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prévia da autora.
Sinopse 5
Capítulo 1 6
Capítulo 2 12
Capítulo 3 18
Capítulo 4 24
Capítulo 5 32
Capítulo 6 39
Capítulo 7 47
Capítulo 8 55
Capítulo 9 77
Capítulo 10 96
Capítulo 11 111
Capítulo 12 122
Capítulo 13 136
Capítulo 14 148
Capítulo 15 158
Capítulo 16 166
Capítulo 17 174
Capítulo 18 181
Capítulo 19 191
Capítulo 20 200
Capítulo 21 212
Capítulo 22 221
Melanie Andrews é uma jovem de 18 anos, de
origem humilde e com um cargo baixo em um simples fast-
food. Sua relação com a mãe é muito próxima, e ela se vê
em uma complicada e desesperadora situação quando a
mais velha precisa de uma cirurgia delicada.
Completamente sem condições financeiras para arcar com
um tratamento deste porte, a garota perde as esperanças.
Porém, quando o CEO da empresa Beauty Model, Drake
Jones, entra em seu caminho e faz uma proposta
indecente, suas expectativas retornam.
Um homem simpático, bonito, educado e sedutor.
Afinal, seria um sacrifício para ela perder a virgindade com
Drake em troca do dinheiro que a sua mãe precisava?
O que era para ser apenas uma noite de "negócios"
se torna algo muito maior. Melanie irá experimentar o amor
pela primeira vez, mas não será nem perto do conta de
fadas que um dia ela idealizou.
Olhei mais uma vez para o relógio logo acima de
mim, mordendo o lábio inferior. Estava ansiosa para que
meu horário acabasse logo, não estava mais aguentando o
cheiro do fast-food.
Há alguns meses eu jamais iria imaginar que algum
dia eu ficaria enjoada de tanto olhar para hambúrgueres e
batata-frita, mas quando você passa seis horas
acompanhando e participando da produção, a magia acaba
completamente.
Era inevitável terminar o dia com os nervos à flor da
pele. Trabalhar com comida era estressante. É preciso ser
cuidadosa ao extremo, e eu ainda não havia me
acostumado. Além disso, a saúde da minha mãe estava
cada vez pior. Não sabíamos o que ela tinha, mas ela se
recusava a ir ao médico para que não precisássemos
gastar o dinheiro que mal tínhamos.
— Melanie! As batatas estão queimando. — Ouvi a
voz de Vick, minha colega de trabalho, me tirando
completamente de meus pensamentos.
— Ah! Me desculpe.
Tratei de tirar as batatas do óleo fervente o mais
rápido que eu, com uma certa dificuldade por conta do
medo de queimar minha pele.
Depois de salga-las o horário da minha saída havia
chego. Não enrolei para trocar de roupa e sair logo dali.
Soltei meus cabelos castanhos e lisos, sentindo o
cheiro de fritura que impregnou nele ao decorrer do dia,
mesmo usando touca.
Suspirei, começando minha caminhada pelas ruas
de São Francisco até o prédio onde minha mãe trabalhava
como faxineira. Não era uma caminhada muito longa, mas
cansativa por ser depois do meu expediente, e tudo ficava
pior quando o sol estava forte e deixava a minha pele clara
completamente vermelha. No dia anterior, minha mãe havia
quase desmaiado em casa, e agora eu estava com medo
de deixa-la na rua sozinha, então combinamos de que
sempre que eu não estivesse tão cansada eu iria busca-la.
Convenhamos, eu iria mesmo cansada.
Encarei um prédio comercial enquanto esperava o
sinal fechar, imaginando como seria se algum dia eu
conseguisse um emprego em alguma daquelas grandes
empresas. Por um tempo meu objetivo foi cursar Marketing,
mas o nosso dinheiro não era o suficiente para isso. Eu
havia terminado a escola no ano anterior, e era um pouco
difícil ver quase todos meus ex-colegas entrando na
faculdade e apenas eu ficando para trás. Eu torcia para
que um dia eu economizasse o suficiente, mas por
enquanto este era apenas um sonho distante.
Depois de longos minutos batendo perna, entrei no
prédio.
Não estive lá muitas vezes, mas não tive problemas
em encontrar os elevadores. Pensei em ir de escada, mas
não iria aguentar subir tantos andares. Eu não me sentia
muito bem em lugares fechados, principalmente sozinha,
mas tentei deixar esse desconforto de lado e entrei no
elevador do meio, apertando o botão do vigésimo segundo
andar, onde ficava a agência de modelos e revista de moda
Beauty Model.
Desejei mais de uma vez não dar de cara com
nenhuma modelo. Na última vez que estive aqui isso
aconteceu, e eu não me senti muito confortável com os
olhares que a mulher me lançou.
No momento em que eu menos esperava, um
grande solavanco fez com que meu coração disparasse. O
maldito elevador estava parado, exatamente como eu
temia.
Senti minhas mãos soarem e as passei em minhas
calças jeans.
Como eu iria sair daquele lugar sem surtar?
Sentia como se o oxigênio estivesse acabando,
enquanto meu coração só acelerava cada vez mais.
Respirei fundo uma, duas, três vezes, mas nada adiantava.
Sei que não se passaram mais do que dois minutos,
mas para mim pareceu uma eternidade. Quando dei por
mim, o elevador já estava andando sem maiores
problemas, mas não sem antes tirar a cor do meu rosto e
me deixar mais pálida do que o normal.
Não tive muito tempo para pensar, as portas dele
logo se abriram, e eu dei de cara com um homem de terno.
— Boa noite — disse ele, entrando no elevador.
— Boa noite — respondi, me retirando.
O olhei mais uma vez, só para ter certeza da visão
que eu estava tendo.
Ele era, sem sombra de dúvidas, um dos homens
mais bonitos que eu já vi. Sabia que meus olhos brilharam
ao encara-lo, e esperava que ele não tivesse notado.
Continuei meu caminho pelo andar quase vazio,
ainda pensando em toda beleza que eu acabara de ver.
— Vamos? — perguntei para a minha mãe, Mary,
assim que a achei varrendo o chão.
— Eu já estou terminando — murmurou, desviando
seu olhar brevemente para mim. — Você está bem? Está
pálida.
— O elevador parou comigo dentro. Foi muito
assustador.
— O do meio? Ele costuma fazer isso, mas nada
muito perigoso.
— E assim que eu saí dele dei de cara com um
homem muito bonito. É sério, mãe, ele era muito bonito.
— Como ele era?
— Estava muito elegante. Era branco, tinha barba,
olhos azuis e o cabelo estava para trás.
Ela parou completamente o que estava fazendo, me
encarando.
— Você acabou de descrever o CEO da agência e
da revista. Nem gaste o seu tempo olhando para ele. Drake
é rico demais e muito velho para você.
Suspirei, acabando o assunto ali.
Para minha mãe, uma pessoa ser rica era um
grande impedimento. Não entendia muito bem o motivo,
mas não era a primeira vez que ela dizia “não paquere este
rapaz, ele é rico”.
A ajudei a terminar suas tarefas, e logo já
estávamos saindo do prédio.
— Como você passou o dia? — questionei.
— Muito bem. Acho que você não deve mais se
preocupar com isso.
Sabia que ela não admitiria mesmo se tivesse
passado mal para que eu não me preocupasse, mas não
custava nada perguntar.
Caminhamos até o ponto de ônibus mais próxima, e
então me escorei em um poste.
Só de pensar que ainda demoraríamos para chegar
em casa, o desânimo me atingia.
Eu estava trabalhando há poucos meses, e estava
tentando juntar o máximo que eu conseguia para comprar
um carro para nós, isso facilitaria muito as nossas vidas,
diminuiria o tempo de ida e volta pela metade, mas com o
aluguel caro da casa que pagávamos, quase não sobrava
dinheiro.
Não queria me conformar com a nossa situação.
Todos os dias pensava em alguma forma de conseguir
algum dinheiro extra, principalmente depois que minha mãe
começou a ficar doente, mas nada me parecia bom o
suficiente, nada estava ao meu alcance. Era frustrante.
Olhei para o céu, onde as estrelas já começavam a
surgir, e imaginei por um pequeno momento como seria
viver uma vida melhor.
Acordei com um barulho alto. Parecia que algo havia
se espatifado no chão e quebrado. Não sabia o que estava
acontecendo, não sabia que horas eram, e demorei uns
segundos para me situar, mas quando isso aconteceu não
hesitei em levantar.
Dei alguns passos até a cozinha, o único cômodo
com a luz acessa, e então vi minha mãe caída no chão, com
uma xícara quebrada perto dela.
— Mãe! — exclamei, me abaixado ao seu lado.
— Eu estou bem, só tive uma pequena tontura.
— Você precisa ir ao médico! Não pode mais ignorar
o que está acontecendo. Ontem você estava vomitando, e
agora isso.
A ajudei a se levantar e a sentar em uma cadeira
próxima.
— Não, não. Eu não preciso ir ao médico, já falei
para você.
— Eu tenho dinheiro guardado, é o suficiente para
uma consulta.
Puxei outra cadeira e me sentei, segurando sua mão.
— Eu não vou deixar que você gaste o dinheiro que
está juntando. Você quer comprar o carro, não quer?
— Pelo menos fique em casa hoje, vai se sentir
melhor se tirar um dia para descansar.
Ela negou com a cabeça.
— Não posso me dar esse luxo. Juro que estou bem
e que foi apenas uma tontura, nada com que eu não possa
lidar.
Eu não estava convencida, mas o que eu poderia
fazer, afinal? Minha mãe era muito teimosa, e não iria ceder
tão cedo.
— Só se cuide, está bem? E me mantenha
informada, não hesite em me contar caso algo aconteça.
— Está bem, agora volte a dormir. Aproveite suas
duas horas.
Assenti, mesmo sabendo que eu não iria mais dormir
naquela manhã.
Voltei para a cama e me deitei, mas mal conseguia
fechar os olhos. Passei as duas horas seguintes virando de
um lado para o outro, pensando se minha mãe passaria mal
na rua, ou se ela desmaiaria enquanto trabalhava.
Os pensamentos ruins rondavam minha cabeça sem
parar, e eu sabia que aquilo duraria o dia inteiro.
Mandei, pelo menos, cinco mensagens para minha
mãe durante a manhã, mas ela respondeu apenas uma.
Mesmo sabendo que isso era culpa do trabalho, só havia
aumentado minha preocupação.
[...]
— Melanie, venha até aqui — disse Richard, meu
chefe.
Estranhei, mas fui até o caixa.
— Aconteceu algo? — perguntei, apreensiva.
— Você colocou queijo no meu hambúrguer! Eu
deixei claro que não queria queijo! — Uma cliente estava
enfurecida do outro lado do balcão, jogando o hambúrguer
em minha frente. — Eu não vou pagar por isso!
— Me desculpe, eu me enganei — falei, em um tom
de voz mais baixo do que eu pretendia.
— Nos desculpamos pelo ocorrido e oferecemos um
lanche grátis para você — disse Richard.
— Não! Eu me recuso. — Foi a última coisa que ela
disse antes de sair do local batendo o pé.
— Richard, me desculpe. Estou um pouco distraída
hoje, mas prometo que isso não irá mais acontecer.
Abaixei a cabeça, encarando meus pés.
— Está tudo bem?
— Minha mãe não está muito bem, acabei pensando
demais nisso e me distraí um pouco.
Ele cruzou os braços, suspirando.
— Hoje eu vou deixar passar, mas tome mais
cuidado na próxima vez.
Eu assenti.
Richard se retirou, e então eu soltei todo o ar que eu
estava prendendo em meus pulmões.
Preparei mais alguns pedidos e logo meu horário
terminou.
Então fiz o mesmo caminho de quase todos os dias
até aquele enorme prédio. Admito que eu não aguentava
mais subir uma ladeira alta e comprida que havia no
caminho, mas era necessário.
Assim que entrei, me lembrei de não pegar o
elevador do meio, e dessa vez tudo correu bem.
Procurei minha mãe por alguns minutos até acha-la
na sala de reuniões.
— Eu já estou terminando aqui — disse ela, assim
que me viu.
Entrei no cômodo e me escorei na longa mesa.
— Você está bem? Não sentiu mais nada?
— Estou melhor do que nunca. Me sinto muito
disposta hoje.
— Ainda acho que você deveria ir ao médico. É
melhor se prevenir.
— Pode tirar esta ideia da cabeça. Eu não preciso ir
ao médico, já estou me sentindo melhor.
Bufei.
— Não entendo o motivo dessa relutância toda. Eu já
disse que tenho dinheiro o suficiente para uma consulta.
— Eu não vou deixar você gastar o seu dinheiro
comigo.
Abri a boca para argumentar, mas na mesma hora o
homem que vi no elevador no outro dia entrou na sala.
Senti minhas bochechas corarem com a sua
presença, mas tentei agir com normalidade.
— Com licença, Mary. Você viu a minha caneta?
Acho que a deixei aqui — disse ele.
— Sim, senhor Jones. Eu a guardei para você.
Espere um momento.
Minha mãe deu as costas e foi até uma gaveta.
Apesar de não estar o encarando, senti que ele
estava me fitando, talvez um pouco curioso. Subi meu olhar
até ele, percebendo o quão azul eram seus olhos, mas logo
desviei. Ainda sentia minhas bochechas queimarem, e eu
não queria que ele percebesse como me deixou nervosa.
— Você também trabalha aqui? — perguntou.
Voltei a olha-lo, um pouco apreensiva. Porém, antes
mesmo que eu pudesse o responder, minha mãe se pôs na
minha frente.
— Ela é minha filha, Melanie. Está aqui para
voltarmos juntas para casa. — A mais velha estendeu a
caneta. — Aqui está.
Ele a pegou, guardando em seu bolso.
— Bom, prazer em conhece-la — disse, lançando um
sorriso simpático em minha direção. — E obrigado pela
caneta.
Seus olhos caíram mais uma vez sobre mim antes de
se retirar da sala.
— É ele, mãe. O homem que eu vi no elevador —
falei, um tanto eufórica.
— Drake Jones. Ah, Melanie, nem se anime — disse,
passando um último pano na mesa. — Eu já disse, mas vou
repetir: ele é muito velho para você, além de ser o CEO da
Beauty Model.
Eu assenti, não querendo prolongar muito aquele
assunto.
Sabia que ela estava certa. Afinal, um homem rico,
bonito e importante como ele não daria muita bola para
mim, uma garota que mal havia saído da adolescência e
sem ter onde cair morta.
Suspirei, desapontada por ter percebido que aquela
era a realidade.
Mais um dia completamente entediante e cansativo
de trabalho. Meu horário estava quase terminando quando
Max, um cliente frequente, entrou no fast-food.
— Seu pretendente chegou — comentou Vick.
— Nem brinque com isso — falei.
Eu não me sentia muito confortável na presença de
Max. Ele deixou suas intenções muito claras desde a
primeira vez que se interessou por mim, mas sexo casual
nunca foi uma vontade minha, e duvido que algum dia seria.
Sempre tive em mente que não queria que minha primeira
vez fosse sem importância, e eu pretendia manter esta ideia
até achar a pessoa certa. Minhas amigas da escola
costumavam me chamar de antiquada por isso, mas eu não
ligava.
Terminei o pedido de Max e logo tratei de ir trocar de
roupa, tentei evitar qualquer tipo de contato com ele, já que
apenas o meu “não” nunca era o suficiente para ele parar
com os olhares indiscretos.
Fiz o caminho um pouco mais devagar desta vez. Era
comum eu me apressar ao máximo para chegar até o
prédio, mas eu sempre acabava tendo que esperar minha
mãe terminar suas tarefas, então não havia motivos para a
pressa.
Quando cheguei no prédio, me dirigi aos elevadores,
e lá esperei até que algum deles abrisse para mim.
— Boa noite. — Ouvi uma voz masculina ao meu
lado.
Olhei com o canto dos olhos, e lá estava Drake.
— Boa noite — respondi.
O elevador do meio se abriu, e Drake não hesitou em
entrar, mas eu permaneci imóvel.
Ele colocou a mão na porta, a segurando.
— Não vai entrar? — perguntou.
Eu estava com um pouco de medo daquele elevador,
mas não queria admitir. Era certo que Drake sabia do
problema, mas não se importava.
— Vou, claro.
Suspirei, tentando não demonstrar o quanto eu
estava tensa.
Apertei meu andar e esperei.
Senti o olhar de Drake sobre mim, mas não ousei
encará-lo de volta.
— Você já pensou em ser modelo? — perguntou,
quebrando o silêncio constrangedor.
— Modelo? — questionei, franzindo o cenho.
— Sim. Você é muito bonita, se daria bem no mundo
da moda.
— Ah, não. Eu não sou alta e magra o suficiente para
isso.
— Não acho que seja um problema — disse ele. —
Na Beauty Model temos uma grande diversidade.
— Posso pensar sobre esse assunto.
Drake sorriu, mas antes que ele falasse alguma
coisa, o elevador deu o mesmo solavanco que senti da outra
vez, e em seguida parou.
— Ai meu Deus, de novo! — resmunguei.
— Acontece algumas vezes, mas só dura um ou dois
minutos, nada perigoso.
— Só peguei este elevador uma outra vez, e
aconteceu a mesma coisa — falei, passando as mãos pelas
calças jeans.
Ele pareceu perceber o meu nervosismo.
— Ei, está tudo bem. É tão ruim assim ficar preso
comigo no elevador? — perguntou, arqueando uma
sobrancelha.
Ri sem graça.
— Não é isso. Não me dou bem com lugares
fechados, sabe, sinto que está faltando oxigênio aqui dentro.
— Entendo. Sinto muito.
Não tive tempo para responder, o elevador começou
a andar, e logo depois abriu a sua porta.
— Bom, então até mais — disse ele, saindo logo
atrás de mim.
— Até.
Drake sorriu antes de dar as costas e tomar o rumo
da sua sala.
O observei até que ele saísse da minha visão.
Respirei fundo e fui à procura de minha mãe.
Eu tinha certeza de que meu rosto estava pálido, e
tive a confirmação quando a mulher me olhou e franziu o
cenho.
— Pegou o elevador do meio de novo?
— Sim, eu e Drake ficamos presos nele.
Ela parou o que fazia, me lançando o seu melhor
olhar de reprovação.
— Eu já falei mais de mil vezes para você não manter
contato com ele. Foi para subir com ele que você pegou o
elevador do meio, não é?
— Eu só não entendo o motivo de você ficar tão
zangada com isso. Ele é só um homem que eu acho bonito,
nunca vai passar disso.
— Ingenuidade sua pensar desta forma — murmurou.
Permaneci em silêncio enquanto ela se arrumava
para voltarmos para casa.
Talvez, lá no fundo do meu coraçãozinho, uma
pequena chama de ilusão tivesse se acendido quando
Drake elogiou minha aparência, apesar de saber que o
trabalho dele envolvia isso. Porém, minha mãe jamais
saberia daquilo. Eu não entendia a sua implicância, mas
sabia que só pioraria se ela soubesse o que eu realmente
estava sentindo.
Saímos do prédio ainda em total silêncio, e assim
caminhando até o ponto de ônibus.
Minha mãe suspirou, assim que chegamos lá.
— Entenda, Melanie, ficar bem longe dele é o melhor
para você — disse ela.
— Está bem, eu entendo que não queira me ver com
ele, mas você sabe que isso não iria acontecer, então não
há motivos para você me “proibir” de dirigir a palavra a ele.
Ela negou com a cabeça, observando os carros que
passavam.
— Nós falamos sobre isso em casa.
Não a contrariei, apenas voltei ao silêncio.

[...]
Eu estava morta de cansaço quando chegamos a
nossa casa, mas eu não tinha esquecido o que minha mãe
disse.
— Poderia me explicar agora? — falei, me jogando
no sofá e cruzando os braços.
— Você quer um motivo? — perguntou, um tanto
exaltada. Assenti. — Eu cometi exatamente esse erro com o
seu pai. Eu era a faxineira da empresa, e ele possuía um
dos cargos mais importantes. Eu era nova e me iludi
completamente com a ideia de ele estar interessado em
mim. Engravidei, e depois disse ele não só cortou relações
comigo, como me demitiu. — Ela suspirou. — É só isso que
os homens ricos e bonitos como Drake Jones fazem, não é?
Usam a beleza e o dinheiro para se divertirem com
menininhas ingênuas, mas quando a situação fica séria,
somem.
Eu não sabia o que falar, estava chocada demais
para isso.
— Você disse que ele tinha morrido.
— E para mim morreu. Espero que agora entenda o
motivo de eu não querer você perto do Drake e nem de
outro homem daquela empresa.
Abaixei meu olhar, vendo pelo canto do olho minha
mãe ir para o seu quarto.
Entendia que minha mãe não queria que eu passasse
pelas coisas que ela passou, mas eu não seria iludida e
imprudente a esse ponto, e ficava um pouco chateada por
não ter a sua confiança.
Não esperava que esta fosse a verdade sobre meu
pai, mas por um lado, eu não estava surpresa. Sentia que
uma parte de mim já sabia que ele estava vivo e abandonou
minha mãe. Talvez ela já tenha deixado escapar algumas
coisas, ou talvez eu apenas sentisse mesmo.
Todos os dias, a única coisa que eu conseguia
pensar era: eu preciso de um carro! Eu teria muito mais
tempo para descansar em casa, além de ser o ideal para
caso alguma emergência acontecesse com a minha mãe.
Respirei o mais fundo que eu consegui antes de
começar a subir a ladeira até o prédio, mas cheguei no topo
muito ofegante, como sempre acontecia.
— Você não precisa vir todos os dias, faz algum
tempo que não passo mal — disse minha mãe, enquanto
descíamos de elevador até o térreo.
— Eu me sinto mais tranquila vindo até aqui.
— Você deve estar cansada de trabalhar por horas e
depois ainda andar até aqui — insistiu.
Caminhamos pela entrada até passarmos pela porta
e chegarmos na calçada lado a lado.
— Eu já disse que não vou parar de vir.
Esperei uma resposta sua, mas quando me dei
conta, minha mãe não estava mais ao meu lado. Olhei para
trás e a vi caída no chão.
— Mãe? — gritei, correndo até ela e me ajoelhando.
Seu corpo todo tremia, mas eu não sabia o que fazer. — O
que está acontecendo? — perguntei, mas, obviamente, não
obtive resposta.
Algumas pessoas que passavam no local pararam
para ver a cena, mas ninguém se dispôs a me ajudar.
Senti lágrimas quentes encharcarem meu rosto e
embaçarem a minha visão.
Olhei para as pessoas curiosas a minha volta, onde
vi até mesmo um celular apontado para nós.
— Alguém me ajude, por favor — supliquei, mas
ninguém se moveu.
Foi quando eu senti alguém se ajoelhar ao meu lado.
Era Drake.
— O que aconteceu? — perguntou ele.
— Eu não sei. Estávamos caminhando e ela
simplesmente caiu — tentei explicar, mas estava muito
nervosa.
— Ela está tendo uma convulsão — concluiu.
— O que eu devo fazer?
— Espere passar. Não há nada o que podemos fazer
no momento.
— Ela vem se sentindo mal há algum tempo. Ah,
Deus! Eu estava morrendo de medo que acontecesse algo
na rua.
— Mary está mal há muitos dias? Então precisamos
ir agora mesmo para o hospital! — exclamou, se levantando
em um pulo. — Vou buscar meu carro. Garanta que ela não
bata a cabeça.
Eu assenti, ainda mergulhada nas lágrimas.
Pouco tempo depois, seu corpo parou, e apesar de
ter recobrado a consciência logo, ela ainda não parecia em
si.
Um homem que antes assistia a cena me ajudou a
levantá-la.
Um carro parou em nossa frente, mas só quando
Drake saiu dele eu me toquei o que estava acontecendo.
— Venha, eu ajudo — disse, ajudando minha mãe a
entrar pela porta de trás.
Dei a volta no carro e me sentei ao lado dela.
Durante o caminho, sentia que ela desmaiaria a
qualquer momento. Seus olhos pareciam pesados, e seu
corpo estava quase tombando para o lado.
— Ei, mãe. Fique acordada — falei, virando seu rosto
para que ela me olhasse, mas seu olhar estava cada vez
mais distante.
Quando chegamos ao hospital, ela mal conseguia
caminhar. Foi necessário quase arrastá-la até a
emergência.
Ela foi atendida com rapidez, mas pediram para que
eu ficasse na sala de espera.
Me sentei em uma das cadeiras, com Drake ao meu
lado. Meu corpo tremia e eu não conseguia controlar o
choro. Afundei meu rosto entre as mãos, deixando que a
angústia saísse de mim em casa lágrima.
— Vai dar tudo certo — disse Drake.
Levantei minha cabeça, olhando para ele com os
olhos inchados.
— Você acha?
— Eu acho — concordou. — Isso me lembra quando
minha mãe parou no hospital. Ela teve um infarto e ficou
muito mal. Admito que eu perdi completamente as
esperanças. No fim, ela se recuperou. Foi quando ela e meu
pai se aposentaram e deixaram a Beauty Model para mim.
Depois disso, minha mãe resolveu recuperar o tempo que
perdeu dentro de uma sala de escritório e passou a fazer as
viagens mais incríveis e aventureiras que você pode
imaginar. No momento, ela e meu pai estão na Tailândia.
Juntos, felizes e saudáveis.
Ele sorriu, provavelmente imaginando o que os pais
estavam fazendo naquele momento.
— Para onde mais ela foi? — perguntei.
— Ela começou pela América do Sul. Peru, Brasil e
Chile. Quando eu percebi, ela já tinha estado em todos os
continentes. Viu as pirâmides, o Coliseu, a Ópera de
Sydney e até alguns castelos que eu não tenho ideia do
nome — explicou, soltando uma risada sem graça. —
Semana passada ela me contou que comeu grilos, e que
não era tão ruim quanto parece.
Sorri ao ouvir um pouquinho sobre as aventuras.
— Deve ser um sonho realizado fazer tudo isso.
Sabe, conhecer o mundo, culturas novas. É inacreditável! —
exclamei.
— Ela consegue me deixar bem preocupado. Sabe,
ela não é velha, mas já está quase nos sessenta anos.
Porém, eu nunca tentaria impedi-la. Só me resta ficar aqui
apreciando cada foto que ela me manda.
Drake falava sobre sua mãe com um certo brilho no
olhar. Era nítido o quanto ele a amava e até mesmo sentia
sua falta durante as viagens.
Suspirei, me sentindo um pouco mais calma e
positiva depois dessa conversa.
— Ela parece ser uma mulher incrível.
— E é. Tenho certeza que vocês se dariam bem. Ela
adora falar sobre todos os detalhes de cada país, e me
parece que você gosta de ouvir.
— Eu adoro! Poderia ficar o dia inteiro ouvindo sobre
suas aventuras, sobre as comidas mais exóticas, sobre os
lugares mais bonitos, sobre tudo — falei, colocando as
mãos nas bochechas e imaginando como seria ter uma vida
como a dela.
Drake sorriu vendo meu entusiasmo, o que me
deixou um pouco corada.
Permanecemos sentados. Hora ou outra Drake
puxava algum assunto aleatório, claramente tentando me
distrair. Me perguntei diversas vezes o que ele ainda estava
fazendo ali, mas guardei essa dúvida comigo.
Demorou mais do que eu pensei para um médico
caminhar na nossa direção.
— Você é a filha de Mary Andrews? — perguntou ele.
— Sim! — falei, me levantando imediatamente. —
Como ela está?
— Ela está bem agora. Estabilizamos sua pressão e
ela está totalmente consciente, mas não sabemos qual o
motivo da convulsão. Precisaremos fazer alguns exames.
Senti um aperto do peito ao ouvi aquilo.
Eu não tinha dinheiro para alguns exames.
Abaixei o olhar, mordendo o lábio inferior.
— São muito caros? — perguntei, mas Drake se
pronunciou antes do médico responder.
— Então faça os exames — disse Drake.
Me virei para ele na mesma hora.
— Mas eu não... — Deixei a frase no ar.
O homem me olhou, sabendo exatamente o que eu
ia dizer.
— Pode fazer os exames — falou, se dirigindo ao
médico. — Acertarei com o hospital depois.
O médico assentiu, dizendo que já retornaria.
— Você tem certeza? — perguntei para Drake. —
Acho que os exames são muito caros.
— Está tudo bem. Qual a graça de ter tanto dinheiro
se eu não pudesse ajudar ninguém?
— Muito obrigada. Eu não sei como agradecer você.
— Não precisa agradecer. Inclusive — disse,
pegando a carteira no bolso dentre do paletó —, seria
melhor vocês pegarem um Uber para voltar.
Drake pegou uma nota de cinquenta dólares e
estendeu para mim.
— Não. Eu não posso aceitar. Você já fez coisa
demais por mim hoje.
— Vamos, aceite. Eu levaria vocês até em casa, mas
já preciso ir. Não posso deixar vocês desamparadas aqui.
Afinal, Mary merece algum conforto para voltar para casa.
Eu estava hesitante, mas eu realmente não tinha
dinheiro naquele momento para voltar para casa de Uber.
Peguei a nota e a dobrei, colocando no bolso da
calça.
— Obrigada, de verdade. Eu não sei o que teria feito
hoje se você não tivesse aparecido.
Ele abriu um lindo sorriso.
— Fico feliz em saber que ajudei. Bom, eu já vou
indo. Não esqueça de mandar a conta para o meu
escritório, está bem? Tenham uma boa noite.
Sorri antes de vê-lo tomar o rumo da porta de saída.
Voltei a sentar na cadeira, respirando aliviada.
Por um momento, a frase que minha mãe disse veio
à minha cabeça. “Homens bonitos e ricos usam a beleza e o
dinheiro para se aproveitarem de meninas ingênuas”, mas
algo em mim dizia que aquele não era o caso.
Drake havia sido tão doce e atencioso. Creio com
toda a fé que ele apenas queria nos ajudar. Eu não sabia
como eu falaria para a minha mãe que ele se ofereceu para
pagar tudo, mas essa não era a pior parte, afinal estava
sendo quase impossível parar de pensar nos sorrisos que
ele me lançou.
Minha mãe estava bem melhor depois da crise que
teve. Fazia alguns dias que ela não se sentia tão mal, e todo
esse tempo ela passou em casa, já que o médico deu um
atestado.
— Vou amanhã pegar o resultado do seu exame e
depois deixo o seu atestado na empresa — avisei, assim
que o filme que estávamos assistindo acabou.
— Ainda não estou com um pé atrás sobre o Drake
ter pago meus exames. Nenhum rico é caridoso assim.
— Não acho que isto seja verdade. Ainda existem
pessoas boas. Além disso, ele disse que sabe como é ver a
mãe no hospital.
— Que essa seja a última vez que você aceita algo
do tipo.
— Não — falei firme. — Se alguma emergência
acontecer com você e nós não tivermos dinheiro, eu
aceitarei ajuda de qualquer pessoa. Eu não vou colocar meu
orgulho acima da sua saúde.
Minha mãe não respondeu, apenas me encarou por
alguns segundos.
Levantei no sofá e fui para o meu quarto em
completo silêncio. Precisava dormir, e não iria gastar minhas
horas de sono discutindo sobre coisas óbvias.

[...]
Conseguir sair mais cedo do trabalho hoje foi uma
verdadeira luta, mas com um pouco de insistência, saí uma
hora antes do meu horário.
Peguei um ônibus e fui até o hospital pegar os
resultados dos exames. Estava torcendo para que não
demorasse muito, afinal eu ainda precisava ir até à empresa
para deixar o atestado que eles tanto pediam.
Passei mais tempo na sala de espera do que eu
pretendia. Estava nervosa com os resultados. Senti minhas
pernas tremerem quando me chamaram para pegá-los.
Olhei para os papéis em minhas mãos sem saber
qual eu abria primeiro. Resolvi dar uma olhada no maior. Me
sentei em um banco do lado de fora do hospital e respirei
fundo.
Quando abri, não entendi muitas coisas. Eram várias
imagens do crânio da minha mãe. Sabia que era uma
tomografia porque falaram que iriam fazer, mas nunca tinha
visto um resultado deste exame. Peguei o papel com as
informações escritas e o li, mas de nada adiantou. Eu não
entendia.
Recorri ao meu celular e pesquisei frase por frase no
Google. Quanto mais eu lia, mais eu entrava em pânico.
Ali realmente dizia que minha mãe tinha um tumor
cerebral?
Meu conhecimento no assunto era zero, mas, de
acordo com a internet, era exatamente isso que estava
acontecendo.
Eu sentia meu corpo inteiro tremer, e a vontade de
chorar estava me invadindo aos poucos.
Queria respostas, queria saber mais, mas sabia que
teria que marcar uma consulta se quisesse que tudo fosse
esclarecido.
Estava tentando controlar minhas emoções, mas era
impossível. As lágrimas desciam por meu rosto
incontrolavelmente. Eu não sabia o que mais me deixava
desesperada: não ter certeza sobre aquilo, ou não ter
condições de trata-la independente do que fosse.
Respirei fundo, tentando me recompor.
Não podia me dar por vencida e precisava terminar
minhas tarefas daquele dia.
Peguei um bonde desta vez, agora para chegar na
Beauty Model, tentando pensar em uma forma de contar
para a minha mãe o que ela tinha.
Era desesperador.
Entrei no prédio, completamente cabisbaixa, e peguei
o elevador até o vigésimo segundo andar.
Eu não sabia exatamente para onde eu deveria ir e
com quem eu deveria falar, então dei passos lentos pelos
corredores até que eu achasse alguém, e não demorou
muito para que isso acontecesse.
Drake estava saindo do que eu pensava ser a sua
sala.
— Olá, Melanie. Faz alguns dias que não a vejo por
aqui — disse, se aproximando.
— Pois é. Minha mãe tirou alguns dias para
descansar.
— E como ela está?
— Bom, ela não está se sentindo mal, mas eu
busquei hoje os resultados dos exames e não entendi muito
bem. Pesquisei na internet e acho que ela tem algum tumor
— falei, respirando fundo para engolir o choro que estava
preso em minha garganta —, mas eu não sei.
— Posso ver o que diz nesse exame?
Eu assenti, erguendo os papeis em sua direção.
Drake os abriu e leu atentamente.
— Eu não tenho um grande conhecimento sobre o
assunto, mas é o que parece. — Ele me devolveu logo
depois. — Eu sinto muito por isso. — Assenti, abaixando o
olhar. — Ela precisa ir em uma consulta para saber mais
sobre isso.
— Ainda não contei para ela.
— Boa sorte.
— Obrigada. Agora eu preciso ir, sabe, entregar o
atestado.
— Está bem, também preciso ir.
— Até mais. — Forcei um sorriso antes de me
afastar.
Continuei meu caminho, agora um pouco apressada
para terminar logo o que eu precisava fazer.
[...]
Minhas mãos estavam geladas e soavam, minhas
pernas não paravam de tremer, mas consegui caminhar do
ponto de ônibus até a minha casa.
Senti um cheiro maravilhoso de biscoitos de
chocolate quando abri a porta. Fui até a cozinha e lá estava
minha mãe, preparando a segunda fornada de biscoitos.
— E então? — perguntou ela.
Coloquei os papéis em cima da mesa, me sentando
em uma das cadeiras.
— Mãe — falei, em um quase sussurro.
Não consegui falar mais nada, apenas a encarei com
os olhos cheios d’água.
Ela se aproximou e me abraçou, deixando que minha
cabeça deitasse em seu peito. Suas mãos passavam por
minha cabeça e costas, tentando me acalmar.
— Está tudo bem, querida.
— Não. Não está tudo bem — falei, tentando
controlar os soluços. — Você tem um tumor cerebral. Meu
Deus! Eu não sei o que fazer.
Ela respirou fundo, puxando uma cadeira para se
sentar ao meu lado.
— Você não tem que fazer nada.
— Vamos marcar uma consulta, por favor. O médico
vai nos informar melhor sobre isso. Eu vou pagar.
Seus olhos me encararam por mais alguns segundos,
e logo depois ela assentiu.
— Podemos ir em uma consulta, mas não vamos
conseguir fazer o tratamento, e está tudo bem.
— Eu não aceito isso.
Eu neguei com a cabeça, fechando os olhos.
Senti um beijo seu no topo da minha cabeça.
— Vou pegar alguns biscoitos quentinhos para você.
Quer suco de laranja ou café com leite? — perguntou, indo
até o forno e verificando seus biscoitos.
Algo em mim dizia que minha mãe já sabia que tinha
algo e que já estava se preparando para a notícia há algum
tempo. Ela realmente estava tranquila, e não só para me
consolar.
— Suco de laranja.
— Ótima escolha.
Ela sorriu, pegando um copo e o enchendo quase até
a borda com um suco gelado.
Sequei as lágrimas e forcei um sorriso de lado,
mesmo me sentindo quebrada por dentro.
Nossa visita ao médico não foi muito animadora,
além de ter custado boa parte das minhas economias. Ele
confirmou o tumor, mas disse que seria necessária uma
cirurgia para saber qual o tipo. A única coisa boa foi saber
que estava em uma área operável.
Por outro lado, minha mãe estava muito animada por
ter sido liberada para voltar ao trabalho, com muita
moderação e cuidado, claro.
— Eu não sei se você deveria voltar a trabalhar.
Pode passar mal a qualquer momento — falei, assim que
chegamos em casa.
— Eu posso passar mal em casa também, o local
não muda muita coisa — disse ela. — É melhor eu voltar
antes que eu fique muito ansiosa. Ficar em casa o dia
inteiro não é para mim.
— Tudo bem, mas eu ainda vou buscar você todos
os dias. E também vou ligar no horário do almoço para
saber mais.
— Se essas são suas condições — disse
ironicamente, cruzando os braços —, está bem.
Respirei fundo, sentando no sofá e fechando os
olhos, jogando minha cabeça para trás. Estava tão cansada
mentalmente quanto fisicamente.

[...]
Saber o que minha mãe tinha não me deixou mais
tranquila, pelo contrário. Meus dias no trabalho eram cada
vez mais angustiantes, mesmo que durante o almoço eu
falasse com minha mãe, e ainda recebesse mensagens
dela ao decorrer do dia.
Para piorar meu psicológico naquele dia, a bateria do
meu celular acabou logo depois das quatro da tarde, e eu
fiquei incomunicável. Esse acontecimento me deixou com
uma sensação horrível, e eu estava mais ansiosa ainda pelo
horário da minha saída.
Quando eu finalmente pude trocar de roupa e sair do
fast-food, caminhei o mais rápido que eu pude para a
empresa, não me importando muito com a ladeira gigante
que precisei subir.
Cheguei no prédio ofegante, cansada e com muito
calor, mas não dei importância.
Peguei o elevador e subi até a Beauty Model.
Caminhei pelos corredores, mas minha mãe não estava lá.
Olhei para dentro de duas salas vazias que estavam com as
portas abertas, olhei nos banheiros, mas nem sinal dela.
Avistei uma mulher sentada em uma mesa, a qual
deduzi ser a secretária de Drake, e então me aproximei.
— Com licença. Você viu a faxineira Mary? Ela tem
cabelos pretos e lisos, se parece comigo — falei.
A mulher me encarou por alguns segundos.
— Você é a Melanie, filha dela?
— Sim, sou eu. Onde ela está?
— Tentamos telefonar para você, mas não
conseguimos entrar em contato. Sua mãe passou mal e
precisou ser levada ao hospital.
— O que? — perguntei, em um quase grito. — Qual
hospital? O que aconteceu?
— Ela teve uma convulsão e o senhor Jones pediu
para a levarem até o hospital mais próximo.
Eu estava chocada, mesmo sabendo que isso
poderia acontecer a qualquer momento.
Senti um nó se formar em minha garganta, mas evitei
que as lágrimas caíssem.
— Estou indo para lá agora mesmo. Obrigada pela
informação.
Dei as costas, mas antes que eu saísse dali ela me
chamou.
— Espere um momento. Senhor Jones pediu para
falar com você quando você aparecesse aqui.
Eu assenti. A mulher se levantou e foi até a sala de
Drake, me anunciando.
Entrei e fechei a porta atrás de mim, me aproximando
de sua mesa.
— O que aconteceu? — perguntei.
— Mary estava limpando o corredor quando começou
uma convulsão. Ela ficou um bom tempo desacordada
depois, mas conseguimos leva-la para o hospital —
explicou. — Já tive notícias sobre ela e está tudo bem.
— Muito obrigada.
— Tudo bem. Você não precisa se preocupar com a
consulta, vou pagá-la.
Por um pequeno momento, fiquei com um certo
receio. Eu precisaria contar aquilo para minha mãe, mas ela
não iria gostar da ideia, porém, eu não tinha opção.
— Eu não tenho como agradecer tudo o que fez por
ela. Muito obrigada mesmo.
— Vocês foram até um médico com os exames? O
que ele disse?
— Ele confirmou o tumor. Ela precisa fazer uma
cirurgia para saber detalhes e até mesmo tentar retirá-lo,
mas isso não vai acontecer tão cedo. É impossível
conseguirmos dinheiro para isso.
Drake me encarou por mais alguns segundos.
— Eu tenho uma proposta para você, mas quero que
saiba que minha intenção não é ofende-la.
— Bom, diga.
Ele se levantou da cadeira, escorando as mãos na
mesa em sua frente.
— Eu irei pagar todo o tratamento de Mary, todas as
cirurgias e remédios caso necessário, se você aceitar
passar uma noite comigo.
Minha mente demorou, pelo menos, dez segundos
para processar o que Drake falou.
— O que? — perguntei, achando que eu não havia
ouvido direito. — Você está fazendo algum tipo de piada
com a minha cara?
— É isso que você ouviu. Todo o tratamento da sua
mãe, por uma noite de sexo.
— Você está louco — gritei. — Você pensa que eu
sou o que? Ah, pelo amor de Deus.
— Eu não pretendia ofender você.
— Imagina se pretendesse — falei, dando as costas
e batendo os pés até a porta. — Caso ainda queira saber,
minha resposta é um grande e estrondoso não!
Sai da sala e fui o mais rápido possível para o
elevador.
Eu estava completamente desiludida. A imagem que
eu havia criado de Drake em minha cabeça não se parecia
nada com isso. Algo em mim me fez o imaginar
completamente diferente daquilo. O Drake que criei em
minha mente jamais faria uma proposta daquelas para
alguém.
Talvez não tenha sido minha imaginação, e talvez ele
tenha sido atencioso comigo daquela forma achando que eu
aceitaria. Era tão revoltante saber que eu caí na sua
conversa, que se ele simplesmente tivesse me convidado
para passar uma noite com ele eu iria com prazer, e ainda
pensaria em um futuro juntos.
Talvez eu ainda fosse a menininha iludida que eu
sempre tentei não ser.
Passei as mãos pelo rosto, respirando fundo e
tentando me recuperar depois de duas surpresas ruins
juntas.
Eu não tinha tempo para remoer aquilo, precisava
pensar em como conseguir o dinheiro e em como eu
contaria para minha mãe que Drake pagou sua consulta
mais uma vez.
Eram tantas coisas bombardeando minha mente que
eu só queria deitar em posição fetal e chorar por horas, mas
eu precisava ser forte, não só por mim, mas por minha mãe.
Apesar de não ter perguntado o nome do hospital,
lembrei que a secretária comentou algo sobre o hospital
mais próximo daqui, então era pra onde eu iria.

[...]
— Eu disse que você deveria ficar em casa. E se
tivesse acontecido no meio da rua? — falei, enquanto
entravamos em casa.
— Mas não aconteceu, é o que importa — disse ela,
se sentando na ponta do sofá. — Isso não é o que me
preocupa. Você deve ter gastado tudo o que sobrou das
suas economias agora.
— Bom... — comecei falando, mas deixei no ar.
Ela virou seu olhar para mim, desconfiada.
— Bom o que?
— Drake pagou, mas não se preocupe, essa foi a
última vez que isso aconteceu.
Minha mãe cruzou os braços, parecendo um pouco
irritada.
— Eu não disse para você não aceitar mais nada que
viesse dele?
— Na verdade, eu não tive escolha. Quando eu
cheguei lá tudo já havia acontecido.
Ela não parecia muito convencida, mas não podia
fazer mais nada em relação a isso.
Dei um beijo em sua testa e fui direto para o meu
quarto pegar uma roupa confortável para depois do banho
quente.
Eu estava determinada a achar uma forma de
conseguir o dinheiro para a cirurgia e um possível
tratamento.
Pensei em arranjar mais um emprego, mas não seria
o suficiente. Cogitei a ideia de procurar meu pai, mas minha
mãe jamais aceitaria seu dinheiro, e eu nem ao menos
sabia que se ele iria nos ajudar ou não.
Por um pequeno momento, pensei em aceitar a
proposta de Drake. Seria tão mais fácil, mas, por outro lado,
eu ainda não estava disposta a perder a minha virgindade,
muito menos por dinheiro. Não seria nenhum sacrifício fazer
sexo com Drake, muito pelo contrário, mas sentia que
minha dignidade estaria sendo jogada no ralo se eu
aceitasse.
Passei as mãos pelo rosto e chorei. Esperava que
toda a minha angústia fosse embora com as lágrimas.
Queria que o aperto no meu peito passasse e que algo
clareasse a minha mente e me desse uma ideia brilhante,
mas nada acontecia. A dor parecia apenas se intensificar
conforme minhas lágrimas se misturavam com a água
quente que caia em meu corpo.
Eu não tinha o que fazer.
Eu não tinha muito tempo para pensar, mas mesmo
assim gastei quatro dias tentando decidir o que fazer. Iria
até o escritório de Drake para implorar a sua ajuda. Não
pretendia aceitar aquela proposta absurda, mas queria fazer
uma contraproposta.
Minha mãe estava se sentindo cada vez pior, e eu
precisava fazer alguma coisa.
Apesar de estar muito nervosa e sentir minhas
pernas tremerem, cheguei na empresa rapidamente. Estava
rezando para não encontrar minha mãe enquanto fazia o
caminho até a sala de Drake, e felizmente isso não
aconteceu.
Me parei em frente a sua secretária, ainda receosa.
— Eu poderia falar com o senhor Jones? —
perguntei.
Ela me olhou por cima da tela do seu computador,
abrindo um sorriso em seguida.
— É claro. Vou anunciar sua visita.
A mulher se levantou e foi até a sala de Drake.
Retornou segundos depois e murmurou um “pode entrar”, e
assim fiz.
Fechei a porta e respirei fundo. Ele me olhou atento,
arqueando uma sobrancelha. Me aproximei da sua mesa.
— Eu queria falar sobre a sua proposta.
— Sim?
— Não irei aceita-la, mas vim oferecer meus serviços
em troca do dinheiro. Estou disposta a fazer o que quiser.
Ser sua assistente pessoal, faxineira, secretária ou qualquer
outra coisa que não envolva sexo, pelo tempo que você
determinar.
Ele suspirou, levantando da sua cadeira e dando a
volta na mesa, ficando em minha frente.
Senti minha respiração acelerar pela aproximação.
Nunca havia visto seus olhos azuis tão de perto, e estava
fascinada.
— Seria tão ruim assim passar uma noite comigo? —
perguntou, dando mais um passo em minha direção.
Drake estendeu sua mão e colocou uma mexa do
meu cabelo para trás, acariciando minha bochecha depois.
Fechei os olhos ao sentir a sensação do seu toque.
Ele se aproximou lentamente, como se esperasse
que eu desviasse a qualquer momento, mas eu não fiz
nada. Permaneci imóvel, ainda de olhos fechados e o
sentindo cada vez mais perto.
Seus lábios encostaram nos meus de forma suave
até que eu correspondesse, o que não demorou muito.
Eu não estava assimilando muito bem o que estava
acontecendo, e mesmo sabendo que eu deveria me afastar,
eu não conseguia, pelo contrário, aprofundei o beijo e
repousei minhas mãos em seu peito.
Drake acariciava minhas costas, subindo e descendo
seus dedos delicadamente.
Deslizei minhas mãos e as entrelacei em seu
pescoço. Ele me puxou na mesma hora, acabando com
qualquer distância que havia entre nossos corpos. Sua boca
parou em meu pescoço, deixando beijos e leves chupões.
Senti suas mãos descerem até minha bunda e a apartar
forte. Um gemido baixo e involuntário passou por minha
garganta e Drake pareceu gostar da minha reação.
Eu podia sentir perfeitamente o volume que estava
começando a surgir em suas calças, e foi nessa hora que
me dei conta do que estava fazendo.
— Espere! — falei, o empurrando.
— Pensei que estava gostando — disse, arqueando
uma sobrancelha.
— Eu estava, mas é que... ai meu Deus. — Passei as
mãos em meus jeans, um pouco nervosa. — Eu sou virgem,
e não quero perder a minha virgindade por dinheiro.
Drake me encarou por alguns instantes, logo dando
as costas e voltando para trás da mesa.
Eu estava envergonhada pelo que aconteceu e por
ter simplesmente falado que eu era virgem, mas na hora me
pareceu necessário.
Ele pegou algo em sua gaveta, e demorou alguns
segundos para fazer alguma anotação.
Drake estendeu um papel para mim e eu franzi o
cenho.
— Espero que seja o suficiente — disse.
Peguei o papel e percebi que era um cheque com
uma quantia que eu jamais conseguiria juntar.
— Você tem certeza? — perguntei, chocada.
— Tenho alguns afazeres agora, se me der licença.
— Sim, é claro. Muito obrigada.
Ele não respondeu, apenas voltou a sua atenção
para o computador.
Tinha certeza que ele havia ficado bravo por eu ter o
recusado, mas eu apreciei muito a sua atitude.
Eu estava incrédula! Não podia acreditar que eu
estava com todo o dinheiro que seria necessário.
Precisava pensar em algo para falar para minha mãe.
Apesar de não ser uma pessoa acostumada a mentir,
principalmente para ela, seria necessário. Sabia que se ela
soubesse de onde veio o dinheiro mandaria eu devolver na
mesma hora e se recusaria a fazer o tratamento.
Coloquei o cheque dentro do sutiã para evitar que
alguém me roubasse ou que eu o perdesse, e fui ao
encontro de minha mãe.
O caminho de volta para nossa casa foi em completo
silêncio. Não queria que minha mãe percebesse o quanto
eu estava eufórica, e usei este tempo para arranjar uma
desculpa plausível.
Nada me parecia bom o suficiente. Tentei pensar em
algo enquanto tomava banho, e permaneci na mesma linha
de raciocínio depois. Naveguei pela internet para clarear
minha mente, até que uma ideia brilhante me apareceu:
uma campanha!
Não era raro vermos pessoas necessitadas criando
campanhas para arrecadar dinheiro, então eu só precisava
fazer com que minha mãe acreditasse que também fiz uma.
Não seria algo difícil. Ela mal costumava entrar na internet.
Criei uma campanha falsa em um site próprio para
isto. Fiz uma breve descrição sobre o porquê precisava do
dinheiro, e logo depois, com a minha melhor cara de pau,
bati na porta do quarto da minha mãe, entrando animada.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou ela.
Me sentei ao seu lado na cama, com o celular na
mão.
— Eu fiz uma campanha online para arrecadar
dinheiro para você.
Coloquei meu celular em sua mão.
Ela franziu o cenho enquanto lia o texto.
— Não tenho certeza se é uma boa ideia. Por que
desconhecidos iriam me ajudar?
— Eu vejo muito isso acontecer. Acho que se eu
divulgar bastante nós conseguimos.
— Tudo bem, mas não se iluda. É bem provável que
não dê certo.
— Vai dar, mãe, eu sei que vai.
Sorri, completamente empolgada.
Minha mãe não estava muito confiante, e eu imagino
o quão surpresa ela ficaria quando visse que tínhamos o
dinheiro.
Mentir para ela não era fácil, mas coloquei em minha
cabeça que era a única saída que eu tinha.
Quando voltei para o meu quarto, a primeira coisa
que fiz foi apagar a campanha. Não queria que ninguém
realmente chegasse a doar.

[...]
Depois de alguns dias, eu estava decidida a falar
para minha mãe que tínhamos conseguida uma boa quantia
em dinheiro com doações. Passei o dia inteiro me
preparando para esse momento. Não tinha certeza se eu
iria conseguir sustentar a mentira, então também me
preparava para qualquer tipo de imprevisto.
Gastei todo meu horário de almoço para ir até o
banco, descontar o cheque e passar o dinheiro para a
minha conta. Seria mais fácil para convencer ela.
Fiquei quieta até que chegássemos em casa. Queria
a tranquilidade do meu lar para a comunicar.
— Mãe — a chamei antes que ela seguisse para o
seu quarto. — Preciso falar uma coisa.
— O que foi? Você está bem?
A fitei, abrindo um sorriso.
— Nós conseguimos o dinheiro. Já está na minha
conta e podemos marcar uma consulta o mais rápido
possível.
— O que? — perguntou incrédula. — Como assim?
Do que você está falando?
— Lembra da campanha que eu criei? Eu... — Tentei
falar, mas ela me interrompeu.
— Foi há cinco dias, é impossível você ter
conseguido.
Ela parecia desconfiada, então tratei de pensar
rápido.
— Consegui com que uma garota com muitos
seguidores postasse no seu Instagram pedindo doações,
ela mesma doou uma boa quantia.
— Onde está a postagem? Gostaria de ver.
— É uma daquela postagens que só duram vinte e
quatro horas, sabe? Já falei para você sobre elas.
Ela suspirou.
— Você tem certeza de que é uma boa ideia? Você
sabe de onde veio esse dinheiro todo?
— Está tudo bem. Nós não fizemos nada de errado
para consegui-lo, foi doação, está tudo certo.
Minha mãe ainda não estava totalmente convencida,
mas assentiu.
— Então acho que podemos marcar a consulta.
— Que ótimo!
A puxei para um abraço apertado para comemorar.
Eu estava tão feliz por aquilo estar acontecendo.
Esperava que ela não fizesse mais nenhuma
pergunta sobre o dinheiro, e apenas aceitasse e fizesse o
tratamento necessário.
Respirei fundo, fechando os olhos mais uma vez, na
esperança que toda a tensão saísse do meu corpo, mas
nada acontecia.
Minha mãe estava na cirurgia, e tudo o que eu podia
fazer era esperar sentada.
Depois de saber todos os ricos que ela iria correr
fazendo a operação, quase dei para trás, mas ela já estava
ansiosa para fazer.
Já havia se passado mais de três horas. O medo de
aparecer um médico ou enfermeiro dizendo “ela não
resistiu” era tanto, que meu estômago doía e meu coração
disparava sempre que um desses profissionais passava por
mim.
Apenas uma vez nos atualizaram sobre o andamento
da cirurgia.
— Fique tranquila. Vai dar tudo certo — disse
Elizabeth, minha tia.
Ela e minha mãe costumavam ser muito próximas,
mas quando tia Elizabeth se mudou para Los Angeles se
distanciaram. Agora ela estava aqui para acompanhar a
cirurgia, e me ajudaria quando minha mãe voltasse para
casa.
— Está demorando demais — resmunguei, passando
as mãos pelo rosto.
— É assim mesmo. É algo muito delicado.
Era quase madrugada quando um médico se
aproximou de nós.
— Era um meningioma, e acreditamos que era um
tumor benigno, apesar de grande. Foi uma cirurgia sem
complicações. Mary ainda está sedada, mas vocês já irão
poder vê-la.
— Então ela está bem? Não corre mais riscos? —
perguntei.
— Temos que esperar ela acordar para ter certeza
que ela não ficará com nenhuma sequela.
O médio explicou mais um pouco sobre a cirurgia,
mas sinceramente eu não entendi nada.
Fomos autorizadas a entrar na UTI por poucos
minutos para vê-la, mas ela ainda estava desacordada.
Não tínhamos mais o que fazer ali naquela
madrugada, então resolvemos ir para casa descansar.
Eu e minha tia não éramos muito próximas. Convivi
com ela durante poucos anos, e mal tenho lembranças
dessa época. Nosso caminho foi completamente em
silêncio, e seguimos assim até nos deitarmos para dormir.
Estava exausta, mas não conseguia nem ao menos
fechar os olhos. Eram tantas coisas rondando minha
cabeça.
Não conseguia parar de pensar em como as coisas
eram mais fáceis quando se tinha dinheiro. Se fosse um
tumor maligno, minha mãe poderia morrer em pouco tempo
se não arranjássemos uma forma de conseguir o
tratamento.
Eu devia muito ao Drake, e com certeza agradeceria
mais uma vez.
[...]
Não dormi mais do que três horas naquela noite.
Estava ansiosa para ver minha mãe acordada e bem, mas
provavelmente iria parecer um zumbi durante meu dia de
trabalho.
Me arrumei como todas as manhãs, porém, mais de
duas horas mais cedo do que o normal. Tínhamos um
horário específico para estar no hospital e não podíamos
nos atrasar, então a melhor opção era acordar com uma
boa folga.
Mais uma vez, o caminho com minha tia foi em
completo silêncio, mas isso não me incomodava, pelo
contrário, eu queria permanecer quieta.
Quando eu finalmente pude entrar na UTI, respirei
aliviada ao ver minha mãe acordada.
— Como você está se sentindo? — perguntei, me
aproximando.
— Melhor do que achei que estaria.
Ela sorriu, tentando me passar um pouco de
confiança.
A lateral esquerda da sua cabeça estava raspada e
com um enorme curativo, mas tenho certeza que suas
longas mechas castanhas cobririam a cicatriz até que o
cabelo crescesse de novo.
— Que ótimo. Eu estava tão preocupada.
— O médico disse que se eu continuar assim em
breve sairei da UTI.
— Vou ver se eu consigo alguns dias de folga para
ficar mais tempo no quarto com você.
— Não! É capaz de demitirem você por estar pedindo
tantas folgas. Você pode me ver antes do trabalho, já está
de bom tamanho.
Eu não estava muito satisfeita com aquilo, mas ela
estava certa. Não seria nada bom ser demitida nesse
momento.
Meu tempo de visita era muito limitado,
principalmente por minha tia ainda estar do lado de fora e
também querendo alguns minutos com a minha mãe. Tia
Elizabeth voltaria para Los Angeles logo depois disso por
causa do trabalho, mas voltaria durante o final de semana,
quando provavelmente seria a alta.
Segui meu caminho para o fast-food, com muito sono
agora que eu estava mais tranquila, e muito ansiosa para
ver minha mãe em casa de novo, e agora com a saúde em
dia.

[...]
Era o primeiro dia da minha mãe fora da UTI.
Estávamos no seu quarto de hospital, mas eu ainda não
havia me acostumado com o tamanho e o luxo do lugar.
— Acho melhor você ir para casa. Está ficando tarde
— disse ela, roubando minha atenção.
— Não. Eu vou passar a noite aqui com você.
— Claro que não! Você trabalhou o dia inteiro,
precisa descansar. Acho que você pode vir apenas durante
a manhã. Está sendo muito cansativo para você.
— Não, não. Ainda faltam alguns dias para você
voltar para casa, e eu não quero deixar você sozinha aqui.
— Está tudo bem. — Ela sorriu. — É por pouco
tempo.
Suspirei, não muito convencida.
— Está bem.
— E agora vá. Pode ficar muito perigoso se você
esperar mais.
Eu assenti, me levantando da poltrona em que
estava. Me aproximei e depositei um beijo em sua testa.
— Eu volto amanhã.
— Durma bem, querida.
Tentei ser rápida enquanto caminhava. Estar sozinha
na rua quase nove da noite não era algo que me deixava
confortável, inclusive, eu tinha muito medo disso.
Quando cheguei em casa e me sentei no sofá,
percebi o quanto minhas costas estavam doendo. Eu estava
exausta. Só de pensar em levantar do sofá para fazer algo
para comer me desanimava.
Pensei duas vezes antes de pegar o telefone para
pedir comida, mas eu merecia um pequeno mimo desses.
Tomei um bom banho e logo pedi espaguete com
molho de queijo e esperei ansiosamente enquanto colocava
um filme qualquer para assistir.
Não conseguia parar de pensar no quanto eu estava
agradecida por Drake ter me dado aquele dinheiro sem eu
ter feito nada em troca. Admito que eu estava começando a
me sentir um pouco culpada por isso. Afinal era tão ruim
assim aceitar aquela proposta? Eu estava começando a
pensar sobre isso desde o dia que minha mãe fez a cirurgia.
Talvez a ideia de permanecer virgem até achar o único e
verdadeiro amor da minha vida fosse uma grande furada, e
talvez até fosse melhor eu ter a minha primeira vez agora,
com alguém que eu não era apaixonada.
Eu estava quase tomando uma decisão quando
minha comida chegou e eu decidi focar no meu espaguete e
no filme que eu estava assistindo.

[...]
Depois de acordar bem mais cedo do que o normal e
passar algum tempo com a minha mãe no hospital, segui
para o meu trabalho, ainda pensando em Drake, mesmo já
tendo decidido durante a noite que eu iria até à empresa
para agradecer da forma que ele queria. Bem, eu poderia
simplesmente continuar vivendo a minha vida e nunca mais
entrar em contato com ele, mas depois de ter um sonho
muito interessante com Drake esta noite, ceder a ele
parecia estar bem longe de ser algo ruim.
Trabalhei o dia inteiro nervosa. Estava tensa e
envergonhada com a ideia de ir até Drake, mas tinha
certeza do que faria.
Meu horário finalmente acabou e eu saí correndo do
fast-food. Para não precisar subir aquela gigantesca ladeira,
peguei um Uber até o prédio, o que foi a melhor coisa que
eu poderia ter feito.
Subi até o andar da Beauty Model e pedi para a
secretária me anunciar. Quando eu ouvi a frase "pode
entrar" senti uma pontada no estômago. Eu não poderia
estar mais nervosa.
Entrei na sala e Drake me lançou um olhar curioso.
— Não esperava ver você aqui de novo — disse ele.
— Estou atrapalhando algo?
— Não. Eu já estava encerrando o dia. O que traz
você aqui? Aconteceu algo? — perguntou, levantando da
sua cadeira e dando a volta na mesa.
— Eu vim agradecer pelo que fez. Minha mãe está se
recuperando muito bem e em um quarto de hospital incrível
— falei, dando alguns passos em sua direção.
— Não foi nada. Fico feliz em ter ajudado.
Ele sorriu, enquanto eu me aproximava ainda mais.
Eu sabia que Drake não tomaria a iniciativa de novo,
então essa função cabia a mim.
Repousei minhas mãos em seu peito e levantei a
cabeça para o encarar. Ele me olhou um pouco confuso,
mas logo percebeu o que eu estava tentando fazer.
Drake me puxou pela cintura até colar nossos corpos
antes de dar início a um beijo quente.
Suas mãos deslizaram até minha bunda, a apertando
forte.
Ele se afastou em alguns centímetros, o suficiente
para me olhar de novo.
— Quer me encontrar mais tarde? — perguntou.
— Quero.
— Ótimo. Busco você às nove horas.
Eu assenti, juntando nossos lábios mais uma vez.
Não nos prolongamos muito ali, já estava ficando
tarde.
Trocamos nossos números de telefone e eu deixei
meu endereço anotado para ele.
Saí da sala completamente incrédula. Aquilo estava
mesmo acontecendo? Eu realmente me encontraria com
Drake sabe-se lá onde?
Tenho certeza que se minha mãe soubesse daquilo
algum dia me daria um belo tapa na cara, mas tentei não
pensar em todas as coisas que poderiam dar errado.
Decidi pegar um Uber mais uma vez, prometendo
para mim mesma que seria a última, mas eu precisava
chegar em casa rápido.
A primeira coisa que fiz quando cheguei foi vasculhar
meu armário à procura de uma roupa minimamente bonita.
Eu normalmente só usava calças jeans e croppeds
aleatórios, mas queria algo melhor.
Achei um vestido sem mangas que eu não usava há
anos, e esperava que ele ainda coubesse em mim. O deixei
em cima da cama e fui para o meu banho.
Eu definitivamente não estava acostumada a me
arrumar para me encontrar com alguém. Não sabia como
fazer a maquiagem para aquele momento, ou como deveria
deixar o meu cabelo.
Minhas dúvidas fizeram com que eu demorasse mais
do que o programado, e quando terminei o relógio já estava
quase batendo nove horas.
Me certifiquei que meu celular estava comigo, e um
pouco de dinheiro caso tudo desse errado e eu acabasse
sozinha no meio da rua durante a noite, e então me sentei
no sofá da sala e esperei.
Não se passaram mais do que dois minutos até meu
celular tocar, porém, era um número privado. Apesar de
estranhar, não hesitei em atender, achando que poderia ser
Drake.
— Alô? — falei, mas não obtive resposta. Olhei para
a tela do celular, achando que a ligação tivesse caído, mas
não. O coloquei de volta no ouvido. — Quem está falando?
Ninguém respondia. Pensei na possibilidade de
terem me ligado por engano, mas quando eu percebi o som
de uma respiração, senti meus ossos tremerem.
Desliguei o telefone na mesma hora, tentando
imaginar o que estava acontecendo ali. Respirei fundo e
tratei de deixar esses pensamentos para mais tarde. Eu já
estava nervosa o suficiente.
Não demorou muito para eu ouvir uma buzina. Me
arrepiei por completo naquele momento, sentindo minhas
pernas bambas.
Quando em que vi seu carro, senti uma pontada no
estômago.
Eu estava nervosa, mas quem não estaria?
Entrei no passageiro e respirei fundo. Drake sorriu
gentilmente, provavelmente tentando me passar um pouco
de tranquilidade.
— Como você está? — perguntou, dando partida no
carro.
— Estou bem — respondi, desviando o olhar para a
janela.
Ele colocou a mão em cima da minha de uma forma
sutil.
— Tente relaxar um pouco.
Eu assenti.
Nosso caminho foi em completo silêncio.
Me perguntei muitas vezes para onde estávamos
indo, mas não quis perguntar em voz alta.
Depois de longos minutos, entramos em um
estacionamento. Eu continuava sem saber onde estávamos,
mas o segui para fora do carro.
Quando me dei conta, estávamos na recepção do
que me parecia um hotel luxuoso.
Drake pegou uma chave com a recepcionista e em
seguida fez um sinal para que eu o seguisse.
— Pensei que gostaria de um lugar interessante esta
noite — disse ele, entrando no elevador.
— Me parece um ótimo lugar.
— E você ainda nem viu o quarto.
O elevador mal abriu e Drake já estava pulando para
fora dele. Caminhamos pelo corredor até uma porta branca
e ele abriu com a chave.
Assim que bati os olhos naquele quarto, me
apaixonei completamente.
Ele era grande, muito luxuoso, com uma janela com
vista para a noite de São Francisco. A cama nem se fala!
Era grande e parecia muito macia.
— Que tal um champanhe? — perguntou.
— Eu nunca tomei.
— Então será a sua primeira vez. Alguns goles irão
ajudar você a relaxar.
Drake foi até o champanhe, que parecia já estar ali
preparado para quando chegássemos. O homem serviu
duas taças e me entregou uma delas.
Tomei dois goles seguidos. Dei uma breve pausa e
tomei mais um. Champanhe era mais saboroso do que eu
pensei que era.
Dei alguns passos até a janela, observando as luzes
da cidade e terminando com o que ainda havia em minha
taça.
Ouvi Drake se aproximando, logo depois sentindo
seu corpo atrás do meu.
Ele tirou o cabelo do meu pescoço, jogando-o
completamente para o outro lado e deixando boa parte da
minha pele livre.
Seus lábios encostaram sutilmente em meu ombro, o
beijando. Fechei os olhos e joguei minha cabeça para o
lado, deixando seu caminho mais fácil. Sua boca se
arrastou por minha pele até chegar em meu pescoço, onde
deixou um leve chupão e algumas lambidas.
Drake me puxou pelo quadril até minhas costas
colarem no seu peito. Uma de suas mãos desceu até minha
coxa, passando os dedos sutilmente na parte de dentro e
chegando até a minha calcinha.
Soltei um gemido fraco ao sentir esse toque. Ele
fazia movimentos circulares leves por cima do pano fino,
mas isso já foi o suficiente para me deixar totalmente
excitada.
Ele voltou suas mãos para a parte de cima do meu
vestido tomara que caia, o abaixando em alguns
centímetros e deixando meus seios à mostra.
Ainda de costas para ele e com os olhos fechados,
senti seu toque em meus seios. Ele os apertava, acariciava
e passava os dedos por meus mamilos enrijecido.
Eu sentia minha calcinha completamente molhada.
Pressionei minha bunda contra o seu corpo, e então
pude sentir todo o seu volume.
Todas aquelas sensações e desejos eram inéditos
para mim. Eu não sabia muito bem o que eu deveria fazer,
se deveria tomar alguma iniciativa, estava hesitante.
Me virei de frente para Drake e sorri o mais
maliciosamente que consegui.
Desabotoei sua camisa preta lentamente, a tirando e
a deixando cair no chão.
Passei minhas mãos por seu abdômen definido,
depois fazendo a mesma coisa com a boca, distribuindo
beijos e lambidas enquanto roçava meus mamilos em sua
barriga.
Pensei em me ajoelhar em sua frente, mas ainda
estava nervosa, então preferi que ele tomasse o próximo
passo.
Drake pegou minha mão e me guiou até a cama.
Terminei de tirar meu vestido antes de ele me jogar nela.
— Se eu fizer ou disser algo que você não goste ou
doa, me avise, tudo bem? Não tenha medo de me parar —
avisou, se livrando de suas calças.
Eu sorri e assenti.
Drake veio até mim, me beijando de forma urgente,
enquanto sua mão viaja por meu corpo, descendo
lentamente e entrando em minha calcinha. Ele continuava
com os movimentos circulares em meu clitóris, porém,
agora mais intensos.
Nossos beijos continuavam entre um gemido e outro
que eu soltava.
Drake desceu dois de seus dedos e me penetrou.
Sua boca foi para minha orelha.
— Geme para mim — sussurrou ao pé do meu
ouvido. — Essa noite você é a minha vadia.
Sua voz sexy tão perto só me deixava mais excitada.
Além de seus dedos saindo e entrando de mim na
velocidade ideia.
Gemi seu nome mais de uma vez, e ele parecia cada
vez mais louco de desejo.
Eu estava prestes a chegar ao meu limite, mas Drake
percebeu e parou o movimento aos poucos. Ele levou seus
dedos até minha boca para que eu me provasse, e eu os
chupei sem dó.
— Você merece gozar com um belo oral na sua
primeira vez — disse, dando uma mordiscada em meu
lóbulo.
Drake desceu até ficar no meio das minhas pernas,
de onde me lançou o olhar mais malicioso possível e então
arrancou minha calcinha.
Ele distribuiu beijos por minhas coxas antes de
chegar no principal. Senti sua língua entrando em contato
com meu clitóris e soltei o gemido mais alto até agora.
Suas mãos agarravam minhas coxas com força
enquanto sua língua fazia rápidos movimentos de vai e
vem.
Olhei para baixo e observei a cena, e aquilo pareceu
me deixar cada vez mais próxima do meu primeiro
orgasmo.
Agora ele havia colocado suas mãos para trabalhar
também. Seus dedos massageavam meu clitóris enquanto
sua língua me penetrava. Era algo sutil, mas fez toda a
diferença.
Fui com minha mão até sua cabeça, querendo que
ele intensificasse os movimentos.
— Mais rápido, por favor — falei, entre gemidos.
Ele voltou com a língua para fora e me olhou com um
sorriso sedutor.
— Goza para mim, Melanie.
Passei minhas mãos por meus próprios seios,
acariciando os mamilos e sentindo ainda mais prazer.
Sua boca estava de novo em mim e entre fortes
chupadas e lambidas, senti a melhor sensação da minha
vida. Um prazer indescritível.
Soltei gemidos altos e minha coluna se curvou.
Minha respiração estava falhando, mas aquilo não era um
problema para mim.
Ele deixou uma última lambida antes de subir sua
boca por minha barriga, até ficarmos cara a cara.
— Foi um bom orgasmo para a sua primeira vez? —
perguntou ele.
— Foi maravilhoso!
— Espero que ainda tenha fôlego.
Drake se levantou para pegar as camisinhas que
havia trazido, enquanto eu só conseguia pensar no quanto
eu queria mais.
Permaneci deitada, esperando.
Ele voltou para a cama logo depois, totalmente sem
roupa. Meu olhar foi puxado para o seu pênis, mas tentei
não encarar muito, ainda estava um pouco envergonhada.
Drake voltou a me beijar, posicionando seu corpo
entre minhas pernas. Enquanto nos beijávamos, eu sentia
perfeitamente seu pênis roçando em mim, e aquilo só
estava aumentando o meu desejo.
Ele desceu seus beijos para os meus seios, usando
sua língua para brincar com meus mamilos, mas isso não
durou muito. Ele levantou seu tronco, ficando de joelhos na
cama e colocando o preservativo.
Drake voltou a quase se deitar em cima de mim,
deixando nossos rostos próximos um do outro. Ele beijou
meu ombro docemente.
— Se estiver doendo muito, me avise.
— Tudo bem, mas vá devagar.
Ele sorriu e assentiu.
Roçou seu pênis em meu clitóris três ou quatro
vezes. Eu estava morrendo de vontade de tê-lo dentro de
mim.
Ele desceu até minha entrada e começou a introduzir
lentamente.
— Relaxe — sussurrou ele.
Eu sentia cada centímetro entrando em mim, junto
com uma dor ardida. Esperei mais alguns segundos, mas
conforme ele avançada, só doía mais.
— Para um pouquinho — pedi, um tanto receosa.
Ele tirou completamente.
— Eu machuquei você?
— Não, mas estava doendo bastante. — Senti
minhas bochechas corarem. Eu não esperava que fosse
doer tanto.
— Podemos tentar outro dia se você quiser.
— Não! Eu quero agora — falei, beijando seus lábios
sutilmente. — Eu quero você agora.
Drake sorriu.
— Tudo bem. Vamos tentar mais uma vez.
Ele voltou a me beijar lentamente, mas logo o beijo
tomou velocidade e urgência. Sua boca fez uma trilha de
beijos até meus seios, onde ele, novamente, a usou para
lamber e chupar meus mamilos, enquanto uma de suas
mãos desceu até meu clitóris, o massageando devagar.
Fechei meus olhos por um pequeno momento,
aproveitando aquela mistura de sensações prazerosas.
Senti minha respiração aumentar e mordi meu lábio inferior.
Abri meus olhos, observando Drake
— Você gosta disso? De me ver com a língua nos
seus peitos? — perguntou, dando uma boa chupada.
— Eu gosto — respondi com a voz falhada.
Ele se posicionou mais uma vez entre minhas
pernas. Sua boca parou em meu pescoço, distribuindo
vários beijos, provavelmente na intenção de me relaxar.
Senti seu pênis me penetrando mais uma vez. Ainda
doía, mas parecia estar melhor agora.
Depois de introduzi-lo e perceber que eu não
reclamei, Drake começou com movimentos leves e lentos, e
assim se seguiu por alguns minutos.
A dor ainda estava presente, mas diminuiu
consideravelmente, e agora eu não conseguia mais pensar
nela, apenas queria me concentrar em sentir Drake dentro
de mim.
— Mais rápido — pedi, em meio a gemidos.
— Tem certeza?
Eu assenti.
Ele sorriu, me beijando e aumentando a sua
velocidade.
Suas estocadas já estavam fortes, mas eu só
conseguia pedir por mais e mais, independente da dor que
eu sentia.
— Vem — disse ele, saindo de dentro de mim e se
afastando. — Fica de quatro.
Obedeci na mesma hora.
Empinei minha bunda em sua direção, e por algum
motivo me mostrar para Drake daquela forma me deixou
totalmente excitada.
Ele se aproximou, dando um belo tapa inesperado
em minha bunda, que me fez explodir de tesão.
— De novo — falei, me referindo ao tapa.
Ele pareceu surpreso, mas não hesitou em nenhum
momento.
Me penetrou novamente, agora sem tanto cuidado
quanto antes.
Ele entrava e saia de mim cada vez mais rápido,
mais forte e indo mais fundo. Suas mãos apertavam minha
bunda com força e, hora ou outra, deixava alguns tapas.
Pensei que não seria possível eu sentir mais tesão
do que naquele momento, mas Drake enterrou seus dedos
em meus cabelos e o puxou para trás, me deixando com as
costas curvadas. Soltei um gemido mais alto, e isso pareceu
o gatilho para Drake ter o seu orgasmo e ir parando os
movimentos aos poucos, totalmente ofegante.
Voltei a me sentar na cama e o vi tirando a
camisinha, foi só então que percebi que eu havia deixado
uma mancha de sangue no lençol.
— Ah Deus! Me desculpe — falei.
— Não tem problema nenhum. Eu peço para
mudarem os lençóis enquanto tomamos banho. — disse. —
Quer comer algo? Pode ir ao banheiro enquanto eu peço
alguma coisa.
Eu assenti.
Me levantei da cama e fui até o banheiro.
Respirei fundo e me olhei no espelho.
Ai meu Deus! Eu não acredito que tinha feito aquilo,
e não acredito que tinha sido maravilhoso! Tudo bem, eu
estava dolorida, mas isso não anula todo o prazer que senti.
Tentei não surtar e apenas me limpei e coloquei um
roupão que estava lá, logo voltando para o quarto.
— Pedi dois sanduíches apenas, mas se quiser mais
alguma coisa pode pedir.
— Não, não. Está ótimo.
Drake serviu mais duas taças de champanhe, me
entregando uma.
— Gostou? — perguntou, tomando um gole da sua
bebida.
— E tinha como não gostar? — perguntei, desviando
o olhar para a taça em minhas mãos. — Minha noite foi
maravilhosa.
— Sua noite ainda não acabou — respondeu, com
um sorriso completamente malicioso.
— Ah, mas é que... Eu fiquei um pouco dolorida
depois que acabamos. Não tenho certeza se consigo, sabe,
ir de novo hoje — falei, tentando não demonstrar o quanto
eu estava envergonhada.
Drake se aproximou de mim lentamente, até que
ficássemos cara a cara.
— Tudo bem. Podemos tomar um banho, comer um
pouco, assistir alguma coisa e dormir naquela cama super
fofa e confortável — disse ele, em um tom divertido.
Soltei uma leve risada.
— Aceito.
Ele beijou meus lábios sutilmente, mas apertando a
minha bunda por baixo do hobby de forma nada sutil.
— Fui leve com você por ser a sua primeira vez, mas
eu garanto que na próxima vou fazer você gritar o meu
nome e implorar para que eu te foda.
Mordi o lábio inferior ao pensar nessa possibilidade.
— Estou louca para ver como você vai me fazer
implorar — falei, enroscando meus braços em seu pescoço.
Ele sorriu, me beijando ferozmente. Porém, uma
batida na porta desviou a nossa atenção.
— Sanduíches — falei, animada.
Drake sorriu ao ver minha empolgação, e então foi
até a porta para atendê-la.
Ele havia mesmo falando sobre um segundo
encontro nosso? Ou eu estava delirando? Podia jurar que
seria apenas esta transa e pronto, acabou, inclusive eu já
estava remoendo essa “noite única” por saber que sentiria
falta do seu toque, do seu cheiro, dos seus beijos e com
certeza do seu pênis. Mas saber que ele queria continuar
com isso era empolgante. Um pouco assustador, mas
totalmente e completamente empolgante.
Acordei no dia seguinte com alguém passando os
dedos delicadamente em minhas costas. Foi só quando eu
abri os olhos que me dei conta de onde e com quem eu
estava.
— Bom dia. — Ouvi a voz rouca de Drake soar atrás
de mim.
Me virei, completamente enrolada nos lençóis. Ainda
não estava acostumada a ficar nua na frente de um homem.
— Bom dia. Dormiu bem?
— Melhor impossível. Foi bem difícil acordar, e vai
ser mais difícil ainda sair dessa cama mega confortável!
Drake me puxou para mais perto, me abraçando.
Estranhei um pouco na hora. Pensei que iríamos
transar e deu, cada um para o seu lado, sem demonstração
de afeto. Eu não estava reclamando, pelo contrário, era
exatamente isso que eu queria.
Retribui seu abraço.
— Acho que já preciso ir. Ainda preciso tomar banho,
visitar minha mãe no hospital e depois ir até meu trabalho e
lá ficar o dia inteiro. — Suspirei. — Estou cansada só de
pensar.
— Você toma um banho aqui enquanto eu peço algo
para comermos, eu levo você para casa, espero você trocar
de roupa e te deixo no hospital, que tal?
— Tem certeza? Não vai pegar muito do seu tempo?
— Está tudo bem. Ninguém vai falar nada por um
atraso meu.
— Bom, então eu aceito. — Drake sorriu e beijou o
topo da minha testa. — Já vou para o banho.
— Eu iria com você, mas acho que isso poderia nos
atrasar em algumas horas — comentou, soltando uma leve
risada.
Sorri, um tanto envergonhada.
— Com certeza.

[...]
Eu estava impaciente. Esperava uma mensagem de
Drake durante a manhã, mas não recebi nada. Olhava meu
celular de cinco em cinco minutos, mas nada acontecia.
O que aquilo significava? Será que ele não gostou de
mim? Será que eu tinha feito algo de errado? Estava
completamente insegura e não sabia o que fazer sobre isso.
Porém, enquanto eu estava em meu horário de almoço,
meu celular vibrou e lá estava uma mensagem de Drake.
Não era algo muito relevante, apenas algo como "como foi o
seu dia?".
Não era bem isso que eu estava esperando, mas já
era melhor que nada.
Nossa troca de mensagens não durou muito. Logo
precisei voltar ao trabalho.

[...]
Batuquei as unhas na mesa de madeira. Eu
precisava dormir, mas fiquei o dia inteiro achando que eu e
Drake nos falaríamos mais durante a noite, mas já estava
ficando tarde e ele não me mandou mais nada.
Será que eu deveria mandar um "boa noite"?
Deitei em minha cama depois de um banho quente e
relaxante.
Respirei fundo e peguei meu celular, mas ele ainda
não havia dito nada.
Em um pequeno surto, mandei um simples "boa
noite". Sabia que não deveria, e que poderia até mesmo
estar atrapalhando, mas era mais forte do que eu.
Ele não demorou muito para responder perguntando
como havia sido meu dia. Então respondi:
“Cansativo e completamente entediante. E o seu?”
“Na verdade, não parei de pensar em você e no seu
corpo o dia inteiro, imaginando você na minha frente.”
Congelei por um momento.
Ah meu Deus!
Como eu deveria responder aquilo?
Respirei fundo antes de começar a digitar. Eu
definitivamente queria ser uma mulher mais ousada do que
fui na minha primeira vez. Eu agi como uma bonequinha de
pano, sem iniciativa alguma.
“Para que imaginar? É só dizer quando.”
“Ah, Deus. Se não fosse tão tarde eu iria buscar você
agora mesmo.”
“Marcamos para outro dia. Amanhã quem sabe.”
Amanhã. Eu não conseguia explicar em palavras o
quanto queria senti-lo novamente. Estava ansiosa e com os
nervos à flor da pele.

[...]
Aquela expectativa era quase torturante. Passei a
manhã inteira esperando uma mensagem de Drake, mas
nada aconteceu. Achava que a minha indireta na noite
anterior seria o suficiente para que ele me convidasse mais
uma vez, mas me parece que não.
Durante o horário do almoço recebi uma mensagem
sua, porém, nada de convite. Apenas me deu boa tarde e
perguntou se eu estava bem, nada muito animador.
Eu não estava convencido de que aquele dia
passaria em branco. Quando cheguei em casa depois do
trabalho, fui direto para o banho. Lavei os cabelos e depois
os arrumei, coloquei uma roupa casual e um perfume
adocicado. Pensei que Drake poderia simplesmente decidir
que iriamos sair, e então era melhor eu estar preparada.
Comi algo rápido e me sentei no sofá da sala,
colocando em uma série de terror qualquer.
Eu estava animada e ansiosa, esperando por sua
mensagem.
Esperei. O primeiro episódio da série que coloquei
acabou, me fazendo soltar um suspiro, mas eu ainda não
havia me dado por vencida.
Depois o segundo.
O terceiro.
O quarto.
Olhei para a tela do meu celular. Nenhuma
notificação.
Eu não queria aceitar. Não entendia o porquê de
minha indireta não ter dado certo. Eu deveria ter sido mais
direita? Eu deveria ter falado o que eu queria e o convidado
para sair? Não estava acostumada com essa situação, eu
não sabia muito bem o que fazer.
Peguei meu celular e mandei uma mensagem para
ele. Foi só um “boa noite, como foi a sua tarde?”, mas
esperava que aquela conversa resultasse em um encontro
ainda naquela noite.
Mais alguns minutos se passaram e eu nem ao
menos fui respondida.
Comecei a assistir o quinto episódio da série, e
quando dei por mim, ele tinha acabado e Drake não havia
me retornado.
Eu não estava entendendo nada. Ele parecia
interessado, porque não me respondia?
Fui dormir chateada naquela noite, tentando entender
o que se passava na cabeça dele.

[...]
A primeira coisa que fiz ao acordar foi dar uma
olhada no meu celular, mas ainda não havia nenhuma
mensagem. Coloquei a primeira roupa que vi em minha
frente, e segui para o ponto de ônibus sem ânimo algum.
Eu estava tentando me conformar que tudo tinha
dado errado quando meu celular vibrou. Olhei para ele e lá
estava uma mensagem de Drake:
“Bom dia. Dormiu bem?”
Uma parte de mim dizia que eu deveria ficar brava
por ele não ter me respondido ontem, mas a outra parte
sabia que ele era um homem muito ocupado e tinha coisas
muito mais importantes para fazer do que ficar vinte e
quatro horas por dia respondendo minhas mensagens.
Definitivamente eu não havia guardado rancor por ter
sido ignorada. O respondi rápido, dando início a uma
conversa simples sobre o quão cansativo eram nossos
empregos.
Cheguei no hospital mais leve do que quando saí de
casa. Estava aliviada por ainda estar conversando com
Drake, já que pensei muitas vezes que ele não queria mais
me dar assunto.
— Bom dia, mãe! Como está hoje? — perguntei,
assim que entrei em seu quarto.
— Ah, muito bem! O médico esteve aqui agora a
pouco. Ele disse que em dois dias eu terei alta —
respondeu, muito animada com a novidade.
— Isso é incrível! Estou tão feliz por tudo ter dado
certo.
— Eu ainda estava tentando me convencer que
existe tamanha bondade nas pessoas. Não consigo
acreditar que tanta gente se juntou para pagar o meu
tratamento. Só agora que estou quase ganhando alta que a
ficha está caindo.
Respirei fundo, um pouco desconfortável. Não
esperava que ela comentasse sobre o dinheiro de novo, e
não sabia como reagir.
Coloquei minha mão em cima da sua.
— Mal posso esperar para te ver em casa.
Ela sorriu, parecendo não perceber que tentei mudar
de assunto o mais rápido possível.
— Avise sua tia ainda hoje para ela se preparar.
— Vou avisar agora mesmo.
Era tão bom ver a minha mãe daquela forma, com
um sorriso radiante. Quanto mais tempo passava, mais
certeza eu tinha de que fiz a escolha certa.
Passei mais algum tempo com ela antes de ir para o
trabalho.
Meu assunto com Drake já havia terminado quando
cheguei no fast-food, mas eu estava me sentindo muito
satisfeita.
A manhã se passou como sempre: entediante.
Porém, logo que voltei do almoço, percebi que Max, o
cliente que sempre conseguia me deixar desconfortável,
estava sentado ali, me encarando.
— Esse cara é muito esquisito — comentou Vick,
percebendo que eu estava olhando para ele.
— Nem me fale. Quase parece um daqueles
maníacos do Investigação Discovery.
— Se daqui dois anos ele aparecesse em um
programa desse canal eu não me surpreenderia.
Concordei, voltando ao trabalho.
As horas estavam se passando e Max não se
levantava. Ele pediu três hambúrgueres, duas batatas fritas
e dois refrigerantes, mas não parecia ter a intensão de sair
do local.
Meu horário estava quase acabando, e eu estava
ansiosa para me ver livre de seus olhares maliciosos.
Max olhou no relógio, e então levantou do seu lugar,
caminhando até o balcão. Eu ignorei a sua presença e
continuei montando um delicioso sanduíche de frango, mas
ouvi perfeitamente quando ele disse “eu poderia falar com a
Melanie?”.
Vick me chamou, apesar de parecer que também não
estava gostando daquilo.
— Já nos falamos algumas vezes, não é? —
perguntou ele.
Escorei minhas mãos no balcão.
— Sim, já nos falamos.
Eu não queria parecer rude, mas estava de saco
cheio.
— E se nós saíssemos esta noite? Podemos ir ao
cinema se você quiser.
— Eu agradeço, mas não estou com vontade.
— Amanhã, talvez?
Suspirei.
— Sinto muito, mas não.
— Você pode escolher o dia, tudo bem pra mim.
— Eu não quero sair com você, me desculpe.
Ele arqueou uma sobrancelha.
— Você não vai querer me conhecer melhor, vai me
julgar pela minha aparência e pronto? — questionou,
mostrando muita indignação na sua voz.
— Bem, eu não estou querendo conhecer ninguém
no momento, é isto.
Não deixei que ele respondesse, apenas tentei dar
as costas e voltar ao trabalho, mas ele segurou meu pulso
de uma forma agressiva.
— Você não quer conhecer ninguém ou você não
quer me conhecer?
— Ei! Solte ela seu maluco! — disse Vick, que estava
ouvindo a conversa inteira.
Ele a olhou, e então me soltou.
— Talvez você queira mais tarde. — Foi a última
coisa que ele disse antes de sair dali.
Eu estava totalmente sem reação, e me culpando por
ter ficado quieta naquele momento, mas o susto foi tão
grande que meu cérebro não conseguiu raciocinar.
— Você está bem? — perguntou Vick.
— Eu acho que estou.
— O que aconteceu aqui? — Richard apareceu ao
nosso lado.
— Aquele cliente esquisito assediou a Melanie —
explicou a garota loira.
— O que ele fez? Está tudo bem?
— Ele surtou por eu não ter aceitado seu convite
para sair e apertou meu pulso, mas eu estou bem.
— Quer companhia até o ponto de ônibus? Pode ser
perigoso — Richard ofereceu.
— Não, não. Max já foi embora, está tudo bem.
— Não hesite em pedir minha ajuda se precisar.
Eu assenti.
Richard sorriu antes de voltar para o que estava
fazendo.
Eu definitivamente não estava preparada para aquela
situação. Bom, acho que nenhuma mulher está preparada
para isso, mesmo sabendo que pode acontecer a qualquer
momento.
Meu horário acabou logo depois disso. Saí no fast-
food e comecei meu caminho até o ponto de ônibus, porém,
não precisei dar muitos passos para perceber a presença
de Max logo atrás de mim.
Revirei os olhos, pensando que ele estava tentando
me alcançar para ser inconveniente, mas não, ele apenas
me seguia, o que deixou a situação ainda mais assustadora.
Tudo ficou ainda mais estranho quando parei no
ponto de ônibus e ele se escorou em um poste há alguns
metros de distância, tentando disfarçar. Não tinha certeza
se ele sabia que eu havia reparado na sua presença, mas
eu não me importava com isso.
Não demorou muito para o ônibus aparecer e eu me
levantar rapidamente para pegá-lo. Quando dei por mim,
Max estava ao meu lado, olhando para o ônibus que se
aproximava, como se fosse pegá-lo também.
Senti meus pelos se arrepiaram, mas tentei manter a
calma. Aquilo não era nada normal. Subi no ônibus como se
nada estivesse acontecendo e me sentei em um dos bancos
vazios. Max passou por mim e foi para o fundo do
automóvel, mas não vi onde ele se sentou.
Minhas mãos estavam começando a soar e eu não
sabia o que fazer.
Em um movimento discreto, olhei para trás. Lá
estava ele, há dois bancos de distância, me observando.
Me virei rapidamente, sentindo que meu coração
estava começando a acelerar.
O que eu deveria fazer? Não podia ir para casa, era
muito arriscado ele saber aonde eu moro. Precisava de um
local movimentado, onde eu pudesse pedir ajuda.
Foi então que eu tinha uma brilhante ideia: Beauty
Model! O ônibus passava bem perto de lá, era o local
movimentado que eu precisava.
Essa era a minha melhor chance.
Eu não sabia o que pensar. Justo no dia que
comentei com Vick sobre o Investigação Discovery, eu
estava quase virando parte de algum programa de maníaco
de lá.
Respirei fundo, passando as mãos nas minhas
calças.
O ponto próximo da empresa estava chegando, mas
eu queria que ficasse o mais perto possível para eu me
levantar. Alguém já havia apertado o sinal, era só esperar.
Então, no limite, me levantei e saí do ônibus, mas não
obtive sucesso em despista-lo. Max desceu junto comigo.
Em passos rápidos tomei o caminho para o prédio,
claramente sendo seguida por aquele homem.
Eu estava ofegante e começando a ficar cansada,
mas não iria parar.
Finalmente cheguei em frente à porta e entrei. Max
não ousou entrar, mas eu podia vê-lo na calçada, com os
braços cruzados e tentando enxergar pelo vidro das
paredes.
Tudo bem, mas como eu iria sair dali? Havia um
louco me esperando bem na porta para sabe-se lá fazer o
quê.
Eu só tinha uma opção, e, apesar de estar relutante,
era isso ou aparecer nos jornais como "garota é estuprada e
morta".
Peguei o primeiro elevador e fui até o andar da
Beauty Model. Me parei em frente aos elevadores,
esperando que Drake passasse por ali para ir embora.
Esperei por alguns minutos torturantes. E se Max
resolvesse invadir o prédio? E se ele estivesse armado? Ou
pior, tivesse bombas? Minha imaginação depois de assistir
tantos documentários sobre crimes não me deixava
descansar.
Quando o desespero estava voltando a tomar conta
de mim, Drake apareceu.
Ele franziu o cenho ao me ver.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou.
— Tem um cara me seguindo! É um cliente de onde
eu trabalho que está sempre dando em cima de mim. Eu
disse não para ele hoje e ele surtou. Me seguiu até o ônibus
e eu preferi descer aqui do que na minha casa. — Suspirei.
— O problema é que ele continuou me seguindo e está lá
na porta da frente, esperando que eu saia.
Drake me encarou, provavelmente processando tudo
o que havia acabado de ouvir.
— Ele fez alguma coisa com você?
— Não, nada. Bom, ele segurou o meu pulso quando
eu disse que não sairia com ele.
— Venha, vamos para o meu carro. Vou dar uma
carona para você.
Eu assenti, ainda muito nervosa.
Fomos até o estacionamento em silêncio, eu não
conseguia falar muita coisa.
Entramos em seu carro e Drake me olhou antes de
liga-lo.
— Você está bem? — perguntou.
— Não. Eu estou com tanto medo que ele descubra
onde eu moro, descubra onde minha mãe está. Sabe, ele
não fez tantas coisas para eu o imaginar como um
estuprador obsessivo, mas é exatamente isso que eu estou
imaginando. Um homem me seguiu pela rua! Eu estou
completamente apavorada.
Minha respiração estava rápida e descompassada.
Sentia que minhas mãos tremiam e eu estava começando a
ficar gelada e com frio.
Drake colocou a sua mão em cima da minha.
— Enquanto eu estiver aqui, ele não vai encostar um
dedo em você.
— E quando você não estiver?
— Eu sempre vou estar.
Olhei para Drake, que estava com um lindo sorriso
nos lábios, tentando me passar alguma calma.
— Obrigada, de verdade — falei.
— Bom, vou levar você para casa. Está precisando
de um descanso, não é?
Ele deu partida no carro e logo saímos dali, deixando
Max para trás.
O caminho foi em silêncio, eu ainda estava muito
nervosa para dialogar, e parece que Drake percebeu e
respeitou isso.
Ele parou o carro em frente à minha casa, mas eu
não movi um músculo, esperando que ele fizesse algo.
— Está se sentindo melhor? — perguntou ele.
— Sim, muito melhor. Acho que eu posso ter
exagerado no nervosismo hoje.
Drake me fitou.
— Que bom. Se acontecer algo, pode me ligar.
— Não se preocupe. Qualquer coisa eu aviso você.
Ele sorriu de lado, soltando um suspiro e abaixando o
olhar para minhas pernas.
— Espero que tenha uma boa noite. É uma pena eu
ter um compromisso ainda hoje — disse, deslizando sua
mão por minha coxa e a apertando.
Olhei para Drake e vi um sorriso malicioso se formar
em seus lábios.
Aproveitei a deixa para avançar e dar início a um
beijo cheio de desejo.
Ele colocou a mão no meu quadril e a subiu por
dentro da blusa, acariciando minha barriga.
Meus pelos se arrepiaram com aquele toque. Seus
dedos subiram ainda mais, até que ele pudesse apertar
meus seios e brincar com meus mamilos.
Soltei um leve gemido completamente involuntário
enquanto ainda nos beijávamos. Minhas mãos, que antes
estavam em seu peito, desceram por seu corpo até que eu
pudesse sentir o quanto ele estava excitado.
Drake parou nosso beijo lentamente.
— Gosto de brincar com você — disse, dando mais
uma boa apertada em meu seio.
— E eu quero brincar com você.
Ele estranhou minha frase no primeiro momento, mas
não recuou.
Distribui beijos e lambidas em seu pescoço,
enquanto usava as mãos para abrir suas calças e colocar
seu pênis para fora.
O encarei enquanto descia meu rosto.
Eu não sabia exatamente o que fazer. Na verdade,
eu não tinha ideia, mas é fazendo que se aprende.
Fiz movimentos circulares com a língua bem na
cabecinha, logo depois lambendo toda a sua extensão
lentamente e usando minha mão para dar uma ajuda. Então
finalmente o coloquei em minha boca, indo o mais fundo
que eu conseguia, hora usando minha língua para acaricia-
lo, hora o sugando com vontade.
Drake afundou sua mão em meus cabelos, ajudando
em alguns movimentos, mas não forçando meus limites.
— Por Deus, Melanie! — Drake murmurou, jogando a
cabeça para trás.
Essa era a confirmação de eu estava indo bem.
O tirei da boca, lambendo sua extensão mais uma
vez, enquanto o encarava.
— Você gosta disso? De me ver com o seu pau na
boca? — perguntei, usando as mesmas palavras que ele
usou na outra noite.
Ele sorriu malicioso.
— Você está brincando com fogo, garota.
— Nunca tive medo de me queimar.
Voltei a chupa-lo com toda a vontade que estava,
sentindo uma enorme excitação ao fazer aquilo.
Ouvi a respiração de Drake acelerar enquanto ele me
observava.
— Espere um pouco — disse ele, então me afastei.
— O que foi?
— Acho que já está bom por aqui. Não quero fazer
sujeira.
Eu sorri, me aproximando de seu pescoço e
depositando um beijo sutil.
— Goza na minha boca — sussurrei ao pé do seu
ouvido.
Não esperei sua reação, apenas voltei para o que eu
estava fazendo, agora com movimentos mais rápidos e
fortes.
Não demorou muito para eu sentir o líquido em
minha boca, enquanto Drake fechava os olhos e soltava um
gemido discreto. O gosto não era lá dos melhores, mas eu
não esperava muito mais do que aquilo, então estava tudo
bem pra mim.
Voltei meus olhos para ele. Drake puxou meu cabelo,
deixando meu pescoço com acesso livre. Ele distribuiu
alguns beijos, mas logo parou.
— Se eu não tivesse um compromisso hoje, faria
você gritar meu nome a noite inteira.
— Bom, quando estiver livre me ligue.
Eu estava pronta para sair do carro, mas Drake me
puxou para mais um beijo.
— Boa noite. E se cuide. Se aquele cara aparecer de
novo me chame, não esqueça — disse ele.
— Pode deixar — afirmei. — Boa noite.
Entrei em casa e só então ouvi seu carro partindo.
Eu não sabia o que sentir naquele momento. Ainda
estava muito assustada com o que aconteceu, mas o que
eu havia acabado de fazer havia me deixado
completamente animada e excitada.
Resolvi tomar um longo banho morno para relaxar e
tentar esvaziar minha mente.
Fazia dois dias que eu não o via. Conversávamos por
muitas horas durante o dia, mas ninguém sugeriu um novo
encontro. Drake estava muito preocupado por eu estar
sozinha em casa e com um louco assediador atrás de mim,
e eu também estava.
Não contei para minha mãe o que havia acontecido,
não queria trazer mais um problema para ela.
— Você parece estar muito bem — comentou tia
Elizabeth, enquanto minha mãe sentava no sofá da sala.
Ela tinha acabado de chegar do hospital.
— Me sinto melhor do que achei que estaria —
afirmou.
— Estou tão feliz por você ter saído do hospital —
falei, me sentando ao seu lado.
— O médico disse quando eu vou poder voltar a
trabalhar? Não vou aguentar ficar muito tempo em casa
sem fazer nada.
— Nem ouse pensar nisso agora. Você precisa
descansar e se recuperar da cirurgia.
— Eu estava pensando em você passar alguns dias
em Los Angeles na minha casa, o que acha? Estão todos
com saudades de você — sugeriu Elizabeth.
Minha mãe me olhou hesitante.
— Não tenho certeza se quero deixar Melanie
sozinha por mais tempo.
— Está tudo bem, mãe. Se quiser pode ir.
Na verdade, não estava tudo bem, mas sabia que ela
queria muito ver os sobrinhos, e eu não podia impedi-la.
Ela suspirou, me olhando mais uma vez.
— Está bem, eu vou, mas se acontecer qualquer
coisa me ligue que eu volto o mais rápido possível.
— Não se preocupe comigo. Trate de aproveitar.
— Ótimo! Vou preparar tudo para irmos amanhã de
manhã. A viagem é longa, mas vai valer a pena. — Tia
Elizabeth parecia muito animada com aquela ideia.
Eu imagino como aqueles dias juntas seriam bons
para reaproximar as duas. Esperava que elas saíssem disso
mais unidas do que nunca.
Acordei cedo na manhã seguinte para me despedir
da minha mãe. Ela quase desistiu da sua viagem quando
me viu, mas eu a convenci de que tudo ficaria bem e que eu
conseguiria passar mais alguns dias sozinha.
Admito que estava com medo, na verdade,
apavorada, mas iria esconder isto dela, pelo menos até ela
se recuperar totalmente da cirurgia.
Me arrumei para o trabalho já pensando na hora da
saída. Era sábado, isso significava que minha jornada teria
duas horas a menos e eu poderia estar em casa logo logo.
[...]
Voltei para casa com toda disposição. Isso era
comum nos sábados. Além de eu trabalhar apenas quatro
horas, o trânsito costumava ser muito mais tranquilo devido
ao horário que eu saía.
Eu não havia trocado nem uma única mensagem
com Drake a manhã inteira. Estava cansada de esperar que
ele tomasse alguma iniciativa. Queria muito o ver, e muitas
vezes ele demonstrava a mesma coisa, mas permanecia
quieto em relação a um novo encontro.
Quando cheguei em casa, peguei meu celular e me
sentei no sofá. Eu precisava ser mais ousada, não só na
cama, mas nas minhas atitudes do dia a dia também, e eu
estava disposta a mudar isto em mim.
Mandei uma mensagem dizendo o quanto queria o
ver novamente, mas tentei não parecer muito sentimental.
Bloqueei o aparelho e o joguei em um canto do sofá,
um pouco receosa pelo que eu havia acabado de fazer.
Será que ele me acharia muito insistente? Muito
grudenta? Não tinha ideia do que ele pensava sobre essas
coisas e não sabia como entrar nesse assunto sem parecer
desesperada.
Tomei um banho rápido enquanto esperava a sua
resposta, mas quando saí do banheiro, ainda não havia
mensagens.
Respirei fundo e voltei para a sala, me certificando de
que a porta estava muito bem trancada. Liguei a televisão e
coloquei a quarta temporada da série American Horror Story
e deixei o volume baixo para que eu pudesse ouvir qualquer
barulho que fosse suspeito.
Demoro mais de meia hora para que eu fosse
respondida por Drake, mas valeu a pena.
“Busco você amanhã na hora do almoço. Que tal
passarmos o dia todo por São Francisco?”
Senti minhas mãos soando frio. Passar o domingo
inteiro juntos? Pensei que no máximo iriamos nos ver hoje à
noite em algum hotel qualquer.
Respondi na mesma hora dizendo que estaria a sua
espera.
Aquilo era algum tipo de sinal? Talvez ele quisesse
mais do que transar comigo eventualmente, ou será que eu
estava apenas sendo uma menininha iludida?
Eu não tinha ideia do que estava acontecendo, só
sabia que eu queria passar o maior tempo possível perto de
Drake.

[...]
Dormi pouco durante a noite. Além de estar com
medo de a qualquer momento Max invadir a minha casa,
estava ansiosa e nervosa com o meu encontro naquele
domingo.
Tomei um banho demorado e coloquei um vestido
casual combinando com um par de sapatilhas pretas. Não
sabia aonde nós iriamos, mas estava certa de que
sapatilhas são uma boa pedida para qualquer lugar.
Era bem perto do meio-dia quando Drake buzinou em
frente à minha casa, extremamente pontual.
— Boa tarde — disse ele assim que entrei no banco
do passageiro. — Espero que esteja com fome.
— Estou faminta! Aonde vamos?
— Pensei em almoçarmos e depois darmos uma
volta no Píer 39, o que acha?
— Uma ótima ideia! Eu só fui no Píer 39 duas vezes,
mas já faz algum tempo e não me lembro muito bem.
— É sério? Eu adoro aquele lugar. Deve estar um
pouco cheio hoje, mas podemos dar uma boa olhada.
Drake dirigiu até um restaurante que, honestamente,
eu nem sabia da existência, mas parecia ser um lugar caro.
Dei uma olhada no cardápio, mas não sabia o que
pedir. Na verdade, muita coisa eu nem ao menos sabia o
que era.
— Não sabe o que pedir? — perguntou Drake,
percebendo que eu estava um tanto confusa enquanto lia os
nomes dos pratos.
— Não sei mesmo.
— Gosta de frutos-do-mar? Que tal algum prato com
camarões?
— Eu nunca comi camarões, mas gosto de peixe. É
parecido?
— Bom, acho que você mesma pode dizer isso.
Posso pedir para você?
Eu assenti.
Drake não demorou para fazer nossos pedidos, junto
com um delicioso suco de uva.
Nossos pratos chegaram em pouco tempo. Provei o
camarão com um certo receio, mas assim que coloquei em
minha boca tive certeza do quanto aquilo era bom.
— Nada foi mais estressante para mim do que a
faculdade. Era um tormento, não entendia quase nada. Só
consegui terminar pela insistência do meu pai.
— Eu já me estressava no ensino médio, imagina na
faculdade, mas mesmo assim quero muito fazer algum dia.
— Qual curso pretende fazer? — perguntou,
bebericando seu suco.
— Marketing. Sempre achei muito interessante.
— Pois eu ainda acho que você se daria muito bem
como modelo.
Neguei com a cabeça.
— Até seria legal, mas eu sou muito tímida, além de
muito insegura com algumas coisas. Uma crítica maldosa e
eu desistiria na hora.
— Então espero que se dê bem no marketing.
Sorri, ele fez o mesmo.
Não demoramos muito mais para terminar nossa
refeição, e logo já estávamos a caminho do Píer 39.
Como Drake disse, o lugar estava totalmente lotado,
mas conseguimos caminhar e aproveitar o passeio.
Vimos alguns leões marinhos e eu não pude deixar
de tirar algumas fotos. Sabia que havia alguns por lá, mas
não achei que os veria. Subimos e descemos a escada de
piano pelo menos três vezes, tentando criar algum ritmo,
mas sem muito sucesso. Finalizamos nossa caminhada por
lá com um delicioso sorvete de morango.
Passar aquele tempo com Drake estava sendo
melhor do que eu imaginava. Estávamos nos dando tão
bem. Eu jamais teria imaginado que algo como isso iria
acontecer.
— Mais uma parada? — perguntou ele quando
entramos em seu carro.
— Onde?
— Ocean Beach. O sol vai começar a se pôr e será
incrível.
— Eu adoro o pôr do sol, principalmente na praia.
— Então é isso que iremos fazer. Acho que tem uma
toalha grande no meu porta-malas, podemos sentar e
aproveitar.
Eu sorri enquanto via o sol descendo cada vez mais
pela janela.
Chegamos na praia no horário certo para vê-lo. As
poucas nuvens no céu já estavam completamente laranjas,
deixando o cenário parecido com um verdadeiro paraíso.
— Eu e minha mãe costumávamos fazer isso com
frequência antes — comentei.
— Eu e minha mãe também. Ela sempre gostou
muito de observar o pôr do sol de qualquer lugar que fosse,
e agora está observando lá do Taj Mahal.
— Ela está na Índia? — perguntei, um tanto eufórica.
— Sim. Ela me mandou algumas fotos ontem —
respondeu, pegando seu celular. — Veja.
Drake me mostrou algumas das fotos que ela enviou.
Ela estava junto de um homem, que concluí ser seu pai,
com o Taj Mahal ao fundo. Era um lugar majestoso que eu
gostaria muito de visitar também.
— Que incrível!
— Venha, vou mostrar a ela que estou assistindo ao
pôr do sol na praia, ela irá adorar.
Ele mirou a câmera frontal para si, mostrando boa
parte da praia ao fundo, só então entendi que ele queria que
eu me juntasse na foto.
— A selfie ficou ótima — comentei, ainda surpresa
com o seu ato.
Drake havia acabado de enviar uma foto comigo
durante um domingo para a sua mãe. O que estava
acontecendo aqui?
— Eu envio fotos para ela o dia inteiro e ela faz o
mesmo. A distância não é motivo para nos afastarmos um
do outro, não é? — falou, guardando o celular. — Sempre
fomos tão próximos. Eu achava tão estranho quando estava
no ensino médio e faculdade e meus colegas ignoravam os
pais ou, até mesmo, tinham vergonha de serem vistos com
eles. Sabe, eles me deram vida, me educaram, me deram
amor. Porque eu teria vergonha ou me afastaria?
Principalmente da minha mãe.
— Você está certo! Sempre fui muito próxima da
minha mãe e não me imagino me afastando dela. Temos
nossas discussões, é claro, mas nada que afete a nossa
relação.
Assim que terminei minha frase, me lembrei de todas
as mentiras e de tudo que eu havia escondido dela nos
últimos tempos. O dinheiro, o que fiz para consegui-lo,
meus encontros com Drake e até mesmo o que escondi
sobre Max. Será mesmo que a nossa relação não seria
afetada se tudo isso viesse à tona?
Olhei para o sol se escondendo bem na nossa frente,
sentindo uma brisa gelada arrepiando minha pele quente.
— Que tal um filme? Podemos ir para a minha casa.
Senti meu coração acelerar ao ouvir seu convite.
Aquele dia havia sido incrível, e parecia que só iria
melhorar.
— Claro, eu iria adorar.
Já estava escuro quando recolhemos a toalha e
voltamos para o seu carro.
Sua casa não era muito longe dali, então foi
necessário apenas alguns minutos para chegarmos.
Assim que paramos na frente, fiquei impressionada
com o tamanho do lugar. Parecia um verdadeiro palácio,
com muitas janelas de vidro.
O segui até a porta, muito curiosa para saber como
ela era.
— Pode estar um pouco bagunçada. Não esperava
receber visitas hoje — avisou ele.
A primeira coisa que notei quando entrei foram os
diversos quadros de pintura que estavam por toda parte.
Também tinha tintas e pinceis na mesinha de centro.
— Espera aí, você pinta? — perguntei, incrédula.
— Eu adoro pintar. Acho que ninguém imagina isso
sobre mim.
— Se eu não estivesse vendo, eu jamais pensaria
nisso.
Me aproximei de um dos quadros, observando cada
detalhe pintado. Drake era muito talentoso.
Também percebi uma foto de um garotinho em um
porta-retrato. Me parecia ter por volta de dez anos, e apesar
de ter certas semelhanças com Drake, era nítido que não
era ele.
Pensei em perguntar quem era, mas não tinha
certeza se era uma boa ideia. Porém, não tive muito tempo
para pensar; Drake me puxou pela cintura e me virou em
sua direção.
Ele me empurrou levemente até que minhas costas
batessem na parede, e então beijou meus lábios de forma
ardente. Suas mãos deslizaram por meu corpo, passando
por baixo do meu vestido e apertando minha bunda com
força.
Envolvi meus braços ao redor do seu pescoço e o
puxei para mais perto ainda. Com um pouco da sua ajuda,
pulei em seu colo e entrelacei minhas pernas ao redor de
seu corpo, ora ou outra movendo meu quadril, deixando nós
dois extremamente excitados.
Drake me carregou até chegar no sofá, se sentando.
Sua boca desceu para o meu pescoço enquanto abaixava
as alças do meu vestido até fazê-lo deslizar por minha
barriga. Ele passou sua língua entre meus seios, mas logo
seguiu para um de meus mamilos, lambendo e chupando
enquanto sua mão acariciava o outro.
Movi meu quadril mais algumas vezes, sentindo seu
pênis duro roçando em mim mesmo ainda coberto por suas
calças jeans. Porém, Drake não demorou muito para
colocá-lo para fora e pegar uma camisinha na sua carteira.
Eu apenas coloquei minha calcinha para o lado e o
ajudei a me penetrar lentamente, começando a me
movimentar. Ele apertou minhas coxas, deslizando suas
mãos até minha bunda e deixando um tapa forte nela,
fazendo um gemido sair por minha boca.
Continuei meus movimentos, sem me importar com a
dor muscular que eu estava começando a sentir em minhas
pernas.
— Se masturba — disse ele, me pegando de
surpresa.
— O que? — perguntei, mesmo tendo ouvido
perfeitamente o que ele disse.
— Vai ajudar você a gozar mais rápido.
Hesitei no primeiro momento. Eu não estava
acostumada a fazer aquilo, e não tinha certeza se algum dia
pensei que eu precisaria enquanto fazia sexo com outra
pessoa.
Levei minha mão até meu clitóris, massageando em
movimentos circulares. Quanto mais eu fazia isso, mais
rápido eu cavalgava em cima de Drake. Meu prazer só
aumentou quando ele colocou sua boca mais uma vez em
um de meus seios.
Soltei um gemido alto quando atingi um orgasmo.
Drake se movimentou mais algumas vezes dentro de mim
até chegar em seu ápice logo depois.
Nós dois estávamos ofegantes. Ele me olhou,
puxando meu rosto em sua direção para dar início a um
beijo.
— Você é incrível — ele sussurrou, colando nossas
testas e fechando os olhos.
Eu sorri, depositando mais um selinho em seus
lábios antes de sair de cima dele.
— Onde fica o banheiro?
— Pode usar o do meu quarto. É a segunda porta à
direita lá em cima.
Agradeci e fui até lá.
Seu quarto era quase maior do que minha casa
inteira. Era muito bem decorado nas cores branco e cinza,
com uma televisão gigantesca na frente da cama. Dei uma
boa olhada em volta antes de achar a porta para o banheiro.
Não demorei muito lá dentro, mas quando saí Drake
já estava deitado em sua cama, com o ar-condicionado
ligado e escolhendo algo para assistirmos na televisão.
Ele fez um sinal para que eu me juntasse a ele, e
assim fiz.
— Me conte mais sobre o seu gosto pela pintura.
Quando isso começou? — perguntei.
— Na verdade, eu nem me lembro quando eu
comecei a me interessar. Eu queria ter seguida em alguma
profissão relacionada a isso, mas meu pai sempre dizia que
pintar não era uma profissão e que eu deveria estudar algo
mais útil para a empresa dele. — Ele suspirou. — Acabei
cursando o que ele escolheu, no campus que ele escolheu
e seguindo a profissão que ele escolheu. Às vezes me
arrependo por tão ter o enfrentado.
— Eu sinto muito por isso.
— Está tudo bem. Ainda posso pintar, mesmo que
seja apenas um passatempo.
Lembrei da foto da criança que eu havia visto e
estava morrendo de vontade de perguntar sobre isso.
Pensei uma, duas, três vezes antes de fazer. Sabia que
podia ser algo muito pessoal que ele não estava disposto a
dividir, mas não custava tentar.
— O garoto na foto lá na sua sala era você? —
perguntei, sabendo que não era ele.
Ele hesitou por um momento, mas logo começou a
falar:
— Meu irmão Will. Ele morreu quando tinha quatorze
anos. Eu tinha dezesseis na época. Will ficou muito doente
e muito rápido, sua morte foi completamente inesperada.
Minha mãe entrou em depressão, mas conseguiu seguir em
frente, não tenho certeza se meu pai conseguiu fazer o
mesmo — explicou, fazendo uma pequena pausa. — O
assunto é muito delicado para mim, não gosto de falar muito
sobre. Esse foi um dos motivos de eu ter aceitado pagar o
tratamento da sua mãe mesmo sem nada em troca. Eu sei
como é perder alguém para uma doença e não queria que
você passasse por isso.
Eu o olhei, percebendo o quanto ele havia ficado
abalado com aquilo. Me aproximei e o abracei
delicadamente, deitando em seu peito.
— Obrigada pelo que você fez por mim.
Drake depositou um beijo no topo da minha cabeça,
retribuindo meu abraço.
— Que tal pedirmos uma pizza? Acho que nenhum
de nós está disposto a cozinhar — disse ele, mudando
completamente de assunto.
— Com certeza!
Por um lado, me senti um pouco culpada por fazê-lo
relembrar momentos tão trágicos, mas pelo outro estava
feliz por Drake ter se aberto comigo daquela forma.
Estávamos mais próximos do que nunca.
Não tinha como minha relação com Drake estar
melhor. Dormi em sua casa naquele domingo e foi uma
experiência incrível. Eu nunca havia ficado tão próxima de
alguém e estava quase certa de que estávamos
caminhando para algo sério.
Aquele final de tarde de terça-feira estava quente e
ensolarado. As crianças mais novas dos vizinhos estavam
jogando beisebol na rua, enquanto seus irmãos mais velhos
conversavam nas varandas, aproveitando a leve brisa que
soprava.
Liguei para minha mãe assim que cheguei para ver
como as coisas estavam em Los Angeles, e logo depois
tomei um banho rápido.
Eu não tinha maiores planos para o resto daquele
dia, então liguei a televisão para assistir alguns episódios de
American Horror Story, queria terminar logo a quarta
temporada.
Quando acabei um episódio, decidi preparar um café
gelado.
Me levantei do sofá e passei em frente a porta com
uma grande janela de vidro para ver se as crianças ainda
estavam brincando. Porém, quando as olhei, percebi uma
pessoa de capuz perto delas. Estranhei, afinal aquele dia
estava muito quente para usar um capuz. Apesar de achar
aquela cena bem preocupante, sabia que as crianças não
estavam sozinhas ali.
Segui para a cozinha e preparei um delicioso café
com leite gelado, voltando para o sofá em seguida e
apertando o play para assistir mais um episódio.
Meu celular vibrou. Na mesma hora pensei ser
Drake, mas quando olhei para a notificação vi que era um
número privado. Quando abri a mensagem, senti meu corpo
inteiro se arrepiar.
“Esse café parece uma delícia.”
Meu coração disparou e minhas mãos gelaram. Me
levantei em um pulo e fechei todas as cortinas da casa,
sentindo um nó se formando em minha garganta.
Aquilo era real? Eu estava mesmo sendo observada?
Desliguei a televisão e me tranquei em meu quarto,
discando o número da polícia. Não tinha certeza se eles
poderiam fazer algo, mas a primeira coisa que veio em
minha mente foram os casos de mulheres que estão sendo
observadas, não chamam a polícia e acabam assassinadas
na própria cama.
Pedi para que viessem o mais rápido possível, mas
não foi isso que aconteceu.
Fiquei sentada em minha cama durante longos
minutos até ouvir os policiais chegando.
Expliquei para eles tudo o que havia acontecido
naquele dia, porém, eles não pareceram dar muita
importância. Acho que isso acontecia com uma certa
frequência e no fim nada faziam.
Eles revistaram a casa e o pequeno jardim, mas não
encontraram nada fora do normal. Afirmaram que não
poderiam fazer mais nada e foram embora.
A noite havia caído e as crianças e adolescentes já
estavam dentro de suas casas, o que deixava tudo mais
assustador.
Me sentei em minha cama e peguei o celular. Percebi
uma mensagem de Drake perguntando como foi minha
tarde, e então falei o que aconteceu. Ele pareceu bem
preocupado:
“A polícia não fez nada? Você está sozinha?”
“Sozinha e assustada. Acho que eles não tinham
muito o que fazer.”
“Venha para a minha casa. Eu pago o Uber quando
você chegar.”
Abri um sorriso enquanto lia sua mensagem.
Parece que minha noite não iria terminar tão ruim
assim.

[...]
— Você precisa denunciá-lo! — exclamou Drake,
depois de eu contar tudo com detalhes. — Ele já seguiu
você, agora descobriu seu número e seu endereço. Isso é
muito perigoso.
— E que prova eu tenho contra ele? Ele usa um
número privado e foi embora antes da polícia chegar. Nem
tenho ideia de como fazer ele ser pego.
Drake se sentou ao meu lado no sofá.
— Eu nem imagino como você deve ter ficado com
tudo isso.
— Na hora eu entrei em desespero, mas estou
melhor agora.
— Fico feliz que esteja melhor. Acho que já podemos
ir cozinhar algo para o jantar, o que acha?
— Eu não sou uma cozinheira muito boa.
— Eu também não, mas podemos fazer alguma coisa
simples — disse, parando alguns segundos para pensar. —
Omelete, por exemplo.
— Acho que eu me garanto na omelete.
— Então vamos lá.
Ele se levantou e fez sinal para que eu o seguisse
até a cozinha.
— Como foi o seu dia no trabalho? — perguntei,
enquanto começávamos o preparo.
— Estressante. Temos uma campanha nova. Muitas
pessoas me procuraram o dia inteiro achando que sou o
responsável por escolher as modelos das campanhas, é
cansativo.
— Eu imagino o quanto é exaustivo.
— Mas sabe quem seria a modelo perfeita para essa
campanha? — disse ele, me lançando um olhar divertido.
— Quem?
— Você! Ainda acho que seria uma ótima modelo, e
a campanha nova pode ser a sua chance para começar.
São só algumas fotos. Tudo o que você precisaria fazer é
uma pose sexy e se deixar ser fotografada — explicou. — E
sabemos que você não teria nenhuma dificuldade em ser
sensual.
Soltei uma risada, negando com a cabeça.
— Eu não sei posar.
— E se você posasse para uma pintura minha, o que
acha?
— Você quer me pintar? — questionei, incrédula.
— Sim. Estou com uma ideia incrível para um
quadro.
— Eu aceito. Fiquei curiosa para ver como eu ficaria
em uma pintura sua.
— Vamos marcar um dia para você vir aqui para isso.
Eu sorri, assentindo.
Paramos de enrolação e tratamos de terminar logo o
nosso jantar.

[...]
Era o meu último dia sozinha em casa. Estava feliz
por saber que minha mãe estaria de volta e que eu não
precisaria mais dormir sozinha, mas sabia que agora seria
muito mais difícil encontrar com Drake.
Eu e ele não nos víamos desde a noite que dormi em
sua casa, apesar de conversarmos sempre por mensagem.
Aquele sábado era o último dia que eu teria para o
ver sem me preocupar com a minha mãe, e eu não estava
disposta a desperdiça-lo.
Cheguei em casa cedo, como todos os finais de
semana, e tomei um longo banho. Coloquei um vestido
colado ao corpo e arrumei meu cabelo.
Queria o surpreender na empresa, queria ser ousada
da melhor forma possível, queria que ele visse tudo o que
eu poderia ser.
Não tinha certeza se ele iria gostar que eu fosse até
lá sem avisar, e isso estava me deixando muito nervosa,
mas eu precisava arriscar.
Não demorei muito para chegar na Beauty Model.
— Eu queria falar com o Drake, por favor — falei
para a secretária.
— Ele está em uma reunião. Você pode esperar aqui,
acho que já está terminando.
— Tudo bem, obrigada.
Ela sorriu gentilmente.
Me afastei e olhei para os lados, pensando se aquilo
não era um sinal divino para eu ir embora e fingir que jamais
estive ali.
Caminhei até o banheiro mais próximo e entrei.
Queria me olhar no espelho mais uma vez.
Havia uma garota de cabelos pretos lá, ela parecia
estar tão nervosa quanto eu.
— Também veio para a campanha? — perguntou ela.
— Não, eu não sou modelo.
— Ah, sim. Bom, você parece — afirmou, olhando
novamente para o seu reflexo no espelho. — Sorte a sua
por não estar quase infartando enquanto espera uma
resposta.
Ela suspirou, claramente muito apreensiva.
— É o seu primeiro trabalho?
— O primeiro em uma empresa grande, se eu
conseguir.
— Você vai conseguir. Precisa pensar positivo.
— Eu estava positiva até entrar aqui e me deparar
com uma dúzia de modelos muito mais experientes do que
eu. — Ela se virou para mim, com o olhar cabisbaixo.
— Um dia elas estiveram no seu lugar, não é? —
perguntei e ela assentiu. — Qual o seu nome?
— Emma.
— Então, Emma, eu sou a Melanie. Se você não
conseguir este trabalho tenho certeza que conseguirá
outros até melhores. Não seja tão dura com você mesma.
Emma forçou um sorriso.
— Obrigada. — A morena fechou os olhos e respirou
fundo. — Preciso me recompor.
— Espero ter ajudado você um pouco — falei,
abrindo um sorriso simpático. — Eu preciso ir.
— Você ajudou. Eu estava prestes a surtar se não
falasse com ninguém!
— Que ótimo! Bom, até mais.
Emma sorriu e então eu me retirei do banheiro.
Conversar com alguém me distraiu um pouco, mas
assim que voltei para os corredores me lembrei do motivo
de eu estar tão nervosa.
— Ele já está na sala — avisou a secretária assim
que me aproximei. Ela se levantou, mas eu a parei.
— Não precisa me anunciar.
Ela assentiu.
Agradeci e segui até a porta. Dei duas batidas antes
de entrar.
Drake pareceu surpreso com a minha visita, mas não
bravo.
— Não esperava ver você aqui hoje — disse ele,
mudando a sua atenção do computador para mim.
— Pensei em fazer uma visita. Estou atrapalhando?
— perguntei.
Dei a volta na sua mesa até ficar ao seu lado, então
me sentei nela e cruzei as pernas.
Ele me olhou dos pés à cabeça, com um sorriso de
lado.
— Definitivamente não está atrapalhando.
Drake passou a mão em minha coxa subindo até a
saia do meu vestido.
Abri as pernas lentamente, sentindo seus dedos
caminharem pela parte interna da minha coxa até chegar
em minha calcinha. Ele fez movimentos leves e circulares
em meu clitóris por cima do pano fino.
O olhei, mordendo o lábio inferior. Ele se levantou e
me beijou, ainda me acariciando.
— Espere um minuto — disse, caminhando em
direção a porta e a trancando. — Acho que assim temos um
pouco mais de privacidade.
Ele parou entre minhas pernas, me puxando pela
cintura e acabando com os poucos centímetros que
separavam nossos corpos.
Drake me beijou ferozmente, segurando minhas
coxas com força. Ele subiu meu vestido e tirou minha
calcinha sem enrolação. Sua boca fez uma trilha de beijos
passando por meu pescoço até chegar em meu decote.
Ele se ajoelhou e me lançou um olhar extremamente
malicioso. Meu corpo inteiro estremeceu quando senti sua
língua em contato com a minha pele. Suas mãos estavam
em minhas coxas, as apertando.
Entrelacei meus dedos em seus cabelos, que antes
estavam perfeitamente alinhados, e o guiei para os meus
pontos favoritos.
Fechei os olhos e joguei minha cabeça para trás,
aproveitando a sensação e não deixando nenhum gemido
alto escapar.
Drake penetrou dois dedos em mim, enquanto
chupava e lambia meu clitóris com vontade.
Observá-lo fazer aquilo era algo muito satisfatório e
ajudou a aumentar ainda mais o meu prazer.
Coloquei uma mão sobre minha própria boca e evitei
ser ouvida quando atingi um orgasmo. Drake não teve
dificuldade em perceber e parou seu trabalho depois de
uma última lambida.
Assim que ele se pôs em pé, o puxei para mais um
beijo.
— Se tivéssemos mais tempo agora eu iria te foder
tanto, garota — disse, passando os lábios por meu pescoço.
— Podemos nos ver hoje à noite para resolver isso.
— Bem que eu queria, mas tenho um compromisso.
Senti uma pontada no estômago ouvindo a sua frase,
tentando imaginar que tipo de compromisso ele teria em um
sábado à noite. Pensei em falar algo, mas hesitei.
— Bom, então deixamos para outro dia.
Ele assentiu, e se afastou para que eu me vestisse.
— Mas podemos deixar para segunda à noite, o que
acha?
Parei por um momento, pensando se eu conseguiria
passar a noite fora sem minha mãe desconfiar de nada,
mas eu não podia recusar.
— Depois me diga o horário.
Drake sorriu e depositou um selinho em meus lábios.
Nos despedimos e eu logo sai da sua sala.
Suspirei enquanto caminhava até o banheiro.
Saber que a minha visita surpresa havia o agradado
me deixava muito mais tranquila em relação ao que
tínhamos. Aquilo parecia cada vez mais certo e sério, e
apesar de eu não querer me iludir, estava confiante sobre o
nosso relacionamento.
Eu estava ansiosa com a volta da minha mãe. Será
que eu teria a cara de pau de mentir para ela sobre minhas
saídas? Se bem que depois que eu menti sobre o dinheiro,
não tinha como ficar pior.
Um carro parou na frente da nossa casa. Fiquei
olhando pela janela até minha mãe sair pela porta no
passageiro. Não hesitei em ir até ela e a abraçar forte.
— Senti sua falta — falei, enquanto ainda a
esmagava com um abraço.
— Como você passou a semana? Correu tudo bem?
— Sim — menti descaradamente. — Foi tudo bem.
— Que bom — disse minha tia, carregando a mala
de minha mãe. — Mary tem muito o que contar sobre Los
Angeles.
Minha mãe parecia mesmo muito animada com a sua
viagem.
Fomos para dentro de casa e minha tia tratou de
preparar alguns biscoitos enquanto minha mãe contava
todos os detalhes da Cidade dos Anjos.
[...]
No fim, eu e Drake não nos vimos na segunda-feira,
como ele havia sugerido. Nós até trocamos uma ou duas
mensagens, mas não nos vimos. Passei na Beauty Model
na quarta-feira, e mais uma vez ele pareceu gostar da
minha surpresa. Também vi Emma novamente naquele dia.
Ela estava lá para tentar mais alguma coisa na agência,
mesmo antes de darem a resposta para ela sobre a outra
campanha.
Então na sexta-feira eu havia decidido fazer mais
uma visita surpresa. Assim que saí do trabalho, fui direto
para o ponto de ônibus e desci quase em frente ao prédio.
Subi até o andar da agência e revista e fui até a
secretária.
— Boa tarde. Posso falar com o Drake? — falei, mais
animada do que deveria.
— Ah, ele está com alguém na sala dele, mas pode
sentar ali e esperar — disse, apontando para algumas
cadeiras que estavam próximas.
Quando olhei para elas percebi que Emma estava lá,
parecia muito nervosa.
— Nervosa de novo? — perguntei, me sentando ao
seu lado.
— Pediram para eu vir aqui para mais um teste
daquela campanha, mas nem todas foram chamadas. Acho
que eu estou perto.
— Sim, você está! Mas pela sua cara eu diria que
está indo até um enterro.
Ela suspirou, fechando os olhos.
— Você tem razão. Preciso relaxar, me distrair um
pouco. Talvez aquela festa. — Ela estava pensativa. —
Quer ir em uma festa?
— Eu? Ah, não. Eu não vou muito em festas.
— Então essa é a sua chance de ir. Vai ser legal, na
casa de um amigo meu.
— Vou pensar sobre isso.
— Ótimo! Me dê o seu número. — Emma colocou o
seu celular em minha mão, e então digitei meu número e
salvei meu nome com um pequeno coração no final. — Vou
te mandar uma mensagem mais tarde.
Eu assenti, sorrindo.
Antes que eu pudesse falar qualquer outra coisa,
ouvi uma porta se abrindo. Era a de Drake, e uma mulher
muito bonita estava saindo de lá. Ela estava com um vestido
colado e abaixava sua saia de uma forma muito
comprometedora.
— Eu já volto — falei para Emma, me levantando em
um pulo.
Ele estava mesmo fazendo aquilo no meio da tarde?
Justamente no horário em que eu poderia aparecer? Era
revoltante!
Dei passos passados até a sua sala, abrindo a porta
e a fechando com força.
Drake estava arrumando sua gravata e vestido seu
paletó.
Senti um aperto no peito ao ter certeza do que estava
acontecendo ali.
— O que é isso? — perguntei.
Ele me olhou, franzindo o cenho.
— O que?
— A mulher que acabou de sair daqui, você se
vestido. Drake, eu quero uma explicação! — falei, sentindo
minhas bochechas corarem.
Eu estava transbordando raiva naquele momento.
Um nó estava se formando em minha garganta e eu estava
prestes a chorar.
— Explicação? Eu não estou entendendo.
— Ah, não se faça de inocente. Achei que tínhamos
algo sério, Drake, que estávamos namorando, então eu
chego e vejo essa cena toda.
Ele então, finalmente, pareceu entender o que eu
quis dizer.
— Melanie, eu acho que precisamos conversar sobre
isso.
— É claro que precisamos! — falei, apontando para
sua gravata mal arrumada.
— Não estou me referindo a o que aconteceu aqui
hoje, me refiro a nós dois e o que temos. — Ele suspirou. —
Nós não somos namorados, nem perto disso. Eu nunca falei
que queria um relacionamento sério.
Senti o mundo cair em cima de mim. As lágrimas
preencheram meus olhos, mas tratei de as secar
rapidamente.
— Então nós não...
— Não. Nós somos amigos, amigos que se divertem
um com o outro. Achei que você pensava isso também —
explicou, mas permaneci calada. — Eu fico com outras
mulheres, e você também deveria ficar com outras pessoas,
seria até melhor assim. Não quero que você sofra, então
entendo se não quiser mais me ver, mas se ainda quiser,
será apenas isso que nós iremos ser: amigos com
vantagens.
Eu não conseguia falar, havia um nó em minha
garganta que me impedia. Eu estava prestes a chorar, e
sentia um aperto inexplicável no peito.
Eu apenas dei as costas, saindo da sua sala. Ouvi
sua voz me chamando, mas eu não conseguia mais ficar ali.
Fui direto para os elevadores, mas Emma percebeu
meu estado e veio até mim.
— Você está bem? Aconteceu alguma coisa?
— Eu só preciso ir para casa. Depois nos falamos,
está bem?
Ela assentiu, ainda muito preocupada.
Enquanto meu elevador descia para o térreo, senti o
nó na minha garganta cada vez pior, e quando dei por mim
estava afogada em minhas próprias lágrimas.
Como eu pude ser tão estúpida? Tão burra? O que
eu estava pensando? Era óbvio que um homem como
Drake não se limitaria a uma mulher só, principalmente essa
mulher sendo eu.
Era tão revoltante saber que eu mesma me iludi. Eu
não tinha ninguém para colocar a culpa, toda a dor que eu
estava sentindo era culpa minha, e isso era mais difícil
ainda de encarar.
Voltei para casa o mais rápido que pude. Para a
minha sorte, minha mãe não estava na sala quando
cheguei, então apenas segui para o meu quarto e tranquei a
porta.
Sentia que meu peito estava prestes a explodir. Eu
nunca havia me sentindo daquela forma por alguém, e não
estava sabendo lidar com toda aquela tristeza.
Tentei imaginar como seria dali em diante sem a
presença de Drake, era impossível pensar nisso sem meu
choro aumentar.
Eu não queria ficar sem ele, sem nossas conversas
diárias, sem nossos momentos quentes.
Sequei algumas lágrimas e peguei meu celular para
mandar uma mensagem para Drake.
Nunca na vida eu cogitei a ideia de me submeter a
algo do tipo, mas era preciso.
“Me desculpe por toda aquela cena. Eu não deveria
ter tirado conclusões sobre nossa relação sem consultar
você."
Respirei fundo e aguardei a resposta, que não
demorou muito para chegar.
"Está tudo bem, não se culpe por isso. Eu deveria ter
sido mais claro com você. A culpa é minha.”
“Talvez os dois tenham tido uma parcela de culpa.
Fico feliz que tudo tenha sido esclarecido. Acho que
podemos retomar a nossa amizade sem maiores
problemas.”
“Tem certeza? Se quiser se afastar por um tempo eu
vou entender.”
“Tenho certeza. Está tudo bem agora.”
“Ótimo! Eu ainda preciso pintar você.”
Respirei fundo, sabendo que não fiz a coisa certa,
mas foi a única saída que encontrei. Eu só precisava
aprender a lidar com aquela situação.

[...]
Terminei de passar um batom vermelho e me olhei
mais uma vez no espelho.
Eu aceitei ir para uma festa com Emma. Estava
precisando conhecer pessoas novas, talvez dessa forma eu
me desapegasse de Drake e o deixasse ir. Porém, por
enquanto, eu estava mais apegada a ele do que nunca.
Mesmo sabendo que era muito improvável, uma parte de
mim ainda tinha esperanças de que ele sentisse o mesmo.
Eu queria que ele soubesse que eu estava saindo,
indo para uma festa e, aparentemente, tendo outras
prioridades. Talvez ele viesse a... sentir ciúmes?
Faltavam poucos minutos para eu sair de casa
quando mandei uma mensagem para Drake:
"Boa noite. Como foi o seu dia?"
Sabia que ele poderia não responder tão rápido, que
poderia estar com outra mulher, mas enviei do mesmo jeito.
Me surpreendi quando recebi sua resposta logo
depois:
"Exaustivo como sempre, mas agora estou
descansando com uma boa taça de vinho. Como está a sua
noite?"
"Estou terminando de me arrumar para uma festa."
"Que ótimo! Espero que se divirta."
Arqueei uma sobrancelha, percebendo que minha
ideia de o deixar com ciúmes havia ido pelo ralo.
Me sentei na ponta da cama, lembrando que Drake
disse que eu deveria sair com outras pessoas. Aquela frase
foi tão dolorosa!
Suspirei, me levantando e indo até à sala para
esperar o Uber.
Minha mãe estava sentada no sofá, assistindo uma
série que eu não sabia qual era. Ela me olhou dos pés à
cabeça.
— Onde estava esse vestido? Faz tempo que não a
vejo com ele — perguntou.
Eu estava com o mesmo vestido tomara-que-caia da
noite que me encontrei com Drake pela primeira vez.
— Estava no fundo do armário.
— Deveria usá-lo mais vezes, ficou lindo em você.
— Qualquer coisa me chame, está bem? — falei,
mudando de assunto. — Me ligue na mesma hora.
— Está bem, mas aproveite a sua festa e não fique
pensando em mim.
Eu assenti, ainda preocupada por a deixar tanto
tempo sozinha durante a noite.
Eu não estava muito empolgada para aquela festa,
mas queria provar para mim mesma que eu poderia ter uma
vida que não girasse em torno de Drake.
Emma estava me esperando na frente da casa, e
pareceu muito animada quando me viu.
— Já estava com medo que você desse uma
desculpa qualquer para não vir — disse ela enquanto eu me
aproximava.
— Aqui estou eu.
— Vamos entrar. A casa já está lotada.
Realmente estava. Era uma casa enorme, mas eu
tinha a impressão de que havia pelo menos uma pessoa em
cada canto.
A morena avistou um grupo de amigos e me puxou
para a seguir até eles.
— Achamos que você não viria mais — comentou
uma garota ruiva.
— Eu estava esperando minha nova amiga Melanie.
Quatro pares de olhos viraram diretamente para mim
e senti minhas bochechas corarem.
Todos permaneceram em silêncio durante alguns
segundos, o que só me deixou mais desconfortável ainda,
até um dos garotos de olhos verdes resolver falar algo.
— Eu sou Andrew, prazer em conhece-la.
Sorri em resposta, ainda muito envergonhada. Emma
pareceu perceber.
— Bom, nós vamos pegar algo para beber — disse
ela, fazendo sinal para que eu a seguisse, e assim fiz. —
Andrew pareceu gostar de você.
— O que? Claro que não! Ele só foi educado.
— Eu o conheço há muitos anos e sei exatamente
quando ele está afim de alguém, e ele ficou afim de você.
— Não estou interessada em ficar com ninguém esta
noite.
— Você não quer ficar com ninguém por você mesma
ou por causa do CEO da Beauty Model?
— O que? — perguntei, parando os meus passos na
mesma hora.
Ela se virou para mim.
— Sei muito bem que aquele dia você estava
chorando por causa dele, e não foi nada difícil juntar alguns
pontinhos. O que existem entre vocês, afinal?
— É complicado — falei, parando alguns segundos
para pensar melhor. — Na verdade, não é não. Eu achava
que tínhamos algo sério e fui tirar satisfação quando o vi
com outra, e então ele me jogou a real. O que temos não
passa de uma amizade colorida. Eu até tentei colocar a
culpa nele, mas ele nunca falou nada sobre termos algo
sério, então eu mesma criei isso na minha cabeça.
— E como vocês estão agora?
— Na mesma. Ele me perguntou se eu aceitava essa
situação ou se preferia cortar relações, e eu aceitei. —
Suspirei. — Sei que eu não deveria, mas não consegui nem
pensar em ficar longe dele.
— Ficar perto dele só vai piorar a sua situação. Se
você se afastasse agora iria sofrer, mas uma hora
superaria. Se você continuar, nunca vai superar, pelo
contrário — disse ela. Eu abaixei meu olhar, encarando
meus próprios pés. — Vou buscar uma bebida.
Assenti, a vendo se afastar. Avistei duas poltronas
vazias e fui até lá.
Observei as pessoas bebendo e conversando, mas
não tinha vontade alguma de me juntar a elas. Eu não me
lembro de ter ido em alguma festa, e muito menos ter
bebido mais do que aquelas duas taças de champanhe.
Pensei por um momento que poderia ser interessante, mas
acho que eu não estava no melhor momento para uma
festa.
— Trouxe uma bebida para você. — Ouvi uma voz
ao meu lado.
Andrew se sentou na outra poltrona, me estendendo
um copo vermelho.
— Ah, obrigada, mas Emma já está me trazendo
uma.
— Bom, eu fui mais rápido.
Me dei por vencida e peguei o copo. Olhei para
dentro dele, mas não tinha ideia do que era aquilo. Tomei
um gole e tentei fingir costume, mas a verdade era que
aquilo me deu ânsia de vomito.
— O que tem aqui? — perguntei, levantando o copo.
— Vodca e refrigerante de limão.
— Ah, sim.
Me perguntei no mínimo cinco vezes como
conseguiram deixar o refrigerante de limão com o gosto tão
ruim daquela forma.
— Então, como conheceu Emma? Você é modelo?
— Não. Minha mãe trabalha na agência e muitas
vezes eu acabo indo lá.
Vi Emma se aproximando com dois copos na mão,
porém, parou quando viu Andrew. Tentei fazer um sinal
discreto para que ela viesse até nós, e assim a morena fez.
— Qual é o assunto? — perguntou ela, colocando
mais uma bebida em minhas mãos.
Olhei para dentro do copo e parecia ser exatamente
a mesma coisa.
— Estávamos falando sobre como vocês duas se
conheceram — respondeu ele.
— Eu estava desesperada no banheiro quase tendo
uma crise e ela entrou.
— Uma história inspiradora — brincou Andrew.
Engatamos em uma conversa com os assuntos mais
aleatórios possíveis, mas logo depois outras pessoas se
juntaram a nós e eu estava ficando cada vez mais retraída.
Eu não conseguia ficar à vontade na presença de
tantas pessoas desconhecidas.
— Que tal nós sairmos um pouco daqui — sugeriu
Andrew.
— Eu já preciso voltar para casa.
— Mas ainda está tão cedo.
— Minha mãe está se recuperando de uma cirurgia e
eu não quero deixa-la muito tempo sozinha.
— Então espero que possamos nos ver mais vezes.
Eu sorri em resposta.
Me despedi rapidamente de Emma e saí da casa, me
livrando dos copos cheios no caminho. Chamei um Uber
que não demorou mais de 2 minutos para chegar, e logo eu
estava indo para casa.
Definitivamente não era isso que eu queria. Eu não
queria ir para festas fingindo que estava tudo bem, ou ficar
com outras pessoas. Precisava encontrar outra forma de me
ver livre daquela situação.
Mais uma vez eu precisei ter aquela cara de pau do
mundo para mentir para a minha mãe. Eu estava indo para
a casa de Drake, mas afirmei para ela que estava indo para
a casa de Emma. Ela não me fez muitas perguntas, estava
feliz por eu ter feito uma amiga.
Peguei um Uber pouco tempo depois de chegar do
trabalho e logo cheguei em sua casa. Ele abriu a porta
sorridente, e minha primeira reação foi beijar seus lábios.
Drake sorriu, me dando espaço para entrar.
— Acho que já podemos começar. Isso pode
demorar um pouco — disse ele.
— E como vai ser? Não tenho ideia de como fazer
isso.
Eu e Drake havíamos combinado que esta noite ele
me pintaria. Estava um pouco nervosa de ser observada por
horas, mas a ideia era empolgante.
— Eu já deixei tudo pronto, mas queria esperar você
para decidir a melhor pose.
— Que tal nua? — sugeri, um pouco hesitante. —
Tipo, aquelas pinturas de nu artístico.
Ele me olhou e abriu um sorriso, um pouco surpreso
com a minha sugestão.
— Pensei nisso mais cedo, mas não achei que fosse
aceitar. Ficará ótimo.
Drake me guiou até seu sofá, que estava na frente
de uma pequena tela em branco. Ele pegou um lençol
enquanto eu tirava minha roupa. Me deitei rapidamente e
ele arrumou o pano sobre mim, tampando apenas minhas
partes íntimas e seios de forma sensual.
— Me sinto uma musa renascentista — brinquei.
— É exatamente o que você parece.
Ele se pôs no seu lugar, e me observou muito bem
antes de começar.
Com o passar dos minutos a vergonha que eu estava
sentindo foi passando e eu comecei a gostar daquilo. Gostei
de ver seus olhos percorrendo cada centímetro do meu
corpo, prestando atenção em cada detalhe.
Eu o encarava enquanto ele fazia aquilo. Era nítido o
quanto Drake estava concentrado e o quanto gostava de
pintar. Saber que ele não pôde viver do que gostava de
fazer era lamentável. Seu talento era claro, e tenho certeza
que se ele tivesse tido mais chances seria um dos melhores
da atualidade.
Horas se passaram até que ele terminasse, mesmo
sendo uma tela consideravelmente pequena.
Ele a virou para mim quando acabou. Estava
perfeito.
— Agora é só esperar secar e você pode levar.
— E eu vou precisar pagar? — perguntei, em um tom
divertido.
Drake se levantou e veio na minha direção.
— É claro que vai. — Ele se colocou entre as minhas
pernas, me dando um selinho rápido. — Talvez um bom oral
pague pelo meu trabalho.
— Acho que é um preço aceitável.
Sorri, o puxando para um beijo.
— Eu comprei algumas coisas interessantes para
experimentarmos juntos. Vem.
Drake tomou o rumo para o andar de cima e eu o
segui depois de pegar minhas roupas.
— O que você comprou? — perguntei.
Ele pegou uma pequena sacola que estava em cima
da cômoda e a colocou na cama.
— Deite de bruços. Você vai gostar — disse ele.
Então assim fiz. Me deitei de bruços na cama e fechei os
olhos.
Ele despejou algo em minhas costas que eu não
tinha ideia do que era.
— O que é isso? — questionei.
— Um gel para massagem com sabor de chocolate.
Não entendi exatamente o porquê de um gel de
massagem ter sabor, mas tratei de aproveitar o que ele
estava fazendo.
Drake começou a massagear meus ombros,
pressionando os polegares nos pontos mais tensos. Seus
movimentos eram suaves e firmes, dando uma sensação
ótima.
Ele desceu suas mãos por minhas costas,
espalhando o gel em todos os cantos.
A forma como ele estava tocando meu corpo era
totalmente excitante, e isso só aumentava conforme ele
descia. Quando ele finalmente chegou na minha bunda a
apertou forte, me fazendo morder o lábio inferior. Ele a
massageou por alguns minutos, finalizando com um belo
tapa que fez um pequeno gemido escapar entre meus
lábios.
Drake continuou descendo, passando por minhas
coxas, até chegar em meus pés.
Aquele havia sido um dos momentos mais excitantes
e relaxantes até ali.
— Se vire — disse ele, e assim eu fiz.
Ele pegou uma pequena caixinha dentro da sacola, e
de lá tirou algo rosa em formato oval e com uma cordinha
na ponta. Se deitou ao lado, virado para mim, enquanto eu
permanecia deitada de costas na cama.
Eu só entendi exatamente o que era aquilo quando
Drake apertou em um botão e ele começou a vibrar.
— Sempre tive curiosidade em usar um vibrador —
falei
— Devia ter comprado um antes, não sabe o que
está perdendo.
Ele sorriu maliciosamente antes de tocar o vibrador
entre meus seios. Drake o segurava pela cordinha,
passando-o levemente por minha pele, deslizando por
minha barriga e depois voltando para contornado meus
peitos.
Fechei os olhos, sentindo minha respiração
aumentando junto com meus batimentos cardíacos.
Ele então parou em um dos meus mamilos, me
fazendo soltar um gemido alto. Logo depois fez uma trilha
até o outro, também parando por alguns segundos.
— Está gostando? — perguntou.
— Isso é incrível.
Drake me beijou, aprofundando o beijo de forma
suave e lenta. Ele arrastou o aparelho pelo meu corpo até
chegar em meu clitóris, sem desgrudar seus lábios dos
meus.
O puxei para mais perto enquanto meus gemidos
eram abafados por sua boca, mas logo isso mudou. Ele
passou sua língua por meu pescoço, descendo lentamente
por meus peitos, chegando em meus mamilos.
Drake o chupava e lambia com vontade, enquanto
massageava meu clitóris com o vibrador.
Aquilo tudo era tão novo para mim, uma sensação
tão única e gostosa. Só conseguia pensar o porquê de eu
não ter tido um desses antes.
Meu prazer começou a aumentar junto com os meus
gemidos, e não demorei muito para chegar no meu limite.
Drake distribuiu beijos por minha barriga e entre
meus seios enquanto eu tentava respirar fundo, voltando-se
para mim logo depois, com um sorriso satisfeito no rosto.
— Eu definitivamente preciso comprar algo parecido
com isso — comentei.
— Esse é seu. Pode se masturbar à vontade
enquanto imagina meu pau entrando e saindo de você bem
devagarinho — falou, depositando beijos delicados em meu
pescoço.
— Está conseguindo me deixar excitada de novo.
— Essa é a intenção.
Ele sorriu mais uma vez antes de atacar meus lábios
e me puxar pela cintura.
Durante esse tempo que eu estava passando com
Drake, eu quase esqueci que ele fazia isso com muitas
outras mulheres. Quase.

[...]
Era o primeiro dia da minha mãe de volta ao trabalho
e eu não poderia estar mais nervosa. Ela prometeu me
deixar informada se sentisse qualquer coisa, mas o dia já
estava perto do fim e eu não havia recebido nenhuma
reclamação dela.
Quando meu horário estava perto de acabar, meu
celular tocou. O peguei na mesma hora pensando que
poderia ser minha mãe, mas era uma mensagem de um
número anônimo. Abri e dei de cara com uma foto minha
tirada momentos antes através das paredes de vidro do
fast-food.
Antes que eu fizesse mais alguma coisa, recebi mais
fotos, dessa vez de alguns dias atrás quando eu estava na
casa de Drake. Eram imagens minhas na frente da casa
dele, e logo depois o beijando.
Olhei para os lados, sentindo meu coração quase
saindo por minha boca. Encarei todas as pessoas ali, tentei
olhar para o lado de fora, mas não via ninguém suspeito, ou
melhor, Max. E então meu celular tocou mais uma vez, e
agora eram fotos minhas segundos atrás, olhando para os
lados.
Minhas mãos estavam suando e eu não sabia o que
fazer. Eu estava sendo observada naquele exato momento
e eu nem ao menos conseguia saber onde ele estava.
— Vick — chamei a garota que estava perto de mim.
Não falei nada, apenas mostrei o celular para ela.
— É o Max? — perguntou.
— Eu acho que sim, mas não tenho certeza. Ele
estava me observando na minha própria casa algumas
semanas atrás, mas a polícia não fez nada.
Vick saiu de trás do balcão e foi para o lado de fora
do estabelecimento. Não tive muito tempo para pará-la.
Vi ela caminhando em volta do local, olhando para
todos os cantos possíveis, mas logo voltou para dentro.
— Ele não está mais lá fora, e se estiver está muito
bem escondido.
— Quer chamar a polícia?
— E o que eles vão fazer? Não deram importância
nem quando ele estava na minha casa, imagina no trabalho.
Só vão dar bola quando meu corpo estiver em uma vala.
— Nem fale algo assim — disse ela. — Ah, Deus!
Você está passando um perigo enorme.
— Eu sei — afirmei, suspirando.
Tentei voltar ao trabalho e me concentrar no que
estava fazendo, mas estava sendo difícil.
Estava desconfiada de tudo e todos, e não conseguia
parar de olhar para todos os lados. Aquele homem estava
prestes a me enlouquecer de vez!
Vick se ofereceu para ir até o ponto de ônibus
comigo, mas recusei.
Me sentei em um dos poucos lugares vazios no
automóvel e peguei meu celular mais uma vez.
A primeira coisa que fiz foi excluir as mensagens
com as fotos em que eu estava na casa de Drake. Se
alguém viesse a ver aquelas mensagens, eu não gostaria
que me visse o beijando.
Guardei o aparelho e segui a viagem olhando pela
janela. Porém, poucos minutos depois, meu celular tocou
mais uma vez. Respirei fundo antes de pegá-lo, sabendo
que provavelmente era Max me intimidando mais uma vez.
E eu estava certa. Agora ele tinha superado todos os
limites! Max me enviou uma foto, mas dessa vez não era
minha e sim da minha mãe. Ela estava varrendo o chão e
não parecia ter percebido que alguém estava a observando.
Ai meu Deus!
Ele estava mesmo fazendo aquilo? Usando a minha
mãe para fazer seja lá o que ele está fazendo?
Senti meu corpo todo amolecer. Parecia que eu
desmaiaria a qualquer momento, mas eu precisava me
manter firme.
Minhas mãos e pernas tremiam, mas consegui
levantar do meu lugar e descer no ponto mais próximo da
Beauty Model. Eu não podia deixar a minha mãe correr
perigo por minha causa, precisava fazer alguma coisa.
Tentei ao máximo controlar minhas emoções e ir o
mais rápido possível para o prédio. Subi em uma velocidade
recorde e procurei por todos os corredores freneticamente
até encontrá-la.
— Mãe! — exclamei.
— Melanie? O que está fazendo aqui? Achei que
havíamos combinado que você não viria hoje.
— Alguém estranho falou com você?
— Não. O que está acontecendo? Você não parece
bem.
Eu estava ofegante e mal conseguia juntar ar o
suficiente para completar minhas frases.
Resolvi contar para ela tudo o que havia acontecido,
desde o dia que Max me seguiu até as fotos que recebi
hoje.
— Nós vamos chamar a polícia agora mesmo! —
exclamou ela.
— Eu já tentei, mas eles não fizeram nada. Não
adiantou muita coisa.
— Não quero saber! Esse homem está cometendo
crimes contra você e eu exijo que a polícia faça alguma
coisa.
Nós descemos até o térreo enquanto minha mãe
chamava a polícia.
Esperamos na frente do prédio. Ela me bombardeou
de perguntas sobre os ocorridos, perguntando diversas
vezes o porquê de eu não ter contado para ela.
Quando uma viatura parou bem na nossa frente, a
mais velha foi eufórica em direção ao carro, explicando tudo
o que estava acontecendo.
Pediram para ver as fotos em meu celular e depois
fizerem uma revista superficial no térreo, em seguida
afirmando que nada poderia ser feito no momento.
— Como assim? Vocês não podem fazer nada com
um homem que está assediando a minha filha? — reclamou
minha mãe, completamente indignada.
— Não temos como saber onde ele está e não
achamos nada suspeito no térreo. Se acontecer mais
alguma coisa, chame a polícia novamente.
— Quando ele enfiar uma faca nela? Só então vocês
darão importância?
— Senhora, acalme-se. Fizemos o que podíamos no
momento.
Minha mãe estava revoltada com o descaso que
estavam fazendo.
Os policiais foram embora, nos deixando na frente do
prédio sem saber o que fazer.
Não sabíamos se ele ainda estava por ali nos
observando, ou se faria algo pior mais tarde. Tudo aquilo
era terrivelmente assustador.
Fomos para casa em silêncio, sem ânimo algum para
iniciarmos algum assunto.
Em casa foi a mesma coisa. Minha mãe não queria
barulhos altos, então trancamos todas as portas e janelas, e
cada uma foi para o seu quarto.
Depois de sair do banho e vestir um dos meus
pijamas mais confortáveis, pensei ter ouvido um barulho do
lado de fora da casa, bem perto do cômodo que eu estava.
Me sentei na cama e prestando atenção se ouvia
novamente.
Então eu ouvi, mas dessa vez mais afastado.
Sorrateiramente fui até minha janela, e por uma
pequena brecha espiei o que estava acontecendo.
Vi um homem de capuz se afastando da casa e
começando seu caminho pela rua escura. Senti um calafrio
arrepiar todos os meus pelos. Eu tinha certeza absoluta de
que era Max.
Meu corpo tremeu ao pensar o que ele estava
fazendo ali, ou se ele voltaria mais tarde. Eu não tinha
muitas informações sobre ele a não ser o seu primeiro
nome, não havia motivos para chamar a polícia mais uma
vez apenas para ter notícias frustrantes.
Me deitei em minha cama, amedrontada e com
certeza de que eu não pregaria os olhos naquela noite.
Fazia alguns dias que Max não me perturbava. O seu
silêncio chegava a ser um pouco amedrontador. Dava a
impressão de que ele estava planejando algo muito pior do
que apenas me observar, e isso não podia ser mais
assustador.
Eu estava tentando não pensar nisso e seguir com a
minha vida.
Também estava há algum tempo sem ver Drake,
apenas conversando com ele por mensagem. Decidi
durante a tarde de trabalho que queria o surpreender, mas
ainda não sabia como.
— Eu estava pensando em comprar algo para dar
uma apimentada. Talvez ser um pouco mais ousada —
comentei com Emma, tomando mais um gole do meu
milkshake.
— Tem uma sexshop aqui perto. Você deveria ir lá.
— E o que eu compro?
— O que atrair você. Olhe para cada coisinha e
pense "eu gostaria de usar isso com ele?", se a resposta for
sim, compre.
— Vou ir lá agora mesmo. Quero fazer isso o mais
breve possível.
— Ótimo! Eu vou com você até metade do caminho.
Saímos da sorveteria e caminhamos pelas ruas de
São Francisco. A sexshop não era muito longe dali, cheguei
em poucos minutos de caminhada.
Eu nunca havia estado dentro de uma e não sabia o
que esperar. Era um local grande e logo de cara já vi
algumas lingeries.
Segui por um dos corredores, sem saber exatamente
o que eu estava procurando. Havia uma parte inteira só
dedicada aos pênis de borracha. Eu nem sabia que existiam
tantas variedades assim.
Olhei para um manequim que mostrava um harness
sensual em couro falso. Ele contornava os seios, a cintura e
descia para as coxas. Eu conseguia me ver naquilo
perfeitamente.
Perto dele estava outra coisa que me chamou a
atenção: lingerie em látex.
Sabia que eu não poderia levar todas as coisas que
gostei, eu não tinha dinheiro o suficiente para isso.
Precisava escolher algo que deixasse tanto eu quanto
Drake excitados.

[...]
Estava me aprontando para ir até à casa do Drake.
Coloquei uma lingerie preta que comprei e me olhei no
espelho. Não tinha certeza se eu estava muto confiante com
ela. O conjunto era muito bonito, mas será que estava tão
bonito assim no meu corpo?
Quanto mais eu olhava meu reflexo, mais em dúvida
eu ficava, então tratei de colocar uma roupa logo, antes que
eu desistisse, afinal eu não passaria muito tempo com ele.
— Mãe, eu vou dormir na casa da Emma, tudo bem?
— falei tentando parecer o mais natural possível, a vendo
sentada no sofá da sala.
— Tome muito cuidado, por favor.
— E você também. Se acontecer alguma coisa me
ligue na mesma hora e eu volto correndo.
— Está bem.
Depositei um beijo em sua testa e chamei um Uber.
Não demorei muito para chegar em sua casa.
— Oi — falei, assim que ele abriu a porta.
Drake me puxou pela cintura e me deu um beijo que
me deixou sem fôlego e quase desnorteada.
— Estava com saudades — falou.
— Eu comprei algumas coisinhas para ajudar a matar
essa saudade.
Lhe entreguei a bolsa que estava em minhas mãos e
esperei que ele abrisse.
Deu uma boa olhada no que tinha lá dentro antes de
abrir um sorriso malicioso.
— Vamos brincar um pouco. — Fez sinal para que eu
o seguisse.
Assim que entramos em seu quarto eu o beijei,
passando a mão por todo o seu tórax ainda coberto.
— Me ajude a colocar aquele harness — pedi.
— Com todo prazer.
Ele retirou as tiras de couro falso da bolsa e deu uma
boa olhada.
Comecei a me despir, já que havia o visto no
manequim sem nenhuma outra peça.
Drake me ajudou e em pouco tempo eu já estava
com ele.
As faixas pretas contornavam meus seios e os
deixava para fora, fazendo a mesma coisa com minhas
partes íntimas e bunda, além de marcar a minha cintura.
Ele deu um passo para trás e me observou.
— A vista perfeita — comentou, mordendo o lábio
inferior.
— Pegue as algemas.
Me deitei na cama e o esperei.
— Não. Fica de quatro.
Obedeci.
Drake algemou minhas mãos e as prendeu na
cabeceira da cama.
Minha cabeça estava deitada no colchão e minha
bunda empinada.
Ele se parou atrás de mim e deslizou seus dedos
lentamente por minhas coxas até parar em minha bunda,
deixando tapas fortes nela.
Seu polegar desceu até meus clitóris e o massageou
por alguns segundos. Ouvi o pequeno vibrador oval sendo
ligado e logo o senti em contato com a minha pele.
Drake penetrou o aparelho em mim, lentamente,
enquanto vibrava em sua maior intensidade. Ele entrava e
saía cada vez mais rápido.
— Você vai adorar esse gel — disse, pegando na
bolsa um lubrificante que eu havia comprado e lendo
rapidamente o rótulo.
Na embalagem dizia que o produto dava uma
sensação gelada, e foi exatamente isso o que aconteceu.
Sentia como se um bloco de gelo estivesse brincando com
meu clitóris ao invés dos dedos de Drake.
Era uma sensação deliciosa.
Eu já não conseguia controlar os meus gemidos.
Estar quase totalmente imobilizada só aumentava o prazer
que eu estava sentindo.
Ele deixou o vibrador dentro de mim e usou sua mão
para dar mais um tapa na minha bunda.
— Goza para mim, Melanie.
Senti meu orgasmo se aproximando e soltei um
gemido alto. Drake colocou mais velocidade no seu
movimento e então eu senti aquela maravilhosa onda de
prazer me atingindo.
Ele tirou o pequeno aparelho de mim e soltou as
algemas, mas eu permaneci naquela posição, recuperando
o fôlego.
Olhei para Drake e sorri maliciosamente.
— Agora é a minha vez — falei.
O empurrei até que ele se deitasse na cama. Me
posicionei em cima dele e dei início a um beijo quente.
Abri de vagar a sua camisa e passei minha boca por
todo o seu abdômen, roçando meus mamilos enrijecidos na
sua pele. Desci até a barra da sua calça, e com a sua ajuda
me livrei dela e da cueca boxer.
Passei minha língua por todo seu pênis enquanto
encarava os olhos sedentos de Drake. O coloquei quase
inteiro dentro da boca e comecei movimentos de vai e vem,
chupando com vontade.
Sua mão se entrelaçou em meus cabelos e ele
passou a controlar a velocidade.
Um gemido baixo saiu por sua boca quando eu
intensifiquei o que estava fazendo.
Eu estava começando a cansar a mandíbula quando
ele gozou na minha boca.
Sua respiração estava ofegante e ele fechou os olhos
para aproveitar a sensação. Passei meus lábios por seu
peito até chegar em seu pescoço.
— Eu quero mais — sussurrei no seu ouvido.
— Você não acha que eu preciso de um descanso?
— perguntou, mordendo o lábio inferior.
— Não.
Ele sorriu e apertou minha bunda.
Deixei meus seios na altura de seu rosto e sua boca
logo passou por meus mamilos, sugando e lambendo até
que eu soltasse um gemido baixo.
As posições foram invertidas rapidamente, e quando
dei por mim estava por baixo. Drake passava as mãos por
todo meu corpo, dando uma atenção extra para os meus
peitos.
— Você é tão gostosa — murmurou, beijando minha
barriga e descendo lentamente.
Ele deu início a um belo oral, mas sem usar os dedos
dessa vez. Sua língua passava por todos os meus pontos
sensíveis na velocidade certa, mas não se prolongou muito.
— Eu quero que goze com o meu pau entrando e
saindo de você — ele disse, se posicionando entre minhas
pernas.
Depois de se esticar para pegar a camisinha na
cômoda ao lado e colocá-la, sua boca voltou para a minha,
me beijando intensamente.
Ele usava uma das mãos para segurar seu peso e a
outra passa roçar o seu pênis em meu clitóris.
Eu estava cheia de desejo e o queria logo.
Fechei os olhos e sussurrei:
— Ande logo.
— Eu quero que você peça.
— Me fode, Drake, por favor — implorei, em um
quase gemido.
— O que você disse?
— Eu quero que você me foda.
Ele depositou um beijo delicado em meus lábios
enquanto me penetrava.
Gemi alto sentindo cada centímetro seu dentro de
mim. Drake começou com movimentos lentos, mas fortes,
apertando meus peitos conforme aumentava a velocidade.
O puxei para um beijo e envolvi minhas pernas em
seu corpo, deixando que ele alcançasse meu ponto mais
fundo.
— Mais rápido — pedi, entre gemidos.
Ele obedeceu.
Eu sentia que, pela primeira vez, eu estava perto de
ter um orgasmo apenas com a sua penetração.
Drake passou os dedos por um dos meus mamilos,
acariciando e apertando.
Não demorei muito mais para atingir o meu ápice.
Percebi que Drake também estava perto, então pedi:
— Goza nos meus peitos.
Sorriu, parecendo adorar a ideia.
Ele veio rápido até meus seios, tirando a camisinha e
deixando que todo o seu líquido caísse neles.
Seu pênis roçou em meus mamilos uma última vez
antes de ele sorrir satisfeito e ainda ofegante.
— Você foi incrível! — exclamou.
— Posso dizer o mesmo de você.
Respirei fundo, tentando me recompor.
— Que tal um banho juntos?
— Eu adoraria.
Ele estendeu sua mão para me ajudar a levantar, e
então fomos direto para o banheiro.
Ao contrário do que eu pensei que seria, foi
realmente apenas um banho sem nada sexual.
Demoramos para sair de lá, e em seguida nos
deitamos em sua cama com o ar-condicionado na menor
temperatura possível.
— Eu só quero dormir — falei de olhos fechados,
mas não obtive uma resposta.
Olhei para Drake e o vi digitando no celular,
parecendo muito preocupado com algo.
— Desculpe, o que disse? — perguntou, bloqueado o
aparelho.
— Aconteceu alguma coisa?
— Nada com que você deva se preocupar —
respondeu, beijando o topo da minha cabeça. — Está com
fome? Podemos pedir algo antes de dormir.
— Pode ser.
Eu estava encucada com o que havia acontecido.
Esperava que fosse apenas um problema sobre a empresa
e por isso ele não quis compartilhar, mas algo em minha
mente dizia que não era isso.
Drake estava cada vez mais distante e isso me
deixava muito preocupada. Não nos víamos há dias e o
número de mensagens trocadas era cada vez menor.
Pensei que depois do nosso último encontro as
coisas ficariam cada vez melhores, mas foi ao contrário.
Repassei aquela noite milhares de vezes em minha cabeça,
tentando encontrar o que eu havia feito de errado. Na hora
Drake parecia muito satisfeito com tudo e isso só me
deixava mais frustrada.
Eu estava quase saindo do trabalho quando meu
celular tocou.
Era ele.
“Preciso conversar com você. Pode vir até a Beauty
Model ainda hoje?”
Seria difícil estar lá sem dar de cara com a minha
mãe, mas eu estava disposta a tentar.
“Tudo bem. Estarei aí daqui a pouco.”
Eu não estava com um bom pressentimento. Tinha
quase certeza de que algo muito ruim estava vindo, só não
sabia o que.
Peguei o ônibus e fui até lá receosa.
Quando entrei na sua sala, tive certeza de que a
notícia era pior do que eu imaginava.
Drake estava com uma expressão triste no rosto,
talvez até com uma certa pena.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, fechando
a porta atrás de mim.
— Eu preciso falar sobre algo muito sério com você.
— O que foi?
Ele respirou fundo antes de falar:
— Precisamos acabar com isso que temos. Os
nossos encontros, nossas noites juntos, tudo acaba aqui.
Eu estava sem reação. Não sabia o que fazer, falar
ou pensar.
O que estava acontecendo?
— Tem um motivo? — Foi a única coisa que
consegui falar.
— Eu vou ser pai. Camila, uma modelo, está gravida
de mim. Nós decidimos que queremos criar o nosso filho
juntos como um casal já que estávamos muito perto de ser
isso. Espero que entenda.
Um nó se formou em minha garganta e eu tenho
certeza de que começaria a chorar a qualquer momento,
mas eu não queria fazer isso na sua frente.
— Bom, felicidades.
— Quero que saiba que eu não planejei isso. Não era
a minha intenção.
— Está tudo bem.
Dei as costas e saí da sua sala, completamente sem
rumo.
Estava sendo difícil processar o que ele disse.
Um filho de uma modelo? Da mulher que eu vi saindo
da sua sala?
Então entrar em um relacionamento não era um
problema para Drake, eu era o problema.
Sentia como se meu coração estivesse sendo
arrancado de meu peito. As lágrimas rolavam por meu rosto
sem controle algum enquanto eu caminhava para fora do
prédio.
Não sabia o eu fazer a partir de agora. Drake havia
se tornado tudo para mim. Eu só tinha vontade de levantar
da cama todos os dias porque sabia que o veria ou pelo
menos falaria com ele. O que eu faria da minha vida agora?
Quanto mais eu pensava nas suas palavras, mais eu
chorava, mais minha autoestima baixava, mais eu me sentia
completamente descartável e insuficiente. Estava ficando
difícil de respirar.
Eu nunca me senti daquela forma, e era uma dor que
eu não desejava nem aos piores dos inimigos.
Caminhei pelas ruas por algum tempo, tentando
controlar minhas lágrimas para não aparecer desta forma
em casa.
Longos minutos foram necessários para que isso
acontecesse. Depois de um tempo o choro cessou, o que
parecia apenas ter piorado a angústia que eu estava
sentindo.
Quando cheguei em casa, dei sorte de minha mãe
não estar na sala, então apenas me tranquei em meu quarto
e deitei na cama, sabendo que aquela seria uma das noites
mais difíceis de pegar no sono.

[...]
Eu já estava acordada quando meu celular
despertou. Mal havia fechado os olhos durante a noite, mas
precisava ir para o trabalho.
Me arrastei para fora da cama, sem vontade
nenhuma de levantar. Eu estava muito cansada, além de
estar sentindo um grande vazio que parecia só piorar.
Não troquei palavras com ninguém durante a manhã.
Não queria nem ao menos abrir minha boca, seja para
comer ou falar. Eu só queria que o dia terminasse logo para
eu voltar para minha cama.
Eu estava completamente avoada. Errei, pelo menos,
três pedidos em apenas algumas horas de trabalho. Além
de estar com uma grande indisposição.
— Você está bem, Melanie? — perguntou Richard,
logo depois de chamar a minha atenção mais uma vez.
— Na verdade, não.
Ele me analisou por alguns segundos.
— Não acha melhor ir para casa? Não sei se você
vai melhorar ao decorrer do dia.
— É melhor eu ir. — Suspirei. — Não quero
prejudicar vocês e nem a mim.
Richard assentiu, se retirando do local.
Peguei um Uber para chegar em casa o mais rápido
possível e me joguei na minha cama assim que a vi.
Eu não queria levantar dali. Não sentia fome, não
sentia a necessidade de um banho, queria apenas ficar ali,
deitada. Talvez dormir um pouco, ou apenas encarar o teto
branco, mas sem sair da segurança do meu quarto.

[...]
Pensei que uma boa noite de sono me ajudaria, mas
eu nem ao menos consegui ter uma.
Mandei uma mensagem para Richard afirmando que
eu ainda não estava me sentindo bem e que não
conseguiria ir trabalhar.
Sabia que isso poderia me prejudicar muito, custando
até mesmo meu emprego, mas eu não queria pensar nisso
agora.
Saí do meu quarto apenas por poucos minutos para
comer um pedaço de pão no meio da tarde, e foi nessa hora
que meu celular tocou. Era uma mensagem de número
anônimo.
“O dia inteiro em casa?”
Minha única reação foi jogar o celular do meu lado na
cama. Eu não senti medo algum naquele momento, apenas
estava de saco cheio de me sentir ameaçada.
Quando minha mãe chegou no fim da tarde, foi direto
até meu quarto. Era óbvio que ela havia percebido algo de
errado comigo e queria verificar.
— Melanie? — perguntou ela, abrindo a porta depois
de dois toques.
— O que foi?
— Você está bem? Mal a vi ontem, e hoje você está
de novo trancada aqui.
— Estou me sentindo muito indisposta, apenas isso.
Ela se sentou na beirada da cama.
— Deveria ir ao médico.
— Não é necessário. Vai passar logo, só preciso
descansar mais um pouco.
— Tem certeza?
— Sim. É só o cansaço.
— Tudo bem. Vou fazer um jantar para nós e quero
que você coma comigo, está bem?
Eu assenti, forçando um pequeno sorriso.
Minha mãe acariciou minha mão antes de se retirar.

[...]
Eu havia me dado por vencida. Estava estranhando
todo aquele cansaço físico quando, na verdade, meu
problema era emocional. Então, com muita insistência da
minha mãe, fui até o médico.
Seu diagnóstico foi basicamente "falta de vitaminas".
Ele me receitou uns suplementos alimentares e pediu para
que eu fizesse um exame de sangue, o qual eu iria ignorar
já que não tinha dinheiro para isso. O médico também me
deu um atestado para que eu descansasse durante alguns
dias em casa.
Sai do quarto no meio da tarde do meu segundo dia
de atestado na intenção de assistir alguns episódios de
American Horror Story na sala.
Me sentei no sofá da forma mais confortável que
consegui e dei play na televisão.
Fiquei ali por um pouco mais de dez minutos até meu
celular tocar. Achei que fosse minha mãe, mas quando vi
que era um número anônimo sabia exatamente quem era.
Abri a mensagem e vi apenas duas fotos minhas
tiradas há segundos atrás pela janela de vidro.
Eu definitivamente não estava com paciência!
Senti minhas bochechas corarem de raiva.
Me levantei do sofá em um pulo e abri a porta. Dei
cinco passos pesados até o meio do jardim, olhando para
os lados e procurando aquele louco.
— Vá à merda, Max! Eu não tenho mais paciência
para os seus joguinhos estúpidos — gritei para o além,
esperando que ele me ouvisse se ainda estivesse ali.
Minha respiração estava pesada e eu ainda sentia o
meu rosto vermelho.
Não obtive nenhuma resposta. Não tinha ideia se ele
já havia ido embora.
Respirei fundo, voltando para dentro de casa e
trancando a porta.
Sabia o quanto aquilo havia sido perigoso, mas eu
estava prestes a chegar em meu limite. Naquele momento,
meu medo tinha ido para o espaço.
No momento em que abri meus olhos naquela
manhã, me lembrei que dia era: meu aniversário de
dezenove anos.
Não estava nada empolgada, pelo contrário. Sentia
que a vida estava passando bem na frente dos meus olhos
e eu não estava aproveitando.
Era um dos meus últimos dias em casa, e isso só
fazia o meu desespero aumentar. Não queria voltar para o
trabalho, não queria me estressar com os clientes e muito
menos com o trânsito. Eu só queria continuar no meu
quarto, ouvindo minha velha playlist de sempre.
Ainda pela manhã fui até a cozinha para tomar o
suplemento que o médico havia indicado. Eu estava
comendo cada vez menos, não sentia vontade alguma,
então precisava de algo que ajudasse a me manter em pé.
Ouvi meu telefone tocando quando voltei para o
quarto. Era Emma.
— Feliz aniversário! — Foi o que ela gritou assim que
atendi.
— Bom, obrigada.
— Não é todo dia que se faz dezenove anos. Bem
que eu queria, mas não é. O que você quer fazer hoje à
noite?
— Quero deitar na minha cama e dormir cedo.
— Você está brincando? — perguntou, incrédula. —
Vamos sair, Melanie. Você está precisando mudar os ares.
— Eu não quero mudar os ares. Estou bem ficando
em casa.
— Então eu vou aí mais tarde, que tal?
— Pode vir. Mando o endereço por mensagem.
— Ótimo! — exclamou. — Até mais tarde.
— Tchau.
Desliguei o telefone.
Não era a primeira vez que Emma insistia para eu
sair durante meus dias de atestado, mas até agora eu havia
dado desculpas melhores do que um simples "não quero".
Voltei para o quarto e coloquei uma música aleatória
no celular. Porém, antes que eu pudesse me deitar na
cama, ouvi batidas na porta principal.
Estranhei um pouco. Ninguém costumava vir até a
nossa casa. Apesar do receio, fui até lá e a abri.
Era um entregador de uma transportadora. O homem
colocou um pacote em minhas mãos depois de eu assinar a
entrega.
Estava endereçado a mim, o que só deixava a
situação mais estranha ainda.
Me sentei no sofá e rasguei o papel que o envolvia.
Instantaneamente senti uma pontada no peito.
Era o quadro que Drake pintou quando posei para
ele. Junto estava um pequeno cartão dizendo apenas "feliz
aniversário, Melanie".
E mais uma vez eu sentia como se uma manada
estivesse pisoteando meu coração.
O que ele pretendia com aquilo? Me fazer sofrer?
Queria me ver rastejando atrás dele e implorando por um
pingo da sua atenção?
Não existia uma explicação plausível em minha
cabeça que não fosse: Drake é um grande imbecil.
Quando dei por mim, algumas lágrimas estavam
caindo em cima do quadro e eu não conseguia controlar.
Era tão revoltante me sentir daquela forma por
alguém que estava sendo feliz com outra pessoa. Uma
sensação de impotência. Parecia que eu não tinha controle
sobre minha própria vida.
Tratei de secar as lágrimas e esconder o quadro em
meu quarto. Minha mãe estava prestes a chegar e eu não
saberia o que falar.
Ela chegou poucos minutos depois de eu o guardar
no fundo da minha cômoda.
Eu não chorava mais, mas me sentia mais destruída
do que nunca.
— Feliz aniversário! — exclamou assim que entrou
na casa, com um bolo nas mãos. — Trouxe de morango,
seu favorito.
— Não precisava, mãe.
— Precisava sim. É a nossa tradição.
Sorri, enquanto ela deixava o bolo em cima da mesa
da cozinha. Olhei para ele e vi as velinhas já postas.
Minha mãe sempre costumava comprar um bolo de
morango no meu aniversário. Porém, quando eu fiz oito
anos, nosso dinheiro estava mais escasso do que
atualmente e ela não pôde comprar. Lembro de não ter
entendido muito bem o porquê e fiquei muito triste. Alguns
meses depois, ela conseguiu um emprego e então o
comprou atrasado. Foi o melhor bolo de aniversário que eu
já comi. Não por ser de fato o mais gostoso, mas minha
mãe me deu ele com uma felicidade indescritível em seu
rosto.
Me sentei em uma cadeira enquanto ela servia
nossos pedaços.
Minha fome continuava em zero, mas eu não podia
fazer tamanha desfeita.
Estávamos comendo em silêncio quando alguém
bateu na porta. Permaneci na cozinha e minha mãe
atendeu. Não precisei olhar para os lados para saber que
era Emma, seu perfume floral a acompanhava e podia ser
sentido de longe.
— Aposto que você pensou que eu não viria — disse
ela, sentando na cadeira que minha mãe cedeu.
— Admito que isso passou por minha cabeça.
— Você quer um pedaço de bolo? — perguntou
minha mãe, já pegando um pratinho. — É de morango.
— Meu sabor favorito. Vou querer sim. — Sorriu. —
Eu trouxe isso para você, Melanie.
Emma me deu uma caixinha. Quando a abri dei de
cara com um colar dourado. Ele tinha um pingente com a
letra M.
— Ele é lindo! Não precisava gastar comigo.
— Eu pensei em você na mesma hora que o vi!
— Obrigada, de verdade.
Não estava sendo um aniversário tão ruim quanto
pensei que seria, tirando a parte do "presente" inesperado
de Drake, mas mesmo assim, eu não sentia vontade de
falar.
Vi por longos minutos minha mãe engatar assuntos
aleatórios com Emma, enquanto se deliciavam com o bolo.
Já eu não estava mais comendo, e apenas observava as
duas soltando risadas.
Me senti pior ainda por não estar aproveitando
aquele momento. Minha amiga e minha mãe estavam
comemorando meu aniversário comigo junto com meu bolo
favorito. Por que eu insistia em me sentir tão vazia? Tão
deprimida?
Quando Emma foi embora, minha mãe me parou
antes que eu pudesse chegar no quarto.
— Acho que precisamos conversar — disse ela. — O
que está acontecendo com você, Melanie? Você não é
assim. Seu brilho está apagado, você não come, não sai de
casa. Eu só quero saber o que há de errado.
Olhei para ela, permanecendo em silêncio e sentindo
meus olhos se encheram d'água.
Seus braços correram ao meu encontro e me
envolveram em um abraço caloroso enquanto eu me
acabava em lágrimas.
Nos sentamos no sofá, com ela ainda segurando
uma de minhas mãos.
— Eu conheci um cara quando você estava no
hospital — comecei, tentando pensar rápido para mudar
alguns fatos da história. — Um cliente do fast-food. Nos
envolvemos e pensei que o que tínhamos era algo sério,
mas não. O vi com outra pessoa e então ele me disse que
nós éramos apenas amigos, e perguntou se eu queria
continuar com isso ou cortar relações. Eu aceitei continuar,
mesmo naquela situação ridícula e sabendo que ele se
envolvia com sabe-se lá quem. Depois de um tempo ele deu
um fim, dizendo que vai ser pai e que ele e a mulher
decidiram criar o filho como um casal — expliquei, sentindo
o aperto no peito piorar a cada frase que saia da minha
boca. — Ah, mãe. Eu sou uma idiota.
A abracei novamente, procurando algum tipo de
conforto.
Ela acariciou minhas costas e cabelos, como fazia
quando eu era pequena.
— Você não é idiota. Não se culpe por ter se
apaixonado por um homem que não sentia o mesmo, mas
você não pode se deixar abater desta forma. Melanie, você
não pode parar a sua vida por sentir falta de alguém. Pode
ser a primeira vez, mas não será a única, e você precisa
enfrentar esse tipo de situação.
— Eu sei que eu não deveria estar me sentindo
assim, mas pensar isso só me deixa pior do que já estou.
— Vá até um psicólogo. Você vai se sentir melhor.
— Não, as consultas são muito caras — falei,
abaixando o olhar.
— Sobrou algum dinheiro da cirurgia, não? Use-o. É
o melhor que pode fazer.
Usar o dinheiro de Drake para curar a ferida que ele
mesmo fez, eu deveria ter pensado nisso antes.
— Acho que eu posso tentar.
— Ótimo! Mas enquanto a consulta não chega,
preciso que você reaja, está bem? Você precisa comer,
voltar ao trabalho, sair com a sua amiga. Nós podemos sair
no domingo, o que você acha?
— Faz um tempo que eu e você não saímos.
— Então é isso que iremos fazer. — Ela passou sua
mão por meu rosto, acariciando minha bochecha. — Só
quero ver você bem.
Eu assenti, recebendo um beijo no topo da cabeça.
Minha mãe estava certa em cada palavra que disse.
Eu não podia aceitar esse sentimento ruim, eu não
queria. Queria me sentir feliz de novo, queria ter vontade de
trabalhar mesmo odiando isso no final do dia. Eu queria
minha vida de volta.
Respirei aliviada, sentindo o ar fresco entrando em
meus pulmões depois de uma hora sentada na frente da
psicóloga.
Foi a minha primeira consulta e eu conseguia me
sentir um pouco mais leve, principalmente depois da intensa
crise de choro. Colocar tudo o que eu estava sentindo em
palavras foi mais libertador do que eu esperava, e eu estava
ansiosa para retornar.
Acho que minha evolução com a terapia será boa.
Pelo menos assim eu espero.
Caminhei até o ponto de ônibus mais próximo e
esperei. Sentia que a partir de agora tudo daria certo, mas
eu não poderia estar mais errada.
Meu celular tocou pouco tempo depois, e mais uma
vez era uma mensagem de um número anônimo. Revirei os
olhos antes mesmo de abri-la, pensando que seria mais um
comentariozinho tentando me aterrorizar. Porém, quando eu
abri, parecia que meu coração sairia por minha boca.
Mais uma vez Max estava na Beauty Model
observando minha mãe e tirando fotos escondidas.
Eu não conseguia entender o seu objetivo. Ele queria
apenas me assustar ou que eu implorasse sua
misericórdia?
Mudei meu rumo na mesma hora e peguei o primeiro
ônibus que iria até à empresa. Eu estava do outro lado da
cidade, e isso demoraria, mas eu estava determinada.
Meu celular tocou mais uma vez. Era outra foto dela,
e agora ele havia extrapolado todos os limites: ele estava
com uma arma apontada para a minha mãe!
“Por quanto tempo mais você vai me ignorar?”
Aquilo era algo completamente surreal! Minhas mãos
tremiam e eu mal conseguia procurar o número dela na
minha agenda.
Liguei para o seu telefone, desesperada e me
culpando caso algo grave acontecesse. Ela não atendeu.
Tentei mais uma, duas, três vezes, mas nada. Ela
nem ao menos deveria estar perto do seu celular naquele
momento.
Eu demoraria, pelo menos, quarenta minutos para
chegar até lá e eu não tinha esse tempo todo para esperar.
Me vi com apenas uma solução: ligar para Drake.
Por sorte eu ainda não havia excluído o seu número,
apesar de ser algo que eu pensei muitas vezes em fazer.
Ele me atendeu no segundo toque.
— Melanie? — perguntou do outro lado da linha,
parecendo surpreso com a minha ligação.
— Eu preciso muito da sua ajuda. Não sei o que
fazer — falei, um pouco enrolado devido ao choro.
— Me explique com calma o que está acontecendo.
— Max, o cara que estava me perseguindo, está aí!
Ele me mandou fotos apontando uma arma para a minha
mãe sem ela ver. Eu estou indo para a Beauty Model, mas
vou demorar. Ah, Deus! Drake, eu não sei o que fazer.
— Eu vou acabar com isso agora mesmo, Melanie.
Não se preocupe. Me mande as fotos e uma descrição dele
por mensagem.
— Obrigada. Muito obrigada.
— Não vai acontecer nada com a sua mãe.
— Eu agradeço muito a sua ajuda.
— Até mais.
Desliguei a ligação e não tive muito tempo para
processar todas as sensações que a sua voz havia me
trazido. Mandei para ele as fotos e uma descrição de Max:
um homem de quase trinta anos, cabelos pretos, lisos e
curtos, pele tão branca quanto a minha e muitas vezes
usava roupas desleixadas.
A meia hora seguinte pareceu uma eternidade, mas
logo eu estava caminhando apressada até o grande prédio.
De longe pude ver mais de um carro da polícia e diversos
policiais bloqueando a entrada.
Tentei passar, mas fui impedida.
— Minha mãe está aí dentro! — gritei.
— Ninguém pode entrar. Fomos notificados de pelo
menos um homem armado que ainda está sendo procurado
— respondeu um homem de farda.
Permaneci do lado de fora, sentindo meu medo
aumentar a cada segundo que passava.
Uma pequena multidão havia se juntado perto da
porta da entrada, tentando ver o que estava acontecendo
ali.
Minutos depois dois policiais saíram de lá com Max
algemado. Ele me lançou um olhar que estremeceu meus
ossos, e depois foi colocado dentro da viatura.
Suspirei aliviada. Aquele tormento havia acabado. O
medo constante de estar sendo vigiada não iria mais existir.
— As pessoas não vão sair? — perguntei para o
mesmo homem que me barrou.
— Ainda não sabemos direito o que está
acontecendo. Pode ter alguma bomba ou outras pessoas
armadas. Temos que ter certeza.
Eu assenti.
A possibilidade de Max explodir o prédio ainda não
tinha passado por minha cabeça, mas agora que a ideia foi
implantada, não conseguia mais parar de pensar nisso.
Roí todas as minhas unhas, encarando a porta de
saída e esperando que minha mãe passasse por ela a
qualquer momento.
Olhei para o meu celular, mas minha mãe não deu
sinal de vida em nenhum momento. Não tínhamos nenhuma
informação sobre alguém ter se ferido, mas só eu já estava
preparada para caso isso tivesse acontecido.
Quando eu menos esperava, duas pessoas saíram.
Sabia que o prédio era enorme e que sair todas as pessoas
poderia ser algo demorado, mas sempre que alguém
aparecia eu tinha esperanças de ser a minha mãe. Por um
momento me vi torcendo para Drake sair logo, queria vê-lo
e me certificar de que ele estava bem, mas eu mesma me
repreendi e tratei de tirar esse pensamento da cabeça,
apesar de ser algo bem difícil.
Já estava quase anoitecendo e eu não aguentava
mais ficar em pé quando vi minha mãe saindo. Ela olhou
para os lados até parar o olhar em mim.
— Mãe! — exclamei, correndo até ela e a abraçando
forte. — Você está bem?
— Eu estou bem. Foi assustador, mas graças a Deus
ninguém se machucou.
— Eu fiquei tão assustada!
— Somos duas, mas agora podemos ir para casa e
descansar.
— Espere, mãe. Quero saber se vai ficar tudo bem
por aqui — falei, lembrando que Drake ainda estava lá
dentro, e querendo ou não eu me preocupava com ele.
— O homem já foi pego, eu já estou aqui fora, está
tudo bem. Devemos ir embora.
— Mas eu...
Deixei a frase no ar, sem saber como argumentar.
Suspirei, me dando por vencida. Sabia que era
impossível eu permanecer ali sem que minha mãe
desconfiasse de alguma coisa, então a segui até o ponto de
ônibus.
Eu olhava meu celular de dois em dois minutos, na
esperança de que Drake me desse alguma notícia ou
perguntasse como as coisas estavam, mas nada acontecia.
Estava preocupada, mesmo com minha mãe
afirmando que não teve feridos.
Chegamos em casa e eu continuava sem mais
informações, então tentei me convencer de que eu não teria
nenhuma.
— Melanie, espere — disse a mais velha antes que
eu fosse para o meu quarto.
— O que foi?
— Você e Drake Jones estão conversando ou tendo
algo?
— O que? — perguntei, incrédula. — É claro que
não.
— Foi ele quem me avisou sobre o que estava
acontecendo, que disse que o homem que perseguia você
estava lá me ameaçando. Como você explica isso?
— Desde o dia em que você passou mal tenho o
número da secretária dele. Eu liguei para ela pedindo ajuda,
você não atendia o celular. Ela ficou muito assustada na
hora, tenho certeza de que deve ter pedido ajuda para o
Drake e ele acabou resolvendo a situação.
— Você tem certeza? Isso não tem nada a ver com
as vezes em que ele pagou as minhas consultas médicas?
— Pode ter certeza de que não há nada entre nós
dois, eu garanto isso.
Ela não pareceu muito convencida com a desculpa
que dei. Seus olhos não saiam de mim, e eu torci para que
minhas bochechas não corassem.
— Você não precisa mais ir até a Beauty Model para
me buscar, faço questão de vir para casa sozinha.
Eu assenti, tomando o rumo para o meu quarto.
Assim que entrei no cômodo, suspirei aliviada. Algo
me dizia que aquele episódio só havia deixado ela mais
desconfiada, mas eu tinha certeza de que ela podia ficar
tranquila em relação a isso. Eu e Drake não poderíamos
estar mais afastados.
Se teve uma coisa que eu tive certeza nas últimas
semanas era que eu queria mudar de visual. Eu sempre
gostei da ideia de ter cabelos vermelhos, mas ainda não
sabia se ficaria bem em mim.
— Você vai ficar incrível — insistiu Emma, pela
décima vez antes de chegarmos no salão.
— Eu não deveria tentar algo mais simples? Um
chocolate talvez.
— Essa já é praticamente a sua cor de cabelo
natural. Você vai ficar linda com o vermelho. Se não gostar,
pinta de castanho de novo e está tudo certo.
Eu assenti, ainda com muitas dúvidas.
Entramos no grande salão de beleza e em pouco
tempo já estávamos em nossos lugares.
— Quero vermelho, e um corte acima dos seios —
especifiquei.
O cabeleireiro concordou, animado para fazer a sua
obra de arte, enquanto uma mulher trabalhava no retoque
do preto na minha amiga.
Quando senti a tinta gelada encostar na minha
cabeça, pensei em dar para trás, mas agora já era tarde.
Além disso, eu enchi a cabeça da minha mãe e da Emma
falando que queria mudar, eu não poderia desistir estando
tão perto.
Depois que meu cabelo foi lavado, vi as pontas
cortadas caindo no chão e fiquei muito satisfeita com a cor.
Respirei fundo antes de me olhar no espelho e me
surpreendi com o meu próprio reflexo.
Eu estava linda!
— Melanie, você está maravilhosa — comentou
Emma, parando ao meu lado no espelho.
— Essa cor está linda. E olha só esse corte!
— Eu falei que ia ficar lindo em você.
Sorri, recebendo um abraço de lado.
Saí do salão me sentindo muito mais leve.
Minhas sessões com a psicóloga estavam sendo
ótimas para mim. Eu estava mais confiante comigo mesma,
e apesar de ainda pensar em Drake, eu não sentia mais
aquele vazio terrível. Minha evolução era nítida.
— Aonde vamos agora? — perguntei para Emma
enquanto caminhávamos pelas ruas.
— Vamos dar uma passadinha na sexshop, quero
comprar algumas coisas e você também pode querer algo.
— Não tenho certeza se quero.
A primeira e última vez que eu havia entrado em uma
sexshop foi quando quis fazer uma surpresa para o Drake.
Não tenho certeza se me causaria boas lembranças.
— Ah, vamos! Tem tantas coisas lá, com certeza
você vai se interessar por algo.
Suspirei, me dando por vencida e a seguindo.
Fomos na mesma loja que eu fui na outra vez.
Quando entrei, senti uma breve nostalgia e alguns
momentos vieram à minha mente, mas tentei afastar tudo
aquilo de mim.
— Não sei se eu tenho muito dinheiro para gastar, o
salão foi bem caro — comentei, observando as lingeries
expostas.
— Tem coisas baratas aqui, não vai ser muito difícil
encontrar.
Caminhei pelos corredores, me perdendo de Emma
em alguns momentos. Dei uma olhada nos vibradores, mas
a maioria estava fora do meu orçamento. Entre as opções
em conta, encontrei um dildo simples que me parecia muito
interessante, além de ser o mais barato naquela prateleira.
Será que eu deveria levar? Ele poderia ser muito útil,
afinal.
Depois de algum tempo fazendo contas para me
certificar de que meu dinheiro seria o suficiente, escolhi o
dildo, uma lingerie vermelha e um lubrificante. Não tinha
ideia de onde eu usaria o conjunto, mas a vontade de me
ver nele era maior do que essa minha preocupação.
— Vai combinar com o seu cabelo — Emma
comentou quando me viu passando as compras no caixa.
— Quero matar a curiosidade de me ver em algo
assim.
— Depois me diga o que achou.
Eu assenti.
Saímos da loja e cada uma foi para a sua casa.
Apesar de ser sábado, eu não queria ficar na rua até muito
tarde.
Fui para o banho assim que cheguei, deixando
minhas coisas em cima da cama.
Enchi a banheira com água quente e passei muito
tempo lá dentro, relaxando de olhos fechados. Ou tentando
relaxar.
Encarei a lingerie assim que voltei para o quarto,
pensando se eu deveria experimenta-la naquele momento.
Hesitei, mas logo a peguei e vesti o sutiã rendado, a
calcinha, as meias altas e a cinta liga.
Caminhei até o espelho e encarei meu reflexo.
Eu estava... sexy.
Minhas curvas estavam bem marcadas e a calcinha
fio-dental dava um grande destaque para a minha bunda, e
eu estava observando isso com muito gosto.
Deslizei os dedos por meus seios, por minha barriga
e coxas. Me virei de costas mais uma vez, empinando a
bunda e passando a mão por ela.
Era quase estranho o que eu estava sentindo ao me
ver. Meu corpo não costumava ser algo que me agradava,
apesar de sempre ter estado dentro do padrão da
sociedade. Ainda haviam partes que eu não gostava, coisas
que provavelmente apenas eu via como problemas, mas eu
estava no começo da aceitação e da evolução da minha
autoestima, e naquele momento, me vendo em algo tão
sensual, eu estava me sentindo uma grande gostosa e não
precisava estar sendo desejada por outra pessoa para me
sentir assim.
Eu estava orgulhosa do meu corpo e de como eu
estava me sentindo sobre ele.

[...]
Passei pela porta do prédio onde ficava minha
psicóloga e suspirei. Era indescritível como eu me sentia
bem depois de uma sessão.
Eu iria aproveitar o tempo que restava naquela tarde
para me encontrar com Emma e um amigo seu em um café.
A psicóloga afirmou muitas vezes que me encontrar com
amigos era uma boa ideia, e era isso que eu estava
tentando fazer.
— Boa tarde, pessoal — falei, me sentando na mesa
que os dois estavam. — Qual era o assunto?
— Edward acabou de sair de um ensaio de fotos —
explicou a morena.
Edward era um jovem homem que eu havia
conversado uma vez por causa da minha amiga. Ele
parecia ser um cara legal.
— Foi um ensaio incrível perto da ponte Golden
Gate.
— Deveríamos aproveitar que Edward está com a
sua câmera e tirar algumas fotos no parque aqui perto —
sugeriu Emma, tomando um gole do seu café.
— Eu não estou arrumada para isso. Mal estou
maquiada.
— Sua roupa está ótima, e eu tenho maquiagem aqui
comigo, nossa cor é quase a mesma.
— Concordo com a Emma. Você deveria tirar
algumas fotos.
Pensei em recusar, mas, na verdade, por que não?
Eu não podia jogar fora a oportunidade de ter fotos de
graça.
— Está bem, vamos lá.
— Ótimo! Eu também vou tirar algumas, tenho que
dar uma atualizada no meu Instagram.
Os dois terminaram o que estavam tomando e em
seguida fomos para o Golden Gate Park.
O lugar estava repleto de pessoas. Tinha certeza que
isso me deixaria tímida na hora de tirar as fotos.
— Não deveríamos ir para algum lugar mais vazio?
— perguntei enquanto Emma me maquiava.
— Claro que não. Aqui é um lugar lindo.
— As fotos vão ficar ótimas aqui, a iluminação
natural está perfeita — disse Edward, ajeitando algo em sua
câmera.
— Você quer que eu vá primeiro? — a garota
perguntou.
Eu assenti.
Então assim ela fez: retocou a maquiagem e
começou suas poses sentada em um banco.
Observei cada movimento que ela fazia para tentar
imitar depois.
O vento balançava levemente seus cabelos lisos e
pretos, o que dava um lindo efeito.
Depois foi a minha vez.
Eu não sabia o que fazer no primeiro momento e
estava com vergonha das pessoas em volta.
— Se solta, Melanie — disse Emma.
Tenho certeza que as primeiras fotos ficaram
horríveis, como se eu estivesse sendo obrigada a estar ali.
Os minutos se passaram e eu estava dando o meu máximo
para ignorar os olhares alheios.
Estava focada na câmera e apenas nela.
Paramos quando o sol começou a se pôr e a luz já
não estava tão favorável assim.
— Várias ficaram incríveis — afirmou Edward. — Vou
editar as melhores e mando para você.
— Está bem.
Pensei em pedir para ver ali na hora, mas achei
melhor ver apenas depois da edição.
Posar para as fotos não havia sido tão ruim, na
verdade, foi uma ótima experiência. Pensei que ter a
atenção do fotógrafo em mim me assustaria, mas não. Eu
gostei.
Fui para casa naquele dia me sentindo satisfeita
comigo mesma e com a minha evolução.
[...]
Eu não aguentava mais trabalhar em um fast-food. O
cheiro de fritura constante, os clientes rabugentos e sem
educação, a dificuldade de lembrar o que ia em cada
hambúrguer. O que me dava paciência para continuar era
saber que fora dali minha vida estava boa, mas eu
precisava desse emprego se eu quisesse continuar essa
vida.
Meu horário estava perto de terminar quando vi
Emma entrando afobada no local. Ela se aproximou do
balcão e eu fui até lá.
— Você nem sabe o que eu trouxe! — disse a
morena, claramente animada.
— O que?
Emma colocou um envelope sobre o balcão. Franzi o
cenho, sem ter a mínima ideia do que era aquilo.
O peguei e abri, tirando dele algumas fotos e um
pen-drive.
— É as fotos que o Edward tirou de você naquele
dia. Ele revelou as preferidas, mas todas estão no pen-drive
— explicou. — Particularmente, eu gostei de todas.
Observei a primeira. Eu estava sentada em um
banco, imitando uma das poses que Emma havia feito. Na
outra eu estava escorada em uma das árvores do parque.
Havia mais 4 fotos reveladas e todas estavam muito
bonitas. Não pensei que eu fosse gostar tanto quanto eu
gostei.
— Nossa, Melanie! Essas fotos estão lindas —
comentou Vick, passando ao meu lado e parando alguns
segundos para dar uma boa olhada.
— Obrigada.
— Você deveria mandar essas fotos para alguma
agência — disse Emma.
— Eu achei que já eram fotos de algum trabalho de
modelo.
— Não, não. As fotos ficaram lindas, mas não para
tanto — falei.
— Eu conheço muitas agências e posso passar para
você o nome e endereço — A morena sorriu, confiante de
que eu iria aceitar.
— Acho que essas fotos irão, no máximo, para o
Instagram.
— Você não sabe o que está perdendo — disse Vick,
voltando para o trabalho.
Emma lamentou, mas parou de insistir no assunto.
Voltei para o trabalho logo depois, antes que Richard me
desse uma bela bronca por estar de papo no meio do meu
expediente.
Emma me convenceu de acompanha-la em um
desfile que aconteceria em São Francisco. Segundo ela,
muitas pessoas importantes do mundo da moda estariam lá
e era a chance dela.
Eu continuava sem ter roupas para lugares como
esse, mas consegui fazer uma combinação de peças que
me pareceu apresentável.
Quando entramos no lugar, demos de cara com as
pessoas mais chiques daquela cidade.
— Eu nunca vi tanta gente rica junta — brinquei.
— Isso que não estamos em Los Angeles. Você
precisa ir em um evento lá, é maravilhoso.
— Vai demorar para começar o desfile? O que
fazemos até lá?
— Come alguns petiscos, toma um suco e caminhe
por aí fingindo ser a pessoa mais rica da festa.
— Acho que eu vou comer os petiscos sentadinha
em algum lugar. Tem suco de uva aqui?
Emma soltou uma risada nasalada.
— Eu acho que tem.
A segui até onde estavam servindo os comes e
bebes. A primeira coisa que peguei foi um camarão. Aquilo
parecia ter sido feito por deuses gregos de tanta perfeição.
Tinha suco de uva.
Desejei que Emma me levasse em todas as festas e
eventos de rico só para que eu pudesse comer camarão e
tomar suco, e acho que ela percebeu isso.
Enquanto eu tomava o último gole da taça percorri os
olhos pelo local, e então eu o vi.
Senti meu estômago embrulhar na mesma hora e
meu coração pareceu errar as batidas.
Drake estava lá, com seu terno e cabelo impecáveis,
conversando com alguém que parecia tão importante
quanto o CEO da Beauty Model. Ele não estava sozinho.
Uma mulher loira e alta estava ao seu lado, a mesma que vi
saindo da sua sala uma vez. O braço dele estava envolto na
cintura dela, então tive certeza que era a sua noiva.
Meus olhos não conseguiam desviar, por mais que
eu quisesse evitar aquela cena. Foi só quando nossos
olhares se cruzaram que eu percebi o que estava fazendo.
Abaixei a cabeça, encarando meu copo vazio.
— Melanie — Emma me chamou. — Você prefere
sair daqui? — perguntou, dando uma olhada em Drake com
o canto dos olhos.
— Não, está tudo bem. Eu sou completamente capaz
de fazer isso.
Ela sorriu, acariciando meu ombro.
Não senti uma tristeza me dominando como eu
pensei que sentiria quando o visse de novo. Eu estava com
saudades dele, dos momentos, dos seus toques, mas
conseguia compreender que a vida era mais do que isso.
Eu o queria de volta, mas se isso nunca acontecesse,
conseguiria seguir sem a sua presença.
Nos dias em que passei deitada na minha cama,
chorando e sem comer, nunca imaginei que eu olharia para
o Drake sem me afogar em lágrimas. A sensação de não ter
essa dependência emocional era ótima, mesmo eu ainda
nutria sentimentos fortes por ele.
Evitei olha-lo novamente, apesar de Emma afirmar
que ele estava me encarando. Não queria manter o contato
visual para que isso não ocasionasse uma possível recaída.
Apenas continuei com os camarões e o suco de uva.
— Olá, com licença. — Uma mulher baixa, de
cabelos crespos e pele preta se parou ao meu lado. — De
qual agência você faz parte? Não me lembro de ter visto
você em algum lugar.
— Eu não sou modelo. Estou aqui apenas
acompanhando minha amiga — respondi.
— E você já pensou em ser? — perguntou, mas
antes que eu a respondesse continuou. — Sou Tracy
Parker, agente e caça talentos. Poderíamos ter uma
conversa?
— Não tenho certeza se agora é o melhor momento.
— Está bem, você está certa. Fique com o meu
cartão. Me telefone e nós podemos marcar um café para
conversarmos. — Ela estendeu o pequeno papel em minha
direção.
O peguei e lancei um sorriso simpático, ela fez o
mesmo e se retirou.
— Eu até diria “eu bem que te avisei”, mas estaria
parecendo que aconteceu algo ruim — disse Emma, em um
tom divertido. — Mas eu realmente te avisei! Melanie, você
vai ser a próxima Adriana Lima e eu a Candice Swanopoel.
Soltei uma risada, a abraçando de lado.
— Acho que vou conversar com ela, afinal.
— É o melhor que você faz.
Eu ainda estava certa de que eu não daria uma boa
modelo, mas se uma agente e caça talentos queria
conversar comigo, quem sou para recusar.

[...]
Quase duas semanas se passaram desde o dia que
conversei com Tracy. Mostrei as fotos que Edward tirou e
editou e a agente afirmou que estavam ótimas para um
começo e ficou com elas, mas não tinha dado muito sinal de
vida desde então. Eu estava bem com isso, não me iludi em
nenhum momento.
O frio estava começando a chegar e eu estava dando
graças a Deus. Fritar batatas era um pouco melhor quando
o clima não estava tão quente.
Meu celular tocou, indicando uma mensagem, e eu
prontamente o peguei. Pensei que era minha mãe ou
Emma, mas não.
Suspirei ao ler o nome na tela.
Drake.
“Olá. Nós podemos conversar? Queria falar com
você.”
Olhei para o aparelho por alguns segundos, mas logo
tratei de enfiar o celular de volta no bolso. Eu não iria
responder.
Drake parecia estar muito satisfeito com a sua noiva
no desfile. Eu não queria fazer isso com ela e nem comigo
mesma. Não queria nem pensar na possibilidade de ser a
“outra”, principalmente com a Camila gravida. Além disso,
mesmo que a sua intenção não fosse ter um caso comigo,
era melhor eu não manter contato. Não sei se a minha
determinação continuaria intacta se começássemos a nos
falar, e eu tinha medo.
Pensei naquela mensagem durante horas, sempre
trabalhando o meu psicológico para não ficar deprimida de
novo. Terminei meu expediente e segui para casa.
Tomei um banho rápido e quentinho, logo depois me
enrolando em um cobertor com uma xícara de chá de
camomila. Eu estava na nona temporada de American
Horror Story, e apesar de o tema slasher me lembrar o
medo que eu tinha do Max, eu estava adorando os
episódios.
Ouvi o toque do meu celular e o peguei. Pensei que
seria minha mãe perguntando o que deveria trazer para o
jantar, mas era Drake novamente. Ele estava me ligando.
Encarei o celular enquanto a tela brilhava com o seu
nome, mas mais uma vez ignorei. Por um pequeno
momento cheguei a esticar a mão em sua direção, mas
parei na metade do caminho e recuei.
A ligação encerrou, e então eu suspirei. Estava
curiosa para saber o que ele tanto queria, mas a
preocupação com a minha saúde mental era maior naquele
momento.

[...]
Eu não podia estar mais feliz e animada! Tracy havia
conseguido um trabalho de modelo para mim. Seriam fotos
para o catálogo de uma pequena loja de roupa. Ela deixou
claro que não era nada grandioso, pelo contrário, além do
cachê ser baixo, mas que podia ser uma boa oportunidade
para testar os meus talentos.
Mandei uma mensagem para Emma na mesma hora
e ela estava tão empolgada quanto eu. Afirmou que me
ensinaria tudo o que eu precisava saber, e que eu arrasaria.
Não contei nada para a minha mãe por telefone,
queria esperar ela chegar em casa e falar pessoalmente.
Assim que ela passou pela porta, corri em sua
direção.
— Você chegou cedo — comentei.
— Alice comprou um carro essa semana e me deu
uma carona — afirmou.
— Mãe, você não vai acreditar na novidade!
— Me conte.
— Lembra que eu fui conversar com aquela agente,
Tracy? — Ela assentiu. — Eu já tinha perdido as
esperanças, mas hoje ela me ligou. Eu vou fazer um
trabalho como modelo!
— Você conseguiu? Ah meu Deus! — Ela me puxou
para um abraço apertado. — Eu estou tão orgulhosa.
— Calma, mãe. É algo bem pequeno e com um baixo
cachê.
— Mas não deixa de ser um trabalho. Todos
começamos pequenos. Você é linda, tenho certeza que
pode crescer muito nesse meio.
— Emma vai me ensinar algumas coisas, algumas
técnicas.
— Melhor ainda. Tenho certeza de que com a ajuda
dela e a sua beleza, vai conseguir muitos trabalhos logo
logo.
Eu sorri.
— Obrigada por me apoiar.
Ela acariciou minha bochecha, também abrindo um
sorriso.
Estava tentando me controlar, mas as minhas
expectativas estavam nas alturas!

[...]
— Você foi incrível! — Emma exclamou, assim que
saímos do prédio.
Passei a tarde tirando fotos com roupas diferentes,
cabelos diferentes e maquiagens diferentes. Minha amiga
me acompanhou para que eu não ficasse tão nervosa.
— Parece que eu tenho uma ótima professora.
— Mas não se esqueça que se você for continuar no
ramo precisa de aulas muito mais intensas do que as
minhas.
— Tracy disse que vai providenciar isso. Não sei
como vou conciliar as aulas com o meu trabalho.
— Você pode pedir para mudar de horário, entrar um
pouco mais tarde e fazer aulas de manhã. E em breve você
não vai mais precisar passar calor na cozinha de um fast-
food. Tenho certeza que seu futuro é promissor.
Ela me abraçou de lado e logo peguei um ônibus
para chegar em casa.
Tomei um banho e, com muita pena, desfiz o cabelo
e a maquiagem que estava. Me sentei na sala e esperei que
minha mãe chegasse.
— E então? — perguntou, assim que entrou na casa.
— Como foi?
— Mãe, foi incrível! Mesmo todo mundo falando que
era algo simples, eu achei tudo espetacular! Me maquiaram,
arrumaram meu cabelo. Além disso, os outros modelos
foram tão simpáticos comigo, a maquiadora era um amor de
pessoa — falei rápido, ainda muito empolgada. — Eu quero
tanto voltar a fazer isso.
— Fico tão feliz que tenha gostado. Quando você vai
receber?
— Em alguns dias. Tracy disse que não era muito,
então não se iluda, está bem?
— Eu estaria orgulhosa de qualquer forma, não
importa o quanto você vai ganhar.
— Nós podemos comer algo diferente quando eu
receber, que tal?
— Seria ótimo!
Minha mãe me abraçou, passando as mãos por
minhas costas. Fazê-la orgulhosa de mim era tão
gratificante.
Passei a noite inteira refletindo sobre o meu dia,
pensando em como a minha vida mudou em menos de um
ano. E eu esperava que mudasse cada vez mais.
Aquilo era surreal! Quando Tracy falou que o cachê
seria baixo, eu pensei que mal conseguiria comprar uma
pizza no jantar, mas assim que recebi o dinheiro, percebi o
quanto eu estava errada.
A mulher ainda disse que em breve me avisaria
quando eu poderia ir até à agência para assinar um
contrato e logo começar algumas aulas.
Eu não poderia estar mais feliz e empolgada! Depois
de pegar o meu pagamento fui direto até a minha mãe.
Queria mostrar para ela o quanto eu havia ganhado e já a
convidar para um restaurante.
Entrei afobada pela porta do prédio e senti uma leve
nostalgia. Fazia semanas que eu não colocava os pés ali.
Tentei ignorar aquela sensação e segui para o andar da
Beauty Model, ainda evitando o elevador do meio.
Caminhei pelos corredores procurando minha mãe,
mas ao invés de acha-la, dei de cara com outra pessoa.
Drake.
Sua barba e seu cabelo estavam maiores, mas
alinhados como sempre.
— Ah, Melanie. Faz tempo que não vejo você por
aqui — disse ele, muito surpreso com a minha presença.
— Eu vim buscar a minha mãe.
— Adorei o visual novo — elogiou, sorrindo.
— Bem, obrigada.
— Eu liguei para você, mas você não me atendeu.
— Desculpe. Estou muito ocupada nas últimas
semanas.
— Nós podemos conversar? Poderíamos almoçar
amanhã, o que acha?
Comecei a listar em minha mente todas as coisas
que poderiam dar errado se eu aceitasse, mas quem disse
que eu iria escutar a voz da razão? Eu queria conversar
com ele de novo, queria saber o que ele queria me dizer.
— Está bem, podemos almoçar.
— Amanhã de manhã eu mando uma mensagem
com o endereço do restaurante, está bem?
— Então nos vemos amanhã.
Sorri em forma de despedida e me afastei. Senti que
ele quis se aproximar, talvez me dando um beijo no rosto,
mas hesitou e eu dei graças a Deus.
Na mesma hora me arrependi do que fiz. Eu deveria
mesmo ter aceitado? Drake está noivo e será pai em breve.
O que eu esperava aceitando almoçar com um homem
comprometido e por quem eu ainda tinha sentimentos?
Respirei fundo. Eu não podia me crucificar daquela
forma. Eu nem ao menos sabia o que ele queria. Poderia
ser apenas um assunto aleatório e cá estava eu me iludindo
mais uma vez.
Continuei minha procura por minha mãe e a
encontrei.
— Melanie? O que veio fazer aqui? — perguntou ela.
— Eu recebi hoje! Achei que poderíamos sair daqui e
ir direto para algum restaurante legal.
— Pensei que só pediríamos algo para comer em
casa.
— Também achei, mas eu recebi muito mais do que
eu esperava. Podemos comer fora.
— Está bem, eu já estou encerrando. Fique aqui
enquanto eu faço isso — alertou, claramente não querendo
que eu encontrasse com Drake pelos cantos, sem saber
que eu já havia feito isso.
Eu assenti e me escorei na parede, esperado ela
terminar.

[...]
Respirei fundo antes de entrar no restaurante. Passei
os olhos pelo local e encontrei Drake em uma mesa
afastada.
— Boa tarde — falei, me sentando em sua frente.
— Boa tarde. O que você vai comer? — perguntou,
parecendo um pouco apreensivo.
Peguei o cardápio e li por cima, mas nada me
pareceu atraente.
— Quero apenas um suco.
— Está bem.
Drake chamou o garçom e fez nossos pedidos. Um
silêncio se estabeleceu entre nós depois disso, mas eu o
quebrei.
— O que você queria conversar comigo?
Ele se mexeu desconfortável na sua cadeira,
inclinando seu corpo para frente e se escorando na mesa.
— Eu terminei o meu noivado. O filho de Camila não
era meu. Ela e outro homem estavam de complô para se
aproveitar do meu dinheiro — revelou, parecendo um pouco
envergonhado. — Mas esse não é o ponto principal. Eu já
estava pensando em acabar com isso há muitas semanas,
mas estava receoso. Não me sentia bem perto dela como
eu deveria, não pensava nela quando ouvia sobre o amor.
— Bom, sinto muito por isso.
Ele me encarou, procurando as palavras certas.
— Eu senti a sua falta durante todo esse tempo.
Sentia que eu não estava completo, faltava algo em mim e
nos meus dias. Faltava você. Eu não tinha ideia da
intensidade dos meus sentimentos antes de te deixar ir.
Meu coração acelerou na mesma hora. Drake Jones
estava se declarando para mim?
Tentei permanecer neutra enquanto o ouvia. Não
daria o braço a torcer tão facilmente.
Seus olhos não saiam de mim, como se esperasse
uma resposta.
— O que você quer que eu diga? — perguntei.
Tenho certeza que essa não era o que ele esperava
ouvir, mas era a verdade. O que ele esperava de mim? O
que ele queria que eu fizesse?
— Eu não quero pressionar você. Se você não sente
o mesmo por mim, eu vou entender.
Eu definitivamente sentia o mesmo.
Permaneci em silêncio e apenas abaixei o olhar e
creio que Drake entendeu que eu estava com medo.
— Não tenho certeza se devemos tentar algo.
— Nós podemos recomeçar. Que tal um jantar?
Podemos tentar nos entender, e se não ser certo, cada um
para o seu lado.
Não parei para pensar por muito tempo. Sabia que
se fizesse isso eu recusaria, então apenas falei a primeira
coisa que veio à minha mente:
— Nós podemos tentar um jantar.
Ele sorriu aliviado.
— Ótimo. Inaugurou um restaurante novo que eu
estou muito interessado em visitar. Apenas me diga qual o
melhor dia para você.
— Me mande o endereço e eu te digo o dia ainda
hoje — falei. — Agora eu preciso voltar para o trabalho.
— Eu levo você se quiser.
— Não precisa, eu vou chamar um Uber — respondi,
me levantando e arrumando minha bolsa. — Bom almoço.
— Bom trabalho.
Eu sorri em resposta e saí do restaurante.
Voltei para o trabalho pensativa e com um certo
receio. Não sabia o que me aguardava naquele jantar, só
sabia que meus sentimentos por Drake continuavam à flor
da pele. Não tinha certeza se isto era saudável para mim,
apesar de sentir que não era tão ruim como antes. Eu
estava feliz, mas será que eu não estava apenas criando
uma nova ilusão?
Estava ansiosa para o ver novamente. Só em pensar
nisso meus batimentos já aceleravam e meus lábios
formavam um sorriso discreto. Por um lado, era uma
sensação boa estar sentindo tudo aquilo de novo, mas eu
não iria demonstrar dessa vez.

[...]
De novo eu havia mentido para minha mãe sobre
onde eu estaria naquela noite. Ela não parecia desconfiar
de nada, acreditava facilmente que eu passaria algumas
horas na casa de Emma, quando, na verdade, eu estava
em um Uber indo em direção ao restaurante onde Drake
reservou uma mesa para nós.
Ele insistiu em me buscar, mas eu não precisava do
seu carro em todos os momentos, então decidi ir sozinha.
O homem já estava na nossa mesa, então me sentei
em sua frente.
— Boa noite — disse ele com um sorriso no rosto.
— Boa noite.
— O que você vai querer?
Peguei o cardápio na minha frente e li alguns pratos,
sabendo na mesma hora o que eu queria.
— Espaguete com frutos-do-mar — falei, por fim.
— Ótima escolha. Acho que vou querer o mesmo.
Não enrolamos para fazer os nossos pedidos.
— O que você tem feito?
— Bom, acho que você ficará contente em saber que
estava certo sobre isso: eu fiz um trabalho como modelo há
alguns dias.
— É sério? — perguntou, incrédulo. Eu assenti. —
Isso é ótimo! Eu falei que você tinha um grande potencial.
— Foi algo pequeno. Minha amiga Emma está me
ensinando algumas coisas sobre isso.
— Se continuar se dedicando, em breve estará em
um avião direto para Milão.
— Não me iluda dessa forma. Sempre quis visitar a
Itália, me parece ser um lugar incrível.
— E é. Só visitei uma vez com a minha mãe, mas foi
uma experiência ótima. — Ele desviou o olhar e sorriu,
como se estivesse recordando os dias da viagem.
— E como está a sua mãe? Onde ela está agora?
— Na Nova Zelândia. Meus pais pretendem voltar
para São Francisco no natal, mas até lá vão passar por
toda a Oceania.
— Um verdadeiro sonho visitar todos esses países.
— Com certeza. Pretendo fazer a mesma coisa
quando me aposentar. Acho que alguns dias de férias não é
o suficiente para mim.
Nossos pratos chegaram logo depois e estava uma
delícia.
Não sei se foi apenas eu ou aconteceu com Drake
também, mas não vi as horas passarem. Quando me dei
conta, olhei para os lados e percebi que o lugar estava
quase vazio.
— Acho que está na hora de irmos embora — falei.
Ele olhou para o seu relógio se pulso e se espantou
com o horário.
— Não pensei que fosse tão tarde, mas eu ainda
quero levar você em um lugar.
— Então vamos lá.
Drake pagou a conta e depois seguimos para o seu
carro.
Ele não quis me dizer aonde estávamos indo, mas
garantiu que eu iria adorar. Quando estacionamos eu sabia
exatamente onde estávamos.
Senti o vento gelado me arrepiando, mesmo eu
estando com um casaco quentinho.
Segui Drake por vários metros até que estivéssemos
na ponte Golden Gate, observando a água e a lua cheia
bem acima de nós.
— Você estava certo mais uma vez. Eu adorei.
Nunca estive aqui durante a noite.
— É bonito, não é? Gosto de observar essa vista de
vez em quando.
Olhei para ele e sorri. Seus olhos estavam fixos no
horizonte, mas logo correram na minha direção.
Eu sorri, vendo-o fazer a mesma coisa. Ele se
aproximou em alguns centímetros. Permaneci imóvel. Eu
não queria avançar, mas também não queria pará-lo.
Fechei os olhos até sentir sua boca encostando na
minha dando início a um beijo lento.
Naquele momento consegui mensurar o tamanho da
saudade que eu estava sentindo. Sentir o seu toque, o seu
beijo, o seu cheiro me deixou completamente rendida.
— Eu senti falta disso — sussurrou, levando sua
mão até minha bochecha e acariciando. — Quero lhe
perguntar algo.
— Diga.
— Eu não queria apressar as coisas, mas hoje está
correndo tudo tão bem. — Ele depositou mais um selinho
demorado em meus lábios. — Namora comigo?
De todas as perguntas no mundo, aquela era a que
eu menos esperava ouvir vinda de Drake. Eu não sabia se
estava preparada.
— Preciso pensar sobre isso por um tempo.
— Tudo bem, leve o tempo que precisar. Eu vou
continuar esperando por você. — Ele deu um passo para
trás, se voltando para a lua novamente. — Que tal um
cinema amanhã? Ainda não fomos no cinema juntos.
— Não tenho certeza se eu vou poder, mas podemos
ir na semana que vem.
Eu estava tentando fazer parecer que meu mundo
não girava em torno de Drake, que eu tinha uma vida que
não o envolvia. Não queria estar disponível o tempo inteiro
dessa vez.
— Acho que podemos ir para casa. Está ficando
muito frio por aqui.
— Estou congelada, para falar a verdade.
Ele soltou uma risada nasalada, em seguida fazendo
um sinal para que eu o seguisse de volta para o carro.
Pedi para que me deixasse na esquina de casa, não
queria que minha mãe desconfiasse de alguma coisa, então
assim ele fez: parou o carro há 4 casas da minha.
— Obrigada pela carona — agradeci.
— Tenho um presente para você.
Drake se esticou para pegar algo em seu banco
traseiro, me entregando seja lá o que fosse. Estava dentro
de uma grande sacola de papel, e assim que o tirei de lá vi
o que era.
— Nossa! Está muito bonito.
Era mais uma pintura minha. Um quadro pequeno
onde estava pintado apenas o meu rosto com cores
vibrantes.
— Tentei pintar de memória, mas não tenho certeza
se acertei todos os detalhes.
— Está perfeito. Você não cometeu erro algum.
Ele sorriu, se aproximando de mim mais uma vez e
me beijando.
Levei minha mão até seu rosto e aprofundei nosso
beijo, que estava sendo mais intenso do que o primeiro.
— Fico feliz que tenha gostado.
— Bom, eu já vou indo. Obrigada pelo presente.
Até mais.
Coloquei o quadro de volta na sacola e saí do seu
carro, caminhando o mais rápido possível até a minha casa.
Suspirei no momento em que fechei a porta do meu
quarto.
Drake continuava sendo o homem pelo qual me
apaixonei. Na verdade, parecia até melhor. Mesmo assim,
eu não queria parecer a menina bobinha de meses atrás,
eu queria ser a mulher que eu sempre sonhei em ser, tanto
em uma possível relação com Drake, quanto nos outros
pontos da minha vida.
Eu havia tomado uma decisão.
Três dias se passaram desde meu último encontro
com Drake. Conversamos por mensagens nos dois
primeiros dias, como fazíamos antes, mas no terceiro não.
Ele não deu sinal de vida durante a manhã. A tarde
já estava chegando na metade e nada. Aquelas horas sem
contato com Drake me fizeram ter certeza de que eu o
queria na minha vida para que minha felicidade estivesse
completa.
Eu não queria simplesmente aceitar o seu pedido,
pretendia incrementar a noite da melhor forma possível.
Depois de uma pequena pesquisa e um conselho de
Vick, reservei uma noite em um hotel três estrelas, um dos
poucos que meu dinheiro podia pagar, e em seguida
mandei uma mensagem para Drake perguntando se estava
livre hoje, depois de uma resposta positiva passei o
endereço de onde ele deveria me encontrar.
Eu estava empolgada para a noite, para tê-lo
novamente e para oficializar o que, agora, realmente
tínhamos.

[...]
Me olhei uma última vez no espelho do banheiro.
Drake já estava subindo.
Eu estava com a lingerie vermelha que comprei na
última vez que estive na sexshop. Tinha quase certeza de
que ele gostaria daquilo tanto quanto eu.
Ouvi duas batidas na porta e então fui abri-la.
Drake me olhou dos pés à cabeça, incrédulo, mas
com um sorriso no rosto. Ele realmente não esperava
aquilo.
O puxei pela mão e tranquei a porta.
— Você está incrível — elogiou, enquanto eu o
guiava até que ele se sentasse em uma cadeira que estava
no meio do quarto.
— Fale a frase certa: eu estou gostosa — falei, me
posicionando atrás dele e me inclinando para depositar um
beijo em seu pescoço. — Gostosa e sua — sussurrei.
Fui até meu celular que estava em cima da cama e
coloquei a música Dangerous Woman da Ariana Grande
para criar um clima mais sensual.
Voltei minha atenção para Drake novamente,
parando mais uma vez atrás dele. Desci minhas mãos por
seu peito lentamente, subindo e em seguida o ajudando a
tirar seu paletó e gravata.
Fui para sua frente e sentei em seu colo, com uma
perna de cada lado de seu corpo. Comecei a abrir os
botões da sua camisa branca até que seu abdômen
estivesse à mostra. Deslizei minhas unhas do seu peito até
o final da sua barriga, percebendo que seus pelos se
arrepiaram.
Ele me puxou pela cintura e me beijou repleto de
desejo. Drake tentou abrir meu sutiã, mas eu não deixei. Ao
invés disso me virei de costas e voltei a me sentar, agora
rebolando no ritmo da música.
Suas mãos foram para a minha bunda,
primeiramente acariciando e em seguida deixando alguns
tapas fortes. Eu tinha certeza que ela já estava vermelha e
isso me excitava ainda mais.
Ele subiu até o fecho do meu sutiã e dessa vez eu o
deixei abrir. Me livrei da peça e me virei novamente para
ele.
Sua boca parou em um dos meus seios, o chupando
e usando a língua para brincar com meu mamilo. Soltei um
leve gemido e o senti apertando minhas coxas.
Movi meu quadril devagar para frente e para trás, me
esfregando em seu pênis completamente duro.
A música já havia acabado a essa altura, a playlist
que fiz para aquele momento continuou tocando.
Antes que Drake colocasse sua mão dentro da
minha calcinha me levantei mais uma vez. Peguei o
lubrificante dentro da minha bolsa rapidamente. Me ajoelhei
entrei suas pernas e o olhei com um sorriso malicioso. Ele
passou seu polegar por meus lábios.
— Sua boca me enlouquece — exclamou.
— E os meus peitos? — perguntei, despejando uma
boa quantidade de lubrificante e o espalhando.
Drake sorriu, mordendo o lábio inferior, sabendo
exatamente o que eu queria fazer. Ele mesmo abriu a sua
calça para agilizar o processo.
Envolvi meus seios em seu pênis e iniciei
movimentos de vai e vem. Ele acariciava meus mamilos
com os dedos enquanto observava a cena. Aquilo estava
me excitando mais do que pensei.
Aumentei a minha velocidade gradativamente até
que sua respiração ficasse descompassada. Ele jogou a
sua cabeça para trás, mas então eu parei e levantei.
Abri as ligas nas minhas meias e tirei a calcinha.
Seus olhos me encaravam atentamente.
— Eu quero que você goze enquanto me fode com
força — falei.
Ele se levantou e terminou de tirar a sua camisa.
— Seu pedido é uma ordem.
Fui jogada na cama com uma certa brutalidade. Ele
não demorou para colocar a camisinha que estava em sua
carteira. Drake me puxou até a ponta da cama, onde ele
conseguiu me penetrar mesmo estando em pé.
Senti todos os seus centímetros entrando e saindo
de mim e soltei um gemido. Naquela posição ele conseguia
perfeitamente estimular meu clitóris, e era isso que ele
estava fazendo.
Meus seios pulavam devido à força que Drake
estava fazendo aquilo. Usei uma de minhas mãos para os
acariciar e aumentar ainda mais o meu prazer.
— Mais rápido — implorei entre um gemido e outro e
fechando os olhos.
Ele obedeceu tanto na penetração quanto na
masturbação.
Quando senti que estava perto de gozar, o encarei.
Ter a visão de Drake me fodendo daquela forma fez com
que meu orgasmo chegasse mais rápido e muito mais
intenso.
Gemi alto enquanto minha coluna se curvava para
trás e eu sentia o ápice do prazer humano. Aquilo pareceu
ajuda-lo a atingir seu limite pouco tempo depois.
Permaneci deitada, tomando folego. Drake veio para
cima de mim, depositando um selinho em meus lábios.
— Eu ainda preciso responder ou já está óbvio? —
perguntei, respirando fundo.
— O que?
— Que eu aceito namorar você.
Sorri enquanto ele distribuiu diversos beijos por meu
rosto antes de parar em minha boca.
— Você não faz ideia da sorte que eu tenho por ter
você — falou antes de me beijar mais uma vez.
Aquele momento não poderia ser melhor. Eu não
tinha dúvidas do quanto eu estava apaixonada por ele e ele
por mim.

[...]
Minha primeira experiência em uma relação estaria
sendo perfeita se não estivesse sendo escondida da minha
mãe. Queria compartilhar minha alegria com ela, queria que
Drake pudesse almoçar conosco no domingo, mas eu não
sabia qual seria a reação dela. Tinha medo que isso
acabasse com tudo.
Estava correndo tudo bem entre mim e Drake. Fui
até a Beauty Model algumas vezes para vê-lo, mas era algo
muito arriscado de se fazer.
Dessa vez preferi espera-lo no estacionamento do
prédio. Me escorei em seu carro e avisei que estava ali.
Não demorou mais de cinco minutos para que eu o
visse se aproximando.
Ele sorriu quando seus olhos encontraram os meus.
— Estava com saudades — disse, me puxando pela
cintura.
— Nós nos vimos há dois dias.
— Então acho que ver você todos os dias é a
solução — concluiu. — Vem, vamos entrar.
Me sentei no banco do carona e esperei que ele
também entrasse.
Antes de fazer qualquer coisa, Drake me puxou para
um beijo.
Eu também senti sua falta, mesmo tendo trocado
mensagens o dia inteiro nessas quarenta e oito horas que
ficamos longe um do outro.
Passei os dedos por sua barba enquanto ele
apertava minha coxa.
O clima estava esquentando lá dentro, mas uma
batida no vidro roubou a nossa atenção.
Olhei para o lado de fora e senti meu corpo todo
gelar.
— O que está acontecendo aqui, Melanie? — gritou
minha mãe.
Saí do carro o mais rápido que eu pude.
— Espere, eu posso explicar.
Drake se parou logo atrás de mim, mas optou por
ficar quieto.
Alice, uma outra faxineira, estava ao lado de minha
mãe e apenas observava a situação incrédula.
— A única coisa que eu pedi, Melanie, a única!
— Nós podemos conversar em casa?
Ela encarou Drake dos pés à cabeça, seguindo em
direção ao carro de Alice.
Me despedi dele com apenas um breve olhar.
Entramos no carro de Alice e seguimos em silêncio
até nossa casa.
Pensei em um milhão de coisas para falar enquanto
estávamos no trânsito, mas nada seria melhor do que a
verdade. Toda a verdade.
Quando chegamos em casa, tentei ir para o meu
quarto, mas minha mãe me parou.
— Como você teve coragem de mentir para mim
dessa forma? — perguntou.
— Como eu poderia contar a verdade se eu sabia
que essa seria a sua reação?
— Então o tempo todo era ele? Foi ele quem deixou
você deprimida, que te largou para ficar com outra? —
perguntou.
— Nós estamos bem agora, e estamos namorando
há muitos dias.
— Eu pedi tanto para você ficar longe desses
homens ricos e mais velhos. Você quer acabar como eu?
Sem um dólar no bolso e com uma filha para criar? — gritou
com os olhos cheios de ódio.
— Drake não faria isso. Ele é uma boa pessoa.
Ela riu ironicamente.
— Uma boa pessoa. Deixe de ser uma garotinha
iludida, Melanie. Gente como ele não pensa nos outros, não
conhecem a palavra empatia.
— Não pensa nos outros? — repeti sua frase,
indignada. — Graças a ele que você está bem! Ele pagou
suas consultas, sua cirurgia, seu quarto luxuoso no hospital.
Se não fosse por ele você ainda estaria com dores, tonturas
e tendo convulsões. Acho que você deve a Drake mais do
que pensa, não é?
Minha mãe me encarou, perplexa com tudo o que
ouviu, mas no fundo ela sempre soube.
— Quando ele te abandonar grávida, eu não vou
ajudar você.
Ela deu as costas e foi para o seu quarto.
Senti um nó se formando em minha garganta, mas
tratei de engoli-lo. Eu não iria chorar.
Peguei meu celular e vi uma mensagem de Drake:
"Como foi a conversa com a sua mãe?"
"Sinceramente? Foi horrível. Ela insiste em achar
que eu vou passar pelo mesmo que ela."
"Eu sinto muito por isso."
Suspirei, fechando os olhos por alguns instantes.
Eu precisava fazer isso dar certo. Não queria me
distanciar da minha mãe, mas não queria deixar Drake. Só
precisava que ela o aceitasse.
Os dias estavam cada vez mais frios, e as noites
mais ainda, porém, isso não me incomodava, pelo contrário.
Drake preparou uma deliciosa sopa de legumes para
nós dois tomarmos acompanhada de um vinho tinto suave.
Estávamos sentados em seu sofá confortável, enrolados em
um cobertor e nos deliciando com o jantar.
— Adivinha o que eu vou precisar fazer já nos
primeiros dias do ano que vem? — falei.
— O que?
— Depor contra o Max no julgamento. Não sei como
eu vou olhar para a cara dele de novo.
— Eu vou até lá com você. Acho que você precisará
de todo o apoio possível.
— Tenho certeza que vou precisar.
— E a sua mãe? Ainda me detestando?
— Com certeza. Nós mal estamos nos falando há
semanas — lamentei, mexendo o pouco que restava da
minha comida.
— Eu posso tentar conversar com ela amanhã.
Quem sabe eu consiga convencer ela.
— Pode ser uma boa ideia. O medo dela é que você
me engravide e me dê o fora.
— Ah Deus! Eu jamais faria algo do tipo nem com
você e nem com qualquer outra mulher.
— Eu sei, mas ela não sabe. Tenho fé de que você
vai conseguir — falei, abrindo um sorriso confiante.
— Agora termine logo essa sopa. Nós combinamos
de montar a árvore de natal ainda hoje.
— Está bem, se acalme.
Tomei as três últimas colheradas e em seguida o
último gole de vinho.
A árvore de Drake era de plástico, mas era a maior
que eu já havia visto na casa de alguém. Poder montá-la
era como um sonho de infância sendo realizado. Pendurar
cada bolinha vermelha, cada lacinho e, principalmente,
colocar a estrela no topo. Cada segundo era único pra mim.

[...]
Estalei os dedos, nervosa com o que poderia
acontecer.
Drake já estava vindo conversar com a minha mãe,
mas eu não a avisei. Ela estava na cozinha preparando algo
para comermos, enquanto eu estava no sofá, preparada
para me levantar a qualquer momento.
Quando eu ouvi algumas batidas na porta me
coloquei de pé rapidamente.
— Eu atendo — gritei antes que minha mãe viesse.
Abri a porta e lá estava ele. O deixei entrar e então a
chamei: — Mãe, é para você.
Ela apareceu na sala com uma expressão nada
contente.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou, com
um tom de desprezo.
— Eu quero conversar com você. Tentar fazer com
que você entenda que o que existem entre mim e Melanie é
muito maior do que a senhora pensa.
— Não quero ouvir suas explicações. Ponha-se
daqui para fora.
— Mãe, ouça ele, por favor — pedi, quase
implorando de joelhos.
Apesar de muito relutante, ela aceitou:
— Você tem cinco minutos.
— A primeira coisa que a senhora deve saber é que
eu jamais pretendia magoar Melanie. Eu realmente a
dispensei, mas minhas intenções não eram ruins. Achei que
fosse ter um filho e eu e a mãe dele decidimos tentar cria-lo
como um casal, mas no fim o filho não era meu. Essa
história não vem ao caso no momento, mas mesmo estando
noivo eu não conseguia parar de pensar em Melanie. Nunca
pensei em trair, é claro, mas eu já estava cogitando terminar
o noivado para voltar com a sua filha muito antes de saber a
verdadeira paternidade do bebê. No começo eu pensei que
era apenas diversão tanto para mim quanto para ela, mas
acabou se tornando muito mais do que isso. Eu a amo e
quero passar o resto da minha vida ao lado dela.
— O resto da vida? — questionou a mais velha.
— Sim. Inclusive — ele se virou para mim, nervoso
—, Melanie, não tenho certeza se é o melhor momento para
isso, mas eu quero fazer uma coisa.
Drake procurou algo no bolso interno do paletó e
tirou de lá uma caixinha aveludada.
— Ah meu Deus! Isso é sério? — exclamei.
— Casa comigo?
Ele abriu a caixinha e relevou um anel delicado com
diversas pedrinhas que eu não tinha a mínima ideia do que
eram.
— É claro que eu aceito!
O abracei forte, ficando na ponta dos pés para
conseguir envolver meus braços ao redor do seu pescoço.
— E quando vai acontecer esse casamento? —
minha mãe perguntou.
— Bom, quando Melanie quiser.
— Eu só preciso de tempo o suficiente para
organizar uma festa gigantesca.
— Poderia até ser em outra cidade.
— Que tal Los Angeles? Nunca fui e tenho família lá.
— Seria incrível! Eu adoro Los Angeles.
Olhei para a minha mãe, que não parecia tão
empolgada quanto eu.
— Bom, melhor do que nada — disse ela.
— Preciso ir. Mas amanhã podemos jantar fora para
comemorar, o que acha? — Drake sugeriu para mim.
— Ou eu posso fazer um jantar para todos nós — a
mais velha se pronunciou.
Ele sorriu.
— Seria ótimo. Melanie já falou muito bem da sua
comida.
Os dois se despediram rapidamente e Drake
depositou um selinho em meus lábios antes de ir embora.
Minha mãe se virou para mim.
— Você acha mesmo que essa relação dará certo?
Mesmo com todas as diferenças entre vocês? — perguntou.
— Sim, eu acho. Nós temos as principais coisas de
um relacionamento em comum: amor, companheirismo,
respeito e paixão. As diferenças nós iremos contornar.
Ela segurou minhas duas mãos.
— Eu espero muito que você seja feliz.
— Eu vou ser, principalmente se você estiver me
apoiando nesta nova etapa da minha vida.
A puxei para um abraço apertado. Nós não fazíamos
aquilo há semanas, e eu senti tanta falta. Minha mãe
parecia estar começando a se convencer de que aquela
relação poderia realmente dar certo.

[...]
— Acho que podemos colocar algumas luzes aqui,
que tal? — falei, observado a sala de estar de Drake, onde
havia somente a árvore como decoração.
— Que tal uma rena brilhante no jardim? — sugeriu.
— E se colocássemos luzes brancas em todo o
telhado para fingir que é neve?
— Ficara lindo! Vou comprar algumas luzes amanhã
mesmo.
— Mudando completamente de assunto, adivinha o
que eu vou fazer depois do natal?
— Conte.
— Vou assinar um contrato cm aquela agência!
Amanhã vou passar o dia com Emma para ela me ensinar
mais algumas coisas.
— Meu Deus do céu, eu estou noivo de uma super
modelo!
Soltei uma risada.
— Futura super modelo em Milão.
— Inclusive, eu estava pensando que nossa lua de
mel poderia ser em Milão, o que acha?
— Ou podemos fazer uma lua de mel de um mês e
passar por várias cidades da Itália.
— Pode ser, se eu estiver com você, aceito qualquer
lugar que queira ir.
Sorri, me aproximando e colando nossos lábios.
Eu definitivamente não me importava de onde seria
nossa lua de mel. Oceania, África, Europa, eu também
aceitaria qualquer lugar desde que ficássemos juntos até o
final de nossas vidas.
~1~

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