Dramonia Academy 01 - The Devils Sin - by Kira Roman (Salt)

Só Aliens & Lascívia - SALT 2022
THE DEVILS SIN

BY KIRA ROMAN
DRAMONIA ACADEMY
BOOK 01
O PECADO DO DIABO
A Academia Dramonia deveria ser um novo começo para

minha melhor amiga. Quando descobrimos que não sou
inteiramente Humano, torna-se um novo começo para mim
também.
Meu passado sombrio ainda me persegue, e quando a pessoa
mais importante da minha vida é roubada de mim, eu me perco na
dor.
O pai que pensei ter me abandonado me oferece o que eu
mais quero, poder. Uma chance de fazer chover o inferno sobre os
responsáveis por tudo isso.
A garota que eu costumava ser se foi. Morta, junto com meu
coração. Estou sozinha nesta luta.
O que eu não esperava era encontrar homens que me
desafiassem, me tentassem. Me confortassem. Eu não esperava
fazer um amigo, neste mar de decepção e ódio.
Posso ser meio Humana, mas isso não significa que sou fraca.
O que essas pessoas não sabem é que não tenho mais nada a
perder.
Ou assim eu pensei.

Este é um romance de harém reverso para maiores de 18
anos. Contém conteúdo adulto e pode ser um gatilho para alguns
leitores.
AVISOS
Esta história contém conteúdo sexual adulto e linguagem
madura. Este livro destina-se a leitores de dezoito anos ou mais.
Algumas coisas neste livro podem causar gatilhos em alguns
leitores. Este não é um livro sombrio, mas contém elementos e
situações sombrias. Este é um livro de valentões, romance harém
reverso,. Se essas coisas ofenderem sua leitura, por favor, não
prossiga.
Eu também gostaria de dizer, por favor, prepare-se para,
MUITA Cliffhanger
Cliffhanger( em português, literalmente, "à beira do

precipício" ou "à beira do abismo") Nos nossos livros quer dizer
suspense expectativa.

Capítulo Um
Lucinda
Eu estou desorientada, meus olhos focando apenas na

enorme faixa rosa de Feliz Aniversário pendurada na parede. Hoje
é meu aniversário de dezoito anos, mas não sinto nada, nada como
pensei que sentiria. O trauma faz isso, porém, eu acho. Eu deveria
estar cortando o aipo para a salada de batata, mas segurar uma faca
de novo só me faz tremer. Olho para a lâmina em minha mão. Está
coberta de sangue, junta com a minha mão. O líquido vermelho
pinga no balcão. Suprimo o grito tentando me libertar. Eu deixo
cair a faca no balcão e pulo para longe dela, olhando para a lâmina
agora limpa. Não há sangue. Não há sangue. Digo a mim mesma
uma e outra vez. Eu aperto meus olhos fechados, tentando acalmar
meus nervos.
O problema é que não estou traumatizada com o que
aconteceu. Estou com medo do que está dentro de mim. Que
escuridão me fez rir ao ver um cadáver? O que me fez cuspir na
cara de um homem, que merecia uma morte muito pior do que a
que teve? Eu ri ao ver a vida deixar seus olhos e me senti feliz por
me livrar daquela pessoa miserável. É essa parte de mim que mais
me assusta.
—Você está bem?— A voz da minha amiga, que considero
minha irmã, me puxa das minhas memórias. Eu olho para Anika,
seu lindo cabelo verde caindo bem abaixo de seus ombros. Ela foi
abençoada com cabelo loiro-branco puro, mas ela adora tingir com
cores selvagens. Já está verde há alguns meses. Seus olhos azuis

brilhantes brilham como diamantes ao sol. O olhar de preocupação
em seu rosto me deixa sóbrio rapidamente.
Eu aceno para a faca no balcão. —Flashback do caralho,—
digo a ela. Ela olha para a faca e de volta para mim. Eu sei o que
ela está pensando. Sua preocupação nada em seus olhos. Eu preciso
de ajuda. Eu preciso falar com alguém. A questão é que eu não
posso. Como você diz a outro humano que você não apenas
assassinou alguém, mas está feliz por ter feito isso e faria tudo de
novo, se tivesse a chance?
—Você...
—Pare,— eu digo, levantando minha mão. — Eu sei o que você
vai dizer. Não preciso falar com ninguém. Faz apenas um mês, me
dê um pouco de tempo para me ajustar.— Minha voz sai cortante,
mas não posso evitar. As palavras saem antes que eu possa detê-las.
Parece que temos essa conversa todos os dias. Ela não quer aceitar
o fato de que eu estou bem. Meus flashbacks não são frequentes,
mas sei que isso a assusta. Ela não entende. Como ela poderia?
—Ok. — Ela caminha até mim, envolvendo seus braços em
volta de mim. —Lucinda Devine, você sabe que eu adoro e amo
você. Você é minha irmã ...
—E mãe... — eu interrompo.
—E mãe. — Ela acena concordando. —Mas isso não rima. De
qualquer maneira. Você sabe que eu te adoro e faria qualquer coisa
por você…
Ela se desfaz. —Mas?— Eu incentivo, porque ela está olhando
para mim, me deixando desconfortável.
—É isso. Eu te adoro. Você é a irmã mais bem escolhida que
uma garota poderia pedir. Ela beija minha testa enquanto acaricia
minha bochecha.

Reviro os olhos, mas dou um sorriso. Não importa o que
esteja acontecendo na minha vida, eu sei que tenho Anika. Nós
morreríamos uma pela outra.
Não consigo me lembrar da minha vida antes de Anika.
Quando meu pai ainda estava por perto, ele empregou a mãe de
Anika como minha babá. Ela estava em nossa casa todos os dias
por cinco anos, o que significava que ela estava comigo todos os dias
também. Assim que ele saiu, Anika e sua mãe ficaram próximas.
Fomos para a escola juntas a vida toda, até um mês atrás, quando
eu larguei. Ela se formou há poucos dias.
—Você sabe que minha mãe te adora também. Estamos aqui
por você quando estiver pronta.— Seu rosto ficou sério. —Eu sei que
você não está pronta para falar sobre o que aconteceu, mas quando
você estiver, eu estarei aqui.—Com suas palavras, meu peito aperta.
Ela me protegeu desde que me lembro. Isso nunca vai mudar.
Anika e sua mãe Aliah são as coisas mais próximas que tenho
de família agora. Elas sabem o que aconteceu, todo mundo sabe.
Afinal, estava em todos os noticiários locais. Mas eles não sabem
todos os detalhes. Eles nem sabem dos anos de abuso que levaram
àquela noite fatídica. Bem, não mais do que os jornais especulam.
Eu não fui presa, então nunca houve um julgamento. Apenas
legítima defesa. É errado eu não querer manchar a impressão que
eles têm de mim? Eu quero preservar a memória da menina que
costumava brincar na lama no jardim da frente só porque Anika
pulou primeiro. A garota que adorava dançar e cozinhar. Que
adorava se maquiar e jogava futebol com o time dos meninos
porque eram melhores. A garota que eu costumava ser. Eu não me
sinto mais como aquela garota. Viver aqui com Anika e sua mãe
ajudou. Aliah sempre foi uma figura materna para mim. Não

consigo me lembrar de uma época em que minha própria mãe não
estivesse viciada ou injetada. —Porra. —Como se eles não tivessem
tirado o suficiente de mim todos esses anos. Agora eles estão
tirando minha estabilidade mental. Eu dou um sorriso. Não que
eu realmente tivesse algum.
Eu aperto Anika com força, descansando minha cabeça em
seu ombro. Fecho os olhos e apenas me deixo relaxar. Não importa
o que o dia de hoje traga, Anika é minha espinha dorsal. Hoje era
para ser um bom dia. Amanhã Anika parte para a Dramonia
Academy for Supernaturals. Ela conseguiu uma bolsa de estudos
quando se formou e, para alguém com seu baixo nível de poder,
era uma oportunidade boa demais para deixar passar. Como
humana, não pude comparecer, mas Anika é uma bruxa. E mesmo
que ela não seja muito poderosa, ela é brilhante e carismática. A
bolsa não é concedida a muitas crianças, mas eu sempre soube que
ela seria uma das poucas. Ela é incrível demais para ignorar.
Acontece que eu estava certa. Todo Supernatural é obrigado a
frequentar uma das muitas Academias depois de se formar no
ensino médio, mas Dramonia não era uma Academia qualquer.
Apenas os melhores, ou aqueles com os bolsos mais fundos,
entraram.
—Eu gostaria que você viesse comigo,— sussurrou Anika, me
segurando um pouco mais apertado.
Saindo de seu aperto forte, eu me inclino para trás olhando
em seus olhos. —Eu sei, eu também.— Minha voz treme com a
emoção que luto muito para conter.
Ela enxuga uma lágrima, sorrindo para mim enquanto se vira
para o aipo esquecido. Anika sempre foi a mais emotiva. Nem me
lembro da última vez que chorei. Talvez quando eu era pequena,

minha mãe me disse que meu pai nunca mais voltaria. Ou a
primeira vez que Norman me bateu. Eu devia ter uns cinco anos,
não tenho certeza. Quando sua mãe é uma viciada em drogas
casada com um idiota abusivo, você aprende muito rapidamente a
ter uma pele dura.
—Vamos terminar isso. Eu vou cortar isso. Você pode
descascar os ovos?— Anika me diz. Enxugando as últimas lágrimas
perdidas, ela me dá seu sorriso premiado. Seriamente. Seu sorriso
é tão incrível que ilumina os quartos mais escuros. Não me faça
começar com sua risada lírica. Anika toca o colar de coração de
cristal que eu dei a ela quando éramos mais jovens. Quando ela
completou treze anos eu quis dar a ela algo especial, não vale muito,
mas ela nunca tira. Eu começo a trabalhar em descascar os ovos
como Anika pediu.
Passamos a tarde rindo e dançando noite adentro.
Reencontrando velhos amigos do colégio. No que diz respeito aos
aniversários, este é o melhor que já tive. Mamãe nunca comemorou
meu aniversário, disse que era perda de tempo e dinheiro. Quando
eu era pequena, eu não entendia. A última festa de aniversário de
que me lembro é a meu quinto aniversário. Depois que meu oitavo
aniversário passou sem cartão, desisti e aceitei que ela simplesmente
não se importava. Aliah sempre tenta fazer algo especial para mim,
no entanto.
Horas depois, Anika e eu estamos deitadas em sua cama, nos
revezando bebendo uma garrafa de Jack que uma das crianças da
escola trouxe para a festa. Roubamos a garrafa e expulsamos todos.
Viemos aqui para relaxar sozinhas pelo resto da noite. Aliah decidiu
ir ao bar local pouco antes da festa começar, para nos dar
privacidade. Confiando que não estaríamos fazendo nada muito

ilegal. Com exceção desta garrafa de Jack, fomos anjos. Bem, havia
aquele jogo de verdade ou desafio quando eu saía correndo pelo
quintal; bunda nua, fazendo rodas de carrinho e rindo o tempo
todo. Não tenho vergonha do meu corpo curvilíneo. Eu sempre
chamei atenção por isso, e quer saber? Eu não poderia me importar
menos. Contanto que eles mantenham suas mãos na porra de si
mesmos, eles podem olhar o quanto quiserem.
Sou bronzeada por causa de meus genes hispânicos e tom de
todos os esportes, danças e exercícios que faço, o que me dá minha
figura de ampulheta. Meu cabelo preto é tão longo que chega à
minha cintura, e meus olhos são de um cinza pálido, com longos
cílios pretos emoldurando-os. Meus dentes não são perfeitamente
retos, mas eu os mantenho brancos. Eu não sou muito alta e meus
quadris são mais largos que minha cintura, então as calças nunca
cabem direito, mas eu faço funcionar. Meu nariz é um pouco torto.
Eu pareço principalmente minha mãe quando ela era mais jovem,
exceto pelos meus olhos. Meu pai também tinha olhos cinza-claros.
É basicamente a única coisa que me lembro dele. Ele foi embora
quando eu era muito jovem, então é difícil ter lembranças dele. No
entanto, lembro-me do dia em que ele partiu.
—Papai?— Eu pergunto, enquanto vejo meu pai pegar a
última de suas malas e enfiá-las em seu carro. —Onde você está
indo?
—Tenho que deixar minha doce Lucinda, mas sua mãe
cuidará bem de você enquanto eu estiver fora. Eu te amo.— Ele
beija minha cabeça e dá um tapinha na minha bochecha gorda.
Abraço a perna dele, chorando baixinho, não sei quando ele
volta e não quero que ele vá embora.

Aliah sai da casa, Anika logo atrás dela. Quando ela me vê
chorando, Anika envolve seus braços em volta de mim. Amanhã é
meu aniversário, papai estará na festa?
—Tudo bem Cinnabon, vamos brincar com Bane. Talvez ele
nos deixe andar de bicicleta!— Anika diz, tentando me confortar.
Ela começou a me chamar de Cinnabon na semana passada depois
que Aliah nos levou ao shopping. Há uma loja lá que vende
sobremesas deliciosas. Anika os declarou seus deleites favoritos e,
como eles têm o mesmo nome de sua pessoa favorita, era um novo
apelido perfeito.
Eu assisti enquanto meu pai se afastava. Bane veio e me
deixou andar de bicicleta. Assistimos a filmes e adormecemos na
sala naquela noite.
Na manhã seguinte, minha mãe confirmou meus piores
medos, papai nunca mais voltará para casa.
Eu zombo dessa memória. Grata pelo apelido ter durado
apenas mais uma ou duas semanas. Aliah se mudou dois dias
depois e minha mãe conheceu Norman em uma semana. O abuso
começou quase instantaneamente, assim como o uso de drogas.
Anika nunca saiu do meu lado. Ela não tinha permissão para vir à
minha casa, mas eu passava muito tempo com ela. Bane também.
Mas então, Bane me deixou também.
Eu olho para minhas mãos pairando acima de nós e dou uma
risadinha. —Por que estou brilhando? O que havia naquele Jack?—
Eu rio mais forte, acenando com as mãos no ar. O brilho vermelho
que os envolve parece uma névoa esfumaçada, deixando minha
pele vermelha também. O Jack está me dando um zumbido
maravilhoso.

—Não sei, mas também vejo. Você acha que foi coberto? Ela
pergunta, olhando para a garrafa, dando de ombros e tomando
outro gole. Suas palavras estão começando a se arrastar agora que
o Jack Daniels está correndo por ela.
—Não. Eu mesmo a abri.— Eu penso por um momento. —
Quem trouxe? Eu esqueci.— Eu rio de novo, meio que amando
como me sinto leve, balançando meus dedos vermelhos no ar.
—Um.— Ela colocou a mão no rosto, o dedo indicador
batendo no queixo. —Máx. Não... Alex? Javier? Nenhuma porra de
pista. Ela ri. Entregando-me a garrafa para que eu possa tomar outro
gole.
—Sua mãe vai ficar tão chateada quando ela nos ver assim.
Ainda bem que você vai embora amanhã!— Eu sorrio.
Anika rola e olha para mim, a seriedade franzindo a testa. —
Prometa-me que você vai ficar bem? Eu fico, se precisar, eu fico,
não quero nada...
—Pare,— eu a cortei. —Você trabalhou tão duro para chegar a
este ponto, você merece ir para aquela escola esnobe com
Supernaturals mimados e intitulados. Você vai conseguir um
trabalho super chique e se tornar uma milionário. Eu vou ficar bem.
Vou tirar meu GED, e então quem sabe? Talvez eu viaje para a
Escócia, me encontre com um homem sexy com sotaque e tenha o
melhor sexo da minha vida.— Eu digo com uma piscadela. Eu
alcanço, limpando uma lágrima de sua bochecha. —Sério Nika. Eu
vou ficar bem, eu prometo. Estou tão orgulhoso de você, você
merece isso. Nunca se segure por mim, ou por qualquer outra
pessoa.
Ela funga, mas acena com a cabeça. Ela sorri e rola de costas
novamente.

—Você acha que os Shifters são tão sexy como todo mundo
diz? Oooh, ou os Demônios do Sexo?— Ela pergunta, sua voz
subindo com entusiasmo.
—Eu acho que você quer dizer Incubus e Succubus...
Também conhecido como Lust Demons... O que diabos é um
'Demônio do Sexo'?— Eu dou um sorriso para ela, incapaz de
segurar. —Não diga isso na Academia! E eu não sei, eles têm a
capacidade de se tornar atraentes, não é? Talvez seja como óculos
de cerveja.— Eu rio de mim mesma.
Eu cresci sabendo que os Sobrenaturais existiam. Todo ser
humano faz, nós apenas não nos deparamos muito com eles. Anika
e sua mãe são realmente muito comuns. As bruxas geralmente não
são muito poderosas e tendem a viver principalmente vidas
humanas. No entanto, sempre há exceções à regra. Anika tem a
vantagem de ser muito inteligente, provavelmente por isso foi aceita
no programa de bolsas da Dramonia. Demônios, Bruxas,
Metamorfos, Fae, Vampiros e Anjos. Existem diferentes tipos de
Demônios, Metamorfos e Fae, mas todos se enquadram em suas
categorias principais.
—Tente pegar um dragão. Ouvi dizer que eles são muito
protetores.— Eu digo a ela seriamente. Eu quero que ela esteja
segura. Eu não estarei lá para dar uma surra em qualquer um que
foda com ela como eu já fiz.
Eu sorrio, —Lembra daquela vez que eu dei um tapa no
ombro de Greg Mitchell no ensino médio por dar um tapa na sua
bunda e então sua namorada e dois de seus amigos, junto com
Greg, pularam em mim na academia?— Eu pergunto.
Eu me afasto enquanto me lembro do momento
vividamente.

Peguei detenção por checar o saco de lixo Greg. Ele
mereceu. Anika não lhe deu permissão para tocar sua bunda. Se ela
tivesse, eu teria deixado aquele lambedor de sujeira em paz. A
namorada dele tentou me acusar de dar em cima dele, quando o
que eu realmente queria fazer era arrasar com ele. Com isso, quero
dizer que queria quebrar o nariz dele no concreto, mas a violência
é desaprovada aqui.
Eu reviro os olhos. Aquele comedor de insetos é uma estrela
do futebol. Ele poderia me agredir publicamente, ou qualquer
mulher, e não sofreria consequências. Idiota.
Estou esfregando as arquibancadas do ginásio quando
alguém chuta a parte de trás dos meus joelhos.
—Que porra!— Eu grito. Eu me viro e encontro aquele balde
de escória, Greg, e sua namorada panda lixo e dois de seus goonies
atrás de mim.
—Pegue ela!— Greg comanda e o trio de merdas faz o seu
movimento.
Estou momentaneamente atordoada em inação. Eu apenas
fico lá enquanto duas garotas correm para tentar agarrar meus
braços, e a namorada de Greg levanta o braço para trás e balança.
Seu punho se conecta com a minha boca e eu sei instantaneamente
que meu lábio está quebrado. Caramba, o panda lixo dá um soco
decente.
—Isso é por tentar foder meu namorado.— Ela zomba, e eu
me encolho ao som de sua voz.
—Uma chance. Vocês todos têm uma chance de se foder.—
digo calmamente. Eu nem me incomodo em limpar o sangue do
meu lábio. Já levei muitos socos na cara, isso não é novidade. Eu
sorrio. Qual o número de socos que uma pessoa precisa levar no

rosto para não ser afetada? Vendo o sorriso perturbado no meu
rosto, juntamente com o sangue derramando do meu lábio faz com
que as duas garotas parem. Meninas inteligentes.
—Foda-se sua vadia.— A voz sarcástica de Greg tira o sorriso
do meu rosto.
Eu aponto meu dedo para ele, nivelando-o com um olhar. —
Chame sua panda lixo ou eu vou quebrar a porra do seu nariz.
Trash panda guincha e me cobra. Eu pego seu pulso desta
vez, torcendo-o atrás de suas costas. Eu uso seu impulso contra ela
e a giro de volta para enfrentar Greg. Ela grita de dor e quando eu
levanto seu braço mais alto, ela choraminga de dor. Uma das outras
garotas olha para mim e estreita os olhos. —Foda-se, estou fora.—
Ela diz, antes de se virar e sair correndo.
A outra garota, a maior das duas, parece menos
impressionada. Ela não parece muito preocupada com a pressão
que estou aplicando no ombro de sua amiga, porque ela me
apressa.
Ela acerta alguns golpes ao meu lado antes que eu possa
soltar a panda lixo. Greg vê uma oportunidade enquanto estou
distraída para conseguir alguns golpes também. Eu caio no chão e
Greg chuta meu lado. Porra. Algo definitivamente acabou de
rachar.
Agarro a perna da garota e consigo puxá-la para o chão. Ela
cai com força de costas, batendo na cabeça. Antes que eu possa
acertar, Greg me ataca. Eu rolo com ele, recuperando a vantagem.
O filho da puta é forte, mas eu luto sujo.
Eu dou um soco no pau dele e ele cai para o seu lado. É
quando a panda lixo decide pular de volta para a luta, me chutando
na cara … caralho.

A dor explode da minha órbita ocular e eu agarro minha
cabeça. A amigo da Panda Trash pega dois dos meus dedos na
minha mão esquerda e puxa para trás e para baixo. Um estalo alto
enche meus ouvidos e eu finalmente grito de dor.
Acabando com essa merda, eu rolo para o meu lado, fico de
pé e ataco.
Acertei quatro golpes no rosto de Greg em rápida sucessão.
Ele caiu no chão, e eu puxei minha perna para trás e bati meu pé
em seu rosto. Outro estalo enche a sala, só que desta vez, não foi
do meu corpo. Acabei de quebrar o nariz dele, como prometido.
Eu me viro para as garotas, pronta para terminar essa luta,
mas ambas fogem. Volto-me para Greg. —Você é um saco de
merda. Se você tocar em Anika novamente, eu vou quebrar muito
mais do que apenas sua cara feia!— Corro para o banheiro, limpo o
rosto, enrolo os dedos quebrados e, quando volto para a academia,
Greg se foi.
A risada alta de Anika me tira dos meus pensamentos. Anica
revira os olhos. —É claro que eu me lembro! Você foi suspensa por
três dias, e eu pulei para ficar com você! Passamos o tempo todo
escondidas no meu quarto!— Ela grita. Eu não queria ficar presa em
casa por três dias seguidos e ela não queria ficar na escola sem mim.
Tínhamos nos escondido no quarto dela ,todos os dias em que
deveríamos estar na escola. Tenho sorte de não ter sido expulsa.
Greg se recusou a dizer uma única palavra sobre o incidente e eu
aceitei sua liderança. Resolvemos o problema entre nós. O diretor
não tinha nada para continuar, então ele simplesmente nos
suspendeu por três dias.
Passamos a noite inteira conversando sobre as vezes que bati
em crianças que foderam com ela e as vezes que ela argumentou

em minha defesa que eu era realmente uma ótima pessoa quando
você me conhecesse.
Eu finalmente consigo convencê-la a largar a garrafa de Jack,
para que possamos ir e fazer sanduíches. Aliah chega em casa
enquanto estamos na cozinha e nos obriga a beber dois copos de
água cada uma. Ela diz que a única maneira de evitar uma ressaca
horrível é beber muita água enquanto ainda está bêbada. Depois de
comermos, voltamos para as escadas e desmaiamos na cama dela,
deixando a pobre Aliah para limpar nossa bagunça.

Capítulo Dois
Lucinda
Quando acordo, olho para Anika, me perguntando por que

ela está vestindo apenas meu short e nada mais. De bruços em seu
travesseiro, cabelo verde, bem... em todos os lugares.
Eu empurro seu ombro, sacudindo-a. —Ei... psst. Por que
você está no meu short? Onde está sua camisa?— Ela geme, mas
não se mexe.
—Você tem que ir para a Academia em algumas horas. Você
pode se levantar? Aliah vai me culpar se você se atrasar!— Eu a
empurro, e ela rola para fora da cama batendo no chão com um
baque alto.
—Sua cadela!— Ela resmunga.
—Eu vou começar o seu banho. Anime o botão de ouro!— Eu
grito enquanto entro no banheiro, deixando a água quente, do jeito
que ela gosta.
—Vou me vingar!— Eu ouço, pouco antes de ser abordada no
chuveiro.
—Anika, sua puta podre!— Eu grito com ela enquanto desço.
Tiro minhas roupas molhadas e as penduro na beirada da banheira.
Eu me olho no espelho e me encolho. Eu balanço minha cabeça,
pulando de volta para o chuveiro.
—Ei!— Anika grita, não porque estamos nuas, mas porque eu
a empurro para fora do jato de água quente.
—Isso é o que você recebe, a culpa é sua.— Eu sorrio do olhar
indignado que ela me dá. Eu reviro os olhos para ela, embora meu
coração se aperta, eu realmente vou sentir falta dessa cadela.

Uma hora depois, Anika e eu estamos sentadas à mesa,
assistindo desenhos animados, enquanto a mãe dela nos preparava
o café da manhã.
—Eu simplesmente não posso acreditar que minha filhinha
está crescendo. Você vai me deixar em apenas algumas horas!—
Aliah diz enquanto vira uma panqueca, o cheiro delicioso me dá
água na boca.
—Eu não vou deixar você, mãe. Voltarei para visitar durante
os intervalos. E, além disso, você terá Cin para lhe fazer companhia.
Eu sorrio, sua mãe pode ter sido minha babá quando eu era
jovem, mas depois dos cinco anos, ela era a segunda mãe que eu
escolhi. Minha mãe era viciada em drogas e, embora eu nunca
tenha contado a Aliah o que estava acontecendo, ainda encontrei
conforto aqui com ela. Ela era como meu cobertor de segurança
por tanto tempo. Não importa o caos que estivesse acontecendo na
minha vida, Aliah estava aqui com uma refeição quente e uma cama
segura para dormir. Não éramos muito próximas no sentido
tradicional, mas ela tinha uma política de portas abertas para mim,
e se eu precisasse dela, estava lá. Ela nunca me pressionou para
obter informações, apenas me deixou em paz.
—Eu sei, eu sei. Eu só queria poder ter minhas duas garotas
aqui comigo, só isso.— Aliah diz, sorrindo para mim. Ela dá um
tapinha tranquilizador na minha mão.
Depois do café da manhã, ajudamos a Anika a arrumar o
carro. Sento-me no banco do passageiro, enquanto ela se despede
de sua mãe. Quando ela entra no carro, eu olho para ela. Ela tem
lágrimas nos olhos e suas bochechas estão vermelhas. Eu me
aproximo e dou um aperto na mão dela.

—Eu te amo, Nika. Você vai se sair muito bem. Me ligue
todos os dias.— A emoção faz minha voz quebrar um pouco.
—Vou sentir tanto a sua falta.— Anika diz, envolvendo os
braços em volta do meu pescoço e descansando a cabeça no meu
ombro.
—Eu vou sentir sua falta também, mas isso não é para
sempre.— Eu a aperto mais forte antes de soltá-la, abrindo a porta
do carro. —Seja incrível pra caralho.— Eu salto para fora do carro,
batendo a porta, e dou algumas batidas no capô, encorajando-a a
sair daqui, antes de tentar me esconder em sua bagagem.
—Vou sentir sua falta, vadia.— Eu sussurro, uma vez que ela
se afastou.
Volto para casa, deixando Aliah saber que vou tirar uma
soneca. Quando chego ao quarto de Anika, olho em volta pensando
como está tão vazio sem ela. Em alguns meses, assim que tiver meu
GED, provavelmente sairei. É tão bom quanto um diploma, não
importa o que digam. Tenho um pouco de dinheiro guardado do
seguro de vida da minha mãe.
Um arrepio percorre minha espinha ao pensar em minha
mãe. Ela morreu de overdose acidental de drogas. Tenho sorte que
eles até concordaram em me dar o dinheiro. Aparentemente, o
plano foi montado algum tempo antes de meu pai nos deixar e não
havia nada sobre a causa da morte afetando se eu consegui ou não
o dinheiro. Também não estava disponível para mim até eu
completar dezoito anos, ontem. Um fato que meu padrasto,
Norman, ficou particularmente irritado quando descobriu que não
seria capaz de me forçar a dar tudo para ele. É provavelmente por
essa razão que ele começou uma briga comigo naquela noite há um
mês.

Um calafrio cai sobre minha pele e vou até o armário,
pegando um suéter. Assim que a levanto, vejo a urna da minha mãe.
É simplesmente preta. Nada de especial, Norman escolheu. Ele
cuidava de tudo, indo com o que era mais barato. Ela nem teve um
funeral. Não que alguém tivesse participado. Ela não tinha família
e eu não acho que seus traficantes se considerassem seus amigos.
Pego uma bolsa no chão, coloco a urna dentro dela e a enfio
mais fundo no armário. Tudo o que penso quando vejo é como ela
basicamente me abandonou quando meu pai, Michael Devine,
partiu. Tentei procurá-lo online algumas vezes, mas nada apareceu.
Provavelmente nem era seu nome verdadeiro. Minha mãe se
recusou a falar sobre ele. Eu nem consigo me lembrar dele. Acho
que não quero. Se ele tivesse me levado com ele, Norman nunca
teria sido capaz de abusar de mim nos últimos treze anos. Se ele
não tivesse saído em primeiro lugar, minha mãe poderia não ter
voltado para as drogas. Sempre que eu implorava para ela ficar
limpa, ou perguntava por que ela precisava das drogas, implorava
para ela encontrar meu pai, só para que eu pudesse viver com ele,
ela dizia —Você não sabe o que eu vi, seu pai é o diabo! Ele deveria
ter levado sua maldita cria com ele. Eu preciso disso para lidar com
o fato de que você é minha filha.
Eu não sei por que ela o odiava tanto, ou por que ela
descontava esse ódio em mim, mas ela o fez. Então ela deixou
Norman fazer o que quisesse, nunca me defendendo. Nunca me
protegendo.

Capítulo Três
Lucinda
Minhas memórias começam a inundar minha cabeça, a
primeira vez que ele me deu um tapa na cara com tanta força que
eu bati na parede e caí no chão, eu tinha cinco anos. Norman estava
morando conosco há apenas um mês. Minha mãe nem piscou
enquanto eu estava ali deitada segurando meu rosto inchado em
minhas mãos, meu corpo tremendo. Lágrimas escorriam pelo meu
rosto, enquanto eu me segurava como uma bola no chão.
Depois disso, algumas crianças da escola começaram a me
mostrar como lutar. Todos os professores viram meu rosto
machucado, mas ninguém nunca perguntou. O único que pareceu
notar foi o professor de ginástica na sétima série, Sr. Wick. Ele me
deu minha aula de luta e defesa pessoal no pátio da escola para
ficar pronta para me defender. Demorou anos, mas eventualmente
eu tinha as habilidades para igualar minha confiança.
Rapidamente aprendi que lutar contra Norman só piorava
minhas surras. Isso, ou ele se voltaria contra minha mãe. Ela pode
nunca ter me protegido, mas eu a protegi. Se ele levantasse o punho
para ela, eu me colocaria na frente dela. Se ele a empurrou para
baixo, eu a ajudei a se levantar e levei o resto da surra.
As coisas ficaram muito piores quando fiz quatorze anos. Ele
começou a entrar no meu quarto à noite, me observando enquanto
eu dormia. Olhando através de portas e janelas abertas enquanto eu
tomava banho. Roubar meu telefone e correr para o banheiro para
ver minhas fotos e mensagens privadas. Colocando as mãos em
mim de maneiras que ele nunca deveria ter feito. Nunca foi além
disso, até um mês atrás.

Náusea torce meu estômago com as memórias. Um suor frio
brota em minha pele, e olho para meu pulso, coberto de cicatrizes.
Automutilação nunca é a resposta, mas na época isso me deixou de
castigo. Eu estava no controle da minha própria dor. Poderia ser
tão ruim quanto eu quisesse e pararia assim que eu largasse a
lâmina. A liberação que deu à minha raiva foi algo que eu nunca
poderia replicar.
Decido correr para tentar escapar das memórias que me
assaltam. Correr é uma dor saudável, mantém você em forma e
ninguém olha para você como se você fosse uma aberração quando
veem suas cicatrizes. Eu coloco um par de shorts de ioga, um sutiã
esportivo e uma regata. Amarrei meu cabelo em um coque e peguei
meus fones de ouvido.
Assim que saio pela porta da frente, vejo um Cadillac todo
preto parado no meu jardim. Os vidros são fortemente escurecidos
e não consigo nem ver o motorista. Esquisito...
Estou prestes a voltar para a casa para pegar Aliah, quando
ela sai correndo pela porta da frente. Ela tem um pano de prato nas
mãos e um olhar frenético no rosto. Seu cabelo loiro está em um
coque bagunçado e parece um pouco desgrenhado. O medo em
seus olhos azuis é claro. Olho de volta para o Cadillac. Quem quer
que esteja naquele carro tem Aliah no limite. Ela parece pronta para
fugir.
—Você está bem? Você sabe quem é aquele?— Eu pergunto,
estendendo a mão para descansar minha mão em seu braço. Ela se
vira para mim, o olhar de medo se transformando em... pena?
—Sinto muito, Cinda.— Ela diz, usando o apelido que ela me
deu quando eu era criança. Eu olho de volta para o carro mais uma

vez, enquanto o motorista sai, abrindo a porta atrás do banco do
motorista.
Um homem de cabelo preto, usando óculos escuros e terno,
sai. Seu terno é azul marinho com uma gravata listrada. Ele abotoa
o paletó assim que fica de pé, ajustando as abotoaduras. Seu rosto
se ilumina com um sorriso quando ele olha para nós, o que envia
um calafrio na minha pele.
—Alias! É tão bom vê-la novamente. Tem sido muito tempo.
Como está sua filha? Anika, se bem me lembro?— O homem diz
ao se aproximar. Assim que ele está a poucos metros de mim, posso
sentir o poder irradiando dele. Ele é um sobrenatural de algum tipo.
Sua voz é rica e suave. Como uma xícara de chá quente, e tão
familiar.
Dou um passo involuntário para trás, e sua cabeça vira de
Aliah para mim. Ele não pareceu me notar no começo, mas agora
ele me observa através de seus óculos escuros.
—Lucinda.— Ele diz levemente. Quando ele tira os óculos,
finalmente vejo seus olhos, meus olhos. Oh Deus.
—Michael?— Digo, porque papai parece muito pessoal para
esse estranho. Assim que eu digo o nome dele, ele cai na
gargalhada. Meus olhos se arregalam e minha testa franze. Que
porra?
—Michael Devine era meu apelido humano. Desculpe, eu
não queria rir de você, é só que eu usei Michael principalmente
para foder com meu irmão. É uma piada interna, das sortes.— Ele
faz um gesto com as mãos, abrindo-as bem. —Bem, você não vai
abraçar seu pai?— Ele pergunta.
—Abraçar você?— Eu pergunto, um pouco pasma. Abraçá-
lo? Eu aparentemente nem sei seu nome verdadeiro, e ele quer um

abraço. Não o vejo há mais de treze anos, e ele quer uma porra de
um abraço? —Por que diabos eu iria te abraçar? Eu nem te
conheço,— eu digo, um pouco chocada com todo esse encontro. —
E onde diabos você esteve por treze anos!— Eu meio que grito essa
última pergunta. O sorriso cai de seu rosto, e ele franze a testa.
Ele se aproxima de mim agarrando minha mão, e assim que
nossa pele se conecta, minha visão começa a escurecer. —O que...—
eu começo, mas não consigo terminar.
—Lucinda,— eu o ouço gritar, —Lucinda, abra os olhos.
À medida que meu mundo escurece, sou puxada para uma
memória. É meu décimo quinto aniversário, Anika está fazendo o
jantar e um bolo. Bane está aqui, montando algum tipo de
videogame na TV de Aliah.
Estou indo lá para cima para ver se Aliah tem uma camisa
que eu possa emprestar apenas para a noite. Se eu pedisse a Anika
ela insistiria que eu ficasse com ela e ela já tinha me dado o short
que eu estava usando. Minha mãe gasta todo o seu dinheiro em
drogas. Isso não deixa muito para roupas, comida ou sapatos. Olho
para meus tênis esfarrapados e franzo a testa. Talvez eu possa
emprestar algumas sandálias também.
—... Ela precisa de você Lúcifer, não sei o que está
acontecendo naquela casa, mas ela passa muito tempo aqui. Eu vejo
as contusões. Não, ela não me disse nada, mas esse não é o ponto.
Aliah faz uma pausa e suspira pesadamente. —Droga, Lúcifer!—
Quando ela se vira, ela me vê ali e imediatamente desliga o telefone.
—Hunny, o que você está fazendo aqui? Bane não está preparando
um jogo para vocês, crianças? Ela caminha até mim, acariciando
meu cabelo do meu rosto.

—Sim, mas eu queria perguntar se eu poderia pegar uma
camisa empresta.— Eu digo, gesticulando para a camisa suja que uso
com buracos.
—Claro, Lucinda! Qualquer coisa que você precise. Vá em
frente e pegue o que você quer e eu vou verificar a comida. Ela beija
minha bochecha enquanto sai do quarto.
Eu deixo de lado a conversa que ouvi, pego uma camisa e
volto para o andar de baixo. Assim que Bane me vê, ele gesticula
para que eu pegue um dos controles.
Ele se inclina para perto de mim e sussurra em meu ouvido.
—Eu tenho um presente para você, mas você tem que esperar até
hoje à noite.— Minha pele explode em arrepios com suas palavras.
Ela sorri enquanto eu coro. Nesse exato momento Anika irrompe
na sala. —Sem beijos no meu sofá, suas vadias!
Comecei a rir, não consigo evitar. Eu nunca beijei Bane e ela
sabe disso.
O resto do dia é incrível. Eu não mudaria isso por nada no
mundo, mas a conversa que ouvi permanece em minha mente.
Com quem Aliah estava falando e por quê?

Capítulo Quatro
Lucinda
Quando finalmente abro os olhos, estou deitada no chão

com meu pai pairando sobre meu rosto, um olhar de preocupação
em seus olhos.
—O que acabou de acontecer?— Eu pergunto, me sentindo
tonta.
—Vamos entrar, e eu vou explicar tudo.— Ele diz, ajudando-
me a ficar de pé.
Meu pai me ajuda a entrar, seus braços em volta de mim
firmemente, me firmando. Eu olho para ele com confusão. Ele
parece terrivelmente preocupado com a filha que abandonou
completamente quando ela tinha apenas cinco anos.
—Por que você está aqui?— Eu pergunto, incapaz de segurar
minhas perguntas por mais tempo. Ele suspira. —Há muitas coisas
que devemos discutir. Vamos começar com meu nome verdadeiro
e por que você desmaiou. Ele continua sem esperar por uma
resposta. —Meu verdadeiro nome é Lúcifer. Sim, aquele Lúcifer, o
primeiro Decaído, Governante do Inferno, Rei dos Demônios.—
Ele faz uma pausa, dando-me tempo para absorver suas palavras.
Eu não posso evitar, eu rio.
—Lúcifer? Lúcifer o Diabo? Como no cara que Deus odeia?
Você não pode estar falando sério?— Eu ainda estou rindo, quando
ele limpa a garganta.
—Sim, bem, ele não me odeia. Ele estava apenas fazendo uma
birra que acabou funcionando a meu favor. E sim Lucinda, estou
falando muito sério.— Seu tom inabalável faz com que minhas

risadas desapareçam. —Você desmaiou, porque havia uma ligação
mágica em seus poderes que eu removi. Eu podia sentir a assinatura
de Michael nele, então vou precisar falar com ele. Suponho que ele
fez isso quando você era criança, já que nunca senti nenhum poder
em você antes. Ele suspira, estendendo a mão para colocar uma
mecha de cabelo preto atrás da minha orelha. —Sinto muito,
Lucinda. Na época, pensei que deixar você com sua mãe era a
decisão certa, dada a sua falta de poderes. Vejo agora que estava
muito errado.
Eu apenas olho para ele, de repente muito cansada. Eu me
inclino contra o sofá que não me lembro de ter sentado. Como isso
é possível? Se ele não é um lunático, então sou filha do Diabo. Oh
Deus. —Seu pai é o diabo. — Minha mãe literalmente quis dizer que
meu pai é o diabo. Eu sempre pensei que ela queria dizer que ele
era um idiota. Tenho tantas perguntas e nem sei por onde começar.
—É por isso que ela me odiava... por causa de você. Não
porque você partiu, mas por causa de quem você é. Ela estava com
medo de mim.— Eu digo, meus pensamentos em espiral. —Vou
para a cama, preciso pensar. Você pode voltar amanhã?— Eu
pergunto enquanto me levanto de um salto, querendo um
momento para mim mesma. Enquanto vou para as escadas, vejo
Aliah me observando da porta da cozinha, e percebo que ela sabia.
Eu preciso ligar para Anika. Olhando para a hora, ela
provavelmente está dormindo, preparando-se para seu primeiro
dia. Vou ter que ligar para ela de manhã.
Corro para o meu quarto e deito na cama, pensando em
todas as coisas que minha mãe já me disse sobre ele. Diabo. Mal.
Desgraçado. E todas as coisas que ela disse sobre mim. A maneira
como ela me tratou, só por causa de um homem com quem ela

escolheu para dormir. Ela não sabia quem ele era quando o deixou
engravidar? Se ela não o fez, então por que ele se revelou a ela?
Devo ter adormecido em algum momento, porque quando
olho em volta percebo que estou no meu antigo quarto, de volta à
casa da minha mãe. Porra, isso é um pesadelo.
Estou deitada na minha velha cama, no meu antigo quarto,
ouvindo música no meu telefone. A porta do meu quarto se abre
com um estrondo alto, eu pulo, assustada com a alta intrusão.
Eu saio da minha cama, me afastando da porta. Norman
entra trovejando, gritando sobre como sou provocadora e como
não deveria exibir meu corpo na frente dele. Ele está bêbado.
Porra. Minha mãe morreu há três dias e ele já voltou aos seus velhos
hábitos. —Não faça isso, acalme-se.— Eu tento dizer a ele, já sabendo
o que está por vir. Ele vai me bater com o cinto até eu implorar para
ele parar. Isso acontece com tanta frequência que já estou me
preparando mentalmente. Se eu não lutar de volta, isso vai acabar
em breve. Daqui a um mês farei dezoito anos e posso usar o seguro
de vida da mamãe para dar o fora daqui. Ele agarra meus braços,
me jogando na cama, removendo o cinto. O que ele geralmente faz
é enrolar o cinto em seu punho e começar a balançar. Quando ele
joga o cinto no chão, meu sangue congela. Ele agarra minhas
pernas, me puxando para ele.
—Pare! — Eu grito. Chutando-o na cara, tentando empurrá-lo
para longe de mim. Ele me dá um soco no rosto com tanta força
que minha cabeça cai para o lado e minha visão escurece. Porra.
Eu preciso lutar de volta. Ele está tentando me estuprar. Levante!
Eu grito comigo mesma, enquanto ele me apalpa.
—Maldita puta.— Ele sibila para mim, tentando puxar minha
camisa para baixo. Eu rolo para o meu lado, chutando o mais forte

que posso, conectando com sua virilha. Ele cai no chão com um
grito de dor. Eu saio da minha cama e saio pela porta. Estou na
cozinha, indo para a porta dos fundos, quando ele me aborda.
Batendo meu corpo no chão. Minha cabeça bate no linóleo, a
escuridão ameaça me consumir mais uma vez. Seu corpo está me
pesando enquanto ele me vira e luta para puxar minha calça de
moletom para baixo. Ele consegue tirá-los e eu tento ir embora. Ele
enfia a mão nas calças e eu quase vomito. Ele nunca foi tão longe
antes. Ele é um merda doente, mas ele nunca tentou me estuprar.
Eu me afasto dele, me jogando na caixa de facas no balcão tentando
agarrar uma alça. Eu consigo segurar uma faca grande na minha
mão direita. Segurando-o como uma ameaça, eu grito para ele: —
Afaste-se, ou eu vou te matar!— Ele apenas ri, em seguida, avança
para mim, agarrando meu pulso e batendo-o no balcão. Eu deixo
cair a faca com um grito doloroso, sangue escorrendo pelos meus
dedos. Porra. Ele me bate contra a porta, a maçaneta da porta
batendo nas minhas costas, a respiração sai dos meus pulmões em
um assobio.
Ele não deve ter visto a faca no chão, porque ele me joga no
chão, mas a faca está fora de alcance. Quando ele monta no meu
peito, envolvendo as mãos em volta da minha garganta, eu me
debato. Porra, se ele me nocautear, estarei praticamente morta. Eu
alcanço a faca, mas está muito longe, minha visão está embaçada e
meus pulmões estão gritando. Estou prestes a desmaiar, quando
uma luz vermelha envolve minhas mãos, a faca agora em minhas
mãos. Eu nem hesito, eu bato a faca em seu abdômen e seu aperto
afrouxa por um segundo antes que ele aperte as mãos mais uma
vez.

—Sua puta do caralho!— Ele ruge. Eu puxo para fora, desta
vez esfaqueando-o na porra do seu pau.
Ele cai em cima de mim com um grito, segurando seu lixo
sangrando em suas mãos. Eu me ajoelho, tossindo enquanto meus
pulmões gritam para mim. —Eu vou te matar, sua puta!— Mas eu
não vou dar a ele a chance. Eu levanto a faca, olhando para o olhar
do monstro que me atormenta por tantos anos, e abaixo a faca,
enfiando-a até o punho em seu olho direito. Olho para minhas
mãos, cobertas de sangue, minha camiseta branca manchada de
vermelho. Uma risada histérica cai dos meus lábios. Eu o matei.
Olho de volta para a faca saindo de seu rosto, vejo a luz deixar seus
olhos e cuspo nele. —Foda-se. Foda-se, por me obrigar a fazer isso.
Foda-se, por me machucar. Apodreça no inferno, seu pedaço de
merda!— Eu grito.

Capítulo Cinco
Lucinda
Eu acordei com um grito, coberta de suor, tremendo na

escuridão do meu quarto. Eu odeio ter esse pesadelo. Todas as
noites durante uma semana depois que matei Norman, eu sonhava
que estava acontecendo tudo de novo. Eu esfrego a mão no meu
rosto, tentando limpar a adrenalina persistente do meu sonho.
Como se viver não bastasse, eu tinha que sonhar com isso também.
Toda vez que penso naquela noite, tudo que sinto é alívio. Ele não
me estuprou. Ele não me matou. Mas ele com certeza tentou. Ainda
tenho cicatrizes de todas as surras que ele me deu, mas é uma
cicatriz a menos com a qual terei que conviver.
Não vou voltar a dormir depois dessa besteira, e como ainda
estou com minhas roupas de corrida, decido que vou correr agora.
Duas horas depois, o sol está nascendo no céu. Eu verifico
meu telefone, quase seis. Se eu ligar para Anika agora, ela
provavelmente ainda estará dormindo. Vale a pena um tiro embora.
Ela atende no quarto toque.
—Por que você está me ligando ao raiar do dia?— Ela
murmura com uma voz sonolenta.
Eu sorrio, ela sempre me faz rir. —Bom dia para você
também. Eu não conseguia mais dormir, então fui correr. Liguei tão
cedo, porque queria ter certeza de ter tempo para falar com você
antes do seu primeiro dia. Eu tenho algumas merdas loucas para te
contar.— Eu digo a ela, ainda tendo dificuldade em acreditar em
tudo.
—Ok, conte para mim.— Ela diz.

—Bem, aparentemente meu pai é Lúcifer. Como em, o Rei
do Inferno. O cara que foi expulso do céu. Diabo extraordinário.
Eu sou a filha de Satanás.— Eu dou um segundo para começar, mas
ela não responde. —Você ainda está aí? Eu sei, isso tudo é tão louco,
diga alguma coisa.
—Eu sempre soube que você era foda, mas a filha literal de
Satanás? Não previ isso.— Há uma risada em sua voz que me faz
sorrir.
—Nem eu.— Eu digo com um suspiro, esfregando meu rosto.
—Explica por que sua mãe era uma vadia. Além disso, o que
nas bolas fofinhas e sempre amorosas ele viu nela?
—Honestamente, não tenho a menor ideia. Quer dizer, ela
era linda. Mas foi isso? Ele fez um bebê com uma linda mulher
para ter filhos fofos? Isso é tão... vão. Fico maravilhada,
principalmente comigo mesma. Eu tinha parado para sentar em um
banco do parque não muito longe da casa de Aliah para fazer a
ligação.
—Eu tenho que me preparar para a aula agora, Cin.
Desculpe, eu não estou lá para toda essa merda, mas me mande
uma mensagem. Responderei quando puder. Te amo.
—Te amo.— digo, desligando.
Eu fico aqui por um tempo, olhando para o lago. Há uma
mamãe pata e dez patinhos se limpando. Eu me distraio enquanto
os observo.
—Lucinda?
Soltei um grito com a voz profunda e retumbante, pulando
de pé, punhos para cima e pronta para lutar contra quem quer que
se aproximasse de mim. Quando Lúcifer se aproxima do banco,

solto um suspiro pesado. —Nossa cara! Não faça isso!— Eu grito para
ele segurando meu peito.
—Desculpe, eu não queria assustá-la.— Ele diz com um leve
sorriso.
—Então não se esgueira em mim, caramba cara!
—Parceira?— Ele pergunta, levantando uma sobrancelha. Eu
apenas dou de ombros, com meu coração ainda batendo no meu
peito como se quisesse se libertar.
—Temos muito o que discutir. Sente–se.— Ele diz, dando um
tapinha no banco ao lado dele.
É isso. Estou prestes a perguntar sobre o que ele quer falar,
quando as palavras começam a sair da minha boca. —Porque você
saiu? Como minha mãe descobriu quem você realmente é? Você
já se deu ao trabalho de me checar? Você sabia o que estava
acontecendo comigo, e simplesmente não se importava? O que foi
isso? Porquê da minha perspectiva, você me abandonou. Você foi
embora e nunca se incomodou em olhar para trás.— Minha voz está
tremendo, então eu respiro fundo, permitindo que ele considere
sua resposta por um momento antes de me virar para ele. —Nós
vamos?
Ele suspira, estendendo a mão para pegar minhas mãos. Ele
é quente, e seu toque é reconfortante, apesar da raiva rolando em
minhas entranhas. —Eu saí porque você não tinha poder. Presumi
que seu lado humano era tão dominante que você não ganhou
nenhuma das minhas habilidades. Eu queria que você tivesse uma
chance de uma vida humana mais normal, mas minha presença
sempre atrapalharia isso. Tenho muitos inimigos e, sem poder,
você não poderia se defender. O tempo no inferno passa mais
rápido do que aqui no reino humano. Uma semana aqui é como

três meses no inferno. Um mês é um ano. No seu décimo e décimo
quinto aniversários, entrei em contato com Aliah para saber como
você estava. A última vez que falei com ela, ela tentou me avisar que
sua mãe poderia estar maltratando você, mas eu não queria
acreditar que tinha ficado tão ruim para você. Eu nunca quis que
você se machucasse, Lucinda. Eu queria que você tivesse uma vida
melhor sem mim.— Eu posso ver em seus olhos o quão triste ele
está. Ele honestamente se arrepende de ter saído.
—Eu matei o marido dela. Ele... Ele estava abusando de mim
por anos, fisicamente, emocionalmente, e então quando eu atingi a
puberdade...— Eu não preciso terminar, eu posso dizer pelo fogo
em seus olhos que ele sabe o que eu estava fazendo dizer. —Ele me
atacou e eu tive que matá-lo. Eu não tinha outra escolha. Ele nunca
teria parado de vir atrás de mim…
—Sh, Shh.— Ele me envolve em seus braços, me segurando
com força. —Está tudo bem, Lucinda. Eu sei o que você teve que
fazer. Eu só gostaria de ter ouvido Aliah. Eu mesmo teria acabado
com ele. Não se sinta mal pelo que você teve que fazer.— Ele diz
enquanto acaricia meu cabelo suavemente.
—Eu não.— Eu sussurro. Não tenho certeza se ele me ouviu,
mas estou grata por ele não comentar. Eu tenho algo escuro dentro
de mim e não sinto vontade de enfrentá-lo hoje.
Nós nos sentamos por um tempo, comigo envolta em seu
abraço poderoso, e quando ele me solta, eu me sinto calma pela
primeira vez em muito tempo.
—Nós provavelmente deveríamos discutir seus poderes e
como vamos ensinar você a controlar.— Ele diz, me dando um olhar
severo.

—Poderes? Como o quê?— Eu pergunto. Eu vi minha magia
vermelha, é isso que ele quer dizer?
—Bem, há muitas possibilidades. Eu gostaria que você
voltasse para o inferno comigo, para que possamos descobrir suas
habilidades e você possa aprender a controlar.— Ele diz com um
aceno de cabeça, como se estivesse resolvido.
—Inferno? Sem chance. Eu não vou para o inferno. Eu
preciso terminar meu GED. Eu não posso simplesmente ir embora.
—Lucinda...
—Cin. Apenas me chame de Cin. Ninguém me chama de
Lucinda.
—Ok, Cin.— Ele sorri. —Você é forte. Eu posso sentir seu
poder, como tenho certeza de que você pode sentir o meu. Na
verdade, é tão forte que você quebrou parcialmente a ligação que
um Arcanjo colocou em você. Você deveria reconsiderar, mas eu
não vou forçá-la. Tenho certeza de que podemos encontrar um
compromisso.
Eu suspiro, eu realmente não quero passar nenhum tempo
no inferno. Eu olho para minhas mãos, há um leve brilho vermelho
saindo delas. Minhas emoções estão intensificadas no momento.
Eu olho para Lúcifer e ele tem um olhar presunçoso em seu
rosto. Eu reviro os olhos.
—Sério, existe outra maneira? Você não pode vir me ensinar
aqui nos fins de semana ou algo assim?— Eu pergunto. Sei que
preciso aprender a controlar meus poderes, mas realmente não
quero passar um tempo no inferno.
Ele suspira. —Eu tinha a sensação de que você resistiria, então
eu fiz isso para você.— Ele pega uma caixa longa, fina e retangular e
a entrega para mim. Eu franzir a testa.

Quando abro a caixa, vejo duas finas pulseiras de ouro. Cada
uma delas tem um charme delicado pendurado no fecho. Chifres
do diabo. Eu sorrio, olhando para o meu pai.
—Chifres do diabo? Sério?
—Apropiado4, não?— Ele sorri.
—Ajude-me a colocá-los?— Eu digo, estendendo meu pulso
para ele.
—Eles o ajudarão a manter seus poderes sob controle. Eles
impedirão que você mude para suas outras formas, supondo que
você tenha outras formas, então você precisará removê-las antes de
praticar isso.
— Ele diz enquanto coloca as pulseiras em meus pulsos.
—Outras formas?— Eu pergunto, com um guincho chocado.
—Sim, assumindo que seus poderes são semelhantes aos
meus, você pode ter uma forma de sombra, assim como...— Ele
para.
—Como?— Eu pergunto.
—Bem, como filha de Lúcifer... você provavelmente terá o
que eu gosto de chamar de minha cara de diabo. O que eu uso
quando estou tentando fazer um certo tipo de argumento.— Ele
levanta uma sobrancelha para mim.
—Cara do diabo? Você está dizendo que eu tenho cara de
diabo?
—Bem, não é tanto um rosto, mas uma forma inteira, mas
sim. Você deve ser capaz de controlar cada parte do seu corpo
individualmente ao mudar.
— Ele diz enquanto levanta a mão esquerda, e eu vejo como
ela se transforma em uma mão vermelha com garras pretas. Ele vira
a mão para que eu possa ver tudo.

Olho de volta para minhas próprias mãos. Essas coisas teriam
sido úteis em uma luta contra Norman.
—Há mais, mas não posso te ensinar a controlar em qualquer
lugar. Se você não deseja voltar comigo para o Inferno, então eu
gostaria que você considerasse frequentar a Academia Dramonia.
Eu sei que a filha de Aliah vai lá e que vocês duas são muito
próximas. Eu estaria pagando por sua presença, é claro. Essas
pulseiras ajudarão, mas são mais um curativo, não uma correção
permanente, então você ainda precisará aprender a
controlar875447. Você pode descobrir que, como filha de Satanás,
você tem muitos inimigos. Conheço bem a diretora. Não haverá
problemas com você começando depois de receber seu GED em
alguns meses.
Encaro minhas mãos por alguns minutos. Eu não estava
planejando voltar para a escola, mas estar perto de Anika enquanto
eu aprendia a controlar seria perfeito. Ela vai enlouquecer quando
eu contar a ela.
Olho para Lúcifer e sorrio. —Ok, eu vou para a Academia.
—Bom! Ah, você também pode gostar de saber que
Baneronek atende Dramonia!
—Baneronek?— Eu franzir a testa. —Você quer dizer Bane?
Como em Bane Smith? Eu pergunto a ele, um pouco surpresa que
ele saiba quem é Bane. Por que ele conhece Bane, e por que Bane
está em Dramonia? —Achei que ele era humano.
—Oh não! Bane é um Demônio. Um Incubus para ser
específico. Seu pai e eu somos bons amigos. Asmodeus é um dos
Sete Príncipes do Inferno, o Demônio da Luxúria original, e
sempre foi muito leal.

—O pai de Bane é um715869+ 0144569+1478Príncipe do
Inferno? Como eu não sabia que ele era um Demônio! Fomos
amigos por anos, antes de ele se mudar!— Na verdade, ele foi meu
primeiro beijo. Nos conhecemos quando eu tinha apenas três anos.
No meu aniversário de quinze anos ele me comprou rosas brancas
e me deu um beijo. Tinha sido curto e doce. Nós nos aproximamos
depois disso, mas só compartilhamos aquele beijo. Ele se mudou
menos de um ano depois e eu nem falei com ele desde então.
—Ah sim. Bem, como um Demônio da luxúria ele tem
certas... necessidades. Afinal, ele se alimenta da luxúria. Asmo e eu
achamos melhor se ele voltasse para o Inferno e aprendesse a
controlar esses impulsos antes de ir para a Academia. Nós não
queríamos que ele se alimentasse de você quando ele entrou em
seus poderes aos dezesseis anos.
—Bem, isso é insano.— Eu apenas dou de ombros, acho que
estava chegando ao meu limite de loucura agora. —Eu tenho que ir.
Vejo você em breve.— Eu digo abruptamente, antes de me levantar
e começar a correr na direção oposta do parque. Lúcifer não me
segue.

Capítulo Seis
Lucinda
Quando corro para casa, penso na última vez que falei com
Bane. O dia em que ele me disse que estava indo embora. Pouco
antes de seu aniversário de dezesseis anos.
—Eu não quero deixar LuLu, mas não tenho escolha.— Ele
estendeu a mão, acariciando minha bochecha. Eu me inclino em
seu toque, olhando em seus lindos olhos azuis. Eu raramente
chorava, eu passava muito tempo batendo na minha bunda para
deixar muito me afetar, mas a partida de Bane estava partindo meu
coração.
—Você é um dos meus melhores amigos. Um dos meus
únicos amigos. O que vou fazer depois que você sair? Você vai
voltar?— Eu pergunto a ele, deixando uma lágrima cair.
—Talvez, algum dia, LuLu. Vou sentir sua falta.— Ele beija
minha bochecha e depois se afasta de mim. Eu o vejo entrar no
carro e ir embora.
Tantas coisas haviam mudado desde que Bane partiu. Não
sei como será vê-lo novamente. Eu me pergunto o quanto ele
mudou.
...
Nos próximos meses, encontro-me com Lúcifer nos fins de
semana. Nós conversamos principalmente sobre nossas vidas e o
que eu poderia esperar na Academia. Ele me mostra como fazer
uma pequena bola de energia com minha magia, mas não quer me
ensinar mais nada a não ser que estejamos no Inferno, ou na
Academia. Soube que a Diretora da Academia é Lillith, a primeira

criação de Lúcifer. Uma vez que ela percebeu que ele não iria se
casar com ela, ela fugiu para viver sua própria vida. Mente. Soprado.
Anika e eu conversamos pelo menos dia sim, dia não no
Facetime e mandamos mensagens praticamente sem parar. Ela me
conta sobre a escola e quem são todas as vadias, quem são os caras
mais gostosos e até por quem ela está apaixonada. Esse cara
chamado Tanoroth. Ela diz que ele é um Demônio e seu pai é o
Demônio da Ira, outro Príncipe do Inferno. Aparentemente ele é
um grande idiota. Supostamente, Tanoroth é super doce, mas tem
evitado ela nos últimos dias! Ela também me diz que conversou
com Bane algumas vezes, mas ele é principalmente um solitário.
Nós duas ficamos muito animadas porque eu me juntarei a ela no
próximo mês. Só mais três semanas! Finalmente terminei meu
GED na semana passada, mas tenho que esperar até o final do
primeiro semestre antes de poder frequentar a Academia. Algo
sobre o final do semestre ser muito difícil. Está bem. Posso esperar
mais três semanas para me reencontrar com minha melhor amiga e
a outra metade da minha alma. Algumas pessoas pensam que almas
gêmeas são amantes, mas minha alma gêmea é minha não-irmã. Se
eu não a tivesse, estaria perdida.
Meu telefone tocando me tira dos meus pensamentos.
—Ei! Eu estava pensando em você!— Eu digo, enquanto
atendo a ligação de Anika.
—Bem, eu estava pensando em como estou desesperada para
que você já chegue aqui.— Ela suspira pesadamente antes de
continuar. —Ei, você se lembra daquele diário que eu costumava
manter no ensino médio, aquele com toda a sujeira em todos?
—Uh, aleatório, mas sim. Acho que ainda está no armário do
nosso quarto. Por que?— Eu pergunto a ela.

—Nenhuma razão real. Eu tenho um para esta escola
também,— ela ri. —Há alguns detalhes seriamente suculentos neste
bad boy. Mal posso esperar para mostrar a você!
—Você é tão extra!— Eu ri.
—Ah, calma, você me ama.— Ela ri na outra linha.
— Tanor ainda está evitando você? Eu pergunto a ela.
Enquanto vasculho minha gaveta, tirando algumas roupas, para que
eu possa correr.
—Sim, e hoje foi pior ainda. Isto é tão estranho. Um dia ele
estava em cima de mim, não conseguia o suficiente, e no próximo
ele andava na outra direção se me visse no corredor. Mas então à
noite ele vem ao meu quarto e confessa todas essas loucuras
enquanto nós... aham... você sabe. Ela suspira. —É tão estranho.
Talvez ele tenha mudado de ideia. Os outros Demônios lhe dão
merda por estar com uma Bruxa fraca aqui com uma bolsa de
estudos, mas ele nunca pareceu se importar, até esta semana. Não
sei o que mudou.— Ela me diz, a frustração evidente em sua voz.
—Desculpe, cara. Estarei lá em apenas três semanas!— Digo
a ela, desejando poder estar lá agora. Eu ouço uma batida em sua
porta através do telefone, e ela amaldiçoa.
—Eu tenho que ir, te amo Cin!
—Amo você também!— Eu digo, assim que ela desliga.
Eu me troco e saio para uma corrida, minha mente vagando
enquanto trabalho meu corpo.
Tenho pensado muito em Bane nos últimos meses. Quando
éramos mais jovens, ele, Anika e eu passávamos muito tempo
juntos. Passei mais tempo com cada um deles individualmente
embora. Quando perguntei a Anika sobre ele, ela apenas me disse
que ele guarda para si mesmo, mas está super quente agora. Ela

sempre o achou fofo, mas nunca sentiu atração por ele. Achei ele
delicioso. Eu o beijei apenas uma vez, mas nunca tinha esquecido
como era. Mesmo agora, posso sentir o cheiro de menta em seu
hálito, e me lembro do jeito carinhoso que ele segurou minha
bochecha. Não sei como me sinto ao vê-lo novamente depois de
dois anos. Eu nem sabia que ele era um Demônio. Muito menos
um maldito Demônio da Luxúria! Quando perguntei a Lúcifer, ele
apenas disse que se alimentava da luxúria. Isso significa que ele
precisa fazer sexo para se alimentar, ou ele poderia se alimentar da
luxúria das pessoas ao seu redor? Ele saberia se estou com tesão
por outra pessoa? Ou por ele? Ugh, eu não quero pensar sobre
isso, então eu vou para casa, tomo banho e me troco.
Estou sentada à mesa da cozinha pouco depois, jogando um
jogo no meu telefone, quando alguém toca a campainha. Eu pulo
para cima, gritando que eu pegaria a porta e que Aliah continuasse
cozinhando o jantar.
Quando eu abro a porta, uma linda mulher com longos
cabelos ruivos caindo por sua bunda está diante de mim. Seus olhos
verde-esmeralda brilham de surpresa quando ela me vê.
—Posso ajudar?— Eu pergunto, confusa. Não recebemos
muitos visitantes, especialmente aqueles que se parecem com esta
senhora.
—Aliah Grace está em casa? Estou procurando a mãe de
Anika Grace.— Ela diz, a voz monótona.
—Aliash.— Eu chamo por cima do ombro, não abrindo mais
a porta. Eu não conhecia essa mulher, então não a estava
convidando para entrar. Mas isso não parecia importar, porque
assim que Aliah chegou à porta, ela fez a mulher entrar. Ela deve
ter ouvido tudo, pois estava já está atrás de mim.

—Eu sou Aliah Grace, está tudo bem? Por favor entre.— Ela
se move para a sala de estar, gesticulando para a mulher se sentar.
—Vou ficar de pé, mas talvez você devesse se sentar, Srta.
Grace. Meu nome é Lilith. Sou diretora da Academia Dramonia.
Lilith diz enquanto está na entrada, nos observando com um olhar
calculista.
—O que está acontecendo? Anika está em apuros? Por que
você está aqui, diretora?— Eu pergunto, minha ansiedade
disparando. Se Anika estivesse com problemas, eu precisava ir até
ela.
—Você pode querer se sentar também, senhorita?— Ela diz
como uma pergunta.
—Divine. Anika é minha melhor amiga. Eu moro aqui.
—Senhorita Devine, por favor, sente-se.— Sento-me ao lado
de Aliah, a tensão no ar crescendo a cada segundo. Minha
ansiedade está oficialmente no teto. —Senhorita Grace, é com o
coração pesado que devo informá-la que Anika tirou a própria vida.
Nós a encontramos em seu quarto, deitada em sua cama, com os
pulsos cortados. Ela deixou este bilhete para você. Ela diz
inexpressivamente enquanto puxa um envelope de sua bolsa. —Ela
e outro aluno fizeram um pacto e morreram juntos. Eles foram
encontrados um ao lado do outro. Acredito que Tanor era seu
namorado.
—Anika?— Eu pergunto. Porque o que diabos essa senhora
está dizendo? —Anika Grace. Você está dizendo que Anika Grace
está morta? Eu pergunto em total descrença, porquê de jeito
nenhum essa é a verdade que ela está nos dizendo. À minha direita,
Aliah soluça em suas mãos, seu corpo inteiro tremendo.

—Sim, senhorita Devine. Anika Grace foi declarada morta
esta manhã às nove e quinze da manhã. Sinto muito por sua perda.
Voltarei amanhã para discutir os detalhes de mover o corpo dela e
enviar seus pertences para você. Com essa declaração, Lilith sai.
Enquanto Aliah soluça, eu me levanto para procurar meu
telefone. Isso não é real. Eles tinham a garota errada. Anika nunca,
jamais se mataria. Nunca. Acabei de falar com ela ontem à noite.
Não não não não não.
Pego o contato de Anika no meu telefone, mas vai direto para
o correio de voz. Ligo mais seis vezes, mas ela nunca atende.

Capítulo Sete
Lucinda
Eu caí de joelhos no meio da sala. Eu posso ouvir gritos e

leva um segundo antes de perceber que os gritos estão vindo de
mim. Anica se foi. Minha irmã se foi. Minha melhor amiga se foi.
Minha visão escurece e flashes da minha vida com ela voam
pela minha mente.
Seu sorriso ofuscante, sua risada contagiante. A maneira
como seus olhos se iluminaram quando ela viu um cachorrinho.
Sua voz de canto atroz. O jeito que ela dançava quando cozinhava,
ou fechava os olhos enquanto comia. A vez que ela me tirou da
minha casa para que pudéssemos assistir a um filme no parque. O
olhar presunçoso em seu rosto toda vez que ela corrigia minha
ortografia. Todas as vezes que ela me segurou enquanto eu chorava
quando éramos pequenas. Sua proteção feroz das pessoas que ela
amava e a maneira como ela lutou por elas.
Oh Deus. Ana…
Lúcifer aparece diante de mim, caindo de joelhos e
segurando minhas mãos nas suas. Eu não posso ouvir o que ele está
dizendo sobre o som dos meus próprios soluços. Eu afasto minhas
mãos, envolvo-as em volta da minha cintura e dobro.
A dor no meu peito é tão intensa que tenho certeza de que
vai me consumir. Quando eu grito novamente, Lúcifer me agarra,
me segurando contra ele.
—Lucinda, vou te levar para minha casa, no Inferno. Eu não
quero que você perca o controle de seus poderes. Há tanta coisa
que essas pulseiras podem fazer. Sinto muito Lucinda.

Eu nem mesmo reconheço suas palavras. Anica está morta.
Anica está morta. Anica está morta. As palavras se repetem na
minha cabeça. Meu coração parece estar quebrado em mil
fragmentos, e minha garganta está em carne viva por causa dos meus
gritos de dor pela perda da outra metade de mim.
Acordo em um quarto envolto em escuridão. Tudo é seda
preta ou vermelha. Não há móveis, além da cama... ah, e uma
cadeira no canto. Que porra, onde estou? Sento-me, olhando para
os olhos vermelhos brilhantes vindos do homem sentado na
cadeira. Seus olhos, eles costumavam ser de um azul tão bonito.
Acho que finalmente ganhar seus poderes os mudou.
—Bane?— Ban está aqui. Onde quer que seja aqui. Ele está
aqui, e Anika se foi. O ar deixa meus pulmões em uma corrida, um
gemido desliza pelos meus lábios, e Bane se levanta, vindo para a
beirada da cama.
—Eu posso tirar sua dor.— Bane diz em um sussurro.
—Onde estou?— Minha voz treme. Embora, eu não tenho
certeza se me importo.
—Inferno. A casa do seu pai. Ele me pediu para aliviar sua
dor. Você só esteve fora por algumas horas no plano terrestre, talvez
um dia no tempo do Inferno.
—Você se alimentou de mim?— Eu pergunto, confusa.
—Não. Posso enviar-lhe outras emoções. Luxúria, desejo.
Você desmaiou nos braços de seu pai. Ele diz, sua voz rouca, como
se não a usasse com frequência. Eu olho para ele. Faz tanto tempo
desde que eu o vi. Ele é mais alto, talvez 1,90m. Seus olhos brilham
vermelhos e seu cabelo castanho ondulado caí em seu rosto. Seus
ombros são fortes e posso ver o contorno de seu abdômen e bíceps
através da camisa que ele veste.

—Não. Ela merece melhor do que isso. Eu preciso sentir
isso.— Um soluço fica preso na minha garganta e as lágrimas caem
dos meus olhos, pingando nos lençóis que cobrem meu corpo.
Ele balança a cabeça, como se fosse isso que ele pensou que
eu diria. Ele se move de volta para a cadeira no canto, mas continua
me observando. Talvez devesse me incomodar que ele esteja aqui
depois de desistir de nós dois anos atrás, mas para ser honesta, não
há nada neste mundo que me importe agora.
Uma batida suave na porta desvia minha atenção dos olhos
hipnóticos de Bane. Lúcifer entra, pensativo, com o cenho
franzido. —Estou feliz em ver que você está acordada. Eu tenho
algumas coisas do quarto de Anika na Academia. Em particular,
isso.— Ele segura um diário. O lado de fora diz Anika e Cin. Eu
franzo a testa, porque não tenho um diário com Anika. Ele o traz
para mim e eu o arranco de suas mãos, abrindo-o. Rapidamente
folheando algumas páginas, percebo que é o diário que ela
mantinha detalhando a vida na Academia.
Eu olho para Lúcifer: —Como você já conseguiu isso?
—Eu fui logo depois de trazer você aqui. Eles não tinham
motivos para me negar a entrada, então peguei todos os pertences
de Anika. Alguns eu devolvi para sua mãe. Ela disse que eu também
deveria te dar isso.— Ele segura o colar de cristal que eu dei a Anika
quando ela completou treze anos. Um soluço sufoca minha
garganta. Ela provavelmente estava usando isso quando morreu.
Ele suspira. —Você está bem?
—Não,— eu digo imediatamente. Como eu poderia estar
bem? —A outra metade de quem eu sou foi assassinada e alguém
está tentando encobrir isso. Ela nunca teria se matado. Nunca.

Lúcifer apenas assente. Ele nem tenta argumentar. Ele
acredita em mim, ou sabe que não deve discutir comigo quando
estou de luto. —Sinto muito por sua dor, minha filha. Talvez Bane
possa aliviar um pouco de sua mágoa?
—Não. Eu quero sentir isso. Preciso.— Preciso me lembrar de
cada segundo desse momento, porque quando eu for atrás das
pessoas que a machucaram, elas saberão o que é a verdadeira dor.
Bane apenas grunhe da cadeira no canto.
—Se você quer que ele vá embora, é só dizer. Ele está aqui
por sua própria vontade. Devo ir, mas voltarei pela manhã. Ele
desaparece atrás da porta e eu caio de volta na cama, coloco o colar
na minha cabeça e aperto o diário com força contra o peito. Não
consigo parar as lágrimas que estão caindo e nem me incomodo em
tentar.
—Deita comigo?— Eu digo suavemente através dos meus
soluços. Eu preciso de alguém para me segurar e Bane está aqui.
Ele conhecia Anika, uma vez ele cuidou dela. Para mim.
Ele limpa a garganta. —Eu quero, eu só... é difícil.— Eu rolo
para o meu lado, olhando para ele.
—Para me tocar?
Ele concorda. —Eu não saí porque quis, LuLu. Eu não tive
escolha.— Seu apelido familiar para mim faz meu coração já partido
apertar.
—Ok.— Faço uma pausa por um longo momento, pensando
em todas as vezes no passado que desejei que ele tivesse me tocado.
Todas as vezes que nos deitamos em um cobertor sob as estrelas,
falando sobre nosso futuro. —Anika se foi, Bane. Como eu... —
Minha voz falha, e eu engulo a dor. —Eu não posso...— Eu paro. Eu
quero pedir a ele novamente para me segurar. Eu só quero

pressionar meu corpo contra o dele enquanto choro pela perda do
meu coração. A minha melhor amiga. Eu só quero que ele
mantenha todos os meus pedaços quebrados juntos enquanto eu
desmorono.
Ele se move sem dizer uma palavra. Ele se senta contra a
cabeceira da cama, sua coxa perto do meu rosto. Eu me movo para
deitar minha cabeça em seu colo e ele passa os dedos pelo meu
cabelo.
—Desculpe LuLu. Anika era uma garota incrível.— Ele diz, e
eu viro minha cabeça, enterrando meu rosto em suas pernas
vestidas de jeans. Eu me movo para que eu possa envolver meus
braços ao redor de sua cintura, a cabeça ainda em seu colo, e meu
corpo esticado ao lado dele. Meu rosto está pressionado contra seu
estômago, e eu o aperto com mais força. Talvez se eu puder segurá-
lo mais perto de mim, eu consiga um pedaço de mim de volta. Eu
choro em seu colo, o tempo se estendendo para sempre. Minha
alma completamente quebrada, meu coração inteiro despedaçado.
Não me lembro da vida antes de Anika e agora ela se foi. A pessoa
que me segurou quando todo o meu ser estava desmoronando, se
foi. Seu lindo sorriso, sua risada contagiante. Se foi.
—Por que? Por que Anica? Como posso fazer isso sem ela?
O que devo fazer agora?— Eu choro, e meu coração está se
partindo. Bane apenas me abraça, passando os dedos pelo meu
cabelo, sussurrando palavras suaves que eu nem ouço.
Eu não me mexo, apenas fico aqui, chorando. Ele nunca
altera minhas emoções e eu nunca sinto nada além de segurança
dele.
Eu não sei quanto tempo passa e eu realmente não me
importo. O que eu faço é começar a planejar. Tenho pouco menos

de um ano no Inferno, algumas semanas no Reino Humano, para
planejar minha vingança.
Em algum momento adormeci e Bane aproveitou para sair.
Ele nunca disse adeus. Ele, no entanto, deixou para trás um anel
vermelho-sangue. A pulseira é prateada mas a gema é da cor dos
olhos dele, e quando coloco no meu dedo, me traz algum conforto.
Não sei por que ele o deixou no meu travesseiro, e nem sei por que
estou usando, mas não quero tirá-lo. Suspiro pesadamente,
deixando escapar muitas emoções obstrutivas. Tenho tantas coisas
para descobrir. Por que Anika foi alvo? Quem iria querer ela
morta? E o mais importante, quem matou ela e Tanor?
Lúcifer retorna mais tarde para me avisar que o funeral será
em dois dias no Reino Humano. Eu me sinto mal por não estar lá
para Aliah, mas eu sei que ela tem família que provavelmente está
se reunindo em torno dela agora. Ela vai entender. Espero que ela
vá de qualquer maneira.

Capítulo Oito
Lucinda
O sepultamento foi lindo, muita gente veio se despedir. Eu

fiquei ao lado de Aliah e abracei o que parecia ser uma fila
interminável de estranhos. Senti como se estivesse me afogando,
como se estivesse andando em um pesadelo e não conseguisse
acordar. Eu podia sentir a fúria começando a tomar conta de mim.
Alguém havia tirado a pessoa que eu mais amava de mim e agora
estou de pé em seu túmulo, olhando para o caixão coberto de
redemoinhos rosa e branco. Ela está lá, esperando para ser
enterrada no chão para sempre. Coloco uma carta dentro de seu
caixão, beijo seu rosto pálido como pedra, digo a ela o quanto sinto
sua falta e imploro ao universo que me acorde desse pesadelo,
enquanto os vejo abaixar seu caixão no chão.
Quando eu finalmente olho para cima de seu túmulo, eu
travo os olhos com um homem que estava me observando. Ele
parece ter a minha idade e seus olhos âmbar brilham intensamente.
Ele tem pele escura e longos cabelos pretos ondulados que atingem
seus ombros. Uma cicatriz corre da sobrancelha até os lábios. Ele
me encara, olhando como se eu o tivesse ofendido de alguma
forma.
Se eu pudesse sentir algo além de desgosto, eu poderia estar
com raiva desse estranho olhando para mim. Qualquer outro dia,
qualquer outro lugar, e eu exigiria saber qual é o problema dele.
Lúcifer está estoicamente à minha direita, sem dizer uma palavra.
O apoio silencioso que ele oferece me conforta. Decido

simplesmente ignorar o homem de olhos âmbar por enquanto.
Quem quer que seja, eu realmente não me importo.
Eu jogo uma rosa branca em seu túmulo e me afasto. Não
posso vê-la ser enterrada.
Vou voltar para o Inferno com Lúcifer, porque o tempo no
Inferno funciona de forma diferente. Serão nove meses para mim,
enquanto no Reino Humano serão apenas três semanas. Eu não
queria ir para o inferno antes, mas a perda muda algo dentro de
você. Pega quem você pensava que era e reforma tudo em torno do
luto. Para mim, desgosto, raiva e ódio são emoções dominantes. O
tempo no inferno pode me ajudar, mas até que eu possa vingar
Anika e destruir aqueles que a machucaram, eu nunca vou sentir
nada perto do normal novamente.
Quando eu voltar para Dramonia, estarei pronta. Terei
controle total dos meus poderes e saberei exatamente quem são
todos os que frequentam aquela escola. Encontrarei a pessoa
responsável pela morte dos meus melhores amigos e depois
destruirei a porra da vida deles.
Lúcifer e eu voltamos para a casa de Aliah para nos
despedirmos e pegar minhas coisas. Eu levo algumas coisas da
Anika também. Eu preciso me sentir perto dela novamente, de
qualquer maneira que eu puder. Principalmente apenas algumas
fotos, algumas camisas e suas botas de combate pretas favoritas.
Um dia de cada vez. Você pode fazer isso, por Anika. Repito
como um mantra, até me fazer acreditar.

Capítulo Nove
Lucinda
UMA SEMANA INFERNAL
Parece que a dor no meu peito piora a cada dia. Tentar

aprender a controlar meus poderes parece tão inútil às vezes. Eu sei
que preciso fazer isso, se não por outro motivo senão para me
vingar, mas a cada segundo do dia, minha mente é consumida pela
dor.
Sento-me no degrau da frente da propriedade de Lúcifer no
Inferno. Ele está fechado e enfeitiçado para ser protegido, mas
posso ver muito além do portão. A maioria dos Demônios não vive
perto da propriedade do meu pai, vivendo suas próprias vidas, o
que deixa uma área aberta que se estende por quilômetros ao redor
de sua casa.
A terra é de um cinza pálido, seco e desprovido de vida. Meu
pai enfeitiçou a terra em que sua propriedade está para plantar
árvores, grama e flores. No entanto, além dos portões é tão sem
vida, é deprimente. A terra não é assim em todos os lugares, os
Demônios não sobreviveriam se fosse, mas ele escolheu este local
para desencorajar os vizinhos.
O céu é preto como o céu noturno no reino da Terra, mas
em vez de estrelas, luzes vermelhas brilhantes iluminam tudo.
Parece uma pintura de galáxia. É reconfortante. A infinitude do céu
alivia minha dor por algum motivo. O inferno não tem estações,
nem luz do dia ou luar. Apenas um céu preto e vermelho. Chove,
no entanto, a chuva é de uma cor estranha, verde brilhante. Lúcifer
tentou explicar o porquê, algo sobre as águas do inferno brilhando

em verde. Eu não estava realmente ouvindo. Eu não vi Bane e acho
que não vou. Eu decidi ir deitar na minha cama, eu vou fazer
melhor amanhã.
TRÊS MESES DEPOIS DO TEMPO DO INFERNO -
UMA SEMANA NO REINO DA TERRA
O tempo está passando tão rápido. Eu ainda não dominei
minhas formas Demoníacas e Lúcifer está ficando frustrado
comigo. Ele está trazendo um Demônio para me treinar. Faz apenas
uma semana no Reino da Terra desde que Anika faleceu. Minha
dor está me consumindo todas as noites. Alguns dias eu luto, mas
hoje estou me afogando. Eu não consigo respirar. Minha visão está
nublada. Quando fecho os olhos, tudo o que posso ver é Anika,
presa em um quarto escuro, gritando por mim.
Estou na sala de treinamento, tentando trazer minha forma
alterada, quando ouço uma nova voz romper a névoa em meu
cérebro.
—Pense na sua magia. Pense na sua força. Imagine seu poder
interior manifestado na superfície de sua pele. Existem apenas
alguns demônios conhecidos por terem múltiplas formas. Você é
filha de Lúcifer, que é tão poderoso que foi expulso do Céu para
governar o Inferno. Você é poder! Você é a morte! Mostre-me!
AGORA! — A voz é poderosa, feroz e raivosa. Algo dentro de mim
estala. Cravo as unhas nas mãos, jogo a cabeça para trás e grito. Eu
grito até minha garganta ficar tão crua quanto meu coração
despedaçado. Eu grito pela perda da minha melhor amiga. Eu grito
por todas as coisas que ela nunca vai fazer, ou ser. Por todas as
coisas tiradas de mim quando a perdi. Eu deixei meu poder quebrar
de dentro de mim. Ele me envolve em gavinhas vermelhas
brilhantes. Ele acaricia minha pele, quase como se estivesse me

abraçando. Quando finalmente paro de gritar, tudo o que ouço é —
Muito bem,— antes de desmaiar.
Acordo algum tempo depois na minha forma de Sombra.
Meu corpo está flutuando acima do solo. A fumaça que flui ao meu
redor se move como um líquido, brilhando em um vermelho tão
brilhante que toda a sala está iluminada.
Foda-se . Eu tento falar, mas nenhuma palavra sai dos meus
lábios. Em vez disso, um som como um trovão enche a sala.
—Lucinda, você precisa voltar. Você precisa liberar esta
forma. Você está atraindo legiões de Demônios para os portões do
Inferno. Você os está chamando para a guerra permanecendo nesta
forma. Você deve mudar de volta.— Com as palavras de Lúcifer,
um pico de medo rompe o estado entorpecido em que estou. Estar
na forma das Sombras estava aliviando minha dor, e eu sei que uma
vez que eu mude de volta, a dor vai chover sobre mim mais uma
vez. Consumindo-me.
Eu me movo, meu corpo flutuando como névoa no ar,
subindo mais alto na sala, quando a voz de antes retorna, exigente
e firme.
—Mude de volta Lucinda. Assuma o controle de si mesma!
Não ceda à escuridão! Agora Lucinda!
A voz de comando me faz cair de volta no chão. Minhas
costas batem no chão e eu rolo, mais uma vez na minha forma
humana. Respiro fundo enquanto a dor rola sobre mim como uma
onda enorme no oceano. Sinto que estou rolando no fundo do
oceano, sufocando em minha dor, desesperada para mais uma vez
romper a superfície da água.
—Sou Del. Começamos a treinar agora. Levante-se,
cinquenta voltas. Vai.— A voz exigente se aproxima de mim na

forma de um gigante. Eu nem me incomodo em falar. Eu apenas
me levanto e corro.
SEIS MESES DEPOIS DO INFERNO - DUAS
SEMANAS NO REINO DA TERRA
—Porra!— Eu grito quando sou jogada no tapete novamente.
Meu treinador nos últimos três meses é um Demônio do Orgulho.
Não diretamente relacionado ao Príncipe do Orgulho, também
conhecido como O Rei do Inferno e meu pai, Lúcifer.
Delgir Thoglan, ou como eu o chamo, Del, é um monstro
enorme de homem. Alto, com um rosto bem barbeado, cabelos
pretos curtos e olhos tão negros que você não pode dizer o que é
pupila ou não. Ele é construído como The Rock. Quando eu
coloquei meus olhos nele pela primeira vez, depois que ele me
ajudou a mudar e eu desmaiei, o sorriso que se estendeu pelo meu
rosto realmente o assustou. Ele é perfeito. Parece que ele pode
destruir um grupo de monstros com as próprias mãos. Ele pode,
claro, o cara é uma fera. Ele concordou em me ajudar a aprender a
lutar, com e sem meus poderes, contanto que eu nunca olhasse para
ele como se ele fosse um deleite saboroso que eu queria devorar
novamente, e não de um jeito bom. Não me lembro daquele
momento, mas ele não tem motivos para mentir, e definitivamente
parece algo que eu faria.
Del estende a mão para mim, me ajudando a levantar. —Você
está ficando mais rápida. Mais forte. Seus turnos são quase
ininterruptos. — Ele diz, enquanto eu estico minhas costas.
Ele sabe por que quero frequentar a Academia, embora
pense que vou entregar o assassino de Anika. Primeiro vou me
certificar de que eles sintam o medo que Anika deve ter sentido
pouco antes de sua morte. Eu quero arrastá-los para o inferno para

que suas almas possam ser torturadas por toda a eternidade, mas
estou tentando não sucumbir à escuridão que sinto ficar mais forte
a cada dia. Anika não iria querer isso para mim. Eu alcanço,
tocando o pequeno cristal transparente em forma de coração
pendurado no meu pescoço, me aterrando novamente.
—Você está presa comigo por mais três meses, Del. Nem
pense em me deixar.
— Nos últimos três meses, Del e eu nos tornamos amigos. A
gente só se vê quando estou treinando, o que confesso que é muito,
mas tento ser educada. Ele passou os primeiros dois meses me
destruindo completamente na academia, mas fiquei mais rápida.
Ele resmunga e assente. —Estamos quase terminando por
hoje. Primeiro, quero ver você mudar parcialmente para sua forma
de Diabo e depois mudar completamente.— Ele diz, dando alguns
passos para trás e cruzando os braços sobre o peito. Minha forma
de Sombra foi a mais difícil de fazer a transição, mas eu ainda era
capaz. Nós não praticamos tanto porque sempre drena minha
energia. Também faz com que Demônios de todo o Inferno se
juntem à propriedade de meu pai. Aparentemente, como filha de
Satanás, meus poderes imitam os dele. Minha forma Shadow é um
chamado para a guerra. Minha forma de diabo, no entanto, não é
apenas fácil de mudar, mas uma vez que comecei, achei difícil
parar. É como, uma vez que eu deixo sair, eu não quero ser de outra
maneira. Eu posso sentir meu poder mais facilmente na forma de
Demônio. Eu tenho tanto que tenho que liberar rajadas de energia
de vez em quando. Se eu não fizer isso, começo a sentir que posso
explodir. A coceira formiga por todo o meu corpo, até que,
eventualmente, uma explosão maciça se libera e destrói a área ao
meu redor.

Mudo parcialmente para a minha forma preferida. Assim, eu
tenho quatro chifres. Dois na frente no alto da cabeça que são
longos e terminam em pontos, e mais dois atrás que são bem
menores e mais difíceis de ver. Eles são pretos, com uma textura
áspera.
Meus olhos ficam completamente vermelhos, sem pupila
preta, sem branco ao redor. Meus dedos se transformam em garras
afiadas, cada uma com cinco centímetros de comprimento e pretas
como piche. Minha pele também fica com um leve brilho
vermelho.
Eu dou uma volta para mostrar minha mudança parcial, antes
de fazer uma pausa para mudar completamente.
Nesta forma, pareço praticamente a mesma, exceto que
minha pele fica com um tom mais profundo de vermelho, com
redemoinhos pretos cobrindo cada centímetro do meu corpo. Eu
também sou quase um pé mais alto assim, porque onde antes eu
tinha pés, agora tenho cascos completamente pretos. Minha magia
gira em torno de minhas mãos, tão vermelhas quanto minha pele,
fazendo cócegas em meus dedos enquanto movo minhas mãos pelo
ar.
—Bom. Você está liberada.— Del sai sem olhar para mim. Ele
é um homem de poucas palavras.
Decido dar algumas voltas na academia, porque quanto mais
tempo mantenho meu corpo em movimento, menos tempo minha
mente tem para me torturar.
Ainda tenho pesadelos e ainda vejo Anika em meus sonhos
todas as noites, mas está ficando mais fácil. Eu tenho um propósito
agora, um objetivo. Tenho um objetivo quando chegar à Academia.
Farei o que for preciso para conseguir justiça para Anika.

Não passo muito tempo com Lúcifer, mas vou jantar com ele
está noite. Eu gosto de me concentrar no treinamento, não
querendo gastar muito tempo ou energia em qualquer outra coisa.
Eu corro por algumas horas depois do treino, depois tomo banho,
então não vou cheirar mal durante o jantar.
Eu entro em seu escritório. Sempre que comemos juntos, é
sempre aqui. As primeiras vezes que comemos juntos, foi em
completo silêncio. Lúcifer me deu o tempo que eu precisava para
me curar. Eu não quero que ele pense que o problema é ele, então
esta noite eu estou planejando tentar conhecê-lo.
—Oi Lúcifer,— eu digo enquanto entro na sala. —Pronto para
comer?— Eu pergunto, enquanto sento na frente de sua mesa.
—Olá Lucinda, como foi o treino?— Ele pergunta, limpando
alguns itens de sua mesa.
—Tudo bem, como sempre,— digo a ele, enquanto ele chama
um de seus muitos cozinheiros para nos trazer nosso jantar.
Depois de comermos um pouco, decido perguntar a ele
sobre o dia dele. Eu costumo sentar aqui em silêncio, então quando
eu falo, Lúcifer parece surpreso.
—Meu dia foi produtivo. Recebi a notícia de que um dos
meus Demônios, que eu presumi morto, está vivo, afinal. Ele está
sendo mantido em algum lugar ao qual eu não tenho acesso, no
entanto.— Ele diz, com um olhar preocupado em seu rosto.
—Oh merda, isso é sério. Onde no Inferno o Diabo não tem
permissão para acessar?— Eu pergunto a ele, chocada.
—Embora eu possa ser o rei, ainda há aqueles que me veriam
morto se tivessem a oportunidade. Há muitos lugares que eu não
vou. No entanto, se eu tivesse sua localização exata, eu o libertaria
imediatamente.

Ficamos quietos depois disso. Eu realmente não sei o que
dizer um pouco, então eu continuo comendo.
Depois de algum tempo, finalmente digo: —Obrigado. Por
me ajudar.— Falo baixinho, não sou fã de ser vulnerável, mesmo
com Lúcifer.
—Sempre, Lucinda. Sempre.
Depois do jantar, volto para o meu quarto. Esperando que
esta noite eu possa realmente encontrar paz enquanto durmo.

Capítulo Dez
Lucinda
NOVE MESES DEPOIS TEMPO INFERNAL - TRÊS
SEMANAS NO REINO DA TERRA
Eu vou começar na Academia amanhã. A dor sempre

presente no meu peito aperta. Pedi para ficar no quarto da Anika.
Lúcifer tentou me convencer a desistir, mas assim que percebeu
que eu estava falando sério e não recuaria, ele prometeu
providenciar. Estou voltando para o Reino Humano em algumas
horas. Vou ficar com Aliah antes de ir para a Academia. Acabei de
terminar outro treino com Del e vou para o meu quarto me
arrumar.
Passo todo o meu tempo treinando. Se não estou treinando,
estou simplesmente fazendo as coisas necessárias para sobreviver.
Só tenho contato com Lúcifer e Del. Não preciso nem quero ver
mais ninguém. Eu passo um pouco de tempo com Lúcifer quando
ele não está muito ocupado. Correr o Inferno requer a maior parte
de sua atenção. Há uma facção de demônios rebeldes tentando
derrubar seu governo. É meio engraçado que eles até tentem.
Eu me limpo, me troco e vou para o escritório de Lúcifer.
Ele está providenciando meu transporte, então preciso avisá-lo que
estou pronta.
Quando me aproximo, percebo que a porta está entreaberta
e ouço vozes vindo de dentro. Um era muito distintamente de
Lúcifer.
—Eu falei com Michael. Ele está trabalhando no meu pedido,
mas leva tempo. Ele disse que mesmo que isso possa ser feito... Não

há garantias.— Ele faz uma pausa. —Você seguirá Lucinda até a
Academia. Assegurei-te um emprego como professor de combate.
Você ficará no campus e se Lucinda precisar de você por qualquer
motivo, você a protegerá com sua vida.
—Sim, Lúcifer.— Aquele era Del. Que porra é essa? Estou
prestes a entrar e exigir saber o que está acontecendo, quando ouço
outra voz que não reconheço.
—Eu tenho investigado as coisas como você pediu, mas
ninguém parece saber o que aconteceu na noite em que os dois
estudantes morreram. Estou preocupado que se Lucinda chegar,
fazendo acusações, causando transtornos, ela não vai se encaixar.
Acredito que eles vão se voltar contra ela simplesmente por ser sua
filha. Estou momentaneamente atordoado. Essa voz é suave como
seda e faz meu estômago vibrar. Eu quero lamber as palavras de
seus lábios. Quando suas palavras finalmente chegam, eu abro
caminho pela porta do escritório. Minha raiva substituindo a onda
de luxúria correndo através de mim.
Coloco uma máscara de indiferença e mantenho meus olhos
em meu pai.
—Você está forçando Del a tomar conta de mim?— Eu
pergunto, mas continuo antes que ele possa responder. —E por que
os alunos da Academia se importariam com quem é meu pai?— Eu
finalmente me viro para o homem sentado no sofá à minha direita.
Bem maldita. Suas feições parecem ter sido esculpidas em pedra.
Sua pele é pálida, seus olhos de um prata brilhante. Seu cabelo é
de um preto tão lindo, que parece o céu noturno. Está bem
estilizado, não mais do que alguns centímetros de comprimento,
afastado de seu rosto. Estou presa em seu olhar sedutor e não
consigo desviar o olhar. Meu coração dispara e tenho a impressão

de que ele me vê como uma presa, presa em sua armadilha.
Ocupado demais olhando como uma tola, sinto falta do que meu
pai está dizendo.
—O que?— Eu pergunto, finalmente quebrando o controle
que o homem misterioso tem sobre mim. —Desculpe. Não te ouvi.
O homem à minha direita cobre sua risada soltando uma leve
tosse. Bunda.
—Eu disse, eu tenho muitos inimigos desconhecidos. Alguns
em busca de ganhos pessoais e alguns que buscam vingança.
Depois, há aqueles que simplesmente ficarão com inveja de seu
status como filha do governante do Inferno. Eu sou muito
poderoso. Isso significa que você é muito poderosa. Alguns podem
não gostar disso. Especialmente os Anjos e Demônios de sangue
puro.
—Ela não vai ver os Anjos. Eles se mudaram para sua própria
escola. Aparentemente, compartilhar uma escola com a filha de
Lúcifer era um limite rígido para eles.— O homem de cabelo preto
diz.
Isso faz sentido. Eu sou meio humana. Os Demônios vão se
incomodar com meu poder e o fato de que o maldito Diabo é meu
pai pode assustar alguns. Merda. Não importa para mim. Não vou
lá para fazer amigos e não há nada que eles possam fazer que me
machuque mais do que perder Anika. Eu estendo a mão, tocando
o colar, lembrando-me de por que vim aqui em primeiro lugar.
—Eu preciso de um carro e que você me leve de volta ao
Reino Humano.— Se eu precisar de algo, simplesmente peço, e
Lúcifer fornece. Ele tem riqueza infinita e acesso a tudo, e qualquer
coisa.

—Del vai te levar aonde você precisar ir e eu providenciarei
para que seu carro seja entregue na casa de Aliah imediatamente.
—Obrigada.— Faço uma pausa, não sei quando o verei
novamente. Devemos nos encontrar uma vez por semana, mas ele
me avisou que precisarei me concentrar nas primeiras semanas para
recuperar o atraso. Sinto que deveria dizer mais. Passei muito
tempo com ele enquanto estive no Inferno, mas ainda o chamo de
Lúcifer. Eu não posso chamar ele de pai, ainda. Ele acena com a
cabeça, como resposta, e eu saio.

Capítulo Onze
Lucinda
Assim que estou de volta ao Reino Humano, Del me leva até

a casa de Aliah para que eu possa deixar meus pertences. Eu não a
vejo quando entro, então apenas volto e Del me leva para o meu
próximo local.
—Obrigado, Alfredo.— Eu o provoco, dando-lhe um grande
sorriso.
—Eu não entendo sua referência, porém, eu sei quando você
está sendo um merdinha. Continue com isso.— Ele me enxota.
Duas horas depois, estou sentada em uma cadeira reclinada
em um estúdio de tatuagem na minha cidade natal. Estou pegando
uma fênix aquarela do pulso ao cotovelo. Suas asas estão bem
abertas, cabeça em direção ao meu coração. Em uma antiga língua
demoníaca que meu pai tem me ensinado, diz —Meu coração está
com você—. Eu tive que escrever essa parte para o meu tatuador,
mas ele conseguiu assim que eu mostrei a ele. Ele só acha que eu
inventei. A tatuagem leva um pouco mais de duas horas e quando
ele termina minha bunda está dormente de ficar parada por muito
tempo. Ele me deixa olhar no espelho antes de cobri-la com uma
película protetora.
—Obrigado.— Eu digo quando saio da loja, dando-lhe um
aceno enquanto vou.
—A qualquer momento!— Ele diz, enquanto está limpando.
Eu mostro a Del e ele resmunga em aprovação. Ele me leva
de volta para a casa de Aliah para passar a noite e, quando

chegamos, vejo um carro que não é dela estacionado na frente. Eu
deveria ter solicitado um veículo específico, Lúcifer foi ao mar.
Minha boca cai aberta e estou atordoada em silêncio.
Sentado no jardim da frente está um Aston Martin DBS
Superleggera na cor azul intenso. Del ri, enfiando a mão nos bolsos
e me entregando as chaves. Eu saio, caminhando até o carro, e
apenas olho. Bolas de merda.
—Ele é de verdade?— Eu pergunto enquanto Del caminha ao
meu lado.
—Bem, ele disse que queria que você se encaixasse, e pensou
que se você tivesse o melhor carro, você poderia fazer amigos mais
facilmente.— Eu zombo da resposta de Del. Eles vão pensar que eu
cresci com um pai que me mimou, em vez de um viciado em drogas
que me odiava. Eu duvido que eu vá fazer amigos fáceis embora. —
Ele está apenas tentando compensar o fato de que ele me
abandonou com um viciado em drogas e que eu matei meu suposto
estuprador.— Eu rosno, e ele apenas olha para a frente.
—Eu o conheço por toda a minha existência. Seu pai é muito
velho. Ele é o Demônio original e criador da minha espécie. Ele
pode ser cruel, alguns diriam mal. Mas posso lhe assegurar, ele sabe
onde está a alma daquele homem, e seus tormentos são imensos e
sem fim. Se Lúcifer soubesse o que você estava passando, ele
mesmo teria acabado com a vida deles. Há tanta convicção e paixão
em sua voz que eu tiro os olhos do meu novo bebê e me viro para
Del. Sua testa está franzida e seus punhos estão cerrados. Ele se vira
e me agarra tão de repente que eu solto um grito. Ele agarra meus
braços em suas mãos, e olha fixamente em meus olhos —Eu não
vou permitir que você se machuque dessa maneira nunca mais,
Lucinda. Demônios não estupram.— Ele rosna as últimas palavras

tão ferozmente que meu corpo estremece. Del me dá vibrações de
irmão mais velho na maioria das vezes, mas ele prometendo me
proteger traz uma lágrima aos meus olhos. Eu sempre fui a única a
proteger os outros, nunca tive alguém me protegendo.
Eu envolvo meus braços em torno dele e apenas o abraço.
Ele é um maldito gigante, e eu quase não consigo alcançá-lo, meus
dedos mal se tocando. Ele limpa a garganta, então dou um passo
para trás. Quando eu sorrio para ele timidamente, ele cora.
Eu volto para o carro. Eu me aproximo e desbloqueio. No
banco do lado do motorista, há um bilhete.
LUCINDA, POR FAVOR, DEIXE-ME SABER SE ESTE
VEÍCULO NÃO É DO SEU AGRADO. POSSO
PROVIDENCIAR PARA QUE UM NOVO SEJA TRAZIDO
PARA A ACADEMIA. -LÚCIFER
Del me ajuda a colocar todas as minhas malas no meu carro
novo e eu vou jantar com Aliah. Ela apenas fica lá, olhando para a
parede. Eu tento falar com ela, mas ela apenas balança a cabeça,
como se as luzes estivessem acesas, mas ninguém está em casa. Ela
está vendendo a casa e indo morar com a irmã nas próximas
semanas. Estou feliz por ela estar com a família.
Subo depois do jantar e pego o diário de Anika. Pintei a capa
de preto, caso alguém a veja. Eles vão pensar que é um caderno
normal.
Folheio as páginas pela milionésima vez, correndo os dedos
sobre as últimas palavras que Anika escreveu.
BEM, HOJE FOI UMA MERDA. APENAS TRÊS
SEMANAS ANTES DE LUCINDA FINALMENTE CHEGAR
AQUI. QUATRO LONGOS MESES SEM MINHA MELHOR
AMIGA SÃO DEMAIS. RECEBI OUTRA AMEAÇA DE

MORTE POR BAIXO DA PORTA DO MEU QUARTO
HOJE. —DEIXE OU MORRA—. MUITO ELOQUENTE.
TODOS ELES VÃO DESEJAR TER SIDO MAIS GENTIS
COMIGO QUANDO LUCINDA ESTIVER AQUI, A FILHA
DE LÚCIFER NÃO FODA. PELO MENOS AINDA TENHO
TANOR. ELE TEM SIDO TÃO INCRÍVEL, EU SÓ QUERIA
QUE ELE NÃO ESTIVESSE ME EVITANDO
RECENTEMENTE. ELE DIZ QUE ESTÁ TUDO BEM, MAS
EU MAL O VI. AH BEM.
Disseram que ela e o namorado, Tanor, abriram os pulsos e
sangraram por todo o quarto. Não sei nada sobre Tanor, além do
que Anika me contou antes de morrer; bem foi assassinado, e o que
está escrito neste diário.
Eu suspiro, totalmente exausta, com tanta coisa acontecendo
amanhã que eu realmente preciso descansar um pouco. Não
consigo afastar a sensação incômoda de que amanhã será um dia
muito difícil. Alguém naquela escola matou minha irmã e todos
ajudaram a intimidar ela pelo que li em seu diário. Tudo porque
um demônio popular se apaixonou por uma bruxa fraca.
Tanor era aparentemente o primeiro filho de Aamon, o
Demônio da Ira. Ele a perseguiu imediatamente, e mesmo que ela
resistisse no início, ela cedeu. O bullying começou assim que Tanor
mostrou algum interesse em Anika. Ela não mencionou nada disso
para mim durante nossas muitas ligações e mensagens de texto. Ela
não queria que eu me preocupasse. Eu sempre lutei para protegê-
la, enfrentando valentões da escola para defendê-la.
Agora estou assumindo o que parece ser a escola inteira.
Uma dúzia de garotas ciumentas e meia dúzia de garotos que ela
rejeitou. Eu só estava planejando uma leve humilhação para a

maioria deles. Apenas uma pessoa realmente se destaca. Ela tinha
sido a líder da tortura de Anika. Bianca. Apenas o nome dela me
faz estremecer. Bianca é um popular demônio da inveja. Sua força
vem de ser o centro das atenções. Ela prospera com ciúmes e,
aparentemente, ódio.
Eles vão conseguir muito pior do que eles deram. Quando
eu terminar com eles, eles vão repensar todas as decisões que
tomaram.
Eu me deito, pensamentos de amanhã girando em minha
cabeça. Eu poderia ter ido para a Academia mais cedo, para que eu
pudesse me instalar, mas eu simplesmente não queria estar lá antes
de ter que estar. Eu sei exatamente em que quarto vou ficar e tenho
minha agenda pronta. Tenho o diário da minha melhor amiga e
tenho o meu plano de vingança. Estou pronto. Eu posso sentir a
escuridão dentro de mim crescendo com a antecipação. Não quero
que isso me consuma, mas farei o que for preciso para obter a
vingança que Anika merece. Eu não conheço nenhuma dessas
pessoas pessoalmente, mas pelo que ela escreveu, eu sei o
suficiente. Quando eu sair daquele lugar, eles saberão o que
realmente significa ser quebrado.

Capítulo Doze
Lucinda
Eu dirijo pelo caminho que leva à garagem, a Academia

aparece. Quatro prédios altos de tijolos surgem à esquerda, e logo
antes deles está a garagem. Posso ver que o prédio principal, que
fica bem no centro, é o maior dos quatro. Há uma fonte bem no
meio, com uma sereia gigante de pé. Eu coloco meu carro na
garagem, estacionando na primeira vaga aberta que encontro. Pego
minhas malas, indo para o outro lado do terreno da Academia. O
dormitório das meninas é separado dos meninos. Fica à esquerda
do edifício principal, em frente à densa floresta . O dormitório dos
meninos fica à direita, com um enorme lago atrás dele.
Fiz Lucifer pegar a chave do meu quarto há um tempo atrás.
Eu tenho um kit em uma das minhas malas para instalar uma nova
fechadura. Foi-me dito que cada porta é enfeitiçada para que
alguém que não seja convidado não possa entrar, mas a proteção
extra não fará mal.
—Ouvi dizer que você chegaria hoje. Acho que Lilith permite
que todos os tipos de lixo participem.— A voz profunda e sedutora
me pega desprevenida, já que eu nem o vi parado do lado de fora
do caminho que leva aos dormitórios. Eu imediatamente o
reconheci do funeral de Anika. Seria muito difícil esquecer sua pele
escura e olhos âmbar brilhantes. Eles brilham no sol da manhã e eu
me pergunto exatamente o que ele é.
Seu insulto nem me incomoda, mas o fato de ele parecer
saber quem eu sou é preocupante.

—Quem diabos é você?— Eu pergunto, duvido que ele esteja
esperando uma resposta como essa depois de tentar me insultar.
—Vazruuk. E você é Lucinda, filha há muito perdida de
Lúcifer, e uma humana. — Ele sorri, parecendo presunçoso. Ele
cospe a palavra humana como se tivesse um gosto nojento saindo
de sua língua. Como exatamente ele sabe quem eu sou é
preocupante. Ele deve ter conhecido Anika o suficiente para ela ter
falado sobre mim. Duvido que ela teria contado a alguém quem é
meu pai. Eu levo um segundo para pensar por que seu nome é tão
familiar.
Quando me atinge, decido que ignorá-lo é minha melhor
opção. Vazruuk, ou Vaz para abreviar, é o irmão de Tanor. O
namorado de Anika, cujo corpo foi encontrado junto com o dela.
Esse cara sabe da minha conexão com Anika e descobriu
quem eu sou. Até onde eu sei, há apenas um punhado de pessoas
que sabem quem é meu pai. Anika nunca teria contado a ninguém,
mas a diretora, Lilith, conhecia meu pai intimamente há muito
tempo. Ela realmente deixaria esse tipo de informação sair?
Qualquer que seja. Balanço a cabeça e continuo andando.
Eu tento me lembrar que esse cara provavelmente está sofrendo
tanto quanto eu estou agora. Perder seu irmão não deve ter sido
fácil. Ele está atacando. Porque ele decidiu me fazer seu alvo, eu
não sei. Anika foi alvo por causa de seu relacionamento com Tanor.
O fato de ela ser uma bruxa fraca, que conseguiu uma bolsa de
estudos, aparentemente também era um problema. O pai de Tanor
é um Príncipe do Inferno, e de acordo com Lúcifer, o Demônio da
Ira não é amigo dele. Então, ficar do lado ruim de seu filho restante
complicaria as coisas para mim. Até onde sei, pelo diário de Anika,
Vaz nunca participou de seu bullying.

Não vou muito longe antes de Vaz agarrar meu braço, me
puxando de volta para encará-lo.
O calor se espalha pela minha pele em todos os lugares em
que ele me toca e por um segundo ele apenas olha para sua mão
em volta do meu braço.
Ele me solta e dá um passo para trás.
—Você não pertence aqui.— Ele rosna.
Eu não posso evitar, eu rio. Bem na cara dele, porque o fato
de que eu não pertenço aqui é fodidamente óbvio. Eu só estava
indo para essa Academia estúpida para evitar o Inferno e ficar com
Anika. Agora, estou aqui para me vingar. Claro que não pertenço
aqui.
—Desculpe,— eu suspiro, enxugando as lágrimas dos meus
olhos depois de finalmente recuperar o fôlego. —É só que você
parece tanto um garoto malvado estereotipado, eu simplesmente
enlouqueci!— Soltei outra risada, porque honestamente, que porra
é essa?
Ele não tem ideia de que eu passei as últimas três semanas,
ou nove meses se você usar o tempo do inferno, no inferno
aprendendo exatamente do que sou capaz. Eu não sei que poderes
ele tem, ou o que ele pode fazer. No entanto, eu sei que eu poderia
ter minha mão deslocada e enrolada em sua garganta antes que ele
pudesse piscar.
Ele aparentemente tem o mesmo pensamento, porque no
segundo seguinte ele envolve a mão em volta do meu pescoço e me
empurra contra uma árvore.
—Cuidado, humana. Ninguém pensaria duas vezes se eu
quebrasse seu pescoço agora. Ninguém se importaria com lixo

humana.— Ele está tão perto que posso sentir o calor de sua
respiração no meu rosto.
Não querendo revelar o que posso fazer muito rápido aqui,
apenas o encaro. Seu aperto é apenas firme o suficiente para me
manter no lugar. Ele não está me machucando e eu ainda posso
respirar.
Eu o observo, imaginando o que o motiva? É uma perda,
como eu? É realmente algum tipo de ódio equivocado pelos
humanos? Ou é outra coisa, algo mais profundo, e eu sou apenas
um alvo fácil aos olhos dele.
Eu levanto meu joelho e bato em suas bolas. Ele me solta e
cai de joelhos, tossindo. Bem feito.
—Primeiro de tudo, pegue alguns tic tacs. Seu hálito cheira
como se você comeu um sanduíche de merda. E segundo, não
coloque suas mãos em mim novamente, ou eu vou arrancar seus
dedos com uma mordida.— Dou um tapinha na cabeça dele e ele
solta um grunhido alto de frustração. Eu apenas sorrio. Porra
estúpida.
Provavelmente pagarei por isso mais tarde de alguma forma,
mas realmente não estou preocupada com isso. Não há nada que
ele possa fazer para me machucar. Na verdade. Não mais.
Eu alcanço e toco meu colar. Eu chego ao meu novo quarto
e olho para a porta. Este é o quarto que era de Anika. Ela não tinha
uma colega de quarto e eu também não. O corpo dela foi
encontrado nesta sala. Mesmo que eu tenha pedido este quarto, e
eu sei que ela não estará lá quando eu abrir a porta, meu coração
dói pelo que poderia ter sido. Ela deveria estar aqui. Eu destranco
a porta e entro no quarto.

Não é nada de especial. É o mesmo quarto que eles dão a
todos os bolsistas. Há uma cama de solteiro ao longo da parede
direita, com uma janela à esquerda da cabeceira. Há uma mesa
contra a parede esquerda e outra porta que suponho que leva ao
banheiro. Deixo cair minhas coisas antes de abrir a porta do
banheiro.

Capítulo Treze
Lucinda
Um grito escapou pelos meus lábios quando vejo um homem

nu com água escorrendo pelo seu abdômen bem definido, parado
diante de mim. Ele rapidamente cobre seu pau com uma toalha.
Ops. Seu cabelo é branco como a neve e cai em seu rosto, mas sua
boca está aberta. Seus lábios carnudos se fecham e ele se vira e corre
para a outra porta batendo atrás dele. Uh. OK. Eu penso em bater
para descobrir o que um cara está fazendo no dormitório feminino,
mas resisto. Quem sou eu para interpretar uma ligação?
Entro no banheiro e olho ao redor. Há duas pias. Um com
várias escovas de dentes ao redor e um completamente vazio de
qualquer coisa, incluindo sabonete. Eu olho no chuveiro. Existem
dois tipos diferentes de xampu, dois tipos de condicionador e dois
tipos de sabonete líquido. Um mais masculino, outro feminino.
Que diabos? A porta do banheiro que leva ao outro quarto se abre
novamente e uma garota que talvez seja dez centímetros mais baixa
do que eu, entra. Eu só tenho 1,60m, então essa garota não pode
ser muito mais alta que 1,50m. Seu cabelo é branco como a neve,
assim como o cara que saiu daqui alguns minutos atrás, e seus olhos
são lavanda. Suas feições me lembram Tinkerbell e por um
momento me pergunto se ela é uma Fae.
—Oi, eu sou Kora. Desculpe por isso. Kade é meu irmão
gêmeo. Ele não queria te assustar.— Ela estende a mão para apertar
a minha. Sua mão parece tão pequena quando eu a seguro, que
estou surpresa que seu gêmeo, Kade aparentemente, seja tão alto.
Ele tinha pelo menos seis e dois. Seus olhos se arregalam e ela

encara nossas mãos unidas por um momento. Ela balança a cabeça,
olhando de volta para o meu rosto.
—Lucinda. Apenas me chame de Cin. Ele divide seu
quarto?— Eu pergunto, gesticulando em direção à porta aberta atrás
dela.
—Sim. Nós nunca moramos separados. Mas existem dois
quartos. Nós temos que morar na seção para estudantes bolsistas
para não incomodar os garotos ricos, ou qualquer outra coisa. De
qualquer forma, vou me certificar de que meu irmão tranque a
porta da próxima vez.— Seu sorriso é brilhante e genuíno. Ela
parece uma menina doce.
Kade entra atrás de Kora e sinaliza 'diga a ela que sinto muito'
quando ela se vira para olhar para ele. 'Eu fiz' ela sinaliza de volta.
—Ah, ele é surdo?— Eu pergunto e assino ao mesmo tempo.
Ele pega o movimento das minhas mãos e finalmente levanta a
cabeça para que seu olhar encontre o meu. Vejo seus olhos pela
primeira vez. Uma lavanda, uma azul gelo. Uau!
—Não, ele pode ouvir. Ele simplesmente não fala. É uma
longa história, mas é legal você poder assinar. Nem todo mundo se
preocupa em aprender ASL. Às vezes, é apenas mais fácil para nós
nos comunicarmos dessa maneira.—Ela diz, não assinando mais.
—Ahh. Bem, é um prazer conhecê-lo, Kade. Eu sou Lucinda,
mas você pode me chamar de Cin.—Eu assino Cin como Cin, dedos
indicadores juntos a mão direita fazendo um círculo no sentido
horário, a mão esquerda no sentido anti-horário.
Seus olhos se arregalam, mas ele não faz nenhum movimento
para responder. Eu viro minha cabeça para o lado, tentando
esconder meu sorriso. Esse cara é fofo demais. Vou ter que ser
cuidadosa perto dele.

—Você é um demônio?— Kora pergunta. Ela parece curiosa,
mas suas palavras fazem parecer uma acusação.
—Tipo de.— Eu digo, sem saber o quanto revelar. Mas pode
não importar em breve, já que Vaz sabe quem é meu pai e já está
sendo um idiota. —Meio humana.
Eu observo a reação dela com cuidado. Ela sorri
brilhantemente, seus olhos se iluminando.
—Oh incrível, você cresceu em torno de humanos também?
Nós somos bruxas do lado de nossos pais. Nós crescemos em um
coven, mesmo que nunca tenhamos conhecido nosso pai.— Ela diz
isso com um encolher de ombros, mas ela parece triste. Kade está
se escondendo atrás de seu cabelo novamente, então tudo que
posso ver são seus lábios carnudos.
—Sim. Minha mãe era humana. Eu cresci com ela.—Quando
digo a palavra mãe, ambas as expressões se apertam. Mães devem
ser um assunto delicado. Não quero entrar no meu passado agora.
E, mesmo parecendo doce, ela pode ser a responsável pela morte
de Anika. Qualquer um aqui poderia. —Você conhecia Anika?— Eu
perguntei, afinal, eles dividiam esse banheiro com ela.
A expressão de Kora muda imediatamente e seu sorriso cai
de seu rosto.
—Sim, ela foi tão gentil. Você a conhecia?— Ela me
perguntou, parecendo surpresa por eu saber o nome dela.
—Sim ,eu conhecia,— mas eu não digo como ainda. O fato de
Vaz saber é uma complicação, mas quero manter meu passado em
segredo o máximo que puder. Quem matou Anika não espera que
eu vá procurá-los. —Vou desfazer as malas e me trocar antes das
aulas.— Digo me afastando.

—Ok, nós vamos acompanhá-la até sua primeira aula, se você
quiser!— Ela grita um pouco alto demais, considerando que estou a
poucos metros dela. Kade bate em seu ombro para chamar sua
atenção, em seguida, sinaliza 'não grite'. Estou chocada que o garoto
quieto que não fala apenas xingou, mas eu não sei nada sobre ele.
Pelo que sei, ele é um serial killer. Esse pensamento me faz rir. Ele
não conseguiu fazer contato visual por mais de alguns segundos. Ele
também nunca assinou para mim, apenas para sua irmã.
—Certo.— Eu digo enquanto fecho a porta do banheiro atrás
de mim. Kade e Kora. Nenhum desses nomes estava no livro de
Anika. No entanto, ela escreveu sobre a Feiticeira e o Mudo, como
uma espécie de livro de guarda-roupa. Tinha que ser eles. Tudo o
que ela escreveu foi que eles estavam quietos e pareciam legais.
Kora estava tudo menos quieta. Interessante. Eu continuo me
preparando enquanto penso em tudo na minha cabeça. Não temos
uniformes e até onde sei não há um código de vestimenta. Já decidi
o que vou usar hoje cedo. Eu sorrio para o meu reflexo depois que
me troco.
Estou vestindo jeans skinny pretos apertados, botas de
combate pretas e uma camiseta de banda justa que foi cortada na
frente para revelar meu amplo decote. Eu estou desempenhando
um papel aqui, e eu preciso parecer certa. Se eu aparecer
parecendo como me sinto, então eu posso usar um caixão.
Faço minha maquiagem rapidamente, focando
principalmente nos meus olhos. Eu coloco um brilho labial rápido
antes de voltar para o banheiro e bater na porta dos gêmeos.
Kora responde e gesticula para eu passar.
—Qual é a sua primeira aula? Eu tenho História de Bruxaria
com Kade. Você é um Demônio, então provavelmente terá aulas

relacionadas a Demônios. O combate é bastante universal, no
entanto. Posso ver sua agenda?— Ela diz tudo isso no que parece
ser uma respiração. Olho para Kade, que nem sequer olha na
minha direção. Essa garota é o oposto de quieta, do que Anika
estava falando?
Entrego minha agenda e ela leva um momento para examiná-
la.
—Todos nós almoçamos e lutamos juntos. O café da manhã
e o jantar são no mesmo horário para todos, então você verá os
veteranos então.— Ela para quando entramos no prédio principal.
—Sua primeira aula é lá em cima, quarto doze-oh-dois.
Encontramo-nos aqui para almoçar, se quiser!— Ela se afasta,
acenando adeus enquanto ela vai. Acho que nem falei uma palavra
o tempo todo.

Capítulo Quatorze
Lucinda
Quando eu entro em Demonologia, a primeira pessoa em

que meus olhos pousam é... Bane. Ele nem sequer ergue os olhos
do livro. Duas fileiras atrás dele está o cara do escritório do meu
pai. Embora ele não pareça muito mais velho do que eu, ele dá essa
vibe, como se ele fosse muito mais velho do que parece. Tenho a
sensação de que ele está seriamente velho.
Eu balanço minha cabeça para mim mesma. Primeira aula
do dia e tenho um Demônio que finge que eu não existo e um...
nem sei o que ele é, que agora está sorrindo como o gato que pegou
o canário.
Eu sentei no meu lugar, algumas fileiras à frente de Bane. Eu
nem tenho tempo suficiente para tirar meu livro da minha bolsa
antes que alguém esteja chutando minhas botas.
—Você está no meu lugar, garota nova.— A voz mais esnobe
que eu já ouvi, estala. Ela bate seus livros em cima da mesa e eu
apenas olho para o rosto do que só posso descrever como uma
Barbie perfeita.
Acho que sei quem é a garota do diário de Anika. Rainha
Cathy cadela número um. Eu apenas sorrio. Ela vai ser uma das
mais difíceis de derrubar, e ainda assim, eu sei exatamente quais
botões apertar.
—Oh caramba. Você tem algo em seus dentes.— Eu digo,
apontando para o rosto dela. —Eca, você pode querer consertar
isso.

Sua mão imediatamente alcança seus lábios e meu sorriso se
alarga.
—Eu não tinha ideia de que este era o seu lugar, vou me
mudar. Foi mal.— Eu digo, torcendo o nariz e pegando minha bolsa.
Ela nem me responde. Acho que ela queria que eu lutasse com ela,
o que faz sentido, mas dado o que sei sobre ela, foder com ela será
fácil, mesmo que derrubá-la completamente seja mais complicado.
—Bem, isso foi impressionante. Acho que nunca vi alguém
calar a boca de Bianca tão rápido.— O cara do escritório do meu
pai diz. Eu olho para ele. Ele também sabe exatamente quem eu
sou, mas não sei o que ele está fazendo aqui, ou como ele conhece
meu pai. Lembro-me de ele ter dito algo sobre uma investigação
ontem, mas não consegui outros detalhes.
Sento-me ao lado dele desta vez, sem me preocupar em
esconder o fato de que estou olhando para ele.
—O que você está?— Eu finalmente deixo escapar a pergunta
que está queimando um buraco no meu cérebro desde que o
conheci.
Ele ri, jogando a cabeça para trás. Aproveito para dar uma
olhada nele. Ele está vestindo uma camisa preta apertada e jeans
azul escuro. Ele está um pouco curvado em seu assento, as mãos
descansando em seu colo.
—O que você pensa que eu sou?— Ele pergunta, em vez de
me responder. Um pequeno sorriso nos lábios.
—Minhoca.— Escorrega antes que eu pense melhor. Ah bem.
Ele me encara. Quando ele se senta e se inclina para ficar a
apenas alguns centímetros do meu rosto, ele respira fundo,
afastando o cabelo do meu pescoço.

—Não comece algo que você não pode terminar, pequena
Lucinda.— Quando ele mostra a língua e lambe a carne sensível do
meu pescoço, eu suspiro. Quando me viro para olhar para ele, ele
está sorrindo. Posso ver os dois caninos muito grandes saindo de
seu lábio superior grosso.
Ahh. Vampiro. Impressionante. Antes que ele se afaste
demais de mim, eu me viro na cadeira, me aproximo e o agarro
com um punhado de cabelo. Eu trago nossos rostos tão perto que
se eu apenas inclinasse minha cabeça um pouco, eu estaria beijando
ele.
—Não foda comigo, Chomper. Você não é o único que
morde.— Eu passo minha língua lambendo seu lábio inferior, fora
do alcance de suas presas. Devo estar provocando um Vampiro?
Não, provavelmente não. Eu vou fazer isso de qualquer maneira?
Sim. Eu libero seu cabelo e me sento no meu lugar.
Eu não me incomodo em olhar para ele novamente, mas de
algumas fileiras à frente eu vejo que Bane está de frente para nós, e
me observando. O olhar em seu rosto está cheio de fogo aquecido.
Parece que ele quer um gosto meu. Foda-se, ele não pode olhar
para mim como se eu fosse sua próxima refeição. Ele me
abandonou na manhã seguinte à morte de Anika e nem se deu ao
trabalho de ir me ver novamente . Eu o afasto e pego um livro da
minha bolsa. Eu preciso diminuir o meu tom de vadia. Posso dizer
que estou exagerando, mas todo mundo aqui está me irritando, e
só se passaram algumas horas. Quando pego meu livro, vejo o anel
que Bane deixou para mim na minha mão direita. Eu me pergunto
se ele já percebeu isso.
Respiro fundo algumas vezes quando o professor entra e
começa a aula.

Quarenta e cinco minutos depois, estou pegando minhas
coisas e correndo pela porta. Eu verifico minha agenda para a
minha próxima aula e vou na direção que acho que está. Os
corredores estão lotados e eu tomo algumas curvas erradas. Estou
realmente correndo quando corro de cabeça em um peito
musculoso.
—Porra.— Eu digo, estendendo a mão para esfregar minha
testa que agora está dolorida. —Desculpe.— Eu olho para os olhos
multicoloridos. —Você está bem?
Ele nem pisca, apenas me encara.
—Kade? Você está bem?— Pergunto novamente, porque não
tenho certeza se é assim que ele normalmente é. Kora disse que ele
não fala, mas sabe que posso assinar. Eu tento novamente, desta vez
assinando, mas ainda não recebo nada. Estico minha mão para
tocar sua bochecha, preocupada que algo esteja errado.
Ele se encolhe quando minha mão faz contato, então eu a
puxo de volta.
—Você pode pelo menos piscar ou algo assim, então eu sei
que você está bem?— Eu digo. Eu poderia me perder naqueles
olhos. Ele não fala, mas é muito bonito.
Quando ele dá um passo para mais perto de mim, inclinando
a cabeça um pouco para o lado, eu fico parada. Curioso sobre o
que ele vai fazer a seguir. Eu não me movo quando ele estende a
mão para acariciar minha bochecha, movendo meu cabelo do meu
rosto. Ele pisca e se afasta de mim. Antes que eu possa dizer
qualquer coisa, ele está indo embora.
Um menino tão estranho. Eu penso enquanto faço meu
caminho pelo corredor.

—Você já está fodendo a aberração?— Eu ouço apenas alguns
passos atrás de mim.
Quando me viro, Vaz está encostado em uma alcova no
corredor.
—E se eu tiver? Porque você se importa?— Eu pergunto,
porque honestamente, eu definitivamente foderia Kade, se tivesse a
chance.
Ele zomba. —É como se você quisesse que todos aqui o
tratassem como lixo.— Ele diz, enquanto empurra a parede se
movendo em minha direção.
—Tem algum outro insulto? Você já usou esse.— Eu digo em
um tom entediado.
—Por que você está aqui humana?— Ele pergunta, me
ignorando.
—Destruir completa e irrevogavelmente qualquer um e todos
que o mereçam.— Eu digo, completamente honesta.
Ele bufa e se aproxima de mim. Ele pega uma mecha do meu
cabelo preto entre o polegar e o indicador.
—Quantos?— Ele pergunta enquanto enrola meu cabelo entre
seus dedos.
—Por que?— Eu digo, genuinamente confusa por um
segundo.
—Para você chupar meu...— Ele acena para baixo.
—Quinhentos bilhões. —Digo sem rodeios. Ele está tentando
me irritar, obter uma reação de mim. Ele não tem ideia de com
quem está fodendo. Honestamente, não há porra nenhuma que ele
possa me dizer que me incomodaria de qualquer maneira.
Ele solta um assobio longo. —Isso é íngreme, você
definitivamente não vale mais do que...— Ele faz uma pausa

enquanto tira sua carteira. Ele joga uma nota de cinco dólares na
minha cara. —Isso.
Eu o agarro pela gola de sua camisa preta de botão. E
empurro de volta contra a parede. Eu caio de joelhos na frente dele.
Antes que ele possa reagir, eu agarro a fivela do cinto e abro.
—Isso vai te comprar alguns segundos.— Eu digo quando
começo a puxar suas calças para baixo. Ele estende a mão e para
minhas mãos, mas não me afasta.
—Que porra você está fazendo?— Ele exige. Sua respiração
está pesada e ele está olhando para mim com calor em seus olhos.
O âmbar brilhando intensamente.
—Eu pensei que você queria que eu chupasse seu pau?— Eu
digo, no tom condescendente mais doce e açucarado.
Ele finalmente afasta minhas mãos, um sorriso de escárnio
contorcendo seu rosto.
—Cadela.— Ele sibila, afastando-se de mim. Ele corre pelo
corredor para longe de mim. Eu sorrio para suas costas, recuando.
Ele não esperava isso de mim, com certeza. Ele vai descobrir
muito rapidamente que suas palavras ofensivas não vão me afetar.
Eu pulo e corro pelo corredor para a minha próxima aula.
Vou me atrasar, mas tudo bem. Isso valeu a pena, com certeza.

Capítulo Quinze
Lucinda
Está na hora do almoço, percebi que não comi o dia todo e

estou morrendo de fome. Eu faço o meu caminho para a entrada
da frente, onde eu disse a Kora e Kade que os encontraria antes do
almoço. Kade já está lá, encostado em um pilar. Ele não me vê se
aproximando, então eu aproveito para admirá-lo.
Ele está olhando para o chão, as mãos enfiadas nos bolsos do
jeans. Ele está vestindo um moletom muito grande que esconde o
que eu sei que está por baixo. Músculos muito bem definidos, e
braços que definitivamente poderiam te segurar contra a parede
enquanto ele... Oh caramba. Tenho que observar esses
pensamentos errantes. Estou quase perto dele quando alguém me
olha por trás e deixo cair o caderno que estava em minhas mãos.
—Oops, desculpe! Não vi você lá.— Lá está aquela voz falsa e
açucarada de novo. Eu pego minhas coisas do chão, virando-me
para encarar a garota que bateu em mim. Como eu suspeitava, é a
mesma garota da minha primeira aula. Bianca. Ela tem um rebanho
de vadias com ela.
Eu coloquei minha melhor impressão dela, sacudindo meu
longo cabelo preto sobre meu ombro e me movendo para que meu
quadril ficasse para fora.
—Nem se preocupe com isso.— Dou um pequeno aceno,
enquanto faço meu caminho até Kade. Ele está me observando com
olhos arregalados e brilhantes. Kora caminha ao meu lado.
—Você não deveria antagonizá-la. Ela é a encarnação viva de
uma garota malvada estereotipada. Regina George não tem nada

contra ela.— Ela me dá um pequeno olhar de lado, mantendo a
cabeça ligeiramente inclinada para baixo. É tão diferente de seu
lado tagarela borbulhante que eu apenas a observo por um
momento.
Ela está preocupada que eu fique chateada com o aviso dela?
—Não se preocupe. Eu sou mais uma Buffy(confusão) do que
uma Lohan de qualquer maneira.— Eu digo com uma piscadela. —
Vamos comer?— Eu pergunto, apontando para o refeitório.
Quando entramos, já está bem lotado. Seu estilo buffet e a
maioria das pessoas já estão sentadas. Eu noto Bane, sentado no
canto, sozinho. Ele não parece falar com muitas pessoas.
No canto oposto está Bianca e seus amigos, assim como Vaz
e alguns caras que suponho serem amigos dele. Incluindo o
Vampiro. Ocorre-me que nunca consegui o nome dele.
—Você sabe quem é esse vampiro? Com Vaz e Bianca?— Eu
pergunto a Kora. Acenando com a cabeça em sua direção.
—Esse é Erasmus. Pelo que eu entendo, ele é bem velho. Seu
criador também não está mais por perto, então ele só faz o que ele
quer. Eu não acho que ele tenha um Clã de Vampiros.— Ela diz,
franzindo a testa.
Kade bate no ombro dela, sinalizando 'Ele é assustador.'
Nós dois concordamos com isso. Depois de pegarmos nossa
comida, nos sentamos em uma mesa relativamente vazia. No meio
da refeição, um líquido quente desliza pelas minhas costas, me
fazendo pular.
—Que porra!— Eu grito, olhando para minhas roupas agora
encharcadas.
—Você provavelmente deveria limpar isso.

Eu franzir a testa. Maldito Vaz. Bianca está de pé ao lado dele
segurando uma tigela agora vazia.
Dou um passo em direção a ela e quase caio para a morte,
quando escorrego na sopa sob meus pés.
—Vaz me contou o que você fez, sua puta! Tentando chupar
o pau dele no corredor!— Bianca grita e eu juro, copos ao redor do
mundo estão quebrando.
Quando olho para Vaz, ele está com seu costumeiro olhar de
indiferença. Bunda.
Eu o encaro por um segundo, decidindo como quero
responder. Irritá-la ou continuar bancando a pacificadora? Foda-se.
—Oh meu Deus, eu sinto muito. Quando ele me deu aqueles
cinco dólares para que eu pudesse chupar o pau dele, eu não tinha
ideia de que ele tinha uma namorada!— Eu zombo de sua voz aguda
e tenho que me forçar a não sorrir, quando sua boca se abre e seu
rosto fica vermelho.
Ao meu lado, Kade cospe sua boca cheia de refrigerante,
engasgando com uma tosse. Eu posso ver Bane deste ângulo e seus
olhos estão arregalados, um pedaço de comida a meio caminho de
sua boca.
—Não é minha namorada.— Ouço Vaz resmungar.
Eu basicamente apenas admiti aceitar dinheiro por favores
sexuais. Não é a melhor impressão para causar, mas honestamente,
eu realmente não poderia me importar menos com o que essas
pessoas pensam ou dizem sobre mim. Da porta do refeitório, Lilith,
a diretora grita meu nome.
—Para o meu escritório, agora!— Ela parece realmente
chateada. Não sei por que, já que sou eu quem está coberto de sopa.

Kora me dá um olhar de desculpas e Kade ainda parece
chocado com meu falso pedido de desculpas. Vaz apenas sorri.
Cocô.
Eu respiro estremecendo enquanto me movo para seguir
Lilith. Eu não a vejo desde que ela apareceu na casa de Aliah
anunciando a morte da minha melhor amiga.
Sigo a diretora até seu escritório, minhas botas rangendo no
chão brilhante, sem dúvida deixando um rastro de sopa atrás de
mim.
Quando entramos em seu escritório, ela fecha a porta atrás
de mim, sentando-se em sua mesa.
Eu caio para baixo, irritada por estar aparentemente em
apuros, quando eu era o alvo de qualquer merda que tenha a
calcinha de Vaz em uma reviravolta.
—Foi trazido ao meu conhecimento que você não está se
comportando como deveria desde que chegou esta manhã. Existe
uma razão para você estar solicitando alunos e causando uma cena
no meio do refeitório?— Lilith parece irritada com o fato de que ela
ainda tem que falar comigo.
—Isso foi um mal-entendido. E eles derramaram sopa em
mim, não o contrário.— Eu digo a ela. Mantendo minha voz
uniforme.
Ela está no meio de dizer algo sobre como eu deveria estar
me comportando quando eu a interrompo.
—Eu nunca li o bilhete de suicídio de Anika. Onde você disse
que o encontrou?— Ela parece surpresa com minhas palavras e
apenas me encara por um momento.
Ela limpa a garganta, —Eu não acho que seja apropriado...

Eu a cortei novamente, —Não foi isso que eu perguntei.—
Sento-me na minha cadeira, descansando meus cotovelos em sua
mesa, observando cada movimento dela.
A pessoa mais provável de saber a verdade sobre a morte de
Anika é Lilith, já que ela é a diretora. Eu inclino minha cabeça para
o lado. Eu quero obter uma reação dela, porque eu preciso ver
como ela responde. Eu também quero que ela acabe com ela, para
que eu possa dar uma boa olhada neste quarto, para mais tarde,
sem que ela perceba.
—Estava na escrivaninha.— Ela diz simplesmente. Não
quebrando o contato visual.
—E ambos, Tanor e Anika, estavam na cama quando você os
encontrou?— Eu já conheço esses detalhes, graças a Lúcifer, mas
quero ver a reação dela. Seu olhar se estreita um pouco, mas por
outro lado ela parecia imperturbável.
—Está correto.— Mais uma vez seu tom é plano.
Eu aceno com a cabeça. Ela parece completamente
imperturbável pelo fato de que apenas três semanas atrás, dois
estudantes supostamente se mataram no campus.
—Isso acontece com frequência? Minha irmã teve uma boa
vida. Nenhuma razão para se matar. Eu não conhecia Tanor, mas
ele parecia feliz também. Eu só...— ela me corta.
—Nós não estamos aqui para discutir o que aconteceu com
sua amiga. Estamos aqui para discutir seu comportamento. Você
precisa...— já que parece haver um tema de interrupção entre nós,
eu falo sobre ela mais uma vez.
—Peço desculpas. As últimas semanas foram difíceis para
mim. Anika e eu éramos muito próximas, sem ela, eu mudei muito.
Vou melhorar.— Eu digo, tentando sair daqui agora que entrei no

quarto. Ela tem uma cara de pôquer que vale milhões. Eu não estou
conseguindo nada de sua bunda antiga.
—Ela era uma garota muito problemática, mas sinto muito
por sua perda.— Suas condolências soam tão insinceras, como se
fosse algo que ela acha que deveria ser dito, não algo que ela sente.
Meus olhos se estreitam nela. Anika não estava preocupada.
Se alguma coisa eu estava preocupada.
—Obrigado.— Eu digo, pronta para dar o fora desta sala.
Quando ela se levanta, noto que suas chaves estão presas ao
quadril como uma espécie de diretor de prisão. Isso é
inconveniente.
—Por favor, venha a mim se você tiver mais problemas para
se ajustar. Seria uma pena se tivéssemos que mandá-la de volta para
os Humanos.— A maneira como ela diz isso me dá a impressão de
que ela me mandaria de volta com prazer.
—Você não era humana, quando Lúcifer, meu pai, encontrou
você?— Eu levanto minhas sobrancelhas para ela. Não há muitas
informações sobre ela, mas Lúcifer ficou feliz em responder todas
as minhas perguntas sobre ela.
Ela estreita o olhar em mim e aperta a mandíbula, mas não
responde.
Eu não sei se ela não gosta de mim por causa de Lúcifer, ou
se eu já a fiz mal. De qualquer forma, eu preciso ficar de olho nela.
A secretária do lado de fora do escritório da diretora me dá
um passe para minha próxima aula, já que estou cerca de vinte
minutos atrasada, e vou em direção ao ginásio. Claro, eu tenho
combate a seguir.

Capítulo Dezesseis
Lucinda
A boa notícia é que Lúcifer de alguma forma conseguiu que
Del fosse contratado para o cargo de instrutor de combate, então
pelo menos não terei problemas por estar atrasada.
Esperançosamente.
Quando entro em combate, vejo toda a classe dando voltas
ao redor do ginásio, Del no centro. Eu o observo enquanto me
aproximo, pronta para entregar meu passe pelo atraso. Ele está
observando Kora muito de perto. Interessante.
Minha nova amiga tropeça nos próprios pés, com o rosto
plantado. Enquanto os alunos ao redor dela riem, seu gêmeo volta
para checá-la. Só que Del chega lá primeiro.
Ele gentilmente a levanta para que ela fique de pé, avaliando
o dano em seus joelhos. As bochechas de Kora ficam vermelhas
sob sua atenção.
Ela diz alguma coisa, afastando a mão dele. Estou muito
longe para ouvir, mas Del se levanta, olhando para ela.
—Seja mais cuidadosa.— Eu o ouço dizer a ela quando me
aproximo.
Eu me machuquei muitas vezes enquanto treinava com Del,
e o máximo que consegui foi ele saindo .
Ele se afasta de Kora e eu estou bem ali, olhando para o
gigante demônio com um sorriso no rosto.
—Você sabe que é contra as regras cobiçar um aluno?— Eu
digo provocando.
Ele me encara em resposta.

—Ah, vamos! Eu vi isso! Quando eu caio, você literalmente
me ignora! Você tem uma queda por ela.— Eu digo balançando
minhas sobrancelhas para ele.
—Você está atrasada. São cinco voltas extras para você.— Ele
diz enquanto se afasta, sem se incomodar em tomar meu deslize
atrasado.
Ah. Eu sabia que ele gostava dela. Ele apenas confirmou.
Vou me trocar no vestiário e corro para a pista ao lado de
Kora e Kade.
—Você está bem?— Eu pergunto a Kora.
Ela balança a cabeça, olha para Del e cora novamente. Eu
apenas sorrio. Kade parece menos do que impressionado, mas não
me reconhece. Como de costume. Eu faço algumas voltas em um
sprint para que eu possa alcançar a classe e depois alinhar com
todos os outros quando terminarmos.
—Está classe é mista para que você possa aprender a não
apenas se defender, mas atacar, membros de outra raça em uma
luta. Você será dividido em equipes de quatro. Dois contra dois,
mesma raça.
Kora e Kade imediatamente se unem. Eu procuro outro
demônio, esperando ser emparelhado com meus novos amigos
bruxos no primeiro dia. Enquanto estou aqui olhando ao redor, me
pergunto o que aconteceu com o instrutor de combate anterior. Del
chegou ao mesmo tempo que eu. Eu dou de ombros em resposta
aos meus próprios pensamentos. Quando Bane se aproxima de
mim, fico um pouco surpresa. Ele me ignorou ativamente o dia
todo.
—Demônios contra vampiros. Bruxas contra Fae, e assim por
diante.— Bolas. Ah bem.

Eu me viro para um ringue de luta e imediatamente me
arrependo da minha decisão. Claro que os vampiros seriam
Erasmus e quem quer que a fêmea esteja ao lado dele. Tarde
demais para voltar agora.
—Bem, se não é a pequena Lucinda.— Ele diz quando me
aproximo. Sua companheira ri. Bane entra no ringue, sem se
preocupar em dizer nada.
—Vejo que você escolheu um íncubo como parceiro.— Ras,
como vou chamá-lo agora, porque Erasmus é um bocado maldito,
diz quando entro no ringue.
—Cale a boca, vamos acabar com isso. Não precisamos de
seus comentários.— Eu estalo. Estou aborrecida, porque ainda não
posso deixá-los ver do que sou capaz. O que significa que eu tenho
que jogar a luta. A menos que um Demônio da Luxúria possa
enfrentar dois Vampiros sozinho? Olho para Bane e vejo que seus
punhos estão cerrados ao lado do corpo.
Eu arqueio minha sobrancelha para ele, porque ele parece
que está prestes a explodir. Talvez ele esteja constipado.
—Você precisa cagar, ou algo assim? Você parece tenso.— Eu
digo para Bane, que apenas aperta sua mandíbula com mais força.
Ele nem vai olhar para mim. Del começa e todos são instruídos a
acertar um golpe em cada oponente. Ras se move tão rápido que
quase não consigo rastreá-lo. Quase. Eu tomo uma decisão de
fração de segundo para não me esquivar de seu ataque e deixo que
ele me deite de costas. Ai. Bane resmunga quando a fêmea lhe dá
um soco no ombro.
—Você por acaso está tentando!— Eu grito para Bane. Ele
nem se mexeu.

Percebo que suas mãos estão apertadas na frente de seu short
de ginástica agora, em vez de seus lados. Ele está seriamente
escondendo uma ereção agora? Eu me levanto, movendo-me para
me colocar entre Bane e os vampiros, de frente para ele.
—Algo errado?— Eu pergunto, levantando minhas
sobrancelhas, olhando incisivamente para sua tentativa de esconder
seu pau. Ele me encara em resposta. O que há com os caras desta
escola se recusando a me responder?
—Ouça, eu não me importo com qual é o seu problema.
Junte sua merda, ou eu vou deixá-los bater na sua bunda.— Eu o
encaro, esperando por uma resposta. —Não pense que eu esqueci
que você me abandonou duas vezes agora.
Isso gera uma reação. Não o que eu queria embora. Ele se
vira, fugindo do ginásio, em direção aos vestiários. Eu jogo minhas
mãos no ar.
—Que porra é essa, Bane!— Eu grito para suas costas
recuando. Eu me viro para Ras, que apenas sorri com um brilho de
conhecimento em seus olhos.
—Você é suspeito, você sabe disso?— Pergunto-lhe. —
Agravando pra caralho.— Eu o ligo e sigo em direção aos vestiários.
Hora de lidar com Bane. Não estou mais fazendo o jogo do silêncio
com ele e mereço uma explicação.
Quando estouro pela porta do vestiário masculino, percebo
que está vazio, mas vejo a camisa que Bane estava vestindo no chão.
Eu abro a fechadura da porta, caso o Vampiro tente me seguir.
—Bane? Onde diabos...— eu paro quando viro a esquina para
ver a bunda nua de Bane. Ele está embaixo do chuveiro, de frente
para a parede. Um braço está na parede, a cabeça apoiada contra

ela, e o outro está na frente dele. Movendo-se lentamente. Ah
Merda.
—Uh...— Estou congelada no lugar, enquanto Bane se vira
lentamente para me encarar. Seu pau impressionantemente grande
em sua mão, enquanto ele o acaricia da ponta .
Sinto minhas bochechas esquentarem. Ele grunhe, e seu pau
se contrai. É então que noto que a ponta está furada. Claro que um
Incubus tem um pau perfurado.
Começo a dar um passo para trás, pretendendo fugir como
ele fez, mas ele me impede.
—Espere.— Sua voz é profunda e rouca, desviando minha
atenção de seu pau, para seus lábios. Ele mostra a língua,
arrastando-a pelo lábio inferior, e minha respiração fica presa. Esse
cara mudou muito em dois anos. Eu posso praticamente sentir o
gosto da luxúria no ar entre nós.
Eu aperto minhas coxas juntas, buscando fricção. Minha
calcinha está encharcada. O movimento chama sua atenção para o
ápice das minhas coxas e ele solta um gemido baixo que faz o calor
passar por mim. Eu fecho minhas mãos em punho, resistindo à
vontade de enfiá-las no meu short de ginástica.
Como se pudesse ouvir meus pensamentos, Bane diz —
Faça—. Acenando para minha boceta já pingando. Ele pode dizer?
Ele é um Incubus, claro que pode.
—Você está se alimentando da minha luxúria?— Não posso
deixar de perguntar.
—Estava me sufocando. O cheiro de seu desejo por aquele
vampiro, por aquela bruxa, até mesmo aquele demônio cabeça de
pau. Eu ansiava por você por tanto tempo, era mais do que eu
poderia aguentar.— Ele grunhe, acariciando mais rápido agora.

Dou alguns passos trêmulos em direção a ele, de pé do lado
de fora do jato de água, observando sua mão trabalhar em seu pau.
Eu mordo meu lábio, tentando segurar um gemido. Eu quero
tomá-lo em minhas mãos, senti-lo empurrando em minha garganta.
Eu quero lamber esse piercing.
—Por favor,— ele diz tão baixinho que não tenho certeza se
realmente o ouvi ou não. Eu olho de volta para cima, em seus olhos.
Ele parece magoado. Algo naquele olhar me faz mover minha mão
em minha calcinha.
Eu esfrego círculos suaves ao redor do meu clitóris e meu
desejo aumenta. Bane solta outro gemido e eu deixo cair meus
olhos em seu pau novamente. Ele está movendo a mão no ritmo
dos meus dedos. Ele estende a mão livre, tocando meu lábio,
puxando-o entre meus dentes. Ele desliza o polegar entre meus
lábios. Eu lambo, antes de chupar suavemente.
Movo meus dedos mais rápido, quando Bane leva o polegar
em sua própria boca e solta outro gemido.
—Sua luxúria é inebriante.— São suas palavras, ou talvez
apenas o som de sua voz, que me leva ao limite do meu orgasmo.
Eu mordo meu lábio, gemendo alto, e meu corpo inteiro estremece
quando o prazer explode do meu núcleo.
—Ah, porra.— Bane rosna ao gozar, virando seu corpo de
volta para a água.
Eu fico lá ofegante por um momento antes de tirar minha
mão do meu short e enxaguar no jato de água sobre seu ombro.
Não digo nada quando saio, nem mesmo tenho certeza do
que devo dizer depois disso.

Capítulo Dezessete
Lucinda
Assim que eu passo pela porta, o maldito Vampiro está lá,

encostado na parede, uma perna contra ela e os braços cruzados
sobre o peito.
—Porra!— Eu grito, apertando meu peito. —Você me
assustou! Por que você está espreitando no corredor como um
idiota?— Estou gritando um pouco, mas ele me assustou.
—Sentir-se melhor?— Ele pergunta, respirando fundo e
fechando os olhos como se estivesse saboreando o cheiro de um
bom vinho ou algo assim.
—Eca, seu pervertido! Não me cheire!— Eu bato em seu braço
e seus olhos se abrem.
Ele agarra meu pulso, me girando e me prendendo contra a
parede. Ele pressiona seu corpo contra o meu e enterra seu rosto
no meu pescoço, respirando profundamente.
—Cuidado com a boca, Pequena Diaba. Farei o que quiser.—
Ele diz suavemente. —Mmmm, seu sangue cheira muito mais doce
depois que você gozou.— Ele mordisca meu pescoço. Alguma coisa
deve estar quebrada dentro de mim, porque eu quero que ele me
morda.
Eu empurro contra seu peito e ele me deixa apoiá-lo.
—Você não pode fazer o que quiser comigo.— Movo-me para
lhe dar uma joelhada nas bolas como fiz com Vaz, mas ele me gira
e fico de frente para a parede. Ele pressiona seu pau contra minha
bunda, e mói suavemente. Esse cara de merda.

—Eu posso sentir o cheiro do seu desejo por mim, Little
Devil. Eu sei que você quer que eu morda você.— Minhas
bochechas queimam com suas palavras. Ele me vira para encará-lo,
então se inclina para frente, reivindicando meus lábios em um beijo
contundente. Eu não o impeço. Eu não tento afastá-lo. Em vez
disso, eu me transformo nele, saboreando-o. Eu suspiro, me
afastando um pouco, olhando para ele. Quando ele me dá um
sorriso conhecedor, eu quero dar um tapa no olhar de seu rosto.
Desgraçado. Estou prestes a fazer exatamente isso quando a porta
do corredor se abre e Del entra. Ras está do outro lado do corredor
em um piscar de olhos, agindo como inocente.
—Volte para o ginásio, ou vejo vocês dois na detenção hoje à
noite.— Del resmunga, antes de se virar.
—Eu odeio este lugar.— Eu digo, enquanto me viro para as
portas do ginásio. No que diz respeito aos primeiros dias, este foi
muito agitado.
Depois da aula de Combate, tenho algumas horas para matar
antes do jantar, então decido dar uma olhada no escritório de Lilith.
Assim que as aulas do dia terminaram, notei que todos os
professores estavam indo para suas salas, ou onde quer que os
professores fossem à noite.
Eu finjo estar perdida, sempre que passo por alguém no
corredor, mas esses idiotas simplesmente me ignoram. Não
consegui roubar as chaves de Lilith, então terei que arrombar a
fechadura. Merda. E se a porta dela estiver enfeitiçada? Bato na
porta caso ela esteja lá, e quando ninguém responde, eu caio de
joelhos para arrombar a fechadura. Um dos muitos talentos pelos
quais posso agradecer a Del. Demoro alguns minutos, mas assim
que a porta se abre, entro.

—O que você está fazendo, Pequena Diaba?— Eu cubro
minha boca para segurar o grito subindo pela minha garganta. Eu
me viro para encarar o Vampiro que entrou na sala
silenciosamente.
—Seu filho da puta sorrateiro, você estava me seguindo?— Eu
exijo.
—Sim.— Ele diz sem rodeios. Não se incomodando em negar
seu comportamento de trepadeira.
—Desapareça Chomper(Carnívoro).— Eu me viro para a mesa
de Lilith, vasculhando os papéis em cima. Eu tento as gavetas, mas
elas estão trancadas.
—Você não está preocupada que você foi pego invadindo o
escritório da diretora?— Ras pergunta, mas eu o ignoro,
continuando minha busca.
Atrás de sua mesa há um grande armário e, quando o abro,
encontro uma pequena caixa prateada. Há uma pulseira de ouro
dentro com as iniciais A e T, penduradas juntas.
—Que porra é essa?— Eu sussurro enquanto o seguro. Eu
sabia que essa cadela estava escondendo alguma coisa. Pego meu
telefone, tiro algumas fotos e coloco a pulseira de volta na caixa.
—Nós vamos?— Ras pergunta.
—Não Ras, eu não dou a mínima que você me pegou. Você
vai me dedurar? Não. Acho que nós dois sabemos que trabalhar
para meu pai significa que você vai ficar de boca fechada. Digo a
ele, indo até a porta do escritório. Quero sair daqui agora que
encontrei algo útil.
Por que Lilith está segurando uma pulseira que pertencia a
Anika? Ela me enviou uma foto daquela pulseira em seu pulso no
dia que Tanor deu a ela. Ainda tenho algum tempo antes do jantar

e tenho um monte de trabalho para fazer, então saio do escritório,
conduzindo Ras para fora, e tranco a porta.
Vou para o meu quarto, pronta para estudar! Ah.
Vinte minutos depois estou sentada na minha cama, quando
alguém bate na porta do banheiro.
—Entre.— Eu chamo, realmente só pode ser um dos gêmeos.
Kora entra, segurando uma pilha de livros em seus braços. —
Eu só queria ver se você queria estudar comigo?— Ela pergunta,
parecendo envergonhada.
—Onde está seu irmão?— Eu pergunto, porque eu me sentiria
mal se ele fosse deixado de fora.
—No nosso dormitório, eu não tinha certeza se você o queria
em seu quarto.— Ela não vai encontrar meus olhos, o que eu acho
estranho. Em um minuto ela é tagarela e no próximo ela é tímida e
não faz contato visual.
—Podemos estudar no seu quarto em vez disso?— Eu sugiro.
—Ok, deixe-me dizer a Kade enquanto você pega suas
coisas.— Ela se apressa, de volta ao seu quarto.
Eu franzir a testa. Uma garota tão estranha.
Estou olhando para o meu short de ginástica tentando decidir
se devo me trocar ou não, quando ouço outra batida, desta vez na
porta do meu quarto. Quando abro a porta, imediatamente percebo
meu erro. Sou atingido por um feitiço de ilusão em pó que me cega
temporariamente. Minhas mãos estão amarradas atrás das costas e
minhas pernas estão amarradas juntas. Eu luto contra a corda, mas
deve ser soletrada, porque minha magia não está vindo em minha
defesa. Eu tento mover minhas mãos, mas nada acontece. Merda.
Definitivamente soletrado.

Eu tento gritar, e alguém enfia algo na minha boca. Eu estava
errada. Agora é um primeiro dia épico. O pânico começa a se
instalar, mas tento me acalmar, porque enlouquecer não vai me
ajudar agora.
—Humana estúpido, aprenda o seu lugar, ou da próxima vez
vamos levar mais do que apenas o seu cabelo.— É quando ouço a
campainha tocando e alguém envolve um punhado do meu cabelo
em suas mãos, puxando minha cabeça para trás. Estou
desequilibrada e jogada de joelhos quando meu cabelo é solto. Eu
os ouço correndo pelo corredor enquanto meu peito bate no chão.
Ainda estou amarrada e amordaçada. Começo a gritar através da
mordaça, esperando que um dos gêmeos me ouça e venha
procurar.
Não demorou muito para que eu ouvisse uma porta se abrir.
—Ah, merda, Cin! Você está bem?— Kora remove a mordaça
primeiro, depois desamarra minhas mãos e pés.
—Ainda não consigo ver.— Eu digo a ela. Ela agarra meu
braço e me ajuda a ficar de pé, me guiando para frente.
—Você tem que enxaguar. Venha, vamos levá-la ao banheiro.
Puta merda, seu cabelo!
—Sim, eles tocaram. É muito ruim?— Eu pergunto a ela. É só
cabelo. Estou mais chateado que eles me amarraram e me cegaram,
do que qualquer coisa. Meu cabelo vai crescer de novo, isso me dá
uma desculpa para fazer o que eu queria há algum tempo.
—Não. Parece que eles tiraram metade do comprimento de
um lado. Pelo menos eles não zombaram no meio.— Ela diz
suavemente.
Eu dou uma risada com isso. Sim, isso teria sido
desagradável, mas há coisas piores do que ser careca.

Kora me ajuda a entrar no banheiro, liga a pia e me ajuda a
enxaguar os olhos. Assim que posso ver, entro no chuveiro para
tirar o resto do pó de mim.
Quando volto para o meu quarto, Kade está sentado na
minha cama. Ele está vestindo uma regata preta simples e calça de
moletom cinza. Então não só posso ver os músculos
impressionantes de seus braços, mas se ele se mexeu, só um pouco,
eu também veria... deixa pra lá. Eu balanço minha cabeça para mim
mesma.
—O que está errado?— Pergunto-lhe. Ele não parece o tipo
que entraria no meu quarto, sem ser convidado, sem motivo.
Ele segura o pingente de coração que normalmente está
sempre em volta do meu pescoço.
—Oh merda, eu deixei isso lá fora?— Ele não responde,
apenas se levanta e o segura.
Eu me viro e levanto o que sobrou do meu cabelo, para que
ele possa colocá-lo de volta para mim. Ele cai no meu peito e ele
passa os dedos levemente pela minha clavícula.
—Obrigado,— eu digo, quando me viro. Ele me observa com
uma expressão que não consigo ler em seu rosto bonito. Ele ainda
está escondendo seus olhos de mim por trás de seu cabelo branco.
Ele muda seu olhar para minha cabeça levantada, correndo os
dedos pelos fios do meu rosto. Ele parece não ter problemas para
me tocar, mas não fala comigo de forma alguma.
—É horrível? Eu não olhei para isso ainda. Acho que vou ter
que cortá-lo, então está quite de novo.
Eu alcanço e tiro o cabelo de seus olhos, para que eu possa
olhar para eles, e ele enrijece. Eu franzo a testa, passando levemente
meu polegar sob seu olho azul. Ele é tão bonito, mas esconde tanto.

Sua respiração fica presa e ele se afasta de mim. Eu deixo cair minha
mão, preocupada que ele esteja prestes a fugir novamente. Eu
suspiro. Preciso arrumar meu cabelo.
Kora entra com uma cesta nas mãos.
—O que é tudo isso?— Eu pergunto. Levantando uma
sobrancelha para ela.
—Para o seu cabelo.— Ela sorri gentilmente para mim.
—Acho que sei o que vamos fazer antes do jantar esta noite.
Você vai me ajudar?— Eu pergunto, esperançosa. Eu não tinha
planejado fazer amigos quando cheguei aqui, mas Kora torna isso
tão fácil. Lembro-me de ser cautelosa. Eu ainda não a conheço
direito.
Três horas depois, me viro para Kora e Kade: —Como estou?
Kade apenas olha, mas Kora bate palmas. —Como uma
fodona!
Cortamos meu cabelo que costumava descer até a cintura, até
os ombros. Eu me dei uma franja, descolori e pintei, junto com as
pontas, de vermelho vivo. Agora eu tenho obre preto a vermelho.
—Então, hora do jantar?— Eu pergunto, voltando para o meu
próprio quarto para trocar a camisa e o short agora arruinados.
—Sim, se troque, nos encontraremos no corredor . — Kora
diz, fechando a porta atrás dela.
Eu coloco shorts jeans cortados, meia arrastão vermelha por
baixo e uma regata preta. Eu tinha limpado minhas botas mais cedo,
então eu as coloquei de volta e fui para o corredor. Kade tem um
grande capuz mais uma vez, mesmo que não esteja frio lá fora.
Nós fazemos o nosso caminho para o refeitório e eu estou
sorrindo o caminho todo. Quem cortou todo o meu cabelo,
definitivamente não está esperando que eu entre assim. Minha

confiança não vem da minha aparência. Vem do fato de que eu sei
que sou foda demais. Cabelo ou não, aposto que consigo transar
facilmente. E mesmo que eu não pudesse, minha autoestima não
vem do valor que os outros colocam em mim. Se você não consegue
ver o que eu valho, porque sou careca, então você não me merece
de qualquer maneira. Kora liga seu braço ao meu antes de
entrarmos e sorri para mim quando olho para ela. Ela parece muito
melhor agora do que antes, mais parecida com seu jeito falante
habitual.

Capítulo Dezoito
Lucinda
Assim que entro, meus olhos se conectam com Vaz. Ele

parece chateado. Ele e Bianca parecem estar em uma discussão
acalorada, mas assim que ele me vê, seus olhos se arregalam.
Tive a sensação de que um daqueles dois tinha algo a ver com
o meu novo visual. Não importa. Vaz pode fazer o que quiser
comigo, eu realmente não me importo. Bianca vai receber o que
está vindo para ela por toda a merda que ela fez para assediar Anika.
Eu mando um beijo exagerado para os dois e vou para o bufê
pegar um pouco de comida.
Kade, Kora e eu nos sentamos, comendo calmamente.
Uma das amigas de Bianca passa, Carissa, eu acho, e esbarra
em Kora com tanta força que ela derrama sua bebida em si mesma.
Eu me levanto, pronta para lutar contra essa cadela, mas a mão de
Kora dispara sobre a mesa e me puxa para baixo.
—Não vale a pena, não. Por favor.— Ela diz suavemente.
Estou fumegando, mas faço o que ela pede. Eu a vejo comer e
parece que quanto mais o tempo passa, mais irritada ela fica. Kade
a toca suavemente e isso parece acalmá-la um pouco.
Quando um biscoito voa pela sala e atinge Kora na nuca, já
estou farta.
—Quem diabos jogou isso?— Eu exijo enquanto estou de pé.
Ninguém diz nada, mas Bianca está rindo. Estou prestes a atacar a
cadela, quando Kade chama minha atenção. Ele balança a cabeça
um pouquinho e eu olho para Kora novamente. Ela está tremendo,
com o rosto vermelho e os punhos cerrados. Ela parece como eu

me sinto. Kade bate no ombro dela, chamando sua atenção,
sinalizando 'Você precisa contar a ela.'
—Diga-me o quê?— Sento-me de volta, concentrando-me no
meu novo amigo.
—Nós somos bruxas. Eu sou um empata. Eu imprimi... Em
você. Eu não queria. Isso meio que aconteceu, então o que você
sente, eu também sinto. Posso sentir a maioria das emoções na sala,
mas sinto as suas com mais força. Ela diz em voz baixa. Com a mão
de Kade sobre ela, ela parece ter acalmado um pouco.
—Ok, então o que isso significa exatamente? Você imprimiu
em mim? Você está... Isso significa que você umm...— Eu paro, sem
saber como perguntar se ela gosta de mim como mais do que uma
amiga sem ser completamente insensível.
Ela deve sentir meu constrangimento porque suas bochechas
ficam vermelhas.
—Não! Oh Deus, isso é tão embaraçoso. Eu esperava não ter
que te contar até que você me conhecesse mais. Significa apenas
que posso sentir seus poderes e minha magia me amarrou a você
como uma espécie de familiar. Bruxas e Demônios às vezes têm
conexões mais profundas. É como ter uma amizade próxima que
você desenvolve ao longo de muito tempo, apenas, sem tanto
tempo.— Ela é vermelha brilhante e parece que ela quer se
esconder. Não tenho certeza de como me sinto.
—Bem, você pode, tipo, parar?— Eu pergunto, meu tom é
muito mais áspero do que o necessário.
Ambos Kade e Kora estalam seus olhares para mim,
parecendo feridos. Eu entendo porque Kora está ferida, mas Kade
parece que acabei de matar seu cachorro.

—Eu realmente não tenho controle sobre isso. Quero dizer,
algumas bruxas sim, mas...— Ela para, olhando para Kade. —É
como pedir a um shifter com uma marca de companheiro para
simplesmente parar de ser acasalado.— Minhas sobrancelhas se
erguem novamente. Agora estou realmente começando a surtar.
—Eu sou sua companheira?— Eu guincho. Só ficando mais
confuso.
—Oh Deus, não Cin, você não é minha companheira. Eu só
quis dizer que eu não podia controlá-lo. Às vezes, quando uma
bruxa se imprime em um demônio, eles desenvolvem um
relacionamento, mas não é isso. Kora começa a chorar agora. Ela
pula e sai correndo da sala antes que eu possa responder.
Eu olho para Kade e ele parece querer fazer o mesmo que
Kora.
—Eu fodi tudo. Porra.— Eu digo, enquanto deito minha
cabeça na superfície fria da mesa. —Eu não queria aborrecê-la.—
Minha voz falha quando penso em Anika, que também era uma
bruxa. Ela nunca disse nada sobre algo assim acontecendo. É
porque ela era tão fraca? —Vou falar com ela.— Eu digo enquanto
me levanto. Kade me segue de volta ao dormitório e me deixa
entrar no quarto dele e de sua irmã. Quando entro, vejo apenas um
sofá com uma mesa de centro e três portas. Um para cada um de
seus quartos e depois nosso banheiro compartilhado. Kade se
aproxima e bate na porta de sua irmã, quando ela não atende, ele a
abre. Eu espio dentro para ver que sua cama tem um dossel de
cobertores pendurados sobre ela. Eu espio dentro dos cobertores.
—Cora? Eu sinto Muito. Eu não queria te machucar. Eu... eu
perdi alguém recentemente e as coisas que você disse me
lembraram disso. Ela foi minha melhor amiga durante toda a minha

vida.— Respiro fundo enquanto as emoções que tento manter
trancadas sobem à superfície.
Kora espia debaixo de seu cobertor, estendendo a mão e
pegando minha mão, ela diz —Anika?
Eu concordo. —Você quer me dizer o que significa ter um
imprinting em mim? Então eu entendo melhor?
Ela se senta, enxugando o rosto. Ela acena com a cabeça,

dando um tapinha na cama ao lado dela.
—Kade?— Ele espreita a cabeça, mas não diz nada. Ela lhe dá
um olhar conhecedor e o encara, mas também permanece em
silêncio. Depois de um minuto, Kade sai. Eu me viro para Kora.
—O que é que foi isso?— Eu pergunto.
—Nada.— Ela suspira, e então se vira para mim. —Ok, acho
que vou começar com as pequenas coisas e ir subindo.
Algumas horas depois, estou deitada na cama, olhando para
o teto pensando em tudo que Kora me disse. Aparentemente, ela
pode sentir minhas emoções a uma curta distância. Seus poderes
são aprimorados por causa dos meus, e ela pode me dar impulsos
de poder em uma luta. A coisa mais estranha e provavelmente mais
legal que ela pode fazer é se transformar em um animal. Apenas
uma Bruxa que se imprimiu em um Demônio poderoso tem essa
habilidade. Ela ainda não sabe de que tipo. Em casos raros, eles
podem até compartilhar pensamentos. Quase como se eu a
convocasse com meus pensamentos, a porta do banheiro se abre e
um tigre branco gigante entra no quarto.
—Puta merda.— Eu sussurro, enquanto me sento na cama.
Dou um tapinha no espaço ao meu lado, mas quando o tigre pula
na cama, ele ocupa tudo e cobre metade do meu corpo.

Estico minha mão para acariciá-lo, quando vejo os olhos.
Uma lavanda, uma azul gelo. —Kade? Oh meu Deus. Com quem
você tem um imprinting?— Meus olhos se arregalam quando ele
lambe a mão que está pairando acima de sua cabeça. —Eu?— Eu
guincho.
Claro, porque mais ele estaria no meu quarto no meio da
noite?
Minha.
—Uhh... Kade, você acabou de...— Eu me mexo, seu peso é
pesado, mas não desconfortável. —Você talvez queira, eu não sei,
mudar de volta?
Ele lambe sua pata enorme e deita a cabeça. Eu me mexo
para fora dele, de pé na beira da cama e olhando para ele.
—Bem, pelo menos abra espaço para mim.— Deito-me
novamente, desta vez ao lado dele, quando noto um gato branco
puro entrando.
—Kora?— Eu olho entre os dois. —Isso é uma loucura.— Eu
sussurro.
Kora pula na cama e se enrola no meu travesseiro
delicadamente lambendo suas patas.
Dorme. Eu ouço na minha cabeça. Então acho que Kade
pode falar comigo em sua nova forma. Isso é loucura. Por que Kade
não me contou? Nós vamos. Acho que o fato de ele não falar
comigo tem algo a ver com isso. Pelo menos não até agora.
Kora está caindo no sono. Eu me pergunto se vou acordar
nesta cama com os dois ainda aqui. Kora levanta a cabeça, fareja o
ar e se levanta. O que é estranho, já que parecia que ela estava quase
dormindo alguns segundos atrás. Ela dá uma lambida atrás das

orelhas do irmão e pula da cama, voltando pela porta aberta do
banheiro. Está bem então.
Eu rolo para ficar de frente para Kade, estendendo a mão
para correr meus dedos em sua cabeça. Ele solta um bufo,
soprando ar quente no meu rosto. Eu ri. —Você gosta daquilo?
— Eu pergunto a ele, coçando sua orelha e ele faz isso mais
algumas vezes.
Ele vira a cabeça e lambe minha mão e acaricia minha palma.
Eu envolvo meus braços ao redor de seu pescoço e enterro meu
rosto em seu pelo. Ele cheira a um doce de menta. Ele cheira a
Natal, minha época favorita do ano, surpreendentemente
considerando o show de merda que minha infância foi.
Eu adormeço depois disso, achando muito mais fácil dormir
do que eu esperava.

Capítulo Dezenove
Lucinda
Na manhã seguinte, acordo com um corpo muito quente em

volta de mim. Eu sorrio, me aconchegando no calor e deixando
escapar um pequeno suspiro. O braço em volta da minha cintura
aperta, me puxando mais apertado contra o peito quente nas
minhas costas. Quando me mexi um pouco, notei algo muito duro
e grande, pressionando contra minha bunda. Eu me mexi
novamente, só para ter certeza, e um grunhido masculino soa atrás
de mim. Sua mão se move para o meu quadril para parar meus
movimentos, e eu sorrio. O cheiro de hortelã no ar me relaxa.
Agarro a mão tentando me segurar no lugar e a movo lentamente
pelo meu corpo, dando-lhe tempo para se afastar.
Eu paro logo abaixo do meu peito, deixando para ele mover
o último pedaço ele mesmo. Estou com minha camisa de dormir,
mas não estou usando sutiã. Ele hesita por apenas um segundo
antes de pegar meu seio em sua mão, amassando-o levemente. Eu
arqueio minhas costas quando ele passa o polegar sobre meu
mamilo, me fazendo gemer.
Eu alcanço minha mão para cima e atrás de mim, sentindo a
pele tensa de seu abdômen enquanto eu gentilmente tocava sua
pele. Ele estremece, mas mói seu pau contra minha bunda,
beliscando meu mamilo entre os dedos. Movo minha mão para
baixo e paro quando percebo que ele está nu. Eu acho que eles não
conseguem manter suas roupas quando mudam.
—Posso tocar em você?— Eu pergunto. Ele não responde,
então começo a puxar minha mão. Seu aperto deixa meu peito. Ele

pega minha mão e a coloca de volta em seu abdômen, por um
momento ele apenas a mantém lá. Eu a movo para baixo,
lentamente, para ter certeza de que é isso que ele quer. Quando eu
alcanço seu pau que está pressionando minha bunda, eu gemo. Ele
é grosso, longo e muito duro. Começo a acariciá-lo, espalhando a
gota de pré-sêmen na ponta. Ele pulsa na minha mão. Eu me mexo
para que eu possa me sentar, nunca o liberando.
Eu quero levá-lo na minha boca. Eu quero fazê-lo vir. Ele
observa minha mão se movendo sobre seu pau. Eu me movo
novamente, então estou de frente para ele, e me movo para montar
em suas coxas. Eu uso as duas mãos para acariciá-lo, e sua cabeça
cai para trás em um gemido. Percebo que esse é o único som que
o ouvi fazer. Olho para seu corpo incrível, admirando cada
centímetro de peito esculpido que ele insiste em esconder do
mundo. Eu quero lambê-lo todo.
—Você gosta disso?— Ele olha para mim, sua boca
ligeiramente aberta. —Posso beijar você?— Pergunto-lhe. Sua cabeça
balança ligeiramente, se eu não estivesse observando-o de perto, eu
teria perdido. Ele se senta, usando as mãos para se apoiar, e apenas
espera. Eu me inclino para frente, roçando meus lábios contra os
dele, nunca liberando seu pau.
Ele inala bruscamente contra meus lábios, pressionando-se
contra mim rudemente. Eu corro minha língua ao longo de seu
lábio inferior e ele abre para mim. Nossas línguas se entrelaçam em
um beijo faminto e começo a mover minhas mãos mais rápido. Ele
rosna e morde meu lábio inferior suavemente, me virando em um
movimento rápido. Ele se alinha contra mim, usando seu pau para
esfregar meu clitóris, moendo. Eu suspiro, não esperando isso dele.

Eu corro minhas unhas contra a pele de suas costas e ele
geme em minha boca.
—Porra, Kade, eu vou gozar.— Ele abaixa a cabeça no meu
pescoço, acelerando seus movimentos. Eu envolvo minhas pernas
ao redor de sua cintura, movendo-me com ele. —Você se sente tão
bem. Porra.
Eu gemo quando gozo. Ele solta um rosnado baixo e eu sinto
o calor de seu esperma na minha barriga. Ele está acima de mim
ofegante em meu pescoço. Eu corro minhas mãos sobre sua pele
levemente, gostando da sensação dele sobre mim. Uma pequena
voz no fundo da minha mente está dizendo que isso foi demais,
cedo demais. Mas não me importo, me sinto segura com Kade. Ele
é aparentemente meu Familiar agora, então eu não acho que ele
faria qualquer coisa para me trair. Ele se senta, cuidadosamente se
afastando de mim. Ele olha para mim e se encolhe. Minha camisa
tinha levantado, e seu esperma está em todo o meu estômago. Eu
rio, me sentindo leve e formigando depois do meu orgasmo. Eu
não sabia que você poderia se sentir tão bem, sem realmente fazer
sexo. Ele olha para minha barriga por tanto tempo que eu começo
a me sentir constrangida.
—Você nunca... quero dizer, essa foi sua primeira vez, hum,
brincando... com uma garota?— Eu pergunto, soando tão
estranhamente estranha.
Seus olhos se arregalam e suas bochechas ficam rosadas.
Presumo que isso signifique sim, já que ele ainda não está
respondendo. —Está tudo bem, eu não estou julgando você.— Eu
estendo a mão e agarro sua mão. Ele a aperta de volta e a tensão
em seus ombros diminui. Ele se levanta rapidamente e sai correndo
da sala.

Uh. Ok... quando eu acho que ele não vai voltar, ele corre de
volta. Eu o observo parado na minha frente, ainda nu. Enquanto
ele rabisca algo no caderno que está segurando.
Quando ele me entrega, fico surpresa ao ver que ele
realmente escreveu alguma coisa.
EU SOU SEU CONHECIDO. EU ME APROVEITEI,
ME DESCULPE.
Eu olho para cima para ver que ele colocou alguns shorts, o
que é bom, porque seu pau é muito perturbador.
—É realmente assim que você se sente?— Eu pergunto,
segurando o caderno. Ele olha para os pés, recusando-se a fazer
contato visual.
Eu me levanto, usando a toalha no meu chão para limpar seu
esperma do meu estômago. Eu me viro para ele, tomando seu rosto
em minhas mãos e forçando-o a me olhar nos olhos.
—Eu também queria isso. Se não, eu teria dito não. Tenho
certeza de que sou a instigadora dessa situação. Não temos que fazer
isso de novo, se você não quiser. Eu gosto de você, mas não vou
pressioná-lo a fazer algo que o deixe desconfortável.— Eu digo, me
sentindo meio triste. Eu não quero que ele sinta que estou usando
ele. Eu gosto dele. Estou atraída por ele e ele me intriga. O fato de
sua presença me trazer uma sensação de paz e segurança me faz
querer mantê-lo por perto o tempo todo.
Seus olhos se arregalam e ele se move para pegar o caderno
novamente.
EU GOSTEI DAQUILO.
—Ok. Vamos nos preparar para a aula?— Eu sugiro. Ele se
vira e vai embora. Ele não vai acenar, mas ele escreve? Esse menino
é confuso. Enquanto me preparo, percebo que Kora já se foi. Oh

Deus. Minhas bochechas ficam vermelhas e eu gemo. Ela podia
sentir meu desejo. Para o irmão dela! Oh cara. É embaraçoso. Eu
me olho no espelho enquanto seco meu cabelo e aplico minha
maquiagem. Meu coração dói quando penso em todas as manhãs
que passei me arrumando com Anika. Fecho os olhos, estendendo
a mão para tocar meu pingente.
—Sinto sua falta, Nika. Queria que você estivesse aqui.— Eu
digo, desejando mais do que tudo que eu pudesse ouvir a voz dela
agora. —É apenas o segundo dia e muita coisa aconteceu. Por que
você não me disse o quão difícil foi para você aqui? Porra. Eu odeio
tanto a sua falta.— Quando abro os olhos, Kade está parado na porta
entre seu quarto e o banheiro. Ele parece triste, mas não diz nada.
Em vez disso, ele se move para mim, inclinando-se e beija minha
cabeça. Ele pega minha mão e começamos a caminhar juntos para
o refeitório.

Capítulo Vinte
Lucinda
Quando entramos, o tempo para pôr um momento. Kora

está no meio do refeitório, de quatro, limpando o que parece ser
xarope. Seu cabelo está encharcado e posso ver daqui que ela está
chorando. Eu instantaneamente perco minha merda. Eu entro no
meio da sala, mudando parcialmente para minha forma de
Demônio.
—Quem diabos fez isso com ela!— Eu grito, e por causa do
meu turno, minha voz se espalha por toda a sala. No entanto, todos
os que provavelmente são os responsáveis me ignoram. Kade corre
para o lado de sua irmã, ajudando-a a se levantar. Eu me viro para
ela, enxugando uma lágrima de sua bochecha. —Você está bem?—
Eu sussurro para ela. Ela acena com a cabeça, dobrando-se nos
braços de seu irmão. —Quem fez isto?— Ela apenas balança a
cabeça, o que me diz tudo o que preciso saber.
Bianca rapidamente descobriu que mirar em Kora vai me
provocar uma reação. Atacar-me não foi bom o suficiente,
aparentemente.
Minha raiva está em espiral, mas eu não me importo. Kora é
uma garota doce e quieta que não merece isso.
Bianca e seus amigos estão assistindo a um vídeo em seu
telefone, rindo como hienas. Pego o telefone de suas mãos. É um
vídeo de uma das comparsas de Bianca, Alyssa, derramando calda
na cabeça de Kora.
—Ei, devolva isso!— Alyssa se levanta, pegando o telefone.

Eu o bato no chão, pisando nele até ouvi-lo quebrar. Eu sei
que isso não vai destruir o vídeo, mas foda-se ela.
Eu me movo ao redor da mesa, então estou bem atrás de
Alyssa. Ela se levanta e me encara. —Você vai pagar por isso!— Ela
grita. Estou tentada a agarrá-la pelos cabelos e bater seu rosto na
mesa, mas tenho a sensação de que estou sendo gravada agora.
—Você não me conhece, mas você vai. Se você, ou qualquer
um nesta mesa, for atrás de Kora novamente...— Eu permito que
meu rosto mude completamente, porque eu sei que é intimidante.
—Eu pessoalmente vou arrastá-lo para o Inferno. Onde Lúcifer,
meu pai, de bom grado o alimentará com o Leviatã.— Eu fico bem
na cara dela. Ela é uma Fae. Seu poder vem da Terra e de outros
elementos, mas ela não é muito forte. Bianca é um Demônio da
Inveja, mas não diretamente relacionado ao Demônio Leviathan,
que é um Príncipe do Inferno, Demônio da Inveja original. Ela não
tem ideia de que na maioria das vezes o Demon está na forma —
humana,— absorvendo a atenção como a sobremesa. Eu só o
encontrei uma vez, ele é incrivelmente impressionante, que é o
ponto que eu suponho. Sua outra forma, no entanto, é
aterrorizante.
Alyssa acena com a cabeça, mas Vaz, que estava em silêncio
até este ponto, se levanta. Ele agarra meu braço e me arrasta para o
corredor.
—Nós dois sabemos que suas ameaças são vazias. É tão
improvável que Leviathan coma essas cadelas, quanto eu devo
comer você. Ele me encara.
Eu sorrio com sua escolha de palavras. —Você me foderia
neste corredor se eu levantasse minha saia, então cale a boca.— Eu

estreito meus olhos para ele. —Por que você não me chamou na
frente delas?— Eu pergunto. Colora-me suspeito.
—Kora não é quem precisa sair. Até eu posso ver que ela não
merecia isso.—Sua resposta me choca. Ele me odeia, mas acha que
Kora merece coisa melhor? Porra é a diferença?
—Ok...— eu digo, um pouco confusa.
—Você não parece estar levando minhas ameaças muito a
sério. Então vou me deixar claro. Saia desta escola, ou você vai sair
em um saco de corpo como aquela vadia, Anika.
Eu nem hesito, meu punho se conecta com sua mandíbula,
e sua cabeça vira para trás. Ele dá alguns passos para trás, segurando
seu rosto já machucado.
—Se você falar de Anika novamente, passarei cada segundo
da minha vida destruindo a sua . Anika era uma pessoa melhor do
que você jamais será capaz de ser. Se seu irmão era como você,
então ela merecia coisa melhor. Quando digo isso, seu olhar se fixa
no meu, e posso ver o fogo queimando em seus olhos. Eu empurro
seu peito, e ele agarra meus pulsos, me empurrando para trás. —
Diga o nome dela de novo, Vaz, e eu juro que vou arruinar você.
Eu não vim aqui para você, mas se você me empurrar, se você for
atrás de Kora, se você falar de Anika, eu farei de você parte da
minha vingança. Assim que digo isso, percebo meu erro. O olhar
em seu rosto me diz que ele não perdeu nada. Eu me afasto dele,
indo em direção ao meu dormitório, para que eu possa verificar
Kora.
—Porra!— Como pude ser tão estúpida? Demônios
estúpidos. Bato a palma da mão na testa enquanto corro para os
dormitórios, indo para o meu quarto.
—Kora?— Eu digo, batendo na porta do banheiro.

Kade abre a porta, voltando para o quarto dele e de Kora.
Ela está deitada no sofá com um cobertor enrolada em volta de si
mesma. Eu caio de joelhos na frente dela, afastando o cabelo
molhado do rosto.
—Você está bem?— Eu pergunto a ela. Preocupada com
minha nova amiga.
Ela acena com a cabeça, mas não me olha nos olhos.
—Eu sinto muito, Kora. Eles não vão se safar com isso. Eu
vou fazê-los pagar. Eu prometo.— Minha raiva está aumentando
novamente, quando Kora estende a mão e pega minha mão, dando-
lhe um aperto suave.
—Isso só vai piorar as coisas. Eu estou bem, realmente.—
Enquanto olho para a doce garota que conheço há apenas vinte e
quatro horas, começo a mudar meu plano. Preciso manter Kora a
salvo do pelotão de fuzilamento. Eu vou ter que fingir que suas
palavras e besteiras mesquinhas estão me afetando, então eles não
vão atrás de Kora novamente. Vaz não interveio exatamente para
protegê-la, então não posso contar com ele para manter o alvo em
mim. Não que eu tenha ideia de pôr que ele me odeia tanto.
Inferno, seu ódio por Anika dificilmente fazia sentido. Então
seu poder era fraco, e um Demônio forte gostava dela? Qual é o
problema aí? Algo a mais está acontecendo aqui. Anika não foi
morta apenas por causa de seu relacionamento com Tanor. Se ela
fosse, porque Tanor também teria sido morto?
—Não se preocupe, Kora. Ninguém vai te machucar
novamente.— Olho para Kade e ele tem uma expressão feroz no
rosto. Eu não o conheço há muito tempo, mas o olhar que Kora dá
a ele me diz que é incomum para ele.

—Kade, o que quer que você esteja pensando em fazer, por
favor, não faça.— diz Kora.
—Eu só vou dar uma volta. Prepare-se para a aula, Kora.
Kade sinaliza para sua gêmea, nunca olhando na minha direção.
—Eu vou segui-lo. Certifique-se de que ele não se machuque
ou algo assim. Vejo você no almoço.— Eu digo a Kora, antes de
pular e perseguir Kade pelo corredor.
No momento em que eu o alcanço, porque ele está muito
rápido, ele está invadindo o refeitório.
Ele caminha até Vaz, cuja atenção está em uma conversa que
ele está tendo com Ras e outro vampiro que me dá arrepios.
Afonso, eu acho. Kade dá um tapinha no ombro de Vaz, espera
que Vaz se vire e se levante, e então lhe dá um soco tão forte no
rosto que Vaz cai no chão. Kade monta Vaz sobre o peito,
acertando mais três socos antes de ser puxado por Ras.
Um dos professores entra na sala, gritando para Kade ir ao
escritório da diretora.
Ras ajuda Vaz a se levantar e eu fico ali parada. Estou tão
chocada com as ações de Kade, que fico ali parada com a boca
aberta.
—Sua puta! Você fez seu namorado esquisito atacar Vaz!— Ao
som da voz estridente de Bianca, minha boca se fecha.
Eu quero colocar essa cadela em seu lugar. Eu quero que
minhas ameaças sejam suficientes para impedi-los de atacar Kora,
mas o olhar maníaco nos olhos de Bianca me faz pensar que minhas
ameaças caíram em ouvidos surdos.
Eu deixo cair meu olhar para o chão, pronta para o ataque
verbal. Se eu tirar isso dela, espero que ela volte a me atormentar.

Bianca se levanta, uma xícara de café na mão, e eu sei o que
está por vir antes mesmo que ela dê um passo em minha direção.
—Lixo humano nojento.— Ela diz, enquanto despeja o café
na minha cabeça. Resisto à vontade de revirar os olhos. Tão pouco
original.
Eu corro, cobrindo minha boca como se estivesse prestes a
chorar, ouvindo os sons de riso nas minhas costas.
Eu vou para o meu dormitório, coloco meu jeans preto com
buracos na frente, uma camisa preta com gola em V e coloco um
grande moletom preto por cima. Quero que pensem que sou
vulnerável.
Eu coloco um delineador preto grosso e batom roxo. Quero
que pensem que sou vulnerável, não chata.
Olhando-me no espelho, reviro os olhos. Eu me apresentei
como filha de Lúcifer. Ameacei aqueles merdas horríveis, dei um
soco no Vaz, e depois contei a ele meu segredo. Tudo para que eu
pudesse acabar bancando a vítima de qualquer maneira. Seja como
for, isso só vai dar a eles mais munição contra mim. Talvez eu possa
usar isso a meu favor.

Capítulo Vinte e Um
Lucinda
Minha semana foi um lixo absoluto. Eu fui o alvo principal,

o que é bom para Kora. Embora, ela e Kade tenham que lidar com
minha raiva e agressividade sem fim. Pelo menos ninguém está
mexendo com Kora. Kade não recebeu punição por bater em Vaz,
pelo que sei. Tudo o que ele e Kora me dizem é que eles têm
conexões com a escola e geralmente não são punidos.
Dois dias atrás, quatro bandejas de comida foram jogadas em
mim. Eles também de alguma forma conseguiram pegar minha
bolsa enquanto eu não estava prestando atenção e destruíram todo
o meu trabalho do curso para a semana. Alguém, provavelmente
Vaz ou Bianca, trocou alguns dos meus trabalhos já entregues e os
substituiu por lixo absoluto que me rendeu zeros em todas as
minhas notas.
Quando as coisas ficam quietas na semana seguinte, fico
desconfiada. Seis dias sem ataque ou atentado contra minha vida?
Eu sei que não vai durar embora.
Hoje, os valentões intensificaram seu jogo. Entro no prédio
principal para jantar e vejo que alguém imprimiu fotos do meu
corpo nu e as distribuiu por toda a escola. Percebo rapidamente
que nem é meu corpo. Eles colocaram meu rosto no corpo de outra
pessoa. Quem fez isso é realmente muito bom. Eu olho para a foto,
me perguntando como eles conseguiram fazer com que parecesse
tão bom, quando um maço de papel atinge minha testa.
Eu alcanço e esfrego o local, olhando ao redor. Ah. Bianca.
Quem mais?

—Justamente quando eu pensei que você não poderia ser
mais nojenta, você tenta atrair toda a escola de uma vez. Patético.
Ninguém aqui quer chegar perto do seu corpo nojento.
— Ela cospe.
Eca. Agora eu tenho que fingir que me importo que meu
rosto esteja nesta foto. Eu enterro meu rosto em minhas mãos,
tentando ganhar mais tempo. Como isso faria Kora se sentir? Ela
iria chorar e fugir, eu acho.
Eu me viro sem olhar, para que eu possa fazer uma pausa e
bater em uma parede dura de músculo sólido. Merda. Espio por
entre os dedos e Vaz está olhando para mim.
—Qual é o problema? Com medo de que todos vejam você
pelo que você realmente é?— Ele provoca. Ele pega uma pilha de
fotos do chão e as empurra em meus braços. —Vá em frente, diga a
eles o quanto você quer. Diga a eles como você caiu de joelhos no
corredor por mim no primeiro dia.— Ele se vira para o cara ao lado
dele. Alfonso, o vampiro assustador. —Só levou cinco dólares.
Alfonso joga a cabeça para trás, rindo desagradavelmente. —
Vou ter que aproveitar esse negócio!
Eu olho para Alfonso. Eu preciso ficar longe dele. Viro meu
olhar para Vaz. O bastardo. Ele está olhando para Alfonso como se
quisesse socá-lo. Eu reviro os olhos antes que eu possa me impedir.
Felizmente, ninguém parece notar. Eu olho para os meus pés,
deixando meu cabelo cair no meu rosto.
—Por favor, apenas pare.— Eu digo em voz baixa, esperando
parecer derrotada. Principalmente eu só quero que esses idiotas se
fodam.
—Você ouviu isso? Ela está implorando por isso! Acho que
vou coletar agora mesmo!— Vaz agarra meu braço e começa a me

arrastar para fora do prédio. Eu o deixo, porque pelo menos o
vampiro skeevie não estará mais respirando no meu pescoço. Eu
não digo nada e mantenho minha cabeça baixa enquanto ele me
arrasta pelos terrenos da Academia. Uma vez que percebo que ele
está me puxando para os dormitórios masculinos, começo a me
afastar dele. É estranho. Quando estou perto de Vaz, fico mais
irritado do que qualquer outra coisa. Ele não me dá arrepios como
aquele vampiro faz e eu não tenho a sensação de que ele é malicioso
como Bianca. Ele quer que eu vá embora por qualquer motivo, diz
que é porque eu sou meia humana, mas eu tenho mais habilidades
de Demônio do que a maioria dos Demônios. Vaz provavelmente
é tão forte quanto eu.
Eu olho para ele, me perguntando exatamente o que ele está
planejando agora.
—Você vai me trancar em uma masmorra e me torturar, ou
algo assim? Essa é a sua torção? Sem vergonha, mas tipo, eu não
gosto desse tipo de coisa.— Eu digo, tentando puxar meu braço
novamente.
—Eu sabia que você estava fingindo. Você passou da tortura
ameaçadora no Inferno para o choro no corredor, em um dia. O
que você tem?— Ele puxa duramente no meu braço, me arrastando
para o dormitório do cara.
— Você vai contar a eles? Eu pergunto. A única razão pela
qual estou deixando eles me atormentarem é porque Kora
simplesmente não aguenta. Eu não vou deixá-la tomar ataques
destinados a me machucar. —Você disse que não os queria fodendo
com pessoas como Kora. Prove.

Quando chegamos ao que eu suponho ser seu dormitório,
ele não me solta enquanto destranca a porta, me arrastando para
dentro. Ele me empurra com força e eu tropeço para frente.
—Uau. Grosseiro.— Eu reclamo, enquanto olho em volta. O
quarto dele é muito mais bonito que o meu. Há uma pequena
cozinha, um sofá e uma TV. A porta, para o que parece ser um
banheiro privativo, está aberta, e posso ver uma cama enorme
dentro de outra porta.
—Não concordo em ser amarrada e torturada. A menos que
seja cera quente ou palmadas leves. Isso não é realmente uma
tortura, mas é a única maneira de me amarrar.— Viro-me para Vaz,
que se mudou para sua cozinha e está despejando um líquido âmbar
em um copo. Eu franzo a testa para ele. São tipo oito da manhã. —
Você está prestes a me matar, não é?
—Você calaria a boca? Por favor.— Ele engole sua bebida e
se serve de outra. —Eu não vou torturar ou matar você.
Eu me viro e começo a andar pela sala. Pendurados na
parede da sala estão alguns porta-retratos. Um deles chama minha
atenção. Vaz está com o braço em volta de um cara que se parece
muito com ele. A foto parece recente, pois Vaz está praticamente
igual, só que na foto ele está sorrindo. Um sorriso verdadeiro e
genuíno. Eu franzir a testa. Este deve ser o Tanor.
Eu me viro, realmente olhando para o Demônio, Vazruuk.
Ele parece zangado, frustrado. Ele parece... triste.
Eu quero dizer alguma coisa, mas mordo minha língua. Eu
não sei nada sobre ele, além do fato de que ele me odeia. Ele culpa
Anika pela morte de seu irmão? Se ele o fizesse, isso faria sentido.
Como um Demônio da Ira, ele pode sentir que alguém precisa
pagar pela morte de Tanor. Ele quer vingança, mas não sabe a

quem culpar. Ele provavelmente foi informado de que suas mortes
foram suicídio, como eu. Eu me pergunto se ele acredita nisso.
Eu ando até o balcão, descansando minhas mãos em cima, e
olho para ele.
—Por que estou aqui?— Eu pergunto.
—Não sei.— Ele diz, tomando outro gole.
Eu levanto minhas sobrancelhas para ele.
—Você... você me arrastou para o seu quarto depois de tentar
me humilhar publicamente e não sabe por quê?— Eu pergunto a
ele, de boca aberta.
—Você poderia, por favor, calar a boca para que eu possa
pensar?— Ele fala.
Eu levanto minhas sobrancelhas para ele novamente. Parado
aqui em silêncio, esperando pacientemente.
Ele suspira alto. Passando as mãos pelo rosto. Quando ele se
vira para mim, é como se um interruptor tivesse sido acionado
dentro dele. Ele coloca seu copo para baixo, movendo-se para me
prender entre ele e o balcão.
—Por que você ainda está aqui?— Ele pergunta, sua voz
calma. Quase mortal.
—No seu quarto... ou?— Eu me inclino para trás, então ele
não está tão perto do meu rosto.
—Aqui, na Academia, Lucinda.— Ele levanta a mão, tirando
o cabelo do meu ombro. —De quem você está aqui para se vingar?
Porra. Então ele se lembra daquele pequeno deslize.
—Eu não sei do que você está falando.— Eu decido me fazer
de boba. Ele não pode provar merda nenhuma. Melhor manter
esses lábios selados. Eu bufo uma risada, lábios selados. Ah. Sim.
Eu definitivamente preciso manter todos os lábios fechados em

torno desse cara. Não importa o quão gostoso ele cheira. —Por que
você cheira a massa de bolo?— Eu digo, tentando distraí-lo.
—Você sabe exatamente do que estou falando. Por que você
precisa de vingança? Por Anika? Ela se matou. Do que você está se
vingando? Diga-me Lucinda.— Ele se inclina mais para mim, seus
pés estão fora dos meus. Eu descanso meus cotovelos no balcão
atrás de mim, me deixando um pouco mais longe dele. À menção
de Anika, minha guarda sobe.
—Não fale sobre ela.— Eu digo, começando a ficar irritada
com ele.
—Diga-me, Lucinda. Ou eu vou forçar você a dizer.
Eu olho em seus olhos com suas palavras, a ansiedade
aumentando.
—Obrigar-me? Como?— Eu pergunto, surpreendentemente
minha voz está firme.
—Diga-me.— Ele rosna.
—Eu não estou te dizendo merda nenhuma, então ande
logo.— Eu o empurro contra seu peito, mas ele não se move. Ele
toca meu pingente e seus dedos roçam levemente no meu peito.
—Eu me lembro dela usando isso. Nunca tirava.— Ele puxa
uma corrente pendurada sob sua camisa, tirando um anel de ônix
pendurado na corrente. —Tanor usou isso desde que me lembro.
Eram sua mãe. Você sabia que uma bruxa poderosa pode usar um
objeto para ouvir os últimos segundos da vida de alguém? capaz de
ouvir esses momentos finais.— Meus olhos se arregalaram, ele ouviu
a morte de Tanor? Ele continua sem me permitir responder.
—Você sabe o que a Bruxa ouviu quando ela usou isso para
ouvir os últimos momentos de Tanor? Ela ouviu Tanor gritar
'Anika não!' E Anika dizendo 'Lucinda, por favor' como se estivesse

implorando a você.— Ele inclina a cabeça, me observando
cuidadosamente enquanto eu suspiro com suas palavras.
—O que?— É tudo o que posso dizer.
—Você estava lá Lucinda? Você é responsável por suas
mortes? Meu pai descartou isso. Acha que a Bruxa fodeu alguma
coisa.— Ele segura meu queixo. —Você sabe o que eu acho? Eu
acho que meu irmão está morto por causa da sua amiga e você está
de alguma forma conectada. Eu nunca cheguei a ver o corpo dele,
tudo que eu tenho é este anel. Demônios não têm um funeral, eles
se queimam.
Eu balanço minha cabeça em resposta. Meus pensamentos
estão em espiral, e estou tão chocada que eu apenas fico aqui.
Se Anika estava me chamando... de jeito nenhum ela se
matou. Ela simplesmente não iria.
—Você acha que é verdade? Você acha que eles... Eles não
fizeram isso, eles mesmos?— Eu digo em um sussurro.
Ele parece surpreso com a minha pergunta. Ele estava apenas
me acusando de estar envolvido de alguma forma e estou
perguntando se ele acha que é verdade. Eles realmente se mataram?
Não. Não sei o que aconteceu, mas sei que ela foi morta por outra
pessoa.
—Porque eu não. Eu não acredito.— Eu sussurro. Não tenho
a sensação de que Vaz quer me machucar. Eu posso dizer que ele
está com dor. Ele quer respostas como eu. Ele está apenas
descontando sua raiva na pessoa errada. Eu olho em seus olhos
âmbar, ele parece tão perdido. Eu alcanço uma das minhas mãos e
toco sua bochecha. Ele se afasta do meu toque, mas não move seu
corpo. Eu tento novamente e desta vez ele me deixa tocá-lo.
Ficamos assim por um momento, olhos fixos, ninguém falando.

Ele se afasta de mim, voltando ao balcão e pegando seu copo
novamente.
—Sai.— Ele diz isso tão suavemente que quase sinto falta. Eu
fico lá por um segundo, mas decido não empurrá-lo. Saio do quarto
dele e vou para o meu dormitório.
Antes que eu possa chegar ao meu quarto, vejo Bane,
sentado debaixo de uma árvore lendo. Vou até ele. Estava tão
ocupada esta semana que não tive a chance de falar com ele.
—Ei.— Eu digo enquanto ando até ele. Eu caio ao lado dele,
inclinando minhas costas contra a árvore. —O que você está
lendo?— Eu pergunto.
Ele fecha o livro, me mostrando a capa. Eu reprimi uma
risadinha. Void , de Coralee June e Raven Kennedy. Ele resmunga
quando vê meu rosto.
—Eu não sabia que você lia romance!— Eu praticamente grito.
—Desculpe. Não queria ser tão barulhenta.
Ele cora, colocando o livro ao lado dele. —Sim, bem. É muito
divertido. Eu gosto do estilo de escrita deles.— Ele dá de ombros.
Já li esse livro muitas vezes.
—Sim, aposto que você gosta de escrever, seu cachorro sujo.—
Eu digo enquanto bato nele com meu ombro.
Ele me dá um sorriso genuíno, e eu apenas sento aqui com
ele, aproveitando o momento. Estávamos tão perto uma vez. Pensar
no meu passado com Bane me lembra Anika, e meu coração aperta
dolorosamente. Eu descanso minha cabeça no ombro de Bane, e
quando ele abre o livro de volta e começa a ler para mim em voz
alta, eu rapidamente adormeço.

Capítulo Vinte e Dois
Lucinda
Na manhã seguinte, quando meu despertador toca, meus

olhos se abrem. Eu nem me lembro como voltei para o meu quarto.
Eu estava descansando minha cabeça em Bane em um segundo e
então no próximo estou aqui.
Eu sacudo a névoa do meu cérebro e começo a me preparar
para a aula.
O dia passa facilmente, até que a aula de combate termina.
Estou no chuveiro depois de lavar o cabelo quando percebo que o
quarto está muito silencioso. Eu desligo a água pegando minha
toalha, e tudo que minha mão conecta é o ar.
—Bem foda-se.— Eu digo, enquanto espio pela cortina.
Minha toalha se foi e o quarto está vazio. Pego minha toalha e cubro
minhas partes femininas, envolvo um braço em volta dos meus
seios e entro no vestiário. Quando me aproximo do meu armário,
percebo que todas as minhas roupas sumiram. Instintivamente,
estendo a mão e toco meu colar, grata por nunca tirá-lo.
—Merda...— Eu gemo. Eu faço o meu caminho para o ginásio,
rezando para que Del esteja por perto. Eu espio pela pequena
janela na porta do ginásio e paro. —Não... porra... maneira...— Del
tem alguém preso contra a parede do ginásio, e é umm... Sim. Vou
dar o fora daqui, antes que meus olhos vejam qualquer coisa que
eu precise ter queimado da minha cabeça. Estou no corredor
fechado entre os vestiários e a academia, tentando descobrir o que

fazer agora. Posso esperar até que Del termine, ou correr pelo
campus até meu dormitório.
—Oh meu Deus, eu sou uma idiota.— Eu digo enquanto
corro para o vestiário do cara. As meninas provavelmente não
pensaram que eu iria lá para roubar as roupas de alguém. Eu vou
devolver. Eu só preciso delas o suficiente para chegar ao meu
dormitório.
Eu largo a toalha e corro para o vestiário. Começo a passar
pelo primeiro armário aberto que encontro quando a porta atrás de
mim se abre.
Eu me abaixo no chão, mas é tarde demais.
—Que porra você está fazendo aqui? E por que diabos você
está nua? Vaz grita.
—Essas cadelas roubaram minhas roupas e eu vim aqui para
encontrar algumas.— Fico de pé, de frente para ele, colocando as
mãos nos quadris.
Seu olhar viaja pelo meu corpo antes de voltar para o meu
rosto.
Ele rosna, puxa a bolsa do ombro e joga suas roupas de
ginástica em mim. Quando ele se vira para a porta, corro para
colocar as roupas.
—Obrigado.— Digo agora que estou completamente vestida.
Essas roupas são enormes. Olho para mim mesma, irritada.
Quando ele se vira para mim, seus olhos estão brilhando
âmbar. Ele balança a cabeça e se afasta da porta. Eu corro, sem
dizer outra palavra.
Assim que estou no corredor, vejo Erasmus encostado na
parede, um sorriso irritante no rosto. Eu olho para ele.

—Você sabe que tem o nome de um velho, certo?— Eu
pergunto a ele, enquanto passo. Snark claro na minha voz.
—E você tem a versão feminina do nome do seu pai, qual é o
seu ponto?— Ele zomba.
—Toque. Você estava apenas esperando por mim?
—Sim. Queria convidá-la para a festa à beira do lago esta
noite. Traga seus amigos se quiser,— ele sorri para mim, mas eu
estou desconfiada.
—Por que? Você e seus amigos estão planejando me afogar?—
Eu pergunto, completamente sério.
—Não. E eu não sou amigo desses idiotas.
— Então por que você fica com eles? Eu pergunto.
—Tenho meus motivos. Agora, você virá esta noite ou não?—
Ele se vira para mim, parando-nos pouco antes de chegarmos à
porta.
Eu penso sobre isso por um momento. Esta pode ser uma
boa oportunidade para me vingar de algumas das pessoas da minha
lista. Especificamente, Bianca, que está realmente começando a me
irritar.
—Vou pensar sobre isso.— Eu começo a me afastar
novamente, mas ele me para mais uma vez.
—Será fácil de encontrar. Vou poupar-lhe uma dança. Ele
sorri, mostrando-me suas presas.
—Ok. Tchau.— Eu digo enquanto me apresso. Perdi minha
última aula, mas tudo bem.
Vou para o meu quarto para me trocar. Começo a pensar na
festa e nas maneiras de atingir Bianca onde realmente dói. Eu quero
levar o irritante Demônio da Inveja para baixo alguns pinos. Ela está
mirando em mim por causa de Vaz, até onde eu sei, mas ela fez

mais coisas do que ele. Cortar meu cabelo, roubar minhas roupas,
a lista continua. Acho que as únicas coisas que Vaz realmente fez
foram falar merda e tentar me colocar para baixo. Eu acho que ele
está feliz em deixar os outros fazerem o trabalho sujo para ele.
Bato na porta do banheiro dos gêmeos e Kora atende.
—Então, há uma festa no lago esta noite. Você e seu irmão
querem vir?— Eu pergunto, dando-lhe um sorriso encorajador.
—Oh cara! Eu gostaria que pudéssemos. Mas temos um jantar
em família planejado. Estaremos fora até amanhã de manhã.— Ela
suspira, obviamente desapontada.
—Ah, tudo bem, bem, isso é uma chatice, mas tudo bem.
Tenha uma boa noite no jantar.— Eu digo.
Kade vem ao virar da esquina e eu aceno para ele. Ele sorri
levemente, levantando a mão para acenar de volta.
Minha boca cai aberta e eu olho para ele. Essa é a primeira
vez que ele acena para mim. Sua primeira tentativa física de se
comunicar comigo. Bem, eu acho que tecnicamente o aceno que
ele me deu ,quando eu estava montada nele foi a primeira vez, mas
ele mal se moveu dessa vez.
Kora sorri. —Nos vemos amanhã, ok?
Concordo com a cabeça enquanto volto para o meu próprio
quarto. Eu decido usar uma saia vermelha apertada e quente, meias
arrastão, um top preto e botas pretas até o joelho. Eu uso meu
cabelo em um coque bagunçado e minha franja para baixo. Eu não
tenho usado muito meu telefone desde que cheguei aqui, então eu
apenas o enfio na gaveta da minha mesa sob alguns papéis.
Saio para o corredor, me perguntando quanto tempo vou
levar para caminhar até o lago. Assim que saio do prédio do

dormitório, a música no lago me alcança. Acho que Ras estava certo
sobre saber para onde ir.
Levo dez minutos andando por entre árvores e florestas antes
de chegar à festa. A primeira coisa que noto é a enorme fogueira.
Em seguida, as muitas mesas de álcool e pessoas se servindo. Eu
ando até uma mesa pegando uma garrafa fechada de Vodka e me
sirvo de uma xícara.
—Vodka pura? Isso é quente.— Meus pelos arrepiam. A bola
skeeve, Alfonso.
—Foda-se, idiota.— Eu digo, tentando ir embora, mas ele
agarra meu braço, me puxando para ele e eu quase derramo minha
bebida.
—Onde você está indo? Vamos nos divertir. Quanto pela
noite? Mmmm, você cheira tão bem.— Ele coloca o rosto contra o
meu pescoço e eu luto contra a vontade de vomitar.
Eu começo a empurrá-lo para longe, mas ele começa a me
agarrar com mais força.
—Eu acredito que ela disse, foda-se.— Alfonso é arrancado de
cima de mim e eu tropeço, um pouco desequilibrado.
Ras empurra Alfonso, e o bastardo cai.
—Você está bem?— Ras me pergunta.
—Sim, tudo bem.— Eu estou apenas irritada. Bianca
colocando aquelas fotos no corredor, e depois Vaz dizendo a todos
que eu estava à venda, parece ter transformado a população
masculina em idiotas maiores.
Eu me afasto de Ras, sem vontade. Vejo Bianca perto do fogo
e um plano começa a se formar.
Antes que eu possa me convencer disso, eu chamo minha
magia para mim e me concentro em Bianca.

Alguns segundos depois, Bianca está gritando e seus amigos
estão jogando suas bebidas nela. Ateei fogo em seu cabelo, mas me
certifiquei de não queimar sua pele. Eu até consegui fazer as
sobrancelhas dela. Obrigado Del. Eu vejo enquanto ela grita,
esfregando as mãos sobre sua cabeça agora careca. Eu rio para mim
mesma, enquanto ando para os arredores da festa.
—Eu vi isso. Você tem sorte que ninguém mais percebeu.—
Bane diz, enquanto ele se aproxima de mim.
— Você vai contar a ela? Eu pergunto a ele, porque eu
simplesmente não o conheço mais. Costumávamos passar muito
tempo juntos, basicamente todos os dias.
—Não, ela merece.— Ele dá um passo mais perto de mim,
procurando no meu rosto por algo. —Vamos sentar.— Ele acena
com a cabeça em direção a um tronco perto do lago. É meio que
separado do resto da festa.
—Tudo bem.— Eu concordo, seguindo-o.
—Você devia ser mais cuidadoso. Essa garota é louca.
Eu zombo. —Seriamente? Achei que ela merecia? Ela
começou isso. Ela e seus amigos merecem tudo que vem a eles.—
Eu digo, olhando para ele enquanto ele olha para a água parada do
lago. —Você sequer tentou protegê-la? Você defendeu a Anika?
Eles a intimidaram por causa de um cara. Você tentou impedi-los?—
Ele não vai encontrar meus olhos, então eu agarro seu queixo e o
faço me encarar.
—Eu não sei o que você quer que eu diga. Eu tentei? Não,
mas Anika tinha Tanor. Ela não precisava do cara que todo mundo
odeia, substituindo-a. Tudo o que teria feito seria pintar um alvo
maior nas costas dela.— Ele agarra meu pulso e puxa minha mão
para longe de seu rosto.

—Você acredita que ela e Tanor se mataram? Os valentões
eram tão ruins assim ou alguém fez isso com eles?— Decido
perguntar. Ele olha para mim, mas não diz nada. Eu me movo para
me levantar, sobre toda essa situação, quando ele coloca a mão no
meu ombro.
—Não. Ela era forte. O bullying quase não a incomodava.
Eles não foram tão duros com ela, como são com você. Tanor era
um menino de ouro. Popular, engraçado. Anika apenas o deixou
mais feliz.— Ele franze a testa. —Algumas semanas antes de
morrerem, ele começou a agir de forma estranha. Eu não o via
muito e ele dificilmente estava com Anika.
Eu aceno, o diário de Anika disse isso. —Eu vou. Tem sido
um longo dia.— Digo, de pé.
—Boa noite, Cin.— Ele diz, tomando outro gole de sua bebida
e voltando para o lago.
Ando na periferia da festa, para não chamar muita atenção
para mim. Alguém esbarra em mim, agarra meus braços para me
firmar e continua andando. Eu apenas bufo.
Termino minha bebida e jogo o copo no lixo. Estou apenas
a alguns passos na floresta quando começo a me sentir mal. Minhas
pernas estão mais pesadas do que deveriam, considerando que só
tomei três doses de vodka. Minha visão está embaçada e meus
passos estão começando a vacilar.
—O que... porra?— Minha fala está arrastando tanto. Eu
tropeço mais alguns passos, esperando que eu possa voltar para o
meu dormitório assim antes de desmaiar na sujeira.
—Ei, você está bem?— Eu ouço uma voz, mas não posso dizer
quem é. No próximo segundo, as mãos estão no meu corpo. Venha

querida, vamos levá-la de volta ao meu dormitório. A voz viscosa
no meu ouvido só pode ser de uma pessoa. Alfonso.
Eu tento me afastar dele, mas seu aperto é como ferro, e
estou perdendo minha força. —Nnnn...— Eu tento dizer não, mas
minhas palavras estão tão confusas. Meus pensamentos estão
começando a se dispersar e posso sentir a escuridão se
aproximando. Estou prestes a desmaiar.
Eu tento gritar, jogando meu corpo no chão mais uma vez,
esperando que alguém ouça, quando a escuridão me consome.

Capítulo Vinte e Três
Eramus
nnn... — Eu inclino minha cabeça para o lado. Estou falando

com um grupo de caras quando acho que ouvi Cin. Olho ao redor
da festa, mas não a vejo. Há tanto barulho ao meu redor que não
posso ter certeza. A última vez que a vi, ela estava conversando com
Bane, que agora está sentado sozinho à beira do lago.
Olho ao redor da festa novamente, ainda sem Cin. Vejo Vaz
andando rapidamente pela floresta.
Eu dou de ombros, ela provavelmente acabou de voltar para
seu dormitório.
Eu começo a ir na direção que Vaz acabou de sair. Eu preciso
perguntar algo a ele de qualquer maneira, e agora é um momento
tão bom quanto qualquer outro. Ele tem evitado ficar sozinho
comigo, não querendo responder a nenhuma das minhas perguntas
sobre seu pai.
Lúcifer quer que eu fique de olho em Lucinda, enquanto
também investiga as mortes de Anika e Tanor. Originalmente, ele
me mandou aqui para que eu pudesse ficar de olho em Lilith, que
foi vista mais de uma vez no Inferno no último ano. Tanto quanto
posso dizer, ela não está tramando nada, mas também não passei
todo o meu tempo observando-a.
À medida que entro na floresta, meus sentidos se animam.
Eu posso sentir o cheiro de sangue. Eu uso minha velocidade e em
segundos encontro a fonte. Há uma pedra coberta de sangue. O
sangue de Lucinda. Eu ainda posso sentir o cheiro dela e ela está
perto. É quando ouço Alfonso. Eu me movo rapidamente,

seguindo o som de sua voz, e o que eu posso ouvir agora é Lucinda
fazendo barulhos baixos de choramingos.
Não perco tempo permitindo que ele explique. Eu sei que
tipo de vampiro ele é. Eu bato nele, prendendo-o a uma árvore com
minha mão esquerda em volta de sua garganta, e minha direita
perfurando levemente seu peito.
Eu considero deixá-lo viver e permitir que ele responda ao
Coven. Estou prestes a libertá-lo e dar a ele uma chance de expiar
seus pecados quando sou jogado para o lado. Merda. Eu estava tão
focado em Alfonso que nem percebi que havia outro Vampiro com
ele. Ele tenta me prender no chão, mas eu me movo muito mais
rápido do que ele. É quando estou de pé que vejo Vaz, congelado
como uma estátua.
—Va! Que porra você está fazendo? Você estava ajudando
eles?!— Eu grito para o estúpido Demônio. Desde que ele perdeu
o irmão, é como se ele fosse uma concha vazia. A única vez que
vejo alguma vida nele é quando ele está tentando antagonizar
Lucinda.
Seu olhar se encaixa no meu rosto. Ele balança a cabeça,
olhando ao redor. Que porra foi essa?
Vaz se move para atacar Alfonso ao mesmo tempo em que
Bane entra na clareira. Bane vai direto para Lucinda, verificando-a.
Eu decido que o melhor curso de ação para esses
estupradores é a morte, mas acho que Vaz tem outras ideias. Ele
usa seu poder sobre o fogo para criar um círculo de fogo ao redor
deles, efetivamente impedindo-os de se mover e eu de matá-los.
—Mova seu fogo, Vaz.— Eu digo com os dentes cerrados.
—Não. Ligue para Lúcifer. Deixe-o lidar com isso.— Ele volta
sua atenção para Lucinda que ainda está desmaiada na terra

choramingando incoerentemente. —Leve-a de volta ao meu quarto,
Bane. Ras, ajude-o. Vou esperar aqui por Lúcifer.
Eu arqueio minha sobrancelha para ele. —Eu vou ficar com
você.— Eu digo, observando-o cuidadosamente.
—Não. Vai. Eu vou lidar com isso. Ele não vai olhar para
mim. Conheço Vaz há poucos meses, mas nas últimas seis semanas,
seu comportamento se tornou mais imprevisível. Pego meu
telefone, enviando uma mensagem para Lúcifer. Lucinda foi
atacada. Bosques perto do lago. Vazruuk os deteve. Anel de Fogo.
Ele responde, ETA cinco minutos.
—Lúcifer estará aqui em breve. Dê-me as chaves do seu
quarto.— Eu digo a Vaz.
Ele apenas balança a cabeça, entregando as chaves sem olhar
para mim. —Não faça nada estúpido, Vazruuk.— Eu digo a ele. O
olhar de determinação em seus olhos me diz que ele está
planejando algo.
Ele não me reconhece, apenas olha para a frente.
Vou ter que perguntar a Lúcifer sobre isso mais tarde.
Vaz sabe que estou em contato com o pai de Lucinda, mas
não sabe por quê. Pelo menos não o motivo real.
Bane levanta Lucinda em seus braços, embalando-a
firmemente contra ele. —Vai ficar tudo bem Cin, eu tenho você.—
Ele sussurra para ela.
— Como você sabia que ela estava em apuros? Eu pergunto
a ele, enquanto fazemos nosso caminho em direção aos
dormitórios.
—Eu podia sentir sua luxúria... Isso... eu... Isso parecia
errado, nojento. Eu não sabia que ele estava atacando Cin.

Eu aceno, —É por isso que você estava na festa? A luxúria?—
Ele concorda.
—A maneira mais fácil de me alimentar. Apenas estar em
torno de toda a tensão sexual, até...— Ele olha para Cin, balançando
a cabeça. —Ela vai castrá-los quando acordar.— Ele sorri para o rosto
adormecido dela.
—Eu acho que Lúcifer tem essa parte cuidada.— Eu digo.

Ele acena com a cabeça em concordância, estremecendo
ligeiramente. —Eu realmente odiaria ser eles agora. Passei muito
tempo no inferno com meu pai e Lúcifer.— Ele estremece
novamente, balançando a cabeça.
—Vamos apenas levá-la para o dormitório. Quando ela
começar a acordar, nós a ajudaremos a se limpar.— Quando
entramos no pátio, eu congelo. Na nossa direção está o maior tigre
branco que eu já vi. Eu jogo minhas mãos para cima, me
preparando para o impacto. Se é quem eu acho que é, não posso
machucá-lo.
—AHH! Pare! Que porra é essa?!— Bane grita, ainda

segurando Lucinda com força. Um pequeno gato branco está
subindo na perna da calça.
—Não somos nós que a machucamos! Vamos levá-la de volta
aos dormitórios para que ela possa se recuperar! Se você nos
comer, ela vai ficar chateada!— Eu grito, esperando que eles não
entendam meu blefe. Eu realmente não acho que ela se importaria
muito se eu morresse. Ela pode sentir falta de Bane, no entanto.

Kade, em sua forma de tigre, para diante de mim. Eu levanto
minhas mãos em rendição, mostrando a ele que não sou uma
ameaça.
—Que porra é essa?— Bane pergunta, assim que Kora, em
sua forma de gato, alcança seu ombro e pula em Lucinda,
verificando-a.
—Eles são seus familiares. Não os prejudique.— Eu digo a
Bane, mantendo meus olhos em Kade.
Kade olha entre nós, abaixando a cabeça. Ele se move para
Bane, dá uma cheirada nos pés de Lucinda, e então olha para
frente.
—Uh. Vamos continuar então.— Eu digo, seguindo em frente.
—Esses são os gêmeos?— Bane pergunta, e eu aceno em
resposta.
Levamos Lucinda para o dormitório de Vaz e a deitamos na

cama dele. Ela rola, murmurando para si mesma, mas não abre os
olhos. Kora permanece enrolada contra Cin, nunca deixando seu
lado. Kade desaparece no armário, volta à sua forma humana e
volta vestindo as roupas de Vaz.
Ele me encara, com os braços cruzados sobre o peito. Ele
não fala com ninguém além de sua irmã e mesmo assim eu só o vi
assinar.
Eu suspiro, indo para a cozinha para me servir uma bebida.
Eu sirvo um para Bane e Kade também.
—Kade quer uma explicação.— Eu digo, eu não preciso que
ele fale para saber o que ele quer. Ele não teria mudado de volta
por qualquer outro motivo. —Ela foi atacada por Alfonso e outro

vampiro. Eu, Vaz e Bane os paramos. Vaz está esperando que
Lúcifer os recupere. Ela parece ter sido drogada também.
O rosto de Kade fica vermelho e a raiva em seus olhos
combina exatamente com o que estou sentindo. Ele se vira para o
quarto, fechando a porta atrás de si.
Eu caio no sofá. Esta vai ser uma longa noite.

Capítulo Vinte e Quatro
Lucinda
Oooh,— eu gemo, esticando minha mão para esfregar minha

cabeça. Meus globos oculares parecem que estão tentando escapar
do meu crânio. —Foda-se.— Eu gemo, virando meu rosto no
travesseiro.
Este não é o meu travesseiro. Oh Deus.
Eu me esforço para me sentar, em pânico. A última coisa que
me lembro é das mãos nojentas de Alfonso em mim e caindo no
chão.
Ouço um miado baixinho e mãos firmes tentando me
empurrar de volta para baixo. Abro um olho e vejo que são Kade e
Kora. Eu relaxo assim que os vejo. Estou no quarto do Vaz, acho.
Fecho os olhos novamente, sentindo como se tivesse sido
atropelada por um caminhão.
Sinto Kora pular da cama e um minuto depois ouço sua voz.
—Você está bem?— Ela diz baixinho.
—Não, minha cabeça vai explodir.— Eu gemo.
—Vou pegar alguns remédios.— Ouço uma porta se abrindo
e a voz de Kora, mas não consigo dizer o que ela está dizendo.
Kade envolve seus braços em volta de mim, me segurando
perto de seu peito. Ele me aperta com força, sem me soltar.
—Eu estou bem, eu prometo. Como vocês me
encontraram?— Eu realmente não espero uma resposta, mas
quando ouço sua voz pela primeira vez, meu coração quase para.

—Eu senti seu medo.— Ele diz isso baixinho, mas eu ouço
cada palavra. Eu olho em seus olhos, incapaz de esconder minha
surpresa.
—Você falou comigo.— Eu digo, minha boca aberta. Eu
estendo minha mão para cima, correndo meu polegar sobre seu
lábio inferior. Ele sorri, mas não diz mais nada.
Eu me inclino para frente, tentando beijá-lo, mas ele me
impede. Ele balança a cabeça e minhas bochechas ficam vermelhas.
—Oh Deus, me desculpe. Eu apenas pensei... me desculpe!—
Estou tão envergonhada e tento me afastar, mas ele não me deixa.
—Shhh. Descanse.— Ele diz, novamente tão baixinho que é
difícil ouvir. Ele beija minha testa, efetivamente me confundindo.
—Não há remédios aqui, mas seu pai está aqui e gostaria de
vê-la. Devo deixá-lo entrar?— Kora pergunta da porta.
—Sim.— Eu digo, ainda envolta nos braços de Kade. Ele não
me solta até que meu pai se aproxime da cama.
—Lucinda, como você está se sentindo?— Ele diz, estendendo
a mão e acariciando meu cabelo.
—Como se eu tivesse sido atropelada por um trem. Eu não
sei o que eles usaram para me drogar, mas eu me sinto uma
merda.— Eu digo, deitando minha cabeça para trás. Parece muito
pesado para continuar me segurando.
—Eu posso curá-la, mas você precisará continuar
descansando enquanto as drogas deixam seu sistema. Você pode se
sentir fraca por algum tempo.— Ele diz mais gentilmente do que se
poderia esperar do governante do Inferno.
—Ok.— Fecho os olhos enquanto ele levanta as mãos acima
da minha cabeça.

Alguns minutos depois, o latejar na minha cabeça diminui e
as outras dores no meu corpo que eu não tinha notado começam a
diminuir.
—Ok, rapazes, podem entrar.— Lúcifer diz. Ele se inclina,
dando um beijo suave na minha cabeça, e então se move para a
porta.
—Eu tenho algumas coisas para... descartar. Vou deixar esses
garotos cuidarem de você. Se você precisar de mim, basta me
chamar com intenção e eu estarei aqui.— Ele sai, deixando-me um
pouco confuso.
—Descartar? Ele não quer dizer... ele está falando sobre...—
eu começo, mas Vaz me interrompe.
—Ele quer dizer, ele está levando Alfonso e o outro Vampiro
para o Inferno, onde eles serão tratados.— Ele faz uma pausa,
olhando para suas mãos. —Eu sinto muito. Eu hesitei quando vi o
que ele, o que eles, estavam tentando fazer com você... eu...— Ele
para, se virando de costas para mim, e sai da sala.
—Alguém pode explicar. A última coisa de que me lembro é
de cair e desmaiar.— Eu digo, confusa mais uma vez.
—Eu encontrei você. Alfonso e o outro vampiro estavam
tentando te despir enquanto também te arrastavam para seus
dormitórios, eu presumo. Quando cheguei à clareira, Vaz já estava
lá, mas parecia estar em transe, olhando a cena, sem se mexer. Eu
rapidamente os distraí, Bane chegou até você logo depois disso, e
quando Vaz saiu disso, ele os deteve em um círculo de fogo. Bane
e eu trouxemos você aqui. Seus familiares nos encontraram no
caminho para os dormitórios. Diz Ras.
—Oh. Ok.— Eu digo, olhando ao redor da sala. Vaz volta
segurando um copo de líquido âmbar.

—Eu preciso de um banho. E uma muda de roupa.— Vaz
entra em seu armário, voltando rapidamente segurando uma toalha
e uma pilha de roupas.
—Você vai ficar aqui conosco no fim de semana, para que
possamos cuidar de você. Seu quarto é pequeno demais para todos
nós.
Eu nem tenho coragem de discutir. Eu me movo para ficar
de pé, mas fico tonta. Kora e Kade me alcançam ao mesmo tempo,
evitando que eu caia de cara.
—Você quer ajuda no chuveiro?— Kora me pergunta.
—Sim, mas acho que ficarei bem apenas com Kade.— Eu
digo, minhas bochechas ficando rosadas mais uma vez. Eu me sinto
mais segura com ele e agora eu só quero me sentir segura. Kade
nunca faria nada inapropriado. Kora é uma amiga maravilhosa, mas
prefiro não ter meu corpo nu lavado por ela.
Kora e Kade me ajudam a ir ao banheiro. Uma vez que
estamos dentro, Kora me solta e volta para o quarto. Eu tenho um
vislumbre dos caras parados ali olhando para mim pela fresta da
porta antes que Kora a feche. Vaz parece que está perdido em sua
própria cabeça, Bane parece um cachorrinho chutado e Ras parece
que quer entrar para poder assistir.
Kade me inclina contra a pia e se move para ligar o chuveiro.
—Muito quente, por favor.— Eu digo a ele, enquanto começo
a tirar minhas roupas. Quando Kade se vira, tudo o que estou
vestindo é meu sutiã e calcinha. Ele me olha de cima a baixo
franzindo a testa. Eu olho para mim mesmo. Estou coberto de lama
e arranhões. Eu pareço tão destruída quanto me sinto.
Eu solto meu sutiã, mantendo meus olhos baixos. Eu a deixo
cair no chão, então deslizo minha calcinha pelas minhas pernas.

Quando saio deles, finalmente olho para Kade para ver que ele se
virou.
Eu sorrio com isso. Ras estaria encarando, Vaz estaria
encarando, e Bane estaria fugindo.
—Você não tem que desviar o olhar de mim, Kade.— Eu digo
enquanto levanto minha mão e toco seu ombro levemente.
Ele se vira para mim e eu dou um passo trêmulo em direção
ao chuveiro. Ele agarra meu cotovelo para me ajudar a me firmar.
Quando entro, ele fecha a cortina atrás de mim. Eu espero,
pensando que ele vai entrar depois de se despir, mas quando eu
não o ouço se movendo, eu espio para ele. Ele está ali parado,
olhando para seus pés.
—Você vai entrar?— Pergunto-lhe. Ele olha para cima,
fazendo contato visual.
—Você pode ficar de cueca se estiver desconfortável?
—Você está?— Ele diz suavemente.
—Eu estou? Eu estou o que? Confortável com você? Claro,
eu não teria pedido sua ajuda de outra forma. Não estou pedindo
para você fazer nada sexual, se é isso que o preocupa. Estou nua
porque você não tem certeza? Você não olhou para mim antes.
Você não quer me ver? Quero dizer, acho que apenas assumi...
ugh, eu sou um idiota. Fecho a cortina do chuveiro, me sentindo
uma tola. Ele está desconfortável em me ver nua e eu nem perguntei
como ele se sentia antes de simplesmente deixar cair minhas roupas
na frente dele. Cubro o rosto com as mãos e enfio a cabeça sob o
jato de água. —Você pode ir, está tudo bem. Eu vou ficar bem.
Deixe a toalha no gancho e gritarei por Kora quando precisar de
ajuda. Eu sinto muito.— Eu começo a divagar, quando ouço a
cortina do chuveiro se abrir e Kade entra atrás de mim.

Ele ainda está vestindo sua boxer, mas ele agarra meus pulsos
e me puxa para seu corpo.
Ele respira fundo e fecha os olhos. —Claro que quero ver
você, Lucinda. Você é linda. Mas você foi atacada. Eles iam te
machucar e eu não quero que você pense que estou tirando
vantagem de sua vulnerabilidade.
Eu sorrio. —Porque agora? Quero dizer, por que você confia
em mim o suficiente agora para falar comigo? Eu descanso minha
cabeça contra seu peito e escuto seu coração acelerar. Eu meio que
ignoro tudo o que ele disse.
—Eu sou seu familiar agora. Se eu não pudesse sentir seu
verdadeiro coração, não teria escolhido você. Só levei algum tempo
para me abrir. A única outra pessoa com quem falo é Kora.— Ele
diz, enquanto acaricia meu cabelo.
Eu aceno e olho para ele. —Eu pensei que Kora disse que ela
não tinha escolha? Que os poderes dela me escolheram? Eu
pergunto a ele, confusa.
—Eles fizeram. Eu sou mais forte que minha irmã. Eu escolhi
você para mim.— Ele estende a mão para pegar o xampu do
parapeito. —Você vai cheirar a Vaz a semana toda.— Ele resmunga
enquanto começa a ensaboar meu cabelo.
—Gosto de ouvir sua voz.— Suspiro pesadamente enquanto
ele lava meu cabelo. —Eu não sei por que já me sinto tão perto de
você, mas é como se eu te conhecesse há muito mais tempo do que
algumas semanas. O mesmo com Kora.— A emoção sufoca minhas
palavras quando penso em Anika. Ela gostaria que eu fizesse novos
amigos. Ela não gostaria que eu ficasse sozinha toda a minha vida,
mas não posso deixar de me sentir culpada. Não quero que pareça
que estou substituindo-a.

—É o vínculo familiar. Nossa magia nos conecta e nos torna
mais fortes.— Ele me move para que minha cabeça fique debaixo
d'água e enxágua meu cabelo.
Ele usa o condicionador e depois me faz enxaguar
novamente. Nós nos movemos em silêncio, até que ele pega o
sabonete líquido. Ele o segura na frente dele e olha para mim. Eu
sorrio para ele.
—Hum, você é um... Umm. Você nunca, sabe?— Eu
pergunto já que ele vai realmente me responder agora.
—Nunca fiz nada com ninguém. Você é a primeira garota que
eu beijei. Ninguém quer chegar perto da aberração que não fala.—
Ele diz olhando para o chão.
Eu alcanço e toco sua bochecha. Trazendo seus olhos de
volta para mim. —Eu gosto de estar perto de você. Eu gosto de tocar
em você.
Sua respiração fica presa em seu peito. Ele se inclina e
pressiona um beijo gentil em meus lábios, afastando-se cedo
demais.
—Você ainda está em choque. Vamos te secar e voltar para a
cama, ok? Eu não estou indo a lugar nenhum.— Ele pressiona um
beijo suave na minha testa me ajudando a sair do chuveiro.
Depois disso, ele me ajuda a me vestir e me ajuda a voltar
para a cama. Assim que estou deitada, posso sentir o quanto estou
cansada.
Posso ouvir vozes falando no quarto, mas adormeço
rapidamente.

Capítulo Vinte e Cinco
Lucinda
Dedos envolvem minha garganta, cortando meu grito. Eu me
liberto, tentando fugir, mas estou presa no lugar. Alfonso envolve
seus braços em volta da minha cintura, rindo na minha cara.
Norman me arrasta pelo tornozelo pela sala. Ele para pouco
antes de um buraco negro no chão. Eu jogo minha cabeça para trás
e grito.
Anika está pairando no ar, um grito silencioso em seus lábios.
Eu tento correr para ela, mas ela é engolida pela escuridão. Eu grito
e alguém me segura.
Lúcifer está no topo de um pico alto, enquanto alguém
enrola uma corda em seu pescoço e o chuta por cima da borda.
Grito por meu pai e tento alcançá-lo, mas não importa o quão alto
eu suba, não chego mais perto.
Kora está andando bem na minha frente, lendo um livro. Seu
cabelo branco brilhando à luz do sol. Algo a atinge de lado e ela cai
no chão. Eu caio no chão ao lado dela, segurando-a perto do meu
corpo. Ela está coberta de sangue, os olhos abertos, mas não vendo
nada.
Bane, Vaz, Kade, Ras e um homem com a cabeça baixa que
não consigo identificar estão todos em círculo ao meu redor,
tentando me alcançar. Uma figura encapuzada caminha atrás de
cada um deles, cortando suas gargantas, e eu desabo no chão. Eu
grito em agonia quando meu coração se parte.
—Lucinda, acorde! Acorde, pequena Diaba. Você está tendo
um pesadelo.— Alguém está me segurando pelos ombros e me
chacoalha levemente.

Eu posso me ouvir gritando, e quando meus olhos finalmente
se abrem, eu fecho minha boca.
Ras está me segurando com os braços estendidos, mas eu me
jogo em seus braços, soluçando. Parecia tão real. Todas as pessoas
que amo ou cuido de morrer antes de mim e eu não pude fazer
nada para salvá-las. Não sei exatamente como me sinto por Ras, e
Vaz me dá vontade de socar seu rosto, mas vê-lo morrer me
quebrou tanto quanto os outros.
—Sh, sh. Está bem.— Ras tenta me acalmar. Acariciando-me
suavemente. Kora em sua forma de gato pula no meu colo, me
apalpa suavemente e mia.
Eu envolvo meus braços em torno de Kora, ainda chorando
em sua pele. Ela começa a ronronar e meus gritos finalmente se
acalmam. Kade entra no quarto em sua forma de tigre, afastando o
vampiro de seu caminho para me alcançar.
Ele usa a cabeça para me empurrar para trás na cama. Eu
caio para trás e ele pula ao meu lado. Eu me movo para que Kade
fique atrás de mim e Kora em meus braços na minha frente. Kade
passa o focinho meu cabelo algumas vezes, ajudando a me acalmar.
Quando finalmente abro os olhos, vejo que todos os caras
estão na sala me observando. Na porta está Del. Eu lhe dou um
pequeno sorriso. Ele se move para o meu lado e se senta na cama.
—Kuusuva!— Ele amaldiçoa no antigo Demônio. —Como
você está se sentindo?— Ele nem me dá tempo de responder antes
de continuar. —Esses lixos foram descartados. Lúcifer me garantiu
que eles são incapazes de causar danos novamente.— Seu olhar
pousa em Kora e seus olhos se arregalam antes de suas bochechas
ficarem rosadas. Que diabos é aquilo?

Kora salta da cama, indo para o armário. Espero que ela
volte, mas depois de alguns minutos me viro para Del. —Estou
bem.— Eu digo a ele.
Ele vira o olhar para o armário e limpa a garganta.
—Eu preciso ir. Se precisar de mim, me ligue.— Del sai tão
rápido quanto veio.
Kora retorna assim que Del sai da sala. Interessante.
—Vou fazer comida.— Vaz anuncia e sai da sala. Ras se senta
na ponta da cama, ligando a TV.
Bane fica parado ali. Encarando. Eu aceno para ele e ele
caminha até a cama, me observando com cuidado. Dou um tapinha
na cama, para que ele saiba que quero que ele se sente. Ele cai para
baixo, de costas para mim.
—Tudo está tão fodido.— Ele sussurra. —Eu não queria ir
embora quando tinha dezesseis anos. Até tentei ficar. Eu queria
estar com você. Então Anika morreu e eu me senti tão fora de
controle perto de você novamente. Achei que seria melhor se eu
fosse embora antes de perder o controle enquanto você se sentia
tão vulnerável. Eu te empurrei para te proteger e você ainda
conseguiu se machucar.— Ele suspira, finalmente de frente para
mim. —Se você me disser para ir, eu irei. Mas eu quero estar aqui.
Eu quero estar perto de você, com você. Eu só quero você de volta
na minha vida.— Ele diz, estendendo a mão para pegar minha mão.
Eu não digo nada. Quero Bane de volta na minha vida, mas
não sei o que dizer sobre sua confissão.
Eu apenas aceno. Não quero mandá-lo embora, mas não
estou pronta para enfrentar os sentimentos que tenho por ele.
—Você não precisa ir embora.— Eu digo a ele, dando um
aperto leve em sua mão.

Vaz entra na sala, olha entre mim e Bane e depois para Ras.
—Você gosta de bacon?— Ele pergunta ao quarto. Ras bufa, Bane
olha para mim, e eu apenas pisco.
—Umm. Sim?— Eu digo, mas soa mais como uma pergunta.
—Você está perguntando, ou me dizendo?
—Uh. Dizendo a você. Você está cozinhando bacon?—
Pergunto. Surpresa.
Ele sai sem me responder. Qual é mesmo a minha vida
agora?
Fui para o inferno para ter tempo de me curar depois de
perder Anika. Na realidade, apenas três semanas se passaram antes
de eu vir para a escola. Já se passaram seis semanas desde que Lilith
apareceu na casa de Aliah efetivamente destruindo metade da
minha alma. O tempo passa tão rápido no Inferno, que eu tenho
nove meses para trabalhar minha dor, mas agora que estou de volta,
agora que passei algum tempo aqui, percebo que esses nove meses
não curaram nada. Vaz passou as últimas três semanas tentando me
atormentar, mas voltei a este reino mais forte do que antes. Parte
de mim sempre estará quebrada, mas não esqueci por que vim aqui.
Vou descobrir a verdade sobre a morte de Anika. Vou ter a
vingança que ela merece.
Saio da cama e vou para a cozinha. Observo Vaz cozinhar o
bacon, me perguntando por que ele está tentando me alimentar
agora.
—Quando Tanor morreu, fui consumido por minha raiva.
Fui a dez bruxas diferentes antes de encontrar uma que pudesse
fazer o feitiço no anel. Quando me disseram que ele se matou junto
com a Anika, não acreditei. Eu não sei como alguém faz. Meu pai
nem questionou Lilith.— Ele suspira, virando-se para olhar para

mim. —Encontrei o legista que fez a autópsia. O negócio dele fica
perto da escola. Vou lá amanhã. Eu preciso de respostas. O fato de
eu nunca ter visto seu corpo está me incomodando. Algo não está
certo.
—Eu estou indo com você.— Eu digo. Eu não tinha pensado
em fazer isso. Quero saber por que ninguém sequer suspeitou de
crime. Eles apenas tomaram sua morte como um suicídio e isso foi
o fim de tudo.
Ele acena com a cabeça e se vira para continuar cozinhando.
Tantas coisas estão mudando tão rapidamente. O fato de eu
estar no quarto do Vaz enquanto ele cozinha é tão bizarro.
Primeiro, ele está tentando me fazer parecer uma prostituta, e agora
ele está... o quê? Cuidando de mim?
—Por que você está fazendo isso? Falando comigo,
cozinhando para mim? Por que estou aqui no seu dormitório em
vez de um dos outros caras?— Pergunto-lhe. Ele tem estado
estranho recentemente e eu quero saber por quê.
Ele dá de ombros.
—Oh não. Eu não acho. Responda-me, Vaz. Você passou três
semanas tentando fazer da minha vida um inferno. Você falhou,
mas esse não é o ponto. Por quê? Eu mereço saber a verdade.
Ele desliga o fogão e se vira para mim.
—Eu pensei que você tinha algo a ver com a morte do meu
irmão. Não quero continuar culpando você. Algo mais está
acontecendo. Acho que você pode me ajudar a descobrir o que. Ele
me diz. Ele parece completamente sincero. Não sinto nenhum
engano.
—Por que eu deveria confiar em você?— Eu pergunto,
principalmente só para ver o que ele tem a dizer. Parte de mim já

está deixando ele entrar. Para alguém tão determinada a se vingar,
com certeza estou deixando um monte de gente entrar no meu
coração frio e negro... Eu bufo. Vaz me dá um olhar estranho,
levantando uma sobrancelha para mim antes de responder.
—Eu não tenho nenhuma razão para mentir neste momento.
Nós dois perdemos alguém e eu quero saber o que realmente
aconteceu.— Ele começa a colocar a comida em alguns pratos, me
servindo primeiro antes de chamar os outros caras e Kora para
comer.
O único que não come é Ras.
—Não está com fome?— Pergunto.
Ele me dá um olhar confuso. —Você está oferecendo?
Meus olhos se arregalam, porquê duh. Ele é um vampiro.
—Mas você bebe... eu pensei... merda, foi mal.— Eu digo.
Olhando para longe dele.
—Eu posso beber ou comer qualquer coisa, mas isso não faz
nada para mim. Eu não posso provar muito de qualquer maneira.—
Ele volta para o quarto, voltando usando seus sapatos. —Eu vou
pegar uma bolsa no meu quarto. A menos que você realmente
estivesse oferecendo?— Ele sorri para o olhar horrorizado no meu
rosto.
Os vampiros gostam de misturar sexo e alimentação.
Aparentemente, pode ser muito prazeroso para ambas as partes.
Bane limpa a garganta. —Você quer um lanche?— Eu viro
minha cabeça, chocada pra caralho com as palavras de Bane. Ele
dá de ombros. —Estou... com fome...— Eu me sinto corar.
—Você vai fodê-lo?— Eu guincho. Absolutamente cem por
cento chocado. Eu não sabia que nenhum deles era... quero dizer.

Eu sei que Bane é um Incubus, mas não sabia que ele gostava de
pau.
—O quê?! Não! Quando os vampiros se alimentam eles
liberam luxúria e todos na sala serão afetados. Eu posso me
alimentar da luxúria na sala. Caramba, Lucinda. Eu ofereci a ele
uma mordida, não minha bunda!
Eu cubro meu rosto com as mãos, completamente
envergonhada.
Ras apenas sorri. —Faz um tempo desde que eu tive o sangue
de um Demônio da Luxúria.
Bane está sentado no sofá, Ras sentado ao lado dele. Ras está
de frente para mim. Quando ele se inclina para Bane, ele faz
contato visual comigo.
Ele lambe a pele sensível do pescoço de Bane, fazendo Bane
estremecer. Quando ele morde o pescoço de Bane, noto que Kora
está correndo para fora da sala, aparentemente não querendo fazer
parte dessa alimentação em particular.
Bane solta um gemido baixo e eu posso ver a protuberância
em sua calça esticando o tecido de seu jeans.
Quando Bane geme novamente, sou atingida por uma onda
de luxúria tão forte que fico grata por estar sentada, porque meus
joelhos estão fracos.
—Porra.— Vaz diz, eu espero que ele esteja assistindo a
alimentação do Vampiro, mas quando eu olho para ele, seus olhos
estão fixos em mim.

Capítulo Vinte e Seis
Lucinda
Eu ouvir a porta da frente bater, mas nem olhar para ver o

que aconteceu.
Kade se move para o meu lado, beijando meu pescoço. Meu
corpo inteiro está formigando e eu esfrego minhas coxas juntas
tentando aliviar um pouco da pressão no meu clitóris.
Eu posso sentir meus mamilos esfregando contra o material
da minha camisa, um olhar para Vaz e Kade, me diz que eles
notaram.
Estou respirando pesadamente, basicamente ofegante. Kade
corre os dedos pelos meus braços levemente e eu gemo alto.
Apenas aquele toque suave me faz querer gozar.
Eu sei que estou encharcada e posso sentir como estou
inchada. Eu me inclino no peito de Kade e ele pressiona o pau
endurecendo rapidamente em sua calça de pijama contra minha
bunda. Eu deixo cair minha cabeça em seu ombro, ainda sentado
na cadeira no balcão. Kade se move atrás de mim e Vaz ao meu
lado. Vaz não está perto o suficiente para me tocar, mas ele está
segurando o balcão com tanta força que acho que vai quebrar sob
seu aperto.
Eu olho para Bane, suas mãos em punhos em seu colo. Ras
libera o pescoço de Bane, lambendo a ferida enquanto ela se fecha.
—Delicioso.— Ras diz baixinho. Ele se levanta e vai ao
banheiro para limpar a boca, que ainda está coberta de sangue de
Bane.

Bane descansa a cabeça no sofá, fechando os olhos. —Foda-
se Cin. Sua luxúria é tão forte. E a luxúria que eles sentem por você
é incrível. Eu não me alimentei tão bem em... nunca.— Bane fica
parado por tanto tempo depois que acho que ele está dormindo.
Eu ainda estou toda acelerada depois disso, minhas paredes
internas apertando em torno do nada. Eu pulo da cadeira, olhando
para Kade e Vaz.
—Eu vou... uh... ir ao banheiro.— Eu digo, enquanto corro
para fora da sala.
Eu passo por Ras no meu caminho e ele ri.
Eu tiro minhas roupas, ligando o chuveiro. Kade e eu
brincamos um pouco, mas me senti estranha pedindo a ele para se
juntar a mim na frente dos outros caras. Vaz estava olhando para
mim como se quisesse me comer viva, diabos ele provavelmente
queria.
Uma vez que a água está finalmente quente o suficiente, eu
entro. Ras nem precisou tocar em Bane e eu estava praticamente
gozando de calcinha ao vê-los.
Eu queria que ele afundasse seus dentes em mim enquanto
ele batia na minha boceta encharcada. Eu queria Bane de joelhos
na minha frente, enchendo minha boca, enquanto Kade batia em
mim por trás.
Corri meus dedos sobre meus mamilos duros, fazendo-me
gemer. Movi minhas mãos pelo meu corpo, sentindo meus lábios
inchados, e deslizei dois dedos dentro de mim.
—Porra.— Eu me inclinei contra a parede do chuveiro
enquanto corria meu polegar sobre meu clitóris, gemendo
novamente.

Imagino Vaz de joelhos diante de mim, deslizando os dedos
para dentro e para fora de mim, passando a língua pelo meu clitóris.
Eu suspiro, meus olhos se abrindo com o choque da minha fantasia
de Vaz. Ele tem sido um idiota, mas não posso negar o quão sexy
ele é.
Percebo que o chuveiro é destacável e estendo a mão e o
puxo da parede.
Eu mudo a configuração para um jato e corro sobre meu
clitóris, gritando de prazer.
Minhas pernas começam a tremer enquanto eu movo meus
dedos mais rápido. Eu me imagino montando Kade, enquanto
Bane pega minha bunda, e começo a ofegar.
É quando alguém bate na porta do banheiro, me tirando da
minha fantasia.
—Você está nos matando aqui com esses barulhos, pequena
Diaba.— Ras chama pela porta. —Podemos entrar para assistir ao
show?
Oh Deus. Que embaraçoso. Minhas bochechas coram, mas
o pensamento deles me vendo gozar faz minha boceta apertar em
meus dedos.
—Ok,— eu sussurro, sabendo que Ras pode me ouvir.
Quando ele abre a porta, quatro pares de olhos estão em
mim.
—Puta merda,— diz Vaz. Agarrando seu pau, e mordendo o
lábio. Eu posso me sentir corando mais forte. O que eu estou
fazendo?
—Continue, pequena Diaba,— diz Ras, sua voz rouca. Ele
desabotoa a calça jeans, mas não puxa seu pau para fora.

Kade se inclina contra a parede oposta, me observando. Ele
enfia o pau na calça do pijama, empurrando os quadris para frente.
Quando Ras bateu na porta, afastei o chuveiro da minha
boceta, mas meus dedos ainda estão dentro de mim.
Bane ainda está parado na porta. Seus olhos estão brilhando
em um tom brilhante de vermelho rubi e sua pele está radiante. Ele
sorri para mim quando fazemos contato visual. Ele está pensando
nas vezes que eu o peguei no chuveiro, tenho certeza.
Enquanto movo o chuveiro para que o spray atinja meus
mamilos duros, ouço suspiros e gemidos. Eu olho para cima
novamente e vejo que todos eles têm seus paus agarrados em suas
mãos. Movo o chuveiro pelo meu corpo, deixando o jato atingir
meu clitóris mais uma vez. Eu gemo e começo a mover meus dedos
mais rápido.
Quando sinto os dedos envolverem a mão segurando o
chuveiro, meus olhos se abrem, Ras o solta enquanto eu solto meu
aperto. Eu vejo quando ele tira a camisa, então sai de suas calças,
deixando sua boxer. Ninguém mais se move quando Ras entra no
chuveiro, me pega e me joga por cima do ombro.
—Ei!— Eu guincho. Ele me joga no sofá e cai de joelhos na
minha frente. Ele separa minhas pernas e se move entre elas. Ele
move meu cabelo molhado do meu rosto.
—Posso beijar você?— Olho ao redor da sala. Os caras estão
espalhados pela sala agora. Kade está sentado em uma cadeira à
minha direita, a poucos metros de distância. Seus olhos estão
encapuzados e eu posso ver seu pau ainda em suas calças.
Bane se inclina contra a parede, braços cruzados sobre o
peito, olhos brilhando. Porra, ele parece tão bom.

É Vaz que faz meu coração disparar. Ele parece aflito, quase
triste. Eu posso ver a fome em seus olhos e quero preencher essa
necessidade.
Ele se move lentamente até ficar ao lado de Ras, que ainda
está ajoelhado entre minhas pernas abertas. Vaz olha para o meu
corpo, seus olhos escurecendo.
Concordo com a cabeça e Ras se inclina, reivindicando-me
em um beijo carinhoso que eu não esperava dele.
—Você é tão fodidamente linda.— Diz Vaz.
Eu olho para Ras, admirando seus ombros largos, braços
fortes e abdominais impressionantes. Eu quero lamber seu corpo.
Ras geme, —Porra, pequena diaba, continue me olhando assim e eu
vou pensar que você é a única com uma fome insaciável.
Ele se inclina para frente lentamente, me dando tempo para
me afastar, mas eu apenas observo enquanto ele toma meu mamilo
entre os lábios e chupa.
—Ah porra!— Eu gemo, jogando minha cabeça para trás.
Estou tão excitada neste momento, qualquer pequeno toque vai me
mandar para o limite.
Sinto Vaz sentar ao meu lado no sofá. Viro a cabeça e olho
para ele, observando enquanto ele move a mão e belisca meu outro
mamilo entre o dedo e o polegar, enquanto Ras lambe e chupa o
outro.
Vaz move a mão para baixo, mas faz uma pausa antes do
lugar que eu quero desesperadamente que ele me toque. Eu
empurrei meus quadris para cima, esperando que ele entenda a
dica.
Ele faz, abaixando os dedos para a minha entrada. Ele
empurra um dedo, e depois dois, bombeando lentamente.

Eu gemo, e movo meus quadris contra sua mão, minhas
paredes apertando em torno de seus dedos.
Ras libera meu mamilo e eu grito de frustração, até que sua
boca trava no meu clitóris. Eu grito quando gozo forte, montando
as ondas do meu orgasmo, nenhum deles parando. À medida que
meu prazer desaparece, espero que eles se afastem. Ras dobra seus
esforços e me come como um homem faminto. Vaz me acaricia
mais rápido. Eu sinto meu segundo orgasmo subindo. Abro os
olhos e vejo Kade se acariciando no ritmo dos movimentos de Vaz.
Bane está movendo as mãos, sim, ambas as mãos, mais devagar.
Jesus. Ele é tão grande.
Olho para Vaz, que observa meu rosto enquanto se acaricia.
Ras tirou o pau da cueca e está movendo a mão sobre a ponta,
pingando pré-sêmen.
Movo a mão para pegar Vaz, mas ele me impede. —Apenas
aproveite isso.— Ele diz.
Então eu movo minhas mãos para meus mamilos em vez
disso.
Com Vaz me tocando e Ras chupando meu clitóris, gozo
mais uma vez. Eu jogo minha cabeça para trás, gemendo alto o
suficiente para que todo o dormitório possa me ouvir. Quatro
grunhidos viris seguem meu gemido.
Não abro os olhos, enquanto Vaz e Ras se afastam. Eu apenas
deitei lá ofegante e curtindo meu zumbido pós-orgasmo.
Quando finalmente olho em volta, Ras está deitado no chão,
com o braço sobre o rosto. Vaz e Kade estão caídos em seus
assentos, e Bane parece pronto para correr uma maratona.

Ter seu sangue bebido só o afetou por um curto período de
tempo, parece. Ele havia adormecido antes, mas agora parece
pronto para um cinco K.
Minhas bochechas coram quando percebo que ainda estou
deitada aqui com todos os meus pedaços à mostra.
Eu pulo, correndo para o armário para roubar alguns
moletons de Vaz.
—Eu esquentei sua comida,— Bane diz, enquanto eu ando de
volta para a sala.
—Obrigado...— eu digo enquanto me sento novamente.
Começo a comer e depois de um tempo Kade, Vaz e Bane
se juntam a mim.
A porta de Vaz se abre e Kora entra apressada. Eu pego um
vislumbre de Del no corredor, quando a porta se fecha atrás dela.
Eu levanto minhas sobrancelhas para ela.
—Sim, eu senti isso. Primeiro, eca. Segundo, bom para
você.— Ela pisca para mim.
—Essa não é a camisa do Vaz, muito grande. Para onde você
fugiu, hein?— Eu pergunto. Tentando tirar um pouco da atenção de
mim.
Ela cora e corre para o quarto, fechando a porta. OK.
—Eu preciso de uma soneca,— eu digo, indo em direção ao
sofá, mas quando vejo a bagunça eu mudo de ideia. Estou prestes a
bater na porta do quarto, mas noto que já está aberta. Kora em
forma de gato esfrega a cabeça na minha perna.
Bem, essa é uma maneira de evitar falar. Kade é o único com
quem posso falar em sua outra forma e ele não faz muito.

Voltamos às aulas em dois dias. Amanhã, Vaz e eu vamos
conversar com a pessoa que fez a autópsia de Anika. Eu preciso
dormir.
Eu me deito na cama grande e adormeço antes mesmo de
minha cabeça atingir o travesseiro.

Capítulo Vinte e Sete
Vaz
Vê-la dormir. Paralisada. Eu a odiava completamente, sem

motivo. É óbvio que ela amava Anika. Ela não foi responsável por
sua morte. Ou de Tanor.
Meu coração dói só de pensar no meu irmão. Ele era forte e
orgulhoso. Ele não tinha motivos para tirar a própria vida.
Mas eu a deixei entrar na minha cabeça. Deixei as mentiras
se acumularem dentro de mim por seis semanas. Deixei meu pai
me convencer de que o que ela estava dizendo era verdade. Que
Lucinda era a responsável, o que significava que Lúcifer estava por
trás disso de alguma forma. Então Cin foi atacada. Eu congelei
quando ela precisou de ajuda. Eu tinha acabado de ficar ali. Eu
deixei Suas palavras dentro da minha cabeça. Eu fui um tolo, mas
agora vejo através disso. Eu sei a verdade, em meu coração. Mesmo
que minha cabeça demore para acompanhar.
—Cin, acorde. Temos que sair em uma hora.— Deitados na
cama ao lado dela estão Kora e Kade, ambos em suas formas
animais.
Ela olha para mim, sono ainda em seus olhos.
—Ok, eu vou tomar banho bem rápido.— A voz dela é rouca.
Fazendo minha mente vagar por coisas sujas. Concordo com a
cabeça e vou para a cozinha, fazendo seu café e colocando em uma
garrafa térmica para que ela possa levar conosco. Eu coloco o creme
e o açúcar no balcão para que ela possa adicionar o que quiser e
tirar um burrito de café da manhã do freezer, aquecendo-o. Vinte
minutos depois ela sai do meu quarto, enrolada em uma toalha.

—Hum, eu não tenho nenhuma das minhas próprias roupas
para vestir.— Ela me disse. Ela olha para os pés, corando. Eu sorrio,
ela parece tão tímida.
—Você está tímida agora? Enrolada em uma toalha?— Eu
pergunto, meu tom brincalhão. Ela apenas dá de ombros, ainda
sem olhar para mim.
—Nós podemos ir para o seu dormitório se você quiser
apenas usar meu moletom por um tempo?— Eu pergunto a ela, já
que ela parece estar ignorando minhas tentativas de flertar. Talvez
ela se arrependa do que fizemos ontem.
Ela assente e volta para o meu quarto. Ela volta vestindo um
suéter e calça de moletom. Ela está basicamente nadando em
minhas roupas.
—Aqui.— Eu entrego a ela o prato com o burrito do café da
manhã e, em seguida, faço um sinal para ela fazer o café como ela
gosta.
—Obrigado, Vaz.— Ela olha para mim, uma expressão curiosa
em seu rosto. —Você não é o que eu pensei que fosse.— Ela diz,
virando-se para o café com uma carranca no rosto.
—Nem você. Você é forte, gentil, linda. Você é exatamente o
oposto do que eu pensei que você seria.— Eu digo a ela
honestamente.
—O que Anika te contou sobre mim?— Ela sussurra.
—Nada. Tanor me disse que você e Anika eram tão próximas
quanto irmãs. Que você é uma lutadora. Você teve um passado de
merda e precisava ser forte para sobreviver a isso.— Quando digo
isso, seu corpo enrijece.
—Eu disse algo errado?— Eu pergunto a ela, me perguntando
por que ela parece ter desligada de repente.

Ela se vira para mim, uma expressão feroz em seu rosto. —
Eu tinha que ser forte. Eu ainda faço. Você não tem ideia do que
eu passei e ainda assim você me atacou de qualquer maneira.— Ela
balança a cabeça, parecendo ficar mais chateada a cada segundo. —
Você apenas assumiu que eu era uma pessoa horrível com base no
que uma Bruxa, que nunca me conheceu, disse. Você já pensou
que talvez Anika estivesse chamando meu nome porque ela estava
com medo?! Porque ela estava tentando me alcançar, uma última
vez antes de ser assassinada?!— Ela está gritando agora, lágrimas
caindo de seus olhos. Meu coração dói por ela porque eu sei
exatamente que tipo de dor ela está sentindo agora.
Eu envolvo meus braços ao redor dela e ela bate seus punhos
contra meu peito, chorando ainda mais forte. —Eu sinto muito. Eu
sinto muito. Eu sinto muito. —- Eu apenas continuo dizendo isso de
novo e de novo. Não sei mais o que dizer a ela, mas quero que ela
sinta o quanto estou arrependido neste momento. Quando seus
gritos começam a desaparecer, eu a solto olhando para seu rosto
manchado de lágrimas.
—Perdi Tanor, a única família real que já tive. Ele me ligou

naquela noite, mas eu ignorei sua ligação, para que eu pudesse ficar
com alguém. Se eu tivesse respondido, ele ainda poderia estar
vivo...— Eu paro quando a emoção começa a me sufocar.
—Ou, você estaria morto também.— Ela diz.
—Sim talvez. Venha, vamos pegar suas roupas para que
possamos falar com o legista,— eu digo, levando-a para fora da
porta.
No meio do caminho para seu dormitório, vejo Bianca se
aproximando de nós.

—Então, é por isso que você parou de atender minhas
ligações? Você está fodendo o lixo?!— Ela grita e eu resisto à
vontade de rir de sua peruca horrível. Ela nem cortou a renda.
—Foda-se, Bianca,— eu digo.
Mas quando olho para Lucinda, ela parece surpresa, olhando
entre mim e Bianca. Merda.
—Você está com ela?— Cin sai furiosa em direção ao seu
dormitório e eu a persigo. Maldita Bianca.
—Não! Cin, me escute. Não estou com a Bianca. Nós ficamos

uma vez. Seis semanas atrás...— Eu paro, esperando que ela coloque
tudo junto sem que eu tenha que dizer isso.
Ela para em seu caminho. Ela se vira para mim, simpatia
escrita em suas feições, o que me surpreende.
—Oh merda Vaz... Isso é... me desculpe.
—Desculpe?— Eu pergunto a ela, ficando mais confusa.
—Sim, essa mulher é pior do que... Bem... eu ia dizer o
Diabo, mas aparentemente é meu pai e ele não é tão ruim, então
eu não sei.— Ela bate no queixo com o dedo indicador, pensando.
—Ela é pior do que um sanduíche de picles e geleia.
Eu faço uma cara de nojo, —Você já comeu isso antes?— Eu
pergunto a ela.
—Não, mas você poderia muito bem ter.— Ela retruca.
—Justo.
Ela corre para seu dormitório e eu espero do lado de fora
para ela terminar de se arrumar. Quando ela volta, ela está vestindo
uma regata preta simples, shorts jeans cortados e suas botas de
combate pretas. Ela parece uma garota motociclista com seu cabelo
vermelho e preto.

Soltei um longo assobio, admirando suas pernas tonificadas
e bronzeadas.
—Cale-se!— Ela diz quando passa por mim, batendo no meu
braço. Eu sorrio. Talvez hoje não seja tão ruim assim.

Capítulo Vinte e Oito
Lucinda
Chegamos a uma funerária, onde o legista aparentemente

realiza suas autópsias. Há uma van estacionada ao lado do prédio e
um carro no estacionamento. O edifício é grande, pintado de
branco, com vitrais. Parece que a tristeza se sente. Quantas pessoas
de coração partido entraram neste prédio? Perder alguém que você
ama é como chorar no oceano. O impacto no mundo é
insignificante, mas o impacto em você é imensurável. Metade da
minha alma se foi para sempre, e ainda assim o mundo continua
girando. Nada muda. Todo mundo continua vivendo como se a
pior coisa possível não tivesse acontecido. Como você sobrevive
sem essa pessoa? O tempo continua passando, mas esse buraco em
sua vida já cicatrizou? Não, na verdade não. Você acabou de
aprender a controlar a dor. Não vai embora. Não fica mais fácil.
Você apenas continua.
Deixo escapar um suspiro pesado enquanto caminhamos em
direção ao prédio. Olhando para Vaz, posso ver que ele também
está passando por um momento difícil. Ele perdeu o irmão.
Assim que entramos, somos recebidos por um homenzinho
com óculos muito grandes.
—Olá. Posso ajudar?— Ele pergunta.
—Sim, gostaríamos de falar com o Dr. Cerruti, por favor,—
diz Vaz, e a expressão no rosto do homem cai.
—Sinto muito, mas ele faleceu há cinco semanas.

—Ele está morto?— Eu deixo escapar, completamente
chocada. —Como ele morreu?
—Foi um acidente de carro. Ele adormeceu e caiu de um
penhasco a caminho de casa.— O homem funga, afastando-se de
nós para pegar um lenço de papel.
—Você está brincando comigo?!— Eu grito, o pobre homem
se afasta de mim, então eu saio do prédio. —Ele está morto! Não há
como o homem, que encobriu os assassinatos de Anika e Tanor,
ter morrido acidentalmente uma semana depois de fazer a autópsia.
Isso é uma loucura!— Eu bato meu punho no capô do carro de Vaz
e grito.
Vaz não diz nada e apenas entra no carro, batendo a porta.
As janelas são escurecidas, então não consigo ver bem o rosto dele,
mas com certeza posso ouvir seu grito de partir o coração.
Eu sinto um pedaço do meu coração quebrar pela dor que
Vaz está sentindo. Se a agonia dele é como a minha, então eu posso
imaginar exatamente como ele está se sentindo agora.
Entro no carro e Vaz começa a dirigir de volta para a
academia. Não dizemos nada um ao outro, mesmo quando ele
estaciona.
Assim que nós dois saímos do carro, ele sai correndo em
direção ao prédio principal e eu o observo ir embora. Temos aula
amanhã e estou emocionalmente exausta.
Assim que abro a porta do meu dormitório, vejo Kora em
sua forma de gato.
—Onde está Kade?— Ela apenas mia e se deita na minha
cama.
—Sabe, você me faz sorrir,— digo a Kora.

Desta vez ela muda para sua forma humana, bunda nua na
minha cama. Eu me afasto e ela se cobre com meus cobertores.
—Você é minha melhor amiga. Mesmo se eu não tivesse tido
um imprinting com você, você ainda seria minha melhor amiga.
Crescer isolados do jeito que Kade e eu fizemos, não deixou muito
espaço para namoradas, para nenhum de nós. Uma vez que Kade
se envolveu naquele acidente, ninguém queria nada com o garoto
mudo ou sua irmã. Obrigado, por ser tão gentil com nós dois.— Ela
me dá um sorriso brilhante, mas ainda estou presa em Kade e no
acidente.
—Que acidente?— Eu pergunto a ela, mas ela decide mudar
e fugir antes de me responder.
Eu tenho alguns trabalhos de aula que preciso fazer, então
me ocupo com isso. Algumas horas depois, noto que o sol se pôs.
Eu decido apenas ir para a cama. Amanhã será um longo dia. O
combate tem um treinamento especial planejado e não estou
ansiosa por isso.

Capítulo Vinte e Nove
Kade
Eu não vejo Cin desde que ela saiu com Vaz ontem de
manhã. Eu não estou evitando ela, mas ontem à noite eu tive essa
sensação incômoda de que algo horrível estava prestes a acontecer.
Nada aconteceu, é claro, então eu apenas fui para a aula. Tentando
passar o dia, depois de passar a noite toda patrulhando os terrenos
da Academia. Minha mãe não ficou impressionada, mas eu não me
importei com o que ela pensava.
É quando estou entrando em combate que lembro que hoje
é especial. Exercícios em equipe. No terreno da Academia.
Todos os alunos estão sendo divididos em equipes. Deve nos
ajudar no futuro, aprender a usar nossas diferentes habilidades em
grupo.
Felizmente, Bane, Erasmus, Kora e eu estamos todos na
equipe de Lucinda.
Bianca e quatro de suas comparsas estão em um time,
deixando cinco alunos do sexo masculino dos quais não sei nada,
para formar o último time.
—Seu objetivo é sair para a floresta no campus e encontrar
um item escondido. Você saberá quando o vir. Você tem permissão
para lutar, no entanto, o uso de seus poderes contra outro aluno
não é permitido. Se você tiver outro tipo de perigo, poderá usá-lo.
Ou não, isso é com você.— O treinador Del diz, seus olhos se
demorando em minha irmã. Quando suas bochechas ficam
rosadas, eu fico desconfiado. Decido me preocupar com isso mais
tarde, quando o treinador apita.

Todos nós vamos para a floresta com pressa, já dando
cotoveladas nos outros times.
—Vamos nos espalhar, mas fique à vista um do outro,— diz
Cin. Todos concordamos com a cabeça. Cin está no meio, Bane e
Ras à sua esquerda, e então Kora e eu à sua direita, com Kora um
pouco mais perto.
Diminuo os passos para que todos fiquem um pouco à minha
frente, andamos um pouco, sem ver os outros times.
Meus sentidos formigam e então o que soa como uma árvore
caindo bate atrás de nós.
—Corre!— Bane grita. Todos nós aceleramos o ritmo,
Lucinda na liderança. Considero mudar de forma, mas não tenho
tempo para parar. Passamos alguns minutos nos esquivando por
entre as árvores, tentando observar todos os ângulos,
acompanhando o ritmo um do outro enquanto também
procuramos o objeto escondido.
—Lá!— Ras grita, apontando para a nossa frente. Todos nós
ajustamos nossa direção, então estamos diante de um enorme pilar
de pedra com uma gema dourada brilhante no centro.
Quando uma bola de fogo passa voando pela minha cabeça,
errando por pouco, eu me movo em ziguezague.
—Magia de fogo!— Eu grito, assim que Bane se dobra e rola
para fora do caminho de outra bola.
—Por que diabos eles estão atirando fogo em nós!— Lucinda
grita.
—Basta ficar abaixada! Kora grita, aproximando-se de
Lucinda.
Eu assisto, no que parece ser em câmera lenta, enquanto uma
bola de fogo voa no alto, diretamente para Lucinda.

—Lucinda!— Eu grito, esperando que ela se abaixe para que
ela perca, mas assim como um pesadelo horrível, onde suas pernas
não se movem, estou preso no lugar enquanto vejo minha gêmea
mergulhar na frente da bola de fogo, levando o impacto do golpe.
Metade de seu rosto já estava severamente queimado.
Eu caio de joelhos, gritando por Kora. Meu coração se parte
em dois, enquanto Lucinda se vira vendo Kora cair no chão.
Lucinda
—kora!— Eu grito, correndo para o lado dela. —Não não

não!— Eu levanto o corpo flácido de Kora em meus braços. Metade
de seu rosto e parte superior do corpo estão gravemente
queimados. Seu lindo cabelo branco está quase no fim. —Kora,
Kora, você tem que abrir os olhos... Abra os olhos, Kora!—
Ras aperta meu ombro, —Ela está... Seu coração não está
mais batendo, pequena Diaba. Kora se foi.— Ele diz, sua voz tensa.
—Não. Não não!— Eu libero Kora nos braços de Kade
quando ele cai ao meu lado. Ele toca o lado do rosto dela que não
está queimado, lágrimas escorrendo pelo rosto.
—NÃO!!— Eu grito, minha forma completa de Demônio
explode dentro de mim, rasgando minhas roupas de ginástica até
que elas estejam penduradas no meu corpo. Eu soluço, gritando na
floresta. —Não não não!— Isso é tudo o que posso dizer. Não vou

deixá-la morrer. Eu envolvo meus braços em torno de Kora,
acariciando sua bochecha.
—Desculpe Kora.— Olho em volta, esperando que alguém
venha nos ajudar. —Tente a RCP, faça o coração dela bater. Ela não
pode morrer!
—Ela já se foi, LuLu,— Bane diz gentilmente ao meu lado.
—Não... eu— Eu fecho meus olhos, meu coração se
despedaçando. Eu não vou deixá-la morrer. —Lúcifer... Pai, eu
preciso de você. — Eu imploro através dos meus soluços. —Por
favor.
Eu posso sentir o calor no meu rosto e a luz brilhante que é
quase cegante através dos meus olhos fechados.
Quando a luz se apaga e abro os olhos, olho para cima.
Vestida toda de branco, com enormes asas prateadas
espalhadas atrás dela, e uma luz dourada brilhante ao seu redor está
Anika.
—Ei, Cin...— Ela diz gentilmente, caindo de joelhos ao lado
de Kora. É quando o mundo fica preto.

Epilogo
Vaz
Quando entro no meu quarto, imediatamente a sinto . Eu

paro, esperando que ela se revele.
—Você tem me evitado Vazruuk, Demônio travesso.— Eu
sinto sua carícia na minha bochecha antes de vê-la.
—Não. Eu só estive ocupado.— Eu tento dizer, mas ela
interrompe.
—Não, você esteve com Lucinda. Tudo bem. Eu só preciso
que você se lembre do que seu pai quer que você faça Vaz. O que
nós dois queremos que você faça.
Concordo com a cabeça, quando ela aperta o peito, os
joelhos cedendo antes que ela se segure.
—Coroa.— Ela respira, então sai do meu quarto com pressa,
movendo-se tão rapidamente que não consigo rastrear os
movimentos. Eu não sei o que ela quer com Kora, ou por que ela
parecia estar com dor, mas eu tenho que dizer a Lúcifer que ela está
ficando impaciente. Ela está me observando mais de perto agora.
Sua paranoia está se tornando mais óbvia.
Ela quer que Lucinda vá embora. Eu mando uma mensagem
para Lúcifer.
Tudo o que posso fazer agora é esperar.
Continua...

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