Você está na página 1de 10

Sinopse:

Logo após um ano que Camila Cabello deixou seu antigo grupo
Fifth Harmony, sua carreira solo começa a deslanchar de uma
forma descomunal. Suas primeiras músicas em #1 nas paradas, seu
primeiro álbum sendo o mais aguardado do ano, diversos eventos,
fãs ao redor do mundo inteiro inclusive a lenda da música Elton
John que diz adorar ela e suas canções, premiações, entrevistas,
festivais… Inclusive é em um desses que Camila verá seu passado
colidir com seu presente, ameaçando abalar as estruturas de seu
futuro. O motivo disso? Dois olhos verdes. Os dois olhos verdes
mais incrivelmente lindos que ela jura ter visto em toda a sua vida.

O que será que Camila poderá esperar desse encontro? Erros do


passado vindo lhe atormentar novamente, dúvidas, respostas,
desculpas, remorsos, choro intenso, sorrisos sinceros de novo,
reconciliações, amizade, amor. Talvez tudo isso e um pouco mais.

POV Camila Cabello.

Um ano. Fazia exatamente um ano que eu não via Lauren Jauregui


e seus olhos incrivelmente verdes, cara a cara. Um ano que eu não
sabia o que era ter esses mesmos olhos verdes incríveis pousados
sobre mim, um ano que não sentia seu perfume incrivelmente doce
mas ainda assim forte abençoando minhas narinas, um ano sem ter
sua presença me fazendo esquecer até de respirar apenas por estar
ao meu lado. Um ano sem ver, estar perto ou se quer sentir o –
provavelmente, - amor da minha vida.

E agora que eu estava prestes a vê-la, eu não sabia o que fazer ou


se quer como agir. Eu estava uma pilha de nervos e para piorar,
ainda teria que me apresentar em alguns minutos. Isso não podia
estar acontecendo. Não tão cedo pelo menos.

O fato é que desde que deixei o Fifth Harmony eu perdi qualquer


contato que já possa ter tido com alguma das outras meninas e isso
me entristecia de uma forma que eu não sabia nem explicar, mas o
que mais me incomodava profundamente agora era o maldito ser
mais bonito da face da terra. Ela. Lauren. Não que perder as
minhas amigas não fosse ruim o bastante mas Lauren Jauregui
conseguiu me esgotar de todas as formas possíveis e impossíveis
que alguém poderia ser esgotado. Sei que devo ter tido a minha
parcela de culpas e erros na nossa história, mas Lauren me
machucou de uma forma inimaginável.

E por isso eu fugia dela como o diabo foge da cruz.

Há um ano eu consegui evitar todos os lugares que sabia que ela


estaria. Consegui evitar de falar com nossos amigos em comum
quando sabia que ela poderia nos encontrar, consegui evitar os
lugares em que íamos juntas, consegui evitar de estar nas mesmas
premiações, eventos e festivais em que ela sozinha ou com as
garotas poderia estar junto comigo, consegui até fugir rápida e
desesperadamente pela porta de trás assim que minha apresentação
terminou quando não pude evitar e tive que comparecer (mesmo
tendo tentado de todos os jeitos possíveis não ir) em uma dessas
apresentações. Eu consegui evitar Lauren Jauregui por um ano
inteiro. Até agora.

Maldito seja o Jingle Ball.

Eu mal havia acabado de chegar na parte de dentro e mal tive


tempo de trocar dois beijinhos e tirar uma foto com Ed Sheeran,
que já não o via há algum tempo, que ouvi o assistente de
produção gritar aos quatro cantos todos os nomes dos artistas que
deveriam ficar atentos, pois logo deveriam falar com o papai noel
do festival. E dentre tantos nomes que aquele homem poderia
dizer, o único que ele não poderia foi o único que minha mente fez
questão de registrar. Lá estava ele, maldito seja o nome Lauren
Jauregui e sua dona. Mas ah, tão lindo os dois…

- O que foi Camila? Porque está suspirando? - ouvi alguém me


perguntar.

- Hã? Nada, desculpe, com licença. - pedi e comecei a abrir


caminho por entre as pessoas.

Não Camila, para. Você não pode mais pensar assim sua anta.
Esfreguei o rosto e bufei frustrada. O fato é que eu mal tive tempo
de aproveitar os bastidores e fiquei sabendo que Lauren estaria ali
também, e logo.

Comecei a ficar desesperada.

Não sei o que fizeram para esconder que ela iria comparecer a esse
evento e nem como fizeram, eu apenas sei que fizeram. Sim, me
esconderam que minha ex namorada secreta que não vejo há um
ano estaria perto de mim novamente. É claro que esconderam, pois
sabiam que se eu soubesse que ela estaria aqui também, eu com
certeza, inventaria uma desculpa para recusar educadamente o
convite, mesmo que não estivesse em posição de fazê-lo. Ou
apenas sairia correndo na primeira oportunidade que tivesse para
ir embora, assim como fiz da última vez.

Se bem que devo ter tido a minha parcela de culpa já que ando tão
animada com a preparação de meu álbum que mal ando ligando
para outros detalhes como quem irá nesses eventos que eu vou. Às
vezes fico tão submersa em mim e minhas músicas que esqueço
do mundo ao meu redor, por isso deixo essa parte para Roger, que
aliás, terá muito o que me explicar depois. Inclusive, deve ser por
isso que ele diz não poder vir hoje. Covarde.
- Mila calma, eu sei que deve estar nervosa. - ouvi Juno sussurrar
atrás de mim enquanto colocava as mãos em meus ombros e
dando uma leve apertada neles, tentando me passar alguma
segurança.

- Nervosa? - me virei para ela – Eu estou quase tendo um ataque


de nervos. Porque não me falaram? Porque não me falaram que ela
estaria aqui Ash? - eu dizia baixo quase desesperadamente. Se
alguém olhasse de fora, eu com certeza, deveria estar parecendo
louca. - Eu vou matar o Roger. - grunhi por fim.

- Eu não sei Mi Mi, talvez por saber que você tentaria evitar isso.
E sabemos que uma hora isso ia acontecer.

- É mas eu não pensei que fosse ser tão cedo né?

Quando Juno ia responder, o mesmo assistente de produção


apareceu pedindo para que eu fosse em direção ao caminho que
nos levava até o papai noel.

- Bom, uma hora ia acontecer e a hora é agora. - ela deu de


ombros e começou a me empurrar junto com o tal assistente em
direção ao caminho indicado. - Boa sorte.

Eu estava uma pilha de nervos mas assim que passei pelo pequeno
espaço e encontrei o papel noel, me esqueci temporariamente do
motivo de meu nervosismo. Foi bom e bem engraçado responder
suas perguntas, sentar naquele cenário incrivelmente natalino e
tirar fotos, dar autógrafos e escrever minha própria cartinha
dizendo o que quero de papai noel. Definitivamente foi divertido.
Saí de lá bastante feliz mas tão logo lembrei-me de minha atual
situação.

Eu estava fodida.
Comecei a andar de um lado para o outro, parando para
cumprimentar alguém ou tirar algumas fotos de vez em quando.
Não sabia o que fazer com meu nervosismo e nem sabia como
disfarçar.

- Camila! - reconheci a voz de minha mãe gritando e fui até ela


depois de procurá-la e achá-la em meio às pessoas.

- Sim, mama?

- Ash me disse, sei como deve estar se sentindo, vem cá. - dona
Sinu me abraçou apertado e instantaneamente eu comecei a me
sentir mais calma - Lembre-se de tudo o que você passou e de
tudo aquilo que está conquistando. Você foi ao fundo do poço mas
chegará ao céu se quiser, cariño. Viva no seu tempo. E não
importa o que aconteça, eu estou aqui com você, ok? - a ouvi
sussurrar em meu ouvido enquanto ainda estávamos abraçadas.

Mama estava certa, eu realmente cheguei ao fundo do poço, não


posso deixar meu passado chegar e simplesmente estragar tudo,
não. Às vezes quem cria o próprio monstro somos nós mesmos, e
eu não estava a fim de criar mais um. Já havia monstros demais ao
meu redor.

- Obrigada mama. - a apertei mais um pouco, aspirando o


delicioso cheiro de seus pequenos cabelos - Eu vou ficar bem. -
nos separamos e pude ver o sorriso orgulhoso de dona Sinu em seu
rosto e aquilo me fez sorrir.

- Muito bem cariño, eu sei que vai, você é forte. Agora vá lá e


mostre tudo o que a @ está perdendo. Não é assim que vocês
dizem hoje em dia?
Eu não pude deixar de cair na gargalhada ao ouvir mama dizer
aquilo. Definitivamente, dona Sinu estava antenada.

- Sim, eu acho que é. - disse ainda rindo - Eu te amo mama. - dei


um beijo em seu rosto e ela afagou o meu ainda sorrindo.

Logo depois fui chamada ao camarim para trocar de roupa pois


havia acabado de começar uma apresentação e logo depois seria a
minha. E assim, o fiz. Troquei-me, retoquei a maquiagem, fiz
alguns exercícios vocais, rezei e tive meu momento de
descontração com minha equipe de músicos e dançarinos, como
sempre. Eu me sentia eternamente grata por ter tido a sorte de
achar pessoas incríveis para trabalharem comigo, tornando assim,
tudo tão mais divertido.

Quando finalmente estava saindo do camarim, eu estanquei na


saída da porta. Eu a vi. Eu a vi passar estonteante como sempre
mas ela não me viu. Lauren caminhava com sua pose imponente,
do tipo bad girl que tanto me fazia suspirar, ela estava
acompanhada de algumas pessoas ao seu redor, pessoas essas que
nem me dei ao trabalho de ver quem eram pois como sempre ela
estava maravilhosa.

Ela vestia uma blusa quadriculada branca e transparente que


cobria seu sutiã preto – que lembrava muito a minha aliás – logo
depois uma calça de couro preto com detalhes vermelhos nos
joelhos, nos pés um sapato de salto alto branco e por fim, sua boca
estava marcada com um batom vermelho forte. Maldita boca
vermelha maravilhosa. Eu a devo ter visto por não mais que seis
segundos mas na minha cabeça tudo parecia em câmera lenta. Ela
estava indo em direção a saída que dava até a plateia. Meu Deus, a
bunda dela ficou maravilhosa nessa calça. Espera, Lauren veria
minha apresentação? Aimeudeusdocéu.
- O que foi Mila? - ouvi Suzy, uma das minhas dançarinas dizer
atrás de mim.

Balancei a cabeça a fim de afastar o pequeno pânico que me


tomou e tentei sorrir.

- Hã, nada. Vamos lá pessoal, vamos arrasar. - disse com a voz


mais animada que consegui fazer no momento e finalmente saí
porta à fora ouvindo gritos de comemoração atrás de mim e
batucadas, não pude deixar de sorrir. Nós éramos um bando de
baderneiros mesmo.

………..

Subi no palco junto aos outros e tudo estava escuro, certamente


ninguém da plateia conseguiria nos ver ainda, sinceramente eu
nem sei como conseguimos nos achar no palco em meio aquela
escuridão toda. Quando todos já estavam em seus devidos lugares,
logo a batida de OMG começou e eu me pus a cantar. Eu amava
essa música e achava uma pena não poder colocá-la em meu
álbum.

Eu cantaria quatro músicas. E a segunda Crying in the Club


começou, e então eu decidi trocar algumas palavras com o
público.

- Olá Nova York! - gritei o mais alto que pude, ouvindo o retorno
da plateia com vários gritos em seguida. - Como estão essa noite?
Aproveitando bastante o Jingle Ball? Eu espero que sim pois eu,
com certeza estou. É um imenso prazer estar aqui cantando para
vocês, cada vez que subo em um palco diferente é mais uma parte
do meu sonho sendo realizado, então Jingle Ball, obrigada por
realizar mais um pouco do meu sonho essa noite. - assim que
terminei a frase ouvi mais gritos ainda e sorri – Agora vamos
continuar porque esse sonho não pode parar, não é?
Então todas as luzes do palco se apagaram novamente e mais
alguns segundos depois, a batida de Havana começou a tocar
fazendo o público, literalmente, pirar. Eu quase não estava
conseguindo escutar minha voz, por um momento me senti no
Brasil. Não, brincadeira, até porque nada se comparava aquele
lugar, eu ainda podia me ouvir perfeitamente mas ainda sim, eles
cantavam muito alto me acompanhando a plenos pulmões. Um
lugar como o Madinson Square Garden cantando uma música
minha em peso, eu não podia acreditar. Eram momentos como
esse, que faziam valer a pena tudo o que passei. Eu estava muito
feliz, não podia negar, mas então olhei para baixo, ali naquela área
onde imprensa, fotógrafos, jornalistas, blogueiros etc e alguns
artistas veem as apresentações de outros artistas e imaginei que ela
estaria lá, me vendo, e quase perdi o tempo da coreografia. Por
sorte consegui me recuperar e a música logo terminou.

Então havia chegado o momento. Eu cantaria o novo single: Never


Be The Same e a pessoa quem inspirou a música, estaria lá vendo
tudo, depois de tanto tempo. Eu peguei a guitarra, a passei por
meu braço e cabeça, fechei os olhos, respirei fundo uma, duas, três
vezes, os abri novamente e comecei a falar:

- Sabe pessoal, eu não acredito que estou performando minhas


músicas no Madinson Square Garden, eu vejo gente mais novas na
plateia e eu não consigo acreditar no dia que tive hoje, mas se eu
consigo vir de Havana para o Madinson Square Garden nesse
palco hoje, vocês conseguem chegar a qualquer lugar também, eu
prometo. Então muito obrigada por serem doces comigo hoje, essa
é minha última música e meu próximo single e eu espero que
gostem. - esperei que toda a gritaria parasse aos poucos.

Geralmente eu começaria a música agora, mas especialmente hoje,


eu tinha algo a mais para falar.
- Bom, eu escrevi essa música para alguém que me fez sentir algo
muito importante. Algo que nem nos meus sonhos mais
românticos eu pensei em sentir. - meu coração batia forte dentro
do peito, eu estava nervosa mas sentia que precisava falar aquilo –
Eu escrevi essa música quando me apaixonei muito forte por
alguém, tão forte que eu sabia que seria difícil me recuperar
depois de uma paixão assim. Mas que eu sabia, - olhei para a
multidão a minha frente e depois para logo abaixo de mim - que
faria tudo de novo se pudesse. - respirei fundo e continuei - Com
vocês, Never Be The Same.

Então eu comecei a cantar e eu podia sentir que minha alma e


acima de tudo meu coração, mais do que o normal, estavam ali.

…………….

Assim que saí do palco, fui direto para o camarim. Eu estava,


nervosa, tremendo, suada e com a garganta seca. Sentia que a
qualquer momento poderia virar uma gelatina mas o pior de tudo é
ter que fingir que está tudo ótimo, tudo bem.

Juno me jogou uma garrafa de água e eu agradeci aos céus por


isso, tomei ela quase inteira e então me joguei no pequeno sofá
preto que tinha ali. Passei uns vinte minutos descansando nele,
presa em minha própria mente, quando de repente ouvi
anunciarem a apresentação de Lauren com a Halsey. Eu escutei
tudo mas não tive coragem de ir lá ver. Desde a época do X
Factor, a voz de Lauren se tornou o meu som preferido no mundo,
ela era maravilhosa e eu era completamente apaixonada por seu
timbre rouco e ouvi-la cantar sempre me tirou o chão, agora
imagine cantando algo como Strangers.

Eu não podia deixar de pensar se aquela música não seria a


definição para Lauren e eu. Talvez eu já saiba a resposta ou talvez
eu nunca vá saber. Gemi frustrada esfregando as mãos no rosto, eu
não deveria encontrá-la tão cedo. Eu vou enlouquecer. Comecei a
gritar por dentro.

Definitivamente, maldito seja o Jingle Ball.

Você também pode gostar