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PROTEGIDA PELO CHEFE ©Copyright 2021 — V.S.

HARAS

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Plágio é crime!

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sem autorizações por escrito da autora. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na
Lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Está é uma obra de ficção qualquer semelhança, com nome, pessoas, locais ou fatos será mera

coincidência.

Revisão: Sonia Carvalho


Imagem: Depositphotos, Freepik e Pixabay
SINOPSE
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
EPÍLOGO
SINOPSE
Dono de tudo!

O chefe de uma das máfias italianas mais conhecidas do país.


Temido por muitos.
Era assim que eu era conhecido. Matteo Mancini, uma pessoa respeitada e que não quebrava as
regras da nossa famiglia.

Só que para tudo tem uma primeira vez, não é mesmo?

Por isso que quando a vi, eu decidi que estava na hora de mudar as regras do jogo e encarar os
julgamentos de cabeça erguida.
Já que Alessa Ferrara — filha de um traidor, que seria levada para os bordéis que
coordenávamos —, chamou minha atenção e eu não podia deixar aquela menina, com cara de
anjo, sofrer de tal maneira.
Eu teria que protegê-la e para isso ela teria que se tornar minha.
+18
Pode conter gatilhos!
Esta obra não é DARK. No entanto, trata-se de um romance com a temática relacionada
à máfia, então terá conteúdos sensíveis para alguns. Deixando claro que não compactuo com as
cenas de violência que serão apresentadas a seguir, mas foi um livro que surgiu em minha mente
e eu precisava compartilhar com vocês.
CAPÍTULO 1

Caminhei lentamente pelos corredores que me levariam até o filho da puta que havia feito
merda com um carregamento importante que estávamos mandando para uma cidade vizinha.
Odiava que as coisas saíssem do meu controle, pois era naquele momento que eu tinha que agir,
e sempre acabava com algum respingo de sangue voando em minha direção.
Eu tinha pessoas que faziam o trabalho sujo para mim, meus soldados sentiam-se até

orgulhosos de poderem sujar as mãos por mim. Mas naquele caso, era algo que eu mesmo precisava
estar presente.
Devia interrogar e matar quem ousava me trair. Deixar registrado que ninguém enganava
Matteo Mancini, no caso eu, o chefe da Cosa Nostra, onde minha família já vinha gerindo aquele
negócio há milhares de décadas.
Juan — um dos soldados —, abriu a porta da sala onde estava o nosso traidor, e permitiu que
eu entrasse no lugar. O pequeno cômodo já estava uma sujeira, afinal meus homens não deixariam que
a pequena presa escapasse sem algumas consequências.
Passei meus olhos pelo lugar e Carlo — o subchefe — estava parado em um canto com a
expressão revoltada de sempre. Assim que me viu acenou com a cabeça em minha direção em forma
de respeito.

— Então foi Luigi que entregou o nosso carregamento para a polícia? — indaguei, assim que vi
o homem, quase esfolado vivo, sentado na cadeira de madeira no centro da sala com a luz parca.

Seu rosto estava quase irreconhecível, sangue jorrava por vários ferimentos, sua boca tinha
alguns cortes. Provavelmente um pouco da tortura que meus homens fizeram com ele.
Luigi estava sem camisa e do seu peito também podíamos ver vários cortes e um pouco de sal
jogado sobre os ferimentos. Meus homens não brincavam de torturar, eles amavam ver o sofrimento

do outro, ainda mais quando era um traidor.


— Ele ainda não quis abrir a boca. Por isso, esperei que chegasse — Carlo comentou.
Assim que Luigi me viu, começou a implorar por sua vida e sussurrava que não havia feito
nada.
— Não perderei muito tempo com você. Então, diga logo, porque nos entregou?
Era daquela forma que eu tratava um traidor. Sem piedade, sem remorso, sem pena alguma. Eu
queria ver os seus miolos espalhados pelo chão, para que as pessoas que estivessem envolvidas com
ele soubessem que o fim delas seria daquela forma.
— Eu juro, senhor. Eu não os entreguei.

— Luigi, não somos idiotas, nunca erramos. Para estar nessa cadeira, é porque já temos as
provas suficientes que foi você que nos entregou, então abra logo a boca e diga o motivo de ter nos
entregado?
Não alterei o nível da minha voz, pois não era necessário. O meu jeito calmo e pacífico,
sempre deixava as pessoas com mais medo, e quando eu partia para um tom mais elevado de voz,
elas ficavam tão nervosas, que chegavam a passar mal.
Afinal elas sabiam que era somente com um estalar de dedos meu, que elas morriam.
— Eu fui obrigado, senhor!
Era aquilo, os traidores nunca davam conta de mentirem por muito tempo na minha frente.
— Fiquei intrigado, o que um cordeirinho como você pode ter feito, para ser obrigado a

entregar nosso carregamento?

Tinha certeza de que Luigi sabia que ele não sairia vivo daquele lugar, por isso, provavelmente
já devia ter desistido de manter o segredo. Pois era só aquilo que o mantinha vivo… ainda.

— Senhor, promete para mim, que minha mãe ficará em segurança. Ela nem sabe que eu me
envolvi com a máfia. Ela é inocente.
Cerrei meu cenho e esperei. Odiava quando colocavam a família no meio, afinal eu tinha a
minha e sabia o quanto aquelas pessoas eram importantes para mim.

— Ameaçaram minha mãe de morte, senhor. Por isso, eu fiz o que me pediram e entreguei o
carregamento de metanfetamina para a polícia.
— Claro! Isso já sabemos, só a parte da mãe que é novidade. Então, quem ameaçou a velhinha?
— sussurrei.
Algumas lágrimas, com resquícios de sangue escorreram dos olhos de Luigi. Era só naquele
momento que os infelizes ficavam desesperados. Quando sabiam que a morte estava perto.
Mas eles também ficavam cientes, que se não fizessem um serviço bem feito acabariam mortos,
e como foi descoberto, a única saída que tinha para eles, era tentar fazerem algum acordo antes da
morte.

— Foi o Ferrara, senhor. Não sei o que ele pretendia fazer, mas ele foi o homem que pediu
para eu entregar o carregamento. E por isso, minha mãe ainda tá viva.
Ferrara, outro filho da puta, um banqueiro idiota que havia entrado há alguns anos como
associado em nosso meio e agora estava me traindo.
Traindo a mim!
Quando a minha casa, tinha estendido-lhe a mão no momento em que mais precisou.
Eu mataria aquele desgraçado.
Peguei a pistola dentro do meu terno, destravei a arma e atirei no centro da cabeça de Luigi.
Era assim que se resolviam as coisas e era assim que Ferrara acabaria.
— Verifiquem se a história da mãe é verdade. Se for levem-na para um asilo. Não a

machuquem, a senhora não tem nada a ver com as merdas que esse idiota fez.

— E o que fazemos com o Ferrara? — Carlo indagou.


— O mesmo que fazemos com traidores.

— Ele tem uma filha.


— Quantos anos? — perguntei, pois se fosse menor de idade eu não faria nada com a menina.
— Vinte e três, pelo que sei.
— Bom, o Ferrara sabia das consequências, se ele quis colocar a vida de sua filha em risco o

problema é dele. Levem-na para um de nossos bordéis. E traga o filho da puta para mim.
— Como quiser, chefe.
Saí da sala e caminhei para fora do lugar que fedia a mofo. Estava com ódio, mas sempre
tentava me controlar para não descontar em todos, quando algum idiota tentava dar de esperto para
cima de mim.
Entrei em meu carro e deixei que o motorista me conduzisse para o lugar que ele sabia que eu
iria depois dali.
Minha vida era aquela e as pessoas tinham que aceitar, ainda mais quando entravam no meio da
vida de um chefe da máfia.
CAPÍTULO 2

A vida podia ser linda.


Cheia de cores alegres e sorrisos para deixar nosso cotidiano ainda melhor.
Acordávamos cheios de felicidade e prontos para viver um dia perfeito…
Uma pena, que aquilo não era o que acontecia na realidade. Afinal, a minha vida nunca foi esse
comercial de margarina que víamos passando nas propagandas da TV.
Minha vida nunca teve muitos sorrisos e alegrias. Ainda mais depois que minha mãe deixou a

batalha contra a depressão vencê-la e acabou tirando a própria vida. A única pessoa no mundo que
eu considerava que me amava, mas esse amor não foi o suficiente para viver por mim.
E o que me restou foi somente o meu pai. Um banqueiro, que nunca quis ter uma filha, mas que
também não a liberava de sua vida. Ele me proibia de tudo, até mesmo de estudar fora, se eu quis ter
umaeducação, tive que aceitar os professores particulares que ele me disponibilizou.
Minha vida era literalmente em cárcere privado.
Naquele dia as coisas não estavam diferentes. Era noite de sexta-feira e meu pai sempre
demorava mais para chegar em casa, quando não levava uma mulher qualquer para passar a noite em
sua cama.
Não sabia de onde ele tirava tanto dinheiro, já que sua rede de bancos há pouco menos de um

ano, quase entrou em falência. Ele tinha conseguido algum empréstimo, mas pelo que eu sabia, nossa

vida tinha que ter os gastos controlados e claro que meu pai não ligava para as regras.
Ele queria esbanjar e poder esfregar na cara de quem fosse que ele tinha dinheiro suficiente

para poder mandar em quem quisesse — claro que não era bem assim, mas ele acreditava que a vida
se movia por meio de grana.
Sentei-me no sofá da sala e liguei a TV. Iria assistir qualquer filme que estivesse passando até
que o sono chegasse e eu pudesse ir para o meu quarto, para poder dormir. Já que era a única coisa

que me restava naquele dia.


Assim que encontrei uma comédia romântica, deixei no canal e me concentrei no filme. Estava
no ápice de uma cena, quando minha casa, que estava em um silêncio sepulcral, transformou-se em
uma avalanche de terror e medo.
A porta da entrada foi arrebentada e assim que olhei na direção do lugar, comecei a tremer ao
ver alguns homens, muito mal-encarados entrarem na minha casa.
Alguns estavam com armas nas mãos e outros, só ficaram me encarando.
— Quem são…
— Você é a filha do Francesco Ferrara?

Claro que tinha que ser alguma merda que meu pai havia feito. E eu não sabia se deveria
responder sim ou não. Merda! Mil vezes merda!
O homem de cabelo escuro como carvão se aproximou de onde eu estava e foi instintivo me
encolher sobre o sofá e tampar minha cabeça com meus braços.
— Infelizmente, cordeirinho, você nasceu filha da pessoa errada — o homem comentou.
Ele não precisava falar aquilo, de verdade, eu já sabia que era filha de um enviado do inferno.
Por que era daquela maneira que eu considerava meu pai, um homem que era quase o diabo em carne
e osso.
— Onde está seu pai?
— Nem respondi se sou filha dele — choraminguei.

— Só por sua reação já imagino que seja.

— Quem são vocês?


O homem rosnou:

— Aqui quem faz as perguntas sou eu. Onde está a porra do seu pai? — gritou.
O que me fez sobressaltar e ficar ainda mais amedrontada. Travei e não conseguia pronunciar
nenhuma palavra. Meu corpo tremia, e minha garganta havia se fechado.
Droga!

Aquele era o pior momento para eu me tornar uma bebezinha chorona. Só que fui tirada da
minha proteção imprestável, quando o homem grudou sua mão em meu braço e me balançou com toda
força.
— Vou perguntar uma última vez, se não responder, vou estourar seus miolos. Está me
ouvindo?
Daquela vez, depois de uma ameaça tão fervorosa, consegui assentir.
— Sim — murmurei.
— Cadê o Ferrara?
— Nã… não sei. Ele não voltou do banco ainda.

— Uma pena maior para você.


O brutamontes me levantou do sofá com uma força abrupta e começou a me conduzir para fora
da casa.
— O que estão fazendo?
Comecei a me debater, enquanto ele não respondia à minha pergunta.
— Você agora é nossa propriedade.
— Proprie… prop.. propriedade? — gaguejei.
— Sim!
— Não, eu não fiz nada. Não fiz nada — comecei a gritar e assim que olhei para fora, percebi
que os seguranças que protegiam a casa do meu pai estavam todos mortos.

Meus lábios começaram a tremer e as lágrimas escorreram desesperadas por meu rosto. Eu não

tinha feito nada, porque aqueles homens estavam me levando.


— Me solta! Eu não fiz nada.

— Você não fez, mas seu pai fez e você está no acordo que pagaria pelos erros dele.
Não podia ser. Puxei meu braço com força e acho que o homem não esperava por aquilo, pois
consegui me desvencilhar de sua mão e corri para dentro de casa. Mas antes que eu pudesse chegar
às escadas, fui enlaçada pela cintura, porém dei uma cotovelada nas costelas do homem que me

segurava.
E provavelmente o deixei irritado, pois ele me virou abruptamente e estalou um tapa em meu
rosto com tanta força que fiquei um pouco tonta e senti gosto de sangue em minha boca.
— Vadia!
E devido à minha tontura, foi fácil para ele me conduzir para o carro, mas antes que eu
pudesse entrar,.outro homem se aproximou de mim e deu uma coronhada em minha cabeça… depois
daquilo só vi a escuridão.
***
Não sabia dizer ao certo quanto tempo havia passado, mas eu me encontrava em uma cama

dura, e o lugar em que estava fedia a mofo, urina e até mesmo a comida podre.
Sentei-me sobre a cama e encarei ao redor. Aquilo estava muito estranho. Luzes vermelhas
apareciam por debaixo da porta e quando senti um vento frio bater em minhas pernas, fui obrigada a
olhar para elas.
Eu estava com um vestido curto…
Aqueles homens tinham tirado minha roupa?
Meu Deus!
O que iriam fazer comigo?
Quando pensei em começar a gritar por socorro, uma porta foi aberta abruptamente e a luz
vermelha adentrou o cômodo. A mulher não vestia uma roupa muito diferente da minha — que não

deixava quase nada para a imaginação — e sua maquiagem era completamente escura.

Onde eu estava?
— Acordou? — Ela parecia entediada.

— Onde eu tô?
Mesmo com a parca luz que entrava no quarto, ao menos era aquilo que achava onde eu estava,
pude ver um arquear de sobrancelha.
— Já não tirou suas próprias conclusões? — Respondeu-me com outra pergunta.

— Não tenho a mínima ideia de onde eu possa estar — respondi com sinceridade.
— Os meninos nunca me apareceram com uma menina tão inocente. É uma pena, mas preciso
fazer meu trabalho.
— Que trabalho?
A mulher revirou os olhos e respondeu:
— Querida, agora você é uma puta da máfia e vai ser uma menina desse bordel, onde os
homens vêm para se divertir e profanar o seu corpo.
Puta da máfia?
Meu Deus!

Meu pai havia se envolvido com mafiosos e me colocado no meio dos seus problemas?
Não podia ser verdade.
Eu não podia ter meu fim ali naquele lugar. Não quando eu ainda não tinha vivido nada, não
tinha aproveitado nada do que a vida podia me oferecer.
Não! Eu não podia aceitar aquele destino.
Saí correndo daquele lugar, sem me importar para onde eu deveria ir. Corri pelos corredores e
não tinha a mínima ideia de onde eu pararia, mas corri. Passei por pessoas e até vi algumas fazendo
sexo pelos corredores.
Mulheres gritavam, enquanto homens a penetravam.
Aquilo ali era o inferno, só podia.

Só que meus planos acabaram dando muito errado, quando trombei com um corpo forte, de um

homem alto que fez com que eu acabasse indo para o chão.
Quando caí, soube que eu não tinha saída daquele lugar, só podia aceitar a porra do meu

destino.
Meu olhos estavam marejados, pois pelo visto eu só sabia chorar naquele momento, foram
parar nos do homem com quem eu havia me chocado e ali encontrei olhos frios, mas que ao menos
era diferentes do homem que foi em minha casa.

— Quem é você? — Sua voz era baixa, mas mesmo assim consegui ouvi-lo por cima de toda
música que rodava pelo lugar e até mesmo os gemidos das mulheres que transavam atrás de mim.
— Chefe, desculpe-me. Ela saiu correndo descontrolada, não era para encontrar o senhor
dessa forma.
Chefe?
Será que aquele era o chefe da máfia?
Eu só me ferrava a cada segundo que passava com aquelas pessoas.
CAPÍTULO 3

— Como assim não acharam?


— Procuramos por todos os lados e não o encontramos, chefe.
— Carlo, eu quero aquele filho da puta hoje. Quero arrancar os olhos dele, lentamente e
depois eu o mato.
Eles haviam voltado só com a filha do Ferrara, mas não com o vagabundo que tinha que pagar
por todas as merdas que fez.

— O que a menina disse sobre o pai?


— Nada de importante.
— Já a mandaram para o bordel?
— Tivemos que sedá-la, ela nos deu um pouco de problema.
Neguei com a cabeça e quase revirei meus olhos, mas precisava saber onde estava o Ferrara,
pois estava com ódio dele e ainda tinha que saber o motivo de ter me traído.
— Para onde a levaram?
— Para o puteiro da Chiara.
Levantei-me da poltrona em que estava e caminhei até o casaco do meu terno, assim que o
coloquei, ordenei:
— Mandem preparar meu carro, eu mesmo interrogarei essa menina. Provavelmente vocês

deixaram alguma coisa passar.


— Chefe, nós…

Encarei Carlo e ordenei:


— Prepare o meu carro.
— Sim, senhor.
Meus homens nunca iam contra mim, somente Carlo que às vezes tentava me falar algo, no

entanto não me importava com sua opinião. Ainda mais quando eu queria fazer algo. Eu precisava
saber onde aquele filho da puta do Ferrara havia se metido e nada melhor do que sua filha para me
informar.
Ela podia até tentar enganar meus homens, porém eu sabia muito bem que ela sabia o
paradeiro de seu pai. Até parece que cairia em um papinho inocente desse.
— Senhor, seu carro está pronto — Carlo anunciou, assim que voltou a abrir a porta do
escritório.
Assenti, peguei o copo de uísque, que estava inacabado à minha frente e tomei em um único
gole o líquido de cor âmbar. Após depositar o copo em seu lugar, saí do escritório e caminhei sem

pressa até meu carro.


Eu era o tipo de homem que sabia que tinha todo o tempo do mundo. Então, não precisava em
nenhum momento sair apressado para lugar algum. Eu podia me considerar quase o dono do mundo
ou algo do tipo.
Afinal, mandava em todos ao meu redor, então por qual motivo me preocuparia em sair
apressado para ver a filha de um traidor?
Saí dos meus devaneios, assim que entrei no carro e o motorista começou a me conduzir pelos
caminhos da Sicília. Aquela cidade era minha e eu me sentia completamente o rei daquele lugar.
Assim que estacionamos em frente ao bordel da Chiara, respirei fundo e saí do carro. Teria
que encarar algumas coisas das quais estava farto, mas para descobrir o que eu queria, teria que fazer

o pequeno sacrifício de entrar naquele lugar.

Comecei a caminhar e alguns dos meus soldados vieram ao meu lado, sem contar que Carlo —
como era o subchefe —, começou a me acompanhar e enquanto percorremos o caminho ele indagou:

— Onde está Stefan?


Fechei meus olhos por alguns segundos, não querendo pensar naquela pergunta, pois já havia
dois dias que não via aquele idiota. E sendo meu consigliere, eu tinha que saber onde havia se
metido, mas não. Com Stefan as coisas nunca foram fáceis. E podia imaginar que ele poderia ser

muito bem encontrado dentro daquela merda de bordel.


— Boa pergunta. — Foi a única coisa que comentei naquele momento.
Assim que os seguranças do bordel me viram, acabaram cumprimentando-me:
— Boa noite, senhor!
Abriram a porta para mim, enquanto eu retribuí o cumprimento com apenas um balançar de
cabeça.
Assim que entrei naquele lugar que fedia a drogas, cigarro, mijo e a orgia, percebi que algo
estava errado. Meus olhos sempre encontravam a merda quando estava prestes a acontecer.
Por isso, ao longe vi uma mulher correndo desesperada à procura de algo. Logo Chiara

apareceu atrás da moça e ela parecia bastante preocupada com o que estava acontecendo.
Provavelmente não sabia que a mulher teria coragem de praticar tal ato. Tirando minha atenção
rapidamente da corrida de cão e gato, pude ver de soslaio que a porcaria do homem que deveria
estar me aconselhando naquele momento, estava mesmo onde eu pensei.
Assim que nos viu parado na entrada, ele se levantou, sem camisa, mas ao menos ainda vestia
uma calça, já que o peguei das piores maneiras naquele lugar.
E assim que começou a andar em nossa direção um impacto tirou completamente a minha
atenção dele. Voltei-me na direção da batida e vi que era a menina que corria de Chiara.
Encarei aquela menina da pior forma possível, quem ela pensava que era para sair
transtornada daquela forma? No entanto, foi difícil manter a minha pose de durão assim que vi o

tamanho de sua beleza.

Ela possuía alguns resquícios de machucados no rosto, porém nem aquilo conseguia tirar seu
encanto, um pouco de petulância e até mesmo inocência transpareciam em sua fisionomia.

Aquela era uma puta diferente!


Sim, ela só podia ser uma puta, para estar naquele lugar.
— Quem é você? — Deixei que minha voz escapasse por meus lábios, mas como eu sempre
mantive minha calma, continuei com o tom baixo.

Talvez eu pudesse dizer que estava um pouco eufórico por dentro, pois realmente queria saber
quem era aquela menina, só que nunca deixaria minha máscara cair na frente de pessoas que me
respeitavam tanto.
— Chefe, desculpe-me. Ela saiu correndo descontrolada, não era para encontrar o senhor
dessa forma.
A menina pareceu se desesperar ainda mais e só naquele momento percebi que ela estava com
os olhos marejados. Que merda estava acontecendo ali?
Carlo se aproximou de mim e sussurrou em meu ouvido:
— Essa é a filha do Ferrara.

Assenti uma única vez, deixando claro que havia entendido, e quando fui tentar dizer algo, a
mulher que eu já sabia o nome: Alessa, desesperou-se e começou a chorar descontrolada.
Ela não me encarava e sim a Carlo. O pessoal que estava presente no antro da perdição
daquele lugar, nos encarava sem entender, mas tinham a decência e medo suficiente para não se
intrometerem. Já que eles sabiam que se fizessem aquilo iria sobrar para eles.
— Por favor, eu não fiz nada. Não me machuque — implorou, ainda do chão, que ela estava
caída.
— Levem-na para o escritório, quero conversar com a moça.
Ordenei e no mesmo momento Carlo se aproximou dela e Alessa começou a se debater.
— Quieta, sua puta, senão serei obrigado a te machucar de novo.

Era aquilo. Os machucados em seu rosto, tinham sido feitos por Carlo. Ele era um idiota, mas

ela o devia ter tirado do sério. E como eu não estava lá para controlá-lo, seria impossível fazer com
que ele mantivesse a calma.

— Me larga, por favor, eu não sei o que meu pai fez.


E quanto mais ela se debatia, com mais raiva deixava Carlo e no momento que o vi levantar a
mão, não sei o que me deu, mas avancei em sua direção e segurei seu braço no ar.
Um fio de tensão caiu pelo lugar, que já estava em puro silêncio, ficou ainda pior, pois naquele

momento até a música que tocava foi desligada.


Carlo me encarou com o cenho franzido e eu não sabia explicar por qual motivo havia feito
aquilo. Só que provavelmente, Stefan vendo a cena à sua frente, mesmo eu estando puto com ele,
salvou o momento.
— Pelo jeito a moça está um pouco traumatizada, eu a levo para o escritório.
Não sabia onde ele havia achado uma camisa, porém estava vestido com uma, assim que
começou a dizer.
Pegou Alessa pelo braço e começou a conduzi-la com um pouco mais de força. Uma força que
eu não queria que fosse usada nela, mas eu tinha que evitar fazer mais uma cena na frente dos meus

homens.
Assim que estava longe o suficiente, Carlo se fez presente:
— O que aconteceu?
Encarei-o mais uma vez e murmurei:
— Não é agredindo-a que ela contará o que queremos.
— Até parece.
— Não tenho que agir da forma que você quer. Irei interrogar a moça.
Comecei a andar em direção ao escritório fazendo-me a mesma pergunta: O que havia
acontecido?
CAPÍTULO 4

Meu corpo tremia e eu não conseguia parar de chorar.


— Não sei o que você fez, mas para estar aqui, com toda certeza você deve ter mexido com a
pessoa errada.
— Não fiz nada.
Respondi ao homem que havia me levado para um escritório, que ao menos não era tão nojento
quanto do lado de fora.

— Ah, com certeza você fez.


Aquele homem parecia muito com o que trombei do lado de fora e não duvidava que eles
poderiam ser irmãos, tinha quase certeza de que o outro que só sabia me agredir, não era parente
deles, pois não se parecia em nada com eles.
Meu pensamento foi desviado, no momento que a porta foi aberta e o… Chefe da máfia entrou
no lugar. Droga! O que meu pai havia feito para que a porra do chefe da máfia viesse atrás da gente.
— Senhor!
O homem que me levou até aquele lugar, cumprimentou o outro que entrou e ele só disse
poucas palavras, mas que fizeram com que eu ficasse com medo até mesmo de sua fala que não havia
sido direcionada a mim.
— Depois vamos conversar, agora suma daqui que irei interrogar Alessa.

— O que ela fez?


— Se você quisesse saber, não sumia durante dias das suas obrigações.

— Matteo…
— Cale a sua boca e saia daqui. — Pelo visto o chefe da máfia da Sicília se chamava Matteo
e ele não parecia temer nada. Muito menos o outro homem que possuía tantos músculos quanto ele.
— Como quiser… senhor.

Parecia que aquele homem não tinha um pingo de medo do seu chefe. Sim, porque só um idiota
para não entender que Matteo era seu chefe.
Quando a porta se fechou lembrei-me o quanto eu estava fodida. Presa em um escritório, em
um bordel, com o chefe da máfia, sendo que eu já sabia o que ele queria fazer comigo…
Transformar-me em uma puta como todas aquelas mulheres que estavam lá fora.
Não que eu tivesse algo contra a profissão que elas escolheram, mas aquela não tinha sido a
que eu escolheria para mim. Matteo sentou na cadeira do outro lado da mesa e eu estava sentada à
sua frente.
Fiquei encarando-o, sem tentar resistir, pois sabia que se fizesse algo do tipo ele poderia

mandar me matar tranquilamente. Em um estalar de dedos eu estaria com um tiro no meio da testa.
— Alessa, agora você vai falar onde está seu pai?
O homem não desviava seus olhos dos meus e eu senti meu corpo tremer mais que tudo. Estava
com medo de algo muito pior acontecer comigo, devido às inconsequências do meu pai.
— Senhor, eu juro que não sei o que meu pai fez e não tenho a mínima ideia de onde ele pode
estar, por favor, acredite em mim.
— É meio irreal uma filha tão mimada quanto você, não saber onde o seu pai está. Não é
mesmo?
Ah, quem me dera se eu fosse mimada. Aquela era o que eu tinha vontade de falar para ele, no
entanto, ponderei minhas palavras para ele não piorar a minha situação.

— Senhor, eu juro que a minha relação com meu pai não é das melhores e eu não sei onde ele

pode estar. Por favor, acredite em mim. Se eu soubesse o entregaria no mesmo momento. Não
colocaria minha vida em risco devido a alguma merda que ele tenha feito.

Matteo cerrou o cenho e meu corpo tremeu mais ainda, fazendo até com que ele percebesse o
quanto eu estava apavorada.
— Se estiver tremendo de medo, pode se acalmar. Só farei algo pior a você, caso não
colabore com as minhas perguntas.

— Então é bem provável que o senhor irá fazer algo bem pior, já que não sei onde meu pai
está e vocês não acreditam em mim. Eu não sei o motivo de não acreditarem em minha palavra, sendo
que estou dizendo a verdade, eu nunca menti em minha vida e…
Comecei a me desesperar novamente, as lágrimas desciam descontroladamente e meu corpo
tremia ainda mais. Só percebi que Matteo havia saído da poltrona que estava, quando ele parou ao
meu lado e me segurou pelos ombros.
As lágrimas ainda caíam, mas o meu corpo deu uma leve pausa, enquanto Matteo segurava
meus braços.
— Acalme-se, não fiz nada para te machucar.

— Mas vai fazer, porque essa é a fama que vocês mafiosos têm. Só machucam as pessoas.
— Machucamos quem merece ser machucado.
Tentei afastar-me do seu toque, mas Matteo me segurou e eu acabei dizendo:
— Então, por qual motivo estão me machucando, se sou inocente?
— Talvez você seja filha da pessoa errada e essa mesma pessoa te entregou de bandeja há
algum tempo. Então você deveria reclamar com seu pai.
Fiquei um pouco atônita com suas palavras. Como meu pai podia ter feito aquilo. Eu sabia que
ele não gostava nem um pouco de mim, mas precisava apelar tanto?
Entregar-me para a máfia? Aquilo era o fim para mim.
— Ele me odeia mais do que vocês — revelei.

— Provavelmente sim, pois no contrato que ele firmou comigo, ele mesmo deixou que você

fosse alguns dos pagamentos para a máfia. Só que o problema é que nunca pensamos que ele fosse
nos trair e agora você é filha de um traidor, o que te resta é esse bordel, ou a morte.

Matteo era duro com as palavras. Ele falava de uma forma fria, que fazia com que qualquer
pessoa se sentisse um lixo.
— Por que vocês são assim? — sussurrei. — Eu nunca tive o direito de viver minha vida,
como eu quisesse e agora, ainda tenho que escolher entre uma bala ou um bordel?

O chefe da máfia se afastou de mim e eu pude ouvir seu suspiro tomar o lugar.
— Você quer me contar o motivo de suas lamúrias. Pois pelo que sei, você sempre viveu do
bom e do melhor, na mansão do seu pai.
Tive que soltar uma gargalhada, já que pelo visto, ele não sabia de nada mesmo.
— Acho que o senhor não sabe de nada.
Matteo me olhou por cima do ombro e avisou:
— E eu acho melhor você não brincar comigo.
Engoli em seco e tentei parar de fazer piada.
— Minha mãe morreu quando eu ainda era muito nova e meu pai nunca gostou de mim, senhor.

— Fiz uma pausa e Matteo que havia me dado suas costas, acabou se voltando em minha direção. —
Ele me obrigou a viver em cárcere privado, nunca saí da minha casa, a não ser hoje, quando fui
trazida para cá. Só que nesse momento eu preferia ter sido deixada no cárcere.
Revelei o que ainda não tinha contado, afinal ele não parecia saber da minha pequena vida de
merda. Então, era bom deixar claro, talvez assim ele tivesse piedade de mim e não me matasse, ou
me transformasse em uma puta.
E mesmo eu odiando me fazer de vítima, eu não tinha escolha naquele momento.
— Engraçado, como nos enganamos com as pessoas, não é mesmo?! Quando seu pai veio aqui,
ele até chorou ao falar de você. Disse que você era o bem mais precioso que tinha, por isso, ele
estava te dando em forma de um acordo, se alguma coisa acontecesse, nós podíamos ficar com você.

Um sorriso discreto apareceu nos lábios de Matteo e eu senti um pouco mais de ódio de

Francesco naquele momento.


Acabei tendo uma vontade súbita de implorar para ele, para que me salvasse, pois eu sabia

que só ele podia fazer aquilo.


— Senhor, peça que eu faça qualquer coisa, que seja sua empregada, que cuide de qualquer
outra coisa, mas que eu não trabalhe em um bordel. Eu nunca… — voltei a chorar e ainda revelei
mais coisas íntimas: — Eu nunca nem transei, como posso ficar em um bordel? Onde homens,

costumam só machucar as mulheres, ainda mais uma virgem…


Encarei os olhos de Matteo e eles estavam diferentes naquele momento. Não sabia o que podia
ter feito com que ficassem ainda mais gélidos, mas não me importei e voltei a sussurrar:
— Por favor, me faça sua empregada, ou qualquer coisa do tipo, mas não deixe que eu fique
aqui.
Ele caminhou até uma mesa, que possuía várias garrafas de uísque e algumas outras bebidas
que eu nem reconhecia e encheu um copo. Depois de tomar a bebida em um só gole, voltou-se em
minha direção e anunciou:
— Vou acreditar que você não sabe onde está seu pai. Se eu descobrirqueestá mentindo para

mim, juro que te mato.


— E eu juro que não estou mentindo.
— Que bom, porque eu já sei como te tirar daqui.
Meu coração disparou mais que o normal, só não mais do que quando descobri que estava
sendo levada da minha casa por mafiosos.
— Como? — indaguei, com um fio de voz.
— Com você se tornando minha.
Matteo anunciou aquilo como se fosse a coisa mais normal do mundo e eu fiquei encarando-o
por muito tempo, mais do que o necessário e ele acabou dizendo:
— Pode tirar essa sua carinha de espanto. É sua única opção, Alessa.

Eu não sabia mais como parar de me ferrar com aquelas pessoas. Agora eu ia me tornar a

mulher do chefe?
Caralho! Aquilo iria dar muita merda.
CAPÍTULO 5

Nunca fui uma pessoa que fizesse coisas impensadas. Nunca tirei a autoridade de ninguém de
dentro da máfia, a não ser que aquela autoridade coubesse a mim.
Só que algo me dizia que naquele dia e naquele exato momento, eu tinha que tomar uma atitude
diferente da que estava acostumado. Teria que proteger uma mulher que nunca havia visto, mas que
meu sexto sentido nunca errava e naquela hora ele gritava para que eu a protegesse de todos que
queriam lhe fazer mal.

A menina ainda me olhava como se estivesse sem entender o que eu dizia. Como se eu fosse
um extraterrestre que não falava um “a” na sua língua e ela tentava compreender o que saía da minha
boca.
Tinha que concordar que eu não estava pensando com coerência ao fazer aquela proposta para
aquela menina, mas foi a única ideia que se passou por minha mente, assim que percebi que
realmente ela não sabia onde estava o filho da puta do seu pai.
Sem pensar que pelo que havia entendido, até ela tinha sido vítima daquele escroto, que assim
que eu colocasse minhas mãos sobre ele, receberia as piores consequências que uma pessoa poderia
receber.
— Senhor, eu…

— Sua escolha é essa, Alessa.

Os olhos da mulher ainda estavam marejados, mas ao menos ela estavamais calma, do que
quando a encontrei mais cedo no exterior daquele escritório.

Quando ela revelou que era virgem, minha vontade triplicou para conhecê-la mais e talvez os
meus instintos masculinos tenha gritado um pouco mais alto do que o certo que devia ser feito.
Ela era linda, com seu rosto que demonstrava inocência e ainda tinha um olhar meigo, que ao
mesmo tempo parecia cheio de fogo, pronto para mostrar o caminho da perdição a quem chegasse

perto dela.
— Pelo que sei, isso não é aceitável para vocês, como ficaria sua honra?
Ela ainda estava cheia de dúvida sobre a minha proposta e pela primeira vez eu não tinha uma
resposta certa para dar àquela menina, no entanto, faria as coisas como quisesse.
Afinal, quem mandava naquele lugar e em diversos daquela cidade, era eu. Então, eu podia
refazer as regras que a minha famiglia criou há muitos anos.
— O que você me diz, Alessa? Não sou um homem muito paciente.
Só que eu esperaria mais algum tempo se ela ainda não tivesse se decidido, de repente meio
que fiquei extremamente interessado naquela menina. Em um nível que estava fazendo com que eu

cometesse loucuras em menos de meia hora que estava em sua frente.


— Se for para evitar minha morte, eu aceito a proposta que o senhor me fez.
— Que bom. — Fiz uma pausa, respirei fundo uma vez e voltei a dizer: — Fique aí, irei
chamar meus homens para avisá-los da nova regra que terão que seguir.
Depois que Alessa assentiu, eu caminhei lentamente até a porta do escritório, pensando o
quanto de problemas que eu teria que enfrentar a partir dali, mas estava sentindo que valeria a pena.
Abri a porta e surgi no corredor. Alguns dos meus soldados estavam de prontidão pelo lugar,
além de Carlo e Stefan. Assim que apareci eles me encararam.
— Carlo e Stefan, entrem, preciso anunciar algo a vocês.
Os dois assentiram e caminharam junto comigo para dentro do escritório. Assim que Alessa

viu Carlo, ela acabou se encolhendo em sua cadeira, e eu quase falei que não precisava se preocupar

com ele, mas resolvi não demonstrar aquele tipo de fraqueza na frente dos meus homens.
— Pode dizer, senhor — Stefan tomou a frente.

Encarei-o por algum tempo e vi a sua semelhança com a minha. Sempre fomos muito amigos,
além de sermos irmãos de sangue, os dois seguindo os passos do nosso falecido pai.
Nos últimos tempos, Stefan havia se revoltado comigo, por não seguir seus conselhos, afinal
ele era meu consigliere, e eu não dava a mínima para a sua opinião e tinha absoluta certeza de que a

que havia tomado há alguns minutos iriam contra tudo o que ele concordava.
— Depois de interrogar Alessa, percebi que ela foi jogada sem querer em nosso mundo.
Stefan ficou calado, mas Carlo se fez presente.
— Como o senhor pode acreditar nisso?
— Carlo, vou fingir que você não está duvidando do que estou dizendo, para as coisas não
saírem do controle. Certo?
— Não estou duvidando do senhor, mas essa garota deve saber de tudo que o pai planejou.
Elevei minha sobrancelha, pois realmente não estava com vontade de ficar me repetindo
daquela forma.

— Diga, senhor. Qual o motivo que exigiu a nossa presença aqui, além de anunciar que Alessa
é inocente? — Stefan questionou, pois ele sabia que eu não tinha muita paciência para as
implicâncias de Carlo.
— Bom! — Apoiei minhas mãos sobre o tampo da mesa e encarei Alessa mais uma vez, antes
de anunciar para os homens a minha decisão.
A menina me olhava um pouco curiosa, pois nem ela sabia como eu a deixaria livre da morte
ou da prostitução naquele momento. Seus olhos ficaram grudados nos meus até que eu consegui
desviar os meus dos dela e encarei Stefan e Carlo.
— Alessa pode ser filha do inimigo, mas é inocente das coisas que aconteceram. Devemos
pegar o pai dela e mostrar a verdadeira vingança da máfia. No entanto, ela não merece receber o

castigo, por causa de um homem como o Ferrara.

— Mas, senhor, nossos homens não aceitarão isso, muito menos o conselho — Carlo voltou a
falar.

— Eu sei, por isso, já tenho o motivo de tê-los chamado aqui.


— Diga — Stefan exigiu.
E eu fingi que ele não estava tentando impor uma ordem para cima de mim, pois naquele
momento, não queria perder mais tempo com discussões bestas.

— Anuncie para o conselho e pode até marcar uma reunião se eles quiserem, mas avisem que
a esposa que eles queriam tanto que eu arrumasse, já encontrei.
— Matteo, você não pode… — Stefan voltou a dizer, mas claro que não adiantou, pois o
cortei no mesmo momento.
— Avisem que a minha noiva,Alessa, não pode ser machucada, pois iremos nos casar na
semana que vem.
— Você só pode ter ficado maluco — Carlo gritou e novamente vi de soslaio Alessa se
encolher.
— Acho melhor você se acalmar — avisei.

— Como ficar calmo, com uma porra dessa, Matteo? — gritou.


— Carlo, você está perdendo o controle.
— Com razão.
— Carlo, se meu irmão escolheu a mulher que será sua esposa, nós não temos que dizer nada
contra.
— Ela é a filha de um traidor. Merece ser uma puta qualquer.
Engoli em seco. Odiava ser contrariado e estava há poucos passos de perder o controle.
— Cale a sua boca, Carlo — murmurei.
— Saiba que não aceito isso.
— Então teremos um problema? — perguntei de forma sarcástica.

— Você sabe que está errado, Matteo.

— Quero deixar avisado, que o homem que encostar em Alessa depois do meu anúncio de
alguns minutos, será um inimigo direto meu. Estamos entendidos?

— Sim, Matteo — Stefan respondeu.


Carlo por sua vez, só assentiu, mas eu podia ver que ele estava quase explodindo de tanto
ódio. Afinal, minha decisão ia contra tudo o que ele acreditava. Só achei estranho Stefan não estar do
seu lado, até porque ele nunca gostava que eu quebrasse as regras.

Provavelmente depois que estivéssemos sozinhos em alguma ocasião ele me repreenderia, mas
não me importava. Naquele momento a única coisa certa a fazer era aquela.
Os dois assentiram, saíram da sala e eu fiquei observando até que a porta fosse fechada.
— Agora você é a mulher do chefe, ninguém tocará em você.
— Não sei como posso agradecer.
— Você vai se tornar minha esposa. Isso é seu agradecimento.
Encarei seus olhos e ela assentiu, mesmo que estivesse um pouco assustada.
— Agora eu vou para onde?
— Para minha casa, ser protegida por mim. Afinal, agora você é minha, Alessa.

Ela abaixou a cabeça e eu pensei que não diria mais nada, mas logo pude ouvir seu sussurro:
— Sua… eu serei sua.
Sim, era bom ela aceitar aquilo. Já que era o único jeito de manter uma mulher tão
deslumbrante viva.
Alessa Ferrara, filha de um traidor, se tornaria minha mulher.
CAPÍTULO 6

Minha cabeça estava baixa, pois eu sentia todos os olhos sobre mim. Medo era o que mais
recaía sobre meu corpo, um medo inexplicável, mas que eu talvez soubesse nomear.
Eu havia em menos de vinte e quatro horas me tornado a mulher prometida para o chefe da
máfia. Aquilo não parecia nada legal, porém era a minha salvação, então só podia aceitar o que o
destino tinha me reservado.
— Chiara?

Matteo que estava ao meu lado, com um de seus braços apoiados em meus ombros, chamou a
dona do bordel.
— Sim, senhor!
— Quero deixar claro, que Alessa é minha mulher a partir de hoje e se alguma de vocês, ou
até mesmo os homens que frequentam esse lugar falarem algo, eu serei obrigado a enfiar uma bala no
meio da testa de vocês.
Tive que levar meus olhos rapidamente para a mulher, para ver sua reação sobre a fala de
Matteo.
E eu só pude ver um tom de medo em sua face e ela acabou assentindo logo em seguida.
— Pode deixar, chefe. Vamos fazer o que o senhor falar, respeitaremos a mulher do senhor e a

trataremos da melhor forma possível.

— Que bom, Chiara.


Continuamos a caminhar para a saída do lugar e eu vi alguns homens nos acompanharem. Não

sabia se podia confiar na palavra do chefe da máfia, mas ele parecia mandar em todos.
Provavelmente se ele falou que era para me manter viva, eu ficaria, pois a palavra dele, entre
aqueles homens parecia ser a lei.
Um carro preto, que deveria valer muito, parou ánossa frente e Matteo abriu a porta traseira.

Fez um gesto para que eu entrasse e assim o fiz. Estava com medo, não podia negar, já que nunca
tinha passado por aquilo.
Medo talvez pudesse ser meu sobrenome naquele momento. Encolhi-me no canto do carro e
assim que a porta se fechou estremeci um pouco.
— Para casa — Matteo anunciou.
E logo que o motorista começou a acelerar o carro, Matteo fechou o vidro que nos separava do
motorista e fez com que eu ficasse com um pouco mais de medo. O que ele iria fazer?
Será que se aproveitaria de mim tão rápido, já que eu agora me tornaria dele?
— Não precisa ficar com medo, garota.

Encarei Matteo de soslaio e ele voltou a dizer:


— Não costumo abusar de ninguém, no entanto quando for minha, aí é outra coisa
completamente diferente.
— É muito estranho o senhor me querer como sua esposa, sendo que já deve ter alguma
pretendente.
— Você acha que eu tenho algum casamento arranjado?
— Não tem? — Voltei-me completamente na direção de Matteo, enquanto aguardava que ele
falasse.
— Claro que não. Eu não vivo em um mundo de fantasia, onde preciso que alguém me arranje
uma esposa.

— Já vi alguns filmes, onde existem famílias que já têm suas filhas prometidas para os chefes

das máfias.
Matteo soltou um pequeno sorriso e eu pude ver seus lábios formarem aquela linha tênue, que

o deixava mais bonito. Talvez ele mostrasse aquela parte da sua vida poucas vezes, para que não
enfeitiçasse as mulheres tão rapidamente.
— Filmes…
— Desculpe.

Achei por bem me desculpar o mais rápido possível, adeixá-lo pensar qualquer coisa que o
pudesse ofender. Vai que ele descontasse a sua ira sobre mim. Logo agora que havia conseguido me
salvar.
— Espero que tenha entendido que você a partir de agora é minha mulher e que não pode ter
nenhum relacionamento por fora do nosso casamento. Senão além de morrer, eu matarei a pessoa com
quem está se envolvendo.
Parecia que a palavra morte era mais constante em seu linguajar do que o normal.
— Não tinha um relacionamento, nem antes de te conhecer, agora, então que não o terei.
Matteo me encarou profundamente e pronunciou:

— Você tem um relacionamento comigo, você é minha mulher.


Aquilo não deveria mexer comigo daquela maneira, mas mexeu, fez até com que meu corpo
tremesse de maneiras inimagináveis.
— Já disse que serei sua mulher. Tenho amor à vida, mesmo que não seja esse o destino que eu
escolhi para mim.
— Que bom que você entende as coisas rápido, Alessa.
Assim que Matteo fechou a boca, percebi que estávamos entrando em um lugar e pude
perceber que era como um condomínio, mas que não possuía muitas casas e sim, algumas ao fundo,
tinha muitos seguranças e uma mansão no centro do lugar, que provavelmente era o lugar onde Matteo
morava.

— Aqui é bem bonito — murmurei.

— Que bom que gostou, será sua casa a partir de hoje.


Assenti, no entanto senti vontade de questioná-lo:

— Mora alguém com você?


— Claro! Minha famiglia.
O que será que aquelas pessoas iriam achar de mim. Senti um calor tomar meu corpo e eu
podia saber que era de uma ansiedade tremenda. No entanto, logo um frio quase que como gelo puro,

tomou meu corpo, com as palavras que Matteo me disse:


— Hoje você se tornou uma protegida por mim. Então só quero deixar claro que não é para
você manter nenhum contato com seu pai. Estamos entendidos?
— Sim, senhor!
Ele fez que sairia do carro, porém se voltou para mim e avisou:
— Assim que encontrá-lo irei matá-lo. Não quero nenhuma objeção quanto a isso.
Engoli em seco e assenti. Realmente meu pai havia se enfiado em uma encrenca, no entanto,
não podia fazer nada por ele. Pois não o obriguei a isso e ele escolheu o seu caminho.
Na verdade, ele nunca se preocupou comigo, então como iria me preocupar com ele?! Se fosse

pensar, ele nem se importava comigo, nem depois de ter cometido alguma merda com a máfia, não
ligou se eles iriam me matar ou não.
Provavelmente ele merecia aquele fim.
Matteo saiu do carro e eu o segui. O homem me aguardou e eu percebi que Stefan saiu do outro
carro que estava atrás do que estávamos. Voltei a olhar para frente e me senti um pouco constrangida,
quando Matteo estendeu a mão para mim.
Fiquei por um momento parada sem acreditar no que ele estava fazendo e só quando ele se
voltou para mim, para ver o que acontecia é que tomei a coragem de tocar na sua pele de forma tão
íntima.
Seríamos marido e mulher, eu não poderia dar aqueles vexames na frente das pessoas.

Continuei andando ao seu lado e naquele instante lembrei-me que estava com outra roupa e que ela

não era nada respeitosa.


Droga!

A família de Matteo iria pensar que saí de qualquer bordel e que ele havia me levado para a
casa deles. Tinha absoluta certeza que não iriam me aceitar.
Assim que subimos as escadas e a porta do casarão foi aberta, não pude deixar de deslumbrar-
me como quanto aquele lugar era magnífico. Imaginava que meu pai tinha dinheiro. Mas ele não

chegava ao nível daquele homem e muito menos a nossa casa.


Meus olhos passaram por todos os lugares, pois estava extremamente curiosa e encantada com
a beleza daquela mansão. Mesmo assustada não podia negar que o lugar era esplêndido e se
estivéssemos em um teatro, com toda certeza aquela peça maravilhosa, merecia uma salva de palmas.
— Que bom que chegaram.
Uma voz feminina tirou-me dos meus devaneios e eu fui obrigada a encarar a mulher de meia
idade que surgiu na escada que levava para o andar de cima.
— Boa noite, mamãe. — Matteo cumprimentou a mulher e Stefan caminhou até ela.
— Mãe, quanto tempo.

— Eu que o diga, Stefan. Onde você se meteu? Esqueceu que faz parte da Máfia Siciliana? Eu
jurei que já o tinha perdido.
— Menos drama, mamãe — Matteo pestanejou.
— Drama? Menino, você pode ser o chefe da máfia, mas eu ainda sou sua mãe.
Novamente surgiu um leve sorriso nos lábios de Matteo e eu fiquei um tempo parada o
encarando com tamanha devoção.
Ridícula, era assim que eu poderia me considerar.
— Quem é essa moça bonita?
— Bom, Dona Giuliana, essa será a sua nora. Minha noiva, Alessa.
Matteo me apresentou para a mulher que abriu um sorriso gentil e naquele momento eu percebi

que talvez ela não fosse me odiar como eu havia imaginado em todo o trajeto para aquele lugar.
CAPÍTULO 7

Minha mãe estava lá completamente encantada com Alessa. Eu sabia o quanto ela esperou por
aquele momento. A hora de eu entrar com uma mulher por aquela porta e falar que ela seria a minha
esposa.
Só que era bom ela saber as condições daquela relação, antes que começasse a imaginar que
estava apaixonado ou algo do tipo,já que não queria que ela tivesse imagem errada sobre mim.
Eu nunca fui e nunca seria um homem que se apaixonava. Aquilo não entrava em meu

vocabulário e não estava com a mínima vontade de deixar aquele sentimento entrar em minha vida.
Só tinha aceitado tornar Alessa minha esposa, pois achava um desperdício de beleza, ela morrer
sendo tão inocente e linda.
Porque aquilo era um fato, aquela mulher tinha uma beleza inigualável. E tinha que ser
aproveitada da melhor forma. Claro que não podia perder a oportunidade assim que a vi, toda bela à
minha frente, não podia deixar aquela beleza toda acabar com uma bala no meio da testa.
Então juntei o útil ao agradável. As pessoas me exigiam uma esposa e eu encontrei uma. Podia
dar uma merda do caralho? Sim! Já que era a filha de um traidor, mas eu estava pouco me fodendo
para o que o conselho iria achar.
Se me enchessem demais, eu acabava mandando matá-los e fazia um novo conselho. Era só

aquilo que eu pensava. As minhas escolhas deveriam ser aceitas e aquele era o único ponto final que

existia naquele meio.


— Não acredito! Você vai se casar, meu amor?

Revirei os olhos com a indagação da minha mãe e Stefan gargalhou.


— O maninho resolveu quebrar as regras, mamãe.
Giuliana olhou para Stefan e fez uma expressão estranha.
— Como assim?

— Mamãe, Alessa é filha do Ferrara, um associado que nos traiu. Estamos atrás dele e nesse
meio tempo, pegamos sua filha que era o nosso pagamento. Quando a conheci percebi ser inocente,
então não achei justo ela morrer, por causa de um filho da puta.
Minha mãe levou as mãos à boca e encarou Alessa mais uma vez. Logo sua expressão de
incredulidade passou para uma de pena.
— Ah, querida! Eu sinto tanto por você ter entrado nesse meio dessa forma.
Ela se aproximou de nós e desgrudou nossas mãos, segurando as da mulher ao meu lado nas
suas.
— Quero que saiba, que já sou sua melhor amiga e vou amar ter você como companheira de

fofoca nesta casa imensa. Te tratarei como uma filha, afinal eu sempre sonhei com uma nora.
— Só quero que se lembre que ela será esposa do chefe da Cosa Nostra.
— Eu sei bem, Matteo Mancini. Ou você acha que fui casada por sessenta anos com seu pai
por pura fachada. Antes de você ser o chefe, ele era o dono disso tudo e eu era a “primeira dama”.
— Fez aspas com os dedos das mãos que soltou das de Alessa. Voltando a encarar a minha mulher,
comentou: — Te ensinarei tudo, meu amor.
— Obrigada, dona Giuliana.
— Não, meu amor. Para você somente Giuliana.
— A senhora é tão gentil — Alessa comentou, enquanto Stefan segurava uma risada,
completamente cheia de ironia.

Cerrei meus olhos em sua direção e eu tinha certeza de que não estava nem um pouco com uma

expressão boa. Exatamente por isso, ele deixou de sorrir e engoliu em seco. Meu irmão sabia que
estava fodido, ainda mais depois da idiotice que fez.

— Mamãe, mostre para Alessa em qual quarto ela ficará, até que nos casemos.
— Claro, querido. E que dia será o casamento? — indagou de forma ansiosa.
— Na semana que vem.
— Ótimo! Irei preparar a maior e melhor cerimônia para vocês.

— Ok! — Fiz uma pausa e encarei Alessa que ainda parecia um pouco deslocada em minha
casa. — Agora vão, que preciso ter uma conversa séria com Stefan em meu escritório.
— Vamos, querida.
Minha mãe começou a arrastar Alessa, mas antes que pudesse sumir pela escada, anunciei:
— Amanhã a leve para fazer compras. Já que Alessa não tem nenhuma roupa.
— Pode deixar, Matteo.
Dona Giuliana me direcionou uma piscadela e saiu da sala, com minha noiva em seu encalço.
— Ao menos parece que a mamãe gostou da sua noiva.
— Ela gostaria de qualquer pessoa que eu trouxesse para lhe fazer companhia.

— Nisso tenho que concordar com você. Já que desde que o papai morreu, ela se tornou uma
pessoa tão solitária.
Assenti, sem dizer nada, no entanto me voltei para meu irmão e disse:
— Siga-me até meu escritório.
— Vai fazer o quê? Me dar uma surra por ter sumido por dois dias?
Sorri de escanteio e murmurei:
— Queria bastante, pegar a sua cara e deixá-la cheia de hematomas. Só que neste momento não
posso fazer isso, já que não quero dar mais desgosto e sofrimento para a minha mãe.
Comecei a caminhar em direção ao lugar que estava disposto a ir, enquanto meu irmão veio
resmungando em minhas costas. Era muito melhor ele não dar sorte ao azar, senão eu acabaria com

ele.

Assim que chegamos ao escritório, ele fechou a porta e eu fui diretamente para o bar.
Precisava de um líquido completo de álcool para me sentir melhor. Assim que virei o copo de

uísque, voltei-me na direção de Stefan e o questionei:


— O que te faz passar tanto tempo no bordel da Chiara?
Stefan revirou os olhos e sorriu completamente irônico em minha direção.
— Matteo, você é o chefe da máfia e ainda faz perguntas idiotas como essa? O que eu vou

fazer em um puteiro? Comer boceta, não é?!


Eu preferia que ele dissesse logo a verdade, antes que partisse para as agressões.
— Você acha que sou idiota?
— Nesse momento, estou começando a achar, irmão.
— Stefan, você é a porra do meu consigliere e eu não preciso de mais merdas em nossa
família. Então, eu quero que deixe a puta que você está apaixonado de lado e foque nos seus
deveres.
Naquele momento a expressão de sabidão sumiu de seu rosto o que quase me fez dizer “viu,
trouxa? Eu sei de tudo”.

— Não estou apaixonado por ninguém.


— Você pode enganar qualquer idiota. Menos eu, que fui ensinado a pegar todas as mentiras
do mundo. Então, aí está meu último aviso: Não é para se apaixonar por uma puta.
— Preocupe-se com sua vida, Matteo. Já que foi você que trouxe a filha de um traidor para
dentro da nossa casa.
Sabia muito bem que em algum momento ele falaria alguma merda daquela para mim, mas eu
não me importo. Em momento algum, eu ligava para o que ele diria, já que minha decisão já tinha
sido tomada.
— E como eu disse: Eu sei muito bem quando alguém mente. Naquela menina, só tem verdade,
por isso ela vai se tornar a minha mulher. Já que eu preciso de pessoas ao meu lado que não mintam

para mim.

— Só não se esqueça que depois o conselho irá querer a sua cabeça.


Elevei minha sobrancelha em sua direção e continuei:

— Se eu não matar nenhum deles primeiro.


Stefan fechou os olhos e respirou fundo.
— Não estou apaixonado por ninguém. É só uma foda constante, porque eu não faria dela
minha esposa. Se essa é a sua preocupação, pode tirar a merda do seu cavalo da chuva.

— É tão bom ouvir isso, irmão. Não queria ter que te ensinar uma lição. Espero que logo você
encontre também uma mulher para você.
Stefan assentiu e antes de sair, disse:
— Era só isso, ou tem algo mais?
— Coloque os nossos melhores homens na segurança de Alessa. Não sei se posso confiar isso
ao Carlo, porque ele mesmo queriamatá-la. — Iria te sugerir isso, mas pensei que estava paranóico,
ou só meu sexto sentido que odeia o Carlo, me avisando de algo.
— Acho que dessa vez a porra dessa meleca que você disse está certa. Precisamos ficar de
olho nele, pois não confio minha mulher, perto daquele homem. Com toda certeza ele tentará algo.

— Se você já sabe o que vai acontecer, por que não corta o mal pela raiz?
— Porque eu quero ver até onde ele vai. Para depois o fim chegar com requintes de
crueldade.
Stefan sorriu e assentiu.
— Vou agir.
— Não volte a sumir, senão o seu fim será o mesmo do Carlo.
— Não tenho medo de você irmão, mas o recado está recebido.
Assim que Stefan saiu, desabotoei o casaco do meu terno, o tirei e o joguei longe. Fiz o mesmo
com minha gravata e dobrei as mangas da camisa até o cotovelo.
Agora eu tinha poucas horas para ter descanso, antes de voltar à ativa no dia seguinte. Só

esperava que achasse o Ferrara e pudesse colocar fim à sua vida. E o mais importante, tornar a filha

dele a minha esposa.


Uma menina, que nunca esperei encontrar, mas que caiu de paraquedas em minha frente.

Quem diria que eu arrumaria uma esposa de uma forma tão inusitada?
CAPÍTULO 8

Relaxante!
Sentimento de paz!
Era assim que meu corpo estava se sentindo, quando a água quente do chuveiro caiu sobre as
minhas costas.
Provavelmente era aquilo que mais estava precisando naquele momento, além de paz. No
entanto, o segundo seria mais difícil de conseguir. Afinal, eu havia entrado para a família da máfia,

não seria fácil conviver com pessoas completamente desconhecidas daquela vez.
O que eu iria fazer? Bom, ainda não sabia, mas já podia imaginar que não seria nada legal.
Realmente estava em uma situação muito complicada e sem saída. Fechei meus olhos e deixei
que a água batesse sobre meu rosto. Como meu pai poderia ter feito aquilo comigo?
Como ele podia ter me dado de bandeja para mafiosos e nem se preocupou com minha vida.
Talvez aquilo fosse o que ele mais queria; que sua filha — que para ele não valia nada —, fosse
levada pela máfia, morta por eles e aquilo talvez facilitasse o serviço que algum dia ele sempre quis
fazer.
Decidi que já tinha passado muito tempo no banheiro, por isso, desliguei o chuveiro, peguei o
roupão felpudo que estava fora do box e o vesti. Enrolei uma toalha em meu cabelo molhado e
comecei a seguir para fora do banheiro que era enorme.

Antes de sair do recinto, ainda observei por um tempo o lugar. Havia um box com o chuveiro e
do lado oposto uma banheira. Logo à frente tinha uma pia com um espelho enorme e o vaso sanitário

ficava perto dela.


Era lindo o lugar e demonstrava realmente que aquele pessoal tinha muito dinheiro. E não
podia esquecer que todo o dinheiro que possuíam era por fazerem algo sujo.
Meu coração ainda doía por saber que estava em um lugar onde as pessoas eram literalmente

bandidas. No entanto, eu tinha amor à minha vida o suficiente para não deixar que ela se esvaísse
pelo fatodo meu pai ter me dado como recompensa para aquelas pessoas.
Era exatamente por aquele motivo, que eu não tinha surtado, quando o chefe da máfia Siciliana
resolveu me tornar sua esposa. Eu podia me tornar tudo que nunca imaginei, mas ao menos estaria
viva e provavelmente em segurança por ser esposa daquele homem poderoso.
Observei o quarto que Giuliana havia me levado e realmente era um espaço aconchegante e
aquela mulher parecia ser muito querida. Pois em nenhum momento me tratou mal,pelo contrário, ela
fez com que eu me sentisse bem, mesmo estando com bastante medo.
A cama tinha um dossel, o que remetia a filmes antigos, quase um quarto de princesa. Possuía

uma penteadeira com vários produtos caros e até mesmo uma sacada que provavelmente tinha vista
para algum lugar bonito daquela região.
Fui obrigada a sair dos meus devaneios assim que ouvi uma batida na porta. O que me levou a
sobressaltar, já que ainda estava muito assustada pelas coisas que aconteceram naquele dia.
Olhei para o roupão que vestia e como ainda não tinha roupas, achei por bem ficar daquela
forma, afinal, estava bem comportada e não estaria infringindo nenhuma regra.
Caminhei até a porta e a escancarei. Assim que a abri por completo e encarei aquele homem,
senti o meu coração, que estava calmo, começar a bater mais forte.
O que ele queria ali?
— Como está? — A voz grossa de Matteo reverberou pelo lugar silencioso e fez até com que

minha pele se arrepiasse.

— É… bem, estou bem — respondi, meio gaguejando.


O homem entrou no quarto sem a minha permissão e olhou pelos lados.

— Não senti muita confiança em sua resposta.


Afastei-me da porta, mas a deixei aberta para o caso de precisar correr,já que eu não confiava
nele, porém eu sabia muito bem que não tinha lugar para fugir. Ainda mais que quem mandava em
tudo ali era ele.

— Estou um pouco perdida ainda, mas estou bem. É a única coisa que sei dizer no momento.
Matteo continuou me encarando com seus olhos de um azul tão escuro que pareciam mais
pretos e eu pude ver quando os passou por todo meu corpo. Engoli em seco com seu olhar e fiquei
ainda mais apreensiva.
E nem era por medo naquele momento e sim por não saber o que fazer, caso ele tentasse algo,
já que eu nunca tinha nem provado a boca de um homem. Não tinha ideia se sabia beijar.
Além de Matteo ser quase a perfeição de homem e aquilo aflorava ainda mais meus instintos.
Ele podia ser malvado, podia ser assassino, um criminoso de carteirinha, porém nem aquilo tirava a
beleza que possuía.

Eu não tinha sido criada no meio da máfia, então ainda tinha muito medo do que podia me
acontecer, só que eu não era cega, então era impossível não achar aquele homem completamente
deslumbrante.
Quando ele deu um passo em minha direção, minha respiração se perdeu e eu esqueci como
fazer para que o ar entrasse em meus pulmões.
Dei um passo para trás, quando ele ficou perto o bastante de mim, e dei outro, no entanto foi
impossível continuar, quando Matteo estendeu sua mão e bateu a porta que estava aberta. Logo
minhas costas estavam na madeira e eu o encarava assustada.
Matteo colocou as mãos, uma de cada lado do meu rosto e murmurou:
— Se continuar me encarando dessa forma, serei obrigado a tirar sua virgindade hoje mesmo.

Tenho honra e sei esperar o casamento, para poder te desvirginar, mas não me tente, garota.

Tirando uma força que eu não sabia de onde vinha, sussurrei:


— Eu não estava encarando o senhor de forma sedutora.

Senti minhas bochechas corarem e ele sorriu de lado.


Porcaria!
Sua boca desenhada não me deixava muito para a imaginação e quase implorei para que ele
me mostrasse o que seus lábios podiam fazer comigo.

Matteo abaixou mais o seu rosto e senti sua boca tocar o lóbulo da minha orelha.
— Você que pensa, mas esse seu ar inocente e curioso é um tesão, garota.
Perdi o resto de ar que estava preso em meus pulmões e o som saiu um pouco esganiçado.
— Desculpe-me! — Não tinha ideia do motivo de pedir desculpas, mas senti uma necessidade
de falar aquelas palavras.
— Não precisa pedir desculpa, ainda mais quando me deixa cheio de tesão.
Matteo grudou seu corpo no meu e eu pude sentir o seu membro um pouco rígido tocar a minha
barriga.
— Senhor…

— Shiu! — gemeu em meu ouvido e eu fechei meus olhos.


Senti quando uma de suas mãos que estava ao lado da minha cabeça, desceu pelo “v” da
abertura do roupão e logo ela havia invadido o tecido que usava e estava tocando em meu seio.
Quando dois de seus dedos apertaram meu mamilo, foi impossível conter o gemido que estava
preso em minha garganta.
Senhor! O que era aquilo que estava sentindo?
— Que delícia! A partir de hoje todos os seus gemidos serão meus. Todos os seus orgasmos
serão meus e os toques em seu corpo serão meus. Estamos entendidos?
Matteo continuava friccionando seus dedos em meu mamilo e eu não consegui dizer uma
palavra. O que o fez ficar um pouco irritado e apertou com mais força o botão do meu seio.

A dor deveria ter me assustado, mas não, aquilo pareceu fazer algo diferente aflorar em meu

corpo e eu senti minha vagina ficar um pouco úmida.


— Estamos entendidos?

— Sim, senhor — ronronei.


Matteo passou sua língua pelo meu pescoço e a subiu pela minha mandíbula. Logo senti o seu
hálito tomar o meu e sua boca grudar na minha. Seus dedos continuavam em meu mamilo e daquela
vez sua língua tomou a minha.

Aquilo era meu primeiro beijo e talvez ele já pudesse entrar na minha lista de melhores, já que
estava me fazendo ter sentimentos muito bons. Matteo colocou uma de suas pernas entre as minhas,
fazendo com que minha vagina roçasse em sua coxa.
O mais rápido que pude, afastei a barra do roupão, deixando minha vagina tocando
diretamente no tecido de sua calça. Depois levei minhas mãos ao seu pescoço, aprofundando o nosso
beijo.
Comecei a me movimentar rapidamente em sua coxa e fui sentindo cada vez mais minha vagina
ficar molhada. Meus gemidos aumentaram e Matteo parecia ter ganhando mais poder para me tomar
para ele.

Seu beijo aumentou a velocidade e eu sentia mais desejo, mais prazer e mais tesão. Porque
aquilo que estava sentindo, só podia ser tesão, já que nunca tinha sentido nada parecido em minha
vida.
Matteo parou seu beijo abruptamente e eu fiquei sem saber o que estava fazendo. Rapidamente
ele me pegou em seus braços e caminhou comigo para a cama.
Jogou-me sobre o colchão e com uma expressão malvada desatou o nó do meu roupão,
deixando-me completamente desnuda em sua frente.
— Você quer gozar? — questionou e eu engoli em seco. — Responde, senão irei te deixar
aqui, louca por um orgasmo.
— Eu não sei — revelei.

— A escolha é sua. Não irei te dar um orgasmo, caso você não queira. Deixo para o dia do

casamento. Tenho outros meios de fazer o meu pau ser libertado.


Aquilo me deixou um pouco constrangida. Será que ele falava de alguma mulher?

Quem eu queria enganar? Claro que era!


Homens do tipo de Matteo, podiam até ter uma esposa, mas sempre tinham suas amantes e
aquilo nunca mudaria.
E foi pensando naquilo que desisti de continuar o que estávamos fazendo.

— Prefiro esperar o casamento — disse, completamente cheia de confiança.


Matteo não pareceu arrependido ou nada disso. Ele só assentiu, pegou meu roupão e tornou a
fechá-lo em volta do meu corpo.
— Tenha uma boa noite, Alessa.
Ele beijou minha testa e a colônia que usava ficou impregnada em meu nariz.
— Boa noite! — sussurrei.
Logo Matteo saiu do meu quarto e bateu a porta atrás de si.
Caralho!
O que tinha acontecido ali?

Em questão de segundos, aquele homem tinha quase me levado à loucura. Como eu me deixava
ser manipulada fácil.
Balancei minha cabeça e resolvi tirar aquele pensamento da mente. Precisava dormir, pois
Giuliana havia deixado claro que iríamos às compras amanhã.
Eu deveria estar animada, já que nunca tinha ido a um shopping. Iria realizar um sonho, que
tanto queria.
Só que eu tinha certeza de que nem aquele passeio, iria tirar da minha mente a vontade louca
de sentir mais do que Matteo havia me dado.
Eu era burra! Se eu queria um orgasmo, por qual motivo fui ficar cheia de orgulho?
Agora não adiantava chorar. Quando o casamento chegasse, eu descobriria como era receber

aquele tipo de prazer de um homem.


CAPÍTULO 9

Entrei em meu quarto, mas a vontade que tinha era de arrombar sua porta e obrigá-la a deixar-
me enfiar dentro de sua boceta. Só que eu não era daquele jeito. As pessoas podiam até ter alguns
pensamentos sobre mafiosos e em sua maioria eram verdades.
Só que diferente de muitos, eu era diferente, era clichê pensar aquilo, mas eu não costumava
abusar de ninguém… bom, não sexualmente. Eu só ficava com alguém que me quisesse e quando
ouvia a palavra “não”, sempre parava de tentar algo.

Sabia que era mais do que minha obrigação fazer aquilo, no entanto, era sempre bom deixar
aquilo claro, antes que as pessoas pensassem algo que eu não era.
Caminhei até a sacada do meu quarto, com a garrafa de uísque que peguei, assim que entrei e
um copo na outra mão. Sentei em uma das cadeiras dispostas no lugar e enchi um copo da bebida.
Tomei um gole lentamente e observei o céu. Naquela noite estava repleto de estrelas e a lua
gritava em sua imensidão, mais conhecida como lua cheia.
Aquele dia estava completamente diferente do que eu costumava viver. Havia matado e
mandado perseguir um homem. Isso era normal, mas arrumar uma esposa foi o ápice das loucuras que
costumava fazer.
Fechei meus olhos e a cena de Alessa sem roupa, deitada naquela cama, quase entregue a mim,

foi como um pavio que quase estourou meu pau. Ela era perfeita e eu sabia que tinha feito uma ótima

escolha ao não deixá-la morrer, ou virar uma prostituta de um prostíbulo barato.


Mesmo que no fundo eu soubesse que aquela decisão me traria grandes problemas.

Voltei a abrir meus olhos e virei o resto da bebida que estava em meu corpo. Era melhor ir
descansar, para que no outro dia estivesse pronto para enfrentar as merdas que viriam.
Já que eu tinha certeza, que o conselho iria ficar puto, por causa da minha decisão. Eu teria
que estar preparado, para enfrentá-los e deixar claro que Alessa era minha.

Como o destino brincava com a gente. Em um dia eu pensava que nunca teria uma mulher, já
que não achava uma que chamasse minha atenção e no outro, lá estava eu, com uma noiva e com um
casamento marcado para semana que vem.
Vida!
Você realmente é uma bosta.
Levantei-me da minha cadeira e caminhei para o interior do quarto. Depositei a garrafa e o
copo em seu lugar e fui para o banheiro. Era melhor tomar um banho relaxante e deixar as
reclamações para lá.
Assim que tomei o meu banho, me joguei de corpo molhado e ainda nu, na cama e caí em um

sono profundo.
Era aquilo que eu precisava…
Acordei no dia seguinte com uma batida em minha porta. Ainda não eram cinco da manhã,
então alguma coisa estava errada. Levantei-me rapidamente e fui atendê-la da forma que estava.
A única coisa que mudou foi a pistola em minha mão, para poder me defender se fosse algum
inimigo.
Assim que abri a porta e percebi ser Stefan, eu pude ter certeza de que realmente alguma
merda havia acontecido.
— O que foi?
— Você podia aparecer vestido pelo menos?

Stefan me irritava em um nível que era inexplicável e aquilo quase me fazia querer matá-lo.

— Diga logo, antes que eu meta uma bala no meio da sua cabeça.
— Porra! Nem depois de dormir algumas horas você muda esse humor do cão.

— Stefan… — avisei.
— Tudo bem! — Ele levantou as mãos e revirou os olhos. — Encontraram o Ferrara.
Foram aquelas palavras que fizeram o sono que eu sentia se dispersar por inteiro e eu fiquei
ativo no mesmo momento.

— Onde aquele filho da puta está?


— Em um lugar que vai ser meio difícil de tocá-lo, mas eu garanto que quando colocarmos as
mãos nele, Ferrara vai se arrepender de um dia ter nascido.
— Onde ele está? — indaguei.
— Na Bratva!
— Miserável. Ele estava em trabalho duplo?
— Tudo indica que sim, irmão.
— Acabarei com aquele filho da puta.
— Você tem certeza de que sua garota não é uma infiltrada, não é mesmo?

Encarei-o de forma calma, pois não queria perder a paciência.


— Absoluta, Stefan.
Ele assentiu e antes de sair, comentou:
— Se prepare, pois o conselho vai te comer vivo. Ainda mais com relação a essa nova
informação.
— Já estava imaginando isso.
— Boa sorte, irmão.
Não respondi nada e continuei no corredor, observando enquanto meu irmão sumia pela
escuridão da mansão em que vivíamos.
— Seria complicado sair daquela enrascada que havia me metido, mas eu saberia deixar claro

os meus gostos.

Voltei para o quarto, fui até o armário e peguei um terno preto: minha cor preferida.
Estava na hora de me arrumar e enfrentar as pessoas que podiam se tornar uma pedra em meu

sapato.
***

Abri meus olhos um pouco assustada, já que os pesadelos estavam prevalecendo em meu sono.
Sentei-me rapidamente na cama e olhei por todos os lados.

Infelizmente os pesadelos estavam certos. Eu tinha vindo parar na casa do chefe da máfia
italiana e ainda me tornaria sua esposa. Como a vida podia dar uma volta tão grande?
Antes eu vivia em cárcere privado e agora iria viver assim, mas com um mafioso.
Olhei pela porta que dava na sacada e o sol já estava alto no céu. Ao menos parecia que eu
havia dormido por muitas horas, que me ajudaram ao menos a descansar um pouco.
Levantei-me da cama e fui fazer minha higiene pessoal. Em seguida, vesti a mesma roupa que
estava no bordel e tomei coragem para sair do quarto, procurar o que comer e saber o que faria
naquele dia.
Já que Giuliana disse que iríamos as compras. Assim que abri a porta do quarto uma sacola
rosa, estava dependurada na maçaneta. Era uma sacola bonita, que por dentro dava para perceber

alguns papéis de seda e um perfume — que deveria ser a marca da loja —, reverberou pelo

ambiente, fazendo com que chegasse direto em meu nariz.


Peguei a sacola e antes que pudesse sair pela casa, entrei novamente no quarto e me tranquei

dentro do cômodo.
Assim que abri a sacola e vi o seu conteúdo, fiquei surpresa com o que vi. Era um vestido
rosa, com algumas flores brancas estampadas, com um tecido que demonstrava ser caro.
Assim que peguei a peça, um pequeno cartão caiu do tecido e eu me abaixei para pegá-lo.

Eu o abri e o bilhete deixado chamou minha atenção. Até porque eu nunca tinha sido tratada
com aquele tipo de educação. E parecia que mesmo Matteo sendo o chefe da máfia, estava me
tratando melhor do que meu próprio pai.

Espero que tenha um ótimo dia. Comprei esse vestido para você usar no seu
passeio com minha mãe. Aproveite o seu dia!
Matteo

Sem querer um sorriso bateu em meus lábios e eu me peguei sorrindo para aquelas poucas
palavras. Não podia mentir que não gostei, mesmo ainda estando assustada com tudo o que estava
acontecendo, peguei-me surpresa por ter gostado de receber aquele pequeno afeto de Matteo.
Será que seria sempre daquele jeito?
E foi só pensar naquilo que me lembrei da noite passada, onde ele quase me tocou ainda mais
intimamente. Meu Deus!
O que estava acontecendo comigo?
Eu mal conhecia aquele homem e senti um desejo profundo por ele. Uma vontade absurda de
querer que ele arrancasse minha roupa e a dele. Deitasse por cima de mim e me mostrasse as
maravilhas do mundo.

Saí dos meus devaneios e fui vestir a roupa nova que havia ganhado. Assim que estava com o

vestido, encarei-me no espelho e abri um leve sorriso ao ver minha imagem refletida.
Eu estava bonita e parecia que Matteo sabia exatamente o meu tamanho. Já que me deu uma

roupa que me caiu perfeitamente. Olhei-me uma última vez no espelho e saí do quarto.
Agora estava me sentindo mais segura, mesmo que ainda não me sentisse em casa, mas eu tinha
recebido um presente do meu futuro marido — e aquilo era algo que ainda não tinha aceitado, mas
que teria que me acostumar.

Desci as escadas e Giuliana apareceu no andar de baixo, abriu um sorriso assim que me viu e
cumprimentou-me:
— Bom dia, meu amor!
— Bom dia! — respondi, com um sorriso nos lábios.
Cheguei próxima a ela e Giuliana pegou minhas mãos nas suas.
— Estou tão feliz por meu Matteo tê-la encontrado.
— Bom, eu ainda não sei o que pensar. Ainda mais depois de tudo que aconteceu.
— Entendo que você veio parar aqui por alguns métodos meio contraditórios, mas eu acredito
muito em destino e se é para você se tornar esposa do meu filho, ficarei feliz. Já que eu gostei de

você assim que a olhei. O nosso santo bateu e eu acredito muito nisso.
Abri um sorriso, pois eu também havia gostado dela.
— Eu gostei muito de você também.
— Então vamos tomar café da manhã e logo sairemos para as compras.
— Nunca fiz isso, confesso que estou ansiosa.
— Você vai amar, minha querida.
Caminhamos até a mesa onde estavam dispostos vários utensílios com variedades de alimentos
para tomarmos nosso café da manhã.
Quando me sentei à mesa, abri um sorriso e comecei a me alimentar.
Poderia ser uma experiência completamente estranha, mas não podia negar que gostei de

muitas coisas que surgiram em meu caminho, desde que Matteo disse que eu seria sua esposa.

E nem parecia que havia acontecido em menos de vinte e quatro horas.


Talvez fosse como Dona Giuliana disse: meu destino era estar ali e me tornar a esposa do

chefe da máfia.
Eu me tornaria uma Mancini, ao menos era o que tudo indicava e se fosse para me manter viva,
eu seria a melhor esposa que Matteo poderia ter.
CAPÍTULO 10

Eles estavam descontrolados, talvez até quisessem a minha cabeça e eu estava a ponto de
pegar minha arma e atirar uma bala no meio da testa de meia dúzia.
Como aqueles filhos da puta ficavam contra a minha palavra?
Queriam saber mais do que eu? Sendo que sempre pensava no melhor para nossa instituição,
se é que eu podia chamar a máfia daquela forma.
— Isso é inadmissível, Matteo! — Giovanni, esbravejou.

Ele era um dos nossos associados que sempre quis se meter onde não era chamado e eu tive
que revirar meus olhos.
— Senhores, quero lhes questionar algo — murmurei, calmamente, já que nunca perdia minha
paciência.
Eles ficaram em silêncio, fazendo com que a dor de cabeça que me afligia se acalmasse.
Aproveitando aquele momento de paz, levantei-me de minha poltrona e os encarei.
— Quando eu fiz algo para nos prejudicar? Quando aconteceu algum erro meu que fizesse
alguma merda em nossos negócios?
Passei meus olhos por cada um que estava sentado à mesa da sala de reuniões. Carlo estava
com uma expressão indecifrável, no entanto no rosto de Stefan eu podia ver um leve sorriso. Aquilo
só provava que eu tinha atingido o ponto que ele esperava.

— Estou aguardando que me respondam — avisei.


— Matteo, você nunca fez nada para que duvidássemos de você. Só que fazer a filha de um

traidor, que está mancomunado com a Bratva, não foi uma escolha certa.
— Quero que me deem um motivo para não ser a escolha certa?
— Você não percebe que ela pode ser uma traidora, tanto quanto o pai. Ela deveria sofrer
algum tipo de tortura e depois a morte.

Olhei para Carlo, que havia aberto a boca, no momento errado e ainda falado mais merda. Ele
era o subchefe daquela merda, tinha que apoiar as minhas escolhas, só que pelo jeito estava
preferindo ficar contra mim.
— Irei falar somente uma vez e espero que vocês estendam. Eu sei muito bem o que estou
fazendo. Alessa não é um risco para nós, e ainda será mais fácil pegar o seu pai, com ela estando ao
meu lado.
— Matteo, isso continua sendo um erro.
— Vinicio, não é um erro. É a forma de termos a faca e o queijo na mão. Não me venham com
esses sermões, pois sei muito bem o que estou fazendo. Alessa é inocente e será minha esposa.

Espero que aceitem a minha decisão e não mexam com a minha mulher, senão vocês terão que se ver
comigo.
— Como vamos acreditar que ela não está infiltrada para passar informações nossas para a
Bratva? — Carlo gritou, saindo de sua poltrona e me encarando como se quisesse me matar.
— Senhores, voltando ao assunto de: quando foi que eu fiz algo errado em nossa famiglia? Se
vocês não confiassem em mim, não teriam me deixado há tanto tempo como chefe. Se confiam em
mim, têm que aceitar que minha decisão sobre Alessa está certa. E que eu, Matteo Mancini, chefe de
vocês, dono da última palavra, confio nela e se quiserem me coloco em risco por ela. Se Alessa fizer
qualquer coisa errada, deixarei que Carlo me mate na frente de todos e o meu cargo passe a ser dele.
Estão comigo ou não?

Passei novamente meus olhos por eles e a maioria estava abismada e alguns até assentiram,

depois de ouvirem o que eu tinha a dizer.


— Você confia mesmo nessa garota? — Giovanni voltou a falar.

— De olhos fechados.
Para falar a verdade, ainda não confiava plenamente em Alessa, mas se fosse para protegê-la,
eu mentiria para todos. Não queria que aquela mulher morresse, não sendo inocente, era somente um
bichinho de estimação, que seu pai resolveu jogar como isca para os tubarões.

Aquela menina tinha sido feita de idiota, como todos nós, que caímos na lábia de um traidor
que trabalhava para Bratva e eu não deixaria que ela sofresse as consequências, por causa de um
filho da puta.
— Estou com você…
— Estou com você…
Todos os homens que estavam naquela sala começaram a concordar comigo e por último ficou
só Carlo sem responder. encarei-o sem colocar pressão em sua resposta, mas fiquei aguardando que
ele falasse algo.
— Não irei contra meus irmãos, mas quero que saiba que ficarei de olho na sua mulher e se

ela pisar fora dos trilhos, tirarei a vida dela e depois como você mesmo disse a sua será a próxima.
Sorri de lado e comentei:
— Não vou tomar isso como uma ameaça, pois sei que está com raiva de não ter seus desejos
aceitos.
— Estou sendo sincero.
Assenti e respirei fundo.
— Então, senhores,precisamos armar uma emboscada, para podermos pegar o Ferrara da
Bratva e dar-lhe sua devida recompensa.
— Isso mesmo. Aquele filho da puta tem que morrer.
Encarei-os e voltei a ficar confortável na sala, que eu sempre seria a ordem maior e o dono de

tudo, mesmo que algumas pessoas não concordassem com meu ponto de vista.

— Só vamos matá-lo, depois de fazê-lo sofrer muito — comentei.


E todos concordaram novamente comigo.

Era bom eles terem se acalmado, já que não queria perder o controle na frente de ninguém. O
que poderia fazer com que todos se voltassem contra mim.
Então era muito bom, saber que voltei a ser confiável para eles.
Agora era só eu deixar claro para Alessa que ela teria que seguir tudo à risca, senão seria

morta e eu provavelmente a protegeria até meu último suspiro.


Já que peguei uma certa obsessão por aquela mulher.
A minha mulher…
***

Aquilo era incrível!


Parecia que eu estava vivendo outra vida. Na verdade, era uma nova vida, onde eu tinha
seguranças, mas que mesmo assim não me sentia incomodada com eles. E mesmo com aqueles
homens seguindo Giuliana e eu, não me senti incomodada, já que era a primeira vez que
desfrutavadaquela liberdade de poder sair pelas ruas e fazer diversas compras.
E sim, eu já estava carregando muitas sacolas e Giuliana havia dito que não era nem a metade

do que levaríamos.

E assim foi, passeamos por vários lugares, fizemos várias compras e eu nem sabia dizer a
quantidade de dinheiro que tínhamos gastado. Já que quem pagava tudo era Giuliana e diferente do

que eu entendia, ela não usava cartão de crédito, somente dinheiro.


Provavelmente era alguma forma de despistar as autoridades das contas que a máfia fazia.
Assim que finalizamos, Giuliana disse que estava na hora de voltarmos para casa.
Caminhamos lentamente pelo estacionamento e logo entramos no carro preto que havia nos

levado até ali. Fomos para casa conversando sobre coisas triviais.
— Então, você nunca saiu de casa?
— A última vez que me lembro, foi com a minha mãe e eu ainda era muito pequena. Depois
disso meu pai me deixou trancada para sempre dentro de casa, o único dia que saí depois que minha
mãe morreu, foi quando os homens que trabalham para o Matteo apareceram em minha casa.
— Entendo, querida. E quem fez essa marca em seu rosto?
O tapa que Carlo havia me dado, ainda refletia em minha pele, mas passava quase
despercebido com a maquiagem.
— Foi o Carlo.

— E Matteo sabe disso? — Dona Giuliana, fechou a expressão, ao perguntar.


— Acho que sim.
— Mas pelo que entendi, ele nem tinha decidido que você seria a noiva dele, certo?
— Exatamente, foi depois de me ver no… — Fiquei um pouco envergonhada de dizer onde
estava, mas achei necessário deixar as coisas claras com aquela mulher: — Depois de me encontrar
no bordel da Chiara que Matteo decidiu que eu me tornaria sua esposa.
Dona Giuliana segurou minha mão na sua e murmurou:
— Ainda bem, meu amor. Não consigo imaginar uma menina tão ingênua quanto você naquele
lugar. É terrível e você sofreria demais. É muito melhor ser esposa de um chefe da máfia, do que
ficar em um lugar como aquele.

Engoli em seco com sua resposta e assenti.

— Foi por isso que aceitei a proposta de Matteo. Eu também preferia me casar com um homem
que nunca conheci, do que ficar em um bordel, ainda mais sendo virgem.

Sussurrei a última parte, para que o motorista não ouvisse.


— E você fez o certo. Meu filho pode ser um péssimo homem, bem malvado quando precisa,
mas ele sabe bem como tratar uma mulher.
Assenti, mas não muito convicta. Até porque Matteo era seu filho e ela nunca falaria mal dele.

Nem para mim, a mulher ingênua e inocente de quem ela disse que gostava.
— Eu espero que vocês sejam muito felizes. — Por fim Giuliana comentou.
E eu só sorri em sua direção. Não tinha mais nada que eu pudesse dizer naquele momento.
Só esperava que fôssemos realmente felizes, pois não estava preparada para sofrer ainda mais
consequências, pelas decisões erradas das pessoas. Primeiro, foi minha mãe me deixar com o homem
que deveria ter cuidado super bem de mim e agora esse mesmo homem fazia com que eu fosse um
objeto de troca.
Entergou-me para a máfia e se não fosse por Matteo eu estaria em algum canto daquele
bordel, estuprada e com toda certeza espancada por algum maluco que frequentava aquele tipo de

lugar.
Deixei de pensar naquelas coisas assim que cheguei na mansão Mancini e quando percebi,
Matteo e Stefan, também estavam chegando. O motorista deles estacionou o carro ao lado do nosso e
os dois homens que pareciam mais modelos de revistas importantes, saíram do automóvel e eu tive
que ficar observando o meu futuro marido.
— Como vão? — Matteo nos cumprimentou, aproximando-se de onde estávamos.
— Bem, querido. Estávamos nas compras e aproveitamos para comer fora.
— Que bom saber que estão aproveitando.
— Como vão mulheres lindas? — Stefan também se aproximou, deu uma piscadela em minha
direção e um beijo na bochecha de sua mãe.

— Estamos bem — sussurrei.

Stefan assentiu e eu abaixei minha cabeça envergonhada. Já que não estava preparada para
aquele encontro com Matteo. Senti seus olhos sobre mim e minhas malditas bochechas acabaram

esquentando mais do que o normal.


— Ainda bem que o vestido que escolhi caiu bem em seu corpo. Deixe essas sacolas aí que
algum funcionário levará até o seu quarto. Nesse momento quero ter uma conversa com você em meu
escritório. Então vamos — ordenou, como se eu fosse uma de suas funcionárias.

Levantei minha cabeça e olhei para Giuliana e Stefan. Eles pareciam nem ligar para a ordem
que Matteo me deu e eu só pude assentir e começar a seguir com meu futuro marido para seu
escritório.
Esperava que não tivesse feito nada de errado, senão seria provável que ele se vingaria de
mim. Entramos no escritório, alguns minutos depois e logo percebi que Matteo passou a chave na
porta. Provavelmente eu estava muito ferrada!
CAPÍTULO 11

Alessa havia ficado tentadora com o vestido que escolhi para ela. A expressão de inocência
com a roupa que a deixava parecendo ainda mais vulnerável, podia me levar à loucura.
Talvez fosse nojento dizer aquilo,já que estava parecendo um pedófilo idiota, no entanto eu
não podia fazer nada se aquela mulher despertava alguns desejos em mim, com aquele seu jeito
tentadoramente inocente.
— Gostou do passeio? — questionei, enquanto caminhava até a minha mesa e depositava em
cima do seu tampo, minha carteira e o celular.

— Foi muito bom — respondeu rapidamente.


Voltei-me em sua direção e ela estava no mesmo lugar. Fiquei observando-a por algum tempo e
tive que sorrir de lado, quando a vi engolir em seco parecendo estar com medo do que podia
acontecer.
— Por que está com medo? — indaguei.
— Não estou com medo — afirmou.
— Alessa, você não consegue mentir muito bem e eu mal te conheço e já sei ler os seus
trejeitos.
Aproximei-me de onde a garota estava e ela deu alguns passos para trás. O que fez com que
meu sorriso aumentasse ainda mais.
— Se não está com medo, por qual motivo está correndo de mim?

— Eu não…
Avancei ainda mais em sua direção e depositei meu indicador em seus lábios.

— Está correndo de mim, só não sei por qual motivo, já que não te dei nenhum para ficar
amedrontada com minha presença.
— Desculpe, senhor…
— Me chame de Matteo, serei seu marido, não preciso dessa formalidade toda.

— Desculpe-me Matteo. Eu ainda não me acostumei muito com a ideia do que está
acontecendo, mas prometo que tentarei ser menos bitolada com essas coisas.
Levei minha mão ao seu rosto e afaguei sua bochecha. Alessa fechou seus olhos e eu aproximei
meus lábios de seus ouvidos e sussurrei:
— Não quero que tenha medo de mim. Quero que confie em mim, quero ser o seu porto seguro
e quero que quando precisar de alguma coisa, você possa me falar para que eu te ajude com o que
necessitar.
— Por que está sendo tão bom comigo?
Sua pergunta era tão pura que quase fez com que eu a agarrasse ali mesmo. Aquela menina não

merecia passar por mais nada de ruim na vida e era por isso que iria defendê-la o máximo que
pudesse.
— Senti que deveria te salvar. Nem que para isso eu tivesse que colocar minha cabeça a
prêmio.
— Seus homens são contra você me defender?
— Claro! Você é filha do inimigo. Ainda mais que fiquei sabendo que seu pai está trabalhando
para a máfia da qual somos maiores inimigos.
— Como assim? — Alessa pareceu bastante assustada.
— Seu pai está escondido na Bratva, descobrimos essa madrugada. Então, meus homens
ficaram ainda mais putos, por eu estar te protegendo, mas já me acertei com eles.

Tomando uma coragem que nem sabia que ela teria uma dia, Alessa trouxe sua mão até meu

rosto e murmurou:
— Desculpa ter virado sua vida de cabeça para baixo.

— Você não tem culpa. Eu que escolhi te ter como minha esposa.
— Mesmo assim me sinto culpada, por deixá-lo em uma corda bamba.
— Não quero que se sinta assim.
Encarei seus olhos escuros e fiquei observando-a por alguns segundos.

— Estou com vontade de te beijar novamente — declarei.


As bochechas de Alessa ficaram mais vermelhas e ela perguntou:
— Você precisa da minha permissão?
Soltei uma risada e pressionei meu corpo um pouco mais no seu.
— Não. Eu não preciso nem um pouco da sua permissão, mas acho que se vamos viver uma
vida a dois, eu te devo ao menos o respeito de aceitar o momento em que você quiser me beijar.
Alessa abriu um leve sorriso em seus lábios.
— Eu jurei que você era um homem perverso, que abusava de qualquer pessoa que aparecesse
em sua frente.

— Só abuso de quem merece. Mato, faço tortura e o diabo a quatro que precisar, quando a
pessoa merece. Você não me deu motivo algum para fazer isso. Então só posso te dar carinho e curtir
você, quando me permitir. Não sou um abusador, Alessa.
— Gostei de saber disso.
Ela colocou suas mãos sobre meu pescoço e se aproximou de mim.
— O que está fazendo?
— Você não queria me beijar? — perguntou com um sorriso nos lábios.
— Então eu posso? — Quase gemi, ao perguntar.
— Pode, Matteo. Eu quero confiar em você. Quero poder estar aberta para o que vier de você.
Se vamos ser um casal, eu quero tudo que eu puder aproveitar de você e tudo que eu puder te

oferecer. Quero ser sua melhor amiga, sua companheira e sua amante.

— Eu quero ser um marido excelente para você, Alessa.


— Mesmo sem te conhecer, estou confiando em você. Você vai ser meu marido e eu quero ser

feliz com você.


— Então eu vou te beijar, Alessa.
E eu mal terminei de falar, quando grudei meus lábios no dela e comecei a desvendar aquela
boca que estava me atraindo mais que o normal. A pele macia dos seus lábios era quase como uma

dádiva para mim e eu não podia negar que ficava maluco com aquela boca na minha.
Como eu podia ter ficado louco por uma mulher em apenas um dia? Eu nunca fiquei daquela
maneira por ninguém e agora estava completamente encantando por ela.
Sua língua se grudou na minha e foi impossível não apertá-la com mais força em meus braços e
aprofundar nosso beijo. Aquela menina estava me deixando maluco.
Assim que afastamos nossos lábios, acabei comentando:
— A sua expressão de medo até passou.
— Talvez ela passe cada vez mais, quando eu perceber que você não está querendo brigar
comigo ou algo do tipo.

Gostava da sinceridade que via nos olhos daquela menina e até mesmo em suas palavras.
— Fico contente por saber disso.
— Obrigada por ter me salvado — sussurrou.
E eu novamente levei minha mão ao seu rosto e afaguei sua pele.
— Por nada, Alessa. — Afastei-me dela no mesmo momento, antes que começasse a ficar
muito meloso e disse: — Agora você pode ir. O que tinha para falar com você já foi dito.
Ela raspou sua garganta, enquanto eu ainda estava de costas para ela e podia ver somente sua
imagem no reflexo de uma das janelas do escritório.
— Tudo bem, Matteo. Até mais! — Ela fez uma pausa e disse: — Obrigada pelo vestido.
Adorei bastante.

— Por nada! — respondi de forma seca. Não queria parecer um fraco perto daquela mulher.

Já bastavam as brechas que abri naquele dia e que ela já tinha visto demais sobre mim. Não
queria ficar parecendo um idiota, que arrumou uma boceta e ficou encantado para sempre.

Aquilo não era para mim e não iria começar a ser um trouxa naquele momento. Iria respeitar
minha esposa, mas não podia esquecer quem era Matheus Mancini.
Alessa destrancou a porta do escritório o mais rápido que pôde e sumiu das minhas vistas.
Não queria parecer um viciado por aquela mulher, mas mesmo tentando me controlar e até me

xingando interiormente, estava ficando difícil, quando até o seu perfume natural que ficou no ar,
parecia me enfeitiçar.
Que porra estava acontecendo comigo?
Eu não podia me tornar o que mais odiava.
O meu medo era ser tarde demais. Mesmo que em pouco tempo, se aquela menina tivesse
mesmo me conquistado, eu estava fodido.
Completamente fodido!
CAPÍTULO 12

Tinha chegado o grande dia.


Havia se passado mais de uma semana que estava morando na casa de Matteo e desde o dia
em que nos beijamos em seu escritório, ele estava me evitando e no dia anterior eu nem o havia
visto.
Estava sentada sobre uma cadeira, enquanto uma equipe me arrumava. Eles haviam chegado às
seis da manhã e naquele momento, mexiam em meu cabelo, faziam minha unha e maquiagem, quase

tudo ao mesmo tempo.


Eu precisava de paz, mas pelo jeito quando se casava, o que você menos tinha era paz, no tal
do grande dia.
Eu até estava um pouco emocionada por estar me casando. No entanto, não tinha sido daquela
forma que havia sonhado com meu casamento, mas naquele momento, eu só podia aceitar o meu
destino, se não quisesse morrer.
Só que não podia negar, que também estava ansiosa para me casar com Matteo, um homem que
eu conhecia há poucos dias, mas que eu queria que entrasse em minha vida e a mudasse
completamente. Mais do que ele já havia mudado.
Afinal, um completo estranho entrar em sua vida e se tornar seu noivo da noite para o dia, era

algo que não podia ser considerado normal, porém minha vida nunca tinha sido normal, então não

podia ser diferente aquele dia.


Assim que fiquei pronta, encarei minha imagem no espelho, como vinha fazendo há muito

tempo. Não podia negar que estava muito bonita e aquilo era um fato que até minha baixa estima,
nunca havia tirado de mim.
Eu me achava muito bonita e vestida para casar com o dono da máfia italiana, deixou-me ainda
mais deslumbrante.

O vestido era longo, rabo de sereia e branco, cheio de pedras brilhantes, com uma renda que
descia por todos os meus braços. Um penteado de uma trança, meio despenteado completava meu
look, junto com a maquiagem clara que usava.
Respirei algumas vezes antes de perceber que todas as pessoas haviam me deixado sozinha no
quarto onde me arrumaram. Logo batidas na porta me tiraram do resto do meu transe.
Caminhei até a porta e a abri, logo encontrei Stefan me esperando com aquele sorriso faceiro
em seu rosto.
— Olá, cunhadinha!
— Oi! — respondi um pouco sem graça.

— Meu irmão vai babar em você, já que está uma gata.


Senti minhas bochechas esquentarem no mesmo momento que recebi o seu elogio.
— Obrigada? — indaguei, pois não sabia se deveria agradecer.
Stefan revirou os olhos e logo murmurou:
— Enfim. Vamos para o seu casamento?
Achei estranho aquilo.
— Você que vai me levar?
— Sim, Matteo quer que você tenha um casamento digno e para isso eu serei a pessoa que te
levará ao altar.
— Você não costuma levar pessoas ao altar, então…

Stefan sorriu e murmurou:

— Bom, é a primeira vez que meu irmão está se casando, então não. Eu não costumo mesmo
levar ninguém ao altar.

Percebi que ele fazia piadas o tempo todo e aquele era o seu estilo, completamente
descontraído, completamente diferente de Matteo que era mais sério e quase não se via uma piada
sair de sua boca.
— Acho melhor irmos. Afinal, tenho certeza de que seu irmão não suporta atrasos.

— Ainda bem que você já o conhece bem o suficiente para entender o que ele não gosta.
— Algumas coisas é melhor aprender logo, antes que ele se estresse.
Apoiei meu braço no de Stefan, assim que ele me estendeu o dele. Depois caminhamos pelos
corredores que nos levariam à capela perto do pomar que ficava na propriedade.
Um lugar muito bonito, que precisava confessar que estava completamente apaixonada. Saímos
da casa e logo um dos seguranças da mansão apareceu com um buquê vermelho nas mãos e me
estendeu o arranjo de flores.
— Cortesia da minha mãe, pode ter certeza — Stefan pronunciou.
— São lindas. Dona Giuliana é muito perfeita.

— Acho que a única no meio da minha família que vale algo é minha mãe e você que entrará
para o nosso cerco.
Abaixei minha cabeça, enquanto caminhávamos até o local que seria o meu casamento.
— Não devo ser tão boa para sua família, já que seus companheiros queriam me matar.
— Isso não foi culpa sua e sim do seu pai que nos enganou.
Um sentimento de profundo ódio passou por mim. Aquele homem iria acabar com minha vida,
sem pensar duas vezes, queria que eu morresse e me jogou direto para os leões.
Por sorte, ou não, já que não sabia se tinha sido a melhor escolha entrar para a máfia, mas ao
menos Matteo havia surgido à minha frente e me faria sua mulher. Senão eu estaria em uma vala
qualquer agora, virando carniça e sendo comida por bichos da terra.

— Eu sinto muito por isso.

— Ele vai pagar do jeito que tem que ser pago. Só que aconselho você a sorrir, pois estamos
chegando e eu acho que meu irmão vai gostar de ver a noiva radiante. Ainda mais na frente dos seus

homens, que estão só esperando um deslize seu para te matar.


Senti um frio insano passar por meu corpo e um arrepio de medo atravessou minha espinha. Eu
sabia dos perigos que corria, mas não imaginei que mesmo ali, naquele dia, eles ainda estariam de
olho em mim.

O que eu tinha que sofrer graças as merdas do meu pai. A vontade que eu tinha era de eu
mesma matá-lo e talvez, quando o pegassem, eu até podia falar com Matteo sobre isso.
Nunca iria me esquecer por tudo que passei, por culpa dele, nunca o perdoaria…
Fechei meus olhos, antes de entrar na capela, e respirei fundo. Assim que os abri, percebi que
o mal da máfia já estava me afetando, a partir do momento que estava até com vontade de assassinar
alguém.
Assim que as portas se abriram a marcha nupcial se iniciou e eu soube que talvez o meu
casamento poderia até ser dos avessos, mas eu teria o noivo mais lindo do mundo.
Matteo estava com um terno preto, uma camisa azul-marinho, sem gravata, mas com um lenço

da mesma cor da camisa no bolso do casaco. Seu cabelo estava para trás e a barba cerrada era um
deleite para meus olhos.
Sua expressão malvada me dava mais vontade de desvendar aquele homem que parecia
guardar as piores mágoas em seu coração.
Várias pessoas estavam presentes em nosso casamento, no entanto não consegui enxergar
ninguém ao meu redor, já que meus olhos não se desgrudavam dos de Matteo.
Fomos caminhando por todo aquele lugar, que estava sendo conduzido além de Stefan ao meu
lado, por uma garotinha que eu não tinha a mínima ideia de quem seria, que jogava flores pelo
caminho.
No entanto, a única coisa com que me preocupava era observar Matteo. O homem que estava

me desestabilizando por completo.

Quando chegamos à sua frente, Stefan me entregou para seu irmão e Matteo acabou
sussurrando:

— Agora você se tornará oficialmente minha.


— Sim! Eu serei sua, Matteo.
Aquilo era a verdade que prevalecia naquele lugar cheio de mentira. Mesmo que não houvesse
amor naquele relacionamento, eu tinha certeza de que Matteo seria o primeiro homem a me conhecer

por completo.
Eu seria dele…
Completamente de Matteo Mancini.
CAPÍTULO 13

Linda!
Talvez fosse assim que eu devesse chamar Alessa a partir de agora, porque era a única
maneira que eu conseguia denominá-la naquele momento. Perfeita, linda, deslumbrante e
completamente encantadora.

Estava maravilhado com sua beleza e carisma para lidar com os cumprimentos das pessoas
que passavam por nós.
A cerimônia tinha ocorrido de maneira rápida e eficaz. Tinha chamado somente um juiz de paz,
pois não queria prolongar um momento que não fazia diferença nenhuma para mim.
Estava me casando com aquela menina por pura obra do destino, já que algo aconteceu para
que eu me afeiçoasse a ela e fizesse com que ela aceitasse minha proposta de casamento.
E naquele momento, sentado à mesa dos noivos, onde somente meu irmão e minha mãe estavam
presentes, eu a observava comer um dos doces que estavam sendo distribuídos. Alessa pareceu
gostar bastante daquele que tinha chocolate com morangos, por isso, achei necessário questioná-la:
— Quer que eu peça para lhe trazerem mais?

Assim que ela me encarou, percebi o canto de sua boca suja e foi impossível não deixar um

sorriso de lado estampar meus lábios.


Eu sabia que estava sendo observado, pelos homens que faziam parte da máfia, e naquele caso

era melhor deixar claro para eles que eu me importava com aquela mulher, do que eles pensarem que
podiam armar algum tipo de emboscada para ela.
Por isso, levei meu indicador até o canto do seu lábio e o limpei, em seguida levei o dedo até
meus lábios, provei o doce, naquela pequena gota e murmurei em seguida:

— Estava sujo. Quer mais doce?


— Só se eles puderem guardar para mais tarde, pois estou satisfeita.
— Então pedirei que guardem metade da remessa.
Alessa me olhou com os olhos arregalados e comentou:
— Não precisa de exageros.
— Você merece exageros — respondi.
— Vai se acostumando, querida. Já que Matteo adora mimar quem faz parte da famiglia —
mamãe comentou.
Percebi o momento que Alessa se sentiu envergonhada com a fala de minha mãe e quase

perguntei o motivo de ela estar corando, mas achei por bem não fazer aquilo. Ainda mais na frente do
meu irmão, que já me olhava até com a garganta inchada para soltar algum tipo de gargalhada
infame.
Olhei-o com o cenho semicerrado e logo sua expressão de gozação foi desaparecendo. Era
bom que ele não implicasse tanto comigo, pois ainda estava com algumas situações pendentes com
ele.
Quando as horas foram passando, achei por bem encerrar a minha presença e a de Alessa
naquele lugar. Afinal, ainda teria que levá-la para a cabana que era da minha família, onde
passaríamos três dias, que seriam a nossa lua de mel.
Sim! Eu havia pensado em tudo. Mesmo que tivesse trabalho para fazer, precisava cuidar da

minha esposa como ela merecia e Alessa precisava conhecer o mundo inteiro, para recompensar tudo

de que foi privada durante anos.


— Acho que está na hora de irmos para nossa lua de mel — murmurei perto o suficiente de

Alessa, para que ela ouvisse sem nenhum problema, por cima do barulho que estava tendo na festa.
Minha esposa me olhou sem entender, já que eu não tinha comentado com ela a respeito de
nada.
— Como assim?

Revirei os olhos e dei de desentendido.


— Bom, as pessoas se casam e vão para a lua de mel.
— Mas como é um casamento diferente, pensei que iríamos ficar por aqui mesmo.
— Pensou errado — respondi.
— Já até arrumei suas malas, meu amor.
Minha mãe como sempre intrometida, meteu-se no meio de nossa conversa, o que fez Alessa
desviar sua atenção de mim para ela.
— Giuliana e você não me disse nada? — perguntou para minha mãe.
— Eu amo fazer surpresas para as pessoas. E quando é para meu Matteo, gosto ainda mais, já

que ele não é acostumado a fazer esse tipo de coisa.


Desviei minha atenção da minha mãe, para também não revirar os olhos para ela. Já que em
algumas vezes ela podia muito bem ficar de boca fechada, mas acabava que adorava falar demais.
— Acho melhor você ir se trocar, para podermos ir, já que o lugar é um pouco distante.
Alessa voltou a me encarar e depois de engolir em seco, acabou assentindo. Levantou-se junto
com minha mãe e foi fazer o que eu havia pedido.
Logo Stefan e eu estávamos sozinhos na mesa.
— Cuidado, irmão,pois você pode cair nas graças de sua esposa.
— Stefan, acho que você deveria cuidar da sua própria vida, ao invés de se meter na minha —
avisei.

— Só quero ver o todo intocável Matteo Mancini morrendo de amores por uma mulher.

Suspirei profundamente e tomei meu último gole de uísque, antes de voltar a falar com ele.
— Isso será impossível, irmão. Meu casamento só existe para que eu possa ajudar aquela

menina a não morrer, então não me venha com essa de amor e outras coisas. Nunca vai acontecer.
— Eu gosto mesmo é quando as pessoas dizem nunca e acabam nem percebendo quando
acontece.
Levantei-me da minha cadeira, e antes que eu mandasse meu irmão ir tomar no meio do cu,

acabei raspando a garganta o que fez a música parar e as conversas aleatórias dos convidados
também.
— Quero agradecer a presença de vocês e pedir que continuem curtindo a festa. Irei me retirar
para sair em lua de mel com minha esposa. Mas não deixem de se divertirem.
Algumas pessoas aplaudiram e outras ovacionaram, no entanto não deixei de notar que uma
única pessoa ficou quieto em seu canto… Carlo!
Ele tinha odiado aquela minha decisão e continuaria odiando, mas eu não me importava, já que
sabia que era a única coisa certa a se fazer.
Depois que saí, caminhei decidido para encontrar Alessa, afim de que pudéssemos ir para a

cabana e assim eu poderia fazer algo que estava querendo muito. Que era aproveitar o corpo da
minha mulher. Tê-la para mim definitivamente e completamente.
— Arrume meu carro e os homens que me acompanharão nesses três dias — avisei a um dos
meus guardas.
— Pode deixar, senhor!
Caminhei para dentro da minha casa e assim que pisei dentro do lugar, Alessa e minha mãe
desciam as escadas. Nossas malas já estavam no andar debaixo e eu pude ver que minha esposa
havia tirado o vestido que parecia ser um incômodo e estava com um mais leve, para nossa pequena
viagem.
E mesmo que Alessa estivesse com uma roupa mais leve e mais simples, ela continuava

esplêndida. O que eu achava uma merda ficar babando daquela maneira por aquela mulher.

Não tinha motivo algum para eu ficar daquele jeito, mas mesmo assim em meu subconsciente,
eu não conseguia parar de elogiar sua beleza e pensar no quanto estava encantado com ela.

O que havia acontecido com Matteo Mancini, um homem durão, dono da máfia siciliana e que
agora parecia um cãozinho domesticado, pronto para lamber sua dona a qualquer momento que ela
estalasse os dedos.
Ridículo!

Era daquele jeito que eu me achava.


Mas era impossível não reparar na beleza daquela mulher. Até entendia o filho da puta do
Ferrara querer escondê-la, pois uma mulher tão bela, às vezes é até perigoso deixar que o mundo
veja a sua beleza.
No entanto, agora Alessa era minha esposa e ela, mesmo estando abrigada no meio da máfia,
teria sua liberdade e poderia viver mais tranquila.
Aproximei-me dela e murmurei:
— Está pronta?
— Sim!

Ela pegou minha mão e com um sorriso casto começou a caminhar ao meu lado.
Estava na hora de começar a deixar aquela menina desbravar o mundo. E eu desbravar o seu
corpo.
Era clichê, mas era a verdade.
CAPÍTULO 14

A viagem demorou mais ou menos duas horas, mas assim que vi algumas luzes espalhadas pelo
caminho escuro que seguíamos, eu sabia que nós estávamos chegando.
Voltei meu olhar para Matteo e ele como sempre estava sério, observando o caminho que
percorríamos. Ao perceber que estava sendo encarado, ele voltou seus olhos para os meus e indagou:
— O que foi?
— Estamos chegando? — questionei, pois não tinha mais nada a dizer.
Só que na verdade eu só estava reparando em sua beleza e pensando que daquele dia em diante

eu seria esposa de um homem tão lindo e tão malvado.


— Sim!
Respondeu de forma seca e eu me senti um pouco mal por estar sendo tratada daquela forma.
Completamente diferente de quando estávamos sendo observados no casamento.
Parecia que agora depois de ter falado o tão temido sim, ele acabou mostrando sua verdadeira
face e eu teria que aturá-lo pelo resto da minha vida daquela forma.
Voltei a encarar o lado de fora e quando vi onde estávamos chegando, não pude deixar de
observar que o lugar era magnífico. Tinha um lago mais distante que não dava para perceber a cor de
suas águas, já que a noite brilhava pelo céu, a lua irradiava sua beleza e fazia com que aquele lugar
— que era quase paradisíaco, ficasse ainda mais bonito.
Assim que o carro estacionou, minha porta logo foi aberta e um dos soldados de Matheus me

ajudou a sair de dentro do carro.


Olhei ao redor e aquele lugar era ainda mais lindo visto por fora dos vidros escuros. Uma

cabana, que mais parecia uma casa exuberante, ficava no centro do ambiente. Rodeada por árvores, o
que fazia com que sua beleza beirasse à perfeição.
— Nossa! — sussurrei, toda perdida com a beleza daquele lugar.
— Aqui é bem incrível mesmo.

Sobressaltei-me com a aproximação repentina de Matteo e acabei olhando um pouco assustada


em sua direção.
— Está com medo? — questionou com o cenho franzido.
— Só me assustei. Já que chegou tão silenciosamente ao meu lado.
— Minha intenção não era essa.
— Eu sei — menti, já que não sabia de nada a respeito daquele homem.
— Vamos para dentro.
Olhei para o carro em que estávamos e nossas malas não haviam sido retiradas.
— E nossas roupas? — indaguei, completamente confusa.

Matteo sorriu e me encarou como se eu tivesse falado a pior besteira e disse:


— Assim que entrarmos dentro daquele lugar, não precisaremos de roupas, já que eu vou tirar
a sua e meter meu pau bem fundo em sua boceta.
Eu deveria ter ficado assustada, já que nunca ouvi palavras tão chulas daquela maneira. Só que
diferente do que pensei, senti um calor imenso passar por meu corpo e minha calcinha ficar úmida.
Matteo segurou minha mão e caminhou comigo pelo lugar, até que chegamos às portas da
cabana e com a mão livre ele abriu a porta. Não esperava romantismo de um mafioso, no entanto
assim que as portas foram abertas,e eu vi as pétalas de rosas e as velas espalhadas pelo lugar, fiquei
completamente estupefata.
Soltei a mão de Matteo, adentrei o lugar e nem ouvi quando ele fechou a porta, pois estava

perdida em meio ao romantismo, mesmo que escasso, que aquele homem demonstrava em alguns

momentos.
Senti seus braços abraçarem minha cintura por trás e eu tive que perguntar:

— Como você fez isso?


— Tenho meus contatos.
Matteo desceu sua boca para o meu pescoço e logo sugou a carne da minha pele, fazendo com
que meus olhos se fechassem e que minhas pernas perdessem um pouco da força que me mantinha em

pé.
Não que eu esperasse que nós ficássemos conversando coisas triviais, no entanto queria um
pouco de tempo para respirar, mas eu não ousaria pedir aquilo para Matteo. Ainda mais que ele
parecia muito sedento por mim naquele momento.
Ele colou seu corpo ainda mais ao meu e eu senti seu membro duro passar por minha bunda.
— Passei a viagem inteira me controlando para não te foder naquele carro, Alessa.
Caralho!
Será que ele continuaria falando daquela forma comigo?
Porque se fosse, eu provavelmente estaria em chamas em pouco tempo.

As mãos de Matteo subiram pela minha cintura e chegaram até meus seios, em seguida ele os
apertou com força e eu gemi. Era impossível controlar minhas reações naquele momento.
Sem que eu esperasse, Matteo puxou o pequeno decote do vestido, com tanta força que acabou
rasgando o tecido. Ele me virou de frente para ele e terminou de rasgar o vestido, deixando-me
somente com calcinha e sutiã à sua frente.
— Alessa, você está com vontade de transar comigo?
Sua voz estava rouca e eu tive que passar minha língua por meus lábios, para poder respondê-
lo, já que eles ficaram secos imediatamente.
— Acho que marido e mulher fazem amor, quando casam, na lua de mel.
— Então… você quer fazer amor comigo?

— Quero, Matteo. Eu quero experimentar tudo que você pode me oferecer. Sou sua esposa e

estou pronta para receber o que me quiser dar.


— Eu te darei tudo,Alessa.

Matteo se aproximou de mim rapidamente, e me pegou em seus braços, fazendo com que
minhas pernas parassem em sua cintura. Logo ele começou a andar comigo em seus braços e em
questão de segundos, estávamos dentro de um quarto, que nem deu para perceber a decoração.
No momento eu só queria sentir o que Matteo podia me dar.

Assim que me colocou na cama, ele destruiu minha lingerie, como tinha feito com o vestido.
Eu deveria repreendê-lo, mas aquilo estava me deixando com tanto tesão que eu nem queria saber
das peças, apenas receber o prazer que Matteo parecia querer me dar.
Ele se afastou de mim, ficou em pé e começou a tirar o terno que usava, e quando estava
somente de boxer ele me olhou e eu tomei a coragem de pedir algo que estava com vontade:
— Posso tirar sua cueca? — Minha voz quase não saiu, mas ele conseguiu me ouvir em meio
ao silêncio do lugar.
Chamou-me com o indicador e eu, mesmo sentindo vergonha, por estar nua à sua frente, fui até
ele e encarando seus olhos levei minhas mãos ao cós da boxer e a tirei.

Assim que seu membro saltou para fora, tive que engolir em seco ao ver o tamanho. Era
enorme e provavelmente, Matteo deveria ser considerado bem dotado, já que pelo que sabia não
eram muitos homens que tinham um pênis tão grande.
— Toca nele — exigiu e eu o encarei.
— Nunca fiz isso — assumi, mesmo que não precisasse, já que ele sabia da minha
inexperiência.
— Eu sei e a sua inocência me deixa com ainda mais vontade de te foder. Tem um bom tempo
que não fodo uma mulher virgem e estou louco para provar a sua boceta, Alessa.
Matteo pegou minha mão e levou até o seu membro. Encostei em sua carne, cheia de veias
sobressalentes e sua pele estava quente, parecia quase que estava fervendo.

Provavelmente ele estava com tanto prazer quanto eu. Mesmo que nunca tivesse provado os

pecados da carne, eu sabia que meu corpo estava a ponto de entrar em erupção, só pelas coisas que
estava sentindo naquele momento.

Matteo tinha conseguido me deixar louca por ele e provavelmente aquilo seria somente o
começo da nossa vida de casados. E talvez, se fizéssemos tanta safadeza como eu imaginava até me
sentiria confortável em continuar para sempre sendo de Matteo Mancini.
CAPÍTULO 15

Perfeita!
E eu nunca me cansaria de falar aquelas palavras sobre Alessa,já que era somente aquilo que
eu conseguia achar dela, enquanto observava o seu corpo nu na cama, que eu havia acabado de deitá-
la.

Quando ela tocou meu pau, foi impossível deixar sua mão por mais tempo ali, já que estava
parecendo um virgem que não aguentava o toque de uma menina gostosa, que quase gozava, só pelo
nível de tesão que estava sentindo.
Já que aquele desejo louco, que tomava meu corpo desesperadamente, era o maior tesão que
estava sentindo nos últimos dias.
Ajoelhei-me sobre a cama e me aconcheguei entre as pernas de Alessa. Que estavam abertas,
enquanto eu observava a sua boceta rosada, completamente depilada e pronta para me receber.
Passei uma de minhas mãos por sua coxa e percebi sua pele se arrepiando delicadamente, o
que me deu mais vontade de observar o que eu podia fazer com aquela menina perfeita.
Levei dois dedos para sua fenda que estava molhada e eu tive que sorrir de lado, pois Alessa

até podia ser virgem, mas seu corpo já demonstrava que ele precisava de uma boa foda, quase

implorava para que eu me enterrasse dentro dela.


E mesmo que estivesse maluco para fodê-la com força, até ouvir seus gritos desesperados, eu

tentaria me manter calmo. Já que não queria machucar a mulher que eu decidi por puro impulso que
fosse aminha mulher.
— Eu vou te foder, Alessa. E se eu te machucar em algum momento, você pode pedir para eu
parar, que atenderei o seu pedido, estamos entendidos?

Encarei seus olhos castanhos, que beiravam o mel, e reparei sua boca desenhada estar um
pouco pálida. Aquilo só mostrava o quanto ela estava com medo de tudo que aconteceria entre nós.
— E aí? — voltei a questionar.
— Se me machucar eu direi, mas no momento só quero que me mostre o que pode fazer com
meu corpo,pois uma ansiedade está tomando todos os meus membros e estou até com medo de não
dar conta de te satisfazer.
Levei minha mão à sua bochecha e acariciei sua pele o que a fez fechar os olhos rapidamente,
mas logo os abriu novamente para poder me encarar.
— Não quero que tema nada. Se não der conta de transar hoje, eu a respeitarei e com o tempo

iremos nos adaptar um com o outro. Sexo é uma questão de confiança e quando você e eu tivermos
cem por cento de confiança um pelo outro, será cada vez melhor, trocar esse momento íntimo.
Alessa passou sua língua por seus lábios, para molhá-los e os mordeu em seguida, com um
leve sorriso sobre eles.
Sexy!
Mesmo sem saber, aquela mulher era completamente sexy e eu a queria para mim, naquele
momento, até quando meu pau implorasse para ser liberto.
— Posso começar? — perguntei.
— Pode! — sussurrou com sua voz melodiosa.
Abaixei-me e passei minha língua por sua perna a levando direto para sua boceta. Minha

língua passou por toda a sua extensão e eu suguei todo o líquido que estava sobre ela.

Rapidamente Alessa soltou um gemido que fez meu pau ficar ainda mais duro. Sem me
importar com suas reações, chupei com mais força e continuei engolindo-a de forma desesperada o

que foi deixando minha esposa ainda mais maluca.


Alessa começou a mexer o quadril e logo o levantou deixando ainda mais colado a minha
boca.
— Caralho, Matteo! — gritou e eu tive que abrir um sorriso em sua vagina, mas depois do

momento de distração voltei a engoli-la.


Só minha!
Aquela boceta, aquele corpo, aquela mulher.
Afastei-a um pouco da minha boca e dei uma leve soprada em sua boceta, levando meu olhar
direto ao seu e lá eu só podia ver o fogo puro que aquela menina estava deixando sair por cada poro
do seu corpo.
— Quer gozar? — sussurrei.
— Quero — revelou.
Voltei a me abaixar e peguei novamente a sua boceta e não parei mais. Alessa gritava

desesperada, apertava os lençóis até que desistiu e levou suas mãos direto para os meus cabelos,
ficando ainda mais maluca.
— Estou sentindo — gritou novamente.
O que eu achava ótimo, já que estava louco para ouvir sua voz reverberar por aquele lugar.
— Matteo, eu vou…
Não conseguiu terminar sua fala, pois seu corpo começou a tremer e ela gritou ainda mais alto,
enquanto liberava seu orgasmo. Aquilo foi quase uma ópera para os meus ouvidos.
Seus gritos foram um tesão que não consegui me controlar. Sentei-me na cama e puxei seu
corpo para cima do meu, sem esperar que Alessa se recuperasse do seu orgasmo.
— O que está fazendo? — perguntou, sem saber o que eu planejava.

— Quero que sente em meu pau e que controle a sua dor, porque se eu entrar dentro de você

por conta própria vou acabar fazendo mais rápido do que você aguenta.
Ela ainda estava ofegante pelo orgasmo anterior, mas assentiu, e fez o que pedi. Foi sentando

devagar sobre meu pau e eu fui sentindo sua carne molhada tomar a extensão do meu membro.
Levei minhas mãos aos seus seios que cabiam nelas e comecei a massagear seus mamilos.
Alessa fechou os olhos enquanto sentava sobre mim, mas acabei ordenando quase de forma possessa:
— Abra os olhos que quero que olhe para mim.

Ela fez o que pedi e continuou sentando vagarosamente… devagar demais, mas era necessário
para eu não acabar com sua boceta de tanto fodê-la. Em nenhum momento vi uma careta sobre o seu
rosto, o que achei estranho, já que era virgem.
— Não está doendo? — questionei, enquanto massageava seus seios.
— Não quanto pensei que doeria, é algo suportável.
— Fico feliz em saber.
— O que faço agora?
Perguntou, enquanto terminava de me enterrar dentro dela.
— O que seu corpo pedir para você fazer — rosnei.

Alessa sorriu e mais rápido do que esperei, ela colou seus lábios nos meus e começou a me
beijar de forma afoita.
Começou a se movimentar vagarosamente, mas com a medida que aumentava a intensidade do
beijo, ela também aumentava a velocidade dos movimentos do seu quadril.
Não sei como tudo aconteceu, mas logo Alessa estava cavalgando sobre mim, gemendo,
gritando e eu me sentindo o homem mais completo que já me senti algum dia.
Enquanto seus movimentos continuavam eu encarava seu rosto e via só o prazer surgir nele.
Sem conseguir me conter, levantei-a com um braço, o que a assustou levemente, mas assim que a
deitei sua expressão melhorou.
Logo eu estava sobre ela e voltei a enterrar meu pau dentro da sua boceta apertada. Eu também

deixei alguns sons estranhos escaparem dos meus lábios enquanto provava aquela menina.

Perfeita para mim!


E quando rosnei mais alto e Alessa gritou, pois estava liberando mais um orgasmo, enquanto

sua boceta se contraía ao redor do meu pau, eu soltei todo o meu líquido sobre ela.
Nossos corpos suados, começaram a grudar assim que senti minha última gota de orgasmo ser
liberada e eu encarei minha mulher, também ofegante e disse:
— Agora vamos para o banho, para eu poder te foder na água.

— Parece que você é insaciável — constatou.


— Você não sabe o quanto, esposa.
Saí de dentro de Alessa e a peguei em meus braços, caminhando para dentro do banheiro.
Estava na hora do segundo round.
CAPÍTULO 16

Antes de abrir meus olhos, soltei um longo suspiro e percebi que partes do meu corpo, que eu
nem lembrava que existiam, estavam doloridas.
Assim que permiti meus olhos se abrirem tive que sorrir ao perceber que Matteo ainda estava
deitado ao meu lado. O que tudo indicava, já passavam das oito da manhã, afinal os pássaros
cantavam do lado de fora e o sol parecia ter tomado o céu há algum tempo.
Matteo dormia completamente nu e eu não estava diferente dele e fui obrigada a reparar em
todo o seu corpo, enquanto ele ainda estava perdido no mundo dos sonhos.

Seu peito possuía alguns fios de pelos escuros e descia pela barriga, levando direto para o
caminho da perdição. Logo meus olhos bateram em seu membro e eu só pude lembrar-me da noite
passada, onde eu jurava que talvez fosse a pior maneira de perder a virgindade, mas que no final eu
gostei tanto que só parei de fazer, porque não aguentava mais.
Provavelmente tinha me assado e talvez nem daria conta de mexer minhas pernas normalmente
por alguns dias, mas havia sido uma experiência incrível que queria repetir novamente.
Se eu soubesse que aquela experiência era tão incrível, teria feito sexo muito antes, caso
tivesse alguma oportunidade.
Sem contar que Matteo havia me surpreendido por me tratar tão bem, esperou meu tempo e se
preocupou se me machucaria ou não. Nunca imaginei que um homem da máfia, ou melhor o chefe da
máfia toda, iria respeitar minhas vontades e me trataria tão bem.

Claro que deveria ser uma obrigação para todos os homens saberem respeitar uma mulher, mas
nos dias de hoje, encontrar um homem que aceitava até um não de uma mulher era difícil.

Enquanto observava a imagem do meu marido, acabei sendo pega no flagra, já que assim que
levei meus olhos até os de Matteo encontrei aquelas pedras escuras de um azul quase preto.
Senti no mesmo momento minhas bochechas esquentarem e eu fiquei sem saber o que fazer,já
que não tinha a mínima ideia do que ele acharia daquilo. Estava invadindo seu espaço pessoal, eu

sabia daquilo e se ele quisesse me repreender estava no seu direito.


— Queria saber o motivo de estar com vergonha.
Engoli em seco antes de começar a dizer:
— Desculpe-me, eu não deveria estar te observando, enquanto dormia e…
Matteo não deixou que eu terminasse de falar colocando um indicador sobre meus lábios.
— Pare de se desculpar, você estava fazendo o que te deu vontade e você tem toda liberdade
para fazer o que quiser. Eu não sou um idiota que iria te repreender, só por estar me olhando.
Como ele conseguia ser tão legal?
E como eu podia achar um homem como ele legal?

Matteo era um assassino, que acabava com vidas inocentes quando elas menos esperavam. Eu
não deveria achá-lo fofo, como achava, nem bonito e muito menos gostoso, um gato completo, uma
perdição para uma mulher como eu.
— Sou sua mulher e posso observar sua beleza o quanto eu quero? — perguntei, mesmo
sabendo o que ele podia me responder.
— Sim! Faça o que quiser comigo, Alessa.
Sorri levemente, ainda tentando não cair no feitiço completo daquele homem, no entanto era
impossível. Para uma mulher que não conhecia nada do mundo estar experimentando
coisasdiferentes, era difícil não cair na mágica do seu "salvador".
Já que querendo ou não, Matteo me salvou da morte, ou da prostituição e mesmo que aquilo

tivesse um resquício de culpa dele, não podia jogar toda as merdas para cima dele, ainda mais que

meu pai era o maior culpado daquilo tudo.


— Então posso te beijar quando bem entender? — Tomei coragem para perguntar.

Matteo abriu um sorriso e assentiu.


— Você pode fazer o que quiser com seu marido, Alessa.
— Se eu me apaixonar será errado? — Voltei a dizer, mesmo que ainda achasse muito cedo
para falar daquilo.

Matteo se calou por um tempo, mas depois de sentar-se a cama, acabou dizendo em seguida:
— Não é errado se apaixonar por seu marido, ainda mais quando viveremos juntos pelo resto
da vida.
— E você acha que poderia se apaixonar por mim? — perguntei, com medo da resposta.
Mesmo que não soubesse dizer o real motivo para estar com medo. Só não esperava que fosse
algo relacionado a sentimentos, pois não queria começar a sofrer tão cedo.
— Nunca me apaixonei por ninguém, mas acho que sim, desde que as coisas corram bem entre
nós.
Senti um alívio ao ouvir aquilo, já que estava realmente com medo do que poderia acontecer

se nos envolvéssemos mais do que um casamento de fachada e uma vida com sexos regados somente
ao desejo e sem amor.
— Então agora posso te beijar?
— Pode fazer até mais do que isso — Matteo sorriu para mim, ao responder minha pergunta.
E com aquela autorização, passei uma de minhas pernas sobre ele e logo estava em seu colo
atacando sua boca. Daquela maneira não demoraria muito para que ele se enterrasse novamente
dentro de mim.
E provavelmente era o que eu mais queria naquele momento, ser de Matteo Mancini, o homem
que eu devia temer, mas por quem acabaria me apaixonando.
***

Observava da cadeira onde estava, a minha mulher na piscina aquecida que tinha atrás da
cabana. Peguei meu copo de uísque e levei à boca, enquanto ela estava perdida em seu momento
relaxante.
Ainda pensava em suas perguntas de mais cedo e não podia negar que fiquei um pouco
apreensivo com aqueles questionamentos. Já que não imaginei que ela tocaria no assunto tão rápido.
Só que para variar, eu havia me enganado sobre aquela menina. Como na noite passada que

nunca pensei que ela gostaria tanto de sexo como demonstrou apreciar.
O que não me deixou em nenhum momento chateado e sim louco para me enterrar ainda mais
dentro dela e me perder por ali por horas e horas… bom, se eu me lembrasse da noite passada eu
perceberia que havia realmente me perdido dentro dela, por quase toda a noite.
Alessa me encarou com seu olhar matador e perguntou:
— Não vai entrar na água?
— Acho melhor manter a sua paz por mais um tempo,já que se entrar nessa piscina será pior
para você.
Alessa me olhou sem entender e questionou:
— Pior em qual sentido?

— No sentido de que irei te foder dentro dessa piscina até todos os seguranças que estão

espalhados escutarem seus gritos.


Vi o momento exato em que suas bochechas coraram e aquilo era quase um prêmio para mim.

— Você só pensa em sexo? — indagou.


— É uma das partes mais importantes da vida.
— Claro que não! Mesmo que eu tenha feito isso só ontem, sei que não é uma parte importante.
É bom e tudo mais, mas existem outras coisas que um casal pode fazer.

Elevei minha sobrancelha em sua direção e murmurei:


— Vai vir com algum papinho romântico ou algo do tipo?
— Não é romântico, Matteo. É só a realidade, você pode entrar aqui na piscina comigo e
curtir um pouco dessa água deliciosa. Podemos fazer um piquenique em alguma clareira que tenha
por aqui e depois fazer sexo, mas tudo em seu tempo.
O que ela estava falando?
— Nunca fiz essas coisas, Alessa.
Ela nadou pela piscina, até chegar perto da borda mais próxima a mim.
— Para tudo tem uma primeira vez, você não acha?

Alessa parecia me desafiar e eu a fiquei encarando por um longo tempo, até que elevei meu
queixo e respondi:
— E o que eu ganharia com isso?
— Precisa ter algo em troca?
— Farei coisas que nunca fiz, por causa de você. Tenho que ganhar algo em troca, não?
— Não, porque o seu prêmio é me ter ao seu lado, curtindo um momento só nosso. Que não
envolve matar pessoas, não envolve tráfico e nada que diga respeito à máfia. Eu quero conhecer um
Matteo diferente que está guardado dentro de você e que nunca pôde permitir que saísse.
Daquela vez quem foi obrigado a engolir em seco tinha sido eu. Parecia que aquela menina
havia amadurecido em apenas uma noite.

— E você está agindo mais decisivamente. O que mudou?

— Você me deu o poder de acreditar em mim. Sou sua esposa e tenho que te mostrar um
caminho diferente do que está acostumado a encontrar em seu cotidiano.

Foi impossível segurar o sorriso que surgiu em meus lábios.


— Sendo assim, eu aceito esse passeio com você… esposa.
— Que ótimo, marido!
Talvez ali estivéssemos firmando uma parceria que nem eu mesmo acreditava que poderia

acontecer.
Será que Alessa e eu nos tornaríamos parceiros de verdade?
Aquilo só o tempo iria me dizer.
CAPÍTULO 17

Estava sem acreditar que havia convencido Matteo a fazer um piquenique comigo. Ainda mais
aquele homem que parecia muito fechado para qualquer coisa que fosse fora do seu círculo.
No entanto, pelo jeito eu havia me enganado e naquele momento a prova viva era que
estávamos caminhando para uma clareira que ele disse que conhecia e que não ficava muito distante
de onde estávamos.
Caminhamos por entre as árvores e por sorte ele tinha pedido para seus homens ficarem na
cabana.

Pelo que eu entendi ele nunca tirava um momento de paz e nem saía sem os seus homens. Mas
naquele momento ele estava provando o que eu tinha dito para ele.
Depois que percebi que por ser mulher de Matteo eu podia ter tudo, eu só pensei que talvez
pudesse juntar o útil ao agradável e tomar algumas iniciativas para deixar o nosso relacionamento um
pouco melhor.
E naquele momento, aquilo era o que eu queria. Ter meu tempo com meu marido, o homem que
me salvou de sua forma torta, mas que seria meu para sempre.
Chegamos à clareira e eu não pude deixar de reparar o quanto era bonita e repleta de plantas
azuis, que eu não saberia denominá-las, pois não conhecia o nome da espécie.
Eu levava um tecido florido que havia encontrado na cabana e aproveitei para espalhar pelo

chão. Matteo por sua vez, assim que coloquei o pedaço de pano, fez questão de depositar a cesta com

algumas coisas que eu havia arrumado para aquele momento.


Ele olhou pelos lados e eu não pude deixar de observá-lo. O que tanto lhe afligia?

— Aconteceu algo? — indaguei.


Ele me olhou por cima do ombro e respondeu:
— Só estou observando o lugar e procurando alguma saída mais rápida do que a que viemos,
pois vai que acontece algo, não é mesmo?

Senti um frio passar por minha coluna e soltei um longo suspiro.


— O que poderia acontecer, Matteo? Estamos em lua de mel, em um lugar maravilhoso. Tenho
quase certeza de que nada nos acontecerá.
— Pode ser que você se engane, querida — desdenhou. — Sendo minha esposa, você tem que
entender, que qualquer lugar é perigoso e que nunca deve ficar desatenta para o que está ao seu redor,
senão algo pode acontecer.
Meu coração deu uma leve disparada com seu comentário e eu aproveitei para questioná-lo:
— Sobre o que está falando, Matteo?
Ele balançou sua cabeça e se aproximou de mim. Abraçou minha cintura e encarou meus

olhos.
— Só não quero que a sua liberdade faça com que você esqueça que é a esposa de um
traficante e que isso te coloca em risco. Então nunca saia sem ninguém por perto, tudo bem?
Mesmo sem querer concordar,, acabei assentindo, pois não sabia os motivos de ele estar me
falando aquilo. Mas se estava dizendo é porque era algo importante.
— Pode deixar que vou me cuidar, mas nesse momento vamos só nos concentrar no nosso
passeio?
Matteo assentiu, ainda me encarando, no entanto não demonstrou nenhuma reticência sobre o
que estava lhe pedindo.
Tirei suas mãos da minha cintura e peguei uma em minha mão. Depois comecei a caminhar

com ele ao meu lado, parei em um lugar que seria lindo para algumas fotos e tirei do meu bolso o

celular que havia ganhado há dois dias do meu marido.


— Vamos tirar uma foto para recordação?

— Se você quiser, nós podemos tirar.


Olhei para ele e revirei os olhos.
— Eu também quero que você queira, Matteo. É meu marido e tem que ter suas vontades
também.

— Minhas vontades mundanas podem ser preenchidas por você, Alessa.


— Isso é um sim? — indaguei, já que às vezes não entendia o que aquele homem dizia.
— Pode ser.
Sorri e me aproximei de Matteo, aproveitei para abrir a câmera do celular e tirei algumas
fotos.
Era tão irreal ter um marido que me pegava pensando que talvez eu estivesse em um sonho
paralelo e logo eu acordaria e me veria na prisão que eu conhecia como a casa do meu pai.
Depois daquilo passamos mais tempo juntos e aproveitamos para nos sentarmos sobre o tecido
florido e aproveitarmos da comida que havíamos levado. Conversamos sobre coisas banais e eu me

senti um pouco mais próxima do homem que tinha se tornado meu marido.
— E você gosta de filmes? — perguntei.
— Às vezes, mas raramente uso a sala de cinema da nossa casa, pois não tenho muito tempo.
— Espera. Você tem uma sala de cinema na sua mansão?
Matteo me olhou com um sorriso bobo em sua boca fina e eu quase o beijei, sem me importar
com nada, mas estava tentando me controlar para passarmos um tempo além dos sexos constantes que
estávamos fazendo desde que chegamos aqui.
— Primeiro a mansão não é "minha". — Fez aspas com as mãos. — Ela é nossa, você se casou
comigo e agora é dona daquilo tudo, tanto quanto eu, meu irmão e minha mãe.
— Como você pode ser tão fofo e generoso em alguns momentos?

— Isso é só a verdade, Alessa.

— Tudo bem! Vou tentar me acostumar com a ideia, mas tem mesmo uma sala de cinema na
mansão?

— Claro que tem. — Matteo soltou uma gargalhada que foi gostosa de ouvir e eu senti meus
lábios se abrirem ainda mais em um sorriso enorme.
— Precisamos ir lá em breve, pois eu não sabia.
— Assim que voltarmos te levarei lá.

Matteo pegou um biscoito de nata e levou até a minha boca. Fiquei sem reação por alguns
segundos, mas para não parecer uma idiota que sempre ficava como uma estátua na maioria do
tempo, comecei a agir e dei uma leve mordida no biscoito doce, que era uma delícia completa.
Ele derretia na boca e eu tive que gemer, pois era maravilhoso demais provar aquela explosão
de sabores.
Assim que abri os olhos, que havia fechado, quando dei uma mordida no biscoito percebi que
Matteo estava completamente atento às minhas reações.
— O que foi? — perguntei de forma inocente.
— Você pede para eu não pensar somente em sexo, mas me solta um gemido desse? Quer que

eu me controle como?
Ele apontou para a sua calça e eu pude ver que havia um volume entre suas pernas que
provavelmente era seu membro implorando por algo mais.
— Você é um pervertido e eu não tenho culpa — brinquei.
— Pervertido?
— Sim!
Matteo depositou o restante do biscoito no pratinho que os outros estavam e começou a se
aproximar de mim.
— Te mostrarei quem é o pervertido.
Levantei-me rapidamente do chão e corri pela clareira e quando menos esperava, Matteo — o

homem que jurou que odiava aquelas coisas mundanas — estava atrás de mim, tentando me pegar.

E eu até tentei ser mais rápida que ele, mas o homem era muito maior, e com suas pernas
enormes me alcançou rapidamente e acabou que desequilibramos e paramos no chão.

Soltamos diversas gargalhadas e não parou por aí, pois Matteo levou seus dedos em minhas
costelas e começou a me fazer cócegas.
— Agora te mostrarei quem é o pervertido.
— Para, pelo amor de Deus… — gritei, caindo ainda mais na gargalhada, enquanto ele

continuava fazendo cócegas em mim.


Assim que parou me encarou com um sorriso diferente nos lábios.
— Talvez eu tenha gostado do passeio que você sugeriu.
— Eu sabia que gostaria.
— Você é mais esperta do que imaginei.
— Isso é bom ou ruim? — perguntei tentando parecer sexy, mas sabia que estava falhando
miseravelmente.
— É bom, Alessa… muito bom.
Matteo mal terminou de falar e grudou sua boca na minha. Beijando-me desesperadamente,

sem se importar que estivéssemos no chão sujando nossas roupas.


Sua língua dançava com a minha, mas era como se fosse um tango, da forma mais sexy que me
deixava maluca, pronta para gritar ao mundo que queria ser dele.
Seu beijo não parou e eu comecei a sentir meu corpo esquentando. Talvez naquele momento
podia até ter sexo, pois não estava controlando meu prazer. Afastei minha boca e pedi:
— Faz amor comigo?
Estávamos ofegantes pelo beijo desesperado, mas aquilo não impediu que eu percebesse os
olhos de Matteo se enchendo de fogo.
— Não costumo fazer amor — respondeu.
— Mas comigo você fará, porque eu sou sua mulher.

Matteo me deu um selinho nos lábios e assim que se afastou acabou anunciando:

— Se você está pedindo, eu só posso acatar o seu pedido, minha mulher.


Eu não sabia o que aconteceria assim que acabasse nossa lua de mel, mas naquele momento

senti que tinha poder sobre Matteo e amei saber daquilo.


Já que iria me envolver com ele, era bom que ele fizesse algumas coisas da forma que eu
gostava.
Afinal… eu ia me apaixonar pelo chefe da máfia.
CAPÍTULO 18

Era para ser um piquenique sem conotação sexual, mas pelo jeito Alessa não conseguia se
controlar tanto quanto eu.
Parecia que nossos corpos se atraíam como imãs e que não ficavam satisfeitos se não
estivessem grudados um ao outro.
E agora ela queria que eu fizesse amor com ela…
Amor.
Uma palavra simples, mas que significava muito para um número incontável de pessoas e que

não deveria significar nada para mim, mas porque estava todo nervoso para tentar realizar aquele
pequeno desejodaquela mulher?
O que estava acontecendo?
Eu a conhecia somente há uma semana e já queria provar que eu podia ser uma pessoa melhor
para ela. O que era ridículo, afinal eu sempre critiquei homens que ficavam daquela maneira por
alguma mulher.
Eu estava mesmo virando um idiota.
No entanto, queria deixar aquilo de lado, pelo menos naquele momento e entrar no jogo da
sedução — meio inocente — que Alessa estava tentando fazer comigo.
E não podia mentir que gostei bastante do que ela inventou para aquela tarde. Tinha realmente

me divertido e agora queria provar mais uma etapa com a mulher que mesmo sem querer, tinha se

tornado minha esposa, e eu tinha que sanar os seus desejos.


E se ela queria amor… ela teria amor.

Passei minha mão por seu rosto e deixei meus olhos grudados nos seus. Seus cabelos
ondulados estavam espalhados pelas flores da clareira e eu não conseguia parar de admirar sua
beleza.
Uma das mãos de Alessa veio parar em meu rosto e seus dedos delicados passaram por minha

barba carinhosamente. Quase fechei meus olhos com seu toque, mas se fizesse aquilo perderia um
pouco da perfeição daquela menina e não queria aquilo de nenhuma maneira.
— Você é sempre tão sério, um homem considerado por muitos temido, mas eu não tenho medo
de você, Matteo. E não é por falta de respeito nem nada, é só porque mesmo sem saber o motivo, eu
comecei a confiar em você de uma forma que nunca confiei em ninguém.
— Por qual motivo está me dizendo isso? — indaguei um pouco sem entender a que ponto
Alessa estava querendo chegar.
— Para você saber que mesmo sem parecer eu sempre vou confiar em você e em tudo que
quiser fazer comigo.

— Não diga isso. Ainda sou um desconhecido para você…


Alessa revirou os olhos, mas acabou sorrindo para mim:
— Um desconhecido que já me conhece por completo e que ainda me deu o nome dele, para
me proteger de seus homens. Para mim, você é meu salvador, que sempre vou agradecer. Agora deixa
disso e faz amor comigo, eu quero ser amada por Matteo Mancini, meu marido.
— Tudo bem, esposa!
Desci meus lábios para o pescoço de Alessa e passei minha língua por sua pele. Ela tinha um
gosto doce, mesmo que tivesse suado embaixo do sol.
Aquela mulher parecia quase uma perdição, porque nada nela me deixava com raiva, ou nojo,
só fazia com que eu me viciasse mais e ficasse ainda mais maluco por ela.

Alessa grudou suas mãos em minha nuca, mas eu ainda não iria beijá-la. Queria primeiro

mostrar-lhe novas formas de prazer. Por isso, subi minhas mãos por sua cintura e continuei até chegar
aos seus seios. Aproveitei a oportunidade para apertá-los com força, mas não a ponto de machucar

Alessa.
Voltei meus lábios para o seu queixo e logo eles encontraram os seus e um beijo calmo
começou entre nós. Alessa queria ser amada e eu daria aquilo para ela, mesmo que não soubesse nem
por onde começar.

Minha língua encontrou a dela e toda hora que aquilo acontecia eu parecia entrar em outro
mundo. Era até estranho, mas era a única verdade que eu conhecia.
Não sabia o motivo por me sentir assim ao beijá-la, mas eu sabia que algo diferente acontecia
e aquilo já era completamente novo. Um fogo subia por meu corpo e quase fazia com que eu perdesse
todo o meu controle, mas daquela vez eu tentaria manter a calma para atender ao pedido da minha
esposa.
Afastei meus lábios do seu, mesmo contra a minha vontade e levei meus dedos aos botões do
vestido que usava. Eu os abri vagarosamente e a cada botão eu a encarava.
Assim que ela estava somente de calcinha, já que não usava sutiã, tirei meus olhos dos dela e

os levei para seus mamilos rosados que chamavam minha atenção. Queria muito chupá-los com força,
desejo e até mesmo desespero. No entanto, eu iria mostrar para Alessa que eu podia ser melhor do
que apenas um homem viciado em sexo.
Passei minha língua vagarosamente por seu mamilo e ouvi seu gemido baixinho tomar o
ambiente, fora alguns pássaros que cantavam de fundo. Aquilo ali poderia ser considerado a
perfeição caso não parecesse tão clichê.
Levei uma de minhas mãos para o meio das pernas de Alessa e afastei sua calcinha para o lado
passando dois de meus dedos por sua extensão. Percebi que Alessa já estava molhada pelo pouco
que estávamos fazendo.
— Você gosta do que fazemos, não é mesmo? — indaguei.

— Você me ensinou em pouco tempo o quanto eu podia gostar de entregar meu corpo a você.

— Alessa, você me deixa ainda mais louco com sua inocência.


— Não sei se isso é bom, mas se quiser posso mudar.

Franzi meu cenho e murmurei:


— Nunca mude seu jeito por causa de ninguém. Nenhuma pessoa merece que você mude por
ela, entendeu?
Ela me encarou e abriu um sorriso sincero.

— Tudo bem!
Coloquei dois dedos dentro de sua boceta e estoquei com força,o que fez Alessa soltar um
grito alto e eu abri um sorriso. Talvez eu não soubesse fazer amor, mas eu sabia dar prazer a uma
mulher e sempre tentaria proporcionar os maiores orgasmos para a mulher que agora era minha
esposa.
Alessa aproveitou, enquanto mordia seu lábio inferior para desabotoar a camisa que eu usava
e assim que jogou o tecido para longe, começou a arranhar minhas costas com suas unhas.
Aquilo me deixaria louco em questão de segundos. Senti meu pau ficando cada vez mais duro e
eu não conseguiria me conter. Sem esperar mais tirei o meumembro para fora da calça que usava e

voltei a afastar a calcinha de Alessa, penetrando-a vagarosamente para que aquilo pudesse ser
considerado amor e não uma foda qualquer.
Comecei a me mexer devagar e aquilo era como um martírio para mim. Para não perder meu
controle, voltei a encará-la e sua expressão era completamente cheia de prazer.
— Talvez o destino tenha te jogado no meu caminho para mudar tudo que eu pensava ser o
certo — comentei, enquanto continuava meus movimentos dentro dela.
— E talvez tenha sido a melhor escolha — Alessa gemeu.
— Vou sempre tentar te fazer feliz, menina — rosnei.
— E eu te prometo o mesmo.
Naquela tarde, no meio daquela clareira que eu não visitava há anos, eu percebi que era capaz

de apreciar o corpo de uma mulher vagarosamente. Compreendi que não precisava ser o mais bruto

na cama para fazer uma mulher feliz e para me dar prazer.


Talvez eu precisasse que Alessa me mostrasse que o tal do amor existia e que eu achei ali com

ela, naquele lugar, algo que nunca pensei encontrar.


Droga!
Se eu continuasse daquele jeito, iria acabar gostando mais do que o esperado daquela menina.
E se eu já queria protegê-la sem amá-la, as coisas piorariam se eu percebesse que estava

completamente apaixonado por ela.


Afinal, estava mais do que claro para mim, que se continuássemos daquela maneira eu iria
amar Alessa.
Iria amar a filha de um traidor…
Uma menina que não tinha culpa de nada, mas que conseguiu cometer um crime… o crime de
talvez roubar o meu coração para ela. Se é que aquilo fosse possível.
O coração de um mafioso não costumava ter sentimentos… até que ele conhecesse alguém que
mostrasse que a vida era muito melhor ao seu lado.
E estava achando que aquela pessoa era Alessa.
CAPÍTULO 19

Os dias foram passando, Matteo e eu já havíamos voltado há um mês da nossa lua de mel e eu
não podia mentir que estava me sentindo mais parte da família, pois Giuliana fazia de tudo para que
eu me sentisse em casa.
Nas poucas vezes que esbarrava com Stefan, ele também me tratava com respeito, mas cheio
de piadinhas.
E até mesmo meu marido me tratava de uma forma diferente… talvez mais carinhosa. O que
me deixava ainda mais encantada com ele.

Ainda me sentia meio estranha com a quantidade de homens que faziam a segurança da mansão
onde morávamos, ou até mesmo se tivéssemos que sair de casa, com eles nos espreitando para nos
mantermos seguras.
Giuliana já havia se acostumado com aquilo, mas eu ainda achava a coisa mais bizarra que
alguém podia viver. Só que não podia reclamar, ao menos eu podia sair de casa sem me preocupar,
completamente diferente de quando vivia com meu pai.
Que me prendia em casa e fazia com que eu me sentisse a pior pessoa que existia.
Deixei de pensar naquilo no momento que o almoço foi anunciado. Naquele dia eu estava
sozinha na mansão, pois Giuliana havia ido ao encontro de uma amiga e eu não quis atrapalhar sua
privacidade, acompanhando-a em seu momento de lazer sozinha.
Desci as escadas no mesmo momento que a porta foi aberta e Carlo entrou com a expressão de

poucos amigos que ele sempre teve. Assim que percebeu que eu estava próxima a ele, me encarou
com a expressão ainda mais fechada.

Somente ele, de todos os homens que trabalhavam para Matteo, era o único que ainda não tinha
aceitado a minha inclusão no meio daquela família.
— Boa tarde! — cumprimentei, para não pensar que estava implicando com ele.
Ele não me respondeu, mas logo questionou:

— Cadê o Stefan?
Franzi meu cenho e respondi:
— Não sei. Eu não o vi nem mesmo no café da manhã.
Carlo continuou me encarando com cara de poucos amigos. No entanto, logo me direcionou um
sorriso macabro que me deixou com um pouco de medo do que ele poderia fazer comigo… ali,
sozinha, sem ninguém da família Mancini para me proteger.
— Ainda estou de olho em você e se vacilar eu terei muito prazer de meter uma bala no meio
de sua cabeça, está me ouvindo?
Engoli em seco com a sua ameaça, mas achei por bem deixar claro, antes que ele pensasse que

eu só o temia — o que era verdade, mas eu queria demonstrar para ele que era forte.
Ergui meu queixo em sua direção e disse:
— Eu sou uma Mancini e nunca trairia minha família. Diferente de você, não é mesmo, Carlo?
Que está passando por cima de uma ordem de Matteo e me ameaçando.
Ele não me direcionou a melhor expressão e voltou a dizer:
— Eu sei bem o meu lugar, garota.
Fui respondê-lo, no entanto fui surpreendida pela voz grossa que eu tinha aprendido a venerar
e respeitar… amar.— Não parece, Carlo. Já que está aqui, dentro da minha casa, ameaçando a minha
mulher.
Carlo que tinha sua pele morena, ficou quase transparente com o susto que levou ao ouvir a

voz de Matteo. Ele encarou meu marido, que entrava pela mesma porta que Carlo havia entrado há

alguns minutos.
— Posso saber o que está fazendo aqui? — Matteo quase rosnou.

— Estava procurando o Stefan. — A voz do homem estava bem menos corajosa do que
comigo.
O que me fez perceber que ele só mostrava ser valentão, quando pensava que as pessoas eram
indefesas. Com Matteo as coisas eram bem diferentes e eu fui obrigada a revirar meus olhos ao

entender que Carlo era um ridículo.


— E isso te dá a liberdade de entrar na minha casa sem ser convidado?
Matteo não estava pegando leve com ele, o que achei muito bom, já que eu não estava a fim de
ter que aturar as merdas daquele idiota sozinha.
— Tentei te ligar, mas seu telefone estava dando…
— E isso te dá o direito de vir à minha casa e ameaçar minha esposa? — Nunca tinha visto
Matteo alterar sua voz na frente dos seus homens e aquela foi a primeira vez que o vi perder o
controle.
Engoli em seco ao chegar àquela conclusão, já que não sabia o que podia acontecer em

seguida com ele daquela forma.


Desci os degraus que faltavam e caminhei até onde Matteo estava, nem me importando com o
que Carlo podia pensar.
— Querido, ele já está de saída. Não se preocupe tanto, sei me defender…
Matteo me encarou com a expressão fechada.
— Não tente pesar para o lado do bem, com esse filho da puta. Ele te ameaçou, mesmo depois
de uma ordem minha.
— Não quero você brigando com seus homens. Ele ameaçou, mas não tentou fazer nada, então
esqueça isso.
— Não preciso que a filha de um traidor me defenda.

Fechei meus olhos ao ouvir o que Carlo disse e saí da frente de Matteo, pois sabia muito bem

que não adiantava eu controlá-lo depois daquilo.


— Carlo! Com todo o respeito que tenho por você, estou tentando não meter uma bala no meio

da sua cara. Então saia da minha casa e não volte aqui enquanto eu não autorizar. Estamos
entendidos? — Matteo berrou a última parte.
Olhei para Carlo e agradeci a Deus e tudo o que fosse mais sagrado, por meu marido ter
conseguido se controlar.

Carlo olhou para mim, antes de sair porta a fora e eu fechei meus olhos, além de respirar
fundo, quando ele sumiu das minhas vistas.
— Jurei por um momento que você iria matá-lo — murmurei, sentindo até minha boca ficar
trêmula.
— Não costumo trazer as mortes para dentro da minha casa — Matteo rosnou.
Saí de onde estava e me aproximei dele, abraçando-o por trás e encostando minha cabeça em
suas costas.
— Desculpe-me por ser um problema para você.
— Acho que você ainda não entendeu, Alessa. A única pessoa aqui que é um problema, sou eu.

Eu que mato pessoas, eu que sou mafioso. Você só estava no lugar errado e na hora errada. Acabou se
tornando minha esposa, por pura obrigação e ainda sofre ameaças por ser filha daquele filho da puta
do Ferrara.
Era horrível ouvir o que Matteo dizia,já que eu não queria ouvi-lo proferindo palavras ruins
sobre si. Há algum tempo atrás, até pensava daquela forma sobre Matteo, até conhecê-lo melhor e
perceber que dentro daquela casca de homem mau, existia um homem que precisava de muito carinho
e amor.
E era exatamente aquilo que eu lhe dava, para que esquecesse por um momento a vida que
tinha fora daquela casa.
— Não diga isso, por favor — pedi.

Ele se virou para mim, com a expressão ainda fechada e indagou:

— Não dizer a verdade? É o que eu sou, Alessa. Nem você e nem ninguém poderá mudar isso.
— Mas não é assim que eu te vejo. Eu vejo um homem que precisa de carinho, de abraços

apertados no meio da noite, para que os seus pesadelos não ataquem sua realidade.
Matteo sorriu com escárnio e eu já o conhecia tão bem, que sabia que ele falaria alguma merda
que me magoaria.
— Não pense que você saiba alguma coisa sobre mim, pois não sabe. Só é minha esposa e só

tem uma obrigação, me servir como mulher.


Meu coração deu um leve aperto e eu senti meus olhos se encherem de lágrimas.
— Não precisa me tratar dessa forma, por estar chateado devido ao seu braço direito ter feito
merda. Não fiz nada para você jogar sua ira sobre mim.
Matteo pensou em falar algo, mas acabou fechando seus olhos e soltando uma respiração
profunda.
— Você está certa.
Concordou e ficou em silêncio, sem nenhum indício de que continuaria a falar algo.
Aproximei-me dele e coloquei minhas mãos sobre o seu rosto, com sua barba fazendo cócegas em

minha mão.
— Vou fingir que não fui ofendida por você, pois sei que está com a cabeça quente e não sabe
se controlar dessa maneira. Só não quero ouvir coisas desse tipo de novo.
Seus olhos azul-escuros, quase pretos, que eu nunca cansava de observar grudaram-se nos
meus e eu sorri para ele.
— Você realmente foi o ponto de paz que surgiu em minha vida.
— E você o salvador que precisou me livrar da morte e que está me dando uma vida feliz.
— Desculpe-me por ser um idiota? — Matteo pediu.
— Claro que te desculpo, só vamos esquecer isso. Tudo bem?
Matteo aproximou sua boca da minha e assim que nossos lábios se tocaram. Seu telefone

começou a vibrar e nós nos afastamos.

Às vezes aquele pequeno aparelho era um saco, ele sempre estava ali para nos atrapalhar nos
melhores momentos.

— Pode falar!
Ele estava sério e até se afastou um pouco de mim, para resolver o problema que eu não tinha
a mínima ideia do que poderia ser. Provavelmente algo que não me dizia respeito.
— Conseguiu pegá-lo? Onde ele estava?

Fiquei aguardando que ele conversasse, enquanto olhava para minhas unhas que desde que me
casei nunca deixaram de estar feitas. Matteo sempre deixou claro que eu ficava linda quando me
arrumava toda.
Por isso, toda semana eu aproveitava um dia de meninas com Giuliana e íamos a um salão de
beleza aproveitar o que Matteo nos oferecia.
— Em breve estarei aí.
Assim que percebi que ele desligou o aparelho, encarei-o com um sorriso no rosto. Que foi
morrendo pouco a pouco, assim que vi sua expressão.
Ele estava sério, com o maxilar travado e eu por um momento tive medo, como quando o

conheci. Mas eu sabia que não tinha nada a ver com aquilo, então não precisava temer nada.
— Aconteceu algo? — perguntei inocentemente.
— Eu tinha vindo te fazer companhia para o almoço, pois sabia que estava sozinha, mas terei
que sair.
Senti meu coração dar uma leve murchada, mas era normal para a vida corrida que Matteo
tinha.
— Tudo bem! Sei que você é sempre muito ocupado, só não deixe de se alimentar, para não
passar mal ou algo do tipo.
— Dessa vez é algo mais sério, Alessa.
Engoli em seco com sua fala.

— O que aconteceu?

— Acharam seu pai.


Aquela informação me pegou completamente de surpresa e eu fiquei estática por um longo

tempo.
— E você já sabe o que vai acontecer. Só quero deixar claro, para você não pensar que
invento algum tipo de mentira para você. Não sou assim!
Engoli em seco diversas vezes, pois parecia que a saliva não fazia mais parte da minha boca.

— Ele machucou alguém?


— Não! Stefan estava seguindo um rastro que era suspeita sobre ele, mas acabou de confirmar
que realmente é ele.
— Então agora ele terá o que merece.
Eu sabia que meu pai iria morrer, e mesmo querendo que aquilo acontecesse o mais rápido
possível, já que sofri demais em suas mãos, eu ainda fiquei um pouco em choque.
— Ele terá.
Matteo se aproximou de mim, beijou minha testa e começou a caminhar em direção à porta.
Não sei o que me deu, mas logo uma vontade insana tomou meu corpo e eu corri até ele.

Segurei seu braço e fiz com que voltasse seus olhos para mim.
— O que foi? — questionou sem entender.
— Deixe-me ir com você.
— O quê?
Sim, eu sabia que era loucura. No entanto, antes de meu pai ser morto, eu precisava vê-lo ao
menos uma última vez. Eu precisava mostrar para ele o que eu havia me tornado.
Eu precisava da minha vingança.
CAPÍTULO 20

Encarei Alessa como se ela estivesse completamente maluca.Como poderia querer me


acompanhar? Ela sabia muito bem o que faríamos com seu pai, não tinha como ela querer fazer parte
daquilo.
— Alessa, não posso te levar comigo.
— Por que não?
Ela parecia relutante em sua decisão, mas aquilo estava fora de cogitação. Ainda mais se
tentasse fazer o que eu estava imaginando. Ela acabaria entrando novamente na mira dos meus

associados, além do pessoal que a queria morta.


Não podia deixar que ela cometesse nenhum tipo de loucura. Não naquele momento, que havia
conseguido protegê-la.
— Alessa, não posso deixar que você me acompanhe e acabe estragando a lição que seu pai
irá receber.
Ela sorriu e revirou os olhos. Algo que eu odiava que ela fizesse, mas que não podia impedi-la
já que era o que queria fazer.
— Em qual momento eu disse que iria te atrapalhar a matar o meu pai? — Ela foi bastante
direta.
— Não precisa nem dizer para que eu saiba que você está tentando me impedir.

— Pelo jeito esse mês que passamos juntos já fez com que você esquecesse de tudo o que meu

pai fez comigo. Eu não me importo se ele vai morrer, mas eu preciso vê-lo antes de isso acontecer.
Alessa estava decidida a ir comigo, mas eu sabia que não podia permitir que fizesse aquilo.

— Não vou deixar que me acompanhe.


Nunca a tinha visto mal-humorada, mas como diziam: para tudo tinha uma primeira vez. E era
exatamente aquilo que eu estava presenciando. Minha esposa estava revoltada por eu não permitir
que me acompanhasse.

— Isso é injusto. Ainda mais quando você mesmo tinha dito que eu poderia vê-lo, quando
você o achasse.
Lembrei-me da conversa que tivemos semanas atrás e sim, eu havia permitido aquilo, no
entanto, naquele momento já não achava que fosse uma ideia sábia.
— Entenda que estou tentando te proteger. — Tentei dizer, mas ela acabou me cortando:
— Nesse momento eu não quero sua proteção. Quero ver o meu pai, para poder encará-lo de
frente depois de tudo que me fez. Então, por favor, permita que eu faça isso, senão eu ficarei
extremamente chateada com você.
— E você pensa que me importo?

Tentei ser grosso, pois só daquela maneira que eu imaginava que talvez pudesse controlar
Alessa e a sua vontade de tentar me convencer a levá-la de encontro ao seu pai.
— Eu sei que se importa, Matteo. Sou sua esposa e talvez possa não ser a esposa perfeita, que
você queria. Nem sei se você algum dia teve algum tipo de preferência, mas eu sei muito bem que
você se importa comigo. Pois se não se importasse não teria feito aquela pequena cena agora a pouco
com Carlo.
Droga! Ela já estava sabendo me ler tão bem, que seria até impossível ir contra aquela
menina.
— Você não entende que será ruim para você se for comigo?
— E você não entende que eu preciso fechar esse ciclo, senão nunca viverei em paz comigo

mesma?

Alessa não desviou seus olhos dos meus, enquanto esperava que eu dissesse mais alguma
coisa. E eu acabei entendendo seu ponto de vista e foi impossível não concordar com o que ela

dizia.
Levantei minhas mãos, em forma de rendição e acabei dizendo-lhe. — Você me convenceu
com seu ponto de vista, mas quero deixar claro que não irei te acalentar quando você vir seu pai
sendo morto. Estamos entendidos?

— Estamos!
Olhei para a roupa que vestia e achei por bem pedir para que a trocasse, não que eu fosse
algum abusivo nem nada, mas era porque eu saberia como meus homens agiriam se a vissem vestida
daquela forma.
E para evitar mais de uma morte naquele dia, eu teria que pedir para ela se trocar.
— Antes, só se troque e coloque uma calça ou algo mais tampado para irmos.
Alessa olhou para seu corpo e sem questionar assentiu. Subiu as escadas e em menos de cinco
minutos já estava de volta. Daquela vez vestia um jeans escuro, uma blusa branca de gola alta, já que
o clima estava extremamente frio do lado de fora e uma bota finalizava seu look.

— Está pronta? — questionei.


— Sim!
Estendi minha mão para ela, que aceitou rapidamente e saímos da mansão. Eu tentei evitar que
Alessa visse o mundo sujo que eu vivia, mas ela quis ir até o fundo da minha escuridão.
Não poderia fazer nada se ficasse traumatizada.
Não teria como salvá-la depois do que veria.
E talvez eu perdesse a mulher que rapidamente me deixou louco por ela... completamente
viciado.
E talvez apaixonado.
***

Alessa

O caminho foi completamente em silêncio. Matteo segurava minha mão, mas não dizia nada.
Eu só sabia dizer que estávamos nos dirigindo para um lugar que fazia com que todo o meu corpo se
arrepiasse de medo.

As ruas que passamos eram assustadoras e quanto mais nos afastávamos da civilização, mais
amedrontada eu ficava.
Assim que o carro estacionou na frente de um galpão, meu coração que já vinha
descompassado desde o momento que eu soube que acharam meu pai, aumentou ainda mais a
velocidade e eu fiquei um pouco em choque com o que via.
Pareciam realmente aqueles lugares assombrados de filme de terror. Então era ali que Matteo
ceifava as vidas das pessoas que não mereciam estar vivas?
Se fosse, o lugar era bem típico daquele tipo de atrocidade. Deixei para pensar nos terrores
que iria ver naquele lugar depois, pois naquele momento ele estava com a mão estendida para mim,

para me ajudar a sair do carro.


Quando desci, senti novamente o vento frio bater em meus braços e sem soltar a mão de
Matteo, nós caminhamos para dentro do galpão.
Alguns dos soldados de Matteo ficaram me encarando assim que entrei no lugar, que pelo visto
era proibido para qualquer intruso e eu... bem, naquele momento, mesmo sendo a esposa do chefe
ainda era uma intrusa por estar naquele lugar.
Quando avançamos para dentro do local, outros homens foram me encarando sem entender
nada. No entanto, eles ao menos não me desrespeitavam, como Carlo havia feito mais cedo.
O lugar era escuro e não possuía um toque de felicidade, sem contar o fedor de mofo, que faria
mal à saúde de qualquer pessoa que passasse mais de uma hora ali.

No momento que chegamos em frente a uma porta que estava protegida por dois homens que

seguravam armas enormes — que eu não saberia denominá-las —, eu sabia que tínhamos chegado no
lugar onde meu pai estava.

Engoli em seco, mas não demonstrei a ninguém que estava com um pouco de medo de estar
ali.
— Senhor! — Um dos homens que estava na porta cumprimentou Matteo.
— Stefan está aí? — Matteo não retribuiu o cumprimento, para variar, ele queria mostrar que

era um homem de poucas palavras.


— Sim, senhor!
Meu marido fez um gesto que mostrou ao homem que ele queria entrar e assim que a porta foi
aberta eu dei um passo adiante. E logo estava em uma sala que parecia ter passado por várias
guerras, devido a quantidade de sangue que manchava as paredes.
Para onde olhávamos tinha algo de tortura e eu só pude ficar em choque com o que via. E a voz
de Matteo foi a única que conseguiu me tirar do transe em que eu me encontrava.
— Não fique assim, pois você fez de tudo para vir, agora não venha ficar traumatizada.
Ele estava certo, não era o momento de parecer uma idiota indefesa. Estava na hora de encarar

meu pior pesadelo de frente e era aquilo que iria fazer.


Voltei meus olhos para Matteo e assenti em seguida, assim que percebi que ele me encarava e
logo deixei de prestar atenção em meu esposo e até mesmo nas paredes que continham marcas
passadas e encarei as duas figuras que estavam à minha frente.
Uma delas era Stefan, que estava com um soco inglês em sua mão e naquele objeto, assim
comonos dedos do meu cunhado havia sangue.
Logo meus olhos saíram de Stefan e pararam no homem amarrado a uma cadeira de metal, com
a cabeça baixa, que não precisava ter uma visão de raio-x para saber que estava com a face
completamente machucada.
E para eu que vivi uma vida inteira ao seu lado, era muito fácil de perceber quem era o homem

ali naquela cadeira. Um homem com uma barriga saliente, cabelos grisalhos e que sempre soube me

humilhar.
Um homem que em todos os momentos que me dirigiu a palavra, após a minha mãe morrer, foi

algo como ofensa e ordens que me despertavam medo e ódio, por estar sendo tratada como a pior das
espécies.
— Como vai, pai? — Tomei coragem para deixar minha voz sair.
Assim que ele levantou seus olhos eu pude ver que não esperava me encontrar ali, ainda mais

com a mão colada na do chefe da máfia.


Ele sabia que estava ferrado e que nada o salvaria.
— Chegou a hora de pagar os seus pecados, Francesco Ferrara — murmurei, sentindo todo o
veneno invisível que eu tinha contra aquele homem, escorrer por minha boca.
Naquele momento eu seria o seu pior pesadelo.
CAPÍTULO 21

Naquele momento eu entendi todos os motivos por Alessa querer estar presente na frente do
seu pai, antes de ele encontrar o caminho para o inferno. Ela queria se vingar do filho da puta que a
fez sofrer por tantos anos.
O homem estava um pouco chocado com o que presenciou. Pelo visto ele não era tão esperto,
pois nem descobriu que eu e sua filha estávamos juntos há mais de um mês.

Quando pensei em dizer algo, a porta foi aberta e eu olhei por cima do meu ombro para saber
o que estava interferindo.. E era Carlo que estava nos atrapalhando, mas eu não podia impedi-lo de
estar ali, sendo que era o seu lugar e até Alessa que não era para estar presente, já estava ali.
Naquele momento eu não tinha muita autoridade sobre ninguém, porém não deixaria que alguém
percebesse.
— O que está fazendo aqui, Alessa? — Francesco perguntou com a voz um pouco rouca e de
sua boca saíam alguns resquícios de sangue.
— Ah, papai! Você me entregou de bandeja para a máfia e quer mesmo saber o que estou
fazendo aqui?
Sua voz estava dura, totalmente diferente do que já havia escutado no tempo que estávamos

juntos.

— Sua vagabunda, você se vendeu para a Máfia Siciliana — Francesco afirmou, sem nenhuma
dúvida.

Nem a entrada de Carlo — que era uma pessoa que Alessa desprezava tirou a sua altivez
naquele momento. Ela até soltou uma gargalhada, antes de dizer:
— Não, papai. Quem me vendeu para a máfia foi você e mesmo que em um primeiro momento
eu tenha odiado essa ideia, hoje posso dizer que você fez uma merda tão grande, mas que foi a minha

salvação para a vida. Eles iriam me colocar em um prostíbulo por sua culpa, por você ser um
mentiroso e tê-los enganado. E eu, que não tinha nada a ver com as suas merdas, tive que pagar os
seus pecados, mas por sorte conheci meu salvador.
— E o que veio fazer aqui? Me ver ser torturado?
— Isso é o de menos para mim, Francesco — Alessa pausou por um momento, olhou para os
lados e logo continuou: — Queria mesmo ver sua ruína e só dizer que agora será o seu fim e eu
continuarei aqui… viva e feliz com o meu marido. O homem que o senhor tentou enganar. O dono de
tudo e que vai acabar com você.
Alessa sorriu de lado e eu tive um pouco de orgulho daquela mulher malvada que ela estava

demonstrando ser. Não que eu quisesse que ela fizesse algo do tipo, fosse uma assassina e nem nada
parecido,mas eu me senti um pouco normal ao lado daquela pequena mulher raivosa que estava ao
meu lado.
— Vagabunda!
Naquele instante, cansei de ficar estagnado no mesmo lugar e tomei uma atitude.
— Sua morte será ainda mais dolorosa, se continuar chamando a minha mulher de vagabunda.
— Resolvi dar ênfase no pronome possessivo, pois eu não estava suportando aquele homem.
— Aproveita e conta para eles, papai que eu não tinha nada a ver com as suas merdas e que
nem sabia do seu desaparecimento. Porque aquele idiota ali — Alessa apontou para Carlo e eu tive
que segurar uma risada, ao contrário de Stefan que não se conteve e soltou a gargalhada. — Ainda

pensa que eu estava infiltrada na máfia.

Francesco não respondeu nada e eu tive que passar meus olhos por Carlo para ver sua reação
e ele estava como sempre: expressão fechada, mas não disse nada. Afinal, ele sabia que Alessa

estava certa.
Minha esposa se aproximou do pai e eu dei um passo à frente, não por medo de ela fazer algo
e sim daquele imbecil se soltar e fazer=lhe algum mal. .
Ela levantou o rosto do pai com uma das mãos, sujando a sua pele macia com sangue e o fez

encarar seus olhos.


— Era para você ser meu super herói quando a mamãe nos deixou, mas diferente disso, você
preferiu ser a pior pessoa do mundo na minha vida. Meu pior pesadelo, o bicho papão que ficava
escondido dentro do armário. Mas por sorte, foi na máfia que encontrei a minha paz. Eu espero do
fundo do meu coração que os rapazes te deem uma morte dolorosa, lenta e que você implore para
morrer.
Antes que Alessa pudesse se afastar, ela pegou uma faca que estava em cima da bandeja de
ferramentas que Stefan usava às vezes para torturar nossos prisioneiros e atingiu com força a perna
do seu pai, perfurando a sua carne e fazendo com que sangue jorrasse em sua blusa branca.

Ela continuou cravando a faca com força, enquanto via o homem berrar de dor e mesmo que eu
não estivesse olhando em seus olhos, eu sabia que eles brilhavam por sua vingança estar concluída.
No entanto, eu tinha que agir, pois uma menina inocente nunca levaria aquelas consequências
numa boa, como Alessa estava pensando.
Segurei seus braços e preferi tirar minha mulher dali, pois sabia que depois que passasse
aquilo, ela se sentiria mal por tudo que fez.
— Vocês tomem a frente dessa situação. Tire qualquer informação desse filho da puta e depois
façam o que bem entenderem.
— Pode deixar — Carlo respondeu e eu voltei a encará-lo. E antes que eu pudesse dizer algo,
ele comentou: — Espero poder voltar a ser da sua confiança.

Não respondi nada, pois não queria falar aquilo na frente de outras pessoas, por isso, preferi

só assentir e tirei Alessa dali.


— Vamos sair daqui, meu amor!

Peguei seus braços e a conduzi para fora da sala. Assim que saímos, ela desabou e deixou que
lágrimas escorressem por seu rosto. Sem me conter e querendo tirá-la o mais rápido possível dali,
peguei-a em meus braços e fiz com que apoiasse sua cabeça em meu ombro.
Meus homens saíram da minha frente e abriram caminho para que eu chegasse ao meu carro o

mais rápido que eu podia. Assim que meu motorista abriu a porta, entrei no automóvel e sentei-me no
banco traseiro com Alessa em meu colo.
— Fique calma. — Foi a primeira coisa que eu disse, assim que me sentei.
— Desculpe-me por ter perdido o controle, é que eu não sabia o que fazer. Eu queria que ele
percebesse que eu não sou mais aquela idiota que ele…
Alessa não conseguiu terminar e começou uma nova onda de choro. E eu só pensava em
acalentá-la e fazer com que se sentisse melhor.
— Não precisa pedir desculpas, meu amor. Eu te entendo, no seu lugar agiria da mesma
forma.

— Eu sou o seu amor? — No meio de uma crise de ansiedade, ela conseguiu prestar atenção
no menos importante.
Ou talvez fosse o mais importante, já que ela conseguiu deixar aquela palavra em evidência na
sua mente, mesmo no meio do caos pelo qual estava passando.
Alessa levantou sua cabeça do meu ombro e encarou meus olhos, com os seus marejados, o
rosto com algumas marcas da leve maquiagem que ela havia passado e eu levei meus dedos para
limpá-las e deixar sua pele impecável sem nenhuma mancha.
— Sim, você é meu amor — respondi, deixando as barreiras que me mantinham intacto serem
quebradas.
Ela abriu um leve sorriso, mesmo ainda deixando que algumas lágrimas escorressem por seu

rosto e comentou:

— Vou querer ouvir mais dessa palavra, mas no momento só quero ficar em seus braços e
esquecer o que acabei fazendo.

Ela olhou para sua mão suja de sangue e eu tirei o lenço do meu bolso para tentar tirar ao
menos o excesso do líquido vermelho da sua pele.
— Eu falarei mais vezes até que você acredite.
Brinquei e tentei tirar um pouco daquele momento meio mortífero que ela estava sentindo.

— Isso vai ser bom.


Fomos o resto do trajeto em silêncio, até que percebi que Alessa caiu no sono, por eu estar
afagando seu cabelo e eu naquele momento, ao vê-la dormindo tão inocentemente, fiquei preocupado
que aquilo que ela tinha feito hoje pudesse afetar todo o seu futuro.
Eu não queria que aquela menina perdesse a sua inocência.
Não queria que ela se transformasse em uma outra pessoa, por ter entrado em meu mundo.
Queria manter a sua paz de espírito, queria salvá-la das maldades do mundo e trazer ao menos
um pouco de bondade para ela.
Um pouco de tudo que era bom, como Alessa havia feito comigo. Só não sabia como fazer

aquilo, não sabia como ser a porra de um príncipe encantado.


Eu estava mais para um vilão de conto de fadas.
Mas a porra de um vilão que estava se apaixonando pela mocinha mais encantadora que
alguém podia conhecer.
CAPÍTULO 22

Talvez eu tivesse feito besteira nos últimos tempos, mas eu não me arrependia de nenhuma,
principalmente de ter enfrentado meu pai de frente antes da sua morte.
Já haviam se passado mais de quatro meses que aquele fato tinha acontecido e mesmo assim eu
não me sentia culpada por meu pai ter sido morto pela máfia da qual meu marido era o chefe.
Eu tinha sofrido muito durante toda a minha adolescência e até o início da minha fase adulta.
Saber que Francesco Ferrara havia sido morto, parecia me trazer paz e até acalentava meu coração.
Senti braços fortes me abraçando e logo a barba cerrada de Matteo fez cócegas em minha pele

ao encostar no meu pescoço.


— Acordou cedo — comentou, enquanto beijava meu pescoço.
— Perdi o sono e achei por bem vir para a varanda assistir ao nascer do sol.
— Por que não me chamou para ficar com você?
Voltei-me em sua direção e abracei o pescoço de Matteo, em seguida encarei seus olhos e
sorri para ele. Meu coração começou a palpitar ainda mais rápido por ele nos últimos tempos.
Além disso ele me tratava mais carinhosamente a cada dia e aquilo fazia com que eu me
derretesse por ele mais que o normal.
— Não queria te acordar, você parecia estar dormindo profundamente e eu prefiro que você
descanse assim, do que fique acordando cedo demais no final de semana.
— Eu tenho que fazer companhia para o meu amor.

Quando eu ouvia aquilo quase me derretia em seus braços. E naquele dia, que eu estava com
mais coragem do que o normal, achei por bem perguntar:

— Você sempre me chama assim, mas realmente me considera o seu amor?


Matteo sorriu, beijou minha testa e assim que se afastou, ficou em um silêncio profundo que
quase fez com que eu tivesse uma crise de ansiedade, enquanto esperava sua resposta.
— Matteo? — Tentei fazer com que ele falasse.

Só que para me contrariar ele ficou calado e eu não quis insistir. Eu só o chamaria por algo
mais carinhoso, quando ele dissesse que realmente me amava.
Não queria ser a primeira pessoa a dar aquele passo que parecia importante demais para nós
dois. Eu o aguardaria o tempo que fosse e só depois diria aquelas palavras que mudariam o nosso
relacionamento de casados, mas que disfarçavam o amor que sentíamos um pelo outro.
Sim! Eu tinha certeza de que Matteo estava apaixonado por mim, mas ele era muito fechado
para assumir tão rapidamente aquele fato para mim e até para si mesmo.
— Bom, vamos tomar café da manhã. Hoje quero sair com você, o que acha?
Aquilo me interessou, já que nunca saímos da mansão juntos. Na maioria das vezes quando eu

saía era com dona Giuliana.


— E para onde vamos?
— Hoje teremos um almoço entre associados e a máfia, então quero minha mulher presente
para todos verem o quanto ela é perfeita para mim.
— Como você quiser, marido.
Matteo beijou meus lábios lentamente e eu tive a certeza de que queria continuar com aquele
homem pelo resto da minha vida. Afinal, se tinha uma coisa que eu me lembrava da minha mãe, era
de uma frase que ela sempre me disse…
Até mesmo um dia antes de morrer ela me lembrou daquela frase que eu podia deixar
esquecida por um tempo na minha mente, mas ela sempre aparecia para me recordar.

“Quando você sentisse borboletas em seu estômago, era porque aquela era a pessoa certa”.

No caso a minha mãe deve ter sentido em algum momento as borboletas por meu pai, mas ela
se perdeu pelo caminho, o que era algo que eu não faria. Ao menos eu tentaria ao máximo lutar pelo

meu relacionamento com Matteo e só desistiria se eu visse que nada teria mais solução em minha
vida.
Matteo me puxou para o banho junto com ele e ali nos amamos como dois desesperados um
pelo outro.

Quando saímos do banho, eu me arrumei apressadamente, pois Matteo já estava atrasado para
sua reunião. Assim que finalizei meu look, tive a certeza que eu era a esposa do dono de tudo. Do
homem que mandava em tudo e em todos, do homem que por onde passava as pessoas olhavam com
respeito e até mesmo abaixavam as cabeças e quase pediam sua permissão para respirarem.
— Desse jeito eu terei que arrancar algumas cabeças em nosso almoço.
Olhei por cima do ombro e perguntei inocentemente, sendo que eu sabia muito bem o motivo
de ele me dizer aquilo.
— Por quê?
— Você está deliciosamente tentadora, Alessa.

— E eu posso dizer o mesmo de você, Matteo.


Ele se aproximou de mim, pegou o colar de esmeraldas que estava depositado na penteadeira e
colocou em meu pescoço.
O meu vestido preto, com uma abertura em minha perna, reluziu ainda mais com aquela joia
depositada ali. Contrastando com a cor da minha pele e me deixando ainda mais bonita.
Matteo segurou minha cintura e comentou:
— Você causará inveja em qualquer mulher que estiver presente, Alessa.
— E talvez eu tenha que perfurar os olhos delas, para que não olhem para o meu homem.
Fiz uma expressão de malvada e Matteo acabou gargalhando. .
— Até eu fiquei com medo de você — brincou.

— Espero que tenha ficado mesmo, pois estou de olho em você.

— Tudo bem! Dona mafiosa.


Matteo elevou suas mãos como se estivesse rendido para mim e eu o fuzilei, o que fez com que

ele soltasse mais uma gargalhada e eu fiquei um pouco furiosa.


Voltei-me em sua direção e comentei:
— Espero que essa gargalhada seja só de brincadeira, pois eu não gosto dessa sua risadinha,
como se eu estivesse enganada. Eu não aceito você com outra.

Matteo que já caminhava para a porta do quarto, voltou-se para minha direção, com o cenho
franzido.
— O que aconteceu? — questionou, como se realmente estivesse curioso.
— Não sei, mas de uma coisa eu tenho completa convicção, não gosto que você ache que sou
idiota.
— Amor, de uma coisa você pode ter certeza, eu tenho a mulher que quero na palma da minha
mão. Só que eu não sei o que aconteceu comigo, pois desde que me casei com você eu não sinto mais
interesse em outra mulher e só quero dividir minha vida sexual com você. Eu sou preso à lealdade,
então se não leal à minha esposa, seria um homem em quem não se poderia confiar, você não acha?

Senti meu coração disparar seus batimentos e até algumas lágrimas quiseram descer por meu
rosto, mas me controlei, pois não queria estragar a maquiagem leve que havia feito.
— Acho!
Matteo caminhou até mim, parou à minha frente e segurou meu rosto com suas mãos grossas.
— Se você quer tanto saber, Alessa,quero deixar claro, para que nunca duvide da minha
lealdade a você.
— Não entendi!
E realmente não estava entendendo nada.
— Quero deixar claro algo para você, para que não tenha essas crises desesperadas do nada.
Estávamos muito bem, até você começar a sentir um ciúme absurdo. Algo que nunca te dei motivos.

Eu sabia que ele estava certo, mas não sabia o motivo de ter ficado daquela maneira tão

abruptamente.
— Desculpe…

Matteo tirou uma de suas mãos do meu rosto e levou seus dedos aos meus lábios para me
calar.
— Não quero pedido de desculpas, pois provavelmente eu posso ter feito você se sentir menos
confiante como minha mulher. Então, Alessa… quero que saiba que eu me encantei com você a

primeira vez que bati o olho em você naquele bordel. Não sei quando me apaixonei, mas sei que o
que sinto por você é amor. Alessa Ferrara Mancini, eu te amo, tanto que nem sei colocar em
palavras, porque isso é muito novo para mim. Está entendendo?
Daquela vez, não consegui controlar minhas lágrimas. E elas escorreram pelo meu rosto.
— Você está falando sério?
— Sim, eu aprendi a te amar, Alessa e só tenho a agradecer por isso, porque você se tornou
única para mim.
Senti como se o meu mundo que já era colorido, tivesse ganhando mais um tom de cor, que era
quase uma aquarela e eu que pensei que era impossível sentir ainda mais borboletas em meu

estômago, percebi que quando nossa emoção atingia outro nível as coisas tendiam a aumentar ainda
mais, principalmente as borboletas sobrevoando por todo o meu corpo.
— Matteo Mancini, eu aprendi a te amar e eu nunca pensei que poderia me apaixonar tão
perdidamente por alguém. Obrigada por me mostrar algumas maravilhas do mundo.
— Pretendo te mostrar ainda mais, meu amor.
Assim que nossos lábios se grudaram eu soube definitivamente que Matteo havia se tornado
meu porto seguro.
Mesmo depois de todo pesadelo que vivi… ele me salvou, me fez sua esposa e me mostrou
como era amar alguém.
E eu estava feliz… muito feliz.
CAPÍTULO 23

Talvez eu tivesse demorado o bastante para perceber que amava Alessa, mas no momento que
deixei aquelas palavras escaparem eu percebi que realmente era aquele sentimento que eu sentia por
ela.
Eu amava mais que tudo aquela mulher e talvez o sentimento possa ter surgido rápido, mas foi
o suficiente para eu perceber o quanto estava apaixonado por ela.
O quanto eu a queria…
O quanto eu sentia sua falta, quando estava distante dela.

Se aquilo não fosse amor, eu não sabia o que podia ser, já que eu nunca amei nenhuma mulher
e Alessa seria a minha primeira e única experiência naquele sentido.
Queria que ela se sentisse bem, queria que ela ficasse feliz ao meu lado e pelo seu sorriso
assim que me afastei dos seus lábios, eu soube que eu estava realizando isso para Alessa.
— Não sou o melhor homem do mundo, mas tentarei sempre o máximo realizar todos os seus
sonhos e desejos.
— Você até pode não ser o melhor homem do mundo, mas para mim, desde o primeiro dia
você está sendo. Está sendo o meu maior salvador, o super-herói que nunca tive, o homem que me fez
mulher e que trouxe o amor à minha vida. Só tenho a te agradecer, Matteo.
As palavras daquela mulher mexiam de forma extrema comigo e aquilo era mais uma prova do

quanto eu podia me sentir cada vez mais realizado ao seu lado.

— Então, mulher da minha vida — estendi minha mão para Alessa, que a segurou rapidamente,
e logo eu continuei: — Vamos para a minha reunião e o almoço da máfia?

— Eu te sigo para onde você for.


A sua resposta só me deu mais certeza de que eu havia escolhido a mulher certa para ser a
minha parceira para a vida.
Saímos do quarto e caminhamos para a escada, descemos vagarosamente os degraus e assim

que chegamos à sala, minha mãe e Stefan estavam nos esperando.


— Pensei que os pombinhos não sairiam mais do quarto.
Meu irmão como sempre se metia onde não era chamado.
— Saímos no momento certo — respondi, tentando demonstrar que estava com um humor
péssimo.
Só que no fundo eu sabia que estava falhando miseravelmente, já que ao ouvir dizer que
Alessa também me amava, fez com que uma alegria repentina tomasse todo o meu corpo.
— Bom dia, querida!
Minha mãe se aproximou de Alessa e a abraçou, ignorando minha presença por um longo

tempo, como se eu não importasse mais e somente aquela menina que estava ali ao meu lado.
As duas sorriram uma para a outra como se guardassem um segredo e eu fiquei um pouco
intrigado com o que via. No entanto, decidi que naquele momento era melhor me manter em silêncio,
afinal precisávamos ir para nossa reunião.
— Bom dia!
Alessa beijou o rosto da minha mãe e em seguida sorriu para Stefan como uma forma de
cumprimento. Eu por outro lado, só conseguia perceber o quanto aquela menina havia conquistado a
minha família rapidamente… incluindo o meu coração.
— Bom, vamos? — Saí dos meus devaneios para indagar, já que não podia ficar admirando
Alessa, por mais alguns minutos, se não esqueceria de todos os meus compromissos e a levaria

novamente para o quarto.

E ali eu a amaria mais uma vez, como fazia sempre. Só para tentar deixar claro o quanto meu
amor podia ser carnal também, além de emocional.

— Vamos! — Todos responderam no mesmo momento.


E assim saímos da mansão e partimos para o evento que iria acontecer. Aqueles eventos
erambom, para deixar claro que estávamos de olho em todos e também para festejarmos as metas
batidas.

Na maioria das vezes ali ficavam as mulheres que querendo ou não, seus pais exibiam para
algum membro da máfia, para que eles se interessassem e casassem com elas. Assim formando um
vínculo com a família e podendo proteger aquelas pessoas que só ficavam interessadas em coisas
supérfluas.
Quando chegamos, Stefan saiu, ajudando minha mãe a descer em seguida e eu fiz o mesmo, no
entanto ajudei minha Alessa a descer. Assim que as pessoas nos avistaram, começaram a nos
cumprimentar e eu retribuí da forma que pude.
Muitas pessoas encaravam Alessa, algumas com inveja por ela estar ao meu lado e outras só
por curiosidade mesmo. Pois desde que nos casamos, ela ainda não havia aparecido em um evento

como aquele, então era bom para as pessoas verem que estávamos muito bem.
Quando chegamos à mesa reservada para nós, afastei a cadeira para minha mulher se sentar e
logo estava ao seu lado.
— Sinto como se estivesse em um observatório, onde as pessoas estão me analisando para
pegarem meus acertos e meus erros — Alessa comentou.
— Cunhadinha, se acostume, pois elas são esses abutres curiosos mesmo.
— Lembro-me como se fosse hoje da minha primeira aparição, as pessoas ficaram tão
curiosas que até derrubaram um garçom, pois não perceberam que o coitado estava passando.
Alessa soltou uma gargalhada que morreu no mesmo momento que Carlo se aproximou da
minha mesa. Meu convívio com o meu braço direito, estava um pouco abalado desde que ele

ameaçou a minha esposa.

Eu conversava o básico com ele, mas ainda não tinha conseguido perdoá-lo, pois ele nem teve
a coragem de se desculpar com Alessa.

Alessa me encarou de soslaio, mas logo voltou seu olhar para a figura que parou ao lado de
nossa mesa.
— Senhora Mancini, como vai? — Carlo cumprimentou minha mãe e ela sorridente voltou-se
para ele dizendo:

— Muito bem, menino, e você?


— Estou bem também.
Carlo levantou o copo de sua bebida para Stefan como uma forma de cumprimento e meu
irmão respondeu com um gesto de cabeça. Logo meu amigo e quase irmão se voltou para Alessa e eu
e começou a dizer algo que não esperava ouvir tão cedo de sua boca.
— Primeiramente quero cumprimentá-los e dizer que talvez vocês sejam o casal mais bonito
desse lugar.
— Isso ficou meio estranho — Stefan brincou e Carlo aproveitou para revirar os olhos para
ele.

Assim que se voltou novamente para nós, ele limpou sua garganta e voltou a dizer:
— Eu meio que errei em muitas coisas, principalmente em não saber respeitar a Alessa da
forma como ela merecia. Por isso, na frente de todos os Mancini, quero pedir desculpas para você,
chefe e para sua esposa. Espero que me perdoem, pois vocês são a minha famiglia e eu não suporto
ficar da forma que estamos.
Alessa me encarou por um momento e em seus olhos eu pude ver que havia um questionamento
quase invisível, que só eu, que comecei a conhecer aquela garota mais do que o normal nos últimos
tempos, conseguiria ver o que estava acontecendo.
— A decisão é sua, meu amor. Não te obrigarei a perdoá-lo.
Alessa abriu um sorriso e levantou-se da cadeira, estendeu sua mão para Carlo e começou a

dizer:

— Prazer, sou Alessa Mancini, a esposa de Matteo e nós não tivemos uma boa primeira
impressão, mas eu tenho certeza de que você é uma pessoa legal. E também estava só fazendo o que

você achava ser o certo. No entanto, vamos deixar nossas mágoas e desconfianças de lado e nos
tornarmos pessoas normais?
Carlo sorriu para minha esposa e segurando sua mão, ele respondeu:
— Só de receber o seu perdão já estou grato, Alessa. Vamos nos tornar pessoas normais, sim.

Assim que minha mulher voltou a se sentar ao meu lado, Carlo me encarou e eu só murmurei:
— Você está perdoado.
Carlo assentiu e se afastou e dali em diante, as desavenças que estavam acontecendo entre nós
estavam quitadas e eu não precisaria enfiar uma bala no meio de sua cabeça, para que ele parasse de
importunar minha esposa.
Logo tive que ir para minha reunião e o dia passou como todo outro, normal. Almoçamos,
tivemos algumas conversas calorosas e o dia tinha terminado e nós estávamos voltando para casa.
Desci do carro e novamente ajudei Alessa a descer. Ela encarou minha mãe por cima do
automóvel e Giuliana logo disse:

— Preciso levar o Stefan no pomar para ver algumas frutas, mas logo estamos de volta.
Achei estranho e logo questionei:
— E desde quando o Stefan se interessa por frutas?
— Matteo, eu não te chamei na conversa. — Foi a única coisa que minha mãe me respondeu
antes de sumir pelo jardim da mansão.
Encarei Alessa e ela me estendeu sua mão.
— Quer uma surpresa?
— Confesso que nunca tive medo na minha vida, mas nesse momento eu fiquei um pouco
apreensivo.
— Eu vou te levar para um lugar bom, eu juro.

Segurei sua mão e ela começou a me guiar para dentro da mansão. Pensei que poderíamos ir

para o nosso quarto, mas diferente do que imaginei, fomos parar na sala de cinema que era bem
pouco frequentada.

Assim que chegamos, Alessa me fez sentar em uma das poltronas e pegou o controle que fazia
com que a tela ligasse.
— Eu quis lhe fazer essa surpresa e espero que goste.
— Tenho certeza de que vou gostar — respondi com convicção.

No controle ela desligou as luzes da sala e fez com que a tela começasse a passar o filme que
eu ainda não sabia do que se tratava.
Logo uma música lenta começou e uma imagem de um sol radiante apareceu… uma narração
com a voz de Alessa tomou a tela e eu senti meu coração acelerar.

Eu fui uma pessoa que perdeu as esperanças na vida. Que sofreu a rejeição de um pai e que
esse mesmo pai me vendeu para você. Não que fosse algo bom que ele tivesse feito, já que se você
não tivesse surgido em meu caminho, hoje eu estaria me prostituindo, ou até mesmo morta.
Você foi minha salvação e me deu motivos suficientes para sorrir. Obrigada por ter me

salvado! Obrigada por ter sido uma pessoa carinhosa comigo, mesmo quando não precisava,
mesmo eu sendo uma completa desconhecida.
Até hoje você nunca disse que me amava, mas eu digo que te amo e a prova maior desse
amor está por vir.

Naquele momento, uma imagem de ultrassom tomou a tela e o som de um coração começou a
sair pelas caixas de alto-falante.

Você será papai, Matteo!


Eu nunca chorei em minha vida. Meu pai me ensinou a ser forte e a não derramar uma lágrima

por ninguém, mas naquele momento eu não consegui me controlar.


Levantei-me da minha cadeira e fui até Alessa.

— Isso é verdade? — perguntei, enquanto a voz ficava cada vez mais embargada.
— Por que está chorando? — Ela também deixava algumas lágrimas escorrerem por seu
rosto.
— Só me responde.

— Sim, eu estou esperando um bebê, meu amor.


— Caralho! Eu te amo, Alessa.
Peguei-a em meus braços e a girei no ar, enquanto ela soltava uma gargalhada.
— Você me fez o homem mais feliz desse mundo, Alessa.
— Eu digo o mesmo, meu amor. Se eu sou feliz é por estar ao seu lado.
Assim que a desci, segurei em seu rosto e beijei seus lábios doces, macios, perfeitos para
mim.
— Eu disse que te amo — comentei, a fala do vídeo.
— Mas até o momento que eu havia gravado o vídeo você ainda não tinha dito nada.

— Você está certa.


Voltei a beijar seus lábios de forma mais calma, lenta, saboreando o sabor do seu beijo
perfeito.
— Eu te amo, garota — sussurrei, apoiando minha testa na sua.
— Eu te amo, meu salvador.
Levei minha mão à sua barriga e encarando os olhos de Alessa eu murmurei:
— Seremos uma família completa.
— Seremos sim.
Nunca imaginei que me tornaria pai daquela maneira, mas não podia negar que havia amado a
notícia.

Desde que Alessa entrou em minha vida, tudo saiu dos eixos, mas naquele momento eu

percebia que era o destino brincando com nossos caminhos e não podia negar que havia sido o
melhor que podia ter acontecido para nós dois.

A filha de um traidor, foi a minha salvação, para descobrir o real sentido do amor.
E agora eu sabia que às vezes quebrar as regras era a melhor opção. Foi quebrando as da
máfia que encontrei o meu bem mais precioso… o meu amor.
EPÍLOGO

3 anos depois

Eu sabia muito bem o sinônimo de felicidade, ele era conhecido como Matteo Mancini, ao
menos, foi daquela forma que as realizações chegaram em minha vida.
A felicidade, a liberdade e tudo o que de melhor eu poderia receber.
Observando o meu marido e o nosso menino brincando no jardim da nossa casa, fazia com que
o sentimento de dever cumprido tomasse conta do meu corpo.

Meus meninos eram meu porto seguro, os meus amuletos da sorte, o meu mundo.
Quando Romeo veio correndo em minha direção, aproveitei para estender meus braços e fazer
com que ele parasse no centro deles e logo eu lhe dei um abraço.
— Cuidado para não cair, meu amor.
— Mamá o papáqué me pegá — sua fala completamente errada saiu em desespero, pois
Matteo corria em nossa direção.
— Se esconde atrás da mamãe que eu vou te proteger.
Entrei na frente do meu marido impedindo que ele pegasse nosso filho e ele acabou sorrindo
de lado, ao ver a cena.
— Você acha mesmo que vai protegê-lo?

— Sou uma mãe coruja, irei proteger o meu filho do papai dele — brinquei.

Matteo mordeu seu lábio inferior e sorriu para mim, mas naquele sorriso continha uma dose de
pecado e eu sabia que depois iria pagar por aquilo, porém seria da melhor maneira: na cama.

— Então acho melhor os dois correrem, porque eu vou pegar os dois.


— Ah, meu Deus! — Peguei a mão de Romeo e gritei: — Corre, filho!
Romeo não sabia se gritava ou se gargalhava e eu estava da mesma forma. No entanto, assim
que Matteo conseguiu nos alcançar e nos derrubar vagarosamente na grama do jardim, nós gritamos e

sorrimos muito mais, pois aquele homem não tinha limites e as cócegas que fazia em nós eram o
nosso fim.
Quando Romeo levantou e se jogou sobre o corpo do seu pai, Matteo fingiu estar derrotado e
deixou que o filho fizesse cócegas nele também.
Enquanto brincava com o nosso pequeno pacotinho, ele sussurrou para mim que me amava e eu
respondi da mesma forma.
Aprendi a amar aquele homem de uma forma, que nem sabia se um dia poderia viver sem ele.
Hoje, ele era a pessoa que me esperava de braços abertos se eu precisasse dele.
Meu super-herói era um mafioso…

Eu sabia que no fundo as maldades que ele aprontava fora dos muros da nossa casa
continuavam, mas aquilo não importava, não afetava o que eu sentia por ele.
Foi no meio do caos que o conheci e o continuaria amando até o último dias das nossas vidas.
Eu era a filha de um traidor e mesmo assim Matteo me amou. Quebrou as regras da máfia e me
fez sua mulher.
Hoje eu conseguia ver o brilho em seus olhos, diferente de quando cheguei naquele lugar.
E eu sabia que aquilo se devia a vida feliz que vivíamos.
Eu fui protegida pelo chefe da máfia, apaixonei-me e ainda lhe dei um filho…
Aquele era o meu final feliz. O final feliz do meu conto de fadas.
Fim
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