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PERIGOSAS NACIONAIS

OPS...
ENGRAVIDEI!
JOSIANE VEIGA

PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS

PERIGOSAS ACHERON
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OPS...
ENGRAVIDEI!

JOSIANE VEIGA

1ª Edição

2019

PERIGOSAS ACHERON
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Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta


obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer
meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e
gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco
de dados sem autorização escrita da autora.

Esta é uma obra de ficção. Os fatos aqui narrados


são produto da imaginação. Qualquer semelhança com
nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real deve ser
considerado mera coincidência.

Título:
OPS... ENGRAVIDEI!

Romance / Comédia

ISBN – 9781072191773
Texto Copyright © 2019 por Josiane Biancon da Veiga

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Sinopse:

CUIDADO AO ENCHER A CARA NO CASAMENTO DO


SEU EX!

Quando Ricardo teve a cara de pau de convidar Juliana para o


seu casamento, ela sentiu-se revoltada e raivosa. Contudo, seu
orgulho lhe atiçou a ir para a cerimônia em Vegas, a fim de
mostrar ao seu ex-noivo o quanto não se importava com o
fora que ele havia lhe dado.
O que ela não esperava era que, na manhã seguinte a
cerimônia, acordaria nua nos braços de Yago, o irmão mais
velho de Ricardo.
E, para piorar, haviam mais surpresas. Um anel em seu dedo e
um bebê na sua barriga.

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Sumário
JOSIANE VEIGA
Nota da Autora
Capítulo Um
Juliana
Capítulo Dois
Yago
Capítulo Três
Juliana
Capítulo Quatro
Yago
Capítulo Cinco
Juliana
Capítulo Seis
Yago
Capítulo Sete
Juliana
Capítulo Oito

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Yago
Capítulo Nove
Juliana
Capítulo Dez
Yago
Capítulo Onze
Juliana
Capítulo Doze
Yago
Capítulo Treze
Juliana

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Nota da Autora
Eu comecei esse livro dia 01 fevereiro de 2019, e
encomendei a capa no dia 14, já me preparando para lançá-lo no
carnaval. Tive alguns contratempos com pedidos de leitores (sim,
eu ando numa fase de atender pedidos de leitores kkkk escrevendo
estilos solicitados), então deixei essa obra parada e só retornei após
finalizar ANJO E DEMÔNIO, que é uma releitura moderna de
Romeu e Julieta (nos meus moldes).
Esse livro é tranquilo de ler, fácil, acessível e bem simples.
Não é focado no bebê ou na gravidez e sim em como eles fizeram o
bebê. Não tem nada rebuscado, nem é minha intenção fazer
literatura pesada esse ano. Provavelmente é o último ou penúltimo
antes da Bienal do RJ em setembro, então, espero que gostem.
Josiane Biancon da Veiga
Maio de 2019

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Capítulo Um
Juliana

Q
uando
eu
recebi o
convite, não acreditei na audácia. Mas, Ricardo era
assim, um imbecil que realmente acreditava que
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éramos adultos e que nosso término havia sido


numa boa.
Numa boa?
Eu queria enfiar a cabeça dele dentro do vaso
sanitário e só tirar quando ele parasse de se debater,
mas infelizmente eu não podia me dar ao luxo de
gastar meu réu primário com alguém que não
merecia meu coração.
Eu o conheci nos últimos dias da faculdade
de cinema. Ele me lembrava de alguém que eu
gostava, e acabei me aproximando. Apaixonamo-
nos e vivemos um amor de verão que durou
exatamente o verão.
Em dois meses ele me pediu em casamento.
Foi nesse momento que descobri por que o achava
familiar: Ricardo era irmão de Yago Tevez, um ator
famoso de novela.

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Apesar de achar Yago um idiota esnobe,


adorei sua irmã e acabei me tornando sua melhor
amiga.
Tudo seria perfeito, não fosse Ricardo
descobrir que nosso amor não era amor, e que
quem ele realmente amava era a ex-namorada
Adriana, com quem desejava casar.
Ele foi super gentil em me dispensar. Eu
acenava perante suas palavras, tentando ser
madura, mas desejando ardentemente que seu
crânio explodisse. De qualquer maneira, ele me
convidou para a cerimônia em Las Vegas por pura
cortesia.
Ele não esperava, realmente, que eu fosse!
Ah, mas eu não perderia a chance de mostrar
que eu estava pouco me fodendo com aquele
casório, e que estava super bem e animada, que não

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amava Ricardo e que nada daquilo me machucava.


Gastei um dinheirão com as passagens, e
aluguei o vestido mais sublime que consegui. Eu
queria ofuscar a noiva e estragar o dia perfeito.
E foi assim que parei naquele salão oval, com
uma cara de cu que era inegável, ansiosa para ver o
mundo desmoronar e tudo acabar em cinzas,
completamente ciente do quanto eu errei em ter ido
até aquele lugar.
Meu celular na bolsinha estremeceu. Eu sabia
o que era: o alerta do anticoncepcional. Era a hora
de tomá-lo, e eu nem sabia porque ainda usava tal
coisa, já que obviamente uma mulher de trinta e
dois anos, solteira e mal amada, não precisava de
um método anticonceptivo.
Voltei minha atenção para a cerimônia real.
Naquele momento, o som conhecido de uma

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música soou e as portas da parte de trás do grande e


bonito jardim de inverno se abriram, mostrando
uma pequena menina que entrava carregando uma
cesta de flores.
Brega!
A menina bonita caminhou toda a nave da
capela e então chegou-se a Ângela, que a aguardava
agachada.
Percebi o sorriso radiante da outra irmã de
Ricardo.
Ângela me detestava porque amava Adriana.
Eu sempre soube que ela agia às minhas costas para
levar o irmão de volta aos braços da melhor amiga.
A maldita conseguiu.
Eu suspirei. Queria Letícia ali. A única
pessoa que demonstrou gostar de mim naquela
família acabou se tornando minha irmã de alma.
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Mas, Leti estava ocupada com o que quer que fosse


referente ao casamento. Então, eu permaneci
isolada, observando o desenrolar da coisa.
A música mudou. A cena bonita começou a
decorrer. Adriana surgiu na porta carregando um
ramo de flores. Seus olhos focaram em mim por um
instante e ela sorriu.
Porra, caralho!
Não era assim que as vilãs deviam agir! Ela
devia me odiar, me maltratar, mas desde o primeiro
instante ela me abraçou e agradeceu por eu ter ido
participar daquele momento especial. Igualmente
Ricardo queria ser o bom moço.
Meus olhos perceberam Yago. Ele havia sido
escolhido para entrar na capela com Adriana.
Naquele momento houve muitos flashes de
máquinas fotográficas, não pela noiva, mas pelo

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ator famoso que agora se apresentava como o


cunhado perfeito (Adriana era órfã e não tinha
quem a levasse ao altar). De repente, os olhos dele
capturaram os meus.
O quê? Parecia querer me dizer algo, mas eu
não sabia o que era.
E bem da verdade estava tão puta da vida que
nem me importava.
Uma leve culpa me tomou. Embora a irmã
mais velha de Letícia nunca tivesse gostado de
mim, Yago era o oposto. Ficou claro, desde muito
cedo, que ele parecia interessado demasiadamente
em minha pessoa, o que era bastante estranho,
considerando que eu era uma ninguém e ele era um
astro.
De qualquer forma, ele sempre respeitou o
irmão e nossas conversas nunca passaram de algo

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discreto e superficial.
E, vamos ser francos? Eu realmente não me
interessava por ele. Bonito demais, perfeito demais.
Aff... Onde estavam seus defeitos? Ele me dava nos
nervos!
Por trabalhar numa agência de cinema, eu era
mais focada na parte intelectual da coisa. Ricardo
era diretor de fotografia. Eu era diretora de arte.
Nosso ramo era criar. Yago era apenas um
instrumento. Não que eu o desprezasse, mas,
enfim... ele não me chamava a atenção.
De repente, vi Letícia. Ela estava do outro
lado da capela, e me acenou. Seu sorriso perfeito
denotava o quanto estava feliz. Senti-me um pouco
traída por ela estar feliz, mas enfim... Quem
poderia desejar mal para uma mosca morta igual a
Adriana? Meu ódio tinha um foco e era em
Ricardo.
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DESGRAÇADO!

Por que foi honesto comigo desde o começo?


Agora eu nem conseguia encontrar motivos
para desejar sua morte! Nem para isso ele era
homem! Um homem de verdade teria me traído e
me chutado, rido nas minhas costas. Um homem de
verdade não teria segurado minhas mãos e desejado
ardentemente que eu encontrasse alguém melhor.
Filho da puta!
Nem macumba eu tinha ânimo para fazer
contra ele!
Leti pegou meu olhar e me deu uma
piscadela. Eu devolvi e nós compartilhamos um
sorriso antes da noiva se aproximar do altar.
A cerimônia foi linda, claro, com músicas
apropriadas e votos escritos à mão. Então veio o
beijo final que os tornava um só.

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Sem querer, eu dei um suspiro de alívio.


Porra, eu nem queria casar com Ricardo! A gente
havia se tornado noivo numa daquelas bebedeiras
pós-gravação.
Talvez aquele casamento tenha salvado a nós
dois de uma vida infeliz.

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Capítulo Dois

Yago

gravata parecia duas mãos arrepiantes a apertar


minha garganta. Por algum motivo, nunca me senti
muito bem em roupas sociais. O que era até
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A
estranho, já que minha carreira exigia que eu me
vestisse bem seguidamente.

Enquanto os brindes rolavam e alguns


gritavam um salve aos noivos, meus olhos volviam
sempre que podiam a uma figura singular num dos
cantos da mesa.
Juliana era admirável. Mais do que era capaz
de entender. Eu suspirei lentamente ao detalhar seu
corpo por baixo do vestido justo que ela escolhera
para o casamento.
Sua presença era uma surpresa. Quando
alguém imaginou que ela fosse aceitar o convite?
Mesmo assim, estava feliz que o tivesse feito,
mesmo que ela só me olhasse com tom de desprezo

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e não conseguisse esconder que me considerava


apenas uma figura bonita numa casca oca.
Eu sei, é ridículo. Eu tinha borboletas no
estômago sempre que a observava. Ela era um
ponto fraco, aquele tipo de segredo que fazia
questão de esconder da imprensa. O que diriam se o
cara que fazia mulheres de todas as idades
suspirarem pelos cantos, agia como um adolescente
deslumbrado diante de uma diretora de arte mal-
humorada?
Bem da verdade, no último ano eu fui
escolhido como galã do ano, por causa de uma das
novelas que fiz. O papel ajudou, o texto era clichê e
divertido, e eu tive uma excelente atriz para
contracenar. Os prêmios vieram aos borbotões, mas
foi o apelo sexual destacado do personagem que
havia me dado mais lucro.
Estava fazendo diversas campanhas
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publicitárias e também recebi convites para filmes


no exterior. E mesmo assim, eu trocaria tudo que
conquistara pelo simples olhar de Juliana em minha
direção.
Não sei porque... Só sei que foi assim: Eu a
vi pela primeira vez ao lado do meu irmão, e fiquei
completamente sem chão.
Sofri o diabo quando ele a pediu em
casamento. Eu sabia que não era algo justo porque
conhecendo Ricardo tanto quanto conhecia, sabia
que ele amava Adriana, então eu me foquei em
ajudar Ângela a fazê-lo entender seus próprios
sentimentos.
Esperava que depois de algum tempo do
casamento, eu pudesse ir até Juliana e contar-lhe
tudo que se passava em meu interior, mas agora ela
estava ali, na cerimônia do meu irmão, mexendo no
seu drink com o olhar desafiante, com uma certa
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raiva que não conseguia esconder, e eu não sabia


como iria me aproximar.
Eu pensei em ir até ela. A festa estava sendo
realizada no salão de um cassino, e talvez
pudessemos irmos jogar algo, mas ela desviou o
corpo da minha direção, e resmungou baixo
enquanto pegava outro drink.
Quantos já havia bebido?
Não que aquilo importava...
Deus, ela era linda. Tinha curvas femininas,
quadris largos e a pele macia (bom, a pele eu
imaginava ser macia). E tinha também uma certa
força difícil de explicar. Era feminina, mas forte.
Bonita, mas atrevida. Eu não sei se foi exatamente
isso que me atraiu nela, mas com certeza havia algo
que mexeu muito comigo.
Ela fechou os olhos por alguns instantes. A

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sombra azul enfatizava seus olhos castanhos, os


cílios grossos a faziam parecer misteriosa.
Eu soltei um suspiro e me forcei a ficar de
pé. Dois passos na sua direção. Travei. Um dos
garçons cruzou por mim e peguei um copo do
martini.
Bebi num único gole. Peguei outro copo.
Comecei a andar novamente na sua direção.
Preparei-me para cumprimentá-la, quando ela
puxou o celular. Fiquei parado alguns instantes,
igual a um idiota, perante ela, sem que ela se
dignasse a me dar um mísero olhar.

— Oi Ju — disse, depois de certa resistência.


— Tudo bem?
E era assim que um homem de verdade fazia!
Ficava vermelho igual a um pimentão e gaguejava
num simples “oi”.

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— Oi Yago — ela respondeu.

De repente ela se levantou brevemente e me


deu um curto abraço. Levou menos de um segundo
para eu perceber que já estava um pouco alta.
— Você ganhou o prêmio de melhor ator do
ano — ela quase gritou. — Eu torci por você.
— Obrigado — murmurei. — Eu me esforcei
muito.
— Meu Deus, eu odiei seu personagem no
começo da novela, você sabe, quando ele violenta a
mocinha.
Minhas sobrancelhas se ergueram. Ela
realmente assistiu à novela?
— Mas, Ian foi me fazendo perdoá-lo aos
poucos. Nem sei por quê. Acho que é essa sua cara
de cachorro sem dono — ela brincou, me dando um
tabefe no ombro.
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Ok. Ela estava completamente bêbada.

— A Rosa entre Espinhos — citei a novela


— é considerada bem machista.
— Que se foda, eu adorei — ela abriu os
braços, num movimento estranho e um tanto
assustador.
Ela cambaleou um pouco e eu a ajudei a
sentar-se.
— Me chamaram para dirigir sua próxima
novela, sabia?
Eu realmente não sabia disso.

— Como é o nome mesmo?


— Anjo e demônio — contei. Ela sabia mas
o título com certeza se perdeu naquele montante de
bebida. — Vou interpretar um traficante.
— Isso! Vai ser gravada no Rio Grande do

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Sul. Vou ter que desenvolver a cidade de


Esperança.
Eu engoli em seco com isso. Uma parte de
mim não sabia exatamente o que sentia ao entender
que eu a veria todos os dias.
— Será maravilhoso — argumentei.
— Porque sou maravilhosa... — ela afirmou,
e então riu.
Amei como ela riu. Ela não tentou rir para
parecer bonita ou fazer qualquer tipo de charme.
Como tudo mais sobre ela, era autêntica e seu riso
era para demonstrar que estava feliz.
Eu queria que ela fizesse aquele som para
sempre.
Mas antes que a conversa pudesse continuar,
uma música suave começou a tocar. Adriana e meu
irmão surgiram no salão. A primeira dança como
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marido e mulher.
— É doce — Juliana observou, não
maliciosamente, mas definitivamente com algum
sarcástico em seu tom. — Sabe, nunca terei isso —
apontou. — Que homem iria querer casar-se com
uma mulher como eu? Sou bruta demais, grossa
demais. Não tenho modos pudicos, não sei me
portar perante as pessoas. Sua irmã mais velha e
sua mãe me odiavam — ela riu. — Mas o que
posso dizer...? Eu cresci sozinha nessa porra de
mundo. Ou você é forte ou a vida te devora.
Fiquei surpreso com a confissão, mas nada
disse. Não queria constrangê-la.
Algumas pessoas começaram a se juntar a
Ricardo e Adriana. Volvi para Juliana e indaguei:
— Gostaria de dançar?
Ela me deu um dos seus olhares cansados

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enquanto ela drenava o resto de álcool do seu copo.


Eu assisti a coluna de sua garganta balançar quando
ela engoliu.
— Não, obrigada.
E se afastou.

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Capítulo Três

Juliana

ue o mundo se foda, eu vou comer!


Q
Eu gastei minhas economias naquele vestido
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e nas passagens para os EUA apenas para assistir


ao casamento do meu ex e demonstrar que eu não
estava machucada por ter sido dispensada. Ora, eu
era adulta! Mas, bem da verdade, eu estava puta da
vida com toda a situação, e quando me volvi para o
buffet, tudo que eu queria era descontar um pouco
dos meus gastos naqueles pratos apetitosos.
Adriana escolheu frutos do mar. Eu não
gostava. Dane-se, iria comer até quase vomitar.
Peguei cinco pedaços grandes de camarão
com as pinças e coloquei-as cuidadosamente na
minha montanha de comida.

Enquanto voltava em direção a minha mesa,


eu sentia que estava flutuando. Sabia que havia
bebido demais e poderia pagar algum mico
gigantesco na cerimônia, mas isso era outra coisa
que eu pouco ligava.

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Minha mesa estava vazia. Provavelmente os


meus colegas ocupantes estavam dançando.
Enquanto comia, meus olhos centraram-se nas
roupas e estilos das pessoas ali.
Não que eu fosse usá-las na criação do meu
novo trabalho.
Os dois protagonistas da próxima novela
eram pobres e jovens. Jeans e camiseta seriam suas
roupas comuns. Corri meus olhos ao longo do
ambiente e encontrei Yago conversando com
Letícia. Imaginei-o com roupas confortáveis.
Talvez o cabelo um pouco mais comprido, deixaria
uma leve franja sobre os olhos. Ele tinha olhos
bonitos, então aquilo o deixaria ainda mais
misterioso.
Eu comecei a criar Victor Bianconi – o
personagem – naquele momento. Seu jeito de
andar, sua forma de falar, as roupas que usaria, a
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maneira como deixaria a barba semicerrada.


— Sério mesmo, eu não sei como você teve
coragem de vir aqui — uma voz chegou-se a mim
—, onde não é bem vinda.
Eu congelei com o caranguejo na boca.
Depois terminei de mastigá-lo e o engoli.
— Eu fui convidada — retruquei para
Ângela.
Ela sentou-se ao meu lado. A irmã mais
velha que eu sempre detestei.
— Foi apenas uma gentileza. Você sabe,
Ricardo é muito gentil...
Eu peguei o copo. Jurei a mim mesma não
deixá-la me machucar.
— Você não combina com essa família.
Somos em quatro irmãos, muitos primos, tios... E

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você não tem ninguém, não é? Meu irmão me


contou que sua mãe te deixou com a avó e nem
sequer se dava o trabalho de ir visitá-la, no natal.
— Não ligo — retruquei secamente, tentando
não fazer careta em todas as memórias sombrias
que aquelas palavras trouxeram. — Já você parece
se importar muito com isso. O que é estranho,
porque Adriana também não vem de uma família
grande.
— Mas ela sabe se comportar numa. Ela
nasceu para se encaixar aos nossos.
— E eu não — completei.

— E você não — ela assentiu.


De repente algo se atiçou em mim.
— Não seria hilário se você não pudesse me
descartar assim, tão prontamente? Veja bem, o que
eu posso dizer, Ricardo me deixou e está tudo bem.
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Mas, já pensou se eu me interessasse por Yago e


ele por mim?
— Eu duvido muito disso. Yago também não
concordava com seu relacionamento com Ricardo.
Olha, que surpresa!

— Talvez porque ele me quisesse —


sussurrei, maliciosa.
Ergui-me. Novamente, a tontura. Que se
danasse. Eu queria provar para Ângela que eu não
era um objeto que o irmão usou e jogou fora. Eu
tinha sentimentos, porra!
Comecei a andar na direção do ator. Sentia o
olhar de Ângela queimando nas minhas costas.
Quando cheguei perto o suficiente, coloquei minha
mão no ombro de Yago. Ele se virou de qualquer
conversa que estava tendo com Letícia e me
encarou.

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— Juliana, você precisa de alguma coisa?

— Sim — eu disse com um breve aceno de


cabeça. — Eu mudei de idéia sobre essa dança.
Você gostaria?
Ele pareceu se iluminar.

— Claro.
Eu dei uma última olhada em Ângela, que
parecia devidamente chocada, antes de Yago e eu
chegarmos à pista de dança.
Chupa Ângela!
Eu estava tão ocupada, regozijando-me com
sua expressão chocada, que realmente não percebi
o que estava fazendo, até que fui gentilmente
pressionada contra uma figura quente e sólida. Oh
certo, droga, Yago realmente sabia como segurar
uma mulher.

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E se... eu tivesse me apaixonado pelo irmão


errado?
Por que diabos eu estava pensando nisso?
— Você está bem?

Olhei para cima e fiquei surpresa ao ver o


rosto de Yago tão perto do meu. O que era bobo
considerando que nós nos pressionamos um contra
o outro naquela música de dança lenta.
— Sei que sabe, mas você realmente está
linda esta noite. — ele murmurou.
Senti um rubor leve tomar meu semblante
diante do elogio.
— Obrigada.
Ele realmente tinha um charme incrível, seu
corpo firme contra o meu, sua mão enorme
queimando em minhas costas.

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— Você devia ser assim mais vezes.

— Assim como?
— Gentil — ele murmurou. — Deixar que as
pessoas vejam o quão delicada é.

Que porra era aquela? Ele estava flertando


comigo?
Senti a garganta seca, queria mais bebida.
A música terminou e eu me afastei um pouco
para voltar para a minha mesa. Eu tinha provado
meu ponto de vista para Ângela e não precisava
mais ocupar egoisticamente o tempo de Yago. Mas
fiquei surpreso ao ver sua mão ainda pressionando
suavemente nas minhas costas, como uma
promessa que eu não estava acostumada.
— Talvez mais uma dança? — ele pediu.
Ele parecia tão bonito e tão sério, eu me vi

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sorrindo sem nem saber por quê. Certamente, não


faria mal se deliciar um pouco do ator charmoso e
famoso antes de voltar a vida real, cheia de seus
boletos para pagar, suas segundas-feiras
insuportáveis e sua solidão imensurável.

— Será que eu posso beber um pouco antes?


Ele riu e eu ri. Nem sei por quê.
— Você já não bebeu demais?
— Você é minha mãe, por acaso? —
retruquei.
— Eu ficaria feliz em acompanhá-la para
uma bebida depois da dança terminar.
Dei os ombros.
— Ok. Nada como uma promessa dessas...
Uma dança com um cara bonito e uma bebida em
seguida.

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— Ah, então você acha que eu sou bonito?


— Ele deu uma piscadela.
— Eu e todos os jornais do país.
— Não me importo com os jornais. Sua
opinião importa mais.

Não tive palavras. Suspirando, aproximei-me


mais dele e deixei-me afundar contra seu corpo.
Era bom dançar assim. Parecia que o tempo
havia parado.

***
Busquei desesperadamente sua boca como se
fosse à última gota de água num deserto
horripilante chamado vida real. Porque certamente
parecia. Tudo era tão confuso, tão turvo que era
difícil dizer o que estava acontecendo e como
estava acontecendo.

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Eu ri.

Caralho, eu estava muito bêbada!


O que estava acontecendo mesmo?
Ah sim, eu estava beijando Yago. E, Deus,
como ele sabia beijar...
De resto, eu não poderia explicar muita coisa.
A porra da Ângela encheu meu saco sobre irmãos...
Quem era o outro irmão? Não lembro, mas tinha
um casamento, e...
Nossas bocas se moveram uma contra a
outra, a minha começando a exigir, implorando,
mas ele rapidamente assumiu e deu as ordens. Era
tão quente que eu pensei que minha pele poderia
arder em chamas.
Falando nisso, estava muito quente. Parecia
que tinham ligado o climatizador no modo verão.
Eu só queria tirar minha roupa o mais rápido
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possível.
Yago se afastou de mim depois de esmagar
meus lábios e me deu um olhar tão malicioso que
meus joelhos se dobrariam se eu não estivesse me
segurando nele.
— Você tem certeza disso?
Quê?
Ele cambaleou para o lado e eu gargalhei. Ele
havia me acompanhado nos drinks. Fizemos
competição de quem bebia mais e, uma hora, entre
martinis e vodka, começamos a nos beijar.
Ei, eu lembrava disso!
— Segure meus seios — exigi, pressionando-
o ainda mais.
Eu podia sentir através da minha pele que ele
era tão forte, tão poderoso, e eu só queria ser

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esmagada por ele.


Senti mais um desequilíbrio e logo me segurava
nele. Dei um salto e o agarrei pela cintura com as
pernas, sentindo seu comprimento grosso
cutucando insistentemente a minha parte de baixo.

— Ju... — ele gemeu.


Eu não entendia em absoluto onde estávamos
e por que estávamos fazendo aquilo, mas pouco me
importava.
Voltei a beijá-lo desesperadamente, minha
língua deslizando ao longo de seus lábios inchados
pelo beijo. Ele gemeu na minha boca e eu permiti
deleitar-me com o som. Eu gostava do pensamento
de um homem tão grande e poderoso reagindo tão
visceralmente às minhas ações.
Pude sentir que ele estava se atrapalhando
com algo e me afastei o suficiente para vê-lo

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lutando para a porta do seu quarto no hotel.


É mesmo... Nós estamos num hotel. Em Las Vegas.
Para quê?
O casamento, isso!

Finalmente, ele abriu a porta e me carregou.


Depois, caminhou até a cama e me jogou nela. Eu
pulei duas vezes, rindo célere, e logo ele estava
ajoelhado em cima de mim.
— Você sempre me deixou louco — ele
sussurrou, inclinando-se para pressionar outro
beijo.
Meu corpo arqueou, sentindo pequenas e
maravilhosas chamas de desejo. De súbito, ele
enterrou seu rosto no meu decote. E tudo parou. Eu
quase acreditei que ele havia dormido ali, entre
meus seios firmes, mas sua respiração era mais de
alívio que de sono.

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— Está tudo bem aí embaixo?

Os dedos grossos de Yago encontraram meus


mamilos através do meu vestido e sutiã,
acariciando-os através do tecido, rolando em
círculos. Eu arqueei para cima, querendo mais.
Exigindo mais.
— Nunca a imaginei assim... tão ansiosa...
Ele estava me deixando louca e sem qualquer
esforço. Seus toques eram completamente naturais.
— Yago — eu me contorci, empurrando-me
em suas mãos. — Por favor...
Eu queria me perder em todos os prazeres
que ele estava me dando. Eu queria mais
intensidade, mais pressão, até esquecer-me do
próprio nome, do próprio sentido da vida, de todas
as culpas e raivas que já passei.
Eu só queria ser mulher...
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Suas mãos encontraram o fecho do meu


vestido e desceram para baixo, surpreendentemente
delicadas, considerando toda a força que eu sabia
ter naquelas mãos fortes. Eu balancei para frente e
para trás, ajudando-o, e logo eu estava apenas com
minha calcinha, absurdamente satisfeita comigo
mesmo por ter colocado um conjunto bonito.
— Céus... — Ele sussurrou, fazendo-me
sentir todo o tipo de calor, e eu não pude resistir
mais.
Eu sentei o suficiente para encontrar os
lábios dele novamente, puxando urgentemente suas
roupas. Eu queria o Yago que atiçava as mulheres
quando surgia sem camisa. Logo aquele peito largo
e definido surgiu diante dos meus olhos.
Meus dedos trabalharam através deles com
urgência, enquanto suas próprias mãos foram para
suas calças, soltando o cinto. Ele teve que se
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levantar para empurrar a calça para baixo de suas


coxas, e chutá-la, mas assim que ele estava se
ajoelhando novamente, eu estava arrancando sua
camisa.
Céus, nunca quis tanto um homem quando o
queria...
Ele era tão delicioso, como se tivesse sido
feito só para mim.
Ele se acomodou em mim e eu puxei meu sutiã
acima da minha cabeça. Ele soltou um som de
prazer e sua boca se fechou ao redor do meu
mamilo. Eu arqueei para cima, sem ar.
E então eu vi. Aquele monte elevado se erguendo
através de pelos bem aparados. Fiquei um tanto
sem ar. Não era acostumada a ver membros grandes
assim, mesmo que eu costumasse ver todo mundo
pelado nas peças teatrais que eu costumava dirigir
para ganhar um extra no final do mês.

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Sua mão livre deslizou entre as minhas


pernas.
— Oh sim... Toque-me — ofeguei, deixando
minhas coxas se abrirem enquanto seus dedos
grossos deslizavam suavemente, tão gentilmente,
no meu centro.
Foi uma exploração de carícias. Eu queria
mais. Eu queria calor e pressão. Eu queria que ele
deixasse marcas para que eu nunca me esquecesse
daquele momento.
Yago se inclinou novamente e passou a
língua no meu pescoço antes de morder
delicadamente o lóbulo da minha orelha. Era
apenas o suficiente na beira da dor do prazer que eu
podia sentir meu corpo responder a ele, tornando-se
escorregadio o suficiente para quase ser
embaraçoso.

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— Juliana... Você não faz ideia do quanto eu


sonhei com isso...
Alguma parte de mim respondeu que era
errado eu usar alguém daquela forma, quando
claramente meu companheiro desejava algo a mais.
Mas, o lado embriagado e ferido estava pouco se
fodendo.
De toda forma, antes que eu pudesse pensar
melhor, seus dedos finalmente deslizaram para
dentro de mim e meus quadris empurraram para
cima.
— Me foda! — Definitivamente eu estava
bêbada, porque esse tipo de linguajar não era usual.
Seus dedos entortaram dentro de mim,
encontrando aquele ponto especial que soltava
faíscas através dos meus olhos.
— Me foda — repeti. — Eu quero agora!

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Sua mão pressionou meu estômago. Algo


sobre a pressão lá me fez sentir o movimento de
seus dedos muito mais intensamente e soltei um
suspiro.
— Primeiro goza para mim — ele
murmurou. — Quero assistir. Depois vou dar tudo
que você quer...
Eu gritei como uma atriz pornô enquanto
seus dedos mergulhavam em mim, e sua boca
encontrava meu outro mamilo, sua língua raspando
contra ele. Ao mesmo tempo, seu polegar mudou
para descansar bem contra o meu clitóris, e ele
pressionou em círculos rápidos.
Todos os meus músculos ficaram tensos
quase ao ponto da dor, então liberados, me jogando
no orgasmo mais intenso que eu conseguia lembrar
(não que eu estivesse me lembrando de muitas
coisas naquele instante). Eu tentei me empenhar
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contra ele, um grito tenso escapando da minha


garganta, mas a mão dele na minha barriga me
segurou rápido enquanto seus dedos continuaram a
trabalhar comigo durante todo o meu clímax.
— Yago!
— Isso, Ju, grite meu nome.
E eu gritei igual uma puta, deixando-me
sentir cada gota de prazer e êxtase com total
abandono.
— Agora relaxe, querida... — ele murmurou,
postando-se sobre mim, esfregando seu mastro duro
na minha cavidade.
Minha nossa!
Minha nossa mesmo!
Caralhos cheios de minha nossa!
Mesmo com o meu orgasmo e sua preparação

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completa, eu ainda podia sentir minha vagina


protestando para senti-lo inteiro. Por um momento
houve um ardor, mas Yago se imobilizou quase
instantaneamente.
— Eu poderia estar dentro de você para
sempre.
— Ficaríamos grudados igual cachorros —
eu gargalhei.
Yago deslizou para frente cuidadosamente,
pouco a pouco, até que ele estava totalmente dentro
de mim.

Sim. Isso é sexo, baby!


Aquele homem que entrava e saía num ritmo
cadenciado estava me dando o prazer mais intenso
que jamais imaginei experimentar. Yago era
incrível, e mais incrível ainda era a maneira como
meu corpo inteiro respondia a ele.

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O prazer cresceu dentro de mim. O tempo parecia


desleixado e estranho, girando de um lado para o
outro enquanto Yago me mostrava exatamente o
quão poderosa sua musculatura o fazia.
— Estou perto — sussurrou contra meu
pescoço, parecendo quase dolorido. — Acha que
você pode gozar comigo?
Eu balancei a cabeça.
— Quase.
Ele apertou minha bunda, massageando
minhas nádegas com tanta força que eu sabia que
ficaria vermelha. Não sei porque aquilo me levou
ao ápice.
— Oh — gemi.
Não demorou muito e a esmagadora sensação
de outro orgasmo rasgou através de mim, este ainda
mais ofuscante do que o último.
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— Yago!

Meu corpo praticamente se curvou em dois,


seios apontados para o céu enquanto eu me afogava
em minha própria recompensa. Ele não demorou
muito tempo, batendo no meu corpo acolhedor com
abandono até soltar um grito.
Deu algumas estocadas mais curtas e duras,
depois parou, mantendo-se como se estivesse
chocado com o que exatamente estava acontecendo.
— Uau — disse, após cair pesadamente ao
meu lado.

— Uau — eu acompanhei, rindo da situação.


Eu estava completamente fodida, e não no
mal sentido.
Nunca havia me sentido tão satisfeita em
todos aqueles anos.

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Capítulo Quatro

Yago

O
bviamente, assim que abri os olhos, uma dor de
cabeça insuportável me tomou, fruto da enorme
bebedeira da noite anterior. Minha boca seca exigia
água, mas meu corpo parecia teimar em não querer
se erguer para ir em busca do líquido.
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Há quanto tempo eu não bebia assim?

Da última vez fora quando Juliana e Ricardo


ficaram noivos. Aquela noite havia sido uma
desgraceira movida à cachaça e Raça Negra, num
boteco de esquina, afogado em álcool e dor.
Eu soltei um bocejo ao me alongar, imagens
distorcidas de um sexo poderoso me tomando de
assalto e indagações estranhas sobre aquilo ser real
ou não.
Claro que não era real!
Eu jamais dormiria com uma mulher bêbada
que provavelmente não sabia o que estava fazendo.
Havia uma réstia de cavalheirismo em meu
ser. Mas... Era Juliana e eu tinha uma paixonite
inflamada por ela desde sempre...
Virei o rosto na cama, uma parte de mim
implorando para ela estar lá, outra estranhamente
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aliviada porque ela, definitivamente, não estava.


O leito vazio, enfim, fizera meus olhos se
abriram e eu me sentei com um sobressalto.
Aquilo fora real. As manchas no lençol eram
reais. Então, onde ela estava?

Levantei-me e fui até o banheiro, esperando


ouvir água corrente, mas não havia nada.
Gentilmente, eu abri a porta, revelando um
banheiro completamente vazio.
Passei as mãos nos cabelos, aquele misto de
raiva pela solidão e descrença pelo que quer que
estivesse acontecendo.
Foi quando senti algo enroscando levemente
nas madeixas. Meus olhos volveram para minha
mão esquerda.
Eu estava usando uma aliança.
Por que demônios eu estava usando uma aliança?

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Eu olhei para os meus dedos, totalmente


chocado com a grossa faixa dourada que estava ali.
... Como aquilo foi parar ali?
Ok. Vamos nos lembrar direito das coisas.
Juliana e eu fizemos sexo. E depois? Eu me lembro
de ela ter buscado mais algumas garrafas, e...
Ainda com dores no corpo, eu voltei ao
quarto buscando pelo meu celular. Eu precisava
falar com alguém e saber exatamente o que havia
acontecido.
Encontrei o aparelho no criado-mudo. Olhei
para a tela por alguns instantes para só então me
dar conta de que eu não tinha o número dela.
Sem saída, disquei para Letícia.
— Irmão! — ela gritou animada do outro
lado da linha. — E então, como se sente?

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Seu tom atingiu algo em mim


instantaneamente e senti minhas suspeitas em
chamas.
— Por quê? O que tem como me sinto?
— Ué, você conseguiu o que sempre quis.
Saiu do casamento de braços dados com Juliana.
Saí?
— Nós fomos a um bar do hotel — eu
murmurei.
— Eu vi vocês dois no bar, mas não me
aproximei para não atrapalhar. Pareciam estar se
divertindo muito. E bebendo, também...
Aquilo fazia sentido...
— É... eu preciso falar com ela. Será que
poderia me dar o número?
Houve uma pausa.

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— Por que você precisa do número dela?


Achei que ela havia ido para o seu quarto. Eu os
ouvi gargalhando no corredor.
Eu não lembrava de nada disso!
— Irmã, nós dois passamos a noite juntos e
foi legal — tentei ser o mais breve possível. —
Mas, ela esqueceu-se da bolsa no meu quarto e
queria que ela a buscasse.
— Nossa, que frio — ela resmungou. — Foi
tão ruim assim?
Havia sido maravilhoso.
— Não estou numa fase para
relacionamentos — resmunguei.
— Você ferrou com o noivado dela e Ricardo
e agora me vem com essa?
Eu não tinha palavras. Eu realmente não

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sabia o que dizer para minha irmã porque tirando o


sexo, tudo estava em branco na minha cabeça.
— Ok, eu sempre esperei que vocês dois
acabassem juntos, e é decepcionante que você seja
do tipo cafajeste, mas...
— Por favor, apenas me mande o número
dela — precisava encurtar aquela conversa.
Eu olhei para o meu anel e soltei outro
suspiro.
— Eu só quero devolver algo que é dela.
Ela desligou na minha cara, e logo em
seguida meu telefone se iluminou com o texto dela.
Eu abri, mas depois hesitei mais uma vez.
Devo telefonar? Ou mandar uma mensagem?
E o que dizer?
“Ei Ju... por acaso, assim, bem por acaso

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mesmo, talvez, se não for ofensivo para você, existe


a possibilidade de a gente ter se casado ontem à
noite?”.
Esfreguei meu rosto de novo, e decidi que
minha boca estava seca demais para falar com
alguém. Busquei água e praticamente bebi uma
garrafa inteira num só gole.
Disquei seu número após isso.
De súbito, parecia fora do meu corpo,
assistindo a mim mesmo, nu, ligando
desesperadamente para uma mulher.
Desliguei.

Eu precisava me recompor antes de falar com


ela. Eu era um homem adulto, não um adolescente
apaixonado.
Dessa vez eu a salvei como contato e mandei
uma mensagem para ela perguntando se ela estava

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com fome e se queria conversar em uma lanchonete


próxima do hotel.
A resposta não veio. Talvez ela estivesse dormindo.
Aproveitei aquele espaço de tempo e fui para o
banheiro tomar um banho e me vestir
adequadamente para encontrá-la.
Enquanto me lavava, meus olhos cravavam
seguidamente ao anel. Era fácil imaginar que havia
me casado com ela. Eu era louco por ela desde que
a conheci.
Mas, definitivamente, meus sonhos com
Juliana não incluíam um casamento despreparado
em Vegas, bêbados e sem lembranças.
Quando saí do banho, me enxuguei e me
vesti. Estava me sentindo mais limpo, mas não
menos ansioso. Andei até o telefone e lá estava a
resposta.

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Ela estava me esperando.

“Precisamos conversar”, dizia o texto.


Curto e grosso. E aquilo me fez engolir em
seco. "Precisamos conversar" nunca foi uma boa
frase.

Volvi até a porta, quando me dei conta de


que não sabia se devia ir com o anel ou não.
Eu deveria tirá-lo? Se tirasse, ela consideraria
isso uma afronta?
Ergui a mão direita para arrancar a aliança,
mas de súbito, ela parou no ar.

Não...
Aquele anel estava exatamente onde devia
estar.

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Capítulo Cinco

Juliana

H
avia um misto de confusão e manchas de restos de
memórias mescladas a álcool na minha mente. Eu

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gemi e deixei minha cabeça afundar em minhas


mãos. Tudo que eu sabia é que havia enchido a
cara, transado com Yago e acordado com uma
aliança na mão.
Céus, eu havia sido uma legítima vadiazinha
nas mãos dele, me oferecendo sem qualquer pudor.
Obviamente, eu queria culpar os drinks por aquela
faceta, mas algo me dizia que mesmo sem estar
bêbada, eu teria feito exatamente a mesma coisa
porque estava magoada e buscando uma certa
aprovação.
Eu gemi e olhei para a aliança novamente.
Era grossa.
Deus meu, aquilo era insano!
Eu nem acreditava na constituição do
matrimônio. Havia aceitado me casar com Ricardo
por puro comodismo. Nem louca eu teria aceitado

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me casar com Yago, se mal nos conhecíamos.


Todos os filmes e histórias de gente maluca
que vai a Las Vegas e se casa naquelas capelas
espalhadas pela cidade me tomaram.
Meu telefone tocou e eu não precisei olhar
para saber quem era. Tinha que ser ele.
Ele estava acordado, ótimo.
Li o seu texto. Ele queria me ver. E eu estava
tão envergonhada, como uma noiva em suas
núpcias, que minha primeira reação foi não
responder.
E tudo aquilo aconteceu porque me deixei
levar por minha vagina.
Maldito sexo bom!
Porque foi bom.
Tão bom.

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Eu lambi meus lábios, minha mente


reluzindo em pedaços de nós dois juntos. Céus, que
homem era aquele? Yago era tão firme, tão duro...
minhas mãos deslizavam por sua pele rígida com
tanta facilidade.

E agora eu estava com um anel no dedo.


Eu relutei em sobre o que escrever. De
repente, minha mente mandou um “precisamos
conversar” porque definitivamente era exatamente
o que nós dois precisávamos.
***

Eu entrei na lanchonete e a visão estonteante


de Yago me tocou. Ele parecia bem ou, ao menos,
melhor do que eu, após tanta bebida na noite
anterior.
— Oi, como você está se sentindo? — foi
gentil em perguntar a me ver praticamente

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esparramando-me em cima de uma cadeira.

Eu usava óculos escuros porque minhas


olheiras poderiam assustar a qualquer pessoa, e
porque a luz do sol machucava minhas vistas como
se eu fosse um tipo de vampiro.
De repente, travei.
E se, além de me casar, eu havia me
transmutado?
Deixando Crepúsculo de lado, eu não estava
a fim de pensar bobagens, então apenas acenei,
indicando a outra cadeira.
Yago sentou-se rapidamente, quase que num
comando automático.
— Minha cabeça está explodindo —
murmurei.
— Eu imagino — ele comentou.

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A dele não parecia estar explodindo e aquilo


me irritou.
— Sei.
Deslizei as mãos pelos meus cabelos,
tentando adquirir força para a conversa difícil. Era
embaraçoso? Era. Eu sentia vontade de
desaparecer? Sentia. Mas, não havia como escapar.
A garçonete se aproximou e afastou a
conversa por alguns segundos. Yago pediu omelete
enquanto eu pedi panquecas doces.
Normalmente eu não me empanturrava de
algo assim de manhã, mas estava nervosa e,
ocasionalmente, quando meu estresse atingia o
ápice, esquecia-me da dieta e me afogava em
açúcar.
Depois que ela se foi, olhei para ele, tentando
ver se havia alguma pista de como ele se sentia. Ele

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não parecia zangado, mas talvez ele estivesse


apenas segurando isso porque estávamos em
público. Meus olhos, de súbito, centraram-se na sua
figura. Yago era um cara bonito, de olhar intenso, e
queixo quadrado. O estereótipo do macho alfa.
Talvez por isso fizesse tanto sucesso.
— Você está bem? — ele repetiu a pergunta
anterior.
Tomei um grande gole da minha água e
lancei-lhe um pequeno sorriso. Se ele quisesse uma
conversa jovial, eu poderia lhe dar uma conversa
jovial.

— Estou tentando assimilar tudo que


aconteceu.
Ele assentiu.
— É, eu também.
— Nós vamos trabalhar juntos em Anjo e
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Demônio e não quero que a novela seja afetada


por... você sabe...
Nossa comida chegou. E não era ruim.
Estava entre o terrível e o perfeito, exatamente o
tipo de coisa gordurosa que eu estava desejando.
— Então, você lembra-se de tudo? — Eu
perguntei abruptamente assim que a garçonete se
afastou.
Não foi a maneira mais gentil de abordar a
questão, mas eu estava desesperada para entender a
porra do anel.

Yago congelou o rosto, antes de engolir.


— Eu me lembro de nós dançando na festa, e
depois no bar. Lembro-me de irmos para o meu
quarto. Então me lembro... enfim...
— De você me foder?

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Eu não deveria ter dito isso! Por que disse


isso?
— Nossa, você definitivamente é muito
direta.
Minha cabeça doía, meu centro doía (caralho,
quanto de sexo eu fiz?), até minha bunda doía, eu
realmente não estava com ânimo para falar de
flores desabrochando.
— Acordei essa manhã, sozinha no meu
quarto, com um anel no meu dedo. — explanei.
Ele ergueu a própria mão e apontou a sua
aliança.
— Tenho a mesma história.
— Eu me lembro de beber pra caralho e
trepar uma vez e depois não lembro de porra
nenhuma — o desespero escapou do meu tom de
voz. — Onde nós fomos? O que fizemos? Nós ...
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— Eu me interrompi e engoli em seco. — Eu não


posso ir para todas as capelas de Vegas saber se me
casei! E você, certamente, não poderá fazer isso!
Tem idéia do escândalo? O diretor quer jogar uma
matéria falsa de você estar apaixonado por Simone
Saas, a atriz que fará Francine na novela, seu par
romântico. Se ele souber de algo assim, estou na
rua!
Yago parecia sem saber o que dizer. Eu não
poderia dizer que ele estava em choque. Lances de
marketing para avalancar a audiência era comuns.
— Você acha que há uma chance que nós
realmente...
— Casados? Tenho certeza absoluta.
— Como?
— Bom, eu sonhei com isso um milhão de
vezes na noite anterior, quando a vi na cerimônia

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tão bela e frágil — foi romântico. — E também


porque encontrei uma Certidão de Casamento no
meu terno de ontem à noite.
Era meu fundo do poço.
— Olha, meu advogado provavelmente
resolverá isso para nós assim que voltarmos ao
Brasil. Faremos uma anulação e ninguém ficará
sabendo de nada. — me confortou.
Aquela era minha salvação?
— Sério?
— Sim, não se preocupe com nada.

Eu quase chorei de alívio. Havia, também,


uma pequena decepção, mas certamente era apenas
um resquício do álcool ainda no organismo. Livrar-
me daquele casamento era a única coisa que eu
desejava no momento.

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Encarei Yago.

Era a única coisa, repeti a mim mesma.

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Capítulo Seis
Yago

E
ntão

Augusto Terra achava que iria me enfiar numa


fofoca com Simone Saas e eu aceitaria isso
tranquilamente?

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Nem pensar! Eu não era esse tipo de artista.


E eu era um homem casado.
Ri, sozinho.
Eu era um homem casado.

Aquilo definitivamente não estava nos meus


planos recentes. Mesmo sendo com Juliana, minha
paixonite mais intensa. De qualquer maneira, não
parecia tão ruim e eu não encarava isso com raiva
ou amargura.
Bem da verdade... estava até gostando.
Uma das moças da produção ajudou-me a
vestir a camisa xadrez que Juliana havia escolhido
para o figurino. Meu primeiro dia de gravação
incluiria uma cena que era apenas citada no livro
original de Josiane Veiga.
Eu e mais três atores (que interpretariam
meus irmãos), iríamos assassinar um jovem
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dependente químico. Augusto preparou a cena com


afinco, ansioso para deixá-la o mais abatida e suja
possível.
— Alguma coisa está te incomodando? —
Augusto perguntou, assim que entrou no trailer que
servia de camarim.
Eu tinha por regra manter minha vida pessoal
bem longe da imprensa e dos colegas. Eu nem
sequer entendia como fora parar naquela profissão.
Certa vez, no curso de gestão, uma moça disse que
eu era muito bonito e ficaria perfeito num
comercial que ela estava finalizando.

Eu precisava de dinheiro fácil. Fiz o teste e


passei. Com aquele comercial, ganhei mais
dinheiro do que em três meses no escritório da
gerência do supermercado da cidade que eu
morava, onde trabalhava. Assim, larguei meu
emprego assalariado e me atirei de cabeça em testes
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para televisão.
Meu primeiro papel foi um achado. Eu seria
irmão da protagonista. Sei lá porque diabos, roubei
a cena. Uns diziam que era porque meu tipo era
incomum no país: grande, cabelos castanhos
escuros e olhos intensamente azuis. Outros diziam
que eu tinha uma forma de atuar que transbordava
pelo olhar.
Bobagens de lado, eu só pesava no dinheiro.
Isso até surgir Ian, de A Rosa entre Espinhos, que
mexeu muito comigo. Encarar um estuprador
normalmente muda sua visão do mundo.

E agora estava vivendo Victor Bianconi, um


traficante que vive uma história romântica e sensual
com Francine, uma jovem que é seu oposto.
— Nada, apenas me preparando — murmurei
para o diretor.

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Eu não devia estar pensando em Juliana.


Aquele não era o momento. Mas, havíamos cruzado
corriqueiramente pela cidade cenográfica, e o
encontro do olhar havia causado um turbilhão em
mim.

Não conseguia evitar. Minha cabeça era


basicamente Juliana e apenas Juliana. Ela ocupou
todos os cantos dos meus pensamentos e isso estava
me deixando absolutamente louco.
Fazia duas semanas desde o nosso
“casamento” e as coisas não estavam resolvidas,
como eu esperava que ocorresse.

O advogado explicou que havia um processo


para conseguir uma anulação nos EUA que não era
tão simples. E, pior – ou melhor – o casamento era
imediatamente válido no Brasil porque tão logo
ocorresse a cerimônia, o consulado era avisado.

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Então, questão de tempo até a informação


vazar?
Não sabia como explicar isso a Juliana,
porque havia lhe dado minha palavra que resolveria
tudo.
— Ok — disse Augusto. — Apenas para ter
certeza, sente-se preparado para essa primeira
cena?
— Sim.
Que tipo de pergunta era aquela? Eu não era
nenhum novato.
— Só quero ter certeza — ele justificou. —
Você parece meio aéreo nos últimos dias.
Depois de alguns minutos eu estava na área
externa onde os demais atores e a equipe me
aguardavam. Era uma cena de violência, sobre a
penumbra de um dia que já se despedia.
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— Seu anel — uma das produtoras apontou.

Só então, duas semanas depois do casamento,


foi que me dei conta de que ainda não o havia
retirado do dedo.
Entreguei a um dos câmeras e volvi em
direção aos atores com quem contracenaria.
Dizer as falas decoradas e fazer cara fria
enquanto fingia atirar em um figurante não me
causou nada.
Eu estava completamente infectado pela
memória firme e intacta de Juliana na minha carne.

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Capítulo Sete
Juliana

E
u

segurei o quadro enquanto apontava para as


diferentes garrafas cenográficas a minha frente.

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— Ok, quero o barril de chopp atrás de onde


Victor vai ficar. As cadeiras à direita. O balcão
ficará no meio para que possamos pegar os ângulos
de Yago sem problemas.
Observei a parede atrás das luminárias,
imaginando se o vermelho terra havia sido a melhor
opção de cor. Desde que eu li o livro, tentei passar
em detalhes cada pedaço do que imaginava ser o
bar que Victor mantinha em Esperança.
Ajeitei o quadro de quinta categoria na
parede, atrás de uma das mesas. Uma paisagem de
um lugar bonito, porém, de qualidade duvidosa,
parecia o ideal.
Ao contrário da maioria dos protagonistas de
novelas, Victor era um pobretão que vendia drogas.
Não queria passar outra imagem desse personagem.
As pessoas precisavam olhar Yago e saber o que
viam.
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— Ok, gente. Encerramos por agora. Depois


do almoço vamos organizar o set onde ocorre a
“sala de recreação”.
O lugar onde os usuários consumiam drogas
devia ser igualmente cafona e asfixiante. Eu havia
escolhido um sofá bege desbotado para colocar lá.
— A sala ficará pronta hoje? — ouvi a
pergunta às minhas costas e observei Augusto, o
diretor geral, me observando com curiosidade.
— Por quê?
— Queria passar algumas falas de Yago aqui.
Desde que comecei naquele trabalho, estava
me esforçando para ficar fora do caminho de Yago.
Claro, a coisa toda do casamento ainda estava
acontecendo, mas isso era apenas um ruído
incômodo, mas suportável, que me atinava todos os
dias.

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Eu não era adepta de reclamar numa maré de


sorte. Fazia tempo que eu tentava trabalhar no
horário nobre. E havia conseguido aquilo sem
passar por nenhum “teste do sofá”. Havia me
esforçado em peças teatrais e em séries de poucos
capítulos, na esperança de chamar a atenção de
diretores como Augusto Terra. E agora eu havia
conseguido. Dessa forma, do que reclamar?
O casamento era apenas um problema
temporário que eu logo resolveria.
— Bom, o bar já está quase finalizado. Se
puder esperar até o final da tarde, o ambiente ficará
pronto e conseguirá ter uma visão perfeita de Yago
aqui.
Ele assentiu.
— Sabe, o cara é bom... Especialmente para
esse papel. Já gravamos algumas cenas externas e

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ele foi perfeito. Que olhar é aquele? O tipo de ator


que consegue transmitir tudo que sente pelos olhos
não é qualquer um...
Eu acenei.
Yago sempre me surpreendeu positivamente.
Lembro-me de que Ricardo certa vez o dirigiu
numa peça, onde Yago interpretava um rapaz gay
que não conseguia se assumir para a família.
Sua performance era tão impressionante que
por alguns dias eu realmente acreditei que ele era
homossexual.

Mas, qualquer dúvida em minha mente


desapareceu depois de Vegas.
Que homão era aquele?
Um calor começou a subir pelo meu pescoço
e me esforcei para tentar me conter diante de
Augusto. Os pequenos relances de memórias que
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voltavam me indicavam um homem como poucos,


alguém que sabia como satisfazer uma mulher
inteiramente.
Augusto saiu sem se despedir, mas acho que
isso era normal nele. O diretor parecia um homem
duro e frio. De qualquer modo, soube pelas
figurinistas que ele estava muito satisfeito com meu
trabalho em Esperança. Especialmente nos
apartamentos de Francine – a mocinha da história -,
na praça que é citada no livro e na casa mal-
assombrada onde alguns momentos importantes
ocorreriam.
Enquanto caminhava pela cidade
cenográfica, pensei que não era tão difícil assim.
Esperança não era uma cidade nova para mim. Na
verdade ela era várias facetas de diversas cidades
criadas pela autora. Em Jiyuu na Karada, era mais
agrícola. Em Um Homem na Escuridão, é citada

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como funesta e amaldiçoada, mas em Uma Música


para Nós, deixa-se claro que a visão é mais dos
personagens do que da própria autora, pois a
mocinha daquele livro gostava do lugar.
Aproximei-me dos trailers, passando pelo de
Simone Saas. Ela havia ganhado um prêmio no
Cannes no último ano, apesar de tão pouca idade.
Dois astros nacionais fariam daquela história
erótica uma história de amor e tragédia. O quão
ansiosa eu estava para ver isso?
Não sei dizer. Victor não era Yago. Victor
era de Francine e Yago...

Meu?
Por que pensamentos como esse me
tomavam?
De súbito, travei. Um rosto familiar saiu do
trailer, rindo ao lado de uma das maquiadoras.

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Minha boca abriu, surpresa.

— Yago?
Esse pensamento era frequente, eu não queria
vê-lo. Estava fazendo o possível para não ficar no
seu caminho.

— Juliana?
Não sei porque, rapidamente meu olhar
deslizou para a mão dele, mostrando-me que estava
usando a aliança.
Por quê?
Claro, eu também estava, mas eu era mulher
e a porra da aliança era muito bonita. E ninguém se
importava se a diretora de arte tinha uma aliança.
Mas, o astro de Anjo e Demônio usando uma
aliança... Aquilo era um escândalo!
— Feliz em vê-la. Estou ansioso para

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trabalhar com você — ele estendeu a mão e eu fui


lembrada de como meu corpo se sentiu quando
aquelas mãos deslizaram sobre minhas curvas.
Lutando contra um rubor, dei-lhe um aceno
de cabeça e depois olhei para a assistente.
— Poderia nos dar licença?
A maquiadora assentiu.
— Sim, claro.
Quando ela se afastou, Yago me encarou
com surpresa.
— Você parece zangada em me ver.

— Eu só quero deixar bem claro que


manteremos o nível profissional, já que,
obviamente, iremos ocasionalmente trombar um
com o outro no estúdio.
— Insinua que não sou profissional?

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Fiquei sem resposta. Ele era um baita


profissional.
Fui salva quando um assistente surgiu e
chamou Yago. Ele precisava segui-lo. Mesmo
aquela conversa não tendo um final satisfatório, eu
suspirei aliviada quando o vi me deixando.
Fui correndo até o trailer da direção de arte.
Queria beber água, pois minha garganta ardia de
tão seca.
E se alguém suspeitasse que eu estava casada
com ele? Céus, no programa de fofocas, largaram
uma foto de Yago e Simone Saas durante uma
reunião de elenco. Não havia nada demais na foto,
apenas um ao lado do outro, mas serviu para se
especular coisas.
Aquelas especulações avalancavam audiência
e eu, mera mortal, devia ficar quieta no meu canto

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para não atrapalhar nada. Até porque era meu


primeiro trabalho importante e se algo ocorresse...
Eu podia ficar marcada para sempre no ramo.
Esse pensamento me deixou nervosa e
incrivelmente frustrada. Eu trabalhei tanto para
manter o controle sobre meus sentimentos,
considerando que era uma mulher sozinha que
lutou sem apoio para chegar aonde chegou.
Perder tudo porque Yago havia me dado o
maior orgasmo da minha vida não parecia valer a
pena.
A porta abriu e uma parte de mim acreditou
que era Yago me seguindo. Meus olhos ficaram
surpresos ao perceber ser Simone Saas.
— Olá — ela me cumprimentou, um sorriso
de fazer qualquer pessoa desmaiar.
— Oi... — gaguejei em resposta.

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— Você é a diretora de arte, não é?

Acenei. Seus dentes brancos brilhando


enquanto um riso fraco escapava de seus lábios. Oh
deus, não é de admirar que eles a tenham
contratado e caíam aos seus pés. Ela era vivaz de
uma maneira que era instantaneamente perceptível,
e eu podia me sentir já envolvida nisso.
— Sabe o apartamento de Francine? Diz nos
livros que tem muitas coisas de avó. Eu trouxe um
quadro da minha avó para compor o ambiente. Será
que você pode encaixá-lo lá?
Ela não exigiu ou informou. Ela
simplesmente pediu, como se ser a estrela daquela
novela não implicasse nenhuma obrigação para nós.
— É claro — eu peguei o objeto.
De repente, aquilo caiu como uma bomba
estranha sobre mim. Se eu, mulher heterossexual,

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estava quase babando em Simone Saas, o que faria


Yago em fazer cenas mais que quentes com ela?
— Muito obrigada — ela disse, antes de sair
do trailer.
Eu estava perdida!

***
Observei o set como um todo, tentando
visualizar as cenas que ocorreriam lá e em como as
pessoas se sentiriam assistindo-as.
— Diminua a luz — disse a um dos
cenotécnicos que me encarava, aguardando
orientação.
Conforme o lugar fora entrando em uma leve
penumbra, um sopro escapou dos meus lábios.
Era isso. Perfeito.
Eu criei Esperança naquele último mês,

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gerenciei arquitetos, artistas, jardineiros, e uma


porrada de gente e agora estava pronto. Claro, eu
ainda teria muito trabalho até o fim das filmagens,
mas o que eu considerava mais difícil havia
conseguido finalizar no prazo.

De repente, me volvi para a porta, ansiosa


para ir falar a Augusto sobre a finalização, quando
me deparei com Yago me observando.
— O que você está fazendo aqui?
— A forma como você indaga isso parece
dizer que não gosta de me ver — ele riu.

Ele estava em pé, o corpo apoiado em uma


parede. Eu não sabia se era o seu peito levemente
agitado ou o rubor em cima daquela estrutura óssea
bonita dele, mas fiquei impressionada com o quão
grande e largo ele era. O efeito das luzes sobre seu
corpo me fez congratular mentalmente. Ele ficaria

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incrível em cena.
— Eu fiz alguma coisa para te chatear? —
Yago insistiu, andando e parando na minha frente.
— Sinto que fica irritada toda vez que me vê.
— Talvez eu fique. — Claro, provavelmente,
não era o que ele queria ouvir, mas era a verdade, e
eu fazia o tipo honesta. — Eu gosto de manter
minha vida pessoal e minha vida profissional bem
separada, e tê-lo aqui torna tudo muito difícil.
Seus lábios se curvaram e ele deu outro passo
em minha direção. Seu perfume me deixou
lânguida. Ele cheirava a masculinidade.

Ah, era tão bom...


Não era nada bom!
— Prometo não fazer nada para tirá-la da sua
zona de conforto.

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Eu quase ri.

Apenas estar em sua presença já me deixava


atiçada.
— Você não devia estar usando aliança —
acusei, buscando palavras diante daquele clima.

— Você também está usando a sua.


— Porque é bonita — rebati. — E porque
ninguém liga para mim. Mas você está nos
holofotes. — Ele me observava com cara de
nuvem. — Quer saber? Vou tirá-la aqui na sua
frente, assim você enten...
As mãos grandes de Yago cobriram as
minhas, parando-me. Eu olhei para o rosto dele e
fiquei surpresa ao ver o quão descontente ele
parecia.
— Mantenha.

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— Você precisa entender...

— Encare a aliança como um presente. É


bonita e cara. Fica bem em você.
Eu queria objetar, mas com o jeito que ele
estava olhando para mim, como eu poderia?

— Ok... — murmurei.
— Ótimo. Que tal agora sermos mais
profissionais, e você me apresentar o bar de Victor?
— Achei que iria...
— Ei — os dedos dele tocaram meus lábios,
me calando. — Apenas vamos andar.

O local inteiro estava cheio de contrarregras,


maquiadores, câmeras, etc. Mas havia um local
ainda isolado, o escritório do traficante, e não sei
porque, foi para lá que fui.
Entrei no ambiente, Yago atrás de mim. Eu

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podia sentir seus olhos brilharem em desafio às


minhas costas, e uma luta interna poderosa se
travou com todos os meus desejos.
Então, de repente, ele me jogou contra a
parede, suas promessas recém-feitas sendo
desfeitas em segundos. Yago estava perto de uma
maneira que eu não esperava, de uma maneira que
me dava medo. Porque eu nunca deixava ninguém
estar tão próximo assim da minha alma.
Eu respondi automaticamente, meu corpo
escorregando contra o dele. Eu não queria, mas não
conseguia me conter. Minha cabeça estava
acelerada, meu coração batia forte e a tensão estava
se formando no meu centro, implorando
desesperadamente por algum tipo de alívio.
Eu podia sentir a respiração irregular de
Yago parar, e levei um segundo para minha mente
acompanhar minhas ações. Com uma faísca de
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alegria, percebi que estava beijando Yago.


Por alguns segundos, ele não reagiu, o que
me deu a certeza de que tinha arruinado tudo. Mas
então veio o retorno, e era tão firme, tão convicto,
tão certo do que queria.
Yago empurrou seus quadris com os meus.
Eu ofeguei, meu núcleo já começando a reagir à
promessa dele. Eu o queria, tão agudamente, tão
intensamente que doía. O calor dele contra mim
estava enviando todos os tipos de impulsos
agradáveis ​através do meu cérebro e eu sabia que,
sem dúvida, não havia como voltar da borda que eu
tinha acabado de me jogar fora.
Yago começou a devorar minha boca, me
puxando, me dominando, exigindo, tendo... E eu
amando tudo o que ele estava fazendo, tanto que o
queria.

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Eu estava sendo arrastada na corrida


inebriante de tudo, mas eu nem tentei me conter. Eu
estava tão cansada de me segurar. De me conduzir
sempre mais e mais longe e nunca aproveitar.
Eu queria viver.
Viver como se fosse um lago que havia sido
inundado muito além da capacidade e finalmente
havia atravessado a barreira que o continha e
transbordado.
Estava sendo absolutamente mulher. Uma
força da natureza, correndo, agitando, e eu não ia
parar.

As mãos calejadas de Yago estavam em


movimento novamente, e os dedos dele
enganchando na parte inferior da minha camisa. Eu
levantei meus braços, quebrando o beijo apenas o
tempo suficiente para ele arrancá-la do meu corpo

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com um nível de força que me deixou


absolutamente molhada.
— Eu quero você — ele praticamente
grunhiu, inclinando-se para pegar meus lábios nos
dele mais uma vez.
— Você me tem...
Nós escorregamos para o chão. Os olhos de
Yago novamente nos meus. Eu não me lembrava de
ter um homem me encarando daquela forma em
outros tempos. Yago tinha um foco, e era tão
profundo que me deixava completamente a sua
mercê.

Os lábios de Yago encontraram o lado do


meu queixo, os dentes dele roçando a pele ali. A
pressão de seus dentes aumentou quando ele
alcançou minha clavícula, um pouco de dor perfeita
para neutralizar o prazer.

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— Você vai me deixar com um chupão —


protestei, uma parte de mim sabendo que aquilo
seria imaturo, outra dizendo que eu precisava ser
discreta.
Era como se eu não entendesse que já estava
marcada desde Vegas.
Ele se afastou, olhando para mim com aquele olhar
intenso que me fez sentir como se eu pudesse
derreter na mesma hora.
— Por que a preocupação?
— As pessoas me viram entrando com você
aqui. As pessoas podem ter ideias erradas.

— Erradas? — ele gargalhou. Mas, em


seguida ficou sério. — Vou ter cuidado, prometo.
Ele me enviou aquele sorriso diabólico antes
de me beijar novamente, e eu fiquei eufórica.
Eu passei meus braços ao redor de seu
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ombro, querendo nos fundir como se fôssemos um.


Apesar de nossas diferenças de tamanho, aquele
homem parecia exatamente perfeito para se
encaixar no meio das minhas pernas.
De repente, a camisa dele voou. Aquele peito
másculo estava a minha disposição, e dessa vez eu
podia aproveitar sem a névoa da bebedeira me
tomando.
Uma vez que sua metade superior estava nua,
eu me deixei aproveitar tudo. Minhas mãos
passearam pelos seus músculos, minha boca
lambeu sua pele deliciosa, eu podia sentir
centímetro por centímetro do quanto ele era
gostoso.
De repente minha calça desceu. Não muito,
mas o suficiente para ficar nas minhas coxas.
Estremeci.

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— Você é tão feminina... — Ele parecia


hipnotizado quando suas mãos agarraram meus
lados, apertando suavemente. Seus dedos grossos e
calejados afundaram na minha pele, arrebatando-o.
Embora eu não fosse uma pessoa tímida, eu
estava com um dos homens mais bonitos do país e
aquele comentário parecia estranho.
Yago teria a mulher que quisesse. Por que ele
parecia tão louco por mim?
Ao mesmo tempo em que eu queria protestar,
eu queria que aquela agonia tivesse fim. Eu queria
ser libertada, e só ele podia me dar isso.

— Por favor...
— Por favor, o quê?
— Me toque, me pegue, me coma...
Eu o puxei contra mim, mas nossos lábios se

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pressionaram juntos por um momento enquanto


seus dedos foram trabalhar no fecho do meu sutiã.
Assim que ele soltou, puxou-o dos meus braços e
sentou-se novamente.
— Você é tão perfeita, princesa...
“Princesa”...
Era como Victor chamava Francine. Aquilo
me deixou confusa. Eu queria parar naquele
instante, mas todo meu organismo reagia contra
essa ordem.
Eu gemi muito alto quando ele colocou meus
mamilos em sua boca, chupando-os, e me lembrei
que nossa única privacidade era a porta não
trancada que nos afastava de todo um conjunto de
pessoas trabalhando.
Eu era uma vadia!
Que tipo de profissional faz isso?
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— Diga-me o quanto você gosta disso.


Deixe-me ouvir seus gemidos altos, não se
contenha — ele murmurou nos meus ouvidos.
A culpa era dele! Como resistir?
— Gemer alto? Ficou louco? — sussurrei.

O pânico e o medo do flagra devia diminuir


minha libido, mas em vez disso, tornava o prazer
mais... mais... mais intenso.
— Confie em mim, Ju...
Eu podia senti-lo sorrir em minha pele macia
enquanto sua língua me dava trabalho sem piedade.
Apenas quando eu pensei que ele alcançou o auge,
uma de suas mãos subiu, os dedos circundando meu
seio negligenciado para dar o mesmo tratamento.
Todos os pensamentos se misturaram em um
frenesi descontrolado, e eu pensei que poderia
enlouquecer se já não estivesse louca. Gemidos
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escorriam da minha boca como se eu fosse uma


protagonista com um filme pornô.
— Nós não devíamos estar aqui —
murmurei.
— Eu aceito mudar de lugar, mas não aceito
parar.
Eu o entendia. Não era uma questão de
aceitar. Era simplesmente que não dava para parar.
— Tudo bem — eu disse, empurrando-o
devagar. Mesmo com todo o meu cuidado, minha
cabeça ainda girava. — Eu te encontro em dez
minutos no seu trailer.

Eu estava completamente arrebatada.

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Capítulo Oito
Yago

U
m

homem tem muitos sonhos em sua vida. Eu estava


realizando um deles. Ter Juliana em meu trailer
havia sido uma das minhas fantasias culposas que
eu nutria desde que a vi pela primeira vez.
Bem da verdade, pela maneira como ela me

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olhava no passado, nunca pensei que fosse


acontecer. Sempre havia um misto esnobe e alheio
em seus olhos, coisa muito diferente do momento
atual, quando eu a puxava contra mim, beijando-a
com todo o meu ardor.

Havia uma mulher mais perfeita nesta terra?


Cada detalhe de seu corpo, cada curva, parecia ter
sido feito para mim.
Eu a puxei para mim de novo, caminhando
de costas para um dos sofás. Agarrei sua cintura,
meus dedos afundando em sua suavidade
novamente, e empurrei-a para baixo em uma
posição sentada.
— Yago...
Ajoelhe-me na sua frente, minha deusa,
minha musa, exigindo seus lábios novamente.
Beijei-a com força. Beijei-a até que suas

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unhas afundassem nas minhas costas, tentando me


puxar para mais perto dela. Naquele momento, eu
só queria desfrutar da sua pele, então não tardei em
puxar sua calça para baixo mais uma vez, jogando-
a para o lado.
Depois foi a vez da camisa. Seu peito saltou diante
de mim, mamilos ainda brilhantes e corados da
minha atenção dada a eles anteriormente.
Ela era uma obra de arte, minha Juliana.
Eu enganchei uma mão sobre sua coxa direita
e a coloquei por cima do meu ombro, puxando seus
quadris até a borda do sofá. Ela soltou um gemido
adorável. Não dei tempo para Juliana se firmar. Eu
queria devorá-la. Beber e mostrar a ela tudo o que
ela merecia. Eu agarrei sua outra perna e puxei por
cima do meu ombro também, minhas mãos indo
para apoiar seu grande e perfeito traseiro.
— Oh, céus — Juliana respirou.
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Encarei-a. O rubor em suas bochechas era


um vermelho vibrante, mas eu queria que essa cor
se espalhasse para mais dela. Olhei de volta para o
centro dela, que agora estava a poucos centímetros
do meu nariz. Ela era tão bonita, tão rosa e
brilhante.
Meus dedos afundaram em sua doçura
perfeita e suave. Depois, lambi uma longa faixa em
todo o seu centro que quase a fez sacudir. Ela
soltou um grito que caiu nos meus ouvidos como
música. Queria vê-la tendo espasmos de orgasmo,
para se afogar em seu prazer até que nada mais
importasse. Só nós.
— Yago!
Empurrei meu rosto ainda mais para dentro
dela, saboreando como seus grandes lábios cobriam
meu queixo. Deslizei meu nariz ao longo daquele
sensível feixe de nervos em seu ápice, usando
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minha língua para acariciar e mapear todo o resto.


E Juliana parecia amar cada momento disso. Suas
mãos deixaram seu rosto apenas para agarrar minha
cabeça e meu ombro. Seus dedos estavam
enterrados no meu cabelo.

Eu me afastei apenas o suficiente para


recuperar o fôlego, lambendo meus próprios lábios
e provando-a em todos os lugares. Juliana
choramingou com a perda de contato, seus olhos
encontrando os meus.
Porra, ela parecia tão perfeita. O pensamento
de que eu tinha feito isso com ela, que eu estava
ativamente fazendo isso com ela, era como uma
dose de adrenalina. Eu me senti queimando mais
quente, mais brilhante, e minha masculinidade
estava pulsando como se pudesse entrar em
combustão se eu não me entrasse dentro dela.
— Tão gostosa — eu murmurei, inclinando-
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me para pegar sua boca em um beijo rápido e casto,


dobrando-a praticamente ao meio antes de voltar
para baixo.
Ela era tão sensível abaixo de mim.
— Mais — Juliana pediu.

Querida, te darei tudo.


Eu ecoei dentro dela, mudando minha boca
para cima para envolver aquele feixe sensível de
nervos enquanto dois dos meus dedos deslizavam
naquela umidade. O som que saía dela me deixava
vazando, e esse sentimento só ficou mais forte
quando eu torci meus dedos, procurando aquele
tipo de tecido quase esponjoso que estava por trás
daquele pequeno osso púbico.
Quando o encontrei, arrastei meus dedos ao
mesmo tempo em que a chupava.
— Yago! — berrou.
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Sim, era isso que eu queria...

O choque em seu tom que me dizia que eu


estava chegando onde nenhum outro jamais havia
chegado.
Não demorou muito para que Juliana
enchesse meu trailer com os sons de seus suspiros e
gritos de prazer.
— Yago, eu vou... — Sua voz se interrompeu
em um gemido quando eu adicionei um terceiro
dedo, mudando meu ângulo dentro dela um
pouquinho.

— Goza, gostosa... — ordenei. — Goza na


minha cara...
Se a ideia foi muito escandalosa para Juliana,
jamais saberei. Ela não conseguia mais se conter.
Suas unhas se cravaram em mim, e um gemido
agudo deixou aqueles lábios perfeitos.

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Parecia durar para sempre, e eu bebia cada


momento de seu êxtase, até que finalmente ela
afundou de volta com um gemido, parecendo
absolutamente desorientada.
Eu soltei as pernas dela, gentilmente
devolvendo-as para o chão aonde eu gentilmente
esfreguei-as para obter alguma circulação. Eu podia
sentir sua umidade no meu rosto, então me levantei
e fui até o banheiro. Limpei meu rosto, feliz,
enquanto meu pau parecia clamar por libertação.
Voltei para frente dela, ainda respeitando sua
respiração entrecortada.

Eu ia perguntar se ela precisava de alguma


coisa, mas de repente ela estava indo para frente, as
palmas das duas batendo contra o meu peito
enquanto ela me empurrava para trás. Normalmente
eu não seria tão fácil de me mover, mas eu estava
agachado precariamente. Eu tropecei para trás,
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minhas costas batendo na parede, apenas para


Juliana ficar em minhas pernas.
Fiquei surpreso demais para reagir por um
momento. Subitamente, meu pau saltou, livre, para
fora da calça. Eu fiquei um tanto chocado com o
que percebi que ela iria fazer, mas eu também
queria, então, simplesmente fechei os olhos.
Sua pequena boca tocou a ponta do meu
cacete. Era como se toda a minha mente estivesse
focada naquele único ponto de contato e eu senti
que minha alma poderia se ejetar da minha forma
física.
— Juliana... — eu sussurrei, minhas mãos
deslizando pelos seus cabelos macios. — Você
sabe o que faz comigo?
Ela mergulhou um pouco, deixando a cabeça
do meu comprimento apenas entrar nela e de
repente foi demais.
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— Foda-se! — Foi a única exclamação aguda


que disse, antes de me livrar daquela boca,
empurrá-la para trás e entrar nela.
Juliana estava tão quente, tão lisa. Ela estava
me apertando como o mais macio e mais quente
vício criado. Eu tive que me segurar ainda por um
momento, muito sobrecarregado pela sensação de
tudo isso.
— Não precisa esperar, já estou quase
gozando de novo — Juliana ofegou depois de um
momento. Eu olhei para o rosto dela e meu pau
enterrou nela de forma urgente.

Uma mão segurou-a no lugar enquanto meus


quadris empurravam dentro e fora dela com força e
rapidez.
— Yago, Yago, Yago! — Meu nome se
tornou um canto em seus lábios perfeitos,

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avermelhados, até que finalmente seu corpo inteiro


endureceu.
Eu a bombeei através dela, observando
enquanto ela jogava a cabeça para trás e soltava um
grito tão irregular que eu tinha certeza que metade
das pessoas do lado de fora ouviram.
Derramei dentro dela, pulsando de novo e de
novo com mais força do que me lembrava de ter
feito antes. Parecia que durou por alguns minutos,
apesar de ter sido apenas alguns segundos. Eu a
enchi, saciando aquela parte primitiva e masculina
de mim que queria reivindicá-la como minha.

— E ainda dizem que sexo perde a graça no


casamento — eu brinquei.
Sua risada ecoou pelo trailer.
***
É claro que estava sozinho tão logo acordei.
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Fugir do que quer que fosse que eclodia entre


Juliana e eu, fazia parte do temperamento dela.
Tentei me aliviar pelo fato de que ela
pudesse estar trabalhando. Ora, eu devia estar. O
diretor havia me chamado para passar falas na tarde
em que me encontrei com Ju. Antes de ir ao meu
trailer com ela, avisei um dos contrarregras que
queria ficar sozinho e que passaria meu texto
depois.
Eu nunca fui dado a estrelismo, mas me
aproveitei da posição pela primeira vez. Eu
precisava tê-la, então fiz o que se esperava.
Não que fosse certo. Eu não podia repetir tal
situação. Sempre fui profissional e precisava me
lembrar disso.
Levantei-me e fui até o banheiro. Um banho
rápido antes de voltar ao set seria de boa valia.
Contudo, ao chegar no lugar, qualquer banho ficou
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esquecido.
Que porra era aquela?
A aliança estava largada em cima do balcão,
como se anunciasse uma despedida de Juliana de
minha vida.

Tantas perguntas rolaram pela minha mente e


eu senti a confusão se juntar à minha irritação.
Eu pensei que as coisas terminaram bem. Foi
certamente o melhor sexo que eu tive em anos. E eu
a fiz vir estrelas, não fiz? Duas vezes seguidas, até.
Não que ela me devesse alguma coisa por causa
disso. Foi só…
Merda. Estou confuso.
É natural que ela não fique com a aliança, já
que não há realmente um símbolo de sentimento
entre nós, mas...
Entrei no chuveiro e tomei uma ducha rápida.
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Depois, me vesti e saí.


Fiz meu caminho em direção ao set onde
ficava o bar de Victor. Quando entrei pela primeira
vez lá, não pretendia que as coisas acabassem
assim. Não que eu estivesse reclamando, era só que
eu esperava que pudéssemos conversar sobre as
coisas e eu descobrisse porque ela estava tão na
defensiva comigo. Mas então nós estávamos nos
beijando, nos esfregando, e ela tinha sido tão cheia
de fogo, que eu não pude evitar que meu corpo
respondesse à altura.
E o resto todos já sabem.

Ela não estava no bar.


— Ei, você viu Juliana? — indaguei a um
dos contrarregras.
— Ela estava trabalhando no apartamento de
Francine — apontou.

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Eu balancei a cabeça, ansioso para chegar até


Juliana, mas tentando não demonstrar isso.
Céus, o que será que era tudo aquilo que
explodia em mim? Aquela urgência? Será que eu
estava apaixonado?
Entrei no apartamento (o set do
apartamento). A visualizei sobre uma luz forte que
vinha de trás dela, tornando sua silhueta magnífica.
— O sol bate nas janelas — ela apontou para
um dos funcionários. — Isso é demarcado no livro.
O sol incomoda Francine porque faz calor no início
da história e pega de fronte à janela dela. — A luz
ficou mais forte. — Tudo bem pessoal, isso foi
bom! Vamos dar uma pausa, tomar água e ir ao
banheiro. Encontramos-nos daqui a meia hora.
A multidão se dispersou e eu tomei isso
como minha chance. Marchando até ela, eu respirei

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fundo para manter minha voz tão firme quanto


possível.
— Eu pensei que eu te disse que o anel era
um presente.
Particularmente não estava tentando ser
muito sorrateiro, mas ela estremeceu de susto ao
ouvir minha voz.
Girando para me encarar, vi suas pupilas
encolherem-se de choque enquanto seus olhos
estavam arregalados. Suas bochechas tinham um
leve rubor.

— O que há de errado, Juliana? Estávamos


bem há um minuto.
Sua voz ao me responder baixou para que
ninguém nos ouvisse.
— Só porque seu pau estava dentro de mim?

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— O que o sexo tem a ver com a aliança?


Você não gostou?
— Foi completamente inapropriado.
— Inapropriado? — repeti. — É isso que está
chateando você?

Ela lambeu o lábio inferior antes de falar:


— Olha, não quero que confunda as coisas.
Isso foi errado, estamos no nosso local de trabalho,
e eu não sou esse tipo de mulher. Eu me deixei
levar, mas isso não pode e não deve se repetir.
Quero manter as coisas bem definidas entre nós.
Eu fiquei irritado porque parecia que eu tinha
forçado alguma barra, mas não fiz isso. Ela
basicamente implorou para eu fodê-la.
— Se é o que você quer — murmurei — para
mim está ótimo.

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Dei as costas e comecei a andar em direção à


saída.
Fui tão estúpido!
De repente, senti sua mão segurando meu
braço. Volvi para ela, e não sei o que teria
acontecido ali, porque havia uma clara lacuna entre
nós.
Todavia, antes que pudesse pensar melhor, o
clima foi cortado por um grito que ecoou no set e
nos atingiu, assustando-nos.

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Capítulo Nove
Juliana

M
eu coração quase parou de bater no peito. Meu
primeiro trabalho importante, e milhares de coisas
que podiam dar errado sob minha responsabilidade,
chocaram-se com o som que foi emitido de algum

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canto do set.
Observei Yago e nós dois ficamos
momentaneamente sem reação. Então, de súbito, a
corrida desenfreada em direção ao som. Lá, Simone
Saas caída no chão, gemendo enquanto seu rosto
enrugava de dor.
— O que houve? — indaguei. — Você está
bem? — corri para o lado dela.
Logo Yago estava conosco, seus braços
pegando a mulher como se ela fosse uma criança.
— Me desculpe, me desculpe — ela
murmurava em minha direção.
Só então em vi os patins. Meu Deus, ela
realmente estava brincando no set como uma
criança?
— Tudo bem, Simone. Vamos apenas torcer
para não ter se machucado feio, está bem? —
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murmurei, pegando a mão dela enquanto Yago


começou a andar.
— Eu nunca tenho tempo para andar... E
agora estava livre — justificou-se. — Augusto me
disse que passaria minhas falas bem mais tarde.
Luma Alves ainda não se dignou a aparecer para
gravar — ela citou a atriz que faria Vanessa, a
melhor amiga da protagonista. Senti uma leve
irritação na sua voz. — Então eu pensei em
aproveitar meu tempo livre.
— Acidentes acontecem. Tenho certeza de
que não é tão ruim assim.

Ela balançou a cabeça.


— Ouvi um estalo. Tenho certeza que me
machuquei feio. — choramingou, mas não parecia
tão irritada assim pelo problema que podia
ocasionar. — Uma lesão não esperada — ela deu os

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ombros. — Quem podia prever algo assim?


Soube naquele instante que Simone Saas não
queria o papel, e bem da verdade, estava mais
inclinada em aproveitar uma folga que poderia ter.
Talvez estivesse farta dos holofotes, e provocara o
acidente de propósito. Isso eu jamais saberia, mas
sabia que sua saída da produção provocaria muitos
problemas a todos nós da direção.
***
E agora?
Mordi meu lábio quando Yago, dois dos
produtores e o diretor estavam em um pequeno
semicírculo à minha frente. O clima era sombrio e
eu não podia culpá-los.
— Uma atriz que conheça Francine, conheça
o texto e esteja preparada para começar a gravar
amanhã... Onde conseguir alguém assim? — um

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dos produtores indagou.

— Podemos gravar as cenas de Victor


primeiro, enquanto uma substituta se prepara para
começar o trabalho — alguém sugeriu.
— Essa história é uma releitura moderna,
violenta, erótica e trágica de Romeu e Julieta. Você
acha que alguém se prepararia para Francine em
uma semana? — Augusto apontou.
— Não podemos parar as gravações. Temos
contratos, patrocínios, e muitas coisas envolvidas...
— outro produtor ralhou.

De alguma forma, me senti culpada. Foi no


meu set que Simone se feriu, e eu devia estar
prestando mais atenção no que acontecia lá do que
em ter orgasmos múltiplos com Yago.
Mas... Yago era tão facilmente capaz de me
influenciar!

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Claro, o sexo era louco - se era mesmo a


palavra adquada para defini-lo.
Quando ele estava dentro de mim, trazendo à
tona coisas de mim que eu nem sabia que eram
possíveis, o resto do mundo sumia em uma aura de
torpor. Nada mais importava. Todo o estresse, toda
a pressão... Era apenas ele e eu, vinculados e
partilhando.
Seu corpo me deu um refúgio para descansar.
Um onde eu não tinha que estar lutando contra todo
o meu passado de abandono, onde poderia apenas
ser e sentir. Foi algo muito forte.

Mas ainda assim, isso não era desculpa. Uma


mulher foi ferida porque eu fui imprudente.
Imersa nesses pensamentos, eu quase não
acreditei quando a voz de Yago soou:
— A diretora de arte fez cinema, e aulas de

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interpretação — ele contou. — Juliana — seu dedo


estava apontado na minha direção. — E ela
conhece todos os livros, e mais ainda Francine, pois
desenvolveu muito o ambiente da personagem.
O quê?
Antes que eu pudesse rir da descabida ideia,
vi Augusto Terra olhando na minha direção.
— Eu vi o curriculum de Juliana antes de
escalá-la como diretora de arte. E assisti algumas
peças que ela dirigiu e contracenou. É uma boa
atriz. Não no padrão Simone Saas, mas daria para o
gasto.

Você já teve a sensação de um pau sendo


enfiado no seu cu? Pois bem, era assim que eu me
sentia naquele momento.
— Mesmo assim é uma atriz inexperiente e
sem bagagem para protagonizar um papel numa

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novela de horário nobre.

— Podemos fazer um teste — Augusto


apontou.
— Juliana é boa no que faz, eu garanto. E
temos química. — ele realmente disse isso? — Eu
considero que com apoio ela conseguirá
desenvolver Francine à altura da personagem.
Eu corei. Yago estava sendo muito gentil.
Uma coisa era dormir comigo, outra era pensar que
eu poderia carregar todo um papel em meus
ombros.

— Ela não é muito bonita — um dos


produtores apontou. — Não é feia, mas não chega
nem perto de ser uma beldade como Simone.
— Desculpe? — A voz de Yago era baixa,
perigosa. Isso fez o cabelo na parte de trás do meu
pescoço ficar em pé e minha libido animar.

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O que era aquele macho defendendo a


fêmea?
Lambi meus lábios, observando a cena
desdobrando-se na minha frente.
— Não quis ser ofensivo — o homem me
encarou de olhos arregalados. — Desculpe.
— Você quer uma beldade? A filha de um
pastor luterano do interior do Rio Grande do Sul
com um corpo de academia? — Augusto riu. — Eu
quis Simone Saas não só por ser uma boa atriz, mas
porque ela é bonita, mas real. Ela tem curvas.
Juliana tem curvas também — me analisou.

Ali estava eu, sendo calculada dos pés a


cabeça pelos homens.
— Você já esteve na mídia social? Mulheres
mais reais estão na moda — Augusto parecia
começar a gostar da ideia. — Imagine uma plus

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size como protagonista! — Eu era plus size? Eu


vestia manequim 40! — Céus, Yago está certo, ela
é perfeita. E mesmo que atue mal, ninguém vai
criticar porque vai ter medo de ser taxado de
gordofóbico. Vamos usar o politicamente correto
em nosso favor.
Augusto se aproximou de mim e pôs suas
duas mãos nos meus ombros.
— Parabéns Juliana, você acaba de ser
promovida.
O que eu devia fazer? Recusar-me? A
proposta da minha vida? Era uma oportunidade
única, mesmo que eu jamais tenha me visto como
atriz.
— Ok... — murmurei.
— Chame Antonela como nova diretora de
arte — Augusto disse a um dos produtores. —

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Precisamos aumentar o tamanho das roupas de


Francine e atualizar algumas coisas. Vamos
repassar algum texto, quero sentir seu tom de voz,
ajustá-lo a personagem.
E depois disso todos se dispersaram.
***
Respirei fundo e andei até a porta do que
seria um bar de estrada. O primeiro encontro de
Francine e Victor foi repensado por mim um
milhão de vezes. Planejei em detalhes cada mobília,
cada cor, cada luz. Agora, eu estava no lugar de
Simone, e graças aos céus, Francine estava nervosa
naquela primeira visão de sua perdição, pois
minhas mãos tremiam ao tocar na maçaneta da
porta.
— Corta! — Augusto gritou. — Meu Deus,
perfeito! — ele parecia deslumbrado. — Vocês

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pegaram isso? — indagou ao câmera. — Pegaram


a mão dela tremendo?
Eu pisquei surpresa, trazida de volta ao
mundo real pela voz potente do diretor.
Meu Deus, era muita pressão! Por sorte,
insegurança era o nome do meio de Francine, a
personagem. Eu não havia conseguido dormir na
noite anterior, relendo o roteiro diversas vezes,
tentando captar alguma essência do que quer que
fosse que quisessem transmitir.
Olhei em volta e vi Yago cercado pela
maquiadora que retocava sua base. Ele estava numa
mesa com outro ator. Logo nós teríamos nosso
primeiro contato.
De alguma forma, achei que fosse arrasar,
porque estava completamente apavorada, e isso era
refletido em Francine, que sentia a mesma coisa.

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A cena retornou. Yago se aproximou de mim.

— Oi... — ele disse.


Ele não. Victor. E havia uma certa
insegurança no olhar, como um guepardo
aproximando-se da caça com cautela para não
assustá-la. Entendi então a imensidão da
interpretação dele. Uma simples frase, e ele
destacava isso com intensidade.
— Olá — Francine respondeu.
Ele pôs as mãos no bolso. Parecia transmitir:
“Não se preocupe. Não lhe farei mal”.
— Você já está indo?
— Eu...
Minha voz travou. Não porque era do texto,
mas porque Yago produzia aquele efeito sobre
mim.

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— Se importa de eu pagar uma bebida antes


de ir?
— Perfeito! Corta! — O diretor parou,
observando a tomada em uma das muitas telas ao
lado dele. — Está melhor do que imaginei com
Simone Saas. Ela é boa — disse para um dos
produtores. — Ela parece estar com medo. — Me
encarou. — Tenha medo — sugeriu. — Você sabe
que Victor é sua perdição.
Yago sorria para mim como se não pudesse
estar mais feliz. Eu suponho que ele provavelmente
estava se divertindo muito, filmando ao meu lado.

Por algum motivo, eu sorri em sua direção.


Estranhamente, eu também estava gostando.

***
Eles me deram um trailer. Aquele que seria

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de Simone. Eu gostei do mimo, e o aproveitei para


descansar com privacidade pela primeira vez desde
que as gravações começaram.
A rotina era intensa, e Augusto Terra
exigente.
Percebi que podia tirar muito daquela
situação. A experiência seria importante para
sonhar com uma direção geral.
— Parece cansada — ouvi a voz de Yago e
abri os olhos. Ele estava na porta do trailer.
— Pensei que já havia ido embora —
comentei. — Suas gravações terminaram antes.
Não vou dizer que Luma Alves era uma vaca,
mas certamente ela era uma vaca. Ela parecia errar
de propósito, a cada segundo reclamando que havia
assinado contrato para contracenar com Simone
Saas e não com uma desconhecida.

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Desconhecida gorda, ela destacou isso.

Eu pensei em Vanessa, a melhor amiga da


protagonista. O quão distante estaria com Luma
naquela posição?
— Ah, eu aproveitei o tempo livre para
decorar as falas de amanhã. Minha memória não é
perfeita e preciso dar uma atenção extra às falas,
sempre que aceito um papel.
— Então você tem uma fraqueza? —
brinquei.
Ele riu, gentil.
— Várias fraquezas — apontou.
— Duvido disso.
— Você vai descobrir com o tempo.
Nós compartilhamos outra risada.
— Ei, você quer ir jantar? Eu pago.
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Pisquei, subitamente feliz com a oferta.

— Vai se arrepender. Eu como bastante.


— Acho que ainda posso pagar sem falir...
— Então eu aceito.

Estava aceitando mais que a comida, naquele


instante. E mal percebia isso.

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Capítulo Dez
Yago

O
fato
de
eu
ter decidido não dormir com Juliana até as
filmagens terminarem não queria dizer que eu não
pensasse sobre isso, demasiadamente.
Desde nossa última vez, até o primeiro dia de
gravação, me percebia duro como um adolescente
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de quinze anos, tendo que buscar o banheiro para


cuidar de mim enquanto pensava nela.
Havia tantas coisas que eu ainda queria fazer
com Ju; posições que queria, barulhos que se
exalariam de seus lábios perfeitos... Ah, e nada
daquilo era possível.
Minha metade inferior se mexeu com o
pensamento e mentalmente disse para me acalmar.
Nós estávamos indo jantar como colegas, amigos.
É verdade que eu estava feliz. Mas, não
apenas por estar indo até um restaurante com ela,
mas especialmente porque Juliana ganharia impulso
na sua carreira após Anjo e Demônio. Ela havia
batalhado tanto desde sempre, merecia isso.
Meu pensamento travou ao vê-la entrando no
restaurante.
Combinamos de que iríamos nos banhar e só

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depois nos encontraríamos num pequeno


restaurante caseiro próximo do set. Agora, ela
surgia, os cabelos um pouco úmidos, a pele limpa,
sem maquiagem, mas absurdamente linda numa
blusa leve e numa calça jeans que combinava muito
com ela.
Ela me viu e seu rosto se iluminou.
— Melhor? — perguntei, puxando a cadeira
para que ela se sentasse.
— Ainda um pouco nervosa com tudo que
aconteceu, mas definitivamente segura de que as
coisas darão certo.

— Estarei lá para ajudá-la. Não há com que


se preocupar — murmurei.
Sentei na sua frente e pus minha mão na
mesa. De imediato, ela segurou minha mão.
— Muito obrigada, Yago.
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E então as mãos se afastaram. Eu quase


suspirei de decepção.
Havia alguma coisa naquela mulher que
mexia muito comigo. Não sei exatamente o que era,
mas estava lá, firme, convicto, provocando-me.
— Estou pensando sobre os personagens.
Francine e Victor se encantaram na primeira vez
que se viram. Você acredita em algo assim?
Eu acreditava. Aconteceu comigo quando a
vi.
— Você não? — Contrapus.
— Eu nunca me apaixonei a primeira vista
— destacou. — Na verdade, eu levo algum tempo
para entender meus sentimentos.
— Disse a mulher que se casou comigo na
nossa primeira noite — brinquei.

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Ela tentou segurar uma gargalhada, mas não


conseguiu. Nós ainda estávamos ligados pelo
negócio do casamento, mas eu sabia que ela
confiava em mim para resolver tudo.
Pensei no quanto eu não queria resolver
nada.
Eu podia sentir meu corpo desejando mais de
seu toque, querendo senti-la me segurando, me
usando como uma âncora enquanto eu virava seu
mundo de dentro para fora.
Eu não queria me separar dela.

Por que simplesmente não aproveitávamos


aquele casamento e nos enrolávamos um no corpo
do outro para todo sempre?
Vê-la assim, tão perto, só destacava o quanto
queria agarrá-la, tê-la sentada no meu colo e apoiá-
la contra o meu peito enquanto assistíamos a um

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filme juntos e talvez...

Talvez um filho.
Meu e dela. Dela e meu.
A fantasia não me surpreendeu. Ele apelou
para toda a minha proteção, formigando meus
instintos. Os desejos que eu tinha desde que a vi,
ampliaram.
A garçonete fez nosso pedido e pouco depois
já estávamos jantando. Havia um silêncio
confortável entre nós. E foi naquele momento sem
conversa que eu olhei para a mulher e percebi que
não queria que ela fosse embora.
Eu queria que ela ficasse comigo para
sempre.
Porque eu estava completamente
apaixonado.

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Claro que eu sempre neguei isso a mim


mesmo, tentando me convencer que era apenas uma
situação passageira. Mas, estar tão próximo dela
quanto nos últimos dias...
Quando encerramos o jantar e nos
encaminhamos para meu carro, eu ainda analisava
meus sentimentos e o quanto isso poderia interferir
na nossa vida.
Quando o carro começou a se locomover,
estava resoluto de que precisava decidir as coisas.
De repente, vi uma área cheia de árvores e
arbustos. Levei o carro para lá e parei. Ela me
encarava com seriedade, mas não disse uma
palavra.
— Você quer ir para o banco de trás? —
perguntei.
Ela não respondeu. Simplesmente tirou o

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cinto e foi direto para lá.

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Capítulo Onze
Juliana

E
le

sorriu, enquanto transpirava, excitado. Senti ele


ficar mais duro embaixo de mim.
Eu queria que minha língua deslizasse ao
longo dos músculos de seu pescoço e descesse até
que eu pudesse prová-lo.

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— Tire a minha blusa — disse, deslizando


para trás o suficiente para que ele pudesse colocar
as mãos entre nós. Em um movimento suave, ele a
levantou sobre a minha cabeça e jogou-a no banco
da frente. O ar frio arrepiou-me ao longo da minha
pele, tornando cada sensação muito mais nítida. Eu
podia sentir o poder de suas coxas abaixo das
minhas, apoiando o meu peso enquanto eu o
montava. Eu queria me acalmar ainda mais, para
ver se seu comprimento insistia em empurrar suas
calças como eu esperava que fosse, mas eu não
estava no ângulo certo.

— Agora tire as minhas calças. — Uma de


suas mãos agarrou meu quadril e a outra empurrou
com firmeza, mas gentilmente, para trás, e ele foi
puxando.
Eu não sei como, mas ele conseguiu.
Será mesmo que ele nunca deu uns amassos
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no banco do carona?
Ah... Ele realmente era forte. Não que eu tivesse
esquecido, mas sempre foi emocionante ver um
exemplo em primeira mão. E, por emoção, eu quis
dizer que meu corpo estava latejando ainda mais do
que antes.
— Agora meu sutiã — continuei, minha voz
urgente.
Aquele sorriso idiota e perfeito ainda estava
em seu rosto quando ele alcançou atrás de mim
para desfazer o fecho. Com uma facilidade prática
para alguém que parecia tão sério, ele puxou-o dos
meus braços e jogou-o na parte de trás do carro.
— Me beije...
O olhar era absolutamente indescritível e
chamas aumentaram ainda mais dentro de mim,
queimando uma linha do meu centro para o meu

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cérebro. Inclinando-se para frente, ele lentamente


pressionou seus lábios no inchaço do meu seio
direito. Isso me fez doer de maneiras que eu não
achava que eram possíveis, ansiando por algo além
do horizonte.

E então sua língua áspera sacudiu um


sensível botão dos mamilos e seus dentes roçaram
levemente depois. A eletricidade percorreu minha
espinha e minhas coxas se apertaram em ambos os
lados do homem.
— Você gosta assim? — Ele respirou na
minha pele.

— Sim — sussurrei, empurrando-me para


frente.
Era incrível a facilidade com que esse
homem me saciava de maneiras que eu jamais
pensei que fossem possíveis.

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Era demais... Mas, não o suficiente. Meus


quadris rolaram contra ele sem restrição. Eu tinha
certeza de que estava estragando a roupa de baixo
que estava usando, mas não me importei. Eu não
me importava com nada que estivesse fora de Yago
e tudo que ele pudesse fazer comigo.
De alguma forma, quando ele me tocou, tudo o que
senti foi as sensações potentes e fortes. Não havia
responsabilidade, nem trabalho, nem mesmo aquele
produtor estúpido que insultara meu peso e minha
aparência. Havia apenas a energia entre Yago e eu,
o refúgio seguro que fizemos um para o outro onde
não havia paredes.

Sem pretensões. Apenas carne na carne.


Minhas mãos se moveram de seus ombros,
descendo pelo peito até chegarem ao seu cinto. Lá,
meus dedos preguiçosamente traçaram as bordas de
metal. Eu podia sentir seus quadris tensos, tentando

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sutilmente me apressar. Mas não havia pressa em


mim. Apesar do meu corpo clamando para ser
preenchido por ele, eu ainda queria provocá-lo.
Para extrair todos os gemidos que eu pudesse. Para
saborear cada expressão e som sabendo que eu
tinha feito isso com ele.
— Não se mova — ordenei.
— Sim, minha senhora — respondeu.
Eu me inclinei para frente, permitindo que
minha palma descansasse contra a protuberância
em seu jeans e meus lábios pairassem um pouco
acima dos seus.

Ele poderia ter facilmente reivindicado


minha boca em um beijo, mas Yago ficou parado
exatamente como mandei. O poder que ele estava
me entregando era realmente inebriante, e resolvi
recompensá-lo.

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— Não me mexer — ele repetiu a ordem. —


Isso é uma tortura...
Eu balancei meus cílios para ele.
— Talvez eu goste de puni-lo um pouco...

Ele gemeu quando puxei o zíper para baixo.


Yago estava suando quando cheguei em sua
cueca e puxei-o para fora.
Lá estava aquele membro poderoso, lutando
por mim, veias latejando e corando. Agarrei-o com
autoridade, movendo-se para cima e para baixo em
seu comprimento para sujá-lo com o líquido que
jorrava em sua ponta. Ver o corpo dele me
querendo intensamente roubou meu fôlego, e eu dei
algumas bombadas a mais do que pretendia.
Ele engasgou e empurrou para cima na minha
mão, o que me fez recuar completamente.

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— Juliana! — Ofegou em tal confusão que


era quase adorável.
— Eu disse não se mexer.
— Você quer me matar?

— E se eu quiser?
— Você é má — ele riu.
— Você ainda não viu nada.
— Então me mostre.
Oh, ele estava ficando arrogante agora? Hora
de eu fazer o mesmo.
Eu o agarrei mais uma vez, trabalhando com uma
primeira mão e depois a outra.
Eu podia sentir o cheiro dele tão
profundamente que era praticamente um gosto, e
quando passei um dedo por sua ponta, ele
estremeceu da cabeça aos pés.

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Aquela densidade se acumulou, cada vez


mais forte, como se fosse um vulcão prestes a
explodir. Eventualmente, suas lavas se derramaram
pela montanha pulsante de seu membro. Então, eu
soltei e segurei seu rosto, puxando sua boca para a
minha em um beijo quente e delicioso.
— Pronto. Agora você está livre.
Um momento antes ele estava abaixo de
mim, minhas coxas presas em ambos os lados dele,
no seguinte ele estava indo para frente, então eu fui
virada e movida para o lado, minhas mãos e joelhos
na almofada do banco.
Minha calcinha foi rasgada. Eu queimei de tesão
diante do ato másculo.
— Amassos uma ova. Eu vou transar com
você — ele avisou.
O domínio em sua voz fez minha respiração

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parar. Dedos fortes envolveram meu cabelo,


empurrando-me para baixo ao mesmo tempo em
que meus quadris estavam sendo levantados. Assim
que meu rosto foi pressionado no tecido do assento,
senti-o cutucando contra a minha entrada.

Pela primeira vez na minha vida, eu implorei


por um homem. Eu precisava de Yago como
precisava do ar que respirava. E então ele estava
dentro de mim com um poderoso impulso.
Ofeguei, meu corpo todo preso com a
sensação. Era muito crua, maravilhosa demais.
Suas mãos cavaram em meus quadris, me
puxando para bater de volta nele antes de me
afastar.
— Não se segure, Juliana. Apenas se
permita, minha querida. Apenas se liberte. Me
deixe ser sua liberdade.

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Tentei respondê-lo, mas tudo o que saiu foi


um lamento queixoso. Felizmente, ele parecia
entender que não havia palavras. Assim, continuou
batendo em mim, enviando choques de prazer.
Era selvagem. E eu queria que o fosse. Eu
queria o suor, queria a dor. Eu queria tudo dele. Eu
não sabia o que estava acontecendo comigo.
E, de alguma forma, sabia que ele sentia a
mesma coisa. Ele não precisava se segurar comigo.
De repente, eu estava sendo fisicamente
levantada e empurrada para frente até que meus
seios nus estivessem pressionados contra a janela
fria. Se não estivéssemos na parte mais escura
daquele parque e não fosse tão tarde, eu sabia que
qualquer pessoa que passasse por perto seria capaz
de me ver. Esse pensamento combinado com a
sensação física disso me fez ofegar e uma lambida
de prazer percorreu todo o meu corpo. Eu gritei,
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mas ele não desacelerou. No máximo, seus


impulsos ficaram mais fortes, mais rápidos, e eu
pude apenas lamentar minha submissão.
— Eu te quero tanto — ouvi ele respirar atrás
de mim, cada palavra pontuada por seu próprio
impulso que foi tão profundo em mim que eu
pensei que poderia ser capaz de prová-lo.
Então gemeu nas minhas costas, o som
enviando calafrios através de mim novamente.
A euforia balançou meu cérebro e tudo que
eu podia fazer era aguentar e aguentar. Aquele lado
básico de mim, os instintos primitivos e não
evoluídos que pareciam se esconder dentro da
mulher dona de si, estava amando cada segundo em
que era submetida como uma cadela, deleitando-se
com a paixão, o calor e a luxúria.
E então minha mente se desligou,

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completamente chocado com a intensidade do


orgasmo que me atingiu, ao mesmo tempo que meu
corpo sentia-se ser encharcado pelo branco do
prazer de Yago.
Oh, e ele não segurou nada. Ele derramou-se
inteiro, um gemido rouco nos meus ouvidos, suas
mãos apertando mais, sua força batendo contra
meus quadris machucando, esmagando, deixando
marcas daquela paixão.
***
Depois que fizemos sexo, eu pedi para ele me
levar para casa. Percebi a mágoa no seu olhar, mas
assim que o orgasmo me atingia, eu lembrava-me
das muitas responsabilidades que tinha, e uma
culpa tremenda me tomava, dando-me conta de que
eu estava sendo uma vaca antiprofissional pela
primeira vez na vida.

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Voltamos a nossa rotina de gravações no dia


seguinte, e ele foi frio, como se não houvesse nada
entre nós.
De fato, não havia, mas... sei lá, estavamos
casados, não estávamos?
Não sei porque esse pensamento começou a
me dominar, mas esforcei-me para colocar no
fundo da minha alma e esquecê-lo. Eu precisava me
concentrar em Francine.
De dia, eu estudava o roteiro e gravava sem
pausas. Mas, a noite eu me revirava na cama,
minha cabeça latejando em pensamentos estranhos
sobre como tudo seria mais fácil se esquecêssemos
a coisa da anulação e ficássemos juntos.
O bom de trabalhar com Augusto Terra é que
ele não dava um segundo de folga, assim Yago e eu
estávamos tão ocupados focados nos personagens

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que não tivemos tempo de nos preocupar com


nossos sentimentos. Isso é, se ele tinha algum para
mim. Porque era claro que eu sentia algo por ele.
Então um dia aconteceu: os documentos de
anulação chegaram.
Por algum motivo, aquilo foi uma facada na minha
alma.
Eu não consigo explicar como me senti. O
fundo do poço seria pouco. Oh, é claro que eu já
esperava por eles, mas... Agora que estavam na
minha frente, tudo mudou.
***

Sentei em frente à televisão e assisti ao


comercial da novela. Ela estreiaria na próxima
semana, e apesar de curta, era muito aguardada.
De repente, vi o casal se observando. Não era
Yago e eu, e sim Victor e Francine, mas de alguma

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forma, era Yago e eu... e havia tanto sentimento


ali...
Tão bobo, não é?
Eu chorei quando nossas mãos se tocaram na
tela, quando trocamos um beijo. Eu mal vi os
outros atores, ou ouvi o narrador. Tudo que eu via
era o homem que eu queria amando-me mesmo que
fosse apenas uma interpretação.
Quando senti a lágrima despencando, eu
decidi tomar uma atitude. Busquei pelo celular e
mandei uma mensagem para a única amiga que tive
na vida:

“Leti, podemos conversar? Juliana”


Logo veio a resposta. Ela iria sair do trabalho mais
cedo e ir lanchar num pequeno café. Me mandou o
endereço.
***

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Letícia entrou na porta e eu acenei.

— Olá – ela me cumprimentou.


Pareceu impessoal, e eu imaginei se o fato de
ter ignorado minhas amizades depois de conseguir
o papel tinha a ver com isso.

Mas, eu estava trabalhando tanto. E estava


tão tensa. Eram tantas preocupações na minha vida
que eu nem saberia como justificá-las para Leti.
Nós pedimos café e depois passamos a
conversar sobre trabalho, vida e o tempo. Foi legal,
mas também foi ... mentira. Porque não era nada
daquilo que eu queria falar. Minha intenção era
chegar em Yago, mas não sabia como começar.
Céus, eu havia sido noiva do irmão mais
novo dela, e tinha transado com o mais velho. O
que ela pensaria de mim?
— Então, o que você queria falar? – ela
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indagou após um silêncio constrangedor.


Estava tão séria. Fiquei com medo. Eu não
queria perder nossa amizade.
— Acho que vou começar pelo início –
murmurei.

— Ok.
— Isso começou no casamento de Ricardo.
Vi suas sobrancelhas se franzirem.
— Ângela fez uma provocação. Ela foi bem
idiota e basicamente me insultou por ter perdido
Ricardo. Eu estava um pouco bêbada...

— Você estava completamente bêbada – ela


corrigiu.
— Eu estava completamente bêbada –
concordei. – E fui tão idiota. Eu sabia que Yago
tinha um fraco por mim então eu tirei uma

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vantagem apenas para deixá-la irritada. Enfim, nós


dançamos e depois fomos para o bar beber mais.
Céus, nem sei como continuar.
— Vocês transaram? – ela apontou. – Não é
uma grande surpresa, o hotel inteiro ouviu.
Sua frase me enrubesceu completamente.
— Olha, esse nem é o problema.
— Não?
— Nós não nos lembramos muito. Sim,
lembramos do sexo, mas depois...
— Depois o quê? – Só então ela pareceu
interessada.
— Quando acordamos de manhã tinhamos
uma aliança na mão e uma certidão de casamento.
O queixo dela quase caiu.
— Nós nos encontramos depois e decidimos
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obter uma anulação para o casamento. E essa


anulação saiu, enfim... Isso nem é o importante.
Depois de tudo, acabamos indo parar na mesma
novela, e Simone Saas se machucou, e me deram o
papel dela. Uma coisa levou a outra e...

— Aconteceu de novo? – ela prosseguiu.


— Honestamente comecei a sentir algo por
Yago. Não era apenas luxúria ou paixão. Só que
não sei expressar isso. E então a gente se afastou...
— E isso dói?
Eu corei com suas palavras. Para meu grande
alívio, ela me entendia.
— Juliana, sabia que Yago é apaixonado por
você desde a primeira vez que ele colocou os olhos
em você?
— O quê? — Minha voz não escondeu a
surpresa. – Quero dizer, não sou idiota, percebia
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que ele me olhava, mas... apaixonado?


— E eu acho que você precisa decidir se está
disposta a se abrir com ele e ter algo sério. Porque
não gosto da ideia de você machucar meu irmão.
— Eu não quero machucá-lo – afirmei.

— Então a gente dará um jeito – ela deu os


ombros.
E, de repente, soube que tudo terminaria
bem.

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Capítulo Doze
Yago

A
nalisando friamente, eu devia me considerar o cara
mais feliz do mundo. Eu tinha um emprego que eu
gostava, que me pagava bem, eu tinha fama, uma
boa casa, boa saúde, e tinha consciência tranquila
dos meus atos. Eu deveria ser feliz.

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Mas, eu sentia um enorme vazio, como se


minha vida fosse um quadro pintado com um
melancólico cinza.
Faltava algo. Juliana preencheu enquanto
esteve comigo. Mas, agora que ela me ignorava, as
coisas pareciam ter voltado ao seu estado anterior.
Fechei meus olhos. O vazio, por sorte,
também preenche Victor. O desespero em perceber
que a vida não cor-de-rosa do crime está destruindo
tudo e todos que ama ajuda a alimentar minha
própria dor.
— Pai, eu tenho um problema — digo o
texto.
O problema de Victor era que Francine havia
descoberto que sua pinta de badboy não era apenas
uma pinta. Ele era do mal. Sua máscara caíra.
Minha máscara também caiu para Juliana.

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Ela sabia minhas fraquezas, talvez a maior


delas. Eu a amava. Eu a queria. Como viver sem tê-
la?
— Isso foi patético — ouvi a reclamação de
Augusto Terra e não pude deixar de concordar.
Faltava o pânico de Victor, mas eu pouco
conseguia demonstrar. Estava apático.
Vida pintada de cinza. Por que essa cor
terrível tomou conta?
— Vamos dar uma pausa — o diretor
ordenou.
“Que sorte”, pensei.
Eu precisava respirar.
Fui até a máquina de café e me servi. De
repente senti uma presença atrás de mim. Volvi-me
e encarei Juliana.

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Não era dia de gravações para ela. Sua


presença me surpreendeu.
— Você não devia estar aqui — murmurei,
arrependendo-me das palavras em seguida.
— Você já comeu hoje? — ela perguntou,
como se não houvesse um buraco entre nós desde
nossa última vez.
— Eu comi — respondi, simplesmente.
Estava cansado. Não era idiota, sabia que no
casamento de Ricardo ela me usou para se
confirmar como mulher. Depois, foi apenas tesão
acumulado sendo libertado. E estava tudo bem para
mim. Até que deixou de estar. Estava chegando
numa idade que sexo fácil não bastava mais.
— Tem certeza? Eu sei de uma lanchonete
maravilhosa...
— Eu não estou a fim de sexo com você —
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fui bruto e direto. — Se você só está buscando se


aliviar, vai ter que procurar outro cara.
Eu vi o seu rosto enrubescer e diversas
sensações cruzando pelo seu olhar. E doeu porque
eu a amava, de verdade.
— Eu só quero conversar — ela disse,
suavemente.
— Sobre o quê?
— Eu — ela começou, mas parou, incerta, as
palavras queimando na boca. — Eu quero cuidar de
você — ela disse, por fim, e eu quase ri das
palavras.
— Não entendo o porquê.
Era por pena? Ela percebia o miserável que
me tornei e quis retribuir de alguma forma?
Mas seu rosto suavizou, mais aberto do que

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eu tinha visto em anos.


— Eu... só quero estar por perto.
Ela se iluminou num sorriso tão lindo que eu
quase engasguei.

— Você quer que eu vá embora? — ela


indagou, incerta.
— Não — apesar de tudo, eu fui franco.
Augusto Terra nos chamou para as
regravações. Ela sorriu em minha direção antes que
eu me afastasse.
— Vou te esperar no seu trailer.

Talvez aguardasse minha recusa, mas eu


simplesmente movi minha face.
— Tudo bem.
***

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Suavemente, mas com firmeza, eu a puxei


para o meu colo. Eu não devia, mas quando cheguei
no trailer, horas mais tarde, ela ainda me aguardava
sentada no sofá, o olhar culpado e medroso.
— Eu quero te abraçar — disse a ela,
apertando-a contra mim.
Não era sexual. Não era tesão. Ela apenas um
repousando no mar seguro que era o outro.
— Não vamos brigar de novo — ela pediu.
— Nós brigamos?
— De certa forma. — deu os ombros. —
Senti sua falta.
— Você se afastou.
— Eu sei, não estou negando.
— Não se afaste mais — pedi.
— Não vou.
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Aquele era um sonho do qual eu jamais iria


querer acordar.

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Capítulo Treze
Juliana

P
ara

desespero de Ângela, Yago e eu começamos a sair


oficialmente. Inclusive, seu assessor de imprensa
havia dado uma entrevista informando ao público
que nosso relacionamento já vinha de longa data.

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Foi um tanto estranho, mas acabou dando


tudo certo.
Enquanto encerrávamos as gravações de
Anjo e Demônio, decidimos cancelar nossa
anulação de casamento e voltar a usar alianças.
Era idiota e romântico, mas eu sorri igual
uma menina deslumbrada quando Yago sugeriu
isso.
E, quando a vida está seguindo um rumo tão
certinho, tão perfeitamente encaminhado, a gente se
esquece de coisas pequenas, mas que deviam fazer
parte da nossa rotina, como menstruar.

Na verdade, eu já andava achando que estava


na menopausa precoce, então nem me importei
muito. Até que um dia senti uma tontura e uma das
contrarregras da novela me indagou se eu não
estava grávida.

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Ha-ha-ha... eu, grávida?

Que ridículo!
Foi só quando vomitei durante toda a minha
folga de domingo que percebi que as coisas podiam
ter saído do controle.

De início, obviamente, eu tentei negar e


esquecer o assunto, como se ele fosse sumir porque
eu queria. Mas, depois comecei a imaginar se
realmente não havia um bebê na minha barriga e o
quanto isso era assustador e inesperado.
E foi assim que eu fui parar naquele
consultório médico na manhã de segunda, num dos
intervalos de gravações.
Havia dito que iria ao banco resolver um
pequeno problema no meu cartão de crédito.
Ninguém desconfiou, e algumas horas depois eu já
aguardava o resultado do exame.

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Finalmente, o médico me chamou. Ele era


alto e magro, com uma expressão severa no rosto.
Por alguma razão, eu esperava um homem mais
sorridente, e esperei pela negativa com ansiedade.
— Juliana?
— Isso.
O olhar em seu rosto dizia uma resposta
diferente.
— Positivo — ele disse, simplesmente,
sentando-se à minha frente na sua sala branca e
asfixiante.
Seu olhar então ficou simpático e ele me deu
um sorriso.
— Meu Deus — eu murmurei. — Como isso
aconteceu? — Eu gemi em minhas mãos, o
estômago se apertando.

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— Acho que você sabe — ele disse. E riu,


como se a frase fosse uma piada muito engraçada.
— Eu uso anticoncepcional! O único dia que
não tomei foi quando bebi um pouco demais no
casamento do meu ex-noivo.
— É raro acontecer, mas não existe método
100% seguro.
Quando saí do escritório, decidi não voltar as
gravações. Ligaria e daria alguma desculpa. Não
conseguiria trabalhar, minha cabeça a mil pensando
no bebê.

Por sorte, Anjo e Demônio estava em suas


últimas semanas de gravações e isso não
atrapalharia meu trabalho. Mas... Não era esse o
problema!
Eu estava pronta para uma criança? Eu nunca
pensei em ter uma. Bebês eram complicados. Eu

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sabia por experiência própria. Meus pais sumiram


da minha vida tão logo eu nasci. Fui deixada com
parentes e perambulei por várias casas até a
maioridade. Como eu criaria uma criança sem
nenhuma experiência?

Ao mesmo tempo... um filho de Yago dentro


de mim, crescendo tão forte e saudável quanto seu
pai, me encheu de uma felicidade sem limites, era a
coisa mais linda que eu já havia experimentado.
Quando abri a porta de casa, para minha
surpresa, encontrei Yago parado na sala de estar:
— Oi — disse ele, voz suave. — O diretor
disse que você ligou falando que precisava ir para
casa... Aconteceu algo? Está doente?
Deus, ele era tão doce, tão perfeito
E então eu comecei a chorar, de repente
temerosa em perder tudo aquilo. Afinal, por mais

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legais que alguns homens fossem, muitos


ganhavam até aversão da mulher quando elas
engravidavam.
— Eu… fui ao médico e descobri que estava,
que estou… Eu descobri que estou grávida.
Senti cada parte dele ficar incrivelmente
imóvel, os músculos enroscados logo abaixo de sua
pele bronzeada. Ele ficou quieto por um longo
momento, e quando ele falou, sua voz foi medida e
cuidadosa.
— É mesmo?

— Sim.
— E como está se sentindo?
— Não sei... Com vergonha?
— Vergonha?
— Já até imagino a cara de Ângela

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insinuando que eu engravidei para te enroscar. A


sua família inteira vai acabar comigo. Sua mãe vai
me soltar indiretas até o fim da vida, e
provavelmente Letícia ficará tão magoada que não
será mais minha amiga. Quero dizer... eles nem
foram oficialmente comunicados de que estamos
juntos. Letícia sabe que eu gosto de você, mas não
assumimos nada para eles, e de repente eu vou
chegar e dizer: “E aí, gente? Ops... engravidei!”.
De repente senti suas mãos fixas nas minhas.
— Eu te amo, Juliana. Cada parte de você. E
se você quiser construir uma família comigo, eu
estou mais do que feliz em lhe dar isso.
Meu corpo tremeu de alívio, e quando
finalmente pude falar novamente, as palavras
saíram da minha boca sem pensar duas vezes.
— Eu tenho certeza que também te amo.

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— Ótimo, então vamos ficar tranquilos


quanto a isso? Nós somos casados, afinal de contas,
já que eu não dei prosseguimento nos papeis da
anulação.
Eu balancei a cabeça, lágrimas brotando de
pura felicidade
— Seria engraçado você dizer a Ângela:
“Ops... engravidei!” — ele brincou, enquanto me
abraçava.
Eu respondi, beijando-o carinhosamente mais
uma vez antes de começarmos a caminhar em
direção ao quarto.

Quando Yago fechou a porta atrás de nós, eu


soube que estava segura com ele. O bebê também.
Não poderia ter escolhido homem melhor para ser
pai do meu filho.

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Ela era o paraíso, mas ele foi feito para o inferno.

Victor Bianconi era membro de uma máfia que tinha origem na


Itália e agora dominava a Serra Gaúcha. Ele havia sido salvo por
aqueles bandidos e devia a eles mais que a vida, toda a sua lealdade.
Sem princípios morais que pudesse carregá-lo, ele sempre
acreditou que cumprir seu papel de vilão bastaria... Até ela aparecer.
Francine Stein era de uma boa família. E era, igualmente, uma
boa pessoa. O tipo de gente que jamais iria se aproximar de um
bandido como Victor.
Mas, o destino provou-se ser mais forte que tudo.
Anjo e Demônio queriam coexistir.
Aquilo seria, definitivamente, o apocalipse.

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Anne Ryle acreditava em contos de fadas. Na verdade,


durante toda a sua vida preparou-se para um casamento dos sonhos
com o rapaz que sempre amou. Contudo, o noivo a deixou às
vésperas do casamento para ficar com sua própria irmã.
Duplamente traída, Anne focou-se na carreira e prometeu jamais
amar alguém novamente. Mas, não era seu desejo que a família
soubesse o quanto ela era solitária e derrotada. Assim, quando foi
convidada para um encontro familiar onde veria o antigo noivo
com sua irmã, planejou atentamente um plano para proteger seu
orgulho ferido.
E para isso, ela só precisava de um namorado... Mas, nada a
preparou para alguém como Alexander.
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Blake estava de volta. E ele queria apenas uma coisa: o


seu bebê.
Isis era uma mulher simples que caiu na lábia de um homem de
moral questionável. Apesar de Blake Code ser conhecido por
destruir seus opositores nos negócios, ele a fez tremer nas
bases, e avassalou seus sentimentos e sua razão. Contudo, ela
conseguiu dizer adeus.
Porém, agora ele estava de volta. E não queria apenas aquela
mulher. Seu desejo profundo era pelo bebê que ela gerava.

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Josiane Biancon da Veiga nasceu no Rio Grande do Sul. Desde

cedo, apaixonou-se por literatura, e teve em Alexandre Dumas e


Moacyr Scliar seus primeiros amores.

Aos doze anos, lançou o primeiro livro “A caminho do céu”, e

até então já escreveu mais de vinte livros, dos quais, vários se


destacaram em vendas na Amazon Brasileira.

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