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Sinopse
Prólogo
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Epílogo
DARK
JOSIANE VEIGA
1ª Edição
2022
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra
pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios
(eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou
arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
autorização escrita da autora.
Título:
DARK
Romance
ISBN – 9798429828015
Texto Copyright © 2022 por Josiane Biancon da Veiga
Sinopse
Você pode ter um amor para a vida inteira?
Anos mais tarde, ela é traída pelo noivo e pela melhor amiga.
Eles lhe roubam tudo, deixando-a na miséria.
✽✽✽
✽✽✽
Era nosso último dia no colégio, e eu queria confessar aquilo
que guardei por tanto tempo. Clara e eu estudamos juntos por toda
a vida, mas eu jamais tive qualquer contato com ela. Então, tomei
coragem e me aproximei de sua mesa no refeitório. Clara estava
arrumando seus cadernos e, quando me aproximei, rapidamente ela
tentou se afastar, fazendo que ambos se trombassem.
Tudo caiu no chão. Eu me abaixei rapidamente para recolher
seus cadernos, meus olhos fixos nela à minha frente, também
agachada, juntando um monte de papeis rascunhados com caneta
cor-de-rosa.
— O que está acontecendo? — ouvi a voz de André atrás de
mim. — O esquisito está te incomodando?
A encarei, aguardando o desfecho. Ela me defenderia? Ela
diria para ele não falar assim? Ou ela também me chamaria de
esquisito?
Clara não fez uma coisa, nem outra. Ela simplesmente riu,
com deboche, antes de se erguer e ir até o namorado, beijando-o na
boca.
Maria Flor, ao lado deles, me encarou com desprezo, e então
eles se afastaram.
Uma parte do meu coração gritou pela maneira como Clara
me ignorou. Uma raiva me tomou, e foi impossível para mim evitar o
ódio que nutri.
Ela era traída pela melhor amiga e pelo namorado. Eu podia
livrá-la deles, salvá-la dos dois desprezíveis que só estavam ao seu
lado, ninguém sabia por quê.
Mas... naquele momento eu vi uma Clara soberba, arrogante,
nojenta. E eu quis mais é que ela se fodesse.
Mesmo que isso demorasse muito para acontecer.
1
Clara
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Ela não pareceu surpresa por eu saber que havia uma casa de tio.
Clara estava resignada com o fato de que eu conhecia muito sobre
sua vida, ou seu torpor pela derrota a dominou.
Ela balança a cabeça, concordando. Então, vai até seu
quarto, em busca dos papeis.
Dois anos antes eu aluguei um apartamento defronte ao dela,
apenas para observá-la da janela. Clara não costumava fechar as
cortinas, talvez acreditando que estivesse segura em sua
privacidade pelo décimo andar e pela distância do prédio da frente.
Mas, eu tinha binóculos. E tinha disposição. Então, eu costumava
ficar horas observando-a andar pelo quarto, ler, ou simplesmente
ver televisão.
Algumas noites ela usava pijamas normais, mas havia noites
em que vestia camisola de cetim. Era adorável, com seus peitos
comprimidos contra o tecido firme.
E numa dessas noites, ela mexeu nos papeis dentro do
closet. Eu não sabia do que se tratava, mas agora, parado na sua
porta e vendo-a ir ao mesmo lugar, pude notar que era onde
guardava a documentação de posse da casa de seu tio.
A casa que ele morou... um palacete muito antigo...
E o apartamento que ele lhe deu quando completou dezoito
anos.
Talvez as únicas coisas que André não pôs a mão.
Não que isso me alegrasse, porque eu a queria sem opções.
Se ela não tivesse uma casa para voltar, ela seria inteiramente...
Minha...
— Vamos?
— Sim... — Sua voz soou tão fraca, pouco mais que um
sussurro.
Apesar de ser tentador deixar que André leve tudo, eu não
sou capaz de fazer isso a Clara. Não que ela não merecesse... Ela
me esnobou, afinal de contas. Sua indiferença na escola ainda
machucava meu ego.
— Talvez seja mais seguro deixar os papeis com Maria Flor...
Minha expressão responde por mim.
— Ela é minha amiga.
— André não irá até a casa do seu tio. Para ele é apenas um
prédio velho. A única coisa que lhe interessa ali é o terreno. Se
demolissem a casa, poderiam construir um condomínio.
— Mas...
— Escute: enquanto estiver comigo, serei seu único amigo,
entendeu? Esqueça Maria Flor. Se aceitar minha oferta, serei seu
dono, e não terá ninguém mais a quem se submeter ou adorar.
Somente a mim.
Seus olhos se arregalam.
— Eu ainda não disse sim.
— Bem lembrado. É melhor se decidir logo, pois não estou
brincando aqui.
E então saio pela porta, esperando ouvir o som de passos
atrás de mim. Felizmente, logo eles ecoaram pelo corredor.
✽✽✽
Eu disse sim.
Agora, eu pertenço a Ian.
Eu disse sim. Não porque queria vingança, mas porque eu
queria que Ian cuidasse de mim. Eu queria que ele me protegesse
em seus braços, me tocasse, me submetesse, me amparasse. Eu
estava tão carente de tantas coisas, ver a casa só me deixou ainda
mais frágil. E ele estava ali, uma fortaleza, gentil, doce... Eu podia
ver um traço de rancor ou qualquer que seja o sentimento que ele
nutre por mim, mas também vejo o quão eu posso ser dele.
Para ele cuidar.
— Eu vou mandar uma equipe para restaurar a casa. E
colocar um serviço de segurança para deixá-la livre dos marginais.
— Ian tirou a boneca das minhas mãos. — E vou mandar restaurar
sua boneca, também. Vou cuidar de tudo.
Meus olhos ardem, enquanto observo seus lábios. Eu queria
tanto descansar nele, beijar sua boca..., mas, eu aceitei ser dele,
chamá-lo de “meu dono” e mesmos os beijos que, talvez,
trocaríamos, teria que partir dele.
— Agora vamos para casa, Clara.
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Nós jantamos em silêncio. O telefone de Ian tocou algumas
vezes, e ele atendeu. Assunto de negócios. Claramente ele é o CEO
de alguma grande empresa, e parece muito ocupado com um
empreendimento novo.
— Vai servir — disse para alguém do outro lado da linha. —
Mascare bem, quero que pareça o negócio do século.
Depois que jantamos, fomos até a sala de estar para beber
café enquanto observávamos o crepitar da lareira acesa. Era um
ambiente acolhedor, quente e calmo. Meu corpo começou a acalmar
a tempestade que se encontrava desde o momento que nos vimos
no topo daquele prédio. Aos poucos, fui sentindo as pálpebras
pesarem.
— Diga-me, Clara... Você tem algum sonho?
— Sonho? — desperto para a curiosidade e o sono se vai.
— Sim... Nunca quis ser algo além de mãe e esposa?
Dou os ombros, não sei direito.
— Quando tudo isso acabar, o que fará da sua vida?
— Eu não sei. Talvez eu possa estudar novamente. Quem
sabe algum curso técnico em algo interessante. Eu gosto da ideia
de cozinhar — conto. — Talvez possa estudar gastronomia.
Ele pareceu pensar.
— Vou encontrar um curso para você ocupar sua mente
enquanto passamos os dias. Trabalho muito, e não a quero sem ter
nada para fazer em casa. Mente desocupada é oficina do diabo.
Eu sorrio, porque a ideia é boa. E porque pela primeira vez
começo a desenhar um início, um emprego. Talvez perder tudo foi
bom para mim. Talvez assim eu consiga objetivos e sonhos.
Quero dizer isso a Ian, mas ele verifica o relógio e estica os
braços acima da cabeça. Aparentemente, chegou a hora de dormir.
Enquanto Ian se ergue do sofá, a camisa sobe o suficiente para ver
seu estômago. A pele nua me remete novamente a ele no chuveiro.
Se masturbando.
— Ok. Vamos dormir — ele diz.
E eu quero indagar se eu irei dormir com ele nessa noite.
Porque eu quero. Estou ardendo. Quero que ele me toque, quero
sentir seus músculos contra minha boca, quero seu pau batendo em
mim.
Mas Ian apenas me acompanha até meu quarto, e depois
que eu entro, ele fecha a porta, me deixando sozinha, insatisfeita, e
quase ao ponto de implorar por ele.
Qual é a razão disso tudo, afinal de contas?
Ele exigiu meu corpo, mas não o toma.
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Eu devia ter ido dormir no meu próprio quarto. Mas, cá estou,
no recinto de Lídia, onde minha amiga esfregava a boceta nas
outras que estivessem disponíveis. Lídia era bem assanhada, talvez
o fantasma dela estivesse satisfeito por ver Clara tendo três
orgasmos numa noite.
Clara se aconchega em meus braços. Ela parece tão
pequena, agora. Dorme, como se estivesse no lugar mais seguro do
mundo, e isso me deixa em desespero.
Não é seguro.
Não a amo.
Por que diabos ela está tão convencida disso?
23
Clara
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Posso sentir o cheiro de pão assado assim que abro a porta
do carro e ergo os olhos em direção a escola de artes domésticas e
culinária. Sorrio. Antes, eu nem sabia que existia algo assim no
mundo, mas teoricamente, escolas de culinária são a nova “onda”
de uma sociedade buscando valores longe do mundo
industrializado.
Nas minhas mãos estão os materiais que ganhei no dia
anterior. Busco um folheto sobre alimentação vegetariana e o
mostro para Ian, que sai do carro naquele instante e me acompanha
até o portão.
— Não consigo me imaginar vivendo sem carne — ele diz.
— Eu gostaria de experimentar.
— Certa vez comi uma tal de carne de glúten — ele me
contou. — Uma das namoradas de Lídia preparou. É incrível. Mas,
demora para se fazer, e nem Lídia e nem eu tínhamos disposição.
— Eu posso tentar — sorrio.
Ele ergue a mão e toca meu rosco. Logo, ele me puxa para
ele, e me beija. Meu coração palpita de prazer, porque tudo em Ian
parece me deixar em fogo.
— Ligo para você na hora do almoço.
Eu concordo. Enquanto ele se afasta, sinto borboletas no
estômago. O mundo parece tão cor-de-rosa.
Então eu me viro para entrar na escola. É nesse instante que
dou de cara com Maria Flor.
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É uma tola. Uma idiota! Quando será que perceberia que Maria
Flor era amante de André? Quando conseguiria ver que o mundo
não era cor-de-rosa e que as pessoas eram falsas e te
apunhalavam por trás?
Entramos na casa. Ela cruza o rol de entrada e vai direto para
a escada. Subitamente, para. Volve o rosto para mim. Posso ver um
sorriso em sua face, e sei no que ela está pensando.
Gozar... foder...
Clara está brincando de ser uma cadela manipulada, e eu
sou a chave principal disso.
Ela está me usando. Eu devia ficar revoltado. Mas, mal
consigo pensar enquanto imagens da noite anterior me tomam. Eu
gozei me esfregando nela. Era ridículo, eu devia fodê-la logo e
acabar com essa obsessão. Normalmente meu desejo por uma
mulher acabava depois de eu enfiar no buraco dela.
Eu não sou nenhum cavalheiro e Clara não é uma dama. Ela
entrou no jogo porque quis, então...
— Você vem? — ela indaga.
Seu pequeno clitóris deve estar excitado, estimulado por
pensamentos imundos.
— Vou tomar um banho, primeiro.
— Faça a barba — me pede. — Você não fez hoje, e quando
raspar nas minhas coxas vai machucar.
Puta que pariu! Ela está fazendo de propósito.
— Você não manda em mim — devolvo.
Ela sorri largamente.
— Tem razão, meu dono...
Meu pau está se contorcendo, desejando liberação.
— Quem está precisando raspar algo é você. Sua boceta não
é lisa como estou acostumado. Devia fazer depilação.
— Minha vagina te incomoda, meu Senhor? Eu posso raspá-
la no banho.
Mas, que merda! Ela não recuava um milímetro?
— Deixe que eu raspe. Quero que abra suas pernas para
mim no chuveiro.
— Sim, senhor.
Então ela sobe as escadas, me deixando completamente
sem ar no saguão de entrada.
— Meu dono, vai demorar?
— Você gosta de provocar, Clara?
Sua sobrancelha arqueia e seus olhos brilham.
— Isso te deixa molhada?
Ela concorda.
— Não devia gostar, Clara. Vou te punir por isso.
Ela abre seus lábios lindos num gemido doce. Eu não
consigo tirar meus olhos dessa mulher.
— Sim, meu dono. Me puna quando eu não for obediente.
Meu pau está ficando como rocha e meu batimento cardíaco
está acelerado.
Eu quero destruir essa mulher, mas a sensação que tenho é
de que serei eu o destruído quando tudo isso acabar.
25
Clara
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Clara tornou meus dias felizes. Eu posso sentir prazer ao seu
lado, de todas as formas, não apenas sexual. Clara é doce e gentil,
mas sabe me fazer queimar como ninguém.
Ela provoca e recua. Ela tem um jeito que sempre me deixa
em alerta.
E ela é minha.
De todas as formas que sempre quis. Ela se entrega de
maneiras diversas. Não há medo, nem receio. Apenas paixão e
tesão.
Eu posso dizer que sou feliz. Depois da morte de Lídia, enfim,
encontrei um motivo para viver.
Clara não teria aula naquele dia, então eu não tive sua
companhia no café da manhã e nem precisei ligar para ela ao meio-
dia. Senti sua falta como se fosse um espinho na carne, me
incomodando o dia inteiro, e tudo que quis foi que o tempo passasse
rápido e que eu pudesse ver seu rosto.
Quando entro em casa naquela noite de sexta-feira e a
encontro de banho tomado e rosto sorridente na escada, eu não
penso muito em cumprimentos. Tudo que quero é correr até ela e
beijar seus lábios. Mas, isso seria uma atitude passional demais,
então eu apenas penduro o casaco ao lado da porta e a encaro.
— Eu vi André hoje — disse, e ela arregalou os olhos.
— André?
— Está conversando com Maria Flor por telefone?
Clara nega.
— Não quero que fale com ela. Você pode colocar todo o
meu plano a perder.
— Por quê? Maria Flor é de confiança.
Uma gargalhada estoura na minha garganta e eu me vejo
curvando-me enquanto seguro o riso. Na minha frente, Clara
permanece imóvel, como se eu estivesse louco. Oh, se ela
soubesse... Eu devia contar a ela? Mas, a verdade sobre Maria Flor
ainda era segredo. Um segredo que eu poderia usar contra Clara,
em momento oportuno.
Eu afrouxo minha gravata lentamente, e desabotoo minha
camisa. Estamos na sala, mas eu quero sexo. Quero sexo porque
estou com raiva. Raiva por André ainda não ter caído. Raiva por
Clara ser uma idiota que não percebe a verdade sobre a amiga.
— Tire a roupa — digo a ela.
Seus olhos vacilam um pouco.
— Vamos subir? — ela me convida.
— Não. Estou mandando você tirar a roupa, aqui. Sou seu
dono, esqueceu?
Clara parece pestanejar. São breves segundos que vejo uma
leve resistência. Por fim, contudo, ela começa a puxar o vestido de
lã. O ar frio toca sua pele, e a percebo arrepiada. Eu gosto da
maneira como os bicos dos seus seios estão duros e como eles
apontam para mim.
— Tire a calcinha e o sutiã.
Ela obedece.
Seu corpo é delicioso. Traços delicados, femininos. Clara é
tão preparada para ser minha que dói.
Meu pau vibra, enquanto desabotoo a calça. Ele surge, ereto,
quando me desnudo completamente.
— Vire de costas — ordeno. — Se segure na escada.
Não consigo ler sua expressão. Ela parece em conflito, mas
eu não entendo no quê.
— Não vou dar a bunda — diz, por fim.
Outra gargalhada surge nos meus lábios.
— Está com medo?
— Talvez.
— Sou seu dono, se eu quiser meter o caralho no seu cu, eu
meto.
— Não. Única coisa que não aceito — ela diz. — É muito...
degradante.
Meu sorriso some. A vontade que tenho é de comer sua
bunda agora, só por ela ter recusado, mas me vejo concordando.
— Eu não quero seu cu, Clara. Não estou a fim de ter merda
no meu caralho. Só quero te comer a boceta por trás. Então se vire.
Eu subo os dois lances de escada que me separam dela.
Enfim, ela gira e se segura no corrimão de madeira. Posso ver sua
bunda linda, polpuda, ao dispor das minhas mãos. Eu a estapeio
apenas para ver a pele branca, avermelhada.
— Ah — ela geme de prazer ao sentir o golpe.
— Você gosta de dor, não é? — indago, me aproximando,
fazendo com que ela sinta a extensão do meu pau em meio as suas
nádegas.
Clara suspira.
— Talvez.
Meu pau está pronto, minhas bolas apertadas. Sinto-me
como um homem faminto, diante de um prato de comida, um
sedento perante a água límpida. Abaixo um pouco apenas para
encaixar a cabeça no seu buraco molhado enquanto ela empina a
bunda para mim. Clara está molhada e moe em sua necessidade.
— Por favor, Ian... por favor...
Deliciosos golpes de sua boceta deixam meu pau tão duro.
Eu adoro resvalar em seu buraco, antes de entrar.
— Ian, eu estava pensando...
Pensando... Esse realmente não é o momento.
— Não devia usar camisinha?
Uma parte de mim vacila. Fico sem ar por um momento.
— Camisinha? Você não usa anticoncepcional?
— Não...
Eu travo. Estamos transando há semanas e ela só me diz
isso agora?
Meu pau está inchado, estourando de vontade, e eu não
quero parar, mesmo diante da possibilidade de uma gravidez.
— Tem camisinhas no quarto de Lídia. Eu vi quando cheguei,
na primeira noite — ela murmura.
— É um pouco tarde, não acha? — murmuro.
— A obrigação de se cuidar era sua. Eu poderia ter alguma
doença.
É verdade. Eu me condeno porque sempre transei de
preservativos. As camisinhas no quarto de Lídia era para quando ela
dividia suas amantes comigo.
— Eu não tenho nenhuma doença — Clara murmurou.
— André se protegia?
— Sim, ele dizia que não devíamos ter um bebê ainda. E eu...
eu não uso anticoncepcional porque... dizem que não faz bem para
saúde e meus momentos com meu ex-noivo eram raros... quase
não aconteciam.
Era verdade. André nunca gostou de transar com ela. Talvez
o fizesse apenas por obrigação.
— Bom... talvez você já esteja grávida. Podemos fazer um
teste, se for da sua vontade.
Ela ficou imóvel, como se estivesse absorvendo a
informação.
— Então que tudo vá para a puta que pariu, eu não vou usar
camisinha — digo, porque meu pau está doendo muito.
Eu aperto seus peitos, num abraço desengonçado. Então, me
encaixo melhor, e vou me afundando. Levanto um dos seus joelhos
para que sua boceta estique mais, e eu possa aproveitar o espaço.
Dessa forma pressiono a ponta do meu pau, esfrego para frente e
para trás, provocando.
Clara geme, segurando-se na madeira.
— Você é tão grande — ela elogia e eu rio com a
observação.
— Você realmente sabe como acariciar meu ego.
Eu movo meus quadris. Um impulso. Outro. Afundo nela,
saboreando o momento.
— Ian...
Ela balança. Me acompanha enquanto bato sua boceta,
provocando o orgasmo que parece prestes a estourar.
29
Clara
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Ele está furioso. Eu posso sentir isso apenas pelo olhar que ele me
destina quando eu me aproximo do seu veículo.
— Oi — eu digo, assim que me sento ao seu lado.
Sem respostas. Sua mandíbula treme e eu me pergunto o
quanto isso é louco e ilógico. Esse homem é um dominador, e
mulher nenhuma devia se sentir culpada por não atender a uma
ligação. Ainda assim, cá estou eu, com o coração acelerado,
preparada para enchê-lo de explicações, preocupada com o que ele
vai achar de tudo isso.
— Ian...
— Cale a boca.
E isso é tudo que ele diz enquanto arranca o veículo.
Sua direção é irritada, ele avança pela estrada com uma
velocidade acima do que eu estou acostumada. Isso me dá
calafrios.
— Vá devagar.
— Me obrigue — retruca.
Parece que ele quer nos matar.
— Eu posso estar grávida, lembra? — murmuro.
E só isso o fez tirar o pé do acelerador.
Ian respira forte. Suspira forte. Morde seu lábio inferior quase
ao ponto de sangrar. Só cerca de cinco minutos depois, ele
consegue falar algo sem parecer prestes a pular em cima de mim.
— Por que não atendeu o telefone?
— Descarregou e eu esqueci o carregador em casa.
— Certo — ele rebate.
Não sei se acredita. Ele não demonstra nada.
— Ian — eu chamo.
Ele me olha rapidamente. Logo volta a encarar a estrada.
— Eu esqueci o carregador — reafirmo. É importante para
mim que ele saiba que eu queria receber sua ligação. — Eu sinto
muito.
Nada.
Lágrimas se formam nos meus olhos, mas eu não quero que
ele as perceba. Então apenas encaro a janela.
Essa relação é estúpida e abusiva de todas as formas que eu
jamais imaginei viver. Ele não percebia isso?
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— Uma festa?
— Aniversário da Empresa.
— E eu irei?
— Isso.
— Ao seu lado?
Clara piscou os lindos olhos de mar rapidamente, me fazendo
sorrir.
— Ao meu lado — afirmei.
Um sorriso floresce em seu rosto. Ela se remexe na cama,
onde estamos deitados, nus.
— Posso usar aquele vestido preto que você comprou.
— Pode. Ou um vermelho. Destaca seus olhos.
De repente, eu me lembro do presente que guardei para
Clara durante todos esses dias. Me desvencilho dos seus braços e
vou até o armário do meu próprio quarto buscá-lo. Quando ela vê a
caixa preta nas minhas mãos, senta-se na cama, interessada pelo
que quer que esteja ali.
Dou a caixa a ela. Os laços são soltos imediatamente, e seus
olhos transbordam lágrimas e emoções quando ela percebe a
boneca de pano totalmente reformada.
— Ian... Eu vou dar a minha filha, quando a tiver.
O pensamento me toma. De repente, lembro-me das dúvidas
sobre a sua barriga. Algumas vezes eu agia como se ela estivesse
grávida, porque eu queria tanto que ela estivesse. Então
simplesmente volto a cama, e a tomo novamente.
Se Clara estiver grávida, ou se ela engravidar futuramente,
aqui nessa casa, será fácil tê-la para sempre, mesmo após a
vingança de André.
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Ian estaciona perto de um ponto de táxi. Eu respiro fundo
antes de volver para ele.
— Obrigada por tudo, Ian.
Ele sorri. Eu posso ver um traço de tristeza no seu sorriso.
Quero lhe dizer que não precisamos nos despedir, que podemos
ficar juntos para sempre, mas nossa história é doentia e errada
demais para que isso dê certo.
— Sabe... Se estivesse grávida... Nós teríamos um vínculo —
ele comentou.
— Sim — minha voz soa patética, quase chorosa. — Eu teria
gostado de ter um bebê seu.
Ele concordou. Então, abro a porta do carro e saio.
— Meu secretário irá levar suas coisas — ele diz. — Seja
feliz, Clara.
— Você também — retruco.
Eu queria ser feliz com ele. Eu queria ficar para sempre ao
seu lado.
Mas, quando a porta do carro se fecha e o veículo se move,
levando Ian para longe de mim, eu sei que não há razão para isso
continuar.
— Adeus, Ian — eu murmuro.
E bem-vinda nova vida. Eu vou renascer das cinzas como a
fênix. Obrigada Ian por ter me descoberto embaixo da carapuça
triste de uma mulher abatida.
44
Ian
6 Meses depois.
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