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ATRAÇÃO IRRESISTÍVEL
1ª Edição, 2024
Copyright ₢ Monik Regis
©2022 Brazil by Monik Regis
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Não está autorizada a partilha desse livro por qualquer meio existente sem autorização prévia do
autor. A violação de direitos autorais gera multa.
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Lei nº. 9.610/98
Pirataria é crime.
Pirataria é crime e está previsto no art. 184 do Código Penal, com pena de até quatro anos de
prisão, além do pagamento de multa.
Desejo uma boa leitura e que esse casal fique eternizado em nossas
vidas.
CAPÍTULO 01
“Esteja sempre preparado para fechar seu coração” é uma frase que
carrego desde a minha infância. Tatuei-a no meu antebraço há três anos, ao
lado de outras tatuagens significativas. Essa simples frase composta por
letras, sinaliza muitas coisas na minha vida. Para começo de conversa, para
estar onde estou, precisei tomar muitos atos maldosos.
Tiro o isqueiro que está em cima da minha mesa à minha frente. Eu
preciso de um pouco da sensação de relaxamento. Por isso não hesito muito
em acender um baseado sentado na cadeira de couro no quarto. Coloco-o
entre meus lábios secos. Sinto a amargura ao puxar a fumaça, prendo e solto
no ar, e logo some sob meu olhar.
Repenso algumas possibilidades, estava prestes a entrar em um assalto.
Alguns pensamentos preenchem a minha cabeça, são sensações que fazem
reviver várias coisas, entre elas, jamais teria o medo. Afinal, não lembro a
última vez que tive a sensação de medo. Talvez quando meu pai me olhava
com aquele olhar maligno antes de partir para cima do seu único filho e o
espancar, eu era seu único filho.
Depois de velho não consegui ter a sensação de medo, medo de perder
alguém? Que caralho. Eu sou o Italiano, eu jamais vou ter algo que eu tenha
medo de perder.
O artigo 157 corrói no meu sangue, transborda na minha vida, e em breve
estaria praticando mais um artigo. Formação de quadrilha.
Enormes quantias de dinheiro, diria um assalto grande, garantindo vários
luxos.
A frieza penetra no subconsciente, a adrenalina corre no corpo.
Por sorte, sou bom nisso.
Na minha frente tem uma balaclava preta, munições, colete à prova de
balas; é um equipamento que ajuda a absorver o impacto e reduzir ou
impedir a penetração de projéteis de arma de fogo e estilhaços de explosões
no corpo. E no canto, não muito distante de mim, a AK-47 calibre
7,62x39mm. Olho por alguns segundos, e travo minha mandíbula.
Uns dos maiores bandidos foram convocados, entre eles, meu nome está
como o comandante.
Talvez isso, essa sensação de poder, seja o que nasci para sempre fazer,
ser temido por várias pessoas, mesmo assim, com tanto poder, sempre
mantive minha única personalidade, ser neutro e calado.
Parado, ainda sentado na cadeira, apago meu baseado, em seguida me
levanto. Engulo o gosto da maconha na saliva, deixando a ponta dentro do
cinzeiro. Caminho em direção da balaclava, pego-a, com minha respiração
calma coloco-a sobre meu rosto, passando por meu cabelo e rosto.
Os meus olhos cor de avelã focam em direção ao pequeno espelho,
proporcional para apenas meu fosse. A balaclava cobre todo o meu rosto,
apenas meus olhos são visíveis por cada buraco nos olhos.
Espanto meus pensamentos, quando ouço o barulho do meu celular ao
ecoar na minha audição, pude senti-lo vibrar na minha cintura entre o cós da
minha calça e minha pele quente. Desvio minha atenção, imediatamente
pego-o, então atendo a chamada.
— E aí, bandido mau. Está tudo correto para o maior dilúvio à plena luz
do dia? — Escuto a voz masculina e baixa em um tom de suspense,
permaneço em silêncio. — Está, Italiano?
Essa voz é do Gil, William Gilson Gonçalves, é um dos caras da
quadrilha, um dos quatro que participam dos assaltos e, consequentemente,
participará deste. Gil é sempre o mais sem graça em momentos sérios.
Normalmente, não parece que tem vinte e três anos.
— Ele não atendeu?
Ouço a voz do HG no fundo. Puxo a touca, tirando-a.
HG é um dos outros, seu nome é Henrique. Está na quadrilha há um
tempo, assim como os outros.
— Atendeu, pô, mas está mudo. Qual foi, Italiano? Fala comigo. Será
que ele infartou? — Gil fala, ainda raciocinando meu silêncio.
— As brincadeiras, caralho! — HG completa no fundo.
— Quero saber, atendeu e ficou quieto, Italiano está com trinta e quatro
anos, as vezes teve algum problema respiratório... Estou começando a ficar
preocupado.
— Pare de ficar brincando com quem não deve. — HG alerta mais uma
vez no fundo.
— Eu tô na linha, Gil, — Ele fica imediatamente em silêncio. — A
ligação está no viva-voz pra todo mundo ouvir? — Pergunto ao notar a
minha voz duplicando na ligação.
— Não... não, não. — Fala rápido, em seguida a chamada fica com
dificuldade em escutar, mostrando que estava sim no viva-voz.
— O que você quer? — Pergunto.
— Estamos saindo em vinte e cinco minutos, lava o rosto na pia e ora por
Deus, a água é sagrada. — Sento na cadeira novamente, ouvindo-o falar. —
Em vinte e cinco minutos estaremos no maior assalto.
— Qual os nomes dos atendentes que estarão lá dentro? — HG pergunta
para um deles no fundo. Porém, respondo.
— Um gerente, nome Fábio e uma jovem-aprendiz, Maitê. — Um
murmúrio sai dos meus lábios.
— Não podemos fraquejar, qualquer vacilo, estaremos ferrados. — HG
alerta.
— Em vinte minutos estou no local marcado.
Afasto o celular da orelha, e encerro a ligação.
Guardo-o no bolso. Como sou um pouco afastado deles no quesito
amizade, estou sempre evitando qualquer tipo de brincadeiras.
Levanto novamente da cadeira. Naquele momento a frieza toma conta do
meu corpo, resultando assim, no momento onde me preparo para começar as
cenas.
Coloco todas as coisas dentro da mochila preta, minha roupa do assalto,
balaclava. Coloco o colete à prova de balas por cima da minha camisa preta,
e coloco o fuzil da mesma cor na bandoleira.
Saio de dentro da casa, me deparando com o meu Azera na pequena
garagem. Enfio meu corpo no banco do motorista e deixo as coisas no banco
ao lado. Pego o trajeto mais rápido dentro do Alemão, até o local
combinado.
Estaciono o carro dentro da garagem enorme, depois de certos minutos,
onde vários carros estão localizados, principalmente a van que está
programada para o assalto.
— Tira as minhas coisas do banco do passageiro. — Ordeno para um
deles quando desço do carro.
HG faz como mando, e minha atenção de imediato vai para meu celular
vibrando em uma ligação. Tocou três vezes durante meu percurso até aqui.
Pego em mãos. Analiso o número da minha prima sob meu olhar, mas sei
que através da ligação, é minha madrinha.
Suspiro fundo.
Encerro a ligação sem atender, coloco o celular no modo avião para
guardar na mochila.
Maressa é minha madrinha, desde novo ela me criou. Deu a vida como se
fosse o primeiro filho dela, com alguns anos veio a Lara, que hoje em dia
tem quatorze anos. Porém, minha vida e a delas não caminham no mesmo
trilho, eu gosto de ficar do meu lado, com um muro que criei, e não envolver
nenhuma delas na minha vida dentro do crime. Minha vida não tem volta.
Quando decidi me envolver em vários crimes, estelionato, tráfico e jogos de
apostas.
Em algumas fofocas, soube que meu nome rolaria até como de frente
daqui do Complexo Do Alemão, o chefe. Carrego vários artigos no meu
nome, sou um dos mais conhecidos e respeitados na região do Rio De
Janeiro. Fui preso aos dezessete anos de idade, fiquei um tempo na Febem e
depois conclui alguns anos em presídio, qual seria minha ética em colocar a
vida das duas no meio?
Mais uma vez, espanto meus pensamentos. Faltam apenas dois minutos
para o meu horário marcado: 15h30min.
Pego a mochila, o vento frio toma conta do meu corpo, estudo cada
expressão de todos, que estão fortemente armados e vestidos com o colete.
HG, Gil e mais dois deles, Nando e Cleiton.
Poucos minutos depois, já havia trocado minha roupa, agora com uma
bota preta, calça e blusa fina na mesma cor, por cima do colete, tampando
qualquer tatuagem possível pra não deixar vestígios.
— Todos dentro da van. — Mando.
Gil vem para o meu lado, sendo seguido pelo HG. Coloco minha mochila
para frente. As luvas estão em minhas mãos; visto mais um colete sobre meu
peito, totalizando dois, nas cores pretas. Toda prevenção é pouca; aprendi
isso há muito tempo.
Passo meu fuzil na bandoleira em meu pescoço, analisando
vagarosamente a balaclava entre minhas mãos. Estou acostumado com todo
esse sentimento: a sensação da frieza, o repúdio pelo transtorno da mente,
para prepará-la para as piores cenas nos próximos minutos. Subo meu olhar,
analisando HG e Gil um pouco à minha frente.
— Ninguém aqui vai desistir, caralho. — Passo o olhar por cada um
deles dentro da van. — Eles vão mandar até helicóptero, então manteremos
nossos corpos em sigilo. Seremos rápidos, porra, rápidos! Se alguém reagir,
teremos que atirar, como treinamos durante esses três meses. Iremos fazer
melhor. — Murmuro a última frase como um comandante cheio de raiva.
— Caralho, vamos foder várias mulheres depois desse assalto, vai rolar
até uma suruba entre HG, Italiano e eu, com as piranhas. — A voz do Gil
soa gradativamente, tirando risada de todos.
Reviro os olhos.
Dá pra perceber o quanto esse é o mais favorável para todos, e o mais
chato pra mim? Ele é um saco, porra.
Ouço-os falando do nervosismo do momento. Basta alguns segundos
para tirar a minha luva da mão direita e pegar o celular na minha mochila,
com ele em mãos entro nas mensagens da Lara, porém sei que nesse
momento é minha madrinha, então as leio.
Dois... três... quatro goles de whisky passam pela minha garganta, sinto o
copo gélido na minha mão por causa do gelo. Abaixo meu olhar sob meu
pulso direito, o horário: 23h00min, passa por minha atenção. Chegamos na
comunidade há algumas horas, eles bebem desde manhã, enquanto eu fico
mais relaxado. Pego meu primeiro copo apenas agora.
Quando acontecem muitas festas dessa forma, muitas mulheres estão
sempre aparecendo para sensualizar com os homens, o dinheiro e luxo
proporciona essa sensação de poder para elas.
Seguro meu copo com a mão esquerda, a direita vai até meu bolso,
pegando meu celular, desbloqueio e tiro do modo avião.
De imediato as mensagens e ligações perdidas caem automaticamente na
barra de notificações, até mesmo duas ligações perdidas há trinta minutos
atrás. O nome Lara aparece na minha tela. Porra, elas nunca vão cansar de
serem avisadas que não estou com tempo para ficar conversando com elas.
— Sua prima? — A voz do meu companheiro desperta minha atenção.
Tiro meu olhar do celular, então analiso Gil, que estava sentado ao meu
lado fumando seu baseado. Os olhos pequenos e vermelhos me fitam, quase
sumindo pela onda da maconha.
— É. — Confirmo.
— Responde, cara, não está vendo que ela fica preocupada? — Alerta.
— Preocupação com o quê? Elas sabem o que faço.
— Sua madrinha preocupa-se com você, queria ter alguém para se
preocupar comigo dessa forma. — Nego.
Meu celular apaga a tela, então guardo novamente no meu bolso.
— E sua mãe? — Pergunto.
— Ela se preocupa, mas não da forma que quero, tento alertá-la, agora
ela deve estar com algum homem. — Desvio minha atenção para os outros
homens que bebem no mesmo local.
As mulheres presentes estão em pé, tentando arrumar alguém para
proporcionar a noite de luxo que elas querem.
— Sua mãe ainda está nessa?
— Há tempos, Italiano, Érica não sairá mais dessa vida... ela me teve
assim. — Viro meu rosto para ele.
Fico um tempo ao seu lado, conversando, o assunto entrava em relação a
ele e sua mãe. Érica deu à luz nova, ela sempre esteve na mesma vida de
prostituição, e até hoje não mudou.
— Ela queria transar com o HG… — Afirmo, sério.
— Mas ele não quis, ele é meu amigo. Ele não aceitou. — Tenta passar
confiança em suas palavras.
Sinceramente? Eu não acredito nesse assunto, HG não conseguirá resistir.
Uma mulher para ele sempre será bem-vinda. Penso quando olho em direção
a ele que está a poucos passos de distância, enquanto conversa com vários
rapazes armados. Aqui é normal vermos fuzil, armamentos, até mesmo
venda de drogas. É o mais comum dentro das comunidades, o tráfico. Todos
nós estamos envolvidos nas contratações do crime, e principalmente nos
armamentos. Isso serve para garantir a segurança um do outro,
principalmente do mais respeitado, o chefe do tráfico.
Então, isso atrai muitas pessoas, principalmente mulheres, estamos
falando de algo que gera dinheiro, conhecimento. HG tem o poder dele no
tráfico, e ele é o estilo de homem apto para Érica, mãe do William Gilson. Já
teve repercussões em relação a HG e Érica, lembro-me das fofocas na
comunidade, e isso dificultou a confiança, querendo ou não, HG e Gil são
melhores amigos.
Érica teve Gil aos quatorze anos de idade, parto prematuro, segundo ele,
quase morreu pelas dificuldades quando nasceu.
— Sua mãe está com quantos anos? — Pergunto.
— Trinta e sete. — Confirma.
Percebo que estava há um tempo olhando para o HG, quando sua
expressão duvidosa me olha. Revido seu olhar sem desviar, fazendo-o
desviar.
Um pouco à minha frente, a mulher loira chama a atenção, consigo ouvir
a música tocando no fundo, um tipo de pagode agora, enquanto ela se
contagia pelo som, dançando. Ela usa um salto, usa um vestido curto, quase
mostrando sua parte íntima, cabelo loiro, enorme chegando em sua bunda.
Isso mostra ser aplique. Ao seu lado uma de cabelo cacheado acompanha.
Veste-se quase igual a loira. Os dois rostos vêm na minha direção. Os dois
rostos ganham sorrisos em seus lábios.
— Qual vai escolher? — Gil ironiza.
— A loira. — Respondo.
— Porra, a mais bonita vai ficar com você? — Gil reclama enquanto
chamo a loira com a mão vazia. As duas vem na nossa direção. — Está de
sacanagem, Italiano, seu filho da puta. — Sua voz baixa soa ao meu lado.
A loira senta na minha perna direita, sem olhá-la, miro minha atenção
para frente.
— Estava te querendo desde da hora que subi. — Fala perto do meu rosto
com sua respiração próxima. Viro meu rosto em sua direção, sem olhá-la nos
olhos miro minha atenção na sua bochecha. — Todo perfumado. — Elogia.
Eu continuo calado.
Seguro seu copo com a minha mão esquerda, ela aproxima o rosto
tentando tirar um beijo dos meus lábios. Sério, desvio meu rosto levemente
para o lado, cerrando meu maxilar.
— Sem beijo — falo, simples. — É prostituta? — Encaro-a, então
confirma levemente. — Pago pelo seu trabalho! — Um murmúrio sai dos
meus lábios, enquanto ela continua olhando na minha direção.
— Meu nome é Fernanda, Italiano... — Balanço a cabeça em
confirmação sem respondê-la.
— Amiga. — A morena levanta. Percorro meu olhar por ela, pensando
que caralho ela quer. — Vou te aguardar onde estavam nossos amigos. —
Gil continua sentado, braços cruzados e a expressão séria.
— Não vai ficar com ele, Lorena? — A loira aponta para Gil com a
cabeça. Sua mão desliza em volta do meu ombro, ajeitando a postura na
minha perna.
— Ele não quer, deve se achar. — Sussurra a última frase para si mesma.
— Eu? — Gil solta uma risadinha. — Me acho só um pouco, sou bonito.
Mas hoje estou tranquilo. — A morena confirma e se despede da amiga com
a expressão de raiva.
— Então, vamos sair daqui? — A voz da loira soa, e logo levanta seu
corpo.
— Daqui a pouco estou de volta, William. — Olho para o Gil que
confirma.
Ajeito minha arma na cintura antes de sair do local.
Ao lado dela, saio do local onde todos bebem, quando chegamos do lado
de fora da casa, destravo o alarme do meu Azera. Enfio meu corpo dentro do
carro, colocando meu copo no suporte e assim que Fernanda senta no banco
do passageiro, ligo o carro saindo pela comunidade.
— Vamos conversar sobre algo? — Não a respondo.
Uma das minhas características é ser quieto, o suficiente para não passar
uma falsa impressão. Esse é um dos meus pontos mais fortes desde criança.
Afasto meus pensamentos quando meu telefone toca em uma ligação,
tiro-o do meu bolso e o nome da Lara aparece estampado na minha tela.
Atendo dessa vez sem dar atenção para a mulher ao meu lado, pelos
primeiros segundos fica em silêncio, até eu ouvir a voz da minha prima.
— Ele atendeu, mãe! — Certifica para a minha madrinha, de imediato
que o celular foi passado para Maressa.
— Edgar? — A voz da minha madrinha soa.
— Tô escutando, o que foi?
— O que foi? Você está de brincadeira, estou tentando conversar com
você há cinco dias, cinco dias! — Respira fundo. — Eu saí atrás de você
perguntando onde você estava, e ninguém sabia o que dizer, Edgar.
— Eu estou tranquilo.
— Esses cinco dias e nem se quer conseguir dormi, passei madrugadas
em claro por sua culpa, uma hora vou infartar com essa preocupação que
sinto por sua vida, Edgar. — Afirma na última frase e continuo em silêncio.
— Eu te falei várias vezes pra não entrar nessa vida...
— Vai começar no mesmo assunto de sempre? Tô ocupado, depois
converso com você, estou tranquilo na comunidade, Maressa, qualquer
problema me liga. — Murmuro, desligando a ligação.
— Sua mãe? — A voz da moça ecoa ao meu lado, suspiro, colocando o
celular no painel.
Gil: Tentei fazer amizade com a Luciana, acho que era Luciana...
Não, Lorena.
Isso! Lorena. Mas a outra baixinha não quis conversar comigo, as duas
deram logo as costas e disseram que não queriam nada comigo, morrendo de
medo.
Gil: Não, desculpa. Tentei apenas uma troca de conversa, depois mantive
minha postura de bandido mau, e mandei meter o pé.
Reviro meus olhos, guardo o celular no bolso da minha calça e passo a
mão no meu cabelo.
Certamente isso é um perigo para ela e, consequentemente, eu tenho uma
culpa nisso.
A refém está se aproximando de onde ela tem que manter-se longe.
A devoção pelo meu Deus estava meio duvidosa, a sensação de ter passado
por momentos ruins com aqueles bandidos de merda me causam calafrios. As
lembranças, o toque me causam um suor frio pela lateral do meu rosto.
A cada passo na rua, é como se eu estivesse sendo perseguida por alguém.
— Você é a única que pode colocá-los na cadeia.
Mas não vou.
Quero? Sim, mas prefiro prezar por minha vida em terra. E um dia creio
que vou assistir a um jornal onde eles estarão detidos.
A única sensação que minha mente tem, é ficar calada com as ameaças do
dia do assalto, os agentes irão tentar tirar algo como acusação, e o meu
psicológico só pede pela paz.
Há alguns dias atrás, estava dormindo com ajuda de calmantes. Minha
mente como se estivesse completamente barulhenta. Sempre lembro das cenas
e dos agentes.
Suspiro fundo.
Coloco meu cabelo todo pra trás sentada em uma cadeira, o local está meio
vazio, era uma lanchonete quase perto de casa. Cheguei há poucos minutos.
Estou com fome, então vim comer algo em compensação a uma janta.
Sinto o cheiro gostoso que estava no meu cabelo e no meu corpo.
Ultimamente, mesmo sem vontade, voltei a cuidar da minha aparência. Caso
nada disso tivesse acontecido, eu estaria no meu melhor auge da vida, com
meu trabalho, me cuidando como estava.
Espanto meu pensamento quando noto a entrada de alguém onde estou,
mesas de madeira espalhadas, não tem muitas pessoas, no máximo três
pessoas.
Ergo minha atenção em determinado lugar, como se minha intuição pedisse
para encarar o vulto que entra pela porta da entrada. É ele… o mesmo homem
que esbarrei no dia anterior.
Que caralho!
De canto estudo seu corpo, seu braço direito é preenchido por tatuagem,
ele veste uma camisa polo na cor preta, calça jeans. Seu corpo é estruturado,
um pouco forte e maior que o meu, muito maior…
Os olhos contêm uma energia sinistra, estão protegidos pelo boné preto na
sua cabeça.
Seu rosto sério não está concentrado no meu, ao contrário, na mesa onde
vai sentar que é a do meu lado.
Paralisada, encaro a porta na minha frente. A sensação envolta da minha
mente é com uma enorme obsessão.
Minhas pernas tremem por baixo da mesa e guardo o celular no cós da
minha calça imediatamente. Seu corpo caminha devagar até a mesa ao meu
lado, sentando.
O que esse homem faz aqui?
A moça que atende, aproxima-se da mesa ao meu lado, e ouço fazer um
único pedido, uma lata de refrigerante.
Quem vem em uma lanchonete para pedir um simples refrigerante?
Eu estou assustada, talvez pela energia que ele transmite para qualquer
pessoa. Poder e medo, uma obsessão, algo difícil de explicar.
Tento distrair minha cabeça, olhando para minhas unhas pintadas na cor
lilás. Ajeito meu cabelo mais uma vez.
— Esse é o seu pedido. — A moça se aproxima, deixando meu pedido em
cima da minha mesa.
É um suco natural, acompanhado de duas fatias de pizza. Depois de meses
comendo super bem na minha dieta, resolvi comer alguns pedaços de pizza.
— Você poderia trazer algo pra poder levar embora? — Pergunto para a
moça, ela franze a sobrancelha pela minha voz que saiu baixa demais.
Merda... respiro fundo. Passo a língua em meus lábios.
— Eu não quero comer aqui, poderia trazer algo para levar embora? —
Aumento um pouco meu tom de voz, a moça apenas confirma, rapidamente dá
as costas.
— Não tem uma amiga pra falar por você? — A voz grossa provoca ao
meu lado.
Ele se refere ao dia que nos esbarramos. Raciocínio por alguns segundos,
ele está mesmo me provocando? Viro meu rosto na sua direção, seus olhos
agora mais perto me fitam com a estrutura do seu corpo encostada na cadeira.
Eu tento me concentrar, mas só consigo apreciar seu rosto de mais perto. A
barba feita no bigode e queixo, as laterais do maxilar limpo de qualquer pelo
de barba, seu cabelo por baixo do boné parece estar cortado.
— Ontem, sua amiga que falou por você. — Seu olhar mantém-se na
minha boca.
— Foi sem querer. — Respondo.
— Por que não quer comer aqui?
Ele quer mesmo que eu responda sua pergunta? Ele sabe o motivo, está
visivelmente no ar qual é a razão pela qual não quero comer aqui.
— Perdi a fome, senhor — ele franze as sobrancelhas. — Ah... não, eu não
te chamei de velho, eu…— me enrolo na fala. — Isso é uma forma de
educação. — Mesmo tentando me explicar, sua expressão estranha continua a
me encarar.
Ele realmente parece ser mais velho que eu, mas droga…não era essa a
intenção.
— Está aqui, moça. — A atendente se aproxima com a pizza embalada
dessa vez.
Agradeço mentalmente aquele momento, apenas pego em minhas mãos.
Sem um “a” sair da minha boca, levanto da cadeira com a pizza em mãos e
seguro o suco no copo descartável. Ajeito meu celular no cós com o cotovelo,
apenas revido um olhar, em silêncio saio do local.
O medo está estampado na minha expressão.
Caso ele souber que não era fome e sim o medo de ficar naquele local ao
seu lado, eu acho que morro. Lembro-me perfeitamente que ele tinha arma e
rapazes armados ao seu lado, assim como os outros e qual sentido de ficar no
mesmo local que alguém assim?
Estou com tantos problemas na minha vida, não quero mais um.
No dia seguinte, na manhã de segunda-feira, o cheiro do café fica no ar
espalhado pelos cômodos.
As alças do meu sutiã seguram meus seios dentro da minha regata clara.
Faço o nome do pai após orar de joelhos no meu quarto, levanto, calçando
minha sandália. O horário marca 7h00min da manhã de segunda-feira. Vou em
direção a cozinha, minha mãe está em pé, fazendo o café na cafeteira
— Bom dia, mãe.
— Bom dia. — Separo meu pão para fazer com omelete. — Suas coisas do
banco chegaram, passaram pela delegacia e finalmente devolveram.
Olho em cima da mesa onde tem uma pequena caixa, com minhas coisas
de quando estava trabalhando no Banco do Brasil. Entre elas, um seria meus
óculos detonados, já que caiu no chão para todos pisotearem, ou nem estaria
dentro dessa caixa. Nenhuma vontade me ataca para abri-la.
— Não pensa mesmo em voltar?...
— Não, mãe. Não quero nunca mais pisar em algum banco. — Ela
confirma, sem questionar.
Faço a omelete com o pão. Mato o pouco da fome, junto a uma caneca de
café, sentada em uma cadeira da mesa.
As lembranças nítidas do olhar daquele homem esquisito na noite passada
vêm nas minhas lembranças. Seria uma enorme coincidência encontrá-lo no
mesmo local onde eu estava? Talvez sim.
— Tenho muitas unhas para fazer hoje. A agenda está lotada. — A voz da
minha mãe soa.
Afasto meus pensamentos, observando-a sentar na cadeira na ponta, do
outro lado da mesa com sua caneca de café em mãos.
O meu único trabalho, onde pensava em ficar por algum tempo seria
trabalhando como jovem aprendiz, mas nada condiz com nossos pensamentos.
Formada há um ano no ensino médio, agora o que me resta é tentar algo
diferente do que me causou um enorme trauma.
— Onde foi com a Lorena sábado? — Dou o mais longo gole no meu café.
— Ela me levou em um churrasco, mas não ficamos vinte minutos lá. —
Omito.
— Era onde? — Penso um pouco antes de falar, não quero mentir.
Evito dizer com palavras que era um baile.
— Complexo do Alemão. — Seu semblante muda.
Moramos em um bairro tranquilo, que é diferente do Alemão, uma
comunidade com cerca de 70 mil habitantes, e a maior parte de trajetória
dentro, é sobre crime, tráficos e envolvimento com brigas. Também tem
moradores trabalhadores e honestos, no entanto, a região onde eu estava, não
tinha nenhum.
— Cuidado, Maitê. — Sua voz é firme. — Você não precisa de mais
problemas na vida. Os agentes estão aguardando sua posição.
— Eu avisei que não vou falar nada.
— Então terá um tempo, mas eles querem saber sua versão, Maitê. Os
bandidos deixaram uma câmera filmando dentro do banco e os agentes viram
você de refém.
— Eles deixaram uma câmera?
Eu não estou sabendo quase nada das notícias, afinal, não quero
acompanhar algo que me trouxe problemas psicológicos.
— Passou nos jornais.
Os pensamentos trazem de volta lembranças vagas do dia, coisas que eu
estou tentando não lembrar durante todo esse tempo. Vozes vagas, mãos por
meu corpo e empurrões. A cena do gerente faz meu coração palpitar mais
rápido.
Por fim, termino de tomar meu café.
Uma obsessão faz minha cabeça procurar por algo no meu celular. A
solicitação na minha rede social, de preferência o Facebook, tem uma
solicitação de mensagem. Um perfil sem foto, sem nenhum acesso possível
dos amigos, apenas um nome. Azzam. Que de trás para frente, fica Mazza.
Mazza.
— Seria coincidência estar no Facebook e seu perfil aparecer como
sugestão?
Como ele conseguiu me encontrar? Minhas pernas tremem como uma vara
verde, em uma sintonia de vontade e adrenalina. Agora estranhamente, me
sinto sufocada pela ideia de que ele esteja afim de algo que envolva meu
nome.
— Você não sabe simplesmente mandar uma mensagem para uma mulher?
— Gil questiona.
— Não.
— Nunca conversou com mulher por mensagem?
— Desde quando eu preciso de celular pra ver mulher? — Sua risada
invade minha audição.
— Agora. — Me ajeito na cadeira, desconfortável.
O celular entre minhas mãos permite que eu releia a mensagem que enviei
para ela agora há pouco. Foi algo vago, mas creio que chamou a atenção da
garota, para tentar entender o que eu quero com ela.
Não quero parecer invasivo para assustá-la.
Não é simplesmente matá-la, se fosse isso, eu já havia feito. Mas eu quero
afastá-la de perto, pois essa garota é um risco para a minha vida.
Suspiro fundo.
A voz do Gil entra na minha audição, mas minha concentração está na tela
do meu celular. Realmente, isso é difícil. Quem me conhece sabe como sou, o
quão bruto e sincero consigo ser, ao ponto de machucar alguém. Porém, com
ela não posso mostrar meu verdadeiro lado.
Não consigo absorver mais a paciência para quase nada. Estou velho para
ficar com alguns assuntos vagos, e jogo sempre um palavrão no meio.
— Ingênua, pensei que seria mais difícil. — Reviro os olhos com meu tom
de voz sarcástico.
CAPÍTULO 08
Olho a foto tirada dentro do banheiro. Mostra suas pernas e sua boceta
depilada.
Posso sentir desejo, mas não da maneira que espero sentir. Não da forma
sexual que quero sentir, e quando encontrar essa mulher, prometo que vou
fodê-la da forma que nenhuma mulher foi fodida na minha vida.
Respondo sua mensagem, confirmando minha presença agora pela manhã
na sua casa.
Cinquenta minutos depois me encontro limpando o suor do meu rosto
escorrendo sob minha pele em frente ao espelho do banheiro da casa. Jogo a
camisinha com minha porra dentro do vaso e dou a descarga, descartando.
Saio do banheiro já vestido com minha bermuda, minha camiseta preta e meus
pés calçados no tênis preto.
Ela estava aguardando o que queria. O dinheiro. Coloco em cima da sua
cama.
Ela está sentada nela, com seus seios de fora, o silicone sustenta sua
estrutura e veste uma calcinha vermelha no seu corpo. Uma cavala.
— Notei algo em você — olho no seu queixo. Franzo as sobrancelhas. —
Não curte o contato visual. — Pega o dinheiro em cima da cama.
— Eu não tenho contato visual com puta.
Ela raciocina minha resposta por alguns segundos. Então, começo a
caminhar em direção à saída, até ouvir sua voz e o movimento rápido da sua
mão agarrando meu braço.
— Italiano.
Vadia.
Puta.
Piranha.
Viro pra ela, minha expressão é algo específico. Uma certa raiva por sua
mão impedindo meu movimento. Ela começa a tremer com a superfície do
sentimento de medo.
Muitas vezes, quem convive comigo, tem uma pequena noção quando
aviso sobre contatos. Para ela não foi diferente. Nada além do sexo.
— Desculpa... — Seus lábios tremem pelo medo.
Penso em todas as formas mais baixas de xingamentos. Porém, meu
silêncio é algo duradouro. Sem minha complexa atenção para ela, saio da sua
casa em direção ao meu carro, e pego o meu caminho para uma casa aqui na
comunidade, onde passo algumas noites.
Atualmente, passo mais dias por aqui, mas minha outra casa fica no bairro
Higienópolis. Minha vida me faz cada dia estar em um local diferente, como
um esconderijo.
CAPÍTULO 09
— Domingo, Rio de Janeiro, estou suado com esse sol quente. Estou
bonito, gostoso e rico. — Escuto Gil falar sentado na cadeira. — Pago tudo à
vista
São quase 17h00min, ouvi-lo o dia todo virou algo da minha rotina.
— Não consegue calar sua boca um minuto? — Pergunto com a atenção
na tela do meu celular.
— Ontem passei por um momento constrangedor, idoso. — Fala de
novo.
Respiro fundo.
Olho na sua direção, sentado na minha cadeira atrás da mesa de madeira.
— Não me olhe assim. — Coloca a mão no peito.
Há uns meses atrás não suportava estar com ele, não no mesmo lugar, e
hoje, depois de tanta dor de cabeça, ele é o gerente do meu negócio no
crime. Ainda me questiono como consigo aguentar estar com ele,
teoricamente somos opostos um do outro.
— Ontem vi a refém naquele churrasco. — Seu tom de voz fica sério.
Cerro minha mandíbula, calado.
Tentei ser forte, eu tentei evitá-la na noite anterior, mas ela praticamente
implorou para ser comida. O pouco da bebida que eu consumi, foi o
suficiente para fazer o que não era para ser feito. A única coisa que queria
era me aproximar a fim de obter informações do bojo criminoso.
Porra.
Caralho.
— Ela tá pisando na nossa área.
— Eu sei, não precisa falar algo que eu estou vendo. — Reclamo.
— Então faça algo. — Fala sério e firme. — Ela é uma ameaça para nós,
e está colocando a vida em risco.
— Eu sei. — Murmuro.
— Porra, imagina…
— Cala a boca. — Me estresso.
— Estou falando a verdade.
— Uma porra esse caralho, eu sei, eu sei!
— Acha que ela confia em você, para falar algo? — Nega, encaro-o. —
Apenas não perde o foco daquela garota. A sorte que ontem você a mandou
sair da onde estávamos.
Minha língua quente percorre meus lábios. É, eu a mandei sair.
— Italiano. — Ouço-o dizer mais baixo.
— O que foi?
— Você foi pra onde ontem?
— Lugar nenhum. — Dou de ombros, estressado.
— E a levou embora? — Confirmo.
Não só levei, eu comi dentro do carro, em uma posição horrível, mas o
suficiente para sentir o quanto aquela cachorra estava molhada enquanto
sentava no meu pau. Primeira e última vez, minha relação com ela será sobre
outros problemas. Não vou atrapalhar meu plano por causa de uma mulher,
que é algo que consigo quando quiser e no horário que eu queira.
Mas só de lembrar, meu pau endurece dentro da calça de moletom,
reclamando na cueca.
— Está estressado?
— Quer mesmo que eu te responda? — Franzo minhas sobrancelhas.
— Precisa de mulher. — Levanto da cadeira.
— Eu vou ir atrás de uma agora, tentar esquecer esses problemas. — Sua
risada irônica soa no cômodo.
Tiro meu celular do bolso, disposto a esquecer esses problemas com
qualquer mulher disposta. A primeira a querer algo, lembro-me que seu
nome é Brenda, então não hesito em marcar um horário.
Horas depois.
— Você quer ficar satisfeito da melhor maneira possível, e eu posso te
proporcionar isso.
Sua expressão facial é safada. Ela se abaixa na minha frente, ajoelhando
no chão entre minhas pernas. Seguro sua nuca, puxando seu cabelo loiro
para trás. Desconto minha vontade em um tapa no seu rosto.
— Cala a boca. Quero te sentir mamando, não ouvir sua voz. — Minha
voz rouca reclama. Sou recompensado com um sorriso safado em seus lábios
e mordidas.
Brenda percorre sua língua no meu pau com uma camisinha, isso impede
de senti-la mais afundo na pele, mas é o suficiente para sentir o começo do
seu boquete. Ela lambuza com sua saliva, indo mais a fundo na garganta e
volta, passando sua língua sob a cabecinha inchada.
Meu pau pulsa dentro da camisinha descontroladamente. Fecho os olhos,
lembrando do rostinho safado da Maitê. Isso faz meu pau pulsar, reclamar
dentro da camisinha, o pré gozo acaba lubrificando a camisinha.
Eu estou lembrando daquela vagabunda, enquanto tenho outra mamando
meu pau duro. Eu não posso negar, não esqueço do seu rostinho implorando
para ser fodida, e essa porra de pensamentos estão me deixando louco.
Enfio minhas duas mãos entre os fios loiros da Brenda, começando a
forçá-la contra meu pau duro. Ouço o barulho da sua saliva na medida que
tento me dar o prazer o mais rápido que consigo com sua boca.
— Italiano… — Sua voz é quase impossível de ouvir.
Ela segura suas duas mãos contra minhas coxas, abro meus olhos,
encarando-a. Seus olhos estão lacrimejando. Uma lágrima solitária escorrer
por sua bochecha, em um impulso ela afasta-se, empurrando contra minhas
duas coxas com suas unhas cravadas.
Solto seu cabelo, respirando forte. Seu corpo cai sentado sob o solo do
chão.
— Desculpa. — Pede.
Ergo meu corpo, no mesmo instante, ela ergue seu corpo, levantando.
Subo a bermuda, guardando meu pau dentro da cueca, subindo a calça.
Descarto a camisinha em qualquer canto para ela jogar fora.
— Eu não sei o que aconteceu.
Nenhuma delas consegue segurar um boquete profundo, ou uma transa
comigo. Isso me faz não querer acompanhar mais nenhuma delas na minha
vida.
— Italiano — aproxima-se. — Pare, por favor. — Começo a caminhar
em direção a saída. — Vamos tentar outra posição?
Calado, saio da residência em direção à rua. Enfio meu corpo dentro do
meu carro um pouco a frente, e pego o trajeto da minha casa, para assim,
tirar o cheiro de perfume barato dessa garota.
Depois de passar cerca de horas em casa, resolvi vir à casa da minha
madrinha. O seu rosto tranquilo em me ver é perspectivo em um sorriso
fraco.
— Entra. — Atravesso a porta da sua casa. — Como você está?
— Tranquilo. — Respondo.
Ela ajeita seu roupão no corpo, caminhando de volta para o sofá onde
limpava o pé… de novo?
— Quantas vezes você faz isso por semana? — Cruzo os braços, meu
semblante sério torna-se duvidoso.
— Uma.
— Hum.
— Não vai sentar no sofá?
Termino de me aproximar do sofá, sentando ao seu lado. Isso é raro de
acontecer, na verdade, mal lembro a última vez que sentei no sofá para
conversar com ela ou a Lara.
— Você e seu mesmo cheiro de sempre.
— A senhora quem comprou o hidratante aquela vez, depois não deixei
de comprar.
— Seu padrinho usava — lembra do ex marido. — Ele amava. — Fico
em silêncio.
O marido dela morreu há anos. Faz uns quatorze anos, Lara estava na
barriga ainda.
— E como passou aquele dia?
— Qual dia? — Ela interroga.
— Do hospital, está melhor?
— Estou bem, melhorei. — Confirma.
— Mãe, cheguei! — Escuto a voz da Lara quando ela bate a porta. —
Carro do Edgar de fora. — Aproxima-se. — Hum, sabia que esse velho
estava aqui.
— Velho? — Encaro seu uniforme da padaria.
— É, você está em fase de aceitação ainda. — Encosta no sofá e me dá
um beijo no rosto.
Permito-a dar um beijo no meu rosto. Ela troca algumas frases, avisando
que vai tomar banho, e some dos nossos campos de visão.
— Cleiton e Nando não voltaram de viagem? — Minha madrinha
pergunta quando levanto do sofá.
— Não. Vou embora, qualquer problema me liga. — Me despeço.
— Tudo bem. Me avise quando chegar na sua casa. — Confirmo antes de
sair pela porta da sala.
A minha vontade agora era trocar alguma mensagem com a Maitê, mas
deixo minha consciência ciente do erro que cometi ontem. Até esquecermos
essa cena, não irei chamá-la, depois volto com meu plano de me aproximar
novamente.
Dia seguinte
SEGUNDA-FEIRA|17H45MIN PM
Estou prestes a sair de uma rua quando tiro a camiseta do meu ombro, e
envolvo no meu corpo novamente, vestindo. Minha atenção é nitidamente
mudada quando a mãe do Gil se aproxima andando na rua.
— Italiano. — Escuto sua voz.
Ela usa um vestido curto, quase aparecendo a calcinha, isso se utiliza
uma calcinha. Não posso mentir, ela é gostosa.
— Hum? — Franzo as sobrancelhas.
— Viu meu filho?
— Não.
— Estou querendo conversar com ele. — Encaro seu ombro largo. Seu
cabelo preto amarrado em um coque.
— Deve estar gerenciando algo.
— Está com alguém assumido? — Seu assunto muda.
Fico calado. Ela realmente está querendo investigar algo sobre minha
vida pessoal?
— Não.
— Seus olhos são verdes.
Caso ela não fume, ela cheira algo. O assunto mais prepotente da minha
vida.
Giro a chave na minha mão direita, caminhando em direção a minha
XRE preta estacionada a uns passos da minha direção na rua. Não aguardo
mais seu assunto, saindo pela rua na minha moto em direção onde alguns
rapazes ficam no fim da tarde.
— Sua mãe está mexendo com drogas? — Desço da moto.
Minha atenção vai em direção ao bar onde alguns rapazes estão sentados,
incluindo Gil e HG.
— Não sei o que essa mulher faz da vida. — Dá de ombro, indiferença.
— Me parou na rua, falando coisas aleatórias. Investigando minha vida
pessoal. — HG encara com um semblante sério.
— Ela foi me procurar? — Confirmo com a pergunta do Gil.
— Cleiton e Nando estão voltando para a cidade. — A voz do HG alerta
entre nós.
Sento ao lado deles em uma cadeira. Era de esperar a volta do Cleiton e
Nando na cidade, depois de duas semanas viajando, enfiando o dinheiro do
assalto em lixos e mulheres.
— Os três mosqueteiros reunidos aqui. — HG abre um sorriso,
provocando.
— Eu, Gil, mosqueteiro dois estou de greve.
— Por quê? — Calado, ouço-os.
— Estou com problemas.
— Envolve mulher? Acho que todos nós aqui temos um caso com
mulher. — Seus lábios soltaram uma risada.
— Meu problema é com duas mulheres. Minha mãe e outra menina. —
Gil respira fundo.
— Aquela?
— Ela mesmo.
Permaneço calado ao notar que estou sobrando no assunto entre eles.
— E você? — Volto a atenção para eles quando noto a voz do HG ser
direcionada pra mim.
— Eu o quê?
— Qual seu problema?
— Isso é um problema meu. — Respondo.
— Nenhum dia esse cara está de bom humor. — A risada do Gil sai alta.
— O ensinei a fazer um suco de maracujá. — Quando falo que o Gil me
estressa, não é brincadeira.
— Acho que nada acalma o humor desse cara. — HG e Gil começam a
falar entre si.
Levanto da cadeira, caminho para outra cadeira mais distante, e peço um
salgado para comer. Um pastel agora é o suficiente para combater minha
fome.
Permaneço no meu canto, longe dos dois, que dessa vez falam no meu
nome.
Começo a olhar para a tela do meu celular enquanto aguardo o salgado.
Então, sem delongas, eu vou no número salvo da Maitê. Não a havia
chamado nas mensagens, mas que, por mais engraçado que seja essa porra,
não hesito em mandar uma mensagem para ela.
É, eu também não acredito que estou fazendo essa porra. Mas não posso
deixar-la se afastar simplesmente do nada, preciso me manter informado.
Respiro fundo.
Dígito algumas coisas, por fim não mando nada, até ouvir a voz e o
barulho das cadeiras ao meu lado serem preenchidas por dois corpos.
— Afastou-se de nós? — Gil ironiza.
Guardo meu celular no bolso quase bolado de novo.
— Ontem vi a mulher do Cleiton com um moleque. — O tom de voz do
Gil muda pra mais sério.
— Sério? — HG investiga.
— Sério
— Quem era? — Encaro-o, perguntando.
— Filho dos dois, o Davi de quatro anos. — Eu e HG nos encaramos por
longos segundos seriamente. O local é preenchido pela risada do Gil. —
Bando de curioso do caralho!
CAPÍTULO 11
É nesse momento que meu pensamento afirma, que coisa mais antiética, de
velho. Meu Deus. Também estou esperando o que de um homem como ele?
Pelo jeito, ele é apenas gostoso. Ogro, acompanhado de péssimo em assunto.
Desligo a tela do meu celular ouvindo minha mãe entrar pela porta da sala.
Seu semblante cansado me encara, cabelo loiro preso em um coque, uniforme
do seu próprio salão envolta ao seu corpo.
— Cheguei, meu amor — sua voz soa doce. — Seu pai me trouxe, não deu
tempo de descer para conversar com você.
— Oi, Mãe.
— Os óculos ficaram perfeitos no seu rosto. Vou tomar um banho —
aproxima-se, deixando um beijo na minha testa. — Seu pai não conversou
com você?
— Não.
— Nem um “parabéns.”
— Nada. — Ela respira fundo, chateada.
Meu pai trabalha na área de transporte, taxista. Há uns meses ela e meu pai
não ficam mais próximos, mas ainda estão casados. Ele sempre está dormindo
fora por causa do seu trabalho, que segundo ele, é muito cansativo. Bom,
desde criança, minha convivência com ele foi de pai e filha, mas que
ultimamente está mudando.
— Onde você estava na noite passada? — Pergunta.
— Em uma festa.
— Ou melhor, em uma favela. — Ela ironiza, cruzando seus braços
envoltos em uma bolsa de ombro.
Engulo o ar.
— Como soube? — Franzo minhas sobrancelhas.
— Não importa. Sabe onde está se metendo? — Arqueia a sobrancelha. —
Você foi feita de refém, Maitê. No churrasco que você está indo, é constante o
perigo para você, e mesmo assim, está frequentando. Não te quero novamente
nessas festas — respiro fraco — não me importo que saia, divirta-se, beije,
conheça novas pessoas e amizades. Mas esses lugares são perigosos. Pode ir
em um barzinho, aqui mesmo tem vários, em Bonsucesso tem vários também,
mas festa com bandido não é brincadeira.
— Eu sei.
— Então não frequenta mais. — Caminha em direção ao corredor. — Eu
me preocupo com minha única filha. Sou sua amiga, mas antes te criei, e
eduquei e te amo. Jamais quero seu mal. — Seu tom de voz é alto pelo
corredor.
Depois da conversa com minha mãe, meu pai me chama na mensagem com
intuito de me parabenizar depois de vários dias.
Emanuel: Desculpa por não ter desejado um feliz aniversário antes. Minha
vida está corrida esse ano, filha. Estou trabalhando muito.
Maitê: Tudo bem, não tem problema mesmo. Emanuel: Estou com saudades de você. Vou almoçar com vocês nessa semana, combinado?
Maitê: Hum. Está bem.
Dia seguinte
TERÇA-FEIRA|9H00MIN AM
— Seu pai vai vir almoçar hoje.
Com minha caneca de leite e café em mãos, minha mãe atrai minha
atenção sentada na cadeira à minha frente.
— Está falando sério?
— Sim. — Confirma. — Ele disse que chega daqui a pouco, e fica para
almoçar.
— Mas e seu trabalho?
— Hoje atendo somente na parte da tarde.
— Mãe — chamo sua atenção. — Não me diz que a senhora desmarcou
clientes para passar parte da manhã com meu pai?
Suspiro fundo com seu silêncio.
Ela fez isso.
Sei que ela o ama, mas ele prioriza seu trabalho, da mesma maneira ela
deveria tratá-lo em relação ao trabalho.
— Machucou seus pulsos? — Meu olhar vai para os meus pulsos.
As duas mãos segurando a caneca um pouco na minha frente.
— Eu machuquei ontem. — Respondo-a. Não contente com a resposta,
ela faz uma expressão de dúvida.
Arrumo minha postura em cima da cadeira, a ardência da minha bunda
me faz soltar um suspiro baixo. Estou usando calça pantalona para disfarçar
o quanto minha bunda está doendo e marcada.
Termino meu café na mesa. Depois, quase por volta das dez horas da
manhã, fazemos a recepção do meu pai em casa, já que há muito tempo não
temos um assunto em família.
Família.
Família nas horas vagas. Quando ainda nova, lembro-me de todos os
eventos entre nós três, com o passar dos anos, as coisas mudaram. Na
realidade, meu pai mudou seu comportamento, que segundo ele, é por causa
do seu trabalho.
— Está linda, Maitê. — Meu pai acrescenta na sua frase, trocando o
assunto enquanto está sentado ao lado da minha mãe. — Estava com
saudades de você.
— Hum. — Minha mãe sorri com o elogio, envolvida do lado do meu pai
no seu ombro. Os dois sentados juntos. — Obrigada. — Respondo.
— Cadê seu piercing do nariz?
— Eu tirei, vou voltar a usar.
— Está desconfortável, medo de escutar?
— Escutar? — Franzo minhas sobrancelhas, sentada no sofá pequeno.
— Um sermão por estar frequentando lugares onde tem bandidos? —
Prendo minha respiração, estudando seu rosto: Sua barba por fazer, olhos
claros e o rosto sério dessa vez. — Falei pra sua mãe começar a observar o
que você está fazendo.
— Não precisa. Eu sei me virar. — Levanto do pequeno sofá.
— Precisa, Maitê Andrade. Isso é perigoso, eu... — Aponta para o seu
peitoral. — Eu não quero vê-la frequentar lugares assim.
— Eu não estou mais frequentando. Foi apenas um dia que a minha
amiga me levou.
— Que amiga? — O tom da voz do meu pai muda mediante minha fala.
— Lorena. — Falo.
O silêncio reina agora na sala. Não aconteceu nada demais pra ter um
discurso entre nós em relação a isso.
— Já passou. — Minha mãe toma voz. — Não frequenta mais lugares
como esse e está tudo bem. Você sabe o que passou no banco, não queremos
seu mal.
Meu pai continua sério, calado. Parece chateado, e eu não quero provocar
uma discussão no dia que nós dois nos encontramos depois de tanto tempo.
— Está bem em relação ao acontecido do assalto? — Meu pai interroga.
Ele tem minha resposta com uma confirmação de cabeça.
— Vou arrumar meu quarto e volto para ajudar vocês no almoço.
— Não fique chateada, só é uma preocupação. Eu te amo, é minha filha.
— Meu pai alerta.
— Tudo bem, eu entendo. — Afasto-me da sala em direção ao meu
quarto.
Sempre quando toca em relação ao assalto, eu sinto meu corpo queimar
por lembranças. Como se vivesse a cena novamente na minha frente. A
morte, os tiros, as vozes e as pessoas agoniadas.
Tudo estava começando a ficar um pouco difícil de controlar. Bastou
entrar para meu quarto e os agentes policiais pedirem um depoimento hoje
antes do almoço. Eu quero simplesmente me enfiar em um buraco e me
enterrar dentro dele, mas não é possível.
Então, a única solução foi vestir um vestido longo, colocar um salto
baixo e pentear meu cabelo. Para agora estar atravessando um corredor
pequeno do local do depoimento.
Achei que nesse momento ajudaria meus pais no almoço. A realidade
que vim depor pela primeira vez.
Na sala toda branca, com uma mesa no centro e duas cadeiras, eu sento.
Atrás dos dois agentes policiais, havia um vidro enorme, onde pessoas aqui
têm visão dos suspeitos sem serem vistos.
— Maitê Andrade. — A moça com crachá escrito “Vânia” dá sua
saudação. Ao seu lado está um rapaz com uma planilha em cima da mesa. —
Como está sua vida?
— Oi, Vânia. Quase impossível esquecer tudo.
— Levanta-se. — Ela arrasta a sua cadeira para trás. — Encontramos
um suspeito. — Meus pelos arrepiam. — Ele foi capturado na câmera duas
horas antes do assalto e parece ser suspeito. Todos os pontos interligados da
câmera levam-no para dentro do banco duas horas antes de tudo acontecer.
Calada, eu me levanto. Quase perto do vidro, meu corpo estremece ao
vê-lo entrando no meu campo de visão. O rapaz é baixo, seu corpo magro,
não tem nada por seu corpo, nem a enorme cicatriz que consegui ver no
tornozelo de um deles, quando a calça prendeu um pouco na sua panturrilha.
— Não. Não me recordo dele. — Minha voz soa firme, ou pelo menos
tento.
Vânia respira fundo, fracassada. Minutos depois volto sentar na cadeira à
sua frente.
— Não reconheço nada. — Falo a verdade.
— Maitê — ela para de frente, colocando as duas mãos em cima da
mesa. — Certeza que não lembra de nada?
— Não, não lembro.
— Eles te ameaçam?
— Eu… não. — Sussurro baixo.
Sua atenção com um sorriso convencido em seus lábios desvia para o
rapaz ao seu lado e ele anota algo.
Droga.
— Ela foi ameaçada pelos bandidos que a mantiveram refém — me
encara. — Eles a ameaçaram com algo?
— Eu não sei, eu não vi nada além de escutar eles comemorando.
— Viu algo em algum deles?
— Não, eu não vi nada, eu não sei de nada — nego. — Não sei,
simplesmente não sei! — Nego mais uma vez. — Por favor, eu só quero ir
embora, não quero mais falar. — Ela confirma.
— Não precisa ter medo, garantimos seguranças a sua família. —
Nitidamente não quero mais continuar dentro da sala por estar sendo
pressionada. — Libera a refém!
Volto para casa com a sensação pelas ruas do Rio de Janeiro: ser
observada. Algo enraizado na minha cabeça, prefiro pensar que seja minha
ansiedade atacando.
CAPÍTULO 13
Respiro fundo.
Bloqueio a tela do meu celular pelo barulho na porta do quarto da minha
mãe, imediatamente as batidas na porta do meu quarto.
— Maitê?
Deixo o celular em cima da escrivaninha, caminhando em direção a porta
de madeira, abrindo-a.
— Oi.
— Estou indo embora. — Termino de abrir a porta, abraçando meu pai.
— Posso perguntar algo? — Questiono, soltando-o. — Você gosta mesmo
da minha mãe?
— Eu e sua mãe estamos casados — sua expressão é séria. — Você é
nosso fruto. — Passa a mão no meu cabelo. — Eu gosto da sua mãe.
— Gostar não é amar. Você foi embora, sumiu das nossas vidas, ela sofreu
muito, pai, agora voltam como se nada tivesse acontecido.
— Foi necessário.
— Necessário no quê? Trabalho não te exige o dia todo. — Solto uma
risada sem humor.
— Maitê.
— Tá legal, não vou me envolver no relacionamento de vocês dois.
— Não precisa se envolver. Eu e sua mãe resolvemos sempre, ela sempre
vai estar disposta a conversar comigo — encaro-o. — Por isso nós dois
sempre estaremos bem, mais cedo ou mais tarde.
— É isso que você quer, tê-la quando quiser.
— Maitê. — Um murmúrio eufórico sai por entre seus lábios como
repreensão da minha frase.
— Você acabou de afirmar isso. Ela só não enxerga ainda, pai. — Falo. —
Ela acha que você realmente a ama.
— Tenho que ir embora, ainda trabalho hoje. Está tarde.
Bufo sem paciência.
Como eu disse, não irei me intrometer, os dois são velhos e sabem decidir
sobre suas vidas, agradeço por não ser mais uma adolescente que ficaria
perdida no meio dos dois. São tantas incertezas entre eles, que a primeira
oportunidade afeta o filho.
Deixo meu pai, então ele sai pelo corredor e atravessa a porta da sala.
Ouço do meu quarto, agora pensando que minha mãe está no quarto com
saudade dele novamente por que ele vai sumir por semanas.
Acendo o meu cigarro entre meus dedos e trago. Guardo meu bic no
bolso lateral da minha bermuda preta. Estressado.
Dormi mal. Fumar a noite tem me trazido insônias no lugar do
relaxamento, talvez por odiar ficar com coisas na cabeça, sem conseguir
esquecer nenhuma delas.
Na moral? Tenho o que eu quiser, mulheres e dinheiro, mas minha mente
não descansa de forma alguma.
— Ela não respondeu?
O ranger da porta faz barulho quando a maçaneta da minha sala é aberta
e Gil entra.
— Não sabe avisar que vai entrar? — Pergunto, olhando-o.
Seus lábios formam um sorriso pequeno, em seguida dá as costas,
fechando a porta.
Respiro fundo.
— Tô entrando — fala alto, entrando — voltando para o assunto, a única
alternativa é você ir atrás da menina.
— Ela vai achar o quê?
— Não sei.
— Que sou um maníaco.
— Leva flores — minha expressão continua séria, tentando entendê-lo.
— Um chocolate.
Ele tá falando sério? Eu levar flores e chocolate?
— Isso é sacanagem — arrumo meu boné preto — A última coisa que
essa garota vai ver é eu entregando isso. — Gil dá de ombros com
indiferença.
— Só não a deixe afastar-se assim. Você ainda não sabe de nada, pelo
jeito ela mal falou em relação ao dia do assalto. — Sopro a fumaça do meu
cigarro pra longe.
Na verdade, fiquei estressado por não ter me respondido nesses dois dias
que passaram. Desconfio que seja algo relacionado às investigações. Mesmo
diante dessa situação, não quero nenhum dos rapazes se envolvendo no
assunto que se refere a essa garota.
— Preciso perguntar sobre um problema. — Ele me olha, tentando
entender.
— Tá querendo sair do armário? — Cruza os braços em pé a minha
frente. — Se ficar puto é pior. — Completa quando observa meus olhos
semicerrados.
Apago o cigarro e guardo para terminar de fumar depois. Meu problema
vem há um tempo, e nego acreditar que seja apenas comigo.
— Você goza com todas as mulheres? — Pergunto.
— Está de brincadeira? — Solta uma risada — Com todas, irmão. Nunca
vacilei na hora, o que foi?
Molho meus lábios secos, ainda ouvindo sua risada alta.
Porra.
— Não consegue gozar? Você começou com o assunto, sou seu amigo.
Pode falar. — Diminui a risada.
— Amigo? — Fito-o. — Você não perde a oportunidade em brincar com
minha cara. — Ele fica mais sério.
Quem consegue ser amigo desse homem?
— Em alguns momentos. Tem médico para tratar isso, sabia?
— Tem?
— Ele chama-se Gil, marca com ele as dez horas da noite — reviro os
olhos. — Com toques ele vai saber o motivo, normalmente pessoas assim se
sentem à vontade em gozar com homens, quer fazer o teste? — Ignoro-o.
Chato pra porra. Estou querendo saber algo em relação à minha vida
sexual, e ele continua com as palhaçadas. Deixo-o para trás, agora saio da
sala em direção à saída com meu celular em mãos. A minha última
mensagem para a Maitê foi há dois dias e ela não respondeu nenhuma. Deve
estar achando que estou rastejando por sua presença.
— Posso conversar com você? — Ouço a voz do HG. Enfio o meu
celular no bolso.
— O que foi agora?
Caminho em passos lentos, e ele segue ao meu lado. Atravesso o local
onde ocorre o processo de embalagem das drogas, seguindo para fora.
— Preciso de um conselho. — Ele fala.
— E desde quando virei conselheiro? — Paro, encarando seu rosto.
— Tudo tem um começo.
— É mulher?
— É.
— Está pedindo conselho pra pessoa errada, procure outra pessoa.
Preciso resolver meus problemas.
Dou um tapa de leve no seu ombro, saindo do seu campo de visão. Pego
a chave no meu bolso, percebendo o tempo escurecer. Caminho para o meu
carro, e próximo da porta, enfio meu corpo no banco do motorista, e ligo o
motor, arrancando em direção à minha casa fora da comunidade.
Meu problema começa com Mai e termina com tê.
Em casa faço algum lanche para comer. De banho tomado, pele hidratada
e perfumada, visto uma roupa neutra, calça e camiseta acompanhado de um
tênis.
Nesses dois dias que fiquei em frente a casa da Maitê, percebi que o pai
dela voltou a frequentar o lugar. Emanuel é conhecido no Alemão há meses.
Quase 21h00min da noite, me encontro no meu carro, em uma das ruas
perto da casa dela. Depois de quase trinta minutos, ela surge na rua, vindo
em direção à sua casa. Estudo-a pela claridade das luzes na rua: cabelo preso
em um rabo de cavalo, conjunto de academia na cor lilás, marcando os
decotes do seu corpo.
— Quantos desgraçados gostaram de ver essa cena? — Cerro meu
maxilar.
Quando sua atenção vem para o carro, ela diminui os passos, parando ao
reconhecer o Azera preto. Então, ligo o carro, o aproximando do seu corpo
na calçada.
Paro o carro na contramão do seu lado, mantenho ligado e abaixo um
pouco do vidro, possibilitando-a ouvir minha voz.
— Entra do outro lado antes que te coloque a força aqui dentro.
— Minha mãe pode ver isso. Você é louco! — Encaro-a pelo vidro. Um
pouco do cabelo está grudado no suor do seu rosto.
— Entra antes que ela veja, não vou mandar de novo.
Seu suspiro fundo é forte.
Maitê entra no banco do carona.
Quando ela senta e bate a porta, acelero forte. Sinto seu cheiro de suor e
baunilha misturado, invadindo o carro em questão de segundos.
— Está me sequestrando agora?
— Me negou voz durante dois dias, pra chegar na porta da sua casa e não
se fazer de difícil por nem um minuto?
Com a mão direita giro o volante pelas ruas da Olaria, rápido.
— Vai devagar, cara — escuto a buzina de um carro quando entro de uma
vez na esquina — Italiano. — Sinto a sua mão apertar minha coxa.
— Tira. — Ela confirma, tirando quando desconfiado encaro seu rosto.
— Estava com tanta saudade e quer ficar bancando o cara fodão — agora
em uma velocidade menor, saio de Olaria. — Vai me levar pra um motel de
novo?
— Não.
— Então onde? Sua casa?
— Também não. Me negou voz por dois dias.
— Parei de fazer caridades. — Reviro levemente os olhos.
— Não sei se você entendeu, mas o banco onde eu trabalhava foi
assaltado. Estou com vários problemas, eu tenho agentes policiais me
fazendo depor.
— Só lembra, os policiais têm a proteção deles, você não tem.
— Eu sei, eu não sou otária. — Responde. — Eu acho que estou ficando
maluca.
A olho por alguns segundos ao ouvi-la em um tom baixo, enquanto
encara seus próprios dedos na sua perna, seu nariz é pequeno e empinado,
cílios grandes. Ombro encolhido, ela está com medo.
— Por quê? — Volto a atenção para a direção.
— Depois do assalto tudo na minha vida mudou. Eu tenho pesadelos, eu
não vivo como antes, eu tenho medo de sair na rua, eu tenho medo de andar
sozinha. — Aperto o volante entre meus dedos. — Eu sinto que alguém me
vigia.
— Já viu alguém?
— Não, mas um dia estava saindo da delegacia quando fui depor, eu
tenho certeza que tinha alguém.
Lembro imediatamente de quando o Nando foi atrás dela nesse dia.
Desgraçado.
— Às vezes tem mesmo. Por isso te dou o conselho, você não tem
proteção, então fica calada, faça sua parte e se mantenha longe dos
problemas.
— Você se lembra de algo ou alguma pessoa?
— De uma enorme cicatriz no tornozelo de um deles. — Cleiton. Que
vacilo…
O Cleiton tem essa porra de cicatriz no tornozelo. Pela forma que ela
disse, ela lembra-se perfeitamente dessa porra no Cleiton.
Seguimos o restante do trajeto em direção a minha casa entre
Bonsucesso. Dentro da casa, aguardo Maitê sair de dentro do banheiro, que
segundo ela ia tirar o suor do corpo. Sentado na poltrona preta no canto da
cama, permaneço em silêncio virando minha moeda entre meus dedos
enquanto penso.
Eu não vou transar com ela. Eu não posso transar com ela mesmo
sentindo a vontade de foder aquele corpo de novo.
Tenho que lidar em relação ao Cleiton sobre aquela cicatriz.
Respiro fundo.
Olho a moeda na palma da minha mão e guardo-a no meu bolso,
cruzando os braços ao ouvir o barulho da porta ser aberta.
Ela está apenas com uma toalha.
Estudo seu corpo baixo, envolta na toalha branca, cabelo seco penteado
para trás. A fumaça de dentro do banheiro surge no meu campo de visão.
— Por que está de toalha? — Minha voz grossa questiona.
— Estou com fome.
— Fome? O que a toalha tem a ver com seu estômago? — Franzo as
sobrancelhas.
Ela aproxima-se em passos Lentos com os pés descalços no chão. Minha
respiração começa a pesar conforme o calor do seu corpo se aproxima.
— Maitê, veste a sua roupa. — Encaro seus olhos pretos quando ela para
na minha frente.
— Pensei que iria gostar de me ver assim.
Ela deixa a toalha cair no chão. Meu pau reclama dentro da cueca, agora
ficando mais duro do que estava minutos atrás, só de senti-la no mesmo
quarto que eu.
Como vou me explicar depois que isso aqui está errado e que não pode
acontecer nenhum toque?
— Já que não vai me tocar. — Ela sorria, olhando o volume bruto na
minha bermuda e afasta em passos curtos. — Vou me trocar.
Olho sua bunda desenhada, quando ela caminha em direção ao banheiro
sem olhar para trás. Seu cabelo grande proporciona a visão de tê-la nessa
posição.
— Aqui estamos perto de Bonsucesso, não é?
Me levanto sem respondê-la, caminhando devagar em passos até a porta
do banheiro. Ela vira-se na minha direção, agora com as roupas em mãos, e
meus olhos fixados no dela.
Seus seios grandes estão com os mamilos rígidos e pontudos, cintura
fina, lateral do seu quadril desenhada. Ela olha nos meus olhos, respirando
forte.
Eu sinto meu pau reclamando dentro da cueca, ele a quer. Consigo senti-
lo pulsar descontroladamente.
— Vou me vestir. — Seguro seu pulso firme.
— Cadê a calcinha? — Olho para sua mão.
— Não usei. — Nego.
— E você sai assim na rua?
— Qual o problema?
— Está ligada quanto filho da puta existe?
— Agora a roupa é culpada?
— Isso deve marcar pra caralho a sua boceta.
— Eu estou te escutando ainda? Nós dois não temos nada. — Malandra.
— Está apertando meu pulso.
Levo meu olhar onde seu pulso começa a ganhar um tom vermelho.
Rápido, viro seu corpo, pelo susto, ela abandona as roupas no chão. Seguro
sua nuca à minha mão direita e sinto seus fios macios e um pouco molhados
pela água do chuveiro de minutos atrás.
— Italiano… — Sussurra.
Tento me controlar para não a machucar muito.
— Agora vai fazer o quê? — Pergunta com o rosto contra o box do
banheiro.
— Você gosta de me ver estressado?
— Depende — brinca com um sorriso e de olhos fechados. — Não quero
que me machuque.
— Me deixou estressado usando essa porra na rua.
— Então vai ficar toda vez. Esqueceu que não somos nada? — Aperto
sua nuca.
— Não somos nada mesmo. — Encosto meu corpo no seu, por trás. —
Depois fica reclamando que tem alguém te seguindo.
Com minha mão esquerda, aperto sua cintura e desço até a lateral do seu
quadril.
— Está dizendo que é por causa das minhas roupas? Machista.
Sinto sua pele macia, passo a mão por sua bunda, na lateral e apalpo
devagar. Deixo um tapa com força. Que miragem do caralho...
— Dói.
— É pra doer mesmo, toda vez que você me estressar vai acontecer isso
aqui.
Deixo outro tapa forte, ouvindo seus lábios soltarem um gemido
dolorido.
— Por favor…
— Fica caladinha, fica. — Deixo mais um tapa, observando o tom
vermelho.
Eu tenho que admitir, nenhuma mulher consegue deixar meu pau duro da
forma que está. A vontade de foder seu corpo é impossível não sentir,
mesmo que eu não queira cair nessa atração irresistível, e não consigo.
— Está doendo, Italiano.
Segurando sua nuca, levo seu corpo até a cama, jogando-a com força em
cima dela. Pode doer, mas ela está gostando. Levo minhas duas mãos ao seu
pé, puxando-a para perto da borda. Com facilidade consigo trazer seu corpo.
O quadril remexe contra o colchão.
— Vai me fazer gozar na sua boca?
Ignoro seu rosto quando ela abre as pernas. Molho meus lábios com a
língua, passando a mão no meu cabelo.
Não respondo sua provocação e ajusto a posição ajoelhando perto da sua
virilha. Seu cheiro é bom.
— Ah…assim.
Chupo o lábio da sua boceta devagar, prendo-a com força, fazendo suas
pernas irem pra cima do meu ombro, deixando-a exposta pra minha boca a
devorar.
Deslizo minha língua sentindo cada centímetro da sua boceta, seu gosto,
sua textura macia. Ela geme baixo, conforme meus movimentos ficam tensos
por sua boceta.
Faz anos que não faço um sexo oral em alguma mulher.
— Gosta do que faço? — Pergunto, enfiando dois dedos dentro do seu
canal vaginal.
Provoco seu clitóris com a língua e respiro fundo quando ela rebola,
gemendo.
— Sim… é muito bom.
Fodo-a por um tempo com meus dedos e ao tirá-los de dentro dela, eu
faço questão de chupá-los. Volto a ataca-la com minha língua, deslizando a
barba do meu queixo contra seu clitóris, enquanto ela crava as unhas nos
meus ombros, erguendo seu quadril e cai sobre a cama novamente.
Amanhã vou me arrepender. Como as outras vezes.
Maitê rebola contra a minha boca e aperta minha cabeça contra suas
pernas. Eu deixo vários tapas na lateral da sua coxa, ouvindo seu gemido.
Ergo meu olhar, observando-a: seus olhos estão fechados, os bicos dos seus
seios duros, sua boca entreaberta emite gemidos altos.
É minha terceira vez proporcionando prazer para uma mulher, e as três
vezes foram com ela.
— Não para — fecho os olhos, sinto suas mãos encostarem no meu
cabelo, é permitido rolar. — Eu vou gozar pra você.
Controlo meu gemido. Eu luto para não gozar apenas chupando sua
boceta, isso soaria muito inapropriado para quem mal consegue gozar com
outra mulher.
Seu clitóris incha contra minha boca, o cheiro e o gosto do seu orgasmo
invadem meu paladar rapidamente conforme seu quadril rebola com mais
força.
Seus músculos relaxam. Fracas, suas pernas tremem contra meu rosto.
O celular no fundo desperta nosso momento. Levanto, olhando seu corpo
cansado em cima da cama, e pego o celular em cima da cômoda.
Cleiton. Ignoro a chamada, colocando no modo offline.
— Vem. — Ela olha nos meus olhos. — Eu posso mamar no seu pau?
Respiro fundo. Claro que ela pode, eu não vou negar. Não demora muito,
eu fico sem roupa na sua frente, em pé, mantenho meu corpo para ela fazer
um boquete, sentada na borda da cama.
— Sabe o que você é? — Seguro seu cabelo entre meus dedos, forçando-
me a olhar. — Malandra.
Fecho os olhos quando sua língua quente desliza pela cabecinha inchada
do meu pau.
— Eu sou? — Sua voz traz calafrios por meu corpo.
Maitê começa a chupar meu pau enquanto minha mão direita segura seu
cabelo. Meus músculos tensionam.
Porra.
Eu estou prestes a gozar com poucos minutos da sua boca no meu pau
duro. Até então, estava reclamando de não conseguir gozar. Maitê me fita
com os olhos cheios de desejo, quando erguem na minha direção. Que visão.
Louco de tesão, meu pau pulsa no boquete parafuso que ela faz, sua língua
desliza pela extensão do meu comprimento com veias salientes.
Liberando minha vontade de gozar, eu permito meu líquido quente
encher a sua boca aveludada.
CAPÍTULO 16
Italiano puxa o ar forte, quando rebolo lentamente no seu pau duro e quico
rápido, sentindo o corpo estremecer diante da sensação que ele me
proporciona nesse momento. Eu estou gozando outra vez. Nossos corpos
suados e uma só respiração se misturam em uma sintonia.
Seu pau entra e sai de dentro de mim, enquanto ele me fode por baixo, e
diminui os movimentos quando eu paro de quicar, sentando no fundo e rebolo
rápido, liberando mais uma vez meu orgasmo. Meu coração bate rápido no
meu peito e minhas pernas tremem.
Italiano aprecia a visão de me olhar derretendo de prazer no seu pau.
— Vem aqui. — Sem esperar, ele me tira de cima dele com facilidade e me
coloca ao lado da cama, de barriga para baixo no lençol.
— O que vai fazer? — Sua mão esquerda brutalmente abre minhas pernas.
Minha cabeça contra o colchão e o cabelo todo grudado no rosto mostra
como estou. Destruída. A sua mão direita aperta meus dois pulsos para trás em
forma de domar. Concluo quando o tapa forte me faz morder o lábio inferior.
Uau…
Estou toda dolorida, agora ficarei mais e mais. Sou pequena, a única coisa
grande são meus seios e um pouco da minha bunda malhada, fora isso sou
frágil para mãos desse homem. Sou tão safada que chego a sonhar, mas no ato
eu choro, e italiano é enorme. Ou seja, fico destruída.
— Empina essa bunda. — Respiro forte, e obedeço. — Empina mais,
caralho. — Choramingo baixo.
Sinto a pulsação da minha boceta no meio das minhas pernas. Ele encosta
seu corpo sobre o meu por trás, penetrando. Um gemido alto sai da minha
boca, quando sinto seu pau rasgando cada centímetro naquela posição. Sua
mão direita afunda o colchão ao meu lado.
— Você quer ser fodida assim, não é? — Sua voz grossa soa perto da
minha orelha exalando luxúria.
— Quero. — Choramingo contra o lençol, gemendo a cada investida
dentro de mim.
Que homem bruto.
Seu corpo começa a se movimentar com mais força contra o meu. Agora,
fazendo o barulho ecoar entre as quatro paredes. Nossos suores grudam um no
outro, e nossas respirações são fortes. Eu quase choro em senti-lo assim, forte
e bruto.
Uma onda mais forte de prazer percorre o todo meu corpo. Tapas e
mordidas são depositados por toda parte do meu corpo. Meus olhos ardem
com as lágrimas.
— Aí, porra. — Ouço seu gemido alto, que faz meu corpo estremecer.
Como é gostoso ouvi-lo gemer.
Quando penso em pedir para parar, o líquido quente escorre dentro da
minha boceta, agora diminuindo as investidas e parando seu pau no fundo do
meu canal vaginal.
— Meu pulso está doendo. — Reclamo. Ele libera do seu aperto.
Em seguida, sai de dentro de mim, deitando ao meu lado. Depois de
recuperar minha dignidade, eu me levanto, tampando meus seios por vazar um
pouco.
— Eu vou tomar um banho primeiro. — Encaro-o. Seu corpo nu e suado
está na cama, encostado na cabeceira aveludada. Seus olhos observam meu
braço nos seios. — Tudo bem?
Ele permanece em silêncio. Então, viro-me em direção a porta do banheiro
e entro, fechando a porta. Começo um banho com a água morna do chuveiro.
Me questiono se essa é a casa dele. A estrutura é boa, banheiro limpo,
pisos neutros. Tudo arrumado, toalhas brancas, assim como o tapete no chão.
Ergo meu olhar em direção a maçaneta movimentando e depois de
segundos ela volta ao normal. Solto um ar pelo nariz. Que falta de coragem.
Na verdade, ele é o meu oposto, sua personalidade, suas demonstrações de
sentimentos, principalmente em um sexo. Parece ser um homem deprimido
com a vida, e isso me causa várias dúvidas.
De onde ele vem?
Quem são as pessoas da sua família?
Amigos?
Após terminar o banho, com minha roupa vestida e cabelo penteado para
trás, eu saio do banheiro. Italiano deixa o celular com a tela virada para baixo
em cima da cômoda e passa perto do meu corpo, libero o caminho da porta,
observando-o entrar no banheiro e fechar a porta.
Como eu disse, a casa é limpa e aconchegante. Banheiro no corredor
pequeno, sala dividida com a cozinha. O corredor leva para um cômodo
fechado, esse quarto e mais um quarto de hóspedes.
A Maitê curiosa que habita dentro de mim não hesita em vagar um pouco
pela casa. Principalmente pela porta do cômodo fechada, que por coincidência,
está muito bem trancada. Estranho.
Droga.
Volto para a cozinha, barriga ronca pela fome. Eu passo longos minutos
sentada na cadeira da cozinha. Xingo mentalmente pela fome. Espanto meus
pensamentos pelo cheiro de banho recém tomado invadindo a cozinha. O dono
do cheiro veste uma camisa preta, bermuda leve, de tecido fresco dessa vez.
Hum… ele tem roupas aqui. Ele mora aqui.
— Você mora aqui? — Pergunto, olhando-o pegar um copo e encher de
água no purificador em cima do balcão.
— Não. — Mentiroso.
— Mas é seu?
— É, Maitê.
— Hum...— Coloco meu cabelo pra trás.
Olho-o virar o copo de água, bebendo em uma só golada. Até assim ele
consegue ser gostoso, como pode?
— Você tem cara de ter uma certa idade. — Ele me encara dessa vez,
deixando o copo em cima do balcão.
— O que é uma certa idade? — Questiona.
— Tem quarenta?
— Porra de quarenta.
— Então é qual idade?
— Trinta e quatro. — Abro um sorriso.
— Perto dos quarenta.
— Falta muito ainda.
Ouço seu suspiro. Me levanto da cadeira sendo observada por seus olhos
cor de avelã.
— Você tem dezoito, mas logo chega aos quarenta.
— Como sabe que tenho dezoito?
— Você me disse. — Não me lembro de ter falado, ou talvez quem esteja
velha de cabeça aqui seja eu.
— Acho melhor irmos embora.
— Maitê. — Encaro-o dessa vez, que já tinha uma moeda em suas mãos,
girando-a entre seus dedos. — Tá com fome?
— Muita.
— Pedi algo pra você comer, deve estar chegando.
Abro um sorriso. Eu vou matar minha fome, não acredito que vou matar a
minha fome.
— Posso fazer uma pergunta?
— Sim? — Observo-o girar a moeda, olhando para sua mão e guardá-la no
bolso.
— Seu leite... — Continuo séria.
Ele quer meus seios.
— O que tem?
Fito-o por longos segundos: sua expressão séria, boca desenhadinha e
molhada, sobrancelhas grossas, feitas, barba feita e seu cabelo castanho
penteado.
— Estou com vontade de experimentar de novo. — Silêncio. — Porra,
esquece essa merda. — Passa as duas mãos no rosto, nervoso.
— No sofá é melhor. — Falo. — Pode vir.
Caminho em direção ao sofá, que abre quando puxo-o, ficando maior.
Sento nele, aguardando o Italiano vir. Demora alguns minutos, coloco uma das
almofadas quando se aproxima. Deixo meu mamilo do lado direito exposto
pra ele
— Deita e coloca a cabeça aqui.
Não me importo com isso, até mesmo se for pra matar a vontade de
experimentar.
Italiano ajeita a posição, deitando-se sobre a almofada. Sua respiração
pesada bate contra minha pele, e fecho levemente os olhos quando sinto o
alívio da sua boca no meu mamilo, começando a chupa-lo. Como é boa essa
sensação…
No dia seguinte, quando são 10h00mim, passo em frente a um banco.
Apresso meus passos para atravessar rápido, no clima nublado.
— Maitê? — Diminuo meus passos, ouvindo uma voz masculina
reconhecida.
Minha atenção bate no rosto de um rapaz novo, barba por fazer, olhos
castanhos.
É o rapaz que tirou minha virgindade. É o Levi, tem vinte e dois anos.
Pode-se dizer que ele mudou desde a última vez que o vi. Sou baixa,
completamente desapareço ao lado de qualquer um, mas Levi não é muito
alto.
— Oi. — Dou um sorriso simpático, segurando uma bíblia em mãos.
— Estava aonde?
— Hum — olho pra bíblia e volto até seu rosto. — Em uma loja. — Ouço
sua risada.
Franzo as sobrancelhas tentando entender sua risada.
— Não estou brincando, fui em uma loja comprar. — Mostro para ele.
— Virou religiosa?
— Eu só estou disposta a ler a bíblia.
— Está indo pra casa? — Confirmo. — Te acompanho.
— Trabalhando com o que?
— Hoje em dia tô na área de administração — Confirmo. — E você?
— Por enquanto em nada.
— Lembro que estava de jovem aprendiz.
— Eu saí.
— Por quê?
— Não soube do assalto do banco?
— Ouvi boatos, mas não procurei saber. — Continuo caminhando.
Dessa vez fico calada. Não quero progredir o assunto com ele. Quanto
menos eu tocar nesse assunto com alguém, melhor é para mim.
Paramos de caminhar em frente ao portão da minha casa, olho para a rua
acima.
— Depois nos falamos, pode ser? — Estende a mão, aperto, retribuindo.
— Cada dia fica mais linda.
— Obrigada. — Forço um sorriso em meus lábios.
Entro em casa, deixando a bíblia que minha mãe pediu para comprar em
cima da mesa.
— Vai sair hoje? — Ela aparece na cozinha, dou de ombros. — Você
chegou a 1h00min da manhã, era uma corrida.
— Foi além da corrida. — Pego um copo de água e bebo.
— O quê?
— Eu saí com uma amiga pra correr.
— Leva o celular dessa vez e avisa.
Pego meus óculos em cima da mesa, e caminho para o meu quarto. Tiro
meu sutiã apertado. Meus seios doem e estão um pouco inchados, tiro toda
minha roupa entrando no banheiro. A água fria me traz lembranças da noite
anterior.
As mãos fortes por meu corpo. Sua boca no meu mamilo. Abro um sorriso
convencido enquanto a água escorre pelo meu corpo. Fico pensando o que
existe por trás daquela muralha, quais são os sentimentos dele. E qual é o meu
problema ao imaginar isso? Eu nem sei o nome dele e não conheço nada da
sua vida.
Minutos depois, visto uma roupa fresca fora do banheiro. Cabelo molhado
por ter passado por uma hidratação, não podia deixar de lavar meu cabelo.
Leio as mensagens no meu celular.
Nesta manhã havia acordado sozinho na sala, que por ironia, eu estava com
a Maitê na noite anterior. Não sei qual horário Maitê foi embora. Na verdade,
não sei como ela foi embora.
Eu tento amenizar minha convivência com as pessoas, mas algumas não
facilitam. Como ela foi embora de madrugada e sozinha? Também não faço a
mínima noção de como dormi rápido assim. Odeio compartilhar lugares para
dormir com alguém, qualquer barulho, desperto. Pela primeira vez isso
acontece.
Tiro a moeda do meu bolso, esperando o retorno de alguns seguranças, fico
um tempo girando-a nos meus dedos. O que eu estava pensando em pedir para
me deixar mamar nos seios dela? A cena vem na minha cabeça, sinto meu
rosto queimar, assim como meu corpo, — eu estava gostando. — Estou me
sentindo um idiota.
Olho a moeda antiga na minha mão.
Respiro fundo.
Encosto minha cabeça no banco e guardo a moeda no bolso.
Quando HG manda uma mensagem avisando que o caminho está limpo até
o meu destino na comunidade. Eu abaixo o portão com o dispositivo, e ligo o
carro, dirigindo em direção a comunidade. Quando atingindo certo limite de
caminho, o carro dos meus seguranças, começam a me seguir para concluir o
trajeto sem risco.
O tempo está escuro ainda, às 5h40min da manhã, me encontro em uma
onda de momento por ter passado a noite anterior como passei.
Minutos depois entro na comunidade, próximo a padaria da Maressa,
estaciono o carro. Meu estômago pede por um café e algo para comer. Os
rapazes fazem a segurança do lado de fora, e eu entro na padaria.
— Agora? — Sento no banco, olhando-a.
— Estou com o estômago na cabeça. — Coloco meus dois antebraços no
balcão.
— Procura quando precisa de algo, Edgar? — Começa a preparar o mesmo
de sempre.
Quando meu estômago ronca, eu passo a mão no abdômen. Maressa
retorna com o café na caneca, um pão recheado de presunto na chapa. Isso
deve matar a minha fome.
— Estava procurando mais problemas? — Pergunta.
Termino de mastigar a primeira mordida do pão em silêncio.
— Ou estava com mulher. Cheira a mulher. — Vira-se na minha direção.
— Estou? Deve ser sua imaginação. — Puxo a camisa, cheirando. Estou
cheirando mesmo.
— Mãe! — Encaro a Lara, entrando dos fundos. — Oi, velho. — Acena
com um sorriso mostrando o aparelho.
— Velho o caralho. — Murmuro de boca cheia. Menina estressante.
— Beijo no rosto. — Ela apoia em algo no balcão.
Não me movo e não me aproximo, mas ela consegue se aproximar quando
sobe em algo atrás do balcão, deixa um beijo no canto do meu rosto.
— Está cheirando a mulher. — Faz uma expressão, voltando para o chão.
— Deve ser sua imaginação, filha. — Maressa debocha.
Agora Maressa vai começar a com o mesmo humor do Gil e Lara? Está de
sacanagem.
— Mãe, amanhã vai ter uma festa. — Termino de comer meu pão,
ouvindo, e pego a caneca de café, terminando-o. — É festa de um amigo, eu
posso ir?
— Perigoso. — Falo sério.
— Você é muito nova e é perigoso sair sozinha. — Maressa completa.
— Perigoso? — Encaro a Lara.
— É, tem muitos homens com má intenção. — Respondo.
— Não é assim também. — Rebate.
— Não? — Dou mais um gole no café, terminando de beber. — Depois
pesquisa nos jornais. Vai não, fica em casa mesmo. — Ela suspira fundo.
Meses atrás eu me afastei um pouco, entretanto sempre cuidarei da Lara.
Sempre coloquei as duas como prioridade na minha vida no começo do meu
crime. Lara ainda é nova, quatorze anos. Troquei roupa dela, ajudava a
Maressa quando eu tinha vinte anos. Então, sempre irei opinar em relação a
saídas para lugares duvidosos.
Nos últimos dias me afastei. Admito. Não queria e não quero ver as duas
sofrendo por minha culpa.
Horas depois estou resolvendo umas contabilidades rápidas, seguro
algumas coisas em mãos, jogando dentro da mochila e jogo a caneta para
outro lado. Arrumo minha postura na cadeira, ainda sentindo o cheiro doce da
minha roupa.
— E aí, bandido mau. — Gil entra na minha sala, como sempre sem avisar.
Demorou a vir encher minha paciência.
— Procurei sobre aquele nosso assunto de ontem. — Senta na cadeira.
— Qual assunto?
— Sobre não conseguir gozar.
Suspiro fundo.
— Está de brincadeira?
— Eu? Claro que não! O médico Gil andrologista em trabalho. — Ele tira
uma folha do bolso, olhando-a. — Bom...
— Não, Gil. — Passo a mão na nuca, estressado.
— Relaxa, vou te ajudar.
— Sai daqui e fecha essa porta. Volta aqui para assunto sério, entendeu?
— Nossa, vida...
— Ficou louco? Vai, sai daqui! — Falo, ouvindo-o rir sem parar. — E fala
sobre isso pra alguém, não estou de brincadeira com você, filho da puta. Eu
acabo com a sua vida. — Ele levanta-se da cadeira, rindo, e ergue os dois
braços.
— Foi mal. — Com o boné branco desajeitado na cabeça, manda beijo no
ar, saindo.
No meu celular há mensagens do Cleiton, entre outras, da Maitê.
Maitê: Eles entregaram o lanche saudável que pediu e o suco.
O mundo cai na minha cabeça e não acordo com nada pela primeira vez.
Descarto o celular em cima da mesa com a tela ligada e passo a mão no rosto.
Descarto meus pensamentos quando HG e Cleiton entram na minha sala.
— Vocês não sabem avisar que estão entrando? — Guardo o celular. —
Reunião agora e não estou sabendo?
— Vim conversar em relação a garota. — Cleiton avisa. — Tentei ligar
ontem e você não recebeu a ligação.
— E querem saber o que?
— Ela se lembra de alguém de nós? — HG pergunta.
— Não. — Respondo.
— Ela viu algo em algum de nós? — Cleiton me encara. Ergo meu olhar
na sua direção e sustento seus olhos castanhos.
— Não. — Minha resposta é firme sem desviar meu olhar.
Tenho certeza que se eu abrir a boca, eles não vão deixá-la em paz.
São 18h00min. Giro a moeda em minhas mãos, olhando-a entre meus
dedos. Encostado em uma parede, esvazio minha imaginação olhando a moeda
traçar cada parte dos meus dedos. Sinto um pouco de dor de cabeça, hoje está
mais leve que as outras vezes, mas ainda assim, ela dói.
Paro de fazer os movimentos da moeda quando o cheiro de mulher
conhecido invade minhas narinas. Ergo meu olhar, encarando Lara parar seus
passos a minha frente: cabelo curto e preto, o piercing destacando no nariz e a
correntinha no pescoço. Dei de presente para ela, quando ela fez dez anos de
idade.
— Italiano. — Guardo minha moeda, encarando-a.
— O que foi?
— Eu preciso entregar essas coisas pra minha mãe em uma outra padaria, é
na Olaria. — Desço o olhar pra sacola em seu braço. — Tem como me levar?
— Passo a mão no pescoço, olhando para os caras e Gil surge no meu campo
de visão.
— Gil, leva ela na Olaria. — Lara dá alguns passos pra trás, respirando
forte.
— Vou levar! — Segura a chave do carro dele em mãos.
— Toma cuidado.
Gil não revida o olhar, e vai em direção ao carro. Lara me olha de volta, se
aproximando, sinto suas duas mãos nos meus braços cruzados.
— Beijo e obrigada. — Abaixo o rosto, permitindo o beijo no canto. —
Velho.
— Velho o caralho, Lara. — Falo em um tom de bolação por esse apelido
chato.
Lara vira-se, caminhando em direção ao carro. Fixo meus olhos cerrados
na sua bunda quase amostra no vestido branco, colocado em seu corpo magro.
— Lara. — Ela para, virando-se na minha direção. Ergo meu olhar. —
Abaixa esse vestido.
Quem disse que obedece? Ela continuou caminhando em direção a porta
do passageiro do carro. Estressante. Às vezes me tira a paciência como se
fosse uma filha.
— Ainda bem que o Gil é de confiança. — HG para ao meu lado. Escuto
sua voz sem tirar o olhar do Golf do Gil sair pela rua. — Ele te respeita.
— Ninguém é maluco.
— Dentro do carro… — Observo-o.
— Dentro do carro o quê?
— Caso você colocasse qualquer um desses. — Olha para os outros
seguranças. — Tentaria algo com ela, Gil te respeita e respeita-a.
— Ninguém é louco. A garota tem apenas quatorze anos. Todos estão
cientes para não se aproximarem dela.
— Entendi.
— Lara tem que estudar.
— Nunca a vi saindo, ela é tranquila, ninguém nunca disse nada sobre ela.
— Semicerro meus olhos. Passo a mão na minha barba e passo duas vezes no
queixo, sério.
— Por que tá me falando isso? — Dá de ombros.
Ele é despertado pelo seu celular tocando. Assim que pega, o nome Érica
na tela faz o desviá-la do meu campo de visão. Em seguida caminha para
longe, conversando no telefone.
Justo a mãe do melhor amigo. Gil confiando que ele não tem coragem de
ficar com a mãe.
O relógio no meu pulso marca 19h00min. Depois de aparar a barba e cortar
o cabelo em uma barbearia, acabei vindo para a padaria da minha madrinha.
— Você levou a Lara para Olaria? — Nego. — Ela voltou estranha.
— Estranha como?
— Não sei, Edgar. — Me encara — Veio aqui, disse que estava tudo certo
e normalmente ela sempre fica pra ajudar, dessa vez disse que ia dormir.
Parece que está abalada com algo, chateada...— Franzo minhas sobrancelhas.
— Gil quem levou.
— Depois vou tentar conversar com ela. Deve ter brigado com alguém.
Adolescência.
Suspira. Fico em silêncio e coloco o dinheiro em cima do balcão, em
seguida me levanto, e me despeço dela. Do lado de fora da padaria faço uma
ligação para o Gil.
— Hum? — O barulho alto de vozes no fundo atinge minha audição.
— O que está fazendo?
— Bebendo.
— Aconteceu algum problema quando você levou a Lara pra Olaria? —
Ele fica em silêncio por alguns minutos, escuto falar algo no fundo, e sair do
meio do som.
— O que? Não entendi.
— A Lara, Gil. Perguntei se aconteceu algo quando você a levou.
— Não, estava tudo tranquilo. — Desvio o olhar, suspirando. Não espero
ele dizer mais nada e encerro a ligação.
Na minha mente, passou que havia acontecido algo errado, ela é da minha
família e qualquer pessoa pode tentar algo, mas como não houve nada, fico
tranquilo. Por isso gosto de mantê-las afastadas do meu dia a dia, qualquer
problema acontecendo com qualquer uma das duas, minha consciência vai me
matar para o resto da vida.
CAPÍTULO 18
Estou há algumas horas sentada no sofá. Minha mãe foi para seu
trabalho, pois tinha clientes na parte da manhã e Lorena ficou na minha
casa. Ajeito minhas pernas no sofá e jogo meu cabelo todo para trás,
colocando atrás da orelha.
— Sua mãe parece estar meia...
— Triste? — Ela confirma. — Meu pai não veio essa madrugada, eles
devem ter brigado, como sempre. — Respondo-a.
— Você acha que seu pai volta a morar aqui?
— Não sei — encosto no sofá. — Ele anda muito distante.
— Não acha que esteja escondendo algo? — Encaro-a dessa vez,
franzindo as sobrancelhas.
— Outra mulher?
— Talvez, mas não estou falando apenas sobre isso. — Murmura. —
Alguma outra coisa. — Desvio o olhar.
— Eu não sei.
— Sua mãe merece alguém que a valorize, seu pai simplesmente saiu de
casa, não ligou pra ela.
Ela não está errada, minha mãe fica como uma boneca para o meu pai e
quem garante que não há outra mulher por trás?
— Eu realmente não entendo a cabeça de homem.
— Falando em homem. — Lorena morde levemente seu lábio inferior.
— Esses tapas na sua bunda renderam a noite toda.
— Não foram tapas.
— Foi o quê?
— Choveu muito de madrugada e pra esconder da chuva, corri e corri
muito, acabei caindo e batendo minha bunda no chão. — Ela revira os
olhos.
— Para de mentir! — Levanta. Lorena aproxima, suas mãos seguram a
minha, me fazendo levantar. — Olhe para isso. — Traz as mãos até a minha
legging, mas seguro seu pulso, impedindo-a de abaixar minha calça.
— Lorena? Não! — Exclamo.
As marcas estão vermelhas, mas não permito abaixar minha calça só
para vê-las. Que louca.
— Tudo bem, só dizer que não quer compartilhar quem foi.
— Mesmo se tivesse alguém, eu não vou falar coisas em relação ao meu
sexo e minha vida entre quatro paredes com algum homem. Nem pra você.
Ela se afasta um pouco. Às vezes penso quantas loucuras essa garota faz
na vida, meu Deus. Sempre contei as coisas pra ela, mas nada sobre sexo
tão detalhado e como contaria sobre essa cena? " Amiga, fui punida com
vários tapas na bunda por não usar calcinha por baixo da saia."
Aquele homem vai acabar comigo... mesmo ele com a mente em me
castigar, a vontade em provocá-lo bate cada segundo na minha cabeça,
"chicote" essa palavra não sai da minha cabeça, é mentira, eu tenho certeza,
não tem chicote e quero ver se é verdade. Qual será a dor do prazer em
apanhar dele ele assim?
— Acho melhor eu ir embora. — Escuto sua voz. — Algum problema?
— Nenhum. Vou te levar até a porta.
— Vai trancar a porta? — Confirmo, caminhando em direção a saída. —
Fala pra sua mãe que depois mando mensagem pra ela.
— Tá bem, fecha o portão. — Lorena confirma.
Ela sai sem se despedir. Tranco a porta da sala por dentro, respirando
fundo. Depois de um tempo sozinha, decido mandar uma mensagem para o
Italiano.
Maitê: A sua blusa fica separada pra você pegar quando
quiser, senhor.
ótimo.
Depois de comer, eu pedi um Uber. O lanche estava
Edgar?
Mordo o meu lábio inferior mais uma vez, agora seguro um gemido.
Minha respiração está ofegante, quase não consigo lidar com meu peito
subindo e descendo, minhas pernas tremem igual uma vara verde, e meu
coração? Ah, ele simplesmente pode explodir a qualquer momento no meu
peito.
Desejo e medo misturados, por estar à mercê desse homem. Eu não sei do
que ele é capaz, e eu desobedeci a suas ordens. Eu queria vê-lo com raiva.
Italiano ainda segura meus dois pulsos para trás, forçando-os. Consigo
ouvir sua respiração tensa me guiando até o quarto, seu corpo rígido e
musculoso para ao lado de uma cômoda. Tento sair do seu toque, mas, ele
simplesmente me força contra a parede ao lado da cômoda, o que faz meu
corpo e rosto irem contra a parede gelada.
— Maitê! — Fecho os olhos assim que sua voz entra no meu ouvido
grossa e autoritária.
Sua mão direita segura meus pulsos frágeis com mais força ainda. Droga.
— Desculpa… — Minha voz some quando seu corpo encosta no meu por
trás. Seu volume bruto bate contra meu corpo quente. — Meu Deus.
Ele sente um desejo ardente por isso.
Quando Italiano desencosta no meu corpo, o barulho da chave sai da
gaveta. Engulo o ar e encaro a parede.
Chave…chave…
Ele pegou uma chave.
— Sente prazer?
— Em te punir? — Questiona, ofegante.
— Sim. — Silêncio. Não responde, me guiando para fora do quarto.
Calma... ele está me levando até o quarto que fiquei curiosa, o quarto
trancado. Franzo as sobrancelhas tentando entender, suas mãos liberam meus
pulsos e sinto o alívio, levo o olhar até seu rosto, o mesmo concentra na porta,
destrancando-a.
Seu peito sobe e desce em uma respiração forte, assim como eu. Camiseta
clara, expressão nitidamente séria e tensa, a bermuda jeans tem um enorme
volume do seu pau duro. Prendo o fôlego no meu pulmão com seus olhos na
minha direção e sua mão segura meu braço.
O barulho da porta abrindo-se me traz a realidade. Jesus...
— Italiano.
Não permite que minha voz seja ouvida, simplesmente me força a entrar no
quarto, fechando a porta atrás. O cheiro do quarto invade meu nariz, tudo está
limpo, aperto minhas pernas uma na outra, assim como as mãos, mas que
caralho... estou sentindo desejo e medo.
A pulsação da minha boceta quase me faz gemer de tesão.
O quarto tem vários acessórios, a parede escura e a cama tem um lençol
vinho. Os acessórios me trazem calafrios: chicote, vibradores, cordas.
— O que é isso?
— Debruça. — Trêmula, fico parada. — Debruça, Maitê.
Sua mão dá dois nós no meu cabelo, forçando-me. Minha única reação é
respirar forte. Aproximo da cama em passos devagares, deixando minha
sandália para trás, e simplesmente debruço no automático sob a cama.
Meus pés no chão possibilitam minha bunda ficar empinada pra ele, com
um pequeno pano do vestido tampando minhas nádegas. Italiano caminha até
os acessórios, e quando volta, meus braços são amarrados para trás.
Submissa. Eu estou sentindo pequenas sensações inexplicáveis. Meu rosto
contra o lençol solta uma respiração tensa, principalmente quando sua mão
sobe meu vestido, permitindo um frio bater contra minha bunda livre pra ele
me punir.
— A raiva que sinto, vou descontar aqui. — Ouço sua voz grossa.
O nervosismo faz meu leite molhar um pouco o vestido. As mãos firmes
do Italiano deslizam sob a pele quente da minha bunda.
— Caso doer muito, o nível de não aguentar. — Minha voz sai trêmula e
baixa.
Sua mão forte desliza até minha nuca, apertando-a. Sinto o seu corpo um
pouco em cima do meu, fazendo o lado direito do colchão, afundar quando ele
apoia o cotovelo para aproximar a boca perto da minha orelha.
— Não tem palavra de segurança para punição. — Sua respiração quente
bate contra minha orelha. — Eu te avisei, agora você fica quietinha.
Jesus... estou sentindo desejo por isso?
Seu corpo sai de cima, e só me resta aguardar. Me arrependo de duvidar do
seu chicote ao senti-lo passar contra minha bunda. O gélido do utensilio, a
textura faz meu corpo contrair.
— Vou bater cinco vezes na sua bunda. Caso você reclame, eu vou bater o
dobro.
Um gemido alto sai dos meus lábios, a ardência percorre a minha pele da
bunda com a primeira chicotada. Mordo meu lábio inferior, sentindo a
segunda chicotada, um choque de realidade com a dor quando vai
amenizando.
Meu peito contra o colchão entra em sintonia com minha respiração, o suor
escorre pelo meu rosto.
Três… quatro… Caralho! Dói muito, meu lábio inferior sai sangue com
minha mordida forte. Tento afastar meus pensamentos de dor, sem sucesso, a
quinta chicotada me desperta sensações múltiplas.
O chicote é jogado na cama do meu lado. Dessa vez sinto seu pau duro na
bermuda, contra minha bunda, ele faz questão de encostar seu corpo nela.
— Todas as vezes que houver desobediência, a punição será pior,
entendeu? — Fico em silêncio, respirando forte e com os olhos fechados. —
Doeu?
— Sim…
— Então fiz certo. Levanta. — Segura meus pulsos.
Não minto, eu senti dor e prazer ao mesmo tempo, mas ele sente mais
prazer em causar isso, em causar dor.
— Maitê? — Continuo em silêncio pelo toque.
Ainda em silêncio, me sento na cama com minhas duas mãos amarradas
para trás.
Ergo meu olhar, sua bermuda está marcada, sua camisa amassada e o seu
rosto está sério. Seu cabelo penteado para trás, barba feita no bigode e queixo,
ele mantém seu corpo parado à minha frente. Seu rosto é mais bonito sem
boné, deixando visível seus traços, principalmente a cor dos seus olhos.
Italiano tem várias versões, consequentemente não estou preparada para
nenhuma delas.
Qual será a próxima versão?
Engulo minha própria saliva na intenção de combater minha sede. Sua mão
vem até meu pulso, desamarrando e em seguida tira meu vestido com cuidado.
— Eu estou com sede. — Falo quando tira meu vestido pela cabeça.
— Você vai ficar até sairmos daqui, deita. — Troco apenas um olhar antes
de obedecer a sua ordem dada.
— Você não pode explicar?
— Depois nós dois conversamos.
Suas mãos prendem minhas mãos e meus pés amarrados para cima com a
corda, deixando minha boceta exposta pra ele na beirada da cama. A corda
desperta dores por meus pulsos.
Estudo sua reação, ele simplesmente empenha-se em fazer isso com toda
concentração possível. Depois de me olhar em pé, ele tira sua camiseta,
bermuda e cueca, deixando sua ereção disposta para minha direção. Fecho
meus olhos, o tamanho, a textura e as veias são nítidas.
Minha respiração pesa cada segundo que passa.
— A palavra de segurança é laranja. — Seguro minhas lágrimas. — Qual é
a palavra de segurança? — Pergunta.
— Laranja. — Respondo em um sussurro.
Sinto-o cobrindo meus olhos com algo, impedindo de ver qualquer coisa
que seja naquele quarto. Sua barba passa por meu corpo. Sou torturada com
penas deslizando por meu corpo e tapas na boceta.
Não vou mentir, minha intimidade está molhada desde o primeiro
momento com ele. Sem ver nada, consigo apenas sentir sua língua quente na
minha fenda, é torturante.
É horrível não poder fazer nada, solto um gemido baixo, cravando minhas
unhas nas minhas próprias mãos. Ele suga o lábio da minha boceta com
saciedade em um sexo oral. Meu líquido de lubrificação mistura-se com sua
saliva.
Calafrios por meu corpo são sentidos. Gemidos, meu corpo tentando mexer
contra a cama. Eu expresso com gemidos cada exploração da sua língua.
Levemente ergo minha cabeça, sentindo um orgasmo prestes acontecer.
— Assim, eu vou gozar. — Tento rebolar lentamente.
Ofegante, xingo mentalmente. Minhas pernas trêmulas, lentidão no meu
raciocínio com a sensação.
— Italiano... — Solto um gemido alto com a negação do orgasmo com seu
afastamento. — Por favor. — Mordo o canto da minha boca, sentindo minha
boceta pulsar.
CAPÍTULO 22
Maitê tem suas pernas e pulsos amarrados para cima. Ela está exposta pra
mim na beira da cama, proporcionando torturar por todo seu corpo. A fiz
chegar perto de um orgasmo três vezes, e três vezes, eu neguei seu orgasmo
como uma punição.
Estou quase tocando um foda-se, pronto para foder sua boceta com força.
Mas ela merece essa tortura.
Ela merece estar exposta dessa forma, sem enxergar e sem movimentar.
Deslizo minha mão grande na lateral do seu quadril e deixo um tapa com
força, escutando seu gemido de dor entre seus lábios. Sua expressão é uma
mistura de dor e prazer. Bochechas levemente vermelhas com o tecido sob
os olhos, cabelo bagunçado.
Meu pau reclama descontroladamente. Ele quer foder a boceta dela.
Minha mão percorre por sua entrada molhada, existente, pulsando com o
clitóris inchado. Deixo dois tapas fracos no seu montinho sensível, ela
contorce, respirando forte.
— Por favor! — Implora.
É assim que quero te ver, implorando. Não sabe o quão gostoso e
prazeroso é saber que ela pode chorar a qualquer momento. Quero vê-la
chorando. Depois de dois anos sem fazer um sexo sob submissão, ela me faz
sentir essa sensação nocauteante.
Tiro o tecido preto dos seus olhos. Ela cruza seu olhar com o meu,
mantenho minha atenção no seu rosto. O chicote ao seu lado, agarro-o
novamente, desferindo na lateral da sua bunda. Seu gemido é alto.
— Não geme. — Mais um. Ela geme de novo. — Estou mandando não
gemer, cachorra.
A cor vermelha ganha tom na lateral do seu quadril. Ela feche os olhos
com força, mordendo o lábio inferior, guardando seu gemido no fundo da
sua garganta, assim como ordeno. Mas acaba escapando um gemido baixo,
quase um choro de súplica.
— Caralho. — Quase sumindo sua voz sai quando dou mais uma
chicotada.
— Segura o gemido! — Falo autoritário, batendo o chicote mais uma
vez, ela morde o canto da boca. — Segura mais uma vez!
Bato mais uma vez e ela segura com força, abrindo os olhos, quando
batem no meu rosto, o observo lacrimejando, mas por enquanto nenhuma
lágrima escorre. Ela tenta movimentar-se, mas é impossível, a corda foi
amarrada com a força.
— Dói muito. — Sussurra.
— Isso é pra mostrar o quanto de ódio sinto quando você me desrespeita.
— Deixo o chicote em cima da cama novamente. Ela fecha os olhos,
procurando respirar. — Olha pra cá. — Ela não olha. — Maitê, olha aqui —
seus olhos vêm até os meus. — Alguém já tocou nos seus seios? — Ela
nega, mostrando a verdade nos seus olhos.
— Apenas você.
Desamarro apenas suas pernas, deixando os pulsos amarrados, elevando
para cima da sua cabeça. Enfio meu corpo entre suas pernas, abrindo-as com
força
— Seu braço não vai sair dessa posição. — Levo minha mão direita até
seu pescoço. — Caso sair eu te enforco, está me entendendo? E será punida
de novo, mas agora com minha mão apertando seu pescoço. — Sinto ela
engolir em seco. — Qual a palavra de segurança?
— Preto. — Sussurra. — Não existe palavra de segurança na punição. —
Engole em seco mais uma vez.
Aproximo minha boca da sua, ela espera o beijo, mas eu nego. Com
sincronização, a cabecinha do meu pau, inchada encontra a entrada da sua
boceta. Ela deixa suas pernas na minha cintura, encaixadas. Meu pau desliza
para dentro, rasgando cada centímetro. Seus lábios solta um gemido, coloco
minha mão direita na sua boca, intencionado de impedir o resto do seu
gemido.
Vou no fundo com força, sabendo que causa dor.
— Meu Deus. — Libero sua boca, volto devagar e deslizo com mais
força até o fundo mais uma vez, fazendo-a gemer.
Nossos corpos começam a transparecer uma sintonia forte com minha
força estocando dentro dela. O barulho exala dentro do quarto, nossos
cheiros se misturam.
— Caralho. — Sussurra baixo.
Começo a foder sua boceta com mais força, olhando para o espelho ao
lado. Sinto as paredes vaginais quentes, pulsando contra o meu pau duro.
Caralho, essa garota está sedenta por isso. Quando miro seus olhos
novamente, eles lacrimejam entre os sobressaltos do seu corpo.
— Italiano...
Ela tenta levantar os pulsos, mas volta quando levo a mão até seu
pescoço, sinto o suor escorrer no meu rosto, fazendo a linha do maxilar.
Aperto seu pescoço olhando no fundo dos seus olhos. Deixo dois tapas leves
no seu rosto e seguro seu pescoço novamente, apertando.
Meu pau duro chega no fundo da sua boceta, o encaixe dos nossos corpos
me faz ficar maluco. Foda-se, eu quero acabar com ela, não controlo minha
força. Ofegante, fodo-a com a mistura do barulho e suores. Suas pernas
tremem na minha cintura, ela geme gostoso enquanto lágrimas começam a
escorrer dos seus olhos.
Ela está chorando de dor e prazer.
A sensação mais forte é essa, prazer e dor misturada. Quando cai a
realidade, a sensação de um pau duro explorando dentro dela. Solto um
gemido rouco com nossos corpos colidindo, seu quadril movimenta rápido,
ela fecha os olhos quando os revira. Um gemido ardente sai dos seus lábios,
ela está no colapso de um squirting, consigo sentir o líquido quente na minha
pele. Saio de dentro dela, esfregando meu pau na sua boceta.
1H00MIN AM
Gil: Irmão, quero que você tenha noção do que está fazendo. Sou seu
parceiro, mas essa parada está toda errada. Estou oferecendo meu conselho, a
garota é a única inocente.
Alinho minhas sobrancelhas com meu dedo. Ergo meu olhar, e em uma
distância do outro lado da rua, com pouca iluminação, Gil chegou agora há
pouco ao lado de outros rapazes. Nossos olhares se cruzam enquanto ele
arruma seu boné na cabeça.
Diante da sua mensagem, Maitê havia mandado outra.
Gil: Você está por aqui? Te procurei e não achei, bandido mau.
Italiano? Mão me diz que está com ela.
HORAS DEPOIS…
Olho mais uma vez a tela do meu celular, sentado na ponta da cama, giro-o
entre meus dois dedos, pensando em várias coisas. Tenho vários problemas
para serem resolvidos, entretanto, nenhum deles chegava nem perto a como
qual forma Maitê reagiria caso realmente soubesse a verdade.
Como ela se comportaria diante dessa informação. O sonho dela foi
sensitivo.
Viro meu rosto, olhando-a por cima do meu ombro: ela dorme com a
coberta até sua cintura, seios expostos no sutiã, cabelo preto espalhado pelo
travesseiro branco. Seu cheiro é bom, impossível não sentir. Quando ela se
remexe, abrindo os olhos pretos, eu viro minha atenção para frente.
São 7h00min da manhã, posso afirmar que dormi mais ou menos quatro
horas tranquilas de sono, o restante passei pensando.
— São quantas horas?
— 7h00min. — Respondo sério, com minha atenção no meu celular
desligado.
— Está aí desde que horas? — Passo a mão esquerda na sobrancelha,
ajeitando os fios. — Hein?
— Fazem uns dez minutos.
— Acordou mal humorado? — Sinto o colchão atrás afundando, na
medida que ela se aproxima, seus dois braços passam em volta do meu
pescoço. — Hum... esqueci, quando não está mal humorado?
Seu corpo fica ajoelhado atrás do meu, seus seios encostam nas minhas
costas nuas.
— Maitê...
— Maitê o quê?
Suspiro fundo.
Deixo meu celular sob minha coxa, tentando tirá-la do meu pescoço, mas
seus braços firmam.
— Maitê. — Repreendo.
— Eu acordo de bom humor, estou na flor da idade ainda, você está muito
velho, oitenta e quatro anos — forço o pulso dela, apertando. — Está
machucando.
— É pra doer mesmo.
— Está tentando me machucar sem ser na cama? Pode tirar a mão do meu
braço.
— Você é abusada. — Alívio seu pulso, e um beijo é instalado no meu
maxilar.
— Sua respiração ficou pesada. — Ironiza.
Ela se levanta e vem para a frente do meu corpo. Quando tira o celular da
minha coxa, senta de pernas abertas para mim, suas pernas passam em volta da
minha cintura. Seguro seu corpo na sua cintura com minhas duas mãos.
— Nosso trato. — Olho nos seus olhos pretos.
— Qual é? — Questiono.
— O que você quis dizer em ter que fazer tudo que você mandar? Eu quero
entender.
— Com o tempo você vai descobrir. — Fito sua corrente de prata no
pescoço.
— Eu não vou poder dormir com você toda vez, minha mãe…
— É só falar, eu te levo embora. — Corto sua fala.
— Posso saber qual sua intenção comigo?
— Te comer? — Encaro-a. — Ser minha puta? — Maitê engole a própria
saliva.
Ela não responde nada, apenas balança a cabeça confirmando, como se
tivesse entendido minha fala.
— Dá tempo de sair fora.
— Não. — Nega. — Eu concordo. Eu quero que você me foda. — Sinto
suas pernas apertarem minha cintura.
— Por que suas pernas estão tremendo?
— Nunca fiz antes, principalmente com um traficante.
— Você não me conhece pra dizer que sou apenas um traficante.
— Eu sei.
— Não sabe, Maitê — sinto suas unhas cravando no meu pescoço sem
machucar. — Eu te conheço pra caralho, mas você não conhece nada da minha
vida.
— É, eu não te conheço — molho meus lábios com a língua. — Eu não te
conheço — repete para si mesma. — Você conhece meu lanche favorito e o
meu suco, eu nem sei qual sua cor favorita.
— Preto — respondo, sério. — O que foi? Minha cor favorita é essa.
— Minha cor favorita é lilás. — Sussurra baixo. Deslizo minha mão por
suas costas até sentir o cabelo macio em minha mão direita.
— Posso te dar um beijo no pescoço?
Maitê confirma, não penso muito. Simplesmente puxo seu cabelo
levemente para trás, possibilitando o pescoço ficar livre. Eu beijo
demoradamente e cheiro seu pescoço em seguida.
— Gosta de preto por quê?
— Por causa dos seus olhos. — Um murmúrio baixo sai dos meus lábios
contra seu pescoço. Deslizo meu nariz sentindo seu cheiro.
— Eles são enormes, não são?
— Uhum, são. Iguais duas jabuticabas. — Fecho os olhos, sentindo sua
unha arranhar meu pescoço.
Maitê se aproxima para um abraço. Deixo minhas duas mãos na sua
cintura, enquanto ela se aninha no meu pescoço. Seu corpo mais próximo faz
seus seios encostarem no meu peitoral. Maitê puxa o ar para sentir o meu
cheiro.
Caralho…
Maitê está acabando com a minha vida agindo dessa forma. Acabo
permitindo como se fosse um abraço, na realidade, é um abraço. A sua forma
me faz pensar que todas as mulheres que já foram comidas por mim, não são
iguais a ela. Seu jeito, a forma que sinto vontade em foder com ela selvagem e
ao mesmo tempo fazer um sexo tranquilo.
Quando a vi conversando com aquele otário que tirou sua virgindade,
minha vontade era bater naquele cara. Uma raiva que nunca havia sentido na
minha vida antes.
Ainda na mesma posição, olho para o lado, em cima da cama vejo a
ligação silenciosa no meu celular, o nome HG aparece na tela. Tínhamos uma
reunião pela manhã, olho a tela do celular até parar de tocar.
Depois de fechar a porta da sala, analiso a Maitê ir para dentro da casa sem
olhar para trás, em passos, ela caminha até o banheiro, fechando a porta.
Coloco sob o balcão meu celular e a carteira.
Viemos o caminho todo em silêncio. Maitê entrou no meu banco carona
com receio e assim ficou, quieta, na defensiva desde o primeiro minuto.
Vou em direção a sacada do quarto, na intenção de fumar meu cigarro de
maconha. O bairro com as luzes acesas ilumina a cidade. Trago uma vez e
solto a fumaça.
Não minto, estou bolado por ela ter ido em um bar, mas também quero
tentar entender a primeira garota, pelo menos uma vez em trinta e quatro anos.
A voz embargada que tinha escutado não era de bebida, era de choro e podia
sentir uma raiva em pensar que alguém a fez chorar.
Puxo mais uma tragada e apago o meu baseado, após colocar no cinzeiro
em cima da cômoda, vejo Maitê entrando no quarto, passo meu olhar por seu
corpo. Coloco minhas duas mãos no bolso da minha bermuda, ela senta na
cama na minha frente, se abaixando pra tirar a sandália.
— Eu tiro. — Quando ela ouve minha voz, ergue o olhar.
Seus olhos estão inchados e seu rosto vermelho. Ela realmente estava
chorando. De imediato penso que algum rapaz tenha feito isso, se a fez chorar
por medo ou por outra coisa.
— Obrigada. — Agradece.
Aproximo em passos lentos, tiro as duas mãos do bolso ajoelhando na sua
frente, meu joelho esquerdo vai no chão e deixo a minha coxa pra ela colocar
o pé direito. Concentro no seu pé pequeno, ao tirar a sandália de salto baixo.
Estudo cada detalhe dos dedos curtos e pé pequeno com a esmaltação
vermelha nas unhas.
— O que você foi fazer no bar? — Pergunto.
— Edgar — solta o ar pelo nariz. Termino de tirar a outra sandália, me
levantando.
— Eu estou tentando ser paciente, sabe? Mas uma parada que nunca fui e
estou sendo contigo é ser paciente. Então me responde o que você foi fazer em
um bar sozinha? — Arrumo meu boné na cabeça.
Ela me encara e nega devagar com meu questionamento.
— Você está preocupado se eu fui atrás de homem, não é? — Pergunta,
séria. — É apenas isso que importa para você.
Passo minha língua no canto da boca. A realidade é essa mesmo, estou
querendo saber isso.
— É — cruzo os braços. — Você foi?
— Você não se importa com nenhum sentimento, não é mesmo? Nem
sequer perguntou o porquê da minha cara de choro ou pelo qual motivo te
liguei. — Se levanta.
— Responde a minha pergunta.
— Eu não faço questão de responder. Não quero responder a sua pergunta.
— Respiro fundo.
A minha pior versão é essa, sentir ser dono de alguém. A minha obsessão
me fascina de uma forma inexplicável, como nunca senti por toda minha vida.
Ela tenta sair, mas minha mão direita a impede, segurando-a.
— Não me dá as costas.
— Qual seu problema, Italiano? O problema com minha vida não foi
homem. — Nós nos entreolhamos.
— Desde a hora que você entrou dentro do carro, não me falou uma
palavra. Nenhuma, Maitê, eu quero saber quem te deixou assim. Quem te fez
chorar a ponto de me ligar.
— Tá começando a apertar forte. — Alivio o aperto, mas não solto.
Cerro meu maxilar, olhando para o seu rosto, os olhos com pouco de
lágrimas, destaca na iluminação.
— Senta nas minhas pernas, vamos conversar. — Falo.
Sento na poltrona do meu quarto, com receio e uma expressão séria, Maitê
senta no meu colo. Ela apoia seu braço em volta do meu pescoço.
— Eu estou tentando ser paciente. Não curto mulher assim em bar sozinha,
papo reto.
— Sua única preocupação é essa?
— Não, Maitê, mas estou falando o que vi até agora. Você não falou uma
palavra até agora do que aconteceu. A gente tinha um trato de nos vermos
todos os dias por isso. — Sua sobrancelha franze.
— Do que está falando?
— De ter você só pra mim, isso que estou falando.
— Eu sei.
— Então o que rolou, qual é o problema?
— Eu estava passando perto do bar, na verdade tinha ido na farmácia, mas
acabei vendo meu pai e minha melhor amiga Lorena no bar. Estou sentindo
tanto ódio.
— Ela fez alguma coisa?
— Me ameaçou. — Minhas veias queimam com sua expressão facial.
— Lorena é a de cabelo cacheado? — Maitê confirma. Passo meu boné
para trás.
Minha mente pensa em várias possibilidades de pegar Lorena dentro da sua
própria casa, bater para caralho, sem ela saber quem vai entrar, para servir de
recado. Minha mente ferve em pensar alguém ameaçando Maitê, um ódio
enorme passando por meu sangue, o mesmo ódio de quando vi HG ameaçando
em falar aquelas merdinhas dele.
— Só não pensei que ela tinha essa coragem, do meu pai até esperava o
pior, mas dela? E confiava nela, compartilhei meus melhores momentos com
ela.
Molho meus lábios, olhando sua boca, seus olhos vermelhinhos pelo
choro, cílios molhados, as sobrancelhas feitas.
— Oitenta e quatro anos? — Nego sua piada.
— Essas piadas são chatas.
— Não são, eu gosto — fala baixo, sinto sua mão direita saindo do meu
pescoço e vindo até minha barba feita. — Sabia que ficou muito lindo assim?
Sua mão desliza por meu rosto, minha barba feita de cavanhaque. Maitê
concentra no meu rosto.
— Olha aqui — fito-a. — Ninguém vai encostar em você. Você vai chegar
amanhã na sua casa e falar para sua mãe. Ninguém vai encostar um dedo em
você. — Ela confirma quando escuta minha voz.
Minha mão esquerda vai até sua nuca, sinto sua pele e os fios por cima da
minha mão.
— Está de calcinha?
— Não quero apanhar de novo, não por enquanto. — Brinca sem humor.
Puxo seu corpo para mais perto, aproveitando do seu pescoço para cheirar
seu aroma doce. Ela permite, e em seguida, deixa vários selinhos demorados
nos meus lábios, transformando em um beijo suave. Porra, essa garota vai
acabar comigo. Sinto vontade de fazer com ela o que nunca fiz com nenhuma
outra mulher, um sentimento muito além do prazer em comer sua boceta.
— Vamos tomar um banho?
— Seu pau está duro. — Sinto o volume pulsando por baixo da cueca.
— Mas hoje você vai ficar suave. Vou preparar um banho pra você relaxar.
— Eu vou ser forte em superar essa situação com ela — fala. — E
obrigada, mesmo amando da forma que você me fode, eu quero conhecer seu
outro lado. Eu sei que você tem outra versão sem ser essa casca dura.
— Eu te conto cada dia uma parte da minha vida, só basta me obedecer.
— Mas então pode falar uma pequena coisa, eu não sai sem calcinha. —
Crava as unhas no meu pescoço.
— Pergunta o que quiser.
— Hum... quero que comece da sua infância.
— A cicatriz na perna? — Interrompo sua fala, ela balança a cabeça,
confirmando.
Que droga. Quando imaginei que um dia teria que explicar minha vida para
uma mulher? Ao mesmo tempo a sensação é boa, estou tirando os
pensamentos ruins da cabeça dela com essa história idiota sobre minha vida.
— Não lembro muito da minha mãe, mas lembro-me do meu pai —
olhando por cima do seu ombro, vejo a porta da sacada e o céu clareando
pelos raios da chuva. — Minha mãe morreu quando eu tinha dois anos de
idade, não sei muito bem como e nem quando. Mas do meu pai eu lembro,
morreu de overdose — molho meus lábios. — Um pela saco, como qualquer
um, pior que o seu. Ele me bateu umas oito vezes e na última, ele me bateu
como nunca apanhei na vida…
— Meu Deus...
— Deixa eu falar. — Aperto a lateral do seu quadril.
— Desculpa.
— Ele morava com minha madrinha, não tinha onde cair morto. Minha
madrinha me criou, então todos dias via a desgraça daquela família. Na sétima
vez que ele me bateu, ele me disse, não abre a boca pra sua madrinha —
respiro. — Eu tinha medo, mas acabei falando, ele descobriu, Maressa ficou
revoltada e no dia seguinte, ela o mandou cair fora de casa, o desgraçado saiu
e no mesmo dia que ele saiu de casa — passo a língua no canto da minha
boca. — Ele foi atrás de mim dentro da escola, estava no banheiro masculino.
— Não precisa terminar...
— Odiava estudar — solto o ar pelo nariz, negando em ironia. — E depois
desse dia passei a odiar todo mundo da escola, não só as aulas, mas todos...
meu pai me bateu dentro daquele banheiro, acabou com minha perna e meu
rosto.
— Eu não imaginava, eu sinto muito. — Aproxima, beijando o canto da
minha boca.
— Não sinta, hoje em dia não ligo. — Dou de ombros. — Vamos tomar
um banho e vou pedir pra eles entregarem um lanche aqui. — Ela confirma,
mas antes aproxima o rosto, colocando-o entre meu pescoço.
Abraço seu corpo devagar, envolvo seu calor contra o meu. Vou contar
uma parte da minha vida para ela todas as vezes que eu ver que ela merece.
Detalhar minha entrada no crime. Porém, mesmo assim, ela nunca vai saber
tudo da minha vida.
— Obrigada por ter me tirado de lá.
— Seu pai e sua amiga não merecem seu choro. Qualquer coisa, me avisa.
Sinto raiva quando penso que alguém pode bater nela, qualquer um que
seja. Tudo que tenho na minha mão, ninguém tocou, não vai ser agora que vão
tocar.
Sentada na cama, olho para a tela do meu celular, ainda sonolenta, vejo as
mensagens do meu pai. São oito horas da manhã, várias ligações perdidas.
Eu sinto nojo, uma raiva enraizada no fundo do meu peito mistura-se com
nojo. Penso como a pessoa tem a coragem como ele tem, de fazer algo tão
nojento e ainda assim, querer sobressair por cima. Ele ficou com a minha
melhor amiga, consequentemente amiga da minha mãe.
Eu desconfiava todas as vezes que meu pai chegava falando sobre eu ter
dormido fora, era a Lorena e minha intuição não falhou quando desconfiei.
Sem responder nenhuma mensagem, bloqueio a tela do telefone,
colocando-o de lado. A minha atenção vai para os meus seios doloridos e
vermelhos, como todas as vezes que Edgar me vê, mas essa noite ele quis ir
mais a fundo com os meus seios.
Ergo meu olhar, Edgar surge no meu campo de visão. O cheiro de
hidratante masculino, camiseta clara, calça jeans preta e cabelo penteado para
trás. Suas tatuagens destacam a formação estrutural do seu corpo. Como é
gostoso.
Faço uma expressão triste de bico.
— O que houve pra me olhar assim? — Pergunto.
— Não vai comer alguma coisa? Eu comprei. — Franzo as sobrancelhas.
Ele não respondeu sendo um ogro?
Os olhos verdes tomados por uma vermelhidão me encaram. Sua expressão
é séria quando analisa meus seios inchados, eu cubro com minha mão,
envergonhada. Coloco o sutiã tomara que caia, acompanhado da calcinha.
— O que foi? Está pensando no seu pai ainda? — Escuto sua voz grossa,
ele aproxima-se e encosta na cômoda.
— Vou tentar conversar com minha mãe, isso está me matando por dentro.
Quando vou caminhar, sua mão segura minha cintura, forçando-me ficar
perto dele. Meu corpo gruda no seu, o impacto choca nossos corpos um no
outro. Ele segura minha cintura com suas duas mãos fortes.
— Eu preciso escovar os dentes — falo, mas ele apenas me olha sério. —
Doeu. — Sinto meus seios doloridos contra sua camiseta.
— Você desconfiava da Lorena e do seu pai? — Vejo sua corrente fina, de
ouro no pescoço.
— Ela nunca tinha dado motivo, mas comecei a desconfiar quando tudo
que eu fazia, meu pai sabia. — Subo meu olhar até seus olhos, ele franze as
sobrancelhas.
— Falou sobre nós dois? — Nego.
— Não falei nada sobre nós dois.
— Tem certeza?
— Sim, não falei, mas mesmo assim ela queria motivo pro meu pai brigar
comigo.
— Otários — murmura sério. — Ninguém vai encostar a mão em você,
entendeu? — Depois de alguns segundos, ele fala de novo. — E aquele
fodido?
— Fodido?
— Seu ex.
— Ele não é meu ex, foi só uma vez.
— Conversa com ele ainda? Responde, hum?
Penso em não responder, mas acabo falando a verdade.
— Não o vi desde aquele dia, Edgar.
— Não te quero do lado daquele cara.
— Vamos entrar sem falar nada, vocês vão fazer como mandei. — Minha
voz sai em um murmúrio sério.
As duas garotas que eu havia levado me olham em silêncio.
Gil me olha apreensivo no banco do passageiro, com a sua máscara de
palhaço em mãos. Consegui um carro com chassi falsificado e estamos
parados em uma rua deserta, o breu da noite abraça o Rio de Janeiro.
Coloco a minha balaclava, assim Gil faz também com a máscara dele. As
duas garotas fazem o mesmo. Não lembro o nome delas, nem me importa. O
que eu preciso é que façam o que é preciso.
Arrumo a minha arma no cós da minha calça e molho meus lábios secos
por baixo da máscara.
— Justo eu? Porra! — Ele reclama abafado por baixo da máscara.
As garotas continuam em silêncio, apenas nos acompanhando.
Gil tem uma máscara de palhaço no seu rosto, combinando com sua
personalidade.
— O que aconteceu? Não poderia ter mandado alguém vir fazer isso?
— Eu vou fazer isso pessoalmente. — Saio do carro. — Só não vou eu
mesmo arrebentar essa puta, porque é fora da ética.
— Você calculou certo agora? — Desce do outro lado.
— Não é assalto, caralho!
— Mas estamos fodidos da mesma forma se formos pegos. Mesmo com as
meninas. — Prendo minha respiração, arrependendo de tê-lo chamado para
isso.
— Fiquei três dias calculando esse caralho, agora cala a boca e me segue!
— Saio na sua frente com o vento fresco da madrugada. As meninas na nossa
cola.
Três dias passaram desde aquele dia que peguei a Maitê chorando naquele
bar. Fiquei três dias com isso na cabeça, três dias sem dormir direito, e não
vou enquanto não resolver esse problema.
Certamente Lorena está sentada em frente à televisão ou computador,
como observei nesses três dias. Ela mora em uma quitinete no mesmo bairro
que a Maitê. Podia vir pessoalmente, de cara limpa e arrebentá-la com minha
mão, mas prefiro não arriscar minha face. Na realidade, eu nem queria trazer
as duas mulheres, Gil foi quem me convenceu.
Odeio quando alguém ameaça algo que é meu, principalmente quando se
trata da Maitê. Odiei vê-la triste naquele dia, toda quieta, não estou aqui por
causa do pai dela estar com Lorena, mas estou aqui pela ameaça. Nesses três
dias, Maitê pediu para não me ver, eu respeitei o espaço dela.
Estou puto para caralho, na verdade fiquei puto durante todos esses três
dias.
— Você tem que andar mais rápido, mermão, estamos muito atrasados! —
Ele murmura mais uma vez atrás. — Vai, chatonildo.
Ouço a sua respiração pesada atrás, e os passos das meninas, após
pularmos um muro e adentramos outro local.
Chatonildo?
Depois de alguns minutos, estamos os quatro de frente para Lorena. Ela
está de costas, em frente a tela do seu notebook, paro poucos passos atrás dela.
A pouca iluminação da sala reflete. Mesmo com a balaclava que permite ver
os meus olhos, é impossível que ela os veja no escuro. Ela se sente ser
observada.
Com medo, gira a cadeira. Sua expressão muda rapidamente para uma
expressão assustada quando nos vê, cada um com a porra de uma balaclava na
cara, e um pouco atrás, Gil, com sua máscara de palhaço. Meus pulsos fecham
pelo ódio que carrego.
— O... que.... eu, aqui não tem nada de valor — sua voz sai trêmula
quando ela empurra a cadeira para trás com os pés no chão, seu notebook cai
virado para baixo, fazendo a sala mergulhar no breu. — Por favor... — Ela
coloca as mãos na cabeça fechando os olhos.
Seu peito sobe e desce em uma respiração pesada, por baixo do pijama
sexy que ela veste. Na minha mente vem a cena da Maitê chorando, posso
estar cego de raiva, mas garanto que não irei me arrepender de cada murro
dado nesse rosto. Porque eu com toda certeza vou dar ao menos um.
Ela vai tentar achar o motivo, mas no fundo ela vai saber. Isso vai fazê-la
pensar duas vezes antes de entrar no caminho de alguém a quem estou
começando a considerar na minha vida.
Sou conhecido por ser frio, mas estou começando a considerar, ao ponto de
sentir falta do cheiro da Maitê em apenas três dias. Estou com insônia por não
a ver.
— Não. — Sua voz sai trêmula mais uma vez.
Me aproximo, bruto, agarro seu cabelo. Puxo com força para trás e sinto
seu couro cabeludo contra meu dedo. O grito é alto, mas tampo sua boca com
minha mão esquerda e deixo um tapa forte para ela ficar quieta.
Chora. Ela chora alto.
Derrubo seu corpo com a cadeira no chão.
— Eu não fiz nada. — Implora.
Sem sair uma palavra da minha boca, faço sinal para as meninas, que
começam a socar o seu rosto contra o chão e chutar suas costelas. A escuridão
toma conta da minha pele, absorvendo minha adrenalina. Eu sinto mais
saciedade a cada murro que elas deixam por seu corpo.
— Para, por favor... — Chora.
O ódio faz eu me juntar a elas para bater. O ódio que juntei nestes três dias
vou descontar. Puxo o pijama, rasgando-o. Seus seios ficam expostos, ela tenta
cobrir com as mãos e alternar para proteger seu rosto.
Vou fazer chegar à inconsciência dentro da sua própria casa.
A mensagem não cai no telefone dele, o visto por último faz horas, coloco
meu cabelo atrás da orelha, sentindo um aperto no peito. Na verdade, quem
está com saudade sou eu. Saudade de ser comida por ele, de sentir seu corpo
caloroso, de sentir a tranquilidade de quando ele mama nos meus seios. Por
que Edgar tem que ser tão gostoso e misterioso ao mesmo tempo?
Parece que a vida dele é um enigma, mas estou determinada a descobrir
tudo.
A rua de casa está vazia, o único barulho que ouço é de um carro, quando
olho para o lado de fora da minha casa. Arrumo meu pijama nos seios e calço
meu chinelo, quando levanto.
Depois que atravesso a porta de casa, eu destravo o portão, abrindo com
minha chave. A rua está deserta, passa uma moto de entregas e mais à frente
tem um carro parado. Minha atenção fica na traseira do carro preto, engulo o
ar quando a luz de ré é acionada. Penso em correr e fechar o portão, porém
fico parada. O carro para bruscamente na minha frente.
— Entra. — Franzo as sobrancelhas ouvindo a voz do Italiano.
Ele está em outro carro.
— Eu só vou fechar a porta de casa.
Fecho a porta e travo o portão do lado de fora. Abro a porta do carona e
entro. Não sei como sou mandada automaticamente para perto dele.
Seu cheiro de hidratante masculino… como é bom! Estudo seu corpo no
banco: bermuda na cor bege, marcando suas coxas, camiseta preta envolta dos
seus bíceps e peitoral. Ele está sem boné. Sobrancelhas grossas e feitas, a
língua surge nos lábios para molhar, deixando bem detalhado.
Tinha esquecido a sensação de estar à sua mercê, nesse momento me sinto
uma palhaça em ficar olhando-o.
— Oi...
— A porta está aberta. — Seu corpo vem contra o meu em direção a porta.
Escuto o barulho dele abrindo e fechando a porta devagar. Quando penso
que ele voltaria para seu lugar, o rosto abaixa em direção do meu pescoço,
inclino minha cabeça para o lado direito e deixo meu pescoço exposto para ele
cheirar.
— Se fosse um sequestrador, te sequestrava fácil. — Seu hálito quente bate
contra minha pele do pescoço.
— Eu ia correr.
— Não correu. Tem que ser mais esperta, Maitê. — Volta a posição para
seu banco.
— Mas eu sabia que era você.
Ele coloca sua mão no banco, atrás da minha cabeça e me olha. Seus olhos
avelãs esverdeados me fitam, eu tenho sensações múltiplas. Como ter a minha
boceta pulsando com seu olhar.
— Como sabia? O carro é outro. Não deve sair assim na rua, ainda mais
com esse pijama transparente — fita meus seios e ergue seus olhos na minha
direção. — Entendeu?
— É uma ordem?
— É.
— Tá bom, tem alguma outra ordem?
— Você sai assim na rua? — A mão dele desce para minha coxa, sinto a
dor quando ele aperta minha pele. — Está transparente pra caralho, Maitê.
— Dói.
— Você me estressa.
Sua mão grossa vem até minha barriga, ele simplesmente a enfia dentro do
meu short do pijama. Minha respiração pesada sai entre meus lábios. Sua
respiração tensa fica mais pesada, ele me sente sem calcinha e desliza seu
dedo por meu clitóris inchado, mais um pouco pra baixo… estou molhada. Ele
sente.
Meus olhos estão fixos na fúria do seu olhar.
— Eu estava em casa e sai pra ver o carro, fiquei com medo de ser meu
pai. — Minha voz sai falha.
— Não me estressa assim, linda. Na moral. Estou estressado pra caralho
esses dias por sua culpa.
— Por minha culpa?
A mão continua no meu clitóris, abro minhas pernas trêmulas e seguro
firme em cada lado do banco.
— Ninguém ameaça o que me pertence.
Tento controlar minha respiração, a tensão grita alto. Algo difícil de
controlar, de se explicar. Meus olhos descem até sua bermuda, o volume duro
por baixo da bermuda é notável. Mordo meu lábio inferior e sinto dor pela
forma que mordo.
— Vai me punir? — Tento aproximar minha boca da sua, mas ele desvia,
fazendo pegar no canto.
— Você quer que eu te bata como uma puta, hum? É isso que você quer
sentir? Ser submissa, ser minha submissa? — Seus olhos esverdeados me
analisam. Eu concordo.
Basta minha confirmação, Italiano tira sua mão do meu corpo e liga o
motor do carro novamente, saindo pela rua.
CAPÍTULO 28
Encaro a tela do meu celular. Gil não atende minha chamada, na sacada,
dígito mensagens.
Mensagem da Maitê.
Franzo as sobrancelhas.
Italiano: Você respondeu algo?
Maitê: Não, era um rapaz, não sei quem, mas deve ser que confundiu
também, apenas batendo no portão e perguntando se tinha alguém em casa.
Giro a moeda entre meus dedos. Depois de alguns minutos, ergo meu olhar
em direção ao HG, que mantém assuntos com alguns rapazes. Estou sentado
em uma das cadeiras, na laje, cheguei dentro da comunidade pela manhã e
hoje quero ficar um pouco afastado dos problemas.
— Está geral da comunidade comentando sobre a mãe do Gil. — Escuto
um deles falar para o HG.
— O que foi a fofoca dessa vez?
— Eles te viram com a Érica, saindo da base na Penha. — Guardo a moeda
no bolso e arrumo meu boné na cabeça.
O tempo todo que estou aqui, eles estão comentando sobre esse assunto. O
pessoal da comunidade agora está com esse assunto e não irão parar tão cedo.
Ainda mais por HG ser considerado como amigo do Gil e terem crescido um
do lado do outro.
Pego meu baseado, que já estava na ponta e acendo, dando uma tragada,
puxo um pouco. Solto a fumaça pelo ar.
— Você viu o Gil hoje? — A voz do HG entra na minha audição quando
ele se aproxima.
— Ele é minha mulher pra saber dele o tempo todo? — Olho em direção
aos rapazes e não revido o olhar do HG. — É? — Encaro-o na minha frente.
— Não o viu hoje?
— Não — trago o cigarro e solto a fumaça mais uma vez. — Está
comendo a mãe dele?
— Que caralho — resmunga, se abaixando ao lado da minha cadeira. — O
pessoal agora está com essa merda na boca, isso vai chegar no ouvido do cara.
— Já deve ter chegado. — Solto o ar pelo nariz.
— Me passa o baseado. — Viro meu rosto na direção dele e acabo
passando. — Ele vai querer cobrar.
— Cobrar é pouco. Ele mesmo disse sobre alguém daqui se envolver com
a mãe, e eu não vou entrar nisso, sacou? — Sustento seu olhar. Ele tenta
entregar o baseado de volta, mas não pego. — Ele vai fazer o que bem
entender.
— Não vai impedi-lo?
— Ele já deixou todos cientes, eu vou ir contra ele? Não.
— Ele vai me chamar para trocar ideias — suspira fundo. — Mas não me
arrependo de nada, se fosse pra comer de novo, eu comia. Ela é foda e nada
tira aquela mulher da minha cabeça, mesmo sendo mais velha que eu e mãe do
cara que eu considero pra caralho. — Fico quieto.
Depois de ficar um tempo no meio das fofocas entre eles, vou direto para a
padaria da minha madrinha. São quase 13h00min e a fome bate na porta do
meu estômago, preciso tomar um café da tarde.
— Estava sumido há quatro dias, resolveu aparecer? — Minha madrinha
pergunta. Sento no banco alto de madeira, em frente ao balcão da padaria.
— Estou de cabeça quente.
— O que você quer?
— A mesma coisa de sempre.
— Você está bem? — Confirmo.
— Final desta semana — começo a falar, olhando-a preparar o pão. — Vou
te levar até minha outra casa.
— O que tem lá?
— Vou te apresentar uma mulher.
Silêncio.
Ela para de fazer o que está fazendo, fica alguns segundos paralisada e vira
na minha direção. Continuo sério, olhando-a. Sua expressão é de interrogação,
ela tenta entender o que estou falando.
— Mulher? É um milagre, quantos anos ela tem?
— Dezoito.
— Você com trinta e quatro anos, pronto para os trinta e cinco, acha isso
certo? — Passo minha língua no canto da boca. — Dezesseis anos de
diferença, a mãe dela sabe? — Dou de ombros. — Meu Deus... — Ela volta a
fazer o pão.
— Não estou forçando-a a nada.
— Mas às vezes tá iludindo, Edgar — ela coloca o prato com o pão em
cima do balcão, ao lado da caneca de café. — Ela é nova, está começando a
vida agora, você é maluco e surtado!
— Sou tranquilo. — Começo a tomar o café.
Nunca perguntei para Maitê em relação às idades. A idade não importa
entre um cômodo de quatro paredes, e se para ela está normal, então é
tranquilo... ela sabe minha idade, mesmo sendo nova, Maitê foi a única que
me segurou por tanto tempo assim. Mesmo sendo impossível, ela sabe que
será minha mulher.
— Lara te disse alguma coisa? — Coloco a caneca do café em cima do
balcão, ouvindo Maressa.
— Sobre o quê?
— O dia que foi buscar ela no churrasco? — Nego. — Eu notei ela
diferente, perguntei...
— O que ele disse?
— Que ela perdeu a virgindade — minha expressão muda. — Nesse
churrasco.
Solto uma respiração forte.
— Quem foi o filho da puta?
— Não adianta, Edgar, ela quis e o cara também quis! Escolhas dela, ela
não sabe quem é o rapaz, disse que queria e ele também quis, então não
pensou duas vezes antes de perder a virgindade com qualquer um.
O sangue das minhas veias ferve. Um ódio que antes não estava sentindo,
começa a aparecer. Lara é nova, não vou aceitar ela transando com quatorze
anos e, principalmente, transando com qualquer um. Ela estava na idade de
estudar, de desfrutar a adolescência, procurar um futuro.
— Lara não tem idade pra essa porra.
— O que eu vou fazer? Amarrá-la?
— Ela precisa levar uma surra. Você a deixa passar assim por cima de
você, vai se arrepender, depois aparece grávida ou com doença. — Oriento.
Minha atenção vai para a chamada do rádio, com a voz do Oli.
— Gil está furioso com o HG aqui na comunidade. O clima entre os dois
está tenso, é pra deixar rolar? — Oli pergunta.
— Deixa. — Falo, simples.
CAPÍTULO 30
Italiano: Fica com essa calcinha. Quero te ver com ela no corpo.
Gostosa. Vou colocar ela de lado e enfiar meu pau duro dentro de você.
Não espero sua resposta e entro para dentro da casa da minha madrinha.
— Eu falar o que? Te dar parabéns? Lara, você tem apenas quatorze anos,
quatorze! — A voz alta da Maressa invade minha audição.
Lara está sentada no sofá, enquanto sua mãe, em pé, encara a filha no sofá.
— Pelo menos usou preservativo? — Maressa pergunta.
— A senhora nunca transou? — Fecho a porta. A voz da Lara é defensiva.
— Lara, se fosse com um rapaz que você soubesse quem é! — Maressa me
encara.
— Desculpa. — Lara pede para a mãe.
— Quem foi? — Aproximo e cruzo os braços. — Fala quem foi o cara,
Lara.
— Pare, Edgar. Eu queria, eu estava bêbada, mas eu queria... eu não sei
quem é, não lembro bem. — Sussurra com medo.
— Você tem apenas quatorze anos, porra. Idade de estudar, de procurar um
futuro pra você. — Aponto o dedo para ela. Maressa suspira fundo. — Não
está na idade de sair atrás de homem! — Passo minhas duas mãos no rosto.
— E vocês? Vocês perderam a virgindade com quantos anos? Com trinta
não foi, não é? — Ela se levanta.
— Não estamos falando de virgindade, Lara — Maressa aumenta o tom de
voz. — Você sequer usou a porra de um preservativo, não sabe com quem. Eu
sempre te expliquei sobre isso, sempre te ensinei sobre preservativo.
— Foi com alguém daqui? — Questiono.
— Não. — Nega.
— Alguém daqui já tentou algo com você? — Ela nega com receio.
— Eu vou para o meu quarto. — Fala em um sussurro.
Sem esperar nenhuma palavra, Lara sai em direção ao corredor.
— Eu tento não entrar na vida dela, não sou pai. — Falo.
— Mas você que me ajudou a criar, Edgar.
— Ela precisa abrir os olhos, enxergar como a vida é de verdade, uma hora
vai engravidar ou pegar uma doença. Ela tá agindo como criança, Maressa.
— Eu tento ensinar, mas ela está ficando velha, parece que fica pior.
Pelo jeito a tendência é piorar.
Jogo meu cabelo todo para trás, colocando-o atrás da orelha. Minha
respiração está tensa em movimentos singulares com meu peito. A professora
me olha, ela parece contente com meu último movimento finalizado na dança.
Hoje é meu segundo ensaio ao lado de algumas meninas.
Os olhos da professora me analisam, como se quisesse saber de toda a
minha vida.
— Fez alguma aula além da minha? — Nego. — Então dançou alguma
vez?
Se aproxima em passos lentos. Seu cabelo está preso em um coque e sua
roupa é uma roupa de academia.
— Nunca fiz pole dance, mas quando eu era criança, brinquei muito no
balé. — Falo séria.
— Você tem um dom pra isso, Maitê. — Me observa. – É o seu segundo
ensaio, nenhuma se destacou tanto quanto você.
— Agora ela vai ficar elogiando essa garota. — A voz de uma das duas
meninas que estão no mesmo horário que o meu, surge mais no fundo.
Uma chama-se Júlia e a outra Caroline.
— Podem se preparar para sair. — A professora avisa.
De roupa trocada e mochila no ombro, calço minha sandália.
— Continue, Maitê. — A professora se aproxima. — Muitas entram e
desistem.
— Irei continuar. Estou apaixonada por tudo aqui, eu quero.
— Quem sabe tornar-se uma profissional? Tem talento e o melhor, sua
beleza é natural. — Seus olhos passam por todo meu rosto e descem por meus
seios, cintura e coxas.
– Obrigada. — Agradeço seu elogio.
Sabrina sorri e caminha em direção às outras meninas reunidas. Realmente,
a energia que o local transmite parj minha imaginação é surreal. Algo que me
prende de uma forma inexplicável.
Deixo a sala de dança, entrando no corredor em direção a saída. Mas, por
ironia, no corredor, uma menina traz um déjà vu de tê-la visto antes. Seu
cabelo preso em um coque, roupa simples e um celular em ambas as mãos.
— Oi. — Abro um sorriso, me aproximando.
Seu rosto vem na minha direção. Os olhos duvidosos, ganham tonalidades
de lembranças do meu semblante.
— Maitê! — Ela sorri.
— Eu estava saindo. Você faz alguma aula?
— Não — Troco um beijo em seu rosto. — Eu sou faxineira, trabalho aqui.
Você faz aula?
— Sim, comecei há uns dias, essa foi a segunda aula.
— Vai se destacar. Moramos no mesmo bairro, eu lembro de você falando,
podemos trocar contato? Marcamos alguma coisa.
Troco meu número de contato com ela. Stella é a moça que tomou voz no
dia do meu encontro inesperado com a Lorena.
– Te chamo depois, agora volto a trabalhar. – Stella sorri.
Antes de sair do local, me despeço dela. Não demora muito tempo para eu
chegar em casa. Eu noto que minha mãe está sentada em frente ao espelho do
seu quarto, quando passo pela porta. Ela se maquia com agilidade por ser
maquiadora, cabeleireira e manicure.
— Vai sair?
— Ah…você está me olhando? — Me encara através do espelho,
terminando de espalhar o pó. — Vou para o aniversário de uma amiga.
— Está muito arrumada para ser só com as amigas.
— Hum. Terão alguns homens. — Abro um sorriso fraco. — E você, não
vai sair?
— Sim... eu acho. — Dou de ombros.
— Então se arruma. Já são 21h00min.
— Posso conversar com você? — Minha mãe coloca o pincel em cima da
penteadeira e vira-se na minha direção.
Seu corpo envolta de um vestido azulado, chama a atenção.
— Ultimamente não estou ficando com você, estou trabalhando muito. —
Faz uma expressão. — Desculpa.
— Não tem problema, mãe. Não sou mais um bebê — nego. — Você
avistou o pai nos últimos dias?
— Ele passa direto em frente ao meu trabalho.
— Desde daquela última vez, eu não conversei com ele, e não quero você
sofrendo.
— Ele jamais me terá de volta.
— Espero, mãe. Você merece algo melhor.
— Mudando de assunto, esse anel deve ser caríssimo. Primeira vez que
estou vendo-o. — Levo minha mão à frente, olhando aquele anel de ouro rosê
com o diamante preto. – Isso deve ser caro pra caralho.
— Eu ganhei.
— Deve ser rico, Maitê.
Eu pesquisei em vários sites e parece ser caro, no meu dedo destaca em
qualquer lugar que eu passe.
— Ele é rico. — Murmuro.
Na verdade, deve ser podre de rico, mas dinheiro do crime.
Deixo-a terminando de se arrumar. Caminho em direção a sala, a
mensagem no meu celular avisa ser número novo, é a Stella.
— Preciso saber o horário para levar sua madrinha. — Analiso Gil parado
na minha frente, enquanto limpa a camiseta no seu corpo.
— Você está fedendo maconha, irmão.
— Estou? Queria que fosse seu cheiro, florzinha. — Ajeito meu corpo na
cadeira.
— Florzinha? — Passo a mão na minha barba feita, arrastando meu dedo
até o bigode e passo em volta da minha boca.
— Combinou com você, bandido mau.
— Tem mais apelidos? Sou Florzinha — cruzo os braços. — Bandido mau,
mosqueteiro um, o que mais?
— Pau de… — Ele fica calado quando observa minha expressão mais
séria. — Não tem, momento errado, estou brincando.
Depois de quase uma semana pagando de maluco e sério, William voltou
com a personalidade de palhaço. Era estranho vê-lo quieto e pensativo. Estou
ciente que não é apenas pela mãe dele estar envolvida com o HG, tem algo a
mais, mas ainda não descobri o que é.
Gil senta ao meu lado em uma das cadeiras na laje. O movimento da
comunidade está em uma porcentagem maior, pela bagunça do pessoal.
Crianças brincando na rua, churrasco e pessoal reunido. Vários da hierarquia
aguardando as meninas subirem, patricinhas e carne nova na comunidade,
principalmente no baile de hoje.
Lara: Por qual motivo não trouxe a garota aqui? Ela não pode subir pra
cá?
Suspiro fundo.
Guardo o celular no bolso da minha bermuda sem responder as mensagens.
— O que foi? — Gil questiona meu posicionamento.
— Maitê.
— O que tem ela?
— Caralho. É difícil manter algo, não posso sair com ela. — Encaro-o.
Seus olhos castanhos me fitam.
— Você está errado desde quando se envolveu com essa garota, Italiano.
Isso daí vai sobrar pra nós dois.
— Pra nós dois não, o problema é meu. Sou homem para assumir qualquer
coisa que eu faça.
— Eu sei. Mas eu não falei nada para ninguém, não irei falar, estou
quebrando um dos nossos mandamentos. Aliás, que essa menina vai sofrer
com o restante da quadrilha. — Alerta.
— Ninguém encosta nela.
Sinto o todo sangue das minhas veias esquentar, uma sensação de remorso
que nunca senti na minha vida.
— Deveria ter pensado antes, agora está apaixonado por alguém totalmente
proibido. Ela já sabe da verdade? — Nego. — Porra, Italiano, vacilo do
caralho. — Umedeço meus lábios.
— Ela vai saber.
— Quando?
— Eu vou contar pra ela.
— Você vai entrar em uma emboscada feia. Eu entrei em uma e não estou
sabendo sair, a sua é pior, vai estar de frente para o restante da quadrilha e o
crime não é brincadeira. — Solto um sorriso irônico.
— Meu único problema é ela, com esses filhos da puta eu resolvo depois.
— Você acha que ela não vai falar a verdade para os agentes? Ela pode nos
colocar na cadeia.
— Ela não vai falar.
— Como você sabe?
— Eu conheço aquela garota até o último suspiro dela, William, ela não
vai falar nada.
— Conhece transando. — Levanto minha mão e deixo um tapa fraco no
pescoço dele.
— Cala a boca, porra.
— Toma cuidado com as decisões.
— Entrou em qual emboscada, é mulher? — Questiono.
— Depois vou conversar com você sobre isso. — Confirmo sem
interrogar.
— Vou para minha outra casa, leva minha madrinha e a Lara daqui trinta
minutos. — Levanto.
MINUTOS DEPOIS...
SEGUNDA-FEIRA
Solto o ar pelo nariz. Ergo meu olhar, levando em direção ao Gil: ele está
afastado, sua expressão séria vem na minha direção. Sua camisa branca
amarrotada e o cabelo bagunçado.
Lara não tem minha resposta, sem respondê-la, entro na mensagem da
Maitê. A última mensagem dela é um vídeo dançando no pole dance.
Não vou mentir, pela capa está gostosa, e é esse motivo que me deixa
estressado.
— Desliga essa porra de telefone, caralho, está maluco? — Gil alerta.
Guardo o celular imediatamente.
— Faz quantas horas? — Pergunto sobre a invasão.
— Chegaram embaixo às 17h00min. Está acontecendo há doze horas.
Quero vê-los subindo! — Responde.
Diante da sua frase, o barulho dos foguetes explodindo invade nossas
audições. É um aviso, está acontecendo, eles estão subindo o morro.
Minha única preocupação… caralho! Preocupação? Quando sinto
preocupação na vida? É deixá-la para trás, a Maitê. Um aperto no meu peito
cresce, a dor percorre por meus braços, enraizando vários pensamentos ruins.
Minha imaginação viaja enquanto no fundo tem barulho de conversas
apavoradas e barulho de rádio.
— Estão botando a cara, daqui vai ficar na mira do meu fuzil, eles vão
botar a cara no miolo. Estão subindo! Copiou? Copiou, rapaziadinha? — O
rádio transmite a voz de um dos soldados.
— Copiei, parceiro, copiei! — Gil afirma.
Os tiros começam a ser trocados. Com vinte minutos de tiroteios entramos
no beco. Vários fazem oração, pediam pelo menos uma chance, mesmo do
lado errado.
— Fica atrás. — Me olha atento, correndo com os caras mais à frente.
Eu sou cercado por vários, tentando sair da comunidade. A defesa do meu
nome não quebra, primeiro é minha vida, depois a deles. Estou com dois
coletes no peito e um fuzil para cima, enquanto andando por becos em direção
contrária dos policiais.
— Eu fui baleado, irmão. — Um deles avisa no rádio. — Eu estou baleado.
— A linha corta por uns segundos — Eles estão subindo forte.
Aqui é como uma selva, sobrevive quem tem mais coragem e mente de
sanguinário. É saber lidar com o sangue do inimigo escorrendo e saber lidar
quando o sangue de um dos seus amigos escorrer.
Minutos com uma troca de tiros intensa. Concentro no momento que
preciso começar a atirar com meu fuzil. O suor escorre pela testa, sem
nenhuma saída a não ser sobreviver. O tempo está nublado, mostrando o dia
com uma energia ruim.
Esse aqui é o motivo de não querer ninguém com minha vida pessoal.
Penso quando chegar a notícia que eu fui morto com vários tiros. Não quero
colocar ninguém com a cabeça na minha vida fodida, assim como não quero a
Maitê sabendo de como é minha vida, não quero colocá-la em risco. Sou capaz
de tudo por aquela mulher.
Adrenalina por todos os moleques quando pulamos muros e telhados
fugindo da morte. Na verdade, o maior corrupto da história é o governo.
— Porra, eles estão chegando no miolo. — Controlo minha respiração no
peito.
— Tem morador baleado. — Ouço o rádio mais uma vez. Encostado em
uma parede, respiro fundo.
— Porra, agora o que importa aqui é nos sairmos vivos dessa! Foda-se
todo mundo! — Respiro fundo quando falo.
Peço piedade, seja de quem estiver no céu.
CAPÍTULO 33
Maitê: Obrigada.
Estou preocupada
— Fala pra eles, vai mandar o papo, porra. Amanhã você vai amanhecer
com a boca cheia de formigas, me entendeu? — Ríspido, falo. — Vou te
matar da pior forma que imagina. A garota é inocente, toca na porra do nome
dela e vai sentar no colo de diabo mais cedo.
Agora é a vez do seu silêncio. Sua respiração pesa com minha voz.
— Chefe, está tudo tranquilo? — Oli questiona de longe.
— Espero que tenha entendido minha posição sobre isso. — Olho nos
olhos do HG.
Com raiva, saio do local em direção ao meu carro parado na rua. Sento
no banco e bato a porta com força, apertando o volante e seguidamente de
dois murros.
Droga! Droga!
Tiro meu celular do meu bolso, segurando-o e entro na mensagem do Gil.
Italiano: HG está sabendo.
Papo reto, a Lara fez uma merda, mas nem tem como encher o saco dela,
ela não sabia
Ligo o motor do carro após guardar meu celular. Com alguns minutos e
um da minha segurança me seguir, adentro na favela Morro do Adeus.
Um pouco a frente, Fernanda está encostada na parede, olhando em
direção ao meu carro e mexendo no seu cabelo.
O que essa mulher faz aqui?
Sua roupa é vulgar, destacando seu silicone. Ela usa um vestido colado
em seu corpo, mas não ligo para isso, apenas desço do carro. Sem olhar para
o lado, sou seguido por dois seguranças em direção a um beco estreito.
O beco está vazio, com alguns passos. Vejo Emanuel descer uma
pequena escada da casa onde está.
— Pessoalmente — ele fala ao estender a mão, aperto firme, em seguida
cruzo meus braços. — Está tudo aqui dentro.
A bolsa cheia de dinheiro das drogas reflete meus olhos. Aponto com a
cabeça fazendo-o entregar para Oli.
— O valor está certo? Sem um real a mais ou menos? — Questiono, ele
confirma sério. — Como estão as vendas aqui?
— Ótimas, ficaram loucos por essa cocaína e o crack.
Há um tempo atrás liberei pra Emanuel vender dentro da comunidade.
Por ironia ele é o pai da menina que estou afim.
— Amor, vem aqui. — Ouço a voz da Lorena vindo de dentro da casa.
— Vou entrar. Tudo correto? — Encaro-o.
— O Gil me confirma amanhã centavo por centavo. — Murmuro sério.
Saímos do beco em direção ao mesmo local. Notável observar a loira
encostada no meu carro.
— Italiano? Quanto tempo.
Olho em alguma parte do seu rosto sem olhar diretamente em seus olhos.
— O que você quer?
— Todo machucado, sinto muito... Fico livre esse final de semana, você
sumiu dos bailes. O que aconteceu?
— Sem tempo pra papo ruim igual ao seu.
Ela não espera ouvir o meu nervosismo e simplesmente sai da minha
frente, liberando a porta. Enfio meu corpo dentro do carro, segurando o
celular.
Maitê: Quase, estou no caminho, opressor
Maitê: Oi, acabei de sair do Pole, fiz um vídeo hoje.
Você quer ver? Italiano: Onde está? Em casa?
Italiano: Você posta esses vídeos?
Maitê: Que safado.
Me manda o vídeo, vou ver na hora que for tomar
Italiano: Toma cuidado, linda. banho.
Maitê: Quando eu for pra parceria, eles vão postar, mas não por
enquanto.
Posso dizer que seja um refúgio da minha realidade, e talvez minha maior
meta seja viver do dinheiro do meu talento. Sendo eu, Maitê, com minha
essência, sendo reconhecida por isso.
Meu peito sobe e desce em uma respiração. Eu me conecto com algo a
mais, com o universo. Três minutos passam rápido, mesmo abatida pelo
cansaço, eu finalizo a dança. A última cena é jogar minha cabeça para trás, e
conforme faço, meu cabelo acompanha.
A câmera da Sabrina é encerrada, então ela acende a luz principal. Ouço
sua risada satisfeita.
— Perfeito, arrasou, Maitê! Simplesmente maravilhosa, esse vídeo vai ser
uma das maiores parcerias que tenho. Eles vão analisar cada detalhe e vão
chamá-la para analisar sua dança, tem homens e mulheres. Estou oferecendo
essa oportunidade, basta aceitá-la. — Um sorriso cresce em meus lábios.
— Eu aceito. — Respondo.
Pela noite. Em casa, vejo a mensagem do Edgar.
Franzo minhas sobrancelhas, sentada no sofá de casa após ter tomado meu
banho e lavado meu cabelo, leio mais uma vez.
Flashback off
Essa é a forma que sempre vivi, sem dever satisfação a ninguém, muito
menos a minha madrinha e dessa forma vou voltar a ser. Apenas o crime me
interessa a partir de hoje, como sempre foi. Amanhã estou de volta à
comunidade para cuidar dos meus negócios.
CAPÍTULO 39
— Eu estou tentando ser paciente com você, Maitê, está enfurnada nesse
quarto há três dias.
Consigo ouvir a voz da minha mãe na porta do meu quarto. Seu tom de
voz dessa vez é carregado de repreensão.
— Parece que alguém da sua família morreu. Vamos, levanta! — A
claridade da manhã invade o quarto quando ela arrasta a cortina.
Puxo a coberta, tampando minha cabeça.
— Toma um banho, toma café e volta a fazer suas coisas.
Não minto, minha cabeça está a milhão, mil pensamentos passando por
ela, não para um segundo de pensar. O mal da minha ansiedade é esse.
Eu nunca senti algo assim, é novo para mim. Meus sentimentos estão
confusos. Sinto ódio e medo, hoje posso afirmar que o ódio é o mesmo
sentimento da paixão. Mal dormi esses dias, passei acordando com pesadelos
horríveis.
— Vamos levantar, lavar o cabelo, comer, não quer ir para a academia?
Sento na cama. Encostada na cabeceira, eu passo as mãos no meu rosto.
O tempo do lado de fora está aberto e ensolarado. Deve ser 7h00min da
manhã.
— Sabia que o meu pai é um dos traficantes?
— Do seu pai podemos esperar tudo. Ele é um incompetente.
Minha mãe veste seu uniforme do salão, está perfumada e com seu
cabelo solto.
— Você está muito chateada, Maitê. Olha a situação que você conseguiu
chegar, filha.
— Sabe o que mais me consome por dentro? É saber que estava tão na
cara e mesmo assim fui burra. — Lamento.
— Isso é paixão, talvez a paixão nos deixe cegos.
Respiro fundo.
Já não tenho mais lágrimas, todas foram esgotadas nesses dias que
passaram.
— Vocês transaram sem proteção? — Ergo meu olhar. Confirmo sem
mentir. — Você não toma anticoncepcional, caralho.
— Eu faço uma tabela — ela solta uma risada forçada e nega. — Dessa
última vez eu tomei pílula.
— Isso não é brincadeira. Um filho com esse homem acabaria com sua
vida.
— Não vai acontecer.
— Vá tomar banho. Vou pedir para uma amiga te levar de carro até o
pole dance — segura meu rosto com as duas mãos. — Nós vamos nos mudar
daqui, vou vender e vamos morar em outro bairro, tudo bem? Toma cuidado
com todos à sua volta. — Abro um sorriso fraco.
— Não está brava comigo?
— Eu não te quero nessa vida rasa. Eu não quero ver minha filha vivendo
com um rapaz assim, minha única filha, meu único fruto, Maitê, está
entendendo? — Seus olhos fitam os meus. — Eu mal consegui dormir
pensando em você. Mal fechei os olhos, sabendo que minha filha estava nas
mãos daquele rapaz. Quando você tiver seu filho, entenderá esse sentimento
de mãe. Toma cuidado, eu te amo. — Beija minha testa.
— Eu também te amo...
— Os agentes do departamento da polícia vão fechar o caso, já que não
tem pistas e nada, então mantém sua calma, caso for chamada e não fale
nada, absolutamente nada. Daqui uma hora a Gabi vem te pegar, fica pronta.
— Sorri antes de sair do quarto.
Então assim faço. Decido me levantar, arrumar a cama. Separo uma
roupa, uma calça jeans pantalona e um body preto. Debaixo do chuveiro, eu
lavo meu corpo e meu cabelo. A água morna acalma meus músculos tensos,
como se fosse uma terapia.
Não hesito em tomar um café reforçado pela manhã. Depois de quarenta
minutos, quase 9h00min, a amiga da minha mãe me deixa na porta do salão.
— Sai com ele. — Stella vem ao meu encontro, feliz.
— Com o Gil? — Troco um beijo no seu rosto.
O silêncio reina entre nós duas.
— Ele me tratou bem... o que foi, Mai? Parece distante.
— Não estou. Apenas pensando nas minhas próprias horas da aula de
dança.
Nesses dias que passaram, me aproximei da Stella. Posso dizer que nos
tornamos mais comunicáveis, parece que nossa amizade a cada dia ficará
mais forte.
— Vou terminar a faxina na outra sala.
— Nunca pensou em começar no pole? — Questiono.
Ela me olha e franze as sobrancelhas. Parece duvidar da sua capacidade
nas danças.
— Nunca pensei em começar no pole, na verdade nunca me deu essa
vontade, quem nasce para ser burro, burro será. — Uma risada fraca sai entre
meus lábios.
— Não é assim também, Stella. Se quiser posso te passar as habilidades
que aprendi, é um valor baixo nas aulas. Tenta por um mês, caso não der
certo, pode sair.
— Posso pensar?
— Pode pensar.
— Acho que isso é pra quem tem habilidade e dom. E inclui outras
coisas sobre o meu corpo.
Stella é mais magra que eu, mas é bonita, eu a acho maravilhosa. Ela
veste uma calça legging e uma camiseta confortável, própria para o trabalho.
— O que tem seu corpo? — Encaro-a. — Você é linda, cara.
— Até pode ser, mas tenho uma certa insegurança com isso.
Suspira fundo.
— O pole vai te ajudar a ter mais autoestima, então isso não é desculpa.
— Vou pensar. Boa aula, gatinha, vou voltar a trabalhar. — Me despeço
com um sorriso em meus lábios.
Depois de sair da aula de dança. Eu e Stella viemos juntas até minha casa.
— Leva sua mãe na minha casa. Vamos fazer um jantar, eu e meus pais. —
Faço uma expressão pensativa.
— Não vou negar o seu convite, quem vai?
— Ninguém demais, eu, você, sua mãe, meus pais, com toda certeza meu
irmão estará lá, hoje é dia de folga do local onde ele trabalha. Até agora
somente vocês. — Encaro seu rosto.
— Seus pais não acharão invasivo?
— Não, eles são tranquilos em relação às minhas amizades, na verdade,
eles querem te conhecer. Ultimamente tenho falado um tanto sobre nossa
aproximação. — Abro um sorriso.
— Tudo bem, eu vou.
— Ouvi que vai conseguir as parcerias e que na próxima, várias pessoas
irão para o salão de dança te maquiar, arrumar e gravar... fazer propaganda das
roupas.
O anoitecer atrás do seu corpo intensifica seu rosto.
— Sim?
— O pole não é pra mim, Mai, sinto muito.
— Está tudo bem, Stella. Temos que fazer o que gostamos — digo com
indiferença. — Vou entrar, mais tarde nos encontrarmos na sua casa…
Paro de falar quando sinto uma energia enraizando nas profundezas da
minha imaginação. Eu sinto ser observada por alguém, a mesma sensação de
antes vem à tona. A rua tem pessoas normais, crianças e famílias.
Uma onda de sentimentos enche meu peito, pela forma que ocorre a
sensação. Minha mente tem alguns flashs dos olhos nas cores avelã, aqueles
olhos raros em ver. Umedeço meus lábios. Minha intuição passa por cada lado
da rua, até meus olhos pararem na Stella, vendo sua expressão de dúvida.
— Terra chamando Maitê, está por onde? Marte, lua?
— No inferno. — Ela abre a boca e fecha rapidamente, ficando calada.
— Misericórdia, meu Deus.
— Foi mal, pensei alto. Eu preciso entrar… minha mãe vai chegar daqui a
pouco. Você não quer entrar comigo até minha mãe chegar? — Tento parecer
firme, mas minha voz sai rápido.
— Fala um pouco devagar, mas vamos entrar até sua mãe chegar — abro o
portão. — Parece assustada, tá com medo?
Pareço estar sob efeito ainda de um trauma. Eu tento não transparecer, mas
acho impossível, ela apenas recebe meu silêncio. Não tem como eu falar algo
sobre isso para alguém, e não vou falar.
Assim que ela entra, tranco o portão por dentro. O iphone da Stella toca no
bolso, em questão de segundos, ela atende, entrando dentro da minha casa.
— Oi, Brenda... sim... Chego em casa daqui a pouco... Está bem... —
Encerra a ligação.
Seus olhos me fitam.
— Algum problema para a Brenda estar no jantar? Não estava nos planos.
— Não há problema. — Dou de ombros. Não conheço mesmo.
Quase uma hora mais tarde. De banho tomado e com um vestido longo, me
remexo em frente ao espelho. Faz tempo que não me sinto bem dessa forma.
Meus mamilos estavam inchados e doloridos, mas agora está aliviado, a
bombinha me ajudou nessa questão.
Os trovões e relâmpagos do lado iluminam mais a casa. Caminho pelo
corredor, ouvindo os passos na minha sandália baixa.
— Como está linda! — Ouço a voz da minha mãe.
— Obrigada, a senhora também está linda. — Elogio o seu macacão bege.
Seus traços são jovens, a maquiagem ressalta sua pele e o cabelo loiro está
alinhado aos fios.
— Estou indo para esse jantar por causa da Stella.
— Sua mente ficará melhor quando nos mudarmos de casa, tá bom?
Chegou a hora. Ir para um jantar e conhecer a família da Stella.
Quase 20h00min, o jantar está rolando. Do lado de fora a chuva cai, e
possibilita o barulho ser ouvido por nós. Conheci os pais da Stella, Sérgio e
Vanda. A energia deles é calma, já a energia da Brenda, amiga da Stella, não
posso dizer o mesmo. Os olhos dela não saem do meu corpo, meu rosto e
principalmente do meu anel no dedo. O anel que o Italiano me deu. Creio que
não seja um problema usá-lo, afinal, uma coisa não tem nada a ver com a
outra.
— Conversem… — Stella pede.
— Sempre morou na Olaria? — O questionamento da Brenda vem ao meu
alcance. — Agora estou morando aqui e no Complexo do Alemão, fico mais lá
por causa do meu trabalho.
— Ela é enfermeira, uma das melhores. — A mãe da Stella enaltece.
O pai e a mãe lembram muito a Stella, ela herdou o nariz da mãe, queixo
do pai e olhos do pai, uma mistura.
— E você, Maitê? Trabalha com o quê? — Brenda questiona mais uma
vez.
— Maitê está se destacando no pole dance. — Abro um sorriso fraco com
a voz da Stella.
— Mas pole dance não é sobre stripper e prostituição? — Engulo em seco
pela forma que Brenda soa irônica.
— Não, não sou stripper. O pole onde frequento dá visibilidade para todo
mundo. Com a dança podemos fazer parcerias de divulgações de roupas, entre
shows — respondo com um ar irônico. — Eu não ganho dinheiro com
homens.
— Eu preciso fazer uma ligação. — Brenda se levanta da mesa e
simplesmente sai.
— Desculpa, às vezes ela é meio problemática. — Encaro Stella.
— Tudo bem. — Respondo-a.
— Pai. — A voz grossa surge.
A porta da sala é aberta, e logo uma figura masculina surge pela entrada da
cozinha. O rosto sério do irmão da Stella observa todos nós sentados. A
primeira pessoa que ele nota, é minha mãe ao meu lado.
— E aí, filho, entra. — Sérgio levanta da cadeira, cumprimentando o filho
com um abraço.
Seu rosto é sério, ele veste uma camisa clara e bermuda jeans. Tatuagens
pelo braço esquerdo. Sua barba está feita.
— Esse é o Darlan, meu irmão. Darlan, essa é a Maitê e a mãe dela, Laís.
— Darlan se afasta do pai.
Ele cumprimenta nós duas com um balanço da cabeça. Abro um sorriso
tímido, já minha mãe responde um “boa noite.”
10H00MIN
DIA SEGUINTE
Italiano:
A reunião é daqui duas horas.
16H00MIN
DIA SEGUINTE, SÁBADO.
PENHA, VILA CRUZEIRO
O horário na tela do meu celular marca 9h00min. Passo uma mão no meu
rosto, faz uns cinco minutos que acordei sozinho no sofá, o cheiro dela está
pregado no meu corpo inteiro... o completo que estava sentindo no peito some
agora, me sentindo sozinho de novo sem ela aqui.
Dormi tranquilo pra ela ir embora sem falar.
Fito minhas duas meias nos pés e a calça jeans ainda no meu corpo. Sério,
olho para tela do meu celular. O número da Lara na barra de notificação.
Lara: O Gil veio aqui hoje de novo e tudo ele tem que colocar o teste de
DNA no meio, eu vou fazer, Edgar. Só quero que você converse com ele,
preciso de mais tempo. Está tudo difícil pra mim e você sabe
Desvio minha atenção para a porta da sala sendo aberta. Bloqueio meu
celular colocando-o no sofá.
Meu peito preenche de novo quando analiso a minha frente. O cheiro dela
invade o cômodo inteiro.
— Você demorou pra acordar, eu fui comprar alguma coisa pra comer. —
Escuto sua voz suave em ouvir.
Meu coração bate mais forte, escutando-a na minha frente. Quatro meses
longe dela me afundaram mais do que estava, eu passei esses quatro meses
tentando saber dela e mesmo só olhando de longe não matava 1% da minha
saudade. Saudade do cheiro, do jeito, dos olhos pretos.
Não dá pra negar, nenhuma mulher vai conseguir substitui-la na minha
vida.
— O que foi? – Pergunta ainda parada em frente a porta.
Olho cada detalhe do seu corpo. Seu cabelo ainda preso em dois rabos de
cavalo para cima.
— Eu pensei que tivesse ido embora. — Minha voz rouca sai entre meus
lábios.
Umedeço meus lábios e me levanto do sofá, caminhando ao seu encontro.
— Eu estava com fome e deu o que fazer para tirar teu corpo de cima do
meu. — Olho seus olhos pretos.
— O que não dormi em quatro meses, descansei essa noite ao seu lado.
Solto o ar pelo nariz, dando um sorrisinho de canto com o seu cabelo.
— Não zoa, eu vou tirar agora.
Levo minha mão direita até sua cintura, puxando-a para perto.
— Não vou, está bonita. Sexy.
Minha outra mão segura seu maxilar, sua mão esquerda pequena vem
contra meu corpo, ela agarra a camiseta entre seus dedos
— Me deixa te cheirar? — Peço.
Ela joga o pescoço de lado, possibilitando-me cheirar seu pescoço. Seu
cheiro de baunilha suave, o cheiro que eu amava cheirar há meses atrás. Deixo
um beijo na sua pele quente do pescoço. Com meus dedos envolta do seu
maxilar, eu beijo sua boca.
— Está com mau hálito, vai escovar os dentes e vem pra comermos.
— Quando era você, eu não reclamava. — Estreito os olhos.
— Fala sério. — Sorri.
Diante do seu sarcasmo, eu vou escovar os dentes, tomar um banho e fazer
minhas necessidades. Coloco uma bermuda preta de tecido leve e calço meu
chinelo.
Vinte minutos depois estou na cozinha.
— Eu preciso estar em casa daqui trinta minutos. — Olho a mesa com as
coisas para comer e o café para tomar.
Me aproximo, sentando em uma das cadeiras.
— E depois? — Questiono
— Depois o quê? — Ela pergunta sentada ao meu lado.
— A noite.
— Eu preciso ajudar minha mãe, ela vai voltar de uma viagem daqui a uma
hora mais ou menos — fala começando a comer um pedaço de pão. — E ela
vai pedir minha ajuda como sempre com o salão.
Ouço em silêncio, e começo a comer. Nós dois tomamos o café da manhã
juntos, e quase vinte minutos depois, eu a chamo.
— Vem aqui — Maitê senta no meu colo, se aninhando ao meu corpo. —
Você está feliz com o seu trabalho?
— Estou, muito — desliza a mão por meu ombro. — Me ajuda a
desamarrar o cabelo
Ela continua sentada no meu colo, levo minhas duas mãos, desamarrando
do lado direito, em seguida do lado esquerdo. Seus fios marcados caem sob
seu ombro.
— Não ri, pelo menos serviu pra ganhar meu cachê. — Faz um coque.
Coloco os mini elásticos que prendiam seu cabelo em cima da mesa.
— Hum... Não estou rindo. Qual o valor que você ganhou?
— Em cachê ontem ganhei mais de trinta mil, nos últimos quatro meses eu
ganhava mais que o salário em parceria — sustento seu olhar. — Esse olhar.
— Não adianta você mandar eu ficar calado em questão de ciúmes. Eu
sinto, pô, vou fazer o que? Aplaudir um bando de pela saco babando em você?
— Aperto sua cintura pequena.
— Mas isso sempre tem, eu ignoro todo mundo. — Dá de ombros.
— Você viu a forma que todos te olhavam? Parecia um pedaço de carne
pra eles.
Ontem quando a tirei do festival, geral que estava em baixo me dava uma
certa raiva, minha vontade era de sair batendo em geral. Eu sinto ciúme
mesmo, sinto ciúmes em pensar qualquer cara fazendo algo de errado com ela.
— Os shows de dança são raros de acontecer no ano e nenhuma dançarina
pode descer em meio à multidão... eu vou levar um porre por isso depois.
— Só você dizer que estava com uma urgência.
— Qual? — Pergunta.
Deslizo minha mão da sua cintura, escorregando por sua coxa e acaricio.
— De conversar com teu homem. — Respondo, mas meu olhar continua
no seu corpo.
Escuto uma risadinha baixa saindo dos seus lábios e posso imaginar seu
rosto tímido e safado ao mesmo tempo. Quando fico longe, da forma que
fiquei, eu tenho febre de tesão por ela. Perto assim, sinto todo meu
subconsciente pedindo por ela.
— Quer discutir de uma outra forma? — Ergo meu rosto, questionando.
Minha mão direita sobe até seu pescoço, apertando. Maitê puxa o lábio
inferior e morde devagar. Nossa conexão é algo que parece entrar em transe
pelo choque. Quando duas almas se encaixam.
Eu consigo sentir meu pau pulsar dentro da cueca. A vontade de fodê-la é
surreal. Tomo sua boca contra a minha, seus lábios gelados escorregam pelos
meus, procuro por sua língua com urgência. Com meu braço esquerdo,
contorno em volta da sua cintura, puxando-a contra o meu corpo. O
movimento provoca meu pau duro por baixo da cueca.
Estou prestes a ficar maluco, quando ela geme contra minha boca, eu sinto
o comando por todo meu corpo.
Depois de tirar sua calça e ela voltar para o colo, faço questão de deslizar
meus dedos com força e deixar um tapa com força na lateral do seu quadril.
— Meu Deus, tão cheiroso... tão gostoso. — Desliza sua boca contra meu
pescoço e as unhas cravam contra meu peitoral nu.
Afasta o rosto, ela desliza as unhas por meu peitoral, escorregando até meu
abdômen, seus dedos passam pelas tatuagens e vai deslizando até meu pau
duro. Com a boca entreaberta, solto um gemido rouco, para sentir sua mão
apertar meu pau por cima da bermuda leve.
— Me fode, Edgar, eu quero te sentir de novo... — Implora.
— Shhhh…
Minha mão direita explora sua calcinha molhada. Jogo de lado, e uma
respiração mais funda me deixa quase sem ar. Molhada, extremamente
molhada.
— Caralho. — Exclamo.
Meus dedos escorregam com facilidade por seu clitóris. Seu corpo mole,
facilita minha mão quando ele abre as pernas ainda no meu colo.
— Fala pra mim como quer ser fodida? Com dois ou três dedos?
Responde, linda. — Minha voz grossa murmura.
Meu coração bate forte no peito.
— Com três — sussurra. — É com três dedos, e depois com seu... — Ela
fica caladinha, soltando um suspiro e um gemido dos seus lábios quando enfio
três dedo sem avisar — Caralho...
— Gostosa... como está pulsando no meu dedo.
Começo a movimentar meus dedos dentro dela, e com o polegar masturbo
seu clitóris inchado. Quase perdendo o ar, ela respira fundo. Geme, contorce
seu quadril no meu colo. A provocação a faz ficar louca de tesão, seu corpo
em chamas, está prestes a gozar com as melhores expressões faciais do seu
rosto. Suas pernas travam, em uma única sintonia, ela goza no meu dedo.
Italiano cola sua testa na minha, nossas respirações estão misturadas
enquanto seu pau duro invade cada centímetro dentro de mim. Agarrada no
seu pescoço e com suas duas mãos fortes por baixo da minha bunda, Edgar me
fode.
Sem dúvidas que Edgar já transou com várias mulheres, é sem dúvidas que
todos os tipos de mulheres deveriam ser siliconadas. Mas a forma como me
olha com seus olhos penetrantes, me tira a mais sincera sensação de me sentir
única.
Seu pau grosso desliza dentro de mim sem nenhuma pausa. Nosso encaixe
do corpo deixa visível a sensação de tê-lo deslizando dentro da minha boceta.
“Oh, vai, Italiano”. “Isso. Assim”. “Me fode”. São frases que meus lábios
secos reprimem.
Que caralho...
Os bicos dos meus seios rígidos, movimentam sob seu peitoral nu a cada
estocada, por baixo, fazendo com que meu corpo salte levemente.
— Está doendo. — Solto um gemido rouco.
— Assim que eu gosto. Te machucar, minha putinha. — A voz rouca me
deixa fraca.
Arranho suas costas com minhas unhas, sentindo as gotas da água. Um
tapa com força estrala na minha bunda, tirando mais um gemido da minha
boca.
— Eu sou muito apaixonada por você. — Seguro seu cordão fino.
Seus olhos cativantes me olham, ao perceber meu rosto na sua direção. As
pupilas dilatadas me fitam por um momento.
— Eu sou muito mais por você, linda. — Murmura rouco e baixo,
sustentando meu olhar.
Levo minha boca na sua e tomo em um beijo fodidamente prazeroso,
tapando meu gemido, enquanto tenho um pau duro indo e voltando dentro de
mim.
— Não faz assim pra abafar seu gemido. — Murmura contra minha boca.
— Quero você gemendo pra mim, gostosa. — Bate com força na minha
bunda.
— Como consegue me foder assim tão gostoso? — Pergunto contra sua
boca.
Sinto os movimentos parando, ele sai de dentro, me colocando no chão.
Bruscamente suas duas mãos me forçam a ficar de costas para ele, a direita
vem no meu cabelo, puxando com força para trás, minha cara vai contra a
parede gelada do banheiro.
— Sente como você me deixa instigado por você.
Deixa um tapa com muita força. Coloco minhas duas mãos contra a
parede, tentando segurar meu corpo fraco. Ele tira mais um gemido, quando
deixa outra tapa com mais força. Sua mão grossa e grande circula meu
bumbum. Posso imaginá-lo com cara de safado e cafajeste nesse momento.
Sem tempo para pensar, Edgar enfia seu pau na minha boceta. Ele
escorrega para dentro, segurando-me com suas duas mãos na cintura. O que
facilita o encaixe da minha bunda contra seu quadril.
— Empina mais pra mim, empina. — Manda, ofegante.
Eu obedeço e nossos corpos começam a entrar na sintonia do barulho alto.
Com tapas e puxões de cabelo, eu deixo gemidos pelo banheiro. Seu pau
grosso faz minha boceta melar de tesão. Italiano não dá tempo de respirar, pois
seu pau agora me fode com força.
Ele me provoca sensações como se minhas pernas não existissem mais.
Meu coração palpita mais rápido no meu peito e minha respiração enrosca
com uma sensação de euforia.
— Puta, gostosa do caralho. — Deixo um sorriso safado em meus lábios.
Um comandante de assalto comigo, eu estou amando um comandante do
assalto onde fui feita de refém. Eu o perdoei por isso. Uma energia forte e
surreal passa por minha cabeça ao lembrar dos seus olhos quando o vi no
banco, seus olhos claros voltam com tudo como um flash na minha cabeça por
baixo daquela máscara.
Puta que pariu...
Sinto seu corpo batendo contra o meu cada vez mais forte, tapas
estralando, o barulho ecoa por todo o banheiro, nossas respirações misturam-
se. Meus olhos lacrimejam cada vez que sinto ele no fundo e voltando, é
gostoso...
Uma fraqueza é mandada para minhas pernas, sinto meu corpo tremer por
inteiro e meu orgasmo atingir por completo. Eu gozo no seu pau. Ele solta
meu cabelo, levando as duas mãos no meu quadril, seu gemido rouco sai dos
seus lábios e ele aperta meu corpo contra o seu, gozando dentro
Seu pau incha dentro das minhas paredes vaginais. Ele ejacula com a
melhor sensação
— Caralho, eu não estava aguentando segurar essa porra. — Solta um
gemido rouco.
Olho por cima do ombro. Admiro a paisagem dele olhando minha bunda
com uma cara de cafajeste e sua expressão safada.
— Eu te deixei precoce? — Pergunto quando ele sai de dentro.
— Quero experimentar outra sensação com você. — Me puxa de frente
para o seu corpo mais alto e forte.
Interrogo-o com minhas sobrancelhas arqueadas.
— Vamos tentar fazer um sexo anal? — Sinto seu corpo molhado contra o
meu.
— Mas precisa de lubrificante.
— Eu tenho no outro quarto, vai me dar? — Seus dedos da mão direita
envolvem o meu pescoço.
— E se doer? — Questiono.
— Eu paro.
Eu e Italiano fomos para a cama quando desligamos o chuveiro. A
sensação que tenho é do gélido do seu dedo passando o lubrificante no meu
ânus. Uma sensação que faz meu corpo congelar rapidamente. Estou deitada
de lado na beira da cama, toda exposta para ele.
Mordo meu lábio inferior, olhando-o. E seu pau duro desliza no meu ânus
levemente, com a camisinha. Mordo meu lábio inferior com força, quando a
primeira sensação da cabecinha começa a entrar.
— Relaxa pra mim — pede. — Tira essa carinha, estava gemendo agora há
pouco para mim.
— Mas agora é diferente. — Molho meus lábios.
— Eu vou enfiar um plug anal em você.
Ele desliza o plug super gelado por minha superfície anal. Sinto os meus
pelos do meu corpo arrepiarem conforme ele começa a enfia-lo dentro de
mim. Fecho meus olhos com a sensação completamente diferente do que já
senti. Edgar fica alguns minutos brincando com o plug, e quando ele tira, seu
pau é encaixado na entrada do meu ânus.
Solto um gemido alto entre meus lábios. Sua cabecinha afunda na entrada,
tirando um gemido dolorido de mim. Estremeço meu corpo, quase em um
impasse de começar a sentir uma dor.
— Está doendo. — Meus olhos lacrimejando.
Edgar se movimenta devagar, dessa vez quase parando.
— Relaxa um pouco. — Solta um gemido rouco.
Ele começa a se movimentar dentro de mim. A cada centímetro um gemido
dolorido sai dos meus lábios.
— Está doendo muito, para… Por favor.
Edgar sai de dentro de mim. Sua respiração pesada fica calma, ele me olha
com uma expressão neutra, para me tranquilizar.
— Desculpa. — Peço.
— Pelo quê? Não precisa pedir desculpa. Algum outro dia podemos tentar
de novo, linda. — Estende a mão.
Eu agarro seus dedos, me levantando. Vamos direto para o banheiro,
ligando o chuveiro.
— Vamos nos ver à noite? Vou te levar para comer algo. — Edgar agarra
minha cintura para debaixo da água do chuveiro.
Meu cabelo já não tem mais o coque. Está molhado e posso senti-lo
pedindo socorro.
— Mas e se alguém ver a gente? — Questiono.
— Ninguém encosta em você. — Segura meu maxilar.
— Você está forte no tráfico? — Contorno meu dedo no seu peitoral. — Eu
percebo isso.
Ele balança a cabeça levemente, confirmando.
— Toma cuidado. — Peço.
— Por você, eu tomo — deixa um beijo na minha testa. — Minha linda.
— Promete?
— Prometo. — Sussurra contra minha testa.
Depois de passar um pouco de tempo com Edgar. Ele me deixa em casa.
Estamos morando em Ramos, um dos bairros do Rio de Janeiro.
São 10h30minquando entro dentro de casa. O carro da minha mãe está
estacionado na garagem, o que diz que ela está em casa.
— Estava aonde? — Sua voz me questiona do sofá. — Seu cabelo está
todo molhado, Maitê.
— Ah... eu estava...
— Eu pedi para Stella ficar de olho em você, mas ela disse que não te
encontrou depois do seu show.
— É, ela não me encontrou. — Aperto a alça da minha mochila.
— Ela disse que você saiu com uma amiga.
— Eu fui com uma amiga comemorar, desculpa por não ter te avisado.
— Que amiga? — Sustento seu olhar.
— Ela chama Ivone, já é maior de idade — respiro fundo. — Eu estou
bem.
— Eu fiquei preocupada por causa daquela confusão do rapaz que você
estava se envolvendo, ele não vale nada e não duvido tentar fazer alguma
maldade com você.
— Está tudo bem — ela concorda. — Desculpa por não te avisar, meu
celular descarregou.
— Eu percebi por ter te ligado mais de dez vezes seguidas, da próxima
deixa uma mensagem avisando pelo menos. Tem certeza de que está tudo
bem? — Confirmo. — Eu assisti o vídeo da sua dança e foi maravilhosa.
Me aproximo do sofá e deixo um beijo na sua testa.
— A transferência caiu agora de manhã — falo. — Eu estou muito feliz
por estar conquistando minhas coisas. — Ela sorri.
— Só não deixa nenhum passado te afetar como estava te afetando. Nunca
suportaria em pensar aquele cara voltando pra sua vida e tirando sua paz de
novo.
Umedeço meus lábios sem dizer nada com sua fala.
— Você vai querer ajuda no salão? — Corto o assunto.
— Não precisa, vai descansar.
Deixo-a na sala e vou direto para o meu quarto. A casa tem dois quartos,
uma sala, a cozinha e dois banheiros, garagem e área, é menor do que nossa
antiga casa, mas é aconchegante.
De frente ao meu espelho, nua, vejo os vermelhos nos seios através do
espelho na minha frente, na bunda inteira destaca e arde, no pescoço aparece
um pouco pelos apertos, então tudo vem à tona na minha cabeça.
Mais uma vez ele me tem por inteiro.
CAPÍTULO 45
Maitê: Onde?
Italiano: Não.
Ouço a voz do pastor enquanto o pôr do sol reflete nas janelas da igreja, o
que mostra ser mais ou menos 18h00min da terça-feira. É horário de oração e
maioria olha para minha direção e da Stella, mesmo desviando e escondendo
os olhares, dá para perceber algumas pessoas olhando. Elas tentam entender
qual o motivo de estarmos aqui.
Eu frequento raramente a igreja, mas quando dá vontade de sentir, eu
sempre vou em alguma igreja orar. A maioria das vezes ia na igreja onde
morava antes de me mudar e hoje estou em uma nova igreja. Talvez seja por
esse motivo que algumas pessoas me olham.
— Eu acho melhor sairmos daqui — falo para Stella. — A maioria está
olhando pra cá, eles conseguem ver nossos pecados?
— Talvez tenha uma chama de fogo à nossa volta — sussurra de volta. —
Será que eles sabem que estamos envolvidas com bandido?
Eu fico em silêncio, tentando entender. Logo sua risada me desperta.
— Você é muito boba, cara, nem estão olhando assim para nós. — Suspiro
fundo.
— Jesus envia um recado a todos que confiamos nele, orais nos momentos
difíceis, pois serão muitos — seu olhar passa pelo meu e pela multidão. —
Acredita na palavra de Jesus? — Sinto a mão da Stella vim a na minha coxa,
por cima da minha calça a apertar, então confirmo devagar olhando para o
pastor. — Então procure por ele, clame por ele e acredite no momento certo
dele, mas lembre-se, Jesus não é culpado por nenhuma má decisão de algum
dos seus filhos aqui na terra.
É como se ele soubesse de algo na minha vida ou no meu futuro próximo.
Continuo com meu olhar baixo, fitando minhas sandálias nos meus pés,
termino de ouvir o culto ao lado da Stella.
— Vocês duas são novas aqui?
O pastor questiona, quando estamos prestes a sair da igreja. Viro de frente.
O pastor usa uma camisa e uma calça social, ambas pretas. Passo a mão no
meu cabelo, colocando-o todo atrás da orelha.
— Sim. — Stella afirma.
— Moram por aqui? — O pastor questiona.
— Eu não, a Maitê sim.
— Sejam bem-vindas — me olha. — Sou o pastor Soares, Maitê e... —
Desvia o olhar para Stella.
— Stella. — Ela diz.
— Jesus trouxe vocês duas até aqui, ele tem um chamado pra vida de cada
uma. Então vão embora em paz.
— Obrigada, Pastor — Stella se despede. — Você não tem língua? — Diz
assim que saímos da igreja.
— Língua? Neste momento não tenho nem pernas, Stella — sussurro para
ela. — Não sabia o que fazer e nem falar, parece que sabem até dos meus
pecados.
Caminho ao seu lado pela calçada.
— Você tem tantos assim? Parece ser tão santinha.
— Namorar um bandido é pecado?
— Não sei... talvez, mas quem está pecando é ele, não você. Agora transar
com ele é sim pecado.
— Deus que me perdoe, Jesus. — Sussurro baixo, engolindo minha saliva.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, andando em direção à minha
casa. Stella está triste e meio calada, percebi isso tem meses, ela age mais na
cautela e nos pensamentos.
— Meu ex... eu o vi ontem. — Ela diz.
— Ele disse o quê?
— Nada, mas a forma que ele ficava me olhando... o jeito dele de doente,
parecia querer até minha alma.
— O Gil sabe sobre isso? — Questiono.
— Não quero encher mais a cabeça dele... na primeira semana do nosso
envolvimento a menina apareceu grávida dele, então ele está focado apenas
nisso. — Paramos de andar em frente minha casa.
— Vocês dois estão juntos.
— Sim, Mai, mas não como eu queria, querendo ou não, eu tenho medo de
me machucar nisso tudo.
— Então conta pra ele, Stella, talvez ele evite algo pior, tenho certeza que
ele vai te escutar.
— Não posso falar assim, não por enquanto, como ele tá agindo.
— A Lara fez o DNA? — Nega. — E não vai fazer?
— Não sei quando...
— Ela é meio sem juízo.
— Nunca tive oportunidade de conversar com ela, mas da última vez que a
vi, a barriga dela estava grande. É meio estranho tudo isso e o problema é
gostar tanto do William. — Respira fundo.
— Mas a criança não pode atrapalhar vocês dois, entende? Se for do Gil, o
problema será dele e da criança, não ele e Lara. Não deixe isso atrapalhar
vocês dois, cara — abro um sorriso de lado. — E conta pra ele do seu ex, isso
não é brincadeira, homem doente e psicopata não está brincando, avisa seu
irmão também.
— Tudo bem.
— Vai fazer isso? — Olho nos seus olhos.
— Sim.
— Eu vou entrar e tomar um banho, tenho que sair daqui a pouco.
— Vai sair com ele, né?
Respiro fundo com sua pergunta.
— Não precisa responder, essa expressão diz tudo. Então estão de boa?
— Sim, eu estou tentando.
— Que bom. Vai lá então, amiga, fala pro Darlan que vou esperar ele aqui
fora mesmo. — Me despeço da Stella antes de entrar em casa.
Ao entrar na sala, noto minha mãe e Darlan conversando sobre algo no
sofá. Entro fazendo barulho para evitar qualquer constrangimento.
— O que é isso, Maitê? — Minha mãe me olha por cima do sofá. — Não
precisa fazer barulho assim.
— Cadê a Stella? — Ouço a voz do Darlan ao lado da minha mãe.
— Oi, Darlan — aceno com a mão e entro. — Ela está te esperando lá fora.
— Está tranquila? — Ouço a voz do Darlan.
— Uhum, tudo na paz.
Vou em direção a cozinha que é dividida por um balcão. Abro a geladeira,
tiro uma maçã e separo ao lado de uma banana, pronta para fazer uma batida
com leite.
— Sua filha está sem educação, está fazendo alguma parada pra comer e
nem oferece?
Viro meu pescoço olhando o Darlan. Minha mãe dá um sorriso enquanto
ele fala sério.
— Você é meu homem por acaso? — Questiono.
— Qual foi, faz algo pra nós comermos! — Darlan brinca.
— A Stella está te aguardando, ela vai ficar brava igual da última vez. —
Alerto.
— Vai lá, amor. À noite você volta. — Minha mãe diz. Escuto o estalo de
um selinho.
Preparo meu lanche da tarde enquanto minha mãe sai com o Darlan.
A alguns metros, o carro preto estacionado do outro lado da rua fica a uma
certa distância de casa. Arrumo meu vestido longo que bate até um pouco
abaixo dos meus joelhos e tem uma fenda de um lado da coxa. Caminho com
minhas sandálias baixas.
A onda do Edgar é irresistível, que quando entro no carro, consigo sentir
sua energia me abalando. Seu cheiro amadeirado bem fraco misturado com
couro do carro invade minhas narinas.
Nossos olhares se encontram quando bato a porta, pela luz interna acesa,
passo meu olhar por seus olhos nas cores avelã.
— Oi. — Falo.
Os olhos do Edgar me devoram por completo. Mesmo sabendo quantas
vezes ele já me teve nua, ainda assim, eu me sinto envergonhada.
Principalmente por saber o quanto ele é gostoso e lindo.
Edgar veste sua calça jeans, camiseta vinho de gola e o cabelo penteado
para trás. Calado ele me analisa, seu olhar passa por minha coxa exposta no
vestido, a cintura. Fixa em seguida no anel do meu dedo.
Meu coração parece sair pela boca com o olhar desse homem, ele me deixa
fraca.
— Está gostosa pra caralho. — Ouço sua voz.
Edgar segura meu rosto com suas duas mãos. Sinto seu hálito quente na
minha bochecha e sua boca com um gosto de bala beijando o cantinho da
minha.
— Como você está, linda? — Murmura perto do meu rosto.
— Estou bem, e como você está?
— Então eu também estou. — Sussurra baixo e rouco.
Edgar cheira meu pescoço e beija em seguida com várias lambidas. Tomo
sua boca, beijando-o. Cravo minhas unhas no seu pescoço. Procuro pela sua
língua, sentindo melhor o gosto da bala, é hortelã... tão gostoso. Nosso beijo se
encaixa com a sintonia e conexão que temos juntos.
— Melhor parar por aqui. — Falo, grudando meus lábios no dele.
— Parar? É só um beijo, pô. — Desço minhas mãos até a gola da sua
camiseta. Aperto entre meus dedos.
— Mas você me deixa muito molhada com apenas um beijo, te sentir
perto...é tão gostoso — Falo falho.
Ele dá uma risada baixa e grossa, mostrando seus dentes alinhados, dando
um selinho rápido e encosta no seu banco.
— Mandei você escolher onde quer comer. Fala, pra onde quer ir? —
Escuto o carro sendo ligado e o barulho do motor.
Levo minha mão esquerda até sua coxa, acariciando-a.
— Pode ser qualquer lugar que tenha comida. Não sendo comida de motel,
está ótimo.
— Já comeu comida de motel? — Me olha pelo canto dos olhos.
— Não, foi aquele nosso segundo ou terceiro encontro. Foi meio medonho,
por isso tenho medo de voltar em algum motel.
— Hum...
— Aquele dia você foi um... filho da puta comigo. — Sussurro baixo.
— Eu era fechado com essas coisas.
— Quais?
— Sair com alguma mulher como estava saindo com você, Maitê. — Fala
sério.
Italiano acelera o carro. Com rapidez ele corta um carro, algumas pessoas
olham pela entrada proibida. Rapidamente volta para a direção certa, agora na
frente do outro carro que ficou para trás. Cravo minhas unhas na sua coxa.
— Não faz mais isso. — Me refiro a entrada brusca.
— Sou treinado pra isso. Vamos comer em algum restaurante longe daqui.
— Mas cadê os seus homens? Você precisa.
— Eles estão me seguindo em um carro.
— Eu não vi nenhum carro parado perto quando me pegou.
— Eles fazem camuflagem, entendeu?
— Sério? E como ficam camuflados?
— Camuflando. — Solta uma risada grossa de ironia. Reviro os olhos.
Por alguns segundos pensei que isso seria possível.
— Vamos pegar a principal e ir pra um restaurante, demorou? Lá nós
tomamos algo e comemos. — Me avisa.
CAPÍTULO 46
Minha mão direita está lançada entre os dedos da Maitê. Jantamos juntos
em um restaurante. Enquanto eu jantei, ela pediu um prato e vinho. Dá para
perceber que ela abusou do vinho, seu semblante de bêbada é visível.
A poucos metros de distância, o carro do Oliveira está estacionado. Um
Golf preto. Pela pouca iluminação da rua, em plenas 23h00min, meu olhar
bate em seu rosto enquanto está encostado no capô do seu carro, olhando
para cá.
— Entra no carro. — Falo sério.
— Eu vou entrar no carro. — A voz sai falha.
Me aproximo com ela do lado do passageiro e destravo as portas. Os
retrovisores abrem conforme o alarme é desligado.
— Aqueles são os homens da sua contenção? — Pergunta com os olhos
na minha direção.
— É, pô... entra no carro. — A ajudo a entrar.
Assim que senta, bato a porta, não vejo mais nada pelo vidro todo fumê.
Em passos lentos, me aproximo na direção do Oli. Meu olhar bate na
camiseta do flamengo e o boné no seu rosto.
— Eu vou daqui pra minha casa. — Aviso. Ele me encara e confirma.
— Estou com os dois dos seus funcionários no carro, mantemos sigilo
esse tempo todo. — Sinto o cheiro de maconha no seu hálito. — O caminho
está livre.
— Não teve nenhum problema durante esse tempo?
— Nenhum movimento estranho, mas não é bom ficar dando bobeira por
aqui, estamos no meio de vários cachorros, prontos pra te atacar. —
Confirmo mais uma vez.
— Suave. Vamos agora. — Falo.
Umedeço meus lábios, e saio em direção ao meu carro. É impossível não
sentir o cheiro da Maitê quando enfio meu corpo dentro dele. Ligo o motor e
começo a dirigir pela rua.
— Está tranquila? — Pergunto. Levo minha mão direita na coxa dela,
apertando. — Ficou quietinha, pô.
— Se eu vomitar aqui dentro, tem caô?
Do canto dos meus olhos, consigo ver sua mão no rosto. Olhos fechados
e encostada no banco.
Solto o ar pelo nariz.
— Tem — murmuro. — Depois limpo com sua cara, papo reto. —
Aperto a coxa dela entre meus dedos.
Viro a primeira rua pela esquerda.
— Que maldade. Eu sou muito fraca pra bebida.
— Está bêbada mesmo?
— Um pouco.
— Vou aproveitar pra te perguntar algo. — Falo.
Tiro a mão da coxa dela e direciona no volante, segurando-o. Eu viro a
terceira rua do bairro na intenção de sair. O silêncio reina um pouco até eu
falar.
— Esses quatro meses, você sozinha, tu ficou com alguém? — Pergunto,
sério.
Penso em qualquer pessoa que seja, minha mente ferve. Só em pensar
sinto raiva. Eu sou assim, tudo que é meu, é meu e ninguém encosta. Se tem
um lado meu que jamais vou deixar te ter é esse.
— Eu não lembro. — Encaro-a de relance e volto atenção para a direção.
Piso um pouco no acelerador, aumentando a velocidade quando pego a
rua principal.
— Não lembra o caralho, porra! — Aumento meu tom de voz.
— Eu não queria você, Edgar, quem dirá outro homem, eu estava fodida
psicologicamente — respira fundo. — E quando me recuperei estava com
vontade de transar... adivinha com quem eu transei? — Solta uma risada
nervosa. — Com quem me fodeu psicologicamente.
Respiro mais aliviado ao ouvir isso. Maluca, papo reto. O vinho a
derrubou mesmo.
Termino o trajeto até minha casa. Quando entramos, eu ajudo Maitê no
banho e tomo o meu. Com apenas uma bermuda, entro no quarto.
— Era pra eu ir embora. — Fala mais calma, dessa vez parece menos
bêbada.
— Quer ir? — Puxo pela cintura. Sento na cama e ela senta no meu colo.
— Eu te levo, eu volto. Tu que sabe, linda. — Maitê encosta seu rosto no
meu ombro, cheirando meu pescoço.
Acaricio seu cabelo na minha mão. Seu corpo está envolta de um pijama
fresco, os pés mal alcançam o chão.
— Eu quero dormir com você. Obrigada pela noite, eu gostei, na verdade
amei. — Afasta o rosto e segura no meu pescoço. — Fazia tempo que não
bebia assim. — Ela encosta seus lábios nos meus.
Não nego, sempre a quis assim comigo... desde da primeira vez que a
conheci de verdade, o jeito dela de menina mulher, sempre mexeu com
minha cabeça. Essa garota me deixa maluco, papo reto, no sexo e na rotina
do dia a dia. E ela adora minha marra, dá para notar como ela fica à minha
mercê.
Desvio minha atenção para tela do meu celular, ele toca em cima da
cômoda baixa, passo meu olhar. É um número privado. Aperto a cintura da
Maitê, ela sai do meu colo e senta na cama. Desligo a chamada
imediatamente quando me levanto e volto a sentar com o celular em mãos.
— Desligou? — Me olha.
— Não é nada importante — coloco o celular do lado na mesa de
cabeceira. — Vamos deitar?
— É mulher, não é?
Suspiro fundo.
— Ou vai dizer que é uma amiga? Não queria acabar com o clima de
hoje, mas não fica me cobrando, entende? Tu é solteiro e eu também sou.
— Solteira o caralho.
— Então quem era, Italiano? Estava me cobrando isso há minutos atrás
no carro. Agora eu estou te cobrando, quem era?
Tento levantar da cama, mas a mão grande me impede. Ergo meu rosto,
olhando nos olhos avelã.
O único questionamento que vem na minha cabeça é que ele tenha outra
mulher. Só não quero que ele exija nada das minhas coisas. A verdade é que
eu ainda não conheço o Edgar.
E isso dói... dói muito.
Não minto, eu não estava com cabeça para me envolver com alguém, eu
estava destruída mentalmente e queria apenas ficar sozinha nesses quatro
meses. Estava destruída psicologicamente.
— Para de arrumar problemas, Maitê! — A expressão dele é neutra. —
Senta aí.
— Eu só quero ir embora, minha mãe deve estar preocupada.
— Você não queria ir e agora quer? Senta. — Manda mais uma vez e
nego. Ele respira fundo, soltando o aperto no meu braço.
— Só não fica cobrando nada, entende? Quer cobrar e não quer ser
cobrado? — Solto uma risada nervosa. — Mas está tudo bem em receber
uma ligação no sigilo, você é solteiro e tem esse direito.
— Caralho — exclama e cruza os braços. — Quer saber o quê?
— Eu não quero saber mais nada.
— É a Brenda. É isso que quer saber? Ela que ligou nessa porra de
número privado.
— A Brenda? — Sussurro baixo, pensando. — A melhor amiga da
Stella?
— Eu não sei e nem quero saber, pô.
— Vocês dois...? — Silêncio. — Tudo bem. — Não espero sua resposta e
levanto.
Começo a desabotoar meu pijama na frente, já que ele é todo de botão.
— Para de criar problema! — Sua voz é um murmúrio.
— Problemas? Você estava me cobrando, na verdade sempre cobrou, a
Brenda é melhor amiga da Stella, Brenda sabia que eu estava envolvida com
você.
— Elas sabem?
— Não do assalto — encaro-o. — Mas sabem que eu estava sofrendo por
você, eu falei. Eu só quero ir embora, eu pego um Uber. — Tento puxar meu
braço com força, mas ele segura firme, olhando nos meus olhos.
— Foram quatro meses, não quatro dias.
— Foda-se que foram quatro meses! Foda-se, Italiano. Eu deveria ter
feito nesses quatro meses uma aventura com vários homens que me queriam,
na verdade querem ainda.
Ele aperta com mais força no meu braço, olhando dentro dos meus olhos,
alterno o olhar entre seus olhos.
— Eu não transei com ela, caralho — sua expressão é vergonhosa. Sua
pele parece esquentar. — Quer saber dessa porra? Eu não transei com
nenhuma mulher. Eu. Não. Transei. Com. Ninguém. — Fala pausadamente.
Respiro forte, sentindo meu coração batendo no peito, seu olhar
buscando qualquer deslize que seja.
— E você quer se aventurar com outros homens? — O olhar frio me
encara.
— Eu… não muda o foco da conversa, me solta ou vou te denunciar por
abuso. — Ele estreita o olhar, olhando meu rosto.
— Abuso?
— Está tentando me amansar com esse seu jeito.
Coloco minhas duas mãos abaixo do seu peitoral, empurrando-o, mas
nem faz cócegas em seu corpo.
— Eu não confio em você. — Falo.
— Quer ver o celular? — Aponta com a cabeça em direção ao celular em
cima do criado.
— E se eu quiser?
— Eu te mostro, caralho. Está desconfiada, então te mostro que não tem
razão para desconfiar.
Italiano descruza os braços e pega o celular em cima da mesa de
cabeceira. Seu corpo sentado ao meu lado, começa a abrir as mensagens.
Meu número antigo está fixado. Franzo minhas sobrancelhas.
— Meu antigo número está fixado. Me dá o celular. — Ele entrega na
minha mão.
Vejo o número da Brenda com várias mensagens não visualizadas, assim
como o nome Laura destaca, mas clico no meu número fixado.
— Você mandou mensagem sabendo que eu não ia receber? — Começo a
ler, ou pelo menos tentar, mas sinto-o tirar o celular da minha mão.
Velho ranzinza.
— Me deixa ler, cara. — Tento pegar o celular novamente, mas ele
afasta.
— Quer ver as coisas sem razão pra ver, depois vai ficar enchendo meu
saco — ele clica na mensagem da Brenda, mostrando de longe. — Vê essa
porra. — Resmunga.
— Mas que velho chato.
Na tela do celular, vejo várias mensagens da Brenda seguidas, todas sem
responder. E mesmo depois que ela soube que eu sou apaixonada por Edgar,
ela continuou.
— E você tem o número dela? — Questiono.
— Oli passou, mas bloqueio, não tem problema — ele respira calmo.
Sem me olhar bloqueia o contato. — Agora não tem nada aqui.
— E quem é Laura?
— Trabalha no bar, só tem conversa dela avisando pra pegar as
quentinhas — mostra a tela do celular. — A garota tem quinze anos. É
criança pra mim, da idade da Lara. Agora para de arrumar briga comigo.
— Eu nunca tive a oportunidade de conhecer teu lado sentimental com
mulher. — Sento no seu colo quando ele afasta o celular na cama.
Seu braço envolve a minha cintura, conectando nossos corpos.
— Eu nunca tive lado sentimental com mulher além de você.
— Hum — deixo um beijo no seu maxilar. — Eu li as mensagens por
cima e você me mandou uma escrito: "estou com saudades" mesmo sabendo
que eu não iria receber ou ler.
Sinto seu cheiro gostoso e fecho meus olhos. A mão grossa desliza por
minha barriga, subindo em direção aos meus seios, ele aperta devagar.
— Vamos discutir de outra forma? — Provoco-o.
— Levanta — faço como ele manda. — Tira o pijama pra mim.
De frente para ele, começo a tirar meu pijama. Eu provoco com meu
corpo, e sei que está funcionando quando o volume na sua bermuda fica
aparente. Edgar me devora com seus olhos.
— Está gostando do que vê?
Com apenas a calcinha e o sutiã. Eu coloco minhas duas mãos no seu
ombro, aproximo meus lábios dos seus e deixo um selinho demorado. Suas
duas mãos ficam firmes na minha cintura, colocando-me de frente para ele,
no meio das suas pernas.
— Por ter me feito passar estresse, hoje não temos nada. — Eu falo. Sou
mais rápida, tiro sua mão, ouvindo-o gemer de frustração.
Com um sorrisinho nos lábios, pego meu pijama no chão sem olhar em
seu rosto.
CAPÍTULO 47
Fazem vinte minutos que estou acordado, são quase 9h00min. Vejo as
mensagens da Lara. Ontem resolvi todos os problemas pra ela e Gil fazerem o
teste de DNA.
Lara: Oi, sim, foram me pegar pra fazer o DNA.
Minha mãe veio comigo.
Maitê: Sim.
Italiano: Abusada, vai apanhar. Italiano: Que velho opressor.
mãe aqui.
Está tudo bem então? Vou terminar de ajudar minha
Italiano: Está.
Depois quero trocar um assunto pessoalmente com você.
Maitê: Hoje eu tenho que dormir em casa, minha mãe
não pode desconfiar muito e no final de semana durmo
contigo, tá? Italiano: Demorou, linda.
Qualquer problema me liga.
Maitê: Beijos.
Maitê: Hum.
Ergo meu olhar quando noto Lara me olhando. Seus olhos estão na minha
direção, enquanto ela está sentada no banco ao meu lado, encostada no balcão.
— O Gil veio com você? — Lara questiona. — Ele disse que iria vir aqui.
— Fazer o quê? — Pergunto ao guardar meu celular.
— Ele tinha falado que ia me entregar uns negócios.
— Sobre o bebê? — Maressa questiona do lado de trás do balcão, e Lara
confirma ainda me olhando.
— Está me olhando assim por quê? — A expressão duvidosa da Lara é
foda.
— Não pode mais olhar? — Franzo as sobrancelhas.
A barriga está enorme por baixo do vestido.
— Quer passar a mão? Ela se mexe de vez em quando.
— Passar a mão? — Nego, sério.
— Como é ogro — Maressa brinca. — Ele mal te pegava no colo quando
era recém-nascida, Lara, uma vez quase te deixou cair. — Rolo os olhos e
corto a fala da Maressa.
— Quero um café. — Peço.
— Mesmo assim, o amo. — Lara diz.
Ela se segura no balcão, descendo do banco. Suas duas mãos macias
seguram meu braço esquerdo. Ela beija meu rosto de lado.
— O William vai trazer alguns negócios, pega pra mim, mãe. Vou ir pra
casa, agora que as aulas acabaram, vou dormir um pouco e limpar a casa. —
Lara falando enquanto caminha para fora da padaria.
O único vestígio que ela deixa na padaria é a tensão no ar.
— Ela está...
— Com medo. — Completo a frase da Maressa.
— Medo? — Me olha. Fito seu olhar, acabou dando de ombros em
indiferença.
— Do filho não ser do William, o cara vai ficar mal, desde o primeiro
minuto ela está afirmando que é ele, pô. Demorou cinco meses pra fazer esse
teste.
— Pode ficar pronto em sete dias.
— Ele vai trazer o quê aqui?
— Roupas — respira fundo e coloca a caneca do meu café em cima do
balcão. — Disse que ia comprar uma saída de maternidade.
— Espero que a Lara coloque um amadurecimento na cabeça com essa
filha, papo reto... eu avisei que ia dar essa merda toda.
— Ela está mandando bem.
— Mesmo assim, ela está preocupada que o filho não tenha um pai, e ficar
segurando o Gil? Afeta o cara querendo ou não. — Murmuro.
— O problema é ela gostar dele.
— Eu sei — travo meu maxilar. — Mas gostar não segura ninguém, ela
mentiu pra caralho pro Wiliam. Ele foi errado em lealdade comigo, mas ela foi
errada com ele.
— Só espero que isso passe logo, caso o Gil não for pai, fazer o quê?
Alcanço a caneca de café e trago até minha boca. Começo a saborear o
gosto do líquido quente entre meus lábios.
— Escolheram um nome? — Questiono.
— Lara disse que chamará Malia.
A menina nem nasceu e estou imaginando como será uma criança na
minha vida de novo. Quando cuidei da Lara, era bem mais novo, tinha uma
cabeça mais firme do que hoje em dia. Não minto, eu considero a Lara como
uma filha mesmo, sempre tentei dar conselhos mesmo sendo do meu jeito. Eu
acompanhei os primeiros passos dela. Eu fui o cara que a levou no primeiro
dia de aula.
— Maressa — saio dos meus pensamentos, escutando Gil entrar na
padaria. — A Lara está aqui?
— Ela mandou você deixar comigo.
William se aproxima do balcão e deixa uma bolsa de maternidade na cor
branca, com detalhes rosa em cima do balcão.
— Elas estão bem? — Gil pergunta.
— Ótimas. — Maressa responde.
Ouço tudo calado.
— E você, bandido mau? Está tudo suave? — Me olha. Minha única
resposta é confirmar sério.
— Não quer comer nada? — Maressa interroga mais uma vez.
— Não, vou levar minha mulher em um exame, estou atrasado.
— Como? A Stella está bem?
— Alguns problemas de saúde, mas com os exames acho que vai dar certo.
— Wiliam se despede ao sair da padaria.
Calado, olho o rosto da Maressa. O barulho do carro é ligado do lado de
fora, e some pela rua.
— Bandido mau — Semicerro os olhos com a brincadeira da Maressa. —
Ele disse, cara.
CAPÍTULO 48
O rapaz tem em sua mão uma nota de cinco reais em minha direção.
— Ah... não é meu.
Estudo seu corpo: calça jeans, camiseta azul clara. Seu tom de pele meio
bronzeada e o corpo magro. Algumas tatuagens destacam-se por seu corpo.
— Qual seu nome? — Pergunta.
— Isso foi uma jogada pra começar uma conversa comigo? — Cruzo os
braços.
Um sorriso largo surge em seus lábios.
— Te achei gata pra caralho, papo reto. Na verdade, sei quem você é,
Maitê. Famosa.
— Famosa? — Franzo minhas sobrancelhas.
— Dançarina, não é? — Dá um sorriso. — Te conheço por algumas
danças.
— Entendi — Respondo-o — Eu estou atrasada…
— Meu nome é Cleiton. Prazer te conhecer, algum dia desses vamos nos
rever novamente.
O clima tenso paira sobre o ar. Ele simplesmente dá as costas em direção a
um carro, em uma certa distância, e eu fico intacta, olhando determinado
momento que ele sai.
Que cara estranho…
Às 21h00min, me encontro à mercê do Edgar mais uma vez. O vício em
uma pessoa nos faz perder a noção do tempo.
— Eu senti falta dos meus óculos. — Falo, assim que pego a caixinha da
sua mão.
Abro a caixinha, colocando-o nos olhos. Sei que minha face ficou bonita,
pois a forma que o Edgar me olha, diz tudo a respeito da minha aparência.
— Ficou com cara de safada — segura minha cintura. — Vamos assistir
algo, depois vou comprar uma janta pra nós dois.
A calmaria reina, quando estamos deitados no sofá. Aninho meu corpo ao
seu, com o calor das nossas peles. Sinto a calmaria que ele transmite, contra
seu peitoral, eu aliso sua camisa. Exploro sua coxa na bermuda e subo
novamente por baixo da sua camisa.
Como sou safada. Agora estou alisando seu abdômen.
— Hum... — Fecho os olhos enquanto sua mão faz um carinho no meu
cabelo. — Seu coração está acelerado e é raro ver seu coração acelerado.
— Você me deixa assim. — Ergo meu olhar.
Seu cabelo está penteado para trás. A iluminação da TV ligada, mostra o
brilho dos seus olhos.
— Mentira. Você está infartando? — Sério, me fita.
— Daqui a três dias é meu aniversário.
— E não me disse antes? — Apoio no seu peitoral. — Oitenta e cinco
anos. — Ele continua me olhando sério.
Abro um sorrisinho, e me aproximo, deixando um beijo no cantinho da sua
boca.
— Vamos comemorar?
— Você que sabe — Edgar cheira meu pescoço de uma forma relutante. —
Está me acostumando a ter você todo dia de novo.
— Reconquistando sua linda aos poucos.
— Sábado tenho um compromisso pra ir. — Deposita um beijo no meu
pescoço.
Bem que eu desconfiei.
— Vai ter mulher? — Encaro-o.
— Sim. Você não confia em mim depois de tudo? Não quero te colocar em
perigo por causa das minhas decisões.
— Por suas decisões?
— É churrasco de homens envolvidos. Você já foi no baile do Alemão,
sabe como é, o churrasco vai ser reservado e terá uns caras mais fortes.
— Tudo bem, pode ir.
— Vai ficar bolada por causa disso?
— Não, pode ir. — Vejo um sorriso fraco em seus lábios.
— Não vou por causa de mulher.
— Mas vai ter mulher. Você vai para um lado e eu vou para outro. — Ele
desfaz o sorriso.
A mão na minha bunda desfere um tapa forte.
— Não fala assim comigo.
— Doeu muito.
— Desfaz essa cara, linda. — Tento me afastar, mas ele me segura.
— Eu te entendo.
— Quer ir? Te levo, mas não queria te expor assim. Vai ficar conhecida
como uma mulher de bandido, e não é qualquer bandido. — Murmura,
olhando no fundo do meu olhar.
Sinto minha respiração pesada e por alguns segundos vejo o lado do
Italiano nesse olhar sério. Me passa a sensação de frio e calculista, a pupila
não está dilatada como sempre fica. Os olhos nas cores avelãs sustentam meu
olhar.
Rapidamente ele desvia a atenção para a TV.
— Tudo bem? — Pergunto.
— Você não merece meu outro lado, Maitê — solta o ar pelo nariz. — E eu
não sei até onde meu outro lado vai, eu não sei onde eu vou parar, e eu não
vou parar, eu não posso. Antes de pensarem em me matar, eu vou estar
enterrando. — Continua olhando pra TV.
— Eu não sei o que dizer.
— Ainda vai tentar me entender quando eu não fizer mais sentido? E ficar
comigo quando tiver visto o pior lado de quem eu sou? Quando estiver do meu
lado e saber da minha vida no dia a dia? — Seus olhos me olham.
— Eu... eu…
Respiro forte.
— O problema é que eu não escolhi esse sentimento por você, e eu te amo,
Edgar.
Seu peito sobe e desce em uma respiração pesada, a pupila dilata ao me
fitar sobre a iluminação da televisão forte, que clareia perfeitamente. Sinto
meu coração bater no peito fortemente. Sem reação, ele olha no fundo dos
meus olhos. Percebo que nesse momento derrubei seu lado Italiano.
Olho no fundo dos olhos pretos. A fito à minha frente, como é possível?
Ela tem um comando sobre meu corpo que não consigo controlar, e ouvi-la
falar que me ama. Porra. É uma frequência incontrolável, meu coração bate
forte no peito.
É a primeira vez que ouço isso de uma mulher.
— No pouco e no muito? — Minha voz grossa murmura.
— Aham. — Confirma.
Ela encosta sua cabeça contra meu peito novamente, enquanto massageia
meu abdômen. Nossos corpos quentes estão interligados, eu consigo sentir.
Fico sem reação alguma nos primeiros minutos, como se fosse uma
dopamina. Levemente beijo sua cabeça, ouvindo-a respirar meu cheiro. Passo
meus dois braços em volta do corpo pequeno, envolvendo-a em um abraço.
— Eu... — Respiro fundo, ficando calado.
Caralho!
— No momento certo você vai retribuir a fala, não precisa ficar nervoso
por não falar agora. — Beijo mais uma vez sua cabeça.
Ficamos minutos curtindo um ao outro em um abraço suave.
— A Lara fez o teste? — Questiona.
— Fez.
— Quantos dias pra ficar pronto?
— De sete a vinte dias.
— Stella tinha falado que o Gil comprou as coisas da bebê, e se não for
dele? Ele vai ficar chateado — fico em silêncio. — Você tem que voltar a falar
com ele, Amor... Stella me conta e fala como ele é um parceiro enorme para
você.
— Pra ele bancar uma de sem lealdade de novo?
Afasto meu rosto, observando-a levantar a cabeça e me olhar.
— Mas eu te perdoei, o que tem você dar uma segunda chance pra ele?
Igual te dei uma segunda chance? Você vai me machucar de novo? — Nego
com a pergunta. — Então.
— Eu não perdoo. — Ela respira fundo.
— Mas vai perdoar, tu vai dar uma chance pra ele sim, não adianta fazer
essa cara de velho chato do caralho. — Rolo os olhos.
— Velho agora. Mas não hora do meu pau duro ficar entrando na sua
boceta não reclama. Fica fazendo cara de puta. — Escuto a risada gostosa sair
dos lábios.
Quieta, tomo sua boca em um beijo. Nossos lábios se encaixam um no
outro, assim desenvolvendo um beijo entre nós dois. Minhas veias esquentam
rapidamente com qualquer toque dela e tê-la em cima de mim assim, me deixa
maluco. Resmungo baixo quando ela aperta meu pau com sua mão.
— Não faz isso — solto um gemido contra os lábios entreabertos. Meu pau
fica duro, depois vou dormir com a porra de vontade de te foder igual da
última vez. — Murmuro rouco.
— Quem disse que vou deixar você dormir com vontade?
Sua provocação a faz segurar no ombro e subir em cima de mim. Suas
pernas encaixam de cada lado da minha cintura. Um sorriso cafajeste surge em
meus lábios quando sinto-a rebolar no meu pau. Apalpo a bunda quente contra
meus dedos, e deixo um tapa mediado da sua sacanagem, ela segura meus dois
pulsos, segurando-os acima da minha cabeça, contra o sofá.
— O que pensa que está fazendo? — Pergunto com meus olhos cravados
no seu rosto.
Sua resposta é apenas uma: expressão facial safada e rebolar várias vezes
no meu pau. Um gemido sôfrego de tesão sai dos meus lábios. Tento tirar
minhas mãos, mas é em vão, ela joga sujo.
— Você tem mais força, não força pra tirar as mãos, ou te deixo de pau
duro. — Respiro forte.
— Vagabunda. — Reclamo.
Mais uma rebolada é o suficiente para me deixar calado.
— Agora vou tirar sua roupa.
Comandando, ela começa a tirar minha camisa e minha bermuda. Seus
olhos brilham olhando o volume bruto na minha cueca. Na minha frente, com
vontade de provocar, ela tira a roupa que veste. Resta apenas sua calcinha
vermelha tapando a boceta depilada.
Aguçado de tesão, eu não resisto, agarro com força a lateral da calcinha,
rasgando-a com força.
— Edgar! Eu falei pra não encostar, vai ficar sem sexo…
— Na moral, você me deixou com tesão. Meu caralho está duro dentro da
cueca — seguro sua cintura no encaixe do meu corpo. — Vai deixar eu foder
com essa boceta. — Viro-a com força por baixo do meu corpo, contra o sofá.
— Quem comanda sou eu, não você, vagabunda. — Meu hálito quente fica
contra o rosto dela.
As pernas vêm automaticamente na minha cintura, abrindo. Sinto os bicos
dos seios rígidos contra meu peitoral. Roço meu pau contra a boceta pulsando.
A TV com barulho some dos nossos campos de audição, eu só consigo senti-
la. Meu foco é ela, na minha mulher gostosa.
Descontrolado de tesão, eu exploro a pele do pescoço quente. Minha língua
vaga por sua pele, até o mamilo com bicos rígidos expostos para mim. Entre
meus lábios, encaixo seu mamilo esquerdo, começando a chupar e explorar
seu gosto.
— Amor... — Diz falho.
O gosto do leite me dá prazer, eu consigo obter comandos a mais de prazer
por ela. É como a porra de uma conexão, algo que eu precisava há muito
tempo para me sentir bem.
Tiro meu pau duro de dentro da cueca, afastando minha boca do seu
mamilo. Ela fecha os olhos e reprime os lábios com o encaixe da minha
cabecinha, invadindo cada centímetro da entrada molhada.
— Meu Deus. — Ela abafa o gemido mais alto contra meu ombro.
Suas unhas cravam no meu ombro.
— Gosta quando eu te fodo? Sente como estou prestes a gozar só entrando
dentro de você? — Deslizo meu pau no fundo.
Um gemido rouco sai dos meus lábios mais uma vez. Começo a fodê-la,
louco para gozar com ela apertadinha. Sua boceta molhada suga cada
centímetro do meu pau, a cada entrada, o barulho do encaixe dos nossos
corpos toma conta do local. O que antes ouvia, o choque dos nossos corpos
tomou conta. Nossas bocas estão juntas, os dois respirando fundo, e eu sinto
que estou cada vez mais maluco por ela.
Não falo isso só porque a tenho agora, com as pernas abertas, enquanto eu
dilacero sua boceta úmida e pingando de tesão. Eu falo isso por amá-la como
nunca amei outra mulher.
— Oh, como eu amo te sentir me fodendo. — Geme contra minha boca.
— Goza no pau do seu homem. — Rouco, mando.
Deixo alguns tapas ardidos na lateral do seu quadril, sem piedade alguma.
Analiso cada detalhe minucioso do seu rosto, olhos semiabertos revirando de
prazer, boca soltando gemidos e a respiração mais fundo contra a minha.
— Duvido que algum cara te fode e te come assim. Fala que você é minha,
minha linda! — Aperto o pequeno pescoço contra minha mão esquerda.
— Eu sou sua.
Nossos corpos entram em transe, ficam tensos. O ritmo do barulho e
encaixe torna-se algo mais prazeroso. Suas pernas travam, ela respira mais
forte, e meus olhos vidrados no seu rosto, com a expressão mais gostosa de
analisar. Ela está prestes a gozar, então proporciono a ela esse prazer, sem
parar, ela rebola seu quadril quase a um passo de gozar. As unhas arranham
mais forte meus ombros. Ela procura algo que demonstre o quão está louca,
me dando nesse momento.
— Eu vou gozar… — Isso, goza pra mim.
Seu rosto vai de encontro ao meu ombro, a mordida é forte. Então ela
lubrifica cada vez mais o meu pau, mais intensamente. Sem controlar, eu gozo
junto com ela.
— Gostosa do caralho — bato forte na sua coxa. — Porra... — Respiro
fundo.
Meu pau incha dentro dela, expulsando todos os espermatozoides.
— Que gostoso… — Rebola, dizendo.
— Eu... te amo pra caralho. — Murmuro baixo contra seu pescoço.
Mas sei que ela ouviu perfeitamente quando me abraça, misturando mais
nossos suores e os corpos quentes.
CAPÍTULO 49
Maitê: Me avisa.
Jogo meu 212 na minha roupa, enquanto olho para a tela do meu celular.
Italiano: Estou indo, linda.
FIM...
Agradecimentos
@monik__regis