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VITORIA DOZZO

p rim ei r o
eu p r ec i se i
m or r er
Essa é a minha história, mas poderia
ser a sua também.
À minha mãe, Eliana, que orou oito anos
por mim e é meu maior exemplo de
feminilidade e mulher de Deus.

Índice
Prefácio
1. Quem eu era
2. As verdades mentirosas
3. Noites frias
4. O encontro
5. O meu Jesus não pode pensar assim!
6. Uma oração perigosa
7. A mentira do feminismo
8. A submissão é leve
9. Bela, recatada e do lar
10. Lavada pelo sangue
E agora?
Carta Final
Agradecimentos
Indicações de Leitura
A autora

Prefácio
Minha caixa de mensagens no Instagram está
sempre lotada de textos cheios de desabafos, medos,
insatisfações e, principalmente, dúvidas acerca da
bíblia. Há muitos meses rolo minha caixa de entrada
com ansiedade, sem saber como atender à infinita
demanda de mulheres feridas, confusas, cheias de
questões e medos, querendo saber mais de Jesus, mas
sem saber como resolver tudo o que dentro delas ainda
dói e parece não cicatrizar.
Com isso, observo uma necessidade de
discipulado na Igreja hoje: temos mulheres
caminhando sozinhas e aprendendo com a internet
sobre coisas que deveríamos aprender com olho no
olho e tempo de mesa em nossas igrejas locais.
Entretanto, apesar disso ser algo que queima em meu
coração, de nenhuma maneira vejo como este livro
poderia cobrir essa necessidade, mas o desejo descrevê-
lo partiu de um anseio dado a mim por Deus, no ano de
2021, enquanto eu observava mulheres órfãs de
cuidado espiritual.
Quero ajudar mulheres que, assim como eu estava,
hoje caminham sozinhas buscando por Jesus e não
sabem para quem fazer perguntas difíceis.

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Quero motivá-las a viver em comunidade, buscando
em suas cidades mulheres sábias e dispostas a
acompanha-las.
Neste livro falei sobre todas as coisas que nunca
falei na internet. Não censurei nenhuma palavra e abri
meu coração sobre sexualidade, feminismo, passado,
vícios, aborto, homossexualidade, aborto, submissão,
machismo, ideologia de gênero e muitas outras coisas
que causariam mais um cancelamento meu na
internet.
Escrevo este prefácio com o coração cheio de medo,
confesso, mas também calibrado de ousadia em saber
que Jesus é mestre em curar, porque eu vivi isso. A
minha história é uma história de cura, e por isso
tenho certeza que você, querida leitora, pode ser
curada também.
Vejo estas páginas como o começo. Uma faísca que
antecede um grande incêndio, e que, nas mãos das
pessoas certas, nos ajudará a ver uma geração
gigantesca de mulheres posicionadas no Evangelho,
queimando por Jesus.
Minha caminhada começou despretensiosamente e
hoje não existe possibilidade de retorno. Minha vida
está entregue ao Senhor porque descobri que, antes
Dele, não existia nenhum traço de fôlego em mim – e

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desde que Ele me encontrou eu respiro de maneira
aliviada.
Este livro é para mulheres corajosas que não têm
medo de entregar tudo para Aquele que as encontrou.
Este livro é sobre a minha história, mas poderia
muito bem ser a sua.

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Quem eu era
Era uma sexta-feira à noite quente de outubro de
2018. Muito trabalho da faculdade para fazer, algum
dinheiro na conta e um coração vazio - e um tanto
incomodado. Era dia de sair, e eu ouvia o barulho
baixinho da televisão de meus pais enquanto
terminava de passar o batom vermelho – Russian Red,
da Mac; meu preferido. Passá-lo significava que eu não
beijaria ninguém, mas provocaria todos que passassem
por perto.
Lembro exatamente da roupa escolhida: uma saia
de veludo cotelê e cropped bege combinando. O tênis
da Vans surrado estampado de onça significava o
conforto que eu queria, e dentro da bolsa vermelha
tinha um cartão de débito, que eu passava para pagar
algumas caipirinhas de morango, levava um colírio
para qualquer emergência e o celular.
Eu me encontraria com uma amiga e juntas iriamos
para a rua mais movimentada e suja de Maringá. Eu só
voltaria para casa no outro dia pela manhã; porque
chegar às seis é chegar cedo, já que meus pais
costumavam recomendar que eu não voltasse tarde.

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Dessa época, são poucas as noites das quais eu
realmente me lembro, mas esta, por algum motivo, me
marcou bastante. O cara mais bonito do bar olhou para
mim, e lembro de me sentir a garota mais incrível da
cidade; e por isso o batom vermelho acabou sendo
borrado ao final da noite. Ficamos juntos por algum
tempo – eu, jurando ter encontrado o novo amor da
minha vida, e ele, mal se lembrando de me responder
durante o dia e me chamava para sair quando não
tinha outra coisa para fazer.
Ele tinha pose de badboy e rosto de problema, e
eu inconscientemente buscava isso em todos os lugares
por onde ia. Cheirava à perfume barato, usava camisa
de risca aberta como se fosse um boêmio dos anos 90,
tinha pinta de galã, conversava com o bar inteiro e
olhava no fundo dos meus olhos enquanto acendia o
cigarro. O cheiro dele tinha algo de dolorosamente
familiar e um vazio profundo em mim buscava nele
algo para me ancorar.
Aquele era um reencontro de uma época que eu
não me lembrava. Havíamos nos relacionado quando
eu não tinha nem 16 anos e, na época, eu mal dei bola
para ele. Alguns anos depois, ele sorria de canto com
cara de quem queria apenas se vingar. Eu sabia, e
gostei.

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Um tempo depois daquela noite em que terminamos
aos beijos no carro dele, fui à uma festa de Halloween
vestida de Mia Colucci. A gravata vermelha emprestada
de meu pai voltaria fedendo à cigarro e corote, e a
camisa branca já não era mais branca. Outra vez um
cara bonito olhou para mim e eu, tristemente
apaixonada pelo moço do bar, que agora era mais do
que isso, não beijei o quase desconhecido porque me
sentia envolvida com o outro.
Depois das 3 da manhã, mandei uma mensagem
apressada para ele, rasgando o coração e dizendo o
quanto eu o queria e sabia que não conseguiria ficar
com mais ninguém – e recebi uma mensagem quase
24h depois dizendo que não tínhamos nada e que
melhor assim.
Meu coração se partiu naquele dia, mas não foi a
primeira vez - e nem a última.
A separação dolorida de um longuíssimo
relacionamento de algumas semanas me tirara o chão,
e eu me arrastava pelos bares daquele bairro como se
procurasse alguém que eu ainda não conhecia - hoje,
sei bem Quem.
Neste mesmo final de semana, Bolsonaro foi eleito
o novo presidente do Brasil. O tal fulano do bar, era
militante esquerdista radical e feroz, e registrou
enormes postagens em seu facebook para ponderar

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suas opiniões com o resultado do 2º turno. Eu o achava
muito inteligente. Sua mente me intrigava e me
deixava ainda mais envolvida.
Ele era “pra frente”, livre, criatura leve e
descompromissada, que se importava com o país,
conhecia a história do Brasil de trás pra frente e era
um exímio participante de debates de política em
mesas de bar. Eu, cheia das minhas próprias
convicções, comentei cada um dos enormes posts que
ele havia feito, porque gostava de me sentir
inteligente também.
Minha família comemorava a eleição do novo
presidente, enquanto eu dormia chorando pensando
que nosso país estava prestes a virar uma ditadura
fascista e cruel. Dormi sem falar com meus pais,
sonhando poder abraçar meu amado mártir e chorar
com ele as pitangas do Brasil perdido. Corria em
minhas veias um desejo louco de fazer justiça (justiça
de quê? Para quem?). De ser ouvida. Reconhecida.
Aplaudida.
Fiz também minhas publicações no facebook e
fomentei inúmeras discussões contra a extrema direita
no twitter. Com o coração ferido, me senti heroína na
internet enquanto não lia nenhum livro de política e
não tinha a menor ideia de quais bons feitos poderia
realizar por meu país, e meus, já numerosos,

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seguidores me elogiavam com palavras que faziam
meu ego inflar. Meus tweets fervorosos e cheios de
coragem viralizavam enquanto eu me perguntava se
minha mãe não faria nada para eu jantar. A louça suja
na pia olhava para mim e eu torcia para que ela
magicamente se lavasse sozinha.
O Brasil estava perdido e os ricos capitalistas eram
os grandes culpados de tudo. Burro e ignorante era
absolutamente qualquer um que pensasse
diferente de mim – e ao lado da aba do twitter
aberta, eu pesquisava o preço do novo modelo de
iPhone. O mundo estava acabando.
Voltando alguns anos no tempo, percebo que
sempre me movi politicamente de acordo com quem eu
estava apaixonada. Até as músicas que eu ouvia, o
estilo das minhas roupas e as palavras que saiam da
minha boca, sempre eram sobre agradar alguém que
me saltasse os olhos. Eu nunca admiti isso antes, mas
enxergo perfeitamente como eu não sabia quem eu era
e minha personalidade era totalmente descartável.
Uma identidade corrompida por um desejo
desesperado de ser amada, de conhecer alguém que me
achasse linda e me visse com olhos que ninguém mais
via.
Essa era a minha dor. Eu me achava feia e sempre
briguei com o espelho.

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Passei anos querendo ser sempre a mais magra do
grupo, e depois a mais cheia de estilo. Não gostava do
meu nariz e procurava modelos de óculos gigantescos
que escondessem a minha aparência. Aprendi a gostar
do meu cabelo desesperadamente tentando gostar de
mim; comecei a ser ativa na internet porque tinha
certeza que, alguém, em algum lugar do mundo, me
acharia interessante.
Eu namorei por alguns anos um menino doce e
bondoso, que me achava a menina mais legal e bonita
da cidade. Apenas depois fui entender que não
correspondia aos sentimentos dele, mas, na época, por
medo e conforto, fiquei.
Ele era de esquerda, e sempre falava para mim
sobre um capitalismo diabólico, que roubava dinheiro
de criancinhas e mentia para todos enquanto seus
grandes chefes enchiam os bolsos de dinheiro e
deixavam o povo sem nada.
A solução era qualquer movimento esquerdista,
porque eles sim se importavam com as pessoas! Abaixo
aos ricos! Avante aos direitos do povo! Eu nunca fui
inocente e sabia pensar por mim mesma, mas
concordei com ele. E me indignei. Enquanto
arrotávamos o banquete da casa abastada da avó dele,
discutíamos sobre ciência, política, arte, cultura
popular e sonhos para um futuro enfrentando as forças

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do governo e nos movimentando a favor dos que
tinham menos que nós.
Perto do fim do namoro, eu frequentava a igreja da
minha mãe e podia jurar que tinha ouvido Deus me
dizendo para terminar. Lembro de sentir uma
certeza absoluta de que precisava terminar este
relacionamento e dar alguns passos em direção a Jesus,
que eu ainda não conhecia, mas algo em mim já O
desejava muito.
Foi com o fim deste namoro que eu, infelizmente,
me perdi ainda mais numa juventude boemia,
revoltada e cheia de sonhos de revolução. Conheci
homens militantes, que pareciam inteligentes e, depois
do caso do moço do bar citado acima, voltei a vagar por
aquela rua tão movimentada, pensando me divertir e
observando as minhas possibilidades.
Meses depois encontrei alguém que, por muito
tempo, me fez pensar ser o grande amor da minha
vida. Costumávamos rir muito juntos e eu não me
importava quando ele mentia na minha cara – e eu
sabia que ele fazia isso com bastante frequência. Eu
definitivamente sentia algo estranhamente doloroso
perto dele... Que me enlaçava de um jeito esquisito e, ao
me fazia saber sempre que ele deixava de falar a
verdade. Ele sumia aos finais de semana e me
procurava de segunda à quarta.

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Uma liberdade tosca me inundava enquanto eu
me sentia solteira, empoderada, livre e desejada de
quinta à sábado. Como ele não me procurava, eu me
sentia o máximo por não esperar nenhuma mensagem
e viver um romance cheio de liberdade.
Às vezes, aos domingos, eu ia ao culto com minha
mãe, e me sentia aliviada e perdoada depois de ter
feito tanta coisa durante a semana que eu sabia
que não deveria agradar o Deus que minha mãe
tanto amava.
Algum dia aconteceu de nos aproximarmos mais
e de passarmos os sábados juntos também. Foi neste
momento que acreditei que o que tínhamos era amor –
mas, graças a Deus, nunca fora nada nem perto disso.
Ele talvez tenha sido o choque que eu tanto precisava
para acordar. Hoje, reconhecendo a mão de Deus na
minha história, vejo a permissão divina diante de um
grande sofrimento me levando para o lugar mais
seguro e maravilhoso do mundo: a Cruz. (Mas, vou
chegar lá.)
Este relacionamento durou algum tempo e foi
talvez uma das experiências mais traumatizantes da
vida minha vida amorosa. Ele acabou me tendo nas
mãos por completo, e dominando minha mente com
ameaças, abusos e chantagens.

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Inúmeras noites ele me puniu com horas e horas
de silêncio, me humilhando e sumindo... E
provavelmente beijou outras meninas enquanto
estávamos juntos, e mentia para mim sobre
absolutamente todas as coisas. Enlouqueceu de ciúmes
várias vezes e me lembro de uma noite em que eu
chorava no carro enquanto implorava que ele me
perdoasse sobre algo que eu tinha certeza que não
tinha feito.
Em uma das nossas piores brigas, eu esperneei na
rua dizendo que nunca mais olharia para ele, e ele
chorou me pedindo perdão e dizendo que eu era a
mulher de sua vida. O perdoei. Menti para os meus
pais e, a lembrança que eu tenho daquela noite pós
briga, é uma das piores da minha vida.
Enquanto tudo isso acontecia, eu vendia na
internet uma imagem de força e empoderamento,
de confiança feminina. Levantava bandeiras
gigantescas de um movimento que eu jurava que fazia
algo por mim, e meu companheiro era quem mais me
aplaudia nestes posicionamentos. Ele concordava com
tudo e se dizia feminista também. Éramos elogiados
nas mesas de bar e eu me orgulhava, sem enxergar a
verdade da imoralidade sexual da qual eu desfrutava,
de um poder de identidade distorcido e de uma
convicção confusa sobre quem eu era.

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Eu me esforçava para ser feliz.
Mas eu era triste.
Eu estava morta, e mortos não podem ser
felizes.

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s
As verdades mentirosa
Meu primeiro contato lúcido com o feminismo
foi em uma aula de português do terceiro ano do
ensino médio. Não me lembro exatamente como foi,
nem o que foi dito, mas existe um registro deste dia em
meu Facebook; algum texto sobre como eu me sentia
injustiçada diante dos meus colegas meninos e como
eu gostaria de me sentir livre para andar na rua à
noite.
Nunca olhei para meus anseios de justiça como
egoístas, mas, muitas vezes, eu digitava e dizia
palavras completamente incoerentes com a vida que eu
levava. Ou amava demais as mulheres que eu
desconhecia, enquanto minha mãe fazia todas as coisas
da casa para mim, ou agia com enorme indiferença
diante das dores das minhas amigas próximas. No
fundo, era tudo sempre sobre mim.
Nunca quis estudar à fundo nenhuma das grandes
certezas que eu carregava. Meu máximo de
aprendizado vinha do Facebook e do Twitter, e eu me
sentia o maior exemplo de inteligência da vida
moderna – eu seria injusta em insinuar que todas as
meninas do mundo, que se dizem qualquer coisa

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politicamente, agem como eu agia, mas, a verdade é
que existe uma generosa parcela de meninas que são
como eu era, pouco interessadas em estudo e muito
interessadas em militância e lacração na internet a
qualquer custo. Poucas estão realmente preocupadas
com o que é importante.
Não há nada de errado com a tal liberdade de corpo
e de sexualidade – desde que você viva uma vida com
estes padrões morais – mas é simplista e inocente
demais pensar que usar roupas curtas e dormir com
sabeDeusquantos vai proporcionar à alguma mulher
uma vida de honra e respeito.
Homens imorais desejam mulheres que se expõem,
não exigem compromisso emocional e entregam a eles
o prazer momentâneo que eles desejam. Essa liberdade
libertina é exatamente a armadilha que uma parte
do feminismo contemporâneo militante e de
redes sociais prega para adolescentes confusas e
sem identidade.
Eu não enxergava nada disso, e vivia exibindo meu
corpo como se ele fosse uma vitrine. Os decotes nunca
preenchidos me enchiam de uma coragem
inacreditável e uma ou duas garrafinhas de corote me
deixavam pronta para ser exatamente aquilo que
qualquer garoto sem vergonha estivesse procurando.

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Quantas e quantas e quantas e quantas vezes fui
dormir depois de uma noite bagunçada sem me
lembrar do que tinha acontecido, confusa e fedendo, e
acordei arrependida, envergonhada e me sentindo um
lixo. Eu acreditava que aquela era a vida dos meus
sonhos: livre. Mas mal sabia eu o quanto eu estava
presa.
Apesar de estar expondo uma imagem muito triste
e radical da Vitoria que existiu um dia, eu sempre fui
bastante responsável em questões de trabalho, e muito
madura para a minha idade. Tive grandes feitos dos
quais me orgulho, como a gestão de uma loja inteira de
aluguel de vestidos de festa com apenas dezoito anos
de idade e trabalhos louváveis e extremamente
elogiados pela banca acadêmica nos anos da faculdade
de moda.
O grande momento de desvio e perdição aconteceu
em um período de dez meses, quando me vi solteira
pela primeira vez em quatro anos, e sem nenhuma
perspectiva de futuro semelhante ao que eu estava
sonhando até então. O fim de um relacionamento
estável e seguro me levou para a ruína; e a ironia é que
eu pensava que o namoro em si era o meu grande erro.
Nunca enxerguei as coisas como realmente eram,
e eu me lotei de grandes verdades mentirosas que
me intoxicaram por muito tempo.

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Eu acreditava que precisava me provar para as
pessoas, e que, o que definia quem eu era e o meu
futuro, era a aprovação dos homens na minha
vida. Ao me deparar com momentos em que os
homens me reprovaram, encontrei numa militância
imatura a resposta para o meu problema: me rebelar
contra os homens era a única possível solução para a
minha falta de confiança e necessidade de atenção de
todos eles.
Aos doze anos, desenvolvi anorexia após ser
rejeitada por um menino anos mais velho do que eu,
pelo qual tinha me apaixonado na internet. Depois
disso, muitas desilusões amorosas foram se sucedendo,
e, a cada nova decepção, mais uma convicção se
firmava em meu coração de que os homens nunca
iriam me aceitar completamente.
Fui uma adolescente apaixonada, sonhadora e
romântica que escrevia incansavelmente sobre
histórias de amor inventadas, porque, na verdade, as
que eu vivia eram sempre desastrosas. Algo em mim
me dizia que eu era ruim demais para que alguém
verdadeiramente se apaixonasse e me quisesse
para sempre.
Ao me deparar com o feminismo, encontrei as
respostas que eu precisava. Não que eu tenha me
encontrado com o verdadeiro feminismo, isso

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aconteceu somente depois de muito estudo após a
minha conversão, mas o que eu havia encontrado
parecia muito bom. Eu concordava com tudo o que lia
na internet.
Precisamos poder andar nas ruas em paz, não
sentir medo de pegar caronas em aplicativos ou taxis,
poder viver uma vida leve sem o abuso do patriarcado,
parar de sentir medo o tempo todo de ser estuprada ou
abusada, não precisar viver somente cuidando da casa,
poder sonhar com grandes cargos e salários, decidir
sobre o nosso corpo e ter a liberdade e a segurança de
fazer abortos se precisarmos, ter liberdade sexual e
outras tantas pautas conhecidas do movimento que,
superficialmente vistas, parecem muito justas.
Para uma menina ferida, machucada, com
medo e sem muita clareza sobre o futuro, o
feminismo era a resposta perfeita. E eu me agarrei
nele com todas as minhas forças.
Participei de manifestações e coletivos, fiz pesquisas
em grupos online e me cerquei de amigas que
compartilhavam dos mesmos ideais que eu. Me sentia
feliz e protegida, corajosa e cheia de possibilidades.
Logo vieram as outras certezas; os posicionamentos
óbvios políticos, carregados de ideologias e indignações
com o mundo capitalista em que vivemos. E aquela
frase conhecida fazia muito sentido para mim “o jovem

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que não é de esquerda, é um jovem sem coração”.
Parece justo. Parece honesto e de boa fama.
Parece bom e irrepreensível.
Por conta disso, vivi por meses em guerra declarada
com meus pais, uma vez que nossos posicionamentos
eram completamente opostos e as eleições se
aproximavam cada vez mais. O mundo caiu na minha
casa algumas vezes porque meus pais apoiavam
Bolsonaro e eu o detestava com todas as forças.
Achava que meus pais, que tanto me amaram e
cuidaram de mim e dos quais eu sabia que tinham um
caráter inegável, tinham se transformado em grandes
carrascos burgueses, que odiavam pobres e não tinham
coração. Porque quem tem coração, só pode odiar o
Bolsonaro e acatar posicionamentos progressistas – a
conta era lógica para mim.
Apesar de ser o grande cerne da minha vida na
época, a política e as ideologias não eram as únicas
verdades que me enganaram. Eu acreditei por muito
tempo em uma felicidade momentânea e irresponsável.
Embora estivesse bebendo pouquíssimo (mais para
nunca do que sempre) e poucas vezes tivesse
apresentado real interesse por drogas ilícitas, eu
infelizmente passei tempo demais acreditando que
essa era a única forma de se divertir.

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Não com os entorpecentes somente, mas com música
alta, lugares lotados e promiscuidade. Esse ambiente
me parecia o único lugar do mundo onde as pessoas
poderiam extravasar e encontrar riso verdadeiro. Os
únicos assuntos interessantes eram os de festas e
bebedeiras.
Neste tempo, fiz alguns amigos que me
apresentaram a maneira mais maluca de fazer festa.
Elas duravam de 12-16h e eu passei a sair somente com
eles. Todos eram militantes posicionados, e,
obviamente, os assuntos mais comentados eram
sempre os mesmos: sexo, bebida e política.
Eu estava imersa até os cabelos de uma realidade
revoltada, indignada e sempre pronta para achar
problema em qualquer fala, de qualquer pessoa. Tudo
me era problemático e eu buscava sempre o
politicamente correto. Eu era a primeira a apontar
qualquer ato machista, a levantar no meio da festa
para dar sermão em caras que me incomodavam e
sempre quem mais queria ter o que dizer sobre
qualquer assunto intelectual.
Uma das mentiras que eu carregava em meu
coração era que, quanto mais eu aparecesse e mais
fosse admirada pelas pessoas, mais eu iria me admirar.
Eu queria tanto, mas tanto, gostar de mim...

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que eu fazia de tudo para que as pessoas gostassem, já
que eu ainda não conseguia gostar.
A relação dolorosa que eu tinha comigo vinha de
um histórico longo de erros de uma juventude curiosa,
na qual eu não conseguia me perdoar das coisas que
havia feito. Me culpava por pessoas que havia beijado,
falas que tinha dito, brigas em que tinha entrado. Me
culpava por ter tido anorexia e pela conta absurda do
hospital de quando eu havia precisado ser internada,
me culpava por ter brigado tanto com meus pais
quando era mais nova. Me culpava por ter
decepcionado caras legais por quem tinha me
apaixonado, me culpava por manter amizades tóxicas e
por nunca conseguir me posicionar.
Minha vida era carregar uma mala gigantesca
de culpa e sabotar todos os meus relacionamentos
antes deles ruírem, para poder evitar novas decepções
e me defender de ser ferida novamente. As verdades
dentro de mim eram gigantescas e dolorosas, e eu as
carregava até a última instância. Mas, ainda bem,
todas essas verdades eram mentirosas.

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Noites frias
Algo curioso sobre a vida daqueles que andam
pelos bares é que ninguém ali está inteiro.
Ninguém sabe quem é, ninguém está verdadeiramente
feliz, ninguém tem perspectiva e, no fundo, todos
sabem disso; mas nunca vemos ninguém admitir.
Nenhum dos frequentadores assíduos das festas
mais cheias escolheria aquela vida para sempre, cheia
de boemia, descompromisso, descontrole e
instabilidade. Precisa existir uma perspectiva de futuro
onde não haverá mais festas diárias e bebedeiras
infinitas. Quando se pensa no tempo adiante, afirmo
que poucos diriam que viveriam nessa mesma situação
para sempre.
Qualquer uma das meninas de blusa cropped e
mini saia, paradas na rua e questionadas sobre o
futuro, responderia a mesma coisa: a felicidade não
está no solitário e nem na bebedeira; qualquer uma
trocaria todas as festas do mundo por um amor
verdadeiro que a fizesse feliz para sempre. As que
negam – e eu sei porque muito neguei – querem tanto
algo que se pareça com príncipe encantado quanto as

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meninas que nunca conheceram aquela vida e
decididamente proclamam seus sonhos romantizados.
Nestes ambientes de festa, é como se uma névoa
de mentira se agarrasse à mente das pessoas e as
enlaçasse para buracos ainda mais profundos em
busca da felicidade. Posso ir mais fundo e falar sobre
uma atmosfera demoníaca e espiritual que se apossa
das pessoas e permanece em lugares como potestades,
mas me manterei no racional para que fique mais
simples, uma vez que a verdade é óbvia e não é preciso
ir muito longe: uma droga após a outra, um corpo atrás
do outro, uma nova festa depois de uma outra festa, o
desejo não passa e nunca acaba, ninguém nunca fica
satisfeito, porque nada que seja terreno e passageiro é
capaz de preencher o buraco do Eterno que existe
dentro de nós, então sempre buscaremos por mais, e
nunca será o suficiente.

Uma das piores noites que vivi foi uma bagunça


generalizada e não consigo me lembrar de muita coisa.
Lembro das pessoas que estavam comigo e lembro de
uma confusão insuportável que me agarrou quando
deitei a cabeça no travesseiro perto das cinco da
manhã: eu não sabia direito onde estava – apesar de

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estar em casa e deitada em minha cama – não me
lembrava como havia chegado ali, não sabia por
quantos lugares tinha ido e exatamente o que eu tinha
feito ou o que tinha acontecido. No dia seguinte, minha
cabeça pesava uma tonelada e uma vergonha que eu
não sabia de onde vinha tomava meu corpo da cabeça
aos pés.
Eu nunca fui feliz neste tempo vagando. Eu não
sabia explicar o que faltava e, mesmo depois de tantas
manhãs cheias de vergonha, nada me impedia de
voltar e refazer meus passos. O vazio em mim era tão
grande que eu havia aprendido a lidar com ele e
mal o percebia mais... eu vivia noites iguais e cada
vez mais insaciáveis, e não sabia como, e nem porquê,
parar.
Eu não sei qual deve ser a sensação do vício que
drogas ilícitas geram, mas imagino que seja algo como
o buraco desesperador que eu tinha no peito noite após
noite. Uma festa mais entediante do que a outra e o
desejo ansioso por viagens mais longas, loucuras
maiores e decisões mais perigosas. Nunca era o
suficiente e nunca me saciava. Eu sempre precisava
de mais. Eu estava arruinada. Viciada
Quando conheci aquele que pensei ser o amor da
minha vida, entrei em um relacionamento abusivo que
eu jamais imaginarei que protagonizaria.

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Lucas (e aqui aviso que o nome foi mudado para
proteger a identidade verdadeira das pessoas
envolvidas) era galanteador e muito engraçado.
Sonhava com coisas que se pareciam com meus sonhos
e nunca, jamais, poderia me dar o futuro que eu queria
– que nesta altura do campeonato nem eu sabia o que
poderia ser este futuro.
Ele era um pouco burro em alguns aspectos, mas
muito inteligente para as coisas que importavam. Ele
achava que eu era propriedade dele e, algo nessa
sensação de ser desejada, cegou meus olhos e me
impediu de ver a verdade durante os meses que
ficamos juntos. Passei tanta coisa com ele que, só sobre
nossa história eu poderia me delongar por muitas
páginas.
Talvez um livro inteiro sairia inspirado em Lucas,
porque, pelo o que eu conheço do amor, o que eu senti
por ele foi algo até parecido, mas muito doentio e
desesperado. Eu sentia como ele prendesse ou liberasse
o fôlego dos meus pulmões. Nosso envolvimento foi
muito intenso para mim e eu me doei por completo,
sempre recebendo apenas algumas migalhas em
troca.
Chorei muito enquanto estávamos vivendo nosso
romance problemático. Comecei a ter algumas crises
de ansiedade e o Whatsapp me dava medo e desespero.

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Comecei, aos poucos, querer dominá-lo – porque
ele me dominava - e eu amava a sensação dominadora
de comprar até a comida dele. Fazia total sentido com
meu discurso empoderado e cheio de independência
financeira. O que não fazia sentido eram as
sensações de insegurança constantes e o medo
gigantesco dele achar que eu sempre estava falando
com outro e o traindo.
Uma vez ele me disse em tom de brincadeira que,
quem sabe em um ano, a gente poderia começar a
namorar. “Nosso lance é livre” era o que ele me dizia.
Mas não era livre para mim, eu me sentia presa,
fisgada.
Hoje, quando me lembro dessa história, não acho
que teria coragem de apresenta-lo aos meus pais. Eu
olhava para ele com olhos vendados pela paixão, mas
sabia que ele não era exatamente o que eu esperava em
alguém para namorar. Ele era irresponsável e imaturo,
e eu muitas vezes cuidei dele como se eu fosse sua mãe.
Ele dominava minha mente e me fazia pensar
que não existia vida e nem esperança para mim
sem ele, e, por isso, agradeço profundamente a Deus
por ter mostrado aos meus amigos o relacionamento
que eu estava vivendo, porque, se eu não tivesse uma
rede de pessoas de confiança constantemente
repetindo que

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que ele não prestava, eu jamais teria tido a coragem de
sair da casa dele sem olhar para trás na quarta-feira de
cinzas de 2019.

Uma das minhas grandes e constantes dores era a


da convicção da vida dupla que eu levava. Volto a dizer
que eu sei que o tom que dou para a Vitoria do passado
nestes textos parece muito radical e mais boêmio do
que realmente foi; isso porque, ao olhar para trás, vejo
tudo com cores escuras e percebo a distorção que eu
mesma enxergava a vida que levava. Não me envolvi
com drogas, não bebia sempre, não fui tão libertina e
imoral sexualmente quanto parece, mas tudo o que
aconteceu foi profundo demais e as marcas eram cada
vez mais dolorosas. Eu estava quebrada, minha vida
escorria pelos meus dedos e eu não conseguia segurá-
la, e tudo em mim refletia isso.
Algo interessante que notei recentemente,
assistindo vídeos antigos no Youtube e vendo fotos no
Instagram, é o quanto o meu cabelo era desidratado e
sem vida nesta época. Nunca fiz procedimentos
químicos nele, tampouco hidratações profissionais, e
não me lembro de nenhum cuidado diferenciado desde
que conheci Jesus, mas é inegável o quanto meu
cabelo foi transformado.

30
Parece que vida irrompeu por ele... e é verdade que isso
realmente aconteceu.
Lembro de uma amiga que sempre me dizia, em
tom de brincadeira, que o cabelo era mais um órgão
sexual nas mulheres. Sempre o usamos para seduzir e
convidar - ou afastar - os homens, sendo talvez uma
das primeiras coisas que chamam atenção em uma
mulher. Ele é símbolo de feminilidade e, com
exceções, nos ajuda a distinguir o sexo das
pessoas. O cabelo das mulheres é alvo de olhares e de
interesse e sempre impacta, de uma forma ou de outra,
aquele que o observa.
Analisando meu cabelo no ano de 2018, noto o
quanto ele parecia descuidado e fazia da minha
imagem algo desleixado e, até mesmo, sujo. Ele era
quebradiço, desgrenhado e aparentava estar sempre
despenteado. Não sei o quanto dessa minha
interpretação é puro julgamento vindo de quem
conhece o que acontecia por dentro, ou verdadeiro
discernimento do quanto o que somos por dentro
transbordamos por fora – mesmo sem querer. Eu
estava suja, perdida, usada e maltratada. E era
exatamente essa a aparência do meu cabelo.
O curioso é que eu não tenho nenhuma recordação
de olhar para ele e ter essa impressão tão ruim do
verdadeiro estado em que ele se encontrava.

31
Lembro-me, inclusive, de amá-lo e sempre me gabar de
como tinha lindos cabelos longos e levemente
ondulados. Hoje, posso afirmar que o não
reconhecimento de como meu cabelo realmente era, é
totalmente equivalente à minha cegueira espiritual e
falta de entendimento de quão profundo era o buraco
em que eu estava. O cabelo era só o pico do iceberg - a
verdade encoberta era muito pior.
Antes desta temporada, quando por cinco longos
anos enfrentei uma batalha à duras penas contra a
anorexia, lembro-me de também ter apagado da
minha memória, e dos meus olhos, a verdade
refletida no espelho. Não sei, talvez esta seja uma
forma que meu cérebro desenvolveu para se proteger,
mas não foi apenas uma vez em que, na minha vida, eu
me deparei com uma profunda distorção da imagem de
quem eu era.
Com os distúrbios alimentares, me enxerguei com
muitos números à mais do que os que olhavam para
mim na balança. Fui internada no inverno de 2013
pesando 42kg, com 1,73m de altura. O horror na face
dos meus pais naquela época nunca teve significado
para mim, porque sempre que eu olhava no espelho, eu
me via pesando, pelo menos, uns 25kg à mais do que
realmente pesava.

32
Pensava que meus pais exageravam e que eu precisava
continuar lutando contra a balança porque ela sim era
minha inimiga. Infelizmente, demorei tempo demais
para entender que eu era a minha maior inimiga,
totalmente cega e confundida pelas mentiras de
satanás neste mundo cheio de aflições.
Anos depois, olho as fotos da época da internação
e me choco com a verdade revelada: eu realmente
era de uma forma que nunca, em nenhum momento,
havia me enxergado. Não tenho nenhuma lembrança
de me olhar no espelho e ver meu corpo esquelético
refletido, e contar hoje a história do meu distúrbio
alimentar parece muito irreal e desconectado de mim.
Todos me falavam e alertavam, mas eu era incapaz de
ver. Decidi não olhar para as imagens deste tempo e
apaguei tudo que eu pude, e, com a minha conversão,
misericordiosamente meu Amado Jesus apagou
estas recordações dolorosas e a sede insaciável de
ver, cada vez mais, meus ossos através da pele.
Quando penso no meu relacionamento com Lucas
e como também demorei para ver a verdade, me
deparo novamente com essa distorção da realidade em
que eu me submetia. Algo em mim odiava tanto a vida
que eu levava, que, desde sempre, distorceu tudo para
parecer melhor.

33
Minha primeira consulta ao oftalmologista foi aos 8
anos de idade. Desde aquele dia precisei usar óculos. Já
são dezessete anos com eles e não sei quem eu seria se
nunca os tivesse descoberto. Tenho muitos graus de
miopia e não enxergo nada ao meu redor sem a ajuda
terceirizada destas lentes, que sempre me salvaram e
me impediram de cair e tropeçar inúmeras vezes na
rua.
Queria eu ter descoberto antes que eu
precisava de outras lentes também, as do
Evangelho, para me salvar de tamanha cegueira
espiritual e me impedir de cair tão fundo em lugares
que não precisava sequer ter conhecido.

Foram inúmeras as noites quentes que se


tornaram frias para mim. Foram semanas e
semanas com finais idênticos: chegando em casa
fedendo à cigarro e álcool, caindo na cama sem
nenhum propósito ou plano para o dia seguinte, e
chorando baixinho com medo do que poderia vir.
Acordava confusa, tentava fazer da noite anterior algo
engraçado... mas, no fundo eu sabia que eu estava
estagnada, perdida e amedrontada, sem nenhum tipo
de segurança ou esperança nos dias seguintes.

34
Um ano antes de conhecer Lucas, tinha me
envolvido com um brasileiro jogador de handebol que
morava na Hungria e era o maior dos galanteadores
que eu já havia conhecido. Ele estava na cidade por
apenas um final de semana e foi o suficiente para eu
cair em sua lábia e jurar que viveríamos um lindo
amor de verão que marcaria nossas vidas para sempre.
Ele tinha uma beleza fora do normal (e aqui eu
sei que não estou exagerando), e eu me enredei por
seus encantos. Tinha quase 2m de altura, cabelos
encaracolados na altura dos ombros à lá Harry Styles, e
sabia exatamente quais palavras dizer e quando dizer.
Era fácil com ele, porque ele sabia o que queria – e
sabia dizer o que eu queria ouvir também. Nós
passamos dois dias juntos e rimos muito nesse tempo.
Ele me contou várias histórias da Europa e eu fiquei
me imaginando indo visita-lo na Hungria.
Não demorou muito para eu descobrir que mais
algumas três ou quatro meninas estavam com o
mesmo sonho de romance europeu que eu. E, pensando
na postura do jogador e como ele agiu comigo, logo
imaginei como ele teria agido com as outras e então me
enchi de medo de qualquer tipo de DST que poderia
estar em mim.

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Errei em muitos níveis nessa história e lembro
dela com muita dor e pesar pela Vitoria do passado. Na
mesma semana, acordei de madrugada aterrorizada de
medo pela minha vida. Ajoelhei-me no quarto e falei
com Deus pela primeira vez em um longo tempo,
talvez anos. Implorei para não ter contraído
nenhuma doença e jurei fidelidade eterna a Deus se eu
estivesse sem nenhuma contaminação. Lembro de
chorar copiosamente pensando de qual maneira me
explicaria aos meus pais se o pior tivesse acontecido, e,
como se Deus me fizesse esse favor, Ele nunca se
arrependeria e eu seria uma serva incrível para Ele.
O resto da história você já deve imaginar: fiz
exames, todos negativos e minha saúde estava perfeita.
Mas minha fidelidade ao Senhor estava longe, bem
longe, de começar. Um minuto depois de ler o
resultado do teste e de conversar com a médica já
havia me esquecido completamente de qualquer
promessa que poderia ter feito em alguma madrugada
cheia de temor...
As noites frias continuaram por muito mais tempo.
Foram incontáveis.
Até que ouvi meu nome ser chamado por
Aquele que tem a única voz verdadeiramente
inconfundível e, desde então, todas as noites são
quentes.

36
O Encontro
Era dia 6 de março de 2019, quarta-feira de cinzas,
e Lucas tinha mentido para mim de novo. A última
noite tinha sido horrível e eu estava emocionalmente
devastada. Cheguei em casa pela hora do almoço, sem
saber o que dizer para meus pais, fui para o quarto e ali
fiquei até provavelmente o final do dia – já não me
lembro bem dos detalhes. Os acontecimentos voltam
em minha mente como um caleidoscópio de memórias
e eu preciso me esforçar para lembrar a ordem de cada
um deles.
No dia anterior, eu e algumas amigas estávamos
procurando um bloco de carnaval para ir. Todos
estavam fechados e terminantemente proibidos de
acontecer pelo decreto da prefeitura que havia
cancelado o carnaval, por motivos sanitários da cidade.
Acabamos encontrando uma festa clandestina no final
de uma rodovia, numa pista de Kart totalmente isolada
e distante do centro, e, aparentemente, todos os jovens
da região haviam encontrado a mesma festa. Tinha
combinado de me encontrar com Lucas e, enquanto ele
não chegava, eu me divertia com meus amigos.

37
O começo da festa foi uma explosão de alegria para
mim. Lembro de rir muito e de rapidamente já estar
fora da sobriedade. Faziam alguns bons meses que eu
não bebia nada de álcool e decidi interromper este
jejum ali no carnaval. Fiquei fora de mim e fiz amizade
com a festa inteira, conversando com desconhecidos e
dançando com pessoas que jamais voltei a ver na vida
– e tampouco me lembro dos rostos.
Marchinhas tocavam ao fundo e eu sempre me
perdia das minhas amigas por não conseguir ficar
parada. Eu estava em polvorosa e corria de um lado
para o outro, como se fosse explodir de empolgação.
Lucas não chegava nunca e, quando chegou, ficou
horrorizado com meu estado.
De todas as vezes que saímos, ele era quem bebia
e eu quem cuidava dele. E ele, chegando sóbrio e me
encontrando alcoolizada, se indignou por precisar
cuidar de mim. Logo já iniciou um escândalo, dizendo
que eu tinha estragado o dia dele e que não queria
mais me ver. Lembro de gritar com ele na frente de
todo mundo, dizendo que eu estava me divertindo e
que ele não iria mudar isso. Disse que quem não queria
saber dele era eu, e então ele agarrou meu braço e me
arrastou para fora da festa.

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Ele me levou embora contra a minha vontade
e pagou pelo meu celular, com meu cartão de crédito,
uma corrida de Uber de quase setenta reais – e jamais
se ofereceu para devolver nem dez reais do valor desta
corrida.
Brigamos dentro do carro e brigamos na rua
quando chegamos no destino. Eu não conseguia olhar
para ele, e de repente tudo parecia absolutamente
errado.
O efeito do álcool havia passado completamente,
e enquanto ele se aproximava para me beijar eu
gritava e implorava para ele não me tocar. Comecei a
pedir um novo motorista pelo aplicativo para ir para
casa, quando ele me impediu, chorando, me abraçando,
pedindo perdão e dizendo que já não sabia mais viver
sem mim.

No dia seguinte minha cabeça girava e um nojo


insuportável percorria minha pele. Meu corpo não
parecia meu e tudo parecia desconexo e fora do
lugar. Eu olhava ao redor e não reconhecia nada,
sentia medo e desespero, querendo fugir. O ambiente
era muito familiar, mas eu não me sentia mais
pertencente ali.

39
As cores pareciam opacas e os barulhos incômodos
demais. Quando lembro dessa sensação, penso que
talvez eu tenha vivido uma experiência extracorpórea,
porque nada do que eu tocava ou fazia parecia que
estava sendo tocado ou feito por mim. Eu olhava para
Lucas dormindo e pensava: o que eu estou fazendo
aqui?
Não posso afirmar que ouvi algo, mas sentia, de
certa forma próxima aos meus ouvidos, como se
alguém me dissesse em alto e bom tom: vá embora daí.
E eu obedeci.

Horas depois, escondida em meu quarto e inundada


por uma vergonha quase inexplicável, recebi uma
mensagem de Lucas me dizendo que ele estava
voltando para a cidade da família dele e não poderia
sair comigo. Respirei aliviada como se um peso saísse
dos meus ombros, porque a última coisa que eu queria
era vê-lo.
Minha mente ainda estava muito confusa e eu
sentia um profundo horror só de pensar em estar perto
dele novamente. Eu precisava entender o que estava
sentindo e organizar meus pensamentos. Não tinha
ideia do que havia me mandado embora de perto dele
naquele dia mais cedo.

40
Já tinha tomado três banhos. Uma urgência
desesperada me tomava querendo arrancar da minha
pele qualquer vestígio da noite anterior. Eu me sentia
suja e vazia, como se uma gosma de sujeira estivesse
grudada em meus braços e pernas. Era algo tão
verdadeiro que eu não me lembro de ter saído do
quarto para falar com meus pais naquele dia, tamanha
era a minha vergonha. Eu nem conseguia chorar.
No meio da tarde, assistindo as atualizações dos
amigos nos Stories do Instagram, vi no perfil de um dos
melhores amigos de Lucas que ele estava fazendo uma
festa com meninas e bebidas na sua casa em Maringá.
Ele não havia voltado para a casa dos pais. Estava
exatamente onde o deixei naquele dia cedo, e,
mais uma vez, mentia para mim.
Não sei explicar qual o sentimento que invadiu
meu corpo naquele momento. Enviei imediatamente
uma mensagem para ele terminando tudo e dizendo
que não queria mais vê-lo. Desliguei o celular e fiquei
dias fugindo dele – dias que, depois, se tornaram
longos meses de uma perseguição espiritual que
precisei enfrentar... Mas, essa história fica para uma
próxima.
Com a cabeça girando de decepção e como se de
uma vez eu fosse inundada por uma enchente de

41
informações que antes minha mente se recusava a
processar, em minutos eu comecei a enxergar tudo. Vi
os abusos, os traumas, as humilhações, os descasos e
tantas coisas que não enxerguei nos últimos meses que
havia vivido. Meu coração estava partido e uma culpa
gigantesca caía sobre meus ombros: mais uma vez eu
havia errado e sido burra demais.
Tenho uma lembrança muito rasa do que
aconteceu nas horas seguintes. Fiquei engasgada num
turbilhão de sentimento por horas e, quando dei por
mim, estava procurando algo para assistir no YouTube
para tentar desviar minha mente de tanto tumulto e
desalinhamento.
Antes que eu conte o que aconteceu em seguida,
preciso frisar algo muito importante para o decorrer
desta história: eu estava afastada da igreja há meses e
nunca mais havia aberto nenhum tipo de conteúdo
cristão na internet. Nada nem próximo a isso, como
autoajuda ou um podcast com convidados religiosos.
Nada. Não havia nenhum rastro de envolvimento com
Deus nas minhas buscas na internet, meu Spotify só
registrava funk e pagode, e eu mal me lembrava que
existia um mundo apaixonado por Jesus que tinha
portas abertas tão perto de mim - dentro da minha
casa, do outro lado do corredor.

42
Meu mundo estava tão pequeno e individualista,
que eu mal cogitava a existência de Deus, apenas a
ignorava, vivendo minha vida à bel-prazer e
consumindo entretenimento longe de toda e qualquer
proximidade bíblica.
Eu nem sabia quem era Priscilla Alcântara ou
Dunamis Movement.
Curiosamente, neste dia e neste exato momento
de desespero em busca de alívio e descanso, o
algoritmo do Youtube decidiu me recomendar uma
apresentação brasileira cristã em território
estadunidense: o Brasil se apresentando no The Send
Orlando – que eu não tinha a menor ideia do que se
tratava.
Era uma live de um trecho recortado do evento
que havia acontecido ao vivo na semana anterior, e eu,
por algum motivo do qual realmente não consigo me
lembrar, abri o vídeo bem no momento em que
Priscilla Alcântara repetia “eu quero conhecer Jesus”.
Eu fiquei quinze minutos parada como uma
estátua encarando a tela do notebook e sentindo como
se meu corpo fosse derreter. Enquanto a mulher, que
eu apenas conhecia como a antiga apresentadora do
Bom Dia & Cia, cantava apaixonadamente sobre Jesus,

43
minha alma gritava de alegria e meu espírito,
adormecido, acordava desesperado pelo seu
Amado.
Ouvi o Senhor chamar meu nome naquele final de
tarde de quarta-feira de cinzas. Uma voz forte e
bondosa dizia as sete letras de “Vitoria” com uma
intimidade e conhecimento que eu nunca havia
escutado antes. Eu sabia que não era minha
imaginação, nem coisas da minha cabeça. Este foi o
momento que me acordou.
Era como se eu estivesse dormindo até então, e
naquele instante recebi uma onda de choque que me
despertou. As cores, que antes estavam opacas,
ganharam força e cor. Os barulhos que chacoalhavam
minha mente silenciaram, e as ondas que pareciam me
afogar no ápice do meu turbilhão, viraram calmaria
completa.
Eu estava entrando em Casa. Jesus fez o apelo e
eu aceitei – sem nem entender o que estava fazendo.
Eu só sabia dizer sim.
O Deus vivo se agradou de mim no meu
abismo, me puxou pela mão me arrancando de
uma escuridão tremenda e me fez viver.
A voz do meu Amado gerou tamanho senso de
pertencimento em mim, que o vazio imediatamente se

44
encheu, e toda a dor que me rasgava o peito dava
espaço para uma corrente quente que cortava meu
corpo e me dava uma alegria que eu nem sabia
que existia.
Eu me apaixonei bem ali, no chão do meu quarto,
afundada em lágrimas, assustada e me sentindo
totalmente sem valor.
Apenas uma única palavra do meu Senhor
Jesus mudou a minha vida para sempre. Eu O
reconheci, mas Ele já me conhecia há muito tempo. Foi
lindo, porque o meu Amado me amou primeiro.

"Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras?


Quem buscas? Ela, cuidando que era o
hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste,
dize-me onde o puseste, e eu o levarei.
Disse-lhe Jesus: Maria!
Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni, que
quer dizer: Mestre."

João 20:15,16
.

45
Meu Jesus não
pode pensar assim
Comecei minha caminhada com Jesus sem ter a
menor ideia de como se lia a bíblia e o que ela queria
dizer com tantas guerras, ira de Deus e assassinatos à
sangue frio. Na verdade, não acreditava muito que a
Bíblia realmente era a Palavra de Deus e, quase
todos os dias me deparava com coisas chocantes que
me deixavam desesperada pensando que talvez eu não
precisasse tanto assim da bíblia para amar Jesus... né?
Em silêncio eu tentava me convencer de que eu
não precisava ser uma cristã como os outros cristãos
que eu conhecia. Tudo bem se eu não fosse à igreja
toda semana ou se eu não concordasse tanto com a
Bíblia. O que importava era o que Jesus dizia e que
Ele me amava e eu tanto O amava. Por isso, passei
meses lendo apenas Mateus, Marcos, Lucas e João e
com mil perguntas na cabeça sobre o que Jesus queria
dizer com “dê a Cesar o que é de Cesar”, que “os que
tivessem ouvidos que ouvissem” e que tínhamos que
perdoar tantas e tantas vezes quem nos fazia mal.
Às vezes lia Salmos, e gostava muito das histórias
de Genesis, mas sempre encontrava coisas que não

46
faziam sentido com o meu Jesus, Aquele bondoso Deus
que havia me encontrado no meu quarto e dito meu
nome de forma tão clara e amorosa.
A bíblia que eu lia era uma edição da adolescente,
tradução NTLH, que eu havia ganhado de minha mãe
quase cinco anos antes – muito antes de eu sonhar
conhecer Jesus. Sua fé inabalável nunca desistiu da
certeza de que um dia o seu Deus me encontraria,
e isso fez com que ela sempre semeasse em minha vida,
como comprando esta bíblia para mim. A linguagem
era muito fácil e eu me alegrava em entender o que as
palavras diziam, mas não entendia por que elas diziam
o que diziam. Deus não era amor?
Não me esqueço da primeira vez que li na bíblia
sobre a homossexualidade. Lembro de ficar dias
pensativa e confusa, pensando que talvez a bíblia
realmente tivesse sido escrita por homens
preconceituosos e que ela já não servia tanto como
antigamente. O que mais me confrontava era que eu
não havia lido essa passagem em Levítico 20, passagem
do antigo testamento, mas em Romanos 1, depois de
Jesus, bem no novo testamento, que era a parte boa e
que eu gostava da bíblia.
Entretanto, enquanto as dúvidas genuínas
borbulhavam em minha mente, simultaneamente

47
eu sentia crescendo em mim um desejo desesperado
para provar de novo da Presença do meu Amado.
Comecei a frequentar assiduamente a igreja com
a minha mãe, levava caderninhos em que anotava
todas as coisas incríveis que o pastor falava sobre Deus,
ficava emocionada e muito tocada nos momentos de
adoração, e fui em praticamente todos os apelos de
todos os cultos que frequentei no início da minha
conversão – porque eu morria de medo de Jesus ir
embora do meu coração e eu queria ter certeza que Ele
sabia que sim, eu queria Ele comigo. Jesus era tudo que
eu queria e tudo que me interessava.
As vezes eu fazia perguntas para minha mãe e
ela, sempre cheia de sabedoria, pouquíssimas vezes me
deu respostas curtas e prontas. Na maioria das vezes
ela conversava comigo com paciência, e depois me
instigava a perguntar para o Espírito Santo o que Ele
pensava e tinha a me dizer. Eu tinha - e ainda tenho -
nela o maior exemplo de fidelidade à Deus, e aquilo me
inspirava muito a busca-Lo com mais fome e sede.
Nosso relacionamento tinha mudado completamente e
naquele tempo eu já olhava para ela com convicção de
que tinha em casa minha melhor amiga.
Tivemos inúmeras conversas em que ela me
contava histórias bíblicas, e meus olhos, pouco a
pouco,

48
iam recebendo uma nova perspectiva da Palavra de
Deus.
Embora meu coração estivesse mais aberto para
entender a bíblia, muito maiores eram os meus
questionamentos sobre ela. Não conseguia entender
por que o Deus tão bondoso que eu havia conhecido
pessoalmente não gostava dos gays e
menosprezava as mulheres.
Lia histórias e mais histórias na bíblia que
quebravam meu coração e me faziam constatar que
tudo que eu tinha ouvido no mundo era real: ela
era preconceituosa e machista. Eu estava com as
lentes trocadas e ainda enxergava tudo por um filtro
que dominava minha forma de pensar. Tudo ainda
parecia errado porque meus valores e princípios
estavam errados.
As passagens que diziam que as mulheres não
podiam falar na igreja, ou que deviam sempre cobrir
sua cabeça com véu, me enchiam de uma profunda
tristeza porque não fazia sentido com nada que eu
achava estar buscando. Me lembrava das certezas que
o mundo tinha me dado e não me convencia de que, a
voz que eu tanto lutei para conquistar, precisava ser
calada no lugar que eu mais desejava estar.
Tinha certeza que Jesus concordava comigo e que,
se Ele estivesse aqui

49
em carne hoje, definitivamente lutaria pela causa
feminista e militaria pelos LGBTQIA+. Eu apostava
que Ele discordava de Paulo, e o apóstolo aos poucos
perdia minha confiança com suas afirmações que me
pareciam ser tão misóginas, preconceituosas e
ultrapassadas.
A submissão da mulher ao homem no
casamento era algo simplesmente inconcebível
para mim. Sabia que eu era igual a um homem diante
de Deus e que eu jamais deveria me humilhar para
meu marido me amar. Era um tópico que eu nem
entrava e descansava sabendo que Jesus concordava
comigo. Minha visão estava tão machucada e ferida
que todas essas questões entravam em colapso com
meu amor por Jesus, e eu, inúmeras vezes, pensei em
“deixar isso de ser crente para lá”.

Neste tempo de confusão, encontrei muitas


influências ruins no meio do caminho. Descobri da
pior forma o quanto somos enganados se não
conhecemos a Verdade e não estudamos a bíblia com
afinco e paixão. É verdade aquilo que o Senhor diz em
Oseias 4:6: nós perecemos por falta de conhecimento,
porque esta falta nos impede de reconhecer a verdade

50
e nos afastar de todos os falsos profetas que nos levam
para os caminhos que distorcem a Palavra de Deus.
Por um tempo frequentei um movimento que
pregava a Teologia da hiper Graça, e neste lugar tive
minha cabeça ainda mais confundida. Eles eram
cheios de amor e diziam o tempo todo o quanto
preferiam errar por amar demais do que por amar “de
menos”.
Acolhiam todas as pessoas, todos sem nunca
mudar de vida e deixar o pecado, e era tudo muito
lindo. Os ministros de louvor se envolviam com
imoralidade sexual e bebedeiras, e os líderes do
movimento diziam que Jesus já tinha morrido na
cruz por cada um destes pecados e não cabia a nós
julgar ninguém.
A verdade era que a bíblia não regia aquelas
pessoas, mas uma ferida não curada proveniente de
um falso Jesus criado (no qual Ele é Salvador, mas
nunca Senhor) fazia com que os líderes, tão amorosos,
levassem pessoas para buracos do engano onde nunca
iriam se libertar do jugo do pecado.
Um alerta soou em minha cabeça quando, em
uma reunião de liderança, que ouvi a líder e fundadora
do movimento afirmando que Jesus fumaria maconha
para conquistar o coração de alguém.

51
Aquela afirmação tão horrorosa e deturpada
sobre Jesus levantou uma questão na minha
cabeça e eu comecei a refletir sobre como não me
parecia coerente um Deus tão Santo usar drogas para
convencer um homem pecador. Eu sabia o que as
drogas faziam com as pessoas (eu tinha tido muitos
relacionamentos com pessoas perdidas nos vícios) e
este conhecimento me mostrava quão inescrupulosa
era aquela afirmação. Jesus jamais pecaria.
O coração faminto e ingênuo de muitos de nós
que participávamos nunca foi deixado pelo Senhor e
Ele, com Sua infinita misericórdia, tocou
profundamente muitos que O buscavam com coração
quebrantado naquele lugar e com muita bondade
moveu coisas lindas entre nós.
Muitos, assim como eu, tiveram a revelação da
Verdade e acabaram deixando o movimento por
entenderem as incoerências relacionadas à bíblia e
tiveram as vidas transformadas e longe do pecado
depois disso. Deus tem misericórdia e não
abandona aqueles que O amam, e o Bom Pastor
chama suas ovelhas para seu aprisco e as protege.

52
Minha busca por respostas e por entendimento
durou meses e muitas coisas eu escolhi ignorar.
Lembro de quantos conselhos absurdos eu dei a
pessoas que estavam tão perdidas quanto eu, com
afirmações completamente antibíblicas.
Achava que fazer sexo antes do casamento não era
pecado, apenas para quem o julgava desta forma – uma
questão de interpretação teológica e que cada um fazia
o que bem entendia. Tinha certeza que Deus abençoava
casamentos homossexuais porque Ele é amor e o amor
deve ser vivido e celebrado. Não demorava em afirmar
que a submissão da mulher no casamento não era para
este século, que Deus entendia o aborto porque cada
mulher sabe dos desafios que vive e sofre e que, com
certeza absoluta, Jesus, se tivesse nascido em 2019,
seria feminista e de esquerda.
Meu coração estava cheio de uma fé genuína de
que tudo aquilo fazia total sentido, e por muito tempo
eu caminhei confiante nessas verdades mentirosas.
Pensar que meu Jesus, tão bondoso e cuidadoso,
pensaria tão pouco das mulheres quanto eu pensava
que a bíblia dizia, era inaceitável e, por algum motivo,
pessoas tinham sido enganadas por anos e poucas
mulheres da nova geração tinham entendido que Jesus
estava do nosso lado e não do lado de homens
opressores.

53
A sociedade patriarcal, que é tão injusta, não
poderia refletir o coração do meu Deus. Meu Deus
era refúgio, não acusador e cruel. Meu Jesus amava
as mulheres! Ele protegeu a mulher adultera, meu
Deus do céu! Eu tinha o coração cheio de indignações
que me pareciam santas dizendo: “a bíblia não precisa
ser inteiramente creditada, você não precisa seguir ela
por inteiro, Jesus quer que você seja empoderada e
forte! Jesus é maravilhoso, o que estraga é o fã clube.
Ele quer que tenha igualdade no seu casamento e
nunca, jamais, você se submeta a um homem!”
Mas eu não sabia o que estava falando ou
pensando. Toda a minha indignação partia de um
coração ferido que não conhecia o que a Palavra de
Deus realmente dizia. Meus olhos estavam cobertos
por um véu que deixava tudo nebuloso, e o filtro do
meu coração estava ainda seguindo a régua dos
padrões amorais do mundo, e não dos princípios e
valores do cristianismo.
Até então, eu havia conhecido uma face da
Presença de Deus, mas ainda não conhecia Seu
coração, Quem Ele realmente é e o que O agrada.
Foi no meio dessa confusão de pensamentos e
expectativas sobre Deus,

54
que eu mal sabia que estava prestes a mergulhar de
cabeça numa longa jornada de conhecimento,
revelação, confronto, misericórdia e Graça em
busca das minhas respostas.

55
Uma oração perigosa
Queria me lembrar da data exata em que os
acontecimentos que estou prestes a narrar
aconteceram. Tenho certeza que foi próximo ao final
do ano de 2019, talvez entre agosto e setembro,
enquanto eu ainda caminhava por caminhos cheios de
dúvidas e incertezas sobre a fé.
Até este momento eu já tinha vivido inúmeros
momentos inesquecíveis com Deus, e estava em lugares
mais profundos, caminhando para mais perto Dele e
com um pouco mais de noção bíblica e um certo
interesse em teologia. Eu já tinha provado da Sua
infinita misericórdia e conhecido novos lugares em Sua
Presença.
Tinha servido em eventos, entrado para um
ministério evangelístico dentro da minha universidade
(Dunamis Pockets), pregado em um culto deles e
conduzido encontros do pequeno grupo (célula) da
igreja que eu às vezes frequentava – e que hoje é a
minha igreja na cidade de Maringá.
A esta altura, eu já sabia que meus pensamentos
ideológicos estavam realmente mais distantes de
Jesus do que eu imaginava, mas ainda não tinha

56
entendido verdadeiramente o que toda a minha
confusão representava. Sempre que eu tinha lugar para
falar em reuniões com mais cristãos eu pisava em ovos
e fugia destes temas falando muito mais sobre o Amor
de Jesus, porque era algo que eu conhecia e
experimentava.
Mas, já havia um tempo que meu coração
queimava por mais conhecimento de quem Deus
era, e as verdades bíblicas naturalmente começaram a
me confrontar sobre quem eu era também. É
impossível experimentar da santidade de Deus e
não querer refleti-la em nossa vida, e esta
convicção começou a me empurrar para um lugar fora
da minha zona de conforto, e me pedia por mais
conhecimento e profundidade teológica.
Entendi o sacrifício de Jesus na cruz e, por isso,
não queria mais aceitar viver em nenhum tipo de
pecado! A mudança na minha mente começou a
acontecer gradativamente, ao passo que minha fome
por Deus também crescia.
Eu passava o dia inteiro assistindo pregações de
inúmeros homens e mulheres de Deus e passei a
frequentar muitas igrejas, uma mais séria e
apaixonada pela Palavra do que a outra. Passava todas
as sextas-feiras em vigílias até altas horas da
madrugada,

57
e conheci pessoas incríveis que só me motivaram a
conhecer e buscar ainda mais do coração de Deus e as
verdades da bíblia.
Foi neste tempo de fome profunda e insaciável
que, enquanto assistia uma pregação da Alexandra
Abrantes, me deparei com uma frase dela que
automaticamente reconheci como machista. Fazia
algum tempo que o tema do feminismo não me saltava
os olhos e o movimento não parecia mais ter relevância
para mim, porque Jesus estava preenchendo todos os
meus anseios humanos, mas, naquele dia, alguma coisa
se aguçou em mim e eu me senti ferida de novo –
mesmo que em uma dosagem menor.
Neste dia, confusa com Alexandra dizendo que
dava mais atenção às vontades do marido dela do que
às dela mesma, parei o vídeo e me ajoelhei em meu
quarto, decidida a entender.
Eu já tinha ouvido muitas mensagens dela e sabia
o quanto ela era apaixonada por Jesus e
compromissada com a verdade da bíblia, por isso,
pensei que, mesmo que existisse a possibilidade de eu
estar certa e ela errada, eu precisava ao menos
entender por qual motivo ela, como mulher cristã e
pregadora do Evangelho, dizia tantas frases
aparentemente machistas acerca do casamento, com

58
tanta propriedade e convicção enquanto ministrava
em uma igreja para mulheres em busca de Cristo. Eu
precisava entender.
Neste dia eu fiz uma oração ousada e perigosa
que mudou minha vida para sempre.
Lembro de dizer ao Senhor: “Jesus, eu te amo muito
e eu só quero Você na minha vida. Eu não sei de todas
as coisas e não conheço nada da sua Palavra ainda,
mas eu realmente quero entender e conhecer. Eu Te
conheço e confio em Você e sei que Você nunca me
menosprezou e jamais menosprezaria mulher
nenhuma... por isso, por favor, me revela a Sua verdade
e o que a bíblia realmente diz. Me diz o que o
feminismo significa e o que aquelas passagens tão
difíceis de engolir dizem sobre as mulheres. Me revela
os Teus olhos sobre nós! Sobre o casamento! Sobre a
submissão! Eu quero entender, Jesus! Por favor! Me diz
a Sua verdade e eu obedecerei, sobre todas as coisas
que eu acredito e que não condizem com que Tu és...
por favor, me revela!”
É incrível me lembrar deste dia e perceber
como as coisas mudaram da água para o vinho
desde então.
No outro dia, como já era minha rotina, acordei e
fui ler a bíblia e, apesar do lugar, dos objetos e da
rotina serem os mesmos, eu já não era mais a mesma.

59
Como se escamas tivessem caído dos meus
olhos, eu comecei a enxergar tudo de uma nova
perspectiva, e o Espírito Santo passou a me ensinar, dia
por dia, todas as verdades que eu não enxergava antes.
Entrei numa escola bíblica com o próprio Deus como
professor, e tendo o meu quarto como sala de aula.
Neste processo vi constantemente minhas dúvidas
sendo sanadas.
Pessoas chegavam até mim me explicando as
coisas que eu não compreendia, as mensagens nos
cultos que eu frequentava tinham como tema as
respostas para as minhas perguntas, o YouTube me
recomendava vídeos específicos e a bíblia me
acompanhava, dia após dia, me ensinando tudo de
novo enquanto o Espírito Santo sussurrava verdades
para mim.
Assistindo uma pregação da Junia Hayashi
compreendi o valor da submissão. Conhecendo mais da
Camila Barros, enxerguei que existe muita força na
mulher de Deus. Pra. Tania Tereza ministrou ao meu
coração sobre a mulher virtuosa que é boa esposa e
mãe. Conheci Maria Luquet e as palavras dela sobre
sexo antes do casamento e aborto nunca mais saíram
da minha mente. Ouvi Jackeline Hayashi e Ana
Caroline Campagnolo falando sobre feminismo e foi
como se eu nunca tivesse sido parte do movimento.

60
Lendo o livro “Pensamentos Secretos de uma
Convertida Improvável” da autora Rosaria Champagne
Butterfield, entendi pecados sexuais por uma nova
ótica. Lendo “Pureza é Poder”, de Lisa Bevere, desejei
profundamente viver uma vida pura e em santidade.
Estes são apenas alguns dos inúmeros exemplos
de tantas mulheres que impactaram minha vida e me
ajudaram nessa caminhada de enxergar as coisas pela
perspectiva bíblica. Na minha vida intima e pessoal
conheci também mulheres inesquecíveis, que
marcaram minha jornada e até hoje são exemplos de
feminilidade bíblica para mim.
Cada um dos degraus que eu subi enquanto
deixava o Senhor me convencer, vi uma nova
história sendo escrita sobre a humanidade, e
tantas mentiras caindo diante de mim. Tudo que antes
parecia claro e transparente como a água, tinha
recebido o toque de Jesus e eu enxergava quanta
sujeira existia nas coisas que pareciam justas e
honestas.
Era como se, mais uma vez depois do meu
encontro com Jesus, tudo que antes eu via em tons de
sépia, agora ganhavam cores lindas, vivas e muito
saturadas.
Como pode alguém andar cego acreditando
que enxerga perfeitamente?

61
Pensar em como minha mente foi doutrinada
desde criança pela sociedade, e em como eu vesti
rótulos e me agarrei em bandeiras fajutas e
mentirosas, genuinamente me parte o coração.
Pensar na Vitoria do passado, confusa e
amedrontada, tentando desesperadamente viver de
maneira empoderada, vejo o quanto satanás tem
avançado em seu ardiloso plano de destruição. Ele
veio para matar, roubar e destruir (João 10:10). Mas O
único que é, e tem, a Verdade já venceu essa batalha.
Aleluia!
Entregar o controle das nossas vidas nas mãos de
Deus é aceitar o que vem junto com essa decisão.
Caminhar com Jesus é morrer para mim e para as
minhas vontades, e valeu a pena deixar tudo que eu
precisei deixar. Com meus anos de vida, muitos
ídolos se formaram em meu coração e eles
dominavam minha vida, minha mente e minhas
atitudes.
Nada me deixava mais amedrontada do que viver
uma transformação de mentalidade, porque eu sabia
que iria doer. Mas eu sabia também que nada era tão
bom e me preenchia tanto quanto o meu Jesus, e por
isso me abri para o processo e deixei Ele fazer. E eu me
lembro exatamente como foi ver cada um dos postes de
idolatria da minha vida caírem,

62
sendo derrubados pela Verdade de Jesus – e ainda os
vejo desmoronar porque, meu Deus, existem muitos.

A oração perigosa que eu fiz aquele dia ajoelhada


em meu quarto, vez ou outra me volta à memória
quando ainda tento me vestir com vestes do mundo,
enquanto o Senhor tem novas vestes para mim. Eu
me lembro dela e sou afirmada na Verdade de que eu
escolhi, decidi e pedi para que o Senhor me revelasse o
coração Dele.
Quando eu escolho um desejo passageiro e
desimportante, enquanto Deus sacode para mim um
lindo vestido branco e imaculado, percebo que a luta
continua sempre.
Quando eu ainda quero dominar sobre a minha
própria vida e sentar no trono do meu coração, ouço o
Senhor docemente me chamando para perto e me
lembrando que, enquanto eu estava sentada como
rainha de mim, eu só me machuquei e feri todos ao
meu redor. Quando Ele está no lugar dele – o de Rei
-, percebo o impacto que uma vida tocada pelo Seu
agir causa por onde vai.
Receber o convencimento da justiça, do pecado
e do juízo, muitas vezes nos leva até o prepotente
achismo de que somos capazes de convencer alguém

63
perto de nós das mesmas coisas das quais já fomos
convencidos.
Caí algumas vezes nesta bobagem de pensar que
alguma palavra minha seria capaz de mudar a mente
de alguém – e saí ferida, ou feri, em todas as vezes que
agi por este pensamento.
Entendo que, com este livro, abro espaço para
diálogo e reflexão a partir da minha história, porém,
não tenho a menor intenção de te convencer, minha
irmã e amiga, de qualquer coisa da qual eu acredito. Sei
bem que o Único capaz de convencer alguém é o
Espírito Santo (João 16:7-11) – porque somente Ele foi
capaz de me convencer.
Por isso, te aviso que as próximas páginas
estão cheias de Verdades bíblicas que confrontam
os padrões mundanos e, talvez, se seu coração
estiver pendendo para outros caminhos, você se
indigne e sinta raiva lendo algumas delas.
Porém, eu acredito – principalmente porque é
bíblico - que Deus nos chama para participar com
Ele do avanço do Reino, e que Ele pode escolher
qualquer pessoa, objeto ou circunstância para auxiliá-
Lo no processo de alguém, assim como Ele usou
Ananias para curar a cegueira de Paulo (At 9:11-19) e,
um exemplo ainda mais surpreendente,

64
usou a mula de Balaão dizer por onde o profeta não
deveria ir (Nm 22:21-35).
Sei que o espírito da profecia é o testemunho de
Jesus (Ap 19:10) e que contar o que Ele fez abre
espaço para que aconteça de novo e, por isso,
jamais deixarei de contar minha história e o quanto eu
pude sentir cada uma das correntes que me prendiam
sendo quebradas – ou melhor, destruídas - pelo
poderoso agir de Deus.
Orações ousadas são muito perigosas porque
Deus as escuta, e pode mudar tudo a partir delas.
Eu sei disso porque foi exatamente o quê eu vivi, e
tenho fé que você, minha querida leitora, vai viver
também.

65
mentira do Feminismo
A

Se você tem entre 15 e 30 anos e ainda não flertou


com o feminismo, talvez você não tenha redes sociais
ou seja de poucas amigas. Qualquer mulher com acesso
à internet, com certeza, em algum momento nos
últimos anos, ouviu sobre o movimento e sentiu o
coração quentinho. Acredito que você tenha ouvido
as propagandas mais conhecidas e pensado: “como eu
não conheci isso antes? É isso! Não tem outra resposta.
Eu preciso do feminismo. Eu devo muito a ele!”.
Se você pensou essas coisas – ou ainda pensa e
agora mesmo está confusa ou com raiva de mim –
bem-vinda ao clube!
Eu achei, por muitos anos, que tinha encontrado
em slogans chamativos e cheios de frases bonitas, a
resposta para a pergunta de um milhão de dólares que
gritava em minha mente e ressoava na garganta de
milhares de mulheres mundo afora: “por que o
mundo odeia as mulheres?”
Não é mimimi! Direitos iguais! Meu corpo, minhas
regras! Não se nasce mulher, torna-se mulher! Gênero é
uma construção social! Eu não mereço ser estuprada!

66
Eu posso ser quem eu quiser! Salários iguais! Se eu uso
calças e posso votar e trabalhar, é pelo feminismo! Nós
temos direito de não engravidar! Liberdade sexual é
empoderamento! Abaixo ao patriarcado! Submissão
jamais! O casamento é opressor! Todos deveriam ser
feministas! Não me dê flores, me dê respeito! Sim, nós
podemos! Lugar de mulher é onde ela quiser! Os
homens explicam tudo para mim! - Essas e tantas
outras frases, que eu sei que você conhece, são
exemplos de discursos que permeiam as rodas sociais
hoje e fazem nós, mulheres, termos a certeza de que o
feminismo deveria ser ponto passivo entre todas nós.
Eu chacoalhei bandeiras, gritei nas ruas, briguei
em bares, fiz amigas que defendiam as mesmas coisas,
fui às urnas com estes pensamentos, vivi a famosa
liberdade sexual, me posicionei em debates
universitários à favor do aborto, não deixei homens
falarem por mim, e os coloquei no que eu pensava ser o
lugar deles, dominei meus relacionamentos, me
posicionei contra meus pais que discordavam de mim,
falei palavrões e mostrei meu corpo, odiei a sociedade
burguesa machista e opressora, me revoltei contra o
sistema, pensei em jamais me casar, fiz textões no
Facebook, Tweets meus viralizaram e até postei um
vídeo de vinte minutos (usando bandana vermelha,
camisa jeans e fazendo aquela pose com o braço, sabe?)

67
com mil informações sobre o movimento - sem
nenhum embasamento bibliográfico - no YouTube. Eu
fiz tudo isso e muito mais. (Mas, graças a Deus, ainda
muito menos do que eu poderia ter feito).
Mas hoje, se eu pudesse, voltaria alguns anos
no tempo e chamaria aquela Vitoria para um café
– e faria o que ninguém fez com ela. Enxergaria as
feridas e as cicatrizes que ninguém via, e diria as
palavras doces e verdadeiras que eu estava
desesperada para ouvir... e nem sabia. Essa conversa é
o que eu gostaria de fazer com você, ou, se não for o seu
caso, com tantas outras que são como eu era.
Pensando nas frases que eu tanto repeti, como
“você não sabe o que é feminismo” (sem jamais ter lido
um artigo sequer de alguma pensadora do
movimento), reflito sobre como a internet tem um
poder destrutivo de fazer com que pessoas ignorantes
se achem grandes sábias enquanto fazem chacota e
cancelam quem elas consideram burras.

Tinha um grupo de meninas evangélicas na minha


sala da faculdade. Elas eram inseparáveis, se vestiam
com os costumes da sua denominação e não se
aproximavam muito de mim. Lembro que eu e meu

68
grupo de amigas, cheio de prepotência intelectual,
costumávamos rir delas nos corredores quando elas
passavam por nós.
Nosso discurso feminista, cheio de sororidade, era
esquecido sempre que se tratava delas. Observávamos
suas vidas, tão pacatas e normais em seus casamentos
e namoros puritanos, e pensávamos, com pesar, o
quanto elas deveriam ser infelizes, frígidas e
oprimidas por seus respectivos companheiros.
Quando me converti, no final do meu curso na
faculdade, na primeira oportunidade que tiveram,
meus amigos de curso riram da minha fé e disseram
que eu estava ficando louca. Muitas vezes eles
apontaram para minhas crenças e reviraram os
olhos enquanto eu contava as novas coisas que
estava vivendo. Quando eu não conseguia mais me
enturmar com eles e seus assuntos, acabei ficando
mais na minha – apesar de nunca ter realmente
brigado com eles, nossa amizade esfriou e ficou muito
distante.
O que me surpreendeu neste tempo, foi o abraço
no olhar daquelas que eu costumava menosprezar...
Uma vez, ao me verem lendo sem companhia no
intervalo, as meninas evangélicas da minha turma se
sentaram comigo. Puxaram assunto, me perguntaram

69
da minha conversão, me deram apoio, celebraram e
não me deixaram sozinha.
O discurso da sororidade que minhas antigas
amigas carregavam (e eu também), incluía apenas as
mulheres que pensavam como elas. E eu precisei
ver isso aplicado em mim para entender. Demorei para
ligar esse pensamento ao feminismo, mas, estudando o
movimento à fundo anos depois, me lembrei desse
ocorrido – que eu descobri que não foi algo isolado.
Um dos principais “modus operandi” do movimento
é, justamente, unir mulheres que pensam exatamente
igual e seguem a mesma agenda progressista,
desacreditando totalmente que é possível ser
inteligente e não ser feminista ao mesmo tempo.
É um pensamento que foi amplamente disseminado
entre os extremos políticos (tanto de direita, quanto de
esquerda) e, especificamente mencionando a agenda
esquerdista, faz parte de todos os movimentos
ideológicos que pertencem a ela.

Decidi iniciar meus estudos feministas em 2021 e,


já convencida de que ele não poderia andar junto ao
cristianismo, acabei descobrindo também que,
num geral, o movimento não trouxe feitos
positivos, avanço social e desenvolvimento para
as mulheres.

70
Tampouco fez alguma coisa por nós, uma vez que a
grande maioria das suas pautas cercam a revolução
sexual, a ideologia de gênero, o avanço político
progressista e a destruição da família heterossexual e
do casamento.
Eu poderia citar inúmeras mentiras que descobri
enquanto fazias minhas pesquisas e lia tantos livros,
mas, existem muitas obras que preenchem esta
questão e respondem, infinitamente melhor do que eu
seria capaz de responder, a pergunta do porquê o
feminismo não é o que parece ser.

*Ao final deste livro você encontrará uma lista com sugestões de leitura para te
ajudar a desbravar sozinha cada um destes pontos.

Mas, é fato que algumas coisas cabem ser ditas


aqui.
O primeiro livro que eu li acerca deste tema foi um
do próprio movimento, sendo conhecido como a bíblia
deste. “O Segundo Sexo” de Simone de Beauvoir,
publicado em 1949, foi uma das publicações mais
importantes sobre o feminismo, e delimita até hoje a
coluna vertebral do movimento. Feministas liberais ou
radicais, mesmo discordando entre si em muitos temas
– principalmente ideológicos – concordam nas pautas
mais importantes, todas elas sendo pouco ou muito
endossadas por Beauvoir.

71
A francesa foi parceira sexual do filósofo Jean-Paul
Sartre por anos, e com ele aliciou menores de idade,
sendo acusada mais de uma vez por crimes de
pedofilia e jamais se importou com mulher nenhuma,
uma vez que abusou sexualmente e psicologicamente
de inúmeras garotas por décadas¹.
Entre as grandes falácias propagadas pelo
movimento feminista, uma delas é acerca do sufrágio
feminino, vendida como conquista feminista, enquanto
na realidade foi uma concessão dada por homens,
para uma estratégia política, sem nenhum tipo de
igualdade de direitos entre os sexos. A primeira mulher
a votar disse abertamente que não se sentia recebendo
nada com o voto, e, inclusive, agradeceu seu marido
por ter lhe proporcionado esta oportunidade.²
Igualdade seria ver homens e mulheres sendo
igualmente tratados, mas não foi isso que
aconteceu. Com o direito ao voto concedido, mulher
nenhuma foi obrigada a se alistar ao exército,
enquanto todos os homens que votavam na época
tinham o direito ao voto apenas porque prestavam
serviço militar ao Estado.

[1] “Uma relação perigosa: Uma biografia reveladora de Simone de Beauvoir


e Jean-Paul Sartre” Carole Seymour-Jones (2014).
[2] "Feminismo: Perversão e Subversão" Ana Caroline Campagnolo (2019).

72
Se é para celebrarmos a concessão, que seja pelo o que
ela representou na época; não faz sentido algum
alinhá-la à vitória na jornada pela igualdade entre os
sexos, uma vez que a igualdade não aconteceu.
Outra falácia é a de que mulheres podem trabalhar
por conta do feminismo: mulheres entraram no
mercado de trabalho por necessidade social e,
principalmente, porque homens foram para a
guerra e as fábricas ficaram vazias.
Mulheres pobres sempre trabalharam e não
acredito que pobreza seja conquista do feminismo. As
calças? Nada de feminismo também. Essa
informação, inclusive, ganhei na faculdade de moda,
na aula de História da Moda, com uma professora
militante feminista. Ela, doutora em História por uma
famosa universidade da Europa, nos contou de onde
vieram as calças femininas: da necessidade de melhor
mobilidade e segurança para o trabalho industrial. Era
muito difícil trabalhar nas fábricas com saias e
vestidos, além de perigoso, por isso, mulheres
passaram a usar calças.
Simone de Beauvoir, no livro "O Segundo Sexo",
metralha absurdos incoerentes e anticientíficos, como
a própria ideia de que o sexo é construído socialmente
e ninguém nasce mulher, torna-se.

73
A não ser que a biologia esteja errada e a
ciência seja incoerente, apenas mulheres
engravidam, menstruam, tem ovários, glândulas
mamárias ativas na fase da reprodução, e um órgão
reprodutor interno, totalmente diferente do
masculino.
A natureza inteira, plantas e animais, é formada
por machos e fêmeas, mas foi a Simone de Beauvoir
que estava certa e revolucionou a sociedade que
conhecemos ao dizer que construímos isso
socialmente. Talvez as cadelinhas, as leoas, as galinhas
e as gatas decidam apenas na adolescência que
queiram ser fêmeas também, e se rebelem contra o
patriarcado social que existe entre os bichos.
Outro absurdo da autora, citado no mesmo livro
mencionado acima, é a gravidez e a maternidade
como um trabalho escravo e doentio, que suga o
corpo das mulheres e o destrói aos poucos. Me
pergunto: o quê seria do mundo se todas as mulheres
caíssem na fábula do feminismo e decidissem não ter
mais filhos?. Em quanto tempo nossa sociedade
acabaria?
Todas as mulheres que afirmam que a maternidade
é ingrata e não deveria ser vivida, esqueceram que elas
nasceram de mulheres que viveram suas gestações até
o fim. E nenhuma existiria se suas mães tivessem
vivido as leis do feminismo, vivendo a corrompida,
74
irresponsável e danosa liberdade sexual, matando seus
bebês inocentes no ventre em busca de uma tal
liberdade sobre seus corpos.
“Feminista: uma pessoa que acredita na
igualdade social, política e econômica entre os
sexos” é uma frase da autora feminista Chimamanda
Ngozi Adichie, amplamente conhecida, repetida e
utilizada por grandes personalidades, como Beyoncé
em suas apresentações. Apesar de ser uma frase
bastante reconhecida como definição do movimento, a
mesma seria irreconhecível às autoras que
galgaram o feminismo durante os anos e
realmente o levaram para frente.
Simone de Beauvoir, Betty Friedan, Margaret
Sanger e tantas outras que realmente fizeram algo pelo
movimento, não concordariam com a frase de
Chimamanda, uma vez que igualdade jamais foi uma
pauta desejada pelo movimento. Muito pelo contrário:
o feminismo sempre desejou privilégios.

Eu não tenho nenhuma intenção de fazer deste


livro uma publicação teórica, repleta de bibliografia,
desejando com afinco te convencer de alguma coisa e,
muito menos, afirmar alguma coisa sobre o feminismo.

75
As informações citadas acimas são verídicas e
facilmente encontradas com pesquisas em livros,
artigos, publicações e na internet. Eu as registrei aqui
para colocar você, querida leitora, na mesma página
que eu, e, juntas, partirmos do mesmo lugar: o
movimento é tendencioso, especulativo, repleto
de confusões, mentiras históricas e falácias
repetidas à exaustão.
Eu quero te convidar a estudar, como eu fiz, e
conhecer o movimento, para não perecer por falta de
conhecimento e poder se posicionar conhecendo todos
os lados e a verdade.
Estou aqui para contar minha história, te falar de
Jesus e do livro que realmente mudou a minha vida: a
bíblia. Não me importa o que as feministas disseram,
me importa o que meu Deus diz, e como tem espaço
na mesa do banquete do Pai para cada uma das
feministas - e para você também.
Quero te abraçar e te afirmar, agora mesmo, com
as palavras que eu queria ter lido quando
comecei minha busca por Deus.
Por isso, citarei a partir daqui as frases que escrevi
no começo deste capítulo, e irei apontar na bíblia o
que ela diz sobre cada uma delas.

*menos sobre a submissão, porque reservei um capítulo só sobre este tema.

76
1.Direitos iguais!

Mulheres e homens não são iguais. Não somos


iguais em nenhum nível, seja ele biológico, psicológico,
social, político ou religioso. Nossos corpos não são
iguais e nossa biologia funciona de forma diferente;
homens e mulheres tem diferenças na sua composição
mais pura e intrínseca, que interfere em nossos
sentimentos, na nossa forma de agir, reagir, pensar e
nos posicionar.
Homens não menstruam nem engravidam, e este
ponto já é grande o suficiente para entendermos que é
impossível termos direitos civis iguais, porque nos
comportamos de maneira diferente na sociedade e
demandamos de direitos diferentes dentro dela. Pedir
por direitos iguais é dizer que seria injusto a licença à
maternidade para as mães, por exemplo.
Na construção social do mundo, ainda na idade
das cavernas, homens e mulheres conviviam se
encaixando com suas diferenças e fazendo o que cada
um fazia de melhor. Homens caçavam e mulheres
preparavam alimentos a partir da caça dos homens. Se
essa formação já existia muito antes de sonharmos
com a sociedade que conhecemos hoje, seria correto
então, aos padrões feministas, afirmar que o ser
humano é naturalmente machista?

77
Se sim, que machismo é esse que nasceu dentro de
nós e está na nossa sociedade desde o início de
tudo? O homem nasce machista enquanto, para o
feminismo, a mulher sequer nasce mulher?
Diante de Deus, homens e mulheres não são iguais
porque realmente nós não o somos. Nos comportamos
de maneira completamente diferente em todos os
âmbitos. Mas, para Deus criador, somos igualmente
amados, respeitados, escolhidos e chamados por Ele
para vivermos seus propósitos culturais, levando o
Reino de Deus na Terra. Jesus morreu na cruz para
redimir a humanidade; homens e mulheres.
Homens e mulheres carecem igualmente da Graça de
Deus, porque somos iguais em uma coisa: somos
pecadores e necessitados do Senhor.

2.Meu corpo, minhas regras!

A mulher cristã jamais será dona do próprio


corpo. Assim como o homem cristão também não
será.
Em 1 Coríntios 6:19 podemos ler: “Acaso não sabem
que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que
habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês
não são de vocês mesmos?”.

78
Esta afirmação é bastante confusa para quem está com
os olhos tomados pelas lentes do secular que tanto
perverte e distorce o sagrado. Mas, veja, essa ideia
maluca de que ser dona do próprio corpo é dá-lo,
perverte-lo e vende-lo à bel-prazer é totalmente
incoerente com os princípios bíblicos.
Conhecer o Senhor é abrir espaço no nosso coração
para que Ele nos transforme, e recebemos o presente
e a dádiva divina que é sermos habitação para o
próprio Deus na terra.
“O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe,
sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em
santuários feitos por mãos humanas” Atos 17:24. A
mais rica e ornamentada Igreja jamais seria capaz de
conter e servir de habitação para o Deus do universo.
Ele escolheu habitar naquilo que Ele mesmo criou: eu e
você.
A humanidade cabe no Eterno porque fomos
feitos para e por ele, e somos remidos do pecado pelo
sangue de Jesus, enquanto templos construídos por
homens jamais conteriam Seu tamanho.
Ser dona do meu corpo significa dá-lo
completamente ao meu Senhor, que deu tudo por
mim. Santificá-lo para me achegar ao meu Deus que é
Santo, é o que contém as regras do meu corpo.

79
3.Não se nasce mulher, torna-se mulher & o
gênero é uma construção social

A ideia da ideologia de gênero é completamente


antibíblica, anticientífica e irracional quando
estudamos à fundo. Nossa sociedade está adoecendo,
e cada vez mais ouviremos novos absurdos que serão
interpretados como normalidade (gerando, inclusive, a
doentia sentença de cancelamento e linchamento
social para todo aquele que publicamente discordar
desse absurdo).
A luta contra a biologia tem tomado proporções
astronômicas e, definitivamente, inacreditáveis. Dizer
que ser mulher é uma construção social é afirmar que
Deus erra - e que a biologia não existe. Que órgãos
genitais são meramente ilustrativos e que poderíamos
transformar cadelinhas em cachorros machos se assim
desejássemos - mas aí os defensores dos animais
surtariam e aquele que assim fizesse seria
imediatamente processado por maus tratos.
Por que tratar corpos humanos assim não é
considerado maus tratos? Por que mutilar o templo
único e perfeito com que Deus nos agraciou não é visto
como o que realmente é? A mente nos domina muitas
vezes, e rouba de nós a consciência de proteção do
lugar em que habitaremos até o porvir: nós mesmos.

80
Somos a nossa própria casa. E Deus nos convida a
entregar quem somos a Ele, e, somente Nele, temos a
paz de que Ele não errou. E perfeitamente criou
homem e mulher para o Seu Santo prazer.
Homem e mulher são feitos à imagem e semelhança
de Deus, e foi somente quando o Senhor criou ambos os
sexos que viu que tudo o que Ele fez era muito bom.
(Genesis 1:27).
Mulher nasce mulher e não se torna enquanto
vive, porque existe sopro de Deus correndo nos
meus e nos seus pulmões, e porque Ele nos
desenhou com Suas mãos diretamente no barro.
Ele não errou.
Você não é um erro e nem está no corpo errado.
O mundo mente para você e satanás toca a
música enquanto você dança a coreografia mentirosa
que as ideologias estão te ensinando, você vira um
palhaço enquanto uma multidão carniceira e infeliz te
aplaude sem saber que estão todos no mesmo
buraco.
Estão te dizendo que a sua felicidade e identidade,
estão no seu corpo, ou nos seus órgãos genitais, mas a
verdade é que enquanto o Senhor não preencher o seu
coração e tocar a sua vida, o buraco aí dentro vai ficar
ainda maior e seus desejos vão ficar cada vez mais
confusos.

81
O pecado sempre vai te atrair para um abismo de
perdição e, por isso, o problema do mundo é a falta de
Deus; é não saber que existe Um que é o dono do
universo, que o segura em Suas mãos, e que mesmo
com infinito poder e Majestade, parou tudo para te
criar com zelo e perfeição.
Ele te desejou completamente, te chamou pelo
nome, te conheceu e te amou desde o primeiro
momento e continua te desejando. Ele não errou.
Ele te fez com cuidado, de maneira assombrosamente
maravilhosa (Sl 139). E você, mulher, é completamente
amada por Ele! Sendo unicamente mulher, desde o
primeiro dia da sua vida.

4.Eu não mereço ser estuprada

Essa afirmação é óbvia e completamente coerente.


Mulher nenhuma, em situação nenhuma, em rua
nenhuma, com roupa nenhuma é merecedora de ser
violada, roubada, tomada e estuprada por homem
nenhum. Entretanto, o problema dessa frase é o
desespero corporal de usar o que quiser para provar
alguma coisa, e então voltamos ao mesmo problema: o
vazio da alma causa destruição completa na
humanidade.

82
O pecado nos dilacerou e vagamos buscando
preencher o vazio levantando ídolos imaginários que
nada podem fazer por nós.
Mulheres (e homens) feridas sempre vão precisar
de mais um pretexto para se provarem para alguém. Os
movimentos ideológicos, quase sempre, têm a mesma
raiz de insatisfação pessoal que finda num estopim
eufórico em um grupo de pessoas buscando
respostas.
A falta de aceitação própria, causa em nós um
desespero para sermos aceitos pelos outros. Se eu não
aceito meu corpo, automaticamente vou precisar que
todo mundo o aceite, independente da forma que eu o
desejar expor; e isso é explicado pela psicologia, mas
também facilmente observado na sociedade, e em
todos os grupos ideológicos.
Desejar ser visto e aceito é muito mais sobre o
buraco dentro de nós, do que sobre o que as outras
pessoas pensam ou deixam de pensar. Respeitar a
vontade do indivíduo, desrespeitando os princípios da
fé, não é lutar contra a intolerância religiosa e o
preconceito, é justamente agir de maneira intolerante
e desejar que todos pensem exatamente igual.
O estupro é injustificável e não acredito que,
de nenhuma maneira, a vítima tenha culpa do
que viveu.

83
Diante de tudo isso, a militância contra o estupro
não pode resultar em corpos nus, ou completamente
vulgarizados, sendo expostos em praça pública. A
indignação com o estupro precisa gerar em nós
conscientização em ensinar homens a amarem as
mulheres, mas não em transformar mulheres em
bandeiras revoltadas e machucadas.
Eu conheço a ferida que um estupro causa, e sei
que ela só é curada quando cuidada, não quando
abrimos e cutucamos ainda mais o machucado.
Corpos feridos não podem ser mais expostos.
Corpos feridos precisam ser cuidados, protegidos e
valorizados, reconhecidos com o valor que eles têm.
Infelizmente, a cultura da liberdade sexual gera nas
mulheres, e nos homens, ainda mais desejo por corpos
vulgarizados e expostos, e o escondido aparece para
nós, cada vez mais sem graça e sem valor.
Vemos cantoras feministas dançando quase nuas
em seus shows. Insinuações constantes de sexo em
danças viralizadas na internet, e crianças rebolando de
biquíni nas redes sociais. Aquelas que dizem lutar
pelas mulheres, e que deveriam ser as primeiras nos
defendendo e protegendo, são as que estão atrás das
câmeras, batendo palmas, comentando "rainha"
na internet e pedindo por mais.

84
Mulheres nuas não geram respeito e admiração
nos homens, e nem nelas mesmas. Mulheres nuas se
vendem como pedaços de carne e são vistas pelos
homens com mais desejo, dando à eles exatamente o
que ele querem. Vemos homens apoiando o feminismo
não porque eles concordam com alguma coisa, mas
porque o feminismo, entre outras coisas, dá para estes
homens imorais exatamente o que eles desejam:
mais mulheres nuas, libertinas e que dizem sim. Toda
ação tem uma reação; e os homens cheios de
perversidade estão aplaudindo enquanto um grupo de
militantes queima seus sutiãs ou milita na internet.

5.Lugar de mulher é onde ela quiser

Sim. Exatamente! Mas, a linha ideológica do


movimento feminista não pensa assim. Betty Friedan,
autora de “A Mística Feminina” é a primeira feminista
a escrever sobre a jornada da dona de casa e a elencar
esta função como trabalho. Seu livro marcou a história
do movimento e é usado até hoje para endossar
posicionamentos sobre a mulher empoderada dever
buscar o trabalho apenas fora de casa, e não dentro
dela.
A autora acusa o trabalho doméstico de escravidão

85
em seu livro publicado em 1963, e afirma que a
condição da dona de casa é tão perigosa para a saúde
mental da mulher quanto viver em um campo de
concentração nazista. Friedan chama donas de casa
de desmioladas e sedentas, fracas e débeis em questões
intelectuais³. A afirmação feminista da necessidade da
autossuficiência da mulher, e da não necessidade de se
casar e ter filhos, é sempre ironicamente ligada à
necessidade de um cuidado estatal absurdo.
Na bíblia podemos ler em Provérbios 31 acerca
da mulher virtuosa, que é esposa, mãe, chefe,
agricultora, costureira, boa líder, investidora, forte,
bondosa, comerciante, sábia e muitas outras coisas.
Vemos que o que dignifica a mulher não é o
trabalho de suas mãos ou seu caráter, mas o temor
do Senhor, que a capacita em toda e qualquer função.
Mulheres que desejam viver como mães e esposas,
donas de suas casas e cuidadoras dos seus lares, jamais
seriam admiradas e aplaudidas pelo movimento
feminista. Simone de Beauvoir, em sua famosa
publicação O Segundo Sexo, diz que nenhuma
mulher deveria ter a escolha de ficar em casa,
porque ela sabia que muitas escolheriam isso.

[3] “A Mística Feminina” Betty Friedan (1963).

86
O feminismo acolhe todas as mulheres que
pensam como ele, e as defende buscando seus
direitos iguais privilegiados se elas forem militantes de
esquerda.
A feminista que é mãe, só tem voz e é acolhida se
for divorciada ou mãe solo, adepta à vida sexual
promiscua, bissexual, progressista e tão machucada
pelos homens que hoje odeia todos eles. Infelizmente, a
dona de casa, esposa feliz e mãe apaixonada, que faz
mesa posta e sonha com os netos, jamais será bem
quista entre as adeptas do movimento.
Diferente do que eu pensava, encontrei na bíblia
mulheres sendo o que elas queriam ser, ocupando os
lugares que mais se encaixavam com elas e com seus
talentos.
Temos mulheres juízas que mudaram o destino
do seu povo (Déborah), temos profetisas apaixonadas
por Deus e influentes na igreja (Miriã e Ana),
discípulas apaixonadas que largaram tudo para seguir
Jesus (Maria Madalena), evangelistas que
influenciaram uma cidade inteira (mulher samaritana
de João 4), costureiras bem sucedidas amadas pelos
seus (Dorcas), empreendedoras de sucesso (Lídia),
líderes que influenciaram nações (Sarah, Priscila),
mulheres com passados horríveis que deram a volta

87
por cima e ganharam o respeito da sociedade (Raabe),
trabalhadoras que sustentaram seus lares (Rute),
rainhas corajosas que salvaram seu povo (Ester) e
muitos outros exemplos de que Deus ama a
individualidade de cada uma de nós e nos chamou
para tantas coisas lindas e cheias de propósito.
A minha escolha de estar na internet e empreender
é tão honrada para Deus como a da minha mãe que,
por anos, largou tudo para amar meu pai, eu e meu
irmão e edificar o nosso lar, e hoje voltou para o
mercado de trabalho. Assim como a sua decisão de
estudar, trabalhar ou o que quer que você esteja
decidindo para a sua vida. Nós somos plurais e
temos chamados diferentes e para inúmeras
coisas! Nosso Deus é criativo, e Ele nos concede
liberdade e espaço para vivermos de acordo com a
individualidade que Ele depositou em nós.
Teremos sucesso e bênçãos em nossos caminhos
desde que nosso coração esteja no Senhor, que irá nos
amparar e sustentar, porque isso é o que realmente é
valioso e importa.
Nosso lugar, mulheres, é bem no centro da
vontade de Deus para nós. É ali que seremos
cuidadas, valorizadas e amadas do jeito que nascemos
para ser.

88
6.O direito de não gerar

O corpo feminino foi feito para gerar, e quão


linda e perfeita é a reprodução humana. Quando o
sexo foi banalizado e a sua função principal perdeu o
valor (a reprodução), vemos a confusão tomando os
relacionamentos e a gravidez se tornando um peso
diante do egoísmo humano.
Com as afirmações feministas de que a gravidez
traz dor e não alegria, vemos quão longe chega o plano
de satanás de acabar com o plano perfeito de Deus.
A disseminação do aborto e o desejo desesperado de
controlar todas as coisas, nos mostra que a inversão
de valores roubou a importância da única forma
que nós seres humanos temos de criar algo
totalmente novo e tocar o processo da vida.
Tudo feito pelas nossas mãos tem um toque de
algo já existente – e nada é criado do nada. Mas o sexo
pode fazer algo que somente Deus faz: a vida, que
nasce de algo que ainda não existia e, alguém que
não vivia, passa a viver do nada - da união de seres que
são a imagem e semelhança de seu Criador, criando
algo também à imagem e semelhança Dele.
Ver a gravidez como um direito é corromper a
dádiva da vida. É achar que podemos criar algo
porque somos suficientes em nós mesmos,

89
enquanto na verdade a gravidez é mais uma rendição
total do homem ao controle de Deus.
Quantas histórias conhecemos de casais
apaixonados que nunca engravidam, enquanto
adolescentes, mesmo usando contraceptivos,
engravidam na primeira relação sexual?
A vontade da vida é totalmente de Deus – e
mesmo não a compreendendo, só somos capazes de
impedi-la tentando matá-la depois de feita; e
mesmo assim não existe certeza completa, porque nem
o aborto é ciência exata. Eu tenho uma amiga, de 25
anos, viva e saudável, que a sua mãe tentou matá-la
quando ela ainda estava em seu ventre.
Não tenho respostas sobre não querer ter filhos
ser errado (ou pecado) ou não à luz da bíblia, mas sei
que filhos são presentes, dádivas de Deus e que Ele
não trabalha no individual e nem em histórias
únicas. Porém, analisando as Escrituras e conhecendo
o padrão que Deus opera e os desejos Dele para a
humanidade, percebo que a falta de vontade de ter
filhos é muito mais sobre nossa natureza caída
refletindo traços do pecado em nós, do que um reflexo
do Amor do Criador em nosso coração.
Confiar em Deus e amá-Lo, é desejar fazer o que
Ele pediu: multiplicar (Gn 1:28). E fazer o que Ele faz:
amar, criar, ceder, se sacrificar e ter filhos.

90
Deus é geracional e vemos isso por toda a bíblia,
com Abraão, Isaque e Jacó e muitos outros exemplos. A
genealogia importa para Deus e sempre aprendemos
muito estudando a história das famílias e como Deus
continua abençoando famílias, e operando grandes
feitos geração após geração.
Crianças são o futuro do mundo; crianças
corrompidas pelo imoral farão do futuro um lugar
infernal para se viver, enquanto crianças tocadas pelo
Eterno, cheias de princípios e valores e apaixonadas
por Jesus levarão transformação, esperança, amor
e o avanço do Reino na terra.
Gerar uma vida é dádiva de Deus, e mesmo nas
piores circunstancias e mais tristes realidades, vejo a
vida como uma flecha de esperança e boas novas.
Assisti este ano uma reportagem sobre o terrível
acontecimento dos deslizamentos e fortes chuvas em
Petrópolis-RJ, no início de 2022, e uma declaração
chamou minha atenção: o jornal que eu acompanhava
registrou o nascimento de um bebê que veio ao mundo
dentro de uma escola enquanto sua mãe se refugiava,
fugindo do desabamento da sua própria casa.
Emocionado, o jornalista e âncora do jornal,
agnóstico, declarou que, com o choro daquele
bebezinho, uma esperança nascia na cidade de
Petrópolis.

91
Se um homem sem fé pode ver em um recém-
nascido a esperança do amanhã, quão mais beleza
não verá o Senhor nos filhos do seu povo?

7.Liberdade sexual é empoderamento

A mentira da liberdade sexual aprisiona


mulheres há décadas, e vem destruindo famílias e
lares todos os anos. Apesar de ser uma pauta de
conflito entre o feminismo radical e o liberal, vemos
ambos os lados lutando, de maneira deliberada, pela
valorização (ou desmistificação) do corpo nu feminino
e, sim, da liberdade sexual.
Vemos o feminismo prometendo satisfação às
mulheres que se libertam sexualmente e se entregarem
aos prazeres carnais imoderados, mas a triste realidade
resultante são adolescentes abortando, famílias
desmazeladas, altos índices de crescimentos de DST’s e
tantos outros problemas sociais.
A ideia de que, quanto mais se faz sexo, mais
livre o indivíduo é, tem aprisionado pessoas por todos
os lugares do mundo, e corrompendo menores de
idade que não sabem o que estão fazendo.
Enquanto a bíblia valoriza o sexo e o vê como
ato de santidade matrimonial que configura o

92
casamento como tal, vemos o mundo transformando o
sexo na moeda mais desvalorizada existente. Em
Hebreus 13:4 lemos “honrado seja entre todos o
matrimônio e o leito sem mácula”, e se assim é dito é
porque existe um motivo.
Existe algo separado para cada tempo, e apenas
no tempo do casamento que se é preparado para que o
corpo do homem seja da sua esposa e o da esposa seja
do seu marido (1 Co 7:1-7). Para Deus, o sexo é o
casamento – e casamento sem sexo ganha legalidade
diante de satanás (1 Co 7:5) – porque a aliança gerada é
intima ao ponto de fazer de dois, um. Dois que viram
um diante de Deus.
A beleza do sexo foi rompida para o mundo,
e a principal função deste ato se perdeu
completamente, visto a necessidade de se
“desengravidarem” à torto e a direito.
As pessoas querem ter acesso ao corpo do outro
sem qualquer compromisso. O prazer sexual se tornou
irracional de tal modo que homens e mulheres agem
como animais, deixando para trás toda a
racionalidade e se entregando a paixões carnais
como se não houvesse amanhã. Adolescentes
querem fazer sexo – mas não querem ter filhos.
Quando foi que se desligou o ato sexual da principal
função dele, a reprodutora?

93
O prazer sexual é o grande bônus da reprodução
humana, dado por Deus para que homem e mulher se
aproveitem e aproximem-se. No mundo, quando o sexo
acaba, o relacionamento acaba também. Quando na
verdade um relacionamento humano deveria se
desenvolver a partir de quem os indivíduos são, pelo
amor que nasce pelo interesse pessoal, e não pelo
desejo da carne – que é trocado por outro corpo
assim que o último perde a graça.
Por que querer ter prazer sexual com o corpo
de alguém que não serviria para ser pai dos seus
filhos? Não faz sentido desejar intimamente o
desnudar do outro, se um possível filho fruto desta
relação seria algo como uma catástrofe.
Mulher nenhuma é empoderada enquanto se
desnuda diante de um homem que sequer vai se
lembrar do nome dela semanas depois. A vergonha
dessa geração é vista como poder da mulher, mas a
verdade é que todos saem perdendo no final, homens e
mulheres.

8.Os homens explicam tudo para mim

maior erro do feminismo é ter perdido o


entendimento logo no começo – ou, nunca o ter
conquistado.

94
O problema das mulheres nunca foi o homem e
nem o machismo. Aliás, o machismo é um grande
problema, mas não é o grande vilão. O nosso erro –
meu também – é não identificarmos contra o que
realmente lutamos, e nos perdermos, confusas, no
meio do caminho, brigando com postes inanimados e
livres de culpa enquanto o verdadeiro problema está
bem diante de nós.
Sermos tratadas com injustiça, diferença e
machismo é fruto de algo que está em mim e em você –
e em todos os homens do mundo, até os que não são
machistas. A guerra entre os sexos é resultado de
uma humanidade caída, que jaz no maligno e se
perdeu no pecado - e não entendeu ainda que ele é o
grande obstáculo.
Homens machistas são pecadores, assim
como qualquer mulher é. Jesus não foi machista,
assim como a bíblia não é, mas os homens são. E
devemos nos posicionar contra isso sempre – assim
como Jesus se posicionou também.
Quando um homem diminui uma mulher, o
grande problema dele é o pecado que o cega e faz com
que ele esteja egoísta o suficiente para não se enxergar
como miserável. Este homem é tão necessitado da
Graça de Deus como eu e você. Enquanto lutarmos

95
contra os problemas errados, não teremos solução
nenhuma, e vamos, mais e mais, nos machucar.
O feminismo confunde as pessoas porque ele
mascara o pecado individual e aponta para o
pecado do outro. Porque ele chama as mulheres para
a raiz de todos os pecados: o orgulho; e as rouba do
colo de Deus, dizendo que a única resposta que elas
precisam não está no Salvador, mas em uma bandeira
mundana cheia de manobras ideológicas.
Olhar para isso tudo que eu apresentei neste
capítulo e constatar que o problema está no
feminismo, também seria errado da nossa parte. O
nosso problema é, e sempre será, um só.
Eva errou na mesma coisa que eu e você erramos
todos os dias: ela decidiu se distanciar de Deus,
porque queria ser como Ele. O orgulho roubou a
identidade da mulher desde o Gênesis, e o feminismo é
mais um sintoma dessa doença que já anda entre nós.
O pecado é o mal contra qual devemos lutar todos
os dias e, enquanto não entendermos qual é a arma
certa, vamos continuar nos confundindo na batalha e
nos perdendo tentando encontrar o que nos machuca.
Só existe um caminho, uma verdade e uma vida – para
mim, para você, para feministas e machistas – o único
Santo, o único digno, Jesus.

96
Jesus é o único o que faria qualquer um abaixar
suas armas e bandeiras e se curvar diante dAquele que
não muda.
Eu insisto nessa pauta, e este é o maior capítulo
deste livro, porque eu sinto a dor como se ela fosse
minha porque um dia ela realmente foi. O medo
que eu sentia, a insatisfação, a revolta, a sede de
vingança e a ira completa, se curvaram diante da
santidade de Jesus.
O Amor Dele me libertou do pecado que
habitava em mim, e eu aprendi com Ele que todo o
resto só poderia ser mentira, quando exposto ao lado
da verdade. Me compadeço das mulheres que ainda
insistem no movimento feminista porque talvez e eu e
você ainda estamos fazendo pouco.
Porque nosso medo de sermos confundidas com
qualquer bandeira nos cala muitas vezes e, a verdade, é
que o amor perfeito precisa lançar fora o nosso medo. E
precisa também nos fazer estender a mão para aquela
que tem um vazio nos olhos e no peito porque está
cavando um poço há tempo demais num lugar do qual
jamais jorrará água.
A mulher samaritana, apresentada a nós em
João 4, recebe a revelação que eu também recebi, dos
mesmos lábios que me revelaram.

97
Jesus escolhe uma mulher para dizer pela primeira vez
que Ele era aquele a quem todos esperavam, que Ele
era o Messias, e ela, extasiada por aquela revelação,
larga tudo e se transforma numa evangelista em sua
cidade.
A Verdade a encontrou e tudo mudou para
sempre. Ela descobriu que a água que ela bebia não
era a que mataria a sua sede, e eu descobri isso
também. O feminismo jamais me preencheria ou
salvaria as mulheres do mundo... assim como
qualquer outra coisa, que não o Evangelho de
Jesus, também não teria qualquer chance.
O buraco que existia em mim é o mesmo que
existe nas mulheres feministas e nos homens
machistas; e o Único capaz de preenche-lo é Um. E, por
isso, eu falo tanto sobre o que falo, porque minha
guerra não é contra o feminismo, mas contra os
principados e potestades desse mundo (Efésios 6:12),
que cegaram tanto essas mulheres e esses homens, que
hoje acreditam que o céu não existe, enquanto ele está
bem diante dos seus olhos.

98
A Submissão é leve

Começo este capítulo, que aborda o tema mais espinhoso


para a Vitoria do passado, afirmando alguns pontos que são
importantes de ressaltar antes de qualquer coisa (para garantir
que você vai continuar lendo este capítulo).

Mulher nenhuma é chamada para ser


submissa a todos os homens da terra; tampouco
somos vistas como menores, ou menos importantes, e
capazes do que eles para nosso Deus. Mulheres não são
chamadas para serem submissas ao seu marido de
forma cega e inconsequente, muito menos a se casarem
por obrigação, de maneira arranjada ou humilhada
diante da vontade dos seus familiares.
Partindo do pressuposto de que você, querida
leitora, é solteira e jovem, escrevo as próximas palavras
orando para que elas te deem lucidez e te ajudem
com sabedoria para tomar suas decisões futuras –
principalmente acerca do seu casamento. Para você,
minha querida amiga, que já é casada, e que por um
acaso tenha uma história triste sobre seu casamento,
quero te lembrar do Deus que faz novas todas as coisas

99
e que Nele temos esperança o suficiente sabendo que
Ele coloca carne e vida em um vale cheio de ossos
secos. Ele pode fazer reviver o amor no seu casamento
e na sua história, e, ao final deste capítulo, quero falar
especificamente com você.

Cristo é a cabeça do corpo, que é a Igreja


(Colossenses 1:8). Assim como Ele guia a Igreja e une
cada um dos seus membros para representa-la com
unidade e amá-la sacrificialmente, o homem é
chamado para ser o cabeça da sua esposa (Efésios
5:23). Ser o cabeça significa liderar e amar, dando
direcionamento e proteção, assim como Cristo faz com
Sua noiva.
A submissão da Noiva ao Noivo significa respeito
diante das decisões e convicção de que ambos seguem o
mesmo caminho, por isso, um pode seguir o outro,
porque são um. A missão no casamento deve ser uma
só, e dois andam para o mesmo lugar. Ainda em Efésios
5, lemos que a mulher deve ser sujeita ao seu marido,
assim como ambos são ao Senhor e, antes desse
versículo, Paulo afirma que o casal deve um sujeitar-se
ao outro, juntos temendo à Deus.

100
A submissão não é regra cega e ditatorial,
onde a mulher abaixa a cabeça como uma serva e
obedece sem fazer perguntas, mas é uma caminhada
onde a esposa confia que seu marido, em primeiro
lugar, se submete ao Senhor e, somente nessa
circunstância, ela se submete a ele com a tranquilidade
de que Deus é Quem está guiando os dois.
Conhecendo hoje o que realmente é a submissão,
não consigo imaginar alegria maior do que ser
auxiliadora de um homem apaixonado pelo Senhor e
que busca Suas vontades em primeiro lugar - me
submeter a um homem assim não seria peso algum,
pelo o contrário.
Eu sei que somente um homem que ama Jesus, e
busca ser Seu discípulo, me amaria da forma com que
Deus o chama para me amar: como Cristo amou Sua
igreja, se sacrificando por ela. O matrimonio é uma
caminhada terrena de laço indissolúvel, onde ambos
fazem sacrifícios para o bem da família e para
glorificar ao Senhor.
A família é o plano perfeito de Deus na terra,
e o casamento reflete o casamento eterno de Jesus com
a Igreja. Olhando com a perspectiva eterna, é claro que
um casal que ama a Jesus em primeiro lugar, em tudo
glorificará a Deus e sempre buscará agradá-Lo em seus
caminhos e decisões.

101
Não ouso, nem por um segundo, pensar que um
casamento cristão é perfeito e sem problemas –
porque sei que ele é formado por dois pecadores
que disseram sim. Mas, reconhecer minhas misérias
me faz muito mais preparada para amar o outro apesar
das suas, porque sei que ele é tão carente da Graça de
Deus quanto eu.
Em Genesis 1:28, o Senhor comissiona a
humanidade – que naquele tempo era apenas um
casal, homem e mulher – a dominar a terra, cuidando
dos animais, territórios e todos os elementos da
criação. O mandato cultural é para ambos os sexos que,
juntos, poderão cumprir os propósitos de Deus para a
criação.
Se o próprio Deus confiou que a família era a
melhor forma de cuidar daquilo que Ele criou, nós
não teremos argumentos suficientes capazes de
discordar da decisão do Criador. Sei que existe bondade
e perfeição na disposição da noiva com o noivo, porque
assim Ele determinou e, por confiar no Deus Criador,
sei que a família é importante e eu acredito nela
também.

Ao criar a mulher, Deus a chama de ajudadora


para o homem (Gênesis 2:18).

102
Essa palavra muito assusta e logo espanta muitas
mulheres confusas pelas óticas seculares ao, de
imediato, relacionarem a ajuda com algo inferior ou
serviçal, mas a realidade é oposta disso. A palavra
escolhida por Deus e dita sobre a mulher é no hebraico
“ezer”, e significa ajuda de força, sendo usada para se
referir ao próprio Deus em inúmeras passagens do
antigo testamento.
Não acredito que em nenhuma forma o Deus
Soberano seja inferior ao Seu povo, e a palavra ezer
aparece na relação deles em muitos versículos,
apontando Deus como a ajuda de Israel, como
podemos observar em “O Senhor está comigo entre os
que me ajudam; por isso, verei cumprido o meu desejo
nos que me odeiam” (Salmos 118.7)
A mulher é o modo que Deus escolhe para
finalizar a Criação e a tornar algo “muito bom”. A
ajudadora é o último ponto do agir de Deus na
criação da Terra, finalizando a perfeição
desenhada por Ele. Ela completa o homem, e, com
ele, forma uma família.
Homem e mulher se encaixam perfeitamente
em suas relações sociais, sexuais e emocionais, e a
mulher ser apontada como a ajuda de seu esposo é
mais uma prova disso.

103
A reprodução humana é feita a partir do encaixe dos
órgãos genitais feminino e masculino, onde um foi feito
para preencher o outro, e somente com dois
diferentes se produz uma vida. Sexo é para a
reprodução humana, para a família, e o prazer é um
bônus dado como presente de Deus ao esposo e a
esposa, homem e mulher.
Deus usou de um pedaço da costela de Adão para
fazer Eva, sendo ela carne da sua carne, e retirada do
seu lado, não de partes baixas ou altas, porque um é
parte do outro – e voltarão a ser como um com a
união matrimonial e sexual. Complementares,
companheiros, parceiros de vida e de caminhada.
Família. A relação é de respeito e companheirismo,
onde um caminha de mãos dadas com o outro, olhando
juntos para o Alto. Um único propósito, uma única
missão.
Saber que o casamento é a união de dois que vão
para Um lugar, torna muito mais fácil a compreensão
dos motivos do jugo desigual ser tão doloroso e
totalmente não recomendado ao cristão. Paulo estava
certo quando nos aconselhou a não nos colocarmos em
jugo desigual (2 Co 6:14), nos casando com descrentes,
porque a caminhada é muito difícil e dolorosa. Uma
mulher cristã, conhecendo o valor do casamento e

104
sabendo dos anseios do coração de Deus acerca desta
união e colocando o homem como o cabeça, jamais
seria respeitada, amada e protegida por seu marido
descrente como Cristo faz com Sua igreja.
Ser submissa a um homem que não é submisso à
Deus deve ser uma das maiores tristezas e flagelos
da vida de uma mulher apaixonada pelo Senhor e
que, definitivamente, não recomendo de nenhuma
maneira que nenhuma de nós se coloque neste lugar se
estiver consciente do que Deus fala acerca disso.
Enquanto Jesus tira o peso do nosso fardo e
suaviza o nosso jugo, o mundo aumenta o peso e
sobrecarrega o fardo, e por isso não tem como dois
andarem dividindo um jugo que não está nivelado. Eles
andarão em círculos, ou um cairá machucado no meio
do caminho por não aguentar o desnivelamento.
A submissão se torna um fardo quando uma
mulher se casa com um homem sem propósito, que
não sabe para onde está indo e não tem uma missão.
Uma mulher posicionada é podada por
homens fracos, ou castra homens fortes de
maneira irresponsável. Jezabel e Acabe representam
um ótimo exemplo na Bíblia do que papéis invertidos
fazem com uma família e com a sociedade ao redor
dela (1Reis 16 a 2 Reis 9).

105
Jezabel, dominadora, manipuladora e orgulhosa,
causa um terror na sua terra e seu marido, Acabe, um
homem fraco e dominado pela sua mulher, é morto de
maneira humilhante e seu corpo é comido pelos
cachorros por conta dos erros da sua esposa (1 Reis 21 e
1 Reis 22).
O equilíbrio perfeito da relação humana é uma
mulher apaixonada por Deus se casar com um homem
que busca agir como Jesus na Terra, e assim a
submissão se torna leve e prazerosa, porque o
marido cuidará com amor da sua esposa e ela será
sábia, edificando seu lar e sua família.
Ambos os papéis são de extrema importância, e
um não anda bem se o outro não cuidar do que deve
fazer. Deus conhece a dinâmica perfeita da família, e
Sua forma de posicionar homem e mulher é a receita
de sucesso para criação de filhos, edificação do lar e
avanço do Reino na Terra.
Uma mulher que conhece Jesus e sabe que o
verdadeiro poder vem Dele, tem influência para
transformar a vida do seu marido, levando-o para
lugares altos e dando honra a ele, como lemos em
Provérbios 31. Enquanto a mulher tola destrói seu lar,
como fez Jezabel, a mulher sábia edifica sua casa e
protege os seus, cuidando deles com zelo e amor.

106
Deus nos deu esse poder e esse chamado para dentro
das nossas famílias.
Sermos submissos à Cristo nunca será
pesado, e a submissão à luz da Bíblia também não. O
egoísmo do mundo deturpou a verdade sobre o
casamento, e satanás confundiu famílias, fazendo dos
relacionamentos conjugais doentios, machistas e
abusivos.
Por isso, não podemos continuar propagando
mentiras e dizendo que não existe amor, que não
existem bons casamentos e não existe mais esperança
para a família. Existe, existe e existe. Não podemos
deixar de acreditar naquilo que nosso Deus ama e
acredita.

Eu e você, que ainda não casamos, temos nas


mãos a dádiva de podermos escolher nos casar com um
homem temente a Deus. A nossa escolha de hoje vai
mudar a história dos nossos filhos e do nosso
futuro. Escolher hoje estar com alguém que coloca o
Senhor em primeiro lugar, é a certeza de que teremos
alguém que vai compreender, todos os dias, o nosso
valor, e, nas dificuldades, vai buscar em Deus, na rocha
que é Jesus, a melhor forma de passar pelas
tempestades.

107
Escolher entrar em um relacionamento que
caminha pelo lugar certo é um presente. E podemos
fazer isso com sabedoria, discernimento e
direcionamento de Deus. Entender que namoros foram
feitos para acabar é um trunfo na vida de quem deseja
viver um casamento feliz e que glorifica a Deus,
portanto, não tenha medo de terminar um namoro que
não resultará em caminhos bíblicos no casamento.
Atente-se aos sinais, busque conselhos com quem
te ama e decida terminar o que estiver errado.
Namoro não é aliança e, por isso, pode acabar.
Casamento é aliança, e devemos entrar nele sabendo
que é para ser para sempre. Que é para lutarmos
por ele até o fim e, sim, sermos sacrifícios vivos para o
Senhor, nos sacrificando em amor pela nossa família.

A você, minha querida, que se casou sem conhecer


a Palavra, ou que tantas coisas aconteceram e hoje
sequer imagina poder viver um casamento feliz, quero
te dizer que eu conheço o Deus que nós servimos e
eu nunca O vi falhar. Por isso, não desista do seu
marido e da sua família, e, se não houver violência ou
traição, não deixe de orar e de batalhar pela mudança
do seu esposo.

108
Eu já vi milagres, reconciliações e transformações
o suficiente para saber que o Deus do impossível,
apaixonado por família, pode mudar a história da
sua casa. Me coloco em oração com você e declaramos,
com fé, juntas e em nome de Jesus, que você e a sua
casa servirão ao Senhor!

109
Bela, recatada e do lar

Quando Marcela Temer, em 2016, protagonizou


uma matéria na Veja com o título que nomeia este
capítulo, me indignei. A comoção nacional que estas
três palavras causaram, marcou um período na
internet que minha geração muito se lembra: era o
grande boom dos millenials começando a se interessar
por política e guerreando por suas ideologias na
internet.
Ver uma mulher se intitular de maneira tão
aparentemente machista e ultrapassado, muito me
incomodou naquele tempo, e a muitos outros também.
Pensei que talvez ela não entendesse o que aquelas
palavras faziam com a imagem dela, mas hoje vejo
que quem não entendia era eu.
Em Provérbios 31 lemos sobre a mulher virtuosa.
Mulher esta que carrega o título mais nobre que uma
mulher poderia receber na época que o texto foi
escrito, e que eu oro muito para ser durante meus anos
de vida. Quando não se conhece a bíblia, é muito fácil
pensar que ela diz inúmeros absurdos sobre o sexo
feminino. É muito fácil, com as lentes amorais do

110
mundo, apontar para as escrituras e acusá-las de
misoginia e machismo, porque a perspectiva secular
rejeita aquilo que é tradicional e puro.
Mas, estudando à fundo a mulher virtuosa, é
impossível não se surpreender com tantas qualidades
poderosas que são dadas a esta mulher pela bíblia,
livro tão erroneamente rotulado como machista.
Hoje, com meus 25 anos, enxergo que ainda tenho
uma caminhada gigantesca de aprendizado e
conhecimento para adquirir. Assim como Sócrates,
mas muito inferior ao conhecimento dele, só sei que
nada sei e me animo com a jornada que ainda
tenho pela frente. Diante dessa certeza de que ainda
me falta muito conhecimento, vejo o que adquiri até
aqui e enxergo o quanto ainda posso descobrir, mas
me alegro por já estar bem longe de quem eu
costumava ser.
Seguindo esta linha de pensamento, afirmo com
segurança que hoje eu não me escandalizaria com a
matéria sobre Marcela Temer. Eu reconheceria sim, o
teor sensacionalista e sedento por comoção da revista,
e filtraria este detalhe que talvez tenha pesado a mão
na forma de colocar a frase, mas a verdade é que,
querendo ou não, eu fui chamada por Deus para viver
o belo, a pureza e a alegria do lar.

111
Não acho que amar a própria casa, cuidar dela e
edifica-la seja um chamado exclusivo para aquelas que
tomaram para si a poderosa, e pouco valorizada,
jornada de donas de suas casas, cuidando dos seus
filhos e de seu marido com tanto amor e zelo. A
verdade é que qualquer cidadão de bem, seja ele um
executivo engravatado da Av. Paulista ou uma
universitária sem tempo do interior do Paraná, deveria
amar sua casa e cuidar dela com afinco porque o lugar
que vivemos é sempre reflexo de quem somos e de
como estamos por dentro.
Uma casa feliz e cheia de vida com certeza tem
pessoas apaixonadas pela vida e cheias de fôlego, sejam
elas empreendedoras, ou de fato donas de casa. Todos
nós somos donos e donas de casa, mas o título, tão
deturpado por ideologias, roubou o respeito das
mulheres que se dedicam por suas famílias.
Entretanto, por mais que o mundo as critique e
as olhe com ar de dó e pena, Deus preservou nelas o
brilho e a formosura de serem apaixonadas por suas
famílias e suas casas. Edificar o lar é o dom da mulher
sábia, e, como já vimos antes, quem destrói o lugar que
vive é a mulher tola. E se tem algo que eu tenho pavor
de ser um dia, é uma mulher tola; que, nos padrões
de hoje, se chama de sábia e larga o marido

112
e filhos para tentar a sorte de qualquer forma no
mundo, não acompanha o crescimento dos filhos, não
os enxerga e acaba ferindo tanto seus pequenos, que se
transformam em adolescentes problemáticos e adultos
mal-humorados, como também destruindo seus
casamentos por priorizarem o mundo lá fora.
A beleza da vida está no Eterno. Sorte de quem
viu isso cedo o suficiente.
Eu quero trabalhar. Quero viajar, conhecer o
mundo, empreender e ter possibilidades financeiras
que vão me ajudar na caminhada. Quero mesmo ser
uma mulher de negócios, mas quero amar meu marido.
Quero estar perto dele e sonhar os sonhos dele – assim
como sei que ele vai sonhar os meus também. Quero
cozinhar para cuidar dele e oferecer amor em forma de
comida, quero me preocupar com as coisas que ele se
preocupa e até mesmo passar suas camisas para que
ele esteja sempre se sentindo cuidado.
O que ele vai fazer por mim? Descobrirei na
jornada do casamento. Mas se eu entrar nele apenas
esperando algo, já sei que vou me frustrar. Deus me
deu tudo e sacrificou Seu Filho por mim, por isso hoje
entendo com gratidão e alegria a linda forma de amar
sacrificando também. O casamento não é sobre a
minha felicidade, mas sobre fazer quem eu amo feliz –
e honrar ao Senhor em cada etapa dele.

113
O Rei se fez servo e serviu. Lavou os pés dos
seus discípulos e meu comprometimento como de
esposa e serva do Senhor será de servir meus filhos e
meu marido. Maior é o que serve (Marcos 10:43). A
ótica humana de hierarquia não cabe na
matemática do Reino de Deus.
Quero ter meus hobbys e cuidar de mim durante
minha vida, mas, ah meu Deus, como eu quero cuidar
dos meus filhos. Só de pensar já tenho os olhos
marejados com a esperança de ter, nos meus braços, a
imagem e semelhança de Deus, proveniente do lindo
amor que eu viverei. Criar e educar uma criança no
caminho deve ser a jornada mais especial da vida de
alguém, e eu mal posso esperar por isso.
Tenho certeza que na maternidade entenderei
em novos níveis o sacrifício verdadeiro e o amar sem
esperar nada em troca. Acredito que as mães e os pais
se aproximam mais de Deus porque começam a
entender mais do Seu amor por nós – tão
gigantesco e profundo.
Oro e peço ao Senhor para que eu possa dedicar
totalmente meu tempo aos meus filhos bebês, e que o
desejo do empreendimento fique do lado de fora da
porta de casa enquanto eles crescem e aprendem a
viver. O que importa é o Eterno, e os prazeres da vida

114
podem ser conquistados depois – ou antes, ou nunca.
Sem pressa. Ser “do lar” tem para mim um dos mais
nobres significados – e como eu admiro as mulheres
que vivem assim. (Te amo, mãe! Obrigada por ter sido
essa mulher por nós por tantos anos, e hoje
corajosamente entrar e crescer no mercado de
trabalho!)

O belo perdeu o valor no mundo, mas quão


lindo é redescobri-lo aos padrões de Deus. Tudo que
Deus criou é bom e muito bom, e eu quero ter uma
ótica que me ajude a enxergar a vida desta forma.
Eu quero ser bela. Quero ser tão cheia do Espírito
Santo que as pessoas ao meu redor sejam impactadas, e
a alegria seja a formosura do meu rosto (Provérbios
15:13). Pessoas felizes são belas. Se apaixonar por
Deus nos enche de alegria, e então reconhecemos
o belo. O sexo matrimonial é belo. Os relacionamentos
interpessoais são belos. Até o trabalho pode ser belo.
Jesus redime toda a humanidade e também as
coisas que tocamos; a arte humana, corrompida e
machucada, fere e confunde... enquanto os padrões
de arte do Criador curam almas vazias e feridas.

115
Novelas, cinema, livros, música, exposições...
imagine tudo isso tocado pela beleza de Deus. O
belo tem um novo significado e não é, jamais, relativo!
Ele é concreto, porque reflete Um. E assim fica fácil
perceber onde estão aqueles que não refletem a
verdadeira beleza.
O belo está ao nosso redor e tantas vezes não o
percebemos. O belo pode estar nas nossas roupas,
refletindo a certeza de que somos filhas de um Deus
amoroso e que é Rei. Refletir realeza e beleza no vestir
é dizer para o mundo: ei, eu sou filha do Deus altíssimo!
Nos posicionar com a identidade transformada
que Jesus conquistou para nós é mudar nossa forma de
nos vestir, entendendo que muitas roupas não refletem
a santidade e a beleza de Deus. Buscar a santidade
precisa mudar a ótica em nós e nos alinhar para
perceber onde está o belo – e como podemos usá-lo em
tudo, até em nossas roupas.
Contemplar o belo é, também, guardar meus
olhos contra tudo que não o é. Guardar nossos olhos
puros exige de nós um entendimento de que a pureza
vem de Deus e é essencial para nosso coração. Buscar
ao Senhor e contemplar Sua Santidade nos faz
reconhecer as impurezas que existem em nós, e então
percebemos a necessidade de sermos santos porque Ele
é Santo (1 Pe 1:16).

116
Buscar a santidade é uma caminhada diária e
não significa apenas não fazer sexo antes do
casamento, não se masturbar e não assistir
pornografia. A santidade vai muito além da pura
sexualidade, mas na nossa mente, nossos olhos e
em nosso coração.
“Quem chegará ao Senhor é quem é limpo de
mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à
vaidade, nem jura enganosamente” (Salmos 24:3–4), e
entendendo isso temos um vislumbre da vida que
precisamos levar. Vale a pena deixar para trás tudo
para nos aproximarmos de Deus, porque um
minuto na Presença Dele é mais valioso do que todas as
outras coisas.
Vendar nossos olhos para cenas sensuais, temas
que não revelam a beleza de Deus, novelas, filmes e
séries que não se posicionam com pureza é necessário
e primordial. Para quem teve a mente invadida pela
pornografia, qualquer beijo cenográfico lembrará de
cenas muito mais sérias e sexuais.
O padrão corrompido da moral tem nos oferecido
um banquete de imoralidade em todas as formas de
entretenimento, e buscar ao Senhor significa
também filtrar tudo que vemos e consumimos.

117
Precisamos fugir das más conversações, das
leituras eróticas e de tudo que trará em nós impureza e
pedras que nos atrapalharão na caminhada da
santidade. Para mim, o filtro pode ser um, enquanto
para você o filtro é outro.
Nós nos conhecemos e sabemos até onde podemos
andar, assim como Deus conhece também o nosso
coração. Mas precisamos andar longe, bem longe, do
limite, jamais nos aproximando dele, porque a queda é
iminente.
A pergunta em nosso coração não deve ser “isso
é pecado?” e sim “isso condiz com o estilo de vida
para Deus que eu desejo viver?”. Nós temos de Deus
o quanto nós buscamos Dele – Ele está disponível!
Precisamos buscar este lugar e investir no
relacionamento, porque quanto mais puxarmos, mais
receberemos, Deus é infinito e tem infinitas coisas para
nos encher e transbordar, por isso precisamos ir além
no nosso estilo de vida.

O dicionário descreve recatada por “Prudente;


que se comporta com cuidado e prudência. Modesta;
que não ostenta suas próprias qualidades. [Figurado]
Que não aparece; que prefere estar oculto.”

118
E, lendo este significado, entendo de maneira muito
mais profunda o que realmente esta palavra diz.
Sermos prudentes e nos comportar refletindo Deus é
exatamente o que somos chamadas para ser.
A modéstia é outro ponto importante das
escrituras, onde enxergamos o valor do corpo e a
função das roupas e as usamos para guardar o Templo
do Espírito Santo. Não esperar que sejamos vistos, mas
sim Jesus em nós, é a forma de viver de qualquer
cristão... Minha irmã, deveríamos ser recatadas. E ser
recatada não significa nos “segurarmos” ou privarmos,
mas prudentes com nosso modo de agir e nos
comportar.
Eu sou falante, extrovertida, e sei que minha
personalidade foi dada a mim por Deus, e que Ele se
agrada do meu coração, que contagia as pessoas com
minha forma de me portar. Mas sei também que posso
fazer da minha personalidade a coisa mais importante
sobre mim, um ídolo na minha identidade, e perder o
limite ao me render às palhaçadas, esquecendo que o
mais importante em mim é ser filha amada de Deus.
Filha amada de Deus precisa ser o maior
traço da minha personalidade; porque é a partir
disso todas as outras coisas nascem.
A prudência no vestir e no falar reflete do que
meu coração está cheio.

119
Ser prudente e recatada é compreender o valor
do corpo que o Senhor nos deu, e guarda-lo
contemplando o nosso Criador. Tem pedaços do nosso
corpo que não são para serem vistos. Tem pedaços do
nosso corpo que precisam ser guardados para apenas
um par de olhos e dentro da aliança do casamento.
Notar a importância disso me ajuda na hora de
escolher peças de roupas e direciona a atenção para
como refletir nossa personalidade, tão amada por
Deus, em nossa forma de vestir. Ser recatada e virtuosa
é um traço de um coração que ama ao Senhor, e se
move valorizando a linda identidade que Ele criou para
nós.
Ser filha amada de Deus me dá a segurança
de que eu não preciso ser o centro das atenções,
mas usar do meu dom de comunicação para voltar a
atenção para Deus. Que Ele cresça e eu diminua! (João
3:30). Porque a vida humana não pode ser individual e
egoísta, mas uma jornada de conhecer a Deus e fazê-Lo
conhecido.
É sobre Ele! E oro para que meu coração, e o
seu, todos os dias se alegre ainda mais em fazer de tudo
ao nosso redor sobre Deus, porque foi Ele quem nos deu
tudo o que temos hoje e o mais importante: Jesus.

120
Ser bela, recata e do lar, sinceramente, é
uma das coisas mais bonitas que eu poderia ser. A
mulher virtuosa de Provérbios 31 foi, minha mãe é e eu
desejo ardentemente ser. Não com tom irônico e
político, mas com a lente celestial da vida com
Deus, que faz de tudo muito mais bonito.

121
Lavada pelo Sangue

Hoje, olhando para trás e percebendo meu


caminhar de altos e baixos com Jesus, percebo que
mesmo eu tendo sido encontrada inconstante durante
o caminho, não posso dizer o mesmo sobre o meu
Senhor e Seu amor por mim.
Em nenhum momento Ele foi inconstante ou me
puniu porque eu havia deixado as ondas fortes me
derrubarem. Nunca, nenhuma vez, Ele me acusou com
meu passado ou me chantageou me prometendo se
afastar de mim se eu não mudasse.
Talvez uma das coisas mais irresistíveis na
caminhada cristã seja justamente a certeza
inabalável de que Jesus continuará aqui e de que
Ele caminha conosco. Depois de me agarrar em
muitas coisas que me derrubaram, finalmente
encontrei a única rocha segura em que posso me
segurar.
Diferente de todas as outras coisas que eu
experimentei antes Dele, Ele nunca mudou. Ele não me
excluiu quando eu pensei diferente, não me bloqueou e
me diminuiu, não me afastou menosprezando meu
valor e nunca mentiu para mim.

122
Jesus é o mesmo que Ele era antes, e a minha
confiança de que Ele continuará sendo é o que me
alegra e me empurra da cama todos os dias. Meu
amado me amou primeiro, e é por isso que eu dedico
minha vida para amá-Lo mais e mais. O Amor do
calvário me conquistou de maneira irresistível e,
vendo o próprio Deus dando tudo por mim, não quis
nada além de dar de volta tudo para Ele também.
Minha vida, meus sonhos, meu trabalho, meus
relacionamentos, meus desejos, meu corpo, meu futuro
– e qualquer outra coisa que possa ganhar meus olhos
em algum momento – eu dou deliberadamente a
Ele. Desejando apenas que, todos os dias, Ele me
encontre de novo.
O meu Senhor, não tendo dívida nenhuma comigo
e nenhuma obrigação, e já tendo me presenteado com
o seu melhor (Jesus), nunca deixa de vir quando eu
entro no quarto e chamo: “Pai!”. A paternidade de Deus
curou minhas feridas, transbordou meu ser, preencheu
meus vazios, assegurou minha vida, afirmou minha
identidade e me deu um sonho de futuro Eterno.
Quando alguém me pergunta os motivos que me
fizeram deixar tudo, confesso que, apesar de ter
respostas enormes, teológicas e cheias de profundidade
– como pincelei nestas páginas que você leu -, a única

123
verdade que salta em meu peito, pula pela garganta e
se forma em minha língua é a convicção de que Jesus é
tudo o que eu quero e tudo o que eu tenho. E nada mais
me importou desde que Ele me encontrou.
Nenhuma ideologia mundana mais tinha valor
ou sedução; porque eu já tinha provado delas e visto
que eu continuava vazia e sem propósito. Nenhuma
droga lícita ou ilícita, explosão de prazer, desejos
carnais ou materiais jamais seriam capazes de me dar
a profunda sensação de totalidade que corre por
meu corpo quando sinto que Ele entrou no quarto.
Uma piada que costumo fazer nos meus dias
difíceis é que “eu só preciso de cinco minutinhos com
Deus para me resolver” – porque Ele é capaz de me
mudar por completo em tempo recorde. Sem Ele eu já
não sei mais quem sou. Minha alma encontrou o que
ela tanto procurava porque eu, assim como você, não
sou deste mundo e nasci para ser eterna. O pó do
qual fui feita só teve vida porque o Criador soprou
fôlego de vida em mim – e eu andava vagando
procurando por Ele e nem sabia; até que O encontrei.
Minha história foi escrita verdadeiramente a partir
daquela quarta-feira de cinzas do ano de 2019. Naquele
dia meus pulmões foram cheios, meu coração bombeou
sangue de uma maneira nova e meus olhos

124
se abriram para algo que eu jamais poderia deixar de
ver desde então. São tantas as histórias que colecionei
com Deus neste tempo que talvez eu precise de muitos
livros para contar um terço delas – e muitas eu jamais
compartilharia com outras pessoas, porque são só
minhas e Dele.
Eu fui desejada antes de sequer sonhar conhecer
Aquele que me desejava e, já no ventre da minha mãe,
como com o profeta Jeremias e como com você
também, meu Senhor me escolheu (Jeremias 1). Como
com Hagar junto à uma fonte de água no deserto
(Genesis 16), conheci um Deus que me vê mesmo
quando ninguém mais me via. Ouvi as mais doces
palavras sendo sussurradas para mim e encontrei
Alguém que é O único caminho possível (João 14:6).
Esse tipo de certeza não se ganha de maneira
despropositada, mas por um unir sobrenatural do Deus
do universo com o espaço de tempo em que Ele
escolheu para te chamar; não tem acaso nenhum
nisso. Não sei quando isso aconteceu com você, ou se
já aconteceu, mas te garanto que sua vida jamais
poderá continuar a mesma. Ser tocada pelo Rei,
Aquele que segura na ponta dos dedos a
eternidade, não pode deixar a nossa vida da
mesma forma.

125
Saber que existe Um que é infinitamente superior
do que a famosa força que rege tudo que as
celebridades costumam chamar de deus, é a revelação
pela qual, eu e você, nascemos para ter. Jesus, o próprio
Deus, desceu na Terra, se humilhou, e tomou a
sentença da qual eu e você tínhamos a culpa, para que
a minha e a sua história mudasse para sempre e
pudéssemos voltar em paz para Casa, nos
reencontrando com liberdade com Deus, e tendo vida
eterna ao lado Dele.
Ele venceu a morte. Ele ressuscitou. Ele dividiu a
história. Ele não tinha nenhum pecado e morreu sem
jamais pecar. Ele me amou. Ele te amou. E ele chama,
nós duas, pelo nome na intimidade que só Ele
pode ter conosco.
Você não nasceu para viver menos do que uma
linda jornada de intimidade com um Criador que tem
alegria e prazer em você. Um Criador que te separa do
jugo do pecado e te liberta para sempre da prisão da
carne que amaldiçoava as nossas vidas.
Existe uma vida de liberdade. Uma vida sem
precisar de rótulo ou de nada que te induza a um
prazer rápido e explosivo que te deixará destruída e
sedenta por mais logo depois, porque só deixou o
buraco que já existia em você ainda mais profundo.

126
Quando eu estava conhecendo e experimentando
o verdadeiro deleite em me relacionar com Jesus, fui
acusada inúmeras vezes por satanás enquanto ele me
lembrava dos meus inúmeros pecados. Quantas vezes,
enquanto ajoelhada tentava orar, minha mente era
tomada por memórias sujas e impuras, de uma
imoralidade descabida pela qual tinha vivido por
tanto tempo.
A agonia com a qual batalhei por semanas
começou a me cegar e me fazer cada dia mais surda à
voz do Espírito Santo e eu, inexperiente, não sabia
ainda como lutar da maneira certa contra isso. Um dia,
sufocada por tanta culpa, chamei minha mãe e abri
com ela a luta pela qual estava passando há dias.
Ela, já conhecendo meu passado, me abraçou
cheia de cuidado e amor e orou comigo, intercedendo
por mim e, como autoridade na minha vida, pedindo
por libertação em minha mente. Depois de orarmos
juntas, uma paz preencheu meu corpo, mas algo ainda
parecia ruim e minha mente ainda estava turva.
Fui ao meu quarto e busquei ao Senhor novamente,
mas agora dizendo com todas as letras e em voz alta,
tudo que satanás me acusava, pedi por misericórdia do
Senhor.

127
Eu pedia perdão insistentemente porque pensava que
ainda não havia sido perdoada, e clamava, agarrada ao
tapete, para que todas aquelas memórias cessassem e
eu pudesse seguir em frente sem me machucar com
meu passado. Decidi tomar um banho, e o que vivi
naquele dia foi uma das coisas mais lindas que o
Senhor fez por mim até hoje.
Lembro claramente do que aconteceu, e foi tão
real que, ainda hoje, anos depois, volto a me emocionar
mesmo já tendo narrado essa história inúmeras vezes.
Era aproximadamente 16h da tarde, e uma luz
forte de sol ainda entrava pela janela do banheiro.
Liguei o chuveiro chorando muito e sentindo como se
precisasse lavar toda a sujeira para deixa-la para trás.
Eu clamava pelo Senhor e pedia, incansavelmente,
para que Ele fizesse tudo aquilo parar.
E então, enquanto eu ensaboava meu corpo, vi,
com os olhos abertos, e enxerguei assim como enxergo
claramente o notebook pelo qual escrevo este livro, a
água que escorria por meu corpo se transformando
num vermelho vivo, e eu ouvi o Senhor dizer com uma
doce voz: “eu já te lavei, você está limpa, minha
querida”.
Desde esse dia, nunca mais satanás teve poder
sobre minha mente com acusações do meu passado.

128
Eu fui lavada pelo sangue do cordeiro e nada
pode roubar essa convicção de mim. Meu passado
passou, e todas as coisas que vivi antes de Jesus não
importam mais. Eu fui feita nova criatura. Você foi
feita nova criatura.
Eu conto minha história porque sei que o testemunho
carrega grande poder para curar. Essa história é a
minha, mas sei que poderia ser a sua. Existem muitas
como eu era por aí e, talvez, você seja uma delas.
Se este for o caso, queria que você se sentisse
abraçada agora e deixasse o Senhor te tocar. Feche os
olhos e ore corajosamente pedindo ajuda do Espírito
Santo para mudar a perspectiva e entender Nele quais
são as verdades e quais são as mentiras que você
acredita. Permita que seus olhos percebam o agir de
Deus e abra o seu coração para a transformação mais
linda e poderosa que pode acontecer na sua vida!
Eu te garanto que é a melhor de todas.
Você é amada, minha querida leitora. Você é
profundamente amada! E existe vitória e redenção
para você também, e eu espero que ler essas palavras,
de alguma forma, seja instrumento de Deus para
que você seja curada como eu fui.
A vida com Ele é livre. Aproveite a jornada!

129
E agora?
Talvez estas páginas tenham encontrado em você
solo fértil, e cada uma das palavras deste livro tenham
tocado seu coração com sede e fome pela Presença de
Deus.
Se este é o seu caso, e você se sente surpreendida
pelo turbilhão queimando aí dento, e seu coração
deseja se entregar ousadamente para este Deus
maravilhoso, quero te convidar a repetir algumas
palavras comigo, se você nunca as disse antes:

“Senhor Jesus, eu te reconheço como meu Senhor e


Salvador. Eu vejo que Tu és a única verdade, e eu
quero caminhar contigo todos os dias da minha vida!
Perdoa todos os meus pecados, e me ajuda a caminhar
seguindo a sua verdade e a sua Palavra. Escreve o
meu nome no livro da vida, amém!”

Se você já caminha com o Senhor, já entregou sua


vida para Ele, mas percebeu com esta leitura que ainda
precisa renunciar algumas coisas, quebrar alguns
ídolos e trilhar um novo caminho, quero te convidar a
fechar a porta do seu quarto e orar.

130
Pedir ajuda do Espírito Santo para estar com você
nessa jornada e a firmar os seus passos por este
caminho. Assim como eu fiz uma oração perigosa, e
continuo fazendo sempre que me deparo com novos
ídolos, quero te convidar a orar perigosamente
hoje também. Seja forte e corajosa!
Minha querida, estou confiante que nossa
sociedade precisa de mulheres firmes na Palavra de
Deus e eu acredito solenemente que você pode ser a
mudança que vai causar transformação no meio
em que você está.
Vemos o mundo unido tomado pelas rédeas de
satanás, mentindo para as mulheres todos os dias, mas
eu e você somos agentes do Reino para ser sal e
luz onde estivermos. Se nos posicionarmos a partir
hoje, podemos ajudar outras mulheres a se
posicionarem também. Assim como eu e você um dia
precisamos de ajuda para ter nossos olhos abertos, eu
tenho certeza que existe alguém do seu lado que
precisa disso também – e você pode ser resposta na
vida dessa pessoa.
Não negocie a verdade.
Não estou te chamando para criar polêmicas na
internet, mas para se posicionar pela bíblia e a
parar de negociar princípios que deveriam ser
inegociáveis.

130
131
Para te ajudar a não deixar essa chama que está
queimando no seu coração apagar, fiz uma lista com
passos práticos para você seguir diariamente e ser sal
e luz por onde você passar.

1. Leia a bíblia e ore todos os dias

Mesmo sem vontade, mesmo nos dias que você sentir


preguiça. Se esforce para fazer disso uma prática
constante, crendo que ela está te transformando até
quando você lê e não sente nada. Invista tempo em
leitura bíblica e se firme nas verdades do Senhor. Crie
um plano de leitura, ou encontre um na internet,
para te ajudar a ser constante, mas não desista!
Desenvolva o hábito de orar, abrindo seu coração
para Deus e sendo sincera em suas dificuldades,
prazeres, sonhos, mazelas, pecados e todo o restante!
Você vai ver sua vida mudar.

2. Fale com o Espírito Santo em todo o tempo

Desenvolva o hábito de colocar o Senhor em tudo o


que você fizer.

130
132
Converse com Ele com intimidade, sobre seus
assuntos cotidianos e sobre os temas mais sérios. Peça
ajuda dele durante o dia, convide-o para fazer as
coisas com você. Peça discernimento espiritual,
sabedoria e sensibilidade, e também entendimento
para ler a bíblia e ir mais fundo nela.

3. Faça uma limpa nas suas redes sociais

Pare de seguir quem te influencia para as coisas do


mundo. Pode ser por um tempo, até seu coração estar
firme, mas limpe tudo que te lembre do passado ou te
instigue a viver uma vida longe do Senhor. Pode ser
qualquer coisa para te ajudar neste filtro: desde uma
influencer milionária que você se compara e às vezes
inveja, à cantora de funk que vive exibindo o corpo e
uma vida de luxúria, até o seu ex que ainda confunde
seu coração e brinca com seus sentimentos. Se for
preciso, bloqueie. Mas se posicione guardando a
pureza dos seus olhos, coração e mente.

130
133
4. Procure seguir pessoas que te motivam a
buscar mais o Senhor

5. Diminua o consumo de todo e qualquer


entretenimento que te atrapalhe ou te faça pecar

Se você vive carente, se você cai em conversinha com


meninos em todo tempo e não consegue guardar seu
coração, fuja de filmes e livros de romance que te
puxam para este lugar de carência. Se você tem, ou
teve, problemas com pornografia e masturbação, fuja
de qualquer série, livro, perfil, programa de tv, canal
no youtube (...) que te dê gatilhos para praticar isso
novamente. Seja rígida com você neste sentido e se
encha de conteúdos que edificam: desde filmes,
músicas, séries e até o quê assiste na tv. Tem muito
entretenimento bom e limpo disponível!

6. Esteja firme na Igreja

Se você ainda não serve na sua igreja local,

130
134
ou não está inserida em nada junto com as pessoas da
sua comunidade, faça isso! Tome a decisão de se
enturmar e fazer amigos que têm o mesmo propósito
de santidade que o seu, e influencie nesse meio para
fortalecer suas amigas também. Sirva na igreja, em
qualquer ministério que você possa participar, vá aos
cultos de jovens, esteja em um pequeno grupo
(células) e se fortaleça! Não caminhe sozinha!
Procure fazer amigos que são amigos de Deus – ore
pedindo ao Senhor por isso!

7. Procure uma mulher de Deus para te


acompanhar

Procure um discipulado! Muitas igrejas não possuem


formatos de acompanhamento e discipulado e, se esse
for o caso da sua, observe mulheres ao seu redor que
você confia, respeita e admira, e se aproxime de uma
delas se oferecendo para ajuda-la e servi-la. Converse
com ela sobre a necessidade de ser cuidada e
acompanhada e pergunte se ela não aceitaria
caminhar com você nessa jornada da fé! Seja fiel em
busca-la, pedir ajuda, confessar pecados e também
em servi-la para sempre aprender com ela.

130
135
8. Se afaste de tudo que te fizer pecar

Falei nestes passos sobre mudar os entretenimentos e


conteúdos que consome, mas pode ser que, na sua
vida, outras coisas sejam o que te atrapalha na
caminhada. Às vezes um relacionamento amoroso,
um grupo de amigos, um lugar que você frequenta...
seja firme em andar longe do mal e transformar o
ambiente ao seu redor para te ajudar! Termine com
quem precisar terminar, mude os ambientes e as
rodas de amizade. Seja firme!

9. Jejue

Desenvolver a prática do jejum é transformador em


nossas vidas. O jejum enfraquece a nossa carne e
fortalece o nosso espírito, nos levando para perto do
Senhor. Jejum não é suborno nem chantagem com
Deus, mas dizer para nós mesmas: quem manda aqui
é o Senhor!

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10. Seja a diferença

Fuja das más conversações, aconselhe suas amigas


segundo a Palavra, aproxime as pessoas de Deus,
construa pontes e destrua muros de relacionamentos.
Faça a diferença levando o Evangelho, andando na
cultura do Reino, sendo generosa, sobrenatural e
cheia dos dons e fruto do Espírito. Jesus mudou a
minha e a sua vida, e por isso cremos que Ele pode
fazer também na vida das outras pessoas e nós
podemos ser canal para isso.

11. Construa um memorial com Deus

Assim como Deus fala para o povo de Israel colocar as


12 pedras empilhadas antes de atravessar o Jordão,
para se lembrarem do que Ele tinha feito pelo povo
(Josué 4), eu atualizo meu memorial de fé
constantemente para nunca me esquecer o que Deus
já fez por mim. Este livro é uma parte do meu
memorial, e eu tenho cadernos e notas no celular
cheias de pedras que constantemente me lembram de

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quem Deus é. Nos dias de fraqueza e pouca fé,
lembrar daquilo que Ele já fez pessoalmente em
minha vida, me fortalece e me ajuda a persistir. Faça
isso também! Anote o que Ele fez e continue
anotando. Imagina que lindo será chegarmos à
velhice e poder ler tudo que Deus fez em nossa
história! Serão infinitas páginas de Amor!

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Carta final
Oi, minha querida amiga!
Que alegria chegar até aqui com você. Não sei o
que te fez comprar este ebook, mas louvo a Deus
porque você o fez.
Oro para que seu coração transborde de amor
por Jesus todos os dias da sua vida, e que satanás
nunca mais ganhe sua mente com mentiras.
O grande sonho da minha vida é ver mulheres
capacitadas no Evangelho, amando ao Senhor sobre
todas as coisas, e posicionadas contra toda e qualquer
mentira do mundo.
Este livro é muito especial na minha vida. Ele é
sobre o que Jesus fez, é sobre quem Ele é, e a certeza de
que Ele é poderoso para fazer infinitamente mais na
sua vida.
Antes da segunda edição ser publicada, fechei as
vendas da primeira edição do eBook com mais de 1000
mulheres em todo o mundo impactadas por essas
páginas, e todos os dias recebo uma nova mensagem no
Instagram, e-Mail ou Youtube, carregada de
testemunhos daquilo que o Senhor fez através dessa
história.

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Isso nunca foi e nunca será sobre mim.
Com o sucesso do eBook, a editora UpBooks
publicou a versão física e levou “Primeiro eu precisei
morrer” para o maior evento de literatura do Brasil: a
bienal do livro de São Paulo, e eu pude conhecer
centenas de mulheres cheias do Espírito Santo e
apaixonadas por Jesus que me calibraram de fé e
esperança pela nossa nação. Vocês estão por todo o
canto e é surreal ver o Amor que nos une! Aleluia!
A versão física é diferente desta versão que você
lê agora, e acredito que cada página chega até o leitor
de forma personalizada. Sua história, tocada pela
minha, é o espaço perfeito para Jesus fazer o que Ele é
mestre em fazer: transformar, redimir e salvar.
Recebi testemunhos de meninas que foram tão
impactadas que compraram o livro para suas amigas, e
elas, que nem eram cristãs, aceitaram Jesus e foram
para a igreja! Pequenos grupos que leram o ebook e
estudaram a fundo, mães que leram para ajudar suas
filhas, senhorinhas que amam a Deus há décadas e
leram para glorificar o nome Dele. Adolescentes,
mulheres, senhoras: todas glorificando Jesus! Isso é o
que me move.

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Se este livro te impactou, por favor, não deixe de
me contar. Eu realmente quero me emocionar e
celebrar com você! Não deixe o medo te cegar, e ande
em ousadia e coragem dizendo SIM para o Senhor.
Esteja firme, minha amiga! Porque eu te garanto
que vai valer a pena.
A certeza da minha vida é que, o dia mais triste e
difícil que eu já tive com Jesus, (daqueles cheios de
inseguranças e dúvidas), foi infinitamente melhor
do que o dia mais feliz da minha vida no mundo.
Nada se compara a Ele. E eu oro para que você saiba
disso também.

Deus te abençoe e te fortaleça!


Com amor,
Vica
07/08/2022

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Agradecimentos
Não posso começar sem agradecer meus pais,
Ronny e Eliana, que são os maiores incentivadores do
meu sonho de escrever e sempre me encorajam a ser
quem Deus me fez para ser. Sem eles, eu não seria
quem sou e não amaria tanto os livros e a literatura.
Às minhas amigas, Maria Luiza, Monique e
Stéphanie, que foram minhas leitoras-beta, foram
honestas comigo em dizer o que sentiram com a leitura
e oraram comigo pelo lançamento. Elas me firmam na
fé, caminham comigo olhando para Cristo e são amigas
como irmãs na minha vida.
Agradeço a cada uma leu este livro na primeira
edição do ebook, fazendo deste sonho possível. Leitores
são o que movem um escritor, e poder me chamar de
escritora hoje é porque vocês leram o que eu escrevi.
Obrigada!
Obrigada à Carla e à editora UpBooks por
acreditarem no ebook e investirem nele, crendo que ele
leva a mensagem do Evangelho e será benção na vida
de muitas mulheres, fazendo dele um livro físico.
Que Deus abençoe vocês!
E obrigada você, que está lendo essas palavras
agora, na segunda edição do eBook, e acreditou na
mensagem deste livro, chegando até aqui. Que Deus te
guarde e te proteja e você se apaixone por Ele cada dia
mais!
Indicações
de Leitura
“Feminilidade Radical” Carolyn Mcculley
“Pureza é Poder – por que as mulheres perdem quando
cedem” Lisa Bevere
“Jesus e as mulheres: o quê Ele pensa de nós” Sharon
Jaynes
“Eva no Exílio: a restauração da feminilidade” Rebekah
Merkle
"Ela à imagem dele" Francine Veríssimo Walsh
“Deixe-me ser mulher: Lições À Minha Filha Sobre O
Significado De Feminilidade” Elisabeth Elliot
“O Privilégio de Ser Mulher” Alice Von Hildebrand
“Mulher do reino: Seu propósito, seu poder e suas
possibilidades” Tony Evans e Chrystal Evans Hurst
“A dama, seu amado e seu senhor: As três dimensões
do amor feminino” T. D. Jakes
“Paixão e pureza: Aprendendo A Deixar Sua Vida
Amorosa Sob O Controle De Cristo” Elisabeth Elliot
“Uma relação perigosa: Uma biografia reveladora de
Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre” Carole
Seymour-Jones
“Feminismo: perversão e subversão” Ana Caroline
Campagnolo
“Garota gay, bom Deus: A História De Quem Eu Era E
De Quem Deus Sempre Foi” Jackie Hill Perry
“Pensamentos secretos de uma convertida improvável:
A jornada de uma professora de língua inglesa rumo à
fé cristã” Rosaria Champagne Butterfield
“Contra o aborto” Francisco Razzo
“Por que gênero importa?” Leonard Sax

“O Segundo Sexo” Simone de Beauvoir


“O feminismo é para todo mundo: Políticas
arrebatadoras” Bell Hooks
“A mística Feminina” Betty Friedan
“O mito da beleza: Como as imagens de beleza são
usadas contra as mulheres” Naomi Wolf
“Feminismo em comum: Para todas, todes e todos”
Marcia Tiburi
“Sejamos todos feministas” Chimamanda Ngozi
Adichie
A Autora
Vitoria Dozzo tem 25 anos, é formada em Design
de Moda pela Unicesumar, foi encontrada por Jesus em
2019 e então se encontrou. Desbrava a internet com
criação de conteúdo desde 2014, falando das suas
opiniões com bom humor e sinceridade e expondo uma
visão de mundo tocada pelo Evangelho com
posicionamento e postura.
Publicou dois devocionais para meninas com a
Editora Quatro Ventos “Simplificando o Secreto” e
“Desenvolvendo o Secreto” com outras autoras, sendo
também autora de toda a linha do Secreto, com a
“Bíblia do Secreto” e “Planner do Secreto”, além de
publicações de contos e crônicas nos livros “Amor nas
entrelinhas” (2014) e “Elas” (2019).
Em 2021 se graduou no curso de liderança cristã
Dunamis Tracks, pelo Dunamis Movement, na cidade
de São Paulo, onde se aprofundou em cosmovisão
bíblica, mídias sociais, desenvolvimento pessoal e
gestão com líderes e professores de todo o Brasil e
mundo.
Atuou na série infantil para o YouTube “A Turma da
Rua G5.2” como a personagem Carol, e participou da
bancada do podcast "PodPensar" para a Jovem Pan por
quatro meses.
Atualmente reside na cidade de Maringá, no
Paraná, desenvolvendo novos projetos para mulheres
cristãs, formando líderes, discipulando mulheres,
palestrando em colégios, pregando em igrejas e
servindo em sua igreja local. É a host do podcast
cristão “VicaCast”, no qual toda quinta-feira aborda no
Spotify um tema sem censura, mas com muita verdade,
sobre a vida cristã, Além disso, tem um Clube de
Leitura online por assinatura para mulheres cristãs,
dando aulas sobre bíblia e feminilidade.
Trabalha no atelier de vestidos de noiva Ronny
Dozzo, e continua influenciando com princípios e
valores na internet, sendo autoridade no assunto
identidade e moda.
O livro “Primeiro eu precisei morrer” é seu
primeiro trabalho de escrita solo, um projeto que já
voou para lugares altos, e ainda tem muito mais
caminho para percorrer.
Vitoria Dozzo
2ª Edição. © Todos os direitos reservados.
Agosto de 2022

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