Você está na página 1de 331

Copyright ©2020 by Jéssica Macedo

Todos os direitos reservados. É proibido o armazenamento ou a reprodução


de qualquer parte desta obra - física ou eletrônica -, sem autorização prévia
do autor. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº
9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Projeto Gráfico de Capa e Miolo


Jéssica Macedo

Preparação
Aline Damasceno

Revisão
Gabriel Marquezini

Esta é uma obra de ficção. Nomes de pessoas, acontecimentos e locais que


existam ou que tenham verdadeiramente existido em algum período da
história foram usados para ambientar o enredo. Qualquer semelhança com a
realidade terá sido mera coincidência.
Sumário
Sumário
Dedicatória
Sinopse
Prólogo
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Capítulo quatro
Capítulo cinco
Capítulo seis
Capítulo sete
Capítulo oito
Capítulo nove
Capítulo dez
Capítulo onze
Capítulo doze
Capítulo treze
Capítulo quatorze
Capítulo quinze
Capítulo dezesseis
Capítulo dezessete
Capítulo dezoito
Capítulo dezenove
Capítulo vinte
Capítulo vinte e um
Capítulo vinte e dois
Capítulo vinte e três
Capítulo vinte e quatro
Capítulo vinte e cinco
Capítulo vinte e seis
Capítulo vinte e sete
Capítulo vinte e oito
Capítulo vinte e nove
Capítulo trinta
Capítulo trinta e um
Capítulo trinta e dois
Capítulo trinta e três
Capítulo trinta e quatro
Capítulo trinta e cinco
Capítulo trinta e seis
Capítulo trinta e sete
Capítulo trinta e oito
Capítulo trinta e nove
Capítulo trinta e quarenta
Epílogo
Leia o Livro do Bryan...
Sobre a autora
Outras obras
Dedicatória
Para Mari Sales, por mais um projeto juntas.
Obrigada!
Sinopse
Logan Mackenzie é herdeiro de um império secular que rege com
maestria. No entanto, por trás do excêntrico e recluso homem de negócios,
que vive em um isolado castelo no interior da Escócia, há muitos segredos e
desejos obscuros. Ele não se rende a uma única mulher, tem várias, e com
elas explora a sexualidade ao máximo.
Um convite inesperado o levará ao exclusivo Clube Secreto, um lugar
onde todos os pecados podem ser comprados. O que não imaginava era que
se depararia com um leilão de mulheres. Logan nunca foi uma alma caridosa,
mas até os mais egoístas vivem um momento de altruísmo. Ele decide salvar
uma delas, e por tê-la comprado tem direito a tudo, inclusive a libertá-la.
Camila já havia experimentado o medo nas suas piores formas.
Lançada a um terrível destino, não esperava acordar no jato particular de um
milionário a caminho do nada.
Ele já havia feito a sua cota de boa ação, só esperava que ela fosse
embora, mas o que se fazer quando Camila se recusa, pois não há para onde
ir? O lar que ela tinha havia se transformado em pesadelo e aquele que
imaginou que cuidaria dela, roubou sua inocência e a vendeu para o tráfico
humano.
Logan não queria protegê-la, não estava disposto a baixar seus muros
por mulher nenhuma. Porém, enquanto ele a afasta, Camila descobre o lado
mais obscuro daquele homem frio, mas também vai perceber que existe uma
chama que pode salvar ambos.
ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias
para menores de dezoito anos. Contém gatilhos,
palavras de baixo calão e conduta inadequada de
personagens.
Prólogo

A minha vida já foi feliz, muito diferente do pesadelo em que me


encontrava. Desde que o meu pai havia morrido, minha mãe e eu não
tínhamos muito, mas vivíamos bem em uma casa confortável no interior de
São Paulo. Eu amava aquele jardim sempre verde e as flores que cuidava com
tanto apreço. Entretanto, a minha mãe conheceu um homem e tudo mudou...

Depois do falecimento precoce do meu pai por AVC, Tiago parecia o


homem perfeito, tudo aquilo que a minha mãe precisava para cuidar do seu
coração ferido, mas esse conto de fadas não durou mais do que algumas
semanas. Logo ele revelou a sua verdadeira face e descobrimos que, por trás
de um homem bondoso, havia um bandido. Tenho certeza que a morte da
minha mãe era culpa dele, se não a matou com as próprias mãos, ela havia
morrido de medo e desgosto.

Quando a perdi, imaginei que Tiago fosse me enviar para a casa da


minha avó, que morava em uma cidadezinha de Minas, mas, ao invés disso,
ele fez a coisa mais terrível de todas.

Assim que ele saiu de cima de mim e fechou o zíper da calça, percebi
que eu ainda estava viva e respirando, por mais que a dor fosse tão forte ao
ponto de me deixar tonta. Naquele momento, desejei ter morrido com a
minha mãe e não ter passado por uma situação assim.

Ele parou na minha frente e puxou meu cabelo, erguendo a minha


cabeça para que eu fosse obrigada a encarar seus olhos, que despertavam em
mim medo e nojo. Umedeceu os lábios, contornando-os com a língua e abriu
um sorriso largo, exibindo os dentes amarelados devido ao fumo excessivo.

— Tem uma cara de boneca. — Deu uns tapinhas no meu rosto com a
mão livre. — Vai me fazer ganhar muito dinheiro. Amanhã vou colocar você
em um avião, vai ir morar na Europa.

— Não... não quero-ro. — Mal tinha forças para falar. Ainda estava
nua na cama, sentindo-me um lixo.

— Não perguntei se você quer, fedelha. Sua mãe morreu e, pelo


menos, me deixou você para ganhar alguma coisa. Algum milionário gringo
vai pagar muito para ter você como brinquedo. Uma pena que virgens valem
mais e eu só pude foder a sua bunda. — Ele me deu um tapa na nádega e
urrei de dor.

Não tinha mais lágrimas para chorar, mas continuei chorando. Achava
que a dor de perder a minha mãe fosse a pior que eu enfrentaria, mas não
estava preparada para aquele abuso. Entretanto, quando aquele monstro saiu
do meu quarto, imaginei que o meu pesadelo só havia começado.

O que iriam fazer comigo na Europa?


Capítulo um

Wallace, meu braço direito, disse que as mulheres que eu havia pedido
estavam esperando por mim. Depois de um dia exaustivo de trabalho, tudo o
que eu queria era um pouco de distração.

Desci pela escada de pedra que levava até o calabouço, uma parte do
castelo medieval que um dia fora destinada a prender inimigos de guerra, que
havia sido transformado para atender aos meus desejos. Abri a pesada porta
de ferro, ouvindo-a ranger e me deparei com as duas mulheres paradas no
centro de uma sala ampla com os mais diversos “brinquedos”.

— Senhor — disseram em coro e abaixaram a cabeça quando me


aproximei.

Tirei o blazer do meu terno e o coloquei sobre uma cômoda antes de


me aproximar mais delas. Segurei uma pelo queixo e levantei a sua cabeça,
fazendo com que me encarasse. Seus olhos eram profundamente azuis e o
cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo, exatamente do jeito que eu
gostava.

— Meu assessor falou para vocês como funciona?

— Sim. — Assentiram em uníssono.

Gostava de deixar as cartas bem claras na mesa antes de começar


qualquer coisa. Pagava por sexo, não via mal algum nisso, o dinheiro definia
limites. Escolhia prostitutas de luxo que passavam por rigorosos exames de
DST’s, que concordavam em se sujeitar ao meu estilo e gostos sexuais. Não
costumava repetir meninas, isso ampliava ainda mais o pouco envolvimento.
O que acontecia no meu calabouço, ficava lá.

— Concordam em ser minhas submissas e com o pagamento que


receberão por isso?

— Concordamos.

— Quero que fiquem de quatro.

Obedeceram a minha ordem, se posicionando sobre o chão de pedra


lisa que cobria o lugar desde a última reforma. Aproximei-me da cômoda e
abri uma das gavetas, tirei dela duas coleiras e me aproximei das mulheres,
colocando em seus pescoços. Posicionei-me atrás delas, puxei as duas cordas
de couro, uma em cada mão, e fiz com que levantassem a cabeça.

— Tirem o sobretudo.

Me obedeceram, ficando de pé, abrindo a peça que protegia seus


corpos dos meus olhos. Os pesados casacos caíram, revelando corpos
curvilíneos e incrivelmente sedutores. Usavam apenas calcinha, sutiã, meias
três quartos e cinta-liga, exatamente do jeito que eu gostava.

Soltei a coleira da loira e trouxe a ruiva até um cavalete, fazendo com


que ela subisse no aparelho. Prendi a coleira em uma parte e atei seus braços
e pernas, deixando-a de quatro e suspensa. Desci sua calcinha até o meio das
coxas, expondo sua vagina e seu ânus. Voltei para a cômoda e peguei dela
um plug anal com um rabo de raposa, devido ao cabelo ruivo, achei que
combinasse bem com ela. Passei um pouco de lubrificante antes de introduzi-
lo no seu buraco enrugado. Dei um tapa na bunda empinada, fazendo-a soltar
um gemido rouco antes que eu voltasse minha atenção para a loira.
Peguei sua coleira e a puxei, fazendo-a cambalear na minha direção.

— Ajoelha!

— Sim, meu senhor. — Encarou meus olhos com firmeza antes de se


abaixar na minha frente, ficando de joelhos e com a cabeça bem perto da
minha pélvis.

Pesei meu olhar sobre ela e dei outra puxada na sua coleira, fazendo
com que entendesse a minha ordem antes que ela precisasse ser dita. Seus
dedos delicados escorregaram pela braguilha da minha calça, provocando
pequenas pulsações no meu membro pela expectativa enquanto abria o zíper
da minha calça e puxava meu pau para fora da cueca boxer. Sua boca
envolveu o meu pau, seus lábios eram quentes e macios e isso me faz
estremecer. Com uma mão, segurei a coleira, e com a outra, segurei seu rabo
de cavalo, empurrando ainda mais a minha pélvis contra a sua cabeça,
fazendo o meu pau tocar a sua garganta. Ela gemeu com meu membro na
boca e percebi que estava revirando os olhos. Quando o prazer começou a
aumentar, percebendo que se continuasse naquele ritmo eu acabaria gozando,
puxei o cabelo dela num tranco para trás e fiz com que parasse.

— Fiz algo de errado, senhor?

— Não. — Sorri para ela, umedecendo os lábios. — Você é uma boa


menina. Agora, quero que beije a sua amiga e toque o corpo dela. — Soltei a
coleira e o seu cabelo para que ela fosse até o cavalete onde estava a outra.

Assisti ela tocar a mulher presa, contornar suas curvas e beijá-la na


boca, o que fez com que a minha prisioneira empinasse mais a bunda e
balançasse o rabo de raposa. Fiquei observando-as por alguns minutos, até
me aproximar. Contornei o plug com os dedos, sentindo-a se contrair em
volta do objeto de metal e desci com os dedos até a sua vagina. Introduzi um
dedo em seu canal e ela gemeu, os músculos me envolvendo em meio ao
estímulo. Estava molhada e quente, e à medida que eu movia o dedo dentro
dela, sua excitação aumentava. Afastei a mão para colocar uma camisinha e
puxei de volta a corda da coleira ao penetrá-la, mas o gemido da prostituta foi
abafado pelos lábios da outra que a beijava.

Segurei a coleira com uma mão e a sua cintura com a outra, trazendo-a
até mim em trancos firmes, que faziam sua bunda e o rabo sintético pularem.
Ela rebolou contra a minha pélvis e investi com mais força, arrancando
gemidos difíceis de se conter.

A outra mulher se levantou e veio me beijar na boca. Eu não a afastei,


ao invés disso, soltei a coleira para apertar seus seios. Mordisquei seu lábio
inferior, gemendo também ao sentir que o meu orgasmo se aproximava.
Deixei-o vir enquanto a puta rebolava gostoso em mim.

Esperei alguns minutos para me recuperar dos espasmos e afastei-me,


tirando a camisinha e jogando-a em uma lata de lixo, antes de ajeitar a minha
calça.

— Solte-a — ordenei a que não estava amarrada. — No final da


masmorra há uma sala com uma cama, água e comida, para que possam se
nutrir e descansar. Volto mais tarde para um segundo round, antes que sejam
levadas de volta para a cidade de onde vieram. — Peguei meu blazer e saí da
masmorra.
Acariciei o cabelo loiro da mulher que estava ajoelhada aos meus pés,
com a cabeça no meu colo, como se pedisse carinho, ao fitar o luxuoso
convite preto com letras escritas em dourado. Havia sido convidado para o
Clube Secreto, uma festa restrita para convidados ricos e com gostos sexuais
excêntricos. Não nego, chamou bastante a minha atenção. Desconhecia os
organizadores, mas, devido a todo o sigilo descrito no convite, imaginei que
encontraria lá muito mais do que um simples clube de swing.

Onde todos os seus pecados podem ser comprados... Estava


acostumado a uma vida regada a sexo com prostitutas e aquela frase me
deixou com água na boca.

— Vamos descer... — A mulher no meu colo puxou a minha gravata,


fazendo-me prestar atenção nela.

— Você quer mais?

Fez que sim.

— Eu posso ser uma menina má ou uma boa menina. O que você


quiser... — Mordeu os lábios ao prender o cabelo em rabo de cavalo, como
sabia que eu gostava.

— Mais tarde. Agora, tenho compromissos para resolver.

Ela fez bico, mas sua cara de pidona não foi o suficiente para me
impedir de levantar da cadeira. Precisava preparar algumas coisas para a
minha breve viagem para a Ucrânia.
Capítulo dois

Senti o impacto do meu jato ao pousar e virei a cabeça para a janela.


Do lado de fora, estava um campo verde, vasto, como o que cercava o meu
castelo, sem nenhuma civilização no horizonte.

— Chegamos nas coordenadas indicadas, senhor — anunciou Wallace,


meu braço direito e melhor amigo. — Tem certeza que quer ir para esse
lugar? Não sabemos nada sobre esses caras. E se o senhor acabar sendo
sequestrado ou o pior acontecer?

— Não seja pragmático. — Bufei. — É apenas um clube de sexo. Vou


ver algumas stripers, presenciar ou participar de algumas orgias e voltar para
casa. Imagino que outras personalidades importantes, como eu, estejam nesse
evento, por isso todo o sigilo. Imagine só o escândalo que seria se algum
chefe de estado ou diplomata fosse fotografado sendo castigado por uma
dominatrix. — Ri ao desprender o cinto e ficar de pé.

— Você acha graça, mas fico preocupado com a sua imagem. Não se
envolva em escândalos, por favor.

— Não se preocupe, Wallace, e não me espere de pé. Eu posso


demorar bastante. Vamos! — Passei por ele e fiz um gesto para que o meu
segurança particular me seguisse.

Assim que desci pela escada do avião, senti uma brisa amena tocar o
meu rosto. A temperatura deveria estar dois ou três graus mais quente do que
na Escócia.
Por mais brincalhão que pudesse ter sido com o Wallace, entendi a
cautela dele e, por isso, o mantinha sempre por perto, para ser meu bom
senso. Wallace trabalhava para mim desde sempre e quando a esposa dele
havia falecido com as complicações de um tumor, tudo o que ele tinha era
aquele trabalho e eu sabia que poderia contar com ele para tudo.

Não conhecia bem as pessoas que organizavam aquele evento e tinha


ciência de que poderiam ser bastante perigosas. Não era à toa que havia
trazido um segurança armado comigo. Caso as coisas saíssem do controle,
teria alguma proteção, já que não eram permitidos celulares ou quaisquer
dispositivos eletrônicos que pudessem gravar imagens ou compartilhar
localização.

Assim que desci o último degrau, uma mulher loira e elegante


aproximou-se de mim. Ela tinha belas curvas acentuadas por um vestido
preto e um sorriso contagiante. Sorri de volta, criando mentalmente a imagem
dela amarrada na minha cama.

— Senhor MacKenzie, é um enorme prazer recebê-lo — disse em um


misto de inglês britânico e americano, que me deixou um pouco confuso
quanto a nacionalidade dela. Certamente não vinha de um país que possuísse
o inglês como língua nativa.

— Obrigado. — Tentei ser cordial e minimamente gentil, uma vez que


esse não era um dos meus pontos mais fortes.

— Peço que me acompanhe, por favor. Há um outro convidado


esperando e vocês dois seguirão juntos no transporte até a festa.

Assenti e fiz um gesto com a mão, sinalizando para que ela fosse na
frente. Não queria apenas que me guiasse o caminho, mas também observar a
forma como seu quadril se remexia a cada passo que dava. Presumi, pela
forma como andava, que estava ali para chamar atenção, pois nenhuma
mulher rebolava tanto naturalmente. Se a sua intenção era não me fazer
desgrudar os olhos da sua bunda, estava conseguindo.

Ela, meu segurança e eu seguimos até uma porta de metal. Ao puxá-la,


revelou uma sala de espera sem muitos atrativos, deveria pertencer ao próprio
aeroporto. Havia dois sofás e uma mesa de centro. Em um dos sofás estava
um homem, usando um terno elegante, que moveu a cabeça e olhou na minha
direção.

Caminhou até mim e parou na minha frente com um sorriso. Achei-o


simpático demais para quem estava em um local como aquele.

— Muito prazer — falou em inglês, com um sotaque americano.


Claramente outro não nativo. Estendeu a mão para mim e fiquei o encarando,
confuso. Não estava naquele lugar para fazer amigos, mas, como Wallace
sempre dizia, não me custava nada ser um pouco cordial. — Sou Bryan
Maldonado e não havia nenhuma contra recomendação quanto a nos
apresentar.

— Logan Mackenzie — fui breve, sem saber se devia ou não revelar a


minha identidade. Apertei a mão dele ao dar um sorriso discreto. Era o
máximo que eu conseguia. — Sua primeira vez?

— Sim. — Ele voltou a se sentar e eu me acomodei no outro sofá. —


Seu nome não me é estranho...

— Uísques Royal Mackenzie. — Droga! Estava me revelando demais.


Se Wallace torrasse a minha paciência por ter me metido em algum escândalo
sexual, não poderia culpá-lo.
— Ah, claro. Meu resort compra diretamente com você as bebidas.
Paradise Resort, nas Ilhas Maldivas.

— Claro, senhor Maldonado. — Havia realmente um sobrenome


Maldonado em meus relatórios, mas nunca o iria ligar a uma pessoa,
entretanto, isso não importava, bastava ser cordial e não me meter em
problemas. — Prazer em conhecê-lo, mesmo que a situação seja inusitada. É
um cliente antigo.

— Meu avô lidou com essa parte há um tempo e, quando faleceu, eu


assumi.

Fazia todo sentido, já que algum Maldonado fazia pedidos há décadas,


o que certamente não condizia com a idade do homem à minha frente. O tal
Bryan não deveria ter mais do que trinta e cinco anos.

— Negócios de família?

— Senhores. — A mulher que me recepcionou, retornou à sala na


companhia de dois homens corpulentos que seguravam um pano preto. —
Por questão de segurança do Clube Secreto e a de vocês, a partir de agora,
não é permitido ver ou falar até o momento em que chegarmos ao nosso
destino. Querem dizer algo?

Neguei com a cabeça, olhando para o Bryan e depois para o meu


segurança, que pareceu alarmado. A ideia de sermos levados às cegas para
algum lugar não o agradava, mas, confesso que me deixou um pouco
excitado. Estava muito ansioso para saber o que me aguardava nesse Clube
Secreto.

Respirei fundo quando a minha cabeça foi coberta pelo saco preto de
algodão. As fibras estavam presas bem juntas, o que não me permitia ver
nada, porém, possibilitava que eu respirasse sem dificuldades.

O convite para o Clube Secreto veio de uma empresa que agenciava as


prostitutas de luxo com quem eu transava. Eu não fazia perguntas e sempre
mantinham o meu sigilo. Provavelmente, ao saberem do tal evento,
deduziram que eu era um convidado perfeito: rico e com gostos excêntricos
para o sexo.

Senti as mãos leves da mulher repousarem sobre meus ombros


enquanto ela nos guiava. Não sabia para onde estava indo, até que ela me
ajudou a sentar em um estofado e colocou um protetor auricular sobre a
minha cabeça, protegendo meus ouvidos do som estrondoso das hélices do
helicóptero. Não fiquei nervoso em nenhum momento, mas estendi o braço
para certificar-me de que o meu segurança estava comigo.

Assim que o helicóptero pousou, as mãos suaves da mulher me


guiaram novamente. Percebi a mudança do chão sobre os meus pés, do
áspero concreto para algo mais frio e rígido. Percebi que a luz entrava por
algumas frestas do capuz, mas meus olhos estavam acostumados com a
escuridão. Fui obrigado a fechá-los assim que o capuz foi removido e uma
luz forte envolveu o meu rosto. Pisquei algumas vezes, até me acostumar
com a iluminação. Logo que a minha visão retomou o foco, vi um belo lustre
de cristal que pendia do teto, similar àqueles que via em inúmeros castelos,
inclusive no meu.

A decoração do ambiente era luxuosa, foi como entrar em um saguão


de uma mansão imperial ou de um palácio. Eu não esperava menos, devido
ao oneroso valor que me cobraram para estar ali. Caminhamos por um
corredor e reparei nos afrescos nos tetos, emoldurados por bordas douradas.
Eles lembravam pinturas renascentistas, como as da Capela Sistina, mas não
representavam cenas religiosas e sim imagens eróticas de sexo explícito.
Bacanais gravados e inúmeras posições do Kama Sutra. Era um lugar
decorado para o seu objetivo, proporcionar sexo e prazer aos convidados.

Meu olhar encontrou o de Bryan e apenas nos encaramos antes de


voltar a nossa atenção para a mulher que havia nos guiado até ali. O vestido
que ela usava havia dado lugar a algo bem mais provocante, obrigando-me a
esquadrinhar suas curvas mais uma vez.

— Bem-vindos ao Clube Secreto, sou Crystal. — Abriu um largo


sorriso, encarando-me e depois voltando sua atenção para o Bryan. Não tinha
certeza se estava sugerindo um ménage, mas eu preferia ter duas mulheres na
cama ao ter que dividir uma só com outro homem. — Serei a guia de vocês e
atenderei a todas as suas necessidades, até o evento final. Por favor,
coloquem as máscaras e não as tirem em hipótese nenhuma. — Entregou-nos
o adereço e abaixou a cabeça em um ato de submissão enquanto nos
arrumava.

— Qual a programação? — questionei ao prender a máscara no rosto,


estava cansado de ouvi-la falar.

— Temos o salão voyeur — apontou para uma porta grande perto da


escada —, o bar — apontou para outra porta — e os quartos privados, onde
levamos a encomenda conforme o pedido.

— Encomenda? — Bryan franziu o cenho e me perguntei o que ficou


passando pela cabeça dele.

— Mulheres, homens, brinquedos... O que vocês quiserem, não há


limites. Estamos prontos para servi-los da melhor forma. — Sorriu com
malícia e percebi que o Bryan estava correspondendo aos olhares dela. Se ele
pretendia ter algo com a guia-turística, não seria eu a ficar entre os dois.

— Vou para o bar — disse, e segui para a porta indicada,


acompanhado pelo meu segurança, sem esperar que me dissesse mais nada.

O espaço era grande, mas não estava lotado. Presumi que o convite que
me fora feito não se estendia a um grupo vasto de pessoas, apenas a uma
seleção restrita com predileções e dinheiro para estar ali.

Fiz um gesto para que o meu segurança esperasse na porta e segui para
um sofá ao redor de uma mesa redonda, que ficava diante do palco.
Acomodado, reparei melhor no ambiente à minha volta. Presas ao teto,
haviam algumas gaiolas com homens e mulheres dentro, eles dançavam de
maneira sensual, no ritmo da música que tocava ao fundo. Os garçons e
garçonetes estavam de lingerie ou cueca boxer. Na frente das peças íntimas
havia um zíper. Não muito longe de mim, vi uma garçonete segurando uma
bandeja tendo um dos convidados abrindo o zíper da sua calcinha, sendo o
bastante para que eu soubesse que não era um acessório falso.

Estava tão distraído observando o ambiente, que nem percebi que uma
delas se aproximou de mim.

— Posso servi-lo de alguma forma, meu senhor?

Não respondi a sua pergunta de imediato, ao invés disso, reparei bem


nela. Era ruiva e possuía um punhado de sardas sobre as bochechas. Seus
cabelos estavam soltos e caíam em ondas até o meio das costas. Ela usava
uma lingerie branca, meia três quartos e cinta liga.

— Prende o cabelo num rabo de cavalo e me traz um martíni.


Ela arregalou os olhos verdes, estranhando o meu pedido, mas assentiu
e afastou-se de mim, indo até o bar. Fiquei observando as pessoas dançando
nas gaiolas até que ela voltou. Havia usado uma das fitas de sua roupa íntima
e feito um laço no cabelo, prendendo-o na altura da cabeça. Curvou-se na
minha frente, colocando o Martíni sobre a mesa e deixou a bunda na altura
dos meus olhos. Estiquei a mão e contornei a sua nádega com as pontas dos
dedos, antes de dar um tapa audível.

Ela gemeu baixinho, mordendo os lábios, mas não protestou.

— Pode aproximar seu chip, por favor? É pela bebida. — Esticou uma
pequena máquina.

Havia feito um pagamento antecipado pela minha entrada, mas aberto


uma conta em criptomoedas para o que pretendesse consumir ali. Dinheiro
não rastreável, que seria facilmente transferido para a conta dos
organizadores.

Peguei a taça e beberiquei alguns goles enquanto olhava a mulher, que


permaneceu parada à minha frente.

— Vem aqui. — Bati ao meu lado no sofá.

Assentiu, colocando a bandeja sobre a mesa. Esquadrinhei ela com o


olhar, tinha seios de tamanho moderado e uma barriga lisa, o que realmente
se destacava era tamanho da bunda.

— O que eu posso fazer com você?

— Tudo o que quiser, senhor. — Tentou manter o sorriso, mas percebi


que ela estava tensa.
— Aqui no bar?

— Se for o que deseja.

— Não gosto muito de pessoas observando.

— Nem eu. — Seu sorriso ficou mais verdadeiro e notei um certo


alívio em seu olhar.

— Me leve para um quarto mais particular.

— Como quiser. — Assentiu, puxando-me pela mão, me levando de


volta ao corredor.

— Senhor... — Meu segurança quis vir atrás de mim, mas coloquei a


mão em seu peito.

— Pode esperar aqui.

— Não acha perigoso?

— Imagino que uma mulher tão doce e frágil não possa me fazer mal
algum.

— Se...

— Se precisar, eu chamo. — Passei por ele, seguindo com a mulher


para um corredor.

Enquanto andávamos, coloquei a minha mão na sua bunda, sentindo o


seu rebolado com meu tato a cada passo.

Seguimos por um corredor escuro com apenas uma faixa de luz


vermelha de cada lado. Algumas portas tinham chaves do lado de fora, outras
pareciam simplesmente trancadas. Imaginei que fossem os quartos ocupados.

— Prefere uma cama redonda ou quadrada?

— Uma que tenha lugar para amarras.

— Amarras? — Arregalou os olhos e engoliu em seco.

— Sim.

— Tem um quarto com algumas coisas...

— Ótimo!

Segui com ela até o fim do corredor, onde abriu uma porta, revelando
um quarto escuro com apenas uma luz fraca vinda debaixo da cama redonda,
que tinha amarras para as mãos e pés. Peguei a chave que ela segurava e
fechei a porta atrás de nós.

— Deita na cama — minha voz assumiu um tom sério.

Ela me olhou e olhou para a cama umas duas vezes, antes de atender a
minha ordem.

— Só não me machuca. — Encolheu enquanto eu subia sobre ela para


amarrá-la.

— Quer ir embora? — Soltei seu pulso antes de prendê-la a corrente.


— Não vou obrigá-la a nada.

— Estou aqui para realizar todos os seus desejos, senhor.

— Todos eles?
— Sim. — Engoliu em seco e percebi que suas palavras contradiziam
seus atos.

— Não se preocupa. — Passei uma mão pelo seu rosto até pressionar
seus lábios com o meu polegar. — Não vou machucar você, mas vou amarrar
você e vou te foder. Vou perguntar mais uma vez, quer ir embora?

— Não, senhor. — Posicionou as mãos e os pés para que eu pudesse


prender as amarras.

Com a permissão dela, amarrei-a na cama e me afastei para observá-la


melhor. Mesmo à pouca luz, podia ver o quanto o seu corpo era lindo, o que
me deixava bastante excitado. Antes de fazer qualquer coisa, iria fazer uma
boa avaliação dela.

Vi seu peito subindo e descendo, quase em frenesi. As pupilas


dilatadas e a respiração descompassada eram sinais claros de que ela ainda
estava com medo.

— É prostituta há muito tempo?

Fez que não.

— É daqui da Ucrânia? Tem um sotaque inglês forte.

— Não, sou da Austrália.

— O que veio fazer tão longe?

Ela cerrou os lábios e percebi que não estava disposta a me responder.


O motivo disso eu desconhecia.

— Não quer conversar?


Fez que não.

— Okay!

Contornei a cama redonda, que estava no centro do quarto antes de


parar entre as pernas dela. Abri o zíper da sua calcinha e a mulher se
contorceu. Sua vagina era lisa e completamente depilada. Os lábios eram
delicados, assim como seu canal, mas ao descer um pouco mais o olhar,
percebi que seu ânus não era tão apertado quanto deveria ser.

— Gostam bastante da sua bunda, não é?

Assentiu, fechando os olhos.

— Os chefes adoram.

— Diz os homens que organizam esse lugar?

— Sim.

— Foram bem brutos com você. — Contornei com a ponta do dedo,


sentindo que as pregas haviam relaxado um pouco.

Passava longe de ser um primor de delicadeza na cama, mas os homens


que transaram com ela, certamente haviam metido na sua bunda sem qualquer
cuidado com lubrificação. Provavelmente, sendo muito doloroso para ela. Por
mais louco que aquela bunda redonda e grande me deixasse, achei que não
fosse adequado fazer sexo anal com uma mulher naquele estado.

Lambi sua barriga, fazendo-a se contorcer e se espichar na cama.

— Gosta disso?
— Sim... — Revirou os olhos e percebi que todos os pelos do seu
corpo estavam arrepiados.

Subi na cama, ajoelhando-me sobre ela. Abri o fecho do seu sutiã, que
prendia na frente, e abocanhei um dos mamilos rosados. Ela se retorceu,
gemendo, não sabia meu nome para gritá-lo, nem eu o seu.

Apalpei o seio livre, fazendo-a arfar, então deslizei a mão pelo seu
corpo, traçando um caminho até o meio das suas pernas, que estavam bem
distanciadas pelas amarras. Toquei o clitóris, antes de escorregar o dedo pela
fissura e penetrá-la. Tentou mover as pernas, para fechar as coxas, mas não
conseguiu. Vi prazer se misturar ao desespero em seus olhos enquanto eu
introduzia e extraía o dedo em seu interior.

Saí de cima dela e ouvi um resmungo de protesto. Estava estampado


no seu rosto como havia gostado dos meus estímulos. Desci da cama apenas
para tirar a roupa e colocar uma camisinha. Assim que o meu pau estava
devidamente vestido, segurei-a pela cintura e investi com um tranco firme.
Estava bem molhada e não encontrei nenhuma dificuldade ao deslizar para o
seu interior.

Percebi que ela merecia uma recompensa e levei uma das mãos ao seu
clitóris, pressionando a parte enrijecida que dava a ela prazer. A prostituta
fechou os olhos e mordeu os lábios, tentando conter os gemidos que ficavam
ainda mais altos.

Não parei de me mexer, nem de estimulá-la, até que nós dois


tivéssemos gozado. Assim que recuperei as minhas forças, joguei a camisinha
fora e a soltei.

Estava me vestindo quando senti seus braços envolveram os meus


ombros.

— Achei que tivesse que ter medo de você, que faria essas coisas
malucas, como me queimar que nem gado, mas é o primeiro homem que tem
um pingo de preocupação com o meu prazer desde que cheguei nessa droga
de lugar.

— Não me abraça! — rosnei ao afastar as mãos dela.

— Desculpa. — Encolheu-se.

Ela não tinha como saber, mas eu odiava esse tipo de proximidade.

— Não sou um bom homem.

— Talvez seja.
Capítulo três

Desde que cheguei naquele lugar perdido no meio do nada, eu havia


sido estuprada e humilhada tantas vezes, que já perdera as contas. Tentaram
preservar a minha virgindade, mas meu estômago revirava todas sempre que
me lembrava daqueles homens empurrando seus paus contra a minha boca e
eu não conseguia nem gritar.

Me jogaram em um quarto, usando uma camisola transparente, que


deixava os meus seios à mostra, e uma calcinha minúscula. Caminhei até um
espelho na parede e observei meu cabelo castanho solto ao redor do rosto, as
unhas bem-feitas e uma maquiagem leve que me fazia parecer ainda mais
jovem do que os dezenove anos que eu tinha. Não entendia o tratamento de
salão de beleza que haviam dado em mim.

Será que finalmente me entregariam ao monstro gringo devorador de


virgens?

A porta se abriu e o meu coração parou de bater. Estava preparada para


ser arrastada sabe sê-la para onde, porém, ao invés de homens fortes entrarem
para me pegar, uma outra mulher foi jogada para dentro. Vi muitas desde que
havia chegado naquele inferno, algumas tiveram destinos ainda piores que o
meu. Ao fechar os olhos, ainda podia ouvir o grito delas, pedindo por
socorro, por esperança, mas apenas encontravam mais sofrimento.

Aquela que entrou no quarto estava vestida de forma semelhante à


minha, deveria ter alguns anos a mais do que eu, mas exibia o mesmo olhar
de desespero.
A porta foi trancada outra vez e nós duas permanecemos presas ali.

— O que vão fazer com a gente? — perguntei para ela da melhor


forma que consegui, pois ainda me atrapalhava um pouco com as palavras em
inglês.

— Não sei. — Balançou a cabeça, perdida. Estava desorientada e


visivelmente cansada.

— Quero voltar para casa...

Queria dizer que ela não era a única, tudo o que desejava era voltar
para a vida que tinha antes da minha mãe morrer, porém, não sabia mais o
que esperar caso voltasse para casa. O lar que meu pai e minha mãe haviam
construído com tanto suor e dedicação, provavelmente pertencia ao novo
marido dela, o monstro que havia apagado uma luz que existia dentro de
mim. Se eu voltasse, ele iria me vender para os traficantes outra vez ou faria
algo pior.

Só queria que a minha mãezinha estivesse viva e aquilo tudo não


passasse de um pesadelo horrendo, mas era terrivelmente real.
Capítulo quatro

Após trepar com a garçonete em um dos quartos, decidi explorar


melhor o local, não era obrigado a fazer nada, mas poderia conhecer um
pouco de tudo. Entrei no salão do voyeur e presenciei um verdadeiro bacanal.
Haviam homens e mulheres nos mais diversificados encontros íntimos,
usufruindo de variados níveis de prazer. O local era uma espécie de coliseu,
com degraus de arquibancada e alguns divãs no centro. Meu olhar acabou
sendo levado até uma mulher que era duplamente penetrada, mas estavam
todos mascarados e não consegui reconhecer ninguém.

Haviam também homens e mulheres em sexo homossexual. Um


homem estava escorado em uma coluna com outro segurando a sua cintura.
As investidas eram firmes, mas pelo olhar daquele que estava sendo
penetrado, percebi que gostava. Ao pensar no meu lado dominador e um
tanto sádico na cama, não tinha o direito de julgar aqueles que gostavam de
outras coisas.

Continuei caminhando pelo espaço circular até passar de frente a três


mulheres se beijando. Elas sorriram e fizeram um gesto para que eu me
aproximasse, mas apenas fiz que não. Aquele clube poderia ultrapassar
limites, mas eu ainda tinha alguns, isso incluía não fazer sexo na frente de
todo mundo.

Voltei para o bar e encontrei o meu segurança no mesmo lugar em que


eu havia o deixado. Percebi que ele estava tenso, aquele ambiente certamente
não era o mais favorito de Jax. Imaginei que fosse pelo fato de ele estar a
trabalho e não poder aproveitar nem a bebida e nem as mulheres.
Passei no bar e peguei uma dose de uísque, ironicamente, o meu
uísque, e voltei para uma das mesas redondas.

Um show havia começado no palco e parei para assisti-lo. Havia cerca


de quinze mulheres, todas elas usavam uma peruca preta Chanel, que
balançava de um lado para o outro à medida que moviam a cabeça. Usavam
um vestido colado, repleto de paetês e franjas vibrando e brilhando a cada
movimento. Não levou muito tempo para que eu percebesse se tratar de um
show de strip-tease, pois elas se viraram de costas, rebolando e abaixando
lentamente as alças de seus vestidos. A forma como o tiraram durante a dança
foi lenta e quase angustiante. Se abraçaram, rebolaram mais e, de repente,
arrancaram o vestido. Ficaram nuas, não inteiramente nuas, pois havia um X
feito com fita preta sobre o bico dos seus seios, sobre cada nádega, e um V
contornando a virilha, ressaltando a vagina. Todas muito bem depiladas e
com seios firmes, o suficiente para deixar qualquer homem duro. A dança
continuou e eu tombei involuntariamente o corpo para observar melhor, a
forma como os seios e as bundas delas vibravam capturou facilmente o meu
olhar.

Achei que tinha acabado quando começaram a descer do palco, mas o


show continuou no colo dos convidados. Tombei o corpo para trás e deixei
que uma delas se acomodasse no meu colo. Rebolou deliciosamente,
estimulando o meu pau com as nádegas, e isso me fez pulsar e me deixou
louco. Cada quicada leve que dava no meu colo eu ofegava, ainda que
estivesse de calça. Parei de apoiar as mãos no sofá e apertei os seios dela,
fazendo com que gemesse também.

Assim que a mulher começou a se levantar, eu a segurei pela cintura.

— Não vai a lugar nenhum — rosnei. Ela não tinha me acendido


daquele jeito para ir embora assim.

Vi uma pequena cestinha com camisinhas sobre a mesa e peguei uma


delas, rasguei com os dentes e abri a calça. Extraí meu pênis e mal coloquei a
camisinha, antes de fazê-la se encaixar em mim. Gemi e a mulher também.

Percebi que havia deixado cair por terra o fato de não querer transar na
frente de ninguém. Ao menos estava vestido e meu pênis muito bem
encaixado dentro da dançarina. Ela continuou rebolando no meu colo, dando
leves quicadinhas como se estivesse dançando. Tomei um gole de uísque,
com a mão na sua cintura, incentivando-a a continuar. Só a deixaria levantar
quando eu tivesse gozado.

Segurou o meu joelho e rebolou ainda mais intensamente. As paredes


do seu sexo apertavam meu pau com força, tornando quase impossível me
segurar por muito mais tempo. Percebi que além de ótima dançarina, ela era
uma pompoarista com muito talento.

Soltei a cintura dela, quando tombei o corpo para trás, ofegante, e fui
obrigado a segurar no sofá para não deitar nele. Sorrindo, a dançarina se
levantou e correu para trás do palco.

Rapidamente, tirei a camisinha, me limpei com um guardanapo e


fechei a calça.

O dinheiro que havia investido para estar ali se mostrou bastante


proveitoso.

— Peço a atenção de todos vocês para o grande evento da noite.

Parcialmente recuperado, voltei a minha atenção para o palco, vendo


uma mulher de vestido vermelho com uma fenda lateral ampla o bastante
para nos levar a crer que estava sem calcinha e sem sutiã, devido ao decote
até o umbigo.

— Estou apenas aguardando que todos os convidados se reúnam a nós.

Movi a cabeça a tempo de ver Bryan entrar no bar. Ainda que usasse
uma máscara, tendo o visto colocá-la, tornou-o praticamente inconfundível
para mim. Estava um tanto despenteado e com a roupa amassada, me levando
a crer que eu não era o único aproveitando o lugar.

— Imagino que estejam se deliciando com todas as atrações que


trouxemos para vocês — continuou a mulher.

Alguns balançaram a cabeça em afirmativa, mas a maioria continuou


apenas encarando-a.

— Qual de vocês não quer uma escrava sexual, uma mulher para
atender seus desejos dia e noite, inteiramente sua? Os prazeres dessa noite
podem se estender por várias outras....

Escrava sexual... Estavam falando sério ou era apenas um termo?

— Hoje, não temos apenas uma virgem, mas duas para satisfazer os
seus desejos.

— É um leilão de virgindade? — perguntou alguém na multidão,


externando a pergunta que ecoava na minha mente.

— Não apenas isso. — A mulher deu um sorriso sombrio, que me


deixou ainda mais alarmado.

Cada um fazia com o próprio corpo o que bem entendesse, se as


mulheres estavam ali e optaram por leiloar a virgindade, isso era uma escolha
delas, porém, lá no fundo, me pareceu algo bem além disso. De repente, um
arrepio espantou a minha névoa de excitação.

— As virgens sairão daqui como propriedade de um de vocês ou de


dois felizardos que conseguirem arrematá-las no leilão. São mulheres sem
passado ou documentos, prontas apenas para o que desejarem fazer com elas.
— A forma como ela falava me levou a acreditar que não era apenas uma
simples brincadeira.

Estava falando sério? Iriam vender mulheres? O prazer tinha um


limite, inclusive para mim. Esse limite era estourado quando a situação
deixava de ser consensual. Era pouco provável que alguém realmente
ambicionasse ser vendido como escravo para outra pessoa.

Custei para perceber que o Bryan estava sentado ao meu lado, e nos
entreolhamos. A expressão de espanto não era restrita apenas a mim.

— Que porra é essa? — balbuciou, movendo apenas os lábios.

— Eu não sei. — Balancei a cabeça em negativa, estava confuso.

Confesso que não pensei direito a respeito das pessoas que


organizavam aquele evento, mas traficantes de pessoas parecia demais.

— Temos joias raras que vocês irão se apaixonar só de olhar. — A


locutora manteve o sorriso, deixando-me ainda mais chocado diante daquela
situação. — Que tal começáramos com um desfile, para que possam apreciar
as peças a serem leiloadas?

Estava abismado, mas não conseguia tirar os olhos do palco. Estava


paralisado pela indignação e pelo espanto.
— Será que é alguma brincadeira?

— Não é o que parece — sussurrei.

— Isso é errado.

— Em graus que nem consigo medir. — Cocei o queixo.

Observei as duas virem para o palco. A expressão de pavor nos olhos


de cada uma me fez ter a certeza de que não estavam ali por escolha própria.
Estavam vestidas de uma forma que chamava atenção, isso não podia negar.
Uma camisola fina, branca e transparente, as cobria e ao mesmo tempo
revelava todas as partes de seus corpos. Eram lindas e uma parecia tão jovem
que me perguntei se tinha idade para estar envolvida com um esquema de
sexo como aquele.

— Eu dou mil pela bonitinha com cara de boneca — gritou alguém da


multidão.

Ela se encolheu e os homens riram. Será que não percebiam o quanto


ela estava assustada?

— Mil é muito pouco. — Riu a locutora. — Olhem só como ela é linda


e doce. O lance mínimo por essa é cinquenta mil, e pela outra, quarenta.

— Como vamos ter certeza de que ela realmente é virgem?

Eu não sabia se a minha indignação maior era pela organização estar se


dispondo a leiloar mulheres ou pelos convidados realmente estarem dispostos
a pagar por escravas sexuais, que não pareciam felizes ao serem sujeitadas a
isso.

— Sei que essa é uma dúvida que muitos de vocês têm, então iremos
mostrá-los um exame ginecológico aqui no palco.

Um homem vestindo roupas de médico, com uma máscara branca


cobrindo nariz e boca, entrou empurrando uma maca. Acima do palco, um
telão foi ligado exibindo de mais perto as duas mulheres sendo leiloadas.

— Vamos começar com você. — Pegaram a mais velha e a levaram


para a maca. Ela não protestou muito, mas percebi que estava grogue,
provavelmente haviam dado alguma droga para que não oferecessem
qualquer resistência diante daquela exposição ridícula.

Acomodaram a mulher sobre a maca, abriram suas pernas, tiraram a


pequena calcinha e sua vagina apareceu enorme no telão. Bryan balbuciava
baixinho, mas estava indignado demais para prestar atenção nos pensamentos
dele.

O médico afastou os grandes lábios e os prendeu para o lado com uma


espécie de pinça e aproximou uma pequena câmera, provando a todos que o
hímen da mulher ainda estava lá. Aquela demonstração pareceu um show de
horror, o que fez o meu estômago revirar. Sabia que vir ao Clube Secreto
exploraria os meus limites, mas não imaginava ser tão negativamente.

— Mostra a boceta da outra. — Riam e eu me enojava ainda mais.


Queria socar aqueles homens, mas não sabia se o meu segurança seria o
suficiente para me proteger da briga que arrumaria.

— Sua vez, bonequinha. — O médico puxou a moça e eu


impulsivamente me levantei.

— Não! — rosnei, atraindo a atenção de todos para mim. — Pago um


milhão de criptomoedas por ela, mas não irão expô-la ao ridículo desse jeito.
Era dinheiro demais, sabia bem disso, mas simplesmente não podia
ficar sentado sem fazer nada enquanto promoviam aquele show de horrores.

— Não tem todo esse dinheiro aí com você — provocou um outro


sujeito que estava a duas mesas de mim.

— Vai dar um lance maior do que o meu? — Tentei manter o sangue


frio e devolvi a provocação.

— Algum outro lance? — A locutora abriu um sorriso de orelha a


orelha. Imaginava que ela não fosse conseguir uma oferta melhor do que a
minha. Havia jogado alto para que não tivesse que ficar batalhando com
ninguém. — Não, nenhum lance? — Olhou em volta e todos permaneceram
calados. — Vendida para o cavaleiro de sotaque forte e voz firme.

— Ah, deveriam pelo menos mostrar a bocetinha dela antes desse cara
arrancar o cabaço.

Rosnei, mostrando os dentes, e o homem se encolheu. Precisava sair


dali ou acabaria matando alguém.

A mulher que eu havia comprado em um ato impulsivo olhou na minha


direção, mas antes que pudesse fazer ou dizer qualquer coisa, tombou para o
lado, caindo desacordada, mas o médico a segurou. Deveriam ter exagerado
na dose de sedativos.

Atravessei a distância até o palco e subi nele, pegando-a nos meus


braços. Eu estava tão possesso que ninguém ousou me impedir.

— Vai ficar tudo bem — prometi quando se encolheu junto a mim,


aninhando-se como um animal inofensivo e acuado.
Levei-a desacordada para um quarto e paguei por ela antes de sair dali.
Capítulo cinco

Abri os olhos devagar, sentindo a minha cabeça doer e os meus braços


e pernas muito dormentes. Tentei me mexer, mas ainda não havia recuperado
total controle sobre o meu corpo. Tombei a cabeça para o lado e percebi que
estava deitada em um sofá. Havia algo me cobrindo com um cheiro
amadeirado, másculo e distinto, e demorei para perceber que era um blazer de
terno. Não conseguia ver nem pensar direito...

Levantei num sobressalto ao perceber que desconhecia completamente


o ambiente ao meu redor. Estava cansada de ir de um lugar para o outro,
encontrando um destino pior do que o anterior. Notei as janelas abauladas e
ovais, além do revestimento creme das paredes. Estava em um sofá diante de
uma pequena mesa, mas, após ele, havia poltronas confortáveis. Demorei a
entender que estava dentro de um avião. Não qualquer avião, pois era menor,
porém mais confortável do que qualquer primeira classe que eu tinha visto
em filmes.

— Calma — disse em um inglês carregado de sotaque.

Levantei a cabeça e olhei para frente, notando o homem alto que estava
parado, segurando um copo com bebida. Ele tinha ombros largos, a barba
estava por fazer e os olhos eram azuis, penetrantes, profundos e firmes.
Recordei-me de que aqueles olhos foram a última coisa que eu vi antes de
desmaiar completamente, devido às coisas que haviam injetado em mim. Não
sabia o que era, mas tinham o efeito suficiente para me deixar acordada, mas
inofensiva, sem força para falar ou gritar, muito menos lutar contra as
barbáries que estavam fazendo comigo.
— Você fala a minha língua?

— Você me comprou? — Engoli em seco, devolvendo a pergunta sem


responder a dele, enquanto memórias confusas voltavam pouco a pouco para
a minha mente.

— Comprei. — A voz dele se mantinha firme, para não dizer


assustadora. Provocava em mim uma sequência de calafrios e acabei me
encolhendo no sofá. Sabia que não existia lugar para fugir, já havia tentado
algumas vezes e apenas recebera punições horríveis.

— Para onde está me levando? — Olhei para fora da janela do avião,


buscando me localizar de alguma forma, no entanto, tudo o que via era um
céu escuro e nuvens pesadas.

— Para a Escócia.

Senti um arrepio me varrer seguido de uma dor no estômago. Era


medo?

— Você está com fome? — Sentou ao meu lado no sofá e eu fui parar
na outra extremidade, recuando o máximo que consegui.

— E-eu não... Talvez... — O misto de medo e descoordenação me


deixavam com uma dificuldade enorme de pronunciar frases inteiras. A dor
na minha barriga poderia ser apenas isso, fome.

— Traga alguma coisa para ela comer. — O homem de voz firme e


sotaque carregado, acenou para outro que estava sentado em uma poltrona
próxima à cabine do piloto. Como ele usava um uniforme, imaginei que
pudesse ser o comissário de bordo.
Fiquei sentada, encolhida, enquanto o comissário pegava algo na frente
do avião e voltava com um prato com o que me pareceu um ravióli e uma lata
de refrigerante.

— Tem salada, mas imagino que precise de algo mais forte. Parece tão
abatida, tadinha. — Colocou a bandeja na minha frente enquanto exibia para
mim um sorriso terno.

Havia sido tão maltratada desde que o meu padrasto havia me


estuprado e vendido para o tráfico, que era muito estranho ver alguém ser
gentil comigo.

— Isso é seu? — perguntei para o homem, que agora era o meu dono,
ao apontar para o blazer de terno que estava sobre mim. Não era difícil
deduzir, já que ele estava apenas com uma camisa branca.

Apenas fez que sim.

— Quer de volta? — Puxei, tirando-o de cima de mim, mas logo o


abracei de novo ao perceber que não queria mais ninguém me vendo com a
roupa que estava, ou melhor, a falta dela, uma vez que aquela camisola não
cobria nada, deixando os meus seios e a minúscula calcinha visíveis.

— Acho melhor ficar com ele — respondeu, mantendo-se impassível e


odiei que aquele homem parecesse tanto uma página em branco. Parecia
extremamente ameaçador ao mesmo tempo que estava se mostrando
cuidadoso.

— Sim.

— Tem um cobertor, senhor — comentou o comissário de bordo. —


Talvez a moça queira.
— Pode pegá-lo, James — ordenou, sem se dar ao trabalho de
perguntar se eu realmente queria.

Tentei não me preocupar com o meu destino nos próximos minutos.


Era melhor me concentrar no que estava sob meu controle e aplacar a dor da
fome na minha barriga. Peguei os talheres e cortei um pedaço da massa em
formato de pastel e o coloquei na boca. Tinha um recheio de carne e ervas.
Estava delicioso. Havia até me esquecido o quanto uma boa comida poderia
ser prazerosa. Tomei um gole do refrigerante e continuei comendo,
rapidamente, com medo de que o prato fosse arrancado de mim antes que eu
conseguisse terminar.

— Calma, assim vai acabar engasgando. — O homem colocou a mão


sobre o meu ombro e senti um calafrio que me varreu inteira, deixando-me
arrepiada. O toque dele, estranhamente, não me provocou repulsa. — A
comida não esfriará tão rápido, pode ser degustada. — Afastou a mão.

Ignorei a sua fala e continuei até que o prato estivesse completamente


limpo.

— Quer mais, menina? — perguntou o comissário de bordo, mas antes


que eu pudesse responder, o chefe dele se impôs.

— Não. Se continuar comendo desse jeito, vai acabar vomitando.


Deixa dar o intervalo de, pelo menos, uma hora.

O comissário apenas olhou para mim, deu de ombros e voltou para a


sua poltrona, como se não ousasse desafiar o seu patrão. Quando a comida
começou a assentar no meu estômago, a dor que eu sentia nele passou e
percebi que estava saciada. Talvez o homem tivesse razão e comer outra
porção daquela realmente fosse um exagero. Porém, que culpa eu tinha se
não via uma comida tão saborosa desde o falecimento da minha mãe?

Flashes do pesadelo que eu tinha vivido nas mãos do traficante


voltaram para a minha mente e me encolhi, tremendo. Queria fingir que nada
daquilo tinha acontecido, mas não havia segurança para desfrutar dessa
ilusão. Lembrei da outra mulher que estava comigo e olhei em volta, não
havia nenhum sinal dela.

— A Valkyria... on-onde... cadê?

— Quem? — Franziu o cenho, tentando entender o que eu falava em


meio ao desespero.

— A... ela...

— Quer dizer a outra mulher que estava sendo leiloada junto com
você?

Fiz que sim em um sutil movimento de cabeça.

— Foi comprada por outro homem. — Ele manteve o tom neutro,


beirando a frieza, me provocando outra vez um calafrio.

Morri de medo do que poderia ter acontecido com ela. Quem seria esse
outro cara? A qual destino ele sentenciaria a pobre mulher jogada nesse
pesadelo como eu? Por mais que quisesse me preocupar com ela, precisava
me atentar aos meus próprios problemas.

— Descanse um pouco. — Pegou o cobertor e o colocou sobre mim.


— A viagem ainda vai durar algumas horas.

Tive medo de fechar os olhos, acabar dormindo e acordar com todos


aqueles homens da aeronave em cima de mim, contudo, estava tão cansada
que, ao ficar parada, meus olhos pesaram e acabei pegando no sono. Não
sabendo que seria o cochilo mais tranquilo que tirava há muito tempo.

O impacto das rodas do avião batendo no solo me chacoalhou e fez


com que eu abrisse meus olhos. Percebi que estava presa ao sofá pela cintura
e por isso não havia caído. Não sabia quem havia me amarrado enquanto eu
dormia.

Olhei de volta para a janela. Estava claro, o dia havia chegado e eu


nem notara. Balancei a cabeça, lembrando que havia outras pessoas comigo
no avião e os encontrei atados às poltronas pelos cintos. Apenas pararam
quando a aeronave cessou seus movimentos.

— Consegue se levantar? — Pisquei e o meu comprador estava parado


perto de mim.

Assenti com a cabeça ao soltar o cinto e me enrolei no cobertor e no


blazer. Poderia ser dia, mas tive a sensação de que estava fazendo frio ao
observar as montanhas com os picos nevados. Não poderia estar tão certa,
pois quando coloquei os pés na escada do avião para descer, uma brisa gelada
tocou o meu rosto, fazendo-me encolher. Não sabia em qual estação do ano
estávamos, mas alguma fria, ou poderia ser apenas aquele local.

— Vamos, moça! — Ouvi uma voz irritada atrás de mim e virei,


notando um homem loiro e baixo. Deveria ter algo perto dos quarenta ou
cinquenta anos.

Terminei de descer a escada, reparando que estávamos em uma


pequena pista de pouso e, ao fundo, havia um hangar. Deveria ser uma
garagem para guardar o avião? Definitivamente entendia bulhufas dessas
coisas. Contudo, aquele não parecia um aeroporto comercial como os que já
tinha visto ao longo da vida, cheio de cargas, pessoas e aeronaves. O único ali
era aquele pequeno jato particular, com uma lotação máxima para talvez
umas dez pessoas. Quando meu padrasto me disse que eu seria vendida para
algum gringo milionário, quem poderia prever que o cara teria o próprio
avião e pista de pouso?

Continuei andando até sairmos da pista de pouso e nos aproximarmos


de um carro preto. A porta de trás foi aberta e fizeram um sinal para que eu
me sentasse. Busquei os olhos azuis do meu comprador, porém, ele não me
encarou de volta, apenas entrou no banco de trás e me deu a mão para que eu
o acompanhasse. Assim que aceitei, puxou-me para dentro e o cara loiro
dirigiu, nos levando para longe dali.

Olhei para fora, através do vidro escurecido pelo insulfilm, observando


uma pradaria ressecada, em contraste com montanhas altas que surgiam no
horizonte. Passamos em uma pequena ponte sobre um riacho, até nos
aproximarmos da única construção que poderia ser vista em quilômetros.

Era um castelo?! No início, achei que estivesse sonhando, mas depois


foi impossível negar, havia um castelo se aproximando cada vez mais no
horizonte.

Seguimos por uma estrada cercada por muros de pedras num tom bege,
ora cinzentas ou avermelhadas. A estrada nos levou através de um portão
para uma entrada com uma enorme porta preta. O carro parou e nós saímos
de dentro dele. Fiquei alguns segundos admirando a arquitetura esplendorosa
daquele lugar. Era como se eu tivesse sido transportada para um filme
medieval. Quem em pleno século vinte e um morava em um castelo? Pelo
visto, o homem que havia me comprado morava.

Segui em inércia com eles pelo hall de entrada. Enquanto o exterior


parecia velho e retrógrado, o interior esbanjava luxo e requinte. Um enorme
lustre de cristal pendia do teto e pinturas decoravam as paredes cobertas por
tapeçarias.

— Wallace, leve a moça para um dos quartos de hóspedes e veja se ela


precisa de alguma coisa — meu comprador disse para o cara loiro, e sumiu de
vista para algum canto do castelo sem nem ter o trabalho de perguntar o meu
nome.

— Venha comigo, senhorita... — Wallace parou no meio da frase.

— Camila, Camila Ferreira.

— Portuguesa?

— Não, brasileira.

— Ah! Siga-me. — Fez um gesto.

Fomos até uma escada e subimos para o andar superior do castelo. Eu


observava cada detalhe do corredor amplo e das galerias por qual
passávamos, experimentando um pouco de sonho em meio ao pesadelo que
vivia.

Wallace parou diante de uma porta e a abriu, revelando um quarto que


me deixou de boca aberta. Ele era claro, não apenas pelas grandes janelas que
inundavam o cômodo com a luz do sol, mas pelo papel de parede num tom
creme com florais. O teto era branco com alguns relevos em dourado que
construíam um desenho geométrico. A cama era espaçosa e possuía uma bela
colcha preta com bordados em dourado, e no centro do quarto estava um
lustre de cristal menor do que o que vi no hall. Se aquele era um quarto de
hóspedes, fiquei imaginando como era o do dono daquele lugar.

— Qual o nome dele? — perguntei para o Wallace, antes que ele fosse
embora e me deixasse sozinha.

— Do senhor?

Fiz que sim. Ele não havia me falado, e nem tinha ouvido alguém
chamá-lo pelo nome.

— Logan, Logan Mackenzie, mas ele não gosta de ser chamado pelo
nome. Então, sempre o trate como senhor.

— Okay! — Engoli em seco, pensando em como um homem que era


capaz de comprar uma mulher agiria.

— Tome um banho e descanse. Vou providenciar roupas para você.

— Muito obrigada. — Sorri diante da gentileza dele. Só de pensar que


não teria que ficar mais tempo com aquela camisola, já ficava feliz.

Wallace me deu um empurrãozinho para que eu entrasse no quarto e eu


contemplei o cômodo mais uma vez, sem saber se aquele seria um paraíso ou
uma prisão de luxo.
Capítulo seis

Estalei os dedos após devolver o telefone para o gancho. Mal pisei no


escritório e já me deparei com uma ligação de um dos responsáveis pela
produção de uísque da minha destilaria. Uma das caldeiras havia dado defeito
e, se não fosse consertada o mais rápido possível, poderia impactar muito a
minha produção.

Confesso que fiquei feliz por me afundar em problemas solucionáveis


e me esquecer do que havia feito em um súbito rompante de impulsividade.
Onde estava com a cabeça para comprar uma mulher em um leilão? Apoiei
o cotovelo na mesa enquanto massageava as têmporas e bufei. Tinha ido para
pagar por todos os prazeres naquele Clube Secreto, não esperava voltar com
uma virgem assustada que havia sido leiloada para se tornar escrava sexual
de alguém.

Eu não era como aqueles ricos filantropos que ficavam envolvidos em


causas sociais, não fazia boas ações e não me preocupava com isso. Contudo,
compactuar com tráfico humano ia muito além dos meus limites.

Havia feito uma boa ação que me custara uma pequena fortuna, mas
iria poder deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilo. Salvar uma era
como uma gota no oceano, não é mesmo? Esperava que o Bryan fosse outra
gota, pois havia o visto arrematar a outra mulher e, pela sua expressão, ele
estava tão indignado quanto eu. Ao menos duas não seriam transformadas em
escravas sexuais.

— Senhor?
Levantei a cabeça e tirei o cotovelo da mesa quando o Wallace entrou
no meu escritório. Ele ainda estava com a mesma expressão de espanto que
havia tomado o seu rosto quando apareci na porta do jato segurando uma
mulher desacordada e seminua nos braços. Não falei nada para ele, disse que
explicaria depois. Previ que estava ali para ter a sua resposta.

— Fecha a porta! — Fiz um sinal e ele passou por ela, fechando-a atrás
de si. — Senta! — Apontei para a cadeira de estofado vermelho que ficava
diante da minha mesa de madeira escura, assim como a textura que cobria as
paredes do meu velho escritório.

— E então, quem é aquela mulher assustada que acabei de acomodar


no quarto?

Wallace não era apenas um empregado dez anos mais velho do que eu,
que trabalhava como meu braço direito, resolvendo problemas pessoais e
profissionais. Era o mais perto de um melhor amigo que eu possuía. Durante
o tempo juntos naquele enorme castelo, era meu confidente e maior aliado.

Passei a mão pelo meu cabelo escuro, puxando o topete para trás,
respirando fundo antes de começar a falar.

— Eu a comprei.

— Quê?! — Arregalou os olhos verdes. Estava boquiaberto e seu rosto


poucas vezes fora tomado por tanta surpresa, nem quando compartilhei com
ele os meus gostos por dominação, pedindo que encontrasse prostitutas
dispostas a participar dos meus jogos. Não julgava o seu choque, se estivesse
ouvido ele dizendo que havia, literalmente, comprado uma mulher, estaria
com a mesma expressão. — Está brincando? Ela é uma puta?
— Não, é uma virgem.

— Então tem um novo fetiche por tirar virgindades? Vai trepar com ela
e a mandar de volta? Não seria mais fácil se tivesse trepado com ela no
avião? Só não entendo porque ela parecia tão assustada e chapada.

— Provavelmente drogaram ela, drogaram muito.

— Não posso compactuar com isso, senhor! Acreditava que você ao


menos levava em consideração o consentimento das mulheres.

— Eu levo! — rosnei. Conhecia bem o meu lado sombrio, mas fiquei


furioso quando Wallace, a pessoa mais próxima a mim e a que melhor me
conhecia, cogitou que eu pudesse tomar uma mulher a força.

— Então, o que vai fazer com ela? — Massageou o queixo, apertando


a barba loira.

— Mandá-la de volta para casa ou qualquer outro lugar de onde tenha


saído. Gosto de dominação, mas tudo tem um limite.

— Por qual motivo a comprou? — Balançou a cabeça, ainda estava


bastante confuso.

— Para que outro não comprasse e fizesse dela uma escrava. Você
precisava ver o que fizeram a ela e outra mulher. Expuseram-nas nuas como
se fossem objetos. Perdi a cabeça e ofereci um lance irrevogável por ela.

Encarei o Wallace e contei tudo para ele, desde a minha entrada no


Clube Secreto até o chocante leilão de mulheres. Quando acabei, ele estava
tão chocado que mal conseguiu falar.

— Nossa! Não sei o que faria.


— Perdi a cabeça e dinheiro. — Abri um sorriso amarelo ao pensar no
quanto havia pagado por ela.

— Uma puta bem cara, essa.

— Ela não me parece uma puta, Wallace, certamente não estava


confortável em ser vendida daquela forma.

— Vai ficar com ela?

— Não! É óbvio que não. — Como ele ainda poderia cogitar em uma
coisa dessas?

— O que quer que eu faça?

— Vá até o vilarejo, compre roupas para ela e consiga dez mil libras.

— O que vai fazer com esse dinheiro?

— Entregue para ela. Imagino que seja o suficiente para comprar uma
passagem de retorno para o lugar de onde veio. Certamente não é escocesa, já
que se esforça para nos entender.

— Farei isso. — Ele assentiu e me deixou sozinho no escritório.

Olhei para fora, observando o céu nublado. Não tardaria a chover.


Enquanto observava o clima, pensei seriamente sobre nunca mais aceitar
convites como aquele. As coisas haviam saído do controle muito rápido, mas,
assim que a moça fosse embora, tudo voltaria ao normal.
Capítulo sete

Saí do banheiro e encontrei sacolas de uma loja de roupas sobre a


cama. Alguém havia as deixado ali sem que eu notasse enquanto tomava
banho. Aproximei-me delas e vi algumas peças de roupas, inclusive roupas
íntimas, nenhuma delas chamativa ou sensual. Escolhi uma calça jeans e uma
blusa com mangas, cobrindo o meu corpo ao máximo. Senti-me aconchegada
por estar naquelas roupas que não mostravam nada além do que deveria. Era
terrível me recordar de que tantas pessoas haviam me visto nua.

Assim que terminei de me vestir, ouvi uma batida na porta e alguém


perguntou do outro lado se poderia entrar antes de empurrá-la.

Era o Wallace e ele me olhou de cima a baixo. Seu olhar me fez


encolher, mas logo notei que não havia cobiça nele, nem algum indício que
ele se aproximaria para abusar de mim.

— Que bom que as roupas serviram.

— Foi você?

Fez que sim.

— Obrigada!

— O senhor me pediu para comprar roupas confortáveis, para que não


precisasse mais andar nua. — Ele riu e eu me encolhi.

— O que ele vai fazer comigo agora? Devo ficar aqui no quarto
esperando que ele venha transar comigo?
— Ele não transa nos quartos — balbuciou, e percebi que havia algo
sobre aquele homem que eu não sabia.

— Para onde devo ir, então? — Tentei impedir que a minha respiração
acelerasse demais, mas estava tensa e preocupada. Imaginava o quanto
pudesse ser assustador e doer quando aquele homem satisfizesse os desejos
dele comigo.

— Para casa.

— Casa? — Cambaleei alguns passos para trás até que minhas


panturrilhas batessem em uma poltrona.

— Sim, menina, para o lugar de onde você veio. O senhor não pretende
tomar você como escrava sexual dele, só a comprou para tirá-la daquele circo
de horrores. Mandou que desse um dinheiro para você e a levasse para o
aeroporto de Edimburgo. Assim que quiser ir, eu vou contatar o piloto.

— Ir embora? — balbuciei, chocada.

— Sim. — Ele sorriu para mim animosamente. Estava sendo realmente


gentil. Depois de tudo o que havia passado, era até estranho me deparar com
esse tipo de atitude. — Não é uma prisioneira aqui, garota. Imagino que tenha
passado por momentos bem difíceis nas mãos daqueles bandidos, mas agora
está livre.

— Não preciso fazer nada nem pagar nada para ele?

O homem loiro apenas balançou a cabeça em negativa.

— Acredito que tenha se deparado com o meu patrão em um bom dia


ou a sua situação realmente mexeu com ele, pois não costuma tomar esse tipo
de atitude.

— Será que você poderia me arrumar alguma coisa para comer? —


pedi sem pensar, a verdade era que precisava ficar sozinha.

— Sim, claro.

— Obrigada!

Apenas moveu a cabeça em um meio sorriso antes de deixar o quarto.

Caí sentada na poltrona. Estava feliz, feliz como não me lembrava de


sentir, ao mesmo tempo imensamente chocada. Havia vivido por alguns
meses com os piores dos seres humanos, que até me esquecera de que
algumas pessoas poderiam simplesmente ser boas. Mamãe sempre falava um
velho ditado: fazer o bem sem olhar a quem. Só não imaginava que me veria
do outro lado da moeda, sendo ajudada por um estranho rico.

Queria voltar para casa, queria muito. Porém, fui tomada por pavor
quando me recordei de que, a casa que tanto amava, o lar feliz onde cresci na
companhia dos meus pais, não existia mais. Quando a minha mãe morreu,
pelo menos parte da casa deveria ter ficado para o meu padrasto. O mesmo
homem que me mostrou a dor das mais diversas formas. Ainda que ele não
tivesse direito a nada, como agiria se soubesse que eu voltei? Poderia ser
vendida de volta, ou pior, morta.

Ao fitar o estranho sonho de estar no meio do nada na Escócia, tive


certeza de que não queria voltar para aquele pesadelo. Tinha apenas a minha
avó no Brasil, mas quase não tinha contato com ela antes de tudo isso
acontecer, naquela altura, era bem provável que achasse que eu estava morta.
De fato, morri várias vezes no cativeiro.
Não queria voltar para tudo aquilo, tampouco me afastar das pessoas
que estavam sendo gentis comigo. Só de pensar que eu não seria estuprada
ficando naquele quarto, me fazia desejar ficar nele para sempre.

— Aqui está! — Wallace entrou com uma bandeja e a colocou sobre


uma mesa redonda, não muito longe de onde eu estava.

Observei a bela salada acompanhada de camarões em um molho e


algumas fatias de um peixe grelhado. O cheiro era ótimo.

— Obrigada! — Aproximei-me do prato e ele me esticou os talheres.

Puxei uma cadeira e me sentei. Deliciava-me com cada mordida,


sentindo o sabor das coisas na minha boca, tão diferente da gororoba que me
serviam no cativeiro, que parecia pior do que lavagem para porcos. Além
delas, havia os suplementos para que os nossos músculos não mudassem,
nem as formas do nosso corpo. Duvidava muito que a doutora que cuidou de
mim realmente estivesse preocupada com a minha saúde. Queria que eu
parecesse minimamente saudável depois de tantos abusos psicológicos que
sofri lá.

— Mais um pouco?

— Não, Wallace, muito obrigada. Será que eu poderia falar com o


Logan, quer dizer... o senhor? Queria agradecer.

— Ele está no escritório trabalhando agora e não gosta de ser


interrompido.

— Não vou demorar.

— Não! — Foi enfático e firme, fazendo-me encolher assustada. Ter


alguém gritando comigo despertava lembranças horríveis que me fizeram
encolher.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e a postura de Wallace mudou.


De repreensivo para preocupado. De repente, vi um pouco do meu pai nele,
por mais fisicamente diferentes que fossem. Isso fez com que eu me sentisse
acolhida novamente.

— Desculpa, não queria gritar com você.

Engoli minhas lágrimas, mas não o respondi. Ainda estava muito


abalada com tudo e o grito realmente tirou-me dos eixos. Haviam gritado
tanto comigo, me puxado e jogando-me de um lado para o outro que não
conseguia fazer outra coisa a não ser me encolher.

— Apenas se arrume para ir embora. Vou buscar o dinheiro.

— Espera!

— Sim? — Virou-se para mim e me encarou severamente, esperando o


que eu tinha a dizer.

— Não posso ir. — Sabia que era mais não querer do que não poder,
de fato. Se saísse de perto daqueles homens, quem iria me proteger dos
bandidos?

— Por que não?

— Não tenho documento nenhum, nem nada. Será que me deixarão


pegar um voo para o Brasil sem passaporte?

— Não. É bem provável que não. — Pela forma como franziu o cenho,
tive certeza de que havia colocado-o para pensar.
Mamãe sempre dizia que eu era uma menina esperta, que conseguia
usar a situação ao meu favor e, talvez por isso, houvesse conseguido
sobreviver aquele tempo nas mãos dos traficantes. Por mais que o meu inglês
fosse razoável, nunca havia feito uma viagem internacional antes, no entanto,
para viajar dentro do Brasil sempre precisei do meu documento de identidade
e o equivalente internacional era o passaporte, que eu não tinha.

Os traficantes haviam me mandado para a Europa através de uma


companhia aérea que me colocou dentro de um avião com outras mulheres,
sem nos contar ou mesmo registrar entre os passageiros. Era um esquema
gigantesco e assustador, que incluía a polícia de imigração.

— Vou ver o que posso fazer.

— Obrigada! — Sorri brevemente. — Preciso ficar aqui dentro do


quarto ou posso olhar o castelo? Parece tão bonito. Nunca estive em um
castelo antes, achava que era coisa de filme.

Wallace me olhou e ficou pensando por um tempo.

— Você disse que eu não sou uma prisioneira aqui. — Usei suas
palavras contra ele.

— Não é, senhorita — Manteve a pose, mas percebi que poderia ter


pisado em um calo.

— Pode andar pelo castelo, mas não abra nenhuma porta que esteja
fechada, nem perturbe o senhor.

— Obrigada!

Abri um largo sorriso e ele saiu do quarto, pensativo. Imaginei que


fosse tentar resolver o fato de eu não ter um passaporte, isso me daria ao
menos alguns dias para pensar no que fazer.

Torcia para que eles fossem tão bons quanto estavam se mostrando e
aquele castelo no meio do nada fosse um recanto seguro.
Capítulo oito

Ouvi um som que me fez levantar, pareceu um gritinho que me levou


até a janela e fez afastar o tecido verde-escuro e fitar o pátio central do
castelo. Perto da fonte circular, ladeada por pequenos arbustos bem cortados,
estava a mulher que imaginei que não voltaria a ver. Contava com Wallace
para resolver tudo naquele mesmo dia.

Afastei-me da janela e soltei a cortina quando vi Wallace entrar no


meu escritório.

— O que ela ainda está fazendo aqui?

— Onde ela está? — Enrijeceu o corpo, tenso diante da minha


pergunta.

— No pátio, observando a fonte.

— Ah! — Um vislumbre de alívio brilhou em seus olhos.

— Achei que tivesse sido claro sobre dar um dinheiro para ela e a levar
para o aeroporto, para que pudesse voltar ao lugar de onde veio.

— Bom, senhor, quanto a isso, temos um problema. — Retomou a


postura rígida e eu arquei a sobrancelha, sem dizer nada, apenas esperando
que continuasse. — Ela me recordou que não tem documentos, nem
passaporte, nem nada. É provável que os homens que a venderam tenham
tomado isso dela.

— Então, não pode voltar para casa? — perguntei o óbvio.


Wallace negou com a cabeça.

Massageei as têmporas, respirando fundo. Onde foi que eu me meti?


Não havia apenas gasto uma fortuna para tirá-la de lá, como tinha trazido um
grande problema para mim. O pior era que não podia deixá-la em Edimburgo
entregue à própria sorte.

— Vê de onde ela é e procura o consulado.

— Farei isso, mas sabe que essas coisas podem demorar, não é?

— Deixa ela no quarto de hóspedes por enquanto e banque a babá para


mantê-la longe de problemas.

— Talvez seja bom ter uma mulher nessa casa.

— Não começa. — Cerrei os olhos, exibindo uma expressão séria e


severa para ele.

— Vai precisar de mim ou posso ir para Edimburgo ver o que consigo


fazer pela Camila?

Camila... Então era esse o nome dela.

— Diga para a cozinheira servir o jantar no mesmo horário e pode ir.


Vá de helicóptero, que é mais rápido.

— Sim.

Wallace deixou o meu escritório e voltei para perto da janela. Camila


ainda estava lá embaixo e parecia se divertir com a forma como as gotas de
água, espirradas pela fonte, refletiam a luz fraca do sol.
Tentei voltar minha atenção para o computador e os e-mails que estava
respondendo, porém, quando dei por mim, havia descido as escadas e ido até
o pátio. Fiquei parado em um ângulo da porta que me permitia vê-la melhor.
O seu semblante era completamente diferente do da menina perdida e
assustada que vi naquele leilão.

Camila sentou-se na borda da fonte e brincou com a água com as


pontas os dedos. Poderia não ser virgem de fato, pois eu havia agido para que
nem eu, nem ninguém, visse, mas tinha todo o semblante angelical e puro de
uma. Talvez fosse apenas uma doce menina que precisava de proteção. Eu
não costumava proteger ninguém, mas quis protegê-la. Era provável que
nunca conseguisse entender o motivo.

— Você está aí?! — Assustou-se com a minha presença e cambaleou


para trás. Por sorte, a fonte era rasa o suficiente para que ela pudesse apenas
apoiar a mão dentro dela, e não se molhar inteira.

— Estou. — Cruzei os braços. — Essa é a minha casa.

— É! — Deu um risinho sem graça, coçando o alto da cabeça,


esquecendo-se de que estava com a mão molhada. Acabou derramando
algumas gotas no cabelo, mas não o suficiente para deixá-lo encharcado. —
Tem uma bela casa. — Levantou e saiu de perto da fonte, percebendo que era
o melhor a ser feito ou acabaria toda molhada. — Quem hoje em dia mora em
um castelo?

— Eu.

— Sim, claro! Mas entendeu o que eu quis dizer.

— Acredite, senhorita, não sou o único que mora em um castelo.


— Que estupidez a minha. A rainha da Inglaterra tem vários. Esse
também pertence a ela? Escócia é do Reino Unido, não é?

— Esse castelo é meu.

— Desculpa. — Encolheu-se ao perceber que não havia nada de


divertido na minha expressão.

Nunca fui o tipo de cara que ria e brincava, contudo, depois de ela ter
acordado tão drogada e assustada no meu avião, gostei de vê-la daquela
forma.

— Obrigada, pelo que fez por mim.

— Não precisa agradecer.

Fiz o que fiz sem esperar aquela expressão de gratidão no rosto dela.
Deparar-me com aquilo me deixou estranho e incomodado.

— Preciso sim. — Deu alguns passos cambaleantes na minha direção e


contive o impulso de recuar. — É a primeira pessoa que é gentil e se
preocupa comigo desde que a minha mãe morreu. — Ela começou a chorar,
seus olhos ficaram vermelhos e algumas lágrimas escorreram por suas
bochechas, e eu simplesmente não sabia o que fazer.

— Não sou um homem gentil, senhorita.

— É sim.

— Não! — Mantive a minha pose e cerrei os dentes, porém, ela não


recuou ou se mexeu. Seja lá o que havia passado, foi o suficiente para que
não se impactasse com a minha cara fechada.
— Obrigada por cumprir a sua promessa. — Sorriu, mas seus olhos
ainda estavam marejados.

— Que promessa? — Permaneci a encarando, não me lembrava de ter


feito promessa nenhuma a ela, principalmente porque mal havíamos nos
falado até aquele momento.

— Eu me lembro de você me dizendo que tudo ia ficar bem, pouco


antes de eu desmaiar de vez.

Aquilo era verdade, mas dizer aquilo foi mais uma das coisas que disse
puramente por impulso diante de toda a indignação que aquele leilão causou
em mim.

— Logo você vai voltar para casa.

— Obrigada! Nunca vou conseguir ser grata o suficiente por tudo o


que está fazendo por mim.

— Fique longe desses caras e estaremos quites. — Dei as costas e a


deixei sozinha no pátio outra vez.

Não queria ficar conversando com aquela mulher, pois sentia que ela
mexia com algo dentro de mim que me fazia perder o controle. A coisa que
eu mais odiava era não estar no controle de tudo.
Capítulo nove

Estava encolhida, sentada em um chão gelado, ao lado de várias


outras mulheres, presas pelas mãos e pelos pés com aros de plástico. Nós nos
entreolhamos, todas estavam assustadas como eu. Havíamos passado por
muita coisa, mas o pesadelo apenas havia começado.

— Olhem só essa aqui! — Um homem gritou, chamando a atenção dos


outros para mim.

— Não! — Balancei a cabeça, mas não consegui mais negar quando


ele segurou meu queixo e prendeu o meu rosto. Seus dedos estavam sujos
com algo que me pareceu graxa, o que fez o meu estômago embrulhar.

— Tão bonitinha, tem uma carinha de menina. Faz muito tempo que
não fodo uma boneca assim.

— Me solta! — Virei o rosto, tentando me soltar, contudo, não passava


de apenas uma pedrinha batendo em uma montanha. A luta já era
terrivelmente injusta se eu estivesse solta, amarrada era ainda pior.

— Tem uma bocetinha nova também?

— Não coloca as mãos em mim! — Chorava, gritava e tentava mordê-


lo, mas o maldito apenas se divertia com isso. — Sai!

— Camila! — Ouvi a voz grave e com sotaque forte me chamando. —


Camila! Acorda!
Abri os olhos e a luz fraca da lua, que entrava pela janela, revelou o
rosto do Logan. Ele estava alarmado, sentado na beirada da cama segurando-
me pelos ombros.

— O que está acontecendo? Você não para de gritar. Ouvi a sua voz lá
do meu quarto. Acho que está ecoando pelo castelo todo.

— Logan! — As lágrimas pesaram mais quando a presença dele me


trouxe alívio e conforto.

— O que foi? — Percebi que ainda me analisava com o olhar severo.

— Não deixa! Por favor, não deixa! — suplicava, chorando, quando


me atirei nos braços dele e envolvi o seu pescoço.

Ele arqueou as costas para trás, surpreso com o meu abraço, como se
quisesse fugir dele. Não retribuiu o meu abraço, envolvendo-me nos braços
firmes e fortes dele como eu desejava que fizesse, mas também não me
empurrou para trás.

— Não deixar o quê? — perguntou quando não parei de chorar,


molhando a fina camisa de malha que ele estava usando.

— Que me estuprem de novo. É tão horrível!

— Quê? — Passou a mão pelo meu cabelo e puxou a minha cabeça


para trás, forçando-me a olhar nos seus olhos outra vez. — Falaram que você
era virgem. Eles não... — Era tão terrível que nem ele era capaz de completar
aquela frase.

— Enfiaram na minha bunda. Primeiro, o meu padrasto, depois, os


traficantes, às vezes mais de um por vez. Sempre doía muito e eu ficava dias
sangrando...

— Calma! — Ele finalmente me envolveu com os braços e pude me


reconfortar no calor do seu peito. A presença dele me acalmava. — Enquanto
estiver aqui, ninguém vai machucar você.

— Obrigada! — Afundei a cabeça no peito dele, soluçando ao mesmo


tempo que tentava parar de chorar.

— Agora pode voltar a dormir. — Afastou os braços e me empurrou de


volta para a cama, senti que ele não queria que aquele abraço durasse.

— Logan! — chamei quando ele se levantou da cama. Queria tanto


que ficasse ali, comigo.

— Volte a dormir, Camila! Você está segura.

Antes que eu pudesse implorar para que ele ficasse, para que me
esperasse dormir, Logan já havia ido embora e me deixado sozinha outra vez,
porém, consegui dormir com o som da sua voz ecoando na minha mente e me
dizendo que eu estava segura.

Sentia que realmente estava...


Capítulo dez

Acordei quando o sol mal havia raiado e segui para a destilaria, que
ficava às margens de um lago, a dez minutos do castelo. Parei o carro na
porta, mas não entrei no prédio, segui até um banco de ferro e fiquei olhando
a água parada. Profunda e densa, era impossível de se saber quantos metros
tinha ou o que havia embaixo.

Gostava de ser exatamente como aquele lago, parado, sério e


impenetrável. Não gostava de contato, mas não sabia por que havia me
deixado abraçar, permitindo a aproximação da Camila. Provavelmente,
devido ao calor do momento.

Havia deitado há pouco após conversar com o Wallace, que ainda não
tinha o contato certo da pessoa no consulado brasileiro que pudesse ajudá-lo
com a situação da Camila. Não tinha pegado no sono, geralmente demorava,
quando ouvi os gritos dela, ecoando como se estivesse sendo torturada. De
fato, sonhar com o que havia passado deveria ser alguma espécie de tortura.

Eles abusaram dela, fizeram anal sem qualquer preparação, brutos o


suficiente para machucá-la ao ponto de sangrar. Me enojava saber que havia
compactuado com aqueles homens ao aceitar o convite para o clube maldito.
Me lembrei da garçonete com quem eu havia transado, perguntando-me se
havia passado por situação parecida ou talvez pior.

Já tinha me envolvido demais e não era problema meu... Tentei repetir


quase como um mantra, mas não conseguia.

Camila só precisava ir embora logo para que eu pudesse voltar a ter


uma noite tranquila de sono.

— Senhor! — Um dos funcionários da destilaria me viu do lado de


fora e acenou para mim.

Apenas acenei de volta, mas continuei sentado no banco. Entraria para


falar do problema na caldeira depois. Precisava de mais tempo a sós comigo e
com meus pensamentos.

Tinha me metido onde não deveria e iria me arrepender muito disso.

Voltei para o castelo quando já era quase fim da tarde. O sol baixo
tingia o céu de laranja, tornando ainda mais avermelhadas as folhas secas das
árvores na propriedade.

Estacionei meu carro na garagem e segui diretamente para o meu


escritório, sem me dar ao trabalho de perguntar onde ou como a Camila
estava.

Fechei a pesada porta escura e puxei meu celular do bolso. Aquele


castelo era grande demais para que eu me desse ao trabalho de procurar onde
o Wallace poderia estar.

— Alô, senhor? — Ele atendeu no segundo toque.

— Onde você está?


— Na biblioteca, os empregados me falaram que o jardineiro viu o
senhor sair bem cedo. Fiquei sem saber se já tinha voltado.

— Cheguei há pouco. Vem aqui!

— Estou indo!

Desliguei o celular e o guardei de volta no bolso. Estava incomodado


por me sentir quase um fugitivo dentro da minha própria casa, mas sabia que
aquela situação era única e exclusivamente culpa minha.

Wallace abriu a porta e praticamente terminou de me empurrar para


dentro do escritório. Ajeitei a postura e me virei para encará-lo.

— Está tudo bem, senhor?

— Por que não estaria? — Cruzei os braços e fechei a expressão.

— O senhor parece tenso. Algum problema na destilaria?

Fiz que sim e se Wallace percebeu que eu estava mentindo, preferiu


não me questionar. Esse era um dos pontos que mais gostava nele.

— Como foi a ida ao consulado?

— Bom... — Colocou as mãos dentro dos bolsos e mordeu os lábios,


deveria estar pensando por onde começaria. Isso me deixou tenso, pois era
sinal claro de que não havia boas notícias. — Se ela não entrou com um
passaporte e nem possui um visto, para turista, que seja, está no país
ilegalmente e isso constitui um crime.

— Não pedi para você ir lá para descobrir se ela é ou não legal. Tudo
que precisa é conseguir um passaporte para que ela volte para o Brasil.
— Conseguir um passaporte e torná-la legal pode ser complicado, mas
podemos entregá-la para a imigração. A moça será detida e deportada quando
o caso for processado.

— Deportada? — rosnei e ele se encolheu.

— É a alternativa mais fácil para você.

— Acione todos os advogados que precisar, dê um jeito! Depois de


tudo o que ela passou, não vou entregá-la para imigração para que seja tratada
como uma criminosa. Ela é só uma vítima! — Alterei o meu tom e, quando
percebi que estava gritando, já era tarde demais.

Por que, desde o primeiro momento em que coloquei os olhos na


Camila, ela me deixava tão descontrolado?

— Compreendo e compactuo com a sua opinião, senhor. Não vamos


entregar a garota para a imigração. Iriei encontrar o melhor advogado nessa
área para que ele consiga um passaporte legal para ela.

— Ótimo!

— Avisarei a ela que, enquanto isso, permanecerá aqui.

— Okay!

Que escolha eu tinha? Não podia salvá-la dos traficantes para


simplesmente entregá-la para a imigração. No melhor dos cenários, ela
passaria dias ou meses presa, até voltar para casa; no pior, acabaria voltando
para as mãos dos traficantes e cada centavo que gastei para tirá-la daquele
leilão tinha sido por nada.
Capítulo onze

Durante o dia, não vi o Wallace nem o Logan, os dois pareciam ter


desaparecido em algum canto escuro do castelo, pois eu procurei e não
encontrei nenhum deles. Talvez não tivesse procurado o suficiente, o castelo
era grande demais, tinha dezenas de quartos e outros cômodos, iria precisar
de alguns dias para ver tudo. Porém, no fim, acabei desistindo de procurar
por eles e fui parar na cozinha.

Fiquei na porta, observando a mulher que trabalhava lá, sem saber se


deveria ou não deixar que ela notasse a minha presença. A cozinha era
grande, mas, ao contrário do que eu esperava ver, não tinha uma fogueira ou
fogão a lenha, estava toda equipada com eletrodomésticos modernos.

— Olá, senhorita, posso ajudá-la em alguma coisa? — Ela virou-se pra


mim e sorriu. Secou as mãos no avental e caminhou na minha direção.

— Será que você poderia me dar um copo com água?

— Sim. Aguarde um instante. — Foi até um armário, pegou um copo,


aproximou-o do dispenser, serviu um copo e entregou-o para mim. — Aqui
está.

— Muito obrigada! — Tomei alguns goles. Aquela água que me


serviram no castelo era bem melhor do que a que eu tinha tomado no meu
cativeiro e começava a suspeitar se não havia outras coisas misturadas a ela,
mas, ainda assim, não tinha o mesmo gosto da água do Brasil.

— A senhorita é uma convidada do senhor? — Ela me fitou dos pés à


cabeça, imaginei que estivesse intrigada com a minha presença. Eu também
estaria, considerando que, após a minha pequena incursão pelo castelo, não
havia encontrado nem um familiar dele, esposa ou filhos.

— Acredito que, teoricamente, sim, já que ele me trouxe para cá.

— São amigos?

— Não sei se seria a melhor palavra, mas ele está cuidando de mim,
por enquanto.

Ela mordeu os lábios, parecia parcialmente confusa, confesso que não


dei a melhor explicação de todas, mas a cozinheira não fez nenhuma outra
pergunta.

— Nem me apresentei, sou Elga Stewart, mas todos me chamam de


senhora Stewart. — Ela me estendeu a mão roliça e quente.

— Camila, Camila Ferreira! — Sorri, contente por conhecer outra


pessoa naquele lugar enorme.

— Nome diferente, de onde você veio?

— Do Brasil.

— Dizem que é um belo país.

— É sim! — Sorri ao me recordar das lembranças boas que tinha da


minha terra natal, como a primeira viagem de férias que fiz com os meus pais
para o nordeste. — A senhora deveria conhecer um dia.

— Quem sabe eu consiga, mas meu marido não é um homem que gosta
muito de sair. Só para levá-lo para uma consulta em Edimburgo é uma luta
danada.

— Ele é um senhor de idade?

Elga fez que sim.

— Pessoas mais velhas tendem a ser cabeças-duras.

— Não apenas as mais velhas, criança. — Poderia ser apenas


impressão minha, já que ela não havia falado diretamente, mas fiquei com a
impressão que estivesse se referindo ao Logan.

— Você aceita uns biscoitos? Eles acabaram de sair do forno.

— Aceito sim! — Umedeci os lábios ao sentir a minha boca salivar.


Parecia ter passado a vida inteira no cativeiro e nem me recordava o gosto de
um bom biscoito.

Elga acomodou alguns em um pratinho e me deu, acompanhado de um


copo de leite.

— Posso sentar ali? — Apontei para um banquinho perto de um balcão


de pedra.

— Poder pode, mas não precisa comer aqui na cozinha, pode ir até a
sala de jantar.

— Quero ficar aqui. Adoraria passar mais um pouco de tempo na sua


companhia.

Elga sorriu sem graça e eu me acomodei para comer os biscoitos. O


gosto deles estava tão delicioso quanto a aparência, não esperava menos, uma
vez que tudo o que havia comido até o momento era muito gostoso. Supunha
que tudo fora feito pelas mãos de fada da Elga.

— Senhorita Ferreira? — Wallace apareceu na porta da cozinha e


estava bastante ofegante.

— O que foi?

— Não estava a encontrando.

— Estava aqui na cozinha.

— Espero que não esteja perturbando a senhora Stewart.

Busquei os olhos da cozinheira, que sorriu para mim antes de buscar os


olhos do outro empregado.

— É sempre bom ter uma companhia tão agradável.

— Senhorita, pode me acompanhar?

Encarei a Elga, que fez que sim com a cabeça antes que eu me
levantasse e seguisse o Wallace para o corredor. O homem colocou as mãos
nos bolsos do terno antes de levantar a cabeça e olhar para mim.

— Aconteceu alguma coisa? — Fiquei receosa, pois ele parecia


bastante tenso.

— Fui ao consulado brasileiro e percebi que a sua situação é bem mais


complicada, pois não é apenas um caso de perder o passaporte, você entrou
na Europa ilegalmente. Então pode levar algum tempo para que possamos
providenciar a documentação para você. Contatei um advogado que cuidará
desse processo.
— E quanto tempo acha que pode demorar?

— Alguns dias ou até mesmo um mês.

— Compreendo. — Abaixei os olhos e fiquei de cabeça baixa, fitando


o chão sob meus pés. — E o que acontecerá comigo até lá?

— Permanecerá aqui, sob os cuidados do senhor Mackenzie.

— Eu agradeço. — Mantive a expressão neutra, mas, no meu íntimo,


eu estava vibrando. Sabia que, enquanto estivesse ali, teria alguém para me
proteger daqueles monstros, mas se voltasse ao Brasil, não teria com quem
contar.

— Se precisar de alguma coisa, pode me procurar.

— Muito obrigada! Iria adorar se pudesse providenciar para mim


alguns produtos de higiene básica.

— Faça uma lista que comprarei.

— Obrigada! Vocês estão sendo muito gentis comigo.

— O senhor quer que fique em segurança.

— Não só ele, mas você também, Wallace. Sempre serei muito grata.

— Apenas não se envolva em uma confusão como essa outra vez.

— Nem pensar.

— Pode terminar de comer o seu lanche, mas não atrapalhe a Elga,


tudo bem? Ela precisa terminar o jantar do senhor.
Assenti com um movimento de cabeça e voltei para a cozinha,
enquanto o Wallace desaparecia pelo corredor.

Depois de ter jantado na cozinha na companhia da senhora Stewart


que, em apenas poucas horas, havia se tornado uma grande amiga, voltei para
o meu quarto e me arrumei para dormir. Wallace já havia providenciado as
coisas que eu tinha pedido e me perguntei como fez tão rápido, já que, pela
janela, eu não enxergava nenhum supermercado.

Como senti saudades de ter o meu próprio desodorante e escova de


cabelos. Durante o cativeiro, ficava trancada com outras mulheres, mal
tínhamos tempo de tomar banho e quando tomávamos, precisávamos ser
rápidas. Só fui arrumada para o leilão, que acabou me colocando no caminho
do Logan Mackenzie.

Enquanto mergulhava o corpo na espaçosa banheira que ficava na suíte


do quarto, não consegui evitar o questionamento sobre como um homem
assim havia ido parar em um lugar como aquele, onde mulheres eram
negociadas como se fossem objetos. Só iria saber seu real motivo, se
perguntasse para ele.
Capítulo doze

Sentei na poltrona do meu quarto e abri um livro sobre fermentação.


Queria me distrair com alguma coisa e o trabalho costumava ser a melhor
ferramenta, porém, não naquele dia. Estava perdido entre o arrependimento e
a certeza de que havia feito a coisa certa. Costumava ser indiferente a tudo,
honestamente, não sei porque não fui daquela vez, quem sabe foi a certeza de
que não havia qualquer consentimento da Camila com a situação que lhe fora
imposta. Era a favor de que as pessoas levassem suas vidas como bem
entendessem.

Torcia para que todo aquele incômodo fosse embora junto com a
Camila, mas, dada a atual situação, teria que lidar com isso por mais tempo
do que o planejado. Certamente não havia medido qualquer consequência ao
me levantar e oferecer um milhão por ela. Não foi apenas o dinheiro...

Havia trazido para dentro da minha casa uma completa estranha com
nítidos traumas.

Fechei o livro, desistindo da leitura e levantei com a boca seca. Não


costumava tomar água à noite, mas saí do quarto a caminho da cozinha.
Minha suíte ficava no fim de um longo corredor, e para chegar à escada, tinha
que passar pelo quarto do Wallace e onde Camila estava dormindo.

Aproximei-me da porta. Estava silencioso lá dentro. Será que ela havia


conseguido dormir sem pesadelos ou não estava dormindo? Afastei meus
pensamentos, isso não era problema meu. Já havia feito muito mais do que
deveria por ela e precisava deixar que lidasse com os próprios traumas.
Desci dois níveis de escada e atravessei o primeiro andar do castelo,
imerso na penumbra da noite, até chegar perto da cozinha. Estranhei que a luz
estivesse acesa. Elga não era o tipo de empregada distraída que deixaria algo
assim acontecer. Trabalhando há quase trinta anos para a minha família,
desde que eu era um menino, ela nunca havia cometido uma falha. Então,
quem estaria na cozinha?

A primeira coisa que senti antes de chegar na porta foi um cheiro de


bolo, bolo de chocolate, para ser mais específico. Será que a cozinheira
estava trabalhando até mais tarde? Era quase uma hora da manhã, não havia
qualquer justificativa para ela fazer um bolo naquele horário, nem era
aniversário de alguém.

Embora estivesse esperando encontrar a Elga, surpreendi-me ao pisar


na cozinha e me deparar com a Camila tirando um bolo do forno elétrico.
Franzi o cenho, estranhando a situação mais ainda.

— O que está fazendo aqui? — questionei em um tom firme que


cortou o silêncio como uma lâmina afiada, e fez com que ela pulasse de
susto.

Se Camila não tivesse apoiado a travessa quente na bancada de pedra,


provavelmente teria deixado cair e poderia ter se machucado.

— Logan?! — Arregalou os olhos castanhos e soltou a travessa,


tirando as luvas que usou para tocar o metal quente.

— O que está fazendo aqui? — repeti a pergunta, aguardando


impaciente por uma resposta dela.

— E... eu... eu... — gaguejou, sem conseguir formar uma frase inteira.
Tinha certeza de que isso não era por dificuldade com a minha língua.

— Você...? — Cruzei os braços e apoiei-me no batente da porta,


olhando-a de cima para baixo.

Minha postura intimidadora pareceu deixá-la ainda mais tensa, porém,


Camila apontou para o bolo e tentou abrir um sorriso.

— Gosta de chocolate?

— Não fuja da minha pergunta.

Ela engoliu em seco.

— Eu... é que... Bom, estava com saudade de comer um bolo de


chocolate. Perguntei por alto para a Elga se tinha os ingredientes, ela me
falou que sim, mas, por favor, não brigue com ela. Provavelmente imaginou
que a pergunta era para que ela fizesse o bolo para mim.

— Então, por que não pediu a ela? Elga é a cozinheira aqui.

— Sei disso, mas estava com saudades de fazer algo bom e prazeroso.
Eu amo bolo de chocolate, mas não comi mais desde que a minha mãe
morreu. Sei que, se eu dormir, vou voltar a ter pesadelos, preferi empenhar o
meu tempo e meus esforços em algo melhor e menos aterrorizante.

— Entendi. — Não mudei a minha postura. Queria brigar com ela,


dizer que não poderia simplesmente invadir a cozinha e fazer o que bem
entendesse, porém, lembrei-me da forma como o pesadelo havia a deixado
aterrorizada na noite anterior e desisti de repreendê-la. Que mal tinha querer
fazer um bolo?

— Gosta de bolo de chocolate?


— Prefiro os que têm calda.

— Você é sempre assim? — questionou-me, mas percebi que o seu


sorriso havia aumentado.

— Assim como?

— Implicante com tudo.

— Não implico com tudo.

— Implica sim.

Dei de ombros, ignorando-a. Não iria ficar discutindo como se


fossemos duas crianças. Terminei de entrar na cozinha e puxei uma banqueta
de madeira, sentando-me nela.

— Vou fazer a calda de chocolate, também prefiro com.

— Okay! — Mantive os braços cruzados e o olhar firme nela.

Ela pegou uma panela em um dos armários e percebi que os


ingredientes já estavam separados sobre o balcão. Será que Elga havia
deixado para ela ou a própria Camila havia ido buscar na dispensa?

— Não é solitário morar sozinho nesse castelo?

— Tenho vários empregados.

— E a sua família? Não é casado?

— Acha que eu estaria num lugar como aquele onde nos encontramos
se eu fosse um homem casado? — Mantive o tom frio, mas, dessa vez,
Camila não se encolheu diante da minha resposta ríspida.
— Faz sentido. — Esboçou um sorriso. — Sabia que vendiam
mulheres?

— Claro que não! Achei que eram apenas putas e um sexo diferente.

— Não sou uma puta.

— Não estou me referindo a você.

— Obrigada mais uma vez por ter me tirado deles.

Apenas dei de ombros, sem uma resposta objetiva. Não havia feito
aquilo pela gratidão dela nem de ninguém, apenas por seguir um impulso
idiota da minha consciência.

— Quantos anos você tem? — Era difícil não olhar para ela e pensar
que era uma menina, por isso tantos idiotas naquele clube haviam ficado
alvoroçados quando colocaram os olhos nela.

— Dezenove — respondeu sem ressalvas enquanto rebolava ao mexer


levemente o conteúdo da panela. — E você?

— Eu?

— Sim! Perguntou a minha idade, eu quero saber qual é a sua.

— Vinte e nove.

— Dez anos mais velho que eu. Quando faz aniversário?

— Se concentra no seu bolo, menina. — Mostrei os dentes para que ela


percebesse que não estava disposto a trocar informações íntimas.

— Está quase pronto. — Desligou o fogão, reservou a panela e pegou


um garfo, fazendo alguns furos na massa fofa do bolo antes de despejar a
calda. — Eu faço aniversário em janeiro. Dia doze de janeiro.

Não respondi, indiferente a informação que ela havia me fornecido.


Não havia a comprado para ganhar a amizade de uma fedelha.

Camila cortou um pedaço do bolo e serviu para mim em um pequeno


prato. Era simples, sem muitos confeitos, apenas massa e uma fina camada de
calda, mas estava saboroso o suficiente para que eu comesse todo o pedaço e
tivesse vontade de repetir.

— Quer mais? — Parou na minha frente, estendendo as mãos.

Elevei o prato para ela e nossos dedos se tocaram. Ignorei a


aproximação até perceber que as bochechas dela estavam coradas. Soltei o
prato, por pouco ele não escorregou por entre os dedos dela e caiu. Levantei
do banco e fui até a geladeira, lembrando-me do motivo pelo qual havia
descido até a cozinha. Enchi um copo com água e tomei tudo de uma vez,
depois coloquei o copo na pia.

— Não deixa a cozinha bagunçada. — Dei as costas e voltei para o


meu quarto sem dar brecha para que ela pudesse conversar comigo, já havia
falado demais sobre mim para uma desconhecida.

Só precisava dormir um pouco, e assim que Wallace desse um jeito,


Camila iria embora e minha vida voltaria a ter o sossego de antes.
Capítulo treze

Não sabia o motivo de ele ser tão misterioso e porquê sempre me


afastava toda vez que tentava me aproximar. Aquele homem tinha
praticamente salvado a minha vida, não poderíamos ser minimamente
amigos? Teria uma gratidão eterna a ele. Não precisava fechar a cara toda
vez que eu me aproximava, precisava?

Não consegui dormir, para ser honesta, nem tentei. Ficava apavorada
só de pensar que meus sonhos me levariam de volta aos momentos mais
terríveis e angustiantes da minha vida. Sentia-me feliz pela primeira vez em
meses. Até bolo eu comi.

Saí da cama naquela manhã com o sol invadindo o quarto do meu


pequeno conto de fadas. Como minha mãe sempre dizia: depois da
tempestade, sempre vem a calmaria. Apenas almejava que aquele momento
de calmaria durasse para sempre, eu já havia sofrido demais.

Saí da cama e peguei um dos conjuntos de roupa que o Wallace havia


comprado para mim. Como não eram muitas, logo iria precisar lavá-las.
Poderia perguntar a Elga onde encontrava um tanque ou uma máquina de
lavar roupas, a segunda opção parecia improvável para um castelo, mas
considerando a forma como a cozinha era equipada, não era assim tão
impossível.

Fui até a cozinha e Elga estava me esperando com um ótimo café da


manhã, com direito a ovos, bacon e panquecas.

— Bom dia, querida!


— Bom dia! — Dei a ela um sorriso tão largo quanto o seu ao me
sentar diante do prato que ofereceu para mim.

— Dormiu bem, criança?

Fiz que sim, era mentira, mas não queria falar para ela sobre o que eu
tinha passado. Gostava muito da forma como sorria com os olhos toda vez
que me via, não queria que essa expressão fosse substituída por um olhar de
pena.

— E você?

— Tive uma ótima noite. Vi que alguém andou mexendo na minha


cozinha enquanto eu estava fora. — Colocou as mãos na cintura e estufou o
peito, arrancando de mim uma gargalhada.

— Quis fazer o bolo de chocolate. — Coloquei uma fatia de bacon na


boca para que não fosse obrigada a falar pelos próximos cinco minutos.

— Parece que conseguiu, pois provei um pedaço e está delicioso.

— Sempre gostei de fazer bolos, quando era mais nova e não podia
mexer com o forno, minha mãe colocava o bolo por mim e ficava vigiando-o.
— Suspirei ao me recordar dela com saudosismo, era uma época em que as
coisas eram tão diferentes.

— Bom saber que tem esse talento todo, posso recorrer a você quando
o senhor quiser algo de confeitaria, pois confesso que o meu forte são os
pratos salgados. Sei fazer um ensopado de peixe divino.

— Iria adorar provar qualquer dia desses.

— Pode deixar que farei ainda essa semana.


— Obrigada!

Terminei meu café da manhã e comi mais uma fatia do bolo que havia
preparado na noite anterior. Ofereci a minha ajuda para Elga, que iria
começar a preparar o almoço, mas ela se recusou, incentivando-me a ir fazer
outras coisas. Afinal, eu era uma hóspede ali e não uma empregada.

Estava encucada que, nem ela ou nenhum outro empregado com quem
cruzei pelos corredores daquele castelo ou no jardim, havia me perguntado o
motivo de eu estar ali. Como não vi nenhuma pena ou espanto nos olhos
deles, imaginei que não soubessem que eu havia sido leiloada. Ou Wallace e
Logan haviam contado alguma outra história ou simplesmente eram bem
menos curiosas do que as pessoas no Brasil.

Decidi andar pelo castelo outra vez. Tinha conhecido a biblioteca


espetacular com inúmeros títulos no dia anterior e ansiava por saber o que
mais poderia encontrar ali.

Segui por um corredor mais afastado, perto do pátio e percebi que no


fim dele havia uma escada. Desci e me deparei com uma porta escura de ferro
em estilo medieval, lembrei-me de que Wallace havia me falado para ficar
longe das portas fechadas, mas aquela em particular me chamou muita
atenção. O que haveria ali no subsolo que era tão afastado do restante do
castelo?

Empurrei a porta, ela parecia emperrada, mas não fechada. Fiz um


pouco mais de força e a porta abriu. Se haviam esquecido aberta, não era
problema meu. Dei um passo para dentro e tateei a parede a procura de um
interruptor. Custei a encontrá-lo em meio aos tijolos frios. A luz acendeu e eu
cambaleei para trás...
Não era uma luz comum, como aqueles lustres que iluminavam tanto
ou as lâmpadas florescentes que usávamos em casa. Ela acendeu uma faixa
vermelha no teto e outra no chão, traçando os limites da parede. No teto,
havia um lustre menor com lâmpadas imitando velas. Contudo, não foi a
iluminação do lugar que me deixou de boca aberta. No fundo, havia uma
grade que fazia o ambiente parecer uma cela. Era uma masmorra, poderia ter
sido construída junto com o restante do castelo, mas havia sido bizarramente
remodelada.

Em um canto, uma cama com colcha vermelha, possuía travas altas


como as das camas com dossel, mas havia apenas a estrutura, sem qualquer
tecido bonito enfeitando. Havia um cavalete, uma cadeira estranha e um
banco como aqueles de rezar nas igrejas, com lugar para apoiar os braços e os
joelhos. Em uma das paredes, havia um X vermelho e em cada extremidade
da letra, uma algema para prender braços e pernas. Além disso, visualizei um
baú e uma cômoda, imaginando que pudesse haver ainda mais coisas
guardadas. Havia visto e passado por muitas coisas nas mãos dos traficantes,
mas não estava pronta para me deparar com aquilo.

— O que faz aqui, Camila? — A voz rouca e grave do Logan ecoou


atrás de mim e saltei com um susto imenso que fez meu coração disparar.

— O que é tudo isso? — Virei-me para ele com a mão no peito e


percebi que ele estava logo atrás de mim.

— Não deveria ter vindo aqui. — Segurou o meu pulso e me puxou


para fora, arrastando-me escada acima sem se importar com quanta força a
sua mão estava fazendo no meu pulso.

— Me solta! — Bati nele com a minha mão livre. — Você está me


machucando. — Assim que eu disse isso, Logan soltou o meu pulso.

— Não pode andar pelo castelo e entrar onde bem entende. Você não
está em casa. Estou fazendo um favor para você por ainda mantê-la aqui. Não
morda a mão que a alimenta.

— O que você faz lá embaixo? Por acaso tortura pessoas? — Busquei


seus olhos azuis, encarando-o com firmeza. Já havia passado por coisas
demais para descobrir que o medo era o meu pior aliado e que me tornava
impotente.

— Disse para você que não sou um homem bom, nem gentil, Camila.

— Você é um sádico?

— Não, sou um dominador. Não faço as mulheres sentirem dor.

— Agora tudo faz sentido... — Dei passos cambaleantes para trás, até
conseguir correr.

Confusa e profundamente assustada, corri o mais rápido que meu


fôlego me permitiu. Subi as escadas correndo e por pouco não tropecei nos
meus próprios pés. Se caísse de cara naqueles degraus de mármore, era bem
provável que perderia alguns dentes. Tranquei a porta do quarto, o lugar em
que o Logan havia me feito sentir segura. Como fui ingênua, havia confiado
cegamente nele apenas porque ele me comprou e por não ter tentado me
estuprar como os outros.

Um príncipe encantado não estaria em um lugar onde mulheres eram


vendidas.
Capítulo quatorze

— Droga! — Bufei em meio a um rosnado e bati a porta do meu


escritório com tanta força que quase a arranquei das dobradiças.

Subestimei a curiosidade daquela menina. Por que ela não poderia


simplesmente ficar quieta no quarto e não me dar trabalho? Não tinha
nenhum direito de sair bisbilhotando onde não deveria.

— Senhor? — Wallace colocou a cabeça para dentro e eu rosnei.

— O que você quer!?

— Aconteceu alguma coisa? — Atreveu-se a perguntar, mesmo


sabendo que as consequências da minha ira poderiam ser despejadas nele.

— Eu disse para ficar de olho nela.

— Está se referindo a Camila?

— Quem mais seria!? — Andei para o meio do escritório, afastando-


me da porta, e Wallace aproveitou o momento para entrar.

— O que aconteceu?

— Encontrei ela na masmorra.

Meu braço direito arregalou os olhos e ficou boquiaberto. Não precisei


falar mais nada para que compreendesse claramente os motivos da minha ira.

— O que fez com ela?


— Nada, deixei que saísse correndo.

— Irei conversar com ela para que isso não se repita.

— Se eu a encontrar lá dentro outra vez, vai sobrar para você.

— Compreendo, senhor. — Ele engoliu em seco, mas manteve a


postura. Trabalhando para mim por todos esses anos, Wallace sabia muito
bem como eu reagia quando espaços que eu considerava sagrados eram
invadidos. — Isso não vai se repetir.

— Assim eu espero.

— A prostituta que pediu para essa noite, quer que eu cancele?

— Não! Eu preciso foder alguém.

— Certo. — Assentiu com um movimento de cabeça.

Assim que Wallace saiu do meu escritório, não tive tempo de


extravasar a minha raiva, pois o meu celular começou a tocar.

— O que quer!? — Bufei.

— Senhor... — Ouvi a voz do gerente de produção da minha destilaria


e ele ficou nitidamente tenso diante do tom que usei para atendê-lo.

— O que foi?

— Queria apenas informá-lo que a caldeira já está em pleno


funcionamento e a produção voltou ao normal. Estamos colocando uma nova
reserva em tonéis e envasando o uísque de dez anos para que ele siga para a
exportação.
— Ótimo! Só isso?

— Sim.

— Então nos vemos amanhã cedo. — Desliguei a chamada antes que


ele pudesse dizer qualquer outra coisa.

Estava muito irritado, mas não sabia se era com a Camila ou comigo
mesmo, por tê-la colocado dentro da minha casa sem medir os riscos que isso
poderia causar.
Capítulo quinze

Aquele quarto me deixou assustada e levei horas para que a minha


respiração e a minha pulsação voltassem ao normal. Entretanto, depois que o
espanto começou a se esvair, veio a curiosidade. Se ele não torturava as
mulheres naquele quarto, o que fazia com elas? O mais importante de tudo,
se tinha esses gostos, por que não me tocou desde o primeiro dia que
cheguei? O que o motivava a fazer com que o Wallace e advogados
conseguissem documentação para que eu voltasse para casa?

Ouvi uma batida na porta e me encolhi na cama, abraçando meus


joelhos.

— Camila? — Ouvi uma voz do outro lado, mas não respondi. —


Camila? Sou eu, o Wallace.

Pensei umas dez vezes se deveria ou não me levantar e abrir a porta


para ele. Por fim, acabei fazendo isso. Além de Elga, ele era a pessoa mais
gentil comigo desde que eu havia chegado. Será que estava apenas me
alimentando para me oferecer em algum ritual maluco naquele calabouço?

— Camila?

Abri a porta, mas dei vários passos para me afastar o máximo possível
antes que ele entrasse no quarto.

— O que foi? — Abracei a mim mesma, numa tentativa inútil de me


proteger.
— Falei para você não sair bisbilhotando por aí, garota! — Ele
mostrou os dentes para mim, deixando claro o quanto estava irritado com a
minha atitude.

— Para que eu não visse aquele lugar?

— Entre isso e outras coisas.

— O que ele faz lá dentro?

— Coisas consensuais com mulheres adultas, que são muito bem


remuneradas por isso. — Manteve o olhar pesado e carregado de julgamento
sobre mim. Se Wallace estava tão nervoso, nem queria pensar no quanto
Logan estaria.

— Prostitutas? — A pergunta ardeu a minha língua até que fosse


pronunciada.

— Sim, mas você não tem nada a ver com isso, garota. Se não quiser
deixar o senhor bravo o suficiente ao ponto de ele entregá-la para a polícia de
imigração, é melhor que fique bem longe daquele lugar, ouviu bem?

Balancei a cabeça em afirmativa.

— Preciso que assine isso. — Ele me entregou uma caneta e só então


percebi que estava segurando um envelope de papel por todo esse tempo.

Nos aproximamos de uma mesa redonda que ficava no canto do quarto,


onde eu geralmente fazia as minhas refeições, e Wallace tirou um documento
de dentro do envelope.

— É uma procuração que o advogado precisa para a emissão do seu


passaporte.
Li por alto, sem entender exatamente cada parágrafo, mas, assim
mesmo, não era um papel que ia tornar a minha vida ainda pior, ao menos era
o que eu imaginava.

— Obrigado. — Ele guardou o documento, mas seu olhar severo e


repreensivo não se afastou de mim. — Entendeu que não é para voltar lá?

Balancei a cabeça em afirmativa.

— Ótimo! O senhor já está sendo muito bom com você, mais do que
eu o vi fazer por qualquer outra pessoa, então não abuse.

— Okay! — Esfreguei as mãos na calça jeans, sentindo que elas


estavam suando frio devido ao nervosismo que a bronca do Wallace causou
em mim.

Ele saiu do quarto e eu fiquei sozinha novamente. Poderia até nunca


mais voltar naquela masmorra, porém, ia ser difícil tirar a imagem dela da
minha mente.

Mais uma noite eu não consegui dormir. Contudo, dessa vez, não sabia
se poderia culpar os horrores que vivi. A verdade era que não conseguia tirar
o que tinha visto da cabeça. Havia um medo tremendo, mas uma curiosidade
maior ainda. Era brincar com o perigo, sabia bem disso.

Ouvi o som de passos no corredor e me encolhi na cama, porém, esses


passos foram diminuindo até desaparecer completamente. Quem havia
passado ali? O Logan ou o Wallace?

Levantei da cama e fui até a porta. Abri, mas não vi ninguém. Será que
era coisa da minha cabeça? Logan provavelmente estaria dormindo e não
iria me ver se eu bisbilhotasse um pouco mais, iria?

Segui no escuro pelo corredor e desci as escadas, felizmente havia luz


da lua o suficiente para que eu não pisasse nos meus próprios pés e não saísse
tropeçando nas coisas.

Desci as escadas, segui pelo corredor até o pátio e depois pelo corredor
lateral que levava a escada para o subsolo, a masmorra. Ouvi um gemido
antes de pisar no último degrau. O barulho me congelou. O que estaria
acontecendo lá dentro?

Cogitei voltar para trás, era melhor não ver e não ficar ainda mais
assustada, mas a minha curiosidade, ou talvez a minha simples estupidez,
falou mais alto. Desci o restante da escada e me aproximei da porta.

A luz estava acesa e reconheci as costas que pertenciam ao Logan. Ele


estava com apenas uma calça de moletom e sem camisa. Como sempre o via
de terno, foi a primeira vez que pude observar o seu corpo. Ele se moveu para
o lado e depois se agachou, então percebi que estava algemando uma mulher
ao X na parede. Ela era morena e estava com o cabelo preso em um rabo de
cavalo. A expressão no rosto dela não era de pavor, e sim de prazer e
expectativa. Logan apertou seus seios e ela gemeu.

Ele se virou na direção da porta, mas antes que ele me visse, saí
correndo, subindo a escada e voltando para o meu quarto.
O coração voltou a acelerar. Contudo, houve algo que eu senti além do
choque e da surpresa. Talvez uma pontada de ciúme. Desde que ele havia me
abraçado em meio ao pesadelo e nossas mãos se cruzaram, não conseguia
parar de pensar no quanto queria mais dele. Sentia que a salvação que ele me
oferecia estava além de um teto para dormir, roupas limpas e uma passagem
de volta para casa. Porém, para ter o Logan, eu precisava me sujeitar aquilo.
Estaria disposta depois de todos os momentos humilhantes e assombrosos
que eu havia passado? Não sabia dizer, precisava pensar.
Capítulo dezesseis

Acordei cedo e vesti um terno alinhado para ir à destilaria. Havia


coisas importantes a serem tratadas com a equipe, inclusive a implantação de
um museu que contasse a história da minha família e a abertura desse para a
visitação turística. Meu avô, que administrava a destilaria antes de mim,
nunca foi muito favorável em abrir as portas da destilaria para o público e
mostrar como o uísque era produzido como se fosse um show. Porém, eu já
tinha um pensamento bem diferente, era uma receita a mais e ajudaria a
propagar a nossa história.

Quanto mais tempo passasse fora do castelo, melhor, pois poderia me


esquecer da presença da Camila. Ela seria completamente insuportável, se
não fosse tão bonita.

Estava prestes a sair do quarto quando o meu celular vibrou no bolso.


Revirei os olhos ao fitar o número no identificador de chamadas e cogitei por
alguns momentos não atender, simplesmente deixar cair na caixa-postal. Já
estava irritado demais para lidar com mais um ponto de estresse.

— Alô! — Acabei atendendo.

— Querido, como você está?

— Bem.

— Liguei para dizer que vou para casa no fim do mês, passar alguns
dias com você.
— Não está em casa agora?

— Sabe que o castelo também é a minha casa.

— É, mãe? Não tenho tanta certeza disso, você nunca gostou desse
lugar. Na verdade, ainda me pergunto se gostou de alguma coisa na vida,
considerando a quantidade astronômica de vezes em que você se divorciou.

— Eu gosto de você.

— Tenho minhas dúvidas. — Revirei os olhos. Tudo o que não


precisava naquele mês era de Amélia Bordeaux fingindo ser a mãe do ano.
As minhas suspeitas eram que ela estava falida outra vez e precisava de mais
dinheiro.

— E o fotógrafo que você estava namorando, vai abandoná-lo para vir


para a Escócia?

— Não estamos mais juntos.

— Era de se prever.

— Querido, achei que iria ficar feliz em saber que estou indo aí.

— Talvez em outra dimensão. Quanto está precisando? Me diga o


valor que faço uma transferência, para que não precise vir para cá.

— Credo, Logan! Como se eu ligasse para o meu único e amado filho


apenas para saber de dinheiro.

— Se há outro motivo, eu desconheço.

— Apenas fique feliz por receber a sua mãe.


— Não venha!

— Nos vemos em breve, docinho. — Ela desligou antes que eu


pudesse me impor.

Caralho! Quando a derrocada da minha vida havia começado e eu


não tinha percebido?

Eu não era solitário à toa e talvez um dos principais motivos disso


fosse a minha mãe. Ela poderia negar até a morte, mas todos sabíamos que a
minha gravidez foi o bom e velho golpe da barriga. Ela conheceu o meu pai,
um escocês rico, em um evento beneficente, talvez por isso eu odiasse tanto
essas coisas. Uma noite com ele e já estava grávida, era de se prever que esse
casamento não daria certo. Eles se separaram um ano depois que eu nasci,
meu pai morreu três anos depois em um acidente de carro e eu acabei sendo
criado pelos meus avôs paternos e, quando eles partiram, tudo o que pertencia
a família se tornou meu.

Precisava dar um jeito da minha mãe não aparecer por ali,


principalmente por estar lidando com um problema muito maior, que era a
Camila.

Saí do corredor e segui até a porta do quarto do Wallace. Dei uma


batida firme, seguida de outra, sem esperar que ele respondesse. Estava
prestes a bater pela terceira vez quando ele abriu a porta.

— Bom dia, senhor! — Esfregava os olhos em meio a um bocejo. —


Que horas são?

— Seis, talvez sete da manhã. — Cerrei os dentes, ficando ainda mais


irritadiço, não estava ali para ser o despertador dele. — Já deveria estar de pé.
— Deveria estar sendo exagerado, mas não me importei.

— Sim, me desculpe. Para o que precisa de mim? Algum outro


problema com a menina?

— Não. Não vejo a Camila desde o incidente na masmorra. Vim para


falar sobre outra coisa.

— Qual outro assunto o deixaria tão irritado?

— A minha mãe.

Wallace ficou pálido, assim como eu, compartilhava do mesmo


desprazer em ter notícias dela. Se havia persona non grata naquele castelo,
essa era a minha mãe.

— O que ela quer? — Seus olhos já estavam até mais abertos. Tocar
naquele assunto acabou acordando-o de vez.

— Disse que vai vir para cá. Transfira umas cem mil libras para ela e
garanta que minha mãe nem pisará no aeroporto de Edimburgo, não estou
com tempo nem paciência para lidar com ela.

— Pode deixar, senhor.

— Ótimo! — Dei as costas para ele. — Vou para a destilaria, volto à


noite.

— Bom trabalho, senhor.

Deixei que a voz dele se perdesse enquanto eu desaparecia pelo


corredor. Trabalhar era a melhor coisa que poderia fazer por mim mesmo
naquele momento.
Capítulo dezessete

Nos próximos dias que se seguiram desde que eu o vira com uma
prostituta na masmorra, mal vi o Logan, mas o Wallace estava sempre de
olho em mim. Parecia uma babá, e eu, uma criança de cinco anos que iria
aprontar a qualquer momento. Felizmente, ele não se impôs contra eu ficar
próxima a Elga. Por mais que elas fossem fisicamente diferentes, a cozinheira
fazia com que eu me lembrasse da minha mãe e me deixava muito feliz.
Gostava muito de ouvi-la e estar perto dela. Durante aqueles dias, aprendi
várias receitas escocesas.

Estava sentada no degrau da cozinha com saída para o pátio interno,


enquanto Elga, de um banco, fazia uma trança no meu cabelo. Riamos dos
casos do filho dela que ela contava, um homem que agora estava servindo o
exército da rainha. Enquanto criança, ele era muito espoleta, deixava-a
doidinha.

— Camila? — Ouvi a voz do Wallace e Elga soltou meu cabelo para


que eu pudesse me levantar. — Vai trabalhar, mulher! — ele repreendeu a
cozinheira.

— Já acabei o almoço, logo começo a preparar o jantar.

— Mas eu estou com fome.

— Seu prato está ali. — Apontou para o balcão. — Não sabia onde
encontrá-lo para servi-lo.

— Okay! Mantenha aquecido, irei comer em breve.


Elga assentiu.

— Venha comigo, por favor, Camila. — Fez um gesto para ser


seguido.

Olhei para a Elga, que assentiu com um movimento de cabeça, antes


que eu seguisse o homem de volta ao quarto que eu estava cada vez mais
apegada. Já fazia quase um mês morando naquele castelo e começava a sentir
que ele, de alguma forma, era o meu lar.

— Seus documentos. — Wallace me entregou uma pasta. — Aí tem


um passaporte com um visto de turista e seu documento de identificação
brasileiro, para que possa transitar pelo seu país quando voltar.

— Obrigada. — Abri um sorriso amarelo. Estava contente por ele ter


me devolvido quem eu era, mas, ao mesmo tempo, me sentia estranha.

— Posso levá-la para o aeroporto agora mesmo. Só junte as suas


coisas.

— Agora? — Arregalei os olhos.

Ele fez que sim.

— Eu posso ir amanhã? Quero me despedir da Elga... e do Logan. Ele


não está aqui. Além disso, preciso pensar para onde ir.

— Não tem família? — Ele me analisava com o olhar. Torcia para que
não notasse o óbvio, eu não queria ir embora.

— Minha mãe morreu e foi o meu padrasto quem me vendeu para o


tráfico humano.
— Eu sinto muito, menina.

— Obrigada. — Eu o abracei e ele estranhou a minha atitude, mas,


alguns segundos depois, retribuiu o afeto. — Muito obrigado por tudo o que
fizeram por mim.

— Por nada, garota. — Afastou-se do abraço e percebi que ele estava


sem jeito. — Amanhã cedo, levarei você para o aeroporto.

— Okay!

Ele acenou e me deixou sozinha no quarto.

Caminhei até a cama espaçosa e confortável, abri a pasta e contemplei


os meus documentos. Todos tinham a mesma foto com cara de sono da
identidade que eu havia tirado no início do ano. Não sabia como ele tinha
conseguido, mas o dinheiro certamente movia montanhas. Abri o passaporte
com um carimbo da Escócia, dizendo que eu podia ficar no país legalmente
por seis meses, a contar da data do dia anterior.

Não queria voltar para o Brasil no dia seguinte, procurar a minha avó,
que deveria acreditar que eu tinha morrido, contar para ela que tinha sido
estuprada, entregue ao tráfico e vendida. Isso, na melhor das hipóteses,
porque meu padrasto poderia fazer tudo de novo, se descobrisse que voltei,
ou me matar com medo de que eu o denunciasse para a polícia. Poderia ser
nova, mas era esperta o suficiente para saber que nunca mais teria de volta a
vida que tive antes da minha mãe me deixar sozinha com o meu padrasto.

Precisava recomeçar e, de certa forma, sentia que já havia recomeçado.


Tinha a Elga, que me dava um amor e um carinho semelhante ao de uma
mãe; tinha o Wallace, me dando todo o suporte que eu precisava; só
precisava ter o Logan, para isso, teria que jogar nas regras dele.

Aproveitei um momento em que o Wallace tirou os olhos de mim no


período da tarde, imaginando que ele tivesse ido resolver alguma coisa para o
Logan e voltei a até a masmorra. Pisar naquele lugar pela segunda vez me
provocou menos calafrios, imaginei que tivesse conseguido desassociar o que
eu havia vivido com o que Logan fazia com as mulheres ali. Abri as gavetas
da cômoda preta e me deparei com inúmeras coisas que não sabia para que
serviam. Uma gaveta com alguns pênis de borracha me fez fechá-la
imediatamente com o susto. As pessoas realmente usavam aquilo? Os abusos
que sofri certamente não haviam me apresentado o sexo daquela forma.

Encontrei algemas em outra gaveta e peguei uma, saindo


apressadamente de lá antes que o Wallace viesse procurar por mim e
descobrisse que eu havia descumprido a única regra explícita que eles haviam
me dado.

Subi as escadas praticamente correndo, por pouco não atropelei Beth,


uma das duas mulheres que cuidavam da limpeza dos cômodos daquele lugar
enorme.

— Cuidado, menina! — balbuciou.

— Desculpa! — Eu não parei, segui correndo até chegar ao meu


quarto. Não fazia ideia de como iria explicar o fato de estar escondendo
algemas com pelos pretos debaixo da minha camiseta.

Coloquei-a debaixo da cama e segui para o banheiro. Abri a torneira da


enorme e linda banheira branca e escolhi alguns sais de banho, para deixar a
minha pele perfumada. Por mais que o Wallace tivesse comprado muitos
produtos para mim, como hidratantes e shampoo, não tinha nenhum perfume
além daqueles sais de rosas. Também não tinha nenhuma maquiagem, nem
um batom que fosse, confesso não ter pedido, mas depois de tudo. havia me
esquecido o que era ser vaidosa, até aquele momento. Nas mãos dos
traficantes, não queria ser notada, quanto menos olhassem para mim, melhor,
mas a situação era diferente naquela noite. Queria toda a atenção do Logan
em mim.

Saí do banho, sequei meus cabelos com uma toalha felpuda e macia e
os penteei, delineando as ondas com os dedos, para que ele ficasse o mais
bonito possível sem um secador ou uma prancha. Mordisquei os meus lábios,
esfregando os dentes até que eles ficassem mais vermelhos do que o comum.
Escolhi um vestido azul simples e pouco decotado. Ele era discreto, mas
pareceu melhor do que jeans e camiseta.

Olhei pela janela e percebi que o céu já estava escuro, sem nuvens e
cheio de estrelas. Uma vantagem de estarmos afastados, no meio do nada, era
que, com menos poluição, poderíamos observar melhor as estrelas.

Olhei-me no espelho do banheiro e sorri. Não sabia se estava bonita o


suficiente para chamar a atenção dele, mas foi o melhor que consegui com os
recursos que tinha. Poderia parecer uma grande loucura, mas me atirar
naquele abismo era o mais perto que eu tinha de encontrar uma luz no fim do
túnel.
Coloquei a cabeça para fora no corredor e percebi que uma luz estava
acesa. Saí para ter certeza de que era a do quarto dele, antes de voltar para
buscar as algemas. Esperava que Wallace não aparecesse no meio do meu
caminho e todo o plano que eu havia arquitetado durante o dia esvaísse por
entre os meus dedos.

Desde que eu chegara naquele castelo, não havia entrado no quarto


nem no escritório do Logan. Eles foram bem claros quanto a isso, mas,
daquela vez, eu iria desobedecer. No pior dos casos, iriam me colocar em um
avião de volta para o Brasil; no melhor, eu iria ficar.

Aproximei-me da porta. Vi o topo da cabeça dele acima do encosto de


uma poltrona. Logan parecia concentrado, fitando a lareira apagada no
extremo oposto a ele. Entrei no quarto andando vagarosamente, para que os
meus calçados não fizessem barulho ao tocar o carpete que cobria o chão.

As algemas escorregavam em meio aos meus dedos suados. Estava


aflita e o coração batia desesperado. De repente, comecei a pensar que a
decisão que eu havia tomado era muito estúpida. O que um homem como
aquele iria querer com uma garota perdida e assustada como eu?

— Camila? — ele falou meu nome, deixando-o ecoar por todo o quarto
enquanto eu estremecia com o som grave e entorpecedor da sua voz.

— Sim... — Senti algo se instalar na minha garganta que não me


deixava respirar direito.

— O que está fazendo aqui?

Não respondi, apenas terminei de andar até ele e parei na sua frente,
colocando as algemas no seu colo. Logan olhou para o objeto e depois para
mim pelo menos umas três vezes, tentando entender o que estava
acontecendo.

Respirei fundo e tomei todo o fôlego e coragem antes de falar.

— Você disse que não faz as mulheres sentirem dor. Eu quero saber o
que é não sentir dor. — Ao dizer aquilo, senti que estava tomando de volta o
controle sobre meu corpo.

— Eu só trepo com prostitutas. — A expressão dele era fria e


impassível, como no momento em que acordei no seu jato.

— Já não acha que pagou o suficiente por mim? — De fato, ele havia
pagado muito, me comprando em um leilão para fazer o que quisesse comigo,
porém, desde que chegamos àquele enorme castelo, não fizera nada a não ser
me dirigir a palavra um punhado de vezes.

— Por que está fazendo isso, Camila? Sabe que não precisa. O Wallace
disse que seus documentos estão prontos e você pode ir embora.

— Não, sei que não preciso, mas eu quero. — Uni meus pulsos e
estendi para ele, dizendo silenciosamente que queria que me prendesse com
as algemas. — Me leva para a masmorra.

— Você pode se arrepender disso...

— Ou posso gostar.

Ele ficou de pé e me olhou de cima para baixo. Logan pareceu mais


alto do que eu me recordava. Os ombros largos e a postura firme não me
intimidaram como ele imaginou que fariam. Já tive que lidar com homens
muito mais ameaçadores, e menos bonitos, do que ele.
— Se eu levá-la para a masmorra, eu vou foder você.

— Sei disso.

— É o que quer?

— Sim! — Não deixei que a intimidação dele me fizesse mudar de


ideia. De todos os caminhos que eu tinha para seguir naquele momento, ele
era o que mais me interessava.

Eu vi o brilho nos olhos dele e percebi que, pela primeira vez desde o
início daquele pesadelo, eu tinha vencido.

— Ótimo! — Ele me estendeu a mão e eu a segurei, convicta de que


tinha feito a melhor escolha para mim.

Ele colocou sobre uma mesa de canto a bebida que estava na outra mão
e me guiou para fora do quarto sem falar nada. A cada passo que dávamos
pelo corredor, aproximando-nos da masmorra, maior era a minha ansiedade,
que fazia o meu coração disparar e a minha boca ficar seca.

Atravessamos o corredor deserto e descemos a escada até a porta da


masmorra. Imaginei que, em algum momento do passado, aquele lugar
realmente fosse destinado a prisão de inimigos de guerra, mas fora reformado
para prender mulheres.

Observei a cama, a cadeira e outros objetos e segurei a respiração.


Tinha decidido chegar até ali e não iria voltar atrás.

— Ajoelha ali! — Logan apontou para um tapete vermelho felpudo


que estava a menos de um metro na minha frente.

Obedeci a ele, ficando de joelhos com as mãos cruzadas na frente do


meu corpo. Não saber o que iria acontecer, nem o que ele faria comigo,
elevava a minha ansiedade e me deixava ainda mais tensa. Lutei com toda a
minha força para espantar as lembranças ruins que tentavam tomar a minha
mente, não queria, nem podia, me deixar dominar por elas, ou sairia correndo
antes que o Logan fizesse qualquer coisa comigo.

Ouvi o som de uma gaveta sendo aberta e não me movi nem mexi a
cabeça, mantendo o meu olhar fixo em um ponto da parede. Fiz de tudo para
não parecer amedrontada e acho que consegui.

Senti as mãos firmes e pesadas do Logan no meu cabelo. Ele penteou


os fios com os dedos e o juntou na parte de cima da minha cabeça, até
prendê-los em um rabo de cavalo, amarrando-o com um elástico.

— Eu vou explicar para você como as coisas funcionam, Camila. —


Soltou o meu cabelo, fazendo o rabo de cavalo balançar, e deu a volta até
parar na minha frente.

Fiz que sim, mantendo-me ajoelhada, mas com o olhar firme nele,
esperando as instruções que tinha para mim.

— Eu mando e você obedece.

Isso parecia bem óbvio, apenas pensei.

— Eu posso amarrá-la e castigá-la, mas em hipótese alguma eu quero


machucá-la. Quero que lembre de algo bem simples, se pedir para parar, eu
paro. Sem mais ou talvez; pediu para parar, eu pararei. Entendeu?

Fiz que sim.

— Lembre-se de que isso pode durar horas. O mundo não vai acabar
amanhã.

— Okay, Logan.

— Senhor — corrigiu-me.

Apenas assenti, abaixando a cabeça. O jogo era dele e estava disposta a


seguir suas regras.

— Tira o vestido.

Sua ordem cortou minha respiração. Sabia que, mais cedo ou mais
tarde, estaria nua diante dele e em seus braços. Porém, as coisas seriam
diferentes daquela vez, ao menos era isso que eu esperava.

Ainda de joelhos, segurei a lateral do vestido e o puxei para cima,


removendo-o completamente e o coloquei no chão ao meu lado, ficando
apenas de lingerie branca.

— Escolha adequada. — Ele riu ao reparar na cor das minhas roupas


intimas. — Agora, vem. — Estendeu a mão para mim para que eu me
levantasse.

Sorri ao me perder na imensidão dos olhos azuis que me chamavam em


um ar tão hipnótico. Não conseguia pensar duas vezes antes de me atirar na
imensidão deles. Logan me levou até a cama e me fez sentar na borda. Com a
respiração cada vez mais entrecortada, tive medo de ficar sem fôlego e
paralisar completamente. Empurrou meus ombros e me fez cair de costas
sobre o colchão macio. Suas mãos seguraram com firmeza a minha cintura,
fazendo um frisson varrer-me por todos os pontos. O contato dos seus dedos
com a minha pele acendeu uma chama que eu desconhecia, um fogo que se
alastrou rapidamente em total descontrole. Não senti qualquer repúdio ao
toque, queria mais e mais.

Logan me puxou até o centro da cama e largou a minha cintura,


colocando as mãos atrás das minhas costas, forçando espaço entre elas e o
colchão. Fiquei sem entender o que ele pretendia até que meu sutiã pulou
quando o fecho foi aberto. Ele puxou a peça pelos meus ombros e braços.

— Agora, vou fazer uma inspeção completa em você — sussurrou ao


pé do meu ouvido, com o hálito quente na minha orelha que me deixou toda
arrepiada. Não sabia dizer se meu coração havia parado de bater ou se
acelerava a velocidades inumanas.

Logan perdeu alguns segundos examinando meus seios, do tamanho de


pequenas laranjas e com mamilos marrons, que se enrijeceram assim que as
palmas das mãos dele os tocaram. Mordi o lábio inferior, tensa e ansiosa,
aguardando o que ele faria a seguir. Só de saber que no momento em que eu
pedisse para parar, ele pararia, já me deixava bem mais segura quanto àquilo
tudo.

Ele segurou meu braço direito, escorregando a ponta dos dedos longos
e delgados pela minha pele, provocando um delicioso formigamento até que
segurou o meu pulso, levando-o até uma das pontas da cama e prendendo-o
com uma amarra e puxou até que ficasse bem justo ao redor do meu pulso.

— Assim machuca? — Vi uma preocupação real em seus olhos e isso


fez com que eu me sentisse ainda mais segura, mesmo sabendo que logo
estaria atada à cama.

Puxei meu braço, certificando-me que de que estava bem preso e


apenas balancei a cabeça em negativa. A amarra me prendia, mas não me
machucava. Logan pegou meu outro braço e fez a mesma coisa, deixando-me
de braços abertos e pulsos atados. Ele contornou meus seios com as ponta dos
dedos, causando o mesmo formigamento que fez nos braços e tentei cobri-los
com as mãos, mas apenas consegui me lembrar de que os meus braços
estavam presos.

Ele escorregou na cama, assim como as suas mãos pela lateral do meu
corpo, até voltarem para a minha cintura. As mãos dele, apesar de firmes,
eram sedosas e se não provocassem uma enxurrada de sensações, seriam
como um tecido macio escorregando por mim. Buscou meus olhos e percebi
que seu olhar estava carregado de desejo, ver o quanto deixou-me ainda mais
empolgada com tudo.

A palpitação acelerada e frenética do meu peito não diminuiu quando


ele desceu com as mãos pela minha cintura, puxando junto a minha calcinha.
Tinha me depilado no banho e esperava ter feito certo, mas o sorriso nos
lábios dele me mostrou que não estava desapontado com o que viu.
Expuseram tanto a minha vagina para os olhares mais repulsivos, mas,
daquela vez, eu queria que ela realmente fosse admirada. Logan tateou o
monte e bateu os dedos devagar, mas o breve impacto reverberou pelo meu
corpo e me fez espichar na cama. Estava provando em doses homeopáticas o
que era o desejo, mas queria beber dele em goles mais intensos, fortes o
bastante para me esquecer de que ser tocada poderia não ser tão bom.

Havia um pouco de embaraço, eu era completamente inexperiente, mas


sabia que, com um pouco de paciência, Logan me mostraria o caminho. Ele
terminou de tirar a minha calcinha e a colocou em algum lugar na masmorra,
mas não me preocupei com isso, toda a minha atenção estava voltada para o
fato de que ele também ataria os meus tornozelos. Ele testou as amarras antes
de sair de cima da cama para me contemplar, nua, amarrada e rendida. Com
as pernas bem afastadas, meu sexo estava completamente exposto, não havia
barreiras para que o Logan fizesse o que bem entendesse comigo. Já fizeram
tantas vezes, mas, daquela vez, era uma escolha minha.

A ansiedade pelo que ele faria a seguir, era tão intensa que me fazia
balançar de um lado para o outro, mas com os braços e pernas atados, eu
ficava apenas me sacudindo e isso parecia diverti-lo. Maldoso...

Logan voltou a se aproximar da cama e se curvou sobre mim,


aproximando as mãos e a cabeça do meio das minhas pernas. Soltei um
suspiro, seguido de um gemido quando os polegares dele pressionaram meu
sexo, abrindo os grandes lábios para uma inspeção mais aprofundada.

— Seu hímen ainda está aqui, isso significa que vamos precisar ir mais
devagar.

— Temos a noite inteira. — Sorri, levantando a cabeça o melhor que


conseguia para observá-lo.

— Sim, nós temos. — Logan sorriu de volta e todo aquele interesse


dele me fez regozijar. — Mas lamento dizer que vai doer pelo menos um
pouco.

— Okay! — Assenti. Não poderia dizer que estava desapontada, de


certa forma, já havia me acostumado com a dor. Apenas um pouco já parecia
bem mais animador.

— Não se preocupa com isso agora. — Logan saiu do meu campo de


visão e me retorci na cama para tentar acompanhá-lo.

Vi que ele pegou alguma coisa dentro da cômoda e isso me causou


certo espanto. Tinha me deparado com várias coisas lá dentro que não sabia
para que serviam, e outras que me deixaram completamente amedrontada. Ele
voltou e colocou algumas coisas na cama, no vão entre as minhas pernas, que
não me permitia enxergar. Isso me deixou enlouquecida. O que iria fazer
comigo?

Parei de pensar ao sentir algo gelado ser pressionado contra o meu


sexo. Estava escorregadio ao ponto de me levar a entender que havia sido
banhado em algum óleo ou gel, não conseguia ter certeza, mas me pareceu
uma bolinha ou uma gota. Gemi, contorcendo-me, quis fechar as pernas no
reflexo de impedi-lo de continuar o que quer que estivesse fazendo, porém,
apenas apertou mais a amarras. Houve um pouquinho de dor, uma pequena
pontada, mas que parou de incomodar quando Logan afastou os dedos.
Limpou os dedos besuntados em um lenço e tive certeza de que um gel
envolvia o objeto dentro de mim quando as paredes do meu sexo começaram
a esquentar, como a minha boca ficava quando que comia algum alimento
picante.

— O que colocou em mim?

— Um gel de pimenta e um mini vibrador. — Pelo sorriso devasso nos


lábios dele, tive certeza de que Logan sabia muito bem os efeitos que causaria
em mim.

— Está esquentando e ardendo um pouco.

— É uma sensação ruim? — Aproximou o rosto do meu para me ouvir


falar quando eu confessasse.

— Não... — gemi, tentando fechar as pernas outra vez. — É delicioso,


muito delicioso. — Queria poder esconder o rosto, que ardia tanto quanto o
meu sexo, nesse caso, de vergonha; no entanto, com aquelas amarras me
mantendo exposta e em uma posição fixa, era impossível.
Logan gargalhou diante do meu pequeno desespero.

— Acalme-se, Camila, ainda nem começamos. — Ele ficou de pé, ao


lado da cama, ainda completamente vestido e segurou um pequeno
aparelhinho quadrado, só me dei conta de que era um controle quando o que
ele havia colocado dentro de mim começou a vibrar.

Fechei os olhos, batendo as pálpebras em meio a um gemido rouco que


escapou do fundo da minha garganta ao me render ao tremor que começava
no meu sexo, mas que se alastrava por todo o meu corpo. Arqueei as costas,
testando a resistência das amarras que me atavam. A ardência e latência do
gel de pimenta intensificava ainda mais o estímulo.

— Isso é bom? — perguntou ele em um ar travesso ao desligar.

— Sim — confessei, envergonhada, sem saber se deveria ou não estar


gostando.

Logan apertou o controle novamente e dessa vez a vibração foi mais


intensa, quatro ou cinco vezes mais potente do que da primeira vez e eu quis
saltar na cama. A vontade de quicar e rebolar era insana, porém, não
conseguia fazer nada a não ser reagir com sons. Ele desligou de novo e se
aproximou de mim, passou os dedos pelos meus lábios e eu o lambi, pedindo
com o olhar para que continuasse. Era muito injusto que controlasse o meu
prazer daquele jeito, mas percebi que era exatamente dessa forma que ele
jogava, tomando para si o controle de tudo.

— Liga...

— E se eu não quiser?

— Por favor...
— Sou eu quem dá ordens aqui, Camila. — Seu olhar ficou mais firme
e eu me encolhi.

— Sim, senhor.

— Boa, menina. — Ele ligou o vibrador novamente e eu quis me


retorcer de dentro para fora, cada vez mais refém dos estímulos e das
pulsações.

Estava cada vez mais imersa em uma entorpecedora névoa de prazer.


Se as coisas seriam sempre daquele jeito, numa maldita, mas deliciosa
tortura, estava disposta a me submeter a ele mais vezes. Logan aumentou a
velocidade do vibrador e eu soltei um grito, deixando-o ecoar por toda a
masmorra, seguido de gemidos ofegantes, histéricos e agudos. Só me dei
conta do que havia acontecido comigo e de que havia chegado ao ápice
quando minha respiração começou a normalizar.

— Acho que, agora, você está pronta para ser fodida.

Assisti, ansiosa, enquanto o Logan tirava a camisa e a calça,


colocando-os sobre a cadeira antes de subir em cima de mim. À pouca luz,
ainda conseguia ver o abdômen bem definido dele e a perfeição do seu corpo.
Poucas vezes estive diante de um homem tão bonito, e nunca tão perto. Ele
rasgou um pacotinho laminado e colocou a camisinha no pau, antes de se
posicionar entre as minhas pernas. Achei que ele fosse enfiar de uma vez,
rápido e sem aviso, mas pareceu disposto a brincar um pouco mais comigo, a
levar-me a níveis de desejo que não sabia serem possíveis.

Logan esfregou o pau na entrada do meu sexo, contornando a fenda


sem qualquer penetração e o subiu até o meu clitóris, esfregando-o de leve.
Ele não tinha pudor e gostava da forma como meus olhos se reviravam em
súplica. Queria abraçá-lo com os braços e pernas, mas era impossível. Tudo o
que eu queria, dependia exclusivamente dele para ser realizado, se Logan não
fizesse, eu acabaria apenas ali, amarrada e morrendo de vontade.

Tentei levantar o meu quadril, levar o meu corpo a ele, mas era
impossível e isso estava me deixando aflita. Queria demais e Logan parecia
não ter percebido, ou apenas estava brincando comigo.

— Você quer? — Roçou o pau na minha fenda me fazendo retorcer


ainda mais na cama.

Balancei a cabeça em afirmativa, com os olhos revirados e a boca seca.


Não estava aguentando mais, nem imaginava que fosse possível querer tanto
ser penetrada.

— Quero ouvir em voz alta. Fala para o seu senhor, o que você quer?

Achei que fosse explodir enquanto ele sussurrava no meu ouvido e


brincava comigo. Algumas torturas machucavam e doíam, outras
provocavam uma pulsação intensa e uma vontade incontrolável.

— Quero que entre, eu o quero dentro de mim.

Ele sorriu antes de apoiar as mãos na cama, na lateral do meu corpo.


Enfiou o dedo em mim, fazendo-me arquejar e tirou o vibrador antes de
pressionar a glande contra a passagem do meu canal. Num tranco firme, ele
me invadiu, mas antes que eu pudesse gritar, seus lábios tomaram os meus. A
minha virgindade, que tanto negociaram e superestimaram, finalmente havia
sido tirada pelo homem que pagou por ela.

A dor veio, como Logan me disse que viria, estava preparada para algo
muito mais intenso e traumatizante, mas não houve nada disso. Depois da
sensação ser rasgada, que veio logo após a penetração, Logan começou a se
mexer, espalhando o gel de pimenta para além do local onde ficava meu
hímen, e a ardência dele amenizou a dor, anestesiando-a. Pouco a pouco, fui
levada de volta para a sensação de prazer. Era deliciosa, era intensa e os
beijos ferozes do Logan aumentavam ainda mais meu prazer. Poderia estar
amarrada, com meus movimentos completamente reduzidos, mas me senti
livre. Livre dos fantasmas e livre da dor. Poderia recomeçar ali e era
exatamente isso que queria.

Logan ficou de joelhos na cama e me puxou contra ele, batendo o meu


sexo na sua pélvis, cravando-se fundo em mim de um jeito que eu nunca iria
esquecer. Tentando me acostumar ao ritmo, explorando o prazer, movia meu
corpo para o dele e tentava me sintonizar.

Ele voltou a deitar sobre mim e puxou meu cabelo pelo rabo de cavalo
e lambeu meus lábios, antes de voltar a enfiar a língua dentro da minha boca.
Havia ficado com alguns garotos na escola, mas nada se equiparava a
selvageria e a fome com que os lábios dele encontravam os meus.

Em meio ao vai e vem que estava nos levando pouco a pouco ao total
esgotamento, eu o senti pulsar, derramando-se dentro da camisinha antes que
a fricção dos nossos corpos me mostrasse o que era gozar com ele dentro de
mim.

Com o calor e o peso dele sobre o meu, enquanto Logan recuperava as


suas forças, me perguntei por que não havia tomado aquela decisão antes.
Não precisava de um mês para me atirar nos braços da minha luz no fim do
túnel.

Havia me submetido ao jogo dele e não estava arrependida.


Capítulo dezoito

Saí de cima da Camila e tirei a camisinha, jogando-a em uma pequena


lixeira aos pés da cama. Ainda não estava completamente recuperado do
orgasmo, senti isso pela pequena incoordenação que me fez trocar os pés
algumas vezes. Peguei de volta a minha cueca enquanto a observava ainda
entorpecida e amarrada à cama. Não pretendia tirar a virgindade dela, achava
que já havia sofrido o suficiente nas mãos dos traficantes, porém, quando ela
se ofereceu e disse convicta que queria, percebi que era estupidez negar. Era
uma mulher linda, apesar de jovem, que iria embora logo.

Não podia negar que, durante esse tempo que convivi com ela, senti
desejo e muita atração. Contudo, não iria me impor contra os limites dela. Era
um homem que construía muros e não gostava que os transpusessem, dessa
forma, respeitava os muros das outras pessoas.

— Preciso passar a noite assim? — Ela indicou as amarras com um


movimento de cabeça.

— Não. — Voltei para cama apenas para libertá-la.

Camila massageou os pulsos, que estavam levemente marcados pelas


amarras, e abriu um sorriso para mim. Eu não era o único que havia gostado
do nosso breve momento.

— Pode voltar para o seu quarto, arrumar suas coisas e ir dormir.


Amanhã cedo, o Wallace leva você de helicóptero para o aeroporto de
Edimburgo.
— Logan — disse o meu nome da forma que mais ninguém dizia e
tocou meu ombro, sem qualquer autorização para fazer qualquer uma dessas
coisas. Eu me virei, prestes a rosnar para ela, mas assim que fitei a meiguice
dos seus olhos castanhos, desisti de repreendê-la. Algo em seu olhar
amenizou a fera em mim.

— O que foi?

— Não quero ir embora amanhã.

— Por que não? — Franzi o cenho e acabei sentando-me ao lado dela


na cama. — Achei que estivesse ansiosa para voltar para casa, para a sua
família.

— Não tenho família, nem ninguém que se importe comigo ou para


quem eu precise voltar.

Estranhamente, me identifiquei com aquilo. Desde que os meus avós


haviam partido, eu não tinha mais ninguém. A minha mãe era mais um
desserviço do que alguém em quem eu realmente pudesse contar.

— Antes da minha mãe morrer, ela se casou com um homem perigoso.


Foi ele quem me enfiou nessa confusão toda. Se eu voltar para a mesma
cidade, é provável que ele faça tudo de novo. Ainda não sei para onde eu
posso ir sem que ele acabe me vendendo.

Meu sangue ferveu com a possibilidade de ela voltar para as mãos


daqueles que lhe fizeram tão mal. Não sabia explicar, geralmente não tinha
atitudes impulsivas, mas agia assim perto da Camila desde a primeira vez que
a vi. Meus esforços para mantê-la segura não poderia ter sido em vão.

— Então, o que pretende fazer?


Ela engoliu em seco e desviou o olhar. Percebi que estava receosa, com
medo, mas de quê? Fora a primeira impressão dela com a masmorra, eu não
havia dado motivos para que temesse nada em relação a mim.

— Camila? — Segurei o seu queixo e a forcei a encarar.

— Sei que já fez muito por mim, mais do que qualquer outra pessoa
faria. — Soluçou e fugiu do assunto.

— Só fiz o que achei certo, o que me deixaria tranquilo com a minha


consciência.

— Sempre serei muito grata por isso.

— Pare de enrolar, menina! — Fui um pouco mais firme e isso fez


com que ela desse um saltinho na cama.

— Eu... — Engoliu em seco. — Eu queria poder ficar aqui mais um


pouco, ao menos enquanto o visto ainda é válido. Enquanto isso, eu penso em
um lugar para ir, onde o meu padrasto não possa me encontrar.

Por que diabos ela queria continuar ali? Isso era estranho e
inesperado, principalmente depois dela ter visto um lado meu que apenas o
Wallace conhecia.

— Camila, olha...

— Por favor... — falou numa voz chorosa, impedindo-me de continuar


o que eu tinha a dizer para ela. Provavelmente uma ajuda para que ela se
alocasse em algum outro estado no Brasil. — Enquanto eu estiver aqui, nós
podemos fazer isso mais vezes. — Apontou para cama sem quaisquer
ressalvas. Será que aquela menina tinha ideia do que estava me propondo?
— Está se oferecendo para ser usada por mim o quanto eu bem
entender? — Fui firme e lancei para ela um olhar cerrado, na esperança de
assustá-la para que mudasse de ideia. Não podia negar que, após ter
experimentado, a queria mais vezes ali naquela cama e isso poderia ser o
maior de todos os perigos.

— Enquanto eu estiver aqui, você não precisa pagar uma prostituta,


terá a mim. — Seu olhar era firme demais para uma garota de apenas
dezenove anos. Ou ela era muito corajosa ou completamente estúpida.

— Camila, ouça bem, o que eu faço aqui nessa masmorra vai muito
além de amarras. Não é prudente se arriscar assim.

— Vai me machucar, furar, queimar ou sufocar?

— Quê?! Não! De onde tirou essas coisas? Não sou um torturador.

— Então, o que quer que vá fazer comigo não se compara a ter aqueles
nojentos se divertindo enquanto revezavam a minha bunda.

Engoli em seco diante da forma fria com que ela disse aquilo. Camila
era uma sobrevivente e isso me deixou abismado. Poucas passavam por
traumas como o dela e continuavam de cabeça em pé, lutando para se
manterem vivas. Aquela coragem e força de vontade me fez admirá-la, um
sentimento que quase ninguém me despertou ao longo da vida.

— Então é isso, você quer ficar? — Iria me arrepender disso em algum


momento, tinha certeza, mas estava compactuando com a vontade dela e, por
consequência, com a minha em torná-la submissa a mim pelo tempo que
aquele acordo maluco durasse.

— Quero!
— Sabe que é livre para ir quando bem desejar.

Fez que sim.

Okay! Estava concordando com aquilo, mas ainda precisava ter um


pouco de prudência.

— Amanhã, quero que acompanhe o Wallace a um médico. Quero que


faça todos os exames para termos certeza que não passaram nenhuma DST
para você.

— Entendo a sua preocupação. — Abaixou a cabeça, concordando.

— Ótimo! Se estiver tudo bem, peça a ele que receite para você um
anticoncepcional ou coloque um DIU, o que deixar você mais confortável.

— Como você quiser.

— Precisa de alguma coisa? — Já que iria usá-la para o meu prazer,


precisava me preocupar com o seu bem-estar.

— O Wallace me deu algumas roupas, mas não muitas. Preciso


comprar mais, além de alguns produtos de higiene e beleza. Um batom,
outras coisas de maquiagem...

— Coisas de mulher. — Interrompi-a e Camila balançou a cabeça em


afirmativa. — O Wallace vai entregar para você um cartão de crédito e levá-
la até um shopping, para que possa fazer compras.

— Obrigada! — Ela estendeu os braços para me abraçar, mas levantei


da cama antes que ela conseguisse.

— Vista-se e vá para o seu quarto. — Coloquei a minha calça e


caminhei até a porta. — Boa noite, Camila. — Saí da masmorra e a deixei lá,
sozinha.

— Eu ouvi direito, senhor? — Wallace caminhou até a porta do meu


escritório e a fechou antes de voltar a me fitar.

— Ouviu. — Mantive minha postura impassível enquanto observava o


sol fraco da manhã adentrar pela janela e refratar no prisma de cristal que eu
usava como peso de papel. — Camila vai ficar aqui e quero que a leve ao
médico para testar DST’s e colocar um DIU, também para fazer compras.
Entregue um cartão para ela e deixe-a comprar o que achar que precise.

— Desculpe-me a pergunta, senhor, mas está fazendo sexo com ela?

— Transamos ontem e, antes que pense qualquer coisa, foi bem


consensual. Sabe que eu não forçaria ninguém.

— Sei que tem gostos sádicos, mas, posso ter entendido errado, achei
que não fosse tocar na garota. Uma escrava sexual é desprezível.

Franzi o cenho e cerrei os dentes, brevemente irritado por ele cogitar


que eu transformaria a Camila em uma escrava, porém, tentei não julgá-lo
diante das circunstâncias em que ela havia parado nas minhas mãos.

— Ela está aqui porque quer, Wallace. Pediu para ficar por mais
tempo até encontrar um lugar seguro para ir. Enquanto isso, vou unir o útil ao
agradável, afinal de contas, ela é linda. Contudo, não pense que estou
mantendo-a aqui contra a sua vontade ou a explorando, Camila é livre para ir
quando bem entender.

— Compreendo. — Wallace não parecia satisfeito com a minha


explicação, mas não se impôs, afinal de contas, a escolha era minha. — Quer
que eu a leve ao médico agora pela manhã?

— Sim, depois do médico, a leve ao shopping. Eu vou me arrumar e ir


para a destilaria.

— Sim, senhor. Precisa de mais alguma coisa?

— Por enquanto, é isso.

— Certo. — Ele deu as costas, mas antes que saísse do escritório, eu o


chamei.

— Wallace!

— Sim? — Segurou no batente da porta antes de virar-se para me fitar.

— Cancele a prostituta que viria hoje, não preciso mais dela.

— Como quiser. — Ele assentiu e desapareceu corredor afora.

Poderia estar cometendo um erro ao estabelecer aquela relação com a


Camila, mas não me preocuparia com aquilo no momento.
Capítulo dezenove

Rolei na cama, sentia que, se levantasse, iria ter dificuldade para ficar
de pé, por mais que minhas pernas não estivessem mais bambas. O momento
que havia compartilhado com o Logan havia sido tão irreal que temia ter sido
um sonho. Confesso que, quando me joguei nos braços dele, cogitava que
pudesse ser horrível, traumatizante e dolorido, porém, excedeu positivamente
qualquer uma das minhas expectativas. Gostei de cada minuto, desde o
instante em que ele me amarrou, até tê-lo dentro de mim.

Ouvi uma batida na porta e, por reflexo, me cobri com o cobertor, por
mais que estivesse vestida.

— Senhorita? — Ouvi a voz do Wallace do outro lado.

— Sim?

— Posso entrar?

— Sim. — Apressei-me para me sentar e quando ele passou pela porta,


eu estava ajeitando o meu cabelo, penteando-o com os dedos.

— Ainda não está pronta? — Ele fez um bico ao colocar as mãos na


cintura e eu abri um sorriso amarelo. Fiquei me perguntando se o Logan não
havia contado para ele que eu ficaria no castelo, ao menos por mais alguns
dias ou meses.

— Eu não vou voltar para o Brasil hoje, Wallace.

— Sei disso, o senhor Mackenzie me disse. Preciso que se arrume para


que eu possa levá-la a um hospital.

— Ah, sim! — Fiquei sem jeito. Que tonta eu tinha parecido, como se
não soubesse que o Wallace estava sempre muito bem informado sobre tudo.

— Espero a senhorita em meia hora na cozinha.

— Obrigada. — Espreguicei e ele saiu do quarto, deixando-me sozinha


outra vez.

Levantei da cama e fui até a janela, contemplando o céu azul da


manhã, os pássaros que voavam ao fundo e as montas no horizonte. Tinha
conseguido mais um tempo naquele lugar e faria de tudo para que esse tempo
se transformasse no meu “para sempre”. Por mais adversas que foram as
circunstâncias, estava contente por ter ido parar na vida do Logan Mackenzie.

Fui até o banheiro, tomei um banho, lavando bem a minha intimidade,


certificando-me de que havia tirado todo o gel de pimenta dela. Depois me
sequei, escovei os dentes e prendi o cabelo em um rabo de cavalo, como
sabia que o Logan gostava, e coloquei roupas limpas antes de descer para a
cozinha.

Cheguei, indo direto em um biscoito que estava sobre o balcão, mas


Wallace deu um tapinha de leve na minha mão e Elga olhou torto para ele.

— Deixa a menina comer, seu chato! — Ela colocou as mãos na


cintura, estufando o peito e eu ri.

— É melhor que ela não coma agora.

— Ora, por que não? Não faz bem sair sem se alimentar.

— Ela vai fazer exame de sangue.


— Está se sentindo mal, criança? — Elga chegou perto de mim e me
envolveu nos braços, quase me ninando como se eu fosse um bebê.

— Não, Elga, pode ficar despreocupada. Irei apenas fazer alguns


exames de rotina. Vou sair com o Wallace, mais tarde eu volto.

— Que ótimo! Fico feliz. Fiquei sabendo que você ia embora e essa
notícia me deixou muito triste, que bom que decidiu ficar.

— Por enquanto, eu vou ficar um pouco mais.

— Fico muito contente! — Um largo sorriso se formou nos lábios dela.


— Agora, vá fazer seu exame. — Empurrou-me pelos ombros. — É muito
importante cuidar da saúde. Espero que esteja tudo bem.

— Vai estar sim. — Devolvi o sorriso para ela antes de acompanhar


Wallace até a saída mais próxima, que nos levava ao pátio central com a bela
fonte.

Seguimos caminhando em silêncio pelo caminho murado de asfalto por


quase um quilômetro.

— Para onde estamos indo? — perguntei curiosa. Será que iríamos até
o médico a pé? Não era por ser preguiçosa, mas não via nenhuma construção
num raio de quilômetros. Ir andando até a cidade mais próxima poderia levar
horas.

— Para lá! — Ele apontou e eu vi um helicóptero em uma pista de


pouso redonda.

— É do Logan? — Fiquei boquiaberta.

— Do senhor? Sim. — Ele fechou a cara, certamente descontente com


o fato de eu me referir ao patrão dele pelo primeiro nome. Não iria ficar
chamando-o de senhor, mesmo que isso pudesse gerar algumas caras feias.

Nos aproximamos do helicóptero e percebi que só havia nós dois, isso


fez com que eu deduzisse que o Wallace sabia pilotar aquela coisa. Ele abriu
a porta, entregou para mim um protetor auricular e fez um gesto para que eu
entrasse no banco de trás.

— Coloca o cinto.

Assenti e me acomodei enquanto o observava ligar tudo e levantar voo.


Segurei a poltrona de couro olhando tudo ficar cada vez menor, inclusive o
castelo. Não sei quanto tempo a viagem durou até que pousássemos no
terraço de um prédio. Estava admirada demais observando a paisagem para
que me preocupasse com a passagem dos minutos. Perto do castelo, eu tinha
visto um ou outro vilarejo, o restante era vegetação e lagos, mas as coisas
começaram a mudar quando me aproximei da capital do país.

— Desce, menina! — Wallace me chamou e percebi que estava


completamente dispersa ao ponto de nem notar que havíamos chegado.

Soltei meu cinto e pulei para fora do helicóptero, aceitando a mão que
ele havia estendido para mim.

— Wallace?

— Sim? — respondeu, sem parar de andar e fui obrigada a segui-lo,


mas ainda estava alguns passos atrás.

— Por que quase não há pessoas morando na região perto do castelo?

— A população se concentrou toda nas Terras Baixas, apenas cinco


por cento da população do país mora nas Terras Altas.

— Isso tem alguma coisa a ver com o massacre inglês à cultura das
Terras Altas? — Ainda me lembrava um pouco das coisas que havia visto em
uma série de TV.

— Não tenho certeza, mas acredito que sim, apenas recentemente foi
permitido voltar a ensinar gaélico. Quase não conheço pessoas que falem,
acho que apenas o senhor. O avô do senhor ainda era muito arraigado à
cultura, pois os pais dele ainda tentavam manter tudo às escondidas do
governo britânico.

— Nossa! — Fiquei boquiaberta, aquilo era algo que eu nunca tinha


pensado a respeito. — O Logan é um Mackenzie do clã Mackenzie.

— Sim, senhorita, ele é — confirmou o Wallace, nitidamente


incomodado com todas as perguntas que eu estava fazendo. — Vamos logo
para o médico, pois temos horário marcado e não podemos nos atrasar.

Assenti e o segui de elevador até a entrada do prédio. Era uma grande


recepção com, pelo menos, cinco funcionários e vi pessoas passando de um
lado para o outro. Presumi que funcionassem várias empresas ali, mas não
perguntei nada para o Wallace, pois ele já estava de olhos virados para mim
com tantos questionamentos, também não parecia muito feliz com o fato de
eu não ter ido embora.

— Jax! — Na saída da recepção, Wallace acenou para um homem que


se juntou a nós.

Afunilei os olhos enquanto o observava, recordava-me de tê-lo visto


em algum lugar, mas não sabia ao certo de onde. Achei isso estranho, pois
alguém com mais de dois metros de altura e uma postura de montanha não
era algo que passava despercebido.

— Senhorita? — Ele também me fitou, como se me reconhecesse. Isso


me deixou ainda mais encucada.

— Senhorita Camila, esse é Jax Roberts. Ele trabalha em uma empresa


de segurança privada que costuma fazer alguns serviços para o senhor
Mackenzie. Pedi para que ele nos acompanhasse hoje. — Wallace fez as
devidas apresentações e me recordei onde havia visto aquele homem. Ele
estava no avião quando eu acordei.

— Prazer em revê-la em melhores condições.

— Ah, obrigada. — Sorri sem jeito. Nem queria pensar no que ele
tinha ou não deixado de ver.

— O carro está na garagem — Jax informou para o Wallace. — Vamos


ao médico primeiro, correto?

— Sim.

Apenas segui os dois até uma garagem dois níveis abaixo, no subsolo,
e Jax saiu dirigindo por alguns minutos até chegarmos diante de um pequeno
hospital. Durante o caminho, fiquei observando o castelo de Edimburgo no
alto de uma colina. Era tão lindo quanto o que Logan tinha, porém, maior.
Quis ter um celular naquele momento para tirar algumas fotos. Me perguntei
se poderia comprar um notebook e um celular para mim quando saísse às
compras com o Wallace, tudo iria depender do limite do cartão de crédito.

Jax estacionou o carro no estacionamento do hospital e nós subimos de


elevador até a recepção. Wallace conversou com uma moça e ele me entregou
um papel para preencher os meus dados e pediu o passaporte, que, por sorte,
havia lembrado de trazer comigo. Assim que terminei de colocar os meus
dados na ficha, uma médica me chamou para um consultório. Wallace e Jax
ficaram do lado de fora. Fiquei muito grata por isso, pois não queria ser
exposta para mais ninguém que não fosse o Logan.

— Bom dia, senhorita!

— Bom dia! — Retribui o sorriso da médica ao me acomodar na


cadeira que ela havia indicado.

Apesar de branco, o consultório dela tinha alguns objetos divertidos e


fotos de família, o que fizeram com que eu me sentisse segura.

— Não é escocesa, é?

Fiz que não.

— É tão perceptível assim?

— Um pouco. — Ajeitou os óculos redondos sobre o nariz, eles eram


tão grossos que faziam os seus olhos parecerem maiores. — Acho que por
causa dos trejeitos e algumas expressões que são comuns aos americanos, e a
maioria dos estrangeiros nativos de outros países acabam absorvendo.

— Sou brasileira.

— Ah, Brasil! País quente e lindo.

— Já esteve lá alguma vez? — fiquei curiosa.

— Minha lua de mel foi em Fortaleza.


— Nossa! Incrível. — Ela pegou a ficha e leu. Fiquei tensa pela forma
como ela franziu o cenho e arqueou as sobrancelhas.

— O que foi?

— Exames para todas as possíveis DST’S?

— É! — Engoli em seco, apertando a lateral da cadeira.

— Sei que são algumas perguntas incômodas, mas eu precisei fazê-las.


Tudo bem?

Assenti. Não tinha escolhas, mas, no fundo, estava com muito medo.
Não bastava todo o inferno que aqueles traficantes haviam me feito passar, se
eles tivessem me passado alguma doença, as minhas chances de continuar
com o Logan seriam brutalmente reduzidas, ou ficariam nulas.

— Fez sexo recentemente sem preservativos?

Respirei fundo, acreditando que o melhor a se fazer era contar para a


médica o que eu havia passado. Comecei com a morte da minha mãe, e
terminei falando sobre a minha vontade de continuar na Escócia e com o
Logan. Quando voltei a encará-la, os olhos dela estavam cheios de lágrimas.

A médica se levantou, deu a volta na mesa e me deu um abraço.


Abracei-a de volta, surpresa. Já tinha doído tanto que eu nem me lembrava do
quanto machucava.

— Sinto muito por tudo o que você passou, querida.

— Obrigada. — Abri um sorriso amarelo, não sabendo como reagir.


As lembranças eram horríveis, me machucavam, mas não queria e nem iria
me deixar dominar por elas.
Ela me soltou após longos minutos e voltou para a sua cadeira. Estava
com os olhos marejados, mas buscou manter a postura.

— Sei que é delicado, mas precisarei fazer mais algumas perguntas,


tudo bem?

Fiz que sim.

Ela me perguntou sobre os abusos e como eles haviam ocorrido.


Acabei ficando com o estômago embrulhado e ela me deu um pouco de água.
Acreditava ter superado tudo, mas parecia que não. Depois da pergunta, ela
fez alguns exames em mim e coletou o meu sangue. O resultado sairia em até
duas horas e seria enviado para o Wallace por e-mail. Confesso que estava
um tanto nervosa e com o coração apertado, morria de medo de ter alguma
doença e isso impossibilitar a minha relação com o Logan.

A médica também havia me receitado um anticoncepcional oral que eu


teria que tomar todos os dias. Ele só seria importante se Logan e eu
continuássemos fazendo sexo.

Assim que saí do consultório, Wallace se levantou do banco onde


estava sentado, mexendo no celular, e Jax ajeitou a postura, puxando a barra
do blazer que havia enrugado.

— Vamos? — Coloquei as mãos nos bolsos, acanhada, e fitei o chão


claro sob os meus pés.

— Fez todos os exames? — questionou-me, sério. Será que estava


achando que eu tentaria enganar a ele e ao Logan?

— Fiz todos os que você pediu. — Tirei um papel, que havia dobrado e
colocado no bolso, e entreguei a ele. — Essa é a receita do medicamento
anticoncepcional.

— Ótimo! Eu irei comprá-lo.

— Obrigada. — Dei um sorriso amarelo, mas ele não me retribuiu.

— Iremos para o shopping agora. — Ele me entregou um cartão de


crédito. — É para comprar as coisas que você precisa, mas não exagere.

— Okay! — Fiquei contemplando o cartão preto e dourado brilhante


nas minhas mãos. Ele tinha o nome do Logan em alto-relevo. Era a primeira
vez que alguém me entregava um cartão como aquele e dizia que eu poderia
gastar.

Nunca tive um cartão de crédito. Trabalhava com a minha mãe na


pequena loja que ela tinha na parte da tarde, depois que chegava da escola, e
continuei assim quando comecei a cursar a faculdade. Ela me pagava
quinhentos reais e não dava para fazer muita coisa, muito menos um cartão.

Voltei com os dois homens até o carro e seguimos para um shopping.


Era bem diferente dos shoppings que eu estava acostumada, pois as lojas não
tinham altas paredes, pareciam todas enormes quiosques e pertenciam às
marcas mais caras do mundo. Algo que na vida que eu levava estava restrito
apenas aos meus sonhos.

Olhei para um vestido lindo e quis me aproximar, mas busquei o rosto


do Wallace e esperei ele assentir antes de entrar na loja.

— Posso ajudá-la, senhorita? — Uma vendedora parou ao meu lado.

— Quero provar aquele. — Apontei, empolgada. Que mulher não


gostava de fazer compras? — Tem o meu tamanho?
— Temos sim. Acompanhe-me, por favor.

Estava tão empolgada andando pela loja que precisei me conter para
não dar pulinhos de felicidade. Meu conto de fadas não se restringia apenas a
um castelo, afinal. Entrei para o provador e a vendedora me entregou o
vestido. Vi o preço e engoli em seco, nem sabia o quanto eram seiscentas
libras em reais, porém, certamente era mais dinheiro do que havia segurado
por toda a minha vida. Wallace tinha falado para eu maneirar, mas não teria
me levado até aquele shopping se eu não pudesse comprar as roupas que
eram vendidas ali.

Saí do provador e parei na frente deles.

— Lindo, não é?

Percebi que Jax iria dizer que sim, mas apenas balançou a cabeça em
afirmativa.

— Posso levar esse?

— Pode.

— Obrigada! — Voltei saltitando para o provador.

Devolvi o vestido para a vendedora e ela me mostrou vários outros


modelos. Escolhi mais uns três e paguei por tudo, entregando a ela o cartão,
cuja senha apenas o Wallace sabia.

Depois seguimos para outra loja e eu comprei sapatos e sandálias.

— O que acham? — Virei-me para eles com uns óculos de sol no


rosto.
— É legal!

— Quase não faz sol no castelo.

— Vai que algum dia o Logan decide me levar para um lugar mais
ensolarado?

Wallace não disse nada, apenas bufou, revirando os olhos e eu ri,


entregando o cartão para a vendedora da loja. O funcionário do Logan apenas
se aproximou e digitou a senha, sem questionar muito, apesar de manter a
cara fechada.

Não sabia quanto era o limite daquele cartão, mas achava que o
Wallace fosse me advertir antes que eu estourasse.

Seguimos pelo shopping com Wallace mal-humorado e Jax segurando


as minhas sacolas. Ao passarmos na porta de uma loja de equipamentos
eletrônicos, eu os puxei para dentro. Tinha tanto tempo que eu estava sem o
meu celular que até havia me esquecido do quanto ele costumava ser
importante na minha antiga vida.

— O que quer aqui? — questionou Wallace, parando na porta da loja e


olhando em volta.

— Um celular e um notebook. O único acesso que tive a tecnologia é o


computador da biblioteca, queria muito ter um só para mim. Iria poder voltar
a estudar pela internet, além de ver filmes, séries...

— Okay! — Wallace me interrompeu para que a minha justificativa


não se delongasse demais.

— Obrigada! — Dei um beijo na bochecha dele e fui correndo até o


primeiro vendedor que encontrei.

Ele me mostrou vários modelos, mas optei pelos mais simples, para
que o Wallace não achasse que eu estava exagerando demais.

Estava saindo de outra loja de roupas e segurando sacolas, quando


percebi que ele estava sentado em um banco lendo algumas coisas no celular.
Sentei-me ao lado dele e estava tão concentrado, que demorou a notar a
minha presença.

— Camila!

— O que foi? — Engoli em seco.

— Acabei de receber os resultados dos seus exames.

— E qual o resultado? — Mordi o lábio, tensa. Aquele e-mail poderia


decidir toda a minha vida, inclusive se iria poder ficar ou não com tudo o que
havia comprado.

— Você não tem nenhuma doença.

— Que ótimo! — Não contive o longo e profundo suspiro de alívio. —


Precisamos passar em uma farmácia antes de voltarmos ao castelo?

— Sim. — Levantou-se e fez um gesto para que eu seguisse na frente


dele.

Quando voltamos para o helicóptero, com sacolas que não cabiam mais
nas nossas mãos, eu estava feliz e ciente que só dependia de mim para ter um
recomeço. As oportunidades me foram dadas e eu faria de tudo para agarrá-
las.
Capítulo vinte

Depois de passar o dia em reunião com os funcionários, para alinhar


alguns detalhes de produção, voltei para o castelo exausto. Tudo o que mais
queria era tomar um bom banho, comer alguma coisa e me afundar na cama.
Resolvera tantas pendências que acabara me esquecendo da mais importante
de todas: a Camila.

Havia pensado na sua segurança e na vontade dela de permanecer ali.


Na Escócia, não seria tocada novamente por aqueles que lhe causaram tão
mal, porém, esquecera-me das consequências disso. Mantê-la perto de mim
poderia ser um risco, uma vez que não pensava com clareza enquanto
estávamos próximos.

Estacionei o carro na garagem, jogando a chave no bolso e entrei pela


lateral do castelo, seguindo até o meu quarto. Desfiz-me do meu terno, fiz
alguns abdominais e exercícios na barra antes de entrar para o banho. Desde
que Camila havia chegado, eu não me exercitava direito, estava sempre com a
cabeça cheia, mas esperava conseguir voltar a correr na manhã seguinte.

Depois do banho, fui para a pequena sala de jantar que compunha os


aposentos do meu quarto. Elga sempre servia minhas refeições lá quando eu
estava em casa, pontualmente às oito da noite.

Ao passar pela porta, tomei um susto ao me deparar com a Camila. Ela


estava sentada junto à mesa redonda de madeira escura, que possuía refeição
posta para dois.

— O que está fazendo aqui? — Cerrei os dentes.


— Estava conversando com a Elga e ela me disse que você sempre faz
as refeições sozinho. Imaginei que não precisasse ficar tão solitário hoje.

— Já pensou na possibilidade de eu fazer as refeições sozinho porque


gosto de ficar sozinho? — Mantive a postura altiva e séria.

— Ninguém gosta de ficar sozinho.

— Eu gosto.

— Não o tempo todo. — Sorriu maliciosa e eu entendi nas entrelinhas


sobre o que estava se referindo. Aquela garota era louca?

— O que quer aqui?

— Jantar com você. — Apontou para que eu me sentasse na sua frente.

Reparei bem nela antes de cogitar atender o seu pedido. Estava linda.
Não que já não fosse, mas estava arrumada. O cabelo arrumado, penteado e
liso; os olhos castanhos marcados por uma linha preta; os lábios ressaltados
por um batom vermelho; usando um vestido do mesmo tom, que se moldava
às curvas para lá de provocativas do seu corpo.

— Parece que o Wallace já a levou para fazer compras.

— Sim! — Abriu um largo sorriso. — Muito obrigada por tudo.

— Por nada. — Dei de ombros e acabei me sentando diante dela. Até


que ponto ela pretendia arrastar com tudo aquilo, eu não sei, mas estava
estranhamente disposto a pagar para ver.

— Também fomos ao médico. O Wallace contou para você sobre os


meus exames?
Fiz que não, puxando o prato para perto de mim e pegando os talheres.

— Estou limpa, não tenho nenhuma doença.

— Bom. — O meu tom frio não foi o suficiente para apagar o sorriso
nos lábios dela.

— Tomei a liberdade de comprar também um celular para mim,


imagino que não se importe.

— De forma alguma. — Dei de ombros antes de juntar um pouco de


salada no meu garfo e levar à boca.

— Depois, pode me passar o seu número. — Ela empurrou o aparelho,


que estava atrás do prato, para o meu campo de visão.

Não pensei muito, apenas peguei o aparelho, digitei o meu número e


devolvi para ela. No fundo, gostaria que ela tivesse a mim para recorrer caso
algum problema aparecesse.

— Obrigada!

Beberiquei um gole do vinho e Camila também dirigiu a sua atenção


para a comida. Distraído, pressionei os meus lábios contra a taça ao sentir a
ponta dos seus pés subir pela minha perna.

— O que está fazendo, Camila?

— Nada. — Fez-se de desentendida, mas seu sorrisinho no canto dos


lábios a denunciava.

— Não me provoque.
— O ou quê? — Continuou subindo o pé, até aproximá-lo da minha
virilha.

Percebi que ela estava me fazendo perder completamente o juízo, mas


talvez já fosse tarde demais para voltar atrás.

— Para com isso! — Empurrei o pé dela e fiz com que parasse.

Ela se encolheu, bebeu mais alguns goles do vinho e comeu o restante


do prato.

— Só comprou vestidos e aparelhos eletrônicos? — Estava mais


curioso do que deveria. Precisava me conter, odiava quando o controle
escorregava por entre os meus dedos. Sentia uma ânsia insana por tomá-lo de
volta. Talvez fosse por isso que não conseguia me controlar perto da Camila,
pois ela era completamente imprevisível. Imaginava que ela fosse se agarrar a
possibilidade de liberdade e ir embora, mas, ao contrário disso, ainda estava
ali, me provocando e testando os meus limites.

— Também comprei sapatos — respondeu a minha pergunta após


longos minutos.

Mantive o olhar firme nela e afunilei os olhos. Tinha entendido a


minha pergunta, por qual motivo não havia a respondido?

— O que mais?

— Você quer saber mais? — Mordeu os lábios de um jeito sensual,


atraindo a minha atenção para o seu rosto.

— Sim, eu quero. — Estiquei a mão por debaixo da mesa e apertei a


sua coxa, fazendo-a soltar um gemidinho e revirar os olhos.
— Algumas lingeries, talvez você goste delas.

— Talvez?! Pagou com o meu dinheiro, deveria pelo menos se esforçar


para me agradar.

— Estou fazendo isso... — Curvou o corpo sobre a mesa, insinuando


os seios e o generoso decote do vestido na minha direção. Se aquilo não era
um convite, eu não sabia mais o que poderia ser. Camila havia descoberto
como eu gostava de transar com as mulheres e parecia estupidamente a fim
de repetir a dose.

Soltei o talher que ainda estava em uma mão e dei a volta na mesa.
Puxei-a pelo cabelo e fiz com que se levantasse, encarando profundamente os
meus olhos.

— Você está brincando demais com o perigo.

— Quer que eu fique comportada? — questionou-me e eu não


respondi. Camila sabia o que eu iria dizer, mas o estranhamento quanto a isso
não foi maior do que a minha vontade de beijar seus lábios perigosamente
vermelhos.

Segurando firme a sua cabeça, com meus dedos embrenhados entre os


fios, trouxe a boca dela até a minha e percebi que Camila soltou o peso do
seu corpo, entregando-se completamente para mim.

Era desse jeito que eu gostava dela: calada, entregue e submissa...

— Eu não vou pegar tão leve com você essa noite — disse, antes de
colocar a minha língua de volta na boca dela.

Camila apoiou uma das mãos no meu ombro enquanto correspondia ao


meu beijo com a mesma intensidade feroz. Ela era uma mistura estranha de
fogo e tempestade que estava abalando as minhas estruturas sem que eu
percebesse. Talvez notasse que ela estava minando as minhas muralhas
apenas quando fosse tarde demais.
Capítulo vinte e um

No momento em que perdi o equilíbrio das pernas, Logan envolveu a


minha cintura com o braço firme feito aço. Eu mergulhei ainda mais no nosso
beijo, desfrutando-o gota a gota e deliciando-me com o quanto era bom, a
melhor coisa que eu já havia provado na vida.

— Hoje, as coisas não serão tão fáceis quanto ontem — sussurrou ao


pé da minha orelha, me deixando completamente arrepiada após mordiscar o
lóbulo.

— Eu estou preparada — afirmei com convicção, sentindo o desejo


pulsar entre as minhas pernas enquanto as mãos do Logan me percorriam e
ele me empurrava contra a mesa.

— Vem! — Segurou os meus pulsos e me puxou com ele, fazendo-me


atravessar todo o castelo.

Quando Logan fechou a porta da masmorra e acendeu as luzes, eu já


estava tremendo e com o coração acelerado. Olhei à minha volta,
reconhecendo algumas coisas que me provocaram espanto da primeira vez,
mas que já não assustavam mais.

Antes que ele ordenasse, ajoelhei-me sobre o tapete e joguei o cabelo


para trás, deixando que o prendesse. Não compreendia o motivo de ele gostar
de prender meu cabelo, mas não achava a coisa mais importante para
perguntar no momento. Logan escorregou os dedos pelo meu cabelo e me
deixei levar pelo estupor de ter seus dedos roliços o penteando. Prendeu-o
com uma gominha como na noite anterior e me puxou pelos ombros para que
me levantasse.

Parou atrás de mim, segurando o zíper do meu vestido e eu fechei os


olhos, tombando a cabeça para o lado, tornando mais fácil o seu trabalho de
me despir. Minha respiração estava calma, contrastando extremamente com o
restante do meu corpo, que aguardava em polvorosa pelo próximo toque
quente e provocativo da sua pele na minha.

Logan abriu o vestido e o deslizou pelos meus ombros, o frio na minha


barriga aumentou quando a peça foi ao chão e ele me virou de frente, para
que pudesse observar a lingerie que eu havia escolhido.

— O que achou, senhor? — disse a última palavra em um tom


provocativo, e Logan percebeu isso, mas restringiu a sua indignação a apenas
um enrugar de sobrancelhas.

— Poderia ser um pouco menor. — Fitou-me duramente ao passar o


dedo por dentro do elástico da minha calcinha e precisei me conter para não
estremecer ou soltar um pequeno gemido.

Jogar com ele era um teste apenas para o coração, mas para o restante
do meu corpo, que beirava o colapso toda vez que ele me encarava ou tocava.

— Irei querer vê-las.

— Em outras noites. — Sorri e ele acabou me sorrindo de volta.

— Agora, tira tudo. — O olhar baixo, de predador, me fazia estremecer


ao mesmo tempo em que me deixava completamente excitada.

Abri o sutiã enquanto ele me assistia, tirei-o e fiz o mesmo com a


minha calcinha. Tê-lo assistindo enquanto eu me despia fazia o ato parecer
completamente proibido e devasso, aumentando ainda mais a adrenalina que
corria pelas minhas veias.

Achei que Logan fosse me levar para a cama, mas ele me segurou e fez
com que eu me agachasse outra vez. Caminhou até a cômoda e eu o
acompanhei com o canto de olho, com o coração alternando entre batidas
lentas e desesperadas. O que ele iria fazer comigo a seguir era sempre uma
incógnita. Passou algo de couro diante dos meus olhos e envolveu o meu
pescoço. Imaginei que fosse um simples colar, até que ele puxou meu
pescoço para trás. Uma coleira! Pensei em protestar devido ao susto, mas não
estava, de fato, me machucando.

Ele segurou a minha mão e me puxou até a cadeira que estava em um


dos cantos da masmorra. Ela possuía um estilo medieval, mas seu assento e
encosto possuíam um estofado confortável.

— Senta! — Abaixou-me, empurrando-me pelos ombros.

Acomodei-me na cadeira e Logan se agachou, amarrando primeiro os


meus tornozelos e depois os meus pulsos para trás. Com os movimentos
completamente restringidos, só me restava esperá-lo.

Logan tirou a camisa, colocou-a sobre a cama e foi até a cômoda,


pegando dentro dela várias coisas que não consegui distinguir e as colocou na
pequena mesa redonda ao meu lado. Tínhamos a noite inteira e ele parecia
disposto a usar cada minuto para testar os meus limites.

Pegou algo, que só notei ser uma venda quando o aproximou do meu
rosto. Balancei a cabeça em negativa e cerrei os dentes.

— Isso não, por favor.


Logan colocou a venda de volta na mesa e ergueu o meu queixo com o
polegar, obrigando-me a encará-lo, havia um misto de confusão e receio em
seus olhos azuis.

— Por que não?

— Quero poder olhar nos seus olhos e ter certeza que é você enquanto
tudo acontece.

Poderia negar para mim mesma e para todo mundo que não haviam
ficado sequelas, mas, no fundo, ainda era guiada pelo medo.

— Certo. — Ele assentiu, acatando bem a ideia de não me vendar.

Queria poder fitá-lo a todo o momento e ter certeza de que havia


consentido com o que estava acontecendo.

Ele pegou dois grampos. Fiquei encarando-os e me perguntando para o


que era, até que segurou um dos meus seios e prendeu o mamilo. Joguei a
cabeça para trás com a leve dor e a recostei no encosto da cadeira,
estremecendo com a pressão que vinha do estímulo constante aos meus
mamilos. Gemi o nome dele baixinho enquanto ficava inquieta na cadeira; ao
mesmo tempo que havia prazer na pressão dos grampos, eles eram levemente
dolorosos e eu queria tirá-los dos meus seios, mas, com as mãos amarradas,
era impossível. Toda aquela agonia e aflição me deixava ainda mais sensível
à excitação. A sensação, que saía do estímulo improvável dos meus seios e se
alastrava por todo o meu corpo, estava me deixando ensandecida. Eles tinham
uma corrente que ligava um ao outro, e ficou como uma espécie de colar
sobre o meu abdômen.

Logan olhou para mim com ar de quem estava se divertindo com o


meu momento de aflição e pegou algum gel na mesa, passando-o nas mãos,
esfregando-as intensamente uma na outra. Aguardei o que ele iria fazer em
um misto de ansiedade e desespero. Por mais que houvesse fantasiado
sensações de calor e frio quando ele me tocasse, não consegui me preparar.

Ele tocou a face interna da minha coxa e eu saltei na cadeira, bom,


apenas o que permitiu minhas mãos e braços atados. As mãos dele tinham me
dado um choque. Não um choque doloroso e intenso, mas um leve choquinho
que me assustou. As mãos dele estavam energizadas e, à medida que
percorriam a minha coxa, provocava pequenos choques e formigamentos que
me deixavam ainda mais excitada.

Era agonizante sentir um impulso louco de esfregar uma perna na outra


para conter o desejo pulsando no meu sexo, mas não conseguir por estarem
amarradas. Ele parecia se divertir com todo o meu desespero, pois estava
sorrindo ao contornar meu corpo, deixando pequenas descargas elétricas nos
locais onde as palmas das suas mãos me tocavam. Era impossível fechar os
olhos ou deixar de gemer.

Ele se ajoelhou diante de mim com as mãos segurando firme as minhas


coxas e imaginei que fosse enfiar algum objeto em mim, talvez outro
vibrador. Queria ter a sensação do brinquedo vibrando dentro de mim, mas
fui completamente surpreendida outra vez com seu hálito quente tocando a
minha intimidade.

Logan pegou algo sobre a mesa, tirou a embalagem e jogou na boca.


Seria uma bala? Não tive tempo de pensar a respeito, pois fui arrebatada com
a pressão da sua língua tocando o meu clitóris. Rebolei na cadeira,
remexendo-me, sem poder fazer muita coisa que não fosse gemer. A forma
como as minhas pernas estavam amarradas na cadeira, bem distanciadas,
dava ao Logan total acesso à minha vagina. Ele escorregou a língua pelos
grandes lábios e me penetrou levemente. Seja lá o que ele estava chupando,
deixou sua língua refrescante de um jeito que me provocava calafrios ao tocar
naquela parte tão sensível e quente de mim. Era ainda mais arrebatador do
que o gel de pimenta e deu para ele o controle sobre cada gemido meu, que
acontecia cada vez que introduzia a língua no meu canal.

Logan apertou as faces internas das minhas coxas e eu soltei um grito


ao ser varrida por outro choque em meio a espasmos cada vez mais intensos
de prazer, que vinham em ondas no ritmo em que ele me penetrava com a
língua ou me chupava com a boca.

Senti minhas forças serem drenadas de mim enquanto eu gozava com


os lábios dele envolvendo o meu clitóris, chupando-o com uma pressão
contida e alucinante, o que fez com que o meu prazer se estendesse por
minutos.

Tombei a cabeça para frente, ofegante, com as pernas trêmulas e


fracas. Felizmente, estava sentada, pois, caso contrário, teria desmoronado.
Enquanto eu me recuperava, Logan soltou as minhas pernas e minhas mãos.
Fui levada por ele até a parede, ainda trocando as pernas e tropeçando nos
meus próprios pés. Dessa vez, Logan prendeu apenas os meus pulsos, com
meus braços cruzados em X e de costas para ele. Seus dedos contornaram a
minha nádega, ele acariciou a minha bunda antes de bater, mas o estalo do
tapa ecoou por toda a masmorra. Ardeu, mas foi delicioso na mesma medida,
deixando meu corpo todo aceso outra vez e ansioso por mais. Achei que ele
fosse me penetrar, mas o que senti foi outro tapa. Espichei-me contra a
parede como uma gata manhosa e cravei as minhas unhas atrás de mim
enquanto rebolava nas mãos dele, que seguravam as minhas nádegas.
Logan finalmente tirou a bermuda e a cueca, posicionando-se atrás de
mim. Soltei um gritinho de alívio, quando ele me puxou pela cintura e me
encaixou nele, num tranco firme, entrando em mim sem qualquer dificuldade.
Estava molhada e mais do que pronta. Esfregava a minha bunda na sua pélvis
enquanto ele me puxava para trás, cravando-se o mais fundo possível em meu
interior, seu pau pulsando, abrindo espaço e tocando a entrada do meu útero.

Dessa vez, não houve dor e me senti no meu paraíso particular. Nos
movíamos quase que instintivamente. Ainda estava com as mãos atadas, mas
o fato de ter minhas pernas livres, me ajudava a levar meu corpo até o Logan
sem esperar que ele viesse até mim. Meus gemidos se tornaram mais audíveis
e Logan puxou a coleira, levando a minha cabeça para trás, até que eu a
apoiasse no seu ombro.

Embriagada por cada onda de prazer que me varria, até que fosse
levada ao orgasmo novamente. Assim que Logan apertou um dos meus seios,
que já estava altamente estimulado pelo prendedor de mamilo, eu desvaneci
nos braços dele, sendo sustentada pelas amarras que atavam meus pulsos. Ele
continuou se movendo, dessa vez com mais força, até que senti um líquido
quente jorrar para dentro de mim.

Logan soltou as minhas mãos, mas precisou me segurar para que eu


não caísse no chão e ficou com os braços ao redor da minha cintura até que
eu firmasse as minhas pernas. Minha visão estava embaçada e minha boca
seca, como se eu estivesse há horas sem tomar qualquer líquido.

Ele me soltou e saiu de dentro de mim, ignorando os meus gritinhos de


protesto. O vi se limpar com algo que me pareceu um lenço umedecido, antes
de colocar a cueca e a calça.
— Tem um banheiro ali atrás, você pode ser lavar lá.

Só depois que ele falou isso que percebi que o esperma dele estava
escorrendo pelas minhas pernas. Ao me tocar que havíamos transado sem
camisinha, fez sentido a preocupação dele em saber se eu possuía alguma
doença e para que eu usasse algum método contraceptivo. Era provável que
transarmos sem camisinha fosse se tornar um hábito.

Iria me virar para encará-lo e comentar alguma coisa, mas antes que eu
fizesse isso, ele foi embora e me deixou sozinha, nua e completamente sem
forças.
Capítulo vinte e dois

Acordei empolgado naquela manhã, não poderia negar que estava


gostando do rumo que a situação acabou tomando. Abominava a ideia de ter
uma escrava sexual, mas o fato de ter Camila ali ao meu alcance, toda vez
que quisesse uma foda, era no mínimo interessante. Obviamente, ela poderia
ir embora no momento que desejasse, porém, enquanto ela continuasse como
minha hóspede, iria desfrutar da sua companhia. Saber que os testes dela para
DSTs deram negativo me deixou ainda mais tranquilo. Fazia tempo que não
transava com alguém sem camisinha ou lambia uma boceta. Por mais que o
Wallace se certificasse de que as mulheres com quem eu trepava estivessem
limpas, elas ainda eram putas e eu ficava receoso, mas com a Camila, tinha
certeza de que era o único homem para quem ela andava abrindo as pernas.

— Senhor? — Um funcionário entrou no meu escritório na minha


destilaria e me tirou da minha divagação momentânea a respeito da mulher
que eu estava abrigando na minha casa.

— Sim!? — Sacudi a cabeça, tentando colocar os pensamentos em


ordem.

— Os suecos chegaram para a reunião.

— Leve-os para a sala e diga que chegarei em alguns minutos.

— Sim, senhor!

Assim que o funcionário saiu, levantei da minha cadeira e ajeitei o meu


terno. Precisava tratar de negócios, deixando para pensar na Camila quando
chegasse em casa. Ela era problema ou solução para outro momento.

Deixei meu escritório e segui pelo mezanino da destilaria até chegar à


sala de reunião, onde um grupo contendo duas mulheres e três homens
aguardava por mim. Eles eram responsáveis por uma rede de empórios por
toda a Suécia e, se fechássemos contrato, o acordo me renderia um lucro de
milhares de libras.

— Bom dia! — Sorri ao entrar na sala. — É um prazer recebê-los —


falei em sueco, querendo parecer receptivo, ainda que arranhasse um pouco o
idioma.

— Senhor Mackenzie. — Um homem deu um passo para frente e me


estendeu a mão. Assim que eu o cumprimentei, os outros fizeram o mesmo.

— Podemos falar na sua língua — disse uma das mulheres, sem tirar
os olhos de mim. Percebi que, se dependesse dela, o nosso acordo seria
fechado sem qualquer restrição.

Sentei-me no topo da mesa e indiquei os lugares para os meus


convidados; à frente de cada um, estava um catálogo com todas as bebidas,
inclusive a água mineral que era extraída das montanhas não muito distantes
daquele prédio.

— Como já havíamos conversado anteriormente, tenho um grande


interesse de oferecer o meu produto na rede de vocês — comecei a falar,
quando senti o meu celular vibrar.

Ignorei a mensagem que havia recebido e continuei falando com os


empresários, até que eles pararam para observar o catálogo. Olhei
rapidamente, imaginando ser alguma coisa do Wallace, ele resolvia tudo no
castelo e poderia ter encontrado algum problema, mas não era nada disso. Era
uma mensagem da Camila e a imagem exibida na tela do meu celular me
deixou completamente desconcertado. O que diabos era aquilo?!

Não havia legenda, nenhum texto, apenas uma imagem, porém, achei
que dispensava explicações. Uma imagem valia mais do que mil palavras,
como costumavam dizer. Na foto, Camila estava com uma meia-arrastão de
corpo inteiro, que cobria dos seus tornozelos aos pulsos e, ao mesmo tempo,
mostrava tudo através dos quadriculados enormes, que pareciam uma rede de
pesca. Como se não bastasse a roupa, ela estava em um ângulo que me
deixava ver parcialmente o seu sexo. Para completar, havia um buraco na
meia para deixá-lo de fora. Dei zoom na foto, observando a forma como os
mamilos dela se espremiam para passar pelos buracos da meia. Fiquei duro e
senti o meu rosto arder, sendo impossível de evitar. Tinha certeza de que, se
estivesse sozinho no meu escritório, acabaria batendo punheta para a maldita
foto. Aquela menina tinha ficado louca?

— Senhor Mackenzie? — A mulher que me comia com o olhar me


chamou. — Está tudo bem?

— Sim, claro que sim! — Abri um sorriso amarelo, tentando parecer o


mais compenetrado possível, e coloquei a mão sobre o pau para disfarçar que
ele estava duro e esticava o tecido da calça. — O que acharam dos produtos?
Claro que os levarei daqui a pouco por um tour pela destilaria, onde poderão
degustar das bebidas e conhecer um pouco mais sobre a nossa história. Sei
bem o quanto o mundo está ávido por mais coisas com a essência dos clãs
escoceses.

— Com toda a certeza. — A mulher umedeceu os lábios e confesso


que o fato de ela ser feia ajudou a acalmar o volume dentro das minhas
calças.

Tudo o que tentei naquela tarde foi tratar de negócios e me esquecer da


foto que Camila havia enviado para mim, porém, acabei falhando
miseravelmente.

Cheguei no castelo junto com a noite. Estacionei meu caro de qualquer


jeito, parcialmente torto, e entrei sem me preocupar com qualquer outra coisa
que não fosse encontrar a garota. Ela não estava no seu quarto e nem na
biblioteca, mas a encontrei na cozinha.

De longe, pude vê-la debruçada sobre uma das bancadas, conversando


com a Elga sobre um assunto qualquer como se nada tivesse acontecido. Ela
estava com um vestido florido e rodado, como se fosse uma bonequinha, mas
suas pernas estavam cobertas pela meia-arrastão. Será que, por debaixo da
veste quase infantil, ela estava vestindo a peça que usara para estragar o
meu dia?

— Camila! — rosnei ao chegar na porta da cozinha.

Ela se encolheu como se não soubesse o que havia acontecido e Elga


arregalou os olhos, preocupada com toda a minha fúria. A pobre cozinheira
não sabia o que aquela menina havia aprontado comigo. Não permitiria que
brincasse daquele jeito e saísse impune.
— O que foi? — Fez-se de desentendida, mantendo o olhar angelical.

— Ainda tem a coragem de me perguntar o que foi? — Cheguei perto


dela e a puxei pelo pulso.

— Senhor, por favor, não machuque a menina. — Elga tentou se


intrometer, mas apenas lancei para ela um olhar feroz.

Estava puto, talvez não devesse, mas estava. Puto por ter ficado tão
excitado.

— Tudo bem, Elga, não se preocupa. — Camila sorriu para ela e


permitiu que eu a arrastasse para longe dali.

Parei num corredor, em uma distância segura da cozinha e da entrada


do castelo. Acreditava que, ali, nenhum empregado fosse nos ver, e se visse,
foda-se.

— Você ficou maluca?!

— Não gostou da minha foto? — Encolheu-se com um ar


decepcionado.

— Comprou a porra de um celular para ficar me mandando nude?

— Não, mas achei que você pudesse gostar.

— Tenho assuntos muito importantes para tratar quando estou


trabalhando e não posso ficar excitado enquanto converso com possíveis
parceiros de negócios.

— Você ficou excitado? — Os olhos dela brilharam e percebi que a


mulher ouviu apenas o que quis.
— Caralho, Camila!

— Não precisa ficar bravo. — Fez um ar todo manhoso ao puxar a


minha mão e colocá-la entre as suas pernas, por dentro do vestido.

Senti as fibras da meia-arrastão e a garota tola e imprudente guiou


meus dedos até a sua intimidade. Senti a umidade, os lábios e o clitóris
inchado, e quando o contornei com o dedo, Camila deu um gemidinho ainda
maior.

— Estava esse tempo todo sem calcinha?

Fez que sim.

— Esperando você chegar.

Naquele momento, eu tive certeza de que ela me faria perder a cabeça,


pois meus últimos fios de racionalidade foram arrancados quando eu a
empurrei contra a parede. Mordisquei seus lábios e a beijei cheio de fome,
desejo, raiva e descontrole, enquanto subia suas pernas e a fazia abraçar a
minha cintura. Apertei-a mais contra a parede, para mantê-la firme, e forcei
as alças do seu vestido para baixo, até que seus seios ficassem expostos e
seguros pela meia, assim como na foto.

Mordisquei o mamilo pronunciado que estava para fora das fibras,


sentindo uma fera urrando dentro de mim, selvagem e completamente
descontrolada. Abri o zíper da minha calça social e extraí o meu pau, que
estava mais do que melado por ter passado o dia inteiro na vontade.

— Escuta aqui, garota — rosnei ao pé do ouvido dela e percebi que


estava estremecendo contra mim —, ao caralho essa coisa de que temos a
noite inteira. Não me mande outra foto dessa se não quiser ser fodida com
força. Eu tenho regras, mas se você desobedecê-las, eu não vou ter dó da sua
boceta — ameacei, esperando que ela pensasse duas vezes antes de fazer algo
tão irresponsável assim novamente.

— Então me fode. — Esfregou o corpo em mim, pedindo.

Não tive tempo para pensar direito, foi só um impulso. Meti nela, ali
mesmo, no meio do corredor. Ao inferno alguém que passasse ali e achasse
imoral. Queria fazer com que ela pagasse pela sua atitude com gemidos. Com
uma mão, eu segurei a parede, e com a outra, eu segurei a cintura dela,
descarregando de uma vez toda a vontade que havia acumulado. Não fui
paciente, nem delicado, muito menos me perguntei se estava a machucando
enquanto a fazia bater as costas na parede. Contudo, seus gemidos não eram
de dor e o doce agarre cada vez mais intensos dos músculos do seu canal no
meu pau, mostravam que a minha punição estava bem longe de ser ruim para
ela.

Estava tão descontrolado que não me esforcei para me conter ou fazer


durar, queria puni-la pela irresponsabilidade, mas estávamos apenas sentindo
prazer. Gozei nela e Camila continuou se esfregando em mim, até encontrar o
próprio orgasmo.

— Tem certeza que não quer mais fotos como aquela? — Ela ofegou,
escorando-se na parede quando a tirei do meu colo.

— Camila, precisa parar com isso. Atrapalha o meu trabalho. —


Estava nitidamente mais calmo depois de ter transado com ela feito um
animal.

— Tudo bem. — Ela afagou meu ombro e passou por mim, seguindo
até as escadas. Presumi que fosse para o seu quarto tomar um banho e tirar
aquela maldita meia.

Ajeitei a minha calça e respirei fundo. Para onde diabos havia ido o
meu controle?
Capítulo vinte e três

Remexi na cama quando os primeiros raios da manhã tocaram o meu


rosto. Espreguicei em meio a um sorriso. Tinha corrido um risco, levado o
Logan ao limite e lidado com as consequências disso. Por sorte, elas foram
ainda melhores do que eu imaginava. Ele poderia ter me punido, brigado
comigo, me amarrado, chicoteado, feito milhares de coisas, mas acabou
apenas querendo concretizar o desejo que a foto despertou nele. Queria que
ele me quisesse muito e parecia estar conseguindo.

Logan não me levou para a masmorra depois do sexo no corredor, mas


se tinha considerado a noite perdida? Muito pelo contrário. Ver que ele não
tinha conseguido se conter me deu mais um ponto de vitória naquela disputa.

Levantei-me da cama, fui até o banheiro, fiz minha higiene pessoal e


coloquei roupas mais comportadas, apenas uma bermuda e uma camiseta.
Não podia exagerar, sabia disso ou ele se irritaria tanto ao ponto de me
expulsar dali. Isso era o que eu menos queria.

Imaginei que ele já havia saído para trabalhar e desci direto para a
cozinha. Encontrei Elga mexendo em uma massa, talvez um pão. Ela se
assustou quando me viu parada na porta.

— Menina!

— Oi! Dormiu bem?

— Sim, preocupada, mas dormi bem.


— O que aconteceu? — Cheguei mais perto dela e puxei um banco
para me sentar ao seu lado.

— Você e o senhor ontem, o que diabos foi aquilo?! — Bateu a farinha


das mãos no avental antes de segurar a cintura.

— Ah! — Abri um sorriso amarelo.

— Ele machucou você?

— Não, Elga, claro que não.

— Então, o que foi aquela gritaria toda no corredor, e os gemidos?

— Sexo. — Escondi o rosto entre as mãos e a cozinheira ficou


completamente desconcertada.

Elga era o mais perto de alguém que verdadeiramente se preocupava


comigo que eu tive nos últimos meses. Eu havia contado para ela tudo o que
passei e choramos juntas por alguns dias. Ela também sabia do meu intuito de
conquistar o Logan e, consequentemente, um lugar definitivo naquele castelo.

— Você parece tê-lo tirado do sério. — Balançou a cabeça em


negativa, repreendendo-me.

— Só mandei uma foto, nada demais.

— Que foto? — Franziu o cenho, descrente de ser algo tão simples,


pois uma bobagem não causaria os efeitos que causou.

— Uma praticamente nua enquanto ele estava trabalhando.

— Menina!
— Só queria que ele pensasse em mim.

— Criança — suspirou ao afagar o meu ombro –, pode estar se


arriscando demais. Ele não passou todo esse tempo sozinho sem motivo. Tem
muita dificuldade para se ligar às pessoas. Estou aqui desde que ele era
menino, sempre foi uma criança muito distante e solitária. Pode apostar alto
demais e acabar sem nada.

— Eu já não tenho nada, Elga. Mas sou muito feliz aqui.

Ela se afastou e retornou para a massa do pão. Sabia que ela estava
com medo, em outras ocasiões, eu também estaria, porém, não era mais a
menina feliz que tinha passado na faculdade de moda e que ajudava a mãe em
uma loja de roupas.

Eu não iria voltar para o Brasil e correr o risco de enfrentar meu


padrasto enquanto catava os cacos que restavam da minha antiga vida. Tinha
uma chance de ter o Logan e iria agarrá-la com unhas e dentes. Ele era
solitário, eu também, ele poderia cuidar de mim, e eu, dar o amor que ele não
teve.

Depois do nosso almoço, ajudei a Elga lavando as louças e voltei para


o quarto, ficando lá no período da tarde. Wallace havia deixado o cartão do
Logan comigo e eu o usei para pagar um curso a distância, assim, aproveitava
o meu tempo livre para estudar. Ainda tinha vontade de poder trabalhar com
moda um dia, ainda que isso ficasse apenas no sonho.

— Senhorita, não saia do quarto — Wallace apareceu na minha porta e


eu tomei um susto enorme.

— Por que não? — Franzi o cenho.

Será que eu havia irritado tanto o Logan na noite anterior que ele
havia pedido ao capacho para me manter longe dele? Caso fosse isso, iria
precisar reverter a situação ao meu favor.

— Wallace, escuta, sei que o Logan pode....

— Só fica aqui! — Nem terminou de falar antes de fechar a porta na


minha cara.

Ele não poderia me prender daquele jeito por causa de uma maldita
foto, poderia?

— Wallace! — Ele não respondeu e eu fiquei furiosa.

Não iria deixar que o Logan fizesse aquilo comigo. Disse que eu era
livre naquele castelo e o recordaria disso.
Capítulo vinte e quatro

Sem reuniões ou fotos comprometedoras da Camila, meu dia de


trabalho acabou sendo um marasmo. No fim do expediente, juntei as minhas
coisas e voltei para o castelo. Confesso que tinha um estímulo de um metro e
sessenta, e bastante atrevida, que me fazia querer chegar logo.

Não havia admitido para mim, para o Wallace, ou para qualquer


pessoa, que eu estava me acostumando a presença da Camila na minha casa.
Por mais que ela me tirasse do eixo e me deixasse completamente
desconcertado às vezes, ela dava uma vida ao castelo que sempre fora tão
escuro. Não podia negar que o ambiente frio, antigo e afastado de tudo, era
um reflexo de mim.

Iria tomar um banho e talvez chamá-la para jantar comigo, antes que
eu pudesse levá-la para a masmorra. Quem sabe, até exigisse que usasse
aquela meia-arrastão de corpo inteiro outra vez, apenas a meia.

Estava fantasiando com a Camila quando entrei no hall do castelo, mas


antes que eu subisse o primeiro degrau da escada, ouvi um chamado da sala
de visitas formal. Pensei que fosse um delírio terrível antes de ouvir
novamente.

— Logan, querido.

Fechei os olhos e inspirei profundamente.

Ela não está aqui... É coisa da minha cabeça.


— Logan, filho! — Braços finos me envolveram, mas eu a empurrei
antes que pudesse prolongar o abraço.

— O que está fazendo aqui?! — rosnei enquanto ela cambaleava


alguns passos para trás.

— Meu amor, achei que ia ficar mais feliz de ver a sua mãe.

Havia uma dezena de sentimentos dentro de mim, no entanto, tinha a


total certeza de que nenhum deles era felicidade ou algo que fosse sinônimo
de alegria.

A mulher loira e de olhos verdes, não estava muito diferente da última


imagem mental que eu tinha dela. Um vestido preto, com o casaco marrom
sobre os ombros, joias nos pulsos, orelhas e pescoço, esbanjava a vida
ostentosa que sempre quis ter e jogou todas as cartas para isso, inclusive ter
um filho que ela abandonara.

— Falei para você não vir. Wallace não transferiu o dinheiro?

— Eu agradeço o presente, mas sabe que não foi por ele que eu liguei.

— Foi para me atormentar, então? — Estava arisco a presença e


qualquer aproximação dela.

— Querido — ela suspirou, fazendo bem o papel de chateada –, não


aja como se eu não sentisse a sua falta. Dessa forma, me deixa muito
chateada.

— Coitada, não é mesmo? — Ri, sarcástico. — Vou pedir ao Wallace


para levar você a Edimburgo, de lá, pode pegar um voo de volta para Paris.
Vá para a Champs-Élysées fazer compras e gastar o meu dinheiro, mas fique
longe daqui.

— Não sei o que fiz para ser tão mal recebida pelo meu próprio filho.

— Precisa que eu comece a listar? — Mantive os braços cruzados. —


Wallace vai levá-la embora.

— Por favor, querido, quero passar um tempo com você.

— Logan? — Ouvi outra voz me chamando.

Engoli em seco. Pronto! O circo estava armado. Virei-me e vi a


Camila parada a alguns metros, observando a mim e a minha mãe com um ar
confuso. A chegada da Amélia me fez esquecer do problema que poderia
enfrentar quando as duas acabassem se esbarrando.

— Logan, o Wallace me pediu para esperar no quarto, não imaginei


que você estava recebendo visitas. — Ela alternou o olhar entre mim e a
Amélia. O que estava procurando? Tentei não me importar com isso, mas era
difícil. O que iria dizer quando perguntas inadequadas começassem a ser
feitas?

— Quem é a garota adorável, filho? — Amélia caminhou até a Camila


e percebi que a media com o olhar, cada canto da menina e isso me deixou
ainda mais irritado. Já me bastava ter que lidar com a Camila, não precisava
da minha mãe tornando ainda mais complexa toda aquela situação.

— Filho? — Camila buscou o meu olhar e balancei a cabeça em


afirmativa, não tinha a escolha de mentir naquela situação.

— Sou Amélia Bordeaux, mãe do Logan. — Ela ajeitou a bolsa e


estendeu a mão esperando ser cumprimentada, e principalmente esperando
que a garota se apresentasse.

Neguei com a cabeça, encarando a Camila de forma severa para que


ela não abrisse a boca. Já tinha problemas demais para lidar, não precisava da
minha mãe intrometida neles.

— Sou Camila, Camila Ferreira. — Apertou a mão da minha mãe e


abriu um sorriso amistoso, tentando parecer simpática, mas percebi que
estava receosa.

— Imagino que não seja uma empregada, para chamar o meu filho
pelo nome.

Foi ingenuidade minha imaginar que ela contentaria sua curiosidade ao


saber o nome da Camila, porém, percebi que a situação estava cada vez mais
complicada.

— Ela é... — Mordi os lábios. O que eu iria dizer? Essa é uma garota
que comprei num leilão e agora estamos trepando.

— Sou a namorada dele. — Camila abriu um largo sorriso. Meu olhar


de fúria, atravessado por raios de raiva, não foi o suficiente para impedi-la de
dar a volta na minha mãe e vir abraçar a minha cintura.

— Que porra é essa? — murmurei ao aproximar a minha boca da


orelha dela, baixo o suficiente para que apenas Camila ouvisse.

— Prefere contar para ela que me comprou? Fica à vontade.

Maldita! Camila entendeu a situação e pareceu brincar com isso.


Estava furioso por ela ter dito aquilo. Eu não era ao tipo de homem que me
envolvia, muito menos tinha uma namorada, minha mãe sabia disso, contudo,
por mais que ela ficasse desconfiada sobre a veracidade dos fatos, era melhor
que não soubesse o que realmente havia acontecido para que a Camila
estivesse ali.

— Sobe para o quarto. — Apertei a bunda da Camila, fazendo-a dar


um saltinho e soltar um gemido.

— Vai jantar comigo?

— Vou.

Ela se virou, me deu um rápido selinho, acenou para minha mãe e


voltou pelo corredor, subindo a escada até desaparecer de vista.

— Namorada, Logan? — Minha mãe ficou boquiaberta. Acho que foi


a primeira vez que vi aquela mulher realmente surpresa com alguma coisa,
era como se, com suas artimanhas, estivesse sempre um passo à frente de
tudo. — Por que não me contou?

— Desde quando eu conto alguma coisa para você?

— Tem razão. — Fungou, como se as minhas palavras houvessem a


ferido. Deveria ser atriz e não golpista, estaria ganhando dinheiro de uma
forma muito mais honesta. — Sinto muito por todo o tempo que passamos
afastados, mas saiba que eu iriei recompensar cada segundo.

— Não precisa gastar seu tempo com isso. Só de pegar um avião de


volta para a França eu ficarei bem feliz.

— Não adianta ficar com essa cara. Vim para passar um tempo com
você e farei isso. É bom que eu terei a oportunidade de conhecer a sua
namorada. Ela não parece nova demais para você? Parece ser até menor de
idade. Não vá se meter em confusão por causa de um rabo de saia, meu filho.

— Ela tem dezenove, não que seja da sua conta.

— Vou adorar passar mais tempo com ela.

— Fique longe dela, Amélia! — rosnei, mostrando os dentes. Estava a


uma pequena gota de segurar a minha mãe pelos ombros e enxotá-la do meu
castelo.

— Só quero saber se ela é boa o suficiente para você.

— Com certeza, não é a mulher que me abandonou quando eu era um


menino, que tem o direito de decidir isso.

— Precisa parar de me julgar. — Coçou os olhos, como se estivesse


tentando esconder as suas lágrimas de crocodilo. — Você não faz ideia de
tudo o que eu já passei.

— Pois é, mãe! Coitada de você. Agora, se me dá licença, tenho coisas


mais importantes para lidar do que com os seus problemas. Pode esperar aqui
mesmo que o Wallace vai preparar o helicóptero para levá-la embora.

— Eu vou ficar aqui, filho.

— Não vai, não! — Dei as costas para ela e saí a procura do Wallace
em algum canto do castelo. Provavelmente ele deveria estar se escondendo de
mim, pois sabia o quanto eu iria ficar puto ao descobrir que a minha mãe
havia chegado.

Encontrei-o na biblioteca, escondido atrás de uma estante alta de


madeira, fingindo organizar alguns livros. Ficou na cara que ele estava
fugindo.
— Wallace!

Tomou um susto com o meu grito e deixou dois livros caírem, mas eu
me curvei para pegá-los antes que tocassem o chão.

— Senhor... — disse com a voz tremida.

— O que eu falei sobre não deixar a minha mãe vir para cá sob
nenhuma circunstância?

— O senhor já a viu?

— É claro que eu já a vi! — Bati a mão na estante, fazendo-a tremer


inteira. — Minha mãe não é o tipo de pessoa que tenta passar despercebida.

— Sinto muito, senhor. Ela apareceu do nada e não quis sair. Pedi a
Camila para ficar no quarto e estava esperando você chegar para que
resolvêssemos isso.

— Você acha que a Camila ficou?

— Maldita garota teimosa! — Bufou. — O que aconteceu? O que a sua


mãe perguntou? Sabe da história dela?

— Camila disse que somos namorados e eu não tive escolhas a não ser
confirmar a história dela. Se eu falasse a verdade, a situação ficaria ainda
mais complicada.

— O que quer que eu faça, senhor? — Ele estava pálido e meus gritos
não amenizavam a expressão de espanto em seu rosto.

— Tire-a daqui, assim como deveria ter feito no momento em que


percebeu a chegada dela. Já tenho problemas demais para lidar, não preciso
desse.

— Tentarei convencê-la a ir.

— Tente, não, faça! Nem que tenha que chamar o Jax ou qualquer
outro segurança da empresa dele para colocar essa mulher para fora daqui.

— Sim, senhor. — Abaixou a cabeça, assentindo. Esperava que o


Wallace desse logo um jeito naquela situação.

Saí da biblioteca pisando duro. Se havia algo que eu não gostava, era
perder o controle de tudo.
Capítulo vinte e cinco

Voltei para o meu quarto e sentei na cama, pensativa. Não sabia o que
o Logan tinha contra a mãe dele, mas, através dos gritos e dos olhares, ficou
evidente que ele não gostava da presença dela. Não estava no meu direito
julgar, mas fiquei curiosa.

Logan nunca tinha comentado comigo sobre a mãe, não que ele
comentasse alguma coisa sobre a família de modo geral. Elga falava que ele
era muito solitário, seu pai havia morrido quando era muito criança e os avôs
o criaram. Esses também partiram há alguns anos, mas da mãe eu não sabia
nada, até aquele momento. Independente do motivo que fosse, eles não se
bicavam.

Ouvi uma batida na porta do quarto e me levantei para abri-la.


Imaginei que fosse o Wallace, ou a Elga, no máximo uma das mulheres que
faziam a limpeza de todos os cômodos daquela casa enorme. Entretanto, não
era ninguém que passou pela minha cabeça.

Tomei um susto ao me deparar com os olhos verdes da mãe do Logan.

— Senhora Amélia? — Fiquei segurando a maçaneta da porta


enquanto a observava no corredor.

— Camila, certo?

Balancei a cabeça em afirmativo.

— Posso entrar?
Pensei em dizer que não, era o que Logan iria querer que eu fizesse.
Porém, pensei melhor, não sabia qual poder aquela mulher tinha sobre a vida
dele e era melhor não fazer inimizades, já que queria ficar ali em definitivo.

— Pode. — Abri um pouco mais a porta e saí do caminho para que ela
entrasse.

Acomodei-me na poltrona e ela se sentou na cama, olhando para o


quarto e depois para mim. Parecia ter algo em torno dos quarenta anos,
imaginei que tivesse bem mais e a idade fosse disfarçada pelas plásticas e
Botox.

— Esse quarto continua exatamente como eu me lembro. Parece que


muitas coisas nesse castelo permaneceram as mesmas desde o tempo que me
mudei.

— Isso faz muito tempo? — Cruzei as pernas e tombei o corpo na


direção dela, curiosa.

— Provavelmente bem antes de você nascer.

— Ah! — balbuciei, sem saber o que dizer.

— Estou muito curiosa a seu respeito. Meu filho nunca teve uma
namorada antes.

— Tem sempre uma primeira vez — desconversei. Sabia que tinha me


arriscado muito ao dizer aquilo. Pela expressão do Logan, ficou evidente que
ele não tinha gostado, mas a ocasião me permitiu fazer isso e, se perguntasse,
eu simplesmente poderia dizer que foi o melhor que consegui pensar no calor
do momento, sem me comprometer a externar que, verdade seja dita, tudo o
que queria era realmente ser namorada dele.
— Como se conheceram?

Engoli em seco. Se dando bem ou não, era ela mãe, e interrogatórios


sempre faziam parte do processo quando namorados conheciam a família.
Demorei um pouco pensando no que dizer para ela, com toda a certeza ia ter
que omitir o clube de orgia e o leilão de garotas virgens.

— Foi num bar em Londres. Começamos a conversar, ele me pagou


algumas bebidas e quando me dei conta, estávamos transando no banheiro. —
Ri, como se estivesse envergonhada de contar aquilo para ela. Vergonha teria
ao dizer a verdade, que na primeira vez que nos vimos, eu estava seminua e
drogada. — Vim para a Europa fazer um mochilão, passar alguns dias em
cada país, mas aqui estou eu, estacionada na Escócia. Sem arrependimentos, é
claro.

Não poderia me esquecer de combinar aquela história com o Logan


depois para que fossemos minimamente convincentes.

— Imagino que não tenha mesmo. — Ficou me analisando. Não sei


dizer se a minha história a convenceu, porém, foi o suficiente para que ela
não perguntasse mais a respeito. — Deve ter outras qualidades, além da
beleza, para chamar tanto atenção do meu filho.

— Espero que sim.

— Pretende se mudar para cá?

— Tenho algum tempo para ficar, por causa do meu visto de turista.
Vamos decidir como as coisas ficam quando ele estiver expirando.

— Compreendo. — Mordeu o lábio e fiquei me perguntando o que


poderia estar passando pela cabeça dela. Não me pareceu coisa boa. Talvez
ela fosse apenas uma mãe tentando proteger o filho e eu estava ficando
preocupada à toa. — De qual país você é?

— Brasil.

— Sim! Lembro das praias lindas.

— De onde eu vim, não tinha praia, mas sei que tem umas lindas pelo
país.

— Você... — Ela estava prestes a fazer outra pergunta quando o


Wallace entrou no meu quarto e dirigiu um olhar severo para nós duas.
Apenas me encolhi, mesmo que soubesse que não tinha qualquer culpa.

— Amélia, preciso que me acompanhe, por favor. O helicóptero já está


pronto.

— Não vou embora agora. — Estufou o peito. — Pode avisar ao meu


filho que eu vim para passar alguns dias com ele. E é isso que irei fazer.

— Amélia, por favor. — Ele respirou e inspirou. Ficou evidente o


quanto estava fatigado com aquela situação.

— Não vou!

— Vou tomar um banho. — Levantei e fui até o closet pegar uma peça
de roupa, dentre tantas que eu havia comprado com o cartão do Logan.

— Sim, que indelicadeza a minha. — Amélia se levantou. — Nos


vemos no jantar, querida.

Assenti com um movimento de cabeça e respirei aliviada quando ela


saiu do quarto. Wallace olhou torto para mim. Mas o que ele esperava que eu
fizesse? Escorraçar a mulher estava fora de cogitação.
Capítulo vinte e seis

De repente, a minha aguardada noite de foda com a Camila na


masmorra, transformou-se em um terrível pesadelo com a chegada da minha
mãe. Fui até o local do castelo que usava para sexo e dominação e coloquei
um pesado cadeado na porta, não me importava com os empregados
comentando, mas queria a minha mãe bem longe daquele lugar.

Esperava que Wallace fosse levá-la embora o quanto antes, estava


contando com isso, mas antes que eu chegasse aos meus aposentos, fui
interceptado por ele no corredor, dizendo que a minha mãe estava batendo os
pés de toda forma para ficar.

— O que quer que eu faça com ela, senhor?

— Escorrace!

— É a sua mãe, senhor.

— Como se ela houvesse se importado com isso antes.

— Senhor...

— Dê um jeito! — Passei por ele e segui para o meu quarto.

Só queria tomar um banho e ficar a sós com a Camila.

Depois de ter me barbeado e lavado o cabelo, vesti uma camiseta preta


e uma calça de moletom antes de ir para a sala de jantar. Esperava encontrar a
Camila, ou a Elga colocando a mesa, mas a primeira que eu vi foi a minha
mãe.

— O que ainda está fazendo aqui?!

— Já disse que eu quero passar um tempo com você. Não adianta


aquele seu empregado tentar me escorraçar.

— Quanto você quer, mãe?

— Não quero dinheiro, querido.

— Então o que diabos está fazendo aqui?! — Dei um grito tão alto que
vi a Camila parar na porta, pensando longas vezes se deveria ou não entrar.

— Quero um tempo com o meu filho e poder contar uma ótima notícia.
— Ela balançou a mão na minha direção, fazendo com que eu prestasse
atenção no anel de noivado que exibia. — Eu vou me casar.

— Lamento pelo otário da vez.

— Logan!

— Eu não tenho nada a ver com o que faz da vida ou em quem tenta
dar um golpe. Só quero que saia do meu castelo.

— Querido, por favor. Ele descobriu que tenho um filho e quer


conhecê-lo. Sei que já peço demais para você, mas, por favor, seja gentil
quando ele chegar amanhã para conhecê-lo.

— Ele vai vir para cá?

— Apenas por uma noite, prometo não tomarmos muito do seu tempo.

— Amélia... — Estava prestes a xingar, quando Camila parou ao meu


lado e entrelaçou seus dedos aos meus. Estranhamente, o calor da pele macia
dela e seu toque delicado fez com que eu ficasse mais calmo. — Apenas um
jantar. Se não sumir da minha frente em dois dias, prometo que arranco você
desse castelo nem que seja à força.

— Irá adorar conhecê-lo, querido.

— Só quero que leve você para bem longe daqui. — Virei-me para a
Camila, que me encarou num misto de receio e medo. — Fala para Elga levar
o jantar no meu quarto. Quero ficar sozinho.

Ela apenas assentiu e eu soltei a sua mão, voltando para o interior do


quarto e batendo a porta atrás de mim. Como, depois de tudo o que ela fez,
ainda tinha audácia de querer passar como boa mãe?
Capítulo vinte e sete

Logan estava muito irritado e eu não o julgava. Ninguém tratava a mãe


como ele estava tratando se não tivesse motivos.

Também não fiquei na sala de jantar. Avisei para a Elga servir o Logan
e fui para o meu quarto. Algo dentro de mim me avisava para passar o mais
longe possível da mãe do Logan, se quisesse continuar na minha jornada para
conquistá-lo.

Fiquei me perguntando se deveria ir até o quarto dele, mas achei


melhor deixá-lo sozinho. Só o fato de não ter recuado quando segurei a sua
mão já era um ótimo sinal.

Terminei o meu jantar, coloquei as coisas num canto da pequena mesa


redonda, esperando a coragem para descer os níveis de escada e colocar na
cozinha. Peguei um romance que havia escolhido na biblioteca e sentei na
poltrona para ler. Abri onde estava marcado, mas antes que lesse a primeira
frase, a porta do meu quarto foi aberta. Precisava arrumar uma chave para
mantê-la trancada. Imaginei que fosse a mãe do Logan, para me fazer mais
um milhão de perguntas, talvez tentando me pegar em alguma contradição
que entregasse a minha mentira. Entretanto, não era ela, surpreendi-me ao ver
o Logan. Ele estava levemente ofegante e com as pupilas tingindo o azul dos
seus olhos com um negro enigmático.

— Logan... — sussurrei o nome dele ao fechar o livro e o colocar


sobre a mesa.

— Sabe o que eu achei no meu celular?


— O quê? — Fiz-me de desentendida, ansiosa para ouvi-lo falar.

— Sua foto.

Abri um sorriso discreto e estendi os pulsos para ele, assim o Logan


poderia prendê-los. Olhei para ele melhor e percebi que ele carregava uma
pequena mala, como aquelas de academia.

— Vai me levar para a masmorra? — Meu coração acelerou ao pensar


no que ele poderia fazer comigo naquela noite.

— Não. Essa noite não. Minha mãe é enxerida e não quero que ela
saiba da existência daquele lugar. Vamos ficar aqui, no seu quarto, e deixar
que ela pense que estamos transando como um casal normal.

— Eu não sabia o que dizer. — Encolhi-me, fingindo total inocência,


na esperança que ele acreditasse em mim.

— Você fala demais, garota. — Ele jogou a mala sobre o livro e a


abriu, tirando algo de dentro dela que não consegui identificar o que era. Uma
bola de plástico com duas hastes de couro. — Ajoelha! — Num tom firme,
carregado pela sua voz grossa e seu sotaque, ele me ordenou.

Fiz o que pediu, ficando de joelhos no carpete diante dele. Logan tirou
uma gominha do bolso, penteou o meu cabelo com as pontas dos dedos e o
prendeu em um rabo de cavalo, do jeito que ele gostava. Então, passou na
minha frente a bola de plástico, pressionando-a contra os meus lábios, até que
eu abrisse a boca. Me toquei que era uma mordaça quando o Logan a prendeu
atrás da minha cabeça. Tentei falar alguma coisa, mas consegui apenas emitir
gemidos.

Ele me puxou pelos ombros e me fez ficar de pé, segurou o rabo de


cavalo e puxou a minha cabeça até que a sua boca encontrasse a minha
orelha, causando um frisson por todo o meu corpo.

— Tira essa roupa e coloca a meia arrastão de corpo todo. Quero você
só com ela.

Assenti e fui até o closet, voltando alguns minutos depois vestida da


forma que ele havia me ordenado. Ele me percorreu completamente com o
olhar e esse ar de predador me atiçou, fazendo as minhas pernas
estremecerem e o desejo começar a pulsar entre elas. Estava vestida dos
ombros aos tornozelos, mas o quadriculado era tão grande que permitia ao
Logan ver todo o meu corpo, não apenas isso, havia um buraco generoso no
local da minha vagina, para que ele pudesse entrar com o pênis. Confesso
que, quando comprei aquilo, era exatamente aquele olhar de fome que queria
provocar nele.

Logan me pegou pelo braço e me levou para a cama. Com a mordaça,


tudo o que eu tentava falar não passava de um punhado de gemidos.

Deitei com as costas no colchão e ele trouxe a mala até os pés da cama,
tirando dela uma haste preta com duas algemas de couro nas pontas. Queria
perguntar o que era aquilo, mas não consegui. Logan apenas puxou as minhas
pernas pelos tornozelos e prendeu cada um em uma extremidade, deixando as
minhas pernas bem abertas. Havia outro que ele usou para prender os meus
pulsos. Fiquei com os braços e pernas abertos, além da boca bloqueada pela
mordaça, enquanto ele me observa. Completamente presa, Logan tinha todo
controle sobre mim, mas eu confiava nele.

Senti o calor pulsar na minha intimidade, a vontade incontrolável de


fechar as pernas e esfregar uma na outra, mas com aquele separador, era
impossível. Logan segurou a barra que distanciava as minhas pernas e
imaginei que ele estivesse cogitando tirá-la, mas ao invés disso, ele a puxou
para os dois lados, tornando-a maior, deixando as minhas pernas o mais
afastadas possível.

Ele foi até a porta, viu que não tinha chave para trancá-la e puxou a
poltrona para trás dela, para se certificar de que ninguém iria entrar e estragar
o nosso momento.

Subiu na cama e me virou de bruços. Meu gemido ficou ainda mais


abafado pela mordaça e pelo colchão. Fui dominada por uma pontada de
medo regada a uma ansiedade insana. Não estava familiarizada com aquelas
coisas, e cada noite de sexo com o Logan me apresentava novas formas de ser
dominada por ele. Eu ansiava por todas elas, pois tinha total confiança que
não importava o que ele fosse fazer comigo, não iria me machucar.

Escorregou as pontas dos dedos pela linha da minha coluna, até parar
na minha bunda e me dar um tapa. Gemi com a leve ardência, rebolando na
mão dele, que media a minha nádega com a palma. Ficou passando as mãos
sem qualquer pudor por ela, até descer o indicador a uma parte de mim que já
havia sido brutalmente violada.

— Eu posso tocá-la aqui?

Meu corpo retesou. Tentei me virar, mas não tinha qualquer controle
sobre mim estando presa daquele jeito. Ele me acariciou lá com o dedo,
fiquei completamente desconcertada. Lembranças ruins invadiram a minha
mente e tentei gritar, mas a mordaça não permitia, nem era possível cuspi-la.
Logan percebeu a minha aflição enquanto eu me debatia para tentar me livrar
da mordaça. Virou-me de frente para ele e a tirou.
— Não! Por favor... — Minha voz se perdeu em meio a súplica. —
Dói! Dói muito.

— Você confia em mim?

Estava receosa, mas balancei a cabeça em afirmativa, pois confiava.

— Não vai doer. Só relaxa e me deixa fazer.

Respirei fundo e fiquei encarando-o, para assentir um longo minuto


depois.

Ele tirou a sua camisa e a calça de moletom, colocando as peças de


roupa sobre a cabeceira da cama, enquanto eu aguardava num misto de
ansiedade e receio. A dor que senti com o meu padrasto, e depois com os
traficantes, era algo que não queria reviver, principalmente com o Logan, que
havia me proporcionado tantas coisas boas.

Pegou o meu rosto e trouxe para o seu, e boa parte da minha tensão se
desfez na forma carinhosa com que Logan me beijou. Esse carinho foi se
dissipando e logo se transformou em algo mais feroz, selvagem. Queria
abraçar o seu pescoço, puxar seu cabelo e odiei a forma como estava
completamente imobilizada. Ele mordiscou meu lábio antes de deixar a boca
escorregar pelo meu pescoço, chupar, morder e lamber minha garganta,
traçando um caminho até meus mamilos eriçados, que se sobressaiam pelas
fendas da meia. Contornou-os com a ponta da língua, deixando-os úmidos e
bem mais suscetíveis aos estímulos do seu hálito quente e da brisa fresca da
noite que entrava pela janela e serpenteava pelo quarto.

Logan continuou descendo com beijos e provocações até encontrar o


caminho para o meu sexo. Colocou o separador de pernas sobre os ombros,
mantendo-as abertas no ar, antes de se curvar e lamber lentamente o meu
clitóris. Eu me retorci inteira e soltei um gemidinho agudo. A onda de êxtase
me deixou eufórica e fez com que eu me esquecesse de qualquer
preocupação. Não havia calma nem clemência na forma como a sua língua
brincava comigo, em um beijo íntimo e enlouquecedor. Um dos seus dedos
parou dentro do meu canal, fazendo-me arquejar. Quando o Logan me
tocava, não havia dor, não havia medo, apenas um prazer imensurável. Deixei
ser levada pelo orgasmo, gemendo, gozando e me retorcendo toda na cama,
lutando contra os separadores de braços e pernas.

Logan colocou as duas mãos sob minhas nádegas e levantou meus


quadris. Sua língua desceu dos lábios do meu sexo, até uma região mais
enrugada e prendeu minhas nádegas com tanta firmeza entre os dedos, que
não consegui recusar o beijo tão inapropriado.

Logan afastou a cabeça e me virou de bruços outra vez. Envergonhada,


enterrei a cabeça no travesseiro, sabendo que não era a apenas a minha vagina
que ele estava requisitando para si.

Senti algo gelado e levantei a cabeça, tentando entender o que estava


acontecendo, mas tudo o que vi foi ele derramando alguma coisa de um tubo.

— O que é isso?

— Lubrificante.

Antes que eu fizesse outra pergunta, ele introduziu um dedo em mim.


Estava pronta para a dor, mas tudo o que senti foi meus músculos se
adequando a presença dele. Então, Logan introduziu outro dedo e aguardou.
Quando ele afastou a mão, imaginei que houvesse desistido, mas ele apenas
tirou a cueca e colocou uma camisinha, antes de elevar a minha cintura,
colocando alguns travesseiros por debaixo dela, para que eu ficasse
confortavelmente com a bunda suspensa.

Suas mãos voltaram para a minha cintura e senti a sua glande


pressionar. Fechei os olhos, escondi o rosto e me preparei para a dor, mas ela
não veio... Não era a mesma sensação de quando ele entrava na minha
vagina, contudo, passou bem longe da traumática experiência de estar sendo
rasgada a cada investida. Logan começou a se mover e eu sorri ao notar que
poderia ser confortável, e até prazeroso. Rebolei nele e deixei que
intensificasse os movimentos, até que encontrasse o próprio ápice.

Quando Logan acabou, ele saiu de mim, me virou de frente, procurou


meu clitóris com o indicador e o estimulou com movimentos circulares, até
me fazer gozar de novo.

Assim que nós recuperamos o controle sobre nossos corpos, Logan me


soltou e guardou os separadores na bolsa, juntamente com a mordaça.
Levantou e foi até o banheiro. Provavelmente para jogar a camisinha fora.

Quando percebi que ele começou a juntar as suas coisas e cogitou


vestir a roupa, espichei-me para fora da cama e segurei um dos seus pulsos,
fazendo-o olhar para mim.

— Fica aqui comigo — supliquei.

— Eu vou para o meu quarto.

— Fica! Vai ser mais fácil convencer a sua mãe que nós somos
namorados se ficar aqui na cama, comigo.

Ele balançou a cabeça em negativa, mas ficou me encarando, como se


ponderasse o meu pedido.
— Por favor...

Olhou para o meu corpo mais uma vez antes de deitar na cama.
Capítulo vinte e oito

Acordei com um peso no peito e abri os olhos, percebendo que aquele


quarto era claro demais para ser o meu. Olhei para baixo e percebi que
Camila estava dormindo calmamente em cima de mim, aninhada ao meu
peito. Tinha me esquecido completamente de que concordara em dormir com
ela.

Não lembrava a última vez que transei com uma mulher e acordei com
ela nos meus braços, nem me recordava se isso já havia chegado a acontecer.
A sensação foi estranha, mas não posso dizer que era ruim. Ela se moveu,
ainda dormindo e se aconchegou ainda mais, por reflexo, acariciei seu cabelo.
Meu movimento a despertou e Camila levantou a cabeça, olhando para mim.

— Bom dia! — Abriu um largo sorriso que iluminou todo o quarto.


Não consegui compreender o motivo daquela felicidade que inundou seus
olhos e o restante do seu rosto.

— Bom dia.

— Ainda estou me sentindo melada.

— Deve ser o lubrificante que eu usei em você ontem.

— Ah, claro. — Suas bochechas coraram e eu ri da sua vergonha, pois


não via motivos para ela.

— Vamos levantar e tomar um banho.

— Vai tomar banho comigo? — A felicidade aumentou ainda mais no


rosto dela.

— Se você quiser tomar banho sozinha, posso ir para o meu quarto e


deixá-la mais à vontade.

— Não! Quero que venha comigo.

Ela levantou da cama e me puxou pela mão com tanta força, que
conseguiu me arrastar até o banheiro.

Abri a porta do box onde ficava a ducha e a deixei entrar primeiro,


entrando logo depois. Camila abriu o registro e eu mexi nele, antes que a
água ficasse quente demais.

— Não quero sair daqui escaldado.

— Eu gosto da água quente. — Escondeu o rosto no meu peito. — Mas


posso me esquentar em você.

Não neguei, estranhamente, gostava dela bem junto a mim.

Peguei o sabonete e o esfreguei nas mãos, até que ficassem cheias de


espumas, e me dediquei a ensaboá-la, escorregando as minhas mãos pelas
suas curvas. Camila se escorou na parede do box, facilitando o meu acesso.
Contornei as suas nádegas e desci as mãos até a sua vagina, penetrando-a
com um dedo. Ela gemeu baixinho dando uma rebolada e meu pau acordou,
ficando imediatamente duro. Subi com a mão de volta para a bunda dela e
lavei o lubrificante.

Puxei-a para debaixo do chuveiro e Camila recuou alguns passos,


esfregando a bunda molhada em mim. Aquilo era pedir demais para o meu
autocontrole. Peguei os pulsos dela e, com uma mão, segurei-os contra a
parede, com a outra, puxei sua cintura até me encaixar nela. Gememos juntos,
e eu ofeguei. Tão quente... tão molhada... Não podia negar que era uma
delícia estar dentro dela.

— Rebola em mim — ordenei com a boca na sua orelha e percebi que


todos os pelos do seu corpo se arrepiaram.

Camila não precisou de outra ordem para esfregar a bunda em mim


enquanto eu me movia, espirrando água a cada impacto da minha pélvis nas
suas nádegas. Fechei os olhos ao ser envolvido pelo prazer do seu canal se
fechando ao redor do meu pau. Mordi sua orelha, sabendo que ela
estremeceria mais, apertando-me com mais força. Intensifiquei os
movimentos até gozar nela.

Soltei seus pulsos e levei a mão até o seu clitóris. Ela se esfregou mais
em mim e seus gemidos se tornaram quase gritinhos, até se desmontar nos
meus braços.

— Era para ser só um banho. — Respirou profundamente enquanto se


apoiava nas paredes.

— Nunca precisa ser só um banho. — Beijei a sua nuca.

— Quero mais banhos assim. — Virou-se para mim sorrindo e jogou


os braços ao redor do meu pescoço.

— Quem sabe podemos repetir. — Acariciei o rosto dela e Camila me


beijou.

Nosso momento foi interrompido por alguém batendo com tanta força
na porta do quarto, que imaginei que fosse derrubá-la.
— Camila, tem alguma ideia de onde o senhor está? O celular está no
quarto, mas não há nenhum sinal dele pelo castelo.

Pensei umas duas vezes se responderia ou não. Camila até fez um


gesto de silêncio, colocando o dedo sobre os lábios. A minha vontade era de
continuar ali, com ela, mas sabia que, mais cedo ou mais tarde, iria ter que
estourar a bolha e voltar para o mundo.

— Eu estou aqui, Wallace. Saio daqui a pouco.

— Okay, senhor, desculpe.

— Não pode ficar no quarto comigo o dia inteiro, pode? — Camila fez
bico ao massagear os meus ombros.

— Não — lamentei ao me recordar que, quando saísse dali, teria que


me deparar com a minha mãe.

Terminei de me lavar, sequei-me em uma das toalhas limpas e saí do


quarto, deixando a Camila terminar de se arrumar.

Segui para o meu escritório e encontrei o Wallace sentado na cadeira


diante da minha mesa, aguardando.

— Desculpa interromper alguma coisa, senhor. — Olhou para o chão,


envergonhado. Ri da forma como ele ficava desconcertado com as coisas que
eu fazia com as mulheres.

— Estava tomando banho. — Dei a volta na mesa e puxei a cadeira,


sentando-me diante dele.

Wallace levantou a cabeça e imagino que ele tenha percebido que


meus cabelos estavam molhados.
— Com ela? — Ficou boquiaberto.

— Não posso?

— Cla-claro. — Engoliu em seco, completamente desconcertado. —


Apenas não é uma atitude comum.

— De qualquer forma, não ajo dentro do esperado desde o primeiro


momento em que vi a Camila.

— Nisso o senhor tem razão. Sabe o que vai fazer quando o visto dela
expirar?

Parei de fitá-lo e desviei o meu olhar para a janela, não havia pensado
nisso até aquele momento. Queria que a Camila fosse embora? Iria deixar
que isso acontecesse?

— A escolha é dela, Wallace. É bem-vinda para ficar o quanto quiser.


Além disso, para todos os efeitos, diga a minha mãe que ela é minha
namorada.

— Namorada, senhor? — Nunca vi os olhos daquele homem tão


arregalados e isso me fez gargalhar.

— É mais fácil do que explicar toda a nossa relação para a Amélia, não
acha?

— Tem razão.

— Por que me chamou tão cedo? Hoje é sábado, não iria até a
destilaria.

— Ontem acomodei a senhora Bordeaux em um dos quartos de


hóspedes e ela me disse que um homem chegaria hoje. Um noivo dela.

— Provavelmente, é o próximo em quem ela vai aplicar um golpe. Vou


jantar com eles e depois vão embora. Se não forem, pode trazer o Jax e mais
alguns seguranças para arrancá-los daqui. Não quero ouvi-lo dizer que é a
minha mãe.

— Sim, senhor.

— Ótimo! — Levantei. — Vou trocar de roupa e sair para correr. Uma


última coisa: preciso de uma chave no quarto da Camila e de um jeito de
mexer na fechadura da masmorra, para que eu possa trancar por dentro.
Ainda é a mesma de centenas de anos atrás. Não quero ninguém me
interrompendo enquanto eu estiver com ela.

— Sim, senhor.

Saí do escritório e Wallace veio logo atrás, fechando a porta.


Capítulo vinte e nove

Saí do quarto e fui direto para a cozinha, onde a Elga me aguardava


todas as manhãs com um belo café da manhã.

— Bom dia! — Parei ao lado dela e dei um beijo em sua bochecha.

— Menina! — Ela se virou e me abraçou bem apertado. Elga era parte


fundamental para que eu me sentisse tão bem naquele castelo. — Dormiu
bem?

— Melhor impossível! — Meu sorriso era enorme e radiante. Sem


dúvidas, a noite anterior havia sido a melhor da minha vida em muitos anos.

— Posso saber o motivo?

Fiz que sim, dando leves pulinhos como uma criança empolgada.
Obviamente, não contava para a Elga como o Logan conduzia o sexo comigo,
nem iria, mas a noite anterior havia sido um marco.

— Ele foi para o meu quarto ontem, nós transamos e ele dormiu
comigo. Pude passar a noite inteira abraçada a ele.

Elga sorriu e percebi que, pela forma como ela me olhou, por mais
simples que fosse, vindo do Logan, era sim alguma mudança.

— Espero que vocês dois se acertem de uma vez por todas. Seria muito
bom ver aquele menino com uma esposa e uma família. Vocês dois precisam
muito um do outro.
Uma esposa e uma família... Aquela frase ficou ecoando na minha
mente repetidas vezes enquanto eu me sentava para comer. Não almejava um
passo tão grande quanto me tornar esposa dele, mas confesso que era algo
que me deixaria imensamente feliz, pois havia algo que precisava admitir
para mim mesma: estava cada vez mais apaixonada por Logan Mackenzie e
nem queria pensar na possibilidade de me afastar dele.

— Tome logo, antes que o leite esfrie. — Elga deu uns tapinhas no
meu ombro até que eu pegasse a caneca e desse algumas goladas no leite com
chocolate.

Pouco depois que terminei o meu café da manhã, Logan apareceu na


porta da cozinha e fez um gesto para que eu me aproximasse dele.

— Oi. — Parei na sua frente com os braços cruzados atrás do corpo.

— Falei com o Wallace que, para a minha mãe, estamos namorando e


ele vai confirmar a história.

Não poderíamos simplesmente namorar de verdade? Aquela foi uma


pergunta que eu guardei apenas para mim, sabendo que, se a fizesse, correria
o risco de afastá-lo. Com o Logan, havia percebido que o mais fácil era
comer pelas beiradas.

— Ela me perguntou como nos conhecemos e eu disse que foi num bar
em Londres. Eu estava fazendo um mochilão, mas desisti para passar o
restante do visto aqui, com você.

— Ótimo, é uma história plausível.

— Posso beijar você na frente dela?


Ele parou de frente para mim, acariciou meu rosto e me deu um breve
selinho. Quis me perder e mergulhar para sempre naquela singela
demonstração de carinho.

— Pode. — Ele segurou a minha mão. — O tal noivo dela vai chegar.
Vamos lá ver quem esse cara é. Quanto mais cedo esse teatro acabar, melhor.
Torço para que a minha mãe case com esse otário e me deixe em paz.

Honestamente, estava contente com as consequências da presença da


mãe do Logan ali. Ela o aproximou de mim, possibilitou que ele dormisse
comigo, até que tomássemos banho juntos.

Caminhamos lado a lado até a entrada do castelo. Mantive meus dedos


entrelaçados nos seus até chegarmos na porta.

Vi a mãe do Logan parada, aguardando, quando um táxi parou a alguns


metros dela. Um homem desceu, mas não consegui ver o rosto dele, apenas
os pés para o lado, pois a Amélia funcionava como um muro na minha frente.
Quando a mãe do Logan correu para abraçar o homem e ele o envolveu com
os braços, por cima do ombro da mulher, o rosto do cara ficou evidente.

Dei um passo cambaleante para trás, e acabei puxando a mão do


Logan.

— Está tudo bem, Camila?

Balancei a cabeça em afirmativa e tentei manter o sorriso, mas não


estava bem, nada bem. Jamais, não importava quanto tempo tivesse passado,
nem as lembranças boas que o Logan me dera, nunca iria conseguir me
esquecer daqueles olhos cinzentos e aquela cabeça de ovo, careca e em
formato de elipse.
Achava que estava segura em um enorme castelo no meio do nada,
mas parecia ter me enganado.

— Logan, meu filho, esse é o Luther Katsaros, meu noivo.

Senti uma pedra, grande e pesada, instalar-se na minha garganta,


impedindo-me de respirar.

— Luther, esse é meu amado filho e a namorada dele.

— Muito prazer. — Ele estendeu a mão para o Logan, que


correspondeu ao aperto.

Eu me encolhi ainda mais, queria sair correndo, esconder num lugar


onde ele não conseguisse me encontrar, mas estava paralisada pelo medo.
Aquele homem não apenas sabia tudo o que tinha acontecido comigo, como
fora ele quem me comprara do meu padrasto. Até onde eu sabia, era quem
encabeçava o esquema de tráfico internacional de mulheres para prostituição.

— Muito bonita a sua namorada. — Ele abriu um sorriso discreto ao


me encarar. Foi imperceptível para a mãe do Logan e para ele, mas serviu
para que eu tivesse certeza de que ele havia me reconhecido.

Quando achei que estava no céu, o inferno me puxou de volta.

— Vamos entrar. — Logan saiu da porta e me puxou para o canto,


abrindo passagem para a mãe dele e aquele monstro.

Minhas mãos estavam suando frio, mas fiz o máximo para que o Logan
não soltasse meus dedos. Estava desesperada e precisava da proteção dele.

— Tem uma bela propriedade aqui — comentou o homem ao olhar em


volta, observando cada detalhe, mas, mesmo não tendo os olhos dele em
mim, tinha a impressão de que estava me vigiando como sempre fizera.

— O castelo pertence à família do meu pai há séculos. Abrigou


highlanders e até serviu como residência de campo da rainha Mary da
Escócia. — Logan rendia assunto com o homem e a minha vontade era pedir
para que o expulsasse dali. Mas com que argumento?

Logan confiaria em mim se eu contasse o que aquele homem havia


feito comigo? E se confiasse, iria fazê-lo pagar? Não sabia e minha aflição
não diminuía.

— Gosto muito de coisas antigas, mas tenho preferência pelas mais


jovens. — Ele voltou o olhar em minha direção, umedecendo os lábios.

Estava tremendo de pavor e meu coração batia acelerado.

— Luther tem uma mansão linda com arquitetura moderna, na Grécia,


que você precisa conhecer, querido. — Amélia escorou no ombro do noivo,
abrindo um largo sorriso. Estava toda empolgada. Será que ela tinha alguma
ideia do tipo de homem com quem estava cogitando se casar e os negócios
que ele fazia?

— Seria um prazer recebê-los na Grécia qualquer dia desses.

— Quem sabe? — Logan deu de ombros.

Passei o braço ao redor da cintura do Logan e o abracei. O noivo da


Amélia sorriu ainda mais e piscou para mim. Aquilo era uma ameaça?
Quando ele tocou os lábios em um rápido sinal de silêncio, percebi que sim.
Já havia sofrido tantas monstruosidades na mão daquele homem que não
sabia o que mais ele poderia fazer a mim e ao Logan.
— Você gosta de uísque, Luther?

— Adoro! Sua mãe falou sobre a destilaria.

— Sim, outra coisa de família. Vou pegar uma dose para você. —
Logan seguiu até a visita e eu fui agarrada a ele como um carrapato. Estava
com medo, nem consegui disfarçar.

Nos afastamos alguns passos deles e Logan segurou meus ombros,


afastando-me delicadamente dele. Chiei baixinho, descontente. Não queria
sair de perto dele sob hipótese nenhuma.

— Camila, o que foi? — Logan foi até um pequeno bar na sala de


visitas, tirando do armário uma garrafa de uísque, servindo uma dose para o
convidado.

— Na-nada — gaguejei, trêmula, colocando as mãos dentro dos bolsos


da minha calça Jeans, para que Logan não percebesse o quanto elas estavam
tremendo.

— Tem certeza?

Fiz que sim. Eu deveria falar para ele que aquele homem perto da mãe
dele era um dos principais causadores de todo o pesadelo que vivi? Se eu
contasse, o que poderia acontecer? Não queria que o Logan se metesse em
problemas por minha causa.

Ele fez um gesto com a cabeça para que eu o seguisse e voltamos para
perto do Luther e da Amélia. Ela sorria toda boba na presença daquele
homem. Será que fazia alguma ideia do monstro que ele poderia ser, de
todas as coisas que fez a mim e a outras garotas?
— O uísque realmente é um dos melhores que já provei. — Luther
bebericou a sua dose, olhando discretamente e ameaçadoramente para mim.

— Eu vou ver se a Elga precisa de alguma ajuda para servir o almoço.


— Dei a primeira desculpa que me veio à cabeça para sair dali o mais rápido
possível. Esperava conseguir pensar melhor quando estivesse longe das vistas
daquele homem.

— Camila...

Antes que o Logan conseguisse completar a frase, talvez me pedindo


para ficar ali, eu desapareci de vista. Praticamente corri até a cozinha e
cheguei lá com o coração disparado e o rosto gelado.

— Menina, o que aconteceu?! — Elga limpou a mão no seu avental


antes de se aproximar de mim e segurar o meu ombro. — Parece que você
viu um fantasma.

— Eu... A... talvez... — Não conseguia pronunciar uma frase


completa.

Elga puxou o banco de madeira e fez com que eu me sentasse nele.


Afagou meus ombros antes de se afastar, preparando para mim um copo de
água com açúcar. Agradeci ao tomar algumas goladas. Não fazia ideia se me
deixaria mais calma de fato, ao menos era gostoso.

— Mais calma?

Balancei a cabeça em afirmativa. Só não de estar mais diante daquele


homem, sentia que possuía um pouco mais de controle sobre meu próprio
medo.
— O noivo da mãe do Logan é... — Não consegui dizer, fui paralisada
pelo medo outra vez.

— O que tem ele, menina? — Elga segurou as minhas mãos,


relembrando-me, com o seu afeto, que eu podia confiar nela.

— Ele é o homem que me comprou do meu padrasto. Ele fez coisas


terríveis comigo até o Logan me comprar naquele leilão.

— Santo Deus! — Elga colocou a mão na testa e percebi o seu corpo


vacilar. Teria ficado tonta? — Tem certeza, criança?

— Tenho, absoluta. Ele me reconheceu também.

— Contou para o senhor?

— O que ele vai fazer, Elga?

— Chamar a polícia.

— Não tenho nenhuma prova contra esse homem. É apenas a minha


palavra contra a dele. Também, ninguém pode acreditar em mim, nem o
Logan. Mesmo que a polícia acredite, Logan pagou por mim...

— Tem razão, podem acabar incriminando o senhor também.

A aflição ficou ainda mais forte no meu peito, não sabia o que fazer e
nem como sairia daquela situação.

— Camila? — Logan apareceu na entrada da cozinha e eu pulei de


susto, deixando o copo escorregar das minhas mãos e cair, estilhaçando-se
em milhares de pequenos pedaços.
— Estava com sede. — Agachei-me para pegar os cacos de vidro, mas
a Elga ajoelhou na minha frente e deu um tapa na minha mão.

— Deixa que eu limpo isso.

— Vem! — Logan estendeu a mão para mim. — Minha namorada não


tem que ficar na cozinha.

Eu teria suspirado e achado a fala dele um tanto romântica, se não


estivesse tão desesperada.

Olhei para a Elga, que limpava a minha bagunça, e para o Logan, antes
de aceitar a mão dele e seguir pelo corredor.

— A minha mãe fez alguma coisa com você? — Segurou os meus


ombros e me encarou com um ar severo quando ficamos sozinhos. — Se ela
fez, você pode me falar.

— Ela não fez nada — garanti, abrindo um sorriso amarelo que deveria
ter parecido mais uma careta.

— Você está visivelmente assustada. Não vai me dizer o que é?

— Não precisa se preocupar.

Nem eu precisava, tentei repetir a mim mesma. Logo a mãe do Logan e


o maldito noivo dela iriam embora e não precisaria mais me preocupar com a
sombra daquele monstro.

Voltei com o Logan para sala onde eles estavam e fiquei grata por ele
não soltar a minha mão por um único instante. Ele tinha me mantido em
segurança desde que colocara os olhos em mim e precisava confiar nisso.
— Acho que temos um ótimo gosto para mulheres, não concorda? —
Luther ergueu a taça de vinho ao pesar o olhar sobre mim durante o almoço.

— Não sei se concordo com você. — Logan olhou para a mãe, rindo.

— Filho! — Ela colocou a mão no rosto, envergonhada. — Ele adora


fazer piadas comigo, Luther. — Ela tentou reverter a situação, mas percebi
que Logan não estava se referindo a beleza dela.

— Filhos únicos são sempre superprotetores com a mãe — comentou


Luther com um ar descontraído.

— Acredite, esse não é o meu caso. — Logan deu de ombros ao beber


do seu vinho e colocar uma mão sobre a minha coxa. O calor que o toque
dele provocou por debaixo da mesa, fez com que eu me sentisse um pouco
mais calma.

Esforcei-me para passar o dia com um sorriso, não surtar e não parecer
desesperada. Porém, vencer o medo e não ceder ao desespero não era fácil. A
todo o momento, estava esperando que o Luther fizesse alguma coisa para
machucar a mim ou ao Logan. Contava os segundos para que ele e a Amélia
fossem embora e eu pudesse fingir que tudo aquilo não havia passado de um
terrível pesadelo.

Acreditava que eles fossem ir embora no fim da noite, após o jantar,


porém, Amélia nos informou que o voo para a Grécia sairia na manhã
seguinte, pois ela não gostava muito de viajar à noite. Eu não entendia a
diferença, uma vez que não era ela quem pilotaria o avião.

Sabia que não iria conseguir dormir ao passar uma noite com aquele
monstro dentro da casa, por mais que ele não houvesse feito nada para
demonstrar que ainda era uma ameaça.

Escovei os dentes e coloquei uma camisola, esperando que o Logan


viesse passar a noite comigo novamente. Com ele ali, eu ficaria bem mais
tranquila.

Peguei o livro que estava lendo e sentei na poltrona. Era uma boa
alternativa distrair a mente e não ficar pensando no quanto tudo me
apavorava.

Cheguei em uma parte em que o personagem masculino se declara para


a protagonista, o que aqueceu o meu coração e me fez suspirar. Não tinha a
ambição de ouvir as palavras “eu te amo” dos lábios do Logan, por mais que
elas me fizessem muito feliz, mas foi bom fantasiar com isso por alguns
minutos.

Ouvi o som da minha porta sendo aberta e abri um sorriso. Com o


Logan por perto, eu não precisava temer nada, ainda que o diabo estivesse no
quarto ao lado.

— Oi! — Levantei a cabeça do livro, toda sorridente, esperando me


encontrar com aquele mar azul e me perder na vastidão daqueles olhos.

Meu sorriso morreu quando percebi que não era a razão dos meus
suspiros, e sim, a principal fonte dos meus pesadelos.
— Oi, bonequinha!

Engoli em seco, meus membros voltaram a tremer e minha voz sumiu.

— Parece que tirou a sorte grande, não é mesmo? Vejo que está sendo
bem tratada aqui. Namorada de um milionário que tem o próprio castelo. Foi
de escrava sexual a senhora. Estou admirado.

— Você veio aqui atrás de mim? — aquela pergunta escapou, e fiquei


surpresa por conseguir emitir algum som inteligível em meio a todo pavor
que me congelava profundamente.

— Não, tenho que admitir que não. Porém, o mundo é estranhamente


pequeno. Quem diria que a mulher que eu estou fodendo é mãe de um cara
que comprou uma das mulheres que eu trafiquei. Uma das mais bonitas,
inclusive. Amélia é uma mulher influente e me ajuda a passar uma imagem
de homem sério e íntegro, mas estou com saudades de uma carne mais fresca.
Imagino que ele já deve ter rompido o seu lacre e sua bocetinha esteja
disponível.

— Sai daqui... — comecei a gritar, mas Luther puxou a camisa e


exibiu um revólver, fazendo com que a minha voz desaparecesse outra vez.

— Acho melhor você ficar bem caladinha. Ele já pagou muito caro por
você e, para mim, não tem mais nenhuma serventia. Eu posso acabar com a
sua existência medíocre agora mesmo ou você pode ser um pouco mais gentil
com um hóspede.

— O que quer de mim? — Meus olhos estavam cada vez mais


embaçados pelas lágrimas que se acumulavam neles.

— Você sabe o que eu quero. — Deu alguns passos na minha direção e


eu me encolhi em posição fetal na poltrona, tentando usar o livro como um
escudo para me proteger.

Luther arrancou o livro da minha mão e o arremessou para longe, antes


de segurar o meu pescoço com força e me erguer no ar. Sentia-me sufocando
com meus pés no ar, não tocavam o chão acarpetado.

— Essa camisola é para ele? — Levantou o fino tecido de seda até


exibir a minúscula calcinha de renda que eu estava usando.

Era óbvio que eu estava vestida para o Logan, mas com a mão firme do
Luther envolvendo a minha garganta e pressionando as minhas cordas vocais,
eu não consegui dizer nada, apenas lutava para continuar respirando.

Ele me arrastou até a parede, ainda me sufocando e, com a mão livre,


afastou a minha calcinha, tocando sem pudor ou decência a minha
intimidade.

— Tinha esquecido do quanto a sua boceta é bonita, principalmente


raspadinha desse jeito.

Meu estômago revirou, queria mordê-lo, mas não consegui. Todos os


meus gritos por socorro eram abafados e mal soavam como um sussurro.

Havia acreditado estar segura sob a proteção do Logan, que homem


nenhum me tocaria outra vez sem a minha permissão, mas abaixei a guarda
cedo demais. Fui ingênua ao pensar que poderia ser feliz e viver como estava
vivendo.
Capítulo trinta

Ainda estava intrigado sobre o que poderia ter acontecido com a


Camila para deixá-la tão tensa durante o dia. A resposta mais lógica era que
minha mãe poderia ter feito alguma espécie de ameaça que a deixou
assustada, contudo, o que Camila precisava compreender era que minha mãe
não possuía qualquer tipo de influência sobre mim.

Peguei algumas coisas e segui para o quarto dela. Pensei que, depois
do sexo, pudéssemos conversar, relaxar, talvez tivesse coragem de me dizer o
que estava acontecendo.

Assim que me aproximei da sua porta, eu ouvi um gemido, aliás, não


um gemido, mas um murmúrio de choro. O lamento foi seguido de uma voz
masculina em um tom de ordem.

— Se comporta, sua putinha, que talvez eu possa soltar o seu pescoço.

Soltei a mala que carregava no ombro e a deixei cair no meio do


corredor ao correr para dentro do quarto da Camila. Forcei a porta, que
deveria estar aberta, mas não estava, precisei arrombá-la, nem sei de onde
tirei tanta força para fazê-la abrir com um único chute.

O que encontrei no quarto me deixou furioso. O noivo da minha mãe


estava em cima da Camila na cama, apertando o pescoço dela com uma força
que certamente estaria a sufocando. As alças da camisola dela haviam sido
baixadas e seus seios estavam à mostra. Além disso, ela estava sem calcinha,
com a parte de baixo do corpo exposta. Esperneava, mas percebi facilmente a
sua falta de forças. O abusador em cima dela parecia prestes a penetrá-la, mas
cheguei antes que acontecesse.

Eu o puxei pelos ombros e o arremessei contra a parede.

— Lo-Logan, socorro! — Camila massageava o pescoço, juntando o


resto de fôlego que possuía para pronunciar uma súplica.

Avancei para cima dele sem qualquer vestígio de juízo, apenas raiva.
Que direito ele achava que tinha de entrar na minha casa e tentar estuprar a
Camila, a minha Camila!? Fui educado até demais com aquele sujeito desde
que o vi, não poderia prever que fosse capaz de algo assim. Como noivo da
minha mãe, deveria estar preparado para me deparar com qualquer tipo de
sujeito.

— Não se aproxime! — Ele sacou uma arma e apontou na minha


direção.

Arregalei os olhos.

— Por favor, não machuca o Logan — Camila choramingou. Desde


que ela chegou na minha casa, eu nunca a vi tão aterrorizada. — Pode fazer o
que quiser comigo, mas não atira no Logan, por favor.

— Ele vai ficar bem longe de você! — rosnei. Só de ter a imagem


daquele homem em cima da Camila, sentia todo o meu corpo queimar com
uma fúria incontrolável. Cerrei os punhos, cravando as unhas nas palmas das
mãos, disposto a socar aquele bastardo na primeira oportunidade.

— Logan, por favor... — Camila se derramava em lágrimas, mas nem


em outra vida alguém iria apontar uma arma para mim fazendo com que isso
fosse o suficiente para que eu permitisse que ela fosse abusada.
Camila já havia sofrido demais e eu estava disposto a levar um tiro
para não permitir que abusassem dela de novo.

Jax tinha me dito o quanto era importante fazer aulas de defesa


pessoal, mesmo sempre tendo ele ou algum outro segurança por perto nos
momentos de maior risco. Quem diria que a minha casa deixaria de ser um
lugar seguro? Ainda bem que eu tinha dado ouvidos ao segurança e o
deixado me treinar.

Avancei na direção do cara, acabando com a distância e deixando a


arma a pouco centímetros do meu peito.

— Logan... — Camila choramingou.

— Afaste-se ou vou atirar em você — ameaçou Luther e eu continuei


na mira da arma. Ele acreditava que estava no controle enquanto eu mantinha
as mãos para o alto de maneira passiva e em sinal de rendição, mas era esse o
seu erro.

Com a minha mão esquerda, tomei o cano da arma tirando a sua mira
do meu peito e empurrando para o lado. Cruzei a mão direita, fazendo um X,
e prendendo o braço dele entre os meus, joguei a arma para fora, na direção
do chão e ela disparou, deixando um buraco no piso. Tomei a arma dele, mas
Luther me acertou com um soco na barriga e a arma escorregou para debaixo
da cama da Camila.

Luther me empurrou e eu cambaleei alguns passos para trás.

— Você não faz ideia das coisas que fiz com ela antes que viesse parar
na sua mão — gabou-se em meio a um largo sorriso diabólico.

Sua fala fez a minha ficha cair e eu compreendi o medo que a Camila
teve quando aquele homem chegou. Não era qualquer desconhecido, mas
alguém que ela conhecia e que já havia abusado dela. Deveria estar por trás
da organização criminosa que gerenciava o Clube Secreto. Não deveria me
surpreender com a minha mãe se envolvendo com alguém tão baixo assim.

Fui para cima dele, bufando ainda mais, porém, dessa vez, conseguiu
se esquivar do meu golpe e me acertou no pé da orelha, deixando-me
brevemente atordoado. Lembrei do que o Jax havia falado sobre manter a
guarda de pé, não podia dar brechas como aquela, para que ele me acertasse.

Luther foi na direção do local onde estava a arma, mas eu o puxei


pelos ombros e o arremessei na direção da porta.

— Você é um maldito que vende mulheres!

— Alguém que comprou uma não é tão melhor do que eu, concorda?

Avancei para cima dele, mas o Luther correu. Desgraçado, covarde!


Segui atrás dele escada acima. Segurei a sua perna, mas ele me chutou e fez
com que eu cambaleasse e escorregasse alguns degraus. Estava tão banhado
de raiva e adrenalina que nem percebi o suor se acumular no meu rosto, nem
a fadiga dos meus pulmões ao subir correndo vários níveis de escada.

Luther não sabia para onde estava indo, tentava apenas correr de mim.
Saiu por uma porta que levava ao terraço da torre. Em meio ao céu noturno e
na parte mais alta do castelo, pareceu perceber que havia escolhido o pior
caminho possível. Não iria conseguir sair dali sem lutar comigo e eu estava
com sangue nos olhos.

— Me deixa ir embora que podemos fingir ser uma família feliz, posso
até me esforçar para não tentar comer a sua puta de novo. Pode acreditar que
eu consigo, porque só fodi aquela bunda durante o tempo em que ela passou
comigo. Deixei a boceta para você, ou para qualquer outro otário que
estivesse disposto a pagar por ela.

Não sabia se o teria deixado passar caso ele tivesse mantido a língua
dentro da boca. Porém, tudo o que ele disse, falando da Camila daquele jeito
tão ascoroso e desprezível, fez com que eu voasse para cima dele outra vez.
Acertei o seu rosto e me esquivei de um golpe movendo o corpo para trás.
Meu pé chiou contra o chão de pedra, mas a superfície áspera me impediu de
derrapar.

Dei outro soco e acertei o queixo dele. Senti meus dedos doerem com a
força do impacto, mas isso não foi o suficiente para que eu parasse de bater.
Iria fazer aquele maldito pagar por tudo o que havia feito à Camila.

Ele me acertou com um soco no meio do abdômen, mas com todos os


exercícios que fazia para deixar aquela parte do meu corpo rígida e torneada,
praticamente não senti o impacto. Levantei a perna e o chutei no meio do
peito, Luther deu um passo cambaleante para trás, mas abriu um sorriso,
como se estivesse debochando de mim, maldito.

Avancei para cima dele outra vez e Luther deu um passo para trás,
porém, o homem não se deu ao trabalho de notar que estava na beirada e não
havia mais chão ali. Ele pisou em falso no ar e cambaleou, seus olhos se
arregalaram em meio ao desespero.

Confesso que não cogitei, por um segundo que fosse, estender a mão
para evitar que ele caísse. Apenas me aproximei da beirada e vi seu corpo lá
embaixo, sem vida e rodeado por uma poça de sangue.

— Logan! — Ouvi o grito da minha mãe e me virei para trás. — Onde


está o Luther?

— Lá embaixo — disse em um tom carregado de frieza.

— Você o empurrou? — Ela estava completamente abalada. Pela


primeira vez, vi alguma situação que deixou Amélia Bordeaux sem jeito.

— Não, ele caiu.

— Por quê? O que aconteceu? Acordei com gritos e o Luther não


estava na cama. Vocês estavam brigando?

— Seu maldito noivo tentou estuprar a minha garota. — Ainda estava


vibrando de raiva e o fato de o homem estar morto no meu jardim não
amenizou a minha fúria.

— Senhor, o que aconteceu? — Wallace logo apareceu,


completamente confuso.

— Liga para polícia! — Passei por ele e desci a procura da Camila.

Quando cheguei no quarto dela, ainda estava encolhida em posição


fetal e chorava muito. Levou um tempo para que ela superasse os seus
traumas e a presença daquele homem ali havia revivido todos eles.

Sentei na cama e a puxei para o meu colo. Camila se aninhou em mim


e afundou a cabeça no meu peito.

— Está tudo bem agora. — Afaguei o seu cabelo e a beijei no topo da


cabeça.
Capítulo trinta e um

Ainda aninhada ao peito do Logan, não conseguia parar de chorar,


havia revivido os piores momentos da minha vida e achei que seria atirada no
inferno outra vez.

Com Logan acariciando o meu cabelo e me afagando carinhosamente,


aos poucos consegui voltar a respirar normalmente.

— Por que não me contou o que aquele homem já tinha feito com você
quando eu perguntei o que havia de errado?

Engoli em seco e abracei o seu pescoço, buscando forças para


continuar respirando e conseguir falar ao mesmo tempo.

— Não queria atrapalhar o seu momento com a sua mãe. Além disso,
imaginei que seria a minha palavra contra a dele.

— Acha que a sua palavra não é o suficiente para mim? — falou num
tom firme, que me fez estremecer e eu o abracei com mais força.

— Não imaginei que ele fosse tentar abusar de mim de novo, assim, na
frente de todo mundo. Ainda mais com a noiva dormindo em um quarto
próximo, mas ele apareceu aqui e disse... — minha voz se perdeu novamente
em meio a lembranças que eram difíceis demais para lidar. Por muito tempo
coloquei tudo numa caixa de pesadelos e fingia não ter vivido, mas Luther ter
aparecido derrubou a caixa e fez uma grande bagunça.

— O que ele disse, Camila? — insistiu Logan, exigindo que eu falasse.


— Que agora que você tinha rompido o meu lacre... — Não consegui
terminar a frase, voltando e chorar. Logan balbuciou palavras de ódio, mas
não me forçou a continuar.

— Escuta — afastou-me e segurou meu rosto com firmeza para que eu


não pudesse olhar para outro lugar que não fosse os olhos dele –, da próxima
vez, nunca me esconda algo sério. Eu vou sempre acreditar em você, mas
preciso que confie em mim para que eu possa protegê-la. Se tivesse me
contado no momento em que o viu, eu não teria deixado aquele homem aqui,
muito menos tão perto de você.

— Onde ele está agora? — Prendi a respiração, com medo de que ele
pudesse entrar no meu quarto novamente.

— Morto — disse o Logan sem qualquer cerimônia.

— Você o matou? — Engoli em seco.

— Não. Ele caiu enquanto estávamos brigando. Ele nunca mais vai
tocar em você, Camila.

— Obrigada, Logan! — Abracei-o mais apertado e Logan me deu um


selinho.

— Senhor — Wallace apareceu na porta –, a polícia chegou.

— Polícia? — Voltei a ficar tensa.

— Sim. Eu vou conversar com eles e explicar o que aconteceu. É


provável que eles queriam fazer algumas perguntas. É melhor que você não
fale nada sobre o Clube ou o que aconteceu antes. Pode contar para eles
apenas o que aconteceu nessa noite?
Fiz que sim. Sabia que contar para a polícia sobre o Clube poderia nos
colocar em uma confusão ainda maior.

— Coloque um roupão e fique calma. Tudo vai ficar bem. — Beijou-


me mais uma vez antes de sair do quarto acompanhado do Wallace.

Vesti um conjunto de moletom que cobria o máximo possível o meu


corpo. Tentei ficar mais calma, porém, ainda tinha a sensação de que o Luther
poderia aparecer a qualquer momento e tentar abusar de mim uma outra vez.
Aquela era uma sensação da qual seria difícil me livrar.

Não demorou muito para que o Wallace entrasse no quarto


acompanhado de alguns policiais. Encolhi-me junto a cabeceira da cama. Era
homens da lei, pessoas que estavam ali para minha proteção, mas havia
ficado arredia outra vez quanto a qualquer aproximação que não fosse a do
Logan.

Eles vasculharam todo o quarto, tiraram foto da bala na parede e


pegaram a arma que estava debaixo da minha cama antes de se aproximarem
de mim.

— Oi, meu nome é Erin. — A policial se sentou perto de mim na


cama.

— Camila. — Abracei-me, com medo, ainda que fosse uma mulher.

— Camila, eu preciso entender o que aconteceu aqui e tirar algumas


fotos dos locais onde você foi lesionada, okay?

Fiz que sim com um movimento de cabeça.

— Houve penetração do agressor em você?


Neguei, sentindo-me aliviada ao menos por isso.

— Ele chegou a tirar a minha calcinha, mas antes que conseguisse, o


Logan apareceu e o tirou de cima de mim.

— Você tinha alguma relação com o agressor?

— Ele era noivo da mãe do Logan, apareceu aqui hoje. Eu estava no


quarto, esperando o Logan vir dormir comigo, quando o Luther apareceu, me
segurou... — Levantei o cabelo para que ela pudesse ver o meu pescoço
machucado.

— O que aconteceu quando o Logan apareceu no quarto?

Contei para ela tudo o que aconteceu, desde o momento que o Luther
entrou no meu quarto até ele o Logan saírem brigando.

— Logan Mackenzie disse que vocês são namorados, certo?

Assenti.

— Você é brasileira?

— Sou, estou aqui com um visto de turista.

— Muito obrigada pelo depoimento. — Ela se levantou, outra pessoa


chegou mais perto para tirar fotos do meu pescoço.

Os policiais foram embora e, quando fiquei sozinha no quarto outra


vez, voltei a me sentir insegura.
Capítulo trinta e dois

Dei meu depoimento para a polícia narrando os fatos daquela noite e o


corpo de Luther foi removido do meu jardim. Não me fizeram muitas
perguntas nem me acusaram demais, percebi que havia um certo senso
comum entre eles ao saber que havia um estuprador a menos nas ruas.

Assim que voltei para o interior do castelo, minha mãe estava


esperando no hall e parou no meio do meu caminho, fazendo-me notá-la.

— Você vai ser indiciado?

— Por que eu seria? — Coloquei as mãos nos bolsos e mantive o olhar


frio.

— Pela morte do Luther.

— Ele caiu, foi um acidente, não tenho culpa disso. Além do mais,
ainda que eu tivesse o matado com as minhas próprias mãos, ninguém me
culparia por me livrar do bastardo que tentou estuprar a minha garota e quase
atirou em mim.

— Aposto que foi aquelazinha que ficou se oferecendo para ele.


Agora, o meu Luther está morto por causa dela. — Minha mãe fungou como
se lamentasse a morte daquele infeliz.

— A Camila não se insinuou para ninguém!! É aquele maldito que era


doente! Aposto que você sabia dos negócios dele, não é!?

— Negócios? — Ela deu um alguns passos para trás, cambaleante e


surpresa com o meu questionamento.

— Seu queria noivo traficava mulheres!

— Como você soube? — O questionamento deixou evidente que ela


tinha conhecimento disso.

— Eu quero você fora daqui, agora! — Apontei para a porta.

— Mas... querido, cada um faz o que pode para sobreviver.

Precisei conter a minha vontade de bater nela e apenas dei outro grito:

— Fora!! Se você não sair em cinco minutos, eu chamo a polícia e


denuncio você como cúmplice no tráfico internacional de mulheres!

— Logan, querido...

— Fora!

Ela olhou para mim uma última vez e percebeu que a minha posição
seria irredutível, correu escada acima para recolher suas coisas. Aquela noite
havia testado os meus limites e me levado a um grau de fúria além do
imaginado.

Tomei um banho para relaxar e fui até o quarto da Camila. Ela estava
de pé e fitava a noite escura através da janela. Ela deveria estar tensa por
causa dos acontecimentos daquela noite e era impossível julgá-la, pois eu
também estava uma pilha de nervos.

— Logan... — Virou-se para mim ao perceber a minha presença e


notei que ela ainda tremia.

— Vem aqui! — Abri meus braços e ela atravessou o quarto para que
pudesse se aconchegar neles.

— Não consigo dormir — confessou, molhando a minha camisa com


lágrimas.

— Acho que aconteceram coisas demais nesse quarto esta noite. —


Beijei-a no alto da cabeça. — Dorme comigo no meu.

Não sei porque fiz aquela oferta, não era do meu feitio, talvez porque
quisesse ter certeza de que ela estivesse bem perto de mim e que eu pudesse
protegê-la de qualquer outra coisa.

Levei Camila comigo para o meu quarto e a acomodei na minha cama,


envolvida pelos meus braços. Era a primeira vez que uma mulher se deitava
na minha cama. Não levava ninguém ali, nem mesmo para transar, mas,
naquela noite, não houve sexo, mal toquei o corpo dela e não tive vontade de
fazer isso.

Depois daquela noite e de reviver o trauma, senti que ela iria precisar
de espaço, que eu estranhamente estava disposto a dar.
Capítulo trinta e três

Abri os olhos enquanto me acostumava com a luz que entrava pela


janela e movi o corpo para o lado, espichando-o e espreguiçando. Percebi que
Logan não estava ao meu lado, mas aquela não era a primeira manhã que eu
acordava e ele já havia se levantado. Estávamos dormindo juntos desde que o
Luther apareceu, o que já fazia uma semana. Todos os dias, o Logan
acordava bem cedo, fazia o mínimo de barulho possível, saía para correr e
depois ia para a destilaria.

Durante aquela semana, não houve sexo, nem da forma dele nem do
jeito mais carinhoso, apenas dormimos e ele vigiou meu sono para que eu não
revivesse, através de pesadelos, os momentos horríveis de abuso.

Levantei da cama, fui até o banheiro, fiz minha higiene pessoal, troquei
de roupa no meu quarto e desci para a cozinha.

Antes que eu chegasse na porta, fui tomada por um delicioso cheiro de


torta.

— O que está fazendo? — perguntei para a Elga, que olhou para mim
com um sorriso.

— Torta de framboesas, gosta?

Fiz que sim.

— O senhor, quando era bem menino, comia até encher, se lambuzava


todo e depois ficava reclamando de barriga doendo.
Ri ao pensar no Logan, todo cheio de pompa, com dor de barriga.

— Imagino que ele deveria ter sido uma criança adorável.

— Era um pentelho. — Elga fez uma careta e nós duas gargalhamos


juntas.

Cheguei mais perto e ela apontou para o meu café da manhã, que
estava em um canto do balcão. Puxei uma cadeira e beberiquei o copo de
leite.

— Como você está, menina? — Elga não foi específica, mas soube
bem sobre o que ela estava perguntando. Havia poucos empregados naquele
castelo e todos deveriam estar fofocando sobre a morte do noivo da mãe do
Logan e o que ele havia tentado fazer comigo antes de morrer.

— Estou bem. — Sorri, ainda que sem jeito.

Era verdade, eu estava bem. Dormindo nos braços do Logan, era difícil
ter pesadelos. Sabia que poderia até não estar segura cem por cento do tempo,
mas sempre o teria perto de mim para me proteger.

— Fico contente. — Elga me deu um beijo no alto da cabeça antes de


pegar uma luva de pano para tirar a torta do forno.

— Eu adoraria fazer um bolo mais tarde, sabe se tem os ingredientes?

— Se for bolo de chocolate, tem sim. O que não tiver, podemos ir em


Glencoe comprar.

— Que ótimo!

— Pensa em bolos depois e come a sua panqueca.


— Okay! — Ri ao derramar um pouco mais de mel e depois partir um
pedaço com o garfo.

— E como você e o senhor estão?

— Bem — respondi rápido demais. — Acho que bem...

— Por que “acha”?

— Estamos dormindo juntos todos os dias, ele me faz alguns carinhos


delicados, me dá alguns selinhos, mas, desde que a mãe dele apareceu, não
me leva para a masmorra.

— Por que acha isso ruim? Aquele lugar é terrível, parece um filme de
terror. — Ela se remexeu, estremecendo, como se tivesse sido atravessada
por um calafrio.

— Não é tão terrível assim. — Senti minhas bochechas corarem ao me


recordar do que havíamos feito naquele lugar.

— Se você está dizendo. — Elga deu de ombros.

Eu amava ter o Logan protetor, mas eu o queria inteiro, até mesmo o


seu lado mais sombrio.

— Como foi seu dia? — perguntei para ele quando Logan entrou no
quarto e começou a se despir para tomar um banho e preparar-se para dormir.
— Foi bom! — Ele me procurou pelo quarto até me encontrar dentro
do closet. — O que está... — Sua voz morreu em meio a pergunta quando
colocou os olhos em mim. Vasculhou-me dos pés à cabeça e eu estremeci
com o peso do seu olhar. — Camila?

— Oi? — Encarei-o fingindo de desentendida, mesmo sabendo que o


meu cabelo preso em rabo de cavalo e o sobretudo que cobria o meu corpo
haviam atiçado a sua imaginação.

— O que está fazendo vestida assim?

— Se você estiver cansado demais, podemos dormir, ou você pode me


levar para a masmorra e descobrir o que tem por debaixo do sobretudo.

— Camila, depois do...

Cobri os lábios dele com o meu indicador e o forcei a parar de falar.

— Vamos esquecer isso. É o que eu estou tentando fazer. Com você é


diferente, Logan. Com você eu quero.

— Para a masmorra? — Um sorriso surgiu nos seus lábios em meio ao


questionamento. — Tem certeza?

— Tenho.

Ele segurou nos meus ombros e me guiou para fora do quarto,


descendo as escadas e indo até o subsolo do castelo, onde realizava seus
desejos mais profanos.

Logan fechou a porta e eu percebi que não era mais aquela medieval,
pois possuía uma tranca na parte de dentro. Desse jeito, nenhum desavisado
poderia abrir a porta e nos encontrar lá dentro.
— Agora, me deixa ver o que tem aqui por baixo. — Ele me puxou
pela lapela do sobretudo e me fez estremecer quando o meu corpo se
encontrou com o seu. Senti o fogo se acender entre as minhas pernas e me
recordei de que aquilo era o que eu gostava de sentir quando um homem se
aproximava tão intimamente de mim.

Logan desfez o laço que prendia o sobretudo ao meu corpo e o abriu,


empurrando-o pelos meus ombros até que caísse no chão. Demoradamente,
ele vasculhou a minha lingerie vermelha juntamente com a cinta liga e a meia
três quartos. O largo sorriso que ele exibiu, me mostrou que havia gostado
do que viu.

— Onde comprou isso?

— Ontem, pela internet. Você deixou seu cartão comigo.

— Parece que você está fazendo um ótimo uso dele. — Ele escorregou
a mão pelas minhas costas, provocando arrepios onde seus dedos me tocavam
e deu um tapa na minha bunda, que estalou ecoando por toda a masmorra.

Logan subiu com a mão e puxou o rabo de cavalo, trazendo o meu


rosto até o seu. Quando seus lábios tocaram os meus com selvageria e ânsia,
meu corpo todo vibrou em euforia. Era louca por toda aquela fome dele. Ele
buscou a minha língua com a sua, percorrendo toda a minha boca enquanto
contornava minhas nádegas com as mãos e pressionava o meu corpo contra o
seu. Aqueles beijos me roubavam o ar me faziam experimentar o sabor do
céu e o perigo do inferno em um único momento.

Ele interrompeu o beijo para me levar para cama, deitando-me de


bruços. Enterrei o rosto na almofada aguardando ele atar meus pulsos e meus
tornozelos à estrutura da cama. Fiquei curiosa para entender o motivo de
Logan me querer de costas.

Virei a cabeça quando percebi que ele se afastou da cama e o observei


ir até a cômoda pegar alguma coisa. Não entendi o que era até que ele usou
um isqueiro para acender e um cheiro de chocolate tomou conta do ambiente.
Vi que era uma vela redonda e aromática quando ele chegou mais perto e a
deixou repousando sobre a mesa. O que Logan iria fazer com aquela vela?
Achava que ele não fosse capaz de me surpreender mais, porém, havia
sempre algo novo.

Logan tirou os sapatos e subiu na cama, acomodando-se sobre as


minhas nádegas. Ele tirou o cabelo das minhas costas, puxando o rabo de
cavalo para o lado e me lambeu, subindo com a língua da base das minhas
costas até o fim da minha nuca. Eu me retorci inteira com a sequência de
calafrios e arrepios que ele despertou. Tentei me soltar, mas apenas me debati
com os braços atados.

Ele deu um risinho diante da minha luta tola para me soltar e abriu o
fecho do meu sutiã, deslizando as alças pelos meus ombros e deixando
minhas costas completamente expostas. O vi pegando a vela e trazendo para
perto de mim, senti um pouco de medo ao pensar na possibilidade de ser
queimada, mas eu confiava que o Logan não iria me machucar. Percebi que
ele tinha virado a cera da vela quando algo quente tocou o meio das minhas
costas. Estava muito quente, mas não o suficiente para queimar, apenas me
deixou ainda mais em chamas, como se lava de vulcão estivesse escorrendo
pelas minhas veias.

Percebi que não era uma cera de vela qualquer, quando o Logan a
colocou de volta sobre a mesa e passou as mãos firmes e pesadas pelas
minhas costas. Sua palma escorregava com facilidade pela minha pele. Era
óleo. Suspirei com o peso das suas mãos e a fricção dos seus dedos
deslizando pelas minhas costas. Não poderia prever que o perigo de uma vela
poderia acabar em uma deliciosa massagem.

Ele abaixou a cinta liga e a minha calcinha, deixando-as no meio das


minhas coxas. Soltei um gemido mais alto quando o óleo quente escorreu por
uma das minhas nádegas, e depois pela outra. Não podia ver, mas sentia que
o Logan havia deixado um filete de óleo de cada lado. Ele me deu uma
palmada do lado esquerdo que me fez vibrar inteira, mas não teve o impacto
que costumava ter, pois sua mão escorregava com facilidade. Ele mediu
minhas nádegas com as mãos antes de começar a contorná-las com os dedos,
os quais ele escorregou percorrendo a minha virilha. Minha vagina pulsou,
pedindo atenção, mas Logan apenas passou os dedos em volta, sem encostar
na minha intimidade diretamente, deixando-me ofegando e morrendo de
desejo.

Me toca! Contive o grito desesperado enquanto me elevava na direção


dele, pedindo para que parasse de brincar. Contudo, ele não parou, jogando
ainda mais combustível no meu desejo, que gritava insano.

Logan lambeu as minhas costas, contornando a minha virilha com os


dedos e eu gemi ensandecida, quando roçou minha orelha com os lábios
molhados de óleo.

— O que você quer?

— Quero que me solte.

— Soltar você? — Havia surpresa em seu tom de voz.

— Sim, me solta, por favor...


Logan atendeu ao meu pedido, abrindo as amarras que prendiam os
meus pulsos e meus tornozelos. Assim que percebi que estava solta, girei na
cama e fiquei em cima dele.

— Não quero mais esperar — disse ao tomar seus lábios com os meus.
Eles estavam escorregadios e tinham sabor de chocolate.

Abri sua camisa, praticamente puxando os botões das casas e Logan


sentou na cama, me ajudando a me livrar da peça de roupa. Depois foi a vez
de sua calça e cueca, que foram parar no chão com a minha calcinha e
terminou de remover meu sutiã. Fiquei apenas de meia e cinta liga.

Logan continuou me beijando e passando suas mãos em mim,


espalhando óleo por todo o meu corpo. Peguei o membro dele e o encaixei
em mim, rebolando até que entrasse fundo. Gememos juntos quando comecei
a quicar e a me esfregar nele, deliciando-me com o atrito do seu corpo no
meu. Estava tão molhada e excitada que seu pau escorregava em mim como
se estivesse cheio de óleo.

Segurei o rosto dele, sem parar de me mover e fiz com que me


encarasse. Com a outra mão, puxei o elástico que prendia o meu cabelo,
deixando-o cair solto nas minhas costas, sem me preocupar com o fato de que
ele sujaria de óleo. Logan não me repreendeu por estar, de certa forma, me
libertando da dominação dele, apenas puxou a minha nuca e me fez voltar a
beijá-lo.

Aumentei a velocidade dos movimentos, cavalgando nele, esfregando


mais e mais meu clitóris na sua pélvis. Logan segurou minha cintura e me fez
sentar nele com mais força, naquele ritmo, não demorei a ser tomada pelas
ondas do êxtase, gemendo e gozando sem parar de rebolar.
Logo caímos sobre a cama, estava tremendo, sem fôlego e
completamente entorpecida, mas não poderia estar mais feliz. Naqueles
braços, eu tinha encontrado o meu lugar.
Capítulo trinta e quatro

— Bom dia. — Acariciei o rosto dela quando Camila espreguiçou na


cama naquela fria manhã de outono. Felizmente, o aquecedor estava ligado, o
que não nos permitia sentir a temperatura do lado de fora do castelo.

— Bom dia! — Ela esfregou os olhos, coçando-os. Ainda parecia


bastante sonolenta. — Dormimos na masmorra?

— Quê?! Claro que não. Trouxe você para o quarto.

Ela arregalou os olhos como se tivesse tomado um susto, mas começou


a sorrir quando contemplou as paredes escuras do meu quarto. Eu a trouxe
nos braços, Camila estava dormindo, mas confesso que já havia me
acostumado a presença dela na minha cama e não queria pensar em como
seria uma noite sem ela ali.

— Levanta. — Saí da cama e estendi a mão para ela.

— Por quê? — Aninhou-se no travesseiro. — A cama está tão


quentinha.

— Vem tomar banho.

— Banho, é? — Abriu um sorriso malicioso.

— Ou o que você quiser... — Umedeci os lábios, prevendo o que


passava pela cabeça dela. Não poderia reclamar, ter ela nua no meu chuveiro
era um motivo muito forte para querer tomar banho.
Camila aceitou a minha mão e saiu da cama. Estava nua. Na noite
anterior, eu havia a enrolado no sobretudo apenas para trazê-la para o quarto,
mas após trancar a porta, removi a peça e a deitei nua na minha cama.

Ela entrou para o chuveiro e eu peguei shampoo e condicionador para


que pudesse lavar o cabelo. Na noite passada, quando o soltou, havia o sujado
todo de óleo.

— Por que soltou o cabelo? — Entrei debaixo da água junto com ela.

— Porque prendê-lo é uma exigência sua.

— Não vai mais cumprir as minhas exigências? — Em outro momento,


eu poderia ter ficado bravo, mas, naquele, estava apenas curioso.

— Não disse isso, só acho que as coisas podem ser um pouco mais
flexíveis. — Ela se ajoelhou diante de mim e me lançou um olhar travesso ao
segurar o meu pau entre os dedos.

— Flexíveis quer dizer menos masmorra e mais banheiro? — Sorri,


incentivando-a a colocar o meu pau na boca enquanto eu observava a água
escorrer pelo rosto e o corpo dela.

— Flexíveis, não precisa ser menos masmorra, mas pode ser mais
banheiro, mais no quarto e até mesmo no jardim...

— Quer dar para mim no jardim? Não está se achando muito safada?

— Só estou levantando algumas possibilidades, mas posso dar para


você onde quiser. — Ela envolveu minha glande com os lábios.

Camila ficou em silêncio e roubou a racionalidade dos meus


pensamentos. Apoiei as costas na parede do banheiro e me entreguei a
deliciosa onda de sensações provocada pela sua língua habilidosa e seus
lábios macios. Ela me chupou, me lambeu e me enlouqueceu enquanto eu me
revirava a cada espasmo.

Segurei seu cabelo e a fiz se mover mais rápido, levando a minha


pélvis a sua boca, até explodir. Mantive sua cabeça imóvel, com seu cabelo
enrolado na minha mão até o fim do meu gozo. Quando finalmente a soltei,
ela se levantou com um sorriso e limpou os lábios ao se enfiar debaixo do
chuveiro.

Confesso que não iria achar nada mal ter mais banho como aqueles.

— Banheiro e jardim, é?

— Por que não? — Abriu um sorriso malicioso e eu dei um tapa na sua


bunda, devolvendo o olhar.

— Vou pensar no seu caso.

— Pensa com carinho.

Puxei-a para mim e a beijei, fazendo com que aquele banho durasse
muito mais do que alguns minutos.
Capítulo trinta e cinco

— Não parece bem, menina! — Elga chegou perto de mim e me


entregou uma xícara com chá fumegante.

Eu o empurrei com as mãos, negando com a cabeça ao sentir meu


estômago revirar com o aroma.

— Estou com uma dor de cabeça horrível e cólica. — Coloquei a mão


na barriga.

Estava me sentindo um pouco mal desde o episódio com o Luther, mas


achava que iria passar com os dias. Era nojo das lembranças e do toque dele,
tinha certeza, porém, não passou, ao invés disso, acabou se tornando mais
intenso com o passar dos dias, e naquele, eu estava particularmente mais
alterada. A minha cabeça doía muito e os cheiros estavam me deixando
imensamente enjoada. Ainda não tinha vomitado, mas estava me segurando
fortemente para evitar isso.

— Tem certeza que não quer o chá, Camila?

— Tenho sim, Elga, muito obrigada. Não estou me sentindo bem hoje.
Uma dor de cabeça terrível.

— O chá pode ajudar. Você sempre gostou do meu chá de camomila


com fava de baunilha.

— Eu sei! Desculpa, mas hoje eu não quero. Iria fazer alguns


exercícios do meu curso online, mas acho que vou deixar para mais tarde.
Vou para o quarto dormir um pouco enquanto espero o Logan chegar da
destilaria.

— Acho melhor pedirmos para o Wallace levá-la ao médico. — Ela


veio atrás de mim enquanto eu cambaleava no corredor para fora da cozinha.

— Não, Elga! — Abri um sorriso amarelo, tentando convencê-la de


que estava bem, não queria que o Logan o mais alguém naquele castelo
ficasse preocupado comigo.

— Tem certeza que não quer ir ao médico?

— Vou ficar bem, Elga. É só um mal-estar que venho sentindo há


alguns dias. Nada com que se deva preocupar. Só preciso dormir um pouco
que passa.

— Criança, a sua menstruação está atrasada?

Franzi o cenho e busquei o olhar dela em meio àquela pergunta que me


deixou tão confusa.

— Desde que a médica me receitou o remédio, eu o tomo todos os dias


e não menstruo mais, isso já faz uns dois meses e meio.

— Talvez seja esse remédio te fazendo mal.

— Eu estou bem, Elga. — Afaguei o rosto dela em meio a um sorriso.


— Deve ser apenas alguma reação ao trauma. — Sei que já faz um mês que o
Luther esteve aqui, mas não devo ter superado tão bem as coisas como acho
que superei.

— Então, vai descansar. — Segurou os meus ombros e me guiou


escada acima para o meu quarto, mas antes que eu chegasse perto da cama,
minha visão ficou turva e eu titubeei. Desmaiei e tudo ficou escuro num
rompante.
Capítulo trinta e seis

Aproximei a dose de uísque do nariz e senti o seu aroma antes de


tomar uma única gota, deixando que ela escorresse pelas papilas gustativas da
minha língua e me revelasse completamente todo o sabor contido na bebida.

— O que acha, senhor? — perguntou o gerente de produção parado


diante da minha mesa, esperando a minha resposta a respeito do novo blend
que estavam testando.

— Acho que está frutado demais, doce. O aroma é bom e o sabor


também, mas está suave demais. Que queria algo mais marcante. Mais forte.

— Compreendo. Iremos fazer novos testes. — Ele pegou a garrafa e o


copo que estavam na minha frente. — Em breve, terei novos resultados para
mostrá-lo.

— Obrigado.

Antes que o homem saísse do meu escritório, vi meu telefone vibrar


sobre a mesa e o nome do Wallace aparecer no visor. Fiquei surpreso, pois
ele não tinha o costume de me ligar, geralmente falava o que precisava antes
que eu saísse do castelo pela manhã. Deveria ser algo urgente que não
poderia esperar o meu retorno.

— Alô!

— Senhor, lamento perturbá-lo, mas imaginei que gostaria de ser


informado sobre o que aconteceu.
— O que aconteceu, Wallace? — O tom de voz dele havia me deixado
tenso ao ponto de segurar o celular com mais força.

— Camila desmaiou, eu a trouxe para a clínica do Donald Scott, na


vila.

— Ela está bem? — O ar desapareceu dos meus pulmões.

— Ainda não sei, o médico está a examinando. Elga e eu estamos aqui


com ela.

— Eu já estou indo. — Empurrei a cadeira para trás e me levantei num


salto.

— Estou aguardando o senhor aqui.

— Obrigado por avisar.

Joguei o celular dentro do bolso e saí do meu escritório na destilaria


sem pensar duas vezes. Senti um aperto desconfortável dentro do peito e uma
pontada que doeu. Pensar que a Camila estava doente, seja lá qual fosse o
motivo, me deixou desesperado. Lutei contra aquele sentimento, mas não
consegui. Já era tarde demais, eu havia me apegado demais a presença dela e
não queria perdê-la.

— Não sei se volto hoje — avisei para alguém na produção antes de


seguir porta afora.

Fui até a entrada da destilaria e entrei no carro. Dirigi para o vilarejo


com menos de mil habitantes, que era o mais perto de uma civilização que
havia próximo ao castelo. Inclusive, boa parte dos funcionários da destilaria
morava lá, tendo o negócio da minha família como o principal gerador de
empregos na região por séculos.

Durante o percurso, fiquei me perguntando porquê Wallace não


colocou a Camila no helicóptero e a levou até Edimburgo. Um desmaio
deveria ser uma coisa séria. Ela precisava de atendimento especializado.

Desci do carro, após pará-lo de qualquer jeito na porta e segui para o


interior da clínica.

— Senhor? — Ouvi a voz da Elga, mas a ignorei, procurando pelo


Wallace.

— Onde está a Camila? — Parei diante do meu empregado.

— Ela está com o doutor lá dentro do consultório, aguarde um pouco


que ele irá chamá-lo — disse uma enfermeira sentada atrás do balcão.

Não queria aguardá-lo, rosnei para ela, mas a minha cara feia não a
intimidou. A enfermeira apenas apontou para um banco de aço com um
estofado gasto, esperando que eu me sentasse nele. Porém, antes que eu a
obedecesse, o médico abriu a porta e olhou para mim.

Ele era um homem velho, na faixa dos sessenta anos, com poucos
cabelos brancos e olhos azuis. O leve sorriso que ele tinha nos lábios
estranhamente me deixou mais calmo.

— Senhor Mackenzie, há quanto tempo?

— Como a Camila está?

— Entre, por favor. — Ele abriu mais a porta para que eu pudesse
passar por ela e percebi que Camila estava deitada sobre uma maca, mas
estava acordada. Isso aliviou um pouco mais a pressão do meu peito.
— Como você está? — Fui direto nela e segurei as suas mãos entre as
minhas.

— Eu estou bem. Disse para a Elga que foi só um mal-estar passageiro.

— Ninguém desmaia por nada, Camila. — Lancei um olhar severo


para ela, realmente estava preocupado.

— Não foi por nada — disse o médico –, mas não é nada com que
devam se preocupar, na verdade, é uma boa notícia.

— Desde quando um desmaio é uma boa notícia?! — Cerrei os dentes.

— Vertigens, enjoos, e até mesmo desmaios são sintomas da gravidez.


Pelo ultrassom, o embrião tem aproximadamente nove semanas.

— Gravidez? — Soltei a mão da Camila e afastei alguns passos para


trás, tonto e desnorteado, como se tivesse sido acertado em cheio por um
coice.

— Não, eu não posso estar grávida. — Camila balançou a cabeça em


negativa. — Tenho tomado o anticoncepcional todos os dias, assim como a
ginecologista me indicou, tem três meses.

— Esses métodos contraceptivos não têm cem por cento de eficácia, há


casos de mulheres que engravidaram mesmo utilizando. Além disso, se faz
apenas três meses que começou a tomar, a gravidez ocorreu durante o
primeiro mês, onde a proteção do medicamento não é efetiva. É recomendado
ao menos um ciclo do medicamento antes de ter relações sexuais sem outros
métodos contraceptivos.

Depois da surpresa, veio a raiva.


— Você fez de propósito?!

— Logan, não! — Ela tentou se levantar da maca, mas pareceu ainda


um tanto tonta para ficar de pé.

A fúria me fez cerrar os punhos e os dentes. Não acreditava que tinha


feito tudo o que fiz por ela para que a Camila tentasse dar um golpe da
barriga, assim como a minha mãe fez com o meu pai.

— Eu não sou um idiota... — balbuciei ao me afastar alguns passos,


até dar as costas e deixar o consultório.

— Senhor! — Elga gritou e tentou segurar o meu braço, mas me


esquivei dela e voltei para o carro.
Capítulo trinta e sete

— Logan! — Tentei ir atrás dele, mas o médico me impediu, fazendo


com que eu me sentasse na maca.

— Fique calma ou pode acabar desmaiando de novo.

No fim, aquela era a minha última preocupação. A única imagem que


eu tinha na mente era o olhar de desprezo que o Logan dirigiu a mim quando
descobriu que eu estava grávida. Senti um aperto tremendo e uma pontada de
medo. Tomava o remédio rigorosamente e não estava planejando ficar
grávida. Se isso havia acontecido, não era culpa minha e nem fora de
propósito.

— Eu preciso ir atrás dele. — Levantei da maca e, dessa vez, o médico


não me impediu. Certamente, aquela não era uma reação comum no
consultório dele quando revelava que um casal iria ter um filho, mas aí que
estava: Logan e eu éramos um casal? Até o momento, tudo tinha sido apenas
uma troca mutualística. Eu transava com ele, aceitando seu lado dominador e
ele me oferecia proteção, mas aquela gravidez certamente mudaria tudo.
Acima da nossa relação aquele bebê era real, era meu.

Eu não estou mais sozinha... Toquei a minha barriga ao perceber que


havia alguém crescendo ali, uma esperança.

— O que aconteceu, menina? — questionou Elga quando saí para a


entrada da clínica, onde ela e Wallace esperavam.

— Eu estou grávida e o Logan não gostou nem um pouco disso.


— Ah, meu Deus!

— Não entendendo por que ele ficou tão bravo. — Deixei que ela me
levasse até um banco e sentei ao seu lado quando percebi que o Logan não
estava mais lá. — Onde ele está?

— Entrou no carro e foi embora.

— Eu não engravidei de propósito, Elga. Eu juro! — Cobri o rosto


com as mãos quando senti as lágrimas pesarem nos meus olhos, se
preparando para escorrer.

— Isso é algo que pode acontecer com o sexo. Algo que certamente
você não fez sozinha.

— Então, por que ele está tão furioso? — Limpei as lágrimas com as
costas das mãos, para que pudesse encará-la, mas era difícil parar de chorar.
— Eu quero esse bebê — revelei a verdade do meu coração.

Logan e eu estávamos vivendo uma ótima fase e eu nunca me senti tão


conectada a alguém, mas, de repente, aquela notícia mudou tudo.

— Ele tem um passado complicado quanto a isso. A mãe dele ficou


grávida só para aplicar um golpe no pai dele. Essa notícia certamente
desencadeou traumas ruins.

— Eu não sou como a mãe dele, Elga!

— Sei que não, querida. — Afagou o meu cabelo. — Vai ficar tudo
bem. — Me deu um beijo no alto da cabeça, mas eu não tinha tanta certeza
disso.

Queria ficar com o Logan, estava completamente apaixonada por ele.


Aquele bebê não deveria ser algo bom?
Capítulo trinta e oito

Dirigi a esmo, sem destino, enquanto tentava pensar e amenizar a


minha raiva. Eu tinha confiado na Camila, tratado ela diferente de qualquer
outra mulher com quem me envolvi, e talvez esse houvesse sido o meu maior
erro. Talvez todas as mulheres fossem como a minha mãe, apenas esperando
um momento para tirarem proveito da situação.

Parei o carro perto de uma ponte sobre um riacho de pedras diante das
montanhas. O pico delas já estava congelado, ainda que o inverno não tivesse
começado. Desci do carro e uma brisa gelada se deparou contra o meu rosto,
tão fria que cortava como pequenas lâminas. Coloquei as mãos nos bolsos,
pois estava sem luvas e peguei o celular. Sem pensar muito, liguei para o
Wallace.

— Senhor? — O tom de voz dele estava tenso, imaginei que fosse por
causa da cena que eu havia feito na clínica.

— Leve a Camila de volta para o castelo, fale para ela juntar as coisas
e a leve para Edimburgo, coloque-a em um voo de volta para o Brasil. Depois
disso, abra para ela uma conta bancária com depósitos mensais agendados,
para garantir que esteja financeiramente assistida.

— Tem certeza?

— Você tem questionado demais as minhas decisões e eu não o pago


para isso.

— Como quiser, senhor.


— Quando eu chegar ao castelo, não quero mais vê-la aí.

— Certo.

Desliguei o telefone e voltei a contemplar as montanhas.

Havia um ótimo motivo pelo qual eu sempre me envolvia com


prostitutas, mulheres com limites e preços muito bem definidos, cujos nomes,
na maioria das vezes, eu nem conhecia. Assim, coisas como aquela não
aconteceriam. Eu me achava mais esperto, mas, no fim, acabei na mesma
armadilha do meu pai.

Fazia muito frio, eu não estava agasalhado o suficiente, mas o clima


não era o que mais me incomodava. Estava furioso demais para me importar
ou me incomodar com ele.

O celular tocou e eu o peguei, achando que era o Wallace, mas, ao


atender, deparei-me com uma voz feminina.

— Senhor?

— O que foi Elga? — rosnei. Até onde eu me recordava, ela não


deveria ter o meu número de telefone.

— Não pode mandar a Camila embora, senhor.

Eu ri, gargalhando alto.

— Desde quando cabe a uma empregada decidir isso por mim? Se quer
manter o seu emprego e não ir embora com ela, é melhor que não se
intrometa.

— Se perder o meu emprego significa fazer o senhor refletir a respeito


e mudar de ideia quanto ao que está fazendo, tudo bem. Já sou uma mulher
velha e talvez seja o momento de me aposentar, passar mais tempo com o
meu filho e a esposa, em Windsor. Já o senhor, é um homem jovem, que vai
ser pai. Sei que não teve uma infância fácil, mesmo tendo crescido cercado
pelo luxo, seu pai morreu muito jovem e a sua mãe o abandonou. Cresceu
sem amor dos pais, mas pode tomar uma decisão diferente pelo seu filho. No
fundo, o senhor sabe que essa gravidez foi um feliz acidente e que ama a
Camila. Assim como ela o ama.

Não sei por que permiti que Elga prolongasse sua fala por tanto tempo.
Deveria ter desligado ao ouvir as primeiras palavras sobre a minha infância,
mas não fiz isso, deixei que falasse e talvez esse tivesse sido o meu maior
erro.

— Ótimo, pode juntar as suas coisas também.

— Senhor, você pode dar para o seu filho uma infância melhor do que
a sua.

— Está demitida, Elga. — Desliguei a chamada.

Meu filho... Aquelas duas palavras ecoaram pela minha mente. Estava
tão puto com tudo o que acontecera, que apenas naquele momento a minha
ficha caiu.

— Eu vou ser pai... — balbuciei.


Capítulo trinta e nove

Desfazendo-me em lágrimas, dobrei uma camiseta e a coloquei dentro


da mala que o Wallace me entregou. Logan sequer teve coragem de olhar na
minha cara antes de me expulsar da casa dele, depois de tudo o que havíamos
vivido, mandou o capacho fazer isso no lugar dele.

Tinha feito muitas coisas para ficar com ele, para permanecer ali nos
seus braços e sob a sua proteção, mas ficar grávida não era uma delas. Nem
sabia se estava pronta para ser mãe e, honestamente, nem havia pensado
nisso. Tinha planejado outra vida antes da minha mãe morrer, estava
estudando e mal tive tempo para namorar.

Enquanto fazia as malas com o Wallace parado na porta feito um cão


de guarda, para garantir que eu não me escondesse em algum canto do
castelo, estava pensando para onde deveria ir. Certamente, para o canto mais
distante possível do meu padrasto. Precisaria recomeçar sem saber por onde,
criar novos laços e uma criança que eu não estava preparada para ter, mas que
assim que eu soube da existência me fez sentir que eu não estaria mais
sozinha. Talvez, mais do que do Logan, era dela ou dele que eu precisava
para começar uma nova vida após ter sido traficada e vendida.

— Não temos o dia todo! — resmungou Wallace, e eu olhei torto para


ele.

— Já estou terminando. — Sequei a nova leva de lágrimas e fui até o


banheiro, pegando alguns frascos.

— Pode deixar isso tudo aí. — Wallace apareceu atrás de mim e eu


tomei um susto.

— Não posso levar os cremes? — Olhei para ele sem entender. O que
iriam fazer com cosméticos usados?

— No avião, você não pode entrar com nenhum frasco que contenha
mais de cem mililitros.

— Ah! — Olhei para as embalagens que se encaixavam no limite e as


peguei, mas não pude levar nem a pasta de dentes e o meu shampoo favorito.

Peguei as coisas e voltei para a cama, colocando-as dentro da mala.

Se eu tivesse entendido desde o início que aquele castelo não era a


minha casa, provavelmente não estaria doendo tanto. Porém, eu me iludi, me
apaixonei por aquele lugar e pelo dono dele e teria que lidar com o peso disso
para sempre. Deveria ser grata ao Logan por tudo e não estar tão puta com
ele.

Logan poderia não ter me comprado e eu ainda estaria presa num


porão, vestindo trapos e sendo abusada como se não possuísse opinião
própria ou qualquer escolha. Ele me salvou de me tornar uma escrava sexual
nas mãos de outro homem, mas não significava que ele era o meu final feliz.

— Já estou terminado — falei para o Wallace, que não tirava o olhar


de mim.

— O senhor me falou para criar uma conta bancária para você, mas
vou entregar algum dinheiro para a viagem.

— Obrigada. — Minha voz era apática, sem qualquer emoção, pois


tentei esconder o quanto estava sofrendo. Doía, doía muito.
— Já pensou para onde vai?

— Pode me comprar uma passagem para o sul do país. Porto Alegre.


Espero que, lá, não corra risco de esbarrar com o meu padrasto e que ele
também não me descubra.

— Farei isso. Pronta para ir?

— Posso tomar um banho antes, por favor? O médico passou um gel


na minha barriga e eu ainda estou melando.

O coração estava despedaçado, mas fiz de tudo para manter a postura.

— Não demore.

— Obrigada. — Peguei a roupa que havia separado e entrei para o


banheiro.

O momento que eu tanto havia lutado para postergar havia finalmente


chegado, antes do previsto, pois meu visto ainda estava valendo. Contudo, eu
não voltaria sozinha, iria ter uma parte do Logan crescendo dentro de mim.
Alguém para me dar força de vontade para continuar vivendo. No fim do
túnel realmente havia uma luz, mas ela não era o Logan, como eu havia
imaginado, era o meu bebê.
Capítulo trinta e quarenta

Estacionei meu carro diante do castelo e corri para a cozinha,


imaginando que a Camila estaria com a Elga, tecendo comentários maldosos
a meu respeito. Não as culparia por isso, de certa forma, eu tinha feito por
onde.

Ao pisar na cozinha, vi apenas a Elga, ela estava segurando uma caixa


de papelão e guardando algumas coisas dentro dela, as suas coisas, como
fotos da família e aventais.

— Elga?! — Parei na frente dela, ofegando.

— Senhor? — Arregalou os olhos, surpresa ao me ver daquele jeito. —


Já estou guardando as minhas coisas, saio em minutos.

— Pode ficar, mulher.

— Não estou demitida?

— Acho que esse foi um dos muitos equívocos que cometi de cabeça
quente. Onde está a Camila?

— Acabou de se despedir de mim. Ela e o Wallace iriam de


helicóptero até Edimburgo para que pegasse um voo para o Brasil lá.

— Isso faz muito tempo?

— Menos de dez...

Não esperei que ela terminasse de falar. Saí correndo, mesmo com toda
a minha prática atlética, não me senti rápido o bastante. Corri por quase um
quilômetro até chegar ao heliporto do castelo, e quando pisei na marca no
chão, o helicóptero já havia levantado voo.

— Wallace, volta! — gritei, acenando com as mãos para o alto. —


Camila!

Por um momento, achei que os meus gritos não seriam audíveis e


pensei quantos limites de velocidade teria que quebrar para chegar em
Edimburgo antes de um helicóptero. Contudo, acabei sendo notado e Wallace
retornou com o helicóptero. Precisei dar alguns passos para trás para que ele
parasse na marca.

Antes que desligasse, eu corri para a porta e bati nela para que fosse
aberta. Imaginei que, se ele demorasse mais um pouco, acabaria abrindo um
buraco na janela de vidro blindado.

— Logan?! — Camila arregalou os olhos castanhos, surpresa ao me


ver, quase colocando o coração para fora e ofegando.

Abri o casaco que estava usando e tirei dele uma caixinha de presente.

— O que é isso? — questionou, receosa. Seus olhos estavam muito


vermelhos e inchados, sabia que havia chorado muito e que eu era o causador
disso, mas estava disposto a consertar, dependendo do rumo daquela
conversa.

— Abre! Eu vi em uma vitrine no vilarejo.

Ela puxou tampa da caixa e o seu olhar ficou ainda mais confuso ao
ver os sapatinhos de bebê.
— Promete que não importa o que aconteça, você não vai abandoná-
lo?

— Ele já é a coisa mais importante para mim. — Abraçou a barriga.


Camila sempre foi muito transparente e foi fácil perceber que ela estava
falando a verdade.

— Então, vamos fazer da infância dele algo diferente da minha. —


Estendi uma mão para ela enquanto, com a outra, pegava um pequeno anel
dentro do sapatinho.

Ele não era luxuoso, não custava milhares de libras, nem ostentava
uma bela pedra de diamante, mas foi o melhor que consegui com alguns
minutos passando de carro pela vila, pensando sobre o que deveria ou não
fazer.

— Isso é... — Camila não conseguiu terminar de falar, ainda me fitava


perplexa.

— A minha mãe me fez temer relacionamentos, acreditar que nunca


deveria me envolver, pois tudo o que importava era o dinheiro. Me mostra
que ela estava errada, Camila.

Ela abriu um largo sorriso, o Wallace desligou o helicóptero de vez e


também me lançou um sorriso. Surpreendi-me ao perceber que ele aprovava a
minha decisão.

— Eu amo você, Logan! — Camila se atirou nos meus braços.

— Eu também, minha garota. — Peguei ela no colo e coloquei o anel


no seu dedo. Era a primeira vez que eu dizia aquilo, mas percebi que poderia
ser a primeira de muitas, se eu me permitisse.
— Podemos nos casar no jardim? — Ela tombou a cabeça, apoiando-a
no meu peito, percebi que todo o seu ar de tristeza havia dado lugar a uma
profunda felicidade.

— Podemos nos casar onde você quiser. — Ao dizer aquilo, eu me dei


conta que sempre quis controlar tudo, mas estava abrindo mão disso em
função dela.

Eu tinha comprado uma garota por impulso, trouxe-a para a minha vida
e não percebi que ela estava mudando tudo até ser tarde demais.
Epílogo

Dois anos depois...

Coloquei meu filho no berço assim que ele dormiu após terminar de
mamar e ajeitei o cobertor sobre os seus ombros, antes de me curvar para
beijá-lo, no alto da cabeça.

Elga sempre me dizia que eu o mimava de mais, mas era apenas um


bebezinho e eu queria dar a ele todo o meu amor. Depois do meu casamento
com o Logan, eu não havia ganhado apenas um marido e um filho, mas uma
família. Elga era muito mais do que uma cozinheira, havia se tornado uma
amiga, uma confidente e o mais perto de carinho materno que poderia ter.
Wallace continuava atendendo todas as nossas necessidades e eu ficava
contente por ele ter uma vida. Eu também estava construindo uma carreira,
ainda estava estudando e pretendia me tornar uma estilista. Logan me apoiava
e isso me fazia muito feliz.

Ele também estava contente, tinha a família que nunca teve e a sua mãe
felizmente não voltou a aparecer. Eu acreditava que ela tinha medo de ser
responsabilizada por partes dos crimes horrendos do ex-noivo, era melhor
assim para todo mundo.

Tomei um leve susto quando senti mãos pensadas tocarem a minha


cintura, apertando-as com firmeza.

— Nosso filho dormiu, senhora Mackenzie? — Logan levou a boca até


a minha orelha fazendo com que eu me arrepiasse toda.

— Sim. — Sorri ao me derreter nos seus braços.

— Isso é muito bom. — Ele subiu as mãos até o meu cabelo e o


penteou com os dedos, até prendê-lo em um rabo de cavalo bem firme. —
Vamos para a masmorra.

Um arrepio varreu meu corpo ao pensar na possibilidade, mas não


naquela noite.

— Eu tenho outros planos para nós. — Girei de frente e envolvi seu


pescoço com os braços.

— Quais planos? — Sorriu malicioso.

— Vem comigo! — Puxei-o pela mão, o arrastei para fora do quarto do


nosso filho e fomos até o nosso.

Fechei a porta atrás de nós e Logan ficou me olhando com um ar


curioso, até que eu o empurrasse para cima de uma cadeira de madeira. Fui
até o closet e peguei algumas algemas.

— O que você acha que vai... — Ele começou a questionar, mas eu o


silenciei colocando meus dedos sobre seus lábios, e subi em cima dele e me
sentei de frente no seu colo.

Escorreguei as mãos pelos seus braços fortes, os músculos torneados,


até puxá-los para trás e algemá-los.

— Camila! — Logan cerrou os dentes e rosnou para mim, mas o seu


protesto se dissolveu sob o peso dos meus lábios e a pressão da minha língua
buscando pela sua.
Eu estava usando uma camisola fina com uma calcinha de renda, e
senti o volume na sua calça de moletom crescer enquanto eu me esfregava no
seu colo em meio ao beijo acalorado. Senti que o Logan queria me tocar,
escorregar as mãos em mim, mas as algemas não permitiam, e isso estava o
deixando agoniado. Confesso que gostei de ver o seu olhar desesperado e ao
mesmo tempo cheio de desejo. Deliciei-me com cada gemido agoniado
enquanto levantava meu quadril e me esfregava nele.

— Isso não faz parte das minhas regras, Camila.

— Eu sou a sua esposa e mudei um pouco as regras. — Saí de cima


dele e puxei sua calça e a cueca, ajeitando-me entre as suas pernas.

Segurei seu membro entre as minhas mãos e Logan revirou os olhos


azuis enquanto me observava, atento a cada coisa que eu cogitava fazer com
ele. Desci a boca, roçando os lábios na sua glande, saboreando seu gosto e os
gemidos que arrancava dele. Pressionei a pequena fenda com a língua, antes
de lambê-lo de cima a baixo, percorrendo toda a sua extensão até envolvê-lo
com os lábios, acolhendo-o no interior da minha boca. Ele pulsou e chupei
com mais força, minha excitação se intensificava entre as pernas a cada
sorvida. Eu o chupei, lambi e o enlouqueci, brincando com a língua sem
pudor algum, fazendo Logan se retorcer na cadeira, brigando com as
algemas. Eu o fiz provar um pouco do próprio veneno e provar o que eu
sentia enquanto ele fazia aquilo comigo presa.

Parei de chupá-lo e Logan soltou um gritinho de protesto, mas sorriu


quando fiquei de pé diante dele e tirei a minha calcinha, escorregando-a pelas
coxas até deixar cair no chão, antes de me acomodar novamente no seu colo.
Contudo, diferente das expectativas dele, não o encaixei em mim, apenas
fiquei esfregando com as mãos apoiada em seus ombros, deixando-o sentir
minha umidade. Roçava meu clitóris no seu membro pulsante e delirava de
prazer com isso, mas Logan estava sendo torturado.

— Me solta, Camila! — vociferou em seu bom e velho tom autoritário.


Algumas coisas nunca mudavam.

— Acho que não. — Rebolei mais um pouco, quicando levemente e


podia sentir a sua aflição apenas pelos movimentos do seu pau.

— Caralho, me solta!

Ri ao me debruçar sobre os braços dele e abrir as algemas, que caíram


no chão, libertando os seus pulsos.

Sem calma, cuidado ou ternura, Logan segurou a minha cintura com


uma mão, e com a outra, encaixou o pau no meu sexo num tranco firme,
puxando-me para o seu quadril de uma vez. Joguei a cabeça para trás,
revirando os olhos e me rendendo ao prazer de tê-lo dentro de mim. Com os
dedos enterrados nas minhas nádegas, Logan só me permitia subir para se
cravar no meu interior outra vez, e cada estocada preenchia o quarto com
altos gemidos.

Segurei o rosto dele e encostei minha testa na sua, para não fitar outra
coisa que não fosse os seus olhos. Queria me perder naquela imensidão azul
enquanto ele me levava ao prazer da forma mais arrebatadora.

Logan mordeu meu lábio inferior ao mesmo tempo em que gozava em


mim e eu continuei me movendo, até me juntar a ele em uma onda alucinante
de espasmos que explodiam do meu sexo e varriam o meu corpo todo.

— Agora, podemos ir para a masmorra. — Ri, ainda estremecendo e


ofegante, com as pernas bambas demais para conseguir sair do seu colo.
— Acho que podemos continuar no banheiro, esposa. — Abraçou-me
para me levantar. — O que acha de uma viajem de férias, amor?

— Férias? — Fiquei surpresa, Logan sempre foi muito recluso. Aquele


convite me surpreendeu.

— Sim, pensei em irmos para as Ilhas Maldivas, no resort do Bryan


Maldonado.

— O cara que comprou a Valkyria?

— Sim.

— E como ela está?

— Vai ver por você mesma quando chegarmos lá. — Deu de ombros.

— Obrigada! — Eu o abracei. — Logan... — Minha voz assumiu um


tom mais sério.

— Sim? — Abriu a porta do box, mas continuou me encarando.

— Tem algo que eu preciso te contar.

— O que foi? — Ficou tenso e o ar descontraído se dissolveu.

— Eu estou grávida de novo. Juro que estou tomando o


anticoncepcional.

Ele balançou a cabeça em negativa e eu prendi a respiração.

— Vamos ter que conversar com a sua ginecologista e arrumar outro


método anticoncepcional, depois do terceiro filho.
— Terceiro?! — Arregalei os olhos e fiquei boquiaberta. — Você quer
três?

— Eu adorei ser pai. — Ele se curvou e beijou a minha barriga.

Ri enquanto ligava o chuveiro, desfrutando do calor dos seus beijos e


dos braços onde eu havia encontrado o meu final feliz, depois de todo o
sofrimento.

Fim!
Leia o Livro do Bryan...

link => https://amzn.to/2AqzITM

Sinopse:
Proprietário do Paradise Resort nas Ilhas Maldivas, Bryan Maldonado
construiu seu patrimônio com dedicação na administração de sua herança.
Além do sucesso profissional, ele explorava sua sexualidade ao extremo. Sem
compromisso ou paixões que durassem mais que uma noite, Bryan era
racional e sabia como lidar com as mulheres, tomando o que ele queria e
dando a elas o que necessitavam.
Convidado para participar do exclusivo Clube Secreto, ele estava
disposto a investir altas quantias para experimentar uma nova forma de sentir
prazer. Ao descobrir que se tratava de um leilão de mulheres, percebeu que
estava além do seu limite, ele tinha princípios. Todavia, não conseguiria ir
embora sem tentar salvar pelo menos uma delas.
Valkyria não sabia o que tinha acontecido com ela até acordar em um
quarto desconhecido. Até que chegasse nas mãos de Bryan, ela conheceu o
pior do ser humano, ela não sabia o que tinha feito para merecer tanto.
Ele não era um salvador, muito menos um príncipe, Bryan estava mais
para o perfeito representante do deus Afrodite.
Disposto a libertá-la, a última coisa que ela queria era rever aqueles
que poderiam ser os causadores da sua desgraça. E, enquanto ela não decidia
o que fazer da sua vida, tornou-se parte da rotina de Bryan, conheceu seus
gostos, experimentou suas habilidades e tentou não se apaixonar pela melhor
versão de homem que já conheceu.
O único problema era que Bryan tinha limitações e Valkyria parecia
disposta a ultrapassar todas elas antes que seu tempo com ele terminasse. 
Sobre a autora
Jéssica Macedo é mineira de 24 anos, mora em Belo Horizonte com o
marido e três gatos, suas paixões. Jéssica escreve desde os 9 anos, publicou
seu primeiro livro aos 14 anos. Começou na fantasia, mas hoje escreve
diversos gêneros, entre romance de época, contemporâneo, infanto juvenil,
policial e ficção científica. Com mais de trinta livros publicados, é escritora,
editora, designer e cineasta. Tem ideias que não param de surgir, novos
projetos não faltam.
Acompanhe mais informações sobre outros livros da autora nas redes
sociais.
Facebook - www.facebook.com/autorajessicamacedo/
Instagram - www.instagram.com/autorajessicamacedo/
Página da autora na Amazon - https://amzn.to/2MevtwY
Outras obras

A virgem e o cafajeste (im)perfeito (Minha redenção


Livro 1)

link => https://amzn.to/3dDdHi2

Sinopse:

William e Elizabeth são completos opostos, mas cresceram juntos e se tornaram


inseparáveis.
Ele é um playboy rico que sempre teve tudo o que quis e está assumindo os negócios da
família a frente de uma rede de hotéis de luxo. Ela, uma moça humilde, filha dos
empregados e apaixonada por história, vive de uma pequena loja de antiguidades.
Uma amizade forte entre uma virgem, que espera encontrar o homem dos sonhos, e um
cafajeste com incontáveis conquistas. Porém, a relação deles está prestes a mudar quando
Elizabeth sofre uma desilusão ao ver o noivado perfeito da sua melhor amiga acabar e
percebe que esse homem idealizado, pelo qual tanto esperou, pode não existir. Decidida a
curtir a vida como não fazia antes, percebe que precisa fazer algo primeiro: perder a
virgindade.
Elizabeth vai ver no seu melhor amigo o cafajeste perfeito para a sua primeira noite de
sexo casual. Preocupado com a amizade, William a faz prometer que a transa não mudaria
a relação deles, mas será que vão conseguir cumprir a promessa de continuarem melhores
amigos?
Trevor: e o bebê proibido (Dark Wings Livro 1)

link => https://amzn.to/2YPhhAw

Sinopse:

Diana era o motivo de orgulho para os seus pais adotivos. Esforçada, estudiosa, cursava
medicina, com um futuro muito promissor, mas um convite para visitar o Inferno vai mudar
tudo.
O Inferno era apenas um bar pertencente a um moto clube, ao menos era a imagem que
passava a quem não o frequentava. Porém, ele era uma porta para o submundo, um lugar de
renegados, como Trevor. Um dos irmãos que lidera o Dark Wings é a própria escuridão,
nascido das trevas e para as trevas, que acabará no caminho de Diana, mudando a vida da
jovem para sempre.
Uma virgem inocente que foi seduzida pelas trevas...
Uma noite nos braços do mal na sua forma mais sedutora, vai gerar uma criança incomum
e temida, além trazer à tona um passado que Diana desconhecia, e pessoas dispostas a tudo
para ferir seu bebê.
Um milionário aos meus pés (Irmãos Clark Livro 0)

link => https://amzn.to/2WcewsR

Sinopse:
Harrison Clark abriu uma concessionária de carros de luxo em Miami. Se tornou
milionário, figurando na lista dos homens mais ricos do Estados Unidos. O CEO da Golden
Motors possui mais do que carros de luxo ao seu dispor, tem mulheres e sexo quando assim
deseja. Porém, a única coisa que realmente amava, era o irmão gêmeo arrancado dele em
um terrível acidente.
Laura Vieira perdeu os pais quando ainda era muito jovem e foi morar com a avó, que
acabou sendo tirada dela também. Sozinha, ela se viu impulsionada a seguir seus sonhos e
partiu para a aventura mais insana e perigosa da sua vida: ir morar nos Estados Unidos. No
entanto, entrar ilegalmente é muito mais perigoso do que ela imaginava e, para recomeçar,
Laura viveu momentos de verdadeiro terror nas mãos de coiotes.
Chegando em Miami, na companhia de uma amiga que fez durante a travessia, Laura vai
trabalhar em uma mansão como faxineira, e o destino fará com que ela cruze com o
milionário sedutor. Porém, Harrison vai descobrir que ela não é tão fácil de conquistar
quanto as demais mulheres com quem se envolveu. Antes de poder tirar a virgindade dela,
vai ter que entregar o seu coração.
Quando a brasileira, ilegal nos Estados Unidos, começa a viver um conto de fadas, tudo
pode acabar num piscar de olhos, pois nem todos torciam a favor da sua felicidade.
Uma virgem para o CEO (Irmãos Clark Livro 1)

link => https://amzn.to/2vYccvj

Sinopse:

Dean Clark nasceu em meio ao luxo e o glamour de Miami. Transformou a concessionária


de carros importados que herdou do pai em um verdadeiro império. Ele é um CEO
milionário que tem o que quer, quando quer, principalmente sexo. Sua vida é uma eterna
festa, mas sua mãe está determinada a torná-lo um homem melhor.

Angel Menezes é uma moça pacata e sonhadora que vive com a mãe em um bairro de
imigrantes. Trabalhando como auxiliar em um hospital, sonha em conseguir pagar, um dia,
a faculdade de medicina. As coisas na vida dela nunca foram fáceis. Seu pai morreu
quando ela ainda não tinha vindo ao mundo, e a mãe, uma imigrante venezuelana, teve que
criá-la sozinha. Porém, sempre puderam contar com uma amiga brasileira da mãe, que teve
um destino diferente ao se casar com um milionário.

Laura mudou de vida, mas nunca deixou para trás a amiga e faz de tudo para ajudar a ela
e a filha. Acredita que Angel, uma moça simples, virgem, e onze anos mais jovem, é a
melhor escolha para o seu filho arrogante e cafajeste, entretanto, tudo o que está prestes a
fazer é colocar uma ovelhinha ingênua na toca de um lobo.

Dean vai enxergar Angel como um desafio, ele quer mais uma mulher em sua cama e
provar que ela não é virgem. No jogo para seduzi-la, ganhará um coração apaixonado que
não está pronto para cuidar...

Será que o cafajeste dentro dele se redimirá ou ele só destruirá mais uma mulher?
Uma noiva falsa para o popstar (Irmãos Clark Livro 2)

link => https://amzn.to/3cgPYnU

Sinopse:

Dylan Clark sempre teve o mundo aos seus pés. Dono de uma voz cativante e um carisma
ímpar, ele é um astro do pop famoso mundialmente, com uma legião de fãs apaixonadas.
Lindo, sexy e milionário, ele tem uma lista interminável de conquistas. Entretanto, seu
estilo de vida cafajeste está ameaçado pelo noivado do seu irmão gêmeo.

Caroline Evans é determinada e uma profissional impecável. Viaja o mundo como parte
da equipe do astro do pop. Produtora, ela cuida para que tudo corra bem durante as turnês,
mas Dylan, o estilo de vida dele e sua personalidade egocêntrica, talham o seu sangue e a
tiram do sério.

Com o casamento do seu irmão, Dean, Dylan sabe que sua mãe tentará fazer o mesmo
com ele, mas não quer abrir mão da vida que leva. Acha que a melhor solução é dar a mãe
o que ela quer, um noivado. A primeira mulher que vem a sua mente é Caroline, ninguém o
conhece melhor do que ela e é a candidata perfeita para convencer sua mãe da farsa.

Será que o cafajeste vai ser livrar de um casamento ou cair na própria armadilha?
Um canalha para a estrela (Irmãos Clark Livro 3)

link => https://amzn.to/2KXKrGW

Sinopse:

Daphne Clark é uma aclamada atriz de Hollywood que nasceu em berço de ouro e tem tudo
a um estalar de dedos: dinheiro, luxo e glamour, exceto um grande amor. As relações a sua
volta são superficiais, prezam muito mais pelo que ela tem do que pelo que é. Imersa em
um mundo onde apenas as aparências importam, ela só viveu relacionamentos vazios.
Vendo seus irmãos casados e apaixonados, pensa que o seu dia nunca vai chegar.

Adan Watson já acreditou no amor, mas não acredita mais. O magnata, dono de uma
destilaria de uísque e um hotel de luxo, foi traído, abandonado e fechou seu coração para
sempre. Sua vida se resumiu a dinheiro e sexo. Seu único motivo de felicidade é o filho de
seis anos.

O destino fará com que a vida dos dois se cruze. A estrela vai se hospedar no hotel do
canalha para as gravações de um filme. Em meio a uma relação explosiva, podem descobrir
que são exatamente o que o outro precisa, mas fantasmas do passado podem voltar e por
tudo a prova.

Será que Daphne está pronta para brigar pelo amor de verdade ou o deixará ir?
Meu primeiro amor é o meu chefe

link => https://amzn.to/3cBvEys


Sinopse:
Jeniffer nunca acreditou no destino, mas ele parece sempre unir ela ao Leonardo...

Depois de tê-lo conhecido na escola quando ainda eram adolescentes, tê-lo desprezado e
visto tudo desmoronar quando finalmente confessou seus sentimentos a ele, Jeniffer achou
que nunca mais voltaria a vê-lo. Contudo, o destino gostava de juntar os dois.

Ao começar a trabalhar em um grande projeto, Jennifer se depara com o chefe que


menos esperava: o primeiro homem que ganhou seu coração e que não via há mais de uma
década. Entretanto, muitas coisas aconteceram nesses anos longe um do outro.
Será que ainda há amor entre eles ou já seguiram em frente?
E se... Ele fosse real?

link => https://amzn.to/39B03LT


Sinopse:
Kalina Richter é uma aclamada escritora de romances, mas seus próprios
relacionamentos não tiveram tanto sucesso. Divorciada e com uma filha, sua maior paixão,
focou apenas nos livros, nos quais os homens podiam ser "perfeitos". Quando um dos seus
livros se torna filme, tudo pode mudar.
Jake Montagu é um herdeiro inglês que desistiu de tudo para se tornar galã de
Hollywood e vê no filme "Paixão Avassaladora" a oportunidade de se tornar um grande
astro. Está determinado a fazer desse o seu maior papel.
Com jeito de lorde inglês, cavalheirismo e charme, Kalina pode acabar se deparando
com o "homem dos seus sonhos" de carne e osso.
Possessivo & Arrogante

link => https://amzn.to/2uaNx5L

Sinopse:

Atenção: Esta é uma obra de ficção imprópria para menores de 18 anos. Pode conter gatilhos,
incluindo conteúdo sexual gráfico, agressão física e linguagem imprópria. Não leia se não se sente
confortável com isso.
_______________________
"Entre a cruz e a espada." Esse ditado nunca fez tanto sentido para Vânia.

Uma mulher brilhante, uma advogada admirável, mãe de um adorável bebê, mas que não consegue se
livrar de um relacionamento abusivo com o pai da criança. Entretanto, a vida está prestes a brincar com
o seu destino.

Um caso polêmico a levará a defender o CEO Franklin Martins, um homem arrogante, excêntrico e
extremamente sexy... Suas próprias feridas farão com que ela duvide da inocência dele, contudo,
haverão provas irrefutáveis e uma atração quase explosiva. Porém, qualquer envolvimento entre os dois
pode colocar a vida de ambos em risco.
E agora... quem é o pai?

link => https://amzn.to/322G7gz


Sinopse:
Quantas burrices você pode fazer quando tá muito triste depois que pegou seu futuro
marido transando com uma aluna dele?
Cortar o cabelo, comer uma panela de brigadeiro sozinha, torrar o limite do cartão de
crédito no shopping com as amigas... Eu fiz a maior besteira de todas! Transei com meu
melhor amigo e um tempo depois eu descobri que estava grávida. Agora não sei se é dele
ou do ex babaca.
Esse filho é meu!

link => https://amzn.to/2pqvB4U


Sinopse:
Ter um filho sempre foi um sonho para mim, mas não significava que eu precisava de
um homem para isso. Decidi que teria meu bebê sozinha, produção independente, mas eis
que um cara bonito e rico cisma de sacanear a vida de uma mulher bem-sucedida e cheia de
si. Foi exatamente o que pensei quando aquele sujeito arrogante decidiu que tinha qualquer
direito sobre o meu filho. Ele não deveria passar de um doador de esperma, mas ao que
parece, a clínica que fez a minha inseminação artificial usou uma amostra que não deveria,
e um juiz sem noção determinou uma guarda compartilhada. Terei que conviver com ele
como "pai" do meu filho, até conseguir reverter essa situação insana.
Minha bebê coreana

link => https://amzn.to/34qjdQW

Sinopse:

Minha viagem para a Coreia não deveria passar de uma experiência cultural e artística,
mas ela mudou a minha vida inteira.
Como artista plástica, eu sempre me encantei pelas cores e formas do oriente, mas isso
não foi a única coisa que me seduziu por lá. Conheci o Kim Ji Won, um médico gentil que
evitou vários micos meus pela diferença de cultura. Ou, pelo menos, tentou... Passamos
algumas noites juntos e, como toda viagem tem um fim, voltei para o Brasil. Só que, ao
chegar aqui, descobri que estava grávida e não contei para o pai do outro lado do mundo.
Um CEO enfeitiçado

link => https://goo.gl/HX62bL


Sinopse:
Ela é uma mulher determinada, que tem um único objetivo: tê-lo aos seus pés.
Marcus Werner é o CEO de uma grande empresa de games. Dono de uma beleza
sedutora e carisma ímpar, é o homem perfeito para as pretensões de Melissa, que está
disposta a fazer de tudo para tê-lo.
Trabalhando como recepcionista na empresa, nunca foi notada até que consegue ir a
uma festa e ter uma chance de ficar a sós com Marcus. A química entre eles é intensa e
evidente. Melissa estava certa de uma ligação no dia seguinte, mas isso não aconteceu...
Chateada por tudo apontar para apenas o caso de uma noite, ela se vê desesperada e
encontra em um cartaz na rua a única solução para tê-lo aos seus pés.
E a ligação acontece...
Leve-me à loucura

Lucas sempre foi um policial exemplar, em todas as áreas, mas ele nunca imaginou que
a sua beleza e charme um dia seriam usados como arma.
Trabalhando para a narcóticos na luta constante contra o tráfico em São Paulo, ele receberá
uma missão um tanto inusitada: se infiltrar entre os bandidos para seduzir e conquistar a
princesa do tráfico, filha de um dos maiores líderes de facção criminosa no país.
Era simples, pegue, não se apegue e extraia as informações necessárias para prender
todos os bandidos, porém em jogos que envolvem o coração as coisas nunca saem como
esperado e Patrícia o levará à loucura.
Clique aqui...

Jéssica Macedo possui vários outros títulos na Amazon, confira!


Clique aqui

Você também pode gostar