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1ª Edição
Essa é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança
com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência. Essa obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. Todos os direitos reservados. São proibidos o
armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora. Criado no Brasil.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Dedicatória
Dedico este livro a todas as minhas leitoras, por
sempre abraçarem cada obra minha.
Sinopse
João Paulo
Daniela
João Paulo
— Tenho uma reunião com o Jin Yang daqui a alguns minutos, não
posso me atrasar — falei para a minha mãe ao telefone e depois de nos
despedir, deixei o meu apartamento.
Durante o percurso, verifiquei em meu celular o trajeto que o GPS
apontava e notei que estava indo ao lugar certo. Jin Yang era um chinês que
exigia profissionalismo e pontualidade. Ele havia marcado essa reunião de
última hora e estranhei o fato de ser no escritório da sua própria casa, porém
sequer perguntei sobre o assunto que trataríamos.
Quando cheguei ao lugar indicado, notei o quão poderoso o lugar era.
Ele não tinha uma casa, não! Era uma grande mansão, rodeada de seguranças
mal-encarados. Aproximei-me dos grandes portões e me identifiquei, só
depois de verificarem minhas informações, que a minha entrada foi liberada.
Fui recepcionado na porta de entrada por uma das empregadas da casa
e, ela me conduziu até o escritório dele. Tudo ali esbanjava luxo e poder.
Realmente fiquei impressionado.
As portas de madeira maciça foram abertas e avistei o Jin Yang
sentado em sua poltrona, atrás de uma mesa de vidro. Seus olhos puxados me
encararam e notei seu cabelo amarrado na parte de trás da cabeça. Ele fumava
um dos seus charutos que imaginei ser caríssimo.
— Como vai, João Paulo? — Seus olhos se repuxaram ainda mais
quando sorriu, quase se fechando.
— Vou bem, senhor Yang. — Demos um aperto de mão. —
Obrigado. — Agradeci quando me apontou a cadeira a frente da sua mesa
para que eu pudesse me sentar e, voltou para a sua poltrona.
— Está confortável? — Estranhei sua pergunta, mas eu ri
descontraidamente.
— Sim. — Afirmei e, ele se recostou na poltrona, parecia me analisar
enquanto soltava a fumaça no ar, sem desviar seus olhos dos meus. — Afinal,
do que se trata essa reunião? Há algo errado? — Fui direto ao ponto.
Ele soltou um riso amargo e, em seguida, pegou um controle sobre a
mesa. Franzi o cenho, sem entender.
— Vamos assistir a um vídeo juntos — concordei, e então ele apontou
o controle para o telão que tinha a nossa frente, aumentando o volume assim
que deu play.
Meus olhos faltaram saltar das órbitas quando me dei conta da mulher
que estava naquele vídeo. Ingrid se encontrava seminua, acuada em um
canto, iluminada apenas por uma fraca luz. Seu choro era audível e o
desespero era evidente ao vê-la naquele estado.
Seus olhos estavam vermelhos pelo choro. A face avermelhada dava a
entender que havia sido esbofeteada em ambos os lados do rosto.
— Pai, eu fui abusada e… — ela fungou, derramando-se em lágrimas
— O João Paulo é o responsável por eu estar neste estado. — Meus olhos
tomaram uma proporção maior ainda ao ouvi-la chamando-o de pai. Como
assim? Sequer tinham qualquer semelhança um com o outro. — E-ele é um
homem sem escrúpulos; completamente desumano! Não pode deixá-lo
impune. Olhe só o meu estado! — explicou, clamando por justiça.
— Quanto absurdo! Eu jamais faria isso! — Levantei-me do meu
assento, passando meus dedos furiosamente entre os fios do meu cabelo, sem
conseguir assimilar tudo aquilo. — Sequer tinha o conhecimento que ela era a
sua filha — me defendi.
— Então confessa que a conhece? — Olhei-o a tempo de vê-lo
abandonando seu charuto após apagá-lo sobre um cinzeiro.
— Eu a conheço, mas não significa que abusei dela. Sempre tivemos
sexo consensual. Nunca a tomaria à força! — O desespero era evidente em
minha voz, não queria ser preso por algo que não tinha culpa. Estava sendo
injustiçado ali.
Ele não disse nada, apenas apertou um botão que continha em sua
mesa e, em seguida, ouvi o barulho de uma porta se abrindo ao fundo do
cômodo. Ingrid entrou, toda trabalhada em sua beleza e batendo seus saltos
contra o piso. Coloquei uma mão na cintura, exasperado com tudo o que
estava acontecendo. Ela estava jogando comigo, não tive dúvida.
— Ingrid, eu exijo que me tire dessa enrascada que fez questão de me
enfiar. Desminta agora mesmo essa mentira descabida ao seu pai! — bradei,
extremamente apavorado.
Ela cruzou os braços e ficou próxima ao seu pai, que também estava
de pé.
— Você sabe que não é mentira, João Paulo. — Mirei meus olhos em
seu rosto, sentindo-me apático. Não estava acreditando que ela levaria aquele
absurdo adiante. Minha vontade era de esganá-la. — Mas eu tenho uma
proposta a te fazer. — Ela então caminhou até mim e parou em minha frente
com o nariz arrebitado.
— Proposta? — Minha pergunta saiu carregada de ironia. — Que
proposta teria para me fazer se não tenho culpa alguma do que alega que fiz?
— retruquei, impaciente com todo aquele jogo.
Ela soltou um riso de lado, não dando a mínima para as minhas
palavras.
— Eu não darei queixa de você, mas em troca, terá que se casar
comigo. — Deu sua cartada final.
Gargalhei alto, entretanto, assim que voltei o meu olhar para o seu
pai, percebi que ele me encarava com um semblante fechado. Ajustei minha
postura e alinhei o terno ao meu corpo.
— Está de acordo, pai? — Ela direcionou sua pergunta a ele.
Não era possível que ele aceitaria um absurdo desses!
— Se é o que deseja, eu estou de comum acordo, filha. — Ouvir
aquilo foi como uma sentença de morte para mim. Como ele aceitava sua
própria filha casar-se com seu suposto estuprador? Aquilo era insano demais.
— E então, o que me diz? — Ingrid agarrou-se ao meu pescoço e me
encarou com intensidade. Havia expectativa em seu olhar.
Mil vezes maldita!
— Tudo bem, eu aceito. — Ela riu, satisfeita, e beijou meus lábios
rapidamente. Seu pai esbanjou um sorriso não muito satisfeito, mas balançou
a cabeça em afirmativa.
Aceitar sua proposta foi como sentir uma faca sendo cravada em meu
peito, entretanto, não tive outra opção. Estava certo de que jamais perdoaria a
Ingrid por isso. Por ter destruído completamente a minha vida.
Capítulo 1
Daniela
Daniela
∞∞∞
João Paulo
Daniela
João Paulo
∞∞∞
O dia na empresa tinha sido exaustivo, até pelo fato de ter ficado
quase a tarde toda, trancafiado em minha sala, repassando com Juliana, as
pautas que seriam discutidas na reunião logo cedo. Quando deu por volta das
18hs, a dispensei e continuei por ali, querendo finalizar a assinatura de alguns
papéis que me foram solicitados pelo financeiro. Assim que dei o meu dia por
encerrado, saí dali e parti em direção ao meu Apê.
Cheguei e tomei um banho que contribuiu para o relaxamento dos
meus músculos. A tensão que existia em meu corpo se dissipou
gradativamente e agradeci por isso. Sentia-me tranquilo e após vestir apenas
uma calça de moletom, deixei o meu quarto ao ouvir o som da campainha.
Passei meus dedos entre os fios molhados do meu cabelo e soltei o ar
com força enquanto cruzava o corredor, imaginando que pudesse ser a Ingrid.
Caminhei, cuidadosamente, até olhar através do olho mágico, pois se
constatasse a sua figura prostrada ali, a deixaria plantada. Não estava com
paciência para aturá-la por mais de uma vez no mesmo dia.
Fiquei aliviado ao verificar que se tratava da minha mãe, então abri a
porta, sorrindo amplamente. Tinha alguns dias que não nos víamos, até pela
minha correria no trabalho.
— Vai ficar nesse apartamento até quando? — Minha mãe, indagou,
assim que atravessou a porta.
No dia em que me mudei, fiz questão de chamá-la para contar tudo
que a Ingrid tinha feito para manter-me ao seu lado; aprisionando-me em um
matrimônio sem amor algum da minha parte.
— Boa noite para a senhora também, dona Paloma — disse em tom
de brincadeira e assim que fechei a porta, olhei-a de pé no meio da sala,
fitando-me com uma feição séria. Mordi meu lábio inferior e cruzei os braços
à frente do meu corpo. — Não começa, mãe — pedi, já imaginando seu
próximo sermão.
— Não começa? João Paulo, eu sou a sua mãe e me sinto uma
tremenda covarde por vê-lo se definhando dessa forma. Nem mesmo consigo
enxergar o seu velho eu! — pontuou, deixando-me pensativo. — Você disse
que encontraria uma forma de se livrar daquela louca. Meses se passaram e,
eu não o estou vendo tomar atitude alguma — completou.
Caminhei até ela e peguei em suas mãos. Antes, olhei-a nos olhos,
idênticos aos meus, e vi tristeza acumulada ali. Senti um aperto no peito por
ainda não ter feito o possível para conseguir o divórcio e a abracei, tentando
confortá-la.
— Eu vou dar um jeito, mãe. Só preciso de mais tempo. Confia em
mim, hum?! — Afastei-me minimamente para encará-la e, com um meio
sorriso, ela balançou a cabeça em concordância.
— Essa mulher é uma víbora por ter te prendido ao lado dela, e pior,
com base em uma acusação tão grave. A minha vontade, toda vez que a vejo,
é de dar um murro naquela cara cínica dela, mas esse dia vai chegar. Uma
hora, tudo isso terá que acabar — disse, afagando o meu rosto e voltamos a
nos abraçar com força.
Desejava ardentemente que todo aquele pesadelo realmente acabasse
algum dia. Sabia que eu devia correr contra o tempo para isso. Só teria que ir
com calma, uma vez que, Ingrid era perigosa e poderia muito bem bolar mais
alguma coisa para me ferrar novamente e continuar me tendo como um rato
indefeso ao seu lado.
De repente, minha mãe deixou meus braços e abaixou a cabeça,
parecia pensativa.
— Eu pensei em algo… — comunicou.
— Não. Se for me dizer que tentará arrancar a verdade dela, já adianto
que não aceito. — Fui taxativo.
— Eu posso estar velha, mas não fiquei louca ainda, meu filho! —
disse em tom de repreensão e, eu ri, foi inevitável.
— Então o que pensou? — Encontrava-me curioso para ouvi-la.
Sentamos no sofá e após depositar sua bolsa ao lado, ela virou-se em
minha direção e segurou minhas mãos, mirando meus olhos.
— Já que seu medo é jamais conseguir provar a sua inocência perante
a acusação que a Ingrid fez e, com base nisso, tê-la que aguentar por sabe
Deus quanto tempo mais, pensei que você, talvez pudesse chamar seu sogro
para uma conversa particular e tentar convencê-lo a te dar uma chance, a
ponto que junte provas concretas de que é inocente da acusação de estupro.
— Comprimi meus lábios em completo lamento e neguei com a cabeça.
— Acha mesmo que ele me ouviria? Ele é poderoso, mãe!
Extremamente rico. Jin Yang não acreditaria em mim, sequer me daria uma
mísera chance para tentar mostrar que eu não sou culpado de nada que a filha
dele tenha mostrado naquele vídeo. — Levantei-me, consternado com tudo
aquilo. Parecia um beco sem saída.
— Tem que tentar, meu filho! Ou prefere morrer ao lado daquela
mulher intragável? Já não basta ter perdido longos quatro anos por causa
disso? Ainda bem que ela perdeu aquela criança — comemorou.
— Mãe! — adverti, voltando a mirá-la.
— Olha só, Deus sabe que não sou uma pessoa ruim, portanto, não
vai me condenar por achar um alívio que aquela chantagista desprezível não
tenha conseguido levar adiante a gestação de um filho seu. Já pensou o quão
pior a sua vida poderia estar? Uma criança precisa crescer em um lar que
contenha amor e, principalmente, livre de mentiras, o que não seria possível
no caso de vocês dois — esclareceu.
Tombei minha cabeça para trás e fitei o teto, pensativo.
— Prometa-me que vai ao menos tentar fazê-lo te ouvir, meu filho —
insistiu.
Respirei fundo e ajustei minha postura, tendo seus olhos fixos aos
meus.
— E se eu não conseguir? — Levantei aquela hipótese.
— Eu te ajudo a pensar num plano B. — Seu olhar demonstrava certa
esperança.
— Ai, mãe! — Ela sabia que significava um sim e, sorriu, abraçando-
me em seguida.
— É sempre bom ouvir a sua mãe. Pressinto que ele vai sim te dar
uma chance e, de quebra, assim que tudo for esclarecido, ele pode até querer
manter o investimento que há anos vem fazendo em sua empresa. Tenha fé
— garantiu.
Logo se despediu, dizendo que havia ido até ali apenas para me ver,
pois tinha um encontro com algumas amigas para irem ao cinema. Minha
mãe era uma mulher de 58 anos. Meu pai havia falecido um ano antes de eu
concluir a faculdade. Perdê-lo para um câncer no estômago foi muito
doloroso; fez uma grande falta. Uma doença que após ser descoberta e, em
estado avançado, o levou em poucos meses.
Senhor Charles era um grande homem. Sempre vibrava com cada
conquista minha. Depois de sua morte, minha mãe continuou dando suas
aulas no colégio e também fazia um extra, dando aulas particulares. Ela
preferiu não se entregar ao luto, por mais difícil que tivesse sido. Eu a
admirava muito por sua persistência.
Assim que comi alguma coisa, decidi me deitar. Sobre a cama,
repassei em minha mente o conselho da minha mãe e senti que ela pudesse
ter razão. Só precisava acumular coragem o suficiente para ter essa conversa
com o Jin Yang, afinal, não seria nada fácil.
∞∞∞
Minha noite havia sido tranquila, mesmo depois de tanto pensar sobre
o que minha mãe tinha me sugerido. Saí do apartamento com o propósito de
chegar bem antes da Daniela. Eu queria fazê-la um convite.
Dirigi até a empresa e após estacionar, saí do meu veículo com minha
pasta em mãos e caminhei até onde ela costumava parar. Encostei-me a um
dos veículos e aguardei por um bom tempo, até identificá-la chegando. Notei
sua expressão de surpresa ao me fitar ali, de prontidão.
— Fazendo hora extra, chefe? — falou, enquanto fechava a janela do
carro.
Daniela sempre tinha alguma piadinha para fazer e confesso que seu
jeito descontraído me fazia sorrir, verdadeiramente. Antes que ela saísse de
dentro do veículo, dei a volta e entrei, tomando o banco do carona. Ela deu
um gritinho, assustada ao me ver ali.
— Está louco? O que…
Inclinei meu corpo em sua direção e envolvi uma de minhas mãos em
sua nuca, tomando sua boca em seguida, impedindo-a de completar a sua
fala. Ela tentou se afastar, mas aprofundei o beijo, fazendo-a se entregar aos
poucos. Nossas respirações se misturaram e de um modo desajeitado,
consegui que viesse para o meu lado, sentando-se sobre mim.
Rapidamente deixei os seus lábios e movi a minha boca até o seu
queixo, escorregando-a em direção ao seu colo, depositando pequenas
mordidas.
— Você está me deixando louco, garota tentação — disse contra a sua
pele e ouvi seu sorriso. — Me diz como posso resolver isso. — Peguei uma
de suas mãos, que tinha seus dedos atrelados aos fios do meu cabelo, e levei
até a minha ereção.
— Não sei. — Olhei-a ao ouvir sua resposta e a encontrei rindo.
— Não? — Ela negou, se divertindo com minha pergunta. — Tudo
bem, então vou simplificar para você. — Daniela deu um selinho em meus
lábios e segurei sua nuca com um pouco mais de força, tendo seu olhar fixo
ao meu. — O que vai fazer no seu horário de almoço? — inquiri.
— Almoçar — respondeu o óbvio.
— Hum… podemos ir a algum lugar mais reservado, o que me diz?
— Subi minha mão por sua coxa que tinha pouca pele exposta por causa do
vestido que usava e a assisti fechar os olhos, como se apreciasse o meu toque.
— Eu diria que é algo arriscado.
— Mas eu quero isso e você também — ressaltei.
— Tudo bem. Eu aceito. — Satisfeito com sua resposta, beijei-a mais
uma vez e ao nos recompor, saímos do carro.
— Me dê seu número. — Eu poderia muito bem pedir no RH da
empresa, depois de inventar alguma desculpa, mas preferi pedir a ela, que
logo o ditou para mim. — Vou te mandar mensagem para me encontrar fora
do prédio da empresa. Fique atenta — avisei ao terminar de gravar seu
número na minha agenda.
Dei uma piscadela em sua direção e ela mordeu seu lábio inferior,
rindo em seguida. Saí dali e caminhei em direção ao elevador privativo, não
via a hora de chegar o momento de finalmente me enterrar dentro dela.
Daniela era uma completa tentação.
Capítulo 6
Daniela
∞∞∞
Assim que chegou o horário da reunião, deixei que o Thiago fosse
primeiro e após dar um tempo, fiz o percurso até a sala de reuniões, afinal, ele
sequer imaginava que eu também tinha sido solicitada e, pior, pelo nosso
chefe. Notei que assim que passei pela porta, Thiago enrugou a testa quando
me lançou um olhar reprovador, o qual, eu não me importei. Segui até uma
cadeira do outro lado da mesa, a fim de ficar longe dele e, de soslaio, pude
identificar que ainda me olhava.
E então, João Paulo entrou na sala e os que se encontravam de pé,
foram aconselhados pelo mesmo, a se sentar.
— Obrigado pela presença de todos e…
— Desculpe-me, senhor, mas eu gostaria de fazer uma observação. —
Thiago se pronunciou e, eu quis correr dali, entretanto, mantive minha
expressão impassível.
— Pois não? — João Paulo deu seu aval para que Thiago
prosseguisse.
— Creio eu, que aquela mocinha não deveria estar aqui. Ou, eu estou
enganado? — Apontou seu dedo em minha direção e, eu o encarei.
Que desgraçado! Minha vontade era de unhar aquela cara bonita dele.
Vi o exato momento em que João Paulo sorriu de lado.
— Não vejo motivos para a sua observação, Thiago. Já deveria estar
ciente de que, qualquer pessoa para entrar nesta sala, tem que ter sido
convocado por mim, e com a senhorita Daniela, não foi diferente — frisou e
não pude deixar de fazer minha dancinha da vitória internamente. — Posso
continuar ou você tem mais alguma observação a fazer? — inquiriu com
certo sarcasmo.
Eu queria sorrir, mas me contive.
— Não, senhor. Pode dar seguimento. — Thiago comunicou um tanto
sem graça e até murchou sua postura, voltando a ajeitar-se sobre o seu
assento.
Ao dar início à primeira pauta da reunião, percebi que Thiago limitou-
se a olhar em minha direção. Talvez estivesse chateado comigo por não ter
falado que também estaria ali ou, simplesmente, quisesse me esgoelar. Enfim,
algumas pautas foram discutidas em relação ao aumento da procura pelos
serviços da empresa.
Um gráfico foi mostrado, deixando-nos cientes sobre os números
consideráveis que havia tido nos últimos meses. Não demorou até chegarmos
à pauta sobre o fato de o projeto do novo marketing do site estar sendo muito
bem acessado e atraindo cada vez mais visibilidade, tanto que a maioria dos
clientes que entraram em contato para serem orientados sobre os serviços que
a empresa oferecia, surgiram através dele.
— Com base nessas informações, eu gostaria de parabenizar ao
Thiago que, meses atrás quando informei que não estava satisfeito com a
queda nos acessos que o site vinha apresentando, ele se dispôs a nos trazer
esse novo projeto. — Thiago foi aplaudido pelos demais e vi que lançou um
olhar convencido. João Paulo continuou: — Contudo, o mérito não é só dele.
Soube que a sua assistente, Daniela, foi a responsável pelas ideias cruciais
para o desenvolvimento do mesmo que, hoje, nos trouxe esses números, que
considero um grande sucesso. Parabéns! — Me parabenizou ao fitar-me, algo
que até então, eu estava evitando.
Quando o ouvi falar o meu nome, eu fiquei atônita com o que estava
ouvindo. Jamais imaginei que minha presença na reunião, fosse para ter o
meu trabalho e esforço reconhecido, coisa que sempre esperei do Thiago, só
que nunca o tive. Recebi uma salva de palmas e, assim que silenciaram,
agradeci, envergonhada.
Eu tinha certeza que meu rosto se encontrava avermelhado, afinal,
tinha sido pega totalmente desprevenida. A reunião continuou e fiquei ali,
prestando atenção em cada assunto abordado. Próximo ao horário de almoço,
João Paulo a deu por encerrada e, eu vibrei mentalmente, uma vez que senti o
meu cérebro querendo dar um nó diante de tanta informação. Não sabia como
ele aguentava reuniões como aquela todos os dias.
Saí da sala depois de algumas pessoas e, em seguida, retornei para a
minha. Peguei a bolsa o mais rápido que consegui, pois não queria ter que me
encontrar com o Thiago. Sabia muito bem que ele viria pra cima de mim com
seu discurso raivoso e, eu não me sentia preparada. Não naquele momento.
Enfiei-me dentro do banheiro da empresa e encarei o meu reflexo no
espelho, podendo ver ansiedade atravessada em meu olhar. Logo me
encontraria com o João Paulo e… suspirei, incerta sobre a minha decisão, só
que não podia voltar atrás, porque eu desejava o mesmo que ele.
Antes que eu pudesse alcançar o meu celular dentro da bolsa, o senti
vibrar. Peguei-o em mãos e li sua mensagem.
“Cadê você? Assim que deixar a empresa, atravesse para o outro
lado da rua, estarei com o meu carro estacionado. Te aguardo. JP.”
Digitei uma resposta:
“Ok. Estou indo. ”
Guardei o aparelho e caminhei para fora, indo em direção ao elevador.
Entrei no mesmo e não demorei a sair dali.
Enquanto eu dava passadas em direção ao local em que ele se
encontrava, meu coração palpitava mais forte. Parei para ver se avistava o seu
veículo e o identifiquei mais adiante. No momento em que me aproximei e
entrei, tomando o banco do carona, travei meu cinto de segurança e encontrei
o João sorrindo, mirando-me.
— O que foi? — inquiri, achando estranha a sua postura.
— Tinha certeza de que me daria um “bolo” — brincou e, eu ri.
— Vontade não me faltou. — Dei de ombros, desviando minha
atenção e olhei através do para-brisa. O dia estava ensolarado.
Senti uma mão apertar a minha coxa e, ao girar meu pescoço, deparei-
me com ele, olhando-me com afinco e mordendo seu lábio inferior.
— Sério? Porque eu poderia dizer que ainda está em tempo de mudar
a sua decisão, porém, eu sei muito bem que não quer ouvir isso de mim —
revelou um tanto convencido.
— E o que te faz pensar isso? — Arqueei uma sobrancelha, o
desafiando.
— Está aqui, não está? — devolveu-me a pergunta, me desarmando.
— Sim, estou — confirmei, dando a ele a certeza sobre a minha
decisão.
Ele riu, satisfeito, e após dar mais um aperto em minha coxa,
causando um calor exorbitante no meio das pernas, afastou-se, colocando seu
cinto de segurança.
— Obrigada por ter feito aquilo na reunião — mencionei.
— O que eu fiz? — questionou, dando uma de desentendido enquanto
dava partida no carro. Pegamos a rodovia para algum lugar.
— Você sabe! Enfim, reconheceu o meu trabalho na frente de todos.
Isso… foi muito importante para mim. — Deixei-o ciente.
Por um momento, ele ficou emudecido e quando pensei que não
falaria nada, fui surpreendida:
— Não foi nada demais. Mas se foi tão importante assim para você,
disponha. — Olhou-me rapidamente e voltou sua atenção para a estrada.
Não demorou até que João Paulo entrasse num subsolo de um prédio
e estacionasse. Pela fachada, antes de entrarmos, vi que era um motel de luxo.
E, após me dar conta do que estava prestes a acontecer entre nós, passei a
mão pelo meu pescoço com o intuito de aplacar o calor que me tomou por
dentro.
Acompanhei o exato momento em que ele deixou o interior do
veículo e o contornou, abrindo minha porta em seguida. Peguei a minha bolsa
e assim que saí, fui encurralada contra a lataria do carro.
— Agora você será minha, garota tentação. — Nem mesmo tive
tempo de assimilar o que disse, pois segurou firme em minha cintura e
beijou-me de forma avassaladora, roubando todo o meu ar, deixando-me
eufórica para saber que tipo de prazer seria proporcionado a mim dentro do
quarto.
Sendo bem sincera, encontrava-me ansiosa para descobrir.
Capítulo 7
João Paulo
∞∞∞
Daniela
∞∞∞
João Paulo
Daniela
Como tinha sido demitida, poderia dormir até mais tarde, algo que só
não o fazia por causa das minhas responsabilidades com o trabalho,
entretanto, esse desejo ficaria para os próximos dias, já que eu teria de ir a
empresa para recolher os meus pertences. Sentei-me na cama e bufei, levando
minhas mãos ao meu rosto, sentindo a tristeza querendo me sucumbir, mas
engoli o nó que acabou se formando em minha garganta e tratei de me
colocar de pé, indo até o banheiro. Minutos depois, escolhi o que iria vestir e,
rapidamente me arrumei.
Ao terminar, olhei-me uma última vez no espelho e sorri, satisfeita. O
vestido de cor vinho demarcava bem as minhas curvas e, no fundo, amei o
resultado. Nos pés, optei por um scarpin preto.
O modo que eu estava vestida deixava claro o quanto queria ser
provocante e, realmente era isso que eu almejava mostrar ao João Paulo; ele
iria sentir na pele o que tinha perdido. Óbvio que não deveria pensar dessa
forma, mas era consequência da grande mágoa que adquiri pelo que ele havia
me causado.
Por mais que quisesse, eu não conseguia esquecê-lo, mesmo perante a
imensa decepção que me preenchia por dentro por ele ter me demitido logo
depois de termos transado, pois foi um golpe muito baixo, e no sentido mais
abrangente da palavra. Havia também o fato de a gerente do RH não ter
confessado que havia sido o João Paulo o responsável pelo pedido da minha
demissão, entretanto, me negava a pensar que pudesse ter sido o Thiago.
Não! Havíamos feito as pazes e, por mais injusto que ele pudesse ter sido por
ter demorado tantos anos para reconhecer a minha ajuda, levando todo o
privilégio por isso, mesmo assim, acreditava que ele não faria algo do tipo.
Mas o João Paulo sim! Ele tinha motivos.
Fitando o meu reflexo, respirei fundo, após passar o batom em meus
lábios e soltei o ar, rapidamente, mantendo minha cabeça erguida. Não me
rebaixaria por um homem sem escrúpulos. O pior de tudo isso era ter que
admitir para mim mesma, que parte do que estava acontecendo também era
culpa minha.
Após jogar tudo que eu precisava dentro da minha bolsa, saí do quarto
segurando-a em uma de minhas mãos e o aroma do café recém coado
contemplou as minhas narinas. Automaticamente, eu senti certa alegria por
saber que, mesmo diante daquela tristeza ainda tinha a minha melhor amiga;
que me amava verdadeiramente e poderia contar sempre que precisasse. Com
essa certeza, entrei na cozinha. Amanda se encontrava sentada à mesa,
servida de uma xícara de café.
— Pensei que acordaria tarde. — Ela não perdeu a oportunidade de
comentar isso, pois sabia que eu amava acordar tarde. Também não me
passou despercebido o seu olhar, que me inspecionava da cabeça aos pés. —
Aliás, está muito bonita — elogiou em seguida.
Pegou uma xícara sobre o mármore da pia e, eu a encarei com um
sorriso.
— Eu vou até a empresa pegar os meus pertences, esqueceu que te
falei isso ontem? — indaguei e ela meneou a cabeça em negativo. — Então,
só por isso não me dei ao luxo de dormir até mais tarde — expliquei.
— E toda essa elegância é para quê? — inquiriu, olhando-me com um
ar desconfiado e resolvi ser sincera.
— João Paulo vai se arrepender de ter me demitido, fiz questão de me
arrumar para mostrar a ele o que perdeu — proferi, divertida e terminei de
tomar o café.
Amanda riu, de modo reprovador.
— Você sabe que não concordo com isso. Deveria se vestir assim só
para elevar sua autoestima e não para mostrar nada àquele cafajeste. —
Deixou claro o que pensava a respeito.
— Minha autoestima sempre foi alta, amiga. — Pisquei, marota e
recolhi minha bolsa sobre a mesa. — Vou indo. — Joguei um beijo e deixei o
cômodo.
Não queria me demorar ali, uma vez que, minha intenção era a de
encontrar o João Paulo na empresa. Queria ter o prazer de dizer a ele poucas e
boas.
Antes que conseguisse deixar o apartamento, a campainha foi tocada e
um rapaz se apresentou, procurando pela minha amiga.
O conduzi até onde ela se encontrava e, pouco tempo depois, os
deixei a sós, finalmente fazendo o meu percurso para fora. Peguei o elevador
e desci até o estacionamento. Ao abandonar seu interior, alcancei o meu carro
e o adentrei.
Peguei a rodovia em direção ao meu local de destino. Verifiquei que
ainda era cedo e o trânsito estava tranquilo. Não demorei a chegar na JP
Marketing.
Estacionei o veículo em um dos estacionamentos que tinha ao lado da
empresa, pois não me deixaram entrar no de lá, até por eu não ser mais uma
funcionária dali. Contrariada, peguei a minha bolsa. Ajustei-a em meu ombro
e caminhei até a entrada.
Atravessei o hall e logo me foi informado que eu precisaria me
identificar na recepção. Apresentei meu documento de identificação e
expliquei que havia ido buscar os meus pertences, mesmo assim, ligaram para
o Thiago, que era o gerente do setor de marketing para confirmar, só então,
eu fui liberada para subir.
Naquela altura, o ódio já me acompanhava, porque, pelo visto, João
Paulo havia sido bem cuidadoso ao me mandar embora, ao ponto de dificultar
o meu retorno até ali. Fala sério! Se eu topasse com ele, iria grudar no seu
pescoço e o esgoelar. Cretino!
Peguei o elevador e cheguei rapidamente ao meu andar de destino.
Avistei Juliana e após acenar para ela, eu fiz o percurso até a sala do Thiago.
Desferi duas batidinhas na porta de vidro entreaberta e, ao erguer sua cabeça
os seus olhos miraram-me ao mesmo tempo em que sorriu amplamente.
— Eu ainda não acredito que foi demitida — lamentou, assim que
entrei, e ele contornou a mesa, abraçando-me em seguida. Parecia ser sincero,
deu para notar em seu timbre de voz.
— Nem eu — menti, porque, na verdade, eu tinha quase certeza do
porquê e de quem havia sido o responsável por isso. De repente, me vi
perguntando: — Tem certeza de que não teve nada a ver com isso? — Minha
intenção era apenas ter certeza de que ele realmente não tivesse culpa. Thiago
soltou um riso de canto.
— É sério que está me fazendo essa pergunta? — Não o respondi,
apenas arqueei uma das minhas sobrancelhas. — Querida, eu posso ter
odiado ter passado aquela imensa vergonha na sala de reunião na frente de
todos quando fui infeliz ao fazer tal observação a respeito da sua presença
inesperada, mas não ao ponto de solicitar a sua demissão. Você sempre foi
uma ótima funcionária. Seria até antiético da minha parte, tomar uma atitude
dessas e por conta disso.
Soltei o ar, me sentindo injusta ao ter lhe questionado.
— Me desculpa. Eu não deveria… — comecei a me desculpar,
entretanto, ele me interrompeu:
— Não tem que se desculpar, eu super entendo a sua desconfiança. Se
fosse o contrário, também não te pouparia dessa pergunta. — Ele segurou em
minhas mãos e deu um aperto firme.
— Obrigada pela sinceridade. — Agradeci. — Apesar dos pesares,
vou sentir sua falta.
— Eu já estou sentindo a sua, acredite. — Em seu olhar, havia um
traço de tristeza atravessado.
Notei que meus olhos umedeceram, no entanto, respirei fundo e me
contive.
— Não quer se sentar? — indagou, após soltar minhas mãos.
— Ah, não. Eu agradeço. Vim apenas recolher as minhas coisas —
ressaltei e fui até o armário no canto da sala. Encontrei minha caixa
organizadora de tamanho médio e a peguei, colocando-a sobre a mesa, junto
com a minha bolsa.
Comecei a pegar tudo o que me pertencia ali dentro e vi, de soslaio,
que Thiago me observava.
— O que foi? — inquiri ao terminar.
— O convite para a sua festa de aniversário ainda está de pé? Eu
adoraria ir. — Eu ri e me aproximei de sua mesa.
— Claro que está. Com o dinheiro da rescisão, eu vou poder quitar o
bufê que encomendei há algum tempo — mencionei.
Faltava menos de duas semanas para o meu aniversário e, eu tinha
decidido alguns meses atrás, que comemoraria em grande estilo. Já havia
solicitado os “comes e bebes”, além de ter alugado o espaço em que o mesmo
seria realizado. Poderia muito bem ficar chorando pelos cantos e cancelar
tudo, só que essa não seria eu se fizesse isso. Por hora, iria me concentrar nos
detalhes que ainda faltavam para deixar tudo conforme desejava.
— Ai, que maravilha! Só não se esquece de me mandar o convite —
salientou.
— Vou providenciar ainda essa semana e te envio — informei. —
Bom, eu já acabei. É melhor e ir. — Coloquei a alça da bolsa em um dos
meus ombros e segurei a caixa.
— Eu realmente sinto muito, querida. Te desejo sorte, porém, sei que
logo ocupará uma vaga em outra empresa. Talento você tem de sobra. — Eu
sorri, agradecida perante o seu elogio.
— Obrigada, Thiago, de verdade. Nos vemos na minha festa de
aniversário então — comuniquei e logo saí da sala.
De queixo erguido, fiz meu caminho de volta e assim que passei pela
mesa da secretária do João Paulo, ela não estava. Olhei ao redor para me
certificar de que não se encontrava à vista. Com passos largos, eu segui até a
porta da sala dele a fim de encontrá-lo por ali, mas ao girar a maçaneta, eu me
frustrei ao ver que não tinha ninguém ali. Ia fechando a porta quando meu
olhar mirou dois envelopes sobre a mesa.
Voltei a olhar na direção em que Juliana ficava, mas ela ainda não
havia retornado, o que agradeci, pois entrei no cômodo. Depositei a caixa em
cima do tampo, abri um dos envelopes e vi que se tratava de convites para a
festa de aniversário de um dos Advogados mais requisitados: Felipe Gentile,
pai do CEO Matheus Gentile, o chefe da minha amiga, Amanda. Uma ideia
me surgiu e os peguei, sorrindo. Em seguida, saí dali.
Para a minha sorte, assim que me aproximei da mesa da Juliana, ela
chegou.
— Oi, Dani. — Me cumprimentou, sorrindo e sentou-se.
— Oi — respondi, disfarçando por quase ter sido pega. — Então, o
senhor João Paulo já chegou? — perguntei, extremamente formal.
— Ah, não. Sinto muito informar, mas ele ligou mais cedo e pediu
que eu cancelasse todos os compromissos do dia, pois não viria hoje —
mencionou.
— É claro que ele não viria. — Era para ter saído como um cochicho,
só que falei mais alto do que pretendia, já que fui surpreendida pela voz de
Juliana:
— O que disse?
Que droga! — xinguei, mentalmente.
— Não disse nada. — Forcei um sorriso.
— Pode tentar falar com ele amanhã, com… — não esperei que ela
continuasse. Na certa, não sabia que eu tinha sido demitida.
— Não será possível. Eu fui demitida, mas não era nada de
importante o que eu tinha para falar com ele — pontuei, fingindo serenidade.
— Eu não sabia. Sinto muito — disse, pesarosa.
— Eu também. Bom, vou indo. Obrigada. — Agradeci e saí logo dali.
Não estava suportando ouvir a expressão “sinto muito” por causa da
minha demissão. Só queria sair dali o quanto antes e sequer me lembrar que o
João Paulo tinha sido tão filho da puta a ponto de ter fugido de mim; por ter
optado em não comparecer a empresa justo naquele dia. Além de cretino,
também era um grande covarde de merda!
Em questão de pouco tempo, e me vi fora daquele lugar e respirei o ar
puro. Por mais que estivesse triste, também havia o fato de que, talvez,
tivesse sido o melhor a acontecer. Com isso em mente, cruzei a rua até onde o
meu carro estava estacionado e coloquei a caixa dentro do porta-malas.
Logo entrei em seu interior e vasculhei dentro da bolsa, atrás do meu
celular. Assim que o peguei, eu joguei a bolsa sobre o banco do carona.
Pensei por um instante e decidi que mandaria uma mensagem para o João
Paulo. Não devia, só que minha emoção sobressaiu a razão e comecei a
digitar:
“Você, além de cafajeste, mostrou ser um grande covarde ao ter
evitado ir até a empresa, mas não o culpo totalmente, porque a burra fui
eu de ter me deixado levar pela sua lábia barata. Obrigada pela
demissão. Até nunca mais. Seu cretino!”
Ao finalizar, cliquei em enviar e confesso que a minha vontade era de
chorar. Afinal, não havia planejado nada disso, muito menos previsto que
minha vida seria afetada da forma que foi, ainda mais por conta desses
últimos acontecimentos de merda. Era triste ter que admitir, no entanto, eu
tinha tomado decisões erradas e a vida cobrava seu preço. Essa era a verdade.
Girei a chave na ignição, ligando o carro e, ao olhar uma última vez
para a fachada da JP Marketing, lamentei profundamente, e parti dali.
Capítulo 11
João Paulo
Daniela
João Paulo
Daniela
∞∞∞
Era dia de segunda-feira e por conta de ter ido dormir cedo na noite
passada, acabei acordando bem cedo, algo que não me era de costume.
Abandonei a minha cama e segui para o banheiro. Momentos depois, eu saí
do cômodo e cruzei o corredor até a cozinha, encontrando Amanda
terminando de arrumar a mesa com nosso café da manhã.
— Caiu da cama, Amanda? — indaguei e bocejei em seguida.
— Só dormi bem, apenas isso. — Ela abriu um sorriso e a fitei com
desconfiança, enquanto arrastava uma cadeira para me sentar.
— Tem certeza? — perguntei, duvidosa. Ela confirmou com um
balançar de cabeça, mantendo seu sorriso.
Fiquei mais tranquila com a sua resposta e começamos a tomar o
nosso desjejum.
— Quando seus pais chegam? — Amanda questionou, parecia ansiosa
para vê-los.
— Eles me ligaram na sexta-feira e disseram que talvez viessem hoje,
mas não deram certeza. Vou ligar daqui a pouco para saber direitinho —
comentei.
— Faça isso então — sugeriu.
Pensei por um instante.
— Aliás, vou ter que sair daqui a pouco para resolver algumas coisas,
referente ao meu aniversário — informei, alegre. — Sábado está logo aí —
Completei, contendo o meu sorriso enorme.
— Acredita que já estava me esquecendo que seria nesse final de
semana? — Ela revelou, e a encarei, desacreditada.
— Bela amiga que você é, Amanda. — Dei de ombros, fingindo
tristeza e a vi gargalhar alto.
— Estou brincando, Dani! Você sabe que jamais me esqueceria do
aniversário da minha melhor amiga — falou divertida.
— Melhor e única amiga, não se esqueça disso também — frisei.
— Nem é ciumenta — brincou e sorri.
Terminamos nosso café da manhã e me ofereci para lavar o que
tínhamos sujado. Amanda saiu dali e pouco tempo depois, a campainha
tocou. Ia parar o que estava fazendo quando a ouvi gritando de algum lugar
do apartamento que iria atender a porta.
Logo que acabei, fui para o meu quarto e comecei a me arrumar para
ir resolver o restante dos detalhes que faltavam para a festa do meu
aniversário. Escolhi um vestido de alcinhas, com a saia rodada e floral, uma
roupa leve, devido ao calor que estava fazendo. Depois de vesti-lo, sentei-me
na cama em posse da minha bolsinha de maquiagem e assim que dei início a
minha produção, meu celular começou a tocar.
Parei e me estiquei até alcançá-lo sobre cama, onde havia deixado
antes de sair do quarto mais cedo. Identifiquei ser um número desconhecido,
mas o DDD era o mesmo da cidade. Atendi em seguida.
— Alô! — me pronunciei, porém, quem quer que fosse do outro lado
da linha, permaneceu em silêncio. Ainda assim, era possível ouvir a sua
respiração pesada. — Alô! — tentei mais uma vez. Decidida a encerrar a
ligação, finalmente escutei a sua voz.
— Não desliga, Daniela. Sou eu, João Paulo. — Comprimi meus
lábios ao saber de quem se tratava e engoli em seco. Por mais raiva que
estivesse sentindo dele, o meu coração traiçoeiro ainda conseguia bater
descompassadamente apenas por ouvir seu timbre de voz.
— Não temos nada para conversar — Fui gélida.
— Está enganada, temos muito que conversar. Preciso que me ouça
— Suas palavras não me convenceram e, tão cedo, acho que não obteria isso.
— Você teve sua chance. Além do mais, a sua esposa sabe que está
me ligando? — o repreendi, sentindo um gosto amargo em minha boca.
Talvez por conta da imensa decepção que estava sentindo dele.
— Será que dá para esquecer a Ingrid e me escutar, porra?! —
Pareceu um pouco nervoso.
Soltei um riso amargo e movi minha cabeça em negativo, mesmo que
ele não pudesse me ver.
— Volte para os braços da sua esposa, pois lá é o seu lugar. E faça o
favor de não me ligar mais — ditei, finalizando o telefonema.
Fechei meus olhos sentindo o meu coração se comprimir no peito.
Coloquei o celular no silencioso e o joguei atrás de mim sobre a cama. Me
foquei em terminar de me arrumar e caminhei para fora, colocando meus
brincos.
Ao atravessar o corredor e chegar à sala, encontrei Amanda fechando
a porta. Questionei-a querendo saber quem tinha ido ali e ela me comunicou
que era o Breno, seu fisioterapeuta. Achando estranho, perguntei se não
haveria sessão de fisioterapia e, então, fui atingida pela sua resposta, onde me
falou que não teria mais sessões, já que tinha o dispensado.
Impaciente, briguei com ela por ter feito aquilo e quando me falou
que sabia o que estava fazendo, como um pedido para que eu não me
metesse, simplesmente lavei minhas mãos e a deixei ciente que não opinaria
mais em suas decisões. Querendo mudar de assunto, sondei se iria precisar
que trouxesse algo da rua, uma vez que estaria saindo em poucos minutos.
Amanda agradeceu e disse que não.
Voltei para o meu quarto e peguei a minha bolsa, despedi-me dela.
Em seguida saí do apartamento.
∞∞∞
João Paulo
Daniela
João Paulo
∞∞∞
Daniela
João Paulo
João Paulo
Daniela
Permanecer ali dentro daquele espaço por sabe Deus quanto tempo,
estava me deixando louca!
Já havia se passado um bom tempo desde que entrei ali e João Paulo
saiu do quarto ao apagar a luz. Entediada, saí caminhando por sua extensão,
admirando algumas peças de roupas que eu nunca o tinha visto usar, mas
consegui imaginá-lo dentro delas, apesar de preferi-lo trajando seus paletós
sob medidas, pois passava uma imagem de CEO workaholic. João Paulo
parecia ser extremamente dedicado ao trabalho, do tipo que deixava seus
afazeres o consumir até a exaustão, privando até a si mesmo de poder
explorar outras coisas boas da vida.
Aliás, tá aí uma boa questão: eu nem mesmo sabia se ele era dessa
forma. Tá certo que sempre o via na empresa, isso era óbvio, até por ser o
dono de tudo aquilo, entretanto, não tinha certeza se ele não tirava algum
tempo para aproveitar com familiares ou alguma forma de lazer.
Cheguei na parte onde ficavam alguns relógios e franzi o cenho,
constatando que nunca o vi usando qualquer um deles. Ou, talvez eu não
tivesse realmente reparado. Olhei ao lado em seguida e vi a mesma sacola
que João Paulo carregava consigo no dia do shopping.
Não queria me submeter a minha curiosidade, mas fui vencida e a
peguei. Tirei de dentro uma caixinha quadrada e aveludada. Curiosa, abri e
fiquei boquiaberta com o colar de rubi em formato de coração, contendo
algumas pedrinhas brancas cravejadas ao seu redor. Ele tinha me falado que
queria impressioná-la e aquele presente faria muito mais que isso, tinha
certeza.
Ouvi um barulho de vozes. Infelizmente, não pude abrir nem uma
fresta na porta, pois poderia ser descoberta ali. Então, fiquei próximo a
mesma e pressionei meu ouvido contra a sua madeira, tentando escutar o
máximo que conseguisse.
Não me senti confortável quando a ouvi dizendo que ele a estava
deixando mais louca ao estimulá-la. Que droga era aquilo? Enraivecida,
rosnei baixo e, irritada até comigo mesma por ter aceitado vir para ficar ali
quando ele estaria tentando seduzi-la a fim de arrancar-lhe a verdade.
Eu só podia estar muito chapada quando isso aconteceu, só isso
explicaria minha decisão. Naquele instante, a minha vontade era de sair dali
feito uma bala e pegar a Ingrid pelos cabelos, só que meditei, fazendo uma
contagem até o número dez e, felizmente, consegui conter as minhas
emoções; não queria estragar o plano, pois a encenação do João Paulo estava
dando certo. Ele se prestou a tudo isso apenas com o intuito de adquirir uma
prova para poder ter a sua liberdade de volta, ficando assim, livre para mim.
Voltei a me concentrar no que falavam, porém ouvia uma coisa ou
outra, dado ao fato de algumas partes serem proferidas num tom mais baixo
do que o normal. Entretanto, fiquei surpresa ao escutá-la confessando que
sabia atuar muito bem por ter feito aulas de teatro. Para ser bem sincera, por
essa eu não esperava.
Se não bastasse isso, o que veio a seguir deixou-me completamente
fora de órbita.
— É melhor se vestir. — João Paulo falou.
Como assim se vestir? Inquiri a mim mesma procurando por uma
resposta. Com bastante cuidado, abri uma pequena fresta ao empurrar a porta
e não acreditei no que enxerguei a seguir. Aquela vaca estava nua? Meu
questionamento foi parado quando ela salientou, segurando-o pela mão e foi
se aproximando.
Nem sonhando que ela se encostaria pelada nele. Não mesmo!
— Ah, qual é? Vamos logo com isso, não tem o porquê adiar. Esperei
a semana toda por esse encontro — foi o estopim.
Num rompante, empurrei a porta, abrindo-a completamente e, mesmo
sabendo que o João Paulo não tinha culpa totalmente daquilo, eu o lancei um
olhar mortal e notei que engoliu em seco, preocupado. Eu queria mesmo que
sentisse isso, porque minha vontade era de espremer suas bolas novamente
em minhas mãos. Depois teríamos tempo pra isso.
— Que cena interessante — pronunciei, tentando manter uma calma
que, absolutamente, não fazia parte de mim.
Assisti seu olhar assustado, enquanto tentava cobrir seus seios com as
mãos. Ela me encarou com um ódio explícito em seu olhar.
— O que essa cadela faz aqui? Por que… — ela ponderou e se
abaixou, recolhendo seu vestido. — Você armou para mim, é isso? Ou vai me
dizer que quer fazer uma espécie de ménage com nós duas? — Suas
perguntas saíram carregadas de fúria, olhando para o João Paulo. Terminou
de se cobrir.
— Como pode ver, não é só você que sabe ser bem convincente em se
tratando de armação, não é mesmo? Acabei aprendendo com a melhor. — Ele
revelou, abrindo os braços e vindo em minha direção, querendo me beijar,
mas me esquivei do beijo, aceitando apenas que me abraçasse por trás.
— Não vai me beijar, pois estava fazendo isso nessa vaca. Quem sabe
depois de lavar sua boca com bastante desinfetante — frisei, atiçando ainda
mais a sua raiva.
— Está me trocando por essa cadela songamonga? O que exatamente
ela tem que você não viu em mim? — Eu não queria partir para uma briga,
mas ela realmente estava querendo isso.
— Daniela tem tudo que você não tem, Ingrid, ou melhor, que nunca
teve. Além do mais, para fisgar o coração de um homem, não é preciso ser
linda, mas é indispensável ter um bom caráter, coisa que nunca teve e eu
duvido muito que tenha algum dia. — Ele respondeu, saindo em minha
defesa e isso aqueceu meu coração, confirmando-me que havia valido a pena
ter lhe dado mais uma chance.
Ingrid soltou uma gargalhada debochada.
— Acontece que está casado comigo e eu nunca vou te dar o divórcio.
Jamais o deixarei livre para essa mulherzinha ridícula. — Minha raiva voltou
a aflorar. — Uma verdadeira puta de quinta categoria. — Depois de ouvir
tamanha afronta, saí dos braços do João e só me dei conta de que havia
socado o nariz dela com força, quando a mesma se desequilibrou sobre o seu
salto e caiu no chão.
— Nunca mais me chame dessa forma, sua vaca! Ao contrário de
você, eu não precisei usar chantagem alguma para tê-lo, se teve alguém aqui
que correu incansavelmente atrás de mim, foi ele! Sinal que não sou tão puta
assim como me intitulou — bradei. Eu quis pular em cima dela e enchê-la de
tapas, porém, antes que conseguisse colocar minha vontade em prática, João
Paulo me segurou pela cintura.
— Calma, não faça mais nada. A Ingrid já está de saída — decretou e
assim que ela me encarou, pude ver que seu nariz sangrava.
Não consegui sentir um pingo pena ou remorso. Ainda queria
estraçalhar aquela carinha bonitinha dela. Merda!
— Isso não vai ficar assim — gritou, olhando sua mão suja de sangue
antes de me direcionar um olhar enfurecido.
— Ingrid é melhor ir logo. Não piore a situação. — Ele a aconselhou,
pois tinha percebido que eu não demoraria a querer brigar de novo.
— Ela me machucou! Não está vendo que estou sangrando? —
dramatizou, porque nem estava sangrando tanto assim.
O vi soltar uma baforada de ar, como se não estivesse suportando
aquela cena desnecessária.
— Não vai mesmo fazer nada? — Ela voltou a cobrar uma solução
dele.
Farta daquilo, eu bufei contrariada e João Paulo me liberou.
— Fica tranquila, pois eu mesma vou fazer, querida — falei
calmamente e a peguei pelo braço.
— Me solte! — gritou, tentando me estapear, mas fui mais ágil em
fazê-la ficar de pé e, praticamente saí arrastando-a, deixando o quarto. Cruzei
o corredor e cheguei rapidamente até a sala. Alcançando a maçaneta da porta
de saída, eu a joguei para fora do apartamento.
— Prontinho. A porta da rua é a serventia da casa — frisei com um
sorriso satisfeito, fazendo um gesto como se estivesse limpando as minhas
mãos.
— Sua ordinária! — xingou-me, mas isso realmente não me afetou.
Sentia-me alegre demais para que um mero detalhe tirasse a minha alegria
por ter me vingado dela, por tudo que tinha me feito.
— Segura aí! — João Paulo apareceu de repente e jogou a bolsinha
dela em sua direção.
Confesso que eu ri.
— Podem rir, seus idiotas. Não assinarei divórcio algum. Nunca será
livre para se casar com essa… — antes que ela pudesse concluir, ameacei sair
dali pra cima dela outra vez e ela pegou sua bolsa, saindo a passos
acelerados.
Ainda a ouvi reclamar por pisar em falso, mas olhou para trás e entrou
no elevador que, por sorte, abriu suas portas naquele mesmo instante. Caí na
gargalhada juntamente com o João Paulo ao voltarmos para dentro. Fui
surpreendida ao ser pega em seus braços; dei um gritinho ao me agarrar ao
seu pescoço.
— Parece que você obteve o que queria. Parabéns! — O parabenizei,
realmente alegre por ele.
— Nós conseguimos. — Neguei veemente ao balançar a cabeça. —
Sim, porque não se esqueça que só tomei coragem para ter de volta as rédeas
da minha vida, depois que nos envolvemos — Fez questão de deixar claro,
fazendo as batidas do meu coração aumentarem consideravelmente.
— Tudo bem que eu posso ter dado uma ajudinha, mas foi você que
caiu em si e decidiu que era hora de tomar essa atitude. Para ser bem sincera,
já adiantando que não quero ofendê-lo, demorou até demais. Quatro anos ao
lado de uma pessoa por conta de uma chantagem atrás da outra, não é para
qualquer um — mencionei e ele comprimiu seus lábios.
— Tem razão. No entanto, creio que a minha falta de atitude esteve
ligada à minha falta de expectativa também. Pensei que Ingrid tivesse
acabado com qualquer chance existente em mim de me interessar
verdadeiramente por uma mulher, assim como aconteceu quando a tive pela
primeira vez em meus braços. Confesso que desejava uma única vez com a
intenção de não nos ver mais. Então estarmos aqui e agora só me faz perceber
que estava redondamente enganado. — Mais uma vez me deixou abobalhada.
Estava amando conhecê-lo melhor.
— É muito bom saber disso — pontuei.
— Agora vamos mudar de assunto. — Riu e inclinou seu rosto em
minha direção, numa clara tentativa de beijo, porém, o parei.
— Já falei que não vai me beijar até que tenha lavado bem essa sua
boquinha linda. E muito bem lavada por sinal. — João Paulo arqueou uma
sobrancelha e rumou comigo em seus braços de volta para os seus aposentos,
jogando-me sobre a cama.
Seu gesto inesperado me arrancou uma risada alta.
— Fique aqui, eu já volto — ditou e assenti com um aceno de cabeça,
contendo meu riso.
Ele sumiu dentro do banheiro e retornou poucos minutos depois.
Estava totalmente nu e eu contemplei seu corpo másculo até parar o meu
olhar em seu pau semiereto. Logo subiu na cama de joelhos.
— Acha mesmo que vamos transar depois de ter estimulado aquela
vaca? Se estiver pensando nisso, pode esquecer! — reclamei e ele riu.
— Eu não a toquei intimamente, se é isso que está insinuando. — Não
sabia ao certo se sua informação era verídica, no entanto, havia me deixado
mais aliviada, então resolvi confiar em suas palavras.
— Eu não estou pensando em transar com você — falou, olhando
intensamente em meus olhos e deu para perceber uma chama crescendo ali
dentro.
— Ah, não?! — De certo modo, sua resposta não havia me
convencido.
Mordendo seu lábio inferior, ele se ajoelhou entre as minhas pernas
enquanto mantive-me sentada no meio de sua cama ampla. João Paulo tomou
meu rosto entre suas mãos, fazendo-me arquear a cabeça para trás, mirando
seu rosto. Engoli em seco ao levar minha mão até o seu cacete e constatar que
se encontrava completamente duro. Meu clitóris pulsava entre minhas pernas.
— Não, eu vou te foder com força, enfiando o meu pau nessa sua
boceta quente e escorregadia até sentir as minhas bolas batendo contra a sua
bunda deliciosa — proferiu com sua voz rouca, mantendo sua boca grudada
no meu ouvido.
Sua promessa causou um reboliço em meu ventre, aquecendo ainda
mais o meu sexo. Pude sentir que já me encontrava lubrificada.
— Então cumpra com o que disse — murmurei em tom de
provocação e um grunhido rompeu pela sua garganta.
Sua boca cobriu a minha com maestria, fazendo todo o meu corpo
estremecer e nossas respirações misturaram-se em meio ao beijo. Cada vez
que transávamos era como se fosse ainda mais intenso e prazeroso. Para dizer
a verdade, não sabia o que nos aguardava mais adiante, no entanto, eu só
queria aproveitar um dia de cada vez.
Capítulo 22
João Paulo
∞∞∞
Depois de finalizar a ligação, eu resolvi retornar o contato da minha
mãe e dizer que havia mudado de ideia e iria aproveitar para vê-la. Seu
entusiasmo durante a ligação me deixou um pouco triste comigo mesmo,
porque eu acabava me dedicando tanto ao trabalho e meus problemas, que no
final das contas, me esquecia de fazer o primordial: viver; aproveitar cada
segundo ao lado de quem amava para não acontecer como foi com o meu pai.
Nós o perdemos de forma bem repentina, o que me fazia ficar pensando em
como tudo poderia ter sido diferente, mas sabia que nunca teríamos o poder
de recuperar o tempo perdido.
Certo sobre isso, saí da empresa e informei a Juliana que não
retornaria mais; ordenei que cancelasse todos os outros compromissos que eu
teria naquela tarde. Ela assentiu e lhe agradeci, saindo dali.
Assim que peguei o meu carro, demorou pouco tempo até chegar à
casa da minha mãe. Eu a abracei veemente e me desculpei por deixá-la de
lado por conta do trabalho. Ela me deu um aperto na bochecha e pediu que
isso nunca mais voltasse a se repetir, rimos em uníssono, porque fingiu um
tom enraivecido, que de longe seria verdadeiro. Enfim, eu comentei sobre a
Daniela e ela me disse que tinha percebido um brilho diferente em meu olhar
desde o instante que tinha colocado os olhos em mim.
Ter em mente que sabia me ler como a palma da sua mão, me deixava
assustado por não saber como isso podia ser possível, entretanto, uma mãe
sempre conhecerá o filho até melhor do que ele mesmo, por isso não adianta
querer esconder nada. Enquanto eu saboreava sua comida deliciosa — porque
ela já tinha comido —, acabei contando que tinha colhido a prova contra a
Ingrid, que serviria para me absolver de sua acusação. Minha mãe mal
acreditou.
Primeiro, ela brigou por não ter sido a primeira a saber, depois
envolveu uma de minhas mãos nas suas sobre a mesa e seus olhos
umedeceram com lágrimas não derramadas. A ouvi dizer que eu deveria ir
logo ao meu “sogro” para mostrar o tal vídeo e fiquei muito contente. Saí da
sua casa quando deu o tempo que Yang tinha falado que estaria de volta.
Neste instante, atravessei os portões de sua residência e estacionei
próximo à entrada. Deixei o interior do veículo rapidamente e ao caminhar
para a porta, logo fui recepcionado pela mesma governanta de todas as vezes
em que estive ali.
— Sinta-se à vontade, que logo o senhor Yang chegará — falou ao
empurrar as portas de madeira maciça e entrarmos no escritório dele. Tratou
de apontar uma cadeira que ficava de frente para a mesa, gesto que agradeci.
Sentei-me e enquanto aguardava, olhei tudo ao redor, entretanto, o
barulho da porta sendo rompida me fez virar e conferir sua figura adentrando
a sala. Fiquei de pé a fim de cumprimentá-lo com um aperto de mão, mas fui
surpreendido ao levar um soco no rosto. Por sorte, apoiei-me segurando a
beirada da mesa e pisquei a fim de manter o foco, além de movimentar meu
maxilar de um lado ao outro.
Havia sido um soco bem filho da puta! Doeu pra caralho!
— Você agrediu a minha filha?! Como teve essa ousadia? — Notei
que se encontrava enfurecido e desferiu tais perguntas, agarrando meu
colarinho na sequência. Seus olhos estavam fixos nos meus.
— Do que está falando? — Ainda meio zonzo pelo seu golpe,
consegui proferir.
Seu sorriso quase fez com que seus olhos sumissem, até por serem
pequenos por conta de serem puxadinhos. Não pude ignorar que aquela
postura fez minha espinha gelar.
— Estava a caminho de casa quando a minha filha me ligou e falou
que você a agrediu. — Finalmente revelou e eu não acreditei que aquela
miserável continuaria tentando virar o jogo contra mim.
— Eu jamais faria isso! — Fui enfático e tentei me livrar do seu
agarre em meu colarinho, só que ele firmou ainda mais suas mãos, mirando-
me com indignação estampada em seu olhar. — Solte-me e explicarei tudo,
vai ver que estou falando a verdade — Quis fazê-lo entender.
Seus lábios abriram e fecharam rapidamente. Permaneci aguardando
uma decisão de sua parte. Eu já estava farto de tudo isso e não arredaria o pé
dali sem provar todo o meu propósito por estar naquela casa e em sua
presença.
— Qual é? Acha mesmo que eu viria até a toca do leão se tivesse feito
o que sua amada filha faz questão de me acusar? — Comecei a falar ao ver
que se encontrava irredutível. — É só colocar na balança, Jin Yang. Afinal,
você como um homem de negócios e muito bem-sucedido, deve ser
inteligente o suficiente a ponto de saber ler a expressão de uma pessoa para
notar quando a mesma está mentindo, o que não é o meu caso, pois estou
sendo totalmente sincero.
— Eu acho bom que realmente não tenha feito o que ela disse. Ou
sairá daqui dentro de um saco preto; eu mandarei jogar o seu corpo em
qualquer canto isolado e de difícil acesso para não ser achado com facilidade.
— Engoli em seco perante a sua ameaça, mas me mantive impassível, não
deixando que ele fosse capaz de detectar o medo existente em meu olhar ou
postura.
— Não vai precisar disso — afirmei com veemência, o que o fez me
soltar. Respirei aliviado.
Era hora de ter a minha tão sonhada liberdade de volta.
Capítulo 23
João Paulo
Um mês depois...
Daniela
∞∞∞
Daniela
JOÃO PAULO
FIM!
Epílogo
Daniela
FIM!!!
Próximo Lançamento:
Sinopse:
O que você faria se perdesse não só um, mas os dois maiores amores
que a vida poderia ter lhe presenteado? Seria capaz de se reerguer e seguir em
frente?
Sabemos perfeitamente bem que uma dor jamais pode substituir outra.
E um amor? Seria possível?
Larissa sabia exatamente a resposta para tais questionamentos e há
alguns meses, convivia com isso.
Sua juventude foi regada por sonhos e realizações. Teve sua tão
sonhada primeira vez com o homem da sua vida, assim como o casamento
perfeito.
Entretanto, tudo foi arrancado de sua vida em um piscar de olhos; algo
pelo qual jamais imaginou passar.
De um dia para o outro, Larissa se viu sem rumo, sem perspectivas e
sem razões para viver.
Ela apenas sobrevivia dia após dia.
Obviamente que um amor não substitui outro, mas um novo pode ser
construído.
Prólogo
LARISSA
∞∞∞
Abri meus olhos e a luz forte que os atingiu me fez fechá-los
rapidamente. Tentei me mover, mas meu corpo estava dolorido. Gemi pela
dor que senti naquele momento.
Mais uma vez, forcei meus olhos a se abrirem e senti minha boca seca.
Consegui abrir meus olhos depois de algum tempo, após me acostumar com a
claridade e observei uma agulha enfiada em minha veia. Lágrimas vieram aos
meus olhos assim que flashes do que havia acontecido pipocaram em minha
mente.
— Não! Não é verdade! — gritei não querendo acreditar em tudo
aquilo. — Daniel? — Olhei ao redor do quarto, percebendo que estava
sozinha em uma cama e rapidamente a porta foi aberta.
Uma enfermeira entrou e atrás dela veio a minha mãe. Logo, a
enfermeira me informou que faria algumas perguntas. Depois que eu respondi
todas, ela me deixou a sós com a minha mãe dizendo que chamaria o médico.
Naquele momento, encontrava-me sentada na cama após a enfermeira ter me
ajudado.
Olhei para a dona Francisca quando a mesma se colocou ao meu lado e
seus olhos denunciavam uma tristeza profunda. Ela alcançou uma de minhas
mãos e a colocou entre as suas. Percebi que abaixou seu olhar e apertou os
lábios, como se evitasse chorar.
— Mãe, não foi um pesadelo? — questionei ao tentar encará-la, mas
foi em vão, pois continuava evitando me olhar nos olhos.
Minha mãe não respondeu, apenas a vi balançar a cabeça de modo
negativo. As lágrimas acumuladas em meus olhos deslizaram livres naquele
instante.
— Mãe... por favor, me conta. Onde está o Daniel? Ele está bem, não
está? E... e o meu bebê? — Passei a mão pelo meu ventre por cima da
camisola hospitalar que usava.
Um silêncio sepulcral tomou conta do ambiente e eu só pedia
mentalmente aos céus para que Daniel e meu bebê estivessem bem, mesmo
que a postura da minha mãe denunciasse o contrário. De repente, ouvi a
resposta dela:
— O Daniel e... o bebê... não sobreviveram, minha filha. Apenas você.
— Ao revelar-me isso, finalmente olhou em meus olhos e pude ver o quanto
estava triste. Seu rosto estava banhado em lágrimas, já que chorou em
silêncio enquanto estava calada.
Meu cérebro ainda tentava entender a imensidão da dor que me tomou
ao ter conhecimento sobre aquela informação horrenda. Foi quando o médico
entrou pela porta e ainda estática, sequer consegui pronunciar uma palavra.
Nem mesmo ouvia direito o que ele dizia.
Apenas sentia uma dor intensa em meu interior. Como se meu coração
estivesse sangrando. Era capaz de sentir o tamanho do buraco que havia
acabado de ser feito em meu coração.
Mentalmente, eu questionava a Deus o porquê de eu ter sobrevivido.
Eu não seria capaz de suportar aquela dor, não seria forte o suficiente para
isso. Naquele momento, eu desejava, ardentemente, uma única coisa: A
morte.
Agradecimentos:
OBRIGADA!