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PERIGOSAS NACIONAIS

NUNCA TE
ESQUECI

PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS

É proibida a distribuição total ou parcial


dessa obra sem a prévia autorização da autora.
Todos os direitos pertencem a Josiane
Biancon da Veiga

ISBN: 9781983153563

PERIGOSAS ACHERON
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Sinopse

Ela lutou por dignidade


Francesca Abreu era fruto de uma vida difícil. Mesmo
assim, quando conheceu Andreas Padyris, confiou cegamente
que o homem seria seu grande amor. Todavia, quando
percebeu que ele apenas queria usá-la para atingir o primo,
fugiu, desconhecendo que levava consigo o fruto daquela
paixão avassaladora.
Ele lutou por dinheiro...
Andreas Padyris tanto fez que conseguiu assumir a
Presidência da empresa da família. Todavia, isso custou
muito. Especialmente o amor da única mulher que fora sua
confidente e amiga. Perdê-la lhe evidenciou de que o dinheiro
não era tudo, e de que nem todos que tinham seu sobrenome
eram definitivamente sua família.

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Sumário
Sinopse
Dedicatória:
A noiva de Nicolas
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS

Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
DEMAIS LIVROS CONTEMPORÂNEOS DA
AUTORA
Laços de Amor
No Calor dos Seus Braços
Uma Música para Nós
A SAGA DOS REINOS
DEMAIS LIVROS DA AUTORA

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Dedicatória:
Dedico essa história a todos os meus leitores
que sempre confiam nos sentimentos que quero
transmitir.
Um carinho especial para Deus, que anda me
dando muita força ultimamente com as dores para
que eu não esmoreça e continue escrevendo.

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Nota da Autora:
Josiane Biancon da Veiga
Por favor, antes de ler esse livro, conheça o
primo de Andreas, Nicolas, em:

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A noiva de Nicolas
Ele precisava de uma
noiva...

Às vésperas de assumir a
Presidência da Empire
Eletronics, Nicolas
Padyris se viu
pressionado pela abastada
família a se casar.
Sentia-se no século
passado, mas os
tradicionais gregos
Padyris não lhe
repassariam tal posição se
não encontrasse a noiva
perfeita.

Ela precisava de
dinheiro...
Carolina Miranda saiu do
Brasil para trabalhar.
Completamente falida,
ela chegou às ilhas gregas
com a intenção de juntar
dinheiro para retornar ao
país e abrir sua própria
empresa.
A proposta de um dos
clientes do bar em que
servia pareceu vinda dos
céus. Fingir-se de noiva
de um magnata grego por
uma boa quantia lhe daria
a chance de se
restabelecer.

O que nenhum deles


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O que nenhum deles


contava é que aquela
farsa tornar-se-ia uma
amizade verdadeira que
logo se vincularia ao
amor.

Junho 2018

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Nota da Autora:2
Esse é o último livro antes da Bienal
Internacional de São Paulo. Apesar de eu ter dito
que não compareceria esse ano, pois me dedicaria a
viagens em busca de tranquilidade, fui convocada
pela minha nova editora a participar e acabou se
tornando um momento importante porque percebi
que, apesar de ter fugido, primeiramente, de uma
participação, na verdade estou ansiosa para rever
meus leitores. Assim sendo, quem puder e quiser
comparecer a Bienal, não deixe de ir. Estarei lá no
dia 03, se Deus quiser, com muitos brindes.

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Capítulo 01

“Mas é preciso ter força


É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre.”
Maria Maria – Elis Regina

— É uma puta! Igual à mãe!

Naquele hospital em Maputo, naquele país ao


sudoeste da África, a criança de doze anos parecia
condoída pelo esquecimento humano de sua frágil
condição.

A enfermeira aos pés dela terminava de


limpar as suas pernas manchadas de sangue.

— A mãe?

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— A mãe era uma vagabunda. — A mulher


mais velha destacou. — Nem chegou a criar a filha.

Em muito porque não tinha condições, em


muito porque não se importava.

O ardor prosseguia, enquanto a avó, Estácia,


continuava narrando a enfermeira sua condição
vergonhosa.

E era assim que Francesca Abreu descobriu


que alguém como ela não merecia consideração ou
piedade.

Sempre soube do seu passado. A avó nunca


escondeu. De uma família preta, ela nasceu com o
tom claro demais. Não chegava a ser branca,
parecia bronzeada, mas com certeza não era preta
como seus pais ou avós. Não levou muito tempo
para que soubessem que a mãe andava se
engraçando com um branquelo que vendia carne na

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feira.

A mãe levou uma surra de doer os ossos por


ter traído o marido. Deixou a filha para trás,
jurando nunca mais olhar para aquelas pessoas que
a julgavam. Não se permitiu amar a pequena
menina que foi gerada de seus erros.

O pai por adoção também não a quis. Não


criaria a filha de outro homem. O branco,
tampouco; quem iria se importar com uma
mulatinha? A mãe era uma puta, dormia com
qualquer um, então quem garantia que Francesca
era filha dele?

Foi entregue as autoridades, que logo


convenceram sua avó a ficar com ela. Francesca
nunca entendeu o motivo. A mulher a odiava
tremendamente.

Jamais soube o que era um abraço, um

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carinho, um conforto. Foi tratada, literalmente,


como a filha da puta que era. Assim, quando
completou doze anos e a avó a despachou para uma
casa de família a fim de ser empregada doméstica,
ela ficou aliviada porque teria um pouco de paz.

Ah, se Francesca soubesse. Ninguém


respeitava uma filha de puta. Desde o começo, ela
foi assediada pelo dono da casa como se fosse
adulta. Às vezes, enquanto lavava a louça, ela
sentia que ele chegava por trás e lhe passava a mão.

De vez em quando, a chamava de gostosa.

Francesca não entendia muito bem a


conotação daquilo, mas sabia que não gostava. Não
queria mãos em seu corpo acanhado, nem palavras
gosmentas contra suas orelhas.

Então, o inevitável aconteceu.

Numa manhã em que a esposa e os filhos do


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homem saíram de casa, ele a pegou na cozinha. Ela


ficou tão chocada que mal conseguia se mexer.
Então ele a deitou no chão e começou a beijá-la.

Enquanto se sentia usada, ela tentou afastar-


se daquele homenzarrão, mas aquilo só o irritou.
Foi quando ele cravou-se nela que a menina
entendeu o que acontecia e tentou se desvencilhar.

A cada entocada havia dor, vergonha e culpa.


A culpa sobressaía-se a tudo.

Por que ela era tão puta?

Quando acabou, ela não conseguia se erguer,


estava muito machucada. Ele até tentou forçá-la a
ficar de pé, mas ela perdeu muito sangue. Então ele
a ergueu e a levou até o quartinho de empregada,
deitou-a na cama e, quando a esposa voltou para
casa, disse à família que a garota estava doente.

E ela ficou lá por três dias, até que a dona da


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casa, mesmo a contragosto do marido, resolveu


chamar uma ambulância.

Foram os médicos que perceberam o estupro.


Quando contaram à dona da casa, foi demitida na
hora, porque a mulher já antevia que aquela garota
era uma vagabunda (a cidade toda sabia que a mãe
dela era!).

Quando a avó chegou ao hospital, não levou


dois minutos para passar a culpá-la.

— Acha que eu deixaria minha neta ir para a


casa de qualquer um? Aquela família é cristã. Os
conheci na Igreja. Com certeza essa cadela se
ofereceu ao homem. Agora fica aí, deitada, se
fazendo de vítima.

A enfermeira parecia em dúvida. A encarava


com curiosidade. Mas, ninguém disse nada, afinal,
a avó a conhecia muito bem. Devia estar certa.

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A juventude estava perdida. Não era


incomum meninas com menos de quinze anos
aparecerem grávidas no hospital. Por que aquela
seria diferente? Já era fadada a um futuro
vergonhoso.

— Um pai de três filhos, evangélico, de


posses, arriscaria tudo por conta de uma putinha?
Claro que não — a avó prosseguiu.

Deitada na cama, Francesca manteve


silêncio. Alguma parte de sua alma implorava pela
morte. Mas ela sabia que viveria muitos anos
porque só os bons morrem jovens, e Francesca era
um lixo ambulante.

Estranhamente, aquela menina africana se


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saiu melhor nas ruas que na casa em que trabalhava


ou com a avó que a desprezava.

Tão logo foi expulsa de casa por ter


envergonhado – mais – a família seduzindo o
patrão, ela passou a perambular pelas ruas de sua
cidade.

Aliás, como era bela a cidade de Maputo.


Havia pertencido ao Império Português por séculos
e ainda trazia sua arquitetura única em prédios
históricos.

Francesca ia muito à praia, que lembrava um


paraíso. Lá, vendia água aos turistas e ganhava
alguns trocados que usava para arrumar algum
lugar para dormir ou alguma comida. Caso não
conseguisse, sempre havia algum morador de rua
que lhe estendia a mão.

Uma das incógnitas de sua vida foi

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compreender que muitos daqueles homens bêbados


e arrasados tinham mais decência que o homem
cristão que lhe acolheu.

Aos quinze anos, abriu-se um leque de


oportunidades quando uma olheira da moda a viu,
caminhando na areia.

Porque dificilmente alguém não via


Francesca.

Era linda, tinha uma postura eclética, um


corpo fenomenal. Não seria uma topmodel porque
infelizmente não era magra o bastante e tinha
bunda e seios salientes, mas mesmo assim... Que
rosto!

A mulher a levou até uma pensão, onde a


menina passou a morar. Conseguia trabalhos
esporádicos tirando fotos, e aquilo lhe dava o
suficiente para se manter.

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Quando aquela senhora morreu de overdose,


Francesca tinha vinte anos, independência
financeira e capacidade de se virar sozinha.

Nunca se prostituiu, mas aprendeu a acariciar


egos para sobreviver naquele mundo. Tratava os
homens poderosos com muita atenção. E a maioria
deles só queria conversar com alguém que
parecesse interessado.

Desfilou muito. Foi em muitas festas.


Aprendeu a beber, a fumar, a rir de forma sedutora.
Aprendeu a se virar, usando sua única arma.

E poderia ter vivido muitos anos nesse teatro


bem manjado não fosse à entrada obtusa de
Andreas Padyris em sua vida.

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Capítulo 02

"Se o bem e o mal existem


Você pode escolher".
É preciso saber viver – Titãs

Naquela noite, todos os holofotes estavam


focados em Nicolas Padyris, o herdeiro da Empire,
a maior empresa de eletrônicos do continente.

Naquela ilha grega, a bordo de um iate,


Nicolas não escondia sua arrogância e poder
enquanto desfilava com várias modelos e posava
para fotos publicitárias.

Num canto, Andreas, o primo, o observava


com ódio e torpor. Bebeu um cálice de uísque e

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depois se afastou daquela encenação ridícula de


glória.

E tudo por quê? Porque o outro havia nascido


alguns meses antes dele?

Deviam brigar com justiça pela Presidência,


mas a avó, Lúcia, já havia dado ao neto mais velho
sua benção para assumir a Empire. Aquilo era tão
injusto que Andreas deixou de senti-lo como irmão
e passou a vê-lo como rival.

Cresceram juntos. Ambos ficaram órfãos no


mesmo dia. Os pais e mães haviam ido a uma
viagem de férias em casal, e o avião caiu. A avó os
criou, mas Andreas sempre sentiu que ela dava
preferência ao neto mais velho.

Chegou à proa do iate. Ao longe, podia se ver


a imensidão do mar e como tudo parecia pequeno
diante do tamanho da natureza.

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Problemas minúsculos sem importância, a


avó dizia. Ambos dividiriam a herança pela metade.
Mas, para Andreas nada era tão simples.

Repentinamente o cheiro de cigarro chegou a


suas narinas. Volveu o olhar e viu uma das modelos
da agência contratada para animar a noite sentada
em uma escada, encolhida num canto escuro,
fumando e observando o nada como se estivesse
exausta da vida e de tudo que nela acontecia.

Ela ficou a noite toda com o mesmo cálice de


licor nas mãos, fingindo rir para qualquer um que
passasse por ela, molhando os lábios no líquido,
sem, contudo, beber sequer um gole.

Enquanto as companheiras de agência


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ficavam cada vez mais altas, Francesca fingia


felicidade e um estado de bebedeira, mas estava
completamente lúcida e sóbria.

Não gostava de festas em barcos, onde não


teria para onde fugir, caso precisasse. Todavia, o
evento estava pagando bem, e todos queriam
bajular Nicolas Padyris, o herdeiro majoritário de
uma fortuna secular.

Tragou, e depois expeliu a fumaça, vendo-a


subir até desaparecer diante da noite cheia de
estrelas.

— Cansada?

A indagação veio de um homem bonito que


parecia tão racional e sóbrio quanto ela. Não havia
nada nele que representasse desejo ou perigo, então
ela apenas assentiu, fingindo sorrir.

O homem se aproximou e sentou-se ao seu


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lado.

— Tem um? — apontou para o cigarro.

Ela não tinha. Havia levado aquele escondido


dentro do sutiã.

— Não é maconha — indicou, pois não


queria que achasse que fosse qualquer droga ilícita.
— É só o bom e velho tabaco com suas milhares de
substâncias cancerígenas.

Ele gargalhou. Era um riso irônico, que lhe


causou simpatia imediata.

— Eu não fumo maconha. — Aceitou o


cigarro único, ainda manchado de batom que ela
lhe ofereceu. — Não uso drogas. Nem de beber eu
gosto.

— Eu também não. — murmurou. — Mas, às


vezes é preciso para suportar festas como essa.

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— Nem me fale. Não sei como todos não se


ajoelharam e lamberam as botas de Nicolas — riu.

— Bajuladores — concordou. — Céus, o que


eu não daria para estar em casa, embaixo das
cobertas, assistindo televisão e tomando um chá de
camomila?

O olhar dele era cúmplice.

— Por que está aqui?

— Uma garota tem que pagar as contas. E


festas assim pagam bem. Não preciso fazer nada
além de mostrar minha beleza exótica.

— Exótica? — ele manteve o sorriso,


interessado.

— Nem branca, nem preta.

— Dourada como ouro — ele elogiou, mas


não era ofensivo. — Você é muito bonita.

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Aquele elogio sincero cravou no âmago da


alma carente. No final daquela noite, trocaram
números de telefone.

Andreas ligou no dia seguinte.

Aquele encontro no iate parecia ter sido


provocado pelo destino, ansiando para unir aquelas
duas almas perturbadas. Mas, não foi assim que
começou.

Andreas sequer tocava em Francesca. Ela


nunca o provocou sexualmente. Na verdade eles
passaram algum tempo indo jantar em restaurantes,
conversando e trocando confidências.

Aquela relação pueril, em pouco tempo,

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tornou-os amigos o suficiente para que as barreiras


caíssem rapidamente. Francesca nem percebeu
quando passou a não usar maquiagem para recebê-
lo, e as noites em restaurantes chiques tornaram-se
encontros onde ela o recebia de moletom velho e
pizza fria e eles assistiam futebol juntos enquanto
bebiam cerveja e criticavam o juiz.

Foram tão amigos, tão cúmplices e


confidentes que quando a barreira da amizade se
tornou amor, os dois quase nem perceberam.

Francesca não se entregou a ele porque


Andreas era rico ou poderoso. Aquilo pouco lhe
importava. Também não ligava para o sobrenome
imponente e pelo fato de que ele jamais poderia
apresentá-la a família, já que eles nunca aceitariam
uma mulata modelo como parente.

Tudo que ela tinha dele era sua presença e


seu apoio. E aquilo bastava. Ele a fez sair da
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agência, passou a bancá-la, e sempre lhe tratou


como uma parceria que a tornou completamente
submissa a sua vontade.

Definitivamente, se apaixonou.

E por muito tempo acreditou que ele a queria


da mesma forma.

E isso durou até que ele lhe pediu em


casamento.

O baque foi seguido pela emoção. Apesar de


ter sido de forma rápida, sem qualquer preparação
ou romantismo, ela ficou emocionada.

Todavia, seu castelo de areia desmoronou


assim que ele explicou a ela seus planos.

Nicolas, pelo que disse, estava noivo de uma


brasileira. Quando se casasse, a Presidência seria
definitivamente dele. Dessa forma, ele queria levar

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Francesca para dentro do seio da família a fim de


que ela seduzisse o primo e destruísse o noivado.

Saber ser apenas uma peça do tabuleiro para


Andreas foi o fim de tudo.

E aquele ídolo desmoronando fê-la entender


que precisava sair daquela reação que lhe deixou
doente.

Foi seu intenso desejo de que ser feliz que a


muniu de coragem para estragar os planos do
amante. Buscou pela noiva de Nicolas e lhe narrou
os esquemas escusos.

Depois, avisou para Andreas, por telefone,


que ela estava fora daquele enlace destrutivo.

Porque, na verdade, ela não queria prejudicar


ninguém. Seu único desejo era ser feliz.

E ela tinha esse direito. Nunca fizera mal a

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ninguém, não merecia ser apenas um instrumento


da vontade dos outros.

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Capítulo 03

“Eu não tinha aonde ir”


Ainda é cedo – Legião Urbana

Voltar a instável Moçambique não parecia a


melhor decisão a se tomar. Ainda havia muitas
lembranças dolorosas naquele lugar, então, quando
a mulher arrumou suas malas, começou a planejar
sua empreitada por um lugar completamente
diferente.

Portugal lhe lembrava de Lúcia, a avó de


Andreas. A mulher era tão arrogante e
preconceituosa que Francesca teve calafrios. Foi
então que a imagem de Carolina chegou a sua
mente.

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A brasileira havia sido uma das poucas


mulheres que não a tratou com rivalidade, e sim
admiração. Percebeu que sua estranheza pelo seu
tom de pele não se devia a preconceito e sim por
conta de entusiasmo.

Buscou na internet informações sobre o


Brasil. Descobriu ser um país completamente
miscigenado. Ficou maravilhada pela possibilidade
de viver em um lugar onde parte da população era
como ela. Num impulso, comprou passagens aéreas
para o dia seguinte.

Sim, ela iria reconstruir a sua vida na


América do Sul.

Enquanto o pensamento lhe fazia sorrir,


agachou-se para buscar por sapatos a fim de
guardá-los em uma das malas. Naquele instante,
sentiu-se tonta. Segurou-se na cama.

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Imediatamente calculou quando havia


menstruado pela última vez. Tentou negar o
inevitável com a fronte, mas por fim decidiu que
não poderia partir sem ter a certeza.

O teste de farmácia só confirmou algo que


ela suspeitava há alguns dias. Ficou olhando para
aquela espátula de plástico tentando acreditar que a
cor mudaria e que o resultado seria outro.

De qualquer forma, não importava. Não seria


um filho que a faria voltar para Andreas. Estava
cansada de rastejar por ele. Mesmo assim, aquela
nova Francesca decidiu que não poderia ir embora
sem avisá-lo.

Discou seu número no celular. Mudo. Ela


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sabia que Andreas havia ficado possesso pela sua


atitude. Desde o princípio ele a havia manipulado
como queria, e quando ela deu sinal de
independência, ele a ignorava.

O conhecia bem demais, definitivamente.

Mesmo assim, insistiu. Fez algo que jurou


jamais fazer. Ligou para a Mansão dos Padyris.

Uma empregada atendeu e logo lhe passou


para Lúcia.

— O que você quer? — a avó portuguesa do


antigo amante foi ríspida.

Francesca suspirou pausadamente.

— Por favor, apenas avise seu neto de que eu


estou grávida. Se ele se interessar pelo filho, pode
me mandar um e-mail porque estarei desligando
meu número de celular.

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Houve um silêncio perturbador do outro lado


da linha. Francesca sabia que a explosão viria, e ela
veio focada no ódio.

— Não nos interessa o filho de uma


vagabunda! Duvido que Andreas seja o pai!

Francesca sabia que se permanecesse em


linha, ouviria coisas piores, então apenas desligou.

Estava feito. Agora ela poderia seguir


adiante. Longe de todos os Padyris. Ninguém
poderia acusá-la de esconder a gravidez, e ela
reconstruiria sua vida com um bebê de forma
tranquila e limpa.

Todavia... Conhecia Lúcia. E se a mulher


resolvesse não contar a Andreas? Bom, não
acreditava que chegasse a tanto, mas...

Decidiu tentar uma última vez com o antigo


amante. Pegou o carro que ele lhe deu e seguiu na
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direção da Empire. Talvez ele aceitasse que


conversassem pessoalmente apesar de estar com
muita raiva e manter o telefone desligado.

Quando chegou, ficou no aguardo do homem


próximo da entrada do aglomerado de prédios da
indústria.

Algo lhe dizia para ir embora, porque já


havia feito sua parte, mas também havia alguma
coisa em si que não a permitia a dar as costas a
Andreas de forma simples e descomplicada.

Afinal de contas, ela o amava... sempre o


amou. Aquilo não morreria, mesmo que decidisse
que não mais serviam para ficarem juntos.

Ela havia se decepcionado pelo homem que


ele se mostrou. A ordem para seduzir Nicolas ainda
ecoava em sua mente. A forma como ele – entre
todos – a havia tratado como prostituta fê-la

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encarar que era assim que ele sempre a viu.

Sua bela e exótica puta que ele manteve com


luxos e comprou de forma prática.

Aqueles pensamentos começaram a pesar.


Encarar a verdade naquele veículo luxuoso que ele
havia lhe dado parecia corroê-la.

Foi então que o viu. Um tanto cambaleante,


com duas modelos que ela conhecia da antiga
agência. Abraçava uma, enquanto beijava a nuca da
outra.

Estava bêbado e divertindo-se com mulheres


porque ele era assim. Se ela o decepcionava,
merecia um tratamento condizente com sua
imagem de pegador, macho disputado por ser
bonito e rico.

Os ombros de Francesca caíram enquanto ela


observava a cena ao longe. Tocou o ventre, dizendo
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a si mesma que tudo tinha um propósito na vida.


Andreas não havia tirado nada dela, apenas lhe deu.

Mas, nem tudo ela aceitaria.

Quando ele entrou no carro com as mulheres


e sumiu cantando pneu, ela aproximou-se da
entrada da Empire. O homem que ficava na entrada
do estacionamento a encarou com surpresa.

— Sr. Andreas deixou o carro dele comigo


— ela disse, dando as chaves ao homem. — Por
favor, devolva.

Quando ela saiu do veículo, levou consigo


apenas a sua bolsa e a sua dignidade.

E no ventre, o brilho de uma nova vida que


representava todos os recomeços para ela,
igualmente.

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Capítulo 04

"Então eu irei, mas eu sei


Eu pensarei em você a cada passo do
caminho”.
I Will Always Love You - Whitney Houston

Com cinco anos de idade, Francesca havia


perguntado a avó sobre o pai pela primeira e única
vez.

— Como saber? Sua mãe era uma puta que


dormia com qualquer um!

Ela soube, naquele instante, que seria punida


para sempre por conta da mãe não ter a honradez de
ter assumido sua maternidade e obrigado ao pai a
fazer o mesmo.

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Porque, agora, igualmente mãe, ela sabia que


uma mulher sabia sim de quem era o seu bebê. E,
conforme encarava Gabriel beber o achocolatado,
ela sorriu, pensando que jamais poderia negar a
semelhança daquele garotinho com Andreas.

A criança de cinco anos desviou o olhar do


aparelho de televisão, onde guerreiros poderosos
desenhados com esmero lutavam contra o mal, e
encarou a mãe, sorrindo.

— O que foi, mama?

Ela deu os ombros.

Simplesmente gostava de olhar para ele. Era


tão bonito, o mesmo olhar escuro e pele pálida do
pai. O mesmo jeito de andar, de gesticular, de se
impor. Uma personalidade marcante.

— Gabriel, quando terminar Dragon Ball se


vista para a escola — ordenou.
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O garotinho deu um muxoxo, mas assentiu.

Com cinco anos Francesca havia perguntado


a avó quem era o pai. Na mesma idade, horas antes,
Gabriel havia indagado o mesmo.

— Ele morreu. — sua resposta foi sincera,


apesar de mentirosa.

E não havia contradição nisso. Andreas não a


procurou mesmo quando lhe devolveu o carro. Não
lhe procurou quando – provavelmente – sua avó lhe
contara da gravidez. Ela até havia deixado o celular
operante durante um ano inteiro, esperando que ele
tentasse contato, mas o homem nunca fez menção
de uma aproximação.

Então, para ela, Andreas estava morto.

Porque assim como o pai dela – o branquelo


ou o negro que casara com sua mãe, tanto fazia –
ele também havia deixado o filho sem importar-se
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com seu destino.

Mas, ao contrário dela, Gabriel jamais seria


punido por conta dos atos do pai.

Porque, céus, como ela o amava! Cada


pedaço dele. Cada tom de sua voz. Cada ato vindo
de sua inocência infância.

O som da música de encerramento invadiu a


sala, e Francesca chamou a atenção do filho,
ordenando que ele fosse ao quarto se arrumar.

Ela o deixaria na escola e depois iria até seu


próprio trabalho. No Brasil, trabalhou um tempo
como assessora numa empresa de moda e, depois,
com dinheiro guardado da época de modelo,
conseguiu abrir sua própria loja de roupas.

Não era rica, mas vivia confortavelmente.


Claro, nada comparado ao luxo da Grécia, mas
tinha um apartamento acolhedor de dois quartos na
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zona norte de Porto Alegre. O filho estudava em


uma escola particular, e ela até adquirira um
veículo usado e popular no ano anterior.

A vida estava seguindo bem, apesar de ela


não ter tido nenhum relacionamento romântico
desde seu final com Andreas.

Não que havia faltado oportunidade. Os


homens brasileiros eram quase sempre charmosos e
pareciam não se importar por ela ser mãe solteira –
um contraste gritante com Moçambique –, mas
criar Gabriel era no que ela concentrava todas as
suas forças e suas energias.

Não sobrava espaço para mais ninguém.

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O homem sentiu o amargor característico na


boca. Caiu para o lado e deixou que a saliva amarga
e salgada expelisse de sua boca, num vômito quase
forçado.

Abriu os olhos. Não estava no lugar comum.


Sabia que passara a noite com algumas mulheres e
fora para um hotel com elas. Todavia,
estranhamente acordara no próprio quarto.

Sentou-se. Ainda estava com o mesmo terno


da noite anterior. A camisa manchada de vinho,
algumas marcas de batom vermelho no colarinho, e
uma característica dor de cabeça que provinha de
uma bebedeira.

— Que horas são? — murmurou a si mesmo.

Porque, apesar de tudo, ele nunca chegava


atrasado ao trabalho, não importava a hora que em
que fora dormir.

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— São sete e meia.

A voz da avó fê-lo olhar em direção à porta.


Lúcia Padyris o encarava com nítida reprovação.
Aquilo não era incomum, porque a mulher nunca se
conformara pelo neto perfeito, Nicolas, ter
abandonado tudo para seguir com uma brasileira.

Assim, ela viu a empresa secular caindo nas


mãos do outro herdeiro, o neto desprovido da
sagacidade do mais velho.

Mas, Andreas tinha um trunfo. Sua


capacidade para os negócios fizeram com que a
Empire dobrasse os lucros. O próprio Nicolas havia
dito no último natal que jamais conseguiria aquela
façanha.

— Você precisa parar com isso — a voz da


avó parecia mexer com seus nervos.

— Já sou um homem feito — replicou.


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— Mas age com imaturidade. Precisa ter


consciência que não é só a Empire que está em suas
mãos e sim todo o sobrenome Padyris.

Céus, como aquilo o incomodava. Como se o


avô tivesse sido um exemplo de hombridade.
Mesmo casado e com dois filhos pequenos,
embarcava em viagens com amantes e não escondia
seus flertes com celebridades.

Andreas, pelo menos, tinha a decência de ser


discreto e não ter nenhum compromisso.

Enquanto ele rumava para o banheiro, o


telefone tocou. Não fez menção de atendê-lo, mas
viu a avó o pegando nas mãos.

Adentrou nu embaixo do chuveiro, e entre o


barulho da ducha, ele conseguia ouvir a voz
zangada de Lúcia.

Repentinamente, ela apareceu dentro do


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lugar privado. Ele não tentou esconder sua nudez,


mas ficou incomodado.

— O que foi?

— O que acha?

— Eu acho romântico, sabe? — Vanessa, a


única vendedora da Fran Roupas e Acessórios,
dobrava uma camisa e a guardava.

Ao fundo, podia-se ouvir o som da televisão


ligada num programa de fofocas. Francesca passava
pano no balcão.

Elas abririam a loja dali dez minutos e a


mulher gostava de ter o ambiente sempre limpo e
organizado.
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— Romântico?

— Que mulher não sonha em ter um homem


ciumento? — Vanessa apontou. — Um homem que
se importe?

— Eu acho insultante — Francesca devolveu.


— Ciúmes, para mim, aparenta falta de confiança.

Fofocar sobre a vida das clientes parecia a


única coisa interessante que aconteceria naquele
dia.

— Ah, mas eu estou tanto tempo sem dar que


nem me incomodaria com o ciúme de um cara —
Vanessa apontou.

Francesca riu. Estranhamente, ela não sentia


falta do sexo. Claro, seu início de vida sexual fora
péssimo, um estupro nunca se afastava da mente de
uma mulher. Contudo, por anos ela creu que
Andreas a havia salvado daqueles pesadelos. Sua
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decepção por ele afundou-a em um mundo sem


desejos ou sentimentos. Bastava apenas passar as
horas, cruzar os dias, ter sucesso no que se
propunha e sobreviver.

Subitamente, algo chamou sua atenção. Um


nome. Empire. Voltou-se para a televisão e viu uma
foto de Andreas. Ficou assombrada com o tanto que
ele mudou, o tanto que parecia destruído, de
olheiras negras e cansaço.

Apiedou-se. Por quê? Não sabia. Mas, algo


dentro dela ficou com pena daquele “pobre menino
rico”.

Segurou o controle remoto e ergueu o som.

“O Presidente de uma das maiores


Corporações Mundiais está passando por um
escândalo que invadiu as páginas de fofoca e
tornou-se caso de polícia”, o apresentador narrou.

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“Uma das modelos com quem o homem tinha um


caso o acusou de agressão”.

— Que covarde! — ouviu a voz de Vanessa


as suas costas.

— Não... não — negou, volvendo-se para a


funcionária. — Andreas nunca bateria numa
mulher. Isso é mentira.

— Você o conhece? — a outra pareceu


impressionada.

A implicação daquela confirmação parecia


pesada demais. Então Francesca a ignorou. Apenas
afastou-se e voltou aos seus afazeres. Vendo o
quanto o assunto havia perturbado a chefe, Vanessa
não mais indagou algo.

Esquecer Andreas Padyris fazia parte de um


processo que envolvia uma luta diária. Não podia
ser uma chamada na televisão que iria trazer
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Francesca para as mãos daquele homem


novamente.

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Capítulo 05

“Embora estejamos separados


Você sempre estará em meu coração”
You Are Not Alone - Michael Jackson

Aquela vida desgarrada e sem afeto


verdadeiro tinha um preço. E Andreas o pagou
naquela manhã em forma de um pomposo cheque
que foi dado a uma modelo de quem ele sequer
lembrava o nome, mas que havia passado uma noite
em um hotel de quinta categoria, completamente
bêbado.

A mulher o acusou de agressão. Ela tinha


marcas no corpo, mas ele duvidava que houvesse

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provocado tais, apesar de pouco se lembrar das


horas que passou ao seu lado. Podia ser um traste
sem caráter, mas com as mulheres sempre foi um
cavalheiro.

Enfim, a moça achara um motivo para


arrancar um bom dinheiro dele, e agora o assunto
estava encerrado. Ela havia desmentido tal fofoca
para as revistas, e dissera à polícia que se enganara
de “cliente”.

Chegou em casa naquele dia e atirou o paletó


contra o sofá. Sentou-se diante de uma enorme
janela que dava visão para o mar e buscou pelo
uísque.

— Você anda bebendo demais...

O som masculino atrás de si fê-lo girar o


corpo e dar de cara com Nicolas, seu primo mais
velho.

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— O que faz aqui? — levantou-se, e


caminhou em direção ao outro.

Por anos foram inimigos, mas já tinha algum


tempo que se tornaram cúmplices. Nicolas deixou a
Empire para seguir com Carolina, uma bonita
brasileira que ele havia conhecido em um bar.

A avó odiou a novidade, mas aquela decisão


acabou por aproximá-los.

— Eu vi os noticiários — Nicolas explicou,


lhe dando um abraço. — Carolina veio comigo.
Achei que precisasse de sua família aqui.

Andreas não o desdisse, mas murmurou.

— Resolvemos o problema.

— Como?

— Pagando, é claro.

— Mas, você é inocente! — Nicolas


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retrucou. — Não devia aceitar chantagem de uma


oportunista.

— Eu não me importo.

Aquele homem abatido não lembrava o leão


que Nicolas enfrentou no passado, disposto a tudo
pela Empire.

— O que aconteceu com você?

— A vida — respondeu, sem pensar.

Ambos volveram para o sofá. Andreas serviu


um cálice ao primo e sentaram-se para
conversarem.

— Você sente falta dela, não é? — Nicolas


indicou.

— De quem?

— Não se faça de desentendido para mim —


ralhou.
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— Isso já tem muito tempo. Mais de cinco


anos — apontou.

— E, mesmo assim, nunca a esqueceu.

Andreas bebeu todo o copo em um único


gole.

— Foi ela quem me abandonou. Tenho meu


orgulho. Jamais iria atrás de uma mulher que me
deixou sem sequer olhar para trás.

Nicolas entendia aquilo. Porém...

— Ela era sua melhor amiga — murmurou.

— A única que tive — corrigiu.

— Então devia sim buscar por ela. Quem


sabe não teve seus motivos para ir? Você sabe que
Carol também sofreu nas mãos da nossa avó.

Aquilo já havia passado pela mente de


Andreas. Mas, logo refreou os pensamentos.
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Francesca era uma fortaleza na qual Lúcia jamais


teria o poder de desestabilizar.

— Isso é passado — fixou-se na ideia. — Ela


deve ter reconstruído sua vida, e eu também já refiz
a minha.

Nicolas o observou atentamente.

Refez? Embriagar-se repetidamente,


envolver-se com mulheres de má fama, aceitar
chantagem... Não era exatamente o tipo de vida que
ele imaginava que o primo mais jovem tivesse.

— Sabe que pode contar comigo — Nicolas


afirmou.

O outro sabia. Família era, definitivamente, a


base de tudo.

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Carolina Miranda odiava aquela mansão.


Não que passar alguns dias num lugar
extremamente luxuoso não fosse deveras agradável,
mas dividi-lo com Lúcia Padyris era sempre
complicado.

A avó de Nicolas e Andreas sempre a julgou.


Não de início, claro, quando ela se fez de noiva
perfeita para o adorado Nicolas. Mas, quando ela
tirou o marido das mãos da gananciosa avó, viu que
a mulher passou a detestá-la.

Mesmo assim, Nicolas e ela não costumavam


ficar um longe do outro, então quando ele decidiu
retornar a Grécia para ver o primo, ela seguiu com
ele.
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Desde sua chegada, viu Lúcia poucas vezes.


Poderia considerar uma afronta a portuguesa
ignorar sua presença na casa, mas na verdade Carol
estava aliviada.

Como agora, em que ela passeava pelos


corredores sem o temor de ver a megera.

— Sim, querida, já está tudo resolvido.

A voz de Lúcia fê-la estancar. A outra devia


estar conversando com alguma amiga pelo telefone.
Como falava alto e sem preocupação, sua voz
chegava ao outro lado do corredor, onde, escondida
por uma parede, Carol estancou.

— Ah, você sabe como Andreas é. Nunca


teve bom pensamento. Quando aquela vadia com
quem namorava foi embora, achei que ele fosse
criar juízo, mas arruma uma mulher pior que a
outra por semana. Bastou eu pagar para essa

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modelo, e ela logo desmentiu as agressões.

Silêncio. Carol sentiu repugnância daquilo.

— Não, não... A outra não levou nada.


Queria, claro. Tentou dar o golpe da barriga, mas
quando me avisou que estava grávida, eu deixei
bem claro que não queria aquele bastardo com seu
sangue de vagabunda nas veias.

Os olhos escuros de Carol arregalaram-se


diante do comentário. De passos em retrocesso, ela
volveu-se para o lugar onde estava o marido.

Quando deu por si, já corria.

Lúcia Padyris realmente não tinha coração.

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Capítulo 06

“Verdade
Seu nome é mentira”.
Verdade, Marisa Monte

— Sei poucas coisas na vida — Carol avisou


ao marido. — Mas as poucas que sei incluem o
caráter da antiga namorada de Andreas. A mulher
peitou o amante para não nos separar. Ela não
aceitou uma ordem direta dele, e ainda deu as
costas para todo o luxo apenas para me dizer a
verdade.

Nicolas assentiu. Lembrava-se disso


vividamente.

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— Duvido que Andreas saiba que Francesca


estivesse grávida.

— Duvida? Por quê? Ele a abandonou tão


logo ela não fez o que ele quis.

— Não é verdade. Foi ela que foi embora —


negou.

— Livrou-se de uma relação doentia —


Carol a defendeu. — Ela fez bem em partir. Seu
primo precisava de uma lição.

Isso era inegável.

— Não posso simplesmente chegar em


Andreas e atirar sobre ele essa bomba. Preciso
antes conversar com nossa avó.

— Quem precisa falar com a avó de vocês é


Andreas! Foi ela que escondeu isso do neto. Tem
noção que desde que Francesca foi embora, ela arca

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sozinha com as responsabilidades de uma criança?

Nicolas tentou não a contradizer, apesar de


estar ansioso para defender o lado masculino da
história. Se Francesca estivesse com problemas, a
culpa era da mesma, pois não contou ao homem
sobre o bebê. Andreas jamais a desampararia com
seu filho.

Todavia, discutir com Carol não lhe daria


nada. Ela sempre começava a elevar o tom, e
vencia qualquer disputa verbal. Então, apenas
rumou em direção onde a avó estava.

Lúcia Padyris mal percebeu a aproximação

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do neto mais velho. Atrás dele, em passos um tanto


reticentes, a brasileira que roubara Nicolas dela
parecia um tanto acanhada por estar ali.

Sabia que Nicolas tinha algum assunto sério


a tratar, pois seu olhar resplandecia algo que era
indefinido. Mas, acostumada a situações intensas
naquela família, ela enrijeceu o corpo e aguardou.

— Vó — Nicolas começou, parecia buscar as


palavras —, preciso lhe indagar algo.

— Sim?

— Lembra-se de Francesca? A antiga


namorada de Andreas?

Ela observou o neto com atenção.

— Não.

A frase fez Carolina bufar. Quando se deu


por conta, adiantou-se diante do marido e encarou

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Lúcia Padyris da forma mais afrontosa que podia.

— Mentirosa! Eu a ouvi falando dela hoje


ainda, pelo telefone.

— Como ousa me ofender dentro de minha


própria casa? — Lúcia ergueu-se. — Sou uma
senhora...

— Não — Carol interrompeu, erguendo o


dedo. — Não ouse esconder-se atrás da sua idade,
porque para fazer Francesca ir embora grávida a
senhora não era nenhuma velhinha indefesa.

O som da porta fez os três volverem-se


naquela direção.

Diante deles estava Andreas, com a boca


aberta e os olhos assombrados.

— Como assim, grávida?

Houve um momento de puro desconcerto

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entre todos. Cada um buscando uma resposta


diferente. Nicolas e Carol tentando se explicar
porque não haviam dito a ele tão logo descobriram,
e Lúcia negando a informação.

— Diga a verdade! — berrou em direção à


avó.

Os outros dois permaneceram em silêncio.


Subitamente, diante deles estava de volta o velho
Andreas, o homem agressivo e forte que encarava a
vida com fúria e força.

— Não era seu — a avó simplesmente deu os


ombros, como se o assunto não tivesse qualquer
importância. — Uma mulher como ela, sem caráter,
sem honra... Uma vagabunda. Deve ser de qualquer
um, e queria apenas tentar dar um golpe em nossa
família.

— Francesca tinha índole — Carol negou.

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— Então porque sumiu assim que eu lhe


disse que não arrancaria um centavo de nossa
família? Por que não moveu uma ação na justiça
para obrigar Andreas a reconhecer a paternidade.

— Porque ela jamais precisaria fazer isso. Eu


jamais duvidaria de que a criança é minha. Caso, é
claro, tivesse me dito de que ela estava esperando
um bebê — Andreas retrucou.

Subitamente, o leão esbravejante tornou-se


um animal ferido e vacilante.

— Como Francesca pôde ter ido embora sem


me avisar?

— Talvez tenha tentado — Carol interveio.

Andreas encarou a mulher. Poderia ser


verdade?

— Primo, o que fará agora? — Nicolas

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indagou.

— Vou encontrá-la — respondeu, para


enorme decepção de Lúcia.

— Francesca Abreu — o investigador lhe


entregou um envelope com uma foto recente da
antiga amante. — Não foi difícil achá-la, ela
definitivamente não estava se escondendo. Tem
uma loja de confecções no Brasil.

No Brasil? Ele ficou surpreso. Nunca


imaginou que Francesca tivesse qualquer interesse
por aquele país.

— Tem algum relacionamento? Casou-se?

No fundo, temia a resposta, apesar de saber


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que haviam se passado muitos anos desde que


terminaram. Era justo que Francesca tivesse tido
relacionamentos, pois ele também tivera.

— Não, parece que o único homem de sua


vida é o filho — mostrou outra foto. Um garotinho
de pele clara e olhos negros como os dele vestia
uniforme escolar. — O nome é Gabriel.

Como o anjo...

Andreas precisou baixar a foto para não


chorar na frente do investigador. Quando contratara
o serviço do homem não pensou que em apenas
duas semanas ele lhe escancararia a imagem do
filho diante dele.

Porque tinha certeza que era seu. Não apenas


porque confiava em Francesca, mas porque aquele
menino era um Padyris em tudo.

Próximo deles, Nicolas observava a tudo com


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o olhar orgulhoso. Quando o homem se afastou,


enfim, o primo mais velho pegou as fotos e as
observou.

— Ela continua linda.

Sim. Talvez ainda mais que antes. Andreas


sempre a admirou tremendamente.

— E o garoto é a sua cara — comentou.

Andreas riu, um tanto animado com aquilo.

— Preciso ir vê-la. E também preciso me


aproximar meu filho... — Só então pareceu
inseguro. — Como farei isso?

— O primeiro passo é ir para o Brasil.

Assentiu.

— Sim — Nicolas afirmou, adiantando-se.


— Eu cuido da Empire.

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Nem precisou pedir. Andreas levantou-se e


foi até o outro. Abraçou-o com força.

— Acho que era como nossos pais gostariam


de nos ver. Como irmãos.

— E somos — Nicolas afirmou. — Vá e


traga sua família com você.

Ele faria o impossível para obedecer àquela


ordem.

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Capítulo 07

“Eu sinto a
falta de você,
me sinto só”.
Palpite – Vanessa Rangel

Se Francesca Abreu havia mudado alguma


coisa naqueles quase seis anos que não a via, era
agora trazer consigo um traço imperceptível no
olhar duro.

Fisicamente, estava igual. Contudo, a


maneira esguia e o queixo altivo fez Andreas
perceber que não iria encarar a mesma mulher.

O detetive disse que ela não tivera outro


relacionamento. Caso teve, fora discreta para não

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deixar cair no conhecimento geral. Não que aquilo


importasse, mas ficou muito claro a Andreas que
Francesca não era do tipo de mulher que precisava
de um homem para servir de muleta.

Bem da verdade, mesmo quando estiveram


juntos, ela só esteve ao seu lado porque o amava.
Mas... ele a usou...

Enquanto a percebia entrar no automóvel, a


verdade sobre seus nefastos sentimentos caiu como
uma bomba em sua razão.

Por que nunca a assumiu? Por que não


enfrentou tudo e todos por ela? Era sua
companheira, sua amiga, sua confidente. Nunca
fizera nada para prejudicá-lo, nunca arrancara um
centavo dele, aceitando os presentes apenas porque
queria agradá-lo.

O carro andou. O trânsito caótico e quase

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lento da região central de Porto Alegre lhe


incomodou um pouco.

Seguiu-a de longe, vendo-a entrar por ruas


desconhecidas, fazendo voltas sem fim.

Por fim, o automóvel básico parou diante de


uma escola. A mulher parecia aguardar alguém.

E foi automático para ele reconhecer o filho.


Uma pequena miniatura de si mesmo, carregando
uma mochila de desenho japonês nas costas e um
sorriso contente no rosto.

Quando o garoto entrou no carro, Andreas


tentou – em vão – conter as lágrimas.

Era um choro de felicidade por enfim ter


descoberto aquela verdade. E um misto de uma
raiva intensa e arredia por ter sido escondido de si
por tanto tempo.

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— Mama — Gabriel chamou sua atenção no


banco de trás.

— Hum?

— Vamos ver o novo filme de Dragon Ball?

Ah, fazia muito tempo que eles não iam ao


cinema. Era um dos passeios favoritos do filho.

— Só assistir? Você não vai querer um


boneco do Goku para levar junto? — ela indagou,
brincando. — Ou prefere o Vegeta?

— Por que eu iria querer o Vegeta? O Goku


é o mais poderoso do mundo inteiro!

— Mas o Vegeta é o melhor personagem —

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ela defendeu seu favorito. — Além disso, eu o


adoro com a Bulma.

— Coisa de menina! — o filho fez careta.

Francesca gargalhou.

— Eu sou menina! — ela trocou a marcha.


Percebeu um carro negro quase colado ao seu, mas
o ignorou. — Então iremos no final de semana
assistir Dragon Ball, está bem?

Percebeu o sorriso animado do filho atrás de


si. Aquele sorriso valeu por uma vida inteira. Era
um sorriso idêntico a de alguém que ela já amara
mais que tudo na vida.

Com certeza ela havia reconstruído a própria


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vida. Não que a culpasse, mas houve um leve


machucado ao seu ego masculino.

No fundo, acreditava piamente que ela fosse


dependente dele. Mas, deu-se conta de que
Francesca era capaz de proteger a si e ao filho deles
sem precisar de ninguém mais.

Ela se reinventava como mulher e como mãe.


Ela era capaz de suportar uma infância difícil, o
abandono dos pais, os preconceitos da avó, o abuso
mental e físico que sofreu e todos os percalços da
vida sem sequer uma queixa audível. Francesca
pegava os limões e fazia as limonadas de sua
existência.

Ela era mais forte do que ele. Muito mais.


Foi por isso que, apesar de ter conquistado tudo que
sempre quis quando Nicolas deixou a Presidência
da Empire, ele afundou-se numa existência sem
moral ou princípios. Queria apenas jogar-se ao
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vazio para tentar preencher qualquer que fosse o


oco que estivesse em sua alma.

E agora estava ali... Diante do apartamento


dela. Quanto direito tinha de retornar a sua vida?

Por fim, saiu do carro e andou até a portaria.

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Capítulo 08

“Acreditar que no amor


Não se sente dor
Mas é mentira!”.
Mentira – João Pedro Pais

Gabriel havia ido direto para o banho assim


que eles entraram no apartamento.

O interfone tocou tão logo a porta do


banheiro bateu. Eles não costumavam receber
visitas além de algum colega de classe do filho
vindo para passear.

Mas, não era um dia comum para visitas.


Uma terça-feira com tempo nublado e muitos
afazeres a fazer. Francesca tinha que pôr a

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contabilidade da loja em dia, pois o final do mês se


aproximava, e com ele os tributos a se pagar, além
do salário de Vanessa.

Quando ouviu a voz do porteiro, ficou pálida


e emudecida. Contudo, de alguma maneira ela
sempre soube que aquele dia chegaria.

Aliás, custou muito. Tempo demais, bem da


verdade. Ela precisou de Andreas quando Gabriel
era um bebê, e também no início de sua vida como
mãe solteira.

Mas, agora, com tudo encaminhado?

Por que ele viera?

De qualquer forma, sempre foi fria e


calculista para resolver problemas como aquele,
então simplesmente disse ao porteiro que o
deixasse subir.

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Não o receberia em sua casa, mas sim no


corredor.

Foi até o lugar que dava acesso ao elevador e


aguardou. A contagem regressiva dos números fez
seu coração saltar com força no peito.

Respirou fundo. De novo.

Estava tão nervosa que precisou esconder as


mãos nos bolsos, porque não queria mostrá-las
tremendo.

A porta abriu.

Demorou um tanto para erguer a face e ficar


cara a cara com Andreas.

Foi um tanto assustador quando, por fim, o


viu. Estava abatido, mais magro, olheiras e um peso
enorme parecia esmagá-lo sobre os ombros..

— Olá — ela cumprimentou, um tanto sem

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jeito.

Ele não respondeu em retorno. Parecia


observá-la com atenção, como se tentasse fixar
cada traço, cada pedaço dela na própria mente.

— Como foi capaz de ir embora sem me falar


que carregava meu filho?

Ela esperava por aquilo. Era parte de


Andreas culpar alguém. Ele jamais diria que
fraquejou quando ela sumiu de sua vida.

— Disse à sua avó.

— É o mesmo que não dizer a ninguém —


replicou.

— Como soube então?

— Carolina ouviu minha avó ao telefone —


explicou. — Foi ela que trouxe a verdade à tona.
Não fosse por Carol, eu morreria sem saber que

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tenho um filho.

A brasileira? Fazia muito tempo que


Francesca não pensava nela.

— Por que está aqui?

Que tipo de pergunta era aquela? Andreas


pareceu revoltado.

— Por que você acha?

— Gabriel? — ela indagou, compreensiva.


— Quero que compreenda que Gabriel não sabe de
você, e espero que tenha a sensibilidade de esperar
o tempo certo para uma aproximação.

Ele sentiu ímpetos de mandar as favas aquele


conselho. Quis empurrar a mulher e adentrar o
apartamento dela aos berros, chamando pelo filho.

Todavia, segundos depois, ficou


amedrontado.

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E se a criança o odiasse? Afinal, o que devia


pensar?

O que Francesca havia dito para Gabriel? E


se o menino imaginasse que havia sido
abandonado?

— Como podemos tentar essa aproximação?


— tentou aparentar calma.

— Vou conversar com ele...

— Quando?

— Assim que possível. Deixe-me seu


telefone e eu entrarei em contato.

Era pouco para um homem acostumado a


estar no controle.

E foi exatamente por esse sentimento que ele


deixou-se levar.

— Francesca, por que tudo isso?


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— O que quer dizer? — ela parecia


incomodada pelo tom altivo e de desprezo.

— Ter que trabalhar para viver. Morar em


um apartamento mediano numa cidade de terceiro
mundo. Eu posso te dar tudo. Você pode morar em
uma mansão, dirigir um carro esportivo caríssimo.
Gabriel estudará nas melhores escolas do mundo,
terá tudo...

— Por favor, não continue. Sabe muito bem


que nunca estive contigo por benefícios.

— Mas os usufruiu muito bem — murmurou,


insensível.

Houve um breve silêncio. Parecia torturador.

— Está falando comigo como se estivesse


diante de uma prostituta — ela murmurou, e havia
uma mágoa palpável na voz.

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— Ao menos você se deu valor e cobrou


bem.

O tabefe que levou na face fê-lo perceber que


não diria o que desejava para Francesca e ela
aceitaria sem defender-se.

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Capítulo 09

"E nem pensou como eu iria ficar


Foi embora pensando em não voltar"
Chega de Viver Assim – Sergio Saas

Enquanto a face ardia pela bofetada, ele


volveu o olhar para ela. Ainda sequer entendia
porque havia sido tão repugnante nas palavras, mas
reconheceu em sua alma um traço de raiva e mágoa
por ela ter ido embora sem lhe dar a chance de
saber toda a verdade.

— Peço desculpas — murmurou.

Estava desconcertado. Era visível que aquele


encontro havia despertado emoções profundamente
escondidas durante todos aqueles anos.

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No fundo, bem no fundo, acreditava que


Francesca, ao vê-lo, iria derreter-se em carinho.
Jogar-se-ia em seus braços, beijaria o homem com
ardor e eles iriam para o quarto compartilhar de
momentos íntimos que a tanto não ocorriam.

Mas, ela estava firme e gelada diante dele.


As mãos no bolso, o olhar zangado. Era como se
não quisesse vê-lo.

— Eu não devia ter dito isso — admitiu.

E só então houve um traço da velha


Francesca nos olhos escuros, como se ela estivesse
vacilando de forma imperceptível.

— Foi minha melhor amiga — ele


prosseguiu, não porque queria conquistá-la
novamente, mas porque precisava —, e foi embora.
Eu fiquei perdido sem você.

— Você queria que eu fizesse algo odioso.


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— Era minha parceira de crime. A quem


mais eu pediria?

— Nunca fui isso. Eu era sua amante, apenas


isso. Uma mulher que você procurava quando
queria desabafar, ou transar. Nunca me tratou como
nada além.

Foi um choque receber aquelas palavras.

— Tive mais consideração por ti do que por


qualquer outra em minha vida.

— Tenho pena das demais, então —


retrucou. — Porque sempre fui seu objeto. E, por
anos, acreditei que era só para isso que eu servia.
Para um uso. Mas, Gabriel me fez ver que eu era
muito mais do que algo sem importância. Eu era
mulher, um ser vivo, capaz de amar e de receber
amor. Meu filho me ama, ele é tudo para mim.

Definitivamente, não era uma conversa fácil.


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E muito menos para ser trocada num corredor


estreito e de forma rápida.

— Eu te agradeço por ter sido lúcida e não


fazer nada contra Nicolas e Carol. Eu passei a ter
muita amizade pelo meu primo depois disso. E
respeito muito a esposa dele.

— Claro que sim, ele deixou a Empire para


você — despejou. — Você não tem nada contra
quem não fica no seu caminho.

Era destruidor que o visse apenas como um


ganancioso capaz de tudo pela empresa. Todavia,
também não podia negar que havia um fundo de
razão naquilo.

— Por favor, vá embora. Gabriel deve estar


saindo do banho e não quero que ele o encontre
aqui. Ainda não estou pronta para ter essa conversa
com meu filho.

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— Me deixe vê-lo — murmurou o pedido.

— Você teve anos para isso, e nunca o


procurou. Agora, ao menos, dê-me um tempo para
absorver tudo.

— Foi a minha avó — relembrou-a. — Ela


que...

— Por favor, chega! Tudo vai ficar na conta


da digníssima Senhora Lúcia Padyris? Eu sabia que
ela não contaria nada, então fui atrás de ti, e o vi
cercado de mulheres. Não pude me aproximar,
porque estava completamente bêbado, desfilando
com vagabundas, quando o calor do meu corpo
sequer havia esfriado no seu. Nunca teve por mim
qualquer respeito ou consideração, mas agora tenha
o mínimo de bom senso e me dê o tempo que pedi.

Vergonhosamente, Andreas não conseguia


recordar-se verdadeiramente de toda a situação.

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Depois que ela o deixou, ele bebia


diariamente, e dormiu com qualquer uma que
estivesse à disposição. Estava zangado e ressentido.

— Nós não tínhamos um compromisso —


devolveu, tentando se proteger.

— Para mim, nós sempre estivemos


compromissados um com o outro — ela retrucou e
aquilo o abalou novamente.

Então a porta se fechou.

O homem quase não teve forças para ir


embora.

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Capítulo 10

“Eu morri todos os dias


esperando você.”
A Thousand Years -Christina Perri

Francesca havia pedido um tempo. Contudo,


Andreas não tinha esse prazo. Ele precisava
urgentemente ver o filho. Tocar nele. Abraçá-lo.
Dizer que agora tudo ficaria bem porque o garoto
tinha um pai que cuidaria dele por toda a vida.

Era, como falava Carol quando bebia um


pouco demais, um lance de família.

Era o sangue que puxava. Uma necessidade


básica de ver aquele pequeno que tinha seus olhos e
seu jeito de andar e falar.
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Então, como Francesca não lhe ligou no dia


seguinte (havia colocado seu número embaixo da
porta dela), ele foi até a escola de Gabriel e ficou
parado próximo da entrada.

Quando o horário do recreio bateu, ficou


tentando observar pela tela de arame que separava
o pátio da rua, a imagem do garoto, buscando por
ele, tentando achá-lo naquela infinidade de
crianças.

E assim o viu.

Estava sentado numa roda de amigos,


embaixo de uma árvore. Nas mãos um jogo de
vídeo game, e nos lábios um sorriso maroto
idêntico ao que o pai tinha quando estava tramando
algo.

— Ei! — gritou, tentando chamar a atenção


dos meninos.

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Um deles o olhou.

— Gabriel! — gritou novamente.

Viu as crianças conversando, e então o filho


olhou em sua direção. Parecia duvidoso de ir ou
não até ele, mas por fim deu alguns passos em sua
direção.

Sentiu uma emoção profunda a tomá-lo.

O que diria? Como explicar que estivera


ausente por todo aquele tempo?

— Bom dia, senhor — uma mulher


aproximou-se. — Posso ajudá-lo?

Era uma professora. Parado diante de uma


escola infantil, ele sequer percebeu sua atitude
suspeita.

— Vim falar com meu filho — tentou se


explicar.

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A mulher observou o garoto que se


aproximava.

— Gabriel — o chamou. — Conhece esse


senhor?

O menino negou. Andreas não o culpou.


Claro que negaria.

— Terei que pedir que se retire ou chamarei


a polícia — a mulher avisou.

— Pode chamar quem quiser. Aproveite e


ligue para a mãe dele, e veja o que ela dirá. Eu não
sairei daqui sem antes conversar com Gabriel! —
retrucou.

Houve um movimento de protesto, algumas


pessoas chegando e saindo de perto da tela.
Andreas pouco se importava com aquele
palavreado num português complicado, diferente
do usado pela avó.
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— Gabriel, sua mãe se chama Francesca,


não?

O menino assentiu.

— Eu sou Andreas. Eu sou seu pai.

O menino arregalou os olhos.

— Meu pai morreu.

Era nítido que Francesca havia contado uma


mentira qualquer para tentar esconder a verdade da
criança.

— Sua mãe se enganou.

Não queria prejudicar Francesca, então


também não teve coragem de falar a verdade.

— Mas, eu voltei. Estou aqui agora. Chamo-


me Andreas. Eu sou seu pai.

Uma professora puxou o garoto, e o afastou

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dele. Quis gritar, torcer a cerca com as próprias


mãos, mas resolveu seguir em direção à
administração da escola.

— Nós avisamos a mãe e iremos chamar a


polícia. — Ouviu de uma professora a repetição da
ameaça.

— Chame quem quiser, é meu filho! —


gritou. — Não vai me afastar dele, nem me
ameaçando com uma arma.

Haviam desaparecido com Gabriel. E ele só


queria olhar a criança, explicar porque estivera
longe por tanto tempo.

Mas, a discussão não parava. Só o tempo


passava, impiedoso. A cada batida do relógio, ele
sentia que estava perdendo ainda mais a chance de
ficar mais um pouco com o filho.

Só quando ouviu a voz revoltada de


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Francesca foi que deu-se conta do estado em que a


situação estava.

— Você me prometeu um tempo! — ela


quase gritou.

Olhou para ela. Viu as lágrimas de vergonha


e desconcerto diante das pessoas.

— Não te prometi nada.

— Oh, é mesmo... Eis o senhor das não


promessas, o homem sem compromisso —
ironizou.

Então saiu de perto dele e buscou pelo filho.


Só então viu Gabriel saindo de uma sala, puxado
pela mãe.

— Espere — pediu, tentando se colocar de


fronte a eles.

Mas um dos seguranças da escola o impediu.

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— Eu sou seu pai — ele gritou para o


menino, que manteve os olhos arregalados.

Que o mundo inteiro fosse para o inferno!


Pela primeira vez na sua vida a verdade era mais
importante que tudo.

Gabriel jamais havia visto – naqueles poucos


anos de vida – a mãe tão derrotada quanto a mulher
que caiu no chão tão logo a porta do apartamento
fechou.

Ela escondeu o rosto entre as mãos e chorou


copiosamente enquanto parecia esquecida do
menino ao seu lado.

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Porque, até então, a mãe era uma fortaleza


indestrutível. Agora, ela era só uma mamãe triste e
abatida.

Com suas pequenas mãos, acariciou os


cabelos negros dela. O choro não parou, então ele
fez o que ela sempre fazia quando ele se
machucava: beijava o machucado. No caso da mãe,
era nos olhos, pois lá que havia lágrimas.

Francesca, ao sentir o carinho, apertou-o


contra si com todas as forças que tinha. Céus, ela o
amava mais que tudo nessa vida!

— Mama, não precisa se preocupar — ele


disse, fazendo-a sorrir pela primeira vez naquela
manhã.

— Não?

— Se meu pai virou zumbi e voltou dos


mortos, não tem problema — ele explicou, do jeito
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mais simples que conseguia expressar. — Eu ainda


te amo mais que tudo e mais que a ele.

Francesca riu.

Andreas podia ter dinheiro e poder. Mas,


jamais teria a criatura mais preciosa do universo:
Gabriel Abreu.

— Chegou uma intimação — Vanessa surgiu


na porta do escritório com o olhar assombrado.

A vida naquela pequena loja sempre fora


pacata e nunca envolvera a lei.

A intimação viera registrada pelo correio. A


chefe abriu a carta e leu o conteúdo. Ao seu lado,
Vanessa ardia de curiosidade.
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— O que é? — indagou, por fim.

— O pai de Gabriel quer assumir a


paternidade.

A vida pacata naquela loja jamais seria a


mesma.

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Capítulo 11

“Eu não vou desistir de você dessa


vez”.
Perfect - Ed Sheeran

Quando você deseja algo ardentemente, dá-se


o jeito de conseguir. E, no caso de Francesca, era as
informações de onde o poderoso Padyris estava.

Ligou nos hotéis mais chiques da metrópole,


mas nenhuma informação. Então vestiu-se com seu
melhor vestido e foi a cada um deles.

“O Senhor Padyris me aguarda”, disse, com


um sorriso sedutor.

Os atendentes a observavam com aquele


misto de dúvida e euforia. Afinal, se ela tinha uma
qualidade destacável era essa: a de ser linda.
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Em dois hotéis ouviu o “Não há hóspedes


com esse nome”, mas no terceiro o homem,
maliciosamente, buscou o telefone.

— Diga que sou Francesca — ela pediu


assim que ele avisava a Andreas que havia alguém
ali lhe aguardando.

Foi dessa forma que ela foi parar na suíte


presidencial de um dos mais afamados hotéis de
luxo de Porto Alegre.

De alguma maneira, era quase lugar comum.


Andreas a levava em viagens onde costumavam
ficar em lugares mais pomposos que aquele. Não
que tal coisa fizesse diferença para Francesca.
Naquela época, a jovem iludida estaria feliz ao lado
dele, não importava se no luxo ou na miséria.

— Você definitivamente é corajosa — ele


riu, o som dos saltos ecoando no assoalho de

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madeira encerada.

— Por que está me atormentando? — ela


devolveu, tão logo o encarou.

— Atormentando?

— Voltando a minha vida sem me dar espaço


sequer para respirar. Sabe que preciso de um
tempo. Eu te pedi isso. Mas, avassala tudo. Se
impõe. Não é o dono do mundo!

— Engraçado dizer isso quando foi você que


me atormentou por todos esses anos, Francesca.

Ela suspirou alto, quase rindo.

— Ah, sobrava tempo para pensar na sua


antiga vadia enquanto transava com aquele monte
de mulheres?

— Você sabe que sempre foi, de alguma


forma, única. Que não haveria outra. Sabe que eu

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sempre senti algo profundo por ti...

— Oh, sim. Algo que jamais nomeou. Nunca


disse que me amava.

— Mas, talvez amasse — devolveu. — Do


meu jeito...

— Do seu jeito torto, quer dizer?

— E qual seria o jeito certo?

Era uma discussão extremamente inútil.


Porque aqueles sentimentos ficaram no passado.
Para ambos, pelo jeito.

Repentinamente, ela deu a volta. Parecia


pronta para ir embora. E então algo no instinto
masculino de Andreas soube que não poderia
deixá-la ir.

Já a perdera uma vez.

Aquilo não poderia acontecer de novo.


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— O que foi? — ela perguntou, assim que


sentiu a mão firme dele segurando seu braço.

— Eu te amo — ele murmurou.

E parecia tão certo e tão errado confessar


aquilo, já que nunca dissera nem a si mesmo tais
palavras.

Viu as lágrimas. Soube que a ferira com as


palavras colocadas no momento errado.

— Vá para o inferno! — ela gritou,


empurrando-o e correndo até a porta.

Interceptou-a antes que tocasse a maçaneta.

— Fique — pediu.

A mão deslizou de leve no ombro feminino.


Um toque que derrubou todas as suas barreiras
erguidas bravamente.

Porque era tão simples. A mente dizia não,


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mas cada pedaço de Francesca desejava Andreas


arrebatadoramente.

Era um beijo lento, abrasador e que


transmitia muitos sentimentos. Sensações que
pareciam adormecidas por anos de separação, mas
que, ao mesmo tempo, era capazes de trazer
memorias vividas de uma relação única.

Vagarosamente, foi levando Francesca até a


cama. Não deixou de beijá-la ou que o toque dos
corpos pudesse ser apartado. Queria que ela
estivesse ciente de que era ele. Eram ambos. Que o
tempo não importava e que qualquer dia, hora ou
ano que estiveram separados não mudara em nada o
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que nutriam um pelo outro.

Todavia, houve novas descobertas. Os seios


dela estavam um pouco maiores. A pele ainda
vívida trazia um certo traço abaixo dos olhos. Os
cabelos haviam passado por um tratamento e os
cachos não eram tão crespos quanto no passado.
Eram mudanças sutis, mas que demonstravam que
ela havia se tornado uma mulher um tanto diferente
da amante submissa.

E, ao mesmo tempo, ainda era igual. A


mesma incapacidade de resistir a entrega, a mesma
forma como murmurava sem nome, condenando-se
por amá-lo.

Percorreu lentamente as mãos pelas costas de


Francesca, parou em sua cintura e voltou a subir,
fazendo a amada sentir um leve arrepio ao passar as
mãos por suas costelas. Congratulou-se
mentalmente pela capacidade de ainda provocar
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tais reações nela.

Enquanto as roupas desapareciam, queria dar


a ela todas as carícias guardadas por todos aqueles
anos. Mas, foi Francesca quem tomou a iniciativa
depois de um tempo de carícias lentas. Porque
havia uma urgência desesperada em seus atos.
Havia um querer. Um pecado que ela escondeu
com vergonha em suas entranhas.

Pelos céus, ela o queria. Cada músculo


daquele corpo de deus grego, definido pelos
exercícios que ele nunca deixara de fazer. A pele
queimada pelo sol forte da Grécia, a textura macia
que tirava dela qualquer racionalidade.

O clima esquentou muito rápido. Francesca


começou a beijar o pescoço do Andreas e, ao
poucos, foi descendo, beijando seus ombros, seu
peito, sua barriga e antes que pudesse reagir, sentiu
Andreas segurando firme em seus braços e a
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virando.

Agora com Andreas por cima, o homem


começou a beijá-la e explorar a parte inferior de seu
corpo. Francesca sentia as mãos de Andreas
percorrerem suas coxas, sua cintura e uma parte de
suas nádegas.

Era um dia frio, como costumavam ser todos


os dias naquela época do ano, mas o calor do
momento impedia a temperatura de agir sobre
aqueles dois corpos que se amavam.

O calor emanado era tão intenso que


mesclava suas almas, tornando-as únicas.

Sempre foram um do outro. Aquilo era só


consequência.

Colando seus corpos novamente, eles podiam


sentir a excitação mútua e, enquanto Andreas
beijava demoradamente o pescoço de Francesca, a
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mulher começou a abaixar a cueca dele. Andreas


não ofereceu resistência quanto a isso e, quando as
mãos de Francesca não podiam fazer aquela peça
de roupa descer mais, Andreas terminou o serviço
de forma ágil.

Francesca sentia o membro rígido de


Andreas colado em sua barriga e era tão quente e
pulsante que a levou a sussurrar, tomada por um
desejo incontrolável...

— Andreas, eu quero...

— Você sabe que pode se arrepender — ele


parecia ainda encontrar a razão.

— Não me importo.

Andreas calmamente retirou a última peça de


roupa de Francesca e virou-a de costas. Alisando as
nádegas de Francesca com muito carinho, Andreas
abaixou-se e começou a beijar e mordiscar aquele
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objeto de seu desejo. Quando Andreas chegou


próximo ao pequeno orifício rosado, sentiu
Francesca contrair suas nádegas e soltar um leve
gemido antes de relaxar.

Francesca afundou sua cabeça no travesseiro


para abafar um gemido quando sentiu a língua
quente e úmida de Andreas estimulando o meio de
suas nádegas. Era uma prazer indescritível e
quando mais Andreas movimentava sua língua,
mais Francesca sentia prazer.

Quando sentiu seu corpo sendo virado


novamente, Francesca estava com as maçãs do
rosto um tanto coradas e Andreas não pôde deixar
de sorrir da expressão tão doce.

Apesar de seu gênio forte e sua inteligência,


ela era uma criança inocente e tímida.

— Está pronta? — Perguntou Andreas.

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— Não sei se um dia estarei — ela


respondeu, franca. — Ser sua é algo muito difícil,
Andreas.

— É, eu sei — ele riu. — Mas, não há outra


saída, não é?

— Não, não há.

Andreas abriu as pernas de Francesca e as


levantou um pouco, ajeitou o próprio corpo e ao
encostar a glande de seu pênis na entrada vaginal
de Francesca, viu a amante soltar um pequeno
gemido.

— Faz muito tempo, não é?

Andreas lentamente começou a fazer força e


podia sentir a resistência natural do corpo de
Francesca.

Porém, era como respirar novamente depois

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de um longo período imerso embaixo de um oceano


profundo. Estavam juntos, nada mais importava.

Enfim, enfiou-se completamente dentro dela.

Houve a dor, houve o medo, e o prazer. Tudo


ali. Naquele ritual fantástico do sexo. Enquanto ele
entrava e saía da morena, observava atentamente
suas expressões. Estancou, contudo, quando
percebeu as lágrimas?

— Machuquei você?

Ela negou.

— Só estou pensando que eu senti muito a


sua falta.

Não era uma reconciliação. Eles sabiam.


Mais parecia uma despedida do que um reinício.

Andreas segurou Francesca com força e,


enquanto trocaram um beijo terno, Andreas voltou

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a introduzir-se nela. Quando sentiu que não havia


mais espaço para avançar, parou e ficou fazendo
carícias em Francesca, que retribuía com beijos e
carinhos com as mãos.

Tomado por um pouco de coragem,


Francesca começou a mexer seu quadril e Andreas
entendeu o recado, começando a fazer leves
movimentos de vai-e-vem. Sentir o corpo de
Andreas junto ao seu, sentir que seu membro firme
possuí-la de forma viril, sentir toda a preocupação
de Andreas em tentar não lhe machucar e,
principalmente, sentir seu amor transmitido durante
aquele ato máximo fez Francesca atingir um estado
de nunca tinha experimentado nem nos melhores
momentos a dois.

Andreas percebeu o orgasmo intenso a tomá-


la na forma como ela mordeu os lábios, na maneira
como o gemido ficou mais alto, como as unhas
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cravaram-se nas suas costas.

Estava tão gostoso...

E então ele perdeu o controle. Deixou-se


guiar pelo desejo dela, aceitando tudo que
acontecia naquele instante mágico.

Eles se amavam. Que se danasse o universo,


eles ficariam juntos porque era assim que tinha que
ser.

Criariam o filho deles e teriam mais uma


dúzia de pivetes correndo pela casa, fazendo com
que suas existências tivessem algum sentido.

— Francesca... Ah, ah... Eu... Vou gozar...

— Dentro... — Pediu Francesca que soltou


um gemido alto.

Aquele pedido seguido do gemido fez


Andreas atingir o melhor orgasmo que já tivera na

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vida. A carga de prazer contida nele foi


surpreendente e durante muito mais tempo do que o
normal, ele manteve-se firme, inundando Francesca
com seu líquido.

Francesca podia sentir cada músculo do


corpo de Andreas se contrair até que ele começasse
a gozar fartamente. Aquela sensação nova deu a
Francesca muito prazer, alegria e satisfação. Sentir
o membro de Andreas pulsando dentro de si,
esquentando-a por dentro com seu sêmen quente
era tão prazeroso que logo ela também gozou.

Depois, ficaram abraçados. Um tanto


temerosos de que a vida fora do sexo pudesse
avassalá-los e separá-los novamente, como se
estivessem em lados opostos de uma guerra.

E, talvez, fosse exatamente isso.

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Capítulo 12

“E eu acho que nunca te disse:


“Sou tão feliz por você ser minha!”
Always On My Mind - Elvis Presley

A razão foi voltando aos poucos pela mente


perturbada. Logo, Francesca se ergueu e foi até o
banheiro limpar-se. Ignorante sobre os
pensamentos femininos, Andreas a observou
através dos olhos cansados, como se enfim
estivesse chegado ao final de uma longa jornada.

Novamente, sua... E agora tinham um filho.


Era muita ventura.

Contudo, logo seus pensamentos foram


interrompidos pela volta da mulher. Ela já estava
vestida e trazia no olhar o arrependimento
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escancarado, como se aquele erro não pudesse ser


repetido.

— Nós não tivemos uma despedida antes —


ela parecia querer justificar mais a si mesma que a
ele.

Andreas sentou-se na cama, assombrado. Do


que diabos ela falava?

— Não tivemos porque nunca nos


despediremos — retrucou.

— Não quero ser a sua mulher, novamente


— ela explicou, e foi tão franca que ele ficou
chocado.

— Por quê? O que há de tão ruim em mim


que me torna inferior aos outros homens?

— É difícil para você entender.

— Me explique, então!

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— Eu sempre fui algo para alguém. Mas,


nunca para mim mesma. Eu era o estorvo da minha
avó, a empregada para a família que me deu
emprego. A vítima perfeita para o abusador. A
modelo para a agência. E, por fim, a amante
perfeita para você. Mas, nunca fui independente, a
mulher dona de si, capaz de fazer as próprias
escolhas.

— Não é assim... — ele murmurou, incapaz


de se defender.

— Quero trabalhar, ter meu próprio dinheiro


— ela apontou, apenas para vê-lo explodir.

— E para quê? Eu posso te dar tudo!

Ali estava. Escancarado. Tão logo disse isso,


Andreas compreendeu sua alma ansiosa por
independência.

— Essa mulher que você busca ficou no


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passado, Andreas. Até porque, mesmo que eu


quisesse, eu não estaria mais a sua disposição à
hora que desejasse. Agora eu tenho um filho que
exige de mim muito mais do que qualquer homem.
E ele está acima de tudo.

Ele sabia. Não a culpava por isso.

Por fim, ela foi embora. Andreas sentia-se


tão insatisfeito como nunca, apesar de ter acabado
de vivenciar o melhor sexo de sua vida.

Vanessa estava curiosa. De alguma maneira a


chefe estava diferente. Mais centrada, preocupada e
estranha.

Contudo, não sabia como indagar aquilo sem

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que a ofendesse. Pois, apesar do excelente


relacionamento, Francesca era uma mulher solitária
que pouco se abria sobre sua vida íntima.

Devia ter seus traumas. E Vanessa era


sensível o suficiente para respeitar isso.

Repentinamente, o alarme da porta. A


chegada de uma nova cliente. Andou até a mulher,
percebendo que aquela senhora tinha muita classe e
bom gosto.

Vestia roupas caríssimas, o que fez Vanessa


sentir-se imediatamente inferior. Afinal, não
haveria nada na loja para oferecer a tão distinta
dama.

— Procuro Francesca Abreu — a mulher


disse.

Logo, a chefe estava atrás de si. Vanessa


ficou entre aquelas duas feras. Apavorou-se.
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— Está tudo bem, Van — Francesca avisou.


— Pode ir organizar a vitrine, por favor?

O escritório não era separado da loja. Ao


contrário, ficava em um canto perto dos casacos, e
lá Francesca mantinha uma mesa onde organizava
os recibos, recebia as costureiras e os vendedores.

— Quer um café? — ofereceu, por educação.

Lúcia negou. Francesca tentou estudar a


mulher, mas não conseguia compreender seus
sentimentos por trás daquela máscara dura e seca.

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— Quanto você quer?

— Para sair da vida do seu neto? — retrucou,


revoltada. — Não quero nada. Mudei de país para
que seu neto não me procurasse. Não tenho culpa
que ele...

— Andreas sempre foi um imprestável como


o pai. Antônio casou-se com uma atriz. A mãe de
Andreas sempre me deu repugnância. Não o quero
como Presidente da Empire, mas estou disposta a
investir o futuro da Corporação nas mãos de
Gabriel.

Por alguns segundos, Francesca tentou


absorver aquela informação. Então, Lúcia estava ali
pelo seu filho? Queria por um preço no seu filho?

— O que você acha que é? — indagou,


tentando não berrar. Não queria perder o
autocontrole, mas estava perto disso.

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— Sou a bisavó de Gabriel.

— E eu a mãe.

— Tenho condições de dar-lhe o melhor...

— Cale a boca, porque meu filho tem tudo. E


eu vivo em um país onde juiz nenhum tiraria uma
criança brasileira de uma mãe para entregar a avó
sem que a mãe tivesse feito algo grave. E para seu
desgosto, minha vida é impecável.

— Era uma prostituta, uma modelo...

— Juro por Deus que se repetir isso,


esquecer-me-ei de sua idade e a retirarei daqui a
socos — gritou. — Jamais me prostitui. Eu amava
seu neto! Mas fui incapaz de suportar a maldade
que corrói sua família. E meu Gabriel não terá que
passar por isso porque eu nunca permitiria que os
Padyris o infectem com sua ambição e ganância!

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— Poupe-me de bancar a vítima. Diga-me


seu preço. — ordenou.

Francesca buscou o telefone.

— Vou chamar Andreas para que ele a leve


daqui.

— Foi meu neto que pediu para que eu


intervisse — avisou. — Ele quer o filho e...

— O quê?

A indagação foi dupla. Tanto de Francesca,


pasma, quanto de Andreas, revoltado.

Lúcia volveu para trás e deu de cara com


Andreas. Sabia o que significava, mas ainda tentou
colocar bom senso no neto.

— Olhe para ela. Uma mulher sem cultura,


sem berço, uma modelo...

— Repete isso com tanta intensidade —


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Francesca murmurou. — Sou dona de uma loja de


roupas, não sou mais modelo. Mas, e se fosse, o
que tem de mal? Ou é minha cor que a incomoda?

— Sua cor não tem importância para mim,


apesar de ser branca demais para ser negra, e negra
demais para ser branca — Lúcia devolveu. — Mas,
nunca conheci uma mulher digna que tivesse tal
profissão.

Andreas andou até Francesca, postando-se ao


lado dela.

— Então conheça Francesca, vó. Ela sempre


foi digna.

— Era sua amante.

— Minha namorada — corrigiu.

— Ah, isso não tem importância. Por que não


entra na justiça para ter seu filho consigo. Vi o

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garoto de longe, é um Padyris e merece crescer


com todos os luxos que esse sobrenome dá.

— Eu jamais tiraria um filho de uma mãe —


Andreas retrucou. Depois, insistiu. — Por que
odeia modelos, atrizes...?

— Porque seu avô não resistia a mulheres


dessas profissões — Francesca respondeu por ela.
— A arte o atraía, e ele era infiel com sua avó
sempre que tinha oportunidade.

— Era homem. Homem não resiste. É a


mulher que tem que se dar ao respeito — Lúcia o
desculpou.

— Eu reconheço que uma mulher tem que ter


o mínimo de dignidade de não sair com um homem
casado, mas faça-me o favor: pare de proteger seu
falecido marido, pois era dele o compromisso com
a senhora.

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— Não ouse...

— O defende porque é incapaz de admitir a


si mesma que se submeteu a um homem infiel e
sem caráter por toda a sua vida.

— Um Padyris... — Lúcia tentou falar, mas


Francesca se enfureceu, e a interrompeu.

— Culpa as mulheres para tentar desculpar


seu amado marido — gritou. — É uma vergonha a
cada mulher que pisa na terra. Assuma que ele não
valia nada e dê paz aos seus netos!

Lúcia não parecia ter paz. Sequer dava


mostras de ter experimentado a sensação tal dia.
Dessa maneira, aquele pedido soou absurdo aos
seus ouvidos.

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Capítulo 13

“Meu peito não é de silicone


Sou mais macho
Que muito homem”.
Pagu – Rita Lee

Lúcia suspirou. Ela não perderia sua postura


de dama mesmo diante de uma mulher
desequilibrada como aquela antiga modelo de
Moçambique.

— Andreas tem o mesmo gosto do avô e do


pai para essa laia de mulheres. Cuidado, quando
ficar mais velha, ele procurará modelos mais
atraentes.

— Você acha que seu neto seria infiel


comigo? — Francesca devolveu. — Eu o castraria
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na primeira pulada de cerca.

Andreas voltou-se para ela, de olhos


arregalados.

— É mesmo?

— Por que você não experimenta? — ela o


fuzilou com o olhar.

Só então se deu conta do sorriso masculino.


Falava como se estivessem juntos. Como se fossem
um casal. Ele percebeu aquilo imediatamente e viu
nisso esperança.

— Frustrada! — Francesca voltou à atenção


a Lúcia, porque a mulher parecia ter mais
importância no momento, diante da ameaça ao
filho. — Você acha que essas mulheres não tinham
índole, mas eu lhe garanto que a maioria delas, que
saiu com seu marido velho e nojento, só o fez
porque devia estar passando por algum problema
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grave, financeiro ou psicológico. Ele era o vilão.


Mas, você culpa as vítimas. Mesmo você sendo
uma delas.

— Não admito que fale assim de meu amado


esposo.

— Então vá embora agora ou falarei pior.

Lúcia enfim deu as costas e saiu. Francesca


respirou aliviada.

— Fran... — Andreas começou, mas ela


ergueu a palma da mão.

— Por favor, siga sua avó. Apesar de tudo,


ela é uma senhora de idade e não quero que lhe
aconteça nada.

O homem assentiu e se afastou. Quando


enfim Francesca ficou sozinha, desabou em uma
cadeira. As mãos e o peito tremiam, achou que

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fosse desmaiar.

Foi nesse momento que Vanessa apareceu


com um copo de água doce. Só então deu-se conta
de que a empregada viu tudo.

— Lamento por ter presenciado tal coisa.

— Aquele homem não era o grego famoso


que vimos na televisão?

Francesca assentiu.

—E le é o pai de Gabriel.

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Capítulo 14

“Você não tem medo de mim


Você tem medo é do amor”.
Medo de Amar - Adriana Calcanhotto

Na televisão, heróis fortes derrotavam o mal


através de poderes místicos criados pela mente de
algum artista nipônico.

Gabriel estava vidrado com o que acontecia


na tela. Ao lado, a mãe o observava atentamente,
tentando descobrir a melhor maneira de se
aproximar do menino e lhe dizer que havia mentido
para ele durante toda a sua vida.

Contudo, assim que o programa da televisão


entrou no intervalo foi o menino que lhe encarou, o
olhar sábio de quem, apesar de pouca idade, parecia
ter vivido muitas vidas.
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— Mama, quer falar do meu pai?

Ela assentiu.

— Ele veio para entrar na nossa família ou


para nos separar? — ele indagou, de forma simples.

— Como?

— Aprendi na matemática da escola. Se ele


veio diminuir, não é bem vindo. Mas, se ele veio
somar – fez com os dedos: 1+1+1 – então ele será
bem vindo.

Era tão simples, sobre aquela ótica infantil.

— Você gosta dele, mama?

Ela não conseguia responder. Porque sentia-


se envergonhada pelo amor que ainda explodia em
seu peito.

Então, concordou.

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— Que bom, mama. Sempre quis ter um pai.

O programa na televisão voltou. O assunto


estava encerrado.

Não foi surpresa Andreas aparecer no final


da noite para jurar que jamais tiraria Gabriel dela.

— Mas não me condenaria por acreditar, não


é? — devolveu a mulher. — Você entrou na justiça
contra mim.

— Só queria me aproximar do meu filho —


ele retorquiu. — Jamais tirá-lo de você, apenas ter
direito de vê-lo crescer, de ajudá-lo com suas
necessidades e participar da sua vida. Foi um erro,
reconheço. Não devia ter colocado terceiros em

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algo que só cabia a nós dois. Mas, me culpo


tremendamente por não ter ido atrás de ti. Não ter
acompanhado sua gravidez. Tê-la deixado sozinha
no momento mais difícil da sua vida.

Ela sorriu, triste.

— Não foi o mais difícil — deu os ombros.


— Sabe o ditado? Quem chora de fome não chora
por homem?

Houve um breve silêncio. Parecia ter


chegado a hora de colocarem as cartas na mesa. O
jogo havia acabado.

— Por que não me procurou quando sumi?

— Orgulho masculino ferido — murmurou.


— Sempre achei que estaria a minha disposição
para quaisquer dos meus planos. Quando se
recusou a separar Nicolas e Carolina, eu fiquei
furioso.
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— Me senti usada de uma forma terrível —


ela admitiu. — Eu sempre soube que era apenas um
adereço para você, e estava tudo bem para mim,
porque eu te amava tanto que aceitava qualquer
coisa. Mas, fazer mal a outras pessoas... —
engasgou pelas lágrimas. — Eu passei por tanta
coisa ruim na vida e nunca prejudiquei ninguém.
Sequer tentei vingança. Eu sempre tentei seguir em
frente.

— Eu sei...

— Isso doeu mais que o fato de que não me


amava.

— Não entende, Francesca? Eu sempre amei


você. Foi a única amiga e companheira de minha
vida — admitiu.

Era a mensagem mais linda que já havia


recebido. Porque era exatamente esse o sentimento

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que nutria por ele. Andreas era seu companheiro,


seu amigo.

— Eu sempre te amei — ela murmurou. —


Mas, não sei se ainda há tempo para nós.

— Bom, se você não for um zumbi, eu acho


que está viva. E eu também. Então, ainda há tempo.

Aquela afirmação fê-la rir.

— Eu sempre acreditei em você — ela


admitiu, e ele arqueou as sobrancelhas. — Quando
aquela modelo lhe acusou de agressão, eu sabia que
mentia.

— Você soube? Mesmo depois de tantos


anos, acreditou? — pareceu surpreso.

— Eu te amo, já disse — ela sorriu. — Mas,


não da forma que sua avó amava seu avô. Nunca
fecharei os olhos para seus defeitos nem admitirei

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que me traía com mulheres.

— É a única que quero.

Houve um beijo, após isso. Não aquele


desesperado, ocorrido no hotel, onde eles pareciam
ter vivido uma eternidade um longe do outro.
Agora era algo calmo, de um recomeço.

Recomeços são sempre importantes.

Francesca serviu o café ao homem sentado à


mesa. Eram sete e meia da manhã e ele estava
tremendamente nervoso.

— Que horas ele acorda?

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— Ele tem aula à tarde, mas acorda as nove


para ver desenhos na televisão.

Andreas mordeu o lábio inferior.

— Eu não sei como...

Repentinamente, som de passos. O menino


surgiu na cozinha e observou o par. Parecia
surpreso pela outra presença masculina no
apartamento. Desde que nasceu, era o único homem
da vida de Francesca.

— Olá, Gabriel... — Andreas murmurou.

— Oi, pai — ele disse, sem qualquer


constrangimento, e sentou-se à mesa.

Os adultos se encararam, surpresos.

Como a vida é simples quando se tem cinco


anos de idade.

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Os dois adultos observavam a criança descer


do automóvel e caminhar em direção ao portão da
escola. Logo, era recebido pelo segurança e levado
para dentro do prédio.

— Ele é muito sociável — Andreas


murmurou. — Nisso, lembra muito Nicolas.

— Também acho. Você e eu somos mais


fechados, mas Gabriel é ativo e tem muitos amigos.
É sempre o centro das atenções nas festinhas da
escola.

— Ele me aceitou com muita facilidade —


murmurou. — O que pensa?

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— Acho que esse traço vem de mim — ela


riu. — Aceitar você sem retroceder é um dos meus
defeitos.

Eles riram. A vida parecia ter amanhecido


mais iluminada naquela manhã.

— O que faremos agora? — a pergunta dela


tinha razão de ser. — Voltará para a Grécia?

— Eu preciso.

— Eu não irei para a casa de sua avó,


Andreas. Não me dou bem com ela. Não me
submeterei a ser sua esposa dependente. Quero
minha vida.

Era o empecilho na relação deles.

— Não posso abandonar a Empire ou obrigar


Nicolas a assumir a empresa. Carol não aceita. É
um obstáculo, eu sei, mas podemos nos adequar.

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Morar longe de minha avó. Você pode ter um


emprego, ou poderá abrir sua loja lá. Deixar uma
filial aqui, com sua empregada administrando.

As dúvidas estavam ali, escancaradas.


Confiar cegamente em Andreas parecia o preço alto
que ela devia pagar.

O problema é que não estava disposta.

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Capítulo 15

"E o medo não importa


Nem o calor esfria
Sem você, ah eu não viveria”.
Calmaria - Anjos Do Hanngar

O menino entrou pela porta traseira do carro


e, enquanto ajeitava o cinto de segurança, indagou
a mãe:

— E meu pai?

Como era difícil explicar a uma criança que


as coisas não eram tão simples.

— Gabriel, no passado a mamãe dependia


muito do papai. E hoje a mamãe é dona da própria
vida, paga as contas e cuida de você totalmente —

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explicou da melhor forma que pôde. Assim, o papai


terá uma participação pequena na nossa vida, está
bem?

— Está sim. Mas, só se mama estiver feliz.


Está feliz, mama?

Como as coisas eram simples para ele.


Queria ter aquela visão também.

— Estou, mas...

— Mas?

— Não totalmente. Nunca percebi, mas


sentia muita falta do seu pai.

— E não pode ter as duas coisas? Pagar as


suas contas e viver com meu papai?

— Você quer isso? — ela perguntou, séria.


— Quer seu pai?

— A maioria dos meus colegas têm pais,


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mesmo que eles não morem junto com suas


mamães. Eu gostaria de ter um papai presente.

— E você terá — ela afirmou. — Andreas


quer muito fazer parte da sua vida. Ele te ama
muito — foi sincera. — Uma pessoa muito má não
o deixou saber que você existia, mas assim que
descobriu, veio rapidamente conhecê-lo. Além
disso, você tem um tio muito legal e uma tia
brasileira.

— É mesmo? — aquilo o animou muito.


Nunca houve família para o natal, ou passeios com
tios. Nisso, era muito diferente dos colegas e aquilo
sempre o entristeceu. Contudo, logo o sorriso dele
mudou. — Para mim, o que decidir está bem,
mama. Eu só quero vê-la feliz.

Aquele menino era um presente de Deus.

E de Andreas.

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Ele abriu a porta do quarto animado. Quando


se despediram, ficou a dúvida pendente, e esperava
que a chegada de Francesca trouxesse as respostas
esperadas.

— Gabriel não veio? — questionou. Queria


muito ficar próximo do filho.

— Ele ficou com Vanessa para que nós


pudéssemos conversar.

Assentiu.

— Mas, amanhã tem jogo do time favorito


dele, então seria legal que o levasse para ver a
partida.

Aquilo o acalorou e o sorriso masculino foi


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tão bonito que Francesca suspirou.

— E sobre nós? Você pensou?

— Sua proposta foi interessante — ela riu. —


Mas, definitivamente não é tanto a independência
ou a troca de país que me preocupa. É sua família,
Andreas. Sua avó e a maneira como ela pode tentar
jogar Gabriel contra mim.

Ele abriu espaço e ela entrou no quarto.


Sentou-se na cama. Parecia pequena, amedrontada.
Logo, Andreas sentou-se ao seu lado.

— Durante todos os anos que vivemos aquele


romance secreto e arrebatador, nunca parei para
pensar na importância que tinha para mim. Era
você que sempre me esperava após as reuniões
desgastantes quando eu confrontava Nicolas sobre
a empresa, que me fazia cafuné quando eu tinha
crises de enxaqueca depois de ser avassalado pelo

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desprezo da minha avó, ou me ouvia falar dos


assuntos que, tenho certeza, não te importava
nenhum pouco. Eu me lembro das pequenas coisas.
Das mensagens no celular me desejando boa sorte
em algum projeto, ou um bom dia ou boa noite,
quando eu não poderia ir até você. Estranhamente,
naquela vida cansativa, não havia nenhum lugar
que eu quisesse mais ir do que até o seu
apartamento para me aquecer em seus braços e
descansar de toda a aparência que eu tinha que
representar.

Francesca se emocionou por vê-lo abrindo-se


daquela forma tão franca pela primeira vez.

— Foi apenas uma semana após nosso


término que notei o quanto era importante na minha
vida. Eu simplesmente não conseguia viver sem
pensar em você, ou falar com você. Quando
acontecia algo, instantaneamente pegava o telefone
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para te ligar, apenas para então perceber que eu não


mais tinha esse direito.

— Devia ter ligado — ela murmurou. — Eu


deixei o telefone ativo por um ano, esperando uma
ligação.

— Eu fui covarde — admitiu. — Céus, agora


percebo o tamanho da minha covardia. Eu não fiz
nada por você ou por nossa relação que não fosse
envolver dinheiro. Até mesmo só a apresentei a
minha família quando queria destruir meu primo.

Francesca sentiu a mão aquecida pela de


Andreas. Ele a segurou fortemente. Um conforto
que restava a ambas as almas.

— Eu simplesmente não posso te perder de


novo. Você já provou que consegue viver muito
bem sem mim. Mas, olhe para mim. Tornei-me um
bêbado sem ambições assim que a perdi. Eu preciso

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de você, Francesca. Por favor, não me abandone.

Ela riu, as lágrimas despencando dos olhos


escuros.

— Não farei isso — prometeu.

— Sério?

— Mas, não iremos morar com sua avó, e ela


só irá ver Gabriel com minha supervisão. Não sei
se um dia mudará, mas enquanto isso não ocorre,
nao arriscarei a inocência do nosso filho.

Andreas concordou.

— Então, isso quer dizer que estará comigo


quando eu acordar todas as manhãs?

— E quando for dormir, também — ela


brincou. — Para sempre.

— Eu gosto dessa ideia de eternidade — ele


buscou seus lábios.
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O beijo trocado foi o primeiro de muitos


naquele dia.

Enfim, estavam juntos. E era tão fácil


estarem juntos. Era tão fácil serem felizes. Bastava
que dessem o primeiro passo.

E deram.

~~ Fim ~~

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DEMAIS LIVROS
CONTEMPORÂNEOS DA
AUTORA

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Laços de
Amor
Ele era um homem
cruel...

Alex Grassi estava a um


passo da presidência na
Rozzi Empreendimentos
quando seu caminho
cruzou com uma jovem
inocente e solitária que
lhe despertou diversas
emoções.
Contudo, no auge de sua
carreira, ele não tinha
tempo para viver um
amor avassalador como
aquele.
Alex tinha seus
demônios e a segurança
profissional se mostrou
mais importante que a
presença que parecia
acalentar sua alma.

E ela sofreu por isso...

Liliana dos Santos tinha


um histórico de rejeição
que nunca a abandonou.
Deixada ainda bebê em
um orfanato, excluída até
mesmo do convívio com
as outras crianças por
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as outras crianças por


conta da dislexia, ela se
tornou uma adulta
insegura e medrosa até
seu caminho cruzar com
Alex.
Ele parecia o homem
perfeito. Forte e seguro.
E ela escondeu-se atrás
de sua personalidade
intensa. Todavia, quando
se descobriu grávida,
percebeu que precisava
lutar sozinha.
Liliana soube, assim, que
havia uma força
imensurável em sua alma
feminina. Ser mãe lhe
deu coragem de lutar
contra tudo e todos pelo
seu bebê. E isso incluía
Alex.

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No Calor dos Seus


Braços
No deserto escaldante do
Qatar, eles aprenderam a
se amar...

Rosário Guerra
acreditava na premissa de
que almas gêmeas eram
espelhos uma da outra.
Aos vinte e nove anos,
virgem, completamente
invisível aos olhos de
todos, ela mantinha uma
fagulha acesa de
esperança de um dia
conhecer alguém,
apaixonar-se, constituir
uma família e ser feliz.

Não sabia, claro, que a


felicidade era um árduo
caminho pelo deserto do
coração de um homem
que, primeiramente, em
nada se assemelhava a
ela.

Porém, Darius Hayek


escondia mais do que
seus olhos verdes
pudessem expressar. O
passado de rejeição, a
autodestruição e o fogo
de uma alma indomável,
enfim, pareceu completar
a de Rosário.
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Ambos, figuras tristes,


cada um ao seu modo,
num mundo que os
arrasou em dor.

O amor poderia curar


suas feridas, mas para
isso eles precisavam
aceitar que haviam,
enfim, se encontrado.
Almas gêmeas que
haviam passado toda a
eternidade a se buscar.

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Uma Música para


Nós
A música de Miguel
salvou sua vida.

Beatriz Martins não


se importava com as
críticas à sua vida de
tiete. Seguir e
idolatrar Miguel Lins
era tudo que ela
tinha. As canções do
cantor pop haviam
lhe salvado no seu
pior momento, e
agora vivia por ele.

Ao descobrir que o
astro havia ido às
montanhas para um
descanso merecido,
ela o seguiu, a fim de
tirar algumas fotos e
observá-lo de longe.
Contudo, ambos
acabaram presos no
lugar pelo destino.

Aqueles dias que


poderiam significar o
paraíso lhe indicaram
um homem sádico,
de temperamento
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de temperamento
difícil e palavras
felinas. Sua
decepção, contudo,
lhe trouxe mais que
memórias.

Restou a ela um laço:


Samuel, seu pequeno
filho, que a ligaria
para sempre ao
famoso artista.

Uma Música para


Nós é um livro
rápido, ágil e
sentimental. Josiane
Veiga explora, mais
uma vez, a natureza
humana em todas as
suas nuances. Uma
leitura prazerosa com
personagens
complexos e cheios
de traumas,
buscando por
redenção.

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A SAGA DOS REINOS


LIVRO 1
Três reinos. Três
povos. Uma mulher,
unindo todos eles...

Esmeralda de Cashel
era uma imunda.
Filha de um estupro,
uma branca em terra
de negros. Tudo que
buscava em sua vida
era encontrar o
maldito homem que
havia destruído sua
mãe... Mesmo que
para isso ela
precisasse avassalar
o coração solitário de
um Rei amargurado.

Cedric de Bran via


seus dias cruzarem
diante de seus olhos
por trás de uma
máscara que
escondia seu rosto
deformado. Não
acreditava no amor,
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mas, quando chegou


ao seu reino uma
mulher de cabelos
vermelhos e olhos
cor de esmeralda, ele
não pôde escapar da
magia que parecia
dela emanar.

LIVRO 2
O amor os destruiu...

Elisabeth de Brace era


descendente direta da
antiga e mitológica
Rainha Esmeralda.
Contudo, não herdou a
audácia e a coragem de
sua antepassada. Presa
num mundo cruel, dada
por noiva a um rapaz que
não desejava, aceitou a
passagem de seus
monótonos dias sem
reclamações.
Contudo, a desistência do
casamento por parte de
Andrew Clark, fê-la
perceber que as coisas
poderiam piorar.
Para fugir de outro
matrimônio, dessa vez
com um homem
desonrado e repugnante,
aceitou deitar-se com um

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bastardo sem nome, que a


levou a uma vida de
dissabores e desilusão.
Joshua, o bastardo, nunca
creu que Elisabeth um dia
fosse sua. Cumpriu seu
papel de amigo na vida
dela, honrando-a e
amando-a em segredo.
Porém, quando ela
implorou que a tomasse,
ele não pestanejou.
Entretanto, Joshua não
havia nascido para um
relacionamento. Além da
vida desgarrada, ele não
confiava nos sentimentos
da esposa, e a torturava
com seu ciúme e
desconfiança.

Como o amor entre eles


poderia florescer se a
dúvida pairava o tempo
todo entre ambos?
LIVRO 3
Pilhar, roubar,
destruir... Nada disso
satisfazia ao bastardo
pirata Joshua.

Navegando pelos
mares dos deuses, ele
provocava o Rei com

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suas estratégias
cruéis de assalto.
Porém, o que
ninguém imaginava é
que tudo que fazia
tinha um objetivo.
Precisava de ouro
para voltar ao reino
de Bran e destruir a
mulher que um dia
ele amara.

Elisabeth Clark
pagaria caro por sua
traição, mesmo que,
para isso, ele
precisasse destruir-se
junto com ela.
LIVRO 4
Seria o amor capaz de
curar feridas tão
profundas?

Quando o Rei Iwan de


Masha herdou o trono, a
lei que punia os bastardos
pelos pecados de seus
pais foi extinta. Por conta
disso, Norman, um rapaz
destruído pelos castigos
anteriormente praticados
contra si, é reconhecido

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como filho único do lorde


mais abastado de Masha.

Levado das masmorras


até a nobreza, ele se torna
o novo senhor de
Nunemesse, a região
mais quente dos reinos.
Contudo, em si, tudo que
restou foi o ódio. Anos e
anos de apedrejamento,
clausura e tortura o
tornaram alguém seco e
cruel.

Nesse ínterim, Melissa,


uma jovem ignorada e
subjugada, é lhe dada em
casamento. Porém, como
a simplicidade do amor
poderia competir com a
maldade e a dureza de um
coração tão perturbado?
LIVRO 5
Nas terras
montanhosas de
Cashel, princípios
antigos desejam
renascer.

Gideon cresceu à
sombra de uma
antiga religião.

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Acredita que os
princípios destruídos
pelos Reis são a base
para que a terra de
Cashel volte a ser
rica e próspera.

A fome assola seu


povo, a peste ceifa
da criança ao ancião,
e o jovem guerreiro
busca por vingança.
Os Deuses devem ser
punidos por terem
esquecido o povo de
pele escura.

Porém, tudo cai por


terra ao conhecer a
sobrinha do Rei. A
morena de olhar
intenso e
temperamento difícil
faz com que seu
corpo exploda num
desejo avassalador.

A jovem Élen lhe é


proibida. Amá-la é
um pecado. Gideon
não pode fugir da
iniquidade.
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LIVRO 6
O amor e o ódio
mesclados nas
geladas terras de
Bran.

Lana era uma


Vagante, membro de
um clã que andava
entre os reinos em
busca de trabalho.
Aprendeu a arte da
dança e das ervas
desde cedo e, desde
cedo, sonhou com
liberdade.
Contudo, quando
levada até o norte de
Bran, viu-se alvo dos
desejos voluptuosos
de Brian Clark, o
novo Senhor de
Castelo Branco.
Fugir do homem
mostrou-se
impossível. Resistir a
ele, mais ainda. Mas,
havia uma promessa
feita a Deusa Masha.
Lana precisava do
homem certo para
trazer ao mundo o

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Deus Bran. E esse


homem com certeza
não seria alguém tão
perverso quanto o
homem audacioso
que a fazia tremer.

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DEMAIS LIVROS DA AUTORA

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Josiane Biancon da Veiga nasceu no Rio Grande do


Sul. Desde cedo, apaixonou-se por literatura, e teve
em Alexandre Dumas e Moacyr Scliar seus
primeiros amores.
Aos doze anos, lançou o primeiro livro “A caminho
do céu”, e até então já escreveu mais de vinte
livros, dos quais, vários destacaram-se em vendas
na Amazon Brasileira.

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