximidade, sua expressão só
pode ser descrita como torturada. A maioria de nossos colegas de classe pro-
vavelmente ficará tão abalada ao vê-lo em calças sociais e uma camisa branca
de botões, que passará despercebido.
— Eu não posso. Tenho que chegar ao auditório para terminar de prepa-
rar as coisas para as apresentações. Tenho certeza que te vejo lá. — Estou or-
gulhosa de mim mesma por manter minha voz tão calma e uniforme. Afinal,
ainda teremos que sentar um ao lado do outro e trabalhar juntos até o final
deste trimestre. Evitar totalmente não é uma opção.
— Como está seu tornozelo hoje? — Bom. Ainda posso fingir com o
melhor deles.
— Poderia estar quebrado, e eu não notaria ou me importaria. Por favor,
dê-me apenas cinco minutos para explicar. — Ele está com uma aparência
horrível, o que não faz absolutamente nenhum sentido, mas eu sei disso: se ele
perder a calma, eu também perderei. E não tenho tempo para isso. Tenho que
fazer um discurso para mais de 200 alunos em cerca de meia hora.
— Talvez mais tarde. Não posso fazer isso agora.
— Tudo bem, — ele aceita. — Mas você não pode me afastar para sem-
pre.
Oh, certamente posso tentar.
***
Meu discurso foi proferido perfeitamente e de volta na segurança do
meu assento designado, eu tenho meus olhos cuidadosamente treinados na
Sra. Hall. Ela fala sem parar sobre as virtudes de ser membro deste pequeno
clube exclusivo. Todo mundo sabe muito bem que praticamente não tem sen-
tido na vida a não ser ter uma boa aparência nas inscrições para a faculdade.
Eu finjo um sorriso convincente e aceno com a cabeça em todos os lugares
apropriados para dar um bom exemplo para os calouros que estou prestes a
iniciar.
Quando me levanto para começar a cerimônia de fixação, meus olhos
são atraídos para o único lugar do auditório que tenho evitado propositalmen-
te. Jeremy e Chase riem ruidosamente na última fila. Alex e Rob encaram al-
guns dos juniores sentados logo à frente deles. O comportamento é estra-
nhamente retrógrado para minhas expectativas daquele estranho pequeno
grupo. Especialmente porque a única razão pela qual Chase está no meu círcu-
lo de amigos é porque os atletas o colocaram na lista negra por ter se assumi-
do no ano passado. Eu fico me perguntando o que diabos está acontecendo lá
atrás enquanto eu realizo minhas tarefas no palco.
As induções finalmente acabaram, então estou me misturando com os
outros alunos. É esperado de mim dar os parabéns aos nossos membros mais
novos e falar sobre as atividades futuras.
Luke, um dos juniores que estava rindo com Jeremy e Chase, se aproxi-
ma de mim. Seus passos são medidos com propósito. Com o canto do olho,
vejo Rob parado perto. Ele se inclina contra uma cadeira com os braços cru-
zados sobre o peito, sua expressão ilegível. Chase e Jeremy estão ao lado dele,
rindo e apontando para mim. Não é difícil adivinhar o que está prestes a acon-
tecer aqui com Luke. Alex parece estar preso no meio. Ele está assistindo com
expectativa para ver o que vai acontecer, mas não tão jovial quanto aos meus
próprios amigos. Jess e Alyssa se juntam ao grupo. Suas bocas apertadas e
olhos estreitos mostram que eles não aprovam a intromissão dos caras.
— Ei Eva, você está linda hoje.
Eu tiro meus olhos da estranheza a alguns metros de distância para me
concentrar no cara parado na minha frente. — Obrigada. Posso te ajudar em
algo, Luke?
Tenho bastante experiência na arte de dizer não para que isso seja tão fá-
cil quanto o resto. Toda essa situação é obviamente uma armação. Isso explica
o que testemunhei durante a cerimônia, e meus amigos idiotas praticamente
chorando de tanto rir por perto enquanto Alyssa... dá um tapinha no braço de
Rob? Que diabos?
— Eu certamente espero que sim. O baile é em algumas semanas. Eu
queria perguntar a você antes que alguém tivesse a chance. Todo mundo sabe
sobre sua regra de não atletas, mas acho que nós dois sabemos que não sou
um atleta. Então, que tal? — Sua maneira está além da confiança.
— Obrigada pela oferta. Estou lisonjeada, realmente. Mas não estou pla-
nejando ir ao baile. Já me ofereci para trabalhar naquela noite, para que todas
as outras meninas possam ir com seus encontros. — Não é exatamente uma
mentira. Simplesmente não aconteceu ainda. O baile é daqui a mais um mês.
Essa programação nem foi feita no trabalho.
— Oh, tudo bem. Se mudar de ideia, me avise. Eu perguntei primeiro e
tudo. — Ele se afasta com uma piscadela, aparentemente não pior para o des-
gaste.
Tento não ser uma vadia com os caras que não merecem. A atitude arro-
gante de Luke fez meu temperamento explodir um pouco, mas sei que a ver-
dadeira culpa é de Jeremy e Chase. Eu espreito até eles o mais rápida e amea-
çadoramente que posso em saltos de sete centímetros, observando um sorriso
se espalhar pelo rosto de Rob.
— Vocês dois vão conseguir o que procuraram. — Eu o vejo dizer antes
de estar perto o suficiente para ouvir as palavras.
No momento em que estou parada na frente deles, estou tão furiosa que
não sei em quem socar primeiro. Eu acertei todos os quatro em sucessão, dei-
xando Rob para o final. Tocá-lo de qualquer forma precisa ser proibido para
mim. Não quero que pareça muito óbvio para todos os outros.
Jess e Alyssa riem da minha reação previsível, revezando-se dizendo aos
meninos que eles tiveram o que mereciam e deveriam ter vergonha de si
mesmos.
— Que diabos? O que eu fiz? — Alex esfrega o peito como um bebê.
— Eu sei que você estava envolvido nisso. Eu poderia realmente ver vo-
cê do palco, você sabe.
— O que? Você sabe que estará na quadra, então é hora de começar a
explorar as possibilidades. — Chase claramente perdeu sua maldita mente.
Mas é claro, ele estaria obcecado em ter certeza de que todos nós temos en-
contros para algo com tanta antecedência. O pobre rapaz sabe que suas chan-
ces de conseguir um encontro são quase nulas. Apesar de todos os rumores
dolorosos sobre a sexualidade das pessoas por aqui, a população gay é escassa.
Mesmo eu não posso negar a ele a chance de viver vicariamente.
— Bem, eu vou te dizer o que eu disse a ele. Estou planejando trabalhar,
para que as outras meninas possam ir. Não se preocupe em tentar me arrumar
com mais ninguém. — Pelo menos este pequeno circo ajuda a tirar minha
mente do outro elefante na sala.
Alyssa puxa Jeremy pelo braço, para que ela possa reclamar dele por seu
envolvimento em particular. Chase balança a cabeça para mim, me dando uma
piscadela e um sorriso malicioso que não consigo decifrar. Jess fisicamente o
arrasta para longe também. Alex dá um aperto simpático no ombro de Rob
antes de subir a rampa para sair do auditório. Há mais de uma configuração
acontecendo aqui esta manhã.
— O que? Todos eles sabem que você quer falar comigo ou algo assim?
— Eu aponto para os nossos quatro amigos que ainda estão longe. A multi-
dão na sala diminui, a desculpa para faltar às aulas tendo expirado.
— Sim. Eles sabem. — Ele não se moveu de sua posição original, ainda
encostado na cadeira no final da fileira, os braços cruzados sobre o peito, um
tornozelo cruzado sobre o outro. Ele parece estar se debatendo para saber por
onde começar. Eu realmente não quero ouvir isso agora. Ou nunca. Mas eu
sei que isso tem que acontecer, então prefiro que seja do meu jeito.
— Ouça, sinto muito sobre o sábado. — Não tenho como olhar para o
rosto dele. Vou perder minha determinação e sei disso. — Eu não deveria ter
me comportado dessa maneira, e peço desculpas. Eu sei que temos que ser
parceiros de biologia pelo resto do trimestre. Não quero que haja ressentimen-
tos ou constrangimento entre nós. Mas eu não posso mais fazer isso. Eu sinto
muito.
Eu imediatamente me arrependo de ter cometido o erro de olhar para
ele. Seus olhos azuis estão inundados de dor. Deus, eu sou péssima.
— Eu entendo, — ele responde calmamente.
— Eu, hum, eu gostaria que ainda pudéssemos ser amigos. E talvez de-
pois de um tempo possamos. Mas eu só... não posso mais ajudá-lo com a Ga-
rota dos Sonhos. E eu definitivamente não posso mais ser seu treino de flerte.
Eu…
— Chega. — Ele efetivamente me interrompe. Ele agarra minha mão e
me puxa para ele, colocando as mãos em meus quadris. — Você nunca foi um
treino, Evie.
Ele pisca algumas vezes, respira fundo e morde o lábio inferior. Eu fico
olhando para ele, chocada.
O que diabos está acontecendo aqui?
— Não sei onde nossos fios se cruzaram no sábado, mas aparentemente
sim. Achei que tinha sido claro o suficiente, mas acho que não. Isso é tudo
minha culpa de qualquer maneira. Talvez se eu apenas tivesse crescido um par
de bolas naquele dia quando Jeremy colocou tudo isso em sua cabeça, nada
disso jamais teria acontecido. Mas, honestamente, você ainda me deixa tão
nervoso, e você está tão fora do meu alcance. Mesmo que você continue ne-
gando, sei que algo pior aconteceu com você e Eddie. Não quero assustar vo-
cê mais do que já fiz. Então, quando você me contou sobre o cara que você
esperava desde sempre, eu simplesmente não sabia como competir com isso.
Eu deveria ter te contado desde o começo. Eu não culpo você se você me
odeia, ou sente que eu menti para você, ou se você nunca mais falar comigo.
Mas mesmo se for esse o caso, eu tenho que te dizer agora.
Ele para para respirar, fechando os olhos. Eu gostaria de dizer algo, co-
meçar uma palavra do mesmo modo. Ele está correndo e divagando, sem re-
almente fazer muito sentido. Tudo o que posso fazer é ficar boquiaberta com
ele e esperar por qualquer bomba que ele esteja prestes a lançar sobre mim.
Ele abre os olhos e encontra meu olhar de frente. Essas honestas íris
verde-azuladas brilham e roubam meu fôlego, assim como no primeiro dia em
que nos conhecemos. Ele segura minha bochecha com a mão e se inclina para
que nossos rostos fiquem separados apenas por um sopro. — Você sempre
foi a garota dos meus sonhos, Evie.
Seus olhos vagam por todo o meu rosto, me estudando, esperando por
algum tipo de reação. Meu cérebro está absolutamente preso em um bug.
Não funciona.
Ele beija minha boca com tanta suavidade e me deixa atordoada. Meu
olhar segue sua forma alta e musculosa subindo a rampa e saindo pela porta.
Ele nunca olha para trás. Eu acho que ele queria deixar a bola no meu campo.
Ainda estou piscando para o nada quando Jess e Alyssa estão de cada lado
meu, cada uma envolvendo um braço em volta de mim.
— Eu teria essa expressão se Rob Falls tivesse acabado de me beijar
também. E você me deve um par de sapatos, vadia.
— Você está bem? — Alyssa é sempre mais sutil do que Jess.
— Eu honestamente não sei.
Como uma pessoa deve se sentir quando todos os seus desejos se tor-
nam realidade?
Capítulo 30
Rob
Primeira Vez

No momento em que ambos estamos de volta à aula de literatura após as


apresentações esta manhã, ela está sentada do outro lado da sala. Tento pres-
tar atenção, realmente tento. Eu acho que coloquei tudo lá fora, sem chance
de mal-entendido desta vez. O que ela fizer com meu coração daqui depende
totalmente dela. Não adianta ficar pensando nisso.
Em vez de ouvir a palestra, me encontro olhando para ela. Eu nem sei se
estou sendo sutil neste ponto. Cada pequeno movimento, cada expressão que
cruza seu rosto, estou tentando freneticamente traduzir o que ela pretende
fazer com as informações que dei a ela.
Durante todo o domingo, ela nem mesmo respondeu às minhas mensa-
gens ou atendeu minhas ligações. Continuei repetindo seus beijos continua-
mente em minha mente. Continuei procurando por qualquer pista que eu ti-
vesse perdido. Qualquer pequena dica de que ela não havia iniciado ou retri-
buído nada. Eu não queria dar como certo que acabei de ver o que queria o
dia inteiro. Mas não. Talvez isso tivesse sido muito mais fácil.
As opções que me restam me apavoram profundamente. Eu me lembro
claramente dela dizendo sábado à noite que ela gostaria de ser a Garota dos
Sonhos. Mas talvez ela se sinta muito usada e enganada para me perdoar por
minhas mentiras. Ou depois de um dia curto e alguns beijos roubados, ela de-
cidiu que não superou o que Eddie fez com ela. A última opção é que ela de-
cidiu que eu realmente não a fiz esquecer sua paixão. O sábado poderia ter
reacendido tudo o que ela estava tentando esquecer. Ela pode desejar a aten-
ção que eu dei a ela apenas dele. Como ela poderia pensar que Eddie poderia
ser um bom substituto, mas não eu?
Jeremy acaba sentando conosco na hora do almoço. Alyssa ainda está
chateada com ele por causa da pequena proeza dele e de Chase esta manhã
durante as apresentações. Ela o chutou para fora da mesa. Ela não se importa
que eles estivessem apenas tentando - acender um fogo debaixo da minha
bunda para fazer alguma coisa - como ele diz tão eloquentemente. Ela não
tem nenhuma informação nova sobre o que Evie está pensando. Eu verifico o
resto da conversa.
Enquanto faço meu caminho para a biologia, oro para que as aulas sejam
rápidas. Não tenho certeza de como devo sentar ao lado dela por noventa mi-
nutos e fingir que nada está acontecendo entre nós. Deus, mal posso esperar
pelo futebol hoje. Eu preciso sair do meu próprio espaço miserável e sim-
plesmente sair para o campo.
Quando entro na sala de aula, Evie já está em nossa mesa, como de cos-
tume. Ela olha pela janela como nas primeiras duas semanas de escola. Ten-
tando ao máximo fingir que eu não existo. Esses serão os noventa minutos
mais longos da minha vida.
O sino toca. A Sra. Anderson anuncia que hoje concluiremos a fase final
dos exercícios de “conhecer você”. Fan-porra-tástico! Exatamente o que nos-
sa pequena situação embaraçosa exige. Ela explica que ficaremos olhando nos
olhos de nosso parceiro por quatro minutos inteiros. O cronômetro já está
ajustado em sua mesa. Bom Deus.
Todos na sala de aula se voltam para seus parceiros. Eu lentamente en-
frento Evie. Ela já está esperando por mim, o que é inesperado. Achei que ela
lutaria contra esse exercício com unhas e dentes. Eu trago meu olhar para en-
contrar o dela. Seus olhos azul oceano já estão me estudando, vagando por
cada centímetro de mim como se ela pudesse encontrar as respostas de que
precisa apenas por observação silenciosa. Não se parece nada com os outros
olhos que estão vagando por todo o meu corpo desde o segundo ano. Ela me
olha como se estivesse se lembrando.
Quando o cronômetro começa, seus olhos se fixam nos meus. Acho que
hoje ela está disposta a fazer o papel de cobaia do experimento social. Tento
encontrar minhas próprias respostas em suas profundezas, mas há muito se
movendo em seus olhos. Não posso escolher apenas uma emoção. Esses qua-
tro minutos parecem uma eternidade. Conforme os segundos passam, minha
mente se acalma. Eu simplesmente olho para o que está na minha frente. Por
mais que eu tenha estudado e observado ela ao longo dos anos, nunca foi uma
experiência como esta. Logo estou perdido no mar de seus olhos. Tudo o
mais desaparece no fundo como a névoa que o puxa para baixo pouco antes
de o sono reivindicar a consciência.
O único pensamento claro como cristal que perfura meu transe: estou
completamente apaixonado pela mulher sentada na minha frente.
O cronômetro dispara. Espero que ela salte, mas ela não o faz. Simples-
mente move seus lábios ligeiramente e lentamente tira seu olhar de mim en-
quanto ela se vira para a frente da sala. Meu Deus, o que eu não daria para
sentir aqueles lábios nos meus mais uma vez.
Todo esse processo matou apenas cerca de dez minutos, então eu tenho
que passar por mais oitenta do meu próprio inferno pessoal. Nem uma única
palavra foi trocada entre nós desde que entrei pela porta da aula. Preparando-
se para a tortura, abro meu texto no capítulo atual e abro meu caderno. Eu sei
muito bem que não vou tomar uma única nota ou prestar atenção a nada do
que a Sra. Anderson diz.
Com a cabeça apoiada na mão, percebo um movimento com o canto do
olho. Evie desliza meu caderno de volta na minha frente. Na página em bran-
co, ela escreveu apenas uma palavra.
Por quê?
Porque o que? Não quero que haja mais mal-entendidos entre nós.
Agradeço a chance de ela querer se comunicar. Mesmo que não seja cara a
cara com uma conversa real. Eu anoto minha própria nota e passo o caderno
de volta para ela.

Qual parte?

Ela franze a testa, em seguida, rola a caneta contra os lábios. Juro que ela
adora me torturar de propósito às vezes. Ela não escreveu nada ainda, então
ela deve estar genuinamente pensando sobre isso. Ela desliza o caderno de
volta para mim, tendo tomado uma decisão.

Tudo.
Eu poderia escrever um romance neste momento. Setenta minutos não
parece tempo suficiente para lidar com o que ela está me pedindo para expli-
car. Além disso, pelo grande volume disso, eu precisaria pelo menos digitar
em vez de escrever à mão. Eu me viro ligeiramente para ela, esperando que
ninguém ao nosso redor perceba, e murmuro: “Demais”.
Espero que ela entenda o que quero dizer.
Ela acena com a cabeça ligeiramente, me entendendo. Graças a Deus.
Não há espaço para erros aqui. Ela rola a caneta contra os lábios novamente.
Eu deslizo o caderno de volta para ela, sentindo que ela está pensando em seu
próximo movimento.
Quando ela desliza o caderno de volta para mim, tenho que conter uma
risada. Não tenho certeza se ela queria ser engraçada, mas depois das últimas
semanas, realmente é.
Só para esclarecer: eu sou a Garota dos Sonhos?
Parece tão estúpido quando ela escreve assim. Eu apenas aceno, ainda
tentando sufocar minha risada. Ela sorri e morde o lábio. Eu escrevo algo e
passo o caderno de volta para ela.
Eu sinto muito. por favor, por favor, não me odeie.
Eu posso aguentar qualquer coisa, menos isso de novo.
Seu rosto se suaviza enquanto ela lê. Em seguida, ela escreve uma res-
posta, deslizando o livro de volta na minha direção.
Quem sabe? E por quanto tempo?
Minha mãe, Alex, Mike, Jeremy e Rachel desde o primeiro ano.
Eu disse que éramos apenas amigos
e acho que Alyssa e Jess desde o último jogo
Rachel? Por que Rachel?
Ela é minha vizinha do lado
Ela faz um pequeno “oh” com a boca enquanto lê minha última respos-
ta, finalmente entendendo o que eu estava tentando dizer a ela na noite da fo-
gueira. Suas bochechas coram um pouco. Ela bate a caneta contra o papel an-
tes de franzir a testa e escrever novamente.
Por que eu?
Ainda é muito para escrever
Espero que esta última nota a agrade, mas, em vez disso, ela franze a tes-
ta. Aparentemente, essa não era a resposta desejada. Pego o caderno dela e
tento novamente.
Programa de 12 passos de Rob para se apaixonar por Evie.
Você é gentil.
Você é adorável.
Você é uma boa amiga.
Você é inteligente.
Você é uma espertinha.
Você é linda.
Você é forte.
Você é corajosa.
Seu sorriso ilumina uma sala.
Sua risada é minha música favorita.
Você sempre me olha nos olhos quando fala comigo.
Você é um dos meus melhores amigos.
Ela leva seu tempo lendo o que eu levei apenas alguns segundos para es-
crever. Ela inala profundamente, então anota sua resposta antes de deslizar o
caderno de volta.
Você se tornou meu melhor amigo.
E agora?

Nem por um segundo subestimo o significado de sua admissão. Ou sua


pergunta. Eu levo meu tempo pensando em uma resposta apropriada. Não
quero bagunçar tudo de novo, mas bagunçar as coisas com ela parece ser meu
talento especial.
Fiz tudo o que você me pediu.
mesmo antes de você pedir.
bem, a maior parte antes de você pedir.
Eu sei que quando você fez essa lista você não estava pensando em mim,
mas só tenho pensado em você.
Não quero perder nossa amizade por nada, então
o que você decidir, eu respeitarei.
Eu reli o que escrevi pelo menos cinco vezes antes de respirar fundo e
deslizar o caderno de volta para ela. Fazer ou quebrar o tempo. De repente,
estou feliz que ela decidiu fazer isso à moda antiga no estilo quinta série, por-
que minhas mãos estão tremendo. Não tenho certeza se minha voz funciona-
ria se estivéssemos falando um com o outro.
Não sei qual será a reação dela, mas não é essa. Ela abaixa a cabeça sobre
a mesa sobre os braços cruzados e seus ombros tremem.
Quero entrar em um buraco e nunca mais sair. Cristo, ela está chorando.
Eu a fiz chorar.
Eu pulo quando a Sra. Anderson também percebe. — Srta. Papageorgi-
ou, você está bem?
Evie levanta a cabeça. Seu rosto está vermelho como uma beterraba e
um sorriso estampado em seu rosto. Meu coração acelera quando percebo que
ela está rindo. O que diabos havia de tão engraçado no que escrevi?
— Sim, estou bem. Eu estou bem. Obrigada. — Ela baixa os olhos para
a mesa com arrependimento, fazendo parecer que tem sido a aluna modelo
pela última meia hora ou mais.
A Sra. Anderson nos olha com desconfiança, mas volta à lição. Algumas
fileiras à nossa frente, Jess se vira e faz um movimento de caminhada com os
dedos, murmurando: "Sapatos".
Eu olho para Evie. Ela apenas balança a cabeça, ainda rindo baixinho.
Pego o caderno dela.
Sobre o que era tudo isso?
Eu te conto mais tarde.
Seria bom falar mais tarde. Pela primeira vez em 48 horas, agarro-me a
algo aparentemente estranho: Esperança.
Estou dando aulas particulares para você depois do treino de hoje?

Não sei. Eu não estava em cálculo, lembra?


Não recebi meu teste de volta.
Você quer me encontrar depois do treino?
Não, na sala de estudos.
Eu lanço um olhar para ela. Ela está ansiosa, fingindo prestar atenção à
lição. O sorriso em seu rosto faz meu coração alcançá-la novamente.
Você está de sacanagem comigo?

Você quer que eu fique de sacanagem com você?


Esta é uma pergunta capciosa?
Ela cobre a boca com a mão para abafar outra risada que não é tão baixa.
Estou sorrindo como um idiota absoluto. Se alguém notou nosso comporta-
mento estranho, não nos alertou sobre isso. Mas estou começando a sentir
que estamos entrando na linha de sermos seriamente pegos pela Sra. Ander-
son. Eu me viro para frente, tentando me acalmar.
Você vai nos causar problemas.
Talvez tenhamos que estudar biologia mais tarde.
Não sei se ela quis dizer isso como o duplo sentido de que estou enten-
dendo ou não. Estou a dois segundos de perder a linha completamente. Mor-
dendo meu lábio para conter minha risada e sorriso idiota, eu rolo meu pesco-
ço e ombros e propositalmente evito olhar para minha parceira mal-
humorada.

Pare com isso. Você está me matando.

OK. Eu ainda estou brava com você.

Eu sinto muito. o que eu posso fazer?

Eu quero um adiantamento no meu chocolate.


Feito.
Posso ver você comer agora?

Não, esse é o seu castigo.


Severo.

Merecido.

Eu sei.

Então, eu sou a razão pela qual você começou a agir como um idi-
ota ano passado?

Não, eu sou.

Eu não sou aquela coisa que você não poderia ter?

Você é.

Sou?

Era?

Basta começar com olá.


Olá, Evie.

Olá, Rob.

Você vai fazer alguma coisa depois?

Não sei.
Tenho que verificar com meu tutor de cálculo, que me dá chocola-
te orgástico e me deixa chorar em seu ombro.
Você também deve se preocupar com meu parceiro de biologia.
Ele queria matar um cara algumas semanas atrás por ficar lhe en-
carando.

Sim, veja, é por isso que eu disse que você nunca descobriria por si
mesma.
Eu não era óbvio nem nada.

Obrigada por trazer isso à tona.


Já me sinto tão estúpida.

Não, eu sou estúpido.

Seremos estúpidos juntos?

Juntos.

Acho que nunca li ou escrevi algo tão poderoso. Eu quero cobrir sua
mão com a minha, puxá-la para mim e beijá-la sem sentido. Mas ainda esta-
mos em biologia, então tamborilo meus dedos contra a mesa em vez de ocu-
par minhas mãos. Minha pobre tentativa de concentração em qualquer coisa
que não seja Evie quebra quando ela desliza o caderno de volta na minha fren-
te.
Então, você admite que estava apenas tentando entrar na minha
calcinha rendada?
Agora, é a minha vez de enterrar meu rosto contra a mesa e rir baixinho,
meu corpo inteiro tremendo. Finalmente recuperei a compostura após vários
momentos de euforia. Touchdown à vista. Eu arrisco outra espiada no objeto
de minhas fantasias. Ela está encostada na mesa nos cotovelos, uma expressão
ilegível no rosto. Uh oh.
Eu quero muito mais do que isso, Evie.
Lembra-se do número 13?
Mais uma confissão: os únicos analgésicos que tomei no sábado
foram 3 ibuprofeno antes de você vir de manhã.
Acho que preciso ver essa lista novamente.
Pego minha carteira no bolso de trás, abro e encontro o pedaço dobrado
de seu caderno escondido atrás. Eu entrego a ela conforme solicitado. Ela
olha para mim, provavelmente questionando o significado de eu carregá-lo em
todos os lugares. Ela alisa o papel e o examina, absorvendo minhas correções
e acréscimos.

Programa de 12 passos de Rob para a garota dos sonhos

1. Fale com ela. Chame-a de minha garota até que ela acredite.
2. Faça elogios a ela. ✓
3. Faça com que ela se sinta especial. ✓
4. Deixe que ela saiba que ela é importante para você. ✓
5. Observe as pequenas coisas. ✓
6. Conforte-a se ela precisar. ✓
7. Dê a ela tempo e espaço. Prove a ela que faríamos um ótimo ca-
sal. ✓
8. Dê a ela pequenos presentes que significam muito. ✓
9. Seja um amigo primeiro. ✓
10. Beije-a como se quisesse.
11. Respeite-a. ✓
12. Diga a ela.
13. Dê a ela minha camisa. E meu coração.
Ela examina a lista editada, passando os dedos ao longo de cada marca
de verificação e erguendo a sobrancelha silenciosamente para o papel. Se por
causa de minhas adições ou da falta de marcas ao lado de cada item, não tenho
certeza. Quando ela pega o caderno de volta e anota outra coisa, tenho minha
resposta.
Por que não há marcadores em todos, exceto 13?
1. Você acredita?
2. Sim. Eu acredito agora.
Pego a lista dela e coloco uma marca de verificação em todos, exceto no
13. Ela me olha como se eu fosse maluco, depois escreve no caderno nova-
mente.

Por que 10 e 12 ainda não foram


Eu estive meio ocupado enlouquecendo desde sábado à noite.
Ela faz uma careta e morde o lábio. Olhando para a lista novamente, co-
loco a marca de verificação final no número 13. Ela me lança um sorriso ques-
tionador antes de pegar o caderno.

Eu não tenho sua camisa.


Não, mas você já tem meu coração.
Você sempre teve.
A camisa é apenas uma formalidade, na verdade.

Esse é o meu. Por favor, seja cuidadoso.


É surpreendentemente frágil.
Droga, agora eu realmente quero tocá-la. Escola estúpida. De jeito ne-
nhum vou ser capaz de esperar até depois do treino. Isso é mais de quatro
horas a partir de agora. Eu me contento em correr rapidamente meu dedo ao
longo de seu braço antes que alguém possa notar. Eu sinto os arrepios que
meu toque levanta em sua pele quando ela recua.
Quantas vezes e como posso dizer isso?
Eu nunca vou te machucar, Evie.
x∞

Com o canto do olho, observo enquanto ela franze os lábios e enxuga os


olhos rapidamente.
Merda, agora estou realmente fazendo ela chorar.
Não seja muito duro comigo se eu errar.
Os velhos hábitos são difíceis de morrer e tudo mais.

Eu também.
Perdoe-me pelo que já estraguei?

Sim. Me perdoa também?

O que você errou?

Acreditar em todos os rumores e mentiras é algo que vêm à minha


mente.

Eu tenho que abafar outra risada. Sim, isso meio que tornou as coisas
mais difíceis. Isso e eu sendo um covarde absoluto. Não consigo nem acredi-
tar que ela está me dando uma chance depois de tudo que fiz.
Você alguma vez teria me contado?
Sem a interferência de Jeremy e eu acreditando que era outra pes-
soa?
Eu gostaria de dizer que sim, mas, honestamente, provavelmente teria
acabado com você descobrindo isso em algum momento. Você sabe que to-
dos os caras me chamam de covarde, certo?
Sim, é por isso.
Ela morde o lábio com força e se vira para a janela. Por uma fração de
segundo, estou apavorado por ter feito algo errado de novo, até que percebo
seus ombros tremendo. Ela está tentando não rir em voz alta. Se continuar-
mos assim, vamos acabar em detenção. Mas não há absolutamente nenhuma
maneira de parar. Eu seguiria essa garota para qualquer lugar. Sem perguntas.

Preciso esclarecer mais algumas coisas:


Eu fui a única chateada com o jogo, não fui?
Você estava falando comigo quando disse que estava bem?
Você realmente quis dizer o que disse à Eddie quando me chamou
de sua garota, não foi?
É por isso que sua mãe estava tão estranha quando eu te visitei?
É por isso que você parecia tão feliz por ter sido designado para
me ensinar cálculo?
Você trocou nossos cadernos naquele primeiro dia de propósito?

A resposta curta para todos é sim.

Oh meu Deus. Eu me sinto tão idiota.

Você não. Eu.

Fácil para você dizer.


Você sabia o que estava acontecendo o tempo todo.

Não. Definitivamente NÃO.


Não sabia que você me odiava.
Essa foi uma grande surpresa.

Desculpe. Eu não quis dizer isso.


Couraça protetora.

Eu sei. Entendo.
Entende?

Sim.
Você me culpa pelo ano passado?
Porque eu nunca disse nada?
Se eu apenas tivesse arrancado minha cabeça da minha bunda e convida-
do você para sair naquela época, você poderia nunca ter acabado com Eddie e
nenhum desses rumores teria começado.
Eu sinto muito.

As notas estavam voando para frente e para trás entre nós, mas, agora ela
para e leva um tempo para pensar sobre sua resposta. Ela parece em conflito,
como se ela não soubesse o que escrever. Sei que prometi a mim mesmo que
nunca pensaria em Hinton com ela em meus braços, mas também acho que
Evie está no caminho certo. Precisamos limpar o ar e esclarecer algumas coi-
sas antes que se tornem problemas mais tarde. Quanto mais ela leva para pen-
sar sobre essa resposta, mais nervoso eu fico. Eu já me culpo, então não fica-
rei surpreso se ela me culpar também. Só não sei o que isso pode significar
para nós.
Odeio admitir isso, mas não quero mais segredos entre nós.
Eu culpei, no começo.
Você não me culpa mais?
Por que eu deveria? Foi minha má decisão.
Assim como você não me culpa por sua mudança drástica de per-
sonalidade no ano passado.
Isso foi completamente diferente. Isso foi inteiramente minha culpa e
não dela. Ela não tinha ideia de como eu me sentia por ela. Não é como se ela
estivesse tentando me deixar com ciúmes ou me trair. Ela estava tentando fa-
zer com que o outro cara a notasse. Eu me pergunto se ele ficou chateado
quando ela começou a namorar Hinton também? Deve ser horrível para ela
sentir que fez todo esse esforço e tudo o que recebeu em troca foi ser estu-
prada. Se o cara que ela tanto queria sentisse alguma coisa por ela, ele não teria
deixado os rumores de Eddie ficarem sem resposta. Quero saber quem ele era,
mas ao mesmo tempo não quero. Por mais que eu odeie admitir, preciso saber
se ela ainda gosta dele. Eu fico olhando para a página à minha frente por um
tempo, tentando descobrir o que escrever que não pareça excessivamente
ciumento ou confrontador.
Evie, sinto muito, mas preciso saber.
O cara que você estava esperando?
Aquele que você está tentando esquecer?
Você se esqueceu dele ou ainda o quer?
Você pode me dizer a verdade. Eu vou entender.
Deus sabe que estive preso a você todo esse tempo.
Não consigo perguntar a ela se sou apenas mais um substituto para o ca-
ra que ela realmente quer. Eu não quero saber. Ela olha para o papel, clara-
mente perdida em pensamentos. Quando o sinal toca para encerrar a aula, ela
ainda está olhando para a página. Ela não parece registrar nada ao seu redor, o
que não me faz sentir muito bem com sua resposta. Se ela me der uma. Não
me incomodo em tentar pegar meu caderno. Eu me levanto e fecho meu ca-
derno. Ela finalmente olha para mim com os olhos arregalados. Eu acho que
ela tomou sua decisão.
— Não, — ela simplesmente diz, se levantando e me olhando nos
olhos.
O medo aperta minha garganta. Não o quê? Não, ela não pode esquecê-
lo? Eu não sou bom o suficiente? Não, ela ainda o quer? Ela deve ler as emo-
ções que eu mal estou segurando no meu rosto porque ela fica na ponta dos
pés para dar um beijo rápido no meu queixo.
— Eu nunca fui capaz de te esquecer. — Ela se abaixa de volta em seus
pés enquanto eu fico boquiaberto olhando para ela. Ela ri, uma risada profun-
da e baixa em sua garganta. — Você tornou isso absolutamente impossível.
Ela dá um tapinha no meu peito, então se afasta para se encontrar com
Jess e seguir para sua próxima aula. Eu a sigo com meus olhos até que ela saia
pela porta. Agora eu sei exatamente o que significava aquele olhar vazio que
ela estava me dando esta manhã.
Meu cérebro não funciona.
***
Quando o sinal de despedida toca, o choque da revelação de Evie não
passou. Minha cabeça está girando totalmente. Achei que me sentia zangado e
culpado pelo que aconteceu entre ela e Hinton no ano passado. Esses senti-
mentos foram ampliados em cerca de um milhão.
Lembro-me dos verões em que era salva-vidas. Alguém poderia facil-
mente ter se afogado no meu turno enquanto eu admirava o corpo lindo de
Evie. Ela sempre parecia estar diretamente na minha linha de visão. Eu enten-
do agora que ela fez isso de propósito. Eu só quero chutar minha própria
bunda com tanta força. Tantas pequenas dicas e pistas que ela me deu nos úl-
timos três anos. Eu estava com muito medo de pegar qualquer uma delas. Eu
realmente me odeio. Especialmente porque, em retrospectiva, ela deve ter ten-
tado tanto. Sempre falhei em responder. Isso a empurrou direto para os bra-
ços de alguém que a machucou muito mais do que apenas fisicamente. Me
deixa doente. Alex estava certo o tempo todo. Ela estava interessada como ele
sempre dizia. Eu era muito tímido e covarde para acreditar nele.
Alex está misteriosamente desaparecido de seu armário esta tarde, então
não tenho ideia se ele percebeu o que estava acontecendo entre Evie e eu du-
rante a aula. De jeito nenhum serei capaz de agir de maneira tão legal e casual.
Ele saberá que algo está acontecendo. Quando ele e Mike terminarem de me
interrogar, tenho certeza de que a notícia se espalhará pelo vestiário. Não es-
tou com vontade de lidar com todas as piadas e zombarias que estão vindo em
minha direção.
Eu olho para o corredor. Evie está fazendo as malas em seu próprio ar-
mário, ladeada por Kerri e Jess. É estranho olhar para ela e ao mesmo tempo
sentir-me feliz e enjoado. Deus, eu sou péssimo. Estou dividido entre querer
evitá-la totalmente de vergonha e caminhar e beijá-la como o inferno. Acho
que devo olhá-la nos olhos e implorar por misericórdia depois de tudo que a
fiz passar. Ela diz que não me culpa. Isso é bom. Eu me culpo, porra.
Eu puxo a barra de chocolate do topo do meu armário e bato a porta
com mais força do que o necessário. Vou gastar cada segundo livre e centavo
que tenho para compensá-la pelo tempo que ela vai me aturar. Começando
agora.
Jess percebe que estou atrás de Evie. Ela pisca para mim. — Suponho
que te devo agradecimentos. Ganhei muito dinheiro com você hoje.
Evie vira a cabeça ligeiramente com uma sobrancelha levantada para
olhar para a amiga. Ela me vê com o canto do olho. Um pequeno sorriso puxa
seus lindos lábios, mas ela silenciosamente volta a arrumar suas coisas depois
de lançar um rápido olhar na direção de Kerri.
— Você não pode participar das apostas, — eu explico para Jess. — Vo-
cê está na classe.
Todo mundo sabe disso.
— Eu não apostei. — Ela sorri para mim, jogando a mochila sobre o
ombro. — Ashton fez. Seus ganhos são meus ganhos. Mas também ganhei
um novo par de sapatos, graças a você. Acho que te devo duas vezes.
Ah, deve ter sido a isso que ela se referia na aula de bio. — Como
Ashton se sente sobre você estar nessa classe, a propósito?
Eu nunca consegui entender como as pessoas que já estavam em relacio-
namentos se inscreveriam de bom grado para a biologia da AP. Apostar na
obtenção de um parceiro para formar uma nova amizade platônica parece
uma aposta. Embora, se Evie e eu já estivéssemos juntos neste ano, teríamos
que assistir a aula para permanecer entre os dez primeiros. A ideia dela olhan-
do nos olhos de outra pessoa por quatro minutos sólidos me faz querer dar
um soco em algo.
— Oh, ele não se importa tanto agora. — Ela dá um tapinha no meu
peito e sai andando pelo corredor. Provavelmente para encontrar Ash.
— O que há com esse negócio de sapatos? — Eu me inclino contra o
armário fechado de Jess, esperando Evie terminar.
Ela coloca a cabeça para fora e olha para mim, sorrindo. — Ela apostou
no jogo de sexta-feira que eu era a Garota dos Sonhos antes mesmo de ela
descobrir por Jeremy.
— Excelente. Agora sou responsável por você perder uma aposta tam-
bém. Aposto que Jess tem um gosto muito caro. — Meu mau humor está pio-
rando.
Evie fecha o armário, jogando a bolsa sobre o ombro e me olhando com
um olhar questionador. — Por que você está sendo tão estranho?
Eu olho ao redor dela para Kerri, que ainda está arrumando suas coisas.
Eu baixo minha voz para que ninguém mais ouça. — Eu sei que você disse
que me perdoa por tudo, e você não me culpa pelo ano passado. Mas eu me
culpo, Evie. Meu Deus, você pensou que eu estava transando com a Sabrina
na pior noite da sua vida! Não é de admirar que você me odiasse!
Há mais a dizer, mas não vou ter essa conversa no corredor lotado.
Ela inclina a cabeça para o lado e me olha friamente. — Está bem então.
Eu me culpo por você ter se transformado em um idiota furioso ano passado.
Eu destruí um dos caras mais legais que eu conhecia, deixando algum idiota
me beijar bem na sua frente.
— Isso não foi sua culpa. Isso foi meu próprio ato estúpido. Não apenas
fiz você sentir que não tinha outra opção, mas também não tinha que reagir da
maneira que fiz. — Estou encostado no armário de Jess, praticamente fazendo
beicinho.
Evie se aproxima do meu peito. Ela está muito mais perto do nível dos
meus olhos do que quando estamos ambos eretos.
— Se é assim que você se sente, então precisa aceitar que o que aconte-
ceu comigo e com Eddie foi culpa minha. Eu nunca deveria ter tentado te
deixar com ciúmes saindo com ele, e eu certamente não deveria ter ficado
com ele enquanto eu imaginava que era você.
Puta merda. Eu ouvi direito? Não tenho tempo para pensar no que ela
disse. Suas mãos envolvem minha nuca. Ela me puxa para baixo em seus lá-
bios, e oh meu Deus. Evie Papageorgiou está enfiando a língua na minha gar-
ganta no corredor na frente de todos.
Eu aperto minhas mãos em volta de sua cintura e a puxo para mim, bei-
jando-a de volta com tanta força quanto ouso beijar ela em público. Estou
vagamente ciente dos assobios e gritos de nossos colegas de classe ao fundo.
Eu poderia me importar menos agora. Minha garota é a única coisa que per-
meia meus sentidos. Tudo que sei é a sensação de seus braços travados atrás
do meu pescoço, seus músculos dançando sob meus dedos, seus seios pressi-
onados contra meu peito, sua língua se movendo com a minha, seus lábios
suaves como veludo e seu sabor. Oh Deus, o gosto dela na minha boca. Eu
nunca vou ter o suficiente.
Obrigado, Deus, por essa garota que você fez só para mim.
Ela finalmente me liberta de seu domínio. Estou tonto com a falta de
oxigênio, mas nunca teria interrompido isso por nada. Sou grato por ela ter
sobrado cérebro suficiente para fazer isso por nós dois.
De algum lugar à minha direita, ouço a voz de Kerri. — Rob, você vai se
atrasar para o treino de futebol.
Meus olhos nunca deixam o rosto lindo e sorridente de Evie. — Futebol
americano? O que é futebol?
Evie bate no meu peito de brincadeira. Ela se solta do meu alcance e es-
tende a mão. — Onde está meu chocolate, Falls? Você ainda não está livre
disso.
Eu entrego a barra sem palavras.
Kerri fica ao lado de Evie. — Eva, o que exatamente você pensa que está
fazendo?
Evie já está rasgando a embalagem. Merda, ela vai me punir ainda pior
do que não vê-la comer.
— Comendo o chocolate que meu namorado me deu. — O sorriso ma-
ligno que Evie deu para ela é óbvio até para mim. Eu não entendo a implicân-
cia entre essas duas.
Os olhos de Kerri praticamente saltam das órbitas e ela se afasta bufan-
do. Talvez ela tenha perdido dinheiro com a aposta. Ela não teria nenhuma
informação privilegiada. Fiz Rachel prometer não contar nada a ela. Ah bem.
Essas apostas são estúpidas em primeiro lugar.
Eu não consigo tirar meu olhar de Evie. — Diga isso de novo.
— O que? — Ela está chupando artisticamente seu primeiro pedaço de
chocolate.
— Essa última coisa que você disse.
Ela me encara com um olhar curioso. Seus olhos me dizem que ela está
realmente pensando sobre o que acabou de dizer. — Comendo o chocolate
que meu namorado me deu?
Eu sou o namorado dela. Eu sou. Eu. Pulei o ficante e fui direto para o
namorado. Meu Deus, estou bem com isso. — Não, apenas a parte boa.
— Chocolate?
Ela é tão deliciosamente má às vezes.
— Você está apenas brincando comigo agora. A outra parte.
Ela fica na ponta dos pés para se aproximar do meu rosto. — Meu na-
morado?
Ainda há algumas pessoas circulando pelo corredor. Correndo o risco de
ser pego por um professor, inclino meu rosto para baixo para encontrar o dela
para outro beijo. Definitivamente vou me atrasar para o futebol. Eu descanso
minhas mãos em seus ombros e olho para seu rosto, ainda não convencido de
que não estou sonhando com tudo isso. Certamente, vou acordar a qualquer
minuto.
— Evie, você é realmente minha?
Ela sorri para mim. — Que tipo de péssimo igualista de gênero você é?
Você é meu.
E sim. Eu estou bem com isso também.
Eu envolvo meu braço em volta dos ombros dela e a conduzo na direção
que deveríamos ter ido quinze ou mais minutos atrás. — Correndo o risco de
soar sexista e controlador, por favor, me diga que você trouxe uma muda de
roupa para praticar.
Ela ainda está com a saia preta justa, a blusa azul-marinho quase transpa-
rente e os saltos incríveis que usou nas apresentações esta manhã. — Eu real-
mente não gosto de compartilhar.
Ela ri com a boca cheia de chocolate. — Bem, eu tinha planejado correr
a trilha hoje após o treino em um esforço para evitá-lo e me fazer pensar em
algo diferente de você, então sim. Eu tenho uma muda de roupa.
Pressionando um beijo no topo de sua cabeça, eu sussurro em seu ouvi-
do. — Estou sempre pensando em você também, minha garota. Ainda vai
para aquela corrida?
— Sim. Com todos os doces e cupcakes que você continua me dando,
vou engordar.
— Você poderia ganhar cem quilos e ainda ser a coisa mais linda que eu
já vi.
— E você me disse que não tem ideia do que dizer às meninas. — Ela
faz um som de estalo para mim, mas sua voz é definitivamente brincalhona.
Ah, eu amo a Evie brincalhona.
— Eu direi a você tudo o que você quiser ouvir. — Não é brincadeira.
Ela para na frente da sala da banda. Já posso ouvir os alunos aquecendo
em seus instrumentos. — Que tal se você apenas me mandar uma mensagem
e me dizer por quanto tempo o treinador vai mantê-lo após o treino por estar
atrasado? Vou levar meu telefone comigo enquanto estou correndo. Não con-
sigo correr sem minha música.
Ela fica na ponta dos pés e dá outro beijo na minha boca antes de entrar
na sala da banda.
Eu corro minha língua em meus lábios. Eles têm gosto de chocolate,
Evie, e os sonhos se tornam realidade.
Com um sorriso estúpido estampado no rosto, corro para o vestiário.
Quem se importa se eu provavelmente estou metido numa merda com o trei-
nador? Não esse cara. Me incomoda que meus companheiros de equipe vão
passar as próximas duas horas enchendo meu saco por causa das demonstra-
ções públicas de afeto no corredor? Nem um pouco.
Evie Papageorgiou é minha. Toda minha.
Capítulo 31
Alex
O som do silêncio

Rob corre para nos encontrar no campo meia hora atrasado para o trei-
no. Ele está usando o sorriso mais estúpido e comedor de merda que eu já vi,
o que me irrita pra caralho. Mike e eu ainda estamos trabalhando nos burpees
que o treinador nos designou por estarmos alguns minutos atrasados. O suor
escorre pelas minhas costas e o sol me leva a uma submissão ainda maior. Rob
se junta a nós em sua punição, mas não parece nem um pouco chateado com
isso. Porra, ele está muito animado. Ao contrário de Mike, que ainda não fala
comigo.
Nosso último bloco do dia, eu mandei uma mensagem para Mike com
uma foto da gostosa que eu peguei no fim de semana passado. Nosso profes-
sor o pegou com a foto. Fomos ambos enviados para o escritório do diretor,
onde recebemos uma punição e fomos forçados a limpar todos os dados de
nossos telefones. Só depois de reafirmar ao Dr. Filardi que não tínhamos ou-
tras cópias em casa. A garota nem estava nua na foto, Cristo. Posso amar sexo
mais do que respirar, mas traço o limite em compartilhar as fotos nuas que
minhas garotas me enviam. Se elas querem que outros caras vejam suas buce-
tas, então isso é para elas enviarem para o mundo inteiro. O que elas me dão é
só para mim.
Mike não se importa com nada disso. Ele está além de chateado. Prova-
velmente preocupado que sua namorada fique sabendo disso.
É exatamente por isso que namoradas não são para mim. Muito drama,
porra, apenas para orgasmos rotineiros. Posso conseguir a mesma coisa de
muitas garotas. Por que ficar preso a uma quando a variedade é o tempero da
vida?
Agora parece que Rob se juntou às fileiras de servidão de Mike.
Rob não está em nosso último bloco. Ele tem alguma classe de super cé-
rebro estúpida que nem Mike nem eu queríamos lidar no final do dia. A julgar
pelo seu bom humor agora, é óbvio que sua conversinha com Eva foi melhor
do que o esperado. O cara parecia que ia vomitar durante o almoço e não dis-
se duas palavras para nenhum de nós. Eles devem ter consertado as coisas
desde esta manhã.
Somos retirados da detenção de futebol para começar a jogar. Não há
tempo para interrogatório. O técnico já está chateado porque três de seus jo-
gadores titulares atrasaram o treino do time.
Rob é um ótimo zagueiro em um dia normal. Mas com alguns treinos es-
te ano, aqueles de nós que o conhecem muito bem puderam ver o quão longe
do jogo sua cabeça realmente estava. Eva está atacando meu irmão este ano.
Pela minha vida, não consigo descobrir o que ela exerce sobre ele para fazê-lo
se inscrever de boa vontade para esse tipo de sofrimento.
Mas hoje. Puta merda, hoje.
Rob está arremessando-os a sessenta metros no campo sem nem mesmo
tentar. Empurrando os defensores como se ele fosse um running back. Ati-
rando blocos como um atacante. Quando ele sente meus olhos nele, ele tenta
fazer sua cara de pau nojenta. Estou seriamente começando a me perguntar
se, estuprada ou não, Eva não fez sexo oral nele no vestiário, e é por isso que
ele se atrasou tanto. Nenhum cara fica tão empolgado sem motivo.
Mesmo que Rob seja um tipo de maricas, finalmente conseguir uma na-
morada não deve ser o suficiente para fazê-lo brincar assim. Só descendo po-
de colocar esse tipo de fogo nas veias de um cara.
Na primeira pausa para a água que se chama, estou nele mais rápido do
que uma prostituta na esquina. — Por que você está tão feliz, idiota? E por
que diabos você estava tão atrasado?
De novo com a cara de pôquer de merda. — Sem motivo.
Até Mike pode cheirar suas mentiras como um cachorro-guaxinim. —
Okay, certo. Tente novamente. Você e Evie juntos agora ou o quê?
— Sim.
É isso. É tudo o que ele nos dá. Sem cantar a jogada. Sem nada. Basta
engolir um pouco mais de água e correr de volta para o campo. Certo. Mike e
eu só teremos que arrancar isso dele mais tarde. De jeito nenhum ele não con-
seguiu antes do treino.
E eu quero os detalhes sujos, caramba. Trabalhei muito para ajudá-lo e
não ser recompensado por meus esforços.
O treinador decreta meia hora de atraso. Ele teve que nos manter para
compensar a pequena passagem de Rob no paraíso do vestiário rapidinho. Por
mais irritado que esteja, ele manda Rob correr oito quilômetros como peni-
tência adicional. Rob sai em direção à trilha sem perder o ritmo. Ele se vira
quando o treinador começa a gritar com ele para correr na pista, para que ele
não torça o tornozelo novamente. A única resposta que qualquer um de nós
obtém é uma sobrancelha levantada rapidamente e aquele sorriso estúpido
com covinhas que o faz parecer uma criança do caralho. Ele perdeu um se-
gundo.
Pegue um pouco para você, Falls.
Quando o treinador chama Mike e eu, a merda vai para o ventilador. O
Dr. Filardi mandou uma mensagem para ele com nossas transgressões durante
o treino. Agora estamos sendo atingidos novamente. Ele divaga sem parar
sobre aquela conferência atlética estúpida que tivemos que assistir no ano pas-
sado. Aquele em que Rob praticamente expôs seus sentimentos por Eva na
frente de todos os alunos da nossa classe.
Se alguém tivesse me perguntado no ano passado se eu achava que a his-
tória de Hinton não batia, eu teria dito inferno, sim. Se alguém tivesse me per-
guntado se eu pensei por um segundo que ele a estuprou, eu teria dito que
provavelmente não. Quem diria que idiotas como aquele estavam se escon-
dendo à vista de todos? Eu honestamente gostava do cara. Então, novamente,
eu nunca imaginei que ele fosse alguém que puxaria essa merda de baixo nível.
Minha pequena conquista no fim de semana passado foi completamente
consensual, mas quando penso sobre isso, e em quantos problemas eu poderia
me meter se ela brincasse que não era, eu seriamente me pergunto se deveria
escrever algo na próxima vez. Só porque estar no time de futebol me mantém
longe de problemas com o diretor, não significa que eu queira prejudicar mi-
nha reputação com outra pessoa. De jeito nenhum eu quero que pensem em
mim da maneira que penso em Hinton agora. Mike ainda está irritado comigo
por envolvê-lo em meu compartilhamento de fotos. Talvez eu deva manter
até as fotos não nuas das meninas para mim a partir de agora.
Uma hora, juro por Deus, uma hora depois, o treinador nos liberta como
cachorros para corrermos oito quilômetros. Recebemos a mesma punição que
Rob, embora estivéssemos apenas dez minutos atrasados. O treinador nos diz
para seguir a trilha e ter certeza de que nosso quarterback idiota não se ma-
chucou mais, já que ele ainda não voltou. Mike ainda não disse uma palavra
para mim, embora eu continue tentando obter suas boas graças. Nenhuma
quantidade de piadas ou desculpas quebrou sua parede de gelo.
Ele para a cerca de cinquenta metros do início da trilha, seu braço subin-
do para me segurar.
Seguindo sua linha de visão, meu coração bate dolorosamente no meu
peito. Rob está sentado no chão, embalando uma garotinha nos braços. Am-
bos estão completamente cobertos de sangue.
Mike dispara em direção a eles. Demoro um segundo para recuperar o
fôlego e seguir. Quanto mais perto eu chego, mais percebo que não é uma
garotinha que Rob está segurando.
É a garota dele.
Mike já está questionando Rob enquanto eu corro atrás dele. Meu Deus,
vê-los me dá vontade de vomitar. Há tanto sangue que não posso dizer de
quem é. Seu cabelo está completamente molhado. Ela parece morta.
A voz histérica de Mike não faz nenhum sentido em meu cérebro por
causa das batidas de meu pulso em meus ouvidos. Tudo o que posso fazer é
olhar para Rob. Ele freneticamente balança Eva para frente e para trás, acari-
ciando seu rosto com a mão trêmula.
Quanto mais eu assisto, mais doente me sinto. Rob não está apenas co-
berto de sangue. Sua camisa inteira está coberta com o que parece ser vômito
também. Eu engulo algumas vezes para abafar meu reflexo de vômito. Eu não
vomito. Embora Mike grite ao meu lado, eu sintonizo as palavras que Rob
respira para Eva como uma oração. É difícil entendê-lo por causa de seus so-
luços histéricos.
— Evie, fique comigo, por favor... apenas fique comigo... Evie, eu te
amo, não faça isso comigo... eu te amo ... Evie, apenas abra os olhos e olhe
para mim ... Deus, não, não faça isso... baby, por favor...
Estou a segundos de desmaiar. Minha visão nada, e bolhas escuras dan-
çam na borda do meu campo de visão. O cheiro acobreado de sangue e o
odor rançoso de vômito rodopiam dentro do meu nariz e serpenteiam até o
estômago. Meu abdômen aperta, lutando contra meu reflexo de vômito.
O que diabos aconteceu?
Mike comete o erro de se aproximar de Rob e estender a mão para Eva,
já que ele não está recebendo nenhuma resposta de nenhum dos dois.
Rob vira os olhos para Mike. Juro por Deus, ele parece um maldito ca-
chorro raivoso. Ele puxa o corpo dela com força contra o peito como um pe-
so morto. — Não toque nela.
— Rob, você tem que me deixar ajudar. Eu quero ajudá-la. Eu também a
amo. O que aconteceu?
Rob olha para mim. Seus olhos brilham com ódio puro e louco. — O ca-
ra da lanchonete. Ele está descendo a trilha cerca de três quilômetros. Traga-o
aqui.
As palavras saem como uma espécie de rosnado complicado que não se
parece em nada com Rob, mesmo em seu pior aspecto no campo de futebol.
Mike não tem ideia de quem ele está falando, mas eu tenho certeza que
sim. Vimos através daquele idiota desde o início, mas eu não acho que ne-
nhum de nós previu esse cenário acontecendo nem por um segundo. Eu saio
pela trilha. Minha vontade de vomitar e desmaiar foi esquecida. Tenho um
objetivo em vista: pegar o filho da puta como Rob ordenou. Logo eu ouço
Mike me seguindo, falando com o despacho do 911 enquanto avançamos pela
floresta.
Não sei o que esperava encontrar quando chegarmos ao filho da puta.
Minha adrenalina por buscá-lo para quando vejo o que sobrou de seu rosto.
Ele está deitado sem vida ao lado da trilha.
Rob absolutamente o atacou.
Se ele não tivesse me contado quem era antes de decolarmos para cá, eu
não o reconheceria agora. Mike se abaixa sobre o peito para se certificar de
que ele ainda está respirando. Ele se levanta e dá um chute mais forte que eu
já vi direto para o lado dele. Ele deve estar morto. Puta merda. Rob matou o
homem que fodeu com sua garota. Nunca estive mais orgulhoso e aterroriza-
do em um único momento.
Mike puxa o morto por cima do ombro como uma fera e começa a subir
a trilha. Eu sigo. Meu cérebro nem está funcionando. Não consigo imaginar o
que Mike e Rob devem estar sentindo. Ainda estou preso no modo de terror,
me sentindo completamente inútil. Eles estão fazendo a merda.
Acho que é isso que acontece quando você ama alguém, não importa que
tipo de amor seja.
A adrenalina de Mike diminui a cerca de um quilômetro e meio e ele tem
que colocar o cara no chão. Eu puxo para cima e agarro um braço, envolven-
do-o em volta do meu ombro enquanto Mike faz o mesmo. Levamos seu tra-
seiro morto pela próxima milha, apenas para encontrar um enxame de veícu-
los de emergência.
Santo Deus, estou tocando um cadáver. Minha pele está em contato com
a de um morto. Seu sangue mancha minha camisa e mancha meu braço. Meu
estômago rola novamente.
Os policiais estão se aproximando da trilha quando nos avistam. Em se-
guida, os paramédicos assumem. Eu observo a cena se desenrolando na minha
frente, ainda em silêncio.
Simplesmente não há palavras, porra.
Uma multidão de estudantes está reunida atrás de uma fita policial ama-
rela, anunciando a área como cena de crime. Alguns choram, outros ao telefo-
ne. Provavelmente espalhando a palavra. Eu me pergunto o quanto qualquer
um deles sabe, ou o que eles viram enquanto Mike e eu estávamos fora.
Eva não está em lugar nenhum. Suponho que foi colocada em uma am-
bulância e levada para o hospital. Ou o necrotério.
Rob está sentado na parte de trás de outra ambulância enquanto para-
médicos o atendem. A expressão em seu rosto me assusta pra caralho, mesmo
a esta distância. Seus olhos parecem tão sem vida quanto os corpos de Eva e
daquele cara. Sua camisa sumiu. Um policial está parado perto, etiquetando
um saco plástico transparente.
Foda-me, eles estão coletando evidências.
O treinador está atrás da fita, discutindo com outro policial. Provavel-
mente para deixá-lo passar e chegar até nós. Seus jogadores. Seus filhos. Ele
está tentando nos proteger de algo. Seremos todos acusados de algum crime?
Isso está muito além de uma foto de uma garota gostosa no meu celular.
O morto é colocado em outra ambulância. Meu irmão vai para a prisão
por assassinato? Eles acham que Rob matou Eva desde que chegaram aqui,
antes de aparecermos com o corpo de seu agressor?
Os policiais entrevistam Mike. Ele fala rapidamente sobre tudo o que sa-
be. Não consigo entender nada disso. É como se estivessem falando uma lín-
gua estrangeira que eu não entendo. Nenhum de nós sabe o que aconteceu de
qualquer maneira. Isso é tudo culpa do Rob, que não diz uma palavra a nin-
guém.
E ainda estou aqui, olhando em volta para toda a carnificina. Eu nem sei
o que aconteceu. Ao meu redor, as pessoas estão falando, chorando, enlou-
quecendo. Mas, tudo o que posso ouvir é o silêncio de duas pessoas que nun-
ca mais vão falar.
Então, eu faço algo que não faço há anos.
Começo a rezar minhas ave-marias.

Continua...
Agradecimentos
Eu não queria ser uma autora quando crescesse. Eu queria ser uma dou-
tora. Quando era pequena, inventava histórias na cabeça, mas nunca as escre-
via. Em vez disso, desenhei fotos para as histórias. Minha irmã e eu fingíamos
e essencialmente representávamos as histórias que eu criava. Ela foi minha
primeira leitora beta. E ela ainda é hoje. Obrigado, “mana”, por acreditar em
mim, por me dizer que eu poderia fazer isso e por ser a primeira leitora da
pilha de porcaria que se tornou este livro. “É como um filme na sua cabeça!”
Hubs, mesmo que você tenha que puxar mais do que o seu quinhão do
peso pela casa e com as crianças, obrigado pelo seu apoio. Isso não teria acon-
tecido sem você me encorajar que era hora de encontrar meu próprio cami-
nho como um adulto na vida real e ir além do território de uma deusa domés-
tica. Por favor, pare de dobrar a roupa. Vou chegar lá... assim que terminar o
próximo capítulo.
Eu não poderia ser o que sou hoje sem minha mãe. Então, embora ela
jure que nunca vai ler minha “obscenidade”, obrigada, mãe. Volim teve!
Talvez a parte mais válida desse processo tenha sido minha filha. Senta-
mos lado a lado à mesa todas as noites, e ela trabalha em seu laptop enquanto
eu trabalho no meu. Ela quer ser escritora quando crescer... assim como a
mamãe. A imitação é realmente a forma mais sincera de lisonja. Rezo para que
nenhum de meus filhos tenha lido isso, mas só para garantir: eu te amo. Você
é o meu tudo. As melhores coisas que já fiz, e o mundo é um lugar melhor
com vocês três nele. Você me deixa tão orgulhoso, todos os dias.
Para minha CP, Kristy. Você é a dona de histórias que me deram forma
desde muito cedo, e não estou exagerando quando digo que não poderia ter
feito isso sem você. Obrigada. Por seu apoio, sua ajuda, seu tempo e, mais
especialmente, sua amizade. Não posso prometer que nunca vou dar uma
olhada em outro livro, mas vou tentar.
Keller, sinto que devo a você uma garrafa de Everclear por aguentar to-
das as minhas reclamações, lamentações e lágrimas quando as coisas ficaram
difíceis. 2016 é o nosso ano! Nós podemos fazer isso!!! E eu não estou bravo
com você! (Mas estarei se você não terminar o BOSH. Dê para mim. Dê para
mim agora. Então, temos coisas para escrever, então mexa-se!)
Para minha editora, Cris, eu te amo, te amo, te amo. Sua amizade e orien-
tação foram inestimáveis para mim. Você pegou um escritor novato muito
bruto sob sua asa com a premissa de um beta rápido para um único capítulo e
caiu na toca do coelho comigo. Não posso agradecer o suficiente por suas in-
contáveis horas neste manuscrito e em tantos outros pequenos trabalhos. Seu
incentivo significou muito para mim e me incentivou a continuar quando es-
tava com vontade de desistir! Lamento amar tanto as vírgulas.
Ninjas sexy, você me mantém são. Eu amo todos vocês. Nosso vício em
romance esportivo nos juntou por completo acidente, e eu não faria de outra
maneira. Serei eternamente grato por tudo que passamos juntos e pelas ami-
zades duradouras que formamos. Mal posso esperar para ler o que você fará a
seguir. Convenção em NOLA em breve!
À Erika Kelly e Cheryl McIntyre, obrigada por abrir mão do seu tempo
livre no fim de semana para vir e “conversar” com um grupo de aspirantes a
escritores famintos. Sua paciência, graciosidade e sabedoria sempre serão valo-
rizadas. Assim como seus livros fabulosos!
Obrigado a todos os blogueiros que dedicaram tanto tempo e esforço
para promover e fazer crescer a comunidade indie. Vocês são os centros deste
pequeno universo, e nem o leitor nem o escritor estariam onde estamos hoje
sem você. Agradecimentos especiais a Obsessed with Romance e Crazy Love
4 Books por divulgar meu nome... muito, muito cedo. Amo todos vocês e
respeito imensamente seus comentários honestos.
Se você chegou até aqui, obrigado caro leitor, por se arriscar em um no-
me desconhecido e uma série que sai do portão com um suspense. Eu prome-
to não deixar você esperando por muito tempo!
Playlist
Se você reconheceu os títulos dos capítulos, parabéns! Você é um vicia-
do em música depois do meu próprio coração! Originalmente, este livro não
tinha títulos de capítulo além dos títulos POV. Mas a música é uma grande
parte da minha vida. Existem cenas que não foram incluídas na versão final do
livro que foram inteiramente inspiradas por canções. Então pensei comigo
mesmo: “Ei, por que você simplesmente não dá a cada capítulo seu próprio
tema musical?” Mais fácil falar do que fazer. Embora algumas cenas tenham
sido escritas graças à música, nem todas foram. Cada capítulo tem seu próprio
sentimento e emoção, então escolher a música certa para se encaixar no clima
foi um trabalho de amor que levou HORAS. E várias reescritas. Espero que
goste desta lista de reprodução. O resto da série seguirá o mesmo exemplo,
então segure seus fones de ouvido ... há mais por vir!
Cool Kids-Echosmith
Things Have Changed-Bob Dylan
Going Under-Evanescence
Out of My League-Fitz and the Tantrums
Blue Monday-Orgy
Do I Wanna Know?-Arctic Monkeys
Silver Lining-Hurts
Picking up Pieces-Blue October
No Idea-All Time Low
Round and Round-Imagine Dragons
Best of You-Foo Fighters
Hurt-Nine Inch Nails
The Good Life-Three Days Grace
Crystallized-Young the Giant
Don’t-Ed Sheeran
May I-Trading Yesterday
Everybody Hurts-REM
Only One-Yellowcard
Everybody’s Fool-Evanescence
Don’t Walk Away-Sick Puppies
Symptoms-Atlas Genius
Face Down-The Red Jumpsuit Apparatus
Gravity-Sara Bareilles
You Make Me Smile-Blue October
Tonight-Seether
Good Enough-Evanescence
Mean to Me-Brett Eldredge
Bother-Stone Sour
Art of Love-Guy Sebastian ft. Jordin Sparks
Bleed Out-Blue October
First Time-Vance Joy
The Sound of Silence-Disturbed

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