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Briana Morris
No início da noite saio do quarto e bato à porta do Denner,
bem de frente para a minha, até que ele venha abrir.
— O que foi?
O homem está sem camisa e por mais irritante que seja não
posso negar que é ele uma belíssima espécime de macho.
Corro os olhos por seus braços fortes antes de o encarar.
— Veio aqui apenas para ficar me secando? Gosta do que
vê?
— Vim para avisar que a reserva no restaurante está marcada
para as oito da noite. — Estendo a mão que segura a pasta.
— Aqui está tudo o que precisa saber.
O gostinho de saber que o peguei de surpresa é muito
saboroso.
— Você virá comigo.
É claro que sei disso, mas estou disposta a provocar um
pouco.
— Para que o grande príncipe do petróleo precisa de mim?
Porque hoje fui completamente inútil já que fez questão de fazer o
meu trabalho.
Ele arqueia uma sobrancelha e sorri, se divertindo com a
minha cara.
Esse é ele.
— Imaginei que o inferno congelaria antes que eu pudesse
vê-la chateada por ter te dado uma folguinha — zomba, pegando a
pasta da minha mão, ameaçando fechar a porta.
— Não foi isso que fez, idiota? Mas não se preocupe, estarei
pronta no horário. — Viro as costas e entro novamente no meu
quarto.
Denner vai me pagar caro por essa provocação, não irei me
permitir ser ignorada novamente e a roupa escolhida para esse
jantar garantirá isso.
Me aguarde príncipe, quando eu sou boa, sou ótima, mas
quando sou ruim, sou melhor ainda.
Não costumo agir assim, mas na guerra temos que usar as
armas que temos ao nosso favor e hoje estarei linda e farei esse
idiota babar em mim.
Ainda bem que a Duda me ajudou com a mala, ou estaria
perdida.
***
DENNER THOMPSON
Minha vontade é de invadir a suíte da Briana, entrar no
banheiro e puxá-la pelo cabelo de dentro do chuveiro.
Não consigo acreditar que a infeliz se atrasou de propósito
apenas para me irritar.
Grito para avisar que estou de saída enquanto termino de
fechar os botões da minha camisa, saindo do quarto.
Preciso ser pontual para esperar por Jonathan e Brown, os
dois homens com quem jantaremos hoje.
Deixarei para me estressar com Briana mais tarde.
Eu me acomodo na mesa reservada para a ocasião e
aguardo pela carta de vinhos, enquanto troco algumas mensagens
com Ethan, um amigo de longa data.
Precisamos marcar nosso próximo encontro dos rapazes, pois
de vez em quando nos reunimos para aproveitar a noite. E, as
vezes, jogamos cartas também.
Ethan não é tão competitivo como eu, portanto, o importante
para ele é apenas aproveitar nossos momentos juntos.
— Senhor Thompson!
Ergo os olhos do celular para os dois homens à minha frente.
— Boa noite.
— Se vamos fazer negócios, creio que possamos dispensar
as formalidades — respondo ao me levantar para apertar as mãos
dos dois.
— É claro — fala o homem que ainda não se dirigido a mim,
enquanto toma seu lugar à mesa. — Sou o Brown.
— Brown — repito, meneando a cabeça e, em seguida,
encaro o outro.
— Jonathan, espero que o jantar seja proveitoso para todos
nós.
Logo somos abordados pelo maitre, que além de me entregar
a carta de vinhos, dá atenção aos que tinham acabado de chegar.
Escolho uma garrafa e começo a olhar o cardápio com as
entradas, quando percebo uma comoção ao meu lado seguida de
um assobio.
— Fabulosa! Que mulher linda. — Brown olha enfeitiçado
para um ponto além de mim e sigo seu olhar.
Vejo Briana entrar no restaurante usando um vestido preto na
altura dos joelhos, justo ao seu corpo, com uma fenda um tanto que
generosa na coxa direita e um decote drapeado que indica os seios
sem suporte do sutiã.
É uma cor que realmente chama muita atenção em contraste
com sua pele e seu cabelo.
A diaba sabe como ser bonita.
Ela leva alguns segundos para se situar e descobrir onde
estamos, então, caminha em nossa direção sem nenhuma pressa,
como se desejasse mesmo fazer todas as cabeças masculinas se
virarem em sua direção.
— É a minha diretora financeira.
— Está brincando! — Brown parece estar chocado com a
informação.
Os dois não estavam na reunião de hoje.
— Essa mulher trabalha para você?
— Sim...
— Eu a quero.
Giro o rosto na direção do homem que parece não ter muito
filtro com as palavras.
— Como podemos negociar essa beleza?
Mas que filho da mãe, descarado!
— Nenhum funcionário meu está à venda — respondo
tentando me manter cordial, com um sorriso contido. — Muito menos
Briana, posso garantir a você que ela é bastante exigente e tem um
padrão altíssimo — falo tendo em mente o fato dela ser amante do
meu pai.
— Mas ela é solteira? — Ele não parece estar pronto para
desistir.
Inspiro, solto o ar e acompanho seus movimentos quando se
aproxima.
Antes que eu pisque, Brown já se levanta para puxar a
cadeira para ela se sentar no lugar vago ao meu lado.
— Boa noite, senhores. — Ela os cumprimenta, sorridente,
disposta a hipnotizá-los. — Me desculpem pela demora, acabei me
atrasando um pouco.
Os dois idiotas se derreteram em sorrisos e por pouco não
estão abrindo suas carteiras e declarando amor incondicional a
mulher oferecida e esperta a sua frente.
Ela devolve a eles um sorriso e olhar doce antes de se voltar
para mim e arquear uma sobrancelha.
— Perdi alguma coisa importante, chefe?
— Por enquanto, não. — Sorrio de volta, tão falsamente
quanto ela. — Íamos começar a escolher nossos pratos.
— Qual é o nome da senhorita tão encantadora? — Brown
pergunta babando nela.
O que Briana está pretendendo fazer?
— Briana Morris.
— É um grande prazer ter a sua companhia esta noite,
Briana. — Ele inclina a cabeça de lado.
— Acredito ser desnecessário me apresentar, pois, se for
eficiente tanto quanto é bela, já deve saber tudo sobre nós.
— É claro que sim, Brown. Tanto Denner quanto eu
estávamos ansiosos para o jantar.
O tal Brown é um homem da minha idade, com boa aparência
e não tenho certeza se Briana está apenas encenando e sendo
simpática ou se há mesmo algum interesse no homem a nossa
frente.
Depois de alguns minutos, quando Brown já conseguiu
engatar em uma conversa com Briana, preciso intervir e dar início ao
assunto que realmente importa na noite.
Passamos a falar de negócios e trocamos ideias referentes a
aquisição do Bellagio, enquanto deixamos que os garçons arrumem
a mesa, ao mesmo tempo, em que nos servem as entradas.
Percebo que nesse momento, Jonathan é quem especula
mais e Brown se mantém mais observador, deixando a negociação
praticamente nas mãos do outro.
Eu não me importo, mas começa a ficar incômodo quando ele
passa a atrapalhar nossa conversa por estar interessado demais em
levar Briana para cama.
— Quando tiver uma folga durante a viagem, basta me ligar
— ele fala ao passar por cima da mesa um cartão e entregar a ela.
— Ficaremos apenas dois dias. Não acho que ela terá algum
tempo com a nossa agenda apertada.
Briana engole em seco e me encara, mas vejo em seu olhar
uma coisa que nunca tinha visto, afronta.
— Pode deixar, pensarei com carinho na ideia.
— Boa sorte para conseguir achar o tal do tempo — falo
sorrindo, levando minha mão até o joelho dela, apertando-o sem
cerimônia.
Briana reage discretamente, respirando fundo, chutando
minha canela por baixo da mesa.
Um belo chute certeiro que doeu.
— Está tudo bem? — Jonathan pergunta ao me observar.
— Tudo bem, está tudo ótimo. — Olho para a mulher que
parece estar satisfeita com o que conseguiu.
Mas com ela me acerto depois.
Briana vai me explicar que merda pretende fazer agindo
desse jeito.
CAPÍTULO 28
BRIANA MORRIS
O jantar para tratarmos da compra e venda do Bellagio
termina uma hora e meia depois.
Sem me dar muita chance de continuar interagindo com os
dois homens que estão conosco à mesa, Denner trata logo de
dispensá-los.
Chego a ficar com vergonha devido a forma com que Denner
os despacha.
Eles parecem querer continuar a noite em outro lugar e, por
que não?
Afinal estamos em Las Vesgas, um lugar completamente novo
para mim.
Queria pelo menos poder sair um pouco do hotel e conhecer
a cidade, ou pelo menos conhecer tudo o que o Bellagio oferece.
Mas Denner parece ter outros planos para acabar com a
minha noite, praticamente me arrasando para o elevador.
— Você foi ridícula conversando daquele jeito com um
homem que mal conhece. Ridícula! — ele frisa bem a palavra
"ridícula", como se quisesse realmente me desmoralizar e me
diminuir.
Mas não respondo, fico calada, pois, estou me cansando
desse jogo bobo, vindo de um homem tão inteligente como o imbecil
do Denner.
As portas do elevador se abrem e corro para a suíte.
Não quero discutir, o que quero é o conforto da cama já que
não poderei sair para lugar nenhum, ficar em um completo marasmo.
Que viagem horrível!
Que tempo perdido aqui!
— Não vai falar nada? Estava se oferecendo na maior cara de
pau. O meu pai sabe que você é assim? Se eu não tivesse te tirado
de lá, a essa hora estaria na cama com ele.
Fecho os olhos e respiro profundamente, me sentindo
cansada dessa merda, de ser tratada como uma amante barata, de
quinta categoria, que eu nem mesmo sou.
Estou cansada de ser humilhada, julgada, vista como uma
pobre coitada ou o pior ser da face da Terra.
Para tudo na vida há um limite e o meu definitivamente está
chegando ao fim.
Então, reunindo toda a coragem que nem mesma sabia que
tinha, me viro para o ele e o encaro. Levanto bem o rosto para
mostrar a ele que não aceitarei mais essa situação.
Isso acaba hoje.
— Eu quero que você vá se foder, Denner. Eu me cansei
dessa merda, cansei de você, cansei das pessoas que… A partir de
hoje vai me tratar como uma funcionária do grupo Thompson, nada a
mais além disso. A minha vida particular não diz respeito a você e
nem a ninguém. Vão todos a merda e foda-se, se está tão chateado
por eu ser a "amante barata" do seu pai. Vá tirar satisfações com
ele, pois cansei de tentar explicar a você uma coisa que não entra
na porra da sua cabeça. Está cego de raiva e eu nem mesmo seu o
motivo. O que sei é que não vou mais admitir que me trate desse
jeito.
Ele cruza os braços, me olhando, como se não levasse a
sério tudo o que eu acabei de falar.
— Olha você... Já está se achando a dona da porra toda me
enfrentando desse jeito. O que é, hein? Fala pra mim, está
interessada no Bellagio, não é mesmo? Por isso que está tão
chateada por eu não estar te incluindo em exatamente nada.
A minha vontade é de voar no pescoço dele.
Meu padrinho deixou bem claro que queria nós dois juntos
trabalhando na aquisição do Bellagio, mas agora entendo o que está
se passando pela cabeça do Denner.
— Você é inacreditável. Quando penso que não seria capaz
de falar mais absurdos do que já falou, você vem e me surpreende.
Eu não vou ficar aqui tentando falar com uma pessoa que parece
estar surda. — Viro de costas para sair do quarto e ele segura o meu
braço com força.
— Onde pensa que vai? Eu não acabei com você ainda.
Já percebi que Denner gosta de ter as coisas sob controle e
quando esse controle escapa de suas mãos, ele surta como está
fazendo agora.
— Solta o meu braço.
— Aonde você vai? — ele pergunta novamente.
— Me solta! — falo mais uma vez e ele me solta.
— Sou dona da minha vida e não devo satisfação de nada do
que eu faço ou deixo fazer a você. — Saio do quarto sem olhar para
trás, batendo a porta.
Respiro fundo tentando manter uma calma que não tenho
mais, tudo o que quero é sumir e me esconder como sempre fazia
quando era criança.
— Senhorita Morris, é esse o seu nome, não é? Está tudo
bem?
Eu me espanto com a mulher que hoje durante a reunião ficou
falando comigo.
— Oi, boa noite, estou bem sim. Só estou um tanto perdida.
Ela sorri e se aproxima.
— O Bellagio é muito grande mesmo. É fácil se perder aqui,
se quiser posso acompanhá-la, estou indo tentar a sorte no cassino.
Não quer vir comigo?
Isso me anima um pouco, pois gosto de jogar poker.
— Poker.
Ela sorri, parecendo estar surpresa.
— Não me arriscaria tanto, sou mais dos caças níqueis. —
Ela parece se divertir em falar isso.
— Quero jogar poker.
Ela levanta uma sobrancelha.
— Bem, se você se garante, então, vamos lá, mas vou logo
avisando que esse é um dos jogos mais difíceis e, provavelmente,
você saia da sala de jogos pobre. Principalmente, aqui, onde apenas
homens muito ricos se arriscam no poker.
Sorrio e começamos a andar juntas indo em direção a um
elevador.
Poker não é difícil, matemática não é difícil.
É verdade que existem alguns jogadores fortes que têm uma
intuição muito boa e não precisam da matemática para ganhar os
jogos, no entanto, a realidade é que os melhores jogadores usam a
matemática de forma regular para tomar suas decisões.
Não estamos, necessariamente, falando sobre uma
matemática difícil. A matemática adjacente ao poker é,
frequentemente, bem simples. Ela pode nos ajudar a refinar as
decisões que já fazemos com base na intuição.
A matemática ajuda em todas as artes do jogo e é por isso
que nunca perco uma partida.
Sempre uso a matemática ao meu favor.
— Chegamos — a mulher fala assim que o elevador abre
dentro de uma enorme e gigantesca sala de jogos.
— Nossa! — exclamo extasiada com o lugar.
Aqui é lindo, luxuoso, frequentado por gente de classe, que
chega a "feder" dinheiro, digo isso no sentido figurado da palavra.
Isso aqui é sensacional.
— Tem certeza de que é aqui mesmo que quer ficar?
— Sim — respondo e nesse momento tenho certeza que
meus olhos estão brilhando.
— Então vamos começar a diversão. Espero que você tenha
sorte.
— Eu não preciso de sorte, uso a lógica.
— Pelo menos confiança você tem.
Sorrimos juntas e nos aproximamos de uma mesa.
— Temos um lugar a mais. Qual das duas senhoritas irá se
aventurar? — o responsável pela mesa pergunta.
— Ela, eu não sei nem para onde começar a jogar isso, mas
ela parece saber e é bem confiante também.
Acabo de perceber que ela também gosta de falar demais e
isso faz os outros homens da mesa sorrirem.
Não devem dar nada por mim, para eles, sou apenas uma
mulher brincando de jogar poker.
— Prevejo que hoje vamos nos dar bem — um deles fala de
forma maliciosa.
— É... vamos mesmo. — Sento no lugar onde me é indicado.
Pobres coitados, não irão nem saber o que os atingiu.
Se acham tão "fodas" por que ostentam um pau e uma calça?
Vou mostrar a eles que eu também posso ser "foda",
ostentando um salto e uma saia.
O Texas Hold'em é jogado com um baralho completo de
cinquenta e duas cartas. Cada jogador faz o seu 'buy-in' para entrar
na partida. Com isto recebe uma quantidade predeterminada de
fichas, conhecida como "stack" e só então a partida é iniciada.
Em cada mão, será um jogador diferente a baralhar e a
distribuir as cartas. Nesta altura é conhecido como o dealer. O
jogador à esquerda do dealer deve colocar o 'small blind': uma pré-
aposta cujo valor é estabelecido antes do início do jogo. Logo depois
o jogador à esquerda dele vai apostar o 'big blind', que é o dobro.
Ao longo da partida, os 'blinds' vão subindo gradualmente.
Quando alguém perde todas as fichas, fica fora do jogo. Por
sua vez, o jogo só acaba quando um dos jogadores acumular todas
as fichas que estão na mesa.
O importante em uma partida de poker é ganhar!
E a regra é simples, o vencedor de cada mão do poker é o
jogador com a sequência de cartas mais alta quando são reveladas
todas as cartas.
Esta altura do jogo é conhecida como o 'Showdown'.
— Mas que porra! — o último que estava na mesa comigo fala
sem acreditar que eu ganhei.
Eles me subestimaram e sou boa em blefar, muito boa.
— Vem para a mamãe, bebê — falo pegando todas as fichas
e os outros sorriem.
Agora sim, o jogo vai começar de verdade, já que agora
provei que estou aqui para jogar e não brincar, nessa merda.
— Você é esperta, mas isso é sorte de principiante, já vi
acontecer muitas vezes.
Sorrio da cara de desgosto dele.
— Então vamos de novo, quem sabe a minha sorte de
principiante me ajude a ganhar novamente? — falo piscando um
olho para ele que sorri balançando a cabeça.
Agora vou me divertir.
— Uma rodada do melhor uísque para a mesa mais
interessante dessa sala.
Escuto a voz do Denner bem atrás de mim e chega me dar
um arrepio na espinha.
Nem mesmo aqui o infeliz me deixa em paz.
— Irá se juntar a nós, senhor Thompson? — o responsável
pela mesa pergunta cheio de reverência.
Quem ainda não sabe que Denner é o novo dono do
Bellagio?
— Não, estou interessado em apenas assistir ao jogo. Vamos
ver até onde essa senhorita aqui é capaz de ir.
Ao escutar isso, pego a bebida que o garçom está servindo e
viro de uma vez.
— Pelo menos de virar o copo ela é boa — mais um
engraçadinho comenta.
— Estamos aqui para jogar ou para ficar batendo papo? Se
estiverem com medo de perder caiam fora e deem a oportunidade
para outro — falo cheia de certeza.
Parece que a bebida vai me ajudar.
— Outra dose. — Faço sinal e o garçom me entrega outro
copo.
Logo em seguida começa outra partida.
Eu não sou acostumada a beber, mas hoje mereço por tudo o
que já escutei. Preciso relaxar e pelos menos por um momento
esquecer as humilhações que passei nas últimas horas.
***
— Mas que porra! De novo não.
Todos gargalham com o desespero do homem, do macho
alfa.
Todos nós, os jogadores, já estamos mais leves, nossa mesa
já está rodeada de gente e desde que comecei a jogar não perdi
nenhuma partida, o que chamou a atenção de muita gente.
— Quem será o próximo? — Denner pergunta falando alto.
A essa altura já estamos todos meio que bêbados demais.
— É isso aí. Quem será o próximo a me enfrentar — falo
bebendo.
Quando meu copo seca, Denner mesmo o enche.
Já que estamos na terceira garrafa de uísque.
Eu sei que ele veio até aqui para me ver perder e zoar com a
minha cara, mas quando percebeu que eu era muito boa com as
cartas as coisas mudaram, Ele também gosta de poker, assim como
o meu padrinho, e me ver ganhar uma partida após a outra regada a
muita bebida o clima aliviou.
Mesmo assim não quero muita conversa com ele.
Sei que essa nossa interação momentânea é só o efeito do
álcool em nosso organismo e assim que passar, o ódio voltará com
tudo, como sempre acontece.
— Vamos continuar, a noite no Bellagio é apenas uma criança
— um dos homens que está conosco na mesa de jogos fala alto,
levantando o copo e todos brindamos.
— Você está bem? Aguenta outra partida ou já quer parar? —
Denner sussurra no meu ouvido, passando a ponta do nariz pelo
meu pescoço.
Ele gosta do meu perfume e escutei isso da própria boca.
— Aguento mais do que só mais uma partida. Como o nosso
companheiro ali falou, a noite no Bellagio é apenas uma criança.
Todos ao redor da mesa batem palmas, eufóricos, pois é
difícil ver uma mulher ganhar assim tantas partidas seguidas.
Logo se dá início ao jogo e eu continuo empolgada.
Sei que já estou bêbada e sei também que vou me
arrepender dessa porra amanhã, mas hoje quero me divertir como
nunca pude fazer.
Amanhã é outro dia e aí sim, vamos ver o estrago.
CAPÍTULO 29
BRIANA MORRIS
Sinto meu corpo mole assim que abro os olhos.
Meu rosto está esmagado contra o travesseiro e até tento
levantar a cabeça, mas tudo começa a rodar, então resolvo dormir
só mais um pouquinho.
**
Na segunda vez em que acordo, continuo na mesma
posição, mas dessa vez consigo erguer a cabeça ainda pesada e
encarar as cortinas bonitas do meu quarto de hotel.
Tento buscar na memória o que aconteceu na noite anterior,
porque algumas lembranças sumiram.
Minha mente está repleta de grandes lacunas, espaços em
branco, flashes incompletos e apenas recordo de me sentir poderosa
por ter ganhado tantas partidas de poker.
Porra, estou muito ferrada, pois uma ressaca filha da puta
me assola.
Quantos ou quantas doses, ou mesmo garrafas de uísques
bebemos, afinal?
O Bellagio inteiro?
Decidida a me levantar e procurar meu celular para
descobrir que horas são, viro de barriga para cima e olho para o lado
ao me espreguiçar.
PUTA QUE PARIU!
Puta.
Puta mesmo.
Que merda é essa?
Fecho os olhos e os aperto bastante, torcendo para acordar
do pesadelo.
Mas os segundos se passam e ainda me sinto acordada,
então, volto a olhar para o lado.
Denner está bem ali, alguns centímetros de mim, deitado
de bruços, só de cueca, com o lençol embolado nas pernas.
Olho para o meu corpo e me vejo só de calcinha e sutiã.
Se eu puxar o pano para me cobrir, acabarei acordando o
idiota e então, será ele quem me verá seminua.
Por que estamos na mesma cama?
Por que ele está na porra do meu quarto?
Calma aí.
É mesmo o meu?
Olho em volta e procuro minha mala, mas só encontro a
dele, pequena e preta, no cantinho da parede.
Eu sou a invasora, não ele.
Com o meu coração aos pulos, tento colocar o cérebro para
funcionar com mais eficiência.
Puta merda!
Reunindo um pouco de coragem, deslizo devagar pelo
colchão, tomando o maior cuidado para não fazer barulho, até
conseguir me sentar e me levantar.
Vejo nossas roupas jogadas pelo chão e isso com certeza é
a consequência de tanta bebida ingerida em poucas horas, coisa
com a qual não estou acostumada.
Bebia?
Sim, bebia.
Mas de forma elegante e responsável, não para cair
bêbada pelos cantos e sofrer com amnésia alcoólica.
Caramba, a minha cabeça gira e não me lembro de porra
nenhuma.
Vou para o banheiro e encaro o espelho contemplando a
minha imagem descabelada, com a maquiagem da noite passada
borrada.
Estou uma bagunça.
Pego uma escova de dentes nova no armário da pia e
escovo os dentes. Tento tirar a maquiagem com sabonete líquido,
lavando o meu rosto e até que dá certo.
Amarro meu cabelo em um coque alto e depois me sento
no vaso sanitário.
Eu não faço ideia do que aconteceu, o que fizemos, nem
por qual motivo chegamos a essa loucura.
Denner e eu dormindo na mesma cama praticamente
pelados.
Eu não me lembro de nada do que aconteceu no cassino
desde que tomei a última dose de uísque.
Depois de dar descarga e voltar ao espelho, sinto tudo
rodar e meu estômago fica muito embrulhado.
Eu não sei se pelo medo que a amnésia está me causando
ou se realmente é efeito da maldita ressaca.
Eu mal consigo voltar para o vaso antes de vomitar tudo
que havia dentro de mim.
Estou passando as mãos pelo rosto, tentado me recuperar,
quando a porta do banheiro é escancarada com força e um Denner
só de cueca aparece diante de mim.
Ele me encara e eu o encaro.
Nosso choque é tão grande que eu sequer desvio o olhar,
só consigo olhar em seu rosto e ele também não se dá ao trabalho
de observar meu corpo.
— Eu vou sair e fechar a porta para ver se o pesadelo
acaba. É um pesadelo, Denner, isso é um pesadelo — ele fala,
fazendo exatamente o que anunciou.
Suspiro e me levanto do chão, pois estava agarrada ao
vaso sanitário. Dou descarga novamente, o encarando de novo
quando volta a abrir a porta.
— Certo. Pelo visto, isso é real. Puta merda! — Denner
suspira e depois me encara. — O que diabos aconteceu?
Balanço a cabeça.
— Eu não me lembro de nada, Denner, e nem sei como vim
parar aqui. A minha cabeça está girando e o meu estômago parece
estar fazendo a mesma coisa.
— Eu também não estou muito diferente, mas não temos
muito tempo para pensar nisso agora, é tarde e já perdemos os
nossos primeiros compromissos do dia.
— As reuniões, que droga! — Fecho os olhos me
lembrando de tudo o que programei para o dia de hoje e, então, uma
coisa me atinge feito um raio.
Arregalo os olhos olhando para o homem a minha frente.
— Meu Deus do céu, Denner! Será que a gente... Quer
dizer, nós dois... Será que nós dois...
— Não! — Ele entendendo o que quero dizer, responde
com uma certeza muito grande para quem está com uma amnésia
alcoólica.
— Como pode ter tanta certeza? — Eu me mexo um pouco
e não sinto nada.
Se realmente tivesse acontecido alguma coisa, acho que
sentiria pelo menos um desconforto, já que nunca fiz sexo antes e
perder a minha virgindade bêbada não era muito o que queria para a
minha primeira vez.
— Você está inteira e sem nenhuma marca pelo seu corpo.
Se tivéssemos transado, querida, pelo menos marcas vermelhas
teria dos meus tapas em sua bunda.
Meu coração traidor parece que irá saltar pela boca ao
escutar suas palavras.
— Mas que descarado!
— Não se faça de inocente, deve saber muito bem como
funciona as coisas. Não é uma virgem intocada, meu pai já deve ter
feito loucuras com você na cama.
Estava demorando...
Ele tinha que falar isso, tinha que tentar me humilhar de
novo?
— Eu vou sair daqui, você é doente e cego demais.
— Eu doente!? — Ele ri em escárnio e sei exatamente o
que ele vai falar.
— Você se presta ao papel de amante e eu que sou
doente? Está acabando com uma família inteira, será que já se deu
conta disso, Briana? Você ao menos conhece a minha mãe? Já
tentou se colocar no lugar dela nem que seja por um mísero minuto?
Ela ama o meu pai desesperadamente e quando souber dessa
pouca vergonha entre vocês dois não vai aguentar. Você vai destruir
a vida da minha mãe e eu nunca vou te perdoar.
Nesse momento, escutando tudo isso as lágrimas já correm
pelo meu rosto.
Eu não aguento mais.
Todo dia escutando a mesma coisa no meu ouvido.
— Eu que nunca vou te perdoar, Denner. Nunca, entendeu?
— Saio do banheiro correndo para o meu lado da suíte, batendo a
porta e me jogando na cama.
A minha cabeça está explodindo de dor e ainda tenho que
lidar com uma agenda apertada durante o dia.
Reunindo o restinho de força que ainda tenho, obrigo meu
corpo a se levantar da cama, afinal tenho um trabalho para fazer e o
farei.
Quando voltarmos para casa, irei atrás do meu padrinho e
ele terá que esclarecer as coisas com o filho idiota dele, porque
cheguei ao meu limite e já não aguento mais essa situação.
Procuro meu celular pelo quarto até que o encontro em
uma mesinha do outro lado da cama, mas quando o pego, vejo um
papel e congelo. Sinto meu corpo ficar dormente, meu coração
acelerar, minha garganta secar, a minha respiração entrecortada, o
chão fugindo dos meus pés, minhas pernas ficam bambas e tremo
inteira.
— BRIANAAAAAA... — Denner grita da sala que nos
separa, me arrancando de todas essas sensações. — Que porra foi
que você fez? — Ele entra no quarto.
Eu me viro na direção dele com as mãos trêmulas,
segurando o papel.
— Denner! Eu acho que nos casamos.
CAPÍTULO 30
DENNER THOMPSON
Quando Briana saiu do banheiro batendo logo em seguida a
porta do quarto, por um momento me senti mal, mas esse
sentimento logo passou quando lembrei da maneira como o meu pai
falava com ela na ligação que ela atendeu no meu carro.
Era praticamente impossível me segurar quando essas
lembranças, em específico, vinham a minha mente.
Acordar com uma fodida ressaca sem me lembrar do que
aconteceu estava me deixando nervoso, ainda mais quando percebi
que a amante do meu pai dormiu comigo, na mesma cama.
Mas sabia que não tinha acontecido nada entre nós dois.
Depois de tomar um banho rápido voltei para o quarto e para
o meu desgosto já passava das dez horas da manhã e estava muito
fodido.
Vendo as diversas ligações perdidas e mensagens em meu
celular, nem tive coragem de abrir, mas deixei isso de lado ao notar
um balde com champagne sobre a mesa de centro, coisa que
quando acordei atordoado não tinha reparado.
Havia também um buquê de rosas, o que era bem estranho,
então me aproximei e peguei o cartão para ler.
“Toda a equipe do Bellagio deseja uma excelente noite de
núpcias para o casal!
Parabéns pelo casamento.”
Dei risada ao ler o cartão, pois com toda certeza algum
funcionário seria demitido.
Observo as duas garrafas vazias e uma das taças tinha se
espatifado no chão.
Resolvo ligar para a recepção apenas para comunicar o
equívoco.
— Bom dia, acho que mandaram um kit de núpcias para a
suíte errada. Estou na Grand Lakeview Suite.
— Bom dia, senhor Thompson. Enviamos o kit correto. Não
estava do seu agrado e da sua esposa?
Esse papo está estranho e não estou gostando nadinha disso.
Desde quando tenho uma esposa?
Me casar é a última coisa que quero fazer na vida.
— Eu não sou casado — respondo soando o mais grosso que
consigo ser.
Faz um silêncio na linha, até que o funcionário responde:
— Desculpa, Senhor Thompson, mas estou na recepção
desde a madrugada. O senhor falou diretamente comigo, quando
disse que havia acabado de se casar com a melhor jogadora de
poker do mundo e que desejava receber champagne na suíte para
comemorar.
Não, não e não.
Eu jamais teria tido coragem de fazer uma merda dessas, não
importa o quão bêbado estivesse.
Impossível!
— Eu estava bêbado? — questiono irritado.
Eu já estou mais do que puto com todo o ocorrido.
— Senhor... É... Seria indiscreto e antiprofissional de minha
parte comentar sobre isso e...
— Você acredita em tudo que um bêbado diz? — pergunto
mais alto para que ele entenda que não estou para brincadeiras.
— Os senhores foram bastante convincentes. Fizeram
questão de falar que para um casamento dar certo, o amor e o ódio
teriam que estar lado a lado. O senhor seria o ódio e a sua esposa
era o amor, até se beijaram bem no meio da recepção.
Desisto dessa conversa descabida e desligo a ligação,
irritado, querendo descer e enforcar o funcionário idiota.
Confiro minha mão e não há aliança nenhuma, então vou até
o meu celular e quando o desbloqueio, me sento na cama de uma
vez.
“O casamento do ano, Denner Thompson, o principal
herdeiro do rei do Petróleo se casa na grande Las Vegas com a
belíssima diretora financeira do grupo Thompson em uma
emocionante cerimônia na famosa igreja do Elvis.”
Não estou acreditando no que meus olhos estão lendo. Briana
e eu somos assunto no mundo inteiro. A internet simplesmente está
pegando fogo com a notícia e em várias reportagens mostram fotos
do casamento. Fotos nossas e do Elvis fajuto.
Puta que pariu!
Porra, não me admira ter tantas ligações do meu pai e da
minha mãe, além de uma porrada de mensagens de praticamente
todos os que eu conheço.
Puta que pariu, vou matar a Briana!
Isso só pode ser coisa dela, armação daquela cabeça
ardilosa.
— BRIANAAAA... — O meu grito ecoa pelo quarto e pela sala
que nos separa.
Quando empurro a porta da suíte dela, a vejo de costas para
mim.
— Que porra foi que você fez?
Ela se vira na minha direção segurando um papel nas mãos,
tremendo, pálida, como se o sangue tivesse fugido do seu corpo.
— Denner! Eu acho que nos casamos — ela fala baixo, mas
eu escuto muito bem.
Vou até ela e arranco o papel de suas mãos.
Quando começo a ler o conteúdo, me deparo com a mais
pavorosa e plena verdade.
Sou um homem casado.
E pior, estou casado com a amante do meu pai.
— Puta que pariu! Com tantas mulheres no mundo, fui fazer
essa merda justamente com a amante do meu pai. Caralho!
Estou segurando em minhas mãos a porra da minha certidão
de casamento.
Eu disse casamento?
Inferno do caralho, isso sim.
— Não é hora para isso, Denner, eu...
Eu a interrompo antes que comece a querer se fazer de
vítima.
— Você! Você o quê, vagabunda? Deve estar muito feliz
agora, não é? Não iria conseguir se casar com o meu pai e armou
essa porra pra mim — falo mostrando para ela a certidão de
casamento que é muitíssimo válida e verdadeira.
Estou completamente fora de mim e sem controle das minhas
emoções.
— Você não disso isso? Não pode falar isso de mim, não
pode.
— DISSE SIM, SUA DISSIMULADA. ARMOU PRA MIM,
TUDO UM PLANO DESSA SUA CABEÇA... ME EMBEBEDAR ATÉ
CAIR E ME LEVAR A FAZER UMA PORRA DESSA, PORQUE SÓ
ESTANDO MUITO BÊBEDO PARA ME CASAR. NA VERDADE, SÓ
ESTANDO CAINDO DE BÊBEDO PARA ME CASAR COM UMA
PUTA VAGABUNDA, COMO VOCÊ — grito na cara dela as
palavras, sem me preocupar com mais nada.
Tudo em que a minha cabeça pensa é no escândalo que está
formado em torno da porra desse casamento e em como ele tinha
acontecido.
Somos notícias no mundo todo.
O mundo inteiro sabe do nosso casamento, estou no meio de
uma negociação bilionária, na compra de um dos maiores hotéis
cassinos do mundo e agora mais essa.
— Cadê a porra do seu celular?
Briana está chorando.
Vejo seu celular em suas mãos, arranco o aparelho dela e
está desbloqueado.
Quero ver se tem algum registro dessa merda de casamento
e, para a minha surpresa, todas as imagens que estão circulando
pela internet estão no celular dela.
Tem até um vídeo gravado da famosa hora do “sim” e da
música que o Elvis fajuto cantou para a dança do casal.
Como testemunhas todos os que estavam com a gente no
jogo de poker.
Deles, eu me lembro.
— Deus, como eu fui idiota e burro! Você planejou tudo isso
direitinho, sua...
— Eu não fiz nada e nem planejei nada, Denner. Você está
completamente fora de si. Será que tem noção do que está me
acusando? — ela fala alto, nervosa por eu ter descoberto seu plano
ridículo.
— Calada, Briana, você vai escutar todos os xingamentos que
eu quiser falar, sua vagabunda. Achava o quê? Achava que eu ia
pular de alegria por ter me casado com a amante do meu pai?
— CHEGAAAAA… CHEGA, EU NÃO AGUENTO MAIS...
— Quem não aguenta mais sou eu, porra. Não aguento mais
olhar nessa sua cara de vadia. Está demitida, Briana, não quero ter
que te ver na minha frente, entendeu? Está demitida, porra, e
ninguém vai me fazer mudar de ideia, nem mesmo o meu pai. Eu
quero você fora da minha empresa, fora do grupo Thompson, sua
vagabunda. Vá tentar dar o golpe em outro trouxa que caia na sua
conversa e nas suas armações.
Nesse momento, ela perde o controle e vem pra cima de mim,
tentando me bater, mas não consegue porque a seguro pelos
braços.
— Vai se arrepender, vai se arrepender de tudo isso que está
fazendo comigo e eu não vou te perdoar. Não vou te perdoar nunca.
Nuncaaaa... — Ela chora se debatendo em meus braços, usando
apenas a porra de um sutiã e uma calcinha minúscula.
— Fica quieta, ou eu vou exigir que seja a minha mulher de
fato, pelo menos uma vez. Deve estar louca para ter o meu pau
dentro de você, te comendo rápido e forte. Essa sua cara de vadia
não nega, teve o pai e agora está louquinha de vontade de ter o filho
também. Nem adianta negar, está explícito na sua cara.
Ela me olha intensamente, com os olhos banhados de
lágrimas, como se a sua cabeça e seus pensamentos estivessem a
todo vapor.
CAPÍTULO 31
BRIANA MORRIS
Fico sem acreditar em todos os absurdos, xingamentos,
calúnias, palavras baixas que escuto da boca do Denner.
Nunca, em toda a minha vida, pude imaginar que um dia
passaria por algo assim, ser acusada de uma coisa que eu
desprezo.
Ele fala cada palavra com vontade de me machucar e
consegue, pois, cada xingamento é uma facada em meu coração e
dói.
Dói demais ao ponto de ser quase que insuportável.
Me acusar de ter planejado isso tudo, o forçado a um
casamento como se eu fosse a pessoa mais interesseira do mundo,
coisa que não sou, tanto que nunca me aproveitei do fato de ser
afilhada do Oliver.
Tudo o que eu fiz e consegui na vida foi através do meu
esforço.
Nesse momento, Denner está me resumindo a um lixo, um
nada que ele podia pisar, pisotear e jogar fora sem nem mesmo ter
um pouco de piedade.
Eu vou me quebrar, irei sofrer, mas irei sair daqui mostrando a
ele que não sou nada disso que ele está falando de mim. Depois
disso, serei eu a nunca mais querer vê-lo na minha frente.
— Me faça sua então, me faça sua mulher de fato e me
mostre que pode ser tão bom de cama como o seu pai é.
Preciso provocá-lo para que ele realmente perca a cabeça de
vez e faça o que tem que ser feito.
Que ele sinta no corpo e na alma a minha VERDADE.
— Você é uma puta mesmo — ele fala entredentes com a
mandíbula cerrada.
— Sou, sou sim, e disso você já sabe e tem razão. Eu sempre
tive o desejo de saber se você era tão bom de cama quanto o Oliver
é...
Eu não termino de falar e ele me empurrou contra a parede,
devorando a minha boca sem pudor algum, me fazendo
experimentar sua luxúria sem deixar que eu possa respirar.
Aqui será tudo ou nada e me entregarei ao homem que me
odeia. Deixarei transparecer tudo o que sinto por ele, mas o
sentimento que cultivo não é o de ódio.
Exalo amor, amor por ele, pelo homem, pelo idiota, pelo
possessivo, pelo mandão, pelo gostoso, pelo doce príncipe do
petróleo.
Doce?
Sim, Denner também me mostrou um lado seu oculto que
duvidei ter.
Denner me mostrou que por traz daquele imponente "tubarão"
existiam outras habilidades e ele era um verdadeiro gentleman.
Eu me sinto tonta e entregue em suas mãos. Sua língua
brinca com minha boca e quando ele chupa o meu lábio e morde,
sinto o meu núcleo pulsar.
Ele me controla de forma quase que inconsciente, com uma
dominação luxuriosa.
— Sua desgraçada...
Ele me beija, chupando, lambendo ou fazendo qualquer outra
coisa que a sua mente pervertida consiga pensar, me firmando com
força quando as minhas pernas parecem estar bambas.
— Denner...
Ele mordeu o lóbulo da minha orelha e solto um gemido,
sentindo tesão entre as pernas.
Não consigo pensar em nada enquanto ele lambe o meu
pescoço, esfregando o nariz ou raspando os dentes.
Eu me arrepio inteira, enlouquecendo um pouco mais.
— Eu vou te fazer minha, sua desgraçada.
Sua voz demonstra o quão necessitado ele está, parecendo
estar descontrolado, querendo que eu esteja igual. Por isso, não
para de provocar o meu corpo com seu toque. Suas mãos veem
para o meu cabelo e ele puxa com força, expondo o meu pescoço.
Solto um gemido baixinho quando lambe a minha pele para
logo morder o meu ombro.
— Denner...
O que ele faz em meu pescoço me mostra quão talentosa e
pervertida a sua língua é.
Minhas pernas estão como borrachas quentes, o coração
palpitando no peito enquanto sinto meu clitóris começando a doer.
Uma dor diferente prazerosa.
Meu corpo chama pelo dele e tento fechar ou roçar as minhas
pernas na tentativa de alívio.
Ele me empurra para a suíte dele e fecha a porta com um
chute.
Na porta mesmo, ele me faz sentir como está excitado.
— Olha o que você faz comigo.
Deixo a timidez de lado e o puxo para mim, para que possa
me esfregar em seu corpo em busca de algum alívio.
Meus seios doem, os mamilos estão duros demais, pedindo
por atenção, tensos.
A calcinha me incomoda e sinto a pele sensível, como se a
eletricidade percorresse os pelos.
Ele sabe como e onde tocar.
Logo sua mão vai para dentro da minha calcinha.
— Toda molhadinha.
O jeito que segura o meu cabelo, me dominando, me
deixando ainda mais louca.
Gosto de como está sendo bruto e sofro com o desejo de ter
as nossas peles se tocando, de senti-lo me tocar intimamente.
— Por favor, Denner.
Meus olhos pesam...
O cheiro dele...
Cheiro de homem másculo, viril, me embriaga, me deixando
ainda mais tonta e cheia de expectativas.
Estou presa em sua teia de sedução e desejo.
Meus sentidos voltados apenas às suas demandas.
Estou pronta para tê-lo.
Um misto de medo, anseio e expectativa me deixa nervosa,
sabendo tudo o que será consumado.
Mordo o lábio, apertando as coxas juntas para aliviar um
pouco o pulsar doloroso.
São tantas sensações que não sei como descrevê-las.
Suas mãos veem para o meu cabelo outra vez, mas sem
pressa e apenas massageando, me fazendo buscar por mais
contato.
Suas carícias são pesadas.
Seu toque desce por meu corpo, se detendo em meus seios
por um momento, arrancando o meu sutiã, me expondo.
Nesse momento, me sinto envergonhada, mas ele parece não
se importar, deve pensar que tudo não passa de fingimento.
— Denner. — Suspiro quando a sua boca começa a percorrer
o meu pescoço.
Puxa os meus mamilos, me fazendo derreter com sua tortura.
Procuro a sua boca, me entregando, suas mãos quentes
deslizam por minhas costas, me puxando para mais perto. Brinca
com os meus mamilos, beliscando com o polegar e indicador.
Tão provocador, como sempre.
Meu prazer só aumenta e é injusto que ele saiba tanto sobre
o meu corpo ao ponto de precisar de pouco para me ter sofrendo.
Eu me sinto completamente dominada por ele.
Sem pressa alguma, desce a minha calcinha, com sua língua
brincando e me fazendo tremer.
Espero por um toque mais íntimo e quando vem o meu prazer
se expressa em um suspiro sôfrego.
— Molhada pra caralho — ronrona, acariciando as minhas
dobras.
Passo a língua nos lábios secos, gemendo, gemendo muito,
quando tiros de prazer percorrem o meu corpo.
O prazer escalona e me faz suspirar alto, enquanto ele brinca
com meu clitóris.
Meu corpo parece subir, tenso, me deixando saber que
quando alcançar o êxtase será algo tão bom que abalará as minhas
estruturas e conceitos pré-existente sobre o ato.
Ele me pega no colo, vai até à cama e me joga no colchão,
sem cuidado nenhum.
Sem pudor tira a cueca, me fazendo engolir em seco com a
visão que tenho do seu corpo nu bem na frente.
— Como pode fingir tão bem, consegue até mesmo ficar
vermelha. É incrível como você é uma mentirosa profissional.
É claro que ele pensaria isso, mas não faço e nem falo nada.
Espero que ele tenha o seu momento, pega a carteira em cima da
mesinha, a abre e tira um preservativo de dentro.
É nesse momento que percebo que não terá mais volta.
Denner iria ter o meu corpo e irá tirar a minha virgindade.
Provarei a ele que nunca fui nada do que ele me acusou
durante todo esse tempo.
É uma questão de honra, para mim, aguentá-lo até o final do
ato que está próximo a acontecer.
Não demora muito, ele se deita sobre mim, dando outro beijo
de tirar o fôlego que parece querer sugar a minha vida. Desce em
um dos meus seios chupando e mordendo com muito desejo, depois
faz a mesma coisa no outro, então desce a língua pela barriga,
fazendo um caminho molhado até chegar onde mais queria.
Sem cerimônia, ele chupa com força a minha boceta, brinca
no meu clitóris enquanto enfia e tira a língua em movimentos
repetitivos que são o suficiente para sentir cada parte do meu corpo
que nem sabia que existia.
Isso é uma experiência totalmente nova que nunca
experimentei.
Sabia como funcionava apenas na teoria, mas vê-lo me
chupar, me dando prazer desse jeito é demais para o meu pobre
coração.
Achei que ele iria vir com tudo.
— Não é porque você é uma vagabunda que não vou te dar
prazer — ele fala parecendo adivinhar os meus pensamentos.
Tudo isso é uma grande loucura, mas irei até o fim.
Meus olhos não acreditam na perfeição que está na minha
frente.
Denner é bem forte, músculos bem definidos, com gominhos
bem detalhados, mas o que mais me leva à loucura é o V que desce
do abdômen e sua ereção mostra o que enfrentarei a seguir.
Agarro os lençóis, precisando de algo para me segurar.
Denner brinca com o meu clitóris e a sensação é
incrivelmente deliciosa.
Ele me leva à beira do prazer e me faz voltar.
Calafrios percorrem a minha pele e estou quase lá, mas não
ouso me mexer.
Sinto que gozarei e nem preciso dizer nada, ele sabe disso.
Aproveitando o momento, ele vem para cima de mim, dá um
impulso forte e toma a minha virgindade em meio ao meu primeiro
orgasmo.
A dor é terrível e não posso evitar de soltar um grito.
É como se o meu corpo estivesse confuso, preso no prazer e
na dor abrasadora.
Denner congela, a expressão dele carregada de culpa me faz
querer chorar.
Ali está a prova que ele tanto precisava para saber que eu
não era nada daquilo que ele pensava ao meu respeito.
Estava livre das suas acusações.
— Briana... Você... Você era...
— Virgem!
Ele me encara e não consigo mais decifrar o seu rosto,
enquanto o sinto pulsar dentro de mim.
— Você é virgem!
— Não, Denner, eu era virgem. Você acabou de tirar a minha
virgindade, agora seja homem e termine o que começou. — Puxo o
seu rosto para mim e ele vem me beijando com ardor e carinho.
Ele é uma mistura de quente e frio, doce e salgado, prazer e
dor.
É muito, muito bom sentir o seu corpo em cima do meu.
Faz o calor que emana de sua pele suada aumentar e o ardor
em minha intimidade.
Preciso que ele continue, que vá até o fim.
Minhas mãos deslizam por suas costas, aperto a sua bunda e
ele pulsa dentro de mim.
A nova sensação é deliciosa.
Denner geme baixinho, começando a entrar e sair bem
devagar.
Agora sim, ele está sendo cuidadoso comigo.
No começo dói e arde, porém, apesar de sentir o quão duro e
necessitado está, ele vai bem devagar.
Está sendo cuidadoso e paciente.
Estou vendo o grande esforço que faz para se controlar.
— Caralho! — fala baixinho, enterrando o rosto em meu
pescoço.
Arrepio toda quando sinto a sua língua em minha orelha, a
cada mordiscada que ele dá, contraí e geme gostoso.
— Briana... — Respira fundo com o suor pingando da sua
testa.
Ele busca em meu rosto a certeza de que estou bem e só
quando percebe que quero tudo, é que realmente começa a me
foder.
A dor é suportável, agora, é uma ardência contínua, mas que
vai diminuindo aos poucos.
Há prazer, mesmo na dor, e um sentimento de que o meu
corpo está pronto para viver a experiência completa.
Quero tudo do ato.
— Que delícia! — geme ao perceber que não estou
reclamando e deixa o controle ir embora.
Denner impulsiona duro, golpeando a minha intimidade com
força e rapidez. Sua precisão é cruel e parece saber onde está cada
ponto sensível, me fazendo arfar, gemer descontroladamente.
— Porra! — grunhe em meu ouvido, impulsionando com força,
fazendo o meu corpo vibrar.
Solto um gemido encarando os seus olhos brilhantes de
luxúria. Arranho as suas costas, fazendo com que ele rosne. Arqueio
o corpo para receber as suas estocadas.
Nunca pensei que seria tão bom, com dor e tudo.
Encaixamos como um quebra-cabeças, parecia que nossos
corpos foram feitos exatamente um para o outro.
— Não posso segurar mais — geme, bombeando mais rápido,
se é que isso é possível. — Porra, que delícia! — gemeu alto,
enterrando o máximo que consegue e se mantendo ali, parado.
Sinto seu membro pulsar dentro de mim, preso em seu prazer.
Ele está maravilhoso, a cabeça jogada para trás, o corpo
tenso, suor escorrendo por seu peito e abdômen.
Incrível, deslumbrante.
Quando me olha, há admiração em seus olhos, uma coisa
que não queria ver.
Acaricio o seu rosto quando ele estoca devagar, como se
espalhasse calor em meu interior.
Eu me sinto tão sensível que é quase como um fio
desencapado.
— Precisamos conversar — murmura rouco, quase se
deitando em cima de mim.
Ele me beija com carinho, paciente, esfregando o nariz por
meu rosto.
— Como se sente? — pergunta me olhando nos olhos, me
acariciando.
— Você me fez a sua mulher como queria, espero que esteja
satisfeito agora.
— Briana, temos...
— Eu quero dormir, Denner, estou cansada, exausta, e se não
percebeu o seu celular não para de tocar. Estamos no meio de uma
negociação de compra, vá resolver tudo o que precisa e quando
voltar conversamos, já me mostrou ontem que não precisa de mim,
para nada.
Ele me encara durante alguns segundos e mantenho o olhar.
— Espere por mim, vou resolver tudo o mais rápido possível e
volto. — Sai de dentro de mim e não posso deixar de reparar o
sangue no preservativo.
Ele percebe para onde olho.
— Porra, Briana, você deveria ter falado...
— Não adiantaria ter falado nada, você não iria escutar, agora
vá. — Fecho os olhos e puxo o lençol para cobrir o meu corpo, me
virando de lado.
Quando Denner voltar das reuniões, não estaria mais aqui
esperando por ele.
CAPÍTULO 32
DENNER THOMPSON
Estava fora de mim, completamente desnorteado de raiva
com tudo o que estava acontecendo.
Não estava pensando, ou raciocinando direito e, para mim,
naquele momento só existia uma verdade.
A verdade que Briana era amante do meu pai e que ela havia
armado tudo para que aquele casamento viesse a acontecer
daquele jeito.
Mas a minha VERDADE não passava da porra de um grande
engano.
Briana era VIRGEM.
Virgem, porra!
Ela era a porra de uma virgem intocada e o sangue no
preservativo e nos lençóis da cama onde a deixei deitada provavam
isso.
Encosto a cabeça no box de vidro do banheiro, de olhos
fechados, deixando a água escorrer pelo meu corpo.
Preciso colocar a cabeça no lugar, mas não tenho muito
tempo para pensar nisso agora.
Tenho que estar presente em um almoço e depois passarei o
restante da tarde em reunião. Sem contar que ainda terei que lidar
com o fato de que estou casado e que o mundo inteiro parece saber
disso.
A minha família deve estar louca e com razão, afinal eu me
casei na igreja do Elvis com a diretora financeira do grupo
Thompson.
Desligo o chuveiro, me seco, enrolando a toalha na cintura,
mas quando chego no quarto, Briana não está mais nele, assim
como os lençóis sujos com o sangue da virgindade dela.
Porra, eu tenho que resolver essa situação.
Urgente!!
Vou até as minhas roupas e me arrumo. Visto a pele de
empresário sério que precisa fechar um grande negócio bilionário,
não podendo haver falhas nessa negociação.
Mas já estou com um atraso de meio dia que vai atrapalhar
um pouco as coisas.
Pego o celular e me impressiono com a quantidade de
ligações que tem da minha família.
Eu não vou retornar agora, não tenho tempo, preciso terminar
de resolver as coisas por aqui primeiro, depois lidamos com o fato
de estar casado e com quem estou casado.
Antes de sair, vou até à porta da suíte de Briana e constato de
que está trancada.
Estou prestes a abrir a boca para chamá-la quando escuto
seu choro do outro lado da porta, um choro sofrido e doído que
aperta o meu coração de um jeito que nunca tinha acontecido ou
sentido.
Porra!
— Briana — chamo por ela e percebo que para de chorar. —
Briana, abra essa porta — chamo novamente, batendo à porta.
— Preciso que me deixe sozinha, por favor — ela fala com a
voz abafada.
— Está chorando?
— É claro que estou chorando, Denner. O que você
esperava? Que eu estivesse rindo e comemorando. Estou casada
com um homem que me odeia.
Pela primeira vez me sinto mal em escutá-la dizer que eu a
odeio.
Eu não sei mais o que sinto em relação a ela, não depois do
que aconteceu nessa noite.
— Deixarei você sozinha, entendo que precisa do seu tempo
e espaço, mas quando voltar vamos conversar e se essa porta ainda
estiver fechada, eu derrubo.
Ela não diz nada e saio do quarto.
A porra deste dia ainda vai ser longo.
Quando chego na recepção, logo um funcionário se aproxima
de mim.
Todos aqui já sabem quem eu sou e o que estou fazendo
aqui, passar desapercebido já não é mais possível.
— Senhor Thompson, espero que sua noite de núpcias tenha
sido proveitosa. Admito que foi uma surpresa grande, mas Las
Vegas tem esse poder de despertar nas pessoas sentimentos
ainda...
— Dá para calar a boca, pelo amor de Deus — falo irritado e
o homem a minha frente se cala e muda de cor.
— Desculpa, senhor. Mas devo informar que a mídia está um
alvoroço só. Tivemos problemas hoje pela manhã para controlar os
paparazzis que praticamente queriam invadir o Bellagio.
Outro problema que não queria ter, mas que eu vou precisar
lidar.
— Conseguiram controlar a situação?
— Sim, senhor, aumentamos a segurança e agora está tudo
sob controle.
— Ótimo, depois lido com a mídia. Agora mande entregar o
almoço da minha esposa na suíte e não permita que ninguém se
aproxime daquele andar. Quero preservar a imagem da minha
mulher.
Se me falassem umas semanas atrás que estaria chamando
Briana de esposa e de minha mulher, mandaria matar o desgraçado,
mas olha eu aqui, agora, preocupado com o almoço e a segurança
dela.
— Sim, senhor, farei isso agora mesmo.
Saio da presença dele e me direciono a um dos muitos
restaurantes que o Bellagio possui.
Quando chego, já estavam a minha espera.
Assim que me aproximo da mesa me desculpo pelo atraso,
que já passa de mais de vinte minutos.
Não costumo me atrasar para os meus compromissos, mas
hoje foi impossível não acontecer.
— Não há necessidade de se desculpar, senhor, afinal se
casou ontem, ou foi hoje pela madrugada, eu nem me lembro mais.
Na verdade, pouco nos lembramos do que aconteceu ontem, mas o
casamento foi lindo.
Quando ele fala isso, me dou conta de que ele era um dos
homens que estavam no cassino ontem.
— Estávamos juntos ontem.
Ele sorri.
— Estávamos, sim, e devo admitir que sua esposa me
arrancou uma pequena fortuna.
— Não só sua como a nossa também. Onde conseguiu
aquela mulher, senhor Thompson? Eu nunca vi nada igual, ela
parece uma máquina de ganhar dinheiro.
Onde conseguiu aquela mulher?
A pergunta ecoa pela minha cabeça e, por um momento, me
lembro de todas as nossas discussões, conversas e momentos que
tivemos juntos, desde o dia em que a vi pela primeira vez até hoje.
E a resposta não poderia ser outra.
— Meu pai a encontrou para mim. — Essa é a resposta
correta.
— Seus olhos brilham quando fala da sua esposa, deve amá-
la muito — a mulher que está na minha frente fala e eu a encaro.
Percebo que é a mesma que estava com Briana ontem.
Se ela soubesse que não é nada como parecer ser e que
Briana nesse momento deve me odiar mais que tudo nessa vida,
ainda mais com tudo o que eu disse para ela, talvez mudasse de
ideia sobre a sua suposição.
Estou muito fodido.
— Viemos aqui para falar de negócios e não do meu
casamento, então vamos ao que interessa.
Todos concordam e damos o assunto como encerrado, mas
em momento algum a mulher tirar os olhos de mim, o que me
incomoda um pouco.
Depois do almoço, entramos em uma extensa reunião que
dura praticamente a tarde toda, mas ela foi muito proveitosa, já que
assinei quase todos os documentos da compra e transferência de
título.
O negócio já está noventa por cento fechado e amanhã com
toda certeza o processo será concluído, então só precisarei
participar de mais um jantar e poderei retornar para casa com o
negócio concluído.
O grande Bellagio já é uma propriedade do grupo Smith.
— Seu pai fez uma excelente aquisição, meus parabéns, você
deve ser o orgulho dele — um dos homens fala, me
cumprimentando.
— Ele soube me criar bem, obrigado. Agora, se me dão
licença, preciso me retirar.
— É claro que sim, deve estar ansioso pela sua mulher, já
que passou o dia todo praticamente longe dela.
— É isso mesmo, até mais. — Me despeço de todos.
Quase vinte minutos depois consigo sair da grande sala de
reuniões.
O bom do Bellagio é que que ele possui toda uma estrutura
magnifica de administração, o que facilita e muito as coisas.
Procuro chegar a suíte o mais rápido que consigo, passando
pelos funcionários que me cumprimentam durante o percurso sem
dar muita atenção. Mesmo assim demoro mais do que gostaria para
chegar e quando finalmente entro na suíte, passo pela sala que
separa os quartos e vou direto para o da Briana.
Encontro a porta aberta, olho pelo lugar e não a vejo. Vou no
banheiro e nada dela. Abro o closet e as coisas dela também não
estão mais aqui, muito menos a mala.
— Porra! Onde ela se meteu? Será que trocou de suíte para
não ficar perto de mim? — Vou para a minha suíte e pelo telefone
chamo a recepção que logo atende.
— Senhor Thompson, em que posso ajudá-lo?
— Minha esposa. Sabe me dizer se ela trocou de suíte?
O homem coça a garganta e fala.
— Desculpa, senhor, mas a senhora Thompson não está mais
no Bellagio. Ela foi embora por volta das quatorze horas.
Merda!
Como foi que não previ isso.
— Por que não fui informado disso?
— Me desculpa, senhor, mas a senhora Thompson deixou
bem claro que não poderíamos incomodá-lo já que se encontrava
em uma reunião importante.
Eu nem espero para escutar mais nada e desligo a ligação.
Não tenho nem tempo de raciocinar direito, pois meu celular
toca pela milésima vez e agora não posso mais ignorar a ligação do
meu pai. Se eu não o atender é capaz de vir até mim.
Ele tem coragem para isso.
— Pai! — Atendo já esperando a bronca vir com tudo.
— Você se casou na igreja do Elvis com a minha afilhada,
Denner?
Confesso que por essa eu não esperava.
Afilhada?
CAPÍTULO 33
BRIANA MORRIS
Assim que percebo que Denner sai do quarto, corro para o
banheiro e tomo banho.
Preciso colocar a cabeça no lugar e arrumar um jeito de dar o
fora daqui.
Quando saio do banheiro, alguém bate à porta da suíte e
mesmo apreensiva vou abrir.
Quando faço isso, me impressiono com o que vejo.
— Boa tarde, senhora, o senhor Thompson mandou que
trouxéssemos seu almoço.
Olho para ele e depois para o carrinho repleto de comida.
— Obrigada, pode deixar aqui.
— A senhora não gostaria que eu organizasse tudo na mesa
para a senhora?
— Não precisa, me viro sozinha, obrigada.
Ele faz um sinal com a cabeça.
— Não há de quê, senhora. — Ele se retira e olho para a
comida respirando fundo.
Preciso realmente me alimentar.
Depois de almoçar, volto para a suíte e me arrumo,
organizando logo depois a minha bagagem.
Quando o Denner voltar não vou mais estar aqui.
Com esse pensamento, pego o celular e começo a pesquisar
por passagens áreas. Com muita sorte, consigo comprar uma, mas
para que não perca o voo preciso correr.
Depois de pronta, quando estou prestes a sair do quarto, me
dou conta de uma coisa, o meu rosto está estampado em todos os
sites e jornais do mundo, seria impossível passar desapercebida
pelo aeroporto, o que é uma droga.
Preciso me disfarçar o máximo que conseguir.
Pego a mala e vou até uma das muitas lojas que tem no
Bellagio, então compro um conjunto de moletom, óculos escuros e
um boné gigante.
Acho que assim ninguém me reconhecerá.
Pago por tudo o que comprei e troco de roupas na loja
mesmo.
Quando estou saindo, dou de cara com um dos
recepcionistas.
— Senhora Thompson!
Que droga, já estou sendo até chamada de senhora
Thompson, isso não pode acontecer.
— Aonde a senhora está indo com essa mala?
— A mala... É a minha mala e eu...
— A senhora está se saída? Devo informar ao senhor
Thompson?
— Não... Não faça isso, só irá atrapalhar o trabalho do meu
marido. Hoje é um dia importante e como ele está tendo muito
trabalho, vou indo para casa na frente. Está proibido de incomodá-lo,
só vim aqui fazer umas comprinhas antes de ir embora — falo
sorrindo sendo bem amigável para que ele caia no meu papo.
Nunca fui uma boa mentirosa.
— Tudo bem então, a senhora quer que eu mande o motorista
levá-la a algum lugar? A mídia está em peso pelos arredores do
Bellagio, pode ser arriscado a senhora sair sem proteção.
Penso por um momento e resolvo aceitar para não dar muito
na cara que estou praticamente fugindo daqui.
— Aceitarei, tenho que conseguir sair daqui sem que a mídia
perceba.
Ele concorda e logo pede para que o acompanhe, então me
leva até uma saída privada e liga para o motorista que não demora
muito para aparecer.
— Obrigada por tudo.
— É um prazer, senhora, faça uma excelente viagem de volta
para casa, espero poder revê-la em breve. —
Faço um sinal que sim e entro no carro. Peço para o motorista
me deixar no aeroporto e por muito pouco não perco o meu voo de
volta para casa.
Com a graça de Deus, ninguém me reconhece e chego na
California já no fim da tarde.
A primeira coisa que faço é correr para o grupo Thompson,
como fui demitida tenho que informar ao departamento de Rh.
Nem morta que continuarei trabalhando na empresa depois
de escutar tudo o que escutei da boca do Denner.
E como já esperava, assim que chego na sede do grupo
Thompson, todos me olham, ainda mais que estou arrastando uma
mala e sabiam muito bem onde estava.
Ignoro todos os olhares e vou até o departamento de Rh
antes que o responsável vá embora.
— Tem certeza de que é isso está certa, senhora Thompson.
Eu não acredito nisso.
— Não me chame de senhora Thompson, me chame de
Briana e sim, isso aí está certo. Eu fui demitida e se não quiser
formalizar a demissão, faço uma carta pedindo demissão.
A mulher me olha desconfiada.
Ela não é boba e sabe que tem algo de muito errado nisso, já
que está em todas as notícias que me casei com o chefe dela.
— Então prepare a sua carta de demissão, porque não vou
formalizar a sua demissão sem uma ordem do chefe. Agora, se a
senhora pedir, eu não posso fazer nada a não ser aceitar.
Suspiro derrotada.
É claro que ela não iria acreditar que o meu marido me
demitiu.
— Me dê cinco minutos e preparo essa carta.
Preparo a minha carta de demissão e não demora nem
mesmo os cinco minutos que pedi, já está pronta.
— Aqui, dê início ao processo e não irá para casa hoje até
que o finalize.
— Mas, Briana… — Ela ainda tenta me questionar, mas eu a
interrompo.
— Agora, quanto mais demorar mais tempo ficará aqui.
— Tem certeza do que está fazendo, Briana, afinal você é
diretora financeira, um cargo onde muitos querem chegar.
— Tenho certeza absoluta. Agora não perca o meu tempo e
nem o seu.
Como ela vê que não vai me fazer mudar de ideia, inicia meu
processo de demissão, me fazendo assinar muitos papéis.
Quase uma hora depois ela termina tudo.
— Prontinho, seu desligamento da empresa foi concluído.
você não é mais uma funcionária do grupo Thompson e todas as
suas credenciais agora foram retiradas do sistema. Não terá mais
acesso a nada.
Talvez ela esteja pensando que ficarei triste ao mencionar
isso e volte atrás da decisão que tomei, mas não farei.
Estou chateada, é claro, mas cansei de tudo isso, quero viver
em paz, longe desse mercado empresarial que praticamente suga a
alma da gente.
— Obrigada, nos vemos por aí. — Me despeço dela e vou até
a minha sala para pegar os meus pertences.
Quando chego, vejo que, infelizmente, a minha secretária não
está mais em sua mesa.
Queria poder me despedir dela.
Recolho tudo o que é meu da sala e coloco dentro de uma
caixa.
Olho ao redor da sala e suspiro.
Estudei tanto para chegar aqui e agora vou sair desse jeito,
mas nem tudo é como a gente quer.
Saio fechando a porta da sala, sem olhar para trás, deixando
o grupo Thompson.
Agora tenho algo mais importante para resolver, o meu
divórcio ou a anulação do meu casamento, e isso quem vai me
ajudar será a Duda.
Chamo um táxi e durante o caminho até o meu apartamento,
ligo o meu celular que tinha deixando desligado.
Uma explosão de mensagens e ligações não atendidas
aparecem na tela.
Ligações da minha mãe e dos meus padrinhos.
Ignoro todas, pois o que preciso agora é falar com a Duda,
então, por isso ela é a primeira pessoa para quem ligo e ela logo
atende, parece até que estava com o celular na mão, esperando por
uma ligação minha.
— Puta que pariu, Briana! Você se casou na igreja do Elvis!
É claro que isso seria a primeira coisa que ela iria perguntar.
— Parece que sim.
— Parece que sim!? Você está em tudo quanto é notícia.
Você se casou com ele, com o demônio, sua mãe está louca atrás
de você. Ela disse que você não atende o celular e não retornou as
ligações dela.
— Não estou atendendo ninguém no momento.
— Porra, Briana, como isso aconteceu?
— Advinha?
Ela sorri.
— Eu não acredito que você bebeu todas com o Denner e sob
o efeito do álcool acharam que era uma boa ideia se casarem. Porra,
Briana, isso é coisa de filme.
— Não é não. Depois de uma briga e em meio a um jogo de
poker ficamos bêbados e nos casamos e o pior é que nem eu e
muito menos ele se lembra de nada.
— Meu Deus, deixo você sozinha por um dia e faz uma merda
dessas? E agora o que pretende fazer?
— Me divorciar, anular o casamento, eu não sei, Eduarda o
fazer e como fazer isso. Quem vai me explicar será você.
Ela fica muda do outro lado da linha.
— Onde você está agora? Isso é muito sério, Briana, se
casou com Denner Thompson, o Oliver vai arrancar a pele de vocês
dois.
Só em escutar o nome do meu padrinho fico arrepiada de
medo.
— Estou indo para o meu apartamento.
— Você não deveria estar em Las Vegas?
— Deveria, mas não estou.
— Pelo amor de Deus, isso fica pior a cada minuto que passa.
Eu te encontro no seu apartamento e assim você me conta e todo o
rolo de vocês dois.
— Tudo bem, te espero.
— Até mais.
Desligo a ligação e olho no visor a quantidade de notificações
que tem nele. Entre uma delas tem mensagens do Denner que não
vou abrir e nem responder.
Duda é advogada e vai me ajudar a sair dessa.
CAPÍTULO 34
BRIANA MORRIS
Ao chegar ao meu prédio a primeira pessoa que encontro no
meu caminho é Jonas.
Ele me olha de um jeito que me deixa desconfortável, como
se ele estivesse esperando alguma explicação que não tenho a
obrigação de dar.
Para mim, ele nunca passou de amigo, mesmo sabendo que,
no fundo, ele sente algo a mais por mim.
Mas sempre ficou nisso, apenas suposições, nada confirmado
por ele.
— Briana, me diga que é mentira tudo o que estão falando?
Me diga, por favor — ele fala pegando a minha mala, me puxando
pela mão até uma pequena sala que tem ao lado do elevador.
— Jonas, o que pensa que está fazendo? — pergunto assim
que ele fecha a porta.
— Quero que me fale a verdade. — Ele parece estar triste e
frustrado, esperando uma resposta.
— É verdade, eu me casei. Tudo o que está sendo dito na
mídia é a mais pura verdade.
Me encarando estranhamente, ele se senta em uma cadeira
que tem próximo a ele.
— Você está casada, se casou com o seu chefe — ele fala
como se fosse mais para ele do que para mim.
— Jonas, é uma longa história que não estou disposta a
contar agora.
— Você o ama? Se casou por amor, Briana?
Agora sou eu quem me sento e respiro fundo, cansada de
tudo isso.
— Estava bêbada e não fazia ideia do que estava fazendo,
então não, Jonas, eu não amo o meu marido. — Acabo sorrindo sem
querer quando pronuncio a última parte. — Meu marido, não tem a
mínima possibilidade de ficar casada com ele.
— Então você não o ama?
— Não, e sei que gosta de mim, mas também não estou à
procura de nenhum relacionamento no momento. A minha vida está
virada de cabeça para baixo e confusa demais para me envolver
com alguém.
— Eu entendo, mas só de saber que não tem nada com
aquele cara, fico aliviado. Não gostei dele desde a primeira vez que
o vi com você em seus braços. A sensação de que ele passou era
que você pertencia a ele, como se fosse um objeto e não te vejo
assim, Briana. Tenho sentimentos por você, admito que tenho, mas
jamais te trataria como um objeto.
— Eu não estou com cabeça para esse tipo de conversa
agora, Jonas, sinto muito. Eu preciso ir, estou esperando pela
Eduarda — falo me levantando e ele faz o mesmo.
— Eu te ajudo com a mala.
— Não precisa, mas obrigada assim mesmo.
Ele se aproxima e me abraça.
— Se precisar de mim, sabe onde me encontrar.
— É claro que sei.
Saímos da sala e vou direto para o elevador.
Ele volta para a portaria e não vejo o senhor João por perto.
Chegando no meu apartamento, me jogo no sofá e largo a
mala praticamente no meio da sala. Suspiro cansada, tiro os sapatos
e o casaco que uso, jogando tudo pelo chão.
Eu me deito no sofá, mas a minha paz não dura muito já que
a campainha toca e sei que é a Duda chegando.
— BRIANA, SOU EU, ESQUECI A MINHA CHAVE — ela grita
do lado de fora batendo à porta, com pressa para entrar.
— Já vai, sua desesperada.
— Abre logo.
Bufando vou até à porta e a abro.
— Morreu em esperar uns segundos, morreu?
Ela mesma fecha a porta e volto a me deitar no sofá.
— Seu celular está tocando.
Eu acabo sorrindo.
— Ele não para de tocar, nunca recebeu tantas ligações como
agora. Pobre coitado.
— Mas é a sua mãe ligando.
— Deixa minha mãe ligar, ela vai fazer perguntas que não
quero responder no momento.
— Mas em algum momento terá que responder, não só para
ela como também para os seus padrinhos, para o seu tio e para o
mundo, Briana. Aliás, o seu tio deve estar puto de raiva.
Aí, caramba, tinha esquecido do meu tio. Esse sim, vai ser
difícil dobrar.
— O meu tio vai me matar — falo colocando as mãos no
rosto.
— Não, Briana, ele vai matar primeiro o Denner, só depois ele
vai matar você.
Arregalo os olhos me dando conta que a merda é muito maior
do que imaginava.
— Aí, meu Deus, faço uma promessa, faço uma de que se
tudo isso se resolver, nunca mais vou beber na vida. A primeira vez
que me dou ao luxo de encher a cara, acordo não só com uma
ressaca da porra, mas também casada. Tenho medo do que pode
acontecer se eu beber de novo.
Eduarda sorri de mim.
— Debocha vai, amiga sem coração.
— É, minha amiga, você não só está casada, como também é
oficialmente a nova senhora Thompson — ela fala com muita
certeza, uma certeza de que até parece que nunca irei conseguir
esse divórcio, ou a anulação dessa minha noitada regada a bebidas,
jogos e de bônus o príncipe do petróleo, que por sinal é gostoso o
homem.
— Maria Eduarda...
— Não sou eu quem estou falando, é a mídia, olha. — Ela me
entrega o celular, mas eu rejeito, pois, já imagino tudo o que está
escrito.
— Duda, o que eu faço? Preciso da sua ajuda.
— Sabe que pode contar comigo sempre, sou sua amiga.
— Preciso da sua ajuda como advogada.
Ela me encara por alguns segundos e depois cai na
gargalhada, como se eu estivesse falando alguma piada muito
engraçada.
— Aí, Briana, você é tão engraçada — ela fala voltando ao
normal.
— Não estou brincando, quero que seja a minha advogada.
Ela para de sorrir de vez.
— Está falando sério.
— É claro que estou falando sério, Duda. Não quero ficar
casada com o Denner de jeito nenhum. Você não tem noção as
humilhações e xingamentos que escutei dele depois que ele viu a
notícia na internet? Ele me acusou de ter armado isso tudo,
Eduarda, me chamando de puta, de vagabunda. Ele realmente
achava que eu era amante do Oliver, o que não tem cabimento
nenhum. Eu amo os meus padrinhos e amo o Oliver porque ele foi o
pai que nunca tive na vida.
— Me conta essa história direito, porque não estou
acreditando.
Respirando fundo conto toda a merda que está sendo a
minha vida desde que entrei no grupo Thompson até o dia de hoje.
Ela escuta atentamente cada palavra que eu falo e fica mais puta de
raiva quando sabe que tive coragem de me entregar para o Denner
depois de tudo o que eu passei.
Mas, pelo menos, pude provar a ele que não era nada daquilo
ele que pensava a meu respeito e nunca vou perdoá-lo pelo que
disse a mim.
— Caramba, Briana, isso é uma loucura muito grande. Por
que não falou com o Oliver, ou com a sua madrinha? Por que não
conversou com a sua mãe? Eles são a sua família e já tinha falado
isso para você quando aconteceu aquilo na boate ou no dia que
chegou na chuva em casa.
— Como eu te disse, sou uma mulher adulta, Duda, e tenho
que aprender a resolver os meus problemas, sozinha, e não correr
aos meus padrinhos e minha mãe como eu sempre fiz. Eu nunca
pude viver porque eles não deixavam. Agora eu sou livre para fazer
o que acho que é certo. Eu queria poder resolver isso tudo, sozinha.
— Queria resolver sozinha, mas amanheceu hoje casada com
o homem que te humilha e xinga de tudo o que não presta. Você é
tão inteligente, Briana, mas, sinceramente, eu não...
— Por favor, Eduarda, não comece. Eu sou um gênio que a
minha mãe insistiu para que o meu padrinho escondesse do mundo.
Sou um gênio que terminou a faculdade muito mais cedo do que
deveria, sendo chamada de...
— Eu sei, Briana, eu sei tudo o que passou.
— Eu achei que fosse morrer. Acho que preferiria ter morrido
naquele acidente, assim teria me poupado muitos sofrimentos.
— Não fale besteiras e vamos para de falar nisso. Vamos falar
do que interessa. O que pretende fazer?
Respiro fundo.
— Quero me divorciar ou anular o casamento, eu não sei,
Duda. Isso é você que vai me falar.
— Tem a certidão de casamento aí?
Pego o documento na minha bolsa e entrego a ela que lê tudo
atentamente.
— É verdadeira. Está realmente casada, senhora Thompson.
— Para, Eduarda!
— Vou fazer o que eu puder para te ajudar, mas...
— Mas o quê? — pergunto aflita.
Eduarda não é mulher ou uma profissional de dizer o “mas”.
— Se eu entrar com o pedido de anulação do casamento,
Denner também terá que concordar e assinar. Se eu entrar com um
pedido de divórcio, ele também tem que concordar e assinar, então,
vai ter que conversar com ele.
Eu me jogo novamente no sofá.
— Você é a minha advogada agora, pode fazer isso por mim
e conversar com ele. Tudo o que tenho que fazer é assinar e ele
também. Não acredito que ele vá dar trabalho para isso, ele tem
pavor de casamento, já escutei meus padrinhos conversando sobre
isso.
— Se você está dizendo... Será muito mais fácil se ele
concordar, porque se ele não concordar, Briana, aí sim, você terá
problemas e muitos.
— Ele vai concordar, tenho certeza de que vai… — Paro de
falar com o meu celular tocando em cima da mesinha.
— É o seu padrinho ligando agora.
— Eles não desistem de ligar.
— Claro que não, Briana, é a sua família. Vai ter que falar
com eles, encarar a sua realidade e, no momento, você agora é a
afilhada deles e a nora.
A ligação caí, mas logo chega uma mensagem do meu
padrinho e pela notificação, leio.
“Se casou na porra da igreja do Elvis e pediu demissão
do grupo Thompson!?
Briana Morris, você tem duas horas para aparecer na
minha frente ou eu vou atrás de você.”
Ai, caramba, agora eu me dei mal, muito mal.
— Porra, vou cair nas mãos do meu padrinho primeiro que o
Denner.
Eduarda sorri, achando engraçado toda a minha proeza
matrimonial.
— E vou ser a advogada que vou encarar o diabo filho para
formalizar o seu divórcio. Muito obrigada, Briana, você é uma
excelente amiga.
Eu jogo o celular na mesa de novo.
— Escutei coisas horríveis dele, Duda. Eu nunca fui amante
de ninguém e repeti isso diversas vezes, mas ele nunca acreditou
em mim.
“No final, conseguiu o que queria, me humilhar e ainda me fez
abrir mão do grupo Thompson, me chamando com todas as letras de
interesseira.
“Eu nunca vou perdoá-lo por isso.
“Quero me livrar disso tudo e não vou mais me envolver no
mercado empresarial.
“Tudo o que quero agora é um emprego comum e viver em
paz.
“Preciso de paz, Eduarda.
“Quero poder viver as experiências que as pessoas da minha
idade vivem.
“Passei a minha vida inteira estudando, sendo treinada para
viver uma vida que nem mesmo sei se eu queria. Pulei todas as
fases e olha onde isso me levou.
“A nada.
“Agora, vou viver do jeito que quero e nem a minha mãe e
nem os meus padrinhos me impedirão de fazer e viver isso.”
Continua...
SINOPSE
Após uma noite de bebedeira e muita jogatina, um casamento
é realizado, juntando Briana e Denner
Amor e ódio, segundo eles, a combinação perfeita para o
casamento dar certo.
Briana se entrega a Denner para provar que nunca foi o que
ele insistia em dizer que ela era. Já Denner percebe que esteve
errado em seus julgamentos durante o pouco tempo de convivência
que tiveram.
Agora casados, ela quer a anulação a qualquer custo, já ele
que tê-la para si de qualquer jeito, por isso não irá facilitar as coisas
para ela.
Briana quer viver, Denner quer se redimir.
Segredos serão revelados e um pedido de perdão deverá ser
feito.
Porém, Briana está machucada e decidida a recomeçar sua
vida longe das amarras que foram impostas a ela.
O mundo não a conhecia, mas do dia para a noite Briana
virou a esposa do príncipe do petróleo, um homem poderoso e
temido.
CAPÍTULO 1
BRUNA THOMPSON
Mais um jantar chato, em que fui obrigada a participar ao
lado do meu marido.
Durante todos esses anos que estamos juntos, sempre
brinquei com ele dizendo que participar desses eventos era a maior
prova de amor que dava a ele.
E é claro que ele se divertia com isso.
— Você me provocou a noite toda com a porra deste vestido,
senhora Thompson, já sabe o que irá acontecer, não é?
Chego a ficar arrepiada com a promessa implícita em suas
palavras.
— Vou ser castigada? — Tento conter a empolgação na voz,
mas não dá.
Meu marido dá risada.
— Você gosta, não é, sua safada, de ser castigada?
— Eu também gosto de castigar.
Ele gargalha alto.
— Hoje, estou a fim de algo mais calmo, mas não menos
intenso.
Grito quando ele me pega no colo, de repente.
Os anos parecerem não passar para o Oliver que continua
sendo aquele homem forte que me pegava sem esforço nenhum,
como se eu não pesasse uma grama.
Acabamos de chegar na nossa casa, agora vazia. Nossos
filhos já não moram mais conosco, o que me deixa triste.
Minha filha mora em Nova York e meu Denner parece que
ultimamente está evitando o lugar onde cresceu.
Estou me sentindo abandonada pelo meu filho que nem
mesmo se dá mais ao trabalho de me ligar.
— O que está se passando por essa sua cabecinha? — Oliver
pergunta enquanto sobe a escada, me carregando em seu colo.
— Denner! Está acontecendo alguma coisa com ele. Não
percebeu que ele tem evitado a família? Até mesmo Callie que está
em Nova York tem mais contato com a família do que ele
ultimamente.
Meu marido respira fundo.
— Eu também já percebi isso, querida. Quando ele voltar de
Las Vegas vou chamá-lo e vamos conversar com ele. Criamos nosso
menino bem, meu amor. Você foi uma excelente mãe e deu aos
nossos filhos todo o amor do mundo. Ele deve estar tendo muito
trabalho, agora que é o CEO da Oil Company. Deve lembrar muito
bem como eu era quando estava à frente de tudo.
— Eu fico imaginando quando ele assumir o grupo Thompson
como é que vai ser. Denner é viciado em trabalho assim como você.
Ele ri e me beija abrindo a porta do nosso quarto.
— Falamos sobre o Denner depois. Esse seu vestido é uma
provocação do caralho, muito grande para o meu juízo de marido
apaixonado.
Oliver me coloca no chão e antes que tenha a genial ideia de
partir meu lindo vestido ao meio, o tiro, revelando que estou sem
sutiã esse tempo todo.
Sempre me cuidei muito bem depois que tive os meus filhos e
não foi muito fácil manter o corpo que tenho hoje.
— Você é uma provocadora nata, mulher. Sem sutiã? É por
isso que aqueles filhos da puta não tiravam os olhos de você.
Eu acabo sorrindo.
— Que exagero, Oliver, não dava nem mesmo para perceber,
tanto que você mesmo não percebeu. — Acabo suspirando quando
sinto sua língua em meu pescoço.
— Cheirosa e gostosa do jeitinho que gosto.
Oliver me coloca na cama com bastante cuidado e se deita
sobre mim, me dando beijos de tirar o fôlego, do jeito que só ele
sabe fazer.
Meu marido logo desce na direção de um dos meus seios,
chupando e mordendo com muito desejo, fazendo a mesma coisa no
outro. Vai descendo a língua pela minha barriga, fazendo um
caminho molhado até chegar onde ele mais quer, o seu paraíso
particular, como ele mesmo fala.
Sem cerimônia alguma, chupa com força a minha intimidade,
brincando com o meu clitóris enquanto enfia e tira a língua, em
movimentos repetitivos, lascivos, luxuriosos que me deixam
alucinada, o que é suficiente para sentir cada parte do meu corpo
pegar fogo.
O calor, arrepios e espasmos me levam a gozar com o sexo
oral maravilhoso que estou recebendo.
A minha vida é assim, desde que nos casamos.
Oliver é um marido apaixonado que sempre faz tudo o que
quero.
Posso dizer com toda certeza que valeu a pena passar o que
passei para ficar com ele.
Confesso que passaria por tudo de novo por esse amor.
Ele se levanta me encarando e tira a camisa social branca de
mangas compridas.
O terno eu nem mesmo sei onde foi parar.
Quando a retira, meus olhos vão direto na perfeição que está
aqui e é todinha minha.
Oliver é todo meu.
Ele ainda é bem forte apesar da idade e isso está evidente
nos músculos bem definidos que possui.
V que desce do abdômen até o cós da calça e a ereção
dentro da calça é visível, mostrando o que enfrentarei em seguida.
Passo a língua nos lábios com desejo, no mesmo momento,
em que apoio os cotovelos na cama para ter um ângulo de visão
melhor do corpo do meu homem.
Eu não me cansarei nunca disso, não importa quantos anos
passem.
Ele tira o cinto e abaixa a calça junto com a cueca boxer.
Tudo sem tirar os olhos dos meus, vendo a minha reação.
Jogo a cabeça para trás quando vejo o tamanho e a grossura
do seu membro.
Eu ainda consigo me surpreender, pois, o homem é grande
em tudo.
— Isso tudo aqui é culpa desse seu maldito vestido que
nunca mais na sua vida vai usá-lo. Estava difícil me controlar na
frente daquela gente, porque tudo o que queria era foder a minha
esposa.
Mordo os lábios em resposta a sua fala.
— Culpada, meu senhor.
Admito que as vezes uso vestidos como o de hoje apenas
para provocá-lo e me atrasava o máximo que conseguia para que
ele não tivesse tempo de me mandar trocar de roupa, como foi o
caso de hoje.
— Sua safada! Eu vou te foder essa noite até que implore
para que eu pare.
Ele vem para cima de mim e me penetra.
Quando está completamente dentro de mim, nossos olhos
ficam fixos por alguns segundos, parece que estamos entregando as
nossas almas um para o outro.
É sempre assim que acontece, nos pertencemos, somos um
só.
E esse é o começo de uma noite de puro prazer e muitos
orgasmos.
Ele faz questão de me deixar satisfeita e exausta.
Fizemos algumas posições na hora da transa, mais do que
poderia imaginar para essa noite.
Quando ele me pede para ficar de quatro e puxa meu cabelo
metendo com força e rápido, o último orgasmo da noite chega.
Meu corpo já não aguenta mais e ele percebe.
— Implora. — Coloca as minhas costas em seu dele,
apertando meu pescoço com força. — Falei, que ia foder você a
noite toda até implorar.
— E se eu não implorar?
Morde meu pescoço de baixo pra cima até chegar à minha
orelha, dando uma risadinha sonora.
— Eu cumpro todas as minhas ameaças, meu amor, sabe
disso. Vou continuar a noite toda assim, seus gemidos me deixam
louco e fico com mais vontade de trepar com você.
Adoro quando ele fala de uma forma bruta comigo, me deixa
excitada, tanto que chega a escorrer minha excitação pelas pernas,
sem ao menos ter sido ainda tocada por ele.
— Por favor — sussurro, envergonhada por ele ter
conseguido.
— Por favor, o quê, amor?
Ele solta o meu cabelo e me deito de barriga para cima,
olhando para o homem perfeito depois de acabar comigo de tanto
prazer que me deu.
— Eu imploro, não aguento mais.
O sorriso de vitória que ele dá, me deixa muito puta da vida.
— Boa garota.
Vem com o corpo em cima do meu, sem delicadeza alguma e
me penetrou em movimentos fortes e rápidos.
Em pouco tempo, goza urrando como um animal feroz.
O som ecoa por todo o quarto.
Logo em seguida, joga o corpo ao meu lado e me puxa para
deitar em cima do seu peito.
— Ainda bem que você desistiu, eu não ia aguentar mais por
muito tempo. — Sorri descaradamente, com ar de vitória.
Que filho da mãe trapaceiro!
***
Acordo pela manhã com o barulho insistente do celular de
Oliver tocando na mesinha de cabeceira.
Será que o mundo está pegando fogo, ou o grupo Thompson
está indo à falência para que liguem desse jeito tão cedo da manhã?
— Oliver, amor, vou jogar o seu celular pela janela — falo, o
empurrando.
— Quem diabos está me ligando essa hora?
— Eu não sei, mas a sua vida depende de atender ou desligar
esse celular.
Ele solta um palavrão e se levanta para pegar o aparelho.
— Vou atender, pode ser o Denner ligando de Las Vegas.
Fecho os olhos para tentar dormir de novo, mas sou
completamente desperta com o grito que o Oliver dá.
— EU VOU MATAR O SEU FILHO, BRUNA!
Eu me sento na cama de uma vez, olhando para ele.
Para o Oliver estar falando desse jeito do filho que ele ama
mais que tudo nesse mundo, meu menino deve ter feito uma coisa
muito grave.
— Oliver, o que ele fez?
A resposta dele é jogar o celular na minha direção e quando
leio a notícia que está na tela, meu coração acelera.
— Eu vou matar o seu filho, Oliver. Como assim ele se casou
na igreja do Elvis em Las Vegas?
— Bruna, amor, acorda direito. Olha com quem ele se casou.
Agora sim, eu vejo o nome da Briana.
— Puta que pariu! Denner e Briana se casaram na igreja do
Elvis em Las Vegas. — Eu fico sem acreditar no que leio.
— Eu mandei aqueles dois irem fechar esse negócio, juntos,
para que se acertassem. Pelo que Briana comentou naquele dia na
empresa, eles não se davam bem e já ouvi rumores de que o
Denner pega pesado com ela. Acertei tudo para que ficassem até
mesmo juntos na Grand Lakeview Suíte e tivessem a oportunidade
de conversarem e se acertarem.
Olho para o meu marido e sua mente diabólica sem acreditar.
— Parece que eles se acertaram mesmo, até se casaram.
— Olha para a cara do Denner, Bruna, agora, olha a Briana.
Estão bêbados, disso eu não tenho dúvidas. Encheram a cara em
Las Vesgas e se casaram. Agora o mundo todo sabe disso.
Oliver está possesso de raiva, mas em meio a situação
começo a rir.
— Você está rindo? Rindo, Bruna?
— Temos uma nora e melhor ainda, a nossa nora é a nossa
menina, nossa afilhada. Não existe mulher melhor para o Denner do
que a Briana.
Oliver me encara por alguns segundos.
— Você mesmo fala que o Denner é igualzinho a mim, Bruna,
tenho medo do que ele possa a vir fazer com a Briana. Ela é
diferente, aguenta tudo sozinha, não fala nada e vai até o limite dela,
mas quando explode é uma força da natureza. Ela é um gênio, mas
não tem muitas experiências de vida.
— E a culpa disso é nossa que concordamos com a loucura
da mãe dela de esconder a menina do mundo. Briana deveria ter
tido todas as experiências que nossos filhos tiveram.
— É a mãe dela, Bruna, fizemos o que tinha que ser feito e
apoiamos. Briana hoje está bem e vamos ajudá-la e orientá-la como
sempre fizemos todos esses anos. Agora ligue para a Callie, está na
hora dela voltar para casa. Vou ligar para o seu filho e falarei com
ele, isso se ele atender o telefone.
Oliver pega o celular da minha mão.
— Oliver!
Ele me olha e nem preciso falar nada para que ele saiba o
que quero saber.
— Está na hora de passar a coroa de rei, Bruna, e o seu título
de rainha acabou hoje.
NOTA DE AGRADECIMENTO
De início quero expressar minha gratidão a Deus, pois, vem
DELE a minha força e capacidade para a escrita.
Eu me sinto privilegiada e toda honra e toda gloria sempre a
Ele!
Agradeço também a minha Família, meus filhos e meu esposo
que são a base da minha estrutura.
Agora chegou a vez de vocês, minha segunda família, as
Lindaétes, como algumas leitoras se intitulam.
Vocês são a minha maior motivação.
Gratidão é a palavra que define meu sentimento por meus
leitores.
Obrigada por cada comentário de incentivo, carinho e
entusiasmo, sempre digo que tenho os melhores leitores do mundo,
porque sem vocês nada disso teria sido possível. Moram no meu
coração.
Amo a interação de vocês e estou sempre aberta a ideias e
críticas construtivas, e espero de coração que tenham gostado de
mais esse conto.
Meu objetivo é satisfazer cada leitor, proporcionando uma
leitura contagiante e agradável, saber que sou capaz de despertar
sensações e alegrias com a minha criatividade é arrebatador.
Isso é muito poderoso.
Eu me arrisco a dizer que o livro é um portal para o outro lado
do mundo.
Um cheiro no coração de cada um de vocês, me sigam no
insta @autora.linda.ev e me aguardem nos próximos livros.
Bora viajar juntos?