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Título original
Only Love Can Hurt Like This
ISBN: 978-65-5924-232-0
T632s
Toon, Paige
Só o amor machuca assim [recurso eletrônico] / Paige Toon; tradução Adriana Fidalgo. –
1. ed. – Rio de Janeiro: Verus, 2023.
recurso digital
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete
Capítulo Trinta e Oito
Capítulo Trinta e Nove
Capítulo Quarenta
Capítulo Quarenta e Um
Epílogo
Agradecimentos
Prólogo
— Wren!
Sheryl está me chamando.
Desço do Bambi e respiro, agradecida, o ar fresco.
É como chamo o Airstream agora. O modelo já tem
um nome tão fofo, nem preciso dar um apelido.
— Você poderia levar isso para os Fredrickson? —
pergunta Sheryl, quando apareço ao lado do celeiro. Está
segurando uma garrafa do que parece ser espumante e
um pote de purê de pêssegos que preparou mais cedo.
— Presente de agradecimento? — pergunto ao me
aproximar.
— É.
— Será que ponho outra roupa primeiro? — Estudo
meu vestido chemise cinza coberto de sujeira.
Ela balança a cabeça, com descaso.
— Eles são fazendeiros. Nem vão notar.
— Isso é um pouco pedante.
— Só quero dizer que estão acostumados a sujar as
mãos. É algo bom — diz ela, ríspida.
Se você está dizendo…
Pego a garrafa e o pote. Lembro que Anders
provavelmente já está voltando para Indianápolis.
Não que eu me importe com o que ele pensa da
minha aparência, minto para mim mesma.
***
Deixei uma chave para você com meu vizinho. Ele mora
no 12. Volto lá pelas 6.
Fecho a porta do apartamento de Anders. Parece o
mesmo — elegante, limpo e arrumado —, mas sinto tudo
diferente.
Ao colocar a mala no quarto de hóspedes, dou uma
olhada na direção do de Anders e levo um susto ao
perceber que a foto de Laurie não está mais na mesinha
de cabeceira. Nem percebi que a estava procurando até
sua ausência ser a primeira coisa que notei.
O que aconteceu? O que isso significa? Qualquer
coisa? Nada? Tudo?
Passei o dia inquieta, mesmo que tenha sido um dia
ótimo. Dean me mostrou alguns dos projetos em que
está trabalhando, e até me levou para ver o incrível
Pavilhão de Visitantes do Museu de Arte de Indianápolis.
Estou me sentindo muito inspirada. Adoraria trabalhar
com ele, mas há muito o que considerar. Dean disse que
eu poderia pensar com calma sobre o assunto, porque a
funcionária só vai sair de licença-maternidade no fim do
ano. Acho que ele não vai ter nenhum problema para
preencher a vaga.
Anders chega pouco depois das seis. Eu me acomodei
na ilha da cozinha e estou me deliciando com a garrafa
de vinho branco que comprei em uma delicatéssen na
rua do apartamento. Nesse ritmo, vou virar alcoólatra até
o fim do mês. Estou muito abalada.
— Oi — cumprimenta Anders, e sua expressão é tão
suave quanto a saudação.
Ele parece cansado e talvez até um pouco triste, mas
ainda está lindo de cortar o coração.
— Oi.
— Como foi seu dia?
— Bom. — Endireito os ombros e ofereço a garrafa. —
Quer um pouco?
— Claro.
Ele pega outra taça do armário e vem se sentar ao
meu lado no balcão.
Anders não me abraça, nem eu esperava que o
fizesse, mas sua proximidade por si só faz cada
terminação nervosa do meu corpo ser atraída na sua
direção. Preciso me esforçar para agir como se nada
tivesse acontecido, e, teoricamente, nada aconteceu. Ele
não tem ideia de como sua partida me deixou arrasada. É
um pequeno consolo.
Despejo vinho no seu copo e me viro para ele.
— Vi que seu piloto ficou em segundo lugar no
campeonato — comento, imaginando se conseguiria
forçar as coisas a voltarem a ser como eram, uma vez
que seguir em frente não parece ser uma opção. —
Parabéns.
Brindo contra sua taça, e Anders retribui.
— Obrigado — responde ele, com um sorriso discreto.
— Aposto que ele teria vencido se você não tivesse
tirado uma folga — digo, em tom de piada.
— Nem vem. — Sua risada silenciosa faz meu sangue
ferver. — Ernie fica me dizendo a mesma coisa.
É o nome do piloto de Anders.
— Vocês se dão bem? — pergunto, tentando soar
indiferente, como se todo meu corpo não estivesse
ardendo de desejo.
— Sim, ele é legal. Ainda precisa amadurecer um
pouco, mas é rápido. Vai chegar lá. Você conseguiu ir ao
Circle Centre Mall?
Balanço a cabeça.
— Não vim aqui para fazer compras. Fui conversar
com o Dean.
— O Dean? — Ele parece surpreso. — Meu amigo
Dean?
— Achei que ele talvez tivesse comentado com você.
Tem uma vaga abrindo no escritório, e ele me perguntou
se eu estaria interessada.
— No escritório dele? Aqui? Em Indy?
Assinto.
Não sei como interpretar sua expressão. Os olhos se
arregalam, e ele se afasta, encarando a parede no outro
extremo da cozinha.
— Você consideraria se mudar para os Estados
Unidos? — pergunta ele, em um tom impassível e
monocórdio, com o maxilar tenso.
— Por que não?
Por que ele parece tão nervoso?
— Bom, vou tomar um banho. — Anders desce do
banquinho e deixa o copo. — Está com fome? —
pergunta ele, por sobre o ombro, e sinto que está se
esforçando para soar normal.
— Estou, um pouco.
— Vou ser rápido. Saímos em dez?
— Combinado.
Caminhamos até o restaurante, um estabelecimento
alemão chamado Rathskeller, localizado no porão de um
teatro ornamentado do século XIX, a apenas alguns
minutos do apartamento. Anders me disse que é o
restaurante mais antigo da cidade que ainda atende e
que é diferente de todos os que eu já tenha visitado. Há
uma sala de jantar formal pitoresca, com uma atmosfera
de pousada bávara antiga e, do lado de fora, um
biergarten onde normalmente há música ao vivo.
Nós nos acomodamos no Kellerbar, que está cheio e
onde várias cabeças de alce nos encaram das paredes e
bandeiras estilo castelo medieval caem do teto alto de
madeira. O garçom nos guia até uma mesa
aconchegante para dois, encostada a uma parede áspera
revestida de pedra.
— Outro lugar ótimo a que você me apresentou —
comento, calorosa.
— Tem um garçom aqui chamado Wayne. O cara tem
uma memória incrível. Um amigo meu foi morar fora e,
quando voltou, depois de oito anos, Wayne serviu a
mesma cerveja alemã que ele gostava de beber e as
mesmas batatas fritas recheadas que ele adorava,
mesmo sem pedir.
— Que incrível! — Olho ao redor. — Ele está aqui?
— Não, deve ser a noite de folga.
Anders olha o cardápio, então faço o mesmo.
— Eu deveria pedir uma salsicha alemã ou algo assim,
mas preciso dizer que gostei muito da ideia daquelas
fritas recheadas.
— São ótimas. Você deveria pedir o que tem vontade.
— O pretzel é bom?
— É, vamos pedir um de entrada. Você vai amar.
Desde o momento em que saiu do banheiro, vestindo
a mesma roupa que usou no dia da tempestade — uma
camisa xadrez preta, branca e cinza sobre uma camiseta
branca e jeans pretos —, achei difícil desviar os olhos de
Anders.
Ele, no entanto, parece estar se esforçando para nem
sequer me encarar.
O que eu não daria para saber o que está passando
pela sua cabeça.
Fazemos o pedido e o garçom leva os menus.
— Terminei o Bambi — digo, tentando soar casual.
— Sério?
Faço que sim com a cabeça
— Meu pai ajudou. E o Jonas também. Ele cuidou da
parte elétrica.
— Como ele está?
— Jonas ou o Bambi?
Ele bufa.
— Eu estava falando do Bambi. — Anders franze a
testa e aqueles dois sulcos aparecem. — Mas o Jonas
está bem?
Ele não queria se separar do irmão tão de repente.
Então por que o fez?
— Está.
Conto sobre a fazenda e o que aconteceu desde que
ele foi embora, inclusive como estão ficando os
preparativos para a noite de cinema. Anders se diverte
quando descrevo nossa tentativa de traçar o labirinto,
mas, ao mesmo tempo, parece triste por ter perdido o
momento.
— Por que você não volta para a fazenda no fim de
semana? O labirinto vai abrir no sábado, as famílias vão
colher abóboras, vai ser uma boa diversão rural —
acrescento, com um sorriso, imitando Jonas. — E você
precisa ver o espantalho que a Sheryl fez. É assustador
pra cacete.
Ele joga a cabeça para trás e ri, e, quando me encara
de novo, seus olhos brilham, iluminados por dentro.
— Você foi embora do nada. — Não consigo segurar as
palavras.
Ele fica sóbrio de repente, e baixa o olhar.
— Por quê, Anders? — Eu o pressiono gentilmente.
No começo, ele não responde, e não tenho certeza
que vai, mas então seus olhos encontram os meus e a
intensidade me tira o fôlego. O ar entre nós parece
carregado. Então ele suspira baixinho, e sua expressão
muda para algo que já vi em algum lugar antes.
A resposta me atinge com um déjà-vu: foi assim que
Scott olhou para Nadine quando percebeu que estava
apaixonado por ela.
— Anders — sussurro, deslizando a mão sobre a mesa
em direção a ele.
Anders congela, encarando meus dedos. Depois de
um momento, ele me lança um olhar doloroso. Meu
estômago dá uma cambalhota, mas, quando começo a
me afastar, ele pega minha mão.
— Porra, não — sussurra ele.
Sinto arrepios ao longo de todo o braço, subindo até o
pescoço e descendo pelo outro lado. E agora não são
borboletas no estômago, mas vaga-lumes, que iluminam
meu interior com um brilho quente, saltando e girando.
Estou rendida à vulnerabilidade que vejo nos olhos
dele, uma necessidade crua e um desejo indisfarçável.
Então sou inundada por amor… e também alívio, afinal
não estou sozinha. Ele também se importa comigo.
Mas então Anders olha para além de mim, e sua
expressão é tomada pelo horror absoluto. Observo,
confusa, ele se endireitar devagar e se recostar na
cadeira. Então desliza a mão para fora do meu alcance,
deixando-me ávida por mais.
Ergo o olhar quando uma mulher se aproxima da
mesa. Está na casa dos cinquenta e tantos anos, bem-
vestida, é loira e atraente, com olhos azul-claros. Os
lábios estão pressionados em uma linha fina, as feições
tensas.
— É por isso que você não tem nos visitado
ultimamente? — pergunta ela a Anders, apontando o
queixo para mim.
— Kelly… — Ele começa a dizer, balançando a cabeça.
— Na saúde e na doença! — sussurra ela, e Anders
visivelmente recua. — Você jurou! — Ela olha para mim,
e vacilo diante da ferocidade naqueles olhos azuis. — E
para você está tudo bem, não é?
— Por favor, Kelly. Ela não sabe — implora Anders.
— Sei o quê? — pergunto.
— Que ele é casado! — grita Kelly, incrédula. —
Casado! Com minha filha, Laurie!
Um suor frio brota na minha pele. Anders ficou pálido.
— Pensei que Laurie tivesse morrido em um acidente
de kart. — Minha voz não soa como minha.
— Não. Minha filha, a esposa dele — responde Kelly,
acenando com a cabeça para o homem diante de mim —,
está muito viva.
Ela balança a cabeça para Anders, em um gesto
condenatório, e então seus olhos azuis se enchem de
lágrimas.
— Ligo para você amanhã — promete Anders a ela,
em um tom calmo, então afasta a cadeira da mesa e se
levanta. Depois coloca a mão no braço da mulher, mas
ela o repele. Ele trava o maxilar ao pegar a carteira e
deixa algumas notas na mesa. — Wren, é melhor a gente
ir embora.
Empurro a cadeira e me levanto, sentindo as pernas
trêmulas.
Que porra está acontecendo?
— Você me deixou muito triste — diz Kelly quando
Anders passa por ela.
Ele se retrai enquanto me guia para fora do bar.
Capítulo Trinta e Três
Anders
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