Você está na página 1de 972

CAPÍTULO 1

NARRADO POR HARRY POTTER

_ Que filme é esse? – eu exclamei, olhando


impressionado para tela da televisão.

Eu estava na casa do meu primo Duda. Já faziam seis anos


que a guerra contra Voldemort tinha acabado e meu
primo tinha amadurecido muito durante esse tempo.
Principalmente depois de ter ficado um ano convivendo
com os aurores que protegeram a ele e aos meus tios,
escondendo-os dos Comensais da Morte, Duda tinha
mudado sua opinião sobre a magia e sobre mim.

Ele tinha se afastado um pouco dos meus tios quando foi


para a faculdade. Lá ele conheceu uma menina muito
bacana, a Alice, e eles tinham se casado nos últimos
meses, indo morar em uma casa só deles. Às vezes eu ia
visita-los.

Naquela noite eu tinha sido convidado para jantar, no


entanto, quando cheguei Alice assistia um filme bastante
constrangedor. Na cena um homem mostrava a uma
mulher um quarto vermelho, cheio de chicotes
pendurados, algemas, e outros acessórios. A mulher no
filme parecia estar bastante chocada enquanto o homem
lhe explicava que usava aquilo com mulheres que
gostavam que ele usasse.

_ Não acredito que você está vendo Cinquenta Tons de


Cinza outra vez. – Duda reclamou com sua esposa.

_ Mas essa é só a segunda vez que eu vejo. – Alice se


defendeu. – Eu passei meses esperando o filme ser
lançado!

_ Harry está constrangido! Ele não tem tempo para


garotas... – Duda me provocou. – Não está acostumado
com esses filmes indecentes.

Mas era diferente de como fazia quando éramos crianças,


agora não havia maldade. Apenas uma provocação
saudável entre dois primos.

_ Vá incomodar outro, Duda. – eu respondi, brincando.

Mas eu não conseguia tirar os olhos da televisão, me


sentei no sofá ao lado de Alice.
_ Harry está aproveitando para aprender uns truques. –
Alice falou. – Você também poderia aprender...

Alice deixou aquilo no ar, e vencido, Duda sentou-se no


sofá para assistir conosco. Em um dado momento, no
filme, o homem levou a moça para o quarto vermelho.
Fez que ela esperasse ajoelhada no canto da porta,
vestindo apenas uma calcinha. Depois, ele voltou só de
calça jeans e bateu na mão dela com um acessório que
não seio nome, explicando que não era sobre sentir dor.
Que o medo estava na cabeça dela.

Em seguida, o homem a algema, com os braços para


cima, beijando-a, tocando-a, despindo-a. Os dois fazem
sexo de uma maneira enlouquecedora, como eu nunca
tinha imaginado que existisse.

Depois do filme, pedimos uma pizza. Comemos juntos,


conversando sobre o filme, rindo e nos divertindo. Era
muito bom ter aquela nova relação com meu primo,
afinal ele era a única família que eu tinha. Quando ficou
tarde, me despedi deles e voltei para casa.

Eu morava em um apartamento em Londres, perto do


meu trabalho, no Ministério da Magia. Nos últimos anos
eu tinha completado meu treinamento como auror e
começado a trabalhar nessa profissão. Eu vivia muito
focado no trabalho, não tinha realmente muito interesse
por garotas. Depois de Gina, com quem eu tinha
terminado dois anos depois da guerra, eu tinha saído
apenas com duas ou três mulheres, por um curto período
de tempo.

Durante um bom tempo eu tinha nutrido sentimentos por


um colega de trabalho, que tinha feito o treinamento de
auror junto comigo, seu nome era Philip. Nós chegamos a
sair uma vez, trocamos alguns beijos, mas nenhum de nós
teve coragem de ir além disso. Dias depois ele pediu para
partir para uma missão na França, o que tinha me
deixado chateado por algumas semanas.

Quando cheguei em casa, tirei a roupa deixando-a


pendurada em cima de uma cadeira e fui tomar um
banho quente. As cenas do filme ainda estavam na minha
mente, eu nunca tinha pensado em sexo daquela
maneira, as vezes que eu tinha transado sempre havia
sido tudo muito comum. Eu me deitei pensando nisso,
mas estava esgotado depois de um longo dia de trabalho,
então logo adormeci.

-/-
Já fazia uma semana que eu tinha ido visitar Duda e Alice.
Era uma quinta feira e eu tinha acabado de chegar no
escritório, e estava aguardando Kingsley para me passar
uma missão. Rony tinha concluído o curso para auror
junto comigo, mas estava de férias, ajudando Hermione
com o pequeno Hugo, que tinha nascido há apenas três
meses. O filho dos dois era lindo, ruivinho e cheio de
cachos, com os mesmos olhos castanhos e inteligentes de
Hermione. Eu, é claro, era o padrinho.

_ Harry. – Disse Kingsley, meu chefe. – Bom dia.

_ Bom dia. – eu respondi.

_ Recebemos uma denúncia. – ele falou, sentando-se. –


Sobre posse ilegal de objetos das trevas.

_ Contra quem? – eu perguntei.

Denúncias sobre posse ilegal de objetos das trevas não


eram incomuns, nós sempre as investigávamos, mas
normalmente os bruxos que de fato possuíam estes
artefatos os mantinham muito bem escondidos. Vez o
outra conseguíamos apreender alguns deles, que eram
sempre levados para o Departamento de Mistérios com
toda a segurança.

_ Draco Malfoy. – ele me disse, sério.

_ Não. – eu neguei imediatamente. – Ele não teria nada


assim.

Aparentemente, Malfoy tinha se reerguido sozinho após a


guerra. Ele tinha provado a todos em julgamento que não
era de fato partidário de Lord Voldemort e que tinha sido
forçado a aceitar a marca negra. Seus pais não tinham
sobrevivido à guerra. Tendo herdado a Mansão, Draco
Malfoy tinha aberto as portas para que cada objeto das
trevas fosse retirado de lá.

Anos atrás, eu tinha ficado sabendo pelos aurores que


foram recolher esses objetos que a Mansão tinha sido
completamente reformada, as antigas masmorras foram
demolidas, e Malfoy tirou de lá cada quadro que
lembrasse a ideologia puro-sangue, cada relíquia da
nobre família Malfoy, cada objeto que pertenceram a seu
pai, cada feitiço, cada móvel no qual Voldemort já tivesse
tocado. Ele tinha limpado seu lar de tudo que era ruim, e
na época eu o admirei pela atitude.
Malfoy tinha se esforçado muito para dar a volta por
cima.

Entregou cada Comensal que pode, conquistando aos


poucos a confiança dos bruxos contrários ao Lorde das
Trevas. Ele tinha entrado para a Universidade, estudado
direito bruxo, e se formado com honras, conforme eu
tinha ficado sabendo por Hermione, que se formara na
mesma instituição em Medibruxaria. Atualmente ele era
um excelente profissional e fazia parte da organização de
Advogados para o Mundo Mágico.

_ Também duvido muito. – Kingsley me respondeu. – Mas


um garoto fez uma denúncia por escrito. Temos que
averiguar.

_ Quem é esse garoto? – eu perguntei, desconfiado.

_ É um estagiário do Ministério, ele acabou de se formar


em Hogwarts. – ele explicou. – Nós desconfiamos que ele
seja um caso amoroso de Draco Malfoy que não terminou
muito bem.

Draco Malfoy era gay? Eu me impressionei, mas afinal


havia anos que eu não tinha um grande contato com ele,
tendo o visto apenas de relance em algumas Ocasiões.
Realmente, eu nunca tinha ouvido falar que ele tivesse
sido visto com alguma mulher.

_ Certo. – eu me limitei a dizer. – Ele já foi notificado?

_ Sim. – meu chefe confirmou. – Quero que você vá lá


averiguar a denúncia. Ele já te conhece, talvez não pareça
tão invasivo.

Eu duvidava muito, minha relação com Draco nunca tinha


sido das melhores. Mas acatei a ordem, fui pela rede de
flu, que Malfoy deixara aberta às nove em ponto da
manhã para que um auror viesse investigar. Logo, eu me
vi adentrar pela lareira na imponente sala de estar da
Mansão Malfoy.

Realmente, o ambiente mudara muito. O lugar antes


escuro, com móveis sóbrios demais tinha sido
completamente modificado. As paredes tinham sido
pintadas de cores claras, as janelas tinham sido
ampliadas, valorizando a vista do belíssimo jardim. Os
móveis eram de excelente bom gosto, muito mais
modernos do que eram antes. Embora não fosse uma
casa colorida, e o estilo escolhido não fosse nenhum
pouco feminino; em nada ela lembrava o "museu das
gerações da família Malfoy" que outrora fora aquele
lugar.

_ Harry Potter! – ele exclamou, o tom sarcástico. –


Mandaram o Herói do Mundo Mágico! E eu que achei que
ninguém desconfiava de verdade de mim.

Ergui as mãos em sinal de trégua. Não iria brigar com ele


feito gato e rato como se ainda estivéssemos na escola.
Optei por falar como quem encontra um velho conhecido.

_ Pelo contrário, ninguém desconfia. Por isso te


mandaram um novato, enquanto os aurores mais
experientes ganham as missões de verdade. – eu
respondi, em tom de brincadeira.

Talvez ele tenha se surpreendido com a minha postura,


mas se recuperou rapidamente começou a agir comigo
com a mesma cordialidade.

_ Acho que você viverá fortes emoções hoje. – ele disse,


sorrindo com malícia. – Não será uma grande missão no
que diz respeito a caça a objetos das trevas, mas garanto
que será interessante.
O que ele queria dizer com aquilo?

_ Por onde devo começar, Malfoy? – eu perguntei, sem


querer admitir que ele tinha me deixado curioso.

_ Pode olhar a casa toda. – ele disse. – Já me explicaram


que os aurores são obrigados a fazer uma investigação
completa nesses casos. Tem uma única porta que está
trancada, lá que está a razão de eu ter sido denunciado.
Mas nós vamos entrar lá por último.

Ele se sentou em uma poltrona confortável, abrindo seu


exemplar do Profeta Diário, e deixando que eu andasse
pela casa dele sozinho.

Investiguei cada cômodo com cuidado, sem deixar de


admirar as mudanças que ele tinha feito ali. Não havia
nada que me remetesse a casa que eu tinha conhecido
quando fora capturado e levado para lá com Rony e
Hermione, no tempo que nós estávamos caçando as
Horcruxes.

Em um único quarto, que eu julgava ser o dele, porque


estava menos arrumado que os demais, tinha um
pequeno porta retrato com uma fotografia de Narcisa
Malfoy segurando um bebê no colo. Era um menininho
lindo, identifiquei logo Draco, quando era criança.

Olhei a cozinha, a sala de jantar, o dormitório dos Elfos


Domésticos, a biblioteca, o escritório pessoal de Malfoy,
enfim, a casa inteira. E como esperado, não havia nada
que fosse remotamente suspeito. Retornei a sala de
estar.

_ Pronto. – eu disse.

Ele se levantou com calma, deixando o jornal dobrado


sobre a poltrona. Ele fez sinal para que eu o seguisse, e eu
o fiz, em silêncio. Caminhei atrás dele escada a cima, até
que chegássemos na única porta que eu tinha encontrado
trancada. Ele tirou uma pequena chave do bolso e abriu.

Eu esperava qualquer coisa, menos aquilo.

Lá estava um quarto muito parecido com aquele que eu


vira no filme. Era um cômodo amplo, com uma grande
cama com dossel, no qual haviam algumas correntes. Em
uma parede, havia uma estrutura de madeira em forma
de cruz que possuía algemas de couro para prender
alguém. No canto, havia uma cadeira presa a parede, e ao
lado uma mesa de couro acolchoada, que possuía uma
estrutura mais alta no centro. Haviam alguns móveis, com
gavetas. Pendurados nas paredes haviam alguns chicotes
e algemas, igualzinho no filme.

_ Impressionado? – Malfoy questionou, provocativo. –


Aposto que nunca viu nada assim antes, não faz nenhum
pouco seu tipo.

_ É idêntico ao quarto de Cinquenta Tons de Cinza. – eu


me peguei dizendo, olhando de queixo caído para dentro
do quarto.

_ Que diabos é isso? – ele perguntou.

Visivelmente, ele esperava qualquer coisa, menos aquela


resposta.

_ E um filme trouxa, um romance. – eu respondi. – Faz


muito sucesso, a esposa do meu primo adora.

Não sabia porque estava dizendo aquelas coisas para


Draco Malfoy, mas simplesmente tinham me escapado.
Por Merlin, Draco Malfoy era o Christian Grey do mundo
bruxo.
_ Um romance? – Draco perguntou cético. Deve ser por
causa desse tipo de filme que esses garotos estão
esperando demais de mim.

_ O que? – eu questionei, abobado.

_ Você já deve saber que o garoto que me denunciou...


bom... teve um caso comigo. – ele disse, sem qualquer
pudor. – Ele veio aqui algumas vezes, e quando eu não o
quis mais, ele resolveu me denunciar para o ministério.
Claro que vocês não iriam encontrar nenhum objeto das
trevas, aquele cretino sabia disso. Mas ele queria que
todos ficassem sabendo que eu faço esse tipo de sexo
sem que soubessem que ele esteve aqui de bom grado,
obedecendo a todos os meus desejos.

Olhei para o rosto dele, parecia bastante irritado.

_ Ninguém vai saber. – eu garanti. – Não vou incluir no


relatório.

_ Por que você faria isso? – ele questionou, parecendo


impressionado pela primeira vez, desde que eu chegara.
_ Porque ninguém tem nada a ver com isso, essa é sua
vida pessoal. – eu expliquei. – O garoto não vai contar a
ninguém, se ele disser que faz esse tipo de coisa vai
acabar perdendo boas oportunidades no ministério.

_ Você terá que mentir no relatório. – ele falou, ainda


incrédulo.

_ Eu sei. – eu respondi.

Nunca tinha feito aquilo antes. Mas eu não ia permitir


que Malfoy sofresse consequências como a perda de
clientes como advogado ou a perda de respeito dos seus
colegas de trabalho, tudo por ter se envolvido com um
rapaz bobo que ficara com o coração partido.

_ Seu chefe vai desconfiar se você disser que não


encontrou nada. – ele ponderou. – E óbvio que se o
garoto me denunciou é porque queria que algo de dentro
da minha casa viesse à tona.

_ Ele vai aceitar a minha palavra. – eu me limitei a dizer.

_ Sem dúvida vai, você é Harry Potter afinal. – Malfoy


rebateu na hora.
Eu não respondi mais nada, apenas continuei olhando
com calma para seu rosto. Draco Malfoy estava muito
bonito, os últimos anos tinham o deixado com uma
aparência mais masculina, seu queixo estava mais
quadrado, embora os traços do seu rosto ainda fossem
muito aristocráticos. Ele parecia também ter ganhado
corpo, eu percebia como seus músculos marcavam na
camisa de botão branca que ele usava. Ele usava o cabelo
loiro bem curto, talvez para se diferenciar de Lúcio, que
sempre os usara longos.

Meu corpo arrepiou involuntariamente ao imaginar ele


naquele quarto, só de calça jeans rasgada, igual o
Christian Grey. Afastei o pensamento da minha mente,
balançando a cabeça... acho que eu tinha ficado
impressionado demais com aquele filme, afinal era só
ficção. Olhei para dentro do quarto ainda aberto: aquilo,
no entanto era bem real.

_ Por que está fazendo isso? – ele me perguntou


novamente, me tirando dos meus devaneios.

_ Porque você não merece ser exposto dessa maneira. –


eu respondi com toda a franqueza. – Você se reergueu
sozinho depois dessa guerra, você foi muito forte, todos
esses anos..
_ Vindo de você, isso quer dizer muito. – ele falou.
Percebi que ele tinha tentado parecer irônico, mas seu
tom de voz o denunciava. Eu o tinha desarmado.

_ Não se preocupe mais com isso, vou cuidar para que


ninguém desconfie de nada, e para que o garoto continue
calado. – eu prometi. – Eu jamais contarei a ninguém o
que vi aqui.

_ Obrigado, Potter. – Malfoy respondeu. Parecia sincero.


Espero que seja a primeira e a última vez que algo assim
acontece.

_ Isso que você faz... acho que é necessário ser alguém de


confiança, que não vá te expor depois.- eu sugeri.

Não sabia se ele ficaria irritado com a minha intromissão,


mas acabei dizendo do mesmo jeito.

_ Normalmente Blaise me envia homens trouxas. – ele


falou. – E muito melhor, eles não me conhecem, não
sabem onde me encontrar depois.
_ Blaise Zabini? – eu questionei. – Do Departamento de
Cooperação Internacional em Magia? Ele envia homens
para você?

_ Vamos dizer que ele gosta dessas coisas também, ele


frequenta uns clubes trouxas de BDSM, conhece muita
gente interessada nesse tipo de sexo. As vezes ele entra
em contato comigo para me apresentar alguns desses
homens. – ele explicou. Eu estava impressionado com o
modo como ele falava sobre aquilo comigo de forma tão
aberta. Talvez fosse porque confiasse que eu jamais
repetiria a ninguém. – Tinha esse estagiário do
Departamento dele que estava muito interessado em
mim, então ele me sugeriu encontrá-lo e eu, infelizmente,
acabei aceitando.

_ Entendi. – eu respondi. – Vou cuidar para que o nome


de Zabini também não seja divulgado pelo tal estagiário.

Malfoy assentiu com a cabeça. Eu estendi a mão para ele,


que hesitou alguns segundos e depois a apertou. Aquela
era a primeira vez que eu tocava nele desde de a última
batalha, guando eu o salvara do fogo na Sala Precisa. Uma
espécie de excitação perpassou meu corpo quando eu
senti seus dedos nos meus. Confuso com os
acontecimentos daquela manhã, me despedi dele e fui
embora pela rede de flu.
CAPÍTULO 2

NARRADO POR HARRY POTTER

Eu acordei em meio a lençóis sujos pela ejaculação.

Merda! Eu já era muito velho para esses “sonhos


molhados”. Eu me sentia de volta ao quarto ou quinto
ano em Hogwarts, quando todos os garotos aprendiam
rapidamente os feitiços para limpar os pijamas e as
roupas de cama. Peguei a varinha na mesinha de
cabeceira e fiz os encantamentos necessários. Que
inferno! Eu já tinha 23 anos, isso não deveria estar
acontecendo.

Mas no último mês tinha sido frequente. Fazia


exatamente um mês que eu tinha feito a inspeção na
Mansão Malfoy, averiguando a denúncia de posse ilegal
de objetos das trevas. O proprietário da Mansão, um
certo loiro com gostos sexuais excêntricos, não saía da
minha cabeça. Várias vezes eu acordava daquele jeito,
depois de sonhos excitantes com Draco Malfoy.
Curioso, eu tinha pesquisado mais sobre o assunto. Tinha
comprado a Trilogia de Cinquenta Tons de Cinza em uma
livraria trouxa em Londres, mas a leitura era um pouco
maçante em alguns pontos, parecendo realmente um
romance água com açúcar. Porém, me dava algumas
pistas do que era o mundo de Draco Malfoy.

Sem conseguir tirar aquele quarto que eu vira na Mansão


Malfoy da cabeça, eu tinha pesquisado em alguns outros
livros e chegado até a encontrar um desses clubes trouxas
de BDSM que Malfoy tinha me dito que existia. Eu fui
neste local numa noite usando a capa da invisibilidade,
afim de investigar. Vi coisas de todos os tipos: algumas
excitantes e outras que eu não faria de jeito nenhum.

Porque eu estava tão obcecado com essa historia?


Porque eu estava tendo sonhos eróticos com Malfoy?

Aquelas eram perguntas que tinham povoado meus


pensamentos nos últimos meses. Eu estava cansado de
acordar a noite sonhando com aquilo, eu não era nenhum
adolescente. Eu poderia simplesmente arriscar e
descobrir porque eu estava tão interessado no meu
antigo inimigo de escola e em suas atividades sexuais.
Voltei a dormir naquela noite com a certeza de que no dia
seguinte eu tomaria alguma atitude.

-/-

Algumas horas mais tarde...

_ Bom dia. – eu disse, entrando no Departamento de


Cooperação Internacional em Magia.

_ Sr. Potter. – exclamou Blaise Zabini. – Bom Dia.

Blaise era um sonserino que tinha sido do mesmo ano


que eu e Draco na escola, atualmente ele era secretário
do chefe do Departamento, um bruxo de meia idade
chamado Charles Hollhans.

_ O senhor Hollhans está em uma reunião como Ministro,


você deseja aguardá-lo? – ele questionou.

_ Não. – eu disse, sentando-me com calma na cadeira de


frente para a mesa dele. – Na verdade, eu gostaria de
conversar com você.
_ Comigo? – ele perguntou, desconfiado.

_ É um assunto pessoal. – eu expliquei.

Vi a compreensão chegar ao seu rosto. Ele já deveria


saber que se tratava de algo ligado a Malfoy. Ele
provavelmente tinha ficado sabendo da denúncia que
havia sido feita contra Draco por um garoto que o próprio
Zabini tinha “indicado” ao seu antigo colega de escola.
Talvez Malfoy tivesse dito a ele, também, que eu havia
me comprometido a esconder aqueles elementos da sua
vida particular no relatório entregue a Seção dos Aurores.

_ Entendo. – ele disse, com calma. – Você poderia me


acompanhar a um lugar mais privado?

Eu me levantei, o segui para dentro da sala de seu chefe.


Ele deveria estar certo de que o mesmo não retornaria
tão cedo.

Quando entramos, ele lançou um feitiço para trancar a


porta e outro para que não fossemos ouvidos do lado de
fora. Me sentei em uma das poltronas do escritório, que
ele ofereceu a mim, ocupando o lugar à minha frente.
_ No que posso te ajudar, Potter? – ele perguntou, o
rosto levemente preocupado.

_ Você está ciente da denúncia que foi feita contra Draco


Malfoy no mês passado, certo? – eu sondei.

_ Sim, Julian, aquele idiota. – ele se referia ao garoto que


tinha feito a denúncia. – Draco me disse que você foi
muito compreensivo e que não quis que ele fosse
exposto. Ao que sou muito grato, porque se ele fosse
exposto, eu poderia vir a ser também.

Eu assenti com a cabeça.

_ Não seria justo, é sua vida privada. Ninguém pode julgá-


lo por seus gostos sexuais. – eu disse, sem chegar, ainda,
onde eu gostaria.

Ele tinha uma expressão de agradável surpresa com a


minha fala.

_ Infelizmente o mundo bruxo ainda é muito


conservador. – Zabini ponderou.
_ Sim, e por isso que estou contando com você para
manter sigilo sobre essa conversa. – eu comentei,
levemente constrangido. – Eu sou uma pessoa em alguns
aspectos.. hã... muito pública. Os jornais estão sempre
especulando sobre a minha vida...

_ Bom, você é Harry Potter. – ele disse, apontando para


mim com a mão, como se explicasse tudo. – Mas se estou
te entendendo bem... você está interessado em BDSM?

_ Fiquei curioso, sim, quando fui à Mansão Malfoy... – eu


senti que ruborizava ao falar sobre isso com alguém com
quem eu não tinha a menor intimidade. – Malfoy me
disse que é você quem indica pessoas para ele...

_ Você gostaria que eu indicasse mulheres para você? –


ele sugeriu, vendo que eu estava pisando em ovos.

_ Não, não estou interessado em mulheres. – eu


explicitei.

Ele abriu um sorriso malicioso.


_ Harry Potter... eu nunca imaginei que você saísse com
homens. – ele disse, em tom sonserino. – E olha que sou
muito bem informado, nunca ouvi nenhuma fofoca.

_ Eu nunca saí com homens. – eu expliquei.

_ Primeira vez? – ele ergueu as sobrancelhas. – Eu te


aconselharia a ir em um clube BSDM para você ver como
é, saber o que fazer...

_ Eu fui. – confessei. – Eu tenho uma capa da


invisibilidade. Seu sorriso se escancarou.

_ Parece que sua curiosidade é bem séria... – Zabini falou,


a voz carregada de malícia. – Eu posso ajudá-lo a
encontrar um submisso.

_ Eu não quero um submisso. – eu esclareci. – Eu quero


Draco Malfoy.

Eu vi o queixo de Blaise Zabini cair. Acho que ele esperava


que eu respondesse tudo, menos aquilo.
_ Malfoy é um dominador... – ele falou, pausadamente,
uma advertência clara na voz. – Duvido muito que ele vá
ser submisso de alguém um dia, principalmente seu. Ele
nunca gostou muito de você.

Ele disse essa última frase com cuidado, como se


estivesse com medo de me ofender.

_ Eu sei que ele é um dominador. – eu falei, dispensando


sua advertência. – Eu quero que você me indique para
ele, como submisso.

Zabini arregalou os olhos para mim.

_ Tem certeza? – ele me questionou. – Eu tenho um


submisso, John o nome dele, nós estamos juntos há 3
anos. Ele segue minhas regras, não só na hora do sexo,
mas em tudo. Não me parece muito o perfil de um
homem que derrotou o Lorde das Trevas.

Eu sorri mais abertamente para ele. Me lembrei na hora


do contrato que Christian Gray queria que a moça,
Anastasia, assinasse. Havia coisas como prescrições de
exercícios físicos, alimentação, roupas, comportamento...
Não, eu definitivamente não estava interessado em nada
daquilo. Minha vida ia muito bem obrigado sem um
conjunto de regras para seguir, eu estava muito satisfeito
com a minha independência.

_ Não. – eu concordei. – Não quero ser o submisso de


ninguém como John é o seu. Eu quero apenas uma noite
com Malfoy.

_ Bom, ele vai ficar muito satisfeito. – Zabini riu. – Draco


nunca fica mais do que uma ou duas noites com homem
algum, ele não está procurando um submisso para ter um
relacionamento. Os garotos ficam muito frustrados com
isso, sempre ficam no pé dele.

- Como Julian. – eu ri.

O garoto tinha ficado tão frustrado que tinha feito uma


falsa denúncia ao Ministério da Magia!

_ Exatamente. – Zabini concordou, a irritação que sentia


pelo garoto tingindo a sua voz. – Mas Potter me satisfaça
uma curiosidade, por que você não propôs isso direto a
Malfoy?

A pergunta ecoou na minha mente.


_ Sinceramente? – eu disse, na defensiva. – Não tive
coragem.

_ Nunca achei que ouviria essas palavras da sua boca,


Potter. – ele considerou.

_ Veja bem, eu e Malfoy nunca nos demos bem, eu me


sentiria extremamente constrangido de propor isso a ele.
Mas, se ele simplesmente entrar no quarto e eu estiver
lá, disponível, acho que não vai ser necessária qualquer
conversa sobre o assunto. – eu expliquei minha linha de
raciocínio. – Ele vai saber para que eu estou ali e vai
optar: ou vai em frente ou vai me mandar embora.

_ Entendi. É uma boa ideia, na verdade. – ele disse, a voz


animada. – Eu queria muito ver a cara de Draco quando
ver você ajoelhado no chão como um submisso. Vai ser
no mínimo interessante.

_ Então, vai me ajudar? – eu perguntei ansioso.

_ Claro. – ele concordou. – Vou ligar para ele agora.

Nos últimos anos, os bruxos tinham aderido à tecnologia


trouxa do telefone para uma comunicação rápida e eficaz.
Claro, eram telefones enfeitiçados que funcionavam
através de magia (chamados de Magifones), não através
de cabos e outros equipamentos tecnológicos necessários
aos trouxas.

Zabini discou o número de Malfoy enquanto eu esperava,


levemente ansioso.

_ Oi Draco, sou eu, Blaise. – ele disse. – Eu tenho um


garoto para você.

Eu não conseguia ouvir a resposta de Draco.

_ Não, ele é um bruxo, mas esse é de inteira confiança, eu


te prometo. – Zabini falou.

Draco provavelmente tinha lhe perguntado se era um


garoto trouxa. Agora eu esperava para saber se ele
concordaria em se arriscar e se encontrar outra vez com
um bruxo.

_ Você não vai se arrepender. É uma pessoa que inclusive


há um tempo atrás você me disse que achava muito
bonito.
Sorri internamente por Draco ter dito aquilo, era
excelente, tinha menos chance dele me dispensar. Ele
levou um tempo dizendo algo que não pude identificar.
Até que Zabini voltou a falar:

_ Ainda não vou te contar quem é, é uma surpresa. Ele vai


te esperar no quarto da Mansão hoje às 20h. Quando
você chegar da reunião com seus clientes ele já estará lá.
Avise seus elfos que um convidado chegará antes de você
e que deve ser enviado para o quarto.

Draco perguntou mais uma coisa.

_ Não, ele nunca fez isso. – ouvi Blaise dizer. – Mas fique
tranquilo, vou orienta-lo.

Fiquei um pouco nervoso, não sabia que seriam


necessárias orientações. Zabini se despediu de Draco e
desligou o Magifone.

_ Orientações? – eu questionei. Só o básico, o restante


você poderá conversar diretamente com ele. – Blaise
anotou dois feitiços em um papel e me entregou. – Faça
esses feitiços em si mesmo antes de ir. Quando entrar no
quarto você deve espera-lo nu e ajoelhado. Mantenha
seu olhar baixo, obedeça às ordens que ele te der, não
questione e o chame apenas de “senhor”. Ele vai
conversar com você antes sobre o que você quer ou não
fazer. Além disso, vocês irão definir juntos uma palavra
de segurança, para o caso de você querer interromper a
cena.

Engoli em seco. Será que eu conseguiria? Me ajoelhar e


chamar Draco Malfoy de senhor? Eu já esperava por
aquilo, mas ouvir aquelas prescrições em alto e bom som
tinha feito com que a realidade fizesse meu estômago
revirar. Eu faria mesmo aquilo? Arriscaria uma noite me
submetendo a Draco Malfoy em troca de descobrir o que
afinal eu tanto desejava nele?

Bom, era isso ou passar mais noites sonhando como


corpo dele, como toque dele. Não, eu não ia ter um
desejo platônico por Malfoy, como se eu ainda fosse um
adolescente. Eu não ia passar a vida imaginando como
poderia ter sido se eu tivesse arriscado, se eu tivesse feito
o que eu tinha vontade. Eu era um homem, afinal, já
tinha feito coisas bem mais difíceis do que aquilo.

_ Certo. – eu concordei. – Obrigado, Zabini.

Eu me levantei e me despedi dele, me retirando da sala.


Passei o dia trabalhando na Seção de Aurores, mas com a
cabeça distante, pensando no que aconteceria a noite.
Quando eu cheguei em casa, fui tomar banho e fazer os
feitiços que Zabini tinha me indicado. Quando fiz o
primeiro deles, reparei que todos os meus pelos do
pescoço para baixo Simplesmente desapareceram. O
segundo feitiço não teve nenhum efeito visível, mas o
encantamento tinha resultado em uma sensação
engraçada, como se eu tivesse sido limpo por dentro.

Mil coisas passavam pela minha mente. Parte de mim


estava com receio do que poderia acontecer. Draco
Malfoy nunca tinha gostado muito de mim, como Zabini
tinha feito questão de lembrar. E se ele usasse essa
oportunidade para descontar em mim uma raiva
acumulada desde o tempo da escola? Mas eu afastei esse
pensamento. Eu não estava indo para uma sessão de
tortura. Era só sexo, afinal. E eu poderia simplesmente
me levantar e ir embora, se quisesse. Eu poderia usar a
palavra de segurança e pedir a Draco que parasse, e eu
confiava que ele não fosse fazer algo contra a minha
vontade.

Na hora combinada, eu estava à porta da Mansão Malfoy.


Um elfo doméstico me recebeu e sem fazer quaisquer
perguntas me levou até o quarto no qual eu já tinha
entrado uma vez, um mês atrás.
Com um pouco de nervosismo eu retirei toda a minha
roupa e ajoelhei no chão.

Poucos minutos depois, Draco Malfoy entrou.


CAPÍTULO 3

NARRADO POR HARRY POTTER

_ Harry Potter! – ele exclamou, um leve choque nítido em


sua voz. Não me arrisquei a olhar para cima, embora eu
estivesse morrendo de vontade de ver a expressão em
seu rosto. Eu via apenas a calça preta que ele vestia, e o
começo de seu abdome bem marcado.

_ Olhe para mim. – ele ordenou.

Eu olhei e senti o nervosismo e a excitação me tomarem.


Ele estava nu da cintura para cima, o corpo dele era
maravilhoso: ele não era super musculoso, mas tinha os
músculos do peito e do braço bem definidos, com poucos
pelos de cor clara. A expressão dele era insondável, ele
me encarava com seriedade, como se não entendesse o
que eu estava fazendo ali.

_ Você foi até Zabini pedir por isso? – ele questionou.


_ Sim, senhor. – eu falei, a voz cuidadosamente
controlada.

Chama-lo assim era um pouco excitante, e vi que algo


brilhou nos olhos dele quando eu o fiz.

_ Você está realmente disposto? – ele perguntou


novamente.

Não era um tom de preocupação comigo, mas era como


se buscasse uma espécie de confirmação de que aquilo
era real. Eu assenti com a cabeça. Draco pareceu respirar
fundo, e hesitou por um momento, como se estivesse
tomando uma decisão.

_ Antes de começar, eu gostaria que conversássemos um


pouco. Preciso saber quais são seus limites.

Considerei por alguns segundos a pergunta, antes de


responder. Me tranquilizou que ele quisesse conhecer
meus limites e vontades antes de começarmos qualquer
coisa. Então, ainda ajoelhado no chão, olhando para
Draco Malfoy, eu me forcei a colocar para fora algumas
palavras.
_ Eu não tenho certeza de quais são os meus limites... eu
não gosto muito da ideia de sentir dor, senhor.

_ Certo. – ele disse, sério, franzindo um pouco a testa. –


Sexo oral está tudo bem? Penetração anal?

_ Sim, senhor. – eu respondi, prontamente. Estava mais


do que bem. De certa forma, era o que eu ansiava.

_ A ideia de ser amarrado, algemado ou contido de


alguma forma te desagrada?

_ Não, senhor.

_ Você disse que está desconfortável com a dor. – Draco


disse. – Deixe-me entender isso melhor, você não gosta
da ideia de sentir qualquer nível de dor ou você apenas
não deseja que eu te cause uma dor mais intensa? Por
exemplo, se eu quisesse bater em você, como você se
sentiria a respeito?

_ Não quero nada que envolva sangue ou contusões mais


graves. Acho que está tudo bem algumas palmadas,
coisas que não vão me machucar de verdade.
Algo em seu rosto suavizou, de repente.

_ Não vou machucar você, Harry. – ele disse, como uma


promessa. – Se você precisar parar, pode usar uma
palavra de segurança. Você pode dizer “vermelho” para
interromper a cena, ou “amarelo” para me alertar que
você está chegando próximo a um limite.

_ Sim, senhor. – eu respondi, gravando as palavras na


minha mente. Amarelo e vermelho, tudo bem.

_ Agora, levante-se e erga as mãos. – Draco ordenou.

Eu obedeci imediatamente e ele prendeu meus pulsos


com uma algema. Isso o fez sorrir, pude ver que ele
percebia que eu o obedeceria, era uma comprovação de
que eu estava de fato disposto a fazer aquilo. Ele me
puxou para cima pelas algemas e eu me levantei devagar.
Vi que ele me prendia minhas algemas a uma corrente no
teto. Eu me vi com os braços presos para cima,
totalmente à mercê de Draco Malfoy.

Suas mãos passearam levemente pelo meu corpo,


sentindo a textura da minha barriga, meu peito, meus
ombros. Agradeci por todos aqueles últimos anos no
treinamento para auror que tinham deixado meu corpo
relativamente forte, com os músculos rígidos e bem
marcados. Do contrário eu me sentiria muito
constrangido diante do corpo tão lindo que ele tinha.

Ele foi para trás de mim, passando as mãos pelas minhas


costas, descendo-as para as minhas nádegas e em
seguida para a parte interna das minhas coxas.

Aquele toque íntimo começou a me deixar ofegante e eu


senti meu pênis se enrijecer.

Draco voltou para a minha frente, os olhos azuis intensos


nos meus. Ele se aproximou de mim lentamente, colando
seu corpo na minha pele nua, mordendo com leveza meu
lábio inferior. Eu fechei os olhos. Ele me tomou para um
beijo lento, insuportavelmente lento.

Depois desceu os lábios pelo meu peito, de modo mais


urgente, provando-me, mordiscando meus mamilos,
minha barriga, passando a língua de modo lascivo pelo
meu corpo, até alcançar meu membro. Draco Malfoy
abocanhou meu pênis em um impulso, fazendo-me
gemer com o choque. Ele passou a me chupar de modo
enlouquecedor, me sugando com força, fazendo meu
corpo se arquear de prazer.
Aquilo, no entanto, durou pouco. Logo Malfoy se
levantou. Eu estava ofegante e frustrado por ele ter
parado, fiquei olhando para baixo, tentando controlar
minhas necessidades.

_ Olhe para mim. – ele ordenou. – Quero que você olhe


para mim, que veja tudo o que eu fizer com você.

Estranhei o pedido. Eu havia compreendido que os


dominadores gostavam que seus submissos olhassem
para baixo, em sinal de respeito. Talvez ele soubesse de
alguma forma que, para mim, olhar para ele seria ainda
mais difícil do que olhar para baixo. Olhar para ele
enquanto ele me tocava como se fosse meu dono,
sabendo que eu queria aquilo, era muito mais difícil.

_Sim, senhor. – eu me forcei a dizer, sem deixar de olhar


para ele.

Ele sorriu, com malícia, aprovando a minha reação.

Ele me soltou da corrente que prendia minhas mãos para


cima, e me levou para a grande cama.
_ Quero você de quatro para mim. – ele falou, a voz
rouca.

Eu fiz. Eu faria tudo que ele pedisse. Eu tinha ficado tanto


tempo sonhando com aquilo. Fiquei na posição que ele
pedira, exposto completamente para ele. Senti a mão
dele empurrando meu torso para frente, eu encostei o
peito e o rosto na cama, com o quadril erguido para ele.

Senti as mãos dele abrirem ainda mais minhas nádegas,


expondo a minha entrada. Ele aproximou seu rosto,
lambendo meu orifício.

_ Aaaah. – eu gemi, contraindo-me com o toque.

_ Relaxe. – ele pediu. – Empine-se para mim.

Eu obedeci. Senti novamente a língua dele me tocando e


me obriguei a suportar aquele movimento, que virava
minha cabeça e fazia meu pênis pulsar de excitação,
implorando para ser tocado.

De repente, senti que ele tocava minha entrada com um


dos dedos, que parecia ter sido mergulhado em uma
espécie de gel lubrificante. Um dos seus dedos me
adentrou com leveza.

_ Você é tão apertado. – ele disse, parecendo gostar


daquilo. – Vou precisar resolver isso...

De repente, outro dedo invadiu meu corpo, e senti que


ele movimentava-se para dentro e para fora, me abrindo
aos poucos. Um terceiro dedo forçou passagem para
dentro de mim e eu senti um misto de dor e prazer, meu
corpo ia se dilatando, adaptando-se a invasão de Draco.

Ele retirou os dedos e percebi que ele se levantava da


cama para pegar alguma coisa. Ele voltou com um objeto
na mão, aproximando-se do meu rosto. Era uma espécie
de plugue anal, vermelho, com a ponta mais fina, mas
que aumentava sua grossura mais abaixo. Arregalei os
olhos com aquilo, sentindo um certo nervosismo.

_ Chupe. – ele colocou o objeto na frente da minha boca.


– Vamos, não fique envergonhado, é da cor da grifinória.

Suportei aquela provocação, e coloquei o plugue na boca,


chupando-o, deixando-o molhado de saliva.
_ Muito bem. – ele disse, em aprovação.

Ele foi para trás de mim, o rosto novamente perto das


minhas nádegas.

_ Agora quero que você pisque para mim. – ele disse,


tocando minha entrada com a mão, indicando onde
queria que eu piscasse.

Eu contrai meu ânus e depois relaxei, fazendo isso


algumas vezes seguidas. Ele começou a pressionar o
objeto contra o meu corpo, e eu me sentia rasgar, abrir-
me completamente para ele. Respirei fundo, tentando
relaxar e aguentar a dor que me preenchia. Quando a
parte mais grossa do plugue entrou para dentro de mim,
eu gritei.

_ Puta que pariu. – deixei escapar.

_ Isso mesmo. – ele falou, se afastando alguns


centímetros de mim para olhar.

Suas mãos foram na direção do meu pênis, masturbando-


me com calma, fazendo meu corpo se contrair de
excitação ao redor daquele plugue. Aos poucos a dor foi
cessando. Ele começou a retirar o plugue de mim
devagar.

_ Quando eu tirar ele todo, quero que você continue


piscando. – ele ordenou.

Ele tirou e eu continuei a contrair e relaxar meu orifício,


agora muito mais dilatado e um pouco dolorido.

_ Assim. – ele aprovou. – Você é uma delícia, Potter.

Ele tocou novamente meu ânus com o objeto, forçando


para dentro. Mas rapidamente retirou e eu voltei a piscar
para ele. Ele fez isso mais uma vez, e depois mais outra,
enfiando e retirando o plugue de mim, vendo meu corpo
se abrir. Até que ele parou e virou meu corpo na cama, e
eu fiquei de barriga para cima. Ele ergueu minhas pernas,
expondo minha entrada.

_ Eu queria brincar mais, mas preciso muito comer você


agora. – ele falou, olhando nos meus olhos. – Seu cu já
está pronto para mim?

Aquela pergunta me fez arrepiar. Eu me sentia dele


naquele momento, queria que ele me tomasse, que
possuísse meu corpo. Eu não podia desviar os olhos dele,
ele tinha ordenado que o olhasse. Eu me senti enrubescer
de constrangimento. Eu sabia que ele tinha feito aquela
pergunta para me provocar.

_ Sim, senhor. – eu falei, em voz baixa.

Ele desabotoou a calça, retirando-a junto com a cueca,


expondo sua enorme e rígida ereção. Percebi que ele
estava muito excitado, seu pênis já estava lubrificado pelo
pré-gozo. No entanto, ele passou ainda uma nova
quantidade de gel lubrificante, antes de começar a me
penetrar.

Senti Draco Malfoy me invadindo centímetro por


centímetro, os olhos presos no meu rosto, até me
preencher completamente. Ele era maior do que eu
pensava e meu corpo lutava para se adaptar a ele.

Novamente eu fui tomado de uma sensação dupla de dor


e prazer.

_ Você fica perfeito sendo fodido. – ele comentou, um


sorriso safado no rosto.
Merlin, eu ia morrer de tesão. Draco começou a
movimentar-se para dentro de mim, cada vez mais forte,
cada vez mais rápido, abrindo passagem dentro do meu
corpo. Eu gemia, sem conseguir me conter, a cada
estocada ele batia na minha próstata, inundando-me de
prazer.

_ Abra os olhos. – ele ordenou, quando os fechei sem


nem perceber.

Ele continuou me fodendo, penetrando-me com força,


preenchendo meu corpo, até que finalmente tocou meu
pênis. Não aguentei nem cinco segundos depois que ele
começou a massagear meu membro, e gozei em sua mão,
o corpo todo tremendo e se contraindo de prazer.

Ele pegou dois dedos molhados com o meu gozo e os


introduziu na minha boca, fazendo-me lamber, chupar,
sentindo meu próprio gosto. Eu chupei seus dedos
obedientemente, enquanto sentia meu ânus se contrair
ao redor do membro de Draco, que ainda me penetrava
sem piedade, entrando e saindo. Até que eu senti seu
jato quente me invadir e percebi que ele gozava dentro
de mim.
Quando acabou, eu sentia que meu corpo não podia
aguentar mais, mas Draco Malfoy ainda tinha ideias para
mim. Ele se sentou na beirada da cama e me disse para
levantar. Eu me ergui e fiquei em pé de frente para ele.

_ Agora vire-se e abra-se bem para eu colocar de novo o


plugue. – ele ordenou.

De novo? Eu hesitei. Será que eu aguentaria mais


daquilo? Eu respirei fundo e me virei, abrindo as nádegas
com as mãos, expondo-me para ele. Senti que o plugue
novamente me invadia, mas dessa vez entrou sem
qualquer esforço, pois eu já me encontrava
completamente aberto.

_ Agora deite-se sobre as minhas pernas. – ele disse.

Eu me deitei de bruços sobre as pernas dele, minhas


pernas apoiadas de um lado do seu corpo e minhas mãos
quase tocando o chão do outro lado.

Ele desferiu um tapa na minha nádega direita, fazendo-


me arquejar. Ele esperou que eu me recuperasse do susto
e desferiu novamente um tapa, dessa vez na nádega
esquerda. Recebi mais um tapa forte em cada uma das
minhas nádegas. Em cada um deles eu gemi. Ele não me
batia com violência, os tapas que ele me dava eram muito
mais sensuais do que dolorosos.

Quando ele parou, eu estava em êxtase.

_ Levante-se. – Draco ordenou. – Vá até aquela cadeira ali


e se sente.

Eu caminhei sentindo o incômodo do plugue em meu


interior. Sentei-me na cadeira estreita, com uma perna
para cada lado. Estar sentado naquela posição fazia com
que o plugue se enterrasse ainda mais em mim, e Draco
sabia disso. Ele andou em minha direção devagar, sem
tirar os olhos dos meus, até se abaixar entre minhas
pernas. Meu pênis já estava duro novamente e Draco o
colocou na boca, chupando-o deliciosamente.

Ele era extremamente habilidoso, seus lábios e língua me


castigavam, fazendo-me gemer e tremer de tanto tesão.

Eu nem acreditava que depois de tudo aquilo eu ainda


gozaria mais uma vez. O plugue dentro de mim
massageava minha próstata, intensificando as sensações.
Draco começou a me chupar com mais força quando
percebeu que eu estava ainda mais ofegante, e então
cheguei enfim ao orgasmo nos lábios daquele homem,
que engoliu até a última gota de mim.

Minhas pernas tremiam quando ele me mandou levantar,


retirando o objeto do meu interior. Eu estava
completamente exausto, e mais satisfeito do que eu
jamais estivera na vida. Draco olhava para mim com olhos
intensos, conforme vestia novamente sua calça. Entendi
aquilo como uma deixa, para eu me vestir. Caminhei em
direção das minhas roupas, e como ele não apresentou
qualquer objeção, as coloquei rapidamente.

Eu coloquei a mão na maçaneta abri a porta, sentindo seu


olhar sobre mim. Antes de sair, me virei para ele.

_ Valeu muito a pena, Malfoy. – eu disse, com malícia.

Vi seu rosto surpreso por eu ter dito aquilo. Então eu


sorri, sentindo um prazer estranho por ter sido capaz de
chocar Draco Malfoy. Sem dizer mais nada, sai do quarto,
descendo rapidamente as escadas e deixando a Mansão.
CAPÍTULO 4

NARRADO POR DRACO MALFOY

Vários minutos depois de Harry Potter ter ido embora, eu


ainda estava sentado na cama, tentando entender o que
tinha acabado de acontecer. A visão dele em pé de frente
para porta, dizendo que tinha valido a pena, não saia da
minha mente.

Quando Zabini me ligou naquele dia, eu fiquei satisfeito


dele ter entrado em contato. Eu estava precisando
mesmo aliviar as tensões. Estava com um caso difícil para
defender e o julgamento seria em poucas semanas, além
disso, não tinha estado com ninguém desde Julian, o que
já fazia mais de um mês. Eu realmente precisava de uma
noite de sexo intenso e despreocupado para relaxar.

Relaxar, no entanto, era tudo que eu NÃO tinha


conseguido com aquela noite. Nunca, em nenhum
momento em toda minha vida eu já tinha sequer
imaginado Harry Potter ajoelhado no chão de um quarto
de BDSM como um submisso. Potter era a pessoa menos
submissa que eu conhecia, sempre rebelde e subversivo.
As memórias que eu tinha dele me invadiam enquanto eu
pousava meu rosto nas mãos, tentando raciocinar. A
primeira lembrança que me veio foi no primeiro ano, me
enfrentando para proteger Neville Longbottom na nossa
primeira aula de voo. Eu era um menino bastante
mimado e sem qualquer conhecimento da dura realidade
do mundo, naquela época. Eu queria muito exibir o fato
de eu já saber voar, mas no final fora Potter, que nunca
tinha usado uma vassoura, que tinha se sobressaído e
ainda por cima fora escolhido para ser apanhador aos 11
anos de idade.

Mas a personalidade de Potter nunca tinha me


impressionado tanto quanto no quinto ano. Ele tinha sido
ridicularizado perante o mundo bruxo, taxado como um
mentiroso, um adolescente problemático que queria
chamar atenção; mas ele estava certo, o Lorde das Trevas
tinha mesmo retornado. Potter tinha mesmo lutado com
o bruxo mais perigoso de todos os tempos. Ele tinha
enfrentado a todos, se mantido de pé, insistido na sua
versão da história, encarando as punições de Umbridge,
os desmandos do Ministério, os assaltos a sua mente
feitos pelo Lorde das Trevas (dos quais eu soubera por
meu pai).
Depois, tudo que eu me lembrava dele era de Potter
lutando, Potter de queixo erguido, Potter me salvando do
fogo na Sala Precisa, Potter derrotando Voldemort.
Potter... a pessoa mais forte, mais íntegra que eu já tinha
conhecido na vida. E a menos submissa. O que tinha
levado ele a fazer aquilo?

Eu olhei para os lençóis com a cabeça dando voltas. A


visão de Potter ali, deitado comigo, dividindo todo aquele
prazer, era vívida em minha mente. Eu ainda sentia o
cheiro dele na cama, fazendo meu corpo se arrepiar,
lembrando-me do tesão enlouquecedor que eu senti em
dominá-lo, possuí-lo, ver ele me obedecer, reagir aos
meus toques, assistir ao seu prazer, seus gemidos, seus
orgasmos.

Me levantei, respirando fundo. Meu corpo já começava a


dar sinais de excitação. Saí do quarto e desci as escadas,
na direção da sala de estar. Decidi telefonar para Zabini.
Ele poderia ter alguma resposta, alguma pista. Disquei
seu número no Magifone e aguardei que ele me
atendesse.

_ Draco. – ele disse, me atendendo no terceiro toque.


Claro que o desgraçado já estava esperando minha
ligação.

_ Blaise. – eu respondi.

_ Como foi? – ele perguntou, a voz cheia de curiosidade.


– Ele foi até o fim?

_ Foi. – eu me limitei a dizer.

_ Eu imaginei mesmo que iria. – Blaise falava com


admiração. – Potter é um homem muito determinado.

_ Por que você não me contou? – eu questionei. – Por


que não me disse que era ele?

Havia certa irritação na minha voz.

_ Potter estava sentado à minha frente quando eu te


liguei. Ele tinha dito que não queria uma conversa sobre o
assunto com você, então achei melhor não contar. –
Blaise explicou. – Ele disse que quando você chegasse no
quarto e ele estivesse lá, você simplesmente iria em
frente ou iria manda-lo embora.
_ Ele disse isso? – eu estava impressionado.

_ Disse. – ele confirmou. – Embora eu tenha achado um


pouco ingenuidade da parte dele acreditar que existia a
possibilidade de você manda-lo embora. Nem que fosse
apenas para compensar toda a irritação que você sentiu
por ele em todos os anos em Hogwarts, ainda me lembro
de você reclamando de Potter no dormitório da
sonserina.

_ Apenas isso não bastaria. – eu ponderei. – Eu não teria


feito com Weasley, por exemplo, por mais que ele tenha
me irritado na época da escola.

Meu corpo se arrepiava de asco ao imaginar a pavorosa


visão de Ronald Weasley nu.

_ Ah... mas você e Potter tinham muita tensão sexual


acumulada. – a voz de Zabini era maliciosa. – Você já
tinha elogiado os dotes físicos dele quando ele esteve na
Mansão para averiguar a denúncia do Julian.

_ Isso é verdade. – eu tinha que admitir, ele estava


certíssimo nas suas afirmações. – Mas eu quero saber... o
que exatamente ele te disse? Ele falou porque me
procurou?

_ Sabia que você estaria interessado. – ele comentou,


com astúcia. – Eu te conto tudo que sei se você me der
detalhes de como foi.

Nada vinha de graça com Zabini. Mas anos na sonserina já


tinham me deixado acostumado com esse tipo de coisa.

_ O que você quer saber? – eu perguntei, ríspido.

_ Ele seguiu as regras? Ele chegou a dizer alguma coisa?


Você gostou dele? – ele questionou, interessadíssimo.

_ Ele foi um perfeito submisso. – eu falei, porque era


verdade. Em nada Potter perdia para os outros homens
com quem eu estivera em termos de seguir regras e se
comportar como um submisso. – Ele não chegou a dizer
nada, quando acabou ele se vestiu e foi embora.

Omiti a parte que ele tinha dito que tinha valido a pena,
não queria admitir que aquela frase estava me deixando
louco.
_ E eu gostei dele. – me limitei a dizer. – Quero que ele
venha outra vez.

Talvez se Zabini dissesse isso a Potter, ele viria de novo.

_ Não sei se ele está interessado. – Zabini disse, com


cuidado.

_ O que afinal ele te disse? – eu questionei. Precisava


desesperadamente que Blaise parasse de me enrolar e
fosse direto ao ponto.

_ Bom, ele veio até meu Departamento, pediu para ter


uma conversa particular. Ele foi muito educado todo
tempo, começou a dar a entender que estava curioso em
experimentar práticas BDSM, e que você tinha dito a ele
que eu te indicava parceiros sexuais. Inicialmente achei
que ele fosse querer que eu indicasse mulheres a ele, mas
ele falou que não só não estava interessado em mulheres,
como não queria um submisso. – ele falava.

A cena era difícil de imaginar.

_ Ele disse que queria um dominador? – eu perguntei.


Não conseguia imaginar Potter pedindo aquilo. Mas
enfim, eu não imaginava que Potter seria capaz de fazer
nada que tinha feito naquela noite.

_ Não exatamente, ele pediu que eu o indicasse


especificamente para você. – ele falou. – Mas ele também
falou que queria apenas uma noite.

Eu não tinha conseguido entender afinal porque ele tinha


procurado Zabini para pedir aquilo. Eu não sabia porque
Harry Potter tinha decidido me esperar ajoelhado em um
quarto na minha casa.

O que eu sabia é que aquela tinha sido a melhor noite de


toda a minha vida. Por Merlin, eu nunca tinha sentido
tanto prazer. Normalmente, uma ou duas noites com a
mesma pessoa costumavam bastar para que eu me
desinteressasse, mas Potter só tinha me deixado
querendo mais.

_ Draco? – Blaise chamou, estranhando meu silêncio.

_ Eu quero que ele seja meu. – eu ouvi as palavras saindo


da minha boca, me impressionando com a verdade
daquilo.
_ Tão bom assim é? – ele deu um risinho. – Boa sorte...

Ele disse aquilo com ironia.

Como eu, Zabini devia imaginar que Potter não ia desejar


se comprometer com uma relação sub/dom. Mas ainda
assim eu o queria, desejava tê-lo em minha cama sempre
que desejasse, embora essa fosse uma vontade que
dificilmente se realizaria. Mas se ele se dispusesse a vir
pelo menos mais uma vez... eu já me daria por satisfeito.

-/-

Uma semana se passou e eu ainda não tinha procurado


Harry Potter. Eu tinha decidido esperar alguns dias, para
não parecer que estava desesperado para encontra-lo de
novo (embora houvesse nisso um fundo de verdade).

Eu estava, também, muito focado em um caso muito


sério que eu estava defendendo. Era uma mulher com
cerca de 30 anos esposa de um bruxo partidário do Lorde
das Trevas – minha cliente se chamava Katherine e seu
marido era Richard Mehothewn, herdeiro único de uma
antiga e rica família bruxa. Ele não chegava a ser um
comensal da morte, mas tinha passado informações que
ajudaram o Lorde das Trevas, então tinha sido condenado
a 6 anos em Azkaban.

No último mês ele tinha sido solto, porém, minha cliente


Katherine já tinha refeito sua vida e se envolvido com um
outro homem. Quando Mehothewn foi libertado após
cumprir sua pena, não ficou nada feliz com a situação,
recusou o divórcio e começou a ameaça-la. Com medo,
Katherine buscou proteção do Ministério e entrou com
um processo contra Mehothewn, para conseguir se
divorciar e garantir sua segurança.

Era um caso difícil, pois Mehothewn era muito rico e


tinha muitos conhecidos no Ministério, tinha subornado
muita gente, razão pela qual só passara 6 anos em
Azkaban enquanto outros partidários do Lorde das Trevas
ainda apodreceriam por muitos anos na prisão, mesmo os
que nunca receberam a Marca Negra. Para piorar, no dia
anterior eu tinha recebido no meu escritório algumas
cartas contendo ameaças por estar defendendo
Katherine. Notifiquei o Ministério, e naquele dia de
manhã o chefe da Seção de Aurores tinha me ligado,
dizendo que cuidariam da minha proteção, e pedindo
para que eu os avisasse de meus movimentos.

Eu conhecia Mehothewn o suficiente para saber que ele


era capaz de coisas horríveis. Mas poderia ter jurado que
ele não seria capaz de me atacar em um local público,
afinal isso destruiria a sua reputação. Portanto, resolvi ir
até o Beco Diagonal, despreocupadamente, em um
horário livre no meio da tarde, no qual eu não tinha
nenhuma reunião marcada.

Eu precisava ir à botica comprar mais poção para dormir.


As minhas doses tinham terminado e desde o fim da
guerra eu não conseguia dormir sem o auxílio de uma
poção. Caminhei pelo beco com certa tranquilidade, havia
poucas pessoas pelas ruas, pois fazia um dia chuvoso e
frio.

Quando me aproximei da loja comecei a perceber uma


movimentação estranha atrás de mim, percebi que estava
sendo seguido por quatro homens que eu conhecia de
vista, do círculo de conhecidos do meu pai. Um deles, eu
reconheci de longe, era Mehothewn. Merda! Pelo jeito
ele era louco o suficiente para tentar alguma coisa em
plena luz do dia, no Beco Diagonal. E eu nem sequer tinha
avisado os Aurores, tinha achado que era só uma visita
rápida à botica e que não havia necessidade.

Entrei na Floreios e Borrões, que era a loja mais perto de


mim, por impulso, visando despistar os meus
perseguidores. Mas não havia ninguém na loja além de
uma mocinha que trabalhava como vendedora. Era um
péssimo sinal, eu tinha escolhido uma loja vazia. Eu
estaria mais seguro em um local mais movimentado.
Quando me virei para sair da loja, no entanto, os quatro
homens já adentravam, e o último trancou a porta atrás
de si.

_ Ora, ora, se não é o traidor do sangue Draco Malfoy. –


Mehothewn disse. – Lúcio deve estar se revirando no
túmulo.

Os quatro empunharam a varinha na minha direção. Eu


não tinha a menor chance de me defender contra eles
quatro. A vendedora estava estática, olhando a cena
relativamente de longe, parecendo indecisa sobre se
deveria se aproximar e entender o que estava
acontecendo.

Um deles avançou para mim, me segurando, arrancando


a varinha da minha mão; enquanto Mehothewn segurou
meu queixo com a mão forçando-me a olhar para ele.

_ Você vai ficar fora disso. – ele me intimou. – Não vai


defender aquela vadia no julgamento. Entendeu?

_ Não. – eu disse, em um impulso.


Depois me puni mentalmente. Eu deveria ter fingido
concordar, era péssima ideia bater de frente com aqueles
quatro sozinho em uma livraria.

Mehothewn aproximou a varinha do meu pescoço e eu


esperei pela maldição que viria. Mas quase que
imediatamente vi um pé passar pela minha frente,
chutando longe a varinha de Mehothewn.

Olhei para o lado, era Harry Potter que tinha se


materializado magicamente ao meu lado.

Potter petrificou Mehothewn com um feitiço, o bruxo


que me segurava me jogou violentamente no chão, e eu
bati a cabeça com força em uma estante, sendo atingido
por vários exemplares de um grosso livro de História da
Magia. Tonto pela batida, tentei levantar a cabeça e olhar
para Potter.

Ele lutava com os três bruxos que restaram de forma


impressionante. Era um exímio duelista, o mais talentoso
que eu já tinha visto. Os três lançavam maldições de
forma incessante contra Potter, que as bloqueava com
maestria. Ele estuporou o bruxo que me empurrara
contra a estante, e ele caiu inconsciente no chão.
Os dois outros já percebiam que sozinhos não seriam
páreo para o Eleito, um deles tentou sair correndo porta
a fora, mas Potter o fez cair com um feitiço petrificante.
Restou apenas um, que se vendo sozinho, largou a
varinha e levantou as mãos em sinal de rendição.

Potter lançou nos quatro um feitiço que algemava


magicamente os pés e as mãos, confiscando suas
varinhas, a fim de ter certeza que o perigo tinha passado.
E então, correu para mim, ajoelhando no chão ao meu
lado.

_ Você está bem? – seu tom era preocupado.

Ele tocava meus braços, meu rosto, procurando sinais de


ferimentos.

_ Estou bem. – eu disse debilmente. – Me sinto um pouco


tonto.

_ Você bateu a cabeça, há um corte em sua testa. – ele


disse, segurando meu rosto.
Ele lançou um feitiço de primeiros socorros, estancando o
ferimento. Minha cabeça latejava. Eu sentia uma vontade
imensa de dormir. Deixei meu corpo cair de lado e fechei
os olhos.

_ Não, não durma. – ele ergueu meu corpo nos braços. –


Você bateu a cabeça, precisa ficar acordado.

Neste momento, a vendedora da loja achou que já estava


segura e veio na nossa direção. Eu a tinha visto abaixada
atrás de outra estante, apavorada, quando fui jogado no
chão. Agora a mocinha veio rapidamente e ajudou Potter
a segurar meu corpo erguido.

Harry lançou um patrono, vi um cervo prateado


atravessar a loja, ele lançava uma mensagem para o chefe
dos Aurores, para que ele viesse imediatamente, com
reforços. Menos de um minuto depois quatro aurores
adentravam a Floreios e Borrões.

_ Malfoy foi seguido. – ele explicou. – Eles o encurralaram


aqui, o ameaçaram para que ele não defendesse
Katherine. Eu o estava seguindo com a capa de
invisibilidade.
_ Mehothewn. – disse um dos aurores, se aproximando
do corpo petrificado do bruxo.

_ Vamos levá-los para a Seção de Aurores. – O auror


chefe ordenou. – Parabéns Auror Potter, eles eram
muitos, até mesmo para você. Vi Potter ruborizar com o
elogio.

Ele realmente tinha sido incrível. Era um bruxo sem igual,


ele tinha duelado de um modo que eu nunca tinha visto
antes.

_ Eu vou levar o Malfoy, encontro vocês lá. – Ele falou. –


Chamem um medibruxo.

_ Não é preciso. – eu falei, fracamente.

Harry Potter me ignorou por completo. Vi os quatro


aurores aparatarem, cada um com um dos bruxos
imobilizados.

Ele ergueu meu corpo, me colocando de pé. Ele passou os


braços ao redor da minha cintura. Eu sentia que
começava a recuperar o equilíbrio.
_ Segure-se em mim com força. – ele pediu. – Você não
está bem, não quero que corra o risco de estrunchar.

Me agarrei nele, preparando-me para a aparatação. Em


poucos segundos, senti que meu corpo deixava a Floreios
e Borrões e eu adentrava um pequeno escritório, no
Ministério da Magia.

_ Onde estão os outros? – eu perguntei, me referindo aos


aurores e aos bruxos capturados.

_ Os aurores estão levando os homens que te agrediram


para as salas de interrogatório, elas são completamente
seguras, não se pode fugir delas. – Harry me explicou. – A
essa altura alguém já estará notificando o chefe do
Departamento de Execução das Leis da Magia, para que
eles possam aguardar julgamento em Azkaban.

_ Isso vai fazer com que a vitória de Katherine no


julgamento seja certa. – eu comentei. – Nunca pensei que
Mehothewn pudesse ser tão idiota.

_ Mehothewn está ensandecido, ele perdeu muito de sua


capacidade de raciocinar com clareza durante esses anos
em Azkaban. – ele comentou. – Os outros três homens
são mercenários, ele tinha dinheiro o suficiente para
convencer alguns bruxos a se juntar a ele.

Naquele momento um medibruxo adentrou a sala. Ele me


examinou e fez alguns feitiços que fecharam
completamente o corte em minha cabeça e me fizeram
me sentir muito melhor. Harry Potter não saiu do meu
lado em momento nenhum, e não deixou o medibruxo ir
embora até que o homem garantisse em alto e bom som
que eu ficaria bem.

Eu me senti estranho com aquele gesto. Ele me encarava


de forma tão protetora, seus gestos e seu tom eram
cuidadosos e preocupados. De alguma forma, eu gostei
daquilo. Eu estava por conta própria a tanto tempo, era
estranho sentir esse tipo de ligação com alguém.

Ele só está fazendo isso porque é o trabalho dele, ele é


um Auror, eu tentava raciocinar. Não podia me deixar
envolver tão rapidamente com ele.

Tentei me concentrar quando um funcionário do


Departamento de Execução das Leis da Magia veio colher
meu depoimento sobre o que havia acontecido. Potter
saiu do escritório, me deixando sozinho com o homem.
Eu respondi às perguntas a respeito de como tinha sido
atacado, e deixei uma declaração escrita do ocorrido.

Tão logo terminei meu depoimento, fui liberado.

Saí da sala, e para minha surpresa, Potter estava parado


no corredor, me aguardando. Ele deu dois passos rápidos
na minha direção, colocando uma mão displicentemente
no meu ombro.

_ Como você está se sentindo? – ele perguntou, os olhos


repletos de algum sentimento que não pude identificar.

_ Bem, foi por pouco, mas graças a você não chegou a


acontecer nada mais grave. – eu falei, em tom de
agradecimento.

_ Quando você pega casos que te põe em risco assim,


tem que seguir as orientações dos aurores, tudo bem?
Você deveria ter avisado que iria ao Beco Diagonal. – ele
falou com seriedade, mas sua voz estava calma, quase
terna.

_ Como você soube? – eu perguntei, com curiosidade.


_ Eu sabia que você não ia querer nos notificar sobre cada
um dos seus passos, você é teimoso demais para isso. –
ele deu um pequeno sorriso. – Então eu resolvi cuidar de
você de perto, estava te seguindo desde que saiu do
escritório.

Eu senti algo estranho em meu peito com aquelas


palavras. De certa forma ele me conhecia, sabia o que
esperar de mim, e tinha se preocupado, tinha zelado pela
minha segurança.

_ Potter. – eu o encarei com os olhos intensos. – Eu quero


você outra vez.

Eu disse aquilo em um impulso. Ele estava tão perto, seu


cheiro me inebriava. Parecia que nunca tínhamos estado
tão próximos como naquela tarde.

_ O quê? – ele se sobressaltou com a mudança brusca de


assunto.

_ Eu quero que você volte àquele quarto, na Mansão. –


eu disse, com todas as letras, como uma ordem. – Quero
que você esteja lá às 19h. Meus elfos vão receber você,
como da outra vez
Ele me olhava como se eu tivesse enlouquecido, os olhos
levemente arregalados. Ao que parece, Potter não
esperava que eu retornasse àquele assunto, que eu
pedisse a ele para vir até mim novamente.

_ Eu te encontro no quarto. – eu disse, me afastando


dele. – Se você me quiser também...

E me virei de costas para ele, indo embora. Tinha sido a


minha vez de deixa-lo sem palavras.
CAPÍTULO 5

NARRADO POR DRACO MALFOY

Eu entrei no quarto de BDSM às 19h15.

_ Parece que você me quer também. – eu disse ao


encontrar Potter ali de novo, de joelhos como um
submisso.

Eu mal conseguia acreditar que Harry Potter estava


fazendo aquilo outra vez. Por Merlin, normalmente os
homens que vinham até mim era pessoas submissas de
fato, mas sem dúvida Potter não tinha uma única célula
submissa em seu corpo. Eu tinha visto ele duelar de
forma sobre humana com os homens que tinham me
atacado naquela tarde, ele lutara com três bruxos ao
mesmo tempo, sem qualquer dificuldade. Depois, tinha
me arrastado para o Ministério, agido de forma
completamente protetora em relação a mim.

E agora estava ali, ajoelhado aos meus pés, submetido,


pronto a aceitar qualquer coisa que eu fizesse com ele.

_ Sim, senhor. – ele respondeu, submisso.


Ele me olhava, conforme eu tinha ordenado na última
vez. Normalmente eu ordenava que meus submissos
olhassem para baixo, mas com Potter eu preferia assim,
algo nos olhos dele me excitava demais.

_ Por quê? – eu quis saber. Estava curioso demais para


deixar passar. Eu precisava saber o que tinha levado
Potter até mim.

_ Senhor? – ele perguntou, respeitosamente, como se


não esperasse a pergunta.

_ Eu quero que você me diga por que pediu a Zabini para


vir aqui na semana passada. – eu falei, olhando para ele
de cima. – E quero que me diga porque quis vir de novo.

Eu estava decidido a ver respondidas todas as perguntas


que me tiraram a paz na última semana. Vi ele respirar
fundo, Como se tentasse se acalmar para responder.

_ Quando eu estive aqui no mês passado e vi esse quarto,


vi o senhor depois de tantos anos, eu não consegui parar
de pensar. Eu sonhava com isso de noite, eu desejei o
senhor. Então eu pesquisei um pouco sobre esse tipo de
sexo, eu fui a um desses clubes com a minha capa da
invisibilidade, vi coisas lá que eu aceitaria fazer, outras
não. Mas eu te queria, então procurei Zabini e decidi
arriscar. – ele falou, a voz calma. – O senhor me deu
muito prazer, e por isso eu voltei.

Meu pênis se apertava violentamente na minha calça


depois daquela explicação. Eu sabia bem o tipo de coisa
que se podia ver nesses clubes, alguns dominadores eram
também sádicos, tinham prazer em causar dor, faziam
algumas coisas que machucavam, puniam seus
submissos. Eu não tinha interesse em nada daquilo, eu só
gostava da dominação sexual.

Mas Potter não sabia disso, ele não sabia se quando


chegasse aqui eu iria querer machuca-lo ou não. Mas
ainda assim ele veio, deixou-me conversar com ele sobre
seus limites e confiou que eu não faria nada que ele não
desejasse. Blaise havia me informado que Harry não era
um praticante de BDSM, mas ainda assim, ele tinha me
desejado o suficiente para arriscar. E mais: tinha gostado
tanto da última vez que tinha voltado.

_ Então, você realmente nunca tinha feito nada parecido


antes? – eu quis confirmar o que meu amigo tinha me
dito.
_ Não, senhor. – ele falou.

_ Você já ao menos tinha transado com um homem?

_ Não, senhor. – ele falou de novo, com simplicidade.

E uma espécie de possessão me invadiu por ter sido o


primeiro homem a tocar Harry Potter.

_ Nós nunca nos entendemos, em Hogwarts a gente se


odiava. – eu falei. – Você não sentiu medo que eu fosse
horrível com você? Que eu sentisse a necessidade de me
vingar por algo do tempo da escola?

_Sim, senhor. – Potter respondeu, uma ruga de


preocupação se formando em seu rosto.

Acariciei seu cabelo para apaziguá-lo, eu não queria fazer


mal nenhum a ele, embora houvesse uma espécie de
prazer secreto em ver justo Potter submetido a mim
daquela maneira. O Santo Potter, o heroizinho da
Grifinória, o Eleito, o Salvador do Mundo Bruxo - como o
chamavam agora.
_ E mesmo assim você arriscou. – eu comentei, não era
uma pergunta. – você sempre foi estupidamente
corajoso.

Em qualquer outra instância, ele teria respondido a


provocação. Ali, vi Potter lutar para controlar a expressão
e permanecer em silêncio.

_ Eu vejo você tentando resistir à vontade de me


responder. – eu sorri para ele, sarcástico. – Por tudo que
conheço de você, depois de tudo que passamos hoje à
tarde, é mais do que óbvio que você não é nenhum
submisso, Potter. Você não está procurando um
dominador, não deseja ser como aquele garoto John, o
submisso de Zabini.

Ele permaneceu em silêncio.

_ Estou errado? – eu forcei uma resposta da parte dele.

_ Não, senhor. Está certo em tudo que disse. – ele


respondeu, com simplicidade. – Mas entre as paredes
desse quarto quero ser seu submisso.

Minha ereção já me incomodava horrores.


_ Eu quero estabelecer um acordo com você, Potter. – eu
falei, um pouco chocado com sua declaração. – Mas não
aqui, não agora. Por enquanto, preciso perguntar
algumas coisas. Você está bem com a ideia de ser
vendado?

_ Sim, senhor. – ele respondeu prontamente.

_ Tudo bem. – eu sorri pra ele. – Eu sei que nós já usamos


um plugue na última vez, mas ainda quero perguntar:
você está bem com o uso de qualquer tipo de brinquedo
anal?

Ele ponderou um pouco sobre a pergunta, antes de me


responder.

- Eu não acho que estou pronto para algo muito grande,


senhor.

_ Também não acho que você esteja. – eu o tranquilizei.

E então olhei pra Harry, e me senti no limite. Eu o queria


como nunca tinha desejado homem nenhum em minha
vida. O corpo dele era perfeito, os músculos bem
desenhados, Potter tinha se tornado um homem
maravilhoso. Ele ali, ajoelhado no chão, me chamando de
senhor... eu estava tão duro que não podia mais
continuar só conversando com ele.

Eu desabotoei a minha calça com rapidez, retirando-a.

_ Me chupe. – eu ordenei, acariciando o cabelo dele com


cuidado.

Agora eu sabia que Potter nunca tinha feito aquilo, mas vi


ele obedecer sem hesitação, um sorriso de satisfação no
rosto como se tivesse esperado muito para poder fazer
aquilo. Quando ele abocanhou meu pênis com gosto, eu
percebi que ele realmente queria me chupar, e isso me
deixou ainda mais excitado, se é que aquilo era possível.

Ele me chupou deliciosamente, sem qualquer pudor,


abrindo espaço entre seus lábios para mim. Eu via ele
engasgar encantadoramente quando meu pênis batia em
sua garganta, mas isso não o fazia se afastar. Comecei a
movimentar-me para frente, fodendo aquela boca
deliciosa. Meu corpo começou a dar sinais de que meu
orgasmo estava vindo, então me retirei de dentro da boca
dele.
Eu me afastei levemente.

_ Abra a boca. – ele obedeceu imediatamente.

Eu massageei meu membro por alguns segundos e logo


gozei, vendo meu sêmen se espalhar na boca de Potter,
escorrer pela sua bochecha e seu pescoço. Ele engoliu
tudo o que pôde. Puxei o corpo dele para cima e o colei
no meu, ele estava completamente duro, excitado por
termos feito aquilo.

Eu juntei meus lábios aos dele com ânsia e mergulhamos


em um beijo glorioso, com gosto de saliva, gozo e
excitação. Ele me respondia com urgência, querendo mais
de mim, e eu dava tudo o que ele pedia, explorando sua
boca com a língua, chupando seus lábios, mordendo-os,
até que a boca dele estivesse avermelhada pelo beijo.

Quando afastei nossos lábios Potter me encarou com


seus lindos olhos verdes, eles estavam febris, havia um
fogo incontido ali dentro. Ele ofegava, os lábios inchados
entreabertos, sua ereção forçava-se contra o meu corpo.

_ Potter, você aprende rápido... – eu suspirei, referindo-


me ao incrível boquete que ele tinha realizado. Nem
parecia que ele jamais tinha feito aquilo.
_ Senhor, posso pedir uma coisa? – ele me disse,
inseguro.

Era importante que eu soubesse o que ele desejava,


mesmo que fosse minha decisão atende-lo ou não. Uma
relação entre um submisso e um dominador, mesmo que
fosse apenas sexual, precisava ser sempre de confiança,
eu precisava confiar que ele me diria se fosse demais para
aguentar, se ele quisesse que eu parasse.

Eu queria que ele viesse de novo, meu desejo por Potter


era latente, eu não queria correr riscos de ultrapassar
seus limites e afastá-lo.

_ Eu quero que sempre peça o que deseja, Potter. – eu


falei para ele. – Embora eu nem sempre vá atender. Mas
se não gostar de algo, você precisa usar as palavras de
segurança, tudo bem?

Eu não costumava falar de forma tão gentil, mas algo nele


me impelia a agir daquela forma. Harry Potter era tão
honrado, tão bom. Ele tinha salvado minha vida naquele
dia, afinal.
_ Tudo bem. – ele assentiu. – Eu queria que o senhor me
chamasse de Harry.

Aquilo me desarmou de uma maneira que eu nem


consigo explicar. Normalmente eu chamava meus
submissos pelo primeiro nome, eles eram meus, eu
poderia chama-los com aquela intimidade. Mas eu
conhecia Potter há anos, já estava acostumado a me
referir a ele com certo distanciamento, sempre pelo
sobrenome. Mas ele queria mais, mais proximidade, mais
intimidade entre nós.

- Harry. – eu testei seu nome nos meus lábios, vendo-o


sorrir.

O sorriso dele era a coisa mais linda que eu já tinha visto


na vida. Eu acariciei seu rosto e dei um beijo leve em seus
lábios. Queria que ele fosse meu, queria vê-lo de novo
gemer e se submeter a dele. Puxei ele pela mão levando-
o para um móvel chamado cavalo, que era como uma
mesa preta acolchoada, que tinha no centro uma
estrutura mais alta, também acolchoada, feita para
sustentar o corpo, enquanto as pernas e braços
apoiavam-se na parte mais baixa do móvel. Ele se
posicionou de quatro para mim, uma perna para cada
lado do equipamento, o corpo apoiado na estrutura de
couro.
Abri uma das gavetas, pegando uma venda, um
massageador de próstata e um pote de gel lubrificante.
Eu me aproximei do rosto dele, ele estava sério, parecia
em expectativa com o que viria em seguida. Coloquei a
venda sobre seus olhos, sem dizer nada. Caminhei para
trás dele, abrindo mais suas nádegas com as mãos,
expondo-o para mim. Ele se contraiu e depois relaxou.

Meu pênis pulsou novamente, enrijecendo. Merda, eu


tinha acabado de gozar! Eu precisava me controlar um
pouco mais, eu queria que nossa noite durasse mais
tempo. Vi Harry contrair e relaxar seu orifício mais uma
vez, e depois de novo, e a cada vez eu sentia que meu
controle se esvaia. Ele estava fazendo aquilo de
propósito, para me enlouquecer.

_ Você é um safado, Harry Potter. – eu exclamei, tocando


sua entrada com a ponta do dedo.

Ele contraiu e relaxou novamente, fazendo com que meu


dedo sentisse seu movimento. Para quem nunca tinha
transado com um homem na vida até a última semana,
ele era surpreendente. Ele estava me provocando, me
excitando de uma maneira que eu não conseguia explicar.
Não era aquele meu plano imediato, mas aproximei meu
rosto das nádegas dele.

_ Não pare. – ordenei.

Ele entendeu a mensagem e continuou contraindo-se


daquela maneira, eu o lambi com volúpia, molhando-o de
saliva. Minha língua sentia seus movimentos de contração
e eu precisei respirar fundo para não descer a mão para
meu membro que pulsava excitado.

Introduzi um dedo para dentro de Harry, ouvindo-o


gemer baixo. Comecei a movimentar devagar,
preparando-o como eu queria. Depois, acrescentei um
segundo dedo e mais tarde o terceiro, penetrando-o,
sentindo que ele se abria para mim. Ele movimentou
levemente o quadril, seu corpo mostrando que queria
mais.

Peguei o massageador de próstata, que era uma espécie


de plugue de silicone, levemente curvado, com a ponta
arredondada, feito para atingir o ponto certo. Eu tinha
comprado recentemente em um sex shop trouxa, ainda
não tinha experimentado aquele modelo com ninguém. O
vendedor havia me dito que ele vibrava, intensificando as
sensações no corpo da pessoa.
Introduzi o massageador dentro de Harry, com um pouco
de gel lubrificante. Não era um objeto muito grande e eu
o tinha preparado bem, então sabia que ele não estaria
sentindo dor.

Liguei o aparelho, conforme vinha nas instruções. Havia


um controle que eu podia usar para aumentar a
intensidade da vibração. Quando o massageador
começou a vibrar a reação de Potter foi imediata.

_ Aaaaah. – ele soltou um gemido alto, surpreso com a


vibração.

Vi ele se mexer, movimentando o quadril em torno do


objeto. Percebi que sua cabeça se movia, talvez tentando
descobrir onde eu estava. Mas ele estava muito bem
vendado. "Estou bem aqui, com a melhor vista" eu
pensei, rindo comigo mesmo.

Aumentei a velocidade da vibração com o controle.

_ Aaaaah. – Harry gritou.


Fiquei observando-o, hipnotizado. Ele gemia e gritava
conforme os minutos se passavam e a vibração em seu
anterior o massageava sem piedade, estimulando seu
corpo incessantemente. Vi que ele começava a
intencionar levar a mão ao seu membro, completamente
rijo.

Segurei seu pulso para impedi-lo.

_ Não se toque. – ordenei.

Vi ele trincar o maxilar e suportar por mais um tempo o


estimulo em seu interior. Até que diminui o movimento
com o controle, até cessar e retirei o massageador de
dentro dele. Percebi que ele ofegava e o corpo dele
tremia levemente de prazer.

Voltei às gavetas e retornei com um conjunto de bolas


tailandesas. Eram cinco bolinhas, de tamanho médio,
presas por um fio. Sem qualquer aviso introduzi a
primeira no orifício já dilatado de Harry.

_ Humm. – ele suspirou.


_ Há mais quatro. – eu disse, para que ele ficasse em
expectativa.

Introduzi a segunda e ele se empinou mais na minha


direção. Excitado com sua reação favorável, coloquei as
outras três bolinhas restantes dentro dele, deixando
apenas um pedaço de fio e uma argolinha para fora do
corpo de Harry. Dei um passo para trás para admirá-lo,
ele era perfeito ali, naquele momento, completamente
meu.

_ Levante-se. – eu ordenei.

Eu o ajudei a sair do móvel e a ficar de pé, ao meu lado, já


que seus olhos ainda estavam cobertos pela venda. Sua
ereção projetava-se para cima, lubrificada pelo pré gozo.
Seu rosto estava avermelhado, suas pernas pareciam ter
dificuldade de mantê-lo de pé. Eu o tinha levado ao
limite, estimulando seu corpo daquela maneira e o
impedindo de se tocar. Seu corpo implorava por um
orgasmo. Eu o levei pela mão até a cama, onde ordenei
que deitasse de barriga para cima. Ele ergueu as pernas,
expondo-se para mim, como eu adorava. Tomei seu pênis
na mão, masturbando-o por alguns segundos. Harry
gemeu alto, ele estava excitado demais, eu sabia que ele
não duraria muito.
Quando sua respiração se tornou mais ofegante, vi seu
orgasmo vindo e puxei as bolinhas de seu interior de uma
única vez, potencializando seu prazer. Harry Potter gozou
gloriosamente em minhas mãos, gritando, gemendo, com
os olhos ainda vendados, completamente entregue a
mim.

Retirei a venda de seus olhos e me posicionei no meio de


suas pernas, deitando-me parcialmente por cima dele,
apoiado nos antebraços. O tomei para um beijo urgente e
excitante. Sua língua passeava pela minha boca, tentando
obter mais de mim. Eu retribuía seu fervor, o queria tão
intensamente quanto ele parecia me querer.

_ Você me quer dentro de você? – eu perguntei.

Queria muito ouvir ele dizer.

_ Sim, por favor. – ele gemeu, os braços ao redor do meu


pescoço, me desejando mais perto.

Me posicionei na cama sentado, com o corpo reclinado


para trás, apoiado nos braços. Ordenei que ele se
sentasse em meu colo, com uma perna de cada lado do
meu corpo. Encaixei meu pênis na entrada do corpo dele
e puxei seu quadril para baixo, me fazendo enterrar para
dentro dele.

_ Aaah... – eu gemi. – Você é delicioso.

A respiração dele era entrecortada, eu sabia que ele


sentia um pouco de dor pela invasão, então esperei
alguns segundos para que a dor cedesse. Eu não queria
machuca-lo, queria que ele enlouquecesse de tanto
prazer, que se sentisse completamente meu.

Ele começou a se movimentar levemente sobre mim e


entendi que ele queria mais. Comecei a arquear o quadril
na direção dele e puxar seu corpo para cima e para baixo.
Eu já estava completamente excitado, seu corpo me
envolvia em contrações, eu o beijava com voracidade,
sentindo o gosto do seu peito, seu corpo, seu pescoço.

Algum tempo depois, gozei com sofreguidão,


derramando-me para dentro dele, sentindo-o me
envolver. Quando acabou, e eu saí de dentro dele, o
tomei nos braços, envolvendo sua cintura com força.

_ Precisamos conversar. – eu disse, os lábios contra sua


orelha.
CAPÍTULO 6

NARRADO POR HARRY POTTER

Todo meu corpo estremecia em espasmos, aquela noite


tinha sido tão intensa quanto a primeira. Eu tinha voltado
à Mansão Malfoy sem pensar duas vezes, quando Malfoy
me dissera no ministério que me queria de novo. Eu
estava louco para me sentir daquela forma de novo, para
ter o corpo dele junto do meu, para poder tocá-lo.

_ Precisamos conversar. – ele disse com seus lábios em


minha orelha, fazendo meu corpo arrepiar.

_ Sim, senhor. – eu murmurei.

Era potencialmente erótico e inacreditavelmente fácil


falar com ele dentro daquele quarto. Parecia que ali eu
era livre para dizer qualquer coisa, sem pudor, ali eu não
era mais o mesmo Harry Potter que eu era em todos os
outros lugares. Foi impressionante como as palavras
tinham escapado da minha boca naquela noite, diante
das perguntas de Draco. Eu tinha admitido que sonhava
com ele, que o desejava, tinha dito as razões que me
levaram até ali, tinha deixado claro meu prazer, o quanto
eu adorava ser seu submisso entre aquelas paredes.

_ Não aqui. – Ele falou, se afastando para me olhar.

Não ali? Eu estava levemente em pânico. Não queria sair


daquele quarto. Do lado de fora seríamos Malfoy e
Potter, os mesmos de sempre, com o mesmo
distanciamento. Do lado de fora eu não conseguiria falar
com ele sobre nada que se passava entre nós.

_ O que houve? – ele perguntou, olhando para meu rosto


com preocupação.

Eu apenas baixei a cabeça.

_ Você está bem? – Ele perguntou, quando viu que eu


não ia responder.

Existia uma espécie de gentileza na voz dele que eu nunca


tinha ouvido antes.

_ Sim, senhor. – eu respondi brevemente.


_ Venha. – ele me disse, me puxando para fora da cama
pela mão. – Se vista e me encontre na sala.

Ele saiu do quarto, me deixando alguns minutos sozinho.


Me vesti sem pressa. Não estava nenhum pouco ansioso
para aquela conversa. Não podíamos ficar como
estávamos? Quando ele me quisesse poderia me mandar
um bilhete e vice versa. Depois de pronto, saí do quarto
hesitante e desci as escadas até a sala de estar, que eu já
conhecia.

Malfoy me esperava lá vestindo uma calça jeans e uma


camisa verde clara.

_ Potter. – ele disse, quando me viu. – e aquilo me fez


murchar ainda mais.

Do lado de fora daquele quarto, eu não era mais Harry.

_Malfoy. – eu respondi no mesmo tom.

Fora daquele quarto, eu não era mais seu submisso. Ele


me ofereceu um lugar no sofá, e eu me sentei de frente
para ele. Ele também parecia um pouco inseguro sobre o
que dizer.

_ Eu... eu acho que precisamos ter uma conversa sobre


isso que estamos fazendo. – ele falou em um único
fôlego.

_ Isso é mesmo necessário? – eu perguntei.

Ele pareceu se surpreender com a pergunta.

_ Se quisermos continuar com isso, acho que sim, é


necessário. – ele respondeu, com calma.

Eu não disse nada, olhei para as minhas mãos. Esperei


que ele continuasse e dissesse o que pretendia.

_ Por que você estava disposto a conversar comigo no


quarto mas não aqui? – ele não parecia irritado, apenas
curioso.

_ Porque no quarto somos pessoas diferentes, com uma


relação diferente. – eu expliquei, um pouco constrangido
com a lembrança de nós dois juntos há poucos minutos
naquele cômodo.

Alguma compreensão parecia tomar conta do rosto dele.

_ Isso é verdade. – Malfoy concordou. – Mas não


podemos fingir que fazemos sexo em uma espécie de
universo paralelo. Ainda somos eu e você lá, Potter.

A cada vez que ele me chamava de Potter, mais


desconfortável com aquela conversa eu ficava. Queria sair
dali o mais rápido possível, era melhor que ele fosse
direto ao ponto.

_Certo. – eu disse, objetivo. – Sobre o que você quer


falar?

Eu estava na defensiva, e Draco podia sentir isso em


minha voz.

_ Eu quero ficar com você. – ele disse, os olhos intensos.


– Quero que você seja meu.

Eu olhei para ele com desconfiança.


_ Achei que você não transasse mais do que umas poucas
vezes com a mesma pessoa.

_ Zabini te disse isso? – ele perguntou, incomodado. –


Bom, é verdade que não tinha interesse em ter um
compromisso com ninguém, mas você é diferente.

_ Diferente por quê? – eu quis saber.

_ Porque eu sinto que com você nunca vai ser o


suficiente. – ele disse, com franqueza. – Sempre vou
querer mais.

Eu sentia que algo amolecia dentro de mim quando ele


disse aquilo. Será que eu estava realmente me
envolvendo com Draco Malfoy? Para além do sexo?
Aquela pergunta vinha martelando na minha cabeça
desde a tarde quando eu tinha ficado tão preocupado
como ataque que ele tinha sofrido, eu tentava dizer para
mim mesmo que estava apenas fazendo meu trabalho,
mas no fundo eu sabia que havia algo além disso. Não! Eu
não podia deixar aquilo ir diante. Nunca iria funcionar.
_Malfoy, isso nunca daria certo. – eu disse, com
sinceridade. – Você mesmo disse quando estávamos no
quarto que eu não era um submisso, não quero que você
controle a minha vida.

_ Eu nunca quis ter um submisso fora da cama. – ele


rebateu. – Não tenho interesse nenhum em controlar
qualquer outra parte da sua vida.

_ O que você quer de mim, afinal? – eu questionei, de


volta. Eu não estava conseguindo entender onde é que
ele queria chegar.

_ Quero que você venha até aqui sempre que eu o


chamar e que se submeta àquilo que eu desejar fazer
com você quando estivermos no quarto de BDSM. – ele
disse, explicitamente. – E quero que você seja apenas
meu, que não se envolva com nenhum outro homem ou
mulher.

_ Não posso te dar nada disso. – eu respondi, embora


tivesse ficado um pouco excitado com o jeito como ele
tinha dito aquilo.

Ele parecia decepcionado com aquela resposta.


_ Eu não entendo você, Potter. – ele respondeu, irritado.
– Em uma hora você parece me desejar, me querer mais
perto, mas agora você está agindo como se não estivesse
nenhum pouco interessado. Desde que você se sentou
aqui está na defensiva, querendo colocar um fim nessa
conversa o quanto antes.

_ Eu desejo você. – eu disse, baixinho, deixando meu


olhar vagar para longe do rosto dele.

Eu não queria encará-lo. Mas não poderia mentir, eu o


queria tanto, o desejava tanto... As duas noites que eu
tinha estado com ele tinham sido tão incríveis, eu nunca
tinha imaginado que aquele prazer era possível.

_ Então qual é o problema? – seu tom mudou de irritação


para preocupação, diante da minha declaração. – Você se
sentiu forçado a fazer algo que você não queria ter feito?
Alguma coisa te fez se sentir mal?

_ No quarto? – eu perguntei, e sorri pela primeira vez


desde que estávamos ali na sala. – De jeito nenhum.
Ele se levantou da poltrona onde estava para vir se sentar
ao meu lado. Fez isso com calma, parecendo receoso que
um movimento brusco me fizesse ir embora.

_ Quando estamos lá, o que você sente? – ele quis saber.

Os olhos azuis acinzentados dele prendiam-se nos meus.

_ Não vou responder a essa pergunta. – eu garanti


olhando para ele.

_ Mas responderia se estivéssemos no quarto? – seu tom


de voz era rouco, eu identificava uma certa excitação na
forma como ele me olhava.

_ Eu responderia à qualquer coisa que você quisesse


dentro daquele quarto. – eu disse, sentindo meu rosto
queimar.

_ Zabini disse que você só me queria uma única vez,


inicialmente achei que você pudesse estar apenas curioso
pela experiência. – Draco falou, parecendo confuso. –
Mas quando estamos juntos você me parece tão
entregue, tão disposto, parece que realmente gosta de
tudo que faço com você.
_ Eu realmente gosto de tudo o que você faz comigo. – eu
admiti, em voz alta. Não queria que ele ficasse confuso
quanto a isso.

Eu olhava para ele com intensidade. Seu rosto era tão


bonito, seus lábios pareciam tão próximos. Eu me peguei
desejando Draco Malfoy ali, fora do quarto de BDSM. Me
peguei querendo abraça-lo, beijá-lo... Não. Eu não podia
deixar aquele tipo de sentimento crescer dentro de mim.
Aquele era Malfoy e o que tínhamos era apenas uma
questão de prazer sexual.

_ Então porque você não quer aceitar minha proposta? –


Draco questionou.

_ E complicado, Malfoy. Uma coisa é nos encontrarmos as


vezes para transar, sem compromisso algum. – eu tentei
me explicar. – Outra é esse acordo que você quer, isso
não vai funcionar.

_ Por que? – ele quis saber. – Eu quero entender... quais


são suas ressalvas?
_ Eu não posso me comprometer a vir sempre que você
quiser, eu sou um Auror, eu saio em missões, e também
pode haver dias que eu simplesmente vou querer estar
em casa ou encontrar alguns amigos. – eu comecei.

Ele respirou fundo, dando um leve sorriso. Parecia


satisfeito que eu finalmente estivesse disposto a
conversar sobre um possível compromisso entre nós.
Mesmo que eu estivesse tão hesitante.

_ Entendo que você não é um submisso, então acho que


você tem razão. Pode existir momentos que você não vai
poder vir, ou não vai querer vir. – ele falou. – Eu posso
lidar com isso.

_Tem certeza? – eu questionei, desconfiado. – Você não


quer alguém que esteja disponível o tempo todo?

_ Eu não quero qualquer um, Potter, eu quero você. – ele


falou, me atordoando. – E é claro que eu gostaria que
você estivesse disponível para mim o tempo todo, eu
passei a semana todo excitado só de imaginar você, de
lembrar do seu corpo. Mas entendo que isso nem sempre
será possível.
Quando ele falava aquelas coisas, eu sentia toda minha
resistência se esvair. Eu já me sentia excitado outra vez,
minha vontade era subir aquelas escadas o mais rápido
possível e me ajoelhar no chão, para ser dele o resto da
noite.

_ É covardia você dizer essas coisas. – eu reclamei.

_Por quê? – ele perguntou, curioso. Parecia não ver nada


de errado no que tinha dito.

_ Porque me excita. – eu me esforcei a deixar o


constrangimento de lado para confessar aquilo. – E eu
não consigo pensar com coerência.

Ele abriu um sorriso safado para mim.

_ Então eu te excito, mesmo fora do quarto... – ele falou,


vitorioso.

Seus dedos passearam pela minha nuca, enroscando-se


no meu cabelo. Meu corpo todo se arrepiou de prazer, eu
senti minha ereção apertar-se contra a minha calça. Eu
fechei os olhos e de repente estava entregue a ele outra
vez.
_ Seja meu. – ele pediu com fervor, os lábios encostando
nos meus.

Aquilo estava indo longe demais. Ele não poderia ter todo
aquele efeito sobre mim. Me afastei em um ímpeto,
tentando clarear a minha mente.

_ Malfoy, não é só essa a questão. – eu falei, abrindo os


olhos, buscando manter-me a uma distância segura do
corpo dele.

Ele parecia levemente decepcionado com o meu


afastamento, mas não parecia querer desistir.

_ Certo, vamos conversar. – ele falou, visivelmente


tentando se controlar. – O que mais te incomoda nesse
acordo?

_ Eu não posso me comprometer a aceitar que você faça


tudo o que quiser comigo. – eu falei com seriedade,
tentando me lembrar dos motivos que tinham me feito
recusar sua proposta em um primeiro momento. – Como
eu te disse antes, eu pesquisei sobre BDSM e encontrei
realmente muita coisa que eu não faria de modo algum.
_ Isso são limites que a gente pode estabelecer juntos. –
ele disse sério. – Eu imagino as coisas que você viu nesses
clubes de BDSM, mas eu te garanto que não sou nenhum
sádico, não tenho qualquer prazer em causar dor. Eu
também não faço escatologias e não gosto de formas
extremas de humilhação.

_ Eu vi alguns garotos sentindo muita dor e humilhação. –


eu falei.

Eu me lembrava de uma cena em um clube na qual o


dominador batia em seu submisso com uma vara,
deixando marcas vermelhas em suas costas e nádegas,
enquanto ele estava de quatro no chão áspero e frio,
lambendo as botas do seu dono.

_ Algumas pessoas gostam de fazer isso, outras de se


submeter a isso. – ele se limitou a dizer. – Mas não é meu
caso, e nem o seu. Se nós chegarmos a um acordo, vamos
conversar para que eu entenda o que você está disposto
a fazer e o que não está. E de qualquer maneira, você
sempre pode se recusar a fazer algo, se você usar a sua
palavra de segurança, eu vou parar imediatamente. Ser
meu submisso não é uma espécie de acordo irreversível
que te obriga a fazer coisas que você não deseja.
Aquilo tinha, de certa forma, me tranquilizado. Eu assenti
coma cabeça.

_ Desculpe-me se pareço idiota. – eu falei, em voz baixa.


– Mas eu não conheço muito sobre esse assunto, não sei
como funciona na prática.

_ Você não parece idiota. – ele sentiu necessidade de


esclarecer. – Eu achei muito corajoso, você vir duas vezes,
sem saber ao certo o que esperar. Ainda mais sendo
comigo.

_ Sim, você nunca foi muito com a minha cara. – eu sorri


para ele, me lembrando do tempo de escola.

_Acho que isso sempre foi recíproco. – ele se permitiu


sorrir também.

_ Será que isso não vai nos atrapalhar, Malfoy? – eu


questionei, deixando escapar outra preocupação que eu
tinha. – Nós nunca nos entendemos bem.

_ Acho que nos entendemos bem na cama. – ele falou,


sem se abalar.
_ Mas se só nos entendemos na cama, porque esse
acordo é necessário? Porque falar em fidelidade se você
nem mesmo gosta de mim? – eu quis saber. – Não
bastaria que nós ficássemos como estamos? Nos
encontrando de vez em quando...

_ Se você fosse qualquer outro, bastaria para mim. – ele


falou, aproximando-se de mim. – Mas eu te desejo de
uma forma como nunca aconteceu antes, não quero que
você esteja com ninguém além de mim. Quero que todo
seu prazer seja meu, que seus pensamentos sejam para
mim.

E eu me peguei desejando aquilo, pertencer a Draco


Malfoy.

_ Essa fidelidade é uma via de mão dupla? – eu


questionei, desconfiado.

_ É, Potter. – ele me garantiu, sorrindo abertamente. – Eu


também seria seu.

Me vi sentindo uma espécie de satisfação com aquilo.


Percebi que eu não queria que ninguém mais estivesse
com Draco Malfoy, sentindo seu corpo, seu perfume, seus
toques.

_ E eu acho que você está errado. – ele continuou a falar,


e então pareceu inseguro. – Eu gosto de você.

Arregalei os olhos com aquela informação.

- O que? – eu perguntei, sem conseguir articular nada


mais coerente.

Ele parecia constrangido pela primeira vez naquela noite.

_Hoje, eu me senti muito bem por você ter ficado do meu


lado até o final. – ele falou. – Acho que talvez você faça
isso com toda pessoa que salva... mas ainda assim...

_ Eu não faço. – eu garanti. – Mas não consegui sair de


perto de você hoje. Eu fiquei tão preocupado quando vi
aquele homem te jogar no chão, eu queria correr para
você na hora, mas não podia...

Quando dei por mim já tinha dito aquilo. Senti meu rosto
enrubescer pela minha própria confissão.
_ Quando você apareceu, tive medo que eles nos
machucassem, eram muitos. – ele falou, e depois deu um
sorriso leve. – Mas logo percebi que eles não eram páreo
para você. Você é muito bom.

_ Eu nunca permitiria que eles fizessem algo contra você.


- eu falei, a voz um pouco emocionada.

Eu queria, de certa forma, cuidar dele. Seus olhos


pareceram brilhar quando eu disse aquilo.

_ Potter, por favor, me aceite. – ele


suspirou, seu rosto próximo do meu.

Eu podia sentir sua respiração, tudo o que eu queria era


beijá-lo. Deixei
que meus lábios tocassem os dele com leveza.

_ Eu só tenho mais uma condição. – eu falei, baixinho.

_Qualquer coisa. – ele prometeu, as mãos no meu


pescoço, puxando-me para perto.
_ Nunca mais me chame de Potter. – eu falei.

Os olhos dele se iluminaram.

_ Eu.. eu... não achei que você permitiria que eu te


chamasse pelo nome fora do quarto. – sua voz estava
entrecortada.

_ Se você quiser um compromisso comigo, eu terei que


ser Harry no quarto e em qualquer outro lugar. – eu exigi.
– E eu gostaria, se você se sentir confortável, de poder te
chamar de Draco fora do quarto.

_ Você pode me chamar do que quiser, Harry. – ele falou,


a voz rouca. – Até dentro do quarto, se você desejar,
pode me chamar de Draco.

Ele parecia disposto a qualquer negociação. Mas ele não


precisava mais batalhar, eu já era dele, já havia aceitado.

_ De jeito nenhum. – eu sorri para ele. – Me excita muito


te chamar de senhor.

Ele me sorriu com a mesma malícia.


_ Me excita também. – ele confessou.

Eu me aproximei para um beijo. Era o primeiro fora do


quarto de BSDM. Eu me perdi em Draco Malfoy, sentindo
sua língua, seus lábios.

_ Eu aceito. – eu disse, em meio a um beijo, só para


deixar claro.
CAPÍTULO 7

NARRADO POR HARRY POTTER

Nosso beijo era delicioso, urgente, os lábios dele era


doces e macios seu hálito quente me inebriava
completamente. Eu já me sentia completamente acesso.

Me lembrei que ali eu não era submisso. Tomei a inciativa


e me mexi no sofá, passando uma perna para outro lado
do corpo dele, me sentando de frente para Draco, em seu
colo. Eu sentia, embaixo de mim, sua ereção se
pronunciar. Eu me mexi sobre ele, esfregando-me em sua
ereção, excitando-o.

_ Você não presta. – ele disse, as mãos nas minhas coxas,


me puxando para baixo, friccionando seu corpo no meu.

_ Eu nem sabia que esse meu lado existia. – eu falei,


sorrindo.

Desde que eu tinha me envolvido com Draco, eu tinha


mudado completamente no que diz respeito a
sexualidade. Nas minhas relações sexuais, sempre havia
certo distanciamento, certa dificuldade de me deixar as
coisas acontecerem.

_ Parece que eu desperto o que há de mais devasso em


você. – ele sussurrou, enquanto trilhava beijos no meu
pescoço.

_Você definitivamente desperta. – eu falei. – Eu não era


assim antes.

Ele acariciou meu rosto, parando de me beijar para me


olhar nos olhos.

_ Você nunca teve interesse em nenhum homem? – ele


quis saber.

Eu me lembrei imediatamente de Philip. Eu não gostava


muito de pensar naquilo.

_ Houve um Auror, que trabalhava comigo. – eu contei. –


Mas não foi a diante.

_ Trabalhava? Não trabalha mais? – ele perguntou com


gentileza.
_ Ele pediu para ser transferido para França, para
trabalhar em uma missão. – eu disse. – Logo depois de
trocarmos alguns beijos.

_ Entendi. – ele disse, sério. – Ele fugiu do que sentia por


você.

Franzi as sobrancelhas, não tinha certeza se Philip


realmente havia gostado de mim.

_ Acho que ele simplesmente não estava interessado. –


eu disse baixinho.

_ Você ainda tem sentimentos por ele? – ele perguntou.

Havia um brilho estranho em seus olhos.

_ Não. – eu respondi, com sinceridade. – Fiquei chateado


quando aconteceu, mas passou.

_ Tem certeza? – Draco me intimou.


_ Tenho. – acariciei o rosto dele. Seria possível que Draco
Malfoy estaria com ciúmes de mim? – Você não está
preocupado com isso, está?

_ Estou. – ele falou como se estivesse surpreso consigo


mesmo por ter admitido aquilo. – Antes você disse que
não via sentido haver fidelidade entre nós.

Acariciei o rosto dele com calma.

_ Não precisa. – eu sussurrei em seu ouvido. – Eu sei que


questionei se seria preciso a gente ser fiel um ao outro...
mas foi mais por medo do que outra coisa...

_ Medo? – ele sorriu para mim. – Não achei que essa


palavra existisse no vocabulário do grande Harry Potter.

Ele não dizia em tom agressivo, mas como quem brinca


com alguém íntimo.

_ Pra mim, dragões e bruxos das trevas sempre foram


mais fáceis de lidar do que relacionamentos. – eu
brinquei de volta.
Eu me peguei gostando daquele clima entre nós. Era
como se naquela noite eu tivesse conhecendo Draco pela
primeira vez. Conversar com ele daquele jeito, deixando
sentimentos aflorarem dentro de mim, sentindo meu
coração bater mais forte quando ele dizia certas coisas
sobre nós dois....

_ Por que você teve medo hoje? – ele perguntou, ficando


sério de repente.

_ Sinto medo de me envolver demais. – eu confessei. –


Desde que estive aqui investigando aquela denúncia, não
penso em outra coisa além de você. Eu tenho medo do
poder que você tem sobre mim, para além da parte
sexual.

Draco me encarou com intensidade. Minhas palavras


pareciam ter mexido realmente com ele.

_ Não tenha medo. – ele murmurou, puxando-me para


mais perto. – Porque eu também não consigo pensar em
mais nada, só em você.

_ Que bom que você insistiu nesse acordo. – eu disse,


agradecendo aos
céus que ele tivesse sugerido aquilo. – Porque não quero
te dividir com ninguém.

Eu avancei para ele, tomando-o para um beijo. Havia um


envolvimento real entre nós, que eu vinha tentando
negar. Draco não era apenas sexo para mim, nem eu para
ele. Os acontecimentos daquele dia tinham deixado isso
bem claro.

_ Quando você disse que nunca tinha estado com homem


nenhum, eu senti uma coisa quase que primitiva. – ele
declarou. – Você é meu. Ninguém jamais além de mim vai
tocar você, ninguém vai te dar prazer, ninguém mais vai
fazer você gozar...

Quando ele dizia essas coisas, eu me sentia enlouquecido,


excitado, entregue. Draco Malfoy sabia me seduzir.

_ Você está dizendo isso de propósito para me


enlouquecer. – eu reclamei.

Ele podia sentir minha ereção pressionada contra o corpo


dele.
_ Você gosta quando eu digo que você é meu? – ele
mordeu com leveza o lóbulo da minha orelha.

Sua mão passou displicentemente sobre meu membro,


apertado pela calça jeans que eu usava. Eu assenti com
fervor, os olhos fechados, o corpo arrepiando diante do
seu toque.

_ Eu sou completamente seu. – eu jurei.

Ele abriu o botão na minha calça com habilidade e


abaixou minha cueca, libertando minha ereção. Meu
pênis estava completamente duro e sensível por toda
atividade sexual que tivemos aquela noite.

_ E ninguém mais vai tocar você aqui? – ele segurou meu


membro nas mãos, massageando-o.

_Ninguém mais. – eu jurei novamente. Estava louco por


ele. – Por favor, vamos pro quarto...

Ele pareceu surpreso com o pedido, parando de me tocar


de modo abrupto.
_ Você quer voltar pra lá? – ele perguntou. – Você não
está com um pouco de dor?

Na verdade estava. Draco tinha introduzido aquele objeto


em mim, que vibrou dentro do meu corpo por uma
eternidade, massageando-me por dentro, me fazendo
gemer de forma ensandecida. Depois, me abrira ainda
mais com aquelas bolinhas, e por fim com seu pênis, que
tinha me tomado com tanto ímpeto que eu me sentia
rasgar.

_ Sim. – admiti. – Mas isso não tem a menor importância.

_ Claro que tem. – ele disse, a voz preocupada. – Se nos


formos para lá, eu não vou conseguir me conter. Vou
acabar fodendo você de novo.

_ Eu gosto quando você me fode.– eu sussurrei em seu


ouvido.

_Ah... Harry... não faça assim... – ele gemeu. Eu sentia a


sua ereção embaixo de mim, via em seus olhos que ele
estava perdendo o controle. – Eu estou tentando ser
gentil.
_ Tudo bem. – eu sorri para ele. – Vamos nos comportar.

Eu gostava de ver a preocupação que ele tinha comigo.


Ele parecia ter medo de eu me sentir forçado a alguma
coisa. Eu saí de cima dele devagar, me vestindo outra vez.

_ Estou com fome. Você quer comer alguma coisa? – eu


perguntei. – Temos só mais algumas horas, eu queria ficar
com você.

Me senti constrangido de pedir aquilo.

_ Como assim só temos mais algumas horas? – ele quis


saber.

_ Nessa madrugada eu parto para França em uma missão.


– eu expliquei. – As coisas pioraram lá.

Os ataques a trouxas estavam ficando preocupantes na


França. Nós vínhamos mandando auxílio para lá há
meses. Kingsley tinha me pedido para ir averiguar como
as coisas estavam no país, para fazer um relatório sobre a
atual conjuntura e entregar å Seção de Aurores da
Inglaterra.
_ França? – Draco estava visivelmente incomodado. –
Junto com o Auror que você namorou?

O ciúmes era latente em sua voz.

_ Eu não namorei Philip. – eu expliquei, e então coloquei


minhas mãos sobre os ombros de Draco, virando-o de
frente para mim, para que ele me encarasse. – E eu não
estou indo atrás dele, eu estou indo fazer uma
investigação solicitada pelo meu chefe.

_ Mas ele vai estar lá. – Draco estava muito contrariado,


parecia debater a questão internamente. – Você vai
encontra-lo.

Tenho certeza que se eu fosse seu submisso fora da


cama, ele me proibiria de ir. Mas não era o caso, não
tínhamos esse tipo de relação. Ele mesmo tinha dito que
não queria isso.

_ É possível. – eu admiti. – Mas isso não vai fazer a menor


diferença para mim, mesmo se eu não estivesse com
você, continuaria não fazendo diferença alguma.

_ Como você sabe? – ele me intimou.


_ Porque ele simplesmente não me atrai em mais nada, é
um homem fraco, sem coragem, que preferiu se esconder
em outro país a me encarar. – eu expliquei.

_ E se ele se arrependeu? – Draco deixava transparecer


sua insegurança. Isso me fazia ter vontade de cobri-lo de
certezas. – E se ele tentar alguma coisa?

_ Ele pode sentir o que ele quiser, e tentar o que ele


quiser. – eu garanti. – Eu sou muito bom azarações, não é
como se ele fosse conseguir me forçar a alguma coisa.

_ "Muito bom" é um eufemismo. – ele se permitiu sorrir.


– Tenho pavor de um dia te chatear.

_ Eu nunca te machucaria. – eu disse, embora soubesse


que ele estava brincando. – Nem fisicamente, nem de
nenhum outro modo. Eu te fiz uma promessa, Draco, e eu
não quebro promessas. Essa viagem vai ser apenas
trabalho.

_ Eu confio em você. – ele disse me puxando para um


abraço.
_ Não quero que você se preocupe nem por um segundo.
– eu sussurrei em seu ouvido.

_Quanto tempo você vai ficar? – ele se afastou um pouco


para me olhar, mas continuamos abraçados.

_ Em torno de uma semana. – eu falei. – A situação lá se


complicou muito.

Ele não perguntou exatamente o que estava


acontecendo, provavelmente porque sabia que eu não
teria autorização para responder. As ações dos aurores
eram sigilosas.

_ Vai ser perigoso? – ele quis saber.

_ Acho que não. – respondi com calma. – Eu não vou


atuar na França, minha missão é apenas ver como estão
as coisas e voltar para informar os outros aurores.

Draco se levantou de repente e foi me puxando pela mão


até a cozinha.

_ Vem, vamos pegar algo para comer. – ele sugeriu.


Draco pegou alguns sanduíches e biscoitos na cozinha,
mas não parecia ter a intenção de comer ali, pois foi logo
saindo do cômodo, fazendo sinal com a cabeça para eu
segui-lo. Eu continuei atrás dele, passando novamente
pela sala de estar e subindo as escadas da Mansão; no
segundo andar, ele não virou a esquerda para onde ficava
o quarto de BDSM, mas a direita. Lembrei do dia que
estive ali para investigar a casa: aquele era um caminho
para seu quarto.

Ele parou na frente da porta que eu me lembrava e me


pediu para abrir, pois suas mãos estavam ocupadas com
as comidas. Eu adentrei o quarto de Draco Malfoy pela
segunda vez na vida.

Ele colocou os sanduíches e os biscoitos em uma


mesinha ao lado da cama.

_ Vamos nos deitar. – ele sugeriu.

Eu assenti com a cabeça, percebendo que tudo que eu


mais queria era ficar deitado ali com ele. Aquela
intimidade de estar junto em seu quarto, dividir a cama...
eu me peguei desejando aquilo. Tirei os sapatos e a calça
jeans, para me deitar com mais conforto. Ele também se
despiu, ficando apenas de cueca. Nós deitamos lado a
lado.

_ Agora que estamos juntos e faremos outras cenas, eu


gostaria de conversar com você sobre algumas praticas
sexuais, para entender o que você gostaria ou não de
fazer.- ele começou.

_ Eu não tenho certeza do que eu gosto. – eu expliquei,


um pouco timidamente. – Minha experiência sexual é um
pouco limitada.

_ Eu sei. – ele disse, a voz calma e tranquilizadora. – Mas


eu preciso saber o que você está disposto a tentar.

Eu assenti, e então Draco e eu passamos um longo tempo


conversando sobre limites e desejos. Ele falou sobre
diferentes práticas sexuais e uso de diversos tipos de
brinquedos e objetos, sempre tendo a certeza de me dar
o maior número de informações possíveis. E eu fui
dizendo a ele tudo o que eu acreditava que iria gostar, as
coisas que eu não queria de jeito nenhum, e aquilo que
eu poderia querer no futuro, mas que por enquanto não
estava pronto.
Me surpreendi como fato de ter desejado tentar a maior
parte das coisas que Draco sugeriu. De tudo o que ele
disse que gostaria de fazer, eu dei um não definitivo
apenas para o uso de sondas ou objetos na uretra, visto
que a ideia me agoniava muito. Depois que eu disse 'de
jeito nenhum' ele nunca insistiu, e eu me senti mais
confiante no fato de que Draco respeitaria meus desejos.

Depois que tínhamos falado sobre tudo o que Draco


achou importante mencionar sobre o BDSM, começamos
a conversar sobre outros assuntos.

_ Fiquei curioso sobre uma coisa. – ele falou, em


determinado momento. – Sobre o que é esse filme trouxa
você comentou quando viu meu quarto de BDSM pela
primeira vez?

_ Cinquenta Tons de Cinza. – eu ri, lembrando-me da


primeira vez que me deparei com aquele firma na casa de
Alice e Duda. – O filme é sobre uma mulher, Anastasia,
que conhece um bilionário. Eles ficam muito interessados
um no outro, mas ele é um dominador, então ele propõe
que ela seja sua submissa.

_ Ela aceita? – ele perguntou, sorrindo.


_ Não realmente. Ele mostra para ela um contrato de
relação entre os dois, que fala dos limites rígidos entre
eles, dos limites brandos, palavras de segurança, e regras
que ela tem que seguir como alimentação, sono e
exercícios físicos. – eu contei. – Mas ela não é uma
submissa e fica muito insegura com a ideia, então eles
vão fazendo alguns testes, se aproximando... Até que um
dia ela pede para ele mostrar afinal até onde ele pode ir.

_ Péssima decisão. – ele observou.

_ Ele bate nela, eles brigam e ela vai embora. – eu contei.

_ O filme termina assim? – Draco se surpreendeu. – Achei


que você tinha dito que era um romance.

_ Sim, depois tem mais dois filmes com a continuação da


história. – eu expliquei. – Eles voltam a ficar juntos,
porque estão apaixonados, e passam a ter um
relacionamento sem regras. No final acabam se casando,
ela engravida... enfim, a história acaba se tornando um
romance água com açúcar. Por isso que várias mulheres
trouxas adoram, até senhoras mais velhas.

_ Um dia podemos assistir juntos. – ele sugeriu. – Fiquei


curioso.
Eu sorri. Imaginei nós dois fazendo uma coisa tão banal
como ver um filme. Nunca imaginei que um dia eu estaria
tão próximo de Draco Malfoy.

_ Podemos sim. – eu falei. – Vou pedir o aparelho


emprestado para o meu primo. Não sei se funcionaria
aqui, pela aura de magia que a Mansão tem... mas
podemos ver no meu apartamento.

_ Você e seu primo são muito próximos? – ele parecia


interessado na minha vida. – E esse que você foi criado
junto, não é?

_ Duda é um ano mais velho que eu, ele é filho da irmã da


minha mãe, a minha tia Petúnia. Quando meus pais
morreram fui morar com eles. – eu contei. – Hoje eu e
Duda somos amigos, mas quando éramos crianças nos
odiávamos.

_ Por quê? – Draco perguntou, surpreso.

_ Meus tios não me suportavam, tinham horror aos meus


pais, ao mundo mágico e consequentemente a mim. – eu
falei. – Acho que eles sempre incentivaram meu primo a
me odiar, mas depois que crescemos, ele começou a
pensar por si próprio.

_ Eu não sabia que sua infância tinha sido assim. – ele


disse, como se sentisse muito.

_ Foi muito difícil. Eu e Duda éramos tratados com muita


diferença. Para você ter uma ideia, Duda tinha dois
quartos enquanto eu dormia em um armário embaixo da
escada. – eu contei. Não fazia ideia do porque eu estava
dizendo aquilo para ele, mas eu queria compartilhar com
ele a minha vida.

Draco arregalou os olhos para mim. Ele estava bastante


surpreso.

_ Isso é horrível. – ele acariciou o meu braço.

_ Já passou. – eu sorri para ele, porque aquilo realmente


não me incomodava mais. Tinha ficado enterrado no meu
passado. – As coisas melhoraram muito quando eu fui
para Hogwarts, depois conheci os Weasley's, que eram
como uma família. Eu sempre passava boa parte das
férias de verão com eles.
_ Seus amigos sabem de mim? – ele perguntou, de
repente. – Weasley e Granger?

_ Não. Ainda não tive a chance de conversar com eles,


Ron e Mione tiveram um bebê recentemente, andam
bastante ocupados. – eu comentei. – Mas eu vou contar
para eles, pelo menos o necessário.

_ E o que seria "o necessário"? – ele perguntou, sorrindo


para mim.

_ Por enquanto eu acho que o necessário é que eles


saibam que eu e você estamos juntos. – eu falei. – No
início vai ser uma grande surpresa, mas eles vão acabar se
acostumando.

_ Eu pagaria o que fosse para ver a cara do Weasley


quando você disser que está saindo com Draco Malfoy. –
ele disse, malicioso.

Eu sorri de volta para ele. Era maravilhoso estar ali,


simplesmente conversando com ele. Passamos mais um
tempo daquele jeito, só falando sobre a vida, sobre os
planos que tínhamos, sobre as coisas que gostávamos.
Era estranho e ao mesmo tempo incrível sentir que eu
passava a conhecer Draco de verdade. A gente tinha
passado tantos anos estudando na mesma escola,
assistindo as mesmas aulas, mas eu nunca o tinha
conhecido de fato.

Quando chegou a hora de ir embora, depositei um beijo


nos lábios dele, me despedindo. Ele me desejou boa sorte
na missão. Me vesti rapidamente e deixei a Mansão
Malfoy, chateado por ter que partir.
CAPÍTULO 8

NARRADO POR DRACO MALFOY

Para alguém que, como eu, tinha passado anos sem


nenhum contato com Harry Potter, aquela semana sem
ele tinha sido muito mais difícil do que eu esperava.
Desde aquela noite que tínhamos passado juntos - que
pela primeira vez tínhamos conversado sobre o que
estava acontecendo entre nós, e que ele tinha aceitado
ter um compromisso comigo - minha necessidade dele
parecia ter aumentado consideravelmente.

Era como se eu tivesse sentido uma espécie de felicidade


impressionante, como nunca tinha sentido antes, para
que logo depois ele partisse, me deixando com aquela
sensação de falta. Eu jamais admitiria em voz alta, nem
para mim mesmo, mas eu estava louco de saudades dele,
e morto de preocupação sobre como estava sendo aquela
semana na França.

Em primeiro lugar porque, pela primeira vez, eu tinha


parado para pensar em quão arriscado é seu trabalho. Eu
tinha conhecimento que um grupo de sangues-puros
aliados às artes das trevas na França estava atuando cada
vez mais fortemente, eu sabia que sua missão
provavelmente era sobre isso, embora eu não tivesse
perguntado, pois sabia que ele não poderia me
responder. Como advogado, eu tinha ciência da legislação
bruxa que apontava como dever dos aurores sigilo sobre
sua atuação.

Em segundo lugar, por causa daquele auror, o tal de


Philip. Eu tinha visto Harry murchar os ombros quando
conversamos sobre o tal homem, dando a entende que
tinha saído realmente magoado da relação. Ele tinha me
tranquilizado muito dizendo que não tinha mais interesse
em Philip, que não o deixaria se aproximar, e que não iria
quebrar as promessas que me fez. Eu acreditava em Harry
Potter, ele era o melhor homem que eu tinha conhecido
na vida, o mais integro.

Mas por outro lado, eu tinha buscado informações sobre


esse auror no Ministério. Tinha descoberto que Harry e
ele tinham se formado aurores juntos, com louvor, as
duas melhores notas da turma. Eu tinha visto uma foto do
grupo que se formou com Harry, e logo identifiquei Philip,
ao lado do Eleito; tinham me dito que os dois eram muito
próximos. O garoto, eu tinha que admitir, era muito
bonito; um palmo mais alto que eu, a pele bronzeada, os
olhos esverdeados, o rosto jovem com covinhas.
Será que Philip iria atrás de Harry? Será que tentaria
seduzi-lo? Será que seria capaz de reavivar nele
sentimentos já esquecidos?

Eu não tinha ideia de como entrar em contato com Harry,


ele já tinha me explicado que nessas missões a
comunicação poderia ser difícil. Mas três dias depois de
sua viagem, de manhã, um dos meus elfos, Dory, tinha
vindo me entregar um bilhete que aparecera na porta da
casa de manhã. Não estava assinado, mas eu sabia que
era dele. Dizia: Estou bem, volto assim que puder.

Algo em mim se aqueceu quando leu aquilo, e eu me vi


como um idiota, sorrindo para um pedaço de papel,
porque Harry tinha pensado em mim.

Naquele dia fazia exatamente uma semana desde sua


partida, eu tinha ordenado a Dory e aos outros dois elfos
que viviam comigo que a qualquer momento que Harry
aparecesse na Mansão, eles deveriam deixa-lo entrar. Se
eu não estivesse em casa, eles deveriam pedir a ele que
me esperasse.

Eu tinha passado o dia no escritório, analisando alguns


casos que eu estava defendendo, e até então não havia
qualquer notícia do retorno de Harry a Inglaterra. No final
da tarde eu já tinha perdido as esperanças que ele viesse
hoje, afinal ele nunca tinha me dado certeza do momento
da sua volta.

Quando já era perto da hora de eu sair, minha secretária


disse que eu tinha uma visita. Algo dentro de mim se
acendeu: seria ele? Mas antes que eu pudesse criar
muitas esperanças, a porta do meu escritório se abriu e
Blaise entrou.

_ Ah é você. – eu bufei, incomodado.

_ É com essa cara que você recebe um velho amigo? –


Blaise sorriu para mim, sentando-se sem cerimônia na
cadeira à minha frente.

_ Desculpe Blaise. – eu suspirei. – Imaginei que fosse


outra pessoa.

_ Essa pessoa seria um moreno de olhos verdes com uma


cicatriz na testa? – ele perguntou, com malícia.

_ Por coincidência, seria. – eu brinquei de volta. Zabini e


eu éramos amigos há anos. – Você viu algum por aí?
_ Não, faz um tempinho que não esbarro em Potter no
Ministério. – ele franziu a testa.

_ Ele está viajando. – eu contei. – Achei que retornaria


hoje, mas até agora não tive notícias.

_ Sei, e você está com saudades. – Blaise riu


abertamente. – Quem diria, Draco Malfoy foi fisgado. E
eu que achei que você morreria um solteirão convicto.

_Eu também achei, Blaise. – eu admiti.- Não havia porque


esconder. – Mas Harry é diferente de todo mundo, ele
desperta coisas em mim que nunca senti antes.

_ Harry é? Já com toda essa intimidade? – ele se referia


ao fato de eu chamar Harry Potter pelo primeiro nome.

_ Uma das condições dele para aceitar fazer um acordo


comigo, foi que eu nunca mais o chamasse de Potter. – eu
sorri, lembrando daquelas palavras.

Por Merlin! Como eu queria vê-lo de novo...


_ Então ele aceitou ser seu submisso? – Zabini estava
muito impressionado. – Nunca achei que Potter iria
querer isso. Como vai ser com o trabalho dele? Você sabe
que ele não estará sempre disponível..

Era engraçado como alguns apontamentos de Zabini eram


os mesmos feitos pelo próprio Harry.

_ Eu não propus a ele ser meu submisso, não como John é


o seu. Isso nunca funcionaria com Harry. – eu falei. – Eu
propus que ele fosse meu submisso apenas no quarto de
BSDM, esse lado da nossa relação fica apenas na parte
sexual.

_Mas e fora do quarto? – Zabini quis saber. – Como será a


relação de vocês?

_ Eu não sei. – eu admiti. – A única coisa que realmente


combinamos foi que não nos relacionaríamos com mais
ninguém.

_ Será que você vai conseguir? – Blaise riu.

_ Eu... eu nem penso em mais ninguém. – eu falei, em voz


baixa. – Acho que realmente gosto dele.
E quando as palavras saíram da minha boca, me senti um
pouco apavorado com a verdade delas.

_ Quem diria, não é mesmo? – Blaise me olhou com


cumplicidade. – Nos dois, apaixonados.

_ Eu não iria tão longe... – eu não poderia estar


apaixonado por Harry Potter, a gente estava se
relacionando não havia nem um mês.

_ Bom... eu iria. – Blaise admitiu seus sentimentos. – Aliás


é por isso que eu estou aqui, vim te contar que vou pedir
John em casamento.

Eu sorri para meu amigo. Eu ficava muito feliz pela


relação de Blaise e John. Os dois eram muito amigos,
muito cumplices. E como submisso, John era muito
devoto a Blaise, que por sua vez o tratava como uma
preciosidade.

_ Sempre achei que a relação de vocês tinha futuro. – eu


comentei. Blaise sorriu para mim.
_ Vou fazer o pedido em uma festa, na minha casa. – ele
explicou. – gostaria muito que você fosse.

_ Festa normal ou festa no estilo Blaise Zabini? – eu


perguntei, desconfiado.

As "festas" de Blaise normalmente eram frequentadas


por homens gays, dominadores ou submissos. Além disso,
eram eventos que normalmente começavam com todos
muito bem vestidos em trajes finos, e acabavam com
vários homens nus se pegando; a casa de Blaise se
transformava rapidamente em uma espécie de clube
bruxo privado de BDSM. Eu nem precisava dizer que já
tinha me divertido muito nesses momentos.

_ Ora, eu só faço um tipo de festa. – ele riu.

_ Já faz um bom tempo desde a última, meus amigos


estão ansiosos por outra oportunidade. Sabe, esses
clubes trouxas são bons, mas não podemos usar magia...

Havia algumas práticas BDSM entre bruxos que eram


diferentes de práticas trouxas. Do mesmo modo que os
trouxas tinham, por exemplo, vibradores com controle
remoto; os bruxos também tinham suas cartas na manga.
Eu normalmente gostava das festas, os amigos de Zabini
costumavam ser agradáveis, com exceção de Robert
Kinoss.

_ Aquele idiota do Kinoss vai? – eu quis saber.

_ Ele é um parceiro comercial da minha família há muitos


anos. – Zabini disse, como quem se desculpava. – Não
posso deixar de convida-lo. Sei que a família Kinoss tem
uma história de inimizade com os Malfoy’s, mas eu
permaneço neutro nesse conflito.

_ Eu também gostaria de permanecer neutro. – eu


reclamei. – Seu amigo é que parece acreditar ser
fundamental para honra dele me odiar, como o pai dele
odiou o meu, e o avô dele odiou o meu, e assim por
diante.

_ Ele está saindo com o Julian. – Zabini disse, a voz


cuidadosa.

_ Ah é claro. – eu esbravejei. – Kinoss deve ter achado


que me atingiria transando com alguém com quem já
dormi; e Julian, que é um garotinho sem nenhum caráter,
também deve ter pensado que eu me importaria se ele
fosse submisso de um homem que é meu inimigo.
_ Sem dúvida. – ele concordou comigo. – Mal sabem eles
que você não se importa com Julian, e está loucamente
apaixonado por Harry Potter.

_ Eu não estou loucamente apaixonado. – eu reclamei. –


Mas uma voz na minha cabeça dizia que aquilo não era
verdade.

_ Claro que não. – Blaise disse em tom sarcástico e


sonserino. – Bom... então o que me diz? Você vai? Será
amanhã à noite.

_ Blaise, eu adoraria ir, estou sinceramente feliz por você


e John. – eu disse, a voz branda. – Mas acho que Harry
não vai gostar muito se eu for.

_ Isso importa? – Eu vi o queixo de Blaise cair.

_ Surpreendentemente, sim. – eu confirmei.

Nós tínhamos prometido fidelidade. Pelo que eu conhecia


de Harry, ele não gostaria nada da ideia de eu ir a uma
festa BDSM, sobretudo se lá estivesse um homem com
quem já dormi.
_ E ainda diz que ainda não está apaixonado... – Blaise me
provocou. – Você pode convidar Potter, sem problemas.

_ Será que Harry gostaria de ir a uma festa assim? – eu


questionei, mais para mim mesmo do que para Blaise.

_ Vocês não precisam fazer nada. – ele sugeriu. – Vocês


podem ir embora quando começar a parte boa... ou
então ficar só para assistir.

_ Definitivamente não vamos fazer nada. – eu concordei.


– Harry não é realmente um submisso, ele nunca tinha
saído com homens antes, certamente ele não se exporia
dessa maneira na frente de desconhecidos.

_Então... – Zabini tentava me convencer. – Se vocês não


participarão das cenas BDSM, não tem porque ele se
opor.-

_ Vou falar com ele. – eu prometi. Blaise pareceu se dar


por satisfeito.
_ Tomara que ele aceite ir. – Blaise disse. – Imagine, o
Eleito na minha festa de noivado. John vai amar,
certamente vai querer um autógrafo.

Eu gargalhei alto. John era um rapaz alegre e


entusiasmado. Eu podia imaginá-lo nitidamente pedindo
um autógrafo para o Menino-Que-Sobreviveu.

Blaise e eu nos despedimos, e ele foi embora. Logo


terminou meu expediente no escritório e eu juntei meus
pertences para ir embora também. Eu ia sempre via rede
de flu, todos os Advogados tinham lareiras com acesso ao
prédio.

Quando cheguei em casa, os Elfos não tinham nenhuma


notícia de Harry, ele não tinha aparecido na Mansão em
nenhum momento.

Deixei meus ombros caírem, aquela semana tinha sido


cansativa, felizmente sexta feira tinha chegado. Fui para o
meu banheiro, tomando um banho demorado de
chuveiro. Depois, como eu não estava com muita fome,
fiz apenas um lanche e fui me deitar. Fiquei algumas
horas lendo um processo que eu tinha levado para casa,
já de pijamas em cima da cama.
Depois de algum tempo, deixei os papeis da mesa de
cabeceira e diminui a luz do quarto. Adormeci. Tive um
sonho esquisito. Eu estava em um pequeno chalé pintado
de azul claro, com minha mãe e meu pai. Eles me diziam
que ali seria minha nova casa, que era para deixarmos
para trás da Mansão e nossa antiga vida na Inglaterra. Era
raro que eu sonhasse com eles, mas sempre senti falta de
ambos. Com todos os erros que cometeram, sobretudo
meu pai, Lucio e Narcisa sempre me amaram muito.

Depois, abruptamente, o sonho mudou. Eu me vi


novamente em meu quarto de BDSM. Harry estava lá, de
joelhos, me esperando. Eu caminhei na direção dele com
excitação, puxando-o para cima, para um beijo. Era um
toque intenso, verdadeiro, nossas línguas se exploravam,
se acariciavam. O gosto de sua boca me entorpecia, seu
hálito quente...

Abri os olhos, acordando. Senti lábios macios sobre os


meus, beijando-me com delicadeza. Pisquei para me
acostumar com a escuridão do quarto, e então vi o rosto
sorridente de Harry Potter acima do meu. Ele estava
deitado ao meu lado na cama, parcialmente inclinado
sobre mim.

_ Harry. – eu exclamei. – Você está aqui.


Era ele mesmo? Ainda me sentia sonolento, meio
dormindo meio acordado.

_ Estou. – ele confirmou, acariciando meu rosto. – Eu


acabei de chegar, vim direto pra cá. Espero que você não
esteja irritado.

Irritado? Ele era louco? Eu tinha ficado a semana inteira


esperando por ele.

_ Irritado eu ficaria se você tivesse ido pra sua casa. – eu


falei, com coerência.

Ele soltou um riso baixo.

_ Que bom. – ele falou, murmurando. – Porque eu estava


louco pra te ver.

_ Eu também. – eu confessei, antes que pudesse perceber


que o fazia. – Como foi lá?

Ele demorou alguns segundos para responder.


_ Não está indo nada bem. – ele suspirou, parecia
extremamente cansado. – Ajudei como pude, mas...

Ele não disse mais nada. Senti que o que ele mais queria
naquele momento era poder compartilhar aquilo comigo,
mas não podia. Então eu o puxei para meus braços,
abraçando-o forte.

_ Aai. – ele gemeu, a voz rouca.

_ O que foi? – eu perguntei, preocupado.

_ Não foi nada. – Harry tentava me apaziguar. – Estou


com um hematoma na costela, tive que lutar...

Eu acariciei seu corpo com delicadeza. Fiquei parado no


escuro, fazendo carinho em seu cabelo, tentando trazer a
ele tranquilidade. Em alguns momentos, ser auror podia
ser uma profissão bastante complicada.

Quando pensei em dizer alguma coisa, percebi que a


respiração dele tinha ficado mais lenta e regular.

_ Harry? – eu chamei, muito baixo.


Não tive resposta.

Harry tinha adormecido, eu me aconcheguei junto dele,


feliz por ele estar ali. Eu nunca tinha dormido na mesma
cama que alguém, nem mesmo meus pais. Sempre achei
que seria estranho e desconfortável, mas nada tinha sido
melhor do que ter aquele homem ali, ao meu lado.
Sentindo o calor que vinha da pele dele, deixei o sono me
levar.
CAPÍTULO 9

NARRADO POR DRACO MALFOY

Eu acordei primeiro que Harry naquela manhã, o que era


compreensível, pois sua missão, aparentemente, tinha
sido bastante exaustiva. Eu fiquei observando durante
muito tempo seu rosto sereno. Ele tinha um pequeno
machucado nos lábios, que eu curei com um floreio com a
varinha.

Eu acariciei com leveza seu cabelo.

_ Hmmm. – ele murmurou. – Se eu soubesse que nosso


acordo incluiria acordar assim, eu teria aceito sem nem
pensar duas vezes.

_ Eu deveria ter deixado claro, então. – eu falei, em tom


de brincadeira. – Me pouparia de passar horas
exercitando minha melhor capacidade de convencimento.

_ Não foram horas. – ele reclamou, abrindo os olhos. – E


afinal você é advogado. Você trabalha convencendo as
pessoas, é seu talento.
_ Acho que vou precisar desse talento agora. – eu falei,
me lembrando da festa de Zabini.

Era naquela noite, aquela era minha chance de conversar


com Harry.

_ A que você gostaria de me convencer? – ele sorriu. – Se


for passar o dia no quarto fazendo sexo maravilhoso e
enlouquecedor, você vai descobrir que não vai ter muita
dificuldade de me fazer aceitar.

_ Que bom, porque eu adoraria passar uma tarde muito


agradável com você. – eu disse, em tom malicioso. – Mas
não era a isso que eu me referia.

_ Então o que é? – ele questionou.

_ Blaise me convidou para uma festa hoje à noite. – eu


contei. – Ele vai pedir John em casamento. Eu gostaria
muito de ir, Blaise eu somos muito amigos...

_ Por que sinto que você está me pedindo autorização? –


Harry me encarou, os olhos intensos.
_ Estou te pedindo para ir comigo. – eu convidei. – Blaise
disse que queria que você fosse.

Ele me encarou por alguns segundos.

_ Aah... bom... acho que vou me sentir um pouco


deslocado. – ele falou, com um pouco de incerteza. –
Quem sabe nós pudéssemos nos encontrar quando você
voltar da festa... se você quiser...

_ Você precisa saber de uma coisa. – eu contei a ele, para


que ele entendesse do que se tratava essa festa.
Tínhamos prometido fidelidade um ao outro, se eu ia
sozinho a essa festa, ele ao menos precisava saber como
seria. – As festas de Blaise não são festas comuns, elas
funcionam quase como um desses Clubes de BDSM que
você foi. São praticamente uma reunião de bruxos gays
submissos e dominadores.

Harry Potter fez uma careta. Ele estava incomodado,


como eu imaginei que ficaria.

_ Vou com você. – ele falou, com simplicidade.


_ Você não precisa. – eu garanti a ele. – Eu prometo que
não vai acontecer nada se eu for, eu não vou me envolver
com ninguém. Se você estiver muito desconfortável, eu
posso simplesmente não ir.

Blaise teria que entender. No lugar de Harry, eu jamais


permitiria que ele fosse a uma festa daquelas sem mim.

_ Não, você quer ir, Blaise é seu amigo. – Harry falou. – Eu


acredito que você não vá ficar com outro homem, mas se
é uma festa assim, eu gostaria de ir com você.

_ Por quê? – eu quis saber.

_Estou certo em pensar que você vai encontrar lá vários


homens com quem você já transou, e outros com quem
não teve nada, mas poderiam estar interessados em
você? – ele perguntou, o ciúmes nítido a cada palavra
pronunciada.

_ Hãa... sim. – eu reconheci.

_ Então eu gostaria muito que eles ficassem sabendo que


você não está disponível. – ele falou.
Harry não parecia com raiva, mas estava claramente
determinado. Eu pensei em sugerir de novo que nenhum
de nós fosse e que ficássemos em casa juntos, mas eu
sabia que ele já estava decidido. Harry era muito teimoso,
desde o tempo de escola. Eu sabia que ele não mudaria
de ideia.

_ Tudo bem. – eu falei, me permitindo sorrir para ele. –


Eu também quero que todos eles saibam disso.

_ Julian vai estar lá? – Harry perguntou.

_ Vai. – eu disse, despreocupadamente. – Ele está em


uma espécie de relacionamento com um amigo de Blaise.

_Que bom que ele já desistiu de você. – Harry falou,


aproximando-se de mim para um beijo rápido. – Do
contrário essa noite seria uma grande decepção para ele.

Eu ri. Gostei de ouvir ele dizendo aquelas coisas, me


querendo só para ele. Comecei a achar que aquela noite
poderia ser muito boa.

_ Blaise sugeriu que a gente vá embora quando eles


começarem as cenas BDSM. – eu expliquei.
Eu o estava sondando, e ele sabia disso.

_ Acho que talvez pudéssemos ficar para assistir. – ele me


olhou, com interesse.

_ Você sempre me surpreende. – eu sorri para ele.

Nunca imaginei que Harry fosse sugerir algo assim.

_ Tudo isso é muito novo pra mim. – ele explicou. – Acho


que ver outras pessoas poderia me ajudar a entender
meus limites.

Eu achei uma proposta muito coerente da parte dele,


revelava a calma e a maturidade que ele estava tendo
para lidar com esse tipo de sexo. Eram características
essenciais para quem se envolve em relações BDSM.

_ Quer dizer que se você ver algo que gostaria de fazer,


vai me dizer? – eu o provoquei.

_ Talvez. – ele me deu um meio sorriso.


_ Então acho que vai ser uma noite muito proveitosa. –
eu disse.

Eu o puxei para um beijo. Mas logo que nossas bocas se


tocaram, ouvimos uma batida na porta.

_ Entre. – eu falei.

Era Prim, um dos Elfos que vivia comigo.

_ Mestre. – ele disse. – Desculpe Prim, mas uma


mensagem urgente chegou para o senhor Harry Potter.

As mãozinhas do Elfo estendiam um bilhete em nossa


direção. Harry se levantou para pegar, e logo depois que
entregou o envelope Prim se retirou do quarto, fechando
a porta atrás de si.

_ O que houve? – eu perguntei.

_ Kingsley está me chamando para prestar


esclarecimentos sobre a missão. – ele falou, a
preocupação tingindo seu rosto.
Eu queria reclamar porque ele não iria poder ficar, mas
algo no seu rosto me impediu de dizer aquilo. Esta missão
de Harry tinha sido bastante desgastante e quanto antes
ele conversasse sobre isso com seus colegas melhor seria.
Ontem eu havia tido a nítida sensação que Harry
realmente precisava desabafar sobre tudo o que tinha
visto na França.

_ Você vai agora? – eu perguntei, tentando não parecer


ressentido.

_ Vou. – ele se sentou na cama ao meu lado. – Mas quero


que você saiba que eu não queria.

Senti meu coração se aquecer, apaziguado. Harry sempre


parecia saber o que dizer, para me fazer sentir bem. Ele
me transmitia muita segurança, firmeza sobre nós dois..
mesmo que nós estivéssemos juntos a tão pouco tempo e
que nossos sentimentos um pelo outro ainda fossem tão
confusos.

_ Quando você volta? – eu não me importava de parecer


ansioso por ele.

_ Eu preciso ir até a casa de Rony e Hermione, eles ainda


não sabem que voltei, estão preocupados. – ele me
explicou. Eu entendia a forte relação que ele tinha com
seus amigos. – O que você acha de eu ir encontrar meu
chefe agora e depois eu fazer uma visita rápida aos meus
amigos. Eu volto a tempo para a festa. E amanhã estarei
completamente livre, posso dormir aqui essa noite e
passar o domingo todo com você.

_ Tudo bem. – eu disse sorrindo para ele. – Mas amanhã


seremos só você e eu.

_ Eu prometo. – ele respondeu, me sorrindo de volta.

Ele se levantou e começou a ajeitar-se para ir embora.

_ Essa festa é cheia de frescura? – ele perguntou,


calçando os sapatos.

_ O que você quer dizer com "cheia de frescura"? – eu


perguntei, achando graça.

_ Tenho que usar um terno? – ele fez uma careta.

Eu dei uma gargalhada.


_ Sim! – eu exclamei, em meio ao riso. – As festas dos
sonserinos são sempre "cheias de frescura".

_ Mal posso esperar para te levar nas festas dos


grifinórios. – ele falou. – Muita comida, gente falando
alto, sem taças de cristal e canapés.

Eu ri ainda mais. E quando me acalmei me dei conta de


como era bom estar ali rindo com Harry. Parecia que a
minha vida tinha dado uma reviravolta. Nós combinamos
de nos encontrar na minha casa antes da festa, as 20h.
Ele se despediu de mim com um beijo rápido nos lábios, o
tipo de beijo que se da em alguém com que se beija
rotineiramente. Eu gostava cada vez mais de imaginar
uma rotina ao lado dele, eu me sentia completamente
envolvido. Torcia para que ele estivesse também, ou eu
teria, pela primeira vez na vida, um coração partido.

-/-

Pontualmente, as 20h, Harry Potter me esperava na sala


de estar da Mansão. Quando desci as escadas para
encontra-lo, meu queixo caiu: como ele estava bonito! Ele
tinha vestido um terno preto muito elegante, levemente
ajustado, com uma camisa verde clara que marcava seu
corpo e ressaltava seus lindos olhos verdes.
Ele me olhava com uma expressão de admiração.

_ Eu vou acompanhado do homem mais bonito da festa.


– ele disse, abrindo um sorriso torto.

_ Que garoto de sorte é você. – eu brinquei,


aproximando-me dele.

_ Há alguma recomendação que você queira me fazer? –


ele perguntou, segurando displicentemente uma de
minhas mãos.

Ele parecia inseguro.

_ Fique tranquilo, Harry. – eu falei. – Aja naturalmente.


Os homens que frequentam essas festas de Blaise são
bem educados, ninguém vai te fazer perguntas invasivas
ou comentários para te deixar desconfortável. Talvez com
exceção de Kinoss, mas acho que nem ele ousaria te
enfrentar.

Ele era o Eleito afinal. Era sem dúvida o homem com mais
prestígio social em todo o mundo bruxo.
_ Robert Kinoss? Ele é um dominador? – Harry perguntou
com surpresa.

_ Você o conhece? – eu fechei o rosto. Não queria Harry a


menos de 50 metros daquele homem.

_ Sim. – os olhos de Harry faiscaram. – Há uns dois anos


atrás, um casal trouxa que passeava perto da propriedade
dele ouviu gritos e viu umas luzes estranhas saindo de
uma janela. Eles fizeram uma denúncia à polícia local,
mas rapidamente o casal trouxa e a polícia foram
obliviados, e não se lembraram mais do ocorrido. Os
aurores, no entanto, foram informados por bruxos que
viviam nas proximidades, e eu fui encarregado de ir até a
propriedade de Kinoss investigar. E um homem
extremamente grosseiro, tentou me oferecer dinheiro
para que eu fosse embora. Nós acabamos tendo uma
discussão, eu fiz de tudo para provar à época que que ele
estava fazendo algo ilegal, que envolvesse magia das
trevas, mas não consegui.

_ Kinoss é perigoso e sádico. – eu falei, com cuidado. – Ele


é sim envolvido com magia das trevas, e mais, ele muitas
vezes a aplica em seus submissos. Não nessas festas, é
claro. Blaise jamais permitiria esse tipo de coisa na casa
dele.
_ Agora parece que tudo se encaixa. – Harry falou com
indignação. – Os gritos que foram ouvidos eram de um
submisso. Como ele nunca foi denunciado por um
submisso?

_ Pelo que sei, Kinoss apaga a memória dos garotos que


ele abusa, mas ninguém nunca conseguiu provar nada
contra ele. Blaise, por exemplo, acha que é só um boato,
e que eu acredito nisso por causa da minha inimizade
com Kinoss. – eu expliquei. – Kinoss me odeia. A família
dele tem uma inimizade histórica com os Malfoy’s.

_ Acho que posso dizer com uma boa dose de certeza que
ele também não gosta muito de mim. – ele me lançou um
olhar cúmplice. – Vai ser uma noite no mínimo
interessante.

_ Vamos? – eu perguntei.

Harry Potter era muito determinado, não fugia das


situações. Essa era uma das coisas que eu mais admirava
nele.

_ Vamos. – ele respondeu.


Nós fomos para a festa pela rede de flu, que Zabini ligava
às lareiras de seus convidados nos dias de festa. Quando
entramos na grande sala onde Blaise fazia suas
recepções, vi que a festa estava impecável, como sempre.
A maior parte dos seus amigos já estava lá. Quando entrei
com Harry, todos os olhares se voltaram para nós.

Assinamos o contrato que ficava na entrada, que


continha uma espécie de feitiço fidelius. Todas as festas
de Zabini tinham isso, para que os nomes dos
participantes e o que ocorria ali não pudesse ser
divulgado.

Mais perto de nós estavam Marcus e Simon com seus


submissos, Kim e Leo. Os quatro eram pessoas bem legais
e sem dúvida eram os homens presentes com quem eu
tinha mais amizade, além dos anfitriões. Logo eles vieram
cumprimentar a mim, e por consequência a Harry.

Marcus e Kim tinham uma relação com regras no


cotidiano e dominação para além da parte sexual. Já
Simon e Leo já estavam juntos há quase uma década e
eram parceiros de trabalho, tinham uma relação com a
dominação mais voltada para a parte sexual. Se parecia
mais com o que eu pretendia ter com Harry.
_ Harry você se lembra de Marcus
Vitaverza? Ele estudou comigo e Blaise em Hogwarts.
Depois, ele também foi meu colega na faculdade de
Direito Bruxo. – eu apontei para o homem alto e moreno
a minha frente. Depois me inclinei na direção do ruivo ao
seu lado. – E esse é Kim, submisso de Marcus. Ele
também esteve em Hogwarts no nosso tempo, mas
entrou vários anos depois de nós.

_ Sim, eu lembro de Marcus das aulas que tínhamos em


comum com a sonserina. – Harry disse, apertando a mão
de Marcus.

Depois olhou respeitosamente de meu amigo para Kim,


como se pedisse autorização para apertar a mão de seu
submisso. Vi que Marcus apreciou o gesto e assentiu com
a cabeça, com um sorriso contido. Harry apertou a mão
do ruivo, que parecia de queixo caído ao ver Harry Potter
ali comigo.

_ Esses são Simon e Leo. – eu mostrei o outro casal. Os


dois já tinham por volta de 35 anos, não sendo do nosso
tempo de escola. – Ambos trabalham no ministério, no
mesmo departamento de Blaise.
Vi o reconhecimento nos olhos de Harry. Simon e Leo
eram Diplomatas e muitas vezes missões no exterior
englobavam Diplomatas e Aurores

_ Eu os conheço, nós estivemos juntos na França essa


semana. – Harry disse, com polidez, os cumprimentando
com um aperto de mãos.

_ Semana difícil. – Leo exclamou.

Os três trocaram um olhar cheio de significados. Eu


estava começando a ficar com medo daquela situação.
Será que o problema na França chegaria até nós? Será
que uma nova guerra estava por vir? Eu não queria que
Harry estivesse tão exposto, mas ele lutava na linha de
frente, estava sempre em combate.

_ Nunca imaginei vê-lo aqui, Potter. – comentou Simon,


olhando para Harry com curiosidade.

_ Eu acho que posso dizer o mesmo. – Harry sorriu para


ele, a voz tranquila.

Ele estava lidando magnificamente bem com aquilo, sem


se deixar abalar.
Naquele momento, Blaise e John chegaram até nós,
interrompendo o diálogo.

_ Que bom que vocês vieram. – Blaise sorriu para nós.

Eu e Harry cumprimentamos a ele e a John.

_ Nem acredito que estou conhecendo Harry Potter


pessoalmente. – John exclamou.

_ Você não o conheceu em Hogwarts? – Simon


perguntou, medindo a idade de Potter e a de John.

_ Não. – John respondeu com pesar. – Minha mãe quis


que eu estudasse em Durmstrang.

Uma conversa agradável se desenvolveu depois daquilo.


Em seguida, Blaise e John foram dar atenção para um
outro pequeno grupo de convidados. Tudo ia bem,
quando de repente vi Kinoss entrar pela lareira com
Julian. Os dois olharam diretamente para nós, assim que
chegaram e Kinoss traçou uma reta até mim e Harry.
Harry percebeu rapidamente que Kinoss e Julian
caminhavam em nossa direção e se aproximou de mim,
protetoramente, entrelaçando os dedos nos meus.
Percebi que ele encarava Julian muito mais do que o
próprio Kinoss, o que me levava a acreditar que seu
impulso tinha sido motivado por certa dose de ciúmes.

Por mais que eu gostasse do fato de Harry sentir ciúmes


de mim, eu sabia que aquela havia sido uma má hora
para aquele movimento. Ver Harry se colocar daquela
maneira ao meu lado só estimularia as provocações de
Kinoss.

_ Ora ora, se não são Draco Malfoy e Harry Potter. Que


casal mais inusitado. – Kinoss disse, ignorando
completamente os outros quatro homens ao nosso lado.
– Sabe Potter, desde que você comandou toda aquela
investigação sem sentido contra mim, eu achei mesmo
que você tinha muita frustração sexual acumulada. Se eu
soubesse de seu interesse pelo assunto, teria indicado um
submisso para você na época.

- Eu não tenho nenhum interesse em qualquer indicação


sua. – Harry disse, com firmeza, o queixo erguido em sua
direção.
_ Não, pelo jeito você já encontrou sozinho. – ele falou
para Harry, olhando de lado na minha direção. – E devo
dizer que felizmente eu vivi para ver Malfoy reduzido a
um submisso.

Percebi que ninguém além de Blaise havia entendido a


natureza de minha relação com Potter. Simon e Leo me
olhavam com curiosidade, como se estivessem muito
interessados em saber se eu realmente havia deixado de
ser um dominador para ser o submisso de Harry Potter.
Marcus me olhava com uma espécie de pena, e Kim
olhava para baixo - pelo que eu sabia, Kim não tinha
autorização para olhar para Kinoss, devido a inimizade
que Marcus também possuía com ele.

_ Nos deixe em paz, Kinoss. – eu disse, perdendo a


paciência.

Eu queria desmentir a falsa ideia de que eu era um


submisso, mas também não queria expor Harry e nem
abordar meu recente relacionamento com pessoas tão
detestáveis quanto Kinoss e Julian.

_ Vá perdendo esse orgulho, Malfoy. – ele disse. – Tenho


certeza que Potter vai te doutrinar e te ensinar a se
comportar diante de um dominador. Da mesma forma
como Marcus fez, olhe só o garotinho Kim, nem me olha.

Marcus avançou para ele, a varinha em punho. O


histórico de inimizade dos Kinoss com os Malfoy era uma
brincadeira de criança perto do ódio entre a família
Kinoss e os Vitaverza.

_ Não se intrometa na minha vida, Kinoss. – Marcus falou,


com ódio. – Kim não te olha porque eu resolvi poupa-lo
do homem deplorável que você é.

Vi Kim dar um pequeno sorriso com a defesa que Marcus


fazia. Era uma relação de poucos meses, mas já eu achava
que os dois se gostavam muito. Nesse momento Blaise
veio em nossa direção, apaziguando os ânimos e levando
Kinoss e Julian para o outro lado da sala, para conversar
com outros convidados. O restante da festa prosseguiu
sem maiores conflitos, embora Kinoss e Julian nos
lançassem olhares agressivos. Percebi que Harry estava
um pouco constrangido e irritado com o embate entre
nós e Kinoss, e apertei com leveza a sua mão, dando-lhe
um sorriso confiante. Não queria que ele se abalasse com
aquilo.
Em pouco tempo nós passamos a conversar com
tranquilidade com os outros quatro. Simon, Leo, Marcus e
Kim não fizeram perguntas sobre a natureza de minha
relação com Harry, respeitando nosso espaço. Por mais
umas duas horas nós comemos alguns canapés e
bebemos umas poucas taças de vinho.

Quando o relógio bateu 22h, Blaise pediu a atenção de


todos. Haviam ali cerca de 12 casais: dominadores e seus
submissos. Todos olharam na direção do anfitrião. Zabini
então retirou uma caixinha do bolso e se virou para John,
expondo um par de alianças prateadas.

_ Eu quero que você me responda com toda a sinceridade


do seu coração, sem pensar em me agradar ou no que
você acredita que eu quero ouvir. Porque John a verdade
é que eu te amo, quero passar o resto da vida com você,
e tudo que eu mais desejo e que você queira a mesma
coisa. – Ele se declarou, a voz emocionada. – Por favor,
aceite se casar comigo.

John exibia uma expressão surpresa. As lágrimas


escorriam pelo seu rosto jovem. Ele estendeu uma mão
na direção de Blaise, para que ele colasse a aliança. Blaise
o fez, claramente emocionado, e depois ofereceu a outra
aliança John, estendendo a mão para seu submisso. John
colocou a aliança na mão dele.
_ Eu posso te beijar, senhor? – ele disse, a voz
entrecortada.

Blaise sorriu, abrindo os braços para ele. John correu em


sua direção e os dois se abraçaram e se beijaram ao som
de aplausos dos presentes.

_ Eu quero você. – eu vi Blaise sussurrar para John.

Imediatamente, John lançou a série de feitiços que os


submissos costumavam fazer nessas festas, dando início
as cenas BDSM.

_ Nudus. – o primeiro floreio com a varinha deixou John


completamente nu Em seguida ele fez os feitiços de
retirada de pelos e limpeza. – Remove Capillos. Corpus
Purgatio.

E então o último feitiço e o mais forte de todos eles.

_ Et ego ad te pertinente. – aquela frase significava uma


entrega podendo ser traduzida para "eu pertenço a você.
Depois dela, o submisso caía de joelhos aos pés do
dominador, entregando sua varinha.
Blaise fez um movimento coma varinha, transformando a
sua sala em um cômodo de BDSM, com móveis e objetos
para uso de seus convidados e dele próprio. A partir dali,
como eu bem conhecia, os homens se entregavam aos
prazeres sexuais, em uma mistura de voyeurismo e
subversão.

Em seguida de John os outros submissos na sala


começaram a fazer o mesmo. Leo, Kim, Julian e os
demais. Ate que só estávamos eu e Harry olhando para o
grupo. Eu podia ver uma mistura de vergonha e
curiosidade no rosto dele.

_ Vocês vão ficar para assistir? – Blaise perguntou,


olhando para nós.

_ Assistir? Não seja estraga prazeres, Zabini. – disse


Kinoss, o rosto desvairado e cheio de ódio, olhando em
minha direção. – Eu esperei até agora para ver Malfoy
ajoelhado no chão, onde é o lugar dele. Eu adoraria vê-lo
de quatro, sendo fodido.

Ouvi Harry trincar os dentes, achei que ele partiria para


cima de Kinoss.
_ Não lute com ele. – eu pedi, baixinho.

Kinoss não tinha nenhum escrúpulo, era um exímio


duelista e muito bom em magia negra. Não queria aquele
conflito, mito menos ali, na casa de Blaise.

Foi então que vi Harry dar um passo à frente. Ele ergueu a


varinha, e logo Kinoss empunhou a dele também,
esperando um conflito. Mas não foi o que se seguiu.

_ Nudus. Remove Capillos. Corpus Purgatio. – Harry disse


em sequência, repetindo os feitiços que os outros
submissos haviam feito. Seus olhos verdes eram intensos
nos meus quando ele concluiu. – Et ego ad te pertinente.

Eu estava completamente chocado, e após um breve


olhar a minha volta percebi que todos os presentes
prendiam a respiração, ainda mais surpresos do que eu.
Muitos ali tinham imaginado que eu tinha me tornado o
submisso de Potter, e os que desconfiavam que ele era
meu submisso, certamente não tinham pensado que o
Eleito iria se expor.

Olhei para Harry de volta e vi que ele estava ajoelhado no


chão e me entregava sua varinha. Aquele era o gesto
máximo de confiança de um bruxo em outro. Senti algo
estranho em meu peito, vendo aquela cena.

_ Você quer fazer isso aqui? – eu perguntei.

_ Não importa o que eu quero, senhor. – ele falou, a voz


muito calma, sem me olhar.

Harry não desejava que eu o possuísse ali. Aquela tinha


sido a maneira dele de me defender. Eu tinha pedido para
ele não lutar, e então ele decidiu se expor para provar
que Kinoss estava errado.

_ Então você é o submisso, Potter. – Kinoss se recuperou


da surpresa, andando em nossa direção. – O grande herói
do mundo bruxo, ajoelhado aos pés de Draco Malfoy. Isso
prova que o que dizem de você é bastante exagerado.
Mas afinal, o que esperar de um imundo mestiço?

O insulto fez com que todos os presentes ofegassem.


Depois da vitória de Harry sobre Voldemort, ninguém
mais ousava dizer aquilo, nem nos círculos mais privados.
Ouvi Marcus sibilar ao meu lado, colocando-se na frente
de Kim, que nascera trouxa. O próprio Simon era mestiço,
e empunhou a varinha na direção de Kinoss.
Harry não se abalou, permaneceu com o semblante
neutro de um submisso.

Eu me coloquei na frente dele.

_ Você não é digno nem de dizer o nome dele. – eu sibilei,


a varinha apontada para sua garganta.

Neste momento, Blaise interviu.

_ Acho melhor você sair da minha casa, Kinoss. – ele


falou, controlado. – Éramos parceiros comerciais, mas
você foi longe demais.

_ Você vai se arrepender de se colocar contra mim,


Zabini. – o outro respondeu.

_ Você é que vai se arrepende, Kinoss. Está tão cego pelo


seu ódio por Malfoy que esqueceu os ensinamentos que
aprendeu na Sonserina. – Blaise falou, o rosto frio. – É
uma estupidez sem tamanho, nos tempos de hoje, se
colocar contra Harry Potter.
Ele tinha razão, é claro. Harry era o homem mais
admirado do mundo bruxo. Todos os presentes
pareceram concordar, visto que por mais que houvessem
ali homens mais ligados a Kinoss, ninguém ousou ficar ao
seu lado.

Kinoss se retirou com Julian, sem ter outra opção. Eu fiz


um feitiço devolvendo as roupas de Harry e coloquei sua
varinha de volta em suas mãos. Ele permanecia
ajoelhado, mas eu via um brilho em seus olhos verdes.

_ Vocês podem participar se quiserem. – Blaise disse. –


Eles não vão voltar, nunca mais. Me desculpe Draco, por
permanecer neutro até agora. Nunca achei que Kinoss
chegaria a esse ponto.

Coloquei a mão sobre o ombro de Blaise, feliz com o fato


dele intervir a favor de mim e Harry. Aquela defesa tinha
significado muito.

_ Obrigado, Blaise. – eu disse com


sinceridade. – Mas eu quero levar Harry para casa.

Eu acariciei o rosto de Harry, sem me importar com a


demonstração pública de afeto.
_ Vamos? – eu perguntei, com gentileza.

Ele se levantou e segurou minha mão. Eu o levei em


direção a lareira, me despedindo dos meus amigos
brevemente, antes de desaparecer nas chamas com Harry
Potter.
CAPÍTULO 10

NARRADO POR HARRY POTTER

Atravessei a rede de flu de volta para a Mansão Malfoy,


com muita coisa na cabeça. Minha última semana tinha
sido extremamente difícil, a viagem para a França
concretizou os maiores temores dos aurores: tinha se
organizado de fato um grupo, uma espécie de seita,
chamada Purificadores do Sangue, que estavam atuando
contra trouxas e nascidos trouxas.

Nos últimos anos, após a morte de Voldemort, essa seita


tinha nascido e vinha se tornando cada vez mais forte. O
medo era de uma guerra iminente. A França estava em
estado de pânico, visto que ninguém sabia quem fazia
parte da seita, de modo que eles poderiam estar
infiltrados em qualquer lugar, inclusive no governo.

Em um dado momento da viagem eu precisei lutar,


embora minha missão fosse apenas relatar a situação,
pois os ataques se generalizaram a tal ponto que os
aurores franceses não estavam dando conta. Além disso,
muitos países estavam se recusando a enviar auxílio,
argumentando que este era um problema do governo
mágico francês.
Para mim aquilo era uma burrice sem tamanho, porque
mais cedo ou mais tarde aquilo iria atingir toda a Europa.
É claro que se Voldemort tivesse ficado mais tempo no
poder, não teria ficado restrito a Inglaterra, e eu estava
certo que o mesmo se aplicava aos Purificadores do
Sangue.

Voltei da França com uma espécie de revolta em meu


âmago e com uma vontade desesperada de ver Draco
Malfoy. Eu tinha sentido falta dele a cada segundo, e
ameaça de uma nova guerra tinha aflorado meus
sentimentos, me incentivado a viver tudo o que eu queria
viver com ele, sem reservas, sem medos, sem restrições.

Sem me importar que estávamos juntos há tão pouco


tempo, eu voltei para os braços dele no meio da
madrugada, como quem tinha voltado para um lar. E ele
me recebeu com a mesma disposição, demonstrando a
mesma ânsia que eu sentia. Era evidente, para mim, que
o que tínhamos era algo armazenado há tantos anos e
que agora tinha transbordado, e não poderia mais ser
contido.

Em parte era por isso que eu tinha decidido ir àquela


festa com ele. Eu tinha descoberto que aquele mundo ao
qual Draco estava imerso, era um mundo ao qual eu
também queria pertencer.

Mas a noite, que até certo ponto tinha corrido bem, tinha
caminhado para um final bastante conflituoso; e
terminara com Draco me convidando para ir embora.

Quando chegamos a sala de estar da Mansão, ele tinha


uma expressão severa no rosto, que eu não conseguia
identificar.

_ Você não deveria ter feito aquilo. – ele falou,


visivelmente tentando se conter.

_ Aquele homem estava... – eu comecei a argumentar.

_ Eu sei muito bem o que ele estava fazendo. – Draco me


cortou com rispidez, ele estava claramente descontente.
– Mas você não deveria ter permitido que ele te
humilhasse daquela maneira. Quando te vi fazer aqueles
feitiços, se ajoelhar no chão, eu não sabia o que era
maior: minha vontade de te foder ou de te dar uns bons
tapas.
Eu sabia que ele estava bastante irritado, mas aquela
frase tinha feito meu corpo se arrepiar de excitação. Eu
achei que aquela conversa toda podia ficar para outra
hora. Então abaixei a cabeça, submisso.

_ Então faça isso, senhor. – eu olhava para baixo, as mãos


unidas na frente do corpo.

Observando os submissos naquela noite, eu tinha tentado


aprender um pouco dos trejeitos. Eu gostava daquela
deferência, de pertencer a Draco, de ser submisso a ele
na hora do sexo.

_Você me chamou de senhor? – ele avançou dois passos


na minha direção, puxando meu queixo para cima. – Por
que você está continuando com isso? Nós já estamos em
casa...

_ Porque eu quero ser seu, senhor. – eu disse, olhando


nos olhos dele.

Eu vi na expressão de Draco que sua irritação ia se


transformando em outra coisa.
_ Não sei se é uma boa ideia. – ele avisou, a voz rouca de
excitação. – Eu estou muito irritado, vou querer te punir.
Você deseja isso?

_ Sim, senhor. – eu me surpreendia com minha própria


resposta. – Eu confio totalmente no senhor.

Um sorriso se abriu no seu rosto bonito, fazendo com que


algo dentro de mim se aquecesse. Meus sentimentos por
ele se mostravam cada vez mais profundos.

_ Suba e me espere. – ele ordenou.

Eu fui para o quarto de BDSM, onde me despi


completamente e o esperei de joelhos. Alguns minutos
depois, ele entrou. Olhei para ele, como era de costume
entre nós.

Ele passou por mim sem dizer nada, pegou um objeto em


uma das gavetas e depois andou na minha direção.

_ Levante. – ele ordenou.


Eu fiquei de pé, olhando do rosto dele para o objeto de
metal, que parecia ter o formato de um pênis amolecido.
Eu já tinha visto aquilo, era um cinto de castidade. Senti
meu corpo se contrair, sabendo o que significava. Nós
tínhamos falado a respeito desse objeto na longa
conversa que tivemos na noite em que entramos em um
acordo, e eu tinha dito que poderia experimentar. No
entanto, ao olhar para o cinto de castidade na mão de
Draco, um certo receio do objeto ficou parado em minha
garganta.

Draco pareceu ler minha expressão.

_ Você mudou de ideia, Harry?

_ Não, senhor. – eu respondi com sinceridade.

Ele não teve dificuldades de prender em mim o objeto,


visto que eu não estava nenhum pouco duro. Um frio
perpassava a minha espinha, enquanto eu lembrava do
seu aviso. "Não sei se isso é uma boa ideia'', ele tinha
dito. Mas eu queria saber... eu queria saber afinal onde
ele queria chegar, o que desejava fazer comigo. Ele
trancou o cinto de castidade e depois segurou o meu
queixo.
_ Isso vai te impedir de gozar. – ele sussurrou para mim. –
Você não terá esse alívio até que eu permita. Entendeu?

_ Sim, senhor. – eu já estava ficando excitado.

Eu podia sentir aquele objeto me conter, limitar minha


ereção, deixando um leve desconforto. Ele foi novamente
até as gavetas e retornou com uma espécie de coleira de
couro preta, uma corrente, algumas cordas e um açoite,
com tiras de camurça.

_ Coloque no pescoço. – ele estendeu a coleira para mim.


– Significa sua submissão neste quarto, significa que você
me pertence.

Ele sentiu a necessidade de explicar aquilo, para que eu


soubesse que não era um mero adorno.

_ Eu te pertenço, senhor. – eu jurei, colocando a coleira


no pescoço sem hesitar.

Seus olhos pareciam me aprovar. Ele prendeu a corrente


na coleira, e me puxou com ela até a grande cruz de
madeira. Draco me amarrou de frente para o objeto e de
costas pra ele, com pernas e braços abertos. Eu me sentia
completamente a mercê dele.

Sem qualquer aviso, Draco começou a desferir golpes de


açoite contra as minhas nádegas, costas e pernas. A
camurça não machucava, de forma que o que eu sentia
era apenas o impacto do objeto contra o meu corpo. Eu
tremia de excitação, eu me via ali de costas, exposto para
que ele fizesse o que quisesse comigo. Aquilo durou
vários minutos.

Em um dado momento ele parou e percebi que ele se


afastava. Esperei que ele retornasse com outros objetos.
Eu me via cada vez mais curioso com as coisas que ele
tinha naqueles armários. Queria que ele usasse cada um
daqueles objetos comigo e apenas comigo.

Ele voltou com um pequeno plugue de metal, expondo o


objeto na frente do meu rosto. Uma de suas mãos,
meladas com gel lubrificante, separaram minhas nádegas
e acariciaram minha entrada, inserindo metade de um
dedo dentro de mim.

Logo, no entanto, ele retirou as mãos do meu corpo.


Eu me vi pedindo por ele, jogando o corpo para trás, na
medida que me era permitido pelas cordas.

_ Não seja tão ansioso. – ele parecia estar se divertindo


com a minha necessidade. – Por ora, você só precisa de
alguma coisa aqui.

Ele tocou meu orifício novamente, de forma breve.


Depois, começou a introduzir com lentidão o plugue em
mim. Era um objeto pequeno, mas ele não tinha chegado
a me preparar, de forma que a dureza do metal me
causou um leve desconforto. Eu me contrai em volta do
plugue, sentindo sua textura, a temperatura fria do metal
no meu interior.

_ Ficou lindo. – ele disse, parecendo admirado. – Quero


que você se sinta preenchido enquanto eu te bato.

Esperei os golpes do açoite, mas o que veio foi um baque


mais forte. Ele me batia com uma palmatória: um objeto
preto, de formato semelhante a uma raquete de
pingpong, de couro, com tachinhas em seu entorno. Senti
minhas nádegas arderem.

_ Está tudo bem? – ele perguntou. Eu sabia que ele não


desejava me machucar. – Você pode aguentar?
_ Sim, senhor. – não era uma dor excruciante, mas uma
espécie de ardência bastante excitante.

_ Bom garoto. – ele elogiou. – Então conte comigo até 10.

Ele desferiu um golpe.

_ Um. – eu arquejei.

Depois o segundo, o terceiro, o quarto. A cada golpe eu


gemia, me sentia mais entregue e mais excitado. Eu
sentia que minhas nádegas estavam vermelhas e quentes,
mas eu não desejava parar. Eu percebi que desejava mais
daquilo, que precisava daquela espécie de punição que
ele me infligia. Eu contei cinco, seis, sete, oito... no nono
golpe eu já gritava o número, o corpo sensível demais por
aquele atrito constante.

_ Dez. – eu disse baixo, colocando fim àquele momento.

Eu não conseguia nem explicar meus sentimentos. Eu


tinha gostado daquilo, até a parte de mim que resistia,
que não queria ter gostado tanto assim. Afastei esse
pensamento, tudo isso era uma besteira, uma
categorização inútil do certo e do errado na hora do sexo.
Tudo que importava para mim era o prazer que Draco me
fazia sentir, e saber que eu podia proporcionar prazer a
ele.

Draco me desamarrou da cruz de madeira.

_ De joelhos. – ordenou.

Eu caí ao chão na mesma hora. Ele me puxou pela


corrente presa na coleira, e eu entendi que deveria deixa-
lo me levar, sem ficar de pé. Andei de quatro pelo chão
daquele quarto, obedientemente. Ele me levou para um
tapete confortável, de frente para um grande espelho. Eu
encarei a minha imagem, deixando a cena me impactar.
Me ver ali daquela forma, me fazia sentir que naquele
momento ele era meu dono, e eu achava essa perspectiva
profundamente sensual.

Ele se deitou no tapete ao meu lado e ordenou que eu me


posicionasse de quatro em cima dele, com meu rosto
próximo ao seu pênis e as nádegas expostas frente ao seu
rosto.

_ Você quer me chupar? – ele murmurou, com malícia.


_ Sim, senhor. – eu assenti.

_ Então peça. – ele ordenou.

O pênis dele estava muito rígido, projetava-se contra o


meu rosto, me enlouquecendo de tesão.

_ Posso te chupar, senhor? – eu implorei, o que eu mais


desejava era sentir seu gosto. – Por favor.

Ele permitiu, então abocanhei seu membro com ânsia,


lambendo-o, sugando-o, provando do maravilhoso gosto
de Draco Malfoy. Ao mesmo tempo, ele lambeu minha
entrada ao redor do plugue, fazendo meu corpo se
contrair.

Continuei a suga-lo com prazer, conforme sentia ele


retirar o plugue do meu interior e me invadir com a
língua, arrancando de mim um gemido preso na garganta,
expressão de pura lascívia.

Com os dedos lubrificados, Draco começou a alternar os


dedos de mim, me penetrando, me abrindo, preparando
minha entrada pro que eu sabia que vinha depois. Eu o
chupava enlouquecido de tesão, enquanto ele fazia
aqueles deliciosos movimentos em meu orifício.

Eu podia sentir sua excitação, ele mordia e lambia minhas


nádegas com urgência, sua respiração era ofegante
escapavam de seus lábios. Eu também alguns sons estava
excitado demais, muito mais do que deveria, com aquele
objeto contendo minha ereção e me impedindo de ficar
completamente duro.

Logo depois, Draco gozou maravilhosamente nos meus


lábios, seu gosto delicioso penetrando minha boca, e eu
engoli todo seu sêmen.

Draco ordenou que eu saísse de cima dele e se sentou. Eu


me sentei ao seu lado no tapete. Ele me puxou na direção
dele, tomando meus lábios nos seus. Nesse momento eu
sentia um intenso desconforto devido ao cinto de
castidade. Draco sabia muito bem disso, porque passou a
dar uma atenção especial ao meu pênis.

Ele abaixou os lábios sobre mim, lambendo apenas a


minha glande, exposta pelo objeto que me restringia.

_ Aaaah. – eu gritei.
A sensação era intensa demais. Meu pênis estava muito
sensível, querendo libertar-se daquilo. Sua língua me
acariciando era uma prazerosa e insuportável tortura, na
qual Draco insistiu por alguns minutos, punindo-me com
a língua. Até que chegou um momento que senti que meu
corpo não ia mais aguentar, que eu explodiria sob seus
toques.

- Por favor, senhor, tire. – eu implorei, e então me


lembrei da palavra. – Amarelo.

Draco afastou sua boca de mim imediatamente, e abriu o


cadeado que prendia o cinto de castidade, libertando
minha sensível e dolorida ereção. Depois, retornou a me
chupar, lambendo minha glande e toda extensão do meu
pênis, sabendo exatamente do que eu precisava.

Meu corpo queria desesperadamente gozar, e eu sentia


que Draco me permitia, que me levava até o orgasmo. A
sensação de submissão me invadiu, eu sabia que gozava
naquele momento porque ele queria, ele controlava todo
meu prazer. Aquilo me excitou tanto, que gozei em seus
lábios poucos segundos depois, ofegando e gemendo.

_ Muito bom. – ele me aprovou.


Eu fiquei estirado no tapete, tentando me recompor, e
recuperar meu corpo daquele orgasmo tão intenso.
Porque eu sabia que haveria mais, e Merlin me ajude, eu
queria mais. Draco gastou um tempo olhando para
dentro de seus armários e eu fiquei curioso com o que ele
retornaria daquela vez. Tratava-se de uma base fixa
acolchoada, da qual saía um tipo de pênis de silicone, de
tamanho médio. Draco depositou aquilo no chão ao meu
lado.

Eu me ajoelhei no tapete, esperando a ordem que viria.

_ Eu quero ver você se foder. – ele ordenou, ajoelhando


no chão, atrás de mim. – Quero ver você massagear seu
cu.

Será que eu estava entendendo bem? Draco queria que


eu sentasse naquele negócio?

Ele riu da minha expressão.

_ Acho que é isso mesmo que você está pensando, Harry.


– ele falou. – Mas te prometo que vai ser gostoso.
Eu obedeci. Posicionei-me sobre o objeto, encaixando o
pênis de silicone na minha entrada, e descendo
vagarosamente, deixando meu corpo se acostumar a
invasão, até estar completamente penetrado

_ Quero que você olhe para frente. – ele ordenou. – Para


o espelho.

Eu estava completamente constrangido de me ver


fazendo aquilo. Meu rosto estava vermelho de vergonha
quando eu me vi ali, sentado naquele objeto, com Draco
atrás de mim, me olhando nos olhos através do espelho.

_ Assim... não precisa ter vergonha. – a voz dele era


quase gentil. – Você é um homem maravilhoso.

As mãos dele acariciavam minhas nádegas ainda sensíveis


pelo açoite e pela palmatória. Com delicadeza ele
começou a empurrar meu quadril para cima e para baixo,
indicando o movimento. Aquela pressão dentro de mim
era gostosa e eu já sentia meu membro excitado
novamente.

Apoiei minhas mãos no espelho para ter mais equilíbrio e


conseguir me movimentar melhor. Ele estimulou que eu
intensificasse a movimentação, e logo me vi
completamente entregue, penetrando-me para ele, sem
deixar de olhar para seus olhos nem por um segundo.

Eu sentia sua ereção nas minhas costas, ele beijava meu


pescoço, meus ombros, cobrindo-me de toques urgentes
e carícias cheias de volúpia.

- Agora diga sem desviar o olhar. – ele ordenou, tocando


as bordas do meu ânus com os dedos. – O que você sente
aqui?

Ele me levava a um limite, nós dois sabíamos disso. Dizer


aquelas coisas olhando para ele, nada mais era do que
admitir meu prazer, minha submissão. Descrever o que
eu sentia ali, na minha entrada que eu mesmo estimulava
incessantemente, aumentava a minha sensação de
entrega. Era como se ele soubesse que eu faria tudo que
ele quisesse, que eu deixaria qualquer constrangimento
de lado para satisfaze-lo.

_ Sinto uma dor gostosa. – eu admiti. – Sinto que estou


aberto, estimulado, pronto para o senhor.

Ele me olhava com um tesão nítido no rosto. Ordenou


que eu saísse de cima do objeto e que me posicionasse de
quatro para ele, o tronco levemente abaixado, os braços
apoiados no chão, e as nádegas completamente expostas.

_ Sempre quis foder você de quatro. Mas adoro olhar


para o seu rosto enquanto eu te como. – ele falou, sem
conter a excitação. – Agora vou realizar essas duas
vontades ao mesmo tempo.

Eu me empinei ainda mais para ele. Queria que ele


tivesse tudo de mim. Ele me penetrou com lentidão e
cuidado, como sempre fazia. Eu olhava para sua
expressão através do espelho, adorando ver o prazer em
seu rosto, enquanto ele se enterrava para dentro de mim.
Logo Draco começou a se movimentar, e quando dei por
mim estávamos nos dois entregues a um ritmo intenso,
desejando mais contato, mais atrito.

Uma de suas mãos começou a me masturba, e eu


ofegava, gemendo baixinho, completamente estimulado.
Em um dado momento, senti que a respiração dele se
tornava ainda mais irregular, sua pele muito alva estava
avermelhada de excitação, ele me olhou através do
espelho e eu senti seu jato quente me invadir. Eu me
contrai em seu entorno, potencializando seu orgasmo, e
gozando junto com ele. Ele saiu de dentro de mim, e eu
me deixei cair de bruços no tapete, deitado, ofegante,
completamente exausto e satisfeito.
Percebi que ele se sentava ao meu lado, encostado no
espelho, deixando a respiração regularizar.
CAPÍTULO 11

NARRADO POR HARRY POTTER

Depois de algum tempo de silêncio, observei Draco se


levantar e ir de volta até os armários, onde os objetos
sexuais ficavam guardados.

_ Você é ninfomaníaco? – eu exclamei.

Não era possível que ele ainda tivesse forças para


continuar! Eu estava acabado.

Ele soltou uma risada rouca, e voltou a se sentar meu


lado, segurando um pequeno potinho azul, com o que
parecia ser uma poção.

_ Não. – ele sorriu.

_ O que é isso? – eu perguntei, me referindo ao pote azul.

Ele abriu o pote e umedeceu a ponta dos dedos de uma


substância cremosa, e em seguida passou sobre minhas
nádegas levemente avermelhadas. A substância era
gelada, promovendo um alívio instantâneo para a
ardência e devolvendo à minha pele sua cor natural.
Draco levou algum tempo me massageando ali, enquanto
eu relaxava sob o toque das suas mãos.

_ Aah, obrigado. – eu suspirei. – Isso é muito bom.

_ Exagerei com você? – ele perguntou, preocupado.

_ De jeito nenhum. – sorri para ele com sinceridade. Eu


estava completamente extasiado e satisfeito.

Ele me encarou por alguns segundos, havia uma emoção


em seu rosto que eu não conseguia decifrar.

_ Você gostou de eu ter te amarrado e te batido assim? –


ele quis saber.

_ Eu gostei, Draco. – eu falei, sério. – Na verdade, eu não


esperava gostar tanto.

Ele me lançou um olhar cúmplice


_ Esse tipo de sexo é muito intenso. – ele disse. – As vezes
a linha entre dor e prazer pode ser muito tênue.

_ Com você eu deixo de lado qualquer restrição ou


preconceito. – eu falei. – Você faz com que eu me sinta
disposto a experimentar coisas novas.

_ Você parece estar gostando muito de experimentar. –


ele disse, com malícia.

_ Eu gosto muito do que você me faz sentir. – eu


confessei.

_ Eu também, Harry. – ele me olhava com intensidade. –


Gosto muito do que você me faz sentir.

– Então, você não está mais irritado comigo? –eu


perguntei esperançoso.

Ele arqueou as sobrancelhas pra mim. Não chegou a


responder a minha pergunta.
_ Você sabe que termos transado não quer dizer que não
vamos conversar sobre o que aconteceu hoje, não sabe?
– ele falou com calma.

_ Eu sei. – eu disse, virando-me de barriga para cima. – Eu


também quero conversar.

Quando ele tornou a falar de novo, parecia estar


tentando organizar seus pensamentos, expressar o que
afinal estava em seu peito, tumultuando suas emoções.

_ Aquilo que você fez, se ajoelhar daquele jeito


publicamente, fazer o feitiço simbolizando a entrega de
um submisso, me dar sua varinha... Harry eu preciso que
você entenda, eu jamais teria te pedido isso. – ele falou,
ansioso para me explicar.

Achei que fosse algo que você gostasse, todos os


submissos ali se comportaram da mesma forma. Outros
homens já devem ter feito essa espécie de ritual para
você, nessas festas do Zabini. Porque eles
e não eu?- eu perguntei, confuso.

_ Eu poderia ter gostado, Harry, se você tivesse


realmente desejado fazer. – ele falou, a voz triste. – Mas
não do jeito que foi, como um sacrifício seu para me
proteger.

_ Não foi um sacrifício. – eu me sentei, deixando meus


olhos na altura dos seus. – Um sacrifício é uma coisa ruim.

_ E o que aconteceu por acaso foi bom? Kinoss humilhou


você, te ofendeu. – ele apontou, parecendo sentir dor. –
Você estava ajoelhado no chão, como um submisso, nem
se defendeu.

_ Eu não precisava. – eu falei, com gentileza, acariciando


seu rosto bonito. – Eu sabia que você me defenderia.

Seus olhos pareciam marejados.

_ Você... você confiou em mim a esse ponto... colocou


sua varinha na minha mão. – sua voz entrecortada. –
Nunca achei que alguém como você pudesse...

Eu via que Draco estava com muita dificuldade de


expressar o que sentia. Eu não queria que ele parecesse
tão triste, não tinha sido para magoa-lo que eu tinha feito
aquilo, pelo contrário.
_ Alguém como eu? – eu perguntei.

_ Você é o melhor homem que eu já conheci na vida. Não


há ninguém mais forte, com mais caráter. – ele explicou.
– E eu... Harry eu já cometi muitos erros. As palavras que
aquele homem usou para te ofender, eu já usei inúmeras
vezes...

Vi que seu olhar correu rapidamente para marca negra


em seu braço. No passado ele tinha sido um comensal da
morte, um adepto da ideologia do sangue puro, como eu
bem sabia. Eu já tinha percebido a marca ali, e claro, mas
nunca dei muita atenção. Era só um desenho que
simbolizava seu passado, Voldemort tinha morrido e
aquilo não me apavorava em absoluto.

– Você é outro homem agora. – eu disse, com firmeza.

Ele sorriu levemente.

_ Tenho tentado ser. – ele afirmou.

Eu segurei seu rosto nas mãos.


_ Draco, hoje à noite, quando fiz aquilo, não foi nenhum
sacrifício. Não existe nada de indigno ou humilhante em
ser seu submisso. Eu fiz aquilo com orgulho. – eu falei,
com intensidade. – Foi para te defender de Kinoss,
verdade, mas isso não significa que tenha sido ruim.

_ Você fez com orgulho? – ele perguntou, baixinho.

_ Sim. – eu garanti. – Eu tenho orgulho de estar com


você. Admiro como você reconstruiu sua vida, como você
teve coragem de rever seus erros e mudar. Admiro a
pessoa que você se tornou.

_Eu... eu... – ele gaguejou, muito baixo. – Harry...

Eu o puxei para meus braços, aninhando seu corpo entre


as minhas pernas, mantendo-o apertado junto de mim.
Eu acariciei seus cabelos louros, tudo o que eu queria era
cuidar dele e fazê-lo se sentir melhor.

_ O que eu estou sentindo por você... eu nem consigo


explicar. – ele falou, quando conseguiu controlar a voz. –
Essa semana foi horrível.
_Foi. – eu concordei. – Essa viagem foi di6ficil demais.
Quanto mais eu percebia o quão complicadas e perigosas
as coisas estavam na França, quanto mais receio de uma
nova guerra eu sentia, maior era meu desejo de voltar
para você.

_ Está tão ruim assim? – ele perguntou. – Não achei que


os Purificadores do Sangue estivessem tão fortes.

_Você já ouviu falar neles? – eu perguntei, levemente


impressionado.

_ Alguns conhecidos meus tem relações com a seita. – ele


parecia desgostoso com a situação. – Kinoss inclusive.

É claro. Aquele homem horroroso estaria ligado a tudo


que há de mais sujo e deplorável na Terra.

_ Eles estão muito fortes, tempos difíceis se aproximam,


Draco. – eu falei, tentando expulsar o tom macabro
daquela predição. – Todos já perceberam isso. O clima no
quartel dos aurores na França está bem ruim. Eles estão
tentando parar os ataques aos trouxas todos os dias, mas
mesmo quando conseguem, sabem que no dia seguinte
haverá mais, e no outro novamente.
_ Foi assim que você se machucou? – ele perguntou, com
delicadeza. – Tentando parar um ataque?

Eu assenti brevemente com a cabeça.

_ O clima lá é desesperador. – eu falei. – Mas isso me fez


pensar muito na gente...

_ É mesmo? – ele deu um pequeno sorriso. – No que você


pensou?

_ Eu gosto de você, Draco. E eu te quero, de verdade. –


eu me declarava, pondo de lado qualquer pudor. – Não
quero deixar que meus medos ou constrangimentos me
impeçam de viver tudo que eu quero viver com você.

_ Eu também te quero, Harry. – ele admitiu. – Senti muito


sua falta.

Eu dei um beijo leve em seus lábios, como uma carícia. Eu


gostava dele. Sentia que queria estar com ele, cuidar
dele, fazer dele o homem mais feliz do mundo.
_ Você encontrou seu ex lá? – ele perguntou, fazendo
uma careta.

Me lembrei imediatamente de Philip. Ele tinha me


puxado para um canto para conversar, disse estar
arrependido de ter ido embora daquele jeito.

_ Você tinha razão, ele estava arrependido. – eu contei.

Seus olhos se arregalaram.

_ Ele tentou alguma coisa? – sua voz era ríspida, irritada.

_ Não. – eu o tranquilizei. – Ele apenas veio conversar


comigo, disse que queria falar sobre o que tinha
acontecido entre a gente. Mas eu respondi que não
queria, que agora eu tinha um namorado.

_ Você disse que tinha um namorado? – ele riu.

_ Sim. – eu contei, sentindo um pouco de irritação ao


lembrar da cena. – Ele disse que não acreditava, que eu
estava sendo covarde por não querer conversar com ele.
_ Homem insolente. – Draco disse, ciumento.

_ Então eu respondi que meu namorado era Draco


Malfoy e que, se ele não acreditava em mim, poderia
mandar investigar. – eu respondi

_ Você disse isso? – ele parecia feliz. – É sério?

_ Sim. – eu falei, ruborizando.

_ E eu sou mesmo seu namorado? – ele quis saber.

_ Se você quiser... – eu senti que


ruborizava.

Ele acariciou meu rosto com ternura.

_ Você está com vergonha de dizer isso? – ele perguntou,


achando graça. – Depois de tudo que você disse hoje
durante o sexo, não achei que ainda existisse alguma
vergonha em você.
_ É diferente. – eu disse, sentindo que ficava ainda mais
constrangido e vermelho. – Você sabe que é diferente
quando estamos transando.

_ Você fica muito desinibido. – ele concordou. – Eu gosto


disso. Hoje, ver você sentar naquilo, na frente do
espelho... dizer o que você estava sentindo... achei que ia
enlouquecer de tesão.

_ Nesses momentos, você pode conseguir qualquer coisa


de mim. – eu respondi.

_ E você tem medo disso? – ele quis saber. – Você tem


medo que eu te peça além do que você pode me dar?

_ Não. – eu ponderei sobre a pergunta. – Eu tive esse


receio antes, mas não tenho mais. Eu tenho certeza que
você nunca faria nada horrível comigo.

_ Nunca, Harry. – ele jurou. – Mas as vezes eu posso não


saber quando você está chegando perto de um limite. Eu
preciso confiar que você vai me dizer se for insuportável,
por causa disso eu gostei muito de quando você me pediu
para tirar o cinto de castidade e usou uma das suas
palavras de segurança.
_ Não te decepcionei? – perguntei, baixinho.

Na hora só queria me livrar daquilo, mas agora eu


pensava se não poderia ter aguentado um pouco mais.

_ De jeito nenhum. – ele cortou. – Você nunca me


decepciona. Mesmo sem nunca ter sido submisso de
ninguém, você aceita cada desafio que eu proponho com
coragem. Mas isso não significa que você vá gostar de
tudo, se você não gostou do cinto, eu nunca mais uso em
você.

Eu me senti muito tocado pela sua fala. Cada vez mais eu


entendia que para fazer aquele tipo de sexo era
necessária muita maturidade, diálogo e confiança um no
outro. Ele precisava confiar em mim, para dizer para
parar, para dizer que eu não queria algo. E eu precisava
confiar nele, confiar que ele faria o possível para nunca
ultrapassar meus limites, e que caso um dia isso
acontecesse ele pararia imediatamente.

_ Não... eu gostei. Inicialmente foi bastante excitante


ficar preso daquele jeito. Mas quando você começou a
me lamber, eu fiquei muito duro, começou a ficar muito
desconfortável. – eu expliquei.
_ Eu sei. – ele assentiu com a cabeça, compreensivo. – Era
esse o intuito, é uma forma de dominação, de punição.

_ Eu me senti bastante dominado... e tenho descoberto a


cada encontro nosso que eu gosto muito de me sentir
assim na hora do sexo. – eu falei, sentia a necessidade de
fazê-lo entender. – Mas naquele momento, quando eu
pedi para parar, foi porque ficou muito difícil...

_ Você não precisa se explicar. – ele me interrompeu


gentilmente. – Harry, seu corpo tem limites que você esta
descobrindo agora, que nós estamos descobrindo juntos.
Com o tempo, eu vou aprender melhor quando é bom
para você e quando não é.

Eu assenti com a cabeça. Sem dúvida ele acertava muito


mais do que errava. Eu praticamente me contorcia de
prazer a cada coisa que ele fazia comigo.

_ O fato de você ter parado no mesmo instante e tirado


aquilo de mim, quando eu pedi, me deu muita segurança.
– eu falei, em voz baixa.

_ Você achou que eu não tiraria? – ele perguntou.


_ Eu não cheguei a pensar nisso. – eu ponderei sobre a
pergunta dele. – Quando estamos nessas cenas BDSM, eu
me sinto completamente despojado de poder sobre o
meu próprio corpo. Mas eu confiei que você respeitaria
se eu usasse a palavra de segurança, e eu gostei muito de
você ter feito o que eu pedi.

Ele se abraçou em mim de novo, e eu respirei o cheiro


maravilhoso de sua pele.

_ Foi uma noite muito boa, no fim das contas. – ele


suspirou, os braços firmes ao redor do meu corpo.

_ Foi sim. – eu concordei.


CAPÍTULO 12

NARRADO POR DRACO MALFOY

_ Acho muito bom que você esteja conversando comigo


normalmente aqui dentro. – eu comentei, afastando-me
um pouco para olhar seu rosto. – Você parecia muito
determinado a separar nossa relação dentro e fora desse
quarto.

Ele franziu a testa levemente.

_ Inicialmente tudo isso me deixava um pouco nervoso. –


ele explicou, com calma. – Mas agora me parece mais
natural. Acho que podemos entrar e sair dessas cenas
BDSM conforme queremos, sem nos preocupar com o
lugar.

Isso era muito bom. Eu queria poder, depois do sexo,


conversar com ele tranquilamente, mesmo dentro do
quarto. Queria, também, poder fazer cenas de BDSM em
outros espaços, que não aquele cômodo.

Cada vez mais a maturidade e a calma de Harry para lidar


com a nossa situação me impressionava. Apesar de
inicialmente ele ter sido muito resistente em ter um
compromisso comigo, as coisas pareciam estar se
ajeitando e estavam tomando o rumo que eu queria. De
certa forma, eu sentia que nunca tinha sido tão feliz;
nunca na vida eu tinha querido nada como eu queria
Harry Potter.

_ Eu gosto disso. – eu admiti. -–Não quero que você sinta


como se não fossemos nós mesmos quando estamos
transando. Como se nessas horas você estivesse com
outro Draco, que não sou eu.

Ele deu uma risada baixa. Os olhos verdes me encaravam


com divertimento e ele esticou a mão, displicentemente,
para ajeitar alguns fios do meu cabelo que estavam em
desalinho.

_ Será possível que você esteja com ciúmes de você


mesmo? – ele provocou.

Eu ri também, incerto. Será que esse sentimento tinha


alguma lógica? Acho que não importava. Nada tinha
lógica do lado de Harry Potter, ele tinha virado a minha
vida de pernas pro ar.
_ Bobo. – eu disse pra ele, consciente de que era eu quem
estava sorrindo como um idiota apaixonado.

_ Pra mim, sempre foi você. – ele disse, sério. – Se


servisse um dominador qualquer, eu não teria arriscado
vir aqui da primeira vez, de certa forma pedindo para que
você me aceitasse. Você sempre foi o mesmo pra mim,
dentro e fora do quarto. Eu é que me sentia diferente,
ainda me sinto um pouco... quando estamos transando,
parece que sou outro Harry, mais livre, sem pudores.

Esse tipo de sexo podia fazer aquilo com as pessoas, eu


sabia bem. Mesmo para um submisso, preso com cordas,
sujeito aos desejos de um dominador, aquilo podia ser
muito libertador. Liberta a gente das amarras de uma
moral que nos diz que algo pode ser feito, que algo é
limpo, é bonito, é digno... enquanto outros jeitos de se
tocar, de se relacionar são sujos. Eu vinha me libertando
disso há alguns anos, e agora Harry passava pelo mesmo
processo, vivenciado de uma forma diferente.

_ Você já foi submisso de alguém? – Harry me perguntou,


de repente.

Fitei seu rosto curioso.


_ Não. – respondi, pausadamente. – Eu nunca senti
vontade de ser dominado ou de ser passivo em uma
relação. Mas existem dominadores que já foram
submissos em algum momento, para depois descobrirem
que preferem ser dominadores.

_ É mesmo? – ele falou, não chegava a ser uma pergunta,


era mais uma exclamação de surpresa.

Ele parecia estar bastante curioso com o que descobria


sobre BDSM, o que era natural, já que estava se
envolvendo com isso. De repente me bateu um receio de
que acontecesse assim com Harry; ele era um homem de
personalidade muito forte, poderia vir a descobrir que
queria ser um dominador e procuraria um submisso.
Nossa relação terminaria quando isso acontecesse. Fiquei
chocado pelo pânico que isso me causou, eu já estava
envolvido demais com Harry Potter. Muito mais do que
eu gostaria de admitir. Talvez Blaise tivesse mesmo toda
razão e eu estivesse mesmo apaixonado por ele.

_ Pode acontecer com você um dia. – eu disse, sondando.


– Você pode querer um submisso.

Ele fez uma careta.


_ Duvido muito que isso aconteça. – ele exclamou,
parecia muito certo do que dizia.

_ O que te faz rejeitar a ideia? – eu perguntei, com


curiosidade.

De certa forma a reação dele me aliviava.

Durante alguns minutos, ele parecia pensar no que


responder. Seu rosto se tingiu de vergonha antes que ele
dissesse.

_ O jeito que eu sou no meu trabalho, na luta que tive


contra Voldemort, e agora contra as Artes das Trevas de
maneira geral.. é muito diferente do jeito que eu sou em
relacionamentos. – ele falou, baixando o olhar, como se
não gostasse de admitir aquilo. – Eu sempre fui horrível
neles... eu nunca conseguiria me impor sobre alguém
para ser um dominador, e acho que eu também nunca
desejaria isso.

Medi o peso das palavras dele. A timidez que ele


demonstrava tantas vezes depunha ao seu favor.
_ Como foram seus relacionamentos? – eu quis saber. –
Como você lidava com sexo antes de eu aparecer? Você
me disse uma vez que sua experiência sexual era
limitada...

_ Eu tive pouquíssimas experiências, nunca as achei muito


prazerosas. Claro, sempre com mulheres, você sabe que é
o primeiro homem com quem estive. – ele comentou.

Sempre que ele me dizia aquilo, um sentimento de posse


me preenchia por inteiro. Eu queria que ele fosse meu. Eu
tinha sido o primeiro homem a tocá-lo, e desejava ser o
último.

_ Gosto mesmo quando você diz isso. – eu sussurrei pra


ele, antes que pudesse me dar conta.

Tive medo que ele se ofendesse com a minha


possessividade, mas ele me surpreendeu, sorrindo
brandamente pra mim.

_ Eu também. – ele disse, o rosto ruborizando. – Quando


estamos transando, aumenta meu tesão saber que você é
o único.
Senti o fogo queimar meu corpo. Seria possível que Harry
estivesse admitindo aquilo? Ele parecia perfeito pra mim,
como se tivesse sido feito sob medida. Não consegui
responder nada, fiquei fitando seu rosto, com os olhos
febris.

Alguns segundos depois Harry se incomodou com o


silêncio tenso, carregado de atração, que pairava entre
nós.

_ Mas voltando à conversa anterior, você também


mencionou que não tem vontade de ser passivo. Comigo
é o oposto, mesmo nas minhas fantasias com homens, eu
nunca me coloquei em um papel de ativo, eu nunca quis
isso. – ele explicou.

Aquilo fez com que eu me desconcentrasse. Eu arqueei as


sobrancelhas surpreso.

_ Não imaginava que fosse assim pra você. – eu falei.

_ Por quê? – ele sorriu para mim. – Não pareci


absolutamente passivo meia hora atrás?
_ Comigo sim, eu acho que sempre deixei claro que
esperava que você fosse passivo quando transamos. – eu
argumentei. – Mas não imaginei que você não desejasse
ter a experiência de ser ativo com nenhum outro homem.

_ Não desejo. – ele garantiu, seus olhos verdes fixos nos


meus. Seu rosto se tornou rubro novamente. – Se já não
desejava, agora muito menos... Draco... você precisa
entender o que eu sinto quando você...

Ele parecia tímido, sem saber como continuar.

_ Quando eu te fodo... – eu sugeri, abrindo um sorriso


maroto para ele.

_ Sim. – ele sorriu nervosamente. – Quando você me


fode... não tem como ser melhor do que isso.

Senti meu pênis responder aquela declaração. Eu o puxei


com força para junto do meu corpo. Eu o queria
desesperadamente, queria que ele fosse meu para
sempre.

Para sempre. Aquelas palavras me arrebataram.


Eu sentia minha respiração ficar mais intensa, a felicidade
pulsando em minhas veias. O que eu oferecia a Harry era
o suficiente para ele, na realidade era mais do que isso:
era tudo o que ele desejava.

_ Harry. – eu suspirei.

_ Draco... eu quero que você saiba que eu não vou


acordar amanhã e descobrir que quero outra pessoa, nem
submisso, nem dominador, nem alguém que não seja
nenhuma coisa nem outra. – ele se declarou, fazendo
todo meu corpo se arrepiar, meu coração disparado
dentro do peito. – Você é importante pra mim.

Eu o puxei para mim, beijando seus lábios com


sofreguidão. Eu nunca o deixaria ir embora, nunca.

_ Você também é importante pra mim. – eu confessei,


sussurrando entre um beijo e outro.

_ Acho bom. – ele sorriu para mim, brincalhão, o dedo


tocando com leveza a ponta do meu nariz. – Não vá me
aparecer com outro submisso que não vou aceitar te
dividir.
_ Não vou. – eu prometi, sorrindo de volta pra ele.

Era até engraçado que ele sugerisse isso. Não era óbvio
que não existia homem no mundo capaz de me satisfazer
como ele?

Fiquei alguns segundos olhando para seu rosto bonito. Os


cabelos pretos despenteados, a famosa cicatriz na testa,
em formato de raio. Seus olhos verdes pareciam cansados
de toda a atividade daquele dia.

_ Vamos dormir? – eu o convidei.

_ Vamos. – ele falou, bocejando coincidentemente. Então


sorriu, parecendo despreocupado. – Posso tirar a coleira?

Eu ri do jeito que ele falava. Não estava intimidado com


aquele objeto... quando propus aquilo a ele achei que ele
pudesse se recusar. De certa forma eu estava sempre
esperando que Harry se recusas: a fazer alguma coisa
comigo, mas ele parecia aceitar de bom grado tudo o que
eu propunha na cama. Ele era corajoso, raramente
hesitava, e quando o fazia era sempre por poucos
segundos.
_ Você ficou muito gostoso com ela. – eu admiti,
ajudando-o a desabotoar o acessório e retirá-lo de seu
pescoço.

_ Gostei de usar. – ele se limitou a dizer, com um


sorrisinho envergonhado.

Nós saímos do quarto de BDSM, caminhamos sem roupa


alguma pela minha casa, sem nos preocupar com mais
nada. Ele traçou um caminho reto até o meu quarto. Nós
dois usamos o banheiro e tomamos um banho rápido
antes de nos deitar para dormir.

Na cama, ele puxou meu corpo pra junto do dele sem


cerimônia, me acolhendo em seus braços. Sem dizer
nada, nossas respirações tornaram-se mais regulares, e
nós adormecemos.

-/-

No dia seguinte, acordei sozinho na cama. Por alguns


breves segundos senti medo que Harry tivesse ido
embora, mas logo ouvi movimentos vindos do banheiro.
Alguns minutos depois, ele saiu lá de dentro, enrolado em
uma toalha. Estava lindo, com os cabelos pretos
molhados e o abdômen bem marcado.
_ Você é uma visão e tanto, Potter. – eu brinquei,
utilizando seu sobrenome. – Se eu soubesse que era isso
que havia embaixo daquela capa de Hogwarts eu já tinha
te pegado há muito tempo.

_ Eu era muito mais magrelo no tempo de escola. – ele


contou, rindo. – O treinamento dos aurores é pesado, foi
assim que eu ganhei mais corpo.

_ Graças a Merlin. – eu falei. – Se você fosse assim desde


adolescente, a essa altura algum bruxo por ai já teria te
conquistado e você já estaria comprometido.

_ Mas eu estou comprometido. – ele disse, sorrindo


sensualmente para mim, despindo a toalha e subindo na
cama comigo.

_ Que bom que sabe. – eu disse, os olhos presos no seu


corpo nu.

Eu jamais me cansaria daquele homem.

Ele passou uma perna para cada lado do meu corpo,


sentando-se por cima de mim.
_ Espero que isso esteja bem claro pra você, Malfoy. – ele
falou, o tom rouco e provocante.

Harry esfregou-se lentamente no meu pênis, deixando-o


rijo. Minhas mãos passeavam pelo seu corpo, sentindo a
textura da sua pele.

_ Que gostoso. – eu sussurrei, fechando os olhos,


sentindo ele sarrar no meu membro.

_ Adoro sentir o senhor duro assim. – ele disse, usando o


tratamento "senhor" para mostrar que estava se
colocando no papel de submisso e que queria sexo.

_ Você está com dor de ontem? – eu perguntei.

Eu tinha consciência que na noite passada nosso sexo


tinha sido muito intenso, isso podia deixar o passivo
dolorido no dia seguinte.

_ Um pouquinho, mas posso aguentar, senhor. – Harry


respondeu, movendo-se sobre meu membro que já doía
de tanta excitação.
_ Tem certeza? – eu perguntei, baixo. – Tenha consciência
de que você não pode mentir pra mim, Harry.

_ Sim...sim. – ele ofegava, seu pênis já rígido, a glande


molhada pelo pré gozo. – Por favor, senhor, me deixe
sentar no seu pau.

Aquilo acabou com qualquer resistência que eu pudesse


ter. Harry Potter em cima da mim, implorando para
sentar no meu pênis, era demais para aguentar. Puxei
meu membro para fora da cueca que eu tinha usado pra
dormir. Peguei a varinha na mesa de cabeceira, fazendo
um rápido feitiço de lubrificação.

_ Então cavalga bem gostoso em mim. – eu ordenei.

Vi a mão de Harry ir na direção de sua entrada, e notei


que ele preparava com os dedos seu ânus, que eu tinha
acabado de lubrificar com magia. Não demorou muito,
ele encaixou sua entrada no meu pênis e desceu o corpo
devagar, deixando-me penetrá-lo. Deixei que ele fizesse
no seu tempo. Pouco depois ele iniciou um movimento
delicioso de vai e vem sobre o meu corpo, apoiando as
mãos em meu peito.
Tomei seu pênis na mão, acariciando-o com leveza,
provocando-o. Conforme os movimentos dele sobre mim
ganhavam ritmo, e ele me enterrava cada vez mais pra
dentro de si, passei a masturba-lo com mais ímpeto.
Queria senti-lo gozar, sentir seu canal contraindo-se e
apertando meu membro.

_ Goza no pau do seu dono, goza. – eu falei.

_ Aah. – Harry gemeu ao me ouvir dizer aquilo, deitou a


cabeça pra trás, gozando forte na minha mão, sujando
meu peito com seu sêmen.

Fui logo depois dele, sem conseguir controlar meu


orgasmo ao vê-lo gozar daquela forma sobre mim.
Quando acabou, passei os braços atrás de seu pescoço e
o puxei para baixo, e ele se deitou sobre meu peito, sem
que eu saísse de dentro dele. Ficamos ali, quietos,
abraçados.

Harry Potter era meu. Nada no mundo poderia tirá-lo de


mim.
CAPÍTULO 13

NARRADO POR HARRY POTTER

_ Queria te levar em um lugar hoje. – eu disse, ainda


deitado sobre o peito dele.

_ Onde? – ele quis saber.

Eu podia ouvir a curiosidade em sua voz. Era incrível que


eu tivesse aprendendo a reconhecer as expressões de
Draco, entender suas emoções devido a entonação que
ele dava às palavras. Em vários momentos,
principalmente durante o sexo, eu tinha passado a dizer
deliberadamente frases excitantes, sabendo o que
causariam nele e sendo recompensado pelo seu tom de
voz rouco, me dizendo coisas que me davam mais tesão
ainda. Mas mesmo fora da cama, eu sentia que começava
a entender Draco Malfoy. Aquelas semanas tinham sido
mais esclarecedoras sobre ele, do que todos os anos que
passamos juntos em Hogwarts.

_ É uma surpresa. – eu falei. – É um lugar trouxa, acho


que você nunca foi até lá.
Levantei o rosto para encará-lo, descolando um pouco
meu corpo do dele e apoiando os braços no colchão. Vi
que ele fazia uma careta.

_ E provável que não, mesmo. – ele falou. – De Londres


trouxa eu conheço basicamente os sex shops.

_ Não existe sex shops bruxos? – eu perguntei, com


curiosidade.

_ Existem, podemos ir um dia se você quiser. – Draco


sorria pra mim. – Mas eu costumava frequentar mais
seguidamente sex shops trouxas, porque, como você
sabe, eu tinha o hábito de me encontrar com submissos
trouxas, que não sabem quem eu sou.

_ Seria difícil explicar vibradores mágicos para esses


pobres garotos. – eu comentei, divertido.

_ Sem dúvida. – ele falou, o olhar


Brincalhão. – Mas felizmente o mundo trouxa está bem
desenvolvido em termos de brinquedos sexuais. Claro,
sempre é mais intenso transar com um bruxo, existem
magias que se pode usar em sexo BDSM.
_ Você as usou com Julian? – eu quis saber, saindo
totalmente de cima dele e sentando-me na cama.

Aurores relativas à prevenção da violência sexual. Eu


nunca tinha vivenciado na nada disso no contexto da
minha própria sexualidade. Até porque este assunto,
embora presente na lei, era um tabu e a maioria dos
bruxos e bruxas mantinha relações sexuais sem usar
magia ou apenas com alguns feitiços simples de
intensificação do prazer ou de ligação entre o casal.

Na noite em que eu e Draco tínhamos conversado sobre


nossos limites e as práticas sexuais que desejávamos
fazer, ele tinha tocado no assunto, me explicando sobre
alguns feitiços. Mas ele também tinha me dito que não
acreditava que já estivéssemos prontos para usar magia
na hora do sexo.

Naquele momento, estava curioso para saber se ele já


tinha usado feitiços com alguém antes. Pensando sobre a
pergunta que eu havia feito, Draco franziu a testa,
erguendo-se e sentando-se ao meu lado.

_ Não. – ele disse com cuidado. – Usei apenas algumas


vezes essas magias, com bruxos com quem eu tinha uma
melhor relação de confiança. Usar magia em alguém,
fazer feitiços que agem sobre o corpo de uma pessoa,
sem que essa pessoa esteja com uma varinha nas mãos
para se defender... isso é complicado. Pode causar
pânico, deixar a pessoa extremamente desconfortável,
mesmo que ela tenha dado um consentimento prévio
para isso.

Eu medi as palavras dele. Era algo complicado, realmente.


A varinha, para qualquer bruxo, era quase como uma
extensão de si próprio. No treinamento de auror, esse
sentimento se aprofundava, porque aprendíamos a estar
sempre preparados para empunhar a varinha e nos
defender. Até mesmo quando permitíamos, nos
treinamentos, que um colega nos atingisse com
determinado feitiço, sempre mantínhamos a varinha na
mão, para a qualquer momento dar um basta. Era uma
segurança. Alguns raríssimos e opcionais treinamentos
desarmados poderiam ser feitos, por aurores já nos
últimos estágios do treinamento, como tentar resistir ao
efeito de feitiços, mas ainda nesses casos a varinha ficava
sempre ao alcance e jamais era entregue a outra pessoa.

No dia anterior, no entanto, eu tinha entregado minha


varinha nas mãos de Draco, naquela festa. Parece que só
naquele momento minha ficha tinha caído, e eu
finalmente compreendia a grandiosidade daquele ato.
_ Você está pensando sobre ontem né? Sobre ter me
entregado sua varinha. – ele falou, decifrando meus
pensamentos.

_ Sim. – eu concordei.

Parece que eu não era o único que estava aprendendo a


ler as reações e emoções de Draco.

_ Não é algo para se fazer impulsivamente. – ele


aconselhou, com severidade. – Se fosse outro em meu
lugar, poderia ter se aproveitado disso.

_ Se fosse outro em seu lugar, eu jamais teria entregado a


varinha. – eu rebati, com lógica.

Eu não estava arrependido. Não foi um gesto impensado,


ele precisava saber disso. Precisava saber que eu não
entregaria minha varinha na mão de outro bruxo assim,
se eu não tivesse uma confiança profunda na pessoa.

Ele me olhou, os olhos azuis acinzentados, como um céu


em dia de tempestade. Aquele jeito dele de me olhar
fazia meu corpo estremecer. Sempre que eu dizia algo
assim, sobre meus sentimentos por ele, sobre as
sensações que ele me causa, ele me encarava daquele
jeito.

_ E se eu tivesse te lançado feitiços? – ele quis saber.

_ Não acho que eu teria entrado em pânico se você


fizesse isso, você já conversou comigo sobre alguns
feitiços e eu não fui contrário a usá-los, lembra-se? – eu
sorri para ele, levando uma mão até seu rosto,
acariciando de leve. – E se eu tivesse incomodado, acho
que você perceberia e pararia.

Era simples afinal. Eu não tinha mais receio de nada


durante o sexo com Draco. Tinha aprendido isso na noite
anterior com muita clareza, se algo chegasse ao meu
limite, ele pararia imediatamente. Então não tinha razão
para que eu temesse nada.

_ Será possível que você tenha toda essa confiança em


mim? – ele parecia incrédulo.

_ Já conversamos sobre isso ontem. _ eu o lembrei. – Mas


se você quer mesmo saber, vou te mostrar uma coisa que
fiz ontem à tarde.
Eu levantei da cama e busquei minha mochila, que estava
em cima de uma cadeira, no quarto dele. Dentro dela
retirei um envelope. Entreguei a ele.

Draco segurou o envelope com desconfiança e retirou de


lá o documento que eu tinha feito ontem, depois da
minha reunião com os aurores. Todo auror tinha o direito
de registrar um nome no departamento, de alguém de
extrema confiança, que deveria ser procurado em
situações de emergência, em casos de vida ou morte nos
quais auror em questão estivesse envolvido.

Essa pessoa tinha o direito de ser informada sobre as


atividades do auror que a registrou, podendo até mesmo
em casos de extrema necessidade se envolver nas
missões desse auror, embora o registro contivesse uma
espécie de feitiço que a impedia de contar a quem quer
que fosse. Além disso, o nome das pessoas registradas
tinham prioridade de proteção entre os aurores, visto
que, normalmente, eram as pessoas que eles mais
amavam no mundo.

Draco Malfoy era advogado. Ele lia o documento sabendo


exatamente tudo o que significava.
_ Você me registrou no Departamento dos Aurores. – ele
parecia assombrado. – Por que eu?

_ Tudo isso que está acontecendo na França vai chegar


até nós, Draco. Eu sou um auror, eu vou lutar. – eu
expliquei. – Se um dia eu desaparecer, quero que você
tenha todo direito de saber exatamente aonde eu estou.
Se algo me acontecer, quero ter a certeza de que você vai
ser protegido.

_ Eu não sei se fico feliz pela sua confiança em mim, por


você se importar tanto comigo... ou se fico preocupado
com tudo o que você está dizendo. – ele ponderou, me
encarando com seriedade. – Você está planejando ir
embora em alguma missão?

_ É provável. – eu falei, com cuidado, tentando não deixa-


lo preocupado demais. – Os aurores estão tentando
organizar um plano, talvez logo me mandem novamente
para a França, dessa vez por mais tempo.

_ Não gosto nada disso, Harry. – Draco estava


visivelmente incomodado.

Eu também não gostava nada da ideia de ficar longe dele.


Mas eu era um auror. Esse era meu trabalho e parte de
mim queria ir. Eu não gostava da ideia de ficar escondido
na Inglaterra enquanto tantas pessoas estavam morrendo
no país ao lado.

Mas aquele dia não era o momento para aquela conversa.


Era um bonito domingo de sol, e eu queria aproveitá-lo
ao lado de Draco.

_ Vamos deixar essa conversa para outra hora. – eu pedi.


– Por favor, não deixe estragar nosso dia.

_ Tudo bem. – ele cedeu, um pouco a contragosto. –


Onde mesmo você vai me levar.

_ Já disse que é surpresa. – eu disse, sorrindo e me


levantando da cama. – Vamos, veste uma roupa
confortável e vamos tomar café da manhã.

-/-

Uma hora e meia depois, estávamos entrando no Alton


Towers Resort, um dos melhores parques temáticos da
Inglaterra. Ficava há algumas horas de Londres, mas nós
aparatamos em um lugar discreto e seguro e depois
fizemos uma pequena caminhada até o parque.
Era um lugar que eu gostava muito, eu tinha estado lá
com Rony e Hermione há vários anos, logo após o fim da
guerra contra Voldemort.

Trata-se de um lugar lindo, construído nos arredores de


um castelo antigo, com belíssimos jardins. O parque tem
seis montanhas russas incríveis, inclusive uma com o
maior número de loopings, alguns brinquedos aquáticos e
outras atrações.

_ Você tinha razão, eu nunca vim aqui. – Draco comentou


quando estávamos na fila para comprar os bilhetes.

_ Você vai adorar. – eu garanti.

_ Alton Towers... – ele leu o nome em uma placa. – Esse é


o único desses lugares no mundo?

_ Nãaao. – eu exclamei. – Esse é apenas um dos muitos


parques de diversões que existem. Há muitos outros, bem
maiores que esse, inclusive.
_ “Parque de diversões” hein? – ele brincou. – Tenho um
lá em casa mesmo, você já esta se tornando um
frequentador assíduo.

Ruborizei quando vi que ele se referia ao quarto e BDSM


e empurrei seu ombro com leveza.

_ Idiota. – eu disse, também em tom de brincadeira.

Chegou nossa vez na fila e eu puxei algumas notas de


dinheiro trouxa para pagar as entradas. Vi os olhos de
Draco analisando todo o espaço com curiosidade quando
entramos no parque.

_ Vamos logo para uma montanha russa. –eu sugeri,


animado. – Quero começar radical.

A primeira que fomos foi a Nêmesis, uma montanha russa


construída abaixo do nível do solo, que passa por buracos
e trincheiras em seu percurso. Draco e eu confundimos
alguns trouxas afim de furar a fila, já que o parque estava
cheio, e logo estávamos no brinquedo.

Depois desta andamos em mais duas montanhas russas


até a hora do almoço, quando compramos sanduíches e
comemos juntos sentados na grama do jardim. Eu e ele
conversamos enquanto comíamos, falamos do tempo em
Hogwarts, de alguns professores... Eu contei um pouco,
também, do meu treinamento como auror e ele falou de
sua faculdade de Direito Mágico.

Chegou a ser romântico eu ali, sentado ao lado dele na


grama, o sol sobre nossas peles, aquela paisagem bonita
e arborizada a nossa volta. Minha relação com Draco era
tão voltada para o sexo, que eu não tinha parado pra
pensar o quão maravilhoso seria passar um momento
assim com ele.

_ Isso é muito diferente. – ele comentou, quando


terminamos de comer. – Eu nunca tive um
relacionamento assim, nunca fiz esse tipo de programa de
casal.

_ Bom, eu também não. – eu confessei.

A verdade é que eu tinha passado a maior parte dos


últimos anos sozinho, focado em meu trabalho,
aproveitando apenas a companhia dos meus amigos.
_ Eu gostei, Harry, gostei de estar assim com você. – sua
voz tinha uma nota de pânico. – Eu acho... acho que estou
me apaixonando.

Meu corpo congelou com aquela informação. Meu


coração tinha disparado, parecia que não cabia dentro de
mim. Não sei quanto tempo fiquei ali, encarando Draco,
incrédulo com aquela declaração. Não achei que ele ia
colocar as coisas daquela forma, que ia abrir-se daquele
jeito pra mim.

_ Eu entendo se você não sentir o mesmo. – ele falou,


preenchendo o silêncio. – Eu só achei... achei que seria
melhor dizer.. quer dizer... você pode ir embora pra
França amanhã... eu vou ficar aqui... eu não sei como.. eu
queria que você soubesse.. Você não pode ir sem saber...

Draco estava incoerente, eu sentia a ansiedade na sua


voz, me tirando do meu estado de torpor. Perto de nós
não havia muita gente, o parque tem jardins bem amplos,
mas ainda assim lancei um feitiço para desviar a atenção
dos trouxas de nós. Ele parou de falar quando me viu
empunhar a varinha para lançar o feitiço, ficando apenas
olhando para o meu rosto, sua expressão demonstrando
sua óbvia inquietude.
_ Eu já me apaixonei por você, Draco Malfoy. – eu disse,
meus olhos fixos nos dele.

E então coloquei fim à distância entre nós e colei meus


lábios nos dele, mergulhando num beijo apaixonado e
carregado de emoção.

_ Por favor, não me deixe aqui. – ele disse, parecia


sofrendo.

Aquilo cortou meu coração, eu também não queria me


separar dele. Nem sei se conseguiria me concentrar em
uma missão na França sabendo que Draco estava na
Inglaterra sozinho. Ainda mais agora que eu sabia que
Kinoss tinha ligação com os Purificadores do Sangue e
estava irritado por ter sido expulso da festa de Zabini. Ele
poderia querer descontar em Draco, atacando-o.. ou até
dar um jeito de burlar o código de sigilo da festa de Zabini
e contar aos Purificadores do Sangue a minha ligação com
Draco, o que o tornaria um alvo.

_ Eu... eu vou dar um jeito, Draco. – eu falei. – Você acha


que conseguiria uma licença no trabalho?

Ele ergueu as sobrancelhas pra mim.


_ Acho que sim. Você quer me levar pra França? – ele
parecia genuinamente impressionado.

_ Acho sinceramente que você não está seguro aqui


sozinho, por causa de Kinoss. Sei que os Outros aurores
podem te proteger, mas eu ficaria mais tranquilo se você
estivesse perto de mim. – eu argumentei, e depois deixei
toda a racionalidade para trás. – A situação está ruim
demais na França, Draco, e eu estou com medo do que
está por vir, eu quero que estejamos juntos.

_ Então nós vamos estar juntos. – ele falou, e pareceu


mais tranquilo do que estivera a manhã toda.

Depois do almoço, andamos em alguns brinquedos


aquáticos e outras montanhas russas, inclusive a The
Smiler, que tem nada menos do que 14 loopings e quedas
de 30 metros de altura. Draco gritou e se divertiu como
os trouxas, conforme girávamos no ar, embora alguns
movimentos fossem semelhantes às manobras que
fazíamos com as vassouras.

No final do dia, voltamos para casa dele, cansados, um


pouco vermelhos do sol, mas incrivelmente felizes.
CAPÍTULO 14

NARRADO POR DRACO MALFOY

Naquela mesma noite, Harry e eu fomos acordados, por


volta das duas da madrugada, com uma coruja de
Kingsley Shacklebolt, chefe dos Aurores. O bilhete era
curto e dizia claramente que eu e ele deveríamos nos
apresentar o mais rápido (e discretamente) possível, no
esconderijo de número 18 dos Aurores, cuja localização
eu não tinha ideia de onde era.

_ Esconderijo número 18... – eu podia ver o cérebro de


Harry trabalhando. – Draco... você por um acaso não teria
umas roupas de couro, essas coisas que se usa em clubes
BDSM?

_ Fetiche a essa hora? – eu perguntei incrédulo e


confuso. – Não temos que encontrar seu chefe?

_ Não, Draco. É porque é exatamente isso que o


esconderijo número 18 é. Um clube BDSM, o Erthel's
Club. Mas teremos que ser discretos, entrar e sair sem
que desconfiem do nosso real propósito. Pode haver
bruxos das trevas à espreita nesses lugares. – Harry
explicou. – Não sei porque Kingsley marcou lá, não é um
esconderijo muito usado. A não ser que ele queira
esconder o assunto até dos outros aurores, aí faz sentido,
marcar num lugar onde os aurores de maneira geral não
costumam frequentar.

Os aurores tinham um esconderijo em um clube BDSM?


Porque estávamos sendo chamados lá? Eram perguntas
que vinham a minha cabeça, sem resposta, enquanto eu
levantava rapidamente, procurando em meu armário as
roupas apropriadas para o Erthel's Club. Vesti-me com
uma calça de couro preta e uma jaqueta de mesma cor
material, além de uma camiseta cinza escura justa.

Estendi uma calça jeans para Harry, de um tom claro,


bastante rasgada. Ele fez uma careta, mas não discutiu.

_ Vista sem cueca. – eu disse.

_ Mas...

_ Vão perceber, a calça marca e tem muitos rasgos. – eu


cortei o que poderia vir a ser um questionamento sobre a
necessidade de não usar roupas de baixo.
Estendi para ele uma coleira larga de couro preto, com
um anel de metal na parte da frente do pescoço.

_ Isso é mesmo necessário? – ele falou, em tom de


súplica, segurando a coleira nas mãos. – Nós vamos
encontrar o meu chefe.

_ Você disse que tínhamos que ir disfarçados. – eu


argumentei, em voz baixa.

Entendia que ele não queria aparecer assim na frente do


chefe. Quem queria ir para uma reunião de trabalho de
coleira, sem camisa, vestindo apenas um jeans todo
rasgado que não deixava quase nada para a imaginação?
No lugar dele, eu também estaria constrangido.

_ Você pode vestir um casaco até chegarmos lá, se for se


sentir melhor. – falei, tentando passar algum conforto pra
ele.

Mas ele não me respondeu nada. Sua testa estava


franzida, sua expressão severa.

_ Harry, o que houve? – eu questionei.


_ Mas eu não estou disfarçado, não é? De certa forma, eu
sou seu submisso. – ele respondeu. – Kingsley não
marcou uma reunião em um clube BDSM por mera
coincidência. Ele sabe, ele sabe sobre eu e você.

_ Como? – eu arregalei os olhos. Eu e os outros bruxos


envolvidos com BDSM sempre tínhamos mantido aquilo a
sete chaves.

_ A pergunta não é como ele descobriu seu segredo,


Draco. – ele disse, fechando a coleira em torno do seu
pescoço. – A pergunta é o que, afinal, Kingsley quer com
você?

- // -

Quando chegamos na entrada do clube, que ficava em


uma rua bastante discreta de Londres, eu sussurrei para
Harry:

_ Sei que você está irritado, mas você vai precisar mudar
de postura agora, tudo bem?

_ Sim. – ele disse. – Sim, eu sei, Draco. Vou deixa-lo me


guiar, tudo bem? Peça o quarto de número 6.
Segurei sua mão com firmeza. A cada vez que ele
depositava sua em mim eu me sentia mais forte, mais
satisfeito, um homem melhor.

_ Senhor Malfoy. – eu fui cumprimentado assim que


cheguei pela jovem recepcionista. – Há quanto tempo.

Harry entrou atrás de mim e permaneceu parado, um


passo atrás, as mãos juntas na frente do corpo, os olhos
fixos no chão, o rosto completamente inexpressivo.

_ Faz tempo mesmo, srta. Jones. – eu respondi. – Minha


ausência se deve ao fato de eu ter um submisso fixo
agora. E ele ainda não estava preparado para o Erthel's
Club.

_ Ele é muito bonito. – srta. Jones comentou, sorridente.

Ela não falou diretamente com ele porque viu que eu não
fiz menção de apresenta-los. Para todos os efeitos, eu era
bastante possessivo. Mas na realidade, eu só queria
chegar o mais rápido possível ao quarto. E por Merlin,
mesmo que Harry estivesse muito mais do que sexy com
aquela roupa, não seria para aliviar minhas tensões
sexuais.

_ Quarto 6, por favor. – eu disse, com rispidez.

_ Cla-claro. – ela respondeu, um pouco desconcertada,


me entregando a chave.

Andei na direção do quarto, com Harry um passo atrás de


mim, mantendo a mesma postura e expressão de forma
impecável. Ao entrar no quarto, no entanto, Harry, sacou
a varinha que tinha ocultado com um feitiço no bolso da
calça. Trancou a porta, lançou feitiços silenciadores e
tocou três vezes com a varinha nas pontas da cruz presa à
parede que servia para amarrar os submissos.

Abriu-se uma passagem que dava para uma pequena sala


apertada com três cadeiras, onde Kingsley Shacklebolt já
nos esperava. Ele arregalou os olhos para Harry,
visivelmente impressionado com a imagem de seu mais
talentoso auror vestido naqueles trajes.

_ Kingsley. – Harry cumprimentou friamente. Suas vestes


de submisso contrastavam de forma gritante com seu
tom de voz.
_ Sr. Shacklebolt. – eu disse, incerto.

_ Harry. Sr. Malfoy. – Shacklebolt tentou cumprimentar


cordialmente. – Sentem-se.

Eu e Harry nos sentamos. Eu não entendia porque Harry


estava irritado daquela maneira. Ele parecia
profundamente desconfiado das intenções do chefe.

_ Eu já sei o que você quer. – Harry falou. – Tive todo o


caminho até este quarto para pensar. E a resposta é não.

_ Harry... – Shacklebolt falou. – Por favor me escute, é um


bom plano.

_ De jeito nenhum. – Harry aumentou o tom de voz. –


Draco é civil, não é auror. Civis não participam de
missões.

Como é? Shacklebolt queria que eu participasse de uma


missão com os aurores? Como é que Harry tinha
deduzido isso só com aquele bilhete?
_ Você inscreveu ele como seu contato no Departamento,
isso o autoriza a saber dos seus movimentos e, inclusive,
a atuar em algumas missões. – Shacklebolt falou, como se
fosse uma carta na manga.

Eu sabia que era uma péssima coisa


para se dizer a Harry. Minha opinião foi confirmada
quando vi Harry levantar da cadeira. Seus olhos eram
assassinos.

_ Como você ousa Shacklebolt? – tinham acabado os


tratamentos amigáveis. – Eu o inscrevi como contato para
ele ser protegido, não para o Departamento se achar no
direto de arriscar a vida dele.

_ Pelo menos escute o que eu tenho para dizer. –


Shacklebolt disse, calmamente.

Entrelacei meus dedos nos de Harry.

_ Vamos ouvi-lo, Harry. – eu falei. – Eu quero ouvir.

_ Isso tinha que ter sido dito a mim e apenas a mim,


Shacklebolt. – Harry disse. – Mas você sabia que eu
recusaria, então você manipulou a situação e chamou
Draco aqui, para que eu fosse obrigado a deixa-lo ouvir
você.

Shacklebolt nada respondeu. Ele não negou, porque era


evidentemente verdade o que Harry dizia.

_ Por favor. – eu pedi.

Harry se sentou de novo, segurando firme a minha mão,


mas sem se virar pra mim. Seus olhos estavam fixos em
Shacklebolt. O auror mais velho, não se intimidou, virou-
se para mim, talvez considerando-me a pessoa mais fácil
de convencer, e começou me contar o que sabia e o seu
planejamento.

_ Talvez seja uma surpresa para o senhor, mas os aurores,


há mais um menos uns três anos, tem feito um
mapeamento das atividades de bruxos praticantes de
BDSM. Foi uma investigação bastante sigilosa, apenas eu
e dois outros aurores nos envolvemos nela. Harry, por
exemplo, não tinha a menor ideia da existência dessa
investigação. Sabemos que alguns bruxos como o senhor,
Blaise Zabini, Simon e Leo que são funcionários do
Ministério e meus amigos pessoais, são apenas
praticantes de BDSM, mas não fazem nada de ilegal. Mas
nossa investigação foi importante para poder descobrir
bruxos que estão fazendo uso de magia das trevas
disfarçada de uma "prática sexual inofensiva".
Principalmente depois que descobrimos que o BDSM é
uma prática comum entre os Purificadores do Sangue. –
Shacklebolt explicou. – Quando descobrimos que você e
Harry estavam juntos, imaginamos que talvez o senhor
tivesse disposto a ajudar, gostaríamos que o senhor se
infiltrasse.

_ Como espião? – eu quis confirmar.

_ Sim. – ele respondeu. – Você é de uma família puro


sangue. E é um dominador, eles certamente te
aceitariam.

_ Isso está fora de questão. – Harry falou, como quem


coloca um ponto final.

_ Essa decisão não é sua. – eu respondi, sem me alterar.

Shacklebolt parecia ter um brilho vitorioso nos olhos.

_ Parece que vocês precisam conversar. – ele tinha um


sorrisinho mal contido no canto dos lábios. – Eu vou
aparatar, confundi recepcionista para entrar no clube
horas mais cedo, quando não tinha ninguém aqui.

_ Antes de ir, Shacklebolt, deixe eu lhe dizer uma coisa. –


Harry disse, e talvez fosse o tom mais perigosamente
calmo que ele usara desde que entramos naquele quarto.
– Você agiu pelas minhas costas hoje, e eu nunca vou
esquecer.

_ Harry... – ele respondeu, parecendo desconcertado com


as palavras do auror que ele próprio tinha treinado.

Mas Harry virou as costas, voltou andando para dentro do


quarto. Shacklebolt me estendeu seu cartão, para que eu
pudesse entrar em contato, lançou um último olhar
confuso na direção de Harry e desaparatou.

_ O que foi tudo isso? – eu perguntei para Harry, que


tinha se sentado numa estrutura de madeira no chão.

_ Um pesadelo. – ele disse, os cotovelos apoiados nos


joelhos, o rosto enterrado nas mãos.
_ Você não acha que está exagerando? – eu perguntei. –
Seu chefe veio me pedir ajuda. Hoje mesmo estávamos
falando sobre ir pra França juntos.

_ Isso não é ir pra França juntos. É arriscar sua vida. É te


colocar no trabalho mais perigoso que existe. – ele disse
com urgência, erguendo os olhos pra mim. – Espiões
acabam mortos, Draco, não é por nada o que aconteceu
com Severus Snape. Se eles descobrirem que você é um
agente duplo, se Kinoss aparecer lá, fizer a cabeça deles
contra você, você vai ser torturado e morto.

_ Eu sei me defender. – eu falei.

_ Draco, você não vai ter a menor chance. Eles seriam


muitos e você um só. – ele respondeu, com escárnio. –
Mesmo que você fosse um auror treinado, o que você
não é.

_ Eles não vão me descobrir. Eu sei mentir bem, as coisas


vão dar certo. – eu tentei novamente.

_ Porquê de repente você quer tanto isso? – Harry se


alterou. – Eu não estou te entendendo.
E de repente eu também já estava alterado.

_ Eu é que não estou te entendendo. Você vem falando


disso desde que começamos a ficar juntos, que as coisas
na França estão ruins, que você quer ajudar, que vai lutar.
O único que pode fazer algo é você? O único que pode
arriscar a vida é você? – eu questionei, aumentando a
voz.

_ Eu fui treinado pra isso, você já me viu duelando. – ele


argumentou. – E eu não vou estar trabalhando infiltrado,
você sabe que é diferente.

_ Você pode ser útil em batalhas, em


missões de salvamento, duelando, é verdade. E eu posso
ser útil como espião. – eu tentei ser racional. – temos
qualidades diferentes, coisas diferentes a oferecer.

_ E como é que você vai ser útil, Draco? – ele perguntou,


irritado. – Participando das festinhas dos Purificadores do
Sangue? Fazendo cenas com submissos para satisfazer
seus novos colegas puro sangues?

_ É disso que se trata? Ciúmes de mim com outros


submissos? – eu questionei.
Os olhos dele estavam profundamente verdes, lágrimas
incontidas começaram a cair incessantemente sobre seu
rosto, escorrendo pela sua bochecha, avermelhando seu
rosto sério e triste.

_ Não. Eu preferia ver você transar com mil homens


diferentes do que ver você partir nessa missão. – ele
respondeu. Tão digno, tão sincero. Ele tinha aquele poder
de me tocar profundamente, de me desarmar.

_ Por favor, eu faço o que você quiser, se você não for. –


ele disse, caminhou na minha direção, parecendo
desesperado. Ele começou a tirar a calça.

_ Agora não é hora de sexo, Harry. – eu disse, confuso


com suas intenções.

Mas então ele empurrou sua varinha novamente nas


minhas mãos, como tinha feito na festa de Blaise, me
olhou com os olhos cheios de dor, e então, caiu de
joelhos aos meus pés.

_ É sua, só uso quando você permitir. Te trato para


sempre como meu senhor. Só faço o que você deixar. Vou
abandonar os aurores, não participo de mais nenhuma
missão. Vou estar sempre disponível, nunca vou recusar
nada. Se você quiser ter relações com outro homem vou
aceitar. – ele jurou. – Em troca eu só te peço pra não ir,
não seja espião, não arrisque sua vida, não se envolva.

Eu me abaixei ao lado dele sem acreditar no que estava


acontecendo. Estendi de novo a varinha pra Harry, mas
ele não a pegou. Ficou num silêncio imóvel, ajoelhado, as
mãos sobre o joelho, o rosto abaixado, chorando. Guardei
a varinha segura no bolso do casaco, junto da minha.

Enxuguei as lágrimas no rosto dele, mas era um gesto


inútil, elas seguiam caindo, sem parar, quietas, mas
constantes. Além de minha mãe, ninguém tinha chorado
daquele jeito por mim. Ninguém tinha se disposto a abrir
mão de tudo e qualquer coisa daquela forma pela minha
vida, pela minha segurança. A essa altura, meus olhos
também já transbordavam lágrimas.

_ Eu não vou aceitar a proposta de Shacklebolt. _ eu falei,


abraçando-o, trazendo seu corpo para junto do meu. – Eu
não poderia te magoar dessa maneira.
Senti que ele se agarrava em mim, molhando minha
camisa de lágrimas, sem conseguir reprimir um soluço
alto, chorando com o rosto enterrado em meu peito.

_ Obrigado, Draco, obrigado. – ele disse, a voz tingida de


alívio.

Mas de repente ele levantou a cabeça e tentou se


recompor, como se estivesse sido pego fazendo algo
errado.

_ Desculpe, eu prometi trata-lo como meu senhor de


agora em diante. _ ele tentou sorrir forçadamente. –
Acho que isso não inclui chama-lo pelo nome.

Ele estava disposto a cumprir aquilo que tinha me


proposto, como uma barganha. Ele cumpriria até o fim da
vida, desde que eu ficasse a salvo. E, por causa disso, a
profundidade dos nossos sentimentos um pelo outro
começou a veio à tona, me atordoando. Eu percebi que
também faria qualquer coisa para vê-lo bem.

_ Não é assim entre a gente, Harry. Não quero que você


me chame de senhor o tempo todo. – eu falei, com
bondade. – Você tem sua vida, pode fazer as coisas que
gosta e certamente tem o direito de recusar algo que não
deseja.

_ Eu desejo o que o senhor desejar. – ele disse, submisso,


sem me olhar, tentando controlar, em vão, a voz
embargada pelo choro. –Minha vida te pertence.

- Pare com isso Harry, eu não quero nada disso, eu quero


você do jeito que você é. Quero que você seja feliz. – meu
tom era de súplica.

Ele me encarou com seriedade, absorvendo minhas


palavras.

_ Nós vamos pensar em outra coisa pra combater os


Purificadores de Sangue e ajudar o Mundo Bruxo. – ele
disse. – Eu não vou te deixar de fora, estava falando sério
hoje à tarde. Vamos fazer alguma coisa, mas juntos. Eu
juro a você, não vou te guardar um único segredo.

_ Não quero que você vá embora em uma missão sem


mim. – eu falei. – Eu sei que não é a mesma coisa, sei que
você é treinado, que não são casos de espionagens, mas
eu também fico preocupado com a sua segurança.
_ Isso nunca mais vai acontecer. Amanhã eu não serei
mais um auror. – ele me disse, muito sério.

_ Você não precisa... – eu comecei, mas ele colocou um


dedo sobre meus lábios, com leveza.

_ Eu sei que você não está me pedindo isso. Mas eu não


quero mais. Eu nunca quero ter que partir em uma
missão e causar em você a aflição que senti hoje quando
achei que você fosse aceitar o plano de Shacklebolt. –
Harry explicou. – A decisão que você tomou hoje, por
mim, eu nunca vou esquecer. E você merece que eu faça
o mesmo por você.

_ Mas você não quer continuar combatendo as artes das


trevas? – eu perguntei, confuso.

_ Quero, mas só se for do seu lado. – ele respondeu,


sorrindo timidamente pra mim. – E não preciso do
Departamento de Aurores pra isso.

_ E no que você vai trabalhar? – eu perguntei.


_ Por enquanto, em nada. – ele respondeu. – Mas quando
tudo isso se resolver, quem sabe... Posso me candidatar
ao cargo de professor de DCAT em Hogwarts.

_ Você tem certeza? – questionei.

_ Do que? Das minhas ambições profissionais futuras? –


ele perguntou. – Não. A única coisa que tenho certeza
agora, é que quero estar com você. E quero que você
esteja feliz, e em segurança. Porque, Draco, se algo te
acontecer, eu não posso nem pensar... eu acho que eu
não conseguiria...

E foi a minha vez de tocar levemente seus lábios para


silencia-lo. Porque eu sentia o mesmo. Eu não saberia
como continuar se algo acontecesse com ele. Harry já se
tornara parte fundamental da minha vida, do meu
próprio ser.

E tomado por esse sentimento, o puxei para um beijo


carregado de necessidade.
CAPÍTULO 15

NARRADO POR HARRY POTTER

Meus joelhos ardiam um pouco do contato com o chão


áspero e pedregoso do quarto número 6 do clube. Draco
pareceu se dar conta disso sem que eu dissesse, porque
ao separarmos nossos lábios, ele sentou-se no chão,
recostando-se numa parede próxima, puxando meu
corpo nu para o seu colo, onde me acomodei sem
reclamar.

Ele afagou de leve seus joelhos.

_ É um quarto apropriado pra seções mais rígidas de


BDSM. – Draco comentou.

Eu olhei em volta, pesando suas palavras. O chão e as


paredes eram de pedra. O quarto tinha um aspecto
sombrio, os móveis, de modo geral, assemelhavam-se um
pouco ao que havia no quarto de BDSM na Mansão
Malfoy, mas eram bem mais rústicos. Era quase tudo de
madeira ou metal.
_ Sem dúvida você criou um ambiente mais confortável
na sua casa. – eu respondi.

_ Você ficou impressionado com o quarto? – ele quis


saber. Draco parecia sempre preocupado que eu me
assustasse com algo relacionado ao mundo BDSM. – Você
já tinha vindo a esse esconderijo antes? Com os aurores?

_ Não, aprendemos a localização desse esconderijo na


teoria, sabemos como entrar, mas como eu disse,
raramente é utilizado. É a primeira vez que entro no
quarto 6. – eu expliquei. – Porém, eu já tinha vindo nesse
clube antes, quando estava pesquisando sobre BDSM,
antes de decidir te procurar. Eles tem um salão aberto no
andar de cima, muito parecido com esse quarto, no qual
dominadores fazem cenas com seus submissos e voyeurs
podem assistir.

_ Você se cadastrou como voyeur da última vez que veio?


– ele perguntou.

_ Sim. – eu respondi.

_ E foi aqui que você viu... que você viu submissos sendo
punidos severamente? – ele perguntou.
_ Foi. – Eu falei, muito baixo.

_ Você se sentiria mal... se sentiria oprimido de fazer algo


comigo aqui? – ele parecia genuinamente inseguro ao
perguntar.

_ Oprimido não. – eu respondi, pausadamente. – Só não


me parece uma ideia... hã... muito atraente.

_ Há algo que eu possa fazer para que seja mais atraente


pra você? – as mãos dele desciam pelas minhas costas
levemente, causando-me um arrepio de excitação.

_ Ajuda muito você ficar me tocando e me olhando todo


sexy nesse quarto, parecendo o Rei do Calabouço. – eu
comentei, em voz baixa, estremecendo sob o toque dos
seus dedos.

Uma risada rouca escapou dos seus


lábios.

_ Rei do Calabouço! Vou ter que anotar essa pra contar a


Blaise.
Alcancei seus lábios para um beijo leve.

_ Vou precisar da varinha de volta. – eu suspirei. – Para os


feitiços de preparação.

Aquilo significava que eu estava aceitando, como Draco


sabia muito bem.

_ Tem certeza de que quer fazer isso? – ele perguntou.

Joguei o corpo um pouco para trás para que ele visse a


minha excitação.

_ Draco, olha só o jeito que eu estou.

Os olhos dele prenderam-se no meu pênis, que projetava-


se rijo. Draco Malfoy me excitava demais. A perspectiva
de transar com ele ali me assustava um pouco, sem
dúvida, mas também me dava um tesão da porra.

_ Você não deveria tomar decisões baseado no seu pau. –


ele comentou, sem tirar os olhos da minha ereção.
Eu me aproximei do ouvido dele,
mordendo o lóbulo de sua orelha, sentindo sua pele
arrepiar.

_ Talvez eu mereça um castigo por isso. – eu sussurrei,


provocando-o. – Senhor.

Draco me pegou em um ímpeto, me colocando de bruços


em seu colo e depositando um forte tapa nas minhas
nádegas, que me fez gritar pelo susto e pelo atrito.

_ Sente que mereceu isso, Harry? – ele perguntou, rouco.

_ Sim, senhor. – eu respondi, desnorteado.

Eu diria sim pra tudo que ele quisesse.

_ Então agradeça. – Draco ordenou.

_ Obrigado, senhor. – eu disse.

Então Draco bateu de novo. Outro tapa forte e ardido. Eu


gemi. Ele esperou, entendi minha deixa.
_ Obrigado, senhor. – eu falei, novamente.

Ele repetiu mais duas vezes, e eu obediente esperei


minha deixa para agradece-lo. Aquilo era bastante
excitante, eu sentia minha ereção cada vez mais rígida
contra o couro da calça que Draco usava. Quando acabou,
ele ordenou que eu ficasse de joelhos de frente pra ele.

_ Eu quero fazer os feitiços de preparação em você hoje.


– ele me olhou nos olhos. – Você permite?

Eu fiquei vermelho. Aquilo era um pouco íntimo, não?

_ Sim, senhor. – eu respondi.

_ Você permite que eu use outros feitiços em você hoje,


Harry? – Draco questionou.

Fiquei feliz com aquele pedido. Significava que Draco já


estava confiando o suficiente em nós dois para usar
feitiços. Ele confiava que eu diria a ele se tivesse algo
errado, se eu não me sentisse bem. Não consegui conter
um sorriso.
_ Sim, senhor. – eu respondi.

Ele me olhava confuso, obviamente sem entender porque


eu estava sorrindo daquela maneira.

Draco se ergueu do chão, despindo quase toda sua roupa,


mantendo apenas a cueca boxer preta. Ele pegou sua
varinha no bolso da jaqueta de couro e fez os feitiços,
removendo os pelos do meu corpo e me deixando limpo e
preparado pra ele. Feito isso, ele ordenou que eu
levantasse e me levou até uma estrutura de metal em
formato de X na parede.

Ele me amarrou calmamente de frente pra ele, as costas


sentindo o frio do metal. Meus braços e pernas foram
devidamente presos com tiras de couro e minha
mobilidade tornou-se bastante reduzida. Eu mal podia
mover-me poucos centímetros para os lados.

Com um feitiço, ele decolou a estrutura de metal da


parede e fez com que ela flutuasse pelo quarto. A minha
posição na vertical modificou-se para a horizontal. Eu me
vi deitado, preso àquele X de metal, cerca de um metro e
meio acima do chão.
Draco se aproximou de mim. Ele era sexy demais, eu o
queria com desespero. Meus olhos eram febris sobre seu
corpo. Ele se abaixou entre minhas pernas e eu gemi
quando senti seus lábios em meus testículos. Ele beijava,
lambia, e passava os dentes levemente pelo meu saco.

Eu estava cada vez mais excitado, ele sabia muito bem


disso, mas como que propositalmente, não tocava meu
pênis. Então ele parou. Caminhou na direção das nossas
roupas e retornou com uma tira fina de couro, com a qual
amarrou a base do meu pênis, como uma espécie de
bondage ou anel peniano improvisado.

Eu sabia bem que aquilo dificultaria um orgasmo, mas


não era tão incômodo quanto o cinto de castidade que
tínhamos usado antes. Não reclamei, confiava em Draco.
Quando ele terminou de amarrar a tira de couro e olhou
para o meu rosto, eu sustentei seu olhar com firmeza.

Draco fez um feitiço não verbal e na ponta de sua varinha


surgiu um círculo de luz azulado.

_ Pronto? – ele perguntou.

_ Sim, senhor. – eu estava entregue.


Ele encostou o círculo na glande do meu pênis, já
lubrificada de excitação. Meu pênis se contraiu, mas eu
não pude me mover ou me esquivar. Eu estava muito
bem preso naquela estrutura, totalmente a mercê de
Draco. O feitiço era quente e vibrante, como pequenos
choques, que castigavam e ao mesmo tempo deliciavam
minha ereção.

Minutos depois eu já gemia sem parar. A tira de couro


deixava meu pênis inchado e duro, impedindo que eu
tivesse qualquer alívio. Draco não desviava o feitiço,
concentrando-se na minha glande, já sensível e dolorida.
Quando a varinha de Draco se apagou, ele tirou o couro
que amarrava meu pau e começou a acariciá-lo com
lentidão. Mas eu não tinha ilusões de que ele
pretendesse me deixar gozar.

_ Eu quero fazer mais uma coisa com você. – ele disse. –


um feitiço.

_ O que quiser, senhor. – eu ofereci.

Com um floreio de varinha, minhas pernas tinham se


soltado da estrutura de metal e estavam presas por
correntes no teto, deixando meu corpo ainda mais
exposto. Não era uma posição muito confortável, a parte
inferior das minhas costas doía um pouco contra a rigidez
do metal.

Mexi um pouco o quadril, agora que não estava mais tão


limitado, tentando me acomodar melhor. Mas antes que
eu pudesse pensar muito nisso Draco empurrou sua
jaqueta de couro dobrada na região da minha lombar,
ajudando-me a me apoiar.

_ Melhor? – ele perguntou.

Eu fiz que sim com a cabeça, sentindo-me mais relaxado.


Ele tocou minha entrada com a varinha, fazendo um
feitiço lubrificante e introduziu um dedo em
meu corpo. Eu gemi baixinho, sentindo seu toque
delicioso dentro de mim. Eu amava ser acariciado daquele
jeito por Draco, sentir seu dedo se movimentando dentro
em meu interior.

_ Eu vou te explicar o que quero fazer com você. Preciso


que você entenda exatamente o que significa,
exatamente para o que você está dando permissão. – ele
falou, muito sério. – Porque esse feitiço é diferente dos
outros que já fiz em você. Uma vez que eu tenha lançado,
vai ser muito difícil pra você dizer não pra mim.
Eu engoli em seco, entendendo que se tratava de um
passo maior. Mas não disse nada, apenas esperei que ele
explicasse.

_ O opus penetrant... – ele começou, e eu


involuntariamente me contraí.

Eu conhecia o feitiço, tinha estudado


no treinamento de aurores. Na verdade, eu sabia que
podia resistir ao feitiço se quisesse, se fizesse muita força
pra isso. O preconceito contra homossexuais era forte em
alguns círculos na comunidade mágica e, certos bruxos
achavam engraçado lançar o opus penetrant para
estuprar homossexuais. Em termos mais técnicos, o
feitiço fazia surgir na região do ânus uma necessidade
quase incontrolável de penetração.

_ Você conhece. – ele disse. Não era uma pergunta.

_ Sim, senhor. – eu respondi.

Mas não queria conversar a respeito. Não naquele


momento. Eu estava excitado demais, concentrado
demais no que estávamos vivendo, querendo saber até
onde poderíamos chegar juntos.

_ O que você deseja de mim, senhor? – eu perguntei, os


olhos febris sobre ele.

Eu estava demonstrando que queria ir em frente. Que


queria entender.

_ Você sabe o que o feitiço faz. Quero fazer o feitiço em


você, Harry, e fazê-lo esperar um pouco. – ele falou,
colocando novamente o dedo dentro da minha entrada. –
Talvez seja um pouco difícil para você, não vou te
penetrar imediatamente...

E eu entendi. Ele queria me ver perder o controle, pedir


por ele, implorar pra ser dele. Ele queria tudo de mim,
tudo que pudesse ter. E eu daria, eu queria dar. Eu estava
mais do que disposto.

_ Sou seu. – eu falei, simplesmente.

Seus olhos brilharam, azuis. Ele se


abaixou, me tomando para um beijo, tirando-me o fôlego.
O desejo que sentíamos preenchia nossos corpos,
esquentava o cômodo, tornava cada toque eletrizante.

Sua varinha tocou minha entrada novamente e ele


murmurou:

_ Opus penetrant. – o efeito foi imediato.

Senti em minha entrada uma ardência gostosa, urgente,


que espalhava-se pelo interior do meu corpo. Meu tesão
fez meu pênis pulsar. Não fiz nenhum movimento para
resistir, me entregando completamente às sensações.

Draco encostou o dedo na minha


entrada, introduzindo apenas a ponta, provocando-me.
Eu me contrai, sem nenhum constrangimento. Meu corpo
ardia por ele.

_ Por favor, por favor. – eu implorava.

_ Por favor o quê? – ele perguntou, em uma calma quase


cruel.
_ Por favor me fode! – eu quase gritei.

Ele colocou o dedo todo dentro de mim, movendo


lentamente. Sabia muito bem que não estava nem perto
de ser o suficiente. Eu precisava de muito mais.

_ Seu cu está ardendo muito? – Draco provocou.

_ Está, senhor. – eu respondi, rebolando em seu dedo,


tentando em vão saciar o fogo que queimava dentro de
mim.

_ Do que ele precisa, Harry? – ele perguntou.

_ Do seu pau. – eu supliquei. – Por favor, senhor, preciso


do seu pau dentro de mim.

_ Ainda não. – ele respondeu, maldoso. – Mas se você


pedir com jeitinho, eu te dou mais um dedo.

_ Aaaaah. – eu gemi, me movendo ao redor do seu dedo.


– Coloca mais um, por favor, mais um, senhor.

Draco me concedeu mais um dedo.


_ É o suficiente, Harry? – ele perguntou, um sorriso
safado no rosto.

_ Não, preciso de mais. – eu pisquei o ânus, apertando os


dedos dele e soltando, tentando encontrar algum alívio.

Mas o alívio não vinha. Eu só me sentia cada vez mais


dilatado. Cada vez mais necessitado. Eu gritei quando ele
colocou o terceiro dedo dentro de mim e começou a
socar forte. Não era bem o que eu queria, ainda faltava
alguma coisa, mas minha entrada ardida e estimulada
parecia ter tido seu fogo parcialmente aplacado. No
entanto, segundos depois, ele tirou os três dedos de uma
vez.

_ Não. – eu gritei.

Eu quase chorei, meu corpo se contorceu o quanto era


possível naquela estrutura de metal. O fogo ardeu dentro
de mim mil vezes mais urgente. Eu precisava dele como
nunca. Precisava que ele me fodesse.

_ Por favor, senhor, por favor. – eu supliquei. – Me fode,


enterra seu pau no meu cu, por favor.
Draco encostou a ponta de seu pênis na minha entrada já
lubrificada, mas não me penetrou. Ficou brincando
comigo, em uma tortura interminável, introduzindo
apenas alguns centímetros e logo se retirando, passando
seu pau por entre as minhas nádegas.

Quando finalmente ele enterrou-se para dentro do meu


corpo, eu gritei de prazer, sem conseguir me conter. Sem
que ele sequer encostasse em meu pênis, eu gozei com
violência, sujando meu peito de esperma. A cena pareceu
acender Draco ainda mais, porque ele me comeu com
fúria e urgência, aplacando toda a ardência e necessidade
que o feitiço infligira em meu ânus, dando-me tudo que
eu necessitava, e pegando tudo que eu oferecia.

Até que senti seu jato quente dentro de mim, seu


orgasmo forte e potente, que me pertencia, que era meu.
Que eu amava sentir me preenchendo todas as vezes que
seus olhos faiscavam de prazer, seu corpo tremia e ele
chegava ao ápice graças ao que eu podia proporcionar a
ele.
CAPÍTULO 16

NARRADO POR DRACO MALFOY

Eu desamarrei com cuidado todas as amarras que


prendiam o corpo de Harry e o ajudei a descer da
estrutura de metal, sabendo que ele poderia estar com
dificuldade de firmar-se no chão devido a intensidade do
sexo. Com um floreio
De varinha, devolvi o X de metal de volta a parede e
ajudei Harry a vestir a calça novamente.

_ Quero conversar, mas primeiro quero levar você pra


casa tudo bem? – perguntei.

_ Tudo bem. – ele me respondeu.

Ele se sentou em uma estrutura de madeira enquanto eu


me vesti rapidamente. Saímos do quarto sem dizer nada.
Ele foi me seguindo, como um submisso, pois sabia que
poderíamos estar sendo observados. Quando chegamos
novamente a recepção, a jovem recepcionista e dois
homens que chegavam olharam para Harry e para as
marcas leves das amarras em seus braços. Era tudo bem
crível, sem dúvida.
Aparatei imediatamente em frente a Mansão Malfoy.
Harry continuou a me seguir sem dizer nada. Entrei em
casa, seguir sem dizer nada. Entrei em casa, subi as
escadas, na direção do meu quarto, começando a me
agoniar com seu silêncio. Será que tinha sido cedo
demais? Será que tinha sido muito para Harry processar
em uma única noite? Eu o forçara além do limite?

_ Você permite que eu te dê um banho? – eu perguntei


com muito cuidado, como se ele pudesse se quebrar, ou
desaparecer.

Ele sorriu brandamente pra mim.

_ Você está me perguntando como dominador? – ele quis


saber. – Ou é só um banho com meu namorado?

_ A segunda opção. – eu respondi.

Bastava de Draco dominador naquela noite. Eu estava


certo de que Harry já tivera o bastante.

Ele segurou minha mão e me puxou para o banheiro, me


ajudando a despir a roupa. Logo estávamos os dois
completamente nus e ele me puxou para o chuveiro,
colando meus lábios nos seus. Suas mãos passearam
pelos meus cabelos, enquanto meus braços seguravam
com firmeza seu corpo, apertando-o junto de mim. Ele
acariciou minhas costas, meus braços, devagar, com
cuidado... me preenchendo de um sentimento que eu
não conseguia identificar. Harry me tocava como eu
nunca tinha sido tocado antes, com carinho, com ternura.

Deixei que ele me lavasse e, em seguida, ele permitiu que


eu fizesse o mesmo por ele. Quando alcancei seu pênis,
ele gemeu baixinho.

_ Por favor, devagar, Draco. –ele pediu.

_ Está sensível? – eu perguntei.

_ Sim. – ele disse, de olhos fechados.

_ Posso fazer um feitiço para que essa sensação passe. –


eu ofereci, com preocupação. – Você quer?

_ Talvez mais tarde. – ele dispensou.


– Ainda quero sentir ele assim um pouco.
_ Ah... Harry.. – eu suspirei, o lábios em seu pescoço,
trilhando beijos doces.

O acariciei com gentileza por mais alguns segundos. Em


seguida, o virei de costas pra mim. Escorreguei os dedos
ensaboados por entre suas nádegas, lavando-o ali,
tirando o excesso de lubrificação e meu próprio sêmen
que eu tinha despejado na entrada de Harry. Aquilo era
íntimo demais, um gesto terno, de cuidado. Eu queria que
Harry se sentisse cuidado por mim.

Harry soltou um longo suspiro.

_ Juro que se você ficar fazendo isso. – ele falou enquanto


eu o massageava ali. – Eu não vou mais querer tomar
banho sozinho.

_ Estou as ordens, Harry Potter. – eu brinquei.

Ele se virou pra mim, sorrindo. Desligamos a água do


chuveiro e puxamos nossas toalhas.
_ Vem, vamos para cama. – ele falou. – Já está quase
amanhecendo, daqui a pouco tenho que ir até o
Ministério. E sei que você ainda tem muitas perguntas.

Nós estávamos cansados, sem dúvida. Tínhamos dormido


muito pouco até ser chamados pelo chefe (ou ex chefe)
de Harry para ir ao clube de BDSM. A madrugada tinha
sido de discussão com Shacklebolt, depois de discussão
entre eu e Harry, seguida de sexo intenso... ou seja, nada
muito tranquilo ou relaxante.

No entanto eu estava cheio de coisas na cabeça, sabia


que não conseguiria dormir naquele momento. Imaginava
que Harry também não. Peguei no armário uma potente
poção revitalizadora e nós dois tomamos, para
encararmos as horas acordados que ainda tínhamos pela
frente. Me senti imediatamente melhor disposto e vi a
sombra escura que já começara a aparecer embaixo dos
olhos de Harry sumir. Poções revitalizadoras eram
desaconselháveis em excesso, mas podiam ser tomadas
esporadicamente sem maiores prejuízos à saúde.

_ Você está bem, Harry? – eu perguntei. – Sei que ter um


feitiço assim tomando conta das vontades de uma pessoa
pode afetá-la bastante. Espero não ter forçado demais
com você. Vi que você ficou um pouco assustado quando
eu disse o nome do feitiço...
_ Eu estou bem. – ele respondeu, com calma. – Draco, eu
treinei para ser Auror, estudei sobre esse feitiço. Se nos
capturam... bom as vezes faz parte da tortura estuprar
aurores. Fazer com que a gente implore por isso é uma
espécie de requinte de crueldade comum em certos
grupos de bruxos das trevas.

Eu recuei um pouco. Bom, é claro que ele se contraiu


quando eu citei o feitiço. O fez pensar na utilização do
opus penetrant em um contexto de violência, o único no
qual até então ele tinha ouvido falar dessa magia.

_ Eu entendo, é claro. – eu falei. – Você só tinha ouvido


falar do opus penetrant dentro de uma lógica de estupro.

_ É mais do que ouvir falar, Draco. – eu expliquei. –


Embora eu nunca tenha vivenciado uma situação horrível
dessas, nós temos um treinamento prático para resistir
ao feitiço.

_ Como? – minha voz subiu duas oitavas. – Prático?


Submetem vocês ao feitiço? Harry isso é horrível...
_ Nós treinamos para resistir ao feitiço. Para numa
ocasião em que opus penetrant seja lançado contra um
auror ainda armado, ele não perca completamente a
razão e consiga contra atacar, se livrando do feitiço. Com
muito treino a maior parte dos aurores chega a esse
ponto. – ele explicou, depois fez uma pausa, como se
medisse se deveria continuar. – Em um estágio mais
avançado do treinamento, um colega lança o opus
penetrant no outro desarmado e ele tenta resistir. A ideia
é, no caso de captura, não sucumbir ao seu torturador, ao
seu estuprador. Claro, é quase impossível. A maioria não
consegue resistir pouco mais de dois minutos antes de
pedir que o colega o penetre, o que gera muito
constrangimento e faz com que todos acabem desistindo.

_ Harry, me desculpe. – eu falei. – Se eu tivesse


imaginado esse tipo de treinamento, não teria proposto
esse feitiço. Não sem uma conversa antes. Não era minha
intenção fazer você se sentir mal, coagido, humilhado, ou
qualquer coisa do tipo...

Será que ele tinha tentado resistir em vão? Será que


nossa noite tinha lembrado a ele um de seus
treinamentos? Eu estava profundamente arrependido.
Queria ter sabido de tudo aquilo antes. Por que não
perguntei? Por que não conversei? Por que não insisti
naquele assunto quando percebi que ele já tinha ouvido
falar no opus penetrant? Eu estava irritado comigo
mesmo, fui descuidado, me deixei levar pelo meu próprio
prazer, pela minha vontade de fazer aquilo com ele.

_ Draco, olhe pra mim. – meus olhos prenderam-se nos


lindos olhos verdes de Harry Potter. – Eu quero que você
fique calmo e preste atenção em mim, tudo bem? Se eu
tivesse me sentido mal, coagido ou humilhado... posso
garantir a você, eu teria resistido ao feitiço. É verdade
que a maioria dos aurores não consegue resistir ao opus
penetrant, mas eu consigo.

_ Talvez por poucos minutos, mas e depois? – eu


perguntei a ele. – Você estava desarmado.

Ele sorriu brevemente pra mim.

_ Deixe eu lhe contar uma coisa, tudo bem? Depois que a


minha turma de aurores a primeira parte do treinamento
e todos já conseguiam contra atacar com a varinha depois
de ser atingidos com o opus penetrant, passamos para a
segunda parte. Meu treinamento ia ser pela manhã, eu
tinha escolhido fazer com Rony, porque somos amigos
desde crianças, confio cegamente nele. Se afinal em um
minuto eu abaixasse as calças implorando, ele
simplesmente retiraria o feitiço e nenhum de nós nunca
mais falaria nisso. – ele contou. – Mas quando eu cheguei
lá, Philip tinha falado com Shacklebolt e pedido para fazer
meu treinamento. Disse que eu tinha sido o melhor na
primeira fase com a varinha e que eu precisava de algo
mais desafiador agora, afinal eu e Rony éramos próximos
demais. Eu já gostava dele naquela época, e ele sabia
muito bem disso, embora eu nunca tivesse dito. Quando
entramos na salinha na qual ocorriam os treinamentos,
ele se sentou em um banquinho e disse que tinha lido
que quando a pessoa já sentia atraída por quem lançava o
feitiço, era muito mais difícil resistir. Eu perguntei porque
ele estava fazendo aquilo, e ele respondeu que queria
muito me ver implorar.

_ Filho da puta! – eu soquei involuntariamente a parede.

Que homem nojento. Eu o queria a quilômetros de


distância de Harry. Do meu Harry. Se dependesse de mim,
esse tal de Philip nunca mais colocaria seus olhos sobre
ele.

_ E então ele lançou o feitiço. E eu me senti tudo isso que


você falou, mal, coagido, humilhado. Todas essas coisas
que me senti com ele, e que jamais me senti com você,
Draco. – ele falou, acariciando de leve meu rosto. – E por
causa disso eu resisti ao feitiço durante 3 horas. Até que
ele se cansou e desistiu.
_ 3 HORAS? – Eu estava atônito.

Aquilo era impossível. Inumano.

_ Ele refez o feitiço a cada 15 minutos, tentando


aumentar os efeitos. – ele contou. – Uma hora e meia
depois resolveram entrar e ver o que estava
acontecendo, eu estava lá, sentado, imóvel, e assim
permaneci. Eu suei frio, meus músculos ficaram doloridos
de tão rígidos, contraídos. Meu cu ardia de um jeito que
não consigo te explicar. Mas eu suportei, sem nenhuma
expressão no rosto. Porque, Draco, eu preferia morrer do
que pedir que aquele homem me tocasse, mesmo
sabendo que ele não ia fazer isso na frente de todo o
Departamento de Aurores.

Eu puxei ele pra mim, apertei ele junto do meu corpo.

_ Porque você beijou ele depois disso? – eu perguntei,


sem entender. – Porque continuou gostando dele?

_Ah, bom, foi cerca de um ano depois. – ele falou,


fazendo uma careta. – Ele baixou a bola depois disso,
pediu desculpas. Achei que ele tinha mudado, mas já não
tenho tanta certeza.
_ Detesto esse homem, realmente detesto.- eu falei, com
raiva.- Eu não quero você perto dele, nunca.

_ Tá bom, senhor Draco Possessivo Malfoy. – ele riu,


tocando a ponta do meu nariz. – Mas eu não te contei
tudo isso pra você ter uma crise de ódio de Philip. Eu te
contei pra você entender que eu me entreguei
espontaneamente às sensações do feitiço, sem tentar
resistir, sem querer resistir.

Eu o abracei, sentindo que ele puxava meu corpo pra


junto do dele também, querendo me sentir.

_ Você quase me enlouqueceu implorando pra eu te


comer. – eu confessei pra ele. – Você diz que se entregou
pra mim, mas eu também me entreguei pra você, Harry.
Eu preciso de você, do seu cheiro, do seu gosto. Preciso
estar dentro de você, preciso sentir seu corpo me apertar.

_ Você é meu. – ele sorriu. – Porque eu ia querer resistir a


qualquer coisa que você fizesse comigo? Qualquer
feitiço? Se você é meu?
_ Eu sou todo seu. – eu prometi. – E juro que vou ter mais
cuidado com você e esse negócio de feitiços sexuais.

_ Achei que tínhamos acabado de superar esse tópico. –


Harry revirou os olhos.

_ Parcialmente, superamos. – eu disse. – Me deixa mais


tranquilo que você seja capaz de resistir a feitiços que
alteram a sua vontade se você realmente quiser. E
também acho que há uma boa relação de confiança entre
nós, que nos permite dar esse passo... mas eu não sou
Philip.

_ Graças a Merlin, não. – Harry disse. – O que quer dizer?

_ Quero dizer que aurores não costumam ser os melhores


em feitiços e hã... magias no geral que mexem com o
desejo humano. – eu falei, com delicadeza.

Eu não queria colocar aquilo em palavras. Mas eu tinha


criado em meio às Artes das Trevas. Como nunca fui
capaz de matar ou torturar ninguém, meu pai tinha feito
questão de que eu fosse excelente em controlar outros
bruxos. Eu tinha encontrado poucos tão talentosos
quanto eu em magias desse tipo. O opus penetrant não
era magia das trevas, é claro, mas não deixava de ter o
mesmo princípio: uma magia de controle do desejo, da
vontade da pessoa.

_ Acho que estou te entendendo. – Harry falou. – De


modo geral, você está dizendo que é melhor que a média
em magia de controle humano, e que portanto pode me
controlar mais facilmente do que Philip?

_ Em resumo, sim. – Eu assenti, feliz de ter sido


compreendido.

_ Draco, não sei bem o impacto que isso vai ter no seu
ego, mas acho que vai ser bom para o nosso
relacionamento que você confie nas minhas habilidades
de auto controle. – ele sorriu pra mim, em desafio.

Levantou-se e parou em pé ao lado da cama. Deixou a


varinha em cima da mesinha de cabeceira e abriu os
braços.

_ Manda ver. – ele disse. – Me lança uma Império.

_ Como é? – eu perguntei, em choque.


Não era possível que ele estivesse realmente sugerindo
aquilo.

_ Eu te pediria para me lançar um opus penetrant, mas


em primeiro lugar meu cu já está doendo, eu não gostaria
que ele também começasse a arder. – ele deu um sorriso
torto, parecendo levemente animado. – E além disso, eu
não tenho a menor vontade de ficar fazendo esforço pra
resistir a você e a esse seu pau delicioso.

_ Harry! – eu ralhei com ele. – Não vou te lançar uma


imperdoável.

_ Ora, Draco, só me faça caminhar até a porta. – ele


argumentou. – Você não confia em mim?

_Confio. – eu respondi.

E então ergui e a varinha e fiz a vontade dele.

- Império! – eu lancei a maldição e dei a ordem.

Vi Harry dar o primeiro passo e arquear as sobrancelhas.


E então parou. Dei a ordem novamente. Mas ele
continuou imóvel, me observando. Eu estava muito
impressionado, muito mesmo.

_ Você tinha razão. – eu disse, abaixando a varinha. – Não


ajudou muito o meu ego.

Ele sorriu um pouquinho e veio para cama junto de mim.

_ Se te consola, você fez com que eu desse ao menos um


passo. Faz muitos anos que isso não acontece. – ele
contou. – Na realidade, o último bruxo que conseguiu que
eu respondesse a pelo menos uma parte da ordem foi
Voldemort.

_ Isso me consola um pouquinho. – eu sorri pra ele.

Na verdade eu estava feliz com aquilo. Significava que


ninguém podia fazer nada com Harry contra a vontade
dele. Significava que em nossas cenas BDSM seria mais
difícil ultrapassarmos limites. E significava que Harry
estaria mais seguro, caso fosse atacado por algum bruxo
mal intencionado. Como aquele idiota do Philip, por
quem eu já nutria uma profunda desconfiança.
_ Vou colocar uma roupa. – ele disse. – Preciso ir ao
Departamento entregar uma carta de demissão agora de
manhã.

Eu segurei o pulso dele, impedindo o movimento que ele


já fazia para se levantar.

_ Essa não é uma decisão muito radical, Harry? – eu


perguntei.

Quando ele disse pela primeira vez que abandonaria os


aurores não discuti muito. Ele tinha acabado de brigar
com o chefe, e nós tínhamos discutido por uma questão
grave. Harry tinha oferecido sua total liberdade pra mim
em troca do meu não envolvimento no plano de Kingsley
Shacklebolt. Ele estava visivelmente emotivo.
Evidentemente não era hora pra contesta-lo.

Mas se ele pretendia se demitir imediatamente, talvez


fosse o momento de fazer com que ele pensasse um
pouco naquilo.

_ Eu não te pedi isso. Sei que você gosta de ser auror. –


eu disse a ele. – Como você me cadastrou no
Departamento, eu posso ficar sabendo das suas missões.
Quando eu disse que não queria que você fosse embora
em missões sem mim, eu estava querendo dizer que
gostaria de te acompanhar. Eu vou manter a minha
palavra, não vou aceitar a proposta de te acompanhar. Eu
vou manter a minha palavra, não vou aceitar a proposta
de Shacklebolt, você não precisa se demitir.

_ Draco... – ele disse, baixinho. – Na verdade, não e essa a


questão. Se fosse isso, realmente, bastaria que você
pudesse me acompanhar. Se eu pudesse confiar nos
aurores, pra proteger você, seria o suficiente. Mas eu não
gosto de como as coisas estão sendo conduzidas por eles.

_ Tudo isso por causa do que seu chefe fez ontem à noite.
– eu questionei. – Você vai abandonar seu sonho de ser
auror só por isso?

_ Você acha que eu estou exagerando. – ele disse,


parecendo um pouco magoado. – Acho que não tem
como entender, a não ser que você esteja realmente lá.
Faz o seguinte, vá comigo hoje, Draco. Mas não diga nada
que não vai aceitar a proposta de Shacklebolt. Deixe-os
pensar que vai. Espere eu dizer que você não será espião.

_ Tudo bem, vamos fazer isso. – eu falei. – Mas se correr


tudo bem hoje você vai continuar no Departamento?
_ Sim, Draco. Eu não sou orgulhoso. Se eu estiver errado
eu repenso a minha decisão. – ele concordou. – Eu
dediquei os últimos anos da minha vida aos aurores. Na
verdade, eu adoraria estar errado.

Fiquei olhando enquanto ele se afastava para vestir-se,


mas logo me levantei também, para colocar uma roupa,
já que iria acompanha-lo. Depois de vestidos, descemos
para tomar café da manhã. Enquanto comíamos eu
pensava que também queria muito que Harry estivesse
errado, pois eu preferia vê-lo cometer um simples erro de
julgamento do que vê-lo triste.
CAPÍTULO 17

NARRADO POR HARRY POTTER

Já no Ministério na Magia, enquanto caminhávamos lado


a lado, de mãos dadas, com muitas cabeças virando em
nossa direção, eu me sentia culpado. Eu tinha certeza que
Draco passaria por uma manhã difícil, e eu o tinha levado
até ali.

Logo chegamos a porta de entrada para o Quartel Geral


dos aurores. Havia um identificador mágico, permitindo a
entrada apenas de aurores e bruxos cadastrados.
Imediatamente Draco e eu fomos autorizados.

Entrei de cabeça erguida, segurando a mão de Draco. O


salão principal tinha mesas largas, nas quais os aurores
podiam trabalhar em suas investigações. Naquele
momento, havia cerca de 20 aurores na casa, incluindo
Kingsley Shacklebolt, que naquele momento discutia com
Peter Cooper sobre o andamento das coisas na França.

_ Malfoy. – Kingsley exclamou assim que nos viu. – Harry.


Eu sabia que vocês viriam, sabia que iriam entender.
Olhei discretamente na direção de Draco, e vi que ele
franzia a sobrancelha.

_ Eu vim até aqui hoje... – eu disse em voz alta, chamando


atenção dos meus colegas. – ... fazer a mesma coisa que
muitos de vocês fizeram quando cadastraram seus
contatos no Departamento. Esse é Draco Malfoy, meu
companheiro.

Muitos dos meus colegas mais próximos vieram nos


cumprimentar.

_ Que bom que aceitou nos ajudar, senhor Malfoy. – disse


Peter Cooper, exaltando Draco na frente de todos. – Você
será um herói.

_ O namorado de Harry vai participar de uma missão? –


perguntou Alicia, uma auror mais jovem, que tinha se
formado depois de mim.

_ Ele valentemente aceitou ser nosso espião. – Kingsley


contou para todos os presentes, praticante endeusando
Draco. – O senhor Malfoy foi excepcionalmente corajoso
ao aceitar trabalhar infiltrado pra nós. Ele nasceu em uma
família bruxa bastante tradicional e achamos que ele vai
ser bem aceito pelos Purificadores do Sangue.
_ Sem dúvida. – comentou Chase, um auror arrogante, de
quem eu não gostava muito. – É só ele mostrar a marca
negra no braço.

Todo mundo pareceu se contrair com aquele comentário


desagradável. Draco permanecia ao meu lado, segurando
a minha mão, impassível, como se estivesse alheio a tudo
aquilo. Eu tentava me manter firme, também, mas estava
espumando de raiva. Draco nem mesmo tinha dito a
Kingsley que aceitava ser espião, e ele e Cooper já o
estavam pressionando daquela maneira na frente de
todos os aurores.

_ Ocorre que o esconderijo dos Purificadores do Sangue


permanece completamente secreto pra nós, apesar nas
nossas investigações na França. E nós acreditamos que o
senhor Malfoy é a pessoa perfeita para nos levar até lá. –
disse Kingsley, discursando para os aurores e tentando
desviar a atenção de todos daquilo que Chase tinha dito.
– Uma vez que os aurores ingleses e franceses flagrem
uma reunião dos Purificadores e muitos dos seus
integrantes sejam identificados e presos, o grupo vai
enfraquecer.

Naquele plano, Draco seria uma isca. Aquilo estava muito


claro.
_ E porque não pedimos isso antes ao sr. Malfoy? –
perguntou outra auror.

_ Porque é um processo complicado envolver um civil nas


missões dos aurores. – respondeu Peter Cooper. – Mas
Harry o cadastrou, permitindo que ele participasse...

_ Por que não usamos Hanna? – eu perguntei.

_ O que? – Peter Cooper se virou pra mim, desnorteado.

_ Hanna Cooper, sua esposa. Ela é sangue puro, não é? –


eu questionei.

_ S-sim. – ele disse. – Mas isso não tem o menor


cabimento.

_ Por quê? – eu questionei. – Você não a cadastrou no


Departamento para que ela pudesse participar de
missões?

_ É claro que não. – ele exclamou.


Um silêncio duro pesou na sala. As pessoas começaram a
entender o que de fato estava ocorrendo, mas como eu já
havia imaginado, Kingsley tinha sido bem convincente em
seu discurso e ninguém achava que valeria a pena
proteger Draco Malfoy. No fundo, embora ninguém fosse
Sincero como Chase tinha sido, a maioria pensava
exatamente como ele: Draco tinha uma marca negra no
braço, nunca iria merecer a mesma proteção que Hanna
Cooper.

_ Você não sabia que Kingsley planejava envolver Draco


na missão quando o cadastrou, Harry? – Alicia perguntou,
indignada.

Alicia era uma menina bastante integra e corajosa. Talvez


ela pudesse ser meu contato quando eu deixasse os
aurores.

_ Fiquei imensamente surpreso. – eu disse, alterado. –


Principalmente porque quando tivemos nossa última
reunião geral, em fevereiro, foi decidido que ninguém,
nem auror, nem civil cadastrado no Departamento,
trabalharia como espião no caso dos Purificadores do
Sangue. Porque ainda não conseguimos identificar quem
são os bruxos que participam dessa seita e porque eles
são extremamente violentos.
_ Ora, Harry, vai ficar tudo bem com Malfoy. – disse um
outro auror. – Ele está acostumado com... hã... esse tipo
de gente... não é?

_ É mesmo? – eu perguntei, irônico. – Se Draco for o


responsável pela identificação do esconderijo deles, pela
prisão de vários dos membros dessa seita, você acha
mesmo que os que ficarem em liberdade serão tão idiotas
que não irão perceber Acha mesmo que não irão atrás
dele?

_ Podemos mandar Draco pra outro país, com outra


identidade. – Kingsley sugeriu

_ Excelente! Então usamos Draco, destruímos sua vida e o


mandamos pra outro país pra ficar por conta própria. – eu
gritei, com raiva. – Eu cadastrei Draco no Departamento
para que, se algo acontecesse comigo, ele ficasse a salvo.
Eu o cadastrei porque confiava em vocês para protege-lo
da mesma maneira que eu morreria antes de permitir
que que alguém machucasse os companheiros, os filhos,
os familiares de vocês.

Alicia estava ao meu lado, colocou sua mão em meu


ombro.
_ Harry... – ela começou.

Mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Chase


disse:

_ Você estava louco se achou que alguém aqui se


arriscaria por um Comensal da Morte.

Alicia abriu a boca, mas eu fiz que não com a cabeça, ela
rapidamente entendeu, mantendo-se quieta.

O restante, me encarou em silêncio, sem querer


concordar em voz alta com Chase. Mas estava tudo bem
claro nas expressões dos meus colegas, em tudo que
tinham dito naquela manhã, em seus gestos, no que tinha
ocorrido na noite anterior com Kingsley.

Eu não tinha mais dúvidas: eu não estava errado. Eu,


definitivamente, não concordava com o modo como as
coisas estavam sendo conduzidas pelos aurores. Eu não
pertencia mais a esse grupo, pelo menos não por ora.

_ Vocês é que estão loucos se acham que permitirei que


arrisquem a vida dele. Draco não será espião de ninguém,
não irá se envolver. – eu coloquei um basta naquela
história.

_ O sr. Malfoy deixou claro ontem à noite que essa


decisão não é sua. – Kingsley respondeu, como se tivesse
um trunfo.

_Eu vou fazer a vontade de Harry. – Draco disse, muito


brevemente, a voz fria e Sonserina.

Kingsley socou a mesa, visivelmente contrariado. Toda


sua manipulação tinha sido vã.

_ Ele teria que ser idiota para aceitar trabalhar pra nós
depois de tudo que foi dito aqui hoje. – falou Alicia.

Peter Cooper olhou feio para ela, mas não teve tempo de
repreende-la, porque eu logo tomei a palavra.

_ E outra coisa. Além de ter ficado bem claro que os


aurores não protegerão meu companheiro, eu acredito
que a minha presença aqui o expõe a um risco que não
estou disposto a submetê-lo. – eu falei. – Por isso, estou
me demitindo.
_ O que? Não, você não pode. – Kingsley gritou. – Você é
Harry Potter, se você sair, vai desacreditar os aurores. O
momento é crítico.

_ Deveria ter pensado nisso antes. – eu me limitei a dizer.

_ Vamos negociar. – ele sugeriu. – Podemos colocar


alguém somente para a proteção de Malfoy.

_ Não confio mais em você. – eu respondi. – Eu lhe avisei


ontem, Kingsley.

Ele fechou a expressão.

_ Se sair, vou divulgar seu segredinho. – disse Peter


Cooper. – Isso mesmo, Harry, eu sou um dos aurores que
fez a investigação junto com Kingsley. Eu sei das suas
bizarrices sexuais com Malfoy. Na realidade, eu estava lá
ontem no esconderijo 18, eu vi quando vocês saíram.

Todos ofegaram, os aurores sabiam muito bem do que se


tratava o esconderijo 18, ora quase ninguém tivesse
posto os pés lá.
_ Nós fomos encontrar Kingsley. – eu respondi, com
calma. – Estávamos disfarçados.

_ Ficaram bastante tempo por lá. – Ele disse, com


maldade. – Deixe eu contar para os seus colegas aurores
como você saiu do quarto, atrás do seu dominador, de
cabeça baixa, coleira, os braços todos marcados de ter
sido amarrado, a calça rasgada demais, a bunda vermelha
de apanhar, mal conseguindo andar. Isso fazia parte da
reunião com Kingsley? Acho que não.

_ Pare de atormentá-lo. – avisou Draco, em tom


ameaçador, dando um passo na direção de Peter.

_ Não use esse tom comigo, seu comensal de merda. –


respondeu Peter, empunhando a varinha.

_ Fique calmo, Draco. – eu pedi, colocando a mão no


peito do meu namorado. – Por favor. Vou lidar com isso.

Peter estava pintando um quadro bem exagerado da


noite anterior. Mas ele estava fazendo para me
desestabilizar. Para que eu perdesse o controle.
_ Você tem uma foto, Peter? – eu perguntei, como se não
me importasse nenhum pouco como que ele estava
dizendo.

_ Sabia que você perguntaria isso. No final tudo se


resume a provas, não é mesmo- – ele sorriu pra mim.

Retirou o envelope do bolso e me entregou. Dentro havia


uma foto minha nos trajes na noite anterior saindo do
clube.

_Eu tenho cópias, é claro. – ele sentiu necessidade de


dizer o óbvio.

_ Draco não está na foto. – eu comentei.

_ Porque eu tiraria uma foto de Malfoy? Ele estava


vestido normalmente. – Peter deu de ombros. – O show
era você.

_ Bom, se você fosse expor Draco, eu poderia ter ficado


um pouquinho incomodado. – eu disse a ele, devolvendo
a foto intacta. – Mas tudo que você tem é uma foto
minha. Pode publicar.
_ Harry, você não está falando sério. – Draco sussurrou
pra mim.

_ Ah, nós vamos processá-lo é claro. Você vai ser meu


advogado. – eu disse pra Draco. – Mas deixe que ele
divulgue, não vou morrer por causa disso.

_ Você está blefando. – disse Peter.

_ Escute aqui uma coisa, Peter. Eu matei Lorde


Voldemort, isso ainda está muito vivo na memória das
pessoas, e vai permanecer por muitos anos. Tenho
certeza que ninguém se importará se gosto de levar uns
tapas. – eu disse, fazendo muita gente ofegar. Depois
caminhei na direção da saída. Antes de ir, no entanto, me
virei para meu antigo chefe. – Se alguém me perguntasse
sobre Kingsley Shacklebolt que conheci na Ordem da
Fênix, sobre o homem que combateu lado a lado comigo
na batalha em Hogwarts; eu não saberia encontrar
nenhuma semelhança entre ele e o homem para quem
estou olhando agora.

Depois, me virei novamente, e fui embora.

Draco seguiu atrás de mim, pelos corredores, até


entrarmos no elevador.
_ Você entendeu agora? – eu perguntei, com mais
rispidez do que eu pretendia.

Nada daquilo era culpa dele, é claro.

_ Eu entendi. – ele respondeu. – Eu fui estúpido de não


prever que problemas desse tipo aconteceriam, sendo eu
um Malfoy.

Eu cruzei a distância entre nós, imediatamente. Tocando


seu rosto com delicadeza.

_ Você não é estúpido, Draco. E você não merecia passar


pelas coisas que passou nessa manhã. – eu falei, com o
coração partido.

_ Foi melhor assim. – Draco falou, resignado. – Foi


necessário para que eu compreendesse porque você não
concorda com o modo como os aurores estão operando.
Foi necessário porque agora posso te apoiar, me desculpe
se achei que você estava exagerando.

_ Tudo bem. – eu disse, segurando a mão dele.


Nós descemos do elevador e nos encaminhamos para a
saída do Ministério, onde eu me despedi de Draco.

_ Para onde você vai agora? – ele quis saber.

_ Vou até a casa de Rony e Hermione, quero conversar


com eles, explicar tudo que está acontecendo. – eu falei.
– E você?

_ Vou pegar uma papelada no escritório, encontrar alguns


clientes com quem tenho reuniões marcadas, depois vou
pra casa. – ele disse. – Você me encontra na mansão mais
tarde?

_ Sim. – eu disse, depositando um beijo rápido nos seus


lábios.

E aparatei.
CAPÍTULO 18

NARRADO POR HARRY POTTER

_ Harry. – Rony me cumprimentou, feliz, quando atendeu


a porta. – Eu não sabia que você vinha hoje.

_ Preciso falar com vocês. – eu disse, cansado. –


Hermione está em casa?

_ Está na sala com o bebê... – ele falou, seu rosto


demonstrando preocupação pelo que eu havia dito.

Eu entrei na bonita casa que meus dois melhores amigos


residiam desde que tinham se casado há alguns anos
atrás. Eles viviam em um bairro trouxa, em uma casa
próxima a dos pais de Hermione.

_ Mione! – eu cumprimentei, depois dei um beijo em


meu afilhado. – Olá pequeno Hugo.

Eu me sentei no sofá.
_ O que está acontecendo, Harry? – Rony perguntou.

_ Eu não quero trazer problemas pra vocês, sei que estão


em um momento importante com o nascimento de Hugo.
Mas vocês são meus melhores amigos... – eu disse, mas
então não pude continuar.

As palavras estavam sufocadas na minha garganta. Meus


olhos se encheram de lágrimas. Foi só quando parei para
olhar para os rostos preocupados de Ron e Mione que eu
percebi o quão perto e estava de desabar. Senti o braço
de Rony ao redor dos meus ombros. Hermione, que
estava sentada de frente pra mim, segurou minhas mãos.

_ Que isso cara? Você é meu irmão. Eu ficaria chateado se


algo sério estivesse acontecendo e você escondesse de
nós. – Rony disse.

_ Depois de tudo que passamos juntos, Harry, nós somos


sua família. – Hermione falou. – Não é porque Rony e eu
nos casamos que significa que você pode se afastar.

Eu sorri pra ela. Hermione estava sempre certa, desde os


11 anos ela era assim, sempre sabia o que dizer.
_ Tudo começou quando eu comecei a me relacionar com
um homem... – eu iniciei a história.

Hermione ficou animadíssima.

_ Graças a Merlin! Achamos que você nunca superaria


aquele idiota do Philip. – ela exclamou, numa
demonstração clara de felicidade. – Nós o conhecemos?

_ Na verdade, conhecem. – eu disse, pigarreando. – É


Draco Malfoy.

_ Malfoy? – Rony engasgou. – Eca, Harry, que gosto


horrível.

_ Pare com isso, Rony. – Hermione olhou feio para o


marido. – Malfoy mudou muito nos últimos anos, não é
mais o garoto imaturo influênciado pelo pai que ele era
em Hogwarts.

_ A questão é que, o Departamento de Aurores de


repente ficou muito interessado no meu relacionamento
com Draco. – eu disse, amargo.
_ Interessado? – Rony questionou, com desconfiança.

_ Eu vou explicar tudo a vocês. – eu disse. – Mas para que


vocês possam entender realmente tudo o que está
acontecendo, tem um aspecto da minha relação com
Draco que vocês precisam saber.

_O que é? – Rony perguntou, curioso.

Eu fiquei muito vermelho.

_ Fale de uma vez, Harry. – Hermione falou. – Não vamos


te julgar.

_ Talvez a gente te julgue um pouquinho. – a essa altura,


Rony já sorria, me olhando com cumplicidade. – Mas não
vamos contar a ninguém.

_ Hermione... – eu comecei, lembrando que minha


melhor amiga tinha nascido trouxa. – Você já assistiu
Cinquenta tons de Cinza?
_ Se ela já assistiu? Hermione e todas as primas trouxas
dela amam esse filme! – Rony exclamou. – Mas o que que
isso tem a ver?

E então ele se deu conta. Rony ficou vermelho e explodiu


em uma gargalhada.

_ Não acredito! Harry- – Rony sorria pra mim. – Você é


Christian Grey ou Anastasia Steele?

_ Rony! – Hermione ralhou com o marido, parecendo


extremamente constrangida. – Você não precisa
responder essa pergunta, Harry.

_ Sou Anastasia Steele. – eu disse muito baixo, sem saber


onde enfiar a minha cara.

_ Sério? – Rony parecia levemente contrariado. – Estava


torcendo para você responder que era Christian Gray. Eu
poderia zoar Malfoy o resto da vida.

_ Não existe nada de vergonhoso em ser Anastasia Steele.


– defendeu-me Hermione.
_ Claro que não. – disse Rony, percebendo que tinha dito
besteira. – Desculpe, Harry, eu não quis dizer isso.

_ Tudo bem. – eu sorri para meu melhor amigo.

Rony nunca tinha sido um poço de sensibilidade. Anos


atrás, Hermione tinha dito a ele que ele tinha a
profundidade emocional de uma colher de chá. Eu
reconhecia que meu amigo não lidava com essas
questões muito bem, mas isso nunca tinha me
incomodado em Rony.

_ Agora vamos deixar que Harry nos conte o que está


havendo. – Hermione disse.

O clima na sala voltou a ficar sério. Eu contei tudo aos


meus amigos. Contei como eu e Draco tínhamos sido
chamados no esconderijo, como Kingsley tinha
manipulado a situação para que Draco fosse espião, e que
eu tinha o convencido a não aceitar. Contei como
tínhamos ido naquela manhã ao Quartel General dos
aurores e como tudo tinha acontecido, das falas dos
nossos colegas, da minha demissão e da chantagem
quando eu me recusei a continuar sendo auror.
_ Tudo isso é horrível, Harry. – Hermione estava
incrédula.

_ Kingsley Shacklebolt, eu nunca teria acreditado. – Rony


disse, com indignação.

Eu concordei com a cabeça. Aquela seria uma decepção


difícil de superar.

_ Sei que você está cansado, mas você poderia fazer


companhia a Hermione por uma hora, Harry? – Ron
perguntou, levantando-se bruscamente.

_ Onde você vai? – Mione estava confusa.

_ Não é óbvio? Me demitir. – ele respondeu. – Se eles


foram capazes de fazer isso com Harry, eu não quero
mais fazer parte dos aurores.

_ Não é uma boa ideia. – Hermione opinou. – Se eles


acharem que Harry está influenciando outros aurores a se
demitirem, podem se voltar contra ele e Malfoy de forma
mais incisiva. Não acredito que Peter Cooper tenha falado
sério sobre publicar aquela foto, mas uma outra demissão
pode incentivá-lo.
_ E agora que estou fora do Departamento, vou precisar
de contatos lá dentro. – eu disse. – Não há ninguém em
quem eu confie mais do que em você.

_ Está certo, vou ficar. – Ron sentou-se novamente,


contrariado. – Mas só volto a trabalhar daqui a duas
semanas. Não vou ser útil a você durante alguns dias.
Precisamos pensar em uma outra pessoa.

_ Pensei em Alicia. – eu disse.

Rony balançou a cabeça, aprovando.

Eu fiquei por mais um tempo, conversando com meus


amigos. Mais tarde, quando eu já tinha me despedido de
Ron e Mione e me levantado do sofá para ir embora, a
campainha tocou novamente. Rony se levantou para
abrir.

Era um rapaz ruivo que, coincidentemente, não era um


Weasley. Tratava-se de Kim Hall, o submisso de Marcus
Vitaverza, nosso antigo colega de escola. Ele vinha
carregando várias pastas.
_ Ah, Kim! Finalmente. – Hermione exclamou. – Achei que
não vinha mais hoje.

Kim largou as pastas em cima da mesa, cumprimentando


Hermione e indo acariciar o bebê.

_ Esse é Kim Hall, o estagiário de Hermione no Hospital. –


Rony disse. – Pobre garoto, Hermione o faz trazer os
relatórios dos pacientes toda segunda feira.

_ Eu não me importo. – Kim olhou pra nós com timidez.

_ Já fomos apresentados. – eu disse pra Rony, e então


sorri para o garoto. – Kim é amigo de Draco.

Kim me sorriu de volta.

_ Bom te ver, Harry. – ele disse. – Eu já vou indo, preciso


voltar para o hospital, vou pegar o Noitibus Andante.

_ Harry pode te acompanhar, ele também já estava indo


embora. – Hermione sem levantar a cabeça de um dos
relatórios.
_ Estou indo pra Mansão Malfoy, acho que o Noitibus
pode me deixar lá também. – eu comentei.

Kim se despediu de todos. Rony recomendou que eu


mantivesse contato com ele e Mione e que contasse tudo
que estava acontecendo. Prometi que os deixaria
informados. E então, Kim e eu deixamos a casa. Tínhamos
dado poucos passos quando ele se virou pra mim e disse

_ Eu achei muito corajoso o que você fez naquela noite,


na festa de Blaise. – seu tom era tímido, como se não
soubesse se tinha intimidade o suficiente comigo para
poder dizer aquilo.

Eu sorri pra ele. Ele estava sendo muito gentil de dizer


aquilo, minhas ações na festa não tinham sido diferentes
das de nenhum outro submisso. Me preparei pra
responder, agradecendo-o, mas acabei não dizendo nada.
Fui distraído pelo que ocorria a nossa volta.

Eu encarei a rua onde Ron e Mione viviam, tinha algo


muito estranho no ar. Um silêncio esquisito. Nenhuma
conversa, nenhuma voz, nenhuma criança brincando.
Onde estavam as pessoas da vizinhança de Hermione?
Tudo parecia deserto. Não estava assim quando eu
cheguei.
_ O que foi? – Kim perguntou.

_ Não se apavore, tudo bem? Mas há algo errado. – eu


disse, em voz baixa. – É melhor voltarmos, você vai estar
mais seguro com Ron e Hermione. Depois posso voltar
pra investigar.

Antes que pudéssemos dar meia volta, no entanto, Kinoss


surgiu das sombras, apontando sua varinha para a
garganta de Kim. Imediatamente, sem pestanejar,
encostei minha varinha no peito de Kinoss. Eu não
permitiria que ele fizesse nada àquele menino.

Kim olhava fixamente para o rosto de Kinoss, apavorado.

_ Eu planejo a captura desse sangue ruim há semanas,


Potter. – Kinoss sibilou pra mim. – Não será você que vai
me impedir.

Vi que Kim fez menção de erguer a mão direita, mas


Kinoss voltou sua atenção pra ele de imediato.

_ Nem pense em apertar esse colar e chamar seu


dominador. – ele disse pra Kim. – Isso mesmo, eu sei
muito bem que nessa pedrinha que você carrega no
pescoço há um feitiço de Proteu.

Kim ficou pálido, sua expressão de terror se acentuou.

_ Achei que seu dono tinha lhe proibido de me olhar. –


Kinoss o provocou.

Como se só tivesse se lembrado naquele momento, Kim


olhou imediatamente pra baixo.

Aproveitei que Kinoss estava distraído com o garoto para


lançar um feitiço, empurrando-o para longe de Kim.
Kinoss se voltou pra mim com sangue nos olhos.

_ O que você quer com ele, Kinoss? – eu questionei.

_ Os Purificadores do Sangue estão precisando de novos


submissos. – ele falou, com crueldade. – Achei que ele
seria perfeito. Quando se cansarem dele, posso entregar
John a eles, ou até mesmo você.

Ele tinha a intenção de me desestabilizar, porque assim


que disse isso, partiu pra um ataque feroz. Kinoss duelava
bem, embora sem ética alguma, me lançando todo tipo
de feitiço das trevas. Mas eu era bom. Eu era ágil, sabia
desviar, sabia me defender. Se não fosse minha
preocupação com Kim, que parecia bastante indefeso, em
estado de choque, ajoelhado no chão, eu talvez pudesse
ter capturado Kinoss.

Mas foi tudo muito rápido. Ele me lançou um


Sectumsempra no braço direito, eu agarrei o ferimento
doloroso com a mão esquerda e segui duelando. Foi
quando Marcus Vitaverza apareceu. Kinoss se apavorou,
ele já estava tendo trabalho para duelar comigo, mesmo
ferido, agora que havia outro bruxo, ele não teria a
menor chance. Como o covarde que era, ele desaparatou.

_ O que houve? – Marcus olhava para mim e para Kim,


tentando entender o que aconteceu. Ele ajoelhou ao lado
de seu submisso. – Kim o que houve?

Mas Kim só chorava e olhava para o chão. Ele estava


evidentemente em choque. Cabia a mim dar as respostas
que Marcus precisava.

_ Kim foi entregar relatórios de pacientes na casa da


chefe dele. – eu comecei.
_ Eu sei, ele faz isso toda semana. – Marcus me cortou.

Eu esperei pacientemente. Era evidente que ele gostava


muito de Kim e que estava sofrendo de ver o garoto
naquele estado.

_ Desculpe, continue. – Marcus falou.

_ Não sei se você sabe, mas a chefe dele é Hermione, que


estudou com a gente em Hogwarts. – Marcus assentiu
com a cabeça. – Eu vim fazer uma visita para Rony e
Hermione e encontrei Kim. Nós íamos pegar o Noitibus
Andante juntos, Kim disse que voltaria pro Hospital e eu
ia encontrar Draco. Mas quando saímos da casa, Kinoss
apareceu e nos emboscou.

_ Evidentemente esse filho da puta não esperava que


você estivesse com Kim. – Marcus passou a mão por
entre os cabelos, com raiva. – Eu nunca vou poder lhe
agradecer o suficiente, Potter.

_ Me chame de Harry. – eu disse. – O que você acha de


levarmos Kim de volta? Hermione é médica, com certeza
tem uma poção calmante. Ela já tratou vítimas de
situações assim, vai saber como ajudar.
Marcus assentiu com a cabeça, e começou a puxar Kim do
chão. Eu tentei ajudar, mas quando movi o braço, a dor
excruciante do feitiço das trevas me invadiu.

_ Harry. – Marcus chamou meu nome, me olhando com


preocupação. – Você está sagrando.

_ Vamos rápido. – eu falei, suando frio. – Preciso de


ajuda.

Adentramos a casa de Rony e Hermione pouquíssimo


tempo depois. Marcus já amparava a mim e a Kim ao
mesmo tempo.

_ O que houve? – Rony me segurou, aliviando o peso dos


braços de Marcus. – O que Marcus Vitaverza da sonserina
está fazendo aqui?

_ Eu sou namorado do Kim. – Marcus se apresentou.

_ Kim conseguiu chama-lo. – eu disse. – Kim e eu fomos


emboscados assim que saímos.
_ Harry, você está sangrando muito. – Hermione olhou
com preocupação para minha camisa ensopada de
sangue.

Ela ajudou Rony e a me colocar no sofá.

_ Draco. – eu pedi, sentindo a dor do feitiço se espalhar


pelo meu braço. – Faça um Patrono, chame por ele.

Hermione me atendeu de imediato, sem questionar. Em


poucos segundos Draco Malfoy já estava as portas da
casa de Ron e Mione. Ele entrou de supetão, correndo
pra mim, o pavor tingindo seu rosto bonito ao me ver
sangrar daquela maneira.

_ Harry? O que houve? – ele perguntou, em desespero. –


Marcus? Kim? O que vocês estão fazendo aqui?

A situação era de um caos evidente. Kim tinha ajoelhado


no chão novamente, aos pés de Marcus, e chorava sem
parar. Marcus tentou se abaixar ao lado dele, falar com
ele, acalmá-lo, mas nada parecia adiantar. Rony e Draco
me ajudavam a tirar a camisa, para olhar meu ferimento
cada vez mais doloroso. Hermione mexia dentro de um
dos armários, buscando poções que pudessem ajudar a
mim e a Kim.
_ Eu vim visitar Ron e Mione, como tinha te falado. Kim é
estagiário dela, veio trazer uns relatórios, porque ela está
de licença, por causa do bebê. – eu explicava a Draco. –
Kim e eu saímos juntos, mal tínhamos dado alguns passos
quando Kinoss apareceu.

_ Kinoss? – Rony questionou, a voz cheia de raiva.

Rony tinha me ajudado na investigação contra Kinoss. Ele


sabia tanto quanto eu que aquele bruxo não prestava.

_ Como é que ele sabia que você estaria aqui, Harry? –


Rony perguntou. – O que esse homem quer com você?

_ Ele não estava atrás de Harry. – Marcus disse, com


raiva. – Estava atrás de Kim.

_ De Kim? – Rony perguntou, surpreso.

Eficiente como sempre, Hermione alcançou um vidro de


poção roxa nas mãos de Marcus, que entendeu que
deveria fazer Kim beber. Depois, ela veio até mim com
uma poção preta viscosa e me fez tomar uma colherada.
_ Vai fazer melhorar a dor. – ela disse. – Agora vou fazer
os feitiços para tentar fechar o ferimento. Você sabe o
que é isso, não sabe? É um Sectumsempra.

_ Por Merlin. – Rony ofegou. – Não vejo isso desde


George..

_ Você duelou com um Sectumsempra no braço da


varinha? – Marcus perguntou, parecendo impressionado.

_ Eu não podia deixa-lo levar Kim. – eu respondi.

_ Não é à toa que chamam você de herói. – Marcus disse


com fervor. – Eu estou em dívida com você.

Draco permanecia em silêncio ao meu lado, segurando a


minha mão, uma expressão de dor no rosto.

_ Qual o interesse de Kinoss em Kim? Ele o quer como


submisso? – o ódio era latente na voz de Marcus.

Kim tinha parado de chorar, mas ainda parecia em


choque. Permanecia ajoelhado no chão, em silêncio. Até
então, eu não tinha dito nada acerca do porquê Kinoss
tinha tentado sequestrar Kim, porque isso envolvia a vida
particular de Marcus e Kim, e eu não tinha o direito de
expor os dois na frente de Ron e Mione, sem que me
autorizassem.

Mas agora, Marcus tinha falado abertamente sobre o


assunto.

_ Submisso? – Rony perguntou, olhando de Marcus para


mim. – Isso tem a ver com aquela história de Cinquenta
Tons de Cinza outra vez?

Aparentemente, Marcus sabia o que era Cinquenta Tons


de Cinza, talvez pelo fato de Kim ter nascido trouxa.
Naquele momento, Marcus pareceu ter se dado conta de
que tinha falado de mais, na frente de estranhos. Sua
raiva pelo que tinha acontecido com Kim era tão grande,
que ele tinha cometido um erro.

_ Está tudo bem, Marcus. – eu falei, tentando acalmá-lo.


– Ron e Mione sabem sobre eu e Draco. Eles entendem.

_ Você contou? – Draco rompeu seu estado de silêncio,


mostrando-se um pouco chocado. – Eles... entendem?
_ Malfoy, Mione e eu enfrentamos criaturas das trevas,
Comensais da Morte, caçamos Horcruxes, tudo isso ao
lado de Harry. Ele nos salvou a vida inúmeras vezes, o
amamos como a um irmão. – Rony argumentou. – Por
que acha que nos importamos com o que você e ele
fazem na cama?

_ Desculpe. – Draco respondeu, com sinceridade. – Eu..


eu não quis mesmo ofender. Mas as pessoas
normalmente...

_ As pessoas normalmente não entendem. – Marcus


colocou.

_ Está tudo bem pra nós. Se você está com Harry, ficamos
felizes por vocês Malfoy. – Hermione falou; depois, se
voltou para Marcus. – E você também, Vitaverza. Seja lá
qual for a natureza da sua relação com Kim, se ele e seu...
ha... submisso... nós nunca vamos contar a ninguém.

_ Eu fico muito grato. – Marcus sorriu pra ela,


brevemente. Mas seu rosto logo voltou a refletir
preocupação.
_ Você está pensando nas razões que levaram Kinoss a
querer sequestrar Kim não é? – Draco perguntou ao
amigo, com solidariedade.

_ O interesse dele deve ser bem forte. Kim vem toda


segunda, mais ou menos no mesmo horário, então Kinoss
deve ter planejado isso com cuidado. – Hermione opinou,
com inteligência. – Talvez ele possa estar apaixonado por
Kim.

O ciúmes faiscou nos olhos de Marcus.

_ É pior que isso. – eu falei, pesaroso – Ele quer entregar


Kim aos Purificadores do Sangue.

_ O quê? – o pavor se estampou no rosto de Marcus.

_ Vocês precisam tomar muito cuidado. – eu aconselhei. –


Os Purificadores do Sangue estão a cada dia mais fortes,
Kinoss tem ligação com eles. Os aurores investigaram e
descobriram que vários membros da seita são praticantes
de BDSM, mas não são dominadores como você e Draco,
eles usam magia das trevas nos submissos. Kim nasceu
trouxa, se ele for entregue aos Purificadores, não vai
durar um único dia.
_ Vão estupra-lo, tortura-lo e mata-lo. – Marcus
constatou. – Eu preciso de ajuda... Potter... Os aurores...

_ Eu abandonei os aurores. – continuei. – Aconselharia


você a não procurar por eles por enquanto. Kingsley
Shacklebolt está desesperado para descobrir o
esconderijo dos Purificadores, pode acabar manipulando
a situação para usar Kim como isca.

_ Então o que eu faço? – Marcus perguntou, parecendo


preocupado.

_ Tudo bem, eu concordo com vocês, mas agora que tudo


está esclarecido, vamos todos ficar quietos. – Hermione
ordenou, nos interrompendo. – Vou tentar ajudar Kim.

Todos no cômodo estavam preocupados com o menino,


sobretudo Marcus, então a sala caiu em um silêncio
imediato. Todos nós olhávamos para Kim ajoelhado no
canto da sala, em expectativa.

_ Talvez eu precise da sua ajuda Marcus, você sabe


porque essa posição? – ela perguntou, pensativa. – Não é
comum em pessoas em estado de choque.
_ É a posição de um submisso. – Marcus respondeu,
brevemente.

_ Certo. – Hermione fez uma careta. – Então talvez ele


responda a você, melhor do que a mim.

Hermione começou fazendo alguns feitiços, vendo os


sinais vitais, checando se estava tudo certo com a parte
física dele. Não havia nada errado nesse sentido.

_ O importante é saber o que está inquietando ele. –


Hermione disse.

Marcus começou a se abaixar.

_ Não se abaixe. – Hermione instruiu. – Você disse que


ele está na posição de um submisso. Faça como ele está
propondo. Fale com ele como um dominador.

Marcus pareceu respirar fundo, desconfortável com a


presença de Ron e Mione na sala, mas evidentemente
disposto a tudo pra ajudar Kim.
_ Kim, me diga qual é o problema. – o tom era de ordem,
eu reconheci imediatamente. Era semelhante ao que
Draco usava comigo no quarto de BDSM.

_ Eu olhei pra ele, senhor. – Kim disse, olhando pra baixo.


– Eu mereço ser punido.

_ Quando Kinoss nos atacou, ele apontou a varinha para o


pescoço de Kim. – eu expliquei. – Kim ficou apavorado,
olhou pra Kinoss, foi uma reação natural. Mas então
Kinoss começou a provoca-lo, sobre Marcus não permitir
que Kim olhasse pra Kinoss.

_ Se um dia eu tornar a ver esse filho da puta... – Marcus


começava a perder o controle. – Eu juro que eu...

Draco colocou a mão no ombro do amigo para acalmá-lo.

_ Então vocês tinham uma regra. Como em Cinquenta


tons de Cinza? – Hermione perguntou, como se não
achasse aquilo estranho.

_ Sim. – Marcus respondeu.


_ Marcus, eu nunca tive uma relação com um submisso
como é a sua com Kim, com regras que tem que ser
cumpridas no dia a dia. – Draco começou a dizer.

_ Graças a Merlin. – Comentou Rony, interrompendo-o,


sem se conter.

Eu soltei uma risada baixa. Havia um limite pra


compreensão de Rony a respeito do meu namoro com
Draco, e certamente seria o fato de eu permitir que ele
controlasse todos os meus passos.

_ Porém, eu conheço bastante desse meio para saber que


a primeira regra entre um submisso e um dominador, em
relações como a sua, normalmente é que o submisso
coloque sua segurança pessoal em primeiro lugar. –
Draco continuou, olhando de canto de olho para Rony,
como se ele nada tivesse dito. – Em uma situação como
essa, Kim precisava olhar pra Kinoss. Olhar pra seu
agressor podia ajudá-lo a encontrar um meio de se
defender.

_ Isso é óbvio, Draco. – Marcus respondeu, com


impaciência. – É claro que não estou com raiva por ele ter
olhado pra Kinoss.
_ Você precisa dizer isso a ele... – Hermione instruiu.

_ Kim, olhe pra mim. – ele ordenou.

Kim olhou, com obediência.

_ Você fez o certo, precisava se proteger olhar pra ele


poderia te ajudar a se salvar. Você agiu bem, me chamou
assim que pode, usou o colar como eu te ensinei, se
manteve seguro. Eu estou orgulhoso de você. – Marcus
disse, com carinho.

_ O senhor está? – Kim perguntou, incerto.

_ Sim. – Marcus respondeu. – Se sente bem pra levantar?


Vamos pra casa comigo?

Kim ainda tremia, mas se levantou devagar.

_ Nós também já vamos. – eu disse. – Pode me ajudar,


Draco?

Draco me amparou pra que eu levantasse do sofá.


_ Você pode dar uma dose da poção roxa pra Kim, caso
ele tenha dificuldades pra dormir. Eu aconselharia que ele
não ficasse sozinho, levou um susto muito grande hoje,
pode ter pesadelos a noite. – Hermione disse a Marcus e
depois se voltou para Draco. – E sobre Harry, é bom que
ele fique com você por pelo menos uma semana. os
feitiços não fazem com que esse ferimento cicatrize por
completo, é magia das trevas, precisa de tempo pra curar.
Ele vai precisar de cuidados.

_ Eu sei. – Draco respondeu, com um sorrisinho. – Não sei


se vocês se recordam, mas Harry me acertou com um
desses no sexto ano.

_ Me perdoe, Draco. – eu disse, me lembrando daquilo,


de repente. – Eu tinha me esquecido. Eu juro que não
sabia o que o feitiço fazia. Eu o encontrei rabiscado em
um livro de Snape e...

_ Eu acredito eu você. – ele me interrompeu, a voz terna.


– Vamos. Tudo que eu quero é levar você pra casa.
CAPÍTULO 19

NARRADO POR DRACO MALFOY

_ Eu vou direto para o banho. – Harry disse, assim que


chegamos em casa. – Preciso me livrar dessas roupas e
tirar todo essa sujeira e sangue do meu corpo.

_ Você quer ajuda? – eu perguntei.

_ Não, está tudo bem. – ele me garantiu. – Eu preciso que


você ligue para Blaise.

_ Blaise? – eu perguntei, sem entender.

_ Não sei se Kinoss estava blefando. – ele me contou. –


Mas quando estávamos duelando, ele disse que quando
os purificadores se cansassem de Kim, eu ou John
também serviríamos como submissos.

Eu senti o ódio ferver dentro de mim. Eu estava no meu


limite. Coisa demais tinha acontecido desde que eu e
Harry tínhamos ido passear tranquilamente em um
parque de diversões trouxa. Aquilo tinha sido no dia
anterior, mas para mim, parecia que tinha acontecido há
semanas.

Percebendo que eu estava prestes a explodir, Harry


acabou com a distância entre nós colando nossos corpos.
Ele sujou minha camisa cara de sangue, mas não me
importei, apenas o puxei para mais perto, abraçando-o.

_ Ei, fique calmo. – ele pediu. – Eu estou inteiro. Vou ficar


bem.

_ Quando cheguei e vi você ferido daquele jeito... – eu


disse, as palavras saindo estranguladas, lembrando-me
daquele momento de pavor quando entrei na casa de
Granger e Weasley.

_ Estou agradecendo aos céus por esse corte, Draco. – ele


disse, olhando para seu braço. – Se eu não estivesse lá, se
eu não tivesse escolhido justo hoje para visitar Rony e
Hermione... a essa altura talvez Kim já estivesse morto.

Respirei fundo diante das palavras dele.

_ Você tem razão. – eu disse, por mais que me custasse,


eu tinha que concordar.
_ Eu estou subindo. – ele disse me dando um beijo rápido
nos lábios. – Quando vier, traga algo pra comer. Estou
louco de fome.

Eu observei por alguns segundos Harry subir a escada,


antes de ir até o Magifone discar o número de Blaise. Ele
atendeu no terceiro toque. Contei a ele o que tinha
ocorrido durante a tarde, Blaise ficou muito preocupado
com a tentativa de sequestro que Kim tinha sofrido e com
a possibilidade que acontecesse algo com John. Eu
prometi que eu e Harry iríamos pensar em alguma coisa
para conter os Purificadores e parar Kinoss. Mas
enquanto isso, ele precisaria tomar muito cuidado. Eu
sem dúvida faria o mesmo.

Quando desligamos, eu pedi que os Elfos preparassem


uma comida rápida pra nos e fui encontrar Harry no
quarto. Quando entrei, ele estava saindo do banho. Eu o
ajudei a vestir um pijama meu, sem que ele tivesse que se
mexer muito.

_ Eu vou precisar de roupas, pra poder passar a semana


aqui. – ele falou.
_ Vou pedir que um Elfo busque. – eu respondi. – Agora
vem, vamos deitar.

Alguns minutos depois, um dos Elfos Domésticos entrou


com nossa comida. Harry e eu estávamos famintos,
comemos bastante, até ficarmos satisfeitos. Quando
acabamos, eu levei os pratos de volta para cozinha.
Quando voltei, encontrei Harry já cochilando na cama. Eu
o ajeitei no travesseiro e me deitei ao lado dele. Também
estava exausto, logo em seguida, também estava
dormindo.

-//-

As próximas duas semanas passaram-se rapidamente. Na


semana primeira semana, na qual Hermione Granger
deixou bem claro que Harry tinha que permanecer em
repouso para a cicatrização total do ferimento no braço,
eu pedi que enviassem para a minha casa toda a papelada
referente aos casos nos quais eu era o advogado
responsável. Eu também recebi na Mansão alguns
clientes, ao invés de marcar reuniões no escritório,
optando por não sair pra trabalhar.

Harry ficou um pouco rabugento nesses dias. Ele era um


homem muito ativo, estava inconformado com o que
estava acontecendo e não queria ficar na cama. Estava
louco para se levantar e enfim fazer alguma coisa útil
para combater Kinoss e os Purificadores. Embora eu
insistisse que ele descansasse, Harry aproveitou aqueles
dias para escrever algumas cartas, entrar em contato com
amigos antigos, pesquisar em alguns livros, procurando
uma luz que o fizesse pensar em um plano.

Na segunda semana, quando Hermione Granger o


examinou e disse que já estava curado, Harry começou
enfim a agir. Reativou a casa dos ancestrais da minha
mãe, os Black, que ele tinha herdado do seu padrinho, e
convocou vários dos antigos membros da Ordem da
Fênix, que tinham combatido ao seu lado, na guerra
contra o Lorde das Trevas. Ele entrou em contato com
seus amigos do tempo de Hogwarts e alguns aurores de
sua confiança que não estavam no Ministério no dia da
demissão. Acabou conseguindo reunir um bom grupo de
pessoas que o apoiavam e estavam dispostas a nos ajudar
a deter os Purificadores do Sangue.

Harry tinha voltado para o próprio apartamento, quando


Granger disse que ele já estava apto a fazer as coisas
sozinho e não precisava mais de quaisquer cuidados
especiais. A verdade é que fazia cerca de cinco dias que
eu não o via. Ele estava tão concentrado em pensar em
um plano, que estava há dias sem sair de casa, analisando
um monte de papéis e livros, refletindo sobre tudo o que
afinal ele sabia sobre os Purificadores.

Eu sentia uma falta horrível dele. Naquele dia, eu estava


saindo tarde do escritório, era uma sexta feira. Decidi que
ao invés de ir pra casa, eu iria para o apartamento de
Harry vê-lo.

Pouco tempo depois, eu já batia a porta. Harry me


atendeu despenteado, de pijamas, sacudindo um livro
velho na mão. Ele exibia um sorriso triunfal.

_ Eu consegui, Draco. – ele exclamou. – Eu consegui.

Ele abriu espaço para que eu entrasse. A casa dele estava


uma bagunça, havia papeis e livros espalhados para todo
lado. Xícaras de café vazias se acumulavam nos móveis da
sala.

_ Eu encontrei uma forma de enfraquecermos os


Purificadores. – ele falou, animado. – Na verdade, eu
cheguei à conclusão que o melhor caminho é de fato o
plano dos aurores. Precisamos surpreender os
Purificadores no esconderijo deles, identificar e prender
vários membros da seita, porque assim eles se tornarão
fracos. A única falha no plano de Shacklebolt era querer
usar você para isso, sacrificar um inocente.

_ E como você pretende nos levar até o esconderijo dos


Purificadores sem sacrificar ninguém? – Ele sacudiu o
livro na minha frente. Era uma poção rastreadora, uma
criação de um mestre de poções italiano, que havia sido
traduzida. O livro era um manuscrito, muito velho
mesmo.

_ Onde é que você arrumou esse livro? – eu perguntei,


com desconfiança.

_ Roubei da sua casa. – ele disse, sem constrangimento


algum. – Peguei na biblioteca, na semana passada, junto
com outros livros. Imagino que você não tenha jogado
fora junto com todas as outras coisas velhas do Museu da
Família Malfoy porque não é um livro de magia das
trevas.

_ Quando foi isso? Você deveria estar descansando e não


carregando livros da minha biblioteca. – eu ralhei com
ele.
_ Você estava com um cliente. – ele me olhou travesso. –
O que importa é que essa poção é o que nós
procurávamos.

_ Você pode explicar melhor? – eu perguntei, ainda


irritado com a falta de interesse dele pela própria saúde.

_ Eu pensei que Kinoss poderia muito bem nos entregar o


esconderijo dos seus amigos Purificadores do Sangue. –
ele abriu um sorriso maldoso pra mim. – Com essa
poção, nós poderíamos rastreá-lo. Depois de preparada,
uma parte da poção deve ser derramada em um pedaço
de pergaminho, enquanto outra parte é derramada na
pessoa que desejamos rastrear, ou seja Kinoss. O
pergaminho vai se tornar um mapa, mostrando onde
Kinoss vai e quem ele encontra. Durante cinco dias, o
pergaminho funciona como uma chave de portal que
pode ser ativada, levando todos nos até onde está Kinoss,
ou seja, até o esconderijo dos Purificadores.

_ Assim, vários integrantes da seita seriam presos,


inclusive Kinoss por sua relação com eles. – eu disse, com
o humor renovado.

_ Infelizmente, é uma poção muito difícil de fazer. – Harry


fez uma careta.
_ Marcus é muito bom nisso. – eu sugeri. – Tenho certeza
que ele vai querer ajudar.

_ Pensei que poderíamos pedir a Blaise para convidar


Kinoss para uma reunião comercial, fazer as pazes depois
do que aconteceu na festa de noivado. – Harry falou. – E
então, acidentalmente, deixar cair um copo de bebida
nele, coma poção.

_ Será preciso conversar com Blaise. – eu ponderei sobre


a ideia de Harry. – Ele está com bastante raiva de Kinoss,
não sei se vai aceitar fazer isso.

Ele assentiu brevemente.

_ Também precisamos investigar, para saber quando


Kinoss irá a França. – Harry lembrou de outra questão
crucial. – E importante que tudo seja calculado,
precisamos saber qual o momento certo.

_ Não vamos cometer erros, Harry. – eu garanti a ele. –


Vamos agir com cuidado.
Eu o observei por alguns segundos, ele parecia realmente
cansado.

_ Por que você não para um pouco de pensar nisso? – eu


sugeri. – Vem pra casa comigo? Estou sentindo sua falta
desde que você foi embora...

Ele ruborizou um pouco quando eu disse aquilo.

_ Não quis mais te incomodar. – Harry falou baixinho. –


Você não estava nem conseguindo trabalhar direito por
minha causa.

_ Você está falando sério, Harry? – eu questionei,


surpreso. – Depois de tudo. Você acha que... Harry... eu
só quero que você volte a ficar o mais perto possível de
mim.

Seus olhos verdes brilharam radiantes pra mim, quando


ele abriu aquele sorriso perfeito que só Harry Potter
podia dar. Aquele sorriso que podia iluminar uma rua
inteira.

_ Eu vou, deixe-me só pegar umas roupas. – ele falou,


sumindo no corredor, na direção de seu quarto.
_ Pegue alguma coisa mais arrumadinha que Marcus nos
convidou para jantar amanhã. – eu informei.

_ Não precisa ser terno, precisa? – eu podia ouvir a


infelicidade em sua voz, do cômodo ao lado.

_ Não. – eu respondi, sorrindo. – Pode ser uma camisa,


uma calça social e sapatos.

Ouvi um resmungo vindo do quarto de Harry, ele voltou


de lá com uma mochila nas costas.

_ Nunca vou entender os sonserinos. – ele fez uma


careta. – Por que tenho que calçar sapatos sociais para
me sentar com você, Marcus e Kim? Que exagero, há
alguns dias vocês três estavam me vendo sem camisa e
coberto de sangue.

_ Blaise e John também vão estar lá. – eu argumentei.

_ Esse jantar é tipo festinha BDSM? – ele abriu um sorriso


safado pra mim.
_ Marcus não esclareceu isso quando me telefonou. – eu
confessei. – Mas é provável. Talvez ele e Blaise tenham
achado que você se sentiria mais a vontade de participar
de uma dessas festinhas se fosse um evento mais privado,
e não como são as festas de Blaise, com tanta gente.

_ Hmm. – ele pareceu em dúvida. – Não sei...

_ Você sabe que não precisa fazer nada. – eu lembrei a


ele.

_ Eu gostaria de olhar. – Harry falou, constrangido.

Já fazia um tempo que eu vinha pensando que Harry


tinha um pouco de voyeur.

_ Isso te excita não é? Eu já percebi. – eu disse a ele.

_Como você sabe? – ele se surpreendeu.

_ Quando nós transamos pela segunda vez, você disse


que tinha ido a um clube BDSM usando sua capa da
invisibilidade. Mas depois, quando nos fomos juntos a um
desses clubes, você disse que já tinha estado ali antes e
se cadastrado como Voyeur. – eu falei.

Harry fez cara de quem tinha sido pego.

_ Sim, a primeira vez que fui a um clube BDSM usei minha


capa; mas então descobri que havia salões abertos, nos
quais voyeurs podiam assistir. Me pareceu mais ético ir
assim. – ele comentou. – Eu fui mais de uma vez, porque
gostei de olhar. E isso que você quer que eu confesse?

_ Eu também gosto de olhar. – eu confessei pra ele,


vendo seus olhos brilharem. – Acho que independente do
que aconteça, vamos nos divertir amanhã.

Harry sorriu pra mim, puxando-me para um beijo.


CAPÍTULO 20

NARRADO POR DRACO MALFOY

No dia seguinte, por volta das nove horas da noite, Harry


Potter abotoava uma camisa azul marinho na frente do
espelho, encarando a própria imagem, evidentemente
nervoso.

_ É impressão minha ou você está um pouquinho ansioso


para esse jantar, Harry? – eu provoquei, em tom de
brincadeira.

Harry me atirou uma almofada, que antes repousava em


uma poltrona ao lado do espelho. Eu desviei no último
segundo.

_ Não precisa partir pra agressão. – eu reclamei.

_ Vamos? – Harry perguntou, virando-se de frente pra


mim, já completamente vestido.

Nós descemos para a sala de estar. Fomos para a casa de


Marcus pela Rede de Flu, de modo que segundos depois
já estávamos em nosso destino. Marcus vivia em uma
casa bonita, em Londres, que tinha herdado de sua
família. Ele era, assim como eu, o herdeiro de uma longa
linhagem.

Quando chegamos, Blaise e John já estavam lá, na sala de


estar, acomodados em uma poltrona. Eu tinha combinado
com Harry que ele trataria dos assuntos relativos aos
Purificadores do Sangue o quanto antes e que depois, no
restante da noite, não voltaríamos a tratar de questões
tão desagradáveis.

Meus amigos estavam muito preocupados com a situação


na qual nos encontrávamos. Assim que eu e Harry nos
sentamos e cumprimentamos a todos, Marcus
questionou:

_ Não quero parecer insistente, Harry, mas há alguma


notícia quanto a Kinoss e os Purificadores?

Kim olhou pra ele como se não acreditasse que Marcus


mal tinha esperado que sentássemos para fazer aquela
pergunta.
_ Eu seria um hipócrita se ficasse dando voltas e não
fizesse essa pergunta de uma vez. – Marcus disse, como
quem se desculpava.

Blaise, Kim e John olharam pra nós com a mesma


expressão preocupada que Marcus demonstrava.

_ Reuni um bom número de pessoas e pensei em um


plano. – Harry disse. – Mas vou precisar da ajuda de
vocês.

Harry contou tudo sobre o plano dos aurores pra chegar


no esconderijo dos Purificadores, sobre como queriam
me usar como espião, o que fez com que ele se demitisse.
Contou sobre sua ideia de colocar esse mesmo plano em
prática usando Kinoss sob o efeito de uma poção
rastreadora que ele tinha encontrado em um manuscrito
antigo.

Harry pediu a ajuda de Marcus pra fazer a poção,


entregando a ele uma cópia da página do livro onde a
tinha encontrado.

_ É uma poção complexa. – Marcus franziu testa. – Talvez


eu precise de mais um par de mãos, mas vou conseguir,
Kim pode me ajudar, ele também é bom com poções.
_ Sim, senhor. – Kim confirmou, aproximando-se para ler
o que Harry havia copiado no pergaminho.

_ Também precisamos de Blaise. – Harry disse, inseguro


sobre como convence-lo.

_ Blaise, precisamos que você faça as pazes com Kinoss.


Retome a aliança comercial que tinha com ele. – Eu disse
devagar.

_ De jeito nenhum. – Os olhos de Blaise faiscaram de


ódio. – Esse é o homem que ameaçou entregar John aos
Purificadores.

_ Peço que você reconsidere. – eu disse, tentando fazê-lo


ouvir a voz da razão. – Fazer comércio com você é
interessante pra Kinoss, ele vai ouvi-lo se você procurar
por ele. Poder ser nossa chance de derramar a poção nele
e colocar o plano em prática.

_ Se esse plano funcionar, os Purificadores ficarão fracos


e Kinoss será preso. – Harry argumentou. – John estará
seguro, Kim estará seguro, todos nós estaremos.
_ Por favor, senhor. – John pediu, quebrando qualquer
resistência que Blaise ainda pudesse ter. – Desde de o
que aconteceu com Kim eu vivo com medo...

_ Está certo. Não precisam dizer mais nada. – Blaise


concordou, mal humorado, e então se virou para o noivo.
– Faço isso por você, eu também estou com medo de que
aconteça algo.

_ Agora vamos encerrar esse assunto. – eu pedi. – Eu


gostaria que nós pudéssemos esquecer de tudo isso essa
noite.

_ Draco está certo, é pra ser um momento divertido entre


amigos. Não vamos deixar que Kinoss estrague. – Marcus
falou, abrindo um sorriso. – Vamos jantar?

Todos levantamos e deixamos nosso anfitrião nos


direcionar a sala de jantar, onde nos acomodamos a
mesa. Dois Elfos Domésticos serviram uma entrada de
salada e depois um prato principal, de carne. Estava tudo
muito gostoso e bem preparado, a conversa fluía bem
durante a refeição.

O assunto culminou em uma saudável discussão sobre a


secular briga entre grifinória e sonserina.
_ Harry fica chateado quando é obrigado a usar sapatos
sociais. – eu o entreguei.

_ Isso é coisa de sonserinos. – Harry resmungou.

_ De certo Godric Gryffindor usava chinelos. – Marcus o


provocou.

_ Você quer me convencer de que existe algum sentido


em usar um sapato que aperta os pés para sentar na sua
casa com seus amigos pra comer? – Harry argumentou.

Kim deixou escapar uma risada baixa.

_ O que foi? – Marcus perguntou.

_ Também odeio esses sapatos. – o garoto falou baixinho,


e depois acrescentou. – Senhor.

_ Acho que estou me lembrando de você Kim. – Harry


olhou com atenção para o menino. – Eu estava no quinto
ano quando você foi selecionado para a grifinória.
Kim estava radiante.

_ Achei que você não se lembraria nunca. – ele falou.

_ Ah, Graças a Merlin. – Harry exclamou. – Pensei que


estava sozinho no meio de tantos sonserinos.

_ Kim é Grifinório? – Blaise provocou Marcus. – Você


nunca me contou isso.

Marcus olhou pra ele de cara feia.

_ Submissos Grifinórios são ótimos, Blaise. – eu falei, com


um falso ar superior que eu sabia que provocaria Harry. –
Eu ousaria dizer que não há nada que um Grifinório faz
melhor do que ser submisso de um Sonserino.

Os sonserinos presentes riram alto.

_ Não ligue para Draco, Kim. – Harry sorriu com simpatia


para seu colega de casa. – A inveja dos sonserinos é
lendária, eles se incomodam porque sabem que os
grifinórios sempre se divertem muito mais em Hogwarts.
No segundo ano, por exemplo, eu e meu amigo Rony
invadimos o salão comunal da Sonserina e saímos ilesos.

_ Isso deve ter sido incrível. – Kim estava radiante.

_ Ele está blefando. – Blaise disse, visivelmente


incomodado com a perspectiva de Harry ter feito
realmente aquilo.

E não era pra menos. O salão comunal era um segredo


dos estudantes de cada casa, completamente proibido
para os demais alunos de Hogwarts. Como Harry poderia
ter entrado lá?

_ Estou? – Harry provocou. – Então me diga, Blaise, por


acaso a entrada não seria uma porta de pedra escondida
na parede? O salão comunal não seria um amplo
aposento comprido com paredes de pedra, com luzes
esverdeadas no teto presas por correntes? Não há uma
lareira com console de madeira esculpida?

_ Alguém te disse isso. – Blaise decretou, o ego sonserino


evidentemente ferido.
_ Se você diz. – Harry deu de ombros, com um sorriso
vitorioso.

John riu baixinho da discussão, ele via tudo de fora, pois


não estudara em Hogwarts e sim em Durmstrang. A
sobremesa foi servida, fazendo com que Kim e Harry
parassem de exaltar os atributos da Grifinória. Pelo jeito,
não havia nada que distraia mais dois Grifinórios do que
um bom prato de doces. Nós seis conversamos um pouco
mais, quando meus amigos acharam que já era a hora de
introduzir o assunto que estava por trás daquele janta

_ Draco. – Marcus chamou. – Quando eu te convidei,


imagino que você tenha desconfiado das minhas
intenções de fazer uma cena BDSM.

Vi Harry arregalar levemente os olhos ao ouvir aquela


frase. Eu sabia que ele estava um pouco preocupado e
nervoso com aquilo. Não se podia descartar a
inexperiência de Harry quando se tratava de BDSM.

_ Sim. – eu concordei. – Mas não sei se Harry está à


vontade.

Eu olhei para Harry, esperando que ele dissesse algo.


_ Eu também não sei. – Harry disse, com franqueza. – Se
me sinto à vontade...

Ele estava um pouco confuso, mas tinha optado por ser


sincero. Particularmente, eu achei uma boa decisão. Fazer
sexo na frente de outras pessoas era um grande passo,
cabia a nós, que já estávamos acostumados com isso,
deixa-lo a vontade.

_ Harry, é comum pra nós fazer essas cenas BDSM em


grupo. – Blaise falou. – Você é nosso amigo agora,
gostaríamos que participasse.

_ Hoje, aqui na minha casa, não é nada tão grandioso


como foi na festa de noivado do Blaise. – Marcus
explicou. – É bem mais íntimo, mais informal, achamos
que te deixaria mais tranquilo.

_ Nós entendemos que você nunca foi um submisso


antes, ainda é inexperiente, não queremos assustá-lo. –
Kim disse.

_ Você pode começar só olhando. – John falou. – E depois


participar, se quiser.
_ Eu posso fazer perguntas? – Harry olhava pra todos nós.

_ É claro. – John respondeu.

_ Como funciona realmente? – Harry perguntou. – Há


regras?

_ Tem a ver principalmente com voyeurismo, ter prazer


em ver o outro. – eu expliquei.

_ Aqui nós todos somos monogâmicos. – John achou por


bem esclarecer. – Não é nada como essas cenas que você
talvez possa ter visto em clubes BDSM, com casais
misturados, submissos que transam com vários
dominadores ao mesmo tempo.

_ Ninguém tocará em você além de mim. – eu garanti.

_ Isso nem tinha passado pela minha cabeça. – Harry me


olhou, um pouco desnorteado com o rumo da conversa.

_ As regras são as mesmas de quando você e Draco estão


sozinhos. – Marcus falou.
_ Bom, então acho que podemos tentar. – Harry disse,
olhando pra mim.

Eu sorri pra ele. Harry gostava de um desafio.

Marcus se levantou da mesa e nos convidou para


acompanha-lo. Eu segui pelo caminho que eu já conhecia,
de mãos dadas com Harry, até chegar a um grande
cômodo que meu amigo usava para suas festinhas
intimistas de BDSM.

Blaise e eu tínhamos trazido, cada um, uma maleta, com


objetos próprios. Existia coisa que não se compartilhava.
Marcus, Blaise e eu tiramos a camisa e os sapatos,
deixando tudo no canto da sala. Kim e John começaram a
fazer os feitiços de preparação, e em seguida tiraram
todas as roupas, dobrando e colocando no mesmo canto.
Depois, ambos se ajoelharam no chão ao lado de Marcus
e Blaise, aguardando.

Harry acompanhou os meninos nos feitiços de


preparação, e se despiu com um claro constrangimento.
Suas bochechas estavam muito vermelhas e ele encarava
fixamente o chão.
Em um canto da sala, havia cadeiras que imitavam tronos
para que os dominadores se sentassem. Ao lado, havia
um banquinho baixo, para que os submissos se
ajoelhassem em cima. Eu segurei Harry pela mão,
caminhando com ele até lá. Ele se ajoelhou sem
perguntar nada, colocando-se no papel de submisso. Eu
me sentei ao lado dele, na cadeira.

Marcus ordenou que Kim se erguesse, prendendo com os


braços para cima a correntes no teto. Kim era um rapaz
ruivo, magro, a pele muito clara, e de aparência frágil. Ele
contrastava vigorosamente com Marcus, alto, forte, a
pele morena clara, e seus traços fortes, descendente de
italiano.

Marcus começou a preparar e excitar o corpo de Kim


devagar, deixando-o como ele queria. Primeiro, sugou,
mordeu e beijou lentamente cada um de seus mamilos,
para depois prende-los com dois grampos próprios pra
esse uso. Kim apenas ofegava baixinho, olhando para o
chão, respeitosamente.

Em seguida, Marcus abaixou-se com lentidão, beijando a


barriga de Kim, em seguida suas coxas, sua virilha,
provocando-o, levando tempo para chegar em seu pênis.
Quando finalmente lambeu seu membro, Marcus colocou
apenas a glande de Kim na boca, massageando-a com a
ponta da língua.

Kim gemeu baixinho quando Marcus parou de modo


abrupto, tirando um anel peniano de metal do bolso,
prendendo na base do membro e testículos do seu
submisso.

Ao mesmo tempo, Blaise tinha levado John até um


banquinho baixo, parecido com o que Harry estava
ajoelhado, mas um pouco mais comprido. Ele ficou de
quatro lá, empinando-se pra Blaise. Quando John ficou
naquela posição, percebi que ele já usava um plugue anal.
Blaise tinha ordenado que ele usasse durante todo o
jantar.

_ Você aguentou bem, John. – Blaise elogiou. – Não se


ausentou nem por um minuto para tirar.

Blaise girou o plugue dentro de John, retirando-o e


colocando novamente.

_ Quero que aguente um pouco mais. – ele disse. – Acha


que consegue?
_ Sim, senhor. – John respondeu, obediente.

Blaise deu a volta no corpo de John, ficando próximo ao


rosto de seu submisso. Retirou a própria calça e a cueca,
ficando enfim, nu. Aproximou a ereção da boca de John,
deixando claro o que queria. John atendeu a ordem
implícita, tomando o pênis de Blaise na boca.

Quando olhei pra Harry ao meu lado, ele olhava para os


dois casais claramente excitado, seu pênis estava ereto,
embora ele não fizesse qualquer movimento para se
tocar. Acariciei levemente seu cabelo, chamando sua
atenção. Harry me olhou com os olhos febris.

_ Você quer continuar só olhando? – eu perguntei.

_ Não, senhor. – ele respondeu.

_ O que você quer Harry? – eu queria ouvi-lo pedir, queria


que ele me contasse o que desejava naquele momento.

Harry olhou novamente para Blaise e John, depois se


virou pra mim, os lábios entre abertos, umedecidos.
_ Eu quero te chupar, senhor.

Senti meu corpo se arrepiar de excitação. Harry sempre


parecia saber o que dizer pra atiçar o meu desejo. Tudo
nele me enlouquecia, me inebriava. Eu tirei o que restava
das minhas próprias roupas, trazendo-o para o meio das
minhas pernas. Os lábios de Harry cobriram a minha
ereção e logo senti que ele me chupava com vontade. Eu
puxei um pouco seu cabelo enquanto ele lambia e
sugava, estimulando-o a continuar.

Eu via que ele tentava relaxar a garganta e me engolir


quase inteiro; em um dado momento ele parou para
tomar fôlego, massageando meu pênis com a mão e
descendo os lábios para lamber o meu saco, chupando-o
deliciosamente.

Senti meu orgasmo chegando. Eu queria gozar em seu


rosto, enche-lo com a minha porra, marca-lo como meu.
Mas tive medo que ele não quisesse que eu o fizesse na
frente dos outros.

_ Quero gozar em você. – eu gemi, era o melhor que eu


podia fazer.
Harry afastou-se alguns centímetros, fechando os olhos,
continuando a massagear maravilhosamente o meu
membro, oferecendo-se pra mim, até que me derramei
sobre ele, excitado demais pra manter qualquer controle.

Quando ordenei que ele se levantasse, um pouco de mim


escorria por seus lábios, seu queixo e bochecha. Eu limpei
com as costas da mão.

Naquele momento, Marcus e Blaise estavam amarrando


seus submissos lado a lado, deitados de barriga pra cima
em uma cama larga de couro vermelho, com os braços
acima da cabeça e os joelhos erguidos. Na beirada da
cama, havia duas máquinas de penetração anal,
fabricadas e vendidas por um famoso sex shop bruxo. Eu
tinha uma daquelas, estava em minha maleta pessoal.
Marcus e Blaise iam usa-las em seus submissos ao mesmo
tempo.

Senti meu corpo reagir ao imaginar a cena, eu queria


fazer parte daquilo. Deixei meu olhar de desejo correr
pelo corpo de Harry, até fixar em seu rosto. Ele fez um
movimento curto coma cabeça, de afirmação, sinalizando
que tinha entendido que eu queria fazer o mesmo e que
aceitava participar.
Levei Harry pela mão até a cama, instruindo-o a se deitar
ao lado de John. Marcus e Blaise olharam pra mim, com
um misto de aprovação e surpresa, quando se deram
conta que eu e Harry faríamos parte da cena. Eu amarrei
Harry da mesma maneira que John e Kim tinham sido
amarrados.

Tirei a máquina da minha maleta, fazendo um feitiço para


que ela se expandisse, assumindo seu tamanho real. No
mundo dos trouxas, uma máquina de penetração anal era
composta normalmente por uma estrutura de metal que
continha, em sua extremidade, uma prótese peniana, que
através de tecnologia trouxa, era introduzida e
reintroduzida em velocidade ajustável no ânus de um
submisso. Eu já tivera uma assim, antes de Harry, para
transar com homens trouxas. No mundo bruxo, a
máquina funcionava de modo semelhante, mas seu
movimento operava, é claro, com magia.

Harry parecia esperar que eu introduzisse a prótese


peniana (acoplada à máquina) nele de imediato, porque
ele arquejou de surpresa e prazer quando eu me abaixei
entre suas pernas, lambendo lentamente sua entrada,
deixando minha língua penetrá-lo primeiro. A respiração
dele tornou-se ofegante, conforme eu comecei a alternar
meus dedos em seu orifício, acariciando-o com lambidas,
massageando seu interior, deixando-o preparado como
eu queria. Quando eu me ergui, seus olhos verdes já
queimavam, e eu sabia que ele desejava ser penetrado.

Marcus, Blaise e eu ligamos as máquinas mais ou menos


ao mesmo tempo.

O cômodo tornou-se palco de uma cena profana,


permeada de gemidos que escapavam dos lábios dos três
submissos.

Marcus deixou que Kim fosse penetrado em uma


velocidade lenta, as mãos grandes acariciando o corpo
menor do ruivo que gemia, até que o dominador ajoelhou
no lado esquerdo da cama, aproximando o pênis do rosto
de Kim, fodendo sua boca em um ritmo acelerado,
abafando seus gemidos.

Blaise fez com que o movimento no interior de seu


submisso fosse mais rápido, de modo que John ofegava,
sentindo a pressão dentro de si. Querendo aumentar as
sensações, o dominador se abaixou, lambendo
lentamente a ereção de John, provocando seu membro
excitado, ora sugando-o coma boca, ora masturbando-o
com a mão.
Eu não fiz absolutamente nada a não ser olhar nos olhos
de Harry, enquanto permitia que o objeto penetrasse seu
corpo em um ritmo acelerado, entrando e saindo sem
cessar, fazendo-o gemer, deixando seu pênis duro e
inchado. A cena era absolutamente perfeita, eu via a pele
dele se avermelhar, o peito dele subir e descer ofegante,
enquanto ele mordia os lábios, contorcia-se de prazer.

Marcus foi o primeiro a desligar a máquina. Ele já estava


muito excitado com os lábios de Kim em seu membro,
com a visão do corpo do garoto. Ele puxou Kim pra si,
ainda amarrado, e o penetrou, movimentando-se dentro
de seu submisso, possuindo-o. Não demorou muito,
Blaise fez o mesmo com John.

Quando só restamos eu e Harry, ele me olhou com


expressão de súplica. Seu corpo suava, a penetração
dentro dele era incessante, eu sabia que o estimulo em
sua próstata devia estar levando-o a loucura.

_ Por favor, senhor, por favor. – ele implorou, sem se


importar que não estivéssemos sozinhos. – Por favor, eu
preciso...

Eu toquei seu pênis muito rígido e lubrificado de


excitação, masturbando-o devagar.
_ É disso que você precisa? – eu o provoquei.

_ Não, senhor. – ele disse, a voz rouca, misturando-se aos


gemidos. – Eu preciso... dentro de mim... por favor...

Eu achei que não podia ficar mais excitado. Ele me queria


dentro dele. Aquele objeto não era o suficiente. Ele
queria a mim, minha pele, meu ritmo, meu toque.

_ Você quer a mim? – eu quis ouvir.

Desliguei a máquina, retirando a prótese peniana de


dentro dele.

_ Sim. – ele quase gritou. – Por favor, senhor, me fode.

E eu o penetrei. Estava ensandecido. Me sentia queimar


por ele. Harry Potter era meu fogo. Eu mergulhei pra
dentro de seu corpo, sentindo-o se contrair e me apertar.
Me movimentei encontrando o ritmo que era nosso,
buscando o meu prazer e o dele.
Quando estendi a mão para masturba-lo, ele me olhou
com intensidade.

_ Não é preciso, senhor. – ele gemeu. – Já está vindo... eu


só preciso...

E então gozou, um jato forte, sujando nosso corpos de


esperma.

_ Só precisa de mim. – eu disse baixinho, maravilhado.

_ Sim. – ele murmurou, jogando a cabeça pra trás, os


olhos fechados.

Meu orgasmo veio fazendo todo meu corpo tremer, eu


me apoiei na cama para não cair sobre Harry.
CAPÍTULO 21

NARRADO POR DRACO MALFOY

Alguns segundos depois quando, consegui encontrar


forças pra me colocar de pé novamente, olhei para o
lado. Marcus, Blaise, Kim e John nos olhavam de queixo
caído.

_ Isso foi bem intenso. – John deixou


escapar.

_ Se eu não tivesse acabado de gozar, poderia fazer isso


só olhando pra vocês. – Blaise comentou.

Quando olhei para Harry, percebi que ele estava um


pouco envergonhado, ele olhava para o outro lado, sem
querer encarar meus amigos. Conclui que aquela noite já
tinha sido o suficiente pra ele. Eu o desamarrei, assim
como fizeram Marcus e Blaise com seus submissos.

_ Kim, você pode leva-lo até um banheiro onde ele possa


se lavar e se vestir? – eu pedi.
Kim assentiu com a cabeça. Harry me olhou claramente
agradecido e seguiu andando atrás de Kim, não sem antes
parar no canto da sala e pegar suas roupas. John quis ir
junto, de modo que ficamos apenas Marcus, Blaise e eu.

Nós três nos vestimos, limpamos e guardamos nossos


objetos pessoais, relativamente em silêncio. Eu podia ver
que tinha algo no ar. Marcus e Blaise a todo tempo
trocavam olhares divertidos, carregados de significado.

_ O que foi? – eu perguntei.

_ O que foi o que? – Marcus devolveu a pergunta.

_ Por que estão trocando olhares e dando risadinhas? –


eu quis saber.

_ Não é nada. – Blaise falou. – É só que, achamos que a


noite foi bastante surpreendente.

_ Não esperávamos que Harry Potter fosse assim. –


Marcus concordou.
_ Assim como? – eu estava começando a me irritar com o
rumo daquela conversa.

_ Ele anda por aí com toda aquela pose de machão. –


Blaise riu. – O Eleito, Herói do mundo mágico, derrotou o
Lorde das Trevas...

_ E ele literalmente implorou pra que você comesse ele. –


Marcus completou, rindo também. – Em alto e bom som,
pra quem quisesse ouvir.

_ Ninguém nunca disse que eu precisava comer um cu pra


derrotar Voldemort. – ouviu-se a voz de Harry Potter,
vinda da porta.

Marcus, Blaise e eu nos viramos imediatamente,


encarando Harry, que estava em pé com Kim e John ao
seu lado. Ele caminhou em nossa direção com o rosto
cheio de ressentimento.

_ A prova de que uma coisa não tem nada a ver com a


outra são vocês, que se acham o máximo por serem
dominadores, mas chamam Voldemort de Lorde das
Trevas, porque não têm coragem de dizer o nome de um
homem que já está morto há mais de cinco anos. – Harry
não esperou resposta. Ele se virou e saiu andando na
direção da porta.

_ Harry. – eu o chamei.

Dei alguns passos para ir atrás dele, mas ele moveu a


varinha com tamanha rapidez e precisão que, mesmo de
costas, me acertou em cheio, atirando meu corpo pra
trás, fazendo com que eu caísse sentado no chão. Quando
olhei novamente para porta, ele já tinha ido.

Kim foi atrás dele na sala.

Um silêncio desconfortável tomou conta do cômodo até


que Kim retornasse para quebrar. Eu me sentia
atordoado. O que tinha acontecido ali? Em um minuto
tudo estava bem. Agora Harry tinha me lançado uma
azaração e ido embora?

_ Ele foi embora pela rede de Flu. Mandou avisá-lo que


não foi pra Mansão e nem pro apartamento. – Kim disse,
olhando pra mim. Depois, voltou-se pra Marcus. –
Senhor, eu quero ir embora.

Marcus olhou pra Kim, visivelmente incomodado.


_ Combinamos que você permaneceria aqui, até que a
situação com Kinoss fosse resolvida. – Marcus disse, em
tom de quem encerra a questão. – A casa dos seus pais
não é totalmente segura, é um bairro trouxa.

_ Harry disse que posso ficar com ele. Tenho certeza de


que é seguro. – Kim falou.

_ Você disse que não sabia onde Harry estava. – Eu


acusei.

_ Não, eu disse que ele não está na Mansão Malfoy nem


no apartamento dele. – Kim sibilou, perdendo a
paciência. – Na verdade, eu disse isso porque estava
tentando ser gentil. Porque o que Harry de fato falou é
que não é para você perder seu tempo procurando por
ele nesses lugares porque ele não quer te ver. E ele tem
toda razão, depois que você o trouxe aqui para ser
humilhado.

_ Eu não o trouxe aqui para... – eu comecei a falar.

_ Você não vai ficar com Potter. – Marcus disse com raiva,
aproximando-se ameaçadoramente de seu submisso.
_ Então, senhor, peço encarecidamente que o senhor
encontre algum outro lugar seguro para onde eu possa ir
ainda hoje. Porque, nesse momento, sinto como se
tivesse ultrapassando todos os meus limites emocionais
se for obrigado a permanecer na mesma casa que o
senhor. – Kim disse, olhando pra baixo, uma lágrima
teimando em cair pelo rosto.

_ O que tudo isso tem a ver conosco? – Marcus


perguntou, mais gentil.

_ O senhor e Blaise fizeram questão de humilhar Harry,


de se sentir superiores a ele, rir dele porque ele implorou,
porque ele se expressou livremente em um momento de
entrega com Draco. – Kim disse, com indignação. – Vocês
o chamaram aqui, disseram que ele era um amigo,
pediram que ele se sentisse a vontade. Harry confiou em
vocês e é assim que o tratam?

_ Nós não sabíamos que ele estava


ouvindo. – Blaise se defendeu.

_ E daí? Talvez essa seja a diferença entre Sonserinos e


Grifinórios. É isso que importa pra vocês? Se Harry estava
ouvindo? Mesmo que ele jamais ouvisse, nada dava a
vocês o direito de dizer essas coisas, porque é horrível. O
que alguém gosta ou não, na hora do sexo, não dita as
qualidades da pessoa. – a voz de Kim subiu duas oitavas,
eu nunca tinha o visto tão alterado. – Harry Potter fez
mais pelo mundo mágico do que todo mundo nessa sala
junto, e vocês falando dele como se ele fosse uma fraude.

_ Vá de uma vez Kim, fique com ele. – Marcus se irritou. –


Você fala como se ele fosse uma espécie de Deus.

_ E você fala como um ingrato. – Kim respondeu, de


cabeça erguida, no mesmo tom, quebrando a relação de
dominação e chocando a todos nós, sobretudo Marcus. –
Ele me salvou a vida. Você se esqueceu rápido demais...
deve ser porque não tem importância.

Kim se foi como Harry, sem olhar pra trás.

Quando só sobramos Blaise, Marcus, eu e John. Blaise se


virou para o seu noivo e perguntou:

_ Você também vai embora?

_ Não, senhor. – John respondeu, em voz baixa. – Mas


não se deixe enganar pela minha passividade, eu não
gostei nada do que houve. Quando está a sós com seu
dominador, todo submisso implora. Ao invés de zombar
de Harry por ter tido a coragem de fazer isso na nossa
frente, talvez deva se perguntar porque eu nunca confiei
o suficiente no senhor para fazer isso em uma cena em
grupo. Mesmo depois de tantos anos juntos.

_ John... – Zabini estava claramente chateado por ter


magoado John.

_ Eu vou esperar o senhor na sala de estar. – John avisou.


– Gostaria muito que pudéssemos ir pra casa dormi.
Estou com dor de cabeça.

_ Claro. – Blaise respondeu. – Me dê só um minuto.

Quando John saiu, nós três nos


encaramos em clima de derrota.

_ Foi três a zero pra eles essa noite. – Blaise disse,


abrindo um sorriso triste.

_ Até agora eu não entendi o que eu fiz. – eu olhei


confuso para meus amigos. – Vocês foram dois babacas,
mas eu não disse absolutamente nada. Por que Harry não
quer me ver?

_ Bom, nós fomos dois babacas. – Blaise respondeu,


referindo-se a Marcus e ele próprio. – Ele pode estar
chateado porque acha que você o expôs, que o trouxe até
aqui para fazer sexo na frente de idiotas imaturos,
curiosos com a performance do Menino-Que-Sobreviveu.

_ Kim o defendeu como se fosse o namorado dele. –


Marcus disse, com certo amargor na voz. – Talvez Potter
achasse que você deveria ter feito isso. Quando ele
avançou pra nós, nos chamando de covardes e falando
sobre Voldemort, talvez ele esperasse que você o
apoiasse.

Eu não tinha tido nem reação. Tudo aquilo tinha


acontecido rápido demais. Eu só sabia que eu precisava
encontrar Harry, mas Harry não queria me encontrar. Eu
queria vê-lo, abraça-lo, conversar com ele, esclarecer
aquilo. Por Merlin, eu não podia perder Harry por causa
de uma palhaçada daquelas, não podia.

_ Eu vou atrás dele. – eu me levantei.


_ Espere ao menos até amanhã. – Blaise aconselhou. – Dê
um tempo para que ele se acalme. Deixe que ele
converse com Kim, desabafe sobre o que houve.

_ Amanhã vou usar o colar que dei para Kim para ir até
ele. – Marcus falou, parecendo estar sentindo dor. – Você
pode ir comigo, Draco, afinal ele e Harry estão no mesmo
lugar.

_ Kim saiu daqui muito decepcionado. – Blaise comentou.

_ Ele tomou as dores de Potter de uma forma muito


intensa, pareceu pior do que se tivéssemos ofendido ele
pessoalmente. – Marcus falou.

_ Kim é um jovem da Grifinória, que entrou pra Hogwarts


quando Harry já era mais velho, ele e seus amigos
Grifinórios eram crianças quando Harry venceu o Lorde
das Trevas. Kim provavelmente cresceu ouvindo histórias
sobre Harry, os feitos dele, as aventuras dele. – eu falei. –
Pise hoje em Hogwarts e fale com qualquer menino da
grifinória, quem você acha que é o herói dele? Kim não é
diferente.
_ Draco tem razão. – Blaise concordou. – Kim acabou de
se formar em Hogwarts, ainda é um menino. Foi salvo por
Harry há algumas semanas...

_ Além disso, Grifinórios são criados com um forte senso


de justiça. – eu continuei. – Nós todos prometemos a
Harry que o deixaríamos a vontade. Kim e Harry viram o
que aconteceu como uma traição, como um tratamento
injusto. E eles tem razão. Eu trouxe Harry hoje para que
ele se sentisse bem e agora posso perde-lo por causa de
vocês dois.

_ Me desculpe, Draco, sinceramente. – Blaise disse, com


franqueza. – Eu fui um imbecil. Você tem sido um bom
amigo pra mim todos esses anos, certamente não
merecia isso. E nem Harry, não tem nada de errado no
comportamento dele, ele tem feito você muito feliz.

_ Eu me arrependo muito de ter dito o que eu disse. –


Marcus admitiu. – Mas aparentemente não é só Draco
que corre o risco de perder o submisso hoje. Neste
momento, não sei nem onde Kim está. Tudo que sei é que
se enfiou em algum canto com Harry Potter.

_ Você não está com ciúmes, está Marcus? – Blaise


perguntou, perspicaz. – De Harry e Kim.
_ É óbvio que estou. – Marcus disse. – Eu sei que eles não
estão interessados um pelo outro no sentido amoroso ou
sexual. Mas eles pensam parecido, e talvez Potter possa
entender Kim de um jeito que eu nunca vou entender.

_ Isso se chama amizade. – Blaise apontou. – Ao invés de


ficar tão incomodado, você poderia ficar feliz de Kim ter
encontrado um amigo em quem pode confiar, alguém
que ofereceu abrigo em um momento difícil

_ Você é um herdeiro de uma longa linhagem bruxa,


criado por uma família severa, educado nas artes das
trevas, assim como eu. – eu disse a Marcus. – Isso deixa
marcas numa pessoa. Existem coisas que eu e você
entendemos, que Kim e Harry nunca poderão entender.
Mas isso não significa que quero namorar você.

_ Vocês tem razão. Eu sou um idiota. Afastei Kim, fiz com


que ele quebrasse nossa relação, se recusasse a continuar
a ser meu. – Marcus apontou. – Preciso reverter isso.

_ Precisa também pedir desculpas a Harry. – eu avisei. –


Caso você deseje continuar sendo meu amigo.
_ Claro, Draco, eu vou fazer isso. – Marcus falou,
constrangido.

_ O mesmo serve pra você, Blaise. – eu disse.

_ Eu faria mesmo que você não pedisse. – ele me


garantiu.

Naquela noite eu fui pra casa sozinho, pensando em


como um jantar que tinha começado tão bem podia ter
dado tão errado, e nos momentos que eu tinha falhado
com Harry.

Eu mal consegui dormir, esperando que o dia seguinte


chegasse, para que eu pudesse procurar Harry e pedir
para que ele me perdoasse. Mas enquanto eu revivia
tudo o que Harry Potter já tinha feito por mim, todas as
provas de lealdade que ele tinha me dado, eu comecei a
pensar no que era preciso para que eu perdoasse a mim
mesmo.
CAPÍTULO 22

NARRADO POR HARRY POTTER

Eu atravessei a lareira, irritado, adentrando o Largo


Grimmauld, nº 12, sede da Ordem da Fênix. Eu tinha
optado por este destino, ao invés de ir para meu
apartamento, pois tinha quase certeza que Draco não
teria a ideia de me procurar no antiga casa dos Black.

Infelizmente, minha conversa com os membros da Ordem


só tinha ocorrido no andar térreo da casa, na sala de
jantar e cozinha, de forma que eu só tinha me disposto a
limpar e retirar pragas desta parte da casa, com
fundamental auxílio de Monstro (que na maior parte do
tempo, seguia trabalhando em Hogwarts).

Isso significava que eu teria que me ajeitar por ali mesmo.


Comecei a organizar cobertores e travesseiros no sofá.
Pouco tempo depois, Kim apareceu, pela Rede de Flu.

_ Kim. – eu chamei seu nome.

Ele estava com uma cara péssima. Os olhos vermelhos de


quem estava tentando não chorar, o rosto fechado em
uma carranca de raiva e desapontamento. Devia estar
bem parecido com o meu, naquele momento.

Antes de eu ir embora da casa de Marcus, Kim tinha ido


atrás de mim na sala e manifestado sua vontade de sair
correndo dali. Eu disse onde estaria, caso ele precisasse
de um lugar pra ir.

_ O que é aqui? – ele perguntou, encarando o lugar com


curiosidade.

_ Essa é a sede da Ordem da Fênix. – eu expliquei. – Eu


herdei do meu...

_ Seu padrinho, Sirius Black. – ele completou.

Não manifestei nenhum comentário sobre Kim saber a


respeito de Sirius. Era comum encontrar pessoas que eu
mal conhecia que tivessem conhecimento de detalhes
bastante pessoais da minha vida. Costumava me
incomodar mais quando eu era criança, sobretudo
quando os outros sabiam mais sobre mim do que eu
mesmo. Mas agora aquilo já fazia parte do meu dia a dia,
eu não poderia estar mais acostumado.
_ Os quartos estão inabitáveis, essa casa não é utilizada
há muitos anos. – eu falei. – Se importa de ficarmos aqui
essa noite?

Transfigurei mais objetos da sala para que se tornassem


travesseiros e cobertores confortáveis para Kim,
depositando-os no segundo sofá disponível. Felizmente,
minhas habilidades em transfiguração tinham melhorado
bastante com o treinamento para Auror.

_ Não, claro que não. – Kim respondeu. – Obrigado por


me receber. Me desculpe se eu tiver te incomodando,
não pensei em nenhum outro lugar pra onde eu pudesse
ir. Imagino que depois do que aconteceu, você deva estar
querendo ficar sozinho...

Na verdade, não queria. Eu estava triste, com raiva, e


cheio de dúvidas. E eu achava que talvez Kim pudesse me
ajudar.

_ Você acha que eu fiz papel de idiota na frente de todos?


– eu perguntei, amargo.

_ Você não fez papel de idiota, Harry. – Kim falou, com


gentileza, sentando-se ao meu lado no sofá. – Você é dez
vezes mais bruxo que eles. Pode apostar que deixei isso
claro.

_ Obrigado por me defender. – eu disse, com sinceridade.

_ O que eles disseram foi injusto, foi nojento. – Kim falou,


claramente indignado. – Eu não podia ficar calado.
Marcus foi um idiota... eu me senti pessoalmente
ofendido.

Eu entendia o que ele queria dizer. Kim tinha escolhido


Marcus, confiava nele, gostava dele. Ver Marcus se
comportando daquela maneira deve ter sido
decepcionante. Se eu tivesse ouvido Draco dizer as coisas
que Marcus disse sobre um outro garoto, que não eu, eu
também me sentiria pessoalmente ofendido.

_ No seu lugar, eu estaria sentindo a


mesma coisa. – eu garanti.

_ Marcus e Blaise falaram como se ser um submisso,


fizesse de alguém um fraco, incapaz, um mau bruxo. – ele
disse, com raiva.
_ Tenho certeza que não é o seu caso. – eu falei, sorrindo
pra ele. – Hermione escolhe seus estagiários entre os
melhores alunos do curso de Medibruxaria. Não só os
melhores em nota, mas também os que atendem bem os
pacientes, os que trabalham com eficiência e enfrentam
as situações difíceis no hospital. E eu nunca vi Hermione
Granger cometer um erro de julgamento.

Ele sorriu de volta pra mim.

_ Gostaria que Marcus enxergasse isso. – Ele falou,


tristemente.

_ Ele permitiu que você viesse? – eu


perguntei.

Eu duvidava muito que Marcus tivesse ficado tranquilo


com a perspectiva de Kim abandoná-lo e vir pra cá,
principalmente se Kim tinha discutido com ele e me
defendido.

_ Pra te dizer a verdade, eu não sei nem se ainda existe


alguma coisa entre Marcus e eu. – Kim disse.

_ Sinto muito, Kim. – eu falei. – Sei que gosta dele.


_ Eu também sinto muito por você, Harry. Ficou evidente
pra todos nós o quanto você gosta de Draco. – Kim
respondeu. – E apesar de você ter todo direito de estar
magoado, também acho que ele gosta muito de você.

Pensar em Draco fez com que algo em meu peito doesse.


Parte de mim sabia que ele não tinha dito nada, as coisas
que me magoaram tinham saído dos lábios de Blaise e
Marcus. Mas ainda assim, eu me ressentia dele. Draco já
conhecia Blaise e Marcus há anos... o comportamento
deles nessa festa foi uma surpresa tão grande assim Por
que ele me levou nesse jantar?

_ Você é um submisso há um pouco mais de tempo que


eu... – eu falei.

_ Uns seis meses, mais ou menos. – Kim comentou.

_ Então você entende muito bem o que vou dizer. Mas


mesmo eu, que estou saindo com Draco há apenas um
mês, já percebi que a base de uma relação desse tipo é a
confiança. – eu disse. – Se eu vou obedecer alguém na
hora do sexo, o mínimo que eu preciso é ter a certeza que
essa pessoa não vai me expor ao ridículo.
Kim me olhava cheio de compaixão.

_ Nessas festas, nessas cenas BSDM em grupo.. Os


Submissos evitam falar sobre as sensações que tem na
hora do sexo, as vezes evitam até gemer. – ele me
confessou. – Justamente por causa dessas piadinhas. As
vezes alguns desses caras sabem ser bem idiotas.

_ O que você acha de falarmos de outro assunto, Kim?


Esquecermos um pouco esses dois sonserinos? – eu
perguntei.

Kim parecia muito chateado. Eu, sem dúvida, também


estava. Achei que falar sobre outro assunto era uma boa
ideia. Passamos uma noite agradável nos sofás da sala de
estar, falando sobre Hogwarts, a Grifinória e Quadribol.

-//-

Kim e eu acordamos tarde na manhã seguinte, com o


barulho da lareira sendo utilizada. Alguém, que eu tinha
autorizado, estava atravessando pela Rede de Flu.

_ Dormindo a essa hora, Harry? – George Weasley


materializou-se na minha frente, de braços cruzados,
vestindo uma gravata roxo berrante. – Se esqueceu que
tinha marcado comigo?

_ Sim, me esqueci completamente. – eu disse, saindo


debaixo das cobertas e me sentando no sofá. – Desculpe,
George.

Com todos os eventos da noite anterior, minha memória


tinha falhado. Kim se sentou também, com a cara
amassada e os cabelos despenteados. Eu fiz alguns
feitiços para que os nossos travesseiros e cobertores
voltassem a ser objetos da sala.

_ Quem é esse? Um Weasley perdido? – George riu,


referindo-se a Kim, pelo fato de ser um rapaz ruivo.

_ Esse é Kim Hall. – eu apresentei. – É um amigo.

Me recusei a apresentar Kim falando sobre Draco ou


Marcus. Kim e eu éramos amigos, ponto final.

_ E o que houve com vocês? – perguntou George, se


referindo ao nosso aspecto amassado, com roupa social
da noite anterior, dormindo no sofá.- Ressaca, decepção
amorosa ou atropelamento por trasgo?
_ O segundo problema, infelizmente. – Kim reclamou.

_ Confesso que estava preferindo o


atropelamento por trasgo. – concordei com veemência.

_ Soube que você está saindo com Draco Malfoy...


provavelmente eu também preferiria o trasgo. – George
riu, maroto, e então se voltou pra Kim, assumindo um ar
sedutor. – E você docinho, quem é seu namorado?

_ Não acho que eu ainda tenha um


relacionamento. – Kim fez uma careta. – Mas você
conhece Marcus Vitaverza?

_ Eca. Prefiro dois trasgos. – George apontou. – Você


deveria tentar conhecer um grifinório. Se eu te
convidasse pra jantar, você aceitaria?

Kim ficou completamente vermelho.

_ George, eu te chamei aqui para te pedir uma coisa


importante. – eu disse, sério. – Não para flertar.
_ Mas Harry, essa é a minha oportunidade de sair com um
garoto ruivo. – George gracejou, em tom de súplica. –
Todos os outros que conheço são meus parentes.

_ George isso é sério, é sobre os Purificadores do Sangue.


– eu falei.

George ficou atento, ouvindo o que eu tinha pra dizer.


Nos últimos anos, ele tinha expandido seus negócios, se
tornando um grande inventor e investidor. George
Weasley conhecia quase todo bruxo em Londres,
conhecia os setores bons para se investir, tinha contatos
em muitos lugares, informantes, sempre parecia saber de
tudo. Ele era a pessoa perfeita para descobrir para
quando Kinoss tinha marcado a sua próxima viagem pra
França.

_ Deixe comigo. – ele concordou, quando eu expliquei o


que eu queria.

_ Sabia que eu podia contar com você. – eu sorri.

_ Agora já posso convidar seu amigo pra sair? – ele


perguntou, rindo também.
_ Que tal almoçarmos nós três? – eu disse.

_ Você poderia fazer companhia a Kim enquanto eu


compro alguma coisa para comermos.

_ Por mim está ótimo. – George concordou.

_ Certo, deixe-me só ir ao banheiro primeiro. – eu disse.

Eu fui ao banheiro, fiz alguns feitiços de higiene pessoal e


tentei desamassar um pouco as minhas roupas. Voltei
para sala para dizer aos meninos que já estava indo e que
logo retornaria com o nosso almoço, mas no exato
instante em que pisei no cômodo, ouvi Kim ofegar,
segurando um colar brilhante pendurado no pescoço.

Era o colar que Marcus tinha dado a ele, enfeitiçado com


feitiço de Proteu para que um pudesse chamar pelo
outro. O colar também funcionava como chave de portal,
porque no dia do ataque de Kinoss, Marcus tinha
conseguido ir até onde estávamos, através do colar.

Neste momento, Kim não tinha chamado por ele. Mas


ainda assim Marcus tinha conseguido ativar os poderes
do colar, visto que tinha acabado de se materializar na
minha sala, e o pior, trazendo Draco com ele.

_ O que você está fazendo no sofá com George Weasley?


– Foram as primeiras palavras de Marcus, claramente
enciumado.

_ Quer que eu me livre dele, docinho? – George


perguntou pra Kim, provocando Marcus propositalmente.

_ Do que você o chamou? – a expressão de Marcus era


assassina.

_ Marcus, você invadiu a minha casa sem ser convidado,


se quiser que eu permita sua presença aqui, recomendo
que fique bem calminho. – eu avisei, e depois me voltei
para George. – Acho melhor nosso almoço ficar pra outro
dia George, temos uns assuntos pendentes com esses
dois.

_ Claro, claro, o que vocês não dariam por um bom par de


trasgos não é mesmo? – George riu, se encaminhando
para a lareira. – Até outro dia, Harry. Tchau docinho.
E com essa frase de efeito, ele desapareceu pela Rede de
Flu. Kim não conseguisse controlar uma risada, fazendo
um barulho engraçado com o nariz. Eu sorri de volta pra
ele, George sempre teve essa habilidade de fazer as
pessoas rirem em momentos de tensão. Seu irmão Fred
era igual.

_ O que vocês dois estão fazendo aqui? – eu perguntei.

_ Eu precisava te ver. – Draco disse, dando um passo na


minha direção. – Por favor, converse comigo.

Eu também queria conversar com ele. Eu tinha ido


embora na noite anterior muito chateado, e tinha
impedido Draco de me seguir. Acho que foi uma decisão
acertada naquele momento, eu estava com a cabeça
quente. Me faria bem um pouco de espaço e uma boa
noite de sono. Naquele momento, mais calmo, depois de
já ter desabafado com Kim, eu me sentia mais disposto a
conversar com Draco.

Mas não ali, é claro, na frente de Marcus e Kim. Isso era


entre eu e Draco, eu queria privacidade.

_ Nós vamos conversar. – eu prometi. – Mais tarde,


quando estivermos sozinhos, tudo bem?
Draco assentiu com a cabeça. Ele parecia abatido,
desnorteado. Embaixo de seus olhos azuis havia marcas
profundas, mostrando que ele não tinha conseguido
dormir direito. Eu não gostava nada de
vê-lo assim.

_ Eu também gostaria de te dizer algo, Harry, se você


estiver disposto a me ouvir. – Marcus falou.

_ Tudo bem. – eu disse.

_ Eu fui um imbecil com você ontem. Não há desculpas


para as coisas que eu e Blaise dissemos. – ele disse,
parecendo sinceramente envergonhado. – Você salvou a
vida de Kim e eu te retribui da pior maneira.

_Eu não salvei a vida de Kim por você. – eu respondi.

_ Eu sei, mas ainda assim eu sou muito grato. – ele falou,


com humildade. – E embora isso não seja desculpa,
também quero que você saiba que o que aconteceu não
foi premeditado, Blaise e eu não planejamos magoar
você. Nós falamos sem pensar, foi uma piada idiota.
_ Quer dizer que todo aquele papo de você é nosso
amigo, "queremos que você se sinta à vontade" era
sincero? – eu perguntei.

_ Sei que nós acabamos fazendo você se sentir muito mal,


e que provavelmente você nunca mais queira tomar nem
um café conosco, muito menos participar de uma cena
BDSM. – Marcus sorriu com tristeza. – Mas era sincero.

_ Acredito em você, Marcus. – eu estendi a mão pra ele. –


Vamos esquecer isso.

Depois dos últimos anos como Auror, eu tinha me


tornado muito bom em avaliar as pessoas. Marcus e
Blaise não eram pessoas más, não tinham me enganado,
nem me feito mal intencionalmente. Os dois tinham sido
REALMENTE MUITO IDIOTAS, mas Marcus estava ali,
reconhecendo isso. Eu não queria ficar remoendo aquela
história. Tinha preocupações muito mais importantes, um
plano pra pôr em prática, uma seita de bruxos das trevas
pra combater.

Marcus apertou a minha mão de volta e então, olhou


para Kim, como se esperasse uma reação da parte dele. O
ruivo olhava para cena sem dizer nada, e não fez nenhum
movimento para se aproximar Marcus.
_ Então Kim... – Marcus falou, contente. – Agora que
resolvemos tudo, podemos voltar para casa?

_ Você resolveu com Harry, não comigo. – Kim falou.

_ Ontem você estava irritado pelo que eu fiz a Harry. Eu


não tiro a sua razão, eu estava errado e vim até aqui me
desculpar. – Marcus se defendeu. – Mas eu realmente
não tenho ideia do que eu fiz a você.

_ O que vocês falaram sobre Harry me ofendeu também.


– Kim esclareceu. – Vocês falaram como se um submisso
não pudesse ser um homem forte e corajoso.

Marcus se aproximou de Kim, sorrindo um pouco,


acariciando o rosto do ruivo.

_ Mas você não é igual a Harry. – Marcus disse, em um


tom condescendente que eu sabia que irritaria Kim. –
Você é meu submisso doce, frágil e delicado, que eu
quero proteger... cuidar.

Ele tinha dito a coisa errada. Marcus podia jurar que


estava sendo romântico, mas aquelas eram as últimas
palavras que Kim queria ouvir. Ele tirou a mão de Marcus
de seu rosto em um ímpeto.

_ Não. Isso foi um erro. Eu não sou um submisso. – ele


falou. – E acho que pelo jeito também não sou seu.

_ Do que você está falando Kim? – Marcus parecia


completamente sem chão.

_ Vá embora Marcus. – Kim pediu.

_ Não... fale comigo. – Marcus insistiu. – Eu não


entendo... você não quer mais uma relação BDSM? Tudo
isso por causa de uma idiotice que eu falei?

Kim deixou a sala e se trancou no banheiro. Sua


mensagem era clara, ele queria que Marcus saísse.

_ Acho melhor você ir. – Draco interviu, aconselhando o


amigo. – Converse com ele outro dia.

_Não... eu preciso que ele me ouça. – Marcus


demonstrava desespero.
_ Outro dia. – eu falei. – Agora ele já está no limite. Ele
está triste, cansado, passou a noite em um sofá
desconfortável.

_ Ele podia estar na minha casa muito bem acomodado. –


Marcus rosnou.

_ Mas ele não quer. – eu respondi, tentando convence-lo.


– Agora por favor vá embora. Você vai encontra-lo de
novo, ele já prometeu que vai ajudá-lo com a poção
rastreadora. Dê um tempo pra ele.

_ Certo. – Marcus parecia mais conformado. – Vocês vão


ficar aqui?

Eu olhei pra Draco antes de responder.

_ Não, aqui ficaremos muito mal


instalados. – eu disse. – Enquanto essa questão com
Kinoss e os Purificadores permanece em aberto, acho que
o mais seguro e mais confortável para nós é ficarmos na
Mansão.

Draco abriu um sorriso de orelha a orelha.


_ Nunca fiquei tão feliz ao ouvir uma frase. – ele disse.

_ Esperem pela minha visita na Mansão Malfoy muito em


breve. – Marcus disse.

_ Está certo. – eu concordei. – Mande as roupas de Kim


por um Elfo Doméstico.

Marcus balançou a cabeça em sinal afirmativo e depois


despareceu por entre as chamas da lareira.
CAPÍTULO 23

NARRADO POR HARRY POTTER

Depois que Marcus foi embora, eu disse a Kim que ele já


podia sair do banheiro e o convidei para ficar conosco na
Mansão. Ele olhou de mim pra Draco, parecendo incerto.
Eu entendia seu desconforto, afinal Draco era amigo de
Marcus há muitos anos.

_ Está tudo bem, Kim. – Draco disse a ele, tranquilizando-


o. – Mesmo que Harry não tivesse te oferecido abrigo,
mesmo que eu e Harry não estivéssemos juntos, ainda
assim você poderia ficar na Mansão todo tempo que
precisasse.

Kim deixou o queixo cair, como se esperasse que Draco


dissesse qualquer coisa, menos aquilo. Mas eu não me
surpreendi, deixando meu coração se aquecer ao ver
aquela cena sabia quem Draco Malfoy era. Ele era doce,
gentil, preocupado. Eu tinha me apaixonado por ele
exatamente assim.
_ Eu... eu achei que por sua amizade com Marcus... você
quisesse que eu voltasse a obedece-lo o mais rápido
possível. – Kim falou, com franqueza.

_ Você é uma pessoa, Kim. Não é um bichinho de


estimação que Marcus comprou no Beco Diagonal. –
Draco falou. – Tem todo direito de não querer mais ser
submisso.

Kim se deixou cair no sofá, parecendo extremamente


cansado.

_ Entendo porque gosta dele, Harry. – Kim bufou. – Draco


não se parece em nada com Marcus.

_ Você me conhece há pouco tempo, Kim. Antes de Harry


você me via nessas festas sempre com um garoto
diferente, com os quais eu não tinha qualquer tipo de
vinculo. Quando eu e Harry começamos a namorar, desde
o início ficou muito claro que eu só era seu dominador na
hora do sexo, Harry sempre foi livre. E eu sempre quis
que ele fosse livre. ele disse, olhando pra mim com um
pequeno sorriso nos lábios. Eu nunca quis um submisso
para obedecer as minhas ordens o tempo todo. Mas
Marcus é diferente, antes de você ele teve outros
submissos, teve até um relacionamento longo como o de
Blaise e John.

_ Eu sempre fantasiei com a dominação sexual. Na escola


tinha tido uns namorados, mas nada sério. Quando ouvi
falar desses clubes BDSM trouxas eu fui até lá, eu queria
saber como era. Acabei descobrindo que me excitava
muito olhar pra aquelas cenas. – Kim confessou, fazendo
com que eu me identificasse com a sua auto descoberta.
– Numa noite eu conheci Marcus no clube. Ele me viu
confundindo um trouxa, percebeu que eu era bruxo, veio
conversar. Acabamos nos envolvendo. Eu arrisquei entrar
em uma relação com ele, viver a minha fantasia.

Draco assentia com paciência, parecia já conhecer a


história, através da versão de Marcus. Eu sabia que Kim
era submisso há cerca de seis meses, Marcus tinha sido
seu primeiro dominador.

_ A parte sexual me agrada muito. – Kim esclareceu. –


Mas o dia a dia dessa dominação vem mexendo com a
minha cabeça de uma maneira ruim... parece que vou
sufocar, que vou enlouquecer. Eu olhava para John e
Blaise.. e acho sinceramente que John seja feliz com a
relação que eles tem. Eu esperava que isso pudesse
acontecer comigo também, mas já não tenho qualquer
esperança nesse sentido.
_ Está tudo bem, Kim. Você não precisa gostar de ser um
submisso 24 horas por dia. Não é porque agrada John,
que precisa agradar você. – Draco aconselhou. – Muitas
pessoas só se interessam pela parte sexual de uma
relação BDSM, como eu, Harry, Simon e Leo.

_ Mas não Marcus. Isso não é o suficiente pra ele. – Kim


falou, magoado.

Draco não respondeu. Provavelmente porque também


acreditava que Marcus também desejava um submisso
para além da cama.

_ Você realmente gosta dele não é? – eu perguntei.

_ Infelizmente. – Kim concordou. – Embora


evidentemente não seja recíproco.

_ Não acho que isso seja verdade. – Draco falou. – Eu


conheço Marcus há muitos anos. Há um bom tempo eu
não o vejo realmente envolvido com alguém. Ele é
sempre tão frio e controlado, mas por você ele parece
que está perdendo a razão...
_ Talvez, Draco. Mas Marcus me vê como garotinho
indefeso. Não enxerga nada além disso. – Kim falou, com
raiva. – Mas apesar das aparências, posso jurar para você
que não sou.

_ Tenho certeza que não. – Draco respondeu, com


admiração. – Depois de tudo o que você disse ontem para
Marcus Blaise... Você é tudo menos fraco.

_ Obrigado. – Kim falou, encarando o outro com firmeza.


– Obrigado pelos conselhos e obrigado por me deixar
ficar em sua casa. Eu iria para casa dos meus pais, mas
agora que sabemos que Kinoss está atrás de mim, não
quero coloca-los em risco. Eles são trouxas, não tem
como se defender.

_ Eu entendo completamente. – Draco disse. – E você é


bem-vindo.

Draco, Kim e eu deixamos o Largo Grimmauld, n° 12, e


fomos almoçar na Mansão Malfoy. Quando chegamos na
casa de Draco, Marcus já tinha enviado as roupas de Kim,
que já tinham sido arrumadas em um quarto de
hóspedes. Logo após comermos, Kim subiu para o seu
quarto, alegando querer ficar um pouco sozinho. Eu sabia
que ele tinha muito o que pensar, mas era evidente que
ele estava dando a mim e a Draco um pouco de espaço.

Finalmente, depois de todo o drama acerca da relação de


Marcus e Kim, eu e Draco poderíamos conversar. Nós
fomos para o quarto dele, onde eu finalmente chutei pra
longe aqueles horríveis sapatos sociais e tirei a camisa da
noite anterior.

_ Me perdoe, Harry. – ele pediu, assim que eu levantei o


rosto para encará-lo. – Por favor, me perdoe.

_Se os seus amigos são tão imaturos, você não devia ter
me convidado para ir a esse jantar. – eu falei, deixando o
ressentimento que eu tinha sufocado provisoriamente vir
à tona.

_ Eu sei. Na hora não pensei em nenhum deles, pensei em


nós. Eu sabia que você se excitava de ver outras pessoas,
eu estava excitado com a possibilidade de transar com
você ali. – Draco parecia afoito para me explicar. – E
sinceramente não achei que algo assim pudesse
acontecer. Desde a escola não vejo Marcus e Blaise serem
tão babacas.
_ Kim falou que em cenas em grupo muitos submissos
evitam falar sobre o que sentem porque alguns
dominadores fazem piadinhas. – eu acusei.

_ Sim, mas não Marcus e Blaise. Há muitos anos não os


vejo agir desse jeito. – Draco justificou.

_Tudo bem. – eu assenti com a cabeça. – Tudo bem,


Draco. Foi uma bobagem. Eles disseram uma besteira sem
pensar. Estava sendo sincero hoje mais cedo quando
desculpei Marcus e farei o mesmo por Blaise

_ E por mim? – ele quis saber.

_ As coisas são diferentes entre nós. – eu falei. – Porque


Marcus e Blaise não significam nada pra mim. Mas você
significa.

_ Harry, por favor, não desista de mim tão rápido. – ele


pediu. – Eu vou consertar... eu vou provar a você...

Ele parecia tão perdido, tão desesperado, que eu não


consegui permanecer impassível aonde eu estava. Seus
olhos azuis encheram-se d'agua, brilharam de medo,
derramaram-se pelo seu rosto, perceptivelmente
assustado com a perspectiva de me perder. Eu avancei
pra ele sem pensar duas vezes, eu não queria vê-lo assim.

O tomei em meus braços, sentindo-o prender-se em mim


como se sua vida dependesse disso. Seus braços
firmaram-se em volta do meu corpo e ele se segurou,
como quem encontra um ponto estável em meio a um
furacão.

_ Eu estou apaixonado por você, Draco Malfoy. – eu falei,


em seu ouvido. – Eu não vou te abandonar. Ainda mais
por uma coisa tão ridícula.

_ Ontem você foi embora, não me deixou te seguir... – ele


chorou.

_ Ontem eu estava irritado. – eu falei. – Se você me


seguisse era capaz de eu atirar um monte de pássaros
raivosos em você igual Mione fez com Ron no sexto ano
quando ele começou a namorar Lilá. Mas foi só isso, eu
estava puto e me afastei. Nunca tive a intenção de
terminar com você.

_ Mas... mas você disse que era diferente entre nós... –


Draco estava confuso. – Quando eu te perguntei sobre
me perdoar.
_ Porque acho que ainda precisamos falar sobre isso. – eu
expliquei, afastando-me um pouco para olhar pra ele. –
Tem coisas sobre como eu me senti ontem que você
precisa entender, para que a gente possa continuar nosso
relacionamento.

Ele se sentou ao meu lado na cama, me olhando com


atenção, claramente disposto a me ouvir.

_ A questão é que ontem eu estava deitado, amarrado


daquele jeito, com aquela maquina me penetrando...
Draco, eu estava vulnerável. – eu deixava os sentimentos
da noite anterior voltarem, para que ele pudesse me
entender. – E eu sinto.. eu fiquei com raiva porque se na
hora do sexo estou me submetendo a você, isso significa
que confio em você para que me proteja.

_ Eu faria qualquer coisa pra proteger você, minha maior


preocupação quando estamos nessas cenas é que você
esteja se sentindo bem, confortável e que nada o
machuque. – ele falou, muito intenso, a voz carregada de
emoção. – Mas não sei como eu poderia tê-lo protegido
do que aconteceu ontem, Harry.
_ Sei que você gosta de me ouvir dizer o que eu sinto e o
que eu desejo quando estamos transando. Mas se os
submissos normalmente não o fazem em cenas em
grupo, você podia ter optado por me preservar. – Eu não
consegui retirar todo tom de acusação da voz, por mais
que eu estivesse tentando dizer aquilo numa boa. – Na
primeira vez que implorei, você poderia ter me calado,
mas ficou dizendo coisas que me incentivavam a
continuar, a ir mais além.

Draco baixou a cabeça, a vergonha tingindo seu rosto.

_ Eu estou certo, não estou? – eu perguntei.

_ Está. – ele respondeu, em voz baixa. – Eu falhei com


você.

_ E vai me dizer por quê? – eu questionei, em tom


ameno.

Tinha que haver uma razão pra aquilo. Era verdade o que
Draco tinha dito antes. Ele sempre tinha sido muito
cuidadoso comigo, sempre tinha sido um amante
preocupado, capaz de me passar confiança e me fazer
sentir seguro na hora do sexo. O Draco que eu conhecia
não teria arriscado me expor. Então, enfim, o que tinha
dado errado na noite passada?

_ Na noite passada, eu perdi o controle. – ele falou com


tamanho constrangimento que não parecia ser capaz de
me encarar. – Eu não poderia, mas eu perdi.

_ Você poderia me explicar melhor? – eu pedi.

Ele levantou os olhos pra mim. Seu rosto estampava uma


clara decepção consigo mesmo.

_ Eu não pretendia gozar novamente ontem à noite. Eu


estava tão envolvido por você, observando às suas
reações, admirando você deitado ali, estimulado pela
máquina de penetração anal... Eu tinha decidido só olhar
pra você e ver o seu prazer. Quando você implorou pela
primeira vez, eu imediatamente comecei a te masturbar.
Eu não queria fazê-lo pedir mais nada entende? Eu só
queria ver você gozar.

_ Draco... – eu estava surpreso... será possível que o meu


prazer o estimulasse tanto assim?
Mas antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, ele
continuou.

_ Mas ai, você disse que não era aquilo que você queria.
Que você precisava de mim dentro de você. – Draco
falou, como se eu tivesse dito algo absurdo. – Aquilo
nunca tinha acontecido antes. Qualquer outro garoto,
depois de tanto tempo de estímulo, estaria desesperado
por um orgasmo. Mas você queria a mim... e de repente
eu senti como se o meu corpo, a minha pele, fosse tudo o
que você desejasse... e isso levou embora todo meu
controle. Eu era seu, você estava me reivindicando, eu
precisava ouvi. eu senti como se fosse morrer se não
ouvisse. Naquela hora esqueci onde estávamos, esqueci
dos outros, só existia você. Quando eu te penetrei, você
disse novamente que não era preciso que eu te
masturbasse... você mostrou pra mim que tinha tudo o
que queria, gozou pra mim, por mim, eu nunca me senti
tão necessário.

Eu me atirei sobre corpo, apertando meus lábios sobre os


dele, mergulhando num beijo apaixonado, carregado de
urgência e excitação. Draco tinha perdido o controle, eu o
tinha feito perder o controle... meu corpo respondia aos
toques de Draco, enquanto eu me deixava levar por tudo
o que ele havia dito.
_ Eu gozo por você, meu amor. – eu murmurei, beijando
seu pescoço, completamente fora de mim. – Eu não sou
como os outros garotos... eu só quero gozar pra você...

Ele me puxou para o seu colo, apertando-me sobre a sua


ereção.

_ Do que você me chamou? – ele gemeu, desorientado. –


Droga, Harry, ninguém nunca me afetou dessa maneira.

Eu segurei o rosto dele entre as minhas mãos, fazendo-o


me olhar.

_ Você acha que é diferente pra mim? Não percebe como


me entreguei pra você sem pensar duas vezes? – eu falei.
– Você se surpreendeu de eu ter pedido pra ter você
dentro de mim... Draco, desde o dia que te senti pela
primeira vez, eu já sabia que nada mais me excitaria
tanto.

Draco estava se entregando ao momento também,


abaixei as mãos para desabotoar a calça dele, sentindo
que ele me dava espaço e a abaixava um pouco, deixando
exposto seu pênis enrijecido. Eu acariciei de leve,
provocando-o, deixando-o ainda mais duro.
_ Seu pau é gostoso, grande e está sempre muito duro
pra mim. – eu sussurrei no ouvido dele. – Eu pedi pra
você me foder, porque gosto de sentir ele me abrindo,
gosto de sentir seu volume dentro de mim.

Draco me virou na cama com força, me deixando de


bruços, abaixando a minha calça rapidamente, e
pressionando seu corpo sobre o meu.

_ E você quer sentir isso agora? – ele perguntou, as mãos


escorregando para o meio das minhas nádegas, após um
rápido feitiço de lubrificação.

Eu me empinei pra ele sem nenhum pudor, sentindo-o


tocar a minha entrada, me dilatar com dois dedos,
abrindo-me um pouco.

_ Está sensível de ontem? – ele quis saber.

_ Está. – eu confessei. – E isso me excita também.

Ele beijava meu pescoço deliciosamente enquanto metia


os dedos dentro de mim sem parar.
_ O que te excita? Quando seu cuzinho está sensível e
mesmo assim eu te como? – ele me provocou.

_ Sim. – eu murmurei. – Adoro saber que foi você que me


deixou assim.

Ele subiu em cima de mim, pressionando seu pênis entre


as minhas nádegas, fazendo entrar a cabeça.

_ Só eu. Só eu te fodo bem gostoso até te fazer sentir


preenchido e satisfeito. – ele falou, rouco, possuindo-me
aos poucos.

_ Aah Draco... – eu gemi seu nome pela primeira vez, me


contraindo em torno dele, sentindo-o entrar todo dentro
de mim. – Só você... só existe você.

Eu senti que ele perdia completamente o controle,


arremetendo pra dentro de mim, perdendo-se no meu
corpo, enquanto eu sentia que me perdia nele. Meu pênis
duro esfregava-se ao colchão conforme eu e Draco nos
movimentávamos juntos, e meu orgasmo veio logo, forte
demais pra que eu segurasse, como era sempre entre eu
e Draco Malfoy.
Mas eu ainda queria senti-lo.

_ Quero que goze dentro de mim. – eu sabia que ele faria


de qualquer jeito, mas queria que ele soubesse o quanto
eu desejava aquilo. – Preciso disso.

_ Você precisa? – ele perguntou rouco, sem parar de me


penetrar. – Então peça... diga pra mim tudo o que você
quer, Harry.

_ Goza no meu cu, por favor, Draco... – eu implorei,


safado, como eu sabia que ele adorava.

Senti seu orgasmo me invadir, enquanto o corpo dele


tremia e ele me penetrava uma última vez. Depois, ele se
retirou de dentro de mim, e se deitou do meu lado,
puxando meu corpo pra junto do dele, me abraçando.
CAPÍTULO 24

NARRADO POR HARRY POTTER

_ Do que você me chamou? – ele perguntou, afundando o


rosto no meu pescoço e respirando profundamente.

_Você não vai esquecer isso, não é? – eu tinha me


esquivado com maestria da primeira vez que Draco fez a
pergunta.

A verdade é que aquelas duas palavrinhas tinham sido


ditas antes que eu pudesse raciocinar, e agora eu me
sentia um pouco envergonhado. Falar do meu prazer, do
meu desejo por ele era muito mais fácil que falar daquilo.

_ Eu nunca vou esquecer. – ele jurou, baixinho. – Mesmo


que você não queira falar sobre isso.

Deixei minha mão deslizar sobre as costas dele, fazendo


pequenos círculos, acariciando-o.

_ Mas você quer. – eu me dei por vencido, depois de


alguns segundos. – Falar sobre isso.
_ Quero. – ele falou baixinho, e quando olhou pra mim,
parecia tão envergonhado quanto eu. – Porque eu
queria... eu queria que me chamasse assim de novo.

Eu toquei sua bochecha, sentindo-me ser tomado por


uma ternura imensurável. Ele parecia vulnerável e tímido
naquele instante, embora Draco fosse quase sempre
muito controlado e praticamente nunca aparentasse
timidez. Eu fechei meus olhos, aproximando meu rosto
do dele.

_ Tudo bem. – eu disse, apertando minha boca na sua e


em seguida murmurando. – Meu amor.

_ Harry. – ele disse meu nome baixinho, e eu pude sentir


em meus lábios que ele sorria. – Você também é o meu
amor.

_ Eu sou? – eu perguntei, feliz, abrindo os olhos.

_ Você é. – ele prometeu. – E eu juro que jamais falharei


com você novamente.
Não queria mais que ele ficasse remoendo que o
aconteceu com Blaise e Marcus.

_ Deixe isso pra lá, eu entendi o porquê de você ter me


incentivado a continuar falando sobre o que eu estava
sentindo, e foi algo muito maior, muito mais importante
do que qualquer coisa que aqueles dois idiotas possam
ter dito. – eu falei. – Tudo o que você me contou... as
coisas que você me disse que sentiu... Draco, isso é tudo
o que importa pra mim.

Ele ergueu uma das sobrancelhas.

_ Você gostou. – ele disse, em tom acusatório. – Gostou


de saber que me fez perder o controle.

_ É bom saber que também tenho esse poder sobre você.


– eu disse, sorrindo para ele. – Torna as coisas mais
justas. Afinal Merlin sabe que frequentemente perco todo
o controle quando estamos juntos...

Draco relaxou, sorrindo pra mim de volta.

_ Gostei de te ouvir gemer meu nome. – ele falou. – Faz


muito tempo que não tenho uma relação sexual que não
seja BDSM... talvez a gente possa transar desse jeito mais
vezes.

_ Podemos transar do jeito que você quiser. – eu


respondi com animação. – Estou aberto a novas
propostas.

_ Tome cuidado como que promete. – ele aconselhou. –


Eu tenho muitas fantasias.

_ Por exemplo? – eu perguntei, curioso.

_ Adoraria brincar de professor e aluno em detenção. –


ele sorriu safado. – Ou de paciente e Medibruxo.

Senti meu corpo responder.

_ Você está fazendo meu pau ficar duro de novo. – eu


reclamei.

_ Deixe-me cuidar dele. – Draco pediu.

_ Não posso. – eu respondi, embora fosse meu maior


desejo. – Marquei uma reunião na sede da Ordem para
daqui a meia hora, para conversar com o pessoal sobre o
plano. Hoje de manhã George disse que descobrirá
quando Kinoss fará sua próxima viagem para a França...

_ Isso é muito bom. – Draco concordou. – Mas voltando


ao nosso assunto anterior... eu posso fazer muito pelo
seu pau em meia hora.

_ Sei disso. – eu ofeguei, sentindo-o me tocar. – Mas eu


queria tomar um banho e colocar um roupa limpa.
Porque você não vem comigo? Eu deixo você ficar me
abusando embaixo do chuveiro.

_ Ah, Harry Potter... você sabe como convencer um


homem. – ele murmurou pra mim, se colocando de pé,
puxando-me pela mão.

Tomamos um banho gostoso juntos, cheio de beijos e


carícias e depois descemos para tomar um café.
Convidamos Kim para vir conosco para a reunião no Largo
Grimmauld, já que ele também estava envolvido. Ele
insistiu em ir, mesmo que Marcus, Blaise e John também
fossem estar presentes, já que participariam das nossas
ações.
Foi um encontro importante e de modo geral todos
acharam que o plano contra os Purificadores tinha
potencial, dando ideias para a sua execução. Muita gente
se dispôs a participar da batalha no dia que invadíssemos
o esconderijo deles, o que era fundamental para que
aquela ideia funcionasse. Sabíamos que os Purificadores
eram violentos e não tinham nenhuma restrição quanto
ao uso de todo tipo de magia das trevas e maldições
imperdoáveis, se não conseguíssemos reunir uma boa
quantidade de bruxos e bruxas dispostos a lutar, poderia
tornar tudo muito perigoso, e muitos de nós acabaríamos
nem voltando pra nossas casas. Eu não queria arriscar
vidas, queria invadir o esconderijo com um número tão
superior ao deles, que os forçaria a se render, ou ao
menos viraria a batalha ao nosso favor com rapidez.

Embora eu pessoalmente confiasse em todo mundo que


estava ali reunido na antiga casa de Sirius, muita gente
insistiu para que fosse feito um Feitiço Fidelius. Dada a
gravidade da situação com os Purificadores do Sangue,
esse plano era de fundamental importância e não podiam
haver brechas nem falhas. Tratava-se, é claro, de um
feitiço de extrema complexidade, então embora eu tenha
sido escolhido como fiel do segredo, o feitiço foi realizado
por Hermione, pois eu não tinha certeza se conseguiria
executá-lo com a mesma perfeição.
Depois do fim da reunião, grande parte dos membros da
nova Ordem da Fênix ia embora para suas casas, mas
alguns dos meus antigos colegas de escola ficariam para
jantar. Blaise, John e Marcus, que até final da reunião
tinham permanecido afastados, também se aproximaram
de nós quando a maior parte das pessoas já havia partido.

Percebendo a aproximação deles, eu e Draco nos


afastamos um pouco para um corredor, junto com Kim,
para que a conversa fosse mais particular. Eu já sabia o
que Blaise iria me dizer, e eu daria a oportunidade para
que ele fizesse isso, da mesma forma que tinha dado a
Marcus naquela manhã.

_ Harry. – Blaise falou meu nome, pesaroso. – Eu sinto


muito por ontem, de verdade. Queria ter um vira-tempo
pra me impedir de fazer tamanha burrice.

_ Está tudo bem, Blaise. – eu disse a ele.

_ Espero que você possa me desculpar também, Kim. Sei


que não foi só Harry que eu desrespeitei, piadinhas
idiotas como essa magoam todo mundo. Ninguém deve
ser julgado pelo que gosta na hora do sexo. – Blaise falou.
Kim pareceu gostar do fato de Blaise ter reconhecido algo
que seu próprio dominador, Marcus, não tinha sido capaz
de perceber. Era verdade que Kim tinha me defendido e
que tinha se revoltado pelo que tinha sido dito sobre
mim. Mas no fundo eu sabia que na noite anterior Kim
tinha explodido porque estava cansado de ser
subestimado.

_ Obrigado por perceber isso, Blaise.- Kim sorriu.- Foi


muito legal da sua parte me pedir desculpas.

_ John me ajudou. – Blaise olhou pro noivo com um jeito


apaixonado. – Ele faz de mim um homem melhor todos os
dias.

_ O senhor me deixou muito orgulhoso hoje. – John


respondeu, visivelmente tão apaixonado quanto Blaise.

Kim tinha razão quando dizia que John e Blaise eram


felizes, mesmo com uma relação de dominador e
submisso, que eu jamais poderia pensar para mim
mesmo. Porém, quanto mais eu conhecia Kim, mais eu
achava que ele não poderia seguir a diante com aquilo.

_ Você vai comigo até um cômodo vazio conversar.-


Marcus ordenou, olhando pra Kim com intensidade, como
se estivesse apenas esperando que Blaise se desculpasse
com ele para agi.

_ Vá embora. – Kim falou.

Kim saiu andando o mais rápido que pôde, aproximando-


se de onde havia o maior número pessoas ainda
conversando na sala de estar. Marcus deu um passo para
ir atrás dele, bufando de raiva, mas Blaise colocou a mão
no peito do amigo.

_ Ainda há muita gente aqui. Você quer mesmo fazer um


escândalo? – Blaise falou. – Venha, vamos embora. Em
outro momento você conversa com ele.

Marcus acabou sendo persuadido a ir embora. Eu troquei


um olhar significativo com Draco, sem dúvida Marcus
estava começando a me irritar. Era evidente que Kim não
queria falar com ele, e ele não estava nem tentando ser
gentil com o garoto. Quem ele pensava que era pra entrar
na minha casa e ordenar a alguém que fosse a um
cômodo vazio com ele? Tudo bem que ele desse ordens a
Kim quando ele era seu submisso e isso era um acordo
entre os dois, era algo consensual. Mas Kim já tinha
deixado bem claro que não era mais seu submisso.
_ Escute bem o que eu vou dizer a você, Draco. – eu falei.
– A próxima vez que esse cara entrar na minha casa e
tratar Kim dessa maneira, eu juro que não vai existir
amizade entre vocês que vai me impedir de quebrar a
cara dele.

_ Não estou nem reconhecendo Marcus. – Draco falou,


abismado. – Parece até que está possuído.

Nos esquecemos Marcus depois disso. George Weasley


tinha pedido algumas pizzas e caixas de cerveja,
solicitando que fosse entregue no vizinho trouxa e depois
confundindo o motoboy, para entrega-las a nós.

Estávamos Draco e eu, Kim, Rony e Hermione (com o


bebê), George, Gina, Neville e Luna amontoados na sala
de estar, comendo pizza com as mãos.

_ Então assim que são as festas dos Grifinórios? – Draco


perguntou, lambendo os dedos depois de terminar o
terceiro pedaço de pizza.

_ Realmente boas, não? – comentou Rony, tomando um


gole de cerveja. – Por quê?...como são as dos sonserinos?
_ Geralmente coquetéis com aquelas comidinhas que não
matam a fome das pessoas de verdade. – Kim respondeu.
– Ou jantares que você precisa se preocupar se está
usando o talher correto.

_ E temos que usar roupas chiques, mesmo que a gente


esteja indo jantar na casa de um amigo. – eu contei. – Dá
pra imaginar Ron? Nós todos aqui de sapato social.

_ Vocês estão falando sério? – Neville perguntou,


sorrindo.

_ Infelizmente, é um problema sério, Neville. – Gina disse,


abrindo a segunda lata de cerveja. – Saí com um
sonserino por um mês, mas tive que desistir pela enorme
quantidade de bolha nos pés.

_ Acho que é perda de tempo eu defender os sonserinos.


– Draco falou, rindo. – Estou claramente em
desvantagem, sozinho em um grupo enorme de
grifinórios.

_ Bom, eu não sou grifinória. – Luna comentou.


_ Mas é como se fosse. – Rony lhe passou uma lata de
cerveja. – Você certamente come pizza e bebe cerveja
como uma grifinória. E pra nós isso é mais do que o
suficiente.

Eu encarei Draco, que também bebia com animação, e


parecia estar se divertindo junto dos meus amigos.

_ Você também está se saindo bem. – eu disse a ele.

_ Não é ótimo? – Draco riu. – Quem sabe um dia, com


muita dedicação, eu não ganhe um título honorário, igual
a Lovegood.

_ Você nem parece o mesmo Malfoy que conhecemos na


escola. – Neville soltou, de repente, deixando escapar o
que vários dos meus amigos estavam pensando.

Era de conhecimento geral que Draco Malfoy tinha sido


forçado a ser um Comensal da Morte e não era um bruxo
das trevas, assim como sua mudança depois da guerra
contra Voldemort. Mas apesar disso, meus amigos não
conviviam com Draco desde de a época de escola, e as
memórias que tinham dele eram daquele período.
Lembravam de Draco ofendendo Neville, chamando
Hermione de sangue-ruim, cantando “Weasley é nosso
Rei”, falando mal de toda a família Weasley, chamando a
Luna de Di-Lua Lovegood.

Claro que aquilo tinha acontecido quando Draco era um


garoto e agora ele era um homem, mas isso não mudava
a imagem que as pessoas ali presentes guardavam dele.
Cabia a Draco transformar essa imagem e ele sabia isso.

_ Sei que fui estúpido, preconceituoso e agressivo com


todos vocês em Hogwarts. – ele disse, assumindo a
responsabilidade. – Essa é a lembrança que vocês tem de
mim, e a culpa é minha. Mas eu tenho tentado ser
diferente.

_ Você mudou. – Hermione disse. – Pra mim isso é mais


claro do que pra todos os outros.

Draco assentiu coma cabeça, como se entendesse.

_ Por quê? – Rony questionou, sem entender.

_ Porque eu nasci trouxa. – Hermione falou. – Quando


Draco era criança me olhava como se eu fosse inferior.
Mas desde a universidade, ele me trata como igual,
sempre com muito respeito.
_ Draco sempre me tratou bem. – Kim o defendeu. – Eu
também nasci trouxa.

_Bom, é claro que você está diferente, ou Harry não


estaria tão apaixonado. – Gina sorriu. – Com o tempo,
todos vamos nos acostumar... nunca imaginamos que um
dia comeríamos pizza com Draco Malfoy.

_ Pra ser sincero, também nunca imaginei. – ele sorriu de


volta pra ela. – Mas estou feliz de estar aqui.

_ Sem dúvida mais feliz do estaria que nessas festas


chatas que seus amigos sonserinos promovem. – George
comentou. – E isso porque estamos apenas em uma
reunião entre amigos. Espere para ver uma de minhas
festas realmente boas.

_ A última festa que George chamou de “realmente boa”


durou três dias. – Rony contou.

_ E eu voltei dela grávida de Hugo. – Hermione riu,


fazendo as orelhas do marido ficarem vermelhas.
_ Uau, acho que nunca estive em uma festa assim. – Kim
suspirou.

_ Há muitos lugares nos quais você nunca esteve, que eu


poderia te levar, docinho. – George flertava
descaradamente com ele.

_ Não seria difícil. Já que eu nunca estive em lugar


nenhum. – o garoto respondeu. – O mais longe que fui foi
Hogwarts.

_ De que lugar de Londres você é, Kim? – perguntou


Hermione.

_ Cresci em um conjunto habitacional em Whitechapel. –


ele respondeu.

Eu e Hermione olhamos um para o outro. Whitechapel


era um distrito trouxa, então os outros não sabiam o que
significava. Mas era uma área na East End, pobre de
maneira geral, composta por indústrias e habitada pela
classe trabalhadora. Como Kim estava conseguindo pagar
a faculdade? O curso de Medibruxaria era caro...
Certamente o fato dele trabalhar alguns turnos como
estagiário no hospital não éramos suficiente para que ele
cobrisse essa despesa.
_ O que há nesse tal de Whitechapel que vocês estão com
essa cara. – Rony perguntou, sem tato nenhum. – E não
venham me dizer que não é nada conheço vocês dois há
12 anos.

_ É um bairro pobre. – Kim respondeu, já que eu e Mione


permanecemos calados, certamente não o exporíamos
assim. – Eles estão se perguntando como eu pago a
faculdade. Não é?

_ Você não precisa falar sobre isso, Kim. – eu falei.

_ Tudo bem, é bom que Hermione saiba, porque talvez eu


tenha que parar com a faculdade. – Kim respondeu. – Era
Marcus quem pagava meu curso, mas nós terminamos
nosso relacionamento ontem.

_ Você não pode largar a faculdade. – Hermione


indignou-se. – É o melhor estagiário que já tive. Como vou
ficar sem você?

Kim olhou pra ela, com um misto de felicidade pelo


reconhecimento do seu bom trabalho e tristeza por não
saber mais se conseguiria continuar.
_ Vamos pensar em alguma coisa. – Rony sugeriu. –
Talvez a universidade concorde em ofertar uma bolsa
para um aluno que não tem condições de pagar, Mione
disse que suas notas são boas.

_ Eu pedi quando entrei, eles disseram que não oferecem


bolsas no curso de Medibruxaria. Eu tinha boas notas nos
NIEMs, me disseram que eu poderia fazer outro curso
com bolsa integral. – Kim contou. – Mas esse era o meu
sonho... então Marcus quis pagar. Foi muita consideração
da parte dele, tínhamos acabado de começar a nos ver.

_ Eu sinto muito Kim, as coisas são sempre mais difíceis


pra quem não tem dinheiro. – Rony falou. – Vai por mim,
eu sei, fui pobre a vida toda. Agradeci aos céus pelo
treinamento de auror ser gratuito.

_ Isso é verdade. Felizmente eu tive um bom primeiro


investidor. – George falou, colocando a mão no meu
ombro. – Se não fosse Harry, eu não teria chegado tão
longe.

_ Não foi nada. – eu disse, sem graça com o


reconhecimento público do dinheiro que eu tinha dado a
George e Fred tantos anos atrás.
George tinha talento para os negócios, prosperando
abundantemente, de modo que tinha se tornado mais
rico do que todos os presentes naquela sala, com exceção
de Draco é claro, cuja herança multimilionária só
multiplicava conforme ele a investia.

_ Claro que foi. – Gina concordou antes que George


pudesse fazê-lo. – Graças àqueles primeiros mil galeões,
George pôde ser meu patrocinador no Quadribol, e esse
ano eu vou disputar pela terceira vez a copa da Grã-
Bretanha.

_ Isso não é caridade, irmãzinha querida, é investimento.


– George sorriu pra ela. – Agora porque você não vai pra
casa descansar? Amanhã você tem aquela propaganda de
poção para brilho capilar marcada, lembra-se?

_ Pode deixar, maninho, não esqueço meus


compromissos. – Gina riu. – Mas as fotos são só no final
da tarde. Eu e Luna temos um encontro daqui a pouco
com dois rapazes.

_ Posso saber quem são? – Rony perguntou, ciumento.


Não tinha mudado nada nos últimos anos. Rony
continuava querendo saber com quem Gina saía, mesmo
que a irmã dele estivesse realmente curtindo a vida com
uma boa quantidade de jogadores sarados de Quadribol.

_ Se você quer mesmo saber... Vítor Krum e um amigo


dele, que quer conhecer Luna. – Gina respondeu.

_ Krum. – Rony falou, com raiva. – Nunca me livrarei


desse cara?

Hermione riu baixinho ao lado do marido.

_ Fiquei muito curiosa. Nenhum búlgaro nunca quis me


conhecer. – a loira pareceu animada. – Será que ele leu
minha matéria sobre elefantes anões na Bulgária?

Luna tinha virado editora do Pasquim, junto de seu pai.


Draco franziu a sobrancelha confuso com o comentário e
vi que Kim parecia abrir a boca para perguntar sobre os
tais elefantes anões, mas eu fiz um movimento leve de
negação com a cabeça. O resto de nós apenas sorriu, já
estávamos acostumados com Luna.
Gina e Luna se despediram de nós logo em seguida,
retocando o batom na frente de um espelho na parede.
Rony e Mione foram embora logo depois das garotas,
estavam visivelmente cansados, o que era compreensível.
Pais de primeira viagem, a rotina com um bebê tão
pequeno não era nada fácil. Ainda mais agora que a
licença de Rony tinha terminado e ele voltaria a trabalhar.

Eu, Draco, Kim, Neville e George ficamos sentados,


bebendo mais um pouco conversando. O clima era
gostoso e descontraído. Eu já tinha me esquecido de
qualquer problema quando o colar de Kim brilhou
novamente, como tinha acontecido de manhã, e Marcus
Vitaverza tornou a invadir minha casa.

Eu empunhei a varinha, estava prestes a enfia-la na


garganta de Marcus quando Draco gritou:

_ Cara, você perdeu a noção do ridículo? O garoto não


quer falar com você.

Kim tirou o colar do pescoço e atirou longe.

_ Você falou que isso era pra minha proteção. – Kim


acusou. – Não pra você ficar me perseguindo.
_ Depois de seis meses juntos você não acha que me deve
pelo menos uma conversa? – Marcus falou, com rispidez.
– Ou nem isso eu mereço?

Eu sabia que Kim tinha consideração por Marcus. Ele não


achava Marcus um cara ruim e francamente, eu também
não achava, embora ele estivesse me parecendo uma
pessoa completamente maluca desde àquela manhã.

_ Está certo, vamos conversar. – Kim concordou.

Draco, que estava parado ao lado de Kim, falou:

_ Nós vamos lhes dar privacidade...

_ NÃO! – Kim gritou, apavorado, apertando o braço de


Draco instintivamente, fincando os dedos em sua pele de
forma desesperada, como se tivesse medo que ele se
movesse um centímetro sequer.

_ Não vamos a lugar nenhum. – Draco disse com calma,


olhando pra Kim, tentando lhe passar segurança.
_ Certamente não vamos. – George Weasley olhava pra
Marcus com muita desconfiança e aproximou-se de onde
estavam Kim e Draco.

_ O que você fez a esse menino, Marcus? – Draco


perguntou, ainda controlado. – Por que ele está com
tanto medo de ficar sozinho com você?

_ Não se meta na minha vida, Draco. – Marcus ameaçou.


– Somos amigos há anos eu não quero ter que brigar com
você.

_ Ameace meu namorado outra vez pra você ver se não


parto você em dois. – eu disse, sem sair do lugar.

_ Chega. – Kim pediu. – Diga logo o que quer de mim,


Marcus.

_ Quero que você volte. Você é meu submisso. – Marcus


falou, dando um passo na direção dele. – Não pode deixar
que uma briga boba...

_ Submisso? – Neville perguntou, para ninguém em


especial.
_ Não foi só a briga de ontem, Marcus. – Kim disse,
cansado. – Essa relação de submissão já não vinha me
fazendo bem, todas essas regras sobre o meu
comportamento, você dizendo o que eu podia e o que eu
não podia fazer... Eu não posso mais viver assim. Eu
tentei por você, mas não posso mais.

_ Isso não faz sentido nenhum. – Marcus falava alto,


completamente frustrado. – Até ontem você estava bem.
O problema é a punição? Se está sendo demais pra você
podemos pensar em outra coisa.

_ Punição? – George Weasley perguntou, e eu só vi tanta


raiva nos olhos dele quando Percy saiu de casa anos atrás
humilhando seu pai e partindo o coração da sua mãe. –
Que punição?

_ Eu vou perguntar de novo, Marcus, o que é que você fez


a Kim que o fez sentir medo de você? – Draco estava
perdendo a paciência.

_ Isso não tem nada a ver com vocês. – Marcus gritou.

_ Eu não tenho um orgasmo há duas semanas. – Kim


disse, muito constrangido, de cabeça baixa, a voz quase
inaudível. – Mas não é tão simples... ele...ele..
_ Eu sei muito bem o que significa. Ele faz ser difícil de
suportar. – Draco encarou Marcus com raiva.

_ Sim. – pelo tom de voz, era perceptível que Kim


chorava. – Todos os dias.

_ Diariamente, Marcus? Você perdeu a razão? – Draco


sacudiu o amigo.

_ Kim tem uma palavra de segurança! – Marcus se


defendeu.

_ Duas semanas? – eu perguntei. – Duas semanas foi


quando Kim sofreu a tentativa de sequestro. Você disse
que não o puniria só por olhar para Kinoss sem a sua
autorização.

_ Eu não o puni por isso. – Marcus esclareceu, alterado. –


O puni porque já tinha proibido que ele fosse até a casa
de Granger entregar aqueles malditos relatórios. E ele foi
mesmo assim, contrariou as minhas ordens, mereceu o
castigo e sabe disso.
_ EU NÃO QUERO MAIS VOCÊ! – Kim gritou a plenos
pulmões, erguendo a cabeça, o rosto molhado pelas
lágrimas. – Você entendeu? Eu não sou mais seu
submisso. Você nunca mais vai me punir. Você nunca
mais vai me tocar. PORQUE EU NÃO QUERO. Preciso
repetir?

_ Se você não ficar comigo, todo esse plano contra os


Purificadores vai por água a baixo. – Marcus ameaçou,
desesperado. – Precisam de mim pra fazer a poção.

Em nome de Merlin, jamais achei que Marcus pudesse


descer tão baixo.

_ Não me faça rir, Marcus. – Kim continuou, num


compreensível descontrole. – Você disse aos outros que
eu ia te ajudar, quando na verdade sabe muito bem que
eu sou capaz de fazer essa poção sozinho com uma mão
nas costas. Todos os avaliadores dos NIEMs deixaram
bem claro que sou o melhor aluno em poções que pisou
em Hogwarts desde Severus Snape enquanto você é
apenas acima de média. Hermione superou você em
todos os exames, no seu ano.

_ Está certo. Espero que você seja bom o suficiente em


poções para viver fazendo remédios. – Marcus
respondeu, maldoso. – Porque se acha que vou continuar
pagando sua faculdade está muito enganado.

_ Eu não quero nada que venha de você. – Kim gritou. –


Eu posso ser pobre, Marcus, mas eu tenho o meu
orgulho.

_ Eu vou pagar a faculdade dele. – Draco disse,


calmamente.

_ Nunca esperei que você me traísse dessa maneira,


Draco. – Marcus se voltou pro meu namorado, com os
olhos brilhando de raiva. – Se vocês estão achando que
isso acabou aqui estão muito enganados. Eu não vou me
conformar com isso... Kim é meu.

_ Kim não é uma propriedade. – Draco gritou com ele.

_ Ele é meu e vocês não vão escondê-lo de mim. – Marcus


gritou de volta, como se não tivesse ouvido nada nem
ninguém, completamente fora de si.

Aquilo estava saindo fora do controle. Eu puxei George


pra perto de mim e sussurrei para que ele tirasse Kim dali
o mais rápido possível. O melhor é que Kim pudesse
passar pelo menos uma noite tranquilo, em um lugar
onde tivesse certeza que Marcus não o procuraria.
Amanhã encontraríamos uma forma melhor para lidar
com esse problema.

Quando George ouviu meu pedido, parecia ser tudo o


que ele queria escutar. Ele trouxe Kim para junto de seu
corpo, e de repente o cômodo se encheu de uma densa
escuridão, impenetrável por qualquer feitiço. Eu
reconheci imediatamente, Pó de Escuridão Instantânea
do Peru. Quando tudo clareou, George e Kim já tinham
desaparecido.
CAPÍTULO 25

BÔNUS – NARRADO POR KIM

Enquanto eu sentia lágrimas caírem sem parar pelo meu


rosto, um cansaço horrível tomou conta de mim. Eu não
queria ouvir mais nada. Queria que tudo aquilo parasse.
Desejei do fundo do meu peito poder desaparecer dali.

Foi como mágica.

Em um segundo, eu estava nos braços de George


Weasley, uma escuridão tomou a sala, ele me puxou na
direção da saída e nós aparatamos juntos. Quando abri os
olhos novamente, eu estava em uma sala muito
excêntrica, certamente ampla, confortável e moderna, e
com objetos curiosos nas estantes.

_ Eu não estou te sequestrando. – George falou,


enquanto eu olhava em volta, desorientado. – Harry
pediu que eu levasse embora quando achou que as coisas
ficaram insustentáveis. Ele sabe que posso escondê-lo
daquele idiota.

_ Por quanto tempo? – eu perguntei.


_ Por quanto tempo você terá que ficar aqui? – George
perguntou.

_ Não. – eu corrigi, afoito. – Por quanto tempo você pode


me esconder de Marcus?

George se aproximou de mim devagar, silenciosamente,


como um gato. Quando percebi ele já estava há poucos
centímetros de distância. Ele me encarava com olhos
espertos, e ao mesmo tempo, demonstrava empatia pelo
que eu estava sentindo.

_ Você está realmente apavorado, não está? – ele


perguntou, em voz baixa.

E eu estava. Aquela era a verdade. Eu estava morrendo


de medo. Que péssimo grifinório eu era.

_ Me conte o porquê. – ele sugeriu.

_ A gente mal se conhece. – eu disse, na defensiva.


_ Esse é um bom motivo para você me contar. – ele riu. –
Se você mal me conhece, não se importa com o que eu
vou pensar.

_ Há outros bons motivos? – eu perguntei, sem conseguir


deixar de sorrir também.

_ Ah sim. Eu larguei a escola pra trabalhar com logros e


brincadeiras, então você saberá que não sou do tipo que
julga. – George contou. – E além disso, talvez você se
sinta melhor se conversar com alguém.

Ponderei sobre as palavras dele. Talvez fosse melhor


realmente, colocar aquilo tudo pra fora. Eu jamais
conseguiria dormir com tranquilidade aquela noite se não
conversasse com ninguém. George me ofereceu um lugar
no sofá e se sentou ao meu lado.

_ Você entendeu toda aquela história de dominação,


certo? – eu perguntei, um pouco constrangido.

Era difícil explicar isso pra quem não era envolvido com
BDSM.
_ Eu conheço BDSM na teoria. Conheço Londres inteira,
eu tenho muitos contatos, estou envolvido com muitos
tipos de atividade comercial. Nada ilegal, é claro. – ele
acrescentou. – Mas isso fez com que eu soubesse da
existência desses clubes BSDM, do que acontece neles.
Também sei de alguns bruxos que mantém práticas desse
tipo.

_ Certo. – eu estava um pouco mais aliviado. Eu ficaria


extremamente envergonhado de ter que explicar aquilo
pra George. – Marcus.. ele gosta desse tipo de coisa. Ele é
um dominador.

_ Sei, um dominador. – George falou, como se achasse


que Marcus não tivesse condições de dominar uma caixa
de fósforos. – Harry e Malfoy pareceram bem entendidos
desse assunto. Principalmente Malfoy.

_ Harry e Draco... é diferente. Eles praticam BDSM, mas é


como uma fantasia, uma brincadeira sexual entende? –
eu expliquei. – É diferente de Marcus. Marcus leva isso
para o cotidiano, ele quer uma pessoa que obedeça as
ordens dele o tempo todo.

George me olhava com o rosto sério.


_ O que te levou a se envolver com ele?

_ Eu acho... eu quis experimentar... a parte sexual me


excitava... e eu acabei gostando dele. eu tentei organizar
meus pensamentos. A maior parte do tempo não foi tão
ruim... ter que seguir regras me incomodava, mas Marcus
também era legal comigo e houve bons momentos. Mas
aí teve uma festa na casa de Blaise, e esse homem,
Kinoss, estava lá. Ele e Marcus trocaram algumas farpas,
Marcus na verdade já tinha me proibido de olhar pra ele.
Naquela noite, Blaise expulsou Kinoss da festa por
ofender Harry e Draco. Depois disso, Marcus mudou
muito. Se tornou mais possessivo, começou a limitar
ainda mais os meus passos, eu que já não gostava muito
dessa parte da nossa relação, comecei a me sentir
sufocado.

_ E aí chegou o dia que você foi levar os relatórios para


Mione contra a vontade dele? – George me perguntou,
gentilmente.

_ Sim. Aquele dia, quando eu e Harry fomos emboscados,


eu fiquei apavorado. Todos achavam que eu estava com
medo de Kinoss, mas eu estava ali com Harry Potter, ele
estava duelando muito bem. Eu não estava com medo de
Kinoss me sequestrar. – eu disse
_ Você estava com medo de Marcus. – George
completou. – Porque tinha desobedecido as ordens dele.
Tinha ido até a casa da Mione e tinha olhado pra Kinoss.

_ Exatamente. Eu não contei a ninguém, porque sei que


isso não faz sentido. Porque para ele me punir eu tinha
que permitir que ele me punisse. No BDSM, se um
submisso diz sua palavra de segurança, tudo para. Se eu
não queria mais ser seu submisso era só eu dizer a
palavra. Bastava que eu fosse embora, certo? – eu falei,
sentindo uma vontade horrível de começar a chorar outra
vez. – Mas essa relação de submissão me afetou, George,
eu não estava conseguindo me libertar.

_ Então deixou que ele te punisse. – George falou,


baixinho.

_ Sim. – e minhas lágrimas finalmente caíram quando eu


me lembrei de cada noite depois do incidente com Kinoss
na rua de Rony e Hermione.

_ Quer me contar o que significa essa punição? – ele


perguntou, a voz muito calma. – Draco entendeu, mas
meus conhecimentos de BDSM não são tão amplos.
Eu baixei a cabeça. Não existia a possibilidade de eu dizer
aquilo olhando pro rosto de George Weasley.

_ Imagine que todas as noites, alguém vai até você e te


toca até que você esteja bem duro. Quando isso
acontece, a pessoa amarra a base do seu pênis, junto com
os seus testículos. Isso faz com que você permaneça com
uma ereção durante muito tempo e, ao mesmo tempo,
praticamente impossibilita que você tenha um orgasmo.
Depois de algum tempo, ter seu pénis duro sem gozar faz
com que você comece a se sentir dolorido. Como você
está recebendo um castigo, a pessoa permanece a todo
instante tocando, chupando, lambendo, utilizando
vibradores... tudo apenas na glande do seu pênis, que é a
parte mais sensível.

_ Eu nunca achei que falar sobre pênis pudesse me causar


tanto ódio. – ele tentou fazer uma piada, mas sua voz era
grave.

Quando o olhei, ele estava com uma expressão severa,


que não combinava com o seu rosto geralmente tão
tranquilo.

_ Eu deixei, George. Eu tinha uma palavra de segurança e


não utilizei. – eu falei, esperando ver decepção e pena em
seus olhos. – Que grifinório terrível eu sou de ter
permitido que alguém fizesse isso comigo.

George me puxou para ele, em um abraço.

_ Ei, você o enfrentou hoje. Acabou. – ele respondeu. –


Você é um bom grifinório.

_ Se sou um bom grifinório, por que continuo com medo?


– eu perguntei, em voz baixa.

_ Todo mundo sente medo, Kim. – ele me disse, com


paciência. – E você mesmo disse que isso tudo te afetou
muito. Agora que você conseguiu se desligar dele, com o
tempo isso vai passar.

_ Será? – eu perguntei.

_ Eu posso esconder você pelo tempo que quiser, ele


nunca vai te achar. – George falou. – Mas se eu fosse
você, amanhã iria para a faculdade tranquilamente. Ele
não pode obrigar você a ser submisso dele. Você tem
amigos que não vão permitir isso. E acima de tudo, você
não vai permitir isso. Ele se acha grande e forte, e daí?
Nós somos bruxos... não um bando de trouxas. Vitaverza
nunca foi grande coisa em feitiços. Jogue umas azarações
em cima dele que quero ver se ele vai continuar com
aquela pose toda.

_ Você é legal, George. – ele me fez rir. – Uma pena


termos convivido tão pouco em Hogwarts.

_ Nós convivemos em Hogwarts? – ele estava um pouco


surpreso. – Achei que você tinha entrado depois que eu e
Fred decidimos deixar a escola.

_ Só por alguns meses. – eu contei. – Eu entrei no ano


mesmo ano da Umbridge. Conheci você numa noite no
corredor, quando eu estava saindo de uma detenção com
ela. Eu me lembro de estar chorando porque aquela
mulher tinha praticamente me torturado apenas por me
atrasar pra aula. Você me levou para o salão comunal e
mergulhou a minha mão em uma poção.

_ Essência de murtisco. – George sorriu.

_ Sim. – eu falei. – Você me disse que Hogwarts era legal


e que os outros professores não faziam aquele tipo de
coisa. Que eu tinha dado a azar de entrar junto com
Umbridge, mas pra eu não me preocupar, que logo ela
iria embora.
_ Como você sabe que não era Fred. – ele perguntou. –
Nós éramos quase idênticos, as pessoas nos confundiam
o tempo todo.

_ Era você. – eu disse a ele, pegando a sua mão esquerda,


mostrando a parte de trás, onde havia uma cicatriz da
detenção que ele próprio tinha sofrido. – Olhe aqui a sua
mão... me lembro de você dizendo que nem ligava mais
para a cicatriz da sua detenção com a Umbridge... que até
gostava da marca, porque parecia uma gotinha de chuva.

_ É verdade, sempre achei que fosse uma gota de chuva.


– ele abriu um sorriso radiante pra mim.

_ Você me disse pra eu te contar o formato da marca


quando minha mão cicatrizasse, mas eu nunca tive
coragem de me aproximar de você de novo. Você era
bem mais velho, estava sempre rodeado de amigos, eu
estava certo que já tinha esquecido daquele garotinho
chorando corredor. – eu falei. – Mas sempre achei que
parecia uma estrela.

Ele pegou a minha mão com delicadeza, para observar.


_ Por onde você andou Kim? – ele perguntou, me olhando
de um jeito estranho e doce ao mesmo tempo. – Como
sobreviveu à guerra?

Eu não esperava aquela pergunta tão de repente.

_ Coincidentemente, meu avô adoeceu mesmo período


que Voldemort assumiu o controle do Ministério,
falecendo algumas semanas antes da Batalha de
Hogwarts. Meus pais trabalhavam o dia todo, minha
família tem poucos recursos e ninguém que pudesse nos
ajudar. Na época eu tinha 13 anos, então todos
concordaram que o melhor era eu ficar em casa cuidando
do meu avô. – eu expliquei. – A professora McGonagall
me emprestou todos os livros que pôde. Eu passei aquele
período estudando e protegendo a minha família como
foi possível. Quando a guerra acabou, prestei os exames e
consegui voltar a estudar coma minha antiga turma em
Hogwarts.

_ Você é um homem muito interessante, Kim Hall. – ele


me disse, simplesmente.

_ Olhe quem está falando. – eu acenei com a mão, na


direção dele.
Aquele era o cara que tinha vindo do nada e se tornado
um importante comerciante e investidor. George era
excêntrico, engraçado, criativo. Desde a escola suas
invenções eram um sucesso, e elas tinham alavancado o
nome Weasley em toda a comunidade Mágica.

_ Você acha? – ele perguntou.

_ Você me faz rir. – eu respondi, deixando claro que


aquilo significava muita coisa. – Acho que ninguém mais
seria capaz de me fazer rir depois dessa noite.

_ Estou aqui para satisfazê-lo. – ele brincou, sorridente. –


Há mais alguma coisa que você queira
desesperadamente?

E antes que eu pudesse sequer pensar nas minhas


palavras, eu respondi:

_ Depois dessas semanas infernais? Em nome das cuecas


de Merlin... um orgasmo.

E George parou na posição em que estava, seu sorriso se


desfez, e ele me olhou com uma intensidade inesperada,
para a qual eu não estava preparado.
_ Posso te dar isso. – ele disse, rouco. – Se você
realmente quiser.

_ Eu... eu... eu estava brincando. – eu respondi, incerto. –


Não... não posso te pedir uma coisa dessas... a gente se
conheceu hoje.

_ Achei que a gente tinha se conhecido há anos atrás,


quando eu te mostrei a gotinha de chuva na minha mão.
– ele sorriu, tornando o momento menos tenso.

_ Sim, mas isso não conta. – eu reclamei. – Depois desse


dia nunca mais nos falamos.

_ É verdade. Mas eu posso jurar que nunca amarraria seu


pau. – ele piscou pra mim.

_ Na verdade, não é tão ruim, se não for feito como


castigo. – eu comentei.

George fez uma careta.


_ Não consigo nem imaginar isso. – ele falou. – Eu iria
ficar muito agoniado.

_ Não ia não. – antes que eu pudesse parar pra raciocinar,


eu já estava explicando aquilo pra ele. – Se eu amarrasse
você, não te machucaria, seria só pro seu orgasmo
demorar um pouquinho mais. Quando eu te soltasse,
quando deixasse ele vir, seria mais gostoso.

_ Você é um garoto muito sexy. – ele disse, acariciando


meu cabelo, na parte de trás da minha nuca. – Me deixe
te dar um orgasmo... se você quiser... vai ser só isso. Sei
que pode estar com medo, por causa daquele idiota, mas
não precisamos transar.

_ Você quer me dar um orgasmo? – eu estava no meu


limite.

Meus sentimentos eram confusos, Marcus estava


matando tudo o que eu sentia por ele, eu tinha certeza
que não voltaria a ser seu submisso, mas ainda estava
muito magoado com toda essa situação. Eu certamente
não estava pronto pra me relacionar com outro homem
agora, mas não era isso que George estava propondo. Ele
não estava querendo um compromisso, não estava me
pedindo em namoro.
George Weasley estava me oferecendo tudo o que eu
precisava naquele momento: um ombro amigo e um
orgasmo.

E eu queria desesperadamente aceitar. Queria aceitar


porque meu corpo tinha sido levado ao limite naquela
semana. Queria aceitar porque o cheiro do perfume dele
era bom, amadeirado, com algo muito familiar, que me
fazia querer respirar mais perto da sua pele. Queria
aceitar porque eu o desejava.

_ Sim. – ele respondeu.

_ Ok. – eu respondi, baixinho, deixando-me a meio


centímetro de seus lábios. – Mas se você vai me tocar...
também vou ter o direito de tocar você.

George encostou os lábios nos meus.

_ Você quer me tocar, Kim? – ele perguntou, sensual.

_ Pode apostar que sim. – eu desviei para sua orelha boa,


mordendo o lóbulo, fazendo-o arrepiar, sussurrando. –
Desde hoje de manhã, quando você me acordou
chamando meu ex de trasgo e dizendo que queria sair
com um ruivo que não fosse seu parente.

_ Aposto que eu fui uma visão e tanto. – eu podia escutá-


lo sorrir.

_ Você é um gostoso, George Weasley. – eu murmurei.

George me puxou para o nosso primeiro beijo, deixando


os nossos lábios se tocarem, se conhecerem, nossas
línguas se explorarem. Foi um beijo gostoso, lento,
sensual, que me deixou querendo mais dele.

Eu o toquei por baixo da camiseta, sentindo os músculos


da sua barriga, os pelos finos do seu peito. Ele me deu
espaço para que eu o despisse, admirando seu corpo,
tocando-o. Eu me sentia maravilhado. Não só porque ele
era bonito, mas porque pela primeira vez eu estava
tocando alguém como eu queria, deixando-me ser guiado
pelos meus próprios desejos.

Senti sua mão em meu corpo, puxando a minha blusa pra


cima. O ajudei a me deixar nu, chutando meus sapatos
pra longe e desabotoando meu jeans, puxando-o
rapidamente pra baixo. George fez o mesmo, até que
estávamos nós dois apenas de cueca no sofá.
_ Vem vamos pra uma cama. – ele disse, se levantando,
me puxando pela mão.

Me deixei que ele me levasse para o seu quarto, sem


prestar muita atenção no ambiente a minha volta. Tudo o
que eu queria naquele momento era uma cama e George
Weasley. Assim que entrei, fiz os feitiços de preparação
que estava acostumado, eu já os fazia não verbais, de
modo que George vira apenas dois floreios com a varinha.

Quando nos deitamos, eu parti pra cima dele, me


sentindo poderoso pela primeira vez na vida. Beijei sua
barriga, ouvindo-o suspirar conforme eu me aproximava
do seu membro já duro, ainda preso na cueca boxer. Eu
beijei seu pênis por cima da cueca, molhando-a com
saliva.

_ Kim... – ele gemeu meu nome.

Eu o tinha feito gemer. Senti meu pénis enrijecer. Eu


estava muito excitado, me senti tão forte naquele
momento, tão confiante.
O ajudei a tirar a cueca, expondo seu pau grande e lindo.
Ele era bem maior do que Marcus, estava muito duro e
lubrificado. Passei a língua na glande, ouvindo seu gemido
baixo, e depois comecei a suga-lo. Sabendo que não
existia possibilidade de colocá-lo todo na boca, eu
masturbava parte dele com a mão, enquanto me
dedicava a chupa-lo gostosamente, de um jeito que eu
sabia que o levaria a loucura.

Adorei ouvi-lo gemer, ofegar diante dos meus toques.


Depois de um tempo, quando percebi que ele tremia, o
provoquei com a língua, o suguei sem cessar, deixando-o
gozar na minha boca.

_ Achei que era eu quem te daria um orgasmo. – ele disse


ofegante.

Eu me deitei sobre seu corpo, pressionando-o, tomando


sua boca pra um beijo salgado, fazendo-o provar seu
próprio sabor. George me correspondeu com urgência,
apertando as mãos na minha cintura, sorvendo seu gosto
nos meus lábios.

_ Me desculpe, não resisti. – eu confessei. – Me senti


realmente poderoso de poder fazer isso.
_ O que? Chupar o meu pau? – ele perguntou, em tom de
brincadeira.

_ Não. – eu respondi. – Tomar a iniciativa.

Algo brilhou nos olhos dele quando eu disse aquilo. E ele


se movimentou na cama, me colocando por baixo do
corpo dele.

_ Minha vez. – ele disse baixinho, enquanto beijava meu


pescoço.

Deixei que ele me beijasse, sentindo suas carícias na base


do meu ombro, descendo pelo meu peito, mordiscando
meu mamilo. Aquilo ardeu um pouco, por causa da noite
anterior.

_ Ai, George, cuidado. – eu pedi baixinho. – Ontem...


ontem eles ficaram presos em grampos por tempo
demais.

George me lançou um olhar horrorizado.


_ Seus... mamilos? – ele perguntou como se não
acreditasse.

Eu assenti com a cabeça, virando o rosto pro lado, um


pouco envergonhado daquela situação. George puxou
meu rosto com delicadeza, fazendo-me olhar pra ele.

_ Está tudo bem, você pode me dizer qualquer coisa. – ele


me tranquilizou, acariciando meus cabelos. – Eu só quero
te dar prazer, cada toque meu vai ser pro seu prazer...

E fechei os olhos para sentir. Ele me tocava com carinho,


meus braços, meus ombros, meu peito. Me cobriu de
ternura até sentir que eu estava relaxado de novo, e
então voltou a me acariciar de outra forma, me
acendendo por dentro, me excitando, atiçando todo o
desejo dentro de mim.

Quando ele retirou minha cueca, eu ergui as pernas sem


pudor nenhum, aproximando os joelhos do peito. Eu
estava louco pra ser tocado por ele. George ficou
claramente excitado coma cena, pois sorriu safadamente,
passando a língua pela minha entrada.

_ Ah, George... – eu gemi.


_ É disso que você gosta? – ele perguntou rouco,
passando a língua mais uma vez no meu orifício, me
arrancando outro gemido.

_ Sim... sim... me lambe ai. – eu pedi.

Ele girava a língua nas bordas do meu ânus, me fazendo


delirar, lambendo-me deliciosamente, até começar a me
penetrar com a sua língua. Ergui os joelhos me expondo
ainda mais, o que o incentivou a continuar com mais
ímpeto.

_ Que delicia. – ele falou, parando de me lamber e


escorregando um dedo pra dentro de mim.

Ao mesmo tempo que seu dedo massageava meu


interior, ele ergueu um pouco a cabeça, deixando sua
língua acariciar levemente meu membro já muito
excitado e sensível.

_ Isso é tão bom. – eu gemi.

_ Eu vou fazer você se sentir muito bem. – ele prometeu.


George colocou um segundo dedo dentro do meu ânus,
movimentando levemente, massageando-me e me
preparando pra ele. Ao mesmo tempo, ele abaixou-se
sobre o meu membro, colocando-o quase todo na boca,
chupando-o habilidosamente. A sucção que ele fazia no
meu pau era alucinante, e eu não segurei meus gemidos,
entregando-me totalmente ao momento, permitindo-me
sentir prazer. Pouquíssimo tempo depois, eu já me
derramava nos lábios de George, gozando
deliciosamente, sentindo meu corpo tremer.

Quando eu consegui regularizara respiração, George veio


por cima de mim, apoiando os braços na cama, para
poder me olhar.

_ Se você quiser parar aqui, não tem problema nenhum. –


ele esclareceu.

Eu sorri pra ele. George parecia ser realmente um homem


maravilhoso.

_ Eu poderia parar. – eu disse a ele. – Se eu não tivesse


desejando tanto você.
_ Você falou algo sobre ontem. – O rosto dele estava
preocupado. – Você está com dor?

Entendi a preocupação dele. Eu tinha reclamado da


sensibilidade nos mamilos, então ele tinha assumido que
eu e Marcus tínhamos transado na noite anterior. O que
ele queria saber, era se Marcus tinha machucado meu
ânus, a ponto de fazer com que eu estivesse com dor
hoje. Mas não tinha sido assim. Marcus estava focado em
estimular meu pênis e não me permitir gozar.

Mesmo quando ele ligou aquela máquina de penetração


anal, não ligou na mesma velocidade que Blaise e Draco
tinham feito. Tinha sido uma penetração bem lenta,
Marcus não queria muito estimulo na minha próstata. E
quando ele tinha resolvido me foder, ele já estava há um
bom tempo enfiando o pau na minha garganta, de forma
que não demorou muito.

_ Não, Marcus foi...hã... muito breve ontem. – eu


comentei.

_ Sei. – George respondeu, certamente somando o titulo


de "ejaculação precoce" as características que ele atribuía
a Marcus; não que fosse verdade, mas eu não me
importava nenhum pouco. Marcus estava merecendo.
_ Está tudo bem realmente George. – eu o tranquilizei. –
Embora seja melhor você ir devagar.

_ Por quê? – ele perguntou, assustado.

_ Alguém já deve ter te dito isso antes. – eu falei, olhando


pra baixo, e então de novo pro rosto dele. – Você é
imenso.

_ Não vou machucar você. – ele prometeu, tocando


minha bochecha.

Ele se aproximou para um beijo lento, que desenvolveu-


se, tornando-se cada vez mais sensual. Senti que ele fazia
um feitiço não verbal de lubrificação em mim, voltando a
me tocar com os dedos, querendo ter certeza que eu
estava pronto pra ele.

Algum tempo depois, senti a cabeça do seu pênis


encostar na minha entrada, forçando-se pra dentro de
mim. George me penetrou com lentidão e cuidado, sem
deixar de me beijar e acariciar meu corpo, até estar todo
dentro de mim. Quando enfim o senti me preencher,
acariciei seu cabelo, passando os dedos com leveza em
sua nuca, querendo que ele se sentisse tão envolvido
naquele momento quanto eu.

Ele ficou imóvel dentro do meu corpo, me encarando,


seus olhos presos nos meus.

_ Está doendo? – ele quis saber.

_ Um pouquinho. – eu confessei.

Não mais do que o normal, ele era grande, eu sentia meu


corpo resistir para acomodá-lo.

_ Vou ficar parado até que você se acostume. – ele falou.

Eu sabia que era difícil manter-se ali, segurar a vontade


de se movimentar. Eu o beijei outra vez, me sentindo
arder de paixão, sentindo meu desconforto ceder e meu
corpo se adaptar ao seu tamanho. Movi o quadril,
indicando que queria mais, que precisava dele. George
me respondeu de imediato, arremetendo-se para dentro
de mim, me tomando.
Eu estava adorando seu ritmo, o modo como ele sempre
acertava minha próstata, massageando meu ponto de
prazer, como se seu pênis tivesse sido feito pra mim. Eu
gemia pra ele, por ele, por todas as sensações que ele
estava me causando.

_ Aah George... isso... assim... me come bem gostoso. –


eu pedia, incoerente.

Ele começou a massagear meu pênis, me masturbando.

_ Goza pra mim de novo, Kim. – ele pediu. – Deixa eu


sentir seu cuzinho se contraindo todo.

Ele me levava para o meu segundo orgasmo, e eu sentia


que o levava para o mesmo caminho. Eu olhei pro seu
rosto quando gozei, tremendo, gemendo, meu ânus
apertando seu pau que logo em seguida enterrou-se para
dentro de mim uma última vez, mergulhando em gozo,
enchendo-me do seu líquido.

Quando acabou, eu o puxei pra mim, procurando seu


abraço, seu toque. E ele me deu tudo, deixando-se
descansar por cima de mim alguns minutos, até amolecer
e se retirar do meu interior, e deitar-se ao meu lado.
_ Isso foi maravilhoso. – Eu suspirei, feliz.

_ Foi sim. – ele concordou, me olhando. – Tudo em você é


excitante.

_ Eu... eu... – havia algo que eu queria dizer, mas não


sabia como. – George... eu... obrigado.

_ Pelo sexo? – ele ergueu uma sobrancelha. – Eu tenho


ciência de que sou bom, mas ninguém jamais me
agradeceu por isso antes.

Eu fiquei muito vermelho.

_ Não é pelo sexo. – eu tentei me explicar. – Não sei


como te dizer isso... mas a questão é que eu nunca tinha
tido uma relação sexual que não fosse BDSM.

_ Ainda não entendi pelo que você está me agradecendo.


– ele me disse, com gentileza.

Nem eu estava me entendendo.


_ Eu não sei. Por me tratar com carinho. – eu falei, num
ímpeto. – Por me deixar olhar pra você.

_ Por te deixar olhar pra mim? – ele perguntou, confuso.

Eu me vi, novamente, na constrangedora posição de ter


que explicar os detalhes pra George.

_ Um submisso não pode olhar pro seu dominador, a não


ser que ele ordene. – eu expliquei. – Do contrário, ele
olha pra baixo.

George me olhou com surpresa.

_ Isso existe mesmo? Quer dizer que essa foi a primeira


vez que você transou...

_Olhando pra alguém... – eu olhei pro rosto dele com


carinho. – E foi uma das melhores coisas que fiz na vida.

Ele me puxou pra junto de seu corpo, como se fosse


instintivo, segurando-me apertado em seu peito, o braço
ao redor da minha cintura.
_ Eu não consigo acreditar numa coisa dessas. Como
Harry se conforma com isso? – George perguntou,
parecendo revoltado. – Você disse que ele e Malfoy
praticam BDSM na hora do sexo.

_ Como eu te expliquei, eles são diferentes. Pra ser


sincero, eu nem sei se eles praticam BDSM todas as vezes
que transam. – eu confessei. – Mas independentemente
de qualquer coisa, eles não seguem essa regra, Harry olha
pra ele o tempo todo.

_ Como você sabe disso? – ele me pegou, sorrindo


abertamente. – Você já os viu?

_ Os casais que praticam BDSM as vezes fazem isso na


frente uns dos outros. – eu resumi, ruborizando. – Você
pode parar de falar sobre a vida sexual de Harry e Draco?
Eu não posso te contar essas coisas.

_ Tudo bem. – ele concedeu. – Mas me responda mais


uma curiosidade sobre você. Aqueles feitiços que você fez
antes... também tem a ver com essa história de
submissão?

_ Normalmente se ensina aos bruxos submissos dois


feitiços de preparação, pra se fazer antes do sexo. É um
hábito, acabei fazendo. eu expliquei. São bons feitiços, na
realidade, um elimina os pelos e o outro te deixa limpo
por dentro.

_ Não é nada mal, realmente. – ele concordou. – Você


podia me ensinar esse dos pelos.

Eu sorri pra ele, assentindo. Nós conversamos um pouco


mais, no restante na noite, até que eu estivesse muito
cansado e quase dormindo. A última coisa de que me
lembro é de George aproximar os lábios do meu ouvido e
murmurar:

_ Kim.

_ Hmm? – eu perguntei.

_ Eu queria que você soubesse que mais pra frente,


quando você estiver pronto pra sair com alguém de
verdade, namorar... Eu quero sair com você. – ele
esclareceu.

_ Também quero sair com você, George. – eu murmurei,


com sono. – De preferência quando eu conseguir me
livrar da sensação de que meu ex vai aparecer a qualquer
instante, me amarrar e bater com um chicote nos meus
testículos.

_ Vou esperar. – ele falou.


CAPÍTULO 26

NARRADO POR DRACO MALFOY

Quando a densa escuridão se dissipou, George Weasley e


Kim tinham sumido da sala. Marcus se desesperou por
completo, começando andar de um cômodo a outro
procurando por Kim, gritando o nome do garoto,
parecendo um bicho enjaulado. Eu tentei segui-lo, falar
com ele, mas é como se ele não pudesse me ouvir. Ele
atirava objetos, quebrava coisas, em uma fúria
enlouquecedora e incontrolável.

Eu tentei encostar a mão no seu ombro, acalmá-lo de


alguma maneira, mas ele me empurrou no chão com um
giro rápido do corpo. Dois segundos depois, vi Harry
partir pra cima dele, acertando-o com um gancho de
direita, que fez com que escorresse sangue no canto de
sua boca.

Marcus sorriu alucinado, com os lábios manchados de


sangue, convidando Harry a continuar.

_ Vamos Potter. Bata. Bata outra vez. – ele gritou,


quebrando o espelho com um soco, os estilhaços
entrando em sua pele. – Eu quero sentir o gosto de
sangue.

Mas Harry se conteve. Era visível que Marcus não estava


em seu juízo perfeito.

_ Bata caralho. – Marcus partiu para cima de Harry,


virando cadeiras, destruindo coisas em seu caminho. –
Bata! Venha me provar que você não é só um viadinho de
merda.

Foi Neville Longbottom que agarrou o enorme corpo de


Marcus por trás, fechando os braços em torno dele,
contendo-o, limitando seus movimentos. Felizmente, os
anos tinham tornado Longbottom um cara tão grande
quanto Marcus. Harry tinha resistido até ali, evitando
usar a varinha para atacar Marcus, por ele ser meu amigo.
Mas nós todos sabíamos que por mais forte que
Longbottom, não iria segurá-lo pra sempre.

_ Faça, Harry. – eu disse, infeliz.

Harry fez s feitiços necessários para desarmar e imobilizar


Marcus. Em alguns segundos, ele já estava contido, em pé
na sala de estar, com os braços presos para trás, as
pernas fixas no chão, e a varinha segura em uma mesinha
fora de seu alcance.

_ O que diabos há com você? – eu perguntei.

Marcus me olhava com raiva, destilando ódio na minha


direção, como se eu o tivesse apunhalado pelas costas.

_ Eu vou até o inferno atrás de Kim, Draco. – ele jurou. – E


quando eu o encontrar, vocês só colocarão os olhos nele
novamente depois que eu tiver matado Kinoss com as
minhas próprias mãos.

_ Kim está seguro. – Harry tentou. – A Ordem está


protegendo ele o tempo todo.

_ NÃO É O SUFICIENTE. – Marcus gritou, sacudindo o


corpo, ensandecido. – Kim é meu... eu vou protege-lo...
ele é meu...

Harry fez um feitiço, silenciando os gritos de Marcus. E


então me olhou, incerto.
_ Esse cara é realmente perigoso, Draco? Você acha que
ele é capaz disso? – ele me perguntou. – Sequestrar Kim?
Frustrar nossos planos contra os Purificadores?

Eu não tinha ideia do que responder. O Marcus que eu


conhecia, que era meu amigo há tantos anos? Não,
definitivamente não. Aquele homem enlouquecido,
completamente doente e alucinado, que se debatia em
suas amarras invisíveis? Eu não fazia ideia.

_ Harry... eu... eu... não sei. – eu gaguejei assustado com


a visão de Marcus daquele jeito. – Eu não o reconheço..
eu não...

_ Eu sei que você é um bom Legilimente... – Harry falou.

Sim, era verdade. Eu era um Legilimente muito bom.


Harry estava sugerindo que eu usasse um feitiço,
invadisse a mente de Marcus, descobrisse suas intenções
e do que ele era de fato capaz. Engoli em seco. Eu
conhecia Marcus Vitaverza desde criança, nós dividíamos
o dormitório na sonserina. Eu, Marcus, Blaise, Vincent
Crabbe e Gregory Goyle. Marcus tinha perdido os pais
muito jovem e vivia com uma avó paterna, era de uma
família muito antiga, tradicional, de origem italiana. Ele
tinha sido educado nas artes das trevas, ensinado a odiar
trouxas e nascidos trouxas, assim como eu. Também,
assim como eu, ele começou a questionar tudo isso,
quando Voldemort retornou.

No sexto ano, quando a avó de Marcus faleceu, uma


prima de terceiro grau, que vive na Itália, ofereceu a ele
que se mudasse. Marcus aceitou prontamente, era a
chance de se livrar de um dos caminhos pelos quais ele
teria que optar caso ficasse na Inglaterra: servir a
Voldemort ou pedir ajuda a alguém da Ordem- cujos
membros ele não conhecia bem e não tinha qualquer
amizade.

Marcus terminou a escola na Itália, mas nunca virou as


costas pra nós. Ele ofereceu abrigo a nós quatro, junto da
sua família. Blaise foi o único que aceitou, ele e sua mãe
não tinham ligações com o Lorde das Trevas, queriam
fugir da guerra, e acabaram mudando-se pra Itália
também. Nenhum dos dois estava aqui quando as coisas
realmente pioraram, quando Voldemort assumiu o
Ministério, assumiu Hogwarts, assumiu a minha casa,
roubou tudo de mim.

Na Itália, Marcus e Blaise viveram entre os trouxas e os


nascidos trouxas, tiveram contato com muitas ideias
diferentes e conheceram inclusive, as práticas BDSM. Mas
no exato dia que o Lorde das Trevas foi derrotado, eles
voltaram, traçando um caminho reto para a Mansão
Malfoy. Eles me encontraram em pedaços, destruído por
aquela guerra. Foram Marcus e Blaise que me
reergueram, se não fosse por eles... se não fosse por eles
talvez eu tivesse tirado a minha própria vida naquela
mesma noite.

_ Eu não posso, Harry. – eu confessei. – Eu não posso trair


Marcus dessa maneira... eu sei que ele... sei que talvez
ele possa colocar tudo a perder... mas, Harry, ele me
ajudou quando eu não tinha mais ninguém.. eu
simplesmente não posso...

Eu desviei o olhar, sentindo-me culpado por desapontar


Harry. Mas mesmo naquele momento, no qual ele
tentava resolver uma situação complicada e que envolvia
o futuro do mundo mágico; mesmo naquele momento no
qual ele se parecia muito mais com o intimidante homem
reconhecido nas ruas como o Eleito, do que com o
amante suave que eu tinha entre quatro paredes... ele
me surpreendeu ao segurar a minha mão, num gesto de
apoio.

_ Está tudo bem, meu amor. Eu não deveria ter pedido


isso. – ele falou, como quem se desculpa. – Você gostaria
de ir pra casa? Eu posso resolver essa situação...
_ Não posso abandoná-lo nesse estado... – eu olhei pro
rosto de Marcus.

Harry assentiu coma cabeça, virando-se para


Longbottom.

_ Nós poderíamos simplesmente dar uma poção para


esse cara se acalmar e depois deixa-lo ir embora. –
Longbottom sugeriu, com lógica. – Afinal, Kim tem sido a
nossa prioridade desde que soubemos que ele é o alvo de
Kinoss. Tem gente da Ordem o protegendo dia e noite. Se
podemos impedir que Kinoss o sequestre, certamente
podemos impedir que Marcus faça o mesmo.

Respirei fundo, sentindo um alívio momentâneo tomar


conta de mim. Nunca achei que me sentiria tão grato por
Neville Longbottom.

_ E se ele contar a alguém dos planos contra os


Purificadores? Se quiser se vingar por termos escondido
Kim? – Harry perguntou, levando meu alívio embora, tão
rapidamente quanto ele viera.

_ Ele não pode. – Longbottom respondeu, como se fosse


óbvio. – Fizemos o feitiço do Fidelius.
_ Infelizmente, Neville, Marcus já sabia deste plano antes
de eu contar a vocês hoje. Eu o procurei anteriormente
porque esperava contar com a ajuda dele para fazer a
poção. – Harry respondeu, irritado. – Eu cometi um erro.

_ Então só há uma maneira. – Longbottom disse, muito


prático. – Escondê-lo até que esse plano termine.

_ Sequestrar Marcus? Você enlouqueceu? – eu me voltei


para ele. – De jeito nenhum.. isso é crime...

Harry se colocou na minha frente, os olhos fixos nos


meus.

_ Você pode me garantir que ele não contará a ninguém


sobre o plano? – perguntou, me encarando tão
firmemente que senti vontade de dar um passo pra trás.

Eu olhei pra Marcus, debatendo-se, o olhar vidrado de


um louco. Aquele plano não podia ter falhas. Se eu
respondesse que sim, e Marcus contasse a alguém que
avisasse os Purificadores, todas aquelas pessoas que
estiveram mais cedo na reunião seriam emboscadas no
dia da invasão do esconderijo. Eu seria o responsável pela
morte de todas elas. Dizer sim era colocar todo mundo
em risco, inclusive Harry.

Então eu encarei o chão do Largo Grimmauld, n° 12 e


respondi:

_ Não.

Meio segundo depois que a minha resposta veio, eu senti


minha varinha voando do meu bolso, minhas mãos sendo
presas atrás das costas, e quando dei por mim, meus pés
já estavam fixos no chão, ao lado de Marcus. Harry me
encarava, sua varinha entre os dedos, ele tinha me
imobilizado.

_ Por que isso? – eu perguntei, desorientado.

Mas Harry não me respondeu, apenas me olhou com


pesar, mordendo a parte interna da bochecha. E então,
virou-se de costas, olhar pra Neville Longbottom.

_ E agora, Neville? – ele perguntou. – Não posso mantê-lo


aqui. Não consigo pensar em um lugar onde ele possa
ficar. Terá que haver alguém que cuide nas necessidades
dele e o impeça de fugir, mas ao mesmo tempo a pessoa
também não pode desaparecer completamente das suas
atividades sociais, ou vai gerar desconfiança.

_ Eu fico com ele. – Longbottom deu de ombros. – Desde


que assumi de vez a vaga da professora Sprout, ganhei
aposentos privativos em Hogwarts. Marcus ficará bem
escondido lá, ninguém mais tem acesso. Como ele está
desarmado, será impossível sair enquanto eu estiver
dando aulas.

_ É uma boa ideia. – Harry concordou. – Até porque


mesmo que ele conseguisse sair e arrumasse uma
varinha, não se pode aparatar nas terras de Hogwarts.

_ Vocês não acham que estão exagerando? – eu


perguntei, mas nenhum dos dois me olhou.

_ Está certo então, vou a Hogwarts conversar com a


diretora McGonagall. – Harry falou. – Não quero fazer
isso pelas costas dela.

_ O quanto antes você for, melhor. – Longbottom


aconselhou. – O ideal seria que pudéssemos leva-lo para
lá através da Rede de Flu nessa madrugada, enquanto os
alunos estivessem na cama.
_ Vou te emprestar a capa de invisibilidade, de qualquer
forma, para que não haja risco de ninguém ver Marcus. –
Harry sugeriu. – Mas antes que eu vá até lá.. preciso
perguntar... você tem certeza Neville? Você vai ter que
dormir e acordar com esse homem todos os dias. Talvez
ainda demore algumas semanas para que a gente consiga
colocar nosso plano em prática.

_ Fique tranquilo, Harry. – Neville sorriu, lançando um


olhar estranho na direção de Marcus. – Foi-se o tempo
que Vitaverza colocava sabão de ovas de sapo nas minhas
calças.

Harry olhou pra trás, encarando a mim e Marcus com


uma careta.

_ Quando isso aconteceu? – ele perguntou ao amigo.

_ Acho que alguns meses antes dele fugir correndo para


Itália como rabo entre as pernas enquanto eu fiquei aqui
enfrentando Comensais da Morte, sendo torturado pelos
Carrow e fazendo Hogwarts resistir. – Neville continuava
olhando para Marcus, ampliando ainda mais o sorriso, e
pela primeira vez na vida eu tive um pouco de receio de
Longbottom. – Como você pode ver, não há com o que se
preocupar. Não tenho medo de Vitaverza, ele só tem
tamanho. E até nisso acho que hoje em dia talvez eu
esteja ganhando dele.

Eu não podia reclamar do ressentimento ainda vivo,


represado naquelas palavras. Se existiu alguém com
quem tanto eu quanto Marcus humilhamos em toda
oportunidade nos nossos primeiros anos em Hogwarts,
essa pessoa era Neville Longbottom. Naquela época,
Neville era um menino gordinho, distraído, com
dificuldades na prática de feitiços quando estava sob
pressão. E nós éramos maldosos e nos achávamos os
futuros donos do mundo.

Não posso negar que fiquei um pouco preocupado que


Marcus fosse passar a próxima semana com alguém que
desgostasse tanto dele. Mas quando olhei para meu
amigo, vi que as palavras de Neville tinham provocado
uma reação nele. Marcus tinha parado de se debater.
Seus olhos, que pareciam tão vidrados, tinham voltado a
entrar em foco, e ele encarava Longbottom com
intensidade.

_ Se for demais pra aguentar, podemos pensar em outra


coisa. – Harry disse, colocando a mão sobre o ombro do
amigo.
Mas Neville fez um gesto despreocupado com a mão,
para tranquiliza-lo. Antes de partir, Harry desfez o feitiço
que silenciava Marcus.

_ Ele parece ter se acalmado, Draco. – Harry falou, me


olhando com preocupação. – Talvez você consiga
conversar com ele...

E então desapareceu pelas chamas da lareira.

Longbottom se sentou no sofá, de frente pra nós,


olhando pra Marcus com interesse. Eu virei o rosto na
direção do meu amigo de infância.

_ Marcus, por favor, fale comigo. – eu pedi. – Por que


você surtou dessa maneira? Eu conheço você ... você não
é uma pessoa cruel... não consigo encontrar uma razão
pra ter punido Kim desse jeito... pra ter feito tudo o que
fez essa noite.

_ Draco, eu não posso deixar que mais um garoto


inocente morra por minha causa. – Marcus me olhou,
visivelmente agoniado, parecendo destruído por dentro.
– Simplesmente não posso.
Mais um garoto?

_ Você está falando de Giuseppe? – eu perguntei.

Giuseppe tinha sido submisso de Marcus por vários anos.


Ele era trouxa. Não nascido trouxa, trouxa mesmo, nunca
tinha feito e jamais faria um único feitiço em toda a sua
vida. Marcus tinha se apaixonado por ele no tempo que
vivera na Itália e o tinha trazido consigo para a Inglaterra.
Marcus e Giuseppe se amavam com loucura, e eu poderia
jurar que eles teriam ficado juntos pra sempre. Mas um
dia, Giuseppe estava andando por uma rua trouxa, houve
uma tentativa de assalto, ele reagiu, levou um tiro na
cabeça, morrendo na hora. Marcus não pôde fazer nada.

_ Eu nunca contei a ninguém, mas não foi um trouxa que


matou Giuseppe. – ele falou.

_ O quê? Como aquilo era possível Giuseppe era trouxa,


Marcus. Morreu num assalto, com um tiro. Bruxos não
usam armas. – eu tentei argumentar, usando a lógica. –
Se fosse um assassinato bruxo, seria uma maldição, uma
poção...

_ Foi o que disse o Departamento de Execução das Leis da


Magia quando eu tentei fazer uma denúncia... não que
houvesse muita preocupação... Giuseppe era só um
trouxa. um estrangeiro... uma vida praticamente sem
importância pra eles. – Marcus falou, o ódio tingindo as
suas palavras. – Mas foi ele, Draco. Foi Kinoss. Ele fez
questão de me dizer. Ele me deixou bem claro que
assassinou Giuseppe.

Maldição. Eu senti a raiva subir no meu sangue,


preenchendo-me por inteiro. Eu odiava aquele homem.
Talvez fosse capaz de mata-lo eu mesmo, embora nunca
tivesse tido forças pra matar ninguém, nem quando a
minha vida e a vida da minha família estavam em risco.

_ Desgraçado. – eu fiz coro ao ódio que Marcus sentia.

_ Você entende agora? – Marcus perguntou. – Desde


aquele dia na festa de Blaise, eu já sabia que ele viria
atrás de Kim.

_ Então você tentou proibir Kim de fazer coisas que o


deixassem exposto, e quando ele não obedeceu você o
puniu severamente, para que ele ficasse com medo e
acabasse acatando as suas ordens. – eu compreendi. – Foi
uma ideia muito ruim, Marcus. Você infernizou a vida do
garoto.
_ Ele é meu submisso. – Marcus se defendeu.

_ Era, não é mais. Kim já deixou claro que não quer. – eu


disse a ele. – Não é só por causa da punição, ele disse que
não gosta de ter que seguir regras, não gosta da relação
de submissão. Ele tentou porque estava gostando de
você, mas não quer continuar. Você não pode forçar, não
pode escravizar uma pessoa, Marcus.

_ Tê-lo ao meu lado seguindo as minhas regras é a única


maneira de protege-lo. – Marcus falou, ansioso. – Pelo
menos até que eu consiga matar Kinoss.

_ Isso não tem nada a ver com Kim. Harry já disse que
estamos protegendo ele. – eu respondi. – Isso tem a ver
com a culpa que você sente pela morte de Giuseppe.

_ Tem a ver com os dois. – Marcus


assumiu.

_ Você sequer gosta de Kim? – eu quis saber. – Até hoje


de manhã eu estava achando que com Kim você
finalmente estava se envolvendo de novo, se
apaixonando, se permitindo ter sentimentos por alguém.
Achei que esse ciúmes que você estava demonstrando
sentir dele era um sinal de que ele era importante pra
você, como Giuseppe.

_ Ninguém é como Giuseppe. – Marcus me cortou,


ríspido, depois levou alguns segundos para se recompor.
– Olhe não me leve a mal, me importo com Kim, ele é um
bom garoto. Gosto de tê-lo como submisso, cheguei até
sentir ciúmes realmente. Mas não o amo como amei
Giuseppe.. acho que isso é o tipo de coisa que só
acontece uma vez na vida de uma pessoa.

Harry escolheu aquele momento para retornar, dizendo a


Neville que tudo estava certo e que ele podia levar
Marcus embora. Neville guardou a varinha de Marcus
segura no bolso interno de sua jaqueta e fez um feitiço
para que Marcus flutuasse, levando-o consigo para perto
da lareira. Antes que os dois partissem pela Rede de Flu,
eu pude ouvir a voz de Marcus:

_ Obrigado, Draco, por não me trair.

Harry desfez os feitiços que me prendiam assim que nós


ficamos sozinhos na antiga casa dos Black, me alcançando
minha varinha. Ele me olhou com um misto de culpa,
cansaço e determinação.
_ Você está bravo comigo? – ele perguntou, em voz baixa.

_ Não. – eu respondi, no mesmo tom. – Foi a melhor


solução, assim eu não tive que fazer parte de nada.

_ Foi o que eu pensei. – Harry falou. – Não queria que


fosse obrigado a apoiar uma decisão que envolvia deixar
seu amigo preso. Eu mesmo não queria ter feito... mas
achei que era necessário. No futuro posso descobrir que
estava errado, mas hoje, diante de tudo que vi Marcus
fazer...

_ Tudo bem. – eu disse, trazendo seu corpo pra junto do


meu. – Não precisa se explicar... Eu só tenho a te
agradecer.

_ Pelo que? – ele perguntou, afundando o rosto no meu


pescoço, respirando o meu cheiro.

_ Por me entender. – eu respondi.

Ele olhou pra mim, sorrindo.


_ Se Rony perdesse completamente a razão e fosse um
risco pro nosso plano, alguém teria que dar um jeito nele.
– ele falou. – Mas eu gostaria muito que não tivesse que
ser eu.

Se tinha uma coisa que eu amava em Harry, era a


capacidade que ele tinha de se colocar no lugar dos
outros.

_ Marcus acha que está protegendo Kim. – eu contei. –


Mesmo que de uma forma completamente deturpada.
Ele me disse hoje que foi Kinoss quem matou o antigo
submisso dele, Giuseppe.

Harry ergueu as sobrancelhas.

_ Que estranho. Por que ninguém investigou isso? – ele


perguntou.

_ O rapaz era trouxa, morreu por causa de um tiro, então


a morte não poderia ser atribuída a um bruxo. Mas
Marcus disse que Kinoss confessou que foi ele. – eu
contei. – Ele disse que até tentou fazer uma denúncia
mas...
_ Ninguém acreditaria. – Harry completou. – Esse
Giuseppe é tal submisso que Marcus ficou por bastante
tempo?

_ Marcus o amava muito. – eu falei, assentindo. – Ele o


conheceu na Itália. Quando você venceu Voldemort,
Marcus voltou pra cá com Giuseppe... eles teriam vivido
lá pra sempre, mas Marcus estava muito preocupado
comigo.

_ Com você? – ele perguntou.

_ Ele e Blaise vieram atrás de mim assim que a guerra


acabou. – eu contei. – Eles me encontraram na Mansão
naquele dia, depois da Batalha de Hogwarts. Eu estava ali,
despedaçado, naquela casa horrível onde eu tinha visto
tanta gente ser morta e torturada. Eu tinha perdido os
meus pais, minha varinha, a honra da minha família, eu
sentia tinha perdido tudo. Nada tinha sentido, e naquele
momento eu decidi tirar a minha vida antes que os
aurores viessem para me levar para Azkaban.

_ Draco. – Harry me apertou para junto de seu corpo,


como se tivesse medo que eu morresse, mesmo sabendo
aquilo tinha sido há anos atrás. – Não, não... eu não
permitiria. Eu sabia que você não era mau.
Eu sorri pra ele. Era a cara de Harry querer me proteger
de algo que já tinha acontecido há tanto tempo. Eu
gostava ainda mais dele por isso, como se fosse possível.

_ Marcus chegou na hora certa, chutou o frasco de


veneno pra longe, me tirou da Mansão Malfoy. – eu
continuei, despejando tudo aquilo, porque precisava que
ele soubesse. Todo aquele horror que fez parte da minha
vida tinha vindo à tona naquela noite, eu queria contar,
queria dividir com ele. – Ele e Blaise cuidaram de eles
organizaram um funeral digno e discreto pros meus pais
para que eles pudessem ser velados com gente. A maior
parte dos corpos dos comensais estava sendo
abandonado a própria sorte pela família. Perdi acesso aos
meus bens durante o julgamento, e eles cuidaram de
tudo, pagaram bons advogados até que eu fosse
inocentado e pudesse movimentar meu dinheiro
novamente. Marcus e Blaise ficaram ao meu lado, me
ajudaram a ficar de pé de novo, a enfrentar meus
demônios. Me apoiaram quando eu quis fazer uma
faculdade, me conseguiram contatos, me apresentaram
meus primeiros clientes. Quando eu me apaixonei por
Harry Potter, nenhum dos dois disse que era impossível,
que não ia dar certo, ou que éramos diferentes demais...
eles só... ficaram felizes por mim, por eu estar gostando
de alguém.
_ Vocês três se gostam muito. – Harry falou, acariciando
meu cabelo. – Eu te respeito ainda mais depois de saber
disso. Te respeito muito pela forma como você agiu hoje,
provando que tem muita consideração por tudo que
Marcus fez por você.

_ Obrigado, Harry. – eu respondi.

_ Vamos fazer assim, você poderia ir visita-lo em


Hogwarts, com a capa da invisibilidade. – ele sugeriu. –
Conversar com ele, saber se ele está bem. O que acha?

_ Eu gostaria disso. – eu sorri pra ele.


CAPÍTULO 27

NARRADO POR DRACO MALFOY

No dia seguinte, segunda feira, eu fui ao escritório pela


manhã, normalmente. Perto da hora do almoço eu recebi
uma coruja de Harry, dizendo que George tinha
convencido Kim a ir a aula e que ele estava na
Universidade. Mais do que rapidamente despachei uma
coruja ao responsável pelo curso de Medibruxaria,
dizendo que estava assumindo todas as despesas
acadêmicas de Kim de agora em diante. Não queria
nenhum problema com cobranças sendo enviadas para
casa de Marcus, sobretudo agora que ele estava preso em
Hogwarts.

Kim trabalhava no St. Mungus, de tarde, três vezes por


semana. Segunda-feira era um desses dias, então
chegamos casa mais ou menos no mesmo horário. Harry
não estava na Mansão, tinha saído com George Weasley
para conseguir um ingrediente necessário para a poção
rastreadora que não se podia simplesmente comprar no
beco diagonal, precisava ser contrabandeado.

_ Kim. – eu o cumprimentei, quando o vi preparando uma


torrada na cozinha.
_ Oi, Draco. – ele falou. – Como ficaram as coisas ontem?

Eu já estava esperando por aquela pergunta. Ele iria


querer saber como tinha sido nossa “conversa” com
Marcus, porque estava com medo de ser perseguido.
Achei que Kim merecia ao menos uma verdade parcial,
que não ferisse a confiança que Marcus tinha depositado
em mim. Eu sabia que Marcus não desejaria que eu
mencionasse Giuseppe ao falar com Kim.

_ Ficaram bastante complicadas depois que você e


George foram embora. – eu contei. – Marcus ficou muito
descontrolado. Harry e Neville ficaram com medo que ele
estragasse nosso plano para pegar os Purificadores, afinal
contamos sobre o plano pra ele na noite do jantar, antes
do feitiço Fidelius.

_ Você acha que ele seria capaz? – Kim perguntou,


preocupado.

_ Não, acho que ele não faria isso. – eu respondi. – Mas


posso estar cometendo um erro... Marcus é meu amigo
há muitos anos. Harry e Neville acharam melhor esconder
Marcus até que a missão acabe. Neville é professor em
Hogwarts, vai mantê-lo em seu quarto.
Kim olhou pra mim sem dizer nada, como se medisse as
minhas reações. Eu podia ver o alívio estampado em seu
rosto, mas eu tinha deixado claro que gostava de Marcus
e que não tinha me envolvido, então ele estava evitando
dar sua opinião para não me contrariar.

_ Eu compreendo que você concorde completamente


com a necessidade de prendê-lo. – eu o tranquilizei.

Ele fez um movimento afirmativo com a cabeça.

_ Marcus não está normal. – eu senti a necessidade de


completar. – Ele está como um louco, uma pessoa
completamente desequilibrada. Não se parece mais como
meu amigo.

_ Isso não justifica. – Kim falou, categórico.

_ Eu sei. Não existe justificativa pra tudo o que ele fez


com você, pro modo como ele agiu ontem. – eu garanti. –
Eu não estou defendendo, acredite em mim. Quando
tudo isso acabar e Marcus ficar livre, se ele voltar a te
perseguir, nós vamos mantê-lo longe.
_ Você é um bom amigo, Draco. – ele abriu um sorriso. –
A propósito, muito obrigado por arcar com os custos da
faculdade. Eu juro que pagarei tudo de volta pra você um
dia.

_ Não se preocupe com isso, Kim. – eu respondi.

_ Não se preocupar com o que? – era a voz de Harry, que


entrava na minha cozinha, acompanhado de George
Weasley.

_ Nada demais. – eu respondi. – Kim e eu estávamos


conversando sobre os acontecimentos da noite passada.

_ Neville e o trasgo dormindo juntos. – George Weasley


gracejou. – Juro que por essa eu não esperava.

_ Acho que Marcus nunca esperou ter que dividir a cama


com Longbottom. – eu comentei, fazendo coro ao
comentário de George.

_ Espero que ele aprenda boas maneiras nessas semanas.


Neville é calado e na dele, mas se tornou um cara forte
e... como eu soube por aí... muito bem dotado. – George
falou, com irritação. – Tem tudo pra fazer Vitaverza voltar
de Hogwarts bem educadinho.

Eu ergui as sobrancelhas, sem entender aquela fala tão


inflada vinda de George Weasley. Talvez ele tivesse ódio
de Marcus por alguma briga do tempo de escola, embora
eu não conseguisse me lembrar de nada nesse sentido.
De maneira geral, ninguém se metia muito com Fred e
George naquele tempo, eles eram populares e sabiam
bem se vingar, caso fossem provocados.

_ Por que toda essa revolta, George? – Harry perguntou,


tranquilo, colocando em palavras o que ia em minha
cabeça.

Kim pigarreou.

_ Eu e George conversamos muito ontem... – ele explicou.


– Eu precisava me abrir com alguém... um amigo... depois
daquelas ameaças.

Harry olhou pra ele com compaixão, tocando seu


antebraço, mostrando apoio. Depois olhou pra George,
entendendo a revolta. Se Kim tinha contado a George
sobre as proibições de Marcus, a crueldade das punições
que tinha lhe infligido, era óbvio que tinha causado
revolta.

_ George foi muito legal comigo. – ele falou, olhando pra


George de um jeito doce.

Eu tinha certeza que George Weasley iria fazer uma piada


sobre ser sempre extremamente legal, ou algo do tipo,
mas ele continuou com uma cara de bobo, sorrindo,
olhando pra Kim.

_ Você vai ficar pra jantar, George? – Harry perguntou.

_ Não posso. – ele aparentava estar muito chateado de


ter que ir embora. – Estou seguindo uma pista de Kinoss
essa noite.

Nos despedimos de George Weasley, que foi embora sem


mal olhar pra nós. Ele era só olhos e sorrisos pra Kim.
Esperava que ele soubesse onde estava se metendo. Kim
tinha acabado de sair de uma relação conturbada,
provavelmente demoraria até querer sair com alguém
outra vez.
Os dias que se seguiram correram com uma certa
tranquilidade. Kim estava trabalhando na poção
rastreadora em seus horários vagos, equilibrando com a
faculdade e os turnos no hospital; Harry vinha vigiando
Kinoss de perto, e encontrando-se com membros da
Ordem para acertar detalhes do plano; e eu tentava me
concentrar no meu trabalho e não parecer tão
preocupado com o que estava por vir.

Eu tinha conseguido visitar Marcus numa quarta feira de


tarde, três dias depois dele ter ido morar nos aposentos
de Longbottom de maneira nada voluntária. Por um lado,
ele parecia estar bem mais calmo, e não tinha matado,
nem sido morto por Neville. Por outro, parece que eles
mal tinham se falado, e que seus dias estavam sendo bem
entediantes, tendo como distração apenas uma
infinidade de livros de herbologia.

Uma semana depois de Marcus ter sido levado para


Hogwarts, no entanto, eu recebi uma visita nada
agradável no meu trabalho. Estava no meio da tarde,
quando apareceram Kingsley Shacklebolt e Peter Cooper,
dizendo que tinham perguntas importantes pra me fazer.

_ No que posso ajuda-los? – perguntei solícito, embora


não tivesse vontade nenhuma de conversar com aquelas
pessoas depois da última visita ao ministério.
_ Qual foi a última vez que viu Marcus Vitaverza? – foi
Shacklebolt quem perguntou, muito direto.

Droga, eles tinham notado o desaparecimento de Marcus.


Tentei não demonstrar culpa e preocupação excessiva,
que incentivasse as buscas, mas ao mesmo tempo não
forçar completa despreocupação, que os fizesse
desconfiar que algo estava errado.

_ Jantei na casa dele acerca de uma


Semana. – eu falei. – Por quê? Aconteceu alguma coisa?

_ Ele desapareceu. – Peter Cooper falou. – O senhor sabe


de seu paradeiro?

_ Não sei. – eu disse, simplesmente. – Marcus faz viagens


frequentes pra Itália, tem negócios e familiares nesse
país. Talvez esteja por lá.

_ Ele não avisa o senhor dessas viagens? – Peter Cooper


perguntou.
_ As vezes. – eu dei uma evasiva. – Ele é um homem
ocupado... assim como eu.

_ Os senhores tiveram uma briga? – Peter Cooper


perguntou.

- Por qual motivo? – Eu devolvi a pergunta.

_ Sabemos que o ex namorado dele está vivendo na


Mansão Malfoy. – Shacklebolt me respondeu.

_ Bem, eu e Harry estamos morando juntos. Quando Kim


e Marcus terminaram, Harry ofereceu a Kim que viesse
morar conosco, até que ele conseguisse se organizar. A
família de Kim não tem muitos recursos, infelizmente. –
eu comentei, como se não desse muita importância a
questão. – Harry e os amigos gostam muito de Kim,
principalmente a Hermione Granger, que o contratou
como estagiário de Medibruxaria. Eu até me ofereci pra
pagar o curso do menino.. qualquer coisa para fazer Harry
feliz.

_ Muita gentileza da sua parte. – Peter Cooper falou,


embora não parecesse achar nada disso. – Seu amigo
Marcus é que não deve ter gostado nada disso.
_ Pode ser que não tenha gostado. – eu concedi,
deixando-os em um impasse. – Talvez seja por isso que
sumiu sem me dizer nada.

Os olhos de Kingsley Shacklebolt faiscaram na minha


direção, como se desconfiassem de cada uma de minhas
palavras. Mas sem ter como retrucar o que eu disse e sem
qualquer outra pergunta em mente, ele se levantou,
seguido de Cooper.

_ Está certo, sr. Malfoy, passar bem. – Shacklebolt falou e


os dois saíram do meu escritório sem dizer mais nada.

Mandei uma coruja para Harry um minuto depois,


dizendo que eles tinham estado aqui. Não demorou
muito ele estava lá mesmo que eu não tivesse pedido que
ele viesse. Eu sorri quando o vi andar apressado na minha
direção, contornando a mesa para me alcançar. Não sei
nem porque eu estava surpreso, eu deveria saber que ele
viria.

_ Você está bem, meu amor? – ele perguntou, com


carinho.
Essa era a primeira preocupação dele. Antes de saber o
que os aurores tinham perguntado, ou se eu tinha dito
algo errado que poderia entregar a localização de
Marcus. Antes de qualquer outra coisa, ele queria saber
se eu estava bem.

_ Adoro quando me chama assim. – eu sussurrei,


puxando-o para o meu colo, sentando-o na minhas
pernas. – Estou bem. Eles foram devidamente
despistados.

_ Fiquei preocupado. – ele disse. – Cooper sabe como


desestabilizar uma pessoa.

_ Não sou tão fácil assim de desestabilizar. – eu prometi,


deixando um beijo em seus lábios. – Mas ao menos
ganhei uma visita no meio da tarde.

_ Na verdade, eu estava preparando uma surpresa pra


você. – ele sorriu, malicioso. – Se você puder sair mais
cedo, podemos ir pra casa aproveitá-la.

Ah eu sem dúvida podia. Harry Potter sabia muito bem


como fazer uma proposta irrecusável. Eu não tinha mais
compromissos o resto do dia, de qualquer forma, então
fomos embora juntos pra casa. Ele me levou pela mão
para um quarto pequeno da mansão que raramente era
usado, sendo só mais um quarto de hóspedes. Eu não
fazia ideia do que podia haver de interessante ali.

_ Entre e me espere. – ele falou, sorrindo.

Quando entrei no cômodo, ele tinha sido transformado


em um quarto de hospital. Havia uma maca, próxima a
parede. Uma mesa de consultório com uma cadeira para
o Medibruxo e Outra para o paciente. Pendurada em uma
delas havia um jaleco bordado “Dr. Malfoy – Medibruxo”.
Eu senti o sorriso tomar conta dos meus lábios
lentamente. Me lembrei do dia em que eu disse a ele que
queria brincar de Medibruxo e paciente. Quase no
mesmo instante, notei a minha maleta pessoal, com os
objetos sexuais que eu tinha levado para o jantar na casa
de Marcus, em um canto da sala.

Aquela tarde ia ser deliciosa.

Alguns instantes depois, Harry entrou, vestindo uma


camiseta branca bastante justa, de tecido transparente,
que marcava seu corpo de forma enlouquecedora, e uma
calça jeans clara. Sentou-se na cadeira de frente pra mim,
sorrindo, cheio de malícia.
_ Então. – eu disse, fingindo ler uma ficha em minha
mesa. – Sr. Harry Potter, me conte qual o problema.

_ Dr. Malfoy, estou com um pouco de vergonha de falar.


– ele disse, fazendo charme.

_ Não precisa, eu sou Medibruxo. – eu respondi. – Tudo


que você me falar é sigiloso.

_ Conheço. – eu falei, curioso para saber onde ele queria


chegar.

_ Então, há algumas semanas meu namorado fez esse


feitiço em mim. Mas eu já tentei de tudo pra desfazer, a
vontade de ser comido simplesmente não passa. – ele
falou, mordendo os lábios, todo sexy. – O que eu faço,
senhor?

_ Fique tranquilo que vou te ajudar, tem um tratamento.


– eu falei. – Preciso que você tire toda a roupa e deite de
bruços na maca, que vou te examinar.

Harry se levantou e começou a se despir devagar, com os


olhos presos em mim, se expondo aos poucos, me
provocando. A cada pedacinho de pele do seu corpo que
eu via meu desejo aumentava, eu me sentia duro dentro
da calça, meu pau latejando. Ele se deitou na maca,
deixando a bunda propositalmente empinada, como sabia
que eu adorava.

_ Abra com as mãos, se mostrando bem pra mim. – eu


falei.

Harry me atendeu imediatamente, expondo seu orifício


rosado. Eu o toquei coma ponta do dedo, fazendo-o
piscar.

_ Nossa, basta que eu toque no seu rabinho pra ele se


contrair pra mim. – eu provoquei. – Seu caso é muito
sério, sr. Potter.

Eu enfiei um dedo todo em seu orifício e depois mais


outro, movimentando lentamente, dilatando-o para o
que eu queria fazer com ele. Harry gemia bem gostoso,
rebolando nos meus dedos.

_ Me responda uma coisa, sr. Potter... – eu falei. –


Quando você deu pela primeira vez pro seu namorado,
seu cu era virgem?
_ Era sim. – Harry gemeu, sentindo que eu colocava o
terceiro dedo dentro dele.

_ Preciso que você me descreva como se sentiu quando o


pau dele entrou em você pela primeira vez. – eu falei,
excitado.

_ Ah doutor, ele é tão grande, tão grosso, demorou até eu


me acostumar com tudo aquilo. – ele falou, fazendo
questão de virar o rosto de lado pra olhar pra mim. – Meu
cuzinho ardeu muito, mas eu adorei, cheguei a gozar com
ele todo dentro.

_ Acho que seus sintomas não são fruto do opus


penetrant, sr. Potter. – eu disse, com malícia. –
Começaram desde a primeira vez que você deu essa
rabinho gostoso. A única forma de manter tudo sobre
controle sendo comido com bastante frequência.

Eu tirei os dedos de dentro dele, indo até minha maleta e


pegando um objeto que ainda não tinha usado com
Harry. Era uma espécie de plugue anal, mas com um tipo
de fio que permitia que se bombeasse ar, aumentando o
tamanho do plugue.

_ Fique de quatro, senhor Potter. – eu ordenei.


Ele atendeu prontamente, como sempre fazia, olhando
pra mim com expectativa e curiosidade. Molhei o plugue
com uma boa quantidade de gel lubrificante e depois
introduzi dentro dele devagar, deixando-o acostumar-se à
borracha macia, movimentando o objeto de tamanho
médio em seu orifício.

Harry deixou escapar um gemido baixo.

_ Agora, a parte importante do seu tratamento, sr.


Potter. – eu orientei. – Conforme eu aperto essa
borrachinha, você vai sentir o volume aumentar dentro
de você.

Eu apertei e vi seu corpo responder, surpreendendo-se


com a ligeira mudança no tamanho do plugue, dilatando-
o um pouco mais, aumentando dentro dele. Eu apertei
mais um pouco, inflando o plugue, deixando Harry ainda
mais aberto, ouvindo-o ofegar.

_ Oh... isso é... – ele se contorceu, movimentando o


quadril em volta do plugue.

_ Como se sente, sr. Potter? – eu perguntei.


_ Eu estou.. aaaaah... – ele gemeu alto, quando eu apertei
novamente, aumentando ainda mais o plugue. – Ah..
estou tão dilatado... não sei se posso mais...

_ Eu gostaria de te deixar ainda mais abertinho. – eu


sussurrei, próximo do seu ouvido, escorregando a mão
para baixo do seu corpo, tocando sua ereção.

_ Eu... aaah... – ele estava incoerente, sentindo minha


mão masturba-lo. – Faça.. me abra ainda mais.

Eu apertei uma última vez a borracha, bombeando ar,


inflando o plugue. Não era nada de outro mundo e eu
sabia que Harry não estava com uma sensação dolorosa,
mas sem dúvida nunca tínhamos usado nada tão grosso.

_ Pronto... você está perfeito... – eu murmurei, rouco,


masturbando seu pau com mais ímpeto, sentindo-o ficar
mais inchado na minha mão. – Agora você vai gozar
assim, todo aberto pra mim.

Continuei a massageá-lo de forma incessante, vendo-o


cada vez mais duro, acariciando sua glande, provocando
seu membro, levando Harry até o clímax. Quando percebi
que ele se aproximava, que sua respiração era ofegante
demais, que seus gemidos aumentavam, eu me aproximei
de suas nádegas, lambendo as bordas de seu orifício,
fazendo-o gritar de prazer e surpresa. Harry gozou na
minha mão, eu pude sentir seu cuzinho na minha língua,
tentando em vão se contrair em volta do plugue que
teimava em deixa-lo completamente aberto.

Quando seu orgasmo cessou, eu imediatamente retirei o


ar, aliviando o volume dentro dele, puxando lentamente
o plugue do seu interior.

_ Então, sr. Potter, o tratamento foi eficiente? – eu


perguntei, acariciando sua entradinha ainda dilatada. –
Ou você continua com muita vontade de ser comido?

_ Eu continuo com muita vontade, dr. Malfoy. – Harry


falou. – Tem uma coisa que não contei pro senhor.

_ O que você me escondeu, sr. Potter? – eu perguntei.

- Eu só fico satisfeito quando meu namorado enche meu


cu de porra. – ele disse.
Puta que pariu. Harry estava safado demais. Há pouco
tempo ele era tão tímido na cama, agora ele me falava
um monte de obscenidades. E eu adorava. Cada vez que
ele me falava esse tipo de coisa, eu sentia meu pênis tão
rígido que parecia ser capaz de rasgar a minha roupa.
Harry Potter sabia muito bem como me enlouquecer.

_ Então só existe uma solução pra você. – eu falei,


desabotoando minha calça e abaixando junto com a
cueca, libertando minha dolorida ereção. – Desça da
maca e venha até aqui sr. Potter.

Eu me sentei na cadeira, esperando por ele.

_ Vem sentar no meu pau. – eu chamei.

Harry se virou de costas pra mim, e eu pude ver meu


pênis se enterrando pra dentro dele sem dificuldades. Ele
rebolou no meu pau deliciosamente, comigo todo em seu
orifício. Depois começou um movimento de vai e vem
ritmado, subindo e descendo, me fazendo delirar.

Eu gemi junto com ele, ofegando de prazer, meus olhos


fixos em suas nádegas, excitado de olhar pro seu corpo,
de ver meu pau entrar e sair de dentro dele. Algum
tempo depois aguentando aquela deliciosa pressão do
seu corpo no meu pênis eu gozei gostosamente dentro
dele, apertando sua cintura, beijando suas costas,
puxando-o pra baixo, fazendo-o permanecer com meu
pênis dentro de si.

Foi preciso alguns minutos para que a gente se


recuperasse.

_ E pensar que eu nunca gostei muito de me consultar


com medibruxos. – ele brincou, saindo de cima de mim.

_ Não são todos tão gostosos. – eu sorri pra ele,


levantando também, ajeitando minha roupa.

_ Tenho certeza que não. – Ele me puxou para um beijo,


ainda nu, demorando-se em meus braços. – E você é o
único que pode me examinar assim.

Eu fechei os braços em torno dele.

_ Eu nunca fui tão possessivo na vida. – eu confessei. –


Mas sim, Harry, eu quero ser o único pro resto da sua
vida.
Ele ergueu os olhos pra mim, puxando-me para aquela
imensidão verde e brilhante. Eu nunca tinha falado em
pra sempre com tanta clareza, mas com certeza isso já
tinha passado na minha cabeça muitas vezes.

_ Quero você assim. Possessivo. – Ele deixou uma trilha


de beijos em meu pescoço. – Quero que você acorde
todos os dias desejando que eu seja somente seu. Que
você reivindique meus beijos, meu corpo, tudo que eu
sou só pra você.

_ Isso não assusta você? – eu perguntei.

_ Como poderia me assustar? – Harry questionou,


baixinho, em meu ouvido. – Como poderia, Draco, se eu
te amo?

Eu tomei seus lábios para um beijo forte, intenso, o beijo


que se dá e que se exige do homem que ama. As palavras
dele ecoavam na minha mente fazendo tudo clarear,
ganhar forma e sentido. Harry Potter me amava. Essa era
a razão de tudo... era pra isso que eu tinha chegado até
aqui.

_ Eu te amo, Harry. – eu falei. – Você não tem nem ideia


do quanto.
E eu lembrei daquele momento, anos atrás, quando
Marcus tinha chutado o pote de veneno das minhas
mãos. Ele me dissera que eu ia encontrar o motivo de
tudo aquilo. Algo ia fazer valer a pena todo sofrimento
que eu tinha passado, todas as perdas, tudo o que era
ruim. Algo ia fazer valer a pena a minha força, a minha
vontade de reconstruir a minha vida.

Era o amor de Harry. Era isso que eu tinha esperado a


vida inteira.
CAPÍTULO 28

BÔNUS – NARRADO POR MARCUS VITAVERZA

Depois de uma semana preso no quarto de Neville


Longbottom, eu já estava mais ou menos acostumado
com o dia a dia ali. Neville saía pela manhã para dar aulas
e costumava voltar no meio da tarde. Na hora das
refeições algum elfo doméstico da escola me trazia um
prato bem servido, ordens da diretora McGonagall que
sabia da minha presença ali. Dei graças aos céus por
Longbottom ser um homem grande, de forma que eu
pude usar suas roupas. Claro que haveria desconfiança se
houvesse movimentos de pessoas indo até a minha casa
buscar meus pertences.

Os aposentos privativos de Longbottom eram um amplo


cômodo no térreo do castelo, composto por uma
confortável cama de casal, uma mesa redonda de mogno
com quatro cadeiras, uma poltrona bastante confortável,
duas estantes altas com livros e um guarda roupas. Havia
também uma entrada para o banheiro e uma porta que
dava para a sala de aula, por onde eu tinha entrado uma
semana antes.
Algumas plantas da coleção de Neville que, acreditava eu,
não podiam ficar expostas à luz natural ficavam dentro do
quarto. Havia uma porta larga, de correr, que levava a
uma espécie de estufa particular, na qual ele trabalhava
às vezes por horas a fio. Na primeira vez que eu ficara
observando ele levantar vasos pesados, usando uma
camiseta de malha fina para aguentar o calor que fazia
dentro da estufa, eu me peguei admirando seu corpo. Eu
jamais teria imaginado que o trabalho de um professor de
Herbologia seria tão pesado... acho que a professora
Sprout provavelmente usava feitiços ou pedia ajuda de
alguém pra cuidar das estufas da escola.

Longbottom quase não tinha falado comigo, mas aquilo


não me incomodava. O que estava me enlouquecendo
era estar preso ali sem poder fazer nada para proteger
Kim, sabendo que Kinoss estava atrás dele. Eu já não
dormia bem desde de a morte de Giuseppe, mas as coisas
vinham piorando muito, e a sensação de impotência
estava me mantendo completamente desperto a noite.

Um dia, por coincidência, descobri que quando eu me


sentava na enorme e confortável poltrona que havia no
canto dos aposentos de Neville, meu sono vinha com
mais facilidade. Comecei a cochilar ali algumas horas por
dia, quando ele estava dando aulas.
Naquela segunda feira, dormi tão profundamente
durante a tarde que não acordei com o barulho de
Longbottom entrando no quarto. Eu estava exausto de
muitas noites em claro. Quando despertei ele estava
parcialmente debruçado sobre mim, seu corpo estava
suado, e ele exalava um cheiro denso e masculino.
Obviamente estivera trabalhando nas estufas de
Hogwarts.

_ Eu não me importo que você durma na cama. – ele


falou, não era um tom agravável, apenas prático.

Longbottom era uma pessoal essencialmente prática. Na


primeira noite, achei que ele fosse tentar um outro
arranjo, conjurar alguns cobertores e me fazer dormir no
tapete. Mas ele não tinha frescura, tinha botado um
travesseiro do outro lado da cama pra mim, se virado de
bruços e dormido confortavelmente como se eu nem
estivesse lá. Se ele não se importava de dormir na cama
comigo de noite, ia ser a última pessoa a se importar que
eu tirasse um cochilo na cama dele durante o dia.

_ Eu sei. – eu respondi. – Mas não estou conseguindo


dormir. Não sei porque aqui parece que o sono vem mais
fácil.
Ele abriu um raro sorriso. Havia exatamente uma semana
que eu estava ali e até então Longbottom não tinha me
dirigido um único sorrisinho, nem que fosse de desprezo
ou escarnio.

_ É a Scrophulariaceae nigrum. – ele falou, acenando


coma cabeça para uma pequena árvore preta, envasada,
posicionada ao lado da poltrona na qual eu estava
sentado. – Ela acalma você.

_ A árvore? – eu perguntei, surpreso.

_ Sim. – ele respondeu e pareceu irritado de repente. –


Venho tentando convencer o St. Mungus a me deixar usá-
la no caso dos meus pais, mas eles insistem que as
propriedades da Scrophulariaceae nigrum são
mitológicas.

_ Seu pais? – eu perguntei, como um reflexo.

E então cheguei à conclusão óbvia. Seus pais eram Franco


e Alice Longbottom, tinham sido torturados até a loucura
na primeira guerra contra Voldemort, quando Neville
ainda era um bebe. Claro que eles estariam internados
até hoje no St. Mungus, sob os cuidados dos Medibruxos
especializados. Ele não me respondeu nada, me deixando
concluir sozinho a que ele se referia.

_ Preciso de um advogado. – ele suspirou.

_ Draco é muito bom. – eu respondi.

Ele franziu a testa, mas não continuou o assunto. Vi que


ele cortava um minúsculo pedaço de uma folha negra da
árvore e o amassava em uma colher, com um pouco de
água.

_ Tome, vai se sentir melhor. – Longbottom falou, me


estendendo.

Normalmente não aceitaria, eu não era chegado a poções


e beberagens calmantes. Muito menos uma não aprovada
pelo Conselho de Medibruxaria e recomendada por um
homem com quem eu praticara bullying a infância toda.

Mas eu não estava nada bem. Desde a noite do noivado


de Blaise, eu tempo a ameaça nos olhos de Kinoss, parece
que tudo tinha voltado à tona. Eu vinha revivendo a
morte de Giuseppe o tempo todo na minha mente,
criando a cena na minha cabeça, de mil maneiras
diferentes. Já era tarde demais quando eu o alcancei, eu
ainda guardava a memória vívida de seu corpo morto,
inerte nos meus braços. Seu rosto outrora tão lindo
desfigurado por aquele projétil.

Eu estava enlouquecendo. Não podia mais aguentar.

Peguei a colher das mãos de Neville Longbottom e engoli


o conteúdo gorduroso e amargo. E fiz o mesmo no dia
seguinte, e no outro. Três dias depois eu sentia que
minha mente tinha se apaziguado um pouco. Eu
conseguia ver as coisas com mais clareza. Meu sono tinha
melhorado um pouco, sobretudo porque Longbottom
tinha me permitido transportar a Scrophulariaceae
nigrum para o lado da cama.

Naquela noite, depois de um jantar silencioso (como


sempre) ao lado de Neville, eu recebi a visita de Blaise e
Draco.

_ Blaise! Draco! – eu cumprimentei, quando Longbottom


abriu para que eles entrassem.

Os dois me cumprimentaram e também a Neville, que foi


educado, embora se mantivesse um pouco afastado,
talvez tentando dar a nós o mínimo de privacidade.
_ Harry me disse que você queria falar comigo, Neville. –
Draco disse, fazendo com que ele viesse para mais perto
de nós.

_ É verdade, espere um minuto. – Longbottom começou a


mexer na estante ao lado da mesa, na qual Draco, Blaise e
eu nos sentamos para poder conversar.

Em menos de um minuto ele já estava se sentando na


cadeira entre eu e Blaise, de frente pra Draco,
escorregando um grosso envelope pela mesa.

_ Preciso de um advogado. – ele disse a frase que tinha


dito a mim três dias antes. – Vitaverza disse que você é
muito bom.

Draco olhou de mim pra Longbottom como se imaginasse


que assunto tinha surgido entre nós dois para que eu lhe
indicasse um advogado.

_ Posso saber do que se trata? – Draco perguntou, com


cuidado. – Ou você prefere conversar em uma outra
ocasião? Pergunto porque tem áreas do Direito Mágico
que eu tenho mais conhecimento do que outras,
dependendo do processo, talvez seja mais vantajoso que
eu te indique outro advogado do escritório.

_ Se você achar que não é sua área, tudo bem, mas antes
de mais nada quero que saiba que há uma razão para eu
querer que seja você a defender esse caso. – Longbottom
falou, e então fez uma pausa para encarar o envelope. –
Isso é... é sobre os meus pais. Eu quero interferir no
tratamento e o St. Mungus não está autorizando.

Um lampejo de dor que eu não via a algum tempo nos


olhos de Draco apareceu. Era uma dor muito específica,
dor da guerra, dor de quem viu matar, de quem viu
morrer, de quem viu torturar.

_ Tia Bella. – Draco falou, a voz quase inaudível, um


arrepio percorrendo seu corpo.

Depois de Voldemort, eu sabia que ninguém mais tinha


apavorado mais Draco do que Bellatrix Lestrange, a irmã
de sua mãe. O rosto de Neville se contorceu em um
sorriso horrível, quase grotesco.

_ Sim. Tia Bella. – ele falou.


_ Achei que isso fosse ser um motivo para você me
querer o mais longe possível do caso. – Draco disse, com
sinceridade.

_ Você não é sua família. – Neville levantou os olhos para


encara-lo. – Você reescreveu a História. Não fez o que
eles esperavam que fizessem. Não se tornou o que eles
esperavam que se tornasse. Achei que devia a você a
chance de me ajudar a trazer meus pais de volta.

Draco o encarou por quase um minuto inteiro.

_Vou vencer esse processo, Neville. – ele disse, com


firmeza. – É uma questão de honra pra mim.

Neville sorriu um dos seu raros sorrisos reais.

_ Estou contando com isso. – ele respondeu. – Agora...


querem que eu saia para poder conversarem melhor?

_ Eu não me importo que fique. – eu me apressei a


responder, talvez tenha dito até rápido demais. – O
quarto é seu afinal.
Na verdade, eu queria que ele ouvisse o que eu ia dizer a
Draco e Blaise. Eu sabia que Longbottom tinha uma
péssima opinião de mim. Ele me achava covarde,
agressivo e um possível traidor. Eu não sabia porque
aquilo importava, mas de repente descobri que fazia
diferença, sim, o que Neville Longbottom pensava ao meu
respeito.

_ Tudo bem pra mim, Neville. – Draco sorriu. – Como


Marcus disse, nós é que estamos incomodando.

_ Não há nada a esconder. – Blaise riu também.

Vi que Blaise me olhou rapidamente antes de responder.


Talvez achasse que eu tinha pedido para Longbottom
ficar para que ele não pensasse que estávamos discutindo
um plano de fuga secreto ou algo assim. Mas isso nem
tinha passado pela minha cabeça.

_ Como está tudo? – eu perguntei. – O plano já tem


previsão pra acontecer?

_ Parece que a viagem de Kinoss para a França vai ocorrer


até o final do mês. – Draco contou. – Descobrimos que
ele tem muitos negócios lá que precisam ser fechados
nesse prazo.
Por "descobrimos" ele provavelmente estava querendo
dizer George Weasley, cuja função nos planos da Ordem
era acompanhar os movimentos de Kinoss e descobrir
quando ele viajaria para a França. Ele estava evitando
dizer o nome de George, provavelmente porque não
queria me chatear. Eu via o jeito que George Weasley
olhava para Kim e o chamava de docinho, só se fosse cego
para não perceber que o desejava. Depois, na minha
última noite livre, tinha sido ele quem sumira levando
Kim.

_ Os aurores estão nos fazendo perguntas sobre o seu


desaparecimento. – Blaise comentou. – Tanto eu quanto
Draco dissemos acreditar que você está tratando de
negócios na Itália.

_ Como você está, Marcus? – Draco perguntou, tocando


meu braço, o rosto preocupado.

_ Melhor. – eu disse, tentando corajosamente sorrir


mesmo na situação na qual eu me encontrava. –
Longbottom me deu um remédio.

Blaise e Draco imediatamente encararam Neville, com


expressões de dúvida.
_ Sei o que estou fazendo, é uma planta que quero usar
no tratamento de meus pais. – ele falou. – Estou dando
uma dose mínima, ele não está dopado.

_ Está me ajudando a pensar com mais clareza. – eu


confessei, e então me virei para os meus amigos. – E por
isso, tem algo que preciso dizer a vocês dois.

Os dois esperaram, me olhando.

_ Mesmo que os outros não acreditem, eu preciso que


vocês dois saibam que eu não... eu não seria capaz... eu
nunca destruiria o plano contra os Purificadores. Eu
jamais contaria a ninguém, com ou sem feitiço Fidelius.
Eu não arriscaria a vida das pessoas da Ordem dessa
maneira. Além disso, os Purificadores do Sangue matam
gente todos os dias, trouxas e nascidos trouxas, como
Giuseppe e Kim. – eu falei, torcendo para que eles
acreditassem em mim. – Eu nunca poderia.. Mesmo que
eu tivesse escondido Kim, mantido ele comigo como eu
pretendia, ainda assim eu entregaria a poção à Ordem
conforme eu prometi. Naquele dia falei que não
ajudaria... mas foi da boca pra fora. E claro que eu faria o
possível para deter Kinoss e os Purificadores... eu jamais
correria atrás de uma vingança sem sentido contra Harry
ou quem quer que fosse... vocês estão lutando pelas
mesmas coisas que eu.

Blaise tocou meu braço com a mão, apertando,


demonstrando apoio.

_ Nós sabemos, Marcus. – ele disse. – É claro que nós


sabemos.

_ Eu acredito em você, Marcus, e fico feliz que esteja


conseguindo expressar tudo isso. – Draco falou, em um
tom animado. – Se eu disser isso a Harry ele pode
conversar com o restante da Ordem, para que você fique
livre...

_ Não acho boa ideia. – Blaise discordou. – Me lembro


muito bem do dia em que Harry reuniu a Ordem da Fênix
para contar por alto o que tinha acontecido entre Kim e
Marcus e a forma como pareceu que Marcus podia
colocar tudo a perder. O apoio a decisão de prendê-lo em
Hogwarts até o final do plano foi unânime. A Ordem pode
estar cheia de bruxos da confiança de Harry,
competentes, bons e dispostos a lutar contra as trevas;
mas eles sabem do passado que temos e não confiam em
nós. Não se esqueça de tudo o que você ouviu no Quartel
General dos Aurores, Draco...
_ Mas, Harry... – Draco ia começar um discurso inflado, de
confiança no seu namorado.

_ Se me permitem um comentário, Zabini está certo. –


Longbottom comentou, virando-se pra mim. – Se algo der
errado neste plano depois de Harry ter convencido a
Ordem a votar para te libertar, a culpa vai recair sobre
você. A verdade é que nenhum de nós te conhece
realmente, não temos qualquer razão para confiar em
você. Os membros da Ordem que já tiveram alguma
convivência com você são os que estudaram conosco em
Hogwarts, e esses não guardam memórias muito
positivas.

_ É melhor que eu fique. – eu concordei.

Descobri que não era só a opinião de Longbottom que


importava. Eu queria poder sair dali com alguma
dignidade. Queria poder dizer que eu nunca teria traído a
Ordem. Não valia apena ir embora agora e correr o risco
de gerar mais desconfiança a meu respeito.

_ Não será por muito tempo. – disse Draco, parecendo


pensar bem em tudo que Neville tinha dito.
_ E Kim, como está? – eu fiz a pergunta que vinha
querendo fazer desde o início.

_ Kim está bem, está em segurança. – Blaise garantiu,


como se já esperasse aquela pergunta e tivesse uma
resposta pronta. – A Ordem tem gente protegendo ele
dia e noite, onde quer que ele vá.

Eu assenti com a cabeça, respirando fundo. Ele estava


vivo. Não estava morto. Estava vivo. Não estava
sangrando com um tiro na cabeça igual a Giuseppe.
Estava vivo.

_ Ele parece... feliz? – eu quis saber.

_ Superando. – Draco respondeu, tornando-se severo de


repente. – Você não fez nada bem a ele. Vou ter que te
pedir para não atormentá-lo quando sair daqui.

_ Eu não sou um monstro. – era horrível ter que dizer


aquilo a alguém que me conhecia tão bem como Draco,
mas depois de todo o meu comportamento com Kim, era
natural que ele estivesse pensando daquela maneira. – Se
ele realmente não me quiser mais, não vou estuprar o
garoto.
_ Não foi o que pareceu. – Draco acusou.

_ Também não precisa falar assim... – Blaise disse a


Draco, tentando acalmar os ânimos.

_ Não, está tudo bem. Eu mereci isso. – eu admiti. – Acho


que a única coisa que posso dizer em minha defesa é que
eu não queria outra morte nas costas.

A expressão de Draco se suavizou um pouco.

_ A morte de Giuseppe não foi culpa sua. – ele falou.

_ Claro que foi. – eu encarei a mesa, sem conseguir olhar


pra mais ninguém. – Se ele fosse só mais um trouxa
italiano, passeando pelo Palazzo Davanzati, ainda estaria
vivo.

_ Não é o medo de Kim morrer que te deixou tão


enlouquecido. Você não gosta tanto de Kim assim. –
Blaise virou-se pra mim, os olhos inteligentes me
analisando. – O que te fez perder a cabeça foi o medo de
perder Giuseppe pela segunda vez.
_ Do que você está falando, Blaise? – Draco perguntou.

_ Você engana Draco, mas não a mim. Desde que


Giuseppe morreu você não se envolveu seriamente com
homem nenhum, o primeiro que você esteve disposto a
ter um compromisso foi Kim. E não é porque você está
apaixonado por Kim, mas porque ele se parece com
Giuseppe. – Blaise falou, dizendo nada mais do que a
mais pura verdade sobre mim. – Venho notando isso
praticamente desde o início. Tirando a cor do cabelo, eles
são muito parecidos fisicamente. Mas vai além disso. São
dois rapazes jovens, de família pobre, com sonho de fazer
faculdade para cuidar de pessoas que estão doentes. Kim
e Giuseppe são meigos, gentis, tratam a todos com
humanidade e detestam injustiças.

_ Acho que em parte isso é normal... . Pelo menos sobre a


parte física e a questão da personalidade, é o tipo de
garoto que Marcus gosta. – Draco tentava me arranjar
desculpas, gaguejando um pouco. – O resto são
coincidências...

_ Não são coincidências. A camisa que ele fez Kim usar no


meu noivado, eu me lembrei dela imediatamente.
Giuseppe a usou em uma das nossas últimas noites na
Itália. Marcus guardou as roupas do ex namorado morto e
deu a Kim, para que ele vestisse... Claro que Kim não sabe
disso. – Blaise continuou sem piedade. – É por isso que
ele enlouqueceu. Pra ele é como se Giuseppe tivesse
ressuscitado no corpo de Kim.

Eu fiz mesmo aquilo. Dei a Kim aquelas roupas para sentir


o cheiro do meu Giuseppe em um corpo que estivesse
vivo. Fechei os olhos e abracei o corpo magro de Kim, tão
semelhante ao de Giuseppe, ignorando a coloração
avermelhada dos seus cabelos, fingindo que tinha meu
amor ali de novo comigo. Eu era um doente.

_ É verdade. – eu confessei. – Eu realmente fiz isso.

_ Marcus isso é... é errado em tantos níveis. – Draco


disse, em voz baixa. – Não só com Kim, mas com você
mesmo. Você precisa superar, aprender a viver de novo,
sem Giuseppe e sem um substituto pra ele.

_ Se Kim ainda me quiser... – eu comecei.

Eu tinha esperanças. Se eu pudesse manter Kim, poderia


manter Giuseppe.
_ Ele não quer. – Blaise cortou. – Eu o vi. Ele está melhor
sem você. Pode ser duro de ouvir, mas é a verdade. Ele
está mais feliz, mais confiante, como se tivesse
recuperado as forças.

_ Quando eu disse a ele que Harry e Neville tinham


tomado a decisão de te manter preso em Hogwarts, ele
ficou aliviado Marcus. – Draco fez questão de dizer. – A
última pessoa que ele quer ter por perto é você.

Blaise e Draco estavam fazendo questão de deixar aquilo


bem claro.

_ Não estamos dizendo isso pra chatear você. – Blaise


falou. – Draco e eu queremos o seu bem.

_ Eu sei. – eu assenti.

Se aquela era a verdade, eu preferia saber. Era eu quem


tinha estragado tudo com Kim. E Kim era um cara muito
legal, merecia coisa melhor do que alguém que só o
queria porque ele lhe fazia lembrar o ex namorado
morto.
_ Você me ajudou no momento que eu mais precisei. Me
ofereceu abrigo na Itália quando eu não tinha outra
alternativa. Protegeu a mim e a minha mãe. – Blaise
continuou. – Eu estou do seu lado, Marcus.

_ Assim como eu. – Draco falou. – Você salvou minha


vida...sempre serei grato.

Blaise e eu nos viramos pra ele, surpresos Draco nos tinha


agradecido por muitas coisas. Por termos voltado pra
Inglaterra por ele, por termos tirado ele da Mansão, por
termos ajudado ele a enterrar seus pais, a se livrar de
Azkaban, a reaver seus bens, a se reerguer após a guerra.
Mas nunca, nunca tinha me agradecido por ter impedido
que ele bebesse veneno no dia em que eu e Blaise o
encontramos destruído pela guerra. Draco Malfoy de
certa forma achava que podia ter colocado fim a muito
sofrimento se sua vida tivesse terminado ali.

_ Você nunca me agradeceu por isso. – eu olhei pra ele. –


O que mudou?

_ Harry. – ele sorriu. – Harry disse que me ama. Eu só


pude ouvir porque você me impediu naquele dia, Marcus.
Você é um bom homem, um bom amigo. Se você não está
bem.. não vamos desistir de você.
_ De jeito nenhum. – Blaise prometeu.

Conversamos um pouco mais, sobre assuntos mais


supérfluos, de forma que até Longbottom fez um
comentário ou outro. Depois, Blaise e Draco se
despediram de nós e foram embora.

Mais tarde, naquela noite, eu me deitei cansado, ao lado


de Longbottom, como já era de costume, vestindo um
short preto largo que ele tinha me emprestado. Adormeci
rápido, mergulhando em um sono profundo e sem
sonhos. Lá para o meio da madrugada, quase de manhã,
no entanto, minha mente possuiu-se de um horrendo
pesadelo.

O rosto de Kinoss estava em todo lugar, rasgando


Giuseppe, seu corpo, seu rosto, cada parte sua que eu
amava. Seu grito preenchia meus ouvidos junto com a
risada rouca e cruel de Kinoss, que me avisava que cada
homem que eu tocasse, cada pobre coitado, sofreria com
a mesma maldição.

Eu me debatia, suava frio, sentia que lágrimas escorriam


pelo meu rosto e eu gritava por ajuda. Alguém precisava
salvar Giuseppe, salvar Kim, salvar cada um desses
garotos, pobres garotos. Eles não tinham nada a ver com
isso. A culpa era minha. Minha. Era eu quem tinha
arrumado briga com Kinoss.

E então senti mãos me segurando, um corpo pesado por


cima do meu, me contendo, prendendo meus braços do
lado do corpo. Quando despertei, vi que estava na cama,
encarando Neville Longbottom, que forçava-se pra cima
de mim, me contendo.

_ Foi um pesadelo. – ele me contou, tentando me trazer


para o momento presente. – Tive que te segurar, você se
estava se debatendo tanto que achei que fosse bater a
cabeça.

_ Certo. – eu concordei. – Obrigado.

Sem dúvida, tinha sido melhor. Naquela circunstância,


qualquer coisa que ele fizesse para me acordar, para me
tirar daquele abismo, seria bom. Se a ideia dele tinha sido
prender meus braços e jogar seu enorme corpo em cima
de mim, eu não iria reclamar.

_ Quer um pouco mais de Scrophulariaceae nigrum? – ele


perguntou.
_ Sim, por favor. – eu pedi.

Ele se levantou, para cortar um pedacinho da planta pra


mim, me dando uma dose um pouquinho maior do que a
usual. Senti os efeitos quase que imediatos se espalharem
pelo meu corpo, diminuindo minha taquicardia.

_ Essa planta é realmente boa. – eu comentei.

_ Venho me dedicando a estuda-la desde o final da


guerra. – ele contou, sentando-se ao meu lado na cama. –
Ela tranquiliza, diminui a frequência cardíaca, libera
substâncias no organismo que previnem crises de pânico
e ansiedade. Seus efeitos mágicos fazem com que a
pessoa fique mais concentrada, que consiga pensar para
além da dor, tomar decisões de forma mais calma e
racional. Pode ajudar meus pais a recuperar a sanidade,
ao menos parcialmente.

_ Porque os Medibruxos são tão contrários? – eu


perguntei, confuso.

_ O Conselho de Medibruxos são um bando de velhos


orgulhosos, nunca aceitaram nenhuma das minhas
pesquisas porque eu não tenho NOM e muito NIEM em
poções. Pra eles eu sou só um herbologista que tenho
que me concentrar em eliminar pragas e adubar plantas.
Me disseram para deixar a criação de novos
medicamentos para quem entende disso. – ele falou com
raiva.

_ Você nunca pensou em tirar seus pais do hospital? – eu


perguntei.

_ Se eu assinar um termo dizendo que me responsabilizo


por eles e que quero trata-los em casa, eu posso fazer
como eu quiser. Mas eu nem mesmo tenho uma
residência fixa, eu vivo em Hogwarts. Mesmo que eu
comprasse uma casa, eles ficariam em um ambiente
completamente estranho, eles estão acostumados com o
Hospital, estão lá há mais de 20 anos. – ele explicou. –
Meus pais tem atendimento diário de Medibruxos,
Magicoterapeutas, curandeiros, voluntários, grupos de
apoio, além de outras poções e feitiços de cura que
também os ajudam e que eu não teria como ter acesso.
Eu não tenho tantos recursos financeiros que me
permitiriam contratar uma equipe para oferecer isso a
eles fora do St. Mungus.

_ É claro, eu entendo. – eu disse, colocando a mão sobre


a dele, antes que pudesse perceber que o fazia. – As
coisas vão se resolver... Logo a Scrophulariaceae nigrum
vai ajudar seus pais... como está me ajudando.

Ele encarou minha mão por alguns segundos e eu a


retirei. Olhei para um ponto fixo na parede pensando no
ponto que eu tinha chegado, precisar de ajuda de uma
planta mágica pra curar a minha loucura.

_ O que foi? – ele perguntou.

_ Nada, só estava pensando. – eu falei, em voz baixa. –


Seus pais precisam da Scrophulariaceae nigrum, o que é
justificável, eles sofreram com uma maldição horrível.
Mas eu não fui atingido por feitiço nenhum. E mesmo
assim terminei desse jeito, acordando suado no meio da
noite, assustado como se fosse um garotinho, implorando
por uma dose de calmante.

Ele fitou meu rosto por alguns segundos, seus olhos me


analisando, parecendo me enxergar até a alma.

_ A dor de perder alguém pode ser tão destruidora


quanto uma Cruciatus, ou até mais. – ele falou, com
sinceridade. – Mas seus amigos tem razão. Nada vai ficar
melhor enquanto você não parar de procurar o menino
que morreu nos que estão vivos.
_ Cada homem que eu toco, sinto o mesmo pânico. – eu
confessei. – Não consigo me livrar disso.

_ Viver com sequelas emocionais, traumas por ter


perdido filhos, pais, companheiros, amigos.. isso é mais
comum do que você pensa. Essa guerra fez muitos
mortos. Você não é o único que se sente assim. – ele
falou. – Muitas pessoas se consultam com os
magicoterapeutas do St. Mungus.

Eu sabia pouco sobre os Magicoterapeutas. Era uma


tendência recente no mundo bruxo, mais própria da
cultura trouxa, que tinha como costume falar dos
problemas emocionais com um profissional chamado
psicólogo ou psicoterapeuta. No mundo mágico, muitos
estudiosos trouxas foram incorporados na área da
Magicoterapia, o que foi considerado uma grande
inovação, porque os bruxos tinham o secular mau hábito
de ignorar o conhecimento trouxa.

_ Você está sugerindo que eu preciso de um


Magicoterapeuta? – eu perguntei, talvez um pouco mais
incomodado com aquilo do que eu gostaria de aparentar.
_ Mal não ia fazer. – ele disse, prático. – Eu mesmo tenho
um.

_ Você tem? – meu queixo caiu.

Ele não tinha cara nenhuma de que se sentava em uma


poltrona para falar dos problemas.

_ Tenho. – ele deu de ombros. – Por quê? Está tão abaixo


de você pedir ajuda?

E de repente olhei pra ele. Neville Longbottom me


encarava, sério. Não tinha absolutamente nada me atraía
em um homem. Eu gostava de rapazes mais magros, de
baixa estatura, e traços delicados Longbottom era
imenso, um brutamontes, o rosto quadrado demais,
traços fortes, másculos demais. Se eu procurava homens
de jeito afável, doce, sonhador... e ele era prático demais,
duro demais, sempre tão na dele, falava só o necessário.
Se parecia até comigo nesses aspectos e em outros tantos
não. Ele era mais corajoso, sabia o que queria, de onde
vinha e pra onde estava indo.

Apesar de tudo aquilo. Ou por causa de tudo aquilo, eu


não saberia dizer, eu o queria. Eu tinha o observado em
sua estufa privativa vezes demais para negar. Tinha
gostado demais do peso do corpo dele sobre o meu pra
dizer que não. Então ao invés de responder a pergunta
dele, eu coerentemente o beijei.

Provei com urgência o gosto dos seus lábios, sugando-os,


até que Longbottom tivesse tempo de se recuperar e
empurrar meu peito com a mão espalmada, afastando-
me dele.

_ Eu não sou gay. – foram as palavras que saíram de seus


lábios.

Surpreendentemente, aquilo me fez soltar uma risada


baixa. Seus olhos estavam firmes nos meus, eu via a brasa
ali, pronta para fazê-lo entrar em combustão.

_ Tudo bem. – eu respondi, me aproximando dele. – Mas


então por que está me olhando assim?

E ele avançou. Me beijou com a mesma urgência que eu o


tinha beijado, demonstrando que desejava o mesmo que
eu. Senti sua barba por fazer roçar no meu rosto
enquanto eu explorava a boca dele com a língua, nós dois
mergulhando num beijo profundo, ambos pareciam
buscar cada vez mais e ninguém queria recuar.
Minhas mãos exploravam seu corpo, tocando seu peito
forte sem pudor nenhum, e ele reivindicava o direito de
fazer o mesmo comigo, apertando meu corpo, me
descobrindo, num frenesi louco de excitação. Há anos eu
não ficava com ninguém daquela maneira, sem ter
controle nenhum sobre as ações da pessoa, só me
deixando levar pelo desejo, só sentindo e deixando o que
ele sentisse também.

Desci a mão pro seu short, retirando-o rapidamente,


expondo seu corpo nu, maravilhoso, bem torneado.
Neville Longbottom era um homem lindo. Toquei seu
pênis rígido, grosso, sabendo como manipula-lo para
deixa-lo ainda mais excitado.

Ele beijou meu pescoço com volúpia, chupando-me,


marcando-me, para então dizer com a voz rouca:

_ Eu não sou submisso, não sou delicado. Tem certeza


que quer continuar com isso?

Não era uma pergunta gentil, era um aviso. Mas eu já


tinha passado há muito tempo do ponto de voltar atrás.
Eu sentia meu corpo como um mar de libido, ondulando
incontrolável.
_ Se eu prometer que dou pra você depois... você me
deixa te comer? – eu tentei negociar.

Longbottom se afastou um pouco para medir minhas


palavras.

_ Por que você primeiro? – ele questionou, desconfiado.

_ Porque já comi outros caras antes. – expliquei – Sei


como fazer ser... mais fácil..

_ Se você estiver mentindo... – Longbottom estreitou os


olhos. – Vitaverza eu juro que...

_ Como eu posso estar inventando? – eu perguntei,


incrédulo. – Então eu minto, e depois faço o quê? Passo
as próximas semanas acordado evitando que você enfie
sua Mimbulus Mimbletonia no meu rabo?

Ele deu uma risada baixa e eu aproveitei que ele estava


parecendo desarmado, e avancei pra ele, beijando seu
ombro, seu pescoço, sugando-o com força e intimidade,
da mesma força como ele tinha feito comigo. Quando
cheguei próximo ao seu ouvido, mordi o lóbulo da sua
orelha devagar, encostando meus lábios ali.

_ Não estou mentindo. – eu esclareci. – Estou fazendo a


você uma proposta que nunca fiz a nenhum outro.

Ele se virou de costas pra mim, apoiando as mãos na


parede. Aquele era o máximo de resposta que
Longbottom me daria.

_ Preciso que pegue a varinha. – eu disse, encostando


meu corpo no dele.

Eu ainda estava de short, mas certamente ele podia sentir


minha ereção através da malha fina.

_ Pra que...? – ele perguntou.

_ Preciso que faça dois feitiços. – eu respondi.

Ele alcançou a varinha na mesinha de cabeceira e voltou a


posição que estava anteriormente. Eu voltei a me
encostar nele, passando a mão displicentemente pelo seu
corpo, tocando os músculos do seu peito, sua barriga.
_ Você vai fazer os feitiços em você mesmo, e mais tarde
vai fazê-los em mim, porque estou sem varinha. – eu
falei, atrás dele, os lábios próximos do seu ouvido. –
Primeiro aponte pra si próprio e diga Corpus Purgatio.

Ele o fez, sentindo imediatamente os efeitos do feitiço em


si próprio, e portanto compreendendo pra que servia o
feitiço de limpeza. O segundo era o feitiço de lubrificação,
eu também disse a ele em voz alta o feitiço e ele o fez,
sentindo os efeitos imediatos em seu próprio corpo.

Eu desci a mão esquerda para o seu membro, segurando-


o habilmente, masturbando-o devagar, sentindo-o inchar
sob meu toque. Ao mesmo tempo, escorreguei um dedo
por entre suas nádegas firmes, introduzindo-o em sua
entrada apertada. Movimentei o dedo abrindo espaço,
buscando alargar seu canal.

Quando o invadi como segundo dedo, Longbottom


separou mais as pernas e abaixou-se um pouco mais,
entendendo que era necessário facilitar pra mim e me dar
mais espaço. Eu continuei a prepara-lo, dedicando-me a
expandir seu orifício estreito, penetrando-o com três
dedos.
_ Vá de uma vez, Vitaverza. – eu o ouvi trincar os dentes.

Aquilo não precisava ser dito duas vezes. Eu o queria com


sofreguidão. Tirei o short em meio segundo e arremeti
pra dentro dele em uma única estocada, até me
encontrar enterrado todo dentro do seu corpo.

_ Desgraçado. – ele grunhiu.

_ Foi você quem quis assim. – eu disse. – Agora não


reclame.

Eu fiquei parado dentro dele por quase um minuto


inteiro. Sabia que não seria Neville Longbottom a me
dizer que estava com dor e me pedir para esperar um
pouco. Se eu perguntasse a ele, era capaz até de se
ofender comigo. Então eu só parei, e deixei todo meu
desejo guiar meus movimentos.

Deixei meus lábios marcarem suas costas, beijando-o,


lambendo-o, mordendo-o, fazendo-o meu por aquele
breve momento. Minhas mãos apertavam-no, faziam seu
corpo arrepiar, tocavam onde eu sabia que o excitaria. Eu
voltei a manipular gostosamente seu membro, que tinha
baixado um pouco pela dor da penetração, fazendo com
que ele novamente se projetasse pra cima
escandalosamente duro.

Quando parei de masturba-lo, passei os braços em volta


do seu corpo, puxando-o pra mim, começando a me
movimentar dentro dele, permitindo-me penetrar aquele
orifício tão apertado que se abria pra mim, enquanto
Neville ofegava baixo, segurando-se para não emitir
nenhum ruído.

Eu estava excitado demais, o corpo dele era delicioso, eu


queria me perder ali, alcançar todo meu prazer dentro
dele. Eu já arremetia pra dentro dele com necessidade,
num sexo gostoso, exigente e forte, quando percebi que
ele tinha descido a mão pro próprio pênis e se
masturbava com violência. Eu tinha parado de tocá-lo,
porque sabia que ele queria me comer depois, então
achei que não queria gozar ainda.

Mas pelo jeito ele queria. Meus movimentos dentro dele


estavam o levando a algum lugar. Suas mãos em si
próprio eram ágeis e, antes que eu pudesse alcançar seu
membro para ajuda-lo, senti que ele atingia o orgasmo,
seu canal se contraindo em mim, apertando meu pênis,
me levando a gozar junto com ele.
Quando eu saí de dentro de Neville e ele se virou de
frente pra mim, eu perguntei:

_ Você quer esperar um pouco pra se recuperar?

Mas pelo jeito a pergunta o ofendeu, porque ele me


empurrou na cama de barriga pra cima, pressionando seu
corpo sobre o meu, fazendo-me sentir seu pau ainda
completamente duro, me mostrando que ele ainda
aguentaria muito mais. Sua mão direita foi de encontro a
minha boca, tapando-a.

_ Você fica tão melhor calado, Vitaverza. – ele sorriu, com


malícia.

Ele tinha acabado de se masturbar e sua mão estava


melada de porra. Eu abri a boca, surpreendendo, sugando
quatro de seus dedos um a um, sorvendo seu gosto de
macho.

Aquilo tinha visivelmente deixado ele excitado. Ele tocou


meu pau, massageando-o, me deixando duro de novo.
Fez em mim os feitiços que eu tinha ensinado, e eu
respirei fundo, tentando lidar com a estranha sensação
de sentir em mim mesmo aquelas magias que para mim
era tão comum fazer em outras pessoas.
Eu ergui as pernas para que ele pudesse me tocar e ele
me penetrou com os dedos, um a um, da mesma forma
que eu havia feito com ele. Tornando-me lentamente
mais dilatado, mais largo e pronto para recebe-lo.
Quando ele me tomou, e eu senti seu pênis grosso
invadindo-me, possuindo meu corpo, não senti como se
fosse um sacrifício. Não senti Como se fosse uma
barganha, algo que dei apenas para conseguir conquistar
o privilégio de tê-lo.

Eu o quis. O quis quando a dor parecia lacerar-me por


dentro. O quis quando a dor abrandou, e abriu espaço pra
satisfação. O quis quando ele esperou, o quis quando ele
dispôs de mim com lentidão, e quando me comeu com
veemência, num furor indomável. Eu o quis quando ele
me tocou, me fazendo gozar pela segunda vez, desejando
que eu sentisse o que ele tinha sentido antes. O quis
quando ele se derramou pra dentro de mim, beijando a
minha boca, ofegante, desejoso de mim.

E o quis até mesmo quando tudo acabou, e ele se retirou


do meu corpo, deitando-se ao meu lado.

_ Você sentiu pânico, Marcus, de me tocar? – ele


perguntou, lembrando-se do que eu tinha dito um pouco
antes de começarmos com aquilo.
Deixei um sorriso tomar meus lábios.

Aquele era o homem que tinha participado da Armada de


Dumbledore e lutado contra Comensais da Morte aos
quinze anos. Era o homem que tinha ido para Hogwarts
sob o domínio de Voldemort, tido aula com comensais, se
recusado a obedecer, sido torturado e liderado a
resistência em Hogwarts. Era o homem que tinha matado
a cobra do Lorde das Trevas com uma espada. Um
homem que tinha permanecido de pé, lutando, mesmo
quando muitos de seus companheiros e amigos já tinham
caído na última batalha.

_ Você não vai morrer, Neville Longbottom. – eu falei,


fechando os olhos, sentindo o sono vir novamente. –
Estou bem certo disso.
CAPÍTULO 29

NARRADO POR HARRY POTTER

Era sábado a tarde. Eu e Draco estávamos na sala de estar


da Mansão. Eu tinha um livro no colo, mas estava mais
interessado em vê-lo trabalhar. Draco estava muito
ocupado analisando uma extensa papelada, visto que na
semana seguinte ele teria a primeira audiência judicial do
caso dos pais de Neville e, também, o julgamento final do
caso do divórcio e condenação de Richard Mehothewn.

Richard Mehothewn estava preso desde que tinha


atacado Draco na Floreios e Borrões, mas mesmo de
dentro de Azkaban tinha subornado muita gente, entrado
com vários recursos, contratado os melhores advogados e
feito com que o caso se estendesse por várias semanas.
Draco estava lutando com unhas e dentes. Aquela
semana, Draco estava certo de que colocaria um ponto
final naquela história, libertaria Katherine (a ex esposa de
Mehothewn) das garras daquele desgraçado, e manteria
Mehothewn em Azkaban ao menos por mais alguns anos.

Eu estava prevendo, no entanto, que Richard Mehothewn


não se deixaria vencer tão facilmente assim. E como um
aviso do destino, no momento em que tive esse
pensamento, um dos Elfos Domésticos da Mansão entrou
na sala, nos avisando que tínhamos visita: o chefe da
seção de Aurores e um outro auror.

Eu me levantei, olhando pra Draco, que ergueu-se


também, vindo para junto de mim.

_ Pode deixá-los entrar, Prim. – Draco falou, tranquilo.

Ele parecia decidido a não se incomodar. Eu vi Kingsley


Shacklebolt cruzar a porta, seu semblante sério usual,
suas costumeiras vestes roxas, e assim como Draco, não
me abalei. Mas atrás de Kingsley, não era quem eu
esperava. Era Philip quem tinha vindo com ele. Eu ofeguei
baixo. Draco apertou a minha mão e ouvi ele trincar o
maxilar, demonstrando que sabia quem tinha acabado de
entrar em sua casa.

Draco deu um passo na minha frente.

_ Kingsley Shacklebolt! – Ele cumprimentou, numa


cordialidade fria e sonserina que eu raramente o via usar.
– No que posso ajudar os aurores hoje?
_ Preciso falar com vocês. – Kingsley olhou diretamente
pra mim. – É urgente.

Draco se movimentou oferecendo um lugar pros aurores


nas poltronas, enquanto ele mesmo se sentou ao meu
lado no sofá, mais junto de mim do que seria indicado em
uma conversa como aquela, com pessoas com quem não
tínhamos intimidade, e cujo assunto provavelmente seria
os conflitos na França e os Purificadores do Sangue. Mas
Draco estava fazendo aquilo por causa da presença de
Philip, ele estava com ciúmes e eu entendia.

Philip por sua vez, permanecia em silêncio, observando a


mim e a Draco com atenção.

_ Eu vim lhes dar um aviso. – Kingsley disse. – Richard


Mehothewn fugiu de Azkaban.

_ O que? – A voz de Draco subiu duas oitavas. – Isso é


impossível...

_ Claro que é. Se ele saiu é porque alguém o tirou de lá. –


eu falei, com raiva. – Depois da guerra tomamos todas as
providências para impossibilitar fugas.
_ Ele certamente pagou alguém para tirá-lo de lá. Mas
não podemos provar, por enquanto. – Kingsley
respondeu. – O que sabemos é que ele está na foragido
na França. Escondido com os Purificadores.

_ Maldito. – Draco praguejou. – Certamente de lá vai


dispor de todos os meios pra acabar com esse
julgamento. Inclusive matar Katherine e a mim.

_ Acreditamos que você e a esposa sejam os principais


alvos dele, e é por isso que vim até aqui. O Chefe do
Departamento de Execução das Leis da Magia queria que
eu deixasse o assunto em segredo, ele não quer
desacreditar o Ministério, todos acreditam que Azkaban é
segura. – Kingsley disse a Draco. – Mas eu não podia
deixa-lo a mercê de Mehothewn, completamente
desavisado. Ainda mais agora que sabemos que
Mehothewn faz parte dessa seita pavorosa.

_ Achei que você não se importasse se Draco vive ou


morre. – eu falei, com severidade.

Kingsley sustentou o meu olhar, com firmeza, e algo em


seu rosto me lembrou o homem que eu conheci anos
atrás.
_ Eu agi mal, Harry. – ele admitiu. – Espero que um dia
você possa me perdoar por isso. Estou tão desesperado
pra acabar com os Purificadores, que acabei me
esquecendo do porquê estamos lutando.

_ Pelo menos você está tentando fazer alguma coisa,


Kingsley. – Philip veio em defesa do seu chefe. – Todos
nós estamos. Enquanto Harry deixou os aurores e
resolveu se esconder com o namorado na Mansão
Malfoy.

_ Não estamos nos escondendo. – Draco respondeu,


seco.

_ Eu reabri a Ordem da Fênix. – eu disse.

Kingsley Shacklebolt abriu um sorriso de puro orgulho.

_ Você abriu? Eu sabia que não ficaria parado! Sabia que


os combateria! – seu tom era animado, confiante. –
Vamos deixar aquela briga pra trás, Harry. Deixe-me
ajuda-lo. Coloco os aurores à disposição, vamos nos unir.

Eu não podia negar aquela ajuda. Os aurores eram uma


equipe treinada para combater bruxos das trevas,
poderiam ser muito mais do que úteis na batalha que
viria. Mas aquela decisão também não cabia só a mim.

_ Você fez parte da Ordem da última vez, Kingsley. – eu


falei. – Sabe que isso precisa ser votado. Podemos
convocar uma reunião de emergência.

Shacklebolt concordou na mesma hora e eu pedi que


todos os membros da Ordem nos encontrassem na sede
em meia hora. Na hora marcada, a sala de estar do Largo
Grimmauld, n° 12, estava abarrotada pelos membros da
nova versão da Ordem da Fênix, Kingsley Shacklebolt,
Philip e outros dez aurores. Draco e eu contamos sobre o
aviso que eles tinham nos dado sobre a fuga de
Mehothewn (e sua união aos purificadores), bem como
sua vontade de se unir a Ordem, em nosso plano.

_ Numa hora vocês viram as costas pra Harry e na outra


estão oferecendo ajuda? – Rony se indignou, voltando-se
para Peter Cooper que era um dos aurores presentes. –
Não era você que estava chantageando Harry com uma
foto outro dia, Cooper?

Arthur e Molly Weasley colocaram-se ao lado de Rony. Os


dois tinham sabido por cima do ocorrido, visto que não
tinham conhecimento da minha vida sexual, acreditando
que eu estava de fato apenas disfarçado naquela noite.

_ Fiquei horrorizada quando Rony e Hermione me


contaram. – Molly falou, passando o bebê para o colo da
nora e apontando o dedo para Kingsley.

_ Você é nosso amigo há tantos anos, Kingsley. – Arthur


falou. – Como pôde permitir uma chantagem tão baixa?

_ Peter não publicou aquela foto, ele não estava falando


sério. – Kingsley falou tentando apaziguar a situação. – E
mesmo que tivesse eu não permitiria.

_ É uma questão de saber se ainda podemos confiar nos


aurores. – falou Minerva McGonagall, que também fazia
parte da Ordem.

_ Não é só você Kingsley, são esses meninos que você


treinou. – Gui Weasley completou.

_ Nós temos une plane. – falou Fleur. – Non pode dar


errade. Non pode se espalher no Ministerie.
_ Vamos fazer um feitiço do Fidelius, como fizemos entre
nós. – Hermione sugeriu. – Só os aurores presentes
saberão sobre o plano e não poderão contar a ninguém.

_ E o resto de nós? – Perguntou Philip.

_ O resto terá que cumprir ordens. – Kingsley


estabeleceu, achando a proposta justa.

Eu achei, também, muito justo. Se todos tinham se


submetido ao feitiço do Fidelius, os aurores não poderiam
ser diferentes. Os que não estavam ali na reunião,
poderiam ajudar na batalha sem ser informados
previamente sobre o plano. Era a melhor maneira de não
permitir que tudo se espalhasse.

_ Nosso plano vai nos levar até os Purificadores, mas no


final ainda precisaremos lutar. – Draco falou. – O apoio
dos aurores vai nos proteger. Vai fazer com que a gente
esteja em maior número, com bruxos treinados em duelo.

Kingsley olhou pra Draco com admiração, porque tinha


sido a fala dele que convenceu a todos os presentes.
Naquele momento, todos olharam para os lados, para os
filhos, os pais, os amigos. Ninguém queria perder um ente
querido. Nós tínhamos saído de uma guerra horrível.
Queríamos que aquilo acabasse com o mínimo
derramamento de sangue.

_ Vamos votar. – eu sugeri.

Por unanimidade, a Ordem da Fênix votou pelo auxílio


dos aurores. O feitiço do Fidelius foi feito, novamente,
pelas habilidosas mãos de Hermione. Havia outros bruxos
ali capazes, como era o caso da diretora de Hogwarts,
mas Minerva McGonagall tinha tanto orgulho da ex aluna
que insistiu para que fosse ela a fazer, mais uma vez.
Coube a mim contar o plano aos aurores presentes.
Todos ouviram com muito interesse, e não pareceram
encontrar falhas.

_ Isso pode realmente funcionar. – Kingsley ponderou. –


Já sabemos quando Kinoss irá a França?

_ Descobri essa informação há algumas horas atrás. –


George contou a novidade. – A viagem está marcada para
daqui a 5 dias. Pelo que ouvi, Kinoss é muito próximo
desse tal de Mehothewn, de quem vocês falaram.
Mehothewn e uns amigos estarão esperando Kinoss na
noite de sua chegada na França com uma festa, estou
imaginando que sejam ninguém menos que os
Purificadores.
Todos nós ficamos animados. Aquela era uma notícia e
tanto.

_ E a poção? Está pronta? – perguntou Justine Yalle, uma


auror de cabelos brancos compridos, por volta dos
sessenta anos, que eu sabia que era uma reconhecida
mestra em poções.

_ A poção perde a validade depois de alguns dias, então


não pode ser feita com antecedência. – Kim explicou.
Aquela parte era toda com ele, eu entendia muito pouco
sobre a poção. – Mas já temos todos os ingredientes, se
eu começar hoje, ela ficará pronta em três dias.

_ Você é Kim Hall, acho que participei das avaliações do


seu NIEM. – ela o olhou com atenção.

_ Sim, sra. Yalle. – o olhar de admiração de Kim deixava


claro que ele sabia muito bem quem com quem estava
falando.

_ O senhor é um excelente preparador de poções, o


melhor que vi em Hogwarts, desde que passei a avaliar os
exames. – ela disse, séria. – Fiquei muito interessada
quando Potter disse se tratar de um manuscrito antigo de
uma poção rastreadora... gostaria muito que o senhor
aceitasse trabalhar comigo nesse caso.

_ Eu adoraria, sra. Yalle. – Kim sorria como se todos os


seus sonhos tivessem sido realizados.

Se a poção estará pronta em três dias, isso significa que


no quarto dia ela precisará ser derramada em Kinoss. –
Hermione argumentou, com lógica. – Na véspera de sua
viagem.

_ Essa parte é comigo. – Blaise torceu o nariz. – Talvez eu


possa parecer muito interessado nas vantagens
comerciais da viagem de Kinoss, por isso procura-lo um
dia antes de sua partida.

_ Ao menos um sonserino com coragem em nosso grupo.


– Philip riu, sem deixar escapar uma oportunidade de
espezinhar Draco. – Achei que todos tinham medo de
trabalhar infiltrados em meio inimigo.

Peter Cooper soltou uma risada baixa.


_ Que comentário desnecessário, Philip. – Kingsley falou,
olhando feio para os dois.

_ Blaise não vai correr nenhum risco de vida. – eu garanti.

_ Como você pode garantir isso? – Philip questionou.

Vi que do outro lado da sala, John ofegou, olhando de


mim para o noivo, como se pela primeira vez tivesse
considerado a possibilidade de Blaise correr perigo.

_ Kinoss e eu somos parceiros comerciais há anos. Tenho


uma desculpa bem crível para procura-lo. – Blaise
argumentou. – E não acho que Kinoss pense que sou do
tipo que entraria pra Ordem da Fênix, que me perdoem
os presentes, mas a primeira coisa que fiz quando o Lorde
das Trevas assumiu o poder foi fugir pra bem longe. Estou
fazendo isso agora porque a vida de John foi ameaçada.

_ E mesmo que não fosse assim. – eu falei, e me virei


mais pra John do que pra qualquer outra pessoa. – Eu vou
estar lá todo tempo oculto pela capa da invisibilidade. Se
Kinoss atacar Blaise, vou protege-lo.
_ E por todo o plano em risco? – Peter Cooper indignou-
se. – Por causa de Zabini?

_ O problema do Quartel General dos Aurores são gente


como você, que acha que a vida de algumas pessoas
valem menos que a sua. – Rony se voltou contra Peter.

_ Ele acabou de dizer que na última guerra fugiu de Você-


Sabe-Quem. – Peter esbravejou. – Eu fiquei pra lutar. Ele
é um covarde... não venha me dizer que a vida dele vale o
mesmo que a minha, porque não vale. Como a de Malfoy
também não valia, e é por isso que eu fiquei contra Harry
naquele dia.

_ Chega Cooper. – Kingsley gritou, colocando um basta. –


Estou arrependido de tê-lo convocado para essa reunião.
Devia tê-lo enviado pra França com os outros. Você não
tem maturidade pra isso.

_ Alguém tem algo a mais a dizer? – eu questionei. –


Porque do contrário, nos encontramos daqui a 5 dias,
para nos preparar pra batalha.

_ Na verdade, há algo que eu preciso perguntar. –


Kingsley falou. – Já conversei com Malfoy e Blaise, mas sei
me despistaram. Onde está Marcus Vitaverza? Ele foi
capturado pelos Purificadores?

Todos nos entreolhamos, sobretudo eu e Neville. Neville


e eu explicamos como Marcus tinha sabido do plano
antes de fazermos o feitiço do Fidelius e seu descontrole
emocional nos passou a impressão de que ele poderia
colocar tudo a perder. Minerva McGonagall nos apoiou,
dizendo que tinha nos oferecido para abrigar Marcus em
Hogwarts.

_ Bom... Presumo que tenha sido melhor assim. –


Kingsley assentiu.

_ Talvez possamos fazer um relatório de que


encontramos pistas dele na Itália, como Zabini e Malfoy
nos informaram. – sugeriu outra auror presente.

_ Algum outro assunto? – eu perguntei.

Como ninguém se manifestou, a reunião foi encerrada. Eu


pedi apenas que Kingsley, Rony e, é claro, Draco, ficassem
mais um pouco. Os outros aurores e demais membros da
Ordem da Fênix foram embora do Largo Grimmauld,
n°12, despedindo-se de nós e entre si. O único que,
mesmo que não tivesse sido convidado a ficar,
permaneceu, foi Philip.

Draco tinha os olhos fixos nele, claramente questionando


o que ele ainda fazia ali. Ansioso por colocar um fim em
tudo aquilo, ignorei a estratégia de Philip pra chamar
nossa atenção e me voltei para o assunto particular que
eu queria ter com meu ex chefe.

_ E sobre a segurança de Draco? – eu quis saber.

_ Imaginei que você fosse me perguntar isso. – os ombros


de Kingsley murcharam. – Infelizmente quase todo nosso
pessoal está na França. Os ataques lá estão piores a cada
dia. A Inglaterra está sendo protegida apenas por esses
aurores que você viu hoje, e mesmo assim três deles
estão sendo direcionados para a proteção de Katherine, a
ex esposa de Mehothewn. Não posso dispor de uma
equipe pra proteger Malfoy. Mas ele tem você e essa
Mansão que é uma fortaleza. Se ele deixar de ir ao
trabalho até pegarmos Mehothewn daqui a 5 dias, ficara
seguro.

_ Não posso fazer isso. – Draco disse, categórico, olhando


principalmente pra mim. – Se eu faltar ao julgamento,
sabe se lá por mais quanto tempo Mehothewn vai
conseguir empurrar essa história pra frente. Talvez até
fique livre. Katherine nunca vai se livrar dele. Se eu for,
tenho certeza que vou ganhar. E ainda há o caso de
Neville. Faltar em uma primeira audiência é muito ruim
pra um processo.

Em momentos como aquele os olhos azuis de Draco


pareciam dias de tempestade. Aquela era a forma que ele
tinha encontrado de lutar. De transformar o mundo. Se
eu combatia bruxos das trevas, Draco Malfoy ia vencer
Mehothewn no tribunal e salvar uma mulher inocente
das suas garras.

_ Está certo. – eu concordei. – Você pode me conceder


um homem, Kingsley? De minha confiança?

_ Um homem? – ele pareceu não esperara pergunta. –


Posso.

Eu olhei pra Rony, que já parecia esperar aquilo. Meu


melhor amigo assentiu rapidamente com a cabeça.

_ Você vai às audiências e somente às audiências,


estamos combinados? – eu disse a Draco. –
Acompanhado por mim e Rony.
Draco concordou, se dando por satisfeito. Depois disso,
Kingsley se despediu e foi embora pela Rede de Flu.
Fiquei esperando que Philip o seguisse, mas ele não o fez.

_ O que você quer? – foi Rony quem


Perguntou.

_ Eu quero falar com Harry. – Philip olhava fixamente pra


mim.

Draco deu um passo pra frente, para confronta-lo, mas foi


Rony quem o fez primeiro.

_ Harry não quer falar com você. – meu amigo esclareceu.


– Estamos todos muito melhores desde que você foi pra
França. Deveria ter ficado por lá.

_ Não sabia que você respondia por Harry. – Philip


debochou. – Pela foto que Peter me mostrou essa manhã,
quando eu cheguei, achei que Malfoy é quem estava
fazendo isso.
_ Diga de uma vez o que quer, Philip. – eu disse, com
rispidez. – Ou tudo isso era só pra me contar que Cooper
te mostrou aquela bendita foto?

Philip se aproximou de mim, me olhando com mais


intensidade do que eu esperava.

_ Eu sempre te imaginei daquele jeito, Harry. Toda vez


que vinha falar comigo no Departamento, todo tímido,
gaguejando. – ele falou, levantando a mão pra tocar meu
rosto. – Você sempre foi tão bonito...

Eu me sentia paralisado, incapaz de me mover. O que


diabos estava acontecendo ali? Eu senti Draco ao meu
lado, segurando a mão dele, impedindo-o de me tocar.

_ Não toque nele. – a voz de Draco era cheia de ódio.

_ Não é você quem decide isso. – Philip o enfrentou. –


Harry e eu nos gostamos desde muito antes de você
aparecer na vida dele, não vai ser você quem vai nos
separar. Posso dar a ele uma vida feliz, respeitável, muito
melhor do que ele teria do lado de um comensal da
morte.
_ Harry não precisa de ninguém que lhe de uma vida
respeitável. Ele é Harry Potter, conquistou sozinho todo o
respeito que alguém pode querer. – Rony se enraiveceu.

_ Claro que ele é uma pessoa incrível. – Philip me olhou


de um jeito doce, mas havia algo muito errado ali. – É por
isso mesmo precisa de alguém que esteja à altura dele.

_ E essa pessoa é você? Depois de tudo o que você fez?


Não pense que eu me esqueci do que ouvi você falar
sobre Harry dois dias antes de você ir embora pra França.
– Rony ameaçou. – Eu jurei que jamais contaria a ele, se
você não voltasse a assedia-lo. Mas aqui está você.

Eu vi Philip empalidecer.

_ Pra isso que você ficou aqui hoje? Pra estragar minha
relação com Harry? – Philip se queixou, irritado.

_ Relação? Que relação é essa? – Draco estava furioso. –


Se eu e Harry estamos juntos há quase dois meses e eu
nunca vi a sua cara.

_ Eu fiquei pra proteger Harry de um homem que o


ridicularizou na frente de dois de seus colegas de
trabalho. – Rony estava decidido a expor aquela situação.
– Eu ouvi bem quando você disse a Chase e Peter que
depois de ter beijado Harry algumas vezes, ele não parava
de correr atrás de você querendo mais. Que se não fosse
essa missão na França, certamente você não ia escapar, e
ia ser obrigado a comer o Eleito.

Eu olhava de Philip pra Rony, sem acreditar que aquilo


tinha de fato acontecido.

_Isso realmente aconteceu? – eu perguntei, baixinho. –


Por que não me contou, Ron?

_ Ele foi embora, Harry, não queria te magoar ainda mais.


– Rony tinha um jeito arrependido. – Eu vi como você
ficou... como sentiu a falta dele...

_ Aquilo foi uma besteira, Peter e Chase estavam me


chateando sobre nosso namoro, eu ainda não estava
pronto pra assumir. – Philip avançou pra mim, aflito. –
Você sentiu minha falta... eu também senti a sua... me dê
outra chance.

_ Não posso. – eu olhei pra baixo, sem saber o que


pensar.
_ Por causa de Malfoy? Harry... você não pode estar
levando isso a sério. – Philip tentou impor-se sobre mim,
e me beijar.

Mas eu pisei pra trás, girando o corpo num embalo,


jogando-me contra o peito de Draco. Ele me segurou no
mesmo instante, resguardando-me em seu abraço.

_ Quero ir embora. – eu pedi, debilmente.

Draco me atendeu instantaneamente, e em menos de um


minuto, eu já estava de volta em casa, na Mansão Malfoy.
CAPÍTULO 30

NARRADO POR DRACO MALFOY

Eu sentia meu sangue ferver. As coisas iam tão bem na


minha vida, com Harry, pela primeira vez eu sentia que
tinha uma relacionamento verdadeiro com alguém. Por
que esse cara tinha voltado justo agora? Se a maioria dos
aurores estava na França, porque ele não tinha ficado lá
para ajudar a conter os ataques dos Purificadores?

Eu entrei em casa com Harry, que parecia extremamente


aliviado de termos ido embora da sede da Ordem. Ele não
tinha sabido lidar coma presença do namoradinho que
ressurgiu das cinzas. Minha vontade era gritar. Olhei para
os lados, procurando Kim, porque não queria que
ninguém presenciasse aquela cena.

_ Ele deve estar em um dos quartos, começando a


trabalhar na poção. – Harry informou, interpretando
corretamente meus gestos. – Duvido que nos ouça.

_ Por que você agiu assim? – eu o censurei, questionando


seu comportamento na presença de Philip.
_ Assim como, Draco? – ele perguntou, parecendo
extenuado pelos eventos daquela tarde.

_ Como se fosse incapaz de levantar a voz pra ele. Quanto


mais ele avançava, mais você parecia não conseguir pará-
lo. Ou não conseguia ou não queria que ele parasse. – eu
o enfrentei, porque o fato de Harry estar agindo como se
não soubesse do que eu estava falando só aumentava a
minha raiva.

_Draco, isso não é verdade... – ele murmurou, sem


qualquer argumento plausível.

_ Não é verdade? – o ciúme aparecia em cada sílaba que


eu pronunciava, meu tom de voz carregado de agonia. –
Ele estava lá se derretendo pra você. Dizendo como te
achava lindo, como vocês se amavam, como ele queria te
fazer feliz.

_ Exato, ele estava dizendo.. não eu. – ele disse, com


condescendência.

Eu odiava ser tratado daquela maneira, como se eu


tivesse vendo coisas onde não existem. Era pedir muito
que Harry tivesse mandado que ele se afastasse? Que
tivesse dito que não havia a menor chance de nada voltar
a acontecer entre eles? Que estava comigo, que me
amava, que ele não nos afastaria?

_ Ele te pediu uma chance, e ao invés de você dizer que


não o queria, que não sentia mais nada por ele, que o que
houve entre vocês ficou no passado pra nunca mais
voltar, você só disse que não podia. – Eu sentia meus
olhos encherem d’água, minha voz embargar. – Você
disse que não podia, de cabeça baixa Harry, como se
sentisse muito. Como se quisesse muito dar uma chance a
ele mas, infelizmente, eu estava ali pra atrapalhar.

_ Você está criando isso na sua cabeça. – ele respondeu,


aborrecido.

_ Estou! Enlouqueci! Você deveria me trancar em um


quarto com Marcus porque certamente sou um risco pra
sociedade. – eu despejei aquilo, junto com as lágrimas
represadas em meus olhos.

Eu não podia mais aguentar. O ciúme queimava dentro de


mim, me enchendo de medo. Eu virei as costas pra Harry
e comecei a subir as escadas na direção do meu quarto.
Senti os passos dele atrás de mim, segundos depois.
Assim que entramos no quarto, ele deu um passo na
minha direção. Senti que ele queria se aproximar. Parte
de mim queria o mesmo que ele, mas minha outra
metade se desviava.

_ Draco... – ele tentou abrandar o momento. – Eu não


quis dizer isso... desculpe. Se você se sentiu assim, me
desculpe.

_ Você ficou praticamente mudo. – eu o repreendi. – Se


eu e Weasley não estivéssemos lá, a essa altura o que
teria acontecido? Você teria permitido que ele fizesse o
que quisesse com você?

_ É claro que não. Mas vocês não me deram nem chance


de reagir. – ele alegou. – Philip se declarando e falando
dos meus próprios sentimentos como se não estivesse
nenhum pouco interessado em ouvir o que eu teria pra
dizer a respeito disso. Rony respondendo por mim,
gritando com ele, recriminando-o por coisas sobre as
quais eu não tinha conhecimento. Você tendo uma crise
de ciúmes. Parecia que eu estava sufocando.

Eu o observei com atenção. Eu tinha uma imagem de


Harry como uma pessoa que reage bem sobre pressão e
em situações difíceis. Eu tinha presenciado isso inúmeras
vezes, só no pouco tempo de namoro que tínhamos. Na
primeira vez que ele me procurou no quarto de BDSM
sem saber o que esperar, na forma como ele lidou com
Kinoss no noivado de Blaise e John, em seu
comportamento no Erthel’s Club com seu chefe e no dia
seguinte no Quartel General dos Aurores, no jeito como
ele tinha lidado com Marcus... Harry vinha me mostrando
firmeza, coragem, confiança, presença de espirito,
maturidade.

Quem era esse homem que arruinava toda sua


capacidade de reagir? Que tinha feito com que ele
perdesse a fala?

_ Nunca te vi se comportar da forma como se comportou


hoje. – eu tentava controlar o tom recriminatório da
minha fala. – Ele mexe com você? Você ainda gosta dele e
isso ele fez com que perdesse a fala?

_ Não, Draco, eu não gosto dele... se você não confia em


mim pode usar Legilimencia. – ele gritou. – Não vai
encontrar dificuldades. Eu sou o pior oclumente que já
existiu.

O grito dele me abalou. Eu respirei fundo. Eu jamais faria


aquilo, nunca. Jamais desonraria Harry invadindo a sua
mente. Me arrependi imediatamente da acusação que lhe
fiz em um momento de paranoia.
_ Me perdoe, Harry. – eu pedi. – Eu confio na sua palavra.

_ Detestei Philip ter vindo até mim daquele jeito, me


olhado com superioridade, como se tivesse certeza que
eu iria aceitá-lo. Como se eu tivesse me arrastado atrás
dele por todos esses anos. – ele revelou, visivelmente
enojado. – E fiquei ali, parado, me perguntando se eu
realmente agi assim. Como um idiota rastejando aos pés
de Philip, gaguejando pelo Departamento, essa figura tão
patética que ele fez questão de ressaltar.

_ Duvido que seja verdade. – eu disse.

_ Eu não. Você se lembra quando começamos a namorar,


e eu te disse que meu comportamento no geral diferia
muito do meu comportamento em relacionamentos. Que
eu era muito ruim neles? – ele perguntou, e eu concordei
com a cabeça. – Provavelmente Philip tem toda razão.
Não agi com ele diferente de como agi com Cho Chang
aos quatorze anos, babando suco de abóbora no jantar
enquanto olhava pra ela. Eu sou tímido. Eu gaguejo
quando fico nervoso. Claro que procurei por ele quando
nos beijamos... eu não conheço essas regras... esperar um
tempo, tentar não parecer desesperado. O que Ron ouviu
ele falar pra Peter e Chase, é degradante porque não é
mentira. Ron sabe, por isso não me contou, ficou com
pena de mim por todo esse tempo.

Eu juntei seu corpo ao meu, segurando suas mãos,


acariciando-as com leveza. Ele era tímido, era verdade,
podia não ter muito jeito com flerte. Mas ele não jogava
com sentimentos, era limpo, verdadeiro, e eu o amava
por isso. Não o considerava ingênuo, mas uma pessoa
real, em meio a tantas que pareciam estar por aí só
brincando com os sentimentos dos outros. Num mundo
cheio de gente que finge que dá só pra poder receber,
alguém como Harry era raro e precioso. E não tinha nada
e errado com ele.

Senti meu ódio por Philip aumentar consideravelmente.


Porque a princípio ele só tinha feito com que eu me
sentisse ameaçado. Mas agora, vendo Harry aparentar se
sentir tão rebaixado, meu coração parecia esmagado
dentro do peito.

_ Ele te fez sentir tão diminuído assim, meu amor? – eu


perguntei, mansamente.

A veracidade das minhas palavras o fizeram concordar,


num rápido movimento afirmativo.
_ Ele nunca foi digno do seu amor. – eu toquei seu rosto,
num afago terno.

_ Ele nunca teve. Gostei de Philip, fiquei chateado com o


que houve entre nós. – ele explicitou. – Mas você foi e
sempre será o único a ter o meu amor.

Meus braços se fecharam em seu entorno. Jamais


precisaria de Legilimencia. Eu podia sentir o amor nas
palavras dele, em cada toque dele. Apesar disso, eu tinha
me apavorado naquela parte. Tinha ficado em pânico
com a ideia de perde-lo. Talvez, lá no fundo, eu ainda não
conseguisse acreditar que tinha tido tanta sorte.

_ Eu senti tanto medo das palavras dele mexerem com


seus sentimentos, de você desejar tê-lo de volta. – eu
murmurei incoerente, afundando o rosto no seu cabelo
preto que nunca parecia arrumado. – Eu te amo tanto...
te amo tanto, Harry. Quando vi que você não respondia,
que não o mandava embora.

_ Mesmo se eu não tivesse te encontrado. Por que eu iria


querer de volta uma pessoa que faz com que eu me sinta
tão mal? – ele perguntou, com coerência. –
Principalmente depois do que Rony contou.
_ Quando Weasley contou o que Philip disse sobre você,
minha vontade era arrebentar aquele merda. – eu
confidenciei. – Só não fiz porque achei que você fosse
brigar comigo depois.

_ Por que eu brigaria com você? – ele sorriu, me


admirando.

_ Você me repreenderia por me colocar em perigo ao


partir pra cima de um auror treinado. – eu sorri de volta
pra ele. – Você é muito protetor em relação a mim, desde
o início.

_ De fato, eu sou. – ele assumiu. – Mas Rony e eu


estávamos ali, nada iria acontecer com você... e acho...
acho que eu teria gostado disso.

Eu encarei Harry Potter, pasmo.

_ Teria mesmo? – eu estava abismado.

_ Sei que na maior parte das vezes eu tomo a frente,


resolvo as situações. Mas hoje eu... hoje eu...
simplesmente não pude. – ele disse baixinho. – Eu disse a
você. Eu não sei lidar com esse tipo de coisa... hoje foi
vergonhoso... Philip a essa altura está no Quartel General
rindo de toda a confusão que eu permiti que ele
causasse. E ainda por cima envergonhei você, eu devia ter
mandado ele embora, devia ter eu mesmo quebrado a
cara dele.

_ Você não me envergonhou. – eu disse, me dando conta


que a poucos minutos eu estava cobrando dele
exatamente aquele tipo de ação.

_ Quando ele veio pra cima de mim, juro a você que eu


quis reagir. – ele continuou falando, parecendo ansioso
pra que eu acreditasse. – Mas minha vontade de sair dali
era maior. Tudo o que eu queria era deixar de vê-lo.
Poder estar em casa com você. Quer dizer... eu sei que é
sua casa. Mas já estou aqui há algum tempo e... quando
estou perto de você ...

_ Aqui é a sua casa, Harry. – eu declarei, passional. – E


está tudo bem, já passou. Agora estamos juntos aqui.

_ Não está tudo bem. – ele respondeu. – Mas essa não foi
a última vez que Philip me procurou. Ele deveria estar na
França, se está aqui é porque quer alguma coisa. Vai
voltar a me procurar. E da próxima vez, ele não vai me
pegar de surpresa. Eu vou estar preparado, vou dizer
tudo que está entalado há meses na minha garganta.

_ Não gostaria que ficasse sozinho com ele. – eu pedi,


tentando não parecer paranoico.

_ Nem eu. – ele riu. – Agora vamos esquecer isso, tem


outro assunto que quero conversar com você. É sobre a
sua segurança.

Eu torci o nariz pra ele.

_ Achei que tínhamos combinado que eu ia defender


Neville na segunda e a Sra. Katherine na quarta-feira,
acompanhado por você e Weasley. – eu apontei, em tom
decidido, deixando claro que não ia permitir que ele me
convencesse a ficar escondido na Mansão Malfoy.

_ Sim, não é sobre isso que eu queria falar. – ele estava


pisando em ovos, como se estivesse com receio de eu me
irritar. – É sobre a batalha no esconderijo dos
Purificadores.

Tentei não ficar extremamente aborrecido antes que ele


me dissesse onde queria chegar.
_ Você não está me aconselhando a ficar em casa
enquanto você e todos os outros vão pro combate, certo?
– eu indaguei. – Porque se é isso, você pode ir tirando seu
hipogrifo da chuva.

_ Não. – ele se apressou em me contradizer. – Eu disse a


você que estaríamos juntos nisso. Eu queria que você me
desse o dia de amanhã pra prepara-lo pra batalha.

Meditei alguns segundos sobre o que ele tinha dito. Eu


tinha muito o que estudar, é claro, sobretudo acerca do
processo de Neville. Mas eu vinha me preparando desde
que ele tinha me passado o caso, portanto, eu acreditava
que estava bem informado sobre as possibilidades para
uma primeira audiência. Quanto ao caso de Mehothewn,
eu já tinha revisitado aqueles documentos, aquelas leis,
tantas vezes que já sabia recitá-los de olhos fechados.
Estava lendo outra vez naquele dia por puro nervosismo,
devido a aproximação do julgamento final.

Mas a invasão do esconderijo dos Purificadores do


Sangue também era importante. E eu não podia negar
que estava um pouco enferrujado quanto às minhas
habilidades em batalha.
_ Você quer me treinar em duelo? – eu perguntei, para
confirmar se tinha entendido bem.

Ele assentiu.

_ Será bom pra nós dois. Você estará mais preparado pra
se defender e eu não ficarei tão preocupado. – ele
argumentou.

Tinha sentido, eu não queria que ele ficasse todo tempo


tentando me proteger e acabasse colocando a si mesmo
em riscos desnecessários. Concordei imediatamente.
Naquele sábado, passei o resto da noite estudando o caso
de Neville.

No domingo, recebemos a visita da auror que ajudaria


Kim com a poção rastreadora. Ao mesmo tempo, Harry e
eu afastamos os móveis do maior cômodo da mansão
para treinar.

Harry me ensinou alguns feitiços que considerou úteis, de


um tipo avançado de defesa que não se ensinava em
Hogwarts. Ele era um professor muito bom. Era paciente,
didático e estimulante; durante aquele dia, comecei a
levar muito a sério a sugestão que ele tinha dado um
tempo atrás de lecionar a disciplina de DCAT. Tenho
certeza que acabaria se tornando a matéria favorita de
muitos alunos.

Depois de me ensinar feitiços e me dar várias dicas sobre


como me posicionar e dominar o adversário, Harry fez
com que duelássemos durante algumas horas. Eu sentia
que estava levando uma surra, mas ele parecia animado
como meu desempenho.

_ Você é apto, consegue desviar de vários dos meus


feitiços. – ele elogiou. – O fato de dominar feitiços não
verbais também é excelente, normalmente isso faria com
que eu não conseguisse prever seu movimentos...

_ Obriga... – eu estava prestes a oferecer um sorriso


orgulhoso.

Mas ele continuou.

_ Mas estou conseguindo identificar os feitiços que você


pretende fazer, porque você segue um padrão. Está
tentando me desarmar, quando eu me defendo, está
tentando me estuporar, e quando eu não caio, você lança
uma azaração, da qual eu desvio. – ele disse. – Mude o
padrão, aproveite seus pontos fortes.
_ Quais são? – eu perguntei.

_ Você se saiu bem com o que aprendeu hoje, é ágil,


inteligente. – ele me incentivou. – Também é bom com
feitiços de vontade, pode usá-los.

_ Isso é Artes das Trevas. – eu fechei a cara.

Eu não lutaria assim. Não desceria a esse nível. Eu não


lançava uma Império em ninguém desde de a queda de
Voldemort, com exceção daquela madrugada em que
Harry pediu para que eu o enfeitiçasse, mas o contexto
tinha sido completamente diferente. Não era um conflito
nem nada, ele havia me pedido pra confiar nele, que a
maldição não surtiria efeito. Fiz com ele somente o que
ele me mandou fazer, ordenei que caminhasse até a
porta, e mesmo assim não tinha funcionado, Harry
resistira. Mas isso era totalmente diferente de amaldiçoar
alguém em batalha. Eu não faria, em hipótese alguma.

_ Não são todos os feitiços que atuam sobre a vontade


humana que são Artes das Trevas, Draco. – Harry, falou,
com paciência. – Alguns são apenas azarações, e podem
ser muito úteis em batalha. E outra coisa, se você estiver
entre morrer e usar uma maldição, escolha a segunda
opção.

_ NÃO! – eu falei, mais alto do que eu pretendia,


assustando-o com meu rompante inesperado. Me
acalmei para continuar a responder. – Harry... você,
Weasley, Granger, Longbottom, as pessoas da Ordem, os
aurores... vocês podem se dar ao luxo de em um
momento de crise usar uma maldição pra se salvar, uma
Cruciatus, um Avada, um feitiço das trevas qualquer. Mas
não é o mesmo comigo...

_ E por que não, Draco? – ele perguntou, calmo. – Você


não é inferior a nenhum de nós.

_ Porque diferente de vocês, eu nasci pras Artes das


Trevas, fui criado pra elas desde pequeno. E por muito
pouco, Harry, talvez por muito menos do que eu gostaria
de admitir, você vai lutar ao meu lado e não contra mim
daqui a cinco dias. – eu disse, sentindo o peso daquela
vergonha nos ombros. Arregacei a manga da camisa,
expondo a marca da qual eu nunca me livraria. – Isso não
é uma tatuagem, Harry. Você já pensou que eu posso
estar a uma maldição de me tornar o meu pai?
Mas Harry não se esquivou do horror daquela marca,
nem do que eu admitia em voz alta pela primeira vez.
Não se esquivou do meu passado, de quem eu era, não se
esquivou diante da possibilidade de me tornar aquilo que
todo Malfoy nascia pra ser: um maldito bruxo das trevas.

Em contrapartida, avançou pra mim como sempre fazia,


me acolhendo, me resguardando em seus braços. Eu não
entendia seu gesto, mas permiti que ele me segurasse e
me abracei a ele, deixando que ele aplacasse o meu
terror.

_ Eu estava lá no dia da morte de Dumbledore,


petrificado. – ele me contou, baixinho, fazendo meu peito
se apertar por ele ter visto aquilo. – Você não estava nem
perto de matá-lo, Draco. E é isso que importa, quem você
é as escolhas que você fez, o homem que você se tornou.

_ Você não entende, minha família... – eu tentava fazê-lo


compreender.

_ Olha, eu posso não saber o que é crescer em uma


família bruxa tradicional, com ideologia puro sangue, que
ensina artes das trevas aos filhos desde que nascem. Mas
você acha que eu nunca tive medo de ter uma tendência
pro mal? – ele me perguntou.
Aquilo jamais me passaria pela cabeça. Num mundo
maniqueísta, onde o bem e o mal se separava em
caixinhas, Harry Potter era a personificação do bem.

_ Você? – eu indaguei, cético.

_ Vou contar a você uma coisa que quase ninguém sabe.


Ron, Mione e eu divulgamos, depois da guerra, quando
começaram a nos fazer perguntas, que estivemos
caçando Horcruxes naquele ano. Seis pedaços da alma de
Voldemort que ele tinha prendido a objetos e a sua
cobra, Nagini. – Harry falou. – Você conhece essa história,
certo?

Eu assenti com a cabeça. Todos conheciam. Eles tinham


destruído cada pedaço da alma de Voldemort para torna-
lo outra vez mortal, antes de, enfim, mata-lo na batalha
de Hogwarts.

_ O que as pessoas não sabem é que, involuntariamente,


na noite que matou meus pais e perdeu seus poderes,
Voldemort criou uma sétima Horcrux. – ele falou. –
Naquele momento, um pedaço da alma dele passou a
residir no meu corpo.
O quê? Aquilo não era possível. Objetos, animais, tudo
bem. Mas estávamos falando do corpo de uma pessoa. O
corpo de Harry.

_ Quer dizer que... você era uma Horcrux? – eu perguntei,


confuso, um pouco aterrorizado. – Durante quanto
tempo?

_ Por dezessete anos, até a noite da última batalha,


quando Voldemort me lançou um Avada e destruiu a
parte dele que vivia em mim. – ele contou, me deixando
assombrado. – Você acha que com uma parte dele dentro
de mim eu nunca tive medo de ser mau? Que quando ele
possuía a minha mente, me fazendo sentir tanto ódio, eu
não tinha receio de me tornar uma pessoa ruim?

_Mas você não é, Harry. – eu murmurei.

_ E nem você. – ele disse, amorosamente. – Mas se quer


entrar numa luta dessas sem estar disposto a matar em
nenhuma circunstância, é melhor eu te ensinar os
melhores feitiços de imobilização e incapacitação.

Ele voltou a me ensinar alguns outros feitiços antes que


parássemos para comer e descansar um pouco. Depois do
almoço, não me deu trégua, continuou me incentivando a
praticar, duelando comigo, me ensinando contra
maldições, azarações, estratégias de batalha. No final do
dia eu estava exausto, me sentei no chão do da sala,
sentindo que não podia mais dar um único passo.

_ Chega Harry. – eu supliquei. – Parece que fui pisoteado


por um rebanho de centauros.

Ele riu, sem transparecer nenhum terço do cansaço que


eu sentia. Harry abaixou-se, me puxando pra cima, e
embora nós tivéssemos tipos físicos semelhantes, ele me
colocou em suas costas. Eu envolvi sua cintura com as
pernas e seus ombros com os braços pra não cair, me
apoiando nele, e deixei que ele subisse as escadas da
Mansão me carregando.

Quando chegamos ao quarto, ele me levou até o


banheiro, e soltou minhas pernas, me permitindo descer.
Vi ele abrir a torneira, ligando a água quente que
começou rapidamente a jorrar, enchendo a banheira que
ainda não havíamos usado juntos.

_ Se isso é uma indicação pra sexo selvagem na banheira,


eu sinto te decepcionar. – eu comentei. – Eu até
Tive alguns pensamentos pecaminosos enquanto te
olhava todo gostoso lutando, mas você acabou com o que
restava das minhas forças nas últimas duas horas.

_ Você me acha todo gostoso lutando? – ele achou graça.

_ Você deveria ir para os duelos nu. – eu sugeri. – O


adversário ficaria arrebatado antes mesmo de você
começar a lançar feitiços.

Mas ele só me deu um sorriso doce, passando a mão por


debaixo da minha camisa, sentindo meu corpo úmido
pelo suor, me ajudando a me despir. Enquanto a banheira
enchia, Harry se dedicou a me deixar completamente nu.
Depois, pegou espuma e sais e usou na água, deixando o
banho perfumado e relaxante. Quando a banheira já
estava cheia, eu entrei, deixando meu corpo cansado
submergir, repousando com a sensação morna.

Vi que Harry também tirou a roupa, mas ele não entrou


todo na banheira junto comigo, se sentou na borda,
posicionando-se atrás de mim, massageando meus
ombros tensos pelo longo dia de treinamento. Os dedos
dele afrouxavam minha musculatura contraída e eu
suspirei, deixando meu corpo se estender mais pra
frente, para que ele pudesse descer a mão pelas minhas
costas doloridas.

A pressão que ele fazia nos meus músculos resultavam


em um misto de dor e alívio, que atenuavam aquele
estiramento. Seus dedos correram pelo meu pescoço,
alongando-me, abrandando a distensão. O toque dele
desceu pelo meu peito, suavizando minha rigidez,
fazendo com que eu me sentisse completamente
relaxado.

Quando ele entrou na banheira comigo, começou a


massagear minhas coxas, fazendo uma pressão
significativa, com movimentos circulares, reduzindo a
sensação de retesamento nas pernas. Os toques
continuaram em minhas panturrilhas, relaxando o
músculo que parecia tão comprimido e inflexível. Mas sua
habilidade se tornou incontestável quando ele se pôs a
massagear meus pés, friccionando-os com maestria.

_ Aah, você é bom. – eu enalteci sua destreza. – Se eu


soubesse que você me trataria assim, nem teria
reclamado de tantas horas de treinamento.

_ Você mereceu. – Harry respondeu, sorrindo com leveza.


– Se esforçou muito.
_ Já acredita que eu voltarei vivo? – eu brinquei.

Mas o semblante de Harry se tornou austero de repente.

_ Você vai voltar vivo, Draco. – ele falou. – Disso eu nunca


tive dúvidas.

Eu apenas fitei seu rosto, o estômago embrulhado pela


sensação de que ele gostaria de ter acrescentado: “...
custe o que custar”.
CAPÍTULO 31

NARRADO POR HARRY POTTER

Os três dias que se seguiram foram mais tranquilos do


que eu esperei. A poção ticou pronta sem maiores
problemas, e tanto Kim quanto Justine Yalle – uma das
maiores mestras em poções viva – disseram que estava
perfeita. Na segunda-feira, eu e Rony tínhamos
acompanhado Draco e Neville na audiência. Tudo tinha
corrido bem, segundo Draco, para um momento inicial,
embora Conselho de Medibruxaria tivessem trazido
advogados bem preparados para o processo.

Eu estava mais preocupado com quarta-feira, quando


seria o julgamento de Mehothewn. Eu e Ron chegamos
ao Ministério com Draco, levando-o apressadamente para
o Décimo Tribunal, atentos a qualquer sinal de ameaça.
Devido a nossa antiga amizade e ao nossos anos de
treinamento, Ron e eu trabalhávamos muito bem juntos,
e identificamos um grupo estranho entre as pessoas que
assistiriam ao julgamento assim que entramos na sala.

Certamente Mehothewn os tinha mandado, eu


reconhecia alguns rostos ali, ex seguidores de Voldemort.
Não Comensais da Morte perigosos de fato, mas bruxos
sem qualquer importância, sequestradores, mercenários,
gente que tinha pegado alguns anos em Azkaban e que
tinha tido a liberdade apressada pelo dinheiro de bruxos
como Mehothewn. Mas eles não tentaram nada durante
todo o julgamento. Estavam ali para apavorar Katherine e
Draco. E, é claro, para manter seu chefe informado.

Draco, no entanto, não se abalou. Levou o julgamento até


o fim, não desistiu até que o juiz concedesse o divórcio
definitivo a Katherine e condenasse Mehothewn a mais
cinco anos em Azkaban, por ameaças a ex esposa, ao
próprio Draco e por fugir da custódia do Estado antes de
se concluir o julgamento. Claro, como o réu não estava
presente, não foi preso, sendo considerado um fugitivo.

Na véspera da viagem de Kinoss e, consequentemente, da


nossa invasão ao esconderijo dos purificadores, eu e
Blaise nos falamos por Magifone para combinar os
detalhes da parte essencial do plano: derramar em Kinoss
parte da poção rastreadora. Blaise disse que já tinha
mandado uma coruja a Kinoss um dia antes,
demonstrando interesse em retomar atividades
comerciais e se desculpando por “qualquer mal-
entendido que possa ter havido entre eles”. Kinoss tinha
respondido de modo favorável e os dois tinham marcado
um encontro para as 20h.
Eu iria pra lá meia hora antes, pela Rede de Flu. Tinha
deixado Kingsley de sobreaviso. Se algo desse errado e eu
precisasse lutar, se Kinoss armasse pra Blaise chamando
outros bruxos das trevas, eu sabia que Kingsley
conseguiria mobilizar um bom número de pessoas
rapidamente, o patrono dele tinha o maior alcance que
eu conhecia. Claro, aquilo era só por segurança,
sinceramente eu duvidava muito que Kinoss estivesse
desconfiando de Blaise a esse ponto.

Um pouco antes do horário que eu tinha marcado com


Zabini, no entanto, eu e Draco comíamos um sanduíche
na cozinha e recebemos uma visita inesperada.

_ Sr. Malfoy, Prim pede licença. – disse o Elfo Doméstico.


– Aquele auror está na sala de novo, querendo ver o
senhor Potter

_ Kingsley? – eu perguntei, confuso, sem entender o que


ele estava fazendo ali.

Não tínhamos combinado que eu mandaria um sinal pra


ele da casa de Blaise caso houvesse problemas?

_ Não senhor. Esse não é o nome dele não senhor. – Prim


falou. – É o auror Philip.
Draco apertou o copo de suco com tanta força que achei
que fosse quebrar em sua mão.

_ Quem esse garoto está pensando que é para entrar


desse jeito na minha casa? – ele esbravejou.

_ O sr. Malfoy não quer recebe-lo Prim fez mal em deixa-


lo entrar? – o pobre elfo se sacudiu em agonia. – Por
favor não castigue Prim, Menino Malfoy. Prim não é
castigado desde o tempo do senhor Lúcio. Prim gosta
muito mais do novo senhor Malfoy.

Draco parecia ter levado um soco no rosto com a fala do


Elfo, se forçando a suavizar a expressão, apesar da
presença de Philip em sua sala. Ele se abaixou na frente
de Prim, tocando seus bracinhos, como tenho certeza que
nenhum Malfoy antes dele jamais fez.

_ Nunca mais haverão castigos nessa casa. – ele falou, a


voz calma. – Está tudo bem. Harry e eu vamos falar com
esse tal de Philip. Mas da próxima vez que ele aparecer
em nossa porta, Prim, você está autorizado a lhe dar um
bom chute no traseiro, certo?
_ No traseiro dele, sr. Malfoy? De um bruxo? – Prim
perguntou, incerto.

_ Com bastante força. – Draco instruiu.

E então se levantou, caminhando na direção da sala. Eu


segui atrás dele, decidido a não permitir que a cena no
Largo Grimmauld, n°12, se repetisse. Desse vez, eu não ia
permitir que Philip me calasse, que me fizesse se sentir
vexado. Ele era uma merda de um bruxo, uma merda de
um homem, aquilo estava bem claro pra mim.

_ O que faz em minha casa? – Draco perguntou, com


irritação, assim que entrou no mesmo cômodo que Philip.

_Não tenho o menor prazer em estar aqui. – Philip


respondeu, com deboche. – Mas infelizmente, é onde
você tem mantido Harry.

_ Não gosto do seu tom. – eu falei, antes que Draco


pudesse responder. – Você fala como se eu fosse um
incompetente que estivesse sido preso por um bruxo
malvado. Gostaria que você lembrasse de quem está
falando. Eu vou onde quero, se moro com Draco é porque
quero morar.
_ Eu... é claro que não, Harry, claro que não... você é um
auror. – Philip estava desconcertado.

_ Você é um auror. Aquele chantagista baixo do Cooper é


um auror. – Draco falou com frieza. – Harry é muito mais
do que isso.

_ Harry é um excelente bruxo. – Philip ergueu o queixo na


direção de Draco. – Não preciso de você pra me dizer
isso.

_ Que bom. – eu continuei, virando-me pra ele. – Por que


veio aqui?

_ Kingsley me contou que você vai até a casa de Zabini


hoje, pra dar continuidade a missão. Achei que eu
pudesse ser útil. – Philip sorriu pra mim. – Se você
encostar todo seu corpo no meu, sua capa pode esconder
nós dois.

Tudo aconteceu em meio segundo. A mão de Draco voou


no ar, acertando em cheio o rosto de Philip, que bem
preparado e já esperando uma agressão, após provoca-lo,
virou-se para revidar. Mas eu já tinha a varinha empunho,
imobilizando Philip com tamanha rapidez que seu
movimento não pode atingir Draco.

_ Não vai me deixar bater nele? – Philip se indignou. – Ele


pode me socar, mas não contrário?

_ Você o provocou dentro da casa dele. – eu disse, dando


de ombros. – E mesmo que a culpa fosse dele, ainda
assim eu não permitiria que você o agredisse. Ninguém
machuca Draco.

_ Harry é muito protetor. – Draco sorriu com leveza, me


olhando de lado, me fazendo rir da nossa piada interna. –
Se eu estivesse andando tranquilo pelo Beco Diagonal e
alguém me atirasse uma bomba de bosta, acho que ele
seria capaz de mandar abrir um inquérito no Ministério
para investigar o culpado.

Minha postura diante de Philip estava passando a Draco


tamanha segurança que seu humor tinha melhorado
consideravelmente e ele parecia ter se esquecido das
razões que tinham levado ele a socar Philip. Eu gostava
daquele clima leve entre nós, e entrelacei meus dedos
nos dele.

_ Ora, claro que sim. – eu brinquei de volta. – Eu te amo.


_ Você o quê? – Philip parecia perturbado. – Isso não faz
nenhum sentido. Você não pode... não pode amar alguém
como Malfoy... não pode escolher ele ao invés de mim.
Você está inventando isso pra me fazer ciúmes.

_ Não sei como pude me enganar tanto com você, Philip.


– eu levantei a voz, enfrentando-o. – Acho que fechei os
olhos cada vez que você tinha esse tipo de atitude, criei
desculpas para o seu comportamento. Você não é nada
além de um garoto orgulhoso, que se acha melhor do que
todo mundo, e que precisa sempre de alguém
massageando seu ego. Sinto vergonha de um dia ter
servido a esse propósito.

_ Isso é por causa da história que Weasley contou? Harry,


eu já pedi desculpas. Eu não queria dizer aquilo. – Philip
disse, implorando. – Me perdoe, por favor.

_ Também. Mas não é só por isso. É pelo seu


comportamento no dia da reunião da Ordem e agora
hoje, aqui na casa de Draco. E por não respeitar meu
namoro, não me respeitar, por me tratar como se eu
tivesse que estar grato por você me querer. – eu falei,
despejando pra cima dele tudo o que eu sentia. – E pela
forma que agiu todos esses anos, cada pequena atitude
sua que eu relevei, que eu me fiz de cego.
_ Se você não ficar comigo, assim que essa guerra passar,
Peter e eu publicaremos aquela foto. – ele ameaçou,
mudando drasticamente seu tom.

Draco deu outro soco no rosto dele, com tanta força que
quebrou seu nariz, do qual passou a escorrer um filete de
sangue. Estávamos chegando onde eu queria. Existia
alguma razão para ele ter voltado pra Inglaterra, pra ele
parecer tão desesperado para que eu ficasse com ele. Ele
estava me chantageando. E eu descobriria o porquê.

_ Te falta tanta criatividade que você precisa recorrer a


uma chantagem que já me fizeram? – eu debochei. –
Pergunte a Cooper o que eu respondi a ele. Minha
resposta pra você é a mesma. Publique. Não me importo
nenhum pouco.

_ Não é possível que o nível de bizarrice sexual que você


faz com Malfoy seja tão extremo que você nem se
importe mais de ser considerado um devasso por todo o
mundo bruxo. – ele falou, exasperado.

Eu caminhei na direção dele, me colocando a poucos


centímetros, de modo que meu rosto ocupasse a maior
parte do seu campo de visão. Eu abri um sorriso ardil.
_ Não me importo. – eu repeti, espezinhando-o. – Sabe,
Philip, se fosse no tempo que eu saía com você, eu
certamente me importaria. Mas Draco... Draco mudou
todos os meus conceitos... ele me dá tanto prazer, me faz
delirar, eu simplesmente não ligo pra mais nada.

_ Esse filho da puta... – Philip começou a gritar colerizado,


olhando pra Draco atrás de mim, deixando-se provocar.

Eu o calei com um movimento da varinha, aproveitando


que ele estava imobilizado.

_ Eu o espero de joelhos sabia? – eu cutuquei a ferida


com prazer. – E deixo ele fazer tudo comigo. Ele é tudo
que eu sempre quis. Perto dele você é um projeto de
homem. Lembra-se quando você me enfeitiçou pra
conseguir que eu pedisse pra você me tocar, e ainda
assim eu não pedi Então... . com ele eu imploro, eu peço
o tempo todo, sem precisar de feitiço nenhum. Porque eu
desejo ele, porque ele me faz gozar só me comendo, sem
nem tocar no meu pau.

E dei as costas pra Philip. Olhei no relógio, estava na hora


que eu tinha marcado com Blaise. Me virei para Draco,
que me olhava admirado, e disse:
_ Preciso ir. Ponha Philip pra fora. Não vai ter
dificuldades, ele vai permanecer imobilizado assim por
mais uns 20 minutos a menos que você desfaça o feitiço.

Eu deixei a Mansão Malfoy apressado sem querer me


atrasar, mas me sentindo muito satisfeito. Cheguei
rapidamente a casa de Blaise, que eu já conhecia, do dia
da festa de noivado.

_ Harry. – Blaise me cumprimentou.

_ Oi Blaise. – eu o saudei. – Você está bem? Como está


John?

_ John está bem, eu o convenci a visitar os pais, na


Alemanha. Achei que ele fosse estar mais protegido
afastado de tudo isso, até que essa batalha termine. – ele
me contou. – Não o quero aqui, se algo der errado, Kinoss
vai usá-lo para me atingir.

_ Toda essa história de Marcus o fez pensar, não é? – eu


disse, adivinhando.
Eu sabia Kinoss tinha assassinado o ex submisso de
Marcus, Giuseppe, e depois tinha tentado sequestrar Kim,
devido a sua animosidade com Marcus. Não havia nada
que os garotos tivessem feito ao bruxo, apenas tinham se
envolvido com um inimigo de Kinoss. Claro que isso
estaria fazendo Blaise pensar, ainda mais depois da
ameaça que Kinoss tinha feito a John no dia que
emboscou a mim e a Kim na saída da casa de Ron e
Mione.

_ Sim. – ele admitiu. – Isso é comigo, Harry. Eu me envolvi


com Kinoss, fui ganancioso, sabia que ele não prestava,
mas quis fazer comércio com ele mesmo assim. E agora
estou nessa situação. Colocando John em risco.

Eu coloquei a mão no ombro dele.

_ Ei, John está bem. Está protegido. – eu disse,


oferecendo apoio. – Esse plano vai dar certo, Blaise.
Quando isso acabar, Kinoss vai ser preso. Não vai haver
mais perigo.

Ele respirou fundo, procurando se acalmar. Eu o


incentivei, Blaise precisava parecer bem quando Kinoss
chegasse. Nos posicionamos conforme tínhamos
planejado. O Elfo Doméstico de Blaise já estava
devidamente orientado, instruído a ignorar a minha
presença, sabendo que eu estava ali oculto embaixo da
capa de invisibilidade para protege-lo caso essa visita
saísse do controle. No horário marcado, Kinoss chegou,
sendo recebido por Blaise no escritório.

_ Kinoss. – Blaise ergueu-se da poltrona para apertar a


mão do outro, cordialmente. – Que bom que aceitou meu
convite.

_ Fiquei agradavelmente surpreso com a sua coruja. –


Kinoss respondeu. – Já acreditava ter perdido meu
melhor parceiro comercial depois daquele incidente com
Malfoy no seu noivado, e depois ainda houve o mal-
entendido com aquele submisso do Vitaverza.

Mal-entendido? Ele tinha literalmente tentado sequestrar


Kim e entregar aos purificadores.

Blaise ofereceu a Kinoss que se sentasse, voltando, em


seguida, ao seu lugar na poltrona.

_ Draco e Marcus são meus amigos de infância, mas as


vezes podem ser muito dramáticos. – Blaise respondeu,
em tom ameno, como quem se desculpava. Ele estava
indo muito bem. – Toda aquela contusão, e agora Marcus
nem está mais com o tal submisso.

_ Ouvi dizer que ele desapareceu. – Kinoss sondava.

_ Foi embora pra Itália, pelo que parece. – Blaise deu de


ombros. – Mas veja você, eles me envolvem em seus
problemas, eu perco dinheiro, perco minhas melhores
parcerias, e o que recebo em troca? Draco nem mesmo
está preocupado com os velhos amigos... ele entrou pra
elite bruxa, se é que você me entende.

_ A corja de Potter. – Kinoss respondeu, mostrando que


compreendia. – Estão bem próximos mesmo. Me
contaram que Malfoy está até defendendo Neville
Longbottom no tribunal, em um caso envolvendo os pais
dele.

_ Os pais dele! Veja se isso tem algum cabimento, se foi a


própria tia de Draco que os torturou até a loucura. –
Blaise exasperou-se. – Draco se esqueceu de quem é.

_ Há benefícios, meu caro. – Kinoss comentou. – Malfoy


não é estupido, está tirando toda vantagem que pode
dessa relação com o Eleito. Contatos, status social,
prestígio.
_ É claro. Mas como nós não namoramos o Menino-Que-
Sobreviveu, vamos aos negócios, Kinoss, que bruxos
como nós ainda precisam lutar pelo nosso espaço. – eu
podia ver nos olhos de Kinoss que Blaise o tinha
conquistado com essa frase.

Eles passaram a próxima hora conversando sobre


negócios. Kinoss falou sobre os acordos que pretendia
fechar na França e que podia incluir Blaise, trazendo
vantagens para ambos. Depois de algum tempo de
discussão, o Elfo Doméstico de Blaise, Kiki, entrou com
dois copos de conhaque, tropeçando no tapete e
derrubando “acidentalmente” a bandeja sobre Kinoss. Em
um dos copos é claro, havia, misturado como conhaque, a
não identificável poção rastreadora.

_ Kiki, o que é isso? – Blaise levantou-se berrando com o


Elfo. – Pra que serve um Elfo que me envergonha na
frente dos meus convidados?

_ Kiki está doente, sr. Zabini. Kiki, se confundiu, não viu o


tapete. – O Elfo, sabendo do plano, dizia teatralmente.

_ Quanta insolência. Inventando desculpas para o seu


senhor. – disse Kinoss, limpando o conhaque de si
mesmo. Mas já era tarde, ele poderia limpar o quanto
quisesse, a poção já havia penetrado. – Você não está
sendo muito indulgente com esse Elfo, Zabini? Sei que
depois da guerra foram criadas essas leis de maus tratos,
mas Elfos Domésticos precisam de pulso firme.

_ Concordo integralmente com o seu ponto de vista,


Kinoss. – Blaise olhava furioso pro elfo. – Vá pra cozinha.
Depois que minha visita for embora, cuidarei de você.

O Elfo se retirou apressado, exibindo um olhar


amedrontado bastante crível.

Blaise se desculpou inúmeras vezes com Kinoss, que


parecia tão satisfeito com a retomada dos negócios entre
os dois, que não tinha se importado muito com a questão
do conhaque. O próprio Zabini serviu a eles uma bebida, e
eles brindaram ao brilhante futuro daquela parceria.
Algum tempo depois, Kinoss se despediu, e foi embora.

Quando nos vimos sozinhos, Blaise deixou o ombro cair,


respirando aliviado. Ele elogiou Kiki, dizendo que o Elfo
tinha se saído muito bem. Eu cumprimentei ambos pelo
excelente trabalho.
_ Vocês dois se saíram bem, Kinoss ficou convencido. – eu
disse, e então me virei especificamente pra Kiki, abrindo
um sorriso. – O problema de muitos bruxos, é subestimar
os Elfos Domésticos.

Com a certeza de que Blaise estava bem, eu me despedi


dele. Antes de ir embora, no entanto, eu recomendei que
ele fechasse completamente a Rede de Flu e mantivesse a
casa bem protegida, por segurança. Ele ficaria sozinho até
o momento da batalha, apenas com Kiki. Eu acreditava
que Kinoss tinha se convencido da amizade de Blaise, mas
eu não podia correr o risco de estar errado e deixa-lo
vulnerável a ataques.

Quando retornei à Mansão Malfoy, Draco já estava no


quarto, me esperando embaixo das cobertas.

_ Deu tudo certo? – ele perguntou, assim que eu entrei.

_ Tudo certo, Kinoss não desconfiou de nada. – eu disse,


enquanto trocava minha roupa por um pijama. – Blaise
tem muita lábia.

_ Disso ninguém pode discordar. – ele falou.


Eu fui ao banheiro rapidamente e quando voltei, me
deitei ao lado de Draco, aninhando-me junto ao seu
corpo.

_ Aquilo que você falou pro Philip sobre nós dois... – ele
me disse, puxando-me para seu peito. – Me excitou um
pouquinho, e eu fiquei vaidoso... mas você sabe que não
precisava dizer aquelas coisas, não é?

_ Eu sei. – eu murmurei, fazendo um carinho leve em sua


barriga, vendo os seus finos pelos louros se arrepiarem. –
Você ficaria chateado se eu dissesse que não fiz por você?

Senti que ele sorria e me apertava mais em seus braços.

_ Se é assim, fico feliz por você meu amor. – ele disse,


carinhoso.

_ Disse tudo que estava engasgado na minha garganta. –


eu falei, levantando a cabeça pra olhar pra ele.

As mãos dele seguraram meu rosto, trazendo-me para


um beijo.
_ Você disse a ele que mora comigo. – ele afagou minha
bochecha com o polegar. – Isso também é verdade ou
você disse só para incomodá-lo?

_ Você disse que aqui é a minha casa. – eu apontei, na


defensiva, olhando pra baixo.

_ É verdade, eu disse, e eu quero que seja. – ele


respondeu, com paixão. – Mas você falou que ia embora
quando o plano contra os purificadores terminasse.

_ Não quero ir embora. – eu falei, inibido, o olhar fixo em


um ponto no colchão.

_ Essa reação é porque você está inseguro de vir morar


comigo ou porque está inseguro de me dizer que deseja
isso? – ele perguntou, paciente.

_ De te dizer. – eu senti minha pele avermelhar.

Eu sentia o carinho dele no meu cabelo, embora eu não


conseguisse encará-lo. Fiquei grato dele não me
perguntar o porquê da minha insegurança naquele
momento, porque eu não saberia dizer. Eu não era bom
com essas coisas, algumas situações me deixavam assim.
_ É o que eu mais quero. – ele murmurou, baixinho, me
fazendo olhar pra ele. – Que você nunca vá embora.

_ Eu nunca vou. – eu jurei. – Nunca vou.


CAPÍTULO 32

NARRADO POR DRACO MALFOY

_ Que horas Kinoss chegará a França? – Kim questionou,


enquanto almoçávamos.

_ O trem está marcado para chegar lá as oito da noite. –


respondeu George Weasley, que nos fazia companhia no
almoço naquele dia.

Na realidade, George tinha se tornado uma visita muito


habitual na mansão, nos últimos tempos. Estava
evidentemente interessado em Kim, embora não
parecesse estar fazendo investidas mais incisivas no
sentido de convida-lo para um encontro, ou algo do tipo.
Parecia que George tentava se aproximar de Kim, em um
primeiro momento, como amigo; um bom começo, em
minha opinião, depois de toda a confusão que o garoto
tinha passado com Marcus.

_ Vamos nos reunir por volta das sete horas, na sede da


Ordem. – Harry falou. – O mapa já está funcionando?
_ Sim, estou conseguindo acompanhar todos os passos de
Kinoss. – Kim abriu um sorriso orgulhoso. – Vai dar tudo
certo, o pergaminho vai nos transportar para o
esconderijo dos Purificadores, como planejamos.

_ Nos transportar? – George perguntou, como se só


tivesse se dado conta de algo naquele momento. – Nós.
Você está se incluindo? Você vai lutar?

_ É claro que vou. – Kim respondeu, como se fosse óbvio.

Harry dirigiu a ele um olhar gentil.

_ Kim, tem certeza? Ninguém está te cobrando isso. – ele


falou. – Estou perguntando porque quando Kinoss nos
atacou, você ficou muito mal, paralisado. Hoje à noite vai
ser muito pior.

_ Eu sei, Harry. Eu não fiquei mal por causa do ataque de


Kinoss exatamente, eu teria contra atacado se não
estivesse tão envolvido com essa história das punições de
Marcus e a submissão... – ele explicou.
_ Você já duelou com alguém na vida fora de Hogwarts? –
George falou, com uma rispidez desnecessária. – Já
esteve em uma batalha?

_ Não, mas... – Kim levou um susto com o


comportamento de George, sempre tão tranquilo e leve.

_ Então reveja sua decisão. – George falou sério. – Deixe


essa batalha pra quem sabe lidar com isso.

Kim levantou da mesa, deixando o prato de comida pela


metade.

_ Não sabia que eu tinha outro dominador. – ele disse,


irritado, retirando-se do cômodo.

_ O que foi isso, George? – Harry perguntou, espantado.

_ Você acha que ele tem condições de ir pra essa batalha,


Harry? – George parecia mais aflito do que com raiva.

_ Eu não sei, nunca o vi duelando, não conheço as


habilidades dele. Mas mesmo que ele seja ruim, você não
precisava ter tratado ele desse jeito. Só vai afastá-lo de
você. – Harry aconselhou.

_ Não posso deixar que ele morra, Harry. – George abriu


um sorriso triste. – Ele me faz rir.

_ Você ri o tempo todo. – eu disse, sem entender.

_ Eu não sorrio de verdade desde... – Weasley respondeu,


parecendo ser incapaz de completar.

_ Desde Fred. – Harry colocou uma mão no braço de


George.

Eu me lembrava de Fred Weasley. Ele e George eram


travessos, inteligentes, divertidos, todos gostavam deles.
Nem na sonserina eles eram tão criticados, apesar de se
tratarem de grifinórios. Eu soubera, algum tempo depois
do fim da guerra, da morte um dos gêmeos. Claro que
aquilo teria deixado um vazio irreparável na alma de
George.

_ Olhe, George, eu não conheci Fred, ao menos não


apropriadamente. Na realidade, acho que a última vez
que dirigi a palavra ao seu irmão foi pra insulta-lo em um
jogo de Quadribol. – eu disse, com franqueza. – Mas
entendo que seja uma perda que lhe causou uma dor
imensa. Eu gostaria de te dar um conselho sobre o que
acabou de acontecer, se você me permitir, se não for te
ofender.

_ Diga. – George me fitou, com curiosidade.

_ Neste momento, preso nos aposentos de Neville


Longbottom, há um homem que perdeu Kim por tentar
protege-lo a qualquer custo, sem se importar com os
sentimentos dele. Marcus também viu morto alguém que
amava muito, pelas mãos justamente de Kinoss, e na
cabeça dele isso justificou todas as ações horríveis que
ele cometeu com Kim. – eu falei, tentando explicar. – O
que eu quero dizer é: o grande amor da vida de Marcus
morreu, assim como seu irmão, mas Kim está vivo e não
tem culpa da dor que vocês sofreram por causa das
pessoas que foram tiradas de vocês. Não cometa o
mesmo erro que Marcus cometeu. Sei que você não vai
puni-lo fisicamente, ou sexualmente, você não é um
dominador. Mas Marcus não o puniu só assim, Marcus o
fez se sentir incapaz, o fez se sentir um homem fraco, que
não pode se defender. Se você continuar a falar coisas
como as que acabou de dizer, vai perder sua chance com
Kim.
George me encarou por vários segundos, a expressão
insondável, e por algum tempo achei que ele fosse me
socar. Mas ele surpreendentemente se levantou, me deu
um beijo na bochecha e disse:

_ Obrigado, Malfoy. – ele caminhou na direção das


escadas, para ir ao quarto de Kim, parando no terceiro
degrau. – Vou dizer aos outros que podemos te dar
aquele título honorário de grifinório.

Quando George desapareceu, Harry me olhava com um


sorriso orgulhoso no rosto.

_ Isso foi muito legal da sua parte. – ele comentou,


acariciando levemente minha mão.

_ Você achou? – eu perguntei, sorrindo pra ele.

_ Achei. – os olhos dele faiscaram na minha direção. –


Você parecia tão certo, tão seguro. Me deu até um
pouquinho de tesão.

_ Um pouquinho? – eu disse, com malícia. – Eu poderia


resolver isso, temos um tempo ainda, antes de termos
que nos reunir com a Ordem.
_ Acho uma excelente ideia. – Harry mordeu o lábio,
sussurrando. – Senhor.

Eu adorava quando ele me chamava daquele jeito. Com


todo aquele clima de tensão com os processos judiciais
que eu tinha defendido naquela semana, o andamento do
plano para pegar os Purificadores, e a desagradável
chegada daquele babaca do Philip, eu e Harry tínhamos
passado os últimos dias sem muito tempo pra nós. Mais
tarde teríamos uma luta e por mais que aquilo tivesse
sido planejado cuidadosamente, eu estava, de certa
forma receoso. Poder tê-lo ali, no meio da tarde, me
perder em seu corpo, em seus toques, era como uma
espécie de paraíso em meio a tempestade.

_ Vá para o quarto de BDSM e me espere preparado. – eu


ordenei.

Harry se levantou, instantaneamente. Eu o segurei pelo


pulso, antes que ele se retirasse.

_ Escolha um plugue, qualquer um. – eu orientei,


murmurando em seu ouvido. – Quero que me espere com
ele todo dentro de você.
Eu pude ver a pele de Harry arrepiar com aquela ordem.

_ Sim, senhor. – ele respondeu, obediente, deixando meu


pênis rígido ali mesmo.

Eu esperei vários minutos antes de subir para o quarto.


Queria que Harry ficasse um tempo em expectativa, nu,
de joelhos, algo dentro dele preenchendo-o, me
esperando chegar. Quando entrei no quarto, ele estava
exatamente assim. Eu sorri, excitado e satisfeito. Não
disse nada, me comportando como se Harry não estivesse
ali. Retirei toda a minha roupa e peguei alguns objetos
nos armários, antes de caminhar até ele.

_ Levante-se. – eu ordenei, sendo obedecido no mesmo


instante.

Eu prendi as mãos dele em algemas, e em seguida, as


acorrentei para cima, de modo que ele não podia abaixar
os braços, ficando completamente disponível pra mim.

_ Mostre-se pra mim, quero ver o que você escolheu. –


eu disse.
Harry empinou o quadril um pouco pra trás, e eu separei
suas nádegas com as mãos. Em seu orifício estava um
pequeno plugue de silicone, cuja envergadura era
pensada para estimular a próstata. Eu acariciei as suas
nádegas devagar, depositando um tapa em cada uma
delas, ouvindo Harry arfar pelo atrito e surpresa.

Me posicionei atrás dele, deixando-o sentir meu pênis


duro em contato com seu corpo, próximo à sua entrada.
Beijei seu pescoço, sua nuca, mordendo-o, deixando
algumas marquinhas leves em sua pele eriçada.

_ Escolheu esse porque sabia que ia te dar mais prazer? –


eu perguntei.

_ Sim, senhor. – ele gemeu.

_ Não se preocupe... Prometo dar muito prazer pra você


hoje. – eu apertei seu corpo junto do meu, sarrando meu
pau nele. – Em troca, você vai me dar uma prova de
confiança.

Eu contornei o corpo dele, ficando de frente para olhar


pro seu rosto. Eu acreditava que Harry e eu já éramos
íntimos o suficiente pra aquele passo. Estendi na frente
dele uma mordaça, na forma de uma bolinha, que
mantinha a boca da pessoa que usava aberta, impedindo-
a de falar.

_ Você sabe pra que serve isso? – eu perguntei.

_ Sim, senhor. – ele respondeu.

Não parecia assustado, me olhava calmo, mas com muito


interesse, como quem aguarda por algo novo que está
por vir.

_ Quando estiver usando a mordaça, não vai conseguir


dizer nada, vai estar completamente disponível pra mim.
– eu esclareci. – Confia em mim o suficiente?

_ Sim, senhor. – eu já sabia que essa seria sua resposta,


mas eu sempre precisava dar a ele a chance de recusar
qualquer coisa.

_ Você terá um gesto para substituir a sua palavra de


segurança. – eu expliquei. – As algemas estão prendendo
seus pulsos, mas você pode abrir e fechar as mãos. Se
precisar que eu pare, quero que faça isso em um
movimento repetido, tudo bem? Eu vou estar
continuamente olhando para suas mãos, para ter certeza
de que tudo está bem.

_ Sim, senhor. – ele disse, novamente.

Eu o amordacei, como eu queria, deixando-o


completamente vulnerável e acessível aos meus toques.
Comecei a manipular seu corpo, devagar, excitando-o.
Toquei seus mamilos de leve, dedilhando-os, provocando-
os, mordendo-os, ouvindo Harry tentar gemer apesar do
objeto em sua boca que o calava, até perceber que eles já
estavam muito sensíveis, projetando-se pra frente.
Quando isso aconteceu, os prendi com dois pequenos
prendedores macios.

Não eram grampos cruéis, Harry não estaria com dor,


mas eu sabia que tanto estimulo naquela área era
novidade, e a pressão nos mamilos podia ser muito
libidinosa. Quando olhei pro seu rosto, vi que sua
expressão era intensa, Harry respirava com dificuldade, e
um pouco saliva escorria ao redor da mordaça. Suas mãos
pendiam nas algemas sem nenhum movimento, Harry
estava bem.

_ Agora, vamos te estimular aqui. – eu toquei seu pênis


muito duro com a mão, sentindo-o pulsar.
Abaixei-me no chão, ajoelhando-me, e tomei seu pênis na
boca, sugando-o, lambendo-o, dedicando-me
principalmente a glande, deixando-o completamente
estimulado e inchado, até que ficasse a ponto de gozar.
Quando seu sabia que não faltava muito, me levantei,
obrigando-o a lidar com a frustração. Harry me olhava em
súplica, mas suas mãos permaneceram imóveis.

_ Eu sei, é difícil. – eu disse, compreensivo. – Mas você


precisa ter paciência. Vou te dar tudo o que prometi. Eu
sei do que precisa.

Eu tirei os prendedores de seus mamilos, deixando beijos


leves ali, soprando-os, fazendo Harry se contorcer. Em
seguida, levei minhas mãos até suas nádegas, retirando o
plugue do seu interior. Depois, o pressionei contra a
parede, levantando suas pernas com as mãos, fazendo
com que elas envolvessem meu corpo. Naquela posição,
me encaixei nele, enterrando-me pra dentro do seu
corpo. Com ele ainda algemado e amordaçado, eu
comecei a fode-lo com devassidão, sentindo seu canal
pressionar meu pênis, que o invadia em um entra e sai
ininterrupto. Harry gemia como podia e salivava, eu
masturbei seu pau com volúpia, querendo leva-lo ao
extremo do prazer. Abocanhei um de seus mamilos
sensíveis, lambendo-o, estimulando-o em todos os
lugares, fazendo todo seu corpo responder a mim.

Harry gozou grunhindo, tremendo, agarrando-se em mim


com as pernas, como podia, no deleite mais obsceno que
eu já tinha assistido. Eu ardia por ele, deixei meu orgasmo
vir em seu corpo, firmando-me de pé, apoiando a nós
dois na parede para que não caíssemos. Soltei a mordaça
assim que acabou, e eu senti que as pernas dele
deixavam de apoiar-se em mim pra buscar novamente o
chão. Sem o limite do objeto, ao invés de falar, Harry me
beijou com ânsia, e eu correspondi, desejando seus lábios
com o mesmo desespero.

_ Você está bem? – eu perguntei, enquanto soltava seus


pulsos das algemas.

_ Isso foi... aah... – Harry se recuperava, ainda ofegante. –


Não poder falar... você me tocando.

_ É mais intenso. – eu concordei. – Por isso demorei pra


propor isso. Ficar impedido de falar pode te fazer sentir
mais vulnerável, mesmo que haja um gesto para
substituir a palavra de segurança. Se você estiver
amordaçado, não pode pedir o que deseja, então precisa
confiar que eu saberei entender as necessidades do seu
corpo.

_ Eu acredito. – ele tremia de encontro aos meus braços.


– Você sempre sabe. Você corrompe, subjuga cada
centímetro do meu corpo à sua vontade...

Eu firmei seu corpo, percebendo que os espasmos ainda o


tomavam, e o trouxe pra mim, sentindo-o ainda excitado
apesar de ter gozado.

_ Eu quero isso... adoro ver você tão submetido, tão


dominado por mim. Hoje, você sem poder falar, me deu
muito tesão. – eu admiti, mas também quis saber dele. –
Você se sentiu bem?

_ Me senti tão subversivo... tão obsceno... quero fazer


isso de novo. – ele gemeu, parecia ainda imerso em
delírio e excitação.

Eu ri baixinho. De desejo, de surpresa, de felicidade.


Harry era tudo que eu tinha sonhado e jamais tinha
pensado em pedir.
_ Harry, se você continuar a olhar pra mim desse jeito e
falar como se quisesse gemer por mais três horas no meu
pau, não sei como vou conseguir me controlar. – eu disse,
com sinceridade.

Vi que ele lutava pra voltar a si, pra controlar seu frenesi
sexual.

_ Mas eu ainda estou todo duro. – ele reclamou, roçando-


se em mim, fazendo um biquinho irresistível.

_ Uma outra hora, agora temos uma batalha pra vencer. –


eu o lembrei.
CAPÍTULO 33

NARRADO POR DRACO MALFOY

Perto da hora da chegada de Kinoss na França, todos nós


já estávamos reunidos na sede da Ordem da Fênix, que
nunca antes estivera tão cheia. Além dos membros da
Ordem, e dos aurores que tinham participado da última
reunião (incluindo, infelizmente, Philip), havia ainda cerca
de outros 40 aurores presentes. Tivemos que fazer
feitiços para aumentar o espaço para conseguir
comportar a todos.

No centro da reunião estavam as consideradas lideranças


daquele movimento. Harry, é claro, e seus dois mais
antigos e principais companheiros de luta Weasley e
Granger, que após a guerra tinham ganhado bastante
prestígio e reconhecimento pela comunidade bruxa (os
dois tinham deixado o bebê pequeno, Hugo, com a mãe
de Weasley, em casa).

Junto deles estava Minerva McGonagall, que sendo


diretora de Hogwarts e possuidora de uma ordem de
Merlin, primeira classe, era considerada uma das maiores
bruxas vivas. E é claro, Kingsley Shacklebolt que
comandava os aurores presentes. Junto deles estavam
também Kim e Justine Yalle, que informavam os demais a
respeito do mapa que nos dava a localização de Kinoss e
consequentemente dos Purificadores.

_ Eu achei que os aurores franceses colaborariam com a


missão, Kingsley. – McGonagall comentou, torcendo o
nariz. – Mas estou vendo apenas as forças da Inglaterra
aqui. Era de se esperar que se unissem a nós, depois de
todo o apoio que tem dado a eles para resistir aos
ataques dos Purificadores.

_ Infelizmente, um grupo de tamanho considerável,


comandado pelos Purificadores está atacando na França
hoje. – Shacklebolt respondeu. – As informações que
temos é que são mercenários pagos, para capturar
homens e mulheres trouxas jovens para essa festa de
recepção para Kinoss.

_ Isso é horrível. – disse sr. Weasley num canto. – Vão


estuprar essas pessoas, tortura-las.

_ Os Comensais da Morte já faziam festas desse tipo. –


Philip comentou, olhando diretamente pra isso. – Draco
deve se lembrar... o pai dele, Lúcio, as adorava.
Aquilo fez com que eu empalidecesse. As lembranças que
eu gostava de manter afastadas assaltaram a minha
mente, sem pedir licença. Eu odiava tudo aquilo que eu
tinha visto. Toda aquela dor, aquele ódio, aquela tortura,
toda aquela morte. Todo aquele sangue manchando o
chão da minha casa, manchando o nome da minha
família, manchando a minha honra que nunca mais se
reestabeleceria. Por causa daquilo, eu nunca mais teria o
direito de erguer a cabeça. Sempre teria alguém como
Philip pra me lembrar.

_Philip, se você não deixar essa rixa de lado, vou expulsá-


lo da missão. – Shacklebolt disse, definitivo, fazendo com
que o idiota se calasse. E então voltou-se para Harry,
Rony e Hermione. – Caso os aurores franceses falhem em
proteger alguns desses trouxas e eles acabem sendo
trazidos para a resta, vai ser preciso tomar cuidado para
que os Purificadores não os usem como reféns. Isso pode
pôr tudo a perder.

Shacklebolt começou a olhar o mapa por cima da cabeça


de Kim, e viu Kinoss chegar no esconderijo dos
purificadores.

_ É aqui. Pegamos eles. – ele gritou. – Estão todos juntos.


Estou vendo Kinoss, Mehothewn, e todos os outros dos
quais nós sempre desconfiamos mas nunca conseguimos
provar que faziam parte da seita. Deschamps, Gauthier,
Royer, Prevost, Moulin, Mercier, Lefebvre, Lacroix,
Vasseur, Bertrand, Dupuis, Carpentier...

Ele falava o nome das mais tradicionais famílias sangue-


puro da França.

_ Há alguns bruxos ingleses envolvidos além de Kinoss e


Mehothewn. – disse Rony Weasley. – Estou vendo Dafne
Greengrass, Pansy Parkinson, Theodore Nott, Tracey
Davis, Millicent Bulstrode.

Aqueles eram meus colegas de casa. A maioria foi


considerada jovem demais para se alistar na época de
Voldemort, os pais estão em Azkaban. Poucos serviam
com tão pouca idade, como eu, que tinha recebido a
marca negra aos dezesseis anos. Eu me sentia horrível de
ver o caminho que eles tinham seguido, o que tinham se
tornado. A mão de Harry tocou a minha, apertando com
força, oferecendo apoio.

Blaise estava ao meu lado.

_ Merlin. – ele ofegou. – Pansy... Theo... como vamos


lutar contra essas pessoas?
_ Vamos procurar os franceses. – eu sugeri. – Deixe que
os outros lidem com eles.

_ Os Purificadores do Sangue são muito numerosos. –


Exclamou Minerva McGonagall, sua voz imperativa
chamando atenção de todo grupo. – Muito mais do que
eu imaginava.

_ Além dos líderes, eles contam com um grande número


de mercenários e apoiadores no geral. Por isso que temos
tido tanta dificuldade de conter os ataques e de
identifica-los. Eles lutam com máscaras e quase nunca são
as mesmas pessoas, eles tem gente o suficiente pra atuar
em vários lugares ao mesmo tempo. – Shacklebolt
explicou.

_ Vai ser uma batalha feroz. – Harry disse, em voz alta,


para que todos ouvissem. – Vamos dar as mãos, a chave
de portal vai ser ativada. Eles são muitos. Incapacitem
todos que puderem. Não deixem que desaparatem. E a
cima de tudo, fiquem vivos.

Todos seguiram as orientações de Harry, preparando-se


para o combate. Vi aqueles companheiros de anos darem
as mãos, compartilhando uma força inexplicável. Com a
mão livre, que não segurava Harry, eu alcancei Blaise,
olhando-o com uma promessa muda. Nós daríamos
cobertura um ao outro.

O pergaminho brilhou, levando todos nos para a batalha.


O esconderijo dos Purificadores era um grande e
fortificado castelo medieval, provavelmente uma
propriedade antiga e esquecida da família de um dos
líderes, que tinha sido muito bem enfeitiçado, escondido
e preparado para aquele fim. Assim que invadimos, ficou
evidente que os pegamos de surpresa, num clima
relaxado e festivo. Em poucos segundos, no entanto, tudo
se tornou um caos total.

Apesar deles serem muitos, o fato de termos contado, no


último minuto, com auxílio dos aurores, tinha feito com
que invadíssemos com vantagem numérica. O talento dos
aurores e de muitos membros da Ordem da Fênix
acostumados a lutar fez com que o curso da batalha se
virasse ao nosso favor, e que conseguíssemos imobilizar e
incapacitar vários deles.

No entanto, os líderes da seita eram difíceis de conter.


Versados em Artes das Trevas, eles duelavam muito bem,
e era preciso vários dos nossos para bloquear os feitiços
de magia negra que eles nos atiravam sem pestanejar. No
meio da batalha, alguns bruxos começaram a chegar,
carregando trouxas sequestrados, que gritavam em
pânico, tornando tudo mais difícil.

Naquele estado de completo pandemônio, acabei


perdendo-me de Harry e de Blaise, e quando dei por mim,
estava ao lado de Philip, encarando justamente Kinoss e
Mehothewn.

Era uma péssima situação. Nossos adversários eram


bruxos poderosos e Philip era a última pessoa que eu
confiaria para lutar ao meu lado. Minha preocupação
tornou-se legítima quando Kinoss avançou pra mim,
lançando-me um Sectumsempra em cheio do peito, me
derrubando no chão. Olhei pra cima, me sentindo rasgar,
o sangue jorrar do meu peito, próximo ao coração.

_ Agora vamos ver o que uma Cruciatus faz com você,


Malfoy. – Kinoss falou, sem clemência.

_ Me dê uma trégua, Mehothewn. – eu ouvi a crueldade


na voz de Philip. – Também quero torturar esse ai.

Mehothewn me odiava muito mais do que desejava


combater um auror de quem jamais tinha ouvido falar. Vi
quando ele abriu um sorriso sádico e apontou a varinha
pra mim. Eu não ia suportar. Jamais tinha ouvido falar de
uma pessoa que saiu com a sanidade intacta após sofrer o
efeito de três maldições Cruciatus conjuntas. Com meu
peito aberto daquele jeito, era provável que eu morresse.
Com a varinha ainda em mãos, chegou a passar pela
minha mente mata-los, tentar ao menos, mas eu não
podia. Eu preferia morrer com a minha alma intacta.

Fechei os olhos e esperei pela dor. Mas ela não veio. Um


corpo se atirou sobre o meu, recebendo a maldição no
meu lugar. Abri os olhos, era Harry, tinha vindo não sei de
onde, percebendo que era tarde para bloquear as
maldições com um contra feitiço, ele apenas se colocou
na frente. Depois disso, tudo era um borrão.

Vi o corpo de Harry erguer-se e se contorcer de dor na


cena mais grotesca que eu já presenciara. Philip retirou o
feitiço no mesmo instante, ao ver que atingira a pessoa
errada, e desaparatou, fugindo do que havia feito. Neville
Longbottom, que tinha se materializado ali, atingiu Kinoss
com um jato de luz verde, fazendo-o cair morto no chão.
Ao mesmo tempo, eu gritei, sem pensar, com o que tinha
restado das minhas forças:

_ Avada Kedavra. – o corpo de Mehothewn caia em um


baque surdo, fazendo eco ao de Kinoss.
Harry caiu inconsciente no chão, sendo aparado por
Neville. E eu apague, o gosto de sangue, bile e morte na
garganta.

-/-
-/-
-/-

Quando voltei a consciência, o gosto de sangue ainda


estava em minha boca, mas a dor no meu peito tinha
amenizado consideravelmente. Abri os olhos, tentando
identificar o espaço, percebendo que me encontrava na
minha cama, na Mansão Malfoy. Tentei erguer meu
tronco, perguntar por Harry, mas isso fez meu peito arder
em uma dor excruciante. Deitei novamente, amparado
pelas mãos de Hermione Granger.

_ Calma, não faça movimentos bruscos. – ela falou, a voz


tranquila, mas autoritária. – Você conhece o
sectumsempra, eu fechei o corte, mas vai demorar pra
cicatrizar completamente.

_ Harry... – eu falei, a voz rouca, a garganta seca.


_ Harry está ao seu lado, vire a cabeça levemente. –
Granger disse, paciente.

Eu fiz como ela instruiu. Harry estava deitado na cama ao


meu lado, como em um milagre. Ele parecia tão sereno
que se eu não tivesse visto ele ser atingido por aquelas
maldições, eu poderia jurar que ele apenas dormia. Eu
podia ver seu peito subir e descer com tranquilidade,
numa respiração profunda.

_ Fiz todos os feitiços que conheço para preservá-lo dos


sintomas da maldição Cruciatus. – ela falou, tentando me
transmitir algum conforto. – É provável que ele só acorde
daqui há alguns dias.

_ Ele vai se lembrar de mim? – eu perguntei.

Mas Hermione Granger não tinha uma resposta pra


minha pergunta, ela não podia saber se Harry acordaria
são ou completamente louco. Se teria todas as suas
memórias ou se recordaria parcialmente da própria vida.
A dor mexia com a mente, embaralhava os pensamentos,
levava as pessoas a insanidade.

_ E os outros? – eu pigarrei. – Blaise? Kim? Weasley?


_ Eu estou aqui. – Rony Weasley chamou minha atenção,
em pé, do meu lado esquerdo. – Estão todos vivos.
Ninguém do nosso lado morreu. O plano funcionou.
Capturamos praticamente todos os Purificadores que
estavam no esconderijo, pouquíssimos conseguiram
desaparatar. Segundo Kingsley era uma reunião grande e
maior parte da seita estava ali, nós os enfraquecemos
como queríamos, até mais.

_ Eles foram todos levados pra Azkaban, pra aguardar


julgamento. – Hermione contou. – Amanhã vamos
prestar esclarecimentos sobre nossas ações para o
Ministério e para a imprensa. Kingsley disse que poderia
fazer isso por nós, mas dissemos que ele representa o
Quartel General de Aurores. Eu e Rony vamos como
representantes da Ordem da Fênix.

_ Se Harry estivesse acordado, iria preferir assim. – eu


concordei. – Harry abriu a Ordem da Fênix, criou esse
plano, organizou essas pessoas. Shacklebolt não fala por
ele.

Vi um brilho nos olhos de Rony Weasley quando eu disse


isso, uma espécie de reconhecimento, de intimidade, que
não havia antes.
_ Zabini ficou aqui até alguns minutos atrás, esperando
você acordar, mas como eu garanti que você estava bem,
ele foi embora encontrar um tal de John. – Hermione
falou. – Disse que volta assim que puder.

Eu assenti com a cabeça. Ele estaria louco pra ver John


depois de tudo aquilo.

_ George e papai foram feridos, como você tem muitos


quartos de hóspedes trouxemos os dois pra cá, mamãe
também veio, com Hugo. – Weasley continuou falando. –
Eu e Hermione também pegamos um quarto, Mione
insistiu em tratar ela mesma de vocês dois, George e
papai aqui. Nada de St. Mungus.

Há anos atrás eu me sentiria agoniado pela perspectiva


de ter a Mansão Malfoy invadida por grifinórios,
sobretudo por essa enorme quantidade de Weasley’s.
Mas agora eu me sentia grato pela presença deles.

_ Eu não me importo. A casa é de vocês... se precisarem


de algo Kim ou os Elfos podem ajuda-los a encontrar. – eu
respondi.
Kim já morava conosco há um tempo, sabia onde tudo
estava, podia ajudar os Weasley a se localizar melhor na
Mansão

_ E os aurores? – eu me forcei a perguntar. – Todos bem?

_ Doze aurores foram feridos e levados para o St.


Mungus, mas recebi uma coruja de um colega Medibruxo
me informando que não é nada grave, todos vão
sobreviver. – Hermione falou. – Quem passou pelo pior
mesmo foram você e Harry. Se não fosse Neville chegar a
tempo... não sei o que teria acontecido.

_ Tudo culpa daquele maldito traidor do Philip. – Rony


Weasley rosnou. – Mamãe brigou feio com Kingsley. Se
ele tivesse expulsado aquele filho da puta, falso, vira-
casaca...

_ Nós entendemos Ron. – disse Hermione, calando o


marido. – Chega desse assunto, você está estressando
Draco.

Granger me tratava pelo primeiro nome, não era a


primeira vez que ela o fazia, mas agora sua voz parecia
carregada de preocupação ao dizer meu nome, como se
eu fosse uma pessoa querida, um amigo.
_ Ora, Draco estaria bem feliz com Harry se Philip não
fosse um merda. – Rony se indignou. – Draco estava
ferido. Philip era um auror bom o suficiente pra tê-lo
protegido até que Neville chegasse pra ajudar.

Aparentemente eu tinha deixado de vez de ser “Malfoy”


pra Rony Weasley também, que me defendia com unhas
e dentes, como eu só tinha visto um grifinório fazer pelo
outro. Aquilo fez meu corpo tremer, me deu vontade de
chorar, porque eu não merecia. Eu não era um deles,
nunca poderia ser. Eu finalmente tinha mostrado ao
mundo que era um verdadeiro Malfoy.

A cena não parava de rodar na minha mente. Minha


varinha obedecendo a ordem, meu desejo de matar, a luz
verde, a minha culpa, um corpo no chão, o gosto de
morte na minha boca, a minha alma se partindo. E eu fiz
força pra levantar o tronco apesar da dor cortante. Eu
não podia dividir a cama com alguém como Harry, não
imundo como eu estava.

Hermione empurrou meu corpo de volta.

_ Olha o que você fez, Rony. – ela ralhou com o marido. –


Se o corte dele reabrir a culpa vai ser sua.
Rony colocou a mão sobre o meu ombro.

_ Desculpe cara, sei que está com raiva, também estou. –


ele me ofereceu apoio. – Quando você e Harry estiverem
bem, vamos pegar esse desgraçado. Mas agora é melhor
fazer como Hermione está
Mandando.

_ Não é por isso que estou com raiva. – senti vergonha de


encará-lo. – É pelo que eu fiz.

_ O que você fez? – ele perguntou.

_ Eu matei uma pessoa. – eu confessei meu crime, meu


pecado.

Eu podia ouvir a voz do meu pai, respirando no meu


cangote, me parabenizando. O rito de passagem, um
Malfoy adulto, um homem, um bruxo completo.

Hermione sentou ao meu lado na cama e segurou minha


mão, gentilmente.
_ Fiquei me perguntando porque não fez isso antes,
quando eles estavam prestes a atacar você. – ela disse
com muita delicadeza. – Com esse corte no peito... você
não teria resistido.

_Eu preferia ter morrido. – eu deixei as lágrimas de dor e


ódio escorrerem pelos meus olhos. – Eu nunca matei nem
torturei ninguém. Não uso maldições contra um inimigo
desde a queda do Lorde das Trevas. Eu jurei... jurei que
não me tornaria um Malfoy. Eu preferia ter morrido..
preferia ter morrido a me tornar o meu pai.

_ Você não é seu pai. – Rony me sacudiu com leveza,


levando em conta meu estado.

_ Abra os olhos. Olhe pra mim. Olhe pra mim, Draco.


Você não matou ninguém gratuitamente, por crueldade.
Você salvou Harry.

_ Harry. – eu repeti.

A única pessoa pela qual eu abriria mão de qualquer


coisa.
_ Neville fez o mesmo, matou Kinoss, protegeu Harry. –
Hermione disse, tentando me convencer.

Mas eles não entendiam. Do mesmo jeito que Harry


também não tinha conseguido compreender exatamente
quando eu tentara lhe explicar alguns dias antes. Não era
o mesmo pra eles.

_ Olhe para o meu braço esquerdo, Hermione. – eu


ordenei. Harry me amava, não se esquivava daquela
marca por isso. Mas Hermione Granger se esquivaria. –
Neville Longbottom não tem uma dessas. Neville
Longbottom não foi educado todos os anos de sua vida
pra ser um bruxo das trevas.

Mas Hermione não se esquivou. Ela tocou a Marca Negra


corajosamente.

_ Faça um corte no braço dele, Rony. – ela exigiu. – Bem


em cima da marca.

_ O que? Mas... – Rony Weasley tentava questionar a


razão daquilo.
_ Faça como estou mandando. – a voz de Hermione era
imperativa.

Rony Weasley não questionou mais, fez um feitiço


abrindo um corte longo sobre minha Marca Negra,
fazendo meu sangue brotar. Hermione abriu um corte em
sua própria mão, o sangue pingando, sujando os lençóis.
Ela empurrou a mão dela sobre a Marca Negra, fazendo
com que seu sangue penetrasse meu corpo.

_ Há sangue trouxa correndo em suas veias, Draco


Malfoy. – ela me encarava. – Você está com nojo? Se
sente sujo?

Eram perguntas horríveis, mas seu tom não deixava


espaço pra que eu não respondesse.

_ Não. – eu quase gritei, sem desviar o olhar, honesto e


franco.

Sentindo-se satisfeita, ela retirou a mão, fechando o


próprio corte.

_ Você não é seu pai. Não é um Comensal da Morte. O


que fez essa noite foi necessário, e não há diferença entre
você e Neville. Se você deixar o corte se curar
naturalmente, em cima da Marca Negra vai ficar uma
cicatriz. Quando olhar pra ela, em vez de lembrar dessa
maldita ideologia de sangue puro, lembre que há sangue
de uma garota trouxa em você. – Hermione falou, indo
em direção a porta. – E mesmo que Harry enlouqueça e
jamais se lembre de nenhum de nós, nunca o
abandonaremos, Draco. Você é um dos nossos.

Ela saiu, deixando-me sem palavras, encarando aquele


corte, que embora ardesse, tinha aplacado a dor que se
abrira na minha alma no momento em que eu tinha
tirado a vida de Mehothewn. Rony conjurou uma faixa e
rodeou meu braço, cuidadosamente, para que não
entrasse impurezas na ferida e a mesma não
infeccionasse.

Depois, ele pediu que eu chegasse um pouco para o meio


da cama. Ele me ajudou a me movimentar, eu me
encostei em Harry, grato por poder sentir o calor que
emanava de sua pele macia. Rony se deitou ao meu lado,
no espaço que eu tinha deixado vago.

_ Vou ficar com vocês essa noite, para o caso de


precisarem de alguma coisa. – ele falou, em voz baixa.
E deitado ali, ferido, entre Harry inconsciente e Rony
Weasley que zelava por nós dois, eu me permiti ter
esperança.
CAPÍTULO 34

NARRADO POR KIM HALL – HORAS ANTES DA


BATALHA CONTRA OS PURIFICADORES DO
SANGUE

Eu me levantei da mesa bruscamente na hora do almoço,


deixando metade da comida pra trás. Encarei George
Weasley, engolindo suas palavras, impactando-me por
aquela inesperada decepção. Desde aquela primeira noite
que tínhamos passado juntos, George me visitava com
frequência na Mansão. Nunca tínhamos voltado a ter
relações sexuais, nem mesmo um único beijo, mas ele
sempre me tratava com muita gentileza. Era divertido,
costumávamos conversar por horas, rindo de qualquer
coisa. Mas naquele momento, ele deixava claro que me
considerava um só menino frágil. Estava me
subestimando da mesma maneira que Marcus sempre
fazia.

_ Não sabia que eu tinha outro dominado. – eu disse,


sentindo meus olhos arderem.

Eu saí antes que chorasse na frente de todo mundo.


Caminhei rapidamente na direção do meu quarto,
apertando minhas mãos com força. Eu não era fraco, não
era. Bati a porta com raiva, pensando no porquê todos
pareciam chegar àquela conclusão. Era por causa da
minha aparência? Eu era um garoto magro, não muito
alto, mas por Merlin, eu era maior que Gina Weasley, que
Hermione Granger... ninguém parecia acha-las incapazes
de se defender. Seria por conta da idade? Nem aquilo
fazia sentido, muito mais jovem que eu, Harry já tinha
enfrentado Voldemort mais de uma vez.

A porta do meu quarto se entreabriu, revelando


parcialmente o rosto de George Weasley.

_ Posso entrar? – ele perguntou.

_ O que você quer? – eu perguntei de volta, limpando as


lágrimas que tinham teimado em cair.

George entrou, fechou a porta, e veio se sentar ao meu


lado na cama.

_ Por favor não chore por minha causa. – ele pediu. – Eu


não mereço.

Levantei os olhos para encará-lo. Queria gritar que não


tinha derramado uma única lágrima pelo que ele tinha
me dito, mas não era verdade, então eu só continuei a
olhar pro seu rosto. George parecia lamentar
sinceramente.

_ Me desculpe, Kim. O que eu disse não tem nada a ver


com você. – ele continuou. – Foi só meu medo estúpido
de ficar sozinho outra vez. Não justifica nada... mas na
última batalha em que estive, perdi Fred.

Eu senti meu coração se apertar. Ele devia sentir uma


falta absurda do irmão. Estendi a mão pra ele, em uma
oferta de paz e amparo. George segurou, acariciando
meus dedos com o polegar.

_ Tudo bem, já passou. – eu falei. – Você não vai ficar


sozinho. Agora é diferente da batalha de Hogwarts.
Estamos em maior número, isso foi planejado com
cuidado, e ainda temos o elemento surpresa.

_ Obrigado. – ele sorriu. – Por me perdoar tão


facilmente...

Eu queria abraça-lo, dizer que tudo ficaria bem, mas em


minha garganta haviam palavras que precisavam ser
ditas. Eu não podia seguir em frente sem elas.
_ Não quero que me ache fraco, George. – eu disse, num
único fôlego.

_ Nunca. – ele segurou meu rosto entre as mãos. – Eu não


acho. E prometo que não o tratarei assim novamente.

Eu assenti com a cabeça, respirando fundo, aliviado.

_ Isso é bom, George. – eu murmurei,


baixinho. – É bom porque... porque já gosto demais de
você.

George encostou seus lábios nos meus, em um beijo


doce, apaixonado, cheio de promessas e sentimento. Me
deixei levar, entregando-me completamente. Como eu
tinha sentido falta daquilo. Falta do seu gosto, da sua
boca. Eu o desejara todos os dias, a cada sorriso que ele
me dava.

_ Eu gosto tanto de você, Kim. – ele acariciou meu cabelo.

_ Quis te beijar todos os dias, desde a primeira vez. – eu


sussurrei contra os seus lábios, aproximando nossos
corpos ainda mais, deixando-me sentir o calor que vinha
da sua pele.

_ Porque não me beijou? – ele perguntou, os lábios


trilhando pelo meu pescoço, eriçando a minha pele. – Eu
estava sendo cavalheiro... achei que você ainda queria
esperar.

_ Também achei. – eu admiti, encostando a boca em seu


ouvido bom. – Mas a cada vez que te vejo, parece que te
desejo mais.

_ Eu também. – ele disse, interrompendo nossas carícias


pra me olhar. – Você é contra transar antes de uma
batalha tensa?

Eu ri do jeito que ele falava. Ele tocou minha bochecha


com calma, rindo também.

_ Não, mas gostaria de tomar um banho antes. – eu falei.


– Você me espera?

Ele fez um beicinho, mas assentiu com a cabeça. Fui


apressadamente até o banheiro, tomando um banho
rápido e fazendo os feitiços de preparação. Vesti uma
cueca especial que eu tinha comprado naquele dia mais
cedo, em uma sex shop que coincidentemente estava
localizada ao lado da Universidade.

Tratava-se de uma cueca branca que na frente cobria


meu pênis, mas atrás haviam apenas elásticos ao redor
das minhas nádegas, sendo completamente aberta,
deixando minha bunda exposta. Vesti um short preto,
larguinho, por cima, e saí do quarto, indo direto pra cama
com George, que já tinha tirado os sapatos e a camisa.

Ele me puxou pra junto de si, beijando-me de novo.

_ Você está cheiroso. – ele afundou o rosto no meu


pescoço.

_ Chama-se sabonete. – eu ri.

Ouvi sua risada baixa, e deitei displicentemente de bruços


na cama. Ele se deitou de lado, bem perto de mim, de
modo que eu podia sentir sua ereção na minha coxa.
George estava parcialmente inclinado sobre o meu corpo,
beijando as minhas costas lentamente, parecendo querer
provar o gosto de cada pedacinho da minha pele, sem
pressa, até embeber-se completamente de mim.
Senti quando suas mãos desceram para o meu short,
puxando-o pra baixo, e ele ofegou.

_ Meu Deus. – a voz rouca, sua excitação era nítida. – Foi


isso que você foi comprar hoje naquele sex shop depois
da aula?

Virei o rosto de lado pra olhar pra ele.

_ Sim. – eu sorri, com malícia. – Sabia que você estaria me


vigiando.

_ Você fez pra me provocar? – ele fez um rápido feitiço de


lubrificação e então começou a passar o dedo na portinha
da minha entrada, sem me penetrar. – Você não presta,
Kim Hall.

_ Em minha defesa, eu estava louco pra sentir você me


tocar de novo. – eu disse, empinando o quadril pra cima,
deixando-me mais exposto pra ele.

_ E você comprou essa cueca pra usar pra mim? – ele


perguntou, deixando um dedo escorregar pra dentro do
meu corpo, depois de muito massagear e provocar minha
entradinha.

_ Sim, só pra você , George. – eu gemi, mexendo-me um


pouco ao redor do dedo dele, querendo mais movimento,
mais atrito.

George introduziu o segundo dedo pra dentro de mim, e


começou a socar mais forte, me fazendo gemer baixinho.

_ Você está há um tempo sem sexo, está bem


apertadinho. – ele sussurrou pra mim. – Quero te lamber
aqui de novo.

Aquilo era um ponto fraco pra mim. Eu adorava ser


lambido ali. Era uma coisa que Marcus raramente fazia, e
que na minha última relação sexual com George, apesar
de ter me dado apenas algumas lambidas breves, eu tinha
praticamente delirando.

_ Adoro quando você faz isso. – eu confessei.

_ É mesmo? – ele disse, tirando os dedos do meu orifício.


– Então abre bem essa bundinha gostosa pra mim.
Eu separei bem as nádegas com as mãos, oferecendo-me
todo pra ele. Senti sua língua quente me invadindo,
aquele prazer lascivo me fazendo delirar, despertando
cada célula do meu corpo pro prazer. Ele me penetrou,
me fodeu com a língua, alternando estes movimentos
com lambidas mais leves que provocavam minha
entradinha e me faziam rebolar na sua boca. Ele me
beijou ali, sugou, chupou, mamou bem gostoso no meu
rabinho por vários minutos, nunca ninguém tinha ficado
tanto tempo fazendo aquilo comigo.

Eu sentia meu pênis, pulsar, latejando de excitação. Sua


língua em meu ânus me levava a um extremo e eu gemia
descontroladamente, entregando-me nele, despudorado.

_ Ah isso... me lambe bem gostoso. – eu pedia, gemendo.


– Fode meu rabinho com a língua.

Quanto mais eu pedia, mais George me dava. Eu estava


alucinado, meu cu piscava de tesão de encontro ao seu
toque, contraindo-se sem parar. Meu pau babava, duro
como pedra, pressionado contra o colchão, até que não
aguentei, e gozei daquele jeito, me contorcendo todo,
chamando seu nome.
George virou meu corpo de lado, para que eu ficasse de
frente pra ele.

_ Você estava se masturbando? – ele quis saber.

_ Não. – eu disse, constrangido.

_ Você gozou só com a minha língua? – ele perguntou,


num misto de surpresa e excitação.

Eu assenti com a cabeça, sentindo as bochechas


avermelharem, enquanto eu tentava me recuperar
daquele orgasmo. Ele me puxou pra junto do seu corpo,
me tomando pra um beijo urgente, carregado de luxúria.
Depois, pediu pra que eu me deitasse de lado na cama,
de costas pra ele, e erguesse uma das pernas. Vi que ele
se livrava do restante das roupas.

Ele me ajudou a sustentar a perna de cima, segurando-a


com a mão, seu pênis gigantesco pressionando as minhas
nádegas, seu corpo todo colado no meu, envolvendo-me.
Senti seu pênis entrar em mim, me deixando todo
dilatado.
_ Ah... você é tão grande. – eu gemi, sentindo aquela dor
gostosa de estar preenchido de George Weasley.

_ Quer que eu pare? – ele murmurou, em evidente


esforço, movimentando-se lento dentro de mim.

_ Não. – eu sussurrei de volta. – Gosto assim... de sentir


você me abrindo... me fodendo...

George ia perdendo controle, arremetendo pra dentro de


mim com força, batendo na minha próstata, me fazendo
delirar de prazer. Meu pênis estava duro novamente,
inchado, pulsando cada vez que aquele estímulo em meu
ânus me levava ainda mais longe, a um novo ápice.

_ Quero te deixar todo abertinho pra mim. – ele


confessou, me excitando ainda mais.

_ Me toca George, por favor. – eu pedi, sem conseguir me


aguentar. – Me deixa gozar no seu pau.

George ofegou em choque ao encontrar meu pênis duro


novamente, mesmo eu tendo acabado de gozar. Ele
gemeu baixinho, me fodendo com mais força, puxando o
meu pau de dentro da cueca e o masturbando
habilidosamente, levando-me para mais um orgasmo. Até
que gozamos juntos, nossos corpos latejando de prazer e
espasmos.

_ Fiquei impressionado, dois segundos depois de gozar e


você já estava pronto de novo. – George riu, alguns
minutos depois, quando conseguimos nos recuperar a
ponto de ter uma conversa coerente. – Merlin me ajude.
Vou ter dificuldades pra manter você satisfeito.

_ É a idade. – eu brinquei. – 18 anos... hormônios demais.

_ Você está me chamando de velho? – ele disse, embora


tivesse apenas 25.

_ Se a carapuça serviu. – eu ri.

_ Vou mostrar a você quem é que não aguenta. – ele


disse, esfregando-se de novo em mim.

Deus do céu, aquele homem ia me matar.


_ Tenha piedade, não transo há semanas, estou dolorido.
– eu reclamei, ainda rindo. – Por favor, recolha esse pau
enorme.

_ É grande demais pra você? Te faz sentir dor? – ele


perguntou, a voz adquirindo um tom sério.

_ Você sabe que é normal sentir um pouquinho de dor as


vezes, não é? Não é nada demais. – eu o tranquilizei, e
então me forcei a confessar baixinho. – Eu adoro seu pau,
parece que foi feito pra mim. Quando você me fode, ele
sempre bate especificamente no lugar que me dá mais
prazer.

_ Adoro seu corpo inteiro. – ele me abraçou por trás. –


Você todo foi feito pra mim.

-//-

Minutos depois eu fui até a cozinha, beber uma água


depois de toda aquela atividade, vestindo o short preto e
uma camiseta qualquer. Encontrei Harry, vestido com a
mesma displicência, parecendo igualmente trêmulo e
extasiado, além de ávido por uma água gelada.
_ Parece que não fui só eu que resolvi relaxar antes da
batalha. – eu provoquei.

Harry e eu tínhamos nos tornado muito amigos. Eu ainda


o admirava imensamente, ele era o Eleito, um homem
muito corajoso, que tinha feito muito pelo mundo
mágico. Mas naquele tempo morando com ele, eu tinha
aprendido também a conhecer a pessoa divertida e
companheira que ele se mostrava, fora de todo esse
contexto heroico.

_ Parece que finalmente George Weasley se deu bem. –


ele riu. – Ele vem tentando há dias.

_ Ele vem tentando? – eu me indignei. – E o que você


deixa pra mim? Parti pra cima dele como um furacão.
Usei até uma cueca aberta atrás.

Harry cuspiu água pelo nariz, sem saber se ria ou se


mostrava-se completamente chocado com o que eu tinha
dito.

_ Isso existe? – ele perguntou, interessadíssimo. – Me


empresta?
_ Acho que vai ficar apertado em você. – eu respondi,
medindo seu corpo consideravelmente mais avantajado
que o meu. – Mas posso te comprar uma. Vende no sex
shop na esquina da minha faculdade.

_ Eu adoraria. – ele agradeceu.

_ O que te deixou tão safado, senhor Harry Potter? – eu


quis saber.

_ Draco me amordaçou hoje. – ele confessou, com


timidez, as bochechas ruborizando.

Ergui as sobrancelhas. Aquilo era sério. Marcus já tinha


me pedido pra fazer, mas eu nunca aceitei. Nunca achei
que ele fosse conhecer meus limites sem que eu pudesse
expressa-los.

_ Você está bem? – eu perguntei com preocupação.

_ Estou ótimo. – ele exclamou. – Foi o orgasmo mais... .


ah... mais revolucionário da minha vida. Não consigo fazer
meu pênis ficar mole de novo.
Eu o abracei de lado, passando o braço direito pelos seus
ombros.

_ Fico feliz que você e Draco estejam tão bem, é evidente


a confiança e o amor entre vocês dois. – eu disse, e
depois acrescentei em tom de brincadeira. – E que fique
claro, estou te abraçando nessa posição porque não
quero que você encoste essa coisa em mim.

_ Que coisa? – George perguntou, entrando na cozinha,


acompanhado por Draco.

_ Harry não consegue fazer o pau descer. – eu disse,


rindo.

_ Ainda? – Draco perguntou, aproximando-se do


namorado. – Até eu estou começando a ficar assustado.

_ Isso é maldade sua, que deixou ele assim e não quer


resolver o problema. – Harry reclamou, fazendo uma
careta. – Mesmo que ainda falte um bom tempo até a
hora de nos reunirmos na Ordem.

_ Pobrezinho, deixe-me cuidar de você, então. – Draco


puxou o short de Harry pra baixo ali mesmo e o empurrou
contra o balcão alto de mármore, fazendo-o sentar sobre
a pedra fria.

_ Aqui? – George perguntou, incrédulo.

Ele conhecia Harry há muitos anos, o tinha como um


irmão, acho que nunca imaginara se deparar com aquela
situação.

_ Ora, Weasley, se você está incomodado, há muitos


outros cómodos. – Draco deu de ombros. – Mas acho que
Kim gosta de assisti..

Harry me olhou, tímido, mas evidentemente excitado


conforme a boca de Draco baixava sobre seu pênis,
tomando-o na boca. Eu gostava mesmo de assistir, essa
era uma das razões pelas quais eu tinha me envolvido
com BDSM e aceitava participar daquelas cenas em
grupo.

_ Me lembro de você dizer que fazem essas coisas uns na


frente dos outros. – George falou, com curiosidade.

_ A maior parte de nós é voyeur. – eu expliquei. – Mas


não precisamos ficar aqui.
_ Quero fazer isso com você. – ele falou, e eu sondei seus
olhos, pra ver se era sincero.

Deixei meu short cair junto com a cueca, desnudando-me


pra ele.

_ Sou todo seu. – eu sussurrei.

George me ergueu no colo com facilidade, me colocando


sentado no mármore ao lado de Harry. A cena era
excitante, nossos gemidos se misturavam, ele desceu os
lábios sobre o meu pênis com volúpia, me sugando
gostosamente. A boca dele me ordenhava, ele me
permitia penetrá-lo até a garganta, cobrindo-me de saliva
e calor. Eu gemi gostosamente, meus gritos se
misturando aos de Harry, que parecia entregue a uma
espécie de ritmo frenético, projetando-se para dentro dos
lábios de Draco, fodendo sua boca. Vi quando ele gozou,
fazendo Draco tomar todo seu líquido.

Eu já nem sabia se tinha condições de gozar uma terceira


vez, mas George queria tudo de mim, me levou até o
prazer, sugando-me inteiro. Eu atingi o orgasmo em seus
lábios, gemendo, sentindo que perdia completamente as
forças.
_ Acho que é a nossa vez, George Weasley. – Draco
sorriu, malicioso.

_ Nada mais justo. – George abriu a calça, abaixando-a,


expondo seu pênis já ereto.

_ Puta que pariu. – Harry exclamou, arregalando os olhos


pra mim.

_Não dá nem pra competir. – Draco brincou, referindo-se


àquele pau enorme que George exibia.

George não se deu o trabalho de parecer envergonhado.


Outra pessoa talvez ficasse tímida na primeira vez que
estivesse fazendo sexo na frente dos outros. Mas não
George Weasley. Timidez não constava em seu dicionário.

_ Quero experimentar uma coisa nova. – ele olhou pra


mim. – Uma coisa que você me disse que poderia ser
bom, e no começo não acreditei. Agora já acho que nada
pode ser ruim com você.

Eu sabia do que ele estava falando. No nosso primeiro


encontro, nós tínhamos falado sobre amarrar o pênis,
para conter o orgasmo. George tinha dito como ficaria
agoniado com aquilo, mas eu tinha explicado como faria
com que ele sentisse prazer, sem machuca-lo.

_ Tem certeza? – eu perguntei.

Ele assentiu com a cabeça. Ele se sentia obviamente


instigado a tentar, sorria pra mim com confiança,
excitação, desejando saber mais sobre o prazer que eu
poderia lhe dar. Eu era mais novo, tinha tido apenas um
parceiro antes de George, mas o que eu conhecia de
BDSM possibilitava que eu propusesse algumas
experiências.

_ Draco. – eu chamei. – Me empresta uma tira fina de


couro? Nada cruel... algo macio.

Draco ergueu uma sobrancelha, estranhando o pedido,


mas fez o feitiço convocatório, entregando em minhas
mãos. George estava ereto, e eu o amarrei sob o olhar
atento de Draco.

_ Já fez isso antes, Kim? – ele perguntou, em tom ameno.

_ Não, só fui amarrado. – eu respondi.


_ Passe a fita mais embaixo, para envolve-lo melhor. –
Draco orientou. – E pode apertar mais, não vai machuca-
lo. Tão leve assim quase não fará diferença.

Fiz como Draco me instruiu, afinal ele era um dominador


há alguns anos, sabia como amarrar uma pessoa. George
esperou corajosamente, parecendo não se importar com
a interferência. Quando terminei, encarei seu pênis rígido
e ereto, lambendo levemente a glande seguidas vezes,
provocando-o.

George fechou os olhos, ofegante.

_ Isso vai ser bom de assistir. – Draco murmurou. – Adoro


ver um ativo ser amarrado assim.

_ O que acha de assistir fodendo minha boca bem


gostoso? – Harry ofereceu, ajoelhando-se no chão na
frente do namorado.

Draco aceitou sem pensar duas vezes, penetrando a boca


de Harry em um ímpeto, alcançando sua garganta,
fazendo-o engasgar. Mas Harry estava envolvido demais,
não se retraiu. Ambos olhavam pra mim e George,
excitados com o espetáculo que oferecíamos.

Eu chupei a cabecinha do pênis de George com destreza,


fazendo-o gemer, concentrando-me naquela parte tão
sensível. Minha língua roçava o buraquinho por onde
escorria pré gozo. Eu sentia seu pênis inchar e latejar sob
meus lábios.

_ Ah Kim... você vai me enlouquecer... – ele gemeu. –


Meu pau está doendo de tão duro.

Eu entendia. Retirei a boca de sua glande, abandonando


seu membro, e baixei a cabeça, lambendo seus testículos,
fazendo-o ofegar ainda mais. O saco de George estava
apertado pela tira de couro, tornando-o sensível e
contraído. Eu o chupei, lambi, beijei com gosto,
excitando-o, levando-o ao limite.

_ Kim... por favor... – ele suspirou.

Deixei de lambe-lo ali, para voltar a massagear a sua


glande. Eu expus a cabeça do seu pênis, dedilhando-a,
esfregando-a na palma na mão, deixando-a levemente
dolorida.
_ Não posso mais aguentar... – George gemeu, suplicante.
– Me deixe gozar, por favor. Eu preciso gozar.

Eu o desamarrei. Tomei seu pénis na boca, chupando-o


com luxúria, masturbando a parte que não conseguia
sugar, permitindo-nos mergulhar em um ritmo
afrodisíaco. Ele se esfregava em mim, introduzia-se na
minha boca, e eu atendia à sua lascívia, dava tudo que ele
queria, até sentir seu orgasmo vindo. Quando ele gozou,
engoli parte do seu jato forte, abri a boca, e permiti que
ele sujasse meu rosto, que ele visse seu sêmen em mim.

George me puxou pra cima.

_ Você é o homem da minha vida. – ele falou, os olhos


brilhando de luxúria.

_ George. – eu disse seu nome, como uma prece.

-//-

Mais tarde, naquela noite, eu estava em meu quarto,


cuidando de George. Eu tinha ficado perto dele durante
toda luta, pois já tinha percebido que, apesar de viver
uma vida normal, o ferimento que lhe tirara um ouvido
anos antes, na guerra contra Voldemort, tinha tirado
muito do equilíbrio de George Weasley. E equilíbrio era
importante demais em uma batalha.

Em um dado momento, enquanto lutávamos contra os


Purificadores do Sangue, um deles lançara um forte
feitiço em George que, muito talentoso, tinha bloqueado
no último milésimo de segundo. A força da magia, no
entanto, o atordoara, fazendo com que e cambaleasse
para perto demais de uma janela. O bruxo aproveitou do
seu desequilíbrio para lhe lançar um estupefaça.

Ao ser estuporado, George perdeu a consciência. O


estuporamento para uma pessoa que não tinha um
tímpano podia ser um feitiço de auto risco. Pude ver seu
corpo ser lançado na direção da janela. O capturei no ar,
com um feitiço convocatório, e desaparatei, voltando a
Mansão Malfoy. Fiz tudo que pude pra ajuda-lo, todos os
feitiços que conhecia para que ele ficasse bem, e o deitei
em minha cama. Pouco depois os outros começaram a
chegar, a batalha tinha tido fim.

Com a situação de Harry e Draco, e os ferimentos que


ambos tinham sofrido, Rony, Hermione, Blaise, Molly
Weasley e alguns outros membros da Ordem, além de
Kingsley entraram na Mansão levando os dois
inconscientes para o quarto. Lá dentro ocorreu alguma
conversa que não ouvi exatamente, mas vez ou outra, do
meu quarto, os gritos de Molly e Rony, principalmente,
faziam-se escutar. Hermione tinha vindo ao meu quarto
assim que pôde, me dar detalhes sobre a situação de
Harry e Draco e saber de George. Eu não o deixara nem
por um segundo.

Algumas horas depois tudo se aquietou e a maior parte


das pessoas foram embora. Ficaram apenas Rony e
Hermione (que estavam no quarto com Harry e Draco
esperando que Draco acordasse); e os pais de George.
Molly Weasley parecia estar no quarto ao lado do meu,
verificando o estado do marido, Arthur Weasley, que
tinha sofrido ferimentos leves, e agora descansava junto
do neto, Hugo.

Eu tinha cuidado do sr. Weasley assim que ele chegara na


Mansão, sangrando, mas correndo para o meu quarto,
onde ele sabia que o filho estava desacordado. Arthur
estava consciente, tínhamos conversado um pouco. Seus
sinais vitais estavam bons, mas eu recomendei que ele
repousasse, ficando de cama ao menos até o dia seguinte.

Já era madrugada e eu continuava inquieto, sem pregar


os olhos, esperando George acordasse. Eu sabia que só
restava esperar até que seu organismo se recuperasse e
que ele conseguisse abrir os olhos novamente. Era mais
ou menos a mesma situação que Harry; mas é claro,
sendo apenas um estupefaça e não três maldições
cruciatus, eu esperava que George acordasse em alguns
minutos. No máximo em algumas horas. Mais do que isso,
já seria anormal e perigoso.

Ouvi alguém bater em minha porta.

_ Entre. – eu pedi, já esperando ver Molly Weasley do


outro lado.

A mãe de George entrou devagar no quarto, olhando para


o filho inconsciente na cama. Ela não estivera na batalha,
era a única, por estar cuidando do neto, Hugo. Ela já tinha
vindo mais cedo ver George, mas estava muito alterada,
Hermione e eu apenas garantimos que ele ficaria bem, e
que precisava descansar.

_ Disseram que você salvou a vida do meu filho. – ela


murmurou, parecendo prestes a chorar. – E que está
cuidando dele desde a hora que chegaram na Mansão.

_ Gosto muito do seu filho, sra. Weasley. – eu disse, sem


jeito.
_ Pode me chamar de Molly. Os meninos já me disseram
que você é o namorado de George. – ela me olhava
amorosamente. – Bom, ele não poderia ter escolhido
melhor.

Ela sentou ao meu lado na cama.

_ Ele vai ficar bem. – eu disse novamente, afagando seu


braço, oferecendo suporte.

_ Porque ele não acordou? Eu nunca vi alguém ficar tanto


tempo desacordado por causa de um estupefaça, pelo
menos não alguém tão jovem. – ela perguntou.

_ Sra. Weasley... – ela abriu a boca para me corrigir, mas


eu mesmo o fiz. – Molly... quando ele sofreu esse
ferimento no ouvido, ele não perdeu só a audição de um
lado. Ele perdeu uma parte importante do corpo que
confere equilíbrio, chamado tímpano. Os tímpanos nos
ajudam a nos locomover, nos movimentar, e são
fundamentais em uma batalha. Hoje, George vive com
apenas um tímpano, então as funções que exigem
equilíbrio são mais complicadas pra ele. O estupefaça é
um feitiço atordoante, o efeito é muito mais incisivo em
uma pessoa cujo equilíbrio está comprometido.
_ Como nunca percebemos que ele tinha problemas com
equilíbrio? – ela perguntou, parecendo sentir-se mal por
não notar que seu filho tinha um problema.

_ Porque George é um homem muito forte, valente, que


aprendeu a enfrentar as adversidades e viver com o que
tem. Mesmo com suas limitações, ele lutou como um
herói ontem à noite, nos ajudou a vencer, incapacitou
vários purificadores, me protegeu de muitas maldições. –
eu disse. – E quando tive a chance, o protegi também.
Quando ele foi atingido, quando vi que ele cairia da
janela, eu o trouxa de volta.

Molly sorriu pra mim, levantando-se da cama.

_ Me avise quando ele acorda, Kim. – ela falou,


evidentemente mais tranquila. – Bem-vindo à família
Weasley.

Assim que sua mãe saiu do quarto, batendo a porta,


George abriu um único olho, sorrindo travesso.

_ Ela já foi?
_ Que susto! – eu ofeguei. – Quer me matar do coração?

_ Não. – ele me olhava com carinho. – É que acordei


quando minha mãe estava aqui e eu queria um tempo
sozinho com você.

_ Você ouviu o que eu falei? Sobe seu tímpano? – eu


perguntei, inseguro.

_ Sim, acordei logo que ela entrou. – ele contou. – Você já


sabia que eu não tinha equilíbrio? Foi pra batalha com a
intenção de cuidar de mim?

_ Fui. – eu disse, baixinho, esperando que ele não se


chateasse.

_ Por que não me mandou a merda quando eu disse


aquelas coisas pra você no almoço? Por que não jogou na
minha cara que era eu quem precisaria de ajuda? Que era
eu que não tinha condições de ir pra uma batalha? – ele
quis saber.

_ Porque eu queria que cuidássemos um do outro. – eu


expliquei. – Do jeito que foi.
_ Sempre vou cuidar de você, Kim. – ele me disse, e eu
abaixei devagar para beijá-lo.

_ Você vai ficar uns dias sem movimentos bruscos, tudo


bem? – eu orientei. – Ordens do seu medibruxo.

_ Meu medibruxo é muito sexy. – ele sorriu. – Eu não


seria nem louco de ignorar as instruções dele.

_ Acho bom. – eu ri. – Agora fique quietinho que vou


chamar sua mãe.
CAPÍTULO 35

NARRADO POR MARCUS VITAVERZA – HORAS


ANTES DA BATALHA CONTRA OS PURIFICADORES
DO SANGUE

Eu estava no quarto de Neville Longbottom, que durante


o dia tinha se transformado, com autorização de Minerva
McGonagall, em meu laboratório particular de poções.
Naquele momento, eu acrescentava uma folha triturada
de Scrophulariaceae nigrum na poção cuidadosamente
calculada.

Depois daquela noite com Longbottom, eu sentia como se


algo tivesse começado a mudar dentro de mim. Eu tinha
saído completamente da minha zona de conforto,
experimentado viver o prazer de outro jeito, e por alguma
razão aquilo tinha me dado uma sensação de cura, como
se eu tivesse eliminado parte daquela culpa massacrante
que me esmagava desde a morte de Giuseppe.

Mas Neville tinha deixado claro que o que tinha


acontecido entre nós tinha sido apenas aquela vez. Não
se repetiria.
Apesar disso, eu gostava dele, sentia que devia a ele,
queria ajuda-lo. Então tinha pedido ao Elfo Doméstico
que trazia meu café da manhã para dizer a diretora que
eu gostaria de conversar com ela. Quando McGonagall
veio me ver, eu contei sobre a situação de Neville com
seus pais e a Scrophulariaceae nigrum, pedindo segredo.

Expliquei que ele tinha me dito que a principal ressalva do


Conselho dos Medibruxos era que Neville era um
herbologista sem NOM ou NIEM em poções, e por isso
suas pesquisas eram ignoradas, ele não podia criar um
novo medicamento. McGonagall pareceu realmente
irritada com a situação. Eu disse a ela que eu, embora não
fosse nenhum mestre em poções (como Kim tinha feito
questão de ressaltar na nossa última discussão), era
certificado com nota Ótimo no NOM e no NIEM em
poções.

Depois de Hogwarts, eu tinha me interessado mais pelo


assunto, como um hobby, estudando sobre o tema. Então
me ofereci para fazer uma poção teste, que pudesse ser
usada no processo que Longbottom e Draco estavam
entrando contra o St. Mungus. McGonagall ficou bastante
sensibilizada, e disse que os elfos me trariam o que eu
precisasse assim que Neville saísse de manhã, e voltariam
para tirar tudo do quarto antes que ele retornasse.
Combinamos de não dizer nada a ele, por enquanto, caso
minha ideia não funcionasse.
Depois de alguns dias estudando a tese de Neville sobre a
Scrophulariaceae nigrum, estudando uma boa quantidade
de livros de poções, calculei uma mistura que eu julgava
perfeita. Eu tinha escrito a poção inteira em um grosso
pergaminho, no qual dissertava sobre a teoria de
construção daquele medicamento, embasado na pesquisa
de Neville, e em outras pesquisas na área de poções, que
eu conhecia mais profundamente. Ao final, assinei,
colocando o código dos meus NIEMs.

Naquele instante, eu concluía finalmente a parte prática,


cozinhando uma panela amostra, engarrafada em 12
vidros idênticos. Estava pronto, eu estava muito animado,
quando Neville voltasse das aulas naquele dia, eu poderia
contar a ele.

Mas eu esperei... esperei... e ele não apareceu. Quando


anoiteceu, Minerva McGonagall adentrou os aposentos.
Ela era a única a quem Neville tinha fornecido acesso ao
seu quarto, cuja entrada era altamente privativa.

_ O que houve, professora? – eu perguntei, preocupado.


_ A batalha, Marcus. – ela me disse, parecendo inquieta.
– É hoje. Todos estão indo pra Ordem, vamos nos reunir
pra lutar.

_ Longbottom sabe disso há quanto tempo? – eu exigi,


atormentado.

_ Cinco dias. – ela falou. – Imagino que não tenha te


contado pra não te preocupar... ele sabe que você não
está bem...

Ela tentava falar delicadamente sobre o fato de eu ter


enlouquecido.

_ Eu preciso ir até lá. – meu peito era ansiedade e aflição.


– Eu posso lutar, posso ajudar.

_ Não. – ela respondeu, categórica. – Infelizmente, não,


Marcus. Um elfo vai vir lhe devolver a varinha daqui a um
tempo. Quando isso acontecer, você estará livre.

_ Mas... Neville... – eu falei, incoerente.


_ Neville me pediu pra te deixar uma mensagem. – ela
falou, olhando-me com compaixão. – Ele pediu que você
vá pra casa assim que puder, libere a passagem dele para
que ele possa aparatar até lá, e espere por ele. Neville vai
assim que puder. Ele pediu também que você confie nele.

_ Por que ele não me disse ele mesmo essas coisas? – eu


perguntei, mais pra mim mesmo do que pra ela.

_ Vai ter que perguntar a ele, Marcus. – McGonagall


sorriu, inesperadamente. – Se quer um conselho, tenha
paciência. Neville sempre foi um bom garoto, mas não
lida muito bem com sentimentos.

Dizendo isso, ela saiu porta a fora, trancando-me no


quarto de Neville. Eu juntei minhas pesquisas, as
amostras da minha poção, meu pergaminho pronto pra
entregar a Neville. Abri o armário e peguei uma camiseta
dele, a que eu mais gostava, a que eu mais tinha usado
naquelas semanas. Um tempo depois, como a diretora
tinha dito, um elfo apareceu, me devolvendo minha
varinha.

Eu saí de Hogwarts, mais determinado do que eu tinha


entrado, coma mente mais lúcida, mais certo sobre quem
eu era, sobre o que eu queria, mas cheio de dúvidas e
preocupações. Quando cheguei a minha casa, tudo estava
exatamente como eu deixei, como se eu nunca tivesse
saído de lá.

Meus elfos vieram me receber e eu menti, dizendo que


estivera em uma viagem emergencial. Guardei tudo
relativo as poções da Scrophulariaceae nigrum, deixei a
camiseta de Neville em cima da minha cama, fiz um
feitiço pra que ele pudesse aparatar, e sentei na sala de
estar pra espera-lo. A mente tomada de apreensão e
desassossego.

Será que o plano tinha funcionado? Kim estaria a salvo ou


sua associação comigo o tinha levado a morte? Todas
aquelas pessoas que eu conhecera na Ordem da Fênix
voltariam bem para suas casas? Onde estaria Neville?
Porque ele não tinha me dito nada?

Já era tarde da noite quando Neville Longbottom


aparatou no meio da minha sala. Ele estava suado, seu
rosto parecia cansado da batalha, havia um rasgo na
manga esquerda da sua camisa suja do que parecia ser
fuligem. Estava atraente como nunca.

Seus olhos me fitavam intensos, sérios. E de repente me


dei conta de que ele puxava pela mão um corpo inerte.
Ele largou no chão da minha sala um homem morto.
Robert Kinoss.

_ Ele está morto. – eu sussurrei.

E senti como se todos os demônios que me assombravam


estivessem, enfim, me abandonando. Era aquele homem
que me perseguia há anos. Era aquele homem que tinha
tirado tudo de mim, Giuseppe, minha vontade de viver,
minha sanidade.

_ Quem? – eu perguntei, embora já soubesse a resposta.

Ele o tinha matado. Neville tinha matado Kinoss.

_ Eu sabia que você nunca poderia seguir em frente se ele


estivesse vivo, mesmo que ele passasse o resto da vida
em Azkaban. – ele falou. – E além disso, eu precisei. Ele
estava torturando Harry.

Medi as palavras dele, ele parecia entender de verdade.


Ele tinha me trazido o corpo. Eu tinha feito faculdade de
direito bruxo, embora não trabalhasse com isso, como
Draco. Eu sabia que ele estava cometendo uma infração
grave ao mover um corpo do lugar da batalha. Os
Purificadores mortos, de acordo com a lei, teriam os
corpos levados ao Ministério para autópsia e depois
ficariam disponíveis para que a família requisitasse para
enterro particular. Do contrário eram enterrados no
cemitério de Azkaban.

_ Por que trouxe o corpo? – eu perguntei, em voz baixa,


os olhos fixos no corpo morto do meu algoz. – Sabe que é
proibido...

_ O corpo vai aparecer daqui a alguns minutos no


Ministério. – ele respondeu, mostrando que intencionava
levar Kinoss de volta. – Eu trouxe por que... eu entendo
você, Marcus... a sua dor.. mais do que você imagina. Eu
vivi anos com a sua dor, parecia que eu nunca teria paz.
Até que um dia eu vi o corpo dela, completamente morta,
liquidada... Bellatrix Lestrange. Ver me ajudou a voltar a
respirar normalmente. Eu sei que parece
mórbido...sombrio...

_ Obrigado. – eu agradeci.

Era mórbido. E sombrio. Mas era também necessário.

_ Eu... – ele começou a dizer, sem jeito.


_ Você me devolveu tudo, Neville. – eu disse. – Todas as
partes de mim que Kinoss arrancou, pra além de
Giuseppe.

_ Não posso devolvê-lo a você, infelizmente. – ele me


olhou com tristeza.

_ Ele está em algum lugar melhor. – eu disse, olhando o


céu pela janela. – Ele iria querer que eu seguisse em
frente. Que encontrasse alguém que pudesse gostar de
mim de verdade.

_ Eu preciso ir, Marcus. – Neville disse, desconversando. –


Vou devolver o corpo, e me preparar pra testemunhar
contra um auror amanhã.

_ Um auror? – eu perguntei, confuso.

_ Os aurores tinham se unido a nós. Mas no último


minuto, um deles nos traiu. Amaldiçoou Harry com uma
cruciatus. – Neville contou, justificadamente revoltado. –
Na realidade, Harry foi atingido por três maldições
cruciatus ao mesmo tempo. Por Kinoss, Mehothewn e
esse auror.
_ Mehothewn? – eu perguntei. – Ele não estava preso?

_ Fugiu nos últimos dias. – Neville respondeu.

_ Harry está bem? – eu quis saber. – E os outros?

_ Harry ainda está desacordado, não sabemos como


estará sua memória. – ele parecia horrorizado de dizer
aquilo, a mesma coisa que aconteceu com seus pais
podendo acontecer com um de seus amigos mais
próximos. – O restante está bem. Temos alguns aurores
no St. Mungus, mas vão sobreviver. Fora isso, acho que só
George Weasley foi ferido... e Draco que levou um
sectumsempra do Kinoss, mas também vai ficar bem.

_ Então não matei Kim. – eu disse, desafogado do peso


que me sufocava.

_ Não, Marcus. – ele disse, com gentileza. – Ninguém


morreu.

Ele se despediu de mim rapidamente, como se estivesse


ansioso pra ir embora. O deixei ir, mesmo que dentro de
mim um desespero gritasse para pedi-lo para ficar. Ele já
tinha dito que não queria mais, que tinha sido uma única
vez. Eu não podia ficar me enganando.

Acabei não dando a poção a Neville, nem mostrando a ele


o pergaminho que eu tinha feito, para ajudar na defesa.
Mas de repente me dei conta que Harry estava
inconsciente e que podia acordar a qualquer momento
enlouquecido, sem lembrar de ninguém, nem mesmo de
Draco.

Assim que amanheceu, agarrei o pergaminho assinado


com a dissertação da minha pesquisa, a metade das
amostras, e fui até a Mansão Malfoy. Ao tocar a
campainha, fui recebido por um Elfo Doméstico. A casa
de Draco estava barulhenta e cheia de grifinórios de
cabelos ruivos: toda a família Weasley estava,
evidentemente, hospedada ali.

Na sala, estavam Hermione Granger, Rony Weasley, o


bebê e um casal mais velho que eu reconhecia como os
pais de Weasley. O homem tinha vários curativos no
corpo.

_ Vitaverza. – Granger se levantou. – Imagino que tenha


vindo falar com Draco.
Eu assenti levemente com a cabeça.

_ Mas além disso, você é a Medibruxa que está cuidando


do caso de Potter certo? – eu perguntei.

_ Sim. – ela confirmou, confusa.

_ Ele já acordou? – eu quis saber.

_ Não. – Granger respondeu.

_ Então tenho algo que pode ajudar.

Todos os Weasley’s levantaram na mesma hora. Podiam


ter um pé atrás comigo, mas diante da possibilidade de
eu ter uma saída que pudesse ajudar Harry Potter, eles
estavam dispostos a esquecer qualquer que fosse a
desconfiança. Eu subi as escadas já conhecidas da
Mansão, atrás de Granger, seguido por Rony Weasley,
com o filho no colo, e seus pais. Entramos todos juntos no
quarto de Draco, onde ele repousava, parcialmente
sentado na cama, ao lado do corpo adormecido de Harry.

_ Marcus! – Draco exclamou.


Eu caminhei até ele, estava evidentemente frágil. As
ataduras mostravam que o feitiço tinha acertado em
cheio seu peito. Havia outra bandagem em seu braço,
onde eu sabia ficar a marca negra, parecendo cobrir um
ferimento mais leve.

_ Como você está, Draco? – eu me sentei ao lado dele,


olhando-o com preocupação.

_ Me recuperando. Kinoss parece ter a mania do


Sectumsempra. – ele falou, a voz um pouco fraca. – O que
é no mínimo estranho. Não é um feitiço muito comum
desde o final da guerra. Era uma marca de Snape, depois
que descobriram que ele era partidário de Dumbledore, o
Sectumsempra caiu em desuso.

_ Kinoss sempre adorou esse feitiço. – eu disse, com


amargor. – Mas felizmente esse bastardo não está mais
entre nós. Longbottom veio ontem de madrugada me
contar.

_ Você e Neville parecem ter ficado bem próximos. –


Draco comentou, trocando olhares com Granger e os
Weasley's que ainda estavam parados perto da porta.
_ Longbottom é um cara legal. – eu disse, fingindo que
dava de ombros. – Por isso há um tempo venho pensando
um jeito de ajudá-lo no processo contra o St. Mungus.
Um jeito que talvez também possa ajudar Harry.

Todos no quarto olharam ansiosos pra o homem


inconsciente, deitado ao lado de Draco.

_ Por favor, Marcus, qualquer ajuda é bem-vinda. – ele


me disse, em evidente desespero. – Essas maldições... as
cruciatus que ele levou... eram pra mim. Ele entrou na
frente.

Eu encarei Draco com compaixão. Se Harry não acordasse


bem, aquela era uma culpa que ele carregaria para o
túmulo. Culpa era uma coisa que eu entendia.

Expliquei tudo o que eu estava fazendo pra ajudar o


processo de Neville, falei da pesquisa, do apoio de
McGonagall, da poção teste que eu tinha criado e das
amostras que eu tinha produzido. Tirei da maleta que eu
tinha trazido comigo o grosso rolo de papiro onde toda a
minha teoria era explicada, com as instruções para se
fazer a poção teste, assinado por mim, com os códigos
dos meus certificados de NOM e NIEM exigidos pelo
Conselho de Medibruxos. Dei a Draco o papiro, com mais
seis vidros de amostra.

_Se Harry acordar com a memória danificada, vamos


poder ajuda-lo com a poção. – Rony Weasley parecia
contente.

_ Vocês poderão tentar. – eu disse, sem querer dar


esperanças demais. – É uma poção teste. Apesar de ter
bastante embasamento. As pesquisas de Longbottom
com a Scrophulariaceae nigrum são realmente boas.

_ Você permite que eu leia, Vitaverza? – Granger


perguntou, educada.

_ Claro, vá em frente, você é Medibruxa. – eu disse,


enquanto ela pegava o papiro das mãos de Draco e o
desenrolava.

Os Weasley’s pareciam esperançosos, enquanto se


retiravam do quarto com Hermione Granger, carregando
as amostras das poções, a fim de dar mais privacidade
para mim e Draco. Ele me olhava com uma expressão
insondável.
_ O que te levou a fazer isso? – Draco me perguntou. –
Não me leve a mal, estou grato pela possibilidade que a
poção representa pra Harry. Mas você não fez por Harry.
Fez por Neville. Por quê?

_ Neville tem me ajudado muito, não só me dando a


Scrophulariaceae nigrum. Acabamos... hã... nos tornando
próximos durante esse tempo que passei em Hogwarts. –
eu disse, esperando não passar a impressão errada. – Ele
parece entender como eu me sinto, e tenta me ajudar a
passar por isso. Ontem, ele ignorou todas as regras e me
trouxe o corpo de Kinoss.

_ Ele o quê? – a voz de Draco subiu, fazendo com que ele


tivesse que se controlar pra não chamar atenção dos
outros que poderiam estar circulando pelos corredores.

_ Ele sabia que eu precisaria ver com meus próprios


olhos. Que não bastaria ninguém me dizer que ele tinha
morrido. – eu confessei, baixinho.

_ Parece que vocês desenvolveram uma ligação muito


forte. – ele me olhou, com desconfiança.
Eu olhei pra Draco. Ele não estava usando Legilimencia,
mas sabia que ele podia ver em meus olhos que eu
gostava de Neville.

_ Eu não acredito. Você está tentando fazer ele se tornar


seu submisso? – Draco ralhou comigo. – Isso nunca vai
funcionar. Você não está vendo que Neville não é o tipo
de homem que vai aceitar uma relação dessas?

_ Eu não quero isso de Neville. Eu não quero mais isso,


Draco, de homem nenhum. – eu disse. – Eu estou
finalmente encontrando o meu caminho, superando toda
essa dor, esse medo, essa culpa que me consome.

_ E acha que seu caminho é ao lado de Neville


Longbottom? – ele ergueu uma sobrancelha, chocado.

_ Poderia muito bem ser. – eu ergui a cabeça para


encará-lo. – Mas Neville não parece querer o que ofereci
a ele.

_ O que você ofereceu a ele? Uma relação como eu e


Harry temos? – ele perguntou.
_ Não, acho que nem isso seria o suficiente. Neville não
se submeteria a mim nem na hora do sexo. – eu disse. –
Eu ofereci a ele uma relação comum, sem BDSM. Nós
transamos uma noite, foi naquele dia que você e Blaise
me visitaram. Mas depois ele não quis mais.

_ Ele já tinha transado com outros homens? – Draco quis


sabe.

_ Não. – eu respondi.

_ Pode ser difícil pra um cara acostumado a transar com


mulheres. – ele ponderou. – Você é ativo. Ele pode ter
achado doloroso, invasivo demais..

_ Eu sei. – eu concordei. – Mas eu mostrei a ele o outro


lado...eu o deixei fazer o mesmo comigo.

_ Você deixou ele te comer? – Draco estava


impressionado.

Eu assenti com a cabeça.


_ Eu quero Neville Longbottom, Draco. – eu esclareci. –
Ele faz tudo parecer certo. Eu o desejei o tempo todo, o
desejei enquanto ele me fodia, o desejo agora, seria
passivo por ele o resto da vida se essa fosse a única
condição para tê-lo.

_ Você está apaixonado de novo. – Draco sorriu. Ele sofria


por Harry, mas ainda assim conseguiu sorrir por mim. –
Finalmente. É lindo de se ver.

Draco e eu falamos mais um pouco, mas eu não queria


cansá-lo. Me despedi dele, pedindo para passar no quarto
de Kim, e conversar com ele. Draco me autorizou, desde
que eu fosse acompanhado por Rony Weasley e com as
mãos presas nas costas. Eu concordei de imediato, não
queria assustar ninguém. Assim que saí do quarto de
Draco e Harry, encontrei Weasley e Granger conversando
no corredor, com a minha pesquisa nas mãos.

_ Isso aqui está muito bom, Vitaverza. – Granger me


elogiou, os olhos no meu pergaminho. – Muito promissor.
Estou certa que funcionará.

_ Obrigado, Granger. – eu respondi, educadamente. –


Weasley, será que você poderia imobilizar as minhas
mãos e me levar até o quarto de Kim?
Weasley me encarou por alguns segundos.

_ Draco pediu? – ele perguntou, me vendo concordar


com a cabeça. – Está certo. Mas saiba que meu irmão
está lá dentro, se recuperando de um ferimento, e eles
estão namorando. Não os chateie, ok?

_ Eu juro que não vim fazer mal a ninguém. – eu prometi.

Weasley me imobilizou, e me levou até o quarto de Kim.


Quando entramos, o casal que estava deitado
relaxadamente na cama, se sobressaltou. Vi George
Weasley tentar se sentar, parecendo ser acometido de
uma forte e lancinante dor de cabeça, que o fez
pressionar as têmporas.

Kim se ergueu, colocando-se entre eu e o namorado, a


varinha empunho, me encarando com valentia.

_ Se você chegar perto de George eu juro que o


amaldiçoo. – ele rosnou, me enfrentando.

_ Calma. – eu pedi. – Não vou atacar ninguém. Olhe,


Weasley esta mantendo minhas mãos presas.
Aquilo fez Kim abaixar a varinha. Ele se sentou ao lado de
George, que passou o braço ao redor de sua cintura.
Aquilo não me causava ciúmes nem mágoa. Kim merecia
ser feliz. Eu não o amava afinal, eu gostava do fato dele
me lembrar o passado. Apesar disso, ele era uma pessoa
legal, e eu o queria bem.

_ Então o que quer aqui? – Kim exigiu.

_ Eu vim te pedir desculpas, por todo mal que causei a


você. Sei que você tem todo o direito de nunca me
perdoar, mas ainda assim eu tenho o dever de pedir. – eu
falei, vendo-o me encarar em silêncio. – E vim dizer para
que você não se preocupe, pois eu não irei persegui-lo de
nenhuma maneira, nem incomodá-lo, nem fazer qualquer
tentativa para prejudicar seu namoro.

_ Você me assustou muito, Marcus. – ele falou, baixando


um pouco a guarda.

_ Eu sei. Sinto muito. Eu posso lhe dizer um monte de


coisas sobre o meu passado que me levaram a agir
daquela maneira, porque eu enlouqueci àquele ponto,
porque fui tão cruel com você. Mas isso só vai trazer mais
magoas. – eu falei. – Fico feliz que tenha encontrado uma
pessoa legal, e seguido em frente. Sinceramente. Eu
nunca gostei de você como você precisava, como você
merecia, e acho que nós dois sabemos disso.

_ Eu certamente sei. – George Weasley disse, as palavras


cortantes.

Eu ri baixinho. George parecia realmente gostar dele. Eu


me retirei do quarto sem dizer mais nada, deixando os
dois a sós.

- // -

A noite, em minha casa, eu fiz um sanduíche rápido e me


sentei sozinho pra jantar. Eu tinha ligado pra Draco, pra
saber dele e de Harry. Ele estava com menos dor e Harry
continuava desacordado. Também tinha ligado pra Blaise,
que acabara de chegar da Alemanha, trazendo John. Os
dois estavam bem.

Eu tinha começado a mexer em algumas anotações


antigas de poções. Tinha me dado muito prazer fazer
aquela pesquisa. Eu estava pensando seriamente em
começar uma nova faculdade e me tornar mestre em
poções. Apesar de não ser um talento nato, como Kim, eu
era bom e achava que podia compensar com muito
esforço e estudo.

A faculdade de direito bruxo, apesar de ter sido útil para


os meus negócios, nunca tinha despertado meu interesse
real, de forma que eu nunca quis ter uma profissão.
Agora, eu pensava que estudar alguma coisa, fazer
pesquisas que me interessavam, podia ser muito bom pra
mim. Eu tinha ido de mal a pior só sentado em casa
engrossando a minha conta no Gringotes e pensando em
BDSM.

Subitamente, contudo, um alto som de aparatação vindo


da sala tinha me tirado dos meus pensamentos para o
futuro. Fui rapidamente até o cômodo, para encontrar ali,
novamente, Neville Longbottom. Dessa vez ele não estava
sujo, nem suado. Vestia uma calça jeans e uma camiseta
limpa que marcava seu corpo bem desenhado. Seu cabelo
estava em desalinho, talvez pela aparatação, e seu rosto
mostrava evidente confusão.

_ Estive na Mansão Malfoy. – ele foi direto ao ponto. –


Draco me disse o que você fez. Ele falou que com a sua
poção teste meu processo se torna praticamente causa
ganha logo nas próximas audiências. Hermione disse que
sua pesquisa é perfeita, que casa todo conhecimento
teórico em poções com a minha tese sobre a
Scrophulariaceae nigrum.

_ Isso é bom. – eu disse, em voz baixa.

_ Segundo Draco, como você assinou com os códigos do


seu NOM e do seu NIEM aumenta a chance do St.
Mungus aprovar, porque se algo der errado, vão caçar
seus certificados e colocar a culpa em você. – ele
continuou, como se não tivesse me ouvido. – Se
aceitassem a pesquisa de um herbologista não certificado
em poções, como eu, a culpa de um possível efeito
colateral negativo recairia sobre o próprio hospital.

_ Eu sei disso. – eu informei, para que ele não se


preocupasse, achando que eu não conhecia os riscos. –
Cursei a mesma faculdade que ele.

_ Vai arriscar perder seus diplomas por mim? Por quê? –


ele me interrogou, com exigência.

_ Pelo mesmo motivo que você se arriscou ao me trazer o


corpo de Kinoss ontem. – eu respondi, evasivo.
_ Não minta pra mim. Você não tinha como supor que eu
faria isso quando começou essa pesquisa. – ele firmou
seus olhos em mim com ferocidade, acusando-me.

_ Você quer a verdade, Longbottom Eu vou lhe dar. – eu o


confronte, colocando-nos face a face, minha cabeça
erguida, sem permitir que ele desviasse o olhar. – Eu fiz
porque estou apaixonado por você. Porque quero te
ajudar a ter seus pais junto contigo, porque acho que isso
vai te fazer feliz, vai curar essa dor que você carrega
desde sempre ai dentro do seu peito. Eu fiz porque você
me faz enxergar uma outra forma de ver as coisas, por
que você me da esperança pra consertar tudo isso que
está quebrado dentro de mim.

_ Você está apaixonado por mim? – sua voz tinha


mudado radicalmente o tom, era como se pela primeira
vez ele me lembrasse aquele garotinho que eu tinha
conhecido na escola. – Como sabe?

_ Depois de tudo que eu passei... eu não me declaro


levianamente, Neville. – eu disse. – Eu tenho um medo do
caralho de você pegar tudo isso que já está quebrado
dentro de mim e terminar de destruir, pode que eu fique
irrecuperável. Porque você pode. Nesse exato momento,
você pode.
Ele me puxou para os seus braços, tomando-me pra si,
me envolvendo. Eu me deixei ser tocado, abraçando-o
também, perdendo-me em seu cheiro, em contato com
seu corpo.

_ Eu jamais faria isso. – ele prometeu, colocando a mão


em meu peito, onde meu coração batia disparado. –
Quero amar cada parte de você. Cada parte que você
acha que se quebrou.

Eu sentia vontade de chorar. Estava constrangido que ele


me visse chorar por ele, mas minhas lágrimas caíram
mesmo assim. Eu já não era o mesmo homem de antes.
Quando ele me olhou, parecia não ver vergonha
nenhuma naquilo, limpando-as com uma delicadeza que
não combinava com a personalidade prática que ele
assumia.

_ Achei que não quisesse nada comigo. – eu deixei


escapar, antes de pensar no que dizia.

_ E eu achei que você só quisesse sexo. – ele falou,


olhando para as próprias mãos, parecendo meio sem
jeito.
_ Eu tentei me aproximar.. você me afastou. – eu falei,
com calma.

_ Eu tive medo. – ele falou. – Esse sentimento é muito


novo pra mim. Você é um homem. Até ontem estava
muito envolvido com outra pessoa. Estava preso em meu
quarto, sob minha responsabilidade. Eu tive dificuldades
pra entender o que estava sentindo.

Eu compreendi. Era confuso pra mim também. Mas pra


ele devia ser ainda mais. A descoberta de um novo jeito
de ter prazer, de uma outra expressão da sua
sexualidade. Ter sentimentos por alguém de caráter
duvidoso como eu, que tinha feito mal a ele no passado.
Era muito pra digerir.

_ Posso te beijar? – eu pedi. Não queria ir além do que


ele estivesse pronto.

Ele avançou pra mim, tomando meus lábios com seu beijo
forte, urgente e masculino, que me seduzia como
nenhum outro, me tomava e me oferecia, me acendia de
luxúria. Ele desceu os lábios para o meu pescoço,
chupando, lambendo, me marcando como dele.
_ Senti tanta a sua falta. – ele murmurou em meu ouvido.
– Acho que não consigo mais dormir sem você.

_ Roubei uma camisa sua. – eu confessei, ofegante,


sentindo minha pele se arrepiar. – Preciso do seu cheiro.

_ Marcus, eu quero você de novo. – ele falou

_ Sou seu, Neville. – eu sorri pra ele, experimentando de


novo a sensação de entrega. – Você pode fazer o que
quiser comigo.

_ O que eu quiser? – ele se afastou um pouco pra me


olhar, sorrindo também. – Tem certeza? Acho que você
não tem ideia do que está me oferecendo.

Eu tive que rir com aquela colocação.

_ Você é que não tem ideia do que estou te oferecendo. –


eu apontei.

_ E se eu quisesse foder você agora em cima da sua mesa


de jantar e depois não deixasse você me comer. – ele
falou. – Você aceitaria?
Colei meu corpo no dele, sem saber se eu conseguiria
dizer aquilo olhando em seus olhos.

_ Longbottom, se você tirasse toda minha roupa agora,


me deitasse naquela mesa, com os braços e pernas
amarrados, me batesse, enfiasse seus dedos em mim, me
comesse por todo tempo que quisesse, depois me desse
seu pau pra eu chupar, e gozasse em todo meu rosto, na
minha boca, me fazendo engolir a sua porra. Eu aceitaria.
– eu sussurrei em seu ouvido.

_ Mesmo sem ter o direito de fazer o mesmo comigo? –


ele perguntou, rouco, parecendo surpreso.

_ Sim. Na nossa primeira vez, eu propus uma troca,


porque queria muito você. – eu expliquei. – Ainda quero.
Mas agora acho temos que conversar sobre o que é
confortável pra cada um. Eu estou acostumado a transar
com homens, eu pratico BDSM há muitos anos, há todo
um universo de coisas que são familiares pra mim:
cordas, algemas, chicotes, plugues anais, vibradores, e
outros objetos que você nem imagina pra que servem.
Mas você não conhece nada disso, nunca colocou um
pênis na boca, e eu respeito seu tempo, não vou te forçar
a fazer coisas que não quer.
_ Mas essas coisas todas, você usou sempre no papel de
ativo, certo? – ele confirmava. – Estaria disposto a ser
passivo pra mim?

_ Estaria, se você realmente não quiser ser passivo nunca.


– eu disse, com simplicidade. – Claro que o desejo,
gostaria poder ser ativo também. Mas seu prazer é mais
importante pra mim do que qualquer coisa. E não quero
que faça nada que te deixe desconfortável.

_ Então se eu nunca quiser experimentar algumas dessas


coisas BDSM que você está acostumado, você não se
importaria de transar sem esses objetos? – ele
perguntou.

_ Não, não me importaria. E se decidirmos usar alguma


coisa, esteja você no papel de ativo ou de passivo, se você
se sentir mal, você me fala que nós paramos
imediatamente. – eu disse, tentando fazê-lo se sentir
seguro. Eu olhei pra ele com curiosidade, era óbvio que
ele não tinha pensado em tudo aquilo naquele instante. –
Parece que você refletiu muito sobre isso.

_ Eu pensei. Pensei em toda a sua experiência. E na minha


ausência completa de experiência homossexual. E com
qualquer coisa que fuja as formas mais comuns de se
relacionar sexualmente. – ele confessou, me olhando. –
Eu desejo você, quero experimentar coisas com você.
Mas algumas delas me deixam receoso, me parecem
estranhas.

_ Você falou sobre ser passivo. – eu comentei. – Foi


estranho pra você?

_ Um pouco. Eu gostei... gostei mesmo... eu gozei daquele


jeito... você viu. – ele parecia um pouco constrangido. –
Mas é tudo muito novo pra mim.

_ Eu sei. – eu falei. – E se no começo a gente fizer só o


contrário?

_ Você não vai sentir falta? – ele perguntou, inseguro. –


Não quero que sinta que não estou sendo o bastante pra
você.

_ Provavelmente sim, vou sentir falta. Mas quero esperar


por você. Até que seja bom. Até que você possa
aproveitar sem se sentir estranho. – eu prometi, me
aproximando dele, tocando sua nuca, trazendo-o pra
mim. – E você é tudo o que eu quero... não há como eu
sentir que você não está me dando o suficiente.
Ele me puxou para um beijo, diferente dos que ele havia
me dado até então. Um beijo calmo, apaixonado, que me
acariciava, de certa forma tocando-me verdadeiramente.
Os lábios dele moviam-se sobre mim, fazendo com que
eu me sentisse amado. Eu queria fazê-lo se sentir do
mesmo jeito.

Naquele momento, eu soube, que aquela vez seria muito


diferente da primeira. Eu o levei pela mão para o meu
quarto, fazendo em mim mesmo, rapidamente, os feitiços
de limpeza e lubrificação. Eu o despi com calma, sentindo
que ele fazia o mesmo comigo, até que nossos corpos
estavam completamente nus, colados um no outro,
roçando-se, pele quente na pele quente.

Eu o trouxe pra cama, deitando-o de barriga pra cima.


Seu pênis grosso projetava-se rijo. Eu me posicionei de
quatro em cima dele sem nenhum recato, exibindo meu
corpo, cedendo-me pra ele. Senti que seus dedos me
invadiam, alargando meu orifício, preparando-me, mais
ou menos no mesmo momento que desci os lábios sobre
seu membro, provando-o em minha boca, chupando-o
devagar.

_ Aaah. – ele gemeu, tentando se conter. – Marcus...


nossa... isso é muito bom.
Eu o suguei gostosamente, lambendo, sorvendo seu
gosto, até começar a sentir que ele movia seu quadril
para foder minha boca. Parei na mesma hora, ele
começava a ficar excitado demais, e eu já me sentia
pronto pra ele. Virei-me na cama, sentando-me em cima
dele, sentindo seu pênis próximo a minha entrada.
Encaixei ele em mim, deixando-o me penetrar.

Ele se sentou na cama, com o pau todo enterrado dentro


de mim, abraçando meu corpo, me ajudando a cavalgar
nele. Suas mãos me acarinhavam, e ele me beijou
apaixonadamente. Deixei que meus dedos também se
perdessem em carícias em seu corpo, sentindo seus
movimentos em meu interior. Éramos eu e Neville
Longbottom, dois homens grandes demais, talvez brutos
demais, amando com uma delicadeza que eu não
conseguia expressar.

Gemi quando senti que ele gozava dentro de mim. Meu


pênis latejava, mas eu nem tinha pensado em me tocar,
de tão envolvido que eu estava naquelas carícias, nos
olhos dele sobre os meus, em fazer amor com aquele
homem.

Quando ele saiu de dentro de mim, senti que ele me


deitava na cama, beijando meu corpo com reverência,
como se quisesse adorar cada parte minha, cada
pedacinho da minha pele. Ele alcançou meu pênis, eu abri
a boca pra dizer que ele não precisava fazer se não
quisesse, mas Neville me encarava com tanta lascívia e
desejo que eu tive certeza que ele realmente queria
aquilo.

_ Quero te provar. – ele disse, como um clamor. – Preciso


sentir seu gosto.

_ Me chupa. – eu pedi. – Por favor.

Ele me sorveu, me provou, impregnou-se de mim, me


chupou maravilhosamente. Mesmo que nunca tivesse
feito aquilo, eu estava encantado de ser o primeiro, e o
que lhe faltava em experiência, era muito mais do que
compensado em desejo, luxúria, vontade de mim. Me
entreguei ao momento completamente, sentindo-me
atingir o ápice.

_ Aah... – eu gemi, baixo. – Neville... pare... eu vou gozar.

Eu não sabia se ele permitiria, se ele queria que eu


gozasse em sua boca. Mas ele continuou,
impiedosamente, me chupando com mais força, sem
cessar. Arrancando-me um gemido gutural, me fazendo
despejar-me para seus lábios, bebendo-me todo,
experimentando-me inteiro.

_ Você é tão gostoso. – ele disse, quando acabou,


deitando-se do meu lado. – É homem mais bonito que
conheço, eu tenho muita sorte.

Eu me enrosquei em seu corpo, abraçando-me nele.

_ A sorte é minha, Neville Longbottom. – eu sussurrei. – A


sorte é toda minha.
CAPÍTULO 36

NARRADO POR HARRY POTTER

Eu me lembrava de uma dor pungente, que ardia por


todo meu corpo, minha mente, todo meu ser. Tão
lancinante que eu já não era mais eu, eu era somente
sofrimento, martírio, flagelo. Meu grito deixara um gosto
acre na língua, tinha se perdido na garganta. E de súbito,
não havia mais nada. Era tudo escuridão. Lugar nenhum,
desguarnecido de qualquer sensação.

E então aquele sonho. Draco Malfoy sangrava, a vida se


esvaia do seu corpo, escorrendo vermelha. Três varinhas
apontadas. Três inimigos. Três vinganças. Eu corri.
Disparei em sua direção, me lancei sobre ele, fui seu
escudo, o protegi. A dor retornava. Excruciante,
insuportável. Seguida a completa e mais assustadora
ausência de qualquer coisa, o vazio. O sonho outra vez.
Um ciclo vicioso, execrável, insofrível. Eu estava preso em
minha própria mente.

Até que finalmente despertei.


Quando abri os olhos, senti minha cabeça doer, meu
corpo fraco, sem energia, a boca seca, carente de água.
Tentei me mover, me sentar, e isso gerou uma grande
comoção. Era barulho por toda parte, meus ouvidos
zuniam, fechei os olhos tentando me orientar.

_ Por favor, silêncio. – eu pedi, em voz baixa.

E como se eu tivesse gritado, todos se calaram. Minha voz


quase não saía. Uma mão me entregou meio copo d’água
e eu engoli, lentamente, umedecendo a garganta
ressecada.

Reabri os olhos, piscando para me acostumar com a luz.


Sete pessoas me olhavam. Seis delas, de pé a minha
frente, exibiam expressões quase idênticas: um misto de
felicidade, preocupação, expectativa. Mas o garoto loiro
sentado ao meu lado parecia prestes a desabar,
desmanchar-se diante de mim, os olhos azuis retendo
lágrimas. O reconheci na mesma hora: Draco Malfoy.

As lembranças da minha última noite acordado me


assaltaram sem qualquer sutileza, quase como um soco
no rosto, me deixando tonto. Me forcei a me concentrar.
Olhei para os Weasley, Hermione, Kim, minha família.
_ Sou Harry Potter. Filho de Lilian e James Potter. Fui a
Hogwarts aos 11 anos, estudei na Grifinória. – eu disse às
seis pessoas a minha frente. – Não posso precisar há
quantas horas, ou dias, lutamos contra os Purificadores
do Sangue. Eu fui atingido por três maldições cruciatus.

_ Você se lembra. – Rony exclamou, feliz.

- Graças a Merlin. – Molly Weasley colocou a mão no


peito.

_ Kim e eu vamos te examinar. – Hermione se adiantou. –


Há outras perguntas. Partes da sua memória podem estar
afetadas, mesmo que você se lembre de quem é. Mas
você parece ótimo, isso é muito bom...

_ Preciso de 10 minutos com Draco. – eu pedi,


interrompendo-a.

_ 10 minutos. – Hermione concedeu, séria. – Há exames


físicos que precisamos fazer. Cuidados importantes, para
que não haja sequelas. Não é bom deixar passar muito
tempo.
Eu concordei com a cabeça. Todos deixaram o cômodo.
Assim que a porta bateu, puxei Draco para os meus
braços, sentindo seu pranto cair sobre mim, molhando
minha pele, minha roupa. Ele soluçava, num choro
incontido que eu queria abrandar.

_ Eu me lembro de você. – eu murmurei em seu ouvido,


carinhosamente. – Me lembro de tudo. Do tempo de
escola, de como você cresceu e se tornou o homem que
eu amo, da primeira vez que te procurei pra ser seu
submisso e me entreguei completamente pra você. Me
lembro da confiança entre nós, de tudo que dividimos
juntos.

_ Eu tive tanto medo... tanto medo, Harry. – ele chorava.

_ Eu estou aqui, meu amor. Estou aqui. – eu o acalmava,


apertando-o no meu abraço, cuidando pra não esmagar o
ferimento em processo de cicatrização que eu via em seu
peito. – Não precisa chorar. Eu estou aqui.

_ Não queria que tivesse feito aquilo. – ele esclareceu,


sacudindo-se em meus braços, o choro incessante. – Não
queria te ver sendo torturado no meu lugar. Se você
tivesse enlouquecido, eu nunca iria conseguir conviver
com a culpa.
_ Se eu não tivesse feito aquilo, você estaria morto, e eu
estaria aqui sozinho. – eu falei, com pesar, puxando seu
queixo pra cima, para que ele me olhasse. – Posso ter
sido egoísta, Draco, mas eu não poderia ficar sem você...

_ Se você tivesse sofrido o efeito das três maldições por


mais tempo... – ele começou.

_ Você não permitiria. – eu o cortei, porque no fundo


tinha certeza que ele tinha feito de tudo pra me salvar. –
Você me salvou, não salvou? Antes que eu
enlouquecesse?

_ Eu matei pra te salvar, Harry. – ele confessou, me


horrorizando. – Philip retirou a maldição e desaparatou
quando viu que tinha acertado você. Neville matou
Kinoss. E eu matei Mehothewn.

Eu sabia o que aquilo significava pra ele... Draco tinha


deixado muito claro. Eu fitei seu rosto em silêncio, vendo
a dor em seus olhos.

_ Eu espero que um dia você possa me perdoar por isso. –


eu pedi, baixinho. – Eu te admiro muito por ser tão forte
e corajoso. Vou fazer de tudo para que um dia consiga te
mostrar que você é um homem incrível... não tem nada
de bruxo das trevas.

_ Hermione e Rony me ajudaram bastante até agora. –


ele falou, encarando uma faixa em seu braço, sobre a
marca negra, cobrindo uma ferida. Depois olhou pra mim,
achando importante me informar. – Você ficou
inconsciente por três dias.

Eu não estava surpreso. Três cruciatus. Eu já tinha visto


gente dormir uma semana. Toquei a ferida em seu braço,
para a qual ele tinha olhado.

_ O que houve aqui? – eu perguntei. – Não podemos


curar com um feitiço?

_ Podemos, mas estou deixando que cicatrize


naturalmente, sobre a marca negra. – ele contou, como
se estivesse honrado de fazer aquilo. – Hermione cortou
meu braço e esfregou seu sangue no meu. Ela disse que
agora tenho sangue de trouxa dentro do meu corpo. Que
é para eu lembrar disso quando eu olhar pra marca,
lembrar que eu não sou meu pai.
Eu assenti com a cabeça devagar, tentando mentalizar a
cena. Eu entendia o propósito, mas aquilo era mesmo
necessário?

_ Precisava de algo tão radical? – eu deitei a cabeça, em


dúvida.

_ Talvez não. – ele me surpreendeu, sorrindo. – Mas na


hora eu estava em desespero, atormentado demais com
o que tinha feito, e o gesto dela me ajudou muito.

Eu segurei a mão dele, concordando.

_ Hermione sempre parece saber a hora exata pra agir. –


eu falei. – Ela é assim desde criança.

_ Por isso que você e Weasley sempre a seguiram


cegamente. – ele brincou. – Bom, mais ele do que você é
claro.

Eu me sentia tranquilo, o clima leve entre nós estava


retornando, me dando a sensação que tudo ia ficar bem.
_ No futuro, se você continuar interessado em fluídos
corporais trouxas, eu posso ajudá-lo. – eu ofereci, rindo
pra ele. – Eu sou mestiço, você sabe...

Draco me jogou um travesseiro, rindo também.

_ Não acredito que você tenha feito uma piada sobre seu
sêmen trouxa. – ele fingiu irritação. – Quando eu me
curar desse sectumsempra, vou te dar uns bons tapas. Por
isso e por todo o susto que você me deu.

_ Estarei esperando ansioso, Draco Malfoy. – eu pisquei


pra ele, com malícia. – Quando você for me bater, posso
usar a mordaça?

Os olhos dele faiscaram pra mim.

_ Você merece uma punição severa por me fazer esse


tipo de pergunta quando não estou em condições de te
comer. – ele respondeu.

Eu gostaria muito de continuar aquela conversa, mais


sentia meu corpo muito fraco e a aparência de Draco
também era muito abatida, teríamos que deixar aquilo
para algum momento no futuro.
_ Deu tudo certo como plano? Estão todos bem? – eu
perguntei.

_ Sim. – ele confirmou.

Naquele momento, Hermione bateu na porta do quarto,


retornando junto de Kim e dos Weasley’s. Eles me
fizeram uma série de perguntas para ter certeza de que
eu não tinha falhas de memória e felizmente nessa parte,
estava tudo bem. Em seguida, Hermione e Kim fizeram
vários feitiços para analisar como estava minha saúde
física.

_ Sua imunidade está bem baixa. – comentou Hermione,


com severidade. – A dor das maldições estressaram muito
seu organismo, somados a esses dias que você passou
sem se alimentar...

_ Vou agora mesmo lá embaixo fazer uma sopa. – disse a


sra. Weasley. – Esse garoto sempre foi muito magro.

Eu sorri internamente. Sra. Weasley tornava a repetir isso


ao longo dos anos, mesmo que eu não fosse mais aquele
garoto mal alimentado pelos Dursley.
_ Molly, tem Elfos aqui... eles podem fazer a comida. – o
sr. Weasley disse a esposa com gentileza.

_ Elfos! – Molly exclamou com desdém. – Vocês tem


alimentado Draco com a comida desses Elfos e olha como
ele parece abatido. Esses meninos precisam de uma sopa
nutritiva.

Eu sorri. Molly Weasley sempre tivera a mim como a um


filho.

_ Tenho certeza que vou preferir a sua comida, sra.


Weasley. – eu disse, olhando-a com ternura.

_ Não falei? – Molly olhou para o marido, triunfante.

_ Harry sempre puxou o saco da mamãe. – Rony


reclamou, olhando pra George. – E vice versa.

_ Já reparou que ela sempre caprichou mais no suéter


dele no natal? – George comentou.
_ Deixem de ser ciumentos. – sra. Weasley disse, rindo,
antes de ir embora em direção a cozinha.

Ouvimos o choro de Hugo vindo do cômodo ao lado,


Hermione e Rony se mexeram ao mesmo tempo,
imediatamente, guiados pela necessidade do filho que
tinha acordado e chamava por eles. Mas Arthur Weasley
se colocou a caminho.

_ Deixem comigo, sei que querem ficar um pouco com


Harry agora. – ele disse compreensivo. – E além disso,
Hugo adora o vovô.

Poucos segundos depois, ouvimos o choro de Hugo parar


e Hermione voltou a olhar pra mim, com a expressão
séria.

_ Deixe-me adivinhar? – eu perguntei. – Muito repouso?

_Isso é sério, Harry. – ela me olhou, a voz grave. – Você


precisa deixar seu corpo se recuperar, ou pode ter
complicações. Você quer estar andando no meio da rua e
ter um desmaio? Duas semanas quietinho em casa, sem
muito esforço, evitando fazer feitiços complicados. Vai
tomar as poções que eu te receitar. E sem sexo.
Fiz uma careta.

_ Por duas semanas, nenhum dia a menos. – ela repetiu,


reforçando. – Eu e Rony vamos ficar aqui, para ajuda-los,
já que Draco vai ficar um tempo sem poder fazer esforço
também. O sectumsempra o atingiu no peito, o que acaba
sendo mais grave do que quando Kinoss atingiu você no
braço. Ele perdeu mais sangue, ficou mais fraco e a
cicatrização é mais lenta.

Eu olhei pra Draco, com preocupação. Tudo o que eu


queria é que ele ficasse bem. Eu detestava ficar parado
em casa sem fazer nada, ainda mais precisando de ajuda
para as atividades simples, mas eu precisava me
recuperar, ficar forte de novo. Porque eu sabia que o
perigo não tinha passado. Das três pessoas que tinham
tentado torturar e matar Draco naquela batalha, só duas
estavam mortas. A outra estava bem viva, e o pior: livre.

_ Certo, Mione. Juro que vou seguir suas orientações. –


eu disse, sincero. – Agora, eu gostaria que vocês me
contassem o que eu perdi, nesses últimos dias.

Rony começou a me contar sobre como tudo tinha


funcionado com nosso plano. Com prisão de um grande
número de Purificadores do Sangue, alguns deles já
estavam entregando os membros que não estiveram
presentes no dia da batalha, para tentar um acordo com
o Ministério. Os ataques a trouxas e nascidos trouxas na
França tinham parado, a seita tinha enfraquecido.

Hermione me estendeu um exemplar do Profeta Diário,


com a entrevista que ela e Rony tinham dado em nome
da Ordem da Fênix. Kingsley tinha falado em nome dos
aurores. Li o texto da matéria, com interesse. Quando o
jornalista havia perguntado sobre meu estado, meus
amigos responderam a verdade. Que eu estava
desacordado por ter sido atacado por dois Purificadores e
por um auror, que nos traiu, e que agora estava foragido.

_ Foi bom vocês terem ido falar. – eu comentei, buscando


aparentar calma, embora estivesse fervendo de ódio por
Philip ter tentado atacar Draco, ainda mais sabendo que
com seus ferimentos iria mata-lo.

_ Não iriamos permitir que o Quartel General dos Aurores


e o Ministério abafasse o caso e escondesse a traição de
Philip. – Rony disse com raiva.

_ Soube que Kingsley deu outra entrevista hoje, dizendo


que as buscas por Philip se tornaram prioridade e que ele
é considerado um traidor e um bruxo perigoso aqui e na
França. – Hermione falou. – Parece que vai sair amanhã
no Profeta Diário.

_ Kingsley fez uma reunião com toda a equipe hoje de


manhã. Disse que, como chefe da seção de aurores,
acredita que tem focado muito no treinamento de
combate, mas que agora os testes de disciplina e caráter
se tornarão essenciais. – Rony sorriu, vitorioso e
animado. – Peter Cooper foi demitido pela chantagem
que fez com você. E Chase está em probatório. Eu não me
sinto tão vingado desde o quarto ano com Olho-Tonto e
a...

E ai Rony parou, como se tivesse se dado conta de algo de


repente. Olhou pra Draco, que o encarava com
curiosidade. George estava no canto, abraçado em Kim, e
começou a rir, olhando do rosto constrangido do irmão
para o de Draco. Tentei me lembrar do que eles poderiam
estar falando. Foi quando Hermione tapou a boca com a
mão, sem conseguir se controlar, engasgando com o
próprio riso.

_ Vocês estão falando de quando Moody me transformou


em doninha, não é? – Draco disse, se dando conta.
Quando meu olhar cruzou com o de Rony, eu cai na
gargalhada, lembrando-me da cena.

_ Por Merlin, eu ri um mês daquilo. – eu suspirei,


limpando as lágrimas.

_ Aaah... guardo essa memória com carinho na minha


mente. – George contou, fingindo um olhar saudoso.

Draco me olhava, com um beicinho


Irritado.

_ Não faça assim amor, você foi uma doninha tão fofa. –
eu brinquei. – Parecia um pompom todo branquinho.

_ Espere essa porcaria de ferida cicatrizar, Harry Potter. –


Draco falou, mas já sorria também. – Que vou te mostrar
o pompom.

-//-

No final das duas semanas de repouso, eu já não


aguentava mais ficar parado. Mas segui religiosamente
todas as orientações de Hermione e Kim, e incentivei
Draco a fazer o mesmo. Logo nos primeiros dias, o sr. E a
sra. Weasley voltaram pra Toca, visto que Ron e Mione
garantiram ter tudo sob controle.

Rony saía durante o dia pra trabalhar e Kim para a ir a


faculdade e fazer seus poucos turnos no Hospital. Mione,
ainda no período da licença maternidade, passava o dia
na Mansão cuidando de Hugo e garantindo que eu e
Draco estávamos tomando as poções no horário.

Eu tinha me mudado permanentemente pra casa de


Draco, de forma que tinha convidado Monstro pra deixar
de trabalhar em Hogwarts e ficar ali comigo, onde tinha
um alojamento para os Elfos e ele não ficaria tão sozinho.
Ele aceitou prontamente. Monstro e os outros Elfos da
Mansão se empenharam muito em cuidar de nós.

Hermione foi muito esperta ao dizer a eles que


poderíamos ficar muito doentes se não seguíssemos suas
instruções. Os Elfos, apavorados com aquela
possibilidade, nos levavam comida no quarto várias vezes
por dia, nos ajudavam a subir e a descer a escada com
feitiços de levitação quando queríamos ir até a sala, e
viviam nos cercando para saber se estávamos bem ou
precisávamos de alguma coisa.
George ficou ainda alguns dias no quarto de Kim, se
recuperando dos efeitos do estupefaça, mas depois
retornou para sua própria casa. Na teoria, porque na
prática ele aparecia o tempo todo para ver o namorado e
quase todos os dias acabávamos jantando os seis juntos.
Bom, os sete, com Hugo.

No último dia do nosso período de recuperação, um


domingo, nos juntamos todos na sala de Draco para
maratonar os três filmes da série Cinquenta Tons de
Cinza. Achamos que seria um programa divertido, depois
de todos aqueles acontecimentos. Sobretudo porque no
dia seguinte Rony e Mione voltariam para sua casa e Kim
também já vinha falando sobre voltar a morar com seus
pais, agora que não corria mais nenhum risco.

Nos espalhamos pelos sofás confortáveis da sala de Draco


enquanto Hermione e Kim tentavam fazer funcionar o
aparelho de DVD e a Televisão que tinham trazido da casa
dos pais de Mione.

_Tem certeza que isso vai funcionar aqui? – Rony


perguntou, em dúvida. – Não teria que ter aquela tal de
eleticidade?

_ Eleti o que Rony? – perguntou Kim, rindo.


_ Se diz eletricidade, Rony. – eu corrigi, mas também não
estava compreendendo como Hermione faria aquilo dar
certo. – E sim, é necessário energia elétrica pra fazer a TV
funcionar.

_ Sua casa tem energia elétrica? – George perguntou pra


Kim, de repente.

_ Claro. – o garoto respondeu, com uma cara estranha. –


Não somos assim tão pobres.

_ Maneiro. Papai vai adorar. – George disse, animado. –


Já te contei que há anos ele coleciona tomadas?

Kim abriu um sorriso triste. Há tempos eu vinha


desconfiando que havia algo errado com seus pais.

_ George... seu pai nunca vai visitar a minha família. Você


nunca vai conhecer meus pais. – ele disse baixinho, muito
desanimado. – Meus pais não me aceitam.

_ Não te aceitam? – Rony perguntou, sem entender, e


como sempre, sem muito tato.
_ Não aceitam o fato de eu gostar de meninos, acham
que é errado. Quando meu pai soube me deu uma baita
de uma surra. – Kim contou, chateado. – Disse que só me
aceitaria em casa se eu parasse com isso. Foi uma das
razões de eu ter aceitado morar com Marcus.

_ Você já era maior de idade, já podia fazer magia fora de


Hogwarts. – eu falei. – Porque não o impediu de te bater?

_ Ele é meu pai. – Kim falou, me olhando com seriedade.


– Não posso empunhar a varinha contra ele, nem que seja
pra impedi-lo de me agredir. Ele é pobre, ignorante, sem
estudo nenhum. Mas trabalhou a vida toda pra me
sustentar e jamais tinha sido violento comigo antes disso.
Eu o respeito, o amo.

_ E como vai voltar pra lá nessas condições, Kim? – Draco


quis saber. – Vai fingir que não é mais gay?

_ Terá que ser... – Kim lamentou. – Enquanto eu não tiver


dinheiro o suficiente pra alugar meu próprio
apartamento, me sustentar sozinho, terá que ser. O
estágio me paga muito pouco. Mas logo eu concluo a
faculdade e as coisas ficam mais fáceis.
_ Porque não vem morar comigo? – George perguntou.

Kim parecia já estar esperando a pergunta. Seu rosto


demonstrava que a ideia o deixava bastante
desconfortável.

_ George.. não me leve a mal, mas não quero depender


financeiramente de você. – ele respondeu.

_ Mas aceitou depender de Marcus. – George disse,


descontente.

_ E foi um erro. Quando quis me separar dele, ele jogou


na minha cara que pagava coisas pra mim. – Kim falou,
vendo o namorado abrir a boca pra retrucar. – Não estou
dizendo que você faria o mesmo, sei que não. Mas eu não
me sinto bem nessa situação. Acho que é importante pra
nosso namoro que eu tenha autonomia em relação a
você.

George fechou a cara, mas não disse mais nada. Era óbvio
que ele gostava muito de Kim e não queria pressioná-lo a
fazer nada que ele não quisesse. Mas estava preocupado
com a volta do namorado pra casa de pais tão
preconceituosos. Eu também estava.
_ Kim, porque você simplesmente não continua aqui? –
eu sugeri, com calma.

Ele me olhou, incerto. Eu podia ver no rosto dele que ele


gostaria de continuar conosco.

_Porque não está certo. O combinado era que eu ficaria


aqui porque estava sob risco de vida. – Kim falou, íntegro.
– Até porque Draco já está pagando a minha faculdade,
meus livros, todos os materiais para eu estudar, não é
justo que eu também more aqui de graça.

_ Kim você é meu amigo. – Draco respondeu. – Se um dia


no futuro eu ficasse sem dinheiro, você não abriria as
portas da sua casa pra mim?

_ Sim, é claro. – Kim respondeu, na mesma hora. – Mas


você e Harry começaram a namorar há pouco tempo..
não preferem a casa só pra vocês?

_ Kim, gostamos de você. – Draco garantiu. – Te juro que


se me incomodasse eu diria.
Eu passei os dois braços em volta do pescoço de Kim,
fazendo-o sentar do meu lado, beijando-o na bochecha.

_ Diga que não vai me abandonar. – eu pedi, sorrindo.

_ Tá bom, não vou. – Kim riu também, dando o braço a


torcer.

_ Acho que você perdeu seu posto de melhor amigo,


Rony. – Hermione provocou o marido.

_ Também estou vendo isso. – Rony fez uma careta,


ciumento.

_ Sempre vou te amar, Ron, mas você é hétero. – eu


brinquei, ainda abraçado em Kim. – Tem horas que um
garoto precisa do seu melhor amigo gay.

_ Credo, faltou me chamar de bicha amiga. – Kim falou,


entrando na brincadeira. – Maior pinta de passivona
você, Harry Potter

Eu levantei, colocando a mão na cintura teatralmente.


_ Você tá me chamando de passiva? – eu disse,
afetadamente. – Que bicha audaciosa você.

_ Por Deus, o que fizeram com esse menino? – George


riu. – Ainda ontem estava enfrentando um Rabo-Córneo-
Húngaro e agora tá ai, parece que saiu da capa do
Semanário das Bruxas.

_ Não havia me dado conta que Harry é o meu melhor


amigo gay. – Hermione comentou, divertindo-se. – Acho
que toda garota precisa de um também. Pra fazer
compras e falar de homens em detalhes íntimos.

Fiz uma careta.

_ Acho que não posso ajudar, detesto fazer compras. – eu


disse, sorrindo amarelo. – E definitivamente não vou falar
de Rony em detalhes íntimos.

_ Abençoado seja. – Rony ergueu as mãos pro céu


teatralmente.

_ Harry é um gay fajuto. Ele gosta de Quadribol, Clube de


Duelos, essas coisas hétero. – Draco respondeu, solidário.
– De repente eu posso ajudá-la. Sou um bom amigo gay,
adoro compras. E soube de uns detalhes anatômicos
sobre os homens Weasley que me pareceram bem
interessantes.

Nesse momento, George Weasley caiu na risada,


enquanto Rony teve um acesso de tosse, as orelhas
ficando vermelhas.

_ George, você poderia parar de falar das suas partes pras


pessoas? – Rony ralhou com o irmão. – Eu não sei como
você consegue fazer esse assunto surgir nas conversas.
“Bom dia, me passe as torradas, ah e a propósito, meu
pinto é imenso.”

_ Eu não disse nada. – George se defendeu. – Draco viu


ao vivo. Aliás, não só Draco, mas Harry também.

_ Em nome das bolas de Merlin. Achei que você tinha


deixado essa fase exibicionista pra trás. – Rony reclamou.
– Em Hogwarts eu sempre ouvia falar das suas
competições com os outros alunos no dormitório, pra ver
quem era maior.

_ Eu nunca entendi porque os garotos fazem esse tipo de


coisa. – Hermione revirou os olhos.
_ Porque eu nunca soube dessas competições entre os
meninos? – eu perguntei, curioso. – Nunca aconteceram
no meu dormitório...

_ Você queria ter ido assistir né, seu pervertido. – Kim


falou, me cutucando com o cotovelo.

Olhei pra Ron e Mione, sentindo que ruborizava. Parecia


estranho falar aquilo na frente deles.

_ Como se você não quisesse ter visto. – eu respondi pra


Kim, em voz baixa.

_ Ah, mas eu vi. – ele respondeu, sorridente. – Me diverti


muito mais em Hogwarts do que você.

_Está vendo porque eu mostrei, Ron. – George provocou


o irmão. – Eles queriam ver.

_ Você vai custar a me convencer que Harry pediu pra ver


seu pau. – Rony disse, aborrecido.
_ Foi um acidente. – eu coloquei um ponto final na
história. Ron e Mione não precisavam saber dos detalhes
daquela tarde. Eu estava ávido por mudar de assunto. – E
esse filme, sai ou não sai?

_ Vocês me distraíram. – Hermione reclamou, voltando a


se concentrar na TV.

_ Achei que a aura de magia da Mansão Malfoy fosse


muito forte pra esse tipo tecnologia trouxa. – eu
comentei.

_ Eu também. – Ron concordou. – Essa casa deve ser da


idade de Hogwarts.

_ Mais velha. – Draco corrigiu. – Duzentos anos mais


velha que Hogwarts.

_ Nossa. – Kim ofegou. – Não parece tão velha assim.

_ Meus antepassados foram fazendo mudanças. Mas fui


eu que realmente fiz uma transformação radical aqui.
Mudei a estrutura, a deixei mais moderna e me livrei de
tudo que era relativo ao passado da família. – ele contou
a Kim. – Ia ser difícil viver aqui se eu a mantivesse como
era. Além das lembranças ruins, os quadros dos meus
familiares nunca nos deixariam em paz.

_ Estariam gritando agora mesmo. – George riu,


provavelmente se lembrando dos quadros da casa de
Sirius. – Dois nascidos trouxas, um mestiço, e três
traidores do sangue manchando a nobre casa da família
Malfoy.

_ Três traidores do sangue? – Draco perguntou, confuso.


– Quem é o terceiro?

_ Você. – respondeu Rony, rindo. – Não achou mesmo


que podia se envolver com gente como nós e continuar
com status de sangue puro né? Os Weasley’s são a mais
tradicional família de traidores de sangue que já existiu.

_ E dizemos isso orgulhosamente. – George completou.

_ Tá aí... traidor do sangue. Gostei. – Draco sorriu,


parecendo não se sentir mais tão deslocado em meio aos
meus amigos. – Sabe que agora que você falou... até já fui
acusado disso uma vez.
_ Ah. A acusação é o primeiro passo. Ainda lembro a
primeira vez, na escola, quando me chamaram de traidor
do sangue. – George brincou, como se ensinasse uma
lição. – Parabéns, Draco.

_ Acho que serve pra nós também. Eu só descobri que


havia algum problema em ter nascido trouxa na primeira
vez que me acusaram de ser um sangue ruim. – Kim
comentou.

_ Você se lembra? – George perguntou, demonstrando


carinho e preocupação.

_ Acho que a pessoa nunca se esquece disso. No primeiro


ano derrubei, sem querer, o caldeirão de Anne Rookwood
na aula de poções. – o tom de Kim tinha se tornado um
pouco melancólico. Depois se voltou pra Hermione, com
quem se identificava por ter nascido trouxa. – E você
Mione? Se lembra da primeira vez?

A sala caiu em um silêncio desagradável. Kim não tivera


intenção de causar um clima ruim, não tinha como ele
saber. Mas eu, Rony e George fitamos Hermione com a
memória muito vívida na mente. Ela era uma garotinha
determinada, estava no segundo ano, tinha enfrentado
corajosamente todo time de Quadribol da Sonserina.
Hermione olhava pra Kim, sem responder nada.

_ Fui eu, não fui? – Draco disse, a voz baixa. Eu podia ver
a dor, arrependimento, a repulsa por si próprio. – Eu fui a
primeira pessoa a te chamar de sangue-ruim.

_ Você se lembra? – Hermione ergueu os olhos pra ele,


parecendo sentir muito.

_ Não. – ele respondeu. – Mas evidentemente vocês


todos se lembram.

_ Não importa mais. – Hermione garantiu. – Eu já perdoei


você.

_ Eu não me perdoei. – Draco falou. – E nunca vou.


Porque não é justo. Você vai guardar essa memória o
resto da sua vida. Seu marido vai guardar. Seu melhor
amigo, que por acaso também é o homem que eu amo,
vai guardar. E eu não consigo nem me lembrar... eu era o
único que merecia sofrer por isso, o único culpado, e eu
não consigo me lembrar.
O silêncio voltou a reinar na sala. Eu sentia meu coração
rasgar. Por Draco, por Hermione, por Rony, por todos
nós. Aquela maldita ideologia de sangue puro, aquela
maldita guerra que já acabara há anos mais tinha deixado
tantas marcas... Na hora que parecia que iriamos superar,
vinha mais uma mágoa, mais uma dor.

_ Me desculpe. – Kim disse. – Se eu tivesse imaginado que


isso poderia acontecer jamais teria perguntado.

Mas ninguém poderia culpar Kim.

_ Meus pais juravam que os bebês eram entregues aos


casais por uma fênix dourada. Eu acreditei nisso até os 11
anos, verdadeiramente. – Rony contou, virando-se pra
Draco. – Sei que não é a mesma coisa. Mas o que estou
querendo dizer é que você tinha 12 anos quando isso
aconteceu, você simplesmente repetiu à Mione o que
ouviu em casa.

_ Continuei falando isso depois dos 12. – Draco não se


deixou convencer. – E não muda a marca que isso deixa
nas pessoas. Eu só queria me lembrar... pra poder pedir
desculpas sinceramente. Eu não consigo nem me lembrar.
Isso mostra como pra mim aquilo era usual.
Hermione o encarou.

_ Está certo, Draco. Faço um acordo com você. – ela


ergueu-se, conjurando um vidrinho de sua bolsinha de
contas. Choquei-me quando vi Mione fechar os olhos
puxar o fio de luz de sua mente e depositar no recipiente.
– Te dou a memória, se você me jurar que vai ver uma
única vez e depois vai destruir. Estou fazendo isso para
que você consiga superar, não pra que fique remoendo
essa história.

_ Por que está me ajudando? – Draco falou, segurando o


vidrinho.

_ Você não é mais aquele garoto que me ofendeu. Estou


fazendo isso por quem você é hoje. – ela sorriu. – E
porque, se não reparou ainda, todos nós gostamos de
você.

_ É isso aí cara. – Rony deu um tapinha nas costas de


Draco. – Nunca achei que fosse dizer isso... mas você nos
conquistou, Draco Malfoy.

_ Que piegas. – George riu, se aproximando dos dois,


abraçando Draco e o irmão. – Também quero participar
do momento.
_ Se eu me encontrasse com Anne Rookwoode ela fosse
uma pessoa legal como você eu a perdoaria sem pensar
duas vezes. – Kim sorriu pra Draco.

Draco estava evidentemente emocionado.

_ Vocês vão fazer meu namorado chorar. – eu ri

_ É um cisco. – Draco brincou.

_ CONSEGUI! – gritou Hermione de repente, olhando


satisfeita pra TV ligada. – Se a Mansão tem uma aura de
magia, tem magia o suficiente pra que eu consiga
enfeitiçar algo tão trouxa como uma TV.

Aquilo fazia muito sentido. A TV não funcionaria com


tecnologia trouxa ali, mas poderia funcionar com magia.

_ Você é máximo, Hermione. – disse Rony, beijando a


esposa nos lábios, com evidente orgulho.

Nos acomodamos todos para enfim assistir aos três


filmes, o que fizemos com muita comida, bebida, e
algumas pausas para amamentar e trocar a fralda de
Hugo, além de explicar a Rony, Draco e George alguns
artefatos e questões próprias da cultura trouxa que
aparecem no filme. Os três eram os únicos que ainda não
tinham assistido à trilogia, embora Rony conhecesse bem
os personagens e um pouco da história, devido às
conversas de Hermione e suas primas trouxas.

Quando acabou, engrenamos numa divertida conversa


sobre os filmes.

_ Finalmente entendi porque Hermione gosta tanto de


Cinquenta Tons de Cinza. – Rony comentou.

_ Você não está achando que Hermione quer que você de


uma de Christian Gray, não é? – perguntou George,
sacaneando o irmão.

Rony gargalhou.

_ Hermione? De jeito nenhum. – ele provocou a esposa, a


olhando com malícia. – Eu já sigo a maior parte dessas
regras. Alimentação, oito horas de sono, exercícios
físicos... Mais fácil ela querer me bater com um chicote
do que o contrário.
_ Não me dê ideias, Rony Weasley. – Hermione o
provocou de volta. – Quando você piscar, já estará
vendado e algemado em algum lugar.

_ Socorro. – eu disse, sem querer imaginar aquilo. – Por


favor alguém tire essa imagem da minha mente.

_ Não acho que eu iria reclamar. – Rony sorriu com


malícia, me ignorando completamente.

_ Cuidado hein Rony, submissão sexual vicia. – Kim riu. –


Algumas mulheres dominadoras são muito sensuais. Uma
vez vi uma cena no Erthel’s Club que me deixou muito
impressionada...

_ O que é Erthel’s Club? – Hermione quis saber.

_ É um clube trouxa de BDSM. – eu respondi.

_ Cenas com mulheres dominadoras podem ser muito


intensas de se assistir. – Draco concordou. – Uma vez, na
Espanha, estive numa festa bruxa de BDSM onde havia
três dominadoras. Elas se chamavam de Rainhas. Fizeram
coisas com os submissos que eu nunca tinha visto.
_ Sabe, Rony Weasley, não me importaria de
experimentar algo assim. – Hermione ponderou. – Não
sabia que essa ideia de ser dominado te interessava.

_ Você acha que me apaixonei por você por quê? Porque


me sinto atraído por mulheres submissas, quietinhas e
dóceis? – ele respondeu.

Hermione sorriu e eu fiquei com a impressão que eles


retomariam aquele assunto depois, quando estivessem
sozinhos.

_ Ah... – Draco exclamou de repente. – Me lembrei de


algo que fui incumbido de contar a vocês...

_ O que é? – eu perguntei, curioso.

_ Bom, ontem quando Marcus ligou, ele me pediu pra


contar que está saindo com uma pessoa. – Draco
começou.

Fiquei confuso com o rumo da conversa.


_ Porque qualquer um de nós estaria interessado na vida
de Marcus? – George perguntou, irritando-se com a
menção do nome do ex namorado de Kim.

_ Fico muito feliz que ele tenha arranjado outro


submisso. – Kim comentou. – Significa que ele estava
sendo sincero quando disse que não ia me perseguir
mais.

_ Não é um submisso, ele tem um namorado. – Draco


contou. – Uma relação sem dominação.

_ Marcus? Não é possível. – Kim exclamou, assombrado.

_ Parece que eles estão bastante apaixonados. – Draco


continuou, sorrindo, parecendo absolutamente feliz pelo
amigo.

_ Por quem ele pode ter se apaixonado nas últimas duas


semanas? – perguntou Rony, sem entender.

_ Não acredito! – Hermione exclamou, parecendo se dar


conta. – Não foram nas últimas duas semanas. Toda
aquela história da poção teste para ajudar no processo
contra o St. Mungus... é Neville, não é?

_ 50 pontos pra Grifinória. – respondeu Draco,


confirmando.

_ Neville e Marcus? – eu disse, surpreso que algo além de


amizade tivesse surgido ali. Mas então olhei pra Draco,
sorrindo. – Bom, suponho que seja tão surpreendente
quanto Harry Potter e Draco Malfoy.
CAPÍTULO 37

NARRADO POR DRACO MALFOY

Já fazia quase um mês desde que eu tinha voltado a


trabalhar. Inicialmente, parecia que eu e Harry tínhamos
uma vida tranquila, cheia de bons momentos com nossos
amigos e de incríveis momentos a dois. Mas com o passar
dos dias ele foi se mostrando cada vez mais incomodado.

Harry tinha sido convidado a retornar aos aurores e eu o


tinha incentivado, afinal com as novas políticas, eles
pareciam estar começando a se aproximar mais do que
Harry sempre tinha esperado da profissão. Mas ele tinha
sido categórico em sua negativa. Então eu tinha sugerido
que ele pensasse em outra coisa que pudesse fazer,
algum outro trabalho de que gostasse, que o fizesse feliz;
mas Harry tinha me dado uma resposta evasiva, dizendo
que ainda estava pensando em suas alternativas.

Eu sabia com o que ele estava atormentado: Philip não


tinha sido pego. Um mês e meio desde e batalha contra
os Purificadores e nem sinal dele.
Eu tinha dito a Harry para esquecer que aquele garoto
tinha percebido que estava sendo procurado em dois
países e para não passar o resto da vida em Azkaban por
traição, tortura e tentativa de assassinato, era muito
provável que ele já tivesse bem longe. Mas Harry insistia
que não. Tínhamos chegado a discutir algumas vezes por
causa disso. Se Philip não aparecesse nunca, ele ia passar
a vida em função disso? Não faria mais nada? Iriamos
ficar pra sempre sob a sombra daquele fantasma?

Então, naquele dia, quando estava no trabalho eu vi uma


coisa se mexer. Uma coisa que não deveria se mover em
nenhuma hipótese. Era um livro muito grosso para se
mover sozinho, alguém precisaria ter encostado nele.
Passei as horas seguintes muito atento a pequenos sons
que não deveriam estar ali, pequenos movimentos.

E ao final do dia eu estava convencido: Harry estava me


seguindo sob a capa da invisibilidade.

Ele já tinha feito isso antes, no passado, quando eu estava


sendo ameaçado por Mehothewn; era assim que ele
tinha me salvado de um ataque. Eu também sabia que ele
não estava ficando em casa durante o dia, porque Kim
(nas tardes livres) e os Elfos não se encontravam com ele;
mas ele me dissera que estava procurando pistas da
localização de Philip, o que tinha me aborrecido e nosso
assunto tinha se encerrado ali.

Mas eu deveria sabe... ele não estaria procurando Philip


enquanto eu estava indo todos os dias trabalhar
tranquilamente sem qualquer proteção. Ele estava me
vigiando. E estava fazendo aquilo pelas minhas costas,
porque sabia que eu não concordava. Eu estava louco
para chegar em casa e confrontá-lo, assim que ele tirasse
a capa fingindo vir de algum lugar.

Mas minha vontade de incomodá-lo era maior, saí dali e


não fui pra casa, como combinado. O fiz me seguir com
aquela porcaria de capa por uma infinidade de lojas,
comprando várias peças de roupas, chegando em casa já
perto de 20:30. Quando abri a porta da Mansão Malfoy,
no entanto, quatro pessoas estavam sentadas
desconfortavelmente na sala de estar: Neville, Marcus,
Kim e George.

Droga, eu tinha me esquecido que havia convidado


Neville e Marcus para jantar. Estava atrasado. Me
adiantei para cumprimenta-los.

_ Me desculpem pelo atraso, tive um


Problema no trabalho. – eu disse.
_ Eles chegaram há 15 minutos, e nem você nem Harry
estavam em casa. – George Weasley me olhava
acusadoramente, como se quisesse me esgoelar por
obriga-lo a fazer sala para Marcus.

_ Esperamos um pouco, mas eu e George já estávamos de


saída. – Kim comentou. Ele tinha combinado de sair com
o namorado justamente pra não se encontrar com o ex,
eu lhe devia um monte de desculpas. – Fizemos uma
reserva em um restaurante.. se demorarmos mais iremos
perdê-la.

_ Claro, podem ir, me desculpe atrapalhar a programação


de vocês. – eu disse, cordialmente, antes de me virar para
meus convidados. – Aceitam uma bebida? Tenho certeza
que Harry já deve estar chegando.

Como em um passe de mágica, Harry entrou em casa dois


segundos depois, me irritando profundamente com
aquele teatro. Ele cumprimentou Neville e Marcus e se
sentou ao meu lado. Ficamos um bom tempo
conversando amenidades. Fingi que tudo estava bem, não
ia discutir na frente dos outros. Se Harry podia mentir, eu
também podia, e melhor. Eu tinha crescido na sonserina,
com certeza podia jogar aquele jogo.
Depois do jantar, que tinha tudo pra ser muito agradável
em outras circunstâncias, Marcus me pediu para ir com
ele até a Biblioteca ver alguns livros de poções antigos,
dos meus antepassados, que ele queria emprestado pra
usar em suas pesquisas. Nós deixamos Harry com Neville
na sala de jantar, e fomos para a Biblioteca. Enquanto eu
procurava os livros e empilhava para entregar a ele,
perguntei:

_ Tem algo que você queira me dizer em particular?

Devia ter alguma razão para ele ter me chamado ali no


meio de um jantar.

_ Na verdade tem. – ele falou, me olhando. – É Neville..


sabe... eu gosto dele demais. Mas muitas vezes acho que
ele me esconde coisas.

Talvez fosse um mal de grifinórios.

_ Em relação a quê? A vida dele? – eu perguntei, me


identificando. – Você acha que ele mente? Que te diz que
vai fazer uma coisa, ou ir a algum lugar e vai a outro?
_ Não! Nada nesse sentido. – Marcus exclamou. – Acho
que temos uma relação de muita confiança quanto a isso,
até me sinto à vontade pra falar do meu passado, dos
meus defeitos com ele. Ele também se abre comigo, fala
dos pais, da vida que teve com a avó, do trabalho dele em
Hogwarts. E mais em relação a sexualidade... é como se
ele tivesse um bloqueio para falar desse assunto.

_ Achei que você tinha me dito que tinha acontecido uma


boa conversa no início. Sobre limites, ser passivo e ativo...
– eu comentei, franzindo a testa.

_ Foi uma boa conversa. – Marcus assentiu. – Mas depois


daquilo nunca mais falamos a respeito. Eu disse que
saberia esperar o tempo dele.. e eu não estava mentindo.
Mas parece que ele não me dá abertura pra falar de
outras possibilidades...

_ Outras possibilidades é você voltar a ser ativo algumas


vezes. – eu resumi. – E fazer algumas das coisas BDSM de
que gosta.

Marcus me olhou, parecendo se sentir culpado.

_ Olha, sim, eu gostaria de voltar a ser ativo algumas


vezes. E há algumas coisas BDSM que eu gostaria de
fazer, como uma brincadeira. Sei que com ele não rolaria
essa questão de dominação mesmo, olhar pra baixo,
chamar de senhor, obedecer e tal. – ele falou. – E eu nem
desejo isso dele.

_ E se ele nunca quiser as coisas que você quer? – eu


perguntei.

_ Eu vou abrir mão de tudo por ele, Draco. Mas queria


que ele fosse sincero comigo. – ele falou, preocupado. –
Até porque não é só isso. Ultimamente, as vezes, depois
do sexo ele parece chateado...eu pergunto o que houve,
mas parece que ele não consegue conversar comigo.

_ Qual é o seu receio? – eu quis saber. – Do que você


desconfia?

_ Penso que talvez ele esteja se arrependendo de ficar


comigo. – Marcus falou, parecendo perdido. – E se ele
tiver concluindo que gosta mesmo é de mulher? Que isso
foi um erro?

_Você acha que existe essa possibilidade? – eu


questionei, ponderando sobre a hipótese. – Ele me
parece gostar tanto de você...
_ Eu não posso afirmar que ele gosta de mulher. O que eu
sei é que já estou praticamente transando como uma. –
Marcus falou, com aflição. – Nem peço mais pra ele me
chupar... só transo de costas pra ele nem olhar pro meu
pau... e nem sei se isso está sendo o suficiente.

_ Marcus, você não acha que está meio paranoico? – eu


falei, trazendo-o pra realidade. – Você é um homem
enorme, não tem traços finos. Você não tem jeito
afeminado... não é nem mesmo delicado. Eu parado do
seu lado eu pareço uma Veela. Acho que quando Neville
Longbottom resolveu namorar você sabia muito bem
onde estava se metendo.

_ De uma semana pra cá, nem consigo mais gozar, Draco.


– ele confessou. – Estou obcecado com esses
pensamentos.

_ Você precisa conversar com Neville. – eu disse. – Ele


querendo falar sobre isso ou não. Não dá pra continuar
assim, Marcus...

Marcus me olhou sem saber o que dizer, apenas


concordou com a cabeça. Eu terminei de empilhar os
livros em suas mãos e nós saímos da biblioteca, quando
chegamos perto da sala de jantar, escutamos Neville e
Harry conversando. Assim que Marcus escutou Neville
dizer seu nome, ele me puxou de modo abrupto,
forçando-me a ficar parado para ouvi, sem entrar no
cômodo. Normalmente eu me oporia a ouvir escondido,
mas Marcus estava desesperado, e Harry bem que estava
merecendo. Então me calei.

_ Definitivamente não o estou satisfazendo... Marcus


nem tem mais orgasmos. Ele fica escondendo o pênis
para que eu não veja, mas eu sei. – Era a voz de Neville,
irritada e constrangida. – Desculpe estar te dizendo isso
Harry... mas diante das circunstâncias você é o único
amigo com quem eu me sinto à vontade pra falar sobre
esse assunto.

_ Eu entendo. Eu também namoro um homem, isso te


deixa mais confortável pra conversar comigo. – Harry
falou, oferendo apoio. – Você já tentou falar com ele
sobre esse assunto?

_ Eu não consigo, Harry. Eu travo. Me sinto um idiota,


mas eu simplesmente travo. Eu penso um monte de
coisas, mas na hora de falar elas não saem. Ele chega até
a me perguntar o que há comigo, mas eu não consigo
responder. – Neville estava muito insatisfeito consigo
mesmo. – Marcus foi muito compreensivo comigo desde
o início. Disse que ia esperar meu tempo para a gente
experimentar coisas novas. Mas como vamos fazer isso se
eu não consigo falar sobre o assunto?

_ Você quer experimentar com ele? – Harry perguntou. –


Até essas coisas da submissão?

_ Não sou submisso, também não acho que seja um


dominador. – Neville ponderou. – Mas eu gostaria de
experimentar algumas coisas... fantasias sexuais sabe?
Dele e minhas também. Existem coisas que eu imagino
fazer com ele... mesmo não tendo experiência com
homens. O fato é que eu morro de tesão nele, e não sou
um eunuco.

Quando olhei pra Marcus, meu amigo exibia um sorriso


de orelha a orelha. Me permiti sorrir também, ficando
feliz por ele.

_ Eu entendo. E você está sendo sempre ativo? – Harry


perguntou.

_ Essa é outra questão. – Neville falou. – Sim estou sendo


sempre ativo, e ele obviamente não quer isso. E na
verdade nem eu... eu gostei de ser passivo Harry... eu só
fiquei apavorado.
_ Com o quê? Com a dor? – Harry perguntou. – Você sabe
que com o tempo isso melhora não é?

_ Não é a dor. – Neville explicou. – Naquele dia me


apavorei de gostar de ter ele me tomando, de me sentir
como se eu fosse dele. Me assustei por ter me sentido
tão dominado... como se ele tivesse o poder de conseguir
tudo de mim.

_ Você acha que sentiu medo disso por ele ter sido um
dominador nas relações anteriores? – eu perguntei. – Ou
acha que se sentiria assim com qualquer pessoa?

_ Não sei, acho que a segunda opção. – ele respondeu. –


Você nunca se sentiu assim com Draco?

Nesse momento, eu e Marcus já tínhamos os ouvidos


colados na parede, quase não respirávamos,
completamente atentos a conversa. Marcus estava
evidentemente preocupado com as coisas que ouvia.

_ Sim... mas não me assusta me sentir assim. – Harry


explicou. – Eu gosto.
_ Você acha que seria diferente se você fosse ativo
também? – Neville perguntou.

_ Eu não sei. Nunca pensei nisso. – ele respondeu. –


Minha relação é diferente da sua.

_ Por quê? Marcus e Draco não são dois dominadores? –


Neville contrapôs. – Eles não gostam das mesmas coisas?

_ Bom, sim, mas quando Marcus começou a namorar


você, parece que ele se transformou. Ele se dispôs a abrir
mão do BDSM, a ser passivo por você. – Harry refletiu. –
No meu caso, eu procurei Draco sabendo que eu seria
passivo e submisso. E eu desejei isso.

_ E você nunca quis experimentar o contrário? – Neville


estava curioso.

_ Acho que isso é tão inconcebível pra Draco que eu


nunca nem me permiti considerar essa hipótese. – Harry
explicou. – Acho que seria algo que o faria se sentir mal. E
eu não tenho a menor vontade de fazer uma coisa que vai
deixar Draco mal.
_ Acho que Marcus se sente exatamente assim. Ele não
propõe que eu seja passivo de novo, porque acha que vou
me sentir mal. – Neville falou. – Talvez eu esteja um
pouco inseguro, realmente... mas eu quero. Queria poder
falar com ele sobre isso... sobre o medo que eu senti,
sobre o fato de eu não conseguir me expressar bem. E se
ele não propor as coisas pra mim muito claramente,
nunca vamos fazer nada, porque eu não vou conseguir
propor nunca.

_ Você vai ter começar a aprender a falar como se sente,


Neville. – Harry respondeu, e de repente ouvi o barulho
da cadeira se arrastar. – Acho que talvez seja melhor eu ir
ver porquê eles estão demorando tanto na biblioteca.

Marcus e eu nos apressamos para dentro da sala de


jantar, fingindo um assunto sobre os livros de poções. O
resto da noite correu tranquilamente, mas eu não
conseguia tirar aquilo da cabeça. Será que Harry estava
descontente com nossa vida sexual Queria experimentar
algo diferente? Queria que eu fizesse com ele o que
Marcus estava fazendo com Neville

Tudo aquilo era muito confuso.


Fui dormir aquela noite sem nem conseguir olhar pra
Harry direito. Era a história de Philip, a capa da
invisibilidade, essa questão do sex... Me virei pro lado
sem dizer nada, sentindo o olhar dele sobre mim. Ele
percebeu que tinha algo errado, mas não forçou uma
conversa. Nós andávamos discutindo muito nos últimos
dias, por causa da sua paranoia com Philip.

Ele não se aproximou, não me abraçou, não se


aconchegou em mim na cama. Talvez porque sentisse
meu afastamento, ou porque ele mesmo não quisesse.
Ele só murmurou baixinho:

_ Não pense que não sei que estou te magoando. Ou que


não me importo.

_ Eu sei. – eu respondi.

Porque no fundo sabia que ele se importava. E sabia


também que eu e ele íamos passar por cima daquilo.
Tínhamos enfrentado coisas demais juntos para que eu
deixasse que a gente se perdesse um do outro. Harry
estava tentando cuidar de mim, porque me amava, mas
estava fazendo isso de um jeito equivocado, porque não
tinha sido sincero comigo. E eu tinha muito medo que ele
acabasse fazendo aquilo pro resto da vida, esperando um
ataque de Philip que nunca chegaria, e se esquecesse de
ser feliz.

-//-

Feliz ou infelizmente, eu não saberia dizer ao certo, eu


estava errado. No dia seguinte, ao sair de um almoço com
um cliente, marcado em um restaurante trouxa de
Londres, eu senti minha varinha ser tomada antes que eu
pudesse reagir, e quando eu percebi estava pressionado
na parede com uma varinha cutucando a minha garganta.

Olhei para o rosto do meu agressor, lá estava ele. Philip.


O rosto mais magro do que eu me lembrava, a barba por
fazer, a aparência mais suja, e os olhos muito mais
desvairados.

_ Não reaja se não quiser morrer. – ele ameaçou,


agarrando meu braço esquerdo.

Percebi que ia aparatar comigo. Mas antes que o fizesse,


senti um aperto firme em meu braço direito. Era Harry, é
claro, que continuava a me seguir. Meu coração se
aqueceu, eu estava com ele, não tinha medo de nada.
Senti meu corpo ser levado dali, puxando Harry junto
comigo.
Quando abri os olhos, me vi em um casebre sujo, de uma
peça só. Philip não perdeu tempo em fazer os feitiços
para imobilizar o meu braço e me por de joelhos. Eu sabia
que Harry estava afoito para saber suas intenções. Aquela
era nossa chance de descobrir, e eu sentia que devia isso
a Harry depois de tê-lo criticado tanto no último mês.

_ O que você quer? – questionei. – Achei que a essa


altura já estivesse muito longe, escondido em algum
buraco como o rato imundo que você é.

Ele sorriu, com desdém.

_ Vou desaparecer, sim. Mas não sem antes me vingar do


homem que me tirou tudo. – ele respondeu, se referindo
a mim.

_Me satisfaça uma curiosidade, Philip. Se você desejava


tanto Harry, porque não fez com que ele fosse seu? Ele
gostou de você por anos. – eu fiz a pergunta que sempre
tinha me inquietado. – Por que só agora, depois que ele
já tinha outra pessoa?
_Foi um erro de cálculo, sem dúvida. – ele retorceu os
lábios. – Mas veja o meu lado. Em Hogwarts eu era um
lufa-lufa, de uma família trouxa, sem importância, que
ninguém conhecia, enquanto Harry era famoso. Ele nunca
me olhou duas vezes naquele tempo. Quando entramos
para o treinamento de aurores juntos, ficou muito claro
que as atenções eram sempre pra ele. Ele era
considerado o melhor da turma, o mais respeitado, o
queridinho de Kingsley... mas isso só acontecia porque ele
era o Eleito.

_ Acho que era porque ele era talentoso. – eu respondi,


vendo-o espumar de raiva.

_ Não estou dizendo que não era. Mas eu sempre fui


muito mais. – ele continuou, destilando inveja. – Quando
notei que ele gostava de mim e que isso o deixava todo
tímido e retardado, percebi que tinha encontrado uma
maneira de me vingar. Eu seria gentil, o manteria
apaixonado por mim, e nunca corresponderia seus
sentimentos.

_ Quanta maturidade. – eu revirei os olhos. – Parece até


meus planos pra provoca-lo quando eu tinha 11 anos.
_ Mas eu comecei a me sentir atraído por ele, a deseja-lo,
a querer que ele fosse meu. – Philip falou.

Eu odiava ouvi-lo falar de Harry assim.

_ E então fugiu pra França? – eu perguntei.

_ Eu não queria um relacionamento com Harry Potter.


Viver à sombra do Eleito. Pensei que dessa forma nunca
seria reconhecido pelo meu talento, seria pra sempre
considerado só o namorado dele, sempre em segundo
plano. – ele respondeu, amargo. – Fui pra França que era
onde a ação estava acontecendo. Onde eu poderia liderar
missões. Onde eu poderia brilhar.

_ Deixe-me adivinhar? Foi muito mais sujeira e morte do


que honras e glórias? – eu debochei.

_ De certa forma, sim. – ele me olhou, com raiva. – E


enquanto isso, Harry estava aqui com você. E você só
melhorou com essa relação, ganhou clientes, contatos,
prestigio social que você já não tinha há muito tempo. Se
antes as pessoas te olhavam torto pelo seu passado de
comensal da morte, agora muita gente te olha por aí com
respeito, você é o companheiro de Harry Potter.
_ Eu não me envolvi com Harry por nenhuma dessas
razões. – eu me indignei com o insulto.

_ Ou você está mentindo ou é muito burro. – ele deu de


ombros. – Mas o fato é que eu percebi o que eu poderia
ganhar. As vantagens que eu tinha desperdiçado. E voltei
da França decidido a tirá-lo de você. Eu poderia unir o útil
ao agradável, tê-lo como eu desejava e ainda ascender
socialmente usando-o.

_ Você me dá nojo. – eu falei, impressionado que alguém


pudesse ser tão imundo.

_ É uma pena, porque você vai ter que me suportar muito


antes que eu lhe conceda o direito de morrer. – ele disse,
com crueldade.

_ O que você quer dizer com isso? – eu questionei.

_ Depois de tudo aquilo que Harry me falou, sobre te


desejar, sobre o prazer que você dá pra ele... sobre eu ser
um projeto de homem comparado a você. – ele falou, os
olhos de um carrasco. – Eu decidi te destruir. Eu vou
estuprar você, fazer de você meu submisso, submeter
você às coisas mais horrendas, tirar toda a sua dignidade,
até o homem que Harry Potter tanto deseja não existir
mais.

Eu o encarava, seu rosto tirânico contorcido em um


sorriso bizarro.

_ Gostaria de parecer mais apavorado. – eu disse,


fingindo um bocejo. – Mas o problema é que, na verdade,
como eu já tinha te avisado, Harry é muito protetor.

Harry entendeu a minha deixa, atacando Philip ainda


invisível, que lutava com ele sem saber ao certo de onde
o feitiço vinha, obviamente entrando em pânico diante da
surpresa daquele conflito. Ele era pior duelista que Harry,
embora fosse bom, e em poucos segundos ficou evidente
que Philip perderia.

Ao perceber que seria incapacitado, Philip decidiu lançar


sua última magia na minha direção, ao invés de focar-se
em Harry, com quem duelava. Eu o vi olhar pra mim e
gritar, inclemente:

_ Patiens Longus.
Aquilo era magia negra. Era um feitiço sexual
extremamente cruel. A última vez que eu tinha visto
aquilo, tinha sido durante uma cessão de tortura, na
época em que Voldemort ainda era vivo, e um Comensal
da Morte tinha capturado um menino nascido trouxa.

O feitiço me atingiu em ondas, sem nenhum efeito


imediato. Mas eu sabia que era questão de tempo, logo o
sofrimento viria, e duraria horas até que eu me sentisse
eu mesmo outra vez.

Vi Harry o imobilizar, fazer um patrono, chamando os


aurores, que apareceram em questão de segundos,
levando o prisioneiro. Quando Harry correu até mim,
segurando-me com força, me tirando dali, eu me sentia
quase anestesiado. Aparatamos na Mansão Malfoy...
diretamente dentro do meu quarto.

A única coisa que eu conseguia pensar, é que talvez


Philip tivesse conseguido um pouco do que queria. Eu
perderia algo importante nas horas seguintes. Algo da
minha dignidade, do homem que eu sentia que era.
CAPÍTULO 38

NARRADO POR DRACO MALFOY

O Patiens Longus era um feitiço maldito. Seu efeito se


parecia com o opus penetrant e ao mesmo tempo não
lembrava este outro em nada. O opus penetrant, embora
também pudesse ser usado pra violentar alguém, era um
feitiço que despertava tesão, vontade de ser penetrado,
de fazer sexo anal. O Patiens Longus, embora fosse
catalogado como uma magia das trevas de cunho sexual,
eu não sei se tinha algo de verdadeiramente sexual nele.

Ele não despertava tesão, excitação ou qualquer tipo de


prazer. O que Patiens Longus o fazia era despertar um
comichão, uma espécie de pruído no ânus, que causava
uma angústia horrenda. A pessoa atingida não tinha
vontade de ser penetrada por uma outra, ela tinha uma
aflitiva ânsia de fazer aquela sensação parar. Mas não
conseguia. Então normalmente chegava a extremos com
o próprio corpo, destroçava-se por dentro, até que a dor
fosse maior do que aquela agonia. Ninguém saía com a
dignidade intacta, ninguém saía inteiro, Philip sabia muito
bem o que estava fazendo quando tinha escolhido
justamente aquela maldição pra me atingir.
Não havia contra-maldição, nenhum feitiço que pudesse
me ajudar, nenhuma poção. A única e mísera centelha de
esperança que eu mantinha, é que aquela maldição
demorava um pouco para começar a fazer efeito. Eu
pretendia usar aquele tempo de sanidade que me restava
impedindo que Harry me visse naquele estado, porque eu
tinha certeza que se isso acontecesse, eu jamais
conseguiria encará-lo do mesmo jeito. Se ele me visse
assim, eu jamais conseguiria tocá-lo outra vez, ou deixar
que ele me tocasse, como se eu fosse o mesmo homem
de sempre. E Philip teria sua vingança.

_ Harry. – eu disse, ansioso para que ele me entendesse.


– Preciso que você me escute ok? Eu vou para o quarto
de BDSM. Preciso que você me deixe lá por um tempo.
Quando eu te mandar um sinal, mande alguém pra me
ajudar. Mas, por favor, não entre. Mande Kim.

Harry me olhava como se eu estivesse louco.

_De jeito nenhum. – ele falou, taxativo. – Você vai se


dilacerar todo por dentro.

Ele sabia. Sabia do que se tratava.


_ Eu tinha esperança que você não soubesse. – eu disse,
em desalento. – Achei que isso fosse um tipo de magia
das trevas obscura demais, vil demais... até pra ser
estudado no curso preparatório dos Aurores.

_ E é. Mas eu sempre achei que a primeira coisa que um


bruxo das trevas iria querer fazer com Harry Potter,
sabendo que eu era gay, seria justamente esse tipo de
magia. – ele respondeu. – Então eu estudei por conta,
pesquisei muito, li relatos. Eu posso ajudá-lo, posso fazer
tudo ser bem menos pior.

Eu percebia em suas palavras que a perspectiva de ser


violentado o tinha apavorado ao longo dos anos, que ele
tinha se esforçado pra aprender mais, pra fazer o possível
pra se defender. Mas eu já tinha visto uma pessoa sob o
efeito daquela maldição, a loucura era tão grande, o
desespero que o garoto parecia sentir, o auto flagelo que
ele próprio se infligiu...não me parecia que poderia ser
ajudado.

_ Harry...eu já vi a maldição. – eu falei, expondo aquela


medonha lembrança. – Bastou um Comensal da Morte
fazer o feitiço em um rapaz, colocar objetos em Sua
frente e montar o circo para que todos os outros
assistissem, inclusive eu. O garoto enfiou tudo dentro de
si mesmo, tinteiros, frascos de vidro vazios, tesouras, o
cabo de uma vassoura... foi dantesco. Quando ele já
estava sangrando, perfurado, jogaram-no na neve pra
morrer.

Harry avançou pra mim, segurando as minhas mãos,


como se estivesse morrendo de vontade de me abraçar,
mas ao mesmo tempo tivesse medo de me assustar com
um movimento brusco. Ele me olhou, os olhos verdes
lindos como sempre, acalentando a minha alma.

_ Eu sinto muito. – a voz dele era mansa. – Uma vez salvei


um jovem que tinha sido amaldiçoado pelo próprio pai,
por ser homossexual. Eu o levei pra um lugar seguro e
consegui ajudá-lo. O Patiens Longus causa uma angustia
muito forte na pessoa, ela não pode ser deixada sozinha,
não pode ser ela mesma a se tocar, porque fica
desesperada para fazer com que o efeito da maldição
termine e acaba se ferindo gravemente.

Eu entendia onde ele estava querendo chegar. Respirei


fundo, tentando me controlar, existia uma maneira,
então. Existia um modo de ajudar alguém naquelas
condições.

_ Você tocou o garoto? – eu quis sabe


_ Não. Seria invasivo, eu era um estranho. O rapaz tinha
um companheiro. Eu o instrui sobre como fazer isso da
melhor maneira. Demorou um tempo até que a maldição
acabasse, mas ao final o menino estava bem e foi tudo
bem menos traumático do que poderia ter sido. – ele
explicou. – Se você não quer que eu te toque, podemos
chamar alguém. Quem sabe Blaise ou Marcus... Ou se o
toque de um homem nesse momento te fizer se sentir
violentado, podemos chamar uma mulher. De repente
Hermione, ela é medibruxa, vai tratar como uma questão
de saúde.

_ Não! – eu quase gritei, fazendo-o se sobressaltar. E


então o puxei pra mim, abraçando-o como se minha vida
dependesse disso. Enfiei meu nariz na pele do seu
pescoço, inspirando seu cheiro reconfortante. Ele me
abraçou de volta, segurando-me nos braços, mantendo-
me junto de si. – Só você... eu só confiaria em você pra
isso... eu... eu estou tão assustado, Harry.

Senti suas mãos acariciando meu cabelo, procurando me


acalmar.

_ Eu vou fazer tudo ficar bem. – ele prometeu, me


acalentando. – Agora vou pedir que você me escute,
ainda temos alguns minutos. Quero que você tome um
banho quente, que relaxe os músculos, vai ajudar. Depois
se deite o mais confortavelmente que conseguir.
Enquanto isso vou pegar algumas coisas que podem nos
ajudar.

Eu fiz como ele falou. Se tinha uma coisa que aquele dia
tinha me ensinado, era não desconfiar de Harry Potter
nunca mais. Ele estava certo quanto a Philip, se
tivéssemos feito do meu jeito, a essa altura eu já estaria
sendo horrivelmente violentado e torturado, para depois
ser morto por aquele traidor miserável. Harry tinha me
trazido pra casa em segurança, mesmo que sob o efeito
daquela maldição.

E se ele dizia que podia ajudar, que podia tornar tudo


mais fácil... eu acreditava na palavra dele. Entrei no
chuveiro, deixando a água quente cair sobre meu corpo,
tentando afastar a tenebrosa lembrança que eu tinha de
um garoto sofrendo com aquela maldição. Harry disse
que podia ser diferente... eu iria seguir suas instruções e
tentar controlar o pavor.

Eu me sequei e fui pro quarto. Harry já estava de volta.


Ele me guiou até a cama, pedindo para que eu me
deitasse de bruços, colocando um travesseiro alto sob o
meu quadril. Estar nu naquela posição fazia eu me sentir
exposto e desconfortável, mas ele logo em seguida cobriu
meu corpo com um lençol fino, numa tentativa óbvia de
me preservar.

Ele se deitou ao meu lado, debaixo do lençol, e fez em


mim um feitiço de lubrificação.

_ Você vai prender as minhas mãos? – eu perguntei. – Pra


impedir que eu me machuque?

_ Não. – ele respondeu, calmo. – Vai deixa-lo mais


desesperado. Nas minhas pesquisas notei que...

Mas antes que Harry pudesse me dizer qualquer coisa


que fosse, senti os efeitos do Patiens Longus chegando.
Tomou conta de mim, como se fizesse parte do meu ser,
como se eu não pudesse mensurar onde a maldição
terminava e a minha existência tinha início. O desespero
era avassalador.

Meu ânus formigava, coçava, ardia, agonizava, pinicava


horrivelmente. Eu queria fazer parar. Precisava fazer
parar. Sentia que poderia fazer qualquer coisa para que
aquilo parasse. Adiantei as mãos na direção das nádegas,
mas Harry percebeu antes de mim que a maldição tinha
chegado, e introduziu seu dedo mínimo na minha
entrada.
Eu enfiei a cara no travesseiro. Queria gritar. Aquilo não
ia adiantar, não ia fazer parar.

_ Draco, preciso que respire fundo e se concentre na


minha voz. Sei que é desesperador. Mas se ferir não vai
fazer a maldição parar, você precisa se concentrar nisso.
Se machucar não vai cortar o efeito. – ele disse, e eu
tentei me fixar naquilo.

Respirei contra o travesseiro, tentando me convencer de


que a ânsia que eu tinha de me rasgar para que aquilo
terminasse não resultaria em nada.

_ A maldição demora algumas horas, independente do


quanto você se machuque. – ele falou.

Horas? Eu tremi, torturado. Eu não podia aguentar aquilo


por horas. Não podia.

_ Preciso que se concentre no movimento do meu dedo.


O que estou fazendo é o suficiente para abrandar os
efeitos do feitiço. Concentre-se em sentir a ardência e o
prurido diminuírem a medida que eu te estimulo. – ele
me orientou.
O dedo dele entrava e saía de dentro de mim com leveza.
Mas a maldição parecia horrível. Eu não a sentia nenhum
pouco mais branda. Ao contrário, o desespero me tomava
de uma maneira que parecia que eu era feito dele.

_ E você quem pode controlar. – a voz doce de Harry me


incentivava. – A sua mente pode controlar. É possível, eu
já vi alguém se controlando. Você é forte, com certeza vai
conseguir.

Eu fechei os olhos. Eu achava lindo o jeito que ele me via,


como um homem capaz de superar qualquer coisa, de
vencer qualquer obstáculo. E com ele, eu realmente
sentia que podia. Ele tinha me ajudado a ultrapassar
tantos problemas, tantas dores e medos que eu achava
que morreriam comigo. Eu era um homem mais forte
com ele.

Me concentrei. Respirei fundo várias vezes. Por quase


uma hora inteira fiquei em silêncio, agarrando o
travesseiro com força, o corpo todo contraído, sentindo
seu estimulo delicado no meu interior. Os impactos da
maldição sobre o meu corpo se tornaram mais
moderados, mas sobretudo, os impactos sobre a minha
mente foram ficando mais fáceis de lidar.
E foi então que eu entendi, a agonia do Patiens Longus
não estava tanto no corpo, mas na mente. Uma vez
controlada a mente, era possível suportar os efeitos no
corpo.

Depois daquele longo tempo, eu enfim levantei a cabeça.

_ Você conseguiu. – ele falou. – Agora o pior já passou.


Você só precisa manter a mente controlada. Vamos
continuar te estimulando até a maldição passar.

Eu assenti com a cabeça. Eu estava certo de que poderia


tolerar aquilo desde que mantivesse o domínio sobre o
meu consciente. Mas a sensação no meu ânus ainda era
desagradável, sobretudo porque o movimento do dedo
de Harry, por mais leve que fosse, começava a sensibilizar
a minha pele. Já era uma hora daquele movimento
repetitivo, incessante, na mesma região ardida do meu
corpo.

Eu não disse nada a respeito disso, mas Harry parecia


saber. Ele puxou um tubo de pomada debaixo do
travesseiro, passou bastante do conteúdo no seu dedo
mínimo livre, e trocou a mão usava para estimular meu
corpo, introduzindo o dedo cheio do produto.
_ O que é? – eu perguntei, com curiosidade.

_ É uma pomada pra dor que pode ser usada no ânus. –


Harry respondeu. – É trouxa. Qualquer poção que envolva
magia teria o efeito cortado pela maldição.

Conforme ele massageava, fui sentindo um pouco de


alívio quanto ao seu entre e sai constante dentro de mim.
De repente me dei conta de que Harry não tinha tido
tempo de sair para comprar aquilo. Ele teria que ter em
casa.

_ Por que você tem isso? – eu perguntei, franzindo a


testa. – Tenho te machucado?

_ Não. – ele se permitiu sorrir. – É de Kim. Ele disse uma


vez que comprou no final da relação com Marcus, quando
começou a se sentir muito intimidado e acaba se
contraindo demais na hora do sexo. Então hoje me
lembrei e pedi emprestado.

_ O que disse a ele? – eu quis saber.


_ Disse que nós tínhamos exagerado ontem e que eu
estava com dor. – Harry se limitou a responder, sem
explicar porque não tinha contado a verdade a Kim.

Mas eu sabia o porquê. Ele tinha dito isso porque sabia


que eu estaria me sentindo horrível com essa maldição.
Não é o tipo de coisa que se gosta de espalhar. Ser
obrigado ao estimulo íntimo contra a vontade, os efeitos
psicológicos da maldição, o impulso de se rasgar por
dentro... tudo isso tinha o poder de fazer alguém se sentir
bastante sujo, bastante degradado.

_ Obrigado. – eu falei, simplesmente.

Ele não disse nada, só continuou me olhando com


suavidade. Por Merlin, como eu o amava, estava disposto
a qualquer coisa por ele. Minha entrega era tamanha, que
ao mirar seus olhos, eu acabei me lembrando da conversa
que tinha ouvido no dia anterior, entre Harry e Neville. E
num impulso, sem parar pra raciocinar, perguntei:

_ Você tem vontade de me tocar assim?

O rosto dele se fechou na mesma hora, tempestuoso.


Harry me olhava como se eu tivesse dado um tapa em seu
rosto, chocando-o, deixando-o furioso.
_ Coloque sua mão no meu pau. – Harry ordenou, eu
podia ouvir sua exasperação, embora ele falasse baixo.

Fiquei imóvel, sem conseguir expressar qualquer reação,


os olhos arregalados encarando-o

_ O quê? – aquilo não fazia nenhum


Sentido.

_ Faça o que estou mandando. – sua voz era esmagadora.

Eu obedeci, trêmulo, sentindo-me frágil com tudo aquilo.


Ao encostar a mão no seu pênis, o encontrei
completamente amolecido.

_ Você pode ficar com a mão aí até essa maldição acabar,


sentindo como estou mole, sem qualquer desejo. – Harry
falou, frustrado. – Quem sabe isso te convença de que
não sou esse tipo de ser humano. Que eu jamais seria
capaz de ver o homem que eu amo sentindo-se magoado,
humilhado, violentado, cheio de dor, de desespero, sendo
forçado a ser tocado por horas, e pensar em prazer
sexual.
_Eu... quando perguntei... eu não quis dizer agora. – eu
gaguejei, tentando expressar o que diabos tinha ido na
minha cabeça para que eu dissesse aquilo. – Eu não quis
dizer que você estivesse sentindo desejo agora... nesse
instante... foi uma pergunta geral.. me veio na cabeça...
na verdade estou pensando nela desde ontem... por
causa de Marcus e Neville. É claro que não penso que
você seria capaz de algo tão desumano. Eu sou louco por
você, mas te visse sob o efeito dessa maldição, eu
também jamais sentiria qualquer tipo de prazer em te
tocar. Só ia querer cuidar de você, da mesma forma como
está fazendo comigo.

Harry me encarou, sentindo a sinceridade das minhas


palavras, parecendo compreender que tinha sido um mal
entendido. Por Merlin, Harry me amava, estava cuidando
de mim com todo o carinho e compreensão, claro que eu
não o estaria acusando de algo assim.

_ Foi uma pergunta impulsiva, feita em um momento


idiota, eu não pensei. – eu disse, em tom de juramento. –
Eu me sinto fragilizado... sei que não é desculpa... mas é
como se minha mente não tivesse trabalhando direito.

Ele tocou meu rosto, afagando minha bochecha com o


polegar.
_ Desculpe. Na verdade, pelas minhas pesquisas, é bem
normal que uma pessoa sob o efeito do Patiens Longus
não se contenha e diga coisas desconexas, ou em
momentos inadequados. Mesmo conseguindo controlar o
desespero, seus sentimentos, inseguranças, tudo fica
muito a flor da pele... afetado pelo feitiço. A mente dá
saltos, fazendo com que lembranças de alguns momentos
apareçam, isso pode ter acontecido exatamente agora,
você acabou se lembrando do jantar. – Harry explicou,
visivelmente arrependido. – Não se censure por isso, você
não tem culpa. Eu é que deveria ter sido mais paciente.

_ Tudo bem, Harry. – eu disse, enfim tirando a mão do


seu membro, conseguindo relaxar um pouco mais. – Não
é uma situação difícil só pra mim. Pelo contrário, no seu
lugar, eu estaria enlouquecendo.

_ Eu daria qualquer coisa pra ter sido eu, no seu lugar. –


ele falou, tão honesto que encheu meu peito de ternura.

Depois de um tempo, Harry puxou debaixo do travesseiro


um pequeno vibrador. Era minúsculo como um dedo, ele
tinha pegado no meu quarto de BDSM. Eu não tinha
comprado para usar para penetração anal, mas para
passa-lo sobre a glande do pênis. Harry o molhou com
bastante lubrificante e introduziu no meu ânus, no lugar
do seu dedo. Agora já tinha se passado cerca de uma hora
e meia.

O vibrador fornecia um estimulo delicado. Era bom trocar


o tipo de movimento dentro de mim depois de tanto
tempo de entra e sai. O objeto, ao contrário, ficava
sempre no mesmo lugar, apenas vibrando, de forma que
algumas terminações nervosas já doloridas pararam de
ser incessantemente estimuladas.

Feito isso, Harry me puxou pra si, e eu deitei de lado,


gostando de poder mudar de posição, esticando alguns
músculos já retesados pela tensão. Em alguns momentos
parecia que o controle sobre a minha mente me
escaparia e que eu mergulharia de novo no desespero,
mas estar agarrado ao corpo de Harry me ajudava a ter
forças para manter o foco.

Ficamos mais uma hora e meia, apenas abraçados,


enquanto eu sentia o estímulo em meu interior amenizar
o horrível comichão que a maldição causava. Todo o
tempo, Harry acariciou minhas costas, meus cabelos,
beijando meu rosto, minha testa... me enchendo de afeto
e dedicação. Até que, finalmente, após três horas com
aqueles efeitos sobre mim, a maldição finalmente cessou.
_ Acabou. – eu murmurei pra Harry, em um profundo
alívio.

Ele imediatamente se ergueu para tirar de dentro de mim


o pequeno vibrador e em seguida fez um feitiço para tirar
o excesso de sensibilidade daquela área.

_ Você está bem? – ele perguntou.

_Graças a você, sim. – eu murmurei. – Obrigado.

Harry me deu um beijo leve nos lábios.

_ Obrigado por confiar em mim. – ele respondeu. – Por


acreditar que eu podia te ajudar.

_ Me perdoe por não levar a sério quando você insistiu


que Philip ainda era um perigo pra nós. – eu lhe devia
aquelas desculpas. – Você salvou minha vida tantas vezes
nesses últimos meses. Me sinto um crápula pela forma
como agi nos últimos dias. Eu quis acreditar que
finalmente tudo estava bem. Que finalmente teríamos
um pouco de tranquilidade, depois dessa loucura toda
com os Purificadores. Mas eu estava errado.
_ Qualquer um de nós dois poderia estar certo. Philip é
completamente perturbado, poderia ter fugido como
você disse, ou ficado pra se vingar como eu achei que
faria. – Harry argumentou. – Mas eu não podia arriscar
com você entente? Olha... eu sei que as vezes sou um
pouco exagerado com isso de te proteger. Eu também agi
mal... eu menti pra você... não deveria estar te seguindo
com a capa da invisibilidade sem você saber.

_ Eu já sabia. Reparei ontem quando um livro se mexeu


sozinho. – eu contei pra ele.

_ Você não ficou irritado? – ele perguntou, inseguro.

_ Fiquei, então me vinguei te arrastando pra fazer


compras. – eu dei um sorriso travesso.

_ Ah, eu deveria saber que aquela tortura tinha uma


razão. – Harry riu, se dando conta. – Por que tantos
galeões em roupas, oh Merlin?

_ Você me acha assim tão bonito porque eu também sou


elegante e bem vestido. – eu esclareci.
_ Acho que não. – ele discordou. – Principalmente porque
prefiro você sem roupa nenhuma.

_ Engraçadinho. – eu brinquei.

_ Agora vamos, se vista, temos um compromisso. – ele se


levantou da cama.

_ Qual é? – eu perguntei, erguendo-me também,


caminhando em direção do armário para procurar uma
roupa.

_ Vamos até o Ministério prestar depoimento e ver


aquele filho da puta. – Harry abriu um sorriso maldoso. –
Mostrar a ele que você continua inteiro, que o plano dele
não resultou em nada.

_ Acho que vou gostar disso. – respondi, a sede de


retaliação formando-se em meu âmago.

_ Então se apresse, quero aquele desgraçado em Azkaban


ainda hoje. – ele disse.
CAPÍTULO 39

NARRADO POR MARCUS VITAVERZA

Nós tínhamos usado a Rede de Flu para ir da Mansão


Malfoy para a minha casa, depois do jantar. Quando
pisamos na sala de estar, pude ver que Neville estava um
pouco abatido e sem jeito. Ele parecia achar algo muito
interessante no tapete.

_ Acho que vou indo. – ele falou. – Sei que tínhamos


combinado de eu dormir aqui essa noite mas...

Eu acabei com a distância entre nós, colando seu corpo


todo no meu, envolvendo-o em meus braços.

_ Nem pense em fugir, Neville Longbottom. – eu o


provoquei. – Você não vai a lugar nenhum.. vai ficar aqui
comigo.

_ O que? – ele me fitava, parecendo intrigado com o meu


comportamento impulsivo.
_ Você se esqueceu de uma coisa quando se envolveu
comigo. – eu sussurrei em seu ouvido, deixando o hálito
quente arrepia-lo, deslizando levemente os lábios em seu
pescoço. – Eu sou sonserino.

_ E o que isso tem a ver? – ele murmurou, evidentemente


um pouco desconcertado com os meus toques.

Deixei meus dedos se enfiarem pela sua nuca,


arranhando suavemente o pescoço e o couro cabeludo,
eriçando-o.

_ Não somos certinhos como os grifinórios. – eu disse,


como se contasse um segredo. – Se escutamos nosso
nome atrás de uma porta, nós ficamos quietos para ouvir
escondido.

Senti que o corpo dele se imobilizava a medida que ele


entendia a que eu me referia.

_ Você ouviu minha conversa com Harry? – ele


perguntou, temeroso.

_ Ouvi. E quero conversar. – eu falei. – E também quero


bem mais do que conversar.
Ele se afastou um pouco para olhar pro meu rosto.

_ Sou péssimo em falar sobre essas coisas. – ele


confessou.

_ Vamos ter que dar um jeito. – eu respondi, afagando


seu rosto. – Porque nem sempre vou ter a sorte que tive
essa noite. Você não tem ideia das coisas que estavam
passando pela minha cabeça.

_ O que estava passando pela sua cabeça? – Neville


questionou, era claro seu interesse sua inquietação.

_ Eu achei que você estivesse descobrindo que não sente


desejo por mim. – eu apontei. – Ou que não sente desejo
por homens no geral.

Ele estava assombrado com a minha


Confissão.

_ Não acredito que eu tenha chegado deixar a esse ponto.


– ele se recriminava, parecendo muito insatisfeito consigo
mesmo. – Precisamos conversar.
Nós nos sentamos no sofá, um ao lado do outro.

_ Prometo que vou tentar melhorar quanto a isso. É


provável que com o tempo, conforme a gente vai se
tornando mais íntimo, se torne mais fácil pra mim. –
Neville falou.

_ Eu queria perguntar sobre o medo que você disse que


sentiu na nossa primeira vez. – eu retomei aquele
assunto.

_ Na nossa primeira vez, eu me senti seu e isso me deixou


com muito medo. Eu achei que podia fugir desse
sentimento sendo só ativo. – Neville se abria pra mim. –
Mas eu estava errado... a cada dia que passa eu me sinto
mais como se pertencesse a você.

Eu sorvi suas palavras, o peso que elas conferiam ao


momento.

_ E você acha que eu não? Eu também me sinto seu. – eu


me declarei. – Você não vê? Não percebe o medo horrível
que tenho de te perder?
_ Você tem? – ele sorriu, me olhando apaixonadamente.

_ É claro. – eu falei. – Eu tenho estado tão paranoico com


a ideia de você não me querer mais, tenho feito de tudo
pra tentar agradar você, pra tentar te satisfazer.

Ele me puxou pra um abraço forte, agarrando-se em mim.


Permiti deitar minha cabeça sobre o seu ombro.

_ É por isso que você tem feito essas coisas? Tirou os


pelos do corpo, a barba... parou de querer que eu te
chupasse. – ele falou, gentilmente. – E por que achou que
eu não tinha desejo por você do jeito que você é?

_ Sim... também parei de transar de frente pra você por


causa disso. – eu contei, baixinho, movendo a cabeça
para afundar no rosto em seu peito. – Antes da nossa
primeira vez você me disse que não era gay. Achei que eu
pudesse ter sido só uma fase pra você...

_ Ah, Marcus... você é tudo pra mim... tudo. – Neville


falou, a voz embargada. – Eu sempre te desejei.

_ Sempre? – eu ergui os olhos, confuso.


Os olhos de Neville tinham um quê de frustração.

_ Eu melhorei muito como tempo, Marcus Vitaverza.


Você não, você sempre foi assim, o garoto mais lindo do
mundo. Você caminhava pelos corredores de Hogwarts
tão alto e atlético... fazia todas as garotas suspirarem. –
ele disse, e então desviou os olhos para as próprias mãos.
– Todas as garotas e eu. A primeira vez que me toquei... a
primeira vez que consegui gozar... que senti prazer.. tudo
por você.

Eu estava embasbacado, completamente atônito. Eu


fitava o rosto dele, o jeito que ele evitava me olhar nos
olhos, e mais uma vez eu tinha a nítida recordação
daquele menino doce que eu tinha conhecido em
Hogwarts. Eu, em contrapartida, tinha sido um
adolescente imaturo e convencido.

_ Isso não é possível... eu te maltratava... te ofendia. – eu


disse, com remorso.

_ Eu sei. – ele ainda não me olhava. – Sufoquei o desejo


que eu sentia por você. Convenci a mim mesmo de que
não gostava de homens, segui minha vida. Até o dia que
te encontrei de novo na sede da Ordem da Fênix. Você
continuava o mesmo homem, com mesmo jeito que me
encantava, e eu ainda sentia a mesma porcaria de
excitação.

_ Por Merlin, Neville... quanta mágoa eu te causei? – eu


perguntei, angustiado.

_ O suficiente para que eu me apavorasse com todos


aqueles sentimentos na nossa primeira vez. – ele me
olhou, finalmente, confessando. – Eu menti pra Harry
hoje. Eu não teria me assustado assim com qualquer
pessoa, eu me assustei porque era você. Porque você
sempre teve o poder de me despertar os desejos mais
primitivos, mais involuntários.

_ Despertei esses desejos e nunca lhe dei nenhum motivo


para acreditar que eu fosse uma pessoa confiável. – eu
resumi.

_ De certa forma, sim. – ele concordou. – E foi


principalmente causa disso que eu te afastei no dia
seguinte...

_ Por isso tanto medo de se entregar... por isso tanto


medo de falar sobre seus sentimentos comigo... não é só
pelo seu jeito mais fechado. – eu falei, compreendendo.
Ele assentiu com a cabeça.

_ Mas com o tempo fui vendo você de outro jeito. – ele


me disse. – Você se abriu pra mim, mostrou suas
fragilidades, suas inseguranças, seus erros. Mas mesmo
nos seus erros, Marcus... eu via que você era um homem
diferente daquele menino de Hogwarts. Você foi
derrubando os muros entre eu e você... eu fui cedendo...
fui me desprotegendo.

_ Você tem razão quando diz que não sou mais aquele
garoto, eu mudei muito, Neville. Mas não sou, nem de
longe, o melhor dos homens. Ainda sou um cara cheio de
defeitos, e provavelmente se houvesse uma balança pra
pesar nossos méritos eu jamais teria pontos o suficiente
para merecer alguém como você. – eu o encarei, dizendo
tudo o que eu sentia naquele momento. – Mas eu te
amo.

Ele me olhou por quase um minuto inteiro, os rosto


inundado de sentimentos, repleto de algo que eu não
sabia identificar. Ele avançou pra mim subitamente,
possuindo meus lábios de um jeito obstinado, como se
nada pudesse demovê-lo daquele toque, nem se o mundo
desabasse ao nosso redor. Eu o retribui com todo meu
fervor, dando-me pra ele, ofertando tudo que eu era,
mesmo que ele merecesse mais.

_ Pra mim você é perfeito. – ele murmurou em meu


ouvido, suas mãos urgentes no meu corpo, tirando a
minha camisa. – Eu amo você. Cada defeito, cada mérito.
Eu te quero inteiro... não quero que mude nada.

_ Nada? – eu perguntei, achando graça. Não era possível.

Ele passou a mão no meu peito.

_ Não. Nunca mais faça esse feitiço. Eu gosto dos seus


pelos aqui e em todos os outros lugares. – ele me tocava
com ar de proprietário, e eu estava adorando aquilo.

_ É um feitiço comum, muitos passivos fazem antes do


sexo. – eu expliquei.

_ Sei... você mandava aqueles garotos fazerem, seus


submissos. – ele me olhou, num misto de divertimento e
desejo. – E aí achou que eu quisesse o mesmo.
_ Bom, sim. – eu concordei. Tinha sido exatamente
aquele o meu raciocínio.

_ Então preste atenção em mim. Seu corpo me


enlouquece... teu jeito de macho, tua voz grave, teus
pelos. – ele murmurava em meu ouvido, me excitando,
enquanto sua mão passava displicentemente sobre
minhas coxas, apalpando-me sem pudor algum. – As
vezes você só me abraça e eu já fico com tesão, teus
braços fortes me envolvendo, teu corpo grande e
gostoso.

_ Neville... – eu gemi seu nome quando ele esfregou meu


pau por cima da roupa, já dolorido de tão rígido,
apertado.

_ E esse pau gostoso é como eu sonhei a adolescência


inteira. – ele continuava sussurrando, beijando meu
pescoço, me lambendo.

Senti suas mãos abrirem minha calça e eu ajudei a tirá-la


com pressa, libertando meu membro. Sua mão
manipulava meu pênis devagar, fazendo meu corpo
tremer.
_ Ele é todo seu... – eu jurei. – Vem cá... deixa eu foder
sua boca.

_ Você vai foder outra coisa hoje, Marcus. – ele deslizou


os dedos pro meu saco, relaxando-o, acariciando-o. –
Porque eu já não aguento mais de vontade de dar pra
Você.

Me separei um pouco dele, para encarar seus olhos.

_ Também quero isso, mais do que você imagina. – eu


admiti. – Mas antes, preciso saber de uma coisa.

_ O que? – ele perguntou, os olhos febris.

_ Preciso saber se você acredita que eu nunca quero


magoá-lo outra vez. – eu deixei aquela angustia sair de
dentro de mim. – Se você não acredita, Neville... eu vou
te pedir que me dê mais um tempo. Me dê mais uma
chance de fazer você confiar em mim. Eu não quero
possuir você de novo antes disso.

_ Eu acredito, minha paixão, eu acredito. – ele jurou, me


abraçando forte.
_ Sou sua paixão? – eu perguntei, adorando ouvir aquilo.

_ Minha paixão, minha loucura. – Neville falou. – Sempre


foi, sempre vai ser.

Eu o tomei pela mão, levando-o até meu quarto. Tirei sua


roupa devagar, sem que meus olhos abandonassem os
seus nem por um segundo. Quando nós dois já estávamos
completamente nus, o deitei na cama, abaixo de mim,
deixando meu peso forçar-se sobre seu corpo e meus
lábios se perderem sobre a sua pele.

Eu o explorava com um sentimento


Novo. Com a incumbência de amá-lo em toda parte, de
venerar o corpo magnifico daquele homem que me
despertava tamanha luxúria.

_ Seu corpo me excita tanto... seu cheiro... sua pele. – eu


o adorava.

_ Te excita? – ele falou, rindo baixinho, mas eu podia ver


um fio de insegurança por trás do seu tom. – Sempre
achei que você preferisse garotos mais delicados.
_ Ah isso foi até passar tantos dias preso com você. – eu
sorri, safado, descendo os lábios pela sua barriga, dando
mordidas leves em seu rígido abdômen. – Vendo você
trabalhar naquela estufa... todo suado. Forte... e eu
tentando disfarçar a ereção.

_ Quer dizer que você ficava me olhando? – ele


perguntou, a voz já rouca pelo desejo, empurrando minha
cabeça suavemente mais pra baixo, levando-me na
direção do seu pênis.

_ Ficava... – eu confessei, passando a lamber


displicentemente a sua virilha, negligenciando seu
membro duro e excitado. – E naquela noite.. quando você
me acordou de madrugada jogando seu corpo por cima
do meu... todo seu peso... segurando meus braços.. ah,
Longbottom, eu adorei.

_ Marcus...por favor. – ele pediu, umedecendo os lábios.

_ Por favor o que? – eu quis saber, queria ouvir ele dizer,


queria que ele me pedisse exatamente o que tinha
vontade.

_ Me chupa... me toca... me come... faz qualquer coisa


que queira comigo. – Neville gemeu, ensandecido.
Eu o queria inteiro, queria tudo. Iria exigir tudo dele, cada
gota do seu prazer, cada gemido. Queria sentir sua
entrega, sua paixão. Queria me entregar pra ele na mais
reciproca e feroz conexão que eu já tivera com outro ser
humano. Fiz os feitiços de limpeza e lubrificação o mais
rápido que pude.

_ Levante as pernas. – pedi.

Neville me atendeu, dobrando os joelhos, exibindo-se pra


mim. Meti a língua no seu orifício sem pensar duas vezes,
lambendo-o ali com languidez, deixando-o sentir aquele
toque novo, que o fazia contrair-se.

_ Isso.. aah... isso é tão... – ele murmurou, a voz grave,


incoerente.

Eu nunca tinha tido tanto tesão em fazer aquilo quanto


naquele momento. Quando me afastei, o toquei com os
dedos, penetrando-o com dois para prepara-lo pra mim.

_ Íntimo... intenso... – eu sugeri, porque ele não saberia


dizer. – E você deixa, você permite que eu te chupe aqui,
porque você sabe que é meu.
_ Aah... – ele só fazia gemer, seu pênis intocado estava
lubrificado pelo pré-gozo. – Marcus...

Aumentei os movimentos dentro dele, acrescentando um


terceiro dedo, estocando mais forte.

_ Quero ouvir você gemer assim com o meu pau dentro


de você... – eu falei.

_ Então me fode. – ele suplicou. – Eu não consigo mais


esperar.

Tirei os dedos do seu orifício, ajoelhando de frente para o


seu corpo todo exposto, posicionando-me para penetra-
lo. Deixei meu pênis escorregar pelas suas nádegas
úmidas de lubrificante e saliva, provocando sua
entradinha, sentindo ela piscar, desejando-me.

Eu queria fazê-lo perder o controle, perder-se em mim.


Mas quando entrei para dentro dele, preenchendo-o,
sentindo seu corpo me apertar, ouvindo seu gemido
rouco, eu é que parecia perder-me completamente pra
ele. Prendi meus olhos nos seus, vendo transparecer
neles toda a confiança que eu procurava, e comecei a
arremeter lento, cuidadoso, sem querer fazê-lo sentir
nada além de prazer.

Quando comecei a penetra-lo com mais força e tomei seu


membro nas mãos, masturbando-o, Neville se entregou,
se permitiu gemer, se deu todo para aquela lascívia louca
que havia entre nos. Eu segurei sua mão, num impulso,
sentindo ele entrelaçar seus dedos nos meus; e então
nossos olhares pareciam não poder mais se soltar um do
outro. O sexo entre eu e Neville Longbottom as vezes era
assim, como se fosse algo milagroso ou metafísico. Como
se o mundo ruísse em nosso entorno, e estivéssemos
elevados a um outro patamar.

Nossos corpos se fundiam, e embora eu não tivesse feito


qualquer feitiço, parecia que tinha algo de magia ali, nos
ligando, fazendo-me sentir que era muito mais do que os
dedos dele em minha pele, do que meu membro
enterrando-se no seu corpo. Era como se algo fluísse dele
pra mim e de mim pra ele. Eu gozei mergulhado na mais
profunda afrodisia, sentindo Neville atingir o auge junto
comigo, liberando-se nas minhas mãos.

Descansei meu peso sobre o dele, sentindo nossos corpos


suados e as respirações instáveis. Ficamos ali, sem dizer
nada, por inúmeros minutos, simplesmente nos sentindo,
nos acariciando, nos permitindo ser completamente um
do outro.

_ Você me deixou curioso com uma coisa. – eu falei,


sorrindo de repente, ao olhar pra ele.

_ O quê? – ele perguntou.

_ Se você queria fugir do desejo que sentia por mim,


porque diabos sugeriu a Harry me levar pra ficar com
você em Hogwarts?- eu perguntei.- Tenho certeza que
vocês poderiam ter pensado em outra coisa pra me
conter.

Ele me olhou, o rosto levemente ruborizado.

_ Foi mais forte do que eu. – ele confessou. – Eu não


pretendia que acontecesse nada entre nós. Mas a
oportunidade de ter você na minha cama todas as
noites... eu não consegui deixar escapar.

_ E se você ficasse duro? – eu perguntei, rindo.


_ Muitas vezes fiquei. – ele riu também. – Disfarcei com o
cobertor... se eu ficava com tesão demais... ia ao
banheiro resolver.

_ Pobrezinho... – eu o beijei rapidamente nos lábios. –


Vou cuidar das suas necessidades sexuais.

_ É o mínimo que pode fazer. – ele comentou, safado. –


Depois de tantos anos me deixando todo excitado sem
nenhum alívio.

-//-

No dia seguinte, eu estava me sentindo bem mais alegre.


Além da incrível melhora na minha relação com Neville,
resultante de muito diálogo e uma boa dose de sexo
maravilhoso na noite anterior, eu vinha me sentindo
melhor comigo mesmo. Tinha começado a fazer algumas
aulas na faculdade e iniciado uma pesquisa em poções
que estavam despertando muito meu interesse e fazendo
com que eu tivesse um propósito, um objetivo.

Eu nem tinha percebido o dia passar, imerso em minhas


anotações, até que ouvi o barulho de Neville aparatando
em minha sala de estar. Ele me dispersou imediatamente,
eu ergui os olhos para encará-lo, notando que ele estava
desarrumado, suado e sujo de terra.

_ Você veio direto das estufas? – eu ri.

_ Estava com saudades. – ele me deu um beijo rápido nos


lábios.

Vê-lo daquele jeito estava me despertando ideias


pecaminosas, mas antes que eu pudesse dizer qualquer
coisa, ouvi o barulho do Magifone. Levantei
preguiçosamente para atender.

_ Alô. – eu disse, segurando o aparelho.

_ Oi... Marcus? Aqui é o John. – uma voz familiar e jovial


me respondeu do outro lado.

_ Oi, John. – eu cumprimentei, um pouco confuso com a


ligação. Ele nunca tinha me magifonado, normalmente se
queriam falar comigo quem ligava era Blaise.

_ Estou aqui na Mansão Malfoy, com Harry e Kim, e nós


decidimos organizar uma festa surpresa no aniversário de
Draco. – ele falou, animado. – Vai ser uma festa a
fantasia. Estamos ligando para convidar você e Neville.

Aquilo era pouco usual. As festas que fazíamos


costumavam ser bastante elegantes, normalmente todos
vestiam-se socialmente. Mas acho que tudo tinha
mudado nos últimos meses. Draco tinha.feito um grupo
de amigos diferente depois do início do namoro com
Harry.

_ Festa a fantasia? – eu perguntei.

_ Sim.- John respondeu, contente. – A propósito, você


pode pedir a Neville arranjar um uniforme da grifinória
pra Harry? Os que ele tem do tempo de escola não
servem mais, ele diz que era muito magrelo naquela
época.

Eu sorri internamente. Draco ia enlouquecer se Potter


fosse fantasiado de estudante da Grifinória.

_ Vou dizer a ele. – eu concordei. – Pode contar conosco,


estaremos lá.

_ As oito. – ele informou, se despedindo.


Quando desliguei o telefone, me senti um pouco
nostálgico. Como se estivesse um pouco sozinho,
afastado até mesmo dos meus amigos. Eu sei que aquilo
não fazia sentido, porque ontem mesmo eu estivera na
Mansão jantando com Harry e Draco. Embora Harry me
tratasse com um pouco de desconfiança e afastamento,
era sempre cordial, e Draco me tratava com a mesma
amizade de sempre. Nunca tinha se afastado de mim.

_ O que houve, minha paixão? – Neville perguntou,


carinhoso.

_ Era John, o submisso de Blaise. Ele, Harry e Kim estão


organizando uma festa surpresa pra Draco e queriam nos
convidar. – eu contei, sem entender meu desanimo.

_ E isso não é bom? – ele perguntou, gentil.

_ É. – eu assenti. – Mas foi John que ligou. Por que não


Harry? Afinal o namorado de Draco é Harry.

Neville se sentou ao meu lado.


_ Olha... talvez Harry e os outros demorem um pouco pra
se sentirem à vontade com você. – ele falou, sem querer
me chatear. – Principalmente George e Kim.

_ Eu meti os pés pelas mãos, cometi um monte de erros.


– eu suspirei. – E parece que esse foi o meu preço. Draco
é um irmão pra mim, ele fez um novo grupo de amigos no
qual Blaise pôde se integrar com naturalidade. Agora
mesmo Blaise e John estão na Mansão com Kim e Harry e
não há um clima ruim. Mas eu não posso me aproximar
do mesmo jeito, Neville... e a culpa não é de ninguém
além de mim mesmo.

_ Talvez essa festa seja uma boa oportunidade pra uma


aproximação. – Neville sugeriu. – Na verdade, Rony,
Hermione, Gina e a maior parte dos novos amigos de
Draco mal te conhecem, com o tempo vão descobrir que
você é legal

_ Talvez. – eu ponderei, medindo suas palavras. – Mas


George Weasley e Kim... ontem antes do jantar foi tão
desconfortável.. não sei se é uma boa eu ir a essa festa...

_ Sobre George e Kim... bom... talvez realmente nunca


seja uma relação próxima, mas você pode perceber que
nenhum deles realmente te tratou mal ontem. Eles
parecem estar tentando superar isso tudo também. –
Neville me alertou.

_ Kim é muito grato a todo apoio que Draco vem dando a


ele. – eu comentei. – Ele não destrataria um convidado
dele dentro da sua própria casa. Já George Weasley eu
não sei porque me tratou cordialmente... toda vez que
me vê parece que vai soltar os cachorros em cima de
mim, e eu não lhe tiro a razão.

_ George gosta muito de mim. Não vai afastar você


porque sabe que isso também significa me afastar. – ele
contou. – No final as coisas vão se acertar, Marcus.. só
tenha um pouco de calma, certo?

_ Você me acalma. – eu sorri pra ele.

Porque desde o início tinha sido assim. Ele apaziguava


meus pensamentos, era a tranquilidade que eu precisava
quando me sentia angustiado. Ele sempre parecia saber o
que dizer para me trazer de volta para realidade, para
consertar tudo dentro de mim.

_ Vou tomar um banho e já volto pra gente jantar. – ele


avisou, se afastando um pouco.
Eu segurei seu braço, num movimento impulsivo,
encarando-o com desejo.

_ O que foi? – ele perguntou.

_ Você se importaria de me foder aqui, agora,


exatamente assim como está? – eu disse, mordendo os
lábios, me lembrando de todas as vezes que eu tinha
ficado excitado de vê-lo trabalhar na estufa.

Ele abriu um sorriso safado.

_ Tire a roupa Vitaverza. – ele mandou. – Acho que você


estava mesmo precisando de um homem como eu.

Eu desabotoei a calça, sedento por ele. Eu não achava,


tinha certeza.
CAPÍTULO 40

NARRADO POR HARRY POTTER

Eu atravessava os corredores do Ministério da Magia à


passos largos, cheio de raiva, com Draco ao meu lado.
Nós tínhamos passado cerca de vinte minutos na sala do
chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia,
prestando depoimento sobre o ocorrido com Philip
durante a tarde.

Embora nem o chefe, nem os três secretários tenham


forçado Draco a dar detalhes sobre a maldição, era visível
o desconforto que ele sentia. Eu sabia que o Patiens
Longus, seus efeitos sobre a mente dos indivíduos,
podiam deixar uma pessoa bastante fragilizada por algum
tempo.

Nossos depoimentos, somados ao fato de Philip já ser um


traidor procurado eram o bastante para encaminhá-lo
para Azkaban ainda naquele dia. Após essa excelente
notícia, eu tinha exigido vê-lo. O chefe do Departamento
de Execução das Leis da Magia tentou me dizer que por
eu não ser mais um auror, eu não ver o criminoso, mas tal
devia ser minha expressão de fúria que o homem voltou
atrás no meio da frase, pedindo a um funcionário que nos
escoltasse até a sala onde Philip estava preso.

Eu caminhava rápido, na ânsia de ver aquele maldito


outra vez.

Quando chegamos à porta, fomos informados de que


teríamos apenas alguns minutos. Parado na porta, no
entanto, Draco hesitou.

_ Acho que não consigo fazer isso. – ele parecia tão


vulnerável que tudo o que eu queria era abraça-lo e leva-
lo pra casa. – Quando penso nas coisas que esse homem
fez a você... no que ele fez a mim hoje... eu me
descontrolo. Ele desperta tudo que tem de pior em mim.

Eu já me arrependia de ter sugerido aquilo. Deveríamos


ter vindo só prestar depoimento e colocar um ponto final
nessa história toda. Me senti mal por deixar meu próprio
desejo de vingança sobrepujar-se sobre minha
racionalidade, sobre o que era mais importante naquele
momento: o bem estar de Draco.

_ Foi uma má ideia vir falar com ele... não precisamos


fazer isso. – eu disse, acariciando seu rosto. – Vamos pra
casa, você não precisa olhar pra esse homem nunca mais.
Eu via Draco apertar as mãos com força, os nódulos dos
dedos brancos pela pressão, suas unhas afundando-se na
carne.

_ Eu preciso sim. Se eu não encarar esse filho da puta... se


eu não revidar depois de tudo o que ele fez... vou me
sentir um fraco o resto da vida. – ele argumentou,
raivoso.

_ Certo. – eu concordei, pensando no que poderia fazer


para ajudá-lo a enfrentar aquilo. – Qual é o seu receio?

_ Ele não conseguiu o que queria, não me destruiu, mas


essa maldição... a maldição me deixou... – ele tinha
dificuldades de colocar em palavras, mas eu entendia.

_ Ele não precisa saber disso. Diga a ele que o feitiço não
funcionou corretamente, que ele não conseguiu fazer. –
eu sugeri.

_ Não é uma magia complexa. – Draco apontou, refletiu


sobre o que eu tinha dito. – Por que ele acreditaria nisso?
_ Ele não tem como saber se é complexa. Já te disse que
nunca ouvimos falar do Patiens Longus durante o
treinamento de auror, aposto que ele pesquisou esse
feitiço no último mês, quando decidiu que queria se
vingar de você. – eu argumentei. – E nem deve ter dado a
atenção merecida, essa maldição foi um plano B, ele
mesmo disse que pretendia fazer outra coisa.

As ameaças de Philip pra Draco tinham sido outras, a


maldição tinha sido uma saída que ele usara quando
percebeu que eu estava ali para ajudar Draco e que não
era capaz de me vencer em um duelo.

_ Pode funcionar. Ele sem dúvida tem um forte senso de


inferioridade, por trás de todo aquele ego. – Draco
ponderou.

_ Use contra ele. – eu o incentivei. – Deixe claro como um


lufa-lufa filho de ninguém não tem condições de atingir
um Malfoy.

Draco me olhou, erguendo uma sobrancelha, parecendo


desconcertado com o que eu tinha acabado de dizer.

_ Você falou igual ao meu pai. – ele disse, com espanto.


_ Sabe que não penso assim, e sei que nem você, mas no
fundo é o que Philip pensa. Você não viu o jeito que ele
falou sobre ninguém olhar pra ele? Sobre não ter o
devido reconhecimento por seus méritos? Sobre ele não
ter o nome de uma família bruxa importante? Ele nem
mesmo tem orgulho da própria casa em Hogwarts. – eu
esclareci.

O rosto de Draco se abria em um sorriso de compreensão.

_ Nunca achei que voltaria a usar os ensinamentos do


meu pai pra alguma coisa. – ele considerou. – Mas sem
dúvida, na minha situação, Lúcio Malfoy entraria nessa
sala e esmagaria esse miserável como uma mosca.

_ Bom... – eu suspirei, sorrindo. – Nunca diga dessa água


não beberei...

E juntos, nós finalmente entramos.

_ VOCÊ! – Philip grasnou, contido por grilhões mágicos,


sua expressão se retorcia em choque ao olhar para Draco.
_ Eu. – ele respondeu, secamente, como se achasse Philip
tão inferior que não fizesse nem sentido vangloriar-se
sobre ele.

_ Você deveria estar destroçado, chorando escondido em


algum lugar como o rato desprezível que é. – Philip
berrou, inconformado. – A única coisa que fazia essa
merda toda valer a pena era eu ter te atingido com a
maldição.

_ Já a usou antes, garoto? – Draco perguntou.

Sua expressão era de uma rigidez altiva, sua postura me


lembrou um aristocrata, e me impressionou como
naquele instante ele me fez lembrar de seu pai. Ele tinha
vestido a máscara que a vida toda fora ensinado a usar, e
fazia isso muito bem, era extremamente convincente.

_ Não... mas eu... – Philip queria argumentar, mas estava


começando a parecer incerto sobre os próprios poderes.

_ Alguns ramos das Artes das Trevas são bastante


complicados, é um tipo de magia que vem passando de
geração em geração nas mais tradicionais famílias bruxas.
– Draco falou, friamente. – Não é o tipo de coisa para um
menino sem berço, sem talento e sem experiência tentar.
Gente como você aprende a lançar as Imperdoáveis e se
acha o próprio Salazar Slytherin... garoto... deixe eu lhe
explicar uma coisa, pra conseguir usar uma magia difícil
como a Patiens Longus, os filhos são treinados pelos pais
praticamente desde que aprendem a falar. Você praticou
por quanto tempo? 20 minutos?

_ NÃO É POSSÍVEL! – Philip descontrolava-se,


completamente exasperado, mergulhando na própria
frustração.

_ Não se debata tanto nas correntes... Só vão apertá-lo


ainda mais. – Draco abriu sorriso maléfico, cheio de
dentes, os olhos azuis gelados como nunca, o rosto cruel.
– Quer dizer... não que importe muito... já estão vindo
para levar você pra Azkaban, onde você vai passar o resto
dos seus dias.

_ Porque uma pena tão alta? – Philip apavorou-se. – Se a


maldição não teve nenhum efeito sobre você...

_ Ora, quando o chefe do Departamento de Execução das


Leis da Magia colheu nosso depoimento, simplesmente
nos perguntou com qual feitiço você me atingiu. Ninguém
será tão invasivo a ponto de perguntar os detalhes dos
efeitos da maldição sobre mim. – Draco disse, seu sorriso
assustador se escancarando. – E de qualquer forma...
Você traiu os aurores, atingiu Harry Potter com uma
Cruciatus... seu histórico não é nada bom...

_ Harry eu... eu não queria... eu tirei feitiço assim que


percebi que tinha atingido você... jamais te amaldiçoaria.
– Philip disse, em tom ansiosamente amável, parecendo
desesperado por encontrar em mim alguma ajuda. – Eu te
amo.. te desejo tanto... me arrependo tanto de ter ido
pra França. Se eu tivesse ficado estaríamos juntos e nada
disso teria acontecido.

Seu jeito me deu nojo. Me lembrou Rabicho, implorando


no chão da Casa dos Gritos no terceiro ano.

_ Não estaríamos juntos. – eu garanti, rudemente. –


Kingsley teria me mandado até a Mansão Malfoy
investigar uma denúncia infundada, exatamente como
aconteceu. E eu teria reencontrado Draco, exatamente
como aconteceu. E você além de traidor, covarde e mal
caráter ainda teria sido corno.

_ VOCÊ NÃO IA ME DEIXAR. VOCÊ ME AMA. – ele berrou,


enlouquecido. – Correu pra ele porque eu estava longe.
Olhe pra ele. Você não vê como ele é um maldito bruxo
das trevas? Como ele é idêntico ao pai?
Mas eu não respondi, abri um sorriso apaixonado na
direção de Draco, plantando um beijo doce em seus
lábios. E então estendi a mão pra ele, convidando-o para
irmos embora. Saímos pela mesma porta que entramos, e
assim que se viu fora daquela sala, o rosto frio e duro que
me lembrava Lucio se desfez de imediato. Draco respirou
fundo, tentando estabilizar a respiração, sorrindo
corajosamente pra mim.

_ Está tudo bem. – eu disse, tocando o seu braço. – Você


foi muito bem.

_ Não era eu. – Draco fechou os olhos, se encostando na


parede, buscando apoio.

_ Eu sei. – eu respondi. – Mas ele nunca vai saber.

Ele buscou a minha mão, segurando forte. Eu o guiei pra


fora dali, de volta pra casa.

-//-

Ao adentrarmos a Mansão Malfoy, encontramos nossa


sala de estar com um clima leve de animação. Já era de
noite, próximo a hora do jantar, Kim dividia um sofá com
George Weasley, aconchegado junto ao corpo do
namorado, que o abraçava carinhosamente. Não dava
mais pra chamar George de visita, ele praticamente vivia
mais em nossa casa do que na dele. No sofá ao lado,
estavam sentados Blaise e John, que levantaram-se
rapidamente quando nos viram, para nos cumprimentar.

Olhei pra Draco, medindo sua reação diante da visita


inesperada. Eu sabia que aquele dia tinha sido demais pra
ele, aquela maldição era difícil, exaustiva e mesmo
quando controlada fazia a pessoa se sentir muito mal.
Talvez ele quisesse simplesmente comer e se deitar.

_ Desculpe ter vindo sem avisar.- Blaise se adiantou pra


nós, sorrindo. – John queria muito ver Kim.

_ Tudo... Tudo bem. – Draco se forçou a colocar as


palavras pra fora.

_ Draco? – Blaise se adiantou, olhando atentamente pra


ele. – O que aconteceu?

A dor aparecia nos olhos de Draco. Aquela maldição


deixava a pessoa muito suscetível às emoções. Ser
atingido daquele jeito, a violência de um toque forçado, a
aflição, o sentimento de estar sendo violado,
desrespeitado, transgredido... Era óbvio o quanto ele
estava fragilizado.

_ Vocês preferem que a gente volte outro dia? – John se


voltou pra mim, preocupado.

Eu estava prestes a dizer que talvez fosse melhor, mas de


repente uma única palavra saiu dos lábios de Draco.

_ Blas. – era um apelido carinhoso que eu nunca o vira


usar.

_ Estou aqui. – Blaise respondeu com firmeza.

Abruptamente, Draco se atirou nos braços do amigo,


abraçando-o, em silêncio. O outro retribuiu, de imediato,
abraçando-o forte e fraternalmente. Blaise me olhava por
cima dos ombros de Draco, com os olhos arregalados,
como se aquele tipo de atitude lhe fosse extremamente
estranha no comportamento do amigo.

_ Leve ele pro nosso quarto, Blaise. – Pedi. – Vou pedir a


um Elfo que leve algo para vocês comerem. Sirvo o jantar
pra John aqui embaixo conosco, tudo bem?
Blaise assentiu coma cabeça, concordando com o que eu
propunha. Ficamos todos observando enquanto os dois
subiam as escadas e despareciam do nosso campo de
visão.

Eu me tranquilizei um pouco com aquela cena. Era ótimo


que Draco pudesse e se permitisse se abrir com alguém,
contar com um amigo. Aqueles últimos meses tinham
sido difíceis, tínhamos vivido momentos muito tensos.
Houve o ataque de Mehothewn na Floreios e Borrões,
minha viagem à França, o problema com os aurores, o
ataque de Kinoss que tinha me ferido com um
sectumsempra, toda aquela confusão com Marcus, a
batalha contra os Purificadores do Sangue na qual Draco
tinha precisado matar um deles para me salvar. Como se
não bastasse tudo isso, nós dois saímos com ferimentos
sérios desse combate, tínhamos passado as últimas
semanas em um clima estranho, sob a sombra de Philip, e
agora aquela pavorosa maldição. Draco estava
extremamente sobrecarregado, quando tudo o que ele
mais precisava e merecia era tranquilidade e conforto.

_ O que há com ele? – Kim verbalizou a dúvida explicita


no rosto dos outros dois.
_ Um longo e difícil dia... que veio depois de meses
conflituosos e estressantes. Mas vamos todos ficar bem. –
eu tentei sorrir, me voltando pra John. – Que bom que
pediu pra ver Kim hoje.. acho que Blaise é tudo o que
Draco estava precisando.

_ Isso tem a ver com aquele verme? – George perguntou.

_ Philip? – eu confirmei, vendo-o assentir. – De certa


forma. Mas agora tudo acabou.. o pegamos... ele já
passará essa noite em Azkaban.

_ Essa é uma ótima notícia. – Kim exclamou.

Enfim você terá paz, Harry. – George me olhou, solidário.


– Sei que você jamais descansaria enquanto ele estivesse
livre.

_ Blaise e eu sempre apoiaremos Draco no que ele


precisar. – John se colocou à disposição, apesar de não
saber o que tinha acontecido. – Não só Draco, mas você
também.
_ Obrigado, John. – eu sorri, cansado. – Acho que Draco
está precisando mesmo ficar rodeado de gente que gosta
dele.

_ Se isolar não traz nada de bom. – George concordou,


sério.

Eu sabia que ele estava se referindo ao tempo que


perdeu Fred e acabou se afastando um pouco de tudo e
todos. Ele mergulhou numa tristeza muito profunda se
isolando daquela maneira... tinha sido a família e os
amigos que o tinham arrancado daquela depressão, o
trazido pra vida outra vez.

_ Draco sempre me pareceu muito fechado. – John


ponderou. – Acho que nunca teve uma quantidade muito
grande de amigos, além de nós e Marcus.

_ Depois que começou a namorar Harry ele fez amizade


com uma boa quantidade de grifinórios barulhentos. –
George comentou, sorrindo.

Ele tinha desenvolvido um grande carinho por Draco.


_ Então, de repente, poderíamos organizar uma festa pra
ele. – John sorriu de volta. – O aniversário de Draco é
daqui a duas semanas... ele normalmente oferece um
jantar. Mas acho que esse ano foi tanta coisa
acontecendo que ele nem parou para pensar nisso.

_ Acho que é uma boa ideia. – eu refleti. – Draco gosta


dessas coisas.

_ Mas espera ai... jantar? Como são esses jantares? –


George quis saber. – Com comida de gente ou aquelas
comidinhas de gnomo.

_ De gnomo. – eu e Kim respondemos ao mesmo tempo,


mesmo que nenhum de nós tivesse ido a um aniversário
de Draco, o que resultou em uma longa gargalhada.

_ Podemos fazer algo diferente esse ano. – Kim sugeriu. –


Com musica pra dançar, comida boa e muita cerveja.

_Vocês estão falando com o rei das festas. – George


ajeitou a jaqueta, exibindo-se. – Deixem comigo! Eu
organizei as melhores festas bruxas dessa cidade.
_ Que tal um tema? – John opinou, com animação. –
Poderia ser uma festa a fantasia.

_ Ah... eu tenho uma excelente ideia para uma festa a


fantasia. – eu deixei um sorriso tomar meu rosto. –
Alguma sugestão sobre como eu poderia arrumar um
uniforme da Grifinória?

Nós jantamos hambúrguer e batatas fritas na sala de


estar mesmo, planejando alguns detalhes da festa e
ligando para as pessoas que queríamos convidar. Eu
tentei ligar para Neville para pedir um uniforme da
Grifinória, mas ele não me atendeu no seu Magifone
privativo em Hogwarts.

Supus que ele pudesse estar trabalhando nas estufas da


escola, em alguma reunião com a diretora ou até com
Marcus. John deu a ideia de ligarmos pra Marcus fazendo
o convite para o casal e aproveitar para pedir que ele
avisasse a Neville sobre a necessidade de me arranjar um
uniforme. Eu fiquei um pouco constrangido com a ideia,
porque sabia que Marcus logo entenderia meu intuito,
mas John se ofereceu para fazer a ligação, de modo que
acabei aceitando.

Blaise desceu as escadas cerca de uma hora depois.


_ Como ele está? – eu podia ouvir a ansiedade na minha
própria voz.

_ Vai melhorar. – Blaise abriu um breve sorriso pra mim. –


Sabe, por muito tempo achei que Draco seguiria sempre
sozinho. Ele se abriu mais comigo hoje do que em
qualquer outro momento, parece mais disposto a se
aproximar de verdade das pessoas, a criar vínculos.
Qualquer um pode ver que ele se tornou um homem mais
feliz do seu lado.

_ Ah... Blaise... eu... – eu me adiantei na direção dele,


para abraça-lo, mas no meio do caminho parei, olhando
pra John.

John me encarou como se achasse graça.

_ Eu sou o submisso. – ele me lembrou. – Não precisa me


pedir autorização.

_ Não é autorização. Quero saber se está confortável. –


eu esclareci.
John assentiu com a cabeça, abrindo um sorriso pra mim.
Eu abracei Blaise como a um irmão. Estava
profundamente grato dele ter estado ali pra Draco
naquele dia.

_ Obrigado, Blaise. – eu agradeci.

Quando nos soltamos, ele se voltou para o noivo.

_ Vamos John? Acho que você pode conversar mais com


Kim outra hora... – Blaise falou. – Acho que Draco quer
ficar com Harry.

_ Claro, senhor. – John assentiu.

Vi George franzir a testa, evidentemente estranhando o


comportamento de um dominador e um submisso. Vi que
ele olhava de John pra Kim, como se refletisse sobre a
vida que o namorado levava antes dele. Todos nos
despedimos de John e Blaise, que foram embora pela
Rede de Flu. Eu disse boa noite para o meu casal de
ruivos favorito e fui para o quarto, encontrar Draco.

Ele estava embaixo das cobertas, vestindo um confortável


pijama. Sentei-me ao lado dele.
_ Achei que você não vinha mais. – ele fez um beicinho,
reclamando.

_ Estava fazendo sala para as visitas. – eu justifiquei.

_ No caso Blaise e John né? – Draco riu. – Porque George


Weasley já mora na minha casa.

_ Ah sim. – eu revirei os olhos. – Outro dia acordei pra


tomar café, George estava de cueca samba canção na
cozinha fazendo torrada. O duro é quando aflora a
intimidade.

Draco deu uma gostosa gargalhada e meu coração se


aqueceu.

_ É bom te ver rir. – eu murmurei, apaixonadamente. –


Você parece mais tranquilo.

_ Foi bom conversar com Blaise. – ele confessou. – Espero


que você não tenha ficado chateado... por eu ter querido
ficar um pouco sozinho com ele.
_ Claro que não, Draco. – eu garanti. – Eu entendo
totalmente. Blaise e Marcus são seus Ron e Mione.

Ele sorriu com a comparação

_ Acho que é por aí mesmo. – Draco refletiu. – Vocês três


sempre foram inseparáveis...

_ Amigos nos dão força, nos dão coragem pra continuar


em frente. – eu disse a ele. – Sabe... as pessoas gostam de
falar de mim como um herói, o grande Harry Potter que
derrotou o Lorde das Trevas. Mas a verdade é que eu não
teria ido a lugar nenhum sem Rony e Hermione.

Ele puxou as cobertas, abrindo espaço pra mim.

_ Vem se deitar comigo. – ele pediu, a voz dengosa.

_ Me deixe só tomar um banho e colocar uma roupa


limpa. – eu falei.

Draco fez uma careta, mas deixou que eu me afastasse.


Tomei um banho rápido, vestindo um short de pijama,
ansioso para voltar para o lado dele. Me deitei colado ao
seu corpo, sentindo-me relaxar contra a sua pele, nossos
braços e pernas se
Envolvendo.

_ Quero falar sobre uma coisa. – Draco disse, sério. –


Preciso que você me diga a verdade.. é sobre aquela
pergunta inconveniente que te fiz durante a maldição.

_ Quer falar sobre isso agora, Draco? – eu perguntei,


examinando-o com cuidado. – Não prefere descansar...?

_ É cedo, não estou com sono. – ele cortou, definitivo. – E


além disso não quero ficar com uma dúvida na cabeça.. as
vezes uma coisa tão pequena a gente vai deixando vira
uma bola de neve. Quando ver estou paranoico igual a
Marcus, transando de costas pra Neville não ver o pau
dele.

_ Como sabe disso? – eu perguntei, boquiaberto.

_ Marcus me contou. – ele deu de ombros. – E também


ouvi Neville te contar, quando Marcus me fez ficar parado
atrás da porta para saber o que o namorado estava
pensando dele.
_ Vocês estavam ouvindo? – eu fiz uma careta. – Bom..
suponho que tenha sido melhor assim. Aqueles dois estão
precisando urgentemente se comunicar.

_ Diálogo é importante. – Draco argumentou, mas eu


sabia que ele já não estava mais falando de Neville e
Marcus e sim de nós dois.

Suspirei, me rendendo. Ele tinha me convencido.

_ Está certo... O que você quer me perguntar? – eu


questionei.

_ Quero saber se você tem vontade de ser ativo. – ele


disse, direto.

_ Já te respondi a essa pergunta quando começamos a


namorar. – eu olhei pra ele calmamente. – Minha
resposta ainda é a mesma... não tenho vontade... prefiro
assim como estamos.

Ele sondava meu rosto, notando que eu estava sendo


sincero.
_ Fiquei preocupado. – ele apontou. – Você disse a Neville
que Marcus tinha aberto mão de ser sempre ativo e
dominador por ele... fiquei pensando se você não sentia
que eu também deveria ter aberto mão disso por você...
Quando Neville te perguntou se você não gostaria de ser
ativo, você disse que nunca nem tinha pensado nisso
porque eu não iria gostar de ser passivo. Senti como se eu
estivesse te privando de algo.

_ Draco... esse é o problema de ouvir atrás das portas.


Neville se apaixonou por um homem que é um
dominador sexual, mas ele não é um submisso, e agora os
dois estão tendo que fazer concessões, vivenciar o prazer
de uma forma diferente da que estão acostumados. – eu
mostrei meu ponto de vista. – Não é o nosso caso... por
que você abriria mão dos seus desejos se eu quero
mesma coisa que você? Por que eu ficaria pensando em
ser ativo ou você pensando em ser passivo se obviamente
nós temos mais prazer do jeito que estamos?

Draco respirou fundo, me puxando para junto de seu


peito.

_ Você tem razão. Acho que deixei o conflito deles me


afetar. – ele suspirou.
_ Tudo bem... foi bom a gente ter conversado. – eu disse,
delicadamente, permitindo-me uma risada baixa. – Não
quero que você tenha dúvidas. Eu juro a você, não há no
mundo um homem mais satisfeito sexualmente do que
eu.

_ Só conheço um. – ele respondeu, beijando meus lábios


sem pressa.
CAPÍTULO 41

NARRADO POR DRACO MALFOY

Eu acordei com o barulho do despertador naquela sexta-


feira, tateando em busca do o corpo quente de Harry nos
lençóis, mas descobri que estava sozinho. Aquilo era um
pouco estranho, ele ainda não estava trabalhando em
nada, portanto naquelas últimas duas semanas tinha
estado em casa pela manhã.

Abri os olhos, erguendo parcialmente o corpo, e


encontrei uma bandeja de prata sobre a colcha no lado
da cama onde Harry dormia, na qual estava servida um
café da manhã com o que eu mais gostava: suco de maça,
waffles e ovos mexidos. Ao lado havia duas caixas de
presente, lindamente embaladas com laços prateados.

Eu sorri. Harry.

Tentei entender o porquê daquele carinho e foi então


que me dei conta: eu estava fazendo 24 anos naquele dia.
Minha vida estivera tão movimentada nos últimos meses
que eu tinha esquecido completamente.
Abri a primeira caixa, comprida e retangular, descobrindo
uma varinha. Encarei, atônito, achando que nunca mais
veria aquele objeto novamente: Pinheiro e pelo de
Unicórnio, 25 cm, e meio Flexível.. aquela fora a minha
varinha durante 6 anos, até Harry toma-la de mim. Depois
da guerra, o Olivaras tinha reaberto, e eu tinha comprado
uma varinha nova.

Junto da caixa, havia um pergaminho dobrado. Eu abri,


encontrando a caligrafia de Harry.

“ Draco, tirei isso de você há muitos anos, achei que esse


seria o momento perfeito de devolver. A lealdade dela
mudou, mas ainda é sua. Queria que soubesse que foi
com ela que venci a guerra... a minha tinha se partido.
Espero que seu dia seja ótimo, boa sorte com o almoço
de negócios, tenho certeza que você se sairá bem.
Convidei alguns amigos para jantar, te espero a noite.
Feliz aniversário. Amo você.”

Guardei a varinha com carinho. Era uma lembrança


especial, sobretudo agora que eu sabia que tinha ajudado
tanto Harry. Abri a segunda caixa, encontrando um
presente bem diferente. Era uma choker de veludo preto,
discreta, com cerca de meio centímetro de largura, com
as minhas iniciais em platina.
Era um presente que, normalmente, um dominador dava
a um submisso. Eu nunca tinha pensado em dar aquilo a
Harry, já que a nossa relação sub./dom. se restringia a
parte sexual. Havia um bilhetinho bem mais curto, no
qual Harry dizia:

“Para quando meu dono quiser que eu use...”

Harry queria brincar... eu estava excitado de imaginá-lo


usando a choker debaixo da camisa, durante o jantar.

Pensei no longo dia que ainda teria pela frente, sentindo


meu corpo reagir com frustração. Ao meio dia haveria um
almoço com Neville, Marcus, Advogados do St. Mungus e
um representando do Conselho de Medibruxaria para
tentar assinar, enfim, um acordo. De tarde eu precisaria
retornar ao escritório, havia alguns relatórios que eu
precisava entregar e o chefe da Organização dos
Advogados Mágicos para o Mundo Bruxo queria fazer
uma reunião. A noite, haveria ainda um jantar, até que
enfim eu pudesse ficar a sós com Harry e despi-lo,
deixando apenas de choker.

O dia se arrastou, como eu imaginei que fosse, enquanto


eu criava cenas de Harry Potter nu na minha mente. Ele
tinha alegado uma forte dor de cabeça na última semana,
para evitar transar, eu tinha me preocupado
verdadeiramente e pedido para ele falar com Granger,
quem sabe ela não lhe dava um remédio. Mas agora tudo
se encaixava.. tinha sido tudo parte do seu plano, me
deixar dias à míngua para que eu ficasse ainda mais
sedento por ele hoje.

“Ah, você vai me pagar Harry Potter”, eu pensei, abrindo


um sorriso malicioso, enquanto assinava mais um enorme
relatório no meio da tarde.

Para piorar a minha situação, o chefe dos Advogados


Mágicos para o Mundo Bruxo me prendeu além do
horário, querendo me felicitar pelo desempenho no caso
do St. Mungus. Ele falou e falou sobre como o Direito em
Medibruxaria ainda tinha pouquíssimos advogados
qualificados e que eu poderia crescer muito se investisse
nessa área. Ao final já estava acreditando que ele era
uma pessoa extremamente prolixa, sobretudo para um
advogado.

Aparatei em frente à Mansão Malfoy atrasado, certo de


que nossos amigos já deveriam ter chegado pra jantar e
Harry deveria estar irritado querendo saber onde eu
estava.
Assim que abri a porta, no entanto, faz se ouvir um
ruidoso brado:

_ SURPRESA! – gritava uma quantidade significativa de


pessoas.

Assim que entrei, alguém apertou o play em uma música


animada. Minha casa tinha sido transformada. Os móveis
dos cômodos térreos, mais amplos, tinham sido
reorganizados, abrindo espaço para uma grande pista de
dança. A iluminação estava incrível, criando um clima
festivo. A minha mesa de jantar tinha tido as cadeiras
retiradas e nela estava servido todo tipo de comida
gostosa, no melhor estilo Grifinório. Havia pizza,
hambúrguer, batatas fritas, tacos, nachos, hot dogs,
refrigerantes, e muita cerveja.

Quase no mesmo instante, várias pessoas se adiantaram


para me cumprimentar e me desejar feliz aniversário. Eu
estava atordoado pela surpresa e todo aquela afeição e
apreço que todos demonstravam
Ao me abraçar, dando-me os parabéns.

_ Espero que goste de tudo. – disse Kim sorrindo pra


mim, fantasiado de grego antigo, com uma túnica branca
curta e uma coroa de louros. – Foi um esforço coletivo
entre eu, Harry, John e George. Embora os detalhes
espetaculares da iluminação e decoração se devam todos
a George.

Estava tudo lindo, muito bem arrumado, de excelente


gosto. George Wesley não estava mentindo quando disse
que sabia como dar uma festa.

_ Está perfeito. – eu disse, sorrindo. – Eu adorei!

_ Eu disse que ele ia amar. – George se vangloriou para o


namorado, vindo me abraçar.

Ele estava vestido de Faraó egípcio, sem camisa, com uma


espécie de saiote e sandálias, além de uma faixa com
detalhes dourados em torno do pescoço e na cabeça. Seu
corpo parecia ter sido besuntado com uma espécie de
óleo dourado.

_ Você sabe que os gregos dominaram os egípcios, não é


Weasley? – eu o provoquei.

_ Estou contando que isso aconteça até o final da noite. –


ele riu. – Está liberado aquele seu quarto pornográfico?
_ Vou usá-lo em algum momento. – eu confessei, rindo
também. – Mas podemos fazer um revezamento.

Agradeci a John por ajudar na organização, ele estava


muito fofo vestido de Pelúcio, Blaise tinha vindo de
sereiano. Em seguida cumprimentei Marcus e Neville, que
tinham disfarçado muito bem na hora do almoço, como
se não tivessem a menor ideia da existência daquela
festa. Ambos tinham vindo de fantasmas, com uma roupa
que aparentava terem morrido na idade média e muito
pó branco.

Foram muitos abraços e cumprimentos, todos pareciam


querer a minha atenção, eu estava até um pouco
atrapalhado. Eram Simon e Leo, de jogadores de
Quadribol. Gina Weasley, de borboleta, que viera com
Krum, vestido de Pirata Bruxo do século XIX. Luna
Lovegood de Tronquilho. Rony e Hermione vestidos de
coruja e gatinha, que eram, respectivamente, seus
animais de estimação.

Além destes, haviam alguns colegas mais próximos com


quem eu trabalhava no escritório, incluindo o meu chefe,
que me prendera até mais tarde propositalmente por
conta da festa. Alguns membros da Ordem da Fênix, de
quem eu tinha me aproximado mais naqueles últimos
meses também estavam lá. Mas meus olhos já
procuravam incessantemente uma única pessoa: onde
estava Harry?

Até que o avistei em um cantinho, encostado na parede,


sorrindo pra mim. Ele me esperava paciente, como se
quisesse que eu tivesse primeiro o meu momento, com
todas as pessoas que estavam ali pra me ver.

Ele vestia um uniforme da Grifinória. A calça preta de


Hogwarts, coma camisa branca de botão marcando seu
corpo e ao redor do pescoço a gravata vermelha e
dourada. A capa preta pendia displicente, um pouco
aberta, com o brasão da casa no peito. No rosto, a mesma
armação redonda do óculos que ele usara toda a
adolescência.

Me aproximei dele, sentindo meu corpo reagir. Aquilo me


lembrava um pouco o garoto que me irritara na escola e
ele sabia muito bem disso. Estava fazendo tudo para me
provocar.

_ Feliz aniversário. – ele disse, rindo da minha expressão.

_ Não seria hora de um aluno estar


No salão comunal? – eu perguntei, referindo-me a sua
roupa.

_ Acho que vou acabar recebendo uma detenção. – Sua


voz saiu arrastada, enquanto seus olhos verdes perdiam-
se nos meus, intensos.

Eu pressionei minha ereção contra o corpo dele, para que


ele sentisse o resultado das suas palavras, das suas
provocações.

_ Era isso que queria? – murmurei em seu ouvido.

_ Sim, senhor. – ele respondeu, rouco, se colocando no


lugar de submisso.

_ Coloque a choker agora. – eu ordenei, em voz baixa. –


Você vai me encontrar no quarto de BDSM daqui a três
horas. Não precisa tirar a roupa, quero ter esse prazer.

Vi, satisfeito, que seu corpo se arrepiava.

_ Sim, senhor. – ele suspirou.


_ Agora.. me diga uma coisa. – eu disse, me recompondo,
mudando o tom. – Onde está minha fantasia?

_ Está na nossa cama, esperando por você. – Harry sorriu.


– E antes que você reclame, foram Kim e George que
escolheram.

_ Tenho até medo. – eu respondi, fingindo pavor.

Fui para o quarto tomar um banho rápido e vestir a roupa


que meus amigos tinham escolhido pra mim. Era uma
fantasia de dragão, uma piada, certamente, com o meu
nome, que significava dragão em Latim. Tinham asas bem
maneiras, esverdeadas escamosas que eu prendia nas
costas como se fosse uma mochila, bem leves, pra não
incomodar.

Mas seguindo a mesma onda das próprias fantasias, Kim


e George tinham criado um Dragão sexy, de modo que o
resto da roupa consistia em um short semelhante a uma
cueca boxer, cujo tecido imitava pele escamosa de um
Dragão, e braceletes do mesmo material que iam do
pulso até o cotovelo. Sorri com a gentileza daqueles
braceletes, eles tinham sido pensados para esconder a
marca negra que tanto me causava desconforto.
Eu não tinha qualquer problema em ser um dragão sexy,
fiz até um feitiço para esverdear meus cabelos muito
loiros e combinar com a fantasia. Quando retornei para
festa, cerca de dez ou quinze minutos depois, vi que
Harry me esperava ao pé da escada, encarando-me com
os lábios entreabertos, umedecidos.

_ Não sou só eu que vou ficar de pau duro a noite toda. –


eu o provoquei.

_ Definitivamente não. – ele ofegou. – Se você mandasse,


eu daria pra você aqui mesmo.

_ Não me tente, Harry Potter. – eu o aconselhei,


aproximando-me dele, descendo os olhos sobre seu
corpo. De repente, reparei em seu pescoço, um pouco do
veludo preto aparecendo. Ele usava a blusa com os
últimos botões abertos e a gravata frouxa. – Consigo ver a
choker sob a sua gravata...

_ Você quer que eu a esconda melhor? – ele quis saber.

_ Não se importa que alguém veja? – eu perguntei. –


Muitos aqui sabemos que significa.
_ Não dou a mínima. – ele respondeu.

Ele era meu. O resto não tinha nenhuma importância. Eu


o queria naquele instante, me sentia quase possuído de
desejo. Estava prestes a sugerir que a gente não
esperasse mais nenhum minuto para ir para o quarto de
BDSM, mas alguns amigos se aproximaram para
conversar.

Acabei de deixando levar pelo ritmo gostoso da festa. A


música estava realmente muito boa, e várias pessoas
ocupavam a pista de dança. Inicialmente Harry estava um
pouco sem jeito, mas o fiz se soltar, mexendo-se junto da
música, colado ao meu corpo. A comida estava
maravilhosa e nunca terminava. No instante que uma
bandeja se esvaziava, aparecia abarrotada um segundo
depois.

Blaise, John, Marcus, Neville, Rony, Hermione, George,


Kim, Harry e eu acabamos relaxando em uma conversa
divertida em volta da mesa.

_ Tenho que concordar que vocês grifinórios sabem se


divertir. – eu comentei, sorrindo.

_ Damos as melhores festas! – Kim decretou.


_ E o auge é sempre a comida. – Rony argumentou.

_ Ah... a comida sempre une os grifinórios. – George


disse, contente, pegando outro hambúrguer.

_ Qual é o auge das festas dos sonserinos? – Neville quis


saber, cutucando o namorado. – Ouvi dizer que não são
tão animadas quanto as nossas...

_ Sexo. – Marcus, Blaise e eu respondemos em uníssono.

_ Vocês fazem putaria em grupo nas festas? – Rony


perguntou, admirado. – Caramba, e eu achava que nós
éramos barra pesada e vocês eram os almofadinhas de
terno comendo canapé.

_ Isso é sério? – Neville olhava pra Marcus, perplexo. – E


eu que ia bem despreparado no casamento de Zabini.

_ Meu casamento será respeitável. – Blaise informou,


rindo. – A família de John estará lá.
_ Blaise é tão puro na frente dos pais de John, que acho
que eles pensam que o filho vai casar virgem. – Kim
comentou, fazendo John rir e ruborizar ao mesmo tempo.

_ É estranhíssimo. – eu concordei. – É como se você visse


um basilisco se transformar em um gatinho doméstico.

_ Vocês não conhecem bem o meu sogro. – Blaise


resmungou.

_ Eu o entendo, Blaise. – Rony já se sentia tão íntimo


depois das cervejas que já estava tratando-o pelo
primeiro nome. – Morro de medo do pai de Hermione.

_ Rony acha que meu pai vai lhe arrancar um dente. –


Hermione revirou os olhos.

_ Por que ele faria isso? – eu perguntei, sem entender.

_ Meus pais são dentistas. – ela explicou, fazendo Kim rir.


Ele era o único a entender a piada, além de Harry é claro,
que provavelmente já sabia do medo que o amigo tinha
da profissão do sogro. – No mundo trouxa, quando as
pessoas tem alguma doença em um dente as vezes é
necessário tirar, e colocar uma prótese. E nisso que meus
pais trabalham.

_ Profissão perigosíssima. – Rony murmurou, como se


estivesse contendo um arrepio de pavor.

Isso fez rir a todos nós.

_ Prometo que vou protegê-lo. – ela deu um beijo leve


nos lábios do marido. – Se você concordar em dançar
comigo.. Gina e Luna estão me chamando há séculos.

Rony deu uma olhada enviesada para a pista de dança,


incerto, mas acabou acompanhando a esposa.

_ Os trouxas tem que passar por cada coisa... –


comentou, George, impressionado. – Por exemplo, outro
dia fiquei pensando nesses feitiços que se faz antes do
sexo, para tirar os pelos e ficar limpo. Como eles fazem
isso?

_ Um ex meu me contou uma vez. – Marcus respondeu,


fazendo uma careta, e eu sabia que ele estava se
referindo a Giuseppe. – A descrição pareceu horrível.
Como eu nunca tinha dito aos trouxas com quem saia que
eu era um bruxo, eu nunca tinha perguntado isso. Seria
estranho questionar algo que eu já deveria saber.

_ Agora fiquei curioso. – apontou Neville, fazendo coro


aos meus pensamentos.

_ Eles limpam enchendo com água e depois colocando


pra fora, repetindo isso algumas vezes. – Kim explicou.

Todos nós o encaramos, com interesse.

_ O que foi? – ele deu de ombros. – Eu não sou o único


gay daquele conjunto habitacional. Eu tenho amigos
trouxas.

_ Isso parece extremamente desagradável. – Blaise


ponderou. – Dói?

_ Não. – Kim respondeu. – Mas a cera quente dói.

_ Cera quente? – a expressão de John ao perguntar era


puro pavor.
Harry riu baixinho.

_ Os trouxas costumam tirar os pelos do corpo aplicando


uma camada de cera quente sobre a pele e depois
puxando. Isso arranca os pelos pela raiz. – Harry explicou,
e a medida em que ele falava todos nós soltávamos
exclamações de dor.

_ Cera quente? – George ofegou. – No saco?

_ Nunca fiquei tão feliz por ter nascido bruxo. – eu


comentei.

_ Não há outro jeito? – John perguntou, os olhos


arregalados. – Pra tirar os pelos..

_ Ah... você pode raspar com uma lâmina, se chama


gilete. Ela não arranca, só corta os pelos, não dói. – Kim
comentou. – Mas algumas pessoas não gostam porque
cresce rápido demais, pinica, dá alergia e encrava os
pelos.

_ Acho que esse assunto me brochou por toda


eternidade. – eu disse, com fervor.
_ É mesmo? – Harry murmurou baixinho, perto do meu
ouvido. – Então acho que não vai ver a última surpresa
que ainda tenho pra você essa noite.

Ele estava me enlouquecendo. Mordia os lábios, me


provocava, fazia todo meu corpo exigir seu toque, sua
pele na minha. Até depois daquele papo horroroso ele
tinha conseguido me trazer de volta para aquele estado
de magnetismo e fascinação. Decidi leva-lo de volta para
a pista de dança, onde eu podia roçar-me nele, roubar
alguns beijos, seduzi-lo. Seu corpo suava, então ele
retirou a capa, ficando apenas com a camisa e a gravata.

Depois de algum tempo ali, vendo-o se soltar, deixar-se


levar pela música em meus braços, tão bonito... ele com
aquela roupa me despertava as mais pecaminosas
sensações. Tinha todo um charme de menino travesso no
corpo daquele homem delicioso. Percebi que meu plano
falhara, era ele quem estava seduzindo, não ao contrário.

De repente vi Kim se aproximar de nós.

_ Vamos cantar parabéns? – ele gritou, pois eu e Harry


estávamos próximos de onde vinha o som.
Harry parou a música um pouco para reunir os amigos,
chamando a todos para aquele momento. George
Weasley fez flutuar um enorme bolo, coberto com o que
parecia um glacê azul brilhante, e os dizeres em prateado:
Feliz Aniversário Draco. Todos ecoaram a canção
“parabéns pra você”, e ao final soprei a vela, pedindo
continuar a ter aquela felicidade, aqueles amigos, e
sobretudo o amor de Harry. Nada importava mais que o
amor de Harry.

Harry e John começaram a cortar o bolo e servir às


pessoas. Enquanto isso Marcus e Blaise vieram pra perto
de mim, os braços ao redor do meu ombro. Nenhum
deles precisava dizer nada, eu sabia que estavam felizes
por mim. Eu os abracei de volta. Eram meus irmãos.

_ E afinal, parece que nós três estamos bem. – eu disse a


eles.

_ Não temos do que reclamar. – Blaise considerou, rindo.


– Perto dos amigos... apaixonados por belos rapazes que,
pasmem, também gostam de nós...

_ Está tudo bem melhor do que eu poderia esperar... –


Marcus permitiu-se sorrir também. – Obrigado por tudo
hoje, Draco. Neville está muito feliz, finalmente vai poder
começar a usar a Scrophulariaceae nigrum no tratamento
dos pais.

Mais cedo, naquele dia, enfim tínhamos chegado a um


acordo com o hospital. Eu estava pronto para responder,
quando vimos que George e Kim caminhavam na nossa
direção. Vi que Marcus tornava-se um pouco rígido.

_ Querem que eu saia? – ele perguntou, incerto.

_ Não, tudo bem, fique. – foi Kim quem respondeu. –


Olha Marcus... temos os mesmos amigos, é importante
que a gente consiga conviver.

Marcus olhava para ele, seu ex submisso, a pessoa que


tinha ferido e magoado tanto.

_ Você tem o direito de não me querer por perto, Kim. –


Marcus falou, simplesmente.

_ Tenho. O que você fez comigo foi horrível e até hoje


não entendo o porquê, já que é evidente que você nem
mesmo gostava de mim. – Kim deixou aquela dor vir aos
olhos, mas na voz se via a sua força e determinação. –
Mas há Draco, que te ama e que me recebeu como a um
irmão. Há Neville, por quem você evidentemente está
apaixonado e que é amigo e companheiro de George, de
Harry, e de vários outros aqui que prezo muito. Então eu
tenho que tentar.

_ Acha que poderia me perdoar? – Marcus perguntou.

_ Se um dia você quiser conversar... de verdade, me dizer


porque fez tudo aquilo... talvez. – Kim ponderou. – Mas
enquanto isso... No mínimo teremos que nos acostumar a
estar nos mesmos lugares.

Vi que Marcus assentia com a cabeça. Em seguida, ele


ergueu os olhos para George, que o encarava.

_ Neville é um grande amigo meu. – George disse,


levemente contrariado. – A vitória que ele teve hoje, com
os pais, se deve a você também, não posso ignorar.

_ Obrigado, Weasley. – Marcus respondeu,


educadamente.

Depois, Kim e George se retiraram. Quando olhei pra


Marcus, achei que parecia mais conformado, e talvez até
mais tranquilo diante da postura dos dois.
Logo nos serviram bolo, que por sinal estava delicioso, e a
festa voltou a animar-se com as pessoas ocupando a pista
de dança. Mas eu olhei no relógio, sorrindo. Estava na
hora de encontrar Harry.
CAPÍTULO 42

NARRADO POR HARRY POTTER

Eu o esperei ajoelhado no quarto de BDSM. Tinha feito os


feitiços de preparação e tirado apenas os sapatos e as
meias, pois Draco havia dito que queria tirar o restante
das minhas roupas. Sabia bem que o tinha provocado
além do limite, e que o seu desejo seria me castigar, mas
era exatamente aquilo que eu queria. Desde aquela
tarde, antes da batalha contra os Purificadores, que eu
tinha gozado amordaçado, repleto de todas aquelas
sensações, que eu vinha querendo experimentar que ele
me batesse comigo usando a mordaça. Esperava
conseguir aquilo hoje.

Ouvi o barulho da porta, quando ele entrou. Draco me


olhava com intensidade, ele despiu-se completamente,
tirando a fantasia (não que fosse muita roupa) e fez um
feitiço para seus cabelos retornarem à cor natural, e
então trancou a porta atrás de si, para não sermos
incomodados. Fiquei impressionado com o quão rígido
ele já estava, seu pau projetava-se pra cima em um nível
extremo de excitação.
Ele se aproximou de mim, impetuoso, ordenando que eu
levantasse.

_ Você fingiu dor de cabeça por uma semana, me deu


essa choker de manhã para eu imaginá-lo com ela o dia
todo, se vestiu como um estudante da Grifinória pra me
excitar... – ele me acusou, baixo, enquanto desabotoava e
retirava a minha camisa.

_ Sim, senhor. – eu respondi.

_ Acho que precisa de uma lição, Harry Potter. – ele disse,


retirando a gravata do meu pescoço e começando a
amarrar minhas mãos juntas na parte da frente do meu
corpo. – Um bom castigo... não concorda?

_ Sim, senhor. – eu gemi... não havia nada que eu


quisesse mais.

Ele começou a desabotoar a minha calça. Eu tinha minha


última carta na manga. Estava usando a cueca que tinha
pedido pra Kim comprar pra mim no sex shop próximo à
Universidade. Eu tinha escolhido uma vermelha,
mantendo-me no clima grifinório, mas atrás havia apenas
elásticos no contorno das minhas nádegas, deixando-as
completamente expostas. Vi o que restava do controle de
Draco se esvair quando ele abaixou minhas calças.

_ Você é um putinho safado. – ele disse rouco,


pressionando o corpo atrás do meu, seu pau duro como
pedra pressionado nas minhas nádegas. – Veio com essa
cueca toda aberta para provocar o pau do seu homem?

_ Sim... – eu murmurei, sentindo-me excitar com as


safadezas que ele dizia. – Sim, senhor.

_ Hoje você vai apanhar por tudo que fez. – ele disse, os
lábios colados em meu ouvido, o membro sarrando em
mim.

Aquela era a minha chance.

_ Eu quero pedir uma coisa, senhor... – eu murmurei.

_ O que você quer? – ele perguntou, as mãos passando


pelo meu peito, eriçando meus mamilos. – Mas já aviso
que não estou tão benevolente hoje....

_ Eu quero apanhar usando a mordaça. – eu pedi.


Ele contornou o meu corpo, ficando de frente pra me
encarar

_ Está certo disso? – Draco perguntou, sério. – Eu não


pretendo me conter.

_ Estou certo, senhor. – eu prometi.

_ Eu quero você deitado de bruços sobre os meus joelhos.


Não vou ter uma boa visão das suas mãos nessa posição,
então vamos fazer diferente da última vez. – ele explicou.

Da última vez que eu tinha sido amordaçado, Draco tinha


me dito que eu poderia abrir e fechar as mãos algumas
vezes, se eu precisasse parar. Mas se ele me queria
debruçado em seus joelhos, minhas mãos ficariam para
baixo. Eu poderia entender porque agora esse gesto não
era a melhor opção.

_ Você pode bater na minha perna três vezes, se quiser


interromper tudo. – Draco instruiu. – Tudo bem?

_ Sim, senhor.
Draco se afastou por alguns segundos, para pegar o
objeto que eu já conhecia e prender em minha boca. Ele
me puxou pelas mãos, amarradas na gravata grifinória,
até a cadeira. Draco sentou-se, e me fez me debruçar em
seu colo, apoiado sobre ele, o quadril empinado.

Ele me mostrou uma régua escolar, de acrílico.

_Pra combinar com a sua fantasia. – eu podia ouvir o


sorriso na sua voz, repleta de malícia.

Eu me senti estremecer um pouco diante daquilo. Draco


tinha já tinha me batido com um açoite de camurça e
uma palmatória de couro. Aquilo era acrílico, cheio de
arestas, era provável que doesse mais. Me tornei um
pouco mais rígido. Ele sentiu que eu contraia as nádegas
e as acariciou com gentileza.

_ Relaxe. – ele ordenou, a voz um pouco mais gentil.

Deixei o corpo amolecer apoiado nele, e quando menos


esperava veio o primeiro baque. Gemi alto mais pelo
susto do que pela própria dor. Sinto minha pele arder,
envolver-se em uma dor deliciosa que parecia me
convidar a entrega. Draco me bateu a segunda vez, e eu
só gemi baixinho, sentindo o tesão aumentar, meu corpo
todo pedir mais.

Ele passou a surrar a minha bunda com a régua, com uma


cadência constante, sem nunca cessar. Eu sentia minha
pele curtida latejar a cada impacto abrasador do objeto
sobre mim. Eu ofegava, excitado demais para que a
mordaça contivesse meus gemidos, meu corpo
fervilhando em sensações.

Era tão sensual estar ali, naquela posição, sujeitado às


vontades de Draco, que me frustrei quando ele parou. Se
eu pudesse falar, certamente imploraria pra que ele
continuasse. Draco deixou a régua de lado, me
mostrando outro objeto. Encarei a mão dele por alguns
segundos, segurando um cinto marrom escuro, dobrado
na metade. Eu sabia que ele mostrava aquilo para que,
apesar da mordaça, eu tivesse a chance de reagir
negativamente.

Eu já tinha apanhado de cinto antes, sabia que ia doer


mais do que a régua ou qualquer outra coisa com a qual
já Draco tivesse me batido, mas também sabia que era
tolerável. Se Draco achasse que eu estava apavorado,
suspenderia a punição, e eu não desejava parar. Eu me
sentia quente, vivo, delirante. Procurei me descontrair
em seus braços, mostrar-me manso, pronto pra ele.

Draco sentiu minha resposta. Desceu o cinto sobre


minhas nádegas já fustigadas, em uma colisão vigorosa
que fez meus olhos arderem. Eu não emiti som. Sorvi
aquela dor, misturada ao prazer, deixando minha pele
castigada impregnar-se de ambos. Draco me bateu
novamente, encharcando meus olhos, fazendo meu corpo
mover-se com o baque. A incandescência que eu sentia
escorreu pela minha face, molhando meu rosto.. eu
estava embriagado pela dor, pelo êxtase pela libido

Draco deixou o cinto de lado.

_ Garoto corajoso. – ele elogiou, alisando minha bunda


surrada. – Você está tão lindo... tão vermelhinho.

Sentir ele me acariciar depois daquilo era uma mistura


alucinada de sensações. Era ele quem me punia e era ele
quem me abrandava. Seu toque ora firme, sólido e
fustigante ora suave, doce e ameno. E eu era dele.
Disponível pra qualquer prazer que ele quisesse me dar.

Senti que Draco fazia um feitiço de lubrificação em mim


e, antes que eu pudesse pensar muito a respeito, senti
seu dedo acariciando minha entrada gentilmente,
massageando-a, se inserindo até a metade e retirando-se
logo em seguida. Depois, a frieza do metal se pressionou
no meu anus no instante seguinte. Tratava-se de um
plugue metálico de tamanho médio.

Gemi, ofegante, sentindo que salivava um pouco através


da mordaça. Mordi a bolinha com força quando o objeto
rompeu meu orifício. O plugue era rígido pesado... era
penoso, torturante, mas ao mesmo tempo estimulante e
erótico.

_ Se levante. – ele ordenou.

Eu fiquei de pé, saindo com dificuldade do seu colo. Eu


mal conseguia encará-lo, tamanha a intensidade de tudo
o que eu tinha sentido e continuava a sentir. Minhas
nádegas ardiam, doloridas. O plugue pesava dentro de
mim, em um prazer excruciante.

Mas Draco, puxou meu rosto pra cima, limpando as


lágrimas que tinham molhado a minha bochecha. Suas
mãos hábeis acariciaram meu corpo sem pressa,
chegando ao meu pênis totalmente duro, excitado dentro
da cueca, lubrificado pelo pré-gozo. Ele me acariciou ali
brevemente, sorrindo com devassidão.
_ Olha só como você está excitado. – ele me mostrou. – E
disso que você gosta... Você nasceu pra ser submisso... O
meu submisso.

Eu pisquei, absorto. Eu não podia nem ao menos


concordar, contido pelo objeto em minha boca. Minha
entrega era absoluta, ele cativava cada parte de mim, me
tomando, me arrebatando. Ele desamarrou as minhas
mãos, ainda presas com a
Gravata.

_Agora quero que você vá até a cama e fique de quatro. –


ele ordenou.

Eu fiz o que me foi mandado, louco para que ele me


preenchesse, me fodesse até que eu perdesse os
sentidos. Mas assim que eu me posicionei como Draco
mandou, ele tomou uma certa distância, pra me observar.

_ Puxe o plugue de dentro de você, devagar. – ele


mandou.

Ele queria que eu me tocasse para ele ver. Virei o rosto


pra trás, olhando pra ele. Eu me sentia imoral, promíscuo,
puxando lentamente aquele objeto do meu interior,
sentindo-me esvaziar.

_ Agora se foda com os dedos, quero ver você preparar


seu rabinho pra receber o meu pau. – Draco me dizia
indecências, os olhos fixos no meu rosto, me levando a
loucura.

Eu meti os dois dedos pra dentro da minha entrada em


um rompante, querendo me encontrar pronto pra ele o
quanto antes, ansioso e ardente para recebe-lo. Draco se
aproximou, acariciando minha bunda que ainda latejava.

_ Isso, deixe ele mais aberto. – ele ordenou.

Sem parar pra pensar, coloquei os dois polegares dentro


de mim, pressionando as bordas, fazendo meu corpo
alargar-se pra ele.

_ Ah... isso... você é demais, Harry. – Draco gemeu. – Tão


gostoso, tão sexy.. fique exatamente assim pra eu te
comer.

Fiquei de quatro na cama, me doando para o prazer mais


lúbrico e carnal enquanto sentia Draco me invadir, se
assenhorar do meu corpo, penetrar-me inteiramente. Já
excitado e alucinado demais para conter-se, ele investiu
com vontade. Seu vai e vem era forte e potente dentro de
mim. Eu gemia, salivava, me movimentava junto com ele,
esfregando-me indecentemente em seu corpo,
despudorado.

Sua mão puxou meu pênis de dentro da cueca, me


masturbando em um compasso regular, delicioso,
rítmico. Eu inclinei mais o corpo pra frente, me
oferecendo a ele, me dando todo, querendo mais.
Cheguei ao ponto máximo do prazer, irrompendo em um
orgasmo forte em suas mãos, meu corpo convulsionando
tão intensamente que senti que meu ânus o prensava,
exigindo de Draco seu gozo, que fluiu pra dentro de mim.

Quis me jogar pra frente, deixar meu corpo descansar


inerte na cama, mas Draco saiu do meu corpo ordenando:

_ Fique como está. Quero ver o seu cu depois de ser


fodido.

Respirei fundo, mantendo-me firme. Meu ânus estava


sensível, aberto, seu líquido escorrendo. Draco o
acariciou gentilmente com o dedo, causando-me uma
involuntária contração.
_ Pisque pra mim... quero ver ele todo arrombadinho
piscando. – Draco falou, introduzindo um dedo dentro de
mim.

Eu pisquei em volta de seu dedo, contraindo e relaxando,


em um movimento levemente dolorido. A sensação de
ser tocado daquele jeito, logo após o sexo, começava a
me deixar excitado de novo. Eu tinha acabado de gozar e
sentia que meu pênis já reagia, respondendo ao toque e
as palavras de Draco.

_ Que delicia. – ele murmurou, acariciando minha


entrada. – Todo cheio da porra do seu dono.

Eu gemi. Por Merlin, já o queria de novo. Quando eu


começava a sentir muito tesão com aquilo, ele parou, me
oferecendo a mão. Eu segurei e ele me guiou para a
cadeira onde ele estava sentado antes, dessa vez
instruindo que eu me sentasse. Ele se afastou um pouco e
eu vi que ele ia aos armários, procurar algum objeto,
demorando um pouco, deixando-me em expectativa.
Quando ele voltou, tinha uma vela acesa nas mãos. Eu já
tinha visto aquilo em um clube BDSM... será que ele ia me
queimar? Não me parecia nada agradável.
Minha expressão deve tê-lo alertado da minha
insegurança, porque ele acariciou os meus cabelos com
leveza.

_ Fique calmo. Não é uma vela comum. – Draco me


orientou, a voz tranquila. – Lembre-se, você pode bater
três vezes na minha perna, se precisar.

Relaxei na cadeira, sentindo o toque das mãos de Draco


sobre mim. Ele dedilhava meus mamilos, beliscando-os,
deixando-os tesos e sensibilizados. Eu olhava para os
movimentos dele sobre o meu corpo, excitando-me com
seus toques, vendo-o me estimular até o limite.

Draco virou a vela, deixando o liquido quente cair sobre


meus mamilos, escorrendo pelo meu peito. Não
machucava, mas esquentava a pele, acalorando os
sentidos. Ele fez o mesmo com o outro mamilo, expondo-
me outra vez ao calor. Draco deixou que a vela gotejasse
sobre meu peito, minha barriga, minhas coxas abertas...
vertendo, fluindo pelo meu corpo. Ele soprava,
espalhando o líquido sobre mim, que se endurecia sobre
a minha pele.

Eu já salivava muito, de tanto gemer, meu pau duro de


tesão. A saliva escorria pelo meu pescoço, de encontro ao
meu peito. Quando Draco parou, ele se ajoelhou no meio
das minhas pernas e começou a beijar o meu pénis por
cima da cueca. A sensação do tecido estregando-se sobre
a minha glande sensível era aterradora, eu me contorci,
querendo que ele me livrasse daquilo.

_ Aguente, meu putinho. – Draco pediu. – Aguente pra


mim.

Eu respirei, aguentando suas lambidas. Ele molhou bem


minha cueca, salivando, sugando a cabeça do meu pau
por cima do tecido, apertando-a em seus lábios, num
prazer desregrado e tortuoso. Quando ele parou, eu não
sabia se gemia de alívio, frustração ou ambos.

Ele se levantou, puxando-me pela mão, fazendo com que


eu ficasse de pé, de frente pra ele. Suas mãos ágeis me
livraram da mordaça e em seguida baixaram, puxando
meu pênis de dentro da cueca. Nossos corpos estavam
próximos, quase colados, nossas ereções se tocavam, e
Draco começou a masturbar nossos paus juntos. Ele
puxou minha mão na mesma direção, mostrando-me que
eu poderia ajudá-lo.

Tomei seu membro com gosto, querendo fazê-lo gozar


mais uma vez. Masturbei seu pênis pressionado ao meu,
sentindo-o fazer o mesmo comigo. Nós olhávamos um
pro outro, perdidos no desejo que sentíamos. Ele impôs
seus lábios sobre os meus, ao me sentir gozar, seguindo-
me logo depois. Eu o beijei com ânsia, cedendo-me pra
ele.. eu pertencia a Draco Malfoy.

E então o abracei, cercando-me dele, rodeando-o de


mim. Depois do sexo, eu era seu abrigo, ele era minha
casa.

_ Eu te amo. – eu murmurei.

_ Eu amo você. – ele sussurrou de volta, segurando-me. –


Meu garoto valente...

_ Preciso provocar você mais vezes. – eu ri, me afastando


um pouco para olhar pra ele.

_ Você gostou? – ele quis saber.

Draco sempre perguntava, por mais óbvio que fosse meu


prazer, ele sempre queria saber se algo tinha me
desagradado. E eu adorava aquele carinho, aquela
preocupação.
_ Eu sempre gosto. – eu contei a ele. – É como se você
conhecesse meu corpo melhor que eu mesmo, como se
soubesse cada desejo meu antes de eu sentir... você
nunca decepciona.

_ Ah... Harry... – Draco suspirou, me trazendo pra mais


um beijo. – Eu fui todo feito pro seu prazer, e você pro
meu.

_ Você gostou? – eu fiz coro a sua pergunta. – Sempre


quis fazer isso assim comigo? ... tão intenso.. tão forte?

_ Não podia chegar assim no primeiro dia... você sairia


correndo para as montanhas. – ele riu. – Isso é uma
evolução em um relacionamento BDSM. Vem com a
intimidade, com a confiança...

_ Eu provavelmente correria do cinto. – eu concordei.

_ O cinto te assustou? Você pareceu tão relaxado quando


eu mostrei... – Draco disse, confuso e ansioso. – Doeu
muito? Foi isso que te fez chorar?

_ Calma, meu amor, uma pergunta de cada vez. – eu sorri


pra ele, acariciando seu rosto. – Não doeu tanto... as
lágrimas foram... uma reação do meu corpo.. era tudo
extasiante demais... foi quase que fisiológico... não sei te
explicar.

_ As vezes isso acontece. – ele assentiu, me acarinhando


também.

_ Sobre a outra pergunta, não, não assustou. – eu


continuei. – Não é a primeira vez que apanho de cinto, já
sabia que seria suportável.

O rosto dele se anuviou, e ele ficou sério de repente.

_ Como? – a voz parecia se forçar a sair. – Alguém te


agrediu?

_ Entre os trouxas, não é tão incomum que o pai ou um


responsável bata no filho com um cinto. Apanhei várias
vezes do meu tio Dursley quando era criança. – eu contei
a ele.

_ Isso é... nossa isso é bárbaro. – Draco deixou escapar, e


depois me olhou um pouco inseguro. – Desculpe se isso o
ofende... eu não estou querendo insultar os trouxas...
mas...
_ Não ofende. – eu o interrompi. – Existem bons bruxos e
maus bruxos. Entre os trouxas isso se dá da mesma
maneira... os pais de Hermione, por exemplo, jamais
fizeram nada parecido com ela.

_ Entendo. – Draco assentiu. – Você gostaria que eu


deixasse de usar o cinto com você... por causa dessa
associação Com o seu passado?

_ Não, eu gostei. Apesar da minha bunda estar ardendo. –


eu disse a ele, rindo.

_ Está certo. – ele se permitiu rir também. – Agora me


deixe cuidar de você.

Fiquei parado enquanto ele tratava das minhas nádegas,


com o mesmo creme azul que já usara antes, aliviando-
me na mesma hora. Ele fez feitiços para me limpar,
tirando o do meu corpo o esperma, a lubrificação, a saliva
e a cera de vela. Tudo aquilo me fazia sentir amado e
precioso pra Draco.
Nós dois nos vestimos novamente para voltar pra festa.
Quando eu estava terminando de ajeitar a gravata, ele
me disse

_ Você já pode tirar a choker.

_ Não posso ficar até o final da noite? – eu perguntei, sem


querer tira-la.

_ Pode. – ele disse, se aproximando. – Mas você não


precisa... você não é meu submisso, é meu amor, meu
companheiro.

_ Eu sei. – eu murmurei. – Mas é que isso foi tão bom...

_ E você ainda quer se sentir meu.. – ele disse,


deslumbrado.

_ Eu me sinto o tempo todo. – eu jurei. – Eu sou seu.


CAPÍTULO 43

NARRADO POR KIM HALL

Eu e George dançávamos juntos, na pista de dança. Eu me


deixava levar pela música, movimentando meu corpo,
mexendo-me em um fluxo vibrante. Sempre tinha
gostado de dançar, desde pequeno, mas vindo de uma
família pobre e na qual a dança era considerada uma
atividade exclusivamente feminina, eu nunca pude fazer
aulas. Mas sempre que eu assistia alguma apresentação,
que eu via alguém fazendo qualquer tipo de dança, eu
ficava encantado com aquela arte.

_ Você dança muito bem... – George disse em meu


ouvido, como um sopro. – Tem umas dez pessoas só
olhando pra você

George também era um cara muito solto, ele deixava o


corpo se mover com o som. Mas as vezes eu percebia que
seu equilíbrio chegava até um limite, e que ele tinha
aprendido a ser cuidadoso com determinados tipos de
movimento corporal.
_ Isso te preocupa? – eu perguntei, percebendo que, de
fato, alguns homens me olhavam.

_ Não... não sou ciumento. – ele respondeu, tranquilo.

Era verdade. George não era possessivo. Se tinha uma


coisa que eu adorava nele, é o jeito que ele vivia tudo
com liberdade. Ele dançava, beijava, transava, trabalhava,
se relacionava, vivia... tudo como o mais livre dos
homens, e essa liberdade se estendia, naturalmente, a
mim. Mas as vezes queria que ele tivesse um pouquinho
mais de ciúmes, na realidade nós nunca tínhamos
chegado a falar mais abertamente sobre fidelidade e
sentimentos.

_ Te dá tesão? – eu perguntei.

_ Te ver dançar assim? – ele questionou seus olhos


baixando sobre mim. George tocou as minhas costas,
puxando-me para mais perto. – Sim.. estou louco para ir
pro quarto com você... levantar esse seu vestidinho
grego... tirar sua cueca... te lamber todinho...

Minha libido se agitava, conforme as palavras sussurradas


de George iam arrepiando os pelos na minha nuca,
perpassando meu corpo como uma descarga elétrica.
Fiquei na ponta dos pés para colar meus lábios do seu
ouvido bom.

_ Eu estou sem cueca. – eu admiti, sabendo que o


assanharia.

Me virei de costas pra ele no segundo seguinte, cantando


junto coma música. Era uma cantora trouxa famosa, que
falava sobre tudo o que eu sentia.

You’re a shooting star I see


A vision of ecstasy
When you hold me, l’m alive
Were like diamonds in the sky
I knew that we’d become one right away
Oh, right away
At first sight I felt the energy of sun rays
I saw the life inside your eyes
So shine bright, tonight, you and I
We’re beautiful like diamonds in the sky
Eye to eye, so alive
Were beautiful like diamonds in the sky
Eu me sentia alvoroçado pela música, pelo que ele tinha
me dito, pela perspectiva de estar com ele naquela
noite... aproveitava a posição pra aproximar nossos
corpos, dançando junto a ele, mexendo o quadril que
resvalava em seu corpo, as vezes roçando-se em seu
membro levemente, como se fosse um acidente. Eu
queria seduzi-lo, deixa-lo louco por mim.

_ Kim. – ele chamou meu nome com urgência, quando


não aguentou mais, imprensando sua pélvis contra as
minhas nádegas, as mãos firmes na minha cintura,
mostrando-me sua rigidez. – Vamos pro seu quarto...
deixe essa história de quarto de BDSM pra outro dia.

Nós tínhamos combinado de ir brincar no quarto de


BDSM de Draco... não íamos fazer cenas de submissão
nem nada, só nos divertir, mas naquele momento Draco e
Harry estavam ausentes da festa, de modo que nós dois
sabíamos que o quarto em questão estava ocupado.
Sinceramente, eu nem queria ir para o quarto. Estava tão
excitado ali, a música, as luzes, a sensação do corpo de
George no meu... eu não queria ir a lugar algum.

_ De jeito nenhum. – eu falei, mexendo com ele


propositalmente. – Vou buscar uma água gelada pra
você... quem sabe te acalma...
Quando fiz menção de me afastar, ele me segurou com
força, mantendo-me na sua frente.

_ Não... fique aqui, é sério. – ele pediu, nervoso e


inquieto. – Estou muito duro... essa roupa que estou
usando não é nada discreta.

Eu ri baixinho imaginando a cena. George era muito


grande. Ele usava apenas aquele saiotezinho egípcio,
certamente sua ereção ia marcar escandalosamente.

_Tudo bem. – eu respondi, me compadecendo. – Mas


você vai ter que ser um garoto obediente.

_ Já prometi que vou deixar você conquistar o Egito hoje.


– ele brincou, referindo-se às nossas fantasias. – Espere
só até que Draco e Harry voltem para que eles nos
emprestem o quarto.

_ Não quero ir para quarto nenhum. Quero que me


obedeça agora... – eu disse a ele, aproximando nossos
corpos ainda mais, afastando um pouco a nós dois das
demais pessoas que curtiam na pista de dança. – Estou
excitado... quero que me toque...
_ Aqui? – ele era um misto de euforia e incredulidade.

_ Sim... preciso que coloque um dedo na boca e depois


enfie dentro de mim. – eu disse, instruindo-o.

Eu tinha feito há uma meia hora antes os feitiços de


preparação, quando fui ao banheiro. George fez como eu
pedi, senti seu dedo projetando-se por entre as minhas
nádegas, me acariciando, massageando minha entradinha
com a ponta do dedo antes de enfim me penetrar.
Continuei dançando, com seu dedo enterrado dentro de
mim. Os movimentos dele eram de uma cadência lenta.

_ Está gostoso? – George falou, os lábios varrendo meu


pescoço, beijando-me.

_ Humm... – eu gemi em resposta. – Me dê mais.

George tirou o dedo de dentro de mim e o lambeu, junto


com um segundo dedo, molhando-os bem de saliva.
Desceu novamente na direção do meu orifício, enfiando
dentro de mim, socando um pouco mais forte. Eu tirei
proveito da dinamicidade e ritmo da música para mexer o
quadril e investir contra seu dedo, desfrutando daquilo.
_ Kim... vamos pro seu quarto... – ele implorou. – Sei que
isso também não vai ser suficiente pra você por muito
tempo... você está me deixando louco.

_ Você quer me comer, George? – eu perguntei, sabendo


a resposta.

_ Demais... não consigo nem explicar o quanto... – George


disse, rouco.

_ Se você quiser me comer... vai ter que ser aqui. – eu


ofereci.

Ele ficou calado por uns dois ou três segundos, enquanto


eu sentia seus dedos me deixarem.

_ Kim... você sabe que algumas pessoas podem acabar


percebendo, não sabe? – ele questionou.

_ Isso te faz perder a vontade? – eu quis saber,


devolvendo com outra pergunta.
Ele me virou de frente pra ele, em um súbito, olhando
pros meus olhos. Eu podia ver no rosto dele a lascívia, o
tesão, a luxuria que ardia entre nós.

_ Não... na verdade me excita... O risco de ser visto, a


adrenalina. – ele sorriu, travesso, meu pau já duro
encostando-se no dele. – Pelo jeito te excita também...
mas tem muita gente conhecida aqui... até mesmo sua
chefe...

Olhei pra Hermione bebendo com Rony, Gina e Krum a


alguns metros de nós.

_ Então teremos que ser discretos... – eu disse, mordendo


os lábios. – Você vai ter que me comer devagar... esperar
as partes mais agitadas da música pra se mover mais
rápido, pra que eu possa rebolar no seu pau...

Ele enfiou os dedos entre os meus cabelos lisos, na parte


de trás da cabeça, puxando-os um pouco, arranhando a
minha nuca e a parte de trás do meu pescoço. Sua boca
me tomou para um beijo voraz e impetuoso,
comprimindo os lábios contra os meus, sua língua me
explorando, me tomando, me fazendo dele.
_ Você quer rebolar no meu pau? – ele perguntou,
descendo os beijos pelo meu pescoço, aprofundando-os,
deixando em mim seu rastro, sua marca.

_ Sim... Vou fazer bem gostoso até você gozar. – eu


prometi, sorrindo sensualmente pra ele.

George me virou novamente, olhando para os lados,


como se para perceber o que as demais pessoas faziam. A
festa estava no auge. A maior parte dos convidados
estava mais pra lá do que pra cá, devido a uma boa
quantidade de cerveja. As pessoas dançavam, curtiam,
conversavam, se beijavam, todas muito entretidas. Nós
tínhamos nos afastado um pouquinho, para um canto, de
modo que ninguém parecia olhar especificamente para
nós. O clima escuro, com luzes de festa, auxiliava a
esconder qualquer coisa.

Ele tirou o pênis de dentro da cueca fazendo um rápido


feitiço de lubrificação. Se encostou na parede, para
regular nossas alturas, abaixando-se um pouco, e eu me
empinei pra trás, deixando seu pênis entrar devagar, até
estar inteiro enterrado em mim. Deitei a cabeça em seu
ombro, sentindo seu pau me expandir, me dilatar.
Adorava aquele volume todo dentro de mim.
_ Aah que tesão... – eu gemi.

_ Que rabinho quente, apertado... – ele sussurrou no meu


ouvido. – Adoro te sentir apertando meu pau.

Era George dentro de mim, era a música, era o tesão, era


meu voyeurismo/exibicionismo falando, era aquela
situação excitante pra cacete, o risco de ser pegos
tornava tudo muito mais emocionante, e no fundo eu
sabia que nem me importaria que alguém visse, que
alguém notasse que George estava me comendo ali,
aquilo aumentava meu apetite.

Eu requebrei o quadril em torno dele, enquanto suas


mãos indecentemente apalpavam as minhas nádegas,
apertando-me. Eu me agitava em volta daquele pau,
estremecendo, oscilando com suas estocadas lentas, mas
precisas.

_ Aah... – eu gemi, enquanto sua língua trabalhava na


minha clavícula. – Mete com força George.

E George fez. Num tal estado de volúpia e alucinação,


George puxou minhas nádegas para os lados com as
mãos, deixando-as totalmente separadas, meu rabinho
escancarado pra ele. E se empurrou todo pra dentro...
bruto, intenso, impetuoso. Eu gemi, mordi meus lábios
pra não gritar, me apoiei na parede lateral para firmar
meu corpo que oscilava com as suas estocadas violentas,
quase selvagens dentro de mim.

Seu orgasmo foi tão vigoroso que esguichou dentro de


mim por vários segundos, enchendo-me do seu fluido que
escorria pela minha bunda e até na minha coxa, quente,
viscoso, viril. George gozou tanto que percebeu que tinha
praticamente me inundado e fez um feitiço rápida pra me
limpar, enquanto encostava a cabeça no meu ombro,
ofegante, parecendo buscar um pouco de ar.

Ainda como pênis rijo de excitação, olhei para os lados,


pra ver se estávamos sendo observados, mas nenhuma
cabeça parecia virada em nossa direção.

_ Eu quero te fazer gozar. – George falou, acariciando


meu corpo, eriçando-me. – Vire de frente pra mim pra
que eu possa te tocar...

_ Eu quero sua boca em mim. – eu murmurei pra ele,


discordando.

_ Não dá pra fazer isso aqui sem sermos vistos, Kim. –


George respondeu. – Vamos pro seu quarto...
Ele finalmente me convenceu. O puxei pela mão, escada a
cima. A festa estava ótima, mas eu ia continua-la em
outro lugar. George me acompanhou a passos rápidos,
tão ávido como eu para que chegássemos ao meu quarto.
Quando finalmente entramos, trancando a porta atrás de
nós, ele me pegou no colo com energia, deitando-me
sobre os lençóis, deslizando-me sobre meu corpo na
direção do meu pênis.

_ Não é meu pau que eu quero que você chupe... – eu


expliquei.

George entendeu rápido, erguendo as minhas pernas,


expondo-me, ele sabia muito bem do que eu gostava.

_ Aah.. Kim... você está todo aberto. – ele disse, fazendo


uma breve carícia com a língua que contornou as bordas
da minha entradinha sensível, que depois daquela
potente atividade sexual, tinha ficado tão dilatada que eu
tinha dificuldades em contrair.

_ Você sempre me lambe aí antes de me comer... – eu


expliquei, olhando pra ele, excitado. – Mas é assim que
eu fico depois, George... ainda mais quando você faz com
mais força que nem hoje...
Ele me massageou com a ponta do polegar, deixando um
rastro de beijos pelas minhas nádegas, dando algumas
mordidas suaves.

_ Está tão rosadinho... – ele falou, uma rouquidão


característica de quando estávamos nos deixando levar
pelo desejo. – Está doendo?

_ Um pouquinho... – eu gemi, manhoso. – Você deveria


cuidar dele... dar uns beijinhos..

Vi George erguer a cabeça pra me olhar, tocando em meu


pau que latejava rígido, masturbando-o sem pressa.

_ Você é tão sexy... – ele disse, sorrindo, continuando a


acariciar minha entradinha com os dedos. – Eu vou cuidar
Kim... vou te dar muito carinho aqui.

Ele desceu os lábios sobre meu rabinho, me deixando


tresloucado de tanto tesão, tocando-me no meu ponto
mais doce. Ele me provava, me sorvia, deixava que a
língua trabalhasse nas minhas preguinhas dilatadas, ali
naquele lugar onde eu era tão dele. Eu gemi, gritei, pedi,
disse que amava sentir aquilo.
Ele se deteve ali por um longo tempo, beijando meu
orifício alargado que piscava pra ele. Suas mãos hábeis
punhetavam meu membro teso, lubrificado, que se
avolumava sob suas mãos.

_ Ah... me faz gozar assim... – eu supliquei, gemendo. –


Dá prazer pro meu cuzinho George.

George lambeu, chupou, mamou ali com ainda mais


fervor, enquanto manipulava meu pau já duro demais,
cada vez mais veementemente. Eu gozei como uma onda,
que me impulsionava para o extremo do prazer,
arrebatando-me, me fazendo arder em cada toque,
rasgar-me em deleite nos braços daquele homem.

O puxei pra mim, tremendo de satisfação, ainda


convulsionando, contraindo, desfrutando daquele
orgasmo. George me abraçou com delicadeza, mas ao
mesmo tempo como se me acolhesse no próprio corpo.
Eu deixei minha cabeça descansar em seu peito,
abraçando-o.

_ George... há algo que preciso dizer. – eu falei, sem


caber mais dentro de mim tomado de violentos
sentimentos.
_ O que foi? – a preocupação em sua voz era latente,
como sempre, como se ele estivesse disposto a fazer
qualquer coisa por mim.

_ Vou dizer uma coisa a você que nunca disse a ninguém.


– eu ergui a cabeça para olhar, o rosto sério, o coração
disparado dentro do peito. – Porque não posso mais
continuar a esconder isso de você. Mesmo que... mesmo
que seja algo que te desagrade ouvir, George... eu não
posso mais...

_ Kim, você pode me dizer.. seja lá o que for vamos


resolver, tudo bem. – ele respondeu, tentando me
transmitir confiança.

Senti o medo tentando me dominar, e eu lutei para


controlar aquilo.

_ Tudo bem... – eu disse, respirando fundo. – George... eu


preciso contar a você... acho que não é o que está
querendo ouvir mas... mas eu te amo.

Os olhos dele eram cálidos e ao mesmo tempo


carregados de paixão.
_ Você me ama? – ele perguntou, como se não tivesse
certeza do que ouviu.

Eu confirmei com a cabeça.

_ Sim, mas não vou te cobrar nada. – eu expliquei. – Eu


entendo... eu te entendo... eu te vejo como uma pessoa
muito livre.

Ele franziu a testa.

_ O que? Não vai me cobrar nada? O que quer dizer com


pessoa muito livre? – seu tom era grave e desconfiado.

Eu me sentia enrolado nos meus próprios pensamentos e


palavras. Me sentei na ama, tentando organizar minha
mente.

_ Bom eu sei que você nunca chegou a me pedir em


namoro, essa foi uma história dos nossos amigos que
contaram pra sua família quando você estava
desacordado depois da batalha. Eu tinha te salvado, você
não ia desmentir. – eu ponderei, lembrando-me de como
tínhamos começado a nos denominar “namorados”. – E
nunca tivemos uma conversa sobre isso, sobre
exclusividade, sair com outras pessoas e tudo mais.

_ Não pedi porque achei que não era necessário um


pedido formal, que eu já me sentia seu namorado e você
o meu. – George se sentou também, parecendo
chateado. – Eu nunca achei que precisávamos falar sobre
exclusividade. Não é evidente que não estamos saindo
com outras pessoas?

_ Bom, é claro que não estou saindo com ninguém, eu


quero só você, não consigo nem pensar em deixar outro
homem me tocar. – eu disse, olhando pra baixo.

_Por que acha que não é o mesmo pra mim? – ele


reclamou, com irritação. – Eu praticamente vivo aqui na
casa do Draco, que horas eu estaria me encontrando com
outra pessoa?

Eu me sentia um pouco tonto e surpreso com aquela


reação tão impetuosa. Será que eu tinha interpretado mal
o comportamento tranquilo de George? Eu achava que
ele fosse do tipo amor livre, relacionamento aberto, essas
coisas.
_ George...olha eu não... eu não quis ofender você. – eu
murmurei, olhando pra ele, arrependido. – Eu só achei
que você não se importasse... você sempre deixa claro
que não sente ciúmes...

George segurou meu rosto entre as mãos, acariciando


minha bochecha.

_ Um homem não precisa ser um maníaco controlador


pra se importar, Kim. – ele disse, e eu sabia que se referia
ao meu passado. – Pra mim não faz diferença se alguém
te olha, se te deseja. Eu tenho confiança em você, sei que
jamais me trairia.

_ Nunca. – eu concordei, devolvendo seu carinho, os


olhos presos nos dele. – Nunca, George, eu te amo.

Ele me puxou para um abraço forte, que me envolveu,


apertando-me em sua pele nua e quente. Eu descansei
ali, me sentindo acolhido, resguardado. Eu pertencia a
George Weasley e ele a mim. Eu o amava, por Merlin, o
amava mais do que era possível expressar. Amor era uma
palavra pequena para o que eu sentia.
_ Você é um bobo. – ele disse, em meu ouvido, a voz mais
calma e feliz. – Um bobo de ter escondido isso de mim,
enquanto eu estou aqui te amando todo esse tempo...

_ Você...? – eu me surpreendi com aquilo, afastando-me


de súbito para encará-lo.

_ Eu te amo, Kim. E ouvir que você me ama foi a melhor...


– ele respirou, a voz embargada, os olhos enchendo-se de
lágrimas. – Foi a melhor coisa que já senti. Eu só não tinha
lhe dito ainda porque tinha medo que se assustasse...
depois de tudo que você passou, eu não queria forçar a
barra.

_ Ah... George. – minhas lágrimas caíram junto com as


dele, e eu colei nossos lábios. – Tudo valeu apena... cada
coisa ruim que eu vivi... era meu caminho, me trouxe até
você.
CAPÍTULO 44

NARRADO POR KIM HALL

Ultimamente, de modo geral, eu era um garoto que não


podia reclamar da vida. Meu namoro com George ia
bem... ele era romântico, doce, carinhoso, companheiro,
me fazia rir em qualquer situação, além de ser o melhor
amante que eu poderia querer, sempre disposto a
satisfazer minhas fantasias.

Meu curso na Universidade era cada vez mais instigante,


e o estágio nos hospital se tornara ainda melhor depois
que Hermione tinha retornado da licença. Sem precisar
gastar com quase nenhuma despesa de moradia e
alimentação, eu estava até conseguindo economizar um
pouquinho para ajudar meus pais. Eles continuavam a
não saber do meu namoro, mas enfim, nada era perfeito..
eu os visitava sempre que podia.

Naquela semana completava seis meses que eu vivia na


Mansão Malfoy, e se tinha uma coisa pela qual eu seria
grato pra sempre, era por Draco e Harry terem entrado
em minha vida. Não por uma questão financeira, claro
que eu também era agradecido por aquele apoio, mas
porque os dois me tratavam como parte da família. Eu me
sentia querido na Mansão, me sentia em casa.

Por causa de tudo isso, eu gostava muito de ambos,


muito mesmo, e estaria disposto a fazer qualquer coisa
para vê-los felizes. Então, quando um dia Draco me
procurou, meio que escondido de Harry, parecendo
nervoso e agoniado eu me dispus imediatamente a ajudá-
lo.

_ Kim... preciso da sua ajuda. – ele me disse em uma


noite na cozinha, aos sussurros, enquanto Harry estava na
sala falando com Rony pelo Magifone.

_ O que foi, Draco? Você parece aflito... – eu comentei,


preocupado.

_ Eu... eu quero propor a Harry... quero pedir a ele que se


case comigo... – Sua pele que já era branca parecia ainda
mais pálida, e Draco estava inquieto.

_ É isso? – eu exclamei, sorrindo, dando uma olhada na


direção da sala para ter certeza de que não estávamos
sendo ouvidos.- Claro que vou te ajudar, basta que você
me diga do que precisa. Não fique tão nervoso, Draco... é
evidente que Harry te ama, claro que ele vai aceitar.
Draco torceu as mãos, em evidente estresse.

_ É que pra mim... pra alguém como eu... só há um jeito


de fazer isso... não sei se eu poderia abrir mão. – ele
explicou.

_ Acho que não entendi. – eu franzi a testa, confuso.

_ Não vai ser como foi a festa de noivado de Blaise. Ele


simplesmente fez o pedido a John, é algo bem menos
tradicional. – Draco falou. – Eu não fui ensinado assim.
Um noivado bruxo tradicional tem um ritual... uma série
de magias, de juramentos que selam uma aliança.

_ Certo...olha, Harry não entende nada a respeito disso.


Você deveria dizer a ele suas intenções, antes de dar
início a um ritual como esse. – eu ponderei.

Ele assentiu com a cabeça, parecendo refletir sobre o que


eu tinha dito. Me pediu para chamar algumas pessoas
que seriam importantes estarem aqui. Segundo Draco, o
noivado bruxo tradicional era um momento de reunião
das famílias. No caso de Harry e Draco, suas famílias eram
seus amigos.
Então, no dia combinado, a sala da Mansão Malfoy
contava com a presença de todos os que Draco tinha me
pedido para convidar: sr. E a sra. Weasley (que também
eram meus sogros), Gui e Fleur, Percy, Gina, Rony e
Hermione (com o pequeno Hugo), George, Marcus e
Neville, Luna, Blaise e John, eu e o próprio Draco que
andava de um lado para o outro, parecendo ser capaz de
abrir um buraco no tapete.

_ Fique calmo, Draco. – Marcus disse, colocando a mão


sobre o ombro do amigo.

Marcus e eu tínhamos enfim conversado. O que ele me


disse tinha sido horrível em tantos aspectos que eu nem
tinha sabido como reagir. Só de imaginar, aquelas roupas
que usei para que ele usasse meu corpo, como um
boneco vivo para se lembrar de alguém de quem gostou
de verdade, como ele se utilizou de mim, como uma coisa
sem sentimentos, me fez sentir terrível. Mas também
despertou em mim muita pena dele, por suas
incapacidades, por seus fantasmas. De certa forma, nós
dois seguíamos em frente.. era aquilo que realmente
importava.

_ Não consigo... eu não... – Draco parecia prestes a entrar


em combustão espontânea.
Antes que ele ou qualquer um de nós pudesse dizer
qualquer coisa, ouvimos o barulho da porta. Era Harry,
que estava chegando em casa, depois da visita ao primo
que ele fazia mensalmente, sempre em um domingo,
após o almoço.

_ Nossa... todos estão aqui! – Harry exclamou, ao ver as


pessoas na sala. – Aconteceu alguma coisa?

Draco segurou suas mãos, suando frio, os olhos azuis


fitavam o namorado em evidente desassossego. Ele
puxou Harry para mais perto de onde os outros estavam,
que deixou-se levar, contaminando-se por aquele estado
de apreensão.

_ Draco...o que houve? – a voz de Harry era urgente.

_ Eu pedi pra Kim chamar a todos aqui porque tenho a


intenção de te pedir uma coisa. – ele explicou, indo direto
ao ponto, a expressão refletindo sua impaciência. – Eu
vou pedir a você que se case comigo.
Como eu imaginava que acontecesse, o rosto de Harry se
desanuviou e um sorriso bonito se abriu pra Draco. Era a
expressão de um homem apaixonado.

_ Eu... – Harry se preparou pra responder.

_ Não. – a voz de Draco era cortante, interrompendo-o,


fazendo com que a confusão aparecesse no rosto do
outro. – Antes de me responder, tem uma coisa que você
precisa saber.

Harry esperou, com paciência.

_ Você sabe como é um noivado bruxo? Já viu acontecer?


– ele perguntou.

_ Bom, eu vi quando Blaise pediu a John. – Harry parecia


um pouco desorientado. – Também Rony e Hermione.
Não é muito diferente dos trouxas.

_ Os Weasley’s não ligam muito pra isso. – Rony


comentou, rindo baixinho.
_ O último da família que teve um noivado bruxo
tradicional foi meu pai. – Arthur explicou.

_ Mas Blaise... Blaise é sonserino. – Harry apontou,


parecendo perdido.

_ Sonserino não significa vir de uma família tradicional


bruxa, Harry. – a voz de Blaise era calma, tentando dar
um norte ao outro. – Minha mãe se tornou famosa por se
casar e enviuvar sete vezes, enriquecendo as custas dos
falecidos maridos. Nada muito conservador. Minha
história é muito diferente das de Draco e Marcus.

Harry encarou Draco, aparentando um pouco mais de


serenidade.

_ Certo.. olha eu não me importo que tenhamos um


noivado bruxo, embora eu não saiba ao certo o que isso
signifique. – ele falou pro namorado. – Mas eu quero
entender... você vem fazendo tanta força pra se afastar
do passado... achei que a última coisa que iria querer
seria um casamento com base nas mesmas tradições que
todos os Malfoy’s antes de você se casaram. Não estou
julgando... só quero entender porque isso é importante
pra você...
_ Eu.. Harry, nem toda tradição bruxa e ruim. Não existe
nada de magia das trevas nesse ritual de noivado... ou no
casamento em si. – Draco falou, ansioso. – Isso é
importante pra mim porque eu cresci sentindo que assim
é que deve ser um casamento, que um dia seria meu
dever conhecer uma garota de boa família que meus pais
escolhessem e fazer esse ritual. Claro que nada aconteceu
dessa forma... mas eu sinto como se perdesse a honra se
procedesse de outro jeito com você. Eu não posso me
casar se não for assim... não posso me desprender disso.
E o que eu sinto por você, eu te amo tanto... eu quero
uma vida do seu lado, quero ser seu marido, quero me
casar com você do jeito que acredito que tem ser. Se você
me aceitar.

Harry ergueu a mão direita, movendo-a em um afago


calmo na lateral no rosto de Draco, alisando seus cabelos
loiros vagarosamente.

_ Aquiete o coração, meu amor. – ele disse, a voz mansa.


– Eu entendo e respeito. Me mostre como fazemos isso...

O rosto de Draco era uma mistura de alívio e admiração.

_ É preciso que os presentes façam um círculo em volta


de nós. – ele explicou, e em poucos segundos demos
forma à circunferência ao redor dos dois, segurando as
mãos.

O circulo era um conceito mágico poderoso, primitivo,


como aprendia-se em algumas aulas em Hogwarts. No
imaginário trouxa, a aliança de noivado/casamento que
se colocava no dedo também simbolizava o fato da união
não ter fim, assim como esta forma geométrica.

Draco tomou fôlego, empunhando a varinha e tirando


uma pequena de caixinha de veludo do bolso. Antes de
abrir, no entanto... virou-se para Marcus e Blaise.

_ Vocês são o mais próximo que eu tenho de família. – ele


disse, desculpando-se.

Ambos se emocionaram com aquele pedido mudo,


avançando para o interior do círculo, cada um colocando
uma das mãos em um dos ombros de Draco.
Aparentemente ambos conheciam o ritual, apesar de
Blaise não acha-lo tão essencial aponto de querer utilizar
em seu próprio casamento.

_ Me lembre dos votos, Marcus. – ouvi Blaise pedir ao


amigo, enquanto ambos empunhavam a varinha. – Vi isso
poucas vezes.
_ Proelio. – Marcus disse, e uma luz rosada saiu de sua
varinha. – Eu, Marcus Lorenzo Vitaverza, o apoio, Draco
Lucius Malfoy, meu irmão, em sua escolha. Convicto de
seu bom julgamento, dou-lhe a certeza de que receberei
seu futuro esposo como seu meu próprio irmão fosse.

Blaise repetiu as mesmas palavras, realizando o mesmo


feitiço. Todos nós estávamos extremamente
concentrados na cena que se desenrolava, muitos de nós
jamais tinham presenciado aquilo. Era inegável a força
mágica que tremulava no cômodo, fazendo-nos entender
que aquele era um ritual sério, que não podia ser feito ou
tratado levianamente.

Quando Marcus e Blaise retornaram ao circulo, dando as


mãos aos demais, Draco colocou um joelho no chão e
abriu a pequena caixinha. Lá havia um anel
evidentemente antigo. Era uma peça simples, de ouro
dourado, sem pedraria, com alguns desenhos cinzelados.

_ Uma joia de família? – Harry perguntou.

_ Está na família desde a idade média, foi dado por


Armand Malfoy a sua noiva em 1091. Permaneceu no
cofre por séculos, esquecido. Depois, meu pai o escolheu
para dar a minha mãe. – Draco contou, parecendo
engasgar-se com as palavras, inseguro. – Se você não o
quiser, podemos usar outro anel. Sei que minha mãe não
é sua pessoa favorita no mundo.

Ele parecia esperar alguma reação de Harry, uma possível


postura negativa em relação a um objeto que tinha
pertencido por tantos anos à mãe de Draco, que eu sabia
ter se chamado Narcisa Malfoy.

_ Eu imagino o quanto significa pra você poder fazer isso


coma aliança da sua mãe. Não há nada de errado, Draco...
você a ama, e ela também o amava muito. – Harry disse,
afetuoso. – E você talvez não saiba disso, mas antes de
morrer, uma das últimas coisas que sua mãe fez foi salvar
a minha vida.

Draco estava perplexo, como se esperasse ouvir qualquer


coisa, menos aquilo. Hermione, Neville, Luna e os
Weasley já pareciam saber do que se tratava, mas
Marcus, Blaise e John que também não eram próximos de
Harry há muito tempo, pareciam igualmente
impressionados.

_ Isso é sério? – a voz de Draco era um fiapo.


_ Sim, desculpe não dizer antes. Há muitas coisas sobre a
guerra que você não sabe, eu não gosto muito de
relembrar tudo aquilo, mas talvez seja importante pra
nós dois. – Harry refletiu. – Mas o que importa agora é
que você saiba que quero usar o anel... eu respeito sua
mãe, Draco. Pelo que ela fez por mim, e principalmente
por tudo que ela fez por você.

_ Eu... obrigado... – a emoção tingiu o rosto de Draco, que


parecia prestes a chorar.

_ Não precisa ter medo, meu amor. – Harry tentou, outra


vez, confortá-lo. – Faça como você planejou, como você
acredita que tem que ser.

Draco aparentou ter tirado forças da suavidade das


palavras que Harry lhe dizia.

_ Proelio. – ele disse, e aquela mesma luz envolveu o anel


ainda na caixa. – Eu, Draco Lucius Malfoy, venho lhe
pedir, Harry Tiago Potter, que seja hoje o meu noivo,
aceitando tornar-se em breve o meu esposo, para dividir
comigo meu destino, e me acompanhar até o fim dos
meus dias. Eu juro que o protegerei com meu sangue,
meus braços, minha varinha... e.. e o meu nome.
Os votos eram lindos, verdadeiramente emocionantes.
Draco tinha vacilado nas últimas palavras, porque sabia
que embora fosse sua vontade, aquilo nunca poderia se
concretizar. O nome dele não protegeria Harry, ao
contrário, talvez até fizesse com que o Eleito fosse
apontado por se casar com um ex Comensal da Morte de
uma família conhecida pelo envolvimento nas artes das
trevas, por mais que Draco empregasse um esforço
inumano pra desfazer essa imagem.

_ Sim. – Harry afirmou. – Eu aceito.

Aquilo era tudo muito potente, poderoso. Draco tirou o


anel da caixa, colocando-o no dedo de Harry, que
alargou-se magicamente, deixando de ter a forma do
dedo fino de Narcisa para assumir as proporções do novo
dono. A intensidade do tom de rosa da luz se acentuou,
cobrindo anel, espalhando-se em espirais pela mão
esquerda de Harry, subindo pelo braço.

A magia se propagou em ondas, agitando o circulo,


vibrando por todos nós, atravessando-nos.

_ Acabou? – Harry perguntou, assim que Draco se


levantou do chão, tomando-o para um beijo apaixonado.
_ Não... – Draco disse, com calma. – Agora, no ritual, seus
pais precisariam me conceder sua mão.

_ Mas eu sou órfão. – Harry disse o óbvio, debilmente.

_ Eu sei. – ele lhe fez um afago terno nas costas das mãos,
onde agora repousava a aliança. – Mas eu pensei... você
sempre diz que os Weasley’s são sua família...

_ Nós faremos. – Molly se precipitou para dentro do


círculo, passando um braço ao redor de Harry. – Você é
como um filho... sempre foi. Você sabe disso, não sabe?

Harry assentiu com a cabeça, parecendo incapaz de falar.


Molly já chorava, abraçada no menino.

_ Alguém deveria ter preparado o coração da minha mãe.


– George sorriu, olhando-a amorosamente. – Ela não é
mais a mesma garotinha.

_ Alguém deveria ter preparado a roupa de Harry, com


uma boa capa de chuva. – Rony brincou. – Quando
terminar, mamãe terá deixado ele encharcado de tantas
lágrimas.
_ Ora, ela não tem um casamento decente desde mim e
Fleur. – Gui cutucou o irmão. – Já que você e Hermione
resolveram fugir pra casar longe da família.

_ Fiquem quietos todos vocês. – Molly fungou. – Hoje é o


dia de Harry.

Molly e Arthur se posicionaram no centro do círculo,


Molly ao lado do Eleito e o sr. Weasley ao lado da esposa.

_ Eu, respeitosamente, peço a mão do seu filho em


casamento. – Draco disse aos meus sogros.

Ambos acenderam a varinha, dizendo “Proelio”, fazendo


com que a já conhecida luz cor de rosa envolvesse as
mãos unidas do casal de noivos, mostrando a benção dos
“pais”.

_ Nós lhe confiamos nosso filho e o recebemos no seio de


nossa família, como um de nós. – Arthur Weasley fez os
votos, concluindo o ritual.

Quando a luz cessou e o noivado bruxo chegou ao fim,


Draco encarou o homem com tamanha intensidade que
calou a todos os presentes. Embora aqueles fossem votos
de um ritual tradicional, repetido através das gerações,
aquelas palavras na boca de Arthur Weasley, dirigidas a
um Malfoy, tinham um peso. A inimizade entre o sr.
Weasley e Lucius Malfoy fora lendária, assim como a dos
pais deles, e de seus avós, e dos que vieram antes.

_ Imagino o quão difícil não deva ter sido para o senhor


fazer esses votos. – Draco disse, sério.

_ Deixe o passado onde ele pertence, Draco. – Arthur


disse, bondoso. Ele sabia que aquele garoto não era seu
pai, que não valia a pena remoer aquilo.

_ Não. Você disse me receber em sua família. Eu carrego


o peso da minha nas costas, não só das ações deles, mas
de tudo que significou pra mim ser um Malfoy. – Draco
disse. – Deste modo, não posso ser recebido na sua
família de cabeça erguida sem fazer o que é necessário.

_ Draco, meu querido... – Molly demonstrava ter todas as


palavras de uma mãe amorosa pra ele.

_ Deixe, Molly. – Arthur cortou, olhando para Draco com


seriedade.
Draco se ajoelhou, de súbito, fazendo todos arquejarem,
completamente pasmos. Harry o olhava cheio de amor,
como se o quisesse pegar no colo, mas estivesse
forçando-se a deixa-lo ir a até o fim.

_ Perdão por ofender sua família, por todo mal que


involuntariamente ou voluntariamente causei, pelo
atentado a vida do Rony, que por minha culpa poderia ter
morrido envenenado por uma garrafa de Hidromel.
Perdão por ser o responsável por deixar os Comensais
entrarem em Hogwarts na noite da morte de
Dumbledore, as cicatrizes no rosto de Gui são minha
culpa. – ele disse, de cabeça baixa.

Eu tinha acompanhado à época, pelo Profeta Diário, o


julgamento de Draco Malfoy. Eu sabia que ele era só um
menino, coagido, pressionado, com a família sob duras
ameaças de morte nas mãos de Voldemort. Mas sem
dúvida não se podia dispensar a mágoa, a culpa que havia
em seus ombros.

_ Você quer o perdão bruxo? A tradição? – Arthur


perguntou.

_ Sim. – Draco respondeu.


_ O que? Não. – Molly grasnou. – Ele é um menino... você
não vai fazer uma brutalidade dessas com ele..

_ O que significa esse perdão bruxo? – Harry perdeu a


compostura, ajoelhando-se ao lado de Draco sacudindo-o
um pouco. – Não é o suficiente que ele te perdoe?

_ Draco Malfoy tem mais honra do que Lucio jamais teve.


– o sr. Weasley disse, com certo orgulho na voz. – Vou
fazer como ele quiser que eu faça. Vou dar a ele o que ele
achar que precisa.

_ O que é esse perdão bruxo? – eu perguntei, sem


entender.

A maior parte das pessoas presentes não parecia saber


me responder. John, Blaise e Marcus claramente
entendiam o que estava acontecendo, mas
permaneceram calados, aguardando.

_ Por favor. – Draco pediu.

_ Ignosco tibi. – Arthur Weasley proferiu, uma luz


desprendendo-se dele próprio, alcançando Draco,
atingindo-o.
O rosto de Draco se contorceu de dor e ele pareceu estar
sendo purgado daquilo. Não durou mais que dois
segundos. Quando levantou, um pouco trêmulo, Arthur
Weasley abriu os braços para recebe-lo, segurando-o
como a um filho.

_ Você é um homem digno, Harry não poderia ter


escolhido alguém melhor. – ele disse.

Draco se afastou, claramente emocionado, voltando-se


para o noivo. Harry o puxou para um beijo sôfrego,
abraçando-o fortemente, trazendo-o pra si, como se
quisesse mantê-lo ali, resguardado, e nunca mais deixá-lo
ir.

_ Juro que todos os dias vou lutar pra ser o homem que
você merece. – Draco disse, entre toques cheios de
ternura que cativavam a todos nós.

_ Eu amo você. – Harry se declarou. – E me enche de


orgulho ser seu companheiro pro resto da vida, pra lutar
todas as batalhas que vierem ao seu lado, pra te admirar
em momentos como agora, admirar a sua força, a sua
integridade. E também pra aceitar cada defeito seu, cada
problema que vier, como você também parece disposto a
lidar com os meus... porque vou errar, Draco. Vou te
desapontar, vou despejar em você minhas imperfeições.
Não vai ser fácil o casamento de dois garotos teimosos,
obstinados, com passados conturbados, e cheios de
mania.. mas com o seu amor posso
Fazer qualquer coisa.

_ É tudo o que eu preciso, Harry. – as lágrimas de Draco


vertiam, escorrendo pela face sem constrangimento
algum. – Seu amor.

E enquanto olhava, pensei em como aquele amor tinha


mudado tudo. Tinha sido aquele amor que tinha
aproximado tanta gente diferente ali, propiciado tantas
amizades. Tinha sido aquele amor que tinha derrotado os
Purificadores do Sangue. Tinha sido aquele amor, o amor
de Draco e Harry, que tinha possibilitado a união entre
Neville e Marcus, entre eu e George. Tinha sido aquele
amor que tinha mudado completamente a minha vida.

Acho que todo grande amor era assim. Imensurável. De


enormes efeitos, consequências, espalhando mais e mais
amor, mais e mais felicidade para todos ao seu redor.
CAPÍTULO 45 – EPÍLOGO

NARRADO POR HARRY POTTER

_ Essa noite quero anunciar uma substituição em nosso


corpo docente. – disse a diretora Minerva McGonagall,
durante o jantar. – Vamos todos dar as boas-vindas ao
professor Marcus Vitaverza, que teve a bondade de
assumir a disciplina de Poções e o cargo de diretor da
casa Sonserina, no lugar do professor Slughorn que, como
todos sabem, há alguns anos vem manifestando seu
desejo de se aposentar depois de décadas de dedicação a
nossa escola.

Uma alta rodada de aplausos fez-se ouvir no grande


salão, sobretudo na mesa da Sonserina, onde as meninas
batiam palmas com muito entusiasmo e faziam
comentários nada discretos umas para as outras.

_ Seu namorado está fazendo sucesso. – eu mexi com


Neville, cutucando-o como cotovelo, sentado ao seu lado
na mesa dos professores.
Eu tinha assumido as turmas do primeiro ao sétimo ano
em Hogwarts, na disciplina de DCAT, logo após meu
casamento com Draco.

_ Marcus sempre fez todas as cabeças se virarem pra ele,


onde quer que fosse. – Neville deu de ombros, sorrindo. –
Desde novo ele é assim.

Eu me lembrava um pouco de Marcus na Sonserina, no


meu tempo de escola, ele era realmente um garoto
bonito e popular. Mas eu nunca tinha reparado muito
nele.

Marcus caminhou até nós, sorridente, sentando-se do


outro lado de Neville.

_ Professor Vitaverza. – eu cumprimentei, maroto.

_ Quanta formalidade. – Hagrid riu, sentado do meu


outro lado. – Não vai pedir que eu lhe chame de
professor Potter né? Acho que eu não poderia.

_ Professor Malfoy Potter no caso né? – Marcus me


provocou, rindo. – Há um nome do meio aí desde que ele
se tornou um homem casado.
O casamento bruxo tradicional, com os votos nos quais
Draco tinha insistido em fazer, incluíam necessariamente
a transferência do nome dele pra mim. Porém, ele tinha
me dito que o “Malfoy”’ poderia ficar sendo só mais um
nome do meio, de forma que eu passara a me chamar
Harry Tiago Malfoy Potter. Eu tinha achado aquilo bom,
tinha gerado menos burburinho, além de eu poder
manter o sobrenome do meu pai, o que era realmente
importante pra mim.

_ Eu acho que está na ora de você mostrar mais respeito


por nós como professores dessa instituição, Hagrid. –
Neville brincou. – Afinal não o chamamos de Rúbeo.

_ RÁ! – Hagrid debochou, gargalhando. – Ora vejam só.


Mal saíram das fraldas! Vou ter que contar essa pra
Franco e Alice.

_ Eles te mandaram um abraço. – Neville disse, sorrindo.


– Visite-os sempre que puder, Hagrid, os Medibruxos
disseram que é muito importante o contato com as
pessoas que eles já conheciam antes.

O tratamento dos pais de Neville com a Scrophulariaceae


nigrum estava dando excelentes resultados. Franco e
Alice Longbottom já tinham conseguido reconhecer quem
eram seus antigos amigos e familiares. Sua nova situação
fez com que eles quisessem sair do St. Mungus para viver
coma mãe de Franco, Augusta Longbottom, há alguns
meses.

_ Augusta está felicíssima de ter o filho e a nora em casa.


– disse McGongall, que já se sentara junto aos
professores e participava da conversa. Ela tinha estudado
com a avó de Neville e ambas eram muito amigas. – Está
muito orgulhosa de tudo o que você fez para trazer seus
pais de volta, Neville.

_ É uma pena que eles não possam ficar comigo. – Neville


abriu um sorriso triste. – Sempre achei que quando eles
recuperassem a memória, a sanidade, nós iriamos ficar
juntos. Mas os Medibruxos disseram que não é bom, que
meu rosto é desconhecido pra eles.

McGonagall franziu a testa, demonstrando irritação.

_ Ora é claro que não é. – Hagrid exaltou-se antes que ela


pudesse dizer qualquer coisa. – São seus pais. O rosto
mais familiar do mundo pra eles é o seu.
_ Exatamente. – a diretora falou, com determinação. – É
bom que eles fiquem com Augusta porque ainda estão
muito desorientados, Neville. Ela tem mais tempo
disponível para atender as necessidades deles. Você é
muito jovem, está começando sua carreira agora...

_ Eu... – Neville abriu a boca, pronto para responder.

Eu estava certo de que ele estava prestes a dizer que


abriria mão de tudo para cuidar dos pais.

_ Eu sei que você faria qualquer coisa pelos seus pais,


mas como é que eles iriam se sentir se você deixasse suas
pesquisas, suas aulas? – Minerva perguntou, com
gentileza. – Eles estão com a sua avó, você pode vê-los
sempre que quiser. E pode apostar que eles o
reconhecem.

_ Claro que o reconhecem. – Marcus olhava para o


namorado amorosamente. – Ontem mesmo Alice me
pediu pra tomar conta de você.

_ Ela pediu? – Neville voltou os olhos pro outro. – Ela


sabe sobre nós? Achei que vovó não tinha contado ainda..
_ Ah, Neville... as mães sempre sabem. – McGonagall
sorriu.

_ Porque não vamos para lá cedo amanhã? – perguntou


Marcus. – É sábado, podemos passar o dia com eles.

Neville assentiu com a cabeça, parecendo mais feliz.

-//-

Mais tarde, naquela noite, eu cheguei em casa pela Rede


de Flu, encontrando Draco, George e Kim bebendo
cerveja no sofá. Kim tinha se formado em Medibruxaria e
ele e George tinham decidido alugar uma casa juntos a
cerca de um mês. Eu estava morrendo de saudades de
ambos, visto que Kim tinha morado comigo durante
todos os anos da faculdade e George tinha sido como se
morasse, pois ele raramente dormia fora da Mansão.

_ Eu estava pensando quando é que vocês iam se lembrar


dos amigos. – eu reclamei, fazendo um beicinho.

Peguei uma cerveja e me sentei ao lado de Draco,


relaxando no sofá.
_ Quanta carência. – Kim brincou.

_ Harry está praticamente de luto desde que vocês se


mudaram daqui. – Draco comentou, rindo.

_ Mas eu nunca morei aqui. – George apontou.

George Weasley exibia uma falsa expressão inocente.

_ Você quer enganar quem com essa conversa, George? –


eu o provoquei. – Seu apartamento era praticamente um
escritório. Você só usava pra fins de trabalho.

_ Eu já te peguei fazendo xixi com a porta aberta. – Draco


reiterou meu ponto.

_ Não foi como se você tivesse visto uma grande


novidade. – George revirou os olhos.

_ Bom, não foi uma novidade. – Draco riu. – Sobre a parte


do grande.
O comentário fez com que todos nós déssemos gostosas
gargalhadas. George deu um soco leve no ombro do meu
namorado.

_ Cuidado, Malfoy. – ele falou, chamando-o


propositalmente pelo sobrenome. – Seu marido pode
achar que você está interessado.

_ De forma nenhuma, sei que Draco só tem olhos pra


mim. – eu defendi Draco, calmamente. – Quer dizer...
olhamos pra você também, George. Mas isso é só porque
não dá pra não olhar. Meio que ocupa todo o campo de
visão.

_ É como ir a Londres e não olhar pra Torre do Big Bem. –


Draco apontou.

_ Não sei se fico constrangido ou lisonjeado. – George


respondeu, colocando a mão sobre o peito, teatralmente.

_ Deixe de ser fingido, George Weasley. – Kim ralhou


com o namorado, em tom de brincadeira. – Não existe
constrangimento nenhum dentro de você. Acho que você
seria capaz de falar sobre isso com a sua própria mãe sem
nem ficar vermelho.
_ Também não precisa exagerar. – George fez uma
careta.

_ Falando em mãe, Kim... como ficou a situação com seus


pais? – eu quis saber, mudando completamente de
assunto.

Ele vinha falando muito em ajudar os pais, agora que


tinha se tornado um Medibruxo do St. Mungus. Kim tinha
se formado com notas excelentes, conseguindo uma
proposta imediata de emprego, com um bom salário.

_ Bem... consegui fechar negócio com a casa em Little


Whinging. Você tinha razão, o lugar é tranquilo e eles
adoraram a vizinhança. Principalmente seu primo Duda e
Alice, foram muito receptivos. – Kim comentou, em tom
agradecido. – Agora posso dar a eles uma boa
aposentadoria.

_ Você é um bom filho, Kim. – George acariciou o braço


do namorado.

_ Eles foram bons pais. – Kim respondeu, em tom


definitivo.
Draco e eu trocamos olhares breves. Sabíamos que Kim
sofria com a não aceitação dos pais em relação ao
relacionamento com George. Nos últimos anos, ele tinha
chegado a contar a família sobre o namoro, mas o pai
tinha sido categórico em sua negativa. No entanto, Kim
continuava leal a família, sempre querendo fazer de tudo
para ajudá-los. Eu não o julgava, se meus pais estivessem
vivos, eu jamais os abandonaria para uma velhice solitária
e difícil em Whitechapel. Não importa o que fizessem.

Depois de mais algumas cervejas e conversa jogada fora,


George e Kim se despediram de nós, indo embora pela
Rede de Flu. Eu me acomodei junto ao corpo de Draco no
sofá, que me abraçou carinhosamente.

_ Como foi a primeira noite de Marcus em Hogwarts? –


ele quis saber.

_ Ele estava bem alegre. – eu comentei, lembrando-me. –


Acho que vai ser engraçado. Ele e Neville, um diretor da
Sonserina e o outro diretor da Grifinória.

_ Está ficando cheio de homens bonitos nesse corpo


docente de Hogwarts. – Draco riu, me provocando. – Será
que não tem uma vaguinha pra mim?
_ Engraçadinho. – eu comentei. – As alunas faltaram
aplaudir Marcus de pé. Parecia até que Gilderoy Lockhart
tinha voltado a lecionar.

_ Marcus sempre fez muito sucesso com as mulheres,


desde garoto. – ele disse, sorrindo.

_ Neville comentou algo parecido durante o jantar.


Sabe... eu me lembro de Marcus ser popular na escola,
mas nunca prestei tanta atenção nele. – eu olhei pro meu
marido, perdendo-me em seus olhos azuis. – Acho que
desde aquele tempo, eu só tenho olhos pra um único
sonserino.

Algo brilhou nos olhos dele, aquele tom de tempestade,


que sempre aparecia quando eu falava algo assim. Ele me
apertou mais junto ao seu corpo.

_ Você me odiava. – ele acusou.

_ Não mais do que você. – eu devolvi, acariciando seu


rosto. – Nunca ouviu falar que o amor e o ódio andam de
mãos dadas?
_ O que quer dizer? – Draco perguntou, intenso. – Que
desde aquele tempo já estávamos destinados?
Prometidos um pro outro?

_ Quero dizer que eu nunca consegui ser indiferente a


você, e nem você a mim. – eu comentei. – Quero dizer
que esse desejo sempre esteve lá... latente... aguardando
pra se libertar.

Ele me puxou para um beijo delicioso, doce e ao mesmo


tempo cheio de vigor, mordendo meus lábios, sugando-
os, avermelhando-os. Eu me entreguei pro toque dele,
para suas mãos que passeavam pelo meu corpo, me
apertando, tirando minha camisa.

_ Eu quero você. – ele esclareceu, rouco de excitação. –


Agora.

Eu ajoelhei ali mesmo, no tapete, submisso como ele me


queria, como eu adorava.

_ Sou seu, senhor. – eu murmurei, jurando.

E deixei que ele me tomasse para mais uma noite de


luxúria e prazer, como só Draco Malfoy sabia me dar.
CAPÍTULO 46 – BÔNUS PARTE 1

CASAMENTO

NARRADO POR HARRY POTTER

Eu olhei a mim mesmo no espelho de um quarto no


térreo da Mansão Malfoy, que fora totalmente preparado
para mim naquele dia. Fazia cerca de seis meses que eu
tinha sido pedido em casamento por Draco, também na
nossa casa, e eu tinha insistido que nosso casamento
ocorresse ali, onde tínhamos sido e continuávamos a ser
tão felizes.

Foi George quem assumiu a organização do casamento,


junto com John, que desde o último aniversário de Draco,
mostrava um incrível talento como organizador de
eventos. Kim também estava ajudando, quando podia,
mas os estágios e disciplinas do curso de Medibruxaria
estavam requerendo muito de sua dedicação, e
Hermione, que voltara da licença maternidade, insistia
em ser auxiliada por aquele a quem considerava o melhor
curandeiro em formação que ela já tinha visto, desde que
se graduara Medibruxa.
Os amplos e já belíssimos jardins da Mansão Malfoy
foram meticulosamente decorados e preparados para a
receber nossos convidados para a cerimônia que
ocorreria às 11h da manhã, e depois mesas tinham sido
organizadas ao ar livre para que todos almoçássemos.
Uma empresa tinha sido contratada para o buffet,
cozinhando e servindo a comida e a bebida; tratava-se de
uma equipe indicada por George, a qual John estava
comandando com olhos atentos, para que nada saísse
errado.

Naquele momento, eu terminava de me vestir, tentando,


em vão, ajeitar sozinho a gravata azul claro. Era
importante que eu vestisse azul, tinha me dito a senhora
Weasley, que assumira a responsabilidade, no papel de
minha mãe, de me informar o que cabia a mim naquele
casamento tradicional bruxo.

“O azul é a cor das noivas” – ela me contara. – “Significa


calma, serenidade, confiança, espiritualidade,
discernimento”.

Eu sabia que, sendo uma cerimônia tradicional, onde os


papéis de gênero eram bem demarcados, eu tinha ficado
com as funções da noiva, para que Draco pudesse realizar
seu desejo de casar-se como ele fora preparado a vida
toda para fazer. Eu seguia todas as orientações de Molly
Weasley com atenção e sem pestanejar. Queria que tudo
fosse perfeito, queria dar a Draco o casamento que ele
tinha imaginado.

John tinha me ajudado a escolher um terno bonito no


tom certo de azul. Eu não era grande coisa em comprar
roupas, mas estava satisfeito com o resultado. Ao final,
minhas vestes eram bem cortadas, de um tecido bonito
em um tom de azul claríssimo, que fora usado para
confeccionar a calça social, o colete e o blazer ajustado e
elegante. Embaixo, eu vestia uma camisa social branca, e
a gravata tinha um tom de azul um pouco mais escuro
que o restante da roupa. John também tinha me auxiliado
na escolha de sapatos sociais mais confortáveis, em um
tom caramelo.

Eu tinha de escolher três damas de honra, e segundo a


tradição, cada uma delas usaria uma cor, simbolizando
algo de bom para o casamento. No entanto, como eu não
era bem uma noiva, não vi problemas que parte das
minhas damas de honra fossem do sexo masculino. E foi
assim que vi Molly entrar no quarto, carregando uma
cesta imensa de flores, acompanhada de Hermione, Kim e
Rony.

_ Ah, aí está minha dama de honra e meus dois “damos


de honra”. – eu sorri, me referindo a Mione, Kim e Ron.
_ Não acredito que sou um damo de honra. – Ron
reclamou. – Por que estou vestindo rosa?

Meu amigo vestia-se de forma semelhante a mim, mas a


cor de sua calça, colete, blazer e gravata, ao invés de azul,
eram de um tom, também bastante claro e discreto, de
rosa.

_ Não acredito que você ainda esteja reclamando disso,


Rony. – Hermione revirou os olhos para ele, dizendo com
condescendência. – Já lhe disse que foi a cor que sobrou.
Não tem nada demais, hoje em dia muitos homens
heterossexuais vestem rosa.

_ “A cor que sobrou”. – Rony resmungou. – Se rosa é tão


bom, por que ninguém mais quis?

Meus “damos”/damas de honra, conforme a sra.


Weasley, tinham que vestir rosa, verde e branco. O rosa
significava a ternura, o romantismo, a sensibilidade e o
amor. O verde significava a esperança, a vitalidade, a
harmonia e o renascimento. E o branco a pureza, a paz, a
honestidade e a bondade.
Era tudo muito simbólico e mágico.

_ Porque verde é uma cor mais discreta.- disse Hermione.


– E eu pude escolher um tom mais escuro que não fosse
tão chamativo. Você sabe que meu corpo ainda não
voltou como era antes, desde o nascimento de Hugo.

Hermione tinha optado por um vestido verde musgo,


num tom mais escuro e fechado. O tecido era bonito,
pregueado, moldava-se em seu corpo com um caimento
bonito. Ela tinha caprichado. Eu não a via tão linda desde
aquele baile de inverno, no quarto ano.

_ Hermione, você continua a ser a mulher mais linda


desse mundo. – Rony disse a ela, em tom sério. – E não
falo isso só porque você é minha esposa.

_ Rony tem razão. – eu concordei. – E não digo isso só


porque você é minha melhor amiga.

_ Os dois tem razão. – Kim disse a ela, entrando na


brincadeira. – E eu não digo isso só porque você é minha
chefe.

Hermione riu.
_ Tá bom, seus bajuladores. – ela exclamou, em meio a
risada. – Mas o verde continua sendo meu.

_ E o branco é meu. – disse Kim. – Eu sou muito ruivo e


tenho sardas, não gosto de como fico de rosa.

_ Isso não faz sentido algum. – Rony reclamou pra Kim,


com indignação. – Eu sou tão ruivo e com tantas sardas
quanto você.

_ Mas você não tem ideia sobre o que combina ou não. –


Kim o provocou, sorridente.

_ Vamos parar com essa discussão, que está quase na


hora da cerimônia e eu preciso colocar as flores em
vocês. – disse a sra. Weasley, com eficiência. – Se eu não
aparecer com os quatro bem floridos em 20 minutos,
aquele menino John vai ter um troço.

_ Ele está muito envolvido com a organização. –


concordou Kim, com fervor. – Blaise falou que pela
primeira vez na vida está achando John assustador.
Sra. Weasley e Kim começaram a acrescentar flores
verdes nas roupas e cabelos de Hermione. As flores eram
importantes no casamento bruxo, como eu tinha sido
informado. Era tradição que as damas de honra, e
sobretudo a noiva, usassem o maior número de flores
possíveis presas as vestes e ao cabelo, conferindo
prosperidade ao casamento.

_ Harry, não acredito que você tenha me deixado usar


uma cor que não combina. – Ron disse pra mim, em voz
baixa, ciumento. – Só para seu novo melhor amigo poder
usar branco.

Olhei para Kim, vestido de forma semelhante a mim e a


Rony, só que na cor branca.

_ Ron. – eu disse seu nome, puxando-o um pouco para o


lado, afastando-o dos outros três. – Você acha que sei o
que combina? Tive que pedir a outra pessoa que
escolhesse a minha própria roupa.

Rony ergueu a sobrancelha pra mim.

_ Está certo. – ele disse, a contragosto, dando-se por


vencido.
_ Olha só, desde o início sabia que isso seria um pouco
complicado pra você. Eu falei baixinho, para que só eu e
ele ouvíssemos. A coisa toda de “damo de honra”, a
roupa rosa, as flores que sua mãe está colocando na
gente.

_ Não é complicado pra você? – ele quis saber. – Meio


que... ser a noiva?

Eu ri, baixinho.

_ É importante pra Draco se casar assim. E eu o amo.


Provavelmente não teria escolhido me casar coberto de
flores azuis, mas gosto de poder realizar esse sonho dele.
– eu disse, com simplicidade. – Pra mim, estar com ele é
tudo que importa. Eu me contentaria em assinar um
papel vestindo jeans e camiseta, e depois chamar todo
mundo pra comer pizza e beber cerveja.

_ É bom ver você tão feliz, Harry. – o rosto do meu


melhor amigo se apaziguou. – Sabe, eu fiquei muito
preocupado depois que houve aquilo com Philip. Tive
medo de você nunca superar seus sentimentos por ele,
de você nunca encontrar alguém que fosse estar ao seu
lado de verdade.
_ Eu também tive. – murmurei, baixinho. – Mas eu
encontrei Draco. Ou melhor, reencontrei Draco.

_ É, de certa forma ele sempre esteve lá. Te irritando a


vida inteira. – Ron brincou, rindo.

_ É. – eu concordei, rindo também.

_ Vamos lá, já deve estar quase na nossa vez de ficar


floridos. – Ron comentou, olhando pra Hermione, que
agora ajudava Molly a cobrir Kim de flores brancas

_ Antes quero dizer uma coisa, Ron. – eu falei, segurando


seu antebraço, impedindo-o de se aproximar dos outros.
– Quero te dizer que, embora eu ame Hermione, e que
Kim tenha se tornado muito importante pra mim nesse
último ano; se eu só pudesse escolher uma única dama de
honra, seria você. Você foi, literalmente, a primeira
pessoa que eu me lembro de ter gostado de mim de
verdade. Eu não poderia fazer isso sem você.

_ Ah, Harry, você é meu irmão. – as orelhas vermelhas,


como quando ele ficava constrangido, a voz embargada
de emoção. – Eu iria até o inferno, vestido de rosa
brilhante com um milhão de flores cor de rosa, por você.

E eu o puxei para um abraço, sentindo o conforto e o


afeto de se estar nos braços de um irmão.

-///-

NARRAD0 POR DRACO MALFOY

_ Porque ele está demorando tanto? – eu quis saber,


nervoso com o fato de Harry não ter aparecido ainda.

Eu não o via desde a noite anterior, como era o costume,


ele tinha dormido na Toca, pois já tinha entregado seu
apartamento alugado no centro de Londres há algum
tempo para morar definitivamente comigo.

Eu estava em pé, na frente de nossos convidados, já


acomodados nos bancos, esperando a cerimônia
começar. A minha direita estava Blaise, meu padrinho. Do
outro lado estava Marcus, que ficara muito emocionado
quando eu pedira que ele celebrasse o casamento. Ele era
formado em Direito Bruxo, logo, tinha podido certificar-se
e pedir autorização ministerial para realizar a cerimônia.
Além disso, assim como eu, ele conhecia cada passo
daquele ritual tradicional do casamento mágico, o que o
qualificava para fazer as magias necessárias que
efetivariam minha união com Harry.

_ John já foi busca-lo. – disse Blaise, tranquilizador.

E como se aquilo fosse sua deixa, John apareceu


novamente nos jardins, fazendo um floreio com a
varinha, para que os violinos começassem a tocar a antiga
música da família Malfoy. Eu não a ouvia há muito tempo,
e, para mim, era uma melodia com caráter um pouco
melancólico, despertando-me sentimentos dúbios.

Mas não sobrou lugar pra mais nada, pra nenhum


sentimento de tristeza, quando Harry deixou a casa
principal e eu o vi entrar nos jardins, atravessando o
corredor indicado pelas colunas decorativas do jardim,
com Hermione, Rony e Kim a sua frente. Registrei
brevemente estes três, vestidos de verde, rosa e branco,
respectivamente, as cores habituais das damas de honra.

Molly Weasley tinha feito um incrível trabalho em


garantir a tradição do casamento. Quando ela me dissera
que ensinaria os dogmas e preceitos a Harry, para que ele
os adaptasse e os seguisse conforme se sentisse a
vontade, não imaginava que meu noivo fosse ser tão fiel a
tradição.

Mas lá estava Harry, inteiramente de azul. Ao redor da


sua cabeça, havia uma coroa de flores, adornando os
cabelos escuros e rebeldes. Seu terno estava todo
enfeitado de rosas azuis e outras flores desta mesma cor.
Ele estava impecavelmente lindo.

Quando ele chegou perto, estendendo a mão pra mim, eu


o toquei, sentindo a vibração quente dos seus dedos.
Parecia que o tocava pela primeira vez na vida.

_ Você está florido. – eu disse, contido, sem querer


transbordar meus sentimentos.

_ E você está chorando. – ele disse, bondosamente,


acariciando as costas das minhas mãos com os dedos. –
Será alergia a todas essas flores?

Ri baixinho da brincadeira, percebendo, pela primeira vez,


as lágrimas emocionadas que escorriam pelo meu rosto.
As limpei rapidamente.
_ Você está perfeito... perfeito. – eu murmurei, vendo-o
ampliar o sorriso pra mim, os olhos verdes cintilando na
minha direção.

Marcus pigarreou, chamando nossa atenção e dando


início a cerimônia. Quando chegou a hora, meu amigo fez
o feitiço definitivo, nos unindo, e eu ajoelhei à frente de
Harry, como era de costume. Coloquei a aliança em sua
mão esquerda, refazendo o juramento que eu fizera no
nosso noivado. Aquele era o momento da confirmação. E
então, chegou a vez de Harry, que tendo aceitado as
funções da noiva, para me dar o casamento que eu
queria, tomou minha mão esquerda, colocando a aliança
em meu dedo, jurou:

_ Eu, agora Harry James Malfoy Potter, me torno seu


esposo, para permanecer firme ao seu lado e honrar o
nome da sua família. – eram as palavras próprias da
cerimônia bruxa milenar, frias demais para tudo que
sentíamos um pelo outro.

Mas pra mim, eram carregadas de significado. Ouvi-lo


aceitar meu sobrenome, sem restrições, tinha pra mim
um peso que eu não podia explicar. E de certa forma, ali
fazíamos história. Era um outro momento para os Malfoy,
e eu sentia que meu nome tomava outro sentido,
deixando de significar uma família de bruxos das trevas,
preconceituosos, preocupados com a pureza do sangue.

Eu não sabia se era o primeiro Malfoy a me casar por


amor, mas certamente era o primeiro a me casar com um
homem. A procriação e geração de herdeiros era muito
importante para uma família como a minha, para que se
tolerasse casamentos homoafetivos. Para além disso, eu
era, certamente, o primeiro a me casar com um mestiço
sem ser deserdado (porque obviamente, sendo eu o
último Malfoy vivo, ninguém poderia me deserdar). Eu
sentia que vinha mudando a história da minha família
desde a guerra, limpando a sujeira do nome Malfoy, e
certamente nada o teria honrado mais do que uma
pessoa tão maravilhosa quanto Harry.

Assim que acabou, ele deu dois passos na minha direção,


deixando um beijo rápido nos meus lábios, me
surpreendendo.

_ Nos casamentos trouxas, assim que o casamento é


realizado, o casal se beija. – ele me explicou, notando
meu aturdimento. – É uma tradição importante pra mim.
_ É mesmo? – eu perguntei, um pouco fascinado com
aquilo. – Há alguma outra tradição trouxa que importe
pra você?

Se havia algo que importasse, algo com o que ele


sonhasse, eu queria lhe dar.

_ Bruxos tem noite de núpcias? – ele me perguntou.

_ Hã... acho que não sei o que isso significa. – eu


respondi, franzindo a testa.

A palavra núpcias era um sinônimo para casamento, noite


de núpcias, noite de casamento... O que exatamente
aquela expressão queria dizer?

_ Significa a consumação do casamento. – ele me sorriu


safadamente, antes que eu pudesse concluir o raciocínio.

Soltei uma risada baixa.

_ Acho que já consumamos esse casamento várias vezes.


– eu devolvi, com malícia.
Merlin sabe que eu e Potter não tínhamos vivido
castamente até ali. Muito longe disso.

_ Não do jeito que será hoje. – ele se afastou um pouco,


pra me olhar nos olhos, sério.

Eu tinha planos pra aquela noite, queria leva-lo para o


quarto de BDSM, domina-lo, queria que ele fosse meu
por completo.

_ Tenho planos para o meu submisso. – eu disse baixinho


em seu ouvido, aproximando-me outra vez, passando a
mão displicentemente nas suas costas.

_ Hoje não. – ele me cortou, deixando-me um pouco


assustado.

Aquela nunca tinha sido a reação de Harry, ao contrário.


Quando eu falava algo assim, baixo, para que só ele
ouvisse, normalmente eu tinha o prazer de ver sua pele
arrepiar em antecipação, e ouvi-lo assentir, me
chamando de senhor, pronto pra mim. Ele costumava me
deixar dar ordens a ele em tudo que envolvia sexo,
exatamente como eu queria que fosse.
_ Você vai me negar no dia nosso casamento? – eu
perguntei, entre um tom ameno de brincadeira e uma
verdadeira preocupação. Por que ele estava tentando dar
as cartas? Será que ele estava incomodado com alguma
coisa?

Antes que ele pudesse responder, no entanto, nossa


relativa privacidade foi interrompida pelos muitos braços
que vinham nos abraçar, cumprimentando-nos pela
união. Nossos amigos mais íntimos; meus colegas de
trabalho; alguns amigos pessoais meus; os muitos amigos
de Harry do tempo de escola; todos aqueles que lutaram
ao nosso lado quando ele reabriu a Ordem da Fênix para
combater os purificadores; alguns aurores com quem ele
mantinha amizade; e o corpo docente de Hogwarts, onde
ele iniciaria a trabalhar no próximo ano letivo, como
professor de DCAT.

Foi quando eu vi um garoto grande e corpulento, que


parecia ter a mesma idade que nós, se adiantar pra Harry,
com uma moça ao seu lado, parecendo se sentir bastante
deslocada. Eram as únicas duas pessoas ali que eu não
tinha a mais vaga ideia de quem eram. O garoto se
aproximou de Harry primeiro, abraçando-o fortemente. E
foi quando ele se abaixou um pouco para abraçar meu
marido que eu vi que alguns traços de seu rosto se
assemelhavam aos dele.
_ Duda... Alice. – eu reconheci o nome do primo de Harry
na frase. – Que bom que vocês dois vieram. Fiquei
preocupado que fosse muita maluquice mágica pra vocês.

Harry abraçou a moça, que Identifiquei como a esposa


trouxa do rapaz.

_Sou um pouco traumatizado desde aquele rabo de porco


aos 12 anos. – riu Duda, que parecia estar relativamente
confortável. – Aliás, aquele gigante ali não é o mesmo...?

_ O mesmíssimo. – Harry riu, olhando rapidamente na


direção de Hagrid, que conversava com McGonagall e
Slughorn. – Mas fique tranquilo, sua bunda vai sair daqui
intacta.

_ Não se pode dizer o mesmo da sua. – o garoto o


provocou de volta, descaradamente. – Falando nisso, não
vai me apresentar o maridão?

Harry ruborizou, mas riu, e deu um soco no ombro do


imenso primo.
_ Esse é Draco Malfoy, nos conhecemos em Hogwarts. –
ele falou, tocando meu braço. – Draco, esse é meu primo
Duda e a esposa dele, Alice.

_ Muito prazer. – eu cumprimentei, apertando a mão de


ambos.

_ Ele é muito bonito, Harry. – Alice riu. – Ele não teria um


primo hétero? De preferência.. como vocês nos chamam?
Hã... trouxas?

_ Alice, eu estou bem aqui. – Duda disse, com indignação.

_ Não é pra mim, amor. É pra Janice. – Ela esclareceu, e


então se voltou pra nós. – É minha irmã, sabe, acabou de
se divorciar, está precisando de um pouco de diversão.

Eu sorri amigavelmente.

_ Infelizmente, não tenho primos. E acho que nenhum


grau de parentesco com alguém trouxa. – eu comentei, e
então olhei pra Harry igual a um bobo apaixonado. –
Bom, agora tenho um marido metade trouxa.
_ Você tem. – ele sorriu pra mim, docemente.

_ Mamãe mandou uma coisa pra vocês, deixei junto com


os presentes. – o garoto disse incerto. – Quase a convenci
a vir. Mas meu pai...

O rosto de Harry ganhou uma expressão de conflito. Ele


parecia não querer criticar seus horríveis tios na frente de
Duda, e então, só deu de ombros:

_ Eu conheço tio Valter e tia Petúnia. – Harry respondeu,


tentando deixar de lado qualquer ressentimento na voz.
Pra qualquer um que não o conhecesse como eu, ele
pareceria ter sido vitorioso nesse propósito. – Fique
tranquilo Duda, não esperei que ela viesse. Ela não
gostam de magia, seria um pouco demais pra ela. Diga
que lhe agradeci pelo presente.

Harry apresentou o primo e a esposa a Kim e Hermione,


que também tendo nascido trouxas, conseguiram deixá-
los mais á vontade na festa. O almoço e a tarde
transcorreram num clima tranquilo e alegre, de
confraternização e de celebração entre amigos.

Eu estava genuinamente feliz.


CAPÍTULO 47– BÔNUS PARTE 2

CASAMENTO

NARRADO POR DRACO MALFOY

_ Me surpreendeu que Harry tenha seguido tão fielmente


a tradição. – eu comentei com Blaise, Marcus e Neville.

Nós quatro ocupávamos juntos uma mesa, conversando


animadamente, quando já no final do dia, o buffet que
tínhamos contratado servia um maravilhoso café da
tarde, que encerrava o evento com chave de ouro.

_ A mim não surpreendeu em nada. – Blaise respondeu,


condescendente.

_ Não? – eu perguntei, um pouco aturdido. Será que


tinha sido só eu? – Ele não foi criado em nosso mundo,
nem em uma família como a minha...

Enquanto argumentava meu ponto de vista, Harry se


aproximou de nós, passando a mão com leveza sobre
meu ombro e, em seguida, ocupando a cadeira vaga ao
meu lado.

_ Do que estão falando? – ele perguntou.

Naquele dia, a cada vez que eu o olhava, ficava


arrebatado com a sua perfeição. As flores azuis tinham
sido bem presas em seu cabelo e roupas, a sra. Weasley
fizera um excelente trabalho, visto que mesmo tendo se
passado horas desde a cerimônia, elas permaneciam no
lugar certo.

_ Draco estava dizendo como ficou surpreso pelo seu


empenho em seguir as regras da tradição bruxa do
casamento. – Blaise me entregou, sorridente.

_ É mesmo? – Harry disse, os olhos verdes vivazes e


desafiadores. – Para um garoto criado em Little Whinging,
eu acho que me sai bem de “noiva” tradicional bruxa.

Ele fez uma cara engraçada ao dizer “noiva”, como se


achasse aquilo divertido.

_ Te incomodou? – eu quis saber.


Na minha ânsia de casar-me com ele segundo mandava a
tradição, até aquele dia, eu não tinha considerado
seriamente que Harry teria que assumir um papel
originalmente ocupado por uma mulher, e que isso,
talvez, não fosse o modo como ele esperava ou desejava
se casar.

_ Sabe, Rony me fez essa mesma pergunta hoje mais


cedo. – ele comentou calmamente, olhando na direção
do amigo, que sentava-se em uma mesa próxima, dividida
com Hermione, George, Kim, e com primo de Harry e sua
esposa. – Acho que ele ficou um pouco desconfortável de
rosa e todo florido.

_ Ele reclamou para mim durante dias porque Hermione


não o deixou ser a dama de honra que usava verde. –
Neville contou, rindo da lembrança.

_ Confesso que, inicialmente, achei que Kim fosse ficar


com o rosa. – comentou Blaise.

_ Kim odeia rosa. – Marcus explicou. – Acha que a cor não


combina com ele.
_ Foi o que ele argumentou. – Harry contou, animado. –
Mas, cá entre nos, acho que ele está só aproveitando a
oportunidade de se vestir de noiva.

_ De noiva? – Neville perguntou, confuso. – Mas as noivas


usam azul...

_ No mundo trouxa, usam branco. – Harry informou, com


seriedade

_ É mesmo? Por quê? – Neville perguntou, interessado.

_ Originalmente, significava a pureza, a virgindade da


noiva. – Harry explicava. – Antigamente, era bem comum
que as noivas trouxas se casassem virgens. Hoje isso é
mais raro, mas manteve-se o branco como cor
tradicional.

Marcus, Blaise e Neville acharam interessantíssimo,


passando a conversar sobre as diferenças dos costumes
matrimoniais trouxas e bruxos. Aproveitei o momento
para chamar a atenção de Harry pra mim.

_ Você está evitando a minha pergunta? – eu perguntei


baixinho para meu marido.
Uma arrepio me atravessou quando pensei em Harry
Potter dessa maneira. O meu marido.

_ Não, não incomodou. – ele disse, me olhando com


suavidade, antes de acrescentar com bom humor. – Se o
que você faz comigo na cama não fere a minha
masculinidade, não vai ser um punhado de florezinhas
azuis que vão ferir.

Blaise soltou uma risada alta, sendo acompanhado por


Neville e Marcus. A essa altura, os três já tinham sua
atenção centrada em nós. Até mesmo eu sorri, encarando
o olhar travesso que meu marido me dava. Ah, meu
Harry... Tranquilo, bem humorado... tão bonito e
atraente. Eu não me cansaria nunca dele.

_ Eis um homem muito seguro de si. – Marcus comentou,


acenando na direção de Harry com a mão. – Louvável,
Harry. Eu também não daria a mínima para as florezinhas.

_ Você não daria? – Neville ergueu a sobrancelha, com


diversão.
_ Tive a mesma criação de Draco, Neville Longbottom. –
Marcus sorriu em desafio. – Um dia, vou me casar com
você, do jeito tradicional. E um de nós terá de ser a noiva.

_ Bom, acho que também não dou a mínima para


florezinhas. – Neville sorriu de volta pra ele, parecendo
encantado com o que Marcus tinha dito, sobre querer
casar com ele um dia.

_ Vamos precisar de um carregamento imenso de flores


para cobrir um de vocês dois. – Harry riu, referindo-se ao
fato de que ambos eram homens imensos.

_ Se for eu, já vou avisando que você, Blaise e John serão


meus damos de honra. – Marcus me informou, olhando-
me de soslaio.

_ John vai adorar. Ele vai querer usar verde, é sua cor
favorita. – Blaise falou.

_ Pode ficar com o branco, me deixa pálido. – eu respondi


a Blaise. – E eu fico irresistível de rosa.

_ Tenho certeza de que fica. – Harry segurou minha mão,


acariciando-a.
Eu me virei pra ele, encantado.

_ Eu já te disse o quão bonito você está assim? – eu falei,


como um bobo apaixonado.

_ Você não se cansa de dizer. – Harry ruborizou, dando


uma risadinha, deixando sua timidez vir a tona. – Eu sabia
que você ia gostar. Não sei porque ficou tão surpreso de
eu fazer tudo conforme as regras... fiquei muito
determinado a seguir com precisão o que a sra. Weasley
me dizia. Eu sabia que quanto mais tradicional fossemos,
mais feliz você ficaria.

Eu sentia ainda mais amor por ele, meu coração se


aquecendo com aquela fala.

_ Foi por isso mesmo que eu disse que não tinha ficado
nenhum pouco chocado. – Blaise falou, sagaz, olhando de
mim pra Harry. – Evidentemente, vocês sempre fazem
todo o possível pra deixar o outro feliz.

Blaise se distraiu daquilo que dizia, no entanto, quando


John se aproximou de nós, parecendo agitado, dando
instruções para um dos garçons.
_ Querido... acho que você está assustando a equipe do
buffet. – Blaise comentou com ele, contendo visivelmente
a vontade de rir.

John ignorou o comentário.

_ Vocês precisam fazer as fotos. – ele disse pra mim e


para Harry. – Sozinhos, com os padrinhos, as damas de
honra, e o restante dos convidados. Luna Lovegood
trouxe a máquina fotográfica.

Harry tinha insistido que Luna, atual editora do Pasquim,


fizesse uma espécie de cobertura de imprensa exclusiva
do nosso casamento.

_ Tem certeza que quer divulgar? – eu perguntei,


preocupado. – Luna disse que nos dará as fotos de
presente, mesmo que a gente não queira que ela faça
uma matéria sobre o casamento no Pasquim.

Sendo ele famoso como era, sempre havia especulação


sobre nossa vida privada. Eu sabia como Harry era
discreto, e, desde que tínhamos começado a namorar, ele
não tinha feito mais do que alguns poucos comentários
quando éramos abordados em algum evento público por
jornalistas. Em respeito a essa decisão dele, e também
porque não desejava ficar aparecendo na mídia às suas
custas, eu tinha mantido a mesma postura.

_ Quero que todos saibam que você agora é meu marido.


Que tenho seu sobrenome. – ele falou, me olhando tão
carinhosamente que eu quase derreti ali mesmo. – Que
eu te amo.

_ Você está fazendo Draco chorar. – John reclamou,


repreendendo Harry. – Assim não dá, ele vai ficar com a
cara toda inchada nas fotos.

Eu limpei o rosto com as mãos. Aquele casamento estava


fazendo de mim um regador ambulante.

_ Vamos, homem, controle-se. – John disse, em tom de


ordem. – E vamos logo todos vocês fazer essa foto.

_ Você está tão mandão, hoje. – Blaise disse, erguendo as


sobrancelhas. – Não conhecia esse seu lado.

John pareceu, de repente, desconcertado.


_ Senhor, desculpe... – ele olhou para Blaise, os olhos um
pouco arregalados. – Eu não quis que parecesse que eu
estava lhe dando ordens.

Blaise puxou John pela mão para mais perto dele.

_ Ei... não precisa ficar tão receoso. Eu não estou te


repreendendo. – ele falou, com carinho.

John ergueu a mão, querendo tocar seu rosto cor de


chocolate, esperando que Blaise assentisse brevemente
com a cabeça, para então acariciar a face de meu amigo.

_ Na maior parte do tempo, sou seu submisso, senhor. –


John comentou, os olhos divertidos. – Mas durante essa
tarde, sou o organizador de festas de Draco.

_ Você é muito bom nisso. – Blaise elogiou o marido. –


Deveria pensar em fazer isso profissionalmente.

_ O senhor aceitaria? – ele perguntou, animado.


_ Claro... – Blaise respondeu. – Vai te fazer bem. Você
tem estado muito sozinho em casa, enquanto estou no
trabalho.

_ Sinto sua falta durante o dia... – John falou, terno.

_ Eu também, meu menino precioso. – ele respondeu, a


mesma ternura nos olhos. – Mas ainda que isso não vá
passar totalmente, será bom se você tiver uma ocupação.

John sorriu para o marido, em resposta, mas logo


lembrou-se do seu propósito ali e nos arrastou para fazer
as benditas fotos.

Um pouco depois, feitas as fotografias, e tendo sido


partido nosso enorme bolo de casamento, saboreado e
elogiado pelos convidados; a maioria das pessoas
começou a retirar-se, até que, finalmente, no cair da
tarde, eu e Harry finalmente nos encontramos sozinhos.
Kim, compreendendo a necessidade de termos um lugar
só pra nós naquela noite, tinha ido dormir no
apartamento de George.

_ Você precisa me segurar no colo. – Harry falou, assim


que nos despedimos da equipe do buffet e dos últimos
convidados que se retiraram.
Nos estávamos já próximos da porta principal da Mansão
Malfoy, que dividia o interior da casa como enorme
jardim onde tinha ocorrido a cerimônia e a festa de
casamento.

_ Como? – eu perguntei, sem esperar aquele comentário.

_ Você falou para eu pensar nos costumes trouxas que eu


gostaria de seguir. – ele me olhou, brincalhão. – Bom,
esse é um deles. O noivo deve segurar a noiva no colo
quando entram em casa pela primeira vez, como recém
casados. É para dar sorte.

_ Se eu soubesse disso, tinha feito uns exercícios para o


bíceps durante a última semana. – eu respondi, com bom
humor, passando os braços ao redor de Harry e
erguendo-o do chão.

_ Depois de tudo que eu comi nessa festa, acho mesmo


que você deveria ter investido nos exercícios físicos. –
Harry comentou, rindo.
Eu entrei em casa segurando-o nos braços. Quando ele
desceu do meu colo, ainda sorrindo pra mim, fechei a
porta da Mansão, trancando-a com um feitiço.

E então, voltei meu olhar para o rosto de Harry, cheio de


desejo de arrasta-lo para o quarto de BDSM. Mas a sua
negação, mais cedo, me fez parar.

_ E agora? – eu perguntei, aproximando-me dele,


predador. Talvez ainda pudesse convencê-lo. Merlin sabia
que eu não costumava ter dificuldades em convencer
Harry Potter a ser meu Submisso. – Não vai mesmo me
deixar te levar pro quarto de BDSM?

_ Não. – ele negou, mais uma vez. Parecia muito


determinado. – Tem uma coisa que você não sabe. Há
uma parte da cerimônia do matrimônio tradicional bruxo
que ocorre na consumação do casamento, e que passa,
como um segredo, de mãe para filha.

Eu ergui as sobrancelhas.

_ Sério? – eu perguntei. Não é que desconfiasse dele, mas


eu nunca tinha ouvido falar naquilo.
Ele assentiu com a cabeça.

_ Sim. Sra. Weasley me garantiu que é muito secreto, que


é uma cerimonia com uma espécie de proteção mágica,
que impede que se conte para outras pessoas o que
acontece nela. – ele me explicou. – Além disso, fazer ou
não essa parte do ritual tradicional é uma escolha da
noiva. Uma espécie de presente que ela pode ou não dar
a seu marido.

_ Isso explica porque eu nunca ouvi falar nem na


existência de algo assim. – eu comentei, ponderando. –
Na minha família, e na maior parte das famílias com as
quais eu convivi, não é comum um casamento por amor.
Imagino que a maioria das mulheres tenha optado por
não dar um presente sentimental a um marido ao qual se
uniu por conveniência. Eu não me espantaria se nenhum
homem da linhagem dos Malfoy tivesse vivido essa
experiência.

_ Você vai viver. – ele me disse, os olhos verdes brilhando


pra mim. – Eu quero te dar isso. Quero te dar tudo de
bom que eu puder, a vida inteira.

Eu olhava completamente enfeitiçado por aquele anjo


azul que era meu noivo. Naquele momento, esqueci o
BDSM, esqueci tudo. Sentia-me pleno da sua
afetuosidade, da sua afabilidade.

_ Obrigado, meu amor. – eu agradeci, tenro.

_ Vem comigo. – ele pediu, segurando a minha mão.

Ele puxou-me com suavidade, e eu o segui sem nem


pensar. O seguiria para toda a parte, para sempre. Nós
subimos as escadas da mansão, na direção do nosso
quarto.

_ Tire a roupa pra mim. – ele pediu, os olhos um pouco


maliciosos diante da reivindicação.

Eu me despi pra ele, sem pressa, deixando meu terno


sobre uma poltrona, até estar completamente nu.

E então, Harry ergueu a mão direita, segurando a varinha


e começou a murmurar um encantamento. Quase que de
imediato, no meio do cômodo, surgiu um grande
recipiente azul, parecendo-se com uma banheira, que se
enchia de uma água perfumada. As flores azuis que
prendiam-se nas roupas e cabelos da Harry foram
soltando-se, levitando como se uma brisa amena as
carregasse, indo pousar sobre a água morna.

Quando ele terminou o feitiço, o encarei, maravilhado.

_ Venha, entre. – ele tomou minha mão novamente,


levando-me na direção da água, ajudando-me a entrar.

Era inexplicável a sensação de mergulhar naquele líquido


encantado. Conforme meu corpo afundava, eu me sentia
completamente revitalizado, como se a água repleta de
flores pudesse curar cada uma das dores que um dia
senti, levar embora cada mau pensamento, cada tristeza
que um dia eu tive. Eu nunca, em toda minha vida, me
senti tão bem, tão seguro, tão radiante.

_ Aaah... – eu suspirei, completamente fascinado. – Você


não pode entrar comigo? Queria que sentisse isso.

Ele se ajoelhou ao lado do recipiente, aproximando seu


corpo de mim, mas sem entrar na água.

_ Não posso. – ele explicou, com pesar. – É só seu. É um


presente.
Eu ergui o braço esquerdo da água, querendo levar minha
mão até seu rosto, acaricia-lo, mas parei no meio do
caminho ao encarar meu antebraço. Era ali que jazia a
horrível marca, que posteriormente tinha sido
desfigurada pela cicatriz que Hermione Granger incutira
em minha pele. Mas agora, não havia mais nada. Tinha
desaparecido por completo, minha pele lisa e alva reluzia,
com uma espécie de luminosidade azulada em seu
entorno.

_ Merlin! – eu exclamei, chocado, a voz falhando, como


se minha garganta estivesse fechada. – Você sabia? Sabia
que faria isso?

_ Fui informado de que a intensidade do sentimento


incutido no feitiço tornava mais concentrada as
propriedades da água. – ele me disse, parecia
impressionado. – Mas não imaginava que o banho seria
capaz de te livrar da marca.

Eu inspirei profundamente e então mergulhei a cabeça,


querendo estar totalmente submerso naquilo, sentindo
as últimas maravilhosas sensações da água, antes que o
recipiente desaparecesse por completo, e eu não
estivesse mais deitado naquela espécie de banheira, e
sim nos braços de Harry, que enrolava-me em um tecido
felpudo que eu reconheci, pelo tato, como sendo uma
toalha.

Quando abri os olhos, ele sorria pra mim amorosamente.

_ Estou extremamente feliz de poder te dar isso.

_ Ah, Harry. Nunca vou saber o que fiz pra merecer seu
amor. – eu me declarei. – Mas, por Merlin, nunca me
deixe. Porque acho que não posso mais viver...

Ele me calou, antes que eu concluísse, prendendo seus


lábios nos meus, beijando-me com uma urgência
apaixonada. Eu retribui seu beijo, intensamente,
entendendo que aquela noite seria muito diferente de
todas as relações sexuais que já tínhamos tido.

Comecei a despi-lo com paciência, até deixa-lo nu, como


eu. Quando erguemo-nos no chão, ele logo se deitou na
cama, puxando-me pra cima de si, as mãos acariciando
minhas costas, meus braços, amando-me em toda parte.

Deixei minhas mãos passearem pelo seu corpo,


reverenciando-o do mesmo modo. Eu me sentia tremer,
um pouco amedrontado pela intensidade daquilo.
_ Porque está tremendo? – ele perguntou, docemente.

_ Eu... eu nunca fiz... nunca fiz assim com ninguém. – eu


expliquei, com um fio de voz, pigarreando para conseguir
fazê-lo entender o que senti. – Mesmo quando não fui
exatamente um dominador... eu assumi o controle... de
certa forma.

O fato era que, em toda a minha vida, as poucas relações


não BDSM que eu tinha tido com Harry ou com qualquer
outro, ainda assim, eu tinha me sentido no controle da
situação. Agora, era completamente diferente.

_ Não sinta medo. – ele pediu, me olhando tão cálido que


foi capaz de arrastar o sentimento de insegurança do meu
peito com aquelas palavras. – Não estou te controlando.
Eu só quero que me deixe te amar.

Eu avancei pra ele, beijando seus lábios novamente,


sentindo gosto açucarado da sua boca. Em um dado
momento, a fricção de nossos corpos tornou-se mais
urgente, e eu sentia sua ereção contra a minha, molhada,
lubrificada, umedecendo o atrito entre nós.
A mão dele desceu pelo meu corpo, encontrado espaço
entre nós dois, tomando meu pênis em um aperto lento e
luxurioso.

_ Ah... quero você. – eu disse, incoerentemente.

_ Me deixe pronto pra você. – ele pediu, com excitação,


os lábios entreabertos avermelhados dos meus beijos.

Encarei seus olhos febris, que brilhavam pra mim,


aguardando. Desci meus lábios sobre sua pele, beijando-
lhe o peito, a barriga, correndo lentamente os lábios
sobre sua ereção, à medida que erguia suas pernas
dobradas. Ele levantou mais o quadril, abriu-se ainda
mais, expondo-se pra mim.

Continuei a abaixar-me, deixando a língua passear pelo


períneo, até finalmente alcançar sua entrada que se
contraiu ao meu toque, me enlouquecendo. O lambi ali
com calma, ouvindo-o suspirar e gemer baixinho,
mexendo-se, impaciente, querendo ainda mais de mim.

O preparei pra receber-me, introduzindo meus dedos


nele, deixando-o mais aberto e relaxado.
_ Por favor, Draco. – ele suplicou. – Preciso de você.

_ Eu também preciso de você. – eu me ergui, colocando


meu quadril entre suas pernas, pressionando meu corpo
sobre o dele, sentindo-o excitado.

Nós dois gememos quando eu finalmente me encaixei em


sua entrada, deixando meu pênis penetrar seu orifício
quente e apertado. Ele se contraia em meu entorno,
movimentando o quadril, friccionando-se contra mim.
Perdido nele, comecei a arremeter dentro dele, toma-lo,
possui-lo.

Seus gemidos se intensificaram, ele se abraçou a mim


quando alcancei sua próstata, estocando unicamente ali,
querendo leva-lo ao auge do prazer. Minutos depois
daquela maravilhosa sensação, o senti apertar-me ainda
mais, e vi que ele gozava com o meu estimulo em seu
interior.

Adorava quando aquilo acontecia, tirava completamente


minha sanidade, e quando dei por mim, já gozava dentro
dele.
Nossos Corpos relaxaram-se, um Contra o outro, e deixei-
me apoiar em seu peito, sentindo sua mão acariciar
levemente meu cabelo.

_ Eu também gosto assim. – ele me contou, baixinho,


referindo-se a fazer amor comigo daquele jeito, sem
brincadeiras, objetos ou dominação.

_ Eu também, Harry. – eu suspirei. – Eu também.

Você também pode gostar