Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Leitores Beta
Jéssica Macedo
Revisão
Gabriel Marquezini
Jáleu a trilogia desejos sombrios?
Não é preciso conhecimento prévio para ler esse conto, contudo ele contém
spoilers em relaçã a Trilogia Desejos Sombrios, se você tem a intenção de lê-la faça
isso primeiro.
Sinopse
Lygia olhou para a luz branca cada vez mais intensa no fim do
túnel. Segurou firme a mão de seu pai, que já não era mais tão
grande como se recordava da infância. Mais alguns passos a
separavam da Terra. Finalmente alcançaria o sonho de deixar o
inferno, de não ser mais apenas a neta de Samael e Lilith, aquela
que todos tinham medo de se aproximar.
Empurrou o portão de ferro ouvindo o material enferrujado ranger
até se dobrar. Finalmente alcançaria a luz...
Dante fechou os olhos quando a luz forte se chocou contra as
pupilas dilatadas. Levou pouco mais de alguns segundo para que
sua visão se normalizasse, logo depois de deixarem o portão do
inferno.
Um sorriso se formou nos lábios dele quando olhou para frente.
– Que honra, todos os anjos da guarda do inferno esperando por
mim.
Uriel estava parada a poucos metros no alto de uma colina e
atrás dela havia uma dezena de anjos. A luz intensa vinha deles,
das asas brancas e de suas espadas celestiais reluzentes. Todos
tinham a expressão fechada e o olhar atento, aguardavam apenas
uma ordem de sua comandante para atacar.
– Eu avisei para permanecerem no inferno. Fui cordial e até
poupei a vida de sua filha. É assim que me agradece? – A arcanjo
passou a mão pelos cabelos castanhos e encarou Dante.
– Não é nada pessoal. Apenas minha mulher e minha filha
estavam fartas do tedioso lugar gelado.
– Sabe que não terei misericórdia dessa vez. – Uriel cerrou os
dentes.
– Estava contando com isso. – Dante sacou a espada de ossos.
– Matem todos e eles!
Os anjos abriram suas asas e desceram da colina. Como um
enxame de abelhas, encobriram a lua brilhante no céu.
Lygia girou as espadas finas, uma em cada mão. Finalmente teria
o combate pelo qual se preparou toda a vida. Os anjos a sua frente
eram os responsáveis por sua infância no inferno e mal via a hora
de se vingar.
Natasha olhou para o lado e observou o marido e a filha em
posição de ataque. Naquele momento ela não teve medo dos anjos
como sentia no passado. Estava pronta para eles. Pegou sua
própria espada e segurou-a na frente de seu rosto.
Moveu-se para o lado, desviando da brilhante e ardente lâmina
celestial de um dos anjos.
– Não deveria ter feito isso, Mammon. – Uriel apontou a ponta da
espada na direção do príncipe do inferno ao fulminá-lo com o olhar.
– Descobriremos isso quando acabarmos. – Dante sorriu ao abrir
as asas de penas negras em toda a sua envergadura e voar na
direção de Uriel.
A arcanjo se desviou do primeiro golpe, sentindo a lâmina afiada
cortar o ar pouco além de seu braço. Ela se moveu para o lado a
tempo de interceptar com a sua própria espada um golpe contra seu
pescoço. Não se recordava dele ser tão ágil.
Ela o acertou com um chute na boca do estômago e Dante
cambaleou para trás sentindo a dor incômoda irradiar pelo seu
corpo. Depois de ter começado a treinar com seu próprio pai, ele já
havia se acostumado com a força de um arcanjo e sabia possuir o
bastante para contra-atacá-la.
Uriel limpou uma gota de suor que escorreu por sua testa e
ajeitou a postura. Moleque maldito! Deveria ter dado um fim a ele
anos antes.
Dante rolou para a direita e se esquivou de um chute, em seguida
girou seu corpo para acertar a arcanjo com uma cotovelada.
Uriel escorregou pelo chão de areia escura e por vários segundos
ficou sem ar. Entendeu porque muitos anjos cederam diante daquele
mestiço.
Pela primeira vez Lygia sentiu sua espada cortar carne de
verdade, não apenas os bonecos ou espectros com quem treinara.
Abaixou, e a espada do anjo passou onde a pouco estava seu
pescoço, mas a lâmina afiada acabou cortando uma mecha de
cabelo que ficara pata trás.
Lygia acertou o anjo no joelho e o fez tombar. Em seguida girou o
corpo e as espadas duplas desceram com tudo sobre o peito do
anjo. As cinzas voaram com a leve brisa enquanto um raio de luz
subia aos céus.
Natasha tinha um sorriso perverso nos lábios ao encarar a mulher
que caminhava em sua direção. Ela, loira e um palmo mais alta do
que a súcubo, não entendia o olhar que lhe era dirigido, mas não
perdeu tempo com tal bobagem. Deferiu um golpe de espada que foi
facilmente evitado pela súcubo ao curvar o corpo para trás.
A anjo arregalou os olhos e ficou boquiaberta, Natasha era sem
dúvidas mais fraca do que ela, porém, possuía uma agilidade
impressionante. Mas não seria o bastante para vencer.
Natasha girou a espada em sua mão ao dar um passo para o
lado.
– Treinei muito para enfrentar vocês. – Ela jogou o cabelo negro
para trás antes de partir para cima da anjo.
Sua espada foi interceptada no primeiro golpe, mas isso não a
abateu. Natasha girava o corpo e dava golpe seguido de golpe,
fazendo sua oponente recuar um passo de cada vez.
O rangido das espadas se chocando era alto, mas todos estavam
tão concentrados na batalha que mal o ouviam. O brilho das
espadas celestiais era cada vez mais ofuscado pela sombra das
demoníacas.
Um jato negro cruzou o céu e uma figura encapuzadas saltou
dele e pousou no meio do campo de batalha com a graciosidade de
um gato. Sem identidade, a figura logo se tornou um alvo para os
anjos.
Um voou com toda a fúria para cima do sujeito coberto de negro.
Mas se surpreendeu com a velocidade que nem um demônio
possuía. O indivíduo acertou o anjo com um soco no abdômen e seu
capuz caiu em meio ao golpe, revelando sua identidade.
Thomaz... o coração de Lygia palpitou no peito.
Ao se esquivar do ataque de dois anjos, Lygia viu os cabelos
ruivos cortados curtos seguidos de um par de olhos vermelhos,
encrustados em uma pele clara. Mesmo nunca tendo o visto
pessoalmente, a imagem dele tomou sua mente por tantos anos que
era simples reconhecê-lo.
– Thomaz, pega! – Ela lançou uma de suas espadas. – Armas
comuns não podem feri-los.
O jovem vampiro se esquivou de um ataque e usou o ombro do
anjo como trampolim para pegar a espada ainda no ar. A arma era
incrivelmente leve e fácil de manusear.
– Será que o sangue de vocês é gostoso? – Ele riu ao encarar o
anjo furioso pelo olé que havia tomado. – Bom, terei que matá-lo
para descobrir.
– Não diga besteiras, seu bastardo sanguessuga!
– Oh! Minha mãe vai ficar ofendida. – Thomaz gargalhou ao girar
a espera pelo ataque do anjo.
Com sua agilidade, Thomaz se moveu para um lado e para o
outro, esquivando-se de golpes consecutivos. Sabia que era mais
fraco que seu adversário, mas a velocidade balanceava um pouco
as coisas.
Deu alguns passos para trás, depois girou. O anjo apenas piscou
os olhos e o vampiro já não estava mais à sua frente. Um golpe no
peito, dado por trás, fez o anjo arregalar os olhos e abrir a boca.
Como? A pergunta ecoou enquanto ele se desfazia em cinzas.
– Parece que os seus anjos estão caindo. – Dante riu ao olhar
para o lado e ver mais um ascender deixando apenas cinzas.
– Não designam mais bons soldados para a guarda do inferno
como antes. – Uriel firmou os pés na areia ao limpar um filete de
sangue que escorreu dos seus lábios.
– Isso já não é problema meu. – Dante partiu para cima dela
outra vez.
Era mesmo filho de Samael, talvez até mais forte do que o pai,
pensou Uriel enquanto erguia sua espada para evitar que a de
Dante acertasse seu rosto.
Virou para o lado e a lâmina passou rente ao seu cabelo,
cortando boa parte dele, que se espalhou com o vento. A túnica
branca que a arcanjo usava já estava coberta de sangue e marcas
da luta. Nunca ela, a fúria de Deus, a arcanjo de batalha, pensou
que cairia em uma luta, mas ao olhar nos olhos verdes, famintos
pelo seu sangue, ela soube que talvez fosse aquele oponente a
derrotá-la.
Cambaleou para trás com o chute forte que atingiu sua barriga,
com o braço protegeu o peito do ataque seguinte, mas esse não foi
menos doloroso. Ter mandando Mammon de volta para o inferno
estava se mostrando uma de suas piores ideias, pois agora ele
estava de volta, mais enfurecido e forte do que nunca.
Dante viu o desespero tomar conta da mulher diante de si e se
sentiu vingado pela ameaça à filha ainda no ventre.
Uriel respirou fundo, ignorando as gotas de suor que brilhavam
em sua testa. Se ela não o parasse, ninguém mais o faria.
– Talvez devesse pensar melhor no que está fazendo.
– Tive vinte e um anos para pensar. – Dante a chutou outra vez,
vendo-a se esquivar com cada vez mais dificuldades de seus
golpes.
– Maldito filho de Samael!
Dante se esquivou com facilidade do golpe lento dela. Havia
levado a arcanjo a exaustão e ele mal começara a suar. Os anos de
treino duro valeram a pena.
Ele chutou a canela de Uriel e a fez cair de joelhos.
– Quando ascender, diga ao vovô que mandamos um olá. – Sem
hesitar, ele desceu a espada pelo peito de Uriel.
Uma luz forte apontou para o céu como um grande holofote,
iluminando tudo no raio de um quilômetro. E quando essa se
extinguiu, os dois anjos ainda vivos voaram para longe sem serem
seguidos.
– Vencemos, meu amor. – Natasha sorriu ao abraçar Dante por
trás.
– Sim. – Ele se virou para beijá-la. – Vencemos!
– Ei! – Thomaz se aproximou de Lygia. – Que recepção e tanto
que vocês tiveram em?
– Ah, os anjos? Sabíamos que eles viriam. – Ela o encarou, mas
logo desviou o olhar sentindo-se estranhamente envergonhada. – E
você o que faz aqui?
– Meus pais me mandaram buscá-los. Vamos? O jato está logo
ali na frente.
– Você pilota um jato? – Os olhos de Lygia se iluminaram.
– Quando ele não está no piloto automático, sim. Sempre quis
entrar para as forças aéreas, mas agora que não posso sair mais
durante o dia, ganhei o meu.
Lygia ficou boquiaberta. Era ainda mais Incrível do que ver pelo
computador. Foi uma paisagem que a deixou sem palavras. Ao
contrário do vale dos condenados, ali tinha tanta luz. Existia tantos
prédios altos cercando-a e tocando o céu escuro e sem estrelas.
Eles tinham letreiros e painéis, com dezenas de imagens e textos.
Trilhos aéreos cortavam toda a cidade indo de um lado para o outro.
– Uau! Que Incrível.
– A avenida paulista e o MASP ficam ali em baixo, olha! –
Thomaz se aproximou do parapeito e apontou lá para frente.
– Onde? – Ela se aproximou ficando ao lado dele.
– Ali. – Thomaz segurou o rosto dela e direcionou o olhar para
uma avenida quilômetros à frente.
Lygia nunca viu tantos carros. Mas o que a prendeu foi a
sensação dos dedos gelados dele em seu rosto. Eles provocaram
um calafrio delicioso.
– O inferno parece ser um lugar bem mais calmo. – Thomaz se
afastou quando o calor da pele dela começou a permear seu
sangue. Recuperando a compostura, ele apoiou as costas no
parapeito.
– Depende do ponto de vista.
Lygia observou a brisa da noite balançar os cabelos ruivos do
vampiro, pareciam tão macios que desejou poder tocá-los.
– Há uma bela vista para lugares aterrorizantes.
Thomaz riu.
– Bom, deve ser fantástico ser a neta do diabo.
– Era, durante a minha infância, mas à medida que eu fui
crescendo os demônios se aproximavam cada vez menos de mim
com medo de sofrerem alguma retaliação do meu avô. – Os olhos
dela caíram tristes enquanto ela apertava o parapeito.
– Nunca teve um namorado?
Thomaz se arrependeu quase imediatamente da pergunta.
– Não, ninguém teve coragem o bastante para enfrentar uma
possível retaliação do meu pai ou do meu avô. – Os olhos dela
ficaram marejados.
– Eu sinto muito. – Ele a acariciou no ombro, sentindo um nó no
estômago. Deveria ter ficado calado, seu idiota!
– Você é tão bonito, deve ter tido várias namoradas.
– Só alguns casos passageiros. Há não muito tempo eu preferia
um vídeo game.
– E agora? – Lygia se virou para encará-lo.
Thomaz engoliu em seco.
– Existem algumas mulheres interessantes.
– E o que acha de mim?
Ela deu um passo na direção dele e ele deu dois para trás.
– Não acho que eu deveria responder a essa pergunta. – Ele
enfiou as mãos dentro dos bolsos da calça e desviou o olhar.
– Por que eu não mereço uma resposta?
– Porque não seria apropriado dizer a minha prima que ela é uma
mulher bonita.
– Nem somos primos de verdade. – Ela passou a mão pelo rosto
gelado dele.
Thomaz ficou petrificado com o toque quente. Depois de ter se
tornado um vampiro, nunca mais sentiu os músculos tão lentos.
– Eu sou um Donovan tanto quanto você. – Tirou forças de onde
achou que não tinha para respondê-la.
– Você é adotado.
– Isso nunca fez diferença para os meus pais.
– Mas pode fazer toda a diferença para nós.
– Lygia, não...
Ela roçou os lábios nos dele, sentindo-os doces e gelados como
um sorvete. O garotinho ruivo era um amor platônico de infância,
intocável dentro de um espelho. Mas agora ele se tornara um belo
homem e estava ao seu alcance, não deixaria a oportunidade
passar.
Todo o bom senso berrou dentro da cabeça de Thomaz. Não
deveria permitir que isso acontecesse, por mais que no fundo
desejasse muito. A língua dela pressionou seus lábios e
instintivamente sua boca se abriu para aceitar a saliva quente.
Lygia embrenhou os dedos pelos macios cabelos ruivos como
tanto desejava. A proximidade com o corpo de Thomaz provocava
nela deliciosos calafrios. Não se lembrava de um beijo ser tão bom
ou deixar suas pernas tão bambas.
Thomaz usou toda a sua força sobre-humana para se afastar e
quase voou contra a porta de metal do elevador.
– Lygia, não! Nós não podemos. – Ofegante, ele endireitou o
corpo e tentou retomar a compostura.
– Não podemos ou você não quer?
– Nossos pais...
– Nem precisam saber. E não há ligação sanguínea nenhuma
entre nós dois. Mesmo que depois da transformação você tenha o
sangue da Dária correndo em suas veias.
– Lygia...
– Pare de inventar desculpas! Se não me quer é só dizer que
não.
Ela estava furiosa. Ouvira desculpas e rodeios tentando explicar
o motivo dos homens não poderem ficar com ela o tempo todo.
Todos se esquivavam como um sabonete molhado.
– Esse é o problema! – Thomaz a segurou pelos braços apoiando
sua testa na dela. – Eu era apaixonado pela garotinha no espelho,
crescendo como eu, mas longe em um lugar inalcançável, não
apenas fisicamente.
– Eu estou aqui agora. – Ela ergueu a mão e o acariciou no rosto.
– Mas...
– Só diga não que eu te deixo em paz. Não preciso de mais
desculpas para a minha interminável coleção.
Thomaz viu os prédios girarem ao seu redor. Estava confuso pelo
conflito entre os sentimentos e a razão. Lembrou da história dos
pais que ouvira centenas de vezes e sobre o quanto os medos da
mãe quase custaram seu amor eterno.
– Você é meu amor de infância. – Ele passou as mãos pelos
cabelos negros enquanto encarava o fundo dos olhos verdes. – Mas
sempre achei errado e nunca contei para ninguém.
As mãos de Thomaz estavam trêmulas, seu coração batia
descompassado. O sangue frio em suas veias nunca esteve tão
pesado.
– Não precisa contar para mais ninguém além de mim. – Lygia se
colocou na ponta dos pés e alcançou os lábios de Thomaz com os
seus.
Dessa vez ele não conseguiu mais resistir. Pegou-a pela cintura e
bateu contra a porta do elevador, enquanto sua língua deslizava
para dentro da boca quente e molhada. Beijá-la era melhor do que
conseguiu imaginar em sua adolescência.
Lygia estremeceu com o ato repentino. Thomaz era tão ágil que a
pegou de surpresa. Ela apoiou a cabeça no metal da porta e exibiu
o pescoço.
– Pode me morder. – Disse contra os lábios dele. – Eu quero
sentir a sensação.
Thomaz impediu os protestos antes que esses escapassem por
sua boca. Qual outra chance de provar o gosto dela teria? Levou os
lábios até a base do pescoço e beijou de leve, antes de raspar as
presas. Cravou-as perfurado com dificuldade a pele de aparência
macia, porém não demorou para que o sangue começasse a fluir
para dentro de sua boca. A princípio ela tinha um gosto um tanto
amargo que foi ficando cada vez mais doce. A mistura de sangue de
demônio e de anjo era algo delicioso que nunca havia provado.
As pupilas de Lygia se dilataram no instante em que ela sentiu a
mordida. Os boatos sobre o afrodisíaco contido na saliva dos
vampiros eram reais e ela logo se viu esfregando uma perna na
outra com o desejo por ele cada vez mais crescente.
Escorregou a mão pelo peito dele até a calça e tocou o volume
sob o tecido.
– Sonhei em ter você.
– Tem certeza? – Thomaz se afastou passando a língua pelos
lábios sujos de sangue.
– Sim. Toda a certeza.
Livrando-se do último pensamento de prudência, ele subiu a mão
pela coxa até invadir o interior da saia.
– Não aguento mais ser virgem.
A fala dela foi como um choque elétrico no corpo do jovem
vampiro, que o fez recuar.
– Lygia... – Suas palavras se perderam em meio ao espanto.
– Me perguntou se eu tinha certeza, eu disse que sim. O fato de
nenhum outro homem ter tido a coragem de transar comigo não
deveria mudar isso.
– Então não podemos fazer aqui. – Ele a pegou no colo e acionou
o botão do elevador.
Contente por ele não ter recuado. Lygia aproveitou o percurso até
o quarto de Thomaz para beijá-lo no pescoço, tocar os cabelos que
tanto fantasiara durante a sua adolescência e contar com a língua
as sardinhas espalhadas pela pele pálida.
Ele abriu a porta com um chute e fechou-a com a agilidade de um
felino. Com uma mão segurou Lygia e usou a outra para apertar o
interruptor ao lado da porta. Independente das consequências,
queria ver e lembrar-se eternamente de cada instante daquele
momento com ela.
Ele a colocou sobre a espaçosa cama de design contemporâneo
e puxou-a pela cintura até o fim da cama, deixando as pernas dela
para fora.
Lygia se arrepiou inteira quando ele a beijou na coxa e percorreu
um caminho de delicadas mordidas até a virilha, onde começava o
tecido da calcinha e ficou por ali, provocando-a, beijando-a.
Lygia se sentou na cama, fazendo-o recuar com a cabeça entre
suas pernas e tirou o próprio vestido.
– Ei! – Ele pegou a peça e colocou sobre o criado mudo ao lado
da cama. – Estou tentado ir devagar.
– Estou ansiosa demais para ir devagar.
Lygia ia desabotoar o sutiã de renda vermelho, porém Thomaz a
impediu.
– Não fique ansiosa. Apenas relaxe. – Soltou a mão dela. – Ou
irá acabar doendo.
– Então me beija, me deixa sentir que você é real e não apenas
mais um dos sonhos que eu tinha quase toda a noite.
Ela sonhava com ele, assim como Thomaz sonhou várias vezes
com ela. O vampiro precisou conter o próprio entusiasmo.
Thomaz segurou o cabelo dela e a puxou para um beijo mais
voraz. Mordiscou o lábio inferior da morena, sentindo uma gota do
sangue doce se esparramar por sua boca antes de deslizar a língua
para dentro da dela. Com mas mãos, passou a explorar o corpo
delicado, porém firme e todas as suas fantasias pareceram bem
modestas diante da verdadeira sensação de tocá-la.
Lygia começou a se desfazer da gravata no pescoço de Thomaz
enquanto arfava a cada toque das mãos firmes. Jogou a gravata no
chão e passou a desabotoar o paletó e logo ele e a camisa eram
apenas lembranças espalhadas pelo chão.
Ele finalmente desabotoou o sutiã e agarrou os seios com os
mamilos já eriçados pela excitação. Lygia nunca fora tocada tão
diretamente e a sensação era incrível, porém algo lhe dizia que
provara apenas um gole do delicioso jogo do prazer.
Thomaz abocanhou um dos mamilos e o chupou, sentindo-a
estremecer em seus braços. Queria deixá-la extasiada, antes de
alcançar seu objetivo final.
Isso é bom! Muito bom... Lygia revirava os olhos ao passar as
mãos pelos ombros nus dele.
Thomaz continuou beijando e acariciando os seios dela enquanto
a deitava na cama e tirava por fim a calcinha. Pelo visto sua
imaginação fora modesta em muitos pontos, pois vê-la
completamente nua o deixou sem ar. Precisou lembrar-se de que
estava prestes a tirar a virgindade de Lygia para não se comportar
como um bárbaro sedento.
Ajoelhou-se diante da cama outra vez e enfiou a cabeça entre as
pernas ligeiramente distanciadas.
Lygia sentiu a língua do vampiro tocar seu clitóris e ela gritou de
prazer. Agarrou-se a colcha da cama como lembrança de que aquilo
era real. Thomaz! O nome dele ecoou em sua mente enquanto ela
era tomada por uma nova e intensa onda de sensações.
Ele introduziu um dedo dentro da passagem molhada e estreita
de Lygia, enquanto sua língua dançava sobre o clitóris dela.
Lygia não estava preparada para o que o vai e vem dos dedos
dele provocou ali. Era um desejo tão forte que fazia cada célula do
seu corpo se contorcer.
– Thomaz... – a voz trêmula e entorpecida era apenas um
sussurro.
Ele sorriu ao puxá-la para o meio da cama. Tirou o restante de
suas roupas e deitou-se sobre ela. Beijou Lygia um pouco mais
enquanto roçava seu pênis na entrada molhada.
Ainda em meio ao beijo, Thomaz se acomodou entre as pernas
distanciadas e começou a enfiar nela. Logo encontrou a barreira da
virgindade e adentrou com ainda mais afinco, rompendo-a de uma
vez. Capturou o gemido de dor com um beijo e ficou quietinho
dentro de Lygia, esperando que ela se acostumasse com sua
presença intrusa.
Em breves minutos a dor se transformou em prazer. Lygia não
saberia colocar em palavras como era delicioso finalmente estar
preenchida. Thomaz estava em cima dela, tocando-a, apertando-a,
beijando-a e quando ele a mordeu outra vez, derramando um
excitante anestésico, Lygia soube que era besteira temer qualquer
dor.
Thomaz a sentiu relaxar abaixo de si e tomou isso como um sinal
para continuar. Apoiou as mãos sobre a cama e começou a se
mover para dentro e para fora. As paredes quentes e escorregadias
cediam cada vez mais espaço para o membro rígido do vampiro.
A temperatura da pele de Thomaz provocava calafrios em Lygia
que se somavam as demais sensações de prazer que a jovem
sentia. Então era por isso que sempre esperei? Perguntou-se
enquanto o beijava.
Thomaz a girou na cama e a colocou sobre ele. Com Lygia
montada sobre seus quadris tinha um acesso mais fácil ao clitóris
dela. Com uma mão guiou os movimentos que os uniam, com a
outra começou a estimulá-la, dando a Lygia o prazer que merecia.
Um gemido rouco escapou por entre os lábios grandes da
morena. Ela pensou que não poderia ficar melhor até o orgasmo
atingi-la com uma força tão intensa que a fez tombar para trás. Ela
gritou por ele enquanto explodia em gemidos.
O vampiro começou a movê-la com velocidade redobrada em
busca do próprio prazer e não demorou a molhá-la com seu líquido
frio.
Lygia desmoronou sobre o seu peito e ele a acolheu em um
abraço carinhoso.
– Foi bom? – Brincando com o cabelo negro ele a beijou
brevemente.
– Foi maravilhoso! – Os olhos de Lygia tinham um brilho único e
ela ainda tremia inteira. – A única coisa ruim é ter esperado tanto
para te sentir assim.
– Você vai continuar aqui, não é? Na Terra.
– Sim, meus pais não tem a intenção de voltar para o inferno.
Então podemos ficar juntos.
– Não sei se seria tão simples.
– Pare de colocar empecilhos antes de tentarmos!
Ele sorriu e beijou-a de novo.
– Tudo bem, mas agora precisamos voltar para festa antes que
venham nos procurar e nos encontrem assim.