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SENHORA
DA
MÁFIA
JOSIANE VEIGA
A SENHORA DA MÁFIA
JOSIANE VEIGA
1ª Edição
2020
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou
transmitida por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e
gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem autorização
escrita da autora.
Esta é uma obra de ficção. Os fatos aqui narrados são produto da imaginação.
Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real deve ser
considerado mera coincidência.
Título:
A SENHORA DA MÁFIA
Romance
ISBN –
9798602752205
Texto Copyright © 2020 por Josiane Biancon da Veiga
Sinopse:
Ele queria transformá-la em sua cadela, sua escrava. Ela acabou por ser sua
SENHORA.
LUCAS VOLTOU...
Aos doze anos, ele foi salvo das ruas pelos Bianconi. Órfão de mãe, abandonado
pelo pai, havia se entregado a degradação das drogas quando Pierre o resgatou...
... Apenas para usá-lo.
Aos dezoito anos, já era um assassino. E essa condição custou a vida de alguém que
ele amava, seu irmão, Victor.
Depois de anos preso, ao encontrar a liberdade, soube que não conseguiria lutar
contra os Bianconi por meios justos. Ele precisava se tornar o rei de uma novo
grupo.
Com sua experiência, Black Rose, em pouco tempo, já era uma das maiores
organizações criminosas do país.
Todavia, não bastava. Sua condição exigia vingança contra àqueles que o induziram
a ser quem era.
Para fazer isso, seu caminho cruzou com o de Renata.
A garota perfeita, virgem e pronta para desposar o novo líder dos Bianconi, Bruno.
Tê-la para si se tornou um objetivo. Mas, amá-la não estava nos planos.
Sexo, fogo, paixão... Lucas não esperava que uma garota tão simples e delicada
pudesse fazê-lo repensar todos os seus objetivos.
Perdido em sua teia de desejos, tudo que ele queria era possuí-la.
E ele faria isso...
Nota da Autora
Acho que é o primeiro livro que escrevo assim, sem
intervalos de tempo na história. A inspiração veio de “Minha
filha quer Casar”, onde um mafioso tem que casar a filha, e a
trama se decorre quase sem quebras de cenas, como se tudo
tivesse ocorrido no mesmo dia. Eu me inspirei nas sequências,
mas não na história, pois já tenho livros que se passam na Lei
Seca (Quem Tem medo do Lobo Mau?) e eu queria algo mais
atual e que decorresse no nosso tempo.
Lucas esteve presente e foi peça fundamental de ANJO
E DEMÔNIO, e havia uma promessa de que ele teria um livro
próprio, apesar de estar ciente de que haverá mais livros onde
Lucas será um personagem fundamental. Nesse momento estou
trabalhando também em “O Completo Caos”, onde ele retorna.
O livro tem esse ritmo. É rápido. Forte. Não amenizei
cenas pesadas. Nem usei de eufemismo no hot. É um livro para
não respirar.
Espero que não ofenda ninguém pelo teor dos
personagens. Tenho total ciência de que ele é, de certa forma,
doentio.
Muito obrigada por ter comprado esse romance, e espero
que se divirta.
Josiane Biancon da Veiga
Sumário
JOSIANE VEIGA
Nota da Autora
RENATA
LUCAS
RENATA
LUCAS
RENATA
LUCAS
RENATA
LUCAS
RENATA
LUCAS
Renata
Lucas
Renata
Lucas
Lucas
Renata
Lucas
Renata
Lucas
Demais livros do universo Bianconi
1
RENATA
A dívida era alta. Mais alta do que eu conseguia calcular, e não havia
como pagar aquela conta.
Ou, ao menos, seria assim com Pierre, o antigo líder morto numa
cidadezinha da Serra.
Não que eu os odiasse por isso. Não creio que eram maus em sua
totalidade. Apenas, fizeram más escolhas. Meu avô as fez, aliás, na década de
70, quando as drogas começaram a ganhar força no Rio Grande do Sul.
Eu quero fugir, mas sei que isso não é uma opção. Para onde eu iria?
Eles me encontrariam, não importa onde me escondesse.
Não há como escapar desta vida. Eles sabem que não posso resistir.
Nunca deixaria meu irmão Emanuel para trás, mesmo sabendo o destino que
o aguardava...
Isso é o que sei: ele provavelmente se tornará como nosso avô um dia,
mas, agora, ele é inocente e a única pessoa que eu realmente amo nesta terra.
Ainda há esperança de que ele cresça e seja diferente daqueles homens cruéis.
Meu irmão foi a única coisa que sobrou de minha mãe, após a morte do
meu pai. Ela, cansada dessa vida de sobressaltos, deixou os dois filhos
pequenos e fugiu. Eu a odeio por isso, ao mesmo tempo que não a culpo.
Suspiro.
Não há uma linha que meu avô não cruzaria para conseguir o que quer.
Então faço o que devo. E o que devo é ser uma mercadoria... Uma
mercadoria virgem para Bruno Bianconi desfrutar e desbravar.
Eu sabia que esse dia chegaria, o dia em que eu seria vendida para um
homem procurando uma mulher sem máculas para chamar de sua. Nas
organizações criminosas com vínculo europeu era assim. Eles tinham as
famosas “cadelas” para sexo selvagem, e moças castas para dar-lhes filhos
que dariam continuidade aos negócios.
Mas isso não importa. Aceitei meu destino para dar uma chance a
Emanuel. Se, com o poder dos Bianconi, eu pudesse resgatá-lo e lhe dar uma
oportunidade de crescer longe da nossa família... Tudo valeria a pena.
Não, não quero me casar com Bruno Bianconi, mas não há escolhas.
Eu não decido. Meu avô decide.
Vi Bruno poucas vezes, e ele sempre me observou com desejo. Quando
a dívida com meu avô foi cobrada, minha mão e virgindade foi
satisfatoriamente aceita para quitar a conta. Além disso, meu avô sempre quis
um vínculo com os Bianconi. Agora ele o teria.
Lágrimas espessas cruzam meu olhar. Quase não posso suportar estar
na mesma sala que meu noivo, mas vou andar pelo corredor de uma capela
em apenas algumas horas. Tudo para agradar minha família. Tudo para ser
leal. Tudo por Emanuel.
Não querendo mais encarar a roupa, giro o rosto para o lado. Uma
lágrima escorre do meu olho, mas eu rapidamente a limpo. Não adianta
chorar porque não muda nada.
Eu finjo um sorriso.
— Eu estou bem.
— Irmã... — seu tom é confortador. Ele passa por mim e entra no meu
quarto.
Ele franze a testa para o meu vestido, depois esfrega a mão pelo rosto.
— Eu sei. Mas, isso tem que ser feito. Se não fosse Bruno, teria sido
outra pessoa. Você sabe que vovô iria me usar de qualquer maneira. Ele não
me guardou simplesmente pra nada.
Agarro seu braço e escolho minha expressão mais firme, deixando que
ele saiba que estou falando sério, mostrando a ele que é isso que precisa ser
feito.
Ele volve o olhar para mim, e eu posso ver facilmente que não está
nada tranquilo.
Nossa pouca bravura ali, estampada entre nós. Sorrio. Está certo. Não
vou trazer um bebê para este mundo.
Meu irmão se inclina, beijando-me na testa.
Não sei muito sobre o meu noivo. O que eu sei, eu não gosto. Ele
assumiu os Bianconi após a morte de Pierre e pegou o grupo em ruínas. Ele
abafou as guerras internas com violência e assassinato. Ele vendia mulheres
para a prostituição na Europa. Céus, soube que até bebês ele vendia. Não
tinha escrúpulos, nem honra.
Ele não. Emanuel deixa sua raiva aparecer. Isso é perigoso porque
ninguém brinca com os Bianconi.
2
LUCAS
O véu transparente cobria seus cabelos. Era como uma deusa gentil, de
branco. Lembrava Nossa Senhora em um dos muitos quadros católicos que
Pierre gostava de ter em casa.
Ela fez como todas as boas filhas da máfia — deu sua palavra para
amar e valorizar o pedaço de merda cujo sangue agora mancha o chão.
Bruno... um merda.
Como Pierre. Como Gabriel. Como Ivan... Tantos e tantos que matei.
Quando fecharam seu caixão, fecharam meu coração ali, também. Foi a
única vez que eu gritei. Aquela dor insuportável me tomou de tal forma que
eu só me lembro de ver tudo se apagando em minha frente, enquanto caia no
chão de uma funerária pobre, repleta de gente curiosa que não se importava
com meu destino.
Meu pai levou exatos dez dias para arrumar outra mulher. E dois para
me mandar embora. Eu era um moleque e fui para as ruas terríveis de Porto
Alegre roubar e me drogar para tentar amenizar meu sofrimento.
Esse novo pai me fez matar. Me fez traficar... Enviou-me para uma
cidadezinha no Interior chamada Esperança para ser aluno de outro jovem
que ele resgatou: Victor.
Victor, meu mentor, foi a única coisa boa que tive naqueles dias. Meu
irmão... meu amigo.
Naquela época, Pierre havia dado ordens para Gabriel, outro irmão,
raptar uma jovem que Victor amava. O resultado fatídico desse sequestro se
deu porque acreditei que poderia salvar aquela inocente. Naquela manhã, eu
atirei em Gabriel, eu matei meu irmão, eu o vi caindo numa poça de sangue,
o primeiro sangue Bianconi que manchou minhas mãos.
Depois disso, eu precisei matar meu pai. O homem que eu amava. Ver
Pierre morrer foi como ver minha mãe morrer, novamente.
Então era isso: não existia redenção. E a lei que tentou me punir de
maneira tão fraca ainda vacilou em acabar com os Bianconi. Apesar de eu ter
matado Pierre e Gabriel – seu sucessor óbvio – a família permanecia atuante
e forte, agora sob as mãos de Bruno.
Foi então que resolvi usar tudo que Pierre me ensinou, porque, de
verdade, eu precisava de algum motivo para permanecer vivo. E que motivo
poderia ser melhor que vingança? Com contatos na cadeia, criei a Black
Rose, e fiz a mesma lavagem cerebral de Pierre naqueles homens, dando a
eles algo a que lutar: uma nova família.
Contudo, o que eu queria era o fim dos Bianconi. Queria que aquela
família desaparecesse. Os demais homens da família tinham que entender que
eu não deixaria nenhum líder se levantar. Eles deviam me entregar as posses
e debandar para o meu lado, jurar-me lealdade e viver pela Rosa Negra.
Por que faço isso? Por justiça. A judicial não existe. Então, eu estou
fazendo a minha própria. Estou deixando o nome de Victor vivo. Eles
destruíram meu irmão amado, agora eu acabava com eles.
Poderia...
Mas, o amor traz dor. O amor trouxe a morte de Victor. Eu não queria
me arriscar a ter o mesmo fim. Por isso, eu nunca prestava muita atenção nas
mulheres com quem dormia. Nunca, pelo menos, demorei-me em admirar
seus cabelos ou a palidez de sua pele.
Por algum motivo, contudo, estava fazendo isso com aquela noiva.
— Sim, eu desejei.
Mas, como muitos dos meus inimigos aprenderam, não há nada lá. Sem
coração. Sem piedade.
Mas há necessidade. E desejo. Ela me acende com seus lábios
petulantes e olhos grandes.
Ok, essa beleza é minha. Como um insulto final à família, serei o dono
dessa criatura inocente, a dobrarei e a quebrarei até que ela seja algo novo. A
virgem vai se tornar uma cadela. A minha cadela.
Bruno não merecia essa noiva. Não essa criatura celestial diante de
mim que praticamente pede que eu acabe com ela.
Ela não parece fazer parte de todo esse ritual. Não se encaixa nessa
igreja, nesse vestido, com esse noivo.
Desço a mão por seu corpete. Todos estão nos olhando, mas ninguém
interrompe. Olívio solta um suspiro assustado de um lado. Aquele velho
medonho vendeu a neta. Quando me contaram que Bruno se casaria com uma
garota de dezoito anos, inocente e frágil, eu quase ri.
— Tire essa merda — Eu dou um passo para trás enquanto ela gira.
Ela segura o vestido rasgado no peito. Enfim parece sair do seu torpor.
— O quê?
Eu gosto mais disso, o fogo em seu tom. Chega de água morta. Em vez
disso, há calor. Ira.
— Tire.
— Pai?
Quando ela está livre, vejo que ela está usando calcinha branca
recatada e sapatos brancos de salto baixo. Sem renda, sem liga, nada
intencionalmente sensual. Ela não tinha a intenção de ter uma noite de
núpcias quente, embora eu tenha certeza de que Bruno planejava algo bem
degradante.
— Vai me bater?
Ela tenta soltar a mão. Não deixo. Seu calor permeia minha pele e
minha sede de sangue desaparece.
Ela fecha o casaco, mesmo que seja enorme em seu corpo, e olha para
mim com surpresa.
— Obrigada.
— De nada. — Pego a mão dela novamente e continuo andando.
Um sorriso quase escapa dos meus lábios. Eu sei que os Bianconi não
vão lutar. Então, o tiro deve ter vindo do avô dela.
RENATA
— Vá rápido!
Seu tom é frio, a voz na direção do motorista soa como se nada demais
houvesse ocorrido.
Eu sabia quem ele era. Todos sabiam. Lucas Bianconi. Aquele que
matou Pierre, o fundador daquela família maldita que dominava o tráfico de
drogas no Sul. E eu sabia que ele andava tomando vários pontos dos italianos.
Minha dúvida era o quanto ele demoraria para se irar contra a minha família.
Mesmo assim, após rasgar meu vestido de noiva, ele foi gentil o
suficiente para me conceder algo para me cobrir.
Isso, claro, depois de ter assassinado meu marido. O quão grata eu era
por isso?
Estremeço com a emoção que me atravessa, porque não é tristeza, é
alívio. Agora estou praticamente nua com um inimigo desconhecido que me
mostrou compaixão suficiente para me deixar confusa.
Virei minha cabeça, apenas para dar-lhe minha bochecha. Sua boca
apenas roçou o lado da minha, e até isso pareceu demais para mim.
Ele queria. Senti pelo seu suspiro acuado de quem não pôde me beijar,
me chupar nos lábios. Não sei por que decidi cutucar o animal em evitar sua
boca, mas o fiz.
Seu olhar prometeu vingança, mas pela graça de Deus ele estava morto
agora. Morto pelo homem ao meu lado.
Eu só não rio mais forte porque ele está certo. Meu riso é porque estou
mais confusa com o motivo de ele me dar um casaco do que com a morte de
Bruno. Eu deveria estar tremendo de medo, mas por quê? O que mais esse
homem pode fazer comigo que seria pior do que o que meu marido teria feito
à noite, em nossa cama de casamento?
Seus olhos escuros vagam por mim como se ele estivesse tentando me
entender. Finalmente dou uma boa olhada nele. É bonito. Tem olhos tristes,
mas um jeito gentil. Suas mãos tem tatuagens nos dedos. Iniciais. V e F.
De repente, me dei conta de que meu irmão podia ter sido uma vítima.
Se ele viu Lucas me levando embora, poderia ter reagido e ter sido morto.
Agradeci mentalmente a Deus por algo ter impedido Emanuel.
Eu me viro para olhar pela janela. Claro que sim. O pequeno vislumbre
de esperança que senti daquela salvação desapareceu. Eu não sei por que tive
isso para começar. Parece que só vou de um diabo para outro.
— Mas ele entrará numa briga com você. — Soltei um longo suspiro.
— Ele virá me procurar, mesmo que saiba que poderia matá-lo. — Viro o
rosto para o homem cujos traços me advertem cautela. Seu rosto está vazio, e
eu não consigo lê-lo. — Farei qualquer coisa para mantê-lo seguro. —
Coloquei minhas cartas na mesa.
— Depois que você fizer seus votos para mim hoje à noite, prometo
que farei tudo o que estiver ao meu alcance para manter seu irmão seguro.
Ele notou.
Está de volta a mesma emoção que tive quando ele tirou o vestido de
mim e exigiu que fosse queimado. Meu marido estava morto e seu assassino
me excitava. Ninguém jamais saberia disso. Eu só podia admitir para mim
mesma. Essa confissão nunca passaria pelos meus lábios. Porque era errado.
E isso me assusta.
— Não — respiro.
Quantas vezes eu sonhei com meu primeiro beijo? Passei a maior parte
da minha vida em romances literários. Eu pensei que se eu nunca pudesse ter
amor, poderia pelo menos ler sobre o sentimento, e então o fiz. Eu devorei
cada romance com a mesma voracidade que estou sendo devorado por esse
estranho sombrio que mata tão facilmente quanto respira.
— Abra sua boca. Você não vai virar a cabeça para mim no casamento
e fugir dos meus lábios. Eu vou te morder e de beijar o quanto eu quiser.
LUCAS
O mundo era uma bosta. Todos nós, parte da merda. Deus devia puxar
logo a descarga e acabar com tudo, mas – se havia algum ser divino – por
algum motivo Ele ainda acreditava na humanidade e não a destruía.
Talvez uma das razões fosse aquela garota... Porque ela é algo tão
delicado que acho que não merece a ira divina. Ah, mais doce do que
qualquer coisa que já conheci. E é minha para eu usar do jeito que eu quiser.
— Você me ouviu.
Eu quis matar o filho dela quando o vi gritar com a mãe à primeira vez.
Ela se encolheu tanto, tão pequena e miúda que meu coração se encheu de
piedade. Ah, se aquele desgraçado soubesse o que é crescer sem mãe, talvez
valorizasse mais a dele.
Por sorte, o filho dela morreu numa rebelião três semanas antes de eu
sair da cadeia. Como havíamos feito amizade, ela me deu um lar para me
ajudar a estabilizar, e eu a trouxe comigo quando criei a Black Rose.
— Está certo, Lucas. — Ela engole em seco e volta sua atenção para
minha noiva.
Ela parece pestanejar. Sabe que não tem escolha, mas ainda assim
parece temer seguir em frente. Decido deixar as coisas claras rapidamente.
É estranho, mas eu sinto. Existe química. Por quê? Não sei. Lembro de
quando Victor colocou tudo a perder por conta de seu amor por Francine. Ele
ficou cego. Preciso tomar cuidado para que meu desejo não sufoque meu
raciocínio.
Uma vez que ela está fora de vista, eu ando em direção ao meu
escritório. Enzo abre a porta para mim e me segue para dentro, junto com um
punhado dos meus homens mais confiáveis.
— Corpo de Bruno? — Abro a jarra de cristal e me sirvo uma bebida.
— Já cuidamos disso.
— Os homens dele?
Penso em Renata e em como ela seria mais uma vítima dos Bianconi
naquela noite, caso eu não tivesse surgido.
Sua pele é clara demais até mesmo para alguém de origem alemã. Os
Brauns a mantiveram escondida em sua mansão, isso é certo. Mas, o que me
pergunto é o quão escondida? Ela não viu o sol em todos esses anos? O
cabelo dela é macio e eu acho - não, eu sei - a pele dela também é macia.
Como uma pétala de rosa. Acabei de pensar em sua pele como uma pétala de
rosa? Porra, essa garota está mexendo com a minha mente. E talvez eu goste.
Tomo um grande gole da minha bebida.
— A garota?
Enzo assobia.
— Você a viu há poucas horas e já decidiu que ela será nossa mãe —
Ricardo suspira. — Chorem meninas, nosso pai está fora do mercado.
— Agora, vamos falar sobre quem precisamos matar para garantir que
este casamento seja o mais tranquilo possível. — Eu levanto um dedo. —
Antes disso, Enzo, chame meu alfaiate.
5
RENATA
Tentei não ficar muito tempo no banheiro. Por mais que a água quente
me aliviasse a angústia e o nervoso que passei durante aquele dia, eu
precisava me preparar para o que ainda viria.
Meu avô odiava atrasos. Odiava servos que não cumpriam seu papel.
Como Lucas era?
Que tipo de homem ele era? Agora sou a noiva do chefe da Black
Rose. O que eu devo esperar disso?
Eu deveria estar triste? Eu não estou. Não sinto remorso por Lucas ter
matado Bruno. Isso me colocou em posição de estar com um homem mais
poderoso - aquele que pode proteger a mim e a Emanuel – e que até agora me
tratou com mais respeito do que minha própria família. A vontade de Lucas
de oferecer proteção ao meu irmão é o que me fez concordar em ser dele. Sua
aparência e a atração do meu corpo são um bônus adicional, e me pergunto se
essa centelha de calor pode se transformar em algo mais. Eu nunca pensei
sobre desejo. Não quando sabia que qualquer casamento que tivesse seria
arranjado para fins estratégicos. Mas, com Lucas, quase parece romântico.
Eu ainda tenho que seguir com meus votos. Aquele porto seguro não é
gratuito e pode parecer que eu estou fazendo a escolha, mas todos sabemos
que na realidade não tenho voz no assunto. Bruno já desapareceu no meu
passado. Lucas é o meu futuro.
— Este é o seu dia. Todo mundo vai esperar até que você esteja pronta.
Até encontrar o vestido que seu coração deseja. É o que Lucas quer.
Notei que Lucas a trata com respeito. Meu avô nunca tratou nenhuma
mulher com respeito. Se você era mulher na minha família, estava lá para
servir ao seu propósito.
Um sorriso surge nos meus lábios com a satisfação que sinto quando
penso na raiva que meu avô deve estar sentindo essa noite. Seus grandes
planos de fundir a família com os Bianconi haviam sido arruinados, e agora
vou me sentar à frente da Rosa Negra. O único que eles temem.
— Eu não acho que você pode usar um sutiã com este, mas eu trouxe
algumas roupas de baixo — diz a mulher que ficou de pé, uma pitada de
orgulho em sua voz.
Suponho que seja uma honra ser escolhido para servir a Black Rose.
Eu luto para não revirar os olhos, só porque eu não quero ser rude com
ela. Nada daquilo me surpreende. Lucas se tornou muito poderoso; ele sabe
tudo o que se passa sob o seu teto, ou já teria sido derrubado pelos Bianconi.
Mesmo assim, não tenho intenção de tramar contra ele. Lucas foi mais
gentil do que qualquer outro homem que conheci. Até me deixou escolher
meu vestido.
LUCAS
— Diarista?
Céus, vou arruiná-la essa noite. Ela nunca vai querer outro homem
depois que eu pegar sua boceta e a fazer gozar no meu pau.
O corpo gostoso de Renata é um deleite por si só. Mas o fogo secreto
que dança sob sua superfície é um atrativo ainda maior. Uma princesa que foi
maltratada por anos. O que ela pode ser quando estiver livre? Uma vez que
ela estiver fora de sua gaiola e amarrada a nada, exceto meus braços, como
agirá? Eu já sei. Eu vi nos olhos dela apenas algumas horas atrás. Ela será
uma rainha.
— Pai?
De repente, um estrondo.
— Você ouviu?
— Por que você aparece na minha casa com uma arma carregada? —
Eu uso o punho para acertá-lo levemente no topo da cabeça. Eu não quero
machucá-lo, a menos que eu precise. Ele é jovem, mas já é alto o suficiente
para aparentar ser mais velho. Provavelmente foram necessários dois guardas
para segurá-lo, e ele tem um lábio rachado para mostrar que só foi
interceptado com violência.
— Estou aqui pela minha irmã. — Ele cospe sangue aos meus pés.
Que merda.
Renata me pediu para proteger o garoto, mas aqui ele está tentando
contra mim e os meus.
— Espere. Limpe o lábio dele antes. Não preciso de uma noiva tendo
chiliques na noite de núpcias — Aponto para o garoto. — Você vai se
comportar?
Ele me encara.
— Eu vou me comportar.
— Não receberam o convite? Tenho certeza que seu avô lhe mostrou
— dou risada. — Falo tão sério quanto fui sobre matar o ex-noivo dela. —
Coloquei uma pitada de aço no meu tom. — Vou deixar passar essa pequena
incursão, embora, em outras circunstâncias, isso seria uma declaração de
guerra entre nossas famílias.
Ele fez uma careta. A guerra não é uma piada, não quando as ruas
ficam vermelhas de sangue e fazem os homens caírem como dominós.
— Limpe-o.
Volto para casa e subo as escadas. Algo se mexe dentro de mim quanto
mais perto chego da porta do meu quarto. Ela está lá. Eu posso sentir sua
respiração, quase posso provar sua doçura na minha língua.
Encaro Magali que está sentada em um sofá. Não digo nada. Ela sabe
que deve ir. Então se levanta e se afasta.
— O quê?
Sua mão hesitante desliza pelo meu pau e volta novamente. Meus
quadris puxam para ela, e eu quero tanto ficar entre suas coxas que gemo em
sua boca. Recuando, olho para os lábios machucados, os olhos semicerrados.
— Eu precisava de um gosto do que terei mais tarde.
Eu seguro sua bunda e a levanto até que ela esteja em cima de mim.
Prendendo-a contra a parede, tomo sua boca novamente, trabalhando minha
vontade nela enquanto trituro meu pau contra o calor entre suas pernas.
Se eu não parar, eu vou transar com ela. É bom demais, seus seios
pressionados contra o meu peito, suas mãos segurando meus ombros. Mas, eu
terei tempo para isso. Eu terei a noite... a vida... o resto dos meus dias para
isso. Então eu tenho que deixá-la ir, colocá-la de pé e recuar. É preciso de
cada grama de força que possuo, mas me viro e caminho até a porta.
— Esteja pronta para essa noite. Porque uma vez que você é minha,
não vou parar. Eu vou querer tudo de você, até que não sobre mais nada.
Abro a porta e, antes que ela se feche, pego sua palavra suavemente
falada.
— Igualmente.
7
RENATA
Estou atraída por ele, mesmo que ele seja um assassino. Mesmo que ele
seja tudo o que sempre acreditei jamais ser capaz de amar. Ele está tão
mergulhado nesta vida quanto eu. Estaria sendo ingênua ao pensar que Lucas
é diferente dos homens com quem eu cresci. Talvez até fosse, mas não
importa. Sou dele antes mesmo da consumação.
Ainda assim, algo nele é distinto. Por que mais eu me sentiria assim se
não o fosse? Eu nunca senti atração por alguém. Claro, meu avô me manteve
trancada, mas muitos de seus homens cruzaram por mim. Nenhum deles
chamou minha atenção. Eles nunca me fizeram pensar ou desejar as coisas
que eu quero que Lucas faça comigo.
Eu mordo meu lábio. Seu pênis estava tão grosso na minha mão. Fecho
os olhos e tento imaginar como caberia na minha boca. Meus pensamentos
são interrompidos quando a porta se abre novamente. Olho para cima e vejo
Lucas parado na porta.
— Não toque sua doce vagina. Eu quero que seu primeiro orgasmo seja
na minha língua ou no meu pau.
Eu sou uma criança testando seus limites. Eu sei disso, mas me sinto
enérgica pela primeira vez e quero ver o quanto consigo me safar. Vou até a
cama e pego meu vestido.
Eu largo o vestido de volta. Sei que ele está dizendo a verdade. Ele não
tem motivos para mentir. Seu sorriso cresce, como se tivesse vencido a
batalha que estávamos tendo. Mas não posso deixar que ele tenha a última
palavra.
— Bem, você e Magali precisarão fazer isso em outro lugar a partir de
agora — digo acidamente, sabendo que minhas palavras são totalmente
ridículas.
Ele faz a última coisa que eu espero que ele faça. Ele joga a cabeça
para trás e ri.
O som rico vibra através do meu corpo. Não, eu não acho que ele esteja
dormindo com Magali, mas estranhamente a ideia me incomoda.
De repente, sua mão agarra meu quadril e ele me puxa para encará-lo.
Eu olho em seus olhos aquecidos.
— Uma mãe?
— Isso. — Eu não posso acreditar que ainda sinto mágoa. — Não sei
se ela me amava ou não. Acho que sim, mas não suportou a vida que levava.
— O quê?
Ele recua um pouco, levantando minhas duas mãos para sua boca.
— Eu posso sentir seu doce perfume na ponta dos dedos — diz antes
de colocar um dos dedos em sua boca e chupá-lo. Um rosnado baixo vem do
fundo dele. — Lembre-se do que eu disse. Sem tocar-se.
LUCAS
— Sei que é uma situação complicada, moleque. Mas, terá que aceitar.
Sua irmã agora será minha esposa.
Era um desafio? Não gosto daquilo. Estou sendo o mais gentil possível
em respeito a Renata, mas o rapaz insistia em tentar me incomodar.
— Tenho certeza de que você é durão na casa dos Braun. Mas aqui,
você é um convidado. Espero que aja de acordo.
— Você fez essa objeção quando seu avô a vendeu para Bruno
Bianconi? — Eu passo a bola para ele. Agora toda a culpa é transferida.
Estou colocando-o contra a parede. Ele precisará fazer um movimento.
Enfim, ele parece relaxar um pouco, seus ombros não tão altos, seu
temperamento se esvaindo.
— Histórias, crônicas...
O menino continua:
— Mas eu sei que ela é uma boa escritora. Ela não perderia em nada
para esses autores de novela. Mas Renata não tinha permissão para fazer o
que queria. — Ele franze a testa, seu rosto jovem se transformando
momentaneamente em um muito mais velho. — Nosso avô teria surtado se
soubesse. Então ela escondeu seu dom e, finalmente, parou.
— Por quê?
— Porque meu avô decidiu que ela seria parte importante para uma
aliança com os Bianconi. Bruno gostava dela. Sempre que vinha em nossa
casa, ficava encarando-a. Quando o noivado foi oficializado, ela nunca mais
pegou uma caneta na mão para escrever.
— Uma esposa?
— Toda mulher pode abrir as pernas para mim, mas nem toda pode ser
minha esposa.
— Concordo.
A onda de ciúmes cruza por mim, e isso me incomoda. Afinal, não sou
um homem ciumento. E também o homem a quem ela abraçava é o irmão
dela. Mas estou começando a pensar que tudo será repensado quando se trata
de Renata. Eu nunca fiquei com ciúmes antes, mas ela está em mim. Está nas
minhas células. Eu sinto Renata. De todas as formas, ela é minha.
— Estou bem. Como você chegou aqui? Vovô sabe? — Ela se afasta e
inspeciona o rosto dele. — Ei, o que aconteceu com seu lábio?
Meu alfaiate corre para mim, o terno envolto em seus braços finos.
Eu ando até ela e aperto sua mão quente. Enfim, a amante de Olívio
Braun.
— Bem-vinda.
Pelo jeito que a Eva está me olhando, posso ver que ela é uma presa.
Do tipo fácil. Não é à toa que Olívio Braun foi atrás dela.
Ele sorri.
— Todos.
Faço uma pausa e olho para as escadas para onde minha doce noiva
espera.
RENATA
Emanuel está ali. Vivo. Bem. Seguro em meus braços. Mal consigo
acreditar que, apesar daquele dia cheio de reviravoltas, meu irmão ainda era a
base sólida a qual minha alma ancorava.
O aperto mais nos braços. Quero afundá-lo em mim. Sinto a dor da sua
perda diminuída. Pensei que jamais o veria novamente. Mas, ele está ali...
aqui... no centro do meu amor.
Mordo o lábio para não sorrir, tendo esquecido que ainda estamos no
corredor e os guardas permanecem a nos espreitar. Meu irmão não quer ser
tratado como uma criança. Mas, ele sempre será uma à meus olhos.
— Você tentou... Oh, meu Deus... Tem ideia do perigo que correu?
Emanuel é por quem faço todos os sacrifícios. Eu quero que ele seja
capaz de levar a vida que quiser. Era mais fácil quando era mais jovem,
porque não tinha idade suficiente para minha família começar a usá-lo. Tenho
saudades de quando podia segurá-lo no colo. Quando ele chegou à
adolescência, comecei a me preocupar constantemente. Eu vivia com medo
por sua vida. Assim, tenho que me sacrificar para mantê-lo seguro. Pelo
menos foi o que disse a mim mesma essa manhã.
Claro que, desde meu encontro com Lucas, as coisas que ele me
despertou, comecei a imaginar que talvez houvesse mais pelo que viver. Mas,
não era tola para me afundar nessas esperanças. Aprendi que a expectativa
não é boa quando você está cercado por homens que não cumprem leis civis
e, muito menos, morais.
Tanto faz, enfim. Eu me caso com ele e permaneço leal a ele enquanto
sua palavra de manter Emanuel seguro seja cumprida.
Tenho tentado ser severa com ele, mas meu abraço tem tudo, menos
rispidez.
Respiro fundo. Agora, Emanuel está aqui, comigo. Posso pedir a Lucas
que permaneça assim. Que nosso avó nunca o tenha novamente.
— Você não deveria ter se colocado em perigo. Não sou uma princesa
em uma torre trancada, esperando pelo príncipe em um cavalo branco, a
duelar com o dragão. Aprendi bastante assistindo e ouvindo todos os
negócios sujos que nosso avô tramava. Eu não sou ingênua... bem, não tanto
quanto você pensa. Eu aceitei o casamento com Bruno com os olhos bem
abertos, e agora estou fazendo o mesmo com Lucas. Mas talvez, desta vez, eu
não precise esperar pelo horror.
Não conto que concordei em casar com Lucas se ele prometesse manter
Emanuel seguro.
Eu agarro seu ombro para puxá-lo de volta. Ele vai se machucar se não
aprender a controlar seus impulsos. Emanuel apenas dá um passo atrás por
conta própria. Na verdade, acho que não posso movê-lo, a menos que ele me
permita.
— Deixe-me sozinha com meu irmão — digo ao guarda, apontando
com a mão. Fico surpresa quando tudo o que ele faz é acenar com a cabeça e
fechar a porta, realmente seguindo o meu pedido. Ficamos ali por um
momento em silêncio.
Espero um calafrio percorrer meu corpo, mas tudo que sinto é calor.
Não sei se devo agradecer por isso ou não. Estou baixando minha guarda com
muita facilidade? Talvez. Mas o que há para perder? Eu sequer sou dona de
mim mesma.
— Sim?
Eu o vejo partir, entendendo suas reservas. Ele quer estar ao meu lado,
mas não quer me entregar a um homem que vai me machucar. Uma coisa é
assistir meu sacrifício, como fez esta manhã com Bruno. Outra é ser a pessoa
que me coloca no altar.
— Você está linda — ela diz, ao finalizar a fileira de botões nas minhas
costas.
— Obrigada.
Eu me viro para olhar no espelho que fica no canto da sala. Desta vez,
eu realmente me sinto bonita. Minha frequência cardíaca aumenta quando me
pergunto o que Lucas pensará quando me ver.
Logo ela traz um par de sapatos com pedras adornando. Eu sei que são
preciosas. Me pergunto quanto dinheiro Lucas gasta em coisas daquele tipo.
Quero dizer a ela que, assim, ficarei para sempre no quarto, mas sei
que é infantil, então apenas aceno.
— Você sabe para onde estamos indo ou como isso está acontecendo?
— Pergunto quando chegamos ao final. Percebo que os dois guardas estão
nos seguindo, mas mantêm uma boa distância.
Eu abro a porta.
Nunca. Aprendi essa lição ainda bem jovem. Ainda sentia o peso da
mão de meu avô no meu rosto por, certo dia, ter invadido uma reunião sem
saber.
— Minha deusa...
Eu sei que todo mundo está nos observando. Vou até ele e coloco
minha mão na dele. Se eu for a esposa dele, terei que saber diferenciar suas
palavras doces da mentira e da verdade.
Por fim, leve, percebo que ele não vai me destroçar diante dos olhares.
Seu sorriso gentil segue-se a um beijo leve nos meus dedos.
Quando vejo minha futura esposa em seu vestido, seus olhos brilhando,
seus cabelos escuros caídos sobre seus ombros e seu corpo fazendo o tecido
branco vibrar, minha boca fica seca e eu sei que as coisas vão mudar. Uma
onda de positividade me toma.
Eu sei que ela está chocada. Não me importo. Eu quero sentir suas
nádegas firmes contra minhas coxas.
Ela empoleira-se como um pássaro no começo, mas depois eu a puxo
para mais perto. Uma vez que passei meus braços em volta dela, ela se
recosta contra mim.
Enzo limpa a garganta e olha para todos os lugares, menos para minha
noiva.
— Quanto? — Eu pergunto.
— Isso foi há muito tempo. Meu avô, Olívio. Ele não gostou quando
perguntei sobre minha mãe, então ele... — ela para de falar, mas não
precisava dizer mais nada. Eu sei o que aquele bastardo fez e ele pagará por
isso.
É engraçado porque quero que todos tenham medo de mim. Mas não
ela.
Eu percebo um leve sorriso se formar no canto dos seus lábios. Sei que
Renata se sente um pouco dona de si mesma e adoro esse sentimento.
Eu me acomodo e continuo correndo meus dedos ao longo de sua pele
quente.
— Você quer voltar para ele? — Deslizo minha mão por sua saia lisa
até chegar à bainha, depois levanto os dedos pela panturrilha até a coxa.
Movo meus dedos mais alto, provocando a borda de sua liga de renda,
a que vou ter nos dentes mais tarde nesta noite.
— Sim.
Seu corpo aperta quando eu pressiono a ponta do meu dedo contra ele,
em seguida, arrasto-o lentamente para frente e para trás. Ela fecha os olhos, a
cabeça pendendo para trás enquanto eu beijo sua garganta, meus dedos
trabalhando contra sua calcinha encharcada enquanto meu pau exige ser
libertado apenas para mergulhar na virgem apertada no meu colo. Preciso
parar, acabar com essa tortura, mas não paro. Eu continuo esfregando seu
ponto doce até que ela se contorce no meu colo, seus quadris se movendo em
pequenas rajadas enquanto eu a provoco e sua bunda esticada provoca meu
pau duro.
Lambendo-a dos meus dedos, volto minha atenção aos meus homens.
Eles parecem muito interessados em nós, embora o sorriso de Ricardo deixe
claro que, ao menos ele, compreendeu tudo.
— Esses homens são seus filhos agora, esposa. Eles vão morrer por
você, Renata. Você nunca precisará temê-los. — Pressiono minha testa na
dela. — Não seja tímida comigo.
— Tudo bem. — Ela assente, embora sua voz ainda esteja trêmula.
Talvez de nervos, talvez desejo. Dado o delicioso estado de sua calcinha, eu
diria o último.
— Agora, eu preciso ter uma breve palavra com seu avô antes da
cerimônia. — Coloquei Renata de pé e me levanto, depois agarro meu paletó
e o visto. — Ricardo, traga Magali.
Renata sorri para mim, uma mão indo para o meu peito.
— Sim senhor.
— Querida...
— Sim?
Estou surpresa com a maneira como Lucas falou sobre seus negócios
na minha frente. Sei que é melhor não falar das coisas que ouvi, mas meu avô
nunca saiu por aí falando abertamente sobre negócios. Não como Lucas. É
como se quisesse que eu soubesse o que está acontecendo.
— Ele está no corredor, esperando para levá-la até o altar. É isso que
você quer, não?
— Sim.
Dou um sorriso forçado para Magali. Não é que não gosto dela, mas
sim ainda não sei o que esperar daquela mulher. Sinto que Magali é meu
principal recurso quando se trata de Lucas. Só não tenho certeza se ela
responderá todas as minhas perguntas. A lealdade é profunda, e eu sou
praticamente uma estranha para eles, apesar de estar a momentos de me
juntar à família.
Da forma como Lucas está agindo, já sou uma parte dela em seus
olhos. O pensamento envia outro daqueles formigamentos quentes através do
meu corpo. Minha mente volta a como ele me tocou na frente de seus
homens. Ele não me colocou à mostra, mas mostrou que eu era dele, e se ele
quisesse me dar prazer, ele o faria. Lucas não se importava com quem estava
por perto. É tão diferente do que estou acostumada. Ele até mostra afeto a
seus homens de certa forma, deixando-os falar com uma familiaridade que
meu avô odiaria.
Na família Braun, as mulheres são usadas para o sexo, nada mais. Mas
os olhos de Lucas brilham com calor sempre que ele vê o desejo que pode
despertar em mim. Ele gosta de me excitar, me levar até o limite, apenas para
me deixar com a promessa de seu prazer.
Quero dizer, Lucas é mais velho que eu. Ele provavelmente está na
casa dos trinta e poucos. É muito tempo passado neste mundo sem mim.
— Francine era uma moça boa que havia ido estudar em uma pequena
cidade chamada Esperança. Ela era filha de um pastor. Uma pessoa gentil,
Lucas sempre fala dela com muito carinho. Na época Lucas havia sido
enviado a mesma cidade para ser “ensinado” por Victor, um dos “filhos”
mais velhos de Pierre. Parece piegas dizer, mas Lucas e Victor eram
realmente irmãos. Eles se amavam como tal.
— E não terminaram?
— E o que aconteceu?
— Não, fiquei chocada ao vê-la aqui. Lucas sempre foi discreto. Ele
nunca trouxe mulheres para o lar que divide com seus filhos. Mas, aqui está
você. E irá se casar com ele! — Ela ri e balança a cabeça, seus cabelos
grisalhos e amarrados em um coque arrumado. — Os Bianconi são famosos
porque sempre tem o que querem. É por isso que ele foi tão longe. Mais do
que seu próprio pai, Pierre. Ele sabe qual deve ser a decisão certa. Acho que
ele deu uma olhada em você, e seu destino foi selado.
Outro grito ecoa pelo corredor. Meu avô está além de acirrado. De
repente, sou atingida pelo medo desse casamento não acontecer. Claro, meu
destino sempre esteve definido, mas meu avô poderia parar com isso? Ele
poderia tentar fazer com Lucas um acordo melhor?
Pelo barulho que ouço e pelo estrondo que se segue, sei que alguém foi
atingido e sem dúvida caiu no chão. A comoção cresce, e não posso
confundir os sons de armas sendo puxadas e engatilhadas. Corro para a porta
e a abro. Emanuel fica parado bloqueando meu caminho.
— Agora ele vai ter sua própria marca. Lucas pode não ter dito por que
o atingiu lá, mas eu sei o porquê.
Eu também estou ansiosa para estar sob o domínio do meu marido essa
noite. Meu avô pode odiar, mas tenho a sensação de que vou amar cada
segundo.
12
Lucas
Eu matei Pierre, mas ele ainda vivia. Era minha estranha forma de ser
grato.
Olívio está sentado na primeira fila, com a amante ao seu lado. Eva
parece ter percebido o perigo - talvez seja o sangue escorrendo do corte na
testa de Olívio que denunciou a situação - e se aproxima dele, com os olhos
arregalados.
Ela não será prejudicada. Mas não me incomoda que tema por sua vida.
Foder com Olívio era uma má escolha. Agora é hora de pagar.
Ela seria minha própria Francine. Mas, não minha destruição. Porque
ao contrário de Victor, eu jamais deixaria de estar atento a tudo, para protegê-
la.
Aprendi que a vida era cruel e desumana, e quando se tem uma mulher,
você faz o que é necessário para brindá-la dos perigos.
Mal posso acreditar que a encontrei. Todo esse tempo, várias facções
tentaram me vender suas filhas, pequenas criaturas inocentes com olhos
arregalados e cabeças vazias. Mas Renata é diferente. Há fogo nela e, com o
tempo, pode queimar quente o suficiente para forjar nossa própria família.
Eu olho para o velho. Seu rosto está vermelho e ele aperta a mão da
pobre amante como se fosse uma válvula de escape.
Meu amor, meu coração, a metade da minha alma que estava faltando
até que eu a encontrasse naquela capela, após matar seu noivo e a tomar para
mim.
— Sim.
O padre repete a mesma pergunta para mim, e não hesito. Não quando
minha Renata está em jogo.
Meu filho mais querido enfia a mão no bolso. Ele me entrega os dois
anéis. São simples e de ouro. Não tivemos tempo para gravar nada nele, mas
seu simbolismo diz mais que palavras.
— Você pode...
Ela agarra meu bíceps, seu corpo fica lânguido em meus braços
enquanto ela confia em mim para segurá-la. Nosso beijo se aprofunda a
níveis certamente inadequados até que eu a puxe de volta e me arranco dela.
— Puta como sua mãe! Estou feliz por tê-la matado. — Ele dá um
passo em sua direção, com as mãos estendidas. — Eu a estrangulei com
essas mãos, como se devem fazer as putas... Como todas as putas como você
merecem, e eu vou matar você também...
O tiro o interrompe, o buraco em sua testa escorrendo sangue quando
ele cai de costas em sua amante. Os convidados se levantam, alguns deles
correndo em direção à porta. Mas Ricardo fica na frente deles, arma na mão.
Todos travam.
Uma vez que a sala está limpa, pego minha noiva nos braços e a
carrego pelas escadas. Se ela quiser chorar sua mãe, irei permitir. Se ela
quiser falar sobre o nosso futuro e o que a morte de Olívio significa, nós o
faremos. Mas só depois que eu a ter de todas as maneiras que importam.
13
Renata
Meu marido me tem nos braços. Ele é tão forte que parece que segura
uma pena. Seu rosto não tem expressão e minha mente tenta acompanhar
tudo o que aconteceu.
Ele admitiu ter assassinado minha mãe antes de meu marido colocar
uma bala no seu crânio. Fiquei tão chocada com a explosão sobre minha mãe
quanto com a rapidez com que Lucas reagiu. Assim que as ameaças saíram
da boca de Olívio, Lucas o matou sem hesitação. Ele já fez isso antes, e agora
eu sei que fará qualquer coisa para proteger minha honra. Meus dedos cavam
seu paletó enquanto eu me agarro a ele, nunca querendo deixá-lo ir.
Ela não me deixou. Não por vontade própria. Meus olhos lacrimejam
com esse pensamento. Emanuel e eu não fomos abandonados. Mesmo que ela
se foi. Mesmo que não mude nada, isso significa muito para mim. Ela nos
amou e foi roubada de nós. Agora o ladrão de sua vida pagou em sangue.
— Sim — admito.
Estou com medo de muitas coisas agora. Uma deles é o que acontecerá
a seguir e o que acontecerá com meu irmão, Emanuel. Lucas me prometeu
sua segurança, então tenho que confiar nisso. Perguntar novamente agora
seria um sinal de desrespeito. Ele não fez nada para me fazer pensar que ele
iria quebrar seu voto. Definitivamente haverá consequências sobre os atos de
Lucas no casamento, mas eu sei em meu coração que ele protegerá Emanuel
do pior.
Balanço a cabeça. Pensando bem, acho que nunca tive medo dele.
Mesmo quando atirou no meu noivo e me levou consigo. Tudo o que senti foi
alívio. Eu ainda sinto isso.
Ele me coloca na cama, e eu o solto para que possa olhar em seus olhos
escuros. Não, eu não tenho medo dele.
— Você não está aqui comigo. Seus pensamentos não estão aqui
comigo. Sou um pouco ciumento, não se vá para longe quando estiver na
minha presença.
Ele rasga meu vestido no centro. Eu suspiro com a violência disso, com
o calor que se acumula no meu núcleo por sua agressão.
Deslizo minhas mãos por seu peito e pescoço, depois enfio meus dedos
em seus cabelos curtos enquanto envolvo minhas pernas em torno dele,
puxando-o para perto.
Ele puxa o véu livre, jogando-o fora antes que seus dedos cavam no
meu cabelo.
— Levante-se.
— Você me deseja?
Ele rosna quando pega minha boca mais uma vez, desta vez me
beijando sem fôlego.
— Sua boceta está tão molhada. Ela sabe que me pertence? Que eu sou
o dono dela? — Antes que eu possa responder, ele me puxa contra si.
Sua boca cai em mim, e sinto o primeiro lamber elétrico de sua língua
no meu clitóris.
14
Lucas
Sempre achei pejorativo a frase “vou comer essa mulher”. Parece que
você está dando a garota um ar de objeto, algo que só existe para satisfazer
sua necessidade natural, instintiva, animal. Contudo, agora eu realmente
quero comer a minha mulher, porque ela é como um banquete, preparado
inteiramente para eu desfrutar. Uma lambida lenta me dá seu gosto doce, e
enterro meu rosto entre suas coxas enquanto ela agarra os lençóis.
Lambo com a ponta da minha língua por toda a sua carne macia. Sei
que serei o único que conhecerá essa delícia. Apenas minha, de mais
ninguém.
Ela geme. O som é tão gostoso que meu pau pulsa com intensidade.
Eu corro meus dedos por sua coxa, depois coloco um dentro dela. Ela
aperta em volta de mim, seu corpo tenso.
— Relaxe... — Lambo seu clitóris mais rápido. — Você vai amar isso,
mas eu preciso prepará-la para mim.
Meu pau se contrai quando eu a acaricio com minha língua, meu dedo
empurrando mais fundo dentro dela. Ela fica tensa novamente, mas eu alivio
a incerteza, lambendo-a enquanto mantenho a pressão dentro dela. Quando
meu dedo está revestido e suas paredes me aceitam, deslizo outro dedo.
Ela se abaixa e agarra meu cabelo, suas unhas arranham meu couro
cabeludo enquanto eu pulo para dentro e para fora, minha língua chicoteando
seu clitóris enquanto ela se contorce. Estou aprendendo suas nuances de
mulher, aprendendo o que a faz se sentir melhor, gravando cada pequeno som
que emite, o que faz suas pernas tremerem, o que a faz mover seus quadris
para o meu ritmo. Eu sempre a agradarei, sempre darei à minha mulher tudo
que precisa.
Compartilhando seu gosto com ela, eu beijo seus doces lábios, e ela
estende a mão e agarra meus ombros. Meu pau repousa contra sua entrada
molhada, e é tudo o que posso fazer para não empurrar para dentro dessa
pequena boceta apertada e possuí-la implacavelmente.
Mas essa é a primeira vez dela. Sei que devo me controlar.
Ela não está facilitando as coisas, não quando afunda as unhas nos
meus ombros e balança os quadris contra mim.
— Por favor.
Essa ovelha nem sabe o que pede para esse velho lobo mau. Todavia,
sou diferente, estou diferente... não sei bem. É por causa dela... Algo nela me
mudou.
Mordo um gemido quando meu pau fica coberto por seu mel, a pressão
de suas paredes escorregadias como nada que eu já tenha conhecido.
Uma vez que ela está solta, seu corpo flexível, sua respiração difícil, eu
acelero. Ela arqueia, seus peitos pressionando contra mim. Eu não posso
resistir, então me inclino e chupo um na minha boca. Seu gemido envia uma
agradável explosão de calor através do meu corpo, e eu mordo suavemente.
Quando suas unhas arranham minhas costas, eu mordo mais.
— Quer ficar toda suja com minha porra, não é? — Eu sussurro em seu
ouvido. — Sinto que gostaria de ser preenchida com o meu pau e revestida
com a minha semente, não é? Você vai ser a minha putinha suja, não vai?
— Oh, Lucas — ela geme enquanto eu puxo seu cabelo e chupo sua
garganta, prendendo sua pele macia entre meus dentes.
Renata é como uma joia preciosa. É tão bonita que chega a doer. E não
estou falando de meu pau dolorosamente adormecido em sua coxa, e sim uma
dor diferente, algo inexplicável que parece amortecer meus sentidos.
Missão cumprida.
Eu suspiro.
Renata se mexe. Ela olha para cima, seus olhos sonolentos e saciados.
— Eu preciso que você volte para mim. Vivo. — Ela se senta agora, o
lençol agarrado ao peito.
Reconheço seu desespero, seu medo. Após tê-la possuído, toda seu
valor escorreu pelo ralo conforme seu hímen se rompia. Chefes de grupos não
iriam querer o resto que Lucas Bianconi desfrutou. Se eu morresse, ela ficaria
à mercê de qualquer coisa. Talvez até de se tornar uma cadela, como muitas
outras.
— Sim, pai.
— Qual?
— O da Avenida Mauá.
Enzo me segue escada abaixo. Sorrio quando encontro uma boa parte
dos meus filhos reunidos abaixo. Abrindo os braços, transmito confiança.
— Não é uma noite perfeita para deixarmos claro que ninguém mexe
com a Black Rose?
Deitada na cama, olhando para o teto, sinto meu coração pesado. Tento
dormir, mas não consigo parar de pensar em Lucas. Mesmo que seja
madrugada, não posso ficar nesta cama mais um segundo. Sento-me e
balanço minhas pernas para o lado.
Estou ferida por Lucas. O sexo foi um tanto bruto, ou ao menos foi o
que senti. De início, ele até tentou manter a calma, mas acabou por se deixar
levar quando ondas quentes nos arrastaram em direção ao orgasmo.
Eu saio da cama e procuro algo para vestir. Meu estresse está enorme.
Não conseguirei dormir sabendo que Lucas está à mercê de todo mal do
mundo.
É uma faca de dois gumes. Eu não queria que ele fosse em direção ao
perigo, mas sabia que Lucas precisava ir. É o único caminho, e é como as
coisas funcionam para gente como nós.
Depois me dou conta de que Lucas poderia ter deixado a arma para
mim. Estendo a mão e pego. Eu cresci em torno delas, mas, estranhamente,
nunca toquei em uma. Mas eu já as vi sendo usadas e sei como funcionam.
Não sei por que estou chocada com o fato de que ele está cumprindo
todas as suas promessas. Ele me disse tantas vezes desde que nos
conhecemos que sou a sua deusa. Contudo, não estou acostumada com um
homem que realmente cumpre o que fala.
Bato na porta antes de abri-la, sabendo que dois homens estão lá fora,
guardando-a com suas vidas.
Entro em choque.
Mãe...
Sou mais jovem que eles, mas percebo em seus olhares vazios a
necessidade de afeto e a completa devoção à causa da rosa negra.
Seus olhos não estão mais em mim, mas focados em algo atrás de mim.
Percebo que ele está constrangido pela minha vestimenta.
Lucas Bianconi não parece ser do tipo que veste roupas casuais. Parece
que ele nasceu para vestir um terno. Portanto, não tenho muita esperança de
encontrar algo útil, mas verifiquei mesmo assim. Sem sorte. Eu olho no
espelho. A camisa quase bate nos meus joelhos. É praticamente um vestido. É
o que eu raciocino comigo mesma antes de decidir que minha preocupação
era maior que meu pudor.
Devo agradecer? Ou como sua mãe, eles estão apenas fazendo sua
obrigação em me agradar? Não quero parecer deslocada, mas vai demorar um
pouco para me acostumar com a maneira como os homens me tratam aqui.
— Obrigada, querido.
— Renata! Está com fome? Venha, vou fazer algo para você comer.
Em breve você terá um bebê dentro da barriga e precisará de toda força extra
que conseguir.
Magali agora está na minha frente. Ela segura meu rosto com uma mão
gentilmente. É o toque de uma mãe, suave e doce.
— Onde você conseguiu isso? — Ele tenta pegar a arma que ainda
tenho na mão. Nem Magali nem os dois guardas disseram uma palavra sobre
eu tê-la.
Eu puxo minha mão de volta.
O queixo de Emanuel fica apertado. Ele quer dizer algo sobre a arma,
mas não o faz. Espero que seja porque respeita a decisão de Lucas de me dar
uma arma e não vai questionar.
— Eu sei que parece rápido, mas eu posso sentir na minha alma que
estou exatamente no lugar que devia.
Meu coração para quando um estalo alto soa, seguido por um alarme
estridente. Minha mão vai para a arma, meus dedos envolvendo o aço frio.
Emanuel me segue.
Guerra.
Magali me leva até as escadas quase correndo e me mostra uma sala de
vidro no lado oposto dos quartos. Mais tiros soam e os homens gritam.
Magali abre uma porta pesada e me puxa para dentro de uma sala
forrada com telas planas. É como uma caixa de vidro. Fico imediatamente
claustrofóbica.
— O que...?
— O quê? — Eu choro.
— A mãe de todo seu clã. Ele te escolheu para ser a mulher mais
respeitada e mais digna da Black Rose. Você dará início a sua dinastia.
— Acho que entendi. — Não, era difícil demais para entender. — Mas
Emanuel está lá fora. Meu irmão é apenas uma criança. — Observo enquanto
ele desce as escadas e um dos homens de Lucas lhe dá uma arma. — Não!
— Lembre-se de que essa não é a primeira vez que idiotas vêm para
destruir a Black Rose. — Ela se vira e abre um armário ao longo da parede
sem janelas. Puxando um rifle semiautomático, ela o prende como um
profissional e o coloca na ampla mesa de mogno abaixo das telas. — Se eles
passarem pelos rapazes, eu estarei pronta.
Olho para outra tela e vejo Lucas sair de um dos utilitários esportivos.
Mais carros surgem na estrada, e então a verdadeira guerra começa.
17
Lucas
Da mesma forma, agora. Eu miro nos crânios para não ter erro. Para
não deixar sobreviventes. E nada do que eu possa fazer depois disso me
redimirá desse pecado. Eu prestarei contas a Deus um dia, porque a justiça
mundana brasileira é um fracasso total.
Mas isso acaba hoje. Estou cansado. Eu tenho Renata e quero crianças.
Eu tenho homens que realmente me importam. Se eu derrubar o sistema de
tráfico atual, posso criar um novo esquema que não perturbe muito as leis
civis. Podemos viver como na era da Lei Seca. Ninguém precisa morrer
porque organizações disputam território. Serei o senhor de tudo.
Uma vez que o carro branco derrapa e quase bate em um carvalho que
adorna a entrada da mansão, saio do esconderijo e atiro nas janelas. Meus
filhos me seguem, vários deles correndo pelo caminho em direção ao portão
quebrado. Eles lançaram uma série de tiros contra os invasores que se
aproximavam, gritos de dor disparando pela noite.
Olhando para cima, garanto que Enzo está pronto. Mal posso vê-lo,
mas não preciso. Vejo o fuzil pela janela.
Não tenho tempo para dizer a ele que o terei como a um filho, que um
dia será igual a mim e estará livre para começar sua própria família, sua
própria operação.
Meus filhos estão atrás de mim, fervendo como eu. Não são meu
sangue, mas tem parte da minha alma.
Isso vai levar um grande suborno para o delegado, mas ele já varreu
crimes meus para debaixo do tapete antes.
— Vitória!
— Para a Rosa Negra! — Ele grita de volta.
— Diga ao delegado que ele ganhará o que quiser. Basta dizer o preço.
— Eu pensei que eles iam matar você. — Ela treme quando a abraço.
Percebe meu sangue. — Oh meu Deus, está machucado?
— Não. — Eu me viro e a carrego para o meu quarto principal. —
Este sangue não é meu.
— Venha — ordeno.
Quando pressiono meu pau em sua boceta, ela geme um pouco. Eu sei
que ela está dolorida, mas minha necessidade dela não pode ser negada. Com
movimentos lentos, eu provoco seu clitóris, correndo meu pau ao longo de
sua pele quente e molhada. Em pouco tempo, ela está agarrando meus
ombros e arqueando contra mim, seu corpo é meu para o que eu quiser.
Escolhi Lucas. E agora era dele, de corpo e alma. Enquanto seu corpo
cheio de adrenalina me entorpece de prazer embaixo da água, analiso meu
futuro.
Sou da Rosa Negra. Com meu nome, meu sangue. Aqueles homens
serão minha família, assim como Emanuel. Estou orgulhosa por ter sido
escolhida por ele para dar início a sua dinastia.
— Isso mesmo, venha. Vou derramar cada gota de mim nessa boceta
apertada.
— Você quer voltar para sua família? — Eu posso sentir seu corpo
tenso sob as pontas dos meus dedos.
— Não.
— Não importa o pouco tempo que lhe conheço, eu sinto que o amo.
Lucas sorri.
— Mas amor não surge assim... Amor não devia vir com o tempo?
Eu tento puxá-lo para mim, querendo que ele me leve de volta para
nossa cama.
— Obrigada.
Pouco depois Lucas está vestido com sua calça e camisa social. É
quase risível. Ele parece um homem de negócios, pronto para uma reunião
em sua empresa.
Esta é a nossa vida. Eu odiava isso há uma semana, mas agora aceito
esse destino. Por Lucas. Ele faz toda a diferença.
Lucas pega minha mão na dele. Ele me leva para fora do quarto e pelo
corredor. Nós descemos as escadas. Eu vejo todos os meus novos filhos
esperando. Muitos ainda tem sangue espalhado pelas roupas. Ele me guia por
um corredor em que não me aventurei ainda. Meu irmão fica na frente de
uma porta e sai do caminho.
Lucas acena com a cabeça enquanto abre a porta que leva ao porão.
Quando olho para as escadas, tudo é concreto. Não é nada como o resto da
casa. Está frio e vazio. Um arrepio percorre minha espinha, porque eu sei
quem estará no pé da escada. Será o fim da família Braun, mas o começo de
minha nova vida como Black Rose.
19
Lucas
Sinto orgulho de Renata. E orgulho de mim mesmo por tê-la escolhido.
Ela é forte. Ela avança pelas escadas sem vacilar. Cada passo a aproxima de
uma decisão que definirá o curso de nossa família, mas ela não pestaneja.
Renata é admirável. Ela é a mulher certa para ser a mãe da Black Rose.
Eu a conduzo mais fundo no porão, até a parte de trás, onde o chão está
manchado de sangue.
Renata aperta minha mão. Aceno para Enzo, e ele abre a porta.
— Para você?
— Você sofreu mais nas mãos dos homens Braun do que qualquer um.
É justo que decida o que acontece com a sua casa.
— Não diretamente, não é? Foi meu avô que a matou. Mas, quero
saber o aconteceu com ela.
Agora ele começa a tremer, e uma nova poça de mijo escorre dele.
— Ela... ela queria ir embora. Levar Emanuel e você. Seu pai estava
morto, então Olívio, ele não a deixou ir, então...
— Eu sabia o quê?
— Você sabia, não sabia? — Suas palavras são como um chicote que o
atinge. — Você sabia, e concordou em matá-la, não é? É assim que
funciona. Os homens decidem e as mulheres morrem?
— Todas essas vezes que chorei por ela... Todos vocês... Meus primos,
tios, meu avô... Todos vocês aprovaram sua morte, não é? — Com um
movimento rápido, ela pega uma chave de fenda sobre uma mesa lateral e se
aproxima dele. — Você é uma das razões de ela estar morta.
— Sinto muito. — Otávio soluça. — Não me mate. Sua mãe sabia dos
riscos. Ela escolheu se casar com seu pai. Ela...
Ela sabia dos riscos. Francine não. Francine amou Victor e morreu por
causa disso. Esse merda não merecia destino diferente.
— Ela foi vendida para ele, não foi? Do mesmo jeito que me venderam
para Bruno.
Com um olhar que poderia incendiar uma cidade, ela se vira para ele.
— E mataremos todos aqueles que procurarem nos destruir.
Enzo e Ricardo, atrás de nós, sabem o que fazer. Não vou dar a Otávio
a honra de matá-lo.
Posso ouvir seus gritos de desespero enquanto saio da sala com Renata
segurando meus braços.
Ela arranha meu pescoço, sua boca é uma coisa selvagem na minha
enquanto eu a fodo com força. Ela aguenta. A mesa arranha o chão enquanto
puxo sua bunda para a frente, ficando tão profunda nela que ela vai me sentir
fodida pelo resto do dia.
— Mais.
Victor Bianconi era membro da máfia que tinha origem na Itália e agora dominava a Serra Gaúcha. Ele
havia sido salvo por aqueles bandidos e devia a eles mais que a vida, toda a sua lealdade.
Sem princípios morais que pudesse carregá-lo, ele sempre acreditou que cumprir seu papel de vilão
bastaria... Até ela aparecer.
Francine Stein era de uma boa família. E era, igualmente, uma boa pessoa. O tipo de gente que jamais
iria se aproximar de um bandido como Victor.
Mas, o destino provou-se ser mais forte que tudo.
Anjo e Demônio queriam coexistir.
Aquilo seria, definitivamente, o apocalipse.
Quando eu tinha dez anos, os Bianconi me levaram... me estupraram... me escravizaram... Mas, com a
morte do chefe da máfia, eu consegui fugir.
E não havia lugar mais seguro para me esconder do que a pequena cidade de Esperança, lugar onde
Pierre Bianconi conheceu seu fim.
O que eu não esperava é que nessa cidade eu conheceria um homem que desejava uma esposa e um
filho. Um bom homem...
Como eu poderia ser isso para ele?
Fugir não é a melhor solução?
Contudo, o que fazer quando me descubro grávida?
Os Bianconi estão me caçando, e o único abrigo que consigo imaginar é nos braços fortes do único
homem por quem senti algo... O pai do meu filho.
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