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Mr catt
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De todas as artes manifestas pela
natureza na terra, ela era a mais bela.
Não precisava conhecer todas as
meninas do mundo para saber sem
sombra de dúvida que ela era a mais
radiante. Pouco sorria, mas se o fizesse,
seu sorriso seria o mais belo que eu
veria em toda minha insignificante
existência...mas...
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Permanecia quieta em todas as
aulas, nenhum professor parecia notar
sua presença quando era chegada a hora
de fazer perguntas ou atribuir tarefas.
Além disso, tudo à sua volta parecia
acontecer num "timing" perfeito, todo e
qualquer acontecimento à sua volta era
assustadoramente sincrónico, de tal
maneira que parecia que as pessoas
faziam tudo que ela queria do nada.
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de pele castanha e pálida, de cabelos
pretos cacheados, rosto angelical e
lindos olhos verdes, fez com que
dedicasse muitos dos meus dias a ela, a
descobrir mais sobre ela.
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-Não tem como! - Disse Marchel,
meu amigo de infância, na verdade,
meu amigo de agora, estou literalmente
vivendo minha infância. Há uma
década e cinco anos que meu organismo
se encontra funcional.
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que com o encarregado de educação
viesse. Fechou a porta, e meu coração
pulou, ela não estava na sala.
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cruzados como sempre fazia.
-Entrem!
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olhos vidrados em lágrimas, como se as
acumulasse por já algum tempo. O
semblante estampado em seu rosto era
bizarro, sem emoções, sem
sentimentos...nada.
De repente:
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ou perdida em algum pensamento,
sobrolhos franzidos eu via, mas mesmo
assim sua belezza não desaparecia.
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Alguns meses antes, a rica família
Abraham, a qual Aninha pertencia,
perdera grande parte de sua fortuna por
conta de um incêndio que consumiu
todo estabelecimento do pai, que era a
sua maior fonte de renda, passando a
viver de favores e de trabalhos
simplórios. Tornaram-se pobres.
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presença. Tinha perdido mais uma
chance.
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coragem do nada. Mas tudo foi por
água abaixo.
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percebi. Aninha gostava de mim.
Depois daquele espetáculo, nós
começamos a ser vistos como
namorados e ela gostava daquilo, nos
aproximamos. Mas estava bem claro
entre nós dois que nada se passava,
nada...
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-Desistindo do amor por causa de
uma reputação que você nem tem. -
Marchel comia enquanto falava. -
Deixa eu te mostrar como se faz. - Disse
ele olhando para a fila que estava no
balcão, ela estava lá.
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aquelas mãos gordas e cheias de calos.
Até eu senti.
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Meus olhos viraram e bateram com
os dela, meu coração pulou, estávamos
tracando olhares. Na verdade,
estávamos mais nos encarando do que
trocando olhares. E ela pareceu-me
zangada. Seu semblante era como quem
dizia: "Se afastem de mim". Era como
se ela soubesse das minhas intenções.
Mas não disse uma só palavra. Queria
eu acreditar que tudo era coisa da
minha cabeça, mas para piorar, o
próprio Marchel não se lembrava da
bofetada que levara da senhora da
cantina, e por algum motivo fingia que
não via marcas de dedos em sua
bochecha. Finalmente percebi o que
estava acontecendo.
Eu estava paranóico.
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Incansavelmente.
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voltado para escola. "Acontece, posso
ter me perdido no nevoeiro e
voltado"...era no que eu queria
acreditar, mas não tinha como. Isso
porque as pessoas que eu vi indo
embora quando comecei a segui-la,
estavam exatamente onde estavam
quando fui atrás dela, era como se
tempo nenhum tivesse passado, mas eu
estive caminhando por muitos minutos.
Tropecei, e caí.
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-Hey! - Ouvi a voz de Marchel. -
Estás bem?
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Como todas as noites, escrevi tudo.
TUDO.
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única coisa...uma canção...chamada
"Rum'in an teh i lah".
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acontecimentos estranhos, ninguém.
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-Você vai me achar maluco? -
Perguntei ainda olhando para o céu.
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-Hafff! - Suspirei desistindo
realmente de lhe contar a verdade, seria
melhor deixar as coisas como estavam.
-Medo? - Indaguei.
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isso? - Perguntou Marchel.
-Maaaarrs! Banhoooo!
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que anotava algumas coisas que ela
dizia.
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Essa fase da minha vida foi o que
chamo de "de repente". Sem motivo
aparente, o corpo de Marchel foi
encontrado dilacerado no meio da
mata, sem pistas, nada...foi o que
minha mãe dissera.
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palavras, mas a curiosidade de as saber
as forçava a entrar na minha mente. O
que ele diria sobre a música? A lenda?
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exatamente onde as encontrar, ou pelo
menos, era o que eu achava.
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Se eu parasse para pensar, nunca
avançaria. Embora sem correr, e com
medo, adentrei o bosque no caminho
que me fizera dar "loops" teporais da
última vez.
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da casa a silhueta de Marchel segurando
um candeeiro, fazendo sinal para que
eu entrasse.
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era um sonho.
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Era mão de menina.
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Eles sabem!
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sozinho, e em momento algum a porta
tinha sido aberta.
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vividamente.
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atrás. Do nada.
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se não fossem os homens que a
impediram de realizar tal feito. Senti-me
impotente.
...meu pai.
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tratasse, e ao descer para ver o que tinha
acontecido, pude avistar minha mãe
estatelada no chão. Não sabia o que
fazer, e não tinha a quem recorrer.
Corri. E ali me encontrava. Minha vida
tiraria.
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abraço, de qualquer pessoa que fosse.
Corri em sua direcção e o abracei.
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-Saia daqui bruxa! - Era a primeira
vez que ouvia a voz de meu pai em
anos, e estava diferente.
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Como?
Corri...
Ela.
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de mim.
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Um minúsculo pensamento passou
pela minha cabeça naquele momento:
Teria sido meu pai o assassino de
Marchel?
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Sentei-me.
-E..E..Ag...agora? - Gaguejei.
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trazer as memórias de volta. - Ela
começava a aparentar desespero. - Onde
está o teu colar? Porra. A merda do
beijo só ia funcionar se estivesses com o
colar posto. - Disse ela nervosa ao olhar
para o meu peito e ver que eu não mais
usava o colar. - Todas tuas memórias
estão presas nele.
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da minha vida até aquele momento, e
não conseguia me lembrar de nada que
me relacionasse a ela, nem um
momento que as memórias da minha
vida me parecessem perdidas ou
confusas. Lembrava-me de cada marco
da minha vida desde que me entendia
por gente até aquele momento. O que
ela dizia não fazia o menor sentido.
Meu pai a chamara de bruxa, o que era
mais que suficiente para me fazer não
confiar nela, mas ele tentara me matar e
ela me salvara, o que igualava a
equação para os dois lados.
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Ela não estava na gruta, mas pude
vê-la pelo buraco por onde tinhamos
entrado. Saí.
Parei.
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não começar a falar. - Respondi.
Avancei.
-Poder...suficeiente é pouco, e
quem tem muito quer sempre mais! -
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Falei.
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energias diferentes, podendo-se assim
destinguir quem é "amigo" e quem é
"inimigo".
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também por caçadores, como...
-Inocentes! - Lembrei-me de
Marchel. - E eu...? Onde eu entro nisso?
Sou mago? Pratico magia? - Perguntei
levando em conta o facto de que minhas
memórias estavam supostamente
perdidas.
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seguindo um plano que você mesmo
elaborou. Mesmo achando que apagar
suas próprias memórias e escondê-las
num beijo meu para não atrapalhar
tenha sido estupidez.
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ter contemplado a árvore.
Entramos.
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limitarem à um mesmo tom, mas serem
todos de uma variendade de tons de
verde, do mais claro ao mais escuro,
tornava tudo mais belo. Além de
estarem dispostos nos mais variados
tamanhos. Era lindo.
Aproximou-se.
Me beijou.
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vínhamos de longe. O seu primeiro dia
de escola não fora o dia que eu a vira
pela primeira vez. Ela era minha.
-N...!
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os Nevoeiros do
teMpo
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-Os outros? - Perguntei.
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muito antes do surgimento da pedra, e o
que se sabe é apenas o topo do iceberg.
-Sim!
-E se...!
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-Não pense no pior! - Eu a
interrompi. - Vamos conseguir! Só
espero que meu pai tenha mordido a
isca.
-Marchel! - Murmurei ao
passarmos da escola.
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lembrando das minhas infinitas
corridas.
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-Pra quê lutar? - A voz soava cada
vez mais perto. - Se não podem
vencer. - Pude reconhecê-la.
-Pai! - Falei.
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sí e caiu a muitos metros da casa.
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Juntei-me a batalha.
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mais uma viagem.
-Estou! - Respondi.
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Olhei em volta. Havia algo de
errado.
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Ao adentrar a casa, pude ver
caos...mobília e sangue espalhados por
todo lado. Mãe de Marchel jazia no
chão sem um de seus braços, e seu filho
não estava na casa. Segui o rastro de
magia que a coisa deixara, o que me
levou ao meio da floresta.
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-O que queres dizer com isso? -
Perguntei confuso. - Marchel ficou no
futuro para nos proteger de qualquer
mudança, e avisaria caso as coisas
tomassem um rumo indesejado.
-Marchel? - Eu finalmente
começava a perceber o que se passava.
Era Marchel quem estava alí, não o
menino, mas o Marchel adulto que
estava no seu corpo do passado. O que
significava que algo no futuro tinha
mudado.
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Não queria acreditar no óbvio.
-TU!
Mudei o futuro.
-NAAAAÃO! - Gritei.
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do que era.
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importante, não nesse sentido.
Nany.
"Anth-ah-ech-meh Ihdt-ah-ech-
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teh" - Pronunciei. Tudo a minha volta
começara a flutuar. Móveis e utencílios
domésticos pairavam no ar. Fui
envolvido por uma aura dourada que
depois de alguns segundos se expandiu
numa onda de choque, arremessando
tudo para longe.
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Meus olhos arregalaram-se quando
notei para onde o rastro me tinha
guiado. A grande caverna, onde tinha
recuperado minhas memórias. Podia
sentir não só a energia de Noren, mas
também de Nolan, e uma nova.
Estávam três pessoas dentro dela.
Estiquei minha mão, e as portas
abriram-se, revelando em seu interior
tenebrosa vista.
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Como assim Nany? Nany tinha
energia mágica? Como? Eu conseguia
sentir. O que ele queria com ela?
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esmagar seu crânio. Quando de repente,
ele se desviou. Como?
Me vi de repente no chão me
contorcendo de dor enquanto ele me
olhava sorridente.
"Esqueça ele...Esqueça. A
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prioridade aqui é Noren e Nany. Tenho
que as resgatar.", dizia para comigo
mesmo.
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-O que vais fazer? Ham? - Ele
zombava de mim. - Estás muito fraco
para conjurar qualquer coisa que seja.
Desiste!
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sairia daquele buraco. NUNCA MAIS.
Nolan apodreceria dentro daquela
caverna. Depois daquele feito, eu não
conseguiria me mexer, pois teria
gastado muita energia, então tinha que
me certificar que faria um bom
trabalho.
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estava numa gruta, reconhecia aquela
gruta. Era onde eu e Noren nos
tínhamos abrigado da outra vez,
quando meu pai tentara me matar antes
de eu recuperar minhas memórias.
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-É que...! - Disse Noren quebrando
todo meu alívio.
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a levantar.
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-Então aquela menina na
Sallut...?! - Perguntei ao lembrar-me que
uma das crianças que saira da Sallut
correndo era negrinha, com cabelos
cacheados e olhos verdes.
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-Quando acordei, estavas
desmaiado e havia nevoeiro por todo
lado, não só a volta da caverna. Tu
causaste isso tudo. - Noren dizia
visivelmente zangada.
-Desculpa!
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Tudo que eu fiz foi para nos...! - Ela
interrompeu-me.
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distante.
-Ham? - Noren.
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mantinha a pessoa presa se o tentasse
atravessar.
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Permaneci mais alguns minutos do
lado de fora, não queria deixá-la
desconfortável.
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Saí da gruta silenciosamente e em
uma árvora no meio da floresta,
imobilzei meu corpo para que o "eu"
dono do corpo não saísse por aí. Fechei
meu olhos...
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certo se falava comigo ou não.
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Queria que eu estivesse errado,
mas...O dia em que meu pai
desaparecera, deu-se assim, aquele era o
momento em que Nolan começara a
usar o seu corpo do passado. Fora tudo
por minha causa. Fora nesse dia que
meu pai desaparecera. Como não
conseguia quebrar a barreira, voltou ao
passado para usar o seu corpo dessa
época. Embora eu não fizesse ideia de
como ele soube que estávamos
exatamente nesse tempo, devo
consefessar que ele fora bem esperto.
Tudo que eu mais queria era me livrar
daquele verme de merda.
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tarde demais.
NoreN
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De repente, o ar atrás de Noren
começou a tomar forma e cores, eu
reconhecia bem aquilo. Era Nolan
saindo do seu estado de camuflagem.
-Naaaaão! - Gritei.
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Abri meus olhos, estava deitada
numa cama, de barriga para cima. Eu
reconhecia aquela casa, aquele quarto.
E era como se despertasse de um longo
sono, e um terrível sonho. Lembrava-
me dele olhando para alguém atrás de
mim. E depois disso, pude sentir uma
lâmina atravessando minha garganta.
Mas eu sabia bem que não tinha sido
um sonho.
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Mas eu não deixaria nada barato.
Ele pagaria, pagaria por tudo, ele e
todos os seus, todos os que ele ama e
todos os que o amam pagariam.
-Não! - Respondi!
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-Vem comigo! - Disse ele
estendendo a mão.
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