Você está na página 1de 2

Michael Jermyn

Eu estou morto. Gostaria de contar para alguém como aconteceu, você se


importa de escutar? Bom, acho que não tem problema, podemos conversar um
pouco. Para você entender como eu morri, primeiramente deve entender como eu
nasci.
Era uma noite fria, foi bem em 1970 que toda essa tragédia começou, o dia e
o mês não são importantes, não quero gastar o seu precioso tempo, nessa noite
tão linda, com detalhes desnecessários. Durante o parto houve complicações, a
mama não sobreviveu, e foi exatamente nesse momento em que a morte começou
a me perseguir, eu gosto de pensar que todos tinham medo de mim, que por algum
motivo eles conseguiam sentir que a morte estava do meu lado.
Os próximos anos foram um verdadeiro inferno, o papa, não gostava muito
de mim, e meus irmãos me culpavam pela morte da mama, todos me
subestimavam, diziam que eu não servia para me envolver nos negócios da família
e que deveria ir para faculdade estudar. De primeiro momento eu fui para a
faculdade, fiz psicologia, mas nada era mais forte do que a vontade de provar a
todos eles que estavam errados sobre mim e também provar ao papa que eu podia
ser um bom filho, quem sabe até ter a admiração dele.
Saí da faculdade e tentei entrar nos negócios da família, porém o papa não
permitiu, então resolvi começar meus próprios negócios, entrei para o ramo em
que eu via mais futuro na época, o ramo das drogas, no começo as coisas
estavam indo bem, até que um dia um policial disfarçado de cliente me pegou. Eu
ia ser preso e, já conseguia imaginar a vergonha que seria quando saísse a
matéria nos jornais. Eu estava apreensivo no carro e foi então que aconteceu, a
morte me encontrou de novo, o carro entrou em uma rua desertar, quando
estávamos passando por uma encruzilhada, eu só me lembro de ter visto os faróis
do meu lado, sofremos um acidente, todos morremos, inclusive eu, mas não
considero aquilo a minha morte ainda, um vampiro que já estava de olho em mim
se viu na oportunidade perfeita de me pegar, ele sábia o que eu queria fazer e
sabia que eu seria útil para eles.
Eu estava amaldiçoado, era um monstro, mas não achava ruim, finalmente
eu poderia mostrar o meu potencial para o papa, finalmente eu era melhor que
meu irmão mais velho, Sony, em tudo, porém, o papa não me queria dentro dos
negócios da família. Parecia que eu estava destinado a ser o filho da faculdade
que ninguém ligava, e parecia que o Sony estava destinado a ser o poderoso
chefão amado por todos. Eu não conseguia mais suportar toda aquela raiva e dor.
O papa tinha acabado de dar uma festa, Sony voltou para casa com sua
esposa e filhos, porém ele saiu de novo para ir ver a amante. Eu já sábia que ele ia
fazer isso, etão pedi para alguém comprar a mulher, ela ia sair do quarto assim que
ele tivesse pegado no sono e eu teria a minha chance de acertar as contas com
meu querido irmão. Eu dilacerei ele, era pra eu me sentir mal, culpado, mas eu
estava feliz, finalmente estava mais perto de provar a todos do que eu era capaz,
finalmente eu iria me tornar um poderoso chefão do crime, e seguir os passos do
papa.
Nenhum dos meus outros irmãos tinham vontade de se envolver tanto com
os negócios da família, então o papa, mesmo contra a sua vontade, teve que me
escolher para suceder ele. O papa me ensinou tudo o que sabia, as coisas
estavam indo muito bem, ele foi me incluindo aos poucos, me chamando para
algumas reuniões até que finalmente eu era quem tomava todas as decisões e ele
apenas dava alguns conselhos. Meu consigliere era um dos meus irmão, ele era
adotado, por isso seu sobrenome era diferente, seu nome era Tom Hagen, Meu
braço direito era a minha irmã, a única pessoa que acreditava em mim durante
toda a minha vida, Victória Jhermyn. Quando eu cheguei ao poder, os chefes das
outras 5 famílias me subestimavam também, achavam que eu não seria capaz de
ser o chefe da família e corria o boato de que os Jhermyn estavam acabados. Os
corpos dos chefes das outras 5 famílias estão repousando no fundo de algum rio
agora, e cada pessoa que espalhou aquele boato recebeu sua devida punição,
digamos que eles nunca mais conseguirão espalhar nenhum boato.
Depois de me tornar o chefe da família, consegui fazer a máfia crescer
muito, ágora tínhamos influência política, e cada vez a gente crescia mais,
estávamos envolvidos em vários tipos de negócios como o ramo de cassinos em
Las Vegas, transporte de armas, estamos no mercado imobiliário, dentre outros,
mas isso não é importante para você, você não liga pra isso, não é?
Tudo estava indo muito bem, até que eu fui sequestrado, não sei quem
eram, ainda estou tentando descobrir, mas eles sabiam que eu era um vampiro,
estavam preparados. Eles não me mataram, mas tentaram extrair diversas
informações, para minha surpresa, nada relacionado a máfia, mas sim ao meu clã
de vampiros, queriam saber a identidade de mais vampiros. Dentro de alguns
meses eu fui achado pela minha irmã, ela e meu consigliere, cuidaram dos
negócios enquanto eu estive fora, mas eles chegaram tarde de mais, eu já estava
morto, dessa vez eu estava morto por dentro. Eu fiz de tudo para chegar até onde
cheguei, matei meu irmão e qualquer outra pessoa que entrasse em meu caminho,
fiz muitos amigos e muitos inimigos, mas depois de ficar preso e ter tempo para
pensar, percebi que isso tudo era muito vazio. Porque eu faço o que faço? Porque
eu continuo querendo mais e mais poder? Eu percebi que não tenho nada, e ainda
matei o meu irmão… Eu matei meu irmão para nada… Lágrimas escorrem do
rosto… Agora tenho pesadelos, pesadelos com as pessoas que matei, toda noite
eu vejo o rosto do meu irmão, aquele rosto horrorizado, como se estivesse vendo
um monstro. É isso que eu sou, um monstro, mas eu não sou um monstro por ser
um vampiro, culpar minha maldição seria só mais uma desculpa esfarrapada, eu
me vejo como um monstro pelo que eu fiz, e pelo que continuo fazendo. Sabe qual
é o monstro que mais me dá medo? Eu mesmo…
Obrigado por me escutar, eu precisava ter essa conversa, agora preciso me
alimentar. Calma, não tenha medo, você não vai sentir nada, fique parada, tenho
que injetar essa dose de anestésico em você… Eu queria lhe pedir desculpas,
queria que tivesse outro jeito, mas tenho que fazer isso, prometo que não sentirá
nada, agora durma, tenha bons sonhos.

Você também pode gostar