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-A Varinha não vale a confusão que provoca!! - disse Harry - Sinceramente, já tive confusão o suficiente para a vida
toda.
Harry quis ir diretamente para onde ele sabia se localizar a Torre da Grifinória. Mas antes, ele devolveu a varinha para
o local que julgou ser digno dessa.
Subiu para a torre e enfim, dormiu. Um sonho leve, sem pesadelos, povoado de visões do futuro. As inúmeras
possibilidades que agora se abriam para ele. Nada mais de Comensais. Nada mais de Voldemort. Liberdade.
Abriu os olhos meio tonto. Já passava do Meio-Dia. As camas estavam desocupadas. Harry se levantou, se vestiu, e
desceu. Sentiu-se especialmente feliz com o peso costumeiro dentro do bolso. A sua própria com núcleo de pena de
fênix.
Ele desceu pelas escadarias em direção ao salão onde normalmente era servida a comida, na noite passada, ele
dormira tão rápido, que nem comera.
Harry sorriu. Realmente, algumas coisas só agora começaram a penetrar na sua cabeça. Ele derrotara Voldemort, a
maldade acabara. Somente agora aquilo realmente começara a se tornar, de repente, maravilhosamente real.
Infelizmente, a morte de Lupin e Tonks também. Assim como a de Fred, e a de tantos outros.
Saiu andando até o Grande Salão. Lá estavam os guerreiros que haviam lutado na batalha de Hogwarts. Todos
estavam lá. Inclusive Kingsley, que havia sido nomeado Ministro interino.
Todos olharam para ele, mas não do mesmo modo interrogador e opressivo dos alunos, quando olhavam após algum
incidente, mas de um jeito diferente, cálido, de alguém que o conhece, e o admira.
Ao sentir o trem arrancar, Alvo sentiu uma grande guinada no coração. Agora ele estava só por sua própria conta.
Não haveria mais seu pai, nem sua mãe para ajudá-lo.
Suspirou.
- É agora!! - disse ele
- Ainda não, a viagem ainda demora muito!!
Ele olhou para o lado. Sua amiga Rosa ria do nervosismo dele. Ela tinha cabelos longos flamejantemente ruivos, um
olhar inteligente e castanho, e até um tanto cheio de si. Eles eram amigos a tanto tempo, que ele nem se lembrava
de quando a tinha conhecido.
- Você não está nervosa? - perguntou ele – A gente está indo para Hogwarts pela primeira vez, e meu irmão disse que
os alunos veteranos penduram os mais novos no mastro no primeiro dia.
Ela riu.
- Seu irmão falaria qualquer coisa para te apavorar!!
- Ele também disse que tinha fantasmas lá!!
Ela riu ainda com mais vontade.
- Cada casa de Hogwarts tem um fantasma, eles são sempre muito amigáveis com os alunos novos, e nos ajudam
sempre a achar os caminhos pelo castelo!!
Alvo olhou com desconfiança para ela.
- Como é que você sabe disso? Você nunca esteve lá!!
- Minha mãe vive me contando sobre Hogwarts!! - disse ela - Ela até me deu esse livro
Ela tirou da mochila um grande livro em Capa dura de couro, onde se lia, Hogwarts -Uma História.
- Você sabia que o teto do Grande Salão representa o céu? Foi enfeitiçado pelo....
E lá se foi, contando.
Alvo Potter era um garoto de onze anos, ele ara muito magro, com cabelos bem negros e despenteados, e olhos
muito verdes. Os olhos de sua avó.
Continuou a ouvir da boca da amiga, os inúmeros feitos dos quatro fundadores. Como haviam fundado Hogwarts, e
muito mais.
Apesar de aquilo fasciná-lo, também lhe lembrava de que logo, logo, eles enfrentariam as Seleções para as Casas.
Será que o Chapéu Seletor realmente iria ouvi-lo? Será que realmente podia escolher ir para Grifinória. Mas ele ouvira
dizer que aquela era a Casa dos Destemidos, será que aceitariam um medroso como ele?
Ficou encostado, ouvindo o trovejar dos trilhos, tentando não pensar naquilo.
De repente, a porta do vagão se abriu. Um menino com o cabelo cor de palha, rosto pontudo, e um olhar misterioso
apareceu.
- Olá!! - disse ele
Os dois olharam para ele surpresos. Aquele era Escórpio Malfoy, o filho de Draco Malfoy
Alvo engoliu em seco. Chamar alguém de Bruxo das Trevas era a maior afronta que se poderia fazer a uma pessoa,
ou a sua família. Malfoy saiu dali, visivelmente ofendido.
- Puxa Rosa!! - disse Alvo - Você nem quis saber o que ele queria!!
- E nem Preciso!! - disse ela - Esse menino, e seus pais são Bruxos das Trevas, meu pai me contou que eles não são
de confiança!! Se quer saber, aposto que ele vai para a Sonserina e...
Alvo ficou pálido. Rosa percebeu.
- Am...!! Me desculpe Alvo!! - falou ela - Eu sei que você está meio assustado...
- Você não!!? - disse ele
Rosa pigarreou.
- Eu...Estou um pouco preocupada...Mas sei que serei de Grifinória, como meu pai e minha mãe!!!
Alvo se sentiu pior com a confiança dela. Se sentia tão inseguro, que nem sabia se teria coragem de pegar o malão e
prosseguir quando o trem parasse. Talvez fosse melhor ele continuar no trem e...
O trem parou.
- Vamos Alvo!!! - disse Rosa - Vá se trocar, rápido!! O trem já está parando!! Olhá!! A chuva parou.
Com Hogwarts reconstruída, tudo começou a voltar ao normal. Naquela tarde, Kingsley voltou ao Ministério, e
começou a reorganizar tudo.
No Profeta Diário vespertino, já havia notícias sobre a mudança no Ministério, mas, como sempre, era uma versão
incompleta e vazia, feita para encobrir a crise, que o próprio Profeta havia ajudado a organizar.
- É o fim desse jornal!! - disse Rony, sentado no Sala Comunal da Grifinória, junto com Harry e Hermione - Todos
estão cancelando suas assinaturas!! O jornal perdeu toda a credibilidade!!
Harry sorriu. As coisas estavam simplesmente se resolvendo sozinhas.
Abeforth Dumbledore resolveu que levaria Rita Skiter a justiça por difamação e calunia. Ele pretendia arruinar a
carreira dela. E Harry sabia que não seria o único, pois, quando a hora chegasse, haveria varias acusações contra Rita
Skiter, inclusive, a de ser um Animago sem registro.
- As coisas estão começando a se arrumar, aqui no Mundo da Magia!! - disse Hermione - Tudo vai ser como antes!!
Rony olhou para ela.
- Tudo mesmo, tem que ser como antes? - perguntou ele
Harry se levantou e os deixou sozinhos. Ele sabia o que vinha a seguir. Pensou em dar uma última volta por
Hogwarts, antes de ir embora.
Mas no momento em que estava prestes a sair pelo buraco, outra pessoa entrou por ele.
Gina Weasley.
Harry sentiu uma grande sensação de felicidade, ao vê-la bem, depois de tudo, mas também ficou preocupado.
- Oi Gina!!
- Oi Harry!! - disse ela
Harry ficou parado olhando para ela, sem saber o que fazer. Foi Gina que agiu primeiro. Um abraço, e um beijo. Harry
sentiu que tudo estaria bem com eles, dali por diante.
Aquele último dia em Hogwarts passou tão rápido, que Harry achou estranho o céu escuro, quando saiu pelos jardins
com Gina.
A Professora Minerva McGonagall assumira a direção de Hogwarts de uma vez por todas. E agora, ela e os outros
professores finalmente podiam dar a arrumação por encerrada.
A Escola de Magia e Bruxaria a ser o que era, e Harry se sentia feliz por isso. Imagina quantos alunos aquela escola
ainda receberia.
Voltou com Gina para a Sala Comunal. Hermione e Rony ainda estavam no sofá. Mas assim que Rony viu Gina e Harry
juntos se levantou.
- Mas o que é isso?!! - disse Rony
Harrry hesitou. Ele prometera ao amigo que ficaria longe de Gina. Mas a garota assumiu a frente.
- Rony!! Pelo amor de Deus!!
- Harry!! - disse Rony
Hermione puxou Rony pelo braço.
- Rony!! Tudo acabou!! Não há mais motivo para os dois ficarem separados!!
Rony pareceu não saber o que fazer, de inicio. Mas depois, pareceu aceitar.
- E então!! - disse Gina - Vão ou não, me contar o que ficaram fazendo o ano todo?
Harry avaliou se agora poderia contar. Resolveu que deveriam continuar a fazer segredo, pelo menos dos detalhes.
Não queria que o profeta Diário anunciasse a todo bruxo das trevas o segredo da imortalidade de Voldemort.
Mas ele contou tudo a Gina. Decidiu que para ela poderia abrir uma exceção.
O outro dia foi de festa. Hogwarts finalmente se armou como devia para uma grande festa.
O Salão Principal e ficou lotado, com gente cantando e dançando. O lugar lotou com vários bruxos e bruxas de todos
os lugares, que estavam novamente, como a dezessete anos atrás, felizes por Voldemort ter finalmente ido embora
de vez.
Os terrenos também se encheram de musica. Mas uma musica diferente. Harry foi até lá, e descobriu os Centauros,
em sua própria festa.
Agouro se aproximou dele como porta voz de seu Rebanho.
- Eu preciso lhe dizer, Harry Potter, que em nome de todos nós centauros, pedimos perdão, por não termos auxiliado
antes na batalha contra o Lord das Trevas.
Harry ficou pasmo. Nunca, nem em seus sonhos mais improváveis, ele conseguira visualizar um centauro pedindo
perdão a um bruxo. Ele não soube o que fazer.
- Eu...bem...Acho que não tem do que se desculpar!! Quando a coisa pegou mesmo, vocês estavam lá para nos
ajudar e...
- Potter!! - disse Agouro - Chegou a nossos ouvidos algo que nos impressionou. Algo que nos fez repensar todo a
nossa vivencia com os bruxos.
Harry ficou atento.
- Ouvimos dizer que o Senhor,enterrou um Elfo Doméstico com suas próprias mãos!! Cavando sem a menor ajuda de
magia.
- E sobre esse respeito, irá repousar a lealdade dos Centauros para com você!! Harry Potter!! Entre nós será sempre
bem vindo!! Enquanto esse respeito, que descobrimos no senhor perdurar!! E seu nome terá nosso respeito, e seus
filhos, e os filhos dos seus filhos!!
Se antes, Harry havia achado estranho o comportamento de Agouro, Agora ele tinha quase certeza de que estava
dentro de algum sonho maluco.
Uma saraivada de flechas foi atirada, em sinal de Respeito Mutuo. Então, bruxos, Elfos, Centauros, e Gigantes(Na
verdade apenas Grope) Comemoraram juntos a queda das Trevas.
Aquele dia foi acabando finalmente. Harry se viu se preparando para embarcar no trem. Só que aquele trem não o
levaria para a Rua dos Alfeneiros Numero Quatro. Ele o levaria para sua casa. A casa que fora de Sirius. O Largo
Grimmald. Monstro o acompanhou, feliz.
E naquele dia. Juntamente com Rony e Hermione, ele se despediu de Hogwarts. O primeiro lugar de sua vida em que
fora feliz. Seu primeiro lar. Lugar de aventuras, de magia, de tantas outras coisas que ainda estava por vir.
O trem apitou e saiu da estação. Harry se aconchegou, pensando o que a vida lhe reservava dali por diante.
Alvo se atrasou ao vestir suas vestes. Quando passou por todo o trem arrastando seu malão, ele já estava
completamente vazio.
- E agora?
Ele pensou horrorizado. De acordo com seu pai, os alunos do primeiro ano sempre iam primeiro com o Guarda Caças
Hagrid. E se ele perdesse a viajem? Teria que ir com os alunos mais velhos, nas carruagens com Testrálios? Ele não
queria chegar perto de um bicho que não podia ver, e muito menos dos alunos mais velhos, que de acordo com Tiago,
gostavam de torturar alunos mais novos.
Mas quando saiu do trem para o ar puro da noite, Rosa o estava esperando.
- Não se atrase!!! - disse ela - Vamos!!
Ela o guiou para perto de um grupo de alunos do primeiro ano. E no meio deles, enchendo a cena, havia um homem
enorme. Os cabelos negros e selvagens que lhe cobriam a cara toda pareciam estar começando a embranquecer.
Seus olhos eram negros, como dois besouros. Usava um casacão de pele de castor, e era sem duvida,
incontestavelmente, inequivocadamente GRANDE. Tinha pelo menos o dobro da altura e corpulência que um homem
normal devia ter.
- Por Merlin!! É o Harry!! - Disse o Homem com uma voz estrondosa.
Todos olharam para trás, e miraram Alvo, com Rosa do lado. Alvo sentiu o rosto esquentar.
- Ó!! Me Desculpe... Você deve ser Alvo!! - disse Hagrid agora parecendo um pouco atrapalhado - Puxa, mas você
realmente se parece...Até os olhos...Meu Deus!!
Alvo tentou sorrir, mas não conseguiu.
- Eu sou Rúbeo Hagrid, o Guarda Caça, mas pode me chamar de Rúbeo!! - disse ele - Venha comigo!! Temos que
atravessar esse lago.
Alvo não deixou de atrair a atenção. Ele ficou se perguntando por que.
O tempo havia ficado melhor, e por conta disso, a passagem pelo lago de Hogwarts não poderia ter sido mais
encantadora. O Castelo parecia crescer aos olhos dele, e engoli-los, quando tiveram que entrar por seu cais
subterrâneo.
Alvo foi junto com Rosa. Viu Malfoy desembarcar do lago, logo depois deles. Ficou se perguntando por que será que
ele tinha ido até a cabine deles, no trem.
A primeira impressão de Alvo sobre Hogwarts, foi que era o maior lugar que existia na face da terra. Tinha certeza
que sua casa cabia completamente dentro do Saguão de Entrada.
Prof. Lonbotton reuniu todos os alunos do primeiro ano em frente a uma grade porta.
- Muito bem!! - disse o Prof. - Quero que todos prestem a atenção em mim. Hoje vocês finalmente entrarão para
Hogwarts, e conhecerão seus colegas!! Mas antes! Serão selecionados para suas casas!! Enquanto estiverem aqui, os
colegas de suas respectivas casas serão como suas famílias. Elas são Grifinoria, Corvinal, Lufa-Lufa, e Sonserina
A menção da última casa, Alvo viu Rosa fuzilar Malfoy com o olhar. Ele não retribuiu.
Neville também explicou tudo sobre o sistema de pontuação, e sobre a taça das casas. Enfim, ele terminou de
explicar, e os chamou para entrar no Salão Principal, o estomago de Alvo deu uma grande cambalhota. Era a hora da
seleção.
Quando finalmente entraram no Salão Principal, Alvo decididamente boquiabriu-se. As velas flutuavam sobre as
mesas. Quatro mesas, se não contassem aquela estranha e comprida no centro, que era a única vazia. E é claro,
aquela no final da sala, onde tradicionalmente todos os professores se sentavam.
Eles assumiram posição na mesa vazia. Neville saiu, e foi buscar o Chapéu Seletor.
Com um sobressalto, o Chapéu Seletor abriu uma boca próxima a aba e começou a cantar.
A Serpente Sonserina.
Astuta, esguia, e voraz
Sem limites, serás audaz...
Alvo teve a sensação nítida que seu estômago tinha enlaçado. Ele era o primeiro. Se encaminhou para o banquinho do
Chapéu Seletor, como um condenado vai a forca. Notou que o olhar de todos tinha recaído fortemente sobre ele. Até
os professores sentados em suas mesas se debruçavam. Era comum assim o interesse pela seleção? Ou era por que
ele é quem estava sendo selecionado?
- GRIFINÓRIA!!!!
Alvo sentiu o coração dar um pulo. Grifinória, Grifinória, como seu pai, Grifinória, como seu irmão. Grifinória. Alvo
reviveu a descrição de sua casa mentalmente. A casa dos destemidos, dos frios, honrados e nobres. Era essa a sua
casa. Seu coração bateu num frenesi de felicidade.
- Gaham!!! - disse Neville - Já pode se levantar Sr. Potter
Alvo olhou em volta. Ficara tão entretido, que nem percebera que já podia sair do banco. O pessoal em volta abafava
risos.
Ele se levantou, e correu direto para a mesa da Grifinória. Onde Tiago ria.
- Moleque!! Devia ter visto sua cara!! Dava a impressão que tinha entrado em choque
Alvo sentiu o rosto quente.
- Eu sabia que acabaria vindo para Grifinória!! - disse Tiago - Você é muito idiota pra Sonserina, burro demais para a
Corvinal!!
- Mas e a Lufa-Lufa? - disse Alvo, conseguindo falar de repente
- Se já está considerando a Lufa-Lufa, você está mal!! - e caiu na gargalhada, acompanhado de vários outros.
Alvo suspirou. Se ele havia sido escolhido para Grifinória, Rosa não tinha problema. Ela era muito mais corajosa que
ele. Ela parecia saber disso, lá na mesa do canto.
O Chapéu foi colocado sobre Escórpio. E se demorou. Demorou muito. Na verdade, a demora foi tanta, que todos os
olhares recaíram sobre ele, e Alvo escutou um murmúrio por todo o saguão: "Quem é esse?","É o filho de Draco
Malfoy","O Comensal da Morte?","Sonserina, só pode ser".
O Chapéu continuou entretido. Neville se aproximou para ver o que estava acontecendo alí. Pelo que parecia, aquilo
era uma espécie de recorde.
Não ouve aplauso, apenas silêncio. Alvo não conseguiu dizer nada.
- Só pode ser piada!! - disse Tiago.
Malfoy se dirigiu a mesa da Grifinória, lançando um olhar hostil a todos, como se dissesse, "Vem me encarar". Alvo
achou que ele estava tentando revidar o olhar de perplexidade de todos que o encaravam no momento. Quando ele
foi se sentar, os alunos da Grifinóra saltaram para longe dele, dando um espaço de um corpo de cada lado.
Alvo encontrou o olhar de Rosa. Ela parecia completamente perdida nos acontecimentos, como se o cérebro dela não
conseguisse aceitar que um Malfoy fosse mesmo da Grifinória. Alvo olhou em volta. Teve a impressão, de que Malfoy
não estaria sendo tão linchado por olhares, se não tivesse se demorado tanto para decidir sua casa. Aquilo havia dado
tempo a todos de o reconhecerem.
O resto da Seleção continuou. Ninguém notou quando o Chapéu Seletor gritou duas vezes "Sonserina" para um único
sujeito, de nome Servo Slyn, cuja a aparência parecia perfeitamente amigável.
Rosa foi selecionada para a Grifinória, como o esperado, e sentou-se ao lado de Alvo.
Ela olhou de esguelha para Malfoy, sentado do outro lado da mesa.
- Você percebeu isso!! - disse ela
Alvo olhou para ela.
- O que?
- Não notou!! O Chapéu Seletor ficou estranho, e isso logo depois de o Malfoy ser Selecionado para a Grifinória.
Alvo olhou para ela. O que Rosa estava sugerindo?
- Você acha que...
- É!! Eu não sei como, mas acho que ele alterou o Chapéu.
Os dois olharam para o garoto de cabelo amarelo apertar as mãos sem ousar olhar para os lados.
- Acha mesmo que ele poderia? Quer dizer!! Ele só tem dez anos...
- Acorda! - disse Rosa - É o Malfoy!! Não sabemos do que o pai dele é capaz!! Talvez o tenha mandado pra se infiltrar
entre nós!!
Alvo olhou para ele de novo, e não teve certeza do que achava
Alvo e Rosa estavam tão entretidos com seus próprios pensamentos, que até se assustaram, quando se viraram para
a mesa, e se depararam com um banquete digno de Reis.
- Caramba!! - disse Alvo
Alvo olhou para Rosa, e a viu olhar a comida como se nunca tivesse visto nada daquilo na vida. Ele pensou que ela
herdara o apetite do pai.
Depois que o banquete acabou, Alvo começou a sentir sono, e começou a pensar onde iriam dormir naquele castelo.
Mas nesse momento, uma velha senhora se levantou da mesa. Ela estava encurvada, como se estivesse cansada. Ela
se vestia de verde, com um chapéu com uma pena na cabeça, além de um par de óculos quadrados.
Então ela bebeu um pequeno frasco com delicadeza, e se ergueu num movimento imponente que fez todos
prenderem a respiração.
Alvo a achou com cara de quem não gosta de se aborrecer, e de quem acha que regra deve ser seguida a risca.
- Eu sou a Profª Minerva MacGonagal. Peço alguns minutos de seu tempo. Eu gostaria de dar alguns avisos a todos
vocês.
"Em primeiro lugar, gostaria de dizer a vocês que a Floresta Proibida, em frente a nossa propriedade recebeu esse
nome por algum motivo, se é que me entendem. Quero que obedeçam as regras dessa escola. Nada de caminhar a
noite fora do horário, nem usar magia nos corredores. Espero que tenham um maravilhoso ano em Hogwarts. A mais
de mil anos essa escola tem se dedicado a formar grandes bruxos!! Então!! Dediquem-se!! E sejam grandes!!
Alvo se arrepiou ao ouvir isso, sem saber por que. Talvez, todos aplaudiram com vontade, Minerva sorriu e se sentou
mais uma vez. Estava agora, menos encurvada, e sua silhueta chamava mais atenção.
Os monitores começaram a chamar os alunos do primeiro ano. Alvo ainda estava observando a professora, quando
Malfoy passou na sua frente, ainda serio.
Alvo e Rosa seguiram os monitores junto com os outros alunos do primeiro ano. Um aluno se aproximou deles. Era
magro, tinha os cabelos e olhos claros, e meio avoados.
- Oi!! - disse ele
- Oi!! - disse Alvo
- Vocês viram que estranho!! Essa foi a Seleção mais atravessada que já vi!!
Rosa lançou a Alvo um olhar significativo.
- É!! - concordou ela - Malfoy foi selecionado para Grifinória!!
- Isso não é importante!! - disse o menino
Alvo olhou para Rosa intrigado.
- Como assim, não é importante!? Alias!! Quem é você?
O garoto olhou para Alvo mais atentamente, e depois para Rosa.
- Meu nome é Skiper LoveGood, prazer!!
Alvo olhou para Skiper surpreso. O Pergaminho Diário era o jornal mais lido do Mundo Bruxo. Ele sabia disso, por que
seu próprio pai vivia falando que adorava aquele jornal.
- Minha mãe é a Redatora!! - disse Skiper - E um dia, eu serie Repórter Investigativo!!
Os que estavam próximos ficaram assombrados. Alvo o achou um tanto avoado para ser um Repórter, mas resolveu
não falar nada.
Depois que começaram a subir as múltiplas escadas de Hogwarts, Skiper se aproximou deles novamente.
- Sabem!! - disse ele - Notaram algo estranho no Chapéu Seletor? - disse ele
- Claro!! - disse Rosa - Alvo e eu achamos que ele foi alterado pelo Escórpio e...
- Muito improvável - disse ele
O olhar de Alvo encontrou o de Rosa.
- O Chapéu Seletor é uma relíquia do próprio Grifinória.Teria que ser um bruxo excepcional para realmente conseguir
alguma coisa!!
- Mas você tem que concordar que tudo aquilo foi suspeito!!
Finalmente, chegaram a um retrato de uma Mulher Gorda vestida de rosa. O quadro falou.
- Sua senha por favor?
- Leão Velho - disse o monitor
O quadro se afastou, revelando o buraco para a Sala Comunal da Grifinória.
- Sejam bem vindos - disse o monitor - a Torre da Grifinória
Depois que Harry finalmente desembarcou na estação King Cross, tinha a forte intenção de ir morar no Largo
Grimmald.
- Por que não vem com a gente? - disse Rony - Fique conosco!! Cara!!
- Eu não posso ficar na sua casa pra sempre!! - disse Harry - Mas acho que vou ter que ir para lá!! Afinal, o Largo
precisa de uma reforma. Mas mesmo assim, eu quero ir para lá, dar uma olhada.
Harry caminhou com os Weasley para fora da Estação lotada de gente como sempre. Assim que alcançaram o interior,
Harry se despediu deles, com a promessa que dentro de alguns dias voltariam a se encontrar.
Agora, só havia uma coisa que incomodava a Harry. Ele deixara parte de suas na casa dos Dursley. Será que eles já
haviam se livrado de tudo? Ou ainda daria tempo de salvar alguma coisa? Só indo lá, ele poderia saber.
Harry caminhou lentamente pela Rua dos Alfeneiros. Era o final daquele dia. Aquele lugar parecia não ser afetado pelo
tempo, continuava a mesma coisa. Até os balanços e gangorras, que deviam se quebrar com o tempo permaneciam
intactos.
Ele caminhou pela conhecida viela. Seus pés o levaram automaticamente até a casa que um dia ele chamou de lar. As
janelas estavam acesas, e já passava das seis.
Harry se sentou num banco e esperou. A noite foi engolfando tudo, escurecendo cada vez mais. Os postes de luz
elétrica se acenderam, mas ele continuou sentado bem lá onde estava.
Quando bateu sete e meia, tudo já estava escuro, e não havia mais ninguém na rua. Foi aí, que aconteceu. A luz de
um dos postes se apagou. Harry olhou para o final da rua.
- Finalmente!! - disse Harry
Um bruxo de cabelos flamejantes, segurando um estranho isqueiro de prata, ia apagando todas as luzes usando o
instrumento. Ao seu lado, uma bruxa de cabelos cheios acompanhava.
- O que aconteceu com vocês dois? - disse Harry - Marcamos seis horas!! Pô!! Estou aqui sentado a horas!!
- Foi mal cara!! - disse Rony - Acontece que tivemos que passar em vários lugares!! Sabe!! Um monte de gente nos
convidando para a festejar!!
- Festejar? - disse Harry - Voldemort caiu a três dias, e ainda estão festejando!!
- É que até ontem - começou Hermione - Ninguém realmente sabia do que havia acontecido!! As corujas começaram
a chegar!! Está começando uma verdadeira revoada!!
- Sem falar!! Que dessa vez a coisa saiu um pouco...diferente!! - falou Rony
- O que? - falou Harry - O que aconteceu?
Rony sorriu.
- Dessa vez você derrotou ele na frente de todos, e dessa vez temos o corpo dele pra provar!!
Harry engoliu em seco. Ele quase se esquecera. O corpo de Voldemort ficara jazendo no Saguão de Entrada.
- O que exatamente fizeram com ele? - disse Harry - Com o corpo!!
- Sei lá!! - falou Rony
- Acho que levaram para o Ministério!! Harry!! Onde esteve nos últimos três dias? Sua coruja não...
Mas aí parou. Edwiges morrera.
Acabara de ocorrer a Harry que precisava de uma nova mensageira. Não!! O que estava pensando? Edwiges era
insubstituível!! Mas mesmo assim, não podia ficar sem receber cartas.
- Certo!! - disse Harry - Melhor ir logo ao Beco Diagonal comprar coruja nova!!
Rony e Hermione se entreolharam meio entristecidos.
- De qualquer jeito!! - disse Rony - Você não sabe o carnaval que está começando. Kingsley está tendo muitos
problemas, o Ministério está em frangalhos. Por outro lado, o Sr. Olivaras está começando a lucrar feito louco, pois
dês de ontem, o Ministério tem liberado ouro para os Nascidos Trouxas recobrarem as varinhas!! Tem gente até
QUEBRANDO a própria varinha pra ganhar uma nova!!!
Os três caminharam até a porta da casa dos Dursley. Ouviram a televisão funcionando, os Dursley estavam assistindo
T.V.
Ele bateu na porta. Um minuto se passou em total silêncio. Então, a caranhola de Tio Valter apareceu por trás da
porta.
- Quem é....!!!! ARRE!!!
Ele deu um pulo tão grande, que Harry se surpreendeu por não ter arrebentado o piso da própria casa. Tia Petúnia e
Duda correram para a porta.
- Valter!! o que é.... VOCÊ!!!
Harry ficou parado no rol da porta, esperando para ver o que vinha a seguir.
Duda olhou para ele, com uma estranha expressão no rosto, entre o choque e o "Bem Vindo".
Ele olhou para Rony, e Hermione, depois para própria casa, e então sua cara passou de vermelho para branco tão
rápido que Rony soltou um "UAU".
- Eu seeei o que você quer!!!! - disse Tio Valter com uma expressão de pura loucura - Quer vingança, não é!!! Menino
ingrato!! Depois de tudo o que fizemos por você!!!
Harry riu por dentro. Com certeza, Tio Valter se acabara de se lembrar que agora, Harry podia fazer magia aonde
bem entendesse.
Ele olhou em volta procurando uma arma com a qual pudesse lutar. Então agarrou um capide e veio pra cima.
- Nossa Harry!! - disse Hermione - O que...o que, exatamente, ELES te fizeram que tem tanta certeza de que veio se
vingar!!
- Simples!! Permitiram que eu morasse com eles!! - disse Harry, achando que isso resumia bem os anos nada
agradáveis que passara com os Dursley.
Um segundo depois, os Dursley começaram a se acalmar. Harry se limitou a esperar, Rony começou a demonstrar
impaciência.
- Vamos Harry!! Pegue logo suas coisas, e vamos embora!! Deve ter um milhão de festas esperando por nós!!
Mas então. Antes que qualquer um dissesse qualquer coisa,antes que qualquer um pensasse em se mexer. Um
estampido ecoou, e um bruxo se materializou no meio da sala. Dino Tomas.
- Oi Harry!! - disse ele
Antes que Harry pensasse em dizer "Mas o que.." outro estampido.
- E aí Harry!! - disse Simas aparecendo
Vários outros estampidos, e Neville, Luna e Justino apareceram.
Tia Petúnia aparentemente havia perdido a voz por completo, senão estaria gritando aos berros. Duda olhava para
tudo estupefato.
Harry não soube o que dizer. Estava tendo uma vontade crescente de começar a gargalhar.
Mas ninguém pode ouvir mais nada. Mais estampidos. Os jovens da família Weasley apareceram no recinto.
Harry nunca pensou, nem mesmo em seus sonhos mais absurdos, que viveria para ver aquela cena. A casa dos
Dursley se enchendo de bruxos. A cada minuto chegava mais. A Sra. Figg apareceu a porta sorrindo e trazendo uma
bela torta de morango.
Logo, a casa ficou completamente decorada, e a mesa posta. Tio Valter e Tia Petúnia ficaram pregados nos sofás,
completamente impotentes e sem dizer um palavra. Duda ficou pregado lá, junto deles, mas observando tudo com
vivo interesse.
Harry ainda estava parado lá meio estupefato. Foi só quando seus amigos colocaram musica pra tocar é que ele
despertou, e percebeu que agora não tinha mais volta.
- Harry!! Hei Harry!! - Chamaram os amigos - Conte direito para nós como foi a historia do Dragão!!!
Harry nem sabia por onde começar, estava um tanto embasbacado.
Sói quando a coisa já havia tomado proporções inacreditáveis, que os bruxos começaram a se lembrar dos três
Dursley. Na verdade, aconteceu quando Duda tentava furtivamente subir para o seu quarto.
- EI!! Espere um momento aí!! - disse alguém
Harry viu Duda congelar, como se alguém lhe tivesse lançado um feitiço de para Petrificar.
Quem o havia chamado havia sido Lino Jordan.
- Você!! - disse Lino - Você deve ser o cara dos Dementadores!! - falou ele
Duda continuou com aquela mesma expressão abobada de antes.
- Harry!! Esse não é o seu primo? - disse Lino - O cara que você salvou dos Dementadores?
Lino olhou para Tio Valter, sorrindo. Harry ficou feliz ao constatar que pelo menos o olhar traquinas de Lino não havia
mudado.
- Caso não saiba!! Se não fosse por seu sobrinho, VOCÊS trouxas, teriam sumido da face da terra em...- e olhou no
seu relógio distraidamente - Sei lá, acho que uns três ou quatro meses!!
Uma coruja passou voando pela janela, e errou a cabeça de Tio Valter por pouco. Duda se agachou na escada, e ficou
lá. Harry se aproximou para apanhá-la, mas ela voou em direção Lino Jordan.
A musica parou. Lino levantou no ar uma edição do Profeta Diário, então chamou todos para a sala, onde Tia Petúnia
ainda estava sentada, com cara de estupefata. Duda também seguiu a massa de gente.
O pessoal se sentou no chão, nos sofás(Tia Petúnia quase teve um ataque , quando Neville se jogou aos seu lado
sorrindo).
Lino se manteve de pé, ainda sacudindo o jornal até todos se acomodarem. Tio Valter ficou de pé. Harry se encostou
na parede, se perguntando o que era aquela novidade.
- Saquem só!! - disse Lino Jordan abrindo o jornal - Essa é a edição final do Profeta!! A última tiragem,
aparentemente, o editor perdeu toda credibilidade e terá que vender o Jornal!! Voto no seu pai pra comprá-lo Luna!! -
disse Lino
Harry escutou Tio Valter fazer um muxoxo de impaciência. Não que ele estivesse interessado no jornal, mas talvez por
pressa de que tudo afinal terminasse.
Harry notou que não houve rebuliço a menção do nome de Voldemort. Desde que ele morrera, o medo que instigava
parecia ter se evaporado. O que fazia sentido, pois, como Harry bem sabia, nem mesmo o espírito de Voldemort
agora tinha qualquer força.
"As noticias correm por todo o lado - lia Lino - O que parecia ser impossível finalmente aconteceu. O Ministério tem o
prazer de informar, que Harry Potter mais uma vez sobreviveu a Maldição da morte, e mais uma vez, derrotou
Voldemort".
Nessa hora, todos os amigos deram vivas a Harry. Tio Valter o olhou com vivo desprezo, Tia Petúnia não olhou para
ele, mas Duda, olhava para ele quase sem crer no que ouvia.
"Contudo, diferente dos demais embates envolvendo este terrível bruxo, a morte deste foi confirmada pela presença
de um corpo..." E por aí foi, contando em minuciosos detalhes tudo sobre o que fora aquele embate. Harry achou um
pouco dramático, mas nada que uma Rita Skiter pudesse escrever.
"...E como muitos acreditavam, esse valente bruxo, com não mais de dezessete anos, cumpriu o destino que todos
acreditavam ser dele, entrando assim para a historia do Mundo da Magia, como o representante da união e aceitação
entre todos os povos mágicos, e também os não mágicos".
Todos aplaudiram vigorosamente. Harry sorriu, achando que seria o melhor a fazer.
- Então Harry!! - disse Lino - Eu devo dizer que já sabia disso!
Harry ficou pensando, que tipo de idéias eles pensavam que a casa dos Dursley poderiam celebrar.
- Meu idéias? - perguntou ele
- Claro!! - disse Lino - Não prestou a atenção nas palavras finais do Profeta? União entre povos mágicos, e não
mágicos!! Cara, justamente o oposto do que Voldemort dizia...
- Espere aí!! - disse Tio Valter de repente, chamando toda a atenção para si - Quer dizer que esse tal de Vol..das
quantas!! Esse moleque o derrotou?
E apontou para Harry.
Harry nunca teve tanta vontade de rir da expressão que Tio Valter fez. Parecia misturar alivio e suspeita. Harry havia
contado milhares de vezes para o Tio as coisas horríveis que Voldemort fazia com Trouxas, só pra se divertir. Isso
fora necessário para convencê-lo de que não deveria permanecer na casa, no começo do ano. Sua expressão era de
pura incredulidade agora.
- Tem certeza de que foi ESSE moleque que o derrotou?!! - disse ele apontando para Harry
Harry nunca pensara que veria aquilo. Na verdade, ele nem sabia que os Dursley eram capazes daquilo, mas ele teve
certeza, de que por um lampejo de segundo, ele vira gratidão na cara de Tio Valter.
Depois disso, a festa continuou a se desenrolar, com uma única diferença, agora, Tia Petúnia parara de tentar ignorar
que havia bruxos em sua casa, e passara a tentar evitar que quebrassem algo. Duda ficou junto de Neville, Luna que
ouviam Rony contar um relato muito exagerado sobre tudo o que ele e Harry já haviam feito. Tio Valter foi até a
geladeira, apanhou uma garrafa de Vodca e uma taça, e sentou no sofá, bebendo.
Harry riu daquilo. Aquilo não era exatamente ser social, mas agora, ao menos os Dursley pareciam estar tentando
aceitar a festa.
- Vai ficar aí parado a noite inteira, ou vamos dançar!! - disse Gina a ele
Ele sorriu, e continuaram as comemorações até altas horas.
Enquanto isso, sob uma revoada de corujas do lado de fora, varias pessoas com capas longas e coloridas passeavam
pelas ruas. E nas casas, com as lareiras acesas, nos bares, e em todos os lugares, bruxos levantavam seus copos num
brinde.
- A Harry Potter!! Aquele-Que-Sobreviveu!!
A primeira semana de Alvo em Hogwarts foi simplesmente incrível. Ele sempre andava com Rosa, e isso lhe dava
alguma vantagem. Ela parecia sempre saber pra que lado era o que, de modo que ele nunca se perdia para as Aulas.
Sua primeira Aula foi a de Transfigurações. A Srta Patil era sua professora. Era uma dessas professoras que
conseguia, além de transformar qualquer coisa em outra, transformar a aula numa verdadeira brincadeira. Em sua
primeira aula, eles praticaram transformar palitos de dente em agulhas. Alvo era até bom nessa matéria, mas Rosa
era simplesmente espetacular.
- Uau!! - disse ela vendo a agulha perfeitamente transformada que Rosa fizera - Não vão querer palitar os dentes com
isso!!
A sala ria-se.
A aula de Herbologia nas Estufas será sempre boa. Mas Prof. Longbotton as vezes se esqueciam de que aqueles eram
os primeiros dia de aula deles, e exigia demais.
- Calma Professor!! - disse Rosa - Assim nem eu acompanho!!
Neville pigarreou, e sorriu para ela.
- Me desculpe!!
Mais uma vez, ela se saía maravilhosamente bem. Alvo parecia que ela nem precisava cursar a escola.
Por fim. Chegou uma aula que todos estavam ansiosos para ter. Defesa contra as Artes das Trevas. Curiosamente,
Alvo achou que enquanto entravam pela porta da sala, as pessoas apontavam para ele e murmuravam.
Alvo se sentou numa cadeira da frente, junto com Rosa. Daquela distancia panorâmica, puderam ver em primeira
mão, o individuo que descia pela escada em caracol da Sala de cima.
O individuo chegou sorrindo amigavelmente. Alvo o achou familiar, mas não o bastante para lembrar seu nome. Era
Lino Jordan.
- Olá!! Aspirantes a bruxos!! - disse ele - Acho que todos aqui estão muito ansiosos para começarmos a aprender a
nos defender das Artes das Trevas!! Não é!
Toda a sala retribuiu o comprimento.
- Que bom!! Eu queria lhes dizer que quando se trata de Defesa Contra as Artes das Trevas, é bom lembrar de uma
coisa!!
- Não basta apenas decorar um punhado de feitiços, não basta treinar e ler bastante!! Esse ramo da magia é talvez, o
mais perigoso, e o mais interessante de todos!! Mas para realmente estarmos preparados para as Trevas, antes de
nos armarmos com magia, devemos estar armados com uma boa dose de poderosa fibra e coragem!! Devemos
pensar com grande fresa, sermos capazes de mesmo em horas difíceis, nos levantarmos para lutar!! É!
- Agora!! Gostaria que vocês afastassem suas cadeiras!! Começaremos com o feitiço mais básico de todos, mas não o
subestimem!! Se souberem como usá-lo corretamente, pode salvar suas vidas em varias ocasiões!! Estou me
referindo ao feitiço de desarme "Expeliarmus".
Quando o sinal tocou. Alvo havia desarmado cada um de seus colegas de classe, incluindo Rosa.
- Incrível seu talento pra desarmar!! - falou Rosa
- Incrível seu talento para todo o resto - brincou Alvo.
Descendo pelos corredores, Alvo pode ver Malfoy andando na rabeira da fila. Ele era sem favor nenhum aquele que
chamava menos atenção em toda a classe,mas ainda assim, seus colegas não se esqueciam dele. Sempre o estavam
atormentando, com logros e traquinagens. Colocavam ovos de Fada Mordente em sua comida, pó de fura-frunco nas
cuecas, e por aí vai. Até Rosa estava começando a sentir pena dele.
- Só um pouquinho!! - falava ela.
As coisas ficaram feias no primeiro final de semana. Todos aproveitavam os últimos resquícios do verão para nadar no
lago, e jogar snap explosivo pelos corredores, além é claro, do super popular Quadribol, a qual Alvo adorava desde
muito tempo. Seu pai pessoalmente o ensinara a voar, e quando a professora de vôo Angelina Jonson o viu no ar, ela
praticamente deu pulos de excitação. Seus artifícios no ar renderam trinta pontos para Grifinória.
- Do jeito que as coisas estão andando!! - disse Alvo a Rosa - iremos ganhar a Taça das Casas com os pés atrás!!
Ela sorriu.
A noite chegou. Alvo estava cansado, e cheio do prodigioso banquete que havia comido. Estava quase dormindo,
quando sentiu alguém o sacudindo. Ele olhou pra cima, e deu de cara com seu irmão Tiago, e um grupo de amigos
deles que ele não conhecia.
- E aí irmãosinhoi!! - disse seu irmão - pronto pra fazer um Malfoy chorar!!!
Alvo seguiu a todos, quando se reuniam silenciosamente na sala comunal. Ele viu Malfoy ali também, alem do tal
Skiper Lovegood.
- Muito bem calourinhos!! - disse Tiago, alto o suficiente para ser ouvido, e baixo o suficiente para não serem
apanhados - Vamos realizar agora uma brincadeira de primeira semana aqui em Hogwarts. Um Pique Esconde pelos
corredores!!
Todos saíram para o corredor. Estava muito escuro, e Alvo ficou se perguntando que tipo de coisas existiam em
Hogwarts aquela hora da noite.
- Muito bem Malfoy!! - disse Tiago lhe oferecendo a parede ao lado do retrato - Conte até cem!! Iremos nos esconder
por toda Hogwarts, e você terá que procurar!! Ao todo somos cerca de cinqüenta!! Você não pode deixar passar
nenhum!! - disse Tiago - Nenhum, entendeu!!
Malfoy assentiu. Alvo se perguntou por que ele não reclamava, por que não dizia que era impossível achar cada um
dos alunos em uma Hogwarts tão escura. Por que?
Logo que isso começou, os alunos se dispersaram. Alvo notou que os alunos do primeiro ano seguiam os do segundo,
que provavelmente sabiam os melhores lugares para se esconder. Pensou em seguir seu irmão, mas de repente, teve
uma idéia melhor. Sentiu uma grande excitação se apoderar dele, o castelo as escuras, cheio de mistérios, pronto
para ser explorado. Saiu a mil por hora, completamente sozinho, até não poder mais ouvir Malfoy contando.
Alvo saiu andando sozinho pelos corredores escuros. Não havia por que procurar onde se esconder, Malfoy nunca o
encontraria. Continuou andando.
Havia muitas tapeçarias naquele andar, ele lembrava de seu pai ter falado para ficar atento a tapeçarias, pois elas as
vezes escondiam coisas interessantes. Ele estava olhando justamente para uma onde um bruxo tentava ensinar balé a
trasgos.
- Será que há mesmo algum segredo em vocês? - ele disse a tapeçaria baixinho
- Só digo se você disser por favor!! - disse a tapeçaria
Alvo deu um pulo para trás. De dentro da tapeçaria brotou o fantasma de um homenzinho de aparência irritante.
- Mas o que...Quem...
- Ora, ora!! - disse o homenzinho - Um calourinho fora da cama
- Eu...Mas..Quem!!
- Então NÃO SABE QUEM SOU EU!!!? - berrou o fantasma, e Alvo teve medo de que alguém o ouvisse.
- Eu...Por favor!! Não continue gritando!! Alguém vai te ouvir!!
- E SE EU QUISER QUE ME OUÇAM?!!!
Alvo estava prestes a começar a implorar. Mas aí, o fantasma olhou bem para ele.
- Ora se não é o Potter Pirado!! O que aconteceu Pirado? Encolheu?
Alvo se perguntou como aquele fantasma sabia seu nome. Mas aí a resposta veio a sua mente.
- Você está me confundindo com meu pai?
Alvo ouviu os passos de alguém vindo. Um professor? Um monitor? O zelador? tanto fazia, se ele nãos se livrasse logo
daquele fantasma, estava encrencado de qualquer jeito.
- Muito bem!! - disse ele - Seu nome é...
Os olhinhos pirracentos olharam para ele, rindo. Alvo tentou por tudo que era sagrado, lembrar das historias de seu
pai sobre Hogwarts. O problema, era que o Sr. Potter não falava muito sobre a escola, ele sempre dizia, que quando
chegasse a hora, ele iria ver por si mesmo. Como ele queria ter sabido mais, como Rosa sabia, se ela estivesse ali
saberia como mandar aquele poltergeis embora. Espera um pouco, o fantasma era um poltergeis, e só havia um
poltergeis em Hogwarts.
- Você é Pirraça!! - disse Alvo
Alvo mal teve tempo de suspirar aliviado, pois os passos no fim do corredor estavam mais fortes.
- Pra onde corro?
De repente, ele viu uma porta que não tinha notado antes. Uma sala bem em frente a tapeçaria. Ele entrou
rapidamente.
Era apenas um armário cheio de vassouras. Ele ficou espiando com a porta entreaberta, o movimento do lado de fora.
O sujeito que ía passando era bem menor do que ele esperava que fosse, não, era apenas um aluno do primeiro ano.
Por um momento, Alvo pensou que fosse algum dos que estavam brincando de esconder, mas aquele garoto não era
da Grifinória. Ele sabia por que o Chapéu Seletor havia gritado duas vezes para ele "Sonserina", e ele se lembrava
bem da cara do sujeito.
Então, a última coisa que ele esperava aconteceu. Quando ele se voltou para olhar para frente, deu de cara com
alguém de cabelos cor de palha, pele pálida, e olhos muito surpresos.
- Achei!! - disse Malfoy
Então se voltou para sair correndo.
Alvo ficou pasmo por uns dois segundos. Ele não esperava que Malfoy realmente pudesse achar alguém naquele
castelo enorme, muito menos ele. Então ocorreu-lhe um pensamento, e se ELE, Alvo, fosse o único a ser achado?
Como os outros passariam a tratá-lo?
Ele disparou feito louco ao encalço de Malfoy. Com tudo as escuras, ele nem pensou onde estava indo, só seguiu o
Escórpio onde quer que ele fosse.
Alvo viu Escórpio virar um corredor, e foi em seu encalço. Só então, ele percebeu onde estava, Estava numa longa
sacada externa, podia ver a lua cheia lá no alto, e podia sentir as possas de água da última chuva de verão. Correu
atrás de Malfoy com toda a velocidade que podia, e o passou.
- Aha!!! - disse Alvo quando o ultrapassou na corrida.
Com os olhos no fim da Sacada-corredor, ele viu a porta, que provavelmente, os levaria para algum lugar perto do
Quadro da Mulher Gorda.
Ele olhou para trás, e viu Malfoy se segurando, pendurado para o lado de fora da amurada.
- Me ajuda!!! - disse ele escorregando na pedra molhada - Eu escorreguei!!
Alvo não pensou duas vezes. Voltou e estendeu a mão para que ele a pegasse.
- Me dá a mão!!
Escórpio estendeu, mas quando Alvo tentou puxá-la, ele também escorregou, e caiu por cima da amurada.
- ARRE!!!
Alvo caiu de lá, e atingiu o telhado que havia pouco embaixo, então escorregou por ele até seus pés tocarem as
calhas que haviam nas beiradas. Lá embaixo, o aguardava uma queda de vários metros.
- SOCORRO!! - berrou Malfoy
- Fica quieto!! - disse Alvo - Se você acordar alguém, podemos ser expulsos!!
- Se eu não acordar alguém!! Vamos morrer!! - disse Escórpio
Alvo olhou ao redor.
- Como é que a gente sai dessa? - disse Escórpio
- Tô pensando nisso!!
Ele olhou para o lado. Viu que perto do pé do Malfoy havia um mastro.
- Escórpio!! - disse Alvo - Tem um pedaço de ferro aí na parede, se puder usá-lo para se impulsionar pra cima, talvez
você possa ir até nossa Sala Comunal, e chamar a Rosa.
- Belo Plano Potter!! - disse Malfoy - Chame a garota!! Ela resolve!! Cara, eu não sei se passou pela sua cabeça mas
eu não sou o cara mais popular daqui!!
- O que quer dizer?
- ELA NÃO VAI ACREDITAR EM MIM!!! - berrou Malfoy
- Fica quieto!! - disse Alvo - Pare de gritar!! Vai acordar o castelo inteiro!!
- Então vê se pensa em coisa melhor!!!! - disse Malfoy
Alvo sentiu a calha de pedra sob seus pés começar a se partir. Ele tinha de pensar em alguma coisa depressa.
- Certo!! - disse ele tentando permanecer calmo - Escórpio, eu tive uma idéia, você não consegue mesmo alcançar o
ferro aí do seu lado?
Ele lentamente se deixou escorregar pelo telhado até se colocar ao lado de Alvo.
- Ok!! - disse Malfoy - Agora estamos os dois encrencados!!
Nessa hora, ele estava se lembrando de algo que havia acontecido meses atrás com ele. Nas férias do seu irmão
Tiago, Alvo não parava de incomodá-lo perguntando a ele como era Hogwarts. Seu irmão, naturalmente o repelía,
dizia que em alguns meses ele iria descobrir. Porém, a curiosidade e o medo eram cada vez mais intensos, e quando
Alvo voltou a interrogá-lo, Tiago usou um feitiço nele.
Sua mãe, Gina havia posto Tiago de castigo por usar magia fora da escola, mas Alvo jamais esqueceu o feitiço que
seu irmão havia jogado nele, um feitiço que o ajudaria naquele momento, mas ele tinha medo de ser avançado
demais para ele.
- Mas o que foi que você fez com você mesmo!! - disse Malfoy
- Deu certo!! Não acredito, deu certo!! - falou Alvo - Agora, me dá sua mão, eu vou balançar você de volta para a
sacada.
Malfoy se esticou e agarrou o pulso dele, a metros acima. Então, alvo começou a se balançar, firmemente seguro pela
força invisível. Ele o balançou cada vez mais forte.
- Prepare-se para soltar!! - disse Alvo
- Falou!! - disse Malfoy
Eles se soltaram, e Escórpio foi arremessado para dentro da sacada.
- Isso!!! - disse Alvo - Certo!! Agora, me ira daqui.
De repente, Escóripo saiu correndo. Nessa hora, Alvo empalideceu. O que ele fizera, acabara de livrar a cara de um
Malfoy e se colocado numa pose completamente ridícula, e inútil. Como ele fora inocente, ele deveria ter pensado em
uma traição.
- Voltei!! - disse Malfoy
Alvo olhou para ele, de cabeça para baixo.
- Na queda, minha varinha voou pro fim da sacada, foi mal a demora.
Alvo olhou para ele. Será que ele ainda não percebera que tudo aquilo era uma pegadinha? Ele estava prestes a falar
algo quando ouviu o som de maçaneta girado.
Com horror, os dois garotos assistiram a porta do fim da sacada se abrindo...
Alvo sentiu uma verdadeira guinada no estômago quando de repente, a porta perto deles se escancarou.
- Mas o que...!!!
- A!! Aí estão vocês!! - disse a conhecida voz de Rosa
Alvo simplesmente não acreditou. Havia muitas coisas fora do lugar ali. Como Rosa poderia estar ali?
- Alvo!! - chamou ela.
Ele acordou.
- Rosa!! O que você está fazendo aqui!!!
- Como foi que nos achou!!! - disse Escórpio
Rosa estava prestes a dizer alguma coisa, mas pareceu mudar de idéia.
- Isso não importa!! O que VOCÊS estão fazendo aqui? Por que todos os meninos estão rodando por Hogwarts?
- Pique esconde!! - respondeu Malfoy
- Mas a essa hora!!! - disse ela
A cabeça de Alvo parecia que ia explodir de tanta confusão.
- Como é que você sabe que todos os meninos estão andando pela escola!!!
Rosa pareceu irritada.
- Por que você faz tantas perguntas!!
Alvo estava prestes a responder, mas aí, Malfoy pediu silêncio.
- Quietos!!
Eles aguçaram os ouvidos. Alguém estava vindo.
Gritaram a senha e passaram a jato sem nem dar bola para os comentários malcriados dela por a acordarem no meio
da noite. Passaram pelo retratos, alcançaram a Sala Comunal, e se jogaram nos sofás.
- Ufa!! - disse Escórpio - Isso é o que eu chamo de por um fio.
Isso é o que eu chamo de extrema burrice!!! - disse Rosa - Como é que vocês caem nessa tão facilmente!! Não
acredito nisso!!
- O que? - disse Escórpio - Escuta garota, a gente estava se virando muito bem sem...
- Ah é!! - disse ela com ironia - Escuta aqui MALFOY, pouco depois de você sair, todos os meninos começaram a voltar
para dentro da Sala Comunal! Eles iam deixar você rodando até não poder mais, ou ser pego e expulso!!
- E ainda chamam Grifinória de A Casa dos Nobres!! - disse Escórpio - Não ví nenhuma nobreza nos seus amigos!!
Alvo assistiu Rosa ficar sem palavras, o que era simplesmente inédito.
- É...Bom...Acho que eles passaram dos limites!! Mas afinal, por que você veio para a Grifinória!!?
- Por que eu pedi!!! - disse Malfoy - Minha familia inteira veio da Sonserina!! A casa dos astutos!! Mas eu queria ser
da Grifinória, por que sempre ouvi que era a Casa dos Nobres, e era para cá que queria vir!! Tô começando a achar
que deveria ter ouvido o meu pai!!
Harry acordou suando frio. Tivera um sonho horrível, onde ele via Voldemort vivo novamente, atacando e matando.
Esfregou a cicatriz, mas ela não doía. Afinal, fora só um sonho normal, de um ser humano normal, após seu inimigo
ser derrotado.
Já estava amanhecendo, ele sabia que dia era aquele, era o dia do Grande Funeral. O funeral de Voldemort, e dos
seus Comensais mortos na guerra contra Hogwarts. E também seria o enterro de todos os que morreram lutando
contra ele. Se falava em faze um grande Memorial perto do Tumulo de Dumbledore em Hogwarts, e Harry apoiava
essa idéia. Mas para Voldemort e seus seguidores, ficava difícil. Ninguém sabia direito o que fazer com o corpo do que
fora o maior dos piores bruxos do Mundo.
Ninguém, exceto ele, Harry, que sabia exatamente o que fazer e disse isso a Kingsley quando o encontrou, alguns
dias atrás.
- Vamos queimá-los!! - disse Harry
O Ministro olhou para ele. Os bruxos a volta dele pareceram ficar chocados.
- queimá-lo!! Mas... isso é inaceitável!!
Harry olhou para aqueles Curandeiros, que estavam sob a posse do corpo do Lord das Trevas.
- Sim!! Vamos queimá-los!! - disse Harry - Acho que seria..hum...adequado!! Daria a eles algum respeito, e poria um
fim a eles de uma vez!!
Kingsley concordou com ele imediatamente, o que surpreendeu Harry, pois nunca em sua vida vira alguém concordar
assim tão rápido com ele, mais ainda, sendo ele o Ministro da Magia.
No fim, naqueles poucos dias que se passaram desde a festa na casa dos Dursley, o mundo da magia começou a
novamente a entrar nos eixos.
Harry se levantou, decidido a espantar o sono. Ele precisava se levantar, para finalmente por um fim, no que parecia
ser aquela interminável saga. Voldemort finalmente iria partir para sempre. Disso ele tinha certeza.
Monstro se afastou, provavelmente para limpar alguma coisa, e deixou Harry com seus pensamentos.
Depois de tomar café, Harry se preparou para sair. Foi para fora, e aparatou para o Ministério.
Com a cabeça ainda rodopiando, ele andou pelo saguão que havia se materializado sobre seus pés. Agora, era só
saber onde seria queimado o corpo de Voldemort. Ficou refletindo que tipo de sala usariam para queimar o bruxo. Não
poderia ser uma sala muito utilizada, talvez até uma sala abandonada. Afinal, ninguém iria querer trabalhar numa
sala em que fora queimado o corpo do pior bruxo de todos os tempos.
- Harry!!
Ele se virou. Era o Sr. Weasley, junto com o resto da família, além de Fleur e Hermione.
- O que estão fazendo aqui? - disse Harry sem entender por que todos os Weasleys haviam resolvido fazer uma
reunião no Ministério da Magia.
- Viemos ver A Pira!! - disse Rony se aproximando
- É o que???
- Voldemort vai ser queimado hoje!! E todos nós estamos indo vê-lo!! Será no Departamento de Mistérios, no
Tribunal.
A cabeça de Harry entrou em parafuso. Como assim eles vieram ver a Pira? Que história era aquela? Quem em sã
consciência iria querer ver aquilo?
Harry, e os Weasley, desceram até o Departamento de Mistérios, para o lugar em que a pira seria.
Quando entrou, Harry teve a sensação estranha de ter entrado num buraco. Todos vestidos de tão negro que
pareciam vestidos da própria escuridão. Havia muitos ali, alguns fotógrafos inclusive, e alguns jornalistas. Quase
tantos quanto havia no Tumulo de Dumbledore, ao pensar no Tumulo dele, Harry se deu conta que aquilo era sem
duvida o completo oposto do Túmulo Branco.
O lugar passava uma sensação de enclausuramento, e raiva. A pira havia sido colocada bem aonde costumava ficar a
cadeira cheia de correntes. Era como uma enorme tigela de pedra negra com uma escada de pedra na lateral, com
palha enchendo todo o interior. E bem no centro, um cadáver enrolado dos pés a cabeça com uma mortalha negra.
- Bom!! É isso aí!! - disse Rony vendo aquilo
Harry olhou pra ele, e achou que ele parecia um tanto nervoso. A cara dele estava meio pálida.
- Não seja ridículo Rony!! - disse Gina - É só um...defunto!! Um defunto que já matou um monte de gente, mas ainda
assim!! É só um...morto!!
Harry pensou com seus botões que as palavras de Gina pareciam funcionar ao inverso. Ao invés de Rony relaxar, ela
começou a parecer estranha.
- Vai ficar tudo bem!! - disse Harry
E passou o braço no ombro dela.
Quando todos assumiram seus lugares, O Ministro Kingsley assumiu seu lugar, no alto da pequena escada de pedra
da pira.
- Bruxos e Bruxas!!! - entoou ele com sua voz grossa e confiante - Esse é um dia único para nós, e pra todo o Mundo
Bruxo!! Um grande mal partiu, e estamos aqui para despachá-lo para fora de nossas vidas para sempre!! Foram
muitas horas de desespero por causa desse individuo!! E ninguém mais viveu com mais força esses tempos escuros,
dos que Harry Potter!!
Ele apontou para Harry, convidando-o a vir a frente. Harry se sentiu subitamente frio por dentro.
Harry se levantou, consciente que muitas pessoas agora o olhavam. Ficou pensando no que iria dizer. O que se diz
afinal no funeral do seu pior inimigo? Ouviu o clique das maquinas Fotográficas dos jornalistas. De repente, Harry viu
brotar do meio da multidão alguém que pensou que nunca mais iria ver novamente.
O caos que se instalou foi enorme. As pessoas gritavam, e protestavam. Kingsley tentou restabelecer o controle, mas
sem sucesso. Os bruxos lá dentro já estavam tensos, a confusão que Harry começara fora a fagulha que iniciou um
incêndio.
- Todos pra fora!! - gritou alguém - TODOS PRA FORA!!!
A multidão desorientada foi meio que cuspida para fora. Harry viu Os Weasley tentando se manter juntos. Seu olhar
foi de Rony e Hermione, para Gina. Ele estava longe demais para alcançá-los, então, se manteve parado.
A sala se esvaziou rapidamente. Harry se manteve parado, e foi subindo a grande arquibancada que era a sala do
Tribunal, conforme as últimas pessoas iam passando. Foi se deixando por último.
A Sala do Tribunal ficou num silencio absurdo. Harry sentiu um calafrio percorrer sua espinha.
"Mas o que ha comigo?" disse ele a si mesmo "É só um cadáver".
Ele se virou para a frente do Tribunal. Lá estava a Pira, com Voldemort deitado lá no meio. Subitamente, veio a Harry
a imagem da criança flagelada em King Cross, quando estivera tão próximo da morte, e voltara. O que sentiu foi pena
daquela figura. Ele realmente jamais poderia lhes fazer mal algum de novo. Talvez agora, nesse exato momento,
estivesse se arrependendo de tudo.
Mas aí, algo aconteceu, algo muito estranho. Harry começou a ouvir um barulho. Por um momento delirante, ele
pensou que vinha da Mortalha. Mas aí, dois bruxos aparataram ali, perto da Pira. Harry saltou para trás das cadeiras
para não ser visto.
Harry levou alguns segundos pra entender quem eram aqueles homens. Eram curandeiros, os curandeiros que
queriam estudar o corpo de Voldemort. O sangue dele subiu. Ele agarrou a varinha, e saltou para fora do esconderijo.
Harry se postou, ereto, sobre as escadas.
- PARADOS!!!
Os dois curandeiros olharam para cima. Um deles ficou branco como papel, o outro também pareceu bem surpreso. O
primeiro era baixo, e meio barrigudo, com cabelos rareando. O outro era bem magro e alto, completamente careca, e
com olheiras profundas nos olhos.
- Sr Potter!! - disse o das olheiras - É sem duvida uma surpresa, estávamos apenas...
- Ei sei o que estavam fazendo!! - disse Harry - E não vão conseguir!! Os segredos dessas Magias das Trevas vai
queimar com ele - Harry apontou a varinha.
Harry ficou estático com o que ouvira. Que tipo de maluco iria querer aquele tipo de poder. Poder que ELE, Harry, vira
tão de perto ser usado para destruir.
- Você está louco, homem!! - disse Harry
Ao ouvir isso, rápido como nada que Harry já vira, ele sacou a varinha. Harry mal teve tempo de gritar "Protego". O
feitiço o jogou escadaria acima.
- Você é um tolo, Harry Potter!!
Harry ofegou. Sabia muito bem que Curandeiros eram Mestres da Magia muito poderosos. Sua mente o levou de volta
a Hogwarts, para a lista dos NOMs necessários para se tornar um Curandeiro. "Vai dar trabalho"
- Estupefaça!!!
O adversário bloqueou. Harry aproveitou para rolar para o meio das cadeiras.
- Isso não vai adiantar, Sr. Potter!!
Harry se levantou do meio delas.
- Accio Cadeiras!!
Imediatamente, as cadeiras que estavam atrás do outro, voaram em sua direção, e acertaram o Curandeiro.
- Mas que...
O Curandeiro apontou a varinha, e as cadeiras pararam em pleno ar.
- Depulso!!! - berrou Harry
As cadeiras que o rodeavam, voaram para cima de seu adversário, que por sua vez, usou o mesmo feitiço para pará-
las.
As cadeiras agora estavam em pleno ar. Nesse meio tempo, Harry viu algo estranho acontecendo perto da Pira. O
outro sujeito estava perto de lá, executando algum feitiço com a varinha.
- PARE!! - berrou Harry - NÃO FAÇA ISSO!!
Ele nem parou para se perguntar o que era o "isso" que estava sendo feito. Tinha que detê-lo.
Mas aí, para a surpresa de Harry, o homem com que duelava acenou para as cadeiras que flutuavam. Todas se
transformaram de repente em águias, e saltaram ao ataque.
- Estupefaça!!! - berrou Harry
Algumas poucas caíram no chão. As restantes voaram para o alto do teto, para um novo ataque.
- Não adianta, Sr Potter!! - disse o duelista sorrindo - Elas não pararão de atacá-lo!!
Nisso, Harry tinha que concordar. Mesmo que ele conseguisse evitar ser morto a picadas, jamais conseguiria
convencer aquelas aves a parar. "Mas eu não preciso convencê-las”
Então se virou para o outro, que ainda estava perto fo corpo de Voldemort.
- INCENDIO!!
Chamas brotaram da varinha, e espirraram sobre a Pira. A coisa pegou fogo de uma vez só. O Curandeiro deu um
pulo para trás, e acabou caindo no chão.
Na Pira, algo estranho aconteceu. As chamas se tornaram negras durante alguns segundos, então, uma fumaça
escura foi cuspida, e o fogo voltou a queimar alaranjado.
- Agora, toda a magia daquele corpo foi queimada!! - disse o Curandeiro - FELIZ AGORA?
Harry sorriu.
As portas da Sala se abriram. Kingsley entrou com varinha em punho, seguido pelo Sr. Weasley, e de uma frota de
aurores da Ordem de Fênix. O Curandeiro se encolheu contra a parede.
-Harry!! Você está bem? - disse Kingsley
-Estou!! Eu consegui derrotar os...Um minuto, por que está me perguntando isso?
-Assim que saímos a sala se trancou por magia, e não conseguíamos aparatar para dentro!! Pensamos que eram
Comensais foragidos tentando uma vingança contra você!!
-Harry!!
O cabelo vermelho de Gina brotou do meio da multidão, e correu até ele.
-Você está bem? O que aconteceu?
-Não!! Está tudo OK, eram apenas alguns Curandeiros tentando um golpe!! O que aconteceu com Rita Skiter?
-Estamos cuidando disso!! - disse o Sr Weasley - O fato de ela ser uma Animago finalmente me dá algum protesto
para prende-la!!
Harry sorriu. Estava prestes a dizer mais alguma coisa, mas aí.
-HARRY!!!! MEU QUERIDO!!
Ele olhou para o lado, e não viu mais nada. A Senhora Weasley os estava abraçando tão forte que tapava
completamente sua visão.
-Os Comensais machucaram você? Eles ainda estão aqui? EU VOU MATA-LOS!!
-Molly, calma!! - disse o Sr Weasley chegando logo depois
-NADA DE CALMA ARTHUR!! O Ministério continua tão incompetente quanto antes!! Veja só!! Como podem Comensais
aqui!!
-Mãe - começou Jorge - nem sabemos se foram eles...
-É CLARO QUE FORAM!!! - berrou Molly - Quem mais iria querer mal ao Harry!!
Harry gostaria de ter lembrado a ela de que havia uma longa lista, mesmo sem os Comensais, mas não conseguia
nem respirar.
Nessa hora chegaram os repórteres. O click das câmeras inundou o local, e os gritos de "Uma palavrinha!! Por Favor,
Harry Potter" se foram ouvidos, ecoando por todo o local.
- SAIAM DE PERTO, SEUS RATOS!! - berrou a Sra. Weasley - ELE PRECISA DESCANÇAR AGORA!!
Harry ficou bem feliz por a Sra Weasley ter lhe soltado nessa hora.
Assim que Harry e os Weasley conseguiram deixar para trás o último repórter, Harry se deixou ficar um pouco para
trás junto Rony e Hermione.
- E então!! - disse Rony - O que aconteceu lá de verdade?
- Dois Curandeiros muito estranhos invadiram a Sala de Julgamento!! - disse Harry - Acho que queriam roubar o
cadáver de Voldemort!!
- Que nojo!! - disse Rony - Pra que alguém iria querer isso?
- Francamente Rony!! - disse Hermione - Como pode ter freqüentado Hagwarts por tanto tempo, e saber tão pouco a
respeito de tudo?
- Fácil!! Não sendo você!! - disse Rony
Hermione olhou para ele com um olhar fulminante.
- Meu anjo!! - ele completou.
Harry se permitiu sorrir. Rony e Hermione deveriam ser um casal bem engraçado.
- Mas então!! - disse Rony - Afinal, o que você sabe sobre esses Curandeiros?
Hermione olhou para eles com um olhar enigmático.
- Não tanto quanto gostaria!! Mas lembro de ter lido, que o Mundo Bruxo consegue alcançar segredos de bruxos já
falecidos analisando o corpo deles. E como com os Trouxas, quem analisa e estuda esses corpos são os Bruxos
Médicos!! Os Curandeiros!!
- O que são mé... Ah!! Esquece!! - disse Rony
- Como é que eles fazem isso? - disse Harry - Como conseguem extrair alguma coisa de um corpo morto?
- Com magia, Harry!! - disse Hermione
- Rony!! Harry!! Hermione!! Não fiquem para trás!! - disse a Sra Weasley - Eles...nos estão esperando!!
A voz dela ficou embargada. Nessa hora, Harry se virou para Rony. Naquele ínfimo momento em que os três haviam
ficado a sos, ele parecia ter se esquecido da morte dos irmãos, mas agora, o peso da tristeza voltava a transparecer.
Harry suspirou fundo. Não era ora de se preocupar com dois Curandeiros idiotas. Ele havia dado adeus ao inimigo, e
era ora de dar adeus aos amigos também.
- Estamos aqui, para dar adeus, aos grandes heróis da batalha de Hogwarts, que deram suas vidas por um Mundo
Bruxo livre e justo...
Harry de repente se sentiu um enorme peso no peito. Era a culpa de não ter sido capaz de salvar aqueles amigos,
mas ele já estava preparado para esse sentimento. Ele o enfrentara quando estava prestes a se entregar a Voldemort.
Ele se virou, e viu Rony ao lado de Hermione. Ele não se lembrava de ver o amigo parecer tão exausto desde a época
em que eles tinham que rodar pelo pais na Clandestinidade carregando uma Horcrux no pescoço.
- Harry!!
Ele olhou para o lado. Era Gina, que olhava para ele com uma expressão desolada. Parecia estar se segurando para
não acabar chorando. Gina que sempre lhe pareceu tão forte. Harry a abraçou, e ela caiu no choro.
- Harry!! Me desculpa!!
Harry continuou consolando-a. Ela era valente. Procurava enfrentar tudo sozinha. Mas a morte de Fred e dos demais
era muito pra qualquer um. Até para ele, Harry, que já sentia lagrimas quentes no rosto.
- ...e por isso, dizemos descansem em paz heróis!! Com a segurança de que o trabalho que ajudaram a concretizar
está feito!! E que ajudaram criaram um mundo melhor!!
Percy fechou o discurso que estava lendo. Todos aplaudiram. Ele parecia com dificuldade de respirar. Harry viu ele
trocar um olhar com o irmão Jorge.
- Bem... - disse Percy - Eu achei que se Fred pudesse dizer algo aqui agora, ele diria: Por que essas caras feias? Não
lembram que ainda resta mais um de mim?
O comentário fez as pessoas caírem de vez no choro. Era realmente o tipo de piada que Fred faria. E pela primeira vez
na vida, Harry pode ver um Gemeo Weasley chorar.
Foi naquela hora que ele tomou uma decisão. Harry sabia que havia algo ainda que ele podia fazer por Jorge, e que
deveria fazer. Ele se afastou de Gina, e foi até ele.
- Oi Jorge!! - disse Harry
Jorge limpou as lagrimas, e olhou para Harry.
- E ae cara!! - disse ele
Harry enfiou a mão no bolso e tirou um pedaço de pergaminho.
Capítulo 7 -
Alvo se levantou naquela manhã quase sem disposição. Andava cansado desta brincadeira de pique esconde em
Hogwarts. Por sorte, o final de semana estava chegando, e ele poderia ajeitar seu horário, e seus deveres escolares,
que já começavam a se acumular. Rosa já havia terminado os seus, ela era sem duvida um gênio.
Depois de se vestir e descer para o Café da Manhã, Alvo se lembrou de Escórpio. Será que todos continuavam a
enchê-lo? A resposta veio quando ele chegou no Salão Principal.
- Me devolve meu Livro seu bastardo!!
Um dos garotos mais altos da Grifinória segurava o livro de Escórpio no alto, e ele pulava para pegá-lo. Um grupo de
garotos que parecia ser do quarto ano ria ao lado dele. Os professores estavam distraídos por uma pequena confusão
na mesa da Sonserina, e não estavam vendo. Alvo procurou por Rosa no meio dos alunos do primeiro ano.
- Aqui!! - Chamou ela
Alvo olhou para ela, e sorriu. Correu para lá, e se sentou ao seu lado. Os dois estavam de costas para Escórpio, e os
implicantes.
- Me devolve isso!!!
O aluno jogou o livro no chão, e chutou.
- Vai pegar seu Sonserinosinho invasor!!
Escórpio olhou para ele cheio de fúria.
Escórpio estava com a cara de alguém quem nem acredita no que vê. Os alunos do quarto ano vacilaram ao olhar
para Alvo.
Alvo olhou, e deu com um monte de caras surpresas e estupefadas, cochichando, e falando. Ele sentiu um frio enorme
no estômago, e depois muito calor.
- Eu...eu...eu não entendo!! E daí se eu sou filho do meu pai?
Rosa riu.
- Deixa pra lá!! Depois eu te explico!!
- Vocês...
Eles olharam para trás. Alvo quase tinha se esquecido de Escórpio.
- Vocês me ajudaram... Por que?
- Bom... - disse Rosa - EU e Alvo conversamos, e achamos que você não é tão ruim quanto achamos que era!!
Um minuto de silencio. Então Rosa começou a rir. Escórpio pareceu ser infectado pelo riso, e começou a rir também,
e, sem nem saber por que, Alvo também riu. Os três ficaram dando gargalhadas, até perceberam que todos
continuavam olhando. Então se sentaram juntos para tomar café.
Os três terminaram juntos o café. Logo depois, houve a costumeira revoada de corujas correio. Alvo esperou a sua,
cheio de doces, e cartas da família. Assim também fizeram Rosa e Escórpio.
Alvo apanhou suas cartas. Havia três. A primeira, era da sua mãe Gina, e de todos os da família de Rosa
parabenizando-o por ter ficado na Grifinória, e desejando um bom ano letivo. A segunda, era do tal Rubeo Hagrid, a
quem tinham conhecido na entrada.
"Caro Harry
Espero você e seus amigos na minha cabana hoje, para tomar chá. Se não houver problema com a escola e tudo
mais, envie-me uma carta. Tenho uma surpresa que talvez você goste"
Alvo estranhou a carta. Não só pelo convite repentino, mas pelo erro no nome do destinatário.
- Aai!! - lamentou Escórpio
- Qual é o problema agora? - disse Rosa
- É uma carta do meu pai!! - disse Escórpio sacudindo o pergaminho trazido por uma lustrosa coruja negra - Ele não
gostou muito de eu ter vindo parar na Grifinória!!
Alvo e Rosa se entreolharam.
- Er...desculpa a gente não ter tomado a iniciativa de te ajudar a mais tempo!! - disse Alvo - Mas é que...bom...Você
sabe...
- É!! Eu sei!! - disse Escórpio
Ele apertou a carta firme com o punho.
- Mas quer saber!! Acho que fiz a coisa certa!! Estou na casa dos grandes bruxos heróis!! Acho que mereço poder me
orgulhar por ser parecido com gente como!! Godrick Grifinória, Alvo Dumbledore, e até mesmo Harry Pott...!!!!! Ops!!
Alvo olhou para ele surpreso.
- O que?
- É que...Sabe, seu pai!!
- O que é que tem? - disse Alvo
Rosa fuzilou Escórpio com seu olhar.
- O que foi? - disse Alvo
Rosa olhou para ele.
- Eu disse que te explicava mais tarde!!
Alvo só não questionou, por que ainda havia uma carta que ele ainda precisava abrir. A de seu pai.
"Caro Alvo
Espero que seu começo de ano letivo tenha sido bom, e que o chapéu tenha lhe falado coisas interessantes, ele tem
esse habito. Quando chegar, vá falar com Hagrid, ele é um antigo amigo meu a quem não te apresentei.
Sobre Hogwarts, eu tenho um conselho,
Explore o máximo que puder. Não perca nenhuma oportunidade. Hogwarts esconde segredos incríveis, que somente
os mais corajosos, inteligentes, puros e astutos poderão descobrir. Fique atento a portas que desaparecem, e a
câmaras escondidas. Cuidado com o Pirraça, ele tem um gênio péssimo. Fique o mais longe possível da Floresta
Proibida, ela tem bons motivos para se chamar assim. Não se esqueça de visitar o tumulo daquele de quem herdou
seu nome.
Lembre-se de que todos aqui em casa estão sempre torcendo por você. "
Quando Alvo terminou de ler, seu coração estava descompassado. Parecia que tinha um leão dentro de si, gritando de
alegria e excitação. Naquele momento, ele teria encarado um trasgo só pelo prazer da aventura. Justo ele, que nunca
fora do tipo corajoso.
Mais tarde naquele dia, Alvo, Rosa e Escórpio foram descendo os terrenos de Hogwarts se encontrar com Hagrid.
- Tem certeza de que vão mesmo lá ver o Guarda Caças? - disse Escórpio - Meu pai disse que ele é um Meio Gigante
com problemas mentais, e que era pra ficar longe dele!!
- Duas palavrinhas para você!! Malfoy!! - disse Rosa sorrindo - Harry, Potter!!
Alvo ficou atendo.
- O pai do Alvo confiava nele, então, acho que devemos confiar também!!
Escórpio deu de ombros.
- Bom!! Se o Harry Potter diz...
- Afinal, qual é a de vocês com o meu pai? - disse Alvo
Rosa olhou para Escórpio, ele deu de ombros. Ela então tirou a mochila que carregava nas costas, e tirou um livro da
mochila.
- EI!! - disse Alvo - Eu sei que livro é esse!! Foi sua mãe que escreveu, não é? Se chama "As Grandes Histórias de
Hogwarts"
- Esse livro não é meio plagio de Hogwarts, uma História? - disse Escórpio
Rosa virou para ele com as orelhas vermelhas.
- Quer um tapão Malfoy?
- EIM? Não!! Eu só tô falando o que parece!!
- Você FALA DEMAIS!!
Alvo revirou os olhos.
- Querem parar vocês dois? - disse ele - O que o meu pai tem haver com o livro da Tia Hermione?
Rosa lançou um olhar furioso para Escórpio, que levantou as mãos em sinal de paz. Então ela abriu o livro com um
sorriso orgulhoso.
- Esta escola sempre esteve envolvida na política do Mundo Bruxo, e desde que Dumbledore assumiu a direção, e
começou a guerra contra o Lord das Trevas, Hogwarts meio que assumiu a guerra.
- Guerra contra quem? - disse Alvo
Escórpio olhou para ele surpreso.
- Você...você não sabe quem é o Lord das Trevas? - disse Escórpio abobado
- Não!! E deveria? - disse Alvo
Rosa riu.
- Eu não sei como é na sua casa Malfoy!! - disse ela - Mas na casa dos Potter, ninguém fala em Voldemort a anos, e
minha mãe me disse que o Tio Harry não achava que Alvo nem ninguém precisava saber nada sobre seus feitos como
herói.
- Herói??? - disse Alvo, agora ele estava mais confuso do que nunca.
- Tio Harry foi um dos maiores heróis que o Mundo Bruxo já conheceu!! - disse Rosa - Você nem faz idéia!!
Enquanto andavam para a casa de Hagrid, Rosa começou a lhe contar tudo. Contou sobre os Comensais da Morte,
sobre o Ministério repressivo de Cornélio Fudge, e sobre uma Hogwarts tentando se manter no meio de tantos
conflitos.
- Então meu pai derrotou esses tais Comensais da Morte? - disse Alvo
- É!! - disse Rosa, olhando mais para o livro em suas mãos do que para o caminho que seguia - Eles foram uma das
mais poderosas e piores organizações de bruxos das trevas que já existiu.
- É!! - disse Escórpio - Meu pai me contou que os Comensais eram muito poderosos!! Os bruxos mais poderosos do
Mundo e...
- Mas o MEU TIO os derrotou!! - disse Rosa sorrindo - E se quer a verdade, minha mãe disse que ela e meu pai
ajudaram muito também!!
- Por que acha que tenho tanto respeito pela família de vocês? - disse Escórpio - Meu pai falava muito sobre o poder
dos Comensais, mas quando perguntei o que tinha acontecido com eles...bom, ele disse simplesmente "Um bruxo
mais poderoso os derrotou", foi quando fui procurar saber quem era esse cara!! O resto, li nos livros de história!!
Foram seguindo caminho a baixo até ver a pequena cabana de Hagrid, soltando fumaça por sua pequena chaminé.
- Nossa!! - disse Escórpio - Ele mora aí? O guarda roupa da minha mãe é maior do que isso!!
Alvo balançou a cabeça.
Os três entraram. Hagrid olhou para eles satisfeito. Eles se sentaram a mesa.
- Sabe Alvo! - disse Hagrid - Eu e seu pai sempre fomos muito amigos, sabe!!
- Então por que nunca vi você antes? - disse Alvo - Os amigos do meu pai sempre vão a nossas festas de ano novo e
Natal!!
- HAHAHA! - disse Hagrid - Eu sei!! Ele me convidou todas as vezes, mas... Todo o meu tempo livre infelizmente
esteve voltado para minha própria família!!
- Eu fico imaginando essa família!! - disse Escórpio
Hagrid olhou para ele, estranhando. Alvo achou que Hagrid nõ gostava muito de Escórpio, mas isso não era realmente
novidade. Quem é que gostava?
- Enfim! Eu disse a Harry para vir me visitar sempre, mas ele também esteve ocupado, com seus próprios afazeres!!
Então, eu nunca pude conhecer bem você e sua irmã! Ha.Ha.Ha! Claro, o seu irmão Tiago eu vejo muito!! Estas
sempre com os amigos fazendo travessuras pelos terrenos!
Alvo e Rosa se entreolharam sorrindo. Haviam decidido que Hagrid era boa gente, especialmente depois que ele
começou a contar histórias sobre
seus pais
- A qualé!! - disse Alvo - Isso é serio?
- É sim!! - disse Hagrid - Os três quase se mataram para conseguir levar Norberta para Carlinhos!! Ah, meu pequeno
Dragão - Ele suspirou - É claro, o SEU pai tentou atrapalhar de todas as maneiras!! - disse Hagrid apontando para
Escórpio
Escórpio estremeceu.
- Você é filho de Draco Malfoy, certo? - disse Hagrid
Escórpio acentiu sem olhá-lo nos olhos, mas Hagrid sorriu.
- Vejo que ficou na Grifinória!! Boa casa!! Acho que pelo jeito você é bem melhor do que seu pai!!
Escórpio levantou a cabeça surpreso, então olhou para Alvo e Rosa e sorriu.
- Sabem!! Um dos meus melhores amigos também veio de uma família de Sonserinos!! - disse Hagrid
Os três alunos se entreolharam.
- O nome dele era Sirius Black!! Morreu numa luta contra...bom, contra alguns bruxos ruins!!
Alvo nem precisou de livro pra saber que os "bruxos ruins" deveriam ser os tais Comensais da Morte.
- Bom!! Acho que já chega de chá!! - disse Hagrid sorrindo - É hora da surpresa!!
Ele se levantou com um sorriso misterioso, e saiu. Os três o seguiram, cheios de curiosidade.
Alvo caminhou para fora da cabana seguido de Escórpio e Rosa. Hagrid caminhou para a orla da floresta.
- Oh Ho!! - disse Escórpio
- E o que é agora? - disse Rosa
- Meu pai disse para ficar pelo menos a dez metros das árvores da Floresta Proibida.
- O meu também me recomendou pra ficar longe de lá!! - falou Alvo - Mas e daí? O que demais pode acontecer?
Afinal, estamos com o Hagrid!!
Escórpio deu de ombros.
De repente, do alto do céu, uma enorme criatura emplumada veio voando, e desceu num rasante. Alvo, Escórpio e
Rosa saltaram para longe.
Sob quatro poderosas patas, dianteiras de águia, e traseira de cavalo, estava um enorme hipogrifo cinzento.
- Cumprimentem o Bicuço!!
Alvo obedeceu. Bicuço olhou para ele profundamente. Então, ele dobrou os joelhos e retribuiu o comprimento. Hagrid
sorriu. Escórpio e Rosa também sorriram. Alvo se aproximou cautelosamente e tocou o bico do animal.
Depois disso, Alvo fez com que Rosa se aproximasse também, e fizesse amizade com o hipogrifo. Ele os aceitou até
rapidamente.
Só então, depois que teve certeza da afinidade de Bicuço pelos dois primos Hagrid permitiu que Escórpio também se
aproximasse. Alvo notou que o Bruxo estava tentando ser gentil, mas ainda não confiava inteiramente em Escórpio.
O Hipogrifo disparou. Alvo se agarrou como pode. As enormes asas cinzas se abriram, e o animal alado decolou.
Quando viu o chão se distanciar, Alvo sentiu uma onda de euforia explodir dentro de si. Ele e Bicuço voaram pelos
terrenos, direto para o castelo, e depois por entre as torres. Alvo sentia o sacolejo desconfortante das asas que
batiam, mas nem ligou. Ele estava nas nuvens, e bicuço parecia entender perfeitamente onde ele queria ir.
Ele olhou para o lago, e viu grupos de alunos fazendo algazarra e apontando para ele. E mais ainda. Olhou para as
estufas, e viu Neville com uma turma. Estava longe, mas deu pra ver que era ele. A turma de alunos olhava
estupefata.
Alvo achou que talvez fosse melhor ele descer, antes que arrumasse confusão.
- Desce, Asafugas!! - disse Alvo.
Acabara de decidir chamá-lo assim.
Ele planou de volta para a orla. Pousou nos jardins, e foi galopando até a floresta, onde antes mesmo de parar, ele
pulou do lombo.
- Agora, é o seguinte!! - disse Hagrid - Pode chamá-lo, como eu chamei, com um assobio forte!! Ele ouvirá, pode ter
certeza!!
O garoto ainda tremia pela adrenalina. Se virou para Rosa. Ela parecia doida para experimentar, e Escórpio também.
Ele mesmo mal podia esperar para outra rodada.
- EU...Eu posso pega-lo quando quiser? - disse Alvo
Mas antes de ouvir a resposta, a conversa foi interrompida por um grito.
- Alvo Potter!!! - gritou Neville, chegando pelos jardins.
Os quatro olharam para ele. Hagrid sorriu. Neville entrou no meio das árvores se abaixando. Ele limpava o roso sujo
de terra com um pano, e aquele rosto parecia branco.
- Olá Neville!! Como vão as plantas da estufa? Os vermes ainda estão causando problemas!
- Não Hagrid!! - disse Neville - As plantas estão bem!! O que não está bem é esse garoto!! O que você pensa que
estava fazendo?
- Eu...Bom!! - Alvo não sabia o que dizer.
- Ele estava voando com o hipogrifo dele - disse Hagrid com simplicidade - Não creio que haja problemas!!
- Mas há!! Hagrid!! Alvo não tem idade pra voar!!
- Com vassouras!! Mas não há restrição contra os animais!!
Neville esfregou a testa.
- Acho melhor levar isso a diretora!! - disse Neville
Hagrid pigarreou.
- Não há necessidade! Hora!! Foi apenas um vôo de hipogrifo!! Não há por que fazer tempestade em copo d'água.
Neville passou a mão pela testa até atrás da nuca, pensando.
- Bom...Talvez eu possa tirar por menos dessa vez!! Mas escute Alvo, eu sou o diretor da Grifinória, não posso deixar
os outros alunos vendo você voar por aí, como se os alunos da minha casa tivessem acesso livre aos hipogrifos!!
- Mas...mas... - Alvo estava revoltado, ele não poderia voar outra vez? - Mas EU tenho acesso a eles não é? Quer
dizer, o Hagrid me disse que o Hipogrifo é meu!!
Neville riu.
- Você é mesmo filho do seu pai!! Sempre voando por aí!! HAHAHA!!
Alvo olhou para os amigos confuso. Rosa deu de ombros, e Escórpio também parecia desnorteado.
- Mesmo assim, eu não posso permitir isso!! A menos que...
Alvo engoliu em seco, e olhou para Rosa,que lhe retribuiu o olhar de desanimação. Malfoy observou os dois sem
entender aquela troca de olhares.
-O que foi? - perguntou Escórpio - Algo de errado com seu pai?
Com o pai de Alvo? Não, não haveria problema. Ele com certeza gostaria de ver Alvo voando por aí. Mas sua mãe.
Gina Potter era meio super protetora com seus filhos. Não deixou que Harry ensinasse ele e aos seus irmãos a voar de
vassoura até os dose anos(é claro que seu pai os ensinou escondido). Não deixava Harry levá-los para ver seu
trabalho. E havia um monte de outras coisas que nem valia a pena se lembrar.
Se sua mãe soubesse da sua intenção de voar em hipogrifos, era obvio que nem ele, nem Rosa, e muito menos
Escórpio poderiam sair um metro do chão.
-Certo! - disse Neville - Se você concordar que seja desse jeito, irei avisar a diretora logo! Com a permissão de Harry,
acho que nós poderemos deixar vocês voarem quando quiserem.
O resto do dia decorreu normalmente, exceto uma coisa. Alvo notou que agora as pessoas o olhavam com ainda mais
curiosidade.
- É normal!! - disse Rosa - Não é todo dia que alguém cavalga num hipogrifo até a Torre de Astronomia!! HAHAHA
Alvo e Escórpio riram. Mas quando chegou a noite, na hora do jantar, Alvo começou a se sentir incomodado com todo
mundo. Afinal, fora só um hipogrifo.
Foi essa a hora que Skiper Lovegood resolveu reaparecer. Lá estava ele de novo, com seus olhos sempre atentos. Ele
se sentou ao lado de Alvo na hora em que Escórpio estava para fazer isso.
- Oi Alvo!! - disse ele
- Er...Oi!! - disse Alvo sem ter certeza do que era aquilo
- Sabe, só vim confirmar algumas noticias estranhas que tenho ouvido por aí!! Sabe, não tem nenhum instrumento
informativo em Hogwarts confiável, então temos que checar a validade dos boatos!!
Alvo olhou para Rosa, que lhe devolveu um olhar desentendido.
- O que???
- Estão dizendo por aí que você saiu fazendo acrobacias num hipogrifo!! E que os professores ficaram tão
impressionados que querem até te pagar para entrar no time de quadribol das casas.
Escórpio cuspiu no copo para segurar o riso. Aquilo era o cúmulo do exagero. Alvo ficou pensando quem seria idiota
de acreditar naquilo. Rosa ao seu lado parecia partilhar da mesma opinião.
- Escuta cara!! Não é nada disso!! - falou Alvo - Como é que um aluno do primeiro ano vai jogar quadribol? Eu mal sei
o básico que meu pai me ensinou.
- Mas o seu pai foi o Apanhador mais jovem do século!! - disse Skiper
Alvo ficou temporariamente mudo.
Mais tarde, naquela noite, ele Rosa e Escórpio saíram para o corujal para enviar a carta para Harry.
Os três decidiram passar na Sala de Troféus para que Alvo pudesse ver a Taça de Quadribol do seu pai.
- Puxa!! - disse Alvo - Eu sabia que meu pai era bom de vassoura, mas não sabia que ele era tão bom.
- Isso não é nada!! - disse Escórpio de olhos arregalados - Olhem só isso!!
Escórpio olhava para uma Taça que estava colocada num pedestal de honra. Alvo olhou para ela maravilhado. Estava
gravada com o nome de seu pai.
- Ao Sr. Harry Potter, pela Vitória no Torneio Tribruxo!!!
- Eu lembro disso!! - falou Alvo - meu pai me contou que ele havia competido no Torneio!!! Só não falou que tinha
vencido!!
De repente se sentiu frustrado, o que mais seu pai não lhe havia contado? Que outros feitos ele já teria feito, e ele
não sabia?
- Pessoal!! - disse Alvo - Quero saber tudo sobre meu pai!! Rosa, me ajuda na pesquisa?!!
- Tá brincando!! - disse Rosa - VOCÊ pesquisando? Eu gostaria de ver isso!!
- Eu quero saber tudo o que há para saber sobre meu pai!! - disse Alvo
- Eu até entendo a sua situação!! - disse Escórpio - Eu detestaria se meu pai me escondesse algo!!
Alvo olhou para ele surpreso.
- Então? Você também vai me ajudar?
- Claro!! Por que não!! - disse Escórpio
Ele sorriu.
- É claro!! Além disso!! Se eu não ficar com vocês, vou ser um alvo em potencial de novo!! Então não tenho muita
escolha!!
Eles riram.
Depois de ir ao Corujal, eles voltaram para a torre da Grifinória. A boataria estava em alta. Todos olhavam para Alvo,
para Rosa, e para Escórpio. Alvo estranhou mais ainda, pois eles olhavam até para seus amigos.
Por fim, eles se sentaram em frente a lareira para fazerem seus deveres. Já era tarde da noite quando todos
acabaram.
- Nossa!! - disse Escórpio - você é muito CRANIO!! - disse ele para Rosa
Rosa olhou para ele.
- Isso é um elogio?
- É claro!! - disse Escórpio imediatamente
- Nesse caso obrigada
Alvo pensou que, sendo ou não um elogio, Escórpio sem duvida sabia que o mais prudente era dizer aquilo. Seu pai
sempre lhe ensinou que nunca se deve aborrecer uma bruxa, em especial as inteligentes.
Alvo se espreguiçou e foi até a janela, pegar um ar. A noite estava, e havia muita nevoa na floresta proibida. Ele
pensou que a floresta parecia ainda mais assustara àguela hora.
Nessa hora, ele viu algo estranho. Havia alguém andando pelos jardins.
Alvo olhou para aquilo, tentando identificar o que era. Na verdade ele até sabia o que era, só não estava entendendo
o que estava fazendo lá.
Era um aluno de Hogwarts. Ele estava envolto em uma capa de frio, cobrindo o a cabeça com um gorro, mas ainda
era verão.
- Pessoal!! - disse Alvo - Vem ver isso!!
Escórpio olhou para ele.
- Que é? Tem algum lobisomem andando pelos jardins?
- Lobisomem??? - disse Rosa se pondo de pé com um salto.
Os dois correram para a janela, e se espremeram para olhar.
Seja lá quem fosse aquela figura, estava indo para a Floresta Proibida.
- Só pode ser um lobisomem!! - disse Escórpio - Quem mais andaria a noite pela Floresta?
- Nem é lua cheia!! - disse Alvo
- Vai ver lobisomens gostem de mato mesmo quando humanos!! - disse Escórpio rindo
Rosa olhou para ele com desprezo.
- Você é ridículo
- Foi só uma piada!!
Alvo continuou olhando. O sujeito se virou para olhar em volta.
- EI!! - disse Rosa - Que tal se a gente o seguisse?
- Ficou maluca? - disse Escórpio
- Por que não? - disse Rosa
- Posso citar alguns bons motivos pra você
- Psss!! - Alvo pediu silêncio - Deixa eu ver para onde ele foi!!
Rosa saiu dalí, e correu para o dormitório das meninas.
- Aonde você vai? - disse Alvo
- Pegar uma coisa!! - disse ela
Alvo e Escórpio ficaram de olho. O sujeito sumiu pela orla da floresta proibida. Depois disso, mais nada aconteceu.
- Quem você acha que era? - perguntou Escórpio
- Sei lá!! - disse Alvo - O que você acha que alguém iria querer na Floresta Proibida?
- Bom... - disse Escórpio - Vai ver...Sei lá...A floresta é cheia de animais esquisitos
Alvo não achou que isso respondia a pergunta.
Depois que ele subiu. Ele e Rosa foram para os sofás em frente a lareira, e começaram a arrumar os pergaminhos, os
vidros de tinta, e as penas.
- Tá bom!! - disse Alvo - O que quer me falar!!
Rosa sorriu de modo travesso.
- Na verdade!! Eu não tinha ido buscar um bisbilhoscópio!! - disse ela
O garoto ficou realmente curioso nessa hora. O que era assim tão importante para Rosa querer lhe mostrar a sós?
Ela tirou do bolso um pedaço de pergaminho velho. Alvo sentiu um verdadeiro anticlímax.
- Eu ganhei isso do Tio George, antes de vire para Hogwarts!!
O bruxo olhou para sua prima meio sem entender.
- Ganhou um pedaço de pergaminho? Prefiro muito mais a capa preta que ganhei dele!!
- Você devia saber que quando se trata do Tio Jorge!! Nunca é o que parece.
Alvo sorriu. Aquele Tio deles, era dono,de uma Loja de Logros e brincadeiras, e tinha toda a sorte de objetos mágicos
estranhos. Todo presente que ganhavam dele era um objeto de aparência comum, mas com algum poder estranho.
"Vão descobrir, quando tiverem que descobrir" dizia ele, sorrindo. Até hoje, Alvo ainda não descobrira para que servia
a sua capa preta. Não o fazia invisível como a capa de seu pai, e ele nem imaginava para que mais poderia servir.
- Pare de fazer suspense então!! - disse Alvo - desembucha!! O que esse Pergaminho faz!!
Ela sorriu, tirou a varinha, e apontou para ele.
- Eu Juro Solenemente Que Não Vou Fazer Nada de Bom!!
De repente, o pergaminho se encheu de traços, pontos e linhas. Alvo ficou boquiaberto.
- Ele se chama o Mapa do Maroto!! É demais, não é!!
Alvo olhava para o mapa a sua frente sem ser capaz de acreditar. Era um mapa completo e detalhado de Hogwarts, e
havia palavras ali também. Ele leu.
- Os Senhores: Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas lhe apresentam o Mapa do Maroto... Quem são esses caras?
- Sei lá!! - disse Rosa - O Tio Jorge só me disse que esse mapa era de um grande amigo dele, e que eu devia guardar
bem...
Ela riu.
- O que? - disse Alvo
- E que aprontasse o máximo possível com ele!! Bom!! Eu só estou obedecendo o meu Tio, não é!!
Alvo riu. Seu Tio era possivelmente, o bruxo mais brincalhão, e mais inteligente que o Mundo já vira. Era realmente
uma criatura curiosa, o Sr. Jorge Weasley. Tão curiosa quanto a loja que ele tocava, as Gemialidades Weasley. Alvo
nunca entendeu o nome da loja, e metade do que tinha dentro delas também.
A tensão enchia cada fibra do ser dele. Um frio no estômago com o coração batendo muito rápido. Ele respirou fundo,
e olhou para trás, para fora da pedra que escondia a ele, e a Rony. Os olhos brilhantes na escuridão os observavam
do meio das árvores.
- Caramba Harry - disse Rony - Como nós nos metemos nisso cara? Me diz!! COMO???
Harry riu do amigo, e começou a se lembrar do caminho que levara os dois até aquele momento critico.
Ele achou que a coisa toda começara mesmo, quando haviam decidido que N.I.E.Ms, iriam prestar, a cerca de um ano
atrás.
Depois de um mês que Voldemort fora queimado na Pira, ele e Rony decidiram o que queriam fazer da vida.
- Cara!! Ser Auror!! Ser Auror é algo incrível!! E nós já temos experiência!!
Harry riu do pensamento do amigo.
- É!! - disse Harry - Nós dois temos muita experiência em SOBREVIVER as Artes das Trevas!! Isso não é exatamente
ser Auror!!
- A qualé cara!! - disse Rony - Acha mesmo que o Ministério vai deixar de contratar O Eleito...
Ele parou, parecendo meio desanimado.
- Você nem precisaria dos N.I.E.Ms, eles te contratariam imediatamente sé fosse lá nesse momento
Harry sentiu que o amigo estava se sentindo do novo, como se fosse ofuscado por ele. Ele sentiu-se ligeiramente
desanimado com isso.
- Escuta cara!! - disse Harry - Acha mesmo que você não tem as mesmas chances que eu de ser Auror? Sou só um
cara normal
- Que derrotou o maior bruxo das trevas!!! DUAS VEZES!!
- Ta bom!! - disse Harry tentando não se aborrecer - Mas você é o cara que destruiu a Horcrux-Medalhão! Você lutou
contra um monte de Comensais no fim do Sexto ano!! Você...Oh, você fez um monte de coisas, pô!!
Rony pareceu se animar um pouco. Aparentemente, se lembrar que derrotara aquela Horcrux fez ele se sentir mais
heróico. Harry riu da cara que o amigo fez.
Depois disso, eles haviam estudado feito loucos tudo o que podiam. Hermione pessoalmente cuidara para que não
perdessem nem um segundo de tempo, que poderia se usado para praticar, ou estudar.
- Hermione!! CHEGA!! - disse Rony - Não acha que somos já muito grandinhos pra você ficar perseguindo a gente
desse jeito?
Hermione estreitou os olhos pra ele.
- Fique sabendo Ronald Weasley, que nós NEM COMPLETAMOS HOGWARTS!! Estamos numa grande desvantagem
perante os outros!!
Rony olhou de soslaio para Harry, depois se voltou para Hermione.
- Você fica linda quando fala assim!!
Harry se preparou para deixar o recinto. Normalmente, Rony desarmava Hermione quando dizia aquilo, mas dessa
vez...
- Nem me venha com essa!! - disse ela - Vocês dois não vão sair dessa sala enquanto a gente não aprender TODAS
ESSAS AZARAÇÕES!!!
Harry se sentou de novo no sofá, sem saber se lamentava, ou dava vivas por não ter que se presenciar os dois se
beijando de novo.
- Ok Hermione!! - disse Harry - Vamos lá então!! Lê esse texto de novo!!
Os três estavam estudando na sala do Largo Grimmald. Monstro estava fazendo um delicioso almoço na cozinha,
enquanto os três treinavam, e estudavam para os exames que iriam prestar.
Como não haviam terminado Hogwarts, os três tinham que se esforçar ao máximo, o resto do ano para finalmente
prestar os N.I.E.Ms, e ficavam alternando entre o Largo Grimmald e a Toca para treinar.
Naquele dia, eles estavam usando o Largo, e faziam um esforço enorme para aprender o conteúdo de dois anos, no
espaço de apenas dez meses. A falta de tempo para se aprender tanto conteúdo fazia Hermione entrar em desespero,
forçando Harry e Rony a quase ir a loucura de tanto estudar.
Harry assistira em silencio, Rony desenvolver um método para conseguir "desligar" a compulsão de Hermione pelos
estudos, e lhes dar um pouco de paz. Mas aparentemente, ela se tornara imune a aquilo.
- Sugiro que você pense em algo cara!! - disse Rony enquanto Hermione treinava uma azaração num boneco - Antes
que a gente tenha um troço de tanto estudar!!
Harry teve vontade de dizer que se nem ele que era o namorado dela não conseguia fazê-la parar, ele é que não
conseguiria.
- Hora do almoço senhor!! - Monstro apareceu pela porta
- Salvos pelo elfo!! - disse Rony
Harry riu.
- Obrigado Monstro!! - disse ele com mais vontade do que pretendia - Muito obrigado
Monstro fez uma reverencia. Hermione lamentou.
Depois disso, os três continuaram a treinar, até a noite, quando resolveram ir para a Toca, jantar.
- Quem sabe uma partida de xadrez de bruxo, quando a gente chegar lá? - disse Harry
- Não preferem fazer uma última revisão? - disse Hermione
- NÃÃÃO!!!! - disseram Harry e Rony em uníssono
Eles foram saindo.
- A sim!! Monstro!! Não precisa preparar o Jantar!! - disse Harry
- Sim Senhor!! - disse Monstro
Os três foram para fora, e desaparataram. Depois de um ano inteiro desaparatando para salvar a própria vida, Harry
se acostumara a aquele mal-estar que sentia quando passava de um lugar para o outro.
Os jardins da toca sob o crepúsculo surgiram diante dos olhos de Harry. Ele sorriu ao ver o lugar, que parecia tão
calmo. Os três entraram.
- Que bom que chegou Harry!! - disse a Sra. Weasley, que já estava pondo a mesa - Percy e Jorge e Arthur já estão
chegando, podem se sentar!!
Harry se sentou, e olhou distraidamente pela sala,que já lhe era tão conhecida. Olhou para a bancada da cozinha, que
estava recheada de comida, pronta para flutuar magicamente para a mesa, olhou para a escada ali perto, por onde
Harry sabia que desceria Gina em instantes. E olhou para o relógio dos Weasley que ao invés das horas, marcava a
localização de cada membro da família. Por exemplo: Jorge estava no trabalho, Percy estava nas compras, e o Sr.
Weasley estava em perigo mortal.
Harry já estava voltando a atenção para a comida. "Um momento!! Perigo mortal??"
Ele olhou de novo para o relógio, e sentiu algo inacreditavelmente frio despencar da boca se seu estômago.
- Rony!! - disse Harry
- Que foi?
Harry quase não teve como falar, mas teve como apontar.
Tudo parecia se mover lento demais. Até a aparatação pareceu lenta para Harry. Ele e Rony aparataram no Ministério
da Magia. A subida aparição de Harry lá no meio do saguão fez os bruxos que estavam em volta quase caírem no
chão.
- O Departamento do Papai é por aqui!!! - disse Rony
Eles correram pelo lugar a fora, com varinhas em punho. Todos os olhares estavam em cima deles.
Enquanto corria, as coisas mais improváveis se passavam pela cabeça de Harry. O que era agora? Mais Comensais da
Morte? Outro bruxo das Trevas querendo tomar o poder? Ou seria o próprio Voldemort de novo? E se ele, Harry,
tivesse esquecido alguma Horcrux?
"Não!!" pensou ele "Eu destruí todas. Diário, Anel, Medalhão, Taça, Diadema, Cobra, ELE próprio... Ele não esqueceu
nem de si próprio. Não! Não podia ser Voldemort.
Eles alcançaram o Departamento de Mal uso de Artefatos Trouxas. Entraram como um tufão no lugar.
- SENHOR WEASLEY!!!!
- AAM!!!!
O único homem ali quase enfartou. Era um senhor idoso.
- Onde está Arthur Weasley senhor? - disse Harry ofegando
- Ele...ele..saiu a quinze minutos!!!
Harry olhou para Rony. O amigo lhe retribuiu um olhar desesperado.
- Precisamos nos acalmar!! - disse Harry - Que outro lugar seu pai disse que iria antes de ir jantar?
- Ele...iria...A CASA DOS TONKS!! - disse Rony
Harry levou uns segundos para entender o que ele havia dito.
- A...A casa dos Tonks!!
Um pensamento ainda mais horrível passou pela cabeça de Harry. O pequeno Ted Lupin, seu sobrinho estava na casa
dos Tonks, com sua avó. Se o "Perigo mortal" estava lá...
- Temos que correr!!! - disse Harry
Os dois saíram dali, deixando aquele velho completamente aturdido.
Os pensamentos de Harry não o deixavam em paz. Ele nem ao menos chegara a ver seu Sobrinho ainda, estivera
ocupado demais reformando o Largo Grimmald, ajeitando sua vida, e principalmente, pondo os estudos em dia.
Naquele momento, ele se perguntou por que não pensara em visitar seu sobrinho antes.
Atingiram o Saguão do Ministério, e desaparataram.
Harry sentiu os efeitos da aparatação, antes mesmo de focar totalmente o lugar em que queria. Ficou feliz ao
constatar que estava no lugar certo, quando apareceu nos jardins, iluminados pela lua cheia, da casa dos Tonks. Ele
ouviu um estampido, e Rony apareceu do seu lado.
- Será que ele está aqui? - disse Rony
Harry estava prestes a responder, mas ao se virar para encarar o amigo, as palavras ficaram engasgadas na
garganta. Havia algo correndo pra cima deles com uma velocidade surpreendente. Rony estava de costas para a
coisa.
Harry quis gritar "cuidado", mas o que ele gritou mesmo foi...
- ESTUPEFAÇA!!!!
Rony se abaixou, completamente confuso. A coisa foi atingida em pleno pulo, ao tentar se atirar sobre ele.
- Mas que porcaria é essa agora!! Pô!!
Harry chegou perto, para ver o que tinha estuporado.
- Isso é... - disse Rony
Harry confirmou com a cabeça.
- É!! - disse ele - Um lobisomem!!
Eles se entreolharam. A cara de Rony revelava a mesma confusão dele. O que um lobisomem estava fazendo alí? Não
havia floresta, ou mato, ou qualquer coisa semelhante de onde ele pudesse ter vindo. Harry estava pensando sobre
isso, quando...
- HARRY!!!!!
Ele se virou, a tempo de ver um lampejo vermelho, e outro lobisomem no chão.
- Mas que... - disse ele
Ele e Rony olharam em volta. Havia mais deles ali. Harry viu um na rua, perto de uma lata de lixo, e mais um sobre
uma árvore próxima.
- Isso não está me cheirando bem!! - disse Rony
- Corre!!! - disse Harry
No minuto que fizeram isso, vários deles saíram de seus esconderijos e correram em seu encalço.
Harry sentiu o coração acelerado, mas não de medo, mas simplesmente de ansiedade.
- Vamos conseguir!! - disse Harry
Eles alcançaram a porta da casa. Rony girou a maçaneta.
- TRANCADA!!
Harry olhou para trás. Todos os lobos estavam cercando-os no rol de entrada.
- Allohomora!!!!
A tranca girou e eles entraram correndo.
Harry já estava suspirando aliviado, quando um lampejo vermelho veio em sua direção, e o imobilizou.
Harry bateu no chão com violência. Os braços colados ao corpo, com as pernas juntas e presas.
- Harry? - ele escutou alguém chamar - É você?
Harry moveu seus olhos o Maximo que pôde, e achou quem o havia atacado. Por um momento delirante, ele achou
que Belatriz Lestrange estava ali, lhe apontando a varinha pronta para vingar seu senhor.
- Me desculpe o mau jeito garoto! - disse ela, com uma voz que em nada se parecia com a da Comensal da Morte -
Mas não quis arriscar!
O feitiço foi desfeito, e Harry se pôs de pé. Constatou que Rony também havia sido imobilizado logo que entrara na
casa.
- Que belos Aurores seremos! - disse ele a Harry - Conseguimos ser totalmente imobilizados por uma senhora de
idade!
- Olha como fala com a senhora de idade!! - disse a Sra. Ted Tonks, a avó de Ted Lupin.
Harry olhou mais uma vez ao redor. As janelas pareciam ter sido magicamente lacradas por tijolos.
- Posso saber o que aconteceu aqui? - disse Harry
- Não pode concluir por si mesmo? - disse a Sra. Tonks, correndo para lacrar a porta também - Estamos sofrendo um
ataque de lobisomens!
- Mas por quê? - disse Rony
- Eu sei lá por que! - disse ela
Por algum motivo, Harry não conseguiu acreditar nela.
- Como assim? Sua casa é atacada por uma alcatéia de lobisomens e você nem sabe por quê?
Um enorme batuque irrompeu do teto.
- Eles estão no telhado! - disse ela.
Então começou a correr escadaria acima. Harry e Rony a seguiram, correndo. A mente de Harry trabalhava rápido,
tentando compreender que novidade era aquela.
- Sra. Tonks! Onde está o meu pai? - perguntou Rony
- Você verá! - disse ela
Os três irromperam em um quarto não muito grande. Havia brinquedos espalhados pelo lugar, e cores vivas nas
paredes. Harry se perguntou por um momento onde estava, quando constatou, com uma estranha curiosidade, que
no meio havia um berço.
A Sra. Tonks foi até o berço, e tirou algo de lá de dentro. E naquele momento, Harry viu pela primeira vez, seu
afilhado. Ted Tonks.
O garoto olhou para ele com olhos cor de âmbar, inocentes e perspicazes ao mesmo tempo. A cara redonda e curiosa
de um bebê, e cabelos lisos, que mudaram subitamente pra ruivo quando Harry pôs seus olhos nele. O bebê sorriu, e
riu.
- Olha só o pequeno Ted Lupin! - disse Rony - Não lembra muito o pai, se for contar com o bom humor!
- Nisso ele puxou a minha filha! - disse a Sra Tonks - Mas agora não temos tempo pra isso!
Ela saiu correndo do quarto, com Ted em seus braços. Harry e Rony correram atrás dela. Ela correu para um outro
quarto. Ao abrir a porta, encontraram o Sr. Weasley, aparentemente, enfeitiçando uma velha chaleira.
- Ande logo com isso Arthur! - disse a Sra Tonks
- Estou indo o mais...Rony? Harry?
- Pai!! - disse Rony - O que é tudo isso?
- Um ataque de lobisomens! - disse o Sr. Weasley ainda apontando a varinha para a chaleira.
Harry olhou bem para o que ele estáva fazendo.
- Isso é uma Chave de Portal?
- É!! - disse o Sr. Weasley - Não podemos desaparatar daqui! Há encantamentos de proteção, e pode ser perigoso
para o pequenino!
Harry estava ainda processando tudo aquilo, quando se ouviu um baque no corredor, e o som de alguma coisa se
quebrando.
- A não! - disse a Sra Tonks
Ele e Rony saíram do quarto para o corredor, que dava acesso a escada pela esquerda, e aos outros quartos pela
direita. No final dele, Harry viu uma janela quebrada, e três enormes lobisomens avançando pelo teto, pelo chão e
pelas paredes.
- ESTUPEFAÇA!!! - ele gritou
O lobisomem em quem ele tinha mirado desviou, e saltou pra cima. Rony bloqueou o ataque dele com outro feitiço.
Harry se preparou para mandar o que estava mais atrás de volta pela janela.
- EXPELIARMUS!!
O que estava na rabeira foi arremeçado pela janela, trombou com um quarto que já ía entrando, e os dois caíram.
O que vinha agarrado ao teto se soltou praticamente em cima de Rony, que havia se colocado passos a frente.
- Levicorpus!!
O lobo ficou pendurado comicamente pelos tornozelos, como um lustre muito feito. Rony aproveitou a chance, e o
explodiu de volta pelo corredor.
O último que vinha, saltou por cima deste, e veio com tudo pra cima dos dois.
- REDUCTO!! - berrou Rony
O lobisomem foi arremeçado como uma bala, bateu contra a parede, e ficou desacordado. Para o horror de Harry,
mais cinco já avançavam pela janela.
- Quanto tempo isso pode continuar? - disse Rony
Harry olhou para cima, para o teto. Se perguntou do que ele era feito.
- Tive uma idéia! - disse ele - Afastasse!
Rony se colocou atrás dele. Harry apontou para cima.
- REDUCTO!!
O teto explodiu. Harry e Rony se abaixaram quando muitos destroços caíram sobre eles. Harry ouviu Rony dizendo o
feitiço escudo, e se amaldiçoou por não ter lembrado de fazê-lo ele mesmo.
Quando a poeira abaixou, Harry viu que seu plano havia dado certo. O teto havia bloqueado o corredor.
- ISSO! - disse ele
- Am! Harry, se eu fosse você não comemoraria ainda!
Então olhou pra cima, e deu com um enorme buraco no telhado, bem acima deles.
- Porcaria! - disse ele
Ele e Rony começaram a ouvir o arranhar das garras dos lobisomens escalando a casa.
- Eles vão entrar pelo telhado! - disse Harry
- E agora? - disse Rony
Harry olhou em volta, pensando o que fazer.
- Eu...Já sei!
Ele apontou a varinha para si mesmo, e murmurou.
- Levicorpus!
Se sentiu ser jogado para o ar, com os pés apontando em diretamente para a abertura no telhado.
- Harry, o que você...
- Vamos dete-los lá em cima! - disse Harry estendendo a mão para ele
Rony olhou por um segundo, então agarrou os pulsos do amigo, e este o jogou para cima, pelo buraco.
Então, Harry se impulsionou para cima, e com um "Priori Encantatem" subiu pela abertura para o topo do telhado.
Harry olhou em volta. Estava no topo da casa, cercado por telhas. Harry olhou em volta. Notou que a Sra Tonks não
tinha chaminé. "Por isso não usaram Pó de Flu" pensou Harry.
Mais deles começaram a escalar e a subir nos telhado. Os rosnados e os uivos irrompiam de todo lado. Rony lançava
feitiços igual a um louco. Os dois estavam de costas um para o outro.
Harry e Rony estuporaram o máximo que puderam, mas eles continuavam chegando. Harry estava começando a se
perguntar onde como tudo aquilo iria acabar, quando escutou um grito vindo de dentro da casa.
- HARRY!!!!
E agora, o que estava acontecendo?
Harry se virou para o buraco no telhado da casa. Ele e Rony estavam extremamente vulneráveis no topo do telhado.
Os lobisomens atacavam de todos os lados. Ele tinha certeza que tinha escutado a Sra. Andrômeda Tonks gritando
por ele.
- Rony! - disse Harry
- O Que? - disse o amigo, estuporando um lobisomem que estava quase lá.
- Vamos descer! - disse Harry
- EIM? Mas e esses bichos?
- Acho que o A Chave de Portal está pronta! - disse Harry, com o a respiração acelerada, e com o coração disparado -
Temos que entrar
- Ok! - disse Rony
Os dois deram um tempo, e saltaram pelo buraco que eles mesmo haviam feito. Harry sentiu seus joelhos doendo
quando seus pés se encontraram com o chão, e ele teve medo que os tivesse forçado. Rony veio logo atrás dele.
- OUCH!! - disse ele ao aterriçar - Me lembre de consultar com a Hermione um meio de voar!
- Vamos!!
Os dois correram até aonde estava o Sr. Weasley. Ele estava de varinha em punho, na porta do quarto. Os cinco se
juntaram no centro do cômodo, e agarraram a Chave de Portal.
O resultado foi imediato. Harry sentiu uma guinada no umbigo, e a magia funcionou. No segundo seguinte, todos
caíam sobre o gramado em frente da Toca.
Um choro ecoou por todo o lugar. Harry não estranhou, era bem natural que o bebê não ficaria quieto depois de uma
viajem horrível daquelas. Mas quando ele olhou para a origem do choro, ele não olhou para o bebê. Foi para a Sra.
Tonks que ele olhou. Sentiu uma onda de mal estar.
- Calma! Ela não está muito ferida!
Harry não ouviu direito. Estava ainda tonto com tudo o que tinha acontecido. Hermione e a Sra. Weasley haviam
aparecido para ajudar alguns minutos depois. Nada parecia fazer sentido. Ele tinha a lembrança viva da Sra. Tonks
ferida, com o pequeno Ted Lupin nos braços, mas agora, as coisas estavam ficando meio confusas.
- Harry! - disse a Sra. Weasley - Beba isso querido! Vai se sentir melhor!
Ele não discutiu, e apanhou o copo que lhe era oferecido. A bebida o esquentou por dentro. Só então, a coisa
começou a ficar claro na cabeça dele. Estava sentado na soleira da Toca, ao lado de Rony. Este tinha uma cara
estranha, de quem está muito confuso.
- Mas o que foi que aconteceu? - disse Harry,agora sentindo uma onda de dor de cabeça.
- Não se preocupe Harry! É o efeito da Viajem pela Chave de Portal! - disse a voz de Hermione atrás dele
Ele se virou para olhar para ela. A amiga estava agachada perto deles com uma expressão que parecia que tinha
levado um grande susto, com os cabelos ligeiramente arrepiados.
Harry não entendeu nada. Por que a sua cabeça estava doendo tanto? Tudo bem que viajar usando aquele método
era tudo menos confortável, mas isso...
- Bem! Pelo menos chegamos! - disse o Sr. Weasley, aparecendo com uma saco de gelo sobre a cabeça - Mas devo
dizer, que essa foi talvez minha pior viajem via Chave de Portal! Minha cabeça está me matando!
- Não fale mais Arthur! - disse a Sra. Weasley - Ou ela pode ficar pior! Venham vocês três, entrem e se deitem um
pouco.
Harry se virou para poder entrar na sala de jantar da Toca. Neste momento, Gina irrompeu na sala. Correu até ele, e
se pendurou em seu pescoço. Harry desejou que ela não tivesse feito isso, pois sua cabeça latejou.
Harry se contentou em subir para o quarto que lhe fora oferecido para descansar. Dormiu durante algumas horas, em
que sonhou com lobisomens que tentavam com insistência jogá-lo da Torre de Astronomia em Hogwarts. Quando
acordou, a dor de cabeça havia passado e felizmente o mau estar também. Agora, ele sentia fome. Desceu de volta
para a Sala de Jantar, pensando agora, onde estaria a Sra. Tonks.
A casa dos Weasley estava bastante silenciosa. Harry passou pela porta de um quarto enquanto descia, e viu a Sra.
Tonks dormindo a sono solto, devia ser tarde da noite.
Harry foi se aproximando foi andando em direção a cozinha, pensando se não teria problema ele pegar algo para
comer. Começou a se perguntar que horas seriam, quando ouviu um barulho estranho na cozinha.
Imediatamente alerta, ele parou a meio caminho do cômodo, e sacou a varinha. Já estava imaginando as maiores
abominações, entrando furtivamente pela casa, quando irrompeu na sala da cozinha.
- Parado! Seja quem for!
Estava escuro, mas não houve nenhum ataque, ou tentativa de fuga por parte do invasor. Parecia não ser muito
grande, e estava sentado em cima da mesa. Harry se perguntou se não seria um Elfo Doméstico, ou um Duende
muito baixinho.
- Quem está aí? – ele voltou a perguntar
Ele ouviu um soluço infantil. Ficou realmente confuso nessa hora. Mas o que diabos era aquilo?
- Lumus – ele gritou
A luz branca se acendeu da ponta de sua varinha. Iluminando certo bebê, devorando com gosto um dos pães-de-mel
da sesta que havia em cima da mesa dos Weasley. Era Ted Lupin.
- Ué? Mas como você veio parar aqui? – disse Harry
O bebê olhou para ele, e riu. Harry acendeu as luzes do cômodo. O bebê não gostou muito quando ele acendeu a luz.
Seu cabelo aloirou quando ele fez isso.
- Então você também está com fome! – disse Harry se sentando à mesa – Pois é, a gente fica com muita fome
quando escapa por um triz da morte! Vai por mim, eu sei
Ele apanhou um Pão-de-Mel, e começou a comer.
Enquanto comia, Harry se perguntava como Ted havia conseguido andar até ali. Deveria ter cerca de um ano de
idade. Poderia ele já saber andar? Talvez sim, mas como ele conseguiu subir na mesa?
- Você deve ser um prodígio! – disse ele ao pequeno bebê, que olhava para ele com os olhos claros cor de mel.
Então outra coisa ocorreu a Harry. Lupin havia dito que uma vez, que os lobisomens normalmente não procriavam. E
se Ted ficara com algum resquício do que Lupin tinha sido? Era possível, uma vez que ele aparentemente herdara a
habilidade de metamorfomaga da mãe, o que poderia ter herdado do pai?
Não. Harry afastou aquela possibilidade da mente. Era obvio que Ted era um bruxo normal. Tinha que ser. Lembrou
do quanto era difícil para Lupin viver como lobisomem. Não, Ted não teria problemas com aquilo. Não poderia ter.
- HARRY!!!
Quatro meses estudando para finalmente prestar os N.I.E.Ms deixaram a cabeça de Harry a ponto de explodir. E não
somente a cabeça. Os braços, as pernas os ouvidos e as costas. Hermione insistia em treinar cada uma das azarações
em Duelos.
- Foi você mesmo que disse Harry, que somente na pratica é que se realmente aprende!
Harry gostaria de te-la lembrado, que a ocasião era outra, que havia um bruxo das trevas perigoso a solta, e um
grupo crescente de Comensais querendo matá-los, mas achou que ela não daria ouvidos.
Olhando pelo lado bom, quando finalmente chegou o dia dos testes, Harry tinha certeza absoluta que saberia fazer
cada um dos testes sem problemas. Se perguntou se Dumbledore teria feito testes tão bons quanto os que os três
prestaram naquele dia. Infelizmente, a velha instrutora que lhes aplicou os N.O.Ms em seu Quinto ano, e que também
havia aplicado os N.I.E.Ms a Dumbledore havia falecido, por tanto, não havia como fazer a comparação.
As provas foram aplicadas no Ministério da Magia. Harry ficou feliz em rever vários dos seus amigos, que estudaram
com ele e que também lutaram ao seu lado. Viu muitos membros da A.D lá, muitos que haviam pedido para fazer as
provas de novo, devido ao ano conturbado que foi o último deles em Hogwarts.
- O que acha Harry! – falou Dino Tomas – Que tal ser Auror?
- Excelente! – disse ele –
- Para o homem que derrotou o Lorde das Trevas, vai ser mole, mole! AHAHhaA! – riu ele
- É! Sem duvida! – disse Neville, sorrindo
Harry se virou para ele. O que será que Neville iria querer fazer da vida.
- E você cara? – disse Harry – O que pretende?
- Bem... – começou Neville – Não sei bem! Espero que seja algo em que possa trabalhar com plantas!
Naquele dia, fora o teste de Defesa Contra as Artes das Trevas. Todos tiveram notas excelentes.
- Sem duvida, esse foi o ano com a média mais alta nessa matéria! - Comentou o Ministro Kingsley, ao avaliar os
resultados.
Quando finalmente recebeu as notas, ele e Rony foram até o Ministro, para finalmente começarem a treinar para
serem aurores. Sem entender direito o por que, Harry se sentia muito confiante quanto as provas que teria que
enfrentar para ser admitido. Não podia ser pior do que tudo o que eles já haviam superado. Mas pensando bem, era
muito estranho o próprio ministro estar se ocupando de assuntos como o emprego de aurores. Harry se perguntou por
que Kingsley os havia chamado, torcendo para que a hipótese de Rony, que suas notas tenham sido excepcionais,
fosse o motivo real.
Encontraram Kingsley andando de um lado para o outro em sua sala, lendo uns papeis. Ele não parecia ter notado que
estavam ali.
- Hum... – começou Harry – Senhor...Hum...Ministro?
- Só Kingsley como sempre! – disse o bruxo levantando os olhos dos papéis para complementá-los – Como está,
Harry Potter!
Eles apertaram as mãos.
- Muito bem, obrigado! – disse Harry – A propósito, viemos aqui por causa do... do cargo de aurores!
A expressão de Kingsley mudou. Ele se sentou na cadeira, jogando os papéis que lia sobre a escrivaninha. Harry o
achou preocupado.
- Algo errado, senhor? – disse ele
- Sim Harry! Infelizmente sim!
- Por quê? – disse Rony soltando um riso – As coisas não poderiam estar melhores, certo?
- Errado! – disse Kingsley – Escutem, vou lhes dizer a verdade! Lembra-se que a Pira do Lord das Trevas teve
cobertura de muitos jornais?
- Lembro! – disse Harry, pensando em Rita Skiter – Por que isso é importante?
- É! – disse Rony – E o que tem haver com os cargos de aurores meus e do Harry!
- Aí é que está! – disse Kingsley – Voldemort pode ter ido embora, mas deixou muita sujeira para trás! Comensais da
Morte sobreviventes! Dementadores descontrolados! E o Ministério está com falta de aurores! Eu permiti que alguns
jornais fizessem a cobertura, para evitar que alguns seguidores dele se revoltassem!
- Entendi! – disse Harry – Mas ainda não explica por que você resolveu chamar a gente aqui!
- Sim! – disse Kingsley – Vocês já provaram antes sua perícia contra as Artes das Trevas, e pelo que vi, suas notas
nos N.I.E.Ms foram excepcionais.
Harry viu Rony sorrir de esguelha.
- O que exatamente está sugerindo? – disse Harry, que não estava gostando muito daquela história.
- Vocês serão admitidos como aurores! – disse Kingsley
- Yes! – disse Rony
- Mas não temos tempo para treiná-los previamente!
- Como é que é! – disse Rony – Sem treino? Mas como espera que a gente...
- Como sempre tem feito! – disse Kingsley – Olhem bem! Não quero parecer arrogante, mas a verdade, é que
estamos com falta de pessoal! A batalha contra Voldemort foi muito dura! E sei que o nível de magia de vocês é bem
avançado!
- Pois é! – falou Harry – Tem certeza de que tudo isso não é para ter o Eleito em campo de batalha?
- Sei o que está pensando! – disse Kingsley – Mas não sou Scrimgeour! Não é essa a minha intenção!
- Eu não teria tanta certeza!
- Desça e veja você mesmo o quanto as nossas defesas estão defasadas!
- Agora a pouco mesmo você disse que permitiu que alguns repórteres entrassem no salão da Pira para tentar
“desmotivar” os seguidores de Voldemort!
- Acho que você está levando para o lado errado!
- Não! Acho que é esse cargo de ministro que sobe muito a cabeça das pessoas!
- Sabe por que preciso de vocês no campo de batalha! – disse Kingsley, empurrando os papeis para que Harry
pudesse ler.
Harry não precisaria ser convencido a ajudar pessoas. Se ele era o único que podia resolver a situação, ele resolveria,
não importava como.
Alvo acordou naquela manha com o coração batendo, como sempre tem sido desde o começo do mês. Ele correu, se
vestiu, e desceu para esperar Rosa na Sala Comunal.
Dês de o dia em que os dois haviam descoberto que Servo Slim tinha o costume de andar até a Floresta Proibida, os
dois haviam se mantido alertas. Rosa ficava até de meia noite com o Mapa do Maroto aberto, procurando qualquer
sinal do garoto, e depois contava tudo para Alvo, quando chegava à manha. Alvo já havia tentado subir no Dormitório
Feminino para ver o mapa junto da prima, mas os degraus se transformaram numa rampa, e ele acabou levando uma
grande bronca dos Monitores.
- Você nunca vai me contar por que tentou subir no Dormitório delas, certo? – disse Escórpio, depois do ocorrido.
- Já disse a você o por que! – disse Alvo – A Rosa tinha ficado com meus mapas de Astronomia, e eu fui buscá-los.
O amigo não engoliu essa de jeito nenhum. Alvo queria poder contar a ele o que estava acontecendo, mas Rosa se
recusava a contar sobre o Mapa do Maroto para ele.
- Você ainda não confia nele, certo? – disse Alvo
- Não é isso! – disse Rosa – Mas não custa ter cuidado! Ele ainda é filho de um ex-Comensal da Morte!
Um mês de vigília a Servo Slim, e eles haviam descoberto algumas coisas interessantes. Primeiro, ele só saída de
madrugada. Segundo, saía de forma aleatória, mas sempre uma vez por semana. Terceiro, conseguia sair, de forma
que nem mesmo os fantasmas conseguiam saber.
- Ele deve ser um bruxo competente! – disse Rosa
- Mais até que você? – disse Alvo brincando.
Ela suspirou. Isso fez Alvo pensar, que talvez a prima realmente enxergasse um desafio naquele garoto. O que era
uma grande surpresa, pois ninguém da Classe deles conseguia se equiparar a ela em qualquer coisa, tirando voar e
desarmar, na qual Alvo se destacava.
Naquela tarde, eles tiveram aula de poções com os alunos da Sonserina. Alvo e Rosa finalmente puderam olhar mais
de perto o tal Servo Slim. Era um garoto magro, de olhar calmo. Não parecia de forma alguma um Sonserino. Nem
mesmo parecia ter a perspicácia característica da casa. Porém, ao fim da aula...
- Terminou o tempo! Apresentem-me seus antídotos para venenos simples! – disse o professor Zabini, com seu jeito
sinistro.
Como sempre, a poção de Rosa tinha um aspecto perfeito. Fios de fumaça branca, e cristalina como água. Zabini
observou, olhou, e aprovou.
- Dois pontos para Grifinória! – disse ele
Alvo sorriu para ela. Nesse mesmo instante, o Professor analisou a poção de Servo.
- Excelente Sr. Slim! Está perfeita! Dez pontos para Sonserina!
A poção de Servo estava com o mesmo aspecto da de Rosa. Eram idênticas por que as duas eram perfeitas.
- Nossa! – disse Escórpio – O professor cometeu uma injustiça, ele deu mais pontos para Sonserina!
No entanto, Alvo percebeu que Rosa não estava preocupada com isso. Ele viu que no final, a intuição dela estava
certa. Servo Slim de fato era com certeza, um rival para sua inteligência.
Nas aulas que se seguiram. Alvo pode notar que Rosa tinha um afinco maior ao estudar. Lia, perguntava e praticava
com mais força de vontade do que antes.
- Calma Rosa! – disse Alvo baixinho para ele – Não vai ser se matando em sala que a gente vai descobrir qual é a do
Servo!
- Não é só isso que está em jogo aqui! – disse Rosa, ao mesmo tempo em que detonava um livro de Encantamentos
com o olhar – Você não entende Alvo! A minha mãe sempre foi a melhor aluna de Hogwarts! Ela até ficou famosa,
escreveu um monte de livros sobre História, Curandeirismo, Runas Antigas, e até Defesa Contra as Artes das Trevas!
Alvo, minha mãe era uma “Bruxa Completa”!
Alvo sabia disso. Alguns dos livros que carregava na bolsa haviam sido escritos por Hermione Granger Weasley.
- Você tem idéia do que ela espera de mim! – disse Rosa – Eu não posso permitir que um Sonserinosinho qualquer
tome o lugar que é nosso por direito!
Ao ouvir isso, o estômago de Alvo se torceu. Lembrou de como o pai era famoso, e de como, antes mesmo de chegar
ao segundo ano, ele se tornara um campeão de Quadribol. E mais ainda, em como ele fora um bruxo incrível. Se
perguntou se seu pai também esperava que ele o superasse.
Naquela tarde, Alvo, acompanhado de Rosa, e Escórpio foram estudar nos gramados. Estava começando a esfriar,
mas ainda estava quente o suficiente para que alguns se arriscassem a ir lá fora estudar.
- Pessoal! – disse Escórpio – É serio! Os últimos resquícios de verão, e vamos perdê-los nos matando de estudar!
Puts, ainda estamos no inicio do ano letivo, lembra!
Alvo, Escórpio e Rosa se dirigiram para o Campo de Quadribol. Havia alguns alunos da Grifinória na platéia quando
chegaram, todos olhando para o céu, onde muitas pessoas, voando em vassouras rodopiavam pelo céu.
Alvo colocou as mãos sobre os olhos, para ver melhor. Lá estavam os sete jogadores. Um goleiro, dois batedores, três
artilheiros, e um... Alvo arregalou os olhos quando olhou para o Apanhador do Time da Grifinória.
- Hei! Alvo! - disse Escórpio - Aquele lá não seu irmão?
Alvo mal pode acreditar, quando Tiago rodou voando por cima das arquibancadas, fazendo um loop com a vassoura.
- IRRA! - berrou ele
Alvo ainda estava estupefado, olhando para o irmão, sem acreditar. Tiago conseguira uma vaga no time, e como
Apanhador.
Alvo viu que Tiago os havia avistado. Ele acenou para eles, e fez acrobacias no ar.
- Hei! Potter! - disse o treinador - Volte para cá, isso não é hora de se exibir para as garotas!
- Achei que isso fosse o tempo todo! - disse Tiago ficando de pé sobre a vassoura, e rindo.
Alvo saiu andando para fora do Campo. Por algum motivo, deixara de ter interesse no Quadribol. Ele ouviu seus
amigos o seguindo. Pensou em seu pai, será que ele já sabia que seu irmão entrara pro mesmo time que ele havia
jogado? Será que ele sabia, que ele, Alvo, não era tão bom quanto ele em voar, ou que Tiago.
Alvo sabia que tinha certa destreza com a vassoura, mas nunca se comparou com as habilidades de Tiago. Seu irmão
era perfeito quando estava no ar. Alvo pensou nas preocupações de Rosa em ser tão boa quanto sua mãe. Será que
ele devia se preocupar mais em superar seu pai também? E conseqüentemente, seu irmão? Ele não sabia.
No fim daquele dia, Alvo ficou até tarde olhando as chamas crepitando. A Sala Comunal da Grifinória era bastante
confortável em noites como aquela. Ameaçava cair uma tempestade, com trovões ribombando no céu de vez em
quando, além de ventos fortes e frios.
Perto de Alvo, se encontrava Malfoy, quebrando a cabeça para desvendar o truque de um certo encantamento.
- Vingardium Leviosaaaa! Da um tempo, que feitiço enjoado cara! O que eu to fazendo de errado?
Ele re-leu o livro mais uma vez.
- Só pode ser o movimento! – disse ele – Quer dizer, eu não estou errando ao dizer o feitiço, certo?
Alvo não estava dando atenção para dever de casa naquele momento. Ele estava ainda pensando no Quadribol. Devia
haver alguma coisa que ele pudesse fazer. Ele não era um bom apanhador, pois por mais que acelerasse, nunca
conseguia agarrar a bola. Conseqüentemente, não era também um bom goleiro, o que lhe restava a posição de
Artilheiro.
- AQUI! – disse Escórpio – A entonação de “Leviosa” estava errada!
Apesar de ser muito bom em voar, Alvo não tinha certeza se seria um bom Artilheiro. Gostava de jogar, mas toda vez
que subiam aos céus, era Rosa quem primeiro pegava a Goles. Ela parecia ter uma grande pré-disposição para
manejar a bola de madeira, mesmo sobre a vassoura.
- ALVO!
- Falando nela! – disse Alvo
Ela desceu sacudindo o Mapa do Maroto, sem nem se dar conta da presença de Escórpio.
- Alvo, eu descobri! O Slim acabou de sair pelos por...
Ela viu Malfoy estreitar os olhos.
- ... tões! – Ela completou
Ela foi até a janela da Sala, e abriu. Os ventos frios inundaram o lugar, e fizeram a chama na lareira se extinguir.
- Fecha isso! – disse Alvo
Mas Rosa continuava olhando pela janela. Ela estava focada em alguma coisa embaixo dela.
- O que você está vendo aí? – disse Escórpio
Alvo se perguntou do que diabos ela estava falando. Ele não sabia fazer ninguém voar... Ou sabia?
- Está sugerindo que...
- Isso mesmo! – disse ela
Ele sorriu.
- O que? – disse Escórpio – Do que estão falando?
Cerca de cinco minutos depois, Alvo voltava do dormitório. Ele trazia consigo capas para que não sentissem frio.
Resolveu pegar aquela que Tio Jorge havia lhe dado de presente. Ela ainda era uma capa, apesar de tudo.
Eles olharam para o lado, para sua "carona". Ali perto, agarrado com os pés de águia a marquise, estava um ser
metade pássaro, metade cavalo. Um ser que muitos conheciam por Asafugaz, mas eles o chamavam como Hagrid o
chamava. Bicuço.
Alvo sentiu o ar frio gelar seu rosto, enquanto Bicuço cortava o céu, em direção a floresta. As torres do castelo
pareciam dançar, enquanto o Hipogrifo as contornava.
- Isso é irado! – disse Escórpio sorrindo – Vou pedir pro meu pai comprar um desses pra mim!
- Eu prefiro vassouras! – disse Rosa
Alvo se agarrava firmemente as penas. Cada batida da asa era um solavanco. Porém, quando deixaram para trás as
torres, e atravessaram a orla da floresta a uma altura que quase se equiparava a da Torre de Astronomia, Bicuço
parou de bater as asas, e planou suavemente pelo ar.
Alvo montado à frente, guiando o Hipogrifo. Rosa estava logo atrás dele, logo a frente de Escórpio. Alvo a sentiu se
movimentando. Deu uma olhada para trás, e viu que ela se esforçava para olhar o Mapa do Maroto, sem deixá-lo
voar.
- Pessoal! – disse ela – Acho que ele está... para aquele lado!
- Certo! – disse Alvo – Vamos então!
O Hipogrifo deu a volta, e foi planando até suas patas roçarem as copas das árvores. Mais tarde, Alvo se recordaria
daquela, como a pior aterrissagem de sua vida. O Hipogrifo não podia descer como sempre, ou acabaria batendo nas
árvores, então, quando Alvo mandou que descesse, ele perdeu a altitude o máximo possível, deu um solavanco para
cima, e fechou as asas.
- AAAAaah!!
Os três sentiram a gravidade faltar quando aquilo aconteceu. Alvo se agarrou ao pescoço do Hipogrifo, e sentiu Rosa
se agarrar nele. O animal alcançou a terra, causando impacto no chão.
Rosa tomou a frente, e usou o Vingardium Leviosa para fazê-lo descer. Alvo não pode deixar de pensar que a chegada
dele ao chão foi mais suave que a deles dois e do Hipogrifo.
Alvo torceu para que aquela “alguma coisa” não fosse algo ruim. Os três foram caminhando por entre as árvores,
seguidos pelo hipogrifo.
A floresta era um lugar escuro e estranho para Alvo. Havia certo nevoeiro em alguns lugares do chão, o terreno
estava sempre coberto de folhas secas. E o frio não ajudava em nada aquela situação. Bicuço parecia estar se
divertindo. De vez em quando, ele agarrava algo no ar, que Alvo jurou serem morcegos.
Continuaram. O caminho parecia os estar levando para baixo. Cada vez mais, ele descia.
- To começando a achar isso uma perda de temp...
- Shhhh
Escórpio e Rosa se calaram. Havia um animal logo a frente. Era um quadrúpede alto e esquio, e até gracioso.
- Parece um Unicórnio! – disse Escórpio
- Não é! – afirmou Rosa – Unicórnios têm um pelo tão branco que chega a brilhar!
Alvo apertou os olhos.
- É uma corça! – disse ele sorrindo – É isso o que é!
Mas o animal se virou para o outro lado. No instante seguinte, ela tinha saltado para longe dali, e fugido floresta
adentro. No chão, logo onde ela havia estado antes, uma flecha estava fincada.
- Um caçador! – disse Escórpio
- Será que é...
- HAGRID! – chamou Alvo
As árvores logo a frente se mexeram, e o som de cascos foi ouvido, quando algo saltou do meio das folhagens. No
instante seguinte, Alvo se viu ameaçado pela ponta de uma flecha em sua garganta.
- Identifiquem-se invasores! – disse a voz de um jovem – Quem se atreve a invadir o território de caça dos centauros!
Rosa colocou a luz a frente. Um jovem centauro foi iluminado. Em semblante de surpresa estampado no rosto.
- Horas vejam! – disse ele – São apenas filhotes! Filhotes alunos da escola!
- Olha só quem fala! – disse Escórpio
O centauro parecia ter no máximo quatorze anos. O cabelo dele era castanho claro, e o pelo de seu lombo também,
exceto as patas, que eram pretas.
- O que estão fazendo aqui? – disse ele baixando o arco – Achei que as normas diziam que filhotes humanos não
podiam entrar na floresta sozinha!
- Que eu saiba! Crianças centauros também não podem andar por aí sozinhos! – disse Rosa se colocando a frente –
De acordo com o que sei, tem uma espécie de ritual de passagem para se tornar adulto, envolvendo a posição das
estrelas e essas coisas!
O garoto pareceu meio sem jeito com a afirmação, mas de um jeito nobre que só um centauro poderia ter.
- Apesar de ser jovem para minha raça, creio ser mais experiente que vocês três juntos! – ele disse – E tenho certeza
de que sei muito mais sobre meus próprios costumes também!
Rosa levantou o queixo com um gesto que Alvo julgou arrogante demais.
- De qualquer modo – disse o Centauro – Quem são vocês, e por que estão aqui?
Alvo mal podia acreditar na sorte que estava tendo. Em um minuto, um vôo de hipogrifo com uma aterrissagem que
tinha tudo pra matar ele e seus amigos, no outro, uma floresta escura, recheada de lobisomens, e feras
desconhecidas. É claro, isso não poderia ser considerado sorte de forma alguma, se ele não tivesse sobrevivido a
todas essas coisas, e ainda, ganhado o que parecia ser uma aventura que valeria a pena recordar.
Agora, o jovem centauro chamado Aurin, os guiava por entre as árvores da flore4sta proibida com o prazer de um
anfitrião que mostra sua casa.
- Então, tem um aluno da escola por aqui? – disse Aurin – Faz sentido, eu achei mesmo que havia alguns rastros meio
diferentes!
- Consegue identificar o animal pelos rastros? – disse Escórpio
Aurin olhou para ele como se achasse graça.
- Não é obvio? Para ser um bom caçador, é necessário primeiro reconhecer a caça! Mesmo antes de seu destino ser
selado pelas estrelas, eu já tinha conhecimento que seguia um gamo!
- É que as estrelas não são muito exatas, então quando vamos caçar, temos que contar com nossa habilidade de ler a
terra! Entende!
Alvo não entendia muito de centauros, e menos ainda de caçadas, mas achou que se havia algo importante naquele
papo todo, devia ser o fato de que aquele individuo poderia levá-lo até onde estava Servo Slim.
- Escute... Hum...Você pode então nos dizer onde teria ido esse nosso colega?
Aurin sorriu.
- Ajudar um Potter a localizar um amigo perdido na floresta? É claro! Isso seria mais que uma honra!
Alvo sorriu para os companheiros.
- Obrigado!
As próximas horas foram ocupadas com uma caminhada pela floresta as escuras, seguindo o jovem centauro, que
observava o chão. De vez em quando, ele galopava uma certa distancia, e dizia coisas como “A trilha está fresca” ou
mesmo “Venham por aqui”
Alvo já havia perdido as esperanças de encontrar qualquer coisa mais interessante que o centauro que os guiava. O
terreno continuava igual sob seus pés, enquanto Aurin continuava chamando-os cada vez mais para o fundo da
Floresta.
- Conheço esse lugar! – disse o Centauro – Acho que seu amigo está procurando alguma coisa grande, por que
estamos nos aproximando de uma verdadeira concentração de Magia!
- Um lugar que concentra magia? – disse Escórpio
- Sim! E magia poderosa, que vocês bruxos ainda não compreendem, ou compreendem muito pouco!
Rosa revirou os olhos. Alvo achou que a prima não havia gostado muito daquele novo amigo de outra raça que eles
haviam arrumado.
Ele afastou um galho. O que Alvo viu à frente naquele momento ficou guardado na lembrança dele para o resto de sua
vida. Era uma clareira, com um lago límpido e azul, onde dezenas de unicórnios bebiam água, e nadavam.
Depois que Rosa dissera aquilo, Alvo ficou pensando. Realmente, o que Slim poderia querer ali? Havia um bom
estoque de ingredientes vindos de unicórnios em Hogwarts, no armário de poções. Seria bem mais fácil rouba-lo, do
que coletar ingredientes com as próprias mãos...
- Meu Deus! Olhem AQUILO! – disse Escórpio arregalando os olhos
Naquele momento, em meio a brancura do cenário, surgiu um vulto vermelho e dourado, planando em meio ao lago.
- É... É... É uma...é uma...
- Uma fênix! – disse Aurin com orgulho – Não víamos uma dessas a muitos anos aqui na floresta! Essa Apareceu a
poucas décadas, e tem sido a única a muito tempo.
Alvo engoliu em seco. Ele não prestava muita atenção as aulas de Criaturas Mágicas, mas sabia que aquilo devia
significar alguma coisa
- Ele poderia fazer milhares de coisas com isso! Não é? – disse Alvo
- Se é! – disse Rosa – Lagrimas curativas, capacidade de levantar cargas pesadas, e até mesmo aparatagem! E as
fênix não se incomodam com os feitiços protetores de Hogwarts!
- Nossa! – disse Alvo
- E eu nem quero pensar no que ele poderia fazer usando poções! – disse Rosa
- Talvez seja alguma coisa boa... – arriscou Alvo
Rosa olhou para ele de esguelha. Não, não havia chance de ser nada bom, pois se fosse, ele iria querer receber
méritos, ganhar medalhas, e ele não poderia fazer isso trabalhando na surdina e quebrando regras.
Fosse o que fosse que Servo Slim estivesse planejando, era algo ruim para eles, e ruim para a escola. Talvez, até
houvesse alguma magia das trevas naquilo.
Harry abriu os olhos, acordando e interrompendo um sonho. Ele havia sonhado com varias coisas, muitas das quais
eram reflexo do que ele estava vivendo no momento. Lobisomens por exemplo, tinha muitos deles em seus sonhos.
Ele olhou em volta, sem reconhecer o local onde estava. Não era a Toca, e muito menos o Largo Grimmald. Onde
diabos...
- Harry!
Ele ouviu a voz de Rony do lado de fora da porta. Só então ele se lembrou finalmente. Estava no Caldeirão Furado,
em Londres. Junto com ele, estava Rony, Gina, e alguns outros aurores novatos que num passado não muito distante
haviam sido da Armada de Dumbledore, aliás, pensavam ainda ser.
Ele se levantou rápido. Como é que ele chegara ali mesmo? Ah sim, ele se lembrava. A duas semanas atrás, Kingsley
havia montado o grupo, que agora ele liderava. Bastou uma olhada no grupo, e Harry viu que tinha coisa errada, ou
alguma coisa certa dependendo do ponto de vista. Viu ali Dino Tomas, Lilá Brown, Zacarias Smith, Miguel Córner, e o
pior de todos os membros, Gina.
- Mas que... O que... KIGNSLEY!
Se entender com o Ministro foi bem difícil para Harry, por que ele tinha um ótimo argumento.
- Eles já vêem você como líder, vai ser fácil fazê-los agir como equipe!
- Por que é que eles estão aqui?
- Todos passaram no teste!
- Qualé!
- Não tive nada haver com isso! Eles passaram por mérito próprio! Só os coloquei na sua equipe!
A parte que Harry mais odiou foi ver Gina lá no meio. Por que de todos os ramos que podiam ser escolhidos no Mundo
Bruxo, ela tinha que escolher o cargo mais perigoso de todos. AUROR. É claro, ele nunca poderia falar isso pra ela,
por que se algum dia abrisse a boca, ele ouviria varias verdades que não estava disposto a ouvir. Como por exemplo,
“Sei me cuidar tão bem quanto você, ou qualquer um” ou “Está agindo com um idiota super protetor”. Então não tinha
jeito, ele teria que engolir.
Não é preciso dizer que todos ficaram muito felizes de estarem de novo no mesmo time. Harry nem imaginava o
quanto havia inspirado os antigos colegas.
- Eu só pensei em ser Aurora depois de fazer parte da Armada! – disse Lilá Brown
- Serio? – disse Dino Tomas – Eu até pensei em ser, assim, depois que descobri o que era um Auror, por que meus
pais são trouxas!
- Depois do último ano, acho impressionante que tão poucos tenham querido ser Aurores – disse Zacarias Smith,
baixando a voz – Não vai haver momento mais fácil para entrar se tornar Auror do que agora, o Ministério está
precisando de pessoas!
- Que bobagem Zacarias! – disse Miguel Córner
- Más é verdade...
Depois de conhecer sua nova equipe, Harry tinha outro problema, as revoltas de lobisomens que precisavam ser
contidas. E ele tinha que por aquela equipe de novatos em forma até lá. Ficou se perguntando se eles ainda
lembravam do que haviam aprendido na A.D no quinto ano.
- Devem lembrar! - Garantiu Rony – Afinal, durante o sétimo ano, tiveram que por tudo em prática!
Rezando para que Rony estivesse certo, Harry assumiu a sua primeira missão oficial.
Como dissera Kingsley, havia revoltas de lobisomens por todos os lados, e ele, Harry, seria o encarregado de conte-
las. Então, ele não esperava nada menos, quando recebeu a noticia de que teria que...
- Salvar um vilarejo Trouxa? – disse Zacarias
- Sim! – disse Harry – Algo contra?
- Ta brincando! – disse ele – Devem ter dezenas de lobisomens por lá
- Centenas! – corrigiu Gina – Quinhentos e oitenta e três! Um bruxo da região se encarregou de contar! Eles estão se
reunindo na floresta atrás do lugar, e planejam atacar quando a lua aparecer!
- Isso é suicídio! – disse Miguel
- Se tá com medo, pula fora! – desafiou Rony
- Não
Ao ouvir isso todos ficaram mais animados, e encorajados. Rony se aproximou de Harry
- E então? Qual é o plano?
- Quando eu tiver um eu falo!
- Ah... Saquei!
Passaram pelos corredores do Ministério, até atingirem o saguão de entrada, que era o melhor lugar para aparatação.
- Todos prontos? – disse Harry
Todos confirmaram com a cabeça
- Certo! Então vamos!
No segundo seguinte, todos haviam aparatado do Ministério.
Harry sentiu a brisa fria da noite. Ele e os sete companheiros estavam nos arredores de uma pequena vila trouxa,
onde por perto havia uma floresta de pinheiros muito nevoenta.
- Isso aqui está arrepiante! – disse Miguel Córner
- Agora vai ficar com medo? – disse Zacarias Smith desdenhoso
- Fiquem juntos – disse Harry
Harry olhou para o céu e suspirou aliviado. A lua estava totalmente coberta por névoa. Talvez a missão fosse mais
fácil do que parecera a primeira vista.
- Todo mundo aqui sabe fazer o feitiço desilusório? – disse Harry
- Dá um tempo! – disse Zacarias – Não nos subestime
Harry teve que se segurar para não mandar uma meia resposta para o companheiro. Zacarias tinha uma
personalidade muito irritante.
Todos prepararam seus feitiços. Harry sentiu a sensação de frieza escorrendo pelo topo de sua cabeça. Logo, todos os
feitiços estavam prontos. Harry olhou em volta para ver como haviam se saído os companheiros. Rony ele pode ver
claramente pois os objetos em volta dele ficavam meio arredondados quando ele passava. Zacarias Smith e Miguel
Córner haviam feito feitiços competentes apesar de tudo. Contudo, Lilá Brown e Gina haviam quase desaparecido.
- Muito bom! – disse ele
Um silencio geral.
- Nossa Harry! – disse Rony – Você está invisível!
- É eu sei! – disse Harry, se perguntando se o amigo tinha esquecido a intenção de um feitiço desilusório.
- Não! – disse Lilá – Invisível mesmo! Esse é o feitiço desilusório mais poderoso que já vi!
- Se não tivesse visto você fazer o feitiço pensaria que está usando a capa! – disse Miguel Córner
- Hum... Certo! – disse Harry, sem saber o que diser– Se organizem em duplas! Córner e Smith, fiquem à direita!
Rony e Lilá! Fiquem logo atrás, e Gina...
- Eu ficarei com a Lilá! – disse ela – Você tem feito dupla com o Rony no combate as Artes das Trevas faz tempo! Já
tem o passo acertado!
Harry se perguntou o que raios ela estava querendo.
- Eu sou o líder aqui! – disse ela
- Ótimo! – disse ela – Então se concentre em proteger as pessoas daquele vilarejo, e não uma única companheira
Aurora!
Aquilo foi um belo tapa. Era verdade, ele queria ficar perto da Gina por que estava preocupado.
- Escuta Gina...
- Esquece cara! – disse Rony – Ela não vai ceder!
E não cedeu, nem havia como impedir, uma vez que ela estava quase invisível. O grupo continuou a adentrar na
floresta. A névoa estava muito espessa, e não se via quase nada. Harry ficou se perguntando onde estariam os
inimigos
Todos foram passando por entre as árvores, com os ouvidos atentos para qualquer coisa. Foi quando Harry começou a
ouvir vozes.
- Logo, logo, estaremos nos deliciando com o sangue deles! Logo, estará em tempo de atacarmos!
O barulho de aparatações pôde ser ouvido. Harry mandou que todos se abaixassem fazendo sinais de som com a
boca.
No meio de uma clareira, estavam vários bruxos, todos com vestes muito ruins, pálidos e magros. Harry se lembrou
da aparência que Lupin sempre apresentava. A maioria ali tinha sintomas físicos semelhantes.
- São muitos! – ele ouviu a voz de Lilá comentar
Ela tinha razão, havia vários deles. Duzentos ou trezentos no mínimo. Harry começou a sentir um aperto muito forte
no peito. Como é que ele faria meia dúzia de bruxos inexperientes vencerem uma luta contra um exercito lobisomem?
- E agora capitão? – Harry ouviu a voz de Zacarias lhe perguntando – É hora de um plano mirabolante, e milagroso!
Um plano milagroso? Sim, milagres viviam acontecendo quando ele enfrentava Voldemort. Como Fawkes voando para
a Câmara Secreta para salva-lo do Basilisco, ou um feitiço protetor como quando salvara a Pedra Filosofal, ou tantas
outras vezes que a sorte ou o acaso o levaram a derrotar o que parecia insuperável. “NÂO” disse ele a si mesmo “Não
foi só a sorte, eu me esforcei, lutei, venci, e escapei de muitas coisas sem precisar de um milagre” e nisso, veio a sua
mente as suas escapadas ao destruir as Horcruxes, o momento em que varou a cabeça do Basilisco com a espada de
Godrick Griffindor, e os Dementadores que havia espantado no terceiro ano. Ele não precisara de ajuda com nada
daquilo, e não precisaria agora.
- Certo! – disse ele pensando – Precisamos derrotar muitos, com pouco arsenal! Como é que vamos fazer isso?
Procurou em sua mente as vezes em que esteve em desvantagem numérica. À sua mente, veio a ida a Floresta
proibida no segundo ano, onde se vira rodeado por aranhas. Aquilo não ajudava em nada, a menos que Lobisomens
temessem um Ford Anglia voador, e eles tivessem um à disposição.
Depois disso, sua mente passeou rapidamente pelo Torneio Tribruxo com os sereianos, pensando depois na Invasão
do Ministério no quinto ano. Então pensou quando ele e Dumbledore foram resgatar a Horcrux da caverna...
Depois que o plano fora explicado, Harry correu para sua posição com Rony. Cada dupla estava em uma extremidade
do local. Harry e Rony haviam ficado em uma posição que os colocava de costas para a Aldeia Trouxa, fora da
Floresta. As coisas estavam ficando movimentadas no fundo da Clareira. O lugar parecia uma bacia rasa e gramada,
onde no fundo os lobisomens ficavam cada vez mais alvoroçados.
Harry ficou pensando em Gina, lá do outro lado da bacia. Ela devia estar em algum lugar com Lilá Brown. “Podia ser
pior” Harry pensou “Ela podia estar fazendo dupla com o ex-namorado”. O pensamento não foi nada reconfortante.
Então, algo começou a mudar lá embaixo. A neblina havia adquirido uma cor clara e prateada no céu.
- IRMÃOS! – gritou um bruxo lá no meio – A LUA ESTÁ A PINO AGORA POR BAIXO DESSA NEBLINA! QUANDO ELA
FOR RETIRADA, NOSSO PODER SERÁ MAIOR DO QUE JAMAIS FOI! NESSE MOMENTO, IREMOS ATÉ O VILAREJO
TROUXA E DOBRAREMOS O NUMERO DE NOSSA RAÇA! O MINISTÉRIO DA MAGIA ESTÁ FRACO DEMAIS PARA NOS
IMPEDIR, GRAÇAS A LUTA COM OS BRUXOS DAS TREVAS! TEREMOS LIBERDADE TOTAL PARA MATARMOS E NOS
MULTIPLICARMOS O QUANTO QUISERMOS! HOJE É O NOSSO DIA!
Urros grosseiros explodiram de todos os lados. Naquele momento, Harry se perguntou se ainda haveria alguma coisa
humana naqueles homens lá embaixo. Pareciam mais lobos que homens, mesmo sem a lua cheia. Lhe lembraram
Greyback.
- Agora! – disse o homem – É hora de removermos esta névoa!
Harry se preparou. Rezou para que todos tivessem entendido o que deveriam fazer.
Então, Harry sentiu um frio enorme no estômago. Para dentro da bacia, foram levadas duas crianças. Uma menina
loira de aparência frágil, e um menino cujo cabelo era tão claro, que chegava a ser grisalho. Pareciam ter
respectivamente seis e oito anos.
- E aqui temos! – berrou o Lobo líder – duas crianças! Uma bruxinha, e um garoto, cujo poder é zero! Sabe qual é a
coisa mais engraçada nisso tudo? Os dois são irmãos! Sim, gêmeos! Um com magia, e o outro com magia! Por que,
neste dia resolvemos trazer justamente estes dois para este dia tão especial para nossa raça?
O garotinho olhou para o sujeito com um olhar selvagem, então cuspiu nos pés dele.
- Vá se danar!
O homem riu.
- Ele já está pegando o espírito! – disse ele – Mas não precisa se fazer de corajoso na frente da sua irmã, dá pra
sentir o cheiro do seu medo!
Harry escutou tudo aquilo com uma sensação crescente de pânico. Todo o plano que ele havia bolado acabara de ir
para o espaço. Ele já podia imaginar as caras hesitantes dos seus companheiros ao olharem para as duas criancinhas
lá embaixo. Ele próprio não sabia o que fazer.
Então, o homem ergueu a varinha para o céu, e a névoa começou a limpar. A sensação de impotência e medo crescia
em Harry, bloqueando qualquer pensamento racional. Ele olhou para a menininha apavorada e para o garoto que
apesar de atitude desafio também parecia estar à beira das lágrimas.
- Rony! – disse Harry desfazendo o feitiço desilusório – De um jeito de avisar para os outros continuarem com o
plano!
- QUE? – disse Rony – Mas e os...
- EU DOU UM JEITO! Você precisa avisar para os outros que o plano está de pé!
- Mas como é que eu vou...
-SE VIRA!
E saiu correndo para o meio da bacia. Ao mesmo tempo, os homens ali presentes começaram a abandonar suas
vestes e suas formas iniciais. As presas e o pelo negro estavam surgindo. As duas pequenas figuras se encolheram na
relva, paralisados de medo. O mais velho abraçou a irmãzinha.
Harry aparatara para o meio da bacia, exatamente para onde as duas crianças estavam. A força do seu feitiço jogara
para o alto todos os lobos que saltaram.
- Fiquem junto de mim! – disse Harry aos dois garotos
Os lobos haviam acabado de notar a presença de Harry. Ele olhou em volta, e se achou cercado por todos os lados.
Pensou em aparatar, mas ficou se perguntando se saberia como fazer uma aparatação acompanhada, com os dois
pequeninos, no meio de tantos inimigos em profusão. Ele não podia arriscar.
- ESTUPEFAÇA! – berrou ele, derrubando um dos lobos que agora saltavam pra cima dele – ESTUPEFAÇA!
Ele saiu distribuindo feitiços estuporantes, abrindo caminho numa selva de pelos negros. Ele precisava ficar de olho
nas feras, e no garotinho, que tentava se manter junto dele a qualquer custo. Começou a sentir um cansaço
crescente, e quase não havia conseguido avançar.
Foi quando o fogo se acendeu do lado onde estava Rony. Os lobisomens se encolheram quando viram a luz alaranjada
cheia de calor tomar conta de um pinheiro inteiro. Então, de repente, os pinheiros à esquerda, direita, e atrás também
pegaram fogo. Os lobos ficaram desesperados e desorientados.
Harry aproveitou a deixa, e saiu correndo. Puxando o garoto pela gola da jaqueta, ele levou os dois para fora da
bacia, e saltou para fora do circulo de chamas.
A menina chorava, e o garoto parecia se segurar para não acabar chorando também. Harry procurou ao redor o que
fazer agora. O passo seguinte do plano era ir para a orla da floresta e assegurar que nenhum lobo extraviado acabaria
indo para cima dos moradores, mas agora, com os garotinhos, o que fazer?
É! – disse Harry
Um estampido ecoou ao seu lado, e ele imediatamente ergueu a varinha
- Harry!
Eram Lilá e Gina. Ficou se perguntando como elas haviam conseguido achá-lo no meio daquela confusão
- Vimos você correndo pra esse lado do nosso esconderijo! – disse Lilá – Ainda estou boba com o que você acabou de
fazer, Harry!
– NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FOI LÁ EMBAIXO! PODERIA ESTÁR MORTO!- disse Gina numa imitação perfeita da mãe
dela
No segundo seguinte, os ramos de árvores desapareceram, e tudo girou. No segundo seguinte, Harry havia
despontado no gramado, onde à frente havia o vilarejo, e atrás a floresta, cheia de olhos brilhantes à espreita.
- HARRY! AQUI!!
Harry olhou para o lado, e viu Rony agachado atrás de uma pedra.
- Vem pra cá! – berrou o amigo!
Harry não esperou mais, correu para onde o amigo estava escondido. Os dois se esconderam atrás da pedra.
E voltamos ao começo. Com Harry e Rony agachados atrás das pedras, esperando reforços, e se perguntando se iriam
sobreviver ao que vinha por aí.
Harry então começou a sentir medo. Lilá e Gina haviam incendiado suas árvores logo depois de Rony, mas e se Miguel
e Zacarias hesitaram no último segundo? Os lobisomens com certeza teriam ido para cima deles, tentando escapar do
circulo de fogo. “Não” disse Harry a si mesmo “O circulo se completou! Eles tocaram fogo nas árvores”. Mas se era
assim, onde eles estavam?
Harry não teve muito tempo para pensar. Acabara de ouvir um barulho vindo do meio da orla.
- AGORA!- berrou Harry
- PAZ, PAZ!
Harry parou no ato de lançar um feitiço estuporante. Zacarias vinha carregando Miguel Córner.
- O que aconteceu? – perguntou Harry
O estomago de Harry deu uma cambalhota. Miguel tinha um verdadeiro rombo na perna esquerda. Zacarias o
amparava com um ar desesperado de quem havia sido pego fazendo algum crime. Os dois estavam sujos de sangue,
mas Miguel era o único que estava branco feito papel.
Harry sentiu náuseas. De repente se sentiu de volta no tempo, em um túnel em direção a Hogwarts, onde certo
garoto de rosto redondo e amigável com o rosto marcado de hematomas lhe dizia “Não podia pedir a eles que
suportassem o que Miguel suportou”
Eles o depositaram no chão. Havia muito sangue. Por sorte, Harry estava com um frasquinho de Dittamo que
Hermione havia lhe preparado. As lembranças de como o Dittamo curara o braço de Rony quando estrunchou durante
uma aparatação desesperada lutaram contra a sua certeza de que a ferida de um lobisomem não era como as demais.
- NÃO FOI MINHA CULPA! – berrou Zacarias – EU QUERIA SEGUIR O PLANO! MAS ESSE IDIOTA DESENGONÇADO
PULOU, DIZENDO QUE TINHA CRIANÇAS LA EMBAIXO! EU DISSE PRA ELE SAIR DA FRENTE, ELE... ELE...
Zacarias respirava com dificuldade. Harry pensou que ele ia ter um acesso.
- Ele caiu... Nós duelamos... e ele caiu... no meio deles, no meio dos lobos!
Os quatro se puseram de pé. As coisas pareciam estar se acalmando na floresta. Aparentemente, os lobisomens
haviam decidido que não era seguro fazer nenhum ataque aquela noite.
- Vamos sair daqui! – disse Harry
- Mas e a Gina e a Lilá? – disse Rony
- Estão bem! – assegurou Harry – Foram embora, levando as crianças!
- Você conseguiu salva-las? – disse Zacarias assombrado
- Consegui! Vamos para o Caldeirão Furado! – disse Harry – De lá, a gente manda uma mensagem para elas!
- E teremos como cuidar da perna do Corner! – lembrou Zacarias
Os três assentiram, e aparataram logo em seguida. Doravante aos problemas ocorridos, a missão fora um sucesso.
Contra todas as possibilidades, eles conseguiram impedir uma chacina naquele povoado. E foi nessa direção que Harry
mandou os pensamentos. Não pensou em Miguel com o ferimento do lobisomem. Não pensou nele com as mesmas
dificuldades de Lupin, no trabalho e na vida pessoal. Decididamente ele não queria pensar nisso.
Preferiu pensar que salvara duas crianças inocentes da morte. Uma jovem bruxa, e o seu irmão abortado de cabelos
descoloridos.
Novembro se aproximava cada vez mais, trazendo consigo um frio cada vez maior. Alvo e Rosa se esforçavam para se
manter quentes passando a maior parte do tempo na Sala Comunal da Grifinória, porém, as aulas, e principalmente
as primeiras provas os obrigavam a fazer desconfortáveis viagens até a biblioteca.
- Às vezes eu tenho vontade de jogar tudo pro alto! – disse Rosa uma vez a Alvo – de parar de estudar e ir jogar
Quadribol pro resto do Ano Letivo.
- Pena que ainda somos muito novos! – disse Alvo
- É! – disse Rosa – E pena que minha mãe é Hermione Granger Weasley!
Alvo não discutiu. Ele sabia que Rosa insistia em estudar o máximo possível por causa da mãe, embora sua tia
insistisse que ela não deveria ficar se comparando a ela própria. Não havia como evitar.
- E aí pessoal!
Escórpio chegou abraçando os amigos.
- Já ficaram sabendo das novidades? Encontraram um novo artefato mágico do século XV! Isso data da mesma época
que minha família se mudou para a Inglaterra!
Alvo revirou os olhos. O amigo estava insuportável, dês de que saíra no jornal que a família era oficialmente a família
mais antiga de bruxos a manter o nome, perdendo apenas para os Weasley
- Pelo amor de Deus Escórpio! – disse Rosa – Isso de preservar o nome não significa nada! Há famílias bruxas muito
mais antigas, só que acabaram mudando de nome!
- E qual é a vantagem de ser de uma família antiga afinal? – disse Alvo
Escórpio riu.
- Famílias bruxas antigas costumam possuir habilidades mágicas antigas também!
Rosa deu um muxoxo.
- Você não vai começar com o papo de Sangues Puros são isso ou aquilo, vai?
- É! – disse Alvo – É muito chato quando você começa a falar nisso!
- Peraí – disse Escórpio - Eu nunca disse que Sangues Puros são melhores que bruxo Nascidos-Trouxas, ou coisa do
tipo! Eu só disse que famílias de Sangue Puro costumam ser mais poderosas!
Rosa revirou os olhos.
- Não é exatamente a mesma coisa?
- NÂO! – disse Escórpio – Famílias de Sangue Puro antigas são mais poderosas por que tiveram mais tempo de
estudar a magia, e acumular artefatos mágicos poderosos que seus antepassados tiveram! Hora, até algumas
habilidades mágicas são passadas pelo sangue!
- ESSA É A COISA MAIS ABSURDA QUE JÁ OUVI! – berrou Rosa – SE MAGIA FOSSE ALGO DE SANGUE, COMO
EXPLICA QUE MINHA MÃE QUE NASCEU TROUXA SEJA BRUXA?
Todo mundo no corredor parou para olhar. Alvo olhou em volta também, e viu seu irmão Tiago observando tudo, meio
que pronto para interferir.
- Existem habilidades SIM que são passadas pelo sangue! – disse Escórpio
- Ah é? – disse Rosa – Por exemplo?
- Ofidioglossia – disse Escórpio
Pela primeira vez, dês de que a discussão começara, Rosa parecia sem palavras.
- Isso... É uma exceção... Além disso, provavelmente é uma magia das trevas...
- Só por que é de Salazar Sonserina não quer dizer que seja ruim! – disse Escórpio
- Qual é! – disse Rosa – Todo mundo sabe que a casa de Sonserina é uma casa das Trevas!
- Isso... Isso não é verdade!
- Site um único bruxo que tenha sido da Sonserina e não virou de vez uma criatura das trevas!
Escórpio queria dizer alguma coisa, mas aparentemente não lhe ocorria nenhum nome. Alvo pensou com desespero
por que ele não dizia alguma coisa do tipo “O meu pai” ou então “A minha mãe”. Só então lhe ocorreu, que mesmo a
família dele não fugia ao estigma dos Sonserinos. As pessoas ao redor estavam começando a notar a mesma coisa, e
a olhar de forma atravessada para o garoto, que começara a ficar escarlate.
- SEVERO SNAPE!
Alvo nem soube como as palavras escaparam de sua boca. Rosa olhou para ele incrédula.
- Severo Snape! – disse Alvo – Foi da Sonserina, mas se tornou um grande partidário de Dumbledore, e defendeu a
causa da Ordem da Fênix até o fim de seus dias! Pelo menos é o que diz meu pai!
O rosto de todos ao redor abrandou, e pareceram perder o interesse na conversa dos três.
- E não é só ele! – disse Alvo, sentindo que à hora era aquela – Um cara chamado Pedro Pettegrew de acordo com
meu pai foi à criatura mais traiçoeira que ele já conheceu!
Esse último, Alvo havia ouvido também do pai, mas às escondidas. Ele estava atrás da porta, ouvindo a conversa de
Harry com uns amigos, contando antigas aventuras. E embora Alvo não entendesse parte do que estava sendo dito
ali, ele arquivou bem quando ele dissera “É impressionante como um rato como Pedro Pettegrew conseguiu se tornar
um Grifinoriano, e Severo Snape não! Talvez Dumbledore esteja certo, as seleções são feitas cedo demais”
- Exato! – disse Escórpio – E olha! Eu não estou dizendo que um bruxo nascido trouxa é um bruxo sem mágica de
verdade! Estou dizendo apenas que o tempo de estudo da magia...
- CALA A BOCA! – berrou Rosa
E saiu dali, nervosa e humilhada. Alvo sentiu que, sem querer, ele e Escórpio haviam tocado em algum ponto
sensível.
- Espero que ela não tenha levado nada para o lado pessoal! – disse Escórpio
- Tenho medo que tenha levado! – disse Alvo – A Rosa as vezes pode ser uma pessoa meio difícil de lidar!
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Os temos de Alvo se revelaram muito justificáveis nos dias que se seguiram. Toda vez que eles se aproximavam para
puxar conversa, ela se afastava ou começava a conversar com qualquer um que estivesse ao seu lado.
Uma vez, a garota começou uma conversa sobre mandrágoras com o Prof. Longbotton, por ter visto que Alvo e
Escórpio se aproximavam. O resultado foi que Neville ficou tão feliz, que acabou chamando-a para conhecer a Estufa
onde as plantas viviam. Com um olhar assassino em direção aos dois, ela acompanhou o professor. Como se
acreditasse que a culpa de ela ter de ver os vegetais berrantes era deles e não dela.
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Rosa ficou sem falar com eles durante toda a última semana de outubro. Ela só rompeu o silencio às vésperas do Dia
das Bruxas, quando os Chudley Cannons ganharam o campeonato. Ela abriu o jornal e leu a sessão de esportes,
então saiu correndo e deu um abraço em Alvo.
- GANHAMOS, GANHAMOS!
Alvo sorriu. Ficou escarlate quando notou que todos no Saguão estavam olhando para eles, mas mesmo assim ficou
feliz, pois com certeza aquilo marcava uma reconciliação.
Ela até mesmo falou bem com Escórpio, apesar de que de inicio ela ficara um pouco fria.
- É bom você ter voltado a falar com a gente! – disse Escórpio meio sem jeito, fazendo Alvo se perguntar por que
- É até bom eu voltar a andar com vocês! – disse a garota cheia de si – Afinal, vocês parecem estar negligenciando
seus estudos, e estamos à vésperas dos exames!
Os dois riram.
- Não! – disse Escórpio – Estamos à vésperas é do Dia das Bruxas!
- Amanha vai ser chocante! – disse Alvo – Acham que dá tempo de voar com o Asafugaz antes de subirmos?
- Nesse FRIO? – disse Escórpio – Você é doido?
Ele riu. Dês de a incursão na Floresta Proibida, ele viciara em voar com o Hipogrifo. Eles voavam o tempo todo, e o
animal parecia gostar bastante disso.
- Falando em animais fantásticos! – disse Rosa – Andei pesquisando! Ovos de Fênix chocam em poucos mais de três
meses!
- Três meses? – disse Escórpio – Bem, isso nos dá bastante tempo, certo?
- Não sabemos quanto tempo tem que foram chocados! – disse Rosa – Então dá no mesmo
Alvo e Rosa haviam concordado em falar para Escórpio o que eles achavam que Servo Slim andava aprontando.
Escórpio lhes dissera o que achava. “Capturar uma fênix para animal de estimação não é crime”, mas Rosa insistia
que Servo Slim devia estar aprontando alguma. Alvo começara a achar que na verdade, era o orgulho ferido dela
nublando a mente, por que aparentemente, Servo Slim era virtuoso nas aulas, e ela tivera que se contentar com o
segundo lugar no último exame de Poções, e também de Transfigurações.
Neste momento, o Correio Coruja chegou. O bater de asas de milhões de aves encheu o Salão Principal, enquanto os
alunos estendiam as mãos para apanhar suas encomendas, ou cartas, ou o que quer que seja que os pais haviam lhes
enviado.
Alvo se preparou para pegar a sua encomenda de doces, que sua mãe Gina havia lhe prometido para aquele dia. Mas
então, sua coruja soltou junto uma carta.
Ele olhou para o irmão Tiago. Ele também havia recebido uma carta. Ele viu seu irmão se levantar e correr até ele.
- E aí cara, você também recebeu?
Alvo assentiu, e mostrou a carta. Tiago olhou, e riu.
- Só isso? – ele falou
Caro Alvo
Como vai indo na escola? Bem eu espero. Comigo está tudo numa boa. Tenho escalado montanhas, viajado por
estradas, e chutado o traseiro de um ou dois bruxos das trevas. Sabe como é esse meu trabalho de Arqueomago.
Ainda não encontrei nem rastro de artefatos que digam qualquer coisa a respeito da origem dos lobisomens(que como
você sabe, é o principal motivo de eu ter entrado nesse ramo), mas encontrei uma urna que data do Século XV(você
deve ter lido a respeito) O pessoal da arqueomagia ficou maluco, acho que tudo isso vai ser muito bom pra mim.
Também descobri uns artefatos que foram fabricados por duendes (mandei um de lembrança para o seu irmão, caso
queira ver)...
Alvo levantou a cabeça da carta. Deparou-se com Tiago exibindo uma espécie de Adaga longa com uma bainha de
couro. O punho parecia ser de ouro, e a lamina de prata, mas não dava para ter certeza. Alvo sentiu inveja inflamada
do presente do irmão. Continuou a ler
... Estou mandando pra você uma coisa especial também. Não tem uma aparência esplendida como a do seu irmão,
mas tem o mesmo valor, comercial e sentimental...
Alvo deixou escorregar para fora do envelope algo fino e de aparência delicada. Era feito de ouro e prata, e a ponta
parecia ser de rubi. Era uma pena.
Tiago riu.
- Não seria má idéia!
Alvo mal pode conter a alegria. Teddy estaria lá para o Dia das Bruxas. Ele e o irmão trocaram olhares efusivos. Rosa
e Escórpio leram o bilhete em seguida.
- Demais! – disse Rosa – o Teddy vai estar aqui para o Dia das Bruxas!
- Quem é esse Lupin afinal? – disse Escórpio lendo o bilhete – Do jeito que ele fala, e pelos presentes que mandou,
ele parece uma espécie de arrombador de tumbas, sei lá!
- Ele é Arqueomago! – disse Tiago indignado – Ted roda o mundo a procura de civilizações bruxas antigas, novos
artefatos da bruxaria e outras coisas! É um ramo da magia muito sinistro!
- Meu pai sempre disse que estudar História da Magia é uma piada! – disse Escórpio – E que não serve pra nada no
mundo de verdade!
Tiago pareceu que ia bater em Escórpio. Alvo fez menção de segura-lo, mas então ele simplesmente se virou e foi
embora aborrecido.
- Qual é o problema dele?
- É que o Teddy – disse Rosa – sempre foi uma espécie de Irmão mais velho do Tiago! Falar mal do Ted é o mesmo
que falar mal da família Potter!
Escorpio pareceu entender, pois assumiu uma expressão de arrependimento. Mas em uma coisa Alvo tinha de
concordar. Não conseguia ver onde estudar História da Magia poderia ser útil a um bruxo. Pelo menos não do jeito
que o Prof. Beans ensinava.
Alvo não foi para a cama sedo naquela noite. O dia seguinte era o Dia das Bruxas, e a perspectiva de reencontrar seu
quase irmão Ted o havia deixado bem ativo. Resolveu usar aquela agitação para algo útil e terminar os deveres de
casa.
- Eu francamente não entendo sua cabeça! – disse Escorpio – Vai mesmo ficar fazendo os deveres?
- Ele está sendo responsável! – disse Rosa categoricamente – Terminar os deveres deveria ser sua prioridade
também!
- Me desculpe se “dormir” vem antes de “fazer os deveres” na minha lista! – disse Escorpio
Os dois trocaram olhares tensos, e depois cada um foi para um lado a caminho do dormitório.
Alvo riu consigo mesmo ao observar os dois tomando direções opostas. Havia algo de inusitado em um Malfoy e um
Weasley andar juntos, isso sem contar que se tratava de menino e uma menina. “É bastante natural que eles
acabassem se estranhando” pensou Alvo consigo mesmo. Afinal, ele não podia pedir para que os dois acabassem
esquecendo as diferenças de uma hora para outra, Deus, as duas famílias tem atritos quase dês de o principio. E
considerando que os dois clãs bruxos eram antiguíssimos, “Dês de o principio” era muito tempo.
Desenhar o Mapa Celeste de Astronomia era o mais difícil dos seus deveres. Simplesmente era complicado demais
colocar cada estrela e cada planeta no lugar certo. Ele resolveu usar à pena nova que Ted havia lhe mandado, pois a
ponta de rubi era bem fina e precisa, escorregando macio sobre o pergaminho. Era uma boa pena. Pelo jeito Rosa
estava certa, o presente que Ted lhe dera seria mais útil do que o do seu irmão Tiago. Embora ele jamais pensasse
em usá-la fora da Sala Comunal. Uma pena de ouro para fazer os deveres em sala chamaria muita atenção.
Ele continuou a fazer os deveres. “Vou terminar isso, e ficar livre o resto do Dia das Bruxas” ele pensou. Mas não
conseguia evitar que suas pálpebras ficassem pesadas, nem que seu corpo se aconchegasse no sofá macio, sob o
calor reconfortante da lareira a sua frente. Seu último pensamento foi sobre quais seriam as surpresas que o
aguardavam no Dia das Bruxas...
...O som rítmico de algo riscando o ar incomodava profundamente. Quem era a criatura que estava rabiscando
pergaminhos enquanto ele tentava dormir? Ele abriu os olhos. Ele ainda estava segurando a pena quando dormiu,
porém, o artefato não estava em sua mão. Ele estava sobre um pergaminho em branco, rabiscando freneticamente,
de um lado para outro. De vês em quando a pena apenas dançava no ar, e em outros momentos, em sua dança, ela
riscava o papel.
Alvo se pôs de pé num salto. Será que seu irmão lhe comprara uma daquelas penas de repetição rápida? Ele olhou de
perto o que ela estava fazendo. Não eram palavras, mas sim um desenho. A pena dançava no ar de um lado para o
outro, imprimindo sobre o pergaminho um desenho em preto e branco, intercalando cinza. Fosse o que fosse, em
pouco tempo Alvo o veria pronto, pintado no grosso papel.
Alvo procurou pelas suas folhas de Deveres de casa. Por sorte, nenhum deles havia sido vitima da Pena Dançante.
Finalmente, o instrumento parou, e caiu levemente sobre a mesa, com uma pena normal (e não de ouro) faria.
Alvo se aproximou para olhar o desenho. Estava ansioso para ver o que ela tinha feito. O cheiro de tinta quente
estava forte sobre o desenho. Ele se aproximou e olhou.
Sentiu um frio estranho no estomago. Alvo não entendeu direito o que estava vendo. Em seu pergaminho, havia um
homem vestido com um sobretudo. Ele causava luvas, tinha um chapéu, e um cachecol enrolado sobre o rosto,
deixando visível apenas os olhos agudos e frios. Era uma figura assustadora, pois os olhos pareciam se mexer, e
olhavam para Alvo de forma agressiva.
Alvo largou o desenho, e com o coração batendo, subiu para os Dormitórios, deixando o desenho jogado sobre a
pena.
- É uma boa ilustração! – disse Rosa – Mas foi você que desenhou certo?
- Eu já disse que não! – falou Alvo – Foi a Pena! A Pena começou a dançar n o ar, e imprimiu isso!
- Nunca ouvi falar de uma Pena de Repetição Rápida para Artistas! – disse Escórpio – Esquisito! Mas por que
exatamente você mandou ela imprimir uma figura de livros de suspense?
- EU... NÃO... MANDEI! A pena fez sozinha!
Estava um dia frio, e uma chuva fina caía. Nevoeiro denso se espalhava pela Floresta Proibida ao longe, fazendo-a
parecer ainda menos convidativa do que o normal. Era um dia das bruxas cinzento. As luzes acesas da cabana de
Hagrid eram um conforto aos olhos deles.
- Espero que aquele gigante tenha feito chá! – disse Escórpio
- Eu também! – disse Alvo – Estou com frio.
Eles entraram. A casa estava aconchegante e quente, e Alvo agradeceu quando Hagrid lhe ofereceu chá.
Alvo passara a gostar muito do gigante. Ele, Rosa e Escorpio sempre iam até a cabana dele, para que Hagrid pudesse
lhe mostrar como cuidar do Hipogrifo Bicuço, e é claro, quando não havia nenhum professor à vista, como induzi-lo a
fazer acrobacias aéreas.
Rosa e Escorpio também se divertiam muito. Hagrid havia lhes mostrado tudo o que ele criava nos terrenos da escola.
Dês de aqueles Explosivins neuróticos, aos vermes gigantes. Isso é claro, sem falar nos outros Hipogrifos, e nos
misteriosos Testralhos (nem um dos três foi capaz de vê-los)
Junto com Hagrid, eles também haviam aprendido muito sobre a Floresta Proibida, à qual Hagrid os levava de vês em
quando (sob a promessa de que a velha Minerva nunca ficasse sabendo). E nessas ocasiões, Rosa questionava a
respeito das fênix.
- Eu nunca as vi pela Floresta antes! – dizia Hagrid – Mas as conheço é claro! Tenho que conhecer, afinal eu sou
Professor de Trato de Criaturas Mágicas!
Depois que ele disse aquilo, Rosa nunca mais o deixou em paz. O que Hagrid lhes dizia a respeito da floresta,
especialmente sobre o costume territorial dos Centauros, ou mesmo sobre o Ninho de Acromantulas (somente depois
de algum tempo ele contou que ele existia), Rosa anotava tudo em um diário que sempre levava consigo. Alvo e
Escorpio esticavam os pescoços para olharem, mas ela o fechava rapidamente. Às vezes, ela parecia estar mais
interrogando o velho gigante. Porém, Hagrid parecia bastante feliz com aquilo.
Naquela vez, ele os convidara para assistir seu meio irmão Grope, arrancando as Gigantescas aboboras que ele havia
criado para o Dia das Bruxas, e os levando de volta para o castelo.
- Veja só ele! – disse Hagrid apontando pela janela – Para ele, as abóboras têm o tamanho normal!
Os três riram. Quando eles foram apresentados à Grope, poucos dias atrás, Escorpio teve um chilique, e berrou feito
uma criança. E Alvo não teve exatamente uma posição honrosa, pois correu para baixo das raízes da primeira árvore
que encontrou e ficou lá segurando os joelhos. Só Rosa havia ficado firmemente parada ao lado de Hagrid, ainda que
tremesse um pouco.
Os três assentiram. Se viraram para ir embora, seguindo Grope, que já voltara para apanhar mais uma leva de
abóboras gigantes. Foi então que Alvo lembrou-se de uma coisa que queria perguntar a Hagrid, algo que lhe fora
despertado quando seu irmão Tiago ganhou a adaga e ele a pena.
- Escuta Hagrid! – disse Alvo ainda com o pé no degrau da cabana – Me explica uma coisa! Por que nunca vejo meu
irmão voando de Hipogrifo? Ele não quis o Bicuço quando você o ofereceu a ele?
Hagrid sorriu.
- Na verdade, nunca ofereci Bicuço a ele! Não, eu preferi guardá-lo para você! Harry sempre falava muito de vocês
nas cartas que mandava para mim, e entre vocês dois, sempre achei que você daria um ótimo guardião para o
Bicuço! Sim! E o Bicuço parece gostar muito de você também!
Alvo arregalou os olhos. Nunca em toda sua vida se lembrava de ter recebido nada antes do seu irmão mais velho.
Segundo a ingressar para Hogwarts, segundo aprendendo a voar, e a conseguir agarrar o pomo mais rápido. Até com
Teddy, Alvo era o segundo. Mas dessa vez, ele viera em primeiro. Ele sorriu para Hagrid.
Por fim, a noite chegou. O clima estava cada vez mais frio, e Alvo sofreu para sair da aquecida Sala Comunal para ir
para a Festa de Dia das Bruxas no Salão Principal.
Ele Escorpio e Rosa caminharam pelos portões escuros. Passaram por Nick Quase Sem Cabeça, o Fantasma da
Grifinória. Ele parecia estar com um ótimo humor, de acordo com ele, os outros fantasmas haviam lhe preparado uma
surpresa para a sua festa de Aniversário de Morte naquela noite.
- Sinceramente! – disse Escorpio – Acho que nenhum fantasma por aqui tem o Nick em muito alto estima!
- O que será que deu neles para fazerem uma surpresa assim do nada? – disse Rosa
- Estranho! – concordou Alvo
Eles chegaram ao salão.As mesas das Quatro casas estavam apinhadas das mais deliciosas iguarias e doce
(principalmente doces). Lanternas de Abóboras flutuavam no ar. E as abóboras gigantes de Hagrid também podiam
ser encontradas nos cantos do salão.
Alvo pode discernir Hagrid na mesa dos professores, conversando animadamente com Neville. A Professora Minerva
estava sentada em seu lugar de honra, bem entre todos os professores de Hogwarts. Alvo achou que ela parecia
muito frágil e velha.
Eles se sentaram perto de Tiago, e da turma animada que ele entretinha com histórias de proezas no Campo de
Quadribol.
Olhando para a mesa da Sonserina, Alvo procurou com os olhos por Servo Slim. Mas não o encontrou. Sentiu um
calafrio na espinha, sem entender por que.
De repente, as portas do salão se abriram de supetão, produzindo um baque metálico nas laterais. Todo o salão ficou
em silencio.
Um jovem se postava, ainda com os braços abertos por abrir as portas enormes. Seus cabelos eram muito negros, e
quando ele levantou os olhos, viram que eram amarelos vivos. Ele sorriu de uma forma misteriosa... E seus cabelos
ficaram brancos.
- Teddy! – disseram Alvo e Tiago em uníssono
Mas antes que eles se levantassem uma linda garota, com cabelos lisos e platinados já estava de pé, indo ao encontro
de Teddy. Ela tinha a idade de quem estava no sétimo ano de Hogwarts. Alvo e Tiago se entreolharam
- Victoire! – disse Tiago
Os dois nem conseguiram olhar. Para eles, era como ver dois irmãos se beijando. Victoire era prima deles, e eles a
conheciam dês de...bom, eles nem conseguiam se lembrar. E era igual com o Teddy.
Ted se despediu de Victoire, falando-lhe algo no ouvido, e Alvo pode deduzir pela expressão da garota, que
provavelmente ele estava lhe propondo um encontro a sós depois do banquete. Ela voltou para sua cadeira e se
sentou. E então, Ted finalmente foi até onde os Irmãos Potter estavam.
- E aí carinhas!
- E aí cara – disse Tiago – Como é que você ta! Como foi a viajem? O que se passou? Tem alguma história legal pra
contar?
- Hei! Calma! – disse Teddy – Varias histórias pra contar, mas não se preocupem, terei tempo pra contá-las, acho que
vou ficar por aqui pela próxima semana!
Os dois se entreolharam.
- A semana toda?
- A semana toda! – disse Teddy sorrindo
- Irado! – disse Alvo
- Legal – disse Rosa
Alvo olhou para Escorpio, pelo jeito ele estava tentando se fundir a cenário ficando calado e se concentrando na
comida.
- É mesmo? – disse Ted olhando para Escorpio – Malfoy é? Interessante!Hei, sua família não é uma das mais antigas a
preservar o nome no Mundo Bruxo?
Escorpio se virou para ele, visivelmente animado de ser incluído na conversa.
- É sim! Temos ancestrais que datam quase dês de a Antiguidade!
- Sua família deve ser portadora de artefatos antigos muito interessantes! – disse ele – Ela sempre esteve ligada a
algumas artes meio obscuras, não é!
Escorpio pareceu meio chateado de ele ter tocado no assunto.
- Bem... É! Mas não são toooodos da minha família!
- Alguns artefatos das trevas podem conter segredos incríveis, que contribuiriam muito pra bruxindade! – disse Ted –
Tenho esbarrado com alguns de vês em quando!
- É mesmo? – disse Escorpio assombrado
Teddy riu alto. Só agora, Alvo notara que Ted havia se tornado o centro das atenções de todo o salão, dês de sua
entrada dramática.
- Escutem! – disse Ted – Para se conseguir o soro para o veneno de uma serpente, é preciso do próprio veneno antes!
Talvez algum desses artefatos tenham a cura para muitos males das trevas!
Todos olhavam para Teddy de forma assombrada, esperando o que vinha a seguir.
- Mas vamos parar de falar de trabalho! – disse ele – E como vocês aqui em Hogwarts estão indo?
Então, Rosa se pôs em um monólogo entusiasmado de todos os acontecimentos, dês de que haviam deixado o trem.
Neste momento, Alvo desviou o olhar para a mesa da Sonserina. Lá estava Slim, sentado, degustando tudo
calmamente. De todos na Sonserina, ele era o que tinha a cara mais inocente. Será que ele realmente estava
tramando alguma coisa?
No instante seguinte, as janelas explodiram, o lustre emitiu um enorme som de estilhaço. E tudo pareceu desabar na
cabeça de todo mundo.
O impacto do daquele acontecimento fez metade dos que estavam comendo engasgarem com a comida. No instante
seguinte, todos estavam debaixo das cadeiras.
Alvo não estava entendendo nada. Um instante atrás, Teddy estava sorrindo, conversando com eles sobre a vida, e
agora, ele estava em pé, de varinha em punho, como se esperasse quer um furacão os atingisse.
Mais janelas estouraram de todos os lados. O teto de Hogwarts, que era encantado para parecer um céu, começou a
trovejar violentamente. Os professores desordenados não sabiam para onde correr. Alvo começou a sentir uma
crescente onda de pânico. Ele não conseguia se mexer, continuava sentado à mesa, parado, enquanto todos ao redor
se escondiam.
Foi quando ele apareceu. Do alto, saltando sobre a mesa com um baque surdo de botas aterrissando sobre uma
enorme mesa de madeira, uma figura coberta por um, sobretudo, com um chapéu, e um cachecol sobre o rosto. O
olhar feroz encontrou o olhar assustado de Alvo.
- Saia do meu caminho garoto! – ele disse – Você não sabe no que vocês todos acabaram se metendo!
Alvo estava paralisado, sem saber o que fazer. O homem em cima da mesa observou em volta, como um testrálio
atrás de carne. Então ele pareceu achar o que queria, e se virou.
Do bolso, ele tirou duas coisas que Alvo nunca tinha visto, apesar de já ter ouvido falar por sua Tia Hermione. Eram
pistolas. Pareciam bastante antiquadas, e ligeiramente enferrujadas, como se tivessem anos e anos de idade. Alvo
podia ver tudo quase como se fosse câmara lenta.
O homem saltou para o chão, e se dirigiu a passos rápidos em direção a outra ponta do salão. Ele saltou por sobre as
mesas das casas, onde os alunos ainda estavam em plena fuga, e finalmente chegou à mesa da Sonserina, onde
havia apenas um aluno sentado. Slim.
Ele apontou as armas diretamente para o garoto, que não pareceu nem um pouco abalado.
- Eu sei muito bem quem é você! – disse ele estreitando os olhos – E sei que não estaria aqui se não tivesse um bom
motivo! O que você veio procurar em Hogwarts?
Neste momento, um feitiço voou na direção daquele homem, batendo do que parecia um escudo. O homem se virou.
Era Teddy. Com a varinha apontada para o atacante, ele corria na direção dele.
- Parado aí! – disse Teddy
Disparos foram ouvidos, e Teddy gritou “Protego”. Os disparos ricochetearam no escudo, e se desviaram para uma
das mesas das casas, que foi jogada pra cima, e depois para baixo, arrebentando a própria base. Foi nessa hora que
Alvo acordou do seu transe momentâneo. Ele se levantou, e tentou sair dali o mais rápido que pôde. Nessa hora, um
feitiço atingiu a mesa da Grifinória, e ela foi tombada para o lado arrebentando todos os bancos. Alvo cobriu a cabeça
com as mãos.
Nessa hora, ele pensou nos professores. Por que raios eles ainda não haviam entrado em ação? Ele arriscou uma
olhada para o fundo do salão para ver o que havia com eles.
Boa parte estava escoltando os alunos para fora, e a outra parte estava ao lado da professora Minerva, meio
protegendo-a, meio impedindo-a de entrar na luta. Porém, Alvo viu Neville saltando os degraus que separavam a
mesa dos professores do resto do salão e correndo em direção ao duelo.
Alvo sentia o coração acelerado em seu peito. Ele se encostou ao tampo da mesa tombada. Ela fazia uma espécie de
trincheira no meio do salão. Ele arriscou uma olhadinha por cima dela para ver o que estava acontecendo.
O sujeito atirava contra Teddy, que rebatia com o feitiço escudo. As maldições lançadas por Teddy por outro lado,
pareciam ser rebatidas por alguma magia de proteção sobre o homem.
Foi aí que Alvo viu a capa do homem começar a soltar cada vez mais fumaça. A cada momento o sujeito dava um
passo na direção da porta do salão, e Alvo de repente percebeu o que estava acontecendo. A capa deveria ser do
mesmo tipo de o Tio Jorge fabricava, que conseguiam rebater feitiços.
No último instante, a capa finalmente pegou fogo, e o homem se desfez dela, saindo correndo porta a fora. Teddy
correu atrás dele, e Neville parou para ir ver como o aluno da Sonserina que ainda estava na mesa estava.
Alvo acompanhou com os olhos Teddy sair correndo por todo o corredor, e sair ao encalço do homem. Sua mente
ribombou de medo e curiosidade. Ele sentiu a necessidade de manter tanto Teddy como o outro sob seu alcance
visual.
Ele disparou pela porta no encalço dos dois, sem nem ouvir os gritos de Neville para que ficasse.
Ele era guiado apenas pelo som dos passos dos duelistas. Mais à frente havia uma escada, e Alvo subiu pulando os
degraus. O som parecia cada vez mais distante.
Correu como um louco, sentindo o coração em brasa. Passou por dois corredores, e por três lances de escada antes
de finalmente chegar a uma escada em espiral que parecia levar ao alto de uma torre.
Quando finalmente chegou ao seu destino, sentiu o ar frio da noite agredir mais ainda os seus pobres pulmões. Alvo
viu Teddy a dois passos a sua frente.
Os dois adversários estavam se encarando. O homem do outro lado do lugar, bem perto do parapeito.
Mais uma vez os disparos começaram. Só que agora, o homem se jogava de um lado para o outro, desviando dos
feitiços estuporantes de Teddy. Pelo que parecia agora Teddy estava com a vantagem.
Alvo prendia a respiração com cada disparo. Não pareciam balas comuns. Um dos feitiços de Alvo atingiu o chapéu do
homem, o jogando pelos ares. E um cabelo muito pálido e descolorido surgiu ao vento.
Teddy ainda tentou lançar mais feitiços nele, mas sem sucesso.
- Droga! – disse ele
Alvo ouviu um tropel de passos, e logo, todos os professores estavam lá de varinhas em punho.
- Onde o homem está? – disse ele
- Fugiu! – disse Teddy – Não consegui detê-lo!
Os professores abaixaram as varinhas. Alvo suspirou fundo, somente agora sua mente parecia estar funcionando
direito novamente. Uns milhões de perguntas surgiram em sua cabeça: A pena... O homem... Servo Slim... Armas em
vez de varinhas... Hogwarts invadida tão facilmente... E por fim, concluiu que nada daquilo fazia sentido, e sua cabeça
voltou a se embaralhar.
Harry Potter. Sempre Harry Potter. Por que raios os britânicos davam tanto valor pra esse tal de Harry Potter. Afinal,
ele era só mais um bruxo. Talvez um bruxo talentoso, corajoso, mas ainda assim apenas mais um maldito bruxo.
“O Profeta Diário sob nova direção”. Esta era a manchete. E logo abaixo, a foto do tão falado Eleito. De acordo com o
que estava escrito ali um tal de Xeno Lovegood havia se tornado o redator do jornal. Aparentemente uma tentativa de
dar aos bruxos daquele país algum veículo jornalístico em que acreditar, mas pelo jeito não estava dando certo. O
jornal impresso estava perdendo de dez a zero para as transmissões de rádio patrocinadas pelas Gemialidades
Waesley, uma lojinha muito famosa no Beco Diagonal. Aliás, ele podia vê-las de onde ele estava sentado lendo.
Continuou lendo. Havia uma entrevista com Harry Potter na página cindo. De acordo com o Menino que Sobreviveu,
ele estava pessoalmente tomando conta para que a Seção de Aurores se reerguesse para poder proteger o mundo
bruxo como sempre protegeu. O MUNDO BRUXO? Que cara mais arrogante, será que ele achava que o Mundo Bruxo
era só a Inglaterra? Bom, iria averiguar isso pessoalmente, afinal, sua reunião com o Ministro estava marcada para as
sete da noite.
Harry se vestia rapidamente. Já eram cinco pras sete, e ele precisava chegar ao ministério o quanto antes. Na
verdade, ele tinha muita coisa na cabeça com que se preocupar no momento.
O incidente com os lobisomens não fora fácil de resolver, mas depois que Harry e sua equipe conseguiram suprimir
aquele ataque ao vilarejo trouxa, os outros pareceram ficar desmotivados. Poucos dias depois daquilo, e não havia
mais lobisomens atacando.
Porém agora, a comunidade bruxa era sacudida com um novo evento. Algo que não era realizado a anos. Uma
reunião dos líderes das comunidades bruxas estrangeiras. Os líderes bruxos se reuniriam na Inglaterra em três dias.
Sempre que coisas assim aconteciam, o Ministério procurava manter em segredo, para evitar qualquer problema, mas
às vésperas da reunião, e cada veículo jornalístico do país já estava noticiando sobre a reunião.
Kingsley havia pedido a Harry para acompanhá-lo na reunião, e Harry se perguntava por que. Será que Kingsley
esperava que ele fosse ajudar em alguma coisa? Ele sabia que o Ministro esperava conseguir a ajuda dos países
estrangeiros na restauração da Comunidade Inglesa, mas que tinha poucas chances de conseguir isso. Será que ele,
Harry, seria de alguma ajuda nisso?
Um estampido ecoou na cozinha, seguido por vários outros. Então, monstro apareceu na porta.
- Senhor! A três Weasley esperando na Sala de Estar!
- Obrigado Monstro! – disse Harry estranhando. Ele se lembrava de ter marcado com Rony e o pai para que eles o
acompanhassem ao Ministério naquele dia. Seria possível que o terceiro integrante do grupo fosse...
Em qualquer outra situação, ele adoraria vê-la, mas naquele dia ele não dispunha mais de tempo. Um abraço, e um
beijo rápido, e eles se juntaram aos outros. Lá estava Rony, e seu pai.
- Gina insistiu em vir junto! – disse Rony
- Compreensível! – disse o Sr.Weasley – Agora precisamos ir! Harry está pronto?
- Estou! – disse Harry
Sem mais delongas, os quatro saíram da casa, e desaparataram para o Ministério da Magia.
Depois que a sensação desagradável da aparatação começou a passar, Harry pôde dar uma boa olhada em volta. Sua
primeira impressão era a de que havia vindo para num estádio de futebol em final de campeonato. Havia gente
correndo para todos os lados, gritando informações uns para os outros, e apontando para o Profeta Diário. No alto do
teto, estandartes com frases como “Bem vindos, magos estrangeiros” podiam ser vistas, além de muitas bandeiras de
países estrangeiros.
Algumas dessas bandeiras, Harry reconheceu, como a bandeira búlgara, a americana, a francesa, e a japonesa.
Porém, outras o rapaz nunca havia visto, como por exemplo, uma verde e amarela, com um circulo azul no meio.
Essa chamou a atenção de Harry, por que o garoto pensou que já a tinha visto em algum lugar.
- Estaremos esperando na Seção de Mal uso de Artefatos Trouxas! – disse o Sr. Weasley, fazendo Harry acordar para
o ambiente a qual se dirigia.
Estavam caminhando para dentro de um corredor, em direção à uma grande porta de madeira envernizada. Harry
engoliu em seco, e continuou seu caminho reto. Kingsley estava esperando por ele junto à porta
- Eles já chegaram! – disse Kingsley – Fico feliz de ver que resolveu aparecer Harry!
Harry se viu em uma sala bem iluminada e redonda, com mesas envernizadas dispostas em círculos. Em cada mesa,
se sentava um bruxo, com aspecto diferente, com pequenas bandeiras de suas respectivas origens estavam colocadas
em pé sob suas mesas. Harry pode reconhecer os trajes finos típicos, que o líder Frances usava, pois lembravam o
modo de se vestir de Fleur e de suas colegas da Beauxbatons. Também pôde ver o líder búlgaro, facilmente
reconhecível por seus trajes pesados e sua expressão dura.
Ele também pôde reconhecer facilmente à líder japonesa, pelos traços obviamente orientais de seu rosto, e também,
a seda que vestia. Ela tinha um ar sábio e nobre, que fez com que Harry sentisse que se tratava de uma maga
poderosa.
Kingsley se sentou em sua mesa, e Harry também se sentou na sua. Harry observou que cada líder ali, estava
acompanhado por um segundo bruxo de seu país.
- Quem é esse garoto? – disse de repente o líder americano, fazendo Harry o notar de repente
Era um homem de baixa estatura, mas de olhar azul bastante agressivo. Kingsley pigarreou.
- Este é Harry Potter! O bruxo mais respeitado da Inglaterra!
Harry sentiu o sangue quente nas veias. Quis falar alguma coisa, mas Kingsley o impediu. Então, os bruxos que
acompanhavam os líderes mundiais eram os bruxos mais respeitados de cada país.
O garoto olhou em volta. Percebeu que os bruxos que acompanhavam os líderes tinham olhares mais aguçados e
inteligentes que os próprios líderes. Também observou que a líder japonesa não tinha um acompanhante, o que
significava que ela própria deveria ser a bruxa mais respeitada de seu país.
De repente, Harry se sentiu enjoado. Agora ele tinha certeza de que Kingsley esperava que ele ajudasse em alguma
coisa.
Os líderes se sentaram.
- Suponho que podemos começar! – disse o líder americano, tomando à frente do evento – Acho que deveríamos falar
de...
O bruxo desceu as escadas. Tinha olhos de um verde forte e denso. Um rosto expressivo, que por algum motivo
lembrava a Harry algo de Fred e Jorge em seus anos dourados.
Ele alongou os braços, esticando para cima e estalando as costas. Desceu até onde estava a único lugar vago,
rodopiou a cadeira, e se sentou colocando os pés em cima da mesa, quase acertando a bandeirinha verde e amarela
que havia lá.
Então ele se lembrou de onde havia visto aquela bandeira amarela e verde. Fora em uma ocasião em que Tio Valter e
Duda estava vendo um jogo de futebol na TV, e reclamando o tempo todo: “Não Inglaterra, não tome outro gol,
NÂO!”
Com os braços atrás da cabeça e a cadeira reclinada, ele falou.
- Podem começar, estou ouvindo!
Harry se segurou para não rir da cara que o líder americano fez. Por outro lado, a lide japonesa também parecia estar
achando um pouco engraçado.
- Muito bem! – disse Kingsley – Antes de tudo, quero agradecer a presença de todos, e espero que sua estadia na
Inglaterra seja agradável!
- Eu já não explicitei que gostei dos sorvetes? – disse o Líder Brasileiro, provocando certo riso, até mesmo por parte
de Kingsley
- Vamos ao assunto que nos trouxe aqui! – disse o líder americano abruptamente – Você, Kingsley, quer a ajuda de
nossos governos para ajudar nos reparos do seu Ministério! Por que deveríamos ajudar?
Harry olhou para Kingsley, que estava com uma expressão imparcial no rosto.
- Por que! Sr. Carter – disse Kingsley se dirigindo ao americano – O nosso governo enfrentou a fúria de um notório
bruxo das trevas, e uma poderosa organização...
- Se é tão poderosa assim, por que nós não ouvimos falar dela? – disse o Carter se levantando de sua cadeira – Esses
tais Comensais da Morte, e esse tal Lorde Voldemort! Nenhum de nós ouviu qualquer coisa a respeito dele fora da
Inglaterra...
Harry se virou, e viu o líder Búlgaro se levantando. Ele tinha uma barba negra espessa, e se vestia com pele,
lembrando o visual de Victor Krum. O líder americano pigarreou.
Harry se perguntou o que raios era um Governador da Magia. Só então se deu conta, de que provavelmente pelo
governo de outros países ser diferente, era bem provável que os títulos dos líderes fossem diferentes.
- Sr Carter – Asparukh disse – Posso lhe garantir que houve muitos relatos das atividades de Voldemort em meu país,
e em uma de suas atuações ele matou nosso maior Mestre Artesão de varinhas!- Harry lembrou com horror, os
momentos finais de Gregorovich, quando Voldemort o matara por não poder lhe entregar a Varinha do Destino
- Deste modo – continuou o Governador Búlgaro - Eu não acho que possamos nos desincumbir de...
- Típico! – falou o líder americano – Claro, vindo do governo que rastejou aos pés da Inglaterra, para que Dumbledore
se livrasse de um feiticeirozinho de segunda como Grindelwald!
Asparukh pareceu entrar em erupção, enrolado em suas peles escuras como a terra e o rosto avermelhando. Ele
praguejou em uma língua que Harry não entendeu, e depois disse.
- Como se atrrreve a falar assim! É muito fácil para qualquer um de vocês amerricanos falar qualquer coisa! Estão
prrrotegidos dos nossos brruxos das trevas pelo mar!
Os olhares recaíram sobre a líder japonesa. Harry também olhou. Ela encarava o líder americano com uma tenacidade
impressionante no olhar. Harry não pode deixar de lembrar do olhar de Dumbledore.
- Cleio que foi o Impelio dos Magos Japoneses que ajudou vocês em divelsos avanços mágicos! – disse ela – E
também cleio que foi glaças a tais magicas avançadas que os amelicanos conseguilam cuidar de sí mesmos! Não estou
certa?
Um burburinho percorreu a sala. Então o som de palmas batendo foi ouvido vindo da mesa do Brasil.
- Excelente! Muito bom, vocês foram maravilhosos, MARAVILHOSOS! – disse o líder brasileiro – Vocês deveriam
ganhar a Ordem de Merlin pela maior palhaçada mundial já realizada!
O choque foi tão grande que alguns lideres se levantaram. A líder Japonesa sorriu.
- Algo a declalar, Sr, Ribeiro?
- SIM! – disse ele se levantando de supetão – Eu tenho algo a declarar Srta. Kisuke!
Ele pulou por cima da mesa, e caminhou para o meio das cadeiras.
- É o seguinte! – disse ele – É muito fácil pra vocês ficarem sentados aí, agindo como se um mísero ataque de uma
organização das trevas fosse uma grande coisa!
- Eu tenho que admitir que NISSO, aquele trasgo retardado acertou! – disse ele apontando para o líder americano,
que inchou e avermelhou em questão de segundos. Harry se segurou pra não cair na gargalhada.
- A verdade é que vocês fecham demais os olhos para questões mais importantes! – disse o brasileiro – Como, por
exemplo, o fato de que em muitos países sequer tem uma organização para comunidades bruxas decente! CARA! Tem
bruxos nascendo aí fora que nem entendem como devem usar seus poderes!
- É do seu país que estamos falando? – disse o lide americano sorrindo sarcasticamente
Harry prendeu a respiração, por que no momento em que o Líder Brasileiro se virou para o americano, ele teve
certeza de que ele daria um murro entre os dentes dele, o que faria um bom estrado, por que enquanto o brasileiro
era alto, magro e jovial, o americano era baixo e gordo. O rosto dele empalideceu.
- Como eu estava dizendo! – disse ele retomando a linha de raciocínio – O que eu to querendo falar é que vocês
realmente parecem desconhecer mais da metade do mundo! Por exemplo, desafio alguém aqui a tentar descrever o
Brasil!
Harry pensou em tudo o que sabia sobre aquele país, e descobriu que ele estava certo. Tudo o que vinha a sua cabeça
quando pensava sobre o país da bandeira verde e amarela era o futebol, e isso entre os bruxos era o mesmo que
nada.
- Pois é! – disse o Líder Brasileiro – Como exatamente vocês esperam que nós ajudemos vocês ingleses, se vocês nem
sequer sabem alguma coisa sobre os nossos países? É o mesmo que pedir dinheiro emprestado a um estranho!
Por um momento, Harry viu os olhares dele e da líder japonesa se encontrando, e notou um certo ar de cumplicidade.
- Aceitaria com prazer ajudar o governo bruxo inglês! – disse ele fazendo uma reverencia – Mediante... Pagamento!
Harry teve uma forte sensação de já ter ouvido aquilo antes, e não gostou nada. Lembrou-se de Grampo, quando eles
armaram para assaltar Gringots, exigindo que eles lhe dessem a espada em troca. Kingsley pareceu intrigado.
- Como assim?
- Tenho uma proposta que tenho certeza, irá agradar a Gregos e Troianos!
Um gordinho do outro lado da sala, usando um louro sobre as orelhas, acordou com um ronco.
- SIM! Eu concordo, os bruxos gregos concordam!
Kingsley pareceu indeciso. Harry achou a proposta bastante razoável na verdade, mas o Ministro não podia sair da
Inglaterra do jeito que as coisas estavam por lá. Então, de repente, Harry teve um rompante de inspiração. Jogou
toda a cautela para o alto, e disse alto.
- E SE EU FOR?
- Beleza!
- Então que comece pelo MEU país! – disse ele sorrindo e apontando para si mesmo com o polegar – Se acha que é
bruxo o bastante pra encarar essa!
O tom foi desafiador e bem humorado, mas principalmente desafiador. Harry devolveu o olhar.
- Pode apostar sua bandeira nisso! – disse ele
Harry gostaria de soar mais confiante do que se senta. Como iria ajudar um país sobre o qual ele nem sabia? E ainda
haveria o Japão, França e Bulgária pela frente! Subitamente se sentiu esmagado pelo tamanho do mundo.
- Er... Posso levar alguns companheiros? – disse Harry sem saber direito como dizer
O brasileiro sorriu.
- Se achar que precisa leve! Pessoalmente, eu acho que vai precisar de toda a ajuda que puder!
Subitamente, Harry olhou para o líder americano, atarracado, levantando a mão por cima da mesa.
- Pago para ver você lá! – disse o americano – literalmente!
Harry engoliu em seco. Sentiu que estava começando alguma coisa realmente grande dali em diante.
Ao voltar para casa, Harry os batimentos cardíacos acelerados, e dois sentimentos que não paravam de investir um
contra o outro como em um duelo:
Um era a incerteza absoluta quanto ao que fizera, afinal, o que raios ele sabia sobre os outros países? Tudo bem, ele
sabia bastante sobre os americanos, e podia pedir a Fleur que lhe desse algumas dicas sobre a França, mas o Brasil e
o Japão para ele era algo tão inimaginável quanto Hogwarts deveria ser para os Dursley.
Mas por outro lado, a possibilidade de conhecer esses países o fazia bufar e ansiedade. Como deveria ser a magia do
outro lado do oceano? Ele sabia na Europa, a magia era bem parecida, mas na America e no Oriente seria do mesmo
jeito? E que seres míticos ele encontraria? Ele rezou para não encontrar coisas como dragões e acromântulas, mas
alguma coisa dentro dele lhe disse que provavelmente isso iria acontecer, e o mais bizarro era que essa possibilidade
não o assustava.
Ele nem sentiu direito onde seus pés o estavam levando. Só sabia que depois que a reunião terminara, Kingsley
pedira para segui-lo, e era isso que ele estava fazendo dês de então. Ele olhou para frente e pode distinguir a silhueta
do Ministro fazendo uma curva no fim do corredor. Antes de fazer a manobra, ele lhe pediu para que se apressasse.
Eles só pararam de andar quando finalmente chegaram ao gabinete do Ministro. Ao chegarem lá, Kingsley
imediatamente fechou a porta.
- Me explique o que foi aquilo!
Harry não entendeu a pergunta de imediato.
- Pelo jeito vou viajar!
- Harry! – disse Kingsley em tom de repreensão – Você não tem idéia do que fez! Aquele era o conselho dos maiores
líderes de toda a bruxindade!
- E daí? – disse Harry começando a ficar nervoso, por que Kingsley parecia tão nervoso
- Você não entende! – disse ele – Fechar um acordo com eles, é mais do que simplesmente fazer uma promessa,
significa um contrato inquebrável!
- O...o que?
Kingsley suspirou.
- Vamos por partes! Em primeiro lugar, é melhor esclarecer os detalhes de onde você se encontrava naquele
momento
Harry recordou. Ele não dera muita atenção para onde estava indo enquanto se dirigia para a sala da reunião, pois
estava ocupado observando as múltiplas bandeiras penduradas por todos os lados no Ministério. Ele se lembrou de
caminhar por um corredor até uma grande porta envernizada, um corredor que ele conhecia muito bem dos seus
sonhos durante o quinto ano em Hogwarts.
Kingsley suspirou.
- Cada país tem seus meios de promover a reunião dos líderes! Na Inglaterra, nós temos uma sala, próxima ao
Departamento de Mistérios que obriga juramentos a sela juramentos com magia, forçando-os a serem compridos!
- Forçando-os? – disse Harry com a cabeça disparando em pensamentos – Assim como um Voto Perpétuo?
- Mais ou menos isso! – disse Kingsley – Mas depende de quantos na sala concordaram com os termos expostos! Se
por exemplo, apenas um membro concordou com o acordo, ele praticamente de nada vale, porém, se muitos, ou
todos os líderes concordarem com os termos, o juramento passa a ser uma coisa muito seria!
Harry fez de tudo para se sentir calmo “Hora, o que importa” ele pensou “Eu iria de qualquer jeito, não havia
necessidade alguma de juramento, ou sala especial”
- O que mais me preocupa! – disse Kingsley – São o que os japoneses irão querer que você faça!
Harry ficou ligeiramente confuso.
- O que?
- Os Orientais não gostam muito dos Ingleses! – disse Kingsley – Problemas envolvendo Trouxas e Bruxos há algum
tempo na História!
Harry se lembrou de qualquer coisa que estudara antes de entrar para Hogwarts sobre a relação da Inglaterra com a
China, mas não conseguiu recordar muita coisa. Lembrar de qualquer coisa antes dos seus onze anos era como tentar
se lembrar de outra encarnação. Naquela vida, ele apanhava do Duda, e fugia de valentões, nesta, ele havia
derrotado o pior bruxo das trevas, e provavelmente maior assassino em massa que já houve na história.
- Harry! – disse Kingsley, o tom sério de sua voz grossa o fez acordar para o presente – Sugiro que você se prepare
para as viagens que vai enfrentar! Talvez deva pesquisar algo sobre os outros países talvez lhe ajude! Mas uma coisa
eu tenho que adverti-lo! Cuidado com os Líderes Bruxos! Você já experimentou na pele como alguns deles podem ser
impiedosos!
Subitamente, as costas de sua mão direita formigaram, e Harry olhou para as palavras escritas em branco sobre sua
mão: “Não devo contar mentiras”. Harry engoliu em seco.
- Certo! – disse ele – Tomarei cuidado!
E dizendo isso, ele deu meia-volta, e saiu do gabinete. Depois daquilo, tudo o que ele queria era encontrar o Sr.
Waesley no Departamento de Mal Uso de Artefatos Trouxas, e voltar para a Toca. Queria contar a Rony e Hermione
tudo o que acontecera.
Harry levantou a cabeça, e viu o sujeito encostado na parede ao lado do elevador. Vestia um casaco de couro cru, e
um chapéu que lembrou a Harry um vaqueiro do velho oeste, ou alguma coisa semelhante.
- Quem é você? – disse Harry
- Não me reconhece? – disse o homem, ele tinha vibrantes olhos azuis – Oh, bem, não apostaria que iria se lembrar
de mim, afinal, sempre fico calado em reuniões chatas
Então Harry soube quem era. Era o Líder Australiano. De fato, ele havia ficado no fundo da sala sem dizer uma
palavra a reunião toda.
- Pelo visto você vai fazer uma viagem ao redor do Mundo! – disse ele – Não sei se o invejo!
- Fiquei um ano inteiro na clandestinidade, rodando por toda a Inglaterra! – disse Harry – Não me assusto com
viagens!
- É claro que não! – disse o Australiano – Seria necessário pelo menos um Voldemort para assustá-lo, não é – e riu-se
Harry engoliu em seco mais uma vez. Se imaginou lutando contra Voldemort mais uma vez, só que dessa vez, sem
Varinha do Destino para ajudá-lo, e pior, num lugar estranho que ele nunca tinha visto.
- Só pensei em avisá-lo! – disse o Australiano batendo no chapéu – Não queremos que o grande Harry Potter, herói
dos Inglesinhos acabe morto em algum pântano!
E dizendo isso, saiu, deixando um Harry bastante confuso e inseguro. Pelo menos não havia mais sentimentos
conflitantes dentro dele. A incerteza havia vencido.
CAPITULO 13
A pena... O homem... Servo Slim... Armas em vez de varinhas... Hogwarts invadida tão facilmente... E por fim,
concluiu que nada daquilo fazia sentido, e sua cabeça voltou a se embaralhar.
Os pensamentos de Alvo haviam sido apenas assim, dês de os acontecimentos do Dia das Bruxas.
- Agora TE PEGUEI!
Com um “Protego” Alvo bloqueou o feitiço de Malfoy, e isolou a varinha com um simples “Expeliarmus”.
- Meu Deus! – disse Escórpio sem acreditar – Mas você estava distraído! Deu pra ver nos seus olhos!
- Não tanto quanto você acreditava pelo jeito! – disse Alvo
Alvo sentiu um sorriso se desenhar em seus lábios. Na verdade, não havia sido apenas o Expeliarmus, mas todos os
feitiços de Duelo que o professor lhe havia apresentado, ele havia aprendido com perfeição muito antes dos colegas.
Rosa lutava para se manter no nível dele, sem muito sucesso.
Alvo suspirou. Será que seu irmão tinha a mesma capacidade de duelo que ele?
- Nem mesmo seu irmão Tiago foi tão bem à minha matéria! – disse Jordan, respondendo imediatamente a pergunta
de Alvo.
Quando deixou a sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, Rosa foi interrogá-lo.
- Como VOCÊ consegue? Eu me matei de estudar a noite toda para os duelos de hoje, e como VOCÊ, que nem pegou
em um livro conseguiu desarmar tão facilmente?
- Eu não sei! – disse Alvo - Vai ver foi só!
- Sorte! – disse Escorpio – Só pode ter sido
- TALENTO, é o que isso é! – disse Rosa – Você pode vir a ser um grande duelista, sabia! Talvez se torne Auror!
Alvo estremeceu com aquela idéia. Ele não gostava de lutar, gostava de paz. Voar, e jogar Quadribol, isso sim ele
gostaria, mas lutar? Ele suspirou.
Continuaram rumo a Sala Comunal. Aquela fora a última Aula do dia, e eles estavam ansiosos por um pouco de paz.
Era possível ver o sol se pondo sobre as árvores da Floresta Proibida pelas janelas do corredor. Dava pra ver até
Hagrid e Canino caminhando pelo gramado junto do Servo Slim e...
Um minuto.
- O que será que ele está tramando?! – disse Escorpio, que também observava
- Acho melhor mantermos o Mapa do Maroto desenrolado hoje! – disse Rosa
...
Logo, a madrugada chegou, e mais uma vez, os três estavam juntos do Mapa do Maroto, sentados em frente à lareira,
esperando qualquer coisa acontecer. Com um pacote de Feijões de Todos os Sabores aberto, eles observavam o
Mapa.
Finalmente, apareceu a placa com o nome Servo Slim, andando pelo Mapa do Maroto para os terrenos da escola.
- Vamos! – disse Alvo
Ele chamou Azafugas, e como da vez anterior, os três montaram sobre o Hipogrifo, e voaram da Torre da Grifinória
em direção aos Terrenos da Escola.
Alvo mandou o animal voar sobre o lago, onde era bem escuro, e não havia como serem vistos. Enquanto isso,
Escórpio inspecionava o Mapa.
- Ele está caminhando sobre os terrenos agora! – disse ele – Logo estará dentro da Floresta!
- Dessa vez vamos pousar nos gramado! – disse Rosa – E segui-lo a pé!
- Certo! – disse Alvo
O Hipogrifo rodopiou baixo sobre a superfície do lago. Ele deu um rasante sobre a água, e apanhou um pouco com seu
bico.
Então, neste momento, um enorme tentáculo saiu da água, e agarrou o garra do Hipogrifo. A surpresa fora tanta, que
Alvo perdeu a fala.
Os três foram arremessados imediatamente para fora do animal. Alvo sentiu a água fria sobre suas costas, quando
quicou sobre a superfície do lago, e sentiu a água envolve-lo, quando finalmente mergulhou.
O garoto fincou as garras firmemente na varinha. Ele olhou para cima, para a cena que se desenrolava. O Hipogrifo
batia as enormes asas para cima, tentando se içar inutilmente para os céus. Escorpio ainda estava agarrado ao
pescoço do bicho, tentando se içar para cima. Com horror, Alvo notou que ele ainda segurava o Mapa do Maroto.
Só então, o garoto se deu conta de uma coisa. Onde estava Rosa? Ele olhou ao redor, e não a viu. Mas viu outra
coisa: Uma enorme boca emergindo da água, e se abrindo justamente embaixo do Hipogrifo. Asafugaz se debateu
inutilmente, enquanto tentava se libertar. A mente de Alvo pareceu parar.
Alvo se sentiu afundando. Simplesmente parara de nadar. Os tentáculos da Lula Gigante se moviam abaixo dele, e
Alvo sentiu ânsias de vomito. Foi quando algo o tocou no braço. Alvo se virou, e deu de cara com uma criatura
horrível, metade peixe, metade alienígena (ou assim lhe pareceu na hora).
Alvo nadou para longe, mas a criatura nadou para perto dele, e o empurrou para a superfície. Aparentemente, ela não
o queria mal.
- Mas o que... Quem...
Aí ele viu Rosa. Um outro a estava ajudando. A garota parecia estar desacordada.
Um estampido, e uma luz forte fizeram Alvo olhar para cima. Escorpio havia conseguido subir de novo ao lombo do
Hipogrifo, e acabara de mandar um “Difindo” direto no tentáculo. E bem a tempo. Asafugaz disparou batendo as asas
sobre a água em direção a margem. Escorpio não conseguia controlá-lo. Por sorte, o bicho parecia abalado demais
para emitir som.
- O que está acontecendo? – disse Rosa olhando ao redor – Por que estamos nadando no lago?
O ar condensado saía da boca dos dois. Os seres meio peixes nadavam ao redor deles, por isso, Alvo não se
preocupou com a Lula Gigante.
- Alvo! – disse Rosa – Chame o Asafugaz, antes que a gente morra congelado!
Alvo assentiu. E mais uma vez, chamou o Hipogrifo. Nada atendeu seu chamado. Ele tentou mais uma vez.
Dessa vez, Asafugaz apareceu ,voando próxima a margem, sem ter coragem de se aproximar.
- Vamos, amigo! – disse Alvo, chamando-o mais uma vez
Imediatamente, Alvo se sentiu sendo empurrado da água em direção ao ar. O Hipogrifo rodopiou no ar com uma
manobra incrível, e o agarrou com os poderosos braços de falcão.
- ARRE! – disse Alvo, quando uma das garras o cortou – Sem jeito!
Ele soltou um dos braços da garra, e escalou a perna do Hipogrifo. Escorpio o ajudou a subir.
- Com você está? – disse Escorpio
- Molhado! – disse ele – Precisamos pegar a Rosa!
Ele fez o Hipogrifo descer o máximo que a coragem abalada do animal deixava. Então mirou em Rosa com a varinha.
- Vingardium Leviosa!
Imediatamente, Rosa começou a levitar. Ele a puxou com a varinha, e a prima deu uma guinada em direção ao céu.
Asafugaz acelerou, e ela caiu de novo sobre o lombo.
- Isso foi... Horrível!
- O que eram aquela coisas? – disse Alvo
- Eram sereianos! – disse Rosa – São o povo das águas que residem principalmente em regiões... CUIDADO!
O tentáculo da Lula mais uma vez aparecia da água. Alvo fez Asafugaz subir. Voando desesperadamente para fora dos
limites da água, eles aterrissaram de um jeito espalhafatoso.
Os três foram caminhando para a casa de Hagrid. Alvo nem se preocupou em dar uma olhada no Mapa do Maroto
ainda seguro nas mãos de Escorpio, onde o ponto que marcava Servo Slim havia desaparecido nas bordas do papel.
Harry andava de um lado para o outro em seu cômodo no Largo Grimmald. A perspectiva da viajem o deixava entre o
nervoso e o ansioso. Se perguntou que tipo de coisas inacreditáveis encontraria pela frente. Lá embaixo, Monstro
preparava um lanche para viajem de má vontade. Ele queria ajudar Harry a preparar sua mala, mas este insistiu em
fazer isso sozinho, afinal, o que o um Elfo entende de America do Sul?
Ele olhou para os itens espalhados pela cama. Algumas capas, roupas, alguns livros, e frascos de poções. Estes
últimos, ele separou como sendo importantíssimos, afinal, se tratavam de uma Veritasserum, uma Poção Polissuco, e
até um pequenino frasco de Felix Felicis, este último preparado por Hermione para qualquer eventualidade.
Olhou para as capas. Talvez precisasse delas. Era verão na Inglaterra, mas no Brasil podia até estar nevando. Ele não
tinha muita certeza, sua noção de geografia não era muito boa. Decidiu-se por algumas roupas mais leves, já que se
decidira levar a capa. E escolheu a maioria dos livros sobre Defesa Contra As Artes das Trevas, Criaturas Mágicas e
Onde Habitam, última edição, e um livro comum de Geografia, que pretendia estudar mais tarde.
Monstro fez uma reverencia, e entrou na cozinha, trazendo de lá logo em seguida um pacote com comida.
- Obrigado! – disse Harry – Espero que cuide da casa direito enquanto eu estiver fora!
Mais uma reverencia exagerada por parte do Elfo.
Logo que chegou, notou duas malas prontas perto da escada de madeira. Uma estava aberta em cima da mesa, com
varias coisas jogadas lá.
A voz de Hermione ressoou. Harry sorriu. Ela veio descendo, com Rony em seu encalço.
- É impossível que nesse país não se precise de um único agasalho! – disse Rony
- Não! – insistiu Hermione – Acredite! Estamos indo pro meio de Florestas Tropicais abafadas! Acha mesmo que vai
nevar no meio da SELVA?
- A gente pegou muito frio aqui quando ficou acampando pelas florestas ano passado! – disse Rony, só então notando
a presença de Harry – OI Harry! Me ajude a convencer a Hermione a me deixar levar umas capas!
- Ah! – disse a garota – Você não entende! Eu pesquisei tudo a respeito daquele continente! E lá é muito QUENTE! Eu
garanto! Fala pra ele Harry!
Harry corou. De repente se sentia meio tolo por ter colocado as capas em seu malão.
- E então? – disse Harry – Descobriu mais alguma coisa sobre esse país!
Hermione suspirou com cara de quem havia tirado um “nove” numa prova.
- Não tanto quanto eu gostaria! Tudo o que li é muito superficial! Só falam sobre a vida Indígena local, e sobre o
clima! AH, mas eu consegui descobrir que a língua mais falada na America do Sul é o espanhol.
Harry sentiu de repente um grande peso cair em seu estômago. Ele era péssimo em línguas estrangeiras, e nunca
havia aprendido nada além da sua própria língua. Como pudera ter esquecido um detalhe tão importante.
- Isso não é bom! – disse Rony – Não falo uma palavra de espanhol, ou de qualquer outra coisa!
Hermione sorriu. E agora, era o sorriso de alguém que havia conseguido algo realmente esplêndido. Como se tivesse
ganhado um Honra ao mérito ou coisa do tipo.
- Lembram-se do Felix Felicis que eu preparei?
Harry assentiu. Se lembrava bem, uma vez que havia colocado um frasco em sua mala a poucos minutos.
- Pois é! – disse ela – Não foi a toa que preparei! Eu precisava de sorte para poder... Inventar um feitiço!
Depois de toda a bagagem arrumada, os três se dirigiram para o quintal, para poderem aparatar. De acordo com o
que o Sr. Weasley havia dito, eles deveriam ir para King Cross, na Plataforma 9 ¹/2 para se encontrarem com o
contato que daria os detalhes sobre a viajem. Harry ficou se perguntando por que iriam para a Estação de Trem, se o
destino deles eram para outro continente, mas parando pra pensar sobre aquilo...
Harry de repente se sentiu desnorteado de novo. Então, eles não iriam de avião para o Brasil? Mas se é assim, como
iriam? Rony se recusou a dizer, falando que seria mais emocionante se ele e Hermione descobrissem quando
chegassem a hora.
Eles aparataram em um beco vazio de Londres. Harry olhou em volta para ter certeza de que ninguém os havia visto.
Uma vez lá, eles se encaminharam para King Cross. Era Julho, então o sol estava brilhando muito, e todo o ambiente
parecia mais seco em Londres. A estação estava lotada com turistas estrangeiros, e Londrinos que queriam sair de
férias. Os três, com suas malas e mochilas colocadas em carrinhos, atravessaram a Estação em direção a parede
entre as Estações 9 e 10.
Harry olhou em volta curioso para os turistas. Havia gente de todo o tipo. Ele se lembrou da Reunião dos Líderes
Bruxos, e se perguntou se poderiam identificar quem seria de cada país. Talvez houvesse Japoneses, Australianos ou
até mesmo Brasileiros entre eles.
Foi nessa hora que Harry o viu. Sentiu um frio percorrer sua garganta. Lá estava, o Curandeiro. O mesmo que havia
escapado da Pira de Voldemort. Ele estava conversando com um homem usando um terno, destoando completamente
do visual de verão da maioria das pessoas, especialmente, pelo terno, camisa e gravata serem de um preto profundo.
Harry disparou em direção aos dois, sem cerimônia com os turistas que praguejavam em varias línguas. Harry nem
sabia direito o que iria fazer quando disparou, mas quando chegou lá, não havia nem Curandeiro, nem homem de
terno. Ele ficou intrigado.
- HARRY! – Hermione e Rony o alcançaram minutos depois – O que deu em você assim de repente!
- Eu vi ele! – disse Harry
- Ele quem?– disse Rony
- O maldito Curandeiro! Aquele que tentou roubar os segredos do corpo de Voldemort! DROGA! Deixei-o escapar mais
uma vez!
- PSSS! – disse Hermione – Não fale tão alto! Você já chamou atenção demais pra você aqui
Harry olhou em volta, para descobrir muitos olhos de muitos países e continentes o encarando de forma bastante
hostil e assustada. Ele corou.
- Vamos sair daqui! – disse ele imediatamente.
Ele, Rony e Hermione resolveram dar um tempo antes de entrar na Plataforma ¹/2, para que os turistas parassem de
olhar para eles. Saíram da Estação, e foram a uma lanchonete próxima, onde acharam que estariam a salvo dos
olhares curiosos.
Eles pediram sanduíches, e Harry contou aos amigos o que vira na Estação com mais detalhes. Hermione fez uma
cara intrigada, mas Rony fez uma cara que a Harry parecia um “E lá vamos nós de novo”
- Certo! – disse Hermione com tom de quem estava pra assumir a situação – Acho que é melhor eu te contar!
- Foi exatamente o que eu perguntei! – disse Hermione – Mas os outros Medi-bruxos não o deixaram continuar!
Rony engoliu em seco.
- Você acha que os Comensais da Morte continuam na ativa? Mesmo depois que o... Riddle... morreu?
- Não! – disse Harry firme – A maioria deles foi presa ou acabou morta! A organização não poderia continuar depois
de um golpe tão forte!
- Concordo com o Harry! – disse Hermione – Não faria sentido! Os Comensais eram uma organização que seguia
cegamente os desejos de Voldemort! Não faria sentido que continuassem!
- Então o que? – disse Rony
Eles deixaram a Lanchonete faltando cinco minutos para as 10:30, e foram novamente para King Cross. A caminho da
Plataforma9¹/2, Hermione lhes disse o que o Curandeiro havia descoberto por último. Aparentemente, havia outra
organização estranha, maior e menos direta do que os Comensais da Morte, andando por aí.
O clima na Estação estava melhor, porém mais desconfiado. Os turistas pareciam ter ouvido falar de um tumulto,
provavelmente estavam temendo um arrastão, ou coisa semelhante.
Rony foi o primeiro a atravessar. Empurrou suas bolsas no carrinho em direção à parede e desapareceu por ela.
Hermione foi a segunda, Harry queria dar uma última olhada na Estação. Era um pouco estranho, ninguém havia ido
até a Estação se despedir dele, mas por outro lado, ele não havia anunciado pra ninguém que iria viajar pro exterior.
Atravessou a parede intangível, mantendo-se firme. Quando chegou ao outro lado, teve a sensação mais estranha da
sua vida. Á sua frente, não estava o Expresso de Hogwarts, mas outra espécie de trem, não era nem de longe um
trem moderno das estações comuns, mas era mais avançado que a velha Maria Fumaça. Tinha uma lataria
esverdeada, e uma chaminé gorda.
Outra coisa que Harry estranhou, foi que a Estação estava vazia. O trem não estava nem ligado, e não havia ninguém
lá, a não ser ele, Rony e Hermione.
Harry olhou a Locomotiva, e viu que estava vazia. Imediatamente Harry pensou nos homens que havia visto do lado
de fora. No tal Curandeiro Necrófago, e naquela suposta Organização Bruxa de Hermione.
- Eu achei que pelo menos a mamãe estaria aqui! – disse Rony – Quer dizer, ela não parou de chorar dês de que
explicamos tudo a ela!
Harry realmente não queria se lembrar da Senhora Weasley, reclamando que os perigos nunca acabavam, e que seus
filhos nunca ficavam fora de perigo. Mas mais importante, ele não queria se lembrar de Gina. Quando ela escutara o
que havia acontecido na reunião, se recusara a falar com ele.
- Talvez devêssemos ter chamado a Gina! – disse Harry pela trigésima vez, dês de que eles haviam começado os
preparativos para aquela viagem!
- Eu não entendo por que não chamou! – disse Hermione
Harry quis exclamar que era impossível conversar com alguém que se recusa a conversar, mas Rony lhe tomou a vez.
- Acho melhor assim! – disse Rony – Quer dizer! Nem eu nem Harry conseguiríamos lutar direito com ela por perto!
Hermione se virou para ele, e Harry previu um ataque de nervos começando a se iniciar. Quando dê repente, alguém
entrou pela Porta Mágica da estação.
Os três se viraram repentinamente. Os passos ecoando pela Plataforma vazia ecoavam, enquanto um homem
ligeiramente sujo se encaminhou em direção à Locomotiva. Ele assobiava uma música peculiar, com ritmo alegre. Era
um homem de aparência forte, com a pele um pouco escura, mas nem tanto. Raça Latina Americana.
Os três se aproximaram.
- Hei! Cara! – disse Rony – Que horas que essa lata velha sai? Já são mais de Dez e meia!
O homem não deu bola. Continuou fazendo o que estava fazendo; a manutenção da maquina.
- Hei! – chamou Rony mais uma vez – Você é surdo?
- (Lá vem o trem, LÁ VEM LÁ VEM, nesse balanço, eu vou TAMBÉM, com minha Portela, e você, meeeeu bem) –
cantarolou o homem alegremente, e Rony, Harry e Hermione se entreolharam, sem entender uma única palavra
Hermione bateu o pé, e começou a andar de um lado para o outro. Harry podia até ver as engrenagens em sua mente
processando as milhões de informações lidas em milhares de livros.
Hermione parou.
- Espera! É ISSO! Rony, você é um gênio!
- Eu sou? – disse Rony
- É! Eu sabia que tinha encontrado Brasil em algum lugar na nossa história! Foi no Brasil que a corte portuguesa se
refugiou quando rompeu-se o bloqueio de Napoleão Bonaparte!
- Peraí, PERAÍ! – disse Rony – Mãe de QUEM bom em parte?
- Esquece! – disse Hermione – É história Trouxa! Mas acho que descobri algo importante pra nossa viajem!
- E o que seria? – disse Harry, que havia se perdido em meio às idas e vindas de Hermione
- Eles falam PORTUGUES! – disse Hermione
- (Hei)
Rony fez uns gestos englobando o lugar, depois gestos rotatórios pra falar do movimento do relógio, e depois
levantou os ombros. Harry imaginou que aquilo queria dizer “Que horas este trem irá partir”
- (Que?) – disse o Brasileiro – (O que? Se eu quero comer uma mistura? Não, obrigado, eu já comi agora a pouco!
Nossa, a comida de vocês aqui é muito gordurosa, e o feijão é horrível, e nada pessoal, mas as ruas daqui de Londres
fedem pra caramba, e tiraram meu apetite)
(Cara! Eu nunca senti um ar tão poluído assim dês de que fui pra São Paulo! E as pessoas aqui não tomam banho
não? Tenho enjôos só de andar na rua)
Então, nesse momento, mais uma pessoa entrou pela Porta Mágica. Harry olhou, e viu Líder Bruxo Brasileiro em
pessoa.
- Oi! – disse ele – Desculpe o atraso! Estava comprando mais uns doces pra levar pra casa!
Harry olhou para ele. Primeiro veio à surpresa de que o próprio Líder Brasileiro era o contato. Depois veio a descrença
de que ele havia se atrasado para um compromisso tão importante por motivos tão fúteis. E mais uma reviravolta em
seu pensamento quando viu que o estado das roupas, e o jeito como ele estava pisando de forma meio incerta.
Parecia ter saído de uma luta.
- É claro que sim! – disse o maquinista – Sou Maquinista de Trem Internacional! Eu tenho que saber falar inglês!
- Mas então! – disse Hermione – Por que você não falou isso antes?
- Estava me divertindo! – disse Ronaldo
Harry não pode evitar não rir. Ribeiro deu de ombros, e olhou o relógio de pulso que possuía.
- Certo! Pois é! Estamos um pouco fora do horário!
Harry olhou no relógio, e viu que já eram onze horas. Estavam bastante fora do horário.
- Onde será que está aquela ruivinha? – disse Ribeiro – Ela disse que estaria aqui
Harry paralisou.
- Ruivinha?
- É! – disse ele – Encontrei com ela na loja de doces! Ela disse que ela era sua amiga! Estava de malas prontas, e
disse que você não partiria sem ela – O Sr. Ribeiro coçou a nuca, meio incerto – Ela também disse outras coisas a seu
respeito que não posso repetir aqui na Inglaterra! Jesus, onde uma menininha inglesa aprendeu palavras tão feias?
Rony e Harry se entreolharam. Pelo jeito, Gina estava realmente muito chateada com eles.
- Bem! – disse Harry – Ela era do Time de Quadribol na escola!
- É! Isso explica tudo! – disse o Sr. Ribeiro – Deixa eu adivinhar! Ex-namorada?
- Não! – disse Harry – Namorada atual!
- NOSSA! Piorou!
- Não tive como explicar pra ela tudo a respeito dessas viagens! – disse Harry
- Eu sugiro que você pense em algo muito rápido! – disse o Sr. Ribeiro – Por que ela ta chegando aí!
E no instante seguinte, Gina atravessou a Porta Mágica. Ela puxava uma mala com rodas atrás de si. Harry nunca à
vira com uma aparência tão furiosa. Na cabeça de Harry passaram-se varias coisas para dizer, mas nenhuma delas
lhe parecia uma boa iniciativa para fazer Gina conversar com ele.
A garota passou por ele como se o rapaz fosse um poste. E entrou no trem.
- Nossa! Nem um bom dia! – disse Rony
- Como sabia que ela estava chegando, Sr. Ribeiro? – disse Hermione
A locomotiva começou a funcionar, e os motores se puseram a esquentar. Todos embarcaram. Apenas um vagão
abrigou à todos eles. Dentro do trem, havia passageiros. Bruxos europeus que provavelmente desejavam dar uma
volta turística pelas Américas, mas fora isso, o trem estava vazio.
Harry logo notou a mudança na entonação de voz. Imediatamente se lembrou da reunião, e de como de inicio aquele
líder parecia desleixado, mas que, porém, quando precisava falar serio, mudava de postura.
- Pra começar, saibam que o termo bruxo lá no Brasil é o mesmo que xingar a mãe de alguém! E acreditem, vocês
não vão querer fazer isso!
- Mas por quê? – disse Hermione
- Somos um país Católico! – disse o Brasileiro – O termo bruxo não é muito aceito! Em geral, usamos o termo Bruxo
pra designar os Bruxos das Trevas! Então cuidado com o que vão dizer!
Harry achou aquela última muito cômica. Ele olhou para Gina, procurando seu olhar, mas só recebeu um olhar
agressivo!
De repente, o trem começou a se mover. Harry olhou pela janela, e viu King Cross ser deixada cada vez mais pra
trás. Ele engoliu em seco, quando os trilhos caminharam para fora da estação, e fizeram uma curva estranha, em
direção ao mar. Isso fez com que ele ficasse momentaneamente preocupado. O trem estava indo para o mar???
- Não se preocupe! – assegurou o Sr. Ribeiro – Está tudo tranqüilo! Fique firme! Acho melhor fazermos uma pausa na
nossa conversa.
- Espera! – disse Hermione, que bebia cada palavra do Sr Ribeiro como se fosse uma aula em Hogwarts – Conte um
pouco da Comunidade Bruxa!
- O que há para contar? – disse o Sr. Ribeiro – Comunidades Bruxas rivais? Bibliotecas e Livrarias que se convertem
em abrigos mágicos? As intricadas relações dos Bruxos Índios e suas Habilidades Secretas? Artefatos Místicos? Oh!
Vocês não querem ouvir nada disso! Pelo menos não agora!
E dê repente o trem se tornou invisível. Harry teve a desagradável sensação de não poder ver nem a si mesmo, nem
ao local onde estava sentado. O trem atravessou Londres em direção ao mar, quase que bem na cara de milhares de
trouxas.
- Aí vem a melhor parte! – disse Rony sorrindo, apesar de Harry não poder vê-lo também
Harry se segurou na cadeira invisível. O trem se dirigiu para o mar, então de repente, eles estavam deslizando sobre
a água. O mergulho que se seguiu quase fez Harry parar de respirar. O trem mergulhou debaixo d’água, mas
mantendo seu interior totalmente impermeável.
Por um segundo, Harry apreciou um túnel feito de água no formato exato dos vagões.
- Reajustando a visibilidade! – disse uma voz num alto falante
O vagão reapareceu. Rony, e Hermione apareceram ao seu lado. Hermione branca, e Rony sorrindo. Até Gina parecia
ter alterado o seu humor.
- Muito Legal não é? – disse Rony – Foi assim que eu cheguei no Egito no Segundo Ano!
Harry concordou.
O trem acelerou a uma grande velocidade. Cortando a água a sua frente como se fosse cristal. Em breve, toda a
sujeira de Londres seria deixada para trás, e tudo o que eles veriam pela janela, seria um límpido azul esverdeado do
mar.
Alvo não dormia bem há dias. O frio nunca o fizera muito bem, e dês de o mergulho noturno no lago gelado, ele se
sentia adoecendo. Lá fora, as cores secas do Outono deram lugar ao gelo branco do inverno. Com a proximidade do
Natal, o castelo havia sido todo decorado com enormes pinheiros enfeitados, visgos e lantejoulas. As férias de Inverno
estavam se aproximando, mas Rosa parecia enxergar apenas os exames que havia antes disso. E ela parecia
totalmente indiferente ao fato de Alvo se sentir resfriado.
- Se está doente, vá até a Ala Hospitalar! – dizia ela
A última coisa que Alvo queria era ir até a Ala Hospitalar. Tinha medo que Madame Pomfrey lhe perguntasse como
havia ficado daquele jeito, e não estava a fim de receber detenção por sair à noite. Por outro lado, Escórpio parecia
estar bem com tudo aquilo.
- Dá um tempo! Aquilo foi demais! Andar com vocês malucos foi a melhor coisa que já fiz! Quando vai ser a próxima
loucura que vamos fazer? Saltar da Torre de Astronomia?
- Tá ficando doido é? – disse Alvo
- Só estou brincando! – disse Escórpio - Mas não seria ruim um mergulho de lá usando uma vassoura, certo? Quer
dizer, seria uma manobra bem sinistra!
- NÓS SOMOS DO PRIMEIRO ANO! – berrou Rosa
Descobri o interesse do Escórpio por adrenalina estava sendo meio chocante pra Rosa, mas por outro lado era fácil
pra ele falar, ele não havia feito um mergulho de quase zero graus no Lago da escola.
Os três caminhavam para a Sala de Defesa Contra as Artes das Trevas. Aparentemente, seria um teste prático.
- Mas de qualquer jeito! Qual é a daquele Servo Slim afinal? – disse Escórpio a Alvo – Saindo assim toda noite... O
que será que o cara está querendo na floresta?
Alvo deu de ombros. Estava se sentindo mal no momento, e queria se concentrar no teste que estava pra enfrentar.
Fosse ele qual fosse.
Eles chegaram a porta, mas encontraram um aviso pregado nela. A letra era do Prof. Jordan.
Caros Alunos.
A aula hoje será no Grande Salão. Por favor, não cheguem atrasados.
Prof. Jordan
Quando Rosa abriu as grandes portas de madeira à frente, Alvo sentiu um frio horrível no estômago, pior do que o
que o resfriado estivera provocando até então. Um palco fora montado no centro do salão, e o ambiente se coloria
com as cores Vermelho Sangue e Verde Esmeralda das casas Grifinória e Sonserina. Segurando uma prancheta sobre
esse palco, estava o Prof. Jordan.
- Bem vindos! – disse ele sorrindo – Já estão atrasados! Mas não há problema, nos ainda não começamos os testes!
- Do que se trata? – disse Escórpio com os olhos arregalados
Alvo, Rosa e Escórpio saltaram ao se darem conta da presença de Skiper LoveGood exatamente ao seu lado.
- Não mata a gente do coração Lovegood!
O colega os encarou com aqueles olhos que parecem lentes de uma câmera fotográfica, como se tentasse ler a mente
deles. Alvo nunca havia notado o quão furtivo aquele sujeito conseguia ser. Não que fosse a primeira vez que ele era
pego desprevenido por Skiper, mas fora a única em que o colega havia pego os três no susto.
Skiper sorriu.
- Os professores em geral estão optando por formas práticas de exames! Com algumas exceções é claro, mas à
maioria está assim!
- E qual é o exame DESTA matéria? – disse Escórpio
- Como treinamos técnicas de duelo! – disse Skiper – Iremos fazer um campeonato de duelos! Uma luta de cada vez!
O professor vai avaliar nossas técnicas enquanto duelamos!
Alvo nunca quis tanto que alguma confusão ou loucura acontecesse no Grande Salão. Quem sabe talvez se aquele
pistoleiro aparecesse de novo, saltando com sua capa e chapéu pra dentro do castelo, e fazendo um estardalhaço
enorme. Os testes seriam cancelados, assim como as aulas, e ele poderia se deitar em sua cama com cortinas e
dormir o resto do dia.
Alvo assentiu, e seguiu Rosa em meio à multidão de Sonserinos que compunham o núcleo da multidão. O primeiro
Duelo seria entre dois “Serpentes” por isso, todos daquela casa estava se acotovelando para ver. Alvo não pode
deixar de prestar a atenção também, pois um dos competidores, seria nada mais nada menos que Servo Slim.
- Muito bem! – disse o Prof. Jordan – Vamos repassar as regras! Os feitiços podem ser de desarme, ou de
imobilização, porém, qualquer feitiço que busque ferir ou machucar está proibido, e qualquer engraçadinho que fingir
que não ouviu vai ganhar uma passagem só de ida para uma detenção de duas semanas! ESTOU FALANDO SERIO!
Os alunos da Sonserina engoliram em seco, mas ainda assim, mantinham um sorriso matreiro no rosto. Os “Leões”
por outro lado assentiram seriamente, e Alvo quase riu ao notar essa diferença de atitudes.
Servo Slim se encaminhou para o palco. Sua cara de inocência infantil era quase cômica. O colega com quem ele iria
competir parecia feroz, e quando os dois subiram, ele disse algo no ouvido de Slim que Alvo leu como “É hoje que
você morre” ou coisa semelhante. Aparentemente, Slim não era muito popular entre as pessoas de sua própria casa.
O que antes era uma suposição, se tornou confirmado para Alvo, quando todos os alunos da Sonserina começaram a
gritar coisas como “Acaba com esse pirralho, Atila” ou então “Esse nenê já perdeu! Você é o maior, Atila”.
Alvo tinha que concordar em uma coisa. O tal do Atila era realmente o maior. O maior aluno do primeiro ano inteiro,
com Um Metro e Cinqüenta, parrudo e forte.
Slim ergueu a varinha. Atila o imitou. Prof. Jordan contou até três.
No instante exato em que se ouviu “3”. Uma luz vermelha pulou da ponta da varinha de Slim, e fez com que Atila
fosse arremessado três metros pra cima, para depois cair deslizando sobre o tablado, e escorregar pela cabeceira,
caindo com um baque surdo no chão do Grande Salão.
O silencio que veio a seguir era algo impressionante. A única coisa que rompia aquele silêncio, eram os espirros de
Alvo, que vinham só de vez em quando.
- Um feitiço Estuporante É um feitiço para imobilizar! – disse Servo Slim sorrindo – Estou dentro das regras!
A cabeça de mais de cinqüenta alunos se virou para o Lino Jordan, que concordou com a cabeça.
- Sim, é! – disse ele – Mas não me lembro de ter ensinado esse feitiço nas aulas!
- Andei estudando! – disse ele
E nesse momento, ele lançou um olhar em direção à Rosa, cujo o rosto pareceu entrar em ebulição.
Ele desceu do tablado a passos leves. Imediatamente, os alunos da casa Sonserina foram até o colega vencedor,
prontos para cumprimentá-lo pela vitória. Aparentemente ele acabara de virar a opinião pública a seu favor, bem
diante dos olhos de Alvo e Rosa.
- Não acredito! – disse Rosa
Alvo segurou um espirro. Não queria que o Professor percebesse que ele estava gripado, pois se fizesse isso, Rosa
estaria sozinha. Ao ver àquela demonstração de força por parte de Servo Slim, o sangue Grifinoriano dela parecia
estar queimando, e Alvo se preocupava muito com o que poderia acontecer, em parte com Rosa, em parte com quem
ela duelasse.
O palco à frente estava formado. Os duelos transcorriam normalmente. Em geral os resultados eram típicos; um
“Expeliarmus” no ângulo certo, e o resultado era defino, em no máximo três movimentos por duelo.
O Prof. Jordan tomava notas enquanto observava os movimentos dos alunos, acompanhado por Skiper, que não
somente riscava o pergaminho vorazmente, como tirava fotos usando uma enorme e antiquada câmera.
Apesar dessa resposta, Alvo achou que Rosa estava bastante feliz com o que ele havia dito.
O feitiço foi bloqueado com perfeição. Alvo ficou boquiaberto com a velocidade com que Slim reagiu. Pelo jeito, o
colega não era só inteligente, mas também um excelente duelista.
- Eu não dei permissão ainda! – disse Lino Jordan – Mais uma infração e eu reprovo você, Sr. Malfoy!
Escórpio assentiu. Os alunos da Grifinória observava tudo com atenção, mas com neutralidade. Os da Sonserina por
outro lado, pareciam pedir sangue. Os dois se armaram.
- Um, dois, TRÊS!
- ESTUPEFAÇA!
- Levante logo! – disse Slim se aproximando – Estou entediado com essa prova, e você parece um pouco mais hábil
que a média geral!
- Escuta! – disse Malfoy – Qual é a sua afinal? Abre logo o jogo! O que você esta querendo com aquela fênix?
Slim pareceu ter tomado um grande choque. Deu dois passos incertos para trás. Essa parecia ser a vantagem que
Escórpio estava procurando, por que ele se levantou de um pulo, e lançou um Expeliarmus certeiro direto no tórax.
Slim voou cinco metros pelo tablado a fora, a varinha subiu até o alto, quase encostando no teto encantado. A
Grifinória explodiu em vivas. Alvo e Rosa sorriram um para o outro.
Porém Slim se levantou. Andou para trás alguns passos, e apanhou sua varinha no ar.
- Parece que não! – disse Servo Slim! – EXPELIARMUS!
Escórpio bloqueou. Ele o pressionou com mais um feitiço, e Escórpio bloqueou. Continuou com essa artilharia por um
tempo.
- O que está tentando fazer? – disse Escórpio sorrindo – Testando meu Feitiço Escudo? Cara, eu não vou perder
assim!
- Nem ganhar, tampouco! – disse Slim
quilo continuou por uns cinco minutos. Alvo ficou observando tentando entender do que se tratava. Escórpio defendia
os ataques o mais rápido que conseguia, porém, era só o que sua velocidade lhe permitia; bloquear. Alvo imaginou
que o pulso do amigo logo estaria doendo com o esforço de tantos bloqueios.
- Expeliarmus! Expeliarmus! - berrava Slim – Expeliarmus! ACCIO VARINHA!
Todos prenderam a respiração. A varinha de Escórpio saiu bobamente de sua mão e acabou caindo à meio caminho
entre os dois oponentes.
- Um Feitiço Convocatório! – disse Rosa de olhos arregalados – Eu não acredito! Esse é um feitiço de nível alto demais
pra nós do Primeiro Ano! Até eu tenho problemas para executá-lo!
Mesmo que Rosa dissesse aquilo, o feitiço havia sido executado. Aparentemente, Servo Slim também ainda não o
havia conseguido aperfeiçoá-lo, pois a varinha de Malfoy fora puxada fracamente e caíra à meio caminho do trajeto.
Por isso ele o havia bombardeado com feitiços de desarme; para tornar mais fácil a convocação da varinha.
A cena toda pareceu andar em câmara lenta. Escórpio se atirou para apanhar a varinha. Slim também saltou, mas
não para apanhar a varinha do adversário, e sim, para que o feitiço que viesse a seguir causasse mais estrago.
- ESTUPEFAÇA!
Slim estava a apenas um metro de Escórpio. A luz vermelha atingiu diretamente no estomago, e atirou o garoto para
cima como uma carcaça velha. Ele voou muito mais alto do que Atila havia atirado, e bateu com muito mais violência
no chão.
- ISSO FOI COVARDIA! – berrou Rosa – COVARDIA! VOCÊ ESTAVA PERTO DEMAIS!
- Srta. Weasley! – disse o Prof. Jordan – Peço que tenha calma! – Ele se virou para Slim, que ainda estava no palco –
Seu movimento com o Feitiço convocatório foi impressionante, Sr. Slim, porém o modo como abateu o Sr. Malfoy com
o Feitiço Estuporante foi uma tremenda deslealdade!
- Desculpe senhor! – disse Servo Slim, fazendo uma reverencia, porém fazendo sorriso zombeteiro.
Os alunos da Sonserina riram. Um grupo de alunos da Grifinória correu para ajudar Escórpio.
- Nós levamos ele para a Ala Hospitalar! – disse um deles
- Eu também vou! – disse Alvo, fazendo coro com Rosa
Ele se virou para Escórpio, sendo levado para a Ala Hospitalar nas costas dos colegas. Skiper fotografava tudo
avidamente. Alvo só conseguiu observar a cena, sentindo um certo arrepio interno.
- Desce daí! – foi a única coisa que Jordan falou
Servo sorriu aquele sorriso angelical e inocente, e desceu do tablado.
Ir a Ala Hospitalar junto com os colegas levar Escorpio talvez tenha sido uma das mais sábias decisões de Alvo.
Quando o grupo chegou, Madame Ponfrey primeiro se ocupou de Escorpio, porém, viu na mesma hora o estado do
resfriado de Alvo.
- Garoto, você tem sorte que isso não virou uma pneumonia! E já está bem avançada essa sua doença!
Alvo foi forçado a ficar na Ala Hospitalar também, e recebeu dispensa pelo resto do dia. Ele ficou aliviado ao saber que
o frio havia feito muitos ficarem gripados, o que significava que suas mais recentes aventuras noturnas estavam
encobertas, por enquanto.
Rosa também os acompanhou até lá, porém não ficou muito nem conversou demais. Em poucos minutos ela já tinha
voltado correndo de volta para a Classe de Defesa Contra as Artes das Trevas.
- Espero que ela não tenha ido comprar briga com o Slim! – disse Alvo, mesmo sabendo que provavelmente era isso o
que ela iria fazer
Alvo e Escorpio foram colocados em camas vizinhas, por isso os dois poderiam trocar algumas idéias de o que fazer
em seguida. Especialmente, frente aos últimos acontecimentos.
- Cara! – disse Escorpio – Aquele Slim! Ele é durão! Vai ser difícil a gente continuar seguindo ele depois de hoje!
- É! – disse Alvo – Por que você falou da fênix pra ele? Agora ele sabe até aonde a gente sabe, e vai ficar mais atento!
- Eu precisava de uma brecha! – disse Escorpio – Apostei na reação do cara! Acho que perdemos a vantagem sobre
ele, não é?
- Não necessariamente! Quer dizer, ele ainda não sabe como a gente conseguiu descobrir tanto!
- Mas ele vai! – disse Escorpio - Esse sujeito não é alguém com quem se deva brincar! Ele é MUITO ESPERTO!
- Eu vi! – disse Alvo – Quer dizer, tudo bem que o Feitiço Convocatório precisa de melhoras, mas você viu aquele
Feitiço Estuporante?
,,,
Os dois ficaram dois dias na Ala Hospitalar, sem ter a menor idéia do que Rosa estaria fazendo. O frio se intensificava,
e nevascas caíam regularmente.
- Sabia que quando há uma nevasca muito forte, os Trouxas tem que cancelar as aulas? – disse Alvo
- Eles não conseguem limpar a neve? – disse Escorpio achando graça
- Conseguem, mas eles tem um veiculo apropriado pra isso, e ele só pode rodar se não houver nevasca!
- Isso não faz sentido nenhum!
- Eu sei!
Quando Alvo e Escorpio deixaram a Ala Hospitalar, se descobriram com um grande problema; Os exames haviam se
acumulado, e faltavam apenas poucos dias para o Recesso de Natal. A última semana, Alvo e Escorpio não tiveram
tempo pra pensar em Servo, ou muito menos em como se vingar pelos problemas que ele lhes causara no Exame de
Defesa Contra Artes das Trevas.
Rosa eles também haviam visto bem pouco. Ela mal os visitara na Ala Hospitalar, e quando retornaram para o
dormitório, mal falava com eles. Ela ficava apenas trancada no dormitório feminino, entre uma enorme pilha de livros
pegos na biblioteca. Não que aquilo fosse necessário, pois todo o tempo livre de que ela agora disponha era
empreendido ao que parecia uma tentativa suicida de ler todos os livros da biblioteca.
Logo quando finalmente acabaram os últimos testes, e somente um final de semana os separava do Recesso do Natal,
Alvo e Escorpio finalmente conseguiram respirar melhor. Se juntaram a Skiper e os outros Grifinorianos num
campeonato amador de Smash Explosivo, e mais tarde, a uma verdadeira guerra de bolas de neve.
No último dia, Tiago chamou Alvo (e por tabela, Malfoy) para uma peça no zelador. O pobre homem teve uma
surpresa bastante fedorenta, quando ao abrir seu armário de vassouras uma avalanche de bombas de bosta o atingiu
direto na cara (e nas pernas, nos braços no tórax, e em todo o resto).
As vésperas da partida, quando os dois estavam arrumando as malas, Alvo notou que Escorpio não parecia muito
feliz. Ele jogava as roupas com força na mala, como se estivesse aborrecido.
- Algo errado?
- Não! – disse ele – Tudo ótimo!
Aquele “tudo ótimo” foi com uma entonação perfeita de “Fim de Papo”. Alvo não quis aumentar a conversa. Os dois
desceram para o Grande Salão, para comerem a última refeição em Hogwarts antes do Natal. E foi onde finalmente
Rosa reapareceu nas vidas deles.
Ela chegou arrastando uma mala mal feita, os cabelos ruivos desgrenhados, e a roupa desalinhada. Parecia que ela
tinha acordado, e esquecido a higiene pessoal, o que para uma garota era ainda pior. Alguns olhares se viraram para
ela quando ela sentou.
Escórpio olhou para ela como se ela tivesse de repente arrumado uma segunda cabeça, e Alvo não podia culpá-lo.
- Então... – ele arriscou – De volta dos mortos?
Alvo achou que Rosa nutria também um certo senso de rivalidade com o colega Sonserino. Ele olhou para Servo Slim
na mesa da Sonserina. Ele sorria categoricamente enquanto conversava com seus amigos, recém adquiridos depois
do último confronto. Alvo achou que eles pareciam mais seguidores do que amigos; o jeito como conversavam, de
cabeça baixa, como se dividissem algum segredo, tendo Slim como epicentro, era muito estranho.
Slim também não tinha mala, o que significava que ele ficaria para o Natal. Alvo se perguntou por que ele não o
passaria com a família.
- Olha! – disse Alvo – Não acha que o Alvo pode aproveitar a nossa ausência pra... sei lá, pegar os ovos da fênix?
- Não mesmo! – disse Rosa – Eu pesquisei! Fênix não chocam ovos como as outras aves! Elas fazem um ninho de
palha, então na hora certa, eles se transformam em uma bola de fogo, e botam fogo no ninho!
- Isso me parece bem louco! – disse Escórpio
- É! – concordou Rosa – Mas é assim! As labaredas se transformam em filhotes de fênix!
- Que doido! – disse Alvo
- Eu descobri outra coisa! – disse Rosa – Elas só fazem isso durante a PRIMAVERA! Vida nova entendem!
- Sei! – disse Escórpio mal humorado – Isso significa que podemos esperar até o fim do recesso! Legal!
Depois disso, eles saíram para a fria manha lá fora. As carruagens que pareciam se puxar sozinhas já estavam
prontas. Alvo olhou para o espaço entre as carruagens, e lembrou de seu pai lhe falando sobre os Testrálios, e de
repente sentiu uma enorme saudade do pai.
Ele pôde ver Hagrid ali perto acenando para ele. Ele acenou de volta. Alvo estava louco para falar dele para seu pai, e
também dos alucinantes vôos de Hipogrifo. Lembrou de sua mãe, e das deliciosas empadas, e de chocolate quente
delicioso, e de sua irmãzinha, e só de pensar em seus primos, e sua família toda reunida em casa para o grande
banquete de natal ele sentia uma enorme onde de ansiedade feliz.
Era bem mais do que se podia dizer de Escórpio. Ele ficou taciturno durante todo o passeio nas carruagens, e não
melhorou durante a viajem no trem. Rosa não parecia estar ligando muito, porém, Alvo a pegou dando umas olhadas
furtivas e preocupadas para o lado do amigo.
A viagem de trem transcorreu sem muitas emoções. Tiago passou falando com um grupo de amigos, que olhavam
para ele admirados, e Alvo mais tarde descobriu que ele estava falando que seu pai passaria o feriado inteiro o
ensinando a duelar, e de como não havia ninguém melhor que ele para isso.
- Sabe, vai ser meio estranho falar com meu pai depois de saber de tudo o que ele fez! – disse Alvo
- Eu entendo por que ele fez isso! – falou Rosa – Acho que ele queria que você o admirasse como pai e amigo antes
de admirá-lo como herói!
Alvo pensou um pouco, e compreendeu. Curiosamente, Escórpio pareceu ficar ainda mais aborrecido com isso.
O trem foi parando vagarosamente, e Alvo sentiu um frio no estômago. Ele olhou pela janela, e viu a Plataforma,
lotada de pais ansiosos. Porém, Alvo distinguiu claramente os cabelos vermelhos de sua mãe, como uma labareda no
meio da escuridão.
- MÃE! MÃE!
- Não grita Alvo! – disse Rosa
Mas ele não ligava, a saudade batia fundo em seu peito. Ele correu para fora do trem como um louco, e se atirou
contra a multidão de tal modo, que as pessoas saíram da frente pra evitá-lo.
- MÃE!
- AQUI!
Sua mãe apareceu saindo do meio das pessoas. Gina Weasley Potter sorriu para ele. Mesmo antes de abraçá-la, Alvo
se sentiu cheio de coragem renovada. Ele poderia ter derrotado Lobisomens, Servo Slim, ou até a Lula Gigante sem
nem pestanejar.
Alvo engoliu em seco. Ele já vira muita coisa estranha, será que o mundo poderia mesmo explodir?
Então houve um grande estouro, e uma grande luz branca iluminou tudo. Alvo se jogou no chão pra tentar se
proteger da explosão. Porém o que houve foi silêncio.
Alvo olhou para trás, e parou de respirar. Alguém havia acabado de aparatar para cima do trem. O sujeito pareceu
bastante aturdido com o que estava vendo, e desceu rapidamente. Ele estava usando uma capa preta de inverno, com
um capuz largo sobre a cabeça. Todos os olhares estavam no estranho.
Mas Gina Weasley parecia mais preocupada do que abalada. O estranho se aproximou e sorriu.
- Oi! – disse ele – Cheguei um pouco atrasado pelo jeito! Achei que tudo estaria vazio quando eu chegasse, droga, é
difícil calcular o tempo sob pressão!
Harry Potter sorriu para eles de trás dos seus óculos. Ele parecia bem humorado.
- Meu Deus Harry! – disse Gina – Quando deixei você lá você disse que estava tudo bem com aqueles cavalos!
- Tive um pequeno contra tempo! – disse ele – Envolvendo cavalos, alguns bruxos vingativos, e um gato!
Alvo não sabia mesmo o que dizer.
- Parece que você ganhou a aposta Lilian! – disse Harry
A pequenina parecia em choque, sem saber o que falar.
- Nossa papai, você esta horrível!
- Bem! – disse ele – O que se pode dizer! Quando eu digo que vou chegar a tempo, é por que eu vou chegar a tempo
meeeeesm...
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Godrick Hollow estava coberta de neve, e os enfeites de natal cobriam os lampiões na rua. Havia coros de crianças
cantando às portas das casas, e as pessoas iam e vinham fazendo suas compras de Natal. Tudo parecia alegre, feliz
no bairro que Alvo sempre chamou de lar.
Ou mais ou menos. Ele, sua mãe, e seu irmão ajudaram a carregar seu pai de volta pra casa. O pai havia desmaiado
em plena estação, e Gina parecia mais do que preocupada.
- Certo! – disse a mãe de Alvo – Tiago, acenda a fogueira, Lilian, ajude e vá pegar lenha, Alvo, esquente água no
forno para um chá! AGORA!
Alvo sabia por experiência própria que quando a mãe mandava era melhor obedecer. Por mais que quisesse mais
detalhes de como o pai havia ficado naquele estado, Alvo tinha de obedecer.
A casa dos Potter era uma das maiores da região. Três andares bem estruturados, com lareira em cada quarto. No
ponto mais alto, era o quarto do casal, que ocupava todo o andar. No andar inferior a esse, ficava o quarto de Alvo,
Tiago, e o Quarto de Criança de Lilian. Entre as duas portas para os quartos, ficava uma pequena Sala de Estar, onde
havia um Tabuleiro de Xadrez de Bruxo no centro, e um armário de vassouras onde Tiago guardava todo o
equipamento de Quadribol.
No primeiro andar, ficava a Sala de Estar principal(toda decorada com uma enorme árvore de nata e enfeites), a
cozinha, a lavanderia. Atrás da casa, ainda havia um amplo quintal, onde havia um estábulo de cavalos. Era onde
provavelmente havia acontecido a confusão.
Alvo colocou a chaleira para esquentar na cozinha, e aproveitou para olhar pela janela para o quintal, para ver se
achava algum sinal de luta. Porém, tudo o que viu foi Lilian catando lenha no chão. Os cavalos estava nas baias
dormindo tranquilamente. Alvo havia ansiado pelo momento de voltar a casa no inverno, e ver os cavalos que seu pai
comprara. Eles possuíam aqueles estábulos há muito tempo, mas só recentemente eles haviam decidido ocupá-los
com cavalos. Afinal, sua mãe não os queria voando antes da hora.
Um miado baixo e grosso avisou da chegada de um outro animal. Alvo se virou, e deu com Tigre, o enorme gato
laranja deles. “Cavalos, bruxos vingativos, e um gato”. Alvo apanhou o gato no colo e acariciou.
- Então? Não vai me dizer o que aconteceu?
O gato apenas ronronou preguiçosamente. A pelagem de inverno o fazia parecer ainda maior. E ele já era bem
grande. Chegava quase a parecer um cachorro.
O gato pareceu ouvi-lo, e saiu correndo. Alvo se apressou em terminar o chá. Estava ansioso por inspecionar os
estábulos.
Terminado o chá, ele o levou para o terceiro andar, onde sua mãe cuidava do pai. Encontrou os dois lá. Seu pai
estava deitado na cama, sorrindo despreocupadamente, e Gina enfaixava sua perna com uma expressão mal
humorada.
Alvo deixou o chá em cima da mesa de cabeceira. Harry olhou para ele.
- Como vai o pequeno duelista? – disse Harry sorrindo para o filho – Soube pelo Lino Jordan que você se destacou
mesmo nesse quesito!
Alvo corou.
- É! Eu, eu fui muito bem! – disse ele
- Tenho uma surpresa para você! – disse Harry – Embaixo da árvore de presentes!
- Harry! – disse Gina – O natal é só daqui a uma semana!
Alvo se sentou para ouvir a história, e o pai sorriu ao contar a história para o filho. Gina balançou a cabeça.
- Estive apenas fazendo um reconhecimento, e seguindo o rastro daqueles bruxos das trevas! Voltei horas antes para
casa para cumprir a promessa que fiz de trazer os cavalos para os estábulos antes do Natal. Eu e sua mãe passamos
a manha inteira fazendo isso!
- SIM! – disse Gina – Eu tive de sair pra fazer compras de Natal, e pedi para que ele me encontrasse na Plataforma!
Perguntei a ele se ele ia conseguir controlar os malditos cavalos sem mim
- Eu disse que conseguiria! – falou Harry – Só não contava com os bruxos!
Alvo prendeu a respiração.
- Que bruxos?
- A maldita quadrilha! – disse Harry – três deles me seguiram até aqui em casa!
- CARAMBA! – disse Alvo
- Eles queriam me pegar de surpresa! – disse Harry – São peritos em aparatação silenciosa! Nem mesmo os cavalos
os ouviram chegando! Eu estava passando uma escova no lombo e nas ASAS de um deles, quando o TIGRE, isso
mesmo, nosso gato, soltou um silvo tão forte que pensei que estivesse tendo um ataque! Me virei bem a tempo de
evitar o primeiro disparo das varinhas!
Harry riu.
- Os cavalos entraram em disparada! A confusão foi enorme! Eu lutei contra os três bruxos sem problemas, porém
fazer isso e desviar de todos os três cavalos em estouro já era pedir demais!
- Um deles pisou no seu pé! – disse Gina – Está uma luxação horrível aqui!
- Eu sei! – disse Harry – Me atrasei por que tive de levar os Bruxos das Trevas para o Ministério com esse pé horrível!
E ainda tive de fazer um Feitiço de Memória, para que eles não se lembrem onde fica nossa casa!
Depois disso, ele desceu. Queria ver o presente que o pai havia comprado para ele. Seu pai havia dito que era um
pequeno pacote, em vermelho e dourado. As cores da Grifinória.
Ele pegou o pacote. Por um momento, sentiu-se decepcionado. Descobriu, pelo peso do pacote, e pelo formato que
não havia outra coisa que aquilo pudesse ser, que não um livro. Mas mesmo assim, ele rasgou o pacote e o abriu.
Talvez fosse algum romance de aventura.
Porém, não era. Só que também não era um livro chato de escola do tipo que Rosa gostava de ler. O nome da
escritora era oriental, e na capa, havia a pintura de um bruxo também oriental portando uma varinha no estilo da
China antiga. O título era “A Arte do Duelo – Um Guia para os Jovens Bruxos mais combatentes aprenderem as
melhores técnicas do mundo”.
Alvo se sentiu ao mesmo tempo apreensivo, e ansioso. Naquele livro, havia magias que poderia usar para duelar.
Talvez até mesmo ganhar de Servo Slim. Nunca fora um mau leitor, embora não se comparasse a Rosa, e começou a
ler o livro naquele momento.
Tiago terminou de acender a fogueira minutos depois. Lilian chegou e depositou a lenha ao lado da Lareira, e ele
enfiou quase tudo no fogo. Então, depois disso, correu até onde estava Tiago.
Alvo largou o livro e olhou para ele. Quase tinha esquecido os cavalos. Seu pai havia dito que pelo menos um deles
seria um Graniana, a raça mais veloz. Os dois irmãos correram para fora, seguidos por Lilian gritando “Esperem por
mim”. E naquele momento, Alvo só pensava na reunião de família no fim da semana, e no que Rosa diria quando
visse seus novos Cavalos Alados.
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Harry abriu os olhos pouco a pouco. O silêncio era tão absoluto que até o menor tilintar parecia um enorme batuque.
Só que o que ele estava ouvindo era mesmo um batuque, e uma voz forte e feminina cantando, mas parecia muito
longe. Também era possível ouvir um marulhar pouco acima de sua cabeça. O cheiro de sal e peixe eram fortes
naquele trem.
A música que ele ouvia era muito fraca, porém, os instrumentos eram fortes e altos, e a voz da cantora ainda parecia
ser ainda mais poderosa. Harry se perguntou como poderia uma mulher(por que ele tinha certeza que era uma
mulher) ter uma voz assim.
Ele olhou em volta. Gina estava dormindo ainda no seu lugar, a poucos lugares atrás, dormindo profundamente. Seus
cabelos ruivos tinham um efeito meio místico sob a luz azulada que entrava pela janela. A luz do sol filtrada pelo mar.
Ela ficava linda, mesmo com as roupas de viagem. Harry ficou se perguntando se ela ainda estaria chateada com ele.
Um ronco forte ecoou do acento à sua frente. Lá estava Rony, dormindo como uma pedra ao lado de Hermione, que
aparentemente, incapaz de dormir por causa dos roncos fortes.
- Hermione! – disse Harry
- Já chegamos?
Hermione olhou para ele, e começou a falar desembestada numa língua estranha.
- HERMIONE! – disse Harry – Não entendo uma palavra que está...
Imediatamente ela apontou a varinha para a cara dele, e murmurou um feitiço. A sensação para Harry foi muito
estranha. Primeiro sentiu os ouvidos se fecharem, e sua língua enrolada. Depois, sentiu uma grande dor de cabeça
logo a cima dos olhos. Então tudo parou.
- Que coisa louca foi essa agora, veio! – disse Harry, e levou um enorme susto com a língua que estava falando, a
mesma que Hermione falava
- Funcionou MESMO! – disse ela sorrindo – Tenta isso! Tenta ler aqui!
Harry olhou para o livro que ela segurava. Sentiu um pouco de vertigem ao tentar ler, mas quando leu o título, ele
pôde entendê-lo.
- Artes Mágicas Brasileiras? – disse ele – Mas o que...
- CONSEGUI! – disse ele – Eu sei que dá um pouco de vertigem ler isso em outra língua de inicio, mas depois que
você se acostuma, fica fácil! Eu acho que se usarmos por tempo o suficiente, nós acabaremos aprendendo a língua!
Harry deu de ombros. Ele não dava a mínima pros conhecimentos de língua estrangeira, só queria poder conversar
com os bruxos daquele país sem precisar ficar gesticulando feito um surdo-mudo.
Harry olhou pela janela. De fato, estavam mais próximos da superfície também, o que significava que deveriam estar
perto de um porto seguro.
- PORTO SEGURO!
Harry quase tropeçou nas próprias vestes, e Rony roncou alto, como se o anuncio do Líder Brasileiro o tivesse
engasgado.
- Como assim! – disse Hermione em Português
Ribeiro pareceu ficar feliz em ouvir sua própria língua. E respondeu para ela neste mesmo idioma.
- É uma Poção Ilícita! – ele disse – Como somos Democratas, seria muito fácil fazer um pouco dessa poção e usá-la
para burlar as eleições!
- Ué! – disse Hermione – Mas existem meios de verificar se o candidato tomou, que nem nos campeonatos de
Quadribol...
- Também existem meios de burlar os meios de verificar!
- Mas devem existir meios de evitar que os meios de verificar sejam burlados!
- Desculpe, mas não concordo! – disse Ribeiro
- Por que? – disse Hermione em seu jeito meio cheio de si
- Por que não entendi nada do que você disse! – disse Ribeiro sempre de bom humor – Enfim, além disso, essa poção
em grandes quantidades causa envenenamento, e vai saber por que brasileiro sempre pensa que a sorte é curta
demais.
Harry engoliu em seco. Sentiu o os trilhos do trem se elevando, estavam chegando à Estação. A música agora estava
mais alta.
- Que barulho é esse? – disse Rony acordando
- É música! – disse Gina também se levantando
O trem finalmente parou, e Harry, Rony, Gina e Hermione, desembarcaram do trem para a terra. Uma terra do outro
lado do mar, uma terra que não lhes era conhecida. Não era nem conhecido a eles o fato, de que estavam pisando
exatamente na cidade conhecida por ser aonde os primeiros Europeus chegaram ao país verde e amarelo.
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O primeiro cheiro que Harry sentiu quando subiu pelas escadas da humilde estação em que desembarcaram, e
alcançou a superfície, foi o de folhas de palmeira ao sol. Depois o segundo, foi o de coco verde sendo arrebentado
com uma forte pancada de um facão. À frente deles, havia o mar. Uma mar de uma cor que Harry nunca havia visto,
a não ser em fotos e na TV: azul. O mar era azul, não marrom, não escuro, não barrento, era AZUL, AZUL de verdade
A rua em que estava era uma rua pavimentada com paralelepípedos. Havia uma vendedora de Água de Coco próxima
a eles que lhes lançou um olhar amigável. Era uma negra baixa e com os cabelos crespos amarrados. Ela levantou o
facão e apontou para a rua, como se apresentasse ele à sua terra. Ao Brasil.
Descendo a rua, até o mar, havia apenas construções baixas, de no máximo dois andares. Harry viu alguns hotéis,
restaurantes (a maioria oferecendo frutos do mar), e alguns prédios que pareciam do século passado. Havia barracas,
como a da Vendedora de Coco espalhados pelas calçadas vendendo as mais variadas coisas, dês de comida, até coisas
fabricadas a mão. Só que o que Harry achou mais curioso, foram as árvores. De vez em quando surgiam os coqueiros,
as palmeiras, ou mesmo as castanheira, espalhadas por toda a extensão da rua, e da praia no fim dela
Um vento frio soprou, como um dia nublado de outono. Harry olhou para o sol, que brilhava escondido atrás de umas
poucas nuvens brancas. Era tarde, por volta das quatro horas da tarde.
- Inverno! – disse Ribeiro – Estamos no Inverno, e este ano está rigoroso
Harry olhou para ele por um segundo, sem entender nada. Sim, estava frio, mas AQUILO não era inverno. Havia até
pessoas de camiseta nas ruas. E foi quando Harry começou a reparar nas pessoas. A pele mais escura e os rostos com
sardas das pessoas. Os homens altos e fortes, e as mulheres... bem...
Hermione puxou Rony escadaria abaixo, a pretexto de usar o Feitiço da Linguagem nele. Gina parou ao lado de Harry,
lhe lançou um olhar tão irritado, que fez com que ele baixasse a cabeça.
- É hora de aprender o a Regra Número 1 de todo homem brasileiro! – disse Ribeiro – “Olhar não rança pedaço”!
Antes de prosseguir, Ribeiro se virou, e acenou para a Mulher dos Cocos. A mulher acenou para ele com o facão, e lhe
ofereceu um coco.
- Hum! – disse Ribeiro – Ok! Manda aí!
Ela sorriu um sorriso branco, e então cortou o alto do coco, enfiou na fenda um canudo, e olhando de um lado para o
outro, fez levitar até ele.
Harry olhou em volta, vendo se os trouxas haviam notado, mas pareciam ocupados demais olhando as coisas no
mercado, e conversando alegremente, e contando piadas. Eles falavam alto naquele país.
- Vamos embora! – disse Ribeiro – Temos muito chão pra cobrir, e nenhum tempo a perder!
Ao caminhar, Harry continuou observando os Brasileiros. Os cabelos eram castanhos quase o tempo todo, porém
havia cabelos pretos e loiros no meio também. Os que não se viam em lugar nenhum eram ruivos, e Rony pareceu
notar, por que todos olhavam para ele e riam um pouco.
- Espia só o cabelo do garoto! – disse uma senhora uma vez – Não parece o Curupira!
E saiu rindo com todos que a tivessem ouvido. Harry viu Rony ficar vermelho, e perguntar a Hermione o que diabos
era um Curupira.
Eles continuaram andando até o fim da rua, onde a música era mais forte, e foram caminhando a beira mar.
Aparentemente, havia uma espécie de show na praia. As areias eram de um amarelo forte e grosso, e a maré era
calma com algas marinhas verdes flutuando sobre a água.
Não muito longe, um grupo de artistas, todos vestidos de branco tocavam estranhos instrumentos em forma de arco e
flecha. Eles faziam uma roda em volta de dois outros artistas, também vestidos de branco, que pareciam estar
dançando uma estranha fusão de Break com Kung Fu.
- Olha só aquilo! – disse Hermione impressionada, vendo os artistas rodopiarem no ar, e fazerem os calcanhares
quase roçarem os dentes uns dos outros.
- É! – disse Ribeiro sorrindo – Vocês ainda vão ver muito disso por aqui!
Os artistas se cumprimentaram como se tivessem lutado, e não dançado, e depois deram a vez a outra dupla. Eles
levavam cordas coloridas penduradas na lateral da calça.
- O que são eles? – disse Gina, e Harry ficou feliz de ouvir a voz dela novamente
- São Capoeiristas! – respondeu Ribeiro - Grandes Lutadores daqui do Brasil! E é claro, alguns também são bruxos!
Por um momento Harry não acreditou. Era difícil imaginar um bruxo ser capaz de fazer aquelas acrobacias incríveis
apenas com seus corpos. Porém, em um momento, Harry viu um deles murmurar palavras para um de seus
Instrumentos quebrados, e ele se concertou sozinho.
Era incrível, mas tudo parecia forte e pesado naquele país. A Arte, a música, a areia da praia, o azul do mar, e
também a comida, como mais tarde ele teria o prazer de descobrir.
Até aquele momento, Harry não tinha formado ainda uma idéia a respeito de como eram os bruxos daquele estranho
país. A sensação de estranhamento do mundo comum ao redor era tanta, que quando finalmente chegou o momento,
o Mundo Mágico lhe pareceu comum, e normal.
Eles pararam perante a um prédio, que parecia ter pelo menos alguns séculos de idade. Estava ligeiramente
preservado, como se fosse um patrimônio histórico que alguém havia tentado restaurar muito porcamente.
Harry olhou dele para Rony, que lhe devolveu o olhar confuso.
Ele entrou, girando a maçaneta antiga. A porta se abriu e rangeu de forma agourenta. Hermione torceu o nariz para
aquilo, então sorriu.
- Entendi! – disse ela – É como o Beco Diagonal! É diferente por dentro!
- Não entrem ainda! – disse o Sr Ribeiro – Preciso fazer uma coisa antes!
Ele tirou uma peça de granito do piso, e debaixo dela tirou uma caixa feita com madeira vermelha.
- Certo – disse ele – Vamos pra fora!
Ele saiu, e novamente fechou a porta do local. De dentro da caixa, ele retirou uma maçaneta de ouro, com a forma de
um Jaguar rugindo.
- Preparem-se! – disse ele
Ele puxou a maçaneta de cobre que havia, e encaixou a nova no lugar. No instante em que fez isso, a porta se alterou
na mesma hora. A madeira pareceu rejuvenescer, ganhar adornos, e o brilho de verniz. Para Harry, foi como se
ganhasse vida.
Quando Harry entrou pela primeira vez no Caldeirão Furado, a sensação que teve foi a de voltar no tempo, para a era
das estalagens quase medievais. O que ele viu quando passou pela porta não era nada semelhante.
De certa forma, até era. O estilo também beirava o medieval, só que era bem mais iluminado. As pessoas usavam
roupas simples, bermudas, e camisas de algodão, em geral brancas. Os mais velhos por outro lado usavam as roupas
longas de bruxo, tão comuns na Inglaterra.
À direita, havia uma biblioteca vasta, onde alguns desses bruxos mais velhos analisavam os livros. Os mais jovens
estavam à esquerda, onde havia uma cafeteria. As xícaras pareciam se servir sozinhas, e volta e meia, algumas delas
atravessavam voando o Saguão para aterrissar numa das mesas da biblioteca, em frente a um bruxo com a mão
levantada.
No centro, havia uma porta, e um balcão. Ali era a recepção. O bruxo atrás da bancada olhou para os recém
chegados, e um olhar de surpresa o iluminou.
- Inacreditável! Olhem só quem está aqui!
Todos ao redor pararam os afazeres para olhá-los entrar. Harry havia se acostumado a causar aquele tipo de
impressão nas pessoas, mas sempre se sentia meio esquisito quando aquilo acontecia. Em geral, dês de que derrotara
Voldemort, as pessoas tinham uma reação ainda maior.
Um bruxo, que estava sentado na cadeira mais próxima, se levantou com as mãos estendidas. Por um momento,
Harry levantou a mão para complementá-lo, porém, ele passou direto, e apertou a mão do Sr. Ribeiro.
- Seja bem vindo Sr. Presidente da Magia! É uma honra falar com o senhor!
- Que isso! – disse Ribeiro – Todo mundo é filho de Deus!
- Devo preparar seu quarto Sr. Ribeiro? – disse o homem na recepção sorrindo
- Não Seu José! Estou apenas mostrando as redondezas para o Sr. Potter aqui!
- Quem? – disse José
- Harry Potter! – disse Ribeiro colocando a mão sobre o ombro de Harry.
Harry também havia sentido uma súbita vontade de gargalhar. Ele havia acabado de chamar de “Não sei quem”
Voldemort, que até pouco tempo era chamado de “Você Sabe Quem” por todos. A sensação naquele momento foi
como se estivesse em Marte.
- N...N...Não Sei Quem! – disse Rony ainda lutando contra o riso – Essa foi...Essa foi...AHUAHuahuAHUAHAUhauHAU!
Hermione apertou o braço de Rony, tentando fazê-lo parar, porém ela mesma mal se segurava. Gina parecia a única
que se mantinha mais ou menos calma. Até Harry acabou gargalhando.
- Fala sério Sr. Ribeiro! – disse um cara levantando a xícara de café – Tá acompanhando turistas por quê? Senta aí, e
paga uma rodada de Geladas pra gente!
Ribeiro riu.
- Estou trabalhando aqui camarada! Não estou de férias! Nem eu nem o Sr. Potter aqui!
O homem golpeou o ar com a mão como se achasse a própria menção de trabalho um palavrão. Harry riu disso.
Depois disso, eles atravessaram o saguão, e passaram por uma porta nos fundos.
Quando ele abriu a porta, Harry estancou. Ali atrás era um restaurante aberto, com uma piscina no fundo. Porém nem
de longe isso o impressionou. O que o impressionou estava além disso:
O hotel se estendia para o que parecia ser uma plataforma suspensa. E a vista, era para uma Hogsmeade com o
dobro do tamanho. Harry atravessou o restaurante, e correu pela borda da piscina, e se debruçou no parapeito.
Lá embaixo. A cidade era colonial com lampiões à óleo. Harry reconheceu-a como cidade bruxa, por causa dos
anúncios das lojas. Eles se mexiam. As fotos, as imagens, as placas. E era possível ver vários pássaros coloridos
carregando cartas de um lado para ao outro.
As pessoas que andavam pelas ruas também não eram comuns. Muitos usavam penas nos cabelos, ou pendurados
pelos pescoços. Havia também mulheres vestidas de branco com turbantes nas cabeças, fazendo pedras flutuarem.
- Olha só isso! – disse Rony – Eu... Eu nunca tinha visto uma comunidade bruxa tão grande!
- O Brasil é um país grande! – falou o Sr. Ribeiro – Temos muitas comunidades bruxas escondidas! Achá-las é
simples, então se lembre, basta achar uma Livraria, ou Biblioteca!
Harry se virou de novo para a Comunidade. Havia vassouras voando na altura dos prédios, e os bruxos andavam no
meio da rua com animais que ele nunca havia visto.
- Não sabia que era possível esconder tanta gente!
- Vai ficar besta então quando ver as Comunidades Americanas! – disse Ribeiro – Elas são ainda maiores que as
nossas!
Ele se espreguiçou.
- Vamos comer alguma coisa! Preciso explicar pra vocês algumas coisas, antes de ir embora! Depois disso, estarão
por sua própria conta e risco!
Harry assentiu.
Alvo olhou para seu irmão. Na cara dele, deu pra ver a mesma cara de desagrado que deveria estar inundando sua
própria cara. Sua irmãzinha Lilian se mantinha com uma cara emburrada tão exagerada, que a fazia parecer ainda
mais nova.
- Por que não podemos ir pra casa do Tio! – falou ela para a mãe
- Temos que visitar todos os parentes no Natal, baixinha! – disse Gina – Até os desagradáveis!
Alvo viu Gina trocar um olhar com Harry. Ela também não ficava muito feliz quando iam visitar os Dursley. Ele sempre
os descrevia como “Um bando de trasgos hediondos e descerebrados”. Na verdade, eles não eram especialmente
ruins ou abomináveis, apenas desagradáveis, e extremamente chatos;
O casal de velhos era na opinião de Alvo, o pior de tudo. Eram os pais do homem da casa, e pareciam ter vindo de um
tempo onde ser gentil queria dizer o contrario. Era um velho gordo com um enorme bigode, e uma velha que mais
parecia uma girafa. Os dois não paravam de soltar “comentários inocentes” criticando os nomes, as vestes, o jeito de
se mexer, o jeito de agir e de falar, dele e de seus irmãos. Isso era sem duvida irritante, e quando se tornava
insuportável, Harry sempre se levantava e levava a família embora.
O pai da família, Duda Dursley, até que se esforçava para ser agradável. Porém, até mesmo uma criança sabia o
quanto o homem se esforçava para conseguir aquela façanha, e o fato de só terem noticias do mesmo no Natal
reforçava aquilo. Ele era um tipo enorme, parrudo e rosado, que intimidava com o tamanho e força. Outro ponto que
deixava a situação horrível, é que ele tinha o péssimo habito de achar que todos ao redor dele deveriam servi-lo (não
era raro ele pedir a Alvo e seus irmãos que tirassem a mesa).
A esposa do homem por outro lado, era justamente o oposto de todos os parentes anteriores. Era uma mulher de
cabelos e olhos escuros, e parecia ter o dom de nunca se aborrecer. Sem falar que era ótima cozinheira. Seu nome
era Chloe. O que ela havia visto no Sr. Dursley, era na concepção de Alvo, um dos muitos mistérios do universo.
Talvez gostasse de porcos, ou de lutadores de sumo, ou sabe Deus o que.
E por último. Os três filhos do casal. O mais velho se chamava Matthew. Um garoto que era cuspido o pai, só que com
cabelos negros. O segundo parecia muito com a avó, só que com braços grandes que o deixavam parecido com um
macaco. Esse se chamava Duncan. Os dois eram sem tirar nem por, dois valentões, com aversão a perder em
qualquer coisa. A inveja era um ponto forte na personalidade dos dois.
O filho mais novo, Alain, era, assim como a mãe, a exceção da regra. Era pequeno e magro, tinha olhos e cabelos
escuros. Dele, os Potter gostavam. O Pai de Alvo em especial, adorava fazer mágicas para ele ver quando era
pequeno. O garotinho vibrava de alegria.
Gina abraçou o marido. Alvo nunca entendeu direito o olhar do pai quando visitavam os parentes. Era como se
estivesse acuado, e achasse que era necessário a qualquer momento iniciar um duelo.
Eles tocaram a campainha. A porta se abriu. Foram saldados pela sorridente Tia Chloe. Alvo achava que ela sempre
arrumava um jeito de sorrir.
- Bem vindos! – disse ela – Entrem, entrem!
Alvo adentrou junto com Tiago e Lilian a casa. Tudo estava impecavelmente limpo e arrumado, mas de um jeito meio
opressivo, como se estivessem entrando num museu ou coisa assim, onde era proibido tocar em qualquer coisa. E
para salientar essa semelhança, lá estava a Velha Petúnia.
- Oh! Então vieram novamente! – disse ela com ar de quem tem a esperança perdida – Certo! Podem se sentar, a
comida está ali!
Alvo teve vontade de lembrar a velha, que quem mais comia na família era o marido rabugento dela. Mas não teve
tempo, por que no instante seguinte, veio o tropel de passos, e as três crianças chegaram correndo pela escada.
Todas vestidas de frio.
- Pronto mãe! – disse Matthew para Tia Chloe exibindo as luvas – Botamos casacos, botas e luvas! Podemos ir lá fora?
Chloe olhou para os três. Somente os olhos de dois deles brilhavam de ansiedade. Alain se encontrava um pouco mais
atrás, quase como se dissesse “a idéia foi deles”. Alvo se perguntou se havia alguma coisa acontecendo.
- Estou muito curiosa! – disse Chloe – Para saber, por que de repente os três decidiram brincar de Guerra de Neve!
Alvo olhou para o irmão e soube na mesma hora no que ia dar. O Potter mais velho e o Dursley se encaravam como
dois cachorros prontos para cair um em cima do outro. “Não estúpido” pensou Alvo “Não caia na provocação! Lilian
também terá que entrar nessa se você aceitar”.
- É claro! – disse Tiago quase sem pensar duas vezes – Estaremos lá! Podemos, não é mãe?
Gina olhou para Harry. O pai de Alvo pareceu bem indeciso. Ele olhou de Alvo para Lilian, que de repente parecia bem
menor e frágil do que de fato era. Por um momento, Alvo achou que o pai iria livrá-lo daquela. Foi quando duas coisas
enormes adentraram a sala.
- Petúnia, cadê o resto do jantar? O aperitivo já foi... – e nesse momento o Velho Valter olhou para as crianças – Ó!
Já chegaram!
Logo atrás dele, estava Duda Dursley. E Alvo de repente notou que o melhor lugar no momento era sem duvida no
quintal
Os seis garotos correram para fora. Alvo já sabendo o que lhes esperava. No instante em que deixaram a casa para o
quintal coberto de neve, o sorriso de bonzinho dos dois Dursley mais velhos se apagaram.
- Prontos para levarem um sacode, Potters? – disse Matthew
- Talvez sua mãe possa limpar seu nariz com o cabelo Potter! – disse Matthew – Quem sabe assim fique menos ruivo!
Os dois mantiveram o olhar assassino durante mais um minuto, até julgarem seguro falarem de regras.
- Muito bem! Vamos começar! – disse Matthew – Não tem graça se for só jogar neve pra cima igual um monte de
criancinhas! Que tal isso!
Para a surpresa de Alvo, o garoto tirou de dentro do casaco uma enorme cueca. Pelo modo volumoso como se inflava
toda com o vento frio, Alvo deduziu que devia ser do Velho Valter. Nem mesmo o Sr. Dursley podia ter um traseiro
tão grande!
Alvo quase engasgou. Duncan ficou rindo atrás deles, e Alain ficou apenas observando.
Matthew trincou os dentes de raiva. Tiago adorava mexer com objetos eletrônicos trouxas. Em especial se tinham
haver com músicas. Ele conseguia fazê-los pegar todas as Rádios Bruxas e todas as trouxas, além de usar magia para
deixar o som mais do que era possível com um aparelho pequeno como aquele. Além disso, Tiago adorava a idéia de
Jogar Quadribol e ouvir música ao mesmo tempo. Eram seus maiores prazeres.
– Então, se nós vencermos, queremos uma daquelas suas malditas fotos que falam!
Alvo quase teve uma sincope. Matthew, Duncan e Alain sabiam que eles eram bruxos. Haviam se descuidado durante
uma das vezes em que lhes fizeram visitas, e eles acabaram descobrindo. Mas jamais haviam encontrado uma prova
para os pais e os amigos (principalmente para os amigos). Se tivessem uma das Fotografias Bruxas, eles teriam uma
ótima prova.
Os dois grupos se dirigiram para posições diferentes. O quintal dos Dursley não era tão amplo quanto o dos Potters,
onde era possível até mesmo ter um estábulo, mas não era pequeno. Tinha dois lados, e plantas rigorosamente
escolhidas para estarem onde estavam.
Tiago conduziu os irmãos para o ponto mais longe possível do outro lado, até encostar-se à mureta que separava um
jardim do vizinho. Lá, eles empilharam bastante neve, até subir uma barreira capaz de protegê-los de uma saraivada
qualquer.
Enquanto isso, do outro lado, Alvo observou os Dursley. Dava pra ver a barreira que eles haviam construído. Era
maior que a deles, porém, eles não tinham nenhum grande carvalho com eles. Isso parecia uma vantagem. Por outro
lado, eles haviam feito tudo muito próximos de uma serie de arbustos muito bem podados, que podiam servir de
esconderijo num ataque furtivo.
Tiago olhou, bem na hora em que foi lançada a primeira saraivada de tiros. Varias bolas de neve foram arremessadas
de trás dos arbustos podados.
- CARAMBA! – disse Tiago – Pelas barbas de Merlin, e nem deram um maldito aviso!
Lilian desapareceu de vista. Alvo e Tiago se abaixaram quando mais bolas de neve voaram. Algumas atingiam o muro,
e o gelo resvalava neles, fazendo a pele de Alvo protestar com aquelas agulhadas de frio.
- Estão jogando pra valer! – disse Alvo – Pra arrebentar o ouvido de alguém!
- Sim, esse é o objetivo! – disse Tiago sorrindo – Mas eu trouxe ISTO!
Ele saltou para o campo aberto, tacando bolas de neve com toda a força. Os Dursley perderam a cabeça e ficaram de
pé, tacando a torto e a direito. Isso deu a Alvo uma ótima mira. Tacou seus projeteis contra os dois, mirando os
ouvidos desprotegidos.
Em poucos minutos, os dois haviam recuado, segurando as orelhas. Deviam estar doendo um bocado, por que foram
cinco minutos inteiros sem dar sinal de vida.
Foi quando o segundo round começou. Tudo pareceu bastante estranho. Alain do nada saiu de trás da barricada de
mãos ao alto, e saiu andando em direção a eles.
Mas Alain só continuou andando. Alvo sabia que Alain raramente desobedecia os irmãos mais velhos, pois se o fizesse
a vida dele virava um pesadelo. E por algum motivo, Alvo viu nos olhos dele, que aquele era um péssimo momento
para Tiago sair da barricada.
E mais alguns metros Tiago também andou. E no instante em que isso aconteceu, Alain saiu correndo de volta para a
barricada inimiga.
- SAIA DAÍ! – ele ainda teve tempo de gritar, mas Tiago ficara meio sem ação com a súbita mudança nos
acontecimentos
Logo em seguida, uma coisa inacreditável aconteceu. Irrigadores foram ligados, e água fria começou a chover em
Tiago.
Alvo se escondeu atrás da barricada, pensando nos piores palavrões que conhecia. No instante seguinte, Tiago saltou
para dentro.
- Que diabo! – disse Tiago – Por que aquele sujo do Alain não fez nada?
- Ele tentou de avisar! – disse Tiago
- Ele podia ter dito não para eles... ATCHOOO!
- Ele só tem dez anos Tiago! É da Idade de Lilian! Não pode pedir para que fazer frente àqueles dois trogloditas!
- Claro que não! – disse Tiago sarcástico – ATCHOOO!
- É melhor entrarmos, ou vai pegar um resfriado!
- NÂO, SEM ESSA! – berrou Tiago – Precisamos vencer isso aqui! Quer que o bairro inteiro de mini trouxas saibam da
existência de bruxos?
- Não mas...
- Então vê se inventa alguma coisa!
Foi então que Alvo teve aquela idéia. Tirou do bolso uma caixa fósforos Gemialidades Weasley.
- Não podemos fazer magia! Mas quem vai notar um pouco de fogo?
- E se sair alguma loucura? – disse Tiago – Volta e meia sai alguma loucura!
- Eu tenho sorte com esses fósforos!
Ele riscou um fósforo, e jogou no chão. A chama brotou, e dela saiu uma crepitante fogueira, com lenha empilhada
em forma de cabana. Alvo suspirou fundo, por um momento, achou que sairiam fogos de artifício, ou uma lareira com
chaminé e tudo, ou uma caldeira, ou qualquer uma dessas doideiras.
- Eu também trouxe uma coisa! – disse Tiago – É também é das Gemialidades Weasley
- O que? – disse Alvo, torcendo para que fosse um kit “Faça um Iglu em Quinze Segundos”, mas quando Tiago abriu a
caixinha do tamanho uma mão espalmada, tirou de lá uma espécie de tubo de alumínio de um metro de comprimento.
Alvo ficou de olho vivo. Agora, estavam em grandes problemas, pois não podiam mais partir para o ataque. Se
fizessem isso, os malditos iriam ligar os irrigadores e todos eles iam ficar molhados e enregelados.
E no instante seguinte, os dois brutamontes saltaram de trás das barricadas, e vieram para cima atacando. Alvo e
Tiago começaram o contra ataque imediatamente. Bolas de neve voavam para todo o lado, e explodiam com o
impacto com toda a força.
Alvo trincou os dentes, e jogou com mais força ainda. Os Dursley começaram a recuar para a esquerda, e para longe
dos irrigadores.
E mais uma vez, Tiago saiu para o ataque, só que Alvo foi atrás. Os brutamontes recuaram para o ponto mais à
esquerda do quintal, e foram acuados pelos Potters bem debaixo do Grande Carvalho.
No instante seguinte, os dois Dursleys tiraram de baixo da neve uma mangueira, e água voou para cima dos Potters.
Neve voou com força pra cima dos Dursley. Então a coisa toda virou um verdadeiro pandemônio, com neve e água
voando pra todo lado. Quem olhava da rua, pensava que era uma tempestade de gelo localizada.
Os Potters acabaram tendo que recuar. Alvo engoliu em seco quando viu que haviam acabado entrando na área dos irrigadores mais
uma vez.
Por mais que Tiago e Alvo corressem, não conseguiram fugir das saraivadas de água. Eles se sentiam o gelo nos ossos. Enquanto
expiravam ar condensado, os dois recuaram contra a parede. Os dois Dursleys os cercaram com a mangueira.
- Agora, é hora de admitirem sua derrota! – disse Matthew – Cadê a garotinha?
- Vai se danar! – disse Tiago
- Resposta errada!
Mas antes que eles atirassem mais água, bolas de neve voaram do alto da árvore, a os atingiram nos ouvidos.
- AH! – berrou Matthew
- Mas que... – disse Duncan
No instante seguinte, mais bolas. Lilian jogava as bolas de neve com força do seu Posto Especial de Observação.
- Sua ruivinha miserável! – berrou Matthew fazendo a água da mangueira voar direto contra a pequena Lilian
- NÂO!!!!! – berrou Tiago, mas era tarde
O gelo fez a garota desequilibrar e cair na neve. Ela tremia da cabeça aos pés.
- SEU IDIOTA! ELA ESTAVA RESFRIADA SEMANA PASSADA! – berrou ele
Para Alvo, pareceu que Tiago ia partir para cima com punhos e não com neve. Só que mais água fria jorrou sobre eles, e todo aquele
gelo pareceu esfriar a raiva de Tiago.
- Vocês perderam Potters! – disse Matthew sorrindo, e andando até Lilian, que começara a tossir e agora estava indefesa
Naquele instante, Alvo viu que iriam perder, e não havia nada que pudessem fazer.
Então. Do nada, uma bola de neve veio voando pelo ar, e aterrissou bem nas orelhas de Matthew. A surpresa fora tanta que o
brutamontes até caiu no chão.
Ele virou de um lado para o outro. Não fora Alvo, muito menos Tiago, e menos ainda a pobre Lilian.
- Hei Covardes! – berrou uma voz bem conhecida de Alvo – Então vocês gostam de jogar água fria na cara dos outros em! Vocês são
trapaceiros de marca maior! Queria ver vocês tentarem isso comigo! Sou uma espécie de especialista em trapaça, entendem!
No topo da mureta, havia um garoto envolto em uma capa preta. Os cabelos eram loiros pálidos, assim como a pele. O rosto
ligeiramente pontudo. E o olhar corajoso de alguém que só poderia ter sido selecionado para a Grifinória.
Ele saltou para o chão, e rolou pela neve. Quando se levantou, já tinha três bolas na mão. Tacou uma após a outra como uma
metralhadora. Os dois Dursley recuaram.
Na hora em que eles começaram a recuar, Escórpio chamou os Potter para o ataque.
- Vamos Alvo! – berrou ele – Não fique aí parado como um Rei em Xeque Mate, me ajude!
Ele não sabia como Malfoy havia chegado lá, mas naquele momento isso não importava. Neve voou como uma tempestade. Os três
avançaram rumo ao ataque, e alcançaram a fortaleza adversária. A cueca estava lá, pendurada num galho como uma bandeira.
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Todos foram andando para dentro de casa. Molhados e tiritando de tanto frio. Alvo e Escorpio apertaram as mãos.
Alvo achou que havia qualquer coisa esquisita ali. Quer dizer, o que Escorpio poderia estar fazendo na Rua dos Alfeneiros, onde a
residência bruxa mais próxima ficava a vários quilômetros de distancia?
Entraram em um bando só, e foram recebidos por uma Petúnia escandalizada. A velha começou a tagarelar andando de um lado para
o outro, gritando sobre o estado dos garotos.
Os sete despiram os casacos, cachecóis, luvas e galochas ensopados, e se postaram em frente a lareira com uma borbulhante xícara
de chocolate quente.
Foi quando ele notou Escorpio. Era fácil de ser notado, o Malfoy, seu cabelo loiro se destacava entre o preto e o castanho do restante
das crianças, perdendo apenas talvez, para o de Lilian que flamejava do outro lado
Alvo pode ver a surpresa estampada nos olhos do pai. E ele pode também ver que Escorpio evitava o contato visual com o verde sob
os óculos.
- Certo! Vamos embora! – disse Harry
- Mas por que? – disse Duda entre dentes, como se lutasse com o que estava falando – Está cedo!
- Não se preocupe! – disse Harry – Não vamos tomar mais um pouco de sua boa vontade (ela poderia secar por completo), é hora de
nos retirarmos! Certo Gina?
Havia começado a nevar lá fora, quando os cinco Potters, e junto o Malfoy, deixaram a casa. Os Dursley saíram para saudá-los em
sua despedida (de má vontade). Enquanto caminhavam para longe, pisando na neve macia, Alvo viu seu pai virar uma última vez para
a casa, com um olhar intenso de curiosidade, que fez o jovem bruxo se virar também para ver o que ele olhava.
Era Alain
Parado ao lado da soleira com um olhar assustado e retraído, ele olhava enquanto os Potter iam indo embora, com um misto de
curiosidade e medo.
- Hei Gina! – disse o Pai de Alvo quando já não podiam ser ouvidos pelos Dursley – Você notou algo de esquisito naquele menino?
- No mais novo? – disse Gina sorrindo – Com certeza!
Alvo olhou para os dois sem entender nada, e depois olhou de volta, em direção a casa, onde Alain ainda se postava no mesmo lugar
no quintal, apesar do resto de sua família estar entrando. E foi só então que Alvo notou a neve. Chuva branca caindo em todo lugar,
na cabeça de todos eles. Mas não na de Alain.
O garoto estava lá, e agora ele parecia ter notado, e olhava para o céu sem entender, mas a neve não caía nele. Como se um guarda-
chuva invisível o protegesse. Seus olhos se enchiam de estranhamento.
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Depois de aparatarem de volta para casa, Alvo finalmente viu que seu pai se voltava para Escorpio. Não ia demorar, mas em breve, o
Sr. Potter teria de chamar o jovem Malfoy para conversar, e as grandes perguntas seriam feitas.
Do tipo, o que ele andava fazendo na Rua dos Alfeneiros. Por que não estava em casa com a família? E PRINCIPALMENTE, se os
pais dele sabiam onde ele estava.
- Escute...Escorpio, não é? – disse Gina assumindo seu tom mais maternal – Você não quer passar o Natal com sua família, e abrir
seus presentes...
- Já abri meus presentes, Sra. Potter – disse Escorpio, com educação mas bastante serio – Meus pais não se importam se os abro
antes ou depois do Natal!
- Mas com certeza vocês devem fazer uma bela festa de Natal, não é? – disse Gina
- Sim... Certo... A Festa! – disse Escorpio levantando uma sobrancelha e coçando a nuca – Pois é! Digamos que eu não goste muito
de Reuniões de Família! Nem de primos que se acham bons demais, e puros demais pra fazer qualquer coisa!
Harry mandou um olhar serio para Tiago, lhe dizendo que era melhor ele calar a boca por enquanto.
- Mesmo assim! – disse Harry a Escorpio – Isso é um pouco problemático! Os Malfoy... Hum... Sabem onde você está?
No instante seguinte, ela puxou o marido pra longe, e os dois abaixaram ligeiramente as cabeças de costas pra eles, como dois
jogadores de Quadribol armando uma ofensiva contra o Time Adversário.
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Alguns minutos depois, eles já haviam terminado, e dessa vez, Gina salientou o que Harry havia dito antes.
- Bem Vindo a casa!
CAPÍTULO 18
Harry já havia andado por todos os lados. Havia procurado no interior da cidade, e no litoral, e ainda assim nada. Agora, andava pela
beira da praia, olhando em frente pela imensa curva de areia que era aquele litoral, tentando ver se enxergava cabelos vermelhos.
Ainda assim, ele não via nada. Rezava para que Rony e Hermione tivessem mais sorte do que ele. E ele realmente gostaria que
aquela voz em sua cabeça parasse de repetir o tempo todo “A culpa é sua”.
Foi só naquele momento, na praia, que ele percebeu que estava sendo seguido. Ele notou quando viu que uma pessoa de jornal
estava andando na mesma direção que ele, a vários passos atrás. Ele lia um jornal que cobria seu rosto, enquanto andava.
O motivo que o fez pensar que aquele enigmático cidadão o seguia? Simples. Harry estava caminhando pela praia, e nem mesmo nas
mais bizarras situações uma pessoa leva jornal para a praia. Ainda mais se essa pessoa for um brasileiro.
Harry se perguntou quem era o cidadão e por que ele o estava seguindo. Parando pra pensar agora, até que ele era meio burro.
Estava usando sapatos furados, que faziam um sonoro “YEK, YEK”, quando andavam em terreno sólido. Harry saiu da areia e foi pra
calçada, e cerca de um minuto depois, ele já podia ouvir o barulho do cidadão vindo atrás dele. Chegava a ser cômico.
Ele foi andando por entre alguns carros. A calçada naquele bairro era tão curta, que obrigava Harry a andar pelo meio da rua, mas ele
não se importou. Foi até um dos carros, e moveu o retrovisor. Quem olhasse, pensaria que ele estava tentando usar o espelho pra
ajeitar o próprio cabelo (o cabelo dele vivia despenteado, lembram?). Porém, o que ele queria mesmo, era ver quem diabos era aquela
criatura patética que resolvera seguir ele agora.
Ele o reconheceu até rápido, considerando os acontecimentos. Era o sujeito com cara de despreocupado que ele havia visto no Marlin
Azul. Ele o vira logo antes de Gina ir embora porta a fora. Por que raios ele estava seguindo ele?
Harry continuou andando. Se dirigiu até uma multidão, e resolveu adiar um pouco a procura por Gina. Procurou com os olhos alguém
que tivesse o mesmo cabelo despenteado e desarrumado que ele. Ele simplesmente não PODIA ser exclusividade total, e havia muita
gente na rua.
Viu um cara mais ou menos despenteado, e com o cabelo escuro. E melhor ainda, quase da mesma altura que ele. Le foi até o cara, e
começou a andar bem atrás dele. Aquilo era parte do seu plano para se livrar o Sr. YEK YEK.
Depois de um tempo andando como uma sombra atrás do cara, ele aproveitou um momento de distração do seu perseguidor, e saltou
pra trás de um carro.
Ficou observando, e sorriu. O Sr. YEK YEK saiu andando do seu “sósia improvisado”, bem como Harry previra.
Depois, Harry saiu andando na direção contrária, observando enquanto seu perseguidor era levado para longe, perseguindo alguém
que pensava que era ele. Voltou à praia correndo.
Ficou perto da praia um tempo, olhando os arredores de baixo de um coqueiro. Queria ter certeza de que o sujeito não iria voltar.
Pensou em Rony e Hermione, e se haveria também alguém seguindo eles. Mas ficou tranqüilo quanto a isso. Se todos fossem tão
ruins quanto o Sr. YEK YEK, Hermione cuidaria deles fácil.
Passados dez minutos, Harry resolveu que era hora de voltar à sua busca por Gina. O sol já estava alto no céu, e estava ficando
realmente quente. Voltou a andar, tentando se concentrar em onde Gina poderia estar.
Havia alguém perto dele, que ele havia visto mais cedo, e esse alguém não era o Sr. YEK YEK.
Era a garota.
Cabelos lisos negros, pele morena, e olhos profundos. Lá estava. A mesma mulher que ele havia visto nos sonhos, lhe pedindo ajuda.
A mesma que havia visto na bancada do Marlin Azul. Ela estava ali na beira da praia, com os pés na água, olhando pra ele. A
expressão era séria.
Ele se aproximou dele. Ela começou a andar pela beira da praia. Os olhos ainda continuavam nele, com a mesma expressão. A
expressão de alguém que precisa da ajuda dele.
E Harry foi. Os dois andaram pela praia, até um local mais isolado. Em seguida, ela caminhou mais uma vez para cidade. Para Harry,
lembrou um pouco sua ida ao Labirinto do Torneio Tribruxo. Eram tantas esquinas, entradas, e becos, que era de ficar tonto. Até que
finalmente pararam, em um beco.
A garota sorriu.
Só então Harry sentiu um calafrio. Obedecendo a um impulso ele sacou a varinha. Porém, foi imediatamente desarmado. Para a
surpresa dele, bruxos saltaram do alto dos telhados, bem à sua frente. Mais bruxos apareceram atrás, bloqueando a única saída de
Harry.
- E nem pense em Desaparatar docinho! – disse a garota morena – Todo esse beco foi preparado para a sua chegada!
- Nós? – disse a garota – Nós somos apenas nós! Gente de bem, querendo ganhar a vida! E de boa, não temos NADA contra você! Só
que alguém pagou um alto preço pra ter você vivo e sob controle, e a gente gosta de dinheiro, não é rapazes!
Um murmúrio de concordância.
- Sabe, é mesmo uma pena pra vocês! – disse Harry sorrindo – Nunca fico sob controle de ninguém!
- Ah! – disse a garota chegando bem perto – Mas foi tão fácil fazer você me seguir até aqui! Veio como um cordeirinho!
E Harry estava odiando cada pedaço seu por causa disso. Pensou em Gina, e em Rony e Hermione. Será que eles estariam bem?
- Certo! Então vamos em frente! – disse a garota, gingando e estalando os dedos – Vamos em frente, ao ponto de entregas! Tragam a
vã aqui ago...!
PAAAF.
A garota foi arremessada a quase três metros no ar e caiu no chão. Os outros bruxos da gangue ficaram com os olhos arregalados. No
instante seguinte, três dos brutamontes passaram a estar vestindo roupas de mulher.
- Mas que p#**# é essa! – disseram um deles
E no instante seguinte, também estavam voando pelo ar. Os que sobraram, de repente haviam sido colocados pendurados pelos
calcanhares, totalmente indefesos.
Harry procurou com os olhos, sem conseguir achar nada nem ninguém.
- Quem...
Então para sua surpresa, Gina Weasley surgiu diante dele, tirando sua capa de invisibilidade.
- Gina...
- E QUANTO A VOCÊ! – berrou ela apontando a varinha pra ele – Eu cuido de você depois! Por que no momento, eu vou é estripar
essa oferecida!
- O QUE? – disse a ruiva – Tá com peninha dela agora? Ou talvez na verdade tenha GOSTADO de ser capturado por ela!
- NÃO É ISSO! – berrou Harry, e Gina estava prestes a responder a altura, quando ele pegou o rosto da garota e virou em direção à
saída do Beco – OLHA!
- Acho que o jogo acabou! – disse a morena, agora com a varinha em punho – Foi até divertido, mas acho, que já cansei!
Harry se aproximou de Gina. Houve silêncio, e ele ficou aguardando a ordem para que os bruxos ladrões ao redor deles atacassem.
Nada se ouvia, nem mesmo o barulho do mar quando aquelas varinhas foram empunhadas.
Nada a não ser um som irritante, que se aproximava rapidamente. Um som enervante de passos, de tênis que faziam “YEK YEK”.
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Gina e Harry estavam cercados por todos os lados. O Beco bloqueava qualquer possibilidade de aparatação, e de escapar por
qualquer lado. Os dois mantinham suas varinhas em riste, mantendo-se de costas um para o outro.
Harry estava ficando sem idéias, e aquele maldito “YEK, YEK” vindo de algum lugar no alto o estava deixando maluco. E conseguia
ouvir também uma estranha musica baixa. Só que ele podia ouvir-la perfeitamente, como se estivesse bem perto.
Eles observaram enquanto os brutamontes davam um passo atrás, se mantendo imóveis e quietos. A garota mantinha os ouvidos bem
atentos. Aparentemente a música e o estranho barulho eram bem mais importantes para ela do que para Harry.
Harry também ficou atento, estava se sentindo um pouco perdido nos acontecimentos. O que afinal, eles estavam esperando? Eles os
tinham onde queriam, cercados e em menor número.
Ele engoliu em seco. Não sabia, e não tinha certeza se queria ou não descobrir.
- Se surgir qualquer oportunidade, fuja, pra bem longe! Tente achar o Rony e a Hermione!
- E você? – disse Gina – Vai fazer o que?
“Sim, o que você vai fazer?” disse aquela sua maldita voz interna que ele sempre ouvia quando se tratava de Gina. Parecia que ele
nunca conseguia se resolver de uma vez perto da garota. No momento, ele só sabia que queria ela fora de perigo. E quando a ele?
Bem, se pudesse escolher também queria escapar, afinal, nem pudera conversar com Gina do jeito que queria e havia resolvido fazer.
- Eu... – disse ele escolhendo bem as palavras para não deixar a ruiva irritada – Estarei logo atrás de você!
- Tive uma idéia melhor! – disse Gina – Você foge, e EU estarei logo atrás de você!
- Não! Sem essa!
- Ah é! Por que você é tão durão, e eu sou a garota em perigo, não é? – disse ela sarcástica!
- Não! – disse Harry, que tinha tentado justamente evitar AQUELA reação – É por que eu sou o líder dessa missão, lembra! Ainda
estamos aqui em nome da Comunidade Inglesa de Bruxos!
Gina estava prestes a responder alguma coisa muito malcriada, e Harry já se preparava, quando subitamente houve um movimento de
todas as varinhas. Eles mudavam o alvo. Agora todas apontavam para cima.
Então de repente, ele apareceu. Um sonoro YEEEEEK foi ouvido quando aqueles tênis velhos encontraram o chão de
paralelepípedos. A morena olhou para ele com os olhos arregalados, como se não conseguisse acreditar no que estava vendo. Como
se pensasse que era um fantasma. O sujeito ainda segurava o jornal em frente ao rosto. A musica baixa que eles ouviam parecia estar
vindo de um par de fones de ouvido que o estranho usava à toda altura nas orelhas.
Os brutamontes pareciam confusos se ela se referia a Harry ou ao recém chegado, e essa confusão foi o que Harry precisava.
- EXPELIARMUS!!!
- REDUCTO! – gritou Gina ao seu lado
Três dos sete caíram sem poder mais se levantar. Os outros pareceram ainda mais confusos, pois aparentemente eles tinham
escolhido o estranho recém chegado como alvo, porém a reação de Harry e Gina os havia feito mudar de idéia. Harry aproveitou o
momento.
- ESTUPEFAÇA!
O feitiço foi, e depois retornou direto para eles. Gina bloqueou com seu próprio feitiço escudo. Os brutamontes aparentemente
estavam preparados agora. Só que agora, os números haviam mudado. Eram agora quatro contra três. Eles tinham uma chance.
Harry arriscou uma olhada para trás, para ver como se saía o Sr. YEK YEK. Ele mal pode acreditar no que estava vendo. Ele estava
duelando com a garota sem tirar os olhos do jornal. A garota gritava os feitiços, e investia e estocava com a varinha. Ele, com uma
mão segurava a varinha, e com a outra lia o jornal, como se estivesse pesquisando uma manchete ou um classificado interessante.
Ele bloqueou um feitiço, e de repente, jogou o jornal para cima. A garota ficou olhando para o alto, enquanto as folhas pegavam fogo,
e se convertiam de repente num gigantesco jaguar de fogo. O felino saltou para o beco, e sorriu uma ameaça de dentes
incandescentes. O sujeito deu um passo para trás, sorrindo tal como sua fera de fogo.
- Acho que não tem escolha! – disse o sujeito – Acho melhor interromper o feitiço anti aparatação e fugir!
A morena pareceu chocada, quase magoada com o que ele havia dito. Ela levantou a varinha para o céu e proferiu algumas palavras.
E Harry sentiu como se de repente o ambiente tivesse ficado mais aberto e livre, ele pode até sentir uma brisa.
Foi quando ele se virou para os brutamontes que ocupavam a rua. Pensou que Gina seria o suficiente para detê-los, mas realmente
não esperava ver todos eles no chão.
Os dois olharam para os sete caídos no chão, e então olharam para o recém chegado de sapatos esculhambados. Ele usava boné
com aba sobre os olhos, mas deu pra entender quando ele levantou as mãos e sorrindo como se dissesse “Sou inocente”.
A mente de Harry começou a trabalhar. Se não tinha sido o recém chegado, nem ele, nem Gina, então...
- Harry!
Ele olhou e viu na entrada do beco, Rony e Hermione. As varinhas ainda apontadas para os rufiões que haviam derrubado. E agora,
se viravam para o sujeito do boné de aba baixa e sapatos velhos.
- Cuidado Harry! – disse Rony – Esse sujeito ficou seguindo a gente por um bom tempo! Ele não é confiável!
Os quatro olharam agora para o estranho que ainda estava parado olhando sorridente para eles. Atrás dele, o jaguar de fogo ainda
guardava a garota.
- Eu vou descobrir o que está acontecendo aqui, ouviu! – disse a garota apontando a varinha para o sujeito do boné – Acredite, vai
preferir ter me pegado!
E no instante seguinte, ela Desaparatou, fazendo o Jaguar de fogo explodir em chamas que nada queimaram do ambiente ao redor.
Os rufiões desacordados também desapareceram um por um, porém, Harry e sua pequena brigada só tinham olhos para o cara que
agora estava de costas para o fogo frio que agora desaparecia no pequeno beco.
Os quatro se entreolharam. O sujeito estranho então, surpreendentemente, fez aparecer uma mochila em suas mãos, e colocou-a
sobre os ombros.
- Podem me chamar de Mochileiro! – disse o sujeito sorridente
- Que nome idiota é esse? – disse Harry, Rony ainda mantinha sua varinha apontada
- Na verdade, eu inventei agora! – disse o sujeito – Mas eu achei bacana!
Harry estava convencido de que pelo menos no momento o sujeito não era inimigo, mas não falou nada da atitude do Rony no
momento, talvez por simples precaução. Ele se virou para Gina, a garota parecia mais interessada nos capangas desaparecidos que
lamentavelmente não pudera nocautear ela mesma.
Hermione era um caso à parte. Não prestava a atenção especialmente em nada com total força. Parecia estar analisando a cena toda
como um quadro, avaliando o preço certo da obra de arte, e se o artista realmente havia feito um trabalho respeitável. Harry achou
que talvez ela estivesse pesquisando os efeitos dos feitiços usados por aquela garota naquele beco.
Harry quase engoliu em seco, sem acreditar. Hermione havia mesmo se esforçado para aprender essa coisa de Auror. Ele nem
imaginava que magia poderia deixar efeitos colaterais reconhecíveis. Pensando bem agora, se um feitiço não deixasse rastros, como
um Auror achava um bruxo das trevas foragido?
- Pessoal! – disse Rony, ainda tenso apontando a varinha para o Mochileiro – E o que a gente faz com esse cara!
- Deixa de fazer papel de imbecil Rony, abaixa isso! – disse Gina – Não tá vendo que ele está do nosso lado!
Rony olhou de Gina para Harry, e por fim para Hermione, que parecia ainda distante tentando entender o que estava vendo.
- Abaixa a varinha Rony! – disse Harry – Pelo menos por hora, acho que está tudo bem!
- Se ele está do nosso lado, por que ficou nos seguindo? – disse Rony
O sujeito rio.
- Sabe – disse ele – Me pareceu um jeito mais prático e divertido de trazer vocês pra cá! Senão eu teria de parar, explicar quem eu
era, o que estava fazendo ali, e como eu sabia o que sabia e para onde ir e bla, bla, bla! Isso, ou falar um daqueles clixês idiotas tipo
“Rápido, não temos tempo, seus amigos estão em perigo”! E aí ia ser uma apelação muito grande!
Mais uma vez, não pela última, Harry olhou para os amigos em busca de alguma dica do que fazer.
- Vamos – disse Hermione de repente olhando nos olhos dele – Talvez ele possa me explicar o que significa isso que estou vendo!
- Por que você não acha os rastros do feitiço? – disse o Mochileiro rindo – Isso é simples Dorothy, você não está mais no Kansas!
Ele saiu do beco ainda rindo, e Desaparatou, com quase nenhum estampido, deixando os quatro completamente atordoados e
perdidos. Rony coçou a cabeça, totalmente perdido.
Hermione também parecia um pouco confusa, uma expressão que Harry aprendera a temer, muito. Gina por outro lado parecia ainda
bastante chateada com ele, e pouco interessada nos acontecimentos.
Então, surpreendentemente, um carro Aparatou no meio da rua. Um carro inteiro surgiu ali, e dessa vez o som foi como o de um
foguete explodindo. Era uma blazer vermelha, quatro por quatro, com rodas grandes e pareciam novos em folha.
- Sigam- me – disse ele – Temos uma longa viajem pela frente, e teremos muito a fazer!
A cabeça de Harry entrou em parafuso. Aquele sujeito, que a apenas quinze minutos estava perseguindo eles no meio da rua agora
sugeria que entrassem num carro, e fossem embora.
- Você está achando a gente com cara de imbecil, não é? – disse Rony, voltando a apontar a varinha
- Não! – disse o Mochileiro – Mas o barulho vai atrair muita gente, e aposto dez contra um que metade é de bruxos, e a metade dessa
metade fazem parte de alguma gangue que quer matar vocês!
- Então, que tal vocês entrarem no carro para fazermos uma daquelas fugas dramáticas e heróicas? – disse o Mochileiro sorrindo
- Não acha mesmo que iremos confiar em você assim, não é? – disse Hermione – Podemos Aparatar a hora que quisermos para longe
daqui!
O sujeito apontou um dedo para ela, com se fosse dizer alguma coisa. Então ficou calado.
Harry sorriu. Eles podiam até estar longe de casa, num lugar onde os feitiços eram diferentes, enfrentando inimigos desconhecidos e
pegos no meio de uma intriga que desconheciam, mas uma coisa jamais iria mudar; Hermione sabia do que falava.
- Vocês me pegaram! – disse o Mochileiro ainda sorrindo, e dessa vez sua postura mudou – Em nome da Comunidade Bruxa
Brasileira, e do Ministério da Magia em Brasília, eu peço a ajuda de você e sua equipe, Harry Potter!
E de repente, vieram as vozes. O som explosivo do carro aparatando estava mesmo atraindo pessoas. Era hora de decidir, e como
sempre, eles tinham quase tempo nenhum para tomar aquela decisão.
Harry visou o banco de trás, assim como Gina e Hermione. Rony saltou sobre a lataria do carro e entrou pelo lado direito do dianteiro,
direto ao acento do motorista e...
- Estamos nas Américas! – disse o Mochileiro entrando pelo lado esquerdo do carro, e já colocando o cinto sobre o peito
- Lado esquerdo? – disse Rony com os olhos arregalados – Harry! Nós vamos morrer! Eu sei que vamos!
Harry apenas desejou que se morressem mesmo, que não fosse num acidente de carro. Uma multidão de pessoas já estava virando a
esquina, quando o sujeito acelerou, e tirou todos eles da viela na mesma hora.
Aceleraram com tudo, e então, de repente, eles não estavam mais na cidade. Haviam Aparatado. O carro aparentemente podia
Desaparatar quando queria. Engolindo em seco, Harry olhou pela janela, e se encontrou numa estrada isolada.
Harry observou. Abriu a janela, mas não sentia mais o cheiro forte do mar, apesar de haver algum cheiro de sal no ar, não estava mais
tão forte quanto antes. E o mais assustador, a cidade inteira havia desaparecido lá de fora, e o carro cortava o mundo por uma estrada
de asfalto esburacada, com nada ou quase nada nas laterais.
Harry não perdeu tempo, e colocou sua varinha na garganta do motorista sem nem pensar duas vezes. O carro se sacudiu um pouco
e entrou em dois buracos consecutivos.
O carro parou derrapando. Todos saltaram do carro, menos o motorista. Se encontravam em uma estrada realmente isolada, com
pouco mais do que paisagem desértica ao redor.
- Isso é um pouco dos nossos sertões! – disse o Mochileiro sorrindo – Mas isso é só um pouco! Não estamos realmente dentro deles!
- Por que nos trouxe pra esse lugar afastado? – disse Gina apontando a varinha para ele – E fale a verdade!
O sujeito suspirou, como se estivesse ficando entediado. A poeira subia. Ele olhou para os quatro bruxos, e então começou sua
explicação.
- Estamos começando uma viajem – disse ele – Precisamos chegar ao Rio de Janeiro o quanto antes! Será um pouco complicado,
mas vamos ter de dar um jeito!
Eles se entreolharam. Hermione começou a ficar branca, e Harry sentiu que vinham chuvas e trovoadas a caminho.
- Lembram daquela Organização Bruxa que estava seguindo vocês dês da Inglaterra? – disse ele
Ele não precisava lembrá-los. Harry ainda tinha viva em sua memória os dois Curandeiros que haviam tentado roubar segredos do
corpo morto de Voldemort. Aqueles dois pertenciam a uma Organização que tentava roubar segredos da magia em todo o mundo. Um
daqueles malditos criminosos ainda estava foragido, aquele a quem chamavam de Necrófago.
- Essa Organização! – disse o Mochileiro – Tem conhecimento de duas coisas importantes, Harry Potter! Uma, que você tem
conhecimento mágico especial! Um conhecimento que explica os estranhos eventos que cercam você e o tal do Valdemar!
- Voldemort! – corrigiu Harry
O Mochileiro olhou para Harry, e coçou a nuca. Harry achou que ele não devia ter mais de vinte e poucos anos.
- Sim! Ele – disse o Mochileiro em tom de conciliação – Foi mal pelo erro! Eu sei que pra vocês ele foi o próprio capeta, mas a
imprensa Inglesa não tinha o hábito de publicar muitos artigos com o nome dele escrito! Então o erro não é minha culpa!
Harry tinha quase certeza que sabia que segredo mágico era esse que ele possuía. Se lembrou da sua conversa com Dumbledore em
sua King Cross interna, e em como o antigo diretor de Hogwarts havia lhe dito que ele e Voldemort haviam feito uma jornada por um
ramo totalmente inexplorado do mundo da magia. Seria um excelente motivo para uma trupe de lunáticos ladrões de segredos vir
atrás dele, porém, qual era o segundo motivo? Era isso que Harry realmente queria saber naquele momento.
- Ah é! Certo! – disse o Mochileiro – A segunda certeza deles é que NÓS do governo bruxo brasileiro temos outro segredo! Na
verdade, um objeto mágico muito poderoso, e muito curioso!
- Espera aí! – disse Rony – Só revisando! Essa... Coisa mágica está nesse lugar Rio de Janeiro, não é? Por que não fomos direto para
lá dês de o inicio então?
O Mochileiro sorriu em seu carro. Tirou o boné, e enxugou o suor. O sol estava mesmo ficando forte.
- Pelo mesmo motivo de não podermos voltar para o hotel para pegar suas coisas! – disse ele sorrindo – Para evitar irmos direto para
a boca da fera!
Os quatro estavam meio atordoados, andando de um lado para o outro naquela enorme estrada, do tipo que eles nunca haviam visto
antes. Porém, depois daquela, todos se viraram para o motorista.
- Mas essa Organização está atrás do Harry também! – disse Gina arregalando os olhos – Como vocês puderam fazer algo assim!
- Acontece que só foi descoberto que eles também estão atrás do Sr. Potter depois de ele já estar em Porto Seguro!
- Quando exatamente? – disse Gina
- Há uns vinte minutos! Por mim, aliás! Quando vi que pagaram uma gangue pra capturar o Potter percebi que não fazia sentido! Seria
muito mais prático mandar alguém seguir vocês! Aliás, eu era o cara que estava encarregado de garantir que ninguém iria segui-los!
Harry estava ficando realmente confuso agora. Ele ainda não entendia direito o que estava acontecendo.
- Espera aí! Explica de novo por que não fomos direto para o Rio de Janeiro se é lá que está o tal Artefato!
- Você é surdo, ou só pode ser burro! – disse o Mochileiro – Você não entendeu ainda criatura? A Organização estava seguindo vocês
DÊS DE A INGLATERRA! Levamos vocês para Porto Seguro para nos livrarmos deles durante a estrada! Eu sou o Auror responsável
por conseguir essa façanha!
Eles olharam para Harry em busca de alguma confirmação. Harry afirmou com a cabeça, e todos entraram no blazer. Dessa vez, Harry
foi no banco do carona, que estranhamente ficava do lado direito. O carro começou a rodar, dessa vez mais calmamente. O ar
condicionado começou a funcionar, tornando o interior do veículo mais agradável. Apesar disso, a noite já vinha chegando, e logo, o
sol desapareceria.
Harry olhou para o estranho motorista, que agora acelerava, sempre observando ao redor, como que para verificar algo.
- Do tipo andarilho! – disse ele batendo na aba do chapéu e sorrindo – O Brasil é um país grande, e temos muitos bruxos das trevas
rodando por eles! Nós, Aurores Andarilhos, seguimos eles por quilômetros e quilômetros e quilômetros no rastro deles até encontrá-
los, e de onde os pegamos, partimos para o rastro de outro!
Agora, Harry só pensava nas coisas que haviam sido deixadas para trás naquele hotel. Roupas, livros, poções úteis. Pelo menos as
varinhas e a capa de invisibilidade ainda estavam com eles.
- Não existe mesmo qualquer possibilidade de voltar para buscar as coisas que deixamos...
- Não se quisermos ter alguma chance de fazer com que aqueles idiotas da Organização, percam nosso rastro! – disse o Mochileiro –
Depois de caçar bruxos das trevas pelo Brasil inteiro por quase dez anos, acho que aprendi um pouco como não ser seguido!
Harry coçou a cabeça. Já esperava aquela resposta, mas queria a confirmação de qualquer jeito. Agora, havia outra coisa que ele
havia notado.
- Você já conhecia aquela garota morena? – disse ele – Aquela que cercou a gente no beco!
Harry suspeitou que havia mais do que simplesmente “não ter tempo para aquilo” naquelas prioridades. Talvez aquele sujeito estranho
realmente não QUISESSE capturar aquela garota. E isso, Harry quase podia entender, especialmente quando olhava para Gina.
- Eu sonhei com ela – disse ele, sem ter a menor consciência do que aquela frase poderia significar fora do contesto – Sonhei que ela
me chamava, e que precisava da minha ajuda!
- Ah é! – disse o Mochileiro – Uma mistura de poções místicas e feitiços! Ela consegue introduzir um sonho na sua cabeça! Bloquear
isso é muito difícil, tem que ser “o cara” na Oclumência! Tu é o cara na Oclumência?
Harry pigarreou.
O Mochileiro riu.
- Sugiro que se torne bem melhor do que é! Se essa garota voltar a aparecer, ela pode dar trabalho pra caramba!
E com isso, mexeu na marcha do carro, e de repente, houve um enorme salto, e a paisagem mudou.
- O que aconteceu? – disse Rony observando lá fora – Isso aqui mudou de novo!
- Eu vi! – disse Gina
- Eu também – disse Hermione
O Mochileiro sorriu.
- Eu equipei esse carro pra ele poder fazer isso! É um meio de despistar! Não é uma beleza?
- O Ministério da Magia do Brasil sabe que você tem um carro assim? – disse Hermione de sobrancelha levantada
- É claro que não! – disse o Mochileiro sorrindo – Se soubessem minha vida ia ser um tanto quanto mais infernal!
- Acho que não devemos usar um dispositivo ilegal! – disse Hermione
Todos deram pulos. Até Harry e Hermione ficaram boquiabertos com aquela última.
- Como assim! Que distancia é essa? – disse Rony
- Vai acabar saindo do país! – disse Gina
- Não vai não! – disse Hermione engolindo em seco, e seus olhos tinham a luz de alguém que se lembra de alguma coisa e ela não é
boa – Estamos no quarto!
- Que quarto? – disse Rony
- Quarto maior país do mundo! – disse Hermione – Cada estado brasileiro tem o tamanho de um país europeu!
- Espera aí! Recapitula! Viajar por esse país é como viajar PELA EUROPA INTEIRA?
- Se tirarmos a Rússia – disse o Mochileiro – Esse país É maior que a Europa inteira!
E foi com esse pensamento reconfortante, de estarem viajando por um país gigante pela própria natureza, sendo perseguidos por uma
Organização, e bruxos mercenários das trevas, que Harry, Rony, Hermione, Gina, e aquele estranho novato Mochileiro, terminaram
seu segundo dia do Brasil. Todos eles, dormindo nos bancos de um carro, que cortava sonoramente à noite, ocasionalmente
desaparecendo, para reaparecer seis ou sete quilômetros à frente.
Capitulo 19 – A Festa
Alvo acordou naquela manha fria. Ele acariciou seus pés, pensando que aquele inverno estava bem mais frio que a média geral.
Olhou ao redor para seu quarto, e viu alguns enfeites vermelhos, dourados e verdes, pensando o que significavam.
Então ele viu um colchão vazio no chão, e se lembrou de Escorpio. Se lembrou do dia anterior, e se lembrou que era NATAL.
Pulou da cama, e pegou os óculos, pronto para descer a abrir seus presentes, imaginando que coisas legais ele poderia ter ganhado.
Seu coração batia forte. Ficou se perguntando onde estaria Escorpio, por que não parecia estar no quarto.
Então de repente, seus óculos desapareceram bem diante do seu nariz, literalmente.
- Mas o que...
- HAHAHAHAHAHA!!!!
Alvo olhou pra cima sem acreditar. Lá estava Escorpio, no teto, de pé. Não flutuando, mas com os pés presos ao teto da casa, como
se tivesse sido vitima de um “Levicorpus”.
Escorpio riu.
- VOCÊ ABRIU MEU PRESENTE DE NATAl!!! QUANDO VOCÊ DESCER EU VOU TE PARTIR NO MEIO!!!
Escorpio riu e riu, enquanto Alvo tentava saltar para conseguir apanhá-lo. Brincaram disso por um tempo, até que desistiram
cansados. Escorpio se deitou no teto.
- Tá bom, perdeu a graça! – disse Alvo – Desce aí! Eu quero experimentar agora!
- Tá! – disse Escorpio
E tentou saltar para o chão. Não conseguiu. Tentou de novo, e não conseguiu.
Escorpio se pôs a tentar achar um jeito de sair daquela, desesperadamente. Nessa hora, Tiago entrou pela porta.
- Atenção, atenção! – disse ele – Quem foi que ganhou a nova NIMBOS 2012!!!!
E estendeu a reluzente vassoura da linha Nimbos. Alvo e Escorpio esqueceram os problemas na mesma hora, para olhar a vassoura.
Escorpio deu de ombros. Alvo achou muito esquisito observá-lo lá do alto. Era sem duvida vertiginoso e surreal. Concluiu que
provavelmente o inventor havia sido o Tio Jorge, ou alguém parecido, se é que esse alguém realmente existia.
- Papai e mamãe sempre me fazem procurar os presentes na manha de Natal! – disse Alvo – E eles escondem as coisas muito bem, é
um saco!
Escorpio parou por um segundo sua interminável tarefa pra retirar os tênis, e olhou para o amigo.
- Eu queria que meus pais fizessem isso! – disse Escorpio – O Natal ficaria um pouco mais... Sei lá... Especial!
- Lá em casa, o Natal parece só mais uma festa! Não tem nada de especial! Reunião de família, comida, presentes, pronto!
- Bem! Tem gente que nem isso tem! – falou Alvo – Meu pai me falou que teve uma época que ele viajou pelo mundo com minha mãe,
meu Tio e minha Tia, e que viu todo o tipo de pessoas! Acho que a gente devia agradecer pelo que tem!
Alvo estava prestes a desistir, e assumir que os tênis eram mesmo seu único presente. Isto é, além do livro “A Arte do Duelo” que seu
pai havia lhe dado mais cedo. Pensando bem, ele já havia ganhado muitos presentes dês de o inicio do ano, e presentes dignos de
serem lembrados. A Capa de Intangibilidade do Tio Jorge. A Caneta Previsora de Ted. O Mapa do Maroto. O livro de seu pai, e agora
aqueles tênis. Ele não precisava de mais.
Nessa hora, a porta do quarto se abriu, e para a total surpresa de Alvo, lá estava Rosa.
- Aí está você! Que dificuldade pra você descer em! – disse Rosa
- Rosa? – disse Alvo – O que está fazendo aqui? Achei que só ia te ver hoje a noite, na nossa reunião de família!
Rosa sorriu.
- É! Mas eu quis vir mais cedo! Estava pensando, já que você e seu irmão ganharam vassouras novas, podíamos brincar de
Quadribol...
Alvo se pôs a olhar em volta, ansioso. Uma vassoura, uma vassoura. Será que estava ali em algum canto?
- Está lá embaixo, imbecil! – disse ela – Acha mesmo que todos os seus presentes estariam aqui em cima? Vamos descer! Cadê o
imbecil do Escorpio, aquele filhote de cobra?
BAM.
Alvo ficou olhando incrédulo para Escorpio e Rosa no chão. O Malfoy havia afinal conseguido tirar os Sapatos Inversores, e havia
caído direto em cima... Bem... Da Rosa.
- É bom você fugir quando eu me levantar, Malfoy! – disse Rosa – Por que se não fugir, juro que vou te deixar mais feio que um
Duende!
- Impossível! – disse Escorpio se levantando – Nada ficaria mais feio que você!
- Ta me chamando de DUENDE???
- Não! Isso seria elogio!
E no instante seguinte, Rosa estava correndo desembestada atrás de Escorpio como uma doida varrida escadaria abaixo, e Alvo foi
também, pensando se deveria segurar a prima, ou tentar esconder o amigo. Talvez os dois.
Quando o trio alcançou o térreo, encontrou a família Potter reunida ao pé da árvore na Sala de Estar. Lilian estava abrindo seu
presente, um Pelucio de Natal, quando “caça” e “caçador” passaram correndo por ela como dois furacões. Saindo logo em seguida
para o quintal.
Alvo segurou puxou ela de cima do amigo, e a garota ainda esperneando o deu um último chute.
POF.
- OUCH!!!
Rosa fez uma cara de brava pra ele, e cruzou os braços. O Malfoy ainda estava no chão, se contorcendo com o chute.
Rosa corou até o fio dos cabelos, e Alvo se segurou mas não conseguiu. Caiu na gargalhada.
Rosa virou as costas, e ficou de braços cruzados, tentando ignorar a presença dos dois.
- Você tem que ter mais cuidado com o que chuta! – disse Escorpio – Vai que faz algum estrago permanente!
- CALA A BOCA! – berrou Rosa
Escorpio saltou para trás de Alvo na mesma hora. A garota tentou ira atrás dele, mas ele correu, e de repente os dois estavam
novamente correndo, dessa vez em volta do Alvo.
- Pare de correr!
- Não sou suicida!
- Espere aí!
Alvo já não tinha muita certeza do que fazer. Estava ficando tonto com aquela correria, quando...
POF
... Levou uma direto na cara. Caiu vendo estrelas. Escorpio e Rosa pararam de correr e olharam para ele.
Alvo, Escorpio e Rosa correram para dentro, e de repente Alvo se viu sorrindo. Lá estava Ted Lupin.
Foi à festa. Havia pouco tempo desde o Dia das Bruxas, mas Ted já tinha mais um monte de histórias para contar. E enquanto eles
tomavam o generoso café da manha, e abriam os presentes de Natal, ele falou das grandes descobertas à cerca do passado dos
bruxos que ele havia descoberto naquelas terras longínquas.
Nessa hora, Alvo se lembrou. Lembrou da pena que havia ganhado que se escrevia sozinha. Lembrou de como ela havia de repente
começado a desenhar, e de como havia feito um perfeito retrato do homem com quem Ted duelara naquele Dia das Bruxas. Um
homem que não usava varinhas.
Ele ainda não tinha muita certeza quanto à pena, e também não tinha certeza do que deveria fazer. Resolveu que o mais cedo
possível comentaria o ocorrido com Teddy. Ele tinha certeza que havia algo de sombrio e misterioso.
- Então, foi na América que acabei fazendo meu maior achado! – disse Teddy continuando a narrativa de sua história - Sabem a Área
51? Aquele complexo onde os bruxos americanos guardam todos os artefatos estranhos?
Harry Potter engasgou na mesma hora, e precisou usar o copo para por pra dentro. Alvo e Tiago se entreolharam sorrindo, e Escorpio
e Rosa ficaram vidrados. Gina olhou para Teddy com a cara mais assustada do mundo, assim como Lilian.
- Eu precisei entrar lá! – disse Teddy – Eles saquearam meu local de escavação! E eu tinha permissão!
- Por quê? – disse o Sr. Potter
- Foi exatamente a mesma pergunta que me fiz! – disse Teddy – Antes e depois de entrar lá!
Alvo não entendeu aquilo. Ele olhou para Rosa em busca de apoio, mas encontrou a mesma interrogação no rosto dela.
- Eu entrei lá! – disse Teddy – e procurei pela urna que eu sabia que vinha da minha área de escavação! Foi lá que eu acabei
achando!
- O que? – disse Harry
- A urna Padrinho, não está me escutando? – disse Teddy – Encontrei minha urna, e fui embora, aproveitando a primeira chance que
achei!
- E então?
- Fugi! Resolvi abrir a urna fora de lá! Pensei que teria algo interessante lá, como as cinzas de um bruxo morto! Um pergaminho
incrível contendo feitiços antigos! Mas tudo o que havia lá dentro...
- O que?
Alvo viu seu pai levantar uma sobrancelha, e olhara para Gina.
Alvo sentiu o estômago despencar. Agora, Teddy iria falar para seu pai que ele estava com a pena. Justo agora que aquele mistério
estava ficando tão interessante. Ele olhou para Escorpio e Rosa, e viu que eles tinham o mesmo olhar. E foi então que Teddy mais
uma vez o surpreendeu.
- Sabe Padrinho, acho que já a doei para algum Museu Bruxo! Sabe como é!
- Não lembra o nome do Museu? – disse o Sr. Potter tamborilando a mesa com os dedos
- Não tenho muita certeza! Não parecia ser grande coisa, sabe! Era apenas um feixe de ouro lapidado, existem incontáveis outros
objetos mágicos e valiosos na minha cabeça!
Alvo viu que seu pai estava muito desconfiado, mas depois sorriu.
- Tá bom! Vamos esquecer isso por um tempo e aproveitar o Natal! – disse Harry – Mas...
- Eu realmente gostaria que você se lembra-se do nome do Museu! – disse Harry – Se possível!
Teddy assentiu, e se levantou. E antes que seu pai pudesse ver, Teddy piscou para Alvo, sorrindo.
A manha transcorreu normalmente. Eles tomaram café, e os presentes foram abertos. Alvo começou a leitura daquele livro a respeito
de duelos que seu pai havia lhe dado, e finalmente experimentou os Sapatos Inversores. Rosa brincou junto de Lilian com as bonecas
novas, e depois, ela, Escorpio e Alvo foram para fora para cavalgar com os incríveis Cavalos Alados que a família Potter recentemente
havia adquirido.
Foi mais ou menos nessa ocasião, que Alvo comentou com Rosa e Escorpio.
- Vocês acham que devemos falar com Teddy sobre aquele desenho?
- Com certeza! – disse Escorpio – De que outro jeito nós iremos desvendar esse mistério?
- Esperem! – disse Rosa – Não sei, acho melhor não!
E de repente, ela estava mais uma vez correndo atrás dele, e Alvo começou a rir.
Em pouco tempo, todos estavam a caminho da TOCA, para a comemoração de Natal que aconteceria na casa dos Patriarcas
Weasley, família da mãe de Alvo. A festa, Alvo sabia, só aconteceria à noite, na casa de Rosa, que era maior e tinha um salão amplo
pra uma família grande.
Desaparataram todos juntos, direto para TOCA. Alvo sempre ficava surpreso quando via a casa de seus avós. Tão torta quanto um
bolo de várias camadas com o recheio macio demais. O cheiro sempre fresco de algo sendo assado. Os pequenos gnomos fazendo
algazarra nos jardins, agora, todo coberto por neve bem branca, do tipo que só se encontra longe de áreas urbanas.
Alvo adorava as reuniões pré-festa de Natal na TOCA. Havia algo de místico ali naquela casa, que por um ano fora à base de
operações da Ordem da Fênix. Alvo quando era menor costumava ficar explorando a casinha, a procura de passagens secretas para
alguma sala especial que com certeza absoluta não poderia faltar à uma base de heróis que lutavam contra bruxos das trevas. Mais
tarde, é claro, ele descobriu que aquilo era bobagem, já que, para uma boa base secreta ser eficiente, ela precisava mesmo era de
feitiços de proteção fortes, e vigilância constante.
...
Alvo, Rosa e Escorpio, juntamente com Lilian e Tiago correram até os campos, brincando de fazer bonecos de neve, e depois usá-los
como alvo para feitiços de repelir Bichos Papões. Lilian batia palmas para os irmãos, que faziam o boneco ficar vestido dos mais
bizarros vestuários. O campeão de risadas foi sem dúvida o Boneco Cármen Miranda.
- Ninguém vai ficar bravo se a gente está fazendo magia fora da escola? – disse Alvo
- Qualé! Deixa de ser Caxias! – disse Tiago – Ninguém consegue ver a gente aqui, e o Ministério nem vai perceber que foi a gente
com tanto bruxo reunido num lugar só!
- Faz de novo Tiago, faz de novo! – disse Lilian
Tiago sorriu afetado, e apontou para o próximo boneco de neve. Alvo achou que o pobre coitado já estava bastante ridículo com
aquele cachecol florido, com a cartola velha, e o nariz de batata, mas seu irmão não era exatamente famoso por sua piedade.
Se afastou dali, deixando os amigos assistindo o espetáculo, e dar uma olhada pelos arredores. Gostava de ver se conseguia ver os
coelhos com sua pelagem de inverno, ou algum desses espíritos de gelo que o Skiper Lovegood disse que sua mãe tinha visto no
último inverno.
Estava justamente verificando alguns arbustos congelados, quanto teve um arrepio na nuca. Era a sensação de que alguém o estava
observando. Se virou, e quase teve uma parada cardíaca.
Ficou paralisado por vários minutos olhando para ele, pensando quanto tempo ele ficaria lá parado até partir para cima dele. Porém,
ele não se mexeu. Só passou a língua pelo próprio nariz, como se quisesse descongelá-lo.
Mais um minuto se passou, e o bicho não se mexeu. Alvo notou outra coisa importante. Não era um lobo, era um cachorro. Um pastor
canadense. Ele sabia disso, por que tinha um vizinho que tinha um pastor belga, que era preto. Além disso, lobos não abanam a
calda. Abanam?
O animal abaixou e levantou a cabeça, e se virou e saiu andando. A meio caminho, parou e virou a cabeça, quase com se dissesse
“você não vem?”.
Alvo se virou para olhar por onde tinha vindo. Ainda podia escutar claramente as vozes dos irmãos e da prima do outro lado da colina
de neve. Se tivesse qualquer problema, tinha certeza que pelo menos um deles iria escutá-lo, se não fosse muito além daquilo.
Ele foi atrás do cachorro, que dava cada passada lentamente, para esperar por ele, e de vez em quando virava a cabeça, para ter
certeza de que estava sendo seguido.
A caminhada estranha se estendeu até o lado de fora do terreno que era compreendido pela TOCA. Para o outro lado da cerca. Alvo
soube que depois daquela barreira, ele não poderia usar magia, mesmo o Ministério não sendo capaz de averiguar com certeza quem
havia produzido um feitiço, ele seria o único tão longe sozinho da residência dos Weasley.
Mesmo assim, ele pulou a cerca. Sua curiosidade estava fervendo tanto dentro dele, que se não fosse lá por que o bicho queria falar
com ele, iria ficar doido.
Pulou a cerca. Imediatamente o cachorro correu até uma árvore próxima. Alvo o seguiu. O cachorro se sentou ao pé da árvore.
Por um momento louco, Alvo achou que o cachorro tivesse falado. Foi quando ele olhou para cima. Lá estava ele. O homem das
pistolas. O homem do chapéu e a capa. O de cabelos brancos.
O primeiro impulso de Alvo foi correr. Mas pra onde iria? Estava longe de qualquer um. Havia caído feito um patinho numa armadilha.
Agora ele estava ferrado.
- Não precisa ter medo, baixinho! – disse o homem – Se eu te machucasse, teria de ser o maior dos cretinos e ingratos da face da
terra!
- Quem é você? – conseguiu dizer Alvo
- Alguém que deve muito ao seu pai! – disse o homem – Mais do que poderia ser pago em dinheiro ou em serviços! E infelizmente eu
só lido com um ou outro! Excepcionalmente, dessa vez, estou aqui simplesmente para lhe fazer um favor!
Alvo olhou de um lado para o outro, se perguntando do que diabos o homem estava falando.
- Já cruzou com certo Servo Slim neste momento, não está?
- Sim... Não... Quer dizer! Eu o conheço! Bom, mais ou menos, ele é da Sonserina!
- É claro que é! E ele é mais do que aparenta ser!
Pela mente de Alvo passaram-se todo tipo de coisas, e muitas das quais inspiradas pelas próprias experiências do seu pai em
Hogwarts. Então ele teve um surto de idéias repentinas.
O homem riu.
- Está pensando como um verdadeiro Detetive Mágico! Mas não! Ele é um garoto mesmo! Isso o torna mais fácil de passar
despercebido pelos olhos dos adultos!
- Então ele trabalha pros caras maus!
- Está chegando perto! Ele não TRABALHA pra eles! Mas ele os serve! Trabalho implica receber um valor em troca! Isso é o que EU
faço!
- Você trabalha pros caras MAUS?
- Não! Mas também não diria que sou um dos mocinhos! Chamei você aqui, por que do mesmo jeito que Slim é o único em posição
para ajudar os “caras maus”, você e seus amigos são os únicos em posição para antagonizá-lo!
- O que quer dizer anta... Antagonizar?
- Quer dizer “fazer frente”! Não será fácil, mas ele é apenas um garoto, assim como vocês, então talvez tenham uma chance!
- O que ele quer afinal? Qual o objetivo dele em Hogwarts! Isto é... Além de aprender né, afinal é uma escola!
- Acredite, ele já entrou lá sabendo muita coisa! Mas você não consegue pensar em nada que ele queira? Algo que esteja escondido
em Hogwarts?
- Ah... Hum... A fênix?
- A fênix é só um meio para o que ele realmente quer! Pense garoto, pense! Se não puder descobrir isso sozinho vai ter problemas em
se opor a aquele pirralho prodígio!
- Se é tão fácil pra um adulto derrotar ele, por que você não faz isso? – disse Alvo revoltado
- Já me custou mais do que os olhos da cara entrar lá só pra fazer uma ameaça! E não deu certo, o garoto nem se abalou!
Alvo estava prestes a dizer alguma coisa, mas parou, com medo de si próprio, e do que estava prestes a dizer. O homem pareceu
notar.
- Agora você quer saber por que eu não atirei de uma vez, não é? Por que não dei um fim nele ali mesmo! Hora, qual é! Eu posso ser
muitas coisas, mas não sou assassino de crianças! Nem mesmo daquelas que são como Servo Slim! Não, não! Vou guardar minhas
balas para os que merecem engoli-las! Como os cretinos que transformaram aquele garoto no que ele é hoje!
- Certo! – disse Alvo, tentando ignorar que o homem acabara de confessar que estava planejando um assassinato de duas ou mais
pessoas
- Voltando ao nosso problema inicial! – disse o homem – Pense garoto! Pense! Você já adivinhou que ele quer a Fênix! Por que é que
ele a quer! O que uma fênix faz?
Forçando ao máximo o seu cérebro, Alvo tentou se lembrar do que Rosa vivia dizendo sobre as fênix. Ela já não havia dito algo
parecido antes? Sobre Servo Slim querer usar a fênix pra outra coisa? Algo sobre os poderes da fênix!
- SIM! – disse Alvo sorrindo – É o poder das fênix de desaparecer e reaparecer, não importa onde estejam! Elas podem fazer isso até
mesmo dentro de Hogwarts!
- Exato! – disse o homem sorrindo – Continue...
- Então, ele quer chegar em algum lugar com a fênix!
- Sim!
- Algum lugar em Hogwarts, senão, por que ele estaria lá? Fênix podem ser achadas em vários lugares do mundo!
- Certo de novo!
- E é um lugar de difícil acesso! Isso já exclui todos os banheiros, salas de aula, salas dos professores e...
- ACELERA GAROTO! Quantos neurônios estão funcionando aí dentro?
- Olha! Só existem dois lugares que eu consigo pensar, e nenhum dos dois fazem muito sentido!
- Fale de uma vez
- A Câmara Secreta – disse Alvo – Que só Ofidioglotas conseguem entrar! Mas não tem nada lá! Só um Basilisco morto!
- E o outro?
- Bem... A Sala do Diretor! Mas o que tem dentro da Sala do Diretor que poderia...
Alvo sentiu de repente como se neve escorresse pelo seu estômago. Era aquilo. Só podia ser. Ele se lembrou de uma ocasião em que
perguntara à seu pai sobre aquilo, e ele nunca o havia visto tão bravo:
“Não precisa se preocupar com isso, está de volta ao lugar dela! Não quero ouvir mais nada sobre esse assunto”
Mas ele não poderia colocá-la exatamente no mesmo lugar de antes! Seria fácil demais para qualquer um pegar, mesmo em
Hogwarts.
Não.
Ele a colocou num lugar mais difícil. O mais poderoso artefato mágico, colocado dentro do lugar mais difícil de invadir da Inglaterra. E
exatamente do coração desse mesmo lugar. A Sala do Diretor de Hogwarts. Era LA que estava.
O homem se virou de costas. Alvo já ia começar a dizer pra ele voltar, quando ele próprio se virou mais uma vez.
- Ah sim! – disse ele sorrindo, e pegando um pequeno caderno do bolso – Certo! Quase esqueci! É pra isso que estou aqui!
Ele jogou o caderno para Alvo. Era bem pequeno. Um calendário daquele ano.
- Os dias que eu marquei! – disse ele – Dizem exatamente quando foi que a Fênix fez o ninho e botou seus ovos! No dia marcado em
vermelho, Servo Slim tentará pegar a fênix! É nesse dia que vocês tem de pegá-la primeiro!
- Capturar uma fênix não é fácil! – disse Alvo
- Vocês conseguem!
- Mas...
- Vamos tentar evitar a crise de “Eu não sei se consigo”! Você é filho de Harry Potter! Sei que vai dar um jeito!
E finalmente se virando, o homem foi embora. Deixando para trás Alvo, que já ouvia a voz de Rosa e Escorpio procurando por ele.
- Estarei de olho! – foi a última frase do homem, antes de desaparecer na névoa gelada.
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A festa de Natal na casa de Rosa era sempre algo lindo de se ver. Tio Rony e Tia Hermione haviam construído uma casa com um
amplo salão de festa (o restante da casa era até simples mas o salão de festa grande fora algo que eles se obrigaram a construir).
Com um salão daquele tamanho, a gigantesca Família Weasley não ficava nem um pouco espremida, mesmo com a presença dos
Potter também ali.
Depois da aparição do homem misterioso de cabelos brancos e cara de jovem, e da correria ao redor dele com direito à Escorpio
tomando um chute nas joias, Alvo achou aquela parte simplesmente a melhor.
Ele finalmente experimentou os Sapatos Inversores que havia ganhado de presente, e andado por todo o teto do alto salão de festas.
Tiago, com inveja, exigira eles emprestados, mas ele os deu primeiro a Rosa (que resolveu trocar a saia por uma calça antes, apesar
de Alvo insistir que os tênis revertiam a gravidade mesmo nas roupas).
Por fim, foi a hora de todos pararem próximo a lareira e escutarem mais e mais histórias de Ted Lupin, e de suas aventuras errantes
ao redor do planeta. Todos aqueles seres estranhos que Ted descrevia faziam Alvo viajar pelas nuvens, até as montanhas da Ásia
pululando de estranhos animais falantes, e pelas quentes florestas tropicais e seus pássaros de múltiplas cores e seres ainda mais
estranhos e coloridos, por fim, chegando aos extremos do mundo no norte e no sul, e aos estranhos costumes dos bruxos esquimós.
Lilian perguntara nessa ocasião se ele havia conhecido Papai Noel.
Depois disso, houve a grandiosa ceia de natal. Na longa mesa, eles haviam colocado todos os pratos caseiros preparados pela Vovó
Weasley, e comeram cada peça sem deixar quase nada sobrar. E foi finalmente a hora de finalizarem a noite cantando canções de
natal ao som do piano que se tocava sozinho que o Sr. Weasley pessoalmente havia colocado dentro de casa.
- Não me olhe assim Molly! – ele dissera – Os trouxas também têm pianos que se tocam sozinhos! Se chamam Pianolas! Não é
exatamente uma grande infração!
A música e a dança estava chegando ao ápice. Tiago tirou Lilian pra dançar e ela dançou montada em cima dele. Depois, Rosa
dançou com Tio Rony em cima dos seus pés. E Alvo, dançou com sua mãe.
Harry abaixou a cabeça para suportar as brincadeiras que Tio Jorge agora fazia sobre seus dotes de dançarino. Então uma coisa
inacreditável fez Alvo ficar de queixo caído.
Escorpio tirou Rosa pra dançar. A garota corou como um pimentão, mas ele parecia achar muita graça de tudo. Tio Rony ficou olhando
desconfiado. Os dois dançaram de um jeito engraçado, e Alvo riu muito dos dois. Quando a música terminou Rosa se sentou, ainda
muito corada, e Escorpio foi para o lado de Alvo, com um jeito meio triunfante de alguém que tinha vencido um Trasgo Montanhês
numa queda de braço. Alvo riu tanto que pensou que iria vomitar a ceia de natal.
Justamente quando a noite parecia que não poderia melhorar, algo aconteceu. Algo que Alvo nunca pensou que poderia acontecer.
Ele sabia que era possível, mas não achou que realmente FOSSE acontecer.
Sim. Um telefone.
Seu pai olhou para os pais de Rosa como se de repente tivesse ouvido que o Natal era na verdade uma mentira inventada por alguma
instituição multibilionária.
Alvo sabia o que era um telefone, por que seu avô o havia mostrado como funcionava. Ele era um fanático por tudo que vinha dos
trouxas. Aquele em especial era bem antigo, e ficava pendurado num canto esquecido do Salão, como se não fosse nada além de um
enfeite nada especial.
Ah, se funcionava.
Aquele telefone só tocava, quando alguém de alguma das viagens que o pai de Alvo havia feito na juventude precisava de ajuda.
Aquela era a primeira vez em anos que Alvo o ouvia tocar. O motivo pelo qual não usavam correio coruja para esse tipo de
comunicação é que não era rápido o suficiente.
Tio Rony e Tia Hermione saíram da frente, enquanto o pai de Alvo abria caminho na direção do telefone. Harry Potter, o Eleito, O
Menino Que Sobreviveu, o Herói da Ultima Guerra Britânica Contra as Trevas. Ele apanhou o telefone apreensivo.
Vovô Weasley não podia esconder a emoção diante do telefone. Ver um funcionando era pra ele algo incrível, porém a avó de Alvo o
beliscou, dizendo que ele estava sendo infantil.
- AH! – disse Harry fazendo cara de alivio – É você! O que pensa que está fazendo, me ligando por esse meio em pleno Natal?
Espera... Como assim, você esqueceu o fuso horário, seu idiota! Por que não usou o Correio Coruja pra isso?
A mãe de Alvo pareceu suspirar aliviada. Afinal, não era nenhum chamado urgente. Provavelmente era um amigo excêntrico de
alguma terra distante ligando pra desejar um “Feliz Natal”.
De repente todos ficaram alertas. Harry por outro lado parecia mais ou menos tranquilo. Fosse o que fosse talvez fosse apenas
inconveniente.
- Mas... Por que não fala com o Ministério da Magia? Eles é quem deviam resolver esse problema! Não... Eu não acho que tenha
nenhum problema se esse garoto estudar em Hogwarts! Quer me explicar de uma vez por que você me ligou pra me perguntar uma
coisa tão... Espera... Ele é metade O QUE? Mas eles não estavam extintos? Pois é, foi o que vocês me disseram! Pô!
Ele ficou calado por uns segundos. A testa franzida. Ele parecia meio preocupado com alguma coisa.
- Olha! Eu entendo a situação, e legalmente não teria problema, só que pra te ajudar é melhor eu consultar primeiro... Bem... A minha
mulher!
Gina pareceu perder a paciência e foi em frente. Tomou o telefone das mãos de Harry e ele pareceu inclusive bastante contente e
deixá-la cuidar de tudo.
- Escuta aqui! – disse ela- Ah! É você! Bem, não importa! Você não pode ligar pra gente seja para o que for! Não no meio do Natal
usando esse telefone! Use o correio como qualquer bruxo normal e nos deixe em paz por essa noite!
Gina olhou para Harry, e ele lhe devolveu o olhar. Alvo ficou pensando o que estava acontecendo. Ele olhou para Rosa e Escorpio em
busca de referencia, sem saber o quanto isso o deixava parecido com o pai.
- Olha! – disse Gina – Ele tem onze anos, certo? Muito bem! Então ele está um pouco atrasado, não sei se poderão aceitá-lo! Espere!
Tive uma ideia! Não se preocupe! Ligue daqui a umas duas horas!
- Nosso coração mole ainda mata a gente algum dia! – disse Gina
- É impressionante como até hoje não matou! – disse Rony – O que houve?
Só então eles se deram conta dos que os observavam ao redor. O pai de Alvo fez sinal para que Tio Rony e Tia Hermione o
seguissem. Juntamente com sua mãe, os quatro saíram do salão de festas, em direção ao segundo andar. Não sem antes Tio Rony
virar e dizer.
- Não se preocupem, não é nada sério, eu juro! É apenas uma questão de... De ajudar ou não ajudar! Nada de risco de vida dessa
vez!
- Tem certeza que vai ficar tudo bem Rony, querido! – disse a Vovó Weasley
- Conosco? – disse Tio Rony – Com certeza ficará tudo bem! É com outra pessoa que estamos preocupados!
E dizendo isso, ele seguiu para o segundo andar com os outros três.
Por horas a fio, os três esperaram o telefone tocar mais uma vez, porém, quando ele finalmente tocou, os três já dormiam a sono solto,
acampados embaixo da árvore de natal do salão, só para serem levados no colo pelos seus pais de volta para suas camas.
Harry acordou de repente, sobressaltado. Estivera sonhando. Um sonho bem vívido, e maravilhoso.
Sonhara que estava em Godrics Hollow, e que seus pais estavam lá. Com eles, também estavam Sírius, feliz, cuidando de Bicuço. Em
algum momento do sonho, Rony e seus irmãos haviam chegado e os desafiado para uma partida de Quadribol. Harry e seu pai seriam
os batedores, e Sirius seria o Apanhador. Só que por algum motivo, Sírius insistia em voar no Hipogrifo. Harry tentara convencê-lo de
que uma vassoura poderia manobrar melhor, mas ele insistia dizendo “Confio mais neste Hipogrifo do que em qualquer outra coisa
que voe”.
Nessa altura do sonho, Harry acordou. Um torcicolo atacava seu pescoço, que havia descansado de mal jeito encostado no banco do
carro. O Mochileiro, o Auror Andarilho do Ministério da Magia do Brasil, ainda dirigia.
Harry se endireitou, massageando o pescoço. Já era noite lá fora, com um belo luar e estrelas sobre um céu azul marinho. Olhou para
trás, e viu Rony de boca aberta, roncando, ao lado de uma Hermione com enormes olheiras. Pelo jeito a garota não conseguira pregar
os olhos. Gina dormia encolhida em um canto, com seus cabelos ruivos caindo sobre o peito como uma cascata de lava. Apesar de
linda, Harry também não a achou exatamente confortável.
- Hei! Mochileiro – disse ele – Será que não podemos parar um pouco? Está todo mundo ficando cansado!
O Mochileiro não parecia estar escutando. Se concentrava loucamente no volante, com olheiras nos olhos, e um jeito meio esquisito
no olhar.
Harry ficou alerta de repente. Manter todo mundo vivo? Do que diabos ele estava falando? Harry olhou ao redor, e não viu nada. De
repente um som muito esquisito começou a apitar.
Harry olhou. Era um bisbilhoscópio. A forma de um peão, rodopiando ao primeiro sinal de problema ou conspiração ao redor.
- Estão no nosso encalço faz algumas horas – disse o Mochileiro, sacando a varinha – Como estão suas habilidades de duelo?
Todos ali sacaram as varinhas. Hermione precisou acotovelar Rony para que este abrisse os olhos e se colocasse alerta.
Harry assentiu.
- Ótimo! – disse o Mochileiro – Então me escutem com atenção, pra não perdermos o elemento surpresa.
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Os perseguidores estavam no encalço. Podiam ver claramente o carro, quando ele deu um enorme cavalo de pau, e parou bem no
meio da estrada com os faróis bem ligados na cara deles.
- Já desistiram tão rápido? – disse um deles – Eles não são assim tão durões
- Vamos, cerquem-nos!
- Cuidado com o Potter! Ele é mais perigoso do que aparece!
Eram seis bruxos. Com varinhas em punhos e com as capas jogadas sobre as cabeças. Um deles usava uma máscara por baixo de
seu capuz, mas somente ele. Era um ex Comensal das Trevas, recém contratado pela Organização.
Os outros cinco eram diferentes. Ao invés de máscaras, usavam uma bandana enrolada sobre o rosto, com discrição. Aquilo era
puramente para proteger as identidades deles, mas ainda era possível ver seus olhos impiedosos e inteligentes. A Organização não
os contrataria se não fossem inteligentes.
Harry ouvia tudo por meio das orelhas extensíveis que Jorge havia lhe dado, e que por sorte, estavam no seu bolso, e não nas
bagagens abandonadas no hotel. Os bruxos não estavam falando português, mas inglês. Inglês britânico. E ele havia reconhecido a
voz de um deles.
O Mochileiro fez sinal. Logo iriam atacar. Estavam agachados no meio de capoeiras espessas que cresciam à beira da estrada.
Nenhum daqueles sujeitos ainda os havia visto. Estavam muito concentrados naquele estranho barulho vindo do carro.
Eles se aproximaram do veículo cada vez mais. Os vidros escuros das janelas não permitiam que eles vissem o interior do carro. O
barulho chiado continuava. Eles pareciam temer uma armadilha dentro do carro. Eles fecharam o cerco ao redor, como animais de
rapina.
Finalmente. Um deles apontou com a varinha e a porta se abriu. Lá dentro, eles viram o bisbilhoscópio, rodopiando e rodopiando e
rodopiando.
Harry assumiu o duelo contra o Comensal da Morte, e contra mais um, bloqueando a magia de ambos com um silencioso feitiço
escudo. Fazendo com que todos os feitiços de que se lembrava corressem por sua mente, Harry avançou, brandindo a varinha como
se fosse uma espada.
De repente a capoeira ao redor da estrada se incendiou, e a enorme cabeça de um dragão se formou nas chamas. Harry apontou a
varinha e berrou um sonoro “Aguamente”, conjurando água quando o ataque lhe foi lançado.
A luz dos faróis aumentou explosivamente. Fazendo um clarão que chegou a refletir nas nuvens. Isso, bem no momento em que os
duelistas de Gina e Hermione estavam bem de frente para o veículo e ambas as meninas de costas.
Enquanto assistia aos dois bruxos das trevas lutando as cegas contra as meninas, Harry continuou bloqueando os feitiços de seus
adversários ao mesmo tempo em que procurava um brecha em suas defesas. Viu Rony de pé no teto do carro pelo canto do olho, pelo
jeito o duelo do amigo estava dos mais selvagens.
Mais ou menos nessa hora, Harry ouviu alguém gritar “Ridículus”, e o sujeito que duelava com Gina de repente estava com as roupas
da professora Sprout. O homem pareceu tão surpreso, que perdeu o rumo dos acontecimentos. No momento em que ele apontou a
varinha pra si mesmo e murmurou “Priori Encantaten” para recuperar sua vestimenta, Gina já havia saltado para o lado e berrado um
ESTUPEFAÇA, que o fez cair.
Harry ainda se segurava contra seus dois oponentes. Gina havia sido a primeira a derrubar alguém, chegando à frente até mesmo do
experiente Auror Brasileiro. Ela saltou para perto de Harry e assumiu a briga contra um de seus oponentes, deixando-o por conta do
Ex Comensal das Trevas.
Harry fez uma finta para o lado e aparatou para a beira da estrada, onde as capoeiras continuavam a queimar. Aproveitando-se do
fogo e da fumaça, ele usou um Depulso. As chamas foram empurradas para frente, causando uma enorme explosão. O Comensal deu
dois passos incertos para trás. Harry então resolveu jogar duro e usar tudo o que podia contra o homem. Com um feitiço convocatório,
chamou as pedras do chão do serrado, e as transformou em flechas no ar, agradecendo a Deus por cada aula com a Professora
Minerva.
O homem bloqueou boa parte das flechas, mas as que ele não pode segurar todas. Duas o feriram no braço e nas pernas. Mais uma
vez ele cambaleava e Harry ganhava espaço. Harry viu Hermione pelo canto do olho. Ela e Rony juntos estuporavam mais um que
caía pela lateral. O Mochileiro, Harry não conseguia enxergar em canto nenhum.
Harry lançou seu “Expeliarmus” contra o seu adversário, e ele voou de encontro ao carro. O apito de alarme do veículo explodiu em
assobios histéricos logo que o homem trombou com ele. Finalmente, Harry terminou o duelo com um Accio Varinha.
- Levei o duelo com esse cara pra outro lugar! De longe, deu pra notar que ele era o líder, e sem a liderança dele, os outros ficariam
desorientados! Sem falar que é possível que fosse o melhor duelista também!
- Conseguiu ver tudo isso só de olhar pra ele de longe? – disse Hermione incrédula
- Agente aprende uma coisa ou outra com essa história de Auror Andarilho! – disse ele sorrindo
- Sei! – disse ela levantando uma sobrancelha
- E agente? – disse Gina – Não achou que ficaríamos desorientados sem VOCÊ?
- Considerando que entre mim e o Sr. Potter, a confiança maior de vocês está com ele, vocês ficariam muito bem sem mim! – disse
ele, em seu primeiro comentário sensato
Os cinco respiravam com dificuldade. Fora um duelo um tanto difícil. Finalmente Harry partiu para cima do Comensal da Morte.
- Você! – disse ele – Não me engana com ou sem máscara! É você? Lucio Malfoy?
Mas antes que ele pudesse se aproximar, um sétimo bruxo apareceu, e todos os corpos deixados no chão desapareceram,
juntamente com o Comensal da Morte e o estranho sétimo bruxo.
- Eles foram só um grupo de reconhecimento! – disse o Mochileiro – Eles devem estar fechando o cerco! Precisamos despistá-los!
- E como fazemos isso? – disse Rony
- Não tem “nós” – disse o Mochileiro
- Como assim? – disse Gina
- Vou deixar vocês na Comunidade Bruxa mais próxima, e vou tentar despistá-los sozinho! Vocês, fiquem lá, descansem e comprem o
que estiverem precisando – ele jogou um saco de galeões pra eles – Em dois ou três dias nos encontramos de novo!
- E se não estiver lá em dois ou três dias? – disse Harry
- Estarei morto! – disse ele alegremente
Harry olhou para os amigos, buscando orientação. Não achava que ele estivesse falando sério. Aliás, ele nunca SABIA quando aquele
cara estava falando sério.
- Certo! – disse ele – Vamos! Entrem! A próxima comunidade está a uma aparatação de distancia!
Eles entraram no veículo. Que no instante seguinte havia acelerado, e desaparecera daquela parte da estrada, deixando uma grande
poeira subir pela noite do serrado.
No resto do caminho, Harry começou a meditar sobre o que acabara de descobrir. Aquela organização estranha estava contratando.
Contratando ex Comensais das Trevas que haviam escapado. E pelo jeito Lúcio Malfoy era um deles. Talvez por desespero, talvez por
necessidade, talvez. Mas ERA ele. Disso Harry tinha certeza.
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Quando o carro finalmente parou, estavam num lugar que dava outro significado a palavra “ermo”. Não havia
absolutamente nada lá. Bem, isto talvez não fosse exatamente a verdade. A estrada passava bem entre um planalto e
uma bela praia.
Então, sem avisar, ele virou o carro pra uma estrada de terra à esquerda, fazendo todos sacolejarem.
Harry ficou olhando a Inter Estadual virar por trás dos planaltos e desaparecer, enquanto em sua estradinha de terra
eles desceram em direção à praia. Logo à frente, bem no final, tinha uma barraquinha caindo aos pedaços.
Harry engoliu em seco, e se segurou, quando a milímetros de atropelar a barraca e o velho dentro dela, eles pararam
com uma freada brusca que lhe lembrou de suas viagens com o NightBus.
A barraca à frente deles era incrivelmente mal acabada, feita com folhas de palmeira, galhos podres, e com chão de...
Areia de praia. Mas a moradia não era nada comparada ao seu morador. O velhinho era extremamente capenga. Era
negro e parecia ser cego, pois não era possível ver suas pupilas. Tinha um físico esquelético que beirava um Inferi, e
tinha tão poucos dentes que os que ainda lhe sobravam na boca parecia que tinham sido enfiados ali a base de
marteladas.
Os cinco saltaram do carro, e foram na direção do estranho velinho. Harry achou que se ele ficasse mais corcunda,
quebraria. As mãos dele pareciam tanto com galhos de árvore morta, que quando ele as levantou Harry pensou que
ele fosse parente de Tronquilho.
Os olhos do velho se viraram, revelando pupilas envoltas em íris castanhas. Imediatamente a coisa mudou. Ele ficou
reto, como se mágicamente voltasse a ter o físico de um garoto de vinte anos.
- Então é você! Ah moleque! Com esse carro ainda? O Ministério deveria mandar cortar as tuas bolas!
- TIO! – berrou ele – Olha o palavreado Tio! Se você começar a xingar feito um marinheiro bêbado nosso país vai ficar
mau falado no exterior!
- Ele já é mau falado no exterior, cac....! – berrou o Tio André – Não precisa da p.... Da minha ajuda pra f... Mais
ainda a m.... Da nossa reputação!
Não que nenhum deles nunca soltasse um palavrão de vez em quando, mas se o feitiço de Hermione estava
funcionando bem, Harry nunca tinha visto um velho mais boca suja do que aquele sujeito.
- E qual é a desse disfarce? – disse o Mochileiro – Tio, parece mais um mendigo cara!
Imediatamente, o velho boca suja sacou a varinha, e com um floreio meio truculento, ele produziu o que parecia ser
uma fumaça negra. A fumaça o envolveu, e quando finalmente desapareceu, a sua aparência tinha mudado;
Ele ainda era velho, e ainda tinha aquela estranha careca no alto da cabeça. Ainda tinha uma barba por fazer. Só que
agora, os dentes pareciam estar mais ou menos certos na boca, e se ainda havia espaços entre eles, estavam
preenchidos com próteses de ouro. O físico de velho também não parecia mais tão frágil. Parecia agora mais forte,
mais gordo, e mais bronco do que nunca. Seus olhos castanhos tinham um jeito agressivo.
- Quero que conheçam Nilton Santana! – disse o Mochileiro fazendo as apresentações – O guardião do portão de uma
de nossas mais importantes Cidades Bruxas.
- Com quem estão falando, moleque, deixa eu ver!
Harry achou que o Sr. Santana podia até não ser cego, mas também não tinha uma visão das melhores. Ficou se
perguntando por que o haviam escolhido para ser guardião do portão... Embora Harry não conseguisse ver nenhum
portão, e nenhuma cidade tampouco.
- Ora! Olha só! – disse ele arregalando os olhos para Harry e Rony, e depois mais ainda para Hermione e Gina – SEU
MOLEQUE IDIOTA! Por que não me disse que havia garotinhas aqui! Eu teria me controlado se soubesse que tinha
garotinhas!
- Muito bem! – disse ele – Tio André, este é Harry Potter! O bruxo mais considerado da Inglaterra!
- Potter? – disse o Sr. Santana
Ele esticou a mão no ar, e um bastão veio voando até sua mão. Ele encaixou a varinha no topo do bastão, e veio
manquejando até onde Harry estava. O velho era mesmo míope.
- O homem que derrotou Voldemort! – disse ele olhando Harry bem de perto, e se detendo na cicatrix – Sabe! Pensei
que fosse mais alto!
- Espera! – disse Hermione de repente – Como é que você conhece esse nome? Achei que chegassem poucas noticias
da Inglaterra até aqui!
- Eu não preciso de jornalecos para receber noticias! – disse o Sr. Santana – Eu SEI das coisas, e pronto! Sei de tudo
o que acontece, aqui e em qualquer lugar! Eu enxergo tudo!
- Sr. Santana! – disse Hermione meio incerta – Estou aqui desse lado, olha!
Ele se virou da palmeira para Hermione parecendo surpreso de a árvore não ser a garota. Então olhou para ela.
- Sei que estão! – disse o velho – Bruxos das trevas têm rondado por essas bandas! Xeretando por todo o lado,
metendo o bedelho onde não devem! Tentando desenterrar segredos... Que essas terras escondem a muito mais
tempo do que eles têm noção!
Harry olhou ao redor. Continuava sem saber onde estava a tal Cidade Bruxa. Atrás da cabana do velho havia uma
praia em frente a um planalto. E sobre o planalto uma verdejante e densa floresta tropical.
Harry não estava gostando muito do rumo que as coisas estavam tomando. Estava começando a se sentir uma
espécie de bagagem muito valiosa, e especialmente inconveniente. Indo de um lado para o outro, tento que ser
mantido em segurança. O problema, é que num país estranho, tendo Hermione, Rony e especialmente Gina com ele,
não podia se der ao luxo de tentar alguma loucura, como ir sozinho para o Rio de Janeiro. Pelo menos não naquele
momento.
Enquanto o carro do Mochileiro arrancava na estrada, e corria de volta para a Inter Estadual, eles seguiram o velho
André Santana pra dentro da barraca. Por dentro ela era igual por fora. Só uma barraca caindo aos pedaços
- Certo! – disse ele – Muito bem! Tem uma velha estalagem lá na beira da praia em que talvez possam ficar! Boa
Sorte pra vocês!
Para Rony e Gina, que haviam nascido bruxos, aquilo fora impressionante. Mas para Harry e Hermione, a sensação foi
vertiginosa.
Num minuto, estavam dentro da barraca velha, no outro, haviam saído para uma enorme e colonial cidade antiga. Os
prédios deviam ter uns treze andares. O chão era de pedra, e havia lampiões em cada esquina. Harry se lembrou de
alguns filmes de pirata que ele havia assistido no tempo em que vivera com os Dursley, os bruxos lá dentro pareciam
se vestir exatamente daquele mesmo jeito.
Havia toda casta de criatura vivendo naquele povoado. Harry viu grupos de duendes, saindo e entrando de prédios
comerciais e lojas, sempre carregando ouro de um canto a outro. Viu grupos de Elfos Domésticos, que pareciam
cuidar de algumas crianças bruxas que andavam pelas ruas. E por mais incrível que aquilo pudesse parecer, havia
centauros. Nem de longe pareciam os arrogantes e arredios centauros que vira na floresta de Hogwarts, estes
pareciam bem mais mansos e amigáveis, conversando alegremente que alguns bruxos e bruxas.
Mas o mais impressionante sem dúvida era o céu. Naquele país o céu quase sempre era azul e branco, porém naquela
cidade, ele se coloria de vermelho, roxo, azul, amarelo, verde, e mais um monte de cores. Isso se devia aos pássaros.
Milhares deles. Voando e esvoaçando, entregando mensagens por todo lado. Harry não viu nem mesmo uma única
coruja, mas aqueles pássaros tropicais davam um ar extremamente festivo à cidade.
- Será que tem um Gringotes por aqui? – disse Rony olhando para os duendes
- Você é cego, Rony? – disse Gina apontando
O prédio mais alto ao sul, era branco mármore, e havia uma concentração maior de duendes na rua que dava acesso
aquele prédio.
Harry se virou para o Sr. Santana. De repente, não haviam passado por uma cabana, mas por um enorme e negro
portão, e o Sr. Santana se postava à frente dele.
- Nesse país, nós temos uma música que canta assim! – disse o Sr. Santana – “Eu só peço a Deus, um pouco de
malandragem...”
Harry ficou sem entender direito o que ele queria dizer, ah não ser que estivesse explicando pra eles por que não
seguira a carreira de cantor.
Os quatro deixaram o Sr. Santana tomando conta do seu portão, e seguiram para o Gringotes, a filial Brasileira.
Depois de dez minutos dentro de Gringotes, eles entenderam finalmente o que Sr. Santana havia querido dizer. Todos
os Duendes os olhavam com uma desconfiança explosiva, como se a qualquer momento eles fossem tentar atacá-los.
Se fosse na Inglaterra, bastaria a Harry entregar a chave do seu cofre, e haveria uma retirada. Só que...
E lá se foram mais dez minutos. Primeiro enfrentando a fila, pra finalmente chegarem. Harry deu seu nome, sua
cidade e país de origem, e mostrou sua varinha.
Mas o Duende não quis discutir. Mais quinze minutos de espera até que eles finalmente conseguissem um pergaminho
que acompanhava a chave e dizia:
Chave fabricada por Duendes, filial Inglesa de Gringotes. Localização atual do cofre, Beco Diagonal, Londres,
Inglaterra.
- Muito bem! – disse o Duende – Certo Sr. Potter, em um prazo de três dias a duas semanas, seu ouro estará liberado
para saque!
- QUE? – berrou Harry – Mas isso é ridículo!
- É necessário Sr. Potter! – disse o Duende – São medidas necessárias para se evitar criminosos!
Harry saiu de lá, mais contrariado impossível. Acabara de ficar sem sua chave de cofre, pois havia sido enviada para
Inglaterra para análise. Sentia que aquilo tudo estava indo de mal a pior.
- Não poderemos sair daqui até sua chave ser devolvida! – disse Hermione
- Sabe o que mais me deixa irritado! – disse Rony – Quando dissemos que estávamos querendo desistir do saque,
eles nos olharam mais feio ainda! E NÃO DEVOLVERAM a chave!
- Eles nos trataram como se fossemos ladrões! – disse Gina, revoltada
Harry fez que sim com a cabeça. O tratamento no banco fora tão revoltante, que era de se esperar que ele estivesse
no mínimo frustrado. Curiosamente, não era assim que ele se sentia. Mal havia saído do banco, o mundo subitamente
havia lhe parecido estranhamente interessante, como se tivesse ganhado colorido.
Mas Harry não conseguia entender por que a amiga estava tão nervosa. Tudo parecia realmente muito bem, não
havia nada de errado. E daí que iria demorar uma semana para o banco liberar o dinheiro? Eles podiam esperar, a
vida era longa, bonita e feliz.
Então inacreditavelmente ela teve um acesso de risadas. Harry sorriu pra ela surpreso.
- Desculpem! – disse ela – É que eu lembrei dessa piada agora, e ela realmente é muito boa!
- Nunca ouvi essa! – disse Gina – Conta logo!
Harry já estava cruzando os braços pra começar a ouvir, quando um enorme gritaria começou a subir do fim da rua.
Harry não teve muita vontade de ver o que estava acontecendo. Estava mais interessado na piada. Então, nessa hora,
algo com o peso de uma coruja pousou em seu ombro. Ele só conseguiu registrar um par de grandes olhos cor de
mel, e um sorriso matreiro e inumano, então a coisa pulou de seu ombro, e saiu saltitando pela rua como uma
espécie de canguru.
Nessa hora, Harry se virou. Curiosamente a cena pareceu muito viva, e se mover em câmara lenta nessa hora. Ele viu
cinco homens vestidos em roupas de bruxos distintos correndo com o que pareciam ser discos de madeira na mão.
Bem nessa hora, atravessando a rua de um lado a outro, um sorveteiro com uma cara extremamente bem humorada
atravessava a rua. A cena seguinte foi acompanhada do mais retumbante acesso de gargalhadas que Harry já tivera
na vida.
Os cinco bruxos trombaram em batida direta com o carrinho de sorvete, que capotou por cima deles, jogando
baunilha, chocolate, flocos, e tantos outros sabores ao ar, ao mesmo tempo em que a fileira de homens com vestes
distintas rolavam um por cima do outro como se fossem pinos de boliche que tivessem resolvido partir pra cima da
bola.
O que mais fez todo mundo rir, no entanto, foi sem dúvida a cara do sorveteiro, que olhava pra tudo ainda com
aquele sorriso apalermado na cara, parecendo pensar como diabos havia chegado ali.
Enquanto Harry se dobrava em dois de tanto rir, acompanhado não só por Rony, Hermione e Gina, mas também pela
rua inteira, os homens tentavam se levantar. As caras deles próprios pareciam se esforçar para se manterem sérios.
- Isso não tem graça nenhuma! – disse um deles beliscando o próprio braço pra evitar de rir – NENHUMA! Vamos! O
maldito demônio ainda está lá!
Harry enfim resolveu se virar para o outro lado da rua, e finalmente viu o que aqueles homens estavam perseguindo.
Ao contrário do que parecera a principio, ele não fugira, continuava lá, parado em pé no topo de um lampião, com
seus olhos cor de mel em eterno desafio para os cinco homens, como se ESPERASSE ser perseguido.
Ao olhar para aquela criatura, a mente de Harry imediatamente viajou para os diabretes que seu professor do
segundo ano havia soltado em plena sala de aula, mas aquele tinha o tamanho de um Elfo Doméstico. Uma estranha
cara de macaco sorridente, com dentes salientes. Grandes orelhas bem pontudas nas laterais da cabeça, e uma calda
cumprida terminando em seta. Para completar a descrição, um gorro bem vermelho e brilhante coroava-o como a um
rei.
Harry achou que o bicho seria tão feio quanto um Duende, se não fossem aqueles brilhantes pelos negros que o
cobriam, crescendo em tufos pela sua cara lhe dando um aspecto leonino.
- Tenho um anuncio a todos aqui! – disse um dos cinco homens distintos, pegando um pergaminho de caráter oficial.
Harry precisou fazer uma força homérica pra evitar cair na gargalhada outra vez, por que o homem podia até estar
tentando parecer respeitável, mas ficava difícil levá-lo a sério coberto de sorvete de morango – Nós! Membros do
Departamento de Controle e Extermínio dos Animais Nativos do Ministério da Magia Brasileiro, pedimos a colaboração
do povo e dos passantes em geral para apreender esse perigoso espécime de Monópode Negro Sul Americano, vulgo
Saçurá, com o objetivo de expurgarmos tal criatura causadora de caos deste sítio!
A resposta das pessoas em geral foi surpreendente. Uma vaia concentrada e explosiva, ao mesmo tempo
acompanhado de palmas para a pequena criatura, que retribuiu com uma reverencia lá do alto, como se estivesse
num palco iluminado.
- Doravante! – disse o homem – Qualquer tentativa de dificultar ou impossibilitar a ação desta missão oficial resultara
em multa ou prisão do envolvido! – ele disse isso lançando um olhar para o sorveteiro, que ainda parecia achar tudo
muito inusitado.
Todos ao redor se calaram, e deram um passo atrás. Ninguém mais estava rindo, mas tampouco pareciam
apreensivos. No máximo esboçaram uma reação de sair do caminho, porém mais pareciam que aguardavam o início
de algum espetáculo especialmente interessante.
- Bom! – disse o homem enrolando o pergaminho – Sem mais delongas, daremos inicio a operação! Tenham em mãos
seus discos para a imobilização do animal, e varinhas em punho senhores!
Harry deu vários passos para trás, junto com os outros membros de sua comitiva. O tal Monópode ainda estava em
cima do lampião, sorridente. Os homens do Ministério fizeram um semicírculo em volta do Lampião com seus tais
discos à mão, e varinhas em punho.
O pequeno ser no topo do lampião estendeu a mão para os homens do Ministério, fez sinal como se os chamasse.
“Podem vir”.
Imediatamente varias coisas tiveram inicio ao mesmo tempo. Azarações de impedimento foram lançadas ao mesmo
tempo, e um disco foi atirado. Imediatamente a criatura saltou, desviando de todos os feitiços quase que por milagre,
bem a tempo de agarrar o disco que havia sido lançado com a cauda, e jogar de volta contra os bruxos, acertando um
deles bem no nariz.
Harry olhou admirado para o bicho. Acabara de notar que ele só tinha uma única perna, saindo direto do tronco
peludo.
Mais discos foram jogados, e mais uma vez, ele desviou de cada um deles, sem a menor necessidade de sair do seu
posto sobre o lampião. O publico urrou, e riu. Os homens do Ministério pareceram perder a paciência. Com uma
Azaração de Redução, eles explodiram o lampião. O Trique-Trique saltou para o chão, e rodopiou pela rua, como se
dançasse um balé, visivelmente insultando seus adversários.
Mais maldições, e mais discos cortando o ar. Um dos discos fora enfeitiçado para seguir o bicho pela rua, e agora ele
disparava, saltitando, tentando se livrar.
Como que só pra discordar do homem, ele começou a pular de costas, com os olhos sorridentes no disco. A multidão
ria de chorar.
Harry se desviou daquele estranho duelo de cinco contra um, para olhar os amigos. Gina ria de ter lágrimas nos olhos,
e Rony chegava a acompanhar a multidão gritando “olé” a cada vez que o animal fazia os homens do Ministério comer
poeira. Curiosamente Hermione não estava rindo, nem sorrindo. Olhava para a cena como se estivesse em uma aula
em Hogwarts, bebendo cada virada nos acontecimentos como se fosse ter uma prova sobre aquilo mais tarde.
PAF.
Harry se virou mais uma vez para o espetáculo. O Trique-Trique tinha feito o Disco Errante acertar o estômago de um
dos homens do Ministério, deixando-o desacordado no chão. Três deles agora faziam um circulo ao redor dele,
castigando-o com feitiços estuporantes.
E como em resposta a isso, um som estranho de turbina de avião se fez presente, e do nada, um pequeno
redemoinho apareceu no meio da rua, jogando aqueles três homens para trás com força, e fazendo-os perder as
varinhas.
Harry teve a impressão de que aquele era o lance final, e estava certo. No instante seguinte voou rápido pelo chão,
recolhendo as varinhas de todos os homens ali presentes. E novamente, ele estava de pé sobre outro lampião, com
um sorriso maior ainda em sua boca de macaco.
- Vai pagar por isso, criatura das trevas! – disse o homem do Ministério
O Monópode fez uma reverência a eles e piscou com um de seus olhos cor de mel. “Estarei esperando” era como se
dissesse. Os cinco homens se retiraram sujos de sorvete e lama, tentando resgatar o que havia sobrado de sua
dignidade. O povo batia palmas e ria.
O Trique- Trique pareceu ter um ar bastante satisfeito. Com a calda, jogou as varinhas no chão, e em seguida para a
surpresa de Harry, mudou de forma. No lugar da cara de macaco apareceu um bico, e no lugar das mãos peludas
apareceram asas. Em um minuto, ele havia se transformado em uma bela gralha, que voou dali sendo ainda saudado
pela multidão.
- É sempre divertido ver o Ministério brigando com um Trique- Trique – disse um sujeito ao lado de Harry – Quase
sempre é diversão garantida!
Harry se virou para o homem, mas foi Hermione quem chegou primeiro a ele.
- Por que os homens do Ministério queriam matar aquela criatura? – disse ela
- O Trique-Trique? Hora, não é obvio? É isso que eles fazem! O que não podem controlar, eles exterminam!
- Estavam tentando matar aquele bichinho? – disse Gina – Mas não parecia fazer mal a ninguém!
- É! Só que não se trata só do que é perigoso, não é? – disse o homem, ele estava sujo de baunilha, e vestia uma
roupa branca e meio alegre. Só nessa hora Harry percebeu que se tratava do sorveteiro avoado
- Deixa eu ver se entendi! – disse Harry – Eles não acharam solução pra mantê-los sob controle! E como não
acharam, estão querendo EXTERMINÁ-LOS!
- Exato! – disse o homem, casualmente – É mais ou menos por aí!
- ÍSSO É RIDÍCULO! – berrou Hermione – Os dragões são os bichos mais difíceis de esconder do mundo, e ninguém
precisa levá-los a extinção por isso!
- É! Só que aqui não temos Dragões, temos? – disse o homem sorrindo – Não! Nós temos o Trique- Trique! Muito
mais inteligente e esperto! Pode não entender a fala humana, mas acho que já entendeu a mensagem dele com esse
espetáculo: “Eu jamais abaixo a cabeça para bruxo nenhum”.
De repente a mente de Harry foi levada a tantos anos atrás, para quando ele invadira o Ministério da Magia no seu
quinto ano. Lembrou da fonte dos Irmãos Mágicos, onde se podia ver uma bruxa e um bruxo, sendo observados com
adoração por um Duende, um Centauro e um Elfo Doméstico. Ficou imaginado o que diriam as pessoas que fizeram
aquela estátua, se soubessem que existia no mundo um ser que humilhava publicamente os bruxos como aquele tal
Trique-Trique havia acabado de fazer.
- É uma pena que estejam tentando Exterminá-los! – disse o sorveteiro sonhador. Algo nele lembrava Luna Lovegood
– Com eles por perto agente nunca precisa ter medo de Mortalhas e Bichos Papões!
- Oh! Sabe! – disse o sorveteiro – Eles se alimentam de frutas tropicais frescas, os Trique-Trique! Mas gostam de
caçar Mortalhas e Bichos Papões também! Sabe como é... O Trique-Trique tem esse poder esquisito de fazer tudo
parecer engraçado, então esses bichos das trevas costumam virar almoço pra eles.
Então Harry se lembrou de como havia se sentido curiosamente feliz e piadista minutos antes. Apenas poucos
segundos depois daquela explosão de bom humor aparecer nele, aquele Monópode surgira.
O sorveteiro sacara a varinha, e já começara a reparar seu carrinho para voltara ao trabalho. Harry mais uma vez o
seguiu.
Harry suspirou. Seu olhar encontrou o de Gina, que parecia entender exatamente como ele se sentia. As vezes a
reação de Mione a certas coisas era de impressionar.
- Escuta Hermione – disse Harry – Não é por que um dia, você encontra algo sobre o qual nunca leu que a coisa toda
é uma conspiração! Não é o fim do mundo! Bem... Não de novo!
Hermione lançou à ele um olhar aborrecido e saiu andando pela rua. Rony olhou para Harry e Gina, e por fim disse.
- Tá bom! – disse Gina – Eu e Harry vamos procurar um hotel pra gente ficar!
- Um que cobre menos de dez galeões para a estadia de cinco pessoas por uma semana! – lamentou Harry – De
qualquer jeito nos encontramos aqui em umas duas horas!
- OK!
Harry e Gina ficaram observando enquanto Rony seguia Hermione rua afora.
- Tem hora que eu não sei se esses dois vão se entender! – comentou Gina
- Eles? – disse Harry – E quanto a nós dois?
Gina olhou para ele por um minuto, como se o analisa-se. Harry também a encarava. Os dois se aproximaram
lentamente um do outro, e o coração de Harry começou a palpitar. Ele finalmente havia conseguido. Gina o havia
perdoado, e agora ele iria...
- O que você quer? – disse Harry, que agora o estava achando extremamente inconveniente
- Queria falar mais uma coisa sobre o Trique-Trique! – disse ele sorrindo bobamente – Lembrei de mais uma coisa!
Harry ficou calado uns dois minutos, depois olhou para Gina, que pelo jeito partilhava com ele a incredulidade do
momento. Será que aquele homem realmente acreditava no estava dizendo?
Harry estava ficando aborrecido. Por que aquele cara não ia embora? E do que diabos ele estava falando?
- Era gente boa mermo! - disse ele - Pois é! Ele tinha até um Hipogrifo sabe! Um bicho bonito, todo cinzento!
Harry parou de chofre, e olhou para o homem. O que aquele sujeito estava resmungando agora?
- Pois é, pois é! - disse o homem - O Trique-Trique devorou os dois Dementadores, antes de eles pegarem o Gringo!
Mas foi só eu que vi! Ninguém acredita! História boa, sabe! Onde estão indo?
Harry e Gina deixaram o Sorveteiro falando sozinho, e foram andando pela rua. Não podia ser verdade, seria
coincidência demais se fosse. Mas fazia sentido. Os pássaros que ele via voando pelo céu, não era atoa que eles lhe
pareciam familiares. Eles o haviam entregue muitas cartas durante suas férias no Quarto Ano.
Alvo Potter não estava nem de longe tão nervoso com seu regresso a Hogwarts quanto estivera da primeira vez, mas a
excitação era maior que nunca, e o coração batia com a perspectiva de grandes e incríveis acontecimentos.
Com a ajuda do caderno que o homem misterioso havia lhe dado, agora eles sabiam exatamente o dia em que Servo
Slim iria atrás dos ovos da Fênix. E nesse dia, ele, Rosa e Escorpio teriam de fazer de tudo para detê-lo. Alvo considerou
várias vezes falar para seu pai o que havia acontecido, e em todas as vezes que se imaginava contando para o pai, ele
tinha um acesso nervoso de risos que faziam quem estivesse por perto olhar para ele como se tivesse ficado doido; A
cena que visualizava era sempre em frente à uma lareira acesa, com o pai lendo Pergaminho Diário enquanto tomava
chocolate quente
– Oi pai!
- Fala filho
- Um sujeito de chapéu com um lobo de estimação me disse que um colega meu da Sonserina da mesma série que eu
iria usar os poderes de uma fênix que ele achou na Floresta Proibida pra roubar os aposentos da Diretora em Hogwarts,
e usar esse artefato pra provocar um holocausto!
E era mais ou menos nessa hora que ele soltava risos nervosos imaginando a cara de confusão do pai, com aqueles
cabelos negros bagunçados parecendo ainda mais bagunçados como se o cérebro tivesse entrado em curto com tanta
informação. Era capaz até de levarem-no para o S.T Mungus para ver se não tinha sido atingido por algum feitiço que
deu errado ou coisa semelhante.
Não. O mais seguro era manter a coisa toda no “underground”, junto com Escorpio e Rosa somente. Afinal, não podia ser
assim tão difícil certo? Era só um colega de sua série.
- Nervosos com o retorno? – disse seu pai enquanto dirigia o carro com sua mãe ao lado – Estão meio quietos,
normalmente vocês não param de falar!
- Só estávamos pensando que horas que iam contar pra gente! – disse Lilian
- Contar o que? – disse Gina olhando para a filha
- Que teríamos um garoto latino metade bicho estranho usando nossas coisas enquanto estamos em Hogwarts! – disse
Tiago sorrindo – Que tal isso? Será que ele tem chifres e presas e olhos cor de rosa? Cuidado Lilian, ele pode querer
devorar você!
A pequenina se encolheu. Esse era outro motivo pelo qual todos estavam nervosos. O garoto misterioso vindo de longe.
Eles haviam finalmente descoberto o que havia sido discutido no telefone naquela noite Natal. Um garoto estava sendo
enviado de longe nos trópicos para Londres, e os Potter seriam os responsáveis por ajudá-lo.
Harry olhando com censura para o filho mais velho
Alvo pegou a primeira coisa que viu e tacou no irmão. Lilian começou a reclamar, e Gina pôs um fim na briga com meia
dúzia de palavras exaltadas.
- Ele não come mesmo dedos de menininhas, né? – disse Lilian de repente
- Quem disse uma coisa tão... TIAGO!
Alvo riu. Sabia que Tiago não tinha nenhum problema com pessoas mestiças, mas adorava brincar com elas. Havia
posto o apelido em Flitwick de “Polegar” que havia grudado feito cola. Apesar disso, “Feitiços” era sua matéria favorita.
Nem mesmo Hagrid se safara dos apelidos de Tiago, pelo que se dizia, mas o garoto simplesmente não conseguira
decidir qual usar. Hora chamava-o de “Titã”, hora chamava-o “Quarto de Milha”, ou até mesmo “Paul Bunnian”. Mas
nenhuma havia deixado o grande Guarda Caças triste ou ofendido. Tiago tinha “patas de gato” como diria sua mãe; sabia
esconder as garras para não arranhar o cetim sob o qual andava.
Os pensamentos de Alvo voltaram a se fixar na estação King Cross. Encontraria sua prima e seu amigo Malfoy lá a sua
espera, tinha certeza, e talvez, até mesmo o garoto misterioso.
O carro parecia se mover com o passo de uma tartaruga moribunda enquanto atravessavam o centro de Londres a
procura de um local pra estacionar. Janeiro não chegara trazendo o calor que se esperava, mas mesmo assim as
pessoas pareciam insistir em sair de casa e inundar as ruas. Quando finalmente acharam um espaço pro carro, Alvo
soltou um “finalmente” cheio de alívio.
Alvo foi o primeiro a saltar do carro, e quando seu pai puxou seu malão pra fora e o colocou dentro do carrinho, ele não
perdeu tempo em sair em disparada pra dentro da estação.
- Hei Alvo!
- Não esqueceu nada? – disse o Sr. Potter segurando uma certa gaiola com uma coruja bastante ofendida dentro dela.
Alvo nem ligou para os protestos do pássaro. Colocou-o em cima do malão e disparou pela estação, chegando até
mesmo a se segurar no carrinho e se deixar ser levado pela inércia. Quando por fim, chegou as Plataformas 9 e 10, virou
o carrinho em direção à parede quase que com um cavalo de pau, já imaginando a Plataforma 9½ apinhada de gente,
com todos os seus amigos e a Maria Fumaça de Hogwarts apitando.
Sorrindo, ele se atirou contra a parede e... Foi barrado pelo pai.
Alvo tinha quase esquecido. Sim! Haviam vindo mais cedo receber o garoto estrangeiro.
- A Plataforma ainda está fechada. Mas não se preocupe Alvo! Comeremos alguma coisa enquanto esperamos! Agora,
que tal voltar e nos ajudar com o resto da bagagem?
Alvo se sentou o primeiro banco que viu, e cruzou os braços. Tinha sido um grande anticlímax. Ficou emburrado.
- Ok! – disse Harry – Só se lembre de não ir muito longe! Eu e sua mãe iremos ajudar seus irmãos, e depois ir saber do
garoto! Espero que ele não se perca!
No momento, os únicos “garotos” que Alvo queria encontrar eram Rosa e Escorpio. Não via os dois dês de a festa de
Natal, e queria muito saber se um dos dois tinha alguma idéia do que dizia respeito a Servo Slim. Afinal de contas, como
é que se capturava uma fênix? Ele não sabia, e Rosa também não, embora ela prometeu que iria revirar todos os livros
sobre Animais Fantásticos para conseguir descobrir.
Sozinho, Alvo pensou e pensou até ficar cismado com a idéia. Mas não houve resposta pra ele naquela hora. Ficou até
surpreso quando ouviu alguém se jogando ao seu lado. Uma garota vestida com uma capa azul escura, com um casaco
por baixo onde o capuz de frio estava puxado por sobre cabeça e um cachecol em volta do pescoço. Usava parcas nas
mãos como se ainda fosse inverno cerrado, e não a última geada que antecede a primavera.
Só então ele prestou a atenção nela. A única coisa que denunciava que ela era garota era que o cachecol era rosa com
flores amarelas estampadas. Isto, e claro os olhos, ligeiramente puxados e graciosos escondidos debaixo de todos
aqueles casacos. Usava botas amarelas também, grandes galochas que pareciam um pouco grandes pros pés dela.
- Quem é você...
- Eu estou meio perdida! – disse ela – Achei que devia saltar nessa estação, mas me enganei! Devia ter saltado
beeeeem antes! Em Londres! E acho que vim parar no Pólo Norte!
- É por que o Big Ben não dá pra ser visto daqui! – disse Alvo – O Parlamento fica bem mais pra lá!
Ela olhou pra ele desconfiada, como se pensasse se ele estava tentando enrolá-la.
Então ela riu. E disse alguma coisa tão estranha que por um momento Alvo pensou que ela estava lançando um feitiço
nele.
Por um momento ele ficou se perguntando do que ela estava falando, só então percebendo que estava se atropelando
nas palavras como um retardado.
- Não... Isso é... A língua da minha terra! – disse ele, mentalmente se xingando mil vezes de imbecil.
- Com licença!
Alvo se virou, e lá estava seu pai. Aleluia, ele nunca havia ficado tão feliz em vê-lo como agora.
- Foi mal! – disse ele para a garota – Meu pai ta ali, ele ta me chamando! Eu to indo!
E saiu correndo, mais uma vez se fuzilando mentalmente com milhares de represálias. Correu até seu pai o mais rápido
que aquele maldito carrinho pesado o permitia. Mas no instante em que Alvo alcançou o Sr. Potter, este passou por ele
quase como se nem o tivesse visto ali. E para o desespero de Alvo, ele estava indo direto para a garota esquisita.
Alvo paralisou no ato. Ficou só observando enquanto seu pai se aproximava, se ajoelhando perto da menina para ficar
em sua linha de visão. Os dois ficaram conversando por vários minutos em uma língua que Alvo nunca havia ouvido.
Sua mãe apareceu tão de repente atrás dele, que ele deu um pulo.
- Quem é a menina com quem seu pai está conversando? – disse Gina
- Não sei! – admitiu Alvo – É só uma garota que eu encontrei por acaso, não sei por que o papai está lá conversando
com ela! E naquela língua estranha!
- Aquilo é português! – disse sua mãe – português brasileiro!
Alvo olhou para sua mãe, depois para seu pai, e por último para a menina. Agora as coisas estavam ficando mais claras.
Nesse momento, chegou Tiago, de mãos dadas com Lilian, os dois comendo um doce de alguma loja próxima da
estação.
- Aquele é o menino? – disse Tiago – Faz sentido que digam que ele é esquisito! Tem um gosto pra lá de bizarro pra
roupas!
- Não seja tonto! – disse Alvo – É uma menina!
Tiago olhou do irmão para a criança, que agora sorria acenava para Alvo, Tiago e Lilian, encorajada pelo Sr. Potter.
- E como descobriu isso? – disse Tiago com um sorriso maroto – Já tão novo bancando o garanhão, Alvo?
- NÃO É NADA DISSO, SEU IDIOTA!!! – berrou ele, nisso que Tiago ria a toa
Finalmente o Sr. Potter se levantou, e se aproximou do resto da família junto com a garota misteriosa.
- Bem! – disse ele calmamente – Acho que já podemos entrar na Plataforma agora!
Por fim, os seis se dirigiram para as paredes entre as Plataformas 9 e 10. Alvo não entendeu nada. Seu pai havia lhe dito
que tinham chegado pelo menos duas horas antes que a Plataforma 9½ se abrisse. Mesmo assim, o semblante sério do
pai indicava que deveria ser obedecido sem questionamentos, pois havia algo muito importante que precisava ser
resolvido.
Alvo viu seu pai falando algo no ouvido de sua mãe, e os dois se adiantaram junto com a garota estrangeira, que também
seguia calada aparentemente meio desconfortável. Por fim, quando chegaram a “parede portal” Gina entrou junto com a
menina, e atravessou primeiro. Por fim, ele mandou que ele e Lilian atravessassem em seguida, sendo ele e Tiago por
fim os últimos.
Quando atravessou a passagem, a última coisa que Alvo esperava era o que estava vendo ali. Era bizarro demais pra
cabeça dele conceber uma Plataforma 9½ vazia, mas era como ela estava. Não havia ninguém ali dentro, nem mesmo a
Maria Fumaça do Expresso de Hogwarts.
Então, ele chamou por fim a menina, que agora parecia decididamente desconfortável com a situação.
- Muito bem pessoal! Essa é Ângela Nascimento! Ela veio do Brasil, e vai morar lá em casa para ter aulas com sua tia
Hermione, como vocês já sabem!
- ELA? – disse Tiago olhando a menina – Mas... Ela é normal! Quer dizer, você é normal, não é?
Pela primeira vez, as “patas de gato” de Tiago pareceram ter garras grandes demais. A menina se encolheu como se
tivesse levado uma bofetada. O Sr. Potter lançou a Tiago uma olhar de extrema censura.
- Foi mal, foi mal! – disse Tiago – Fui afobado, me desculpem! Eu só queria saber o que ela é! Não tenho nada contra, só
estou curioso, é sério!
- Não se preocupe Ângela! – disse o Sr. Potter a menina – Está tudo certo! Está entre amigos, dou minha palavra!
Ela olhou para ele, e assentiu. Por fim, tirou o casaco pesado que estava usando, assim como seu cachecol.
Curiosamente, a capa azul escura aveludada que ela parecia estar usando por cima de tudo permaneceu sobre seus
ombros, cobrindo o pulôver de lã verde que usava por baixo. Quando o capuz saiu de sua cabeça, Alvo notou duas
coisas; a primeira, ela tinha uma cachoeira de cabelos castanhos ondulados, a segunda, a forma de suas orelhas era
ligeiramente diferente.
Alvo estava prestes a dizer que ela não tinha nada de diferente, quando sem que ele esperasse, quase timidamente,
aquela capa de veludo azul escuro começou a se abrir. E a se abrir. Sem que pudesse se controlar, o garoto arregalou
os olhos.
Asas aveludadas com um azul marinho da exata cor de um céu noturno enluarado. Elas se abriam tremidamente, de frio
ou de timidez não se podia ter certeza. Elas nem haviam chegado a se abrir completamente, e já haviam se fechado
novamente, se camuflando perfeitamente como uma capa.
- Eu... Eu não sei voar não! Sabe! Nem sei se posso de verdade!
- Ângela – disse o Sr. Potter – Tem o sangue de uma raça que diziam que estava extinta! Na América do Sul, são
conhecidos como Cupendipes
- Eu pedi para ela mostrar a vocês, para que vocês soubessem quem era a nossa convidada! – disse o pai de Alvo – Mas
também gostaria de pedir uma coisa a vocês!
- Não contem à ninguém sobre isso entenderam! Ninguém fora de casa! – e pela primeira vez se virou para Alvo – Nem
mesmo para os amigos entendem? Algumas famílias são especialmente boas em várias formas de preconceito!
- Pai! A garota tem asas! ASAS! – disse Tiago – Como espera esconder isso das pessoas quando ela for para Hogwarts?
- Eu não espero esconder de ninguém! – disse o Sr. Potter – Mas nós daremos a Ângela à escolha de só compartilhar
isso com quem ela quiser a partir de agora!
Coube a Lilian, a menor de toda a família, a se aproximar e pegar na mão da menina estrangeira, sorrindo.
- Você é como um anjo de natal!
A garota sorriu. E Gina, juntamente com Lilian, acompanhou a garota para fora da Plataforma, cabendo àquele o
momento de despedida de Alvo e Tiago para com a mãe.
- Anjo de natal? – disse Tiago – É a primeira vez que conheço um anjo com cara de índio!
- Andy! – disse Alvo
- Que?
O Sr. Potter sorriu, e desarrumou os cabelos já desarrumados de Tiago. Alvo sorriu. Mas uma coisa o preocupou um
pouco; mais uma vez, Rosa e ele dividiriam um segredo que não poderia ser compartilhado com Escorpio. Seria aquele o
inicio de algum futuro problema?