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Copyright © 2022 Linda Evangelista

Capa: VIC DESIGNER


Revisão: Leticia Tagliatelli

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,


lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova
Ortografia da Língua Portuguesa.
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estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184
do Código Penal.2018.
SINOPSE
Denner Thompson é considerado por todos como o príncipe
do petróleo. Herdeiro de um dos maiores impérios da sociedade, um
homem respeitado e temido por sua inteligência e facilidade em gerir
os negócios.
Briana Morris, uma linda e humilde mulher, que apesar de ter
vindo de uma linhagem onde todos dizem ser um tanto duvidosa,
cresce profissionalmente no mundo empresarial através da sua
competência e habilidade financeira.
Duas almas completamente diferentes se esbarram pelos
caminhos da vida no ambiente profissional, onde ele é o chefe e ela
a subordinada, apesar de não concordar com isso.
As intrigas e rivalidades os tornam de alguma maneira
próximos e um segredo do passado pode tornar essa rivalidade
ainda pior, onde pré-julgamentos podem ser feitos indevidamente.
No fim, Denner e Briana percebem que o ódio é um
sentimento tão intenso quanto o amor.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
SINOPSE
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
DENNER THOMPSON
Um dia fodido de merda, foi isso que eu tive hoje, afinal foram
reuniões e mais reuniões que me deixaram no limite.
Agora, tudo o que preciso fazer é ir relaxar no clube, mas não
é qualquer clube. É um clube de prazer para homens com gostos
peculiares como os meus.
Alguns anos atrás, me meti em algo desconhecido, algo que
antes, na minha cabeça, era coisa de livros e filmes românticos, mas
certamente estava enganado e me encantei por esse mundo, porque
era exatamente tudo o que eu precisava.
Não sou adepto a todos os níveis do BDSM, a única parte
dessa prática que me fascina é o de dominador, a obediência de
uma mulher que se denomina minha submissa.
Acho que tive a quem puxar, pois, meu pai também é um
amante dessa prática e encontrou em minha mãe a submissa
perfeita, o fazendo abrir mão de todas as outras.
Bruna Thompson é um furacão que manda em tudo e em
todos.
Eu nunca me preocupei com sentimentos amorosos, já que
meus envolvimentos são contratuais, onde não existe apego, o que
existe é confiança, entrega e prazer.
Quando o tempo previsto acaba, cada um segue seu
caminho.
Sei que meus contratos são renováveis, mas tanto eu quanto
minhas submissas, sabemos que temos um prazo de validade.
A única que passou do prazo foi a Marina, mas até o dela
está na hora de acabar.
Acho que demoramos tempo demais juntos.
Meus contratos são limpos e diretos, com cláusulas
esclarecedoras onde falam que a submissa fará tudo o que eu
quiser, sem reclamar ou questionar. Por isso, é necessário que
conheçam as regras.
Uma delas, inclusive, menciona o fato que o submisso pode
rescindir o contrato quando o seu senhor não estiver o satisfazendo,
como também menciona que o senhor poderá fazer o mesmo, caso
o submisso não esteja cumprindo com o que foi acordado.
Não me considero exatamente um Dom, mas adoro jogar e é
isso que me fascina.
O sadismo não me dá prazer, mas respeito quem o pratica.
Claro que aprecio umas palmadas, puxões de cabelo e até
mordidas.
Não gosto de ferir gravemente a submissa, ou de castigos
severos, o que gosto mesmo, nesse universo, é o fetiche de ter
alguém ao meu dispor, mandar e ser obedecido, uma mulher de
joelhos e cabeça baixa diante de mim.
Eu gosto de ter o controle de tudo na minha vida, por isso os
contratos, afinal não posso correr riscos desnecessários e nem de
perder tempo atrás de conquistas de uma noite.
Como herdeiro de uma verdadeira potência mundial no ramo
do petróleo todo cuidado é pouco.
Não sou um louco psicopata que se acha superior a ninguém.
Eu não sou assim.
Mas para dominar tem que ter a dominação no sangue, tem
que gostar e sentir que é algo da sua personalidade, que é seu.
É obvio que a mulher que entra nesse mundo tem que gostar
de se submeter, sentir prazer em qualquer tipo de submissão, mas,
por outro lado, é preciso saber separar o ser humano do
personagem.
“Estou esperando, meu senhor, assim como ordenou.”
A tela do meu celular brilha com uma mensagem de Marina.
Ela já está no clube, me esperando, pronta para realizar todos
os meus desejos.
“Chego em breve.”
É o que me limito a responder.
Não dou satisfação da minha vida a mulher nenhuma, exceto
a que me deu a vida.
Saio da Oil Company e vou direto para o clube.
Não demoro muito para chegar e assim que passo pelas
portas, vou direto para o quarto privado que tenho no local.
Aqui posso muitas coisas, já que o dinheiro meio que
comanda esse lugar e dinheiro é o que não me falta.
Quando abro a porta do quarto, logo vejo Marina deitada na
cama, completamente nua, do jeito que eu gosto, usando um plugue.
Mas hoje não estou com muita paciência e vou direto ao
ponto.
— Ajoelhe-se e me chupe.
Ela sorri e passa a língua pelos lábios, fazendo exatamente
como ordenei.
— Com muito prazer, meu senhor.
— Calada, só fale quando eu mandar.
Ela acena com a cabeça, abre o cinto da minha calça e a
desce junto com a cueca, passando logo em seguida a língua pela
cabeça do meu pau.
— Sem enrolação, Marina. — Seguro a mulher pelo cabelo
quando começa a me chupar gostoso, tanto que não tem como não
gemer.
Ela sabe muito bem como eu gosto que ela faça, eu mesmo a
ensinei.
— Isso... Fode o meu pau com a sua boca gostosa. —
Aumento o ritmo das estocadas na sua boca até ver lágrimas
escorrerem por seus olhos.
Lágrimas de prazer...
É disso que ela gosta, tanto que quando esporro a minha
porra na sua boca, a safada engole tudo, saboreando.
— Delicioso como sempre, meu senhor.
— Deite-se na cama e abra as pernas. Vou retribuir o
orgasmo que me deu. — Eu também gosto de dar prazer para as
mulheres que vão para cama comigo, desde que sejam obedientes.
— O meu senhor é muito generoso.
— Eu já falei para não abrir a boca.
Aqui começa a nossa noite, onde fodo a mulher em uma
sessão maravilhosa de dominação.
CAPÍTULO 2
BRIANA MORRIS
Mãos tremendo, aceleração dos batimentos cardíacos e um
leve zumbido no ouvido, tudo isso por causa da reunião que vou
participar daqui alguns minutos.
Um mês atrás, era apenas a assistente financeira de uma filial
do grupo Thompson, responsável pela Oil Company, a maior
empresa de distribuição de petróleo do mundo, mas, hoje, sou a
diretora financeira, assumindo o cargo que sempre sonhei.
Estudei e batalhei muito para chegar aonde estou.
Sou formada em contabilidade com ênfase em gestão
financeira, mas só agora consegui vir para a sede da empresa e
esse é um dos motivos do meu nervosismo.
— Senhorita Morris, o senhor Thompson a aguarda na sala
de reuniões — minha nova secretária fala, aparecendo na porta.
— Já estou indo, um minuto, por favor.
Esse senhor Thompson eu conheço, mas ele não me
conhece e estou apreensiva com esse encontro.
Porém, toda a diretoria vai estar junto, então não tenho nada
a temer.
Pego tudo o que preciso em cima da mesa, todos os
documentos e saio em direção à sala de reuniões. A minha
secretária vai na frente e quando ela abre a porta para que eu entre,
vejo a sala totalmente vazia, onde apenas Denner Thompson se faz
presente.
— Onde está a diretoria? — pergunto assim que entro.
— Sua reunião é comigo, senhorita. Estou curioso para saber
o motivo do meu pai promover uma criança a diretora financeira da
minha empresa, sem me comunicar antes.
Não sei explicar o motivo, mas o tom que ele usa comigo não
me agrada.
— Acho que se a empresa fosse realmente sua, seria o
senhor a me promover e não o seu pai, então...
— Insolente! Isso vai ser interessante — ele fala me
interrompendo, fazendo sinal para a minha secretária que se retira
da sala.
— Senhor Thompson, estou aqui apenas para fazer o meu
trabalho. Passei os últimos meses na filial da empresa e agora,
depois da promoção, vim para a sede.
— Demorou um mês para vir para sede, por quê?
A minha vontade é de responder que não é da conta dele,
mas eu o conheço bem, o suficiente para saber que ele não aceitaria
essa resposta.
— Estava organizando a minha mudança, assuntos pessoais.
— Sento na cadeira vazia a direita dele e abro as pastas de
documentos, pronta para responder seja lá o que for que ele me
pergunte.
— Diretora financeira? Isso só pode ser uma piada de muito
mau gosto do meu pai. Mas vamos lá, me mostre os balancetes da
empresa do último ano.
Eu me controlo porque preciso do emprego, mas me pedir os
balancetes do último ano é querer testar o meu limite.
— Os balancetes são apresentados trimestralmente ao
senhor, então já deve saber que os números são todos positivos. Os
balancetes que tenho aqui são do último trimestre.
“Tivemos apenas um pequeno susto um mês atrás quando as
ações caíram um pouco, mas logo recuperamos.
“Porém, isso é de conhecimento do senhor, uma vez que foi o
responsável e fez a empresa perder uns bons milhões de dólares, o
que me deu uma grande dor de cabeça.
“Já que resolveu fazer merda logo no meu primeiro dia e para
variar eu não estava aqui, na sede, então tive que resolver tudo da
filial.
“Então, senhor Thompson, quando quiser transar e ir curtir a
noite com os seus amigos riquinhos, sugiro que seja mais discreto.
Siga o exemplo da sua irmã que sabe se comportar.
“A sua imagem afeta diretamente a imagem da empresa,
ainda mais já sendo o CEO, decisão essa que eu achei precipitada.
“Mas já que Oliver decidiu, eu não pude fazer nada...”
Paro de falar quando ele bate a mão com força na mesa, me
assustando.
— Você perdeu a noção das coisas? E ainda tem a coragem
de chamar o meu pai pelo primeiro nome? Qual é o seu
relacionamento com ele?
Dessa vez, eu me levanto e o encaro.
— Você é o CEO da empresa, mas ainda não é o dono da
porra toda. Faça o seu trabalho direito que eu faço o meu.
“Não se meta na minha vida que eu não me meto na sua.
“Saiba que não vou tolerar esse tipo de insinuação, coisa que
o senhor está fazendo desde que me viu passar por aquela porta.
“Diferente do senhor, eu não nasci herdeira, tive que estudar
e muito para chegar até aqui.
“Hoje, ocupo o terceiro cargo mais importante da Oil
Company, não vai querer me ter contra o senhor.”
Ele se levanta também e me encara.
— Eu não gosto de você e se está ocupando o terceiro cargo
mais importante da Oil Company é porque o meu pai não me deu
escolha.
“Não vai ficar muito tempo por aqui, eu já providenciei alguém
à altura para ocupar o seu lugar.
“Agora se retire e me prepare o balancete detalhado do último
ano.”
Quando me falaram que seria difícil estar aqui com ele, não
imaginei que seria tanto.
Esse idiota vai ter que me engolir, assim como eu vou ter que
engolir a sua presença, ou não me chamo Briana Morris.
— Diga para a pessoa que o senhor quer que ocupe o meu
lugar que espere sentada, pois pode se cansar se esperar em pé.
“Vou preparar o seu balancete.
“Realmente iniciantes precisam de dados detalhados para
entender como funcionam os negócios e a propósito, eu também
não gosto do senhor.”
Recolho minhas pastas e saio da sala sem olhar para trás.
Meu Deus, acabei de chamar Denner Thompson de iniciante.
Esse homem chega a ser pior do que o Oliver, é um tubarão
no mundo dos negócios.
Um tubarão que pode me devorar se eu não tiver cuidado.
CAPÍTULO 3
BRIANA MORRIS
Aquele infeliz quer apenas complicar a minha vida e me
fazer falhar no meu trabalho, mas ele não vai conseguir o que
deseja.
Se ele quer um balancete anual detalhado, terá o balancete
dele, mas vai ser do meu jeito. Vou apenas juntar todos os
documentos e mandar entregar na sala dele em uma pasta bem-
organizada.
Eu não tenho tempo para perder com isso, tenho que elaborar
um gerenciamento de risco e um planejamento da estratégia
financeira que o Oliver me mandou preparar.
Ele quer fazer um investimento e não pode correr riscos
desnecessários.
Oliver nunca investe seu dinheiro em algo que ele não
acredita, e assegurar que ele não perderá o dinheiro investido é o
meu trabalho, minha responsabilidade.
Ainda mais se isso envolver o nome da Oil Company.
Oliver Thompson e eu temos uma longa história. Ele confia o
suficiente em mim e isso me deixa mais do que feliz e satisfeita.
Nunca farei nada para decepcioná-lo.
Devo tudo o que sou a este homem, e o filhinho dele vai ter
que me engolir quer queira ou não.
Denner Thompson pode ser até bom no que ele faz, mas eu
também sou excelente no meu trabalho, o pai dele garantiu que eu
fosse assim.
— Senhorita Morris, estou de saída para o almoço — minha
secretária fala entrando em minha sala e então olho as horas no
relógio.
— Nossa, perdi a noção do tempo. Já estou indo também,
mas, antes de sair entregue isso na sala do senhor Thompson, por
favor. É o relatório anual detalhado que ele solicitou.
Ela me olha como se não acreditasse no que acabei de falar.
— Mas já? A senhorita já terminou tudo? — Ela parece estar
surpresa.
Um relatório desse levaria dias para ser feito, mas como eu
sei que Denner Thompson está fazendo isso para me provocar, não
vou perder o meu precioso tempo.
Ele nem mesmo vai se dar o trabalho de olhar para esses
documentos.
— Está pronto! Apenas entregue no escritório do CEO e pode
ir para o seu almoço. Temos muito trabalho a fazer no período da
tarde.
— Tudo bem então. — Ela entra na sala, pega a pasta e sai
logo em seguida.
Organizo a minha mesa chateada por ter perdido uma manhã
inteira de trabalho, mas nem adianta reclamar, fazer isso não fará o
tempo voltar, então pego a minha bolsa, aliso a saia ajustando ao
corpo, respiro fundo e sigo para o meu almoço.
Estou parada, em frente ao elevador do andar da presidência,
já que a minha sala também fica nesse andar. Quando vou apertar o
botão para chamar o elevador, meu celular toca na minha bolsa e
quando o pego abro um sorriso ao ver quem está me ligando.
— Oliver! — Atendo feliz em estar recebendo sua ligação,
afinal escutar sua voz sempre me deixa muito animada.
— Como está sendo o seu primeiro dia, querida? — Acabo
suspirando, me lembrando do que aconteceu mais cedo.
— Não me disse que o seu filho era tão idiota, narcisista. Um
completo insuportável.
Ele solta uma gargalhada gostosa de se escutar.
— Oliver! — falo demonstrando estar chateada com o que ele
faz.
— Me desculpe, querida. Mas me diga o que houve para estar
desse jeito. O que o Denner fez para te deixar assim?
— Ele não me quer aqui, Oliver, foi isso que aconteceu. Ele
disse com todas as letras que já têm alguém em mente que é muito
mais capacitado para colocar em meu lugar. Ele não facilitará as
coisas para mim, aqui, eu sinto isso.
Ele respira fundo.
— Vou conversar com ele sobre isso.
— Não, não faça isso, por favor. Ele vai saber que eu te falei
e as coisas podem ficar muito piores. Ele nem me conhece e já
deixou bem claro que não gosta de mim. Talvez me ache nova
demais para ocupar um cargo tão importante e ainda por cima sou
uma mulher.
— Você é um gênio. E o meu filho jamais a desmereceria por
ser uma mulher. Apenas tente ser mais sociável.
— Eu sou um gênio com números, Oliver, números. E não me
mande ser mais sociável, vivo muito bem a minha maneira. Eu só
preciso de você. Seu filho que é um idiota.
— Me diga de uma vez por todas o que ele te fez?
— Me fez perder tempo, pediu para que eu fizesse um
balancete detalhado do último ano, acredita nisso?
“Ele não teve nem criatividade o suficiente para me mandar
fazer uma coisa que realmente me desse trabalho.
“Eu apenas juntei tudo em uma pasta e mandei entregar na
sala dele. Não tenho tempo para infantilidades, Oliver. Preciso
elaborar o gerenciamento de risco e o planejamento de estratégia
financeira que me pediu.
“Esse é o meu trabalho, analisar os riscos para que você não
faça investimentos errados e não ficar perdendo tempo com as
birras do seu filho.
“Avisei a você que era imprudente torná-lo CEO agora,
deveria tê-lo deixado apenas como presidente da sede e nada além
disso.”
Falo tudo de uma vez, chateada com o que aconteceu.
Denner não pode me intimidar assim.
— Briana, olha lá como fala do meu filho. Aceito muita coisa
de você, mas isso não. Sabe muito bem que Denner está mais do
que capacitado a ocupar o cargo de CEO, assim como você é
capacitada para ocupar o cargo que ocupa. Quero vocês dois
trabalhando juntos e não brigando como duas crianças.
— Então ensine ao seu filho a se comportar como o cargo
que ele ocupa exige que se comporte.
— Briana...
— Oliver, por favor, estou com saudade de você e não quero
levar uma bronca por causa do seu filho. — Eu o interrompo e ele
respira fundo.
— Tudo bem, estou vendo que vocês dois juntos será uma
dor de cabeça que não estou disposto a ter.
Acabo sorrindo.
— Sei fazer massagens que passam as suas dores de
cabeça.
Ele sorri.
— Vou ver um dia na minha agenda para almoçarmos juntos,
precisamos conversar.
— Tudo bem, vou aguardar ansiosa.
— Até logo e se cuide. Vê se não se mete no caminho do
Denner, ele pode ser bem difícil quando quer.
— Certamente puxou a você nesse aspecto.
— Essa sua língua ainda vai te meter em problemas.
— Sei controlar minha língua muito bem quando preciso, você
me ensinou a fazer isso.
— Vou fingir que acredito, pois, continua do mesmo jeito.
Fique bem e não se meta em problemas, qualquer coisa me ligue.
— Eu ligo sim, até logo e fica bem também. Eu te amo.
Nos despedimos e desligo o telefone sorrindo, feliz pela
ligação que recebi.
Quando estou prestes a guardar o aparelho na bolsa, sinto
uma mão me puxando e quando me viro vejo um Denner furioso
demais me encarando.
Puta que pariu, estou muito ferrada agora.
CAPÍTULO 4
DENNER THOMPSON
Quando estou prestes a sair para o almoço, a secretária da
senhorita Morris entra em minha sala, me entregando o balancete
anual que eu havia solicitado.
Algo que seria impossível dela ter feito e concluído em
apenas algumas horas.
Quando abro a pasta e verifico o conteúdo, até sorrio porque
só pode ser uma piada.
Ela apenas pegou todos os balancetes, os organizou em uma
pasta e mandou me entregar.
O meu pai deu tanta confiança para essa mulher, que ela se
acha no direito de querer me passar a perna?
Não mesmo, nunca.
Levanto e saio da minha sala, mas quando estou indo para a
sala dela, a vejo parada em frente ao elevador atendendo o celular.
Sem pensar duas vezes eu me aproximo, mas estanco no
lugar quando escuto o nome que ela fala.
Ela está falando com o meu pai no celular.
Fico quieto escutando toda a conversa e chego a me sentir
enojado com tudo o que ouço.
Essa mulher demonstra ter controle sobre meu pai, tendo a
ousadia de dizer a ele que o avisou que eu não estava preparado
para assumir o cargo de CEO. Ainda falou ao meu pai para que me
ensine a me comportar e que está com saudade dele.
Mas a gota d'água mesmo foi ela dizer que o ama.
Eu não acredito!
Não acredito que o meu pai colocou a sua amante para
trabalhar aqui na empresa, na porra da minha empresa, na empresa
que também é da minha mãe, minha doce e amável mãe, a mulher
que tem Oliver Thompson como um deus na vida dela.
Mas isso não vai ficar assim.
Eu vou desmascarar os dois e vou tirar do meu pai a razão da
vida dele como ele mesmo fala. Oliver pode até ter uma amante,
mas ele nunca abriria mão da minha mãe.
Ele nunca faria isso.
Então quando vejo que a mulher a minha frente está prestes a
guardar o celular, a pego pelo braço com força, a assustando.
Quando ela se vira em minha direção, vejo medo em seus
olhos, um medo que alimenta a minha alma.
E é bom que ela tenha mesmo muito medo de mim, porque a
partir de hoje a vida dela irá virar o inferno.
Irei destruir Briana Morris.
— Denner! — ela fala o meu nome surpresa e vejo medo
refletindo em seus olhos.
— Denner não. Pode ter essa intimidade com o meu pai,
chamá-lo pelo primeiro nome, mas comigo não. Aqui você é apenas
a minha funcionária, a amante do meu pai, que ele teve a coragem
de colocar para trabalhar junto comigo.
Quando ela escuta o que falo, arregala os olhos.
Ela não esperava ser descoberta logo no seu primeiro dia,
ainda, mais por mim.
— Mas de que besteira está falando?
Estou prestes a responder quando o elevador abre e vejo um
dos funcionários saindo, olhando com muita atenção a cena a frente
dele, afinal estou segurando com força o braço da nova diretora
financeira, o que não é normal.
Não perco tempo, a empurro para dentro do elevador e
quando as portas se fecham novamente, aciono a trava de
segurança, o parando, assim ninguém entra e ninguém sai.
— Será que dá para me soltar? Está machucando o meu
braço, Denner.
Ela insiste em me chamar pelo primeiro nome.
— Tenha mais respeito comigo, não aceito que me trate com
essa intimidade toda. Há quanto tempo se presta ao papel de
amante do meu pai?
Ela tenta puxar o braço novamente, mas não consegue.
— Eu não sou amante de ninguém. De onde tirou isso?
— Acha que consegue me enganar, senhorita Morris? Eu ouvi
a conversa de vocês dois, agora entendo muita coisa. O nosso
diretor financeiro se aposenta e o meu pai tem a oportunidade
perfeita para colocar a amante dele em um dos cargos mais
importantes da Oil Company. Mas isso eu não vou permitir, vou fazê-
la sair daqui rastejando como a serpente que é.
Ela puxa o braço mais uma vez e a solto.
Com tamanha ousadia, ela levanta a outra mão para me
bater, para dar um tapa na minha cara, mas não consegue porque
sou mais rápido e seguro seu pulso.
— Não me conhece e não tem o direito de falar comigo assim.
Não passa de um moleque que sempre teve tudo na vida e nunca
precisou sequer passar uma noite de sono acordado trabalhando ou
estudando. É o principezinho do petróleo, nascido em berço de ouro.
Sempre teve o dinheiro à seu dispor e se acha o dono de tudo. Você
não chega nem perto da sombra do homem que o seu pai é.
Eu a seguro novamente e a empurro para a parede fria do
elevador.
Ela respira fundo com o nariz empinado, me olhando
intensamente com seus lindos olhos verdes.
Vejo o momento em que sua pupila se dilata e a respiração
fica acelerada. Eu me vejo perdido na intensidade do seu olhar, o
olhar da mulher que muito provavelmente vai destruir a minha
família.
— Você não vale nada. Hoje, pela primeira vez na minha vida,
senti vergonha de ser filho de Oliver Thompson. A minha mãe não
merece passar por isso. Você vai ficar invisível aos olhos dela até
que eu consiga me livrar de você. Se eu souber que se aproximou
da minha mãe, eu te mato e nem mesmo o meu pai vai me impedir
de fazer isso.
Ela treme diante do meu aperto em seu corpo, em seguida
pisca, voltando a me encarar.
— Você não sabe de nada, não sabe o que está falando. Pelo
amor de Deus, o que...
— Eu não quero saber de nada que saia dessa sua boca de
serpente mentirosa. Conheço muito bem o tipo de mulher que você
é. Não vou conseguir te tirar agora da minha empresa, acabou de
assumir o cargo e já foi anunciado no mercado financeiro que a Oil
Company tem uma nova diretora financeira. Me livrar de você agora
passaria a impressão de instabilidade dentro do grupo Thompson e
isso faria as ações despencarem. Mas o seu momento vai chegar.
— Não tem autoridade para fazer isso — ela fala ofegante e
seguro seu queixo aproximando nossos rostos, estão tão próximos
que nossos lábios quase se chocam um no outro.
— Acha mesmo que só porque o meu pai te colocou aqui eu
não posso te tirar? Grande engano da sua parte pensar assim. Eu
sou o CEO, mando e desmando nessa porra.
— Você manda na Oil Company, o grupo Thompson é algo
maior e ainda é administrado pelo Oliver. Eu sou contratada do
grupo Thompson.
Boa jogada, papai.
— Veremos então quem vai ganhar essa? A amante filha da
puta do meu pai, ou eu, o herdeiro de tudo isso. — Eu a solto de
uma vez e ela se segura na barra de apoio do elevador, soltando um
suspiro que chega perto a um soluço.
— Só me deixa em paz. Tudo o que eu quero é desenvolver o
meu trabalho, o trabalho que Oliver me contratou para fazer.
— Paz é a última coisa que você terá. Deveria ter pensado na
sua paz, senhorita, quando resolveu ser amante do meu pai. A cada
vez que te ouço chamá-lo pelo nome, sinto mais ódio e desprezo por
você.
— NÃO SOU AMANTE DO OLIVER — ela grita e aperto o
botão, destravando o elevador que logo se abre e volto a olhar para
ela.
— Quero o meu balancete anual na minha mesa até amanhã
de manhã quando eu chegar aqui. Se ele não estiver pronto na
minha mesa até amanhã de manhã... — Eu nem término de falar
quando dou a ela apenas um meio sorriso.
— Você não precisa desse balancete e sabe disso.
— Mas eu quero e quero pra amanhã de manhã. E vou torcer
muito para que não consiga entregá-lo.
— Impossível.
— Aí, já é um problema seu e não meu. — Saio de dentro do
elevador sem nem mesmo olhar para trás.
Prevejo dias infernais pela frente.
CAPÍTULO 5
BRIANA MORRIS
— Parece estar frustrada, Briana, concentre-se no que está
a sua frente. Concentre-se no tabuleiro, no jogo. Esteja atenta à tudo
a sua frente e em volta de você, então dê o xeque-mate.
— Não posso, isso não é uma ciência exata.
— Não estamos falando de números, Briana, isso é
estratégia.
— Sua jogada não está tendo lógica nenhuma, assim eu vou
ganhar e aí qual será o meu desafio?
— Nem tudo na vida vai te desafiar, querida, tem que
aprender a controlar o que sente, quando isso não acontece você
perde. Agora faça a sua jogada e reverta o jogo ao seu favor.
— Não tem lógica! Se eu já vou ganhar, por que tenho que
reverter o jogo ao meu favor?
— Esse é o ponto, Briana. Olhe o tabuleiro a sua frente,
analise o jogo e me responda a sua pergunta. Aprenda a lidar com
suas frustrações. Nem sempre terá desafios matemáticos, nem
sempre as coisas vão sair da maneira que você deseja.
— Se você deseja encontrar a resposta certa é preciso fazer
a pergunta certa. Por isso, muitas vezes é preciso fazer perguntas
que parecem bobas, infantis ou mesmo sem nexo.
“Essa é uma das principais características de pessoas como
eu.
“Esse é o motivo de eu sempre estar à procura de desafios.
“Não pode chegar aqui e me repreender por estar frustrada
quando você me entrega o jogo dessa maneira, ainda tentar me
fazer pensar e analisar uma coisa que não tem sentido nenhum.
“Estou frustrada porque está me entregando o jogo para
poder me analisar, para me fazer perguntas sem sentidos.”
— Isso soa arrogante da sua parte, não acha?
— Pessoas superinteligentes não são arrogantes, porque o
arrogante sabe tudo sobre tudo. Mas, as pessoas verdadeiramente
inteligentes são pessoas conscientes que não sabem ou conhecem
muitas coisas.
“Elas não têm medo ou vergonha de dizer que não sabem
algo ou não entendem.
“São pessoas que conhecem seus pontos fracos e sabem
como protegê-los.
“Eu sou superinteligente na área de exatas, gosto de números
e de lógica, não tente confundir a minha cabeça, pois não irá
conseguir.
“Agora, se quiser continuar jogando comigo, jogue de verdade
e não me entregue o jogo.”
— Senhorita Briana, ainda vai precisar de mim, hoje?
Sou tirada das minhas lembranças com a minha secretária
entrando na minha sala, então olho as horas e vejo que já é fim do
expediente.
— Não, pode ir, ainda vou ficar um pouco mais por aqui.
— Então até amanhã, senhorita. — Ela sai da sala fechando a
porta atrás de si.
Tudo o que faço é respirar fundo, tentando me concentrar nos
papéis e nos números a minha frente.
Fazer esse balancete não é difícil para mim, não é um
desafio, é apenas um longo trabalho por ter que analisar várias
planilhas.
Mas todas as vezes em que me sinto pressionada com
alguma coisa fico assim, travada.
Minha vida na escola não foi muito fácil e entrar na faculdade
de contabilidade três anos mais cedo também não me ajudou muito.
Terapia era o meu sobrenome até que me cansei de tudo
aquilo e parei de ir.
Se as pessoas não conseguiam me aceitar por ser mais
inteligentes do que elas, o problema estava nelas e não em mim.
Eu não devia tentar mudar nada na minha vida para agradar
outras pessoas e no momento em que me dei conta disso passei a
viver melhor.
Mas isso fez com que me isolasse e não quisesse interagir
com pessoas mesquinhas que viviam em seus mundinhos
insignificantes.
E não é arrogância minha ter chegado a essa conclusão.
Eu não estou sabendo lidar muito bem com o que aconteceu
comigo hoje, por isso estou me sentindo pressionada.
Eu poderia muito bem ligar para o Oliver e contar a ele tudo o
que o filhinho arrogante dele fez, mas eu não quero causar
problemas entre os dois.
Eu devo tudo o que sou ao Oliver e dor de cabeça é a última
coisa que quero lhe causar.
Ele já tem a vida tão atarefada para se preocupar comigo.
Vou ter que passar por isso sozinha e do meu jeito. Está na
hora de lutar minhas batalhas, sozinha, sem ter que precisar dele e
espero conseguir.
Posso até ser um gênio como ele mesmo fala, mas a minha
genialidade só se resume aos números.
Minha vida privada é um desastre, vida social eu nunca tive,
vida amorosa então eu não sei nem o que é.
Coloco os pensamentos de lado e volto a me concentrar no
balancete que o meu querido chefe pediu.
Estou de parabéns, logo no meu primeiro dia de trabalho vou
passar a noite no escritório.
Obrigada Oliver Thompson por ter criado um ser humano sem
coração.
As horas vão se avançando e logo a madrugada chega.
Quando dá cinco horas da manhã, termino o bendito
balancete e estou incrivelmente exausta, então recolho tudo e
organizo em uma pasta.
Eu fiz questão de colocar os dados o mais explícitos
possíveis, para ter o prazer de ver a cara do idiota quando começar
a ler os papéis.
Estarei chamando o homem de burro de uma forma educada
e entre planilhas.
Eu posso até não ser muito sociável como costumam
comentar, mas também não sou tola ao ponto de deixarem as
pessoas pisarem em mim, tirando conclusões precipitadas sem nem
ao menos me conhecerem direito.
Pelo menos não mais.
Eu já fui assim, deixava as pessoas me diminuírem, mas
Oliver me ensinou muitas coisas e uma delas foi me fazer enxergar o
valor precioso que eu tenho.
Com a pasta já organizada, me levanto e sigo até a sala do
CEO arrogante.
Como não tem ninguém na empresa, entro direto na sala.
Ele não disse que queria o balancete na mesa dele?
Então é isso que ele terá, a porra do balancete na mesa dele
amanhã cedo ao chegar.
Coloco a pasta em cima da mesa e vejo o porta-retratos com
a foto da mãe e a irmã dele, juntas, abraçadas.
As duas são lindas.
Sento na sua cadeira e pego o porta-retratos em minhas
mãos para ver a foto melhor.
Depois de alguns segundos o coloco no mesmo lugar e só
então me dou conta do quão grande, espaçosa e luxuosa é a sala
dele.
Deve ser muito bom mandar no mundo desta sala, ainda mais
com a vista maravilhosa que tem atrás de mim.
Uma sala digna do príncipe, do CEO arrogante e que já
pertenceu ao rei um dia.
O cansaço toma conta do meu corpo e essa cadeira
divinamente confortável não ajuda muito a minha situação.
É como se eu não conseguisse mais mover um músculo
sequer, então tiro os sapatos e levanto a saia que prende um pouco
as minhas pernas.
Eu me encolho sobre a cadeira que relaxa o meu corpo.
Só um cochilo de trinta minutos não vai me matar.
Trinta minutos é tudo o que preciso para ficar bem de novo, aí
volto para a minha sala e espero mais um dia de expediente
começar.
É com o pensamento de que vou conseguir acordar que fecho
os olhos, já que o meu corpo se recusa a levantar.
CAPÍTULO 6
DENNER THOMPSON
Depois da minha discussão com Briana Morris no elevador,
tive uma tarde péssima.
Tudo me tirava a paciência e tudo contribuía para ouvir o
nome dela a todo maldito instante.
A preeminente diretora financeira, o achado do meu pai, é
assim que todos se referem a ela, mas mal sabem a custo de que
ela está aqui.
No final do dia, vou para o meu apartamento e não para a
mansão dos meus pais.
Não estou em condições de ver o meu pai na minha frente e
muito menos em condições de olhar para mamãe sendo amorosa e
carinhosa com ele.
É capaz de eu explodir e ela não merece isso.
Eu vou dar um jeito em tudo antes de conversar sobre isso
com ela. Primeiro tenho que me livrar daquela serpente, acertar as
contas com o meu pai e só depois conversar com a minha mãe.
Chego no meu apartamento e vou direto para o quarto.
Estou tirando a roupa quando recebo uma mensagem no
celular.
“Queria muito te ver hoje.”
Marina, Marina...
Não é assim que as coisas funcionam.
Eu vou até você e não o contrário.
Meu contrato com ela não será renovado, já estamos tempo
demais juntos e ela já está começando a achar que tem direitos
sobre mim, que não possui.
“Sem chance.”
É tudo o que respondo antes de terminar de me despir e ir
para o banheiro.
Hoje o dia não foi fácil e tudo o que quero é me jogar na cama
e dormir.
Nem ao clube me dei ao trabalho de ir hoje, meu avô Fred
que cuide das coisas por lá que hoje não estou no clima para isso.
Depois tomar um bom banho, enrolo a toalha na cintura e vou
até o closet. Visto apenas uma cueca, logo depois saio do quarto e
vou para a cozinha a fim de preparar algo rápido para comer.
Não gosto de gente no meu apartamento.
Nem sempre passo a noite aqui, mas gosto de ter sempre ter
os armários e a geladeira abastecidos, por isso apenas três vezes
na semana uma equipe vem fazer a limpeza e cuidar de tudo da
maneira que eu gosto.
Depois de jantar, volto para o quarto, jogo o celular na cama e
me entrego ao cansaço.
Não demora muito até que finalmente consiga dormir.
***
Levanto pela manhã sem precisar de um despertador para me
despertar, aprendi a controlar o meu corpo para acordar todos os
dias sempre no mesmo horário, independente da hora que vá dormir
na noite anterior.
Vou para o banheiro, faço minha higiene pessoal e em meia
hora estou pronto para mais um dia de trabalho.
Vou à cozinha, faço apenas um café bem forte e logo após
tomar saio em direção ao um grupo Thompson.
Chego na empresa e estaciono o carro na vaga destinada ao
CEO. Logo em seguida vou para o elevador privado que tem no
estacionamento e leva direto para o andar da presidência.
Geralmente não costumo usá-lo, pois gosto de entrar na
empresa pela recepção e cumprimentar os funcionários.
Mas desde que fiquei sabendo do caso do meu pai com
aquela mulher não tenho andado de muito bom humor. Então, para
não correr o risco de tratar ninguém mal, porque o problema é meu e
não deles, resolvi usar o elevador privado.
Como sempre chego na empresa bem cedo, quando saio do
elevador minha secretária ainda não está em seu devido lugar.
Ela chega apenas mais tarde.
Vou direto para minha sala, mas ao abrir a porta tenho uma
grande surpresa.
A mulher que se tornou um problema para mim, está sentada
na minha cadeira, encolhida.
E como se isso não fosse o suficiente, ela está com a saia
levantada mostrando lindas pernas, o que é uma porra.
Eu me aproximo mais dela e a vejo dormindo serenamente.
Olho para a mesa e encontro uma pasta que pego.
Quando abro me deparo com o balancete anual
completamente detalhado que até uma pessoa que é leiga no
assunto entenderia o que está escrito.
O que ela pensa que eu sou, um inútil que não sabe ler
planilhas?
Volto a olhar para ela e é impossível não passar os olhos por
seu corpo.
A desgraçada até que é bem linda, suas curvas são de...
Mas no que estou pensando?
Essa mulher é o motivo de toda a minha irritação.
— Senhorita Morris! — falo seu nome e ela nem se mexe na
cadeira. — Senhorita — falo um pouco mais alto e nada. — Briana!
Nada.
Então pego um peso de papel e bato na mesa com força. Ela
se espanta, se ajeitando na cadeira, o que não facilita a imagem que
vejo, pois, a saia que ela usa sobe mais ainda, revelando uma
pequena parte da calcinha de renda branca.
— Pelo amor de Deus, tenha modos, mulher. Olha como você
está.
Ela olha para seu corpo e arregala os olhos, se ajeitando e
ficando de pé.
Ela me parece ser bem menor do que me lembro, então olho
o seu corpo e a vejo descalça, sem os saltos que usava ontem.
— Denner... Quer dizer, senhor Thompson, me desculpe eu,
eu, eu...
— O que está fazendo na minha sala e por que está desse
jeito?
Ela passa as mãos nas roupas que veste, ajeitando no corpo.
— Eu devo ter pegado no sono, fiquei até tarde...
— Fazendo o quê?
Ela me olha como se estivesse ficando irritada.
— O seu maldito balancete, espero que esteja satisfeito
agora.
Quando ela fala isso me dou conta de uma coisa.
— Como conseguiu fazer tudo em tão pouco tempo?
Ela trava o maxilar e dá um passo na minha direção.
— Me deu uma ordem direta e eu cumpri. Queria o balancete
e ele está aí. Eu sou muito boa no que faço e não darei motivos para
que me demita, se bem que você também não pode fazer isso. Eu
passei a noite inteira preparando esse documento, está tão perfeito
que até mesmo uma criança o entenderia, espero que esteja
satisfeito. — Ela se abaixa, pega os sapatos e quando começa a
andar perde a força das pernas, só não cai porque a segura.
— Está tudo rodando e minha cabeça parece que vai explodir.
— Ela se segura no meu corpo e a pego no colo, a levando para o
sofá, em seguida a deitando nele.
— Passou a noite aqui. Quando foi a última vez que comeu?
Ela respira fundo e passa a mão na cabeça.
— Ontem no café da manhã.
Não me impressiona ela estar querendo desmaiar.
— Como assim ontem no café da manhã? Estava de saída
para o almoço ontem quando...
— Quando me trancou no elevador e me falou todos os
absurdos possíveis? Sim, eu estava, mas depois da nossa rápida
conversa eu perdi completamente o apetite e ainda tinha que
preparar o seu maldito balancete, então não podia perder muito
tempo.
Quando começo a querer me sentir mal por ela, me lembro o
que ela é uma serpente venenosa.
— Vou mandar trazerem alguma coisa para você comer,
então depois de se alimentar, saia da minha sala e não entre aqui
novamente sem a minha autorização.
— Você é um idiota. Não vou comer nada que seja trazido por
ordem sua, pode querer me envenenar e eu sou muito nova para
morrer. — Ela se levanta de uma vez e só não cai novamente por a
segurar de novo.
— Fica deitada na porra desse sofá e não se preocupe que
não vou mandar envenenar a sua comida. O meu jeito de exterminar
você vai ser bem mais eficaz.
Ela fecha os olhos e respira fundo.
— Eu vou para a minha sala, não quero nada que venha de
você. Vou repetir mais uma vez, eu não sou amante do Oliver, tire
isso da sua cabeça.
Me sobe um ódio ao ouvi-la chamar o meu pai de forma tão
intima.
— Escutei da sua própria boca dizer que o ama. Você deve
ser apenas mais uma vagabunda interesseira que ele levou para
cama.
Ela balança a cabeça e sorri sem graça.
— É, eu sou mesmo a puta do seu pai. Não é isso que você
quer escutar? Então pronto, escutou, mas não misture as coisas.
Aqui, sou Briana Morris, a diretora financeira do grupo Thompson e
exijo respeito da sua parte. Já fora da empresa a minha vida pessoal
não diz respeito a você, então se mantenha longe ou vou ser
obrigada a tomar medidas que não serão boas para nenhum de nós
dois.
Dessa vez ela se levanta e não passa mal, então pega os
sapatos e sai da minha sala sem olhar para trás.
Eu tenho que dar um jeito de tirar essa mulher da minha
empresa e da vida do meu pai.
CAPÍTULO 7
BRIANA MORRIS
Graças a Deus, hoje é sexta-feira.
Estou trabalhando no grupo Thompson há três dias, mas
parece que já se passaram três anos.
Denner não está pegando leve comigo no trabalho, ele parece
fazer tudo para me irritar ou me deixar mal diante dos membros da
diretoria.
Mas esse gostinho não darei a ele.
Tenho trabalhado nesses últimos dias mais do que trabalhei
em um mês inteiro.
— Com licença, senhorita Morris, o senhor Thompson está
querendo saber se a proposta de racionalização e adequação dos
serviços de apoio da Oil Company já estão prontos.
Eu acabo sorrindo porque ele só pode estar de brincadeira
com a minha cara.
Eu sou muito eficiente com números, mas não sou uma
máquina que trabalha vinte e quarto horas sem parar.
— Diga a ele que não, mas assim que ficarem prontos eu
mando entregar na sala dele.
Ela arregala os olhos, me encarando.
— A senhorita quer mesmo que eu diga isso? — Ela parece
sentir medo do Denner.
— Por que está perguntando isso? Está com medo dele?
Ela respira fundo.
— Ele disse para que eu não voltasse lá sem esses
documentos e já está no final do expediente, então...
— Entendi. Pode deixar que eu mesma falarei com ele, pode
ir para casa.
— A senhorita tem certeza disso?
— Tenho sim, pode ir.
Ela balança a cabeça concordando e sai da sala. Quando
estou prestes a me levantar para ir enfrentar o idiota, o meu celular
toca. Quando vejo quem está ligando, me sinto até mal, já estou na
cidade há alguns dias e nem mesmo tive tempo de ligar para a
minha única amiga.
— Duda! — Atendo empolgada para disfarçar o meu
constrangimento.
— Estou impressionada que ainda se lembre meu nome, sua
ingrata.
— Duda, me desculpa.
— Não!
— Me perdoe então.
— Já disse que não. Se não tem consideração por mim, por
que tenho que ter com você? Voltou para a cidade e nem mesmo
teve a decência de me ligar. Fiquei sabendo por acaso quando
encontrei a sua mãe. Não vou te perdoar jamais.
Ela quer alguma coisa, pois sempre faz esse drama quando
quer me arrastar pra algum lugar.
— Pode falar, sabe que faço tudo para que me perdoe.
Ela dá uma risadinha do outro lado da linha.
— Tudo mesmo? Qualquer coisa?
— Fala de uma vez antes que eu me arrependa do meu
pedido de perdão.
— Hoje é o aniversário do Justin, vamos comemorar em uma
boate chique daquelas bem badaladas e você vai junto, ou não te
perdoo.
Eu sabia que ela iria inventar uma coisa dessas, afinal
quando a esmola é demais o santo desconfia e isso é típico da
Duda.
— Duda! Sabe que não me sinto bem nesses tipos de
ambientes.
— Você não se sente bem em ambiente nenhum, Briana, tem
que parar com isso e começar a viver mais. Tem que se divertir, ser
mais sociável. Eu sou a sua única amiga. Eu e meu noivo queremos
comemorar o aniversário dele com você e alguns amigos, é pedir
demais isso?
— Eu tenho trabalho a fazer e muito.
— Você sempre tem muito trabalho a fazer, Bri. Quando não é
trabalhando é estudando, tem que começar a aproveitar um
pouquinho também, sabia? Já chegou no topo, está onde sempre
quis chegar, agora é aproveitar e colher os frutos do seu esforço. Ou
vem com a gente, ou eu, a sua única e mais fiel amiga, não te
perdoo. Você é quem escolhe.
Como eu disse, ligou o modo drama, modo Duda de ser.
— Tudo bem, eu vou. — Ela não me deixa muitas opções.
— Excelente, vou te mandar o endereço e nos encontramos
lá mais tarde. Tchauzinho. — Ela desliga a ligação o mais rápido que
consegue, para não me dar tempo de mudar de ideia.
Guardo o celular e saio da minha sala indo até à sala do
CEO, mas quando chego a secretária dele já não está mais. Então,
tudo o que me resta é entrar na sala. Dou duas batidinhas à porta,
mas ninguém responde nada, então a abro já que ele estava com
tanta pressa para receber o documento que não vou conseguir
entregar hoje.
— Senhor Thompson, é impossível... Jesus Cristo — falo
colando as mãos nos olhos e me virando de costas para ele.
O infeliz está com uma mulher montada em seu colo, sem
blusa, no maior amasso.
— Será que não tem educação para bater à porta antes de
entrar? — ele fala com raiva.
— O escritório não é lugar para as suas safadezas, senhor
Thompson, quer fazer isso procure um hotel ou vá para a sua casa.
— Tudo o que eu não queria era ter que passar por esse
constrangimento.
— Marina, depois conversamos sobre o que aconteceu aqui,
aguarde a minha ligação — ele fala para a mulher, em um tom de
ordem.
— Tudo bem. — É tudo que ela responde calmante.
Mas eu também não vou ficar aqui.
Quando dou um passo para sair, ele me para.
— Você fica.
Eu não acredito.
Me viro novamente e vejo a mulher já vestida, pegando uma
bolsa que estava em cima do sofá. Ela passa por mim, sem nem
mesmo olhar para o lado.
É como se eu não existisse, mas também não me importo
com isso.
— A proposta...
— Quero a proposta agora mesmo.
Ele me interrompe sem me deixar terminar a frase.
Eu acabo sorrindo do petulante.
— A proposta de racionalização e adequação dos serviços de
apoio da Oil Company ficarão prontos na segunda-feira, tendo em
vista que amanhã é sábado e eu não trabalho aos sábados. Você só
me pediu essa proposta hoje pela manhã. Tenha uma péssima noite.
— Acha que por ser amante do meu pai pode invadir a minha
sala e tentar me dar uma lição de moral, coisa que nem mesmo você
tem? Ainda por cima tem coragem de falar que não deu conta de
fazer um trabalho que foi solicitado a você e não está pronto porque
não trabalha aos finais de semana? Realmente, você acha que está
no controle de tudo?
Respiro fundo para não perder a cabeça, afinal estamos na
empresa e aqui ele é o CEO, filho do homem que mais venero nessa
vida.
Se estou aguentando passar por tudo isso é por ele.
Então irei manter o profissionalismo e não perder a cabeça.
— Em primeiro lugar, fazer sexo no seu escritório não é um
exemplo que um CEO de respeito daria. Em segundo, você só pode
ser louco se achava mesmo que eu daria conta de elaborar uma
proposta como essa em apenas um dia. Eu faço o meu trabalho com
excelência e sem erros, ninguém nesse mundo faria uma proposta
dessas em um dia. Elaborar uma proposta desta magnitude levam
dias de trabalho e pesquisas, mas vou fazer tudo isso em apenas
dois. Quer a proposta? Você a terá, mas apenas na segunda-feira.
Ele sorri, debochado.
— Então aproveite para me trazer junto com a proposta, a
análise do resultado operacional da Oil Company. Vamos ver se é
tão boa assim mesmo.
É nessa hora que mando todo o meu profissionalismo para a
puta que pariu e perco a cabeça.
Eu não sou assim, não gosto de confrontos diretos, mas o
Denner tem um poder de me desestabilizar de tal modo que ainda
não entendo como ele consegue.
Ele me leva ao meu limite em fração de segundos.
— Acha divertido fazer isso comigo, Denner? Isso é abuso de
poder e você não é a porra do meu chefe, o Oliver que é.
“Sou funcionária do grupo Thompson e se estou aqui é por
ordem direta do Oliver. Estou fazendo o meu trabalho muito bem,
então pare de agir como um moleque mimado e aja como o homem
que o seu pai te criou para ser, um homem como ele.
“Seja o CEO que o seu pai espera que seja e larga do meu pé
porque o caralho dessa guerra que está querendo entrar comigo
você não vai vencer, isso eu garanto, seu idiota.”
Falo tudo de uma vez, sem nem ao menos pensar direito no
peso que as minhas palavras têm.
Se ele já achava que eu era amante do seu pai, agora então.
— Senhor Thompson para você, já deixei claro isso mais de
uma vez. Nunca te dei intimidade para me chamar pelo primeiro
nome e aqui você é apenas uma funcionária como qualquer outra.
“Se não fizer o seu trabalho será demitida e nem mesmo o
meu pai poderá me impedir de fazer isso.
“Quer medir forças comigo, senhorita Morris?
“Ótimo, vamos em frente então.
“Seus dias aqui estão contados, desde o dia em que teve a
ousadia de colocar seus pés nesse prédio.
“Agora se retire da minha sala e me traga tudo o que eu a
solicitei na segunda-feira, ou teremos um problema muito grande
para resolvermos.”
Engulo em seco todos os xingamentos que quero jogar na
cara dele, saindo da sala.
Esse dia pra mim já deu o que tinha que dar, vou encontrar a
minha amiga e tentar relaxar um pouco que é o melhor que eu faço
no momento.
CAPÍTULO 8
BRIANA MORRIS
Passo na minha sala apenas para pegar a bolsa e logo em
seguida vou para o meu apartamento.
Por mais que mamãe insista para que eu more com ela, ainda
assim prefiro a minha privacidade.
Confesso que as vezes me sinto culpada por deixá-la
sozinha, mas sei que ela me entende.
Não moro muito perto da empresa, então demoro um pouco
para chegar e como já estou atrasada para encontrar a Duda na tal
boate, não posso perder muito tempo.
Corro para tomar banho e me arrumar o mais rápido que
consigo.
Me olho no espelho e me agrado da imagem que vejo. O
vestido que vai até o meio das minhas coxas me cai bem e o cabelo
amarado em um coque frouxo completa o visual despojado, ao
mesmo tempo, sexy.
Não me sinto muito à vontade arrumada desse jeito, mas a
ocasião pede, então completo com uma maquiagem leve.
Por último, passo perfume.
Adoro fragrâncias florais, são os meus preferidos.
Estou prestes a sair e é como se escutasse a voz de Oliver no
meu ouvido, então volto correndo pra o quarto:
“Sempre use o seu colar quando for sair Briana, é para a sua
segurança.”
Procuro pelo colar e o coloco no pescoço, um lindo pingente
de ouro rosé com topázio London e Diamantes.
Lindo e discreto.
Até que combinou com o meu vestido.
Agora sim, eu posso sair de casa e segundo Oliver vou estar
segura, o que chega a ser ridículo de se pensar.
Mas se ele manda, eu obedeço.
Dirijo pelas ruas tranquilamente até chegar ao meu destino.
Quando estaciono em frente a boate do endereço que minha
amiga mandou, sinto vontade de voltar para o meu apartamento
correndo.
Caramba, essa boate é do Oliver.
Duda tinha que escolher justamente essa?
Eu só não vou embora porque já tinha mandado mensagem
para ela no caminho avisando que já estava chegando.
Respiro fundo tomando coragem e saio do carro.
Oliver com certeza vai saber que estive aqui e vai me encher
de perguntas como sempre faz, mas eu não tenho nada o que
esconder dele e estou encontrando uma amiga e o noivo dela.
Nada de mais.
Como não tem a mínima possibilidade de enfrentar a fila
enorme em frente a boate, eu me aproximo de um dos seguranças e
sussurro um nome que vai me fazer entrar rapidamente.
Como eu já esperava, o nome sussurrado logo aparece na
minha frente.
— Briana Morris, Oliver sabe que está aqui?
Sorrio para o elegante senhor a minha frente e ele balança a
cabeça.
— Não, e o senhor também não vai falar nada.
— Briana! — Ele fala o meu nome em forma de aviso.
— Fred... — falo de forma carinhosa com ele.
Fred é primo e, ao mesmo tempo, sogro do Oliver, chega a
ser engraçada a convivência dos dois.
— Entra logo, sua pirralhada, mas ele vai ficar sabendo.
— Fred, não estou fazendo nada de mais, vim encontrar com
a Duda e o noivo dela. Quando ela me passou o endereço do lugar
não me atentei que seria aqui. Não vou demorar, sabe que não
gosto de ambientes como esse.
— Tudo bem, se precisar de alguma coisa mande me chamar,
o Denner está aí também.
Estanco no lugar ao escutar esse nome.
— Denner está aí!?
Ele me encara como se quisesse ler a minha alma.
— É claro que está, afinal ele é o dono disso tudo também,
não é mesmo? Meu neto é muito bom nos negócios. — Fala sério.
Às vezes, esqueço que Denner é neto dele.
— Como uma pessoa tão arrogante e sem coração pode ser
neto de um homem tão adorável como o senhor?
Ele gargalha.
— Você não muda nunca, menina. Denner tem uma
personalidade forte, mas, no fundo, é um bom garoto.
— Ele não tem nada de garoto e é terrivelmente terrível. Não
o suporto e sinto vontade de jogá-lo pela janela da sala da
presidência. Ele me irrita a ponto de me fazer... — Paro de falar
quando me dou conta de que é do neto dele que estou falando. —
Desculpa, Fred.
Ele sorri balançado a cabeça.
— Meu Deus, é como se estivesse vendo a mesma história se
repetir depois de tantos anos.
— Que história!?
Ele sorri sem graça.
— Uma história muito sofrida e cheia de dor, mas que, no fim,
teve um final feliz. Agora vamos encontrar a sua amiga.
Não entendo muito bem o que ele fala, mas o sigo e não
demora muito encontro Duda e o noivo dela.
— Se precisar de mim, já sabe — Fred fala e me dá um beijo
no rosto.
Assim que ele sai, cumprimento Duda e o noivo dela.
— Você conhece o dono daqui? — ela pergunta surpresa com
a atitude de Fred.
Duda não sabe que o conheço, ela sabe apenas do meu
relacionamento com o Oliver.
— Longa história.
Ela sorri.
— Fico feliz em saber que você ainda me esconde coisas
sendo que a minha vida para você é um livro aberto.
— Treta de melhores amigas? Vou pegar uma bebida
enquanto lavam a roupa suja — Justin fala dando um beijo em Duda,
em seguida beija a minha bochecha.
— Vai começar o drama?
Ela bufa irritada.
— Não é drama, é que só assim você me conta as coisas.
Sinto sua falta. Voltou para a cidade e nem mesmo teve coragem de
me ligar, tive de fazer chantagem emocional para você estar aqui.
Eu vou até ela e a abraço.
— Me desculpe, Dudinha, mas foi tudo tão rápido que não tive
tempo. Não foi nada fácil minha chegada na cidade, meus dias
foram transformados em um inferno.
— Um inferno gostoso de se admirar ou um inferno dos
infernos mesmo?
Acabo sorrindo de como ela fala.
— Um pouco das duas coisas. E o Fred é primo e sogro do
Oliver.
Ela arregala os olhos.
— Sério!?
— Sério e essa boate pertence ao Oliver e não ao Fred, mas
para todos os efeitos, Fred é o dono, então...
— Já entendi, essa gente rica é muito estranha, sabia?
Quando você ficar rica não se deixe contaminar por eles.
Acabo gargalhando do que ela fala.
— Você não muda.
— Nunca, minha querida. Agora me fale como é trabalhar...
Porra! — Ela coloca as mãos na boca e olho na direção em que ela
olha.
Vejo Denner no maior beijo com a mulher que estava no colo
dele mais cedo na empresa e não sei o motivo, mas ver isso me
incomoda um pouco.
— Não é da minha conta — falo e ela levanta uma
sobrancelha.
Por que ele tem que estar aqui?
Parece uma perseguição.
— O seu amor platônico por ele já passou?
Olho para ela surpresa.
— Do que está falando? Eu nem mesmo o conheço.
Ela sorri.
— Pra cima de mim, não né, Briana? Você não o conhece
pessoalmente, mas sabe de praticamente tudo da vida dele.
— Já disse que não me interessa e nunca tive um amor
platônico por ninguém. Cadê o seu noivo que não volta com as
bebidas? — pergunto tentando mudar de assunto, mas ela não
desiste fácil.
— Aquele senhor não é o dono daqui, mas o Oliver, então
quer dizer que o seu novo chefe é o dono daqui também, já que ele
é o herdeiro de tudo o que o senhor Thompson tem.
— Ele não é o meu chefe.
— Trabalha para ele.
— Eu trabalho para o Oliver.
— Não é a mesma coisa?
— Não, não é.
— Para mim, é a mesmíssima coisa. Tem que fazer tudo o
que ele manda, então ele é o seu chefe.
— Ai, Duda, você saber ser chata quando quer.
Nesse momento, Justin chega com as bebidas, pego um copo da
mão dele e viro de uma vez sentido o líquido descer queimando a
minha garganta.
— Mas que porra é essa? — pergunto fazendo uma careta.
— É o meu uísque caro que você acabou de virar
praticamente em um gole sem nem mesmo saber aproveitar o sabor.
— Isso é horrível. E cadê as outras pessoas que também
viriam comemorar o seu aniversário?
— Estão chegando, enquanto isso vamos aproveitando.
Agora eu vou buscar outro uísque.
— Por que eu não consigo aproveitar lugares assim? Para
mim, isso tudo não passa de uma grande chatice, ainda mais tendo
a visão do Denner com outra mulher, no que parece uma sala
privada de vidro.
— Vai acabar atraindo a atenção dele se continuar o olhando
assim... — Duda para de falar no momento em que Denner olha na
nossa direção.
É como se o meu olhar estivesse chamando pelo dele.
— Às vezes eu tenho medo do que sai da sua boca.
Ela sorri.
— O nome disso é experiência.
Vejo que ele fala algo no ouvido da mulher e me olha
novamente.
— Eu vou embora, sinto muito.
— Briana! Praticamente acabou de chegar.
— Não posso ficar aqui?
— Briana. Uma hora vai ter que...
— Não, Eduarda. Eu não preciso contar nada, eu já tenho
problemas o suficiente com ele achando que sou amante do Oliver.
Ela arregala os olhos.
— O quê!? O senhor Thompson já sabe disso?
— Não, e pela minha boca não vai saber. Oliver é um homem
muito ocupado e não vou incomodá-lo com isso.
— Precisa contar para ele.
— Não preciso não e agora eu vou...
— Com licença, senhorita. Será que pode me acompanhar?
Sou interrompida por um homem muito alto e forte que está
ao meu lado.
— Não, ela não pode.
Duda sabe muito bem o que está acontecendo aqui, ela não é
boba.
— Ele mandou me acompanhasse até a saída, não foi
mesmo? Ele não quer ter que se divertir tendo que olhar para a
amante do pai dele — falo olhando para o homem.
— Mas isso é um absurdo — Duda fala muito chateada.
— Tudo bem, Duda.
— Não está nada bem, Briana, você é uma cliente como
qualquer outro que esteja aqui dentro.
— Por favor, senhorita, me acompanhe.
— Ela não vai.
— Eu vou sim, não quero mais confusão, Duda. Sabe muito
bem que não me sinto à vontade com isso.
Ela me olha respirando fundo, me abraça forte e fala baixinho
no meu ouvido:
— Você é a melhor pessoa que eu conheço na vida, mas não
pode deixar que os outros pisem em você desse jeito, Bri.
— Vai ficar tudo bem, no fim do dia...
— Tudo sempre fica bem — ela completa a frase.
— Sempre fica. Eu te ligo assim que eu chegar em casa.
— Vou aguardar, também não vou mais ficar aqui. Assim que
o Justin voltar com as bebidas, vou chamá-lo para irmos embora,
nunca mais venho aqui.
— Não precisa ter que encerrar a noite de vocês por minha
causa, isso só faria com que eu ficasse mal.
Ela me abraça mais forte ainda.
— Cedo ou tarde vai ter que dar um basta nisso. Tem que
aprender a lutar suas batalhas e sair por cima, Bri.
— Estou tentando, mas não é fácil. Por isso não quero
envolver o Oliver nesse absurdo, isso só o deixaria chateado. —
Beijo o rosto dela e nos despedimos com a promessa de que eu
ligarei assim que chegar em casa.
Quando me aproximo da saída o homem que me
acompanhou segura em meu braço e me assusto com o aperto dele.
— Por aqui, senhorita.
Ele me guia em outra direção.
— A saída não é por aí.
— Não, não é, o senhor Thompson a aguarda na sala de
jogos.
Meu coração falha uma batida ao escutar isso, pois esse
lugar não é só uma boate normal como as outras.
Saber que Denner quer me ver na sala onde homens ricos
saem pobres, me faz sentir um arrepio na espinha.
CAPÍTULO 9
DENNER THOMPSON
Marina ter ido até à empresa atrás de mim, foi um problema
que irei resolver com ela depois e Briana ter me pego naquela
situação também foi desagradável.
Agora, ela acha que pode medir forças comigo, dentro da
minha empresa, foi demais.
A infeliz ainda teve a coragem de me mandar ser homem
como o meu pai é.
Se ela soubesse que posso ser muito pior do que o meu pai
não teria falado tamanho absurdo.
Meu pai com a idade amoleceu, mas comigo, agora a frente
dos negócios, as coisas vão voltar a ser como era antes.
Tenho o costume de quase sempre quando saio da empresa
passar na boate, onde para todos os efeitos, pertence ao meu avô, e
como queria conversar com Marina sobre o acontecido de mais
cedo, a mandei vir me encontrar. Assim teríamos privacidade para
conversarmos e poderia aproveitar as últimas semanas do nosso
contrato.
Marina não será mais minha submissa e o que aconteceu
hoje só me mostrou que ela já está levando esse relacionamento
puramente “sexual” para um nível que eu não desejo.
Não quero ter dor de cabeça depois com uma mulher no meu
pé, como se eu não tivesse nada melhor para fazer da vida.
Mas o que não esperava era que logo depois que eu
chegasse na boate encontraria a amante do meu pai.
A desgraçada está linda.
Mas quando os nossos olhares se cruzam sinto um ódio
grande dominar o meu corpo.
Ela carrega no pescoço um colar exatamente igual ao da
minha irmã, o que significa que o meu pai se preocupa muito com a
segurança dela, já que a joia possui um dos rastreadores mais
potentes do mundo. Se ela usa um desses no pescoço é porque a
coisa entre eles é mais séria do que eu imaginava.
— Para onde você tanto olha, Denner? — Marina sussurra ao
meu ouvido.
Mas não tenho que dar a ela satisfações de nada que faço,
estamos em uma das salas privadas de vidro que mandei fazer na
boate depois que assumi tudo.
— Tenho que resolver um problema, fique aqui que já volto.
Ela concorda e saio da sala chamando um dos meus homens.
— Chefe!
— Aquela garota ali, eu a quero na sala de jogo agora mesmo
e se ela se recusar a acompanhá-lo, leve-a nem que seja arrastada
pelo cabelo. Eu não me importo a forma, apenas a traga pra mim. —
Aponto para Briana.
Ele sabe que não pode questionar uma ordem minha.
— Sim, senhor.
Ele sai da minha presença indo até à mulher que, no
momento, eu odeio mais que tudo, enquanto vou para a sala de
jogos.
Aqui não é apenas uma boate qualquer, aqui é onde homens
poderosos e cheios de dinheiro vem se divertir em jogos de cartas,
apostando verdadeiras fortunas. E sempre que algum engraçadinho
perde e se recusa a pagar, damos a ele um tratamento especial.
Posso dizer que essa é a parte que eu e meu avô mais
gostamos.
Ninguém é obrigado a entrar aqui e fazer apostas, eles vêm
porque querem e se não pagam o que ficam devendo simplesmente
perdem a mão dominante.
Simples assim.
Entro na sala onde uma partida se finaliza e pela cara de um
dos homens sentados à mesa sei que ele é o escolhido de hoje.
Mais um que achava que poderia salvar o pouco que lhe
restava em uma mesa de jogo, esperando ganhar uma fortuna que
nem mesmo possui.
Foi exatamente desse jeito que a minha mãe caiu nas mãos
do meu pai, ela foi o pagamento de uma dívida de jogo.
— Por favor, acho que podemos entrar em um acordo,
senhores — o homem que acaba de perder fala nervoso.
Ninguém ainda notou a minha presença na sala, estão bem
concentrados.
— Aqui não há acordos, entrou aqui sabendo disso — falo e
todos olham na minha direção, sabendo que as coisas podem ficar
feias.
Eu não costumo perdoar dívidas de jogo, assim como o meu
pai também não perdoava.
— Senhor Thompson, será que pode me dar um prazo para
pagar a dívida? Meus negócios não estão indo muito bem...
Sinto vontade de rir da cara do homem.
— Se não tinha dinheiro e se os seus negócios não estavam
indo bem, o que faz aqui então?
Ele engole em seco.
— Eu, eu, eu... Eu achava que… — O homem se enrola todo
e não fala nada.
— Achava mesmo que poderia sair da falência em uma mesa
de jogo? Essa foi a pior decisão que já tomou na sua vida de merda.
Para se ganhar um jogo de cartas tem que se ter o máximo de
concentração, saber o que está fazendo, tentar prever a jogada do
seu adversário e com a cabeça cheia de problemas nunca
conseguiria ganhar esse jogo. Agora o nada que você tem me
pertence. Deve saber muito bem o que acontece com quem perde e
não paga.
O homem arregala os olhos, extremamente nervoso, sabendo
das consequências desse ato.
— Só peço alguns dias, por favor.
Escuto a porta se abrindo e posso sentir pelo perfume floral
de quem se trata.
— Cortem a mão dele, mas não cortem a mão dominante. Ele
vai precisar dela para conseguir o meu dinheiro.
Diante da minha ameaça o homem perde completamente a
cor e compostura, então se joga aos meus pés clamando por
misericórdia, afinal ele vai ter a mão cortada hoje.
— Senhor Thompson...
— Tirem-no de perto de mim e saiam todos da sala.
Sem ninguém para me questionar, todos fazem o que mando,
praticamente arrastando o homem da minha sala.
Quando o último passa pela porta, me viro na direção da
mulher que está encolhida em um canto da parede.
— Senhorita Morris...
— Você é um monstro sem coração.
Eu acabo gargalhando do que ela fala.
— Hoje mesmo você teve coragem, ousadia de me falar para
que eu fosse que nem o meu pai. Por que agora me vendo agir feito
ele, me chama de monstro?
Ela engole em seco sem saber o que responder.
— O homem praticamente implorou por misericórdia. Não
precisa desse dinheiro, de nada disso aqui — ela fala dando um
passo na minha direção.
— Por que está aqui? — Faço a pergunta ignorando o que ela
fala.
— O que eu faço aqui não é da sua conta. Vou ligar para o
Oliver e livrar aquele pobre homem de ter…
Briana não termina de falar, porque vou até ela tão rápido que
ela fica sem reação.
— Você tem coragem, desgraçada, isso eu tenho que admitir
— falo com o rosto próximo ao dela, praticamente colado.
CAPÍTULO 10
BRIANA MORRIS
Quando entrei naquela maldita sala de jogos presenciei uma
lastimável cena e me custa acreditar que Oliver seja assim também.
Eu sei que ele faz coisas horríveis, mas para mim não passa
de um homem carinhoso e atencioso.
Me dói o coração por saber que não vou poder fazer nada
para ajudar o homem que provavelmente recorreu aqui como um
último ato de desespero para tentar salvar o pouco que
provavelmente ainda lhe restava, o que não foi uma ideia muito
inteligente.
Agora ao tentar fazer o mínimo para ajudá-lo, me coloquei
numa situação talvez pior do que a que ele se encontra.
— Você tem coragem, desgraçada, isso eu tenho que admitir
— Denner murmura tão baixo, com sua voz saindo quase como um
sopro e seu rosto pende para o lado, como se estivesse arquitetando
várias formas de acabar comigo.
— Só fez para me mostrar que pode ser pior do que o seu
pai? Sabia que era eu entrando na sala — falo o encarando e ele
sorri.
— Se acha mesmo assim tão boa, senhorita Morris? Acha
que tenho tempo para provar alguma coisa para a vagabunda
amante do meu pai?
Tento empurrá-lo, mas não consigo. Tento estapeá-lo, mas é
impossível. Tento socar seu peito, mas ele segura meus pulsos.
Denner não foi pego de surpresa, ele deveria estar esperando
por essa reação minha.
Segurando as minhas mãos, as levam na altura da minha
cabeça e segura o meu corpo com o dele, com seu rosto colado ao
meu e nossas respirações ofegantes.
Ele abaixa as vistas, se concentrando no meu decote,
olhando para o colar no meu pescoço.
— Quem te deu isso?
Fecho os olhos sentindo cada célula do meu corpo vibrar com
as palavras dele.
— Por que pergunta se já sabe a resposta?
Ele dá um sorrisinho de lado e volta a me encarar.
Olhos nos olhos, boca com boca e um pequeno fio de espaço
entre nós.
— Você sabe o que é isso que carrega no pescoço? Tem
noção do que é?
Deus, porque ele tem que falar assim tão perto de mim.
— Um presente, é só um simples presente que eu ganhei do
seu pai.
Ele aperta mais ainda minhas mãos acima da minha cabeça.
— Onde se conheceram? há quanto tempo vocês dois estão
tendo um caso, enganando todo mundo?
Fecho os olhos sentindo cada palavra que ele fala machucar
o meu coração.
— Eu já te disse que não sou amante do seu pai.
— E espera mesmo que eu acredite nisso, assim tão
facilmente?
— Estou falando a verdade, por que você não pode acreditar
em mim?
— Porque eu não acredito em quem eu não conheço e
escutei da sua boca o tamanho da intimidade que os dois tem. Eu te
amo, Oliver, não foi o que você falou? Me senti enojado ao escutar
isso.
— Não falo nada, talvez nesse momento seja melhor não falar
nada, ficar quieta.
— É tão culpada dessa merda toda que nem mesmo tenta se
defender.
— Do que adiantaria, Denner, já que você não acredita em
mim? — Não consigo controlar a respiração já que estou nervosa e
ele percebe isso.
— Está nervosa e com medo, o que é um problema já que o
seu medo está me deixando excitado. Será que o meu pai se
importaria se eu provasse um pouquinho do que é dele.
Denner cheira o meu pescoço e fico sem reação nenhuma,
apenas continuo parada, nervosa com o coração saindo pela boca.
— Cheiro de flores...
Ele deixa a frase morrer quando solta meus pulsos e passa as
mãos pela minha cintura, me tomando em um beijo inesperado. Tão
inesperado que não sei como reagir até que ele me imprensa mais
na parede, enfiando sua língua selvagem na minha boca.
Em um primeiro momento, meu instinto é empurrá-lo, mas o
homem me segura forte em seus braços e nem mesmo consigo me
mexer. Como sou menor do que ele, não tenho chance nenhuma
contra a sua força e, no momento, em que ele aprofunda mais o
beijo não resisto e me entrego de vez, no beijo mais intenso que já
tive na vida.
Ele percebe isso no momento em que passo os braços ao
redor do seu pescoço, o puxando para mais perto.
Deus, nem mesmo sei o que estou fazendo.
Eu nunca tinha sequer sido beijada desse jeito, mas o impulso
de querer sentir o gosto do seu beijo em meus lábios é mais forte do
que a minha vontade.
Ao ver como estou entregue, ele me levanta e eu passo as
pernas ao redor da sua cintura. Ele vai até um sofá e se senta
comigo em seu colo com uma perna em cada lado de seu corpo.
Sinto o exato momento em que ele coloca sua mão grande na minha
nuca e puxa meu cabelo controlando o ritmo do beijo libidinoso que
me castiga da melhor maneira possível, chegando a ser quase
demais para que eu possa suportar.
Denner aperta a minha cintura com a sua mão livre e logo
depois ela passeia pelo meu corpo até chegar aos meus seios.
Quando ele aperta por cima da blusa é inevitável que não solte um
gemido que logo é engolido por seus lábios. Assim que percebo que
ele já está querendo passar dos limites, desfaço o beijo que desce
pelo meu pescoço até chegar ao meu ouvido. Ele chupa o lóbulo da
minha orelha sussurrando logo em seguida.
— Você até que é bem gostosa, agora consigo entender um
pouquinho só o meu pai. Mas não conte nada disso a ele. Vamos
assim dizer que o meu pai não gosta muito de dividir e pode também
não gostar de saber que eu estou com a puta dele praticamente
rebolando no meu pau, totalmente rendida aos meus toques por seu
corpo.
Eu volto aos meus sentidos assim que escuto esse absurdo
sair dos seus lábios.
Eu o empurro e saio do colo dele quase caindo no chão, o
que o faz sorrir de mim.
Isso me deixa mais magoada ainda e chateada.
Nunca pensei que Denner fosse desse jeito, já que o que
escuto ao seu respeito são sempre coisas boas, mas eu estava
enganada.
Ele é um homem lindo e sem coração que não liga para os
sentimentos de ninguém.
— Um dia irá se arrepender disso, vai se arrepender de tudo
o que falou para mim.
— E, por que eu me arrependeria? Viu como foi fácil fazer
com que você se entregasse a um simples beijo? Você deve ter
outros homens, além do meu pai. Só espero que não seja nenhum
diretor da empresa, seria um inferno na Terra caso ele descobrisse
umas coisas dessas.
— Você é louco, LOUCO! — grito limpando o caminho por
onde a boca dele passa no meu pescoço.
— Vá embora daqui e nunca mais se atreva a colocar os pés
nessa boate ou as coisas vão ficar feias para você.
— Não pode me...
— Eu posso sim, e não a quero aqui. É só questão de tempo
até que consiga te tirar da minha empresa. E se quiser ir chorar no
ombro do Oliver, sinta-se à vontade, estou louco para que ele venha
tirar satisfações comigo, só porque a amantezinha dele reclamou de
mim. Estou contando com isso para que faça isso, então não me
decepcione.
Eu não vou dar esse gostinho a ele de jeito nenhum, se pensa
que vou reclamar no ouvido do Oliver, está muito enganado.
— Vai se arrepender, um dia vai se arrepender disso, grave
bem as minhas palavras, seu idiota, e nunca mais coloque as suas
mãos imundas em cima de mim. Realmente você não chega nem
perto dos pés do Oliver, deve ser um desgosto muito grande ter um
filho como você para herdar tudo o que é dele. Moleque mimado.
Ele se levanta de uma vez do sofá e para na minha frente,
levantando a mão, a parando no ar.
Não sei de onde tiro coragem para encará-lo de frente.
— Bate. Vamos, senhor Thompson, me prove agora o quão
covarde o senhor é.
— Sua vagabunda!
Eu sorrio.
— Isso é o senhor quem está falando, deduzindo coisas pelo
que escutou, mas que os seus olhos nunca viram. Essa é a atitude
de um homem que não tem sabedoria e não vou perder meu tempo
me defendendo das suas ofensas. Se me ofender te faz bem, então
continue. Eu não me importo, tenho coisas muito mais importante na
minha vida para fazer do que ficar perdendo tempo me preocupando
com o que pessoas como o senhor pensam ao meu respeito. Tenha
um belíssimo restante da noite, senhor. — Saio da sala sem nem
olhar para trás, com o meu coração praticamente batendo na minha
boca.
Algo me diz que isso está longe de acabar.
CAPÍTULO 11
BRIANA MORRIS
Chego na empresa cedo, praticamente primeiro que todos os
outros funcionários.
O meu final se semana não foi um dos mais agradáveis, já
que tive que trabalhar o sábado e domingo inteiro na proposta de
racionalização e adequação dos serviços de apoio e na análise dos
resultados operacionais da Oil Company.
Definitivamente, não darei espaços para que o Denner tenha
nenhum tipo de reclamações a meu respeito dentro da empresa.
Esse gostinho ele não vai ter, nem que para isso eu me mate
de tanto trabalhar.
Se ele quer acabar comigo, como ele mesmo fala de boca
cheia, e me tirar da empresa de qualquer jeito, vai ter que usar uma
artimanha muito suja.
“Mandão!”
“Principezinho de uma figa!”
O idiota pensa que vou reclamar no ouvido do Oliver?
Também está muito engando, essa dor de cabeça Oliver não
terá, pelo menos não vindo de mim.
Devo tudo o que sou a Bruna e Oliver e ser grata a eles foi
uma coisa que a minha mãe me ensinou muito bem.
Fico na minha sala, adiantando o meu trabalho até que dá o
horário do expediente começar.
Denner a essa hora já deve estar na empresa.
Pego os documentos que trabalhei o final de semana inteiro e
sigo até sua sala, louca para ver a sua cara de surpresa quando eu
jogar os documentos em cima da sua mesa.
Confesso que a minha vontade é de jogar na cara dele, mas
isso eu não posso fazer ainda.
Chego na sala do CEO e peço para a secretária dele que me
anuncie, pois, preciso entregar os documentos.
É quando ela me olha com uma cara de pena e mais uma vez
sinto que Denner usou do seu poder para me fazer de trouxa.
— Senhorita Morris, o senhor Thompson não virá para a
empresa hoje. Ele tem um dia cheio na agenda, café da manhã com
alguns empresários importantes, depois almoço de negócios e
durante a tarde...
— Já entendi, não precisa continuar, só coloque isso na mesa
dele. Ele sabe o que é. — Eu a interrompo e entrego a pasta nas
mãos dela, que logo abre para ver do que se trata.
— Isso aqui é a proposta de racionalização e adequação dos
serviços de apoio e a análise dos resultados operacionais da Oil
Company? — ela pergunta com os olhos ainda nos papéis.
— São sim, o senhor Thompson solicitou isso com urgência,
tanto que passei o fim de semana inteiro trabalhando nesses
documentos.
Ela respira fundo e me olha com pesar.
— O seu está muito melhor, mas...
— Não me diga que ele já tem esses documentos? —
pergunto sem acreditar.
— Sim, senhorita, mas talvez ele quisesse uma coisa
atualizada, por isso pediu para que fizesse novamente. Eu vou
entregar para ele, a senhorita fez um excelente trabalho.
Eu sei que ela está falando isso para contornar a situação,
mas a cara dela já diz tudo.
— Não precisa tentar mediar a situação, sei que não é boba e
já deve ter entendido muito bem o que está acontecendo aqui. Só
peço para que seja discreta e não comente isso com ninguém.
Ela balança a cabeça.
— Sinto muito, senhorita Morris, a senhorita é muito eficiente
em seu trabalho e não entendo o motivo de Denner estar pegando
no seu pé desse jeito.
Levanto uma sobrancelha olhando para ela.
— Denner!? — Acho estranho, pois ela o chamou pelo
primeiro nome.
— Me desculpa, o senhor Thompson.
— Por que o chamou pelo primeiro nome? Ele parece não
gostar muito disso.
Ela engole em seco.
— Eu sou secretária dele há algum tempo e quando ele
assumiu o cargo de CEO fez questão que eu continuasse. Vamos
dizer que somos amigos.
Eu sorrio sem querer e ela percebe.
— Não é o que a senhorita está pensando, eu...
— Não precisa se explicar, não tenho nada a ver com a vida
pessoal de ninguém, só entrega os documentos para ele, por favor,
já que fez tanta questão dessa porcaria. — Nem espero que ela
responda e volto para a minha sala bufando de raiva.
Antes de entrar na sala, aviso a minha secretária que não
quero ser incomodada por ninguém e que se o Denner ligar
perguntando por mim, diga que eu morri.
Tadinha, ela deve pensar que estou louca, mas tenho trabalho
atrasado por culpa dele que me fez desviar o foco, me mandando
fazer propostas sem sentindo e de propósito, apenas para me
atrapalhar.
Enfio a cara no trabalho como sempre faço e parece que a
minha secretária entende o recardo, já que em nenhum momento
sou incomodada por ninguém, nem mesmo o telefone da minha sala
que, de costume, não para de tocar me atrapalha hoje.
Fico satisfeita com isso até que escuto duas batidinhas à
minha porta.
“Estava bom demais para ser verdade.”
— Entra! — digo de forma seca para a pessoa que for entrar
já perceber que não estou de bom humor.
— Que afilhada ingrata eu tenho. Deus, como pode me
castigar desse jeito, já que tudo o que dei à essa menina sem
coração foi amor e carinho?
Ao escutar essa voz arregalo os olhos em direção à porta
vendo a minha madrinha linda, como sempre, segurando uma bolsa
térmica.
— Madrinha! — Levanto e vou até ela, a abraçando forte,
sentido seu cheiro que tanto senti falta.
— Que saudade!
— Senti tanto a sua falta, madrinha — falo com o coração
apertado e olhos marejados.
— Não parece que sentiu, voltou para a cidade e não me
avisou. Se o seu padrinho não fala, eu nunca iria ficar sabendo
disso. Você o ama mais do que a mim. Sua mãe deveria ter tido
outro filho, assim eu não receberia tanta ingratidão de um irmão seu.
Acabo sorrindo do que ela fala, pois, sempre disputou a
minha atenção com o meu padrinho.
— Bruna, meu amor, essa ingrata também não me ligou, fui
eu que liguei para ela. Eu também tinha esperança de que ela nos
procurassem quando chegasse a cidade, mas parece que o grupo
Thompson é mais prazeroso para ela do que a nossa companhia.
Escuto a voz do meu padrinho logo atrás dela, entrando na
sala.
— Oliver! — Vou até ele e o abraço forte.
— Sua madrinha trouxe o nosso almoço.
Estranho ele falar assim.
— Nosso? Estava aqui na empresa? — pergunto surpresa.
— Estava sim, Denner terá um dia cheio hoje, então tive que
vir para resolver alguns problemas internos, mas não é nada que
deva se preocupar. Tentei falar com você, mas a sua secretária me
disse que tinha morrido.
Deus do céu!
— Me desculpe, Oliver. Ela deveria ter dito isso apenas para o
Denner se ele me ligasse.
Agora é a minha madrinha que me olha sem entender nada.
— Porque ela teria que dizer isso para o Denner? Ele fez
alguma coisa que te irritou? — ela pergunta indo até a minha mesa,
abrindo a bolsa térmica.
Vejo que ela trouxe comida para o Oliver e para mim.
— Não foi nada, madrinha — respondo, me sentando no sofá.
Oliver se senta ao meu lado depois de puxar uma mesinha,
colocando a nossa frente onde minha madrinha organiza a refeição.
— Briana, sabe muito bem que sinto o cheiro da mentira
antes mesmo de sair da boca do mentiroso, então aconselho que me
fale a verdade, querida — minha madrinha fala de forma calma
enquanto nos entrega a comida.
— Ela tem razão, Briana. Essa mulher é uma...
— Pense muito bem no que vai falar, querido.
— Eu ia falar que você é uma mulher maravilhosa, meu amor,
que se preocupa com o bem-estar da família. Vamos, Briana,
responda a sua madrinha.
Quem o vê assim nem diz que esse é o temido Oliver
Thompson, o homem que transpira poder.
— Não é nada, madrinha, é que o Denner é... Ele é... Ele é
um ser do "mal".
“É terrivelmente insuportável ao ponto de me fazer desejar
matá-lo com as minhas mãos.
“Ele me manda fazer relatórios sem precisão apenas para me
enlouquecer e olha que não enlouqueço fácil. Eu sou calma e sei
lidar muito bem com a pressão psicológica.
“Não gosto de bater de frente com ninguém, não gosto de
discussões e fico nervosa quando elas acontecem, mas o Denner…
“Com ele é diferente porque a minha vontade é de estapeá-lo
na cara todas as vezes que nos encontramos e isso acontece muitas
vezes já que trabalhamos juntos.
“Eu o odeio com todas as minhas forças.”
Término de falar ofegante, exaltada e quando levanto as
vistas vejo minha madrinha me olhando estática e Oliver com o garfo
parado a caminho da boca do mesmo modo, então, me dou conta de
tudo o que falei do filho deles.
Pisco os olhos algumas vezes.
— Me desculpem — falo e abaixo a cabeça morrendo de
vergonha.
— Nossa! Parece que o Denner conseguiu uma coisa que
nunca ninguém havia conseguido. Pelo menos, ele te causa alguma
reação, o "ódio".
Meu Deus, que vergonha da minha madrinha.
— Desculpa, madrinha, não vou mais falar nada, afinal ele é
filho de vocês e o herdeiro de tudo.
— O que o Denner fez para te deixar irritada a esse ponto,
Briana? — Oliver pergunta sério e conheço muito bem esse tom.
— Nada, Oliver, ele não me fez nada, estamos apenas nos
adaptando. Você há de concordar comigo que foi uma mudança um
pouco inesperada e ele só ficou surpreso, por isso está testando os
meus limites para se certificar de que sou qualificada para o cargo
que ocupo.
Oliver fica me olhando e minha madrinha sorri.
Sei que Oliver pode ter engolido essa, mas ela não.
— Foi um erro termos escondido Briana esse tempo todo, a
preparamos a vida inteira para assumir o cargo que ocupa hoje, mas
não preparamos o Denner para isso. Agora, olha só o que está
acontecendo. Isso tudo é culpa sua, Oliver, sua e da mãe dela.
— Essa não foi uma decisão que tomei sozinho. Eu não
queria isso, mas a mãe dela é muito teimosa, mais que tudo nesse
mundo.
— Foi um grande erro, sabíamos que cedo ou tarde ela viria
para a empresa e quase ninguém sabe que somos os padrinhos
dela.
— Sabe quem tem que saber?
Minha madrinha sorri.
Ela está chateada e eu estou nervosa.
— Ah, que ótimo, e agora vamos aparecer com uma afilhada
que nunca ninguém soube que existia. Denner e Callie deveriam
saber da existência dela.
Meu padrinho fica calado e trava o maxilar.
— Tem razão, amor, pelo menos eles deveriam saber.
Olho para o Oliver, apavorada.
— Não Oliver, não, não pode...
— Briana, querida, a sua madrinha tem razão, meus filhos
precisam saber que você é nossa afilhada. Na verdade, eles
precisam saber de tudo, da história completa.
Minha respiração começa a ficar acelerada e meu coração a
bater descompassado no peito. Se eles falarem isso para o Denner
agora só vai piorar a situação e não posso permitir que isso
aconteça, pelos menos não agora.
— Não podem falar nada. Não sem conversar com a mamãe
antes.
Meu padrinho joga o lenço de papel que usou para limpar a
boca com força em cima da mesa.
— Se estamos nessa situação é por culpa da sua mãe,
Briana.
Eu seguro na mão dele e o encaro.
— Por favor, Oliver, me dê só mais um tempo para que o
Denner se acostume comigo aqui na empresa. Me dê um tempo
para provar para ele que estou aqui por mérito e não porque você
simplesmente me deu o cargo, ou porque é meu padrinho. Estou
pedindo por favor, Oliver.
Ele respira fundo e olha para a minha madrinha que balança a
cabeça concordando.
— Duas semanas.
Eu arregalo os olhos.
— Não, duas semanas é pouco tempo.
— Duas semanas — ele fala grosso e impositivo, então olho
para a minha madrinha com olhar de súplica.
— Madrinha…
— Cara de coitadinha… Não recorra a mim, já estou achando
duas semanas tempo demais.
— Preciso de pelos menos dois meses.
Os dois começam a rir.
— Fora de cogitação.
— Oliver...
— Não, Briana.
— Por favor, me ensinou a sempre lutar pelo que quero.
— Não venha colocar meus ensinamentos contra mim,
menina.
— Dois meses, por favorzinho, Oliver.
Ele fica me olhando.
Tem coisa aí, Oliver não dá ponto sem nó.
— Só se me chamar de padrinho.
Agora fico surpresa.
— Mas sempre me ensinaram a chamar você de Oliver, já que
ninguém poderia saber de nada.
— Isso foi a sua mãe quem decidiu e não eu. A Bruna você
chama de madrinha.
— Nunca se incomodou com isso, o que mudou agora?
Ele cruza os braços e olha para o outro lado da sala.
— Tenho um amigo que a afilhada dele o chama até mesmo
de pai, e a minha me chama pelo nome. — Faz uma carinha triste e
minha madrinha gargalha alto, escutando o que ele fala.
— Está falando sério mesmo, Oliver?
— Padrinho, padrinho, Briana. Bruna e eu te amamos como
se fosse nossa filha, você é importante para nós dois, então me
chame de padrinho.
Eu sorrio do que ele fala, pois, amo os dois como se fossem
meus pais.
— Ficou com inveja do seu amigo? O rei do petróleo, Oliver
Thompson, com inveja do amigo, isso eu nunca imaginei.
Ele me encara e a minha madrinha sorri novamente.
— Fiquei com inveja dele sim, algum problema? Agora
vamos, me chame de padrinho e dou o tempo que você me pediu.
Eu sempre quis chamá-lo mesmo de padrinho.
— Eu te amo, padrinho, e amo a minha madrinha também.
Ele sorri satisfeito, orgulhoso e a minha madrinha me entrega
uma garrafinha de suco.
— De agora em diante, sou o seu padrinho e não OLIVER.
Você tem seus dois meses — ele fala voltando a comer, exalando
felicidade em sua face.
— O que é tempo demais para o meu gosto, mas estarei de
olho — minha madrinha fala e vejo pela expressão dela de que está
falando muito sério.
— Madrinha!
— Sem essa de madrinha. E, no fim de semana, vamos às
compras, quero comprar algumas coisas para você. Sei que está
morando sozinha e nem mesmo teve a consideração de ir para um
dos nossos imóveis.
Eu sabia que ela ia reclamar disso e tenho certeza de que a
minha mãe reclamou no ouvido dela também.
— Posso pagar o meu aluguel.
— Mas não há necessidade quando posso te dar...
— Madrinha, por favor, o lugar onde eu moro é aconchegante
e confortável.
— Isso é o que eu vou verificar no fim de semana. Se o lugar
não for do meu agrado, vai sim, para um dos nossos apartamentos.
— Isso não...
— Assunto encerrado, Briana, agora coma. Terá o fim de
semana para me convencer o contrário.
Como sei que não adianta discutir com a madrinha fico quieta,
afinal ela é um Oliver em versão feminina.
— Senhora Oliver Thompson mandona. — Começo a comer
com o meu padrinho sorrindo de mim.
CAPÍTULO 12
DENNER THOMPSON
O dia ainda nem terminou e já estou com a minha cabeça
doendo, estourando de dor, tanto que mandei a minha secretária
cancelar o meu último compromisso da tarde.
Não tinha a mínima possibilidade de encarar mais um bando
de engravatados puxando o meu saco para conseguir arrancar
algum benefício do grupo Thompson.
Desde o ocorrido na minha boate na sexta-feira que não
consigo me concentrar em muita coisa, pois aquela infeliz da Briana
anda me tirando o sono.
Depois de tê-la em meus braços, tão entregue, me fez odiá-la
ainda mais.
Ela deve se entregar para qualquer um e só de imaginá-la nos
braços do meu pai me faz ficar enojado.
É tanto que desde que descobri a pouca vergonha deles dois
não voltei para a mansão. Não consigo olhar para a minha mãe e
ultimamente só tenho falado com ela por telefone enquanto com o
meu pai apenas por mensagens e só falamos o básico.
Mas sei que não vou conseguir fugir disso por muito tempo.
Estaciono o carro no estacionamento da empresa, mas não
na vaga habitual, afinal acabei passando dela e não quis manobrar e
retornar.
Hoje meu carro ficará aqui mesmo.
E como se o destino não estivesse satisfeito o suficiente com
todo o estresse que estou passando, meu celular toca e vejo o nome
do meu avô paterno brilhando na tela.
Sei bem qual é o motivo da ligação dele.
A minha vontade é de ignorá-lo, mas se eu fizer, ele vem
encher a minha paciência pessoalmente, então o melhor é atendê-lo
logo.
— Vovô. — É tudo o que me limito a falar ao atender a
ligação.
— Não me venha com essa de vovô, Denner, eu quero uma
noiva.
Eu chego a respirar fundo.
— Acho que a vovó não vai aceitar isso, afinal ainda são
casados. — Sei que vou me arrepender de ter falado essa merda.
— Seu moleque ingrato, é assim que fala comigo? Você veio
a esse mundo para me dar orgulho. Sempre senti muito orgulho de
você, meu neto, mas essa sua teimosia em não querer se casar na
sua idade já está me tirando do sério. Nem mesmo o seu pai me deu
tanto trabalho assim. Quero ver você formando uma família e antes
de morrer quero conhecer meu bisneto.
Ele não vai me deixar em paz nunca com esse assunto.
Qual é o século que ele vive por achar que tudo gira em torno
de um bom casamento?
— Não pretendo fazer isso agora, me casar não está em
meus planos, vovô.
Ele sorri, mas isso não é nada bom.
— Eu deixei você livre para escolher a mulher que quisesse
para se casar, eu não me importo, contanto que se case, mas caso
você não faça isso, eu mesmo irei escolher uma esposa para você.
E nem adianta ir chorar no ouvido da sua mãe que nesse assunto
ela não se mete e sabe disso. O seu pai também está do meu lado...
— Vovô, vovô. — Tento interrompê-lo, mas ele não permite.
— Não, Denner! Você queria a empresa, o seu pai te deu.
Tem total controle da Oil Company e sei que você também quer o
controle total do grupo Thompson e da família.
Eu não acredito que o meu avô vai fazer isso.
Ele sabe ser astuto, pior que o meu pai.
Porra, mil vezes porra.
— Não faça isso vô, o grupo Thompson me pertence, assim
como a Oil Company. Eu trabalho duro na empresa desde os meus
dezessete anos.
— Não fez mais do que a sua obrigação, como herdeiro de
tudo o que é meu e do seu pai, mas eu não vou permitir que o Oliver
passe a você o controle do grupo Thompson e da família antes que
se case e tenha um filho que garanta a continuidade da família.
Isso só pode ser um pesadelo.
— Como assim garantir a continuidade da família? —
pergunto para ter certeza de que entendi certo.
— Tenha um filho e de preferência que seja homem. Quer me
chamar de antiquado e arcaico que chame, mas essas são as
minhas regras e não vou mudar de opinião.
— Me admira muito o senhor ter essa cabeça, já que faz
todas as vontades da minha irmã.
Callie faz o que quer e ninguém fala nada.
Por que eu?
Porque eu tenho que seguir as malditas regras e me
aventurar na porra de um casamento. Compromisso que não tenho
plano de concretizar e ainda perpetuar a espécie Thompson.
— Sua irmã é a princesinha da família, a luz da minha vida,
mas ela terá que carregar o nome do marido quando chegar a hora.
J
“á você nasceu para ser um rei, ocupar o lugar do seu pai,
assim como ele ocupou o meu um dia, e não vai ser diferente com o
seu filho.
“Eu não me matei de trabalhar a vida inteira para construir o
nome que temos para que você brinque de ser o CEO.
“Isso é mais sério do que pensa, Denner, e sabe disso.
“Seu pai mostrou a você como esse mundo funciona e você
bem que gosta e muito dele, então faça a sua parte e se case.
“Se não fizer isso, eu caso você, já tenho excelentes nomes
em mente.”
Ele nem me dá a oportunidade de responder e desliga a
ligação na minha cara, me deixando mais puto de raiva do que já
estava antes.
Tudo o que não preciso no momento é perder tempo com
essa história de casamento, mas o meu avô não vai desistir tão fácil
e está cada dia apertando mais o cerco ao meu redor.
Pego o celular que joguei com raiva no banco do passageiro e
o coloco no bolso do terno, saindo do carro logo em seguida.
Assim que desço e levanto as vistas vejo ao longe uma cena
que me faz perder o chão.
Vejo o meu pai abraçado a Briana e pelo que vejo é um
abraço cheio de sentimentos. Ele chega a beijar o topo da cabeça
dela e a testa como se fosse o homem mais apaixonado do mundo.
Eu nunca pensei que um dia fosse desenvolver um
sentimento de ódio pelo meu pai, mas eu irei acabar com essa
palhaçada. Se ele ama essa menina é nela que vou descontar toda
a minha raiva e ira.
É ela que vai pagar.
E quando a desgraçada estiver no chão e não aguentar mais,
jogo a merda no ventilador e desmascaro o meu pai perante a nossa
família.
Se prepare Briana Morris, se acha que seus dias estão
difíceis, eles ficarão piores.
Eu ainda nem comecei a judiar de você, menina, que ainda
desconhece o significado da palavra "dias difíceis", mas eu te farei
conhecê-los, um por um, quero ver até onde você irá aguentar.
CAPÍTULO 13
BRIANA MORRIS
“Saiba que a força que existe dentro de nós é a nossa FÉ!
Se você acreditar que é capaz, vai conseguir. Por isso nunca,
jamais, permita que alguém diga que você não pode ser aquilo que
você se dispôs a ser. O mundo está aí para ser desbravado e o
medo é o único que nos impede de alcançar o nosso destino. Não
tema o voo, minha querida, tema apenas se você não tiver coragem
de voar.”
— Senhorita Morris… — minha secretária me chama
novamente.
Mas estava respirando fundo, de olhos fechados, tentando me
concentrar nas lembranças que me vieram a mente para não perder
a cabeça. Lembranças essas que por vezes me acalentam, noutras
me apavoram, mas eu venci aquela tragédia, venci por mim e por
ela.
— Senhorita Morris, está se sentindo bem?
Sinto que ela está preocupada comigo e já deve ter percebido
também o que vem acontecendo.
— Pode repetir o que acabou de falar? — peço para ter
certeza que escutei certo, porque não estou acreditando.
— O senhor Thompson exige o controle das atividades
financeiras do último ano da Oil Company e do grupo Thompson. Eu
sinto muito, senhorita Morris.
Ela está com pena de mim?
Mas quem não sentiria pena vendo a situação em que me
encontro nesse momento?
Denner nem mesmo se dá ao trabalho de esconder que não
me suporta e é questão de tempo até que outros funcionários
percebam para começarem a fofocar.
— Ele está na empresa?
— Sim, senhorita. Ele mandou a secretária dele cancelar os
últimos compromissos que ele teria no restante da tarde e voltou
para a empresa.
Agora sim, levanto os olhos para encará-la.
— Sabe me dizer quando exatamente ele voltou?
Ela coça a garganta, ponderando como falar.
— Ele chegou logo depois que o senhor Oliver e a senhora
Bruna saíram.
Eu acabo sorrindo sem querer, pois foi por muito pouco que
ele não esbarrou com o meu padrinho e a madrinha aqui.
O que será que teria acontecido caso esse encontro tivesse
acontecido?
— Quanto tempo eu tenho dessa vez?
Ela sabe do que estou falando.
— Ele disse que quer tudo pronto na mesa dele amanhã de
manhã.
Agora sim, eu gargalho.
Mas nem que eu fosse uma máquina daria conta de fazer o
que ele está mandando, ou melhor, exigindo em tão pouco tempo.
— Impossível!
Denner não facilita nunca e está pegando pesado.
Ele não nega a raça.
O filhote de "Tubarão".
Sim, Denner é um tubarão nos negócios, igual ao Oliver, mas
também é implacável e impiedoso quando se sente ameaçado.
Mas eu não sou ameaça a sua família, nunca fui aliás.
— Senhorita Morris… Divagando?
— Ah, me desculpa
— Eu ajudo a senhorita, nem que para isso a gente tenha que
passar a noite na empresa.
Deus, até a minha secretária está se compadecendo da
minha desgraça, mas isso não vai ficar assim, dessa vez não farei o
que o Denner quer.
— Nem com a sua ajuda conseguiria terminar com um prazo
tão curto desse. São muitos documentos e relatórios que precisam
serem lidos e analisados minuciosamente. Mesmo eu trabalhando
sem parar, levaria pelo menos uns cinco dias para preparar o que
ele me pede.
Ela fica nervosa.
— Senhorita, por favor, não me peça para ir falar isso a ele,
ultimamente o senhor Thompson se transformou em um demônio,
principalmente com os funcionários do nosso departamento. Está
todo mundo morrendo de medo dele.
Ela parece estar apavorada.
— Eu vou falar com ele, não se preocupe.
Ela balança a cabeça e me levanto, saindo da sala, passando
por ela. Tudo o que vejo em sua face é uma expressão de pena, a
mesma que passei a minha vida toda vendo nas pessoas que
achavam que eu nunca ia conseguir ser nada na vida.
Chegando em frente a sala do CEO idiota, não vejo a
secretária dele, então dou duas batidinhas à porta. Como ninguém
responde, bato novamente e depois de alguns segundos a secretária
dele abre toda desconfiada, me olhando, passando as mãos pela
saia.
O idiota deve estar tendo um caso com essa pobre coitada.
— Senhorita Morris...
— Cai fora. — Ela arregala os olhos.
— Senhorita...
— Já mandei sair e é melhor que faça o que estou mandando,
ou vai sobrar pra você também.
Ela não fala nada, sai da sala e entro fechando a porta.
Quando levanto as vistas, vejo Denner me encarando da
cadeira dele como se fosse um rei.
“Mandão, Idiota, lindo…”
Realidade, Briana.
— O que pensa que está fazendo? Não pode entrar aqui e
dar ordens para minha secretária, não tem essa autoridade — ele
fala cheio de si, como se fosse tudo e mais um pouco, mas agora
vou mostrar para ele que eu também mando nessa merda.
— Ela irá receber uma advertência por não estar em seu local
de trabalho, não é a primeira vez que venho aqui e ela não está.
Denner sorri e vejo o exato momento em que pega os
documentos que mandei entregar mais cedo e os joga na lata do
lixo. Certamente, quis fazer isso para que eu pudesse ver.
Ele acha que vai me abalar fazendo isso, jogando literalmente
todo o meu trabalho duro de todo o meu fim de semana no lixo,
como se não tivesse valor algum.
— E quem te iludiu ao ponto de achar que tem poder para
fazer isso? — ele pergunta me encarando, analisando as minhas
feições, querendo que eu demonstre algum tipo de reação ao que
ele acabou de fazer.
Mas, mesmo estando chateada não vou dar esse gostinho a
ele.
NUNCA!
— Sou a diretora financeira do grupo Thompson, então vamos
dizer que isso me dá muito poder, tendo em vista que você não
passa apenas de CEO da Oil Company.
Ele muda no mesmo instante, pois não gostou de ouvir o que
eu disse e então bate a mão com força na mesa.
— Eu mando nessa porra!
— Você manda na Oil Company, mas quem manda no grupo
Thompson é o Oliver, quem me contratou e me mandou para a sede,
para tomar conta de todo o setor financeiro de todas as empresas
pertencentes ao grupo Thompson, incluindo a Oil Company que está
aos seus péssimos cuidados. Ultimamente, você anda abusando
demais da minha boa vontade e isso acaba hoje.
Ele se levanta e apoia as mãos na mesa, me encarando
possesso de raiva.
— Você não passa de uma vagabunda que o meu pai colocou
para trabalhar no grupo Thompson. Você deve ser muito boa de
cama para ter conseguido isso dele.
Dou a ele o meu melhor sorriso.
— Pois é, eu sou uma vagabunda muito boa de cama que
pode complicar e muito a sua vida também.
“Se não estiver satisfeito com o meu trabalho reclame com o
DONO da porra toda, já que esse dono não é você.
“E pelo que estou vendo vai demorar e muito para ser.
“Não passa de um moleque mimado que o Oliver teve a infeliz
ideia de passar o poder da Oil Company, a principal empresa do
grupo Thompson,
“Eu sabia que isso não daria certo, você deveria ter
permanecido onde estava, sendo apenas presidente regional de
alguma filial por aí, não merece sentar nesta cadeira.”
Eu me viro para sair da sala, já que não aguento mais essa
conversa, mas quando coloco a mão na maçaneta, sou puxada para
trás com tanta força que tropeço em meus pés e caio no chão de
mau jeito chegando a gemer de dor, respirando fundo para aguentar.
— Deus, Briana, olha o que você me fez fazer.
Denner tenta me ajudar a se levantar.
— Não encoste as suas mãos imundas em mim, nunca. Mãos
essas que tocam e trocam de mulheres à velocidade da luz. Nunca
toque em mim.
Ele parece não me escutar.
— Você está bem?
Até parece que ele se preocupa, ou se importa comigo.
— Não te interessa, apenas fique longe de mim — falo com a
voz já falhada, embargada pelo choro que tento segurar a qualquer
custo.
Estou quase chegando ao meu limite e não sei por quanto
tempo ainda consigo aguentar. Já passei por muitas coisas nessa
vida, mas, essa situação em que me encontro é uma experiência
completamente nova e não estou sabendo lidar.
Tento me levantar, mas caí de muito mau jeito e machuquei a
perna que já foi muito machucada alguns anos atrás, o pior que está
doendo como o inferno.
Impossível me levantar sozinha e não derramar uma lágrima,
mas com muito esforço eu me levanto mesmo que para isso seja
preciso deixar transparecer uma das minhas fraquezas.
— Eu acho que preciso tirar o restante do dia de folga se não
se importa, por favor — falo tentando dar um passo, mas não
consigo.
Só não caio porque ele me segura.
— Que porra, Briana. Você vai, mas é para o hospital, não
caiu de tão mau jeito assim para estar sentindo tanta dor.
Eu tento me soltar, mas ele me segura.
— Posso fazer isso sozinha, sem a sua ajuda. Então me solte
de uma vez por todas, não preciso de você e nem da sua pena —
falo já sem conseguir controlar as lágrimas, mas ele não me solta.
— Está claro que não pode fazer isso sozinha, não quero o
meu pai me enchendo a cabeça porque eu sem querer machuquei a
amantezinha dele. Como pôde cair desse jeito? E para quê usar
saltos tão altos assim? Não me admira ter perdido o equilíbrio
usando isso.
Desgraçado, malvado!
Eu o empurro com tanta força que falto cair de novo.
— Quieta ou vai se machucar mais ainda — ele fala
entredentes.
Eu nem mesmo tenho tempo de responder e ele me pega no
colo.
— O que pensa que está fazendo, Denner? Me coloque no
chão, agora.
— Vou levar você para o hospital. Pode espernear à vontade
no meu colo, você tem o peso de uma pena. O meu pai não te
alimenta, não é?
Ele sempre vai jogar isso na minha cara, uma verdade que é
só dele.
CAPÍTULO 14
DENNER THOMPSON
Saio com Briana no colo sob os olhares atentos dos
funcionários.
Eles nunca me viram em tal situação, mas a mulher no meu
colo geme de dor e isso está me deixando preocupado.
Sei que agi por impulso quando a puxei daquela maneira e
me culpo por isso, mas ela ter caído daquele jeito foi muito estranho,
é como se ela não tivesse força o suficiente para se equilibrar com a
perna direita.
Eu a coloco dentro do meu carro e pela sua feição, percebo
surpresa ao ver onde ele está estacionado, muito longe da vaga
destinada ao CEO.
Mas ela também não fala nada.
Ela é boa em ignorar, mas eu também sou.
Durante todo o percurso da empresa até o hospital ela não
fala nada, mas quando estaciono em frente ao luxuoso prédio de uns
dos melhores hospitais da cidade, ela resolve quebrar o silêncio.
— Não precisa ser aqui. Meu plano de saúde...
— Não se preocupe com isso. Praticamente metade desse
hospital me pertence.
Ela arregala os olhos, me encarando.
— Como eu nunca fiquei sabendo disso? Esse hospital não
consta nas contas das empresas pertencentes ao grupo Thompson.
Nossa, ela parece saber de tudo o que se refere ao grupo
Thompson, mas esse é um investimento meu e não da empresa.
— Eu falei que pertence a mim e não ao grupo Thompson.
Ela parece ficar mais surpresa ainda com tal informação.
— Mas como isso é possível? Não teria como você ser quase
dono desse hospital e não ter...
— Isso não interessa a você. Agora, vou levá-la para dentro.
— Já disse que não precisa disso.
Diabo de mulher teimosa.
— Eu não me importo nenhum pouco com o que acha ou
deixa de achar.
Um amigo herdou esse hospital quando o pai morreu, o lugar
estava infestado de "ratos", como ele mesmo denominava, e para
fazer uma limpa e exterminar esses "ratos" que queriam derrubá-lo
com a morte do pai, ele precisava de um generoso investimento, que
claro eu fiz, já que o conhecia e sabia que ele era um excelente
médico.
Assim me tornei dono de quarenta por cento do hospital, com
ele ficando com os outros sessenta por cento.
Como antes de sair da empresa mandei uma mensagem para
ele sem que Briana percebesse, quando entro pela emergência ele
já está me esperando.
— Denner Thompson. O que temos aqui? — ele pergunta
olhando para Briana em meus braços, mas a cada passo que dou e
mexe a perna dela é um gemido de dor que ela solta.
— Uma maca primeiro seria melhor — falo sério, o encarando
que me olha com uma sobrancelha arqueada.
— Está do seu lado, mas parece que estar com a moça em
seu colo é reconfortante, já que nem mesmo percebeu o enfermeiro
ao seu lado com a maca.
Eu me viro e vejo a maca branca do meu lado, então com
muito cuidado coloco Briana deitada.
— Hummm... Cuidado... — ela fala ofegante e Alexander se
aproxima dela.
— Onde sente dor, senhorita?
— Morris, Briana Morris — ela responde e ele balança a
cabeça. — Minha perna direita dói muito.
— Você caiu? Como aconteceu? — ele pergunta preocupado.
— Denner me empurrou e eu caí.
A filha da mãe responde sem nem mesmo pestanejar.
— Eu não a empurrei, apenas a puxei para trás, mas com os
saltos desse tamanho que ela usa não me admira ter perdido o
equilíbrio.
— Eu não perdi o equilíbrio, você fez aquilo de propósito e
acabei caindo de mau jeito.
— Não tente...
— Calma, eu já entendi a situação. Vamos acalmar os
ânimos. Vou pedir um exame de raio-x para a senhorita e ver se
nada de mais grave aconteceu. Também vou aplicar um remédio
para dor, que pela sua cara deve estar sentindo muita.
Briana balança a cabeça, concordando.
— Doutor, será que poderíamos conversar em particular? —
ela pergunta e não gosto muito disso.
— O que tem para falar com ele que não pode ser na minha
frente?
Alexander solta uma risadinha e Briana me encara, pronta
para matar.
— É sigilo médico. Será que já ouviu falar nessa palavra?
— Onde encontrou essa mulher, Denner? Eu gosto dela é
adorável.
Eu travo o maxilar, pois não gosto da troca de palavras.
Que droga de pensamento é esse, Denner?
— O meu pai também acha.
Briana arregala os olhos e tenta descer da maca.
— Eu não vou ficar aqui com... Ai... Ai…
Alexander corre até ela e manda eu me afastar.
— Levem-na para a sala de raio-x imediatamente, eu já estou
indo, logo atrás. — Ele ajeita Briana na maca novamente e logo os
enfermeiros a levam.
— Que porra é essa, Denner? Quem é essa mulher? E, por
que falou aquilo do seu pai?
— Está fazendo perguntas demais não acha, doutor Harvey?
Apenas faça o seu trabalho de médico.
— Eu te conheço e você não está no seu normal. Que merda
está acontecendo com você?
Eu não tenho tempo para isso agora e nem disposição para
conversar sobre esse assunto.
— É uma longa história, depois conversamos, mas quero
saber exatamente tudo o que acontecer com ela dentro desse
hospital.
Ele me encara sabendo o que acarreta esse meu pedido.
— Denner...
— Por favor, Alexander, acredite em mim, quando falo que
não tive a intenção de machucá-la, foi um acidente. Não me faça
sentir mais culpa do que já estou sentindo, porra.
— Tudo bem, sabe onde esperar. A sua sala que nunca foi
ocupada está disponível, te encontro lá. E nada de foder com as
enfermeiras.
Eu acabo sorrindo do que ele fala.
— Mas eu nunca fiz isso.
— Mente que a cara nem treme. Vou lá cuidar da sua JOIA.
— Ele se vira e sai andando rápido, me deixando sem reação ao
escutar o que ele fala.
Briana e joia na mesma frase de algum jeito estranho soou
bem, mas ela é uma joia que não me pertence e só de voltar
imaginar que tudo sobre ela envolve o meu pai, já me sinto furioso.
Eu ainda me recuso a acreditar que ele esteja tendo coragem
de fazer uma merda dessas, não depois de tudo o que ele e a minha
mãe passaram para ficarem juntos.
Eu conheço muito bem a história deles dois.
Mas, por outro lado, já ouvi da boca da Briana o quão de
intimidade ela tem com o meu pai.
Já escutei até mesmo declarações de amor e isso me deixa
puto de raiva, ao ponto de querer quebrar a cara do meu pai, o
homem que sempre vi como um modelo de marido, o meu exemplo
de um verdadeiro homem de negócios, um tubarão, tanto que vivi a
minha vida toda querendo ser como ele.
Mas agora tudo o que sinto é decepção do homem que
sempre me orgulhei na vida.
***
Eu já estou na minha sala, no setor administrativo do hospital,
a mais de uma hora e nada do Alexander aparecer.
Tentei me concentrar e responder alguns e-mails pelo celular,
mas não dei muito certo, já que não conseguia me concentrar no
que estava escrevendo.
— Porra! Cadê você, Alexander — falo para mim mesmo,
chateado.
Quando estou prestes a ligar para o celular dele, mais uma
vez, ele entra na sala.
— Caralho, você é chato, Denner. Será que passou pela sua
cabeça que estava atendendo a sua joia? Dando a ela o nosso
melhor atendimento.
Minha joia?
Por que ele insiste nisso?
— Ela não é a minha joia, agora desembucha. Como ela
está? Por que estava sentindo tanta dor? — pergunto tudo de uma
vez e ele arqueia uma sobrancelha.
— Tem certeza de que ela não é a sua joia? — pergunta
desconfiado.
— Alexander, nem começa com isso, porra.
— Se ela não é a sua joia então isso significa que ela pode
ser minha.
Eu sei onde ele quer chegar, os gostos dele são tão
peculiares quantos os meus.
— Ela não vai ser a porra da joia de ninguém. Agora fala de
uma vez como ela está.
Ele sorri.
Debochado!
— Cara, você está cego pra caralho. Mas vamos ao que
interessa.
Alexander se aproxima, joga os exames de raio-x na mesa e
os pego, os levantando.
— Eu não sou médico, mas isso aqui não deve ser nada bom.
— Vejo pinos de metal nos ossos dela.
— E não é mesmo, mas não adianta te explicar tudo, porque
eu sei que não vai entender.
“Mas isso aí que está vendo, meu amigo, com certeza são
sequelas de um gravíssimo acidente.
“E se ela hoje está andando tão bem, foi graças a muitas
fisioterapias e não é qualquer fisioterapia, é fisioterapia
especializada e muito, mais muito dolorida mesmo.
“Eu não sei o que aconteceu com essa menina, mas só de
olhar para esse raio-x posso dizer com todas as letras que ela é uma
guerreira, uma linda guerreira por sinal.
“E tem mais...”
Olho para ele já impressionado com tudo o que escuto.
— O quê?
— Pela análise que fiz, isso aconteceu quando ela era ainda
uma criança. Confirmei as minhas dúvidas com o especialista da
ortopedia. Foi por isso que ela sentiu tanta dor quando caiu no chão
duro de mau jeito. Então, por favor, evite empurrar a moça, com uma
lesão dessas cair no chão causa uma dor infernal. Não sei como ela
aguentou.
— Eu não a empurrei, ela se desequilibrou e agora sei o
motivo.
— Nada a ver. Ela pode até ter perdido mesmo o equilíbrio,
mas algo causou essa perca do equilíbrio, a fazendo tropeçar nos
pés, então não culpe também os lindos saltos que ela está usando.
Do jeito que você é, acho bom manter as suas mãos longe dela, faça
isso pelo bem-estar da moça.
Ele vai continuar insistindo nisso?
— Já falei que foi um acidente.
— Que seja então. — Ele se aproxima e tira os exames das
minhas mãos.
— Onde ela está agora?
— Em nosso melhor leito no andar de pacientes vips, afinal
não é todo dia que tratamos a JOIA de Denner Thompson.
Eu acabo bufando quando ele repete isso, mas até que gostei
de ouvir.
Merda!
— Continue assim que vendo a minha parte do hospital para
o primeiro que me oferecer qualquer micharia por ela.
Agora sim, consegui fazer com que ele ficasse tenso.
— Já parei, não precisa também pegar tão pesado. Você está
ficando chato, sabia? Deve ser falta de uma boa foda.
Quando ele fala isso, me dou conta de que realmente estou
há muito tempo sem sexo, mas com esse problema para resolver
não tive mais cabeça para isso, nem mesmo tive tempo de ir ao
clube.
— Ela vai precisar ficar internada ou pode ir para casa?
— Ela poderá ir para casa, já mandei aplicar nela um remédio
forte para a dor. Com um pouco de descanso, logo ela vai estar bem,
contanto que não caia de novo. E, pelo amor de Deus, Denner, ela
não pode machucar essa perna, ou todo o sofrimento dela de muito
tempo de fisioterapia e recuperação será jogado pelo ralo. Ela está
bem e saudável do jeito que está, só não pode se machucar.
Essa mulher é uma caixinha de surpresas.
— Já conversou com ela sobre tudo o que me falou?
Ele balança a cabeça.
— Ela sabe muito bem a condição dela, mas não entrou em
detalhes sobre como aconteceu. E, por favor, não toque no assunto,
eu nem mesmo deveria estar falando isso para você que não é nada
da paciente. Apareça pelo menos de vez em quando, para pelo
menos demostrar um pouco de interesse pelo hospital.
— Vou tentar, mas não vou prometer.
— Como sempre faz — ele fala indo até à porta e eu o
acompanho.
Hora de levar Briana para casa.
CAPÍTULO 15
DENNER THOMPSON
Entro no quarto onde Briana está sentada na cama e uma
enfermeira conversa com ela.
Assim que me vê, o sorriso que estava em seus lábios
enquanto conversava com a mulher morre e ela fecha a cara.
É claro que a enfermeira percebe a tensão no ar.
— Espero que fique bem, senhorita. Só tenha mais cuidado,
carrega marcas de lesões gravíssimas e não pode ficar se dando ao
trabalho de cair, lembre-se das orientações médicas.
— Obrigada, terei mais cuidado. — Seu olhar direcionado a
mim, é de total tristeza.
Ela agradece e logo em seguida a mulher sai nos deixando a
sós.
— Como está se sentindo?
Ela fecha os olhos e respira fundo como se estivesse
tentando se controlar diante de mim.
— Bem.
— Alexander disse que você poderá ir para casa, já assinou
sua liberação, não há necessidade de ficar internada.
— Eu sei — ela fala se levantando da cama, mas não sem
antes fazer uma cara de dor.
— Briana, tem certeza de que está bem? — pergunto indo até
ela.
— Já disse que sim, por favor, se afaste, fique longe.
Finjo não escutar o que ela pede e a seguro pelo braço, a
ajudando descer da cama.
— Vou te levar para casa.
— Não precisa, eu não preciso de você.
Já percebi que essa mulher gosta de ser teimosa.
Raio de encrenca.
— Eu a levo para casa — insisto, pois, não é uma pergunta, é
uma afirmação.
Eu a levarei para casa e ponto final.
— Já disse que não, Denner!
— Você fala muitos "nãos”. Nem consegue andar direito e
quer ir para casa sozinha. Eu te levo, sem falar que o seu carro ficou
na empresa, depois mando alguém entregar na sua residência,
vamos.
— Você chega a ser pior do que ele — ela fala dando
pequenos passos enquanto a seguro e a ajudo mesmo que seja a
contragosto.
— Está falando do meu pai? Ele cuida de você tão bem
assim? — pergunto tentando não demonstrar irritação na voz, mas
acho que não consigo disfarçar.
Me incomoda ouvir Briana falando dele com doçura na voz,
até mesmo quando é algo relacionado a bronca, comparação ou
repreensão.
— São mais parecidos do que imaginam — ela fala tendo
muita certeza de suas palavras.
— Eu sei e até a uns dias atrás tinha muito orgulho disso,
agora não mais.
Ela levanta a cabeça e me encara com seus lindos olhos
verdes.
“Que mulher linda, gostosa pra caralho!”
Concentração, Denner.
— Se conhecesse verdadeiramente o seu pai, não pensaria
esse tipo de coisas a respeito dele. Mas você está enxergando o que
quer ver e não a verdade. Nada do que eu ou até mesmo o Oliver
diga vai te fazer mudar de opinião. De que adianta a verdade, se os
olhos estão cegos?
— Eu sou assim, acredito apenas no que vejo e escuto. Se
estou te ajudando agora é porque de um jeito ou de outro me sinto
culpado por ter se machucado desse jeito, mesmo que tenha sido
sem querer. Quero acabar com você, mas não desse modo, quero
que seja onde mais te dói.
Ela pisca e sorri sem vontade.
— Meu orgulho e meu trabalho, é onde mais me dói e é onde
quer me atingir. — Ela me olha com tanta intensidade que consigo
ver suas pupilas dilatando.
— Exatamente, o que está acontecendo hoje é apenas uma
trégua momentânea.
Ela não fala mais nada e depois de alguns segundos, nos
encarando, ela começa a andar novamente.
Eu a ajudo até que chegamos no meu carro que está no
estacionamento da emergência.
— Consigo entrar sozinha.
Abro a porta do carro e a coloco dentro, prendendo o cinto de
segurança, ignorando completamente o que fala. Logo depois vou
para o lado do motorista.
— Coloque o seu endereço no GPS.
— Você é sempre mandão assim? É insuportável.
— Sempre, agora o endereço no GPS.
Ela respira fundo de novo e faz o que falo, mas presto
atenção no endereço que ela coloca e me impressiono com o bairro
em questão.
— Por que diabos mora nesse bairro?
Ela me encara sem entender.
— Por que não moraria? É um bairro bom e é calmo também.
— É perigoso, isso sim.
Tem algo de muito errado acontecendo, só não consigo
entender o que é.
— Não é nada perigoso, é um bairro de família.
Ela só pode estar de brincadeira com a minha cara.
— Eu achei que você sendo...
— Achou que eu sendo amante do seu pai estaria morando
em uma cobertura luxuosa ou quem sabe até mesmo em uma
mansão. Mas não, eu moro nesse bairro, em um prédio simples,
num apartamento de dois quartos, sala cozinha e dois banheiros.
Acredita que eu tive a sorte de alugar o melhor apartamento deles?
Tenho um banheiro e um closet no meu quarto, olha só que
maravilha. — Ela fecha a cara e olha pela janela.
Eu não falo mais nada e coloco o carro em movimento,
também a ignorando.
Mas em um certo ponto do caminho, até o lugar onde mora,
ela quebra o silêncio.
— O feriado vai começar, peguei uma licença com o doutor
Harvey e vou ficar em casa. Não se preocupe que irei trabalhar no
controle das atividades financeiras do último ano da Oil Company e
do Grupo Thompson, mas é impossível que consiga entregar tudo
até amanhã de manhã. Sabe muito bem o trabalho que dá preparar
documentos como esses. Sabe também que só está apertando os
meus prazos para me deixar mal dentro da empresa. Deixou claro
que faria isso desde o meu primeiro dia de trabalho.
Bingo!
Pelo menos ela é esperta.
— Eu vou viajar no feriado com uns amigos, pode ficar em
casa sem problema nenhum, contanto que isso não atrapalhe o seu
rendimento.
Ela trava o maxilar.
Essa mulher é boa em se controlar.
— Tenha cuido, Denner, com a sua imagem nessa viagem,
não se exceda e, por favor, evite a mídia a qualquer custo.
“Sem gracinhas e sem mulheres, se quiser transar com um
poste que transe, mas faça isso muito bem escondido e dentro de
um quarto de preferência.
“Evite banheiros de restaurantes e, pelo amor de Deus, se for
em alguma boate não saia de lá bêbado, sendo carregado pelos
seus amiguinhos ricos.
“A sua imagem está vinculada diretamente ao grupo
Thompson e a todas as empresas que administramos, incluindo a Oil
Company onde você é o CEO.
“Então tenha muito cuidado mesmo, não quero ter que lidar
com uma diretoria furiosa com ações em queda porque o príncipe do
petróleo resolveu que era uma boa ideia extrapolar no feriado.
“Me poupe pelo menos dessa dor de cabeça, é o mínimo que
pode fazer por mim, depois de ter literalmente me feito parar em um
hospital.”
Eu não consigo segurar e acabo sorrindo.
— Quem você pensa ou acha que é para falar comigo desse
jeito?
— A pessoa que apaga os incêndios financeiros que as suas
aventuras mal pensadas causam para as empresas.
— Que eu saiba é muito bem paga para isso e ainda tem um
bônus por ser…
— Amante do seu pai, isso mesmo. Eu sou a vagabunda,
vadia, amante de um dos homens mais ricos do mundo. Sou muito
boa em dar o golpe, não acha?
“Olha só onde fui me enfiar?
“No departamento financeiro, para controlar tudo o que
acontece nas empresas, me matando de trabalhar para o filho
mimado do meu homem…
“Nossa, Denner, como você é ridículo, não consegue nem
mesmo raciocinar direito, está completamente cego.”
Ela não pode falar comigo dessa maneira.
— Posso demiti-la por falar assim com o seu chefe.
— Então que me demita se quiser, porque eu não vou sair. —
Ela fala sério e vira todo o corpo para a janela, encarando a rua do
lado de fora, sem falar mais nenhuma palavra.
CAPÍTULO 16
DENNER THOMPSON
Até chegar ao lugar em que Briana mora não olho em sua
direção nenhuma vez, direcionando a minha atenção totalmente ao
trânsito.
Percebo que o bairro não é nenhum pouco próximo da
empresa, é longe demais, o que não faz sentindo nenhum.
— Você é louca, só pode, é a única explicação para essa
distância toda.
Estou pronto para ouvir o que ela tem a dizer, mas nada
escuto, então olho para o lado e a vejo dormindo profundamente.
— Briana — chamo, mas ela nem mesmo se move no banco.
Então, as palavras de Alexander vem a minha mente. Ele
aplicou um remédio forte nela e é claro que apagaria essa leveza de
mulher.
Sem alternativa, entro na garagem do prédio dela e quando o
guarda que faz a segurança me para, abaixo o vidro e ele vê a
Briana dormindo no banco.
— Preciso levá-la até o apartamento dela, mas nem adianta
chamar que ela não vai acordar e eu também não tenho a chave.
— O que aconteceu com ela?
— Um acidente na empresa, a levei para o hospital e ela
tomou uma medicação muito forte, mas ficará bem, só precisa de
descanso e repouso.
— Tudo bem pode entrar e estacionar logo ali, é a vaga dela.
— Ele aponta para o local e entro estacionando.
Quando desligo o carro e desço, vejo que ele está ao lado da
porta do passageiro.
— Eu a levo para dentro, o senhor pode ir embora agora.
Eu deveria fazer isso?
É claro que sim.
Mas eu vou fazer?
É claro que não.
Não gostei nenhum pouco como esse cara falou e não vou
deixá-la nas mãos dele de jeito nenhum.
— Obrigado por se oferecer, mas ela é minha
responsabilidade hoje — friso bem a parte do MINHA e de alguma
maneira gostei de falar isso.
Sentimento estranho.
— É namorado dela por algum acaso?
— E se eu fosse o que você tem a ver com isso? — pergunto
sério, o encarando, dando um passo até ele.
— Calma, cara — ele fala levantando as mãos em sinal de
rendição.
— Não te quero perto dela. Não sei o motivo, mas não gostei
de você.
Mas que porra é essa que estou fazendo que nem mesmo eu
sei?
— Desculpa, só achei estranho porque nunca te vi por aqui e
sei que ela não tem namorado. Esse seu carro aí já indica que é um
homem rico, só me preocupei com ela.
— Ela não precisa da sua preocupação, tem a mim, para
fazer isso. E para o seu bem passe longe dela. Por enquanto, é só
um aviso.
Eu só posso estar ficando louco com toda essa atitude insana
que estou tendo.
— Tudo bem, eu já entendi. Vou chamar o porteiro para
acompanhar o senhor até o apartamento, ele deve ter alguma chave
reserva. Eles são muito amigos.
Essa mulher faz amizade com todo mundo assim?
— Ótimo, faça isso.
Nos encaramos mais uma vez e ele sai indo em direção a
portaria do prédio, enquanto abro a porta do lado do passageiro e
pego a Bela adormecida no colo que nem mesmo se mexe.
Sabe lá Deus o que tinha nessa medicação que ela tomou
para apagar assim.
Passo pela portaria, logo um senhor se aproxima de mim e
pela sua expressão parece estar preocupado.
Mais um preocupado com a Bela adormecida…
Inferno de mulher que atrai uma legião de machos.
Filhos da puta!
— O que aconteceu com ela? — ele pergunta extasiado de
preocupação.
— Um leve acidente no trabalho, mas já está bem, só precisa
descansar.
— Essa menina é teimosa, trabalha demais e não se alimenta
direito. Passou o final de semana trabalhado e tudo o que vi chegar
nesse apartamento para ela foi fast food, o que não é nada
saudável. Ela trabalha para um chefe abusivo que se aproveita do
bom coração que ela tem.
Olho para o velho com a sobrancelha arqueada, pois não
gostei de ser chamado de chefe abusivo.
— Parece gostar muito dela. Posso saber o porquê?
— Porque ela é boazinha demais e as pessoas se aproveitam
do seu bom coração. Agora vamos que vou abrir o apartamento para
você. — Ele chama o elevador, presto atenção nos andares e vejo
que ela mora no oitavo.
— Por aqui. — Ele indica o caminho até que para em frente a
uma porta, tira uma chave do bolso e abre a porta. — Entre, rapaz,
ali é o quarto dela.
Entro com ela no colo e vou até à porta onde o homem indica.
Quando entro, a coloco deitada na cama, tiro seus sapatos e
ela se aconchega nos lençóis macios.
Fico observando a mulher por alguns segundo.
Curvas milimetricamente desenhadas, dona de uma beleza
excitante da cabeça aos pés.
Perfeita, mas não é minha.
Depois desse turbilhão de pensamentos estranhos volto a
minha atenção para o quarto que apesar de ser pequeno parece ser
bem aconchegante.
— Por que você mora aqui? Isso não faz sentido algum —
pergunto para mim mesmo sem entender nada, mas não tenho
tempo para isso agora.
Volto a olhar para a mulher deitada, dormindo tranquilamente
na cama e vou até ela, puxando o lençol para cobrir o seu corpo
perfeito.
Com esse movimento sinto novamente seu perfume com
cheiro de rosas.
A infeliz tem um cheiro de deixar qualquer homem louco e
agora está impregnado nas minhas roupas.
Ajusto a temperatura do quarto e saio fechando a porta.
Quando chego na pequena sala não vejo mais o senhor que
se diz ser o porteiro.
Estou prestes a sair quando me lembro de uma coisa que o
velho falou.
“Essa menina é teimosa, ela trabalha demais, e não se
alimenta direito.”
Por que diabos me importo com isso?
Por mim, ela poderia morrer de fome.
Decidido vou até à porta para ir embora, mas quando coloco a
mão na maçaneta...
— Inferno! inferno, você vai me pagar, Briana. — Volto para a
sala tirando o terno e enrolando as mangas da minha camisa social
enquanto olho ao redor.
Em seguida, vou para a cozinha que apesar de ser pequena é
bem-organizada, mas quando abro a geladeira...
— É capaz de morrer de fome mesmo. O que essa mulher
come? Não me admira ser leve feito uma pena. — Fecho a geladeira
e vou até os armários, mas também não encontro muita coisa.
O que me resta é mandar algum dos seguranças, que eu
tenho certeza que estão lá embaixo, ir comprar algo comestível para
a irresponsável, que dorme tranquilamente no quarto, comer quando
acordar.
***
Meia hora depois um dos meus homens bate à porta com as
mãos carregadas de sacolas.
— Organizem tudo nos armários e na geladeira.
Sem me questionar fazem o que mando rapidamente, eles
sabem que não gosto de enrolação e perder meu precioso tempo.
— Algo mais, chefe?
— Por enquanto não.
— Certo, vamos esperar lá embaixo.
Eles saem e volto para a cozinha.
Agora sim, tenho condições de preparar alguma coisa para a
infeliz que dorme.
Pego tudo o que preciso e preparo uma sopa, pelo menos é
isso que a minha mãe faz quando estou doente, então é o que ela
vai comer também.
A sorte dela é que sou muito bom na cozinha, ou estaria
perdida.
Com certeza vai acordar morrendo de fome e pelo que o
porteiro falou com certeza iria comprar comida pronta, o que não faz
muito bem pra saúde.
Quando tudo fica pronto, lavo a louça que sujei e limpo toda a
cozinha. Pego um pequeno bloco de anotações que vejo na bancada
e escrevo um bilhete.
“Coma a sopa que deixei no micro-ondas, vou descontar
do seu salário as compras que fiz para a sua geladeira e seus
armários que estavam completamente vazios.
Vou descontar também o trabalho que tive em cozinhar
para você, não cozinho para qualquer uma.
Denner.”
É bem provável que ela fique furiosa com o bilhete, mas
desde que ela coma não me importo com mais nada.
E mais uma vez estou me importando com ela.
Dou uma última olhada na cozinha e vou para sala, pegando
o meu terno em cima do sofá quando a porta da sala se abre de uma
vez e uma mulher entra.
— Você!? — ela fala surpresa.
Mas eu não faço ideia de quem seja essa mulher.
— Pelo jeito me conhece, mas eu não faço ideia de quem
seja você.
— Eu sou a melhor amiga da Bri, e você é o chefe idiota,
cretino e insensato dela.
Acabo sorrindo.
— Vejo que meu nome não sai da boca dela. Ela deve falar
direto ao meu respeito para você. Mas não se engane, não é uma
boa amiga, porque a Bri estava ao ponto de passar fome aqui, não
tinha nada na geladeira.
Ela se mostra surpresa com o que eu falo.
— Ela não anda tendo muito tempo ultimamente e você sabe
muito bem o porquê, já que a enche de trabalho que consome o
tempo que seria para sua organização da vida pessoal.
— Se ela está reclamando e não consegue dar conta do
trabalho é só pedir demissão.
— E te dar esse gostinho? Nunca!
Eu acabo sorrindo de novo.
— Então veremos até onde ela aguenta. Deixei comida pronta
para ela no micro-ondas, faça com que ela coma.
— Você cozinhou!?
— Por que a surpresa?
— Preciso conferir essa comida, me certificar de que não está
envenenada para matar a minha amiga.
Mas que mulherzinha petulante.
— Eu não gosto da senhorita Morris, mas não a mataria
também, não envenenada. E eu também não gostei de você.
— Ótimo! Porque eu também não gosto de você e ela muito
menos. Agora pode ir embora que eu mesma cuidarei da minha
amiga.
Não digo nada, porque não quero continuar a discussão.
Mas quando estou prestes a sair, olho para a mulher.
— Como ficou sabendo o que aconteceu?
— O Jonas me ligou?
— Quem é Jonas?
— O segurança do prédio.
Jonas, humm...
É bom gravar esse nome.
“Filho da puta!”, penso mentalmente.
— Por que está fazendo essa cara?
Sorrio dela.
— Nada, cuide dela.
— E se importa com isso por algum acaso? — ela pergunta
cruzando os braços.
— Nem um pouco, mas cuide assim mesmo. — É tudo o que
eu falo antes de sair e bater a porta.
Preciso ir embora daqui e tentar esquecer esse dia fodido.
CAPÍTULO 17
BRIANA MORRIS
Ao acordar em minha cama não entendo nada,
absolutamente nada. A última lembrança que tenho em mente é de
estar dentro do carro do Denner, com ele me trazendo para casa.
Como foi que vim parar na minha cama?
— Acordou a Bela adormecida. — Duda entra no meu quarto
com um prato de sopa nas mãos.
— É, eu acordei, mas não me lembro como vim parar aqui —
falo sentindo que minha perna ainda dói um pouquinho quando me
mexo.
— Pegue aqui e coma, porque te conhecendo bem como a
conheço, tenho lá minhas dúvidas se já se alimentou hoje. — Ela me
entrega o prato e o cheiro maravilhoso invade minhas narinas
enquanto meu estômago ronca de fome.
— Já comi hoje, mas estou morrendo de fome, deve ter sido o
remédio que aplicaram em mim, no hospital, abriu o meu apetite.
— Então coma logo, depois conversamos.
Faço o que ela manda sem reclamar e não demoro muito
para terminar já que estava delicioso.
— Nossa Duda, dessa vez você se superou, estava uma
delícia a sopa, eu repetiria se tivesse mais.
Ela sorri.
— Mas tem, sua boba, ele deixou mais na geladeira.
Olho para ela sem entender o que falou.
— Ele quem?
— Denner Thompson, foi ele quem cozinhou para você, te
trouxe para casa e te colocou na cama. Ele fez compras também,
sua geladeira e seus armários estão abastecidos.
Eu fico paralisada com o que escuto.
— Você deve estar brincando com a minha cara? Isso não
tem a menor graça, Duda.
— Não estou não. Ele deixou um bilhete para você na
cozinha, mas sem querer o joguei no lixo. Aproveitei que hoje é o dia
que o coletor de resíduos passa e pedi para que o Jonas descesse
com os seus resíduos domésticos até a lixeira.
Eu não acredito!
Esse comportamento não é o do Denner que eu conheço, não
mesmo.
Será que abduziram o outro?
Quem é esse príncipe do petróleo que desconheço?
Fico inerte a essa informação, ou melhor, a esse Denner,
esse ser gentil, cavalheiro, prestativo, carinhoso, diria até romântico.
Mas, no momento, só conheço um Denner vulgo meu chefe
"idiota”.
Chego a achar que é uma piada, uma brincadeira da
Eduarda.
Mas ela me garantiu que…
Ela não estava brincando, Denner chegou comigo, dormindo
em seus braços, o senhor João abriu o apartamento para que ele
entrasse, então Jonas ligou e ela veio ficar comigo. Quando chegou,
o meu chefe já havia feito a minha comida e as minhas compras, e
mandou que ela cuidasse de mim.
— Impossível! — volto a falar.
— Eu vi com os meus olhos e eu jamais saberia cozinhar uma
sopa, não desse jeito aí.
Ela tem razão.
Duda até tenta cozinhar, mas não tão bem assim.
— Por que ele fez isso? Eu não entendo.
— Não procure entender a cabeça dos homens, meu amor, é
uma bagunça completa. Agora me conta o que aconteceu para você
estar nessa situação.
Entrego o prato para ela e começo a contar tudo sobre o meu
dia, desde a visita dos meus padrinhos até a minha ida ao hospital e
ela fica tão furiosa com o Denner, tanto que jura para si mesma
matá-lo e deixar meu padrinho sem a porra de um herdeiro.
— Calma, Eduarda, pense no seu noivo e em seu casamento.
— Quer me deixar mais nervosa é isso? Meu casamento me
deixa nervosa, Briana. Muito.
— Mas, por quê? Você não ama o Justin?
— Amo e amo muito, mas tenho medo, aliás, tenho muitos
medos, Bri.
— Tem medo do casamento porque ele é rico?
Ela balança a cabeça concordando.
— Somos diferentes nesse quesito e percebo que algumas
pessoas da família dele me olham diferente.
Eu sei disso, afinal ela já havia comentado comigo alguns
eventos bem desagradáveis.
— Mande todos irem se foder.
Ela arregala os olhos e me encara.
— O que fizeram com você, garota? Eu gosto mais dessa
Briana que estou vendo. — Ela ri e eu também.
— Eu só estou cansada de sempre ser a coitadinha, Duda.
Passei a vida inteira sendo protegida pela minha mãe e pelos meus
padrinhos, é como se eles estivessem me escondendo do mundo.
Eu não quero mais isso, chega.
— Eles fizeram isso pelo seu bem, pelo menos acharam que
era, no momento.
— Eu sei, mas agora quero viver a minha vida sem limites,
quero conseguir lutar as minhas batalhas sem medo, sem me
encolher como sempre acontece. Quero conseguir bater de frente
com as pessoas que tentam me humilhar.
Ela balança a cabeça.
— Vai conseguir fazer tudo isso quando o seu nome correr na
boca dessa gente como a afilhada do magnata, Oliver Thompson, e
a sua madrinha também é uma estrela do mundo da arte. Está muito
bem cercada de gente poderosa.
— Não quero usar a influência do meu padrinho e nem da
madrinha. Tenho dois meses para fazer o Denner conhecer quem
realmente eu sou, Duda, para que não aja mais algum mal-
entendido.
“Minha mãe sempre temeu esse mundo e me escondeu dele
mesmo contra a vontade do meu padrinho.
“Agora estou nessa situação, só nunca entendi o motivo dela
fazer isso.
“Ela não responde quando pergunto e agora que passei a
exigir respostas nos distanciamos porque ela não fala nada.
“É sempre a mesma história”.
Minha amiga se aproxima e me abraça.
— Sinto muito mesmo por isso tudo, Briana, mas concordo
que você é capaz de lutar por suas batalhas e fazer seu nome sem
que seu sucesso esteja ligado aos Thompson's.
— Eu amo tanto a minha mãe e só tenho ela e meus
padrinhos nessa vida. Mas, por que ela me esconde coisas? Eu não
entendo.
— Não procure entender, minha amiga, ela deve ter seus
motivos e vai ver está apenas querendo te proteger de algo
doloroso. Se ela faz isso é porque te ama demais.
— Se esse algo doloroso faz parte da minha vida, de quem eu
sou eu, tenho o direito de saber, ela deveria falar comigo.
— É deveria, mas agora deita e descanse que vou levar isso
para cozinha. Vou te trazer um suco bem delicioso, temos laranjas
em sua geladeira. Olha que milagre — ela fala divertida e acabo
sorrindo.
Quando ela sai do quarto procuro pelo meu celular, assim que
o acho na mesinha ao lado da minha cama, pego o aparelho e
desbloqueio procurando pelo número do Denner.
Eu tenho o número dele salvo e nem sei o motivo, mesmo
assim resolvo mandar uma mensagem agradecendo por tudo. Afinal
ele me trouxe para casa e cozinhou para mim.
“Obrigada pela comida deliciosa e pelas compras.
Um dia quem sabe...
Um dia não possa retribuir o que fez por mim, hoje.”
Mando a mensagem e fico olhando para a tela alguns
minutos. Assim que ela é visualizada meu coração acelera e quando
ele começa a digitar algo me jogo na cama, ansiosa.
“Não preciso de nenhuma retribuição da sua parte, fiz
isso porque me senti culpado, mesmo sabendo que a culpa não
foi totalmente minha.”
Mas que grosso, sem educação.
Eu deveria ficar sem responder, mas não consigo.
“Mas eu agradeço assim mesmo, seu sem educação.
OBRIGADA e durma sabendo que se preocupou comigo
mesmo me odiando.
Tenha péssimos sonhos.”
Jogo o celular na cama e me deito, mas me assusto com ele
tocando. Quando pego o aparelho vejo que é o Denner me ligando,
mas me recuso a atender e ser humilhada por ele mais uma vez.
Uma hora ele se cansa e para de ligar.
Idiota!
***
Na manhã seguinte, acordo com o barulho irritante da minha
campainha tocando.
Duda foi embora ontem depois que jurei que ficaria bem e que
qualquer coisa por mínima que fosse ligaria para ela.
Minha amiga foi embora reclamando, mas foi.
Ela tinha um compromisso com o noivo e eu não queria que
desmarcassem por minha causa, já que realmente estava me
sentindo muito bem.
Levanto rápido para ir abrir a porta antes que o desesperado,
seja lá quem for, acorde o andar inteiro, mas quando abro a porta
me assusto com o homem alto e forte na minha porta.
E, por que o senhor João não interfonou dessa vez?
— Quem é você?
Ele me entrega uma sacola de comida.
— O que é isto? — pergunto segurando a sacola.
— Você faz perguntas demais.
— Quem é você e por que me trouxe isso? — pergunto
nervosa e assustada.
— É o seu café da manhã. O chefe está saindo de viagem e
não quer que você morra de fome.
Eu chego a engolir em seco e abro a sacola vendo o que tem
dentro.
Eu sei quem mandou, mesmo assim vou perguntar.
— Quem é o seu chefe?
— Quer que eu ligue para ele? — Ele responde com outra
pergunta.
— Só diga o nome.
— Porque pergunta se já sabe a resposta.
Ele sempre fazendo mais perguntas, ignorando as minhas.
— Eu quero o nome.
— Denner Thompson. Agora sei o motivo dele ficar tão
nervoso quando se trata de você, é chata.
— Porque o Denner está fazendo isso? — pergunto como se
fosse para mim mesma, mas dessa vez o homem a minha frente
responde.
— Boa pergunta, eu também não sei. Mas ele não gosta de
você e deixou isso bem claro. Agora tenha um bom dia e coma.
Eu nem tenho tempo de responder e ele sai, indo embora
sem me dar o direito de resposta.
— Outro idiota
Entro em casa, fecho a porta indo para a cozinha, coloco a
sacola na bancada e começo a tirar tudo o que tem dentro.
Eu me impressiono com a quantidade de comida.
Percebo que, no fundo, da sacola há um bilhete.
“Coma, se alimente bem para permanecer viva, pois seria
desleal acabar com você estando fraca sem comer.
E termine os documentos que mandei, volto depois do
feriado e os quero na minha mesa.
Nos vemos na reunião da diretoria.
Me aguarde.”
Chego a engolir em seco com a última parte.
Mas que idiota!
Denner vai se impressionar nessa reunião.
Ele pode até acabar comigo, mas não vai ser do jeito que ele
quer.
CAPÍTULO 18
DENNER THOMPSON
Meu feriado foi longo e relaxante. Passei bons momentos
com meus amigos e minha irmã, tive a oportunidade de correr em
um dos meus maravilhosos carros de corrida e perdi.
Por incrível que pareça.
Coisa que não acontecia há muito tempo.
Mas depois pego o meu amigo, Mateo, e o obrigo a me falar
onde diabos ele levou o carro dele. O veículo parecia que iria voar
na pista e quero o mecânico dele para mim.
Meus pais também aproveitaram uma bela viagem a Las
Vegas e chego a tremer só de pensar no meu pai. Espero que ele
tenha aproveitado bastante a viagem dele com a mamãe, porque
estou muito perto de jogar tudo para cima e desmascará-lo.
Mas agora a vida tem que continuar e para começar bem a
minha semana tem a bendita reunião da diretoria.
Estou contando que Briana não tenha finalizado os
documentos que eu solicitei. Sei que não vou precisar deles na
reunião, é mais para fazer uma pressão em cima dela.
Quando chego na empresa, vou direto para a minha sala,
entro, me sento na cadeira e vejo a porra dos documentos em cima
da minha mesa.
— Mas como? Com que diabos ela conseguiu terminar tudo
isso? — pergunto para mim mesmo, sem acreditar no que as minhas
mãos tocam.
Abro a pasta e me encosto na cadeira, admirado com o
trabalho perfeito que tenho em minhas mãos.
— Onde o senhor encontrou essa mulher, papai? Onde?
Sou tirado dos meus pensamentos com o interfone da minha
mesa tocando, a linha direta com a presidência.
— Senhor Thompson.
Ativo o viva-voz e instantes depois a voz da minha secretária
preenche a sala.
— Já obtive todas as confirmações dos memorandos que
enviei ao senhor ontem por e-mail.
A voz dela é uniforme e profissional, é assim que gosto que
ela aja quando estamos no horário de trabalho.
— A reunião começará em exatamente trinta minutos. Está
tudo pronto como o senhor solicitou.
Ela sabe como gosto das coisas e mesmo ontem sendo
domingo, me passou por e-mail tudo o que eu precisava.
— Obrigado.
— Mais alguma coisa, senhor?
— Não. — Desligo a ligação e respiro fundo, entrando no
modo empresário bem-sucedido e implacável, assim como fui
ensinado a ser.
Tenho que impor respeito, ou serei devorado por esses
abutres.
Primeiro analiso os relatórios financeiros, essa é a minha
especialidade, e realmente o trabalho da senhorita Morris não deixa
a desejar em nada.
Só depois de concluir e verificar se está tudo em seu devido
lugar, passo a ler as solicitações individuais dos chefes de setores.
Não levo mais do que dez minutos para que eu perceba que
há algo muito errado acontecendo na minha empresa.
— Que idiotice é essa aqui!? — falo descartando em sua
maioria qualquer hipótese de aceitação das propostas, pois são
absurdas, ridículas e inconcebíveis. — Em que mundo esses idiotas
acreditam que eu aceitaria uma porra dessas? — Bufo contrariado.
Outra proposta igualmente absurda é fechar a creche, um
projeto que foi elaborado pela minha mãe junto com uma amiga que
fez o mesmo na empresa dela.
A senhora Catarina era implacável nos negócios e nunca vi
mamãe tão empolgada com uma coisa quanto a creche para os
filhos das funcionárias. É claro que o papai aceitou porque a ideia
era realmente muito boa e estendemos para todas as empresas do
grupo Thompson, pois facilitaria a vida de várias funcionárias.
Se elas estavam felizes, trabalhavam melhor e isso era
evidente nos números que seguiam crescendo ano após ano.
— De onde, diabos, estão tirando essas ideias? — Continuei
lendo para ter certeza do conteúdo dos documentos, pois em sua
maioria pareciam ser desmoralizantes.
Eu sempre me orgulhei de dirigir os meus negócios com
punho de ferro, foi assim que o meu pai me preparou para assumir o
seu lugar.
Não sou tolo como alguns tiveram a infelicidade de acreditar.
O que eu vejo aqui, subtendido em cada uma das propostas é que
em todo o ambiente permeia o inaceitável.
Mas para mim, é a gota d’água.
— Filhos da puta! — Levanto irado, reunindo todos os papéis
em um montante e os entregando para a minha secretária.
O que era para ser um dia ótimo, onde pegaria mais uma vez
no pé da Briana, acaba de ser mudado e o assunto Briana terá que
ser adiado.
Eu não tenho um minuto de paz.
Longe de me sentir bonzinho ou disposto a distribuir
gentilezas, mostrarei o motivo de ser temido.
— Estão todos aqui? — pergunto quando chego em frente à
sala de reuniões.
— Sim, senhor. Deixei claro que nenhum minuto de atraso
seria tolerado.
Concordo, pois, pelo menos, nesse quesito ninguém tenta ser
idiota.
Empurro a pesada porta de vidro, permitindo que a minha
secretária entre primeiro.
O silêncio se mantém.
Antes de me sentar em minha cadeira, retiro o paletó
entregando em seguida para minha secretária, só depois
cumprimento a todos, vendo que Briana está sentada ao meu lado
direito.
— Bom dia, senhores. — Não escondo a raiva em meu tom e
já de cara alguns imbecis mexem na gravata.
Está muito claro que as coisas não estão nada boas.
Recebo uma chuvarada de cumprimentos em murmúrios
apreensivos.
— Bom dia, Senhor Thompson!
A maioria aqui tem idade para ser meu avô e por isso se
acham no direito de me mandar propostas tão ridículas, porque
acreditam que não darei conta de fazer a porra do meu trabalho.
Não inicio a pauta como é de costume. Primeiro, mantenho a
minha atenção voltada aos dez diretores diante de mim.
Todos estão com suas respectivas secretárias. São diretores
executivos, ocupando os maiores cargos do grupo Thompson.
— Primeiramente, gostaria de parabenizar àqueles que
tiveram a infeliz ideia de solicitar que a creche fosse fechada.
Algumas secretárias ofegam baixinho e vejo que uma das
diretoras empalidece, visivelmente desconfortável e preocupada com
a situação.
— Isso é o mais sábio a se fazer — um dos executivos mais
antigos se adianta e então outro diretor continua.
— Gastamos com professores, enfermeiras, assistência
médica e espaço para crianças que não são nossa responsabilidade.
Acredito que cada funcionário deva atentar-se aos encargos que
crianças geram. Por isso, opto por não contratarem mulheres que
tenham filhos. Para mim, é óbvio que são incapazes de manter o...
— Cala a boca, Higgins! — falo alto, o interrompendo. —
Saiba que é mais fácil eu te demitir do que fechar a creche. —
Aponto para ele. — Depois conversaremos, em particular.
Algumas mulheres estão com os olhos marejados, com medo
de que realmente a creche seja fechada, já que muitas tem filhos na
creche.
— Vou deixar claro, senhores, para que não tenham dúvidas.
As creches das empresas do grupo Thompson só irão fechar se eu
falir.
“O que não está nem perto de acontecer.
“Sugiro que, antes de tentarem outra proposta absurda como
esta, pensem bem.
“Estou quase colocando os envolvidos para fazerem um
estágio lá para aprenderem a serem mais humanos.
“Essa creche é um projeto da minha mãe e não vou permitir
que homens egoístas, como vocês, tentem fechá-la.
“Quem manda nessa porra agora sou eu e nem ousem achar
que tenho menos autoridade aqui que o meu pai.
“Deveriam levantar as mãos para o céu por ser eu aqui,
porque se fosse ele o destino de vocês seriam um pouquinho pior.”
— Senhorita Morris, o que acha disso? É a diretora financeira
do grupo Thompson e sabe o gasto excessivo que temos com essas
creches. É um gasto desnecessário.
Eu não acredito no que acabo de ouvir, mesmo assim olho
para Briana, pois quero saber que merda irá sair da boca dela.
— Tem razão, senhor Higgins, o gasto com as creches é
realmente muito alto, mas acredito que demitindo o senhor já daria
para ajudar e muito nos custos das creches.
“O seu salário é absurdamente alto, o que é inexplicável, e
ainda por cima não sabe fazer o seu trabalho, já que a sua
secretária que tem um filho pequeno na creche faz tudo para o
senhor.
“É ela quem fica até tarde trabalhando para que o senhor leve
o crédito.
“Se não fosse a creche que está querendo fechar, a sua
secretária não faria tão bem o seu trabalho.”
Nesse momento escuto um soluço alto e quando olho na
direção do som vejo a secretária do Higgins chorando, cabisbaixa.
— Isso é um absurdo, essa mulher não sabe o que está
falando.
Briana não fala nada apenas me entrega um documento e
quando olho vejo que ela tem razão.
Não era para Higgins ganhar isso tudo.
— Qual é o seu nome? — pergunto apontando para a
secretária do Higgins.
— Luiza, senhor — ela responde de cabeça baixa, sem ter
coragem de levantar as vistas.
— Qual é a sua formação acadêmica?
A mulher soluça baixinho.
— Sou formada em administração e comércio exterior.
Uma excelente formação para uma secretária.
Olho para Briana e ela parece entender o que quero fazer,
então balança a cabeça concordando.
— O que pretende fazer, Denner? — Higgins questiona
impositivo e nervoso.
— Nunca dei a liberdade para falar comigo desse jeito. Está
demitido, Higgins. A sua secretária será promovida e ocupará o seu
lugar. E se o diretor do Recursos Humanos não me justificar a porra
desse salário que recebe vai pra rua junto com você.
Os dois empalideceram.
Sei que não tem justificativa para o alto salário, mesmo sendo
diretor executivo é demais.
— Essa infeliz não tem competência para fazer o meu…
Interrompo o insolente com o levantar do dedo.
— Ela tem tanta competência que era justamente ela quem
fazia o seu trabalho — Briana fala alto para se fazer ser escutada. —
Retire-se da reunião, senhor Higgins, não faz mais parte do corpo da
diretoria dessa empresa. Luiza é quem fará e assumirá a sua
cadeira agora — Briana se levanta falando e o homem faz o mesmo,
a encarando.
— Sua puta desgraçada, quem pensa que é para…
Ele nem termina de falar e um soco parte na cara do velho.
Eu nem mesmo sei como chego a ele tão rápido, e nem sei
também o motivo de fazer isso, mas lá estou socando a cara do
homem, do maldito filha da puta que ousou olhar, levantar, encarar e
abrir a porra da boca para falar merda pra ela.
— Mais uma palavra e sairá daqui direto para a UTI de um
hospital qualquer. Agora fora, suma da minha empresa e os
seguranças vão te acompanhar. Não quero que leve um grampo
daqui que não lhe pertença.
Todos se calam e ninguém fala absolutamente nada a mais.
Agora, eles viram quem realmente manda na porra toda.
CAPÍTULO 19
BRIANA MORRIS
Depois que Higgins praticamente foi expulso da sala de
reuniões, Denner continuou falando e conduzindo a reunião, pauta
por pauta como se nada estivesse acontecendo.
Ele socou a cara do homem sem nem mesmo se importar
com as consequências do que aquele ato poderia causar e fez isso
para me defender, pelo menos era o que eu queria cegamente
acreditar.
Ali ele estava mostrando a todos que ele era a autoridade
máxima dentro da empresa e do grupo Thompson.
Ninguém mais teve coragem para abrir a boca e contrariá-lo
em nada.
Assim a reunião seguiu até o fim, sem mais intercorrências.
— Por hoje é tudo, senhores e senhoras, e você, Luiza,
parabéns pela promoção. Espero não me arrepender da decisão que
tomei aqui hoje.
— Não irá, senhor Thompson, continuarei fazendo o meu
melhor.
— Faça mais do que isso, agora é uma das diretoras do
grupo Thompson, não quero o seu melhor, eu quero o seu excelente.
— Claro que sim, senhor.
Luiza merecia a promoção e estava muito feliz por ela.
Denner não precisava dar uma de idiota agora, tentando
assustar a mais nova diretora.
— Não precisava disso — falo assim que a última pessoa
passa pela porta, a fechando.
— Do que está falando? — ele pergunta mexendo nos papéis
a sua frente, sem nem mesmo se dar ao trabalho de me olhar.
— Luiza. Ela sabe muito bem tudo o que tem que fazer, não
precisava falar aquelas coisas para ela.
Agora sim, ele me olha.
— Eu falo o que quiser e se ela não gostar o problema é dela.
Não admito falhas, é bom ela já saber logo disso e se acostumar. —
Como é que pode ser tão idiota a esse ponto?
— Por algum acaso encontrou falhas no trabalho do Higgins
nos últimos meses?
Nos encaramos.
— Não.
— Justamente, se não encontrou era porque Luíza estava
fazendo todo o trabalho, saindo daqui tarde da noite com uma
criança pequena na creche.
“Mas é claro que isso você não percebeu.
“Porém, dava tapinha nas costas do Higgins, o elogiando pelo
excelente trabalho.
“Eu, nas poucas semanas que estou aqui, percebi que isso
vem acontecendo há muito tempo. Agora, você, o CEO, nem mesmo
se deu ao trabalho.
“Se não fosse pela minha ma..., quer dizer, se não fosse pela
senhora Thompson a creche nem mesmo existiria, porque uma ideia
como essa nunca sairia da cabeça de homens como você.
“Suas funcionárias são assediadas pelos chefes bem debaixo
do seu nariz e não percebe.
“Mas como perceberia se é o primeiro a cometer o assédio.”
Jogo tudo de uma vez me martirizando, por quase ter falado
que a Bruna é a minha madrinha. Porém, ele parece que nem
percebe, já que me encara sempre com fúria nos olhos.
Eu que não ficarei aqui para que essa fúria caia em cima de
mim, mas não mesmo.
— Onde pensa que vai, Briana? — ele praticamente berra
quando estou prestes a chegar na porta.
— Trabalhar, há problemas para resolver na filial do interior e
é para lá que estou indo. — Eu não consigo chegar a porta, pois sou
bruscamente puxada para trás, mas dessa vez ele me puxa com as
duas mãos, me segurando forte.
— O que quis dizer quando falou que sou o primeiro a
assediar as minhas funcionárias? — ele pergunta com o rosto perto
demais do meu.
Inalo seu perfume maravilhoso e tenho a sensação de ter
borboletas no estômago, coisa que nunca tinha sentido antes na
vida e isso não é nada bom.
Eu sei onde essa sensação pode me levar e não estou
preparada para isso.
— Abra os olhos e respire, está ficando vermelha.
Faço o que ele pede, mas nem havia me dado conta de que
estava prendendo a respiração, assim tão próxima a ele.
— Eu... Você... — Não consigo formar as palavras.
— Porra! — Ele solta o palavrão olhando bem dentro dos
meus olhos, me roubando mais uma vez o fôlego, como se levasse
minha alma junto a sua e meu corpo…
Ah, meu corpo, nem sei descrevê-lo.
— Desgraçada!
Estou para abrir a boca quando ele me toma em seus braços
e me beija, enroscando a mão pelos meus fios na nuca, me trazendo
para junto dele, colando nossos corpos, me deixando arrepiada dos
pés à cabeça.
Meu corpo flutua como se eu sempre pertencesse aqui, o
lugar em que minha mão se apoia, o peito do Denner.
Eu nem tento impedi-lo, não conseguiria fazer isso, pois ele é
intenso demais e me beija como se quisesse entrar dentro de mim,
roubar todo o fôlego e nos fundir em um.
Tudo o que posso fazer é passar as mãos pelo seu pescoço,
o puxando mais para mim, para colar seu corpo ainda mais ao meu,
porque eu também quero esse beijo por mais errado que ele seja.
EU QUERO.
— Você é doce e cheirosa. Seu perfume de rosas deveria ser
proibido, é um verdadeiro pecado — ele sussurra em meus lábios.
O jeito que ele fala me deixa zonza e sem reação nenhuma.
— Você é intenso demais, me deixa sem prumo, molinha e
confusa.
Com um gemido rouco, ele toma os meus lábios novamente
em um beijo gostoso e lascivo, mais ardente do que o primeiro.
Ele explora cada partícula da minha boca mordiscando o meu
lábio. Sinto algo diferente, no mais profundo do meu ser e cada vez
que sua língua toca a minha, é como se alguma coisa me apertasse
por dentro.
É uma deliciosa sensação de tortura.
— Denner — digo o seu nome baixinho, um tanto manhosa
para meu gosto, respirando com dificuldade.
Mesmo assim ele não me deixa ir além, tomando meus lábios
outra vez com fome, exigência, posse ou qualquer outro sentimento
que o consuma.
Estou sendo levada junto nas profundezas não reveladas do
príncipe do petróleo.
É incrível sentir o seu corpo pesado e muito maior
pressionando o meu.
Ele é como uma rocha revestida de veludo, duro e, ao mesmo
tempo, macio, frio e quente.
Simplesmente perfeito demais.
— Denner, por favor — peço porque ele vai acabar me
matando sem fôlego. — Não consigo respirar direto com você me
beijando desse jeito e me apertando tão forte.
— Você comeu a sopa? — pergunta com a testa encostada
na minha.
— Estava deliciosa, comi todinha.
— E o café da manhã que eu mandei. Você comeu?
— Sim, obrigada.
— Está se sentindo melhor? Sua perna ainda dói?
— Estou bem. — Ele apenas balança a cabeça.
— Você é uma tentação grande demais, agora entendo o
motivo do meu pai te esconder do mundo e ninguém nunca
descobrir o caso de vocês dois. Ele te quer apenas para o seu
prazer.
Ele tinha que estragar tudo tocando nesse absurdo?
Sem saber de onde, tiro forças e o empurro.
— Não chegue mais perto de mim. Eu odeio você!
“Mentirosa, você gosta dele”, é o que a minha cabeça fala e o
meu corpo traidor já me entrega.
— É claro que odeia, não sou o meu pai e nunca mais abra a
sua boca para dizer que assedio as minhas funcionárias.
— E o que você está fazendo comigo, não é isso? —
pergunto começando a ficar nervosa.
— Não, o que faço com você é muito diferente. O meu caso
com você é pessoal, porque é a pessoa que muito provavelmente
vai destruir a minha família. Já está fazendo isso porque há dias que
não vou para casa, não consigo olhar na cara da minha mãe e a do
meu pai, então, nem se fala. Para evitar de fazer besteira estou
evitando a minha família, coisa que eu nunca fiz. Agora some da
minha frente e vai resolver a porra do problema da filial do interior. —
Ele vira as costas e volta para a mesa de reuniões se sentando em
sua cadeira.
— O que ainda está fazendo aqui me olhando?
— Um dia, Denner, um dia ainda vai se arrepender e vai
implorar pelo meu perdão.
Ele sorri e me encara.
— No dia em que isso acontecer pode me matar, agora dê o
fora daqui.
Viro as costas logo depois de escutar esse absurdo e saio em
direção a minha sala, onde minha secretária já está em seu lugar,
parecendo estar a minha espera.
— Senhorita Morris, já está tudo pronto, o carro da empresa já
está a sua espera, mas ainda não entendo o motivo de ir de
helicóptero, chegaria em minutos.
Não gosto de helicópteros.
— Prefiro ir de carro.
— Tudo bem então, tudo foi feito como a senhorita pediu.
Ninguém sabe da sua ida até a filial, todos serão pegos de surpresa.
— Excelente! — Quando dou um passo, ela me chama
novamente.
— Senhorita, o senhor Thompson sabe que está indo até à
filial do interior?
— É claro que sabe, eu o informei no fim da reunião.
Ela não é boba, sabe como as coisas entre Denner e eu
funciona.
— E ele sabe o motivo da sua ida até lá?
Eu acabo sorrindo.
— Não, ele está ocupado demais me odiando para se dar ao
trabalho de me perguntar alguma coisa. — Entro na minha sala e
pego tudo o que preciso.
Hoje o restante do dia será longo.
CAPÍTULO 20
DENNER THOMPSON
Respiro fundo tentando controlar a porra do meu
temperamento explosivo, mas não está nada fácil.
Hoje já fui acusado de estar assediando minhas funcionárias,
então explodir com a secretária do setor financeiro não é uma boa
ideia.
— Repita o que falou.
— Senhor Thompson, eu...
— REPITA!
Ela treme na minha frente, mas preciso escutar de novo.
— A senhorita Morris foi a até a filial do interior confrontar e
demitir o gerente financeiro. Ela descobriu que ele está roubando a
empresa, alterando os números dos valores das notas de
fornecedores e pagamento de impostos.
Essa mulher só pode ser louca.
— Ela foi confrontar o gerente financeiro?
— Sim, senhor.
— E ela foi sozinha?
— Sim, senhor.
— Ela foi sozinha e de carro?
— Sim, senhor.
— Ela foi sozinha e de carro, dirigindo nessa chuva?
— Sim, senhor.
— PARA DE FALAR SIM, SENHOR. — Perco a cabeça de
vez.
— Sim, senhor... Desculpa, senhor.
Ela está nervosa, mas, eu estou sem paciência para essa
merda.
Como Briana pode ser tão imprudente assim?
— Como diabos ela descobriu isso?
A mulher engole em seco.
— A senhorita Morris é um gênio, senhor, ela consegue
analisar números em uma velocidade impressionante. Eu nunca vi
nada parecido na vida, ela é... Ela...
— Ela é o quê?
A secretária respira fundo.
— Um gênio. Briana Morris é um gênio, senhor.
Ela só pode estar de brincadeira com a minha cara.
— Ela não me parece ser tão inteligente assim, já que foi
confrontar um homem que ela vai acusar de roubo sozinha, ainda
mais dirigindo nessa chuva. E, por que diabos não fui informado
dessa loucura?
— Ela disse que informou ao senhor no fim da reunião de
hoje pela manhã.
Olho no relógio e vejo que já são quase cinco horas da tarde.
— Ela me informou que iria resolver um problema na filial do
interior, não falou nada de roubo e nem que iria dirigindo até lá. Por
que ela não foi no helicóptero da empresa?
— A senhorita Morris não gosta de helicópteros.
— Como assim não gosta de helicópteros? — pergunto sem
entender.
— Não sei responder, senhor.
— Você é a secretária dela, deveria saber tudo o que se
passa com ela. Deveria ficar de olho nela para impedir que fizesse
loucuras como a que acabou de fazer.
— Me desculpe senhor, mas ela...
— Chega, mande preparar o helicóptero e diga que é pra
ontem, vou atrás daquela louca.
— Sim, senhor. — Ela sai da minha sala sem nem mesmo
olhar para trás.
Respiro fundo tentando buscar o equilíbrio que há muito
tempo perdi, graças a essa mulher de olhos verdes penetrantes e
cheiro de pecado.
— Porra, preciso transar — resmungo pegando tudo o que
preciso, me levantando e saindo da sala.
— Quanto tempo demoro para chegar na filial do interior indo
de helicóptero? — pergunto para minha secretária assim que passo
por ela.
— Menos de trinta minutos — ela responde sem dúvidas.
— Estou indo para lá agora.
Ela franze as sobrancelhas.
— Algum problema?
— Briana Morris. — É tudo o que eu falo e ela sorri
balançando a cabeça.
— Ela consegue te tirar dos eixos como há muito tempo eu
não via, vai ser interessante a viagem de vocês. — Seu sorriso se
alarga.
— Que viagem? — pergunto sem entender.
— A que farão juntos na quinta-feira. Vão tratar de negócios
na grande Las Vegas. Cuidado para não saírem de lá casados.
Ela só pode estar de brincadeira.
— Que porra de viagem é essa que não estou sabendo?
Ela parece estar satisfeita com a minha reação.
— O senhor Thompson, o seu pai vai comprar o Bellagio.
Eu chego a ficar tonto com a informação.
Esse é um dos maiores hotéis cassinos de Las Vegas.
— Quando...
— Tenho todas as informações aqui, parece que a viagem
dos seus pais junto aos amigos da família foi muito proveitosa
durante o feriado, já que agora o grande Bellagio pertencerá ao
grupo Thompson e você e a senhorita Morris vão fechar a compra,
além de acertar os últimos detalhes.
Eu me sento em uma poltrona que tem próximo, digerindo as
informações que a minha secretária joga em cima de mim.
— É um teste. — É tudo o que falo e ela sorri.
— É, eu também percebi. Seu pai é um homem astuto,
Denner, essa é uma negociação muitíssimo importante, envolve
bilhões de dólares e sei muito bem que você sabe fazer negócios,
que é um tubarão como muitos dizem por aí. O príncipe herdeiro,
treinado para ser mais implacável e mais temido do que o pai no
mundo dos negócios. Essa é a sua fama. Mas comprar o Bellagio é
um teste que nem mesmo o seu avô teve coragem de fazer com o
seu pai. Briana também está envolvida nisso, então esse teste não é
só para você é para ela também.
Esse pensamento e essa linha de raciocínio mexem comigo
de uma maneira que não gosto nem um pouco.
O que o meu pai sente por essa menina é tão forte assim que
a coloca comigo em uma negociação tão importante como essas?
É como se ele quisesse que ela estivesse por dentro de tudo
o que envolve os nossos negócios.
— Não viaja, Denner. Volta para o mundo real.
Ela tem muita coragem de falar assim comigo.
— Vou demitir você.
Ela sorri.
— Não será a primeira vez esse mês, mas será a primeira vez
hoje. Agora, vá buscar a nossa diretora financeira. Vocês dois tem
muitos documentos para analisar antes da viagem de quinta-feira e
ligue para o seu pai, ele quer falar com você sobre a viagem.
Isso sim, será difícil.
Levanto e quando me aproximo do elevador, ela me chama
novamente.
— Denner!
— Meu nome deve ser doce nessa sua boca.
— Não meta os pés pelas mãos como sempre faz, agindo no
calor do momento, as vezes as coisas nem sempre são como
imaginamos. É a sua amiga que está te falando agora e não a sua
secretária que te atura, te aguenta e é demitida um milhão de vezes
ao dia. E, pelo amor de Deus, termina seja lá o que for que você
tiver com aquela tal de Marina, aquela mulher é insuportável.
Sorrio.
— O contrato dela está muito próximo do fim. Não irei renová-
lo.
Marina já está passando dos limites achando que tem direitos
que nunca dei a ela. É isso que acontece quando se passa mais
tempo do que o necessário com uma pessoa, ainda mais nos nossos
termos, onde tudo não passa de prazer e sexo, e ela me dá tudo o
que também dou a ela.
— Cuidado para esse seu fim não ser tarde demais. — Ela se
vira indo para sua sala e entro no elevador pensando em todas as
informações que recebi.
Meu pai há anos tem vontade de comprar o Bellagio, ele é
fissurado por jogos de cartas e o andar de cima da nossa boate é a
prova disso.
Mas nunca imaginei que ele fosse colocar uma negociação
como essa nas minhas mãos, ainda mais tendo como companhia a
amante dele.
CAPÍTULO 21
DENNER THOMPSON
Sara tinha razão, em menos de trinta minutos estou na filial
do interior do grupo Thompson, mas quando chego a confusão já
está armada.
Esse dia só fica cada vez pior.
— Senhor Thompson, graças a Deus o senhor está aqui —
um dos gerentes que me aguarda no heliporto fala exasperado.
— O que aconteceu? — pergunto assim que entramos no
elevador.
— A senhorita Morris resolveu um grande problema e ela
estava certa. O nosso gerente financeiro realmente estava roubando
a empresa há anos, mas ele era muito cuidadoso e ninguém
percebia nada — ele explica com cuidado.
— Até Briana aparecer e acabar com a farra dele.
— Isso mesmo, ele se trancou na sala com ela e...
— E o quê? — pergunto aflito quando ele para de falar.
— Ele a agrediu, mas ela também soube se defender muito
bem com o peso de papel. Foi tudo muito rápido, mas conseguimos
derrubar a porta da sala e o pegamos.
Tudo o que sinto é raiva.
— Mas que porra! Onde você estava que a deixou sozinha
com ele? E os seguranças?
— Senhor, ela fez tudo certo, seguindo todos os padrões e
normas da política da empresa. O problema foi que o gerente
financeiro não aceitou que essa ordem estava vindo de uma mulher
e tudo aconteceu em frações de segundos.
— Onde o filho da puta que estava tendo a coragem de me
roubar está?
Eu vou me acertar pessoalmente com ele, depois irei ver
como Briana está.
— Está detido na sala da segurança.
— Pois é para lá que vamos.
Ele não me questiona e seguimos direto para a sala de
segurança onde o desgraçado está.
Quando abro a porta e ele me vê muda de cor, mas percebo
que está algemado.
— Senhor Thompson, graças a Deus o senhor está aqui.
Deve ter um engano muito grande. Aquela mulher é louca, eu nunca
teria coragem de roubar sua empresa. Ela deve ser apenas uma
puta querendo a atenção do chefe...
Eu não gosto que ninguém chame Briana de puta e acabo
socando a cara de quem se atreve a falar isso, nesse ponto nem eu
mesmo me entendo.
— Olha lá como fala dela, da nossa diretora financeira… —
Mal termino de falar já partindo pra cima do miserável, socando sua
cara sem dó nem piedade.
Mais uma vez, estou fora de mim, nesse momento.
Bato com gosto mesmo, afinal não admito que um homem
bata em uma mulher para machucar e esse covarde teve coragem
de fazer isso. Eu também "bato", mas faço isso na cama quando
elas imploram por prazer. Ato este consensual e prazeroso para
ambos, nunca com a finalidade de causar dor física ou na alma.
— Você não passa de um monte de lixo, teve a coragem de
bater em uma mulher só porque ela descobriu as merdas que você
fazia. — Dou outro soco e dessa vez com mais força, tanto que o
canalha cospe um dente fora.
— Teve coragem de agredir uma funcionária do corpo da
diretoria do grupo Thompson. Filho da puta! Meu pai ficará sabendo
disso, ele...
— Não, por favor, senhor, peço desculpas. Realmente sou um
monte de merda, mas não conte nada ao seu pai, imploro, por favor.
Sorrio, porque a situação é realmente engraçada.
Esse merda sabia muito bem o que estava fazendo e quais
eram as consequências dos seus atos.
Eu me aproximo dele e sussurro em seu ouvido:
— Está com medo do meu pai?
Ele balança a cabeça.
— Por favor, não conte nada a ele, peço desculpas a
senhorita Morris e, se me der um tempo, devolvo tudo o que roubei,
mas…
Levanto um dedo e ele se cala.
— Não deveria ter medo do meu pai.
Ele me encara parecendo estar aliviado.
— Deveria ter medo de mim, que sou muito pior do que ele.
Na sala, descarrego toda a minha raiva no infeliz. A sorte dele
é que ainda fica vivo para contar história.
Não tenho piedade quando preciso fazer o trabalho sujo.
Ele sabia muito bem como as coisas funcionavam, seu erro foi
achar que nos roubaria e nada iria acontecer.
Pelo menos, é isso que estou tentando me convencer e não
pelo fato dele ter batido em Briana.
— Onde ela está? — pergunto assim que saio da sala e me
entregam uma toalha úmida para que possa limpar as mãos.
— Ela está na sala da presidência.
Vou até o local a passos rápidos e abro a porta sem nem
mesmo bater.
Quando o presidente regional me vê, se levanta de uma vez
com uma cara de que vai começar a puxação de saco, mas não
estou com paciência para isso, irei me acertar com ele depois.
— Senhor...
— Fora daqui!
— Mas, senhor...
— FORA! Me deixe sozinho com ela.
Notando o que quero, sai da sala fechando a porta atrás de si.
— Olhe para mim — mando já que Briana está de cabeça
baixa.
— Briana!
Quando falo seu nome de forma mais impositivo, ela levanta a
cabeça e me encara, mas o que vejo faz toda a minha raiva voltar.
— Eu vou matar aquele filho da puta. — Viro as costas para
fazer exatamente isso quando sinto que ela me segura, me
abraçando por trás para que eu não consiga me mover.
— Não, por favor, não faça isso, não vale a pena.
Sinto que ela me aperta com força, como se realmente
implorasse para que eu não fizesse aquilo.
Então me viro para ela e seguro seu queixo para que me
encare.
Ela tem um corte no lábio e uma mancha muito vermelha no
rosto.
— Que diabos você tinha na cabeça quando decidiu que era
uma boa ideia fazer isso sem estar comigo junto? Roubo, Briana!
Porra! Isso tinha que ter passado por mim, antes e eu resolvia essa
merda.
Ela balança a cabeça.
— Tem razão, me desculpa. Eu deveria ter passado a
situação para você, mas já estava tão nervoso com a reunião da
diretoria e eu não imaginava que tudo terminaria desse jeito. Eu fiz
tudo certo, dentro das…
— Não importa, sei que é injusto o que vou falar agora, mas
você é mulher e é claro que ele nunca aceitaria isso vindo de você.
Ela me olhou sem acreditar no que falo.
— Vai ser sempre assim, não é? As pessoas vão sempre
me... — Ela se cala como se estivesse se dando conta que está
falando demais.
— Termine de falar.
— Não importa, nunca importa, nunca importará para
ninguém. — Ela se afasta de mim e vai até à mesa pegando o que
imagino ser a sua bolsa.
— Aonde você vai? Do que estava falando, Briana?
— Não importa, eu vou embora, o que tinha para fazer aqui já
foi feito.
— O helicóptero está no heliporto, vamos...
— Vou voltar do mesmo jeito que eu vim, de carro.
— Mas o helicóptero...
— Não Denner, prefiro voltar de carro, não gosto de
helicópteros.
— Como assim não gosta de helicópteros? Isso não faz o
menor sentindo.
Ela pega a chave do carro na bolsa e me encara.
— Fale de uma vez ou vou te pegar e te jogo dentro do
helicóptero. Sabe que ninguém irá me impedir.
Ela trava o maxilar e respira fundo.
— Tenho medo, apenas medo. Aliás, tenho pavor de
helicópteros. Satisfeito agora?
Só ela para me fazer rir dessa situação depois desse dia
infernal.
— Eu só posso mesmo estar sendo castigado, vamos. —
Passo por ela e tiro as chaves de sua mão.
— Eu dirijo.
— Não mesmo, a estrada está escorregadia, dirijo para o bem
da nossa segurança.
Ela não gosta do que escuta.
— Idiota! Mandão!
— Olha quem fala, a medrosa.
CAPÍTULO 22
BRIANA MORRIS
O percurso da viagem, fazemos em silêncio.
Denner está concentrado na estrada e não fala nada, assim
como eu me mantenho em silêncio, por mais constrangedor que isso
seja.
A cada dia que passa, Denner me deixa mais confusa com
suas ações, uma hora ele me defende, em outra ele me humilha. É
como se ele quisesse que esse fosse um papel somente dele,
apenas ele pode fazer, ou falar o que quiser comigo.
As marcas em suas mãos e dedos me mostram que alguém
provou a força de seus punhos.
— Para onde você tanto olha? — ele pergunta me tirando dos
meus pensamentos.
— Suas mãos. O que aconteceu? — Ele sorri satisfeito e
debochado.
— Vamos dizer que o gerente financeiro nunca mais vai ousar
roubar ninguém.
Eu não acredito que ele fez isso.
— Você bateu nele?
— Ele bateu em você também.
É disso que estou falando, ele me deixa confusa.
— Então, fez isso por minha causa também?
Ele sorri de uma maneira que não gosto.
— Está se achando muito não?
— Eu não te entendo, Denner. Você também bateu no diretor
Higgins quando ele me chamou de puta.
— Faria a mesma coisa se ele tivesse se referindo a qualquer
outra mulher dentro daquela sala. Não pense que fiz aquilo por sua
causa.
Sorrio mesmo que sem vontade.
Quando estou prestes a abrir a boca o meu celular toca na
bolsa e quando tiro vejo o nome do Oliver brilhando na tela.
Droga, isso não é bom, nada bom.
— Não vai atender, o meu pai odeia quando é ignorado.
Olho para ele e vejo que ele viu quem é o dono da ligação
que graças a Deus cai.
— Não deve ser nada de mais.
— Ele vai ligar de novo — ele fala com muita certeza e como
previu o celular toca novamente.
Percebo como ele segura forte o volante do carro, tanto que
os nódulos de seus dedos chegam a ficar brancos com a força
excessiva.
— Atende essa porra — ele fala entredentes.
— Eu falo com ele depois, deve estar querendo falar algo
sobre a empresa.
— ATENDE, BRIANA.
Eu me assusto pelo modo como ele fala.
— Denner, não é o que você está pensando.
— Eu não estou pensando porra nenhuma, agora atenda
esse maldito celular, sabe muito bem que ele não vai parar de ligar.
Deus, sinto vontade de chorar por essa situação, mas ele tem
razão, Oliver não vai parar de ligar até que o atenda.
— Atende logo.
Faço o que ele fala e me assusto quando a voz do Oliver
ecoa pelo carro, então me dou conta de que o Denner ativou a
conexão via bluetooth.
Maldita a hora em que não desativei a minha.
— Briana!
— Oi, Oliver, em que posso ajudá-lo? — pergunto com o
coração na mão, com medo do que ele pode falar.
— Onde você está? E, por que não me atendeu na primeira
vez que eu liguei? E, por que não está com o seu colar? Já falei mil
vezes para não o tirar do pescoço.
Olho para o Denner e ele está com o maxilar travado de raiva.
— Oliver, agora não é um bom momento.
— Desde quando falar comigo não é um bom momento?
Responda as minhas perguntas agora mesmo.
Respiro fundo.
— Esqueci de colocar o colar e agora no momento estou
voltando para a empresa, me desculpe não ter atendido na primeira
vez.
Oliver respira fundo, pois sei que ele não gosta de meias
respostas.
— Eu vou fingir que acredito em tudo o que está falando, mas
não foi para isso que eu liguei. Só quero informar que vai fazer uma
viagem na quinta-feira.
— Viagem!? Mais que viagem?
— Comprei o Bellagio. Você irá para Las Vesgas fechar o
negócio.
Meu coração acelera e arregalo os olhos olhando para o
Denner que sorri em escárnio.
— Você comprou um Hotel Cassino!?
— Estou de olho nesse Hotel Cassino há anos, você sabe
disso, querida. Finalmente ele será meu e você vai para Las Vegas
junto com o Denner para fechar esse grande negócio. É um
investimento bilionário e quero vocês dois trabalhando nisso juntos.
Não admito erros da parte de nenhum dos dois e ficarei muito puto
de raiva se estragarem as coisas.
Sinto que a qualquer momento meu coração vai sair pela
boca.
— Denner é muito mais do que capaz para fazer essa
transação sozinho, Oliver, ele não precisa de mim.
— Mas eu preciso de você lá, Briana. O que pensa que está
fazendo?
Percebo que ele está ficando chateado.
— Tudo bem eu irei, não precisa se chatear.
— Você está estranha e vou descobrir o que diabos está
acontecendo com você. Se eu não gostar do que descobrir sabe
que...
— Já disse que eu vou, Oliver. Não está acontecendo nada,
por favor, acalme-se.
Denner balança a cabeça e morde o lábio como se estivesse
se controlando muito.
— Não me teste, Briana. Quero você trabalhando na porra
dessa aquisição com o Denner. Quero vocês dois juntos nisso, sabe
muito bem o que espero de você, não me decepcione.
Se o Denner não estivesse escutando tudo eu iria questionar
o Oliver, mas não tenho coragem de fazer isso nesse momento.
— Tudo bem, entendi, Oliver.
— Ótimo, a secretária dele já tem todas as informações que
vocês precisam saber. Na quinta-feira irão viajar e quando
retornarem você tem um encontro comigo.
Jesus, estou perdida, dessa vez estou perdida.
— Tudo bem, preciso desligar agora.
— Certo, cuide-se, querida, sabe que eu te amo.
— Eu também... — Eu mal termino de falar e o Denner
encerra a ligação no painel digital do carro.
— RIDÍCULO! — ele gargalha alto.
— Denner...
— Ridículo, vocês dois juntos. É o extremo do ridículo, não
tem vergonha na cara não, Briana? Onde quer chegar sendo amante
do meu pai? Por algum acaso você tem a pretensão de tomar o
lugar da minha mãe?
Eu não vou falar nada, porque não adianta e ele não vai me
escutar.
— Responde porra!
— Responder para quê? Você não escuta, Denner, acredita
só no que vê e escuta, com os seus olhos e ouvidos, esqueceu
disso?
— Você é uma vagabunda mesmo, da pior espécie que
existe.
Ele não vai parar nunca de falar isso para me ferir e me
humilhar.
— Você é tão desagradável, Denner, com essas suas...
— Desculpe não te agradar, simpatia nunca foi o meu forte.
— Pare o carro agora mesmo.
Ele não me espera falar duas vezes e encosta na beira da
estrada de uma vez, já estamos bem próximo da cidade.
Assim que o carro para, guardo o celular na bolsa e abro a
porta que ele nem mesmo se preocupou em travar, então desço,
mas não sem antes olhar bem na cara dele.
— Aproveite cada minuto que pode para me humilhar,
Denner, porque o tempo não volta. O que volta é a vontade de voltar
no tempo.
Sem dar chance dele responder alguma coisa, bato a porta do
carro e ele sai em alta velocidade, me deixando para trás, sem
remorso nenhum.
E, para a minha infelicidade, ainda começa a chover.
— Que maravilha, era tudo o que precisava — falo alto como
se alguém pudesse me escutar.
Começo a andar pela beirada da estrada e depois de uns
minutos de caminhada avisto uma pequena oficina, então apresso
os meus passos para chegar logo lá.
— Olá, pode me informar como faço para chegar na cidade?
— pergunto para um senhor de meia idade.
— Está com sorte, o ônibus que vai para a cidade já está se
aproximando. — Ele aponta para trás de mim e quando me viro, vejo
o ônibus se aproximando.
— Muito obrigada, senhor.
— Não tem de quê moça.
Faço sinal e o ônibus para. Entro toda molhada, batendo o
queixo de frio.
Pago pela passagem e me sento bem próximo do motorista
agarrada a minha bolsa. Tudo o que consigo sentir é uma tristeza
muito grande, como há muito tempo não sentia.
Acho que Denner está muito perto de atingir o seu propósito,
pois não sei até quando vou aguentar isso.
Mas também não vou falar a verdade.
Um dia ele vai se arrepender de todos os absurdos que me
fala e de todas as humilhações que está me fazendo passar.
CAPÍTULO 23
DENNER THOMPSON
“Aproveite cada minuto que pode para me humilhar,
Denner, porque o tempo não volta. O que volta é a vontade de voltar
no tempo.”
Desgraçada!
Essas palavras não saem da minha cabeça.
Essa mulher está mexendo comigo mais do que eu gostaria.
Seus beijos doces são como um vício maldito, tanto que ainda
consigo sentir as sensações do nosso beijo hoje mais cedo na
reunião.
Mas escutar aquela conversa dela com o meu pai fez com
que todo o sentimento de raiva e ódio que sinto por ela se aflorasse
ainda mais.
Impossível não a odiar sabendo o perigo que ela representa a
minha família, mas não entendo o motivo dela ainda insistir em
negar o que está explícito para mim.
— Droga, mil vezes droga! — falo girando o volante de uma
vez, voltando para buscá-la.
Por mais que a odeie, não posso permitir que ela caminhe
pela estrada sozinha, ainda mais nessa porra de chuva que insiste
em cair cada vez mais forte.
Faço o caminho de volta até onde a deixei, mas não a
encontro.
Agora mais essa.
Onde diabos essa mulher se meteu?
Não faz tanto tempo assim que a deixei aqui.
Olho para o relógio, depois para o tempo e vejo que já está
tudo escuro.
— Porra, Briana, onde você está? — Olho para todos os
lados e nada dela, então volto ao percurso normal.
Vejo logo a frente uma pequena oficina, então resolvo
encostar.
— Boa noite, senhor — falo assim que abaixo o vidro do
carro.
— Opa, boa noite — ele responde simpático.
— O senhor viu alguma mulher andando por aqui sozinha?
Ele se aproxima mais do carro.
— Alguns minutos atrás uma mulher encostou aqui
perguntando como fazia para chegar até a cidade.
— Então o senhor a viu?
— Sim, sim, uma mulher muito bonita de olhos verdes.
— Essa mesma, o senhor pode me informar para que direção
ela foi.
— Ela pegou o ônibus que vai para a cidade. Ela parecia
estar bem triste, chateada, olhos marejados em lágrimas.
Não sei o motivo, mas saber disso me deixa preocupado, com
um sentimento estranho no peito.
— Obrigado pelas informações, senhor — agradeço e volto
para a estrada.
Pelo menos ela soube usar a cabeça e pegou um ônibus.
Seguindo pela estrada logo estou na cidade, já que não
estávamos muito longe e o caminho que faço é direto para o
apartamento da Briana.
Preciso saber se a infeliz chegou pelo menos bem em casa.
Fico parado um tempo em frente ao prédio dela, mas nem
sinal da mulher aparecer, então resolvo descer e ir até o porteiro que
me ajudou da primeira vez em que estive aqui.
— Boa noite! — Assim que o cumprimento na portaria, ele
sorri.
— Boa noite, rapaz, se veio atrás da Briana ela não está em
casa.
Eu sinto um arrepio pela espinha quando ouço isso.
— Como assim ela não está? Já é bem tarde, já era para ela
ter chegado.
— Sim, é tarde mesmo, mas ela ainda não chegou em casa.
Aconteceu alguma coisa?
Balanço a cabeça.
— Não, não se preocupe com nada. Obrigado pela
informação. — Não espero a sua resposta e volto para o carro.
Assim que entro no automóvel, pego o celular e faço uma
ligação que logo é atendida.
— Chefe!
— Encontre Briana Morris. — Passo todas as informações
que ele precisa saber para que faça o seu trabalho de rastrear a
mulher desaparecida.
— Pode deixar, chefe, assim que tiver qualquer notícia aviso o
senhor.
Desligo a ligação e sigo direto para a minha boate, pois,
preciso relaxar de qualquer jeito, já que depois de amanhã é quinta-
feira e vou precisar ir para Las Vegas com a mulher que mais odeio
na vida.
O que é uma merda muito grande.
Chego na boate e no mesmo instante sou informado de que o
meu avô não está, o que é ótimo, assim me sinto mais livre.
Ele costuma fofocar para a minha mãe o que faço na boate e
ela me enche o saco depois.
Segundo ele, faz porque me ama e se preocupa com o meu
bem-estar.
Até parece que ele é um santo, afinal já fez coisas muito
piores do que eu.
— Chefe, a Marina está aí, ultimamente ela tem vindo aqui
perguntar pelo senhor.
Essa mulher ainda vai ser um problema, mas para hoje ela vai
me servir.
— Vou para o escritório, mande-a para lá.
— Sim, senhor. — Ele sai da minha frente e vou direto para o
meu escritório.
Assim que entro me sirvo de um belíssimo uísque puro, pois,
preciso sentir a queimação da bebida.
Retiro o terno, enrolo as mangas da camisa e me sento
confortavelmente na minha cadeira, esperando o furacão Marina
entrar na sala.
— Denner Thompson!
Aí está ela.
— Marina!
— Denner, nos dois temos um acordo e você não... — Ela
para de falar quando levanto o dedo.
— Não, nós não temos um acordo, o que nós temos é um
contrato. Agora vem aqui e me chupe do jeitinho que sei que você
sabe fazer e que gosto muito.
sorriso da safada se abre.
Era isso que ela queria e é disso que no momento preciso,
então vou aproveitar que ela ainda é minha.
— Com todo o prazer, meu senhor.
A filha da mãe sabe muito bem como gosto das coisas, já é
treinada para isso.
Esse foi um dos motivos de ter renovado o meu contrato com
ela tantas vezes.
— Venha. — Eu a chamo com dois dedos e ela se aproxima.
— Tira o vestido, quero você me chupando pelada para que
eu possa ver o seu corpo.
Ela faz o que mando em uma obediência inquestionável.
— Ajoelhe-se na minha frente e coloque o meu pau para fora.
Ela faz exatamente como falo, se ajoelha entre as minhas
pernas, abre o cinto da calça, logo depois o zíper e pega no meu
pau por cima da cueca, me fazendo gemer.
— Vamos lá, Marina, faça o que o seu senhor ordenou.
Como uma boa submissa ela obedece e antes que eu tenha
qualquer reação, ela cai de boca no meu pau, me fazendo parar de
raciocinar.
Ela sabe exatamente o que está fazendo e me abocanha por
inteiro de uma vez, sem nem sequer se engasgar.
Eu a seguro pelo cabelo quando ela começa a me chupar
gostoso, tanto que não tem como não gemer.
Ela sabe muito bem como gosto que ela faça, eu mesmo a
ensinei.
— Isso... Fode o meu pau com a sua boca gostosa.
Aumento o ritmo das estocadas na sua boca até ver lágrimas
escorrerem por seus olhos.
Lágrimas de prazer...
É disso que ela gosta e eu também.
Estou relaxado quase gozando na boca da safada que me
chupa com muito gosto, quando o meu celular vibra em cima da
mesa e vejo que é uma mensagem do segurança que mandei
rastrear a Briana.
Por instinto, pego o celular, abro a mensagem e vejo uma foto
que me desagrada muito, bem na hora que Marina intensifica os
movimentos e ejaculo na boca dela.
— Porra, Briana!
Marina trava na hora, se engasga com a minha porra e me
encara furiosa.
— Você me chamou de que, Denner?
Puta que pariu, era só o que me faltava agora!
CAPÍTULO 24
DENNER THOMPSON
Marina se levanta furiosa, me olhando como se quisesse me
matar.
Mais uma para a sua conta Briana.
Maldita hora em que resolvi abrir aquela mensagem, ainda
mais em um momento como esse.
Eu todo preocupado com a desgraçada e ela com outro
homem, porque foi isso que vi, ela entrando no prédio nos braços de
outro homem.
No colo dele para ser mais exato.
— Inferno do caralho!
— DENNER, ESTOU FALANDO COM VOCÊ! — Marina grita
e volto a minha atenção a ela.
— Abaixe o tom de voz. Pensa que está falando com quem?
— Com o homem que chamou com o nome de outra mulher
enquanto gozava na minha boca.
Porra, ela não irá esquecer isso tão fácil.
— Não foi assim que as coisas aconteceram. — Chamei o
nome da Briana com raiva e não com prazer.
— Ah, não? Então me explica, Denner? Quem é essa tal de
Briana? Eu não sou surda e escutei muito bem.
Ela está na minha frente de braços cruzados exigindo uma
resposta que não vou dar.
— Vista-se agora mesmo.
— Denner! — Ela bate o pé e arrumo a calça, já que a minha
opção de relaxamento se tornou em mais um problema.
Obrigado, Briana.
— Vista-se Marina, vou levá-la para jantar.
— Não, Denner, quero saber quem é essa mulher. Você não
iria gostar nem um pouquinho seu eu chamasse o nome de outro
homem quando estivesse me fazendo gozar. Eu exijo uma
explicação.
Ela tem razão, eu iria ficar muito puto se ela fizesse isso.
— Marina, foi apenas uma coincidência. Abri uma mensagem
bem na hora e aconteceu, só isso, não é nada de mais. Agora vista-
se e vamos jantar.
Ela me encara e não fala mais nada, pois sei que ela quer
passar um momento comigo.
— Que isso não volte a se repetir, não iria gostar nadinha se
estivesse em meu lugar. Sei que o que temos não passa de um
contrato, mas aqui também se trata de respeito, Denner, até que a
porra do contrato acabe. — Ela começa a se vestir.
— Sem exagero, Marina. Eu sei que você tem outros por aí,
não tente se fazer de santa aqui.
Ela me olha.
— Como se você não tivesse outras mulheres também. O que
acabou de acontecer só me prova que estou certa. Mas não pode
trocar de submissa, não até o nosso contrato acabar e para isso
acontecer ainda faltam alguns meses ainda.
— Contrato este que não será renovado.
Ela me encara assustada com que acabou de sair da minha
boca.
— Como assim não será renovado? Nós sempre renovamos o
nosso contrato, isso vem acontecendo há muito tempo.
— Tempo demais para o meu gosto, você não acha? Você
será minha submissa até o fim do contrato, mas depois disso é o
FIM.
Ela não parece gostar muito do que escuta, mas também não
questiona.
Marina percebe que o clima está tenso e vai querer
questionar isso em outro momento, provavelmente, nos últimos dias
do contrato como sempre faz.
Para mim, era muito cômodo tê-la como minha submissa, já
que sabe fazer tudo exatamente como eu gosto e não precisava me
preocupar em treinar outra mulher para me satisfazer.
— Vamos conversar sobre isso, Denner, mas quando o
momento certo chegar, agora vamos. Você me prometeu um jantar.
— Ela muda de assunto como imaginei que assim faria.
Marina não vai aceitar muito bem o fim desse contrato, mas
isso vamos tratar quando realmente a coisa for acontecer de fato.
Quando saímos da boate, Marina faz questão de entrelaçar
nossos dedos, como se ela quisesse mostrar para todo mundo que
ela está saindo comigo e eu deixo, é como se fosse uma forma de
recompensá-la pelo mal-entendido que aconteceu minutos atrás.
Ao chegamos no restaurante, deixo Marina responsável por
fazer o nosso pedido, dizendo a ela que preciso fazer uma rápida
ligação. Então, me afasto um pouco da mesa e vou até um espaço
mais reservado, ao canto do restaurante. Faço a ligação para o
segurança que deixei responsável por rastrear o paradeiro de
Briana.
A ligação é atendida logo no segundo toque.
— Chefe?
— Onde ela estava? Com quem ela estava? E quem era
aquele homem? — Vou direto ao assunto sem enrolação.
— Aquele homem é o noivo da melhor amiga da senhorita
Morris. Quando ela desceu na rodoviária, pegou um táxi e foi direto
para a casa deles, pelo que pude verificar acho que ela não está
muito bem, tendo em vista que pegou muita chuva na estrada. No
momento, ela está no apartamento dela sendo cuidada pela amiga e
o noivo. Agora pouco chegou um médico a mando de Justin Moore.
Eu conheço esse nome.
— Justin Moore, o arquiteto?
— Esse mesmo, ele é o noivo da amiga da senhorita Morris, e
a amiga dela é uma advogada recém-formada, está iniciando a
carreira agora.
Tudo o que envolve Briana é instigante demais, ela parece
esconder segredos que não quer que ninguém saiba.
— A partir de hoje fique de olhos bem abertos em Briana,
quero saber de tudo o que ela faz, inclusive como ela está de saúde
nesse momento. Faça isso nem que seja preciso comprar a porra
desse médico que foi vê-la a mando do Justin.
“Se sentindo culpado de novo, Denner?”
É o que a minha mente me acusa, ou será que ela é traidora
mesmo?
Não sei mais o que pensar.
— Sim, senhor. Logo mais passarei as informações ao
senhor.
Desligo a ligação e vejo que Marina olha em minha direção.
Acho que logo após voltar da minha viagem a Las Vegas,
terei que fazer uma visitinha ao Justin. Preciso saber mais sobre
Briana e a sorte é que conheço muito bem o noivo da melhor amiga
dela.
O que me impressiona é a família dele ter aceitado esse
noivado, tendo em vista que é uma família com regras bem rígidas e
eles não aceitariam qualquer noiva para o futuro chefe da família
Moore.
Chego a ter pena dessa menina.
Voltando para a mesa, Marina logo engata uma conversa
neutra, mantendo o terreno onde pisa seguro.
Ela é bem ligeira e sabe que não permito que me questione,
ainda mais quando já tenho uma decisão tomada.
— Denner! Está prestando atenção no que estou falando?
Olho para ela, pois realmente não estava prestando atenção.
— Desculpa, o que estava falando?
— Sua mãe. Encontrei com ela e a sua avó no shopping, elas
estavam fazendo compras e pareciam bem animadas.
Eu tenho que ficar muito esperto com essa mulher, ela está se
aproximando demais de um terreno totalmente proibido a ela.
— Falou com elas?
— Não, apenas nos cumprimentamos, nada de mais, mas a
sua mãe estava muito empolgada e parecia estar feliz demais, cheia
de sacolas de compras, uma verdadeira fortuna em marcas
famosas.
— Ela pode se dar a esse luxo, afinal ela é uma rainha. Pode
comprar o shopping inteiro se quiser.
— Sorte dela, soube fazer um excelente casamento com o
poderoso rei do petróleo.
— Coisa que você também está louca para fazer pelo visto —
falo a encarando, pois, sei onde ela quer chegar.
— Por que não? Acho que posso sonhar com isso — ela fala
apoiando o queixo em uma das mãos.
— É claro que pode, dede que o sonho não seja eu, não me
importo nenhum pouco. Esteja à vontade para realizá-lo.
— Nossa, Denner, você sabe ser desagradável quando quer.
É a segunda vez que escuto isso hoje, mas da primeira eu
tinha uma resposta na ponta da língua.
— Tem razão, Marina, sou mesmo muito desagradável.
Ela não tem tempo de responder porque o nosso pedido
chega.
Tudo o que quero é acabar logo com isso e ir embora para o
meu apartamento.
Esse dia já deu tudo o que tinha que dar.
CAPÍTULO 25
BRIANA MORRIS
O que a minha pequena aventura me rendeu?
Um tapa na cara e um leve resfriado que me fez perder um
dia de trabalho.
Por incrível que pareça, Denner não reclamou de nada, nem
sequer se deu ao trabalho de me xingar, ou de reclamar de nada.
Simplesmente aceitou.
Pelo menos foi isso que a secretária dele me passou e ele
não pediu para falar comigo.
Despois que desembarquei na rodoviária, peguei um táxi e fui
direto para a casa da Duda.
Estava muito triste e tudo o que queria era chorar até o dia
amanhecer no colo dela, mas isso não foi possível já que Justin
estava em casa.
Quando os espirros começaram, me entreguei ao cansaço e a
febre veio quase que imediato, como tudo o que acontece em minha
vida.
Obrigada imunidade baixa.
Menos de três horas depois de uma chuva, já estava com
febre, e só vi um médico porque Justin insistiu muito.
Mas exigi que isso fosse feito no meu apartamento, ou nunca
mais eles me deixariam ir para casa.
— Colocou tudo o que precisa na mala, Bri?
Sou tirada dos meus pensamentos com a Duda falando
comigo.
— Estou muito nervosa com essa viagem, sem contar que
não consegui estudar todos os documentos que a secretária do
Denner me enviou. — Penso na quantidade de papéis que não tive
tempo de ler direito.
— Colocou tudo na mala, Briana? Foi isso que perguntei.
— Nós vamos viajar no mesmo avião, será que ele vai falar
comigo ou vai me ignorar a viagem inteira? Se bem que posso
aproveitar a viagem para terminar de estudar. É isso, é justamente
isso que eu farei. Denner não merece nem um pouquinho da minha
atenção, ele é um idiota e um dos grandes...
— BRIANA! — Duda fala alto, batendo as mãos bem na
minha frente.
— O que é? Não estou surda.
— Escutou o que falei por algum acaso?
Eu a encaro.
— O que você falou?
— Se colocou tudo o que precisa na mala. Presta atenção no
que falo, por favor, e esquece esse homem um minuto. Só fala nele.
Diz que ele é idiota, mas seus pensamentos voam para o idiota.
— Que exagero, eu não faço isso.
— Faz sim, quem te vê assim vai achar que está apaixonada
por Denner Thompson. O nome dele não sai dos seus lábios, minha
querida.
Eu a encaro por uns segundos e depois caio na gargalhada.
— Você é tão engraçada, Eduarda, deveria ser comediante
em vez de advogada.
— Estou falando sério, Briana e estou preocupada com isso
também. Paro se sorrir quando vejo que ela me encara séria até
demais.
— Isso não tem como acontecer nunca, Duda. Não tem a
mínima chance do Denner gostar de mim. Ele acha que eu sou
amante do pai dele, que eu quero destronar a minha madrinha, o
que é um absurdo — falo me lembrado das palavras dele.
— Estou falando de você se apaixonar e não ele. Não quero
te ver sofrer, minha amiga.
— Não se preocupe com isso, Duda, não estou apaixonada e
só questão de tempo até que ele fique sabendo de toda a verdade.
Ele só não vai saber pela minha boca, quero que ele descubra
sozinho.
— Isso ainda vai dar uma confusão e das grandes. O meu
medo é você se machucar no processo — ela fala indo até a minha
mala, abrindo para conferir se coloquei tudo o que precisava.
— Oliver tinha que comprar o Bellagio justamente agora? —
falo derrotada.
— Ele pode se dar ao luxo de comprar um dos maiores hotéis
cassinos do mundo. Ele não ia perder a oportunidade de fazer um
negócio desses só porque você e o filho dele se odeiam.
Eu acabo suspirando quando ela fala isso.
— É... A gente se odeia mesmo, a gente se odeia muito —
falo perdida nos meus pensamentos e meu coração traidor acelera.
— Por Deus, Briana, você até suspirou. Se deu conta disso?
Nunca te vi suspirar por ninguém.
— Eu não suspirei coisa nenhuma. Agora fecha essa mala aí
que já estou quase em cima do horário. Vamos chegar lá e já
entraremos em uma reunião, nossa agenda está cheia.
— Quando vão voltar?
— Se tudo ocorrer bem voltamos no domingo ou na segunda-
feira pela manhã.
— Me avise o dia certo, vou te buscar na pista de pouso
particular do bonitão. Nossa! Quem tem uma pista de pouso
particular isso...
— O Oliver tem, a família do seu noivo deve ter uma por aí
também, você é que talvez não saiba.
— Eu não sei é muita coisa daquela gente, eu só me importo
com o Justin.
Eu acabo sorrindo.
— Um dia quero encontrar um amor como o de vocês.
— Não pense que é fácil, amar as vezes dói, Briana, por isso
me preocupo com você. Já sofreu tanto nessa vida que chego a
pensar que não suportaria passar...
— Você me subestima, Duda. Não sou feita de porcelana,
está me tratando do mesmo jeito que a mamãe e os meus padrinhos
me trataram a vida toda. Não quero isso de você também. pena já
basta a que eles sentem por mim.
— Eles te amam e o que fizeram para te proteger do mundo
não foi por pena, mas por cuidado.
— E olha só em que posição esse cuidado todo me colocou?
Ela respira fundo e balança a cabeça.
— Chega dessa conversa. Vamos, ou vai se atrasar, pega
isso aqui e vista. — Ela trata de encerrar o assunto e me entrega um
casaco que eu logo visto.
— Como ficou?
— Está mais linda do que já era. Se o Denner não babar, vai
chegar perto.
Eu acabo sorrindo do que ela fala.
— Você não tem jeito, vamos lá.
Saímos juntas do meu apartamento e ela me leva até a pista
de pouso particular do meu padrinho.
Vamos no meu carro que vai ficar com ela.
Duda sempre foi uma ótima amiga e esteve comigo nos
momentos em que mais precisei.
— Eu acho que você se atrasou um pouquinho — ela fala
assim que para o carro e aponta para o homem que está lindo de
morrer perto do avião.
— Por que ele tem que ser tão lindo?
Ela sorri.
— Nisso tenho que concordar, o filho da puta é gostoso.
— Ei... Não fala assim da minha madrinha. — Bato no braço
da Duda.
— Jesus Cristo, é verdade. Calma, vamos substituir o filho da
puta por desgraçado, é mais seguro e assim não ofendo quem não
merece.
— Você é inacreditável, Duda. — Tiro o cinto de segurança.
— Briana, espera! — Ela segura o meu braço quando estou
prestes a abrir a porta do carro.
— O que foi?
— Olha a cara dele, parece nervoso com o seu atrasinho de
nada. Ele não para de olhar para cá.
É sério que ela está falando isso.
— Será que é porque temos uma reunião marcada para
assim que pousarmos lá?
— É... Deve ser, mas tem algo a mais nesse olhar, um olhar
predador, sei lá. Não estou gostando muito disso, tenha cuidado com
ele, Bri. Esse homem não é confiável.
— Obrigada pelo conselho, mas agora tenho que ir, amiga.
Fica com o meu carro e te aviso direitinho quando volto para que
você possa vir me buscar.
— Tudo bem.
Nos abraçamos e nos despedimos.
Abro a porta do carro e ela desce para me ajudar com a mala.
— Boa viagem e me liga se precisar de qualquer coisa.
— Pode deixar.
Nos abraçamos novamente e vou para o avião arrastando a
mala, parando ao pé da escada de acesso.
— Seu relógio parou por acaso? Está atrasada e ainda ficou
batendo papo dentro do carro. Temos horário e uma agenda
apertada. Vamos chegar atrasados por sua causa.
Respiro fundo para tentar manter a minha serenidade.
— Bom dia, senhor Thompson, me perdoe pelo meu grande
atraso de cinco minutos.
Ele me encara e puxa a mala da minha mão.
— Ainda por cima é debochada — fala subindo a escada com
a minha mala na mão e tudo o que me resta é ir atrás do lindo
homem.
Mas que ainda assim, é um idiota.
— Essa viagem será divertidíssima, já até prevejo o caos —
falo para mim mesma já temendo o pior.
CAPÍTULO 26
BRIANA MORRIS
Como já previa a viagem foi tensa até demais, Denner não
abriu a boca para falar comigo e mal respondia as minhas
perguntas. Ele se limitou a dizer sim e não a tudo o que eu
perguntava.
O máximo que escutei dele foi:
“Deveria ter estudado mais já que não foi trabalhar.”
Idiota!
Qual foi a parte que fiquei resfriada ele não entendeu?
Foi um milagre ter conseguido ficar bem o suficiente para a
viagem que meu padrinho tanto insistiu para que fizéssemos juntos.
Meu padrinho só pode estar louco, deixar Denner e eu,
juntos, fechando um contrato bilionário.
— Acorda, Briana, em que porra de mundo você está?
Chegamos — ele fala com seu jeito grosso e cavalo de sempre, me
arrancando dos meus pensamentos.
Quando olho pela janela do carro vejo o poderoso e
imponente Bellagio a nossa frente.
Um verdadeiro sonho de tão lindo.
Poder, muito poder é o que transmite essa décima
maravilha de hotel cassino a minha frente.
— Meu Deus, ele conseguiu mesmo. O grande Hotel
Cassino Bellagio pertencerá ao grupo Thompson — falo feliz pela
mais nova aquisição do meu padrinho.
Sei como ele ama jogos de cartas e há anos tentava
comprar esse hotel, mas nunca houve a oportunidade.
— E isso deve te deixar muito feliz, não é mesmo?
Eu o encaro não gostando do tom que ele usa para falar
comigo e isso demonstra que temos que impor um limite a partir de
agora.
— Denner, quando sairmos desse carro seremos vistos
como o CEO herdeiro e a Diretora financeira do grupo Thompson.
Então, controle o ódio que sente por mim. Na frente das pessoas me
trate com o devido respeito que o meu cargo exige. Não vou tolerar
humilhações na frente dessa gente. Estou aqui a mando do Oliver,
ele me deu uma missão e espero executá-la com maestria como
sempre faço. Então contenha-se, ou farei uma reclamação ao seu
respeito.
Ele me encara e sorri de forma debochada.
— E para quem vai direcionar essa reclamação? Para o
meu pai ou para o setor de Rh?
Ele definitivamente não me leva a sério.
— Quel tal para os dois?
Sem esperar que ele responda, abro a porta do carro e saio
sentindo o calor dominando o meu corpo.
— Deus, me ajude que essa viagem promete! — exclamo
para mim mesma, mas Denner fala atrás de mim:
— E como promete, eu vou me divertir. — Ele levanta a
cabeça analisando o imponente prédio a sua frente.
Mas não sei se ele vai se divertir usufruindo tudo o que o
Bellagio oferece ou é pegando no meu pé, como já está
acostumado.
— Estamos aqui para trabalhar e não para nos divertirmos.
— Você sim, já eu posso fazer o que quiser. Vou aproveitar
e muito a nova aquisição de Oliver Thompson. Agora vamos ao
trabalho.
Logo um concierge se aproxima e Denner faz todo o papel
chato das apresentações.
Nós dois já estamos sendo esperados por muitos homens
importantes.
— A nossa bagagem, Denner — lembro das malas dentro
do carro.
Quem responde não é o Denner, um dos homens que já
está nos esperando.
— Não se preocupe, senhorita, iremos levar as bagagens
para o quarto de vocês. Teremos um dia cheio de reuniões e logo
depois irão poder desfrutar do que o Bellagio oferece.
O homem parece ser bem simpático e me olha de um jeito
como se analisasse cada pedacinho meu.
É estranha a sensação.
— Obrigada — agradeço.
Abro a agenda de compromissos da viagem, vendo que
teremos um jantar no restaurante do Bellagio, com duas pessoas
importantes da cidade.
Eu já estou a par de todo o histórico da negociação.
Pego uma pasta com os documentos necessários para
cada negociação e seguimos para uma enorme sala de reuniões.
Como sempre, Denner é recebido por um bando de
bajuladores e eu fico a sombra dele.
Aqui estou agindo como se fosse a sua secretária e não
uma diretora financeira.
Ele nem mesmo se dá ao trabalho de me apresentar, tudo o
que me pede são os documentos e pastas que precisaria para cada
negociação.
Aqui ele está na pele de empresário sério, que tem tudo
sob controle.
***
As horas se passam e já estou puta com o Denner, porque
até mesmo o meu trabalho ele está fazendo. Ele não me deu chance
alguma de fazer o que realmente precisava e dominava todos os
campos das conversas e negociações.
Seria até admirável se eu não estivesse tão chateada com
a situação, Oliver o treinou bem, mas eu também fui treinada por ele.
Só que estou me sentindo ignorada por todos os homens
presentes na sala.
— Você é secretária dele há quanto tempo? — uma mulher
se senta ao meu lado sussurrando no meu ouvido, já que não estou
sentada na mesa de reuniões.
— Eu não sou secretária, sou diretora financeira do grupo
Thompson.
Ela arregala os olhos.
— Diretora financeira!? Mas então não deveria estar aqui,
mas lá. — Aponta para a mesa.
— É... Eu deveria mesmo.
Estou me sentindo uma verdadeira inútil, mas não posso
fazer nada, pelo menos não aqui.
Nada pode dar errado, Oliver está confiando algo
extremamente sério e importante nas nossas mãos, uma das
maiores aquisições do grupo Thompson nos últimos anos.
Não demora muito para o almoço chegar, todos comem e
conversam sobre negócios. Denner está se saindo muito bem
enquanto eu só fico sentada, no canto.
— Seu almoço, irá esfriar — a mulher que está comigo fala,
me alertando para a comida à minha frente.
— Estou sem apetite.
Ela entende muito bem o que está acontecendo, jamais
uma diretora financeira seria colocada de canto como eu estava
sendo.
— Você fez alguma coisa para chatear o seu chefe? Para
ele estar agindo assim?
A minha vontade é de gritar que ele não é o meu chefe,
mas o meu padrinho.
Porém, não posso.
Terei que ficar quieta como sempre fiquei, aguentando tudo
calada pelo bem de outras pessoas.
— Não, eu não fiz nada.
Talvez por perceber que não estou a fim de conversar, ela
não puxa mais assunto comigo e me obrigo a comer.
***
A tarde também passa depressa e agradeço a Deus por
isso. Estou chateada e entediada, e tudo o que quero é um banho e
descansar um pouco até a hora do bendito jantar.
Quando a reunião é finalizada, falto agradecer a Deus em
voz alta.
O idiota do Denner sai da sala sem nem mesmo me olhar,
mas o acompanho e é então que paramos em frente a grande
recepção do Bellagio.
— Vocês dois irão ficar na Grand Lakeview Suite, é a
melhor que o Bellagio possui. Ela é exclusiva e possuía duas suítes
separadas.
Denner me olha de forma estranha, mas não fala nada,
apenas sorri.
Ele sabe que terá que ficar quieto.
— Obrigado.
— As bagagens já estão no Grand Lakeview — o homem
nos informa e depois de uma rápida despedida seguimos para a
local destinado a nós.
Não é a primeira vez do Denner aqui, mas é a minha, então
apenas o sigo.
Mas quando entramos no grande quarto, ele me olha,
pronto para despejar em cima de mim, todo o seu
descontentamento.
— É sério que você achou inteligente não me dar
privacidade? — ele pergunta com a sobrancelha arqueada, me
encarando.
— Acha mesmo que tenho alguma coisa a ver com isso?
Não fui eu quem preparou essa parte da viagem, idiota, foi a sua
secretária. Se quer reclamar com alguém, ligue para ela. Eu já estou
chegando ao meu limite com você — falo enquanto arrasto minha
mala que está em um canto até uma das portas dos quartos. —
Basta fechar a sua porta e comer quem quiser. Meu sono é pesado,
fique tranquilo.
Os dois quartos são igualmente luxuosos com camas king
size e tudo o que nos separa é uma luxuosa sala.
Fecho a porta na cara do meu querido chefinho, me dando
ao luxo de tirar os sapatos e pisar no tapete macio.
Não perco tempo antes de abrir a mala para deixar que
minhas roupas respirem e logo as penduro nos cabides.
Tenho pavor de tecidos amassados e com vincos, é o auge
do desleixo e, principalmente, para o trabalho, isso não pode
acontecer.
Em seguida, me sento na poltrona de frente para a varanda
da minha suíte e observo a paisagem lá fora.
É tão estranho estar em Las Vegas junto com alguém que
não quer a minha presença e nem faz questão de esconder o seu
desafeto por mim.
CAPÍTULO 27

Briana Morris
No início da noite saio do quarto e bato à porta do Denner,
bem de frente para a minha, até que ele venha abrir.
— O que foi?
O homem está sem camisa e por mais irritante que seja não
posso negar que é ele uma belíssima espécime de macho.
Corro os olhos por seus braços fortes antes de o encarar.
— Veio aqui apenas para ficar me secando? Gosta do que
vê?
— Vim para avisar que a reserva no restaurante está marcada
para as oito da noite. — Estendo a mão que segura a pasta.
— Aqui está tudo o que precisa saber.
O gostinho de saber que o peguei de surpresa é muito
saboroso.
— Você virá comigo.
É claro que sei disso, mas estou disposta a provocar um
pouco.
— Para que o grande príncipe do petróleo precisa de mim?
Porque hoje fui completamente inútil já que fez questão de fazer o
meu trabalho.
Ele arqueia uma sobrancelha e sorri, se divertindo com a
minha cara.
Esse é ele.
— Imaginei que o inferno congelaria antes que eu pudesse
vê-la chateada por ter te dado uma folguinha — zomba, pegando a
pasta da minha mão, ameaçando fechar a porta.
— Não foi isso que fez, idiota? Mas não se preocupe, estarei
pronta no horário. — Viro as costas e entro novamente no meu
quarto.
Denner vai me pagar caro por essa provocação, não irei me
permitir ser ignorada novamente e a roupa escolhida para esse
jantar garantirá isso.
Me aguarde príncipe, quando eu sou boa, sou ótima, mas
quando sou ruim, sou melhor ainda.
Não costumo agir assim, mas na guerra temos que usar as
armas que temos ao nosso favor e hoje estarei linda e farei esse
idiota babar em mim.
Ainda bem que a Duda me ajudou com a mala, ou estaria
perdida.
***
DENNER THOMPSON
Minha vontade é de invadir a suíte da Briana, entrar no
banheiro e puxá-la pelo cabelo de dentro do chuveiro.
Não consigo acreditar que a infeliz se atrasou de propósito
apenas para me irritar.
Grito para avisar que estou de saída enquanto termino de
fechar os botões da minha camisa, saindo do quarto.
Preciso ser pontual para esperar por Jonathan e Brown, os
dois homens com quem jantaremos hoje.
Deixarei para me estressar com Briana mais tarde.
Eu me acomodo na mesa reservada para a ocasião e
aguardo pela carta de vinhos, enquanto troco algumas mensagens
com Ethan, um amigo de longa data.
Precisamos marcar nosso próximo encontro dos rapazes, pois
de vez em quando nos reunimos para aproveitar a noite. E, as
vezes, jogamos cartas também.
Ethan não é tão competitivo como eu, portanto, o importante
para ele é apenas aproveitar nossos momentos juntos.
— Senhor Thompson!
Ergo os olhos do celular para os dois homens à minha frente.
— Boa noite.
— Se vamos fazer negócios, creio que possamos dispensar
as formalidades — respondo ao me levantar para apertar as mãos
dos dois.
— É claro — fala o homem que ainda não se dirigido a mim,
enquanto toma seu lugar à mesa. — Sou o Brown.
— Brown — repito, meneando a cabeça e, em seguida,
encaro o outro.
— Jonathan, espero que o jantar seja proveitoso para todos
nós.
Logo somos abordados pelo maitre, que além de me entregar
a carta de vinhos, dá atenção aos que tinham acabado de chegar.
Escolho uma garrafa e começo a olhar o cardápio com as
entradas, quando percebo uma comoção ao meu lado seguida de
um assobio.
— Fabulosa! Que mulher linda. — Brown olha enfeitiçado
para um ponto além de mim e sigo seu olhar.
Vejo Briana entrar no restaurante usando um vestido preto na
altura dos joelhos, justo ao seu corpo, com uma fenda um tanto que
generosa na coxa direita e um decote drapeado que indica os seios
sem suporte do sutiã.
É uma cor que realmente chama muita atenção em contraste
com sua pele e seu cabelo.
A diaba sabe como ser bonita.
Ela leva alguns segundos para se situar e descobrir onde
estamos, então, caminha em nossa direção sem nenhuma pressa,
como se desejasse mesmo fazer todas as cabeças masculinas se
virarem em sua direção.
— É a minha diretora financeira.
— Está brincando! — Brown parece estar chocado com a
informação.
Os dois não estavam na reunião de hoje.
— Essa mulher trabalha para você?
— Sim...
— Eu a quero.
Giro o rosto na direção do homem que parece não ter muito
filtro com as palavras.
— Como podemos negociar essa beleza?
Mas que filho da mãe, descarado!
— Nenhum funcionário meu está à venda — respondo
tentando me manter cordial, com um sorriso contido. — Muito menos
Briana, posso garantir a você que ela é bastante exigente e tem um
padrão altíssimo — falo tendo em mente o fato dela ser amante do
meu pai.
— Mas ela é solteira? — Ele não parece estar pronto para
desistir.
Inspiro, solto o ar e acompanho seus movimentos quando se
aproxima.
Antes que eu pisque, Brown já se levanta para puxar a
cadeira para ela se sentar no lugar vago ao meu lado.
— Boa noite, senhores. — Ela os cumprimenta, sorridente,
disposta a hipnotizá-los. — Me desculpem pela demora, acabei me
atrasando um pouco.
Os dois idiotas se derreteram em sorrisos e por pouco não
estão abrindo suas carteiras e declarando amor incondicional a
mulher oferecida e esperta a sua frente.
Ela devolve a eles um sorriso e olhar doce antes de se voltar
para mim e arquear uma sobrancelha.
— Perdi alguma coisa importante, chefe?
— Por enquanto, não. — Sorrio de volta, tão falsamente
quanto ela. — Íamos começar a escolher nossos pratos.
— Qual é o nome da senhorita tão encantadora? — Brown
pergunta babando nela.
O que Briana está pretendendo fazer?
— Briana Morris.
— É um grande prazer ter a sua companhia esta noite,
Briana. — Ele inclina a cabeça de lado.
— Acredito ser desnecessário me apresentar, pois, se for
eficiente tanto quanto é bela, já deve saber tudo sobre nós.
— É claro que sim, Brown. Tanto Denner quanto eu
estávamos ansiosos para o jantar.
O tal Brown é um homem da minha idade, com boa aparência
e não tenho certeza se Briana está apenas encenando e sendo
simpática ou se há mesmo algum interesse no homem a nossa
frente.
Depois de alguns minutos, quando Brown já conseguiu
engatar em uma conversa com Briana, preciso intervir e dar início ao
assunto que realmente importa na noite.
Passamos a falar de negócios e trocamos ideias referentes a
aquisição do Bellagio, enquanto deixamos que os garçons arrumem
a mesa, ao mesmo tempo, em que nos servem as entradas.
Percebo que nesse momento, Jonathan é quem especula
mais e Brown se mantém mais observador, deixando a negociação
praticamente nas mãos do outro.
Eu não me importo, mas começa a ficar incômodo quando ele
passa a atrapalhar nossa conversa por estar interessado demais em
levar Briana para cama.
— Quando tiver uma folga durante a viagem, basta me ligar
— ele fala ao passar por cima da mesa um cartão e entregar a ela.
— Ficaremos apenas dois dias. Não acho que ela terá algum
tempo com a nossa agenda apertada.
Briana engole em seco e me encara, mas vejo em seu olhar
uma coisa que nunca tinha visto, afronta.
— Pode deixar, pensarei com carinho na ideia.
— Boa sorte para conseguir achar o tal do tempo — falo
sorrindo, levando minha mão até o joelho dela, apertando-o sem
cerimônia.
Briana reage discretamente, respirando fundo, chutando
minha canela por baixo da mesa.
Um belo chute certeiro que doeu.
— Está tudo bem? — Jonathan pergunta ao me observar.
— Tudo bem, está tudo ótimo. — Olho para a mulher que
parece estar satisfeita com o que conseguiu.
Mas com ela me acerto depois.
Briana vai me explicar que merda pretende fazer agindo
desse jeito.
CAPÍTULO 28

BRIANA MORRIS
O jantar para tratarmos da compra e venda do Bellagio
termina uma hora e meia depois.
Sem me dar muita chance de continuar interagindo com os
dois homens que estão conosco à mesa, Denner trata logo de
dispensá-los.
Chego a ficar com vergonha devido a forma com que Denner
os despacha.
Eles parecem querer continuar a noite em outro lugar e, por
que não?
Afinal estamos em Las Vesgas, um lugar completamente novo
para mim.
Queria pelo menos poder sair um pouco do hotel e conhecer
a cidade, ou pelo menos conhecer tudo o que o Bellagio oferece.
Mas Denner parece ter outros planos para acabar com a
minha noite, praticamente me arrasando para o elevador.
— Você foi ridícula conversando daquele jeito com um
homem que mal conhece. Ridícula! — ele frisa bem a palavra
"ridícula", como se quisesse realmente me desmoralizar e me
diminuir.
Mas não respondo, fico calada, pois, estou me cansando
desse jogo bobo, vindo de um homem tão inteligente como o imbecil
do Denner.
As portas do elevador se abrem e corro para a suíte.
Não quero discutir, o que quero é o conforto da cama já que
não poderei sair para lugar nenhum, ficar em um completo marasmo.
Que viagem horrível!
Que tempo perdido aqui!
— Não vai falar nada? Estava se oferecendo na maior cara de
pau. O meu pai sabe que você é assim? Se eu não tivesse te tirado
de lá, a essa hora estaria na cama com ele.
Fecho os olhos e respiro profundamente, me sentindo
cansada dessa merda, de ser tratada como uma amante barata, de
quinta categoria, que eu nem mesmo sou.
Estou cansada de ser humilhada, julgada, vista como uma
pobre coitada ou o pior ser da face da Terra.
Para tudo na vida há um limite e o meu definitivamente está
chegando ao fim.
Então, reunindo toda a coragem que nem mesma sabia que
tinha, me viro para o ele e o encaro. Levanto bem o rosto para
mostrar a ele que não aceitarei mais essa situação.
Isso acaba hoje.
— Eu quero que você vá se foder, Denner. Eu me cansei
dessa merda, cansei de você, cansei das pessoas que… A partir de
hoje vai me tratar como uma funcionária do grupo Thompson, nada a
mais além disso. A minha vida particular não diz respeito a você e
nem a ninguém. Vão todos a merda e foda-se, se está tão chateado
por eu ser a "amante barata" do seu pai. Vá tirar satisfações com
ele, pois cansei de tentar explicar a você uma coisa que não entra
na porra da sua cabeça. Está cego de raiva e eu nem mesmo seu o
motivo. O que sei é que não vou mais admitir que me trate desse
jeito.
Ele cruza os braços, me olhando, como se não levasse a
sério tudo o que eu acabei de falar.
— Olha você... Já está se achando a dona da porra toda me
enfrentando desse jeito. O que é, hein? Fala pra mim, está
interessada no Bellagio, não é mesmo? Por isso que está tão
chateada por eu não estar te incluindo em exatamente nada.
A minha vontade é de voar no pescoço dele.
Meu padrinho deixou bem claro que queria nós dois juntos
trabalhando na aquisição do Bellagio, mas agora entendo o que está
se passando pela cabeça do Denner.
— Você é inacreditável. Quando penso que não seria capaz
de falar mais absurdos do que já falou, você vem e me surpreende.
Eu não vou ficar aqui tentando falar com uma pessoa que parece
estar surda. — Viro de costas para sair do quarto e ele segura o meu
braço com força.
— Onde pensa que vai? Eu não acabei com você ainda.
Já percebi que Denner gosta de ter as coisas sob controle e
quando esse controle escapa de suas mãos, ele surta como está
fazendo agora.
— Solta o meu braço.
— Aonde você vai? — ele pergunta novamente.
— Me solta! — falo mais uma vez e ele me solta.
— Sou dona da minha vida e não devo satisfação de nada do
que eu faço ou deixo fazer a você. — Saio do quarto sem olhar para
trás, batendo a porta.
Respiro fundo tentando manter uma calma que não tenho
mais, tudo o que quero é sumir e me esconder como sempre fazia
quando era criança.
— Senhorita Morris, é esse o seu nome, não é? Está tudo
bem?
Eu me espanto com a mulher que hoje durante a reunião ficou
falando comigo.
— Oi, boa noite, estou bem sim. Só estou um tanto perdida.
Ela sorri e se aproxima.
— O Bellagio é muito grande mesmo. É fácil se perder aqui,
se quiser posso acompanhá-la, estou indo tentar a sorte no cassino.
Não quer vir comigo?
Isso me anima um pouco, pois gosto de jogar poker.
— Poker.
Ela sorri, parecendo estar surpresa.
— Não me arriscaria tanto, sou mais dos caças níqueis. —
Ela parece se divertir em falar isso.
— Quero jogar poker.
Ela levanta uma sobrancelha.
— Bem, se você se garante, então, vamos lá, mas vou logo
avisando que esse é um dos jogos mais difíceis e, provavelmente,
você saia da sala de jogos pobre. Principalmente, aqui, onde apenas
homens muito ricos se arriscam no poker.
Sorrio e começamos a andar juntas indo em direção a um
elevador.
Poker não é difícil, matemática não é difícil.
É verdade que existem alguns jogadores fortes que têm uma
intuição muito boa e não precisam da matemática para ganhar os
jogos, no entanto, a realidade é que os melhores jogadores usam a
matemática de forma regular para tomar suas decisões.
Não estamos, necessariamente, falando sobre uma
matemática difícil. A matemática adjacente ao poker é,
frequentemente, bem simples. Ela pode nos ajudar a refinar as
decisões que já fazemos com base na intuição.
A matemática ajuda em todas as artes do jogo e é por isso
que nunca perco uma partida.
Sempre uso a matemática ao meu favor.
— Chegamos — a mulher fala assim que o elevador abre
dentro de uma enorme e gigantesca sala de jogos.
— Nossa! — exclamo extasiada com o lugar.
Aqui é lindo, luxuoso, frequentado por gente de classe, que
chega a "feder" dinheiro, digo isso no sentido figurado da palavra.
Isso aqui é sensacional.
— Tem certeza de que é aqui mesmo que quer ficar?
— Sim — respondo e nesse momento tenho certeza que
meus olhos estão brilhando.
— Então vamos começar a diversão. Espero que você tenha
sorte.
— Eu não preciso de sorte, uso a lógica.
— Pelo menos confiança você tem.
Sorrimos juntas e nos aproximamos de uma mesa.
— Temos um lugar a mais. Qual das duas senhoritas irá se
aventurar? — o responsável pela mesa pergunta.
— Ela, eu não sei nem para onde começar a jogar isso, mas
ela parece saber e é bem confiante também.
Acabo de perceber que ela também gosta de falar demais e
isso faz os outros homens da mesa sorrirem.
Não devem dar nada por mim, para eles, sou apenas uma
mulher brincando de jogar poker.
— Prevejo que hoje vamos nos dar bem — um deles fala de
forma maliciosa.
— É... vamos mesmo. — Sento no lugar onde me é indicado.
Pobres coitados, não irão nem saber o que os atingiu.
Se acham tão "fodas" por que ostentam um pau e uma calça?
Vou mostrar a eles que eu também posso ser "foda",
ostentando um salto e uma saia.
O Texas Hold'em é jogado com um baralho completo de
cinquenta e duas cartas. Cada jogador faz o seu 'buy-in' para entrar
na partida. Com isto recebe uma quantidade predeterminada de
fichas, conhecida como "stack" e só então a partida é iniciada.
Em cada mão, será um jogador diferente a baralhar e a
distribuir as cartas. Nesta altura é conhecido como o dealer. O
jogador à esquerda do dealer deve colocar o 'small blind': uma pré-
aposta cujo valor é estabelecido antes do início do jogo. Logo depois
o jogador à esquerda dele vai apostar o 'big blind', que é o dobro.
Ao longo da partida, os 'blinds' vão subindo gradualmente.
Quando alguém perde todas as fichas, fica fora do jogo. Por
sua vez, o jogo só acaba quando um dos jogadores acumular todas
as fichas que estão na mesa.
O importante em uma partida de poker é ganhar!
E a regra é simples, o vencedor de cada mão do poker é o
jogador com a sequência de cartas mais alta quando são reveladas
todas as cartas.
Esta altura do jogo é conhecida como o 'Showdown'.
— Mas que porra! — o último que estava na mesa comigo fala
sem acreditar que eu ganhei.
Eles me subestimaram e sou boa em blefar, muito boa.
— Vem para a mamãe, bebê — falo pegando todas as fichas
e os outros sorriem.
Agora sim, o jogo vai começar de verdade, já que agora
provei que estou aqui para jogar e não brincar, nessa merda.
— Você é esperta, mas isso é sorte de principiante, já vi
acontecer muitas vezes.
Sorrio da cara de desgosto dele.
— Então vamos de novo, quem sabe a minha sorte de
principiante me ajude a ganhar novamente? — falo piscando um
olho para ele que sorri balançando a cabeça.
Agora vou me divertir.
— Uma rodada do melhor uísque para a mesa mais
interessante dessa sala.
Escuto a voz do Denner bem atrás de mim e chega me dar
um arrepio na espinha.
Nem mesmo aqui o infeliz me deixa em paz.
— Irá se juntar a nós, senhor Thompson? — o responsável
pela mesa pergunta cheio de reverência.
Quem ainda não sabe que Denner é o novo dono do
Bellagio?
— Não, estou interessado em apenas assistir ao jogo. Vamos
ver até onde essa senhorita aqui é capaz de ir.
Ao escutar isso, pego a bebida que o garçom está servindo e
viro de uma vez.
— Pelo menos de virar o copo ela é boa — mais um
engraçadinho comenta.
— Estamos aqui para jogar ou para ficar batendo papo? Se
estiverem com medo de perder caiam fora e deem a oportunidade
para outro — falo cheia de certeza.
Parece que a bebida vai me ajudar.
— Outra dose. — Faço sinal e o garçom me entrega outro
copo.
Logo em seguida começa outra partida.
Eu não sou acostumada a beber, mas hoje mereço por tudo o
que já escutei. Preciso relaxar e pelos menos por um momento
esquecer as humilhações que passei nas últimas horas.
***
— Mas que porra! De novo não.
Todos gargalham com o desespero do homem, do macho
alfa.
Todos nós, os jogadores, já estamos mais leves, nossa mesa
já está rodeada de gente e desde que comecei a jogar não perdi
nenhuma partida, o que chamou a atenção de muita gente.
— Quem será o próximo? — Denner pergunta falando alto.
A essa altura já estamos todos meio que bêbados demais.
— É isso aí. Quem será o próximo a me enfrentar — falo
bebendo.
Quando meu copo seca, Denner mesmo o enche.
Já que estamos na terceira garrafa de uísque.
Eu sei que ele veio até aqui para me ver perder e zoar com a
minha cara, mas quando percebeu que eu era muito boa com as
cartas as coisas mudaram, Ele também gosta de poker, assim como
o meu padrinho, e me ver ganhar uma partida após a outra regada a
muita bebida o clima aliviou.
Mesmo assim não quero muita conversa com ele.
Sei que essa nossa interação momentânea é só o efeito do
álcool em nosso organismo e assim que passar, o ódio voltará com
tudo, como sempre acontece.
— Vamos continuar, a noite no Bellagio é apenas uma criança
— um dos homens que está conosco na mesa de jogos fala alto,
levantando o copo e todos brindamos.
— Você está bem? Aguenta outra partida ou já quer parar? —
Denner sussurra no meu ouvido, passando a ponta do nariz pelo
meu pescoço.
Ele gosta do meu perfume e escutei isso da própria boca.
— Aguento mais do que só mais uma partida. Como o nosso
companheiro ali falou, a noite no Bellagio é apenas uma criança.
Todos ao redor da mesa batem palmas, eufóricos, pois é
difícil ver uma mulher ganhar assim tantas partidas seguidas.
Logo se dá início ao jogo e eu continuo empolgada.
Sei que já estou bêbada e sei também que vou me
arrepender dessa porra amanhã, mas hoje quero me divertir como
nunca pude fazer.
Amanhã é outro dia e aí sim, vamos ver o estrago.
CAPÍTULO 29

BRIANA MORRIS
Sinto meu corpo mole assim que abro os olhos.
Meu rosto está esmagado contra o travesseiro e até tento
levantar a cabeça, mas tudo começa a rodar, então resolvo dormir
só mais um pouquinho.
**
Na segunda vez em que acordo, continuo na mesma
posição, mas dessa vez consigo erguer a cabeça ainda pesada e
encarar as cortinas bonitas do meu quarto de hotel.
Tento buscar na memória o que aconteceu na noite anterior,
porque algumas lembranças sumiram.
Minha mente está repleta de grandes lacunas, espaços em
branco, flashes incompletos e apenas recordo de me sentir poderosa
por ter ganhado tantas partidas de poker.
Porra, estou muito ferrada, pois uma ressaca filha da puta
me assola.
Quantos ou quantas doses, ou mesmo garrafas de uísques
bebemos, afinal?
O Bellagio inteiro?
Decidida a me levantar e procurar meu celular para
descobrir que horas são, viro de barriga para cima e olho para o lado
ao me espreguiçar.
PUTA QUE PARIU!
Puta.
Puta mesmo.
Que merda é essa?
Fecho os olhos e os aperto bastante, torcendo para acordar
do pesadelo.
Mas os segundos se passam e ainda me sinto acordada,
então, volto a olhar para o lado.
Denner está bem ali, alguns centímetros de mim, deitado
de bruços, só de cueca, com o lençol embolado nas pernas.
Olho para o meu corpo e me vejo só de calcinha e sutiã.
Se eu puxar o pano para me cobrir, acabarei acordando o
idiota e então, será ele quem me verá seminua.
Por que estamos na mesma cama?
Por que ele está na porra do meu quarto?
Calma aí.
É mesmo o meu?
Olho em volta e procuro minha mala, mas só encontro a
dele, pequena e preta, no cantinho da parede.
Eu sou a invasora, não ele.
Com o meu coração aos pulos, tento colocar o cérebro para
funcionar com mais eficiência.
Puta merda!
Reunindo um pouco de coragem, deslizo devagar pelo
colchão, tomando o maior cuidado para não fazer barulho, até
conseguir me sentar e me levantar.
Vejo nossas roupas jogadas pelo chão e isso com certeza é
a consequência de tanta bebida ingerida em poucas horas, coisa
com a qual não estou acostumada.
Bebia?
Sim, bebia.
Mas de forma elegante e responsável, não para cair
bêbada pelos cantos e sofrer com amnésia alcoólica.
Caramba, a minha cabeça gira e não me lembro de porra
nenhuma.
Vou para o banheiro e encaro o espelho contemplando a
minha imagem descabelada, com a maquiagem da noite passada
borrada.
Estou uma bagunça.
Pego uma escova de dentes nova no armário da pia e
escovo os dentes. Tento tirar a maquiagem com sabonete líquido,
lavando o meu rosto e até que dá certo.
Amarro meu cabelo em um coque alto e depois me sento
no vaso sanitário.
Eu não faço ideia do que aconteceu, o que fizemos, nem
por qual motivo chegamos a essa loucura.
Denner e eu dormindo na mesma cama praticamente
pelados.
Eu não me lembro de nada do que aconteceu no cassino
desde que tomei a última dose de uísque.
Depois de dar descarga e voltar ao espelho, sinto tudo
rodar e meu estômago fica muito embrulhado.
Eu não sei se pelo medo que a amnésia está me causando
ou se realmente é efeito da maldita ressaca.
Eu mal consigo voltar para o vaso antes de vomitar tudo
que havia dentro de mim.
Estou passando as mãos pelo rosto, tentado me recuperar,
quando a porta do banheiro é escancarada com força e um Denner
só de cueca aparece diante de mim.
Ele me encara e eu o encaro.
Nosso choque é tão grande que eu sequer desvio o olhar,
só consigo olhar em seu rosto e ele também não se dá ao trabalho
de observar meu corpo.
— Eu vou sair e fechar a porta para ver se o pesadelo
acaba. É um pesadelo, Denner, isso é um pesadelo — ele fala,
fazendo exatamente o que anunciou.
Suspiro e me levanto do chão, pois estava agarrada ao
vaso sanitário. Dou descarga novamente, o encarando de novo
quando volta a abrir a porta.
— Certo. Pelo visto, isso é real. Puta merda! — Denner
suspira e depois me encara. — O que diabos aconteceu?
Balanço a cabeça.
— Eu não me lembro de nada, Denner, e nem sei como vim
parar aqui. A minha cabeça está girando e o meu estômago parece
estar fazendo a mesma coisa.
— Eu também não estou muito diferente, mas não temos
muito tempo para pensar nisso agora, é tarde e já perdemos os
nossos primeiros compromissos do dia.
— As reuniões, que droga! — Fecho os olhos me
lembrando de tudo o que programei para o dia de hoje e, então, uma
coisa me atinge feito um raio.
Arregalo os olhos olhando para o homem a minha frente.
— Meu Deus do céu, Denner! Será que a gente... Quer
dizer, nós dois... Será que nós dois...
— Não! — Ele entendendo o que quero dizer, responde
com uma certeza muito grande para quem está com uma amnésia
alcoólica.
— Como pode ter tanta certeza? — Eu me mexo um pouco
e não sinto nada.
Se realmente tivesse acontecido alguma coisa, acho que
sentiria pelo menos um desconforto, já que nunca fiz sexo antes e
perder a minha virgindade bêbada não era muito o que queria para a
minha primeira vez.
— Você está inteira e sem nenhuma marca pelo seu corpo.
Se tivéssemos transado, querida, pelo menos marcas vermelhas
teria dos meus tapas em sua bunda.
Meu coração traidor parece que irá saltar pela boca ao
escutar suas palavras.
— Mas que descarado!
— Não se faça de inocente, deve saber muito bem como
funciona as coisas. Não é uma virgem intocada, meu pai já deve ter
feito loucuras com você na cama.
Estava demorando...
Ele tinha que falar isso, tinha que tentar me humilhar de
novo?
— Eu vou sair daqui, você é doente e cego demais.
— Eu doente!? — Ele ri em escárnio e sei exatamente o
que ele vai falar.
— Você se presta ao papel de amante e eu que sou
doente? Está acabando com uma família inteira, será que já se deu
conta disso, Briana? Você ao menos conhece a minha mãe? Já
tentou se colocar no lugar dela nem que seja por um mísero minuto?
Ela ama o meu pai desesperadamente e quando souber dessa
pouca vergonha entre vocês dois não vai aguentar. Você vai destruir
a vida da minha mãe e eu nunca vou te perdoar.
Nesse momento, escutando tudo isso as lágrimas já correm
pelo meu rosto.
Eu não aguento mais.
Todo dia escutando a mesma coisa no meu ouvido.
— Eu que nunca vou te perdoar, Denner. Nunca, entendeu?
— Saio do banheiro correndo para o meu lado da suíte, batendo a
porta e me jogando na cama.
A minha cabeça está explodindo de dor e ainda tenho que
lidar com uma agenda apertada durante o dia.
Reunindo o restinho de força que ainda tenho, obrigo meu
corpo a se levantar da cama, afinal tenho um trabalho para fazer e o
farei.
Quando voltarmos para casa, irei atrás do meu padrinho e
ele terá que esclarecer as coisas com o filho idiota dele, porque
cheguei ao meu limite e já não aguento mais essa situação.
Procuro meu celular pelo quarto até que o encontro em
uma mesinha do outro lado da cama, mas quando o pego, vejo um
papel e congelo. Sinto meu corpo ficar dormente, meu coração
acelerar, minha garganta secar, a minha respiração entrecortada, o
chão fugindo dos meus pés, minhas pernas ficam bambas e tremo
inteira.
— BRIANAAAAAA... — Denner grita da sala que nos
separa, me arrancando de todas essas sensações. — Que porra foi
que você fez? — Ele entra no quarto.
Eu me viro na direção dele com as mãos trêmulas,
segurando o papel.
— Denner! Eu acho que nos casamos.
CAPÍTULO 30
DENNER THOMPSON
Quando Briana saiu do banheiro batendo logo em seguida a
porta do quarto, por um momento me senti mal, mas esse
sentimento logo passou quando lembrei da maneira como o meu pai
falava com ela na ligação que ela atendeu no meu carro.
Era praticamente impossível me segurar quando essas
lembranças, em específico, vinham a minha mente.
Acordar com uma fodida ressaca sem me lembrar do que
aconteceu estava me deixando nervoso, ainda mais quando percebi
que a amante do meu pai dormiu comigo, na mesma cama.
Mas sabia que não tinha acontecido nada entre nós dois.
Depois de tomar um banho rápido voltei para o quarto e para
o meu desgosto já passava das dez horas da manhã e estava muito
fodido.
Vendo as diversas ligações perdidas e mensagens em meu
celular, nem tive coragem de abrir, mas deixei isso de lado ao notar
um balde com champagne sobre a mesa de centro, coisa que
quando acordei atordoado não tinha reparado.
Havia também um buquê de rosas, o que era bem estranho,
então me aproximei e peguei o cartão para ler.
“Toda a equipe do Bellagio deseja uma excelente noite de
núpcias para o casal!
Parabéns pelo casamento.”
Dei risada ao ler o cartão, pois com toda certeza algum
funcionário seria demitido.
Observo as duas garrafas vazias e uma das taças tinha se
espatifado no chão.
Resolvo ligar para a recepção apenas para comunicar o
equívoco.
— Bom dia, acho que mandaram um kit de núpcias para a
suíte errada. Estou na Grand Lakeview Suite.
— Bom dia, senhor Thompson. Enviamos o kit correto. Não
estava do seu agrado e da sua esposa?
Esse papo está estranho e não estou gostando nadinha disso.
Desde quando tenho uma esposa?
Me casar é a última coisa que quero fazer na vida.
— Eu não sou casado — respondo soando o mais grosso que
consigo ser.
Faz um silêncio na linha, até que o funcionário responde:
— Desculpa, Senhor Thompson, mas estou na recepção
desde a madrugada. O senhor falou diretamente comigo, quando
disse que havia acabado de se casar com a melhor jogadora de
poker do mundo e que desejava receber champagne na suíte para
comemorar.
Não, não e não.
Eu jamais teria tido coragem de fazer uma merda dessas, não
importa o quão bêbado estivesse.
Impossível!
— Eu estava bêbado? — questiono irritado.
Eu já estou mais do que puto com todo o ocorrido.
— Senhor... É... Seria indiscreto e antiprofissional de minha
parte comentar sobre isso e...
— Você acredita em tudo que um bêbado diz? — pergunto
mais alto para que ele entenda que não estou para brincadeiras.
— Os senhores foram bastante convincentes. Fizeram
questão de falar que para um casamento dar certo, o amor e o ódio
teriam que estar lado a lado. O senhor seria o ódio e a sua esposa
era o amor, até se beijaram bem no meio da recepção.
Desisto dessa conversa descabida e desligo a ligação,
irritado, querendo descer e enforcar o funcionário idiota.
Confiro minha mão e não há aliança nenhuma, então vou até
o meu celular e quando o desbloqueio, me sento na cama de uma
vez.
“O casamento do ano, Denner Thompson, o principal
herdeiro do rei do Petróleo se casa na grande Las Vegas com a
belíssima diretora financeira do grupo Thompson em uma
emocionante cerimônia na famosa igreja do Elvis.”
Não estou acreditando no que meus olhos estão lendo. Briana
e eu somos assunto no mundo inteiro. A internet simplesmente está
pegando fogo com a notícia e em várias reportagens mostram fotos
do casamento. Fotos nossas e do Elvis fajuto.
Puta que pariu!
Porra, não me admira ter tantas ligações do meu pai e da
minha mãe, além de uma porrada de mensagens de praticamente
todos os que eu conheço.
Puta que pariu, vou matar a Briana!
Isso só pode ser coisa dela, armação daquela cabeça
ardilosa.
— BRIANAAAA... — O meu grito ecoa pelo quarto e pela sala
que nos separa.
Quando empurro a porta da suíte dela, a vejo de costas para
mim.
— Que porra foi que você fez?
Ela se vira na minha direção segurando um papel nas mãos,
tremendo, pálida, como se o sangue tivesse fugido do seu corpo.
— Denner! Eu acho que nos casamos — ela fala baixo, mas
eu escuto muito bem.
Vou até ela e arranco o papel de suas mãos.
Quando começo a ler o conteúdo, me deparo com a mais
pavorosa e plena verdade.
Sou um homem casado.
E pior, estou casado com a amante do meu pai.
— Puta que pariu! Com tantas mulheres no mundo, fui fazer
essa merda justamente com a amante do meu pai. Caralho!
Estou segurando em minhas mãos a porra da minha certidão
de casamento.
Eu disse casamento?
Inferno do caralho, isso sim.
— Não é hora para isso, Denner, eu...
Eu a interrompo antes que comece a querer se fazer de
vítima.
— Você! Você o quê, vagabunda? Deve estar muito feliz
agora, não é? Não iria conseguir se casar com o meu pai e armou
essa porra pra mim — falo mostrando para ela a certidão de
casamento que é muitíssimo válida e verdadeira.
Estou completamente fora de mim e sem controle das minhas
emoções.
— Você não disso isso? Não pode falar isso de mim, não
pode.
— DISSE SIM, SUA DISSIMULADA. ARMOU PRA MIM,
TUDO UM PLANO DESSA SUA CABEÇA... ME EMBEBEDAR ATÉ
CAIR E ME LEVAR A FAZER UMA PORRA DESSA, PORQUE SÓ
ESTANDO MUITO BÊBEDO PARA ME CASAR. NA VERDADE, SÓ
ESTANDO CAINDO DE BÊBEDO PARA ME CASAR COM UMA
PUTA VAGABUNDA, COMO VOCÊ — grito na cara dela as
palavras, sem me preocupar com mais nada.
Tudo em que a minha cabeça pensa é no escândalo que está
formado em torno da porra desse casamento e em como ele tinha
acontecido.
Somos notícias no mundo todo.
O mundo inteiro sabe do nosso casamento, estou no meio de
uma negociação bilionária, na compra de um dos maiores hotéis
cassinos do mundo e agora mais essa.
— Cadê a porra do seu celular?
Briana está chorando.
Vejo seu celular em suas mãos, arranco o aparelho dela e
está desbloqueado.
Quero ver se tem algum registro dessa merda de casamento
e, para a minha surpresa, todas as imagens que estão circulando
pela internet estão no celular dela.
Tem até um vídeo gravado da famosa hora do “sim” e da
música que o Elvis fajuto cantou para a dança do casal.
Como testemunhas todos os que estavam com a gente no
jogo de poker.
Deles, eu me lembro.
— Deus, como eu fui idiota e burro! Você planejou tudo isso
direitinho, sua...
— Eu não fiz nada e nem planejei nada, Denner. Você está
completamente fora de si. Será que tem noção do que está me
acusando? — ela fala alto, nervosa por eu ter descoberto seu plano
ridículo.
— Calada, Briana, você vai escutar todos os xingamentos que
eu quiser falar, sua vagabunda. Achava o quê? Achava que eu ia
pular de alegria por ter me casado com a amante do meu pai?
— CHEGAAAAA… CHEGA, EU NÃO AGUENTO MAIS...
— Quem não aguenta mais sou eu, porra. Não aguento mais
olhar nessa sua cara de vadia. Está demitida, Briana, não quero ter
que te ver na minha frente, entendeu? Está demitida, porra, e
ninguém vai me fazer mudar de ideia, nem mesmo o meu pai. Eu
quero você fora da minha empresa, fora do grupo Thompson, sua
vagabunda. Vá tentar dar o golpe em outro trouxa que caia na sua
conversa e nas suas armações.
Nesse momento, ela perde o controle e vem pra cima de mim,
tentando me bater, mas não consegue porque a seguro pelos
braços.
— Vai se arrepender, vai se arrepender de tudo isso que está
fazendo comigo e eu não vou te perdoar. Não vou te perdoar nunca.
Nuncaaaa... — Ela chora se debatendo em meus braços, usando
apenas a porra de um sutiã e uma calcinha minúscula.
— Fica quieta, ou eu vou exigir que seja a minha mulher de
fato, pelo menos uma vez. Deve estar louca para ter o meu pau
dentro de você, te comendo rápido e forte. Essa sua cara de vadia
não nega, teve o pai e agora está louquinha de vontade de ter o filho
também. Nem adianta negar, está explícito na sua cara.
Ela me olha intensamente, com os olhos banhados de
lágrimas, como se a sua cabeça e seus pensamentos estivessem a
todo vapor.
CAPÍTULO 31
BRIANA MORRIS
Fico sem acreditar em todos os absurdos, xingamentos,
calúnias, palavras baixas que escuto da boca do Denner.
Nunca, em toda a minha vida, pude imaginar que um dia
passaria por algo assim, ser acusada de uma coisa que eu
desprezo.
Ele fala cada palavra com vontade de me machucar e
consegue, pois, cada xingamento é uma facada em meu coração e
dói.
Dói demais ao ponto de ser quase que insuportável.
Me acusar de ter planejado isso tudo, o forçado a um
casamento como se eu fosse a pessoa mais interesseira do mundo,
coisa que não sou, tanto que nunca me aproveitei do fato de ser
afilhada do Oliver.
Tudo o que eu fiz e consegui na vida foi através do meu
esforço.
Nesse momento, Denner está me resumindo a um lixo, um
nada que ele podia pisar, pisotear e jogar fora sem nem mesmo ter
um pouco de piedade.
Eu vou me quebrar, irei sofrer, mas irei sair daqui mostrando a
ele que não sou nada disso que ele está falando de mim. Depois
disso, serei eu a nunca mais querer vê-lo na minha frente.
— Me faça sua então, me faça sua mulher de fato e me
mostre que pode ser tão bom de cama como o seu pai é.
Preciso provocá-lo para que ele realmente perca a cabeça de
vez e faça o que tem que ser feito.
Que ele sinta no corpo e na alma a minha VERDADE.
— Você é uma puta mesmo — ele fala entredentes com a
mandíbula cerrada.
— Sou, sou sim, e disso você já sabe e tem razão. Eu sempre
tive o desejo de saber se você era tão bom de cama quanto o Oliver
é...
Eu não termino de falar e ele me empurrou contra a parede,
devorando a minha boca sem pudor algum, me fazendo
experimentar sua luxúria sem deixar que eu possa respirar.
Aqui será tudo ou nada e me entregarei ao homem que me
odeia. Deixarei transparecer tudo o que sinto por ele, mas o
sentimento que cultivo não é o de ódio.
Exalo amor, amor por ele, pelo homem, pelo idiota, pelo
possessivo, pelo mandão, pelo gostoso, pelo doce príncipe do
petróleo.
Doce?
Sim, Denner também me mostrou um lado seu oculto que
duvidei ter.
Denner me mostrou que por traz daquele imponente "tubarão"
existiam outras habilidades e ele era um verdadeiro gentleman.
Eu me sinto tonta e entregue em suas mãos. Sua língua
brinca com minha boca e quando ele chupa o meu lábio e morde,
sinto o meu núcleo pulsar.
Ele me controla de forma quase que inconsciente, com uma
dominação luxuriosa.
— Sua desgraçada...
Ele me beija, chupando, lambendo ou fazendo qualquer outra
coisa que a sua mente pervertida consiga pensar, me firmando com
força quando as minhas pernas parecem estar bambas.
— Denner...
Ele mordeu o lóbulo da minha orelha e solto um gemido,
sentindo tesão entre as pernas.
Não consigo pensar em nada enquanto ele lambe o meu
pescoço, esfregando o nariz ou raspando os dentes.
Eu me arrepio inteira, enlouquecendo um pouco mais.
— Eu vou te fazer minha, sua desgraçada.
Sua voz demonstra o quão necessitado ele está, parecendo
estar descontrolado, querendo que eu esteja igual. Por isso, não
para de provocar o meu corpo com seu toque. Suas mãos veem
para o meu cabelo e ele puxa com força, expondo o meu pescoço.
Solto um gemido baixinho quando lambe a minha pele para
logo morder o meu ombro.
— Denner...
O que ele faz em meu pescoço me mostra quão talentosa e
pervertida a sua língua é.
Minhas pernas estão como borrachas quentes, o coração
palpitando no peito enquanto sinto meu clitóris começando a doer.
Uma dor diferente prazerosa.
Meu corpo chama pelo dele e tento fechar ou roçar as minhas
pernas na tentativa de alívio.
Ele me empurra para a suíte dele e fecha a porta com um
chute.
Na porta mesmo, ele me faz sentir como está excitado.
— Olha o que você faz comigo.
Deixo a timidez de lado e o puxo para mim, para que possa
me esfregar em seu corpo em busca de algum alívio.
Meus seios doem, os mamilos estão duros demais, pedindo
por atenção, tensos.
A calcinha me incomoda e sinto a pele sensível, como se a
eletricidade percorresse os pelos.
Ele sabe como e onde tocar.
Logo sua mão vai para dentro da minha calcinha.
— Toda molhadinha.
O jeito que segura o meu cabelo, me dominando, me
deixando ainda mais louca.
Gosto de como está sendo bruto e sofro com o desejo de ter
as nossas peles se tocando, de senti-lo me tocar intimamente.
— Por favor, Denner.
Meus olhos pesam...
O cheiro dele...
Cheiro de homem másculo, viril, me embriaga, me deixando
ainda mais tonta e cheia de expectativas.
Estou presa em sua teia de sedução e desejo.
Meus sentidos voltados apenas às suas demandas.
Estou pronta para tê-lo.
Um misto de medo, anseio e expectativa me deixa nervosa,
sabendo tudo o que será consumado.
Mordo o lábio, apertando as coxas juntas para aliviar um
pouco o pulsar doloroso.
São tantas sensações que não sei como descrevê-las.
Suas mãos veem para o meu cabelo outra vez, mas sem
pressa e apenas massageando, me fazendo buscar por mais
contato.
Suas carícias são pesadas.
Seu toque desce por meu corpo, se detendo em meus seios
por um momento, arrancando o meu sutiã, me expondo.
Nesse momento, me sinto envergonhada, mas ele parece não
se importar, deve pensar que tudo não passa de fingimento.
— Denner. — Suspiro quando a sua boca começa a percorrer
o meu pescoço.
Puxa os meus mamilos, me fazendo derreter com sua tortura.
Procuro a sua boca, me entregando, suas mãos quentes
deslizam por minhas costas, me puxando para mais perto. Brinca
com os meus mamilos, beliscando com o polegar e indicador.
Tão provocador, como sempre.
Meu prazer só aumenta e é injusto que ele saiba tanto sobre
o meu corpo ao ponto de precisar de pouco para me ter sofrendo.
Eu me sinto completamente dominada por ele.
Sem pressa alguma, desce a minha calcinha, com sua língua
brincando e me fazendo tremer.
Espero por um toque mais íntimo e quando vem o meu prazer
se expressa em um suspiro sôfrego.
— Molhada pra caralho — ronrona, acariciando as minhas
dobras.
Passo a língua nos lábios secos, gemendo, gemendo muito,
quando tiros de prazer percorrem o meu corpo.
O prazer escalona e me faz suspirar alto, enquanto ele brinca
com meu clitóris.
Meu corpo parece subir, tenso, me deixando saber que
quando alcançar o êxtase será algo tão bom que abalará as minhas
estruturas e conceitos pré-existente sobre o ato.
Ele me pega no colo, vai até à cama e me joga no colchão,
sem cuidado nenhum.
Sem pudor tira a cueca, me fazendo engolir em seco com a
visão que tenho do seu corpo nu bem na frente.
— Como pode fingir tão bem, consegue até mesmo ficar
vermelha. É incrível como você é uma mentirosa profissional.
É claro que ele pensaria isso, mas não faço e nem falo nada.
Espero que ele tenha o seu momento, pega a carteira em cima da
mesinha, a abre e tira um preservativo de dentro.
É nesse momento que percebo que não terá mais volta.
Denner iria ter o meu corpo e irá tirar a minha virgindade.
Provarei a ele que nunca fui nada do que ele me acusou
durante todo esse tempo.
É uma questão de honra, para mim, aguentá-lo até o final do
ato que está próximo a acontecer.
Não demora muito, ele se deita sobre mim, dando outro beijo
de tirar o fôlego que parece querer sugar a minha vida. Desce em
um dos meus seios chupando e mordendo com muito desejo, depois
faz a mesma coisa no outro, então desce a língua pela barriga,
fazendo um caminho molhado até chegar onde mais queria.
Sem cerimônia, ele chupa com força a minha boceta, brinca
no meu clitóris enquanto enfia e tira a língua em movimentos
repetitivos que são o suficiente para sentir cada parte do meu corpo
que nem sabia que existia.
Isso é uma experiência totalmente nova que nunca
experimentei.
Sabia como funcionava apenas na teoria, mas vê-lo me
chupar, me dando prazer desse jeito é demais para o meu pobre
coração.
Achei que ele iria vir com tudo.
— Não é porque você é uma vagabunda que não vou te dar
prazer — ele fala parecendo adivinhar os meus pensamentos.
Tudo isso é uma grande loucura, mas irei até o fim.
Meus olhos não acreditam na perfeição que está na minha
frente.
Denner é bem forte, músculos bem definidos, com gominhos
bem detalhados, mas o que mais me leva à loucura é o V que desce
do abdômen e sua ereção mostra o que enfrentarei a seguir.
Agarro os lençóis, precisando de algo para me segurar.
Denner brinca com o meu clitóris e a sensação é
incrivelmente deliciosa.
Ele me leva à beira do prazer e me faz voltar.
Calafrios percorrem a minha pele e estou quase lá, mas não
ouso me mexer.
Sinto que gozarei e nem preciso dizer nada, ele sabe disso.
Aproveitando o momento, ele vem para cima de mim, dá um
impulso forte e toma a minha virgindade em meio ao meu primeiro
orgasmo.
A dor é terrível e não posso evitar de soltar um grito.
É como se o meu corpo estivesse confuso, preso no prazer e
na dor abrasadora.
Denner congela, a expressão dele carregada de culpa me faz
querer chorar.
Ali está a prova que ele tanto precisava para saber que eu
não era nada daquilo que ele pensava ao meu respeito.
Estava livre das suas acusações.
— Briana... Você... Você era...
— Virgem!
Ele me encara e não consigo mais decifrar o seu rosto,
enquanto o sinto pulsar dentro de mim.
— Você é virgem!
— Não, Denner, eu era virgem. Você acabou de tirar a minha
virgindade, agora seja homem e termine o que começou. — Puxo o
seu rosto para mim e ele vem me beijando com ardor e carinho.
Ele é uma mistura de quente e frio, doce e salgado, prazer e
dor.
É muito, muito bom sentir o seu corpo em cima do meu.
Faz o calor que emana de sua pele suada aumentar e o ardor
em minha intimidade.
Preciso que ele continue, que vá até o fim.
Minhas mãos deslizam por suas costas, aperto a sua bunda e
ele pulsa dentro de mim.
A nova sensação é deliciosa.
Denner geme baixinho, começando a entrar e sair bem
devagar.
Agora sim, ele está sendo cuidadoso comigo.
No começo dói e arde, porém, apesar de sentir o quão duro e
necessitado está, ele vai bem devagar.
Está sendo cuidadoso e paciente.
Estou vendo o grande esforço que faz para se controlar.
— Caralho! — fala baixinho, enterrando o rosto em meu
pescoço.
Arrepio toda quando sinto a sua língua em minha orelha, a
cada mordiscada que ele dá, contraí e geme gostoso.
— Briana... — Respira fundo com o suor pingando da sua
testa.
Ele busca em meu rosto a certeza de que estou bem e só
quando percebe que quero tudo, é que realmente começa a me
foder.
A dor é suportável, agora, é uma ardência contínua, mas que
vai diminuindo aos poucos.
Há prazer, mesmo na dor, e um sentimento de que o meu
corpo está pronto para viver a experiência completa.
Quero tudo do ato.
— Que delícia! — geme ao perceber que não estou
reclamando e deixa o controle ir embora.
Denner impulsiona duro, golpeando a minha intimidade com
força e rapidez. Sua precisão é cruel e parece saber onde está cada
ponto sensível, me fazendo arfar, gemer descontroladamente.
— Porra! — grunhe em meu ouvido, impulsionando com força,
fazendo o meu corpo vibrar.
Solto um gemido encarando os seus olhos brilhantes de
luxúria. Arranho as suas costas, fazendo com que ele rosne. Arqueio
o corpo para receber as suas estocadas.
Nunca pensei que seria tão bom, com dor e tudo.
Encaixamos como um quebra-cabeças, parecia que nossos
corpos foram feitos exatamente um para o outro.
— Não posso segurar mais — geme, bombeando mais rápido,
se é que isso é possível. — Porra, que delícia! — gemeu alto,
enterrando o máximo que consegue e se mantendo ali, parado.
Sinto seu membro pulsar dentro de mim, preso em seu prazer.
Ele está maravilhoso, a cabeça jogada para trás, o corpo
tenso, suor escorrendo por seu peito e abdômen.
Incrível, deslumbrante.
Quando me olha, há admiração em seus olhos, uma coisa
que não queria ver.
Acaricio o seu rosto quando ele estoca devagar, como se
espalhasse calor em meu interior.
Eu me sinto tão sensível que é quase como um fio
desencapado.
— Precisamos conversar — murmura rouco, quase se
deitando em cima de mim.
Ele me beija com carinho, paciente, esfregando o nariz por
meu rosto.
— Como se sente? — pergunta me olhando nos olhos, me
acariciando.
— Você me fez a sua mulher como queria, espero que esteja
satisfeito agora.
— Briana, temos...
— Eu quero dormir, Denner, estou cansada, exausta, e se não
percebeu o seu celular não para de tocar. Estamos no meio de uma
negociação de compra, vá resolver tudo o que precisa e quando
voltar conversamos, já me mostrou ontem que não precisa de mim,
para nada.
Ele me encara durante alguns segundos e mantenho o olhar.
— Espere por mim, vou resolver tudo o mais rápido possível e
volto. — Sai de dentro de mim e não posso deixar de reparar o
sangue no preservativo.
Ele percebe para onde olho.
— Porra, Briana, você deveria ter falado...
— Não adiantaria ter falado nada, você não iria escutar, agora
vá. — Fecho os olhos e puxo o lençol para cobrir o meu corpo, me
virando de lado.
Quando Denner voltar das reuniões, não estaria mais aqui
esperando por ele.
CAPÍTULO 32
DENNER THOMPSON
Estava fora de mim, completamente desnorteado de raiva
com tudo o que estava acontecendo.
Não estava pensando, ou raciocinando direito e, para mim,
naquele momento só existia uma verdade.
A verdade que Briana era amante do meu pai e que ela havia
armado tudo para que aquele casamento viesse a acontecer
daquele jeito.
Mas a minha VERDADE não passava da porra de um grande
engano.
Briana era VIRGEM.
Virgem, porra!
Ela era a porra de uma virgem intocada e o sangue no
preservativo e nos lençóis da cama onde a deixei deitada provavam
isso.
Encosto a cabeça no box de vidro do banheiro, de olhos
fechados, deixando a água escorrer pelo meu corpo.
Preciso colocar a cabeça no lugar, mas não tenho muito
tempo para pensar nisso agora.
Tenho que estar presente em um almoço e depois passarei o
restante da tarde em reunião. Sem contar que ainda terei que lidar
com o fato de que estou casado e que o mundo inteiro parece saber
disso.
A minha família deve estar louca e com razão, afinal eu me
casei na igreja do Elvis com a diretora financeira do grupo
Thompson.
Desligo o chuveiro, me seco, enrolando a toalha na cintura,
mas quando chego no quarto, Briana não está mais nele, assim
como os lençóis sujos com o sangue da virgindade dela.
Porra, eu tenho que resolver essa situação.
Urgente!!
Vou até as minhas roupas e me arrumo. Visto a pele de
empresário sério que precisa fechar um grande negócio bilionário,
não podendo haver falhas nessa negociação.
Mas já estou com um atraso de meio dia que vai atrapalhar
um pouco as coisas.
Pego o celular e me impressiono com a quantidade de
ligações que tem da minha família.
Eu não vou retornar agora, não tenho tempo, preciso terminar
de resolver as coisas por aqui primeiro, depois lidamos com o fato
de estar casado e com quem estou casado.
Antes de sair, vou até à porta da suíte de Briana e constato de
que está trancada.
Estou prestes a abrir a boca para chamá-la quando escuto
seu choro do outro lado da porta, um choro sofrido e doído que
aperta o meu coração de um jeito que nunca tinha acontecido ou
sentido.
Porra!
— Briana — chamo por ela e percebo que para de chorar. —
Briana, abra essa porta — chamo novamente, batendo à porta.
— Preciso que me deixe sozinha, por favor — ela fala com a
voz abafada.
— Está chorando?
— É claro que estou chorando, Denner. O que você
esperava? Que eu estivesse rindo e comemorando. Estou casada
com um homem que me odeia.
Pela primeira vez me sinto mal em escutá-la dizer que eu a
odeio.
Eu não sei mais o que sinto em relação a ela, não depois do
que aconteceu nessa noite.
— Deixarei você sozinha, entendo que precisa do seu tempo
e espaço, mas quando voltar vamos conversar e se essa porta ainda
estiver fechada, eu derrubo.
Ela não diz nada e saio do quarto.
A porra deste dia ainda vai ser longo.
Quando chego na recepção, logo um funcionário se aproxima
de mim.
Todos aqui já sabem quem eu sou e o que estou fazendo
aqui, passar desapercebido já não é mais possível.
— Senhor Thompson, espero que sua noite de núpcias tenha
sido proveitosa. Admito que foi uma surpresa grande, mas Las
Vegas tem esse poder de despertar nas pessoas sentimentos
ainda...
— Dá para calar a boca, pelo amor de Deus — falo irritado e
o homem a minha frente se cala e muda de cor.
— Desculpa, senhor. Mas devo informar que a mídia está um
alvoroço só. Tivemos problemas hoje pela manhã para controlar os
paparazzis que praticamente queriam invadir o Bellagio.
Outro problema que não queria ter, mas que eu vou precisar
lidar.
— Conseguiram controlar a situação?
— Sim, senhor, aumentamos a segurança e agora está tudo
sob controle.
— Ótimo, depois lido com a mídia. Agora mande entregar o
almoço da minha esposa na suíte e não permita que ninguém se
aproxime daquele andar. Quero preservar a imagem da minha
mulher.
Se me falassem umas semanas atrás que estaria chamando
Briana de esposa e de minha mulher, mandaria matar o desgraçado,
mas olha eu aqui, agora, preocupado com o almoço e a segurança
dela.
— Sim, senhor, farei isso agora mesmo.
Saio da presença dele e me direciono a um dos muitos
restaurantes que o Bellagio possui.
Quando chego, já estavam a minha espera.
Assim que me aproximo da mesa me desculpo pelo atraso,
que já passa de mais de vinte minutos.
Não costumo me atrasar para os meus compromissos, mas
hoje foi impossível não acontecer.
— Não há necessidade de se desculpar, senhor, afinal se
casou ontem, ou foi hoje pela madrugada, eu nem me lembro mais.
Na verdade, pouco nos lembramos do que aconteceu ontem, mas o
casamento foi lindo.
Quando ele fala isso, me dou conta de que ele era um dos
homens que estavam no cassino ontem.
— Estávamos juntos ontem.
Ele sorri.
— Estávamos, sim, e devo admitir que sua esposa me
arrancou uma pequena fortuna.
— Não só sua como a nossa também. Onde conseguiu
aquela mulher, senhor Thompson? Eu nunca vi nada igual, ela
parece uma máquina de ganhar dinheiro.
Onde conseguiu aquela mulher?
A pergunta ecoa pela minha cabeça e, por um momento, me
lembro de todas as nossas discussões, conversas e momentos que
tivemos juntos, desde o dia em que a vi pela primeira vez até hoje.
E a resposta não poderia ser outra.
— Meu pai a encontrou para mim. — Essa é a resposta
correta.
— Seus olhos brilham quando fala da sua esposa, deve amá-
la muito — a mulher que está na minha frente fala e eu a encaro.
Percebo que é a mesma que estava com Briana ontem.
Se ela soubesse que não é nada como parecer ser e que
Briana nesse momento deve me odiar mais que tudo nessa vida,
ainda mais com tudo o que eu disse para ela, talvez mudasse de
ideia sobre a sua suposição.
Estou muito fodido.
— Viemos aqui para falar de negócios e não do meu
casamento, então vamos ao que interessa.
Todos concordam e damos o assunto como encerrado, mas
em momento algum a mulher tirar os olhos de mim, o que me
incomoda um pouco.
Depois do almoço, entramos em uma extensa reunião que
dura praticamente a tarde toda, mas ela foi muito proveitosa, já que
assinei quase todos os documentos da compra e transferência de
título.
O negócio já está noventa por cento fechado e amanhã com
toda certeza o processo será concluído, então só precisarei
participar de mais um jantar e poderei retornar para casa com o
negócio concluído.
O grande Bellagio já é uma propriedade do grupo Smith.
— Seu pai fez uma excelente aquisição, meus parabéns, você
deve ser o orgulho dele — um dos homens fala, me
cumprimentando.
— Ele soube me criar bem, obrigado. Agora, se me dão
licença, preciso me retirar.
— É claro que sim, deve estar ansioso pela sua mulher, já
que passou o dia todo praticamente longe dela.
— É isso mesmo, até mais. — Me despeço de todos.
Quase vinte minutos depois consigo sair da grande sala de
reuniões.
O bom do Bellagio é que que ele possui toda uma estrutura
magnifica de administração, o que facilita e muito as coisas.
Procuro chegar a suíte o mais rápido que consigo, passando
pelos funcionários que me cumprimentam durante o percurso sem
dar muita atenção. Mesmo assim demoro mais do que gostaria para
chegar e quando finalmente entro na suíte, passo pela sala que
separa os quartos e vou direto para o da Briana.
Encontro a porta aberta, olho pelo lugar e não a vejo. Vou no
banheiro e nada dela. Abro o closet e as coisas dela também não
estão mais aqui, muito menos a mala.
— Porra! Onde ela se meteu? Será que trocou de suíte para
não ficar perto de mim? — Vou para a minha suíte e pelo telefone
chamo a recepção que logo atende.
— Senhor Thompson, em que posso ajudá-lo?
— Minha esposa. Sabe me dizer se ela trocou de suíte?
O homem coça a garganta e fala.
— Desculpa, senhor, mas a senhora Thompson não está mais
no Bellagio. Ela foi embora por volta das quatorze horas.
Merda!
Como foi que não previ isso.
— Por que não fui informado disso?
— Me desculpa, senhor, mas a senhora Thompson deixou
bem claro que não poderíamos incomodá-lo já que se encontrava
em uma reunião importante.
Eu nem espero para escutar mais nada e desligo a ligação.
Não tenho nem tempo de raciocinar direito, pois meu celular
toca pela milésima vez e agora não posso mais ignorar a ligação do
meu pai. Se eu não o atender é capaz de vir até mim.
Ele tem coragem para isso.
— Pai! — Atendo já esperando a bronca vir com tudo.
— Você se casou na igreja do Elvis com a minha afilhada,
Denner?
Confesso que por essa eu não esperava.
Afilhada?
CAPÍTULO 33
BRIANA MORRIS
Assim que percebo que Denner sai do quarto, corro para o
banheiro e tomo banho.
Preciso colocar a cabeça no lugar e arrumar um jeito de dar o
fora daqui.
Quando saio do banheiro, alguém bate à porta da suíte e
mesmo apreensiva vou abrir.
Quando faço isso, me impressiono com o que vejo.
— Boa tarde, senhora, o senhor Thompson mandou que
trouxéssemos seu almoço.
Olho para ele e depois para o carrinho repleto de comida.
— Obrigada, pode deixar aqui.
— A senhora não gostaria que eu organizasse tudo na mesa
para a senhora?
— Não precisa, me viro sozinha, obrigada.
Ele faz um sinal com a cabeça.
— Não há de quê, senhora. — Ele se retira e olho para a
comida respirando fundo.
Preciso realmente me alimentar.
Depois de almoçar, volto para a suíte e me arrumo,
organizando logo depois a minha bagagem.
Quando o Denner voltar não vou mais estar aqui.
Com esse pensamento, pego o celular e começo a pesquisar
por passagens áreas. Com muita sorte, consigo comprar uma, mas
para que não perca o voo preciso correr.
Depois de pronta, quando estou prestes a sair do quarto, me
dou conta de uma coisa, o meu rosto está estampado em todos os
sites e jornais do mundo, seria impossível passar desapercebida
pelo aeroporto, o que é uma droga.
Preciso me disfarçar o máximo que conseguir.
Pego a mala e vou até uma das muitas lojas que tem no
Bellagio, então compro um conjunto de moletom, óculos escuros e
um boné gigante.
Acho que assim ninguém me reconhecerá.
Pago por tudo o que comprei e troco de roupas na loja
mesmo.
Quando estou saindo, dou de cara com um dos
recepcionistas.
— Senhora Thompson!
Que droga, já estou sendo até chamada de senhora
Thompson, isso não pode acontecer.
— Aonde a senhora está indo com essa mala?
— A mala... É a minha mala e eu...
— A senhora está se saída? Devo informar ao senhor
Thompson?
— Não... Não faça isso, só irá atrapalhar o trabalho do meu
marido. Hoje é um dia importante e como ele está tendo muito
trabalho, vou indo para casa na frente. Está proibido de incomodá-lo,
só vim aqui fazer umas comprinhas antes de ir embora — falo
sorrindo sendo bem amigável para que ele caia no meu papo.
Nunca fui uma boa mentirosa.
— Tudo bem então, a senhora quer que eu mande o motorista
levá-la a algum lugar? A mídia está em peso pelos arredores do
Bellagio, pode ser arriscado a senhora sair sem proteção.
Penso por um momento e resolvo aceitar para não dar muito
na cara que estou praticamente fugindo daqui.
— Aceitarei, tenho que conseguir sair daqui sem que a mídia
perceba.
Ele concorda e logo pede para que o acompanhe, então me
leva até uma saída privada e liga para o motorista que não demora
muito para aparecer.
— Obrigada por tudo.
— É um prazer, senhora, faça uma excelente viagem de volta
para casa, espero poder revê-la em breve. —
Faço um sinal que sim e entro no carro. Peço para o motorista
me deixar no aeroporto e por muito pouco não perco o meu voo de
volta para casa.
Com a graça de Deus, ninguém me reconhece e chego na
California já no fim da tarde.
A primeira coisa que faço é correr para o grupo Thompson,
como fui demitida tenho que informar ao departamento de Rh.
Nem morta que continuarei trabalhando na empresa depois
de escutar tudo o que escutei da boca do Denner.
E como já esperava, assim que chego na sede do grupo
Thompson, todos me olham, ainda mais que estou arrastando uma
mala e sabiam muito bem onde estava.
Ignoro todos os olhares e vou até o departamento de Rh
antes que o responsável vá embora.
— Tem certeza de que é isso está certa, senhora Thompson.
Eu não acredito nisso.
— Não me chame de senhora Thompson, me chame de
Briana e sim, isso aí está certo. Eu fui demitida e se não quiser
formalizar a demissão, faço uma carta pedindo demissão.
A mulher me olha desconfiada.
Ela não é boba e sabe que tem algo de muito errado nisso, já
que está em todas as notícias que me casei com o chefe dela.
— Então prepare a sua carta de demissão, porque não vou
formalizar a sua demissão sem uma ordem do chefe. Agora, se a
senhora pedir, eu não posso fazer nada a não ser aceitar.
Suspiro derrotada.
É claro que ela não iria acreditar que o meu marido me
demitiu.
— Me dê cinco minutos e preparo essa carta.
Preparo a minha carta de demissão e não demora nem
mesmo os cinco minutos que pedi, já está pronta.
— Aqui, dê início ao processo e não irá para casa hoje até
que o finalize.
— Mas, Briana… — Ela ainda tenta me questionar, mas eu a
interrompo.
— Agora, quanto mais demorar mais tempo ficará aqui.
— Tem certeza do que está fazendo, Briana, afinal você é
diretora financeira, um cargo onde muitos querem chegar.
— Tenho certeza absoluta. Agora não perca o meu tempo e
nem o seu.
Como ela vê que não vai me fazer mudar de ideia, inicia meu
processo de demissão, me fazendo assinar muitos papéis.
Quase uma hora depois ela termina tudo.
— Prontinho, seu desligamento da empresa foi concluído.
você não é mais uma funcionária do grupo Thompson e todas as
suas credenciais agora foram retiradas do sistema. Não terá mais
acesso a nada.
Talvez ela esteja pensando que ficarei triste ao mencionar
isso e volte atrás da decisão que tomei, mas não farei.
Estou chateada, é claro, mas cansei de tudo isso, quero viver
em paz, longe desse mercado empresarial que praticamente suga a
alma da gente.
— Obrigada, nos vemos por aí. — Me despeço dela e vou até
a minha sala para pegar os meus pertences.
Quando chego, vejo que, infelizmente, a minha secretária não
está mais em sua mesa.
Queria poder me despedir dela.
Recolho tudo o que é meu da sala e coloco dentro de uma
caixa.
Olho ao redor da sala e suspiro.
Estudei tanto para chegar aqui e agora vou sair desse jeito,
mas nem tudo é como a gente quer.
Saio fechando a porta da sala, sem olhar para trás, deixando
o grupo Thompson.
Agora tenho algo mais importante para resolver, o meu
divórcio ou a anulação do meu casamento, e isso quem vai me
ajudar será a Duda.
Chamo um táxi e durante o caminho até o meu apartamento,
ligo o meu celular que tinha deixando desligado.
Uma explosão de mensagens e ligações não atendidas
aparecem na tela.
Ligações da minha mãe e dos meus padrinhos.
Ignoro todas, pois o que preciso agora é falar com a Duda,
então, por isso ela é a primeira pessoa para quem ligo e ela logo
atende, parece até que estava com o celular na mão, esperando por
uma ligação minha.
— Puta que pariu, Briana! Você se casou na igreja do Elvis!
É claro que isso seria a primeira coisa que ela iria perguntar.
— Parece que sim.
— Parece que sim!? Você está em tudo quanto é notícia.
Você se casou com ele, com o demônio, sua mãe está louca atrás
de você. Ela disse que você não atende o celular e não retornou as
ligações dela.
— Não estou atendendo ninguém no momento.
— Porra, Briana, como isso aconteceu?
— Advinha?
Ela sorri.
— Eu não acredito que você bebeu todas com o Denner e sob
o efeito do álcool acharam que era uma boa ideia se casarem. Porra,
Briana, isso é coisa de filme.
— Não é não. Depois de uma briga e em meio a um jogo de
poker ficamos bêbados e nos casamos e o pior é que nem eu e
muito menos ele se lembra de nada.
— Meu Deus, deixo você sozinha por um dia e faz uma merda
dessas? E agora o que pretende fazer?
— Me divorciar, anular o casamento, eu não sei, Eduarda o
fazer e como fazer isso. Quem vai me explicar será você.
Ela fica muda do outro lado da linha.
— Onde você está agora? Isso é muito sério, Briana, se
casou com Denner Thompson, o Oliver vai arrancar a pele de vocês
dois.
Só em escutar o nome do meu padrinho fico arrepiada de
medo.
— Estou indo para o meu apartamento.
— Você não deveria estar em Las Vegas?
— Deveria, mas não estou.
— Pelo amor de Deus, isso fica pior a cada minuto que passa.
Eu te encontro no seu apartamento e assim você me conta e todo o
rolo de vocês dois.
— Tudo bem, te espero.
— Até mais.
Desligo a ligação e olho no visor a quantidade de notificações
que tem nele. Entre uma delas tem mensagens do Denner que não
vou abrir e nem responder.
Duda é advogada e vai me ajudar a sair dessa.
CAPÍTULO 34
BRIANA MORRIS
Ao chegar ao meu prédio a primeira pessoa que encontro no
meu caminho é Jonas.
Ele me olha de um jeito que me deixa desconfortável, como
se ele estivesse esperando alguma explicação que não tenho a
obrigação de dar.
Para mim, ele nunca passou de amigo, mesmo sabendo que,
no fundo, ele sente algo a mais por mim.
Mas sempre ficou nisso, apenas suposições, nada confirmado
por ele.
— Briana, me diga que é mentira tudo o que estão falando?
Me diga, por favor — ele fala pegando a minha mala, me puxando
pela mão até uma pequena sala que tem ao lado do elevador.
— Jonas, o que pensa que está fazendo? — pergunto assim
que ele fecha a porta.
— Quero que me fale a verdade. — Ele parece estar triste e
frustrado, esperando uma resposta.
— É verdade, eu me casei. Tudo o que está sendo dito na
mídia é a mais pura verdade.
Me encarando estranhamente, ele se senta em uma cadeira
que tem próximo a ele.
— Você está casada, se casou com o seu chefe — ele fala
como se fosse mais para ele do que para mim.
— Jonas, é uma longa história que não estou disposta a
contar agora.
— Você o ama? Se casou por amor, Briana?
Agora sou eu quem me sento e respiro fundo, cansada de
tudo isso.
— Estava bêbada e não fazia ideia do que estava fazendo,
então não, Jonas, eu não amo o meu marido. — Acabo sorrindo sem
querer quando pronuncio a última parte. — Meu marido, não tem a
mínima possibilidade de ficar casada com ele.
— Então você não o ama?
— Não, e sei que gosta de mim, mas também não estou à
procura de nenhum relacionamento no momento. A minha vida está
virada de cabeça para baixo e confusa demais para me envolver
com alguém.
— Eu entendo, mas só de saber que não tem nada com
aquele cara, fico aliviado. Não gostei dele desde a primeira vez que
o vi com você em seus braços. A sensação de que ele passou era
que você pertencia a ele, como se fosse um objeto e não te vejo
assim, Briana. Tenho sentimentos por você, admito que tenho, mas
jamais te trataria como um objeto.
— Eu não estou com cabeça para esse tipo de conversa
agora, Jonas, sinto muito. Eu preciso ir, estou esperando pela
Eduarda — falo me levantando e ele faz o mesmo.
— Eu te ajudo com a mala.
— Não precisa, mas obrigada assim mesmo.
Ele se aproxima e me abraça.
— Se precisar de mim, sabe onde me encontrar.
— É claro que sei.
Saímos da sala e vou direto para o elevador.
Ele volta para a portaria e não vejo o senhor João por perto.
Chegando no meu apartamento, me jogo no sofá e largo a
mala praticamente no meio da sala. Suspiro cansada, tiro os sapatos
e o casaco que uso, jogando tudo pelo chão.
Eu me deito no sofá, mas a minha paz não dura muito já que
a campainha toca e sei que é a Duda chegando.
— BRIANA, SOU EU, ESQUECI A MINHA CHAVE — ela grita
do lado de fora batendo à porta, com pressa para entrar.
— Já vai, sua desesperada.
— Abre logo.
Bufando vou até à porta e a abro.
— Morreu em esperar uns segundos, morreu?
Ela mesma fecha a porta e volto a me deitar no sofá.
— Seu celular está tocando.
Eu acabo sorrindo.
— Ele não para de tocar, nunca recebeu tantas ligações como
agora. Pobre coitado.
— Mas é a sua mãe ligando.
— Deixa minha mãe ligar, ela vai fazer perguntas que não
quero responder no momento.
— Mas em algum momento terá que responder, não só para
ela como também para os seus padrinhos, para o seu tio e para o
mundo, Briana. Aliás, o seu tio deve estar puto de raiva.
Aí, caramba, tinha esquecido do meu tio. Esse sim, vai ser
difícil dobrar.
— O meu tio vai me matar — falo colocando as mãos no
rosto.
— Não, Briana, ele vai matar primeiro o Denner, só depois ele
vai matar você.
Arregalo os olhos me dando conta que a merda é muito maior
do que imaginava.
— Aí, meu Deus, faço uma promessa, faço uma de que se
tudo isso se resolver, nunca mais vou beber na vida. A primeira vez
que me dou ao luxo de encher a cara, acordo não só com uma
ressaca da porra, mas também casada. Tenho medo do que pode
acontecer se eu beber de novo.
Eduarda sorri de mim.
— Debocha vai, amiga sem coração.
— É, minha amiga, você não só está casada, como também é
oficialmente a nova senhora Thompson — ela fala com muita
certeza, uma certeza de que até parece que nunca irei conseguir
esse divórcio, ou a anulação dessa minha noitada regada a bebidas,
jogos e de bônus o príncipe do petróleo, que por sinal é gostoso o
homem.
— Maria Eduarda...
— Não sou eu quem estou falando, é a mídia, olha. — Ela me
entrega o celular, mas eu rejeito, pois, já imagino tudo o que está
escrito.
— Duda, o que eu faço? Preciso da sua ajuda.
— Sabe que pode contar comigo sempre, sou sua amiga.
— Preciso da sua ajuda como advogada.
Ela me encara por alguns segundos e depois cai na
gargalhada, como se eu estivesse falando alguma piada muito
engraçada.
— Aí, Briana, você é tão engraçada — ela fala voltando ao
normal.
— Não estou brincando, quero que seja a minha advogada.
Ela para de sorrir de vez.
— Está falando sério.
— É claro que estou falando sério, Duda. Não quero ficar
casada com o Denner de jeito nenhum. Você não tem noção as
humilhações e xingamentos que escutei dele depois que ele viu a
notícia na internet? Ele me acusou de ter armado isso tudo,
Eduarda, me chamando de puta, de vagabunda. Ele realmente
achava que eu era amante do Oliver, o que não tem cabimento
nenhum. Eu amo os meus padrinhos e amo o Oliver porque ele foi o
pai que nunca tive na vida.
— Me conta essa história direito, porque não estou
acreditando.
Respirando fundo conto toda a merda que está sendo a
minha vida desde que entrei no grupo Thompson até o dia de hoje.
Ela escuta atentamente cada palavra que eu falo e fica mais puta de
raiva quando sabe que tive coragem de me entregar para o Denner
depois de tudo o que eu passei.
Mas, pelo menos, pude provar a ele que não era nada daquilo
ele que pensava a meu respeito e nunca vou perdoá-lo pelo que
disse a mim.
— Caramba, Briana, isso é uma loucura muito grande. Por
que não falou com o Oliver, ou com a sua madrinha? Por que não
conversou com a sua mãe? Eles são a sua família e já tinha falado
isso para você quando aconteceu aquilo na boate ou no dia que
chegou na chuva em casa.
— Como eu te disse, sou uma mulher adulta, Duda, e tenho
que aprender a resolver os meus problemas, sozinha, e não correr
aos meus padrinhos e minha mãe como eu sempre fiz. Eu nunca
pude viver porque eles não deixavam. Agora eu sou livre para fazer
o que acho que é certo. Eu queria poder resolver isso tudo, sozinha.
— Queria resolver sozinha, mas amanheceu hoje casada com
o homem que te humilha e xinga de tudo o que não presta. Você é
tão inteligente, Briana, mas, sinceramente, eu não...
— Por favor, Eduarda, não comece. Eu sou um gênio que a
minha mãe insistiu para que o meu padrinho escondesse do mundo.
Sou um gênio que terminou a faculdade muito mais cedo do que
deveria, sendo chamada de...
— Eu sei, Briana, eu sei tudo o que passou.
— Eu achei que fosse morrer. Acho que preferiria ter morrido
naquele acidente, assim teria me poupado muitos sofrimentos.
— Não fale besteiras e vamos para de falar nisso. Vamos falar
do que interessa. O que pretende fazer?
Respiro fundo.
— Quero me divorciar ou anular o casamento, eu não sei,
Duda. Isso é você que vai me falar.
— Tem a certidão de casamento aí?
Pego o documento na minha bolsa e entrego a ela que lê tudo
atentamente.
— É verdadeira. Está realmente casada, senhora Thompson.
— Para, Eduarda!
— Vou fazer o que eu puder para te ajudar, mas...
— Mas o quê? — pergunto aflita.
Eduarda não é mulher ou uma profissional de dizer o “mas”.
— Se eu entrar com o pedido de anulação do casamento,
Denner também terá que concordar e assinar. Se eu entrar com um
pedido de divórcio, ele também tem que concordar e assinar, então,
vai ter que conversar com ele.
Eu me jogo novamente no sofá.
— Você é a minha advogada agora, pode fazer isso por mim
e conversar com ele. Tudo o que tenho que fazer é assinar e ele
também. Não acredito que ele vá dar trabalho para isso, ele tem
pavor de casamento, já escutei meus padrinhos conversando sobre
isso.
— Se você está dizendo... Será muito mais fácil se ele
concordar, porque se ele não concordar, Briana, aí sim, você terá
problemas e muitos.
— Ele vai concordar, tenho certeza de que vai… — Paro de
falar com o meu celular tocando em cima da mesinha.
— É o seu padrinho ligando agora.
— Eles não desistem de ligar.
— Claro que não, Briana, é a sua família. Vai ter que falar
com eles, encarar a sua realidade e, no momento, você agora é a
afilhada deles e a nora.
A ligação caí, mas logo chega uma mensagem do meu
padrinho e pela notificação, leio.
“Se casou na porra da igreja do Elvis e pediu demissão
do grupo Thompson!?
Briana Morris, você tem duas horas para aparecer na
minha frente ou eu vou atrás de você.”
Ai, caramba, agora eu me dei mal, muito mal.
— Porra, vou cair nas mãos do meu padrinho primeiro que o
Denner.
Eduarda sorri, achando engraçado toda a minha proeza
matrimonial.
— E vou ser a advogada que vou encarar o diabo filho para
formalizar o seu divórcio. Muito obrigada, Briana, você é uma
excelente amiga.
Eu jogo o celular na mesa de novo.
— Escutei coisas horríveis dele, Duda. Eu nunca fui amante
de ninguém e repeti isso diversas vezes, mas ele nunca acreditou
em mim.
“No final, conseguiu o que queria, me humilhar e ainda me fez
abrir mão do grupo Thompson, me chamando com todas as letras de
interesseira.
“Eu nunca vou perdoá-lo por isso.
“Quero me livrar disso tudo e não vou mais me envolver no
mercado empresarial.
“Tudo o que quero agora é um emprego comum e viver em
paz.
“Preciso de paz, Eduarda.
“Quero poder viver as experiências que as pessoas da minha
idade vivem.
“Passei a minha vida inteira estudando, sendo treinada para
viver uma vida que nem mesmo sei se eu queria. Pulei todas as
fases e olha onde isso me levou.
“A nada.
“Agora, vou viver do jeito que quero e nem a minha mãe e
nem os meus padrinhos me impedirão de fazer e viver isso.”
Continua...
SINOPSE
Após uma noite de bebedeira e muita jogatina, um casamento
é realizado, juntando Briana e Denner
Amor e ódio, segundo eles, a combinação perfeita para o
casamento dar certo.
Briana se entrega a Denner para provar que nunca foi o que
ele insistia em dizer que ela era. Já Denner percebe que esteve
errado em seus julgamentos durante o pouco tempo de convivência
que tiveram.
Agora casados, ela quer a anulação a qualquer custo, já ele
que tê-la para si de qualquer jeito, por isso não irá facilitar as coisas
para ela.
Briana quer viver, Denner quer se redimir.
Segredos serão revelados e um pedido de perdão deverá ser
feito.
Porém, Briana está machucada e decidida a recomeçar sua
vida longe das amarras que foram impostas a ela.
O mundo não a conhecia, mas do dia para a noite Briana
virou a esposa do príncipe do petróleo, um homem poderoso e
temido.
CAPÍTULO 1
BRUNA THOMPSON
Mais um jantar chato, em que fui obrigada a participar ao
lado do meu marido.
Durante todos esses anos que estamos juntos, sempre
brinquei com ele dizendo que participar desses eventos era a maior
prova de amor que dava a ele.
E é claro que ele se divertia com isso.
— Você me provocou a noite toda com a porra deste vestido,
senhora Thompson, já sabe o que irá acontecer, não é?
Chego a ficar arrepiada com a promessa implícita em suas
palavras.
— Vou ser castigada? — Tento conter a empolgação na voz,
mas não dá.
Meu marido dá risada.
— Você gosta, não é, sua safada, de ser castigada?
— Eu também gosto de castigar.
Ele gargalha alto.
— Hoje, estou a fim de algo mais calmo, mas não menos
intenso.
Grito quando ele me pega no colo, de repente.
Os anos parecerem não passar para o Oliver que continua
sendo aquele homem forte que me pegava sem esforço nenhum,
como se eu não pesasse uma grama.
Acabamos de chegar na nossa casa, agora vazia. Nossos
filhos já não moram mais conosco, o que me deixa triste.
Minha filha mora em Nova York e meu Denner parece que
ultimamente está evitando o lugar onde cresceu.
Estou me sentindo abandonada pelo meu filho que nem
mesmo se dá mais ao trabalho de me ligar.
— O que está se passando por essa sua cabecinha? — Oliver
pergunta enquanto sobe a escada, me carregando em seu colo.
— Denner! Está acontecendo alguma coisa com ele. Não
percebeu que ele tem evitado a família? Até mesmo Callie que está
em Nova York tem mais contato com a família do que ele
ultimamente.
Meu marido respira fundo.
— Eu também já percebi isso, querida. Quando ele voltar de
Las Vegas vou chamá-lo e vamos conversar com ele. Criamos nosso
menino bem, meu amor. Você foi uma excelente mãe e deu aos
nossos filhos todo o amor do mundo. Ele deve estar tendo muito
trabalho, agora que é o CEO da Oil Company. Deve lembrar muito
bem como eu era quando estava à frente de tudo.
— Eu fico imaginando quando ele assumir o grupo Thompson
como é que vai ser. Denner é viciado em trabalho assim como você.
Ele ri e me beija abrindo a porta do nosso quarto.
— Falamos sobre o Denner depois. Esse seu vestido é uma
provocação do caralho, muito grande para o meu juízo de marido
apaixonado.
Oliver me coloca no chão e antes que tenha a genial ideia de
partir meu lindo vestido ao meio, o tiro, revelando que estou sem
sutiã esse tempo todo.
Sempre me cuidei muito bem depois que tive os meus filhos e
não foi muito fácil manter o corpo que tenho hoje.
— Você é uma provocadora nata, mulher. Sem sutiã? É por
isso que aqueles filhos da puta não tiravam os olhos de você.
Eu acabo sorrindo.
— Que exagero, Oliver, não dava nem mesmo para perceber,
tanto que você mesmo não percebeu. — Acabo suspirando quando
sinto sua língua em meu pescoço.
— Cheirosa e gostosa do jeitinho que gosto.
Oliver me coloca na cama com bastante cuidado e se deita
sobre mim, me dando beijos de tirar o fôlego, do jeito que só ele
sabe fazer.
Meu marido logo desce na direção de um dos meus seios,
chupando e mordendo com muito desejo, fazendo a mesma coisa no
outro. Vai descendo a língua pela minha barriga, fazendo um
caminho molhado até chegar onde ele mais quer, o seu paraíso
particular, como ele mesmo fala.
Sem cerimônia alguma, chupa com força a minha intimidade,
brincando com o meu clitóris enquanto enfia e tira a língua, em
movimentos repetitivos, lascivos, luxuriosos que me deixam
alucinada, o que é suficiente para sentir cada parte do meu corpo
pegar fogo.
O calor, arrepios e espasmos me levam a gozar com o sexo
oral maravilhoso que estou recebendo.
A minha vida é assim, desde que nos casamos.
Oliver é um marido apaixonado que sempre faz tudo o que
quero.
Posso dizer com toda certeza que valeu a pena passar o que
passei para ficar com ele.
Confesso que passaria por tudo de novo por esse amor.
Ele se levanta me encarando e tira a camisa social branca de
mangas compridas.
O terno eu nem mesmo sei onde foi parar.
Quando a retira, meus olhos vão direto na perfeição que está
aqui e é todinha minha.
Oliver é todo meu.
Ele ainda é bem forte apesar da idade e isso está evidente
nos músculos bem definidos que possui.
V que desce do abdômen até o cós da calça e a ereção
dentro da calça é visível, mostrando o que enfrentarei em seguida.
Passo a língua nos lábios com desejo, no mesmo momento,
em que apoio os cotovelos na cama para ter um ângulo de visão
melhor do corpo do meu homem.
Eu não me cansarei nunca disso, não importa quantos anos
passem.
Ele tira o cinto e abaixa a calça junto com a cueca boxer.
Tudo sem tirar os olhos dos meus, vendo a minha reação.
Jogo a cabeça para trás quando vejo o tamanho e a grossura
do seu membro.
Eu ainda consigo me surpreender, pois, o homem é grande
em tudo.
— Isso tudo aqui é culpa desse seu maldito vestido que
nunca mais na sua vida vai usá-lo. Estava difícil me controlar na
frente daquela gente, porque tudo o que queria era foder a minha
esposa.
Mordo os lábios em resposta a sua fala.
— Culpada, meu senhor.
Admito que as vezes uso vestidos como o de hoje apenas
para provocá-lo e me atrasava o máximo que conseguia para que
ele não tivesse tempo de me mandar trocar de roupa, como foi o
caso de hoje.
— Sua safada! Eu vou te foder essa noite até que implore
para que eu pare.
Ele vem para cima de mim e me penetra.
Quando está completamente dentro de mim, nossos olhos
ficam fixos por alguns segundos, parece que estamos entregando as
nossas almas um para o outro.
É sempre assim que acontece, nos pertencemos, somos um
só.
E esse é o começo de uma noite de puro prazer e muitos
orgasmos.
Ele faz questão de me deixar satisfeita e exausta.
Fizemos algumas posições na hora da transa, mais do que
poderia imaginar para essa noite.
Quando ele me pede para ficar de quatro e puxa meu cabelo
metendo com força e rápido, o último orgasmo da noite chega.
Meu corpo já não aguenta mais e ele percebe.
— Implora. — Coloca as minhas costas em seu dele,
apertando meu pescoço com força. — Falei, que ia foder você a
noite toda até implorar.
— E se eu não implorar?
Morde meu pescoço de baixo pra cima até chegar à minha
orelha, dando uma risadinha sonora.
— Eu cumpro todas as minhas ameaças, meu amor, sabe
disso. Vou continuar a noite toda assim, seus gemidos me deixam
louco e fico com mais vontade de trepar com você.
Adoro quando ele fala de uma forma bruta comigo, me deixa
excitada, tanto que chega a escorrer minha excitação pelas pernas,
sem ao menos ter sido ainda tocada por ele.
— Por favor — sussurro, envergonhada por ele ter
conseguido.
— Por favor, o quê, amor?
Ele solta o meu cabelo e me deito de barriga para cima,
olhando para o homem perfeito depois de acabar comigo de tanto
prazer que me deu.
— Eu imploro, não aguento mais.
O sorriso de vitória que ele dá, me deixa muito puta da vida.
— Boa garota.
Vem com o corpo em cima do meu, sem delicadeza alguma e
me penetrou em movimentos fortes e rápidos.
Em pouco tempo, goza urrando como um animal feroz.
O som ecoa por todo o quarto.
Logo em seguida, joga o corpo ao meu lado e me puxa para
deitar em cima do seu peito.
— Ainda bem que você desistiu, eu não ia aguentar mais por
muito tempo. — Sorri descaradamente, com ar de vitória.
Que filho da mãe trapaceiro!
***
Acordo pela manhã com o barulho insistente do celular de
Oliver tocando na mesinha de cabeceira.
Será que o mundo está pegando fogo, ou o grupo Thompson
está indo à falência para que liguem desse jeito tão cedo da manhã?
— Oliver, amor, vou jogar o seu celular pela janela — falo, o
empurrando.
— Quem diabos está me ligando essa hora?
— Eu não sei, mas a sua vida depende de atender ou desligar
esse celular.
Ele solta um palavrão e se levanta para pegar o aparelho.
— Vou atender, pode ser o Denner ligando de Las Vegas.
Fecho os olhos para tentar dormir de novo, mas sou
completamente desperta com o grito que o Oliver dá.
— EU VOU MATAR O SEU FILHO, BRUNA!
Eu me sento na cama de uma vez, olhando para ele.
Para o Oliver estar falando desse jeito do filho que ele ama
mais que tudo nesse mundo, meu menino deve ter feito uma coisa
muito grave.
— Oliver, o que ele fez?
A resposta dele é jogar o celular na minha direção e quando
leio a notícia que está na tela, meu coração acelera.
— Eu vou matar o seu filho, Oliver. Como assim ele se casou
na igreja do Elvis em Las Vegas?
— Bruna, amor, acorda direito. Olha com quem ele se casou.
Agora sim, eu vejo o nome da Briana.
— Puta que pariu! Denner e Briana se casaram na igreja do
Elvis em Las Vegas. — Eu fico sem acreditar no que leio.
— Eu mandei aqueles dois irem fechar esse negócio, juntos,
para que se acertassem. Pelo que Briana comentou naquele dia na
empresa, eles não se davam bem e já ouvi rumores de que o
Denner pega pesado com ela. Acertei tudo para que ficassem até
mesmo juntos na Grand Lakeview Suíte e tivessem a oportunidade
de conversarem e se acertarem.
Olho para o meu marido e sua mente diabólica sem acreditar.
— Parece que eles se acertaram mesmo, até se casaram.
— Olha para a cara do Denner, Bruna, agora, olha a Briana.
Estão bêbados, disso eu não tenho dúvidas. Encheram a cara em
Las Vesgas e se casaram. Agora o mundo todo sabe disso.
Oliver está possesso de raiva, mas em meio a situação
começo a rir.
— Você está rindo? Rindo, Bruna?
— Temos uma nora e melhor ainda, a nossa nora é a nossa
menina, nossa afilhada. Não existe mulher melhor para o Denner do
que a Briana.
Oliver me encara por alguns segundos.
— Você mesmo fala que o Denner é igualzinho a mim, Bruna,
tenho medo do que ele possa a vir fazer com a Briana. Ela é
diferente, aguenta tudo sozinha, não fala nada e vai até o limite dela,
mas quando explode é uma força da natureza. Ela é um gênio, mas
não tem muitas experiências de vida.
— E a culpa disso é nossa que concordamos com a loucura
da mãe dela de esconder a menina do mundo. Briana deveria ter
tido todas as experiências que nossos filhos tiveram.
— É a mãe dela, Bruna, fizemos o que tinha que ser feito e
apoiamos. Briana hoje está bem e vamos ajudá-la e orientá-la como
sempre fizemos todos esses anos. Agora ligue para a Callie, está na
hora dela voltar para casa. Vou ligar para o seu filho e falarei com
ele, isso se ele atender o telefone.
Oliver pega o celular da minha mão.
— Oliver!
Ele me olha e nem preciso falar nada para que ele saiba o
que quero saber.
— Está na hora de passar a coroa de rei, Bruna, e o seu título
de rainha acabou hoje.
NOTA DE AGRADECIMENTO
De início quero expressar minha gratidão a Deus, pois, vem
DELE a minha força e capacidade para a escrita.
Eu me sinto privilegiada e toda honra e toda gloria sempre a
Ele!
Agradeço também a minha Família, meus filhos e meu esposo
que são a base da minha estrutura.
Agora chegou a vez de vocês, minha segunda família, as
Lindaétes, como algumas leitoras se intitulam.
Vocês são a minha maior motivação.
Gratidão é a palavra que define meu sentimento por meus
leitores.
Obrigada por cada comentário de incentivo, carinho e
entusiasmo, sempre digo que tenho os melhores leitores do mundo,
porque sem vocês nada disso teria sido possível. Moram no meu
coração.
Amo a interação de vocês e estou sempre aberta a ideias e
críticas construtivas, e espero de coração que tenham gostado de
mais esse conto.
Meu objetivo é satisfazer cada leitor, proporcionando uma
leitura contagiante e agradável, saber que sou capaz de despertar
sensações e alegrias com a minha criatividade é arrebatador.
Isso é muito poderoso.
Eu me arrisco a dizer que o livro é um portal para o outro lado
do mundo.
Um cheiro no coração de cada um de vocês, me sigam no
insta @autora.linda.ev e me aguardem nos próximos livros.
Bora viajar juntos?

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