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Copyright ©2017 by Jéssica Macedo

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autorização prévia do autor. A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código
Penal.

Leitores Beta

Jéssica Miguel e Fernanda Soares.

Projeto Gráfico de Capa e Miolo

Jéssica Macedo

Revisão

Gabriel Marquezini
Jáleu a trilogia desejos sombrios?
Não é preciso conhecimento prévio para ler esse conto, contudo ele contém
spoilers em relaçã a Trilogia Desejos Sombrios, se você tem a intenção de lê-la faça
isso primeiro.

Sinopse

Ele é um predador, um lobo em pele de


cordeiro. No entanto, ela não é uma presa como as demais
mulheres, e para conquista-la precisará de mais do que o seu poder
de sedução.
Aron Donovan é um duque irlandês que vive com duas irmãs na
Londres vitoriana. Um lorde distinto, dono de uma beleza
inigualável, mas que esconde um segredo terrível... As mulheres
que se deitam com ele nunca mais são vistas vivas. Um demônio
para alguns e um deus para outros, as conjecturas a respeito do
homem passam longe de deduzir o que ele verdadeiramente é.
Um presente de sua irmã o leva até um bordel, num bairro de
Londres onde todos os pecados podem ser comprados e a breve
visão de uma mulher será capaz de roubar seus pensamentos até
finalmente encontrá-la.
Contudo, Dária, assim como Aron não é humana; possui um
passado igualmente sombrio e um ódio particular contra os homens.
Dobrá-la aos seus desejos exigirá dele mais do que um toque e
poucas palavras.

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Do inferno À Luxúria

Ela é um espirito indomável, não se dobra a


nada além de suas próprias regras, e não faz a menor questão de
esconder os corpos que deixa para trás. No entanto, ele só quer
passar despercebido. Disfarçado como um simples policial, tenta
não ser notado por seus verdadeiros inimigos, mas as vítimas da
assassina em série acabarão entre seus casos.
Natasha Donovan está em São Paulo com seus irmãos, e ter sido
expulsa de Londres não a tornou mais responsável. Com toda a
sedução que possui, não medirá as consequências, entretanto,
Dante entrará em seu caminho e fará de tudo para impedi-la de
expor todos eles.
O homem gostoso tentando impedi-la só tornará tudo ainda mais
divertido. Natasha se excitará com ele se esforçando para mantê-la
sobre controle. A ideia dele prendendo-a de algumas formas era
deliciosa.
Na tentativa de domá-la, o detetive acabará a arrastando para o
centro de seus problemas, e após colocar um alvo nas costas dela
será inevitável revelar quem verdadeiramente é. A adrenalina no
momento a seduzirá e após descobrir o quão são semelhantes, será
impossível não ceder à tentação que os atrai.

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Do Mar Ao Prazer

Ela é doce, delicada, responsável e


incrivelmente sedutora. No entanto, ele não mede consequências
para fazer o que é preciso, várias vezes coloca sua vida em risco.
Uma viagem para se divertir fará o destino dela se cruzar com o
dele.
Isabel Donovan está em Cancun. Num local paradisíaco, onde
tenta deixar de lado as responsabilidades que sempre teve com
seus irmãos, e apenas relaxar. Depois que Aron e Natasha
seguiram suas vidas, a caçula nunca se sentiu tão sozinha. Mesmo
tendo os olhares de todos sobre si, a mulher gentil de beleza
inigualável precisa de mais do que isso.
Seu envolvimento com Salomon, um belo barman do hotel onde
está hospedada começa apenas como um delicioso encontro
casual. Mas o sangue quente e o gingado latino ocuparão mais do
que a sua cama, tomarão seus pensamentos.
Salomon teme relacionamentos, mas tirá-la de sua mente se
torna cada vez mais difícil. Além disso, precisará abrir mão de seu
orgulho e aceitar a ajuda de Isabel para combater um mal que tanto
despreza.
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São Paulo – inverno de 2038

Lygia olhou para a luz branca cada vez mais intensa no fim do
túnel. Segurou firme a mão de seu pai, que já não era mais tão
grande como se recordava da infância. Mais alguns passos a
separavam da Terra. Finalmente alcançaria o sonho de deixar o
inferno, de não ser mais apenas a neta de Samael e Lilith, aquela
que todos tinham medo de se aproximar.
Empurrou o portão de ferro ouvindo o material enferrujado ranger
até se dobrar. Finalmente alcançaria a luz...
Dante fechou os olhos quando a luz forte se chocou contra as
pupilas dilatadas. Levou pouco mais de alguns segundo para que
sua visão se normalizasse, logo depois de deixarem o portão do
inferno.
Um sorriso se formou nos lábios dele quando olhou para frente.
– Que honra, todos os anjos da guarda do inferno esperando por
mim.
Uriel estava parada a poucos metros no alto de uma colina e
atrás dela havia uma dezena de anjos. A luz intensa vinha deles,
das asas brancas e de suas espadas celestiais reluzentes. Todos
tinham a expressão fechada e o olhar atento, aguardavam apenas
uma ordem de sua comandante para atacar.
– Eu avisei para permanecerem no inferno. Fui cordial e até
poupei a vida de sua filha. É assim que me agradece? – A arcanjo
passou a mão pelos cabelos castanhos e encarou Dante.
– Não é nada pessoal. Apenas minha mulher e minha filha
estavam fartas do tedioso lugar gelado.
– Sabe que não terei misericórdia dessa vez. – Uriel cerrou os
dentes.
– Estava contando com isso. – Dante sacou a espada de ossos.
– Matem todos e eles!
Os anjos abriram suas asas e desceram da colina. Como um
enxame de abelhas, encobriram a lua brilhante no céu.
Lygia girou as espadas finas, uma em cada mão. Finalmente teria
o combate pelo qual se preparou toda a vida. Os anjos a sua frente
eram os responsáveis por sua infância no inferno e mal via a hora
de se vingar.
Natasha olhou para o lado e observou o marido e a filha em
posição de ataque. Naquele momento ela não teve medo dos anjos
como sentia no passado. Estava pronta para eles. Pegou sua
própria espada e segurou-a na frente de seu rosto.
Moveu-se para o lado, desviando da brilhante e ardente lâmina
celestial de um dos anjos.
– Não deveria ter feito isso, Mammon. – Uriel apontou a ponta da
espada na direção do príncipe do inferno ao fulminá-lo com o olhar.
– Descobriremos isso quando acabarmos. – Dante sorriu ao abrir
as asas de penas negras em toda a sua envergadura e voar na
direção de Uriel.
A arcanjo se desviou do primeiro golpe, sentindo a lâmina afiada
cortar o ar pouco além de seu braço. Ela se moveu para o lado a
tempo de interceptar com a sua própria espada um golpe contra seu
pescoço. Não se recordava dele ser tão ágil.
Ela o acertou com um chute na boca do estômago e Dante
cambaleou para trás sentindo a dor incômoda irradiar pelo seu
corpo. Depois de ter começado a treinar com seu próprio pai, ele já
havia se acostumado com a força de um arcanjo e sabia possuir o
bastante para contra-atacá-la.
Uriel limpou uma gota de suor que escorreu por sua testa e
ajeitou a postura. Moleque maldito! Deveria ter dado um fim a ele
anos antes.
Dante rolou para a direita e se esquivou de um chute, em seguida
girou seu corpo para acertar a arcanjo com uma cotovelada.
Uriel escorregou pelo chão de areia escura e por vários segundos
ficou sem ar. Entendeu porque muitos anjos cederam diante daquele
mestiço.
Pela primeira vez Lygia sentiu sua espada cortar carne de
verdade, não apenas os bonecos ou espectros com quem treinara.
Abaixou, e a espada do anjo passou onde a pouco estava seu
pescoço, mas a lâmina afiada acabou cortando uma mecha de
cabelo que ficara pata trás.
Lygia acertou o anjo no joelho e o fez tombar. Em seguida girou o
corpo e as espadas duplas desceram com tudo sobre o peito do
anjo. As cinzas voaram com a leve brisa enquanto um raio de luz
subia aos céus.
Natasha tinha um sorriso perverso nos lábios ao encarar a mulher
que caminhava em sua direção. Ela, loira e um palmo mais alta do
que a súcubo, não entendia o olhar que lhe era dirigido, mas não
perdeu tempo com tal bobagem. Deferiu um golpe de espada que foi
facilmente evitado pela súcubo ao curvar o corpo para trás.
A anjo arregalou os olhos e ficou boquiaberta, Natasha era sem
dúvidas mais fraca do que ela, porém, possuía uma agilidade
impressionante. Mas não seria o bastante para vencer.
Natasha girou a espada em sua mão ao dar um passo para o
lado.
– Treinei muito para enfrentar vocês. – Ela jogou o cabelo negro
para trás antes de partir para cima da anjo.
Sua espada foi interceptada no primeiro golpe, mas isso não a
abateu. Natasha girava o corpo e dava golpe seguido de golpe,
fazendo sua oponente recuar um passo de cada vez.
O rangido das espadas se chocando era alto, mas todos estavam
tão concentrados na batalha que mal o ouviam. O brilho das
espadas celestiais era cada vez mais ofuscado pela sombra das
demoníacas.
Um jato negro cruzou o céu e uma figura encapuzadas saltou
dele e pousou no meio do campo de batalha com a graciosidade de
um gato. Sem identidade, a figura logo se tornou um alvo para os
anjos.
Um voou com toda a fúria para cima do sujeito coberto de negro.
Mas se surpreendeu com a velocidade que nem um demônio
possuía. O indivíduo acertou o anjo com um soco no abdômen e seu
capuz caiu em meio ao golpe, revelando sua identidade.
Thomaz... o coração de Lygia palpitou no peito.
Ao se esquivar do ataque de dois anjos, Lygia viu os cabelos
ruivos cortados curtos seguidos de um par de olhos vermelhos,
encrustados em uma pele clara. Mesmo nunca tendo o visto
pessoalmente, a imagem dele tomou sua mente por tantos anos que
era simples reconhecê-lo.
– Thomaz, pega! – Ela lançou uma de suas espadas. – Armas
comuns não podem feri-los.
O jovem vampiro se esquivou de um ataque e usou o ombro do
anjo como trampolim para pegar a espada ainda no ar. A arma era
incrivelmente leve e fácil de manusear.
– Será que o sangue de vocês é gostoso? – Ele riu ao encarar o
anjo furioso pelo olé que havia tomado. – Bom, terei que matá-lo
para descobrir.
– Não diga besteiras, seu bastardo sanguessuga!
– Oh! Minha mãe vai ficar ofendida. – Thomaz gargalhou ao girar
a espera pelo ataque do anjo.
Com sua agilidade, Thomaz se moveu para um lado e para o
outro, esquivando-se de golpes consecutivos. Sabia que era mais
fraco que seu adversário, mas a velocidade balanceava um pouco
as coisas.
Deu alguns passos para trás, depois girou. O anjo apenas piscou
os olhos e o vampiro já não estava mais à sua frente. Um golpe no
peito, dado por trás, fez o anjo arregalar os olhos e abrir a boca.
Como? A pergunta ecoou enquanto ele se desfazia em cinzas.
– Parece que os seus anjos estão caindo. – Dante riu ao olhar
para o lado e ver mais um ascender deixando apenas cinzas.
– Não designam mais bons soldados para a guarda do inferno
como antes. – Uriel firmou os pés na areia ao limpar um filete de
sangue que escorreu dos seus lábios.
– Isso já não é problema meu. – Dante partiu para cima dela
outra vez.
Era mesmo filho de Samael, talvez até mais forte do que o pai,
pensou Uriel enquanto erguia sua espada para evitar que a de
Dante acertasse seu rosto.
Virou para o lado e a lâmina passou rente ao seu cabelo,
cortando boa parte dele, que se espalhou com o vento. A túnica
branca que a arcanjo usava já estava coberta de sangue e marcas
da luta. Nunca ela, a fúria de Deus, a arcanjo de batalha, pensou
que cairia em uma luta, mas ao olhar nos olhos verdes, famintos
pelo seu sangue, ela soube que talvez fosse aquele oponente a
derrotá-la.
Cambaleou para trás com o chute forte que atingiu sua barriga,
com o braço protegeu o peito do ataque seguinte, mas esse não foi
menos doloroso. Ter mandando Mammon de volta para o inferno
estava se mostrando uma de suas piores ideias, pois agora ele
estava de volta, mais enfurecido e forte do que nunca.
Dante viu o desespero tomar conta da mulher diante de si e se
sentiu vingado pela ameaça à filha ainda no ventre.
Uriel respirou fundo, ignorando as gotas de suor que brilhavam
em sua testa. Se ela não o parasse, ninguém mais o faria.
– Talvez devesse pensar melhor no que está fazendo.
– Tive vinte e um anos para pensar. – Dante a chutou outra vez,
vendo-a se esquivar com cada vez mais dificuldades de seus
golpes.
– Maldito filho de Samael!
Dante se esquivou com facilidade do golpe lento dela. Havia
levado a arcanjo a exaustão e ele mal começara a suar. Os anos de
treino duro valeram a pena.
Ele chutou a canela de Uriel e a fez cair de joelhos.
– Quando ascender, diga ao vovô que mandamos um olá. – Sem
hesitar, ele desceu a espada pelo peito de Uriel.
Uma luz forte apontou para o céu como um grande holofote,
iluminando tudo no raio de um quilômetro. E quando essa se
extinguiu, os dois anjos ainda vivos voaram para longe sem serem
seguidos.
– Vencemos, meu amor. – Natasha sorriu ao abraçar Dante por
trás.
– Sim. – Ele se virou para beijá-la. – Vencemos!
– Ei! – Thomaz se aproximou de Lygia. – Que recepção e tanto
que vocês tiveram em?
– Ah, os anjos? Sabíamos que eles viriam. – Ela o encarou, mas
logo desviou o olhar sentindo-se estranhamente envergonhada. – E
você o que faz aqui?
– Meus pais me mandaram buscá-los. Vamos? O jato está logo
ali na frente.
– Você pilota um jato? – Os olhos de Lygia se iluminaram.
– Quando ele não está no piloto automático, sim. Sempre quis
entrar para as forças aéreas, mas agora que não posso sair mais
durante o dia, ganhei o meu.

Natasha deixou a mala cair no chão assim que encontrou os


gentis olhos azuis no meio da sala, que ainda estava decorada
exatamente como se lembrava.
– Isabel!
– Natasha!
As duas irmãs atravessaram a distância de alguns metros que as
separavam e abraçaram-se o mais apertado que puderam. Fazia
tantos anos, desde o casamento de Isabel. Sentir o cheiro e o calor
uma da outra deu a elas uma sensação de bem-estar inexplicável.
– Será que posso me juntar ao abraço? – Aron apareceu ao lado
das duas.
Elas estenderam a mão e o puxaram para junto delas.
Ele acariciou o cabelo das irmãs e fechou os olhos, querendo
guardar para sempre a sensação daquele momento de reencontro.
– Eu não imaginava que sentiria tanta falta de vocês duas.
– Fazer o que se nos ama. – Natasha mostrou língua para ele.
Aron riu.
– Sim. Eu amo. São minhas irmãzinhas.
– E como está esse menino? – Natasha se afastou para olhar
Isabel melhor e acariciá-la na barriga.
– Ele está bem. Chuta de vez enquanto e me deixa faminta
sempre.
– Ah, eu sei como é.
– Só acho que Isabel deveria ser um pouco mais cuidadosa,
quase bateu na mesa de centro agora a pouco.
– Salomon!
– Tá bom! Sem ser super-protetor demais. – Salomon se
encolheu no sofá ao cruzar os braços, contrariado.
– É mais forte do que nós, instintivo, não conseguimos evitar.
Fiquei assim quando Natasha estava grávida. – Dante estendeu a
mão para ele. – Prazer sou o...
– Filho do Diabo?
– É, também... Mas ia dizer, Dante, marido da Natasha, prefiro
ser conhecido assim.
– Foi mal. Sou Salomon.
– Sim. Eu me lembro. Foi uma pena não ter ido ao casamento de
vocês, mas ainda era muito perigoso para a Lygia.
– Compreendo.
Thomaz observou as sombras da porta sobre a beleza da pele
clara de Lygia. Ela no seu canto apenas observa tudo. A jovem
mulher, de cabelos negros e olhos verdes, ainda segurava uma
mala em suas mãos, e aguardava de longe o término da conversa
dos pais.
– Vem comigo? – Aproximou-se dela. – Vou te mostrar seu
quarto, aí pode guardar as malas e tomar um banho. Imagino que
depois daquela recepção calorosa esteja um pouco cansada.
– Seria ótimo! – Um sorriso iluminou o rosto de Lygia.
Ela se curvou para pegar a mala maior no chão, mas Thomaz a
pegou antes dela. Ele era bem mais rápido.
– Deixa que eu levo.
Lygia não protestou.
– Eu trouxe bebidas. Imagino que todos estejam cansados depois
da viagem. – Dária entrou na sala equilibrando uma bandeja em
cada mão.
– Obrigado, meu amor. – Aron pegou as bandejas e deu um
selinho nela.
Lygia seguiu Thomaz por uma escada e outra até chegar a um
longo corredor iluminado por um belo lustre.
– Esse lugar parece tão grande quanto o castelo do meu avô. –
Encantada, ela se aproximou de uma das cortinas negras que
cobriam as janelas.
– Esse andar não existia antes. Meu pai o construiu depois que a
família cresceu. Achou que não tinha quartos o bastante para todo
mundo.
– Imagino que as cortinas pesadas sejam por causa de você e
sua mãe.
– Sim. – Thomaz a observou enquanto Lygia ainda passava os
dedos pelo tecido.
– Me lembro de você ser humano. Ela te transformou assim que
ficou maior de idade? – Com os olhos verdes curiosos, ela voltou a
encará-lo.
– Não. Ela me deixou escolher se continuaria humano ou me
tornaria igual a ela. Foi a escolha mais fácil que precisei fazer, mais
até do que o vestibular. Quem quer envelhecer e morrer?
– Imagino que não fizesse escolha diferente também.
– Aqui. – Thomaz abriu uma porta. – Esse é o seu quarto. Minha
mãe optou por manter uma decoração bem simples. Pode deixar
com a sua cara depois.
– Obrigada. – Lygia passou por ele encarando-o.
Os olhos vermelhos talvez fossem um pouco estranhos para
quem não crescera em meio a demônios assustadores, mas Lygia
só conseguiu pensar no quanto ele era lindo.
– Bom, seja bem-vinda, prima! Descanse um pouco, nos vemos
na festa mais tarde.
– Até mais. – Lygia fechou a porta escorando-se nela.
Suspirou. Ele era ainda mais lindo pessoalmente do que a
imagem que tinha em sua memória. Sentiu um aperto estranho no
peito, queria tê-lo abraçado como sempre desejou fazer.
– Ei, menina do espelho!
Lygia se virou e encontrou a imagem dele refletida na superfície
atrás de si. Era só um menino, mas um menino tão lindo. Com
aproximadamente uns dez anos, ele era magro e pequeno, o cabelo
liso e ruivo caia sobre os olhos toda vez que ele balançava a
cabeça. Os grandes olhos verdes, eram curiosos ao encará-la e a
pele clara tinha milhares de sardinhas.
Lygia desejou poder abraça-lo, mas tudo o que pode fazer foi
deixar a boneca no chão e tocar a superfície do espelho.
– Sabia que para mim você também é o menino do espelho?
Thomaz riu.
– Essa é a boneca nova que você me disse que ganharia?
– Sim! – Ela sorriu ao pegar o brinquedo do chão. – Tio Caim
prometeu trazer para mim e trouxe.
– É bonita, assim como você.
As bochechas de Lygia coraram.
– Obrigada.
– Espero que um dia possamos brincar juntos.
– Eu adoraria...
O garoto do espelho finalmente estava ao seu alcance e Lygia
sentia suas pernas trêmulas e uma crescente vontade de abrir a
porta e correr até ele.

Enquanto ajeitava a gravata no pescoço e encarava seu reflexo


no espelho, Thomaz se lembrou com carinho da noite de sua
escolha.
– Tem certeza, meu filho? – Dária buscou os olhos dele um tanto
aflita. Poucas vezes vira a mulher sempre forte tão insegura.
– Tenho, mãe. – Thomaz olhou para ela e Aron à sua frente. –
Quero ser imortal assim como vocês dois.
– Mas se tornar um vampiro é uma maldição irreversível. Nunca
mais poderá sair a luz do sol, precisará de sangue humano. Os
instintos são difíceis de controlar...
– Você vai me ensinar a lidar com tudo isso, mãe. Assim como
me ensinou a andar de bicicleta. Eu tenho vinte e um anos. Sim, eu
sei o que quero.
– Mas...
Aron colocou a mão sobre o ombro dela a impedindo de
continuar.
– Meu amor, faça.
Dária respirou fundo, cravou as presas no próprio pulso e o
ofereceu a Thomaz, que tomou o sangue que fluiu sem hesitação.
Minutos depois Dária segurou o pescoço dele, cravou as presas e
bebeu o sangue humano até a última gota.
Acordar depois daquele dia foi incrível, todos os novos sentidos e
habilidades. Nem a sede por sangue o incomodou. Thomaz tinha
certeza de que era uma escolha da qual jamais se arrependeria.
Era o garoto órfão mais sortudo do mundo. Ganhara pais que
estariam com ele para sempre, os brinquedos mais caros, o melhor
estudo que o dinheiro podia pagar e a imortalidade. Seria
eternamente grato.
Passou a mão pelos cabelos ruivos e sorriu. Seria uma boa festa
e ele finalmente veria toda a família reunida.
Pegou o vidro de perfume sobre a cômoda de metal e borrifou
uma pequena dose no pescoço. Não era vaidoso demais, porém
sua mãe sempre fizera questão de deixá-lo bem arrumado e ele
seguiu o costume quando começou a se vestir sozinho.
Devolveu o vidro ao lugar e atravessou rapidamente a pequena
distância até a porta.

Um largo sorriso se formou nos lábios de Lygia assim que as


portas de metal do elevador abriram-se num belo e grade salão.
Seus olhos verdes brilharam de empolgação ao ver o local
abarrotado de pessoas sob a luz de feixes coloridos emitidos por
aparelhos no teto escuro. Era a sua primeira vez em uma boate de
verdade e estava fascinada.
– Isso é incrível, mãe! – Ela se virou e atirou-se nos braços de
Natasha que estava logo atrás dela.
– Ainda não viu nada. – Natasha afagou o cabelo escuro da filha
ao retribuir o abraçou.
– Vamos, papai! Vamos tomar uma bebida. – Ela pegou Dante
pela mão e saiu o arrastando para fora do elevador.
Rindo, Natasha os seguiu.
– Querida, não abuse. – Dante respirou fundo ao balançar os
curtos cabelos loiros em negativa.
– Meu amor, ela não é mais uma criança. – Natasha apoiou a
mão no ombro dele quando chegaram ao balcão do bar.
– Mas vai ser sempre nossa menininha. – Dante a envolveu pela
cintura e puxou para junto de si.
Lygia virou a cara fazendo careta quando os pais começaram a
se beijar.
– Ainda não se acostumou? – Thomaz puxou um dos bancos de
metal e se sentou ao lado da prima.
– São meus pais! – Ela apoiou os braços sobre o balcão.
– Também são um casal.
– Você tem razão. – Ela sorriu ao encarar os olhos vermelhos de
Thomaz. – Mas não fica incomodado?
– Meus pais evitam de me deixar presenciar qualquer coisa, mas
as vezes fazem barulho demais. – Ele riu ao pegar um copo atrás do
balcão e oferecer a ela. – Quer algum drink especial ou pode ser
vodka pura?
– Me deixe provar o melhor da casa.
Thomaz acenou para o barman que foi preparar a bebida para
ela.
– Então, como era a vida no inferno?
– Parece bem mais tediosa do que aqui.
– E você ainda não viu nada.
Lygia pegou a bebida que o barman a entregou e tomou um gole.
– Poderia me mostrar. – Ela rodou o canudo no copo.
– Depois subimos no terraço, a vista é incrível.
Lygia concordou com a cabeça enquanto seus olhos se perdiam
observando Thomaz. O sorriso gentil e charmoso, com as sutis
presas pontudas de um vampiro; os músculos discretos, porém bem
delineados sob o paletó do terno; o cabelo ruivo e os olhos
vermelhos, faziam dele um homem muito atraente. Poucos
demônios eram tão bonitos assim no inferno.
Aron subiu no pequeno palco no fim do salão. Todos os presentes
se viraram para ele. De mãos dadas com Dária, o íncubo tinha um
largo sorriso nos lábios.
– Hoje é um dia muito feliz para mim. – Ele fez carinho no ombro
da mulher. – Minha família finalmente está toda reunida. Meu filho
Thomaz, minhas irmãs: Isabel e Natasha, minha sobrinha Lygia,
Dante e Salomon. – Ele apontou para os dois. – Vocês também são
como irmãos para mim. Então, nesse dia tão feliz, vamos celebrar.
Assim que ele concluiu seu pequeno pronunciamento o DJ
começou a tocar e vários sobrenaturais reunidos no Santuário se
levantaram para dançar.
– Opa! Ele está chutando. – Isabel levou a mão a barriga.
Salomon arredou um pouco para o lado no banco para ficar mais
perto da mulher e passou a mão pela barriga, sentindo os
movimentos do filho em gestação.
– Ele deve estar querendo participar da festa. – Natasha se
sentou do outro lado da irmã e acariciou a barriga também.
– Talvez. – Isabel sorriu. – Senti tanto a sua falta, Nat.
– Eu também, Isa!
– Elas sempre foram grudas assim? – Salomon encarou Dante
que se sentou na poltrona à sua frente.
– Sim.
Logo os dois estavam conversando sobre as mulheres como se
fossem amigos de infância.
– Pode me levar no terraço agora? – Lygia segurou a mão de
Thomaz que estava sobre o balcão.
– Não quer dançar?
– Posso fazer isso depois, meu avô também fazia festas no
inferno. Mas lá não havia cidades, céu azul ou pessoas. Só frio e
almas atormentadas.
– Então vamos.
Thomaz sentiu uma leve vergonha quando seus olhos
encontraram os dela. Era sua prima, mas não conseguiu evitar que
a beleza dela o balançasse. Os olhos verdes de Lygia pareciam
maiores do que o comum e espessos cílios negros os emolduravam.
Quando seu foco começou a descer pelo decote do vestido, ele se
colocou de pé e olhou para as prateleiras de vidro atrás do balcão,
onde ficavam as bebidas. Não pode olhar para ela desse jeito! Mas
era inevitável encarar a garota do espelho de um jeito que não
deveria.
– Vamos! – Ele conteve a vontade de estender a mão para ela.
Lygia ajeitou a saia do vestido e sorridente seguiu Thomaz de
volta para o elevador. O cheiro dele... talvez fosse por ser um
vampiro, mas era tão bom.

– Onde está Lygia? – Dante parou de rir de um relato de Salomon


e correu os olhos pelo salão atrás da filha.
– Vi ela indo para o elevador com o Thomaz.
Dante arregalou os olhos.
– Mas o quê?
Natasha apoiou as mãos no ombro dele e sentou-se no colo do
marido, impedindo-o de se levantar.
– Deixe-os ficar um tempo juntos, no inferno não existia ninguém
da idade dela com quem pudesse conversar, vai fazer bem a nossa
filha.
Salomon segurou a mão da esposa e riu dos ciúmes que viu nos
olhos do mais novo amigo. Mas logo se conteve ao se lembrar de
que em breve estaria no mesmo barco.
– Como está nosso pequeno íncubo? – Aron se aproximou das
irmãs.
– Ele pode ser um tritão. – Isabel passou a mão pelos cabelos
loiros.
– Veremos qual raça predominou quando ele nascer. – Dária
abraçou o companheiro por trás. – Tudo o que dissermos agora
seria apenas suposições.
Isabel sorriu, grata pela cunhada ter evitado qualquer
animosidade. No fundo não importava qual tipo de sobrenatural
fosse a criança, ele seria amado da mesma forma.

Lygia ficou boquiaberta. Era ainda mais Incrível do que ver pelo
computador. Foi uma paisagem que a deixou sem palavras. Ao
contrário do vale dos condenados, ali tinha tanta luz. Existia tantos
prédios altos cercando-a e tocando o céu escuro e sem estrelas.
Eles tinham letreiros e painéis, com dezenas de imagens e textos.
Trilhos aéreos cortavam toda a cidade indo de um lado para o outro.
– Uau! Que Incrível.
– A avenida paulista e o MASP ficam ali em baixo, olha! –
Thomaz se aproximou do parapeito e apontou lá para frente.
– Onde? – Ela se aproximou ficando ao lado dele.
– Ali. – Thomaz segurou o rosto dela e direcionou o olhar para
uma avenida quilômetros à frente.
Lygia nunca viu tantos carros. Mas o que a prendeu foi a
sensação dos dedos gelados dele em seu rosto. Eles provocaram
um calafrio delicioso.
– O inferno parece ser um lugar bem mais calmo. – Thomaz se
afastou quando o calor da pele dela começou a permear seu
sangue. Recuperando a compostura, ele apoiou as costas no
parapeito.
– Depende do ponto de vista.
Lygia observou a brisa da noite balançar os cabelos ruivos do
vampiro, pareciam tão macios que desejou poder tocá-los.
– Há uma bela vista para lugares aterrorizantes.
Thomaz riu.
– Bom, deve ser fantástico ser a neta do diabo.
– Era, durante a minha infância, mas à medida que eu fui
crescendo os demônios se aproximavam cada vez menos de mim
com medo de sofrerem alguma retaliação do meu avô. – Os olhos
dela caíram tristes enquanto ela apertava o parapeito.
– Nunca teve um namorado?
Thomaz se arrependeu quase imediatamente da pergunta.
– Não, ninguém teve coragem o bastante para enfrentar uma
possível retaliação do meu pai ou do meu avô. – Os olhos dela
ficaram marejados.
– Eu sinto muito. – Ele a acariciou no ombro, sentindo um nó no
estômago. Deveria ter ficado calado, seu idiota!
– Você é tão bonito, deve ter tido várias namoradas.
– Só alguns casos passageiros. Há não muito tempo eu preferia
um vídeo game.
– E agora? – Lygia se virou para encará-lo.
Thomaz engoliu em seco.
– Existem algumas mulheres interessantes.
– E o que acha de mim?
Ela deu um passo na direção dele e ele deu dois para trás.
– Não acho que eu deveria responder a essa pergunta. – Ele
enfiou as mãos dentro dos bolsos da calça e desviou o olhar.
– Por que eu não mereço uma resposta?
– Porque não seria apropriado dizer a minha prima que ela é uma
mulher bonita.
– Nem somos primos de verdade. – Ela passou a mão pelo rosto
gelado dele.
Thomaz ficou petrificado com o toque quente. Depois de ter se
tornado um vampiro, nunca mais sentiu os músculos tão lentos.
– Eu sou um Donovan tanto quanto você. – Tirou forças de onde
achou que não tinha para respondê-la.
– Você é adotado.
– Isso nunca fez diferença para os meus pais.
– Mas pode fazer toda a diferença para nós.
– Lygia, não...
Ela roçou os lábios nos dele, sentindo-os doces e gelados como
um sorvete. O garotinho ruivo era um amor platônico de infância,
intocável dentro de um espelho. Mas agora ele se tornara um belo
homem e estava ao seu alcance, não deixaria a oportunidade
passar.
Todo o bom senso berrou dentro da cabeça de Thomaz. Não
deveria permitir que isso acontecesse, por mais que no fundo
desejasse muito. A língua dela pressionou seus lábios e
instintivamente sua boca se abriu para aceitar a saliva quente.
Lygia embrenhou os dedos pelos macios cabelos ruivos como
tanto desejava. A proximidade com o corpo de Thomaz provocava
nela deliciosos calafrios. Não se lembrava de um beijo ser tão bom
ou deixar suas pernas tão bambas.
Thomaz usou toda a sua força sobre-humana para se afastar e
quase voou contra a porta de metal do elevador.
– Lygia, não! Nós não podemos. – Ofegante, ele endireitou o
corpo e tentou retomar a compostura.
– Não podemos ou você não quer?
– Nossos pais...
– Nem precisam saber. E não há ligação sanguínea nenhuma
entre nós dois. Mesmo que depois da transformação você tenha o
sangue da Dária correndo em suas veias.
– Lygia...
– Pare de inventar desculpas! Se não me quer é só dizer que
não.
Ela estava furiosa. Ouvira desculpas e rodeios tentando explicar
o motivo dos homens não poderem ficar com ela o tempo todo.
Todos se esquivavam como um sabonete molhado.
– Esse é o problema! – Thomaz a segurou pelos braços apoiando
sua testa na dela. – Eu era apaixonado pela garotinha no espelho,
crescendo como eu, mas longe em um lugar inalcançável, não
apenas fisicamente.
– Eu estou aqui agora. – Ela ergueu a mão e o acariciou no rosto.
– Mas...
– Só diga não que eu te deixo em paz. Não preciso de mais
desculpas para a minha interminável coleção.
Thomaz viu os prédios girarem ao seu redor. Estava confuso pelo
conflito entre os sentimentos e a razão. Lembrou da história dos
pais que ouvira centenas de vezes e sobre o quanto os medos da
mãe quase custaram seu amor eterno.
– Você é meu amor de infância. – Ele passou as mãos pelos
cabelos negros enquanto encarava o fundo dos olhos verdes. – Mas
sempre achei errado e nunca contei para ninguém.
As mãos de Thomaz estavam trêmulas, seu coração batia
descompassado. O sangue frio em suas veias nunca esteve tão
pesado.
– Não precisa contar para mais ninguém além de mim. – Lygia se
colocou na ponta dos pés e alcançou os lábios de Thomaz com os
seus.
Dessa vez ele não conseguiu mais resistir. Pegou-a pela cintura e
bateu contra a porta do elevador, enquanto sua língua deslizava
para dentro da boca quente e molhada. Beijá-la era melhor do que
conseguiu imaginar em sua adolescência.
Lygia estremeceu com o ato repentino. Thomaz era tão ágil que a
pegou de surpresa. Ela apoiou a cabeça no metal da porta e exibiu
o pescoço.
– Pode me morder. – Disse contra os lábios dele. – Eu quero
sentir a sensação.
Thomaz impediu os protestos antes que esses escapassem por
sua boca. Qual outra chance de provar o gosto dela teria? Levou os
lábios até a base do pescoço e beijou de leve, antes de raspar as
presas. Cravou-as perfurado com dificuldade a pele de aparência
macia, porém não demorou para que o sangue começasse a fluir
para dentro de sua boca. A princípio ela tinha um gosto um tanto
amargo que foi ficando cada vez mais doce. A mistura de sangue de
demônio e de anjo era algo delicioso que nunca havia provado.
As pupilas de Lygia se dilataram no instante em que ela sentiu a
mordida. Os boatos sobre o afrodisíaco contido na saliva dos
vampiros eram reais e ela logo se viu esfregando uma perna na
outra com o desejo por ele cada vez mais crescente.
Escorregou a mão pelo peito dele até a calça e tocou o volume
sob o tecido.
– Sonhei em ter você.
– Tem certeza? – Thomaz se afastou passando a língua pelos
lábios sujos de sangue.
– Sim. Toda a certeza.
Livrando-se do último pensamento de prudência, ele subiu a mão
pela coxa até invadir o interior da saia.
– Não aguento mais ser virgem.
A fala dela foi como um choque elétrico no corpo do jovem
vampiro, que o fez recuar.
– Lygia... – Suas palavras se perderam em meio ao espanto.
– Me perguntou se eu tinha certeza, eu disse que sim. O fato de
nenhum outro homem ter tido a coragem de transar comigo não
deveria mudar isso.
– Então não podemos fazer aqui. – Ele a pegou no colo e acionou
o botão do elevador.
Contente por ele não ter recuado. Lygia aproveitou o percurso até
o quarto de Thomaz para beijá-lo no pescoço, tocar os cabelos que
tanto fantasiara durante a sua adolescência e contar com a língua
as sardinhas espalhadas pela pele pálida.
Ele abriu a porta com um chute e fechou-a com a agilidade de um
felino. Com uma mão segurou Lygia e usou a outra para apertar o
interruptor ao lado da porta. Independente das consequências,
queria ver e lembrar-se eternamente de cada instante daquele
momento com ela.
Ele a colocou sobre a espaçosa cama de design contemporâneo
e puxou-a pela cintura até o fim da cama, deixando as pernas dela
para fora.
Lygia se arrepiou inteira quando ele a beijou na coxa e percorreu
um caminho de delicadas mordidas até a virilha, onde começava o
tecido da calcinha e ficou por ali, provocando-a, beijando-a.
Lygia se sentou na cama, fazendo-o recuar com a cabeça entre
suas pernas e tirou o próprio vestido.
– Ei! – Ele pegou a peça e colocou sobre o criado mudo ao lado
da cama. – Estou tentado ir devagar.
– Estou ansiosa demais para ir devagar.
Lygia ia desabotoar o sutiã de renda vermelho, porém Thomaz a
impediu.
– Não fique ansiosa. Apenas relaxe. – Soltou a mão dela. – Ou
irá acabar doendo.
– Então me beija, me deixa sentir que você é real e não apenas
mais um dos sonhos que eu tinha quase toda a noite.
Ela sonhava com ele, assim como Thomaz sonhou várias vezes
com ela. O vampiro precisou conter o próprio entusiasmo.
Thomaz segurou o cabelo dela e a puxou para um beijo mais
voraz. Mordiscou o lábio inferior da morena, sentindo uma gota do
sangue doce se esparramar por sua boca antes de deslizar a língua
para dentro da dela. Com mas mãos, passou a explorar o corpo
delicado, porém firme e todas as suas fantasias pareceram bem
modestas diante da verdadeira sensação de tocá-la.
Lygia começou a se desfazer da gravata no pescoço de Thomaz
enquanto arfava a cada toque das mãos firmes. Jogou a gravata no
chão e passou a desabotoar o paletó e logo ele e a camisa eram
apenas lembranças espalhadas pelo chão.
Ele finalmente desabotoou o sutiã e agarrou os seios com os
mamilos já eriçados pela excitação. Lygia nunca fora tocada tão
diretamente e a sensação era incrível, porém algo lhe dizia que
provara apenas um gole do delicioso jogo do prazer.
Thomaz abocanhou um dos mamilos e o chupou, sentindo-a
estremecer em seus braços. Queria deixá-la extasiada, antes de
alcançar seu objetivo final.
Isso é bom! Muito bom... Lygia revirava os olhos ao passar as
mãos pelos ombros nus dele.
Thomaz continuou beijando e acariciando os seios dela enquanto
a deitava na cama e tirava por fim a calcinha. Pelo visto sua
imaginação fora modesta em muitos pontos, pois vê-la
completamente nua o deixou sem ar. Precisou lembrar-se de que
estava prestes a tirar a virgindade de Lygia para não se comportar
como um bárbaro sedento.
Ajoelhou-se diante da cama outra vez e enfiou a cabeça entre as
pernas ligeiramente distanciadas.
Lygia sentiu a língua do vampiro tocar seu clitóris e ela gritou de
prazer. Agarrou-se a colcha da cama como lembrança de que aquilo
era real. Thomaz! O nome dele ecoou em sua mente enquanto ela
era tomada por uma nova e intensa onda de sensações.
Ele introduziu um dedo dentro da passagem molhada e estreita
de Lygia, enquanto sua língua dançava sobre o clitóris dela.
Lygia não estava preparada para o que o vai e vem dos dedos
dele provocou ali. Era um desejo tão forte que fazia cada célula do
seu corpo se contorcer.
– Thomaz... – a voz trêmula e entorpecida era apenas um
sussurro.
Ele sorriu ao puxá-la para o meio da cama. Tirou o restante de
suas roupas e deitou-se sobre ela. Beijou Lygia um pouco mais
enquanto roçava seu pênis na entrada molhada.
Ainda em meio ao beijo, Thomaz se acomodou entre as pernas
distanciadas e começou a enfiar nela. Logo encontrou a barreira da
virgindade e adentrou com ainda mais afinco, rompendo-a de uma
vez. Capturou o gemido de dor com um beijo e ficou quietinho
dentro de Lygia, esperando que ela se acostumasse com sua
presença intrusa.
Em breves minutos a dor se transformou em prazer. Lygia não
saberia colocar em palavras como era delicioso finalmente estar
preenchida. Thomaz estava em cima dela, tocando-a, apertando-a,
beijando-a e quando ele a mordeu outra vez, derramando um
excitante anestésico, Lygia soube que era besteira temer qualquer
dor.
Thomaz a sentiu relaxar abaixo de si e tomou isso como um sinal
para continuar. Apoiou as mãos sobre a cama e começou a se
mover para dentro e para fora. As paredes quentes e escorregadias
cediam cada vez mais espaço para o membro rígido do vampiro.
A temperatura da pele de Thomaz provocava calafrios em Lygia
que se somavam as demais sensações de prazer que a jovem
sentia. Então era por isso que sempre esperei? Perguntou-se
enquanto o beijava.
Thomaz a girou na cama e a colocou sobre ele. Com Lygia
montada sobre seus quadris tinha um acesso mais fácil ao clitóris
dela. Com uma mão guiou os movimentos que os uniam, com a
outra começou a estimulá-la, dando a Lygia o prazer que merecia.
Um gemido rouco escapou por entre os lábios grandes da
morena. Ela pensou que não poderia ficar melhor até o orgasmo
atingi-la com uma força tão intensa que a fez tombar para trás. Ela
gritou por ele enquanto explodia em gemidos.
O vampiro começou a movê-la com velocidade redobrada em
busca do próprio prazer e não demorou a molhá-la com seu líquido
frio.
Lygia desmoronou sobre o seu peito e ele a acolheu em um
abraço carinhoso.
– Foi bom? – Brincando com o cabelo negro ele a beijou
brevemente.
– Foi maravilhoso! – Os olhos de Lygia tinham um brilho único e
ela ainda tremia inteira. – A única coisa ruim é ter esperado tanto
para te sentir assim.
– Você vai continuar aqui, não é? Na Terra.
– Sim, meus pais não tem a intenção de voltar para o inferno.
Então podemos ficar juntos.
– Não sei se seria tão simples.
– Pare de colocar empecilhos antes de tentarmos!
Ele sorriu e beijou-a de novo.
– Tudo bem, mas agora precisamos voltar para festa antes que
venham nos procurar e nos encontrem assim.

Lygia envolveu Dante pelo pescoço pegando o pai de surpresa.


– Onde você estava? – Ele girou no banco para ficar de frente
para ela.
– No terraço. Nossa pai, a cidade é tão incrível.
– Vou levar você em alguns lugares depois.
– Mal posso esperar!
Thomaz também se aproximou e foi abraçado por Aron.
– Estávamos sentido falta de vocês.
– Só estávamos no terraço, pai. – Thomaz se encolheu
colocando as mãos dentro dos bolsos.
– Filho, – Diária se aproximou dele. – Eu fiz um presente para as
suas tias, você poderia me ajudar a buscar?
– Claro, mãe!
– Já voltamos. – A vampira deu um rápido selinho em Aron.
Com as mãos ainda nos bolsos e um sentimento inquietante no
peito, Thomaz seguiu Dária até o elevador. Assim que as portas de
metal se fecharam a ruiva o encarou com um olhar que ele conhecia
bem, o mesmo olhar de quando aprontava na época de criança.
Thomaz engoliu em seco.
– Lygia está com o seu cheiro, disfarçado com sabonete, pois
creio que ela tenha tomado um banho. Mas ainda é o seu cheiro.
– Mãe...
– Não venha me dizer que foi por um abraço que eu tenho
certeza que não.
Thomaz ficou sem graça, desviou o olhar para as lâmpadas
redondas no alto do elevador. Não soube o que dizer para a mãe de
imediato, ou mesmo conseguiu encará-la.
– Não, não foi só um abraço. – Ele abaixou a cabeça assim que o
elevador abriu no corredor para os quartos.
– Thomaz.
O chamado da mãe forçou-o a encará-la.
– Prometeu nunca guardar segredos de mim.
– Imagino que queimarei no inferno por ter transando com a
minha prima e principalmente por gostar tanto disso, por gostar
tanto dela.
Dária gargalhou e a reação da mãe deixou Thomaz ainda mais
confuso.
Ela saiu do elevador e puxou-o junto.
Estático, ele se apoiou na parede e buscou os olhos vermelhos
dela. A expressão da mãe era gentil e não parecia furiosa como ele
esperava.
– Desde crianças vocês dois pareciam tão ligados. – Dária
passou os dedos pelo cabelo ruivo do filho. – Fiquei me
perguntando se isso aconteceria quando soube que ela vinha para
cá. Estava certa, aconteceu.
– E o que acha? – O olhar de Thomaz era desesperado e
carregado de culpa.
Dária abraçou o filho e afagou o cabelo dele.
– Não vejo problema algum. Aron e eu o amamos, você sempre
será o nosso menino, mas não é parente dela de verdade.
– Não, eu não sou. – Ele respirou aliviado ao retribuir o abraço da
mãe.
– Não ande por aí com um olhar de quem cometeu um erro
terrível. Mesmo não tendo o nosso olfato para sentir seu cheiro na
filha, Dante acabará descobrindo. – Dária buscou os olhos dele
outra vez. A expressão descontraída da vampira de aparência jovem
deu lugar a um ar sério. – Se vocês vão mesmo se envolver não
devem ficar se escondendo.
– Eu sei.
– Ótimo! Então decidam o que realmente querem e contem a
verdade a todos.
– Vai contar ao meu pai?
– Não. É algo seu, meu menino. Não cabe a mim contar.
Thomaz sorriu e abraçou outra vez sua mãe. Estava aliviado por
ter o apoio dela.
– Vem. – Ela o puxou. – Não podemos voltar para lá de mãos
vazias. Apesar de ser desnecessário dois vampiros para carregar
um álbum de fotografias.
Logo eles voltaram para junto do resto da família sem levantar
suspeitas. Dária era muito apegada ao filho e isso ficou claro a
todos durante o decorrer da reunião de família, no salão lotado de
outros sobrenaturais que compartilhavam da alegria do reencontro
dos Donovans.
O álbum de família feito pela vampira foi outro momento de
alegria à parte. Dária tinha lembranças dos três desde a época em
Londres e Aron se surpreendeu com isso.
Entre abraços e carinho; Aron, Natasha, Isabel e todos os outros
que se tornaram parte essencial da vida deles, tiveram uma ótima
noite.

Thomaz apoiou a cabeça na madeira da porta e respirou aliviado


por finalmente ter um momento sozinho. Foi inevitável não ficar
trocando olhares cada vez mais malicioso com Lygia durante toda a
festa. Entretanto, ela estava sempre perto do pai e Thomaz teve
medo de serem descobertos, mesmo não tendo nada para
esconder.
Queria ela, queria muito. A dúvida de criança logo se transformou
em certeza no momento em que se beijaram. Dária o ensinara a
sempre tratar bem as mulheres, ser sincero com elas e consigo
mesmo, evitando o máximo que qualquer um fosse ferido. Ser
sincero era admitir a todo mundo, inclusive aos pais dela, que Lygia
nunca seria uma prima para ele...
Uma batida na porta o arrancou de seus pensamentos
tumultuados. Quem seria? Sua mãe talvez. Era a única que não
estaria dormindo. Seria bom ser acolhido pelos braços frios dela por
algumas horas como fazia quando era criança. Esfriar a cabeça
para não parar no quarto onde Lygia dormia a poucos metros.
Outra batida.
– Thomaz, me deixa entrar.
A voz o congelou. Suaria frio se pudesse. Não deveria, mas abriu
a porta.
– Lygia, você deveria estar...
Suas palavras se perderam assim que os lábios macios e
quentes dela tocaram os seus.
Thomaz a puxou para dentro e fechou a porta. Ao adentrar a
boca dela com a língua, segurou-a pela cintura e empurrou-a contra
a parede. Deveria afastá-la, mas podia sentir o calor do beijo só um
pouco mais...
– Lygia, alguém pode nos ver... – Ele se afastou e fitou os olhos
verdes ao passar a mão pelo rosto delicado.
– Eu não me importo. – Ela o segurou pelos ombros e começou a
empurrá-lo na direção da cama.
– Ninguém sabe que estamos juntos. Podemos criar uma
confusão...
– Você se preocupa demais! – Ela o empurrou pelos ombros e o
fez se sentar na cama.
Sob a luz da luminária chinesa que Thomaz gostava tanto, ele viu
Lygia tirar a camiseta de um pequeno pijama e jogá-la no chão. O
sutiã vermelho e o shortinho apertado inflaram sua imaginação.
Estão todos dormindo, era só não fazermos barulho demais... Foi o
último pensamento racional antes de puxá-la pela cintura e a
encaixar entre suas pernas.
Lygia puxou a cabeça dele para trás pelos cabelos ruivos. Ele era
tão bonito e ainda tinha as mesmas sardinhas da época de criança.
Beijou na base do pescoço, a pele, apesar de fria, era sedosa e com
gosto suave.
Thomaz percorreu o shortinho apertado e curto e apertou a
bunda de Lygia com as duas mãos, sentindo-a gemer contra o seu
pescoço. Sentiu um pequeno vidro no bolso traseiro e o pegou.
– O que é isso? – Ergueu o vidrinho com um líquido vermelho.
– Uma das coisas que a minha vó me deu. Disse que é um gel
com sabor de morango e pimenta, e que seria legal se eu usasse
com um cara, mas não tive oportunidade...
– Deixa aqui. – Ele colocou o gel sobre a cama e embrenhou as
mãos nos cabelos negros de Lygia.
Puxou-a para si, mordiscou o lábio inferior antes de invadir a
boca dela outra vez com a língua. Com uma mão no cabelo, usava a
outra para percorrer o corpo curvilíneo, apalpava, alisava, apertava.
Tocou-a como sempre desejou e nunca pode.
Lygia sentou no colo dele, de frente, ainda o beijando, sentiu o
membro rígido sob a bermuda preta fina que ele vestia. Tirou a
camiseta, parando de beijá-lo apenas para puxá-la pelos braços.
Thomaz a segurou pela cintura e a deitou sobre a cama.
Removeu o short, a calcinha, e a própria Lygia jogou o sutiã longe.
Admirou-a nua e ficou grato pela luz estar acesa, queria gravar em
sua mente cada linha que traçava o belo corpo. Ela era tão quente e
macia. Ele se deu conta de que sua respiração estava
descompassada, porém nem se preocupou em esconder o quanto
estava excitado.
Lygia girou na cama e ficou de quatro, engatinhou até dele e
puxou para abaixo a bermuda e a cueca. O pênis dele saltou aos
seus olhos, firme, o membro tinha uma beleza que a incendiava.
Tocou com a ponta dos dedos, as veias, a carne, ele era pálido
assim como o restante do corpo de Thomaz, porém pulsava, tão
vivo. A visão dele em suas mãos fez com que a região entre suas
pernas se umedecesse ainda mais.
– Lygia...
– Calado!
Ela o acolheu com a boca, ansiosa para prová-lo. Sua saliva se
encheu com o sabor dele. Lygia usou as mãos para rodeá-lo
enquanto os lábios o percorriam num gesto fluído e natural. Ela
pressionou a glande com a ponta da língua, sentido a pequena
abertura de onde saia gotas de um líquido lubrificante.
Ele acariciou o cabelo dela enquanto se perdia na visão e na
sensação tê-la o chupando. Confessou a si mesmo às vezes em
que se torturou por imaginá-la assim, achando errado ou
inalcançável. A boca cálida, a língua molhada e hábil rapidamente o
levariam a loucura. Mordeu os lábios provando do seu próprio
sangue para conter os gemidos, não queria acordar ninguém.
Lygia estava extasiada com a sensação de tê-lo em sua boca, era
melhor do que qualquer uma de suas fantasias.
Thomaz a puxou pelo cabelo e a forçou a parar. Olhou para o
vidrinho deixado sobre a cama curioso em descobrir o que poderia
proporcionar.
Lygia torceu os lábios, contrariada. Queria continuar chupando-o
até ambos perderam o controle, porém Thomaz sentou-se ao seu
lado e puxou-a para seu colo. Pingou algumas gotas do gel na ponta
do dedo e enfiou dentro dela.
Lygia mordeu o ombro dele para evitar o grito e os palavrões
quando as paredes de seu interior começaram a arder e formigar. A
sensação era incrível e a fazia gemer.
Thomaz sorriu ao ver a forma como ela se contorcia enquanto ele
a penetrava com o dedo. Sentido um leve ardor na pele, ele se
perguntou como o gel estaria agindo em uma região tão mais
sensível.
Com o dedo se movendo com a velocidade sobre-humana da
qual ele podia desfrutar, ele mordeu-a na base do pescoço,
saboreando o sangue no qual facilmente se viciaria.
Lygia cravou as unhas nos braços dele enquanto se revirava
inteira. Não haviam palavras capazes de descrever seu prazer. Todo
o seu interior ardia e formigava numa intensidade que a deixava
louca, o dedo de Thomaz só fazia queimar ainda mais. Quando ele
a mordeu derramando o afrodisíaco em seu sangue, Lygia se desfez
em segundos. O orgasmo foi tão intenso que a deixou sem ar pelo
tempo que pareceu horas, e se ele não a tivesse beijado, o grito
teria acordado a todos. Desmourou nos braços dele, tremendo,
formigando inteira. Como passei tanto tempo sem sentir aquilo?
Thomaz a acariciou, enquanto observava a expressão de prazer
que tomou o rosto lindo.
– Eu quero mais. – Ela revirava os olhos enquanto mordiscava os
lábios.
– Não tá satisfeita? – Ele sorriu brincalhão.
– Só quando estiver você em mim mais uma vez.
Ainda ofegante, Lygia se colocou de frente no colo dele. Levou a
mão entre os corpos e encaixou o pênis dentro de si que entrou com
muito menos resistência. Seu interior ardeu ainda mais sendo todo
tocado, a fricção fez tudo ferver. O efeito do gel ampliava dezenas
de vezes a sensibilidade.
A resposta para a pergunta de Thomaz foi dada no momento em
que a umidade dela o envolveu e ele também começou a queimar.
Eles gemeram, não teve como, gritaram enquanto o movimento
os fazia queimar. Maldito efeito do gel!
Thomaz a segurou pela cintura enquanto a ajudava a se sentar
nele, cada vez com mais afinco. Não deveria, mas a mordeu outra
vez na elevação de um dos seios que esfregava em seu rosto.
Lygia jogou a cabeça para trás e gritou, gritou muito. Cada uma
de suas células estava em chamas. Ele a fazendo rebolar em seu
colo e tomando seu sangue só aumentava o turbilhão de sensações.
A cada estocada seu interior queimava como brasas.
Foi rápido e intenso e ambos logo atingiram o organismo juntos.
Mas seus corpos não pararam de queimar. Nem quando humano
Thomaz se sentiu tão quente.

Dante passou a língua pelo vale entre os seios de Natasha,


enquanto suas mãos os apertavam. Em meio a um gemido suave
ela arqueou o corpo contra o dele.
Os gemidos altos vindos de outro quarto o fizeram parar a carícia.
– O que foi isso?
– Deve ser algum dos meus irmãos. – Natasha passou os dedos
pelos cabelos loiros de Dante.
– Mas Isabel está grávida.
– Isso nunca nos impediu. Além disso, Aron e Dária sempre
foram um pouco barulhentos.
– Tudo bem. Deixa para lá. Quero me concentrar nos seus
gemidos. – Dante levou a mão entre as pernas dela e tocou o
clitóris com a ponta do dedo.
Natasha gemeu ao pé do ouvido dele.

Quando Lygia abriu os olhos encontrou os vermelhos de Thomaz


a encarando. Aninhou-se ainda mais no peito gelado em meio a um
suspiro.
– Essa foi sem dúvidas a melhor noite da minha vida. – Ela
ajeitou a coberta sobre os ombros.
– Foi a minha também. – Thomaz lhe deu um rápido selinho. –
Mas você já deveria ter voltado para o seu quarto. Está a tempo
demais aqui.
– Dormir comigo é tão ruim?
– Claro que não! Por mim jamais deixaria a minha cama.
– Então me deixa ficar. – Ela o abraçou ainda mais.
Thomaz suspirou e correspondeu ao abraço.
Por detrás das pesadas cortinas que o protegiam do sol. Ele
sabia que já era dia e que em breve todos estariam de pé. Precisava
levar Lygia para o quarto dela, mas como se nenhum dos dois
desejava isso?
– Thomaz, meu filho...
A porta foi aberta num rompante e o jovem vampiro se
amaldiçoou por estar ocupado demais para se certificar de que essa
estava trancada.
Aron arregalou os olhos azuis-esbranquiçados ao se deparar com
o filho e a sobrinha deitados na cama, cobertos por um fino edredom
azul. Olhou para o chão aos pés da cama e viu as roupas de ambos
jogadas ali. Deu uma leve gargalhada.
– Então os gritos vieram de vocês dois. – Ele cruzou os braços
enquanto ainda ria. – E eu achando que era uma das minhas irmãs.
– Pai, eu... – Thomaz quis desaparecer ao encontrar os olhos de
Aron.
Ia se levantar. Mas o íncubo estendeu a mão e o impediu.
– Recomponha-se primeiro garoto. Depois preciso que leve
Isabel e Salomon até Santos, ele precisa de um banho de mar. –
Aron olhou para os dois e voltou a rir. – Suspeitei que estivessem
tendo alguma coisa quando sumiram juntos da festa, agora tenho
certeza.
– Tio...
– Não precisam me dar explicações, Lygia. Vocês dois já são
adultos. Nos vemos depois. – Aron abriu a porta e deixou o quarto.
Thomaz usou toda a sua agilidade de vampiro para ir até ela e
trancá-la. Lygia não tinha certeza, mas ele pareceu ainda mais
pálido do que o comum.
– Precisamos assumir isso, antes que eu tenha um infarto.
– Mas e meu pai? – Lygia se encolheu na cama.
– Terei que lidar com ele mais cedo ou mais tarde. Eu prefiro
mais cedo.

Dante passava geleia em uma torrada enquanto ouvia Salomon


contar histórias sobre o mar do Caribe e ficava cada vez mais
tentado a conhecer o lugar.
Natasha conversava sobre a gravidez, quando, com o canto de
olho, viu filha entrar na sala de jantar de mãos dadas com Thomaz.
Todos os seis reunidos na sala se viraram para encarar o jovem
casal e Lygia escondeu o rosto atrás do ombro do vampiro.
– Gostaria de aproveitar que estão todos reunidos para dizer que
eu sempre senti que a Lygia era mais do que uma prima para mim.
Eu fui acolhido por essa família e serei eternamente grato, mas não
quero ela como parente e sim como mulher.
Lygia engoliu em seco sem coragem de encarar os pais.
Aron e Dária apenas sorriram brevemente, incentivando a atitude
decidida do filho.
Natasha largou o copo de suco sobre a mesa e ficou de pé.
– Fico feliz que tenham admitido rápido. – Ela foi até eles e os
abraçou.
Dante olhou para cada um dos sentados à mesa. Havia um
sorriso discreto e um leve olhar de cúmplices. Ele largou a torrada
sobre o pires.
– Então todo mundo aqui sabia menos eu?
– Era um pouco obvio. – Isabel voltou a tomar seu leite com
naturalidade.
– Se serve de consolo eu também não sabia. – Salomon jogou
um biscoito na boca tentando conter o riso, mas acabou
engasgando.
– Noite passada os gemidos eram vocês dois. – Dante cruzou os
braços.
– Por favor, pai não o machuque. – Lygia ficou à frente de
Thomaz e abriu as asas de penas negras em toda a sua
envergadura, obstruindo completamente o caminho até o jovem
vampiro.
– Machucá-lo? – Dante gargalhou. – Guarde as asas, mocinha.
Ninguém se machucará por esse motivo. Nem hoje nem em
qualquer outro dia.
– Não? – Lygia arregalou os olhos verdes, confusa. Essa não era
a reação que esperava.
– Claro que não! – Dante ainda ria. – Filha de quem é, estou
surpresa de ter demorado tanto.
– Ei! – Natasha deu uma cotovelada no marido.
– Estou falando a verdade, você era impossível.
– Então não tinha motivos para que nenhum dos demônios do
inferno temessem?
– Hã? Claro que não.
Lygia quis rir e chorar ao mesmo tempo enquanto encarava a
expressão amigável e brincalhona do pai. Não havia motivo algum
para tanto medo. Os demônios a evitaram com medo de uma
retaliação que não aconteceria.
– Então por vocês tudo bem se ficarmos juntos? – Thomaz puxou
Lygia para junto do seu peito.
– Queremos sua felicidade, filho. – Aron e Dária sorriram para
ele.
– Ele é lindo, fez uma ótima escolha. – Natasha não conteve a
empolgação.
Lygia buscou o olhar do pai mais uma vez.
– Concordo com sua mãe. Thomaz é uma boa escolha. Pelo
menos é o único cara da sua idade que conheço de perto.
Ela abriu um largo sorriso e correu até a mesa, atirando-se nos
braços de Dante que a acolheu com carinho.
– Tome conta dela. – Dante encarou Thomaz. – Pode ser uma
mulher agora, mas sempre será a minha menininha.
O jovem vampiro sorriu.
– Eu cuidarei, senhor.
A sala ao redor de Thomaz pareceu muito menos claustrofóbica
depois do sorriso gentil de seu mais novo sogro.
– AB negativo ou O positivo, filho? – Dária se levantou para ir até
a cozinha.
– O está bom.
– Pera, você mordeu a Lygia? – O olhar de Dante dessa vez já
não era mais tão gentil.
– Provavelmente. – Aron conteve o riso quando Dária olhou feio
para ele.
Thomaz engoliu em seco.
– Não é ruim pai. – Lygia escondeu o rosto no peito de Dante
assim que suas bochechas coraram ao se recordar da sensação.
Ele respirou fundo. Ser poupado dos detalhes tornava mais fácil
aceitar sua filha na cama de quem quer fosse.
Dária voltou à sala e entregou um copo da sangue quente ao
filho. Apoiou a mão no ombro dele antes de se afastar.
– Vá com calma. – ela sussurrou.
– Eu irei, mãe.
– Quando poderemos sair juntos? – Lygia voltou para perto de
Thomaz.
– Assim que a noite cair.
Deu um breve selinho nela e assim que o ambiente da sala não
ficou tenso, ele entendeu que estavam oficialmente juntos.

Assim que o sol se pôs atrás dos arranha-céus da capital


paulista, o jato deixou a casa dos Donovans. Lygia, sentada no
banco do copiloto, tinha os olhos brilhando por poder ver tudo do
alto mais uma vez.
Isabel estava em uma poltrona e os observava pela porta da
cabine deixada aberta.
Salomon ao lado dela só tinha atenção para a barriga, onde o
bebê chutava.
– Eles são uns fofos juntos. E não levaram centenas de anos
para encontrar um ao outro.
– Nem ficaram negando os próprios sentimentos. – O tritão
lembrou do próprio erro ao beijar a barriga da esposa.
– Espero que nosso filho também tenha sorte.
Salomon riu.
– Isabel, o garoto mal nasceu. Ele terá outras coisas para se
preocupar antes de amor e sexo.
– Só espero que ele encontre logo, principalmente se for um
íncubo e precisar disso.
– Meu amor, deixe-o nascer primeiro.
Isabel mostrou língua e Salomon a beijou, puxando-a para o seu
colo.
– Ainda não! Os meninos estão ali.
– Já não são mais meninos.
– Salomon!
Na cabine, Lygia se virou para Thomaz, observando-o
concentrado nos comandos da pequena aeronave. Colocou a mão
sobre a dele e sorriu ao encarar o céu sem estrelas através do vidro
atrás dele.
Ele sorriu de volta e mandou um beijo.
– Você é tão linda. – Ele se perdeu observando os traços que
formavam o rosto da jovem mulher. Os lábios vermelhos, os grandes
olhos verdes emoldurados por cílios grossos e negros, a pele clara e
suave.
As bochechas dela coraram levemente.
– Olha, o mar! – Ela se debruçou sobre o painel e o vidro assim
que viu a imensidão azul.
– Cuidado com os botões, Lygia.
– Ah, desculpa. – Ela se encolheu.
Ele sorriu.
Logo Thomaz parou o avião na praia e todos desceram.
Deslumbrada, Lygia apertou a mão dele. Observava as ondas
quebrarem sobre a areia. Ficou se perguntando quantas coisas
incríveis ainda conheceria na terra.
Alguns metros longe deles, Salomon torceu a cara. O mar não
era nem de perto tão belo quanto o que estava acostumado.
Entretanto, conteve qualquer comentário. Em algumas semanas, ele
e Isabel voltariam para casa. No momento ele só precisava de
forças para dar forças a ela.
– Vamos? – Ele pegou Isabel no colo.
– Sim. – Ela sorriu para o tritão com um ar malicioso.
Lygia observou os tios entrarem na água e tentou evitar qualquer
pergunta sobre o que fariam ali. Voltou sua atenção para Thomaz e
puxou a mão dele.
– Vamos entrar também. – Saiu o arrastando até onde a onda
quebrou sobre seus pés e ela se encolheu. – A água está gelada!
– O que esperava, minha gatinha arrisca?
– Que estivesse quente. – Ela se encolheu outra vez com a onda
seguinte.
Thomaz gargalhou.
– Não é como a água do chuveiro e essa é salgada.
– Podemos voltar para o jato, estou com frio.
– Pensei que gostaria de tomar um banho de mar. – Ele colocou
uma mecha do cabelo preto atrás da orelha.
– Posso voltar em um dia mais quente com os meus país.
– Tudo bem. – Ele caminhou de volta com ela.
Assim que Thomaz encostou a porta para evitar o vento gelado
Lygia se atirou em seus braços.
– Achei que quisesse se esquentar e eu sou gelado.
– Ah, você me esquenta. Pode ter certeza que esquenta. – Ela
embrenhou os dedos pequenos pelos macios cabelos ruivos.
Thomaz já estava cansado de ao menos tentar resistir. Segurou-a
pela cintura e a empurrou contra a porta fechada da aeronave.
Lygia gemeu ao sentir os lábios frios tocarem a base de seu
pescoço, enquanto o restante do corpo era percorrida pelas mãos
ágeis e habilidosas.
O calor do beijo dela, quando os lábios de Lygia encontraram os
seus, fluiu por todo o corpo de Thomaz. Com ela o vampiro se
sentia vivo como nunca. Ele se perdeu na sensação da boca dela na
sua, no beijo que se tornava cada vez mais voraz. A língua de sabor
doce era sua perdição e ele não fazia questão alguma de se
encontrar.
Lygia soube o que era desejo no momento em que botou os olhos
no garoto da infância que havia se tornado um homem. Aqueles que
perseguia no inferno e se esquivavam como cobras, não passavam
de mera curiosidade, mas com Thomaz... Parou de pensada no
momento em que a mão firme dele apertou sua coxa e subiu
puxando a calça justa e preta. A peça envolvia seu corpo de
maneira apertada, no entanto, ele era habilidoso e a removeu com
agilidade.
Suas costas bateram contra a estrutura de metal da fuselagem da
aeronave e Lygia gemeu. Por sorte ele a envolveu pela cintura com
mãos e a ergueu, antes que as pernas bambas falhassem.
Entretanto, essas tiveram forças o bastante para abraça-lo na altura
dos quadris.
Sem devias o olhar do rosto de dela, Thomaz levou a mão entre
os corpos e abriu o zíper da blusa de couro que ela vestia. Puxou
Lygia um pouco para frente apenas para a peça poder deslizar pelos
braços até o chão. Não havia proteção de sutiã ou qualquer peça
nos seios, que tocaram o rosto de Thomaz e o vampiro não hesitou
em abocanhar um dos mamilos rígidos. O gosto da pele de Lygia já
havia o viciado.
Empurrou-a contra a porta da aeronave outra vez e usou as mãos
livres para trocá-la. Percorreu das coxas à cintura e dela aos seios,
e depois os macios cabelos negros. A pele cálida o incendiava.
Parou de chupar um dos seios apenas para dar atenção ao outro,
enquanto com as mãos tratava de enlouquecê-la.
Lygia cravava as unhas afiadas nos braços de Thomaz, enquanto
se contorcia inteira. As mãos que percorriam seu corpo deixavam
uma trilha de gelo pelo caminho que provocava calafrios cada vez
mais intensos. A necessidade por tê-lo crescia mais a cada toque.
Não queria ter que implorar, então usou a mãos para abrir espaço
entre seus corpos e forçou-o a parar de chupar seus seios. Afoita,
procurou pelo zíper da calça de Thomaz e encontrou os olhos dele a
encarando com malícia enquanto Lygia puxava a calça para baixo.
A calcinha foi a última peça que restou e Thomaz a rasgou para
não precisar descê-la.
O leve ardor da peça sendo partida a excitou ainda mais. Lygia
não esperou qualquer investida de Thomaz para esfregar sua
umidade nele.
O vampiro arfou ao apoiar uma das mãos na porta e com a outra
segurá-la firme na cintura. Ele ainda vestia uma camiseta cinza, mas
nem se preocupou em retirá-la. Quando Lygia se esfregou de novo
nele, mostrando-o o quanto estava molhada, Thomaz mandou para
o inferno toda a vontade de ir devagar e penetrou-a num movimento
rápido de um tranco.
Lygia envolveu o pescoço dele com os braços assim que um grito
escapou por seus lábios aveludados. Ela jogou a cabeça para trás e
mordeu os lábios ao senti-lo começar a se mover. Entrelaçou as
pernas ao redor dele com ainda mais força, obrigando-o a entrar
fundo. Suas costas batiam contra a porta de metal, mas Lygia
estava tão perdida nas sensações de prazer que a tomavam para se
dar conta disso.
Os movimentos eram cada vez mais frenéticos e Thomaz nem se
preocupou em ir mais devagar, pois ela o acompanhava tão bem.
Lygia abaixou a cabeça e encontrou os olhos vermelhos dele que
se reviravam. Teve certeza de que a mesma expressão de prazer
estava estampada em seu rosto.
Thomaz tirou a mão da parede e, com as duas, segurou a bunda
de Lygia, adentrando-a toda até poder tocar a entrada útero. O
interior dela estava tão molhado que era fácil deslizar por ele com
maestria.
Quando o orgasmo a invadiu, Lygia o apertou com ainda mais
força no momento em que todos os seus músculos se contraíram.
Ela gritou enquanto se perdia na intensidade dos formigamentos e
espasmos. Thomaz se juntou a ela momentos depois. Ofegante,
Lygia apoiou sua testa na dele buscando retomar o controle do
próprio corpo.
– Podemos deitar uma das poltronas e usá-la como cama. – Ele a
desceu para o chão ainda a segurando pela cintura.
– Thomaz... – Ela o puxou pelo rosto forçando-o a encará-la outra
vez. – Eu te amo.
Ele abriu um enorme sorriso e a pegou no colo levando até a
poltrona.
– Eu também te amo. – Deitou-se sobre ela é começou a traçar
uma linha de beijos pelo pescoço.
– Seremos como nossos pais, felizes para sempre? – Lygia
passou os dedos pelos cabelos ruivos do vampiro.
– Eu aposto que sim. – Thomaz a beijou, puxando-a para si e
começarem a fazer amor de novo.
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